A Magia do Destino Rae Morgan
Livro Um da Série A Irmandade do Lobo 2
Tradução: Ilnete Revisão: Jack Foss Leitura Final: Josi T.
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Sinopse
Drake Morgan é um bruxo. Também é o líder do maior e mais poderosa Irmandade nos Estados Unidos. Enquanto luta contra inimigos, tanto externos quanto internos, continua sua busca por uma mulher, seu complemento, aquela que pode ajudá-lo a proteger seu povo das maquinações obscuras de um seguidor distorcido da Magia do Caos. Desde a mudança para Chicago, para tomar posse da herança de sua avó, Rhea Brown tem ouvido vozes estranhas e experimentado fenômenos que não podem ser explicados de forma racional. Sua mente de advogada cínica diz que ela está super estressada e imaginando coisas. Quando um amante de cabelos escuros começa a visitá-la em seus sonhos, tanto dormindo quanto acordada, descobre que a magia pode ser real.
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Capítulo 1
O líder de uma Irmandade quando se emparelha é por toda a vida. Uma vez que o relacionamento tenha sido consumado, nenhum poder dentro ou fora desse mundo pode desafiar o poder do líder. _Regras do Covendom, página 5.
01 de Outubro. Escritório de advocacia, de Galway, Headley e Monroe.
Mandrake Morgan desceu as escadas no interior do escritório de advocacia, com os pés mal tocando os degraus acarpetados. A ira vertia dele como ondas, fazendo vibrar as grades de metal e fazendo com que o ar em torno crepitasse silvo e eletricidade. Ele estava prestes a perder seu tão aclamado controle e não seria capaz de explicar como ele sobreviveu à morte e destruição que certamente seguiria. Ele fez um grande e consciente esforço para esfriar seus poderes sobrenaturais. Como CEO da Morgan Ltda, a empresa de cobertura para a Irmandade do Lobo, o maior grupo de bruxos no Meio Oeste dos 5
Estados Unidos, fez todo o possível para evitar que os humanos percebem que a Morgan Ltda não era nada mais do que parecia. Um extenso corporativo internacional para uma ampla diversidade de empresas e possuidores de propriedades. Embora muitos dos funcionários da empresa e empreiteiros independentes
fossem
humanos,
o
escalão
superior
da
administração no império mundial constava de bruxos, com algumas alterações no interesse da diversidade, todos os diretores e conselheiros eram da família. A reunião de Drake com Seb Headley, um humano consultor jurídico da Morgan Ltda, tinha sido realizada para analisar os problemas graves que a empresa tinha experimentado nos últimos meses. A reunião de hoje foi ocupada principalmente da informação do contrato de licitação, que foi vazada por alguém de dentro para as empresas concorrentes. Depois de alguns segundos conversando com Seb, os poderes empáticos de Drake lhe revelaram que o humano mentia. Os quem, quando, onde e por quês, escapavam completamente de Drake. Drake poderia ser empático, mas suas habilidades de leitura da mente só tinham se estendido à sua mãe. A única coisa concreta que pôde deduzir de sua capacidade psíquica é que Seb Headley sabia mais do que ele estava dizendo. Durante os últimos seis meses, Drake tinha utilizado o advogado para armar as ofertas contratuais para os projetos de construção em lugares remotos da Morgan, do mesmo modo que tinha usado previamente o Headley pai, o Headley no cabeçalho da assinatura, antes que este morresse. Algo sobre o Headley mais jovem sempre 6
lhe tinha incomodado, mas nunca tinha conseguido precisar com exatidão o que era. Agora,
parecia
que
os
problemas
que
a
Morgan
Ltda
experimentava, poderiam estar vinculados diretamente com o advogado que estava assumindo o controle jurídico de seu negócio. Enquanto Drake caminhava através do labirinto de escrivaninhas e corredores do escritório de advogados, esforçava-se por conter sua crescente ira pela traição. Examinou-o mentalmente e então rechaçou várias formas de dirigir o problema. Converter Headley em um inseto e fazê-lo pedaços era uma solução satisfatória, mas não era prática e violava a doutrina da Irmandade de "não fazer o mal". Além disso, Drake reconheceu que o problema se estendia muito além do bastardo mentiroso de seu advogado. Tinha sido óbvio para a liderança da Irmandade que havia um traidor ou traidores em seu seio. Quase ao mesmo tempo em que Headley Jr. tinha assumido o cargo de advogado, a parte sobrenatural da Irmandade também tinha experimentado alguns problemas. Várias das bruxas mais jovens tinham desaparecido. Em seguida, o grupo de segurança da Irmandade notou que alguém estava jogando com as salas de proteção colocadas na sede principal da Morgan Ltda. Feitiços que causavam doenças e desavenças tinham sido jogados em várias áreas do edifício, causando pequenos problemas e desempregos. Embora facilmente reversíveis, o fato de que alguém tinha sido capaz de quebrar os amparos de segurança do edifício tinha 7
causado
alarme.
E
ultimamente,
e
provavelmente
o
mais
problemático de tudo, alguém tinha estado mudando o ambiente exterior do edifício. Enquanto que toda a Avenida Michigan experimentava um dia ensolarado, estaria nublado e chuvoso sobre a Morgan Ltda, tal fenômeno não podia ser explicado sempre por efeito do lago. Alguém estava tentando fazer mal a Irmandade do Lobo e seus seguidores, mediante a exposição de suas habilidades incomuns. Os anciões temiam que o caos então sobreviesse e faria que os julgamentos das bruxas de Salem parecessem um jogo de crianças. Drake e os anciões só podiam concluir que alguém dentro da Morgan Ltda tinha executado a magia negra ou proporcionado informação para alguém de fora para permiti-lo quebrar a segurança. Estava seguro de que Warrick Bettencourt, um espinho no flanco do clã, desde que foi expulso do conselho de liderança por pregar o uso da magia do caos, estava por trás de tudo isso. Como líder da Irmandade do Lobo e CEO da Morgan Ltda, Drake não podia adiar mais. Precisava tomar uma ação direta. O problema era que não estava muito certo do que fazer. Refletindo sobre suas possíveis ações, moveu-se através dos corredores como se estivesse em transe. Justo quando chegava à área de recepção, sentiu uma presença que empurrou todos os pensamentos sobre os traidores e Seb Headley fora de sua mente. Era a de um projetor forte nos níveis inferiores do plano astral. 8
Apesar de que não era raro para Drake como um bruxo poderoso encontrar corpos etéreos no plano alternativo, geralmente estes encontros ocorriam quando estava relaxado ou adormecido. Quase nenhum deles era o suficientemente decidido para atrair a atenção de sua mente consciente, e quando o eram, os encontros usualmente pressagiavam o mau ou perigo. Este contato não era nem mau nem perigoso. Mas, de algum jeito, tinha agarrado sua mente consciente e deixado um rastro indelével de sua essência. Não se parecia com nada do que alguma vez tinha experimentado. A energia era forte, de natureza feminina, uma chamativa aura de cor azul esverdeada sustentada com uma suave e cálida brisa de ar. Como o sopro de uma brisa do verão. Não era óbvio, a propósito, que o estava procurando. Simplesmente era. Tendo em conta o fato de que a energia era forte e pura, a fonte da projeção tinha que estar perto, dentro de um dos escritórios de advogados. Drake tinha que encontrá-la, não porque ela fosse um projetor forte, mas sim porque sua mente consciente se ligava a dele, algo que só ocorria entre uma mãe e seu filho durante os anos da pré adolescência de um bruxo. Segundo as lendas, essa vinculação só poderia ocorrer em outro possível momento. Fragmentos das histórias relacionadas com ele quando estava no colo de sua mãe cruzaram por sua mente.
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“Para um líder hereditário masculino do clã, há uma, apenas uma companheira... nem todos os líderes da Irmandade estão destinados a conhecer seu par perfeito... aqueles que o fazem a reconhecerão pela vinculação de suas mentes... um vínculo telepático completo e total, que em controle de um bruxo experiente pode conduzir a um total conhecimento um do outro... um líder da Irmandade que se emparelha com seu complemento está emparelhado para toda a vida... uma vez que a relação era consumada, nenhuma força dentro ou fora deste mundo poderia desafiar o poder do líder”. Um calor satisfatório parecido ao desejo e a pura possessão primordial masculina se estendeu por seu corpo. Minha! Ela é minha! Fosse quem fosse, sua forte magia complementava a dele, e, se as lendas eram verdadeiras, ela seria sua futura esposa. Enquanto espreitava pelos corredores, manteve e fortaleceu o vínculo até que esteve na mente dela, enquanto protegia seus pensamentos dela. É curioso como as velhas habilidades que usava quando era um menino para ocultar coisas de sua mãe voltavam para ele com tanta facilidade. Usando os pensamentos, sentimentos e impressões sensoriais de sua companheira, concentrou-se nas pistas para localizar seu paradeiro no grupo de escritórios. Olhando através de seus olhos, observou uma pequena loira sentada frente a ela. A mesa era barata. A habitação tinha uma
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geladeira e um micro-ondas. O espaço tinha que ser uma sala de descanso para empregados. Drake perguntou a um trabalhador que estava passando onde ficava a sala de empregados, então se apressou para lá. A porta estava fechada. Maldita seja! Queria vê-la. Demônios! A quem queria enganar? As urgências territoriais masculinas tão antigas como o tempo pulsavam através dele. Queria jogá-la ao chão e logo afundar seu duro membro nela até que não soubesse onde terminava ele e começava ela. A lenda não lhe havia contado toda a história. A conexão era mais que mental. Era uma urgência primitiva e forte pulsando em sua mente e corpo. Sua necessidade de emparelhar-se, de reclamá-la, era entristecedora. Controlou-se para isolar as ânsias. Estava absolutamente seguro de que ela não ia apreciar que um estranho a conhecesse carnalmente antes que sequer fossem apresentados. O melhor era se ocultar e utilizar a conexão especial que tinham para escutá-la às escondidas. Investigando o corredor, Drake viu uma porta fechada com uma fechadura. Com um pouco de magia, abriu a porta e deu uma olhada no interior, era um armário de armazenamento. Perfeito! Quando ela saísse poderia abrir uma fresta da porta e ver como era. Não que importasse sua aparência no grande esquema
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das coisas, segundo a lenda, ela era a sua oportunidade de poderes ilimitados de magia. “Realmente, Rhea. O que te interessa? Afinal de contas, o pescoço de Seb Headley está na mesa de decapitação no que diz respeito aos contratos Brewer”. Disse a pequena loira. “Cyn, Seb vazou os termos da oferta da Morgan para a ABC. E não é só isso, ele mudou os termos que eu tinha originalmente feito com o grupo de gestão de construção da Morgan, de modo que, mesmo se a ABC arruína, ainda teriam uma melhor chance de ser a oferta mais baixa.” Disse Rhea enquanto jogava algo na mesa entre as duas mulheres. “Olhe por si mesmo. Eu encontrei a cópia alterada na pasta de Seb quando eu fui buscá-la para a reapresentação.” “Maldito seja! Seb custou ao Sr. Morgan um acordo de vários milhões de dólares. Alguém tem que dizer isso ao senhor Morgan. Afinal de contas, ele é nosso cliente. Rhea. Sua mente sussurrou seu nome. Mãe dos Deuses! E ela tinha provas de que Headley tinha mentido sobre as relações comerciais da Morgan Ltda. A cabeça de Rhea virou como se estivesse procurando alguma coisa na sala. Ela o tinha ouvido falar! Seus escudos tinham escorregado. Seria melhor ter mais cuidado. Ele sentiu o desconforto dela ante o intercâmbio telepático. Algo sobre sua inquietude o molestava nas bordas de sua mente. Ela parecia assustada. Mas eram os crimes de Headley ou a intrusão dele em sua mente o que causou seu temor? 12
“Que aconteceu?” Perguntou Cyn. “Ouviu alguém dizer meu nome?” Ele franziu o cenho. Ela atuava como se nunca tivesse tido essa experiência antes. Teria sido sua mãe uma humana? Isso poderia explicá-lo. As jovens bruxas não se vinculavam com seus pais. “Não. Você só está assustada com toda esta merda de intriga e mistério. Ficaria fora disso se fosse você. Mandrake Morgan pode encarregar-se ele mesmo de qualquer coisa que ameace sua companhia.” Disse Cyn. “Já viu esse homem? Assusta-me de morte.” “Não, nunca conheci o Sr. Morgan.” Disse Rhea. “De todo modo, não importa se ele pode encarregar-se ou não. O que Seb está fazendo não está certo. Tenho que fazer algo, ou não serei capaz de olhar-me no espelho a cada manhã. Se o senhor Galway estivesse na cidade, iria imediatamente a ele. Já que não está, terei que esperar.” “Cuida de suas costas, amiga. Se Seb descobre, bom, pode ser um verdadeiro bastardo quando se exaspera.” “Que pode fazer? Fazer que me demitam? Não acredito”. Rhea passeou pela sala. Seus rápidos movimentos fizeram que Drake se enjoasse por seguir seus passos. Ela continuou. “Pelo amor de Deus, Seb acaba de violar todo um desastre de normas éticas legais. Terá sorte se não fica inabilitado, sem mencionar expulso da empresa.”
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“Isso não foi o que quis dizer. Ele pôs uma das outras sócias femininas, Miranda Richardson, no hospital.” “Escutei que tinha sido por causa de um problema familiar.” “Creio que pode se chamar assim. Bem, Seb a deixou grávida. Ela cometeu o erro de pensar que ele seria responsável e faria o correto. O idiota a golpeio tão forte que teve um aborto.” “Oh, meu Deus!” Disse Rhea. “Bem, essa é uma razão a mais para denunciar o bastardo. Mas, prometo que deixarei que Galway faça a confrontação real. Que te parece isso?” Drake grunhiu baixo em sua garganta. Seus fortes instintos protetores não queriam Rhea em qualquer lugar perto de Seb Headley. Mas se deu conta de que até que o conhecesse e aprendesse a confiar nele, não podia fazer muito para controlar a quem via, o que fazia ou deixava de fazer. “Sugiro que se vá, talvez umas longas férias, até quando isso passe. Mesmo que quem o confronte seja Galway, será a número um em sua lista de ser golpeada.” A Drake lhe agradava a forma em que pensava a loira. Esperava que Rhea escutasse os bons conselhos de sua amiga. Mas uma sensação que já tinha recolhido de seu vínculo com ela lhe disse que
faria
o
que
considerava
correto.
Sem
importar
as
consequências. As duas mulheres se levantaram para sair. Drake abriu um pouco a porta da sala de armazenamento. A pequena loira saiu primeiro. Junto à pequena e arredondada Cyn, Rhea parecia uma amazona
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num traje de negócios, alta, escultural, com o cabelo vermelho como chamas e olhos verdes. Era uma deusa. Sua deusa. Enquanto as mulheres passavam diante de seu esconderijo para a parte frontal do grupo de escritórios, Rhea parou com a cabeça inclinada como se estivesse procurando algo. Ele sufocou um ofego. Seu desejo devia ter se filtrado para ela de alguma maneira. Ela sentiu que alguém a estava observando, mas tinha medo de parar e olhar ao redor. Medo do que ia ver ou, melhor dito, do que não veria. Quando Cyn chamou a atenção de Rhea, Drake fechou suavemente a porta. Querendo provar a receptividade dela aos seus pensamentos, deixou cair seus escudos e projetou uma imagem de si mesmo olhando-a, mas da porta da sala de descanso. Ela abriu a boca e depois deu meia volta. Ficou olhando a porta aberta da sala. Através da porta da habitação de armazenamento, ouviu Cyn perguntar: “Rhea? Que acontece? Parece como se tivesse visto um fantasma”. “Nada. Senti como se alguém estivesse nos olhando caminhar pelo corredor”. “Provavelmente é um dos garotos do escritório. A maioria são pervertidos. Ignora-os. Se perceberem que podem te assustar, vão seguir fazendo-o”. “Estou certa de que tem razão”. 15
As duas mulheres seguiram seu caminho. Mas Rhea não tinha acreditado na explicação de sua amiga. “Quem é? Onde está? Por que está em minha mente? Não é a voz que escuto em minha casa... Estou ficando louca? A resposta picou em seu cérebro como granizo. Ela estava aborrecida e assustada. “Paciência Rhea”. “Não tenho opção neste assunto?” “Nenhuma”. Sua resposta foi um grito silencioso de frustração que percorreu a espinha dorsal dele como uma descarga elétrica. Rhea era uma bruxa de boa-fé – nenhum sangue não bruxo em suas veias. Ele teria apostado sua reputação como um poderoso mago nesse fato. No entanto, sua falta de experiência com as comunicações
telepáticas
impregnava
suas
perguntas
e
pensamentos, levando-o à conclusão óbvia. Ela não sabia o que era! Mas ele sabia. Ela era seu complemento, a outra metade bruxa que o converteria em um todo. Sua companheira destinada por direito de nascimento e da Deusa, foram unidos entre si com tanta força como um bruxo e uma bruxa poderiam alguma vez estar. Inclusive o vínculo entre uma bruxa mãe e seu filho não era tão forte. E o vínculo se fortaleceria mais quando se unissem, emparelhassemse. A lenda dizia que só tinha um par verdadeiro, o complemento, para cada líder de clã. 16
Muitos líderes hereditários nunca encontravam sua companheira. Historicamente, esses líderes não mantinham seu poder sobre seus clãs. Sempre tinha alguém mais poderoso, mais ambicioso, esperando às suas costas. Alguém como Warrick Bettencourt. Drake não tinha intenção de perder sua posição. Rhea era a chave. Antes que Drake saísse correndo do escritório de advogados, perguntou à recepcionista sobre Rhea. O único que conseguiu foi seu sobrenome, Brown, e que era uma advogada, uma das novas sócias atribuídas a Seb Headley. O que explicava como ela tinha descoberto que Seb estava traindo a companhia de Drake. Frustrado
e
investigadores
precisando particulares
saber
mais,
no
trabalho
planejava de
pôr
seus
comprovar
os
antecedentes dela. Não lhe importava onde, nem quem, nem sequer qual clã. Só queria ter todos os fatos a respeito de sua futura noiva. Então, a faria sua. Enquanto saía do elevador e se dirigia ao vestíbulo principal, observou Rhea saindo do edifício. Depois de uma viagem rápida através de seus pensamentos, descobriu que ela ia para casa e tinha a intenção de caminhar. Ele a seguiria, para ver onde vivia. Durante a viagem até sua casa, tinha um experimento a mais para comprovar, e até que fizesse um amuleto de algo dela ou se emparelhassem, necessitaria proximidade para o vínculo.
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Com a multidão da Avenida Michigan provendo cobertura, poderia aproximar-se sem que ela o visse. Se tudo fosse como esperava, conheceria-o no plano astral, antes que o conhecesse carnalmente.
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Rhea o tinha detectado. Quem quer que fosse, tocou sua mente no corredor. Como sabia que era uma presença masculina não estava muito segura. Entretanto, reconheceu que essa voz era diferente das outras que tinha estado ouvindo. Nada a respeito destes sentimentos que tinha experimentado era certo ou inclusive lógico. Os acontecimentos estranhos e inexplicáveis se originaram com sua mudança a Chicago para a antiga casa de sua avó no Lincoln Park. O fenômeno se intensificou depois que tinha começado a trabalhar para a Galway, Headley e Monroe, mais particularmente, quando tinha começado a trabalhar com os empregados da Morgan Ltda nos projetos de bens raízes da empresa. Vozes. Imagens. Sentimentos. Sensações físicas. Nenhuma delas eram suas. Então, tinha encontrado o quarto secreto em sua casa. Os velhos livros empoeirados com a escritura à mão de sua avó Elspeth, nas bordas. Os cristais e amuletos por ali. O quarto tinha irradiado sentimentos de antecipação com sua chegada, e então alivio quando tinha entrado. 18
Temerosa de como a fazia sentir isso, ou o que poderia descobrir sobre si mesma, tinha fechado o quarto de novo e se negou a voltar a entrar ali. E, em geral, tinha arrumado para evitar a tentação de investigar os estranhos impulsos e as vozes solicitando-a do quarto secreto. Mas então, aconteceu isso. O toque de um homem em sua mente. Uma voz de homem dizendo seu nome. Outro sentido de antecipação, este sustentado com um sentimento sexual, e de propriedade. No topo da situação com a traição de Seb Headley e de sua decisão de dizer a seu chefe a respeito disso logo que fosse possível, tinha medo de que tivesse que procurar ajuda para seus nervos. Tinha medo de que estivesse ficando louca. Empurrando seus devaneios inquietantes a um lado, examinava as calçadas abarrotadas e não encontrou ninguém lhe dando atenção especial. Mas se sentia como se alguém a estivesse observando. Estremeceu. Se era pelo forte vento no lago ou por medo, não sabia, mas se adiantou e puxou seu casaco de pele de cordeiro mais perto ao redor de seu corpo. Ao menos, podia fazer algo a respeito das sensações físicas. Rhea caminhou rapidamente ao longo da avenida. A caminhada para casa por longo tempo no ar fresco do outono deveria lhe esclarecer a cabeça. Então, imagens de dois corpos nus brilharam ante seus olhos.
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Uma fêmea. Um macho. O rosto da mulher estava distorcido por uma neblina de cor azul esverdeado brilhante e luz dourada esbranquiçada, a do homem estava coberta por uma bruma similar, violeta escuro colorido, manchado com vermelho. O cabelo da mulher que jazia sobre o peito do homem era vermelho, como o dela. O sinal no peito da mulher era idêntico ao que ela tinha. Dedos gelados de reconhecimento se envolveram ao redor dela, detendo seu movimento para frente. A mulher era ela! As pessoas tropeçaram e caminharam a seu redor, mas não podia mover-se do lugar. Não podia falar. Não via o que havia a seu redor. O ruído e o bulício da Avenida Michigan retrocederam a um simples ruído de fundo. Sua mente, todo seu ser, obcecado com as imagens eróticas passando através de sua cabeça. Logo vieram as sensações físicas, sexuais. O sangue correu por sua genitália, deixando-a enjoada. Seu clitóris palpitava com crescente tensão, sua vagina pulsava, à espera de ser preenchida. Sua respiração se voltou em rápidos ofegos. O coração lhe pulsava na cabeça. A antecipação era insuportável.
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Não
podia
fazer
nada
para
fazer
que
as
sensações
desaparecessem ou, melhor ainda, procurar a satisfação que desejava. Impotente, ficou imóvel enquanto o macho em sua visão estendia as coxas de seu alter ego. “Sim! Por favor? Faça com que a dor desapareça”. “Como queira, Rhea”. Minha! O homem entrou na etérea Rhea. Imediatamente um orgasmo se apoderou dela e não se parecia com nenhum que tivesse tido alguma vez. Foi tão potente que gritou, sem se importar que as pessoas ao redor dela se afastassem para evitá-la enquanto se dobrava e abraçava a si mesmo. Estremeceu e gemeu enquanto onda após onda de um orgástico prazer se estendia por seu corpo físico. “É minha!” Então, tão rápido como tinha acontecido, tudo tinha terminado. “Senhorita? Está bem?” Uma voz se abriu caminho através de sua lassidão pós orgástica. “Devo chamar uma ambulância?” A pessoa que falava lhe tocou o braço. Ela estremeceu e se afastou dele. Inclusive através do grosso casaco, seu braço estava ainda muito sensível da acumulação sexual e libertação.
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“Não. Não. Estou bem. Tenho que chegar em casa”. Ela se endireitou. Concentrando-se em acalmar sua respiração, voltou-se para o jovem e tratou de sorrir. “Pode chamar um táxi, por favor?” O jovem, com um olhar de preocupação em seu rosto, parecia aliviado de que pudesse fazer algo. Ou, talvez só estivesse aliviado de que a louca tivesse recuperado o controle. “Claro. Só fique aqui”. O bom samaritano baixou da calçada para chamar a atenção de um táxi. Enquanto o fazia, Rhea lutava para recuperar certa aparência de sua placidez habitual. Quando ele regressou para ajudá-la a entrar no táxi, sorriu para valer desta vez. “Obrigada”. Apertou cinquenta dólares em sua mão. “Não, não preciso disso”. Mas mentia. De alguma maneira, tinha sentido sua fome desesperada quando a tinha tocado. Ele tinha perdido seu trabalho. Malditos sentimentos. Como demônio tinha sabido disso? Que lhe acontecia? Estremeceu e sacudiu as perguntas. Na metade de uma concorrida calçada da Avenida Michigan não era lugar para se psicoanalisar a si mesma. Mas podia fazer algo para ajudar à preocupada pessoa de pé diante dela. “Tome o dinheiro. O trabalho que solicitou na loja de departamento. Contratarão-lhe amanhã. Não quer desmaiar de fome sobre eles, não é verdade?” “Como?” Sentimentos de surpresa, medo e esperança cruzaram o rosto marcado do homem. 22
“Não sei”. Porque estou ficando louca e escuto vozes em minha cabeça. “Mas tenho razão, não é verdade?” O homem assentiu com a cabeça. “Deus a abençoe. E está certa de que ficará bem?” Ela encolheu de ombros, afastando seu mal estar, sua inquietude, por seu inexplicável conhecimento. “Isso é o que espero”. O cenho do homem se enrugou com preocupação, e se apressou a tranquilizá-lo. “Estarei bem. Obrigada por preocupar-se”. O jovem sorriu, depois girou e se foi. Subiu ao táxi e deu ao motorista seu endereço. Depois que se recostou contra o assento, examinou sua recente e ilusória experiência sexual. A mulher na visão era ela. O homem no encontro de sonho era a voz no corredor. Tinham feito amor e a reclamou como um pirata saqueador. É minha, tinha dito. E seus sentimentos não tinham sido nada imaginários, aqueles tinham sido reais. Poderia ele ser real? Alguma vez o conheceria em algum lugar que não fosse em sua cabeça? Estava ficando malditamente louca? “Paciência”.
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Capítulo 2
Os orgasmos durante uma experiência fora do corpo em tempo real são muitas vezes mais fortes do que os orgasmos produzidos por uma união física. _A conexão Homem-Mulher bruxa, página 55.
10 de outubro. Casa de Rhea, Lincoln Park.
