Introdução às Opções
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Introdução às Opções
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Copidesque: Shirley Copidesque: Shirley Lima Revisão: Cindy Leopoldo Editoração Eletrônica: Estúdio Castellani
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[email protected] ISBN 978-85-352-3504-3 978-85-352-3504-3 Nota: Muito
zelo e técnica foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação, impressão ou dúvida conceitual. Em qualquer das hipóteses, solicitamos a comunicação ao nosso Serviço de Atendimento ao Cliente, para que possamos esclarecer ou encaminhar a questão. Nem a editora nem o autor assumem qualquer responsabilidade por eventuais eventuais danos ou perdas a pessoas ou bens, originados do uso desta publicação.
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Hissa, Maurício (Bastter) Introdução Introduçã o às opções : aprenda a operar com segurança / Bastter. – Rio de Janeiro : Elsevier, 2010. il. – (ExpoMoney) ISBN 978-85-352-3504-3 978-85-352-3504-3 1. Mercado de opções. 2. Finanças pessoais. I. Título. II. Série.
10-2826.
CDD: 332.6453 CDU: 336.764
A todos que algum dia me fizeram alguma pergunta sobre opções ou quiseram aprender opções comigo. Graças a vocês estudei muito mais e aprendi muito mais. Muito obrigado! Bastter
Apresentação
Com este terceiro livro, Bastter dá continuidade à sua ambiciosa missão de educar investidores para que utilizem o mercado de opções visando a garantir bons resultados em suas carteiras de investimentos. Como é de seu feitio, a intenção é levar o assunto de maneira didática a públicos cada vez maiores, mesmo que sejam completamente leigos em relação ao assunto. A proposta desta obra é mostrar que o mercado de opções não é um bicho de sete cabeças e ensinar os benefícios do uso consciente desse mercado para proteger os ganhos das carteiras de ações. A missão é nobre, por seu propósito igualitário e bem-intencionado, ao mesmo tempo em que é benéfica a todos aqueles que participam ou não do mercado de capitais. Quanto mais investidores capacitados a fazer boas escolhas houver no mercado, mais estáveis tendem a ser os preços dos ativos nele negociados, melhor tende a ser o desempenho de investidores menos experientes e mais atraente é o investimento. Isso faz com que mais pessoas invistam e que mais empresas abram seu capital, fomentando o crescimento da economia por meio do investimento das pessoas físicas. Se você já leu outras obras do Bastter, e já colocou em prática o que aprendeu, deve estar colhendo bons resultados e também deve ter amigos que questionam ou não entendem sua estratégia. Está aqui, então, um texto agradável a ser apresentado àqueles que dizem não entender a lógica ou o risco do mercado de opções. O aprendizado é certo, e o investimento é seguro.
Gustavo Cerbasi
. . .
Hoje, mais do que nunca, temos que conquistar a nossa independência financeira para que possamos ter um futuro melhor. Normalmente não somos disciplinados em relação ao nosso dinheiro, não aprendemos a lidar com ele em nossa educação e nem sempre tempos a oportunidade de aprimorar nossos conhecimentos sobre investimentos e os diversos aspectos do mercado de capitais. Por isso, a Coleção Expo Money foi desenvolvida, como um agente transformador da sociedade, um guia para compreender melhor este maravilhoso mundo dos investimentos. O conhecimento que você está adquirindo foi desenvolvido por um especialista no assunto e terá grande utilidade no entendimento das questões que tanto nos afligem: cuidar melhor do nosso dinheiro e do nosso futuro. O grande segredo para um futuro financeiro melhor e mais eficiente está, agora, em suas mãos. Lembre-se, não existe fórmula mágica para ficar rico, o mais importante está na sua atitude diante das oportunidades que se apresentam a você. O nosso objetivo como coordenadores desta coleção é a transformação para uma sociedade mais justa e digna para todos. Boa leitura!
Robert Dannenberg Presidente www.expomoney.com.br
Sumário
CAPÍTULO I
Para Que Servem as Opções 1.1 O que fazer na bolsa de valores? 1.2 Eu sou obrigado a operar opções? 1.3 Vantagens de operar opções 1.4 O que fazer com as opções? 1.4.1 Compra e venda “a seco” de opções 1.4.2 Travas 1.4.3 Venda coberta 1.5 Mas, afinal, para que servem as opções?
1 2 3 3 4 4 4 5 5
CAPÍTULO II
O Que São e Como Funcionam as Opções 2.1 O que são opções? 2.2 O que pode acontecer? 2.3 As opções de ações 2.4 Conceitos básicos das opções 2.4.1 Preço de exercício e data de exercício 2.4.2 Posição da opção em relação ao preço da ação 2.4.3 Componentes do preço da opção 2.5 O que influencia o preço das opções? 2.6 Juntando Tudo
7 8 10 12 13 13 13 15 17 23
CAPÍTULO III
Entendendo o Tempo e a Distância 3.1 O que o tempo tem a ver com as opções? 3.2 Influência do tempo
25 26 30
3.3 Influência da distância 3.4 Combinando as influências
35 37
CAPÍTULO IV
O Valor de Expectativa das Opções (VE) 4.1 O que é VE? 4.2 Como funciona o VE
41 42 44
CAPÍTULO V
É Fácil Compreender a Volatilidade 5.1 O que é volatilidade? 5.2 Influência da volatilidade nas opções 5.2.1 Exemplo prático 5.3 O mercado e a volatilidade
49 50 51 51 55
CAPÍTULO VI
Opções no Brasil 6.1 Características especiais do mercado de opções no Brasil 6.2 Nomenclatura das opções 6.3 Lotes negociados de opções 6.4 Regras do exercício de opções (data de vencimento) 6.4.1 Operacional 6.4.2 Margem 6.4.3 Imposto de renda 6.4.4 Dividendos e proventos 6.5 Adaptações ao mercado brasileiro
57 58 59 60 61 63 63 65 67 67
CAPÍTULO VII
Comece Pela Venda Coberta 7.1 O que é venda coberta? 7.2 Conceitos básicos da venda coberta 7.2.1 Modalidades 7.2.2 Objetivos 7.3 Verdades e mentiras da venda coberta 7.4 A remuneração da carteira de ações com opções 7.5 Exercício de opções e imposto de renda 7.6 Como começar 7.7 Qual opção vender e quanto
69 70 71 75 75 77 79 82 85 86
7.8 Marcadores para venda coberta 7.9 Como utilizar os marcadores para venda coberta 7.10 Rolagem 7.11 Fluxo de caixa 7.12 Subiu forte, compre 7.13 Não é necessário vender sempre
89 101 102 104 106 107
CAPÍTULO VIII
As Raras Oportunidades de Compra 8.1 Compra de opções 8.2 O que é uma boa compra? 8.3 Compra a seco e o tempo 8.4 Método de compra de opções 8.5 Características da boa compra 8.6 Compra de opções na prática
109 109 111 114 114 116 117
CAPÍTULO IX
Operando com o Tempo a seu Favor 9.1 Tempo e opções 9.2 Venda de VE 9.3 O que é um bom VE para vendas? 9.4 Determinando qual VE vender 9.5 Travas 9.5.1 Trava de Baixa (Reversão) 9.5.2 Travas de Alvo (Borboletas) 9.5.3 Trava de Alta (Financiamento) 9.6 Resumo: Venda de VE
119 120 121 122 124 127 128 131 135 138
CAPÍTULO X
Planejamento 10.1 Planejamento geral 10.2 Vencer na bolsa 10.3 Planejamento para vencer na bolsa 10.4 Planejamento para vencer operando opções 10.5 Conclusão
139 140 141 143 146 147
CAPÍTULO I
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1.1 O que fazer na bolsa de valores?
Antes de entrar nas opções propriamente ditas, vamos dissertar sobre o pequeno investidor na bolsa de valores. E por que isso? Porque há relação entre as opções e as ações, já que, na bolsa de valores, operamos notadamente opções de ações, as mesmas que abordaremos neste livro. A bolsa bols a de valores valo res tem grande gran de utilidad util idadee para o pequeno pequ eno invesinve stidor: possibilitar a poupança e o acúmulo de capital por meio da compra de ações de boas empresas para longo prazo. Aqui, não vamos vamo s abordar abo rdar a compra comp ra de ações açõ es e a forma form a de montar mont ar uma carcar teira de ações, que é o tema de dois outros livros meus ( Eu quero ser rico e Sobreviva na bolsa de valores , ambos da Editora Campus/ Elsevier), mas apenas falar de ações quando de sua relação com as opções. Não importa o instrumento utilizado; o fundamental é perceber que a riqueza vem do acúmulo de capital e se beneficiar dos juros sobre esse dinheiro, e não do giro. Tratamos de algumas formas de operações mais avançadas com opções no livro, mas mesmo quem for por esse caminho deve saber que o objetivo é ter lucro nessas operações, para, com ele, comprar investimentos de longo prazo, como ações de boas empresas, títulos do governo, imóveis, entre outros, para ir construindo seu capital. No caso das ações, ter uma carteira de boas empresas, realizar compras mensais e reaplicar dividendos são iniciativas que podem fazer com que se acumule um capital expressivo ao longo dos anos. Desse modo, a bolsa de valores serve ao pequeno investidor como um local para se tornar sócio de grandes empresas e receber parte de seus lucros (dividendos), reaplicá-los e ir aumentando seu capital, que produzirá renda para poder se aposentar e/ou viver em paz, sem qualquer pressão financeira. 2
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1.2 Eu sou obrigado a operar opções?
Não, ninguém precisa operar opções para vencer na bolsa. O pequeno investidor pessoa física pode acumular ações de boas empresas, reaplicar dividendos, fazer compras mensais e, no longo prazo, acumular um belo capital. Muitos passaram pelo mercado e tiveram bons resultados sem jamais saber o que são opções. Entretanto, Entre tanto, as opções podem ser um fator adicional interessante para o crescimento de sua carteira de ações. 1.3 Vantagens de operar opções
O caminho do pequeno investidor na bolsa é acumular ações de boas empresas. Mas esse caminho não é tão simples quanto parece. Primeiro, é necessário perseverar, pois, muitas vezes, o início não é fácil. Os juros compostos levam alguns anos para agir substancialmente substancialmente e a bolsa cai. Sim, a bolsa cai e, às vezes, cai muito e por períodos longos, e o pequeno investidor inexperiente, inexperiente, ao ver seu capital diminuir, sente-se inseguro, guiado por movimentos de pânico e acaba por vender suas ações na baixa, no fundo, após a queda do mercado: o maior erro que um investidor de longo prazo em ações pode cometer. A grande vantagem das opções, quando se vendem opções sobre uma carteira de ações, é impedir que o investidor venda suas ações no fundo, no auge de uma crise, de uma queda forte. Como, nesse período, ele estará comprando mais ações a preços mais baratos, com o lucro das vendas de opções ele passa a ter uma atitude ativa, e não passiva, diante da queda, e passa a enxergar que a queda é uma oportunidade, e não um motivo, para entrar em pânico. Não deixa de ser uma vantagem a possibilidade de comprar mais ações com as vendas de opções sobre a carteira de ação, mas isso, diferentemente diferentemente do que muitos pensam, não é garantido, como nada é na bolsa. De qualquer forma, quando benfeito, sem grandes ambições e com o intuito de alimentar sua carteira de ações, representa uma vantagem enorme e potencializa substancialmente os juros compostos de sua carteira de ações. Além disso, é fácil operar as opções. Quem estuda e trabalha direito, sem ilusões fáceis, quem se preocupa em se desenvolver como operador, tem nas opções um forte aliado para se tornar um operador 3
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melhor. Não é complicado, como veremos mais adiante neste livro, montar planos completos para operações com opções que incluem, até mesmo, o máximo que se pode perder na operação se tudo der errado (risco máximo). Isso permite treinar e se desenvolver como um bom operador de bolsa, o que é necessário para vencer, mesmo que seja apenas comprando ações e reaplicando dividendos. 1.4 O que fazer com as opções?
Há diversos tipos de estratégias, métodos e operações a serem feitas com opções, e alguns serão explicados e exemplificados em detalhes nos capítulos seguintes. Basicamente, podemos classificar em três grupos.
1.4.1 Compra e venda “a seco” de opções Consiste na compra ou venda de opções “a seco”, isto é, em uma posição isolada para tentar obter lucro com a alta ou a queda de valor da opção. A compra de opção “a seco” pode ser adotada em circunstâncias raras, que vamos detalhar mais adiante. A venda “a seco” de opções, por sua vez, apresenta risco ilimitado e não deve ser utilizada, a não ser com um seguro (trava) que determine o risco máximo da operação. Essa é a modalidade mais comum e, infelizmente, aquela pela qual a maioria dos iniciantes começa. E também a mais destruidora. Até há formas de se operar opções na compra e na venda: algumas estratégias podem ser vencedoras, mas isso requer muito estudo, treino e, acima de tudo, paciência para aguardar as oportunidades certas.
1.4.2 Travas São operações combinadas com opções em que, em geral, se compra uma opção e se vende outra (travas simples) ou se montam operações mais complexas utilizando mais de duas opções diferentes (travas complexas, como operações-alvo ou operações de volatilidade). Nessa modalidade, diferente das operações a seco, mais de uma opção está envolvida, mas o risco é limitado, o que possibilita operar dentro de um bom controle de risco. A despeito disso, são operações 4
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mais avançadas que requerem conhecimento e experiência maiores com opções e devem ser utilizadas apenas quando se tiver mais experiência com opções. O que vemos, na prática, infelizmente, é que muitos iniciantes desiludidos com a compra e a venda a seco encontram nas travas a solução para suas esperanças irreais de enriquecimento fácil usando as opções. Será apenas mais uma desilusão. Embora sejam operações muitas vezes interessantes que podem produzir bons resultados, não são mágicas.
1.4.3 Venda coberta São operações em que se vendem opções de compra sobre a carteira de ações. O objetivo é remunerar a carteira de ações com essa venda e, com o possível lucro obtido com ela, comprar mais ações. Consiste numa operação bem simples com risco limitado. Nós a veremos em detalhes nos capítulos seguintes. Há outra modalidade de venda coberta que é a chamada operação de taxa. De acordo com essa modalidade, a intenção não é remunerar uma carteira de ações e comprar mais ações, mas apenas remunerar capital, obtendo uma renda sobre o investimento feito, utilizando, para tanto, a ação e as opções. Essa modalidade deve ser usada apenas pelos que têm mais capital e experiência. 1.5 Mas, afinal, para que servem as opções?
Para o pequeno investidor, a grande utilidade das opções é comprar mais ações. O objetivo do pequeno investidor na bolsa deve ser montar uma carteira de ações de empresas boas. Como se pode alimentar essa carteira? Basicamente, com compras periódicas, com parte da poupança do dinheiro de seu trabalho e com a reaplicação dos proventos (dividendos etc.). As opções poderiam ser utilizadas em conjunto com a carteira, a fim de acelerar esse processo de aumento de sua carteira de ações, potencializando os juros compostos de sua carteira de ações. No longo prazo, se feito direito, isso faria com que uma carteira de ações bem maior fosse produzida e a tranquilidade financeira fosse alcançada em menos tempo. 5
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As opções entrariam, entrariam, não importa importa qual tipo de operação operação você esti vesse fazendo, como coadjuvantes no processo, que tem como objetivo acumular cada vez mais ações de boas empresas. Operar opções relacionadas à sua carteira de ações, com o objetivo de alimentá-la, é bem mais fácil e apresenta risco significativamente significativamente mais controlado. É importante que o pequeno investidor que opera opções não perca o foco, que é montar uma carteira de ações de boas empresas com parte de sua poupança de longo prazo, para ir aumentando seu capital e, um dia, ter tranquilidade financeira, de modo a lhe permitir ter uma vida melhor. É muito comum as opções tomarem todo o tempo do pequeno investidor e passarem a ser seu grande objetivo no mercado e, o que é pior, às vezes até mesmo na vida. As opções têm a incrível capacidade de tomar conta da vida do operador: ele fica totalmente viciado e se preocupa apenas com elas. Isso acontece quando se esquece o objetivo principal, que é a carteira de ações, e se é envolvido pela fantasia do lucro fácil e rápido com as opções. Ao manter o foco no interesse principal, que é a carteira de ações, não importa o tipo de operação que se esteja fazendo, as opções podem ser utilizadas com risco controlado, sem tirar a harmonia da vida do operador, e com o grande potencial de ser importante coadjuvante do seu investimento em ações e do seu acúmulo de capital de longo prazo. Nos próximos capítulos, veremos como fazer isso.
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CAPÍTULO II
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2.1 O que são opções?
Opções são direitos negociados no mercado. Vamos a um exemplo simples: Paulo gosta muito do carro de João e quer comprá-lo. Estamos em janeiro e Paulo só receberá dinheiro suficiente para comprá-lo em março, dois meses depois. Mas João diz a Paulo: “Se aparecer um comprador, vou ter de vendê-lo.” Paulo quer muito comprar o carro. Por outro lado, não tem dinheiro de imediato. Ao refletir sobre o assunto, surge uma ideia brilhante e ele faz a seguinte proposta a João:
– Você quer vender seu carro por R$20 mil. Proponho o seguinte: pago R$500 pelo direito de comprar seu carro por R$20 mil até o dia 31 de março deste ano. Se até essa data eu não comprar seu carro, você pode vendê-lo a quem quiser, pois estará livre da obrigação. Mas até o dia 31 de março você está preso ao contrato, que o obriga a me vender o carro por R$20 mil.
João aceita a proposta. Agora vamos examinar examinar essa situação: situação: 1. O ativo a ser ser negociado negociado é o carro de João. 2. O preço do carro no Mercado, neste momento, é de R$20 mil. 3. O preço do “direito” “direito” (também chamado de prêmio, pois pois é o que João irá receber para se colocar na obrigação obrigação de vender o bem) bem) que Paulo pretende comprar de João é de R$500. 4. Data em que o direito expira = 31 de março.
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Mas o que isso significa?
Paulo comprou por R$500 uma opção de compra do carro de João, com o preço de exercício de R$20 mil e data de exercício (vencimento) em 31 de março. Paulo pagou R$500 pelo DIREITO de comprar o carro de João a R$20 mil até o dia 31 de março. João vendeu o direito, colocandose na obrigação de vender o carro a Paulo por R$20 mil até o dia 31 de março. Para se colocar nessa obrigação, ele recebeu R$500. Não importa o que aconteça, essa quantia é dele, porque os recebeu pela venda do direito direito e não pela venda do carro. Qual é a razão por trás de tudo isso?
Paulo deseja o carro e acha que o preço pedido é um bom negócio; então, para ele, talvez seja vantajoso gastar R$500 para garantir a compra a esse preço até a data em que terá o dinheiro necessário para comprar o carro. João vai vender o carro de qualquer qualquer forma, mas, se não tiver tiver pressa, ao receber R$500, terá garantido mais 2,5% na venda do carro; e, se Paulo desistir da compra, após o dia 31 de março, ele não terá mais a obrigação de vender o carro ao amigo e os R$500 ficam para ele. Agora, vamos transformar isso em “opcionês” ou a linguagem das opções. As opções têm as seguintes características: características: 1. Ativo subjacente – ativo do qual deriva a opção. 2. Preço de exercício – preço pelo qual o ativo adjacente será negociado se a opção for exercida. 3. Data de vencimento – data a partir da qual a opção deixa de valer e existir existir se não for for exercida. Então: O ativo subjacente é o carro de João. A opção de compra que Paulo adquiriu de João por R$500 significa o direito de comprar seu carro a R$20 mil até o dia 31 de março. 9
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O preço de exercício é R$20 mil, ou seja, se Paulo exercer seu direito, comprará o carro de João por R$20 mil. Exercer uma opção significa exercer o direito inerente a ela, ou seja, o direito de comprar o ativo subjacente ao preço de exercício antes da data de vencimento. 1 A data de vencimento é 31 de março. Após este dia, a opção deixa de existir e, junto com ela, o direito. Se o comprador ou proprietário da opção (do direito) não exercê-lo até essa data, o direito (opção) deixará de existir e o vendedor não estará mais obrigado a vender o ativo subjacente para o comprador ao preço predeterminado. Junto com a opção opção (ou direito), direito), sua obrigação obrigação morre. 2.2 O que pode acontecer?
A negociação foi feita. feita. Paulo pagou a João R$500 pelo direito direito (opção de compra) de negociar o carro de João por R$20 mil até a datalimite de 31 de março. E, agora, o que pode acontecer?
Hipótese 1: Paulo exerce seu direito, paga R$20 mil a João
pelo carro, antes do dia 31 de março. João entrega o carro a Paulo, recebe R$20 mil e os R$500 da venda do direito também são seus. Hipótese 2: O carro cai de preço no mercado e Paulo vê carros semelhantes ao de João sendo vendidos a R$15 mil. Então, ele resolve abrir mão de seu direito de comprar o carro de João por
Isso no caso de opções de compra, que são nosso assunto neste livro. Uma opção de compra é sempre o direito de comprar um ativo a um preço predeterminado. A opção opç ão de venda vend a seria ser ia o direit di reitoo de vender ve nder o ativo. ati vo. Quando Qu ando um u m investid inve stidor or compra co mpra uma opção de venda, passa a ter o direito de vender o ativo subjacente ao preço predeterminado, enquanto o vendedor da opção de venda se coloca na obrigação de comprar o ativo ao preço predeterminado se o comprador exercer seu direito. A opção opç ão de compra comp ra é o direito dir eito de compr co mprar, ar, enqua e nquanto nto a opção o pção de venda ve nda é o direito dir eito de vender. Não se deve confundir vender uma opção de compra com uma opção de venda. Até o momento da publicação deste livro, as opções de venda praticamente não são negociadas por pequenos investidores na bolsa do Brasil. Por essa razão, abordaremos neste livro, na maior parte do tempo, as opções de compra. Sempre que estivermos nos referindo a opções, a não ser que se diga o contrário, estaremos falando de opções de compra. 1
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R$20 mil e compra outro igual no mercado por R$15 mil. A despeito de ter perdido os R$500 referentes à compra do direito, terá pedido menos do que se tivesse comprado o carro a R$20 mil. João, após o prazo do fim do direito, pode vender o carro, mas por um valor inferior ao inicialmente estipulado, ou vender o direito novamente a outra pessoa. Só que agora o direito de comprar o carro a R$20 mil não vale mais R$500, pois, com a perda de valor do carro, é menos interessante ter o direito de comprá-lo a R$20 mil. João pode vender o mesmo direito por um prêmio menor ou vender o direito de vender o carro a R$15 mil por aproximadamente os mesmos R$500. Hipótese 3: O carro sobe de preço no mercado, passa a valer muito mais que R$20 mil e, em consequência, o direito de comprá-lo a R$20 mil passa a valer mais. Ao ver isso, Paulo, em vez de exercer seu direito de comprar o carro a R$20 mil, vende-o (opção de compra) a outra pessoa por R$1 mil, embolsando um lucro de R$500. A partir do momento em que vende a opção de compra, ele não tem mais o direito, mas João continua com a obrigação, ainda que agora relativa a outra pessoa. Hipótese 4: João, vendo o carro subir de preço no mercado e sabendo que terá de vendê-lo por apenas R$20 mil se Paulo exercer seu direito, vai ao mercado e compra de Manuel o direito de comprar um carro semelhante ao seu no mesmo preço de exercício (R$20 mil) com o mesmo vencimento (31 de março). Tendo o carro (ativo subjacente) subido de preço, o direito (opção de compra) também sobe de preço e seu prêmio fica mais caro. Assim, para comprar outro direito semelhante ao que vendeu, João terá prejuízo, mas pode achar melhor assumir prejuízo na negociação da opção do que vender o carro a um preço bem menor do que do mercado. Se ele estava vendido no direito (opção de compra) e compra um direito semelhante, semelhante, passa a estar zerado, livre de obrigações e sem direitos. Obviamente, Paulo ainda terá seu direito de comprar um carro igual ao de João por R$20 mil, mas a obrigação de vender o carro agora será de Manuel. Como João tem a obrigação de vender um carro e o direito de comprar um carro, uma anula a outra e ele passa a não ter mais nem obrigação nem direito, o que, no 11
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mercado, se chama “estar zerado”. Na vida real, na bolsa de valores, esses direitos e obrigações vão sendo casados pela bolsa, segundo regras e sorteios, à medida que são exercidos. Essas são algumas possibilidades. No mercado de opções de ações, que é o que nos interessa, há muito mais possibilidades, mas compreender essas hipóteses exemplificadas exemplificadas é o primeiro passo. Todas as situações citadas ocorrem com as ações e suas opções. 2.3 As opções de ações
Usamos o exemplo do carro para chegar ao que interessa: as opções de ações. Essas são as opções que o pequeno investidor pessoa física deve operar no Brasil. Uma opção de compra de ação é o direito de comprar a ação. Quando você compra uma opção de ação, estará comprando o direito de comprar a ação a determinado preço até determinada data, como no exemplo anterior do carro. E o número de opções compradas corresponde ao número de ações que estão incluídas no direito. Na maior parte das vezes, você não vai exercer esse direito, que também não será exercido em sua obrigação (quando vender a opção). O objetivo, em geral, é auferir lucro (para comprar mais ações) com a negociação dos direitos apenas, pois o exercício dos direitos que leva à negociação das ações aumenta expressivamente expressivamente os custos das transações e os impostos. Além do mais, para o pequeno investidor, que tem como objetivo acumular ações no longo prazo como uma poupança em renda variável, não é interessante vender suas ações, especialmente por conta dos custos com imposto de renda. A ação ação é o ativo ativo subja subjacen cente te do qual qual deriva deriva a opção. opção.2 É também a base sobre a qual você negociará suas opções, com o objetivo de aumentar sua carteira de ações. Repetindo: o pequeno investidor deve construir uma Neste livro, usamos exemplos de opções da Petrobras PN (PETR4) e da Vale PNA (VALE5), sobre as quais, até este momento, se negociam opções no Brasil. Há opções de outras ações também, mas o grosso dos negócios se encontra nessas duas ações, ao menos até a publicação deste livro. Embora utilizemos essas duas ações, os conceitos ensinados neste livro servem para opções de qualquer ação.
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carteira de ações e, tendo essa carteira como base, segurança e objetivo, operar opções a fim de alimentá-la com a compra de mais ações. Funciona como uma simbiose. A carteira de ações “protege” as operações com opções (pois serve como margem e proteção à venda das opções), enquanto as opções alimentam a carteira de ações. 2.4 Conceitos básicos das opções
2.4.1 Preço de exercício e data de exercício O preço predeterminado em que será feita a negociação se uma opção for exercida é conhecido como o preço de exercício, ou PE, ou ainda strike da opção. Quando uma opção de compra é exercida, o proprietário (comprador) paga pela ação o preço de exercício, enquanto o lançador vende a ação ao preço de exercício. A data-limite data-limite para o exercício das das opções, após após a qual a opção dei xa de existir, é a data de exercício ou dia de vencimento das opções, pois, nesses dias, os contratos que não forem exercidos morrem sem valor, simplesmente deixam de existir. No Brasil, isso ocorre sempre na terceira segunda-feira do mês. Exemplo: A opção de compra de PETR JUL 40 (PETRG40)3 repre-
senta o direito de comprar PETR a R$40 até a data de exercício, que ocorrerá em julho.
2.4.2 Posição da opção em relação ao preço da ação As opções também são classificadas de acordo com a posição de seu preço de exercício em relação ao preço da ação: se o preço de exer A nomenc nomenclat latura ura das opções opções uti utiliz lizaa o símbol símboloo da ação na bolsa bolsa (no caso, caso, PETR), PETR), o mês do vencim venciment entoo (A para para janeiro janeiro,, B para feverei fevereiro, ro, C para março, março, até L = dezembr dezembro), o), e um número que normalmente, mas não obrigatoriamente, corresponde ao preço de exercício da opção. PETRG40, então, é a opção de preço de exercício de R$40 da Petrobras PN com vencim venciment entoo em em julh julho. o. VALEI3 VALEI344 seria seria a opção opção de preço preço de de exerc exercício ício de R$34 R$34 da da Vale Vale PN com vencimento em setembro. Algumas vezes, o número não corresponde exatamente ao preço de exercício, ou porque a distribuição de dividendos alterou o preço de exercício exerc ício ou porque, quando a opção foi lançada, o número correspondente a seu preço de exercício já estava sendo usado por outra opção com vencimento na mesma data. Veremos as regras para as opções no Brasil no Capítulo 6. 3
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cício for inferior ao preço da ação, a opção é dita “dentro do dinheiro” ou In-The-Money (ITM); se o preço de exercício for bem próximo ou igual ao preço da ação, a opção é dita “no dinheiro” ou At-The-Money (ATM); se o preço de exercício for superior ao preço da ação, a opção é dita “fora do dinheiro” ou Out-of-The-Money Out-of-The-Money (OTM). O conceito é estático, mas a ação não é, portanto, conforme a ação varia de preços, as opções podem podem ir variando em em relação relação a essa essa característica. Opções ITM podem tornar-se OTM após uma forte queda e vice-versa. De qualquer forma, o importante é saber a posição da opção no momento em que está sendo analisada. Exemplificando com a ação Vale PNA (VALE5), a R$42,50, a 30 dias do vencimento das opções: Preço de Exercício da Opção
Prêmio (Preço) da Opção (R$)
ITM/ATM/OTM
30
12,60
ITM
32
10,61
ITM
34
8,70
ITM
36
7,00
ITM
38
5,20
ITM
40
3,80
ITM
42
2,35
ATM
44
1,47
OTM
46
0,80
OTM
48
0,38
OTM
50
0,19
OTM
52
0,10
OTM
54
0,04
OTM
O conceito de ATM não é plenamente definido, sendo, de qualquer forma, a/as opção/opções com preço de exercício mais próximo ao preço da ação. No exemplo anterior, a opção de PE de 42 certamente é ATM, mas alguns poderiam considerar ATM também as opções à sua volta, de PEs de 40 e 44. Esses conceitos não são importantes apenas como denominação das opções, mas também para se compreender como elas se comportam e quais opções utilizar para suas operações. As opções reagem de 14
O Que São e Como Funcionam as Opções
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forma diferente aos fatores que influenciam seus preços, de acordo com sua posição em relação ao preço da ação. Apenas como exemplo, uma alteração no preço da ação influenciará, de forma muito mais intensa, em termos de variação em centavos, uma opção ITM do que uma OTM. Já alterações na volatilidade influenciarão mais as ATMs, depois as OTMs e, por último, as ITMs. Veremos isso em maiores detalhes mais adiante; por ora, é importante guardar o conceito e a denominação das opções de acordo com seu posicionamento em relação ao preço da ação.
2.4.3 Componentes do preço da opção O preço de uma opção é chamado de prêmio, constituído de valor intrínseco ou verdadeiro e valor extrínseco ou de expectativa, também denominado VE. Uma opção pode ter apenas um desses ou uma combinação dos dois. O valor intrínseco é a parte do prêmio da opção que está dentro do dinheiro, ou seja, que fica entre o preço da ação e o preço de exercício da opção. Exemplo 1: A opção de compra de PETRH40 (opção de compra de
Petrobras PN para agosto, com preço de exercício de R$40) possui R$2 de valor intrínseco se a PETR4 estiver cotada a R$42. Somente as opções ITMs ou dentro do dinheiro têm valor intrínseco, pois, sendo ele a diferença entre o preço da ação e o preço de exercício da opção, essa conta resultaria negativa para as opções OTMs ou fora do dinheiro. Exemplo 2: Considerando a PETR4 (Petrobras PN) a R$40, a opção
de preço de exercício de R$38 teria R$2 de valor intrínseco (40 – 38 = 2), enquanto a opção de preço de exercício de R$42 não teria valor intrínseco (40 – 42 = -2). Não existe valor intrínseco negativo. Se a opção é fora do dinheiro, ou seja, se tem preço de exercício acima do preço da ação, ela não possui valor intrínseco. Fica fácil compreender o valor intrínseco conhecendo os conceitos básicos das opções. Se a opção de preço de exercício de R$38 do exemplo anterior é, na verdade, o direito de comprar PETR4 a R$38, 15
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Introdução às Opções
estando a ação PETR4 a R$40, ninguém venderia esse direito por menos de R$2; caso contrário, estaria dando dinheiro de graça. Se eu tenho o direito de comprar PETR4 a R$38 e ela está a R$40 no mercado, se me vendem esse direito por menos de R$2, basta que eu exerça o direito, o que significa comprar PETR4 a R$38 e vender a ação no mercado a R$40. Como 40 menos 38 é igual a 2, se me venderem esse direito por menos de R$2, estarão me dando dinheiro de graça. Logo, no mercado, essa opção vai valer sempre, no mínimo, R$2, pois no mercado real não há lanche de graça. Se não for na hora exata ou muito próximo da hora do vencimento, a opção provavelmente provavelmente custará mais do que esse valor verdadeiro, as custas de o valor extrínseco ou de expectativa. Esse nome decorre da expectativa de que a ação possa subir de preço até a hora do vencimento. O valor extrínseco ou de expectativa é a porção do preço de uma opção (prêmio) que está além do valor intrínseco e também além do preço da ação. Por ora, estamos lidando com os conceitos básicos, mas o valor extrínseco é a parte da opção que, em geral, vamos negociar e o que realmente interessa nas opções, pois o valor intrínseco está ligado exclusivamente exclusivamente à variação da ação. Se a ação sobe, o valor intrínseco aumenta; se a ação cai, ele diminui. Preço PETR4 a 10 dias do vencimento
Preço Opção de PE de 40 (R$)
Valor Intrínseco (R$)
44
4,20
4,00
42
2,50
2,00
40
0,80
0,00
38
0,15
0,00
Veja Veja nesse nesse quadro quadro que a ação ação varia varia R$2, R$2, de R$42 R$42 para para R$44 R$44 e o valor valor intrínseco da opção varia os mesmos R$2. O valor intrínseco está totalmente ligado à variação da ação e é influenciado apenas por este. Já o valor extrínseco é influenciado influenciado por quatro fatores além do prepreço da ação: tempo, preço de exercício da opção, a volatilidade da ação e a taxa de juros praticada na economia. No quadro a seguir, vemos uma opção (PE de 38) com valores intrínseco e extrínseco, pois ela é ligeiramente ligeiramente ITM, dentro do dinheiro, preço de exercício (PE) abaixo do preço da ação. Vemos também uma 16
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que só possui valor extrínseco (PE de 42), pois é OTM ou fora do dinheiro. E uma que só possui valor intrínseco, pois é muito dentro do dinheiro (ITM). Essas opções que são muito ITM algumas vezes mantêm um VE residual e, outras vezes, devido à baixa liquidez, são negociadas até a preços um pouco abaixo do valor intrínseco. Preço da Ação
PE Opção
Prêmio (R$)
Valor Intrínseco (R$)
Valor Extrínseco (R$)
40
38
3,00
2,00
1,00
40
42
0,50
0,00
0,50
40
32
8,00
8,00
0,00
Seguem, então, as fórmulas: Valor Intrínseco = Preço da Ação – Preço Preço de Exercício da Opção Observação: Essa fórmula é válida se o resultado for positivo, pois, se
o resultado for negativo, a opção é OTM e não tem valor intrínseco. Valor Extrínseco (VE) = Prêmio Prêmio Opção – Valor Intrínseco
2.5 O que influencia o preço das opções?
São cinco os fatores que influenciam o preço das opções: preço da ação, preço de exercício da opção, tempo, volatilidade e taxa de juros. Destes, podemos dividir: Fatores que interferem positivamente no preço (fatores negati vos): preço da ação, volatilidade e taxa de juros. Fatores que interferem negativamente no preço (fatores negati vos): tempo e preço de exercício das opções.
