Amantes Por Acaso escrita por Izabella por Izabella Luíza http://fanfiction.com.br/histori http://fanfiction. com.br/historia/233444/Amantes_Po a/233444/Amantes_Por_Acaso/ r_Acaso/
De
uma
troca
de
favores...
Surge
uma
intensa
paixão.
"As mãos do homem nojento a minha frente percorriam meu corpo de um modo asqueroso. Eu queria berrar, gritar pra quem quisesse ouvir e foi o que fiz. Mas ele parecia gostar... Parecia se divertir com a minha dor. Enquanto os olhos de meu próprio tio me assistiam naquela situação, tive a nítida impressão de que havia alguém parado na porta. Alguém viera ao meu socorro. Finalmente....
Ele não tinha opção: precisava se casar. Ela não tinha opção: precisava urgentemente se livrar dos abusos que sofria desde criança. Encurralado, ele tem a pior visão de sua vida quando quase presencia o estupro de uma garota. Desesperada, ela encontra a resposta para seus problemas quando é vendida ao milionário Edward Cullen e descobre que, a partir daquele momento, será a noiva do rapaz. Uma troca de favores que provocará grandes problemas, soluções e com certeza, o despertar de uma paixão. Classificação: +18 Categorias: Saga Crepúsculo Personagens: Bella Swan, Edward Cullen Gêneros: Drama, Romance
Avisos: Estupro, Incesto, Nudez, Sexo, Violência Capítulos: 28 (81.541 palavras) | Terminada: Sim Publicada: 15/06/2012 às 18:15 | Atualizada: 19/11/2012 às 18:49
Amantes Por Acaso Capítulo 1
Destinos Cruzados Acaso: Eventualidade. Casualmente. Eventualmente. Porventura. Amante: aquele que ama. Afetuoso. Que aprecia. Pessoa que mantém com outra relação amorosa. Ilícita. Proibida.
“Os amantes não veem as mais belas loucuras que cometem." Willian Shakespeare O papel em minha mão parecia reluzir enquanto eu dirigia pelas estradas
escuras. A noite estava bela, estrelada, intensa e quente. O carro em velocidade máxima corria no asfalta sem poder me fazer perder tempo. Tempo era luxo, e um dos poucos que eu não tinha. Com o capo do carro aberto era possível sentir o vento batendo contra meu rosto; os olhos por trás de óculos escuros fixos na estrada vendo apenas o nada, até que finalmente, uma luz vermelha piscava distante, bem ao fundo.
Emmett: é a sua única saída – disse firmemente me estendendo o tal papelzinho – você tem que comprar uma esposa. É só isso que te resta fazer... Se não quiser perder sua filha pra sempre. Minha mente tentava ignorar a voz de meu irmão insistentemente presente em minha mente. Ele sabia que eu estava no fundo do poço. Sabia que se demorasse mais iria perder a guarda de minha filha pra sempre. Sabia dos riscos que definitivamente não poderíamos correr. A luz vermelha foi se aproximando mais e mais, a cada quilometro rodado minhas mãos tremiam mais forte. Um aglomerado de carros estava presente no estacionamento do lugar, que por fora era como qualquer boate com uma indiscreta luz vermelha que piscava, mas por dentro eu sabia muito bem o que era de verdade... Desci
Avisos: Estupro, Incesto, Nudez, Sexo, Violência Capítulos: 28 (81.541 palavras) | Terminada: Sim Publicada: 15/06/2012 às 18:15 | Atualizada: 19/11/2012 às 18:49
Amantes Por Acaso Capítulo 1
Destinos Cruzados Acaso: Eventualidade. Casualmente. Eventualmente. Porventura. Amante: aquele que ama. Afetuoso. Que aprecia. Pessoa que mantém com outra relação amorosa. Ilícita. Proibida.
“Os amantes não veem as mais belas loucuras que cometem." Willian Shakespeare O papel em minha mão parecia reluzir enquanto eu dirigia pelas estradas
escuras. A noite estava bela, estrelada, intensa e quente. O carro em velocidade máxima corria no asfalta sem poder me fazer perder tempo. Tempo era luxo, e um dos poucos que eu não tinha. Com o capo do carro aberto era possível sentir o vento batendo contra meu rosto; os olhos por trás de óculos escuros fixos na estrada vendo apenas o nada, até que finalmente, uma luz vermelha piscava distante, bem ao fundo.
Emmett: é a sua única saída – disse firmemente me estendendo o tal papelzinho – você tem que comprar uma esposa. É só isso que te resta fazer... Se não quiser perder sua filha pra sempre. Minha mente tentava ignorar a voz de meu irmão insistentemente presente em minha mente. Ele sabia que eu estava no fundo do poço. Sabia que se demorasse mais iria perder a guarda de minha filha pra sempre. Sabia dos riscos que definitivamente não poderíamos correr. A luz vermelha foi se aproximando mais e mais, a cada quilometro rodado minhas mãos tremiam mais forte. Um aglomerado de carros estava presente no estacionamento do lugar, que por fora era como qualquer boate com uma indiscreta luz vermelha que piscava, mas por dentro eu sabia muito bem o que era de verdade... Desci
do carro decidido. Nos bolsos o talão de cheque e uma caneta azul. Necessitava sair de dentro desse lugar com uma compra adquirida. Empurrei a porta escura e mergulhei diretamente numa musica sensual, um cheiro perturbador de álcool e cigarros, acompanhados com uma massa quente e inconfundível, indicando o quão sujo o ambiente era. Bem a minha frente havia um balcão enorme, como uma passarela de moda, e por toda ela era possível ver postes de pole dance, e até umas gaiolas estranhas, típicas de uma casa de swing e prostituição. Sim, pode ser que swing e prostituição não andem juntos, mas nesse lugar tudo o que se relacionava a sexo estava presente, vivendo no mesmo ambiente, envolvidos com as mesmas pessoas. Desde prostitutas a trafico de mulheres. Meu coração disparou ao pensar sobre isso... Sim, eu era um homem de muitas facetas, que já havia feito muita burrada na vida... Porém nenhuma delas envolvia nem metade do que estava preste a fazer agora. Nenhuma descera tão baixo. As prostitutas se exibiam no palco, seminuas e nuas em danças eróticas. Não prestei a menor atenção, pois toda minha concentração estava focalizada numa moça de cabelos vermelhos que mascava um chiclete e ao mesmo tempo bebia uísque conversando com um homem mais velho. O nome Danna era exibido num cartão pequeno pendurado em seu busto. Era exatamente isso... Danna era o nome da mulher que Emmett me mandar procurar. Eu não queria nem saber como ele havia chegado aquele lugar, a conhecer aquelas pessoas enquanto caminhei em direção a mulher, que no momento em que me viu deixou de conversar com o homem a sua frente e me encarou enrolando um de seus cachos ruivos nos dedos de forma... Sedutora. Donna: olá querido – sua voz era maliciosa em minha direção. Tentei relaxar – está com algum problema? – mordeu os lábios. A companhia dela me olhou de lado... Edward: você é a Danna, não é? – ela assentiu de imediato, interessadíssima no que eu tinha pra lhe dizer – sou Edward Cullen. Irmão de Emmett. Ele me recomendou o lugar... Eu preciso... Fazer uma compra. Donna: Edward Cullen? – seu interesse redobrou-se ao ouvir meu nome e ela se animou mais ainda dispensando o homem que estava ao lado com apenas um olhar – Emmett me avisou que você viria – assentiu – a sua compra já está negociada – confirmou chegando mais perto de mim, que me mantive parado apenas observando. De fato era uma mulher linda – apenas falta você escolher o produto e acertar o valor com o chefe. Ele está a sua espera, querido. E disse que será generoso com você... Emmett foi f oi nosso cliente de muitos anos. Nunca efetuou uma compra, mas passava momentos inesquecíveis com nossas colegas – e sorriu – você não pretende passar momento assim também? – desviei dela o mais educadamente que pude.