Não outra vez! Um persistente sentimento como um impacto de baixa voltagem de eletricidade fez cócegas na base de seu pescoço, viajou abaixo por sua espinha dorsal, depois a sua matriz. Rhea se sentou na cama e procurou no quarto. Não tinha ninguém ali. Uma vez mais. Mas tinha realmente esperado que ele se apresentasse em carne e osso? Diabos, a quem estava enganando? Ele não era real e ela 24
estava destinada a uma camisa de força e uma habitação acolchoada sem vista. A luz prateada da lua quase cheia se filtrava pelas cortinas transparentes cobrindo as janelas de seu quarto e jogando gélidas sombras sobrenaturais sobre a cama. Estremeceu. Estava nua de novo. Quando tinha tirado o pijama que tinha posto para dormir? Ou a tinha despido seu amante fantasma? Não, não podia pensar dessa maneira. Ele era um produto de sua imaginação. A diferença das sombras da lua, as duas sombras reunidas em sua cabeça não estavam frias. Justo o contrário, eram mais quentes do que o Hades, e, definitivamente não deste mundo. Durante os últimos nove dias e noites depois do primeiro encontro sexual fora do corpo, de que outra maneira podia chamá-lo? O amante de seu sonho tinha vindo a ela três vezes ao dia. Como um relógio. “Rhea. Minha”. Oh não, não outra vez! Ele não esperava uma resposta, tinha descoberto ela. Não importa o que ela dissesse ou mais exatamente pensasse, em resposta a seus diários ataques sensuais a seu corpo, ele a ignorou e depois a levou a orgasmo após orgasmo. Hoje cedo, durante o trabalho, levou-a à culminação física, não uma vez, mas três vezes. Graças a Deus, tinha estado só em seu escritório. Depois estava tão molhada pela contínua excitação e os orgasmos resultantes que sua saia de seda tinha uma mancha de umidade. Teve que ir para 25
casa se trocar para ser capaz de apresentar-se na corte para uma audiência. Agora, enquanto o amante de seu sonho, sua cara ainda envolvida numa neblina magenta, tocou o sonho de Rhea, uma vez mais sentiu um impulso primordial subjacente de acasalar com ele. Embora talvez fosse ele em sua mente, não sabia. “Paciência minha”. Ao diabo com a paciência. Não tinha tido uma noite de sono decente desde que isso começou. Nem sequer podia trabalhar em paz. Não estava segura em nenhuma parte. Uma vez a tinha tomado enquanto comprava mantimentos e esteve a ponto de cair numa mesa de cereal em sua liberação sexual. Nunca seria capaz de comprar nessa loja de novo. Ao menos ele sabia a que distância estava o supermercado mais próximo? Estava arruinando sua vida. “Logo terá terminado”. “O que? Minha vida? Ou você jogando com ela?” O riso fantasmal roçou sua mente enquanto alcançou no sonho os seios de Rhea. Seus mamilos floresceram quando seu amante efêmero lambeu e depois mordiscou um depois o outro com os dentes. Rhea tocou suas auréolas sensibilizadas. Quase podia sentir as mãos, os dentes e os lábios dele. Quando ele lambeu seu caminho para o umbigo, arqueou as costas e seguiu com suas mãos, tocando onde ele tocava a Rhea em sua mente. Sua pele estava 26
quente, enrijecida pela excitação sexual. Sabia o que vinha. Orgasmo de corpo inteiro. Desejava-o tanto como temia seu controle sobre ela. Esta noite, como o tinha feito esta tarde, demorou em seu umbigo. Colocou sua língua nele e imitou o ato sexual. Gemeu. Ele se burlava dela. O canalha. “Desce mais. Por favor”. Suplicou, usando o enlace mental que não entendia, mas que se tornou cômodo. “Só se tocar-me”. “Como?” “Em sua mente. Toque-me”. Rhea o visualizou no sonho, alcançando seu pênis. Funcionou. O fortalecimento fluiu pelas veias de Rhea como adrenalina. Não tinha que ser passiva. Por que diabos não lhe havia dito isso antes? “Tem que aprender a engatinhar antes de caminhar, meu amor”. Rhea soprou, logo ofegou. Ele lambeu seu clitóris, logo o mordiscou com os dentes. “Se comporte, minha. Sigo sendo o Professor aqui”. Rhea sorriu. “Já veremos.” Enquanto ele acariciava seu corpo, lhe devolveu o favor até que os gemidos foram deles. 27
Rapidamente, inverteu os papéis com ele. No sonho Rhea o empurrou, logo tomou seu membro endurecido em sua boca e utilizou todos os truques que tinha ouvido ou lido. Professor, não me diga. Ele seria seu escravo antes que tivesse terminado com ele. Rhea sentiu mais que ouvia todas e cada uma de suas declarações. Jurou que podia provar o sabor almiscarado de seu pré sêmen em seus lábios. Seu pênis palpitava, logo se endurecia na boca. Massageou seus testículos. Ele se esforçou para a terminação na boca. Ela o tinha agora. “Travessa, travessa, meu amor. Tudo isso é para você”. “Não! Quero…” “Não quero!’ Disse ele. A tensão da visão mudou. A necessidade do amante de seus sonhos para fazê-la sua cobrindo-a e todo o resto. Seu corpo foi empurrado na cama, depois montado por seu amante. E como tinha ocorrido todas e cada uma das vezes, em menos de um batimento do coração, o orgasmo a invadiu. No mundo real. Um orgasmo tão vigoroso que gritou quando veio, logo gemeu pelo que parecia uma eternidade na liberação pós orgasmica. “Minha”. 28
A palavra se estendeu por seu corpo tão brandamente como um suspiro. Então, ele começou de novo.
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Drake estremeceu quando trabalhou para controlar sua auto projetada liberação. Não servia de nada. Não importou o que fizesse, logo que as paredes vaginais de Rhea envolveram seu pênis, seus orgasmos combinados varreram sobre eles, tanto no plano astral como no mundo real. Ele jurou ali e então uma vez que quando finalmente se unisse a Rhea em carne, usaria todas as técnicas, mágicas e não mágicas, para prolongar suas relações sexuais. Enquanto que o sexo fora do corpo era mais quente que uma pistola, nada equivale a longas horas de amor sensual, culminando na intimidade da penetração real cara a cara. “Boa noite, minha”. Não houve resposta. Ele tocou o amuleto e percebeu que estava adormecida. Até que eles se emparelhassem, ou estivesse fisicamente perto dela, o amuleto era necessário para estabelecer o vínculo telepático. 29
Fez o talismã de uma mecha de seu cabelo e uma ametista de um brinco dela, que conseguiu através de uma visita de madrugada. À noite em que tinha entrado em sua casa tinha ficado tentado em lhe fazer amor de verdade, mas ela não estava pronta para isso, não ainda. Esperava que suas visitas diárias fora do corpo poderiam acostumá-la a ele, assim quando realmente o conhecesse já estaria meio apaixonada ou, ao menos, desejosa dele. Sua visita tinha proporcionado também pistas sobre seu passado, que seus investigadores particulares não poderiam ter encontrado. Tinha localizado facilmente o quarto secreto como ela a tinha nomeado. Tinha sido óbvio que Rhea tinha encontrado o quarto, mas ou não tinha sido o suficientemente curiosa para afundar em seus segredos ou tinha tido medo. A maioria dos feitiços de amparos nos elementos mágicos do quarto se encontravam ainda em seu lugar. Ele não podia tocar nenhum desses. Os amparos se criaram para uma pessoa, e só uma pessoa podia rompê-los. E ela, Rhea, só tinha quebrado a fechadura de proteção em torno de dois livros. Um deles, um livro de magia, e o outro, um diário pessoal, tinha retirado ambos e levado de retorno a seu quartel para que algumas das bruxas mais velhas em sua Irmandade os estudassem. Elas tinham descoberto que Elspeth, a avó paterna de Rhea Brown, tinha sido uma poderosa bruxa de uma Irmandade em Maine. 30
Mudou-se para Chicago logo que o pai e a mãe de Rhea haviam dado as costas aos costumes pagãos. A mãe de Rhea tinha morrido no parto. Elspeth nunca tinha visto sua neta, mas tinha deixado tudo o que tinha para ela. Tinha protegido o quarto secreto, provavelmente com a esperança de que Rhea teria suficiente capacidade mágica natural para encontrar seu caminho e entesourar o que encontrou ali. Da investigação das
anciãs,
Rhea era o último membro
sobrevivente da linha de sangue Brown. A fé de Elspeth em seu sangue tinha regido. Embora uma neófita, Rhea era uma bruxa forte. Seria uma maravilhosa esposa, mãe e companheira de trabalho. Agora tudo o que Drake tinha que fazer era começar o trabalho sério de cortejar sua mulher em carne e osso.
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Ficou olhando seu reflexo brilhante no espelho sobre a penteadeira do banheiro. Via-se repleta, como só uma mulher podia ficar depois de um sexo fantástico. Jesus! Estava exausta. O homem a tinha levado ao orgasmo três vezes essa noite. Se alguém lhe tivesse dito antes de hoje que poderia ter sete orgasmos
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em um só dia provocado por visões eróticas, teria chamado pessoalmente o manicômio para eles. Talvez precisasse ver um psiquiatra. “Não minha menina. Você só tem que aprender a controlar seus escudos mentais”. Deus, não. Não outra voz em sua cabeça. Entretanto, parecia familiar. “Sim, querida. Mas, me ignorou”. O quarto. A voz a tinha chamado do quarto secreto. “Precisamente. O segredo para controlar seus poderes se encontra ali”. “Que poderes?” “Vá ali. Vá. Leia. Aprenda. Então, vamos conversar. Mas pode estar segura, nunca estará sozinha. Tudo o que tem que fazer é acreditar”. “Acreditar em que?” “Já verá”.
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Capítulo 3
A Magia do Caos não é intrinsecamente má. Não proporciona uma bússola moral, mas simplesmente existe. Portanto, se uma bruxa que não tiver normas éticas e escolhe o caos, nada bom sairá disso.
_A Magia do Caos: Boa ou má? Coluna Op Ed. Revista mensal da Bruxa moderna.
11 de Outubro, 2002. Casa de Warrick Bettencourt, Parque do Bosque, Illinois.
Os finos lábios de Warrick se franziram em uma careta de desgosto. Seu plano para escavar a confiança da Irmandade de Drake Morgan ia muito devagar para seu gosto. Era porque tinha que contar com a ajuda de vermes ineptos como o covarde parado frente a ele. Mas para poder arrasar e tomar o cargo depois que
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Drake caísse em desgraça, Warrick tinha que estar por cima da luta. As aparências eram tudo. “Como pôde ser tão estúpido para ser demitido?” Disse ele “Seu pai foi nomeado sócio. Herdou ações na empresa”. “Tinha uma cláusula de compra e venda no acordo de associação.” Gemeu Seb Headley. Seus colegas não teriam reconhecido esse chorão afundado, obrigado a ajoelhar-se a um só sinal da mão de Warrick, como o alto Deus nórdico com quem trabalhava. “Eles têm o direito a exercê-lo dentro dos dois anos da morte de meu pai. E o fizeram”. “Yorrick se inteirou de que uma mulher com o nome de Brown proporcionou a informação a Galway. Como ela sabia? Pensei que tinha dito que ninguém em tua empresa tinha a menor idéia”. Em resposta a outro leve movimento de sua mão, Headley rastejou para Warrick. “Bem, vai responder-me?” Warrick baixou sua bengala sobre os ombros de Headley. “Ou não?” “Essa vadia lhes disse? Não sabia, eu juro. Rhea deve ter encontrado uma cópia dos documentos falsificados”. “Imbecil”. A cólera de Warrick era tão grande que não confiava em si mesmo para administrar castigo físico a seu lacaio. “Yorrick, traga seu traseiro aqui”. Gritou. Yorrick correu até a sala.
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“Sim, amo?” Headley sorriu ao homem moreno e apostou que seguiria essas ordens mais repugnantes com entusiasmo e alegria. “Por favor, faça as honras”. Estendeu a bengala a seu secretário. “Vinte dos bons deveriam servir”. “Não! Por favor, escuta!” Headley rogou. “Como ela encontrou esse arquivo? Não podia fazê-lo. O tinha escondido num compartimento secreto em minha escrivaninha. Ninguém sabia disso. Trouxe essa escrivaninha de minha casa quando me mudei ao escritório. Ninguém sabia dessa gaveta”. Warrick retirou sua bengala. “Que quer dizer com que o teve de uma gaveta secreta? Como? Está mentindo para salvar tua indigna pele?” “Não estou mentindo, eu juro. Não sei como ela descobriu”. “Pode fazer um trabalho mais para mim. Descubra sobre isso, e talvez perdoarei tuas outras faltas”. Headley retrocedeu, longe dele, ainda apoiado em suas mãos e joelhos. “Não trate de fugir, Sebastian. Eu saberei”. Headley, com os olhos baixos, assentiu, depois se voltou e rastejou fora da sala. “Yorrick. Mantém um olho em nosso verme. Informa-me. Quero saber tudo a respeito de Rhea. Quero saber quanto sabe ou suspeita. Quero saber por que meus informantes na Morgan Ltda não me disseram sobre sua existência. Ela tem que ser uma das espiãs de Drake. Não posso continuar até que o saiba”. 35
“Sim senhor”. Yorrick se deslizou fora da sala.
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Capítulo 4
Imaginação. Vontade. Fé. Segredo. As quatro fontes de poder de uma bruxa. _Regras do Covendom, Prefácio, página 1.
14 de outubro, 7:00. Sede principal da Morgan Ltda.
Morgan saiu enfurecido da reunião da manhã. “Drake, aonde vai?” Gritou um de seus chefes de departamento. Ele não podia se dar ao trabalho em responder. Algo estava errado com Rhea. Tocou o amuleto. Seu medo fazia cócegas em seu subconsciente como energia estática. Ela estava em perigo.
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7:00 Escritórios jurídicos de Galway, Headley e Monroe.
“Me escutou, sua cadela que apunhala pelas costas. Põe-se de joelhos, se arrasta até aqui e chupa meu pênis”. Sebastian Headley apertou o vulto que destruía a linha de suas calças feitas sob medida. Rhea não podia crer que o filho da puta tivesse a coragem de dar as caras no escritório depois de ter sido demitido na sexta-feira passada. Galway não tinha levado muito tempo em demitir Seb depois do que ela tinha dito a seu superior a respeito da conduta imoral do advogado e lhe mostrou as cópias que tinha feito dos arquivos. O sócio principal tinha despachado Seb, jogou-o da companhia, e nem sequer lhe tinha permitido limpar sua escrivaninha ou embalar seus pertences pessoais. Galway disse a Seb que não desse a cara no escritório de novo e que o escritório lhe enviaria seus pertences mais tarde. Tinha pensado que o escorregadio tinha ido para sempre. Obviamente, tinha se equivocado. Demônios, ela também não era muito brilhante. Essa sua maldita curiosidade. Deveria ter pensado duas vezes antes em revistar seu compartimento secreto na semana passada quando ele não estava, mas ainda tinha muita gente andando ao redor. A CIA nunca a chamaria para que fosse trabalhar para eles. Que idiota era. “Seb… por que está aqui?”
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“Cale-se!” Se burlou “Não faça a senhorita inocência comigo. Fez com que me demitissem cadela”. Sebastian Headley se dirigiu a ela, com os punhos apertados a seu lado. Seus olhos azuis normalmente gelados se escureceram a um cinza azulado igual a uma tormenta. “Como soube dessa gaveta secreta? Estava espionando-me?” Rhea retrocedeu. Se só pudesse chegar às escadas, e depois descer ao próximo andar, talvez alguém mais já estivesse chegado. O nível da superior estava vazio e ficaria assim pelo menos durante uma hora mais. Tinha planejado dar a si mesma o tempo suficiente a sós em seu escritório para averiguar se tinha mais evidência sobre quem poderia ter contratado Seb para sabotar a Morgan Ltda, seus planos não pareciam muito brilhantes agora. Seb estava entre ela e a escada. Observou em busca de uma brecha. “Você fez com que te demitissem”. Disse Rhea enquanto retrocedia e golpeava uma mesa de café e quase caiu. Seb se deteve a uns metros dela. A tinha presa entre ele e a mesa de granito pesado. “Nunca teriam descoberto se você não estivesse farejando onde não era chamada. Como soube que tinha um compartimento secreto?” Em menos de um segundo, Seb fechou a distância entre eles, então saltou e agarrou-a pelos ombros e a empurrou até colocá-la de joelhos. “Responda-me cadela”. “Não!” Ele não acreditaria se lhe dissesse que a gaveta lhe tinha sussurrado. Diabos, ela nem sequer tinha acreditado naquele 39
momento. Mas, desde então, tinha tido mais experiência com as vozes em sua cabeça. E onde estava a voz que lhe tinha dito que nunca estaria só? Onde estava seu homem dos sonhos quando precisava dele? Ele que tinha feito sua presença conhecida e sentida a cada dia. Mas, o que podia fazer agora? Jogar a Seb um apelo sexual para que ela pudesse escapar? Isso se ele estivesse batendo em ambas as direções. Reprimiu a histeria que efervescia em sua garganta. Não podia permitir-se ao luxo de perder o controle agora. Tinha que escapar. Seb a segurou abaixo com uma mão cruel, e com a outra esbofeteou seu rosto. Puxou-a contra seu corpo, esfregando sua cara contra sua entre perna avultada. “Por todos os problemas que causou, me deve isso”. “Não! Por favor!” O pânico ameaçou afogá-la. Ficou sem alento. A sala se fundia. Mas, um ruído mascarou o resto de suas palavras. Ante o som do zíper, engasgou e depois começou a lutar contra o férreo controle em seu ombro. Ele era muito forte. Rhea fechou seus olhos. Deus, isso estava acontecendo de verdade. Precisava pensar, imaginar uma maneira de escapar desse pesadelo. Algo quente, duro e repugnante a tocou. A maldade brotava dos poros de Seb. Tinha mais do que represália acontecendo aqui. Ele queria algo mais. Mas o que? Os olhos de
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Rhea se abriram enquanto o pênis de Seb totalmente inchado empurrava contra sua boca. “Seja boa comigo, puta”. De jeito nenhum. Lutou uma vez mais. Era inútil. Quanto mais lutava, mais força ele usava para sustentá-la. Sentia-se como se pudesse achatá-la como um ovo. Quando chegaria uma das secretárias dos outros sócios? Poderia passar pelo menos uma hora. Estava só. “Bem, terminei de ser condescendente”. Seb agarrou a parte posterior de sua cabeça numa grande mão, então a golpeou com a outra várias vezes. Os fortes golpes faziam que sua cabeça se impulsionasse para trás contra a cruel pressão da mão que a restringia. Enquanto gritava pela dor, ele enfiou seu pênis em sua boca, quase até o fundo de sua garganta. Lutou para não vomitar enquanto instintivamente apertava os dentes para castigar a intrusão. Ele amaldiçoou e golpeou sua cara até que deixou de mordê-lo. Mais tonturas a assaltaram, e sabia que a golpearia até o ponto da inconsciência se continuasse lutando contra ele. “Comporte-se bem e me chupa direito cadela e talvez não tenha que te machucar”. Suas mãos sustentavam sua cabeça firme num agarre de ferro enquanto se afundava dentro e fora de sua boca com curtos e fortes empurrões.
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Rhea fechou seus olhos. Só tinha uma oportunidade de escapar. Chamou ao homem que jogava com ela em seus sonhos durante as últimas duas semanas. Tudo o que tinha que fazer era acreditar. “Amante? Ajude-me!”
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Enjoos. Náuseas. Medo. Raiva. Dor. Muita dor. Resignação. E, por último, um raio de esperança. Os sentimentos de Rhea eram dele. Fez retroceder a raiva que ameaçava rugindo fora dele. Não podia permitir o luxo de dar rédea solta a seus poderes dentro dos limites do automóvel, poderes que poderiam destruir a ele e a tudo a seu redor e por várias quadras da cidade. “Keir, não pode dirigir mais rápido?” “Não. A não ser que queira nos fazer voar e explodir o centro de Chicago em seu ouvido, estou fazendo o melhor que posso”. Drake grunhiu vários repugnantes palavrões. “Encontre uma forma de levar-nos ali. Ele a está machucando”. O olhar escuro e ardente de Keir o prendeu pelo espelho retrovisor. Seu primo assentiu, depois manobrou o automóvel através do tráfego de Lake Shore Drive com a delicadeza de um toureiro esquivando uma manada de bestas furiosas.
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Com as peculiares habilidades mágicas de Keir totalmente ocupadas com o carro e o trânsito, Drake usou seus poderes para colocar escudos para ocultar o excesso de velocidade dos transeuntes. Ser detidos por um guarda de trânsito não estava na ordem do dia. O ar na limusine zumbia e crepitava com o excesso de eletricidade, um subproduto de dois bruxos utilizando seus poderes a potência máxima. “Baixa um pouco a potência Drake”. A advertência controlada de Keir desmentia os olhares ansiosos que lançava a Drake. “Inclusive até a engenharia mágica tem seus limites. Como vai explicar um carro desintegrando-se e nós sobrevivendo?” “Deixa que me preocupe por isso. Só dirige”. As graves preocupações de Keir não significavam nada. Se tivesse que fazer, adicionaria seus poderes aos de Keir e faria voar o maldito carro para chegar a Rhea. Ela estava em perigo. Ninguém nem nada o deteria de ajudá-la. “Amante? Ajude-me”. Amante? Bem, de que outra forma o chamaria? Essa era a única forma em que o conhecia. Ao menos acreditava nele o suficiente para utilizar sua conexão telepática e procurar sua ajuda. E se tinha suficiente fé, poderia ajudá-la a dispor de sua energia latente. Enquanto mantinha o escudo para ocultar o veículo em movimento, fechou seus olhos e tocou o amuleto, seu precioso enlace com Rhea.
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Já
tinha
se
convertido
em
um
hábito,
tinha
estado
inconscientemente tocando o talismã durante a reunião da manhã, quando os primeiros sentimentos de medo tinham se estendido através de Rhea como um tsunami. Hoje, o talismã poderia ser a chave para salvar sua vida. Sustentando o amuleto em sua frente, concentrou-se no singular ritmo mágico de Rhea, um ritmo que tinha chegado a conhecer tão bem como o seu. Apesar de que não tinham consumado fisicamente sua relação, ele em
teoria,
deveria
ser
capaz
de
forjar
uma
conexão
o
suficientemente forte com o amuleto. Era como manipular os cabos para acender um carro em lugar de usar a chave. Ligaria o motor, mas simplesmente levaria mais tempo. Uma vez que um vínculo forte se estabelecesse, verteria seu poder através dele. Seu poder procuraria sua energia latente e a reativaria. Seus esforços deveriam ser suficientes para ajudá-la, ao menos até que chegasse para fazer explodir o cretino em pedaços por atreverse a abusar do que era seu. Dano. Dor. Comoção. Terror. Repulsão. Imagens do que faziam a Rhea passaram pela mente de Drake. Seu rosnado desumano ricocheteou nas paredes do automóvel. “Headley!” A energia em ebulição de seu arroubo ameaçava alterar o delicado equilíbrio de poderes dentro do carro.
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“Drake! Que aconteceu?” A impressionada pergunta de Keir não foi ouvida. Drake tinha só dois pensamentos conscientes: ajudar Rhea, e depois matar Headley. “Rhea?” Ainda que consciente da violência utilizada contra seu corpo, seu espaço interior estava surpreendentemente calmo. Pacífico. Forte. “Amante? Você veio!” “Sempre. Pode escapar, minha?” “Não. Ele é muito forte.” Energia furiosa golpeava através da cabeça de Rhea e dentro de seu corpo enquanto Seb violava sua boca. Em seguida seu pênis tinha saído de sua boca, forçado por alguma fonte de poder desconhecida. Rápida em levar vantagem desse ganho inesperado, fechou rapidamente sua boca. Mas, ainda não podia escapar do cruel agarre de Seb. “Cadela.” Seb a golpeou ao longo de sua boca várias vezes. “Que demônios foi isso?” De nenhuma maneira ela iria cair nesse movimento outra vez. Apertou seus dentes contra os gritos de dor. “Não terminamos.” Segurou seu queixo com uma mão, depois apertou seu nariz. “Abre a boca.”
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“Rhea. Usa tuas mãos e gira seus testículos tão forte quanto possa.” “Não creio que...” “Só faça. Depois corre. A ajuda está a caminho.” “Está bem… Tentarei.” “Boa garota. Quando segurar seus testículos, visualiza picadas de abelhas.” “Por quê?” “Só faça.” A profunda voz de barítono de seu amante de sonho ressoou por todo seu corpo, acendendo fogos em suas veias, esquentando seus frios membros, e imbuindo-la com uma coragem que nunca tinha conhecido antes. Podia fazer isto. “Vamos puta.” Amaldiçoou a cruel voz de Seb. “Comece a trabalhar.” Rhea fulminou Seb através de olhos entrecerrados. Se queria que trabalhasse, o faria. Assim como seu amante tinha dito. Quando pontos flutuaram através de seu campo de visão pela falta de oxigênio, usou sua recém encontrada força interna e atingiu seu repugnante pênis. “Essa é uma boa puta chupa pênis.” Grunhiu Seb quando seus dedos se deslizaram pela longitude de seu membro endurecido.
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Deixando o pênis, segurou seus testículos com ambas as mãos, então as torceu enquanto visualizava abelhas assassinas africanas rodopiando ao redor de seus testículos. Se ia chamar algumas abelhas, bem poderiam ser as piores. A reação de Seb foi imediata e gratificante. “Maldita filha da puta.” Gritou. Em sua dor e raiva, afastou-a dele. Rhea aterrissou pesadamente sobre suas costas. Sua cabeça golpeou o lado da mesa de granito em seu caminho para baixo. Aturdida, ainda conseguiu se levantar do chão. Enquanto cambaleava para a porta, manteve Seb à vista. Ele estava inclinado, segurando suas torturadas bolas. Palavras confusas e sons de dor saíam de sua boca. “Mova-se. Mova-se.” Fazendo caso à voz de seu amante, Rhea correu do escritório. Os rosnados e maldições de Seb deviam ter desaparecido ao fundo enquanto corria para longe. Mas não o fizeram. De alguma maneira, Seb conseguiu superar a dor debilitante e a perseguiu. Deveria ter imaginado dois enxames de abelhas. “Essa é minha pequena bruxa.” “Que? Eu não sou...” “Não há tempo para discutir. Só vá ao saguão.” Bem. Ela e seu amante do sonho teriam que ter um verdadeiro encontro de mentes mais tarde. Agora mesmo, o único que queria fazer era escapar de Seb e seus ardilosos planos para ela. 47
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“Como ela está?” Perguntou Keir. “Escapou e se dirige ao saguão pela escada de incêndio.” Drake abriu seus olhos. Seu enlace com Rhea tinha provado ser o suficientemente forte que podia concentrar-se em vários assuntos ao mesmo tempo. Olhou os edifícios por onde passavam. “Já estamos quase lá. Deixa-me, depois estaciona na entrada. Mandarei-te a Rhea enquanto me ocupo do Headley.” “Não. Não é uma boa ideia.” “Que quer dizer com não?” Drake dirigiu uma pequena quantidade de sua energia à cabeça de seu primo. A energia se esfumou como água num ferro quente quando chocou com os escudos de Keir. “Quero dizer primo, que não pode matar esse homem. Não que não o mereça, mas como explicaremos seu desaparecimento? E precisamos averiguar quem o subornou para que vazasse a informação da Morgan. Além disso, não quer que Rhea veja seu lado escuro tão cedo nessa relação, não é verdade? Espera ao menos até depois da lua de mel para mostrar-lhe que bastardo pode ser. “Cale-se Halfling” Disse Drake “Ou te converterei em um extinto sapo sul americano.”
