Cadência Cadência é uma sequência de acordes que produz um efeito harmôni co característico. Existem inúmeras sequências de acordes
possíveis de se fazer para criar uma música, mas algumas sequências são muito comuns de aparecerem devido ao seu efeito sonoro, e por isso recebem o nome de cadências (ou progressões). Uma cadência muito comum, como vimos no artigo “Harmonia Funcional (http://www.descomplicandoamusica.com/harmoniafuncional/)”, é a cadência IV, V, I. As cadências servem como um padrão p adrão (clichê), algo que pode ser s er aplicado em di versos contextos, contextos, com o intuito de criar alguma sensação harmônica. Por isso, as cadências trabalham em cima das funções harmônicas (http://www.descomplicandoamusica.com/harmoniafuncional/).
Cadência II – V – I Considere, por exemplo, a sequência de graus II, V, I. Já vimos que o 2º grau exerce a função subdominante, o 5º grau exerce a função dominante e o 1º grau é a tônica. Podemos notar que essa sequência cria justamente a ideia de suspende/ prepara/ conclui. Quando a tônica é um acorde maior, essa cadência (utilizando tétrades (http://www.descomplicandoamusica.com/tetrade/)) costuma ter o formato: IIm7 – V7 – I7M Exemplo na tonalidade de Dó maior: Dm7 – G7 – C7M Antes Antes de mais nada, vale a pena destacar que q ue o segundo grau de uma cad ência II – V – I é chamado de “ segundo cadencial ”. Você ouvirá muito esse termo daqui para frente! Caso você ainda esteja com dificuldade para associar os graus (I, II, III, etc.) com as suas respectivas funções harmônicas, é melhor que volte e estude de novo o tópico “harmonia funcional” com calma, escrevendo escrevendo num papel, tocando no seu instrumento, instrumento, até decorar bem essa parte pa rte.. Isso é muito importante e precisa ser automático na sua cabeça. Você precisa enxergar os acordes de um campo harmônico como se tivessem um sobrenome, que é a sua função harmônica. Daqui pra frente iremos falar o tempo todo das funções e de seus graus, então se você não pegou bem b em a essência disso di sso tudo vai ter dificuldades. É melhor dar um passo pra trás e depois dois para frent f rente. e. Assim você vai evoluir. Caso contrário, pode achar esse estudo pesado e até querer desistir. Mas não cometa esse erro, estamos chegando nos pontos mais interessantes e poderosos da música! Vale a pena investir nisso e avançar devagar!!
Cadência II – V – I resolvendo em acorde menor Muito bem, para quem entendeu bem o exemplo anterior, podemos também criar essa ideia de suspende/ prepara/ conclui quando a tônica for um acorde menor. Nesse caso, a cadência costuma ter o formato: IIm7(b5) – V7(b9) – Im7 Exemplo na tonalidade de Dó menor: Dm7(b5) – G7(b9) – Cm7 Esses formatos não vieram do acaso, afinal esses acordes (nos dois exemplos que mostramos) pertencem aos campos harmônicos (http://www.de (http://www.descomplicandoamusi scomplicandoamusi ca.com/campo-harmonico/) mai or e menor de Dó, respectivamente. respectivamente. Confira (em vermelho): vermelho):
O único acorde “diferente” que mostramos anteriormente e não apareceu nessa tabela é o dominante na progressão II – V – I para acorde menor, pois no campo harmônico menor ele tem o formato Vm7 (Gm7) e no nosso exemplo ele apareceu como G7(b9). A explicação é que esse formato (Vm7) não possui um trítono (que caracteriza a “tensão” da função dominante), portanto transformamos ele em um acorde
maior com sétima (G7). Além disso, acrescentamos uma nona bemol (G7b9), pois essa nota b9 de Sol (Ab, nesse caso) é a sexta menor de Dó, que está presente na escala de Dó menor (na escala maior, a sexta é maior!). Isso amenizou um pouco o fato do acorde G7 ser maior e não pertencer ao campo de Dó menor, como acabamos de comentar. Legal, mas existe ainda outro formato de cadência muito comum para acordes menores:
Cadência utilizando a nona (9ª) no primeiro grau IIm7(b5) – V7(#5) – Im7(9) Exemplo na tônica Dó: Dm7(b5) – G7(#5) – Cm7(9) A diferença aqui em relação ao formato anterior foi colocar uma 9ª maior na tônica. Essa alteração fez o dominante se alterar também (recebeu uma 5ª aumentada), pois isso possibilitou um cromatismo interessante entre as notas D# e D (5ª aumentada de Sol e 9ª maior de Dó). Por isso esse formato é muito utilizado e bem aceito também. Bom, terminamos a primeira parte desse estudo mostrando os formatos típicos de cadências que mais aparecem nas músicas. Agora falaremos um pouco sobre como elas podem ser úteis para diversos propósitos. Como você já conhece os formatos típicos das cadências II – V – I, continuaremos nossa abordagem mostrando aplicações úteis.
