Apostila que ensina os passos básicos para montar um serviço de chaveiroDescrição completa
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Home Studio
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Home studio handbook
How to set up a home studio
part 5 of the home recording studio series
Home Studio setup guide
Home Studio Series Vol4
Coordenadores de trade marketing estão sempre em busca de informações e métodos que auxiliem o PLANEJAMENTO DE ESTRATÉGIAS. Neste e-book, vamos ajudar coordenadores e promotores a montar um PLANOGR...
Artikel ini membahas tentang apa itu home studio recording dan apa saja yang kita butuhkan untuk membangun sebuah home studio recording.Deskripsi lengkap
Home Studio Series Vol4
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Sérgio Izecksohn Teoria Básica para Home Studio
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A Popularização dos Home Studios Um velho sonho de todos os músicos já é rotina para uma boa parcela deles. Ter em casa um estúdio de gravação, onde se possam gravar os próprios trabalhos, seja como fonte de renda, ou pelo menos para registrar as idéias quando elas ainda estão frescas, recémsaídas da inspiração. O antigo sonho de compositores, cantores e instrumentistas se converteu em um mercado que movimenta milhões de dólares por todos os continentes. Muitos músicos, pelo mundo afora, têm seu próprio estúdio, geralmente instalado em um quarto ou sala, em casa. Alguns são bastante sofisticados, com gravação de áudio digital em 24 pistas ou mais, mesas de som automáticas e muito poderosas, vários samplers, sintetizadores, supercomputadores, supercomputadores, tratamento acústico, enfim, recursos compatíveis com os estúdios comerciais de médio ou até grande porte. Outros (a maioria) são bem mais simples, sem tratamento acústico, com menos equipamentos, mas com alto poder de fogo, de qualquer forma. No Brasil dos últimos anos, com a liberalização alfandegária para a importação de equipamentos eletrônicos, o mercado cresceu rapidamente. As lojas de instrumentos se modernizaram e aumentaram em quantidade e qualidade. A figura do “muambeiro” de instrumentos musicais, outrora o braço direito de todo músico profissional, vem, passo a passo, dando lugar a uma estabilização do setor. O músico brasileiro se torna consumidor, com direito a garantia e assistência técnica para seus instrumentos de trabalho, em vez do antigo e triste papel de receptador de material contrabandeado. Por sua vez, a indústria nacional começa a despertar para as novas tecnologias e custos, frente à feroz concorrência dos produtos importados. A gigantesca multiplicação do número de estúdios caseiros decorreu de alguns inventos, que surgiram com a tecnologia digital, no início dos anos 80. Esses inventos evoluíram de modelos que vinham sendo desenvolvidos nas duas décadas anteriores. O mais conhecido é o protocolo MIDI, a interface que comunica sintetizadores a computadores. A MIDI (ou ‘o’ MIDI, como dizem) foi definida em 1983 pelos principais fabricantes de instrumentos musicais do mundo. Ela evoluiu de sistemas de triggers e outros sincronizadores, que cada fábrica desenvolvia para seus instrumentos e seqüenciadores analógicos, sem muita compatibilidade entre equipamentos de fábricas diferentes. Em 83, a indústria resolveu criar um protocolo unificado, e aberto a inovações futuras. Surgia a Musical Instrument Digital Interface, ou MIDI. Mais adiante, com o grande número de usuários e produtores de MIDI files, os arquivos no padrão MIDI para computadores já não eram mais de interesse exclusivo dos músicos. Os jogos de computador, por exemplo, lançam mão desses recursos, e se dirigem a um público muito maior. Foi definido então o padrão General MIDI, um conjunto definido e limitado de timbres e outros recursos para compatibilizar diferentes equipamentos em aplicações voltadas para o mercado da informática. As placas de som e a multimídia
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A Popularização dos Home Studios Um velho sonho de todos os músicos já é rotina para uma boa parcela deles. Ter em casa um estúdio de gravação, onde se possam gravar os próprios trabalhos, seja como fonte de renda, ou pelo menos para registrar as idéias quando elas ainda estão frescas, recémsaídas da inspiração. O antigo sonho de compositores, cantores e instrumentistas se converteu em um mercado que movimenta milhões de dólares por todos os continentes. Muitos músicos, pelo mundo afora, têm seu próprio estúdio, geralmente instalado em um quarto ou sala, em casa. Alguns são bastante sofisticados, com gravação de áudio digital em 24 pistas ou mais, mesas de som automáticas e muito poderosas, vários samplers, sintetizadores, supercomputadores, supercomputadores, tratamento acústico, enfim, recursos compatíveis com os estúdios comerciais de médio ou até grande porte. Outros (a maioria) são bem mais simples, sem tratamento acústico, com menos equipamentos, mas com alto poder de fogo, de qualquer forma. No Brasil dos últimos anos, com a liberalização alfandegária para a importação de equipamentos eletrônicos, o mercado cresceu rapidamente. As lojas de instrumentos se modernizaram e aumentaram em quantidade e qualidade. A figura do “muambeiro” de instrumentos musicais, outrora o braço direito de todo músico profissional, vem, passo a passo, dando lugar a uma estabilização do setor. O músico brasileiro se torna consumidor, com direito a garantia e assistência técnica para seus instrumentos de trabalho, em vez do antigo e triste papel de receptador de material contrabandeado. Por sua vez, a indústria nacional começa a despertar para as novas tecnologias e custos, frente à feroz concorrência dos produtos importados. A gigantesca multiplicação do número de estúdios caseiros decorreu de alguns inventos, que surgiram com a tecnologia digital, no início dos anos 80. Esses inventos evoluíram de modelos que vinham sendo desenvolvidos nas duas décadas anteriores. O mais conhecido é o protocolo MIDI, a interface que comunica sintetizadores a computadores. A MIDI (ou ‘o’ MIDI, como dizem) foi definida em 1983 pelos principais fabricantes de instrumentos musicais do mundo. Ela evoluiu de sistemas de triggers e outros sincronizadores, que cada fábrica desenvolvia para seus instrumentos e seqüenciadores analógicos, sem muita compatibilidade entre equipamentos de fábricas diferentes. Em 83, a indústria resolveu criar um protocolo unificado, e aberto a inovações futuras. Surgia a Musical Instrument Digital Interface, ou MIDI. Mais adiante, com o grande número de usuários e produtores de MIDI files, os arquivos no padrão MIDI para computadores já não eram mais de interesse exclusivo dos músicos. Os jogos de computador, por exemplo, lançam mão desses recursos, e se dirigem a um público muito maior. Foi definido então o padrão General MIDI, um conjunto definido e limitado de timbres e outros recursos para compatibilizar diferentes equipamentos em aplicações voltadas para o mercado da informática. As placas de som e a multimídia
Sérgio Izecksohn Teoria Básica para Home Studio tiveram
aí
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Outro grande responsável pela explosão dos home studios foi o chamado porta-estúdio, o gravador cassete de quatro (ou mais) pistas, que foi aposentando os gravadores de rolo de quatro, oito ou 16 pistas. Hoje, o porta-estúdio está sendo aos poucos substituído pela gravação digital em hard disk ou em fita de vídeo. O custo relativamente baixo e a facilidade de manuseio desta tecnologia foram os responsáveis pelo súbito aumento do número de produtores independentes. De lá pra cá, máquinas, ferramentas e software para se gravar música em casa são lançados freneticamente em um mercado que não pára de se expandir. Nos anos 90, os seqüenciadores por computador e a gravação de áudio pelo processo digital em oito ou 16 pistas são as tecnologias que mais se popularizam. A Internet, a rede mundial de computadores, é uma grande parceira desses estúdios, na medida em que fornece programas, upgrades upgrades (atualizações), gravações gravações de músicas, músicas, arquivos MIDI, partituras e informação musical de graça, sem que o músico precise sequer sair de casa. O outro lado da moeda é a expansão do próprio mercado de trabalho do músico. Por todo canto, florescem novas produtoras de multimídia, de vídeo e animação, agências de publicidade, rádios comunitárias e outras empresas que são clientes naturais das pequenas e médias produtoras de som, caso de muitos home studios com objetivos comerciais. Aqui, o estúdio caseiro fornece meio de trabalho para um ou mais músicos, cantores, compositores e arranjadores. Por seu baixo custo operacional, o home studio chega a competir com as grandes produtoras, oferecendo produtos de alta qualidade aos clientes mais exigentes. Mesmo as emissoras de TV têm preferido contratar produtores que disponham de estúdio próprio. Para se montar e operar um home studio são necessários alguns requisitos básicos. O primeiro que vem à mente, naturalmente, é o capital necessário; o segundo é o equipamento a comprar. No entanto, um requisito fundamental muitas vezes é esquecido nessa hora: planejamento. Sem ele, possivelmente o capital será mal empregado ou o projeto não sairá do mundo das idéias. Planejar os objetivos, o mercado potencial, as condições de trabalho, o equipamento e os recursos humanos, tudo de acordo com o capital disponível, deve vir antes da aquisição de qualquer máquina, para que o sonho não se torne um pesadelo. A consulta permanente ás fontes de informação (revistas, manuais, lojas, especialistas, amigos com experiência, sites na Internet) é outro requisito importante.
O Planejamento faz a Diferença Para se montar um home studio é preciso equilibrar uma série de fatores. De acordo com os objetivos, capital, espaço, clientela ou necessidades pessoais, surgem inúmeras opções de equipamento e de projetos de tratamento acústico para quem vai “se equipar”.
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Nada é pior que constatar erros de planejamento depois de realizado o investimento, como uma obra de isolamento acústico que não isola, ou a compra de aparelhos desnecessários ou obsoletos. Antes de comprar, devem-se ponderar todas as necessidades e possibilidades, e aí fazer uma lista de todos os itens, com modelos e preços compatíveis. Primeiro vêm os objetivos do empreendimento. Um estúdio caseiro de gravação pode atender o mercado fonográfico, publicidade, TV, cinema, vídeo, ou produzir fitas demo de um compositor, cantor ou instrumentista. Também conta o perfil de quem vai operar o estúdio, se músico, engenheiro de som, produtor etc., e a sua experiência com o material. Cada combinação dessas variáveis implica num set-up diferente. Um estúdio voltado para produção de trilhas instrumentais com sintetizadores deverá ter bons teclados e módulos de som MIDI, além de um bom computador, enquanto outro estúdio, para gravação e mixagem de grupos vocais e/ou instrumentais, terá bons microfones, processadores e um sistema de gravação multipista. Nos dois casos, serão necessárias uma boa mesa de som e monitoração. Se se pretende operar simultaneamente nas áreas de áudio e MIDI, busca-se o melhor dos dois mundos, com equilíbrio de investimentos entre eles. O segundo item é o capital disponível. Ele deve ser levado em conta para se definir o nível ou o padrão geral do estúdio, para que se determinem equipamentos e obras acústicas compatíveis entre si. Por exemplo, o uso de microfones caros e muito sensíveis num quarto de alvenaria sem qualquer tratamento acústico pode trazer resultados decepcionantes. Distinguem-se três níveis típicos de home studios:
Básico: pode dispor de um porta-estúdio (gravador) cassete de quatro pistas, como os modelos da Fostex, Tascam ou Yamaha, uma mesa de som de oito ou mais canais (Mackie), um ou dois microfones Shure ou AKG, reverberador, deck cassete, amplificador e caixas acústicas (às vezes a solução inicial é o aparelho de som doméstico, se for de boa qualidade). O estúdio MIDI deste nível pode ter um sintetizador multitimbral da Roland ou da Korg com seqüenciador próprio (workstation) ou externo. Este pode ser um programa de computador, como o Cakewalk ou o Cubase, ou um hardware sequencer da Roland, Yamaha ou Brother. O sistema pode ser sincronizado ao gravador multipista para expansão de canais através de uma interface para computador (MQX 32-M) ou em hardware, da MidiMan ou da J. L. Cooper. O computador para gravar o áudio em substituição ao porta-estudio, através de programas como Cakewalk Pro-Audio ou Cubase Audio e placas de som Turtle Beach ou Roland, demanda uma configuração mais avançada que para aplicações MIDI (gravação de instrumentos eletrônicos), viável até mesmo em velhos 386 com 4 Mega de RAM rodando Windows 3.1. Os arquivos de som podem ser mil vezes maiores que os arquivos MIDI. Intermediário: conta com um sistema de gravação de áudio digital em oito ou 16 pistas, em fita de vídeo (Alesis ADAT-XT ou Tascam DA-88) ou em hard disk, via computador (Session 8, Session 16, Studio Vision) ou hardware (Roland, E-Mu). A gravação em HD é mais cara que os gravadores de fita, trazendo contudo muitos recursos de edição. Outros investimentos, neste nível, são módulos de som (sintetizadores e baterias eletrônicas) e controladores MIDI, um sampler (Roland, Akai), um Pentium ou MacIntosh com interface MIDI/Sync, uma mesa de pelo menos 16 canais com conectores Canon (Mackie, Yamaha,
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Tascam), microfones para vozes e instrumentos (AKG C-3000 e Shure SM-57), direct boxes (Furhman, Countryman) para conectar as fontes sonoras à mesa, reverberadores (Lexicon, Yamaha, Alesis), compressores (Dbx, Alesis), noise gate, equalizador, DAT ou Mini-Disk, amplificador e monitores de estúdio Yamaha, Alesis ou JBL. Um projeto de isolamento e tratamento acústico viabiliza a gravação e a mixagem. Estes recursos permitem boas gravações para CDs independentes ou publicidade e demos de boa qualidade.
Avançado: apto a oferecer qualquer serviço de gravação profissional, adiciona uma mesa de gravação (Mackie, Soundcraft, Tascam, Yamaha) com 32 ou mais canais de entrada/saída e oito subgrupos, automação e patch bay, um sistema de gravação digital (24 pistas) em fita de vídeo (ADAT, DA-88) ou computador (MacIntosh com Pro Tools), dois sistemas de monitoração com amplificadores e caixas profissionais para gravação e mixagem, processadores (equalizadores, compressores Dbx, reverberadores Lexicon e Yamaha, multi-efeitos, Vocalist, Aural Exciter etc.), distribuidores para uns 10 headphones, vários microfones (Neumann U87, AKG C-414, Shure SM-57, SM-94, Audio Technica 4049, Sennheiser MD 421U, Eletro Voice RE 20) e cabos de qualidade. O sistema MIDI se expande com uma interface de oito portas (8 Port, Studio 5 etc.) para o Pentium ou o Mac, teclado controlador Roland ou Kurzweil, sintetizadores Korg Trinity, Roland JV-1080, Ensoniq TS-12, samplers (Roland, Akai, Emulator). A bateria pode ser acústica (microfonada) e/ou trigada ao sampler. Na terceira variável, o espaço disponível, um planejamento de obras de tratamento acústico é vital para o seu perfeito desempenho. Quanto mais alto o nível, mais cuidado se deve ter com tratamento e isolamento. Um arquiteto com experiência em estúdios do porte do seu evita decepções com projetos improvisados que pioram a sonoridade de sua sala. Reserve um espaço para a técnica e outro para os músicos, perfeitamente isolados. Se for um estúdio pequeno ou médio, pode-se até gravar com headphones, num único cômodo da casa. O mais importante é se fazer um projeto com coerência, pesando as reais necessidades de acordo com suas condições e metas. Vale a pena começar com um estúdio mais simples, e depois ir evoluindo de acordo com a sua trajetória.
As Mesas de Som Mesa, console ou mixer. O item central de qualquer estúdio costuma ser negligenciado por aqueles que estão iniciando no universo da gravação de áudio, visto como luxo por alguns que começam a adquirir seus equipamentos, ou como um verdadeiro bicho-de-sete-cabeças por outros. É impossível se operar um estúdio sem a mesa, e ela é que determina a qualidade do seu som. Mesmo os mini-estúdios baseados num único sintetizador workstation, ou só num computador com placa de som, dependem do mixer virtual instalado neles.
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O porte da mesa é proporcional ao do estúdio e os fatores principais para se escolher um bom equipamento são a adequação às necessidades, qualidade do som, recursos auxiliares, facilidade de manuseio, versatilidade e custo. O mercado conta hoje com as mais conceituadas marcas mundiais, como Mackie, Yamaha, Soundcraft, Behringer, Soundtracs etc. Alguns gravadores multipista, cassete, Mini-Disk ou HD, vêm com um pequeno mixer acoplado, que em diversos casos é suficiente. Em um sistema de gravação com mais de uma fonte sonora (instrumento ou voz), todas as fontes devem ser transmitidas à mesa de som através de cabos. Os sinais sonoros entram na mesa através dos canais de entrada (inputs), são processados um a um e finalmente misturados e enviados, pelos canais de saída (outputs), a um gravador ou um amplificador. Canais. O número de inputs, oito, 12, 16, 24, 32 ou mais, depende do número de fontes sonoras (microfones, instrumentos elétricos e eletrônicos) a se gravar simultaneamente, e a se mixar (canais de gravação, instrumentos eletrônicos seqüenciados). Além desses, temos os inputs auxiliares, geralmente para entrada de efeitos externos, como o reverber, ou como canais extras para mixagem de teclados ou outros sinais ‘flat’ (não processados pela mesa). Os canais de saída são os masters estéreo (direito e esquerdo), em pares de outputs para monitoração e mixagem, mais as saídas individuais ou de subgrupos de canais para gravação, além das saídas auxiliares para processamento e efeitos. Conexões. Os conectores, na maioria das mesas, são do tipo “banana”; outras usam plugs RCA. Os conectores “banana” podem ser balanceados (com redução do ruído nas gravações) ou não balanceados. Prefira os plugs do formato XLR ou Canon, balanceados. As impedâncias dos sinais de entrada são geralmente equilibradas pelos controles de ganho (gain ou trim), ou com diferentes inputs para diferentes impedâncias (microfone/linha, mic/line, por exemplo). Nunca use duas entradas de um mesmo canal. Controles. Cada canal de entrada possui controles de nível (volume), timbre (equalização), posição estereofônica (pan), e efeitos ou auxiliares. O endereçamento para subgrupos de canais (bus ou submasters), controles solo e mute são exclusivos de mesas de médio e grande porte. O processamento do sinal sonoro se dá através do fader, equalizador, pan e efeitos (ou auxiliar). O fader, um potenciômetro linear, controla o nível de entrada (volume) da fonte sonora ligada àquele canal. É útil nivelarem-se os canais pelos controles de ganho, deixando inicialmente os faders em 50%, para otimizar os recursos de gravação e mixagem. O equalizador (EQ), que define o timbre de cada canal, pode ser desde um simples par de controles de tonalidade (grave, low, e agudo, high) até um equalizador paramétrico de várias faixas de freqüência. Mais comumente, as mesas apresentam controles de freqüências baixas (Low: 80 ou 100 Hz), médias (Mid: 1 ou 2,5 KHz) e altas (High: 10 ou 12 KHz). As maiores têm uma ou duas faixas de paramétricos nos médios, mais agudo e grave.
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O pan pot, controle do panorama estéreo, posiciona o sinal de um canal de entrada nos canais stereo de saída, mais á esquerda ou á direita. Instrumentos estéreo, como teclados, que utilizem dois canais da mesa, devem ter os pan ajustados, um todo para a esquerda e o outro todo para a direita. O controle da estereofonia, neste caso, é feito com os faders, aumentando-se ou abaixando-se cada um para modificar a posição ‘espacial’. Algumas mesas dispõem de canais estéreo, que endereçam os dois sinais para esquerda e direita. Neste caso, usa-se normalmente o pan, e os outros controles afetam igualmente os dois lados. Controles auxiliares ou de efeitos determinam quanto sinal de um canal será enviado até um processador de som, tal como um reverberador ou delay (eco), pelas saídas auxiliares da mesa, de forma que um mesmo processador possa ser usado por vários canais em intensidades diferentes. Os sinais de diversos canais, devidamente misturados, são enviados por um output auxiliar (mono ou stereo) até o processador, retornando á mesa por um input auxiliar (mono ou stereo) e misturados aos sons originais (‘secos’). Masters, ou mestres, são um ou dois faders que controlam o nível geral dos canais masters de saída, e os controles de retorno dos auxiliares. Os subgrupos ou submasters, encontrados nas mesas de médio e grande porte, tipo 8 bus, funcionam como canais coletivos que gerenciam outros canais. Por exemplo, se as peças de uma bateria ou de uma seção de instrumentos estão entrando por vários canais, pode-se equalizá-los em separado e depois endereçá-los para um mesmo submaster, o que permite o uso de um único fader ou um par estéreo para toda a seção ou a bateria, e gravar tudo em uma ou duas pistas, pelas saídas dos submasters. Automação. As mesas com automação, em geral via MIDI, podem ser controladas por um computador. Diversos procedimentos de mixagem, difíceis de se realizarem simultaneamente, podem ser preparados no computador e repetidos infinitas vezes durante o processo. Vários controles da mesa são automatizados, como os faders, pan e outros. O recurso chamado “recall” permite recuperar as posições dos controles de uma mixagem feita antes. Algumas mesas vêm com automação interna, independente do computador, e todo o processamento on board, isto é, com multiprocessadores de efeitos internos. Mesas digitais transmitem e recebem o sinal dos gravadores por fibra ótica, mantendo o som definitivamente no campo digital. Escolha a mesa de seu estúdio de acordo com as necessidades e características do mesmo. Observe os equalizadores, a quantidade de “mandadas” e retornos auxiliares, o número de canais, mas principalmente a qualidade do som. Este será o seu som.
