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A VIDA É COMO A NEBLINA CATEGORIA: ESPIRITUALIDADE /D EVOCIONAL Copyright © 2004 por Desiring God Foundation Todos os direitos reservados Publicado originalmente pela Multnomah Publishers, Inc. Título original: Life as a vapor Coordenaç ã o edi torial: Silvia Justino Colaboraçã o: Rodolfo Ortiz Traduç ã o: Célia Clavello Preparaçã o de texto: Rodolfo Ortiz
Renata Bonin
Revisã o: Theófilo Vieira Supervisã o de produç ã o: Lilian Melo Capa: Douglas Lucas
Os textos das referências bíblicas foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada. 2ª ed. (Sociedade Bíblica do Brasil), salvo indicação específica.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação ( CIP ) (Câmara Brasileira do Livro, SP , Brasil) Piper, John, 1946- . A vida é como a neblina : meditações para revigorar a fé / John Piper ; traduzido por Célia Regina Chazanas Clavello. — São Paulo : Mundo Cristão, 2005. Título original : Life as a vapor : thirty one meditations for your faith. Bibliografia. ISBN 85-7325-426-2 1. Calendários devocionais 2. Conduta de vida 3. Deus — Amor 4. Espiritualidade 5. Fé 6. Meditações I . Título. II . Título: meditações para revigorar a fé. 05-6051
CDD - 242.2
Índice para catálogo sistemático
1. Fé : Reflexões : Conduta de vida : Cristianismo 242.2
Publicado no Brasil com a devida autorização e com todos os direitos reservados pela: Associação Religiosa Editora Mundo Cristão
Rua Antonio Carlos Tacconi, 79 – CEP 04810-020 – São Paulo – SP – Brasil Telefone: (11) 5668-1700 – Home page: www.mundocristao.com.br Editora associada a:
• Associação Brasileira de Editores Cristãos • Câmara Brasileira do Livro • Evangelical Christian Publishers Association
A 1ª edição foi publicada em setembro de 2005, com uma tiragem de 5.000 exemplares. Impresso no Brasil 10 9 8 7 6 5 4 3 2 1
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Com gratidã oà s crianças, atravé s de cujos funerais tenho aprendi do a dolorosa liçã o de que, curta ou longa, a vi da é como a neblina.
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Vós nã o sabeis o que sucederáamanhã . Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se di ssipa.
Tiago 4:14
su m á r i o
Uma palavra ao leitor
1. 2. 3. 4. 5. 6.
Importa o que os outros pensam? Sofrimento, misericórdia e pesar celestial Os olhos são a lâmpada do corpo Minha vida é como a neblina A cor favorita de Deus Acabe com a ira antes que ela acabe com você ou com seu casamento 7. “Concedeste porque tu ordenaste, e ordenaste o que tu desejaste” 8. Terminamos com gratidão, começamos pela fé 9. Gloriar-se no ser humano resulta em dupla rejeição 10. Tudo o que receberemos é misericórdia 11. Um chamado para os cristãos “coronários” 12. Deus não é enfadonho 13. Ação de graças pela vida dos santos falhos 14. Por que Satanás foi deixado na Terra 15. O caminho da sabedoria pode não ser o mais frutífero para a glória de Deus 16. As tempestades são o triunfo de sua arte 17. A importância de aprender a história
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18. Já: defini tiva e irrevogavelmente livres; não ainda: final e perfeitamente livres
19. Se você quer amar, deve morrer para a lei 20. Como o teísmo aberto nos ajuda a ocultar nossa idolatria interior 21. Como questionar a Deus 22. Por que não digo: “Deus não causa a calamidade, mas pode usá-la para o bem”? 23. Promessas doadoras de esperança para triunfarmos sobre o pecado 24. Jonathan Edwards e a mente de um peregrino 25. Semeado em desonra, ressuscitado em glória 26. O árduo fruto do autocontrole 27. Pensando sobre os pensamentos de Deus 28. A busca de Deus para que o adoremos é uma atitude vã? 29. Removendo a presunção da nossa influência cultural cristã 30. As doces ordens de Deus a demônios, ventos, corvos e ao amor 31. Cristo sofreu e morreu para nos libertar dos males do mundo atual
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U m a pa l av r a a o l ei t o r
