Cristianismo. Não vemos a necessidade, nem o valor, em tentar socavar uma tradição religiosa que tem ampla aceitação e é de valor palpável. Ao mesmo tempo, não podemos evitar a evidência histórica dos aspectos menos nobres desta tradição, aspectos que deram lugar à propagação violenta e à Inquisição, assim como o uso desta tradição como ferramenta de colonização e subjugação. Finalmente, não assumimos uma posição exclusivista – aquela de que o Budismo Nitiren é o único veículo capaz de levar seus seguidores e seguidoras aos pináculos da verdade e à beira da felicidade. Ao mesmo tempo que certamente acreditamos que existe uma única realidade máxima, reconhecemos que as principais tradições religiosas, desde distintos níveis, também buscam e entendem esta verdade. E mais, a maioria das tradições religiosas compartilham com o Budismo Nitiren a intenção de levar os praticantes para esta verdade e para atingir o objetivo de conquistar o desenvolvimento humano, assim como estabelecer uma comunidade harmoniosa. Portanto, ao mesmo tempo que não reclamamos ser os únicos possuidores da verdade (de todos modos, quem pode possuí-la?), o que mais nos interessa é o grau em que a tradição religiosa possa cumprir com o que promete. Na realidade, quantas pessoas podem superar suas tendências mais obscuras e viver segundo as doutrinas daquilo no que acreditam, para assim transformar-se em pessoas de caráter genuinamente digno, com intenções sábias, e comportamento benevolente? Serve uma prática religiosa em particular como veículo maior ou como um veículo menor no caminho para conquistar estas metas? Desde há muito tempo, os budistas temos discutido este ponto com o uso de analogias tais como a de uma balsa para atravessar o mar do sofrimento, ou como a de um veículo para fazer a viagem para a iluminação. Por exemplo, em vez de rejeitar como falsas os ensinos dos anciãos na fé, os Budistas do Mahayana caracterizavam as práticas desses anciãos como práticas d e “veículo menor ”que somente podia levar a uns poucos – monges e monjas de muita dedicação – para alcançar o objetivo da iluminação. Em contraste, com o enfoque em desenvolver práticas para monásticos, leigos e leigas, e igualmente com a intenção de incluir todas as pessoas na viagem, a designação de “veículo maior ”, ou Mahayana, aplicou-se às práticas e ensinos posteriores. Neste contexto, todas as religiões principais são veículos; alguns maus, alguns bons, e alguns melhores que os outros, mas veículos em última instância. Nós também acreditamos que não existe veículo maior que o Budismo de Nitiren Daishonin, o veículo capaz de incluir nessa viagem a todas as pessoas, e não somente a uns poucos. Para a maioria daqueles que ainda não estão familiarizados com o Budismo, a idéia de que a viagem para a iluminação é algo que somente uns poucos podem fazer e que está reservado para santos e sábios tem se convertido numa crença amplamente aceita. Isto sugere que para a maioria das pessoas, a própria existência de um grande veículo para alcançar a Budicidade e a felicidade absoluta é um conceito alheio que não faz parte da experiência religiosa cotidiana. Porém, atualmente no Budismo Nitiren, o veículo para fazer esta viagem está disponível para todas as pessoas, sem importar gênero sexual, raça, condição social, nível de escolaridade ou econômico, preferência sexual, nem idade. E assim, com isto como pano de fundo, comecemos a examinar nossa primeira interrogante. Os budistas Nitiren acreditam em Deus?
Como conceituamos Deus tem grande peso na resposta a esta pergunta. Uma pesquisa informa que 99% dos norte-americanos declara acreditar em Deus. Porém, não obstante a magnitude da religiosidade nos USA, a ascendente taxa de criminalidade, crescente adição aos narcóticos, epidemia de aflições mentais, e o reatamento da pena capital - para só enumerar alguns sintomas - não são exemplos de uma sociedade espiritualmente saudável. Por outra parte, os europeus apresentam um crescente vácuo - um vazio com forma de deus – onde uma vez existiu Deus na consciência humana.[1] Algo que também parece estar claro é que o conceito de Deus não é algo uniforme. Existem tantas versões de Deus como pessoas que acreditam nessas versões, já que o conceito de Deus nunca tem sido algo estático. Tal e como escreve Karen Armstrong em A History of God (Uma história de Deus): “Porém, parece que criar deuses é algo que os
seres humanos sempre têm feito. Quando uma idéia de deus deixa de funcionar, simplesmente é substituída. Estas idéias desaparecem tranqüilamente e sem grandes estardalhaços, tal e como aconteceu com a idéia do Deus do Firmamento. Em nossos tempos atuais, muitas pessoas diriam que o Deus adorado durante séculos por judeus,