SOLFA, Marilia; SANTOS, Fábio Lopes de Souza. “ Acconci Studio: arquitetura parasita, arquitetura virótica ”. In: PI!OTO, lane "ibeiro; #"NTL, Maria Fernanda; PALA$$O, Pedro Paulo; T"%ISAN, "i&ardo 'Or(s.) Tempos e escalas da cidade e do urbanismo: Anais urbanismo: Anais do !III Se*inário de +is-ria da idade e do /rbanis*o. 0ras1lia, #F: #F: /ni2ersidade 0ras1lia3 Fa&uldade Fa&uldade de Ar4uieura e /rbanis*o, 5678. #ispon12el e*: 9p:<<< 9p:<<<.s&u5678.&o*.br&on .s&u5678.&o*.br&onena&&on&i3sudio3 ena&&on&i3sudio3 ar4uieura3parasia3ar4u ar4uieura3p arasia3ar4uieura32ir ieura32iroi&a= oi&a= .
AONI ST/#IO: A">/ITT/"A PA"ASITA, A">/ITT/"A %I"?TIA Marilia Sol@a Fábio Lopes de Souza Sanos io Te*ái&o: oidiano Pala2ras3a2e BeC
"S/MO se ari(o aborda 4uaro proposas realizadas pelo Studio Acconci na dJ&ada de 7KK6: “More 0alls @or Bappler +all” '7KK3K), “Par up a 0uildin(” '7KK), “+ouse up a 0uildin(” '7KK) e “orld in Cour bones” '7KKQ). Tais proposas resula* da &on&epDHo da ar4uieura parasia2ir-i&a e de a&uradas leiuras sobre a noDHo de espaDo pEbli&o realizadas pelo arisa %io A&&on&i. Ara2Js delas, a posiDHo radi&ional do ar4uieo no pro&esso de &on&epDHo e &onsruDHo dos espaDos J 4uesionada, e a ar4uieura J &onsiderada en4uano u*a aDHo &apaz de desperar no usuário reRees a&er&a do espaDo pEbli&o de uso &oidiano, re2elando as &on2enDes 4ue re(e* seu @un&iona*eno e &olo&ando o usuário na posiDHo de poen&ial a(ene de rans@or*aDHo do espaDo.
A0ST"AT Tis ari&le dis&usses @our proposals pu @or
A arquitetura deveria existir como uma espécie de parasita ou vírus. Ela deveria grudar-se, como uma sanguessuga, em outras arquiteturas, na cidade j construída. !uando um edi"ício apresenta um muro cego onde quer que seja, algo n#o deveria ser incorporado a esse muro para que as pessoas impedidas de entrar no edi"ício pudessem ter algum espa$o para %car& 'ito Acconci. (A))*+) E+, /001, p.2345 %io A&&on&i, u* arisa pro2o&ador nos anos 7KU6, G&ou &one&ido por desaGar as insiuiDes ar1si&as e as @roneiras enre o 4ue J &onsiderado assuno peren&ene es@era pEbli&a 'perinene ao
&a*po da are) e a4uilo 4ue de2eria ser resrio ao reino pri2ado. Ao rabalar a parir desas 4ueses, A&&on&i &e(ou de @or*a &oerene ao debae sobre a are pEbli&a e sua inserDHo na &idade, passando a auar nas @roneiras enre os &a*pos da are, do desi(n e da ar4uieura. Na dJ&ada de 7KQ6, ineressado no &a*po de aDHo da ar4uieura, o arisa @undou o Acconci Studio, u* esEdio de desi(n &riado e* par&eria &o* u*a e4uipe de ar4uieos, &uVa produDHo 4uesiona a posiDHo radi&ional do ar4uieo no pro&esso de &on&epDHo e &onsruDHo dos espaDos. Abordare*os nese ari(o 4uaro proposas realizadas pelo Studio na dJ&ada de 7KK6, 4ue resula* de a&uradas leiuras sobre a noDHo de espaDo pEbli&o. Mas anes de enrar*os na análise dos rabalos e* si, J ne&essário abordar a reReHo @eia por A&&on&i ara2Js de eos es&rios nos anos 7KK6 4ue reRee* sobre a naureza do espaDo pEbli&o &one*porWneo. * “6a7ing 8ublic: t9e riting and reading o" public space” '7KK) e “8ublic Space in a 8rivate Time” '7KK), A&&on&i ideniG&a e disin(ue dois ipos de espaDos nos 4uais o pEbli&o se reEne: * primeiro seria o espa$o que é p;blico, onde o p;blico se re;ne porque tem direito ao espa$o. * segundo seria o espa$o tornado p;blico, um espa$o onde o p;blico se re;ne precisamente porque n#o tem o direito < um espa$o tornado