Como elaborar um referencial teórico? 1
Josué Alexandre Sander
O objetivo deste texto é auxiliar os alunos a elaborar o referencial teórico. Ele é baseado na reflexão na leitura de trabalhos sobre o tema e das práticas que tenho adotado para escrever referenciais teóricos. Ele não se propõe a ser um roteiro e nem um manual que todos devem seguir, apenas visa auxiliá-los a desenvolver melhores textos. Antes de falar propriamente da escrita de um referencial teórico é importante que esteja claro para todos que a redação é um ato de comunicação que é desenvolvido com a prática. Um dos princípios de uma comunicação eficaz é que ela esteja em sintonia com o seu contexto e tenha um objetivo que vise ser atendido. No texto acadêmico temos o objetivo de criar, reorganizar ou refutar ideias. A construção de um referencial teórico é basicamente a reorganização de ideias de diversos trabalhos que foram escritos sobre o tema no qual estamos interessados. No processo de elaboração do meu referencial teórico da dissertação percebi que escrita tem um papel fundamental na compreensão do tema que estamos trabalhando. Como isso ocorre? Durante a leitura dos artigos havia havia compreendido compreendido algumas questões de maneira equivocada, que ficaram claras quando estava escrevendo sobre elas de maneira confusa, bastou revisar o artigo e percebi alguns destes equívocos. Caso não tivesse escrito o referencial teórico provavelmente permaneceria com a compreensão errônea de muitas questões. Após esta sensibilização da importância do referencial teórico vou passar para as etapas do processo de escrita. A escrita do referencial teórico inicial com a definição de um tema sobre o qual você irá escrever. Com o tema na cabeça (e de preferência também escrito no papel) é iniciada a pesquisa de artigos, livros e capítulos que tratem deste tema. Após a pesquisa você iniciará a leitura dos materiais coletados. A leitura é a etapa fundamental de um bom referencial teórico, afinal você só conseguirá escrever sobre aquilo que compreendeu e você só entenderá o texto através de uma leitura profunda. Para ganhar tempo nas etapas posteriores é
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Mestre em Administração da Universidade Federal do Paraná – UFPR
fundamental que você anote de alguma forma o conteúdo que está lendo 2. Se não fizer boas anotações de leituras você será obrigado a consultar constantemente o material que já leu durante o processo de escrita, ou até mesmo pode precisar reler todos os textos novamente. Após a definição de tema, realização da pesquisa e leitura iniciará a fase da escrita. Como o referencial teórico é um texto geralmente longo corremos um grande risco de ficarmos perdidos com a folha em branco na nossa frente, sem saber por onde iniciar, ou então escrever de uma maneira confusa, sem uma coerência na construção do texto. Para evitar isto recomendo que após a etapa da leitura façam um esboço do texto que pretendem escrever. Este esboço pode ser feito no formato de um esquema com os principais “sub-títulos” que irão trabalhar ou na forma de um
mapa mental, destacando os itens e sub-itens que precisarão ser abordados no texto. Uma possibilidade ao utilizar o mapa mental é agrupar os „recortes‟ dos textos feitos durante a leitura de acordo com s itens que precisará escrever. Assim no momento de escrever você conseguirá seguir uma linha de raciocínio coerente e criar um diálogo entre diversos autores sobre um determinado tema. Depois de elaborado o esboço comece a escrever, quando finalizar releia e altere o que considerar necessário. Após a primeira correção peça que outras pessoas (colegas, professores) leiam e façam comentários sobre o texto. Corrija o que for necessário e procure revisar novamente. A seguir elaborei uma série de dicas visando auxiliar a etapa de redação do referencial teórico.
Seguir os princípios básicos de redação recomendados por Azevedo (2002): clareza; concisão; correção; encadeamento; consistência; contundência; precisão; originalidade; correção política; e fidelidade.
Procure escrever utilizando como base nos textos que você leu, não escreva afirmações de senso comum, nem coisas que você acha e não pode
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Pode utilizar fichamentos, mapa mental, resumo do texto, copiar as citações para um arquivo no computador, criar uma tabela com citações, etc.
comprovar. Procure sempre informar de onde vocês estão retirando as idéias informadas (isso é o que chamamos de citação).
A citação pode ser direta ou indireta. Ela sempre deve conter o sobrenome dou autor seguido do ano da obra.
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Citação direta é quando você copia para o seu texto uma parte literal do trabalho de outro autor. Neste caso você deve utilizar colocar o texto “entre aspas” e informar também a página na qual ela foi tirada. Ex. Azevedo (2002, p. xx) recomenda que se “faça poucas citações
diretas; opte por reescrevê-las, creditando as informações e ideais aos seus autores”.
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Citação indireta é quando você utiliza as ideias ou informações fornecidas por determinado autor utilizando as suas próprias palavras. Ex. Segundo Azevedo (2002) o texto científico deve ser claro para auxiliar a compreensão do leitor.
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Para evitar que cada autor “invente” uma forma diferente de citar as
suas fontes existem alguns padrões de citação. O que é comumente usado no Brasil é o fornecido pela ABNT e pode ser encontrado no artigo enviado em anexo. Estas são algumas recomendações básicas que visam auxiliar o seu processo de redação. Recomendo que consultem também o livro do Azevedo citado nas referências. Lembrem-se que a habilidade de escrever com rigor é necessária tanto no meio acadêmico quanto empresarial, procure desenvolver esta competência enquanto ainda está na universidade. Referências: AZEVEDO, I. B. D. O prazer da produção científica. 10ª edição. ed. São Paulo: Hagnos, 2002.