Bruno Tolentino - Os sapos de ontem

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Bruno Tolentino OS SAPOS DE ONTEM



























Sumário OS SAPOS SAPOS DE ONTEM I. O PRÓLOGO PRÓLOGO DE UM EPÍLOGO A FARSA FARSA COMO HISTÓRIA HISTÓRIA II. O PRINCÍPIO PRINCÍPIO DO FIM CRANE ANDA PARA TRÁS FEITO FEITO CARANGUEJO CARTA DO SR. AUGUSTO DE CAMPOS RÉPLICA RÉPLIC A CHEGOU TARDE TARDE AO EDITOR DA SEÇÃO ( NOTA DO SR. JOÃO MOURA JR., EDITOR, EM CULTURA DE 16/9/94) MOURA AUTOR SE DIZ VÍTIMA DE ATAQUE ATAQUE ORQUESTRADO AUGUSTO AUGUST O DE CAMPOS REAGE REAGE A ARTIGO DE BRUNO TOLENTINO COMENTÁRIO COMEN TÁRIO DE BRUNO TOLENTINO À REAÇÃO DO SR. AUGUSTO DE CAMPOS CAMPO S PUBLICADO EM CULTURA, AOS 16/9/94 CARTA DO SR. OLAVO DE CARVALHO AO SR. EDITOR DE CULTURA CULTURA EM 20/9/94 III. A RETIRADA RETIRADA DA LACUNA A IRADA IRADA FLOR DOS CAMPOS, ou I. CLUBE CLUBE DA VITÓRIA RÉGIA 1994 II. O RABO RABO DO NIMBÚ III. A QUARENTENA QUARENTENA IV. O HOMEM HOMEM QUE NÃO SABIA JAVANÊS V. SAPO-BOI & REI LEÃO VI . O REI MENOS O REINO AVISO AOS NAVEGANTES POST-MORTEM PAULICÉI AULICÉIA A DES DESV VALIDA TOTTENLIEBE O PASSADO DOS MESTRES A RETIRADA DA LACUNA MEA CULPA? O NOVO PRODUTO LA VIEILLE GARDE



























TEMPO DI MIGRARE IN (FUTURAM) MEMORIAM A HOMÉRICA GARGALHADA ASSIM FALOU ZARAUGUSTA (1.) SOMETHING ROTTEN (1a) ALGO DE PODRE (2.) SIMPLE, AIN’T IT? (2a.) SIMPLES, NÃO ACHAM? (3.) UNSIGNED, FROM THE BEYOND (3a.) (3a .) SEM ASSINATU ASSINATURA, RA, DO ALÉM (4.) OEDIPUS & THE TOAD (4a.) ÉDIPO & O SAPO (5.) “LEAFES OF GRAS” (5a.) “FÔLIAS DE HERVA” SITTING DUCKS CORO DOS CEGOS DE TEBAS INOCENTE INÚTIL ATA & MINUTA BINÓCULO PELA CULATRA CONVITES À FILOSOFIA EM RETROSPECTO MUDEZ DE PEDRA HOMUNCULUS PAULISTANUS ET CATERVA SEGREDOS DE IMPRENSA JOVENS BÁRBAROS CENSORES? CARTA ABERTA AO JOÃO CARTA ABERTA A MARLY IV. RESPONSABILIDADES AQUI TERMINA OS SAPOS DE ONTEM INSIDE THE HOUSE OF USHER GRITARIA NA TOUCEIRA NOTAS



























princi palmente “ Os principiantes são bem-vindos. Eu também sou um deles, principalmente após vários anos de prática das disciplinas implícit as neste livro. Nas palavras palavras de Thomas Thomas Merton: Mer ton: ‘Ninguém quer ser principiante; mas convençamo-nos convençamo-nos de que não passaremos passaremos nunca disso’. (...) (...) A superficialidade superficial idade é a maldição do nosso tempo. O mais urgente hoje não é um número maior de pessoas inteligentes, ou talentosas, mas de pessoas profundas. As As disciplinas disci plinas da vida vi da do espírito espírit o nos convidam a passar de uma vida à superfície para o viver em profundidade. Instam Inst am conosco a que sejamos sej amos a resposta a um mundo vazio.” vazio. ”

( R. J. Foster,C elebration elebra tion of Disciplin Discipli ne )



























I. O PRÓLOGO PRÓLOG O DE UM EPÍLOGO

A FARSA COMO HISTÓRIA M arx pode ter sido uma Cassandra que não deu certo, mas num ponto acertou em cheio: a História que se tenta repetir acaba em farsa. O chamado Concretismo foi uma delas. A idéia mesma de “vanguarda” talvez já não se preste a outra coisa. Em todo caso, o certo é que estas últimas décadas, enquanto se agredia a inteligên inteligência cia brasile br asileira ira por todos os lados, em e m poesia preten pr etendeu-se deu-se mascarar indigência de inspiração e inabilidade artesanal mediante um exótico receituário rec eituário pretensamente pretensamente “novo”. Não há, nunca nunca houve houve novidade alguma alguma nos maneirismos e ludismos das civilizações em crise, como o atestam, entre tantos sintomas alhures, os jogos florais de romanos e gregos in extremis. Passado o ápice de cada projeto civilizatório em via de esgotamento, surgiu sempre ao longo da História uma pletora de esoterismos próprios a entreter uma ilusão de liberdade enquanto não chegam os bárbaros. Como na obra-prima de Cavafy sobre o tema, tema, ou na na ode de Ricardo Reis sobre os jogadores de xadrez, o que que todos esses estados de transe têm em comum é invariavelmente um mesmo grau de vacuidade existencial e idolatria esteticista, nascidas do pânico ante o real e traduzidas em e m impotência impotência ante a lingu l inguagem agem.. O poeta po eta então, sem s em fala fala como o menino ante a nudez da maja, ato contínuo diviniza-a: mais ainda que do desejo sem meios, é sempre do sacro pavor que nasce a idolatria. O culto da linguagem é a coisificação totêm totêmica ica da deusa nua. nua. Quando a linguagem de uma tribo deixa de ser instrumento natural de comunicação para tornar-se objeto de manipulação pelo neófito, é que já foi entronizada entronizada como fim em si mesma. mesma. Prom Pr omovid ovidaa a assunto, assunto, não tarda tar da é proclamada meta suprema do ofício de dizer. Subitamente já não lhe cabe significar senão a si mesma, e não mais ao ser, à vida, ao mundo. Este, aliás, é o primeiro que some, como a insignificância que é ante o totem-em-si, a celebrada e reverencia reve renciada da “meta “meta linguagem linguagem”: ”: o utensíli utensílioo vira am a muleto, o amuleto amuleto é divinizado e o carro solenem sol enement entee empurrado empurrado para adiant adi antee dos bois. penti ta Sra. Na antologia de 1982, a cura de Vinícius Dantas e da hoje pentita





