p;blico = "or$a. (A))*+) 2>>?, p.3/05 O pri*eiro ipo J (eral*ene insiu&ionalizado 'li(ado a u*a enidade pEbli&a ou &orporaDHo pri2ada) e &onsiui3se pela i*posiDHo de re(ras de &ondua epl1&ias e i*pl1&ias 4ue o pEbli&o, para er o direio de usá3lo, de2e se(uir. Assi*, o espaDo se @or*a *ediane a insauraDHo de u* &onrao: re2ela &on2enDes de uso, dia ordens e @or*as de &o*pora*eno ara2Js de in@or*aDes '&-di(os, i*a(ens, si(nos, obVeos) dire&ionadas direa*ene ao usuário, 4ue ende a assi*ilá3las de @or*a 4uase in&ons&iene e* sua 2i2Xn&ia diária. Se(undo A&&on&i, a4ueles 4ue se(ue* esas re(ras ris&a sHo &a*ados “&idadHos”. Yá o espaDo ornado pEbli&o &onsiui3se 4uando pessoas rei2indi&a* o direio de usá3 lo de @or*a inusiada, 4uebrando o &onrao prJ3 esabele&ido. Tais usuários sHo @re4uene*ene &a*ados *ar(inais Zoutsiders[. NHo obede&e* a &onraos, *as desen2ol2e* ái&as de uso. Traa3se de u* uso e*porário, sublina A&&on&i, Vá 4ue o 4uesiona*eno das re(ras 4ue o pr-prio espaDo i*pe (eral*ene dura aJ a &e(ada da pol1&ia. Se(undo o arisa, ese ipo de espaDo abri(a 2ários &onRios e &onJ* ine2ia2el*ene e* si “se*enes do espaDo pri2ado”, Vá 4ue nele a disinDHo enre es@era pEbli&a e es@era pri2ada se orna borrada pela ausXn&ia das &on2enDes, 4ue @ora* 4uebradas '7KK, p.K8).
Para A&&on&i, o pri*eiro poderia ser represenado pela radi&ional praDa, “u* espaDo repleo de luz, lon(e dos &o*pl\s e &onspiraDes dos re&inos es&uros e es@u*aDados”, u* espaDo 4ue esá se*pre *osra, sob 2i(ilWn&ia '7KK, p.856). No enano, os &o*pl\s e &onspiraDes a*bJ* @aze* pare dos espaDos pEbli&os, pois ao 4uesionare* e desesabilizare* &on2enDes de uso, epe* as esruuras 4ue as susena*, a*pliando nosso enendi*eno sobre seu @un&iona*eno. Assi*, A&&on&i &onsidera o “espaDo pEbli&o” u* &onVuno de @orDas eero(Xneas, &onRianes e ao *es*o e*po &o*ple*enares: @m espa$o é p;blico quando ele mantém a ordem p;blica ou quando ele a altera. @m espa$o é p;blico, por um lado, quando ele "unciona como uma pris#o p;blica: suas conven$es, imagens, signos, objetos se tornam "atos da vida < eles constroem um sistema de ordena$#o no qual cada coisa est em seu lugar, e os cidad#os seguem esse sistema = risca. @m espa$o é p;blico, por outro lado, quando ele "unciona como um "Brum p;blico: suas conven$es, imagens, signos, objetos s#o virados de cabe$a para baixo, ou colidem uns com os outros, ou quebram-se em peda$os, de "orma que aquelas conven$es se desestabiliCam (n#o s#o mais "atos sBlidos5 e o poder que "undamenta cada conven$#o é exposto (o espa$o torna-se ocasi#o para uma controvérsia, que pode tornar-se um debate, que pode tornar-se uma revolu$#o5. (A))*+) 2>>?, p.3/25 n4uano o espaDo pEbli&o insiu&ionalizado enderia a al(o uniG&ado e o*o(Xneo, o espaDo ornado pEbli&o enderia ao *Eliplo, eero(Xneo e insá2el. %ale le*brar 4ue o debae lanDado por A&&on&i esá e* &onsonWn&ia &o* 4uesiona*enos lanDados pelos *o2i*enos so&iais de *inorias sur(idos nos anos 7K6U6, &o*o as dis&usses ra2adas pelo *o2i*eno @e*inisa. Para ese, a radi&ional disinDHo enre es@era pEbli&a e es@era pri2ada de2e ser 2isa &o*o al(o 4ue perpeua a esruura de relaDes do*Jsi&as baseadas na dis&ri*inaDHo de (Xnero, 4ue rans*ie a &renDa de 4ue a es@era pEbli&a seria &onsiu1da *aVoriaria*ene por o*ens, en4uano as *uleres peren&eria* “naural*ene” ao reino pri2ado. Para A&&on&i essa endXn&ia &one*porWnea