Os fatores positivos influenciam de forma direta a opção, ou seja, se aumentam, o preço da opção tende a aumentar; se diminuem, o preço da opção tende a diminuir. Os fatores negativos influenciam de forma inversa, mas aqui cabe abrir parênteses. O tempo maior leva a preços maiores, então seria um fator positivo, mas o tempo não anda 17
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Introdução às Opções
para trás, só para frente, então sua passagem influencia negativamente as opções. Já o preço de exercício não se altera, mas, comparando os diversos preços de exercício, quanto maior o preço de exercício, menos custam as opções. Vamos analisar analisar cada fator isoladamente: Preço da ação: este é o fator mais importante, mas, por ser o mais im-
portante e o mais intuitivo, leva muitos a compreenderem equivocadamente as opções como um ativo semelhante às ações. Embora as opções sejam muito influenciadas pelo preço da ação subjacente, essa influência vai varia variarr de de acor acordo do com a vol volati atilid lidade ade da ação, ação, o tempo tempo para para o exer exercíc cício io da opção e a posição da opção em relação ao preço da ação (preço de exercício), ou seja, de acordo com os outros fatores, fator es, a influência do preço da ação em determinada opção poderá ser maior ou menor. Apesa Apesarr de a opção opção tender tender a segui seguirr a ação, ação, isso isso não ocorre ocorre direta diretame mente nte e há outras influências que podem fazer com que esse padrão ocorra equivocadamente. As opções não devem ser utilizadas como ações e não são um substituto da ação. Não são ações de R$1. As estratégias que pretendem operar as opções tão somente a partir do gráfico das ações estão fadadas ao fracasso, pois compreendem apenas um dos cinco fatores que influenciam as opções e demonstram que o operador desconhece a análise gráfica (que é uma ferramenta para ações e futuros) e as opções, que não são influenciadas apenas pelo preço da ação. Em tese, se a ação sobe, a opção sobe; e, se a ação cai, a opção cai. Só que no mundo real muita coisa pode acontecer para modificar esse quadro. Então, analisando os outros fatores juntos, podemos dizer que:
Quanto mais distante para fora (OTM) for uma opção, menor será a influência do preço da ação. Quanto mais para dentro (ITM) for a opção, maior será a influência do preço da ação. 4 Exemplo: Se a PETR está a R$40 e sobe para R$41, a PETRC32 deve ganhar quase R$1 em seu preço, enquanto a PETRC48, se ganhar alguma coisa, serão apenas alguns centavos.
Esse conceito é justamente o Delta, uma das chamadas gregas de Black and Scholes. Como este livro é introdutório ao tema, abordarei as opções sem entrar em B&S. Quem tiver interesse no assunto, deve ler os outros livros desta coleção: Investindo em Opções e Operando Opções. 4
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Quanto mais volátil for o mercado, 5 menos o preço da ação vai influenciar e, quanto menos volátil, mais vai influenciar. Como o prêmio ou preço da opção é determinado levando-se em conta cinco fatores, se um fator aumenta expressivamente, expressivamente, passa a ter mais importância. Então, em situações de grande volatilidade, é como se ela assumisse maior relevância, e os outros fatores passam a ter menos importância. Como volatilidade elevada significa risco alto, os preços das opções sobem de forma a compensar esse risco, pois o lançamento de opções se torna mais perigoso; portanto, os lançadores exigem prêmios maiores. E isso acontece independentemente independentemente da alta ou da queda da ação. É claro que, no final das contas, os fatores se relacionam e cada um desempenha seu papel, mas, para explicar os conceitos isoladamente, temos de recorrer a simplificações teóricas. Quanto mais tempo para o vencimento, mais o movimento da ação ainda pode influenciar o preço da opção. Quanto menor for o tempo, menor será essa capacidade de influenciar em termos de VE. É claro que a parte do preço da opção, que é valor intrínseco ou verdadeiro, sempre segue o preço da ação, mas, em termos de valor extrínseco (VE), essa influência tende a diminuir com a passagem do tempo, com exceção das opções muito próximas ao preço da ação, em que a influência pode permanecer grande e até aumentar com a proximidade do vencimento. Isso porque essas opções passam a valer bem pouco em data próxima ao vencimento, mas terão de reagir expressivamente a uma forte alta da ação.
É importante ter ciência de que, quando ocorrem altas ou quedas expressivas da ação, a influência do preço da ação passa a ser bem mais importante, enquanto os outros fatores influenciam bem menos nessa situação. Se uma ação que vale R$40 sobe, por exemplo, R$10 em um dia, é claro que a variação nas opções será expressiva, independentemente da volatilidade (que estará alta devido à variação extraordinária da O Capítulo 5 aborda volatilidade e sua influência sobre o preço das opções. No momento, basta entender que um mercado muito volátil é aquele em que os preços sofrem fortes variaçõ variações, es, não import importaa a direção direção;; enqu enquant antoo um mercado mercado pouco pouco volátil volátil é aque aquele le que anda anda de lado, com fracas variações de preços, não importando também para que lado. 5
19
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Introdução às Opções
ação) e do tempo (embora a influência vá variar de acordo com o tempo que falta para o vencimento). No caso da distância (preço de exercício), as variações nos prêmios serão diferentes, mas um movimento muito forte da ação poderá influenciar opções distantes que não seriam quase influenciadas por uma alta normal. Volatilidade: a volatilidade influencia positivamente o valor extrín-
seco (VE) das opções: quanto maior for a volatilidade da ação, maior tenderá a ser o VE ou a expectativa nas opções. Taxa de juros: falamos pouco nesse fator por duas razões: em primeiro
lugar, em situações de taxas de juros normais, sua influência é muito pequena. Em segundo lugar, lug ar, em tese, o aumento da taxa de juros leva a um pequeno aumento nos prêmios das opções, mas, na prática, o aumento da taxa de juros pode influenciar negativamente o mercado de ações e até levar a uma redução nos prêmios das opções. De qualquer forma, esse fator não é muito importante enquanto as taxas de juros no país se mantiverem em níveis baixos e, mais importante que isso, as variações nas taxas de juros não forem expressivas. 6 Tempo: a influência do tempo nas opções é tão importante que o
próximo capítulo do livro será só sobre isso. Mas, resumindo de forma bem simples, todas as opções perdem algum valor (da parte do prêmio acima do preço da ação, ou valor extrínseco) pela passagem de um dia. A influência do tempo será tanto maior quanto mais tempo tiver passado, ou seja, quanto menos tempo de vida uma opção tiver, mais a passagem de um dia irá influenciá-la negativamente. É fácil visualizar isso considerando que uma parte do prêmio da opção corresponde ao tempo e que essa parte irá morrer até o dia do vencimento. Se ela perde uma porção a cada dia que passa, quanto menos dias faltarem, maior será a porção perdida. Apenas exemplificando teoricamente e pegando uma licença matemática , porque, na prática, não é simples assim, seria como dizer que, se faltassem 10 dias, ela perderia 10% pela passagem de um dia e faltando 5 dias perderia 20%. O Brasil ainda possui taxas de juros elevadas quando comparado com outros países, mas não são suficientemente altas para produzir grande efeito nas opções. Em situações de taxas de juros j uros e custo do dinheiro (inflação) muito elevadas, os prêmios pr êmios são carregados com essas taxas e se tornam maiores. 6
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Uma volatilidade muito alta pode compensar o efeito do tempo e as opções se manterem com VEs altos, apesar da proximidade do vencimento. Ainda assim, alguma perda pela passagem do tempo sempre ocorrerá. Um aspecto que muitos não percebem é que, mesmo na alta da ação, mesmo a opção se valorizando, há perda de valor pela passagem do tempo. Vamos dizer que, de hoje para amanhã, uma opção suba de R$1 para R$1,25. Pode ser que, se não tivesse passado um dia, ela tivesse subido para R$1,28 ou R$1,30, dependendo da situação. Mesmo quando uma opção sobe de valor decorrente de uma valorização do ativo subjacente, perde valor pela passagem do tempo. A distânci dist ânciaa para par a o preço pre ço da ação (preço (pr eço de exercíc exe rcício) io) também tamb ém vai influenc infl uenciar iar a perda pe rda de valor v alor pela pel a passag pa ssagem em do d o tempo. te mpo. Em tese t ese,, as opções que mais perdem valor em termos absolutos (centavos) pela passagem do tempo são as ATMs ou próximas do preço da ação (opções que têm o preço de exercício próximo do preço da ação naquele momento), pois são aquelas que têm mais VE (valor extrínseco) e a perda de valor pela passagem do tempo só ocorre no VE. O valor val or intrín in trínseco seco da opçã o pçãoo segue seg ue a ação. açã o. Desse De sse modo, modo , as que q ue têm mais VE são aquelas que perdem mais centavos. As opções dentro do dinheiro têm menos VE quanto mais dentro do dinheiro forem. Apesar dos prêmios serem maiores, quanto mais dentro do dinheiro (ITM) forem as opções, a maior parte do prêmio destas opções consiste de valor intrínseco. Desse modo, as opções ITMs perdem pouco valor pela passagem do tempo, tanto em termos de centavos, absoluto, quanto em termos proporcionais ao seu prêmio total. E vão perder menos quanto mais ITM forem. Já as opções OTM, ou fora do dinheiro, que têm o preço de exercício longe do preço da ação, têm pouco VE (que é todo seu valor, já que não possuem valor intrínseco, por estarem acima do preço da ação) e por isso perdem menos centavos pela passagem do tempo do que as ATMs ou próximas do preço. Mas, como elas valem pouco, são aquelas que proporcionalmente (percentualmente) perdem mais valor pela passagem do tempo. 7 Essa questão da posição da opção, ou do preço de exercício da opção em relação ao preço da ação, é sempre a fotografia de um momento. Claro que, conforme a ação varia de preço, isso isso vai mudando, mudando, e as opções opções dentro do dinheiro podem virar fora do dinheiro e vice-versa. 7
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Introdução às Opções
Preço de exercício: a influência aqui é bem direta e objetiva. Quan-
to mais dentro do dinheiro (ITM) for o preço de exercício da opção, mais ela vai custar. Quanto mais fora do dinheiro (OTM), menos ela vai custar, independentemente independ entemente do que consiste o prêmio p rêmio da opção, se valor intrínseco ou extrínseco. Repetindo a seguir a tabela do início deste capítulo, veja como o prêmio (preço) das opções vai se tornando maior quanto mais ITM e menor quanto mais OTM. Por ser a opção um direito de comprar a ação ao preço de exercício da opção, quanto mais baixo esse preço de exercício, mais barato se irá comprar a ação no caso de exercer o direito, então mais vale a opção. Se uma ação está a R$40, por exemplo, vale muito mais o direito de comprá-la a R$32, do que o de comprá-la a R$48. Preço de Exercício da Opção
Prêmio (Preço) da Opção (R$)
ITM / ATM / OTM
30
12,60
ITM
32
10,61
ITM
34
8,70
ITM
36
7,00
ITM
38
5,20
ITM
40
3,80
ITM
42
2,35
ATM
44
1,47
OTM
46
0,80
OTM
48
0,38
OTM
50
0,19
OTM
52
0,10
OTM
54
0,04
OTM
É importante observar que o preço de exercício é fixo (a não ser quando eventualmente se modifica devido à distribuição de dividendos), mas a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação, não. Conforme a ação se movimenta, o preço de exercício da opção pode ficar mais próximo ou mais distante do preço da ação.
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2.6 Juntando Tudo
As opções são influenciadas influenciadas primordialmen primordialmente te por: Distância da ação para o preço de exercício da opção; Tempo para o dia do exercício; Volatilidade da ação.
A distância é inversamente proporcional ao preço das opções, ou seja, quanto maior a distância (para fora do preço, OTM), menor o preço das opções. O tempo é diretamente proporcional, proporcional, ou seja, quanto mais tempo para o vencimento, mais valem as opções. A volatilidade é diretamente proporcional, ou seja, quanto mais volátil o mercado, ou quanto mais expressivas forem as variações da ação, não importa a direção, maior o risco percebido pelos lançadores de opções, que exigem prêmios maiores para se colocar no risco da venda e, portanto, portanto, maiores os preços das opções. Para que o preço de uma opção aumente, é necessário que os efeitos positivos da variação do preço da ação e da volatilidade (se positivos) sobre a opção sejam maiores do que a perda de valor pela passagem
do tempo (o tempo, ou sua passagem, só influencia negativamente, já que só anda em uma direção). Avaliando as influências, influências, podemos podemos dar nomes nomes como segue: Preço da ação (gráficos) – O QUÊ Preço de exercício da opção – ONDE Tempo para o vencimento – QUANDO Volatilidade da ação – COMO
Vê-se Vê-se logo logo que opções opções não são ativos ativos direci direciona onais is,, pois pois este estess são como como o preço da ação: dizem a você O QUÊ. Mas, em opções, importa também ONDE. Uma ação a R$40 é diferente para uma opção de preço de exercício de R$36, para uma de preço de exercício de R$40 e para uma de preço de exercício de R$46. A influência do preço da ação será diferente nessas opções; portanto, de nada adianta eu saber o preço da ação strikee da opção). (O QUÊ) sem saber ONDE (preço de exercício ou o strik Preciso saber também QUANDO, que é o tempo. De nada adianta eu dizer O QUÊ (preço da ação) e ONDE (strike) sem dizer QUANDO. Se a ação está R$40 e minha opção é de preço de exercício de R$42, faz muita 23
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Introdução às Opções
diferença se faltam 60 dias, 30 dias ou apenas apena s um dia para o vencimento. Mas tudo isso não estará completo se eu não souber COMO, ou seja, COMO a ação subiu ou caiu. Se eu disser que a ação subiu R$2, não quer dizer nada se eu não informar como ocorreu essa alta. Se foi uma alta extremamente volátil em apenas uma hora, a influência nas opções será enorme. Se foi uma alta lenta e progressiva que ocorreu em dois meses, pouco influencia as opções. Aos poucos, o operador vai aprendendo a lidar e a compreender esses fatores e a perceber como influenciam as opções para começar a entender o que está acontecendo com as opções e suas operações. No parágrafo anterior, observa-se por que as opções não são ativos direcionais, não são ações de R$1 e não podem ser tratadas como tal. Embora o preço da ação seja um fator de extrema importância, com certeza não é o único e, assim, as opções não são puramente direcionais, ou seja, não são unidimensionais, como ações e futuros. Avaliando o que ocorre com as opções durante o vencimento e juntando todos os fatores, temos: temos:
Opções dentro do Dinheiro (ITM): vão perdendo VE com o
passar do tempo, apenas seguindo a ação, e perdendo a capacidade de apresentar variações expressivas em relação a seu preço, embora possam ter variações absolutas em centavos grandes. (Vai virando ação com a passagem do tempo .) Opções no Dinheiro (ATM): mantêm-se próximas do preço da ação, mas vão perdendo valor. Por estarem perto do preço da ação e valendo bem pouco, mesmo que o vencimento esteja muito próximo, podem apresentar variações expressivas. ( Vai virando opção explosiva com a passagem do tempo .) Opções fora do Dinheiro (OTM) : conforme o tempo passa e elas se mantêm longe do preço, a chance de variarem expressi vamente vai diminuindo, diminuindo, ao mesmo mesmo tempo em que vão perdendo valor. É importante ter ciência de que não perdem só valor, mas também chance de ser exercidas ou de ganhar valor. A cada dia que passa, as variações necessárias da ação para produzir efeitos nelas terão de ser mais expressivas. ( Vai virando pó com a passagem do tempo .) 24
CAPÍTULO III
Entendendo o Tempo e a Distância
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Introdução às Opções
3.1 O que o tempo tem a ver com as opções?
Tudo. Opções dependem do tempo e, quanto mais o tempo passa, mais dependentes ficam. Quando demos o exemplo simples do carro, o tempo não parecia tão importante, mas, se considerarmos opções de ações, fica mais fácil entender. Vamos Vamo s conside con siderar, rar, por exemplo exem plo,, uma u ma série sér ie de opções opçõ es da PetroPet robras, estando a ação PETR4 (Petrobras PN) a R$38,50. Preço de Exercício
Prêmio (R$)
34
5,10
36
3,49
38
2,10
40
1,21
42
0,71
44
0,37
46
0,19
48
0,09
Agora, vamos considerar a mesma série com Petrobras PN no mesmo preço, R$38,50:
26
Preço de Exercício
Prêmio (R$)
34
4,79
36
3,00
38
1,34
40
0,58
42
0,24
44
0,09
46
0,02
48
0,01
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
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Ué, o que aconteceu? TEMPO!
A primeira série vence em 35 dias úteis, enquanto a segunda em apenas 15 dias úteis. Mas isso tudo é só por causa do tempo? Praticamente tudo, porque os outros fatores influenciam as duas séries quase da mesma forma, e a volatilidade tem influência mais intensa na série que tem menos tempo pela frente. E por que o tempo influencia tanto as opções?
Simples: o que é a opção 42 que nós vemos valendo 0,71 no primeiro quadro e apenas 0,24 no segundo quadro? É o direito de comprar ações da Petrobras PN a 42. Quanto está a ação PETR4? R$38,50. Alguém iria querer comprar a ação a 42 se ela está R$38,50 no mercado? Provavelmente, ou quase com certeza, não. Mas então por que a opção existe e por que ela vale alguma coisa? Perspectivas, Probabilidades, Possibilidades, RISCO! Obviamente, 42 é mais caro que 38,50 e ninguém vai comprar uma ação a 42 se pode comprar a 38,50. Mas existe a possibilidade (risco) de a ação bater 42? Claro que existe. Pode não bater, é mais provável que não vá, mas pode acontecer. Pode até ultrapassar e ir a 43 ou 44. Assim como pode ficar na mesma ou cair. Pode fazer qualquer coisa, mas existe uma possibilidade, uma probabilidade, um risco, de ela ir a 42. Se você fosse obrigado a correr 150km, iria preferir que o prazo para conseguir superar os 150km fosse de 15 ou de 35 dias? Claro que 35 dias. Você pode conseguir correr 150km em 15 dias a uma média de 10km por dia, mas, em 35 dias, só precisa cumprir uma média de pouco mais de 4km por dia e qualquer um que consegue andar poderia perfazer a distância. Então, a primeira opção de preço de exercício de R$42 tem 35 dias úteis para que a Petrobras chegue nela, enquanto a segunda só tem 15 dias úteis. A Petrobras pode ir a 42 em um dia ou até em uma semana. Mas a chance de ela ir a 42 em 35 dias é maior do que em 15 dias. Disso, não resta dúvida. Então, voltemos ao exemplo do carro. Se eu vou pagar um prêmio de R$500 para adquirir o direito de comprar seu carro a um preço determinado, quanto maior o prazo que você me der, mais estarei disposto a pagar os R$500. Agora, se você me der um prazo somente até amanhã, 27
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Introdução às Opções
não vou querer pagar os R$500. Posso pagar R$100 talvez ou R$50, mas nunca os R$500. Especialmente se o carro estiver valendo menos do que o preço combinado no direito. Quem compra uma opção de compra de uma ação está adquirindo o direito de comprar a mesma quantidade de ações, ao preço de exercício da opção até uma data predeterminada. E quem vende a opção de compra está se colocando na obrigação de vender a mesma quantidade de ações ao preço de exercício da opção até determinada data. O vendedor se coloca em uma obrigação obrigação que pode ser entendida como um risco, porque, se a ação ultrapassar o preço de exercício da opção (no caso da opção de preço de exercício de 42, se a ação for a 43, ou 46 ou ainda 50), o vendedor da opção de compra poderá ter de entregar suas ações, ou comprar ações no mercado para entregar ao preço de exercício da opção, tendo, assim, o prejuízo equivalente à distância que a ação ultrapassou o preço de exercício da opção (menos o prêmio recebido pela venda da opção). É claro que ele pode recomprar a opção vendida no mercado e fechar sua posição, livrando-se de qualquer obrigação, mas, ainda assim, no caso de alta da ação, isso provavelmente será feito com prejuízo. Logo, pela perspectiva do vendedor, pode-se falar em risco. Pela perspectiva do comprador, pode-se falar em probabilidade ou possibilidade ou ainda perspectiva (embora ele tenha um risco também, que é o valor pago pelo prêmio da opção). O preço da opção, ou prêmio, será resultado da combinação de interesses desses dois lados. Quanto mais os vendedores ou lançadores perceberem o risco, maiores prêmios irão exigir, e a percepção de risco deles, do outro lado, para os compradores, será visto como maiores perspectivas, e estarão mais dispostos a pagar os prêmios mais altos que os lançadores (vendedores) estão exigindo. Assim, os prêmios ficam mais altos e a opção sobe de preço. Se, no entanto, os compradores estão percebendo um mercado fraco, pouco volátil, com poucas perspectivas, ao mesmo tempo em que os lançadores captam menos risco, estes últimos aceitam os prêmios menores que os compradores estão dispostos a pagar nessa situação e os prêmios das opções caem. Quanto maior a chance de uma opção ser exercida, maior a percepção de risco pelos vendedores e, quanto maiores as perspectivas dos compradores, maiores serão os prêmios (preços) das opções. Quanto menor a chance de uma opção ser exercida, menor a percepção de 28
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
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risco pelos vendedores; e, quanto menores as perspectivas dos compradores, menores serão os prêmios (preços) das opções. Volta Voltando ndo à nossa nossa marat maratona ona de 150km 150km,, quant quantoo mai maior or for o tempo tempo disdisponível, menor será o risco de você não conseguir ir até o final. Os compradores e vendedores de opções veem o tempo como chance ou risco. Para o comprador (de opção de compra), quanto mais tempo, mais chance para a sua opção, pois maior a chance de a ação chegar ao preço de exercício da opção. Para o vendedor, tempo é risco, pois, quanto mais tempo, maior será o risco de a ação atingir o preço de exercício da opção vendida. Se a ação está a 38,50 e você vai comprar uma opção de preço de exercício de 42, você vai preferir que ainda faltem 35 dias úteis ou apenas 15 dias úteis para o vencimento? Claro que 35 se o prêmio fosse o mesmo, sem dúvida. A de 35 dias tem mais chance de ser exercida, de o mercado chegar a ela e de ha ver valorização. valorização. Porém, do lado do vendedor, vendedor, tendo as duas o mesmo mesmo prêmio, não resta dúvida de que ele iria para a de menor prazo. E é isso mesmo que ocorre no mercado. Na vida real, a opção de maior prazo sempre terá um prêmio maior, pois o mercado irá equilibrar as probabilidades e o risco, mas, apenas a título de exemplo, tendo o mesmo prêmio e o mesmo preço de exercício, quanto menos tempo para o vencimento, melhor para o vendedor e pior para o comprador. Não é à toa, portanto, que as opções perdem valor com a passagem do tempo. Os compradores preferem mais prazo e os vendedores, vendedo res, menos. A princípio, em um exemplo teórico, as duas opções de preço de exercício de 42 nos quadros anteriores teriam o mesmo valor. Mas, se elas custarem o mesmo valor, a de 35 dias atrairia mais compradores e a de 15 dias atrairia mais vendedores. E o que iria acontecer? Com mais compradores e menos vendedores na de 35 dias e os compradores dispostos a pagar o que os vendedores estavam exigindo, a de 35 dias subiria de preço. Com mais vendedores e menos compradores na de 15 dias e os vendedores dispostos a vender pelo baixo preço oferecido oferecid o pelos compradores, a de 15 dias cairia de preço. E é exatamente esse balanço que ocorre no mercado real que determina os preços das opções. Então, vamos juntar os quadros anteriores, que são situações reais: Parte esquerda do quadro: 35 dias úteis para o vencimento das opções: Opção de preço de exercício de 42 = 0,71 29
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Introdução às Opções
Parte direita do quadro: 15 dias úteis para o vencimento das opções: Opção de preço de exercício de 42 = 0,24 35 dias
Prêmio (R$)
15 dias
Prêmio (R$)
34
5,10
34
4,79
36
3,49
36
3,00
38
2,10
38
1,34
40
1,21
40
0,58
42
0,71
42
0,24
44
0,37
44
0,09
46
0,19
46
0,02
48
0,09
48
0,01
Agora, vamos considerar a mesma série com Petrobras PN no mesmo preço – R$38,50: Bingo! Aconteceu na prática exatamente o que previmos na teoria e é de se esperar que aconteça. Claro que há distorções no mercado, distorção entre o que os ativos valem e o que eles estão custando, até mesmo porque o mercado é movido por seres humanos, e suas emoções e, muitas vezes, as emoções das massas perdem o controle ou se tornam exageradas. Mas, para explicar o efeito do tempo sobre as opções, ficaremos com o básico e, considerando o básico, podemos ver claramente por que as opções com mais tempo para o exercício custam mais quando o preço de exercício é o mesmo. 3.2 Influência do tempo
O tempo influencia negativamente as opções, ou seja, quanto menos tempo, menos tendem a valer as opções. Há uma parte do prêmio da opção que é preenchida pelo tempo, e ela será menor quanto menor for o tempo para o vencimento. Claro que o tempo não se altera como o preço da ação e a volatilidade que podem subir e cair diversas vezes durante o vencimento da opção. Também não se altera como a taxa e os juros, que, apesar de sofrer menos alterações que os dois anteriores, também podem subir ou cair, assim como ficar iguais. E também não pode haver diversos 30
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
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tempos ao mesmo tempo, como os diversos preços de exercício de uma série de opções.* Diferentemente dos outros quatro fatores que alteram os prêmios das opções, o tempo é sempre constante e negativamente constante, ou seja, a cada dia que passa, a opção tem menos tempo de vida. E, a cada dia que passa, a parte do prêmio da opção que é preenchida pelo tempo irá diminuir. Logo, o preço da opção tenderá a diminuir com a passagem do tempo, a não ser que os outros fatores que a influenciam, notadamente o preço e a volatilidade da ação, compensem essa perda de valor valor pela pela passag passagem em do tempo. tempo. Ainda Ainda assim, assim, mesmo mesmo que o preço preço tot total al da opção aumente, a parte dele que é preenchida pelo tempo irá diminuir. Vejamos quatro situações diferentes para entender a dinâmica do tempo. Cada quadro total representa o prêmio da opção e cada célula, a parte de cada um dos três fatores nesse prêmio (essas são representações teóricas esquematizadas que não refletem necessariamente a proporção correta desses fatores nas opções): Tempo
Preço da Ação
Tempo
Preço da Ação
Tempo
Preço da Ação
Tempo
Preço da Ação
Volatilidade
Volatilidade
Volatilidade
Volatilidade
A prime p rimeira ira opção opçã o seria se ria a base. ba se. Na segunda opção, a menor participação do tempo no prêmio da opção levou a um prêmio menor. Na terceira opção, mesmo tendo havido perda da participação do tempo, o aumento do preço da ação e da volatilidade compensou, fazendo com que o prêmio total subisse um pouco. Na quarta opção, ocorreu perda da participação do tempo concomitante com menor participação do preço da ação (queda do preço *Óbvio que para duas série de opções com datas de vencimentos diferentes o tempo é diferente; e, nesse sentido, pode-se comparar opções com diferentes tempos, mas na mesma série, o tempo é o mesmo para todas as opções. 31
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Introdução às Opções
da ação). Mesmo tendo havido aumento da volatilidade, isso não foi suficiente para compensar e a opção perdeu parte do prêmio. Apesar Apesar de haver mais mais dois fatores fatores que que influencia influenciam m o preço das opções – taxa de juros e preço de exercício das opções –, o primeiro influencia pouco, a não ser em épocas de grandes variações nas taxas de juros, juros, que, hoje em dia, são raras, raras, e o segundo segundo a princ princípio ípio não se altera altera durante o vencimento (exceção para a distribuição de proventos, mas, mesmo nesse caso, há o ajuste na ação, e a influência sobre o prêmio das opções é pequena). Esses três acima são os fatores dinâmicos que mais influenciam o prêmio das opções e que devem ser sempre acompanhados. Quanto ao preço de exercício da opção, o que consideramos consideramos é que a relação do preço da ação com o preço de exercício das opções produzem a influência que chamamos de distância, ou seja, a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação, e essa distância, sim, é influenciada pelas variações no preço da ação. Pois bem, sabemos agora por que a opção de preço de exercício de R$42 com 35 dias de vida custava R$0,71 e a outra, de mesmo preço de exercício, mas com 15 dias de vida, apenas R$0,24. E, comparando duas opções de mesmo preço de exercício e da mesma ação, mas com datas de vencimento diferentes, a possibilidade de os outros fatores compensarem a perda de valor pela passagem do tempo é quase inexistente, pois, a despeito de a influência do preço da ação e a volatilidade terem intensidades diferentes diferentes em opções com data de vencimento diferentes, não será suficiente para suplantar a perda de valor pela passagem do tempo em opções da mesma ação e do mesmo preço de exercício, de datas de vencimento diferentes. Se duas opções tiverem o mesmo preço de exercício, aquela com mais tempo para o vencimento sempre irá custar mais e isso pode ser visto na prática, na tabela anterior. Além Alé m de o tempo t empo inf influen luenciar ciar as opçõ o pções, es, influen infl uencia cia de forma form a did iferente, de acordo com a passagem do tempo, ou seja, quanto menos tempo para o vencimento, maior a influência proporcional do tempo. Consideremos primeiro que todo o valor da opção relativo ao tempo, ou seja, todo o valor que não é intrínseco, tem de, por definição, acabar antes do vencimento da opção. Exemplificando: Tempo para o vencimento = 20 dias úteis PETR4 = R$40 32
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
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PETRL38 (opção de PETR4 de preço de exercício de R$38 com vencimento em dezembro) = R$3 Valor intrínseco = 40 (preço da ação) - 38 (preço de exercício da opção) = R$2 Valor extrínseco = 3 (preço da opção) - 2 (valor intrínseco da opção) = R$1 Na hora do vencimento: PETR4 = R$40 PETRL38 = R$2 Logo, esse R$1 extra no preço da opção que existia quando faltavam 20 dias para o vencimento é a expectativa de que a ação possa subir inserida no prêmio da opção e grande parte dele se deve ao tempo que falta para o vencimento. Na hora do vencimento, a opção em teoria só tem valor real ou intrínseco, que é o preço da ação menos o preço de exercício da opção. Na prática, no mundo real, pode haver algum valor residual além do valor real, mas apenas por questões de custos transacionais e outras questões que não são importantes para entendermos a influência do tempo nas opções. Pois bem, se essa opção tinha R$1 de expectativa a 20 dias do vencimento e, na hora do vencimento, só tem valor real, sem qualquer valor de expectativa, ela terá perdido esse valor conforme o tempo passou e, como ela só perde valor de expectativa (Valor Extrínseco Extrínseco – VE) pela passagem do tempo, temos de considerar a perda de valor pelo tempo em relação a esse valor, e não em relação ao valor total da ação, que inclui também o valor verdadeiro ou intrínseco da opção. Como, a cada dia que passa, faltam menos dias para o vencimento das opções, mais rápida terá de ser a perda, proporcionalmente ao que resta de valor extrínseco, para que todo o valor desapareça até o dia do vencimento. Logo, a perda de valor pela passagem do tempo é maior proporcionalmente quanto menos tempo falta para o vencimento, ou seja, quanto menos tempo falta para o vencimento, mais importante é a perda de valor da opção pela passagem de tempo. Quanto mais pró ximo for o vencimento, mais ela vai perder proporcionalmente a seu valor de expectativa, expectativa, pela passagem de um um dia. 33
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
Considerando uma opção que tem R$0,30 de valor de expectativa, se faltam 30 dias para o vencimento, ela perderá uma pequena porção desses R$0,30 pela passagem de um dia, porque tem 30 dias para perder tudo. Se faltam 10 dias, ela tem de perder uma porção maior desses R$0,30 pela passagem de um dia, porque só faltam 10 dias para ela perder todos esses R$0,30. Se faltam apenas dois dias para o vencimento das opções, a perda terá de ser enorme em relação aos R$0,30, porque ela tem apenas dois dias para perder completamente os R$0,30. Claro que, em um exemplo real, conforme a opção perde valor de expectativa, pela passagem do tempo, menos valor de expectativa ela tem, com exceção de situações de um aumento enorme na volatilidade, mas, ainda assim, se considerarmos a perda proporcional de valor, ela sempre será maior, embora a perda absoluta em centavos possa diminuir com a passagem do tempo. Importante lembrar que os mo vimentos da ação não influenciam influenciam diretamente diretamente o valor valor de expectativa expectativa das opções, aumentando ou diminuindo apenas o valor verdadeiro ou intrínseco. Obviamente, um mercado muito forte ou um mercado muito fraco, ambos podem alterar indiretamente as expectativas das opções, mas, de forma direta, matemática, as variações de preço da ação influenciam apenas o valor intrínseco da opção. Numa licença matemática apenas para compreensão, pois a realidade matemática não é exatamente assim, poderíamos exemplificar da seguinte forma: Dias Dias para para o Ven Venci cime ment nto o
Perd Perda a Per Perce cent ntua uall de de VE VE pel pela a Pas Passa sage gem m de de 1 dia dia
50
2%
20
5%
10
10%
5
20%
2
50%
1
100%
Veja que, que, independentemente independentemente do valor valor absoluto absoluto em centavos, conforme o tempo passa, a opção perde pela passagem de um dia um percentual cada vez maior do seu valor de expectativa. Quanto menos tempo faltar para o vencimento, maior o valor que a opção vai perder, proporcional ao seu valor extrínseco (VE). 34
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
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Concluímos, então, que as opções perdem valor pela passagem de um dia, todos os dias, e que essa perda de valor é proporcionalmente maior quanto menos tempo faltar para o vencimento. A perda de valor pela passagem do tempo pode ser compensada pelo ganho em relação à alta da ação e/ou da volatilidade da ação, mas, ainda que o prêmio da opção não caia ou até aumente, a opção terá perdido algum valor pela passagem de um dia. 3.3 Influência da distância
Outro fator importante para a definição do preço das opções e a forma como os diversos fatores influenciam o preço das opções é a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação. Veja o quadro a seguir com a Vale PNA (VALE5) custando R$42,80 a 33 dias úteis do vencimento das opções: Preço de Exercício
Prêmio (R$)
36
7,40
38
5,60
40
3,95
42
2,68
44
1,65
46
1,00
48
0,54
50
0,27
52
0,13
Quanto mais longe do preço da ação estiver o direito, menos ele valerá. Se a VALE5 está R$42,80, o direito de comprá-la por R$46 não pode valer muito, mesmo com o tempo que falta para o vencimento, e o direito de comprá-la a R$50 vale bem menos, porque está mais distante ainda. Quanto mais longe o preço de exercício da opção, menor o risco para o lançador de essa opção ser exercida; então, ele aceita colocar-se no risco da venda da opção por prêmios menores (porque tem um lastro de distância maior que compensa o prêmio menor – o lastro de distância é um espaço maior para a ação 35
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Introdução às Opções
subir sem chegar ao preço de exercício da opção). Ao mesmo tempo, o interesse do comprador diminui quando a opção vai ficando mais longe do preço. Esse equilíbrio faz as opções custarem menos quanto mais longe estiverem do preço da ação. Conforme o preço de exercício da opção for se aproximando do preço da ação, o lançador vai exigir prêmios mais altos, porque o risco de ele ser exercido é maior e o comprador estará disposto a pagar mais por uma expectativa maior de a opção ser exercida. O preço de exercício é estático, mas, conforme a ação varia, a opção se torna mais próxima ou mais distante do preço da ação. O preço de exercício não varia, mas a distância dele para o preço da ação varia, devido às variações da ação. Além disso, essa distância não é absoluta: depende do tempo e da volatilidade. A mesma distância é maior quanto menos tempo falta para o vencimento das opções; e menor, quanto mais volátil for o mercado. Se falta menos tempo para o vencimento, há menos tempo hábil para a ação conseguir subir e chegar ao preço de exercício da opção; portanto, a distância é “maior” proporcionalmente se falta menos tempo. Já a volatili volatilidade dade mais alta traz variaçõe variaçõess mais mais expressi expressivas vas da ação, ação, tornand tornandoo a mesma distância proporcionalmente “menor”, pois uma ação mais volátil volátil tem maior maior possib possibilid ilidade ade de preen preencher cher distânci distâncias as maior maiores. es. Todas as opções perdem valor todos os dias pela passagem do tempo. E essa perda é mais expressiva proporcionalmente ao preço da opção quanto mais longe do dinheiro (OTM) a opção estiver. Todo o valor de uma opção OTM, ou seja, que tem o preço de exercício mais alto do que o preço da ação, é valor extrínseco ou de expectativa. Devido à expectativa e ao risco de a ação subir e atingir o preço de exercício da opção antes do vencimento da opção, essas opções têm um valor de expectativa ou extrínseco que, de certa forma, equivale a esse risco, mas, de qualquer forma, quanto maior for a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação (comparando opções com a mesma data de exercício), menor será o prêmio da opção. E essa distância é maior proporcionalmente proporcionalmente conforme o tempo vai diminuindo, ou seja, há menos tempo para a ação preencher essa distância, razão pela qual a opção vale menos. Essa distância também é proporcionalmente menor se se a volatilidade da ação for maior. Ações mais voláteis variam mais e conseguem suplantar distâncias maio36
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
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res. Logo, a distância também não é algo fixo. A mesma distância é “maior” se faltar menos tempo e “menor” se a volatilidade for maior. 3.4 Combinando as influências
A princípio, princípio, quanto mais distante a opção opção do preço preço da ação, ação, menor seu prêmio. Analisando apenas a distância, isso fica claro, como podemos ver no quadro a seguir. Mas vamos comparar a primeira série abaixo, faltando 33 dias para o vencimento, com outro em que só faltam 15 dias com a Vale PNA a R$42,80. Preço de Exercício
Prêmio a 33 dias (R$)
Prêmio a 15 dias (R$)
36
7,40
7,20
38
5,60
5,27
40
3,95
3,40
42
2,68
1,81
44
1,65
0,66
46
1,00
0,25
48
0,54
0,09
50
0,27
0,03
52
0,13
0,01
Apesar da mesma distância, as opções com menos tempo de vida custam menos. E mais importante que isso: mesmo opções mais distantes chegam a custar mais que opções mais próximas quando incluímos a influência do tempo. Observe que a opção de preço de exercício de 44 com 15 dias de vida custa R$0,66, enquanto a de preço de exercício de 46, mais distante, porém com mais que o dobro de vida útil, custa mais, R$1,00. O mercado vai ajustando todos esses fatores. A princípio, a distância deve ser estudada isoladamente, para se entender sua influência e assim temos de fazer com os principais fatores: preço da ação, tempo, volatilidade e preço de exercício (a distância é a combinação de preço da ação com preço de exercício), mas temos de saber também que, na prática, esses fatores se entrelaçam na definição dos prêmios das opções. 37
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Introdução às Opções
Considerando a distância em relação ao tempo e à volatilidade, é fácil traçar um paralelo voltando às corridas. Você precisa precisa correr correr 10km. E nós vamos apostar na chance de você conseguir completar esse percurso. Se eu dou a você duas horas para completar o trajeto, todos vão apostar em você. Isso porque as chances de você conseguir completar o percurso é enorme, mas, obviamente, a aposta não vai pagar muito, pois as chances de êxito são significativas. Os que estiverem apostando contra exigirão relações muito favoráveis a eles para aceitar essa aposta. Se eu mudo e exijo os 10km em uma hora, menos gente vai querer apostar em você e os que apostam contra você já começam a aceitar condições um pouco piores, pois agora há uma chance maior de você não conseguir completar a corrida. Se determino 30 minutos, bem pouco tempo, quase ninguém vai apostar em você, pois apenas profissionais de ponta conseguem completar 10km em menos de 30 minutos. Por outro lado, quem, ainda assim, apostar em você receberá um belo pagamento se você conseguir percorrer o trajeto em 30 minutos. Conforme o tempo foi diminuindo, você foi proporcionalmente valendo menos, o que fez com quem apostasse em você passasse a arriscar cada vez menos para ganhar cada vez mais, já que a chance de ganho ia diminuindo conforme o tempo ia se reduzindo. Do outro lado, em relação a quem apostava contra você, as chances de ganhar a aposta foram aumentando conforme o tempo diminuía; portanto, iam, progressivamente, aceitando pagar mais pelas apostas (ou receber menos). As opções mais distantes distantes se tornam tornam relativamente relativamente “mais próximas” se é dado a elas mais tempo de vida. Vejam, na tabela anterior, que a opção de preço de exercício de 46 com 33 dias de vida vale mais que a de preço de exercício de 44, ou seja, mais próxima, mas com menos tempo de vida. O outro aspecto a ser levado em conta é a volatilidade, que nada mais é do que quanto e com que intensidade a ação varia. Ações com grandes variações de preço são muito voláteis, enquanto aquelas que andam de lado, sem grandes variações, são pouco voláteis. A princípio, ações mais voláteis colocam os lançadores em maior risco, pois, se a ação se movimenta mais, o risco do exercício é maior e este, em consequência, exige prêmios mais altos, o que faz com que vejamos 38
Entendendo o Tempo Tempo e a Distância
Coleção EXPO MONEY Coleção
opções com maiores valores de expectativa em épocas de volatilidade alta da ação e opções mais “magras” quando a volatilidade é menor. Voltando à nossa corrida, a volatilidade poderia, de certa forma, ser comparada à velocidade do corredor. Não é uma comparação perfeita, pois volatilidade é igual à variação para qualquer lado, não importa se para cima ou para baixo, mas o exemplo e a comparação atendem aos nossos propósitos, então vamos usá-lo. Se eu coloco você para correr os 10km e coloco um profissional queniano, um dos melhores do mundo, para correr 15km, provavelmente ele vai chegar antes, a não ser que você seja um exímio corredor. Como opção, ele vai “valer” mais do que você, apesar de ter uma distância maior a percorrer. Obviamente, no mercado, comparando opções da mesma ação, todas serão influenciadas pela volatilidade da mesma ação, que será igual para todas, mas essa influência será diferente de acordo com o tempo para o exercício e a posição em relação ao preço da ação de cada opção. A influência de qualquer coisa positiva na opção, positi va, no sentido de despertar despertar maior expectativa expectativa (e maior valor valor extrínseco), será tanto maior quanto maior for a chance de ela ser exercida. Uma opção próxima do dinheiro responderá mais a um aumento de volatilidade do que uma muito distante, pois a mais próxima já tem uma grande expectativa (e risco) de ser exercida, e esse risco aumentará consideravelmente se a volatilidade aumentar ou se o preço da ação aumentar, diminuindo a distância. Uma opção muito distante responderá pouco às duas influências, pois, a despeito de a chance (ou o risco) de ser exercida ter aumentado, essa possibilidade ainda é muito pequena e está muito distante do preço da ação. Novamente nas corridas, se você é um corredor que chega perto de correr 10km em uma hora, pequenas variações no tempo, como passar de 1 hora para 1 hora e 10 minutos, diminuir um pouco a distância (preço da ação) ou até mesmo aumentar uma pouco de alguma forma sua velocidade de corrida (volatilidade), podem levá-lo a concluir a prova. Agora Agora,, se eu o desaf desafio io a corre correrr 40km, 40km, não não faz mui muita ta difer diferenç ençaa se eu dou uma ou duas horas para cumprir os 40km: suas chances continuam praticamente nulas (a não ser que você esteja entre os melhores corredores do mundo), e seu “valor” permanece muito baixo. Mesmo que eu reduza um pouco a distância, para uns 35km, suas chances ainda são 39
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
pequenas, e até mesmo aumentar um pouco sua velocidade não vai resolver. Mesmo para um profissional de corrida, não é garantido que ele irá conseguir cumprir os 40km em duas horas. Essas mudanças irão fazer com que seu “valor” ou o valor de apostar em você seja muito influenciado positivamente no primeiro exemplo dos 10km, mas terão pouco valor nas apostas em você nos 40km. Quando as chances são muito pequenas, apenas grandes mudanças surtirão resultados expressivos. Resumo das influências: O preço da ação influencia positivamente o prêmio da opção. Quando o preço da ação sobe, o preço das opções tende a subir. O tempo influencia negativamente o prêmio das opções. Conforme o tempo passa, menos valem as opções. A distância influencia negativamente o prêmio das opções. Quanto maior a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação, menor será o preço da ação. A volatilidade influencia positivamente positivamente o prêmio das opções. Quanto maior a volatilidade da ação, maiores tendem a ser os prêmios das opções. A taxa de juros influencia pouco, a não ser em ambientes de grandes variações nas taxas de juros.