play- ground. Lia-se ainda que “ o poema idólatra da escrita e o espírito de play-ground epre sentar ar um universo de sentimentos deixa de expressar er epresent senti mentos e emoções exteriores a ele, parap resent res entificar ificar uma realidade viva e autônoma - a realidade em si do poema (...) a perda de si na linguagem, o desaparecimento do eu sujeito lírico lí rico em benefício da plenitude gráfica e visual, é o modo como como o poema procura sustentar a linguagem nova.” Anos antes, em Teoria da Poesia Concreta 2 o Sr. Haroldo de Campos, citando Gomringer, explicava: “ O poema concreto é uma realidade em si, si , não um poema sobre... E como não está ligado à comunicação de conteúdos e usa a palavra como material de composição composição e não como veículo de interpretações i nterpretações do mundo mundo objetivo, objeti vo, sua estrutura é seu verdadeiro verdadeiro conteúdo .” Desde o Renascim Renasci mento a ideol i deologia ogia vem ve m substituindo substituindo o mundo-c undo-com omo-tal o-tal pelo mundo-como-idéia numa variedade inesgotável de fórmulas, mas esta particular perversão per versão apresenta a vantagem vantagem de com c ombinar binar cacoetes caco etes milenares milenares com um sotaque de “modernidade” todo especial. Com efeito, a fórmula é imbatível, pois aparece como um solipsismo que abolisse precisamente o eu, retirando-lhe a subjetividade em favor de uma uma cobiçada cobi çada divindade di vindade secular: o relativismo mascarado em objetividade. Esta última, numa súbita espécie de imanência iluminativa é então atribuida ao novo totem, a linguagem-em-si; o que só os deuses possuiriam, a apathea da objetividade, o novo ídolo passa a encarnar neste pobre mundo de incertezas. Por outro lado, a incerteza do fugaz cabe como uma luva ao monstrengo: ao indizível divinizado corresponde a sinuosidade dos fenômenos. São incontáveis ao longo das monotonias da História as instâncias em que se voltou a constatar embasbacado que a àspide da linguagem pode dançar tão ou mais mais rápido que as aparên aparê ncias fugit fugitivas, ivas, qu q ue delícia! del ícia! O que acont ac onteceu eceu entre nós com fum fumos os de d e novidade novid ade foi mais uma uma instân i nstância cia 3 desse antiquíssim antiquíssimoo jogo de aflições adolescentes, a dolescentes, n ão passou disto apenas, de





























conjeturas...P assado o susto e expulso expulso o intruso, intruso, volta-se à ordem plácida das prateleir pratel eiras, as, o jogo continu continua. a. De grão grão de mostarda de uma uma fé natural, natural, de ato de confiança vital vi tal no verbo ve rbo hum humano, de microcosmo icr ocosmo dessa dess a mesma mesma humanidade humanidade,, o poema poema é intim intimado ado a tornar-se tornar-se picadeiro picadei ro de bolso, tabuleiro de xadrez, xadrez, tubo tubo de ensaios de uma ociosidade vazia de sentido. Assim foi, a um certo nível ao menos, com aquela idolatria paralisante de ordem abstrata e de cunho conceitualautoritário que teve incontáveis nomes no crepúsculo da antiguidade clássica e se chamou por aqui vanguarda, concretismo, praxis, etc. A um certo nível, digo, porque a um outro nunca passou de vulgar impostura. Tanto mais óbvia como tal, quanto surgiu paradoxalmente no instante mesmo em que no no Brasil as a s artes do vernáculo, espécie espé cie em poesia, poes ia, atingiam enfim a um patamar de universalidade que todas as civilizações em todas as eras chamaram de clássico. O espantoso, pois, o flagrantemente artificial, não era apenas que os gaguejos futuristóides de Noigandres nascessem dos ainda recentes bocejos parnasian pa rnasianísticos ísticos e abarrocados de três aut a utores ores em e m nada distin di stintos tos da pior mediocridade ediocri dade morna morna da Geração de 45, à qual o trio de fato fato pertence em estilo, mentalidade e fôlego; o surpreendente era que erguessem as autoexcitadas cabeçotas justamente quando Bandeira, Drummond, Cecília, Jorge, Muril Murilo, o, e até o jovem Cabral, Cabra l, elevava ele vavam m nossa lira lir a a cimos cimos que até então então desconhecia. Tudo isto acontecera e continuaria a acontecer enquanto não havia como perceber diferença algum alguma, fosse qualitativa, fosse de dicção, di cção, vocabulário, voc abulário, sintaxe sintaxe ou sensibil sensibilidade, idade, entre entre a fraternidade de Noigandres e o resto que fum fumegava então então do pior calibre c alibre 45. Atestava-o Atestava-o o estilo penteadeira-de-velha penteadeira-de- velha do Sr. Augusto de Campos por volta de 1953: “em glaromas de amil e penubis / (...) / com estas mornas flores de oromãs / morigerantes ou cansadas corças” são, colhidas ao acaso ac aso em seus text textos os pré-“revolucion pré-“r evolucionários”, ários”, algum algumas das





