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O riso de Keir em resposta indicou que sabia que Drake estava caçoando, igual que Keir tinha estado caçoando sobre Drake assassinando o Headley. Drake nunca tinha matado por ira. Não queria dizer que não mataria para proteger a seus seres queridos ou a inocentes, mas só que não o fazia de maneira indiscriminada. Agora, isso não significava que não ensinaria a Headley uma valiosa lição sobre tocar à mulher de outro homem. Um severo sorriso cruzou o rosto de Drake. Keir estacionou o carro em frente ao edifício Wrigley. Sem sinal de Rhea. “Rhea? Onde você está?” “Na escada. No patamar do décimo quarto andar”. “Por que está aí em cima?” Tonturas. Cansaço. Derrota. Estava ferida. Morte iminente posou sobre Drake como um pesado nevoeiro. Não, esses eram os sentimentos de Rhea canalizados através dele. Ela sabia que Headley estava perto, mas não tinha a força física para afastar-se dele. “Espera, minha.” Pôs mais de sua força através de seu vínculo telepático. “Keir. Ela está ferida.” “Vai se tele transportar?”
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“Sim. O farei do saguão. Menos probabilidade de ser visto.” “Vou estacionar o carro e estarei lá em cima tão cedo como possa.” Drake assentiu e saiu do carro. Correndo para o edifício, abriu as portas, depois correu ao bendito elevador vazio do hall de entrada. Bem. Não tinha ninguém ao redor. Girou-se em lentos círculos, ganhando velocidade com cada volta.
Poder do vento aumenta meu caminho. Poder da terra permitam-me passar. Como o redemoinho poderei voar. Enquanto me converto em um com os elementos. E meu corpo físico se converte com o universo.
Drake deixou que o vórtice conjurado o atraísse através dos andares. Ao disparar-se para cima, um ciclone de matéria atômica, procurou os padrões de energia de Rhea. Sem a conexão com ela, poderia passar do décimo quarto andar e disparar ao terraço do edifício. A teletransportação não era uma ciência exata, nem sequer para um bruxo experiente. Quando sentiu que se aproximava dos padrões da Rhea, reverteu a ação ciclônica de sua viagem e voltou a materializar-se. Esperava que no mesmo andar que Rhea, ou um próximo.
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Um leve enjoo assaltou seus sentidos quando se deteve fora de seu giro. Seu caminho tinha sido reto e certeiro, ainda estava perto do elevador. Mas estava um andar abaixo de seu objetivo. Correndo para a escada de incêndios, abriu a porta e subiu os degraus de dois em dois até o andar seguinte. O grito de uma mulher, o grito de Rhea, ecoou nas paredes da escada. “Headley!” Rugiu Drake ao transportar-se ao seguinte patamar numa rajada de energia e ar deslocado. Na parte superior do patamar, Headley se inclinou sobre as costas de Rhea que estava presa entre ele e o corrimão. Ele arrancou sua roupa, enquanto ela lutava para escapar. Numa manobra tão casual que desmentia sua raiva, Drake levantou a mão para a frente de seu corpo, com a palma virada para cima apontou para o Headley. A força resultante do movimento empurrou o homem longe de Rhea e o sustentou contra a porta que dava ao saguão do décimo quarto andar. Depois, fechou seus olhos e juntou energia adicional da terra. O edifício estremeceu e tremeu quando o poder viajou quatorze andares, depois através de sua mão aberta onde a manteve, surgiu uma bola palpitante de verde e dourado. Tudo o que tomaria era o poder de uma explosão atômica que viajaria dele a Headley e Headley não existiria mais. “Não! Amante, não o faça”. A voz de Rhea comprovou sua libertação. Seus olhos de cor turmalina lhe suplicaram.
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De alguma maneira, sua bruxa neófita o reconheceu. Também percebeu que estava a ponto de fazer explodir o seu atacante. “Ele te machucou. Te forçou. Estava tentando abusar de você.” “Mas estou bem. Me salvou. Não vale a pena matá-lo. Só tira-me daqui. Por favor”. “Ela tem razão primo. Não pode matá-lo.” A voz de Keir veio por trás de sua posição. Os gritos de negação de Headley alternados com súplicas fizeram eco dentro da escada. Drake amaldiçoou baixo, mas abaixou a mão. “Pelo menos me deixa golpeá-lo.” “Agora esse é um bom plano.” Disse Keir ao passar por Drake nas escadas. “Só levarei Rhea comigo. Vamos estar no carro.” Keir recolheu a uma Rhea cansada em seus braços. Ao mover-se para baixo pelas escadas, Drake usou sua mão para tocar-lhe a cara machucada. Grunhiu às feias marcas em sua pele branca e imaginou as formas em que faria Headley pagar a cada um de seus brutais machucados. “Não o mate.” Ordenou ela “Porque eu saberei.” “Como?” “É o meu sonho…” Vacilou, olhando a Keir, que só sorriu e lhe piscou um olho, e depois continuou “… a voz em minha cabeça. O verei matá-lo em minha, nossa… maldito seja em tua mente.”
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Drake sorriu. “Conheci a minha igual.” Inclinou a cabeça e lhe deu um breve, mas ardente beijo em seus lábios inchados. “Será como você quiser.” Rhea tocou seus lábios e suspirou. “Aposto que será. E depois Sr. Mandrake Morgan, pode muito bem explicar como chegou a estar em minha cabeça, e mais vale do que tenha uma boa explicação.”
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Capítulo 5
Cruzar um ribeiro de água no mundo real é uma maneira eficaz de perder um projetor de energia procurador no plano astral. _Guia para o sobrevivente de perigos OBE, página 20.
“Então, o que fez a Headley?” Perguntou Keir. A viagem de regresso ao edifício da Morgan Ltda onde ficavam os escritórios corporativos e familiares estava bem mais silenciosa do que a volta anterior. Drake olhou Rhea comodamente contra seu peito, cortesia de um dos infames feitiços para dormir de Keir. Não tinha demorado muito. Ela tinha estado esgotada. Não só de sua terrível experiência, senão também, de suas inquietas noites, cortesia dele e do sexo fora do corpo que tinham compartilhado. Assim que para que pudesse descansar completamente, protegeu seus
pensamentos
atuais
dela.
Enquanto
dormisse
era
especialmente vulnerável à captura de seus pensamentos perdidos no plano astral. Uma vez que consumassem sua relação e que tivesse algum tipo de treinamento sobre como proteger a si mesma, seria bem mais fácil para ela. “Está me ignorando?” 54
“Não. Estou me assegurando de que não tenha nenhuma fuga de pensamento para ela.” Drake sorriu a seu primo. “Se bem que é possível que seja um bruxo torpe, Rhea é muito perspicaz no que diz respeito a mim.” “Será
melhor
que
lhe
ensine
alguns
bons
feitiços
de
autopreservação e rápido. Passamos muito perto desse.” Disse Keir “Uma vez que tiver treinado para usar seus poderes. Bem, já sabe o que dizem, a mulher da nossa espécie é mais mortal que o varão. Sei que minha Betsy é uma bruxa bem mais má que eu. Estou constantemente recordando-lhe que não pode evaporar tudo o que a deixa irritada.” “Tua Betsy está fora de controle.” Disse Drake com severidade. “Seu último pequeno episódio quase exclui todo o clã”. “Ela aprendeu a lição.” Keir sorriu. “Não pôde sentar-se durante uma semana.” “Isso é porque lhe golpeou a bunda, seu sátiro.” Keir sorriu com a recordação. “Qualquer coisa que funcione. Chega de falar de minha vida sexual. Responde a minha pergunta... Que fez com o filho de puta?” “Bem, digamos que nem todo o Viagra do mundo deixará que o velho Seb funcione de novo. E seu rosto não se verá tão atraente também.” “Oh, quer dizer, primo. Realmente é desagradável. Lembre-me de nunca sacar seu lado mau.” Keir riu. “Antes de entrar e enfrentar às tropas, qual é a história? A família não estava esperando que fizesse seu movimento sobre Rhea tão rápido.” 55
“Bem, o cortejo só se intensificou.” Rosnou Drake. “Ela terá que chegar a conhecer-me mais rápido. Quanto antes se consuma nossa relação no plano físico, mais rápido sincronizará seus poderes com os meus. Quero-a sob minha completa proteção, então
me
preocuparei
por
seu
reconhecimento
e
pelo
desenvolvimento de suas próprias capacidades.” “Está bem. Só espero que esteja disposta a estar de acordo com esse plano” Disse Keir. “É uma típica advogada. Fez perguntas todo o caminho até o quinto andar, que foi onde finalmente a ajudei a relaxar o suficiente como para ir dormir”. “Que lhe disse?” “Nada além do meu nome. Achei melhor lhe deixar cavar tua própria sepultura.” “Muito obrigado.” “Tenho curiosidade por uma coisa: Como Headley soube que Rhea era a informante em relação a sua traição?” Perguntou Keir. “Galway não o disse. Guardou segredo, prometendo não fazer nada para manter o negócio com a Morgan Ltda”. “Estou bastante seguro de que Galen vazou a informação a Headley.” Um gemido de Rhea lhe fez aproximar-se. Um pouco de seu aborrecimento deve ter se filtrado através de sias proteções. Fortaleceu sua parede mental, então sentiu que relaxava. “Enquanto trazia o carro mais cedo, ele estava na multidão.” Prosseguiu Drake. “Senti sua duplicidade. Depois que Rhea se instale, tenho a intenção de averiguar o que sabe o traidor chorão. 56
Teve muitas fugas, erros e acidentes que rodeiam as atividades da Morgan Ltda ultimamente. Como os anciãos, suspeito que a traição de Headley foi só a ponta do iceberg.”
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“Com certeza, Drake sabe que era Headley o homem dentro da Morgan Ltda.” O tom queixoso de Galen contorceu os nervos de Warrick Bettencourt. Uma vez mais, lamentou ter que depender de débeis para ajudá-lo a derrubar Drake Morgan. Mas, de novo, os débeis eram tão fáceis de dar volta ao lado escuro da magia. Também eram prescindíveis. “Acalme-se”. Disse Warrick. “Estou seguro de que está imaginando coisas. Ainda que Morgan possa detectar coisas, não pode ler a mente. Não pode saber nada a não ser que faça algo estúpido e solte a língua.” “Não estou tão seguro disso”. Os murmúrios de Galen chegaram claramente através do telefone. “Que quer dizer?” “Se comenta dentro da família que Rhea pode ser a companheira de Drake.” Warrick amaldiçoou. 57
As malditas lendas eram verdadeiras então. Não era bom. Se Drake tinha encontrado na Irmandade do Lobo seu par perfeito e conseguisse unir seus poderes antes que Warrick fizesse seu movimento de tomar posse, estaria destinado ao fracasso. Um líder da Irmandade unido a sua companheira era, em teoria, invencível. Tinha que evitar esse casamento a todo custo. Tinha passado muito tempo planejando a queda de Drake Morgan para deixar que uma mulher levasse tudo longe. “Conhece as lendas tão bem como qualquer pessoa Galen. Isso significa que ele pode comunicar-se com ela como seu par destinado. Ele não pode ler tua mente, idiota”. “O olhar que me deu há uma hora quando levou Rhea ao edifício de segurança me diz que pode ler minha mente. Juro que enviou gelo e depois fogo através de meu corpo enquanto passava no saguão.” “Que quer dizer com que levou Rhea ao edifício?” Perguntou Warrick. “Por que levou Rhea ao edifício? E por que tinha que escutar isso de Galen? Onde demônios estavam Yorrick e Headley? “Oh, esqueci de lhe dizer. É a razão pela qual liguei. Drake saiu da reunião dos chefes de departamento cedo esta manhã. O rumor no edifício era que ele e seu irmão Keir correram aos escritórios de Headley para salvar a Rhea.” Galen fez uma pausa e respirou fundo. “Bem, não foi um rumor. Eles regressaram e trouxeram à mulher de volta com eles. Várias das bruxas sussurraram que reconheceram um dos feitiços de relaxamento de Keir sobre ela. Keir os utiliza para conseguir que as mulheres se metam na cama com ele, bem, ao menos o fazia antes de casar-se.” 58
“Cale-se, imbecil!”. Warrick esfregou a veia palpitando em sua testa. Sim, sabia tudo a respeito dos feitiços de Keir. Tinha ensinado esse em particular a seu irmão mais novo. Só escutar o nome de seu irmão associado com Drake aumentava sua ira e seu estresse. Lutando contra a raiva em suas veias, perguntou-lhe: “Essa Rhea foi atacada por Headley?” Com sorte, Yorrick estava manejando esse pequeno problema. Talvez por isso tenha demorado. “Suponho que sim. “O tonto estúpido. Isso é o que passa por usar humanos para fazer o trabalho de um bruxo. Merda. Agora, Drake se moverá para unirse a ela o mais rápido possível.” “Bem, não, não acredito”. Galen vacilou, e depois continuou. “Por isso me apresentei cedo. Chamou-me para uma reunião em quinze minutos. Quero saber quais serão suas instruções. Assim que, veja bem, ele não poderá unir-se enquanto se reúne comigo. Não é verdade?” “Muito lógico”. Warrick relaxou. Mesmo Morgan não podia obter o consentimento de uma completa estranha, ainda que ela fosse uma bruxa e sua companheira, o sexo físico chegaria a pouco tempo. A consumação tinha que ser de comum acordo, dizia a lenda. Então, ele ainda tinha tempo para chegar à mulher. “Warrick? Segue aí? Que quer que eu faça?” “Vá à reunião. Não lhe diga nada. Ele não pode ler tua mente. Nega tudo. Não pode provar nada. Mantenha-o ocupado todo o tempo que possa.” 59
“Está bem. Quando quer que te informe?” “Amanhã, à hora habitual. Mantenha um olho na mulher. Quero saber onde ela está no edifício em todo momento.” “Entendido.” Depois que Galen desligou, Warrick ponderou seu seguinte movimento. Teria que ativar seu reforço no interior da Morgan Ltda. Se Galen estivesse ainda nos escritórios da Morgan Ltda, amanhã ficará muito surpreso. Morgan não o mataria, que era uma das razões pelas quais Warrick seria um melhor líder para o clã. A Irmandade e a Morgan Ltda precisavam um mestre forte. Morgan era tão débil com seu credo de não fazer dano. Galen, o pequeno traidor chorão, provavelmente terminaria exilado à parte de trás do além, como um humilde animal da fazenda. Warrick pegou o telefone e marcou um número. Tinha ordens para seu novo traidor.
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Com um suspiro, Drake retirou a roupa de Rhea. Agora, vestida só com um sutiã transparente cor pêssego e uma tanga de seda, jazia em sua cama, uma pérola brilhante entre os lençóis sedosos de marfim. Um leve arrepio sacudiu seu corpo. Lamentando-o, puxou o edredom de seda sobre sua quase nudez. Teria mais do que tempo suficiente depois para contemplar sua beleza.
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“Finalmente, está em minha cama, minha.” Ela suspirou e se esticou. Um leve sorriso se desenhou em seu rosto. Inclinou-se e pressionou seus lábios contra os lábios entreabertos dela, depois a traçou com sua língua. Ela gemeu e ele sentiu uma resposta automática de suas coxas. Gemeu. Não, não podia começar algo agora. Tinha que interrogar Galen e averiguar se era Warrick Bettencourt quem tomava as decisões. Antes de hoje, só o negócio de Drake e a fachada da Irmandade tinham sido ameaçados pelos traidores no meio deles, mas agora o jogo tinha aumentado, sua mulher estava em perigo. Enquanto se movia para sair de sua suíte, uma chacoalhada de energia escura passou junto a seu pescoço. O mal estava perto. Um projetor sugador de energia estava no quarto. E procurava por Rhea. “Keir! Betsy!” Gritou e voltou correndo para a cama para recolher Rhea. Tinha que pôr amparos de proteção entre ela e o imundo espiritual. Se a parte inferior de alimentação a encontrasse sem proteção etérea ao espírito enquanto dormia, poderia unir-se e drenar sua energia vital, fazendo-a sentir-se mal ou inclusive matála. Keir e sua esposa correram até o quarto. “Que aconteceu?” Perguntou Keir. “O mal.” Disse Betsy enquanto cheirava o ar como um cão de caça. “Vocês homens não o percebem tão facilmente como nós mulheres. Surpreende-me que Drake o captasse.” 61
Betsy foi pelo quarto, sacando velas de sálvia e acendendo-as. “Keir, não fique aí parado. Vá procurar o difusor e um pouco de azeite de sálvia”. Voltando-se para Drake, continuou. “Vá em frente. Cruza a água. Agora. Gritaremos quando o quarto estiver protegido”. “Obrigado Betsy”. Drake correu para o banheiro principal Sustentando Rhea ao seu lado, voltou-se para as múltiplas cabeças em sua grande cabine de chuveiro e as dirigiu para o chão. A cruz de spray de água criaria pequenas correntes e redemoinhos. Depois que Drake e Rhea cruzassem os caminhos da água, o mal não poderia segui-los. Inclusive com toda situação, a relaxamento do feitiço de Keir se mantinha. Rhea ainda dormia. O vapor de água, ainda que não dirigido a eles, cobriu a ambos com um fino nevoeiro.
Apesar do perigo que espreitava fora do
chuveiro, suas coxas bateram ao ver seus mamilos mostrando-se claramente através da umedecida seda molhada com a água. Incapaz de negar-se os tesouros que se encontravam dentro de seu alcance, tirou-lhe o sutiã com uma só ideia, depois se inclinou e teve sua primeira experiência física dos mamilos de seu amor, os mesmos mamilos que seu ser etéreo lhe tinha esbanjado atendimento muitas e muitas vezes nas últimas duas semanas. Tomou um, depois outro em sua boca. Aprendeu e saboreou seu sabor. Ela era rica, baunilha com creme. Nunca mais poderia tomar sorvete de baunilha de novo sem endurecendo-se em resposta. Rhea gemeu enquanto instintivamente arqueava as costas para aproximar-se à fonte de seu prazer. Tremendo por sua própria 62
necessidade cada vez maior, Drake levou Rhea ao banco de azulejos construído no chuveiro. Sentado, podia sustentá-la facilmente com uma mão, deixando sua outra mão livre para explorar suas generosas curvas. Sua tanga desapareceu sob seus concentrados esforços para descobrir todos os seus tesouros. Seus dedos procuraram através dos brunidos cachos vermelhos cobrindo seu sexo para encontrar a pequena pérola de seu prazer. Enquanto massageava suavemente seu clitóris, acariciou-lhe o pescoço, lambendo seus pontos de pulsos com sua língua. Ela palpitava sob seus dedos e lábios. Pequenos gemidos escaparam de seus lábios. Gemeu com os movimentos rítmicos de seus quadris contra seu pênis, enquanto se esforçava para chegar a seu prazer. “Drake”. Gritou a voz de Betsy. “O quarto está seguro. Pode sair agora.” Drake amaldiçoou entre dentes. Este não era o momento para a união física que desejava. No entanto, não podia deixar Rhea ou a si mesmo insatisfeito. Queria que ela soubesse que sempre podia confiar nele com sua paixão. Projetando-se sobre o plano astral, seu corpo etéreo se uniu ao dela e em matéria de segundos seus corpos físicos se juntaram na chama orgástica.
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Capítulo 6
“Que quer dizer com que não pôde atingir à cadela?” Perguntou Warrick. “Drake deve ter me sentido, porque num minuto estou reduzido a zero no corpo astral de Rhea e de repente, inesperadamente, água e sálvia me jogaram fora de cena.” Disse para Warrick o comparsa de Galen na Morgan. “O que aconteceu com Galen?” A porta de seu escritório se abriu. Yorrick se assomou pela esquina. Warrick fez um sinal a seu ajudante de que entrasse na sala. “Que fez Drake a ele?” “Nada, ainda. Ainda estão na reunião. Não fui capaz de aproximarme à habitação e as salas circundantes são mais do que posso manejar sem ser óbvio.” Warrick grunhiu baixo. Seus olhos e ouvidos na Morgan Ltda estavam lhe falhando. “E sobre a mulher? Onde está?” “Ela ainda está aqui. As salas ao redor da suíte de Drake estão reforçadas pelos guardas no corredor, sua gente da mais alta confiança. Nada nem ninguém vão traspassá-los.”
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“Maldição.” Tinha que conseguir que essa mulher chegasse a suas mãos de alguma maneira. Ela era a chave para acabar com o controle de Drake sobre a Irmandade de uma vez por todas. “Mantém um olho nela. Quero saber tudo sobre ela e onde está em todo momento. Estarei enviando Yorrick para te ajudar. Ele chegará na forma habitual.” “Diga-lhe que seja cuidadoso. Estão utilizando armadilhas de ilusão que ativarão os alarmes. Vou fazer uma varredura no porão antes que ele chegue aqui. Dê-me uma hora. Mas uma vez que entre no edifício propriamente dito, não posso garantir nada. Estaria preso. Drake chamou todo seu grupo de segurança neste caso. Rhea não vai a nenhum lugar fora deste edifício.”
****
Rhea não ia ficar nesse edifício um momento mais depois que encontrasse um pouco de roupa e conseguisse sair dali. Que raiva daquele homem! Sim, salvou-a de um destino pior do que a morte, mas, como se atrevia a despi-la e pô-la em sua cama? Só porque fez amor com ela, de alguma maneira em sua cabeça, não lhe dava nenhum direito. Diabos, nem sequer o conhecia, além do que tinha lido nos jornais e aprendido a respeito dele e seu negócio no escritório. Apesar disso, assustava-a. A forma em que a fazia sentir. Tinha muito medo de que se entrasse no quarto nesse momento, deixaria que fizesse o que quisesse com ela. Isso quanto a sua tão 65
divulgada educação e independência. Ele era tão macho alfa que se apoderaria dela… E depois tinha os estranhos poderes que parecia ter. Não, não tinha forma de que ficasse ali por mais tempo do que vestir-se e sair de Dodge. Deixando a um lado os lençóis, sacou as pernas fora da cama. Agora, onde encontrar um pouco de roupa? Jogou uma olhada ao redor do quarto. Não tinha um armário. Decidiu procurar no banheiro. Enquanto caminhava além do espelho, sua imagem nua lhe devolveu a olhada. Ruborizou-se e depois se encolheu. Ele tinha visto seu corpo! A tinha tocado enquanto estava adormecida. Não importava o fato de que de alguma maneira tinha feito louco e apaixonadamente amor com ela em seus sonhos, tanto acordada como dormindo, durante quase duas semanas. No entanto, deu-se conta. O tinha feito de novo hoje! O bastardo a tinha levado a um orgasmo entusiasta enquanto sustentava seu corpo inconsciente. Nua! Em seus braços. O atrevimento daquele homem. Jogando fumaça, procurou no banheiro e encontrou sua roupa íntima pendurando numa barra de toalha. Estava ligeiramente úmida. Como tinha acontecido isso? Não, não queria saber. Sua roupa, perfeitamente dobrada, jazia numa cômoda no amplo closet. Seus 66
sapatos numa estante alinhados junto a vários pares de sapatos negros de homem. “Rhea! Venha a mim!” Não era ele. A voz chamando-a era feminina, a mesma voz que falava com ela em sua casa. Decidiu ignorá-la. Demônios, uma vez que saísse dali chamaria um psicólogo. Estava muito segura de que ele tinha voado até ela. Nem sequer ia pensar em Drake Morgan aparentemente voando até a escada para salvá-la. Não, isso nem sequer ia cruzar sua mente consciente. As vozes eram bastante ruins. Depois de vestir-se, marchou ao quarto. Evitou olhar a cama desfeita. “Ele não te reclamou… ainda.” “Quem não me reclamou?” Perguntou em voz alta, temerosa de pensar nas palavras. Temerosa de que funcionaria como o tinha feito com Drake Morgan. “Teu complemento masculino.” “Meu complemento masculino? Quer dizer, Mandrake Morgan?” “Sim. Ele é teu destino.” “Uma merda que o é.” “Já veremos. Venha até a escultura. Verá algo teu.”
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Girando ao redor, Rhea viu um busto chinês num canto do quarto. Enquanto se aproximava não só ouviu a voz com mais força, como também sentiu a atração quase magnética que tinha experimentado na primeira vez ao encontrar o quarto secreto. Dois livros jaziam na parte superior da escultura. Seus livros! Como chegaram até aqui? “Morgan os trouxe. Para confirmar tua herança de bruxa”. “Bruxa?” Morgan a tinha chamado bruxa também. “Não sou uma bruxa. Sou advogada. Algumas pessoas podem dizer que esses são…” “Suficiente. Abre o livro de magia. Segundo feitiço. Isso te permitirá chegar a sua casa. Depois, verá que de fato é uma bruxa. Uma muito poderosa. Temos muito treinamento que fazer e muito pouco tempo.” “Está bem. Claro. Estou no jogo. Refiro-me a que é um produto de minha imaginação e Deus sabe que sempre estou com humor para as invenções.” Rhea se dirigiu ao segundo feitiço e o leu.
Oh, escuta-me, Vento do Oeste. Oh, escuta-me, Vento do Leste. Procuro tua ajuda. Para voltar a minha casa.
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Enquanto seguia lendo as palavras, seguiu as instruções e girou para a direita enquanto visualizava sua casa. O ar do quarto se agitou, suavemente a princípio, num movimento de redemoinho depois, com uma velocidade cada vez maior. Fora da turbulência se levantou um redemoinho que varreu Rhea e os livros acima e longe. O seguinte que Rhea soube era que estava de pé no quarto secreto de sua casa, um pouco enjoada e só levemente desalinhada. Os livros jaziam sobre a escrivaninha, onde os tinha deixado da última vez. Aturdida, Rhea se deixou cair na cadeira junto à escrivaninha. “Realmente, realmente tenho que conseguir ajuda de algum psicólogo”. “Não minha menina, suas faculdades mentais estão bem. É uma bruxa e já é hora de que seja treinada para cumprir com seu destino.” A voz não estava em sua cabeça desta vez.
Temerosa, Rhea
voltou a cabeça para a voz muito real. Uma mulher alta, de cabelo branco e serenos olhos verdes, vestida com uma túnica azul e rodeada de um pálido resplendor dourado, flutuava no canto do quarto. A meio metro do chão. “Você é de verdade?” “Sim, minha menina. Sou tua avó Elspeth. Bem, mais precisamente sou o espírito de Elspeth”.