A Captação do Som Gravar vozes, instrumentos acústicos e elétricos é a tarefa mais delicada de um estúdio. Ainda mais, por não haver regras pré-estabelecidas sobre qual a melhor forma de se
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captar o som de um instrumento. Neste artigo, vamos conhecer os procedimentos usuais de captação e os microfones mais usados pelos estúdios mundo afora. Se o seu home studio opera somente via MIDI, isto é, se teclados e baterias eletrônicas são suas únicas fontes sonoras, não há muito com que se preocupar, pois os instrumentos eletrônicos são conectados diretamente à mesa de som pelos cabos de áudio. Porém, se o estúdio dispõe de um gravador multipista (em fita, HD ou MD) e tem o objetivo de gravar vozes e instrumentos, é necessário conhecer alguns recursos técnicos. Se o seu home studio é básico, com um porta-estúdio cassete de 4 pistas e sem tratamento acústico, ainda não é o momento apropriado para se fazer uma coleção de microfones para todas as finalidades. Neste caso, o uso de microfones dinâmicos, desses que se usam nos palcos, como os Shure SM57 e SM58 (ou Beta 57, 58) pode ser uma boa solução. Dinâmicos e unidirecionais (cardióides), esses modelos compensam a falta de tratamento acústico do pequeno estúdio. Outra boa solução para o pequeno estúdio com isolamento acústico é o modelo AKG C3000, a condensador. Há vários tipos de microfones, para diversas finalidades. Os microfones para gravação se dividem em dinâmicos, que são mais resistentes a ruídos de manuseio e têm uma resposta mais dura, e os microfones a condensador, bem mais sensíveis. Estes precisam ser alimentados por corrente elétrica. Geralmente, a mesa de som tem uma chave de “phantom power”, que os alimenta com uma corrente de 48 V através do próprio cabo de áudio. Quanto à área de atuação, os cardióides captam melhor o som numa área em forma de coração, diante da cápsula e a moderada distância, sendo chamados de unidirecionais. Os hiper-cardióides têm essa área de captação ainda mais estreita. Há ainda os omni-direcionais ou multi-direcionais, captando áreas mais largas, e ainda em forma de 8. A mesa deve ter inputs do formato XLR ou Canon para uma melhor qualidade do som. Se ela só possui entradas com plugs do tipo “banana”, verifique no manual se essas entradas são balanceadas. Neste caso, podem-se usar plugs banana estéreo (com 3 vias) para fazer a conexão. Note que esses plugs estéreo serão usados como “mono” (a terceira via é usada como terra). Para gravar instrumentos em linha numa mesa com entradas Canon, é ideal o uso de Direct Boxes, casadores de impedância que mandam o sinal para a mesa por cabos Canon. Já os microfones são plugados diretamente à mesa. Vejamos aqui algumas técnicas e os microfones mais usados para a captação de vozes e dos instrumentos mais comuns:
Voz. Os microfones a condensador são os mais apropriados. Os mais usados são o Neumann U87 e AKG C-414. O AKG C3000, de menor custo, é uma boa solução para o home studio. O microfone deve ficar sempre no pedestal, com suspensão própria e uma tela para filtrar o som da voz e barrar a emissão mais forte do ar, que causa o indesejável “puf” na gravação. A distância varia de acordo com a potência vocal do cantor, geralmente entre 20 e 70 cm, mais ou menos na altura dos olhos. Usando-se um microfone dinâmico (no pequeno estúdio), deve-se posicioná-lo a 45 graus da boca do cantor, a uns 5, 10 cm. Violão. Temos aqui várias opções de captação. O violão com cordas de nylon será
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captado por um microfone a condensador, como os citados para voz, a uns 20 ou 30 cm da boca do instrumento. Usa-se ainda, nos violões eletrificados, combinar o som do microfone com o som direto, plugando-se o violão em um segundo canal da mesa. O ideal é se gravar em várias pistas para então dosar o nível dos sons. O violão com cordas de aço, atuando em conjunto com outros instrumentos de harmonia, pode ser captado por um microfone que realce as altas freqüências (agudos), como o AKG C-391 ou o Shure SM-81.
Guitarra. Apesar da polêmica entre som direto e microfonado, é majoritária a gravação da guitarra através de microfones dinâmicos, como o Shure SM-57, captando o alto-falante do amplificador a uns 20 cm. O amplificador deve estar em outra sala, isolado da técnica. Após se definir o timbre no amplificador da guitarra, busca-se reproduzi-lo nos monitores do estúdio através dos equalizadores da mesa. Usa-se também a gravação em linha através de um pré-amplificador. Baixo elétrico. Pode ser gravado diretamente na mesa, microfonado, via amplificador, ou de várias formas combinadas. Microfonado, segue os padrões da guitarra, usando Shure SM 57, AKG D112, Eletro-Voice RE 20 ou Sennheiser 421. Em linha, com direct box, o som é mais nítido. As cordas têm que estar novas, o instrumento regulado e, se usar captação ativa, bateria nova. O ideal é experimentar até se alcançar a sonoridade desejada. O custo/hora do home studio costuma ser bem menor que nos estúdios de maior porte, o que permite uma experimentação maior. Bateria. Usam-se vários microfones diferentes, em geral dinâmicos para as peles e condenser para os pratos. Para a caixa, o mais comum é o Shure SM57, voltado para a pele superior, a uns 10 cm. Para o bumbo, AKG D112 ou Eletro Voice RE 20, dentro do bumbo. Tom tons e surdo, Sennheiser MD 421, como na caixa. Contratempo, Shure SM 94. Os pratos podem ser captados por dois microfones overall do tipo lapiseira, como o Shure SM 81. Nunca é demais experimentar opções de captação, já que o que realmente importa é o resultado. A boa execução vocal ou instrumental é o fator mais importante para uma gravação de qualidade. Não deixe para recuperar a qualidade na mixagem. As melhores soluções são encontradas na hora de gravar.
Os Gravadores Multipista Há poucas décadas, a gravação de um disco era feita diretamente para a fita master, gravando-se músicos e cantores todos ao mesmo tempo. Se houvesse um erro por parte de qualquer um deles, todo o trabalho era refeito. O lançamento dos gravadores multipista permitiu uma grande evolução nas técnicas de gravação. Os estúdios dispõem hoje de dois tipos de gravadores, multipista e estéreo, o primeiro para a gravação em si e o segundo para a mixagem. Cada tipo apresenta diversos formatos, para gravação analógica ou digital. O gravador multitrack, multipista ou multicanais, registra os sinais sonoros de fontes acústicas, elétricas e eletrônicas na primeira fase de uma gravação. Há modelos analógicos, de fita magnética cassete ou de rolo, e os digitais, de fita de vídeo, disco
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rígido ou Mini-Disk, com quantidade variada de pistas de gravação ("tracks"). Gravadores analógicos. Os gravadores de rolo são o padrão original da gravação multipista. Utilizam fitas de 1/4, 1/2, 1 ou 2 polegadas, em 4, 8, 16, ou 24 pistas. Os rolos de 8 pistas com fita de 1/4, das marcas Fostex e Tascam eram muito encontrados em home studios até o lançamento dos gravadores digitais em fita de vídeo. Gravadores cassete de 4, 6 ou 8 pistas, os porta-estúdios, da Tascam, Fostex e Yamaha, estão entre as causas da súbita popularização dos estúdios pessoais em quase todo o planeta. Vêm com uma pequena mesa de som e um filtro de ruídos, e custam em torno de 500 dólares. Gravadores digitais utilizam fitas de vídeo em 8 pistas, expansíveis até 128, como o Alesis ADAT-XT (fita S-VHS) e os Tascam DA-88 e DA-38 (fita Hi-8), Mini-Disk (MD) em 4 pistas (Tascam, Yamaha e Sony) ou disco rígido (HD), em hardware (Roland, E-Mu) ou via computador. Enquanto a fita permite o livre trânsito do material gravado entre vários estúdios, a gravação em HD ou MD ganha poderosos recursos de edição. Os programas de computador (para Mac e PC) controlam sistemas de quatro ou oito pistas, em geral, utilizando hard disks de mais de um gigabyte de memória. Os mais usados são o ProTools, da Digidesign (que inclui os periféricos‚ como interface de áudio etc.), o Sonic Solutions , ambos para o MacIntosh, e o Session 8 (Digidesign) para o PC (Windows). Recentemente, os seqüenciadores MIDI vêm implementando a gravação de áudio em HD através das placas ou interfaces de som. Os mais comuns são o Cakewalk Pro Audio (PC), o Studio Vision, o Digital Performer (Mac), o Cubase Audio e o Logic Audio (para as 2 plataformas). Pistas e canais são termos usados de forma genérica e confusa para gravadores, mesas, MIDI e seqüenciadores. Cabe aqui uma distinção: canal ("channel") é a rota de um sinal de entrada ou saída, seja de áudio em uma mesa de som, seja de informações MIDI sendo transmitidas ou recebidas por um instrumento ou computador; pista ou trilha ("track") é a faixa de uma fita onde um sinal é gravado. Por exemplo, a fita cassete estéreo é gravada em duas pistas (direita e esquerda) no lado A e mais duas no lado B. Os seqüenciadores, inspirados nos gravadores, têm seus setores de "gravação" igualmente denominados "pistas" .O mesmo ocorre com gravadores de HD. Nada impede, pois, que enderecemos vários canais de uma mesa direto para uma única pista do gravador, ou seja, que gravemos várias fontes, através de vários canais da mesa, numa única pista. Diferenças entre estéreo e multipista. O gravador multipista difere do estéreo nos modos de gravação e reprodução. Comparado a um cassete multipista, o deck cassete stereo tem quatro pistas de gravação, que correspondem aos canais esquerdo e direito de cada lado ("A" ou "B") da fita. O cabeçote atua sobre duas pistas, os dois canais stereo daquele lado. Virando-se a fita, gravam-se ou reproduzem-se as duas pistas do outro lado. O gravador multipista, por seu turno, utiliza todas as pistas de uma só vez. Não há lado "A" ou "B", mas um único lado com 4 ou 8 pistas, cada uma delas sendo gravada ou reproduzida independentemente. Cada pista tem seu sinal enviado a um diferente canal da mesa de som, onde só então o sinal é posicionado no campo auditivo stereo (direito/esquerdo) via controle de pan. Canais de entrada e de monitoração em uma gravação exigem atenção. Os gravadores multipista têm canais de entrada (inputs) correspondentes às pistas de gravação e canais
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de saída (outputs) para monitoração e mixagem. O input recebe o sinal, proveniente da fonte sonora através da mesa de som, e o envia para o cabeçote de gravação. O output envia o sinal, da cabeça reprodutora, de volta à mesa de som, para ser monitorado e processado num segundo canal. Para termos maior liberdade na mixagem, o procedimento usual é gravar o sinal seco, não tratado acusticamente nem equalizado (timbre "flat"), nivelando-se os canais de entrada da mesa e do gravador, de modo que os VUs ou os LEDs de ambos atinjam o pico entre zero e +3 dB (decibéis), para otimizar a relação sinal/ruído. Nos gravadores digitais, o nível de gravação não pode ultrapassar zero dB. Monitorando-se a "volta" (o canal da mesa onde se liga o output do gravador) com o processamento desejado na hora de gravar, esse processamento não interfere na gravação flat, devendo ser refeito na mixagem e sempre que se desejar. Há exceções, em que se opta por gravar o sinal já processado, principalmente da guitarra. Filtros. Nos gravadores analógicos, devemos usar sempre o filtro de ruídos, dbx ou Dolby, desnecessários nos modelos digitais. Os gravadores em HD e MD, com suas peculiaridades, serão matéria de um outro artigo. A escolha de um gravador multipista leva em conta a qualidade do som mais a vocação e o orçamento do estúdio.
Gravação de Áudio no Computador Muito têm evoluído os sistemas de gravação de áudio. No princípio, gravava-se toda a orquestra ou banda reunida, monofonicamente (em um único canal). Ou seja, gravação e mixagem eram uma coisa só, ocorriam no mesmo momento. Havendo algum erro por parte de um dos músicos, tudo precisava ser regravado. Depois, veio a gravação estéreo, e daí em 4, 8, 16 e 24 pistas, nos gravadores analógicos de rolo. Surgiu aí a técnica do playback, a gravação em separado das partes de um arranjo. Mais recentemente, com o advento do áudio digital, entraram em cena os gravadores em fita de vídeo, com 8 pistas, como o ADAT, e gravadores digitais de rolo. A nova tendência é o áudio gravado diretamente para o disco rígido de um computador. Através de uma interface (placa) de som e um programa, o micro passa a ser o próprio estúdio de gravação . Primeiro surgiram programas dedicados exclusivamente à gravação de áudio no hard disk, em geral com 8 pistas, como o Pro Tools, para o Mac, e o Session 8, para Windows, ambos da Digidesign. Nos últimos anos, uma nova opção ganha cada vez mais força, principalmente nos home studios: os programas que conjugam gravadores de som e seqüenciadores MIDI, como o Digital Performer, o Studio Vision (Mac), o Cubase Audio, o Logic Audio, ambos para Mac e Windows, e o mais popular de todos, o Cakewalk Pro Audio (Windows). Com um programa como esses, em um PC multimídia, o usuário dispõe de um estúdio de gravação com muitos recursos de edição, junto a um poderoso seqüenciador de teclados MIDI. No Cakewalk, por exemplo, usando qualquer placa de som, pode-se gravar, em cada track, um canal de áudio (voz, instrumento elétrico ou acústico) ou um canal MIDI de instrumentos eletrônicos. Para isso, basta selecionar a fonte sonora (MIDI ou áudio) com o mouse, na coluna apropriada do programa. Os dois sistemas de gravação, de áudio e MIDI, trabalham sincronizados e unidos, como se
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fossem uma única tecnologia. No entanto, são dois sistemas independentes: um seqüencia (registra e ordena) informações sobre a performance do músico nos teclados e baterias eletrônicas, com baixo consumo de memória, e depende de hardware externo, como sintetizadores, samplers e bateria eletrônica; o outro é um gravador de som multipista que usa o HD como meio, ao invés de uma fita, convertendo os sinais de áudio em dados digitais, consumindo um grande espaço em disco. Para o home studio de nível básico, esta revolução significa que, dispondo-se de um PC com uma placa Soundblaster, geralmente usada para sonorizar jogos, basta instalar um programa como o Cakewalk Pro Audio para ter um porta-estúdio digital e um seqüenciador MIDI sem custos adicionais. O estúdio de nível intermediário pode usar uma placa de som Turtle Beach ou Roland, que aceitam maior número de pistas de áudio e conferem melhor qualidade sonora. O estúdio avançado usa a mesma versão do software, com uma placa Audiomedia III, da Digidesign, e um hard disk SCSI, mais rápido que o IDE.
Conexões e recursos de edição de áudio. Para se gravar o áudio, usa-se a entrada Line In da placa de som. A fonte sonora é conectada à mesa de som, e endereçada até a placa, por um cabo de áudio. Na ausência da mesa, pode-se ligar um microfone na entrada Mic da placa de som. Através da placa e do programa, os sons são registrados no HD. Para se reproduzir o áudio, liga-se a saída Line Out da placa às entradas da mesa, ou se monitora diretamente nas caixas de som do kit multimídia, ligadas à saída Speaker. O número de canais e pistas de gravação, 2, 4, ou 8, é limitado apenas pela placa de som, não pelo programa. Cada pista de áudio possui várias ferramentas de edição, que vão desde o recurso de cortar, copiar e colar trechos gravados, até processadores e efeitos sonoros on board, como equalizadores e reverberadores, sejam recursos do programa ou da placa de som. Ë possível, por exemplo, copiar a voz do refrão de uma música e fazer repetir o trecho em outras partes dessa música. Recursos do seqüenciador MIDI. O seqüenciador é a função original desses programas. Embora contem hoje com recursos de gravação de áudio, edição de partituras etc., todos eram sequencers nas suas primeiras versões. Através das conexões MIDI, presentes nos instrumentos e na maioria das placas de som, controlam os sintetizadores, samplers, baterias eletrônicas, e até processadores de efeitos, mesas e gravadores automáticos. Os teclados, por exemplo, são literalmente tocados por ele, que “aprende a música” quando o instrumentista a executa ou a escreve com o mouse. O programa permite que se editem todas as partes da música com enorme liberdade, como repetir trechos, mudar timbres, andamentos, tons, acrescentar ou retirar notas etc. A quantização corrige automaticamente imprecisões no ritmo tocado pelo músico. O seqüenciador executa ‘ao vivo’ os instrumentos eletrônicos, tornando desnecessário o registro de seu áudio em um gravador multipista, porque os dois sistemas, seqüenciador e gravador, trabalham sincronizados. Assim, os teclados se reúnem ao áudio gravado (voz, instrumentos acústicos e elétricos) na mesa de som, sendo gravados, ainda em 1a geração, somente na mixagem. O uso do seqüenciador sincronizado ao gravador multipista expande em muito os recursos e os canais do estúdio, seja este pequeno ou grande. Vantagens do seqüenciador com áudio incorporado. Essas novas versões dos programas, como o Cakewalk Pro Audio, dispensam o gravador multipista externo. Toda a
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gravação e o seqüenciamento são feitos no computador. Além disso, a gravação de áudio conta com os recursos de edição já citados, inexistentes nos gravadores de fita, como o ADAT.
O Cakewalk Pro Audio Embora seja fácil sincronizar qualquer gravador multipista com um seqüenciador, uma nova tendência vem se irradiando com muita intensidade: os programas de computador que conjugam seqüenciamento MIDI com gravação e edição de áudio digital. Um desses programas vem se tornando um verdadeiro padrão nos estúdios: o Cakewalk Pro Audio. Fácil de operar, o programa (para Windows) conta com inúmeros e poderosos recursos. A versão 6.0 está em fase de lançamento. Operar o Cakewalk é muito fácil: do lado esquerdo da tela, temos 256 tracks em linhas horizontais, que podem servir para gravação de áudio ou MIDI. Em cada track, selecionase a fonte sonora, o canal de áudio ou MIDI e outros parâmetros, de acordo com a natureza da gravação, como volume, pan, patches de sintetizadores etc., clicando nas colunas correspondentes. No lado direito, cada take gravado tem a forma de um clip, um retângulo de comprimento proporcional à sua duração. Os clips MIDI são rosa e os de áudio, vermelhos, facilitando sua identificação, já que sua edição terá importantes diferenças. Vejamos, primeiro, a configuração do programa e do computador. Visto que se está trabalhando com dois sistemas diferentes ao mesmo tempo (áudio e MIDI), as placas ou interfaces devem atender às duas necessidades. Algumas placas controlam áudio e MIDI simultaneamente, outras não, o que, neste caso, requer o uso de mais de uma placa. A Soundblaster controla os dois sistemas, embora não ofereça grande qualidade de som. A placa MIDI mais usada é a MQX-32(M) da Opcode, e as placas de som preferidas pelos home studios são as da Roland, como a RAP-10, e da Turtle Beach, como a Tahiti e a nova Multisound Fiji. A Audiomedia III, da Digidesign, é muito elogiada, sendo bem mais cara. O número de canais de áudio e de portas MIDI depende de cada placa, sendo ilimitados no programa. Instalado o hardware e o software, deve-se abrir o menu Settings: MIDI Devices, como também Settings: Audio, e assinalar as interfaces de entrada e saída de dados. Também se pode habilitar o programa para mudar os patches (timbres) de cada sintetizador do seu estúdio pelos seus nomes. Isto é possível porque o Cakewalk dispõe de uma extensa lista de teclados e outros instrumentos MIDI, com os presets de fábrica, o que facilita muito a escolha dos timbres. Não encontrando seu teclado na lista, podem-se digitar os seus patches. Encontre essas listas com um duplo clique do mouse na coluna Patch da janela principal. Clique depois em Assign Instruments, Define Instruments, Import, src.ins e o nome do seu instrumento. Depois, venha clicando OK ou Close até voltar à janela Assign Instruments, onde se associará cada canal MIDI do lado esquerdo com o instrumento preferido do lado direito, antes de se voltar à janela principal. Através de seu instrumento controlador MIDI, pode-se tocar qualquer outro instrumento MIDI. Midiados os instrumentos e plugadas as entradas e saídas de som (de preferência através de uma mesa), a gravação é feita simplesmente acionando-se o ícone com o
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botão REC. O botão REWIND (<<) volta a música ao início, e então o botão PLAY a executa. Esses comandos servem tanto para se gravar áudio quanto MIDI, mas é importante, antes da gravação de cada track, assinalar nas colunas Source e Port qual a função desejada e sua interface correspondente. Lembre-se sempre que o seqüenciador MIDI não está ‘gravando’ o som do teclado, mas seqüenciando comandos, como note on e off, que só serão ouvidos se o teclado estiver amplificado. Por outro lado, não é necessário se gravar o áudio do teclado, já que o Cakewalk sincroniza automaticamente as tracks MIDI com as de áudio. Além disso, o áudio digital consome centenas de vezes mais memória que os eventos MIDI, o que torna contraproducente a gravação do som dos instrumentos eletrônicos. Só deve ser gravado o áudio de vozes, instrumentos acústicos e elétricos etc., nunca dos instrumentos MIDI. No seqüenciador, crie uma MIDI track com a harmonia (timbre de piano, violão) ou a bateria, primeiro. Use o metrônomo, para depois poder editar o que foi executado. Escolha um andamento confortável e, depois de gravado, modifique-o, se quiser, clicando diretamente na caixa de Tempo (onde está escrito 100,00). A música toca em qualquer outro andamento, sem alterar o tom. Aliás, se desejar, você também pode modificar o tom das MIDI tracks, na coluna Key, o timbre em Patch etc. Selecione na Track seguinte o próximo instrumento, em outro canal MIDI, e vá registrando o arranjo, instrumento por instrumento. Observe que, cada vez que você conclui a gravação de um take, surge um novo clip no lado direito da tela. Clicando-o, ele se torna preto, marcado, pronto para edição. Pode-se arrastá-lo com o mouse para outro momento da música (no sentido horizontal), para outra track (na vertical), copiá-lo quantas vezes se quiser, com os comandos Copy e Paste, ou arrastando-o com a tecla Control pressionada. Pode-se também dividir um clip com o comando Split. Esses comandos são acessados clicando-se o clip com o botão direito do mouse. O Cakewalk permite que se marque um retângulo com vários clips para edição, cópia de trechos etc. Você reconhecerá os clips marcados pela cor preta. O menu Edit tem poderosos recursos de edição de áudio e MIDI, como quantização, transposição, alteração dinâmica (velocity) etc. A quantização (Edit: Quantize), por exemplo, permite ajustar o ritmo de um trecho executado, a partir de uma resolução medida em pulsos por semínima. Os recursos de edição de áudio não ficam atrás: EQ, fade, reverse (que toca um clip de trás para a frente) etc.
