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MANUAL DO GUIA TURÍSTICO
Circuito Landi:
Um roteiro pela arquitetura setecentista setecentis ta na Amazônia
Elna Andersen Trindade Maria Beatriz Maneschy Faria
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Circuito Landi:
Um roteiro pela arquitetura setecentista setecentis ta na Amazônia
Elna Andersen Trindade Maria Beatriz Maneschy Faria
Belém - Pará 2006
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Ficha técnica Texto: Elna AndersenTrindade e Maria Beatriz Maneschy Faria Pesquisa: Moema Alves Revisão: Regina Alves Editoração: Elisa nnocenti Fotos: Elna Trindade, Trindade, Flávio Nassar e Elisa nnocenti Programação gráfica: Temple Comunicação
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O Circuito Landi pretende mostrar, realçar e divulgar a história e as características físicas exemplares do sítio urbano e das edificações do centro histórico de Belém, sem fugir da realidade de abandono, maus-tratos e uso inadequado que ele apresenta. Estes danos são causados, na maioria das vezes, pela falta de conhecimento da importância histórica, técnica e estilística desses bens. A narrativa do circuito não pretende esgotar as informações históricas e físicas do conjunto urbano enfocado, mas contém informações necessárias para ajudar a criar uma consciência consciência de valorização e preservação do nosso patrimônio. O roteiro percorre a área delimitada como Centro Histórico de Belém, tombada por lei municipal. Nela também há edifícios e conjuntos urbanos tombados por legislação federal e estadual. O texto a seguir foi elaborado para o treinamen treinamento to de guias de turismo promovido pelo Fórum Landi, como parte do Circuito Landi, realizado em Belém durante o ano de 2006, graças ao apoio da Lei Rouanet do Ministério da Cultura e ao patrocínio da Companhia Vale Vale do Rio Doce. As autoras deste trabalho, as arquitetas Elna Trindade e Maria Beatriz Maneschy Faria, da Universidade Federal do Pará, são fundadoras do Fórum Landi e têm um grande conhecimento dos problemas do centro histórico de Belém e da obra de Antônio José Landi. Flávio Augusto Sidrim Nassar Coordenador do Fórum Landi
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- greja do Carmo
Travessa Dom Bosco, Praça do Carmo
Histórico
Os religiosos da Ordem de Nossa Senhora do Monte Carmelo fixaram-se no Pará em 626, construindo o primeiro convento da cidade, em terreno doado pelo capitão-mor Bento Maciel Parente. No convento surgiu um colégio, freqüentado pelos filhos dos colonos. Ao longo dos anos, o prédio também hospedou religiosos, políticos e portugueses ilustres e nele funcionaram o Conselho Geral da Província, o Colégio Paraense, Paraen se, o asilo de órfãs, ór fãs, o hospital militar e o seminário menor. menor. Junto ao convento os religiosos le vantaram uma pequena igreja de taipa, destinada ao culto de Nossa
Senhora do Monte do Carmo. Durante a Cabanagem, essa igreja foi ocupada pela tropa imperial. Faz ainda parte do conjunto religioso - convento e igreja – uma capela da Ordem Terceira do Carmo, na lateral direita da nave principal do templo, acrescentada antes de 784. A ordem dos carmelitas teve um papel relevante na fundação de núcleos populacionais, origem de muitos municípios paraenses. A localização proposital de seu conjunto religioso, perto do rio, facilitava o contato com outras localidades e a administração de seus negócios. Eram proprietários de considerável
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patrimônio, fazendas e engenhos com muitos escravos, e com os rendimentos sustentavam as aldeias missionárias. Os carmelitas permaneceram 225 anos no Pará. A partir par tir de 755, 755, com a expulsão das ordens ordens religiosas religiosas da Amazônia pelo governo português, começaram a perder direitos, terminando por retirar-se na segunda metade do século XX. Em 696, 696, a primitiva igreja e o con vento estavam em ruínas. Nova construção foi providenciada, em taipa de pilão, no mesmo local. O templo foi reaberto em 700, com grande festa. Os carmelitas lutaram muito para conseguir recursos para a obra. Há registro de que alguns deles foram esmolar em Lisboa para comprar pedra de lioz, material nobre usado na construção. Não se sabe quanto duraram as obras, mas é certo que o retábulo da capela do altar-mor, em barroco joanino, data de 720. E é dessa mesma época a parte frontal do altar, cinzelada em prata com incrustações de pedras semi-preciosas, hoje desfalcada. A fachada foi executada com pedras talhadas em Lisboa, que vieram em caixotes. Recentemente, a pesquisadora portuguesa sabel Mendonça,
encontrou documento no qual a ordem dos carmelitas contratava um mestre lisboeta para o assentamento da fachada da igreja. O assentamento causou danos irremediáveis à estrutura da nave, que teve de ser demolida. É então que se verifica a intervenção inter venção de Antônio José Landi na igreja, reconstruindo a nave em 766. A igreja reformada foi aberta ao culto em 77 777, 7, mas só foi completaco mpletamente concluída em 784. O conjunto dos carmelitas é tombado pelo PHAN - nstituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, desde 94. Hoje está sob a guarda dos salesianos e funciona no convento o Colégio do Carmo. Igreja
Na biblioteca do Museu Nacional há três desenhos da greja do Carmo: planta baixa com indicação de cúpula hemisférica sobre a capelamor,, corte mor cor te longitudinal mostrando a cúpula e elevação da fachada, o corte transversal indicando a projeção de um novo altar-mor. A cúpula projetada e o altar-mor não foram construídos. O primiti vo retábulo da capela-mor permaneceu e é um magnífico exemplar do barroco joanino.
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No altar-mor conserva-se o retábulo A curiosa importação de uma fa- joanino, onde se destaca uma coluchada em pedra da metrópole é na salomônica com uma curiosidaum exemplo raro no Brasil. Só de na decoração do fuste, no qual se conhece outro caso no século a figura do pelicano, tradicional na XV, que é a greja da Conceição talha barroca, é representado com da Praia, em Salvador Salvador.. traços de um pássaro amazônico, A greja do Carmo repete uma certamente mais familiar para os tipologia comum às igrejas de con- índios que trabalharam a peça. No ventos carmelitas e franciscanos, fuste aparecem também cachos de que têm a fachada com pórtico de uvas, hastes de videiras, margaridas, arcada, enquadrada por torres late- flores, folhas de acanto, meninos rais. atlantes e figuras aladas ostentando A fachada da igreja mostra um cor- os símbolos da fé. Este conjunto da po central de dois pisos, rematado capela- mor e os púlpitos da greja por frontão mistilíneo com um de Santo Alexandre são os mais imóculo no tímpano e enquadrado portantes trabalhos de talha barropor duas torres laterais cobertas ca no Pará. por cúpulas vazadas por óculos. A ara do altar é revestida por magSua divisão vertical é marcada por nífico painel de prata portuguesa pilastras toscanas. lavrado com elementos decorativos No segundo piso, o corpo central simbólicos. Ele é composto por e as torres são vazados por portas- cinco seções quadradas separadas janelas de sacada com frontões típi- por frisos decorados com acantos, cos da arquit arquitetura etura lisboeta. rosáceas e no centro uma estrela com raios lembrando um ostensório. O painel é decorado com uma Interior O projeto de Landi conservou a profusão de elementos naturalistas fachada que já estava construída, estilizados como volutas, rocailles incluindo o pórtico com arcadas, e vasos, de modo que as formas e adicionou-lhe o novo corpo de se interligam, tornando difícil a planta em cruz latina, mantendo a leitura estética. Era guarnecido, capela-mor com o pé direito redu- também, por pedras semi-preciosas zido, da construção anterior, que coloridas, retiradas ao longo dos contrasta com o restante da igreja. anos. No centro de cada seção há Fachada
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um símbolo em prata dourada . A seção central traz o brasão dos carmelitas em prata. Este mesmo brasão da ordem é encontrado no fecho do arco do retábulo. A nave ampla é dividida em três áreas, delimitadas por colunas de capitéis coríntios. Entre as colunas rasgam-se capelas pouco profundas, inscritas em vãos de arco pleno, encimados por painéis, reproduzindo fielmente o desenho de Landi . As colunas duplicam-se na junção da nave com o transepto. Este grupo de colunas de capitéis coríntios faz parte do traço cenográfico de Landi. Nas capelas laterais da nave há cinco retábulos com nichos, compostos por elaboradas molduras que deveriam servir para enquadramento das telas, característica da arquitetura arquite tura italiana que também se observa nas igrejas da Sé, Santana e São João. Esta composição das capelas laterais difere da projetada por Landi, que era mais simples. No entanto, encontram-se neste conjunto elementos característicos do traço do arquite arquiteto to italiano como arco mistilíneo, fogaréus, volutas invertidas, mísulas, centradas por cabeças de anjos. O desenho de Landi para os altares alt ares do transepto também foi traçado
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de forma simplificada, diferindo das peças construídas. Os dois altares são muito parecidos na composição, tendo o coroamento com as mesmas características car acterísticas arquitetôarquitetônicas como fogaréus, aletas em volutas e frontões interrompidos em ângulo e segmentos de círculos. No corpo central destacam-se as pilastras, colunas e mísulas em volutas invertidas. O corpo inferior do altar correspondente ao embasamento, com uma planta movimentada em degraus, tendo a mesa do altar centralizada. Na nave principal há dois púlpitos encostados às duplas colunas, feitos a partir de desenhos de Landi. Embora não tenham sido previstos nos projetos para a igreja, eles assemelham-se ao púlpito desenhado por Landi para a Sé. Os ornatos dos púlpitos são da mesma linguagem dos retábulos do transepto desta igreja e dos altares laterais da Sé: cartelas env envolvidas olvidas em concheados, frisos de boleados e volutas que sustentam o guarda-voz .
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2 - Ordem Terceira Terceira do Carmo Carmo Travessa Dom Bosco, ao lado da Igreja do Carmo
Fachada
A capela não tem fachada elaborada que anuncie sua presença. A fachada é composta por porta e janelas com molduras pombalinas que servem de vãos para salas destinadas aos serviços dos religiosos nos dois pavimentos da edificação que se localizam na área frontal da capela. Interior
De planta retangular, a nave da capela está ligada à capela-mor, da mesma largura, por um arco triunfal apoiado em duas colunas destacadas, solução comum na ar-
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quitetura de Bolonha. As paredes laterais da nave são delimitadas por pilastras toscanas que seguem até a abóbada. Uma cornija de entablamento unifica a nave, percorrendo-a longitudinalmente, das colunas destacadas que antecedem o altar-mor ao coro alto. A simplicidade na decoração das paredes da nave capela, em contradição com a nave da igreja, parece inspirada na elegante simplicidade das igrejas de Palládio na tália, segundo o historiador da arte Robert Smith. Entre as pilastras há capelas laterais enquadradas em vãos em arco pleno pouco profundo, que permitem claramente perceber a concepção italiana do arquiteto, pois é um tipo de retábulo próprio para receber quadros emoldurados, como nas outras igrejas de Belém. O retábulo do altar-mor ocupa toda a largura e altura da capela e nele se distinguem três áreas: - A base, que tem um perfil movimentado com a disposição dos pedestais das colunas em ângulos, como na greja de Santana.