Edward: desculpe, mas realmente o único que me interessa é a compra – a garota pareceu não se dar por vencida, mas manteve uma distância longa de mim – e como devo fazer? Devo escolher o produto com o seu chefe ou...? Donna: o chefe lhe permitiu escolher o produto que quiser – murmurou maliciosamente – qualquer garota daqui poder ser sua. Só cabe a você escolher... – mostrou o salão, deslizando um dedo por minha camisa – após escolher seu produto, venha até mim e comunique sua escolhida. Comunicarei ao chefe, você subirá pra acertar o valor com ele, e depois poderá ir embora hoje mesmo com o seu produto, meu querido – novamente acariciou meu braço. Edward: qualquer uma? – perguntei mais uma vez. Donna: qualquer uma – reafirmou convicta – até mesmo eu – e piscou angelicalmente. Sorri e assenti. Dei as costas a ela, e observei novamente o salão. Em silêncio caminhei até uma poltrona que havia do outro lado, onde muitos caras assistiam ao show que era exibido pelas garotas. Sentei-me um tanto longe deles pra poder ver a situação. Não podia simplesmente pegar qualquer uma... Precisava ser uma mulher que pelo menos transparecesse ser uma futura mãe de família, direita e dedicada. Por certo estava consciente de que num lugar como esse não se espera encontrar uma mulher com tais qualidades, porém era o que eu precisava. Pelo menos que ela transparecesse ser algo que não era. Uma prostituta-atriz. Enquanto as observava se exibindo, me perguntava como algo assim era possível. Trafico de mulheres. Venda de seres humanos. E eu participando... Era repugnante, mas o que um pai não fazia pela filha? Eu faria de tudo por Olivia, tudo. Mulheres lindas, de corpos perfeitos e cabelos lindos. O tipo de corpo que qualquer homem desejava ao seu lado, bem na minha frente, exibidos pelas próprias donas de um jeito muito sexy. As cenas poderiam me proporcionar prazer se não fosse tamanha tensão e pressão. A nudez dessas garotas me era bloqueada, apenas via seus rostos e os encaixava numa foto de família ao meu lado e ao lado de Olivia. Por apenas um tempo convincente. O problema era enorme... Nenhum dos rostos se encaixava. Nem o da garota morena de mechas loiras que usava apenas uma calcinha mínima e descia até o chão naquele poste metálico, muito menos o da de cabelo cor de rosa forte cheia de tatuagem pelo corpo totalmente exposto. Havia uma ruiva muito bonita, de olhos verdes, que dançava olhando na minha direção. Logo tirou toda a roupa e começou a se esfregar no poste metálico de um jeito muito
sedutor. Ok, eu precisava me conter! Muitas mulheres passaram pela pista de pole dance, muitas passavam pelos caras sentado perto de mim e faziam apresentações particulares no mesmo lugar com eles. No momento um casal se esfregava ao meu lado, e eu podia ver dedos entrando onde o sol não bate na garota. Desviei o rosto, e encarei a escada que levava ao andar de cima. Ignorando aquela tensão, fiquei de pé e fui dar um role por lá. Apenas olhei uns minutos, e desci novamente apavorado com o que eu tinha visto. Olhei pro palco meio desinteressado, e notei que as dançarinas haviam mudado novamente. Poderia ter sido impressão, mas ao sentar eu ouvi uns burburinhos dos homens comentando sobre alguma dançarina em especia l muito excitados, deixando até mesmo as próprias garotas que os acompanhavam irritadas. Não demorou muito pra eu entender o porquê disso... Havia três garotas no palco. Duas eram loiras e gêmeas idênticas. Ambas usavam o mesmo modelo de fantasia erótica, porem não perdi muito tempo as olhando... Meus olhos caíram sobre a garota do meio, e se prenderam lá mesmo. Não é que fosse linda... Mas a garota era mesmo uma garota. Trajando um sobretudo escuro, o cabelo liso descia até a cintura no tom de marrom mais sedutor que eu já tinha visto... E os olhos, meu Deus do céu, ela tinha os olhos mais lindos ainda. Intensos e pareciam falar por ela. Falar qualquer coisa que tivesse haver com socorro. No rosto, uma expressão de menininha perdida e inocente dançava hesitante, como se pedisse permissão pra se revelar. Nada, nada mesmo que se comparasse a uma prostituta. E o pior veio depois... Quando a musica soou e a garota abriu o sobretudo exibindo um lingerie preto e brilhante o meu coração começou a disparar, e pela primeira vez naquela noite não era de nervoso e sim de pura luxuria. Meus olhos eram incapazes de largar a imagem a minha frente. O sobretudo caiu aos pés dela delicadamente, e notei que ela usava uma sandália alta e perfeita no mesmo tom negro do lingerie, que contrastava com a pele extremamente pálida e sedosa como apenas uma garota como ela poderia ter... Meu corpo não conhecia aquela sensação de luxuria extravagante há muito tempo. Passou-se pela minha cabeça que eu seria capaz de subir naquele palco e fazê-la minha ali mesmo, na frente de todos os homens e garotas desse lugar. Não me importava que o vissem... O desejo era enorme, quase aquele desejo que você não acredita existir. Apertei as mãos no meu colo quando ela se abaixou num movimento sexy seguindo a musica. O sangue corria em minhas veias mais rápido que o normal... E o meu corpo todo pulsava de desejo vendo aquela garota dançar. Em certo momento ela jogou os cabelos pra frente e depois voltou ao normal, abaixando de pernas fechadas. O meu coração explodiu no momento ela que ela voltou a ficar de pé e nossos olhos se encontraram. Uma conexão direta se apossou de nós dois, olhos nos olhos. E então ela mordeu os lábios e voltou a se movimentar. Um passo sobre o poste reluzente, outro fora, e lá estavam os olhos de chocolate na minha direção, penetrantes, sexy e extremamente excitantes. Um joelho de cada lado foi posto no poste, e ela desceu por ele ocultando seu corpo tapado pelo lingerie. Praguejei baixinho ao me dar conta que ela não estava como as outras garotas. Ela em especial estava com o
lingerie muito sexy completo no corpo enquanto dançava, ao contrário das gêmeas que já se encontravam totalmente nuas nos outros postes de dança. Porque diabos isso? Porque ela tinha que não tirar a roupa? Porque ela, ao mesmo tempo em que dançava sensualmente, não se exibia como as outras? Quando acabou eu quis mais. Quis correr até ela, perguntar quem ela era... Mas a menina simplesmente saiu do palco deixando as gêmeas sozinhas na dança com outra garota que veio. É ela, é ela. Parecia ser um aviso ou sei lá. Na hora em que ela saiu do palco com aquele corpinho pequenino ainda vestido com o lingerie, despertou o interesse de todos os caras do local. Era melhor eu correr. Fiquei de pé e caminhei até o balcão onde a tal da Danna ainda estava do mesmo jeito. “o chefe lhe permitiu escolher o produto que quiser”.
Edward: escolhi o produto – falei rapidamente, evitando ser demorado, debruçado no balcão com um sorriso meio besta o rosto. Meu deus do céu, aquela garota era perfeita pra mim. Era como se ela tivesse ali naquele momento pra ser minha, e pra eu ser dela. Era exatamente o que eu procurava numa mulher... Danna: Ah é? – sorriu de lado, interessada – posso saber quem é a felizarda da noite? – questionou-me se inclinando para mim também. Edward: a menina que acabou de sair do palco. A do lingerie preto que brilhava... Sabe? – a convicção em minha voz fora tremendamente sinistra. Porém, o rosto de Danna não era nada compreensivo. O sorriso se desfez – quem é ela? Danna: aquela garota é impossível – ressaltou tocando em meu ombro – há homens que vêm aqui todas as noites só pra vê-la uns minutinhos encima desse palco. Você teve sorte, hoje a performance dela foi incrível. Geralmente é meio fraca, mas hoje a garota estava como nunca vi igual... – me olhou diferente – acho que a inspirou, ela não tirava os olhos de você – e riu – mas como disse, ela é impossível. É a maior fonte de lucro do lugar. Edward: qual é Danna! Você disse qualquer produto. Pago quanto f or preciso... Danna: sinto muito querido – choramingou tocando na minha mão – mas ela
não. O chefe nunca a venderia. Ela é a bonequinha de luxo dele... É sobrinha dele, sabe? Edward: sobrinha dele? Sobrinha dele e ele a deixa fazer essas coisas? – me senti pasmo, era obvio – quero vê-lo... Danna: ah Edward, é melhor você ir escolher outro produto cara. Não se mete nessa história não... Isso é entre eles, e se você pagar bem... Eu te arrumo um programa com a garota que você queria. É quase impossível de se conseguir... Porque ela é... Digamos... Meio arisca. Mas faço isso pra você – abaixei o olhar e fingi me concentrar no show novamente, dando as costas pra ela. Edward: ok obrigado – dei de ombros – vou ver o que eu faço – não, não está tudo bem! Eu quero aquela, e é aquela que eu vou ter... Danna não demorou muito a ter que sair do balcão pra falar com um cara, enquanto isso eu fiquei lá, parado apenas olhando na maior calma. Assim que ela estava a uma distância favorável, me esquivei e entrei em direção ao corredor atrás dela, que me levava a uma escada, e provavelmente essa escada levava ao chefe. Respirei fundo sabendo que poderia estar me arriscando. Subi alguns degraus até quem estivesse embaixo não pudesse me ver, e a escada ainda continuava. Olhei pra cima, olhei pra baixo... Uma duvida enorme me consumia. Valeria mesmo apena? Por um momento pensei em desistir, me virei pra descer quando ouvi algo estranho. Olhei pra cima novamente, e percebi que os gritos de desespero vinham exatamente de um lugar por lá. Virei-me totalmente na escada e subi mais um pouco. Os gritos estavam mais altos, e acompanhados de suplicas agora. Me larga, seu nojento! Tira as mãos de mim... Não! Não! Quanto mais subia, mais os gritos se tornavam próximos. Esqueci de todo o resto quando alcancei um corredor escuro, longo e com várias portas vermelhas. Havia uma delas aberta no fundo, com um feixe de luz escapando. Era de lá que vinham os gritos de suplica e agora lágrimas e soluços. Meu corpo se retesou, e continuei caminhando até alcançar a porta. Um choque de horror me pegou desprevenido quando me dei de cara com aquela cena terrível. Um homem estava sentado num sofá dourado, com muitas jóias no pescoço e anéis brilhantes. Vestido com um casaco de peles, tive certeza que ele era o
chefe. Os olhos dele assistiam ao que acontecia na cama de casal forrada com lençóis vermelhos a sua frente... Outro homem, um tanto repugnante, estava sem camisa encima de uma garota. A garota que gritava, a garota que pedia socorro, a garota que o empurrava com todas as forças do corpo e tinha um pouco sangue descendo por sua barriga e pelo canto da boca. O cabelo castanho espalhado pelo lençol confirmou minha suspeita. A garota que travava aquela luta covarde contra o homem era a menina do palco. A impossível, a que eu queria pra mim. Ela estava lá, embaixo dele, empurrando e gritando, sangrando e chorando enquanto o homem parecia se divertir com a situação suja. Tentava estuprá-la, e eu mal sabia o que fazer. Chefe: Vamos querida, se comporte. Você será recompensada... - disse o homem sentado na poltrona com certo sorriso no rosto – ela é ótima – disse ao outro homem – nem vai acreditar como é bom estar dentro dessa coisinha linda, meu caro... – aquilo me perturbou, principalmente quando o homem que estava sobre ela sorriu e desferiu um tapa muito forte no rosto dela que havia o mordido. A ouvi gemer de dor, então entrei no quarto logo em seguida com o sangue fervendo. O tal do chefe me olhou pasmo, assim como o homem sobre a menina. A própria fez o mesmo, se sentando na cama rapidamente cobrindo os seios com as mãos tremulas, que notei estarem expostos. O cabelo longo caiu por cima de suas mãos, cobrindo mais ainda sua pele rosada e macia. Sua respiração era ofegante e seus olhos não desgrudavam do meu rosto. As lágrimas ainda caiam por seu rosto infantil, e o sangue ainda escorria do canto de sua boca um tanto arroxeada, e de algum lugar em sua barriga. Edward: preciso falar com você – disparei para o chefe que me olhava meio tenso – sou Edward Cullen – meus olhos estavam na menina, e então os desviei até o chefe. Cloves: Edward Cullen? – questionou ficando interessado – hum, estava a sua espera. Sinto muito não podermos ter falado antes – sorriu, parecendo não se importar com a situação – já escolheu seu produto, meu caro? Edward: já – o homem que antes quase abusava da garota agora estava na cama meio tenso, um tanto longe dela, mas com os olhos brilhantes focados nela, como um predador só me esperando sair pra recomeçar de onde tinha parado. Mas se dependesse de mim, não iria acontecer – quero aquela – acenei para a menina encolhida no canto, que ergueu os olhos pra mim. O silêncio predominou.