Para concluir as influências, podemos afirmar que: O prêmio de uma opção só sobe se o efeito da alta do preço da ação e/ou da volatilidade nele for maior do que a perda de valor pela passagem do tempo, e a distância ainda permitir que essas influências positivas surtam efeitos representativivos na opção.
Em outras palavras, para uma opção variar positivamente (subir de preço) e ter chance de ser exercida, é necessário que a influência positiva da alteração no preço da ação e/ou o aumento da volatilidade sejam maiores que as influências negativas do tempo e da distância. E, para terminar, repito: em opções, você tem sempre de saber O QUÊ (preço da ação), QUANDO (tempo), ONDE (preço de exercício, distância) e COMO (volatilidade).
40
CAPÍTULO IV
O Valor de Expectat Expectativa iva das Opções (VE)
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
4.1 O que é VE?
As opções têm um valor, um preço, que é chamado de prêmio. Assim como qualquer ativo financeiro, as opções têm um custo a qualquer momento. O valor da opção, ou prêmio, é dividido em duas partes: Valor Intrínseco e Valor Extrínseco (VE). Vamos dissecar uma uma opção para compreender esses dois valores: Com a Vale PNA (VALE5) a R$37, a duas semanas do vencimento: Opção
Preço de Exercício (R$)
Preço da Opção (R$)
Valor Intrínseco (R$)
Valor Extrínseco (VE) (R$)
VALEI34
34,00
3,50
3,00
0,50
VALEI36
36,00
1,92
1,00
0,92
VALEI38
38,00
0,95
0
0,95
VALEI40
39,60*
0,44
0
0,44
VALEI42
42,00
0,11
0
0,11
VALEI44
44,00
0,03
0
0,03
O Valor Intrínseco é o valor verdadeiro da opção. Olhando na Tabela, a opção VALEI34 com preço de exercício de R$34 é o direito de comprar Vale PNA a R$34. Estando a ação a R$37, seria dar dinheiro vender essa essa opção por menos de R$3, que é a diferença entre o preço da ação e o preço de exercício da opção. Exemplificando: Se alguém me vendesse essa opção (VALEI34) por R$2, por exemplo, eu poderia exercê-la, o que significa comprar VALE5 a R$34 e vender vender a ação no merca mercado do a R$37, R$37, auferindo auferindo lucro lucro de de R$1 R$1 (37-34 (37-34 –2). *Eventualmente, surgem opções com os Preços de Exercício tortos, e o nome da opção com o preço correto permanece. Isso acontece por causa da distribuição de dividendos e outros proventos. Na hora em que uma ação se torna EX e o valor dos proventos é retirado dela, todas as opções lançadas até aquele momento, independentemente da série e da data de lançamento, têm o valor líquido retirado de seus preços de exercício. Como, às vezes, umas são lançadas antes de outras na mesma série, opções tortas ocorrem, como no exemplo da tabela. 42
O Valor Valor de E xpectativa das Op ções (VE)
Coleção EXPO MONEY Coleção
Como só paguei R$2 na opção, o vendedor teria me dado R$1 por cada opção negociada. Logo, o valor verdadeiro ou intrínseco é o valor mínimo pelo qual a opção pode ser vendida, ou seja, o preço da ação menos o preço de exercício da opção: [Valor Intrínseco = Preço da Ação - Preço de Exercício da Opção] Observação: Essa fórmula é válida se o resultado for positivo, pois, se
for negativo, a opção é OTM e não tem valor intrínseco. Embora seja importante conhecer o conceito de valor intrínseco, ele não é tão importante para operar opções. O que se opera é o valor extrínseco ou VE. O valor intrínseco varia de acordo com os movimentos da ação, pois, como vemos na fórmula anterior, ele depende somente do preço da ação. Se o valor intrínseco é o valor da opção preenchido pela ação, o valor extrínseco é o que sobra, o que vai além do preço da ação; portanto, as opções fora do dinheiro, ou OTM, só têm valor extrínseco (VE). [Valor Extrínseco (VE) = Prêmio Opção - Valor Intrínseco]
Vamos pegar, por exemplo, a opção na tabela anterior de de preço de exercício de R$36. A ação está a R$37, portanto preenche a opção em R$1, de R$36 a R$37. O que sobra é VE. A opção está valendo R$1,92; portanto, tem a seguinte configuração: Valor Intrínseco (R$)
Valor Extrínseco(VE)(R$)
1,00
0,92
Ou seja, o VE é o prêmio da opção menos o valor intrínseco; em outras palavras, quando se tira o valor intrínseco da opção, sobra o VE. E podemos dizer que a opção em essência é apenas isto: o VE. Porque a parte de valor intrínseco da opção é como se fosse uma “açãozinha”. Se a ação sobe R$1,00, a opção ganha R$1 de valor intrínseco. Se a ação cai R$1, perde o correspondente em valor intrínseco. Claro que isso só vale para as opções ITM ou dentro do dinheiro, pois as OTMs ou fora do dinheiro, como não têm valor verdadeiro, ou intrínseco, e são constituídas apenas de VE, não ganham valor intrínseco, a não ser que, caso ocorra alta da ação, passem a ficar ITM. 43
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
4.2 Como funciona o VE
Vejamos uma série de opções e os respectivos VEs com Petrobras PN (PETR4) a R$39 a 30 dias do vencimento das opções: Preço de Exercício
Prêmio (R$)
VE (R$)
Posição
24
15,00
0,00
ITM
26
13,05
0,05
ITM
28
11,15
0,15
ITM
30
9,30
0,30
ITM
32
7,33
0,33
ITM
34
5,53
0,53
ITM
36
3,90
0,90
ITM
38
2,29
1,29
ATM
40
1,35
1,35
ATM
42
0,75
0,75
OTM
44
0,35
0,35
OTM
46
0,15
0,15
OTM
48
0,07
0,07
OTM
50
0,04
0,04
OTM
Observe o comportamento do VE: ele é pequeno em ITM, vai progressivamente aumentando até chegar aos maiores VEs, que são as opções ATM. Então, quanto mais OTM, menor ele fica. O que acontece? As opções são direitos de comprar a ação a determinado preço até determinada data. Como a ação sempre pode subir, ainda que ela não suba, há uma expectativa nesse sentido, e essa expectativa é inserida no preço da opção como o VE. Por que isso ocorre? Digamos que eu adquira o direito de comprar PETR4 a R$42, direito que, com PETR4 a R$39, teoricamente não vale nada, já que no mercado posso comprar a ação por R$39. Só que, para isso, gasto R$39 por ação e, ao comprar a opção de preço de exercício (PE) de 42, gasto apenas R$0,75 centavos por opção – e cada opção me dá o direito a comprar uma ação a R$42 se assim eu quiser. Como ainda faltam 30 dias úteis para o vencimento da opção, talvez nesse período a PETR4 suba além do meu direito (somado ao que paguei por ele) e eu possa fechar a operação com lucro. O vendedor, ou lançador da opção, assume esse risco e por isso exige um prêmio para se colocar no risco. 44
O Valor Valor de E xpectativa das Op ções (VE)
Coleção EXPO MONEY Coleção
Pois bem, e onde é maior essa expectativa – e maior o risco do lançador? Nas opções ATM. As opções muito ITM praticamente não têm mais VE, porque agora apenas seguem a ação e não há por que inserir expectativa nelas, já que têm uma chance enorme de ser exercidas, o que significa chegar ao dia do vencimento abaixo do preço da ação. Não há expectativa em um fato quase certo. Há expectativa no que se tenta realizar. Se a PETR4 está 39, qual a chance de uma opção de preço de exercício de 26, por exemplo, chegar ao dia do vencimento dentro do dinheiro, ou com o preço de exercício abaixo do preço da ação? Enorme. Porque, para isso não acontecer, a Petrobras PN teria de cair mais de R$13 ou mais de 33% em apenas 30 dias, o que não é impossível, impossível, mas é pouco provável. O mercado de opções se protege prote ge do possível, mas precifica o provável. Então, favas contadas, não há apostas interessantes interessantes a fazer nessa opção e por isso ela tem pouco VE. Os lançadores de opções, ou vendedores, são basicamente dois grupos: a) os que estão realmente vendendo opções, sejam cobertos, cobertos, travados ou até mesmo descobertos.1 Estes estão se colocando no risco da alta da ação, especialmente especialmente a alta forte, pois, se estiverem vendidos nas opções, perdem se a ação subir de preço e, em consequência, isso fará a opção se valori valorizar zar;; b) b) os opera operador dores es de tax taxa, a, também também cha chamad mados os de fin financ ancia iador dores es,, que vendem opções sobre sua carteira de ações com o objetivo de ser exercidos e ganhar a taxa da venda da opção. Estes assumem o risco da queda da ação, pois, com uma queda forte, o valor da opção vendida não será suficiente para proteger a carteira de ações da queda e a operação será fechada no prejuízo. Logo, o risco dos dois é o movimento forte, ou seja, a alta volatilidade. Esse movimento forte, se ocorrer, será mais intensamente sentido nas opções ATM ou no dinheiro, dinheiro, já que são as que têm um prêmio menor em relação ao potencial de variação. No mercado de opções, o investidor pode operar comprado, ou seja, comprando uma opção para ganhar se esta subir de preço, ou vendido, que significa vender uma opção que não possui para ter lucro se esta cair de preço. Há também operações combinadas com compra e venda de opções diferentes que podem ou não ter um direcional para cima (compra) ou para baixo (venda). O ato de vender o que se comprou se chama zerar uma compra, enquanto o ato de comprar o que se vendeu se chama zerar ou cobrir uma venda. Quando se diz “vender no mercado de opções”, isso se refere a vender o que não se tem e montar uma operação vendida, com o intuito de lucrar no caso de queda. A venda deve ser sempre travada ou coberta. A venda descoberta é uma operação ineficiente de risco ilimitado que nunca deve ser feita.
1
45
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
É fácil entender isso. Voltemos ao quadro anterior e vamos avaliar a opção de preço de exercício de R$26. Ela vale R$13 e praticamente só tem valor verdadeiro ou intrínseco. Uma queda ou alta de R$2 da ação vai fazer com que ela provavelmente varie os R$2, pois terá de ganhar ou perder R$2 em valor verdadeiro (intrínseco) e, como ela praticamente não tem VE, não vai ganhar nem perder muito VE, já que uma variação de apenas R$2 não vai ser suficiente para que ela deixe de ser muito ITM. A variação percentual será de aproximadamente 15% (2/13) e quase toda em valor intrínseco, ou seja, sem grande risco, já que a carteira de ação irá variar os mesmos R$2 na outra direção, compensando um eventual prejuízo. É claro que, para quem estiver vendendo essa opção “a seco”, ou seja, sem a proteção de uma carteira de ações ou de uma trava, o risco é enorme, mas vamos nos ater às operações cobertas ou travadas, que são as que devem ser feitas. A venda de opções ITM ou dentro do dinheiro será normalmente coberta por ações ou travada com a compra de outra opção de preço de exercício (strike) superior. Nesse sentido, o risco nessas opções é baixo, pois, sendo sua variação praticamente toda composta de valor intrínseco, isso resultará em uma compensação total – ou quase isso – pela outra perna da operação, que é sempre feita na direção contrária. Agora, pegue a opção ATM de PE de 40 que está valendo R$1,35, sendo tudo VE, já que a PETR4 está em R$39, ou abaixo do PE da opção. Se a PETR4 variar R$2 para baixo, em tese, deve ir para as redondezas dos R$0,75 (valor da opção de PE de R$42) e se a PETR4 variar R$2 para cima, ela deve ir para a casa dos R$2,29 (valor da opção de PE de R$38). 2 Essa é uma aproximação teórica, mas atende aos propósitos deste estudo. Como os preços de exercício das opções de VALE5 e PETR4, as mais utilizadas no Brasil até este momento, variam de R$2 em R$2, podemos inferir, para efeito de estudo, que, se a ação subir ou cair R$2, o preço da opção irá se aproximar do preço da opção seguinte. Por exemplo: A opção de preço de exercício de R$38 está custando R$2, a de preço de exercício de R$36 está custando R$3,50 e a de preço de exercício de R$40 está custando R$1,20, estando a ação a R$39. Analisando a opção de preço de exercício de R$38, podemos dizer que ela irá variar para algo próximo de R$3,50 se a ação subir R$2 e para a proximidade de R$1,20 se a ação cair R$2. Na prática, não é exatamente assim, mas, para compreender os movimentos das opções, é possível usar essa aproximação. 2
46
O Valor Valor de E xpectativa das Op ções (VE)
Coleção EXPO MONEY Coleção
A variação da opção ATM, embora menor em termos absolutos, em centavos, é bem maior em termos proporcionais, em percentuais, variando 44% para baixo na na queda de R$2,00 R$2,00 e 69% para cima na alta de R$2,00 da ação, em contraste com os 15% de variação da opção ITM de preço de exercício de R$24,00. Essa desproporção de variação da opção em relação ao seu preço faz com que o risco dos lançadores nas ATMs seja maior e eles exijam prêmios maiores (mais VE) para se colocar nesse risco, ao mesmo tempo em que mais compradores se apresentam, devido à possibilidade de obter lucros maiores. Esse balanço com compradores dispostos a pagar mais e vendedores exigindo mais faz com que os VEs dessas opções sejam maiores, pois a expectativa nelas é grande, já que estão bem próximas do preço da ação. Repito que a possibilidade de uma opção ITM ser exercida é maior, assim como seu prêmio total, à custa de valor intrínseco, mas, como já mostramos, seu risco é menor. Além disso, para os financiadores, a proteção contra quedas é enorme. Pende também nessa balança o desinteresse dos compradores em negociar opções de alto valor (pois aí se torna mais eficiente operar a própria ação), o que faz com que seu VE seja pequeno. As opções OTM podem até apresentar variações proporcionais grandes, mas têm variações pequenas em centavos. Além disso, precisam de movimentos extraordinários para que a ação chegue ao preço delas.3 O risco que estamos considerando aqui tem a ver com o tamanho da variação da ação e sua resposta na opção, além do risco de a opção ser exercida, ou seja, a ação atingir o dia do vencimento acima do preço de exercício da opção. As opções OTM podem até ter variações expressivas percentuais, pois valem muito pouco, e qualquer variação pode tornar-se significativa percentualmente, mas estão muito longe do preço, e em relação à variação da ação, só produzi Apesar disso, há um risco enorme enorme na venda de opções de centavos. Analisando purapuramente de forma matemática, o risco parece menor nas OTMs, porque a ação tem de subir muito para chegar a elas, e matematicamente isso até é verdadeiro, considerando a mesma quantidade de opções vendidas. O problema é que as OTMs valem pouco e, em geral, não são exercidas, então o pequeno investidor começa a vendê-las e, ao ganhar muitas vezes na venda, vai aumentando a aposta, até que um dia, em uma alta forte da ação, ele quebra. Portanto, não venda opções de centavos, nem acredite que o risco da venda delas é menor. 3
47
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
rão variações expressivas nas altas verdadeiramente amplas da ação. Desse modo, o risco de elas serem exercidas é bem baixo, a pressão compradora é menor e os lançadores não exigem tanto, o que faz com que o VE seja pequeno. Assim, explica-se o risco (e VE) maior nas ATMs, nas opções que têm o preço de exercício próximo ao preço da ação; são opções que, a despeito de seu baixo preço, variam com bastante intensidade em relação a variações da ação, que nem precisam ser tão grandes. Às vezes, variações de poucos reais nas ações já produzem efeitos extraordinários nessas opções, especialmente próximo ao vencimento das opções. Reitero que o risco da venda de opções muito OTM, valendo poucos centavos, embora matematicamente pareça menor, é enorme e termina sempre em prejuízos enormes. Só se deve vender o que vale a pena ser vendido. Lembrando os dois agentes vendedores de opções que são afetados pela variação intensa do preço das ações, o risco é maior nessas opções próximas do dinheiro e, portanto, é nelas que vão precisar de um “colchão” maior, um lastro maior, para se colocar no risco da venda. Esse lastro maior é um VE maior que permite variações maiores sem que o vendedor entre na área de prejuízo. Como as muito ITM não apresentam o risco das variações percentuais enormes na alta e têm grande proteção na queda, os lançadores não precisam de um lastro tão grande para vendê-las e os compradores não estão dispostos a fornecer esse lastro, porque as perspectivas para eles nessas opções não são tão boas. Já nas OTMs, a despeito de até poderem ter grandes variações percentuais em certas circunstâncias, a chance de serem exercidas é muito pequena e elas demandam altas verdadeiramente intensas das ações. Logo, o lastro necessário em VE não precisa ser tão grande, porque já há o lastro da distância do preço da ação para o strike (PE) da opção.
48
CAPÍTULO V
É Fácil Compreender a Volat Volatilid ilidade ade
Coleção EXPO Coleção EXPO MONEY Introdução às Opções
5.1 O que é volatilidade? O termo volatilidade assusta quem está aprendendo sobre opções. Seria bom podermos ignorá-lo, mas, sem entender a volatilidade e sua influência nas opções, a compreensão ficará incompleta. Acontece que volatilidade, apesar do nome, é um conceito bem simples. E a influência da volatilidade sobre as opções também. É claro que as fórmulas de volatilidade são complexas e algumas podem ser vistas no livro Investindo em Opções , ou ser pesquisadas na internet. Não há necessidade, contudo, de conhecer as fórmulas a fundo para entender o conceito. Obviamente, quem quiser basta acessar a internet e procurar as fórmulas: isso será bom para seu aprendizado, mas não é essencial. O essencial é aprender como a volatilidade influencia as opções e saber em que nível está a volatilidade da ação. 1 E, para saber e se beneficiar disso, não é necessário aprender qualquer fórmula complexa. A volatilidade volatilidade a que estamos estamos nos referindo aqui é a da ação. Existe Existe outra volatilidade, que é a da opção, denominada volatilidade implícita, ou VI, que também é abordada no livro Investindo em Opções . Mas, afinal, o que é volatilidade? Nada mais do que movimento, variação. Se uma ação varia varia muito, diz-se que é muito volátil. Se varia varia pouco, é pouco volátil. A volatilidade da primeira ação é alta e a da segunda, baixa. Se a Ação A varia no período estudado de 20 a 60 e a Ação B de 38 a 42, é fácil ver que a Ação A é muito mais volátil que a Ação B. Claro que, para se chegar a essas conclusões, há muito estudo, muita matemática e muita teoria, mas, para compreender a influência sobre as opções, basta entender esse conceito simples. Diversos programas e plataformas de acompanhamento da bolsa oferecem a volatilidade das ações. Isso pode ser acompanhado também no site Bastter.com . 1
50
É Fácil Compreender a Volatilidade Coleção Coleção EXPO EXPO MONEY
5.2 Influência da volatilidade nas opções Quanto maior for a volatilidade da ação, maior serão os prêmios das opções, pois o VE (valor extrínseco das opções) será maior. Maior volatilidade significa mais risco, e mais risco leva a VEs maiores. Os lançadores (vendedores) passam a exigir prêmios maiores para assumir o risco maior em épocas de maior volatilidade, e isso acaba por aumentar o VE das opções e, consequentemente, o prêmio total. O risco dos lançadores é maior porque, para os vendedores de opções, pode ocorrer forte alta da ação, ocasionando grandes prejuízos. Já para os financiadores (compram a ação e lançam opções dentro do dinheiro ou ITM), são necessários prêmios maiores das opções, o que lhes dá maior proteção contra quedas fortes. Assim, o equilíbrio tende a prêmios maiores em ambientes de alta volatilidade. Se a volatilidade da ação for alta, o risco de opções fora do dinheiro serem exercidas é maior. É claro que a volatilidade pode aumentar em qualquer direção, com a ação subindo ou caindo, mas, se ela se move com intensidade, pode não só exercer opções bem fora do dinheiro, como também passar direto e levar opções de alguns centavos a alguns reais. Por outro lado, o mercado pode desabar e todas as opções morrerem sem valor. Tudo pode acontecer, mas o fato concreto é que, com mais volatilidade, isto é, se a ação tem variações mais expressivas, o risco para o lançador é maior e, por isso, ele exige prêmios maiores, o que infla o preço das opções. Em um ambiente de baixa volatilidade, por outro lado, o risco do exercício diminui e o lançador começa a aceitar prêmios menores, ao mesmo tempo em que a pressão compradora diminui, e isso vai fazendo com que os prêmios das opções fiquem menores à custa de VEs menores.
5.2.1 Exemplo prático Vejamos um exemplo teórico teórico para deixar deixar bem sólido sólido o conceito conceito da influência da volatilidade no prêmio das opções. Consideremos três ações e a variação delas: 51
Coleção EXPO Coleção EXPO MONEY Introdução às Opções
Ação 1 – Varia de R$49,00 a R$51,00 Ação 2 – Varia de R$48,00 a R$52,00 Ação 3 – Varia de R$46,00 a R$54,00 Além disso, cada uma só varia entre os dois preços acima. Isso é apenas um exemplo teórico para ilustrar o conceito. Já sabemos que a Ação 1 é a menos volátil e a Ação 3, a mais volátil, pois as variações da Ação 3 são as maiores e as da Ação 1, as menores. Além disso, a 3 é a que atinge limites de preços maiores e a 1, os menores. A 2 fica numa posição intermediária entre as duas. Vejamos agora o que acontece com a opção de preço de exercício de R$50 das três ações em uma situação hipotética faltando 20 dias para o vencimento das opções (exercício): Ação
Variação
Prêmio da Opção Opção no Exercício (R$)
Prêmio da Opção Opção (R$)
Ação 1
49 ou 51
0,00 ou 1,00
0,50
Ação 2
48 ou 52
0,00 ou 2,00
1,00
Ação 3
46 ou 54
0,00 ou 4,00
2,00
Explicando a tabela, o que vemos é que a Ação 1, que só varia entre 49 e 51, só pode custar no momento do exercício das opções R$49 ou R$51. Analisando a opção de preço de exercício (strike) de R$50 dessa ação, no momento do exercício ou ela vai estar custando zero (ação a 49) ou R$1 (ação a 51). Como o mercado não tem como saber se a ação estará custando R$49 ou R$51 no vencimento das opções, só lhe cabe precificar a opção a R$0,50. Na Ação 2, como a variação é maior e as possibilidades no exercício para a opção ficam entre R$0 e R$2, o mercado precifica em R$1 (a média entre as duas possibilidades). possibilidades). Na Ação 3, a precificação chega a R$2, devido a variações maiores. É óbvio que essa não é uma situação real, mas demonstra bem o que acontece no mercado. A percepção de risco por parte dos lançadores de opções advém de variações maiores na ação (maior volatil vol atilidad idade). e). É fácil f ácil ver isso no quadro qua dro anterior ante rior.. Se S e uma u ma opção o pção só pode variar entre R$0 e R$1, posso aceitar vendê-la por R$0,50, pois meu risco é de apenas R$0,50 (1 - 0,50), mas, se eu vou negociar a opção de strike de R$50 da Ação 3, vou querer R$2 para me 52
É Fácil Compreender a Volatilidade Coleção Coleção EXPO EXPO MONEY
colocar no risco da venda, porque esta pode atingir R$4. Claro que ela pode ficar em 0 e eu ganhar a venda, mas meu risco é maior (R$4), então só vendo se me pagarem prêmios maiores e, como ela pode subir mais, os compradores estão dispostos a pagar mais, já que podem ter lucros maiores (podem perder tudo também, mas o mercado lida com expectativas). No mundo real, não é simples assim. Não é uma conta exata como nesse exemplo, mas, de certa forma, acontece o mesmo. Quando a volatilidade da ação sobe, os prêmios das opções ficam maiores à custa de VEs maiores, pois volatilidade maior é igual a risco maior para os lançadores que exigem prêmios maiores. E a situação se equilibra com compradores dispostos a pagar mais, devido à perspectiva de lucros maiores nas compras de opções. Quando a volatilidade cai, os compradores vão rareando e os lançadores aceitam prêmios menores, pois a baixa volatilidade torna as vendas mais “seguras”. Observando a simulação de uma situação real na Planilha de Opções Bastter.com (que pode ser baixada gratuitamente no site Bastter.com ), vemos a influência da volatilidade nas opções: D
ULT
OFC
OFV
VA R
NEG
PT
38,00
9,72
8,71
9,99
1,13
30
9,75
40,00
8,10
7,65
8,00
1,30
288
7,78
42,00
5,91
5,91
6,20
0,86
762
5,88
44,00
4,36
4,36
4,42
0,96
2,593
4,11
46,00
2,84
2,74
2,84
0,75
4,188
2,62
48,00
1,62
1,62
1,64
0,55
5,372
1,49
50,00
0,83
0,83
0,84
0,35
3,693
0,75
52,00
0,40
0,36
0,40
0,18
1,177
0,34
54,00
0,19
0,18
0,19
0,09
58 2
0,13
56,00
0,08
0,07
0,09
0,03
73
0,05
D = Série D de opções (abril); ULT = última cotação da opção; OFC = melhor oferta de compra; OFV = melhor oferta de venda; VAR = variação em centavos da opção; NEG = número de negócios da opção; PT = preço teórico da opção.