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- Na área central destacam-se os nichos com peanhas nas laterais e a tribuna enquadrada por colunas sobrepostas a pilastras de mesmo acabamento. - Na área superior observa-se um coroamento com frontão mistilíneo com decoração radial no tímpano, ladeada por dois fogaréus. - Frisos e ornatos característicos das obras de Landi compõem a decoração deste altar, observando-se concheados, acantos, rosetas, folhagens, flores f lores e volutas. Os sete retábulos laterais localizam-se sobre as mesas de altar que têm volutas nas arestas. Na parte central, a imagem apoiada em uma peanha está enquadrada em uma moldura. No ornamento destacam-se sanefa semicircular franjada, cartela de concheados com emblemas da Paixão, Paixão, e no coroamento um vaso florido (encontrado nas pinturas de quadratura de Landi em Barcelos) ladeado de fogaréus. As pilastras decoradas nas laterais da moldura terminam em volutas, repetindo um esquema idêntico ao encontrado nos altares e no púlpito da igreja.
Cais da Ladeira do Carmo Construído em 782, existiu até os anos 950. O Beco do Carmo era chamado de Caminho de São Boaventura, pois começava na Rua Norte e se prolongava até o convento dos religiosos da Conceição da Beira do Milho.
Ligação entre a Praça do Carmo e o Porto do Sal
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- Palácio Velho Esquina entre a Travessa Dom Bosco (Praça do Carmo) e a Rua Doutor Assis
Marco - Esquina do Palácio Velho
Há três versões para explicá-lo: - Seria uma proteção das esquinas das edificações no período colonial e imperial imperial contra o choque choque das carruagens ou carroças desgov desgovernadas. ernadas. Detalhe semelhante é encontrado Segundo a tradição oral, o prédio na arquitetura de Porto Alegre, teria sido residência dos governa- com essa justificativa. dores e sede do executivo durante – Marco zero da primeira légua patrimouma fase do período colonial an- nial. No limite da primeira légua na terior à construção do Palácio Avenida Almirante Barroso encondos Governadores do Grão-Pará tra-se marco semelhante. executado por Landi. Não há con- - Sinalização do nascimento de um firmação documental e, por isso, varão na família da residência contípode-se apenas afirmar que é uma gua, situação na qual funciona construção do período colonial. como um “marco fálico”. Hipótese É um sobrado típico do estilo luso- menos provável, em função da rebrasileiro, com dois pavimentos pavimentos de pressão moralista da Coroa sobre o vãos alinhados, os do pavimento Brasil no período colonial. superior guarnecidos por sacadas com guarda-corpo em ferro trabalhado. Sobre o pavimento superior observa-se uma camarinha ou mirante fazendo face à fachada principal. O prédio é tombado pelo PHAN - nstituto do Patrim Patrimônio ônio Histórico e Artístico Nacional, desde 944.
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Largo do Carmo
As praças do período colonial eram espaços privilegiados de sociabilidade e apresentavam símbolos de poder, como o pelourinho e a forca. Nelas também havia até cemitérios. Normalmente os nobres e ricos eram enterrados nas igrejas e os demais em áreas vazias geralmente próximas às igrejas. O primeiro cemitério de Belém só foi
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construído após 850. O Largo do Carmo, segunda praça de Belém, surgiu em função da greja do Carmo. Em 724 foram instalados arcos ornamentais, no limite da Rua Rua Norte Norte com o Largo do Carmo, para cerimônias públicas, demonstrand demonstrandoo a importância do largo para a vida da cidade.
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greja do Rosário dos Homens Brancos A Confraria do Rosário dos Homens Brancos data de 60, conforme documentos do Arquivo Público do Pará. Documentos com co mprovam que a igreja já estava est ava construída co nstruída em 77. 77. Segundo a planta do século XV, a igreja era composta por uma construção principal maior e uma lateral menor, provavelmente destinada à sacristia. Neste registro não aparece a torre sineira. No entanto, num quadro da família Viana, datado de 920, a igreja aparece com torre do lado direito. Na década de 990, durante reforma da Praça do Carmo, foram executadas escavações arqueológicas com a intenção de resgatar a
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localização da igreja. Durante as prospecções, verificou-se que a igreja era circundada por enterramentos. Surgiu a hipótese de se tratar de um um cemitério indígena, mas os esqueletros foram encontrados em posição horizontal e não fetal, como os índios são enterrados. Foram também encontrados poços com esqueletros de pessoas de várias raças, idades e sexos entremeados de cal, supondo-se tratar-se de uma vala comum ou de uma série de enterramentos do período das pestes do século XV. A igreja foi demolida na década de 90, em função do estado de deterioração.
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Rua Siqueira Mendes Ao contrário do que muita gente pensa, a primeira rua de Belém não é a Ladeira do Castelo, entre o Forte do Castelo e o Museu da Arte Sacra, e sim a Rua Norte, hoje Siqueira Mendes. Nela, no século XV, estabeleceram-se os jesuítas com uma grande casa junto ao rio, que ocupava todo o quarteirão do Largo do Carmo. O nome atual é uma homenagem ao cônego Manuel José de Siqueira Mendes, político cametaense que chegou a presidente da província.
Bairro da Cidade Velha Seu primeiro nome foi bairro da Cidade. Até o final do século XV, tinha ruas estreitas de terra; largos em frente aos edifícios religiosos; lotes estreitos; edificações sem recuo frontal e afastamentos laterais. As ruas e largos não eram arborizados. Sua arquitetura era singela, predominando casas térreas com beirais nas coberturas. Os primeiros calçamentos aparecem em meados do século XV e eram feitos de pedras irregulares encontradas na região. Esse sistema continuou até a segunda metade do século XX.
Na transição para o século XX, o intendente Antônio Lemos faz uma significativa reforma urbana, regida pelas aspirações de modernidade, que coincide com o desenvolvimento do comércio da borracha. As ruas foram pavimentadas com paralelepípedos e as calçadas com pedras de lioz, as praças foram arborizadas e um novo código de posturas entrou em vigor, contribuindo para a mudança da tipologia e fachadas das construções. Pelo novo código, os prédios destinados à habitação deveriam ter
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porão com abertura para ventilação; o pé direito foi elevado; limitou-se em 20 metros a altura máxima das edificações, exceto para prédios mais imponentes, como igrejas e palácios; a platibanda passou a ser obrigatória não apenas nas novas construções, construções , mas em todas as que que sofressem qualquer reforma. Essas medidas imprimiram ao centro c entro histórico uma arquitetura homogênea e de volume volumetria tria determinada por duas tipologias predominantes: - Casa de porão com um ou dois pavimentos e platibanda, no alinhamento da via pública e sem afastamentos laterais, normalmente destinada ao uso unifamiliar; - Edificação tipo sobrado, de dois ou três pavimentos e platibanda, onde o andar térreo era para uso comercial e os demais para uso habitacional ou de serviço.
4 - Sobrado da Fábrica Soberana
Rua Siqueira Mendes
No mapa de 79 já havia construção neste local, mas não foi encontrado registro dos primeiros proprietários. Segunda escritura do final do século XX, o edifício pertenceu ao filho do Visconde do Arari, de família rica e ilustre da sociedade paraense. Passou por outros proprietários, até abrigar a fábrica de bebidas. A Fábrica Soberana instalou-se no edifício em 90 e funcionou até a década de 980, quando o dono morreu e a administração passou para os herdeiros. Depois foi desativada e hoje voltou a funcionar. É um típico sobrado urbano do período colonial brasileiro, de uso misto, onde o pavimento térreo era
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destinado ao comércio ou serviço, ou até mesmo à acomodação dos escra vos e o pavimento superior à residência da família. Este sobrado destaca-se do seu entorno pela dimensão da fachada, que apresenta equilíbrio dos cheios e vazios, revestida de azulejos portugueses. Os vãos em arco pleno são enquad enquadrados rados por molduras em massa e fechados por esquadrias de madeira e vidro. No segundo pavimento observa-se o balcão em grade de ferro trabalhado. No coroamento, o beiral é forrado por cimalha, com condutores de ferro para descida de água da chuva. Como elemento decorativo destaca-se um frontão que tem o símbolo da Fábrica Soberana, dois pináculos e duas águias em ferro como suporte de luminárias.
5 - Garagem náutica da Tuna
Rua Siqueira Mendes
Sobrado do período colonial, caracterizado por fachada com vãos em arcos abatidos, simétricos e alinhados, com molduras simplificadas. No segundo pavimento, janelas guarnecidas de sacadas isoladas com guarda-corpos em ferro trabalhados. O coroamento da fachada é de feição art déco, feito por uma platibanda de perfil escalonado, assentada em uma cimalha. Este coroamento foi acrescido em outra época, pois não tem nenhuma correspondência correspondênc ia com o despojamento do prédio.
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6 - Sobrados da Fábrica Bitar
Rua Siqueira Mendes
Estes sobrados ficam nas quatro esquinas da Rua Siqueira Mendes com Travessa Félix Rocque. Os dois foram, provavelmente, construídos entre as décadas de 90 e 940. Têm três pavimentos e fachada frontal de grande largura, com detalhes e ornamentos geométricos de inspiração art déco: nas molduras dos vãos, nos guarda-corpos em madeira das janelas e no perfil escalonado da platibanda. A altura do pé direito dos pavimentos deixa claro que são bem posteriores aos dois outros sobrados.
7 - Casa Soares
Rua Siqueira Mendes
Provavelmente é do século XV. Na fachada, desprovida de ornamentos, predominam os cheios sobre os vazios. Como características arquitetônicas ainda destacam-se a presença dos cunhais com soco, vãos de arcos abatidos, escala atarracada com pé direito reduzido, paredes espessas e beiral com remate de cimalha.
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8 - Casa Rosada Rua Siqueira Mendes
É atribuída a Landi, em função dos ornamentos das molduras dos vãos das fachadas, que têm traços inspirados nos desenhos dele. Neste edifício identificam-se elementos da arquitetura dos séculos
XV e XX. Do século XV temse o beiral aparente rematado com cimalha, cunhais assentados em socos, verga de arco abatido. Já do século XX observa-se as esquadrias com venezianas e vidro e guardacorpo em ferro trabalhado com o monograma MJSC, de Mateus José Simões de Carvalho, capitão-engenheiro que viveu aqui na transição do século.
9 - Sede náutica do Clube do Remo
Rua Siqueira Mendes
O Clube do Remo, um dos mais antigos de Belém, fundado em 905, surgiu como clube de regatas. Neste prédio funcionavam a garagem náutica e, até 920, também a sede social. O salão frontal, que era usado para eventos, hoje funciona como oficina de reparo dos barcos. Prédio de arquitetura eclética, tendendo ao kitsch, pintado em azul, cor do clube. O acesso é feito por um portão de ferro na lateral do prédio. O corpo da fachada tem
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um ún únic único icoo vão vão de janela jane ja nela la com com esquadria esqqua es uadr dria ia de madeira mad adei eira ra e vidro. vidr vi dro. o. No No coroamento, corroa co oame ment nto, o, uma platibanda assentada sobre cimalha é rica em ornamentações, destacando-se o nome da edificação e um escudo envolto numa profusão de elementos náuticos.
