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INTRODUÇÃO Os inseticidas são produtos químicos largamente utilizados no controle de pragas, quer de forma isolada ou em programas de manejo integrado. Na escolha de um inseticida deve-se levar em consideração não apenas a sua eficácia, bem como outros aspectos relevantes, como a seletividade aos inimigos naturais de pragas, toxicidade ao homem e animais, resistência de pragas, persistência no meio ambiente e custo do produto. O Brasil é o primeiro consumidor mundial de agrotóxicos, os quais são utilizados no controle de pragas de importância agrícola e de interesse Médico-Veterinário. A produção, comercialização, exportação, importação, pesquisa, experimentação, embalagem, rotulagem, registro, destinação final das embalagens, resíduos em alimentos, etc., são disciplinados pela Lei n o 7802 de ll/7/89, regulamentada pelo Decreto n o 4.074 de 4/01/2002. A legislação do Estado de Pernambuco é regulada pela Lei 12.753 DE 21 de janeiro DE 2005. Para efeitos Lei Federal, consideram-se:
Aditivo – substância ou produto adicionado a agrotóxicos, componentes e afins, para melhorar sua ação, função, durabilidade, estabilidade e detecção ou para facilitar o processo de produção.
Adjuvante – produto utilizado em mistura com produtos formulados para melhorar a sua aplicação. Agente biológico de controle – organismo vivo de ocorrência natural, ou obtido por manipulação genética, introduzido no ambiente para o controle de uma população ou de atividades biológicas de outro organismo vivo considerado nocivo.
Agrotóxicos e afins - produtos ou agentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
Componentes – princípios ativos, produtos técnicos, suas matérias-primas, ingredientes inertes e aditivos usados na fabricação dos agrotóxicos e afins.
Ingrediente inerte ou outro ingrediente – substância ou produto não ativo em relação à eficácia dos agrotóxicos e afins, usado apenas como veículo, diluente ou para conferir características próprias às formulações.
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INTRODUÇÃO Os inseticidas são produtos químicos largamente utilizados no controle de pragas, quer de forma isolada ou em programas de manejo integrado. Na escolha de um inseticida deve-se levar em consideração não apenas a sua eficácia, bem como outros aspectos relevantes, como a seletividade aos inimigos naturais de pragas, toxicidade ao homem e animais, resistência de pragas, persistência no meio ambiente e custo do produto. O Brasil é o primeiro consumidor mundial de agrotóxicos, os quais são utilizados no controle de pragas de importância agrícola e de interesse Médico-Veterinário. A produção, comercialização, exportação, importação, pesquisa, experimentação, embalagem, rotulagem, registro, destinação final das embalagens, resíduos em alimentos, etc., são disciplinados pela Lei n o 7802 de ll/7/89, regulamentada pelo Decreto n o 4.074 de 4/01/2002. A legislação do Estado de Pernambuco é regulada pela Lei 12.753 DE 21 de janeiro DE 2005. Para efeitos Lei Federal, consideram-se:
Aditivo – substância ou produto adicionado a agrotóxicos, componentes e afins, para melhorar sua ação, função, durabilidade, estabilidade e detecção ou para facilitar o processo de produção.
Adjuvante – produto utilizado em mistura com produtos formulados para melhorar a sua aplicação. Agente biológico de controle – organismo vivo de ocorrência natural, ou obtido por manipulação genética, introduzido no ambiente para o controle de uma população ou de atividades biológicas de outro organismo vivo considerado nocivo.
Agrotóxicos e afins - produtos ou agentes de processos físicos, químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, no armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora ou da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados nocivos, bem como as substâncias e produtos, empregados como desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
Componentes – princípios ativos, produtos técnicos, suas matérias-primas, ingredientes inertes e aditivos usados na fabricação dos agrotóxicos e afins.
Ingrediente inerte ou outro ingrediente – substância ou produto não ativo em relação à eficácia dos agrotóxicos e afins, usado apenas como veículo, diluente ou para conferir características próprias às formulações.
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Matéria-prima – substância, produto ou organismo utilizado na obtenção de um ingrediente ativo, ou de um produto que o contenha, por processos químico, físico ou biológico.
Princípio ativo ou ingrediente ativo – agente químico, físico ou biológico que confere eficácia aos agrotóxicos e afins.
Produto formulado – agrotóxico ou afim obtido a partir do produto técnico ou de pré-mistura, por intermédio de processo físico, ou diretamente de matérias-primas por meio de processos físicos, químicos ou biológicos.
Produto formulado equivalente – produto que, se comparado com outro produto formulado já registrado, possui a mesma indicação de uso, produtos técnicos equivalentes entre si, a mesma composição qualitativa e cuja variação quantitativa de seus componentes não o leve a expressar diferença no perfil toxicológico e ecotoxicológico frente ao do produto em referência.
Produto técnico – produto obtido diretamente de matérias-prima por processo químico, físico ou biológico, destinado à obtenção de produtos formulados ou de pré-misturas e cuja composição contenha teor definido de ingrediente ativo e impurezas, podendo conter estabilizantes e produtos relacionados, tais como isômeros.
Produto técnico equivalente – produto que tem o mesmo ingrediente ativo de outro produto técnico já registrado, registrado, cujo teor, bem como o conteúdo conteúdo de impurezas presentes, presentes, não variem a ponto de alterar alterar seu perfil toxicológico e ecotoxicológico.