53
Coleção EXPO Coleção EXPO MONEY Introdução às Opções
Nessa planilha, temos as opções da Vale PNA (VALE5) em um momento que a volatilidade da ação está em 24%. 2 Observem no quadro anterior que os preços teóricos (PT) 3 das opções estão apenas um pouco abaixo do preço real das opções (ULT). Agora, vamos mexer na volatilidade da ação e ver o que acontece. Primeiro, vamos simular uma volatilidade de 35%: D
ULT
OFC
OFV
V AR
NEG
PT
38,00
9,72
8,71
9,99
1,13
30
9,80
40,00
8,10
7,65
8,00
1,30
288
7,92
42,00
5,91
5,91
6,20
0,86
762
6,17
44,00
4,36
4,36
4,42
0,96
2,593
4,60
46,00
2,84
2,74
2,84
0,75
4,188
3,27
48,00
1,62
1,62
1,64
0,55
5,372
2,21
50,00
0,83
0,83
0,84
0,35
3,693
1,42
52,00
0,40
0,36
0,40
0,18
1,177
0,87
54,00
0,19
0,18
0,19
0,09
58 2
0,50
56,00
0,08
0,07
0,09
0,03
73
0,28
Observem a grande variação para cima nos preços teóricos (PT). Obviamente, se essa fosse uma situação real, os preços reais também iriam variar com esse aumento de volatilidade. Como eles estavam ligeiramente sobreavaliados, sobreavaliados, provavelmente se manteriam assim e estariam um pouco acima dos preços teóricos que a planilha mostra. A volatil volatilida idade de é calcul calculada ada a partir partir dos preços preços de fecham fechament entoo da ação ação durante durante um período período determinado. É possível escolher diferentes períodos de acordo com os objetivos do operador. Não é interesse deste livro demonstrar como a volatilidade é calculada, até a té mesmo porque são fórmulas complexas, que estão além do escopo deste livro. Pode-se verificar como a volatilidade é calculada no livro seguinte desta série: Investindo em Opções, ou basta pesquisar na Internet. Para operar opções e verificar a influência da volatilidade, não é necessário saber calcular a volatilidade, pois ela é fornecida em diversos locais na Internet, inclusive no site Bastter.com e na Planilha de Opções da Bastter.com. 3O preço teórico das opções é um produto da equação eq uação de Black & Scholes de precificação das opções que não trataremos aqui. Neste momento, para compreender a simulação, basta aceitar que as opções têm um preço teórico que é apenas isso, teórico, e serve apenas para efeito de comparação com o preço real para saber se o preço real está sobre ou subavaliado. Nesta planilha, os preços reais estão um pouco acima dos preços teóricos, ou seja, ligeiramente sobreavaliados pelo mercado. 2
54
É Fácil Compreender a Volatilidade Coleção Coleção EXPO EXPO MONEY
Agora, vamos diminuir a volatilidade: volatilidade: D
ULT
OFC
OFV
VA R
NEG
PT
38,00
9,72
8,71
9,99
1,13
30
9,74
40,00
8,10
7,65
8,00
1,30
288
7,76
42,00
5,91
5,91
6,20
0,86
762
5,79
44,00
4,36
4,36
4,42
0,96
2,593
3,81
46,00
2,84
2,74
2,84
0,75
4,188
1,93
48,00
1,62
1,62
1,64
0,55
5,372
0,58
50,00
0,83
0,83
0,84
0,35
3,693
0,08
52,00
0,40
0,36
0,40
0,18
1,177
0,00
54,00
0,19
0,18
0,19
0,09
58 2
0,00
56,00
0,08
0,07
0,09
0,03
73
0,00
Veja como os preços teóricos (PT) caíram expressivamente, expressivamente, e o mesmo ocorreria com os preços reais (ULT) se essa fosse uma situação real, e não apenas uma simulação.4 Esses exemplos demonstram claramente a influência da volatilidade da ação sobre as opções. Apesar de o nome trazer muitas dúvidas e até certo temor, o assunto é bastante simples e a influência da volatilidade nas opções bastante direta e objetiva. No mundo real, entretanto, quando estamos operando, nem tudo é simples assim, mas é necessário ter ciência da volatilidade e ver como ela interfere com as opções. A experiência vai tornar isso, de certa forma, intuitivo, depois de alguns anos operando opções. A influência da volatilidade é positiva, ou seja, quanto maior a volatilidade, maiores maiores os prêmios das opções, à custa de VEs maiores.
5.3 O mercado e a volatilidade A percepção de volatilidade volatilidade pelos operadores operadores de opção é bem simples e até intuitiva. É muito fácil perceber quando estamos em um mercado volátil. Mercados voláteis chamam a atenção, causam gran A planilha de opções do site Bastter.com , que pode ser acessada gratuitamente, permite, além da simulação de volatilidade demonstrada aqui, a simulação de preços da ação e do tempo para o vencimento e até mesmo da taxa de juros, revelando-se uma excelente ferramenta para estudo e aprendizado.
4
55
Coleção EXPO Coleção EXPO MONEY Introdução às Opções
de variação nas ações e nos índices. Além disso, há mais notícias sobre o mercado, fala-se mais e o volume de negócios aumenta significativamente. Apesar de a volatilidade não ser direcional, encontramos encontramos as maiores volatilidades durante as fortes quedas. Mercados de baixa volatilidade são mercados vazios, sem graça, sem muita falação, normalmente de volume baixo em que nada importante parece estar acontecendo. É importante notar que, apesar de os períodos de alta volatilidade chamarem mais atenção, o mercado passa mais tempo em baixa volatilidade, andando de lado. É como se os períodos de alta volatilidade consumissem muita energia e não fosse possível mantê-los por muito tempo.
56
CAPÍTULO VI
Opções no Brasil
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
6.1 Características especiais do mercado de opções no Brasil
O mercado de opções brasileiro é robusto, funciona há várias décadas e pode ser considerado um dos maiores do mundo, mas tem características características peculiares:
Só há um grande número de negócios (liquidez) em opções de duas empresas, neste momento: Petrobras e Vale. Até a alguns anos atrás, era em Telemar. Algumas outras empresas têm alguma liquidez, como Bradesco, BVMF, OGXP, Telemar etc., mas liquidez que dê para negociar sem problemas e montar operações somente nas duas citadas anteriormente. Não recomendo, especialmente aos iniciantes, operar opções com baixa liquidez, com poucos negócios por dia. Acompanhem sempre as mais negociadas e fiquem nelas. No momento em que este livro foi escrito, eram a Petrobras e a Vale. Já foi em Telemar e antes em outras. Mas a situação pode voltar a mudar. Opere sempre as que o mercado opera. Não há liquidez nas Puts (opções de venda). Por alguma razão, as Puts nunca “colaram” por aqui. Havia a hipótese da inflação alta para a baixa liquidez das Puts. As opções de venda são direito de vender ações por determinado preço. Com inflação alta, as ações tendem a subir para compensar a inflação e, assim, as Puts tendem sempre a morrer sem valor.1 Como já faz mais de
Nas opções de compra, você compra o direito de adquirir uma ação a determinado preço até determinada data. Como você fixa o preço de compra da ação, quanto mais a ação sobe, mais vale sua opção. Mas, com as opções de venda (Puts), você compra o direito de vender a ação a determinado preço. A alta da ação faz sua opção perder valor, afinal, se se o preço no mercado da ação é mais alto do que aquele pelo qual você tem o direito de vender, seu direito não vale nada, pois é melhor vender no mercado do que exercer sua opção e vender a um preço menor. Se quiser estudar as Puts, há um capítulo sobre elas no Operando Opções. 1
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Opções no Brasil
Coleção EXPO MONEY Coleção
uma década que o Brasil vive um período de inflação baixa, e as Puts continuam sem liquidez, deve haver alguma outra razão. De qualquer forma, até este momento, não há liquidez suficiente nas Puts para que o pequeno investidor possa operá-las. Há negócios esporádicos, mas nada que se possa operar com segurança. As opções são mensais, ou seja, há um vencimento de opções todo mês. Até há alguns anos atrás, o vencimento de opções aqui era de dois em dois meses, como usualmente ocorre nos mercados dos outros países, mas, hoje, são 12 séries por ano, cada qual vencendo em um mês, e não há perspectiva até este momento de que isso vá mudar e voltar a ser como era. Embora sejam mensais, só temos liquidez em duas ou, no máximo, três séries de opções. 6.2 Nomenclatura das opções
Quando se olha o código de uma opção, podemos conhecer diversas informações sobre ela, por exemplo: VALEG42 VALE é o código da empresa Vale na bolsa, portanto essa é uma opção da ação Vale. G é o mês do vencimento da opção, no caso julho, o sétimo mês. A é janeiro, B, fevereiro, C é março e assim por diante, até L, dezembro. O vencimento das opções se dá normalmente na terceira segundafeira do mês. Normalmente, 42 é o preço de exercício da opção, mas isso tem de ser verificado, pois algumas vezes não corresponde exatamente ao preço de exercício e, outras vezes, é um número bem diferente do preço de exercício, mas, na maior parte das vezes, esse número corresponde ao preço de exercício. 2
Os preços de exercício das opções podem ser verificados no site da CBLC, o agente custodiante da bolsa (www.cblc.com) ou no site Bastter.com.
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Introdução às Opções
Apesar Apesar de não ser obrigat obrigatóri ório, o, as opções opções mais mais negociad negociadas as no Brasil Brasil têm sido de ações com preços que variam normalmente entre R$30 e R$50 e os preços de exercícios de R$2 em R$2. 3 Vejam um exemplo da Planilha de Opções Bastter.com com Petrobras PN (PETR4) a 35,87: D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
28,00
8,01
7,41
8,29
0,51
16
30,00
6,26
6,25
6,35
0,71
1 00
32,00
4,30
4,30
4,49
0,50
3 98
34,00
2,76
2,76
2,79
0,48
1,079
36,00
1,47
1,47
1,48
0,32
1,878
38,00
0,67
0,66
0,67
0,19
1,739
40,00
0,23
0,23
0,24
0,07
6 90
42,00
0,07
0,07
0,08
0,00
95
Observe como os preços de exercício variam de R$2 em R$2. Há opções de ações com valores menores que têm preços de exercício de R$1 em R$1 ou até menos e, algumas vezes, mesmo nas principais surgem opções a intervalos menores, mas normalmente são rejeitadas pelo mercado. 6.3 Lotes negociados de opções
No mercado fracionário de ações, é possível você comprar a quantidade que desejar, até mesmo uma ação. De qualquer forma, os lotes de ações, no mercado à vista, são normalmente de 100 ações. Já as opções só podem ser negociadas em lotes mínimos de 100 opções. Essa é a quantidade mínima que pode ser negociada – e qualquer quantidade negociada deve ser obrigatoriamente obrigatoriamente um múltiplo de 100. Quando as ações ultrapassam esses valores expressivamente, é comum efetuar seu desdobramento para trazer de volta para preços em torno de R$30 a R$50. O desdobramento consiste em dividir o preço da ação por um fator e multiplicar o número de ações pelo mesmo fator. O investidor passa a ter mais ações a um preço menor, mas o capital permanece o mesmo.
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6.4 Regras do exercício de opções (data de vencimento)
A recomendação, especialmente aos iniciantes, é zerar todas as operações com opções na semana anterior ao vencimento e não levar operação alguma para o dia do vencimento, pois qualquer erro nesse dia pode ser fatal. Isso porque não há mais como corrigir, o que pode levar a grandes prejuízos. Melhor ainda é considerar como prazo final a quinta-feira da semana anterior ao vencimento, pois, se houver algum problema, ainda há a sexta-feira para resolver. Lutar por mais alguns centavos nesses dois últimos dias não faz o menor sentido, visto que, quando chega próximo ao vencimento de uma série de opções, a série seguinte (às vezes, as duas seguintes) já está disponível e com boa liquidez para operar. Se você deseja manter-se em determinada operação ou situação no mercado, desmonte a operação na série atual e monte operação semelhante na série seguinte. É melhor que cada operação tenha princípio e fim, e que esse fim ocorra, no máximo, na quinta-feira da semana anterior ao vencimento, e que uma operação neste vencimento não tenha qualquer relação com operações no vencimento seguinte. Mas, se o vencimento estiver muito próximo e você quiser de qualquer jeito continuar posicionado no mercado de opções, desmonte a operação nessa série e monte uma semelhante na série seguinte. Ao menos você se livra do risco de erros no dia do vencimento das opções e do enorme risco das variações expressivas das opções na proximidade do vencimento. Horário de negociação no dia do vencimento
Das 10h às 11h30 (das 11h às 12h30 quando a bolsa está no horário de verão), 4 devem-se negociar os contratos (opções) que estão vencendo, sendo autorizada a negociação somente para encerramento de posição, isto é, para os investidores em posição comprada, será permitida a venda dessa opção e os que tiverem posição vendida poderão comprar opções com o intuito de zerar No Brasil, durante o horário de verão, a bolsa costuma abrir às 11h e fechar às 18h. Nos demais meses, ela abre às 10h e fecha às 17h. Verifique sempre no site da Bo vespa o horário de funcionamento da bolsa de valores. Verifique também se houve modificações nas Regras do Exercício de Opções. 4
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Introdução às Opções
suas posições e bloquear o exercício das opções. 5 Não se permite a abertura de novas posições nesse dia e, se isso acontecer, o investidor será multado pela bolsa. 6 Das 11h30 às 13h (das 12h30 às 14h no horário de verão), o horário será destinado única e exclusivamente exclusivamente para o exercício de opções das posições titulares, ou seja, liquidação das operações. Ao ler esta seção e as notas correspondentes, correspondentes, fica bem claro por que não se deve levar qualquer operação com opções para o dia do vencimento.7 Não há por que se colocar em todos esses riscos se não houver necessidade. Além do mais, há o risco de ocorrer alguma coisa com o investidor, algum problema pessoal, doença etc., e ele ficar impedido de operar no dia do vencimento. Se isso acontecer, a corretora pode fechar adequadamente suas posições, mas não há garantia, e daí podem vir também grandes prejuízos. Se você não deseja desmontar a operação atual, que é sempre o melhor a ser feito, basta transferila para o vencimento seguinte, desmontando a desse vencimento na semana anterior ao vencimento e montando uma semelhante no vencimento seguinte.
O bloqueio é feito para impedir que uma opção recomprada (a zeração de uma venda) seja exercida. Aqui, esse é um dos riscos do dia do vencimento das opções, pois, se, por acaso, a opção for recomprada e, por alguma razão, a corretora não bloqueála, ela pode ser exercida e sua recompra será considerada uma nova compra, o que acarreta multa, pois novas posições não podem ser abertas no dia do vencimento, e essa nova opção comprada morre sem valor, já que é o dia de vencimento das opções, perdendo o investidor o dinheiro pago por ela. 6Se, na hora de operar, o operador confundir compra com venda e fizer a operação no sentido errado, basta ir lá e corrigir o erro imediatamente. Pois bem, se for o dia do vencimento e esse erro for cometido, será considerada a abertura de uma nova posição, o que ocasiona uma multa que terá de ser paga pelo investidor à bolsa de valores. 7 A única exceção a essa regra são as operações de taxa de venda coberta, em que o investidor vende uma opção ITM (dentro do dinheiro) sobre sua posição acionária com o objetivo de ser exercido. Como o objetivo é ser exercido, ele não fará nada no dia do vencimento, não terá de tomar atitude alguma, então não há risco. Ou ele será exercido e, possuindo as ações, serão entregues à contraparte e ele nada terá a fazer, ou a opção vai morrer sem valor e ele também não terá de fazer nada. Então, essa é a única operação com opções que pode ser carregada até o dia de vencimento das opções sem risco. 5
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Vencimento das opções
O vencimento das opções ocorre sempre na terceira segunda-feira segunda-feira do mês e corresponde à letra da opção. Quando a segunda-feira é feriado, transfere-se o vencimento para terça-feira da mesma semana. No Carnaval, algumas vezes, o vencimento ocorre na segunda-feira anterior à terceira, dependendo de quando cair o Carnaval para que ele não ocorra no meio desse evento.
6.4.1 Operacional A parte parte operacional operacional é bem simples. Basta ir à tela tela de sua corretora, verificar a opção que deseja deseja operar operar e comprar ou vender a quantidade quantidade desejada, de acordo com sua operação. Nas operações conjuntas, que envolvem mais de uma opção, comece e termine a operação sempre comprando primeiro e vendendo depois. Veja as ordens de compra e de venda e a cotação da opção e coloque sua ordem de compra ou de venda em preços próximos próximos se deseja que a ordem seja executada executada imediatamente ou ao preço que deseja que ela seja executada. Quando for operar uma opção isolada (venda coberta de remuneração, por exemplo), é possível colocar ordens na pedra, não ao preço que está sendo negociado, mas ao que deseja vender, pois, se a ordem não for executada, não gera riscos adicionais. Quando estiver fazendo uma operação combinada, com mais de uma opção, coloque as ordens a mercado ou no preço da melhor oferta de compra ou de venda, para que sejam executadas imediatamente, pois, se fechar uma parte da operação e não fechar outra, e o mercado andar na direção oposta à parte fechada, a operação pode ser montada com um financeiro bem pior do que o esperado. Muita atenção à baixa liquidez (poucos negócios), que pode causar variações importantes no custo da operação, devido ao grande spread (diferença) entre a melhor ordem de compra e de venda.
6.4.2 Margem A margem é uma garantia garant ia exigida pela bolsa bol sa para todas to das as operaope rações com opções que incluem risco, ou seja, cujo financeiro possa ficar negativo e piorar de acordo com as variações do preço e da vo63
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Introdução às Opções
latilidade da ação. Em geral, a bolsa exige uma margem na hora em que uma operação que abre risco é montada, e essa margem aumenta ou diminui conforme o andamento do mercado e da operação. A alta da ação ou, especialmente, o aumento de volatilidade normalmente faz com que as exigências de margem aumentem. Além da margem exigida pela bolsa de valores, que, obrigatoriamente, tem de ser depositada pelo investidor se ele deseja manter a operação, a corretora tem o direito de pedir margem adicional, pois, se o prejuízo não for pago pelo operador, terá de ser pago por ela junto à bolsa e em prazo curto. A margem é um mecanismo de segurança criado pelas bolsas que permite que operações com risco possam ser feitas e mantidas sem insolvência. O total de margem requerido leva em conta a margem de prêmio (quanto a operação deve ou qual seu financeiro negativo) e a margem de risco, que são diversas simulações feitas com o mercado nas duas direções, tirando a média do financeiro da operação nessas simulações. Pode-se colocar como margem ações, títulos, CDBs, dinheiro etc. Verifique junto à sua corretora o que ela aceita de margem. margem. Normalmente, a melhor margem são ações e, se puder ser a ação correspondente às opções que estão sendo operadas, melhor ainda, porque, no caso de uma alta da ação que possa colocar sua operação com opções em risco, sua ação e sua margem estarão ganhando valor, o que contrabalanceia o aumento de risco nas opções. As operações que exigem margem são aquelas vendidas, como a Venda Coberta, 8 as travas de baixa e qualquer operação vendida em opções cujo financeiro piore com a alta da ação ou da volatilidade. As operações em que se se paga para montar e cujo risco máximo é o valor pago, como a compra a seco, a trava de alta e as travas de alvo (borboleta) não requerem margem, pois o risco já foi pago na hora em que a operação foi montada. Ainda assim, sua corretora poderá exigir margem nessas operações. Mesmo na venda coberta, a bolsa, a princípio, pede margem pela venda da opção. Obviamente, a ação correspondente pode ser utilizada da margem, mas alguns investidores preferem colocar outros ativos, embora mantenham a ação como cobertura da venda de opções. 8
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Tenha sempre depositado em margem o risco máximo de sua operação. Assim, você pode operar tranquilamente, tranquilamente, sem pressão de margem. Lembre-se de que você só deve montar operações que suportem sem problemas o risco máximo, no caso de tudo dar errado.
6.4.3 Imposto de renda9 Operações realizadas no Mercado de Opções e que não tenham sido realizadas na modalidade Day trade.
Fato gerador: auferir ganho líquido na negociação/liquidação. Base de cálculo: diferença positiva apurada na negociação desses
ativos ou no exercício da opção. Alíquo Alí quota: ta: 15%. Regime de tributação: definitivo. Retenção e recolhimento: apurado em períodos mensais e pago,
pelo investidor, até o último dia útil do mês subsequente (DARF 6.015). Responsabilidade pelo recolhimento: do contribuinte. Compensação: para fins de apuração e pagamento do imposto men-
sal sobre os ganhos líquidos, as perdas incorridas poderão ser compensadas com os ganhos líquidos auferidos, no próprio mês ou nos meses subsequentes, em outras operações realizadas nos demais mercados de bolsa, exceto no caso de perdas em operações de Day trade, que somente serão compensadas com ganhos auferidos em operações da mesma espécie. Isenção: Não há.
Operações da modalidade Day trade (operações abertas e fechadas no mesmo dia) realizadas no mercado de opções.
Fato gerador: auferir ganho líquido na negociação/liquidação.
Verifique esses dados sempre no site da Receita Federal, pois, pois, eventualmente, pode haver modificações nas normas.
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Introdução às Opções
Base de cálculo: resultado positivo apurado no encerramento das
operações de day trade. Alíquota:
I. Na Fonte: 1%. II. Mensal: 20% (lembre-se de que você já tem declarado 1% na fonte). Regime: O valor do imposto retido poderá ser:
I. Deduzido do imposto incidente sobre ganhos líquidos apurados no mês. II. Compensado com o imposto incidente sobre ganhos líquidos apurados nos meses subsequentes, se, após a dedução anteriormente citada, houver saldo de imposto retido. Sem prejuízo do disposto nos parágrafos anteriores, o imposto retido na fonte será definitivo. Retenção e recolhimento:
I. Recolhido: terceiro dia útil da semana subsequente (DARF 8.468). II. Mensal: apurado em períodos mensais e pago até o último dia útil do mês subsequente (DARF 6.015). Responsabilidade pelo recolhimento:
I. Retido na fonte: a) Operações iniciadas e encerradas pela mesma instituição: a ins-
tituição intermediadora da operação que receber, diretamente, a ordem do cliente. b) Operações iniciadas por uma instituição e encerradas por outra: empresas de liquidação e custódia. II. Mensal: do contribuinte. Isenção: Não há. Observações: Na apuração do resultado da operação de day trade,
serão considerados, pela ordem, o primeiro negócio de compra com o primeiro de venda ou o primeiro negócio de venda com o primeiro de compra, sucessivamente. sucessivamente. 66
Opções no Brasil
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6.4.4 Dividendos e proventos As opções do mercado brasileiro são “protegidas”, isto é, sempre que há distribuição de proventos, notadamente dividendos, os preços de exercício das opções são descontados no valor líquido dos dividendos distribuídos, no momento em que a ação fica EX (perde o valor dos dividendos). Todas as opções daquela ação lançadas até aquele momento, independentemente da série e da data de vencimento, terão esse valor descontado de seus preços de exercício. 6.5 Adaptações ao mercado brasileiro
As características características especiais do mercado mercado de opções brasileiro brasileiro levam levam a algumas adaptações. Como só há liquidez nas opções de algumas ações, quem quiser operar opções, especialmente venda coberta, precisará ter essas ações e, ainda que não tenha, só poderá operar opções referentes a elas. Essa liquidez muda algumas vezes após ficar em uma ação ou duas durante alguns anos. Sempre esteja atento para onde o mercado se encontra. Neste momento, temos grande liquidez nas opções de Petrobras e Vale e liquidez baixa em opções de mais umas cinco ações. Parece que o mercado está evoluindo para ter liquidez em opções de mais ações. Teremos de aguardar e esperar para ver o que vai acontecer. Como não temos liquidez nas Puts (opções de venda), não temos aqui a possibilidade, até este momento, de o pequeno investidor montar operações com Puts. As principais operações com Puts são o seguro de carteira através da compra de Puts para garantir um preço de venda para suas ações e a venda de Puts coberta com dinheiro, que permite a alguém que tenha dinheiro separado para comprar ações fazer uma taxa em cima desse dinheiro e, algumas vezes, comprar a ação a preços mais baixos. Há também as operações que combinam as Calls (opções de compra) e as Puts (opções de venda), mas estas são mais complexas. Há alguns negócios com Puts, muitas vezes negócios fechados e combinados entre grandes instituições. Não se engane se aparecer volume grande em alguma Put (e isso vale para qualquer opção). O que confere liquidez e possibilidade para o pequeno investidor operar é o grande número de negócios, e não o volume. Um grande negócio fechado entre duas instituições pode elevar expressivamente 67
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Introdução às Opções
o volume de uma opção e mantê-la com baixa liquidez e inacessível ao pequeno investidor. A baixa liquidez faz com que o spread (diferença entre a melhor ordem de compra e a melhor ordem de venda) seja muito grande, o que impossibilita impossibilita que se montem operações com segurança, aumentando seu custo, e o mais grave: não permite que se saia da operação a um preço determinado, pois, se houver necessidade de sair da operação, o spread terá de ser pago e, algumas vezes, com as de baixa liquidez nem isso é possível, pois não há comprador ou vendedor no livro de ofertas. A outra outra adaptação se refere às opções mensais. O fato de as opções vencerem todo mês, e não de dois em dois meses, como ocorria até uns anos atrás e ainda costuma acontecer nos mercados de opções dos outros países, faz com que as opções tenham uma vida mais curta e as operações tenham um prazo menor. Isso praticamente impossibiimpossibilitou as operações de compra de volatilidade, as quais não são abordadas neste livro e agora só podem ser carregadas por períodos curtos. O mesmo acontece com as compras a seco de opções. Apesar de as operações de venda de VE serem aparentemente beneficiadas pela vida curta das das opções, também também têm custos custos maiores, o que equilibra equilibra o processo. Você ganha mais vezes, mas paga mais caro ou recebe menos para montar, porque menos tempo é igual a menos VE. Também não é possível montar operações com prazos muito longos, pois só temos liquidez em duas séries, no máximo três, e raramente se consegue montar qualquer operação com prazos superiores a dois meses. Observação: Confira todas as informações deste capítulo no que se
refere a regras, leis e regulamentações regulamentações nos sites: www.bmfbovespa.com.br (BM&FBovespa); www.cblc.com.br (CBLC); e www.receita.fazenda.gov. www.receita.fazenda.gov.br br (Receita Federal). As informações foram pesquisadas com bastante afinco, mas podem variar ao longo dos anos.
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CAPÍTULO VII
Comece Pela Venda Coberta
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Introdução às Opções
7.1 O que é venda coberta?
A venda coberta, como é conhecida no Brasil, é o chamado covered call writing , ou lançamento coberto de opções de compra. Por aqui, ficou conhecida como venda coberta. Consiste na venda de opções sobre sua carteira de ações. Digamos, a título de exemplo, que você possua 1.000 ações da Petrobras PN (PETR4). Você poderia vender coberto até um máximo de 1.000 opções da Petrobras PN. Por exemplo: PETR4 +1.000 (compra) ações a R$40 PETRB42 -1.000 (venda) opções a R$1 1 Nessa operação, você tem 1.000 ações da Petrobras PN a R$40, um capital de R$40 mil e vende 1.000 opções de preço de exercício de R$42 a R$1, recebendo R$1 mil. O objetivo, nesse caso, é que a Petrobras fique abaixo do preço de exercício da opção e, com isso, ela vá perdendo valor, para que você possa recomprar a opção a um preço menor do que 1 real, obtendo lucro.
Você estará vendendo opções sobre sua carteira de ações. No mercado, vender significa começar uma operação pela venda, vendendo o que você não tem. É intuitivo e todos entendem quando se começa uma operação pela compra na tentativa de se vender mais caro e auferir lucro. O raciocínio é o mesmo no caso de uma operação que comece pela venda. O objetivo é comprar mais barato para auferir lucro. Há três modalidades de venda de opções: venda coberta, quando essa venda é coberta por ações (cobrindo realmente o eventual prejuízo na venda, no caso de alta forte da ação), venda travada, quando a venda é travada pela compra de outra opção (travando o prejuízo em determinado ponto, no caso de alta forte da ação) e venda descoberta – não recomendada –, que, por não ter cobertura nem trava, pode causar prejuízo ilimitado. 1
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Comece Pela Venda Coberta
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Exemplo:
PETR4 +1.000 (compra) ações a R$40 PETRB42 -1.000 (venda) opções a R$1 (R$1 mil) Algum tempo depois: PETRB42 +1.000 (compra) opções a R$0,50 (R$500) Lucro de 1.000 - 500 = R$500 na venda da opção, desconsiderando taxas, corretagem, impostos etc. 7.2 Conceitos básicos da venda coberta
Veja o gráfic gr áficoo da operação oper ação:: Venda Coberta 46000 44000 42000 40000 38000 36000 34000 32000 30000 28000 26000 24000 22000 20000 30
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Observa-se que, a partir do preço em que a ação se encontra neste momento, a operação como um todo piora na queda e melhora na alta, até atingir um platô. Veja que, na queda, o resultado da operação é um pouco melhor do que a compra pura da ação (veremos, mais adiante, neste capítulo um gráfico comparando a venda coberta com a compra da ação) por causa dos R$1 mil recebidos pela venda. Na alta, atingimos um platô no seguinte ponto: [Preço 71
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
de Exercício da Opção + Valor da venda da opção], porque, a partir daquele ponto, a opção vai subir em proporção à alta da ação, pois já está ITM. ITM. Veja que o platô platô é em R$43, que é exata exatament mentee o preço preço de exercício da opção (R$42) somado ao valor de sua venda (R$1). O que significa exatamente estar coberto pela ação? Significa que, se houver alta forte, a ação cobre a venda e limita o prejuízo. Possuindo a ação, o máximo que poderia acontecer no caso de alta forte consistiria em ser exercido (vender a ação) ao preço de exercício da opção, tendo como lucro a distância do preço da ação para o preço de exercício da opção no momento de sua venda, somado ao valor recebido pela venda. No cenário em que não ocorre alta forte da ação, há perda de valor valo r da opção opç ão vendida ven dida e, em algum alg um ponto, pont o, podemos pod emos recompra reco mprarr essa opção a um preço menor do que o preço da venda e realizar lucro, que é justamente o objetivo da operação. Quando ocorre alta forte da ação, se o operador não fizer nada, ou seja, não stopar a venda da opção em algum ponto, assumindo prejuízo nessa venda, e se a ação chegar ao dia do exercício a um preço acima do preço de exercício da opção (no exemplo R$42), R$42), a opção vendida será exercida, ou seja, o o perador que vendeu a opção de preço de exercício de R$42 terá de vend ve nder er a quan qu anti tida dade de corr co rres espo pond nden ente te de açõe aç õess a R$42 R$ 42,, não nã o imim porta em que preço a ação esteja: 43, 44, 50 ou 60. Mas, como ele possuiu a ação (que estava cobrindo a operação), não terá prejuízo nem assumirá risco nessa operação; apenas abrirá mão de qualquer lucro na ação acima do preço de exercício da opção , somado ao valor de venda da opção (no exemplo 42 + 1 = 43). Por isso, o platô no gráfico anterior está a partir dos 43. A partir daquele ponto, não importa quanto a ação suba, o resultado da operação será o mesmo: 43. Houve uma troca: Os R$1 mil da vend ve ndaa da opçã op ção, o, em troc tr ocaa de abri ab rirr mão mã o de lucr lu croo acim ac imaa de 43. 43 . E essa troca tende a ser boa no longo prazo, pois, na maior parte do período de vida das op ções, a ação não tem altas expressivas. Desse modo, seria possível ganhar esse tipo de operações mais veze ve zess do que qu e se perd pe rder eria ia.. Este Es te é o obje ob jeti tivo vo.. O gráfico a seguir mostra por que a cobertura pela ação é importante: 72
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Venda Coberta × Descoberta 6000 4000 2000
0 –2000 –4000 –6000 –8000 –10000 –12000 –14000 –16000 –18000 –20000 30
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O gráfico anterior demonstrava o resultado do financeiro total da venda coberta, somando a ação com a opção. Para efeito de comparação, este demonstra apenas o resultado líquido da venda coberta, comparado com a venda descoberta. Observe que, na queda, a venda coberta parece ter um resultado pior, pois há perda de valor na ação, mas, diferente do prejuízo na vend ve ndaa desc de scob ober erta ta no caso ca so de alta al ta fort fo rte, e, esse es se prej pr ejuí uízo zo da vend ve ndaa coberta na queda não é monetário, ou seja, você não é obrigado a realizá-lo. Há perda de valor na ação, mas esse não é um prejuízo que você tenha de pagar de seu bolso e, se não vender a ação, não estará realizando nem transformando em monetário, enquanto, na alta forte, o prejuízo da venda descoberta é monetário, tem de ser pago e é ilimitado: quanto mais a ação sobe, maior será o prejuízo. Na venda coberta, o lucro atinge um platô, do qual não passará mais. Como o prejuízo da ação na queda não é monetário, para o operador que tem como objetivo construir uma carteira de ações de longo prazo e remunerar com co m opções, usando a venda coberta co berta para comprar mais ações, poderíamos dizer que o gráfico comparativo é este: 73
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Venda Coberta × Descoberta 6000 4000 2000 0 –2000 –4000 –6000 –8000 –10000 –12000 –14000 –16000 –18000 –20000 30
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Na queda, tanto a venda coberta quanto a descoberta ganham a venda ven da da opção opç ão (R$1 (R$ 1 mil). mil) . Na alta, alta , a ação cobre cob re a venda vend a coberta cob erta,, mas na descoberta o prejuízo aumenta quanto mais a ação sobe. Comparando agora a venda coberta com a compra pura da ação: Venda Coberta × Ação 65000
60000
55000
50000
45000
40000
35000
30000
25000
20000 1
3
5
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13 Ação
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Comece Pela Venda Coberta
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Observe que a venda coberta é uma troca. Você está trocando o lucro no caso de alta forte da ação pelos R$1 mil que recebeu na venda ven da da opção. opç ão. Não N ão é exata e xatament mentee assim ass im e muita mu ita coisa c oisa pode pod e aconaco ntecer, mas o princípio básico é esse e não entender ou não aceitálo leva a muita confusão e prejuízos na operação, que, a princípio, é bem simples e “livre” de riscos. Obviamente, a compra isolada da ação rende mais quanto mais a ação sobe. A venda coberta atinge um platô, como mostramos anteriormente. Em compensação, até que se ultrapasse o preço de exercício da ação somado ao valor de venda da opção, a venda coberta estará sempre com um resultado R$1 mil melhor. É claro que, se a venda ocorrer por um valor diferente, essa diferença também se modificará.
7.2.1 Modalidades Basicamente, há duas modalidades de venda coberta: (1) venda coberta de remuneração de carteira, em que o objetivo é remunerar uma carteira de ações de longo prazo com a venda de opções e com o lucro da venda de opções comprar mais ações. Essa modalidade vende opções fora do dinheiro ou OTM, pois não pretende e não deseja ser exercido; deseja apenas auferir lucro na venda de opções para comprar mais ações e/ou produzir renda a partir da carteira de ações. A outra modalidade é (2) operação de taxa, em que o objetivo é taxar um capital acima do CDI. Nessa modalidade, vendem-se opções ITM ou dentro do dinheiro, com o objetivo de ser exercido e auferir lucro na operação total, somando a opção e a ação. A venda ITM oferece uma defesa relativa para o caso de queda da ação. A operação de taxa deve ser reservada aos mais experientes e com mais capital. Aqui, estaremos tratando somente da remuneração de carteira de ações, que é uma modalidade de operações com opções indicada para os iniciantes e por onde todos devem começar a operar.