xadrez de estrelas, est relas, salamandras sal amandras de incêndio inc êndio / princesa princ esa plenil ple nilúnio únio desse des se reino / de véus alíseos: o ar. / (...) / astronomia de que são órions de pena / Lusbel libra-se sobre sobre o abismo...” abismo...” 4N em se imagine que posteriormente o “salto revolucionário” viria vir ia a tornar tornar mais sóbria a ígnea musa musa sub-45 sub-45 do savonarola das Perdizes, Perdi zes, pois veja-se veja- se como, em Ciropédia: A Educação do Príncipe, aféli o do langue heliotro heliot ropo! po! /(...)/ /(...)/ Núpcias. progredira a coisa: “ Ó inferno afélio Paranúpcias. Paranúpcias . Pronúpcias. / Congregação de rubís, rubí s, a puberdade instaura ins taura a missa rubra. / Ele Ele admira as grutas, grutas , apalpa as volutas volut as cornucópias, cornuc ópias, contorna c ontorna o maralmíscar das sereias. / A Geometria Plana? Júpiter Tetraedo de quadradas espáduas? / - Drósera rotundifólia, rotundifólia, amálgama amálgama de sílabas sí labas cardeais. / Labilíngue Labilí ngue ele diz : amor - larva lar va do beijo, bei jo, ninfa ni nfa nibelung ni belung dum ciclo ci clo de legendas. / Meisterludi: Meist erludi: Rigor! / Cobiça as galáxias galáxias estrelas, doutora-se em lânguidas palavras (sic) , licornes libidinosos / e glúteas obsidianas. Luz purpúrea. / Em Agedor Agedor chega-se chega- se à idade i dade por uma súbita súbi ta coloração col oração roxa sob as unhas...”E , como se vê, o roxo escorre pelos purpúreos purpúreos versos... Mas notável mesmo era o decano da banda, Sr. Pignatari, cujo inolvidável refrão: “cansada cornucópia entre festões de rosas murchas ” efetivamente resumia a tripartite arte num único verso-emblema. Sim, leitor, os precoces “velhinhos” da caluniada Geração de 45, bem mais sóbrios, desde então pagam o pato plumoso, mas os pail leté. é. Ninguém parece cisneramas de Agedor & Cia. eram pura lantejoula e paillet haver notado o óbvio, o que é espantoso, mas “ sapos já foram pombos / nas madrugadas de outrora ”... Mas enquant enquantoo a bruma bruma beletrista bel etrista espraiava-se esprai ava-se rala pelos campos campos (sobretudo paulistas...) paulistas...) de 45 e adjacências, adj acências, aqueles mestres mestres egressos de 22 pairavam cada dia mais longe dela, mais alto. Com a maturidade de cada um deles nossa Musa ascendia a uma nova medida de grandeza, a par com as mais altas vozes européias e continen continentais. tais. Pela primeira primeira vez desde a erupção





























um idioma próprio, a um tempo denso e abrangente, capaz de encasular a reflexão do universal universal em suas suas inf i nfinitas initas possibilidades. possibil idades. Mestre Mestre Bandeira por mais de 30 anos purificara purificara o idiom idi omaa da modernidade, universalizara-o e aclimatara-o, interiorizando o olhar que pesa o mundo, limpando o horizonte emotivo-verbal para que nele se movessem, tanto o gigante drummundiano da interrogação de Édipo, quanto a reconstituida silhueta de um Orfeu recobrado à bacante e dado à História. Jorge de Lima emergira dos telurismos telurismos de cromo cromo e vinheta vinheta ao gosto do dia, passara pela pia batism ba tismal al do versete bíblico e o fora reinventar, ao telúrico que lhe era congênito, nas águas fun fundas do mito; Cecília Meireles codificara c odificara a tradição mais perene, tornara tornara límpida sua historicidade e dera-lhe raízes nativas pela primeira vez paralelas às da metropole da língua, mas enfim livres dela. E Drummond orquestrara tudo entre o tédio dos fatos e o surto agônico da interrogação metafísica. Tudo se constelava, surgia de onde não se suspeitara até então andar tão poderosamente a multipli ultiplicidade cidade do real: real : entre A Rosa do povo( 1945), o jorgeano jorgeano Livro de Sonetos (1948) e o Romanceiro da Inconfidência Inconfi dência( 1953) nossa lírica líri ca funda funda Histór ia em solo nosso. definitivamente definitivamente a parte da História Porque o inventor daquela jóia do mais vivo cromo nativo, a Negra Fulô parente da Irene-preta-Irene-boa manuelina, fora de repente muito mais longe ainda: como se não bastasse bastass e M Mira iracel celi,i, Jorge reinven rei nventara, tara, não tanto tanto ao Orfeu Orfeu inflado e semiforme como acabara impresso em 1953, mas ao soneto, esse haicai da música conceitual do Ocidente. O surpreendente alagoano, menos artífice mas tão grande artista ar tista quanto o Bandeira Bandeir a e o Drumm Drummond sonetistas, não dispensara o órfico de pensar em quatorze versos, mas o confrontara à lava candente da metáfora a um tempo barroca e moderna. E eis que tudo isto estranhamente escapava à retórica iluminódina do Sr.Haroldo de Campos que, em artigo no Diário de São Paulo de 5/6/1955 o resumia como “o lirismo





























aquela mesma que Mário de Andrade tanto havia imaginado sem alcançar.6 Súbito, eis que já não era imprescindível importar: amalgamava-se, senão sempre com água de fonte ao menos com força de torrente viva, as tabatingas palpitantes pal pitantes da tribo; Peri e o Timbira Timbira tinham tinham enfim enfim sua prole madura, nosso Guararapes poético triunfava de Pernambuco às Minas Gerais, das Alagoas ao Morro Cara de Cão. Não, nada nada pedia ou deixava prever um colapsus linguae a irromper da compulsão auto-biográfica de alguns iluminados. Norte-sul-lesteoeste da língu língua madre, revificada pela ascenção interior da Musa, Musa, da Musa Musa local, a uma uma tão buscada ident ide ntidade idade própria ante ante o desafio da universalidade, os anos 50, nosso meio do caminho, não pediam um pedra de plástico importada, nem tinham porque passar a campo de pouso de implumes aves exóticas, no instante mesmo em que eram enxotados enxotados de vez os papagaios, papagai os, jacarés jac arés e cererê cer erêss do incorrigível Sr. Cassiano.