Cloves: Edward... Sinto muito – ele riu – mas ela não está à disposição – puxei o cheque do meu bolso. Edward: eu pago quanto for preciso – ressaltei olhando pra ele – é só dizer o valor. Cloves: não tenho duvidas que você paga, Edward – disse em tom amigável – mas ela não. Ela é minha maior fonte de lucro aqui. As danças dela são incríveis, e muitos estão malucos por uma hora com ela... – e riu maliciosamente – sinto muito, mas ela não. Edward: eu já disse – insisti – quanto for preciso. É só dizer... – minha paciência já estava estourando – e além do mais, presumo que a policia não gostará de saber que você mantém uma menor de idade contra a vontade dela encarcerada nesse lugar. Cloves: presumo que você não vai querer ter problemas comigo – rebateu com certo tom de desdém – posso ser mal quando quero ser. Edward: mais do que já está sendo? – cuspi as palavras – olhe pra ela... É uma criança! E o que você está fazendo? Deixando que estuprem uma criança... Por dinheiro. Sabe quantos anos pode pegar por isso? – estreitei o olhar. Minha mente estava berrando “o que se tá fazendo?”. Mexer com esse tipo de gente era coisa alta. Mas não podia evitar... Ela era tão frágil... Com certeza ele também sabia sobre a minha família. Sabia que meu pai era socialmente e economicamente poderoso, assim como eu e Emmett. Sabia das implicações e do poder da família Cullen, e do caminho pra quem se envolvia conosco. Cloves: não se meta nesse assunto, Cullen – ficou de pé chegando perto de mim. Apenas ergui mais o rosto, decidido – escolha outra. Edward: não quero outra – ressaltei novamente – quero ela – o rosto dele era pura raiva e frustração. Ordenou que o outro cara saísse, e ele logo o fez resmungando. Ficamos apenas nós dois e ela no quarto. Cloves: ela não é menor de idade, tem dezoito. Edward: ainda estava sendo estuprada – rebati nervoso.
Cloves: e o que você tem a ver? Ela é uma prostituta, uma vagabunda como outra qualquer! – a garota abaixou o rosto escondendo as lágrimas que ainda desciam pelo rosto – uma imunda, mas que me traz muita grana, não é querida? – e piscou pra ela, que não olhou pra ele. Edward: te pago quinhentos mil dólares por ela – lancei a oferta. Até mesmo a garota ergueu o rosto. Cloves: quinhentos mil? – questionou incrédulo. Edward: aceita ou não? – insisti mais tenso que antes. Cloves: é tentador, mas não – revirei os olhos – a não ser que seja um empréstimo. Edward: como um empréstimo? Cloves: a deixo com você por um ano – explicou – e depois você me devolve. Provavelmente até lá já vai estar enjoado... – ele a olhou – se bem que ela é tão gostosa... Tudo bem. Um empréstimo. Olhei pra garota ali, toda encolhida e tive a noção de que um empréstimo era melhor do que nada. Um empréstimo pelo menos me ajudaria, e a livraria dele por um tempo. Era um tempo ótimo. Ergui os olhos pra ele, e fui até uma mesa pra preencher o meu cheque com o valor e assinatura. Entreguei o cheque a ele. Edward: fechado – selou o acordo quando nossas mãos se tocaram num aperto de mão – por um ano - o cara estava contente, e quando olhei pra garota, ele caminhou até ela e a puxou pelo braço – hei, não quero que a machuque – falei ameaçando ir até onde estavam. Cloves: você vai ficar com ele – disse enquanto ela espremia as mãos contra os seios, os escondendo – e vê se controla sua língua, entendeu? Olha bem o que vai falar – no momento seguinte ele a empurrou na minha direção, e a garota voou até mim bruscamente, tropeçando pelo caminho. A agarrei pela cintura impedindo que caisse, com certa dor no peito por isso. Ela se enroscou em mim tremendo feito uma criança assustada, e apertou as mãos na minha blusa. A segurei ternamente olhando pro cara com o meu maior desgosto –
faça bom proveito do seu produto, Cullen. Ela é uma delicia... – e saiu do quarto nos deixando a sós. Continua... Capítulo 2
Em Pedaços Edward: hei calma... Tudo bem – meu corpo tremia descontroladamente. Os
sentidos estavam fracos e uma sensação de desejo de morte me percorria dos pés a cabeça. Apenas estremecia nos braços dele, sem ao menos acreditar que era real. Sem acreditar que ele estava ali, e que esse inferno tinha mesmo terminado. Pelo menos por um tempo – tudo bem menina. Tudo bem.
Eu só chorava apertada contra aquele corpo grande, me sentindo um lixo. Pouco me importava agora se estava exposta, se estava só de calcinha e nada mais. Era sempre a mesma sensação depois que essas coisas aconteciam. Era sempre do mesmo jeito. Repugnante, nojenta e suja. O cara que eles chamaram de Edward ainda me segurando, tirou o casaco que vestia no corpo e o passou por meus ombros delicadamente, enquanto eu escondia meus seios com as mãos. Seus dedos foram para o meu rosto e secaram minhas lágrimas vagarosamente.
Edward: sh... Tudo bem, menina. Não vai acontecer mais nada. Só quero ajudar – aquilo me fez chorar um pouco mais. Não conhecia muitas pessoas boas... Na verdade, desde a morte de minha mãe e minha tia, não conhecia pessoas. E agora ele estava ali. Ajudando-me, e não querendo me causar mal. Pelo menos não até o momento. Examinou minha face e tocou o machucado na minha boca; senti arder – me perdoe. Quer pegar alguma coisa antes de irmos? – questionou compreensivo. Neguei com todas as minhas forças, mas antes que pudesse dizer algo, Danna apareceu na porta com a minha mala.
Danna: hei você conseguiu então, Edward? – deu uma risadinha – espero que cuide dessa menina, ela é uma pobre coitada – fez um tchau – boa sorte Bella – saiu do quarto.
Ele ficou quieto; ainda me ajudando pegou a mala com a outra mão e nós dois saímos pelos fundos, evitando olhares. Minhas pernas tremiam, me sentia fraca. Não lembrava de ter comido antes de tudo acontecer. Só me lembrava de acordar sobre tapas depois de ter limpado todo o apartamento de Cloves e ele ter jogado um lingerie me mandando vesti-lo pra se apresentar.
Bem, lembrava de Edward. Lembrava-me de quando vi os olhos dele entre os homens na platéia, e de como tinha me deixado quente... Pela primeira vez desde que começaram a me obrigar a dançar eu tinha tido vontade de fazê-lo. Pela primeira vez queria me mover pra um homem, o fiz. Mal acreditei quando fui arrancada daquele sonho e jogada naquele quarto horrível. Quando aquele homem começou a vir sobre mim a mando do meu tio, dizendo coisas horríveis. Parecia que ainda sentia a dor de quando perfurou minha pele superficialmente na barriga com um canivete; quando bateu tão forte na minha boca pra que ficasse quieta. Ainda o sentia puxando o sutiã com pressa, podia ver as mãos do homem nojento a minha frente percorrerem o meu corpo de um modo asqueroso. Eu queria berrar, gritar pra quem quisesse ouvir e foi o que fiz. Mas ele parecia gostar... Parecia se divertir com a minha dor. Enquanto os olhos de meu próprio tio me assistiam naquela situação, tive a nítida impressão de que havia alguém parado na porta. Alguém viera ao meu socorro. Finalmente...
Edward me guiava até um carro preto e de capota baixa. Abriu a porta pra eu entrar e o fiz meio hesitante. O que estava acontecendo comigo? Porque comigo? Sentei-me e respirei fundo. Ele deu a volta e fechou a capota do carro. Ficamos apenas nós dois lá dentro naquela tensão.
Edward: você não parece bem – comentou ligando o carro – vou te levar pra um hospital.
Bella: por favor, não – murmurei – hospital não.
Edward: porque não? – me dei conta que era a primeira vez que falava com ele. Como irai explicar que não queria que eles viessem como eu estava? O que diriam se uma mulher seminua chegasse a um hospital, toda esmurrada e machucada? O que aqueles homens faziam comigo não era brincadeira. Apenas podia ficar quieta e deixar que o pesadelo terminasse. Sem lutar, sem fazer nada – vou ficar do seu lado.
Bella: não, por favor, vou ficar envergonhada... – choraminguei pra ele – por favor...
Edward: ok – disse depois de me olhar uns segundos – então vou te levar pra casa.
Talvez não quisesse falar sobre o que houve. Sentia-me bem por isso, uma vez que me sentia um lixo por ter sido jogada nas mãos desse homem como um objeto. Mas pelo menos estava sendo amável, delicado e compreensivo. A certeza de que não iria me machucar me consumia a cada instante e nem ao menos sabia por quê... Não tinha idéia de onde estava me levando, só desejava que aquela dor na minha cabeça parasse, que o sangue parasse de escorrer do corte na minha boca. Sentia-me tremula, com a temperatura corporal elevada. Talvez fosse febre. Não demorou muito e nós estávamos em algum lugar. Só via a garagem escura quando Edward abriu a porta do carro e saímos. Subimos por um elevador pequeno, ele me guiando com a mão nas minhas costas como se fosse cair a qualquer momento. Abriu a porta de um apartamento vagarosamente e acendeu a luz.
O lugar era pequeno, mas bem decorado. Como um refugio ou sei lá o que... Havia algumas roupas sobre o sofá moderno, um violão num canto e uma TV grande. Uma cozinha do outro lado e um pequeno corredor.
Edward: não é grande coisa... – disse fechando a porta – mais é o meu apartamento. Venho muito pouco pra cá. Só quando quero fugir de tudo – caminhei pra dentro abraçada a mim mesma e de repente tendo a sensação de conforto e segurança. Algo que nunca imaginei possuir – você... Você está bem? – olhei pra ele de vagar.
Bella: acho que sim – dei de ombros – valeu por... Você sabe – olhei pra frente de novo, corando.