CLASSIFICAÇÃO DOS INSETICIDAS Existem diversas maneiras de classificar os inseticidas, porém, neste trabalho fez-se a opção de classificá-los segundo o critério da origem e natureza química. Serão mencionadas as seguintes classes de inseticidas:
Inorgânicos Produtos à base de arsênico, fluor, tálio, enxofre e dióxido de sílica, este obtido de fósseis de algas diatomáceas. Entre os produtos ainda em uso, cita-se o enxofre, como fungicida e acaricida, o ácido bórico utilizado em iscas para o controle de baratas e o dióxido de sílica no controle de pragas primárias e secundárias de grãos armazenados. As minúsculas partículas deste produto adsorvem a camada protetora de cera que recobre o corpo dos insetos, provocando perda de água e consequente
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desidratação e morte entre dois e 14 dias após a exposição. Insecto e Keepdry são exemplos de formulações encontradas no mercado.
Derivados de plantas ou inseticidas botânicos São mencionadas as piretrinas, rotenona, nicotina, o nim ( Azadirachta indica), que contém a azadiractina, principal substância bioativa, etc. Esses produtos são aplicados como extratos aquosos, alcóolicos, metanólicos, etanólicos, óleos (fixos e essenciais), pós e em mistura com água, em formulações comerciais (óleos emulsionáveis). São utilizados no controle de várias pragas, como lagartas, moscas brancas, afídeos, cochonilhas, gafanhotos, ácaros, lagartas, pragas de grãos armazenados, etc. Atuam por contato, ingestão e fumigação, provocando mortalidade, repelência, deterrência alimentar, redução no crescimento, efeitos morfogenéticos e redução na fertilidade e fecundidade. No comércio já existem formulações de nim (Neenseto, Natuneen, Azamax etc), sendo utilizadas no controle de pragas em cultivos orgânicos e de produtores familiares.
Biológicos ou Bioinseticidas São produtos contendo organismos vivos, derivados desses organismos, ou obtidos através de manipulação genética.
Bactérias - Bacillus
thuringiensis
thuringiensis aizawai
var.
kurstaki (Btk),
conhecido comercialmente como Dipel. e B.
(Bta), que se encontra no comércio com o nome de Xentari, sendo
recomendados para o controle de lagartas. A bactéria atua por ingestão, e no trato digestivo da lagarta, que tem pH alcalino, ocorre a dissolução do cristal tóxico (delta endotoxina), etapa obrigatória para que a toxina possa expressar a sua ação. A lagarta para de se alimentar e, posteriormente, apresenta paralisia intestinal. A morte pode ocorrer por toxemia ou septicemia. A bactéria, de modo geral, apresenta seletividade para predadores e parasitóides, e baixa toxicidade para vertebrados. Outra bactéria, Bacillus
sphaericus,
é utilizada no controle de mosquitos ( Culex
quinquefasciatus).
Abamectina - inseticida, acaricida e antihelmíntico, isolado de produtos de fermentação da bactéria Streptomyces avermetilis.
Inibe o sistema neurotransmissor GABA (ácido gama aminobutírico) nas
junções neuromusculares de insetos e ácaros. Doses entre 1 a 30 mg/kg podem provocar efeitos neurotóxicos severos em mamíferos e pássaros. Exposição crônica com a dose de 2 mg/kg/dia causa
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sério efeito no SNC, provocando ataxia e tremores. Apresenta seletividade para ácaros predadores, parasitóides e fungos entomopatogênicos.
Spinosynas (Spinosad) - São um grupo de moléculas derivadas naturalmente de uma nova espécie de Actionomicetos, Saccharopolyspora
spinosa,
que é caracterizada como uma bactéria. Spinosad é
composto pelos dois fatores naturais mais ativos no controle de insetos (fatores A e D). O A é o componente majoritário, no entanto, ambos são bastante similares em relação às suas estruturas e propriedades. É um produto muito eficaz no controle de várias pragas das ordens Coleoptera, Diptera, Hymenoptera, Isoptera, Lepidoptera, Siphonaptera e Thysanoptera em diferentes culturas, atuando por contato e ingestão. Provoca excitação do sistema nervoso dos insetos, levando à contrações involuntárias dos músculos, prostação com tremores e, finalmente, paralisia. Ativam os receptores nicotínicos da acetilcolina e também afetam o complexo de receptores de GABA, o que pode contribuir para a sua ação inseticida. É seletivo para mamíferos e outros organismos não alvos. Um dos produtos comerciais mais conhecidos é o Tracer.
Fungos - Metarhizium
anisopliae,
utilizado no controle de cigarrinhas da cana-de-açúcar e de
pastagens, pragas de grãos armazenados, cupins, etc; Beauveria
bassiana,
controla a broca-gigante
da cana-de-açúcar, cupins, moleque da bananeira, ácaro rajado etc. Atuam nos insetos via tegumento, ou seja, por contato.
Virus - Baculovirus anticarsia; B. erinyis; B. spodoptera utilizados, respectivamente, no controle da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), mandarová da mandioca ( Erinyis ello ) e lagarta do cartucho do milho (Spodoptera
frugiperda);
são específicos em e, de um modo geral, seletivos aos inimigos
naturais.
Óleos minerais São produtos emulsionáveis derivados do petróleo, utilizados no controle de cochonilhas e ácaros, provocando a morte por asfixia. São também usados como adjuvantes de inseticidas. Assist, Óleo mineral Fersol, Iharol, são exemplos de produtos comerciais. Apresentam baixa toxicidade para vertebrados. Recomenda-se não utilizar concentrações acima de 1% para evitar fitoxicidade.