de apa(a*eno da disinDHo enre as es@eras pEbli&a e pri2ada, &la*ada por disinos aores so&iais, deRa(raria no2as @or*as de se pensar os espaDos pEbli&os a parir do *o*eno e* 4ue a “presenDa @1si&a” deiaria de ser @aor deer*inane para a sua &onsiuiDHo. Os espaDos @1si&os deli*iados na &idade e iniulados pEbli&os, &o*o as praDas, sHo para A&&on&i u*a nosal(ia re*anes&ene do sJ&ulo !I!. Na era eler\ni&a, o espaDo nHo pode *ais ser represenado pelo si(no da per*anXn&ia, pois J &onsiu1do a*bJ* pela &ir&ulaDHo:
&ir&ulaDHo in&essane de pessoas, i*a(ens e obVeos e* espaDos onde indi21duos &one&ados 2irual*ene re&ebe* oda in@or*aDHo 4ue ne&essia*, se* enrar e* &onao direo &o* ouros. o*o o &onao @1si&o enre pessoas no espaDo pEbli&o ende a ser &ada 2ez *enor, A&&on&i su(ere 4ue os indi21duos, ao deiare* seu espaDo pri2ado para adenrar o espaDo pEbli&o, &arre(a* e* seu &orpo u*a espJ&ie de “&asulo” in2is12el, de onde diG&il*ene sae*. Assi*, o pEbli&o passaria a ser &o*poso por u*a *assa de &orpos pri2ados, doados de obVei2os e ineresses indi2iduais. Traa3se, para A&&on&i, de u*a aleraDHo &ru&ial na noDHo de pEbli&o. o*o o espaDo pEbli&o insiu&ionalizado J Go e e* u*a lo&alizaDHo pre&isa na &idade, u* indi21duo pode usá3lo por deer*inado *o*eno, *as se*pre a&aba liberando3o para 4ue os ouros possa* @azer o *es*o. Assi* o espaDo J al(o eerno a ele, al(o 4ue nHo le peren&e. Yá o espaDo ornado pEbli&o, por nHo ser deGnido apenas pela sua presenDa @1si&a, *as a*bJ* por aDes *o*enWneas 4ue o &onsiue*, pode ser &arre(ado, ransporado, disse*inado. Pare dele esá aada ao &orpo dos indi21duos 4ue o &onsroe*. * espa$o se torna uma rede de espa$os paralelos < espa$o "ísico, espa$o projetado, espa$o topolBgico < uma mescla rumo a um espa$o entrela$ado, transmitido pelo tele"one, televis#o, computador. DF * objetivo do espa$o p;blico é se dissolver nos nervos do p;blico o objetivo do espa$o p;blico é que espa$o e p;blico sejam uma ;nica e mesma coisa. (A))*+) 2>>G, p.G>4-G>H5 Ap-s dis&orrer sobre as rans@or*aDes na noDHo de espaDo pEbli&o 4ue, &o*o 2i*os, *ar&a2a o debae so&ial *ais a*plo e, por isso, paua2a a produDHo do Studio na4uele *o*eno, A&&on&i de&lara, por G*, o 4ue &onsidera2a &o*o u* obVei2o de seu rabalo en4uano arisaar4uieo: A "un$#o da arte p;blica é criar ou transgredir um espa$o p;blico. 8or um lado, ela assombra os espa$os p;blicos, ela os encontra onde nada antes existia, nos re";gios e nas "restas da privacidade (entre edi"ícios, sob edi"ícios, nas "ronteiras dos edi"ícios5 a a$#o da arte p;blica anexa territBrios ao domínio p;blico. 8or outro lado, ela desata espa$os p;blicos ela toma um lugar decretado p;blico < um espa$o p;blico institucionaliCado < e brota a partir dele: a a$#o da arte p;blica desintegra os espa$os p;blicos dessa "orma o p;blico pode carreg-lo consigo, em suas costas ou em seus nervos. (A))*+) 2>>G, p.G>H5 Para A&&on&i, a are diG&il*ene poderia inserir3se de @or*a ar*oniosa nos espaDos pEbli&os insiu&ionalizados, Vá 4ue eses ende* a ser oal*ene desenados, deGnidos e deer*inados pela en(enaria, ar4uieura e pelo desi(n. Para se inserir, ela pre&isaria