Rua Félix Rocque Primeiro chamou-se Rua da Rosa, depois Travessa da Residência, pois era o caminho que conduzia direto ao Palácio e Residência dos Governadores da Capitania. O terceiro nome foi Rua da Vigia. Tornou-se “Félix Rocque” em 960, em homenagem ao grande promotor de espetáculos teatrais e musicais no arraial de Nazaré. É muito estreita, com casas de beirais e platibanda, sobressaindo-se uma delas com o modelo de camarinha – pequeno corpo elevado no edifício que constitui um pavimento superior.
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Rua Dr. Dr. Assis Assis Foi o segundo caminho a ser aberto na cidade e chamava-se Rua do Espírito Santo, em função de um destacado morador, o agricultor e plantador de cana-de-açúcar Sebastião do Espírito Santo. Era comum no período colonial que os moradores influentes denominassem logradouros públicos. O nome atual é em homenagem a Joaquim José de Assis, rico político e jornalista, fundador de diversos periódicos em Belém.
0 - greja da Sé Histórico
Praça Frei Caetano Brandão
Primeira igreja de Belém. Foi construída provisoriamente dentro do Forte do Presépio, já dedicada à Nossa Senhora das Graças. Em 69, por causa da reconstrução do forte, foi transferida para o atual Largo da Sé, numa construção precária. Cem anos depois, ao sediar a recém-criada Diocese do Pará, ganha direito e honras de sé episcopal. Em 72 72 o rei dom do m João V ordenou a construção de uma catedral, recomendando que fosse monumental. O autor da planta da igreja é desco-
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nhecido. Durante a construção da catedral, o bispado funcionou na primiti va Capela de São João Batista. As obras da catedral foram paralisadas de 76 a 766, diante de ameaça de insegurança na estrutura das paredes para receber a abóbada. Antônio José Landi tem seu nome ligado à catedral na segunda fase da construção. Quando chegou a Belém, em 75, ele encontrou a Sé em construção, com andaimes até à altura do telhado, sem torre, documentado na iconografia da cidade. O arquiteto atuou na decoração interna da igreja e na conclusão da fachada. Na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro há um conjunto de desenhos referentes à Sé - retábulo do santíssimo, planta da igreja, um corte longitudinal, guarda- vento, retábulo da capela lateral e outros pequenos detalhes. Apenas o primeiro deles está assinado por Landi mas, segundo a pesquisadora sabel Mendonça, a análise do traço e da grafia dos desenhos permitem afirmar que são do arquiteto. A construção da Sé durou 26 anos e a igreja recebeu a visita do imperador dom d om Pedro , em 876. 876. Em 882, o interior da igreja sofre uma reforma radical, ordenada
pelo bispo dom Antônio de Macedo Costa. Substituiu-se a maioria dos revestimentos originais e construiu-se um novo altar-mor, ofertado pelo bispo. Da reforma participaram diversos artistas italianos como o escultor Luca Carmini e o pintor Domenico De Angelis, além de Lottini e Silvério Caporoni. A intervenção modificou alguns elementos da identidade artística do interior da igreja, com a retirada dos retábulos do altar-mor e dos altares do cruzeiro, a substituição dos púlpitos (os atuais são de ferro) e o acréscimo de candelabros de ferro fundido. No entanto, a fachada do templo não foi desfigurada. A obra terminou em 892, quando dom Macedo Costa já não era mais bispo do Pará e sim arcebispo da Bahia. A monumentalidade da Sé foi referência no século XV. O padre João Daniel em sua obra “Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas”, escrita na prisão de Lisboa, destaca a grandiosidade da matriz, colocando-a no mesmo patamar das mais famosas igrejas do mundo, referindo-se referind o-se à sua forma, material e técnicas construtivas A Catedral Metropolitana de Belém foi tombada pelo PHAN em 94.
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Fachada
Quando Landi chegou na cidade, a igreja já estava construída até a altura da cimalha maior. Vieram prontas de Lisboa as três portadas de acesso, uma principal e duas laterais, assim como as molduras das três janelas centrais em pedra de lioz e em estilo pombalino Todo o arremate superior é atribuído a Landi : duas torres, dois pináculos e o coroamento central. No frontão do coroamento central o arquiteto arquiteto reproduz a forma de curvas e contracurvas do frontão da portada portuguesa. No nicho do coroamento existe hoje a imagem da Nossa Senhora de Belém. A fachada apresenta elementos arquitetônicos freqüentemente usados nas obras de Landi: obeliscos, curvas e contracurvas, molduras, medalhões, óculos, vasos com fogaréus e cobertura das cúpulas, imitando lajes em forma de escamas.
Praça da Sé
Primeira área urbana de Belém que surge relacionada com a religião e com a defesa. Era uma “praça das armas” e nela se abrigavam os soldados de Caldeira Castelo Branco. Lá ficavam fic avam as primitivas igrejas de Nossa Senhora das Graças e do Santo Cristo, o forte e o casario, constituindo a formação da colônia conhecida como Feliz Lusitânia. Em 74, havia na praça um pelourinho e uma polé (instrumento de tortura). Em função da catedral, a praça foi denominada de Largo da Matriz. No século XV a arquitetura do entorno da praça muda significativamente, com a interferência de Landi na reforma da fachada da catedral e a construção do Hospital Militar.
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Escultura de frei Caetano Brandão
Praça Frei Caetano Brandão
Esse religioso chegou a Belém em 78 e foi o quarto bispo do Pará.
Desenvolveu intenso trabalh trabalhoo social na cidade, dando início à Confraria da Caridade e à construção do Hospital da Santa Casa da Misericórdia (Hospital do Bom Jesus dos Pobres). Por isso foi homenageado pela municipalidade, no final do século XX, com uma estátua em bronze com pedestal em mármore. A escultura foi iniciada por De Angelis em Roma e, por causa de sua morte, concluída por E. Quattrini.
Os jesuítas A ação dos jesuítas na Amazônia começa em 652. Em 65, começa a funcionar o colégio de Belém. Eles também ajudavam a educar os membros de outras ordens religiosas aqui instaladas. A ordem defendia a liberdade dos índios, protegendo-os da exploração pelos colonos, o que colocava os jesuítas em atrito com a população de Belém. Este atrito culminou com a prisão do padre Antonio Vieira, em 66. No mesmo ano, colonos expulsaram os jesuítas de Belém e do Maranhão. Eles voltaram ao colégio, a pedido da Corte, mas a partir do incidente centra-
ram-se na catequese e no ensino. Com a ascensão de dom José ao trono de Portugal, em 750, começaria o fim do período jesuítico na Amazônia. O Marquês de Pombal combateria o grande poder da nobreza e do clero na metrópole e na colônia, com objetivo de centralizálo nas mãos do Estado e acumular o capital de que que Portugal Portugal precisava. precisava. Em 760, os jesuítas foram definitivamente expulsos do Grão-Pará e Maranhão. O Marquês de Pombal determinou que os bens materiais da companhia fossem entregues à administração do bispado.
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- greja de Santo Alexan Alexandre dre
A fachada principal mostra um corPraça Frei Caetano Brandão po central de três andares divididos em três panos, com um coroamen A igreja primitiva, construída em to em frontão de volutas, ladeado 690, teve como patrono São Fran- por torres sineiras com cúpulas bulcisco Xavier, fundador da ordem bosas. Havia cinco sinos nas duas jesuíta. Depois passou a chamar-se torres, e em uma delas, um relógio. Santo Alexandre, mesmo nome do Nos nichos do frontão apareciam colégio que era mantidos pelos je- os santos fundadores da ordem: Santo nácio de Loyola (no centro), suítas. A igreja definitiva foi construída São Francisco Xavier e São Franpela mão-de-obra indígena e em cisco de Borja. Os pavimentos são alvenaria de pedra, técnica introdu- delimitados por cimalhas, que se zida no Brasil pelos jesuítas. Este é prolongam nos corpos das torres um edifício monumental, na escala sineiras e os três panos são interdas obras jesuíticas. Santo Alexan- calados por pilastras decoradas por dre em Belém e a Sé da Bahia são molduras geométricas e rosetas. consideradas as maiores igrejas dos No térreo há três portais em pedra de lioz com frontão de volutas ainjesuítas no Brasil. É importante observar o contraste da de espírito maneirista, sobreposda fachada despojada, de grande to por janelas de sacada. simplicidade ornamental, com a Dentro da igreja existe uma inter venção de Landi na decoração da exuberância decorativa interna.
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falsa abóbada da capela-mor. É um desenho de grande simplicidade e rigor geométrico, inspirado nos tratadistas italianos, onde Landi deixa assinalada a sua formação acadêmica. Na lateral esquerda do prédio situa-se o antigo colégio jesuíta. A igreja tem tombamento federal realizado pelo PHAN, e hoje faz parte do Museu de Arte Sacra de Belém, sendo ainda palco de eventos religiosos e culturais.
2 - Colégio Santo Alexandre A primeira construção, de 65, de Armas, projeto de Landi, edifitem a fundação em pedra e cal e o cado em 762, após a expulsão da restante em taipa ta ipa de pilão. pilã o. Em 670 670 companhia do Pará. foi iniciado o prédio atual. Em fun- Com a superposição da planta de ção de várias reformas, as linhas da Landi sobre a planta do colégio fachada atual são de meados do sé- identifica-se um espaço da sala das culo XV. armas que corresponde à atual GaOs jesuítas transformaram os ín- leria Fidanza, utilizada para exposidios em técnicos dos mais diversos ções temporárias no Museu de Arte ofícios. Alguns móveis da igreja e Sacra. do colégio foram executados pelos O antigo Palácio Episcopal tampróprios jesuítas ou pelos índios bém é tombado pelo PHAN e tem, nas oficinas do colégio, destacando- desde 998, a função de Museu de se as imagens dos anjos tocheiros e Arte Sacra conjugada com o uso de o púlpito da igreja. galeria de arte, loja, cafeteria, ofiO colégio assumiu a função de en- cina de restauração e espaços para treposto geral das missões jesuítas eventos culturais. da Amazônia e de eixo da colonização lusa . Na metade do século XV, na época de expulsão dos jesuítas, o conjunto arquitetônico transformou-se em residência oficial dos bispos diocesanos. No térreo do colégio, surgiu o Armazém
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- Forte do Castelo Praça Frei Caetano Brandão
nicialmente, era um forte de madeira coberto de palha, denominado Presépio, não só porque tinha este aspecto visto da Baia do Guajará, mas também t ambém porque porque a expedição de Francisco Caldeira Castelo Branco partiu do Maranhão para Belém no dia de Natal. Este forte fazia parte da linha de defesa da cidade junto com o Forte São Pedro Nolasco e a Fortaleza de Nossa Senhora das Mercês da Barra.
Dentro do primitivo forte ergueu-se a primeira capela de Nossa Senhora das Graças. No século XV, foi reformado em taipa de pilão, por técnicos do reino e ganhou o nome de Castelo do Senhor Santo Cristo, ou simplesmente Forte do Castelo. Na década de 80 serviu de refúgio para os cabanos e foi palco de sangrentos combates. Em 850 virou quartel, acrescentando-se no seu interior diversas construções. No século XX foi desativado e ser viu como depósito e área de serviços da 8º Região Militar.
