Faculdade Santo Agostinho Curso: Bacharelado em Direito Disciplina: Psicologia Jurídica Turma: 09T9A
Estudo de Caso: O Monstro dos Andes
Abinadabe Ana Kaline Ana Paula Hamilcar Keylane Yaina
Teresina – Teresina – PI PI 20-03-2013
O modelo de mente humana foi introduzido por Freud na obra “Além do Princípio do Prazer”, tendo sido aprofundado e detalhado posteriormente no livro “O Ego e o Id”. Publicado em 1923, esta obra é fruto do estudo meticuloso conduzido ao longo dos anos de pesquisa, onde Freud faz a análise da psique humana definindo as teorias da dinâmica entre o Id, o Ego e o Superego, que em termos gerais trata-se do seguinte: O Id é a fonte de energia psíquica de uma pessoa, de origem orgânica hereditária e que segundo Freud, estava ligado principalmente à libido, isto é, ao impulso sexual. O Id se apresenta na forma de instintos que impulsionam o organismo, estando relacionado a todos os impulsos não civilizados, de tipo animal. Localiza-se na zona inconsciente da mente, por isso não conhec e a realidade objetiva, a “lei” ética e social, que nos prende perante determinadas situações devido às pressões do mundo externo. Ego, termo latino que significa “eu”, é o responsável pelo contato do psiquismo com a realidade, o mundo externo ao indivíduo. O ego atua de acordo com o princípio da realidade, estabelecendo o equilíbrio entre as reivindicações do Id (inconsciente) e as exigências do superego com relação ao mundo externo. O ego é componente psicológico da personalidade, cujas funções básicas são a percepção, a memória, os sentimentos e os pensamentos. O Superego por sua vez, atua como o censo do ego. É o representante interno das normas e valores sociais que foram transmitidos pelos pais através do sistema de castigos e recompensas impostos a criança. Ele é estruturado durante a fase fálica, quando ocorre o complexo de Édipo (também chamado de “complexo de castração”) . É nesse momento que a criança começa a internalizar os valores e as normas sociais. Seriam os nossos conceitos do que é certo e do que é errado. Tem-se a seguir um breve estudo de caso, onde se buscará usar o aporte da psicanálise. Neste interim, os conceitos acima expostos serão trabalhados a fim de se chegar a um perfil psicológico do criminoso conhecido sob a alcunha de “monstro dos Andes”. Pedro Alonso Lopez ficou conhecido como “Monstro dos Andes” por matar, comprovadamente 57 meninas no Equador, porém o polícia que o capturou estima que ele tenha feito mais de 350 vítimas espalhadas pela Colômbia, Equador e Peru.
Durante sua infância Lopez convivia com homens entrando e saindo de sua casa todos os dias, uma vez que sua mãe era prostituta. Aos oito anos de idade Lopez foge de casa, passando a viver sozinho nas ruas. Algum tempo depois se descobriu na verdade que Lopez havia sido expulso de casa pela própria mãe, por tentar aliciar a irmã mais nova. Nas ruas fora abusado sexualmente por homens que lhe ofereciam ajuda, afirmando que nessa época se deu a “ perda de sua inocência” e a partir daí “sempre buscava punir os responsáveis”. Aos dez anos foi acolhido por um casal de americanos que viviam em Bogotá na Colômbia, na qual passou dois anos tendo uma vida relativamente estável, até que foi novamente molestado por um professor, o que o fez regressar para as ruas, até que em 1969 foi preso por diversos roubos, sendo novamente abusado na cadeia, mas desta matou os responsáveis. Após ser solto, iniciou sua andança que resultou na morte de inúmeras meninas com idade entre 8 e 12 anos , geralmente todas estranguladas e sempre ao nascer do sol. Segundo o monstro a noite não era boa “só era bom pra mim se eu pudesse ver os olhos delas”. O que se constata pelos fatos narrados a respeito de Lopez é que seu processo de formação de superego não se deu de forma efetiva, o que criou um indivíduo que não possui as inibições sociais e morais necessárias para a vida em sociedade, devido aos diversos traumas sofridos durante a infância como a constante entrada de homens em sua casa que veio a alterar a estruturação do Complexo de Édipo, já que sua mãe não exerceu o objeto de castração de López durante sua infância, o complexo de Édipo deve ter sido marcado pela ausência de referência do pai, e o objeto de desejo que era a mãe era dividido por muitos por ser uma prostituta, os diversos acontecimentos que ficaram marcados em seu inconsciente levaram a uma possível psicose. Também é típico que crianças tenham a tendência a reproduzir determinados comportamentos dos pais, no caso de Lopez pelo fato de sua mãe ser prostituta, é possível que enquanto criança tenha presenciado alguma cena (ou várias), de sua mãe com seus “clientes” e tenha tentand o reproduzir o mesmo com a irmã, razão então por que sua mãe logo o expulsa. Expulso de casa ele vê-se então em conflito uma vez que não compreende priori
a
o porquê de sua punição. Com os sucessivos abusos sofridos Lopez é levado a
transferir o “sentimento” de raiva e impotência para outros, e numa forma de externalizar o trauma sofrido passa então a escolher suas vítimas com o mesmo perfil de sua irmã, uma vez que pode ele considerar que ela foi a causa de tudo, atentando sempre
aos olhos, ele representa aqui a sua própria inocência perdida em uma mecanismo de projeção, procurando sempre olhá-las nos olhos enquanto as mata, ele rompe a frustação por não ter podido se defender dos abusos sofridos, satisfazendo assim sua necessidade inconsciente por poder. Pela falta do papel de lei e referência desempenhado pelo pai, e do objeto de desejo que a mãe desempenha no complexo de Édipo, pela passagem ao ato nas pulsões libidinais e pulsões de morte, levando assim a justificar os assassinatos em série de López, uma vez que o mesmo não possui controle desses pulsões, ele apenas os satisfaz.