A Edição no Cakewalk Pro Audio A produção musical ao alcance de todos. Com os recursos de edição dos seqüenciadores de computador, você torna a sua execução totalmente profissional, qualquer que seja o seu nível como instrumentista. Isto porque você pode corrigir sua performance com vários recursos automáticos, como também acrescentar, retirar e modificar notas, trechos musicais e outros eventos MIDI com um clique do mouse. Quantização, Piano-roll, Lista de Eventos e Staff são algumas novas palavras que farão parte de seu vocabulário, a partir de agora.
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Todo seqüenciador registra o que o músico executa em seu instrumento eletrônico como mensagens MIDI. Essas mensagens aparecem na tela com algum aspecto gráfico, sejam notas em uma partitura, números ou outras formas. Além de serem executáveis nos instrumentos eletrônicos, as mensagens MIDI podem ser editadas, tanto quanto as palavras em um editor de texto. Podem-se copiar e colar trechos inteiros, por exemplo, montando-se a música parte por parte. Os mesmos recursos do Windows, encontrados na maioria dos programas, como selecionar um trecho arrastando o mouse sobre ele (highlight), recortar, copiar e colar etc. são aplicáveis também aqui. Vamos, então, conhecer os principais recursos de edição do Cakewalk.
Quantização. Se o ritmo executado não foi preciso, basta selecionar o trecho com o mouse e acionar o menu Edit Quantize. Escolha a resolução equivalente ao menor valor rítmico (colcheia, semicolcheia etc.) que foi tocado. Determine também se quer afetar o início ou a duração das notas. Clique OK. Ouça o trecho. As notas que estavam adiantadas ou atrasadas agora soarão exatamente no tempo. Fique atento: se escolher a resolução errada ou tocar muito fora do tempo, a quantização poderá mover algumas notas inadequadamente. Às vezes, convém tocar de novo. Alguns "Instrumentos" soam melhor quantizados, como bateria e baixo; outros, como cordas e solos, não. A decisão depende de cada linguagem musical. Transposição. No menu Edit Transpose, um trecho selecionado é transposto para o intervalo que se quer, permanecendo o resto no tom original. Scale Velocities. O menu Edit Scale Velocities modifica a expressão (mais forte ou mais piano) de um trecho marcado mantendo-se a expressão original do restante da música. Edição gráfica. As telas a seguir são rapidamente acionadas com o botão direito do mouse sobre a track (pista) a editar: Staff. No Cakewalk, é o nome dado à edição da partitura convencional, que inclui notas no pentagrama, letras de músicas e sinais de expressão. Acrescente, retire e modifique notas com o mouse, diretamente na partitura, usando lápis e borracha. Depois, ouça o resultado. Piano-roll. Derivado dos rolos de papel perfurado das pianolas movidas a corda do séc. XIX, visíveis nos Westerns, o Piano-roll é a tela de edição mais completa. Tem a forma de um gráfico cartesiano "x-y", com o tempo na horizontal e a escala musical (as alturas das notas) na vertical. Cada nota é um traço horizontal, cujo comprimento representa sua duração, e a posição se refere à altura e ao tempo. Com o mouse, facilmente se modifica sua duração, pitch (altura, "afinação"), velocity (intensidade do toque), bem como se pode retirar uma nota "esbarrada" ou acrescentar outras. Controllers. Os controladores e controles em tempo real, como volume, pan, pedal sustain, pitch wheel, pedal de expressão, portamento e todos aqueles disponíveis nos seus instrumentos, podem ser editados com o mouse nesta tela. Na versão atualmente em lançamento, a 6.0, esta tela faz parte do Piano-roll. Event List. Como nos seqüenciadores em hardware, na lista de eventos cada mensagem MIDI é uma linha com números que a representam, indicando o tipo de evento (notas, outros comandos), o tempo, a intensidade etc. Podem-se editar as mensagens mudandose os números.
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Faders. No menu View Faders, um mixer ou mesa de som controla tanto os sintetizadores MIDI quanto mesas de som automáticas, permitindo-se controlar volume, pan e outros parâmetros para mixagem, passo a passo. Audio. O áudio gravado no Cakewalk é editável em vários parâmetros: equalizador gráfico e paramétrico, reverse (toca o trecho de trás para a frente), fade in e fade out etc. Cada trecho pode ser cortado com uma "tesoura" e editado em separado. Um botão de volume em cada um desses trechos (ou clips) modifica o nível de saída do som de cada parte, simplificando a monitoração e a mixagem. A nova versão do programa, em lançamento, acrescenta recursos como reverber, chorus, flanger, delay e conversão de áudio monofônico em MIDI, ou Pitch Detection. Este fascinante recurso permite que uma melodia cantada ou tocada, e gravada como áudio, seja convertida em MIDI e executada com qualquer timbre de um sintetizador, facilitando ainda mais o uso do programa por aqueles que não dominam a técnica do teclado. O número de canais de áudio e a qualidade do som gravado nesses programas dependem das interfaces, as chamadas placas de som.
Placas de Som Seu computador está novinho, com 32 MB de RAM e um HD grande e rápido, só esperando ser configurado para gravação de áudio. Você até já instalou um programa de gravação, agora só falta a placa de som. Mas, qual placa? O que ela precisa ter? Quantas entradas e saídas? I/O digitais, ou analógicos? MIDI? Sync? Pode-se gravar áudio de qualidade com placas multimídia? As primeiras interfaces de áudio tinham um som muito ruim. Eram baratas, com alto ruído, e seus conectores se limitavam a miniplugs estéreo (1/8" ou P2). Hoje, uma verdadeira revolução acontece nesse mercado, onde os modelos evoluem muito rapidamente em recursos e qualidade de som. A multimídia, para o mercado de consumo, tem placas baratas com múltiplas funções, como a popular SoundBlaster. Pode-se gravar com essas placas, embora seu som lembre o de um rádio AM. As placas para multimídia congregam um grande número de funções, como interface MIDI, sons de sintetizador, controlador de CD ROM e de joystick para jogos etc., mas não possuem recursos de sincronização (sync time code) para gravadores multipista externos. Os estúdios dispõem de interfaces de áudio internas e externas com alta qualidade de som, inúmeros recursos de processamento digital de sinal (DSP), como reverb, delay, EQ, compressor etc., e preços atraentes. Entre os principais responsáveis pela qualidade do som digital, os conversores AD/DA (analógico/digital e digital/analógico) de entrada e saída evoluíram de 16 bits para 18 e 20 bits, expandindo a dinâmica do som. Algumas interfaces têm DSP (processamento interno) de 24 bits. A relação sinal ruído, em poucos anos, passou de 60-70 dB para 80100 dB. Todas as boas placas utilizam sampling rates de 44.1 KHz, a mesma resolução de amostragem dos CDs, e de 48 KHz, usada em áudio profissional. Várias delas têm ainda outras taxas de amostragem. O recurso de full duplex permite gravação e audição simultâneas.
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As entradas e saídas de áudio aparecem em diversos formatos, tanto analógicos quanto digitais. As interfaces externas, conectadas a algumas dessas placas, além de permitirem maior variedade e quantidade de ins e outs, evitam o ruído gerado por componentes do computador. Os inputs e outputs analógicos podem ser do formato XLR (Canon), 1/4" (banana) balanceados ou não, 1/8" (P2) ou RCA. Os formatos de I/O digitais estéreo mais comuns são o S/PDIF (encontrado na maioria dos aparelhos de som digitais, como DATs e CDs), com cabos e conectores coaxiais (RCA) ou óticos (TOS link), e o AES/EBU (para áudio profissional), com conectores XLR. Os formatos ADAT e TDIF (Tascam DA-88) permitem conexão digital multicanal com os respectivos gravadores de fita. A transferência digital do sinal de um equipamento para outro preserva a qualidade original da gravação, sem passar pelos conversores AD/DA ou por cabos de áudio analógico. Algumas placas vêm com interface MIDI, sincronização a outros equipamentos, efeitos digitais, capacidade de expansão de entradas e saídas e um gerador de sons, recursos que interessarão aos usuários, dependendo de suas necessidades. Na ausência de certos recursos, como MIDI, sync ou mais canais de áudio, pode-se usar mais de uma placa, em geral, para suprir estas necessidades. No quadro (Anexo), são comparados vários recursos das placas mais conhecidas do mercado. Não são citados, por limitação de espaço, os sistemas integrados, pacotes com placa/interface/software, nem as placas para multimídia, embora ambos também sejam utilizados para gravação de áudio em HD. Os preços em dólares se devem à dificuldade de compararmos todos os preços em reais. Você pode gravar o áudio em seu HD através de uma ou mais dessas placas, com um programa gravador de áudio multipista ou estéreo, como o Cakewalk Pro Audio, o Cubase Audio, o Logic Audio, o Session, o Saw Plus ou o Sound Forge, para citar os mais usados. É importante verificar a compatibilidade entre a placa e o programa, pois nem todos trabalham em conjunto ou utilizam todos os recursos. Outra boa opção, geralmente mais cara, são os sistemas integrados (kits) com placas, interfaces externas e programas num só produto, como o Pro Tools, o Session 8 ou o Yamaha CBX-D5, entre outros, o assunto de nosso próxim artigo. Veremos, também, os recursos das placas multimídia, como a SoundBlaster AWE 64, e suas possibilidades de utilização no estúdio.
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Placas de Som – Comparativo (Anexo I) Marca/Modelo
PC/Mac
ADB Multi!Wav 18
Pro
Antex
PC
PC
StudioCard
Configuração Recomendada
Ins/Outs Analógicos
486
2 Outs
ISA 16 bits
DAC 18 bits
Pentium
4 Ins / 4 Outs
16 MB, PCI
XLR
Sample Full Rates Duplex
I/O Digital
24 bits Até 96 S/PDIF Sim KHz AES/EBU AES/EBU
6.25 a
Sync
Extras
Preço (US$)
Não
Via S/PDIF
DSP24bits
699,00
1 In Sim 1 Out
50 KHz
S/PDIF
MIDI
MIDI, LTC/VI TC
Efeitos
1595,00
Opcionais Synth
AVM
PC
*
*
*
*
*
*
*
Kurzweil
349,00
Apex Efeitos EQ em
CreamWare
PC
Master Port
486/66 16 MB
4 I/O
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
*
1 In
MTC
1 Out
MIDI
Sim
S/PDIF
tempo real
998,00
Efeitos
Digidesign
Mac
AudioMedia III
PC
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
2 Ins / 2 Outs
11.025 a
S/PDIF
RCA
Sim
Não
EQ
795,00
MIDI
Sync
Extras
Preço (US$)
Sim
Não
Não
-
795,00
32, 44.1 e Sim
Não
Não
-
495,00
VMR
799,00
48 KHz
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Marca/Modelo Digital Labs
PC/Mac
Audio PC
CardDplus Digital Labs
Audio
Digital CardD
Only
PC
Emagic
Mac
Audiowerk8
PC
Event Electronics Layla Event Electronics Gina
Mac PC
Mac PC
18
Configuração Recomendada
Ins/Outs Analógicos
486, 4 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
RCA
486, 4 MB,
Não, só via
ISA 16 bits
CardDplus
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
2 Ins / 8 RCA AD/DA 18 bits
Outs
8 Ins / 10 Balanceados
Outs
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
Sample Full Rates Duplex
I/O Digital Não, via
só
11.025 a
Dig. Only 48 KHz CardD
S/PDIF
48 KHz
S/PDIF
38.5 a
Sim
Não
50 KHz
24 bits Qualqu S/PDIF er
2 Ins / 8 Outs 1/4", AD/DA de 20 bits
24 bits 11 a S/PDIF 48 KHz
MTC via S/PDIF
Sim
1/4" 20 bits PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
Não
Sim
1 In 1 Out 1 Thru
Não
SMPTE / Interface externa MTC DSP24bits MIDI
Não
Interface externa DSP24bits
999,00
499,00
Sérgio Izecksohn Teoria Básica para Home Studio
Marca/Modelo Digital Labs
PC/Mac
Audio PC
CardDplus Digital Labs
Audio
Digital CardD
Only
PC
Emagic
Mac
Audiowerk8
PC
Event Electronics Layla Event Electronics Gina
Mac PC
Mac PC
Configuração Recomendada
18
Ins/Outs Analógicos
Não, via
486, 4 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
RCA
486, 4 MB,
Não, só via
ISA 16 bits
CardDplus
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
2 Ins / 8 RCA AD/DA 18 bits
Outs
8 Ins / 10 Balanceados
Outs
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
Sample Full Rates Duplex
I/O Digital só
MIDI
Sync
Extras
Preço (US$)
Sim
Não
Não
-
795,00
32, 44.1 e Sim
Não
Não
-
495,00
VMR
799,00
11.025 a
Dig. Only 48 KHz CardD
S/PDIF
48 KHz
S/PDIF
38.5 a
Sim
24 bits Qualqu S/PDIF er
S/PDIF
1/4" 20 bits PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
Marca/Modelo
PC/Mac
Configuração Recomendada
Event Electronics
Mac
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
Frontier Designs
2 Ins / 8 Outs 1/4", AD/DA de 20 bits
24 bits 11 a S/PDIF 48 KHz
Sim
Ins/Outs Analógicos
PC
DSP24bits
I/O Digital
Sample Full Rates Duplex
MIDI
Sync
Extras
Preço (US$)
Não
Sim
Não
Não
DSP24bits
349,00
*
DSP24bits
825,00
MIDI
-
499,00
-
1250,00
48 KHz
de 20 bits
PC
486
Não
ISA 16 bits
PC
Pentium, 8 MB,
4 Ins / 4 Outs
Korg
PowerMac
2 Ins / 2 Outs
Mac
1212 I/O Mac PC
Mac
8 MB, PCI
1/4"
PowerMac/ Pentium, PCI
Não
PowerMac
8 ADAT 39 a I/O S/PDIF
1/8"
Lucid Technology
499,00
11 a RCA, AD/DA
ISA 16 bits
PCI24
Não
Interface externa
999,00
19
Wave/4
Lucid Technology
Não
SMPTE / Interface externa MTC DSP24bits MIDI
2 Ins / 8 Outs
WaveCenter Gadget Labs
1 In 1 Out 1 Thru
Sim
Sérgio Izecksohn Teoria Básica para Home Studio
Darla
Não
50 KHz
MTC via
1 In Sim
51 KHz 22.05 a
Não
1 In Sim
48 KHz S/PDIF ADAT ótica
3 Outs
1 Out
44.1 e Sim
Não
48 KHz
WordCl ck ADAT
AES/EBU *
*
Não
*
*
499,00
*
*
Não
*
DSP24bits
399,00
S/PDIF
Não
S/PDIF
Sérgio Izecksohn Teoria Básica para Home Studio
Marca/Modelo
PC/Mac
Configuração Recomendada
Event Electronics
Mac
PowerMac/ Pentium,16MB, PCI
Darla Frontier Designs
Ins/Outs Analógicos
PC
PC
486
Não
ISA 16 bits
Não
ISA 16 bits
1/8"
Korg
PowerMac
2 Ins / 2 Outs
8 MB, PCI
1/4"
PowerMac/ Pentium, PCI
Não
PC
Mac
1212 I/O Mac PC
Mac
Sim
PowerMac
8 ADAT 39 a I/O
PC/Mac
PC
DMAN Turtle Beach
PC
MultiSound Fiji Turtle Beach MultiSound Pinnacle
Preço (US$)
Não
Não
DSP24bits
349,00
*
DSP24bits
825,00
MIDI
-
499,00
-
1250,00
1 In Sim
3 Outs
51 KHz 22.05 a
Não
1 In Sim
48 KHz S/PDIF ADAT ótica
1 Out
44.1 e Sim
Não
48 KHz
WordCl ck ADAT
AES/EBU *
*
Não
*
*
499,00
*
*
Não
*
DSP24bits
399,00
Sync
Extras
Preço (US$)
MIDI
-
249,95
MIDI
20bits AD/DA
299,00
S/PDIF
Não
S/PDIF
Sérgio Izecksohn Teoria Básica para Home Studio
MIDIMAN
Extras
NuBus
NB24
Marca/Modelo
Sync
48 KHz
S/PDIF
Wave/4
Lucid Technology
MIDI
de 20 bits
4 Ins / 4 Outs
PCI24
Sample Full Rates Duplex 11 a
RCA, AD/DA
Pentium, 8 MB,
Lucid Technology
I/O Digital
2 Ins / 8 Outs
WaveCenter Gadget Labs
19
PC
20
Configuração Recomendada
Ins/Outs Analógicos
486, 8 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
1/8", Mic In
486, 8 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
1/8", Mic In
486, 8 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
1/8", Mic In
(*) dados não disponíveis
I/O Digital
Sample Full Rates Duplex
Não
*
Sim
MIDI 1 In 1 Out
S/PDIF opcional
5a
S/PDIF opcional
5a
Sim
48 KHz
48 KHz
1 In 1 Out
Sim
1 In 1 Out
MIDI
Synth Kurzweil
429,00
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Marca/Modelo MIDIMAN
PC/Mac
PC
DMAN Turtle Beach
PC
MultiSound Fiji Turtle Beach MultiSound Pinnacle
PC
20
Configuração Recomendada
Ins/Outs Analógicos
486, 8 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
1/8", Mic In
486, 8 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
1/8", Mic In
486, 8 MB,
2 Ins / 2 Outs
ISA 16 bits
1/8", Mic In
I/O Digital
Sample Full Rates Duplex
Não
*
Sim
MIDI 1 In
Sync
Extras
Preço (US$)
MIDI
-
249,95
MIDI
20bits AD/DA
299,00
1 Out S/PDIF opcional
5a
S/PDIF opcional
5a
Sim
48 KHz
48 KHz
1 In 1 Out
Sim
1 In 1 Out
MIDI
Synth
429,00
Kurzweil
(*) dados não disponíveis
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Sistemas de Gravação de Áudio em HD; Placas Multimídia Home studios existem em diferentes níveis, do mais básico ao mais sofisticado, e o mercado oferece interfaces de áudio para todos os gostos (e gastos). Os estúdios entry level podem praticar até mesmo com as baratíssimas e versáteis placas para multimídia. No terreno do áudio digital, o estado-da-arte são os sistemas integrados para gravação em hard disk, compostos de placas, interfaces externas com conectores, conversores etc. e o software que gerencia a gravação. As placas de som, para estúdios de nível intermediário, foram objeto de nossa última edição. Essa grande variedade de modelos de interfaces de áudio traz uma enorme gama de opções: conectores analógicos e digitais de diversos formatos, várias taxas de amostragem (sampling rates), tipos de sync time code, número de pistas de gravação, recursos de edição e processamento etc. Às vezes, uma consulta a um profissional mais experiente evita despesas inúteis com recursos que não serão usados e otimiza as escolhas. O estúdio básico, que conta com o possível para realizar suas gravações, pode fazer de
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Sistemas de Gravação de Áudio em HD; Placas Multimídia Home studios existem em diferentes níveis, do mais básico ao mais sofisticado, e o mercado oferece interfaces de áudio para todos os gostos (e gastos). Os estúdios entry level podem praticar até mesmo com as baratíssimas e versáteis placas para multimídia. No terreno do áudio digital, o estado-da-arte são os sistemas integrados para gravação em hard disk, compostos de placas, interfaces externas com conectores, conversores etc. e o software que gerencia a gravação. As placas de som, para estúdios de nível intermediário, foram objeto de nossa última edição. Essa grande variedade de modelos de interfaces de áudio traz uma enorme gama de opções: conectores analógicos e digitais de diversos formatos, várias taxas de amostragem (sampling rates), tipos de sync time code, número de pistas de gravação, recursos de edição e processamento etc. Às vezes, uma consulta a um profissional mais experiente evita despesas inúteis com recursos que não serão usados e otimiza as escolhas. O estúdio básico, que conta com o possível para realizar suas gravações, pode fazer de seu kit multimídia um verdadeiro "porta-estúdio", gravando o áudio e seqüenciando pistas MIDI de teclados, com uma versão com áudio de qualquer software seqüenciador, como o Cakewalk Pro Audio. O áudio é gravado no HD de seu computador através de uma placa de som como a SoundBlaster 16, AWE 32 ou 64, ou compatível, tudo controlado pelo programa. Você contará com recursos de edição, processamento acústico (reverber, compressor...), mixagem e muito mais, em várias pistas de áudio. Se seu estúdio tem uma mesa de som, ligue primeiro o microfone ou instrumento na mesa, e envie o sinal dela para a entrada de linha (line in) da placa de som. Para monitorar, ligue a saída de linha (line out) da placa a 2 entradas da mesa. Caso não possua a mesa, ligue o microfone direto à entrada mic in da placa, controle o nível de sinal de entrada/saída via software e ouça o resultado nas caixinhas do kit multimídia ou outro par de caixas plugado à saída speaker out da placa. Não se deve subestimar nem superestimar o poder das placas multimídia. De um lado, são baratíssimas (SoundBlaster 16: R$89; AWE 64, ótima, menos de R$300), extremamente versáteis (controlam CD, joystick, MIDI, gravam/reproduzem áudio, e têm um pequeno sintetizador MIDI) e práticas, mas, em contrapartida, apresentam qualidade sonora inferior à das placas para estúdios, apesar da maciça propaganda. Isto se deve à economia de custos proporcionada pela escolha de conversores AD/DA de baixa qualidade, entre outros fatores. Típicos de estúdios de nível profissional, os sistemas de gravação, edição, mixagem e masterização de áudio em hard disk são, além da última palavra da tecnologia musical, fortes concorrentes dos gravadores analógicos de rolo em 2 polegadas, ainda hoje o padrão mundial de gravação. Liderados pelo famoso kit Pro Tools III, esses sistemas têm como principal vantagem, além do menor preço, os recursos de edição e processamento do material gravado. As desvantagens surgem na dificuldade de transferência do material gravado (backup), e no altíssimo consumo de memória do computador. A maior vantagem sobre as placas de som é a interface externa, que mantém conectores e conversores de áudio suficientemente distantes dos componentes elétricos do computador, verdadeiras usinas de ruído.