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4 - Casa das Onzes Janelas – Hospital Real Praça Frei Caetano Brandão
Histórico
O antigo Hospital Real funcionou inicialmente no Forte do Presépio. O novo prédio foi construído em 768, na propriedade proprieda de de Domingos Domi ngos da Costa Bacelar, onde havia algumas casas. Landi foi o arquiteto responsável pela obra de adaptação. Existem alguns desenhos assinados por Landi para o Hospital Real, porém, como não há descrição de como eram as casas, também não há como determinar a extensão da interferência do arquiteto.
é simetricamente composta por janelas e portas-janelas enquadradas por cunhais apilastrados. Os vãos de janelas e portas em verga reta possuem molduras com frontões retos, as janelas do piso superior têm guarda-corpos de gradis de ferro . A maioria dos traços da fachada frontal é inspirada na arquitetura portuguesa, destacando-se o guarda-corpo de gradis em ferro simplificado, elemento da arquitetura pombalina, enquanto a fachada posterior voltada para o rio tem nos dois pavimentos a assinatura italiana de Landi, com a presença de galerias em arcos denominadas de loggie.
Fachada
O corpo principal da edificação tem dois pisos. A fachada principal
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Rua Dr. Malcher Antiga Rua dos Cavaleiros, em função da presença dos irmãos comerciantes Cavaleiros, foi o terceiro caminho a ser aberto na Belém do século XV . O nome nome atual homenageia o dr. José da Gama Malcher, médico da Santa Casa de Misericórdia, presidente da província e da Câmara Municipal de Belém.
5 - Palácio e Residência dos Governadores do Grão-Pará
História Praça D. Pedro II
A primeira edificação erguida para funcionar como Palácio dos Governadores do Grão-Pará é do princípio de 75, e situava-se no Largo da Sé, esquina do Espírito Santo,
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no bairro da Cidade. Em 759, o governador do GrãoPará, Manuel Bernardo de Mello de Castro, comunica à Corte a péssima situação em que se encontrava o Palácio da Residência dos Governadores. Landi faz uma vistoria no prédio e envia à corte o primeiro projeto para o novo palácio. Esta proposta corresponde ao desenho da fachada principal e um corte transversal, apresentados em uma mesma prancha, assinada por Landi. O segundo projeto, recentemente divulgado por sabel Mendonça, corresponde a dois desenhos: a planta baixa e a fachada principal, em conjunto com um corte longitudinal do prédio. O terceiro foi solicitado pelo capitão-general Fernando da Costa de Ataíde e Teive a Landi, visando a uma monumental edificação, que deu origem à grandiosa escala que o prédio apresenta. O palácio atual é fruto desse projeto. Comparando os desenhos de 78, feitos por Codina, desenhista da expedição de Alexandre Rodrigues Ferreira, e os do terceiro projeto de Landi, percebe-se algumas diferenças entre eles, o que leva a crer que houve alterações durante a obra. O terceiro projeto de Landi foi am-
plamente documentado e divulgado. Faz parte de uma coletânea de 22 desenhos, reunidos em duplicata em dois álbuns, executados pelo arquiteto, que foram ofertados ao governador Ataíde e Teive e a dom José. São álbuns ricamente encadernados, com dedicatórias em cartelas envolvidas por desenhos ornamentais e arquitetônicos, ao gosto bolonhês. Em 768, sob a direção do mestre pedreiro Jerônimo da Silva, começaram as obras, após a compra de três edifícios contíguos, para dar espaço à edificação e seu jardim. Usou-se materiais de uma olaria criada pelo governador especialmente para a obra. Também foram usados materiais importados de Lisboa, principalmente no acabamento. O Palácio dos Governadores, considerado a maior obra civil de Landi, criou um expressivo impacto urbanístico na cidade do século XV. Sua monumentalidade sempre foi ressaltada pelos viajantes que passaram por Belém durante a colônia e o império. Alexandre Ferreira, hóspede do prédio no século XV, deixa transparecer que as dimensões do palácio eram incompatíveis incompatíveis com os recursos do governo para sua manutenção. Na primeira me-
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tade do século XX, a monumentalidade do edifício também foi observada por Robert Smith, que faz comparações entre ele e outras construções de Salvador e Rio de Janeiro. O palácio foi concluído em 77, sendo ocupado somente no ano seguinte pelo sucessor do governador Ataíde e Teive, João Pereira Caldas. No início do século XX, no governo de Augusto Montenegro, o prédio sofreu uma reforma ecletizante, que o tornou mais luxuoso, ao gosto da época da borracha. Na década de 970, passou por uma restauração, que recuperou grande parte do traçado de Landi. Arquitetura
O edifício obedece ao partido arquitetônico quitet ônico do Brasil colonial, com ocupação total dos limites frontais e laterais do lote. Nos fundos, o projeto incluía um amplo jardim como parte do conjunto da edificação. No interior do palácio há dois elementos que traduzem muito bem o traço italiano de Landi: a bela escadaria principal e um pátio interno com varanda de arcadas.
Fachadas
Principal O conjunto das fachadas do Palácio de Landi tem composição horizontal concebida como uma grande massa homogênea, estética característica da arquite arquitetura tura civil barroca. A fachada principal apresenta um corpo central de três pavimentos, coroado por frontão triangular retilíneo com o tímpano desprovido de ornamentos, e se mantém no mesmo plano dos corpos laterais. O que reforça sua horizontalidade é a presença de um conjunto de cornijas nos corpos laterais, que têm continuidade nas três outras fachadas: duas nos limites da platibanda e uma na divisa dos pavimentos. São linhas de força que imprimem ao monumento o caráter maciço como constituição de um corpo único, solidamente assentado, estilo característico das edificações setecentis tece ntista tas, s, épo época ca de sua const construç rução. ão. A presença das platibandas das fachadas é um detalhe arquite arquitetônico tônico incorporado à edificação no decorrer do século XX. A disposição rítmica das aberturas na fachada, alinhadas na horizontal e na vertical, sua largura, em conjunto com a predominância dos panos de paredes, reforçam o corpo homogêneo construtivo, bem
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como o desenvolvimento horizontal do monument monumentoo Na composição da fachada principal, no eixo central do primeiro pa vimento, três vãos de arcos abatidos formam os acessos frontais ao monumento. No segundo pavimento, há 5 janelas em arco abatido: 2 têm guarda-corpos entalados com balaústres coríntios em pedra de lioz, e os três centrais são guarnecidos por balcões com balaustradas também coríntias, em cantaria de lioz, apoiados em grandes mísulas trabalhadas com motivos clássicos, no mesmo material. O balcão central é o maior e enfatiza a marcação do eixo do edifício. No terceiro pavimento, a janela central também recebe um balcão no mesmo material, com menor profundidade. Os guarda-corpos com balaústres coríntios, balcões e mísulas, todos em pedra de lioz, são detalhes arquitetônicos importados de Lisboa pelo governador Augusto Montenegro. Os balcões tem a função de ser o espaço de apresentação dos políticos ao pov povo. o. O traço vertical da fachada principal é marcado pelo conjunto de pilastras dóricas pouco salientes, que a compartimentam em áreas, nos limites do corpo central e na
união das outras três fachadas. São as únicas pilastras do projeto de Landi que permaneceram no corpo da edificação. Todas as pilastras apresentam bossagens inseridas nas superfícies, tratamento eclético. Os vãos das três portas de entrada são revestidos de cantaria de lioz, importada de Lisboa, em conjunto com as balaustradas dos guarda-cor guarda-cor-pos entalados e balcões da fachada. Estes vãos têm vedação em grades de ferro trabalhadas em estilo neorococó, com o brasão do Estado e armas republicanas. Os símbolos ou iniciais (Estado do Pará) nas grades de ferro da fachada, mostrando a referência da propriedade, foram muito usados nas construções ecléticas. Na base do portão principal há um rótulo de metal da Casa Tony Dussieux de Paris, a mesma que forneceu o material para o reservatório de ferro de São Brás. A fachada tem ainda seis lampiões em ferro trabalhado, simetricamente posicionados, e um conjunto de condutor de águas pluviais inspirado no estilo manuelino, com braçadeiras ornamentadas. O acabamento das calçadas externas também é resultado da inter venção do início do século XX. Os pisos dos passeios são revestidos
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com mosaicos de grés amarelo, vermelho e preto, formando desenhos geométricos ornamentais. Estes mosaicos são de origem francesa, da fábric fábricaa de Po Pott Saint Maxence. Fachada posterior Esta fachada era considerada pelos estudiosos como a parte mais italiana do prédio. Foi reintegrada ao modelo do projeto de Landi, em grande parte, na restauração da década de 970, reabrindo-se as janelas de peitoril no térreo e a varanda do segundo pavimento. A varanda tem cobertura de arcadas e é fechada com guarda-corpo em grade de ferro em toda a extensão. Partindo deste pavimento, existe uma escada de ferro com guardacorpo trabalhado no mesmo material. Segundo as plantas de Belém do século XV, nos fundos do Palácio dos Governadores havia um amplo jardim que fazia parte do conjunto da edificação. Este jardim era adornado por uma cascata e foi palco de grandes recepções. Onde ele se encontrava, hoje está o Fórum.
panos de paredes. Na fachada lateral direita, destacam-se os vãos que correspondem ao acesso e à janela de iluminação da capela. Eles foram reconstituídos na restauração da década de 970. As molduras dos vãos da capela têm elementos característicos de Landi, que também são encontrados nas portadas pombalinas em lioz, importadas de Portugal, para as igrejas do Carmo, Mercês e Catedral. O historiador Antônio Baena relata que o primeiro Círio de Nazaré – realizado realiz ado em 79, 79, no governo g overno de Francisco Souza Coutinho, saiu da capela do palácio,
Fachadas laterais As fachadas fachadas laterais apresentam apresentam ritmo nas aberturas com vãos em arcos abatidos e predominância dos
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Casa da Ópera Por encomenda do governador João Pereira Caldas, Antônio José Landi fez o projeto de um teatro. A obra começou em 775 e durou cinco anos. No mapa da cidade feito em 79 por Teodósio Constantino Chermont, percebe-se que o teatro, com uma planta retangular, ficava ao lado esquerdo do Palácio dos Governadores, aproximadamente onde é hoje a Praça Felipe Patroni.
Praça Dom Pedro
É a terceira área urbana vazia a se tornar praça em Belém. Surge porque no local estavam situados o palácio do governo e os quartéis. O Largo do Palácio, como se chamou durante todo o período colonial, era um alagado, o Piri de Juçara, que delimitava os bairros da Cidade (Cidade Velha) e Campina (Comércio). O engenheiro alemão Gronsfeld, que veio para Belém junto com Landi, apresentou um plano de melhoria para a área, interligando
vários cursos d’ água, tornando-os navegáveis. O plano não foi apro vado. O que ocorreu foi a drenagem e o aterro do alagado do Piri, na primeira metade metade do século XX, XX, primeira grande obra de urbanização da cidade. Como resultado, surgiram a Praça Felipe Patroni, o edifício da Prefeitura, e parte das ruas Ângelo Custódio e 6 de Novembro. O aterro possibilitou ainda o desen volvimento do bairro da Campina e a consolidação do Largo do Palácio como espaço público. Para a praça, Landi deixou dois desenhos de arcos triunfais, um dedicado ao rei dom José e o outro a Ataíde e Teive. O projeto nunca foi executado. Com a inauguração do monumento ao General Gurjão, em 5 de agosto de 882 (data da Adesão do
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Pará à ndependência) o Largo do Palácio passou a se chamar Praça da ndependência.