Edward: não tem de quê – silêncio – imagino que queira um banho... – não neguei e me conduziu até um quarto. Era grande, branco, com uma cama enorme e um pouco desarrumada. Botou a minha mala sobre o sofá também branco e me olhou enquanto o observava – só tenho um quarto. Como já disse, venho muito pouco pra cá, pois moro em outro lugar... Nunca trago ninguém. Desculpe pela falta de espaço...
Bella: não, está ótimo – murmurei.
Edward: o banheiro fica ali – apontou pra uma porta no corredor. Assenti – vou te dar um tempo... – antes que pudesse perguntar algo, tinha sumido. Fui até a mala olhando em volta. Apesar de pequeno, o apartamento dele era bem aconchegante. Claro, o guarda roupa estava vazio, não havia objetos pessoais ali... Deveria ser como disse, um refugio. Tirei de minha mala a toalha e uma roupa, e fui à direção do banheiro. Entrei e fechei a porta.
Deparei-me com um espelho enorme a minha frente sobre uma pia de mármore branco. Assustei-me com minha própria imagem. O rosto estava pálido, havia algumas olheiras e no canto da boca havia um inchaço e pingava um pouco de sangue. O cabelo caia quase despercebido pelos ombros, descendo pela cintura em um tom apagado. A jaqueta do meu salvador descansava em meus ombros tapando quase meu corpo todo. Levemente a deslizei por meus ombros e deixei que revelasse-me. Contemplei a parte de baixo do lingerie que Clóvis havia me dado no lugar exato, minha pele muito pálida contrastando com seu tom negro. Na barriga, perto do quadril, havia um corte superficial e ensangüentado. Já não doía tanto, mas ainda pulsava forte. Puxei a calcinha por minhas pernas e a joguei na lata do lixo sem receio. Abri o Box de cristal e liguei a válvula do chuveiro. Uma água absurdamente quente caiu sobre mim. Berrei. O corte ardeu muito e, de tão quente, a água quase me queimou pele.
Edward: Bella? – com dor por toda parte, principalmente nos cortes, sai do Box e puxei a toalha cobrindo a parte da frente do meu corpo depois me enrolando nela – tudo bem? – não entrou, apenas bateu na porta. Tremendo, girei a maçaneta e deixei que ele entrasse – o que houve?
Bella: a água... É muito quente e estou com um corte e... – exasperada, tentava juntar as silabas. A dor era insuportável, precisava urgentemente de um alivio. Edward segurou em meus ombros levemente pra me acalmar.
Edward: espera, vou resolver isso pra você – se virou bem rápido pra abrir a torneira da pia – aqui tem água fria. Passe no seu corte. Rápido – sem pensar enfiei a mão na torneira pegando o máximo de água que pude, abri a toalha e joguei sobre o corte. Edward estava de costas pra mim ajeitando a válvula do chuveiro pra ficar no morno. Assim que a água gelada bateu sobre o corte senti um alivio continuo. A ardência cedera finalmente. Respirei e fechei a toalha novamente, tomando cuidado pra ele não ver o meu estado deplorável – pronto – disse com uma das mãos embaixo do chuveiro – está bom? – ele me deu espaço, então chequei a temperatura da água.
Bella: está ótimo – de repente estávamos perto demais, espremidos no espaço pequeno da porta do Box. Era incrível como o corpo daquele homem era quente, acolhedor, alto e incrivelmente sedutor. Seria ridículo agir como se fosse uma garota boba perante a isso... Homens eram criaturas selvagens, não tinha sentimentos. Essa era a linha que os separava das mulheres. Só pensavam em se satisfazer sexualmente e alguns, como meu tio, faziam qualquer coisa por essa satisfação, até mesmo sacrificavam vidas, como fizera com a minha – obrigado.
Edward se desviou de mim e saiu do banheiro sem nada dizer. Respirei fundo, tirei a toalha e entrei no chuveiro já com a cabeça mais leve. Ele podia parecer um anjo, podia ser um perfeito cavalheiro... Mas no fundo deveria ser como todos os outros. Se não fosse, o que levaria esse homem a comprar uma mulher? Os motivos dele me eram desconhecidos, mas eram todos iguais. Todos.
Edward POV
A parte fácil estava feita. Comprar uma mulher.
Não só uma mulher, mais uma que fosse perfeita, modelada pra ser uma mãe de família. Não que a pequena garota que havia adquirido fosse modelada pra ser uma mulher assim, definitivamente, ela era demais. Fazia mais o tipo de colegial sexy e popular, que encantava os jogadores de futebol e, porque não, a mim? Aquele rostinho de boneca... Machucada já era linda, livre disso deveria ser melhor. Mas nada apagava aqueles olhos tristes e profundamente desolados. Aquele olhar de criança perdida, inocente e frágil.
Deus! Era uma prostituta! Deveria ser tudo, menos inocente e frágil. Porém não deveria julgá-la. Os motivos que a levavam a se prostituir me eram conhecidos. Já eu... Estar comprando uma mulher pra forjar um noivado que não existia era motivo suficiente pra se envergonhar, de fato.
Mas não era mesmo fácil. Não seria fácil depois de vê-la tremendo só numa toalha. Quando entrei no banheiro a ideia de que ela estava totalmente nua sobre aquele pedaço de pano me dominou por completo... A sensação de querer ver novamente aquele corpo pequenino que se movimentara sobre o palco... E principalmente... De vê-lo livre de nenhuma roupa. Mas uma imagem se sobressaia à outra e, de repente, quem me dominava era a imagem dela toda indefesa e pequenina sob as mãos daquele homem que se aproveitava do fato de ser maior e mais forte para dominá-la e possuí-la. Não importava se era ou deixava de ser uma prostituta. Não era só de um pedaço de carne que estávamos falando, mas sim de uma menina que sente e que tem direito a escolhas.
O violão descansava em meu colo enquanto eu beliscava as cordas sem realmente tocar, apenas usando esse pretexto pra pensar. Água do chuveiro caia no banheiro e meu pensamento tinha destino garantido: lá dentro, com ela. O que meus pais pensariam dela? Será que minha filhinha a aprovaria? Seria ela bem vinda em minha família? Mas essa era a parte fácil. A parte difícil seria contar a Bella sobre o meu plano. Demorei muito tempo maquinando e quando dei por mim lá estava ela parada na minha frente com o rosto confuso. Olhei-a dos pés a cabeça. Um short preto estava tapando metade de suas coxas, uma blusa branca de alças delineava perfeitamente seu corpo, colando em sua pele. Era possível se ver o corte em sua barriga, pois havia um pouco de sangue manchando sua blusa. O cabelo pingava um pouco, cumprido, liso e molhado.
Edward: senta – tentei parecer comum. Apontei pro outro sofá, já que estava esparramado no menor. Bella assentiu, caminhando até o mesmo se sentando delicadamente, botando as pernas sobre ele e as encolhendo – e ai, sobreviveu ao banho?
Bella: ah, to inteira – murmurou timidamente, me olhando meio corada.
Edward: espera, vou pegar uma coisa – larguei o violão de lado e caminhei em direção a cozinha. Eu nunca usava o lugar, mas sabia que um dia eu havia deixado um kit de primeiros socorros ali. Peguei a caixinha branca encima do armário e a abri. Tinha um mertiolate, uma pomada pra dor e um esparadrapo com fita adesiva. Peguei tudo e voltei pra sala – cadê o seu machucado?
Seus olhos se ergueram pra mim surpresa. Ela examinou a caixinha em minha mão e me olhou novamente.
Bella: aqui – disse timidamente, botando a mão levemente sobre a mancha de sangue na blusa.
Edward: vai, deixa eu ver isso – bem humorado, me sentei ao lado dela no outro sofá. A garota hesitou um pouco, mas persisti – não é nada que não tenha visto antes – um sorriso pequeno apareceu em seu rosto. Levou às mãos a bainha da blusa e ergueu um pouco. Lá estava o corte. Um típico feito por lamina, inchado e sangrava bastante. Não era fundo, claro, apenas um susto, mas deveria doer bastante uma vez que o dano causado à pele era evidente – posso? - perguntei quando tomei o spray de mertiolate em mãos. Assentiu positivamente, olhando pro corte. Espirrei o liquido em seu corpo sobre o corte. Retesou um pouco – já vai passar... – assentiu.
Bella: doeu – riu um pouco pra mim, o rosto distorcido numa expressão de dor. Sorri de volta e me abaixei um pouco pra assoprar. Teve um sobressalto, mas ficou me vendo assoprar o machucado – faz cócegas, ou.
Edward: sua mãe nunca assoprou seus machucados quando você era criança não? – ironizei, voltando a ficar ereto. Nossos olhos se encontraram e seu sorriso sumiu.
Bella: minha mãe morreu quando eu tinha cinco anos – murmurou com o rosto baixo – nem me lembro do rosto dela... – me arrependi do que tinha dito no mesmo momento. Também abaixei os olhos.
Edward: desculpa, eu sinto...
Bella: você sente muito, eu sei – disse simplesmente – também sinto – parei com o papo e abri a pomada pra dor. Sem pedir, apliquei um pouco sobre o corte e espalhei levemente. Nada fez, apenas ficou me observando terminar de passar a pomada – valeu – disse antes que pudesse terminar.
Edward: tudo bem – sorri e fiquei de pé novamente pra guardar a caixinha no armário. Aproveitei pra espiar se tinha algo pra comer. Nada nos armários e na
geladeira a não ser ovos, bacon, oito laranjas e pão. Fiquei muito tempo parado lá vendo o que tinha trazido pra comer de manhã parado no mesmo lugar. De repente ela estava do meu lado, espiando por cima do meu ombro – estamos desfalcados de alimento, moça – brinquei – vamos morrer sozinhos e com fome.
Bella: ai que exagero – riu espiando. Atravessou o meu braço e parou de frente a comida – dá pra fazer muito com isso, moço – botou as mãos na cintura.
Edward: não moro aqui. Só trago o que vou comer – me desculpei e ela deu de ombros.
Bella: isso daqui dá pra nós dois sossegado – me garantiu parada a minha frente abrindo um armário. A visão de trás que tive foi perfeita. Tão perfeita que me fez querer chegar perto e tocar. Tocar nas costas, deslizar as mãos pra baixo e pra baixo... – achei! – disse tirando uma frigideira nova do armário – você gosta de ovos com bacon? – perguntou rindo pra mim.