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Vários sistemas permitem gravação em um Jaz Drive, um disco removível de um Gigabyte, a preço de 150 reais, já que o áudio profissional gasta cerca de 5 Mb por minuto por canal. O custo oriundo do tempo despendido em copiar e deletar esses arquivos do HD justifica a opção da gravação em um Jaz Drive. O uso de gravadores digitais de fita, como o DA-88 e o ADAT, para se fazer backup dos arquivos de áudio do HD para a fita digital, determina a escolha da interface que disponha dos recursos necessários, tanto para transferência de sinal analógico ou digital, quanto para se sincronizar os 2 sistemas durante essa transferência. Usando-se os 2 sistemas durante a mixagem na mesa de som, tem-se boa expansão do número de pistas de gravação e dos canais de saída. Cada estúdio tem suas peculiaridades, e, com tantas opções, pode-se encontrar os sistemas que satisfaçam às mais variadas exigências. Escolha o seu de acordo com as suas reais necessidades. Procure contar com a opinião e orientação de quem já tem experiência com alguns desses kits de áudio. A dificuldade de se encontrar a maioria desses produtos no mercado brasileiro nos levou à escolha pelos preços dos EUA, para garantir a comparação entre os produtos. A tabela anexa apresenta, quando disponíveis, os 2 preços, o do mercado americano e brasileiro. As diferenças se devem principalmente aos custos de transporte e aos altos impostos, taxando produtos que não possuem similar nacional.
Depende do 995,/* software Depende do 1995,/* software (*) dados não disponíveis
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Sync Time Code - O Pulo do Gato Como pode um estúdio caseiro, com um gravador cassete de 4 pistas, um computador comum e um sintetizador, soar parecido com uma gravadora profissional? Onde está o segredo que permite a gravação e mixagem de dezenas de canais com alta qualidade de som num equipamento tão simples? A chave do mistério se chama SYNC, nome dado aos vários recursos de sincronização entre os equipamentos do estúdio. Através dos formatos de sync time code fazemos os diversos meios de gravação de áudio e seqüenciamento MIDI trabalharem em conjunto. Dessa forma, por exemplo, não precisamos gravar os teclados seqüenciados na fita, economizando canais: o seqüenciador trabalhará sincronizado ao gravador multipista (porta-estúdio, ADAT etc.). Isto quer dizer que os instrumentos eletrônicos MIDI (sintetizadores, samplers, baterias etc.) estarão funcionando ao vivo no momento da mixagem, tocados diretamente pelo seqüenciador. O som desses instrumentos será mixado ao som das pistas de áudio gravadas, todos ligados à mesa de som. Assim, na fita multipista só são gravados instrumentos acústicos/elétricos e vozes, consumindo-se poucos canais, evitando-se as
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Sync Time Code - O Pulo do Gato Como pode um estúdio caseiro, com um gravador cassete de 4 pistas, um computador comum e um sintetizador, soar parecido com uma gravadora profissional? Onde está o segredo que permite a gravação e mixagem de dezenas de canais com alta qualidade de som num equipamento tão simples? A chave do mistério se chama SYNC, nome dado aos vários recursos de sincronização entre os equipamentos do estúdio. Através dos formatos de sync time code fazemos os diversos meios de gravação de áudio e seqüenciamento MIDI trabalharem em conjunto. Dessa forma, por exemplo, não precisamos gravar os teclados seqüenciados na fita, economizando canais: o seqüenciador trabalhará sincronizado ao gravador multipista (porta-estúdio, ADAT etc.). Isto quer dizer que os instrumentos eletrônicos MIDI (sintetizadores, samplers, baterias etc.) estarão funcionando ao vivo no momento da mixagem, tocados diretamente pelo seqüenciador. O som desses instrumentos será mixado ao som das pistas de áudio gravadas, todos ligados à mesa de som. Assim, na fita multipista só são gravados instrumentos acústicos/elétricos e vozes, consumindo-se poucos canais, evitando-se as reduções e outros procedimentos que degradam a qualidade do som. Os teclados não ocupam canais dessa fita, e só serão gravados na fita mixada. Os formatos mais típicos de sync são o MIDI Clock, o FSK e o SMPTE/MTC. Cada um é usado entre diferentes meios de gravação/seqüenciamento.
MIDI Clock. Também chamado “MIDI sync”, atua entre 2 seqüenciadores MIDI, com precisão de 24 pulsos por semínima. Serve para se copiar uma seqüência de um hardware para outro (de um teclado workstation para o Cakewalk, p/ ex.), ou para se executar um seqüenciador e uma bateria eletrônica ao mesmo tempo. Comandos MIDI, como “Start/Stop/Continue” e “Song Position Pointer” (que indica o ponto exato da música) são enviados pela conexão MIDI Out do seqüenciador “mestre” (master) para o MIDI In do “escravo” (slave). Primeiro se ajusta o “escravo” para receber MIDI clock; em seguida é dado o comando “Play” ou “Record”. O “escravo”, em compasso de espera, fica pronto para trabalhar em conjunto com o “mestre”. Este é ajustado para transmitir os mesmos comandos. Quando se der o comando “Play” ou “Record”, como também “Stop”, no mestre, ambos atuarão juntos, no andamento deste. Quando terminar, não esqueça de tirar o “escravo” do modo sync.
FSK. Frequency Shift Key é um sinal que muda de tom rápida e constantemente, de acordo com o andamento de uma música seqüenciada. Sincroniza um seqüenciador MIDI a um gravador multipista. Vários seqüenciadores em hardware e baterias eletrônicas têm entradas e saídas “tape” ou “sync”, que são conversores MIDI/FSK e FSK/MIDI. O FSK age como um metrônomo: gerado pelo seqüenciador e gravado na fita, ele permite que o gravador (mestre) acione o seqüenciador (escravo) de acordo com o(s) andamento(s) da música previamente determinado(s), bem como o ponto inicial e final. Assim, não são possíveis alterações nesses parâmetros (andamento e duração), a não ser que se refaça todo o processo desde a gravação do sync na fita, inclusive regravando as pistas de áudio. É útil quando o estúdio não dispõe de um computador, apesar de geralmente o FSK só sincronizar corretamente os aparelhos quando a música é executada desde o
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início (nada confortável quando se precisa regravar várias vezes um vocal no meio da música).
SMPTE/MTC. Derivado de padrões de sincronização de vídeo, é um sinal analógico de áudio (SMPTE) que também pode ser convertido em sinal MIDI (MIDI Time Code – MTC). É gerado pela interface MIDI/sync do computador, como a Opcode MQX-32(M), e gravado numa pista da fita de áudio ou de vídeo. Quando o gravador multipista ou o videocassete (mestre) é acionado (“Play”), envia este mesmo sinal de volta à entrada de sync da interface do computador (escravo), através de um cabo de áudio e plugs banana ou RCA. O seqüenciador entra em funcionamento. Funciona como um relógio: o SMPTE contém informações de tempo cronológico: horas, minutos, segundos e frames (quadros por segundo), que indicam o tempo decorrido da fita. O contador de tempo do software seqüenciador faz o cálculo, relacionando o tempo cronológico do SMPTE aos compassos e tempos da música. Por exemplo, aos 2 minutos, no andamento de 120 bpm e em 4/4, estamos no compasso 60. Qualquer que seja o ponto onde a fita comece a tocar, em um segundo o seqüenciador estará tocando, perfeitamente sincronizado. Não há problemas em se mudar o andamento nem a duração da música, após gravado o time code na fita. Pode-se gravá-lo logo ao adquirir a fita (os usuários do ADAT costumam ‘syncar’ a fita durante sua formatação, já que as 2 operações tomam o mesmo tempo, o tempo total da fita). Alguns gravadores e conversores transformam o sinal do SMPTE ou de seus próprios contadores de tempo em mensagens MIDI, o MTC, gerado automaticamente. Poupando uma pista de áudio e o tempo de gravar o time code na fita, o MTC é enviado ao computador por um cabo MIDI, conectado do MIDI Out do gravador ao MIDI In da interface. O sinal de áudio do sync time code é sempre um sinal de altas freqüências, não devendo jamais passar por filtros de nenhuma espécie. Conecte o seqüenciador ou interface diretamente ao gravador, sem passar pela mesa etc. Vários porta-estúdios têm uma chave e conectores “sync”. É porque eles trabalham usando filtros de ruído dbx ou Dolby, que prejudicam o sincronismo. A chave sync desliga o filtro na última pista de gravação, permitindo gravar o time code sem o filtro, ao contrário das demais pistas. Sincronizados, gravador multipista e seqüenciador MIDI trabalham lado a lado, cada um com suas pistas. Aos teclados, mixados ao vivo (e, portanto, gravados ainda em 1a geração), é permitido mudar seu timbre, tonalidade, expressão etc., até o momento da mixagem final, enquanto as pistas de áudio, só com vozes e instrumentos tradicionais, ganham em nitidez e presença. Podemos considerar a sincronização como o verdadeiro “pulo-do-gato” do home studio, pois ela multiplica várias vezes os recursos, os canais e a qualidade do som de qualquer estúdio, do mais simples ao mais sofisticado. Para sonorizar um vídeo, o sync permite que o compositor toque os teclados enquanto assiste às imagens, criando sua trilha em tempo real, desde já sincronizadas, além de permitir a edição dos eventos MIDI e do áudio em HD, e checar seu sincronismo com as imagens imediatamente.
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Técnicas de Gravação de Áudio I O Endereçamento do Sinal Hoje, os estúdios têm muitas opções de equipamentos para gravação de áudio. Os procedimentos descritos a seguir são as técnicas mais usuais. Devido ao espaço, este assunto será dividido em várias edições. Nesta, vamos nos ater ao endereçamento do sinal de áudio. Uma gravação pode ser feita em fita analógica ou digital, em disco rígido ou mini-disk, mas sempre se gravam os instrumentos em diversas pistas ou ‘tracks’. Depois de tudo gravado, todas essas pistas são mixadas para um gravador estéreo. Pode-se gravar em várias pistas simultaneamente, ou em uma de cada vez, como também gravar só um ou vários instrumentos (ou vozes) em cada pista. Tudo depende dos recursos do equipamento e das características de cada trabalho. Para isso, necessitamos de um mixer (mesa de som). Os porta-estúdios, que gravam em cassete, MD ou HD, vêm com a mesa acoplada, endereçando-se os sinais internamente. Sistemas de gravação em computador têm uma “mesa virtual” para controlar e mixar os sinais, embora continuem a precisar do mixer externo, “real”, para vários procedimentos. As mesas de som servem tanto para endereçar os instrumentos para o gravador quanto para se ouvir os sons gravados. Para se monitorar o gravador, liga-se cada pista dele (output) em um canal da mesa. Temos, assim, na mesa, um controle separado para cada pista do gravador. Para se gravar um instrumento em uma pista, ele é conectado a um canal da mesa, diretamente ou por microfone. Podemos endereçar o sinal da mesa até o gravador pela saída direta (“direct out”) desse canal.. Porém, para se gravar vários sinais (vários canais, portanto) em uma mesma pista, utiliza-se o “submaster”. Ele agrupa esses canais e os envia de uma só vez, por uma única saída, até uma entrada do gravador (input). Há vários submasters, cada um ligado a uma dessas entradas. O endereçamento é feito a um par estéreo de submasters. Em cada canal da mesa, há um botão para cada par (“1-2”, “3-4” etc.). Por exemplo, para enviar o sinal do canal 7 para o submaster “1-2”, aperta-se no canal 7 o botão “1-2”. Se virarmos o pan do canal todo para a esquerda, o sinal irá somente para o submaster 1. Virando todo para a direita, irá só para o submaster 2. No centro, o sinal irá para os dois submasters. Assim, podemos endereçar vários canais para um par de submasters e criar um efeito estéreo, como, por exemplo, para gravar percussão, ou enviar um único canal para uma pista do gravador, como, por exemplo, para gravar voz ou guitarra. Enquanto cada canal controla o seu próprio volume, o submaster controla o nível geral. O som gravado retorna à mesa, para ser monitorado e mixado, de cada canal de saída (output) do gravador para os canais da mesa, como já vimos. Isto significa que são usados, ao todo, dois canais da mesa para cada instrumento, um de entrada, por onde entra o sinal do instrumento para gravação, e outro de retorno, onde entra o áudio já gravado, para monitoração. Na mixagem, esses canais de retorno são endereçados à seção master da mesa, através dos botões “L-R”, e dali para o gravador estéreo, como também para o amplificador, pelas saídas master estéreo.
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As diferenças entre porta-estúdios e sistemas com gravador e mesa separados, quanto ao endereçamento do sinal na gravação, são duas. A primeira é óbvia: não há cabos, a transmissão é interna. A segunda é a maneira de se fazer o endereçamento do sinal. Há dois modos: o individual e o coletivo. No individual, para gravar um instrumento na pista 1, ele é plugado no canal 1 e liga-se a chave de gravação na posição “1”. Dessa maneira, somente o instrumento que está ligado no canal 1 será gravado na pista 1, e os outros canais serão ignorados. No modo coletivo, para gravarmos vários instrumentos na pista 1, liga-se a chave na posição “L”, que quer dizer Left, esquerda. Ligamos cada instrumento em um canal e viramos o pan de cada canal a gravar para a esquerda. Os canais que não quisermos gravar, viramos o pan para a direita. Para gravar nas pistas pares (2 ou 4), ligamos a chave na posição “R” (Right, direita) e viramos o pan para a direita, dos canais que queremos gravar, e para a esquerda, dos canais que não queremos. Na monitoração, os porta-estúdios têm em cada canal uma chave “line/tape”, que nos permite usar o mesmo canal, tanto para entrada (“line”) quanto para monitoração do som gravado (“tape”), de acordo com a necessidade. Nos estúdios, os sons recebem um tratamento todo especial. Em busca de qualidade, nitidez, presença, peso e coerência com o estilo, usam-se variados processadores de sinal. Por exemplo, a voz gravada dentro do estúdio não deve conter as reflexões sonoras (reverberação) da sala de gravação. Caso contrário, toda música gravada nesse estúdio teria o mesmo tipo de reverberação, fosse uma bossa nova, que combina com pequenos ambientes, ou um heavy metal, típico de grandes clubes e estádios. Por isso, o tratamento acústico das salas abafa as reflexões o suficiente para deixar o som natural, porém seco. Artificialmente, aplica-se a reverberação. Conhecer os tipos de processadores, seus usos e as formas de conectá-los aos demais equipamentos é fundamental para se gravar bem.
Processamento “fantasma”. O som de uma voz ou instrumento pode ser gravado já processado, com reverberação e equalização, por exemplo. Ou pode-se gravá-lo seco, e ele ser processado somente para a monitoração, durante a gravação dos outros sons, e para a mixagem, quando os sons recebem o tratamento definitivo. Desta forma, ouve-se o efeito “fantasma”, mas ele não é gravado. Grava-se o som seco, mas ele é ouvido com os efeitos. Exemplo: o cantor ouve sua voz reverberada no fone de ouvido, mas o reverber não está sendo gravado, só a voz. Assim, na primeira fase da gravação, o operador se preocupa apenas com a captação do som. Se ele gravasse o som com excesso de efeitos, não poderia corrigir o problema, a não ser gravando novamente. Na mixagem, quando se regrava em outra fita estéreo tudo o que foi gravado na fita multipista, o operador se concentrará no processamento definitivo de cada sinal. Isto é possível porque dois canais da mesa são usados para cada som gravado: um para a entrada (input) do sinal - que vem do microfone ou instrumento e vai para a fita (ou HD etc.) - e outro para a monitoração (audição) e posterior mixagem do som gravado, que retorna à mesa. (Fig. 1) As ligações são: microfone > canal de entrada da mesa > saída submaster > input do gravador e output do gravador > canal de monitoração da mesa (ou “volta do gravador”). Como o canal de entrada fica antes do gravador e o canal de monitoração fica depois, basta deixar o som entrar flat (seco, não tratado) na fita e ouvi-lo com os efeitos, equalizadores etc. no canal de retorno. O som vai seco para a fita e é tratado na volta.
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Para se gravar o som já processado, usam-se os efeitos, EQ etc. do canal de entrada da mesa, antes do gravador. Assim, o processamento é gravado na pista do gravador, junto com o sinal da voz ou instrumento. No canal de monitoração (“volta”) da mesa, pode-se deixar o som flat ou processá-lo novamente, se necessário. Processadores se dividem em dois grupos, pelo seu uso individual ou coletivo e pela maneira de serem plugados à mesa. Os efeitos (“FX”), como o reverber, o delay ou eco, o chorus e outros, podem ser usados por vários canais ao mesmo tempo, em diferentes intensidades, como um mesmo reverber, que pode ser regulado mais forte no canal da voz e mais discreto no violão. Nos controles auxiliares dos canais da mesa, dosam-se as intensidades do efeito para cada canal. O outro grupo é o dos processadores individuais, que modificam inteiramente um sinal, não se controlando a intensidade, e que são usados cada um por um único canal. É o caso dos equalizadores, noise gates e compressores.
Conexões. Efeitos e processadores individuais são conectados à mesa de formas totalmente diferentes. Os efeitos são conectados às saídas (“aux send”) e entradas (“aux return”) auxiliares da mesa, também conhecidas como “mandadas” e “voltas” dos efeitos. (Fig. 2) As ligações são: Aux Send (“mandada do efeito”) da mesa > input do efeito e output do efeito > Aux Return (“volta do efeito”) da mesa. A mandada pode ser mono ou estéreo, usando-se um ou dois cabos de ¼”, ou banana. Na mesa, em cada canal, controla-se a intensidade do efeito para aquele canal. A volta costuma ser estéreo, com dois cabos de ¼”. A intensidade de saída do efeito fica no máximo, e é controlada por um botão do tipo “aux return” na seção master da mesa. Já o nível de entrada no efeito é controlado no próprio efeito, num botão do tipo “input level”. Os processadores individuais são plugados na mesa ao “insert” do canal. O “insert” é um conector do canal da mesa que usa um único plug (banana estéreo) para o sinal sair, ser processado e voltar pelo mesmo lugar. (Fig. 3) O som do canal sai e volta pelo mesmo plug do “insert”, que tem um cabo em “Y”, com as outras duas pontas (banana mono) do cabo entrando e saindo do processador. A ponta do cabo que tem o plug estéreo não é para som estéreo: as duas vias de sinal são usadas, uma para saída da mesa e outra para entrada (retorno). Os cabos de “insert” não são facilmente encontrados no mercado, você terá de fazê-los. Quando se quer gravar o som já processado, usa-se o “insert” do canal de entrada. Quando se prefere deixar o processamento para a mixagem, usa-se o “insert” do canal de monitoração. Outras formas de se conectarem processadores individuais, quando não há inserts na mesa: entre a saída da mesa e a entrada do gravador (grava-se o som processado), ou entre a saída do gravador e a entrada da mesa (o processamento é apenas monitorado, podendo ser modificado na mixagem). Estas ligações trazem os mesmo resultados que o uso dos inserts. O som vem da saída direta (“direct out”) do canal ou do submaster da mesa, passa pelo processador e vai para o gravador. Ou então, grava-se o som flat e ele sai do gravador, passa pelo processador e vai para o canal de monitoração da mesa. Certos instrumentos devem ser gravados já processados em definitivo, outros podem ser melhor tratados na mixagem. A guitarra e o baixo elétrico costumam ser gravados com os timbres já equalizados, embora ainda se possam ajustá-los de novo na mixagem. Certos
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efeitos da guitarra são gravados junto com ela, como o distorcedor, o chorus, o flanger e outros. Já a reverberação e o eco podem ser equilibrados na mixagem, para se ambientar os diversos instrumentos e vozes, todos na mesma hora. Grava-se, geralmente, a voz ou instrumento com eco ou reverber “fantasma”, isto é, apenas no canal de monitoração. É comum, com bons microfones, deixar-se o timbre da voz intocado, sem usar equalizadores, mesmo na mixagem. Os teclados muitas vezes também são gravados e mixados sem nenhum processamento adicional. Não exagere ao usar processadores. Às vezes, o excesso de efeitos pode ser fatal para uma gravação. Da mesma forma, um som muito seco ou sem brilho parecerá artificial. Ao gravar e mixar, imagine o ambiente desejado para os sons e regule os efeitos para criar esse ambiente. Ouça outras músicas, de vários CDs. Depois, ouça de novo sua mixagem. Mexa nos processadores e nas mandadas auxiliares quanto for preciso, sempre ouvindo o resultado. Aproveite a disponibilidade de tempo, que seu próprio estúdio proporciona, para experimentar. Quando tudo estiver bom, grave esta mixagem na fita estéreo. Tire cópias: é o seu produto final.