Estátua do General Gurjão Praça Dom Pedro II
O general Hilário Maximiano Antunes Gurjão foi um herói paraense da guerra do Paraguai, que morreu
por ferimentos da batalha de tororó. O monumento, todo em mármore, tem 5 metros de altura e só a estátua do general, em bronze, mede três metro metross de altura. Abaixo, Abaixo, os quatro quatro leões simbolizam a força. Em outro nível existem quatro quatro outras estátuas de 2,5 m de altura que representam Valor, Lealdade, Mérito e Marte . Entre os dois níveis das estátuas observa-se diversas alegorias referentes a passagens da Guerra do Paraguai.
6 - Palácio Antônio Lemos
Praça Dom Pedro II
A obra começou na década de 860, sofreu várias interrupçõ interrupções es e foi concluída somente em 885. Foi projetado por José Coelho da Gama e Abreu para ser a sede do Prefeitura Prefeitu ra e da Câmara Municipal. Durante a gestão do intendente Antônio Lemos, no início do século XX, o edifício passou por uma reformaa ecletizante, acrescentandoreform se revestimentos de piso, paredes e
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substituição de forros, além de mobiliário. nternamente, chama a atenção uma escadaria de mármore em lances. Tem também uma pinacoteca onde se destacam os quadros pintados a óleo “ Os últimos dias de Carlos Gomes” de Domenico de Angelis e Giovannni Capranesi e “Fundação da Cidade de Belém” de Theodoro Braga. Em 97, na administração de Nélio Lobato, Lobato, o prédio prédio recebeu recebeu os restos mortais de Lemos, falecido em 9 no Rio de Janeiro. No inicio de 990 entrou em restauro, concluído em 994, com a instalação do Museu de Arte de Belém e o gabinete da prefeitura. É tombado pelo PHAN, desde 942.
da fachada é feita por pilastras no primeiro pavimento e colunas no segundo. Todos os vãos externos, emoldurados em massa, são em arco pleno, alinhados na horizontal e na vertical. No pavimento superior há portas-janelas com sacadas isoladas com guarda-corpos de ferro. No térreo, os vãos são janelas de peitoril. As fachadas laterais apresentam o mesmo tipo de composição: ritmo nas aberturas com vãos em arco pleno e o mesmo padrão de acabamento da fachada frontal. A fachada posterior tem a mesma composição dos vãos das outras fachadas, com um pórtico central destacado, menos profundo que o da fachada frontal.
Arquitetura
O edifício é de estilo império brasileiro e utiliza-se do repertório trazido pela Missão Francesa, coordenada por Grandjean de Montigny, que introduziu o neoclássico no Brasil. A cobertura é coroada por três frontões triangulares. A fachada principal é simétrica, tripartida, e marcada por um pórtico central destacado, com um terraço. A marcação vertical da composição
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Comparação Com paração entre os dois palácios Uma comparação entre os palácios de Landi, prédio do século XV, e o Antonio Lemos, do século XX, permite observar algumas diferenças: diferenças: - Abertura dos vãos em relação aos panos de paredes: no Palácio de Landi, a parede predomina em relação aos vãos e no Palácio Antonio Lemos há equilíbrio entre os vãos e panos de paredes; - Altura do pé direito dos pavimentos observando-se as molduras dos vãos: embora esteja assentado em uma base elevada, o Palácio de Landi tem pé direito reduzido em relação ao Palácio Antonio Lemos; - Movimento de fachada: o Palácio Antonio Lemos apresenta colunas e pórticos destacados nas fach fachadas adas,, já no Palácio de Landi o dest de staq aque ue de pl plaa no d a fa fach chaa da é feito pelas sacadas, introduzidas no século XX. Na fachada fachada posterior,, entretanto, existe o destaque da escada de ferro, elemen posterior to de composição italiana introduzido i ntroduzido por Landi.
7 - nstituto Histórico e Geográfico - Solar Barão do Guajará Histórico
Rua Tomázia Perdigão, na Praça Dom Pedro II
O Solar do Barão de Guajará- o historiador Domingos Antonio Raiol - vai completar quase 200 anos mas ainda não se descobriu a data exata da construção O barão herdou o prédio pelo casamento com a sobrinha do Visconde de Arari e tornaram-se, ele e a família, os últimos moradores do
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solar . O prédio, dividido em três pavimentos e um mirante, abrigava alcova, quartos, salas, biblioteca, pátio e pequen pequenos os cubículos no térreo, usados como cárcere de escravos. Enquanto pertenceu ao Barão de Guajará, o solar sofreu várias modificações. Desapareceram as cavalariças e a capela. Parte do terreno dos fundos foi vendida, mas restaram os móveis do visconde e do barão e também os mais de mil livros de Raiol, guardados ainda nas bonitas estantes em jacarandá, obra de marcenaria portuguesa. Domingos Antônio Raiol morreu na casa, em 27 27 de outubro de 9 92, com 82 anos. Em 942, o prefeito Abelardo Leão Condurú adquiriu, do herdeiro Pedro Raiol, o prédio, os móveis e a biblioteca, que foram doados em 944 pelo prefeito Alberto Engelhard ao nstituto Histórico e Geográfico do Pará. O Solar do Barão de Guajará é tombado pelo PHAN desde 94.
com distribuição simples: o térreo é reservado para serviços, lojas e dependências de empregados, enquanto os pavimentos elevados eram reservados para a família. O Solar do Barão enquadra-se nesta tipologia, com um acréscimo do pátio interno descoberto, comum nas edificações rurais, podendo-se considerá-lo uma influência moura na arquitetura ibérica, transplantada para Belém. Com a planta bem resolvida, esse pátio deixa clara a preocupação com o conforto ambiental, permitindo, em conjunto com as sacadas na fachada, a ligação interior e exterior em quase todos os compartimentos. O prédio não tem recuo, avança sobre os limites laterais e sobre o alinhamento da rua, implantação tradicional da arquite arquitetura tura colonial. Na segunda metade do século XX, a edificação foi reformada, com incorporação de materiais e técnicas disponíveis pela crescente industrialização, como as esquadrias de venezianas com vidros e os conduArquitetura tores de água da chuva, fabricados A tipologia arquitetônica urbana em ferro. que predominava no início do sé- O terceiro pavimento, mais estreito culo XX em Belém, era de casas que os inferiores, fica no meio da pequenas e térreas. Por isso desta- fachada e tem origem no mirante cavam-se os solares, edificações as- e camarinhas comuns nas construsobradadas, de grandes dimensões, ções do Brasil Colonial.
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As janelas rasgadas do segundo pa vimento abrem-se para sacadas isoladas com guarda-corpos de ferro trabalhado em singelas curvaturas românticas. A correspondente ao vão central, é a maior e tem guardacorpo curvo com monograma inserido no centro, hábito das famílias de individualizarem os prédios. A fachada é revestida por azulejos portugueses decorados em azul e branco. Não se sabe de quando datam, mas é certo que são posteriores à construção do prédio. Segundo o professorr português professo por tuguês Santos Simões, não há elementos que permitam testemunhar uma fabricação de azulejos deste tipo em Portugal an-
tes de 850. A professora professor a Paula PorPortela informa que o Solar do Barão de Guajará é a fachada azulejada mais antiga de Belém. Merece destaque o condutor de águas pluviais em ferro, ricamente decorado com motivos zoomórficos e braçadeiras trabalhadas, fazendo arremate nas extremidades da fachada. O contraste com o condutor do vizinho à direita denuncia a posição social do proprietário. Os beirais lateral e posterior do segundo e terceiro pavimentos são forrados de madeira com cachorros aparentes trabalhados.
Rua Dona Tomáz omázia ia Perdigã erdigãoo O nome original, lharga do Palácio, foi alterado em 895 para Tomázia Perdigão, mãe de duas figuras destacadas da Câmara Municipal no agitado período da Cabanagem.
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Largo de São João Também conhecido como Praça República do Líbano, porque muitas famílias libanesas moram na área. Quando restaurou a Capela de São João, o PHAN instalou na praça um obelisco em forma de agulha, forma empregada por Landi nos riscos de seus projetos e desenhos, conforme se observa no frontão da catedral.
8 - Cinema Universal Largo de São João
o Cinema Guarani. Por muito tempo foi depósito do Supermercado São João. Espacialmente, lembrava o Cinema Olímpia: a tela ficava no inicio do salão, de costas para o acesso principal. A fachada, com inspiração art déco, apresenta composição simétrica Edificado na década de 940, era com elementos verticais de forte explorado pela empresa Cardoso expressividade. O escalonamento, e Lopes (dona dos cinemas Mod- característica marcante do estilo, é erno, ndependência e Rex, depois encontrado no perfil do coroamen Vitória, na Pedreira). Fechou pri- to da fachada e na moldura da abermeiro que o vizinho e concorrente, tura central que ilumina o interior.