Reguladores de crescimento Atuam por ingestão e contato, sendo muito eficazes no controle de lagartas e larvas de besouros. Apresentam seletividade a predadores e parasitóides e baixa toxicidade para os vertebrados. São divididos em três grupos: (a) inibidores da síntese de quitina; (b) agonistas do
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ecdisteróide e (c) análogos do hormônio juvenil. Os primeiros são derivados da aciluréia e benzoiluréias e agem impedindo a ecdise dos insetos, em virtude da sua interferência na síntese de quitina. Deste modo, o inseto tem a sua fisiologia comprometida durante a ecdise, não forma uma nova cutícula, não consegue se livrar da exúvia e morre. São exemplos deste grupo: triflumuron (Alsystin),
chlorfluazuron
(Atabron),
teflubenzuron
(Nomolt),
hexaflumuron
(Consult),
flufenoxuron (Cascade), diflubenzuron (Dimilin), lufenuron (Match). O segundo grupo é formado pelos agonistas do ecdisteróide, ou seja, compostos que têm a mesma ação do hormônio da ecdise (imitam o hormônio da ecidise). Pertencem ao grupo das bisacilhidrazinas (tebufenozide, halofenozide, RH-2485, RH-5849). Estes compostos interagem com o receptor de proteínas do ecdisteróide, provocando uma estimulação direta dos mesmos. Provocam a indução de ecdise letal e prematura (acelerador de ecdise) e efeito esterilizante. O terceiro grupo é o dos análogos do hormônio juvenil, como o methoprene, fenoxycarb, pyriproxyfen e diofenolan. Pertencem ao grupo químico piridiléter. Agem nos estágios mais sensíveis do desenvolvimento dos insetos, como no final do último ínstar larval ou ninfal, alongando a duração do ínstar, formando uma larva ou ninfa superdesenvolvida, larva-pupa ou pupa-adulto ou ninfa-adulto intermediários. Têm também ação ovicida, agindo nos estágios iniciais da embriogênese. Em adultos de algumas espécies podem provocar uma redução na fertilidade.
Organoclorados Os inseticidas organoclorados foram retirados do comércio brasileiro, em virtude da sua alta persistência no meio ambiente, alto grau de toxicidade crônica, acumulando-se nos tecidos gordurosos e capacidade de provocar câncer. São citados como exemplo, o DDT, BHC, aldrin, dodecacloro, toxafeno, clordane, heptacloro, etc.
Organofosforados São derivados dos ácidos fosfórico, tionofosfórico, tiolofosfórico, ditiofosfórico, etc. Geralmente são mais tóxicos para os vertebrados em relação a outros grupos de inseticidas. São inibidores irreversíveis da colinesterase (mediador químico da transmissão sináptica), provocando acúmulo de acetilcolina (neurônio-neurônio, junção neuromuscular ou sinápses). Atuam por de contato, ingestão, profundidade ou translaminar e fumigante, e alguns apresentam propriedades sistêmicas. Podem ser classificados nos seguintes grupos químicos:
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Alifáticos – trichlorfon (Dipterex), monocrotophos (Azodrin, Nuvacron), dimethoate (Agritoato), disulfoton, dichlorvos (Dipterex), metamidophos (Tamaron), acephate (Orthene), etc.
Derivados fenílicos - methyl parathion, profenophos (Curacron), fenthion (Lebaycid), fenitrothion (Sumithion).
Derivados heterocíclicos - diazinon (Diazinon) chlorpyrifos (Lorsban), methidathion (Supracid), phosmet (Imidan).
Carbamatos São derivados dos ácidos N-metil carbâmico e N-N-dimetil carbâmico. São inibidores reversíveis da acetilcolinesterase. Ataum por contato, ingestão e fumigação, e alguns são sistêmicos. Exemplos: carbaryl (Carbaryl Fersol), methomyl (Lannate), carbofuran (Furadan), aldicarb (Temik), thiodicarb (Larvin), carbosulfan (Marshal).
Piretróides São ésteres derivados do ácido crisantêmico. São tóxicos do axônio, atuando nos canais de sódio. Atuam por contato e ingestão e não apresentam ação sistêmica, translaminar e de fumigação. De um modo geral, são menos tóxicos em relação aos organofosforados, no entanto, são bastante efetivos no controle de pragas, sendo rapidamente hidrolizados e eliminados intactos ou sob a forma de metabólitos tóxicos, antes de atingirem o sistema nervoso. Exemplos: fenvalerate (Sumicidin, Belmark), permetrina (Ambush, Pounce), bifentrina (Brigade, Talstar), lambdacyhalothrina (Karate), cypermetrina (Ripcord, Cymbush), cyflutrina (Baytroid), fenpropatrina (Danimen, Meothrin), deltametrina (Decis, K-obiol), esfenvalerate (Sumidan).
Fumigantes São inseticidas que atuam na forma gasosa, penetrando pelos estigmas ou espiráculos dos insetos, contendo na sua fórmula um ou mais halogêneos (Cl, Br ou F). Brometo de metila – é um gás liquefeito sob pressão, contendo na sua formulação brometo de metila e cloropicrina (substância que provoca lacrimejamento, prevenindo a intoxicação). É um produto extremamente tóxico, pertencente à classe toxicológica I. Tem ação inseticida, fungicida e nematicida. A absorção ocorre por via dérmica e via respiratória. A intoxicação aguda provoca depressão no SNC, pneumonite química, edema pulmonar, hepatite e nefrite tóxicas. O contato direto com o produto provoca a formação de vesículas na pele e ulcerações na córnea e mucosas. Recentemente, seu uso vem se restringindo ao tratamento de madeira, visando ao controle de brocas.