7.2.2 Objetivos Considerando a venda coberta para o remunerador de carteira, o objetivo primordial é comprar mais ações e alimentar essa carteira. É 75
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Introdução às Opções
muito importante compreender que o objetivo é aumentar sua carteira de ações, e não vender opções nem defender queda da ação com opções. A venda de opções para o remunerador de carteira, que compra ações de boas empresas para longo prazo, representa apenas um adicional às compras mensais e a reaplicação de dividendos no sentido de aumentar sua carteira de ações e potencializar seus juros compostos.2 É muito importante ter ciência de que a venda coberta, além de ser uma permuta, em que você aceitou um prêmio em troca de abrir mão de parte do lucro de sua carteira de ações na alta; o objetivo é tão somente comprar mais ações, ser um adicional à rentabilidade de sua carteira de ações. A compreensão e a aceitação dessas duas premissas evitam a maior parte dos problemas com que os investidores deparam na venda coberta. Aceitando que é uma troca, quando sobe forte, o operador aceita assumir o prejuízo enquanto for pequeno e não se mete em rolos com vendas que nunca acabam. Compreendendo que o objetivo é comprar mais ações, e não vender opções, evita-se o exagero nas vendas, especialmente durante as quedas, que o levam a ter de abrir mão de tanto lucro quando o mercado volta a subir, que, no longo prazo, a carteira pode diminuir, ao invés de aumentar, com a venda coberta. Evitam também operar demais, o que aumenta consideravelmente consideravelmente o custo da operação. A venda coberta é uma operação bastante simples e assim é que deve ser. Um objetivo da venda coberta que, muitas vezes, passa despercebido, e que nem é propriamente um objetivo, mas uma consequência, é que a venda coberta evita que o investidor venda sua carteira de ações na queda forte, no fundo, em meio ao pânico, o que traz graves prejuízos a muitos. Como ele passa a ter uma atitude ativa diante da queda, vendendo opções e, com o lucro (que ocorre com mais rapidez e mais frequência nos períodos de quedas fortes), comprando mais ações a preços mais baratos, vê sua carteira aumentar em quantidade de ações, a despeito de, naquele momento, diminuir em valor de capital (o que não faz diferença para Veja no meu livro Sobreviva na Bolsa de Valores (Editora Campus/Elsevier) como montar uma carteira de ações de longo prazo.
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Comece Pela Venda Coberta
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o investidor de longo prazo, mas deixa muitos em pânico, o que faz com que acabem por vender suas ações no fundo, após uma queda forte do mercado). Comprando mais ações com dinheiro retirado do mercado, ele passa até a gostar das quedas e isso diminui bastante a chance de que ele entre em pânico e venda suas ações no fac a de dois gumes gume s fundo. Mas tenha cuidado, porque isso é uma faca e, muitas vezes, durante as quedas, o investidor vai se apaixonando pelas vendas e esquece o objetivo primordial da venda coberta, que é a carteira de ações, o que, muitas vezes, resulta em grande perda de lucro na carteira de ações e até mesmo em sua diminuição quando a ação volta a subir. 7.3 Verdades e mentiras da venda coberta
Quem está lendo e aprendendo sobre venda coberta pela primeira vez neste livro, ótimo. Quem já conhece a venda coberta, tenho de dizer que ela vem sendo divulgada com uma série de distorções e mentiras. A principa prin cipall confusã con fusãoo em torno tor no da venda ven da coberta cob erta é a relação rela ção de venda ven da da opção opç ão com a ação. açã o. Na venda ven da coberta cob erta como operaçã oper açãoo de taxa, em que se vendem opções dentro do dinheiro (ITM), as duas (ação e opção) estão relacionadas e o objetivo é ser exercido e taxar capital. Na venda coberta de remuneração, que é aquilo que estamos discutindo, em que o investidor está montando uma carteira de ações de longo prazo, a ação serve de cobertura, de garantia, e é obrigatório possuir a ação. Mas, na contabilidade da operação, é só a opção. Vendeu, não subiu, ganhou a venda. Vendeu, subiu forte, perdeu a venda. Simples assim. Quando vende e sobe forte, tem um ponto de stop. Bateu lá, assume o prejuízo, paga e pronto. A ideia idei a é ganhar gan har mais vezes veze s que perder, perd er, ou seja, seja , ideia idei a de flux fluxoo de caixa. Algumas vezes, entra dinheiro e você compra mais ações. Outras, você perde dinheiro e paga o prejuízo. O importante é que, no longo prazo, entre mais dinheiro que saia, e não ganhar todas as vendas. O objetivo é tirar dinheiro do mercado tendo sua carteira de ações como garantia para comprar mais ações, e não ganhar todas as vendas. A necessidade de ganhar todas as vendas e a incapacidade de assumir prejuízos enquanto são pequenos aca77
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Introdução às Opções
bam levando a rolos que tornam os prejuízos enormes e diminuem a carteira, em vez de aumentá-la no longo prazo. Quando se opera direito, sem grandes ambições, constrói-se uma carteira com compras mensais aumentando progressivamente o número de ações. As ações distribuem dividendos, o que permite utilizá-los para comprar mais ações, aumentando ainda mais a carteira. E, por fim, potencializa-se isso com venda coberta para comprar ainda mais ações. Tudo isso vai aumentando sua carteira, o que permite que você venda cada vez mais opções, pois sua carteira vai ficando cada vez maior. A renda que ela proporciona é cada vez maior. E a venda coberta é apenas um estágio adicional desse processo, que tem como objetivo acumular capital em ações de boas empresas. Para isso, vai se fazer venda de opções que são garantidas pelas ações, mas, como o operador não pretende vender as ações, o lucro ou prejuízo nelas não é monetário e não entra na conta. Nem faz a menor diferença se ele está vendendo opções acima ou abaixo do preço médio da carteira de ações. Se você possui as ações, elam servem de cobertura para uma venda de opções que você voc ê pode pod e fazer faz er ou não. não . Essa Ess a venda ven da de opções opçõ es pode termina term inarr em lucro no longo prazo se você ganhar mais quando ganha do que perder quando perde, ou pode terminar no prejuízo se acontecer o contrário, como, aliás, em qualquer venda. Portanto, para compreender a venda coberta de remuneração, basta ver como uma venda de opção “isolada” e pronto. Não é isolada nem descoberta, porque tem a ação por trás dando cobertura, mas a operação em si é uma venda de opção e nada além disso. Logo, quando o operador começa a inventar confusão, misturar com a ação e ver uma opção que ele vendeu ir de R$1 para R$6 fingindo que não está no prejuízo, está queimando meses e meses de venda coberta em uma operação só, porque aqueles R$5 de pre juízo juíz o serão se rão pagos. pago s. Não Nã o invent in ventaram aram ainda aind a uma um a mágica mág ica em e m que qu e você voc ê venda ven da algo por po r 1, vai a 5 e você voc ê não está tendo te ndo prejuí pr ejuízo, zo, e temo que qu e nunca vão inventar, senão a bolsa fecha. Porque, se quem vendeu a 1 não está tendo prejuízo com o ativo a 5, quem comprou a 1 não está tendo lucro – e, então, como fica? Portanto, quem quer vencer ven cer fazend faz endoo venda cobert co bertaa tem de aceitar aceit ar que é uma venda ven da “iso“iso lada” da opção e conseguir ir desenvolvendo um método ao mesmo 78
Comece Pela Venda Coberta
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tempo que se treina como operador para conseguir ganhar mais do que perde no longo prazo e comprar mais ações. Outro conceito totalmente equivocado é a necessidade de rentabilidade acima do CDI 3 na venda coberta. A rentabilidade de sua carteira de ações é dada pelo ganho de capital das ações somado aos dividendos. Isso, no longo prazo, teria de dar mais que o CDI para valer a pena, pois, em tese, os investimentos em renda variável têm mais risco. Então, se você adiciona a isso a venda coberta, qualquer rentabilidade conseguida com ela será positiva, pois é um adicional que vai potencializar a rentabilidade da carteira de ações, que, no longo prazo, já tende a ser maior do que o CDI. Lembre-se de que, na renda fixa, o principal não tem ganho de capital e você depende só dos juros. Na bolsa, o principal, as ações, tendem a ter ganho de capital e cobrir mais do que a inflação no longo prazo, assim como os imó veis, pois o mesmo mesmo conceito equivocado equivocado é utilizado nos aluguéis com imóveis, em que o principal também pode ter ganho de capital. Não compare rentabilidade de venda coberta com CDI ou rentabilidade de renda fixa. Não faz o menor sentido. A venda coberta serve apenas para comprar mais ações e, como um adicional ao rendimento de sua carteira de ações + dividendos, pode ser um ganho excepcional. Se deseja fazer taxa acima do CDI, busque as operações de taxa, e não a venda coberta de de remuneração. 7.4 A remuneração da carteira de ações com opções
Remunerar uma carteira de ações consiste de todas as formas de produzir renda a partir de uma carteira de ações. Usando uma comparação simples apenas a título de entendimento, pois são coisas diferentes, é como ter um imóvel e alugar. O aluguel que você recebe do inquilino seria a remuneração. Diferente do que a maioria faz e pensa (e é importante abrir parênteses para deixar bem clara a ideia de que a maioria perde na bolsa, então quem deseja vencer deve buscar caminhos próprios, e não ficar seguindo a maioria), não se compram ações – ao menos o investidor amador, não institucional – para vender mais caro. Esse é apenas um Certificados de Depósito Interbancário, a taxa com que os bancos remuneram capital.
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mito, uma forma errada de lidar com elas. Devem-se comprar ações da mesma forma que imóveis: para acumular capital. Quando alguém compra um imóvel para investir, normalmente não está pensando em vender assim que subir de preço preço (até mesmo porque o custo de transacionar imóveis é muito alto), mas sim em deixar guardado, alugar e esperar valorizar com o tempo. É claro que, um dia, ele pode vender por razões pessoais ou por problemas no imóvel ou qualquer outra razão. Não é proibido vender, mas, em geral, não se compra pensando em vender. Com ações, o pensamento deveria ser o mesmo, pois uma ação nada mais é do que uma pequena parte de uma empresa: você se torna sócio. Um sócio minoritário que não tem os mesmos direitos que um sócio majoritário, majoritár io, mas, ainda assim, é um sócio que tem direito ao principal, ou seja, os lucros da empresa, com a vantagem de que não tem responsabilidade sobre ônus e dívidas da empresa. Pois bem, compreendendo isso, já se deu um grande passo. Isso não quer dizer que o sujeito está proibido de fazer trades de curto prazo com ações. A despeito de ser pequena a chance de um amador prosperar nessa atividade, ele pode tentar, mas nada altera o fato de que deve acumular capital, que é o que vai lhe dar tranquilidade na vida, e uma parte desse capital em ações de primeira linha. O lucro dos trades, se ele estiver tendo lucro, vai para a poupança em renda fixa ou renda variável (ações). Os trades com ações são apenas mais uma atividade visando à renda extra para acúmulo de capital, e não o objetivo em si. De qualquer forma, falando de bolsa de valores e ações, o objetivo é acumular ações de empresas de primeira linha. E, com a remuneração dessas ações, é possível comprar mais ações, em um processo de retroalimentação que vai aumentar ainda mais sua carteira de ações. A primeira prim eira lin linha ha de remunera remu neração ção são os provent prov entos: os: dividen div idendos, dos, juros juro s sobre sobr e o capital cap ital próprio pró prio etc. etc . Eles devem deve m ser reaplica reap licados dos na carteira de ações, o que potencializa significativamente, ao longo dos anos, o crescimento da carteira. Carteiras grandes podem conseguir uma remuneração adicional que é o aluguel das ações que rendem uma baixa taxa anual, mas é uma operação quase isenta de riscos. Mas a remuneração que nos interessa é a feita por meio da venda de opções sobre a carteira de ações. O objetivo é criar uma renda extra, adicional, na carteira de ações, com o objetivo 80
Comece Pela Venda Coberta
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de comprar mais ações. O objetivo não é vender opções, viver da venda ven da de opções opçõ es etc. et c. Esses Es ses objet o bjetivos ivos aleatór ale atórios ios leva l evam m muitas muit as vezes ve zes a diminuir a carteira de ações com a venda de opções, ao invés de aumentá-la. Há formas mais avançadas de venda de opções sobre a carteira de ações, que podem remunerar mais, mas têm também risco maior. Aqui não vamos abordá-las. Neste livro, só vamos focar na venda coberta, que é a forma mais recomendada de remuneração de carteira para o pequeno investidor. Pois bem, tratando da venda de opções sobre a carteira de ações, qual é o pulo do gato? É conseguir, com o tempo, que o prejuízo na queda das ações não seja monetário, ou seja, você não realiza este prejuízo, e o lucro na venda das opções seja monetário, ou seja, um lucro que você realiza. Se, na maior parte das vezes, você não realiza prejuízo e realiza lucros, o capital tende a aumentar no longo prazo. A ideia seria ficar, sempre que possível, vendido em VE eficiente (OTM e com bom valor) e ganhar a passagem do tempo. No longo prazo, se sempre que você está vendido em opções sobre sua carteira (pois não é obrigado nem deve ficar vendido o tempo todo), é em VE eficiente e, tendo a passagem do tempo a seu favor, provavelmente vai vencer e aumentar sua carteira de ações no longo prazo, ainda que, vez ou outra, tenha de assumir prejuízo na venda de opções. Mas, se o objetivo passa a ser a venda de opções e você começa a vender demais, operar grande demais na venda, ficar muito ambicioso na venda, querendo tirar muito dinheiro do mercado por meio da venda de opções, o processo pode se inverter. Como se vende demais, sem um controle de risco adequado, as perdas da venda de opções começam a ser grandes e pode-se chegar a ter de vender ações para cobrir, e essa venda de ações pode ser a preços menores do que a compra, fazendo com que o prejuízo na ação passe a ser monetário. Nas opções, seja lucro ou prejuízo, será sempre monetário, pois as operações com opções obrigatoriamente têm de ser encerradas no máximo até o dia do vencimento. Desse modo, a situação passa a ser prejuízo monetário nas opções maiores do que o lucro e prejuízo monetário nas ações, e, no longo prazo, a carteira de ações vai diminuir, ao invés de aumentar. Portanto, é importante ter em mente o objetivo da venda coberta: aumentar a carteira de ações. A carteira de ações de longo prazo 81
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é alimentada com compras mensais e reaplicação dos dividendos. A venda cobert co bertaa entra como com o uma remuneraç remun eração ão adiciona adic ionall para comprar mais ações. E, como tal, só o que importa é se, depois de 10 ou mais anos de venda coberta, o operador tem mais ações do que se não a fizesse. Se o objetivo passa a ser vender opções, tirar um fixo mensal com venda de opções, atingir uma rentabilidade X ou outros objetivos aleatórios que nada têm a ver com a venda coberta, o que acontece, via de regra, é a carteira de ações diminuir, ao invés de aumentar, com a venda coberta, ao longo dos tempos. E não adianta se enganar trazendo dinheiro de fora para pagar os prejuízos na venda coberta achando que, assim, a carteira não está diminuindo. Como esse dinheiro poderia ser usado para comprar mais ações, dá na mesma. 7.5 Exercício de opções e imposto de renda
Se o operador de venda coberta não faz nada numa situação de alta forte da ação e deixa a opção ser exercida, a ação irá cobrir a opção e ele não terá propriamente prejuízo; apenas abrirá mão de lucro na alta da ação. Exemplo: PETR4 a R$50
Vendido Ven dido em 1.000 1. 000 opções op ções de preço pr eço de exercíc exe rcício io de R$44,00 R$44 ,00 que está custando R$6,00 e que foi vendida a R$1,00 quando PETR4 estava a R$43,00. Em tese, o operador teria de despender R$6 mil (6 X 1.000) para fechar essa venda de opções (zerar a venda, recomprando a opção vendida). Como a venda foi coberta, se ele deixar exercer, terá de vender suas 1.000 ações da Petrobras PN (PETR4) a R$44 (preço de exercício da opção) e irá contabilizar o lucro da alta da ação do preço no momento da venda até o preço de exercício da opção (44 - 43 × 1.000 = 1.000), além do prêmio recebido pela venda ven da da opção opçã o (como a opção opçã o deixa de existir exi stir no caso cas o de exercício exerc ício,, ele fica com o prêmio recebido na hora da venda). Pois bem, um prejuízo de R$5 mil (venda da opção a R$1 e recompra a R$6, multiplicado por 1.000 opções) se transformou em um “lucro” de R$2 mil (R$1 mil da alta da ação + R$1 mil da 82
Comece Pela Venda Coberta
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venda ven da da opção) opç ão).. E onde está est á a pegadinha pegad inha?? Está nos no s R$6 de alta alt a da ação que ele deixou de ganhar (50 - 46). Mas esse não é o maior problema, e sim os custos e impostos, como vamos ver a seguir. Essa conta faz com que muitos embarquem na venda coberta como uma mágica do ganha-ganha, que, aliás, é o que a maioria busca na bolsa e uma das razões pelas quais a maioria perde na bolsa. Não existe operação ganha-ganha. Todas as operações têm um lugar onde o operador vai perder, e ele tem de aprender a aceitar e realizar essa perda enquanto for pequena, pois as voltas e fantasias para não assumir prejuízos sempre terminam em prejuízos preju ízos maiores. Então, temos dois lados: o operador de taxa, do qual não estamos tratando aqui, vende opção ITM ou dentro do dinheiro, com preço de exercício abaixo do preço da ação, que são opções com prêmios bem altos (a maior parte consistindo de valor intrínseco ou verdadeiro), pois isso cria para ele uma boa proteção no caso de queda. Seu objetivo é ser exercido e taxar capital; portanto, se subir, ele deixa de exercer e, se cair, tem alguma proteção dada pelo valor valo r vend v endido ido da opção opç ão e deter d etermina mina um stop no caso de a ação açã o ter t er queda forte, ponto no qual irá desmontar a operação e assumir o prejuízo. O remunerador de carteira não tem stop na queda; ele ganha a venda da opção na queda, recompra-a a um preço mais baixo e realiza lucro usado para comprar mais ações. Já na alta, ele não tem a mesma situação do operador de taxa, porque não deseja ser exercido e quer manter sua carteira de ações, então necessita de um stop na alta, um ponto a partir do qual vai recomprar a opção vendida ven dida e assumir assu mir o prejuíz pre juízoo (observ (ob servação ação:: depend dep endendo endo do tempo temp o passado e do marcador para stop, às vezes o stop, apesar de ter de ser executado, não será no prejuízo). Por que ele não deve deixar de exercer? Partimos do princípio de que, por ser remunerador de carteira e por estar montando uma carteira de ações para longo prazo, ele vai recomprar suas ações depois de ser exercido. Vamos Vamo s exempli exe mplifica ficarr uma venda ven da de opções opçõ es da Vale Val e PNA (VALE5). Com a ação a R$40, vende-se a opção de preço de exercício de R$42 a R$1 (1.000 opções). No dia do vencimento, a ação está 83
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a R$46 e a opção, R$4, o que faz com que se tenha um prejuízo de R$3 mil ([4-1] × 1.000) na venda da opção. O ponto aqui é que esses R$3 mil serão pagos, não há como fugir deles, sendo exercido ou recomprando a opção vendida. 1. Exercício: Venda de 1.000 Vale5 a R$42 (preço de exercício da opção vendida) = R$42 mil. Recompra de 1.000 Vale5 a R$46 = R$46 mil. R$46 mil - R$42 mil = R$4 mil - R$1 mil (venda original da opção) = R$ 3 mil. 2. Recompra da opção: R$4 mil - R$1 mil (venda original da opção) = R$3 mil. Observe que não há como fugir disso, pois o prejuízo na venda da opção será pago de uma forma ou de outra e assim deve ser, porque os débitos batem com os créditos e não se inventa nem se some com dinheiro em mercados derivativos, que são mercados de soma zero. Se você perdeu R$3 mil na venda de uma opção, não há mágica mágica possível que vá fazer desaparecer esse valor. Agora vamos analisar analisar os custos: custos: 1. Exercício: Corretagem: mais alta, pois você estará movimentando R$88 mil (venda de 1.000 VALE5 a R$42 e compra de 1.000 VALE5 a R$46).4 Spread na recompra da ação: a ação será recomprada no mercado
e, em geral, pagam-se alguns centavos de diferença entre a melhor ordem de compra e de venda. Esses centavos, quando multiplicados pelo número de ações, chegam a algumas dezenas, se não centenas, de reais.
Há corretoras que cobram a mesma taxa fixa no exercício e, nesse caso, não haveria aumento de custo aqui, mas muitas cobram tabela de corretagem variável de mesa no exercício, o que onera consideravelmente os custos.
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Imposto de renda: este é o maior custo e a razão principal para não
ser exercido. I. Na ação: A ação, no exemplo, está sendo vendida a R$42. Deverá ser pago IR de 15% da diferença entre o preço de venda e o preço de compra. II. Na opção: Como a opção foi vendida a R$1 mil e deixou de existir (foi exercida), paga-se IR de 15% sobre esse valor. 2. Recompra da opção: Corretagem: Bem menor, porque é apenas sobre a movimentação da opção de R$4 mil. Spread na recompra da ação: não há. Imposto de renda: Como não há venda da ação e como se contabiliza um prejuízo na recompra da opção de R$3 mil, não se paga IR. Além disso, esses R$3 mil podem ser descontados de lucros futuros, em operações com ações ou opções, desde que não seja day trade. Observe, então, que, para dar uma volta em si mesmo e fingir que não teve prejuízo, o operador acaba pagando caro. Além disso, se você pretende recomprar as ações e vai pagar o prejuízo na opção de uma forma ou de outra, para que se dar a esse trabalho? Compreenda e aceite que, se o que vendeu subiu de preço, você perdeu. Recompre onde está vendido em algum ponto (Stop) e aceite o prejuízo. Esta é a única forma de vencer nas vendas: aprendendo a recomprar onde está vendido quando sobe forte. 7.6 Como começar
No início, quando for fazer venda coberta, venda bem pouco. Não importa se a corretagem ficar cara. O objetivo é o aprendizado. E venda longe. Venda a opção mais OTM (fora do dinheiro) que for viável (que não valha apenas centavos). Venda 100 opções, 200 opções, n o máximo, sobre uma carteira de, no mínimo, 600 ações, 1.000 ações. Bem pouco e bem longe. Isso aumenta a chance de acerto, pois a venda bem longe tem um 85
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lastro grande e há possibilidade de se subir forte, o operador stopar a venda e assumir o prejuízo, pois ele será bem pequeno em relação à sua carteira de ações. Depois de repetir essas vendas pequenas e distantes por alguns meses e especialmente se tiver sido pressionado com a alta da ação e tiver a certeza de que, se subir forte, vai zerar a venda e assumir o prejuízo, pode ir vendendo uma quantidade um pouco maior e, se desejar, vender um pouco mais perto. Vá aumentando lenta e progressivamente progressivamente à medida que vai ganhando experiência. O resultado dessas pequenas vendas pode ser pequeno em termos financeiros, mas é enorme em termos de aprendizado, experiência e desenvolvimento do operador, que é o mais importante. No início, tendemos a errar e ter prejuízos. Estabeleça um preço baixo para o seu aprendizado vendendo pouco no início. Conforme for adquirindo experiência e segurança, pode ir vendendo cada vez mais perto se desejar, mas não seja tomado pela soberba do vendido. Não há qualquer glamour especial na venda. Tente manter-se sempre pequeno em relação à sua carteira, pensando apenas numa remuneração adicional para comprar mais ações e acredite que qualquer rendimento a partir da venda coberta é positivo e potencializa de forma expressiva os juros compostos de sua carteira de ações, já alimentados pelas compras mensais e a reaplicação dos dividendos. 7.7 Qual opção vender e quanto
Essa é sempre uma dúvida, especialmente dos iniciantes em venda ven da coberta. cobe rta. A venda ven da coberta cob erta de remuner remu neração ação de carteir car teiraa de ações é uma venda de VE em que se busca ganhar a passagem do tempo através de lastro de distância e tamanho na venda. Vendese opção fora do dinheiro para que haja espaço (lastro) de alta da ação em que se possa ganhar a venda, além da queda e do mercado de lado, que seria natural ganhar na venda. Vamos Vamo s observa obs ervarr uma série sér ie de opções opç ões da Vale Val e (VALE5 (VA LE5)) na PlaPla nilha de Opções da Bastter.com em um momento em que a ação estava a R$47,60, a 29 dias do vencimento das opções:
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Comece Pela Venda Coberta
Coleção EXPO MONEY Coleção
D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
32,00
15,80
15,40
16,00
0,12
14
34,00
13,80
13,83
0,00
0,00
6
36,00
11,95
11,96
12,21
0,10
51
38,00
10,06
10,04
10,16
0,36
39
40,00
8,25
8,18
8,25
0,35
129
42,00
6,35
6,27
6,31
0,40
503
44,00
4,50
4,48
4,50
0,29
985
46,00
2,98
2,94
2,95
0,23
969
48,00
1,68
1,68
1,69
0,16
1,295
50,00
0,83
0,82
0,83
0,04
1,420
52,00
0,38
0,38
0,40
-0,02
611
54,00
0,18
0,18
0,19
-0,01
230
56,00
0,08
0,08
0,09
0,01
41
58,00
0,04
0,04
0,05
0,01
7
D: Série D, na coluna os preços de exercício das opções dessa série; ULT: Último preço; OFC: Melhor oferta de compra; OFV: Melhor oferta de venda; VAR: variação em centavos da opção; NEG: Número de negócios em cada opção.
Rapidamente, podemos excluir algumas algumas opções: De 32 a 46, estão todas dentro do dinheiro ou ITM, então estas não servem: D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
48,00
1,68
1,68
1,69
0,16
1,295
50,00
0,83
0,82
0,83
0,04
1,420
52,00
0,38
0,38
0,40
-0,02
611
54,00
0,18
0,18
0,19
-0,01
230
56,00
0,08
0,08
0,09
0,01
41
58,00
0,04
0,04
0,05
0,01
7
De 54 a 58, valem apenas alguns centavos; então, não servem, pois não há quase nada a ganhar, só a perder nessas opções. D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
48,00
1,68
1,68
1,69
0,16
1,295
50,00
0,83
0,82
0,83
0,04
1,420
52,00
0,38
0,38
0,40
-0,02
611 87
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Introdução às Opções
Rapidamente, sobraram apenas três opções. Mas observe que a ação está a R$47,60 e, para vendas, precisamos de algum lastro de distância; a opção de preço de exercício (strike) de R$48 tem um lastro de apenas R$0,40, então podemos eliminá-la. D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
50,00
0,83
0,82
0,83
0,04
1,420
52,00
0,38
0,38
0,40
-0,02
611
Pronto, em um processo extremamente simples, sobraram apenas duas. E, normalmente, será assim. Duas ou três para escolher. Sem entrar ainda no mérito se essas vendas são eficientes ou não para venda coberta, a decisão entre essas duas se daria por um processo simples:
Se a queda e a perda de valor de sua carteira o incomodam mais, venda mais perto.
Mas, nesse caso, aceite abrir mão de mais lucro no caso de alta.
Se a alta e a pressão na opção vendida tendo de abrir mão de mais lucro o incomodam, venda menos e mais longe.
Mas aceite uma perda de valor da carteira de ações maior no caso de queda.
Além Alé m da decisã dec isãoo de qual qua l vender, ven der, há h á a decisão deci são de quan q uanto to vender. ven der. Você Voc ê pode p ode vender vend er desde desd e 100 1 00 opçõ o pções es até a té toda t oda sua carteir car teira. a. Quanto Quan to mais opções vender em relação à sua carteira, mais receberá pela venda, ven da, mais vai remunera remu nerarr sua carteira cart eira se der certo, cert o, porém por ém vai abrir mão de mais lucro no caso de alta. Em resumo: Quanto mais e mais perto você vende, mais dinheiro recebe pela venda ven da e maior maio r será a proteçã pro teçãoo contra con tra quedas, que das, mas, se subir sub ir forte, fort e, abrirá mão de mais lucro na alta. Quanto menos e mais longe você vende, menos dinheiro recebe pela venda e menor será a proteção contra quedas, mas, se subir forte, abrirá mão de menos lucro na alta. 88
Comece Pela Venda Coberta
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Não dá para ter tudo.
Os grandes prejuízos na venda coberta começam pela ilusão de que se vai vender muito e perto, ganhar muito no caso de queda e, na hipótese de alta forte, fingir que não está perdendo, inventando algum tipo de mágica do tipo esconde prejuízo. Não existe isso. Vendeu, subiu forte, perdeu. Dê o nome que você quiser: se você vendeu uma opção por R$1 ela está a R$2, você perdeu R$1. Não interessa o que está acontecendo com a ação, porque você não pretende vendê-la. Se você vende longe e pouco, provavelmente terá mais ações do que se não fizesse venda coberta no longo prazo, mas esse aumento no número de ações será pequeno, embora expressivo. Conforme você vende mais e mais perto, o aumento do número de ações vai se tornando mais expressivo, mas, junto com isso, aumenta o risco de, no longo prazo, ter menos ações do que se não fizesse venda coberta devido à possibilidade cada vez maior de ter de realizar prejuízos nas vendas de opções. Temos, então, de desenvolver mecanismos para manter as perdas pequenas e nos desenvolver como operadores. 7.8 Marcadores para venda coberta
Para facilitar as operações de venda coberta, desenvolvemos desenvolvemos alguns marcadores que vão tornar o planejamento bem simples. São eles: VDX – Marcador para ajudar a selecionar as as vendas. BOSI – Marcador para STOP. NV – Marcador para a realização de lucros (pode ser substituído pelo VDX). VDX: é um marcador que ajuda a definir qual opção vender, mas,
como vimos no exemplo anterior, essa decisão não é tão difícil porque, com critérios simples, chegamos a duas ou três opções apenas. De qualquer forma, esse marcador auxilia no processo. No entanto, mais do que isso: a grande importância dele é auxiliar na decisão de quando vender ou na decisão de vender ou não. O VDX considera os três fatores mais importantes para a venda de uma opção e ponderaos em um número: tamanho do VE (só há VDX para opções OTM, 89
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Introdução às Opções
que consistem apenas de VE), distância da opção para o preço da ação e tempo que falta para o vencimento das opções. Fórmula do VDX:
VDX = (OPÇÃO/AÇÃO) (OPÇÃO/AÇÃO) * (120 (120 - DIAS CORRIDOS CORRIDOS PARA O VENCIMENTO) * (STRIKE DA OPÇÃO ÚLTIMA COTAÇÃO DA AÇÃO) Em que:
(OPÇÃO/AÇÃO) (OPÇÃO/AÇÃO) = a taxa real da venda da opção, ou o quanto se recebe pela venda da opção em relação à ação. Nada mais é também do que o tamanho do VE. Quanto maior for o prêmio da opção (VE pois a opção é OTM), maior será o VDX. (120 - DIAS CORRIDOS PARA O VENCIMENTO) = tem a ver com o tempo para o vencimento. O número 120 advém de mais de um ano de estudo do marcador, tentativas e erros, até chegar a um número que reflita o efeito do tempo adequadamente. Nesse caso, quanto mais tempo faltar para o vencimento, menor será o VDX, pois, mantendo os outros dois fatores estáveis, quanto menos tempo para o vencimento, melhor para a venda. 5 (STRIKE DA OPÇÃO - ÚLTIMA COTAÇÃO DA AÇÃO) = a distância do VE (preço de exercício) para o preço da ação. Quanto maior for essa distância, maior será o VDX. Então, poderíamos resumir para entendimento a fórmula da seguinte maneira: VDX = TAXA * (1-TEMPO) (1-TEMPO) * DISTÂNCIA DISTÂNCIA E, assim, estamos considerando os três fatores que nos interessam na venda venda de uma opção opção para para lanç lançam ament entoo cobe cobert rto: o: a tax taxaa (tam (tamanh anhoo do do VE), VE), o tempo e a distância. Com o tempo e a experiência, aprendemos a visuavisua Isso é verdade no sentido de que menos tempo significa menos possibilidade de a ação chegar ao preço de exercício da opção. Por outro lado, quando o tempo para o vencimento é muito curto, a despeito de a afirmação anterior continuar verdadeira, o risco da venda, especialmente das próximas do dinheiro, cresce muito e devem-se zerar as vendas. 5
90
Comece Pela Venda Coberta
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lizar facilmente essas características, mas o VDX faz isso para você e traz um número que é o resultado final da fórmula para cada opção. Esse número, o resultado final da fórmula, tem duas utilidades: 1. Verificar o maior VDX; 2. Estabelecer parâmetros do tipo, só vendo acima de determinado VDX. Apenas para ter alguma base, pois os parâmetros vão variar de mercado para mercado, de época para época, de acordo com os preços e a volatilidade do mercado, é possível dizer que um VDX abaixo de 3 é pouco eficiente, começa a ficar interessante acima de 4 e acima de 5 pode-se dizer eficiente para venda coberta. Mas esses padrões mudam de acordo com a volatilidade do mercado, e mercados mais voláteis tendem a produzir VDX mais altos. Se suas exigências são maiores, como, por exemplo, só vender com VDX acima de 5, vai vender menos vezes, mas suas vendas potencialmente serão mais eficientes. Conforme diminui a exigência, vai vender mais vezes, mas terá vendas potencialmente menos eficientes. Abaixo de 3, normalmente deixa de ser interessante e, para os iniciantes, recomendo não vender VDX abaixo de 4. Vamos ver o VDX na planilha 6 com Vale (VALE5) a R$47,10, faltando 30 dias para o vencimento das opções: D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
VE
VDX
36,00
11,40
11,41
11,49
-0,60
28
0,30
–
38,00
9,49
9,43
9,50
-0,51
80
0,39
–
40,00
7,53
7,54
7,69
-0,66
80
0,43
–
42,00
5,75
5,73
5,79
-0,64
411
0,65
–
44,00
4,03
4,03
4,06
-0,50
2,051
0,93
–
46,00
2,57
2,57
2,59
-0,33
3,951
1,47
–
48,00
1,43
1,42
1,44
-0,23
4,207
1,43
2,19
50,00
0,69
0,68
0,69
-0,14
3,001
0,69
52,00
0,30
0,30
0,31
-0,06
1,468
0,30
2,50
54,00
0,15
0,14
0,15
-0,02
419
0,15
–
56,00
0,07
0,07
0,08
-0,01
117
0,07
–
58,00
0,03
0,03
0,04
-0,02
18
0,03
–
3,40
O VDX pode ser acompanhado na planilha de opções do site Bastter.com, bem como no Monitor de Mercado, que fica na coluna direita do site e no Quadro de Opções.