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9 - Capela de São João Batista Largo de São João
Histórico
A construção da primeira capela dedicada a São João Batista, em taipa de pilão e coberta de palha, começou provavelmente em 622. Em 66, a capela serviu de prisão para o jesuíta padre Antônio Vieira. Em 686, a primitiva capela foi demolida, em função do avançado estado de deterioração. Uma segunda igreja foi construída em seu lugar, também em taipa, e resistiu por quase um século. Em 79, quando foi criado o Bispado do Pará, a greja de Nossa Senhora das Graças foi elevada à condição de catedral de Belém, porém, como estava em ruínas, as funções religiosas foram transferidas para a Capela de São João Batista em 724, quando terminaram as obras da Sé. A igreja atual é a terceira edificada,
sempre no mesmo local, e data da década de 8 870. 70. Foi projetada por Landi, que desenhou a planta bai xa, fachada principal e um corte e a composição da pintura de quadratura para o retábulo da capela-mor. capela-mor. O historiador da arte francês Germain Bazin considera esta capela a obra prima de Landi. O monumento foi tombado pelo PHAN em 94. Interior
A capela tem como singularidades a nave em formato octogonal irregular coberta por cúpula, contida num quadrado, assim como as pinturas de quadratura nos acabamentos dos retábulos. A nave tem altares laterais na paredes maiores, e vãos menos profundos nas paredes menores. Nas paredes, as pilastras duplas chegam até o coroamento da cimalha. Na cúpula de perfil octogonal que cobre a nave quatro janelas auxiliam na iluminação interna. A capela-mor, inscrita num quadrado junto à nave, une-se à ela por
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um arco triunfal e é coberta por nos laterais telas pintadas pelo lisuma abóbada. boeta Pedro Pedro Alexandrino de CarvaCar vaEm meados do século XX o interior lho, com molduras desenhadas por foi bastante alterado, com a instala- Landi. ção de altares de madeira em estilo neogótico encobrindo as originais Fachadas pinturas em perspectiva dos retábu- A fachada frontal é dividida por cilos. A estas pinturas chama-se “pin- malhas em dois pavimentos e arreturas de quadratura”, que repre- matada por um frontão triangular. sentam retábulos fictícios pintados O pavimento inferior é delimitado em perspectivas. Foram resgatadas lateralmente por pares de colunas. na restauração feita na década de No pavimento superior a fachada é 990, com a retirada dos altares de delimitada por duas pilastras. Somadeira. bre o frontão observa-se dois piná A composição de quadratura do culos nas extremidades e a cruz no altar-mor cobre toda a parede do vértice. fundo até a abóbada. Nessas pintu- No eixo da fachada estão alinhadas ras inclui-se a ilusão de vãos, ante- a porta principal e uma janela que cedidos por balaustradas, tribunas, corresponde ao coro. A moldura da vasos floridos, f loridos, aletas e volutas entre entre porta é ornada por volutas invertioutros elementos. As pinturas são das e um frontão contracurvado. A em rosa e verde, imitando mármo- janela apresenta frontão de perfil re. de pagode. No tímpano do frontão Os mesmos elementos arquitetôni- da porta observa-se uma escultura cos se repetem nas capelas laterais, representando o Cordeiro do Divimas com muito mais simplicidade. no apoiado em um pedestal e no As telas estão enquadradas num tímpano do frontão da janela uma retábulo de pintura de quadratura, concha. onde se destaca a ilusão de colunas O pequeno campanário na lateral e vasos floridos. Essas telas datam direita e o anexo ao fundo do préde 772 e representam a pregação e dio não estavam previstos no proa decapitação de São João Batista. jeto de Landi e surgiram posteriorLeandro Tocantins informa que mente. em 88, nos moldes das igrejas italianas, existiam no altar-mor e
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20 - Casa do poeta Bruno B runo de Menezes
Rua João Diogo
O poeta Bruno de Menezes foi membro da Academia Paraense de Letras e propagou o modernismo no Pará através de sua revista “Belém Nova”. Sua casa, onde hoje moram as filhas, é uma edificação eclética com características das construções da transição do século
XX ao XX. A fachada mantém o alinhamento frontal e lateral do lote com a composição de “meia-morada” (uma porta e duas janelas). No embasamento, observa-se o óculo do porão baixo, que tinha a função de arejar e protegerr da umidade do solo o piso protege do primeiro pavimento, técnica de conforto ambiental introduzida no final do século XX. As janelas da fachada em arco pleno são vedadas por esquadrias de madeira e vidro. A bandeira da porta port a e o guarda-corpo das janelas são grades de ferro trabalhado. A platibanda é composta por painéis, intercalando com balaústres de alvenaria, e marcada na base por expressiva cimalha.
2 - Cinema Guarani Rua João Diogo
Construído no início da década de 940, foi explorado pela empresa Teixeira e Martins depois Cinematográfica Paraense Ltda. e finalmente, depois de 946, por
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Luís Severiano Ribeiro, também proprietário dos cinemas Olímpia, racema, Poeira, Popular, Íris e São João. Era um cinema de bairro e inicialmente só fazia uma sessão às 20 horas nos dias de semana. Aos sábados, domingos e feriados havia vesperais. A sala era pequena, com poltronas de madeiras e ventiladores laterais. No século passado, o Guarani foi vendido para o Banco Sul Brasileiro. Hoje é ocupado pelo Ministério
Público. É um prédio com fachada simétrica em art déco. A decoração no corpo da platibanda tem linhas e planos verticais e horizontais fortemente definidos e contrastados. No alto da platibanda há um recorte em escalonamento e uma marquise de concreto.
Praça Felipe Patroni Grande constitucionalista, criou “O Paraen Paraense”, se”, primeiro jornal do Estado.
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22 - Estação do Bonde
Esquina da Avenida Portugal com a Rua Senador Manoel Barata
Construída no local de um sobrado de transição dos séculos XX e XX, incendiado em 2002. A área foi desapropriada pela prefeitura, que ergueu um prédio contemporâneo com o acesso na face chanfrada da fachada. O último módulo da fachada da Avenida Portugal, remanescente da construção original, foi restaurado e integrado ao novo prédio.
Campina / Treze Treze de Maio O bairro da Campina surgiu a partir do caminho que ligava o alagado do Pirí à igreja e convento da Ordem de Santo Antônio. Neste caminho se estabeleceu o comércio, na Rua dos Mercadores Mercadores,, depois Rua da Cadeia, e hoje Rua João Alfredo. Esses nomes foram dados para o trecho entre Avenida Portugal e o Largo das Mercês. Do largo até o convento de Santo Antônio, o nome da rua sempre foi Santo Antônio. A partir da Rua dos Mercadores surgiram paralelas e transversais,
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como a Rua da Paixão, depois de- mada, na sua maioria, no final do nominada Rua Formosa e atual- século XX e início do XX. São mente de Maio, primeira rua a construções sólidas, de altura conter calçadas na cidade. A denomi- siderável. Na grande maioria dos nação homenageia a data em que edifícios a cobertura se esconde por as tropas da legalidade tomaram trás de altas platibandas, às vezes reBelém, que estava em poder dos matadas com frontões. Observa-se cabanos. Nesta rua ficava a casa de na fachada a intensificação do uso Eduardo Angelim, principal chefe de azulejos e ornamentação com cabano. elementos em estuque, prática co A urbanização dessa área seguia o mum do ecletismo. ecletismo. As ruas ruas foram foram padrão do bairro da Cidade. Em pavimentadas com paralelepípedos meados do século XX, a Rua dos e as calçadas com pedras de lioz. Mercadores se consolidou como A cantaria de lioz das calçadas centro da zona comercial. e praças públicas de Belém foi A fisionomia atual do bairro do tombada pelo Departamento de Comércio é composta por uma Patrimônio Histórico, Artístico e arquitetura construída ou refor- Cultural Cultural-- DPHAC, em 98 98
2 - Arquivo Público Tv. Campos Sales entre a rua Senador Tv. Manoel Barata e a Rua 13 de Maio
Histórico
O Arquivo Público do Estado do Pará foi criado em 894, com o objetivo de organizar o acervo de do-
cumentos históricos referentes aos Estados do Grão-Pará, Maranhão e Rio Negro. A partir de 90, a Biblioteca Pública foi oficialmente incorporada, passando a instituição a ser denominada de Biblioteca e Arquivo Público. Em 986, com a inauguração do Centro Cultural Tancredo Neves – Centur, o acervo da biblioteca foi transferido para o novo prédio, e o
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antigo passou a ser ocupado exclusivamente pelo Arquivo Arquivo Público. O prédio foi tombado pelo DPHAC, em 982 Arquitetura
O edifício eclético, com predominância das linhas neoclássicas, tem traços comuns aos prédios institucionais do Brasil deste período. A fachada principal tripartida é marcada no eixo central por frontão triangular retilíneo e escadaria em cantaria canta ria de lioz. No interior, as esbeltas colunas de ferro do salão principal fazem conjunto com as estantes de ferro trabalhadas.
Rua Campos Sales Era conhecida como a Travessa do Passinho, por causa de um pequeno santuário anterior à Capela do Passinho, que durante a Semana Santa servia para os atos religiosos. O novo nome é em homenagem ao dr. Manuel Ferraz de Campo Sales, presidente da República de 898 a 902, grande restaurador das finanças do país.
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24 - Capela do Passinho – Capela Pombo
Tv. Campos Sales entre a rua Senador Tv. Manoel Barata e a Rua 13 de Maio
Histórico
Santana. Um dos nomes conhecidos da capela foi à ela associado porqu porquee abrigou uma imagem do Senhor dos Passos; já a outra denominação está ligada ao nome do proprietário. No período imperial, era na que os bispos se paramentavam para as cerimônias de posse realizadas na catedral. A capela nunca teve tombamento isolado, e o sobrado já há algumas décadas foi descaracterizado para abrigar uma loja. No entanto, o conjunto está situado na área do Centro Histórico de Belém, tombado pela legislação municipal.
Em 784, Alexandre Rodrigues Ferreira registra esta capela entre os oratórios públicos da cidade. É atribuída a Landi por Donato Mello Junior, devido à semelhança dos traços com outras obras dele, mas ainda não foi localizado o projeto Arquitetura A fachada da capela é enquadrada original. A capela foi construída por enco- por duas pilastras com pedestais. menda de um rico senhor de enge- No eixo da fachada há uma porta nho, Ambrósio Henriques da Silva coroada por um frontão triangular, Pombo, fazendo parte do sobrado apoiado em mísulas em forma de volutas, vistas de frente e de lado; contíguo, onde ele morava. Silva Pombo foi amigo e vizinho de sobre a entrada há uma janela com Landi. Tinham em comum a de- sacada de balaústres. No alto da ca voção à Santa Ana Ana e ambos cola- pela encontra-se segmento de fronboraram na construção da greja de tões que servem de apoio a dois va-
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sos de fogaréus. nforma a história oral que a capela possuía uma pequena torre que foi destruída por um raio. O corpo da capela está associado ao sobrado, que tinha revestimento de azulejos portugueses de 890 nas fachadas, restando apenas os do segundo pavimento. paviment o. A fachada do sobrado sobrado tem uma cimalha cimalha que se conjuga conjuga perfeitamente com a da capela.
Rua Manoel Manoel Barata Barata Chamava-se Rua Nova de Santa Ana. O novo nome homenageia Manoel de Melo Cardoso Barata, advogado, jornalista e um dos mais destacados historiadores paraenses, falecido em 870.
25 - Grêmio Literário e Recreativo Português Rua Senador Manoel Barata
O Grêmio Literário Português foi fundado em 867. Tem uma excelente biblioteca, que muito contribuiu no campo do ensino comercial.
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É uma edificação eclética de escala arquitetônica expressiva. Como características do estilo destacamse a presença de três pavimentos com pés direitos diferenciados, reduzindo-se na medida em que se superpõem; a fachada com tratamento curvo na esquina rematada por frontão; presença de outro
frontão no eixo do acesso principal que identifica a edificação; vãos de janelas guarnecidos por guardacorpos em balaústres de alvenaria; presença, no segundo pavimento, de uma águia de ferro que sustenta uma luminária. Um escudo português identifica a propriedade, no coroamento do acesso principal.
Praça Maranhão
Era conhecido como Largo de Santa Ana. Foi rebatizado em homenagem ao Maranhão, que na época colonial formou com o Pará uma unidade administrativa independente do governo geral do Brasil, o
Estado do Grão-Pará e Maranhão. O monumento da praça remete à catequese, representando o padre jesuíta José de Anchieta e um índio. Este monumento foi instalado como homenagem da Prefeitura de Belém ao V Congresso Eucarístico Nacional, que aconteceu em Belém em agosto de 95.
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26 - greja de Santana Rua Padre Prudêncio entre a rua Senador Manoel Barata e a rua 28 de Setembro
Histórico
Projetada e construída por Antônio José Landi, teve a pedra fundamental lançada em 760, mas só começou a ser construída em junho de 762, por falta de recursos, rec ursos, que pro vocaria ainda várias interrupções. A obra recebia doações de particulares, entre os quais o governador, o capitão Ambrósio Henriques, e o próprio Landi. A inauguração inaugura ção foi em 2 de fevereiro de 782, 20 anos após o início da construção. Em 78, Landi era juiz da rmandade do Santíssimo Sacramento.