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Fosfina (Gastoxin, Gastoxin Pasta) – é um gás pertencente ao grupo dos fosfetos metálicos (fosafeto de alumínio e fosfeto de magnésio), encontrado nas formulações de pastilha, pasta, tabletes, sachês, sendo extremamente tóxico (Classe toxicológica I). Os fosfetos na presença de umidade liberam fosfina, que provoca inibição dos sistemas enzimáticos celulares, produzindo edema pulmonar, depressão do sistema nervoso central, mediocardite tóxica e colapso circulatório. É usado no expurgo de grãos armazenados (controle curativo), no controle de cupins de montículo e de cochonilhas da raiz do cafeeiro.
Ozônio * O ozônio (03)) é um gás resultante do rearranjo de átomos de oxigênio e pode ser gerado por descargas elétricas ou pela incidência de radiação eletromagnética de alta energia (luz ultravioleta) no ar; * É um agente antimicrobiano de largo espectro; * Não deixa resíduos nos alimentos; * Usado na descontaminação da superfície de frutas e legumes e como fumigante em milho, pois não modifica a qualidade dos grãos; * Degrada micotoxinas e remove resíduos de agrotóxicos; * Pode reagir com agrotóxicos e promover a sua degradação.
Sulfonamidas fluoralifáticas Como exemplo, cita-se a isca granulada Mirex-S, utilizada no controle das formigas saúvas e quenquéns.
Fenil pirazol Cita-se como exemplo o Fipronil (Regent), usado no controle de cupins da cana-de-açúcar, bem como da larva alfinete ( Diabrotica speciosa ), larva arame (Conoderus scalaris) em batatinha, e de tripes, curuquerê e bicudo do algodoeiro. É também utilizado na formulação de isca granulada
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(Blitz) para o controle da formiga saúva. Atua no SNC, sendo um inibidor reversível do receptor GABA.
Neonicotinóides ou Nicotinóides São compostos relativamente novos que se caracterizam por apresentarem um novo modo de ação. Dividem-se nas seguintes subclasses:
Compostos cloronicotinis: Imidacloprid (Confidor) – usado em esguicho (“drench”) e imersão; (Gaucho) – tratamento de sementes; (Winner) – aplicação no tronco; Thiacloprid (Calipso) – usado em pulverização. Todos os produtos mencionados são sistêmicos, sendo muito eficientes no controle de insetos picadores-sugadores, como moscas-brancas, afídeos, tripes, psilídeos, etc. Os cloronicotinis imitam o neurotransmissor acetilcolina e competem com eles pelos seus receptores, isto é, são agonistas da acetilcolina, pois imitam a sua ação apesar de possuírem fórmulas estruturais bem distintas do composto original. Contudo não são suscetíveis à hidrólise enzimática pela acetilcolinesterase e a contínua interação entre os cloronicotinis e os receptores da acetilcolina leva nos vertebrados a uma hiperexcitação do sistema nervoso, causando perda da coordenação muscular, convulsões e finalmente a morte por falha respiratória.
Compostos thianicotinis: Thiamethoxam (Actara) – usado em pulverização, imersão e esguicho; (Cruiser) – usado no tratamento de sementes. A exemplo do grupo anterior, também são sistêmicos. Os compostos thianicotinis, como o Thiamethoxam, afetam a transmissão de estímulos nervosos fixando-se de forma permanente na proteína receptora da membrana da célula nervosa, denominada receptor de acetilcolina tipo B. Esta união é desdobrada muito lentamente pela acetilcolinesterase, permitindo a transmissão contínua de estímulos nervosos, causando colapso do sistema nervoso do inseto. Este produto permite o controle de insetos resistentes aos inseticidas convencionais organofosforados, carbamatos e piretróides.
EFEITOS COLATERAIS DOS INSETICIDAS Apesar dos inúmeros benefícios causados pelos inseticidas no controle de pragas agrícolas e da saúde pública, quando não usados adequadamente, podem causar efeitos indesejáveis ao homem e animais e nos diferentes agroecossitemas.
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Toxicidade ao homem e animais Na escolha de um determinado inseticida para o controle de uma praga, deve-se ter conhecimento de diversos fatores, entre os quais, o risco e a toxicidade do produto. O risco diz respeito à probabilidade de um composto causar efeitos nocivos à saúde, e depende da toxicidade e exposição (Risco = toxicidade x exposição). Assim, tem-se as seguintes situações: (a) o risco será alto se a toxicidade e exposição forem altos; (b) o risco será baixo se a toxicidade for alta e a exposição baixa; (c) se a toxicidade for baixa e a exposição alta, o risco será alto; (d) o risco será baixo se a toxicidade e exposição foram baixos. Por outro lado, a toxicidade é a propriedade inerente à substância de causar efeito adverso à saúde. No estudo da toxicidade estão envolvidos três fatores importantes: a dose da substância, o indivíduo exposto e a resposta do organismo (sintomas e
sinais). Os inseticidas podem causar dois tipos de intoxicação: Toxicidade aguda – resultante da absorção de doses relativamente altas num curto espaço de tempo, através das vias oral e dérmica, sendo expressa pela dose letal 50% (DL 50), que é a quantidade do produto, em mg/peso corpóreo, capaz de provocar a morte de 50% dos animais submetidos à experiência. Nos testes utilizam-se, comumente, ratos albinos machos e fêmeas. Quanto menor a DL50 ou CL50, maior será a toxicidade do inseticida.