Os Processadores de Efeitos O famoso som de estúdio. Afinal, o que faz com que aquela voz pequenina soe tão exuberante na gravação? Usam-se nos estúdios muitos tipos de processadores. Há processadores de efeitos, que abordaremos aqui, e processadores de sinal, de que falaremos na próxima edição. São vários aparelhos que modificam os sons originais dos instrumentos, dando-lhes novo colorido, ambientando-o ou adaptando o som para ser gravado em um determinado meio. Os mais usados em home studios são o reverberador ou reverber, o delay, o compressor, filtros de ruído, o "chorus", o "flanger" e outros mais específicos, como os distorcedores. Os processadores podem se apresentar em forma de "rack", dedicados (um só tipo de efeito) ou multi-efeitos Os multiprocessadores vêm com vários recursos diferentes, como se fosse uma pedaleira de guitarra, com os efeitos em série e controles de todos eles. Alguns têm o processamento totalmente independente à esquerda e à direita (em paralelo), se conectados pelas mandadas estéreo de efeitos da mesa. Podem vir como recursos próprios de mesas de som e de certos teclados, as "workstations". Ou, ainda, podem aparecer como recursos adicionais, os “plug ins”, para programas de gravação em HD. Todos os formatos são úteis e podem soar muito bem, se bem escolhidos e dosados. Enquanto os plug ins são um novo front na revolução do áudio gravado, pela imensa versatilidade, os efeitos em rack dão mais estabilidade e, em geral, agilidade ao trabalho de processamento de sinais e efeitos. Os processadores com MIDI podem ter seus controles modificados em temo real na mixagem, pelo mesmo seqüenciador onde se ‘gravam’ os sintetizadores. Escolhe-se um canal MIDI só para ele e opera-se pelas funções “control change” e “patch change”.
Efeitos. Esses processadores são de uso coletivo. Em cada canal se controla a intensidade de cada efeito ligado à mesa. Há muitos tipos de efeitos. Deles, o reverber é
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um item obrigatório no estúdio, por permitir a correta ambientação de vozes e instrumentos. As marcas mais usadas são Lexicon, Yamaha e Alesis, com modelos dos mais simples aos mais complexos. O reverberador reproduz os ambientes acústicos, de acordo com os timbres dos instrumentos e vozes e com as peculiaridades de cada música. Ao som seco e impessoal de estúdio, acrescenta vida e profundidade, valorizando, dando profundidade e definindo os diversos sons. Quando estamos num lugar amplo, diante de um paredão ou uma montanha, podemos experimentar o efeito do eco. O eco é o reflexo do som, como uma imagem no espelho, a onda sonora que volta ao ouvido do emissor, após bater numa superfície reflexiva. O som viaja a 340 metros por segundo. Se você estivesse a 340 metros da montanha e pudesse gritar alto o suficiente, você ouviria o eco exatos dois segundos após o grito. Um segundo para a sua voz chegar na montanha, e outro para o eco vir até você. O som se propaga em todas as direções. Ao atingir uma superfície reflexiva, reverbera (ecoa) num ângulo simétrico. Exatamente como a imagem de um espelho. Dentro de uma sala, com paredes, piso e teto mais ou menos reflexivos, múltiplas reflexões do som causam a reverberação. De acordo com os materiais usados e o tamanho das salas, as ondas sonoras se refletem com características variadas. Os estúdios têm suas salas de gravação revestidas de materiais absorventes para “secar” o som. Isto nos permite gravar o som seco e aplicar a reverberação artificialmente. Do contrário, todos os sons gravados teriam a mesma reverberação, e todas as músicas ficariam com o mesmo “clima”, gravadas no mesmo ambiente. Quando emitimos um som dentro de uma sala, primeiro ouvimos o som seco, direto da fonte. É o estágio do reverber conhecido como “pre delay”. Um instante (mili-segundos) depois, ouvimos as primeiras reflexões (“early reflections”), e depois ouvimos as reflexões se cruzando pelas paredes, até o som perder força e cessar. Os parâmetros de um reverberador variam desde o tipo e tamanho de salas, quartos, estádios, catedrais, “plates” (antigos reverberadores de metal), “gates’ etc., passando pela intensidade do efeito, até o timbre (graves e agudos) da reverberação, o tempo de decaimento (decay), o pre-delay, que é o atraso do efeito sobre o som seco, usado para definir o ataque do som e dar maior nitidez, e outros. Alguns reverberadores mais simples e baratos, porém com qualidade profissional, trazem apenas um seletor de “salas” e controle de intensidade, o que é suficiente para bem sonorizar o home studio de nível básico.
Delay e Eco. O eco é um efeito usado para dar maior profundidade a instrumentos solistas. O recurso mais usado para criar este efeito é o digital delay. Delay significa atraso. Ele reproduz uma ou várias cópias digitais do som com atrasos pré-determinados, criando um “eco”.
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Seus controles mais comuns são “level”, que dosa o volume do eco, “delay time”, o tempo ou o ritmo das repetições, “intensity”, que determina o número de repetições e outros, em geral referentes ao uso em estéreo, com diferentes delays à esquerda e à direita. O delay digital substituiu as antigas câmaras de eco (que consistiam numa fita magnética girando em torno de cabeçotes de gravação com distâncias variáveis) por "samples" (amostras do som gravados digitalmente). É necessário ao estúdio para fixar a profundidade de solos instrumentais e algumas vozes.
O chorus faz oscilar a freqüência (afinação) de um sample (amostra sonora digital) em torno da freqüência do som original. A soma dos dois sons, o original e a amostra com afinação oscilante, sugere um efeito como o de um coro. Pode-se regular a intensidade, a velocidade (rate) da oscilação, o distanciamento do "pitch" (afinação) original. O flanger, que funciona de outro jeito, tem efeito semelhante, porém mais dramático. Também há o phaser, o rotary, derivado das caixas Leslie, que tinham falantes rotatórios motorizados, e muitos outros efeitos.
Os Processadores de Sinal Um processador de sinal afeta por completo o som de um canal. Assim, só faz sentido conectá-lo à mesa de modo que o sinal do canal passe inteiramente através do processador. O controle é todo feito no processador, não na mesa. Além disso, ele é feito para ser usado por um único canal. Pelas diferenças com os processadores de efeitos, que acrescentam efeitos aos sons em variáveis proporções e que podem ser usados por vários canais, os processadores de sinal são conectados à mesa através dos inserts, e não dos canais auxiliares.
Compressor. Chamamos de curva dinâmica de uma gravação à diferença entre os picos (pontos de mais alto volume) e os vales, os pontos mais suaves. Quanto maior a diferença entre picos e vales, maior é a curva dinâmica. Cada tipo de gravador tem uma diferente sensibilidade para a dinâmica. Muitas vezes, uma pista que parecia bem gravada quanto à dinâmica, soa cheia de “altos e baixos” na mixagem, ou com picos excessivos ou, ao contrário, com trechos inaudíveis, de tão baixos. O compressor atenua a curva dinâmica, reduzindo a distância entre picos e vales. Ao diminuir o volume dos picos da gravação, ele permite que se aumente o volume do canal, dando a sensação de se aumentar o volume dos vales e diminuir o dos picos, equilibrando a dinâmica. O excesso, por outro lado, torna o sinal muito “achatado” e artificial. Os principais parâmetros são threshold, ratio, attack, release e output gain. Os dois primeiros ajustam o nível dos picos e a taxa de compressão. O threshold determina um volume de som (em dB) a partir do qual o compressor atua. Abaixo deste nível, o som sai como entra. Acima da fronteira do threshold, o som sofre uma atenuação, de acordo com uma certa taxa de compressão (ratio). A compressão só atua no trecho do volume que se situa entre a linha do threshold e o volume real do pico. Se a taxa de compressão for de 2:1 (dois pra um), a diferença entre o threshold e o volume do pico será reduzida à
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metade. Se a ratio for de 4:1 o pico será atenuado para a quarta parte do volume que excede a linha de threshold. Isto significa que há volumes superiores à linha do threshold, há uma dinâmica, só que atenuada por uma taxa de compressão. Só não haverá picos de volume acima do threshold se a ratio for de infinito pra um. Assim, não há dinâmica, e este efeito é conhecido como limiter. Os controles de attack e release permitem que o compressor atue de forma mais rápida ou lenta, tanto na entrada do efeito quanto na saída, realçando mais ou menos os sons. O output gain, ganho de saída, serve para compensar o volume de saída que tenha sido alterado pela compressão.
Noise gate. O noise gate tem um threshold que funciona ao contrário do threshold do compressor: a atuação é sobre os sons com volumes abaixo da linha de threshold, que são totalmente cortados. Se gravamos um bumbo e uma caixa em duas pistas, com dois microfones, o som da caixa vazará para o canal do bumbo, e o som do bumbo também vazará para o canal da caixa. Mas o bumbo e a caixa, em geral, se alternam, quase nunca tocam ao mesmo tempo. Com dois compressores, um em cada canal, e seus thresholds ajustados para um nível abaixo do sinal “real” e acima do sinal “vazado”, os dois canais soam limpos de vazamentos. Quanto o som “vazado” toca abaixo do volume do threshold do noise gate, ele é simplesmente cortado. Os noise gates podem ter outros controles, como da velocidade de atuação, para não cortar o som fora de hora. Usados em canais com vozes e instrumentos gravados com ruídos de fundo, comuns nos pequenos estúdios, cortam os ruídos durante os momentos de silêncio, mas não durante os trechos tocados ou cantados. Nestes trechos, o som estará acima do nível de threshold, e nada será cortado pelo gate, nem o ruído.
Filtros. Existe uma variedade de filtros no mercado, que cortam freqüências específicas, como os filtros passa-alta (high-pass filter, ou HPF), passa-baixa (low-pass filter, ou LPF), passa-banda, corta-banda. Cada um tem controles de cutoff, ponto de corte, determinando as freqüências a partir das quais os sons serão cortados. Os filtros de ruído mais conhecidos para gravadores analógicos são os Dolby e Dbx. Cortam ruídos das fitas analógicas, gravando bem mais alto as freqüências das mesmas faixa do ruído de fundo, e depois reproduzindo essas freqüências proporcionalmente mais baixo. Os sons são novamente nivelados, mas os ruídos são reproduzidos muito abaixo do resto. Sempre que você gravar uma fita com um desses filtros, obrigatoriamente reproduza-a também com o filtro.
Os Equalizadores Para obtermos resultados satisfatórios numa gravação ou mixagem, é preciso que o timbre das fontes sonoras seja muito bem ajustado. O instrumento deve soar como soa ao vivo, em seus melhores momentos. Ou ainda, soar conforme o desejo dos artistas e produtores, mesmo que isso implique num som artificial. Tudo depende do estilo e da linguagem musical. Ajustam-se os timbres com o equalizador (EQ), que pode ser gráfico, paramétrico, semi-paramétrico, ou simples controles de tonalidades graves e agudas.
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Ondas sonoras, freqüências e timbre. O ouvido humano interpreta como som as vibrações do ar emitidas entre as freqüências de 16 ciclos por segundo (16 Hertz ou 16 Hz) até cerca de 20 mil ciclos (20 KHz, ou 20 K). Cada instrumento ou voz musical tem seu próprio espectro de freqüências, a faixa de freqüências onde o instrumento atua. A faixa de freqüências varia de acordo com a extensão ou a escala do instrumento e a riqueza do seu timbre. O som tem quatro parâmetros principais: altura, intensidade, timbre e duração. As alturas são as afinações (pitch) dos sons e notas musicais, como do, re, mi, medidas em ciclos por segundo (Hz). Quanto mais “aguda’ (alta) uma nota, mais ciclos de onda vibram por segundo. Diz-se que são freqüências altas, enquanto as “graves” são as baixas freqüências. A intensidade é o volume do som. No gráfico da curva da onda sonora, quanto maior a intensidade do som, maior a amplitude da onda. Ela se distancia mais do centro, vibra com mais energia. Nesse gráfico, a linha reta ao centro indica silêncio, ausência de energia sonora. Uma onda tem ciclos, que se dividem em morros e vales, alternando-se e variando seu comportamento ao longo do tempo. Durante um ciclo da onda, a amplitude pode variar, determinando a forma da onda. É a forma da onda que define o timbre. A forma da onda é derivada da superposição das parciais do som. Um som da natureza nunca é totalmente puro. Ele é composto de parciais, sons que se agregam ao som principal. É como se uma nota musical nunca fosse uma só nota, mas sempre fosse um acorde com muitos sons. E é isso mesmo o som. Ouvimos a nota principal, chamada fundamental, porque ela tem uma intensidade muito maior que as outras, em geral. Mas são as outras parciais (chamadas sons harmônicos) que dão a principal característica do som, o timbre. Uma mesma nota, com a mesma altura e intensidade, cantada por duas pessoas, soa com diferentes timbres. Os harmônicos presentes numa voz e na outra, que são os mesmos, estão com intensidades diferentes de uma voz para a outra, como se fossem duas diferentes mixagens dos harmônicos sobre a fundamental. O resultado são dois timbres diferentes. A onda sonora pura, sem harmônicos, que pode ser produzida artificialmente para experimentos, é totalmente arredondada. É a onda senóide ou senoidal. Cada harmônico é também uma onda senóide. Superpostos, fundamental e seus harmônicos resultam numa outra forma de onda, de acordo com as amplitudes de todas as ondas superpostas. Na superposição de ondas sonoras, dois movimentos iguais se somam, aumentando a amplitude da onda resultante. Dois movimentos opostos, simétricos, como um morro e um vale ao mesmo tempo, se anulam, tirando amplitude (volume) do som. Um som estridente tem os harmônicos de altas freqüências com mais intensidade que um som mais abafado. A onda sonora do primeiro é mais pontuda, e a do segundo som, mais arredondada. O equalizador atua tanto sobre a intensidade das fundamentais quanto dos harmônicos, de acordo com as freqüências que se operam, moldando o timbre do instrumento.
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A duração é o quarto parâmetro do som. Todos os outros parâmetros podem variar ao longo do tempo.
Controles de tonalidade. Os controles de graves (Low), médios (Medium) e agudos (High), presentes nos amplificadores e mesas simples, atuam sobre faixas ou bandas de freqüências pré-determinadas, aumentando ou atenuando as intensidades dessas faixas. Os mais antigos têm as freqüências centrais pré-ajustadas em 100 Hz, 1 KHz e 10 KHz. As mesas mais novas vêm com freqüências centrais em 80 Hz, 2,5 KHz e 12 KHz. Assim como as freqüências centrais de cada banda, as larguras de banda, ou as freqüências vizinhas, também são determinadas pelo fabricante. Temos, então, 2 ou 3 faixas de freqüências com freqüência central e largura de banda pré-ajustadas. Em cada faixa, só há controle de intensidade. No centro, o som passa como entrou. Pode-se aumentar ou abaixar a intensidade de cada faixa, graves, médios e agudos.
Equalizador gráfico. Funciona do mesmo modo que os controles de tonalidade, mas tem maior número de faixas de freqüências. Seu nome vem de seu aspecto, com vários sliders (potenciômetros lineares) lado a lado, formando uma curva. O equalizador gráfico tem uma quantidade variável de faixas (bandas) de freqüências, de 4 até 20, cada uma reforçada ou atenuada por um controle de nível. O usuário tem à disposição aquele leque de freqüências, para manipular uma a uma. Útil quando várias freqüências precisam ser manipuladas ao mesmo tempo. Os EQs gráficos de 20 bandas, nos estúdios, podem ser usados para processar um canal, para timbrar os canais masters estéreo na mixagem ou mesmo para compensar deficiências acústicas da sala de operação (técnica), sendo então plugado ao amplificador dos monitores.
Equalizador paramétrico e semi-paramétrico. Os equalizadores paramétricos apresentam menores quantidades de faixas (em geral de uma a quatro bandas), mas são os que têm mais controles. O usuário escolhe exatamente a freqüência central que deseja manipular em cada banda, a largura da banda, ou quantas freqüências vizinhas, e a amplitude dessa banda. Um botão determina a freqüência central, outro controla a largura da banda e um terceiro reforça ou atenua o nível dessa faixa de freqüências. É útil quando se quer mexer em algumas bandas, mas com precisão, para só afetar as freqüências que realmente precisam de equalização. Os equalizadores semi-paramétricos, comuns em mesas de som de médio e grande porte, não dispõem do controle de largura da faixa. Só apresentam controles para selecionar a freqüência central e o que reforça ou atenua o nível. A largura de banda é determinada pelo fabricante. Qualquer que seja o seu EQ, nunca exagere o seu uso, ou estará criando sonoridades que não existem na gravação real. Depois, na mixagem, a gravação soará irreal. Com moderação, o EQ é um grande aliado do estúdio.
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Áudio & MIDI: O Melhor dos Dois Mundos Muito se fala sobre o uso dos recursos da interface MIDI como um reforço no trabalho do tecladista, ou até do baterista, para usarmos partes seqüenciadas de bateria e teclados no palco. Mas o principal front dessa tecnologia é mesmo o estúdio de gravação. E, por ser uma tecnologia barata, acessível e que sempre traz resultados profissionais, ela passa a ser o grande trunfo do pequeno estúdio na competição com as grandes salas de gravação. É graças à interface MIDI que podemos expandir os canais do estúdio sem um aumento proporcional nos custos.
Estúdios que gravam áudio, estúdios MIDI e o estúdio híbrido. Os estúdios tradicionais gravam o áudio em fitas multipista. Cada instrumento ou voz, geralmente, é registrado numa diferente pista (track) da fita, que pode ter 8, 16 ou 24 pistas. Depois, essas pistas têm seus sons mixados na mesa e gravados em definitivo no formato estéreo, num gravador DAT ou outro. Um grande estúdio, de uma gravadora ou particular, costuma ter um ou dois gravadores de 24 pistas, caríssimos (entre 25 mil e 50 mil dólares, cada), garantindo a qualidade do som. Afinal, gravando um instrumento ou voz em cada pista separada, em vez de gravar vários sons juntos, podemos cuidar muito melhor de cada som na mixagem. Mas, num home studio, com gravadores de 4 ou 8 pistas, como obter um som à altura de competir com os estúdios grandes? Só com o pequeno gravador multipista, não dá. Gravando em programas de computador, com placas de som de 2 ou 4 canais, pior ainda. Então, como resolver a questão? Se um estúdio trabalha exclusivamente com seqüenciamento MIDI de teclados e instrumentos eletrônicos, ele não grava voz, nem instrumentos acústicos ou elétricos. O seqüenciador MIDI age como um robô ou uma mão invisível que toca os sintetizadores, samplers e baterias eletrônicas. Ele “aprende” a música quando você a toca, timbre por timbre, e depois vai juntando todos os sons do arranjo, executando a mesma música nos seus instrumentos. Só mexe com música instrumental, e eletrônica. Porém, sendo barato, este estúdio tem uma excelente qualidade sônica, por uma razão muito simples: seqüenciados, e não gravados, todos os instrumentos estão tocando ao vivo, na hora, com o som ainda inalterado pela gravação. Como se diz, som em primeira geração. E som de sintetizadores e samplers, que estão a cada dia mais fantásticos e baratos. Além disto, seqüenciadores têm infinitos recursos de edição, que permitem que notas erradas ou imprecisas sejam corrigidas com grande rapidez, aumentando ainda mais a qualidade do trabalho musical. O ideal seria unirmos os recursos dos dois estúdios: MIDI, para que os instrumentos eletrônicos atuem em quantidade, com a qualidade sonora preservada, tocados na hora pelo seqüenciador, e um gravador multipista só para gravarmos vozes e instrumentos elétricos e acústicos. E é exatamente isto o que vamos fazer. Sincronizando os dois sistemas, temos um home studio com poder de fogo maior do que o de muitos estúdios comerciais, mesmo de produtoras e certas gravadoras, ao custo de um estúdio caseiro. Este é o estúdio híbrido, o estúdio MIDI com um gravador multipista sincronizado. Veremos agoara os seus três tipos de conexões, de áudio, de MIDI e de sincronização. Vamos citar também os programas que fazem os dois papéis, gravando o áudio e seqüenciando os sintetizadores, tudo no computador.
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Conexões. Na ilustração, temos as conexões de MIDI, áudio e sync. Os sintetizadores (o teclado controlador e os módulos) são midiados ao computador, via placa MIDI, e entre si. Os comandos MIDI primeiro são enviados da saída OUT do controlador para a entrada IN da placa; seqüenciados, os comandos retornam, para serem executados nos instrumentos, do OUT da placa para o IN do primeiro sintetizador; deste, através da saída THRU, para o IN do segundo, e do THRU deste para o IN do terceiro, formando uma rede. É o sistema MIDI. Ele se liga ao estúdio de áudio conectando-se as saídas de som de todos os sintetizadores aos canais da mesa de som. O áudio a ser gravado na fita entra primeiro num canal da mesa por microfone ou linha, sendo então enviado por um submaster (saída de um grupo de canais) ou pelo DIRECT OUT (saída individual de um canal) até a entrada (INPUT) de um canal do gravador multipista. Dali, sai pelo OUTPUT do gravador, voltando a um outro canal da mesa (ou o MIX-B), para ser mixado aos teclados e aos outros canais do gravador. Os cabos para sincronização são dois, em geral RCA ou banana. Um sai do computador (placa com MIDI e SYNC) pelo SYNC OUT, para gravação direta numa pista do gravador. O outro cabo retorna do OUTPUT do canal do gravador para o SYNC IN da placa do
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computador, permitindo a sincronização do gravador multipista com o seqüenciador. Outra opção é o seqüenciamento através de MIDI Time Code (MTC), quando o gravador tem uma saída MIDI OUT para sincronização com o computador.
