Algumas semanas semanas atrás, tive o prazer de ouvir ouvir alguns alguns trechos do CD Sonatas Sonatas de Eduardo Eduardo Meirinhos e imediatamente fiquei encantado! Dois dias atrás recebi o CD em casa para poder ouvilo na ntegra com a maior aten"#o$ Constatei assim minha primeira impress#o de que este % um dos discos de viol#o mais finamente acabados que tenha ouvido nos <imos tempos$
'ogicamente, a primeira e mais elementar sensa"#o % a produzida pelo som, pelo timbre, e nesta grava"#o o som % sensacional$ Mas aqui, a busca de cores que n#o poucas vezes parece ser utilizada pelos violonistas apenas para evitar o fastio de um timbre mon(tono ou simplesmente pela divers#o de mudálo, aqui, repito, a colora"#o está ao servi"o da forma musical, pontoando a frase em momentos salientes da estrutura da pe"a, as vezes trazendo uma mudan"a sutil em uma repeti"#o$ ) senso rtmico, tanto na pequena frase quanto na estrutura global dos movimentos está perfeitamente controlado$
A escolha escolha de repert(rio repert(rio foi feita feita sem concess*es concess*es ao p&blico, p&blico, algo que particularme particularmente nte me agrada agrada muito$ Com uma interpreta"#o convincente e s(lida, com o int%rprete acreditando no valor da m&sica que toca e no que pode e+pressar com ela e nela, % perfeitamente possvel tocar uma sonata completa, e ainda mais, quatro sonatas! A interpreta"#o de Meirinhos neste disco captura a aten"#o do incio ao fim e consegue com que o tempo de dura"#o do CD n#o sea medido$
A escolha escolha da Sonata Sonata de Diabelli Diabelli na vers#o vers#o de -ream, -ream, em uma %poca que e+agera e+agera na e+ig.ncia e+ig.ncia do /01E21 chega a ser quase ousada, mas completamente convincente atrav%s da interpreta"#o$ A m&sica % de qualidade, um Diabelli ovem com pleno domnio da forma, do controle harm3nico e de verdadeiros achados mel(dicos, que o situam, especialmente no Scherzo, muito pr(+imo 4 est%tica beethoveniana$ A interpreta"#o de Meirinhos parece embebida da grande tradi"#o pianstica dos int%rpretes das sonatas de -eethoven e resulta completamente acertada aqui$
Appassionata ta de 0onaldo Miranda % uma obra prima do repert(rio, com um fino equilbrio A Appassiona entre os dois elementos contrastantes5 o aspecto rtmico inicial de caráter ansioso e o apai+onado arroo lrico do segundo tema, seu desenvolvimento e sua recapitula"#o$ A resultante % um clima algo opressivo, atenuado levemente pela melanc(lica contempla"#o do segundo tema, que n#o dei+a de ter algo de intrnseca ansiedade$ Meirinhos e+plora muito bem esta dualidade mantendo a ideia formal da unidade total da pe"a$
6a Sonata de 7uerra8ei+e o impulso rtmico % vital em todos os movimentos, e este aspecto % especialmente especialme nte saliente nesta interpreta"#o da obra, sem por isso descuidar os momentos lricos que permeiam por aqui e por ali ao longo da sonata$ ) motivo ritmicamente obsessivo dos acordes do terceiro movimento fica na cabe"a at% muito depois da obra ter acabado$
6a minha opini#o, boa parte das crticas realizadas 4s obras mais ambiciosas de Manuel 8once, em especial as sonatas, devese 4 grande dificuldade dos violonistas m%dios em manter um discurso musical longo em vários movimentos, acostumados em sua grande maioria 4 pequena forma e vendo o repert(rio desde esse prisma algo distorcido$ 8once % difcil porque requer uma concilia"#o entre uma linguagem tingida de impressionismo e um romantismo abarrocado com fortes pinceladas mediterr9neas colocadas pela influ.ncia de Segovia$ :sto % especialmente evidente na Sonata ::: da qual se fala mais do que se toca, sobretudo na sua estrutura completa$ Meirinhos consegue uma vers#o convincente da estrutura total da obra$ 1alvez poderia se esperar um finale algo mais rápido, mas depois de ouvir a sonata precedente ;7uerra8ei+e< com seu forte senso rtmico e momentos de considerável velocidade, entendemos que a escolha do tempo para o final de 8once está baseada e+clusivamente em uma necessidade musical, de fato, o compositor escreve Allegro non troppo, e Meirinhos respeita essa indica"#o$ 6a minha opini#o, colocar o 8once depois de 7uerra8ei+e oferece um e+celente resultado, evitando acabar a audi"#o com uma obra que dei+aria uma sensa"#o de ansiedade, como a de 7uerra8ei+e$ Ao inv%s disso, mesmo que a sonata de 8once possua um drama interno de certa densidade, o final oferece uma descontra"#o ideal, e a obra ;e o disco< termina em um mundo idlico, onde as tens*es foram resolvidas, mas n#o em um ocaso final, sen#o somente em um descanso que bem pode ser a prepara"#o para novas lutas$
Em suma, um belssimo disco, daqueles que, mesmo neste tempo conturbado onde ningu%m tem tempo, e a m&sica se escuta enquanto se faz outra coisa ;inclusive nos concertos, com a detestável insist.ncia mesmo entre os pr(prios m&sicos de consultar o telefone a todo momento< daria vergonha oferecelhe esse tratamento$ = um disco s(lido, pelo repert(rio, pela forma em que está interpretado, t%cnica e musicalmente, uma grava"#o que obriga a retornar a ela, sea por deleite est%tico, sea por consulta musical ou outras possibilidades$$$
Marcos 8ablo Dalmacio >? de mar"o de >?@