Nessa época ofereceu à greja de Santana um relicário que pertencera a Giacopo Landi. O relicário de prata é barroco, com uma partícula de um osso de Santana. Donato Mello Júnior informa i nforma que a relíquia foi doada ao antepassado de Landi em 669, havendo inclusive documentação de sua autenticidade. Apesar das modificações sofridas, a greja de Santana continua sendo uma referência da época de sua construção. Possui um acervo rico, inclusive telas do pintor Pedro Ale xandrino de Carvalho datadas de 778 e uma imagem de São Pedro toda em bronze. Era a igreja preferida para as solenidades religiosas que antecediam a posse dos presidentes da Província no período imperial e também guardaria o túmulo de seu arquiteto, embora não se saiba o lugar exato. A igreja foi tombada pelo PHAN em 962. Arquitetura
Landi deixou cinco desenhos da igreja de Santana - planta, fachada,
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dois cortes e um detalhe do sacrá- A fachada atual mostra três áreas de rio da capela-mor. Segundo sabel parede subindo em dois pavimenMendonça, a igreja construída não tos. A central coroada por frontão segue fielmente os projetos. A for- triangular triangular,, e as duas laterais apoianma dos frontões, as ordens utili- do as torres sineiras. Os dois pavizadas e as proporções de nichos e mentos são separados por cimalhas retábulos foram alteradas. e as três áreas são delimitadas por Na greja de Santana, Landi utili- colunas e pilastras. No eixo da área zou planta centralizada, com uma central destaca-se o acesso principal nave em forma de cruz grega. ladeado por colunas superpostas, Durante o período imperial, em característica cenográfica do traça840, duas torres sineiras não pro- do do arquiteto arquiteto italiano. Esta porta port a jetadas por ele foram acrescentadas principal é coroada por frontão em à igreja, sendo essa uma mudança arco e segue o projeto original de brusca no traço italiano da edifica- Landi. A janela que corresponde ção. O argumento utilizado foi que ao coro é enquadrada por um arco a composição ficaria mais de acor- sobreposto às pilastras e colunas indo com a tradição portuguesa. A feriores e ladeado por duas urnas. fachada principal foi bastante mo- No coroamento do corpo central, dificada com as torres, rematadas um frontão triangular retilíneo é por balaustradas, que esconderam rematado por uma cruz de ferro. a cúpula, os braços da nave e as colunas laterais do projeto original.
Rua Padre Padre Prudêncio Prudêncio Primeiro foi chamada de Travessa da Misericórdia, por conduzir ao sítio onde ficavam a Casa e greja da Misericórdia.Depois, tornou-se Rua do Landi, pois o arquiteto morava nela. O nome atual homenageia Prudêncio José das Mercês Tavares, deputad dep utadoo e coma comanda mandante ndant ntee das tropas tropa tr opass legalistas contra os cabanos.
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27 - greja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos Rua Padre Prudêncio
Não se sabe a data da construção da igreja primitiva, mas é certo cer to que, em 725, foi demolida para dar lugar à outra que abrigasse melhor os fiéis. A edificação da primeira metade do século XV era pequena, de taipa e com três altares apenas, decorados com papéis pintados. Era sede
da rmandade do Santíssimo Sacramento da Campina e da freguesia da Campina. Em 760, Santana foi projetada para servir de sede à irmandade e de igreja paroquial. Apenas em 820 inicia-se a construção do templo atual, que foi muito lenta. Em 848, pelo relato do viajante inglês Henry Walter Bates, os negros trabalhavam nela à noite, após uma longa jornada diurna. No ano seguinte, Bates observou que o interior da igreja já estava concluído. Não há provas documentais de que Landi fez projeto para a greja do Rosário, embora verifique-se influência de seu traço nos retábulos do altar-mor e laterais, e na volumetria da fachada. Foi tombada pelo PHAN em 950
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Rua Santo Antônio Era o tradicional caminho que le vava à greja de Santo Antônio, construída pelos franciscanos no século XV .
Rua Leão X Antiga Travessa da ndústria. O município deu-lhe a denominação atual em 88, em homenagem ao papa Leão X, X , eleito em 878, 878, por ter franqueado aos historiadores os arquivos e a Biblioteca do Vaticano. Nesta rua há um conjunto de edificações de escala harmoniosa. Muitas estão abandonadas ou desocupadas. Destacam-se as edificações azulejadas e os guarda-corpos em ferro trabalhados.
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28 - Paris N`América Rua Santo Antônio entre Barão de Guajarà e Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)
Histórico
De propriedade do comerciante português Francisco de Castro, a primeira loja ficava na quadra em frente, estendendo-se da Santo Antônio à Treze de Maio. Abrangendo as duas esquinas, era conhecida como o “Canto do Paris n`América”. Existe uma valsa intitulada “O Canto do Paris n`América” de 890, composta para os clientes pelo maestro francês André Messager, provavelmente por encomenda do proprietário Francisco de Castro,
que viajava regulamente a Paris. O atual edifício da loja Paris N`América foi inaugurado em 909. O dono trouxe da Europa todos os projetos, assim como o material de construção, e contratou mestre-de-obras e engenheiros portugueses que participaram da construção do Mercado de Peixe do Ver-o-Peso. O prédio é um dos mais significativos exemplos da arquitetura fruto da economia da borracha, que valorizou e desenvolveu o bairro comercial. No início, a loja vendia roupas masculinas e femininas e também artigos para presente. Os tecidos não ficavam expostos, eram armazenados em grandes estantes, para evitar a poeira, e os fregueses faziam suas escolhas através de mostruário. Hoje o térreo é uma loja de tecidos. No andar superior morava a família do antigo proprietário, com acesso reservado pela fachada lateral. Hoje ali funciona a administração das lojas Bechara Mattar, família proprie-
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tária do Paris n´América. O prédio está na área do Centro Histórico, tombado pela legislação municipal e inscrito na categoria de Preservação ntegral. Arquitetura
O prédio foi construído para uso misto, comércio e residência, em quatro pavimentos, ocupando todos os limites do lote. É considerado um dos mais importantes exemplares do ecletismo paraense, que concilia técnicas e tendências estilísticas com o gosto e luxo refinado da época da borracha. A loja é inspirada nas casas comerciais parisienses e representou para Belém o que as Galerias Lafayette representaram para Paris. Na fachada destacam-se pilastras em alvenaria revestidas em pedra de lioz, com embasamentos e capi-
téis trabalhados em formas diferentes nos dois pavimentos; mísulas em pedra de cantaria que sustentam a sacada e servem de apoio à platibanda; janelas com vidros em cristal belga, gravados com o monograma FC ( Francisco de Castro), envolvido em motivos florais; condutores e receptores de águas plu viais em ferro trabalhados. No alto do prédio há mansardas com cobertura de ardósia, torreão com relógio e mirante, melhor observados pela fachada lateral. As mansardas abrigavam as dependências dos empre empregados. gados. Entre os elaborados acabamentos do interior destacam-se a bela escadaria de ferro fundido em art nouveau e o piso decorado em lajota hidráulica alemã, como se fosse um tapete revestindo revestindo toda a área da loja.
Praça Barão do Guajará Era chamado de Largo da Misericórdia, por ser área fronteira à greja e à Casa da Misericórdia. O nome atual homenageia o barão do Guajará, Domingos Antonio Raiol, autor da obra “Motins Políticos”, sobre a Cabanagem.
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29 - Foto Fidanza Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)
a firma Huebner e Amaral, que nele instalou a Photografia Allemã, que funcionou funcio nou até 9 90. 0. Arquitetura
Histórico
Felipe Augusto Fidanza foi um dos mais importantes fotógrafos em atividade no final do século XX e início do XX. Chegou a Belém em 867, 86 7, junto com a comitiva c omitiva de dom d om Pedro , que veio ao Pará para a solenidade da abertura dos portos da Amazônia ao comércio exterior. exterior. O Largo das Mercês foi o primeiro endereço do ateliê fotográfico de Fidanza, em 868. Dedicou-se ao retrato e à documentação urbana. Em 904, o fotógrafo morreu. Em 906, a viúva vendeu o prédio para
É uma edificação de implantação colonial com alinhamento nos limites do lote. O piso térreo foi descaracterizado para instalação de lojas. No segundo pavimento, que ainda preserva as características arquitetôarquitetônicas originais, possui vãos de arco abatido com molduras simplificadas, sem ornamentos, característica das edificações coloniais. Como elemento do século XX destacamse as sacadas em forma de balcões com guarda-corpo de ferro trabalhado e a platibanda com painéis, rematada por cimalha.
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0 - Residência atribuída a Landi
Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)
Landi projetou alguns sobrados construídos na segunda metade do século XV para ricos proprietários do Pará. Alexandre Rodrigues Ferreira deixou referências destes sobrados, mandando reproduzir em desenho os mais significativos. Três fachadas desenhadas por Codina chegaram até nós.
A propriedade de Manuel Raimundo Alves da Cunha foi mencionada por Alexandre Rodrigues Ferreira, que a destacava entre as casas modernas da cidade. Era a maior das residências urbanas projetadas por Landi. O pavimento térreo foi completamente adulterado pela instalação de lojas. O pavimento superior mantém ainda nas janelas as molduras e frontões característicos de Landi, embora tenham desaparecido os gradís do guarda-corpo. Uma janela se destaca, com frontão triangular e pilastras laterais, com traços característicos de Landi. Uma platibanda, acrescentada no século XX, percorre as duas fachadas, sobrepondo-se à cimalha.
Praça Visconde do Rio Branco Denominada Largo das Mercês durante o período colonial. Era um pequeno descampado sem urbanização, no encontro enc ontro da Rua dos Mercadores com a Rua Santo Antônio. Em 88, 88, foi ajardinada e protegida com gradís de ferro. O monumento central a José da Gama Malcher
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foi erguido em 890. No início do século XX, Antônio Lemos embelezou a praça, retirando o gradil, valorizando os canteiros, ornados por espécies vegetais valiosas, e ressaltando sua funcionalidade com a implantação implantaç ão de quiosques de venda venda de produtos diversos. O Visconde do Rio Branco foi deputado, senador, ministro de es-
tado e presidente da província do Rio de Janeiro. Esta praça também teve o nome do Visconde de Mauá, gaúcho e grande comerciante, um dos homens mais ricos do Brasil na segunda metade do século XX. O conjunto da praça, ruas e calçadas foi tombado pelo DPHAC em 988.
Monumento ao dr. José da Gama Malcher
Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)
Nascido em Monte Alegre, Gama Malcher foi presidente da província e da Câmara Municipal e era médico da Santa Casa da Misericórdia, onde se mostrou um profissional filantrópico. O monumento foi inaugurado pela prefeitura em 890. A ata da solenidade está na biblioteca do Barão do Guajará, no nstituto Histórico e Geográfico e uma cópia está guardada na base do monumento. O monumento é em bronze com pedestal de pedra e foi executado pelo escultor belga Armand-Pierre Cattier. Na base há uma figura que representa o povo, esculpindo na pedra o nome do homenageado.