*** Não obstante, aqui começa a triste história cujo pífio desfecho este ensaio autopsia autopsia e este livro celebra. celebr a. Porque, face à mais mais alta al ta plenitude plenitude de nosso verso em quatro séculos, começara a arregimentar-se a legião dos ressentidos. Os reprovados no vestibular vestibular da universal universalidade idade contestavam contestavam não apenas as regras r egras do jogo, mas mas a legitimidade legitimidade mesm mesmaa da arte nacional, nacional, e isso no instan instante te exato exato de seu tão anelado zênite! Os sem papel na História propunham-se refazer a História no papel, pregavam o golpe de estado que pusesse o mundo-como-idéia no lugar do real. E a agitação contagiava: contagiava: arauto arauto da mais recente perversão da d a sempre preciosa seita dos cristãos novos do Conceito, Mario Faustino, Faustino, dos altos de sua Suplemento Dominical do Jornal do Brasil perdia de vez as página no Suplemento estribeiras.































no irrequieto piauiense precocemente falecido aos 32 anos uma força original evidente evi dente nos nos melhores momentos momentos de seu Opus 1 e único. Poeta algo excêntrico, mas de fôlego, tão impres impresivi ivisív sível el quanto quanto promissor, tornaratornara-se se também também um polemista de verve e ampla influência em sua página semanal do Jornal do Poesia- experiência ência (1956-58) . Desafortunadamente, após canibalisar Brasil, Poesia-experi sobretudo sobretudo ao Jorge de Invenção de Orfeu, descobrira o caleidoscópio cubista do velho Ezra (jovem autor, passara uns meses nos EE.UU.) e o começaria a decalcar em “textos experimentais” em que pouco mais conseguia além de neologizar seu flórido lexico e introduzir um frisson de fragmentação arbitrária em seu irresistível pendor gongórico. Assim armado (ou “couraçado”, como descrevia os “infantes” helenos na barriga do Cavalo de Tróia) por ocasião oca sião da Primeira Primeira Exposição Exposição Concreta Concreta no Rio de Janeiro já o sanguineo rapaz se havia tornado uma espécie de homérico farol da vangu vanguarda local, e saudava a chegada chegada da trindade trindade papal papa l à nova avig avi gnon sism sis mática, ática , com co mo quem “slouches towards Bethelhem to be born”... Não, o aterrador sarcasm sa rcasmoo do célebre verso de Yeats talvez não não caiba cai ba assim assi m tão mal mal aqui: com sua inesperada inesperada revigoração do mítico pelo coloquial col oquial (slouches: arrasta-se desengonçadam desengonçadament ente) e) pode servir ser vir de contraste instrut instrutivo ivo à retórica de estandarte e poeira de estante que, em lexico como em sintaxe, de fato unia































comovera ou instruira, e o rapaz tonitruava que nossa lira andava “urgentemente necessitada de um shake up...” Pouco antes de exigir a milk shake for her (como All about Eve), comunicava-nos que: na famosa repartida de Bette Davies em All “...um grupo grupo de três rapazes, dois dos quais irmãos... (sabem que) Mallarmé Mall armé e Pound( são) mais importantes para o progresso da poesia que Eliot e Baudelaire”. Não se privava de garantir-nos tampouco que “os três lêem (direito!) os alemães e outros centro-europeus (e ele, como os leria?) assim como os americanos (sic) e os ingleses”. A importância disto, a aceitar que fosse um fato, ficava por conta da “nova estética”: dado que não tínhamos em casa com quem quem aprender aprender a escrever poesia em portu português, guês, im i mportar era preciso... Marly de Oliveira, Olivei ra, Merquior e eu entreolhávam entreolhávamo-nos o-nos perplexos: seria se ria então isto ao que se chamava “revolução” nas pátrias letras?! Talvez não, mas com semelhantes “chutes” e cosmopolitismos bocós ia-se prenunciando o ainda incipiente incipiente Febeapá Febea pá letrado. l etrado. Porque eu, for one, jamais notei em Faustino uma aptidão linguística tão ampla e fina que lhe permitisse avaliar, menos ainda avalizar, a alheia, bem ao contrário... É que haviam soltado a Ezra Pound do hospício e ele záz!m andava-o para cá ... Até porque ninguém mais queria em t he House of Bedlam, segundo a parte alguma the wretched, tedious man / in the genial evocação que dele fez La Bishop, em Visits to St. Elizabeth’s( 1950). Este