usar de perspi&á&ia, ari*ana e *al1&ia '7KK, p.KQ). Por isso ele se re@ere produDHo do Studio &o*o aDes de desar4uieura ou *es*o desdesi(n: se o espaDo Vá &onJ* odo desi(n 4ue ne&essia, suas iner2enDes bus&a* &olo&ar3se no *eio dos &a*inos, espre*er3se, aVusar3se s esruuras Vá eisenes, adi&ionando, subraindo, *ulipli&ando ou di2idindo o 4ue Vá esá dado: “sas operaDes sHo supJrRuas, elas repli&a* &oisas 4ue Vá eise*, @azendo &o* 4ue se proli@ere* &o*o u*a doenDa” '7KK, p.855). A ideia de ideniG&ar, analisar e reReir sobre o espaDo 4ue Vá eise, realizando sobre ele u*a aDHo 4ue desesabiliza sua orde*, &o*o se o espaDo @osse repenina*ene ain(ido por u*a doenDa, deu ori(ens s iner2enDes parasias ou 2irais 4ue noreara* pare si(niG&ai2a da produDHo do Studio na dJ&ada de 7KK6. Apesar de nHo eisir u* eo espe&1G&o eorizando esas iner2enDes, os adVei2os 2iral e parasia sHo uilizados @re4uene*ene por A&&on&i nessa Jpo&a. Traa3se, se(undo #ean Sobel, da &on&epDHo de “aos de ar4uieura”, Vá 4ue o @o&o esaria na “aDHo” do ar4uieo 4ue iner2J*, &o*ena e rans@or*a u* espaDo, e nHo no obVeo @1si&o e* si '5665, p.58). O adVei2o parasia re@ere3se a iner2enDes 4ue depende* oal*ene da siuaDHo eisene para se &onsiuir, pois J a parir delas 4ue broa* e &ria* senido. Yá a noDHo de 21rus in&lui a anerior, *as a&res&ena3se u*a deseVada &apa&idade de reproduDHo e auo*ulipli&aDHo, &o*o 2ere*os nos ee*plos a se(uir. Na iner2enDHo “More Speres @or Bappler +all” 'No2a Ior4ue, 7KK3 K) Studio Acconci pare da leiura do lo&al de iner2enDHo, o páio de a&esso pEbli&o lo&alizado e* @rene ao Englis9 Iepartment do !ueens )ollege. * &ada u* dos lados da es&ada de a&esso ao edi@1&io á u*a es@era de &on&reo sobre u* pedesal, *ar&ando u*a enrada *onu*enal. Os pedesais sHo posi&ionados ara2Js do uso da si*eria, u*a espJ&ie de &on2enDHo ar4uie\ni&a desinada a si*bolizar a orde*, “e4uil1brio, ar*onia e esabilidade” e, e* al(uns &asos, in&lusi2e u*a “&risalizaDHo do poder”. AlJ* disso, o posi&iona*eno das es@eras, aos pJs da es&ada, nos re*ee 4uase 4ue in&ons&iene*ene G(ura de dois (uardas &onrolando o a&esso ao edi@1&io, e al2ez @aDa &o* 4ue nos aproi*e*os dele &o* *aior &auela. Traa3se de ouro &-di(o ar4uie\ni&o de &ondua, 4ue pode nos ain(ir in&lusi2e de @or*a in&ons&iene. Anes da iner2enDHo, se(undo A&&on&i, esse espaDo era usado 4uase 4ue e&lusi2a*ene &o*o roa de passa(e*, pois nHo o@ere&ia nenu* ipo de abri(o ao &orpo. A proposa do Studio J 4uesionar e in2erer esas &on2enDes ar4uie\ni&as. Para isso, na área de a&esso ao edi@1&io, ouras see es@eras @eias do *es*o *aerial e &o* diW*eros di2ersos @ora* inseridas Vuno s es@eras eisenes, 4ue @ora* neuralizadas pela
presenDa das ouras, pois odas se ornara* pare de u* *es*o &onVuno. As no2as es@eras 4uebrara* a si*eria e apa(ara* o &aráer si*b-li&o e de&orai2o das pri*eiras, alJ* de dese*penare* a*bJ* u* papel @un&ional: &ada es@era passou por u* pro&esso de &ore e eraDHo de u*a de suas pares, o 4ue per*iiu 4ue @un&ionasse* &o*o ni&os, ban&os, porais, espaDos de re@E(io para u* indi21duo ou para u* pe4ueno (rupo. O inerior das es@eras re&ebeu u*a ilu*inaDHo espe&ial, 4ue *ar&a esses ponos de abri(o durane a noie. Pode*os dizer 4ue ais ni&os se isola* e ao *es*o e*po se ine(ra* ao espaDo onde se en&onra*. Se(undo A&&on&i, al(uns deles @a2ore&eria* in&lusi2e a realizaDHo de ai2idades (eral*ene nHo per*iidas no espaDo pEbli&o. #essa @or*a, proVeo 2ai de en&onro ao seu deseVo de &riar espaDos 4ue @a2oreDa* o desen2ol2i*eno de ai2idades 4ue se &olo&a* enre a es@era pEbli&a e a pri2ada. /sando as pala2ras de A&&on&i &iadas anerior*ene, poder1a*os