Edward: era isso mesmo que ia fazer quando trouxe essa comida pra cá – o calor me dominou, por isso me afastei dela indo ficar atrás do balcão. Era impossível uma menina ser tão... Puro pecado.
Bella: então vou fazer diferente. Ovos mexidos com bacon! –falou como se fosse um grande prato e sorri. Assenti positivamente vendo-a de costas mexendo na panela. Não podia deixar de olhá-la, era quase impossível largar mão dessa garota. Como já havia ouvido... Era uma delicia. Trazia um sorriso infantil, inocente e encantador nos lábios enquanto cozinhava. O cheiro estava ótimo; eu a apreciava de perto enquanto espremia as laranjas pra fazer um suco pra nós dois – nunca fiz comida às três da manhã – sorriu mexendo na panela.
Edward: também não – devolvi jogando as laranjas fora – é nossa primeira vez. Isso é emocionante... – riu novamente descontraída – está sendo bom pra você? – perguntei sorrateiramente, bem humorado, recebendo um sorriso maravilhoso. Fazê-la sorrir era ótimo. Por um momento me esqueci de como havíamos nos encontrado... Apenas sorri de volta.
Bella: está – seu tom me convenceu – acho que é a melhor. Capítulo 3
Troca de Favores Mal sabia como isso era verdade. Como essa era a melhor primeira vez que eu estava tendo. A primeira vez que podia sorrir sem ninguém brigar ou com algum motivo pra realmente fazê-lo. Sorrir com ele era muito fácil. Edward era divertido, alegre e não me parecia ser mal. Não mesmo. Estava quase pronta a comida quando terminou o suco e colocou um pouco em dois copos. Estendeume um. Peguei meio surpresa...
Edward: um brinde a nossa primeira vez – propôs sorrindo e se virando de frente pra mim. Ri muito e toquei o copo no dele. Beberiquei o suco e estava perfeito – gostou do meu suco, moça? – questionou a me ver saborear a bebida.
Bella: dá pra beber – menti franzindo a testa – brincadeira, esta ótimo, senhor chefe fazedor de sucos de laranja.
Edward: ok, quero provar logo seu prato do dia... Ou da madrugada tanto faz! – parei na frente da panela pra observar e desliguei o fogo. Quando me dei conta estava parado atrás de mim espiando pelo meu ombro com uma das mãos na minha cintura. Era algo bem natural, sem segundas intenções. Porém, do mesmo modo meu reflexo foi se assustar e me afastar. Virei-me pra ele na hora, totalmente nervosa e corada. Entendeu a minha atitude repentina – ah meu deus, desculpa – Edward deu uns cinco passos pra trás de modo que ficasse longe de mim – por favor, não foi minha intenção eu...
Bella: você não fez nada – ainda do mesmo jeito, me olhava meio envergonhado – sou quem exagera... É que... – não dava pra explicar. Na cabeça dele tinha sido só aquele quase estupro, mas não era só isso. Quem me dera fosse só aquilo que tivesse passado na mão de Clóvis – é que sempre que um homem me toca, bom, você sabe o que eles querem – não consegui encontrar coragem pra olhar nos olhos dele enquanto falavam. Voltei-me de novo pra panela.
Edward: mas eu não, Bella – fiquei olhando pra frente, de costas enquanto sua voz ecoava na cozinha – te respeito. Não me importa o que você foi antes de
estar comigo... Não te vejo só como um corpo e se um dia eu te tocar será porque você também irá querer – fechei os olhos respirando lentamente. Oh meu deus, quem era esse homem? Ele era mesmo real? Abri o armário e peguei dois pratos onde encontrei e botei sobre o balcão da cozinha – você me perdoa? – estava do meu lado, tímido.
Bella: não há porque perdoar – dei de ombros – você fez muito por mim nas ultimas horas.
Edward: você também vai fazer muito por mim, Bella – disse pegando o prato que ofereci depois de colocar comida lá.
Bella: espero poder ser sua amiga, Edward – juntos fomos caminhando até a mesa, onde estava o suco que havia feito e o pão – você é muito gentil.
Edward: obrigado – puxou a cadeira pra eu sentar. Deu a volta pra se sentar na minha frente e, em silêncio, começamos a comer. Entre a refeição me olhou meio surpreso – isso aqui está bom demais – ressaltou erguendo o garfo. Sorri envergonhada.
Bella: obrigado, mas não ganha do seu suco de laranja delicioso – pisquei pra ele.
Edward: estamos quites, que tal chefe? – assenti e seguimos nossa refeição. Em meus dezoito anos de vida jamais me lembrava de estar assim com alguém. Em paz. Sem medo. Rindo... Feliz. Edward era incrível. Não sabia se podia abrir uma exceção pra ele... Porém, de fato era diferente dos outros. A duvida ainda me corroía... Havia me dito claramente que não iria me tocar se eu não permitisse, então, provavelmente não queria sexo; e se não é por sexo... Porque um homem como ele iria querer comprar uma mulher? Qual seria o motivo que levaria Edward a me querer...? Bom cozinheiro, bonito e bem de vida. Não havia como ser rejeitado por mulheres! Oh deus, será...
Bella: posso fazer uma pergunta indiscreta? – nós estávamos na beira da pia lavando as panelas e os pratos. Quer dizer, ele lavava e eu secava.
Edward: pode sim – revirou os olhos, pensativo, depois se voltou para a louça.
Bella: você é gay? – repentinamente parou de lavar a louça e me olhou devagar. Tive que me segurar pra não rir e acabei rindo – não se preocupa! Eu não vou te julgar... – dei um tapinha no ombro dele. Edward suspirou.
Edward: não sou gay – assenti voltando a secar a louça – tenho uma filhinha – dessa vez fui eu quem olhou pra ele pasma. Era papai também?
Bella: tem é? – sorri – que legal... Então você é casado...?
Edward: não sou não – negou – viúvo.
Bella: nossa... Eu...
Edward: sente muito, sei – repetiu minha frase e abaixei o olhar – tudo bem.
Bella: nossa, e a sua filhinha? Como ela está...? Já faz tempo?
Edward: ela está bem, mas... Prefiro não falar disso agora – me olhou triste – tudo bem?
Bella: claro que sim – assenti, o entendendo perfeitamente – tudo bem.
Edward: Olivia – seu rosto agora era outro, totalmente iluminado. Não entendi muito bem até prosseguir – tem quatro anos – não tocamos mais no assunto, porém percebi como era devoto a filhinha; não morava com ele, como havia me dito, estava com a mãe dele desde a morte de sua esposa. Depois de lavarmos
os pratos, Edward se trocou e se jogou no sofá – bom dia pra você moça. O quarto é todo seu!
Bella: não posso deixar você dormir no sofá, Edward. A casa é sua... – insisti, jogando uma almofada na cara dele. Edward simplesmente a agarrou e ficou de pé me olhando meio bravo – ai... – fui me afastando.
Edward: essa casa é sua nos próximos seis meses e até quando você quiser, moça – quando vi tinha me erguido no ar e estava me levando pro quarto. Comecei a rir, espernear, bater nele e só parei quando me botou sobre a cama macia – e vê se acostuma com isso! – um sorriso nasceu em seus lábios e então se abaixou um pouco pra beijar a minha mão – bom dia moça – e saiu do quarto.
Bella: bom dia seu teimoso! – gritei do quarto puxando as cobertas pra cima de mim. Fui dormir contente... Talvez pela sensação de proteção que me consumia. Estava segura e não corria o risco de nenhum nojento invadir o quarto à noite e me pegar a força. Estava livre das dores, dos gritos, do terror... Do grande pesadelo que vivia desde a morte de minha mãe aos cinco anos e minha tia aos nove. Finalmente, depois de tantos anos, uma noite de sonhos bons.
[...]
Esfregando os olhos e tropeçando em tudo por ainda estar meio sonolenta, me arrastei até a sala do apartamento que agora estava bem iluminado, ao contrário de como estava de madrugada quando chegamos. Ao chegar à sala encontrei tudo quieto, uma rajada de luz forte entrando pela janela de vidro acima do sofá onde Edward ainda dormia. Parei na porta observando, pensando se eu realmente deveria entrar... Meus olhos arderam com a intensidade da luz ao meu próximo passo. Os escondi com o braço e fui de vagar até a cozinha. Peguei na geladeira praticamente vazia o grande jarro de suco de laranja de ontem e me estiquei pra alcançar o armário alto em busca de um copo.
Edward: pronto – quando percebi, ele estava atrás de mim com o copo na mão. Havia pegado na minha frente e eu nem havia notado. Virei-me e sorri.
Bella: bom dia pra você também... – falei pegando o copo da mão dele quando me ofereceu. Um sorriso se formou em seus lábios enquanto eu botava o suco no copo – quer suco?
Edward: quero – disse brevemente, pegando outro copo – hã, bom dia não. Boa tarde, já são duas da tarde... – o olhei meio pasma, notando como seu cabelo bagunçado ficava bonito de manhã. Entreguei o suco a suas mãos e ele bebeu um pouco se encostando ao balcão.
Bella: nossa senhora – ri abrindo a geladeira pra guardar a jarra – nunca acordei essa hora em toda a minha vida, amém! – pude vê-lo sorrindo quando encostei-me à pia e de frente pra ele.
Edward: sempre tem a primeira vez, já ouviu essa frase antes? – olhei assentindo com a boca ocupada pelo suco. Engoli e falei...
Bella: você me disse ontem, se não me engano – finalizou a bebida; caminhou até mim com o copo na mão pra botar na pia.
Edward: é eu disse... – botou o copo na pia e parou do meu lado – e tenho que te dizer mais coisas...
Bella: como por exemplo...
Edward: o porquê de ter... “Comprado” você – a forma como me interessei nisso surpreendeu a mim mesma. Virei-me pra botar o copo na pia. Edward tinha ido para sala. Fui até lá me sentando no sofá oposto, olhando em sua direção.
Bella: vai fala – apressei – claro que sabia que tinha algo por trás disso e não via à hora de você falar... – me calei dando um espaço para que falasse, querendo ser também compreensiva. Fosse o que fosse, estaria disposta a ajudá-lo. Era como uma troca de favores. Edward respirou fundo.