Os programas com MIDI e áudio. Uma nova tendência é totalmente voltada para o computador, usando um único programa para fazer os dois trabalhos, a gravação do áudio e o seqüenciamento MIDI. O Cakewalk Pro Audio, o Logic Audio, o Digital Performer e o Cubase VST são exemplos de workstations (estações de trabalho) que atuam ao mesmo tempo como seqüenciadores e gravadores de áudio multipista. Gravam as pistas de áudio lado a lado com as pistas MIDI seqüenciadas, sincronizando automaticamente as duas coisas. Além disto, contêm bons processadores de sinal e de efeitos e um mixer, permitindo que os sons cheguem à mesa já processados e mixados. A escolha do formato ideal (fita, HD do computador etc.) para gravarmos o áudio em nossos estúdios depende de vários fatores, mas uma coisa é certa: acrescentando um sistema MIDI ao estúdio, grande parte do trabalho é transferida para lá, poupando as pistas de áudio e garantindo som em primeira geração, com qualidade máxima, para os teclados e baterias eletrônicas, na mixagem final. Nas próximas edições, analisaremos os prós e contras de cada opção na constituição de um estúdio híbrido. O som gravado em fita ou disco e suas vantagens e desvantagens na captação, monitoração e no processamento do sinal, a bateria gravada versus bateria programada, os samplers, o sample playback e a qualidade do som, a edição dos eventos MIDI e os procedimentos na mixagem “syncada” serão assunto desta série de artigos. Enquanto isso, continuaremos respondendo suas cartas e e-mail com dúvidas e sugestões.
Fita ou Disco? Qual é o melhor meio para gravarmos o áudio? Eis uma questão complexa e delicada. Bom exemplo é o do leitor João Bonon Netto, que precisa comprar um gravador de 8 pistas. Gostou do Alesis ADAT, mas teme que o equipamento tenha problemas de desalinhamento de cabeça, já que ele mora distante de uma assistência técnica. Ele gostaria de saber qual a melhor opção, ADAT ou hard disk. Outros leitores escrevem querendo saber de porta-estúdios em MD, Zip Disk, HD e cassete. Há ainda os que se mantêm fiéis à fita de rolo. A escolha do formato. Os estúdios têm diferentes necessidades e condições. Podem servir para gravar discos ou demos de grupos e artistas. Ou pode ser um estúdio pessoal, de um músico, que faz trilhas ou registra os próprios trabalhos. Cada caso é um caso. E cada caso requer uma solução. Com uma fita temos mais agilidade para gravar. E fitas de gravadores comuns, como do ADAT, transitam por vários estúdios, gravando em um e mixando em outro. No HD há incríveis recursos de edição dos sons, alguns impraticáveis fora de um computador. Mas você não vai tirar o seu HD para remixar o material fora de casa, então precisará fazer backup (cópia) do áudio. Usará um computador possante, com uns 64 Mb de memória. E, mesmo assim, talvez um ADAT para as cópias. Sistemas e custos. Há produtos caros e baratos, tanto em hardware como em software. Entre R$300 e R$3.000 temos os porta-estúdios (cassete, MD, HD e Zip disk) e algumas
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interfaces de áudio para o PC. Entre R$2.000 e R$5.000, há o ADAT, modelos similares da Tascam e boas interfaces para o PC. Os sistemas mais profissionais em HD para Macintosh ou mesmo em rack e gravadores de rolo custam entre R$5.000 e R$50.000. O DAT e o MiniDisk, ambos para a mixagem estéreo, custam em torno de R$1.000, o primeiro bem superior ao segundo. Leve em conta os custos com o computador, memória, hard disk e outros, se optar pela gravação em software. Captação e monitoração do áudio. Com as fitas em geral e os porta-estúdios digitais (MD, HD e Zip), durante a gravação de novas pistas, os sons são fáceis de monitorar, pelos canais da mesa. Gravando pela placa de som, o número de canais de gravação/reprodução costuma ser limitado por ela e/ou pela velocidade do HD. Trabalhando com muitas pistas, temos que processá-las e mixá-las no computador, antes de as monitorarmos pela mesa. Prós & Contras Fita (analógica ou digital)
Disco (HD, MD, Zip ou Jaz Disks)
Prós
Prós
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•
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Agilidade na gravação Trânsito entre estúdios Fácil de monitorar
Contras •
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Recursos de edição limitados ou inexistentes Rápida obsolescência Suporte técnico escasso
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•
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Edição total do áudio Freqüentes atualizações Uso dos processadores de som do software e do estúdio Masterização de CDs
Contras • •
•
•
Gravação mais lenta Difícil trânsito entre estúdios Monitoração limitada aos recursos da interface Dependente do "humor" do computador
Todos os sistemas permitem a sincronização com um seqüenciador MIDI. Assim, os sintetizadores continuam soando ao vivo durante a mixagem, poupando pistas de gravação e trazendo mais flexibilidade à produção. Em suma, o melhor sistema será o que melhor se adaptar às suas necessidades e possibilidades. O ideal é ter os dois (computador e fita). Escolha de acordo com o seu coração.
Som Analógico e Digital Muito se discute sobre a proliferação de sistemas de gravação profissional verificada na década de 90. A vanguarda tecnológica apregoa as virtudes do som digital e de seus recursos, enquanto os mais conservadores alegam que nada substitui o som da fita analógica, porque alguns timbres perdem colorido quando digitalizados. A razão, aqui, pode estar com os dois lados. Alguns confundem MIDI com som digital. MIDI, de que não trataremos nesta edição, são comandos musicais para acionar sintetizadores. O que está em questão aqui, é o áudio analógico e o áudio digital. Vejamos aqui alguns princípios das duas tecnologias:
Som analógico. Ondas sonoras são as oscilações do ar, que vão variando ao longo do tempo de acordo com as características dos sons. Um microfone as reconhece, por uma membrana, e cria uma corrente elétrica que varia de forma análoga (semelhante) a elas.
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Essa corrente é o sinal elétrico, analógico, do áudio. Esse sinal passa pela mesa e outros circuitos e entra num gravador. O cabeçote recebe o sinal elétrico e vai magnetizando a fita enquanto ela passa, de acordo com a voltagem do sinal de entrada. As partículas metálicas que cobrem a fita vão mudando de posição, de acordo com o maior ou menor magnetismo. Para tocar a fita, ocorre o inverso: quando ela passa diante do cabeçote, este reconhece o magnetismo das partículas a cada instante, recriando o sinal elétrico, que segue pelos circuitos até ser transformado novamente em som mecânico (vibrações do ar) pelo alto-falante.
Som digital. O gravador digital recebe o mesmo sinal elétrico, mas ele entra primeiro num conversor analógico-digital (AD). O conversor “redesenha” a onda sonora, medindo a variação da amplitude em milhares de pontos por segundo. Essa imensa lista de volumes é gravada na fita ou num disco magnético ou ótico como bytes de computador (dígitos). Para reproduzir o som, o cabeçote lê a fita ou o disco e envia esses dados a um conversor digital-analógico (DA) que liga os pontos e transforma de novo essas informações em sinal elétrico.
As razões da polêmica. A primeira grande diferença é que no áudio digital não há ruído da fita. Uma fita analógica, mesmo virgem, tem um ruído de fundo. O posicionamento das partículas, na fabricação, nunca é perfeito. Num gravador digital, o conversor de saída (DA) só transforma em sinal elétrico os dados que tiverem sido digitalizados. Não é o caso do ruído original da fita. Ignorando o ruído, o gravador digital fornece um som mais limpo e cristalino. Assim, tornam-se totalmente desnecessários os filtros de ruído de fita, como os Dolby e DBX. O mesmo se aplica às mesas e outros aparelhos digitais. Por outro lado, usuários de gravadores analógicos, como os grandes estúdios que trabalham com máquinas de rolo de 2 polegadas em 24 pistas, se queixam da falta de “calor” do áudio digital. Alegam que o gravador de rolo armazena certos timbres com melhor resultado, como o som da guitarra. Algumas gravadoras internacionais chegam a recusar gravações em DAT, ADAT e outros modelos digitais. Mas existem aparelhos e programas de computador com recursos para acrescentar características da gravação analógica aos sons digitais. Pode-se alegar que o som, no fim do processo, será mesmo digital. Seja em forma de CD ou digitalizado numa emissora de TV ou de rádio, cedo ou tarde o áudio é convertido em bytes. É notável que o som digital está em franca evolução, com modelos se substituindo freneticamente. Do áudio em 16 bit, avançou-se para 18 e 20 bit, permitindo uma dinâmica dos sons cada vez maior. O áudio digital já transita em 24 bit de um aparelho para outro e há aparelhos de 32 bit. Cada vez mais apurado e com mais recursos, o formato (ou os inúmeros formatos!) tem mostrado que veio para ficar.
Tudo no Computador ? Nesta nova era das gravações multipista no PC, com as interfaces de áudio explodindo em recursos e seus preços descendo a ladeira, cabe uma pergunta: ainda precisamos de todos aqueles equipamentos em nossos estúdios? Ou chegou a hora de aposentar a
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parafernália? Muita gente pergunta se ainda é necessário adquirir uma mesa, processadores e módulos de som quando seus programas e interfaces dispõem dos mesmos recursos. Se as placas multimídia contêm um sintetizador multitimbral, por que haveríamos de comprar outros sintetizadores? E se os programas de gravação de áudio e seqüenciamento MIDI têm um mixer virtual, não podemos mixar tudo no micro e dispensar a mesa de som? Como toda revolução, esta vive sua fase de transição. Apesar das enormes inovações, nem tudo mudou e ninguém sabe ao certo aonde vamos parar. É um período de novidades, esperança, mas também de instabilidade. Os computadores domésticos, de fato, já gravam áudio profissional em vários canais, mas ainda é difícil encontrar um que funcione com esses recursos o tempo todo, sem dar sustos periódicos em seu dono.
Entradas para microfones. Com tantas opções de interfaces e programas, seus usuários recorrem a diferentes soluções para suas questões. Muitas placas e interfaces de áudio só têm entradas em nível de linha, o que nos impõe o uso de uma mesa ou de pré-amplificadores para os microfones. Algumas interfaces já dispõem dessas entradas pré-amplificadas, mas usam conectores de ¼” (banana), inferiores ao padrão XLR (Canon) usado nos estúdios. Este só é encontrado em sistemas muito caros, para estúdios de maior porte.
O processamento em tempo real traz outras questões para a maioria dos sistemas: como entrar com um sinal comprimido no computador? E como usar reverberação “fantasma” para gravar uma voz seca, porém dando conforto ao cantor na hora de gravar? São necessidades típicas dos estúdios, que somente uma interface com um processador de sinal em separado (DSP) pode satisfazer. Mesmo assim, a velocidade dos processadores atuais nem sempre é suficiente para realizar todas as tarefas ao mesmo tempo. E experimentar vários efeitos girando botões continua a ser muito mais prático que determinar valores dos parâmetros com o mouse e esperar o processamento para só então conferir o resultado.
Os sintetizadores têm recursos que ainda não foram contemplados pelas placas multimídia. Algumas contêm timbres de alta qualidade, mas não em quantidades comparáveis aos teclados e módulos atuais. Também ainda são raros os recursos para a edição de novos timbres. Por outro lado, vêm surgindo novos programas que permitem tocar e seqüenciar amostras do áudio gravado via MIDI, transformando o PC num poderoso sampler.
A mixagem é um outro problema. É comum misturarmos na mesa os sons dos sintetizadores MIDI seqüenciados com os das pistas gravadas. Aproveitamos assim os recursos do estúdio para todas as fontes sonoras. As interfaces e os programas atuais permitem a mixagem interna, isto é, sem que o áudio “saia” do computador, mas para isso precisamos gravar o áudio dos teclados em novas pistas.
Backup. Seus clientes pretendem guardar as pistas de áudio para remixar em outro estúdio. Você pode arquivá-las em um CD-ROM, mas, às vezes essas pistas só rodam num determinado sistema. Nesse caso, para mixar em outros sistemas, você terá que
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converter cada pista em um arquivo .wav. Gravadores como o ADAT ainda são o padrão mais freqüente, o que leva muitos clientes a solicitarem um backup em fita.
Conclusões. Muitas funções do estúdio já podem ser transferidas para o computador. Algumas têm o desempenho muito melhorado com a edição não-linear. “Ver” um gráfico de áudio ajuda em muito o trabalho de produção. Recursos como recortar, copiar e colar trechos do áudio são muito facilitados com o uso do computador. Mas ainda não chegamos ao ponto de dispensar os outros equipamentos do estúdio. Continuamos a usar a mesa, os processadores e módulos de som, e até mesmo gravadores de fita, uma mídia ágil e barata. Pelo menos, ainda por alguns anos.
Placas de som, de MIDI e de Multimídia Os estúdios, há alguns anos, eram em geral classificados pelo número de “canais”, as pistas de gravação. Era o tempo dos gravadores de rolo de oito, 16 e 24 pistas. Os estúdios de hoje, dos maiores aos home studios, combinando recursos de gravação de áudio com o seqüenciamento MIDI de sintetizadores, facilmente perdem a conta dos canais que têm. Sincronizando um seqüenciador MIDI à gravação das pistas de áudio temos, em princípio, a soma dos canais MIDI e de áudio, certo? Errado. Temos mais que isso, já que cada canal MIDI aciona um sintetizador estéreo ou mono, ou um sampler ou uma bateria eletrônica com os tambores e pratos saindo cada um por um canal de áudio. Então, na mesa de som, esses canais da bateria e dos sintetizadores são finalmente mixados às pistas de áudio. Ou a bateria pode mandar seu som pra mesa em um par estéreo de canais, ou até misturada aos demais sons de um sintetizador multitimbral. Os seja, chegam à mesa, em dois canais, os sons eletrônicos em geral, já mixados dentro do sintetizador. Se, neste exemplo, temos oito canais de áudio para gravar, ao todo, quantos canais tem esse estúdio? A resposta é: depende de muitos fatores, como quantos canais tem sua interface MIDI, sua placa de som ou gravador multipista, quantos sintetizadores, quantos canais de mixagem tem a mesa e outros. Não podemos mais definir num número a dimensão de um estúdio, mas especificar os detalhes. Toda essa expansão do conceito de “canais” dos estúdios se deve à combinação dos recursos de gravação com o seqüenciamento MIDI, por causa da sincronização, do sync time code. Com isto não gravamos os sons eletrônicos junto com a voz e outros instrumentos, mas mixamos todos eles, poupando as pistas do gravador. Teclados são tocados “ao vivo” pelo seqüenciador, que está sincronizado como “escravo” ao gravador multipista, o “mestre”. Este mesmo conceito, em que os teclados só são mesmo gravados na mixagem final, se aplica aos programas híbridos em voga, como o Cakewalk e o Cubase. Eles são ao mesmo tempo seqüenciador e gravador. Isto economiza enorme espaço do HD e os recursos das placas de som. Para que tudo funcione, precisamos de dois tipos de interface: de áudio e MIDI. As interfaces de áudio, ou placas de som, como a Gina ou a Audiomedia, se diferenciam pela qualidade dos conversores AD/DA, pelos conectores, pela compatibilidade com os programas. São as maiores responsáveis pela qualidade do som gravado no computador
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pelo
número
de
canais
simultâneos
45 de
entrada/saída
de
áudio.
Com as interfaces ou placas MIDI, como a MQX-32(M) e a MIDI Time Piece, conectamos maior ou menor número de sintetizadores e sincronizamos o seqüenciador com um gravador multipista externo, juntando assim os dois sistemas. As placas de multimídia, como a SoundBlaster ou a Fiji, fazem um pouco de tudo, mas raramente sincronizam o micro com um gravador externo. Neste caso, o áudio é gravado no HD do micro, junto com as levíssimas pistas MIDI, e tudo é sincronizado internamente. Elas têm conexões de áudio e MIDI, além do sintetizador multitimbral interno, convidando a usar seus próprios timbres e a fazer todo o trabalho no computador. Mas ainda são limitadas em cada aspecto, desde o número de canais MIDI e de áudio até a qualidade de conectores e conversores de som. O bom é usar cada interface de acordo com suas necessidades, item por item. Separadas, de áudio e de MIDI, mas trabalhando em conjunto, ou ter um sistema bem mais simples com uma placa de multimídia, resumindo as principais funções das verdadeiras placas de som e de MIDI. Este é um proveitoso tubo de ensaio.
Bateria acústica X eletrônica Sempre vem à tona a polêmica que contrapõe instrumentos acústicos aos sons eletrônicos que os imitam. Nosso tema opõe o mais tradicional de todos às mais recentes conquistas da história da música: as percussões acústicas e eletrônicas. Será que vale a pena substituir peles e pratos por amostras digitalizadas? A programação de padrões rítmicos consegue substituir a execução do baterista? Quais os investimentos para gravar bateria no estúdio? Vamos analisar aqui os prós e contras dos dois sistemas e verificar a praticidade de uni-los, aproveitando o que cada um tem de melhor. Para gravar uma bateria tomamos cuidados especiais. Não registramos um som, e sim o de vários instrumentos. Tambores e pratos, captados por microfones específicos, podem e devem ser armazenados em diferentes pistas. Temos assim mais recursos para a mixagem final destes com os demais sons do arranjo. Se for gravada em estéreo, em apenas duas pistas, a bateria não tem como ser equalizada na finalização do trabalho. Seus vários microfones, nos canais da mesa, podem ser endereçados para duas ou várias pistas do gravador. Esses recursos são, contudo, os maiores investimentos do estúdio. Chegam a multiplicar os custos em várias vezes. A bateria, um instrumento caro, precisa de um kit de microfones especiais, cabos e pedestais, além de cerca de 8 pistas no gravador ou 8 entradas na interface de som do computador. A mesa de som e a cabine acústica completam os principais itens da lista, que ainda incluem compressores, gates e outros. Nada disso evita o vazamento dos sons pelos microfones. O resultado depende do talento de cada produtor. É óbvio que a maioria dos home studios começa usando os recursos eletrônicos. Muitos deles obtêm ótimos resultados. Disseminado na música pop a partir dos anos 80, o uso do sampler, com loops seqüenciados e timbres originais ou muito bem copiados de
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instrumentos acústicos, é hoje predominante em vários gêneros musicais, do rap americano ao nosso pagode. E a bateria eletrônica nada mais é que um seqüenciador de amostras sampleadas. Em certos estilos de execução mais livre, como o jazz, a bateria programada é menos conveniente. Em outros, seu uso é a regra. Em muitos gêneros, uma boa e detalhista programação de timbres bem escolhidos pode convencer até profissionais mais experientes. Mal feita, ridiculariza uma produção. Uma bateria eletrônica, no senso estrito, é um aparelho com um seqüenciador MIDI e botões ou pads que ativam sons digitalizados de percussões. Num sentido amplo, todos os instrumentos MIDI do estúdio que tenham sons percussivos são tocados pelo teclado (ou outro controlador) e programados num seqüenciador, de computador ou não. Podemos programar os ritmos na tela do computador, com muitos recursos, ou na própria bateria eletrônica. Em vez de gravarmos o áudio desses sons percussivos, poupamos as pistas de gravação sincronizando o seqüenciador ou a bateria eletrônica ao gravador multipista, fazendo com que atuem sempre juntos. Na mixagem, reunimos na mesa as pistas gravadas de vozes e instrumentos com o som direto dos instrumentos MIDI. O baterista pode programar seus ritmos usando pads, espécie de “tambores” eletrônicos, e triggers, pequenos microfones de contato que convertem qualquer fonte de som em controladores MIDI. Com eles, pode lançar mão de sua técnica instrumental para programar seqüências com mais conforto, sem ter que se adaptar, por exemplo, a um teclado. O músico toca até mesmo em uma bateria de estudo trigada ao sistema MIDI. Alguns estúdios chegam a combinar o uso simultâneo dos processos de gravação acústica e de seqüenciamento MIDI da bateria. Gravando os componentes que têm som mais rico em detalhes, como caixa e pratos, enquanto seqüenciam outros tambores “trigados”, aproveitam o melhor dos dois mundos com contenção de despesas.
O Sampler e os Sons “Acústicos” Popularizados no meio musical a partir do início dos anos 80, os samplers, hoje obrigatórios em todos os estúdios profissionais, despertaram a princípio o desdém de muitos compositores, arranjadores e instrumentistas. Gravar sons dos instrumentos tradicionais para depois serem tocados por teclados eletrônicos chegou a parecer antimusical para cultores de diversos gêneros. Na verdade, ainda há quem discuta a importância do sampler. Enquanto isso, o mais versátil instrumento já inventado vem promovendo, não uma, mas várias revoluções nesta fase tão turbulenta da história da música. Capaz de reproduzir qualquer som com absoluta fidelidade e respeitando a dinâmica dos instrumentos em suas sutilezas, o sampler pode ser tocado por um instrumento controlador MIDI ou ainda por um seqüenciador. Você pode tanto imitar o som de seu instrumento acústico sampleando sampleando nota por nota quanto criar um loop ou ostinato repetindo um trecho quantas vezes quiser. Diversos gêneros musicais, como o rap e o techno se desenvolveram a partir desses loops eletrônicos. A música eletroacústica, importante tendência erudita, como também diversos jazzistas, reconheceram e adotaram o instrumento, explorando sua infinita riqueza timbrística e expressiva e elevando-o à categoria que merece.