Toxicidade crônica – resultante da absorção de doses relativamente pequenas a curto e a longo prazos, fornecendo informações a respeito da toxicidade acumulativa de um agente tóxico. Na avaliação toxicológica, que consiste no estudo acurado dos dados biológicos, bioquímicos e toxicológicos de uma substância, com o objetivo de conhecer sua atuação em animais de prova e inferir os riscos para a saúde humana, geralmente são realizados os seguintes testes: a) estudos de
efeitos reais de toxicidade aguda em tecidos e órgãos; b) estudos de efeitos carcinogênicos, teratogênicos e mutagênicos e c) estudos sobre níveis de não efeito do agrotóxico .
Toxicidade É a propriedade inerente à substância de causar efeito adverso à saúde.
Dose
Resposta
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Risco É a probabilidade de um evento causar efeito adverso à saúde.
Risco = Toxicidade X Exposição Alto Alta Alta Baixo Alta Baixa Alto Baixa Alta Baixo Baixa Baixa
Toxicidade: Como medir
DL50
• Oral • Dérmica
CL50
• Inalatória
Outros parâmetros: • Irritação cutânea. • Irritação ocular.
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Toxicidade: Classificação DL50 Oral (mg/kg)
DL50 Dérm. (mg/kg)
Olhos
Pele
CL50 Inal. (mg/l) 1h Expos .
Sólido
Sólido
I
< 5
< 20
< 10
< 40
Opacidade da Córnea Reversível ou não em 7 dias. Irritação persistente
Corrosivo
< 0.2
II
550
20 20 0
10 10 0
40 40 0
Sem Opacidade da Córnea. Irritação Reversível em 7 dias
Irritação Severa
0.2-2
III
50 - 200- 100- 40050 0 2000 1000 4000
Sem Opacidade da Córnea. Irritação Reversível em 72 horas
Irritação Moderada
2-20
IV
> > > > 50 0 2000 1000 4000
Sem Opacidade da Córnea. Irritação Reversível em 24 horas
Irritação Leve
> 20
Classificação toxicológica dos inseticidas Consiste na classificação dos produtos técnicos e das formulações levando em consideração os seus aspectos toxicológicos:
Classificação Toxicológica
I II
Extremamente tóxico Altamente tóxico
III
Medianamente tóxico
IV
Pouco tóxico
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Marinho & Mendonça, 2005
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Modo de ação de inseticidas
IRAC - BR
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IRAC - BR
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IRAC - BR
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IRAC - BR
Classificação quanto ao potencial de periculosidade ambiental (IBAMA) Classe I – Produto altamente perigoso. Classe II – Produto muito perigoso. Classe III – Produto perigoso. Classe IV – Produto pouco perigoso. Tríplice lavagem e destinação final das embalagens vazias Após o uso de produtos agrotóxicos, as embalagens vazias precisam der descartadas de maneira correta e segura para evitar contaminação do homem, animais domésticos e ambiente. É extremamente importante que o resto do produto, que ainda permanece no interior da embalagem, seja retirado e descartado. No caso de embalagens metálicas plásticas e de vidro, que contiveram produtos fitossanitários para serem aplicados diluídos em água, a remoção é feita usando-se a tríplice
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lavagem. Este método não se aplica aos produtos embalados em recipientes não rígidos como os sacos hidrossolúveis, sacos plásticos, sacos aluminizados e sacos multifoliados. Estes recipientes devem ser descartados de maneira diversa. Na tríplice lavagem a embalagem vazia deve ser enxaguada três vezes para eliminar, o máximo possível, as sobras do produto. Esta medida de segurança torna possível a reciclagem do material usado na fabricação da embalagem de produtos fitossanitários. Nessa operação deve-se sempre utilizar equipamentos de proteção individual adequados como: luvas, avental, botas, óculos protetores ou protetor facial. A reciclagem controlada é uma das alternativas mais viáveis para o destino final das embalagens de produtos fitossanitários tríplice lavadas, por ter a característica de uma opção autosustentável. Para uma maior orientação sobre o assunto, recomenda-se consultar o Manual de Orientação sobre a Destinação de Embalagens Vazias de Atróxicos (BASF 2000).
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Impactos de inseticidas sobre organismos não-alvo Os inseticidas podem provocar efeitos negativos e positivos em organismos não-alvo. Os primeiros podem causar mortalidade e afetar a biologia dos organismos, através de doses subletais. Estes efeitos podem ocorrer na sobrevivência, no crescimento, no comportamento, na alimentação, na oviposição e no aprendizado dos insetos. Os efeitos positivos podem favorecer a reprodução, bem como determinadas vias fisiológicas dos insetos. Efeitos de pequenas exposições a doses subletais de agrotóxicos, denominado de hormese (hormoligosis) favorecem o desempenho do inseto atingido. Os efeitos são manifestados no crescimento, desenvolvimento, reprodução, respostas metabólicas e fisiológicas dos organismos. Outros fatores, como o clima, destruição dos inimigos naturais, persistência de inseticidas etc, podem também favorecer o desempenho dos insetos.