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- Conjunto de sobrados das Mercês
Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)
Conjunto de edificações ecléticas construídas em harmonia de escala, com destaque para os acabamentos diferenciados das esquinas: um abaulado e o outro facetado. Predominam as linhas neoclássicas, que podem ser identificadas pelas platibandas ornamentadas; revestimento de azulejos; vãos de verga reta combinados com vãos de arco ple-
no nos dois pavimentos; frontões ou ornamentos coroando as vergas do pavimento superior e sacadas com guarda-corpo de ferro trabalhado e de alvenaria. Os enquadramentos dos vãos do pavimento térreo são mais simples, por se tratar de espaços destinados a serviços, ao contrário do segundo pavimento, na maioria das vezes ocupado por residências do proprietário ou comerciante. Neste conjunto destaca-se o prédio ocupado desde 2005 pela FotoAtiva, associação de fotógrafos paraenses, onde o Escritório Modelo do Curso de Arquitetura da Universidade Federal do Pará está realizando um estudo exaustivo da tipologia original, para um projeto de restauro.
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2 - greja das Mercês Praça Visconde do Rio Branco (Praça das Mercês)
Histórico
A ordem dos mercedários chegou a Belém em 69, com a expedição de Pedro Teixeira, e logo começou a levantar seu convento. Essa primeira construção, apesar de ser de taipa de pilão e coberta de palha, resistiu mais de um século A igreja atual começou a ser construída em 748 e foi foi inaugurad inaugu radaa em 76. Não foram localizadas as plantas originais da greja das Mercês. sabel Mendonça atribui a Landi somente os púlpitos e dois retábulos de capelas, pela afinidade com outras obras do arquiteto. Ela discorda, portanto, da afirmação feita por Robert Smith de que o italiano teria projetado a igreja. A historiadora Myriam Ribeiro defende que Landi teria concluído a zona superior das torres, além de ter anexado o frontão contracurvado à frontaria cur vilínea da igreja. O crítico de arte
Mário Barata concorda que Landi tenha participado na cobertura das torres, atribuindo-lhe ainda a concepção espacial do coro, bem como o tratamento plástico no interior da igreja. O edifício das Mercês é o único de Belém e um dos poucos do Brasil que apresenta a frontaria em perfil convexo, podendo-se destacar com a mesma característica as igrejas do Rosário de Ouro Preto, São Pedro dos Clérigos de Mariana e São Pedro dos Clérigos do Rio de Janeiro. Em 794, os mercedários foram definitivamente expulsos do Pará e seus bens incorporados à Coroa. Em 796, 796, um quartel quar tel e a Alfândega Alfân dega foram instalados no local do extinto convento e esta última ainda se encontra lá. Durante a Cabanagem, funcionou ali o trem de guerra. O tombamento foi realizado pelo PHAN em 94 94. . Houve um incêninc êndio em 978 e muitas características do convento foram perdidas, porém a igreja foi pouco afetada. A ultima restauração foi feita em 987.
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Hoje é sede da Secretaria do Patrimônio da União, da nspetoria da Receita Federal no Porto de Belém e outras repartições fazendárias. Arquitetura
Na fachada ressalta-se o corpo central, convexo, enquadrado por duas pilastras em relevo que se prolongam até o frontão mistilíneo. Ladeando este corpo curvado, as duas torres surgem recuadas, coroadas por frontões triangulares, com cúpulas bulbosas e vazadas por óculos. No corpo central há três portais e três janelas, e um óculo no tímpano do frontão, sendo as torres também vazadas por janelas. A porta principal tem uma moldura pombalina em pedra de lioz, assemelhando-se à portada da Sé. Sé. As outras duas molduras pombalinas das portas laterais são do mesmo material. Destaca-se outra semelhança com a greja da Sé: o coroamento da porta principal serve de inspiração para a forma do frontão contracurvado de remate do templo. Interior
gal: nave única ladeada por capelas apenas inscritas na espessura da parede e por duas capelas profundas no transepto. A capela-mor é mais estreita e profunda do que a nave principal. Só a fachada convexa não é muito freqüente em Portugal. O retábulo do altar-mor lembra o esquema compositivo do retábulo do transepto do Carmo e do altarmor da greja de Santana, de autoria de Landi. O retábulo da capela de adoração revela também influências de Landi, mas aqui o tratamento é bem mais elaborado que no retábulo da capela-mor. Os dois púlpitos têm traços de afinidade com outras obras de Landi, pelo esquema de composição idêntico aos púlpitos desenhados para a greja da Sé. Convento
A fachada do convento, em dois pisos é compartimentada por pilastras. Segundo sabel Mendonça, a antiga portada, ainda visível no desenho de Codina, veio de Portugal e era mais elaborada que a da igreja.
A igreja tem planta em nave única, antecedida de um coro com cobertura de abóbadas de aresta. A planta baixa desta igreja segue uma tipologia comum em Portu-
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Glossário
pedras de pedras, talhadas uma a uma, de forma que a se ajustarem umas nas outras sem necessidade de material ligante. • Capitel – parte superior de pilastras, colunas que assenta sobre o fuste. Elemento decorativo cuja composição caracteriza o estilo arquitetônico quite tônico adotado no edificio • Cartela – superfície lisa num pedestal, parede, etc., destinada à gravação ou superposição de legenda. • Cavalariça – casa térrea destinada a habitação de cavalos. • Chanfrado – elemento que possui chanfro, ou seja, um recorte nas bordas evitando arestas vivas no encontro de duas superfícies planas. • Cimalha – elemento arquitetônico instalado na parte superior da fachada servindo de aremate ao telhado. No interior permite a transição entre a parede e cobertura • Cinzelada – processo de desbastar pedras e metais. Utiliza-se um instrumento instrumento cortante cort ante de ferro e aço denominado cinzel. • Cornija – moldura ou conjunto de molduras simplificadas e salientes que servem de arremate superior a elementos arquitetônicos ou ao edifício.
• Acanto – ornato que representa folhas muito largas e recortadas da planta de igual nome. Principal característica do capitel coríntio • Aleta - complemento arquitetônico, curva ou voluta,com que se atenua a dureza dos ângulos retos de um frontão. Muito usado no barroco • Arco abatido –cuja a curva não é de volta inteira. • Arco pleno – arco de volta inteira em forma de semicircunferência tendo sua flecha igual ao raio que serviu para traçá-lo. • Balaústre – pequen pequenaa coluna ou pilar de pedra ou madeira que sustenta um parapeito ou corrimão. • Beiral – parte do telhado que se prolonga alem do prumo das paredes externas de uma construção. • Braçadeira – chapa metálica, geralmente em forma de U, usada para reforçar a fixação entre peças ou elementos da construção. • Bulboso – atribuição dada a elementos, em geral arremates de torres, que tem forma de bulbo. • Cantaria – alvenaria de
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• Coroamento – remate, ornato, elemento construtivo ou decorativo que coroa um edifício. • Cruzeiro – zona compreendida entre a nave central e a capela mor, freqüentemente com cobertura abobadada. • Cunhal – faixa vertical saliente nas extremidades de paredes ou muros externos; ângulo externo e saliente formado pelo encontro de duas paredes externas convergentes, dando proteção à quina do edifício ou ornamentação da fachada. • Escalonado – em forma de escada. • Esquadria – elemento para guarnição de vãos de passagem, ventilação e iluminação, é mais comumente aplicado a vãos de portas, janelas e portões. • Estuque – argamass argamassaa que depois de seca adquire grande dureza e resistência ao tempo. Freqüentemente usado em revestimentos ou ornatos de paredes, tetos e na execução de cornijas. • Fogaréus – ornato composto de pirâmide ou agulha arrematada por imitação de chama. Muito usado em igrejas antigas por simbolizar a fé, a devoção e o sacrifício. • Frisos –faixa estreita e
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continua que contorna qualquer elemento da construção, podendo também ser ornamentado. • Frontão – elemento de coroamento da fachada situado na parte superior do edifício ou à cima de portões, portais ou portadas. Sua forma é geralmente triangular, podendo ser também em arco. • Fuste – tronco da coluna situado entra a base e o capitel. • Grés – rocha granulosa composta por pequenos fragmentos ou grãos de areia silicosa ou quartzo unidos por cimento argiloso ou calcáreo. • Guarda-corpo – anteparo de proteção geralmente a meia altura do piso, usado em alpendres, balcões, escadas e terraços, podendo ser cheio ou vazado. • Guarda-vento – anteparo geralmente de madeira muito usado em igrejas ente o vestíbulo e a nave central para proteger do vento o interior do edifício. • Guarda-voz – cúpula ou abóbada em forma de dossel que serve para abaixar o som da voz do pregador nos púlpitos. • Kitsch – justaposição de elementos incongruentes produzindo combinações nem sempre harmônicas. • Mansarda – espaço com-
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preendido pela cobertura do telhado e pelo teto do ultimo pavimento do prédio. • Medalhão – ornato circular ou oval, em alto ou baixo-relevo, destinado a receber figuras representativas, monogramas ou datas. • Mistilíneo – ornatos for for-mados por combinação de linhas retas com linhas curvas. • Mísula – saliência que serve de apoio, em geral na parte superior da construção. • Nicho – cavidade feita na espessura da parede para nela se dispor uma figura esculpida, um vaso, etc. • Obelisco – pilar alto monolítico em forma de paralelepípedo, estreitando-se no alto e terminando em pirâmide. • Óculo – abertura ou pequena janela, podendo ser na forma oval, circular ou arredondada, disposta nas paredes externas ou em frontões para ventilar e/ou iluminar. • Ostensório – peça de arte sacra para guardar a hóstia, em geral colocado perto do altar, ao lado do Evangelho • Pano – extensão de parede ou muro, abrangendo sua totalidade ou somente uma parte. Quan-
do a fachada de uma edificação possui diversas faces, o pano pode ser constituído por uma dessas faces. • Peanhas – pequeno pedestal, suporte com a base em forma de pirâmide invertida, geralmente provido prov ido de molduras e usado como apoio a estatuetas e vasos. • Pináculo – coroamento piramidal. Cônico, em forma de ornamento, fino e pontiagudo, construída sobre pilares e colocada sobre torres ou frontoes; ponto mais alto de um edifício. • Platibanda – elemento vazado ou cheio disposto no alto das fachadas, coroando a parede externa do prédio e formand formandoo uma espécie de mureta que esconde as águas dos telhados, alem de eventualmente servir de proteção em terraços. • Pórtico – elemento ressaltado na fachada principal de um edifício, geralmente destacando sua entrada principal. Comumen Comumente te composto por colunas ou pilastras e arcadas. • Púlpito – tribuna elevada em forma de balcão com acesso através de escada. É destinado às pregações ou a sermões dos sacerdotes nas igrejas. • Retábulo – elemento orna-
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mental em talha ou pedra lavrada disposto junto a parede por trás do altar. • Rocailles – ornamento assimétrico em forma de folhagem e conchas usado no barroco tardio. • Rosácea – ornato arquitetônico em forma de rosa. • Sanefa – tira larga que se estende sobre a parte superior de uma cortina. • Soco – parte inferior aparente de uma parede. Base na qual se assenta uma coluna ou um pilar. • Tímpano – superfície triangular lisa ou ornamentada do frontão.
• Transepto – parte de um edifício de uma ou mais naves que atravessa perpendicularmente o seu corpo principal. Nas igrejas, espaço transversal que separa a nave da capela-mor. • Verga – peça dispost dispostaa horizontalmente sobre o vão de portas ou janelas sustentando a alvenaria. • Voluta olutass – ornato em forma de espiral.
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