oromãs”... Não é havia décadas, mas em socorro de seus “festões de penubis e oromãs de espantar que, uma vez evidenciado o mofo na prosódia de seus primeiros livrecos livre cos sem graça graça e sem eco, nossos Marx Brothers se propusessem como revide a reinventar a roda. Porque assim foi como, encurralados no naufrágio geral do Titanic de papel de seus companheiros de primeira viagem - os demais invertebrados de 45 - três dentre os mesmos, quando o fracasso lhes subiu à cabeça, julgaram achar no eureka poundiano um salva-vidas: metamorfosearamse em fênix fênix de jornal jornal para “salvar “sa lvar a poesia”, poesi a”, proclamando proclamando a morte morte do verso com a mesma cara de jacarandá com que Nietzsche anunciara a de Deus. Mas, defuntíssimo Senhor, que verso senão o deles poderia estar morto no lut a corporal de Brasil dos anos 50? De quem senão de Drummond saía A luta Ferreira Gullar em 1954? Onde senão à sombra do Orfeu de Jorge espoucava no ano seguinte O homem e sua hora , o melhor que faria jamais o mesmo Faustino, em transe ideogrâmico a partir de 56? A que fontes senão às mais castiças bebera Otávio Mora, o adolescente que nos dava em 1956 Ausência Ausência viva, talvez a mais cinz a das horas?Q bela estréia poética desde A cinza uem melhor que Cecília Explic ação de Narcisoq ue Marly informava informava a Explicação Marly de Oliveira Olivei ra publicava dois anos depois? E não só, a lista é tão longa quanto irrespondível. Edmir Domingues mesmo, 45 ou não, certamente não necessitava de um urgente boca-a-boca para































a evaporar-se evapor ar-se e faz-se imperativo imperativo trazê-la de volta àquela que é sua fonte fonte e referência: a fala, a língua como de fato se fala. Wordsworth e Coleridge não tinham outra meta em mente, nem Pound e Eliot um século mais tarde. Cavafy não foi grande por outra razão. Ungaretti e Montale tampouco. Ou em Espanha a Generación Generación del 98. Nesse sentido nosso Modernismo, às antípodas do de Dario, fora um salutar e revolucionário esforço, e por isso mesmo um triunfo. Longe de São Paulo (em que um Andrade se extratificara a estrofisar um coloquialismo inexistente inexistente e o outro sucumbir sucumbiraa ààss piadi pi adinh nhas as do minimali minimalism smoo mental mental de de circunstância) 8, o movimento quase que natural, em todo caso em combustão expontânea a partir de 22, havia restituido a linguagem poética à fala natural da tribo, revigorado as a s formas formas e os ritm ri tmos os próprios própri os à musicalidade sical idade inerente inerente à língua, sem prejuízo de seu comércio com o sensível, o imediato, o real. Feito isto, restaurara a balada, ba lada, o rimance, rimance, a cesura, a redondilha, o soneto; soneto; e esplendidamente sobretudo este, que Bandeira, Drummond e Jorge haviam resgatado resgatado ao torniquet torniquetee parnasiano e, os dois prim pr imeiros, eiros, devolvido à invenção ao nível da fala corrente; para além, não não para par a aquém, da qual, o terceiro o levaria a um rodopio rodop io órfico até então inédito i nédito em português. português. Enfim, Enfim, outra outra vez tornavam-se possíveis possívei s todas as reinven rei nvenções ções inerentes inerentes à riquíssim r iquíssimaa tradição poética lusofônica.































vingadores da modernidade apunhalada por Fulô, José e Totônio Rodrigues. Aristóteles chamou à tragédia “a purificação de uma paixão perigosa através de uma libertação libert ação veemente veemente”... Trágico só para eles, o edípico dilema dos moços moços (basicamen (ba sicamente te a frustração frustração de haver perdido perdi do o pioneiro pi oneiro barco e não saber nadar por escassez de fôlego lírico, bovarismo de província e forma mentis retórico-floral), a “revolução” por eles proposta, e quase imposta à força de bastonadas e embustes, era, além de proto-fascista em sua inspiração e molde, sobretudo sobretudo descabida desca bida porque abstrata, arbitrária, arbitrári a, in i nútil. útil. Não se propunh propunha a socorrer uma língua abandonada por sua linguagem profunda, mas a impor uma linguagem de gabinete, um dialeto gráfico, ao mais sadio e pleno momento da língua. Que o tenham, esse linguajar, travestido de modernosidades e excentricidades importadas, e revestido-lhe os penúbicos glaromas de exotismos, populismos, populismos, trocadilhos, truques truques graficôm graficômicos, icos, pedanteria pedanteria professoral e erudição de chusma de periódico, em nada o tornou menos cediço ou menos fátuo. E pelo simples fato de que poesia e língua nunca se haviam dado tão bem entre nós quanto aos meados deste século. Este aspecto da farsa, aliás, sempre me impressionou. Que o mais rico e original instante da poesia no Brasil, os anos de apogeu e refinamento de três décadas de Modernismo, fosse não apenas ignorado, mas negado e caluniado

































déluge... Sedutor convite, a julgar pela rapidez com que a arca se encheu de toda t hough, o dilúvio não veio e espécie de animais animais dos do s campos... So much for that, though a farsa expirou not with a bang, but a whimper, o gemido moribundo da saparia glaromitomana recauchutada. A História nada teve a ver com isso e o século afinal acaba melhor do que começou. Porque, como é sempre o caso em tempos de crassa usurpação e truculência normativa, a poesia se fêz, continuou a ser feita apesar da ocupação do espaço exterior pelo mais reles espírito de prosa: o sempre crônico, inevitável prosaísmo das variegadas ditaduras do mundo-comoidéia. Aos cimos cimos em que que se move o espírito, espíri to, o poeta, o albatroz al batroz,, o falcão e a claridade, os miasmas do charco pseudo-conceitual não chegam, lá o esoterismo programático não pode desvirtuar, poluir ou impedir nada. Foi perfeitamente































mediocridade, que é toda outra coisa, e circundou com naturalidade suas figuras de proa. A sólida nave de uma cultura é feita do lenho tosco, mas confiável, do que um povo tem de mais próximo, mais familiar, mais saudável. Os altos mastros não se erguem do nada, mas de um amplo convés do mesmo lenho. Navegar é preciso, mas é toda uma raça que o faz, quem à gávea, quem à bússola, quem à proa e quem à popa - e ao leme, aos cordames, aos remos. A invisibilidade da tripulação nunca é mais que aparente, sua presença miuda é condição indispensável ao bom destino da empresa, da aventura. Pois como imaginar Bandeira sem Ribeiro Couto, Dante Milano, Joaquim Cardozo, Ronald de Carvalho e muitos mais, na verdade os outros todos! Ou Graciliano sem Lins do Rego e Marques Rebelo, ou Clarice sem Lúcio Cardoso e Cornélio Pena? Nem Drummond é pensável sem Mário e Oswald, sem Abgar e