Utilizando cadências para mudar de tonalidade Além de serem agradáveis ao ouvido em qualquer contexto, as cadências podem ser utilizadas para se fazer mudanças de tonalidade (modulações (http://www.descomplicandoamusica.com/transposicao-modulacao/)). Para que uma mudança de tonalidade não seja brusca e “dolorida” aos ouvidos, costuma- se utilizar alguma progressão. Exemplo: Imagine que uma música esteja em Lá maior e, por algum motivo, você quer mudar a tonalidade no refrão para Mi maior. A maneira mais automática de se fazer isso é simplesmente sair tocando o campo harmônico de Mi maior no refrão diretamente, o que causaria um choque (provavelmente negativo) ao ouvinte. Outra maneira seria fazer uma cadência II – V – I para Mi maior. Pegaríamos, portanto, o acorde F#m7 para servir de IIm7 (segundo cadencial) de Mi. Para completar a cadência II, V, I, tocaríamos, depois de F#m7, o quinto grau de Mi, que é B7, para então resolver em E7M. Repare como a sequência F#m7, B7, E7M é uma cadência II – V – I. O legal disso é que o acorde F#m7 pertence ao campo harmônico de Lá maior (é o VI grau), além de pertencer também ao campo harmônico de Mi maior (II grau). Isso fez essa mudança de tonalidade ficar muito mais suave. Estávamos em Lá maior, e o primeiro acorde da cadência II, V, I de Mi ainda pertenceu ao campo harmônico de Lá (até aqui, o ouvinte não sabe que a tonalidade vai mudar). O acorde B7 já não faz parte do campo harmônico de Lá maior, portanto aqui o ouvinte já percebe a mudança. Mas, apesar desse acorde não pertencer ao campo de Lá, seu aparecimento na música não é tão brusco devido ao F#m7 que o antecede. Nosso ouvido aceita muito bem a cadência II, V, I pela sua sensação, por isso nosso cérebro já se adapta rapidamente entendendo a lógica, projetando uma progressão II, V, I para Mi em vez de rejeitar o B7 por não pertencer ao campo de Lá. Quando tocamos E7M, esse acorde nada mais é do que uma consequência já esperada da progressão, não sendo mais um acorde fora de contexto.