6
91
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Introdução às Opções
Observe que, como uma primeira utilidade, o VDX faz todo aquele trabalho que tivemos de selecionar quais opções são passíveis de venda. As opções ITM, ou dentro do dinheiro, e as opções que valem centavos, não possuem VDX, logo ele seleciona para nós aquelas que podem ser vendidas e vemos que, nessa série, só sobraram três, as de preço de exercício de 48, 50 e 52. O marcador lida com distância, tamanho e tempo. O tempo é igual para as três opções, mas faria os VDX serem mais altos se os outros dados se mantivessem constantes e diminuíssemos o tempo para o vencimento. Pois bem, bem, considerando distância e tamanho, tamanho, vemos que o VDX da 48 é de apenas 2,19 porque a VALE5 está a R$47,12; então, sua distância é muito pequena. O VDX da 52 é baixo (2,50), porque ela só vale R$0,30. Sobra então apenas a 50, que vale R$0,69 e está a uma distância razoável (quase R$3), portanto tem o maior VDX da série (3,40). Então, o marcador já define para o lançador coberto a única opção que serve para o lançamento coberto neste momento. A segunda utilidade do VDX é graduar as vendas. Essa opção tem VDX de 3,40, que é ao menos acima de 3, mas é bem abaixo de 4. Não é uma venda muito eficiente, mas ao menos passa o limite de 3. Cada operador precisará ter seu planejamento no que diz respeito ao VDX: a partir de qual VDX ele vende e quanto. Pode-se definir venda acima de 3, mas mas somente 30% da carteira carteira de ações, e acima de 4, metade da carteira, deixando para vender a carteira toda somente com VDX acima de 5. Digamos que um investidor com 2 mil ações da Vale PNA (VALE5) (VALE5) pretenda fazer lançamento lançamento coberto coberto e utilizar utilizar essa estratégia. Olhando o VDX, ele já sabe que sua única opção disponí vel é a VALED50, e que o VDX dela está a 3,4. Se a opção preenche seus critérios de venda predeterminados (pode ser que, além do VDX, ele tenha determinado outros critérios, embora seja mais fácil usar somente o VDX), ele vai e vende 600 opções cobertas da VALED50 (600 = aproximadamente 30% de 2.000). Não entra na conta o que ele acha que vai acontecer, análise gráfica (que tem utilidade nos trades com ações, mas não tem nada a ver com opções), notícias etc. É apenas planejamento e execução do plano. É assim que se opera venda coberta. Outra utilidade do VDX é ajudar na definição de qual vencimento vender. Usualmente, temos dois vencimentos simultâneos simultâneos sendo ne92
Comece Pela Venda Coberta
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gociados. Por exemplo, se estamos no início de outubro, estão sendo negociadas as opções que vencem nesse mês (J) e as que vencem em novembro (K) e pode até já haver algum negócio nas que vencem em dezembro (L). Portanto, é possível comparar o VDX de uma série com outra para ajudar a decidir qual série vender. Preste muita atenção, porque, por ter diferentes períodos de tempo para os vencimentos, essa comparação não é totalmente fidedigna, tendendo sempre o vencimento mais longo a ter VDXs um pouco maiores. Muito cuidado também com o baixo número de negócios da série seguinte quando ela está no início, pois isso pode levar a distorções de preço que alteram os resultados do VDX. O VDX é, portanto, o grande auxiliar para o operador de venda coberta, pois considera os três fatores fundamentais para a definição de qual opção vender: além de definir as opções mais eficientes para o lançamento, gradua a venda coberta, fazendo com que os operadores, mesmo os que não têm muita experiência, saibam onde estão pisando o tempo todo. BOSI: é um índice de força das opções. Não de força no sentido de
que o mercado vai subir, mas de onde e em qual opção está a força do mercado de opções. Ele é utilizado como um marcador de stop para vendas. Das opções, opções, ele leva em conta três três fatores: fatores: o VE (valor extrínseco), o percentual do número de negócios da série que está naquela opção e o gama (uma das gregas de Black & Scholes determina o potencial de variação da opção). Diferente do VDX, o valor do BOSI não importa, e sim onde está o maior BOSI e onde está o segundo maior BOSI, denominado VIÉS do BOSI. Fórmula do BOSI:
BOSI = VE * GAMA * PERC NUM NEG Em que:
VE = o VE da opção, a porção do prêmio da opção que consiste consiste de valor extrínseco, extrínseco, além do preço da ação. GAMA = uma das gregas de Black & Scholes, que são subprodutos da fórmula de precificação das opções, o que será visto nos outros 93
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Introdução às Opções
livros desta série. Por ora, basta compreender que é um determinante do potencial de variação da opção. Quanto maior for esse número, maior potencial de variação a opção tem. PERC NUM NEG = o percentual do número total de negócios da série de opções que está naquela opção. Por exemplo, se o total da série (somadas todas as opções) é de 10.000 negócios e aquela opção tem 1.000 negócios, o percentual é de 10% (1.000/10.000). Considerando o risco nas vendas de opções, o VE é o risco objetivo, pois quanto maior o VE, pior para o vendido, o que ele deseja é que o VE diminua para ele ganhar a venda. 7 A venda coberta é uma venda de VE que pretende ganhar ganhar esse VE com a passagem do tempo sem que a ação suba acima da venda (preço de exercício da opção vendida + tamanho do VE). Se o VE sobe, o lançador lançador está perdendo a venda. O Gama Gama é o risco risco potencial, potencial, pois, quanto quanto mais mais gama gama na opção, maior a chance de ela apresentar variações expressivas, o que pode prejudicar o lançador se essas variações forem positivas. E, finalmente, o percentual de número de negócios mostra onde o mercado está, pois ele está na opção que tem o maior número de negócios. Simplificando, Simplificando, então, pode-se resumir o BOSI em: BOSI = RISCO IMEDIATO * RISCO POTENCIAL * RISCO DE MERCADO Ele é exatamente isto: um marcador de risco de vendas. Se o maior BOSI está na opção em que você está vendido, o risco da venda é superior ao potencial de lucro na venda e é melhor sair dessa venda. Por que se devem stopar vendas de VE e lançamentos cobertos? Já foi demonstrado por que não deixar exercer quando o mercado sobe forte devido aos custos e impostos. Foi visto também que, diferente do conceito padrão, a venda coberta é um trade isolado da opção em que a ação é apenas a cobertura, a garantia. Desse modo, como em qualquer trade em que o risco não é definido na entrada, deve-se usar o stop. E não importa se depois do stop a opção continua subindo ou volta a cair (o chamado violin violino); o); o que impor importa ta é não ter ter prejuíz prejuízos os grande grandess que inutil inutiliz izem em todo todo É claro que, na hora de vender, de iniciar a venda, quanto maior for o VE, melhor, mas o BOSI é um marcador usado como stop para zerar a venda; então, depois de feita a venda, quanto maior o VE, pior será, pois, para ganhar a venda, é necessário que o VE derreta, diminua.
7
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Comece Pela Venda Coberta
Coleção EXPO MONEY Coleção
um planejamento de longo prazo de venda coberta. As ações não variam expressivamente na maior parte dos meses. Se o investidor está sendo stopado muitas vezes na venda coberta, deve reavaliar o plano e passar a vender vender menos menos e mais mais lon longe. ge. De nada nada adiant adiantaa não dar o stop stop e aceit aceitar ar prepre juízos juízos maior maiores es.. Se Se o indiv indivíd íduo uo ganha ganha em média média R$0,50 R$0,50 por lança lançame mento nto,, e em um deles não stopa e aceita um prejuízo de R$6, terá perdido um ano de venda coberta em um único lançamento. Portanto, é importante ter um stop predeterminado no lançamento coberto e, se o mercado chegou lá, deve-se stopar sem pensar, cumprir o plano. O objetivo não é ganhar todas as vendas: isso é um delírio que leva a muitos prejuízos. O objetivo é que, após alguns anos, se tenham mais ações fazendo venda coberta do que se teria se não se fizesse venda coberta. A uti utiliz lizaçã açãoo do BOSI BOSI é bem simples simples.. Ele serve serve tão tão soment somentee como como indicador de stop de vendas. Cada um pode determinar como deseja usálo, mas, geralmente, não se deve estar vendido coberto em uma opção que tem o maior BOSI da série, pois o risco da venda terá superado a possibilidade de ganho pela perda de VE. Isso não quer dizer que não se pode mais ganhar uma venda só porque o BOSI chegou nela. Claro que isso é possível, mas o que temos de lidar no longo prazo é com probabilidades – e colocá-las a nosso favor. Se, no longo prazo, você operar com as probabilidades a seu favor, a despeito de ter de aceitar algumas derrotas pelo caminho, terá uma boa chance de sair vencedor. A partir do momento em que o BOSI chega numa opção (maior BOSI da série nela), as probabilidades não estão mais a favor do lançador de opções e o melhor a fazer é stopar, zerando a venda – comprando onde está vendido. Há um dado interessante sobre o BOSI: o stop pelo BOSI não significa sempre stop com prejuízo. O stop é dado não porque a venda está no prejuízo, mas porque o risco da venda não compensa mais. Dependendo do momento em que o maior BOSI chegar na opção vendida, o stop pode ser no lucro. Se for próximo do vencimento, há grande possibilidade de o stop ser realizado com lucro na venda, pois já se passou tempo suficiente para que o VE seja menor do que o era no momento da venda. Vamos Vamos ver o BOSI na planilha planilha na Série Série D de Petrobra Petrobrass PN (PETR4) a R$37,37, a 27 dias do vencimento:8 Da mesma forma que o VDX, o BOSI pode ser acompanhado gratuitamente no site Bastter.com na planilha de opções, no monitor de mercado e no quadro de opções.
8
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Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
GAMA
VE
BOSI
VDX
26,00
11,29
11,00
11,69
0,00
0
0,00
-0,08
28,00
9,65
9,60
9,64
0,40
39
0,00
0,28
30,00
7,61
7,62
7,69
0,52
99
0,00
0,24
32,00
5,75
5,71
5,80
0,60
291
0,01
0,38
0,02%
34,00
3,86
3,85
3,89
0,26
697
0,05
0,49
0,28%
36,00
2,28
2,26
2,29
0,27
1,688
0,11
0,91
2,62%
38,00
1,12
1,11
1,13
0,17
2,377
0,14
1,12
5,55%
1,53
40,00
0,46
0,45
0,46
0,10
1,059
0,11
0,46
0,82%
2,45
42,00
0,15
0,15
0,16
0,03
235
0,06
0,15
0,03%
1,51
44,00
0,06
0,06
0,07
0,01
29
0,02
0,06
0,86
46,00
0,03
0,02
0,03
0,01
18
0,01
0,03
0,56
48,00
0,02
0,01
0,02
0,01
2
0,00
0,02
50,00
0,01
0,00
0,01
0,00
1
0,00
0,01
A planilha marca o maior BOSI e o VIÉS (segundo maior BOSI), que, neste momento, são a opção de strike 38 (maior) e de strike 36 (segundo maior). A opção de strike 38 tem o maior numero de negócios (NEG), o maior Gama e também o maior VE, fazendo com que ela tenha o maior BOSI. Se um operador lançou essa opção, seria a hora de stopar (na verdade, o stop já aconteceu antes, pois o maior BOSI já chegou nela há algum tempo). Apenas a título de exemplo, deixei o VDX na planilha e ele mostra que, neste momento, não há vendas interessantes interessantes nessa série série para o lançamento lançamento coberto. O maior VDX está na 42, mas é de apenas 2,45, abaixo de 3, portanto pouco eficiente para vendas. É possível traçar gráficos do BOSI mostrando a evolução do BOSI de cada opção da série, o que vai ajudar a visualizar a variação de
96
Comece Pela Venda Coberta
Coleção EXPO MONEY Coleção
força no mercado de opções. Esses gráficos também estão disponíveis no site Bastter.com: BOSI BO SI PE PETR TR44 S RI RIE EC
30,00
32,00
34,00
36,00
38,00
40,00
12,00%
10,00%
8,00%
6,00%
4,00%
2,00%
0,00% 2 0 / 3 0
2 0 / 4 0
2 0 / 5 0
2 0 / 8 0
2 0 / 9 0
2 0 / 0 1
2 0 / 1 1
2 0 / 2 1
2 0 / 8 1
2 0 / 9 1
2 0 / 2 2
2 0 / 3 2
2 0 / 4 2
2 0 / 5 2
2 0 / 6 2
2 0 / 1 0
2 0 / 2 0
2 0 / 3 0
2 0 / 4 0
2 0 / 5 0
3 0 / 8 0
3 0 / 9 0
3 0 / 0 1
3 0 / 1 1
3 0 / 2 1
Observe como, no início do vencimento, o maior BOSI estava na 34 e foi substituído pela 32, mas depois voltou a ser o maior e, com a alta da ação no fim do vencimento a 36, veio lá de trás e passou a ser o maior BOSI. Um lançador de opções poderia acompanhar o mercado somente por esse gráfico e, se sua opção não passar a ser o maior BOSI, ele ganharia a venda. Como o BOSI consiste de VE, de gama e num de negócios, não há como o mercado subir e chegar a uma venda sem levar o BOSI com ele. Se a venda fosse na 36, o stop provavelmente seria no lucro, pois a 36 só se tornou o maior BOSI próximo ao fim do vencimento quando a maior parte do VE já teria derretido. Agora, vamos ver na VALE5, a 46,61, a 27 dias do vencimento, como os dois marcadores poderiam ser analisados:
97
Coleção EXPO MONEY Coleção
Introdução às Opções
D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
GAMA
VE
BOSI
VDX
36,00
11,08
10,91
11,04
-0,12
11
0,00
0,48
38,00
9,05
9,01
9,05
-0,36
50
0,00
0,45
40,00
7,15
7,11
7,13
-0,46
165
0,02
0,55
0,02%
42,00
5,25
5,23
5,30
-0,45
181
0,04
0,65
0,07%
44,00
3,60
3,57
3,61
-0,42
787
0,07
1,00
0,80%
46,00
2,20
2,20
2,21
-0,40
1,768
0,09
1,60
3,77%
48,00
1,14
1,14
1,15
-0,26
2,375
0,10
1,14
3,71%
2,77
50,00
0,52
0,52
0,54
-0,13
1,182
0,08
0,52
0,69%
3,07
52,00
0,24
0,23
0,24
-0,06
319
0,05
0,24
0,06%
2,25
54,00
0,11
0,11
0,12
-0,03
74
0,03
0,11
56,00
0,06
0,05
0,06
-0,01
33
0,01
0,06
58,00
0,02
0,02
0,03
-0,01
22
0,01
0,02
Se o operador fosse vender nessa série, pelo VDX vê-se facilmente que a única opção disponível para vendas cobertas (embora não muito eficiente) é a de preço de exercício de 50. Neste momento, o maior BOSI está na 46 com VIÉS na 48, o que não dá muito lastro para alta, mas, enfim, ocorreria o STOP se o maior BOSI chegasse a 50. Se o maior BOSI atingi-la em poucos dias, esse stop será no prejuízo. Se chegar depois de 22 pregões (quando estiverem faltando somente cinco pregões para o vencimento, a opção provavelmente estará custando menos de R$0,52 (preço atual) e o stop será no lucro. O stop pelo BOSI tem essa grande vantagem. O stop não é dado porque está perdendo tantos centavos ou porque a ação está custando determinado preço; ele é dado porque o risco da venda superou a vantagem de ganhar o VE na venda, portanto, é um stop que trabalha com a probabilidade ligada a vendas e pode ser dado no prejuízo ou no lucro. Isso não faz diferença; o que importa é que ficar vendido naquela opção não é mais interessante. A forma usual de usar o BOSI é com stop se o maior BOSI passar a ser a opção vendida, mas há variações: 1. STOP no VIÉS. Stop se o VIÉS (segundo (segundo maior BOSI) chegar chegar à opção vendida. Trata-se de um stop mais conservador, que será stopado mais vezes, mas os prejuízos tenderão a ser menores quando stopado. 98
Comece Pela Venda Coberta
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2. STOP no BOSI: BOSI: É a maneira maneira usual e mais comum de usar o BOSI. 3. STOP com VIÉS na opção seguinte, mais mais OTM. Forma mais mais agressiva de STOP que vai levar a ser stopado menos vezes, mas poderá ter prejuízos maiores quando stopado. Alguns usam stop com BOSI na opção seguinte, que é mais agressivo, ainda que VIÉS na seguinte. seguinte. No final de 10 anos, as três formas se igualam em resultados e o que importa é o que deixa o operador mais confortável e de que forma acredita que executará o stop com mais precisão. Recomendo para quem está começando a forma usual com stop no BOSI. NV (Não Vende): é um marcador para a realização de lucro de vendas
e para impedir vendas ineficientes. Quando uma opção vale centavos, não vale mais a pena ficar vendido nela, nem abrir novas vendas. Não há quase nada a ganhar e muito a perder, já que ela tem pouco a cair, mas não há limite para o que possa subir. A despeito de a probabilidade de uma opção de centavos subir muito ser pequena, basta que aconteça uma vez para trazer enorme prejuízo ao investidor, o que leva o lucro de anos de venda coberta. O NV é um marcador bastante simples: se uma opção é NV, não a venda e, se estiver vendido nela, recompre e zere a venda, realizando lucro. Se deseja continuar vendido em VE, escolha um que valha a pena. É necessário compreender que o objetivo na venda coberta é manter-se vendido em VE eficiente e ganhar esse VE pela passagem do tempo, a fim de alimentar a carteira de ações. O objetivo não é ganhar vendas isoladas, ganhar o maior número de vendas ou tirar o máximo de cada venda, mas sim manter-se sempre que possível, durante o maior período, vendido em VE eficiente coberto coberto pela carteira carteira de ações. ações. Fórmula do NV:
NV = VE < DELTA + GAMA Em que:
O DELTA e o GAMA são subprodutos da equação de Black & Scholes que serão vistos nos outros livros desta coleção, mas, apenas 99
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Introdução às Opções
para compreender o marcador, em tese, se a ação subir R$1, a opção tende a subir o número de centavos que se aproxima da soma do delta ao gama dela (isso é uma licença matemática, pois não é exato, mas serve ao aprendizado). Desse modo, opções NV são aquelas que tendem a dobrar o VE se a ação subir R$1 e, obviamente, não é interessante ficar vendido nessa situação. O ideal é vender opções que pouco variam, mesmo que a ação suba, e não opções que explodem ou dobram de preço em decorrência de uma simples alta de R$1 da ação. As opções NV normalmente são aquelas que valem centavos ou que estão muito ITM (dentro do dinheiro) com VE pequeno. No caso das opções ITM, o Stop já teria sido dado pelo BOSI e a despeito do VE delas não subir com a alta da ação, mas diminuir, elas ganham o valor da subida em valor intrínseco. intrínseco. O conceito é bem simples: não venda nem fique vendido em uma opção NV. Na verdade, o operador de venda coberta nem precisa do NV, pois as opções NV não possuem VDX. Desse modo, basta que ele acompanhe o VDX. Se a opção não tiver VDX, V DX, ele não deve vender e, se estiver vendi vendido, do, deve deve zerar zerar a venda venda.. De qualq qualquer uer form forma, a, como como é o NV que faz faz o VDX desaparecer nas opções fora do dinheiro, porque opções dentro do dinheiro não têm VDX; é importante ter ciência de sua existência. Vejamo Vejamoss agora agora na planil planilha ha os três três marca marcador dores es na Petro Petrobra brass PN (PETR4 (PETR4)) a R$37,07, a 41 dias úteis do vencimento das opções:
100
E
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
DE DELTA GAMA
VE
BOSI
30,00
7,92
7,43
7,92
0,42
4
0,99
32,00
5,86
5,46
6,00
0,31
18
34,00
4,20
3,98
4,11
0,20
36,00
2,66
2,61
2,65
38,00
1,55
1,55
40,00
0,80
41,83
VDX
NV
0,01
0,86
0,01%
0,94
0,03
0,80
0,18%
3
0,85
0,06
1,14
0,09%
0,24
0,12
37
0,69
0,09
1,60
2, 2,29%
0,82
1,59
0,04
79
0,49
0,10
1,55
5,33%
2,08
0,96
0,77
0,80
0,05
58
0,31
0,09
0,80
1,79%
3,36
0,40
0,42
0,37
0,43
0,06
22
0,18
0,07
0,42
0,27%
2,87
0,17
44,00
0,22
0,22
0,25
0,07
7
0,09
0,04
0,22
0,03%
2,18
0,10
46,00
0,07
0,07
0,21
0,00
0
0,04
0,02
0,07
48,00
0,04
0,04
0, 06
0,00
0
0,01
0,01
0,04
50,00
0,03
0, 02
0, 04
0,00
1
0,01
0,00
0,03
Comece Pela Venda Coberta
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Tanto no BOSI quanto no VDX e no NV, nas opções que não possuem o marcador aparece um espaço na célula correspondente, ou seja, o marcador desaparece. Então, neste exemplo, as opções dentro do dinheiro de 30 a 32 e as fora do dinheiro de 46 a 50 são NV. Observe que nem as opções dentro do dinheiro nem as NV fora do dinheiro possuem VDX; dessa d essa forma, o VDX pode ser usado como um “NV” para os lançadores cobertos. Se não tem mais VDX estando OTM, é porque é NV. O valor do NV apenas demonstra quanto falta (em centavos) para a opção ficar NV: quanto menor, mais próximo ela está de ficar NV. Rapidamente olhando essa planilha, podemos ver que as opções disponíveis para a venda coberta são as de PE de 40 e de 41,83 ( torta pelos dividendos). A decisão seria pela preferência do operador pela venda mais longe ou pela venda que recebe receb e mais. Neste momento, moment o, o BOSI está na 38 com VIÉS na 36. Após a decisão decis ão de qual das duas vender, vend er, define-se define -se onde será o Stop no BOSI (maior BOSI na opção escolhida para Stop). 7.9 Como utilizar os marcadores para venda coberta
O uso dos marcadores é bastante simples e é suficiente para criar um planejamento completo de venda coberta. 1. Determinar critérios para venda venda (Estratégia (Estratégia Geral): a. Vender no maior VDX VDX ou na primeira primeira opção OTM além do maior VDX. b. Vender VDX VDX > X onde X deve ser no mínimo mínimo 3. c. É possível possível também também determinar, determinar, se quiser, quiser, distância distância mínima mínima e tamanho mínimo para vendas, embora o VDX já considere isso. d. De acordo com o VDX, pode-se pode-se também também determinar determinar quanto quanto vender. 2. Determinar as táticas pós-venda: a. Alvo de lucro: lucro: NV ou se o VDX VDX desaparecer desaparecer ou um valor absoluto (nesse caso, colocar ordem de venda VAC: vale até cancelar). b. STOP: pelo Bosi com as três possibilidades, VIÉS, BOSI ou VIÉS VIÉS na seguin seguinte, te, mas, mas, de de pref preferê erênci ncia, a, ut utili ilizar zar stop stop no BOSI. BOSI. 101
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Introdução às Opções
c. Prazo: no máximo, máximo, na quinta-feira da semana anterior ao vencimento. 3. Determinar a monitoração: a. É possível variar de duas vezes por dia a uma vez a cada dois dias. Ideal, diária em um horário determinado. Depois de tudo planejado, basta colocar em prática. Só venda opções que atingirem seus critérios. Com opção vendida, apenas execute o plano. Não analise o mercado, não ache nem tente prever nada; se um dos critérios for atingido, zere a operação, no lucro ou no prejuízo. Se nenhum deles for atingido, verifique mais uma vez no dia seguinte. Pronto, com esses três marcadores (na verdade, apenas dois), é possível criar e executar um planejamento completo completo de venda coberta de forma bastante simples e eficiente. 7.10 Rolagem
O que é rolagem? Apenas zerar a opção em que se está vendido, ou uma operação, e fazer uma nova venda em outra opção, ou uma nova operação em outro local com o objetivo de tirar dinheiro do mercado para pagar o custo ou parte do custo para zerar a venda ou a operação atual. Como isso pode ser feito, criou-se uma fantasia em torno da rolagem eterna. Alguns operadores se ilurolagem que levou ao mito da rolagem dem que poderão rolar suas vendas para sempre quando subir e nunca terão de assumir prejuízos. Isso termina de uma das duas formas: 1. Assumindo um prejuízo muito maior, maior, que leva o lucro de um ou dois anos de venda coberta; 2. Meses rolando opções de grande valor, ITM, com o objetivo objetivo de salvar uma operação ruim, e passa-se todo esse tempo sem remunerar a carteira de ações. O objetivo na venda coberta não é ganhar todas as operações, mas ficar vendido em VE com lastro de distância, com o tempo a favor, e ganhar esse VE para comprar mais ações. Quando aceita ficar vendido ITM sem VE ou com pouco VE e com o tempo contra, você estará indo contra os princípios da operação e deixando de ganhar o VE, que é o único objetivo da venda coberta. Não é proibido rolar. Mas a rolagem deve ser utilizada com critérios e mantendo o foco, que é a carteira de ações e a venda de VE para 102
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comprar mais ações, e não com o foco em salvar operações e nunca assumir prejuízos. Vamos exemplificar uma rolagem:
Vendido coberto em PETRD40, a Petrobras PN começa a subir forte e o BOSI chega à D40, que era o STOP determinado. A opção está custando R$1,50. O operador olha o vencimento seguinte, série E, e vê a PETRE42 a 1,60. Ele recompra a D40 pagando R$1.500 (estava vendido em 1.000 opções) e vende a E42 recebendo R$1.600, o que dá para pagar a recompra e os custos. PETRD40 a 1,50 +1.000 = paga 1.500 PETRE42 a 1,60 -1.000 = recebe 1.600 Olhando assim, parece ótimo e realmente não há um grande problema em fazer isso, desde que esteja dentro do planejamento. O operador passou a estar vendido a R$2,00 mais longe, mas, por outro lado, tem um vencimento inteiro para a ação chegar à sua venda. O mercado não dá nada de graça. Agora vamos examinar isso. Na verdade, não aconteceu rolagem alguma. Essa é apenas uma forma psicológica de fingir que não perdeu. Se a PETRD40 foi vendida por R$1, por exemplo, o operador perdeu R$0,50 em sua venda e não há mágica que faça os prejuízos desaparecerem. O que o operador está fazendo é realizar o prejuízo na D40 recomprando a opção R$0,50 acima do que vendeu e abrindo uma nova venda na série E, que pode terminar com lucro ou prejuízo, dependendo do que o mercado faça e da forma como opera. Em algum momento, mesmo que sejam alguns segundos, ele esta va zerado zerado na D40 e não tinha aberto uma nova nova venda na E42, portanto a realidade é que ele zerou a venda na D40 e assumiu o prejuízo da operação. Se depois ele vai vender outra opção, é uma nova operação que começa do zero. Daí o problema da rolagem. Deve-se fazer uma nova venda porque é uma venda eficiente que atinge os critérios preestabelecidos para a venda de opções, e não vender só por vender, só para tirar dinheiro do mercado a fim de pagar o prejuízo anterior e fingir que não teve prejuízo. 103
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Introdução às Opções
Em um conceito de fluxo de caixa, que diferença faz se o dinheiro da nova venda, da venda na série seguinte, entrar um segundo depois, alguns minutos depois, um dia depois, uma semana ou um mês depois? Financeiramente, não faz a menor diferença, mas faz diferença se a nova venda for boa, eficiente, dentro dos critérios do operador, ou uma venda ruim, feita só para cobrir a venda anterior. Portanto, muito mais importante para seu método no longo prazo é se a nova venda é boa, eficiente, do que o momento em que é feita. O dinheiro que vai entrar dessa nova venda; se entrar logo após zerar a venda anterior ou um mês depois, terá o mesmo efeito no seu caixa, não faz a menor diferença. Agora, fazer uma nova venda boa ou uma nova venda ruim faz diferença. E quem se acostumar a sempre cobrir os prejuízos das vendas com rolagem vai fazer diversas vendas ruins, sem critério algum, apenas para tirar o dinheiro que “precisa” naquele momento. Essa forma de rolagem obviamente vai piorar o rendimento de longo prazo da venda coberta. O ideal, então, é esquecer a rolagem. Cada venda deve ser operada isoladamente, ter toda a sua planificação. Se, por acaso, o stop foi atingido, recompre onde está vendido, zerando a venda. Então, depois de zerado, verifique as opções disponíveis para venda coberta e veja se alguma atinge seus critérios. Se atingir, venda; caso contrário, não venda. Volte a verificar verificar no dia seguinte e só abra abra nova venda se alguma opção atingir seus critérios. Não faz a menor diferença em termos financeiros quando for feita a nova venda, mas faz diferença se é uma boa venda ou não, se atinge seus critérios ou não. Se você vendeu uma opção por R$1 e recomprou a R$2, perdeu R$1 naquela venda. Não há mágica nem rolagem que possam alterar esse fato. Melhor aprender a assumir prejuízos enquanto forem pequenos, e não ficar inventando “rolo” para fingir que não perdeu. Role na mesma hora apenas se tiver uma nova venda que preencha seus critérios predeterminados para vendas cobertas. Caso contrário, aguarde. Assim, não vai se meter em “rolos”. 7.11 Fluxo de caixa
Para remunerar adequadamente uma carteira de ações, devemos ter em mente o conceito de fluxo de caixa. 104
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Em alguns momentos, vamos retirar dinheiro do mercado na venda de opções: em geral, no mercado que não sobe com força onde o principal (ação) não está se valorizando. Nesses momentos, momentos, é fundamental comprar mais ações com o lucro das vendas depois de encerrada a operação, pois elas estão sendo vendidas a preços mais em conta, propiciando aumento expressivo da quantidade de ações na carteira, o que representa o objetivo principal. Em alguns momentos, teremos de colocar dinheiro: normalmente, no mercado em alta forte para recomprar opções a um preço mais alto do que vendemos. Observe que, nesses momentos, o principal está valorizando (alta das ações), sendo um período menos interessante para compra de ações, embora elas devam ser compradas se houver dinheiro disponível para tanto. Num conceito de fluxo de caixa, sabemos que às vezes o dinheiro entra e outras vezes o dinheiro sai; o fundamental é estar positivo no final do período. Em qualquer atividade, empresa ou comércio, há fluxo de caixa, há custos, despesas etc. O importante é que, no final de um período, os lucros superem os gastos. É um delírio que leva a quebrar, achar que vai administrar um negócio sem despesas, apenas com receitas. Despesas devem ser controladas, gerenciadas, e deve-se fazer um esforço para diminuí-las sempre que possível, mas não há como fazer com que não existam. As despesas também não podem ser maiores do que as receitas; caso contrário, o negócio dá prejuízo, mas elas nunca vão deixar de existir. A fantasia fantasia do pequeno pequeno investidor investidor em cima cima da venda venda coberta coberta é nunca ter prejuízos, ganhar todas as operações, ganhar se subir, se cair e se ficar de lado. Isso é apenas um delírio. O vencedor na venda coberta, aquele que realmente aumenta sua carteira de ações com ela, é quem aprende a assumir prejuízos pequenos, que entende o conceito de fluxo de caixa. Em muitos meses, vai entrar dinheiro, mas noutros também vai sair. Quem não aceita isso acaba tendo prejuízos enormes quando perde, deixando, algumas vezes, uma opção de R$1 ir a R$5, R$6, sem recomprar e, no fim, em um vencimento, perde o lucro de 10 vencimentos ou até mesmo de anos, arrasando o projeto de longo prazo da venda coberta. Portanto, compreenda o conceito de fluxo de caixa da venda coberta e aceite os prejuízos. Toda venda tem de ter um stop. Bateu lá, 105
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Introdução às Opções
perdeu. Assuma a perda e compreenda que não há mágica que transforme prejuízo em lucro; apenas fantasias que transformam prejuízos pequenos, normais, dentro de um método de longo prazo, em prejuízos enormes que destroem o método. 7.12 Subiu forte, compre
Para dar certo, a venda coberta precisa que o operador esteja treinado em comprar onde está vendido se subir forte. Se o operador se mantém vendido em VE fora do dinheiro, tende a ganhar a maioria dos vencimentos no longo prazo, e quase todos que operam venda coberta vendendo OTM ganham a maior parte dos vencimentos, porque são poucos os vencimentos em que a ação varia mais do que R$4 ou algo assim. Como a venda coberta tem um lastro, que é um espaço no qual a ação pode subir sem que se perca a venda, ela só será perdedora nos vencimentos em que a ação subir com muita força e, na maioria deles, ela não faz isso. Na verdade, a maior parte do tempo o mercado anda de lado. No entanto, se no vencimento que sobe forte o operador não compra onde está vendido, perde em um vencimento o lucro de 10, 12, 15 ou até mais vencimentos. Vamos dizer que um operador ganhe, em média, R$0,50 por vencimento. Então, ao chegar a um vencimento que sobe forte, ele fica inventando história para não recomprar e termina perdendo R$6 naquele vencimento. Lá se foi um ano de venda coberta pelo ralo em um único vencimento. Mesmo esse investidor que opera errado ganha a maior parte dos vencimentos; o problema é o quanto ele perde quando perde. Se ele tivesse recomprado quando subiu forte perdendo R$1 no vencimento, seria só o lucro de dois vencimentos, o que se recupera rapidamente. Mas, como ele não recompra quando sobe forte, perde em um vencimento errado o rendimento de mais de um ano de venda coberta. A venda coberta é uma corrida em que você dá um passo por mês em direção a uma carteira de ações que lhe dê tranquilidade financeira ou o ajude a dar junto com seus outros investimentos investimentos em renda fixa e imóveis. Todo mês você dá um passo quando ganha a venda. No mês em que perde, dá um passo atrás e está tudo bem: pode voltar a andar para frente no mês seguinte. Mas, se, no mês que perde, andar 106
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10 passos para trás, não vai sair do lugar e sua carteira de ações vai diminuir, ao invés de aumentar, no longo prazo. Portanto, comece a fazer venda coberta bem pequena, apenas 100 ou 200 opções, a título de aprendizado. Faça o planejamento com alvo de lucro, stop e prazo, e veja se, vez após vez, você cumpre o plano especialmente quando o stop for atingido. Só aumente a quantidade de opções se tiver certeza de que, quando você estiver vendido e subir forte, vai comprar primeiro e pensar depois .9 7.13 Não é necessário vender sempre
Esse é outro conceito importante em venda coberta. Você não precisa vender sempre, não precisa estar permanentemente vendido. Sua carteira não estará desprotegida se você não vender opções, porque opções não servem para defender queda; elas devem ser usadas apenas para remunerar a carteira, a qual nem entra na conta, pois é apenas a cobertura. O objetivo da venda coberta é comprar mais ações, e não defender queda. E, para terminar com mais ações no longo prazo com a venda coberta, é necessário fazer vendas eficientes, em que a probabilidade de ganhar o VE seja maior do que de abrir mão do lucro na alta forte. Se o operador acha que tem de ficar vendido o tempo todo, vai ter de fazer vendas pouco eficientes, porque o mercado não oferece vendas boas o tempo todo. O mercado não oferece VE a um bom tamanho e a uma boa distância o tempo todo. Portanto, crie seu planejamento de venda coberta, estabeleça critérios para vender opções cobertas e só venda se alguma opção atingir aqueles critérios. Se não há opção para vender, não venda, porque você não é obrigado obrigado a vender o tempo todo. Este é o maior capítulo do livro porque essa é a operação com opções mais importante para os iniciantes. Recomendo reler o capítulo e começar a operar opções pela venda coberta, mas de forma bem discreta, 100 a 200 opções, para ir aprendendo. E, depois de alguns meses operando, já com mais experiência, releia este capítulo.
Frase de Ricardo Hissa, O Predador .
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CAPÍTULO VIII
As Raras Oportunidades de Compra 8.1 Compra de opções
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8.1 Compra de opções
A compra a seco de opções de compra ( calls) é um dos grandes cantos da sereia da bolsa. Infelizmente, a maioria dos iniciantes, quando conhece as opções, segue por esse caminho, até por ser mais intuitivo, e não faz seu aprendizado de opções na venda coberta, o que é mais recomendável. Como as opções muitas vezes têm variações positivas extraordinárias em um dia de mais de 100%, às vezes até chegando a 400% ou mais, a atração se torna irresistível para a maioria das pessoas. São raras as que compreendem que o enriquecimento vem de um processo de longo prazo de pequenas apostas com expectativa ligeiramente positiva. A maior parte delas busca enriquecimento em apostas com chances ínfimas e ganhos enormes (tipo loteria). A compra a seco de opções funciona como uma loteria para a maioria das pessoas que estão só atrás da “grande cacetada” e que não conseguem pensar nos resultados e no acúmulo de capital no longo prazo. E pior que isso: a maioria opera opções na chamada compra “a seco” sem ter ideia do que são opções, tratando-as como se fossem ações de R$1. Opções não são ativos puramente direcionais e não dependem apenas do movimento da ação subjacente, porém de mais quatro fatores adicionais, dentre os quais sendo os mais importantes, além da variação da ação, a volatilidade e o tempo. Diversas vezes, veremos a ação ação subindo e algumas opções opções aumentando muito muito pouco, mantendo-se estáveis ou até mesmo caindo. E mais importante ainda: o fator tempo torna a estratégia de compra a seco de opções de compra, em essência, perdedora no longo prazo se as compras não forem muito bem selecionadas. Ficar permanentemente comprado em opções fora do dinheiro não pode ser um método vencedor, porque não há ação que suba de forma intensa 110
As Raras Oportunidades de Compra
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o tempo todo, a ponto de superar a perda de valor das opções pela passagem do tempo. Dito isso, vamos analisar em que situações a compra pode ser interessante. 8.2 O que é uma boa compra?