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Filho de Deus não é uma neblina. Ele é uma realida de sólida, sem começo nem fim. Seu nome é Jesus Cristo. Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre. Ele olhou seus discípulos nos olhos e disse sem ironia ou exagero: “Antes que Abraão existisse, eu sou”. Mas, e quanto a nós, uma vez que não éramos e agora existimos? O nascimento de todos os meus cinco filhos me surpreendeu. De repente, minha esposa estava grávida. Um ser humano estava vindo à existência. Por quanto tempo?Para sempre. Seja no céu ou no inferno, não há como deixar de existir, pois assim não haveria alegria para aqueles que amam a Deus, nem punição para aqueles que não o amam. Você existirá para sempre. Não adianta protestar que você não pediu para nascer ou que não gostaria de existir. Isso não é uma opção. Você e Deus estão no Universo para permanecer, seja como amigos, sob os termos divinos, ou como inimigos. Como isso se dará é estabelecido nesta vida. E esta vida é uma neblina. Apenas dois segundos, e nós teremos partido, para o céu ou para o inferno. “Quanto ao homem, os seus dias são como a relva; como a flor do campo, assim ele floresce; pois, soprando nela o vento, desaparece; e não conhecerá, daí em diante, o seu lugar” (Sl 103:15,16).
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Jesus Cristo veio a este mundo passageiro, decadente e inconstante, e realizou a maior obra que poderia ser feita. Como perfeito Filho de Deus, ele morreu em nosso lugar, absorveu a ira de Deus, sofreu pelo pecado, proveu a justiça da lei e ressuscitou invencível da morte — tudo isso numa vida passageira como neblina, que durou 33 anos. Por causa disso, temos algo firme em que nos apegar: “seca-se a erva, e caem as flores, soprando nelas o hálito do SENHOR. Na verdade, o povo é erva;. seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a palavra de nosso Deus permanece eternamente” (Is 40:7,8). O evangelho é sólido e eterno. Peço em minhas orações que essas meditações na Palavra de Deus o conectem à alegria eterna e tornem a neblina de sua vida um eterno aroma de louvor para a glória de Cristo. John Piper
I m po r t a o q u e o s o u t r o s pen sa m ?
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vida é muito curta para perdermos tempo e energia nos preocupando com o que os outros pensam a nosso respeito. Ou será que deveríamos nos preocupar com os julgamentos alheios justamente porque isso é de fato importante nesta vida curta?Deveríamosnoslibertar radicalmentedaquilo queosoutrospensam, eassim não sofrer a acusação de ser inseguros, escravos das opiniões alheias e da conveniência?Ou deveríamos atentar para a opinião das pessoas para que não sejamos acusados de ser grosseiros, insensíveis e rudes? A resposta não é simples. Alguns textos bíblicos parecem dizer que o que os outros pensam é importante. Outros, porém, parecem dizer o contrário. Por exemplo, Jesus nos alertou: “Ai de vós, quando todos vos louvarem! Porque assim procederam seus pais com os falsos profetas” (Lc 6:26). Seus inimigos perceberam que o pensamento alheio era-lhe indiferente: “Mestre, sabemos que és verdadeiro e não te importas com quem quer que seja, porque não olhas a aparência
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dos homens; antes, segundo a verdade, ensinas o caminho de Deus; é lícito pagar tributo a César ou não?” (Mc 12:14). Paulo afirmou que, se tentasse agradar aos homens, não estaria servindo a Cristo: “Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus?Ou procuro agradar a homens?Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo” (Gl 1:10); “pelo contrário, visto que fomos aprovados por Deus, a ponto de nos confiar ele o evangelho, assim falamos, não para que agrademos a homens, e sim a Deus, que prova o nosso coração” (1Ts 2:4). Assim, parece que os cristãos não devem se preocupar muito com o que os outros pensam. Provérbios 22:1, entretanto, diz: “Mais vale o bom nome do que as muitas riquezas; e o ser estimado é melhor do que a prata e o ouro”. Isso parece mostrar que a reputação é, sim, importante. Paulo era cauteloso quanto a sua credibilidade ao manusear o dinheiro que recolhia para os pobres: “evitando, assim, que