Utilizando cadências para incrementar uma harmonia Além dessa aplicação, uma cadência pode ser útil para dar mais corpo a uma harmonia. Considere a música abaixo, que contém somente 4 acordes e se repete continuamente: | Dm7(9) | Gm7 | C7M | A7(#5) | Já que a música retorna para Dm7(9) após A7(#5), temos aqui uma sequência “dominante – tônica” (V – I). Podemos aproveitar o último compasso para inserir um acorde que sirva de segundo cadencial para completar uma cadência II, V, I. O segundo grau de Ré é Mi, então utilizaremos Em7(b5), pois a sequência IIm7(b5), V7(#5) resolve bem em um acorde menor, como já vimos. Assim, ficamos com: | Dm7(9) | Gm7 | C7M | Em7(b5) A7(#5) | Podemos trabalhar ainda mais essa harmonia. Note que temos outra cadência II, V, I acontecendo: Dm7, Gm7, C7M. Porém, o quinto grau aqui está menor em vez de maior (Vm7 em vez de V7). Podemos então transformá-lo em um acorde maior com sétima (G7) para caracterizar mais essa cadência II – V – I que está resolvendo em um acorde maior (C7M). Agora ficamos com um II, V, I típico de resolução em um acorde maior, observe: | Dm7(9) | G7 | C7M | Em7(b5) A7(#5) |
Esse trabalho que fizemos é conhecido como rearmonização, pois mexemos na harmonia da música. Trataremos desse assunto com muito mais profundidade em capítulos posteriores, mas é bom que você já tenha em mente que verá muitas progressões harmônicas inseridas nesse contexto. Agora continuaremos esse assunto diferenciando os tipos de cadências que existem. Você verá que nem todas as cadências têm essa ideia chave de suspender/ preparar/ concluir. Como já introduzimos o conceito de cadência, continuaremos nosso aprendizado dividindo as cadências em 5 tipos diferentes: cadência perfeita , imperfeita , plagal, deceptiva e meia-cadência . Cada uma delas possui alguma característica peculiar e merece ser analisada à parte. O mais importante aqui desse estudo não é decorar todos os nomes envolvidos nesse tema, e sim observar as sensações que são possíveis de se obter! Faremos nosso estudo em cima do campo harmônico de Dó maior. O símbolo que vai ser utilizado para representar a ideia de conclusão harmônica (finalização) é esse:
Então vamos lá:
1) Cadência Perfeita É aquela formada pela sequência “V – I” (Dominante – Tônica), portanto é a mais forte. Quando ela vem antecedida de um subdominante (II ou IV grau), é chamada também de cadência autêntica. Exemplos:
2) Cadência Imperfeita É formada também pela sequência “V – I” (Dominante – Tônica), mas aqui um ou ambos os acordes aparecem invertido (http://www.descomplicandoamusica.com/inversao-de-acordes/)s, o que enfraquece a sensação da progressão. Exemplos:
Uma cadência também é chamada de imperfeita quando o dominante é o VII grau em vez do V grau. Exemplo:
3) Cadência Plagal É quando um acorde subdominante resolve direto na tônica, sem passar pelo dominante. Pode ser uma sequência II – I ou IV – I. Exemplos:
Esse tipo de cadência também pode aparecer com um ou ambos acordes invertidos, exemplo:
4) Cadência Deceptiva É quando ocorre uma resolução deceptiva (http://www.descomplicandoamusica.com/resolucao-deceptiva/), ou seja, o dominante vem seguido de qualquer acorde que não seja a tônica. Essa cadência possui o chamado “efeito surpresa” e não é conclusiva. Exemplos:
Uma cadência deceptiva também pode resolver em um acorde que não pertence ao campo harmônico original, o que caracterizaria uma mudança de tonalidade (modulação). Alguns autores chamam essa progressão de cadência deceptiva modulant e, ou apenas “cadência modulante ”. Exemplo:
5) Meia Cadência É quando a música (ou um trecho da música) repousa sobre um acorde dominante, ou seja, o dominante não resolve em ninguém, ficando a cadência “vazia”. Exemplos:
Muito bem, terminamos então nosso estudo sobre cadências. Daqui para frente você irá ouvir falar muito delas, mas não se preocupe, não iremos nos prender às nomenclaturas associadas a cada cadência e sim aos efeitos provocados, explicando detalhadamente cada caso. Afinal, música deve ser ensinada como música, não como um relatório chato de normas e definições! Gostou desse artigo? Então inscreva-se em nosso canal (https://www.youtube.com/user/DescomplicandoMusica?sub_confirmation=1) para acompanhar também nossas videoaulas exclusivas. Ir para: Módulo 7 (http://www.descomplicandoamusica.com/modulo-7/) Voltar para: D escomplicando a Música (http://www.descomplicandoamusi ca.com)
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