Na crendice popular e no mal equipado cérebro humano, uma boa compra é aquela que termina com lucro. É dessa forma simplista de analisar as operações em bolsa e com o pensamento de curto prazo que a maioria das pessoas vai se enforcando em prejuízos cada vez maiores, atrás de lucros enormes e irreais. O que define uma boa compra não é seu resultado, mas a expectativa nela inserida. Se você monta sempre operações com expectativa positiva, seu resultado de longo prazo provavelmente será positivo, pois, no longo prazo, o dinheiro ganho e a expectativa das operações tendem a se aproximar, apesar das possíveis distorções entre ambos no curto prazo. Considerando então as opções, o que seria uma boa compra? Aquela que, se a ação subir, aumentará de valor expressivamente e não terá uma grande perda se isso não ocorrer. Quando você compra uma opção, está comprando e operando VE (Valor Extrínseco), a parte do prêmio da opção além do preço da ação. O valor verdadeiro ou intrínseco varia junto com a ação. As opções OTM, ou fora do dinheiro, são compostas apenas de VE. Para começar, então, a boa compra ficaria ATM ou ligeiramente OTM, pois as opções ITM ou dentro do dinheiro têm valor muito alto, o que torna o risco mais alto também. 1 Vejamos as outras características: VE
– quanto menor, melhor; melhor; Distância para o preço da ação – quanto menor, melhor; Tempo – quanto maior, melhor.
É fácil entender o VE. Como as opções fora do dinheiro ou OTM são constituídas somente de VE, se você vai fazer f azer uma compra, o risco Existem as operações de compra de opções de compra ( calls) ITM ou Deep ITM (Muito ITM) que são tratadas no livro traduzido por mim Fique rico operando opções (Editora Campus/Elsevier). Na abordagem de compra de opções apresentada aqui, esse tipo de operação não é interessante. 1
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correspondente é o quanto você paga por ela. Quanto menor o valor da opção, menor o risco. É claro que, na realidade, o risco é o valor financeiro. Se você compra 2.000 opções a R$0,25 (R$500), seu risco é maior do que 1.000 opções a R$0,30 (R$300), mas, considerando a mesma quantidade de opções, quanto menor for o valor da opção, menor será o risco. Mas não basta VE baixo; caso contrário, sempre compraríamos as opções que ficam lá longe e custam R$0,01. Mas essas opções são normalmente apenas sonho e raramente sobem. 2 Também é fácil entender a distância. Quanto mais próximo do preço da ação for o preço de exercício da opção, menos dependente de alta forte será a compra da opção. Ainda dependerá de alta da ação, como qualquer compra de opção de compra, mas não dependerá de uma alta expressiva, como acontece com aquelas que estão muito longe do preço da ação. Em tese, quanto mais tempo melhor, preenchidas as duas características anteriores. Mas só será possível encontrar opções próximas ao preço da ação de baixo valor perto do vencimento das opções, faltando poucos dias; ainda assim, quanto mais tempo, melhor. Concluindo, uma boa compra, ao contrário da “sabedoria popular”, não é aquela que dá lucro, mas aquela que tem boa expectativa e em que se tende a ganhar muito quando o mercado vem a favor e perder pouco quando o mercado vem contra. Quem opera dessa forma, com expectativa positiva, colocando as probabilidades a seu favor, tende a ser vencedor no longo prazo, não importa o tipo de operação. A boa expectativa nas compras é refletida por uma combinação de baixo VE próximo do preço da ação. Opções de preço baixo que tenham o preço de exercício bem próximo do preço da ação. Nessas opções, perde-se pouco na compra devido ao baixo preço, quando o mercado vai contra e ganha-se muito quando o mercado vai a favor, pois, valendo pouco e estando bem próximas do preço, elas têm enorme expectativa de se expandir consideravelmente se a ação subir de preço. Tenho até medo de escrever isso, pois sempre haverá alguém que terá a “brilhante” ideia de vendê-las. Não se vendem opções de centavos, pois não há praticamente nada a ganhar e há muito a perder e, uma vez que elas subirem, o investidor quebra. Só se vendem opções que valem a pena – e sempre coberto ou travado. 2
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Exemplificando, vamos considerar a seguinte opção: PETRC42 (opção de Petrobras PN com preço de exercício de R$42) valendo R$0,20 com PETR4 a R$41,50 há seis dias úteis do vencimento. Observem que só investimos R$0,20 nessa opção, então as perdas caso o mercado não suba são pequenas. Por outro lado, caso o mercado corresponda e suba, a variação na opção obrigatoriamente será expressiva. Digamos que PETR4 vá a 42,50, o que não é nada demais, já que é uma alta de apenas R$1 ou 2,4% da ação. A opção obrigatoriamente terá de custar R$0,50, que passará a ser o valor intrínseco ou verdadeiro dela (preço da ação: R$42,50 - preço de exercício da opção: R$42) e, a não ser que ocorra na hora do vencimento, manterá algum VE, pois, antes da alta, tinha R$0,20 de VE. Digamos que ela perca R$0,10 desse VE e passe a custar R$0,60. A alta de 2,4% da ação ou apenas R$10 fez com que a opção triplicasse de preço e, a partir de agora, essa opção terá de seguir a ação, porque ela está ITM e custando tão pouco que, se a ação continuar subindo, as variações positivas da opção serão bastante expressivas. Boa compra é isso. Abandonem o conceito popular de que boa compra é aquela que termina em lucro, porque isso nada mais é do que uma grande besteira. Você não vence na bolsa porque ganha uma operação ou duas, mas porque elabora e coloca em prática um método vencedor no longo prazo. E, em qualquer método, haverá vitórias e derrotas, lucros e prejuízos. O que importa é que, no longo prazo, o dinheiro acumulado nas vitórias seja maior do que o pago nas derrotas. Métodos ganha-ganha, ganha-ganha, a busca incessante por vencer todas as operações, de nunca se contabilizar uma derrota, de nunca se ter um prejuízo, é apenas um delírio, e não um método, e termina sempre com prejuízos enormes e ruína. Esse tipo de análise, com tamanho do VE, distância da opção (preço de exercício) para o preço da ação e tempo para seu vencimento, é o que deve ser feito em todos os tipos de operações e análises de opções. Repetindo: opções não têm só O QUÊ (preço da ação), mas também ONDE (preço de exercício), QUANDO (tempo) e COMO (volatilidade), sendo que, para compras, sempre queremos VE pequeno e próximo, enquanto para vendas preferimos VE grande e longe. 113
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Nas vendas, os critérios são mais variáveis, mas nas compras não há tolerância. Uma boa oportunidade de compra tem de estar sempre próxima do preço da ação (bem pouco OTM ou ATM) e sempre precisa ter um VE pequeno, ou seja, um preço pequeno que
mantenha o risco pequeno. 8.3 Compra a seco e o tempo
Todas as opções perdem valor todos os dias pela passagem do tempo. E essa perda é mais expressiva em termos proporcionais ao preço da ação quanto mais longe do dinheiro (OTM) a opção estiver. Desse modo, métodos que consistem em ficar permanentemente ou por longos períodos comprado a seco 3 em opções de compra estão fadados ao fracasso, porque não há como vencer o tempo. Todos os dias, as opções perderão valor, e essa perda de valor só será contrabalanceada se ocorrerem fortes variações positivas em um ou em dois outros fatores principais que regem os preços das opções (preço da ação e/ou volatilidade da ação). ação). Como não é possível que todos os dias dias ou quase todos os dias sejam de forte alta da ação e/ou expressiva volatilidade da ação (na verdade, durante a maior parte do tempo, o mercado fica de lado, variando pouco), essas estratégias de compra a seco de opções OTM em que se mantém comprado por períodos longos estão fadadas ao fracasso. A compra de opções a seco é uma modalidade de operação, especialmente com nossas opções mensais, com pouco tempo de vida, que consiste em captar oportunidades raras, operar poucas vezes e por pouco tempo. Só assim é possível diminuir a intensidade da influência do tempo. 8.4 Método de compra de opções
Como qualquer outra operação com opções, deve-se criar uma metodologia de longo prazo, e não operar cada operação isoladamente. Comprado ou vendido a seco significa que não é travado por outra opção, nem coberto por ação (no caso das vendas). A operação consiste em uma compra ou venda isolada de apenas uma opção.
3
114
As Raras Oportunidades de Compra
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A compra a seco de opções, opções, mesmo captando-se oportunidades, escolhendo-se bem a hora de entrar e operando-se por períodos curtos, é uma operação que se perde com frequência; então, para ser vencedor no longo prazo, é necessário perder bem pouco quando se perde e ganhar muito quando se ganha. Considerando que, frequentemente, se perde mais do que se ganha, é necessário colocar o alvo de lucro em mais do que se perde. Digamos que um investidor tenha um método de compra de opções que, em média, compre opções a R$0,20. Ele deveria colocar o alvo de lucro em torno de R$0,70 para conseguir, quando ganha, pagar umas duas derrotas e ainda sobrar alguma coisa. Colocando o alvo de lucro em R$0,70 e o custo a R$0,20 (desconsiderando taxas, corretacorretagens e impostos, mas que devem ser considerados quando se planejar um método real), temos um lucro de R$0,50 quando acertamos a operação e só precisaríamos acertar duas em sete tentativas para empatar, ou seja, pouco mais de 28% de taxa de acerto, o que é bastante razoável. 2 × 0,50 = 1,00 5 × -0,20 = -1,00 Expectativa = 1,00 + (-1,00) = 0 Para se ter uma expectativa positiva no método e ainda pagar os custos transacionais, precisaríamos ou comprar opções mais baratas ou ter um alvo de lucro maior sem perder muito em taxa de acerto. Se passarmos a comprar opções de R$0,15 e colocarmos nosso alvo de lucro em R$0,79 (lucro de R$0,64 em caso de acerto) e se manti vermos a mesma mesma taxa de acerto, acerto, o que é bastante bastante plausível, plausível, de 28% ou duas em sete tentativas, teríamos: t eríamos: 2 × 0,64 = 1,28 5 × 0,15 = 0,75 Expectativa = (1,28 + [-0,75])/7 = 0,075 por tentativa ou operando 1.000 opções R$75 por tentativa. Considerando uns R$25 de custo, poderíamos ter uma expectativa positiva no método de R$50 por compra. 115
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Introdução às Opções
Cada um terá de desenvolver seu método, mas o importante é ter a noção de que a compra a seco, como qualquer outro método, não pode consistir de compras isoladas quando você tiver vontade e achar que é “uma boa”. Cada operação deve ser uma unidade de estratégia completa e deve ter seus prerrequisitos determinados pelo operador, ou seja, cada um estabelece, dentro das premissas colocadas aqui, quais serão os parâmetros que engatilharão uma compra de opção. Cada um tem de determinar a que preço e em quais condições de distância e tempo comprará opções. Isso feito, f eito, determinará apenas o alvo de lucro, porque esse tipo de operação não usa stop. Ao fim de cada operação, fará anotações, irá rever a operação e ajustar o método se necessário, mas sempre estando zerado no mercado, nunca durante uma operação. 8.5 Características da boa compra
Em primeiro lugar, as oportunidades de compra só surgem próximo ao vencimento das opções, em geral na última semana ou quase nela. Mas, como no Brasil temos opções vencendo todo mês, esse não é um grande problema. Além disso, é necessário, para que se produza uma opção com as características de uma boa compra, que, próximo ao vencimento das opções, a ação esteja com preço próximo ao preço de exercício de uma opção. Vamos exemplificar: exemplificar: PETR4 a R$41 A opção de preço de exercício de R$40 terá, no mínimo, R$1 de valor intrínseco, o que significa que custa muito caro. caro. A opção opção de preço de exercício de R$42 é uma candidata, mas está um pouco distante do preço da ação; o ideal é que a ação estivesse mais próxima dela, como a ação valendo 41,50, 41,80 ou algo assim, pois, na situação atual (ação a 41), a ação tem de subir R$1 só para chegar a ela e, se faltarem poucos dias para o vencimento, o mercado pode não acrescentar valor à opção, mesmo que a ação suba um pouco. Por último, necessitamos de algum tempo para que valha a pena uma compra. Às vezes, veremos opções com as características de uma 116
As Raras Oportunidades de Compra
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boa compra, mas a apenas um dia de seu vencimento. Nesse caso, não vale a pena, porque a ação tem bem pouco tempo para produzir uma variação que afete a opção. Além disso, quando está muito pró ximo do vencimento das opções, o mercado não coloca mais VE nas opções; então, a chance de ela subir, mesmo que a ação suba, é menor. Claro que ela vai ganhar todo o valor intrínseco a que porventura tiver direito, mas terá bem pouco VE, o que diminui sua chance de lucro na operação. 8.6 Compra de opções na prática
1. Determinar os parâmetros parâmetros para para a compra de de opções: opções: Preço, Preço, distândistância e tempo. Nos três parâmetros, é possível haver alguma maleabilidade, como, por exemplo, o preço variar de R$0,18 a R$0,22 e até é bom que seja algo um pouco maleável, mas não muito. 2. Se uma opção opção preenche os critérios, critérios, deve-se comprar a quantidade determinada no método, que equivale ao risco máximo suportável, pois não se usa stop. Os iniciantes não devem comprar mais do que 1.000 opções até terem mais experiência. 3. Determinar o alvo de lucro para cada operação. operação. (Observação: (Observação: O alvo de lucro já está determinado no método, seja um preço fixo ou uma quantidade de centavos a partir do preço de compra.) 4. Colocar ordem de venda no alvo de lucro. lucro. Usar ordens ordens VAC (Vale até cancelar) que não são canceladas durante a noite. Isso é obrigatório, pois essas opções são extremamente voláteis e sobem rapidamente e voltam a cair. Mantendo uma ordem na pedra permanentemente, se o mercado for até o preço de venda, a ordem será executada, mesmo que o operador não esteja diante do monitor. 5. Depois de montada a operação, não é necessário fazer qualquer qualquer tipo de monitoração, pois não se usa stop e a ordem de venda já está na pedra. Se a opção morrer sem valor, assume-se a perda do valor de compra da opção. A ordem de venda já foi colocada e será executada se a opção atingir aquele preço a qualquer instante. Apenas por segurança, é possível verificar diariamente se a ordem VAC continua na pedra e se foi executada no caso de a opção ter atingido o preço da ordem de venda. 117
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Introdução às Opções
Observe que, com uma metodologia simples, transformamos uma operação que leva a muito estresse e demanda monitoração constante em uma operação extremamente simples e tranquila. Assim, deve ocorrer tudo na bolsa e nas operações com opções. Os métodos m étodos devem ser desenvolvidos para que a atividade de operador de opções esteja isenta de emoções e estresse, e você possa dedicar-se ao estudo, ao desenvolvimento de métodos e às estratégias do operador, e não dedicar seu tempo a ficar diante do monitor tomando conta de operações, estressando-se e destruindo sua saúde enquanto seu dinheiro some.
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CAPÍTULO IX
Operando com o Tempo a seu Favor
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Introdução às Opções
9.1 Tempo e opções
Diariamente, todas as opções perdem algum valor pela passagem do tempo. Isso varia de acordo com a posição da opção em relação ao preço da ação, de acordo com o tempo que falta para o vencime ven cimento nto e a quantid qua ntidade ade de VE da opção, opç ão, mas todas tod as perderão perd erão algum valor todos os dias. Se as opções perdem valor pela passagem do tempo, você pode tentar capitalizar isso a seu favor. Qualquer operação em que haja a venda de uma opção e que a soma dos VEs das opções seja negativa poderá beneficiar-se da passagem do tempo. Mas há o outro aspecto: quanto maior for essa venda de VE, maior tenderá a ser o risco no caso de alta forte da ação. Vender VE ou montar uma operação vendida em VE não significa necessariamente “estar vendido ven dido”” ou ganhar gan har com a queda que da da ação e perder per der com a alta. alta . Há operações compradas, que ganham com a alta, que são vendidas em VE e ganham valor com a passagem do tempo (por exemplo, Trava de Alta ITM). Pois bem, se as opções perdem valor todos os dias com a passagem do tempo, e essa perda de valor é sobre a porção do preço das opções que está além do preço da ação, VE ou Valor Extrínseco, se sua operação é vendida em VE, ou tem VE negativo, você pode beneficiar-se da passagem do tempo. Exemplificando: PETR4 a R$40 PETRC38 +1000 a 3,00 (1 de VE; 40 – 38 = 2; 3 – 2 = 1) PETRC40 -1000 a 1,40 (1,40 de VE) Somando, na PETRC38 estamos comprando R$1 mil de VE (R$1 de VE × 1.000 opções compradas = 1.000) 120
Operando co m o Tempo Tempo a seu Favor
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Na PETRC40, estamos vendendo R$1.400 de VE (1,40 de VE * -1.000 opções vendidas) 1.000 + (-1.400) = -4001 Isso significa dizer que, nessa operação, estamos vendidos em R$400,00 de VE ou temos VE de -400 na operação. A soma dos VEs da operação é negativa. É muito fácil para qualquer um calcular o VE de sua operação e isso, por si só, já define muita coisa quando operamos opções. Portanto, em essência, para nos beneficiarmos do tempo, temos de estar vendidos em VE. 2 Se todos os dias as opções perdem valor pela passagem do tempo e essa perda de valor é na porção de valor extrínseco (VE) da opção, pois a porção de valor intrínseco ou verdadeiro apenas segue a ação, a operação só será beneficiada pela passagem do tempo se a soma dos VEs for negativa, ou seja, se ela estiver vendida em VE. Uma operação comprada em VE será prejudicada pela passagem do tempo e, por isso, não devem ser carregadas por muito tempo. Já as operaçõ ope rações es vendida ven didass em VE podem pod em e, em geral, gera l, precisam prec isam ser carregadas por períodos maiores para dar chance às opções de perder VE e se beneficiar da passagem do tempo. 9.2 Venda de VE
Uma venda de VE, para ter o tempo a favor, tem início pela busca de uma opção com VE grande e longe, que são os bons VEs para vendas. Venda de VE não é necessariamente uma operação de venda ven da de tendên ten dência cia que ganha ganh a na queda que da do mercado merc ado – a Trava Tra va de Quem não compreendeu esses cálculos volte ao tópico “Componentes do preço da opção”, do Capítulo 2. No entanto, você não p recisa fazer essas contas. Coloque sua operação na Planilha de Opções, que é distribuída gratuitamente gr atuitamente no site Bastter.com – ela calcula tudo para você. 2Na verdade, as operações que se beneficiam do tempo são aquelas com theta positivo. Só trataremos de theta e das d as outras gregas de Black & Scholes nos livros seguintes desta série. De qualquer forma, com frequência, as operações vendidas em VE são theta positivas, sendo, então, um bom substituto e, na verdade, uma forma até mais prática de abordar a questão. 1
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Introdução às Opções
Alta ITM é o exemplo exe mplo clássico clás sico de uma operaçã ope raçãoo de venda ven da de VE, que tem o tempo a seu favor, mas que ganha na alta da ação, embora não necessite de alta para ganhar, bastando que não ocorra queda forte. No capítulo anterior, de compras, definimos como o bom VE para compras aquele que é pequeno e está próximo do preço da ação. Para vendas, ocorre exatamente o contrário, grande e longe. O VE perto e pequeno é bom para compras porque reage expressivamente à alta da ação. O VE longe e grande é bom para vendas porque resiste bem à alta da ação. A venda ven da de um VE de uma opção opç ão que tenha tenh a preço preç o de exercíc exe rcício io bem acima do preço atual da ação cria um lastro de distância entre o preço da ação e o preço de exercício da opção – nesse espaço, a ação pode subir sem criar valor verdadeiro ou intrínseco na opção. Além Alé m disso, o tamanho tama nho do VE faz com que qu e se tenha ainda ain da um lastro lastr o adicional até que a venda esteja dando prejuízo. Exemplo: Petrobras PN (PETR4) a R$40. Venda de 1.000 opções PETRB46 a R$1 (opção da Petrobras PN com preço de exercício de R$46 e vencimento em fevereiro). fevereiro). Essa venda tem R$6 de lastro de distância e mais R$1 lastro de tamanho. Ela resiste a R$6 alta da ação apenas pela distância da venda, ven da, sem que qu e a opção adquir adq uiraa qualquer qualq uer valor val or intrínse intr ínseco, co, e a mais R$1 de tamanho do VE, que garante lucro na venda, até que ele seja ultrapassado, ou seja, no vencimento 3 essa venda resistiria até o preço de R$47 na ação (46 +1). 9.3 O que é um bom VE para vendas?
Quando fomos comprar VE no capítulo que mostrava as raras oportunidades de compra, estávamos atrás de um VE bem perto e Essa análise considera a situação na hora do exercício das opções. Na prática real de venda de VE, o preço da opção pode aumentar expressivamente, expre ssivamente, mesmo que a ação não chegue ao preço de exercício da opção, se a ação e/ou a volatilidade subirem expressivamente, mas, de qualquer forma, o lastro de distância e tamanho irá oferecer alguma proteção. 3
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bem pequeno. Se vamos vender, queremos um VE bem grande e bem longe (em distância, em relação ao preço da ação). Só que VE, quanto mais longe, menor. Então, esses dois critérios, somados ao terceiro (tempo), terão de ser sempre analisados para determinar um VE eficiente para vendas. Para uma boa venda de VE, teremos de pesar o tamanho do VE, sua distância para o preço da ação e o tempo de vida que falta para ele. Critério
Característica
Equilíbrio
Distância
Quanto nto maio aior, melhor
Quant anto maior, menor nor o prêmio
Tamanho
Quanto nto maio aior, me melhor
Quant anto ma maior, menor nor a di distânc ância
Tempo
Quanto menor, melhor4
Quanto menor, menor o prêmio
A tabela anterior mostra o equilíbrio entre os critérios e o prêmio da opção. O vendedor de VE quer uma distância maior, mas, quanto maior a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação, menor o prêmio (VE). Ele quer um tamanho maior do VE, mas, quanto maior o tamanho do VE, menor a distância do preço de exercício da opção para o preço da ação. Deseja-se pouco tempo de vida para a opção, mas, quanto menor esse tempo, menor o prêmio da opção (VE). Portanto, o operador sempre terá de pesar esses três fatores e aprender a, levando em conta os três, descobrir o bom VE para as vendas, que ocorre quando o mercado distorce e produz VE grande, mesmo que longe. 5 Embora, em tese, quanto menor o tempo que falta para o vencimento da opção, melhor é para a venda da opção, pois será menor o tempo disponível para a ação subir e chegar ao preço de exercício da opção, as opções, quando muito próximas ao vencimento (apenas alguns alguns dias), tornam-se muito muito explosivas, explosivas, podendo reagir expressivamente a uma alta da ação e, por isso, apesar de o tempo desejado ser pequeno, não se deve vender VE, nem se manter vendido em VE quando estiver muito próximo do vencimento. 5O VE grande e longe ocorre muitas vezes em situações de grande volatilidade do mercado e de grande risco, fazendo com que os lançadores exijam prêmios maiores. O VE grande e longe dá enorme vantagem em termos de lastro de venda, mas, se o mercado estiver muito volátil, as distâncias podem estar proporcionalmente menores, assim como um carro mais veloz, poderá perfazer uma distância maior em menos tempo do que um carro mais vagaroso. 4
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Introdução às Opções
9.4 Determinando qual VE vender
Quando se observa uma série de opções, em uma situação real, há diversas informações sobre elas: D
ULT
OFC
OFV
VAR
NEG
VE
40,00
6,80
6,72
6,80
0,50
559
0,84
42,00
5,05
4,82
5,05
0,54
621
1,09
44,00
3,40
3,30
3,40
0,48
2,764
1,44
46,00
2,09
2,09
2,11
0,40
4,695
2,09
48,00
1,09
1,04
1,04
0,28
3,021
1,09
50,00
0,49
0,48
0,48
0,10
701
0,49
52,00
0,22
0,21
0 ,2 3
0 ,0 4
334
0 , 22
54,00
0 ,1 0
0 ,1 0
0 ,1 1
0 ,0 1
204
0,10
56,00
0 ,0 5
0 ,0 5
0 ,0 7
0 ,0 0
28
0,05
Na tabela, em um momento que a Vale PNA (VALE5) estava quase a R$46 (45,96), a 31 dias do vencimento das opções, temos as seguintes informações da esquerda para a direita: Preço de Exercício; Última Cotação (ULT), Melhor Oferta de Compra (OFC); Melhor Oferta de Venda (OFV); Variação em centavos no dia (VAR); Número de negócio no dia (NEG); Valor Extrínseco (VE). Vemos que, como normalmente ocorre, as opções com mais VE são as mais próximas do preço da ação, as opções de preço de exercício de 44 e 46, seguidas pelas de 42 e 48. Rapidamente, é possível analisar os VEs que podem ser vendidos. Como a ação está a quase 46, dispensamos as opções de preço de exercício de 40, 42 e 44, pois são ITMs ou dentro do dinheiro, o que faz com que não tenham nenhum lastro de distância. 6 A opção de strike de 46 está quase exatamente no preço, o que praticamente não dá nenhum lastro de distância e faz com que a descartemos também. Considerando as OTMs ou fora do dinheiro (Preço de Exercício, ou strike, acima de 46), temos a 48, 50, 52, 54 e 56. As de strike de 52, 54, 56 valem apenas alguns centavos e não é interessante vender centavos, porque você tem pouco a ganhar e muito a perder, já que a opção só pode cair alguns centavos, mas Há estratégias mais avançadas de venda de opções ITM que não serão tratadas neste livro. A exceção de vendas ITM com o tempo a favor é a Trava de Alta ITM, que mostraremos mais adiante.
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Operando co m o Tempo Tempo a seu Favor
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não há limite para o que ele pode subir. Sobram as opções de preço de exercício de 48 e de 50. VALED48: 1,09 de VE + 2,04 de distância distância = 3,13 de lastro VALED50: 0,49 de VE + 4,04 de distância distância = 4,53 de lastro Obviamente, a 50 tem mais lastro porque seu preço de exercício é mais longe. A análise não é simples assim; senão a melhor seria a mais longe sempre: VALED56: 0,05 de VE + 10,04 de distância distância = 10,09 de lastro O lastro é enorme, mas, como você só recebe R$0,05 pela venda, é um péssimo negócio, pois a remuneração dela é pior do que a da caderneta de poupança: 1.000 VALE5 a 45,96 = R$45.960,00 Venda de 1.000 VALED56 VALED56 a 0,05 = R$50,00 R$50,00 Taxa = 50/45.960 = 0,11% Para que alguém vai para a renda variável, onde há risco, operar a uma taxa de 0,11%? Melhor ficar na caderneta de poupança, que remunera bem melhor do que isso. O alerta é importante porque diversos iniciantes descobrem a “mágica” da venda de centavos na ilusão de que, como “nunca são exercidos”, é dinheiro de graça que o mercado está oferecendo a você. Ora, se fosse impossível exercer a opção, ela custaria zero, e não 0,05. Não há dinheiro de graça ou livre de riscos no mercado, e a venda de opções de centavos é um dos maiores riscos que se assumem. Nela, você não tem quase nada a ganhar (no caso apenas R$0,05) e muito a perder. Claro que, se você vender opções opções com um lastro lastro desse tipo, vai ganhar a maior parte parte das vezes, o que fará com que se aumente a aposta, e basta o mercado subir com força uma vez para levar todo o lucro das vendas anteriores e você terminar com um prejuízo enorme. Voltando aos VEs que nos interessam: interessam: VALED48: 1,09 de VE + 2,04 de distância distância = 3,13 de lastro VALED50: 0,49 de VE + 4,04 de distância distância = 4,53 de lastro 125
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Introdução às Opções
Na D50, você tem um lastro maior, mas só recebe R$0,49 pela venda, que é o que você pode ganhar. Aceitando o lastro menor da D48, você recebe um pouco mais que o dobro pela venda, que é 1,09. Se fizéssemos uma conta simples, teríamos: 1,09 * 3,13 = 3,41 0,49 * 4,53 = 2,21 A coisa se inverte. Mas essa conta não define a situação; apenas estava tentando mostrar que não basta analisar o lastro total. Em opções, não existe a palavra melhor. Não há como dizer qual das duas vendas é melhor antes do vencimento. No dia do vencimento, podemos dizer com exatidão: Se o vencimento for até 48,60, terá sido melhor vender a D48. Se for acima disso, terá sido melhor vender a D50. 7 Com a VALE5, no momento do exercício das opções a 48,60, a D48 estará custando 0,60, pois, no momento do exercício, as opções só têm valor verdadeiro, e com a VALE5 nesse valor, a opção de preço de exercício de 48 valerá 0,60 (48,60 - 48,00). Resultado da venda: 1,09 - 0,60 = 0,49 Já a D50, que será OTM no momento do exercício, não terá mais valor algum e se diz que irá irá “micar” ou morrer sem valor. Resultado da venda: 0,49 - 0 = 0,49 Então, nos 48,60, temos o breakeven (ponto de empate), quando comparamos as duas vendas. Qualquer ponto acima deste no vencimento fará com que a venda da D50 seja melhor, pois o ganho na D48 será menor do que 0,49, e abaixo deste, a venda na D48 será melhor, porque o ganho será acima de 0,49. 8 Muitas coisas podem acontecer durante o vencimento e, na quase totalidade das vendas de VE, não se deve levar a venda para o dia do vencimento, mas, para a compreensão dos conceitos, é importante mostrar as contas no dia do exercício, até mesmo porque só é possível fazer contas exatas no momento do exercício, quando as opções perderam todo seu VE. 8Se a alta superar os 50,49, o rendimento da D50 cai a zero e seria possível dizer que as vendas se equivaleriam, mas provavelmente não, pois, não importa onde seja a trava, ou se é coberta por ações, no caso de alta forte, estar vendido a R$50 é menos danoso do que estar vendido a R$48, ou seja, no caso de prejuízo nas duas vendas devido a uma alta expressiva da ação, o prejuízo na D50 tenderá a ser menor (para a mesma quantidade de opções vendidas). 7
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Operando co m o Tempo Tempo a seu Favor
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Fica entendido então que só há como saber onde é a melhor venda ven da após apó s o vencime ven cimento nto,, mas, com critério crit érioss bem simples, simp les, pegapeg amos uma série de nove opções na tabela acima e ficamos só com duas possibilidades de venda. Sabendo, então, que, com uma, você recebe mais, porém tem um lastro menor, e que, com a outra, você recebe menos, mas tem um lastro maior e que o BE (breakeven) está em torno de 48,60 cada um decide segundo suas características, suas estratégias, qual das duas vendas fazer e onde pretende travar ou cobrir etc. 9.5 Travas
Em primeiro lugar, você decide qual VE vai vender, ou seja, qual opção OTM vai vender (se for vender, porque talvez não tenha nenhum VE que preencha seus critérios). Em seguida, decide como vai travar ou cobrir essa venda. No caso mais simples e mais recomendado para os que estão começando, a venda coberta, o VE vendido, estará coberto pela ação. As formas travadas de venda de VE devem ser experimentadas após algum tempo e experiência nas operações com opções através da venda coberta. Nas travas, a venda pode ser travada em diversos locais. Podese travar a venda embaixo, em cima, na série seguinte ou anterior e até em mais de um lugar. Falando assim, parece confuso, mas é bem simples. Desde que, como demonstrado no início deste capítulo, a operação seja vendida em VE, ou seja, se a soma do VE de todas as opções for negativa, estaremos operando com o tempo a favor, não importa como se trave. Mas é claro que a forma e o local para se travar irão mudar as características da operação e o alvo de lucro. Então, partindo da venda de um VE, 9 há diversas formas de se travar esta venda.