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“Isso não é real.” Ainda que parecesse ser bastante sólida apesar da coisa de flutuar. E era a imagem exata das fotos de Elspeth em seus álbuns de família. “O é para aqueles de nós que estamos no mundo dos espíritos.” O tom do fantasma era de reprimenda. “Sinto muito.” Rhea negou com a cabeça. “Não posso crer que esteja falando com um fantasma.” “Por que não? Falava comigo quando era uma voz em tua cabeça. Pensei que seria mais cômodo se pudesse ver com quem falava. Estava equivocada?” Rhea riu. “Me pegou. Ao menos já não estou falando com uma sala vazia.” Sua avó sorriu. “Lembra-me seu pai. O mesmo tom sarcástico de voz.” “Meu pai nunca falava de você”. “Não é uma surpresa. Ele não aprovava os velhos costumes. “Os velhos costumes?” “Magia. Renegou seu sangue de bruxo”. “Assim que, só acabamos de…?” “Tele transportar-nos.” “Está bem. Isso é uma parte dos velhos costumes?”
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“Sim. Como são as experiências extra corporais no plano astral que tem
tido com Drake, que também é um bruxo, um bastante
poderoso.” “Vamos falar do que Drake Morgan me fez no plano o que quer que seja. Realmente estávamos fazendo amor?” “Ele fez amor com seu corpo projetado a teu corpo projetado. Não te agradou? Rhea ruborizou ao recordar o quanto tinha desfrutado. “Bem, sim, claro. Mas não o conheço. Nunca o conheci até hoje, quando me salvou de Seb Headley. Que está acontecendo aqui, vovó?” “Menina, está presa numa batalha pela liderança da Irmandade do Lobo. Drake é o atual líder, mas há outro que quer destroná-lo. Você é a chave. Com você como sua esposa, Drake não será derrotado por qualquer outro bruxo rebelde desejando tomar seu cargo nos negócios.” “Negócios?” “Morgan Ltda é o clã.” “O capitalismo cortejando o mundo?” Se jogou a rir. “Depois, acho que me dirá que outras criaturas como vampiros, homens lobo e similares têm suas próprias companhias da Fortuna.” “Já não é preciso, você acaba de dizer.” Sorriu sua avó. “Mas Drake é um empregador de igualdade de oportunidades. Muitos de seus empregados
são
humanos
com
um
punhado
de
outros
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sobrenaturais, como mencionou. Drake é muito brilhante, pelo qual muitos tentam uma maneira de desfazer-se dele.” “Desfazer-se dele como? Assassinando-o?” “Precisamente.” “Como se pode assassinar um bruxo?” “Com magia negra minha querida. É por isso que ele precisa de você. Drake e você são complementos exatos em magia. Onde ele é débil você é forte, ou será, uma vez que esteja capacitada. E viceversa. Ele reconheceu sua essência de imediato. Será uma boa adição à família.” “Espera um minuto. Praticamente me tem casada com ele e nem sequer sei se me agrada, nem sei se poderia suportar viver com ele e amá-lo dessa maneira.” “Não há tempo. Pode aprender a desfrutar dele e amá-lo dessa maneira, como o diz, depois de que se unam.” “Unir?” A voz de Rhea mal podia expressar a seguinte pergunta. “Quer dizer ter sexo real e não essas coisas de plano astral?” “Olha, já está pensando como uma bruxa.” Sua avó sorriu e o brilho ao redor dela levantou um pó de ouro pálido brilhante como o ocre. “E tem que ser logo.” “Tenho quase medo de perguntar” Gemeu Rhea. “Por quê?” “Devido a que os malvados vinham por você quando nos teletransportamos fora do quarto de Drake. É por isso que tivemos que sair de imediato.”
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“Os malvados?” “Sim. O cúmplice de Warrick Bettencourt, o homem que quer matar Drake.” “E para evitar que isso aconteça, tenho que ter... uh... ter relações com Drake para que ele possa derrotá-los e manter seu trabalho como chefe do clã, uh... Morgan Ltda?” “Precisamente.” “Maravilhoso. Simplesmente maravilhoso.”
****
“Onde diabos está?” Drake passeou pela zona ao redor de sua cama, pela décima vez. Algo não estava bem aqui. Os amparos de proteção do quarto deveriam ter impedido que alguém entrasse ou saísse. Ele mesmo os tinha posto depois de que tinha secado Rhea e a tinha colocado em
sua
cama.
Como
tinha
saído?
Suas
roupas
tinham
desaparecido. Obviamente tinha acordado, se vestido e saído sem ativar o alarme. Por não falar que conseguiu passar pelos guardas que tinha plantado fora das portas de sua suíte. Igor e Boris, os cachorros-lobos russos, não tinham visto nada. Ewan McDonald, seu chefe de segurança, informou que seus homens não tinham visto nada anormal nos monitores de segurança. 73
Voltou-se para os gêmeos troca formas, agora em sua forma humana. Sua pergunta tinha que ter refletido em sua testa já que eles responderam ao uníssono. “Ela não passou por nós.” Drake passeava em seu quarto. Alguém teve que utilizar magia contra suas proteções para levar Rhea. Ela devia ter se vestido por sua conta. Depois descobriu que não podia sair. Provavelmente estava jogando fumaça, sentada, quando alguém entrou e a levou. Estaria em perigo? Alguém descobriu que tinha encontrado sua companheira e que seria capaz de bloquear seu domínio sobre a liderança do clã? Teve outra fuga em sua companhia, além de Galen? “Tragam-me Galen. Agora!” Tanto Igor como Boris saltaram a suas ordens mudando facilmente a sua forma canina. Quatro pernas corriam mais rápido que duas. Satisfeito de que estavam seguindo suas ordens, voltou-se para o amuleto, seu único vínculo com a busca de Rhea. “Rhea?” “Vá embora Drake Morgan. Não quero falar contigo.” “Está a salvo?” “De você? Sim.” “Rhea! Não quero te fazer mal.” “Isso não foi o que ouvi.” “Que quer dizer?” 74
“Averigua-o. Mas sai de minha cabeça enquanto isso!” Um ruído surdo, como o de uma porta batendo retumbou em sua cabeça. Ela o tinha bloqueado! Como se atrevia? Não era mais do que uma bruxa neófita. Como diabos o tinha feito? Melhor ainda, como ele ia conseguir ficar junto a ela? Tinha que ter uma conexão com ela, para sua própria proteção. “Drake?” A voz de Betsy o tirou de seus escuros pensamentos. “Há algo mais aqui, mas não reconheço o padrão.” Drake se dirigiu para a escultura, um busto chinês no canto do quarto. Enquanto se aproximava da área também sentiu algo no ar. Um rasto persistente de magia. Ritual mágico do vento. “Alguém chamou os ventos, Betsy.” Drake ficou na parte superior do busto. Algo estava fora de lugar. “Maldita seja! A magia do vento é elementar e deixa muito pouco aos sentidos.” Não, algo estava fora de lugar. Algo ou algumas coisas que faltavam. “Os livros se foram.” “Os da casa de Rhea?” Perguntou Betsy. “Sim, os livros de sua avó.” Drake fechou os olhos e se concentrou no ar do quarto. Os ecos das vozes se detiveram junto com um ápice dos restos do redemoinho que devem ter varrido Rhea para longe. 75
Então soube. “Ela está em sua casa. Alguém lhe ensinou a teletransportar-se com o vento. Um procedimento bastante básico se tem o poder e o conhecimento.” Disse Drake. “Bem, sei que ela tem o poder, mas, quem lhe ensinou a usá-lo?” “Estou apostando em sua avó.” “Foi uma coisa bastante boa que ela conseguisse tirar Rhea daqui”. Disse Keir do seu posto na porta. Boris e Igor, ainda em suas formas animais, também ficaram ali, protegendo a um acovardado Galen. “Ewan acaba de encontrar um oco nas defesas do porão. Quem quer que tenha entrado se esconde em algum lugar do edifício ou, se são inteligentes, há muito tempo se foram. Não, nem sequer tem que perguntar. Estamos procurando no edifício e os amparos estão de volta em seu lugar, a proteção bem mais forte desta vez. “Muito bem.” Drake dirigiu sua atenção a Galen, ainda pálido e trêmulo por sua reunião anterior. O traidor deveria estar a caminho da Sibéria sob custódia de Boris e Igor, mas não estava devido à situação atual. “Galen. Você admitiu que passa informação da empresa a Seb Headley em nome de Warrick Bettencourt e seu plano para fazer-se cargo do clã. Mas esqueceu de dizer-me que ele sabia de Rhea. Por que será?” Galen gemeu e olhou a todas as partes menos a ele. Drake levantou a mão direita e de sua posição através da habitação, levantou o queixo de Galen. 76
“Diga-me.” “Porque teria me matado.” “Agora, por que pensa isso?” “Devido a que Warrick descobriu que ela é seu complemento e planeja afastá-la de você para impedir que seja onipotente.” Drake controlou a força que ameaçava disparar dos extremos dos dedos ao verme chorão que tinha posto em perigo uma mulher inocente. Em troca, pronunciou um feitiço:
Potência da terra, Escuta minha súplica, Elimina este verme de minha vista, E empurra-o profundo no solo argiloso Onde a noite é eterna.
Num reflexo de luz, Galen se transformou numa minhoca de terra e depois desapareceu. “Caralho. Chefe, não me faça isso nunca. De acordo?” Disse Boris, que tinha recuperado sua forma humana, com Igor que não ficou atrás. “Não faça nada para me aborrecer e estará a salvo.”
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“Acredita que a avó de Rhea percebeu a maldade?” Perguntou Keir. “Provavelmente. Os anciãos que estudaram seus livros disseram que ela era uma bruxa poderosa na Costa Leste. Seguia os velhos costumes. Previu o fato de que sua neta um dia seria minha companheira.” “Portanto, deixou para Rhea a propriedade para atraí-la para a cidade. Quando sua neta chegou, a magia de Elspeth assegurou que ficasse até que se conhecessem.” Disse Betsy “Isso é tão genial.” “Ela estar em sua casa.” Disse Drake. “Só que, desprotegida, exceto pelo espírito de sua avó e um grimório no qual ainda não é rápida utilizando-o.” “Drake, sei que quer ir até ela.” Disse Keir. “Mas, precisamos de tua magia para ajudar a erradicar o outro espião entre nós.” Drake estava dividido entre querer encontrar o outro traidor e estar com Rhea. “Drake, vou até a casa de Rhea.” Ofereceu Betsy. “Levo os russos comigo. Entre nós três e sua avó, devemos ser capazes de protegêla. Keir e os demais precisam de ti aqui.” Drake sabia que Betsy e Keir tinham razão, nunca seria capaz de manter Rhea segura em sua casa até que os traidores em sua Irmandade fossem descobertos e vencidos. “Está bem. Mantenha-se em contato. E diga-lhe que baixe as malditas barreiras em sua mente ou da próxima vez que a veja não vou acariciar sua doce bunda, mas sim lhe dar umas boas palmadas.” 78
Capítulo 7
Casa de Rhea em Lincoln Park Town.
“Deixa-o entrar em tua mente, minha menina.” O espírito de sua avó se sentou em cima da cadeira frente a ela. “Por quê?” Rhea passou ao seguinte feitiço no grimório. “Bolas de fogo? Vou disparar bolas de fogo dos meus dedos? Soa perigoso.” “Rhea, deixa que o pobre homem saiba que está bem. Tinha perigo em seu edifício. Ele o saberá. Pode pensar que está sendo retida contra tua vontade.” “Não, não o fará. Disse-lhe que se perdesse. Isso não soa como ser retida contra minha vontade, não é verdade?” Sua avó riu. O som disso se propagou por todo o quarto e fez cócegas às terminações nervosas de Rhea. “Vocês serão um casal maravilhoso. A Irmandade se assegurará de sua
supremacia
no
mundo
sobrenatural.
Esses
velhos
conservadores da Costa Leste. Será melhor que cuidem do seu traseiro.” “Vovó! Estou surpresa com tal linguagem. Agora me fala das bolas de fogo.”
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Rhea ignorou a declaração de seu iminente emparelhamento como sua avó o chamava. Estava muito confusa a respeito de seus sentimentos por Drake. Como seu amante de sonho, tinha sido maravilhoso. Mas a realidade a assustava. Desde que estivesse em sua mente, ela ainda estava em controle de seu corpo. Sim, claro. Ele também tinha controlado isso, se fosse honesta. O homem era o macho alfa de todos os machos alfas, e Rhea odiava os homens que lhe diziam o que fazer e como pensar. Drake teria que a reconhecer como a uma igual, cortejá-la, e então pensaria a respeito da união ou como diabos eles o chamassem. “Senhorita Drake, esse é o seu destino. Trata com ele.” Respondeu sua avó e estendeu a mão para que lhe entregasse o grimório. Este flutuou para ela. “As bolas de fogo não vão servir de nada contra alguém com a experiência de Warrick. Sua magia do caos é complexa. Precisará salas de proteção e salas de reflexo. Ele não esperará que saiba essas coisas.” Rhea sabia que eventualmente poderia manejar Drake e este tema da união. Afinal, ele nunca lhe tinha machucado. A tinha salvado de Headley. Não tinha consumado a união física com ela enquanto estava inconsciente. Era um homem honrável. Bruxo. Ou o que fosse. Mas Warrick Bettencourt soava como farinha de outro saco. Pelo que sua avó lhe tinha dito, era uma combinação de todas as bruxas de conto de fadas e o próprio diabo. Aceitando que ela era uma bruxa, toda a evidência apontava que ela estava no lado dos bons. Então, tinha que fazer sua parte, mesmo que fosse a oferenda do
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sacrifício na cama de Drake Morgan, para evitar que Bettencourt derrocasse Drake e se fizesse cargo do clã. “Está bem. Ensina-me.”
****
Yorrick olhava para o segundo andar, à janela da esquina. Sentia sua presença, sua essência de vida e de mais outro, um espírito. Ambas poderosas em magia. Uma antiga. Uma de uma mera menina, mas forte, com o potencial de superá-lo, e possivelmente inclusive a Bettencourt. Prender Rhea enquanto era nova no conhecimento de sua herança era um movimento inteligente por parte de seu líder. Ela seria a isca para atrair Drake Morgan a sua perdição. Aproximou-se à parte traseira da casa. Até o momento os amparos colocados pela antiga eram fortes e desconhecidas para ele. Tinha que encontrar uma maneira de irromper e pegar a mulher. Enquanto se movia ao redor da parte posterior da casa, procurava uma debilidade. A mínima greta num dos feitiços de proteção lhe permitiria entrar. Se não encontrasse uma, retrocederia e chamaria Bettencourt para obter mais ajuda. Justo quando estava a ponto de render-se, encontrou sua anomalia, uma pequena fissura na sala de uma janela do porão. Com um movimento de sua mão, utilizou seu poder para alargar a greta, 81
então a abriu e se arrastou através da janela. Enquanto ia ao andar do porão, a greta se fechou com um ruído metálico ressonante. Ainda consciente de que o som estava totalmente em sua mente, olhou ao seu redor para assegurar-se de que ninguém tinha ouvido o som revelador de sua entrada. O porão estava vazio. Frio, úmido e empoeirado por anos de desuso. Nem sequer por um rato para ver ou escutar seu passo. Subindo as escadas, planejou como ia obrigar à mulher a eliminar os amparos de proteção para que pudesse fazer sua fuga com ela como sua prisioneira. Seus finos lábios rachados quando reprimiu o riso efervescendo em sua garganta. Esperava que ela se negasse. Tinha suas formas de fazer que uma mulher, inclusive uma bruxa, obedecesse.
******
“Alguém atravessou as barreiras da casa.” Assustada pelo sussurro fantasmal de sua avó em seu ouvido, Rhea se sentou e deixou cair o gordo grimório que estudava. “Quem é?” “Não é Bettencourt. Conheço sua essência. Cruzamos espadas antes, apesar de que provavelmente ele não se deu conta.” Rhea girou. O espírito de sua avó estava quase completamente formado e sólido em aparência, mas ainda pairou acima do solo. O olhar 82
severo no rosto de sua avó disse a Rhea que o que sucederia a seguir era algo que não ia agradar-lhe. “Então, quem é?” “Um dos seguidores de Bettencourt. Ele atraiu muitos seguidores com sua interpretação da magia do caos.” Sua avó fez um gesto com a mão. “Venha menina, temos que nos preparar. Aqueles que recorreram ao lado escuro da magia do caos tendem a causar grandes quantidades de destruição. Se quisermos sobreviver, devemos unir nosso poder e construir nossos amparos de proteção com cuidado, mas com rapidez.” Rhea se levantou da cadeira, depois se agachou para recolher o precioso grimório. “Sim. Traga o livro. Não deve cair nas mãos do diabo. Há alguns feitiços aí que só os que praticam o bem devem ter conhecimento.” “Como as salas de proteção?” “Exatamente.” Sua avó tomou sua mão. “Una-se a mim. E aconteça o que acontecer, permaneça em silêncio. Um som no momento errado seria tua destruição, ou pior, tua captura.” “Oh, meu Deus! Ele quer usar-me contra Drake Morgan. Não é verdade?” “Sim. Você é tanto a fortaleza como a debilidade de Morgan. Bettencourt
bem
sabe.
Seus
colaboradores
perderam
a
oportunidade de prender-te no apartamento de Morgan. Esse que vem sabe que não tem tanto conhecimento. Os malvados querem capturar-te e te usar enquanto é débil.” Elspeth sorriu. “Mas não é tão ignorante no uso da magia como eles suspeitam. Essa será nossa salvação.” 83
Rhea estava segura de que a fé de sua avó estava fora de lugar. Mas assentiu com a cabeça para fazer feliz a sua mentora. Elspeth meteu o livro de feitiços entre elas. “Estica-se para as profundidades de teu ser e confia na capa de invisibilidade que estou tecendo ao nosso redor. Acredite em nossa magia. O que vem não é tão forte nem tão inteligente como ele pensa.” “Que teria que ver minha crença com isso?” “Permitirá que teu poder se una ao meu e fará a parede invencível a alguém que não seja um bruxo muito poderoso.” “Como Bettencourt?” “Sim. E Drake Morgan.” Rhea parou entre os braços de sua avó. Sentia-se cálida e suave como um edredom de plumas. Se não soubesse bem, teria jurado que estava enroscada no sofá sob o cobertor. Mas sabia que não era o caso. Podia ver a rede de tecido fino de proteção, como uma rede viva e respirando rodeando seus corpos. “Ele está vindo. Lembre-se. Sem sons. E acredite com todas suas forças na santidade de meu feitiço.” Rhea olhava fixamente a porta do quarto secreto. Ouviu os passos pesados do homem. Seguro que ele não se preocupava que alguém escutasse sua chegada. Inclusive sentia sua maldade. Sua fétida essência se esticava para ela com gananciosas e cruéis garras. Fechou os olhos com força e se esticou para o poder que sentia que estava dentro dela. 84
Acreditava no que Elspeth lhe tinha dito. O homem que vinha a utilizaria de maneiras horríveis para atrair Drake para resgatá-la. Isso não ia suceder. Não em seu tempo. Os sons de destruição desenfreada fizeram eco em sua cabeça. Os gritos furiosos do homem superavam as grossas paredes da sólida casa. Ele estava violando sua casa! A necessidade de atacar o homem era forte. “Não, menina. Concentre-se. Ele quer que o enfrente.” “Entendo. Mas é difícil estar aqui enquanto ele destrói sua casa.” “Melhor tijolos e morteiro do que você. Você é o futuro. Deve ser protegida a todo custo.” “Devia ter ficado na Morgan.” Ela não respondeu. Rhea tomou isso como uma afirmação. Pelo menos na sede da Morgan, teria tido mais poder para desviar um ataque. “Bruxa?” A voz repugnante chamando-a fez que sua pele se arrepiasse. “Estou vindo por você. Não pode esconder-se. Vou te encontrar.” Rhea abriu seus olhos. A rede de proteção parecia brilhar da energia pulsando através da tela de tecido fino. O ozônio atingiu seu nariz. “É normal. O brilho. O cheiro. Ele não os detectará. Tenha fé.” Rhea assentiu. Teria fé senão a mataria. A porta do quarto secreto voou das dobradiças ocultas. O homem entrando no quarto era atraente. Alto, escuro e bem parecido com 85
um personagem dos páramos açoitados pelo vento de uma novela de Brontë. Como um dos Anjos caídos. No entanto, seus olhos refletiam sua alma sumida na ignorância e refletiam seu núcleo contaminado. E esses olhos procuraram por ela na escuridão do quarto. Várias vezes seus olhos brutais percorreram sua posição. Rhea suspirou mentalmente cada vez que passava por ali e não se deteve em sua busca. Depois, a destruição iniciou de novo. Com um movimento de sua mão, ele revirou todos os móveis no quarto secreto e reduziu a herança familiar em pedaços. A fé de Rhea se deslizava com cada rachadura e crise da destruição em massa. Então, ele varreu os livros de suas estantes e se fizeram cacos todos os vidros do quarto. E a fé de Rhea começou a fragmentar-se. Este homem era mais forte do que sua avó tinha pensado. A rede tinha perdido um pouco de seu brilho. “Não, menina! Acredita.” “Estou tentando.” “Esforça-te. Encontre a força.” Rhea fechou seus olhos. Mas tudo o que viu foi a escura presença do mal. Sentiu o desmoronamento da rede. Abrindo seus olhos, observou o homem de confiança de Bettencourt enquanto se aproximava da sua posição. Ainda procurando.
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A rede seguia fazendo seu trabalho. Enquanto ele metodicamente revirava o quarto, passou por sua posição uma vez mais. A perda de poder foi evidente enquanto se movia através deles. Para Rhea, era como se suas entranhas tivessem sido arrancadas através de seu umbigo. Foi preciso toda sua força de vontade para não gritar de dor. Estava regressando. Não sabia se poderia suportar outro passo dele. Enquanto ela fazia outra tentativa para atingir seus poderes, recordou as palavras de sua avó. As palavras da lenda. Juntos, ela e Drake eram mais fortes do que separado. Agora era o momento de comprovar se isso era verdade ou não. Deixando cair seus escudos contra Drake, chamou-o. “Drake. Ajude-nos. Veja o que eu vejo e me ajude a encontrar a força.”
****
Drake vigiou os primeiros corredores. Até agora na busca do edifício não tinha aparecido nenhuma pessoa que não deveria estar ali. Tinha medo de que Keir tivesse estado certo a respeito de que o intruso escapou. Mas o traidor ou traidores que tinham arrasado o porão para as armadilhas de ilusão estavam ainda aqui. Foi um de seu próprio clã. 87
E ele não descansaria até encontrar essa pessoa ou pessoas. Não podia conscientemente levar Rhea de novo sob seu amparo em caso de que não pudesse garantir sua segurança. “Drake. Ajude-nos. Veja o que...” Drake se deteve, e o homem que o seguia trombou em suas costas com sua abrupta parada. “Rhea” Sussurrou. Não sabia o muito que tinha sentido falta sua presença em sua mente até que ela tinha cortado o laço. Sua virilha respondeu a seu regresso. Estrangulou sua reação sexual. Ela estava em perigo. Através de seus olhos, viu Yorrick, um dos mais depravados seguidores de Bettencourt, caminhando pelo quarto secreto. A destruição sem sentido lhe adoecia. A rede de proteção ao redor de Rhea e sua avó estavam falhando. Da próxima vez que Yorrick passasse, ia encontrá-la. “Não!” Rugiu Drake. Os homens que o rodeavam retrocederam ante sua ira. “Rhea, minha.” “Drake! Você respondeu.” “Sempre.” “Ajuda-nos. Minha avó precisa de mais poder. O meu não é suficientemente bom. Não sou o suficientemente boa.” “Como antes. O faremos como antes. Lembra?” “As abelhas?”
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“Justo como as abelhas, mas desta vez sem as mãos. Só visualiza um longo taco de beisebol.” “Bem. Depois o que?” “Só mantém o vínculo aberto e sustenta a tua avó como tem estado fazendo e deixa-me fazer o resto.” “Muito bem.” Um riso fantasmal fez cócegas no cérebro de Drake. A anciã estava vinculada a ele através de sua neta. Drake sorriu. A velha estava demonstrando um ponto. Seu plano teria fracassado sem a decisão de Rhea em abrir a conexão telepática. Sabia que tinha um aliado em sua batalha para ganhar Rhea. Drake atendeu a advertência da anciã. “Drake Morgan, o que quer que seja que planeja fazer. Faça-o agora!” Ele enviou a imagem e o poder de um grande taco através do vínculo entre Rhea e ele. Enquanto Yorrick se aproximava ao lugar onde as duas mulheres se encontravam, Drake soltou um swing que era uma reminiscência ao de Babe Ruth golpeando por cima da cerca no Estádio Yankee. O taco de beisebol de energia golpeou Yorrick no abdômen, levantando o homem de seus pés e lançando-o através de porta destruída do quarto secreto, para a outra habitação, e logo fisicamente através da porta de carvalho maciço na parte dianteira da casa.
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Rhea e sua avó ainda estavam protegidas pela rede que tinha impulsionado com seu poder enquanto que com a criação do taco de beisebol se moveram como um à porta dianteira. Yorrick jazia de barriga para cima no pátio. Inconsciente, pelo visto. “Drake?” A voz de Rhea se estremeceu. “Não se revele ainda. Yorrick é um bruxo forte. Ele poderia estar fingindo”. “Estou de acordo, jovem. Entretanto, outros se aproximam.” “Rhea?” A voz de Betsy chegou através do vínculo forte e claro. “Está tudo bem. Ela é a esposa de Keir. Os dois com ela são Boris e Igor. Eles te protegerão até que eu chegue aí.” “Venha logo meu rapaz. Já não sou tão jovem como costumava ser. Não nos revelaremos até que você chegue aqui.” Drake sorriu. Astuta anciã, sua futura avó política. Rhea não tem oportunidade de escapar de nosso destino em comum. Negando a possibilidade de ser visto por um empregado mortal, Drake começou
o
encantamento
e
os
movimentos
que
o
teletransportariam a Rhea.