Ressurgência de pragas. Consiste no ressurgimento de pragas numa infestação muito mais elevada, decorrido algum tempo da aplicação de inseticidas de largo espectro, que são tóxicos para a praga e também para os seus inimigos naturais. Como estes dependem das pragas ou hospedeiros para a sua sobrevivência, demoram mais tempo para restabelecer o equilíbrio e, deste modo, as pragas livres dos seus inimigos naturais desenvolvem altas infestações. Na citricultura paulista já foi constatada a ressurgência do ácaro da falsa ferrugem
(Phyllocoptruta oleivora)
após a aplicação dos inseticidas organofosforados
fenitrothion e carbofenothion. Nos Estados Unidos já foi constatada ressurgência desta praga devido a aplicações do inseticida organofosforado metidathion. A morte de inimigos naturais não é a única causa da ressurgência de pragas, pois o produto pode interferir na fisiologia da planta e, deste modo, favorecer o aumento populacional de pragas, devido à inibição da proteossíntese. Esta inibição provoca uma sensibilização da planta em relação a pragas, devido o enriquecimento dos tecidos em substâncias solúveis. Como exemplo, cita-se o aumento da infestação de ácaros durante um período prolongado, após aplicação de inseticidas organofosforados, em virtude da ação dos mesmos sobre a composição bioquímica das plantas, pelo aumento dos teores de glicídeos solúveis nas folhas e caules. A ressurgência também pode se verificar devido à hormese.
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Trofobiose
Teoria da trofobiose.
Surtos de pragas secundárias O uso inadequado de inseticidas também pode provocar o aparecimento de pragas secundárias. Pesquisas desenvolvidas no Brasil têm mostrado que, após aplicações de inseticidas piretróides em algodoeiro, ocorria um aumento da infestação do ácaro rajado O mesmo fato foi registrado em café, com o ácaro vermelho
(Tetranychus urticae).
(Oligonychus ilicis).
As causas
envolvidas neste desequilíbrio são as seguintes: morte de inimigos naturais, dispersão do ácaro,
estímulo à reprodução, alterações fisiológicas e nutricionais da planta, alterações no comportamento alimentar de ácaros predadores e repelência a ácaros predadores. Visando minimizar a ressurgência e surtos de pragas secundárias, adota-se a seletividade, considerada uma tática de importância muito relevante no Manejo Ecológico de Pragas. Na seletividade o produto químico seleciona a praga no agroecossistema em que foi aplicado, afetando
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em baixa proporção a população de inimigos naturais. Existem dois tipos gerais de seletividade:
Seletividade fisiológica - neste caso, numa mesma concentração, o inseticida provoca uma alta mortalidade à praga, em comparação aos inimigos naturais, isto é, o produto é tanto mais seletivo quanto menos afetar os inimigos naturais. A seletividade envolve, primariamente, o movimento do inseticida sobre ou no corpo do inseto e sua interação com o modo de ação ou alvo de ação, bem como os processos de absorção, penetração, transporte e atuação de inseticidas, os quais quando agem em diferentes intensidades resultam em toxicidade diferencial entre a praga e inimigo natural. Outros processos, também podem estar envolvidos, como a retenção do inseticida no tecido gorduroso do inseto e sua excreção e metabolismos seletivos, este último englobando a destoxificação e a insensibilidade dos alvos de ação no inseto. O grau de seletividade fisiológica pode ser calculado pela razão entre a DL 50 à praga e ao inimigo natural, ou pela relação entre a dosagem recomendada para o controle da praga e a DL 50 ao inimigo natural. São considerados seletivos para artrópodos não alvos, os produtos à base de Bacillus thuringiensis var. kurstaki e var. azaiwai (predadores e parasitóides); os inseticidas reguladores de crescimento (predadores); avermectin (predadores de ácaros); carbaryl, endossulfan e monocrotofos (predadores e parasitóides de pragas da soja); deltametrina, permetrina e ciflutrina (parasitóides); acaricidas específicos (joaninha – Pentilea egena);
Seletividade ecológica - baseia-se nas diferenças ecológicas existentes entre as pragas e seus inimigos naturais, significando que a seletividade é alcançada devido à estratégia de aplicação do inseticida. Em outras palavras, embora o produto seja também tóxico aos inimigos naturais, os seus efeitos podem ser minimizados devido de aplicação do mesmo. Citam-se como exemplos de seletividade ecológica: aplicação de inseticidas granulados
sistêmicos no solo, tratamento de sementes com sistêmicos, aplicação de sistêmicos no tronco, imersão de mudas em calda inseticida, esguicho, aplicação de inseticidas em reboleiras, uso de iscas tóxicas, aplicação em fileiras alternadas etc.
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Foerster (2002)
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Resistência de insetos a inseticidas A resistência é uma característica hereditária, que consiste no desenvolvimento de uma habilidade, numa linhagem de um organismo, de tolerar doses de tóxicos letais para a maioria da população normal (suscetível) da mesma espécie. O inseticida exerce uma pressão seletiva sobre a praga, eliminando os indivíduos suscetíveis e, deste modo, os resistentes se reproduzem e aumentam a freqüência gênica dentro da população. De acordo com o IRAC (“Insecticide Resistance Action Commitee” – Comitê de Ação à Resistência a Inseticidas), a resistência é definida como a redução na susceptibilidade de uma determinada população de praga a um agrotóxico, que é observada através de fracassos repetidos com o uso deste produto de acordo com as recomendações apresentadas no rótulo, e onde o baixo desempenho não pode ser explicado através de problemas de armazenamento do produto, aplicação e condições ambientais ou climáticas desfavoráveis.