de joelho dobrado e olho aberto. E é bom e é justo que assim seja, pois uma certa unidade unidade na diversidade ou, se preferem, preferem, o reverso re verso dessa de ssa fórmula fórmula banal, sempre existiu e serviu de garantia ao amadurecimento de uma arte e de uma tribo. De que modo dar um sentido mais puroà língua que um só homem, ou dois, dois , ou mesmo mesmo três, três , falam fala m sozinh sozinhos? os? Ora, foi nesse sentido que a arregimentação exclusivista, o raio dos Zeuses do pântano de carteirinha caiu sobre a unidade da raça como uma vassourada no cérebro. A chuva sobre Danaë foi dourada como a terebentina que dilui as cores. Sua intenção? Dispersar. Desinformar, desviar, empolar e entortar. Seu efeito? A tragédia criminosa que é sempre arregimentar os neófitos contra a tribo, contra a possibilidade, possibil idade, a legit l egitim imidade idade mesma esma daquela sabedoria sempre sempre em e mbutida butida (talvez em banho-maria, mas so what?) na auto-consciência como no subconsciente da































Jardim, o grande poeta polonês Zbigniew Herbert - “é especialmente difícil de resistir quando se faz f az passar por homem de cultura”. 13 O massacre do tenro, do mediano, do ingênuo, foi o legado de Herodes dos “inovadores” a uma cultura nunca antes tão fértil, porque havia pouco admiravelmente renovada. Não contentes de vandalizar os flóridos jardins de Agedor, os hunos do concreto armado propuseram-se demolir, senão o Domus poético nacional, que vai bem, obrigado, ao menos o pessoal da manutenção, a quem trocavam “os materiais da vida”... Drummond, que logo o percebeu, caricaturou-o muito bem, como uma advertência; mas o fiat se fez e, se não desfez tudo o que quis, embaralhou o quanto se expunha ao cantochão maralmíscar das sereias, as mesmas que J. vi drotil, coit c oitos os de Alfred Prufrock sabiam sabi amente ente não quiz quiz ouvir ouvir:: “ Drls? amor em vidrotil, modernfold, modernfold, que a lança interflex int erflex nos separe em clavilux, vipax ondalit































t empo sábio: sábio: / entre os espinhos seu cipreste do Cosme Velho: “que te julgue o tempo p rudentem emente ente as malas a rosa, rosa, / entre as palavras teu l ábio.” Murilo fizera prudent assim que Jorge juntou-se a Ismael Nery na glória do Senhor, e fora rezar em San Pietrop elo e lo que já não lhe im i mportava mais, ais , ou nem tanto. tanto. Restavam Res tavam Viníci Vinícius us e João Cabral, o que não não teria sido si do pouco, se o prim pri meiro não tivesse em e migrado para dentro de um violão e um copo de scotch, e o outro não não se tivesse deixado subornar subornar pela pel a bajulação baj ulação batráquia. Porque, ao contrário contrário do que proclamaram os atrevidos sapos sa pos - e passaram a repetir seus acólitos aprisionados 14 na ideologia - João Cabral de Melo Neto não era nosso maior poeta vivo, menos ainda o guia-mapa da poesia do porvir. Um título e outro evidentemente cabiam por longevidade de triunfo e nitidez de estilo a Manuel Bandeira, nosso poeta exemplar; ou então, por tudo isso e muito

































Claro Enigma, Belo Belo, Morte e Vida Serverina, Vidas Secas, Invenção de Orfeu, Grande Sertão: Veredas, Laços de Família e outras anacrônicas Apesar do radical r adicalismo ismo com que acomodações...). E o lamento concluía: " Apesar algumas algumas propostas básicas desafiaram desafi aram o tempo, o movimento não teve força f orça































raça raç a que pensa. p ensa. A língua língua que q ue Camões Camões sagrou e legou l egou-nos, -nos, a ling li nguag uagem em que que os mestres de 22 arraigaram na inteligência nacional de uma vez por todas, nunca teve nada a temer dos falecidos marqueteiros de ontem, sempre de ontem como Arrebol é seu tudo o que as Parcas nos fazem ver voltado para o crepúsculo. Arrebol































II. O PRINCÍPIO DO FIM































de um nipote nipote sobre sobr e sua confessa despoesia, despoesi a, fazia publicar dois retratos seus e um de um poeta, Hart Crane, que nos pretendia apresentar e se empenhava (?) em traduzir. Do primeiro e altaneiro desígnio haveria muito, muitíssimo a observar, mas vá lá; já ninguém sério se altera com o panteão idiossincrático dos nossos































com - surprise!- “eterno”... “eterno”... Entre Entre os “detalhes perdidos”, um erro reiterado r eiterado de leitura; surpreende a reincidência, posto que Oswaldino Marques, em sua versão pioneira do texto (Videntes e Sonâmbulos, Serviço de Documentação do Minsitério Minsitério de Educação Educação e Cultu Cultura, ra, 1955), 1955) , já havia lido no verso 2 in such exile













































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































































Asmático debutante, se não logras ser poeta toma toma a lavagem lav agem concreta que no espaço de um instante sai-te do reto uma reta moderna & morigerante.

LA VIEILLE GARDE Um contorce e o outro outro inverte, é o Ouvirundum de ambos: sob o ritmo mais inerte os versos viram molambos. Um já mia, o outro se perde no arrebol dos pirilampos. Cambronne diria Merde! Bastaria dizer Campos.