dizer 4ue no espaDo pEbli&o insiu&ionalizado, li(ado ao !ueens )ollege, a iner2enDHo insere ponos de &onRio, “re&inos es&uros e es@u*aDados” 4ue 4uebra* a 2i(ilWn&ia &onsane e ao *es*o e*po &ria abri(os *ais 1ni*os ao &orpo ou a u* &onVuno de &orpos. Assi*, no inerior do espaDo pEbli&o insiu&ionalizado, a proposa 2isa au*enar as &an&es da o&orrXn&ia do “espaDo ornado pEbli&o” pelo &onRio. A ideia J 4uebrar a unidade e eero(eneidade 4ue *ar&a2a* o espaDo anerior: @m espa$o come$a a tornar-se p;blico quando ele sai de si, separa-se de si mesmo: o espa$o rac9a e se estil9a$a, rasga-se em "ragmentos, em partes separadas. @m espa$o p;blico uni%cado parte-se em espa$os p;blicos m;ltiplos e locais. (A))*+) /002, p.G>4-G>H5 o* u*or, A&&on&i re@ere3se ao proVeo &o*o o “aa4ue dos o*aes assassinos”, e2iden&iando sua noDHo de ar4uieura parasia &o*o u*a aDHo 'de aa4ue) 4ue 2isa rans@or*ar ele*enos si*b-li&os &arre(ados de &on2enDHo ar4uie\ni&a e* espaDos de per*issi2idade, 2iso 4ue ainda nHo á &on2enDes de uso para os ni&os &riados no inerior das es@eras. sraJ(ia se*elane @oi uilizada e* “Par up a 0uildin(” e “+ouse up a 0uildin(” '7KK). Pensados ori(inal*ene para o enro ]ale(o de Are one*porWnea e* Sania(o de o*posela, Acconci Studio proVeou u* espaDo de &on212io 'a praDa) e u* de uso *ais do*Jsi&o 'a &asa) para sere* “pendurados” nos *uros &e(os do *useu. No enano, A&&on&i deGniu o pro(ra*a dos proVeos da se(uine @or*a: “/* par4ue poráil Zou u* &o*pleo de *oradia poráil[ adapá2el parede &e(a de 4ual4uer edi@1&io”, e2iden&iando 4ue a ideia &enral era &riar u* sise*a 4ue ser2isse de ee*plo para
a o&upaDHo de inE*eros *uros &e(os 4ue po2oa* nossas &idades 'AONI in MO/"; 5667, p. 5KQ, 68). A*bos @ora* &on&ebidos ara2Js do sise*a *odular. Os *-dulos, pendurados na pare superior do *uro, se en&aia* laeral*ene de @or*a es&alonada, @or*ando u*a espJ&ie de es&ada &o* de(raus lar(os. Os *-dulos de “Par up a 0uildin(” possue* u* ban&o e* u* dos lados 'o 4ue G&a en&osado na parede) e u* supore do ouro lado para o planio de u*a pe4uena ár2ore. o*o resulado, e*os u* espaDo repeii2o e *odulado e* @or*a de es&ada 4ue nHo le2a a lu(ar al(u*, &o* ban&os de u* lado e 2e(eaDHo do ouro, u*a re@erXn&ia s praDas pEbli&as, *as 4ue possui u*a @unDHo in&era para u* pEbli&o indeer*inado. Yá “+ouse up a 0uildin(” se(ue o *es*o sise*a &onsrui2o, *as possui u* sise*a de &oberura, &apaDHo de á(ua da &u2a, e J pro2ida de *obiliário e e4uipa*enos 1pi&os do espaDo pri2ado de *oradia. No2a*ene &ada *-dulo J pendurado na alura de u* de(rau a&i*a do ouro, &o*o epli&a A&&on&i: “on@or*e 2o&X sobe pela laeral do edi@1&io, 2o&X passa por &ada &\*odo da &asa, dos &\*odos pEbli&os e* direDHo aos pri2ados: de u* a&eno para u*a *esa &o* ban&o, para u* @o(Ho, u* re@ri(erador, u*a pia, u*a du&a, u* 2aso saniário e u*a &a*a”. 'MO/"; 5667, p. 68) Toda a esruura J abera para o espaDo pEbli&o, sendo 4ue pe4uenas di2is-rias ranslE&idas blo4ueia* a 2isHo ao 2aso saniário e du&a. Se(undo o arisa, os dois sise*as pode* ser usados ano Vunos &o*o separados. Apesar de u* represenar a &asa e o ouro o par4ue, re2elando essa di&oo*ia &ulural raDada enre espaDo pEbli&o e pri2ado, a*bos sHo real*ene *uio pare&idos. Pode* ser i(ual*ene des&rios &o*o u*a esruura e* @or*a de es&ada pendurada e* u* *uro, abera para o espaDo pEbli&o e para o uso do pEbli&o, onde sHo &riados pe4uenos ni&os 4ue @a2ore&e* o uso indi2idual ou por pe4uenos (rupos. AlJ* de *osrare* a possibilidade da &riaDHo de espaDos 1bridos enre o pEbli&o e o pri2ado, enre inerior e eerior, esas esruuras a*bJ* o@ere&e* abri(o s pessoas 4ue nHo pode* ulrapassar os *uros, adenrar os espaDos resrios 4ue eles &onX*, e ainda &ria* u* espaDo de indeer*inaDHo para o pr-prio *useu, Vá 4ue o rabalo @oi disposo Vusa*ene no *uro 4ue separa o espaDo do *useu do espaDo da &idade. O ideal do arisa seria espalar eses espaDos de indeer*inaDHo pelo erri-rio, &o*o se @osse* 21rus ou parasias 4ue se inGlra* nas &idades &onsiu1das *aVoriaria*ene por espaDos pri2ados, &ona*inando a l-(i&a 4ue re(e a produDHo ar4uie\ni&a da &idade &one*porWnea. Se a proli@eraDHo dos *uros &e(os J pare inerene desse pro&esso, eles pode* ser aa&ados por 21rus 4ue os
rans@or*a* ao *es*o e*po e* espaDos “de -&io”, de a&esso li2re e uso indeer*inado. Tano “More Speres @or Bappler +all” 4uano “Par up a 0uildin(” e “+ouse up a 0uildin(” @ora* &on&ebidos en4uano aDHo ar4uie\ni&a parasia2ir-i&a: pri*eiro ideniG&a3se u*a l-(i&a 'ar4uie\ni&a) de produDHo do espaDo para 4ue se possa, a parir dela, @azer broar u*a no2a l-(i&a 4ue bus&a 4uesioná3la ou in2erX3la. Ao posi&ionar3se &o*o parasia, a iner2enDHo nHo 2isa eli*inar seu al2o de aa4ue. A proposa do Sudio nHo J desruir as es@eras sobre pedesais 'ou a si*eria ar4uie\ni&a) no pri*eiro &aso ou os *uros &e(os no se(undo. As iner2enDes “aa&a*” o al2o para adi&ionar a ele u*a no2a &a*ada se*Wni&a, 4ue ao *es*o e*po o preser2a, o re2ela ao olar do pEbli&o e o rans@or*a e* oura &oisa. Para Frazer ard '5665, p.K), ais iner2enDes “reX* a possibilidade de u* no2o uso 'pol1i&o) para u* espaDo ani(o”. No enano, nHo se raa de propor '&o*o @re4uene*ene @aze* os ar4uieos) a subsiuiDHo de u* espaDo de(radado por ouro *elor, ou o e*beleza*eno e a *eloria das &ondiDes de uso dos espaDos. Isso por4ue, para o Studio, o proVeo nHo sur(e &o*o resposa 4ue 2isa solu&ionar deer*inado proble*a, *as si* en4uano per(una espe&ulai2a: e se o espaDo @osse pensado de oura @or*a^ A noDHo de 4ue o espaDo de iner2enDHo nHo se resrin(e a u*a lo&alizaDHo ponual espe&1G&a, *as pode ser (eneralizado, @az &o* 4ue 4uesiona*enos se*elanes aos lanDados por esas proposas possa* ser le2ados 'pelos usuários) a ouros espaDos da &idade 4ue apresene* &ara&er1si&as si*ilares. #essa @or*a, os aos de ar4uieura (anaria* u*a espJ&ie de “2ida pr-pria”, 4uesHo 4ue abordare*os adiane. O 4uaro e Eli*o proVeo a ser analisado, “orld in Cour bones”, '7KKQ) le2a a reReHo de A&&on&i sobre o espaDo pEbli&o &one*porWneo aos ere*os. Traa3se de u*a sJrie de painJis i*pressos &on&ebidos para a *osra “Mi&ro Spa&e]lobal Ti*e: An Ar&ie&ural Mani@eso” o&orrida no 6AJ )enter "or Art and Arc9itecture e* Los An(eles e* 7KKK. 'F"A$", 5665) Os painJis re2ela* a &on&epDHo de u*a esruura ridi*ensional &o*plea Gada na ossaura do &orpo u*ano. Os desenos *osra* &o*o os aparaos de proeDHo 4ue pre&isa*os para 2i2er, proVeados pelo Studio, seria* a&oplados nas &osas, &abeDa e *e*bros de u*a pessoa. >uando re&olida, a esruura 4uase nHo seria noada, *as poderia ser ai2ada a 4ual4uer *o*eno. la pro2eria ao &orpo abri(o &onra as ine*pJries, apoio para senar3se ou deiar3se 'ou seVa, subsiuiria o *obiliário), e4uipa*eno indi2idual de ranspore '&orpo doado de rodas para *elorar sua &apa&idade de lo&o*oDHo), e ainda u*a *i&ro &ápsula para a &abeDa, 4ue 4uando a&ionada se