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Capítulo 8
Rhea observou o trio que se aproximava com grande interesse. Um pequeno duende moreno e dois enormes cães lobos russos convergiram para o corpo que ainda jazia no solo no meio dos restos da maciça porta de carvalho da entrada. Elspeth e ela, ainda protegidas pelo feitiço da invisibilidade, aproximaram-se do homem que Drake tinha identificado como Yorrick. “Já sabe, não há problema se nos revelamos. Estes são amigos.” A voz de Elspeth soou na mente de Rhea. “Como sabe?” Rhea ainda estava sacudida pela situação e calculou que as únicas duas pessoas em que podia confiar neste mundo que se voltou de pernas para o ar eram sua avó fantasma e o homem que a tinha salvado da indubitável violação nas mãos de Headley. E em Drake só confiava em que a mantivesse a salvo, ainda não estava de acordo com o conceito de ser destinada a sua companheira de vida. Tinha que ter outra maneira de proteger o clã. “Devido a que Drake não enviaria pessoas em quem não confiasse minha menina.” 91
“Pessoas? Há uma pequena mulher e dois enormes cães.” “Não. Há uma bruxa e dois troca formas masculinos. Olhe com mais que seus olhos. Sinta o poder que vem deles.” Antes que Rhea pudesse inclusive perguntar o que queria dizer sua avó, os dois cães trocaram de forma para dois grandes e desgrenhados homens muito nus. E em ótima forma. Ela fechou os olhos. Sua avó riu entre dentes. A energia do feitiço de proteção formigou agora dissolvido, Rhea se sentia tão nua como os dois homens frente a ela. Seus olhos voaram abertos, e olhou fixamente a Yorrick, estendido no chão onde tinha sido arremessado. A risada como sinos de vento proveio da pequena morena. “Oi Rhea! Sou Betsy, a esposa de Keir. Pode olhar agora. Igor e Boris estão decentemente vestidos.” “Vou acreditar na tua palavra sobre isso.” Disse Rhea. “Mas prefiro manter meus olhos em Yorrick. Ele está se movendo.” “Boris! Igor! Contenham-no.” Betsy ladrou suas ordens como um sargento da Marinha. Rhea não podia crer que uma mulher tão pequena pudesse projetar tanta autoridade em suas palavras. Boris e Igor imediatamente estiveram sobre Yorrick enquanto ele lutava para sentar-se. O asqueroso homem olhou airadamente a cada um deles ao mesmo tempo. 92
“Onde aprendeu a fazer esse truque, bruxa bebê?” Seus olhos amarelos pálidos fincaram-se nos de Rhea, com tal intensidade que ela ofegou. “Para com isso!” Gritou Betsy a Yorrick e com um gesto da mão, girou a cabeça de Rhea até ela. “Péssimos modos. Ela não sabe que você não trabalha pelas regras da Convenção de Genebra”. “Regras?” Rhea estava confusa. Existem regras para as bruxas em situações como esta? Betsy riu. “Não seja boba. Para prisioneiros de guerra. Yorrick é um preso dessa guerra que Bettencourt já começou e como tal tem que ser um prisioneiro modelo e temos que tratá-lo de forma justa.” Rhea balançou a cabeça. Como Alice no País das Maravilhas, se perguntou o que diabos estava acontecendo. Seu mundo previsível tornava-se ainda mais bizarro a cada minuto. “Cadela!” Cuspiu Yorrick a Betsy. “Se eu fosse seu mestre, já teria te açoitado há muito tempo. Justo mostra o ruim que está a Irmandade e a urgente necessidade de um líder forte. Imagina enviar uma mulher e dois troca formas de classe baixa para proteger a suposta companheira do suposto líder do clã. Drake é muito débil para manter uma posição tão alta.” Boris e Igor assentiram entre si, e depois num movimento muito rápido para que Rhea o visse, deitaram o homem que lançou um grito de dor. Enquanto lutava para sentar-se direito, repetiram a manobra supersônica. Boris ou Igor disse: 93
“Isso te ensinará a não faltar com o respeito a uma dama e à futura matriarca de seu clã.” Betsy num passo se aproximou a Yorrick. “Agora, Boris, comporta-se. Não quer que Yorrick se queixe ao “Conselho de Anciãos” pelos maus tratos recebido, não é?” “Bem, ele não pode, não é verdade?” Respondeu Boris “Como poderia explicar suas ações aqui hoje sem incriminar-se? A última vez que me inteirei, eles queimaram bruxos traidores. Correto, Igor?” “Absolutamente Boris.” Betsy olhou a sua avó e lhe piscou um olho. “Igual que em Salem.” Rhea conteve o riso. Yorrick parecia perplexo, como se estivesse tratando de recordar tal regra. Ela estava completamente segura de que os dois homens e Betsy estavam puxando a corrente de Yorrick. Quando estava a ponto de perguntar quanto tempo Drake levaria em chegar de carro desde seu escritório até sua casa para recolher Yorrick, um forte vento se alçou pelo leste, procedente de Lago Shore Drive. “Jesus, isso é tudo o que precisamos. Uma tormenta. A frente da casa está destruída.” Rhea se dirigiu a sua avó que sorriu amplamente. “Vai chover e arruinará os móveis.” “Isso não é nenhuma tormenta. É seu companheiro. Ele também não poupou energia. Não vi um vento de transporte assim desde 94
minha adolescência, quando meu pai se inteirou de que escapei de casa depois do toque de recolher para reunir-me com seu avô, Bertram.” Os olhos de sua avó brilharam. “Papai quase o espantou de se casar comigo.” Rhea sacudiu a cabeça, depois recordou quando Drake tinha aparecido no oco da escada para salvá-la. Uma forte corrente de ar o tinha precedido também. “Ele pode controlar o vento?” “Não, tonta”. Disse Betsy. “Transforma-se em vento. Estou segura de que será capaz de fazê-lo cedo ou tarde. Se não pode fazê-lo por tua conta, Drake te ensinará uma vez que tenha se emparelhado com ele.” Quando Rhea estava a ponto de responder que já tinha se transportado e não estava convencida de que o emparelhamento era de tudo necessário para salvar o clã, o vento açoitou a seu redor e depois se deteve. Das brisas surgiu Drake, luzindo só um pouco despenteado por seus esforços. Graças a Deus, o transporte através do vento diferente da mudança de forma não implicava na perda da roupa. Drake se aproximou e a tomou em seus braços para dar-lhe um beijo. Logo que seus lábios tocaram os dela, as lembranças de suas relações sexuais no mundo dos sonhos tinham-na toda quente e molhada. Fossem beijos como esses que começaram a viagem a sua entristecedora excitação sexual, culminando no orgasmo. Drake como amante de sonho tinha sido bastante devastador. Na realidade era ainda mais. Se ela não pusesse fim a esse beijo, 95
ficaria em um apuro por ter um orgasmo em frente de todas essas testemunhas. Já que sua boca estava ocupada e seus braços não eram capazes de abandonar as fortes costas de Drake, Rhea recorreu a seu enlace mental. “Drake. Detenha-se, por favor. Não aguento mais. Vou gozar.” “Então goza.” “Não! Estão nos olhando.” “Não, não estão. Estamos dentro da casa.” Rhea abriu os olhos que se fecharam no êxtase imediato que seguiu os beijos do Drake. Ele tinha razão. Estavam na casa. Em seu quarto, para ser mais exato. “Oh não, não o faça. Não vamos nos unir ou como você o chame. Não pode ser. Não agora.” “Rhea. Supõe-se que deve ser assim. O quanto antes o façamos, mais cedo a Irmandade estará a salvo dos bruxos maus, como Bettencourt e seus seguidores.” “Não. Tem que haver outra maneira.” “Sua avó não te explicou? Este é seu destino. Ela te trouxe aqui ao meu encontro”. “Claro que ela me disse. Mas, não estou convencida.” Drake deixou de beijá-la e acariciá-la. Quando se pôs a arrumar sua roupa, que ele esteve a ponto de tirar-lhe suspirou:
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“Bem. Contra meu melhor juízo, vou te dar um pouco mais de tempo para chegar a aceitar o inevitável. Mas tem que me prometer que ficará comigo ou com alguém de minha escolha.” “Está bem.” Drake pôs os dedos em seus lábios. “Deixa-me terminar. Também tem que me prometer que de uma maneira ou outra consumaremos uma relação física antes da meianoite do sábado.” “Mas isso é só daqui a dois dias!” “É a noite da lua cheia.” Veio de cima na voz de Elspeth. Rhea e Drake levantassem a vista. Sua avó estava sentada na parte superior da cama com dossel. Tinha se sentado ali e simplesmente
teria
ficado
olhando
Drake
fazer-lhe
amor?
Provavelmente. Sua avó queria que fossem emparelhados. “Bem, quero saber. Que há de importante a respeito da lua cheia?” Elspeth flutuou até o solo e se sentou na borda do colchão. “A Magia do Caos é alimentada pela energia da lua cheia.” Rhea enrugou a testa. “Pensei que o Grimório disse que todas as bruxas podiam utilizar a energia da lua. Assim que, isso não nos dá um campo de jogo?” “Não, minha”. Drake acariciou um pouco de cabelo de sua testa, depois usou seus polegares para massagear a tensão de sua têmpora. “A Magia do Caos que pratica Bettencourt é uma aberração e, como tal, se retorce e converte a energia em atos 97
inqualificáveis. Com o auge da energia da lua, ele podia fazer algum grave dano a nosso clã, e até a Chicago, para derrotar-me”. “Mas nós não podemos detê-lo com feitiços de proteção ou algo assim?” “Talvez. Mas, até o momento em que nos dermos conta de seus padrões ortográficos distorcidos com o fim de contra atacá-los, ele pode ter ganhado a guerra.” “Já vê minha menina. O único poder o suficientemente forte para derrotar Bettencourt e seus seguidores transtornados é o poder de um líder da Irmandade mais sua companheira do destino. Drake é o líder. E você é sua companheira predestinada.” Elspeth sorriu, seus olhos brilhavam com lágrimas e algo mais. “Tal como eu estava com meu Bertram em nossa Irmandade na Costa Leste.” “É herdado?” “Nem sempre. Mas assim que você nasceu eu sabia. Tem o sinal.” Elspeth se aproximou e abriu a gola da blusa de seda de Rhea, e depois traçou a marca de nascimento sobre seu seio esquerdo. “A visão da marca sempre enfureceu seu pai até o ponto de raiva. Drake tem uma igual. Mostre-lhe, meu filho.” Drake se afastou de Rhea, desabotoando, e tirando a camisa. No lado esquerdo de seu peito, sobre o músculo peitoral esquerdo, uma versão maior da marca de nascimento apareceu. Nele, a forma estava claramente mais delineada do que a sua, que era bem menor. “É a cabeça de um lobo.” Disse Rhea “Por que um lobo?”
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“É o símbolo animal de meu clã.” Respondeu Drake “Por isso os troca formas caninos se aliam conosco.” “E na Costa Leste” Agregou Elspeth “Nossos aliados animais eram os pássaros.” Ela mostrou uma brilhante fantasmal marca de nascimento, justo acima de seu seio esquerdo, na forma de um pássaro voando. “Assim é como os que são eleitos para serem líderes da Irmandade e seus complementos são determinados.” “Portanto, só os líderes e o que você chama de seu complemento, têm essas marcas?” “Sim.” Disse Elspeth, depois murmurou algo que soou como, “basicamente”, baixinho. “Então, por que Bettencourt pensa que pode tomar conta do clã?” “Não lhe contou?” O tom asqueroso de Yorrick proveio da porta onde ele estava parado flanqueado por Boris e Igor. Betsy parou justo dentro do quarto. Seu rosto se enrugou com preocupação e simpatia. Rhea tinha estado tão absorta na conversa que não os tinha ouvido aproximar-se. O riso de Yorrick crispava os nervos como se fosse uma lixa. “Pobrezinha. Eles não te disseram que Bettencourt tem a mesma marca de nascimento que você e Drake. Tem a marca de líder também, como consequência de uma linhagem de liderança comum. Ele poderia usurpar a Drake como líder e consolidar sua posição em conjunto com você” “Então... então ele não ia me matar?” Rhea não pôde deter o tremor em sua voz. 99
“Não, uma vez que Bettencourt esteve seguro de que é o complemento para a Irmandade do Lobo, seus planos mudaram. Não se pode perder um bom complemento agora, não é verdade?” “Oh, meu Deus.” O quarto girava ao seu redor, e depois caiu no nada. Com seus últimos pensamentos conscientes, ouviu Betsy gritar. “Pela Deusa, segure-a Drake!”
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Capítulo 9
O corolário da regra dos complementos de vida dos líderes do clã, é que a relação que leva à união dos complementos deve basear-se na confiança, na fé e no amor. _Regras do Covendom, página 6.
Sede Principal da Morgan Ltda.
Drake estava sentado na borda da cama. Não podia afastar o olhar de Rhea. Depois de que ela tinha desmaiado, não podia pensar em nada mais que levá-la longe a um lugar onde ninguém pudesse encontrá-los, muito longe de todos os problemas progredindo no ar. Em
vez
disso,
tinha-os
transportado
de
regresso
a
seu
apartamento. Uma das anciãs experiente na cura tinha pronunciado que estava saudável, mas fatigada. Sua perda da consciência era só sua forma de lidar com o estresse sob o que tinha estado nas últimas semanas, e uma grave falta de sono.
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Drake se arrependia de seu atual estado de esgotamento e o papel que ele tinha nisso. Com mais de tempo e espaço, poderia ter se arrumado
para
conhecê-la
e
cortejá-la
corretamente.
Mas
Bettencourt e seus espiões não tinham permitido esse curso de ação. Portanto, tinha que cortejá-la no plano etéreo, o que contribuiu a seu colapso. É obvio o descobrimento de sua herança e seu destino provavelmente não tinham ajudado à tensão em suas emoções, tampouco. Esticando a mão, acariciou brandamente o braço dela do cotovelo até a ponta dos dedos, já que estava na parte superior das mantas. Uma pele tão linda. Só tocando-a, inclusive desta maneira casual, despertou sua libido até o ponto de dor deliciosa. Aspirou seu aroma de baunilha, ylang ylang e algo mais peculiarmente seu. Sua boca se encheu de água. Isso foi tudo o que pôde fazer para não inclinar-se e lamber o pulsar na base de seu pescoço para ver se tinha um sabor tão bom como cheirava. Rhea gemeu logo se moveu sem descanso contra os envolventes cobertores. Seus gemidos que lhe recordavam os que produzia justo antes que chegasse ao clímax durante seus encontros fora do corpo fizeram que seu estômago se apertasse e seu pênis se pusesse inclusive mais duro. “Ela é minha.” Dizê-lo em voz alta sublinhou a verdade das palavras em sua mente. À medida que seus movimentos contra os cobertores se fizeram mais frenéticos, Drake não pôde conter-se. Tinha que a sustentar perto, comunicar-lhe que não estava só e que a ele lhe importava o 102
suficiente como para proporcionar-lhe mais do que alucinante sexo. Queria que ela o associasse com a comodidade também. A quem estava enganando? O consolaria abraçá-la. Poderiam tê-la roubado para sempre hoje, se sua avó não tivesse estado ali para protegê-la. Drake tirou os sapatos, e então se pôs de pé. Retirou os cobertores e começou a abrir caminho na cama junto a ela quando a porta do quarto se fechou de golpe. “Prometeu dar-lhe até a meia-noite do sábado”. Disse Betsy. Com um rosnado selvagem, Drake olhou para a porta. Elspeth e Betsy estavam dentro. “Não sabem como bater à porta?” “O
fizemos.”
Disse
Betsy,
disparando-lhe
um
sorriso
despreocupado. “Não deve ter nos escutado. Está ocupado?” “Cale-se Betsy.” Grunhiu Drake “Ou te darei as palmadas que Keir esqueceu de te dar hoje.” “Promessas. Promessas.” Betsy entrou mais no quarto, depois se deteve e olhou fixamente a Drake, e então a Rhea. “Não fuja do tema aqui. Prometeu-lhe que teria até o sábado a noite para que se acostume à ideia. Não quer que ela pense que é um homem de palavra?” “Não ia fazer amor com ela. Só abraçá-la. Estava inquieta.” “Ah sim, claro.”
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“É sério.” Drake voltou a pôr os cobertores sobre Rhea. Depois de uma carícia final em seu braço, deslizou-se de novo em seus sapatos e se dirigiu à porta. “Onde puseram Yorrick?” “Isso foi o que viemos dizer. Keir o pôs na sala de armazenamento do porão. Ele pensou que poderia ter algumas perguntas para o bastardo. Além disso, não creio que quisesse assustar os empregados não bruxos com teus métodos.” “Está correto sobre isso.” Disse Drake enquanto se girava para olhar a Rhea, uma vez mais. “Onde estão Boris e Igor? Quero que se assegurem de que ela esteja segura. Isso significa que têm que estar de guarda no interior do quarto desta vez.” “Estão justo fora da porta”. Betsy se virou, abriu a porta, e depois fez um gesto aos gêmeos para que entrassem. “Protejam-na bem, garotos. Ela é o futuro deste clã. E o amor de minha vida.” “Entendido, chefe” Falaram os gêmeos ao uníssono, e depois passearam dentro do quarto para ocupar seus postos. “Jovem.” Elspeth flutuava frente a ele, bloqueando seu caminho. “Não posso ficar aqui para proteger minha neta. Minha forma espiritual tem que estar perto de minhas coisas, minha casa, para manter-se com toda sua força.” “A manterei a salvo desta vez. Prometo-lhe.” “Pode ser que não seja capaz de fazê-lo. O mau que estava presente à última vez que estive neste edifício ainda está aqui. É um dos teus. No entanto, estou segura de que já sabia.”
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Drake assentiu. “Exilamos um traidor, mas ainda há outro no meio de nós, talvez mais.” “Só resta um entre seu povo. As ideias radicais de Bettencourt e a alma do mal não são atraentes para a maioria dos sobrenaturais. O traidor é um com o qual você teve problemas antes. Procura alguém que tenha castigado ou humilhado de alguma maneira.” “Sabe quem é?” Drake revisou por sua mente, tratando de recordar quem de sua Irmandade poderia ser. Sua mente ficou em branco. Sempre tinha sido justo e equitativo com seus seguidores, a exceção de Bettencourt. E inclusive quando o tinha exilado o tinha conferido e tinha tido o pleno apoio dos anciãos do Conselho. “Se soubesse, o teria dito”. Disse Elspeth com um tom de reprimenda em sua voz. “Há muitas almas neste edifício. Meus poderes não são o que costumavam ser.” Elspeth começou a desvanecer-se. Sua voz se fez mais débil. “Rhea reconhecerá o traidor quando ele ou ela chegar. Ela o sentiu ...” Drake se esforçou para escutar o resto da frase, mas fracassou. “Ela quis dizer que eu senti o Yorrick na casa.” Drake se voltou. Rhea estava sentada na cama. Apressou-se para ela. Tomou suas mãos entre as suas, e depois as levou a seus lábios. “Como se sente? Você me assustou.” “Estou bem.” Rhea olhou ao redor do quarto. “Suponho que fizemos a coisa do redemoinho para chegar até aqui.” 105
Drake sorriu, negando-se a deixá-la ir de suas mãos enquanto ela puxava as delas. “Sim.” Rhea afastou os lençóis da cama e sacou as pernas para fora da cama, o tempo todo consciente do olhar concentrado de Drake. Seu desejo por ela era evidente na forma em que a acariciava com o olhar. Podia sentir o calor sexual. Ver a evidência disso no vulto duro em suas calças. E seu corpo reagiu. Justo como o cão de Pavlov, Drake a tinha treinado para responder sem ter que tocá-la sexualmente. Ela o desejava. No entanto, não era um cão. E se ressentia com o fato de que Drake, sua avó, e todas as pessoas que tinha conhecido neste edifício esperassem que se deitasse e desse seu corpo à causa. Ao mesmo tempo, morria de vontade de fazer precisamente isso. Maldição, essa gente a estava deixando louca. Já não estava segura de quem ou o que era. “Tenho que sair daqui.” Drake a puxou contra seu peito tão rápido que nem sequer o tinha visto mover-se. Ela se afastou dele e se sentou na borda da cama. “Não pode. Não é seguro.” Se ajoelhou junto à cama, mas não a tocou. Se a tocasse, não estava segura do que faria. Obviamente, ele também não estava. “Sinto muito que tenha escutado de Yorrick sobre o significado das marcas de nascimento. Mas ele não mentia. Teoricamente, 106
Bettencourt poderia tomar-te e consumar a relação física, e tomar o cargo da Irmandade com o poder resultante.” Rhea grunhiu. “Por que me sinto tão culpada? Se não me deito com você, estarei relegando a Irmandade ao comando de um tirano. Se me deito com você, nunca saberei se o fiz pelo sexo fantástico ou por amor. Além disso, perderei minha dignidade porque me sentiria obrigada a fazêlo.” “Sei que isso soa inadequado, mas sinto muito que tenha sido colocada na posição de tomar uma decisão tão importante sob circunstâncias menos do que ideais.” “Obrigada. Creio que realmente quer dizer isso. E quero fazer o correto. Mas não estou segura do que sinto por você, além de... já sabe, o do desejo.” Rhea vacilou. “E não posso prometer que resolverei isso antes da noite do sábado. Que acontece se não o faço?” “Tudo. Nada” Sua testa se enrugou com o pensamento. “Quem sabe? Essa não é a única lua cheia que teremos. No entanto, é a primeira desde que se encontrou um complemento para a Irmandade do Lobo.” Disse Drake “Não se preocupe com isso. Estamos esperando muito de você.” Genial, pensou Rhea, agora se sentia realmente culpada. Precisava dela. Podia sentir. Seu desejo se vertia fora dele em ondas e banhava sua alma. Ninguém nenhuma vez a quis tanto como este homem, e era uma sensação embriagante e gratificante.
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Antes que tomasse a maior decisão de sua vida, precisava saber uma coisa mais. “Esse poder que teríamos uma vez que... uh, nos unamos. Por que teria de ser diferente ao que já fizemos juntos?” “A diferença é a mesma entre uma banana de dinamite e uma bomba atômica. Ademais, o intercâmbio de energia atual é iniciado e controlado por mim. Uso este amuleto feito com seu cabelo e uma de suas joias.” Ele levantou o pingente para que ela pudesse vê-lo. “Para canalizar minha energia para ti e complementar a tua. Não posso chamar o teu poder. Você não pode chamar o meu, mas pode procurá-lo. Nesse momento, posso optar em fornecê-lo.” Drake tomou suas mãos nas dela. “Uma vez que nos unamos, é uma rua de mão dupla. Podemos recorrer a nossos poderes, em qualquer lugar e a qualquer momento. Além disso, não haverá necessidade de que nenhum de nós leve um amuleto. Serei parte de ti como você será parte de mim.” “Isso é aterrorizador.” E um montão de responsabilidade. No entanto, Drake, Elspeth, e os outros já pareciam confiar nela. E tinha que admitir que já tinha começado a pegar o jeito dessa coisa mágica. Se ela não o fizesse, quem o faria? “Sim, é uma grande responsabilidade e, às vezes um ônus, mas quando se utiliza para o bem, é um dom da Deusa. É nosso destino.” Rhea suspirou nostalgicamente, depois, apertou as mãos de Drake. “Está bem. Vamos fazê-lo.” 108
“Agora?” A voz de Drake soou surpresa e tensa. Uma rápida olhada em suas calças mostrou provas de que sua proposta tinha encontrado mérito. “Sim, agora. Bem, não exatamente agora. O quarto…” O olhar de Rhea varreu aos três espectadores muito interessados. “Está um pouco ocupado para meu gosto. Não estou no sexo em grupo ou voyeurismo.” “Estamos saindo daqui.” Disse Betsy, sua voz misturada com risos. “Vamos manter o velho Yorrick no gelo. Vocês dois simplesmente façam o que tenham que fazer. Boris e Igor estabelecerão um perímetro de segurança para que não sejam molestados.” O rosto de Rhea se acendeu com a vergonha enquanto Betsy afugentou os dois sorridentes troca formas do quarto. Depois que a porta foi calma mas firmemente fechada, ela se voltou para ver que coisa podia ler da expressão de Drake. “Oh, meu Deus!” No tempo exato da porta fechando-se e o giro de sua cabeça, Drake tinha tirado a roupa, afastado os lençóis e afofado os travesseiros. Também tinha fechado as cortinas e acendeu todas as velas na habitação. “Maldito seja! É rápido.” Suspirou ela. E, maldição, era lindo. Todo magro, em musculosas linhas e ângulos masculinos. Sua pele de oliva escura reluzia à luz das velas. Seu corpo estava coberto nos lugares adequados, com a quantidade exata de negro e sedoso pelo. Seu duro e mais do que 109
adequado pênis sobressaía orgulhosamente de sua virilha. O corpo de seu alter ego no plano astral empalidecia em comparação com a coisa real. “Só na preparação do quarto, minha senhora”. Drake a levou a uma posição de pé, depois a atraiu para seus braços. “Te prometo uma noite de amor lenta e doce. Parece que esperei por você desde sempre, e não vou apressá-lo.” “Mas só nos conhecemos, mais ou menos, há duas semanas. Ademais, já me conhece. Teve-me várias vezes ao dia.” “Ah, mas isso foi sexo fora do corpo. Rápido. Intenso. Um aperitivo. Fazer amor físico deve ser degustado, como uma refeição gourmet de sete pratos.” Drake a colocou suavemente na cama. “Quero levar meu tempo. Aprender todos os teus segredos. Absorver teu gosto e cheiro em meus poros. Quero que saiba que te valorizo e venero como uma companheira, uma amante e um sócio igualitário em minha vida, e no mundo de nosso clã.” Rhea suspirou. Isto poderia funcionar depois de tudo. Drake poderia ser um macho alfa, mas parecia ser um politicamente correto. E seria seu macho alfa. “Sócios igualitários?” Disse Rhea. “Isso significa que posso controlar algumas de nossas relações sexuais?” Drake riu, um ruído surdo que vibrou através do corpo de Rhea e pôs seu sangue a bombear. “Quer dizer que se cansou do meu comando em nossa vida sexual fora do corpo?” “Não, não cansada. Só queria devolver o prazer.” 110
“E tenho a intenção de desfrutar disso, e logo. Até porque, uma vez unidos, será capaz de procurar-me e iniciar o sexo no plano etéreo.” “Oh, entendo. É essa a rua de mão dupla que mencionou.” “Exatamente. Algo mais que gostaria perguntar antes de começar a te adorar com meu corpo e minha alma?” “Não. Além do fato de que estou nervosa. Só tive um amante para valer antes de você, e ele era... bom, não era…” “Não era um bom amante?” “Sim. De fato era uma droga. O sexo fora do corpo com você foi o melhor sexo que tive em minha vida.” Ela o olhou por debaixo de suas pestanas. “Apesar de que poderia ter passado sem ele durante as horas de escritório. E no supermercado. E…” “E no cabeleireiro?” Maldição. Estava rindo dela. “Falo sério. No futuro, o sexo fora do corpo é só para os momentos quando eu esteja só. Não estou nessa de sexo em público, também.” “Entendi.” Entoou Drake “Nada de sexo grupal. Nem voyeurismo. E nem sexo em público.” Seus olhos brilharam. “E que pensa sobre palmadas leves e algemas?” “Só se for em ambos os sentidos.” “De acordo.” Disse, enquanto se inclinava para desabotoar-lhe a camisa enquanto tomava seus lábios com um beijo abrasador.