Edward: te contei que tenho uma filhinha, não contei? – começou meio inseguro, coçando o cabelo – então Bella, eu e minha esposa não éramos muito felizes em nosso casamento. Resumidamente, éramos colegas de trabalho, saíamos casualmente, eu a engravidei e por isso casamos – torci os lábios olhando-o apreensiva, fixada no que dizia.
Bella: isso é chato! – comentei querendo descontrair. Edward sorriu, mas prosseguiu.
Edward: sim, mas nove meses depois estava lá uma garotinha que compensou todo esse fato. A Olivia era a única coisa que mantinha o nosso relacionamento em pé, pois depois que nasceu apenas fiquei casado por ela, não por sua mãe. Paula era uma boa mãe pra Olivia, carinhosa e tudo... Porém ainda brigávamos a todo instante. Eu não a amava e ela não conseguia superar esse fato – se calou uns instantes – foi ai que disse comuniquei que esperaria até Olivia ter pelo menos quatro anos pra me separar. Queria aproveitar ao máximo o tempo com a minha filha, porque depois que um casal se separa isso fica muito breve. Usando uma estratégia nada original, Paula engravidou novamente quando Olivia estava com três anos, usando esse novo pretexto pra me prender a ela, de certo modo.
Bella: ela estava desesperada... – abracei meus joelhos, tentando entender aonde era que eu entrava nessa situação toda que mais parecia uma novela.
Edward: desesperada até demais... Tudo bem; aceitei a gravidez de bom grado, afinal, o bebê era meu e jamais seria capaz de recusar um filho. Era outra menina, e o nome seria Samantha... – Edward ficou quieto, olhando pras próprias mãos.
Bella: o... O que houve com elas? – gaguejei hesitante em perguntar.
Edward: Paula teve complicações no parto – olhou pra mim. Pude notar a dificuldade que tinha para tocar no assunto – Samantha nasceu morta e Paula faleceu no parto – meu queixou caiu.
Bella: ah meu Deus eu...
Edward: sente muito, sei – e riu brevemente, com o rosto ainda pálido e triste – mas tudo bem, se era assim que tinha que ser... – me olhou profundamente – quando Paula se foi, pensei em uma babá, mas as duas que contratei maltrataram Olivia... Então não me senti seguro em relação a isso, já não sabia o que fazer. Não tinha tempo de cuidar dela e as babás não me davam confiança... – deu de ombros – vendo essa situação, a mãe de Paula, avó materna, entrou com um pedido para conseguir a tutela de Olivia.
Bella: mais como ela pode fazer isso? Querer tirar a menina de você, sendo que você a ama tanto... – minha indignação era nítida.
Edward: a mãe de Paula nunca gostou de mim, sabe? – torci os lábios, irritada – entrou com o pedido e na audiência, com bons advogados, consegui uma prorrogação, mas a condição era que Olivia ficasse sobre a tutela de minha mãe, avó paterna, por um ano e nesse tempo... – ele se travou me olhando, quase como se tivesse medo do que eu iria dizer.
Bella: nesse tempo o que...? – perguntei confusa.
Edward: minha mãe me avaliaria para saber se sou digno de ter a guarda de minha filha – revirou os olhos – não. Por ser minha mãe não haverá moleza... Dona Esme só quer o melhor para Olivia – o silêncio dominou. Era ai que entrava a parte pior? – minha mãe impôs uma condição e... A mesma consistia em que... Nesse tempo eu deveria conseguir uma esposa – com essa frase estremeci dos pés a cabeça. Pisquei várias vezes olhando-o, tentando acreditar no que havia acabado de ouvir.
Bella: e por acaso é ai que... Que eu entro?
Edward: é exatamente ai que você entra – sorriu brevemente, nitidamente envergonhado – Bella, eu sei que...
Bella: Edward, EU SEI que você não é do tipo de cara que precisa comprar uma mulher pra fingir ser sua esposa – não gritei, apenas demonstrei minha indignação – não estou te reprovando por sua atitude, pelo contrário! Entendo seu desespero por Olivia, mas não consigo entender como você precisou fazer isso! Sério cara, você é bonito, inteligente, faz um suco de laranja ótimo... É muito mais provável que seja gay do que não conseguir nenhuma mulher!
Edward: parece ser fácil Bella, mas não é – rebateu irônico – não quero uma mulher agora! Não sei se elas vão ser boas o suficiente pra Olivia. A minha prioridade é a minha filha, não uma mulher. Foi muito mais fácil pra mim “comprar uma esposa” temporariamente do que arrumar uma que talvez fosse pra sempre. Você vai entender quando “terminarmos” – ele usou aspas -
porque não vai me amar! Vai saber que é uma farsa... Já se fosse uma mulher comum isso seria muito mais complicado.
Bella: então... Então você está me usando para...
Edward: para ser minha esposa – disse seguramente, olhando perfeitamente dentro dos meus olhos – sei que é uma ideia repulsiva mais espero que me entenda. Eu só...
Bella: não precisa dizer mais nada – assegurei seriamente – você é somente um pai querendo ficar com sua filha e quem sou eu pra questionar isso? – encarava-me sem reação – é claro que vou te ajudar, não precisava nem ter duvidado – por uns instantes o silêncio dominou todo o ambiente. Ficou de pé e caminhou até o sofá onde eu estava se sentando perto de mim. Meu corpo, de repente, tremeu e minha respiração falhou.
Edward: é sério? Diz isso de novo olhando nos meus olhos – sorri envergonhada, com as mãos tremendo.
Bella: vou te ajudar Edward – falei lentamente, olhando dentro dos olhos dele fixamente. Por pouco não me perdi. No momento seguinte ele tinha passado os
braços ao redor do meu corpo e me abraçado com força. Respirei fundo, deitando o rosto em seu peito.
Edward: e pode ter certeza que sempre vou ser grato a você. Mesmo que não saia perfeito, sempre vou fazer tudo o que quiser em forma de minha eterna gratidão – o empurrei um pouco.
Bella: não estou fazendo isso pra você me dever alguma coisa – expliquei dando uma de ofendida – estou fazendo porque, de certa forma, me ponho no seu lugar e sinto o desespero que você deve sentir. E principalmente, me ponho no lugar da Olivia que vai crescer longe do pai dela. Não é pra me ser grato pra sempre.
Edward: mas vou ser – reafirmou segurando em minhas mãos – vou sim. E pra começar, juro que vou dar um jeito de você nunca mais voltar para aquele lugar. Nem que tenha que te levar pro fim do mundo, mas você não volta pra lá.
Bella: ah meu deus – eu tive de rir – Edward, Clóvis é muito influente. Ele vai me caçar até o fim do mundo, mesmo que você me leve pra lá. Não deixaria você se arriscar por mim...
Edward: você ainda não me conhece Bella – garantiu – também sou muito influente. Capítulo 4
Pensando em Você “Tenho confundido 'eu' com 'nós'. Mas essa confusão só me acontece porque eu tenho certeza de tudo que eu sinto”. Beeshop
Quando acordei no dia seguinte a primeira coisa que fiz foi olhar para ela. Deitada em minha cama despertava as mais diversas fantasias, porém eu sabia de todo o respeito que deveria ter em relação aquela garota. Mesmo sendo uma prostituta, Bella merecia meu cavalheirismo e algo no fundo de meu peito dizia essa menina era diferente... Que prostituta não passava de um
rotulo, até então, lhe imposto. Havia mais por trás daquele corpo atraente, do rosto de anjo e da forma de menina... Com certeza descobriria tudo sobre ela e seu coração.
A casa estava uma zona total. Um caos! Não me lembrei de nós dois termos feita tanta bagunça na noite anterior, enquanto conversávamos e nos conhecíamos melhor. O clima ainda permanecia tenso entre nós, a certa hesitação era palpável. Existia sim desconfiança por parte dela, existia sim todo aquele desejo que queimava em meu peito, aquela força que nos atraía, algo difícil de ser controlado, mas que exigia todo meu empenho... A forma amável como se portava desenvolvia em mim a coisa mais próxima de ternura extrema, carinho exacerbado.
Não a acordei. Fui trabalhar na ponta dos pés, irritado comigo mesmo, plenamente consciente de que estava deixando-a no apartamento sem nada que não fosse pão, ovos e suco de laranja. Recriminei-me, porém, até a volta não havia muito que estivesse ao meu alcance. As horas se passavam longas, quase em câmera lenta. Havia muito que fazer na Empresa, mas mesmo assim as tarefas não conseguiam tornar minha mente ocupada o suficiente... A ultima visão que tive de Bella ainda perseguia meus pensamentos no meio do dia... Encostei a cabeça na cadeira e suspirei com a mão sobre os olhos.
O cabelo longo e escuro em contraste com o branco imaculado do lençol, quase no tom de sua pele leitosa... O jeito como estava deitada fornecia-me um visão perfeita de seu corpo bem delineado, quase infantil, inocente até demais para ser tão desejável. O que se pregou em minha mais profunda consciência era que aquela imagem era a coisa mais sensual e doce que já presenciei... Que tirá-la dali seria impossível. Porque me despertava tais sensações?
Simples! Era uma mulher atraente a que se encontrava agora em meu apartamento... Homens pagavam fortunas para tê-la e, mesmo assim, eu duvidava que existisse um que a houvesse tido por vontade da mesma. O vago pensamento arrepiou toda minha pele... Talvez fosse o que me atraia nela. Apesar de não ser intocada era como se fosse; Apesar de já ter estado com outro, na verdade, nunca esteve com nenhum. Aqueles olhos pertenciam a quem sofria... Puros demais para terem visto tanta crueldade, cegos pela maldade, ocultos de qualquer tipo de amor ou felicidade. Meu peito se apertou... De repente, desejei poder mostrar a Bella pelo menos um pouco de
bondade, para que deveras não desconfiasse de mim um minuto sequer; para que se sentisse parte de algo, protegida.
Peguei o telefone e liguei com a secretária, que entrou em minha sala rapidamente tropeçando nos próprios pés. Esperei que meu plano desse certo.
Mary: o que deseja senhor Cullen? – questionou em postura rígida a minha frente. Era uma garota nova, fazia de tudo para me agradar. Ajeitou os óculos um tanto desengonçada, puxou o vestido preto e sem graça parada encima de seu salto.