rans@or*aria e* a*biene 2irual inerai2o, abrindo *Ho da ne&essidade de uso de aparelos eler\ni&os &o*o &elular ou &o*puador. +a2eria a*bJ* u*a *a&ro &ápsula 4ue en2ol2eria o &orpo odo, &riando u* espaDo de abri(o *1ni*o, no inerior do 4ual seria poss12el re&eber u*a ou duas pessoas. Toda esruura @oi pensada a parir do &orpo, &on&ebida &o*o u*a *eloria dese, u*a pr-ese para liberá3lo das &on2enDes de uso e de &ir&ulaDHo no espaDo, assi* &o*o da posse dos obVeos: “&o*o u*a araru(a, 2o&X &arre(a sua &asa nas &osas; '_) sua &abeDa J seu es&ri-rio; seu &orpo J sua &adeira; '_) 2o&X J seu pr-prio 2e1&ulo”, de&lara A&&on&i 'in F"A$", 5665, p. U7). Ao ornar3se auossuG&iene, o &orpo se ornaria a*bJ* n\*ade. No enano, a &ondiDHo de parasia nHo J des&arada, Vá 4ue para o esabele&i*eno de u* espaDo de *oradia e*porário, al esruura de2eria se Gar e* edi@1&ios Vá eisenes e uilizar de sua in@raesruura. Poderia ainda se a&oplar a &arros, \nibus ou a2ies, e dessa @or*a &ir&ular li2re*ene 'e de (raDa) por odo espaDo (lobal. Traa3se no2a*ene de u*a rein2enDHo das es@eras pEbli&a e do*Jsi&a, Vá 4ue o &orpo esá se*pre e* sua &asa, e ao *es*o e*po esá se*pre nas ruas, podendo per&orrer o *undo in&essane*ene eou se Gar e* al(u* lu(ar espe&1G&o. Mas essa oal liberdade de uso do espaDo rás a*bJ* perdas e resriDes. ProVeada para indi21duos soliários, a esruura diG&ula so&ializaDHo e @or*aDHo de &o*unidades, de laDos e 21n&ulos &o* lo&ais e pessoas. "eRee, se* dE2ida, a &on&epDHo de A&&on&i sobre a noDHo &one*porWnea de pEbli&o: u*a a(lo*eraDHo de indi21duos isolados. on&epDHo se*elane sur(ia e* ouros &a*pos do &one&i*eno. Para o anrop-lo(o Mar& Au(J, por ee*plo, a 2ida &one*porWnea seria produora de no2as relaDes enre indi21duos e espaDos, 4ue resularia* na proli@eraDHo do 4ue ele &a*a de nHo3lu(ares. Traa3 se, se(undo ele, de espaDos pEbli&os ou &olei2os *ar&ados pelo rWnsio &on1nuo 'de pessoas, *er&adorias, in@or*aDes e i*a(ens), es2aziados de &oneEdo e senido e abiados por seres indi2idualizados represenados por &-di(os 'nE*ero do &arHo de &rJdio, do "], e&): DF o usurio dos n#o-lugares, reduCidos = sua "un$#o de passageiro, de consumidor ou de utiliCador, experimenta uma "orma particular de solid#o. Ie%nido por seu destino, a soma de suas compras ou a situa$#o de seu crédito, o usurio dos n#olugares anda ao lado de mil9es de outras pessoas, mas est sB e s#o os textos (painéis, discos, vídeos5 que se interpe entre ele e o mundo exterior. DF +os n#o-lugares a pessoa n#o se sente em casa, mas n#o se est nunca com os outros. (A@KL, 2>>>, p.2335
Assi*, “orld in Cour bones” apona para os no2os desaGos en@renados pelo suVeio no uso dos espaDos pEbli&os &one*porWneos. sa proposa, no enano, se di@eren&ia das aneriores ao per*ane&er no reino da G&DHo, Vá 4ue nHo á a inenDHo de ee&uá3la. olo&a3se &o*o u* eperi*eno e-ri&o 4ue pare&e inRuen&iado por *o2i*enos &o*o o surrealis*o, 4ue se ineressa2a e* i*a(inar siuaDes de @alXn&ia so&ial, e* 4ue as leis era* en@ra4ue&idas, ou a neo2an(uarda ar4uie\ni&a dos anos 7KU6, 4ue realiza2a proVeos G&1&ios para denun&iar a insensaez de al(uns pro&essos de desen2ol2i*eno urbano, predizendo u* @uuro absurdo para as &idades, lanDando dE2idas e esi*ulando re&onsideraDes sobre os 2alores &ulurais e* desen2ol2i*eno.