OS IRMÃOS GONCURTOS Dois manos morreram juntos de cachumbas e sarampos, mas deixaram deixara m os dois d ois defuntos defuntos entre os túm túmulos e os campos e a dupla agitou às pampas! Iniciaram vários surtos de nada e puseram tampas em tudo, os irmãos goncurtos...



























e já pousavam de deuses quando as Musas, mais que fartas, pegaram os dois animais Mais ! e os sepultaram no Mais! II Trata-se de um suplemento de teor assim-assim, mas que lido até o fim lobotomiza jumento. Quanto Quanto ao a o duplo monumento, onumento, passou de mini a mirim por conta do atrevimento, da intrujice: de chinfrim um deles passou a zero de uma uma esquerda de arrivista, arrivi sta, já o outro outro urinou urinou na pista pista por conta de um lero-lero que "traduziu", "traduziu", desta de sta vez, ve z, coitado, do javan java nês... III III Pobres dos irmãos germanos! A ira da Musa faz como sempre estragos tais que hão de passar muitos anos antes que se esquentem os panos p anos



























nas folhas da capital para que cada animal tenha sua morte honrosa, mas a dor é tão raivosa e o pânico pâ nico tão geral que o mote mal vale a prosa.

SAPOPPELGÄNGER Quem é o outro e quem é o um não há mais quem saiba ao certo, porque apesar apes ar do zum zumzum zum ningu ninguém ém mais mais quer se ver perto de animáli animáliaa tão comum comum e em qualquer charco deserto nada, ninguém e nenhum dão num mesmíssimo enxerto. Sapo Seca-pimenteira, Seca-pimenteira, Sapo Brabo ou Sapo-Brahma, é tudo sapo na lama da sapientíssima sapientíssima asneira, já não há há ningu ninguém ém que os queira queira e até o P.T. já reclama!

ARREBOL NA ILHA FISCAL Haroldeco, o reizoca, vai nu e é feio páca! Logo atrás vai o outro babaca, o mano Gugu



























tão nu e cru quant quantoo o velho vira-casaca vira-ca saca que hoje é barroco. Onestaldo chega de maca ao baile choco, mas quem canta é um B.Lopes rouco que nem matraca atra ca..

O CREPÚSCULO DOS ANJOS Cornucópius (Cornu, para os de casa), força é convir, sempre foi mais conciso; se não fugiu de todo ao Paraíso, tem buscado buscado poupar a própria asa:

com olhos para ler inglês em Gaza, recusou-se recusou-se a assinar sem ser preciso um cheque em branco ao sapo sem juizo que este livreco uma vez mais arrasa... Até mesmo mesmo um arcanjo arca njo sente a idade; ida de; até mesmo cloaca tem saída; se a nem todo babaca a realida r ealidade de logra um dia ensinar pausa e medida, resta sempre sempre a esperança encanecida encanecida de deixar de voar voa r pela metade. ii Lusdrósio Lusdrósi o não tem jeito, mas tem gatos: trocou seu dó de peito por um mi



























ao rés-do-chão que fazem seu xixi no texto mesmo: é coisa de guri, mas pelo menos é daqui, dos matos, são gatos de quintal, não de sofá. Lusbel cortou-lhe a altíssima voltagem almíscares do pajem e trocou-lhe os almíscares pelas gatinomias do gagá. Natural Naturalm mente o cara ca ra ainda é um chato, mas já sai pelo menos mais barato! iii Quem não tem jeito mesmo é o Glaromil ! A arcangélica flor dos oromãs quer encher de penubis o Brasil, sonha morigerantesa manhãs, túrgidos arrebóis , fofos divãs em que espalhar a cinza a mais senil: o rapaz continua tão febril, que ainda se enrola em mornos astracãs... Gênio não se improvisa, e quem o finge acaba acreditando, não na esfinge, mas, coitadinh coi tadinho, o, tão somente somente em si; só ele se comove, a turma ri: -“Glaromil, tens um sapo na laringe, e um sapo de ante-ontem e não daqui !”

TEMP TE MPO O DI MIGRA M IGRARE RE





























são proxenetas da Musa sempre a um altíssimo altís simo custo, mas de maneira profusa. O público leva um susto, a coisa é mesmo confusa: o verso é brocha, mas usa camisinha camisinha aaté té o busto! b usto! Os dois insistem no coito com rimas que Arrigo Boito não perdoaria a D'Annunzio nem os dois a Umberto Saba, só que por aqui na taba vale tudo e é tudo anúncio...

IN (FUTURAM) MEMORIA M EMORIAM M "Cão mij mijando ando no caos”(CDA caos”(CDA)

Augusto Goulart de Andrade e Haroldo Francisca Júlia são fatos de que se orgulha a intertextualidade, não são mais nada. É possível





























A HOMÉRICA GARGALHADA A ira do velho grego não se fez ouvir... Talvez porque Homero sendo cego, claro, não lê português.

ASSIM FALOU ZARAUGUSTA cupi ncha, -“ Publica aí, meu cupincha, que esta minha despoesia é a mais pura alegoria do vazio quando guincha!”

Assim falou Zaraugusta; Zaroldrósio falou mais, Miauuu. ..” Não lhe custa disse: - “ Miauuu... constranger os animais...





























mas, sempre mais mais irrequietos, seus dois corpos cairam em cima do Brasil de um golpe, juntos, como um colchão de chumbo!

(2.) SIMPLE, SIM PLE, AIN’T IT? Simple Simon saw the joke, nobody else ever did; so he bought for a quid a ladder, a curtain of smoke, plus a social-cli social -clim mbing zest zest proper to teach any goofer to sit high on the roof whereby lie the very best! Humpty laughed his head off; yet Simple climbed and climbed, so high up, his behind came to be seen bare and lofty! Humpty whispered (duely bored): So, there he climbs, one more rogue, I’ve seen it i t all al l before, bef ore, every inch a king of frogs!





