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Rhea se sentou para que ele pudesse tirar-lhe a blusa. Enquanto Drake se movia de sua boca para lamber as curvas de seus seios acima de seu sutiã de renda, ela passou seus dedos através de seu cabelo grosso e escuro. Enquanto seguia uma trajetória para seu abdômen, suspirou e tratou de devolver o prazer acariciando seu couro cabeludo, seu pescoço, depois seu ombros. “Fora”. Gemeu, enquanto ele traçava um caminho ao longo da cintura de suas calças. Primeiro de um lado e depois do outro. “Fora o que?” Disse ele com voz áspera. “Calças. Fora.” Ela estremeceu com os arrepios em sua pele exposta. Não por frio, mas do prazer de sua língua sobre sua pele. “Agora!” “Como queira”. Abriu as calças e as tirou de suas pernas débeis. “É tão linda.” Rhea observou enquanto ele se sentava a seu lado na cama e acariciava cada centímetro de sua exposta, e muito sensibilizada pele. Estava molhada e pronta para os sentimentos intensos que sabia que ele podia trazer-lhe. “Agora.” “Não, agora não. Você não está pronta ainda.” “Sim, estou.” Olhou o seu grande pênis. A cabeça de cor ameixa indicava sua extrema necessidade. “E você também está.” “Mas quero ver você pegando fogo, minha senhora. Quero-te tão enlouquecidamente pronta que um simples sopro num de seus preciosos mamilos te empurre sobre a borda.” 112
“Faça-o. Digo que estou pronta.” Rhea estendeu a mão e o puxou para ela, depois pegou sua cabeça submissa e a apontou para seu seio. “Só sopra.” Drake se jogou a rir, mas obedeceu seu pedido, adicionando seu próprio toque pessoal. Inclinou-se e umedeceu seu mamilo com a língua. Ela gemeu. O latejar entre suas pernas aumentava com cada passada de sua talentosa língua. Então ele soprou, lento suave e cálido. E ela veio. Duro. Rápido. Drake sustentou à preciosa mulher em seus braços enquanto ela atingia seu ponto máximo. Sorriu. Obviamente, a experiência sexual fora do corpo a fez sensível a qualquer insinuação sexual dele. Iriam ter uma maravilhosa vida sexual. Não, correção, iriam ter uma vida maravilhosa, e ponto. Enquanto Rhea ofegava em seu caminho através do orgasmo, ele a abraçou contra seu corpo. Ainda estava temeroso de sua aquiescência. A confiança que ela tão generosamente lhe deu o humilhou. Comprometeu-se a nunca a decepcioná-la. Só esperava que sua crença em seus poderes crescesse mais forte e de que ela chegasse a amá-lo. Porque os três, confiança, fé e amor, eram necessários para que a união fosse um sucesso. Ele sabia disso. No entanto, ela não. Não tinha lhe dito, porque uma vez que ela tinha se comprometido a entregar-se fisicamente, tinha se convertido num egoísta. Amava-a, 113
e não podia correr o risco de que mudasse de opinião se soubesse que os três elementos tinham que estar presentes. Sua mente lógica a teria levado à conclusão óbvia de que não estava em perigo de dar o poder a Bettencourt, que não tinha forma de que Bettencourt pudesse aproveitar-se da lenda. Sim, era egoísta. Tinha-a desejado para si mesmo. Se o poder se desenvolvesse agora ou mais adiante, isto não lhe importava. Dissipou a pequena apunhalada de culpa por sua omissão com a ideia de que ela ainda poderia ter sido assassinada pelo outro bando para evitar que a tivesse. Agora, ao menos, estava sob sua completa proteção. Quanto à noite do sábado, faria o que fosse necessário para protegê-la e a seu clã. Se pudesse ganhar seu amor e fortalecer sua fé em seu poder até então, tanto melhor. “Drake?” Rhea tocou sua testa com dedos gentis. “Que ocorre? Não te agradou meu primeiro orgasmo?” “Não seja boba. Me encantou te fazer gozar com um simples sopro.” Drake lhe acariciou a cabeça enquanto baixava seus lábios à distância de um cabelo dos seus. “Vamos ver de quantas outras maneiras posso te trazer até o ápice de novo, de acordo?” “Não.” Rhea empurrou a Drake para trás e sobre os travesseiros. “Agora é a minha vez. Prometa-me, que só ficará ali e me deixará fazer tudo.” Drake pôs suas mãos por trás de sua cabeça, e depois sorriu. “Faça comigo o que quiser minha senhora. Sou todo seu.”
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O sorriso de Rhea prometeu represálias sensuais. E a acalmou em seus esforços. Enquanto ela explorava seu peito e mamilos, com toques rápidos e leves com seus lábios, chupando, lambendo e mordendo. Deu-se conta de que ela estava desfrutando enquanto tomava o controle. Bem como estava ele. Quando Rhea chegou a seu pênis inchado, tomou seu tempo examinando sua longitude e largura. Segurando seus testículos, provisoriamente lambeu sua glande congestionada de sangue, em seguida, tomou a cabeça em sua boca num declínio lento e constante. Ele gemeu. “Sim, minha. Chupa-me.” Uma forte explosão como um trovão incursionou no mundo sensual que eles tinham criado em sua cama. O primeiro golpe de trovão foi seguido de perto por um segundo. Rhea se deteve e o olhou do seu lugar entre suas coxas. Ela lambeu seus lábios, seus olhos perdidos em sua bruma de sonho. “Que ruído é esse?” “Magia. Magia negra.” Grunhiu Drake, enquanto se soltava gentilmente de seu agarre sobre seus genitais. “Alguém realmente, de verdade, vai pagar por isso.”
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Capítulo 10
O poder da mente é superior ao da manifestação física. Um provérbio de origem desconhecida.
Drake saiu bruscamente de seu quarto. Sua cólera vertia dele em ondas de cores como se fosse uma aurora boreal humana. No pequeno corredor localizado fora de seu quarto, os gêmeos tinham mudado para sua forma canina e se situavam em posição de ataque. O som de seus rosnados ressoou dentro do pequeno espaço, fazendo tremer as obras de arte nas paredes. “Protejam Rhea. Não permitam que ninguém passe por vocês.” Quando Drake passou furioso junto a eles, ambos fecharam filas, colocando-se frente às portas duplas do quarto. Dois roucos latidos assinalaram seu entendimento. Seus baixos rosnados lhe seguiram enquanto cruzava a área da sala de estar e se adentrava no vestíbulo do elevador. Qualquer que fosse a magia negra que tinha ocorrido, era suficiente ameaçadora para alterar os cães russos, que eram geralmente aprazíveis. Não podia recordar tê-los visto assim tão agitados jamais. As portas do elevador se abriram. Betsy saiu apressada. “Tem que vir rapidamente! É Keir!” Desmentindo sua pequena estatura, agarrou seu braço e o puxou para dentro do elevador. Apertando o botão várias vezes para que os dirigisse ao porão, 116
continuou, com sua voz cheia de estresse. “Yorrick se foi!” Betsy passeou pelos confins da pequena cabine do elevador, seu cabelo voando violentamente ao redor de sua cara sulcada pelas lágrimas. “Alguém o libertou. O problema é... Keir... Keir deve ter tentado deter sua fuga.” A barriga de Drake se apertou com temor. O trovão que tinha escutado só poderia ser o resultado de um feitiço muito poderoso. E tinha escutado dois estrondos. “Keir está... morto?” Betsy sacudiu a cabeça tão forte que seu longo e encaracolado cabelo açoitou ao seu redor como uma capa num forte vento. “Ainda não. Mas os anciãos que responderam ao trovão… O escutou?” Ante seu abrupto consentimento, ela lutou para falar, mas durante uns segundos só pôde produzir soluços de maneira angustiante. Finalmente, se arrumou para sussurrar: “Os anciãos não… podem fazer nada por ele. Mandaram-me procurar por você.” Drake, como a cabeça da Irmandade de Lobos, era um dos bruxos mais poderosos no mundo, mas não era conhecido como um curador. Seus pontos fortes eram os feitiços e as proteções, tanto de defesa como de ataque. Não estava seguro de poder fazer algo mais do que os curadores anciões mais talentosos. Mas tentaria pelo bem de Keir. Devia-lhe isso. Keir Bettencourt tinha dado as costas a seu próprio sangue quando tinha decidido apoiar Drake em vez de Warrick. O irmão mais velho de Keir tinha escolhido o lado escuro da magia e depois conspirou para tirar a liderança da Irmandade de Drake. 117
Drake, como o único filho varão da dinastia Morgan, era o herdeiro por nascimento. Mas Warrick, como o filho mais velho de uma bruxa Morgan, levava a marca do lobo e, portanto era ao que parece o herdeiro designado. Sim, devia muito a Keir. Betsy fracassou em sua tentativa de afogar seus soluços. Drake estendeu sua mão e a atraiu para ele, oferecendo-lhe todo o consolo que pôde. Faria o possível para salvar Keir, mas temia que isso não fosse o suficiente. Se fosse um dos ardilosos feitiços de Warrick, uma aberração da caótica magia negra, talvez nunca conseguisse descobrir o contrafeitiço. As portas do elevador se abriram. A cena no porão era pior do que Drake jamais poderia ter imaginado. Quem tinha libertado Yorrick também tinha destruído a metade da área do porão e pulverizado os guardas que tinham sido colocados ali por Keir. Para Drake, parecia como se Keir tivesse chegado à cena justo quando Yorrick e seu salvador estavam a ponto de fugir. O corpo de Keir ainda estava intacto, diferente das outras pobres almas. Rhea! O estado de agitação de Betsy foi motivo suficiente para ele deixá-la só com só dois muda formas e sem proteções de defesa. Tocou o amuleto e suspirou com alívio. Ela estava a salvo por enquanto. Murmurou um encantamento e enviou um feitiço de proteção para que envolvesse todo o andar onde se encontrava seu apartamento. Enquanto Rhea e os gêmeos permanecessem dentro das barreiras mágicas estariam protegidos.
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Depois de ter feito todo o possível para proteger sua mulher, entregou Betsy a uma das anciãs para que a consolasse. Depois se transladou para o corpo estendido de Keir que jazia entre os entulhos, o sangue e os restos dos guardas. Ajoelhando-se, atingiu seu primo com sua mão e todos seus sentidos. Keir ainda respirava, mas sua respiração era leve e superficial. Pior ainda, as respirações estavam diminuindo a cada segundo. Drake olhou para sua esquerda a Egbert, o mais antigo dos curandeiros. “Como ele estava respirando quando vocês chegaram?” “Se está perguntando se sua respiração piorou desde minha chegada à cena, minha resposta é sim.” Egbert acariciou a cabeça de Keir com uma mão. “Está morrendo. Como o tempo esgotando em um relógio.” Drake murmurou uma grosseria. Mal continha sua raiva. A ira não serviria de nada. “Alguma ideia sobre como reverter o feitiço?” “Não.” O ancião curador negou com a cabeça. “Cheira às más ações de Warrick Bettencourt.” “Maldito seja esse condenado bastardo!” Drake olhou fixamente a Keir, desejando que seu primo mostrasse algum sinal de que estava consciente. Mas Keir permaneceu imóvel, possivelmente só a uns preciosos minutos da morte. “Drake? Betsy?” A voz tensa de Rhea chegou a Drake através das capas de ira e dor que lhe rodeavam. “Que se passa com Keir? Ele não está...”
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Drake voltou a cabeça e encontrou Rhea de pé ligeiramente por trás dele com Boris e Igor ainda em forma de cães colados ao seu lado. Ela se agarrava ao pescoço de Igor como se o estivesse usando como muleta. A expressão de seu rosto era uma mistura de horror, comoção e tristeza. “Está morrendo. É um feitiço, e nenhum de nós pode revertê-lo.” “Que quer dizer? Por acaso nem todos os feitiços se podem reverter?” “A maioria das vezes. O tempo é sempre essencial em fazer um contrafeitiço com êxito.” Respondeu Egbert antes que Drake pudesse encontrar as palavras. “Mas neste caso, o tempo não é o problema. Ainda respira e onde há vida, há esperança. Mas não podemos desfazer o feitiço. Um feitiço de magia negra é superficialmente imprevisível. Mas, assim como a matemática do caos, se conhece a chave, pode encontrar o padrão. Uma vez que o padrão é encontrado, a isso lhe segue um método para reverter o feitiço ou o dano que ocasionou.” “Não é só uma questão de cura?” Rhea tinha se aproximado e agora se ajoelhou junto a Drake. “Não é isso o que se supõe que fazem os curadores? Por que trabalhar para encontrar um feitiço?” Ela se aproximou e pôs sua mão sobre a cabeça de Keir, ao lado de onde Drake tinha a sua. “Senhora Rhea” Disse Egbert com um suspiro triste em sua voz. “Tentamos todos nossos métodos. Isto está além de nossas práticas integrais. Temos que encontrar a chave para o feitiço.”
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Rhea suspirou e acariciou a cabeça de Keir, sua mão roçou Drake com seus movimentos suaves. Como se a estivesse ouvindo, Keir suspirou uma pequena exalação, mas o som assobiou ao redor da habitação cavernosa do porão como o forte vento de uma tempestade. “Mestre Drake, ela é a chave.” Disse Egbert baixinho, quase de forma reverencial. “A senhora Rhea tem a capacidade de curar.” “Mas, como estou fazendo?” Rhea parecia confusa. Drake sorriu para animá-la. “Seja o que for, tem que procurar em si mesma e concentrar-se em passar a Keir. Em que estava pensando quando lhe acariciou sua cabeça?” “Estava pensando em que o caos é como uma bola enredada de fios, uma vez que encontra o fio correto, pode ordenar a desordem.” “Então faça isso. Fecha os olhos, veja mais adentro e encontra o fio.” Lhe instou Drake. “Te ajudarei no que possa com o vínculo que tenho contigo.” A testa de Rhea se enrugou. “Tentarei, mas e se...?” “Rhea, por favor, tenta. Rogou-lhe Betsy enquanto as lágrimas corriam por seu rosto. “Você é a única esperança que ele tem.” Rhea assentiu depois se voltou para concentrar-se em sua mão que jazia junto à de Drake. Fechou os olhos e começou o pequeno
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movimento circular que tinha utilizado anteriormente. Cada vez que roçava a mão de Drake sentia um arrepio de energia. “Drake sente isso?” “Sim, o que quer que seja que esteja fazendo está criando uma espécie de energia. Nunca a senti antes, então deve ser tua.” “O que sente, criança?” A voz do ancião curador se encheu de emoção contida. “Como se fosse um bálsamo ou unguento frio, com um sabor parecido à menta” Respondeu Rhea. “Sim, é isso.” Disse Drake “Nunca senti algo assim antes. É unicamente um pouco de Rhea.” Egbert suspirou seu alento roçando o ombro de Rhea. “Bendita seja a Deusa.” Rhea silenciou os murmúrios de emoção e assombro difundindo-se na habitação. Em vez disso, concentrou-se em procurar algo que estava além do alcance de sua mente consciente. Sabia que o outro plano estava ali justo fora de seu alcance, aquele em que Drake a tinha cortejado, amado, durante as últimas semanas. A chave para encontrar o fio correto estava ali. Mas, como chegaria até lá? “Rhea. Venha a mim, meu amor. Eu te ajudarei.” “Por que ainda não posso fazê-lo por minha conta?” “O fará. Mas, precisa de algum tipo de treinamento. Estar no plano etéreo te ajudará a curar Keir?”
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“Não sei a ciência verdadeira. Mas creio que sim, ele se sente bem.” “Isso é suficiente para mim. Cobre minha mão com a sua. Eu te levarei.” Com os olhos ainda fechados, Rhea sentiu mais e depois cobriu a mão de Drake com a dela. A energia parecida com a menta saindo de seu corpo aumentou cem vezes, enviando um arrepio ao longo dela. Drake deve ter sentido seu incomodo, porque a atraiu entre seus joelhos e depois contra seu peito, sem deslocar a mão da testa de Keir. Seu tremor se deteve e a energia fria se fez mais tolerável. Quando Drake a puxou com ele para o outro plano, ela sentiu o formigamento que tinham pressagiado suas outras experiências fora de seu corpo. Iniciou-se na base de seu pescoço e depois viajou por sua coluna vertebral. Logo o arrepio foi sobreposto pelos sentimentos sexuais habituais associados com Drake naquele lugar. Literalmente estava dolorida por ele e isso a distraiu de sua necessidade de ajudar Keir. “Drake? Não podemos fazer isso agora. Devemos salvar Keir.” “Eu sei. Eu sei meu amor. Redirige teus sentimentos sexuais. Unese a eles com tua energia curadora.” “Eu tentarei.” Mas, como diabos se supunha que ia fazer isso? Isso era tudo novo. Nem sequer sabia que se podiam fazer coisas no outro plano da existência que não fosse sexo.
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Suspirou e cavou mais profundo em seu ser interior e reorientou seus pensamentos para afastá-los de Drake e do prazer e dirigi-los para Keir e a cura. A mente sobre a matéria chegou a ser um mantra enquanto encontrava o enredado rolo de fio, justo como o tinha imaginado. Um fio em particular saltou para ela. Enquanto projetava a si mesma esticando-se para ele, algo lhe advertiu que não o agarrasse. “Por que não pega esse fio, minha vida?” “Porque está contaminado com o mau. Note como ele brilha intensamente. É uma armadilha.” O álter ego de Rhea rodeou o emaranhado. Não sabia muito bem o que procurava, mas confiou em que saberia quando o encontrasse. E o fez. Ali, deitado quase oculto sob várias capas de fio enrolado fortemente estava o que procurava. Cuidadosamente separou as intrincadas capas e puxou o fio. No início o fio veio com facilidade e começou a despregar-se do caótico rolo enredado, mas depois se encontrou com a resistência. “Drake! Não sou o suficientemente forte.” “Está certa de que tem o fio certo?” Rhea se concentrou na fibra em suas mãos e viu que isso salvaria a Keir. “Sim. Ajuda-me a puxar. Quando disser que pare, faça-o.” 124
“Como quiser minha vida.” O álter ego de Drake cobriu a projetada mão de Rhea e adicionou sua força e poder à dela. A massa de fio começou a desmoronar-se uma vez mais. Quando se aproximavam à parte inferior do emaranhado, enquanto o fio começava a reorganizar-se a si mesmo em padrões mais ordenados, Rhea parou. “Por que nos detemos?” “Porque terminamos. O padrão que temos agora é a essência da vida de Keir. Fazer mais causaria dano e desequilíbrio nele em nosso mundo.” “Estou assombrado com teu poder e tua sabedoria, minha vida. Será como deseja.” Rhea sentiu o puxão voltando ao mundo real. Encontrava-se ainda entre os braços de Drake. Os sentimentos sexuais reprimidos do outro mundo e o intenso frio da energia curativa tinham se retirado e quase tinham sumido. Suspirando, deixou que Drake tomasse todo seu peso. Tinha medo de cair sobre Keir, cuja cor tinha melhorado e a respiração tinha tomado força. Drake a afastou de Keir para que Betsy e Egbert pudessem ocupar seus lugares. O curandeiro sorriu enquanto examinava Keir. Betsy sustentou a mão de Keir e a beijou, suas lágrimas agora de felicidade. “Obrigada Rhea, pela vida de meu Keir.” Rhea sorriu. 125
“Não há de que. Alegro-me de poder ajudar.” Se voltou para Egbert e lhe perguntou: “Ele vai realmente ficar bem?” Rhea sentia que ficaria, mas precisava da confirmação do sábio ancião. “Sim, senhora Rhea, o curou. Seu pulso e a respiração são novamente os de um homem jovem e são. Realizou uma façanha milagrosa. Depois, você deve sentar-se comigo e com os outros curadores e explicar sua viagem. Poderíamos aprender muito de sua experiência.” Rhea estava envergonhada, mas contente pelos elogios do bruxo superior. “Obrigada. Seria uma honra. Mas não estou segura do que fiz ou como soube fazê-lo.” “Não se preocupe, minha vida. Sentarei-me contigo e ajudarei a interpretá-lo.” Drake lhe acariciou o pescoço e depois tomou uma pequena parte da pele exposta. Ela se estremeceu em resposta. Os sentimentos sexuais sempre justo por debaixo da superfície cada vez que estava perto de Drake subiam à superfície a uma velocidade de Mach. Ela gemeu. “Drake! Comporte-se.” reclamou. “Lembra-se de minhas regras?” Drake se jogou a rir. “Sim, meu amor. Sinto muito. Deixarei para mais tarde.” “Condenado será. Não tínhamos terminado nossa... hum... reunião quando ouvimos o trovão.”
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“Oh minha Deusa!” Gritou Betsy, que agora tinha a cabeça de Keir em seu colo. “Quer dizer que não consumaram a união ainda?” “Betsy!” Rhea e Drake gritaram à nervosa mulher ao mesmo tempo. “Oh, sinto muito.” Betsy sorriu. “Não é um tema para um quarto cheio de pessoas que foram testemunhas de uma cura milagrosa, é?” Rhea olhou ao redor do porão e se deu conta de que a habitação estava realmente cheia de gente. E todos estavam olhando para ela ou ao lento acordar de Keir. Como se fosse um sinal, a sala estourou num murmúrio de vozes. A maioria das palavras que Rhea escutou relatava seu milagre de cura em Keir aos recém-chegados. Outros falaram da consumação interrompida de Drake e sua relação. Ela poderia ter que se esconder por um tempo antes que pudesse defrontar a qualquer uma destas pessoas de novo. Todas as bruxas falavam da vida sexual de outras bruxas? Ou eram ela e Drake os únicos afortunados? Drake seguiu sustentando-a, colocando seu corpo entre ela e as pessoas na habitação. Boris e Igor, ainda em forma de cães, aproximaram-se e cheiraram Keir, depois lhe deram uma lambida, depois tomaram posições frente a ela, na frente do corpo estendido de Keir. Eles não se arriscariam. Alguém dentro do clã, dentro deste edifício, destruiu a parte do porão onde Yorrick tinha sido preso e o libertou. Esse mesmo alguém tinha matado dois bruxos e quase teve sucesso em matar Keir. Nenhum deles estava seguro até que o traidor, Warrick 127
Bettencourt, e seus seguidores fossem detidos de uma vez por todas. Drake abraçou Rhea aproximando-a. Estava seguro de que não era consciente de que brilhava com os restos da energia que tinham expulsado na cura de Keir. Não ia dizer-lhe e teve que sacudir a cabeça com fúria aos curiosos que pareciam a ponto de mencionálo. Sentiu que ela se assustou o suficiente a respeito de seus extraordinários poderes e se envergonhava por toda a atenção que sua Irmandade lhe estava dando. Precisava de tempo para que se acostumasse por si mesma ao poder que tinha permanecido latente e sem uso por todos esses anos. Além disso, depois da consumação, teria o poder dele também. Desfrutaria
ensinando-lhe
sobre
suas
habilidades
e
sua
aprendizagem. “Onde está Yorrick?” Drake olhou para Keir que agora se incorporava com a ajuda de Betsy. “Não se lembra do que aconteceu?” Disse Drake. Keir fez uma careta e depois gemeu enquanto esticava as pernas diante dele. “Me dei conta que algo andava mal no porão, assim que vim ver os guardas. Ao descer no elevador, ouvi muito ruído. Soava como se alguém atirasse as coisas, então ouvi gritos que pareciam não terminar nunca.” Keir estremeceu visivelmente e fechou os olhos. “Quando as portas se abriram tudo o que vi foi o sangue. Estava em todas as partes no quarto onde tinham mantido Yorrick.” Keir olhou 128
a seu redor e sacudiu a cabeça. Depois continuou: “E Yorrick tinha sumido. Mas alguém ainda estava aqui. Antes que pudesse fechar as portas para procurar ajuda, algo me puxou para o quarto. Eu estava imediatamente cego, depois imobilizado. Depois disso, não me lembro de nada, até poucos momentos em que senti Rhea me puxando de um poço sem fundo.” “Você seria capaz de sentir a essência da pessoa se te encontrasse com ele de novo?” Perguntou Drake. “Não estou seguro.” Keir suspirou. “Sinto muito. Era o traidor, não?” “Sim. Devia ser. Ninguém mais poderia ter entrado neste edifício para chegar a Yorrick. Só um de nós conheceria as proteções postas nesta sala” Disse Drake. A habitação se fez eco uma vez mais com os sons das pessoas discutindo quem poderia ser o traidor e como iriam procurá-lo. Rhea estremeceu e depois sussurrou a Drake para que só ele pudesse escutar. “Ele está aqui. O traidor. A sua energia estava nesse padrão, lembra?” Drake lhe sussurrou: “Sim.” “Ele está aqui nesta sala. É sua energia.” Drake não duvidava dela. Usando sua conexão com ela, vinculouse e procurou os padrões que sentia. Sim, era uma nauseante e tóxica energia. Não era de estranhar que Rhea estremecesse de repugnância. 129
Casualmente, a fim de não chamar a atenção sobre eles, Drake removeu Rhea para que pudesse mover-se com rapidez se fosse necessário. Para os demais e para o traidor, esperava que achassem que estava instalando Rhea numa posição mais cômoda. Então, aproximou-se a seu ouvido e lhe sussurrou: “Pode encontrá-lo para mim?” Rhea assentiu com um pequeno movimento de cabeça. Voltando um pouco sua cabeça, olhou ao redor da habitação. Drake conteve a respiração e esperou enquanto ela movia lentamente sua cabeça, assentindo de vez em quando às pessoas que a chamavam. Uma vez, duas vezes, três vezes repetiu o movimento de cabeça “prazer em conhecer-te.” Então se deteve e se voltou para ele. Aproximou-se como se fosse beijá-lo. “A minha direita. Ele é o alto. Cabelo loiro avermelhado desgrenhado. Camisa azul quadriculada. Está falando com o ancião de jaqueta azul.” Não teve que olhar para o homem que ela tinha assinalado. Tinha sido consciente de que estava na habitação a cada segundo. O homem ao que tinha descrito tinha chegado depois de Rhea e os gêmeos, junto com uma multidão de outros bruxos. O homem reunia os critérios que Elspeth tinha esboçado. Ewan McDonald era um homem com ressentimento ainda que de menor importância. Como um jovem bruxo, impetuoso, tinha usado sua magia para castigar a alguns jovens não bruxos que tinham burlado dele na escola. Drake tinha sido um dos que o castigou pelo mau uso da magia e pôr em perigo o anonimato do clã. Ewan, 130
apesar de que tinha atingido uma posição de confiança no clã, deve ter permitido que seu ressentimento adolescente por seu castigo se propagasse e crescesse. Bettencourt só teve que fazer uso da terra fértil e plantar suas sementes de discórdia e destruição. Drake beijou Rhea levemente. “Obrigado meu amor. Quando me mover, vá para Boris e Igor, deixe que eles te mantenham a salvo.” Rhea assentiu e lhe devolveu o beijo. “Se mantenha seguro. Estou começando a gostar de te ter por perto, Drake Morgan.” Drake riu enquanto se levantava numa explosão de movimento.