Pressão de seleção
Aplicação contínua
Pressão de seleção
Aumento na frequência de indivíduos resistentes
Representação esquemática do aumento na freqüência de indivíduos resistentes a determinado produto químico com a pressão de seleção.
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A evolução da resistência a inseticidas é um dos grandes entraves em programas de manejo de pragas envolvendo o uso de produtos químicos. Dentre as conseqüências drásticas da evolução da resistência citam-se: a aplicação mais freqüente de inseticidas; aumento da dosagem do
produto; e substituição por um outro produto, geralmente de maior toxicidade . Estes fatores comprometem os programas de manejo integrado de pragas, em face da maior contaminação do
meio ambiente com inseticidas, destruição de organismos benéficos e elevação dos custos de controle da praga.
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Mecanismos de resistência Os principais mecanismos de resistência de insetos e ácaros a inseticidas e acaricidas, respectivamente, são: aumento da degradação (metabolismo, devido a determinadas enzimas, como as esterases ), redução na sensibilidade do alvo de ação e o decréscimo na penetração
cuticular).
Alguns autores também consideram o mecanismo comportamental , como por
exemplo, a repelência ao inseticida, mas nem sempre este é considerado como mecanismo de resistência.
Resistência cruzada e resistência múltipla Na resistência cruzada , a praga também desenvolve resistência a inseticidas que apresentam moléculas quimicamente relacionadas, resultando num sistema comum de desintoxicação ou de insensibilidade do alvo de ação, ou seja, um único mecanismo confere resistência a dois ou mais compostos químicos, do mesmo grupo ou de outros grupos, que apresentem o mesmo modo de ação. Como exemplo pode-se citar a resistência de uma praga A dois inseticidas organofosforados, ou a um organofosforado e um carbamato. Na resistência múltipla , a resistência se estende a inseticidas com diferentes modos de ação e/ou diferentes mecanismos de desintoxicação, ou seja, quando pelo menos dois mecanismos coexistentes conferem resistência a dois ou mais compostos químicos, geralmente não relacionados. Como exemplo, pode-se citar a resistência a um organofosforado e um piretróide, devido a dois mecanismos de resistência distintos.
Estratégias de manejo da resistência Para que os programas de manejo da resistência sejam efetivos devem ser implementados no início do aparecimento do problema, porém na prática isso infelizmente não vem ocorrendo com regularidade. O uso de equipamentos mal calibrados, aplicações quando a praga atinge altas infestações, condições meteorológicas, formulações inadequadas, dosagens incorretas, pH da calda e evolução da resistência, podem comprometer o uso de agrotóxicos. São necessários bioensaios de laboratório para avaliar a suscetibilidade de populações de pragas aos agrotóxicos, visando investigar como estão se comportando em relação a esses produtos. De acordo com Georgiou (1983), são três as estratégias de manejo da resistência: manejo
por moderação, manejo por saturação e manejo por ataque múltiplo . Na primeira estratégia,
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deve-se reduzir a pressão de seleção, visando preservar os indivíduos susceptíveis em uma determinada população. Como recomendações incluem: aplicação menos freqüente de
agrotóxicos, controle em reboleiras, manutenção de áreas não tratadas para refúgio dos indivíduos susceptíveis e aplicação do agrotóxico no estágio mais vulnerável da praga . No manejo por saturação busca-se reduzir o valor adaptativo dos indivíduos resistentes através do
uso de sinergistas ou altas doses do produto. Os sinergistas têm a finalidade de bloquear a resistência metabólica, como o butóxido de piperonila (bloqueia a ação de enzimas oxidativas dependentes do citocromo P-450). No manejo por ataque múltiplo recomenda-se o uso de rotação ou mistura de produtos. No primeiro caso, a freqüência da resistência a um produto A diminui quando produtos alternativos A e B são utilizados. Neste caso, há necessidade de assumir que existe custo adaptativo dos indivíduos resistentes na ausência de pressão de seleção e que não existe resistência cruzada entre os componentes da rotação. Na mistura de dois produtos, parte-se do princípio que os indivíduos resistentes ao produto A são controlados pelo produto B, e vice-versa; no entanto, há a possibilidade de se encontrar resistência múltipla aos produtos A e B. Resíduos de inseticidas em vegetais Apesar dos inseticidas serem os principais insumos utilizados no controle de pragas, são passíveis de acarretar a presença de resíduos tóxicos em vegetais, cujo consumo representa um grave risco potencial à saúde dos consumidores. A ingestão contínua, mesmo de pequenas doses subletais e possíveis efeitos deletérios sobre a saúde humana, constitui uma das principais preocupações das autoridades sanitárias mundiais. O controle dos níveis de resíduos nos alimentos, a nível nacional e internacional, deve ser uma prioridade, não apenas do ponto de vista da proteção da saúde pública, bem como para orientação das ações governamentais, visando fazer cumprir a legislação vigente.
Resíduo de agrotóxico - substância ou mistura de substâncias remanescentes ou existentes em alimentos ou no meio ambiente decorrente do uso ou da presença de agrotóxicos e afins, inclusive quaisquer derivados específicos, tais como produtos de conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e impurezas, consideradas tóxicas e ambientalmente importantes.