Edward: Mary, por favor, entre em contato com alguns bons estilistas e compre alguns vestidos. Ah, também desejo que vá agora a uma loja de roupas e compre peças femininas para o dia-a-dia. Tudo! Não economize... Desde roupa intima até pijama – enquanto me ouvia anotava tudo em um bloco de folhas, confusa, talvez pensando para que me seria útil tudo isso – claro, alguns calçados.
Mary: sim senhor. Tem a numeração? – olhou-me e ajeitou os óculos novamente. Não seria tão estranho assim comprar roupas femininas... Meu próximo passo era apresentar minha noiva a toda minha família e a sociedade. Não passava de um ato que evidenciaria as reais intenções por trás do todo.
Edward: digamos que... – olhei para seu corpo e notei que era magra como Bella, possuíam o corpo em proporções parecidas. Porém, Bella me atraia mais... – seu tamanho está bom. De sapato chuto uns 35.
Mary: deseja tudo para hoje senhor? – apressou-se a dizer.
Edward: claro. De preferência até as três.
Mary: ok. Vou me apressar... Tem preferencia por cores?
Edward: sempre as mais claras – sorri de canto. Bella deveria ficar bonita com cores clara, já que ressaltavam certa inocência.
Mary: como quiser. Com licença – se retirou talvez nervosa. O serviço não era dos mais fáceis.
Desejei que Bella gostasse, afinal, meu esforço para agradá-la não era tanto, uma ínfima parte de toda a gratidão em mim reunida.
Bella POV
Assim que acordei Edward já tinha ido. Sentei-me na cama e olhei em volta... A luz que invadia o quarto cegou-me os olhos, tanto que levantei para fechar a cortina. O dia estava lindo e claro, límpido... Diferente do apartamento que se encontrava todo revirado! Sai do cômodo chutando algumas roupas de Edward pelo chão, notando como a sala estava revirada, cheia de almofada espalhada, copo para todo lado e toalhas penduradas nas cadeiras.
Peguei uma camisa do chão e comecei a empilhar as roupas. Pelo que me lembrava não havia muita comida na geladeira, talvez nada mais que suco de laranja e ovos. Com as roupas em mãos abri os armários e deparei-me com o vazio, contemplando os fundos sujos de pó. Passei o dedo e vi a crosta que se formou sobre o mesmo com cara de nojo.
Claro, Edward tinha dito que não costumava vir muito ao apartamento e, sendo ele um homem solteiro e sem muita responsabilidade que não fosse com a filha, limpar a casa não deveria estar incluso em suas prioridades. Vendo pelo lado bom, finalmente arranjei algo que fazer! Tomei um copo de suco de laranja e comecei as tarefas... Achei um som ali e liguei numa rádio pop qualquer. Prendi o cabelo com uma caneta azul, vesti uma camiseta de Edward e coloquei as mãos na massa!
Por sorte havia um pouquinho de dinheiro dentro de minha mala. Liguei para o serviço de entrega e pedi os produtos de limpeza... Tirei pó de todos os móveis, passei o aspirador velho que encontrei no fundo da dispensa em todos os tapetes, lavei a cozinha, o banheiro, ilustrei toda a louça que parecia guardada há mil anos, lavei algumas roupas dele e também minhas, passei suas camisas e dobrei empilhando tudo no guarda roupa de forma organizada. Demorou... Mas valeu a pena. Ao final nem parecia o mesmo lugar...
Joguei-me no sofá e respirei fundo. Edward valia a pena. A gratidão enorme que sentia por ter me livrado de Clóvis nem que seja por um tempo já supria todo o trabalho que teria com ele... Não que limpar uma casa fosse trabalho, longe disso! Clóvis me obrigava a limpar todo o bordel e todo seu apartamento desde que fiz 12 anos. Nunca fugi de limpeza, na verdade, fora meu refugio durante todos esses anos... Era a única hora em que Clóvis não se aproximava para me ameaçar ou tentava algo. Ficava distante, sempre saia, voltava apenas de noite para me buscar para os shows e aos sábados e domingos para os programas que marcava.
Os programas...
Entrei no chuveiro e me sentei no chão, encostada ao canto, deixando que a água quente caísse sobre meu rosto. Esquecer era o que podia ser feito... Esquecer. Pelo menos durante estes doze meses nenhum homem iria se aproximar de mim com exceção de meu salvador; nenhum homem iria me estuprar ou me bater... Ninguém me machucaria. As lágrimas se formavam, queimavam em meus olhos, era impossível contê-las. Existia tanta dor, era tão
improvável acreditar na bondade... Improvável crer que Edward não fosse me magoar.
Algo me dizia que neste caso a única que poderia me magoar ou me ferir seria eu mesma. Não passava de uma farsa! Poderia ser o príncipe, poderia ser um conto de fadas tudo isso, mas... Meu coração não deveria se deixar envolver, se deixar apaixonar! Seria um terrível engano, uma vez que o próprio Edward me dissera que não desejava se envolver e... Ridiculamente, quando um homem como ele, de sua classe, se interessaria por uma prostituta suja como eu?
Sai do chuveiro e coloquei um short meu e uma blusa dele. Empoleirei-me no sofá pegando uma foto sua que descansava sobre o criado mudo da sala. Tão lindo e majestoso, tão perfeito em sua grandeza... Toquei a foto. Afinal, o mundo não estava perdido. Havia um pouco de bondade, nem que fosse em ínfima parte.
Minha sorte era muita, mas meu desejo era, acima de tudo, recompensá-lo com gratidão e ajuda-lo no que precisasse.
Edward POV
Edward: moça? Voltei... – fechei a porta atrás de mim com os pés, já que estava lotado de sacolas - moça? Bella? - nada, nem sequer um ruído. Era um bom ou mau sinal?
Sai tropeçando em mim mesmo e joguei as sacolas sobre a mesa da cozinha, primeira superfície plana que encontrei pelo caminho. Ajeitei-me e estiquei as costas respirando fundo, sentindo o cheiro forte de gostoso de desinfetante no ar. Opa. Cheiro de limpeza na minha humilde residência? Havia algo errado!
Olhando em volta constatei o que havia de estranho... A casa estava muito limpa! Passei um dedo sobre a mesa buscando pó, mas não encontrei nada! Louça na pia? Nada! Sujeira no chão? Nada! Afinal, onde estava Bella?
Tirei a comida da sacola e guardei toda na geladeira. Tantas e tantas sacolas dentro de meu carro deveriam ser trazidas depois, incluindo toda a roupa que comprei. Ninguém em sã consciente conseguiria subir com aquele monte de compras. Pelo menos daria para manter minha hospede durante toda a semana bem, de modo que não passasse fome nem vontade de nada urgente.
Edward: ok... Agora chega Bella. Onde é que você está? Sei que ficou com saudades de mim... – caminhei em direção à sala tirando o terno e a procurando. Achei rapidamente!
Parei no hall da sala e fiquei olhando na direção do sofá onde Bella encontrava-se deitada. Adormecida novamente, como a deixei na parte da manhã. A sala estava ainda mais limpa, os móveis brilhando... Sorri com sua dedicação, o gesto fora muito bonitinho. Aproximei-me mais notando que seu cabelo estava molhado e a blusa que vestia era minha. Como poderia ser tão adorável? Abaixei-me ao seu lado contemplando toda aquela beleza... Toquei sua testa delicadamente para ver se estava bem e constatei que sim, apenas dormia. Deslizei uma mão por seu rosto hipnotizado... Como alguém tinha coragem de fazer mal a uma criatura tão indefesa?
Do nada abriu os olhos com certa pressa, com medo. Deu um salto para trás e me afastou, atitude que também me surpreendeu.
Edward: calma... Sou eu! – falei com as mãos para cima em sinal de paz – me desculpe, apenas queria saber se estava tudo bem.
Bella: Edward? Assustou-me! – colocou uma mão sobre o peito e sorriu. Soltou o ar devagar, ofegando – desculpa!
Edward: assustei minha faxineira? – corou no mesmo momento em que falei.
Bella: ah... Você percebeu é? – cruzou os braços em frente ao corpo e mordeu os lábios. Desviei os olhos desse ato.
Edward: claro que sim. A casa estava horrível, agora é outro lugar... Obrigado por dar um jeito por mim – peguei uma de suas mãos e depositei um leve beijo. Seu rosto queimou, se é que possível, tornou-se mais vermelho. Cada gesto seu me fascinava, cada deslizar de olhar... Parecia gravidade.
Bella: não tem que me agradecer... Também estou aqui lembra? – puxou a mão delicadamente e sorriu tímida. Olhei seu rosto por um tempinho e, ao notar que estava constrangida, fiquei de pé.
Edward: mesmo assim. Não é minha empregada, é minha hóspede – expliquei e vi certo olhar tímido de sua parte. Como poderia me hipnotizar tanto? – comprei algumas coisas pra você... – comentei afrouxando a gravata.
Bella: hã? Comprou? – assenti e sai andando na direção do quarto – Edward... Não precisa! O que foi que comprou? – percebi que me seguia como um cachorrinho até o quarto.
Edward: não se exalte Bella. Comprei apenas o necessário... Comida e roupas para passar a semana – parou na porta de meu quarto e ficou encostada ao batente acompanhando meus movimentos, porém saiu assim que tirei a camisa.
Bella: não precisava se preocupar... – ouvi sua voz do lado de fora do quarto – não quero te dar dor de cabeça – comecei a trocar minha roupa com certa pressa.
Pensar que dividia o mesmo espaço que ela, que respirava o mesmo ar que a mulher que tanto desejava e não podia fazer nada era delirante. Se controlar soava como a missão mais difícil de todas, superando qualquer desafio.
Edward: isso é ridículo... Como assim vou te deixar passar fome? Aliás, minha noiva deve andar bem vestida moça. Ou se esqueceu desse detalhe? – silêncio. Troquei-me com um sorriso no rosto, louco para ver seu rosto de novo. Meu guarda roupa estava arrumadíssimo.
Bella: é... Esqueci-me – já com a roupa sai do quarto e a espiei no corredor. Encostada a parede parecia pensativa.
Edward: o que acha que fazermos um jantar gostoso noiva? – propus denunciando minha presença. Quando me olhou sorriu de canto.
Bella: ok... O que vai ser hoje?
[...]
Edward: onde foi que arranjou dinheiro para comprar os produtos de limpeza? Pelo que me lembro, não havia nenhum ao redor – comentei lavando a louça que ela sujava para fazer a comida. A panela que Bella mexia cheirava maravilhosamente.