(2a.) SIMPLES, NÃO ACHAM? Simplício achou muita graça, mas ninguém se ria; então ele comprou com um tostão uma escada, uma fumaça (de cortina) e essa ambição ambição que anima tanto o empregado que o faz galgar um telhado como se fosse o patrão... Alicee Humpty (Homem-Ovo em Alic no País das Maravilhas) ria à beça, mas quem disse que o outro ligava? As pilhas

da ambição super-ligadas, Simplício subiu tão alto que suas brilhantes nádegas eram vistas lá do asfalto! Humpty, com aquele bocejo de quem sabe o fim da história, ria, ria: “Mas que vejo?! O rei rei das rãs galga à glória! glóri a! ”





























embutido em seu final: Simplíci Simplícioo diz-se que o Ovo caiu de bobo, afinal afinal nunca quiz “fazer o novo”; ele, um insígne Homem Oco, caiu com estilo e garbo, ou seja, através do rabo... (Bum ou bang, o cara é louco!)

(3.) UNSIGNED, FROM THE BEYOND “Dear Mr. Tontolino (I trust you’ll let it be If I’ve I ’ve mispell mis pelled, ed, latinos Have always confused conf used me): A bag-fill bag-f illing ing process In the bush without wit hout a dog Can only end with a frog Jumping Jumping sideways, or less, les s, What’s all the fuss about? Who’s Who’s been tampering with an ash































“Caro Caro Senhor Tontolino ontol ino (há de perdoar-me, espero, se errei seu nome, os latinos lati nos sempre me induziram ao erro), encheção de saco em mato sem cachorro é coisa vã, só pode levar a rã a tentar pular de lado, mas que balbúrdia é essa aí? Quem foi remexer na cinza que eu, na forma a mais precisa, senti, mas não escrevi? E o asno, quem é (ou era)? Em coisas de morte mort e & sexo eu ainda prefiro o México, mas obrigado à galera.”































numa trapalhada dessas?! Édipo achou mole à beça traduzir traduzir o tal do enigm e nigmaa e acabou ficando cego; Saplício Saplíci o aprendeu apre ndeu inglês inglês tão velho que deu o prego quando leram o que ele fez...

(5.) “LEAFES OF GRAS” A toad picked up a blade of thin, very thin grass, went straight home and made a translation thick and crass; unfortunately, what he did was done in the open air, where (to his lasting despair)































however, toads are ticklish, for them translations amount to sheer num numerologics; erol ogics; so, not to still offend, I acquiesce in the end: let Saint S aint Arithmetics Arithmetics add three verses (no more!) to my own wicked five; they needen’t be alive, it’s all to please a bore.)

(5a.) “FÔLIAS DE HERVA” Com um fiapo de erva fina (mas (mas fina fina dem de mais...), Saplício Saplíci o aplica-se aplica -se a ma difícil































Mas o eco é uma beleza! Sem piedade e sem disfarce desfiou que nem um trapo a última frase do mestre: impossív el que um rei-s rei-sapo apo “ É impossível faça algo que não preste!” “Preste... preste...”, repetia Preste-nos -nos contas cont as!” o eco... “ Preste completava quem o ouvia, a um pobre Saplício às tontas. Desde então silêncio. O afoito contador contador calou ca lou a boca porque a coisa é meio meio louca, l ouca, mas as estrofes são oito!































unlike many others somewhere in between twelve and eighteen, they do what they can, not to say a bit of just everything: come Winter, come Spring, not ever despairing, stuff stuffed ed with wi th the the wit wi t of an old herring, if only they could they might, they should, they ought to do it!

CORO DOS CEGOS DE TEBAS TEBAS “Como um rebanho, uma horda, nós, os abaixo-assinados,

































vergonha é pra quem tem cara, nós temos coisa mais rara: a cara de pau do acólito. Somos fátuos, mas extremos: nossa mais cara função é o público beija-mão dos deuses a quem nos demos e hoje ameaçam depor! Como po-los nus, no entanto? Nunca tiveram tive ram outro manto































não pode ser discutido, não pode ser discutido porque não é lido nem n em quer ser lido li do por ninguém: pior que um mal entendido, entendi do, esperar que a coisa escrita seja mais que referência é uma grande impertinência! Portanto, Portanto , nossa visit vi sitaa































com calar. calar. Quanto a escrever e screver ou ler, fazemo-lo a esmo quando o fazemos fazemos às vezes. vezes . Nossa função é servir servi r a uma idéia de porvir que não desagrade aos deuses, nossos deuses insultados por análises análi ses de texto. text o. Como matilha em cabresto protestamos indignados! i ndignados!































Mas respeito respei to a lei l ei do mais forte, à parte o rei que beijei, meu amo é o Sarney!”

ATA & MINUTA A União Simiesca do Vácuo, unida unida em vão,































suja as próprias orelhas apenas, chateia o chão. Nosso bobo-da-corte, incapaz enquanto enquanto artista, arti sta, já minú minúsculo, sculo, diminu diminui-se i-se mais: minimalista, com a epístola o pobre rapaz some de vista.

































com as dissertações e o vaivém das mãos mãos sábias, sábia s, no claro-escu claro-esc uro à beira-leito... Jurar não juro, mas, se não convertia a ninguém,































como como a pérola p érola de Alexandria Alexandria resistiu-me semanas inteiras! Manual de filosofia a noite toda dá em olheiras,































desmentia a reputação de Diótima Diótima eslava esla va e selvagem se lvagem e soluçava de pé no chão chão... Levei comigo aquela imagem































EM RETROSPECTO































HOMUNCULUS PAULISTANUS (vulgo (vulgo Chatus Rex Brasiliensis) Brasiliensi s)

























































































































































































































































































































































































































































Bruno Tolentino - Os sapos de ontem

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