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Capítulo 11
Enquanto Drake se levantava, Ewan se moveu e agarrou ao ancião mais próximo a ele ao redor do pescoço com um braço. Em sua mão livre, tinha uma adaga, seu fio dirigido à garganta do velho bruxo. “Pare aí, Drake!” Gritou Ewan. A habitação ficou em silêncio. A Rhea lhe parecia como se todo mundo, incluindo ela, contivesse a respiração. Os olhos de Ewan estavam enlouquecidos como os de um animal encurralado. Não tinha dúvidas de que ia matar o velho e a qualquer outro que se interpusesse em seu caminho de fuga. “Ewan, solte a arma. Deixa Peter ir. Ele não te fez nada”. Disse Drake, sua voz modulada até um tom de raciocínio. “Não me fez nenhum dano.” Cuspiu Ewan “Warrick estava certo. A Irmandade do Lobo se suavizou com toda esta paz, luz e o lixo do amor. Somos bruxos! Podemos controlar nosso meio ambiente!” Gritou Ewan, sua cara voltando-se vermelha com seu discurso. “Deveríamos dominar o mundo!”
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Fez uma pausa, como se só então se desse conta de que estava perdendo o controle, então continuou num tom menos estridente de voz. “Teu tempo é passado. A meia-noite do sábado verá uma mudança nos líderes. Aqueles que decidirem não seguir Warrick serão eliminados.” Rhea viu como Ewan moveu a faca para que tirasse sangue da garganta de Peter. Ia matar o pobre Peter diante de todos eles. Tinha que saber que Drake e os demais o atacariam assim que tivesse assassinado o velho bruxo. Deve ter ofegado, porque desviou sua atenção para ela. Ewan deteve o movimento de sua faca. “Você, a quem chamam Rhea, vem aqui.” “Rhea, detenha-se! Não se atreva a mover-se.” Gritou Drake. Sua voz tinha uma mistura de temor e a expectação de que lhe obedecesse. Rhea se pôs de pé. Não podia permitir que este cretino matasse o velho bruxo. Tinha a segurança de que Ewan não chegaria muito longe se conseguisse sair com ela. Ademais, tinha uma vantagem. Tinha notado que o homem tinha de alguma forma medo dela. Usaria esse medo contra ele. “Não senhora!” Gritou Peter, enquanto Ewan roçava sua pele uma vez mais, o sangue fluindo mais livremente mais abaixo por seu pescoço e sobre a mão de seu captor. “Por favor, obedeça ao mestre Drake. Não sou essencial para a sobrevivência do clã, você é.” 133
“Não, Peter. Todos os membros da Irmandade são de igual valor.” Disse Rhea, enquanto ignorava os rosnados e maldições de Drake e caminhava lentamente para os dois homens. “Não poderia viver comigo mesma se fosse ferido e não tivesse feito nada para detêlo.” “Rhea!” A voz de Drake agora implorava. “Não…” Rhea se deteve e afastou sua cabeça de Ewan e Peter. “Drake, não disse que teu poder era meu e o meu era teu uma vez que consumássemos a união?” “Sim.” Seu olhar a interrogava. Ela sacudiu sua cabeça num movimento muito leve, quase imperceptível enquanto articulava as palavras: “Confia em mim.” “Mas escutei Betsy dizer que não tinham consumado.” Disse Ewan, sua voz esticada pela tensão e a dúvida. “Drake, confirmamos o mal-entendido de Betsy?” De costas a Ewan, os olhos de Rhea imploraram a Drake que lhe seguisse o jogo. “Está certa, minha. Não o fizemos. Sei o sensível que é a respeito de falar de nossa vida sexual em público.” Girando para abordar à habitação, seus lábios se torceram seja em diversão ou ira, Rhea não podia dizer. “É uma de suas regras, já sabem, não falar de sexo em público.” As pessoas na habitação pareciam assentir com a cabeça e dizer "ahhh" ao uníssono. 134
Drake voltou a girar para Rhea, atravessando-a com um olhar ardente. “No entanto, ainda não quero que fique perto desse canalha. Ele poderia salpicar por todas as partes sobre você. A Deusa sabe onde tem estado e com quem está associado.” “Ah, meu amor, entendo tua preocupação, mas estou segura de que entre Egbert e eu poderíamos manejar qualquer... ah... bicho que possa encontrar depois de Ewan.” Rhea voltou a dar a volta e retomou seu lento caminhar para Ewan, que tinha empalidecido consideravelmente. A mão que sustentava a adaga agora tremia. A incalculável quantidade de informação devia tê-lo posto a pensar. Nem sequer Warrick Bettencourt tinha essa classe de potência mágica. Rhea estendeu a mão a Peter. “Venha, muda de lugar comigo.” “Realmente não te quero perto dele. Rhea! Fala-me! Que demônios pensa que está fazendo?” “Drake. Confia em mim. Sabe, sempre tive o desejo de disparar bolas de fogo de minhas mãos, desde que li sobre elas no grimório da minha avó. Vai ajudar-me a satisfazer esse desejo. Agora.” “Estou começando a entender por que Keir açoita a Betsy regularmente. Se vai fazer isso, visualiza o que deseja fazer e te ajudarei em tudo o que possa. E, Rhea?” “Sim?” “Conta com umas palmadas mais tarde.”
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“Sim, Drake. O que quiser. Vamos ajudar Peter. Está muito assustado e está sangrando.” Peter olhou além dela. O que tinha visto no rosto de Drake deve têlo tranquilizado de alguma maneira. Ele tentou um sorriso, mas não pôde. Em troca, disse: “O que deseje senhora.” “Não! O que eu desejo. Venha aqui, vadia!” O grito agudo de Ewan lhe disse que o homem estava a ponto de perdê-lo. Tinha que fazer seu movimento antes que fizesse um dano maior a Peter. Rhea se adiantou. Quando ela estendeu a mão, Peter se derrubou contra Ewan. Como Drake a tinha instruído, concentrou-se e visualizou. A energia se levantou através dela até sua mão. Através de seu enlace, Drake verteu sua energia na dela. Quando já não podia controlar a energia pulsante, disparou. Uma bola de fogo de cor azul esverdeado, vermelho violáceo e amarelo passou como um raio da sua palma esticada, golpeando Ewan na parte superior do peito. O impacto resultante o obrigou a soltar a faca. Peter caiu de lado enquanto Ewan se dobrava de dor. Alguém puxou Peter para a segurança. Alguém mais agarrou Rhea e a tirou do caminho de Drake enquanto esse rugia ao passar para enfrentar Ewan. A luta foi curta e docemente suja, e totalmente carente de arte pugilístico ou magia. Depois de alguns bem situados golpes, Ewan jazia sangrando profusamente sobre a lona. Drake se deteve sobre o homem caído, dobrando suas mãos e respirando com dificuldade, seja de ira ou pelo esforço, Rhea não podia dizer. 136
“Alguém o leve a uma área segura.” Drake grunhiu a ordem. “Quero interrogá-lo.” Vários guardas de segurança se lançaram e tomaram a Ewan sob custódia. Peter e um dos outros anciãos os seguiram fora da habitação. “Eles vão acompanhá-los para ajudar com as salas de proteção.” Lhe sussurrou Betsy ao ouvido. Rhea girou e se deu conta de que Betsy era quem a tinha puxado afastando-a da investida enfurecida de Drake para Ewan. “Obrigada por mover-me fora do caminho.” “Não há problema. Era o mínimo que podia fazer depois que salvou Keir. Além de que, Drake não teria te feito mal.” Não, ele só ia açoitar meu traseiro em algum momento num futuro próximo. Poderia viver com isso. Salvar Peter tinha sido importante. E disparar bolas de fogo tinha sido divertido. Drake, com sua raiva controlada agora que Ewan estava fora da habitação, aproximou-se avançando a Rhea e agarrou a parte superior de seus braços, depois suavemente a sacudiu. “Nunca volte a pôr-se em perigo de novo!” Antes que ela pudesse defender-se, atraiu-a para ele para um profundo e faminto beijo. “Rhea, meu amor. Pensei que ia perder-te. Não sabe...” Ele não se molestou em ocultar seu medo e angústia. Ambas as emoções se estendiam através dela como um ciclone. “Drake, posso ser nova nisso, mas aprendo rapidamente.” 137
“Sei disso, agora. Teu plano foi brilhante. Você é brilhante.” “Bem, pensei que era bastante inteligente.” “Sim. Mas, por favor, da próxima vez, não espere até que esteja no meio de um plano perigoso para dar-me uma pista disso.” “Uh, esqueci por um momento que podia falar contigo desta maneira.” “Não esqueça de novo.” “Não o farei. Já te agradeci por me permitir disparar bolas de fogo?” “De nada.” “Uh, Drake, se não deixar de beijar-me, estaremos envergonhando ao menos um de nós numa habitação cheia de nosso povo.” O gemido de frustração de Drake fez eco do seu próprio quando interrompeu o beijo. Várias das mulheres na habitação suspiraram e alguns dos homens se jogaram a rir enquanto se separavam. “Então, consumaram ou não a união?” Murmurou Betsy. “Betsy meu amor, realmente preciso me lembrar de te dar tuas palmadas bem mais cedo se segue envergonhando nosso líder e a sua companheira.” Disse Keir, enquanto afastava sua mulher e a tomava entre seus braços. “Está tudo sob controle Betsy.” Lhe assegurou Drake. “Estou na parte superior da situação.” O sonoro riso de Keir se misturava com os tons mais tiritantes de Betsy enquanto Drake arrastava Rhea a seus braços e a levava
138
dentro do elevador. Quando a porta se fechou, a habitação estourou em aplausos felizes.
*****
Yorrick não tinha passado o momento ao redor dos níveis inferiores do edifício depois que Ewan o liberasse. Em seu lugar, tinha tomado os elevadores principais para o andar mais alto que podia, então magicamente se abriu caminho através das portas fechadas das escadas privadas que conduziam à suíte da cobertura de Drake Morgan. O elevador até a cobertura estava biologicamente codificado para as impressões digitais das mãos. Nem sequer a magia podia derrotar o DNA. Como tinha suspeitado, o apartamento estava vazio. Teria tempo para ocultar-se à presença de Drake e sua consorte. Yorrick não sabia como ela soube, mas a cadela o tinha sentido vindo à sua casa. Sua magia era mais evoluída do que Bettencourt e ele estavam dispostos a crer. Teria que exercer mais cautela. Enquanto se movia pelo apartamento, procurou qualquer feitiço de proteção que Drake poderia ter posto no lugar. Descobriu os restos de um feitiço de barreira que tinha sido rompido recentemente, mas não armadilhas de ilusão ou outras salas óbvias. Usando as velas de sálvia de Drake, cobriu sua essência mágica com seu cheiro, e depois se escondeu no chuveiro. Uma pequena corrente mascararia sua energia da cadela.
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Ele riu entre dentes. Idiotas. Seu descuido ao não proteger adequadamente o apartamento lhes custaria. Ele não tinha dito a Ewan, mas suas ordens eram não regressar até que tivesse à mulher em seu poder. Diferente de Headley, Galen e Ewan, ele não tinha a intenção de falhar em sua tarefa atribuída.
****
Drake abriu a porta do apartamento. Rhea, Boris e Igor o precederam na habitação. Rhea se dirigiu para a pequena cozinha situada justo ao lado da sala de estar. “Alguém tem fome?” Remexeu no refrigerador. “Morro de fome. A magia queima muitas calorias.” Adivinhando que se ocupar de onde o tinham deixado na cama não estava no menu. Ainda sentindo-se um pouco culpado pelo fato de que tinha se esquecido de contar-lhe a respeito das três condições prévias para o sucesso da união, ele lhe daria um pouco de espaço. Ainda tinha um pouco de tempo antes de ter que enfrentar Bettencourt. Ademais, mostrou-se confiado em do que dois das três condições já se tinham cumprido. As ações dela no porão demonstravam que já confiava nele e acreditava em sua magia. E estava bastante seguro de que com sua contínua preocupação por sua segurança ela já cuidava dele. O amor logo chegaria. Drake sorriu enquanto Boris e Igor retomavam sua forma humana, vestiam-se com rapidez e corriam para o balcão. Os gêmeos eram conhecidos por ser um poço sem fundo à hora da comida. 140
“Nada para mim.” Disse “Tenho que voltar para interrogar Ewan sobre o sábado à noite. Soava como se soubesse p que ia acontecer.
Tomarei
um
pouco
de
café
na
cafeteria
dos
empregados.” “Drake.” Gritou Rhea enquanto ele se girava para ir-se. “Vigia Ewan. Recorda que ele enfeitiçou Keir.” “Por que não Yorrick?” “A energia de Yorrick é mais escura, mais grossa e cheira a carne podre. Este feitiço era mais verde e cheirava mais como espuma de charco.” Drake recordou ter visto uma aura cinza esverdeada ao redor do fio enredado. Não tinha notado o cheiro, mas não duvidava que Rhea estava certa. Como Betsy sempre dizia, as bruxas pareciam sentir com mais facilidade o mau. E tendiam a classificar tudo nas cores e cheiros, enquanto os bruxos falariam em termos de níveis de poder. “Informarei isso aos anciãos.” Disse Drake. “Drake!” O tom de preocupação em sua voz o esquentou. “Eu prometo. Terei cuidado.” Drake saiu do apartamento e colocou um feitiço de proteção no perímetro de seu apartamento. Riu entre dentes enquanto esperava no elevador. Rhea estava extremamente preocupada por sua segurança. Talvez o amor já tenha chegado.
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Capítulo 12
Os vampiros psíquicos são os predadores do plano astral. Por suas ações, eles relegam a si mesmos a baixos níveis dimensionais. _OBE: Comportamentos Anormais, página 35.
Rhea olhou com assombro quando os gêmeos começaram sua terceira rodada de sanduiches de queijo grelhado e sopa de tomate. Os dois magros homens seguramente poderiam empanturrar-se de comida. Mudar de forma realmente devia queimar calorias. Com sua fome satisfeita, ela bocejou. Uma sesta soava como uma boa ideia. Estava bastante segura de que Drake retomaria onde tinham deixado seus encontros sexuais, e queria estar totalmente descansada para esse acontecimento. Algo lhe dizia que ele não estaria feliz com somente uma união. Suas incursões fora do corpo tinham provado isso. “Garotos?” Rhea esperou até que tivesse a atenção de ambos os gêmeos. “Vou tomar um banho, depois dormir um pouco. Se Drake precisar de mim no térreo, só me acordem.” “Claro Rhea.” Ela pensou que foi Boris o que respondeu. Parecia ser o mais falador. Além disso, não podia diferenciá-los. “Somente 142
passaremos
o momento
aqui.
Drake
nos
disse que
não
deixássemos o apartamento.” Igor deixou de comer, levantou sua cabeça, depois cheirou. Volteou-se
para
seu
gêmeo
e
devem
ter-se
comunicado
telepaticamente, porque Boris adicionou: “Igor quer saber se alguém queimou velas de sálvia aqui recentemente.” Rhea franziu o cenho. Uma piscada de uma recordação se deslocou através de sua mente consciente, a voz de Betsy dizendo algo a respeito da sálvia. “Sim, creio que Betsy o fez. No entanto, não estou segura de por que.” Boris sorriu. “Precisa tomar os Conceitos Básicos de Ervas com Egbert ou com um dos curandeiros. A sálvia é utilizada para limpar a atmosfera e recusar os malefícios. Ajuda com o mal no plano etéreo também, especialmente com os vampiros psíquicos.” “Vampiros psíquicos? Que são?” “Alguém que inicia encontros sexuais com corpos etéreos que não estão dispostos.” Ela soltou, sem pensar: “Como o que Drake fez comigo?” A tez pálida de Boris se enrubesceu. “Uh, não. Estou seguro que Drake não te atacou no plano etéreo, seguramente o mais provável... ele te seduziu. Ademais, se tivesse 143
pedido para ele parar, ele teria voltado atrás. Como projetores viventes, Drake e você possuem a mesma ética, moral e sentimentos que teriam se a experiência sucedesse no plano físico.” Ele tossiu, depois olhou seu irmão como se estivesse disposto a participar da conversa. Igor somente encolheu de ombros, então Boris continuou: “Um vampiro psíquico é um projetor vivo que ataca qualquer corpo etéreo que se encontra por acaso. Não tem nenhuma moral ou ética. Desrespeita a rejeição desse corpo. De fato, é um violador. Depois a vítima não pode recordar a experiência no plano astral, mas subconscientemente poderia sentir-se deprimida, usada, talvez inclusive suicida.” “Que quer dizer se a vítima recordasse? Lembro cada encontro claramente.” E isso seria um eufemismo. Seu rosto devia estar tão vermelho como o de Boris agora. Não podia crer que estivesse falando do sexo tão casualmente, mas estava interessada em aprender sobre o plano astral. Igor falou baixinho. “Isso é porque está destinada a Drake. Duas pessoas que se encontram no plano astral e experimentam encontros sexuais memoráveis têm maior probabilidade de serem amantes no plano real. A experiência fora do corpo complementa o físico. Há sentimentos
compartilhados
de
intimidade,
desejo…
amor
envolvido.” “Isto soa como se vocês garotos, soubessem muito a respeito do encontro sexual fora do corpo.” 144
Ambos os gêmeos somente sorriram e assentiram. Agora que tinha rompido completamente sua regra de toda sua vida de não falar sobre sua vida sexual com pessoas totalmente desconhecidas, decidiu sair com graça. “Bem, pois obrigada pela lição sobre a sálvia. Recordarei isso.” E provavelmente recorde esta conversa totalmente embaraçosa cada vez que a erva seja mencionada. Quando Rhea entrou no quarto de Drake, a visão dos lençóis desordenados lhe recordou seu encontro sexual com Drake. Nunca ninguém a tinha levado ao orgasmo antes por só molhar e soprar seu mamilo. O homem deveria ser etiquetado como perigoso. As simples recordações a tinham molhada e dolorida por seu toque. Mais tarde, terminariam o que tinham começado. Neste ponto não podia lhe importar menos por que estavam fazendo amor, somente o queria mais do que a qualquer homem que tivesse conhecido. No entanto, este sentimento tinha que ser mais do que luxúria. Tinha desejado vários homens enquanto esteve na universidade. Mas o que sentia por Drake era mais do que a necessidade de satisfazer a fome de seu dolorido corpo. Desejava a aproximação de Drake. Seu riso. Sua crença em sua força, sua inteligência. Quando tocou sua mente e a tinha chamado brilhante, tinha se posto tão excitada que poderia tê-lo atacado ali mesmo, se não tivessem tido uma audiência. Se isso era como se sentia o amor, então devia estar apaixonada. Suspirando, ordenou os lençóis e o edredom. Depois, tirou a roupa e a dobrou com cuidado e a colocou na cômoda. Teria que se 145
organizar para trazer um pouco de sua roupa aqui. Não podia usar a mesma coisa dia após dia. Quem sabe quanto tempo levaria derrotar Bettencourt? Quando estava a ponto de entrar no banheiro, algo a golpeou. Uma parede de energia escura ameaçou submergi-la e jogá-la em suas profundidades sem fundo. Tinha experimentado este espírito asqueroso antes, era Yorrick. Ele estava aqui. Deteve-se e retrocedeu lentamente para não lhe advertir de que tinha se dado conta de que estava ali dentro. O cheiro de carne rançosa impregnava qualquer limite que ele tinha erguido para ocultar sua presença. Agora sabia por que a sálvia lhe tinha cheirado tão fresca aos gêmeos. “Drake! Venha a mim. Agora!” Enquanto enviava imagens de Yorrick oculto no banheiro e continuou retrocedendo, Yorrick atravessou a porta correndo. Saltou para ela, agarrou-a pela cintura, e começou a girar em sentido anti horário, murmurando palavras numa língua que nunca tinha escutado. Tentava a tele transportar! Seu grito: “Não!”, saiu como um som estrangulado. Muito baixo para chegar além de alguns metros. Os gêmeos não seriam capazes de ouvir seu grito e encarregar-se do resgate. Teria que deter o feitiço de teletransporte de Yorrick ela mesma. Rhea cavou profundamente e imaginou sua energia opondo-se ao movimento circular. Os movimentos gradualmente terminaram por deter-se. Parando. Mas não estava segura de quanto tempo poderia 146
resistir. Já tinha se sacudido com o esforço que usou para evitar o feitiço de Yorrick, e ainda se sentia débil por sua magia anterior. Pior ainda, sua energia era tão tóxica que estava lhe fazendo adoecer. Não podia concentrar-se. Onde inferno estava Drake? “Drake!” As portas do quarto voaram de suas dobradiças. Drake literalmente virou o quarto, detendo-se diante dela e Yorrick. “Rhea? Ele te machucou?” As palavras de Drake retumbaram como um trovão no quarto. A energia em cores escuras e furiosas fluía dele e gerou um vento de redemoinho. Seu cabelo ondeava sobre sua cabeça. Via-se atemorizante. Seu olhar a aterrorizou. Significava morte. A morte de Yorrick. “Não. Mas não posso sustentá-lo por mais tempo.” Ofegou ela “Nós quase tínhamos saído quando detive o movimento.” Drake assentiu com um movimento abrupto e curto. “Essa é minha garota.” Depois, sorriu. Um giro feio de seus lábios que nunca esperava ver dirigido a ela ou a alguém por quem se preocupasse. Esta era o riso de uma cobra justo antes que atacasse. “Tenho-te agora, meu amor.” Drake lhe ofereceu seu braço direito. Ela sentiu seu aperto como se fosse físico. Então, sentiu uma rede de energia se fechando. Ela não ia a nenhuma parte exceto aonde Drake queria. 147
“Deixa ir, meu amor. Estou te enviando para fora do quarto. Não quero que veja isso.” “Que é…?” “Não pergunte. Só faça o que te digo. Por favor?” Ela assentiu, e como ele tinha pedido, soltou seu agarre do movimento de Yorrick. Assim que o fez, ela flutuou através do quarto, passando por Drake até os braços de um dos gêmeos que a levou para fora da habitação. A porta se fechou inesperadamente atrás deles. Então, todo o inferno se desatou no quarto. “Boris?” Ela olhou ao gêmeo que a sustentava. “Sim?” “Não vão ajudar Drake?” “Não.” Boris sorriu. “Agrada-me estar vivo. Ele nos ordenou te proteger. Isso é o que faremos.” “Então, poderia ter algo para cobrir-me, por favor?” Ela evitou olhar abaixo a seu corpo nu. “Está coberta, Rhea.” Boris sorriu com um sorriso aprazível, de entendimento. “Drake te vestiu enquanto te fazia flutuar fora do quarto.” Rhea começou a rir o que rapidamente se desintegrou num riso histérico. Boris com uma mirada de preocupação em seu rosto lhe perguntou:
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“Rhea, você está bem? Aquele bastardo não te machucou, não é verdade? Acha que devo chamar Egbert?” Ela lhe fez um gesto negando com a mão, enquanto tropeçava para a poltrona antes que seus joelhos não lhe sustentassem. “Não, não. Estou bem. É só que estou realmente assustada…” “Sim, as pessoas malvadas podem…” Ela o interrompeu. “Não, não é Yorrick, ou as pessoas más, ainda que esteja de acordo com que são aterrorizadores.” Ela limpou as lágrimas de suas bochechas. “Estou aterrorizada de que Drake tivesse o controle sobre si mesmo no meio do perigo para ver que estivesse vestida.” “Bem, claro que o fiz.” Disse Drake enquanto entrava no quarto. “Amo-te. E estar nua diante dos gêmeos teria te envergonhado.” Rhea saltou da poltrona e correu para Drake. Ele abriu seus braços, e ela voou para eles. “Drake! Você está bem? Que aconteceu?” Drake a atraiu perto de seu peito, depois acariciou suas costas. “Sim, estou bem. Yorrick é um bruxo bastante poderoso, mas sou mais forte. Quanto ao que aconteceu, realmente não vai querer saber. Mas posso te assegurar, que não teremos notícias de Yorrick outra vez. Jamais.” O severo som de "jamais" reverberou em todas as partes da habitação. Rhea tremeu nos braços de Drake. Ele pôs um beijo na 149
parte superior de sua cabeça enquanto continuava tranquilizando suas costas com firmeza, mas com movimentos suaves. “Ele foi unir-se a Galen na Sibéria, meu amor. Ele não está morto, só diferente.” “Sibéria?” “Sibéria. É uma região…” “Sei onde fica a Sibéria.” Disse ela com aspereza. “Tem uma prisão ali para bruxos maus ou algo assim?” “Algo assim.” Conveio Drake. Ela levantou a cabeça de seu peito e olhou para cima. “Não vai me explicar, não é verdade?” Ele sorriu e lhe deu um toque na ponta de seu nariz suavemente com um dedo. “Não, não antes que aprenda um pouquinho mais sobre mim, nossa Irmandade e a magia.” “Mas, me explicará algum dia?” “Essa é uma promessa. Somos companheiros, lembra?” “Companheiros.” Ela suspirou. “Sim, somos.” Então pôs sua cabeça de novo sobre o peito Drake enquanto ele dava instruções a Boris e Igor. Estava tão cansada que nem sequer se preocupou em escutar. Drake tinha tudo sob controle. “Ela está dormindo, Drake.” “Posso ver isso, Boris.” 150
Drake levou Rhea ao sofá e com cuidado a deitou. “Dá-me aquele cobertor.” Boris passou o cobertor e Drake a cobriu. Depois de roçar com o dorso de seus dedos através de sua bochecha, voltou-se aos gêmeos. “Pelo que Ewan nos disse, Bettencourt planeja desafiar-nos a um duelo de magia no Lincoln Park durante a noite de lua cheia. O melhor bruxo ganha tudo, o clã, Rhea como a consorte do líder do clã, e o banimento permanente do bruxo derrotado e seus seguidores leais.” “Tem que ser um truque.” Disse Igor em sua maneira habitual calma e lógica. “Não há maneira de que Bettencourt permitiria a ti ou a teus seguidores viver se ele conseguisse ganhar a liderança.” “Estou de acordo. Ele quer matar a todos nós.” “Que acontece com Rhea?” Perguntou Boris. “Ela não poderia emparelhar-se com ele. Ele teria que usar a magia negra para forçá-la a render-se a ele. Ela está comprometida contigo. Te ama.” “Pensa isso?” O coração de Drake batia mais rápido ante a ideia. Isso faria que o que ele, não eles, tinha que fazer fosse bem mais fácil. Bettencourt nunca saberia o que o golpeou. “Eu sei. Posso ver isso em seus olhos. Te segue por todas as partes. Está em sua voz, também. Ela te ama.” “Obrigado! Devo estar cego. Pensei que se preocupava comigo, confiava em mim, mas senti que era muito cedo para esperar que pudesse chegar a me amar.” Drake acariciou sua mão que descansava fora do cobertor. “Empurrei-a muito forte desde que a encontrei.”