alguém nos acuse em face desta generosa dádiva administrada por nós; pois o que nos preocupa é procedermos honestamente, não só perante o Senhor, como também diante dos homens” (2Co 8:20,21). Importava o que os homens pensavam. Paulo proferiu à igreja romana: “Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao próximo no que é bom para edificação” (Rm 15:1,2). Ensinou que uma das qualificações necessárias ao presbítero é ser “irrepreensível” (1Tm 3:2), inclusive entre os descrentes: “Pelo contrário, é necessário que ele tenha bom testemunho dos de fora, a fim de não cair no opróbrio e no laço do diabo” (1Tm 3:7). Semelhantemente, Pedro nos desafiou a ponderar sobre o que pensam as pessoas de fora: “mantendo exemplar o vosso procedimento
I MPORTA
O Q U E O S O U T R O S PENSAM
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no meio dos gentios, para que, naquilo que falam contra vós outros como de malfeitores, observando-vos em vossas boas obras, glorifiquem a Deus no dia da visitação” (1Pe 2:12). Como, então, resolver o aparente dilema entre esses dois grupos de passagens bíblicas? Será resolvido ao perceber que o nosso alvo na vida é que “será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte” (Fp 1:20). Em outras palavras, como diz Paulo, o que realmente importa é o que os outros pensam a respeito de Cristo . A salvação deles depende daquilo que pensam de Cristo. Nossa vida é uma demonstração da verdade e beleza de Jesus. Assim, devemos nos importar com o que os outros pensam de nós como representantesde Cristo . O amor requer isso. Não devemos, contudo, nos importar muito com o que os outros pensam de nós, para o próprio benefício. Nosso interesse final é a reputação de Cristo, e não a nossa. A atenção não recai sobre o valor, a excelência, a virtude, o poder ou a sabedoria que possuímos. Ela recai sobre o fato de Cristo ser honrado pela maneira como as pessoas nos vêem. Você acha que o modo como vivemos confere boa reputação a Cristo?Será que a excelência de Cristo está sendo demonstrada em nossa vida?É isso que deve nos interessar, e não se nós mesmos estamos sendo aplaudidos. Há, porém, outro ponto fundamental: a prova de nossa fé pela demonstração da verdade e beleza de Cristo em nossa vida não está na opinião dos outros. Queremos que eles vejam Cristo em nós e o amém (e talvez, quem sabe, até nos aprovem também). Quando João Batista disse: “Convém que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30), ele falou em nome de cada cristão verdadeiro. Devemos insistir em sermos menores do que Cristo. No que depende de mim, fico atento em ser menor do que Cristo para as pessoas.
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Sabemos, entretanto, que os outros podem estar cegos para a realidade espiritual e resistirem a Cristo. Assim, eles podem pensar mais a nosso respeito do que pensam a respeito dele. Ou podem pensar menos de nós do que pensam nele, não porque pensem bem deCristo, mas, como o próprio Senhor disse, “Sechamaram Belzebu ao dono da casa, quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10:25). Podem pensar que Cristo é um demônio e nós, coisas ainda piores. Jesus queria que os homens o admirassem e confiassem nele. Essa teria sido a salvação deles. Cristo, porém, não mudou a si mesmo para conquistar a aprovação das pessoas. Nem nós podemos mudar quem Jesus é e o que nós somos através dele. Sim, queremos que as pessoas nos olhem com aprovação quando estamos demonstrando que Jesus nos é infinitamente valioso. Contudo, não podemos tomar a opinião dos outros como medida da nossa fé. Eles podem estar cegos e resistir à verdade. Assim, a reprovação que carregamos não é sinal de nossa falta de fé ou de amor. Pai, à s vezes o caminho de Cristo é complexo para nossa mente finita e manchada pelo pecado. Perdoa-nos pelas vezes em que temos justificado nossa vai dade em nome de uma boa reputaçã o. Ó Senhor, concede-nos, nesta vida tã o breve, a sabedoria e a coragem de agradar aos outros, ou nã o lhes agradar, apenas pela causa de Cristo e nã o para nosso próprio louvor. Em nome de Jesus. Amé m.