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O sampler não é um mero imitador de instrumentos. Com ele, você pode criar as mais originais sonoridades, já que o som digitalizado (gravado) por ele pode ser editado como fazemos num sintetizador. A diferença é que o sintetizador edita sons gerados internamente e o sampler o faz com sons que gravamos. Não por acaso, a maioria dos sintetizadores do mercado usa como matéria prima amostras sonoras sampleadas. Conhecida como sample playback, essa síntese permite o acesso de uma maior quantidade de músicos e home studios ao vasto universo de sonoridades digitais. Com um sintetizador sample player, dispomos de um grande número de sons de instrumentos “reais” que foram gravados pelo fabricante, mas não podemos samplear novos sons. O sampler, um pouco mais caro que os sintetizadores, permite ao arranjador a escolha de qualquer som para seu trabalho. Os samplers vêm geralmente em rack ou teclado, podendo conter drive de disquete, HD, CD-ROM, Zip Drive, memória, igualzinho a um computador. Agora vêm surgindo os softwares que transformam seu próprio PC num sampler. Os sons utilizados podem ser obtidos por você, gravando-os no HD de seu sampler, ou através de amostras obtidas no mercado. Diversos fabricantes de CDs de áudio com loops para serem sampleados e de CD-ROM com amostras prontas nos diversos formatos (Akai, E-Mu, Roland, Wav. e outros) oferecem milhares de sons e loops para usuários de todos os gostos. É escolher o som e tocar. Os detalhes expressivos da maioria dos instrumentos acústicos e elétricos garantem vida eterna para eles. Ninguém em sã consciência pretende substituí-los. Os bons instrumentistas sempre serão requisitados nas gravações e performances. As conquistas obtidas com a entrada do sampler no mercado são as novas formas de expressão musical, o salto na qualidade do som gravado e uma maior democratização da produção musical, já que mais produtoras e home studios vêm tendo acesso a todo tipo de timbre, o que barateia o custo dos projetos. No home studio, o uso do sampler acarreta menor consumo de pistas de gravação de áudio, já que ele permanece tocado pelo seqüenciador MIDI até o momento da mixagem, sincronizado ao gravador de áudio, e causa um enorme salto na qualidade do som. Modelos profissionais em torno de 2000 dólares, como o Akai S2000, E-Mu ESI-4000, Roland S-760 e Yamaha A3000, viabilizam sua aquisição, com todo o brilho dos produtos mais caros e sofisticados. Poupe as pistas do gravador exclusivamente para as vozes e os instrumentistas mais competentes. O resto vai por MIDI, com o maior som.
A edição dos eventos MIDI É impressionante como o tempo passa. A coluna Home Studio está completando dois anos na Backstage. Nesses 24 meses, que esperamos que se estendam por 24 anos, procuramos divulgar o emaranhado de tecnologias em que se transformaram os sistemas de gravação. A resposta dos leitores tem sido fundamental para nortear este trabalho, com suas pertinentes dúvidas e utilíssimas sugestões. Vamos em frente. Vamos entrar no penúltimo ano do milênio. E é incrível como, na era dos upgrades e
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updates, onde versões de programas ficam obsoletas em três meses, a interface MIDI, que já passou dos 15 anos, continua com cara de criança. É verdade! Nesta década e meia o padrão se manteve inalterado, com as mesmas características desde o seu lançamento, embora para muitos ainda seja uma grande novidade. E é. Afinal, editar tudo o que tocamos num instrumento eletrônico, depois de gravado, até hoje parece milagre. O seqüenciador em software foi o maior beneficiário da interface MIDI. Com uma evolução frenética e incessante, os melhores modelos acabaram tendo que abrir uma nova frente, ou ficariam muito parecidos. Já não tendo muito para onde correr na disputada concorrência, incluíram a gravação de áudio multipista. A briga recomeçou, agora no terreno do áudio. A MIDI não precisou ser atualizada, mesmo com seus 8 bits, por ter previsto a capacidade de evolução dos instrumentos eletrônicos, deixando espaço livre para os recursos que foram surgindo. Como o seqüenciador registra simples comandos musicais ao longo do tempo, e não o som, é fácil editar todos eles. Cada nota é adiantada, atrasada, excluída ou incluída com poucos cliques no mouse. Um instrumento pode ter seu timbre modificado depois de gravado, e podemos variar o andamento sem mudar o tom. Tudo é simples, com as telas de edição gráfica. Não importa se você é um virtuose no seu instrumento ou se não domina a técnica: o mouse e as telas de edição são grandes ferramentas para todo arranjador. Na tela principal de cada programa, vemos as pistas de gravação e suas características, como canal MIDI, programa (timbre) do instrumento, volume, mute, solo, mais play, rec, stop, compasso, andamento, contadores e marcadores de tempo. Podemos alterar todos eles a todo instante, e também alterar trechos que marcamos com o mouse. Uma edição minuciosa permite grande aperfeiçoamento da performance original. Marcamos um trecho arrastando o cursor do mouse sobre um grupo de eventos. Copiar, cortar, colar, quantizar (tornar os ritmos precisos), mudar durações e alturas são alguns dos comandos do menu de edição. Para ajustar cada evento, como uma nota, um controle ou uma troca de timbres, usamos basicamente três telas. A mais antiga (e a mais complicada de operar!) é a lista de eventos: cada linha (como numa folha de caderno) contém todas as informações de um evento. É onde fazemos variar timbres e outros parâmetros mais gerais. Uma nota ocupa duas linhas, note on e note off. Para mexermos nas notas e controles, as telas da partitura (staff) e do piano-roll permitem uma visualização infinitamente melhor. Vemos a música enquanto a ouvimos, seja no pentagrama ou num gráfico onde as notas são traços. Herdeiro dos rolos de papel perfurado das pianolas movidas a corda, o piano-roll é uma maneira mais cartesiana de lermos a partitura. O comprimento do traço é a duração da nota e sua altura na tela é a própria altura musical ou o pitch. Abaixo ou acima, outra tela mostra variações nos controles MIDI na mesma hora em que vemos as notas no piano-roll. Com o mouse desenhamos variações de volume e pan, cortamos notas erradas, mudamos a afinação, a duração, o momento do ataque ou a intensidade de cada nota, editando glissandos, pedais de sustain e muitos outros recursos. É o gráfico mais completo e preciso. Na partitura, apesar da leitura mais direta (para os que a lêem), editamos parâmetros das
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notas e alguns outros. Essas partituras também são editadas para impressão. Além destes, temos gráficos (curvas) de andamentos, compassos, tonalidades e outros. A edição dos eventos MIDI, simples como um video-game, tem uma incomparável gama de recursos. Afinal, não estamos mexendo diretamente com os sons, mas com a forma deles serem tocados. O que simplifica tudo, embora por muito tempo ainda, para muita gente, vá parecer milagre.
A edição do áudio digital A gravação e a edição das pistas de áudio e MIDI, a mixagem com automação e multiefeitos em tempo real, assim como a finalização do trabalho, após a mixagem, com masterização em CD, já estão à disposição de estúdios médios e pequenos. E com recursos avançados, comparáveis às workstations profissionais. Todos os recursos de processamento encontrados num estúdio estão integrados aos diversos programas de edição. De fato, os porta-estúdios digitais contêm diversas ferramentas de edição. Mas um computador médio para os padrões atuais, como um Pentium I ou II, pode ser transformado numa estação de trabalho bem mais poderosa. Com uma moderna interface de áudio e programas como o Cakewalk e o Sound Forge temos como processar multipistas e som estéreo com qualidade profissional. Adicione memória de 64 MB, um gravador de CD e um HD grande e rápido e o micro se torna o centro do estúdio, assumindo a maioria de suas funções. As pistas de áudio gravadas no Cakewalk podem ser editadas nele próprio ou no Sound Forge. Marcamos o trecho de áudio clicando o botão esquerdo do mouse sobre ele. Ali mesmo acionamos com o botão direito um menu e o item “Audio”. A partir da tela de áudio, o botão direito abre outro menu com os recursos de edição. Além de copiar, recortar e colar trechos, contamos com vários plug-ins, programas acessórios com efeitos e mais alguns recursos. Muitas vezes, uma edição mais elaborada de alguma pista ou trecho se faz necessária. O Cakewalk permite editarmos esse material no Sound Forge. Basta clicar no menu “Tools” e em “Sound Forge”, que o programa abre com o trecho original do Cakewalk. Apesar de ser um programa independente, para edição de áudio estéreo ou mono, o Sound Forge interage eficazmente com o Cakewalk. Com muito mais recursos de edição, ele processa as pistas do outro programa e as devolve prontas para mixar. Depois de editar cada uma no Sound Forge, clicamos em “Save” e retornamos ao Cakewalk clicando na barra de tarefas do Windows. O material editado substitui o original, após confirmarmos isso numa janela. É quase como se fosse um só programa, somando muitos recursos indispensáveis que só estariam presentes num ou noutro. Depois de gravar e editar tudo, mixamos o material usando uma mesa “real” ou o console virtual do Cakewalk. O áudio estéreo é enviado para 2 pistas do próprio programa, depois convertidas num arquivo wave através do comando “Export Audio” do menu “Tools”. Salvo o material, o Cakewalk encerra aqui sua atuação. Este arquivo wave é agora aberto no Sound Forge, para a edição final, ou pré-masterização.
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Edição. Num programa com os recursos do Sound Forge, marcamos facilmente um trecho de qualquer duração, arrastando o mouse sobre ele, ou editamos toda a pista. A chamada edição não-linear não depende da execução da música. O som é ‘visto’ no gráfico, além de ser ‘ouvido’. E o áudio é modificado no HD. Habilite a função “Undo” (refazer) para poder experimentar os recursos sem perder o original. No Sound Forge há todo tipo de processadores de efeitos (reverber, delay, chorus, flanger, distorção, wah-wah), dinâmicos (compressor ou Dynamics/Graphics, noise gate), equalizadores (gráfico e paramétrico), analisadores de espectro, filtros diversos, conversores, mute, fade in/out, envelopes de volume e afinação, remoção de “clicks”, restauração de vinil e muito mais. Otimize o volume com a função “Normalize”. Tire ruídos de fundo com o plug-in “Noise Reduction” (comprado em separado): após marcar um pequeno trecho só de ruído, para coletar uma amostra, abra a tela do Noise Reduction, clique em “Get”, habilite “Apply to all” e dê OK. Aguarde e confira. Reduz sensivelmente ruídos e vazamentos, mas às vezes altera alguns timbres. Os efeitos em geral são ótimos. Na compressão e no uso do noise gate, a visualização através do gráfico facilita muito o ajuste dos parâmetros. Na pré-masterização, corte os trechos em silêncio do início e do fim de cada música. Use os comandos “Fade in” e “Fade out” sobre pequeninos trechos para o som entrar e sair sem sobressaltos, traduzidos em indesejáveis “clicks”. Planeje sempre a seqüência correta dos recursos que vai usar em cada etapa. Essas ferramentas do Sound Forge podem ser usadas na edição das pistas do Cakewalk e na finalização em estéreo. Algumas só numa ou noutra etapa, outras são usados mais freqüentemente. Salve seus arquivos wave pré-masterizados e grave o CD usando o programa que vem com o gravador ou o plug-in “CD Architect”. Agora é só fazer a capa e as cópias. Seu home studio virou uma pequena mas sofisticada gravadora.
Mixagem sincronizada de áudio e MIDI Desde que surgiram os seqüenciadores MIDI, ainda no tempo em que só havia fitas analógicas, usamos os processos de sincronização entre eles e os gravadores multipista. Esses processos, como o FSK, o SMPTE/MTC e o MIDI clock, são úteis não apenas porque permitem rápidas e radicais modificações no material gravado durante a produção. Mais que tudo, servem para expandir a quantidade de pistas do estúdio, graças à economia que proporcionam: os sons dos instrumentos eletrônicos não são gravados, mas enviados diretamente das suas saídas de áudio para a mesa de mixagem, onde se juntam aos sons das pistas gravadas. Hoje, quando os seqüenciadores se tornaram também gravadores de áudio, o conceito permanece. Nas suas pistas, podemos seqüenciar comandos MIDI ou gravar sons acústicos e elétricos. Cada uma através de uma interface apropriada, as pistas de áudio e MIDI são automaticamente sincronizadas pelo programa. Não é preciso gravarmos o áudio de um teclado ou módulo que permanecerá no estúdio: se ele pode ser “tocado” pelo seqüenciador sempre que dispararmos o gravador, é só enviar seu som direto pra mesa. As pistas acústicas também vão pra mesa, saindo do gravador ou da placa de som.
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mesa
é
que
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todo
o
material.
A grande vantagem de mantermos os sons eletrônicos como pistas MIDI durante todo o processo de gravação é que não gastamos espaço do HD ou da fita com esses sons. Em certas produções, essa economia pode representar até cem por cento do que seria consumido. E o conceito do número de canais do estúdio fica ultrapassado: estamos atingindo a era dos infinitos canais. Plugados aos canais de entrada da mesa, que devem ser em número suficiente, tanto os sintetizadores e samplers quanto os canais de saída do gravador ou da placa de som terão, a partir de então, o mesmo tratamento. Seja numa mesa analógica ou numa digital, podemos acrescentar efeitos, equalização e controlar o volume e pan manualmente ou automaticamente. O programa pode ter uma outra mesa, virtual, que auxilia no processo de automação da mixagem, mas a mesa externa é necessária para conectarmos os sintetizadores. Se gravamos o áudio multipista no micro e depois mixamos tudo masterizando em estéreo no próprio micro, pode ocorrer um aparente paradoxo. O som das pistas de áudio sai do computador, é mixado numa mesa externa e retorna em estéreo para o micro. Lembre-se: os teclados e módulos MIDI ficam mesmo fora do computador. Por isso precisamos mixar tudo externamente. Quando só gravamos pistas de áudio o programa pode mixar tudo pela sua mesa virtual, mas quando sincronizamos essas pistas a outras de MIDI, a mesa externa é necessária para reunir os sintetizadores ao áudio gravado. Por outro lado, numa produção só com sons seqüenciados de um sintetizador, podemos mixar tudo internamente pelo seqüenciador, com o som estéreo já saindo pronto do instrumento para o DAT ou placa de som. É claro que há exceções. Se o seu sintetizador multitimbral só contém um par de saídas estéreo e você precisa dar um tratamento especial a um dos sons através da mesa – por exemplo, um reforço nos graves do contrabaixo -- grave este som numa pista de áudio à parte e depois desabilite (mute) a pista MIDI original. Agora envie para a mesa o som da pista de áudio com o baixo, num canal independente do teclado, e acrescente os graves no equalizador do canal apropriado, sem afetar os outros sons do teclado. As conexões são, portanto: MIDI out do instrumento controlador para MIDI in do seqüenciador ou da interface MIDI; MIDI out da interface ou do seqüenciador para MIDI in do sintetizador. Saídas de áudio da mesa (submasters ou direct outs) para entradas de áudio do gravador ou da placa de som; saídas de áudio da placa de som ou do gravador mais as saídas do sintetizador para os canais de entrada da mesa. Saídas de áudio estéreo da mesa (master) para entradas do gravador estéreo ou placa de som. As conexões de sync podem ser, no caso do SMPTE, sync out da placa MIDI para a entrada do último canal do gravador de fita e a saída deste canal para sync in da placa MIDI; no caso do MTC ou MIDI clock, MIDI out do gravador digital para MIDI in da placa MIDI ou seqüenciador; usando MMC, MIDI out da placa MIDI para MIDI in do gravador digital. Essas conexões se aplicam às mesas analógicas e digitais. Com a mixagem das pistas de áudio gravadas e dos sintetizadores “ao vivo”, ganhamos em número de canais, flexibilidade na experimentação dos timbres eletrônicos (que podem ser modificados depois de seqüenciados) e economia de espaço no HD ou nas
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pistas de áudio (o áudio profissional consome pelo menos 5 MB por minuto, contra alguns bytes de uma pista MIDI). Em contrapartida, precisamos de uma mesa com canais em quantidade suficiente para mixar todos esses sons. O pequeno estúdio agora perdeu a conta dos canais que tem.
As novas placas de som Até cerca de um ano atrás, uma gravação multipista no computador exigia pesados investimentos em interfaces profissionais de áudio. Modelos como a Digidesign Session 8, a Creamware TripleDAT, a Soundscape HDR1 ou a Yamaha CBX-D5 chegavam ao mercado por milhares de dólares. Agora, esta barreira foi vencida. Novas placas e interfaces externas, de novos e antigos fabricantes, conectam e convertem múltiplos canais analógicos e digitais com qualidade profissional de som e facilidade de operação e instalação. E todas elas custam algumas centenas de dólares, pouco mais que uma plaquinha multimídia ou um porta-estúdio cassete. Estamos falando de interfaces como as Event Electronics Layla, Gina e Darla, a MOTU 2408, a Ensoniq PARIS e a E-Mu APS. Com algumas diferenças, todas permitem gravação simultânea de múltiplas pistas de áudio através de suas entradas, além de monitoração e mixagem numa mesa de som externa, pelas suas diversas saídas de som. Com conectores profissionais ou semiprofissionais ("banana" de ¼" balanceado ou não, ou RCA, além das conexões digitais), elas livram o pequeno estúdio do pesadelo que era enviar todos os sons por um único e estreito cabo estéreo com conector de 1/8" (de fone de ouvido), caso das placas de multimídia. Esta nova categoria de placas profissionais abaixo de mil dólares traz ainda uma vantagem sobre as antigas e caras concorrentes. A maioria dos novos modelos é compatível com os programas de gravação e edição de áudio mais usados, como o Cakewalk, o Sound Forge, o Cubase e o Logic, como também com os plug-ins DirectX, que fornecem efeitos e outras ferramentas de edição, compartilhados pelos diversos programas. Com processamento interno e conexões digitais de 24 bits e conversores AD/DA de 20 bits, algumas dessas baratas interfaces superam em muito suas antigas e caras concorrentes. Embora alguns modelos, como a Layla, contenham conexões MIDI, provavelmente você precisará usar uma interface em separado para ligar seus sintetizadores. Fábricas como a Opcode, MOTU e MidiMan têm modelos baratos, de poucas centenas de dólares. Elas são perfeitamente compatíveis com as placas de áudio. É aconselhável o uso de uma placa multi-portas (vários MIDI ins e outs), especialmente se você vai sincronizar um gravador externo ou se tem vários sintetizadores. A mais usada é a barata (menos de 300 dólares) e já tradicional Opcode MQX-32(M). Também é possível mixar os sons internamente no computador, mas, como vimos no artigo anterior, é muito interessante o uso de uma mesa de som externa, onde unimos os sons dos sintetizadores seqüenciados às pistas gravadas. A mesa externa traz agilidade à mixagem e acrescenta os recursos dos processadores "físicos" de sinal aos recursos dos programas. Ou seja, se seu computador está sobrecarregado com muitas pistas gravadas para processar, você ainda pode usar seu velho reverber ou compressor através da mesa, para processar os canais gravados no micro.
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Conecte sua mesa à placa de som do mesmo modo como a ligaria a um gravador de fita, como um ADAT. Das saídas da mesa (subgrupos ou saídas diretas) para as entradas da placa e das saídas da placa para os canais de entrada da mesa. No programa de gravação, podemos modificar a cada instante o canal da placa que será usado por cada pista. Se gravamos mais pistas que a quantidade de canais da placa, agrupamos algumas delas pelo mesmo canal, dosando níveis de volume, efeitos e timbre no próprio programa. As pistas que saem sozinhas por um canal podem ser processadas inteiramente pela mesa e seus periféricos. Com essas novas interfaces e as versões atuais dos programas, o número de pistas gravadas não dependem mais delas. A velocidade de gravação e leitura do hard disk é que define quantas pistas podem ser gravadas e reproduzidas simultaneamente. Um HD Ultra Wide SCSI, bem mais rápido que um do tipo IDE, será capaz de gravar/reproduzir mais pistas que este. Isto ocorre porque cada take de áudio gravado é um diferente arquivo, registrado num diferente setor do disco. A cabeça de leitura e de gravação tem que saltar pelo HD para dar conta simultaneamente de todos esses pesados arquivos de som. Assim, sua nova placa oferece vários canais de entrada e saída, mas você pode gravar um número bem maior de pistas no programa, quanto mais rápido for seu hard disk.