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Limite máximo de resíduo (LMR) - quantidade máxima de resíduo legalmente aceita no alimento, em decorrência da aplicação adequada numa fase específica, desde sua produção até o consumo, expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes de alimento (em peso) (ppm ou mg/kg).
Dose diária aceitável ou ingestão diária aceitável (IDA) - quantidade máxima de inseticida que, ingerida diariamente durante toda a vida, parece não oferecer risco apreciável à saúde, à luz dos conhecimentos atuais. É expressa em mg do agrotóxico por kg de peso corpóreo.
Intervalo de segurança ou período de carência na aplicação de agrotóxicos ou afins: Antes da colheita – intervalo de tempo entre a última aplicação e a colheita; Pós-colheita – intervalo de tempo entre a última aplicação e a comercialização do produto tratado; Em pastagens – intervalo de tempo entre a última aplicação e o consumo do pasto; Em ambientes hídricos – intervalo de tempo entre a última aplicação e o reinício das atividades de irrigação, dessedentação de animais, balneabilidade, consumo de alimentos provenientes do local e captação para abastecimento público; Em relação a culturas subseqüentes - intervalo de tempo transcorrido entre a última aplicação e o plantio consecutivo de outra cultura.
Intervalo de reentrada – intervalo de tempo entre a aplicação de agrotóxicos ou afins e a entrada de pessoas na área tratada sem a necessidade de uso de equipamento de proteção individual (EPI).
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COMO SÃO ESTABELECIDOS OS LIMITES MÁXIMOS DO RESÍDUO OU TOLERÂNCIA DOS AGROTÓXICOS? Provas de toxicidade
Boa prática Agrícola
Subaguda
Crônica
Análise de resíduo
Resíduo (mg/Kg)
Aguda
A
Dieta usual
mg/Kg na ração
B < C → A = LMR B ≥ C → Agrotóxico não pode ser usado
mg/Kg/dia Nível de não-efeito ÷
MÁXIMA INGESTÃO POTENCIAL (mg/Kg peso corporal/dia)
100
Fator de correção
B C
mg/Kg de peso corporal/dia IDA - Ingestão Diária Aceitável
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FORMULAÇÕES DE AGROTÓXICOS Formulação é o processo de transformação do produto técnico, através de processos físicos, químicos e biológicos, para que o agrotóxico possa ser utilizado convenientemente.
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PREPARO DE UMA FORMULAÇÃO Síntese industrial
Produto técnico
Ingrediente ativo Formulação comercial ou Preparado comercial
♦
+
Ingredientes inertes
Componentes de uma formulação Princípio ativo (p.a) ou ingrediente ativo (i.a) – substância ativa responsável pela eficácia contra
pragas. Componentes inertes – substâncias não ativas, sendo que cada uma delas tem sua função em uma
determinada formulação. São assinaladas as seguintes: a) Argila, talco, caolim – componentes de pós secos. b) Aditivos – melhoram a ação, função, estabilidade, durabilidade etc. c) Anticompactantes – impedem que o produto perca a sua fluidez durante o armazenamento. d) Antiespumantes – impedem a formação de espuma. e) Antioxidantes – impedem a oxidação do produto. f) Bactericidas - impedem a proliferação de bactérias no produto. g) Corantes – dar cor aos produtos (aspecto e segurança visual). h) Dispersantes – dispersar as partículas sólidas na água. i) Emulsificantes – emulsificar o i.a. na água.
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j) Molhantes – proporcionar uma rápida umectação do produto quando o mesmo entre em contato com a água. k) Solventes – dissolver o i.a. sólido para obtenção de uma formulação líquida. Tipos de formulação de agrotóxicos
Formulações para aplicação direta
Pó seco Granulado Microgranulado Granulado encapsulado Suspensão ultrabaixo volume Ultrabaixo volume Líquido para pulverização (eletrodinâmica).
Formulações para tratamento de sementes
Pós Emulsão Suspensão concentrada Solução Pó solúvel
Formulações para diluição em água
Concentrado emulsionável Concentrado dispersível Concentrado solúvel Pó molhável Pó solúvel Suspensão concentrada Granulado dispersível
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Granulado solúvel Suspensão de encapsulado
Formulações especiais
Aerosol Gás liquefeito sob pressão Concentrado para termonebulização Gerador de gás Isca
Adjuvantes para agrotóxicos (formulações) Adjuvantes – melhorar a eficácia do agrotóxico. Espalhantes – modificar as propriedades de umectação, dispersibilidade, espalhamento e/ou emulsificação do agrotóxico. Espalhante adesivo – além das características dos espalhantes, aumenta a adesividade do agrotóxico no alvo desejado.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alves, E.B., C. Omoto & C.R. Franco. 2000. Mistura de dicofol com fempropriximato no manejo da resistência de
Brevipalpus phoenicis
(Geikjes) (Acari: Tenuipalpidae) ao dicofol. An. Soc.
Entomol. Brasil 29: 789-797. Alves, E.B., C. Omoto & C.R. Franco. 2000. Resistência cruzada entre o dicofol e outros acaricidas em Brevipalpus
phoenicis (Geijkes)
(Acari: Tenuipalpidae). An. Soc. Entomol. Brasil 29: 765-
771. Casida, J.E. & G.R. Quistad. 1998. Golden age of insecticides research: past, present or future ?. Annu. Rev. Entomol. 43: 1-16. Coats, J.R. 1994. Riscks from natural versus synthetic insecticides. Annu. Rev. Entomol. 39: 4895l5.