Para explicar o processo, estamos falando primeiro da venda, mas, na hora de montar suas operações, comece sempre pela parte comprada e só depois venda, pois, se ocorrer algum problema durante a montagem da operação, você não terminará vendido a descoberto. Na hora de desmontar a operação, siga o mesmo processo, começando sempre pela compra. 9
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9.5.1 Trava de Baixa (Reversão) PETRD40 -1.000 a 1,50 PETRD42 +1.000 a 0,70 Travando em cima, na mesma série, monta-se uma trava de baixa ou reversão. Como se está vendido em uma opção de preço de exercício (strike) de R$40 e comprado em uma de strike de R$42, o risco será de R$2 mil para cada 1 mil opções. Estar vendido em uma opção de strike de 40 significa vender o direito de comprar a ação a R$40, ou seja, se o comprador assim exigir, você terá de vender 1 mil ações da Petrobras PN a R$40, não importa o preço em que esteja a ação. Se estiver também comprado na opção de preço de exercício de R$42, terá o direito de comprar 1 mil ações da Petrobras PN a R$42. Portanto, vai assumir um risco de R$2 mil reais: (42 - 40) * 1000 = 2000 Como a opção de strike de 40 sempre valerá mais do que a de 42, na hora de montar essa operação, será sempre no crédito, recebendo algum dinheiro para montar, que poderá ser deduzido dos R$2 mil no cálculo do risco máximo. PETRD40 -1.000 a 1,50 = -1.500 PETRD42 +1.000 a 0,70 = +700 Total: -1.500 + 700 = -800 O operador recebe R$800 para montar essa operação, então assume um risco de R$1.200 (2.000-800). Estando a ação a R$38, por exemplo, as duas opções consistem apenas de VE e, como a 40 sempre vai custar mais que a 42, a operação será VE negativa ou vendida em VE e será beneficiada pela passagem do tempo. E está vendida em VE em R$800. No vencimento das opções, estando a ação a 40,80, teremos a D40 valendo 0,80 e a D42 morrerá sem valor. Como a venda é na D40, se ela valer 0,80, a operação estará devedora em R$800 (0,80 * 1000) e aí está o breakeven (BE). O mercado está em 38 na hora em que a operação foi montada; então, temos um lastro de 2,80 para que o tempo passe e se possa 128
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vencer ven cer a operaçã ope raçãoo (40,80 (40 ,80 - 38,00). 38, 00). Por que o lastro last ro é de 2,80, 2,80 , e não de 3,50, como seria no caso de venda coberta? Porque, na venda ven da coberta, cobe rta, faríamo farí amoss apenas ape nas a venda ven da de 1000 100 0 PETRD4 PET RD40, 0, que estaria coberta pela ação, levando o lastro até 41,50 (40,00 + 1,50) - 38,00 = 3,50. Na trava, estamos travando a venda com a compra de 1000 D42 a 0,70, o que diminui nosso lastro em 0,70 gastos nessa compra – esse é exatamente o seguro que trava o prejuízo em R$2 mil (42-40) menos os R$800 recebidos. No caso de alta forte da ação, poderemos ser exercidos em 40 (vender 1000 PETR4 a R$40,00), mas estaremos exercendo a 42 (comprar 1000 PETR4 a R$42), portanto o prejuízo estará limitado a R$2,00 na ação, não importa o quanto seu preço suba. No caso das travas, não é necessário possuir a ação, pois o que teremos de pagar será apenas a diferença entre a venda e a compra, multiplicada pelo número de opções operadas ([42 - 40]*1.000). Apesar de ser uma operação diferente diferente em relação à venda coberta, coberta, o raciocínio é o mesmo. Temos um limite (breakeven) em 40,80, a partir do qual teremos prejuízo e um ganho máximo abaixo do preço de exercício da opção vendida (40,00) e um prejuízo máximo a partir do preço de exercício da opção comprada, ou a trava (42,00). Como a ação está a 38 no momento em que a operação foi montada, o tempo está a nosso favor, pois basta que não suba forte para vencermos a operação. Nossa operação ganha na queda, na acumulação e até na alta, desde que inferior a 2,80, que é o nosso lastro. Todas as operações de venda de VE têm as mesmas características, ou seja, tentar ganhar a passagem do tempo sem que a ação ultrapasse certos limites. Isso levará ao derretimento do VE da opção vendida, o que gerará lucro na operação. Neste caso, se o mercado ficar abaixo de 40, as duas opções, comprada e vendida, morrerão sem valor e o operador ficará ficará com os R$800,00. E a operação aguenta aguenta até R$40,80, ou seja, terá lucros menores, de R$40,00 a R$40,80, onde ocorre o empate (breakeven), a partir de onde começa o prejuízo, que é máximo em R$42,00. Basta entender que as opções são direitos de comprar a ação e saber onde está o breakeven, então será possível compreender todas as operações de venda de VE. A análise aqui foi no vencimento das opções, como como sempre temos de fazer para compreender as operações, mas, numa situação real, 129
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o que teremos será uma operação que piora quando sobe e melhora quando não sobe. Especialmente para os iniciantes, o ideal é montar esse tipo de trava com a perda máxima que suporta; só é necessário determinar um alvo de lucro e um prazo. Considerando o exemplo anterior, que tem um risco máximo de R$1.200, vamos dizer que o operador só suporta uma perda máxima de R$600. Ele monta 500 opções, e não 1.000. PETRD40 -500 a 1,50 = -750 PETRD42 +500 a 0,70 = +350 Recebendo R$400 para montar, o risco da operação agora será de 1.000 ([42-40]*500), e não os 2.000 da operação com 1.000 opções. Risco Máximo: (1.000 - 400 = 600) Assim, Ass im, na hora que monta mont a a operaçã ope ração, o, ele já determin dete rminaa um u m risr isco máximo suportável, dispensando o stop e operando com mais tranquilidade. Tendo R$400,00 como lucro máximo, ele pode determinar um alvo de lucro em torno de R$350, por exemplo, onde desmontaria a operação, ou ficar apenas com o prazo, que deve ser, no máximo, na quinta ou na sexta anterior ao vencimento das opções, sendo melhor a quinta, porque ainda dá um dia antes do vencime ven cimento nto para corrigir corr igir possívei poss íveiss erros. erro s. Não se devem deve m levar leva r as operações para o dia de vencimento das opções, pois, como já demonstramos, se você estiver perdendo a operação, os R$600 serão pagos de uma forma ou de outra, e o vencimento apenas aumenta os custos e os riscos, pois qualquer erro cometido no dia do vencimento, além de não poder ser corrigido, acarretará multas. No caso de queda e de as duas opções estarem valendo R$0,01, basta ir lá e comprar a vendida por R$0,01, eliminando qualquer risco com apenas R$5 (0,01 × 500). O operador que não deseja gastar R$5 de uma operação que está ganhando R$400 para se livrar totalmente de qualquer risco não deveria operar opções, pois não será vencedor. Não carregue centavos vendidos, pois não há quase nada a ganhar, só a perder, e muito, nas raras vezes em que os cen130
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tavos viram reais – o que, embora raro, acontece e basta acontecer uma vez para levar o lucro de diversas operações senão mais. Se o lucro máximo da trava é de R$0,80 e o da venda coberta é de R$1,50, e o lastro da venda coberta também é maior, por que fazer travas e não apenas venda coberta? Embora minha recomendação, especialmente aos iniciantes, seja para fazer venda coberta, são operações diferentes e deixamos a palavra “melhor” do lado de fora. Considerando que, na venda coberta, deve-se ter a ação que no caso a 38 e 1.000 ações é um capital de R$38 mil, vendend ven dendoo uma u ma opçã o pçãoo de 1,50, 1,5 0, estar e staráá taxan ta xando do o capital capi tal em 3,9%, 3 ,9%, o que é bastante razoável, mas, se considerarmos que na trava não é necessário ter a ação, mas apenas o capital em margem do risco máximo da trava, a taxa é excepcional: 800 (lucro máximo) dividido por 2.000 (risco da operação e margem máxima requerida) = 40%. Claro que na trava pode haver rentabilidade negativa, pois é possível perder R$1.200, que seria 60% do capital alocado para risco. Então, os retornos correspondem aos riscos, cada um decide o que é mais adequado às suas estratégias e não existe “melhor”. A venda coberta é uma operação mais fácil e de menor risco, por isso é recomendada aos iniciantes, mas não é mágica e não é melhor em essência. Não existe a palavra “melhor” em opções.
9.5.2 Travas de Alvo (Borboletas) Neste caso, a partir da venda de um VE próximo do preço da ação, trava-se metade embaixo e metade em cima. O objetivo é ganhar a passagem de tempo sem que a ação faça grandes movimentos. Vamos ver um exemplo com PETR4 a R$40: PETRD40 -2.000 a 1,50 PETRD42 +1.000 a 0,70 PETRD38 +1.000 a 2,8010 Neste caso, a base tem de ser 2 mil opções, para que possamos mostrar os cálc álculos do breakeven adequadamente, mas cada operador vai montar a borboleta com o custo que suportar, pois o custo da montagem da borboleta (quanto se paga para montá-la) é o risco máximo. 10
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Com essa forma de travar, monta-se uma borboleta, 11 que é diferente da trava de baixa: trata-se de uma operação que se paga para montar, mas apresenta a vantagem de estabelecer o risco na hora da montagem: PETRD40 -2.000 a 1,50 = -3.000 PETRD42 +1.000 a 0,70 = +700 PETRD38 +1.000 a 2,80 = +2.800 Total = R$500 O investidor pagou R$500 pela operação, ou seja, para travar a venda de VE, mas essa trava pode ser ser valorizada valorizada até R$2.000, levando à possibilidade de um lucro máximo de R$1.500. Se no vencimento o mercado permanece em R$40, teremos: PETRD38 a 2,00 * 1.000 = +2.000 PETRD40 a 0,00 *(-2.000) = 0 PETRD42 a 0,00 * 1.000 = 0 E a operação estará valendo R$2.000. Diminuindo os R$500, teríamos um lucro de R$1.500. Todo o raciocínio é semelhante ao da outra forma de travar; apenas modificou os locais e a forma de fazê-lo. Mas sempre é fácil de analisar e sempre queremos ganhar a venda do VE pela passagem do tempo. Claro que analisamos a situação ideal, com o vencimento da ação exato nos R$40. O que temos nesta operação é um alvo de lucro em torno dos R$40, que diminui conforme vai se afastando dos R$40, e uma perda, se a ação se afastar muitos dos R$40, mas essa perda já está definida quando montamos a operação: no caso, R$500. Se o mercado desaba, todas as opções morrem sem valor e, portanto, perdemos os R$500. Se o mercado explodir para cima, a operação é zerada e perdemos os mesmos R$500. Vamos exemplificar com o mercado a R$50 no vencimento: Esse tipo de trava se chama borboleta por conta do gráfico de alvo de lucro da operação, que é semelhante a uma borboleta. Para ver gráficos das operações, vá aos dois outros livros desta coleção, Investindo em Opções e Operando Opções.
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PETRD38 a 12,00 * 1.000 = +12.000 PETRD40 a 10,00 *(-2000) = -20.000 PETRD42 a 8,00 * 1.000 = 8.000 Total = 0 E perdemos os R$500 investidos da mesma forma e, não importa o quanto suba, saindo do alvo, o resultado será zero. Por isso, mais uma vez, o nome de trava, pois o prejuízo já está travado na hora da montagem em R$500. Como pagamos R$500 pela operação, podemos conhecer nosso alvo a partir desse valor, que nos dará o lastro, o qual, nesse caso, é para cima e para baixo. O preço poderá se afastar até R$1,50 do alvo central em ambas as direções, que é exatamente o nosso risco. PETR4 a 38,50 no vencimento: PETRD38 a 0,50 * 1.000 = +500 PETRD40 a 0,00 *(-2.000) = -0 PETRD42 a 0,00 * 1.000 = 0 Com PETR4 a 38,50, a operação vale R$500, que é exatamente nosso custo, então esse é o breakeven para baixo. Já sabemos que o breakeven para cima é de 40 (preço de exercício da opção vendida) + 1,50, que é igual a 41,50. PETR4 a 41,50 no vencimento: PETRD38 a 3,50 * 1.000 = +3.500 PETRD40 a 1,50 *(-2.000) = -3.000 PETRD42 a 0,00 * 1.000 = 0 Temos o mesmo valor de R$500 pago pela operação. Então, o alvo fica entre 38,50 e 41,50. Nos 38,50, temos o BE e vamos ganhando cada vez mais até chegar ao ganho máximo (2000 – 500 = 1.500) em 40 (preço de exercício da opção vendida, do VE vendido). Daí o lucro vai diminuindo, até chegar chegar ao BE superior, em 41,50. Abaixo de 38,50, começamos a perder, até a perda máxima de R$500, abaixo de 38, e o mesmo ocorre para cima, quando começa133
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mos a perder a partir dos 41,50 e temos uma perda máxima de R$500 a partir de 42. Da mesma forma que ocorre na trava de baixa, temos um lastro de preço; apenas o lastro aqui segue nas duas direções, e, em uma situação diferente do que ocorre na trava de baixa, pagamos para montar a operação, isto é, compramos um alvo. Se o mercado fica no alvo, ganhamos; se sair dele, perdemos. Durante o vencimento, a operação pode variar de forma diferente que os alvos exatos na hora do exercício das opções, mas, quanto mais a data do vencimento se aproxima, mais o financeiro da operação vai se aproximar do resultado no momento do exercício; por isso, essas travas precisam e devem ser carregadas normalmente normalmente até próximo do exercício. Para operar esse tipo de trava, deve-se pagar apenas o que se pode perder, não tendo de usar o stop, e se determina um prazo máximo na semana anterior ao vencimento – quinta-feira é o limite – e um alvo de lucro. Digamos que, na operação anterior, o operador determine que a perda máxima que suporta bem é de R$250. Ele monta apenas metade da operação: PETRD40 -1.000 a 1,50 = -15.000 PETRD42 +500 a 0,70 = +350 PETRD38 +500 a 2,80 = +1.400 Total = 250 Neste caso, ele assume um custo de apenas R$250 e, ao fazer metade da operação, pode chegar a R$1.000 (metade dos R$2.000 da operação completa), trazendo um lucro máximo possível de R$750 (1.000 - 250). Os alvos não se modificam, por isso analisamos todas as operações no padrão. Esse tipo de venda de VE se faz sempre no VE mais próximo do preço da ação. Determina-se o máximo que se pode perder e daí a quantidade de opções a serem operadas. Em seguida, o alvo de lucro: se a operação atingir esse ponto, ela será desmontada e o prazo máximo não deve passar de quinta-feira da semana anterior ao vencimento. Depois, basta monitorar uma vez por dia. 134
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Um alvo de lucro razoável seria aquele pago pela operação, ou seja, se pagou R$500, deve-se desmontar a operação quando estiver valendo R$1.000 (1.000 - 500 = 500). Também se pode operar apenas com prazo, olhando a operação apenas no dia de desmontar. Analisando o tempo, o custo será maior quanto mais próximo for o vencimento, o que é óbvio, pois, quanto mais próximo for o vencimento, menos VE terá a opção vendida aumentando o custo, porém será mais fácil acertar o alvo. Se o vencimento estiver muito próximo, a despeito de ser mais fácil acertar o alvo e ganhar a operação, não vale mais a pena montar, pois o custo já estará muito próximo do lucro máximo. Nesse tipo de operação, o custo (risco) é relativamente pequeno e a alavancagem é relativamente grande (no exemplo, 250 para 750) e é bem fácil de operar, o que as torna bem interessantes. 12
9.5.3 Trava de Alta A lta (Financiamento) Neste tipo de trava, a venda de VE é ITM, ou dentro do dinheiro, e a trava é abaixo da venda. Eis um exemplo com Petrobras PN a R$42: PETRD40 -1.000 PETRD38 +1.000 Ocorre o contrário à trava de baixa, mas o princípio é o mesmo: ganhar a venda do VE. Ao vender ITM e travar embaixo, você paga para montar a operação, mas, como a opção vendida está mais próxima do preço, tem mais VE; então, a despeito de pagar para montar a operação, ela será vendida em VE e ganhará com a passagem do tempo. Vamos ver no exemplo exemplo com PETR4 PETR4 a R$42: PETRD40 -1.000 a 2,80 = -2.800 PETRD38 +1.000 a 4,20 = +4.200 Total pago pela operação = 1.400 Há outras formas de se travar com alvo, como a chamada Mesa, e formas de se aumentá-lo (e também o custo) da Borboleta, como a Borboleta assimétrica. Essas travas de alvo mais complexas serão discutidas nos outros livros da série.
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Se o mercado se mantiver acima de 40, teremos o ganho máximo da operação de R$2.000, que é dado pela diferença entre os dois strikes, multiplicando-se pelo número de opções. (40 - 38) * 1.000 = 2.000 Como pagamos 1.400 pela operação, podemos ganhar R$600 (2.000 - 1.400). E por que estamos vendidos em VE? Vamos analisar analisar o VE das opções: opções: PETRD40 a 2,80 PETRD38 a 4,20 Com PETR a 42, temos Opção
Preço
Valor Intrínseco
VE
PETRD38
4,20
42 - 38 = 4
4,20 - 4,00 = 0,20
PETRD40
2,80
42 - 40 = 2
2,80 - 2,00 = 0,80
Calculando o VE da operação: PETRD40 -1.000 * 0,80 = -800 PETRD38 +1.000 * 0,20 = +200 VE de -600 ou vendido em R$600,00 de VE que é justamente o que pretendemos ganhar na operação. E o alvo? Funciona da mesma forma que as outras. Como pagamos R$1.400,00, temos 39,40 como breakeven (preço de exercício da opção comprada + custo da operação). Abaixo disso, começamos a perder até a perda máxima no preço de exercício da operação comprada: 38 (onde ela vai perder todo o valor) e lucro acima dos 39, 40, até o lucro máximo no preço de exercício da opção comprada: 40, a partir do qual o lucro não aumenta – não importa o quanto suba a ação, ela estará sempre no nosso alvo de lucro, pois a operação estaria valendo R$2.000. 136
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Por que o breakeven (BE) fica em 39,40? Lembrando que pagamos R$1.400 (1,40*1000 opções) para montar a operação, com a PETR4 (Petrobras PN) a 39,40, a opção de preço de exercício de 38, que foi a que compramos, estará valendo 1,40, valor que, multiplicamultiplicado por 1.000 opções, equivale a R$1.400. A opção vendida não terá valor, então a operação operação estará valendo exatamente exatamente os R$1.400 invesinvestidos nela. Acima disso, a opção PETRD38 estará valendo cada vez mais, até a ação a R$40, quando ela estará valendo R$2 (R$2.000), o qual será o lucro máximo da operação (na verdade, R$2.000, menos os R$1.400 investidos, ou R$600). A partir dos 40, não importa o quanto subir, a operação estará valendo R$2, pois o que se ganha na PETRD38 se perde na PETRD40, e a diferença vai se manter em R$2. Considerando um preço de PETR4 a R$60, temos a PETRD38 a R$22 e a PETRD40 a 20, ou seja, há uma diferença de R$2. Abaixo de 39,40, a operação entra no prejuízo, porque a PETRD38 vai valer cada vez menos, ainda que a PETRD40 vendida não valha nada. O prejuízo máximo ocorre abaixo dos 38, onde a operação perde todo o seu valor e será sempre no máximo o valor pago pela operação, não importa o quanto a ação caia. Portanto, o lastro aqui é na queda. Ganhamos na alta, ganhamos na acumulação e até na queda, desde que não ultrapasse o preço de exercício da opção comprada. No caso, temos um lastro na queda do preço atual de 42 até 39,40, o que é bastante razoável, considerando que, acima desse preço, a operação é vencedora e que ganhamos na alta, na acumulação e até na queda, desde que não ultrapasse o BE. Estamos, da mesma forma, comprando o direito de exercer uma opção e vendendo o direito de exercer outra. Se o mercado desaba, as opções perdem valor e nós perdemos nosso investimento. Se o mercado explode, a operação vai valer a diferença entre as duas opções multiplicado pelo número de opções ([40 - 38 ]*1.000 = 2.000). Deve-se definir o máximo que é possível perder, determinando isso na montagem ou usando um stop. Determina-se também o alvo de lucro e o prazo, que não deve ultrapassar a quinta-feira anterior anterior ao vencimento. Como toda operação de venda de VE, deve-se esperar o tempo passar para o VE derreter se a ação permanecer no alvo. Quanto mais ITM for a trava de alta, maior será o lastro na queda, e maior será o custo, até chegar a um ponto em que o custo será tão 137
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alto que não interessa montar a operação, pois ele já se aproxima de 2.000 e não há quase nada a ganhar. Quanto mais próximo o exercício das opções, maior a chance de ganhar a operação, mas, como parte do VE já se perdeu, o custo aumenta e, se estiver muito próximo do vencimento, fica difícil montar uma trava de alta com um custo que valha a pena. 9.6 Resumo: Venda de VE 13 Venda de VE
Onde Travar
Venda de VE
Alvo
Venda Coberta
Coberto pela Ação
OTM
Ganha na queda, na acumulação e na alta até o BE.
Trava de Baixa
Em cima
OTM
Ganha na queda, na acumulação e na alta até o BE.
Travas de Alvo
Em cima e embaixo
ATM
Ganha em torno do PE da opção vendida.
Trava de Alta
Embaixo
ITM
Ganha na alta, na acumulação e na queda até o BE.
Há uma trava de venda de VE muito interessante, que são as Vacas ou venda de volatilidade. Elas serão abordadas apenas no próximo livro desta série, devido a seu alto risco. 13
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CAPÍTULO X
Planejamento
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10.1 Planejamento geral
A bolsa bols a de valores, valo res, especial espe cialmen mente te quando qua ndo se operam ope ram opções, opç ões, não é um lugar para se ficar brincando ou operando sem qualquer planejamento, uma operação após a outra, perdendo seu suado dinheiro e sustentando o sistema sem saber bem o que está fazendo. É necessário estudar, saber o que se está fazendo e ter tudo planejado. O primeiro planejamento é a estratégia geral financeira com seu capital. Quanto você ganha? Quanto poupa por mês? Do seu capital, quanto pretende manter em renda fixa, em renda variável ou em moedas? Qual o seu planejamento quanto a imóveis? Com seu planejamento financeiro f inanceiro geral, qual é a sua estratégia geral de bolsa de valores? O que você está fazendo na bolsa? O que pretende fazer? Quais são seus objetivos? objet ivos? Você pretende acumular uma carteira de ações de boas empresas para longo prazo ou quer imprimir uma abordagem mais agressiva? Mesmo que sua abordagem seja mais agressiva, que você pretenda adotar algum método para bater o mercado, qual percentual de suas aplicações em bolsa de valores será deslocado para os trades de curto prazo? Tudo tem de estar planejado. O que vejo é que a maioria circula de método em método em busca do pote de ouro atrás do arco-íris, sem se especializar em qualquer área, sem se desenvolver, sem saber bem o que está fazendo e sem ter a menor chance de vencer na bolsa. Bolsa requer planejamento: tudo deve ser predeterminado e, na hora da operação, é preciso apenas cumprir os planos. As estratégias gerais do método e as táticas específicas de cada operação devem ser todas determinadas previamente e reestudadas, analisadas, revistas após cada operação. Dá um certo trabalho, mas nada demais: basta organizar um planejamento geral, analisar as operações uma vez por 140
Planejamento
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mês e o método inteiro anualmente. Essa pode ser a diferença entre vencer e perder. Planejamento não garante vitória, pois nada na bolsa é garantido; no entanto, falta de planejamento garante derrota. 10.2 Vencer na bolsa
Vencer Ven cer na bolsa bols a nada nad a tem a ver, como com o a maioria maio ria das pessoas pes soas pensa, com acertar o mercado. Alguns acertam menos e vencem, enquanto outros acertam mais e perdem. O que importa é a soma dos acertos e erros no longo prazo. Se um operador acerta apenas duas a cada 10 tentativas, mas ganha 100 em cada uma das duas e perde 20 a cada erro, ganha no longo prazo: 2*100 = +200 8*(-20) = -160 Expectativa por tentativa = (200 +[-160]) / 10 = 4 Esse operador tem uma expectativa (EV) positiva de R$4 por operação. Já outro ou tro operado ope radorr que acer acerta ta muit m uitoo mais, ma is, digam d igamos os sete se te em e m cada cad a 10 tentativas, mas perde 200 a cada vez que erra, ganhando uma média de 70 a cada vez que acerta, perde no longo prazo, apesar da taxa de acerto muito maior. 7*70 = 490 3*(-200) = -600 Expectativa por tentativa = (490 +[-600]) / 10 = -11 Esse operador tem uma expectativa (EV) negativa de R$11 por operação. A taxa de acert ac ertos os é apenas apen as um dos fator fa tores es que vão deter de termin minar ar se um operador vencerá na bolsa e nem é o mais importante. Em geral, o pequeno investidor tem obsessão por acertos e lucros; ele só pensa nisso, vive a fantasia de ganhar todas as operações e analisa 141
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as operações pelo que pode ganhar apenas. Isso acaba sempre em prejuízos grandes, pois as perdas não são analisadas e, em geral, não há um planejamento para quando a operação der errado. Na bolsa, sempre haverá erros e prejuízos, e o vencedor é aquele que se prepara e aprende a lidar com eles. Os três pilares do vencedor na bolsa são: 1. Controle de risco; 2. Um método com expectativa expectativa positiva de acúmulo de capital no longo prazo; 3. Um bom operador. O primeiro tópico, controle de risco, é o mais importante, pois é o que impede a ruína, ou seja, mesmo que você não se torne um vencedor, com bom controle de risco, não vai quebrar na bolsa e pode seguir sua vida, vida, seu seu traba trabalh lho, o, acum acumula ularr capit capital al e venc vencer, er, mesmo mesmo sem sem a bols bolsa. a. Sem Sem um controle de risco adequado, nem o melhor operador do mundo, com o melhor método do mundo, sobrevive. O exemplo clássico é o da quebra do LTCM, o maior fundo de hedge dos Estados Unidos, comandado por verdad verdadei eiros ros gênio gênios, s, que acumu acumula laram ram bilh bilhões ões de dólare dólaress fazendo fazendo opera opera-ções espetaculares. No entanto, por acreditarem que havia um limite para a irracionalidade do mercado, acabaram quebrando. Sem controle de risco adequado, até os gênios falham. f alham. O segundo tópico, método com expectativa positiva, é fundamental. Nele, um método eficiente é criado ao longo do tempo, com a especialização em uma forma de operar, e não mudando de método todo mês, como se estivesse atrás do pote de ouro. Um bom exemplo de método que tem uma boa expectativa de acumular capital no longo prazo seria o Buy & Hold de ações de primeira linha, somado à venda coberta. Mas de nada adianta esse método sem um bom operador e sem um controle de risco adequado. O tópico 3, bom operador, é o mais difícil. Sem ele, nada feito. Contar com um bom operador é algo simples: trata-se de alguém que apenas executa o planejamento sem pensar. Em grandes empresas, em que alguns trabalham apenas nessa função, isso é mais fácil. Mas os pequenos investidores terão de planejar e executar; então, torna-se mais complicado. Para se desenvolver e se tornar um bom operador, 142
Planejamento
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apenas execute os planos. Bateu no stop, vai lá e stopa. Bateu no alvo de lucro, vai lá e zera a operação. Chegou ao prazo final, zera a operação em qualquer situação. Siga o plano e não pense ou imagine nada sobre o mercado. Tudo que você quiser imaginar sobre o mercado é na fase de planejamento de operações. Com a operação montada, o operador apenas executa o plano e não imagina mais nada. Para vencer, é necessário então: 1. Planejamento Teórico Estratégico; 2. Colocar o item 1 em prática adequadamente. A maioria não planeja nada; apenas fica fica na bolsa atrás dos modismos, acreditando que vai ganhar dinheiro fácil de alguma forma, adi vinhando o futuro. futuro. Uma minoria minoria faz algum tipo de planejamento, mas tem grande dificuldade em colocar o planejamento em prática de forma adequada, pois o ser humano é um péssimo operador de bolsa. Os vencedores são os poucos que, além de planejar, conseguem colocar o plano em prática, pois são bons operadores. Mas bons operadores não nascem feitos; eles são desenvolvidos seguindo o planejamento sem pestanejar, vez após vez. Muito mais importante para seu resultado de longo prazo do que ganhar uma operação é seguir o planejamento e se desenvolver como operador, porque essa é a parte mais difícil de todas no que diz respeito a vencer na bolsa. Mas, para seguir um plano e desenvolver-se como operador, é necessário haver um plano. 10.3 Planejamento para vencer na bolsa
Comece separando parte de sua poupança mensal para investir em bolsa de valores. No primeiro ano, apenas construa uma carteira de ações de empresas boas comprando um pouco todo mês sem se preocupar com preços. Escolha entre as maiores empresas do IBOV.1 Tente esquecer e se afastar de todas as tentações, que são as correrias doidas em cima de ações de terceira linha que sobem ou caem 20% em um dia. Essas são ações dificílimas de operar, que devem ser operadas apenas pelos mais experientes. Quanto a Índice Bovespa, o Índice da Bolsa de Valores de SP.
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Introdução às Opções
opções, ao menos no início, esqueça os trades de compra a seco de opções OTM. A despeito das rentabilidades magníficas que se conseguem algumas vezes, no longo prazo a maioria que tenta essa operação é perdedora. Pois bem, escolha duas ações entre as maiores, e vá comprando um pouco todo mês. Lembre-se de que o objetivo é colocar parte de sua poupança em ações de primeira linha, independentemente dos preços. Seu objetivo de longo prazo é ter cada vez mais ações de grandes empresas e não acertar a hora de comprar, o que, em geral, é inútil e termina, na maior parte das vezes, em compras no topo e vendas no fundo. À medida que for adquirindo mais ações, é possível incluir uma terceira. Basta ter de cinco a sete ações; não é necessário diversificar mais que isso. Reaplique sempre os dividendos e qualquer outro tipo de proventos na carteira de ações. Após um ano e já com um número razoável de ações, é possível adicionar ao método a venda coberta. Comece vendendo 100 ou 200 opções apenas a título de aprendizado. Não perca o foco, que é construir uma carteira de ações de boas empresas para o longo prazo. À medida que for adquirindo experiência, é possível vender um pouco mais. Para fazer venda coberta, ao menos até este momento, é necessário que sua carteira de ações inclua ações da Petrobras e da Vale, que são aquelas que têm liquidez nas opções. Isso, entretanto, pode mudar, razão pela qual você deve acompanhar o mercado. Então, determine seu método de venda coberta: 1. Quais os critérios para para vender opções? Aqui, você pode usar o VDX, nunca vendendo vendend o VDX abaixo de 3, sendo 4 um bom limite inferior. Não venda a carteira toda. Chegue, no máximo, a 70% da carteira, deixando alguma sobra para o caso de alta forte. Se quiser, adicione ao VDX critérios de distância e tamanho do VE ou dispense o VDX e use apenas esses critérios, mas é fundamental ter algum critério preestabelecido, porque, do contrário, em vez de operar opções, termina-se por operar emoções. 2. Sempre que que vender uma opção, opção, estabeleça estabeleça antes antes da venda: a. Stop: use se desejar o BOSI, stopando se o maior BOSI chegar à opção vendida. 144
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b. Alvo de lucro: estabeleça estabeleça um preço-alvo e coloque logo logo uma ordem de compra naquele preço utilizando ordens com prazo longo (VAC). Não importa o preço-alvo, se a opção se tornar NV ou o VDX dela desaparecer, sendo ela OTM, zere a venda. c. Prazo: o prazo prazo máximo a ser utilizado é a quinta-feira antes do vencim venciment entoo das opções opções,, pois, se houver houver algum algum erro, erro, ainda ainda dá tempo de corrigi-lo. Se não for a quinta-feira, escolha escolha outro dia na semana do vencimento. Não há por que usar prazos menores do que a semana do vencimento. d. Intervalo de monitoração: monitoração: monitore a operação e execute o plano se necessário, uma vez ao dia em horário determinado, de preferência o mesmo horário todos os dias. Uma vez por dia basta. Esse intervalo pode variar, a critério do operador, para duas vezes por dia ou uma vez a cada dois dias, mas uma vez por dia funciona muito bem. Não importa se você acompanha a bolsa o dia inteiro; só opere e verifique suas operações no horário determinado. Zere a operação comprando onde está vendido assim que um dos três critérios for atingido. Lembre-se de que você só se tornará um bom operador seguindo o plano – e ser um bom operador ou treinar como um bom operador é muito mais importante do que ganhar uma operação isolada. Não importa se, depois do stop, a opção recuou e você teria ganhado a operação se não tivesse stopado. Depois que você sai da operação, ela não existe mais e o que importa é seguir o plano. Se zerou no lucro, pegue o lucro da venda de opções e compre mais ações. Somando o ganho de capital das ações de empresas boas, o aumento da carteira de ações através de compras mensais de dinheiro proveniente de seu trabalho e a reaplicação dos dividendos, a carteira de ações vai crescendo no longo prazo. Ao adicionar a isso a venda coberta quando benfeita, é possível, ao longo dos anos, acumular um belo capital em ações, que, somado a seus investimentos em renda fixa e imóveis, vai lhe permitir ter a tranquilidade financeira que todos almejam. 145
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10.4 Planejamento para vencer operando opções
Para a maioria, ao menos no início, eu recomendo, se for operar opções, ficar apenas na venda coberta. A venda de opções coberta pelas ações é uma operação bastante simples e, mesmo quando dá errado, o pior é abrir mão de lucros. Claro que a maioria dos operadores pega a venda coberta e faz tanto rolo, opera sem saber bem o que está fazendo, vai atrás da ilusão do ganha-ganha, que acaba conseguindo ter prejuízos enormes e complicar uma operação simples e “isenta de riscos”. Ainda assim, o melhor é começar pela venda coberta e, para a maioria, permanecer nela se for operar opções. Mas vejamos as outras possibilidades: Mostramos no livro duas outras possibilidades de operar opções: compra de opções e operações de venda de VE. Em primeiro lugar, para montar outras operações com opções, deve-se manter o plano de acumular ações de boas empresas, reaplicar dividendos e fazer f azer venda coberta. Separe apenas um pequeno percentual do seu capital inicialmente para outras operações com opções e, acima de tudo, saiba o risco máximo de cada operação, ou seja, o máximo que vai perder se tudo der errado. Essa perda não pode abalar o operador nem financeiramente nem emocionalmente. O ideal para quem for fazer outras operações com opções além da venda coberta é separar uma pequena parte de seu capital para essas operações, não mais do que 10%. E, em cada operação, não arriscar mais do que 5% desse capital alocado para risco. Assim, há 20 tentativas antes da ruína. Se o dinheiro separado para os trades com opções acabar, tente mais uma vez, alocando novo capital para essas operações. Se acabar pela segunda vez, é melhor ficar só na venda coberta. Como qualquer outro tipo de operação, faça um planejamento de longo prazo. Não trate cada operação isoladamente, mas como uma unidade do seu plano de longo prazo. Tenha anotações de tudo e, de tempos em tempos, compare suas operações com as opções com a venda coberta e veja veja se se real realmen mente te vale vale a pena pena mant manter er essas essas out outras ras operaç operações ões.. Tente especializar-se, ao menos por um tempo em um tipo de operação. Usando bem pouco dinheiro, para que o custo do aprendizado seja baixo, passe algum tempo fazendo apenas um tipo de operação, experimentando, aprendendo, e veja se isso serve para você. Passe 146
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para outra, vá aprendendo, até poder desenvolver seu método. Tendo definido qual operação usar, estabeleça critérios de entrada que deverão ser atingidos para montar a operação. Exemplificando: numa trava de baixa, estabeleça o valor mínimo recebido para montar e a distância mínima, como, por exemplo, só montar travas de baixa recebendo R$0,80, no mínimo, e com o preço de exercício da opção vendida da trava de baixa a, no mínimo, R$1,50 do preço da ação (essa não é uma recomendação nem uma indicação; apenas uma exemplificação de critérios para operações). Com os critérios estabelecidos e o tipo de operação, basta verificar em uma planilha (que pode ser a planilha de opções do site Bastter. com) se o mercado está oferecendo alguma operação que preencha os critérios. Se tem, monte a operação com um risco máximo que possa suportar. Se não tem, não monte nada. Você não é obrigado nem deve operar o tempo todo, mas apenas quando o mercado oferece o que você busca. Perceba que a oportunidade que o leva a montar uma operação com opções advém do fato de o mercado preencher critérios que você determinou, e não de você achar que vai subir, cair ou acontecer sei lá o quê. Reserve para papos de bar aquilo que você imagina que o mercado vai fazer. Seu dinheiro é coisa muito séria para ser arriscado com base em intuição. 10.5 Conclusão
O mercado de opções, embora simples, é transformado em algo extremamente complexo pelos seres humanos que o operam; aliás, como tudo na bolsa de valores. Neste livro, tentei mostrar as opções da forma mais simples possível, para que qualquer um possa compreender e se beneficiar delas. Meu objetivo não é transformar pessoas comuns em profissionais ou “feras” na bolsa. Essa é apenas mais uma ilusão e, se esse fosse o objetivo, este livro já seria um fracasso, pois uma minoria ínfima vai conseguir isso. Com este livro, qualquer um pode alcançar seu objetivo. obj etivo. Quero que, após ler este livro e praticar, pessoas comuns, que têm suas atividades e profissões fora da bolsa, possam compreender e se beneficiar das opções, para que sua poupança de longo prazo em busca da aposentadoria seja alavancada e aumente de modo mais 147
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veloz. velo z. Não preten pre tendo do formar for mar profis pro fission sionais ais ou “feras” “fe ras” da bolsa, bol sa, até mesmo porque não sou um deles, e é uma ilusão achar que alguém vai se tra transf nsform ormar ar em um apenas apen as lendo lend o um livro. livr o. Desejo Des ejo apenas ape nas que o investidor comum possa se beneficiar das opções, e acredito que é possível abrir o caminho lendo este e, se desejar, também os outros dois livros desta série. Boa hora para voltar às partes em que você ficou com alguma dúvida e reler. Qualquer coisa, estou à disposição no Fórum Bastter.com em www.bastter.com.
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