O Sistema MIDI O milagre da multiplicação dos canais de gravação. Partituras que se escrevem automaticamente, ao tocarmos um instrumento. Novos e infinitos timbres para os arranjos. A adição de um sistema MIDI ao estúdio faz essas e outras. A partir deste artigo, vamos conhecer melhor esses recursos. Com MIDI, podemos fazer muitas coisas. Na edição de partituras, podemos tocar em vez de escrever. Ligando dois ou mais sintetizadores, misturamos seus timbres em novas sonoridades. Automatizamos mesas de mixagem. Sincronizamos gravadores e seqüenciadores, expandindo o estúdio. Sonorizamos programas multimídia e sites da Internet, poupando a memória do computador. Mas os seqüenciadores, onde desenvolvemos os arranjos e que permitem a troca dos timbres eletrônicos mesmo depois de gravados, são a mais completa tradução dessa tecnologia ainda revolucionária. Só não grava som. Na verdade, mesmo quando gravamos um arranjo MIDI num seqüenciador, só estamos registrando comandos musicais, em forma de dados digitais. Pelos cabos MIDI só transitam mensagens, que dizem aos equipamentos quais notas, pedais ou botões são acionados pelo músico, e quando. Registrando esses dados e o momento em que cada ação se dá, o seqüenciador "aprende" a tocar a música. Acionado o PLAY, ele "toca" os sintetizadores, como um robô ou uma mão invisível, através dos cabos MIDI. Os sons desses instrumentos continuam sendo gerados por eles, todos plugados à mesa de som. Por isso, os arquivos MIDI são muito mais leves do que o áudio gravado no computador. Afinal, aqueles sons não estão no hard disk, mas saindo "ao vivo" dos próprios instrumentos. O estúdio MIDI básico tem um seqüenciador, um instrumento controlador e um gerador de som. Às vezes, um único teclado, apelidado de workstation, contém os três. Mas um seqüenciador em software, com muito mais ferramentas de edição, precisa de uma placa
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ou interface MIDI instalada no computador para conectar os instrumentos. Tocamos num teclado, guitarra, baixo, violão, bateria, violino, sax ou outro controlador MIDI. Seja qual for o seu, ele aciona os geradores de som e alimenta o seqüenciador com as partes do arranjo, uma a uma, cada parte num diferente canal. Os geradores de som são sintetizadores, samplers ou simples arquivos de sons pré-programados. Podem ter forma de teclados, módulos, placas multimídia ou pedaleiras. São acionados pelo controlador e pelo seqüenciador através dos canais MIDI. Pelo cabo MIDI as mensagens transitam codificadas em 16 canais independentes. O seqüenciador toca 16 sintetizadores numa cadeia ou rede em que cada um soa como uma diferente parte do arranjo, como o piano e o baixo, usando um canal para cada instrumento. Ligamos o MIDI out (saída) do controlador ao MIDI in (entrada) do seqüenciador ou da placa MIDI. E o MIDI out do seqüenciador ao MIDI in do primeiro sintetizador. Para ligar os outros geradores de som, conectamos o MIDI thru do primeiro ao MIDI in do segundo. O MIDI thru é uma saída usada para retransmitir a outro instrumento as mensagens que entram pelo MIDI in. Daí pra frente, ligue o MIDI thru de cada gerador ao MIDI in do seguinte. Agora, ajuste cada um para operar num diferente canal e temos uma orquestra de sintetizadores. Os instrumentos ditos multitimbrais são capazes de operar em muitos canais ao mesmo tempo, o que é uma grande economia. Para termos mais de 16 canais, usamos várias portas MIDI. Cada porta tem um conector e 16 canais. Com duas portas enviamos mensagens, num total de 32 canais, por dois cabos. Cada nova porta, mais 16 canais independentes. Certos sintetizadores e as placas ou interfaces MIDI profissionais para computadores são multiportas. Os programas multimídia e as home pages usam sempre os padrões General MIDI (GM), uma lista unificada de 128 timbres, e Standard MIDI Files (SMF), arquivos MIDI salvos por qualquer seqüenciador usando a extensão .mid. São totalmente compatíveis com os diversos sistemas. Os instrumentos controladores MIDI e a operação dos diferentes módulos geradores de sons são o assunto do mês que vem. Veremos como compensar os atrasos gerados pela guitarra MIDI e outras dicas de operação. Enviem correspondência para a Backstage, indicando a seção Home Studio. Até lá, um abraço.
Instrumentos Controladores MIDI "Não uso seqüenciador porque não toco teclado!" Esta é uma frase muito repetida pelos músicos que não conhecem os controladores alternativos. Eles suprem as necessidades de todo tipo de instrumentista. Controlador é o instrumento MIDI em que realmente tocamos, aquele onde o músico executa a sua performance. Num computador, conectamos a saída MIDI out do instrumento à entrada MIDI in da interface. Tocando no controlador, ‘gravamos’ (seqüenciamos) a música pista por pista, canal por canal. Essa música soa através dos sintetizadores, samplers e demais instrumentos MIDI. O controlador pode ser mudo, para tocar sons de outros aparelhos, ou pode gerar sons próprios. Um sintetizador MIDI de teclado, por exemplo, funciona ao mesmo tempo com
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as funções de controlador e módulo de som. Para executar bem as duas funções, deve ser encarado como se fossem duas partes distintas do estúdio: o controlador e o módulo. Facilmente desligamos a função Local (LOCAL OFF) no teclado e conectamos dois cabos MIDI entre ele e o computador: out para in e in para out. O teclado agora só emitirá sons quando assim determinarmos no seqüenciador. Sem isso, ele fica mudo. Esta configuração permite que usemos o teclado para controlar (tocar) o som de outro instrumento, sem que seu próprio som atrapalhe a execução. O teclado e o mouse não são os únicos meios de registrarmos a música num seqüenciador. Para adaptar melhor a técnica instrumental de cada um à transmissão de dados musicais via MIDI, existem inúmeros tipos de controladores alternativos, em forma de guitarras, violões, baterias de muitos formatos, violinos, violas, violoncelos, instrumentos de sopro, vibrafones etc. Fábricas como Roland, Yamaha e Zeta produzem diversos modelos. Além do controlador de sua preferência, mesmo que não toque teclado, convém ao músico dispor de um, para programar as baterias e percussões, realizar certos encadeamentos harmônicos e outras facilidades típicas desse tipo de intrumento. Esse teclado pode ser mudo ou conter os sons que serão seqüenciados, tocados através dele e do controlador alternativo. Cada tipo de controlador tem suas próprias características. As guitarras MIDI podem causar um certo atraso na transmissão dos dados, devido à dificuldade de reconhecer a afinação da nota executada. Enquanto um teclado transmite a nota imediatamente ao tocarmos, já que cada tecla tem um contato eletrônico, a guitarra usa um conversor, que primeiro reconhece a freqüência fundamental de cada nota tocada, para só então convertê-la numa nota MIDI e transmiti-la a um sintetizador ou outro aparelho. Este conversor tem que aguardar que se complete um ciclo da onda sonora da corda da guitarra, para identificar a nota tocada. Só que o dedo do guitarrista, como de qualquer instrumentista de cordas, não tem a exatidão de uma tecla, porque é comum que a corda fique ligeiramente esticada quando é tocada. Então, por exemplo, um Fa é mesmo um Fa ou é um Mi que foi esticado pelo pitch bender ? O conversor, muitas vezes, precisa tomar decisões como esta, antes de fazer a conversão do som para uma nota MIDI. Ao seqüenciar cada parte do arranjo numa guitarra controladora, o músico pode compensar esses atrasos de duas formas: quantizando ou adiantando o trecho. As duas operações são muito fáceis. Para quantizar, marque o trecho no seqüenciador e acione o comando , escolhendo a resolução correspondente à menor figura rítmica utilizada. Para antecipá-lo, marque o trecho e arraste-o com o mouse um pouco para a esquerda. Na maioria das vezes, dá certo. Cada controlador combina melhor com certos timbres, e pior com outros. É melhor tocarmos bateria eletrônica por meio de pads do que nas cordas de uma guitarra MIDI (embora seja possível), mas os pads não nos permitem tocar violino, e a guitarra, sim. O músico deve escolher aquele controlador que melhor se adapta à sua técnica instrumental, procurando manter também um teclado. Mês que vem, veremos a operação dos diferentes módulos geradores de sons. Enviem correspondência para a Backstage, indicando a seção Home Studio. Até lá, um abraço.
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Piratas à Vista! - O arquivo de som MP3 se torna símbolo da liberdade de expressão. Mês passado, prometi abordar os módulos MIDI, mas um assunto muito urgente impôs um adiamento. O MP3 tem suscitado um feroz debate na Internet, na mídia impressa e até nos parlamentos do Primeiro Mundo. Com qualidade próxima ao CD, 12 vezes menor que os arquivos WAV, o MP3 é ideal para a transmissão de som pela Internet. Com ele, um home studio, além de gravar e finalizar um trabalho musical, pode ainda divulgá-lo e distribuí-lo diretamente ao público, sem intermediários. Mas são justamente esses intermediários, as grandes gravadoras, que têm tentado todas as formas de banir o MP3, alegando estímulo à pirataria. Lutam ferozmente para garantir a própria sobrevivência. Só quem tem o direito de julgar o seu talento é você mesmo e o seu público, certo? Errado. Ao longo de todo o século XX este julgamento coube aos executivos de algumas gravadoras multinacionais. Para um artista ou uma banda tentar o sucesso, é preciso que um diretor artístico aprove o seu trabalho e autorize o seu lançamento em disco. Para algumas centenas de artistas de sucesso no show business brasileiro, quantos milhares (milhões?) ficaram de fora, muitos até desistindo da profissão? Sem o respaldo da indústria, a maioria se desestimula e o público nem chega a conhecer seus trabalhos. O MP3 ou os formatos que o sucederem é a grande revolução democrática no universo ditatorial da indústria do disco. Cada artista é sua própria gravadora e distribuidora, usando um home studio e uma conexão à Internet. Como toda revolução, esta também tem sua reação: a indústria, defendendo o seu monopólio, e vários artistas de renome, equivocados ou pensando mais em seu quinhão do que na liberdade de expressão, vêm brandindo a bandeira da luta contra a pirataria. Trata-se de uma jogada de marketing que tenta desmoralizar (para poder proibir) os arquivos de som com fácil trânsito na Grande Rede. O que está em jogo aqui não é a pirataria, mas a previsível redução da influência dessas empresas sobre o mercado. Seu poder de fogo é grande, mas a maioria silenciosa já se prepara para reagir à altura. Há semanas, a editora do caderno "Informática etc." do jornal O Globo, Cora Rónai, vem desmascarando a duvidosa ética da indústria a respeito do MP3. Em 28 de junho, publicou uma carta-manifesto de John Perry Barlow, letrista do Grateful Dead e professor de Direito em Harvard, além de diretor da Electronic Frontier Foundation EFF , que luta pela liberdade de expressão na Web. Abro aspas para ele: "Graças à efervescente popularidade do formato MP3, a indústria fonográfica está tentando, desesperadamente, pôr uma tampa no verdadeiro caldeirão de música líquida que, de repente, apareceu na Internet. Sempre parasítica, esta indústria (...) vem se aproveitando do natural desejo dos músicos de serem ouvidos para impor-lhes contratos que os separam da propriedade intelectual dos seus trabalhos. Como essas entidades gigantescas controlam a única mídia disponível para uma ampla distribuição desses mesmos trabalhos, a maioria dos criadores aceita, passivamente, o roubo do vinho pelos engarrafadores. Os contratos estabelecem, como pagamento pelas suas obras, pouco mais de 5% do valor gerado pelas vendas. "Pois isso está para mudar, e mudar rápido. Com a Internet, há uma ligação direta entre os artistas e o público. Os músicos podem interagir diretamente com os fãs, conservando
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o copyright dos seus trabalhos e, eventualmente, ganhando a vida com um volume de vendas que as grandes gravadoras considerariam pequeno demais para valer a pena. "No ano passado, as gravadoras conseguiram passar pelo Congresso dos EUA diversos projetos de lei grotescos, criminalizando o que elas determinam ser violações de direitos autorais. (...) Pior: as empresas tentaram impedir, judicialmente, até mesmo a divulgação de arquivos de MP3 de domínio público. "Acontece que ninguém pode ser dono da liberdade de expressão, a menos que a expressão em questão seja de sua própria lavra. Para impedir este holocausto artístico, a EFF deu a largada num movimento chamado CAFE (sigla, em inglês, para consórcio para a liberdade de expressão audiovisual), para organizar artistas, público e provedores de mídias virtuais contra as indústrias de gravação e divulgação. Há mais informações em . "Algo realmente importante está acontecendo. E está mesmo. Mas precisamos da ajuda de todos para que continue assim. A EFF tem tido um sucesso fantástico no processo de impedir que diversas nações e Estados calem o ciberespaço com mordaças legislativas. Eles podem ser maiores do que nós, mas ainda há certas vantagens em se estar com a razão." Bem, depois disso, só me resta perguntar às gravadoras: quem é o pirata, Cara-Pálida?
Como publicar sua música na Internet Só faltavam estes dois detalhes para cada Home Studio vir a ser a própria gravadora do músico: a divulgação e a distribuição. Agora, com a fácil circulação de sons pela Grande Rede, nossas gravações serão apresentadas e vendidas diretamente dos produtores aos milhões de consumidores, sem intermediários. É fácil e pode ser grátis! Primeiro, crie, grave, mixe e finalize a sua música, como sempre. Depois, copie-a para o seu computador, se ainda não o tiver feito, num arquivo <.wav>. Então, edite a música, adequando-a às limitações do novo formato. Depois, transforme o arquivo WAV em MP3, usando um programa encoder (conversor). Finalmente, hospede seu arquivo num web site e divulgue-o nas ferramentas de busca da Internet, para que todos o conheçam. Parece complicado? Vejamos cada passo da operação, para desfazer essa impressão. Criar, gravar, mixar e finalizar músicas são assuntos que já estamos debatendo há anos nesta coluna e, de resto, em quase toda esta Edição Especial da Backstage. Por isso, vamos direto aos próximos passos. Sua música foi mixada para uma fita ou para dentro do computador, podendo ainda estar num CD ou mesmo num disco de vinil. Caso ela ainda não esteja em seu HD, copie-a para lá. Basta plugar as saídas estéreo do gravador, CD player ou toca-discos nas entradas da placa de som. A mesa de som é útil para ajudar a nivelar os volumes. Mande o som para a mesa e dali para a placa de som. Usando um programa de gravação, como o Sound Forge, da Sonic Foundry (www.sonicfoundry.com), basta gravar e depois salvar o novo arquivo no formato <.wav>. Deixe pelo menos um segundo de silêncio no início, para posterior redução de ruídos.
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A edição, aqui, equivale à pré-masterização de um CD. Nessa fase, tiramos os ruídos de fundo, ajustamos o volume e cortamos o início e o fim da música. Para reduzir ruídos de fundo, marque o trecho inicial de silêncio e use um plug-in como o Noise Reduction, também da S. Foundry. Depois, aumente o volume com o recurso Normalize e, se possível, use também o compressor, levando os picos a -0,5 dB. Provavelmente, você vai preferir mostrar gratuitamente apenas trechos de suas músicas, deixando no ouvinte um gostinho de "quero mais". Escolha a passagem mais significativa, mas corte-a iniciando com um fade in e terminando em fade out, marcando os trechos e executando os respectivos comandos no programa de edição. Salve novamente o arquivo <.wav>, com outro nome, para reaproveitar mais tarde o arquivo original. Converta seu arquivo editado para o formato <.mp3>, usando os recursos do próprio Sound Forge ou de um programinha como o WinDAC32 (www.windac.de) ou o Audioactive Production Studio (www.audioactive.com). Aguarde uns minutos e confira o resultado, usando um player como o WinAmp (www.winamp.com). Há diversas opções de qualidade sonora: 44.1 kHz/16 bit, 22.05 kHz/8 bit e várias outras. Quanto melhor o som, maior e mais lento o arquivo que vai navegar pelo mundo. Para criar um web site você precisará conhecer um pouquinho da linguagem HTML. Um bom e claro livrinho é o "Aprenda a fazer sua home page", de Marcos Cabral Resende (Ediouro), mas há muitas páginas brasileiras que ensinam a linguagem gratuitamente. Procure no Cadê? (www.cade.com.br). Se der, peça ajuda a um amigo ou ao seu provedor Internet para confeccionar seu web site, adicionando os arquivos MP3 saídos do forno. Publique o site com os arquivos no seu próprio provedor, se ele disponibilizar hospedagem. Estes são alguns sites que hospedam home pages gratuitamente: , , , . Eles também permitem criar páginas online, com manual de instruções, só que em inglês. Se preferir fazer um site mais profissional, a custos relativamente baixos, contrate um bom provedor brasileiro para hospedá-lo e registre seu próprio domínio (tipo www.seunome.com.br) na FAPESP (www.fapesp.org.br). Há ainda a opção, mais simples, de colocar as músicas em sites dedicados à divulgação de novos artistas e bandas. Envie os arquivos para a rede através do programa FTP Explorer (www.ftpx.com). Uma vez no ar, seu site precisa de divulgação. Além dos amigos do chat, é bom que seu endereço seja visto nos portais, as ferramentas de busca da Rede. O principal portal brasileiro é o Cadê?. Nele você encontra informações sobre como solicitar o registro, que é gratuito mas leva algumas semanas. O gigantesco portal americano AltaVista (www.altavista.com) é gratuito, e o registro é automático e imediato. Não esqueça de indicar o seu e-mail na home page. É por ali que seus fãs vão entrar em contato com você. Caso pretenda começar a vender as cópias de suas músicas, você pode optar por enviar arquivos MP3 online (por e-mail ou com sofisticadas ferramentas de comércio eletrônico) ou mandar os CDs pelos Correios (o CD por SEDEX), após a comprovação do depósito bancário. À medida em que a Internet se acelera, você ficará cada vez mais surpreso com o alcance e o retorno desta empreitada!
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Gravação e Edição no PC Masterizar um CD, restaurar antigas gravações e editar pistas de áudio no computador já não são mais tarefas exclusivas de grandes estúdios de última geração. Com as novas interfaces e placas de áudio de 20 e 24 bit com qualidade sonora profissional e custo relativamente baixo, os home studios realizam esses mesmos trabalhos em seus PCs, usando programas como o Sound Forge (Sonic Foundry) e o WaveLab (Steinberg) incrementados por fantásticos programas acessórios, os plug-ins. A partir deste artigo, vamos aprender a dominar as principais técnicas da edição do áudio digital. O Sound Forge , atualmente na versão 4.5, é o mais usado e um dos mais completos editores de áudio para Windows. É compatível com plug-ins Direct X, o que significa que pode ser acrescido de inúmeros recursos – efeitos, equalizadores, compressores, filtros, editores de CD, conversores e outros -- produzidos por diferentes fábricas. Além de finalizar arquivos de som para CDs de áudio, multimídia, Internet e outras aplicações, ele ainda edita as pistas registradas em um software de gravação multipista como o Cakewalk Pro Audio . Podemos, portanto, usar em cada pista os recursos de gravação, mixagem e processamento de efeitos em tempo real do Cakewalk e os recursos de edição não-linear do Sound Forge.
Gravando. Arquivos estéreo ou mono podem ser gravados diretamente no Sound Forge. Clicando na "tecla" abrimos a janela que configura a gravação (Fig. 1). Em definimos se o arquivo será mono ou estéreo, 8 ou 16 bit e sua taxa de amostragem. Música para CD é sempre estéreo, 16 bit, 44.1 kHz. Outras aplicações usam outros formatos. Em escolha se cada take será gravado numa janela independente ou não. Ative e mande o som para a entrada da placa, monitorando-o nos LEDs e controlando o volume pela saída da mesa. Habilite , verifique o tempo de gravação disponível em seu hard disk e mãos à obra. Vamos gravar. Clique na tecla , aguarde dois segundos para começar o som (vamos precisar desse trecho de silêncio mais tarde) e observe o movimento dos LEDs. Se acender a luz vermelha com a palavra "Clip", grave de novo mais baixo. Ao terminar, clique em (mesmo botão) e em para fechar a janela. Agora vamos salvar o arquivo em , dando-lhe um nome como "Som1.wav". Podemos começar a edição. Normalizando. Nossas principais tarefas são nivelar o som, reduzir ruídos, comprimir a dinâmica e cortar o início e o final. Para que o material fique no máximo volume possível (0 dB), primeiro vamos normalizar os seus picos. Contudo, para que não tenhamos surpresas como distorções em certos aparelhos de som, vamos limitar estes picos a –0,5 dB. Em (Fig. 2) ajustamos o limite dos picos em –0,50 dB e escolhemos o modo . Reduzindo ruídos. Se a gravação contém um ruído de fundo constante, como o chiado de um disco de vinil ou fita cassete ou ruídos gerados pelo equipamento, podemos reduzir bastante o seu nível através do programa Noise Reduction. Desenvolvido pela própria Sonic Foundry, este plug-in é aberto no próprio Sound Forge. Atua por uma análise dinâmica das freqüências do ruído. Primeiro marcamos o trecho inicial (1 a 2 segundos) de silêncio (na verdade, ruído puro) arrastando o mouse sobre ele. Em seguida, no menu , clicamos em (Fig. 3). O comando mostra o gráfico
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com as freqüências do ruído; garante a redução em todo o arquivo. Ok. Ouça como ficou. Não se trata de eliminar, mas de reduzir o ruído. Se não for suficiente, desfaça e refaça a operação. Nas setinhas à esquerda do botão escolhemos um nível maior ou menor de redução. Quando reduzimos o ruído em mais que 10 dB, os timbres do material gravado soam um tanto deformados, portanto devemos atuar com os ouvidos bem atentos. Durante a operação, podemos ouvir o que vai realmente ser retirado, clicando em e . Antes de dar OK, desabilite o .
Comprimindo a dinâmica. Dinâmica são as variações de volume ao longo do material gravado. Cada mídia de gravação aceita uma diferente dinâmica. Por exemplo, sons de baixa intensidade num CD podem sumir numa fita cassete. Para que a sua música fique bem audível é provável que você tenha que comprimí-la um pouco. Você pode usar o compressor do Sound Forge, clicando em (Fig. 4). Ajuste os controles de (limiar da compressão), (taxa de compressão) e