Bella: pois é. Liguei para as pessoas que entregam tudo e pedi alguns itens... – deu de ombros e seguiu preparando sua comida, a atenção totalmente voltada para a panela.
Edward: com o dinheiro que deixei sobre o micro-ondas? – fiz de tudo para não soar rude.
Bella: não... Com o meu dinheiro – desligou o fogão no mesmo momento – o dinheiro que deixou está no mesmo lugar, sobre o micro-ondas, Edward – com uma colher experimentou o conteúdo da panela – acho que está bom... Quer provar? – estendeu em minha direção a colher com molho branco.
Edward: prefiro a surpresa. Com certeza está bom – sorri e notei que corou com o elogio – mas sabe, deixei o dinheiro para você usar.
Bella: não Edward. Não quero seu dinheiro de jeito nenhum! – o modo como falou atingiu-me em cheio, me fazendo perceber que tudo o que havia ocorrido na vida de Bella deixara marcas. Aceitar dinheiro de um homem não deveria fazer parte de suas melhores lembranças.
Edward: mas Bella... Será que não entende a ajuda que me fornece? – coloquei os dois pratos sobre a mesa enquanto falávamos – quero te dar todo o conforto enquanto estiver comigo e...
Bella: não! – praticamente gritou – não! Só de estar aqui já é um conforto e tanto e... – apoiou-se na cadeira e fechou os olhos – acho que nunca fiquei vinte e quatro horas sem tomar tapa na cara ou levar um soco durante os últimos quatro anos... Será que não entende a ajuda que me fornece?
Silêncio.
Havia argumentos contra aquilo? Abaixei o rosto, constrangido. Percebi que iria deixar a cozinha, mas antes que pudesse corri até ela e a peguei pelo pulso, prensando-a na parede com delicadeza. Havia lágrimas em seus olhos, dor estampado nos mesmos...
Edward: por favor, não chora... Olhe para mim – implorar não fazia parte de meu vocabulário, porém estava presente agora. Toquei seu rosto da forma mais delicada que consegui, fazendo com que seus olhos fossem para os meus – me desculpe se te insultei, se te fiz lembrar algo que dói... A ultima coisa que quero é ver lágrimas em seus olhos – limpei uma gotinha que desceu por sua bochecha avermelhada – me perdoa! Juro que daqui para frente nunca mais vou te contestar em nada, prometo seguir de acordo com o que quiser... – desviou os olhos – sou um bruto às vezes.
Bella: claro que não! Você é tipo... – riu ainda chorando – a pessoa mais maravilhosa que conheço, mas... O problema não é você cara, sou eu, sabe? Sou eu... Porque me trouxe para cá? Veja só o que eu sou...
Edward: não, não se menospreze! – segurei em seus braços – Bella, você é maravilhosa também!
Bella: não, não sou – ironizou – sabe muito bem o que eu sou de verdade. Admita...
Edward: não... Olhe para mim – pedi quando tentou me ignorar novamente – por favor... – olhou lentamente – acha que te vejo como uma qualquer?
Bella: Edward... – suspirou.
Edward: não, fala! Acha mesmo isso? – perguntei sério, buscando seu rosto. Demorou um pouco para parar de chorar, mas respondeu.
Bella: não – não me olhou quando disse.
Edward: então chega, por favor... Esquece isso ao menos um minuto, vive comigo outra história, o que passou já era e...
Bella: não é assim. Não foi você quem viveu tudo e... Ai! – a expressão de dor que adotou meu assustou. Abaixei os olhos para seu corpo.
Edward: o que foi Bella? – tirei as mãos dela e examinei-a nervoso.
Bella: meu corte... Você apertou meu corpo na parede e... Doeu – havia sangue em sua camisa. Trocamos um olhar brevemente, me aproximei e ergui um pouquinho sua blusa, o suficiente para ver o machucado. Apenas permitiu que eu o fizesse, olhando meu rosto.
Edward: vem... Vamos limpar isso é jantar.
Após limpo seu machucado, sentamos para jantar em certo silêncio. Elogiei muito seu macarrão com brócolis.
Bella: posso confessar uma coisa?
Edward: claro...
Bella: sinto-me segura com você. Como nunca me senti antes... – não me olhava enquanto dizia. Seguia comendo.
Edward: não se preocupe. A partir de hoje, nunca vou deixar ninguém voltar a te machucar. Capítulo 5
Apenas Ilusão A primeira coisa que vi quando abri os olhos foi Edward tombado no sofá ao lado, em plena sala de estar. Um arrepio sem igual percorreu todo meu corpo, tanto que me ergui rapidamente para certificar-me de que estávamos em posturas decentes. Como isso havia acontecido mesmo?
Minha ultima lembrança era dele limpando meu machucado no sofá, depois jantamos e sentamos para ver TV... Após isso, nada! Ah! Claro! Havia uma bacia de pipoca entre nossos corpos... Comemos pipoca de chocolate como sobremesa e apagamos enquanto víamos um filme. A prova disso era a TV ligada no mesmo canal que havíamos deixado na noite anterior. Com a mente mais sossegada, sentei-me e vi que Edward estava encolhido no outro sofá agarrado a uma almofada. Realmente... Ele era o homem mais bonito que já pousei os olhos. Até mesmo entre o sono não deixava de ser atraente e parecer um anjo, pelo contrário, se tornava ainda mais semelhante!
Pelo menos algo bom... Dormimos em sofás separados. A ultima coisa que eu queria era dar a entender que qualquer outro relacionamento que não fosse de coleguismo iria surgir entre nós dois. A situação era, no mínimo, delicada. Ele precisava de mim... Eu também precisava dele... Nada mais do que isso. Nada mais! Mesmo que qualquer coisa dentro de mim sussurrasse que Edward era
maravilhoso e que gostava realmente de mim... Sentir coisas por ele, me iludir com esses pensamentos, seria o pior erro que cometerei em vida, talvez maior do que ter confiado em Clóvis um dia...
Me ergui do sofá. Derrubei algo no caminho, foi o cobertor que enroscou na mesinha e fez um tremendo barulhão. Fiquei parada três segundos e não o vi acordar... Sai do meio do sofá e mergulhei no frio da temperatura ambiente sentindo o corpo se arrepiar ao entrar em contato com a mesma. Calcei o chinelo e andei até a cozinha lentamente, sem querer acordá-lo. Abri a geladeira e peguei um copo de leite, esquentei no micro-ondas e coloquei algumas torradas para assarem. Cedo era apelido... Sete da manhã. Para quem sempre viveu na noite, oculta por sombras e encarcerada em qualquer buraco que Clóvis me jogasse, acordar a essa hora era um tipo de descoberta!
Edward: bom dia... – ouvi sua voz baixa próxima a minha nuca. Uma de suas mãos tocou meu braço; me virei em sua direção um tanto assustada, deixando o copo de leite se espatifar no chão, aos meus pés. Fiquei olhando-o com certo terror, com medo.
Bella: Edward... Perdoe-me! – gemi me lançando ao chão para reunir os cacos. Queimei-me com o leite fervente, mas não dei importância. O que mais me assustava era o medo de irritá-lo, de ser tão facilmente contrariado como Clóvis o era – me desculpe, por favor, e...
Edward: Bella. Calma! – abaixou-se ao meu lado com um pequeno sorriso no rosto, tentando a todo custo me acalmar. Segurou meus pulsos de forma que fosse obrigada a largar os cacos. Havia sangue em minhas mãos, um corte grande em minha palma – olhe para mim... – pediu delicadamente, segurandome em seus braços – shhhh... Sou eu. Não precisa ficar com medo, por favor, olhe... – desviei os olhos em sua direção, encontrando apenas algum tipo estranho de sentimento doce que desconhecia. Ninguém nunca me tratou com gentileza, muito menos com delicadeza! – tudo bem. Está bem?
Bella: aham... – tentei me acalmar, respirei fundo, porém suas mãos não se separavam de mim – por um momento me lembrei de antes. Lembrei-me dele...
Edward: não, não... Sou eu. Edward – disse olhando em meus olhos - estou cuidando de você e comigo está protegida. Eu juro... – abraçou-me. Aquilo foi
surreal! Quase o afastei, quase impedi que o fizesse, mas... Não havia como repelir aquele contato. Era acolhedor, doce, terno... Nunca senti nada igual ninguém nunca me tocou com tamanha ternura desde minha mãe – confia em mim?
Bella: sim – mesmo que houvesse aprendido com a vida a jamais confiar em alguém, tive que responder esse sim baixinho, espalmando as mãos em suas costas com delicadeza, com cuidado. Edward me inspirava muita confiança, meu coração, pela primeira vez, gostava de alguém – desculpe...
Edward: não precisa se desculpar... Vai lavar a mão. Eu limpo isso aqui – soou como uma ordem. Tocou meu rosto e sorriu antes de me soltar, dirigindo-se até a área de serviços para pegar a pá e a vassoura. De repente um vazio... O frio novamente. O corte ardia.
O sangue jorrou quando cheguei ao banheiro e coloquei a mão aberta na pia, que apresentou gotinhas vermelhas assim que a água começou a rolar por toda ela. Gemi de dor, mas nada doía tanto ou sangrava em grandes proporções como minha alma. Havia tantas feridas, tantos machucados escancarados que era impossível controlar o medo, a insegurança... Edward era bom, mas era homem, o lado da espécie que me manchara ainda criança, que acabara com minha vida apenas por prazer.
Engoli o choro, prometendo a mim mesma que não iria voltar a fazer essa cena na frente de Edward. Ele não merecia ver minha fragilidade, muito menos ser alvo de um medo irracional que não o englobava em si, pelo contrário, sendo ele o grande responsável por ter, enfim, me tirado o pesadelo de tantos anos.
Edward: Bella? – olhei por cima do ombro rapidamente. Foi esperto. Dessa vez falou de mansinho para me preparar para não levar novamente um susto - deu um jeito? – aproximou-se com cuidado, um tanto preocupado. Espiou parado atrás de mim na pia. Contemplei nosso reflexo lado a lado uns segundos no espelho. Assenti.
Bella: sim. Tem algo para tapar? – fechei a torneira e coloquei a mão para cima, de modo a não sair mais sangue.