ONSI#"A`S FINAIS Ara2Js das proposas analisadas, Acconci Studio bus&a 4uesionar a posiDHo radi&ional do ar4uieo no pro&esso de &on&epDHo e &onsruDHo de espaDos, al*eVando aribuir ar4uieura u*a espJ&ie de “2ida pr-pria” para alJ* de 4ual4uer 21n&ulo auoral ou espa&ial. Ao (anar “2ida pr-pria” a ar4uieura, enendida a4ui en4uano u*a aDHo, (anaria &apa&idade de se auorreproduzir e se *ulipli&ar, &o*o u* 21rus, pelas aDes dos usuários. Nesse senido, os “aos de ar4uieura” nHo sHo &onsiderados u*a aDHo ee*plar, a ser *i*eizada, *as si* u*a aDHo &apaz de desperar o usuário, esi*ulando reRees a&er&a do espaDo pEbli&o de uso &oidiano, re2elando as &on2enDes 4ue re(e* seu @un&iona*eno e &olo&ando o usuário na posiDHo de poen&ial a(ene de rans@or*aDHo do espaDo. “>uere*os 4ue a ar4uieura eseVa nas *Hos das pessoas”, de&larou A&&on&i. 'AONI; IN, 566, p.QU3QQ) #essa @or*a, por *ais 4ue u* espaDo urbano pareDa oal*ene desenado, inalerá2el, &o* re(ras de uso 4ue se ornara* Ho -b2ias e nauralizadas 4ue 4ual4uer 4uesiona*eno pare&e @ora de 4uesHo, as proposas do Studio (uarda* u* noá2el e*peno por re2elar os &ondi&iona*enos 4ue eses espaDos i*pe* e “insinuar” no2os *odos de apropriaDHo da &idade e, &onse4uene*ene, *odos inusiados de ornar espaDos pEbli&os. Nas pala2ras de A&&on&i: Ac9o que 9 um impulso pela desestabiliCa$#o ou pela instabiliCa$#o. A arquitetura é ao mesmo tempo um tipo de desarquitetura. +ossa expectativa é que as pessoas se libertem ao usarem nossas coisas. @m espa$o que é virado pelo avesso, de cabe$a para baixo, ou que vira para os lados, talveC "a$a com que uma pessoa pense que o mundo n#o é t#o %xo quanto parece (A))*+) E+, /001, p.>?->45.
"F"NIAS 0I0LIO]"cFIAS A))*+), '. 6a7ing 8ublic: t9e riting and reading o" public space (2>>G5. n: 6*@ME, K. 'ito Acconci: ritings, or7s, 8rojects. Narcelona: Ediciones 8olígra"a, /002. p. G>3-300. AONI, %. Publi& Spa&e in a Pri2ae Ti*e '7KK). In: 'ito Oannibal Acconci Studio. Museu dAr one*porani de 0ar&elona, 5668. p.873 87. A))*+), '. E+ J. S. Art becomes arc9itecture becomes art: a conversation beteen 'ito Acconci and JennP Sc9ac9ter ien +e Qor7: Springer, /001. A@KL, 6arc. A atualidade da antropologia: o sentido dos outros. Mio de Raneiro: Editora 'oCes, 2>>>. MAEM . 'ito Acconci. Uondon: 89aidon, /00/. 6*@ME, K. 'ito Acconci: ritings, or7s, 8rojects. Narcelona: Ediciones 8olígra"a, /002. S*NEU, I. 'ito AcconciVAcconci Studio: Acts o" Arc9itecture. 6ilau7ee: 6ilau7ee 6useum o" Art, /00/.