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“Mas o que acontece com o poder?” Perguntou Igor. “Não é a batalha água com açúcar para nós? Bettencourt deve saber que depois que te emparelhou com Rhea, já não pode ser derrotado.” “Bem, ele também sabe que o amor, a confiança e a crença têm que fazer parte do pacote.” Disse Drake. “Estou seguro que não acredita que Rhea poderia ter chegado a me amar tão rapidamente.” “Você a ama?” Perguntou Igor, com seu olhar fixo em Rhea. Drake tocou sua bochecha uma vez mais, deleitando-se de sua cálida suavidade. “Mais do que à minha própria vida. Farei o que for preciso para mantê-la a salvo, incluindo mantê-la afastada do campo de batalha.” Igor começou a rir. “Como vai fazer isso?” “Não lhe direi quando é a batalha, ou onde. É para sua própria segurança. Somente porque nosso poder é forte, não significa que ela não possa ser ferida. Ainda é uma caloura. Bettencourt usará isso a seu favor.” Drake acariciou seu quadril coberto pelo cobertor. “Não, ela estará em algum lugar seguro. Nosso poder será como um. Posso utilizá-lo com ou sem sua presença.” Rhea lutou para evitar sorrir. Ele a amava. Bem. Era mútuo. Mas seguro como o inferno que não a deixaria fora desta luta. Queria enfrentar Bettencourt no campo de batalha, por nenhuma outra razão mais que lhe esfregar na cara que ela se apaixonou pelo bruxo certo.
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E conhecia justo à pessoa que ia ajudá-la a fazer isso. Entreabriu um pouco seus olhos. Igor lhe sorriu com satisfação. Ele sabia que tinha escutado tudo. Ele seria seu aliado. Unir-se primeiro. Os planos de batalha, em segundo lugar.
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Capítulo 13
A sombra mágica está em seu ponto mais poderoso na lua cheia. _Sombra Mágica, página 20.
Bettencourt soube o instante exato em que Yorrick foi transformado e exilado. Sentiu a perda de um seguidor como uma greta em sua armadura mágica. Devido a Morgan e essa bruxa Rhea, tinha perdido Galen, Ewan e agora Yorrick. Jurou fazer à multidão pagar "o não fazer dano". Sentou-se frente a seu balão de adivinhação. Todos os sinais apontavam essa lua cheia como o ótimo momento para a mudança. O destino, a sorte, a fortuna, como quiser chamá-lo nunca foi escrito com tinta indelével. Ele sabia. Mas a casualidade estava ali para tomá-lo. Tudo estava pronto. Prepararam-se as forças da escuridão e seus seguidores. Confiava em que seu uso e conhecimento do Caos lhe desse a vantagem que precisava para derrotar Morgan e seus neopagões débeis. O único elemento da casualidade do que não estava totalmente seguro era a bruxa Rhea. Ela era a incógnita nesta equação. 154
Inclusive se a consumação tinha ocorrido, e se ele tivesse estado no lugar de Morgan, isso teria ocorrido no mesmo dia em que a tinha encontrado, não tinha forma de predizer como funcionaria o intercâmbio de poder. A lenda não estava clara nesse tema, não importa o que diziam os anciãos. Esta só diz que o intercâmbio de energia deveria ocorrer se todos os elementos estivessem presentes. A história da seita estava cheia de líderes da Irmandade e seus companheiros que tinham as marcas de nascimento unidos, mas nunca manejaram um poder incalculável. De fato, essa onipotência era a exceção e não a regra. Assim que, por que este emparelhamento funcionaria onde os outros não o fizeram? Em sua opinião, a arbitrariedade na aplicação da lenda era porque as mulheres eram criaturas volúveis. Alguns poderiam dizer que suas almas eram muito parecidas ao Caos, aleatório e errático. Inclusive se Morgan e Rhea de alguma maneira encontraram a maneira de consolidar seu poder, ele sabia que o Caos tinha regras. E era um maestro para decifrá-las. A novidade da relação de Morgan e Rhea e da falta de experiência dela deveria lhe ajudar a torcer qualquer poder que eles poderiam esgrimir a seu favor. E, então os teria.
****
Depois que os gêmeos se foram, Drake tomou Rhea e a levou ao quarto, restaurado a sua condição e completamente fumegado com 155
sálvia para purificar o mal do ambiente. Tinha o resto dessa noite e a maior parte de manhã para atá-la a ele com amor. Não queria que nada atrapalhasse essa união. Colocando-a sobre a cama recém feita, tirou-lhe lentamente a roupa, o ato em si mesmo lhe fez endurecer-se no ponto de dor. Tirando sua roupa, deslizou-se na cama junto aos pés dela e se sentou sobre os calcanhares. Respirou fundo, seu cheiro único, alguma essência floral sustentada com um toque de almíscar o acordou ainda mais. Incapaz de esperar até que acordasse, começou a amá-la. Começou em seus pés. Tomando um delicado pé em sua mão, colocou beijos leves na planta, e depois lambeu e chupou cada dedo delicado antes de mudar e fazer o mesmo com o outro. Depois, alternativamente beijou seu caminho até as duas pernas, evitando as zonas mais sensíveis por enquanto. No entanto, ela não tinha se movido. Mas sabia que estava desperta e lhe agradava a atenção. Ela não tinha bloqueado sua mente, e sentiu sua alegria e excitação, além da sua própria. “Estou reclamando-te, já sabe. Cada centímetro quadrado de ti me pertence”. Drake pontuou suas palavras com beijos, mordidas e lambidas em ambas às coxas. “Abre as pernas.” Rhea lhe obedeceu. A visão de seus cachos castanho escuro e o rosa escuro de seus lábios vaginais úmidos lhe fez gemer. “Já está molhada para mim.”
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“Você me faz isso.” Disse com os olhos fechados e um sorriso em seus lábios. “Tenho que reclamar cada centímetro quadrado de ti também?” “Sim.” Disse Drake com voz áspera. Seus testículos se apertaram com a imagem mental de Rhea beijando-o por todas as partes. Se não tivesse cuidado, encontraria sua finalização antes que estivesse pronto para tomá-la. “Mais tarde.” “Se você o diz. Confio em que mantenha sua palavra.” “Não se preocupe. Somos companheiros nisso como em tudo o mais.” Rhea suspirou. “Me agrada isso, já sabe.” “Que? Eu beijando suas coxas?” “Bem, isso também, mas não, a ideia de que me considere uma companheira. Aí foi quando me dei conta que estava apaixonada por você.” “Eu também te amo, minha.” Drake se sentiu humilde ante o amor e a confiança dela. “Deixa-me mostrar-lhe como adoro seu corpo junto ao meu.” A única resposta de Rhea foi um gemido quando Drake lambeu seu caminho ao redor de seus lábios vaginais, movendo o clitóris com a ponta de sua língua depois de cada volta completada. Usando suas mãos para sustentá-la estável, fez-lhe com sua língua e lábios. Seus gemidos e suspiros singelos lhe instaram até que ela chegou
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a seu ponto máximo. Enquanto ela terminava, lambeu-lhe com traços fortes e firmes enquanto estremecia o sei corpo. Quanto se recuperou, ele apoiou a cabeça numa de suas coxas. Ela roçou os dedos através de seu cabelo. “Minha vez agora de te dar prazer?” Perguntou, ainda respirando pesado por seu clímax. “Hmmm, ainda não, meu amor.” Disse ele entre lambidas leves em seu clitóris corado. “Ainda tenho que terminar minha adoração.” Com uma última amorosa lambida a sua parte endurecida, moveuse acima de seu corpo, traçando um caminho com sua língua, lábios e dedos. Primeiro seu umbigo, e depois seu firme, mas feminino arredondado abdômen, depois seus cheios, naturais e firmes seios. Como tinha feito antes nesse mesmo dia, prestou extrema atenção a seus mamilos rosa escuro, agora endurecidos e rogando por um pouco de atenção. Levantando ambas os seios, os segurou e alternou entre eles, assegurando-se que ambos os mamilos receberam o mesmo trato. Rhea se agarrou a sua cabeça enquanto chupava seus seios, gemendo, depois, gritando. “Drake, por favor. Quero teu pênis. Em... mim... agora!” Fazendo uma pausa na carícia de seus montículos deliciosos, girou a cabeça e lhe lambeu o interior de um de seus pulsos quando sua mão lhe acariciou o crânio massageando com os dedos. “Quanto me quer?” 158
Rhea sacudiu a cabeça suavemente e capturou sua mirada. “Realmente muito. Tanto que quando chegar minha vez de te torturar com prazer, levarei-te a borda tantas vezes que gritará e rogará pelo alívio.” “Posso viver com isso.” Gemeu ele quando facilmente escapou de suas mãos e tomou seus lábios com um beijo abrasador. Levantou a cabeça e disse com voz áspera. “Coloque-me, minha. Toma o que quer.” Rhea agarrou seu pênis e o guiou até seu calor enquanto ele acariciou seu pescoço. A sensação quando seu pênis entrou em sua vagina era indescritível. Telepaticamente, transmitiu a ela seus sentimentos e ela os devolveu. O prazer duplicado fez a ambos ofegar, e depois gemer. Ela lhe assentava como uma luva. Era perfeita para ele. Antes que ele estabelecesse o ritmo que completaria a união, prendeu seus olhos com os seus. “Te amo, Rhea Brown. Quero passar o resto de minha vida com você. Quer casar comigo?” Os olhos de Rhea se encheram de lágrimas, e depois sorriu. “Sim.” Com seu consentimento, seu mundo estava completo. Em sua mente, ele ouviu o círculo da vida fechar-se. A conjunção, a profecia e as lendas de sua espécie, a batalha pela sobrevivência do clã, tudo isso não era nada ao lado de seu consentimento para ser sua.
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Humilde uma vez mais por sua generosidade ao amá-lo, começou a se mover, primeiro suavemente, depois com mais força enquanto ela o capturou com suas longas pernas envolvidas firmemente ao redor de seus quadris. Seus gritos e gemidos entrecortados lhe animaram a se mover cada vez mais rápido. “Mais forte Drake... É tão bom... É como...” Rhea de repente ofegou, e depois gritou. “É como voar. Estou voando... Drake? Que está acontecendo?” Drake tinha ouvido falar desta reação à conjunção, mas não pôde tomar tempo para explicar a Rhea. Tinha que controlar o ritmo de maneira que nenhum dos dois se machucaria nos níveis superiores do plano astral. “Tenho-te. Confia em mim” Sussurrou Drake no ouvido de Rhea enquanto reduziu o ritmo de seu ato sexual para dar-lhe tempo de captar o fato de que a sensação de voar eram as sensações de seu corpo astral. “Hmmmm, sim, você definitivamente me tem.” Disse ela, enquanto contraiu seus músculos vaginais. No duro. Apertado, como um punho de amor. “E eu te tenho também.” “Rhea!” Sua voz era tensa. “Não sabe o que está fazendo. Vá mais devagar, querida.” “Não, quero voar!” Com essas palavras, ela agarrou seus ombros e se lançou com seus músculos vaginais. Drake gritou enquanto o impulso biológico tão antigo como o tempo se fez cargo. Tinha chegado o momento
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de juntar-se, para marcá-la como seu território, e nada ia detê-lo agora. Drake bombeou nela mais rápido, movimentos cada vez mais fortes. Suas confusas e rosnadas palavras falaram de posse e amor, por agora era para sempre. As próprias reações de Rhea a sua a cada vez maior urgência refletiam as suas. A sensação de voo que ela tinha finalmente raciocinado vinha de seu outro eu, ao que Drake tinha feito amor muitas vezes antes, era cada vez mais pronunciada à medida que ela se esforçava para seu clímax. Quando os primeiros tremores de seu orgasmo a inundaram, ela gritou: “Drake! Vou gozar querido. Segure-me!” O gemido de contestação de Drake foi seguido por um longo "sim", quando também chegou a seu ponto máximo. Seus fortes braços se apertaram ao redor dela atuando como um salva vidas de seu verdadeiro eu. As sensações de Rhea, físicas e emocionais, alimentaram as de Drake e as dele alimentaram as dela. Como um ciclone, os dois giraram num vértice de sentimentos. À medida que foram fustigados, aumentaram o impulso e depois o liberaram, só para ser recolhido numa corrente ascendente e começar tudo de novo. O orgasmo, ou mais corretamente orgasmos, pareciam não terminar nunca. Mas o fizeram.
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Logo, Rhea sentiu os fortes braços de Drake abraçando-a perto, suas mãos acariciando suas costas, e seus lábios cobrindo seu rosto com suaves, beijos insistentes. “Querida. Rhea, você está bem? Volta para mim, minha.” Através das pálpebras entrecerradas ela encontrou um Drake preocupado olhando-a. Sorrindo, abriu os olhos totalmente e disse: “Uau, conseguiu o número desse tornado que nos atingiu?” Drake jogou a cabeça para trás rindo alto. Rhea suspirou. Tudo ia ficar bem. Não só era seu amante e parceiro, ele era capaz de rir durante o ato sexual. Que mais pode pedir uma garota? “Uh, Drake, estamos unidos agora?” “Sim, eu diria que sim.” Disse Drake. “Sinto muito, não mencionei a sensação de voar. Não tem fama de ser um efeito secundário normal ao fazer amor no plano físico.” “Creio que somos especiais, não é?” Ela acariciou suas costas, detendo-se na parte superior das nádegas apertadas. “É minha vez agora?” Drake lhe beliscou o nariz, seguido com um beijo na ponta. “Está segura de que está pronta para tomar outro voo num tornado renegado?” Rhea sorriu quando ela o empurrou sobre suas costas. “Oh, sim. Não sabia?” 162
“Sabia o que?” Ele gemeu quando ela se inclinou e lhe deu um beijo úmido à ponta de seu semiereto e rapidamente recuperado pênis. “Que me inscrevi no programa de viajante frequente desde a última vez. Tenho que ganhar essas milhas, já sabe.” Drake tinha criado um monstro. Ao princípio da sessão de tortura prazerosa, Rhea tinha se dado conta que ele não era dos que se recostam e desfrutam sem corresponder, por isso tinha prendido suas mãos a cabeceira da cama com um par de seus laços de seda. Os dois sabiam que ele podia escapar facilmente, mas lhe tinha feito prometer por seu amor por ela que não ia usar magia ou a pura força alimentada de testosterona para libertar-se. Assim que, aqui estava ele. Uma hora mais tarde. Ainda ereto. Ainda frustrado. E sem um final perceptível à vista. Só esperando até que tivesse seu seguinte turno. Ela estaria tão flácida depois de que ele terminasse de amá-la, ela teria que dormir pelo menos dois dias para recuperar-se. Deus, amava esta mulher. “Oh, Drake!” A forma em que ela ronronou seu nome fez que seu pênis tremesse quando se projetou em sua virilha, a ponta apontando para sua cabeça. “Sim, pequena descarada sádica?” Ele lhe sorriu para que não tomasse suas palavras de forma incorreta. “Está pronto para gozar, já?” 163
Como se tratava da décima vez que ela tinha feito essa pergunta desde que tinha prendido suas mãos, pensou que a resposta era um fato, mas ele jogou o jogo. “Sim, minha. Mais do que pronto.” “Bem. Então, eu também.” Ela seguiu suas palavras com ações. Por último. Quando se sentou em seu membro rígido e palpitante, ele gemeu em voz alta. “Isso é tão malditamente bom.” “Meu objetivo é agradar.” Ela se deteve enquanto ajustava sua posição para estabelecer-se nele mais completamente, depois o tomou o resto do caminho e só ficou ali sentada. Olhando-o. “Vai…?” Sua voz soava tensa e suplicante inclusive a seus ouvidos. Ele tossiu, depois tentou de novo. “Rhea? Vai se mover?” “Não precisamente nesse momento.” “Eventualmente.” “Agora, vou fazer isso.” Isso era apertar e afrouxar seus músculos vaginais. Deus, era forte. E enquanto massageou seu pênis com seus músculos interiores, a viu dar prazer a si mesma com um dedo coberto com os sucos de seu ato sexual. “Deusa, está tão quente sentada ali, se tocando, comigo dentro de você.”
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“Gosto de ter teu grande pênis palpitante dentro de mim.” Rhea jogou a cabeça para trás e gemeu. “Creio que é o momento de te recompensar por tua paciência, querido. Vou me mover agora.” “Oh sim.” Gemeu enquanto Rhea estabeleceu um ritmo constante. Os quadris dele se levantaram da cama para encontrar-se com seus impulsos para baixo fazendo que ambos grunhissem com o prazer da fricção resultante. “Drake.” Gritou Rhea “Estou pronta para voar de novo. Me segura. Agora.” Rhea gritou seu prazer. Seu potente orgasmo desencadeou o dele. Ele enviou uma pequena quantidade de energia a suas mãos e eliminou os laços, depois atingiu seus quadris. Quando a sustentou, ambos dispararam uma vez mais. Quando ele recuperou o sentido, deu-se conta que Rhea tinha ficado adormecida em cima dele, seu pênis ainda dentro dela. Isso era bastante bom para ele, assim que usou um pouco de magia e flutuou o edredom sobre eles que tinha caído no chão durante sua maratona sexual. Mais tarde, introduziria a uma verdadeira pequena bruxa aos níveis mais avançados de magia sensual.
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Capítulo 14
O poder do amor controla fortemente um casal de bruxos unidos. _A conexão dos bruxos macho-fêmea, página 60.
Rhea gemeu e depois fez uma careta enquanto tratava de se sentar. Uma noite de amor demonstrava que tinha músculos que não tinha usado antes. Junto a ela, o corpo nu de Drake jazia estendido, meio dentro e meio fora dos cobertores. Maldição, era impressionante, todo magro e musculoso. Tinha seu longo e escuro cabelo estendido através dos travesseiros cobertos de seda cor marfim. Aproximou-se mais e viu como respirava. Suas pestanas jaziam como plumas em seus olhos fechados. Deu-lhe um beijo mordiscando seu pescoço exposto onde o pulso batia com força. A batalha por vir pesava muito em sua mente. Desejava saber mais a respeito da profecia. Depois de tudo, o conhecimento era poder. No entanto, tratava-se de um instinto que a instou a fazer amor com Drake uma vez mais antes de ir contra Bettencourt. De alguma maneira entendeu que isso era crucial para seu sucesso. Arredia a 166
ir contra seus instintos, afastou os pensamentos de procurar sua avó ou a algum dos anciãos para conhecer mais a respeito da profecia a respeito dos poderes complementares do qual ela e Drake possuíam. Ânsias tão antigas como o tempo lhe disseram que fizesse amor com seu companheiro. Sentando-se sobre seus calcanhares, sondou Drake. Por onde começar? Com cuidado, retirou os cobertores para encontrar seu pênis. Encontrava-se contra sua coxa, ereto e duro. Ou ele estava desperto e já excitado por sua proximidade ou estava tendo um magnífico sonho. Rhea sorriu enquanto se inclinava sobre ele, seu cabelo roçando sua perna enquanto tomava seu pênis na boca. Chupando-o com força, usou suas mãos para acalentar seus testículos. Estava quente e pronto para ela. “Está procurando problemas, minha?” Grunhiu a voz cheia de sono de Drake enquanto lhe acariciava seu cabelo afastando-o de seu rosto. Fez uma pausa em amar seu pênis para levantar o olhar para ele. Com um pequeno sorriso, respondeu: “Os encontrei, meu amor?” “Oh, sim.” Disse, enquanto se incorporava. Alongou a mão para ela e a puxou em cima dele num magnífico desempenho de sua força. “Creio que é meu turno para te atormentar.” “Drake!” O mundo se voltou ao revés enquanto Drake a virou deixando-a sobre suas costas. Com um leve sopro de ar, teve-a presa à cama com lenços de seda. Ela comprovou os laços. Não teve sorte,
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estava presa completamente. Completamente molhada. Lambendo seus lábios, ela lhe perguntou: “Quais são as regras?” “As regras?” Os olhos de Drake sorriram maliciosamente enquanto suas mãos acariciavam seus seios. “Desfrute. Eu o farei.” Uma venda de um material suave lhe cobriu os olhos. Com o sentido da visão cortado, Rhea esperava o próximo movimento de seu amante. Quando chegou, ficou sem folego pela surpresa. Ele estava aplicando algo quente e oleoso em seu corpo. Cheirava maravilhoso e excitante. “Que cheiro é esse? Cheira familiar.” Gemeu enquanto suas mãos se deslizaram sobre seus seios, detendo-se de vez em quando para alterar seus mamilos altamente sensíveis. “Ylang ylang. Tem fama de ser um afrodisíaco. O perfume que usa contém um pouco.” Suas mãos que acariciavam o interior de suas coxas, arrastaram-se sobre seu sexo e para a parte baixa de seu abdômen. “Bem, sua fama é verdadeira. É maravilhoso.” Gemeu, enquanto ele lhe girava um dedo suavemente dentro e ao redor de seu umbigo. “Conseguiremos algumas loções e perfumes para o corpo feitos para você só com essa essência, então.” Disse “Agrada-me esse cheiro em sua pele. Poderia simplesmente comer-te.” Drake pôs seu joelho entre as coxas dela, o suficientemente perto de
seu clitóris
para
que sentisse sua
presença.
Não o
suficientemente perto para lhe fazer nenhum bem.
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“Por favor?” Se esforçou para mover seus quadris para conseguir a pressão que almejava. Seu joelho se moveu contra seus lábios por uns golpes e depois se afastou. “Maldito seja, Drake! Preciso de pressão.” Os lábios de Drake roçaram os seus enquanto suas mãos massageavam seus seios. Seu cabelo lhe tocou o rosto, fazendo-a tremer pela cócega que causou. Todo seu corpo era uma massa de nervos, e ele não estava fazendo nenhuma coisa para aliviá-los. Foi assim que ele se sentiu na noite anterior? Se fora assim, tinha mostrado muita moderação ao não tirar suas amarras e tomá-la antes do que tinha feito. “Pressão? Com o tempo, meu amor.” Disse as palavras em sua boca “Em primeiro lugar, precisa estar pronta para voar.” Estava a ponto de dizer-lhe que estava pronta para voar com ele, mas seus lábios cortaram suas palavras com um profundo e luxurioso beijo. Sua língua deslizou em sua boca, conquistando-a facilmente. Depois ele bombeava sua boca enquanto seu joelho tomava o mesmo ritmo contra seu sexo endurecido. Por trás de sua venda, reflexos de cores giravam enquanto tratava de gemer. Os lábios dele capturavam seus sons de paixão. Então, deteve-se. Ela ficou ofegando e gemendo, sem sequer poder pedir o que queria. E depois ele começou a massagem de novo, desta vez concentrando-se em seus seios doloridos. Entre amamentar-se de seus mamilos, sua língua tomava viagens aos lados para a sensível pele de seu braço interior até a área de sua axila. 169
“Drake!” Tratou de mover seus braços, mas não pôde. Se não deixasse de lamber suas axilas, ia morrer de prazer. “Preciso do seu pênis. Agora!” “Ainda não, querida”. Lambeu a parte inferior de seu braço com movimentos firmes e fortes, e beliscões afiados de seus dentes. “Gosta disso, não?” “Oh, sim. Nunca conheci…” O resto da frase foi interrompida por um grito agudo. Os dedos de Drake lhe acariciaram o clitóris enquanto seus lábios continuavam fazendo amor a seu braço. Deus, ia gozar. As ondas de prazer se construíam até o ponto de não volta. Enquanto caía pelo precipício, gritou, e depois convulsionou com grandes estremecimentos, suas mãos e pernas puxando os laços de seda que a sustentavam à cama. Drake a cobriu com seu corpo, proporcionando-lhe uma maior comodidade junto com seu calor. Contra seus lábios arquejantes, murmurou baixinho. “Está tudo bem, carinho. Tenho-te. É minha. Sempre te manterei a salvo.” Tremia pelo orgasmo. Drake lambeu as lágrimas de prazer caindo por suas bochechas. Quem teria pensado que gozaria com tanta força porque lhe lambessem os braços? Nenhum outro homem exceto Drake poderia ter lhe provocado uma reação sexual tão forte, pensou ela. “Drake?” Ela suspirou contra seus lábios enquanto ele mordiscava os dela. “Preciso de você em mim. Algo me diz que precisamos fazer isso.” Ela moveu seus quadris contra seu pênis palpitante, 170
enquanto jazia perfeitamente alinhado com sua abertura. “Temos que fazê-lo. Agora.” O riso rouco de Drake vibrou através de sua pele sensível enquanto ele se movia por seu corpo tomando-a com seus lábios e língua. Ao chegar a seu clitóris, deteve-se. A venda caiu com uma silenciosa lâmina de ar, e prendeu seus olhos com os dele. “Olha-me e me veja tomá-la. Saiba que me pertence.” “E você me pertence?” “Sempre, minha. Agora e além da eternidade.” Com essas palavras, conquistou-a com sua boca, fazendo que acumulasse seu desejo, e enquanto estava pronta para voar uma vez mais, os laços sustentando-a à cama desapareceram. Ele subiu sobre seu corpo, afundando seu pênis em seu sexo enquanto saqueava sua boca com a língua. Seus braços e pernas rodeando-o, segurando-a a ele enquanto a levava aos céus uma vez mais. A água quente efervescia a seu redor. Drake beijou a parte superior da cabeça de Rhea enquanto jazia enroscada entre suas pernas no grande jacuzzi. Um pequeno rosnado, depois um gemido escapou dos lábios de sua mulher enquanto se enroscava mais estreitamente contra ele. “Dor, minha?” Drake lhe acariciou os braços com os dedos, massageando os músculos tensos por estar atada à cama. “Más ou menos... mas no bom sentido.” Ela voltou a cabeça e lhe deu um beijo no queixo. “Podemos fazer isso de novo?”
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“Fazer amor?” Ele riu e lhe mordiscou a ponta da orelha, onde se assomava entre seus cachos castanhos. “Tanto como seja possível. Prometo.” “Bom, isso também, mas... hum... quero dizer o das amarras.” Drake inclinou sua cabeça para trás contra seu ombro para poder vê-la nos olhos. “Se refere aos jogos com cordas?” “Sim.” Ela se ruborizou formosamente, suas bochechas pareciam pêssegos contra o creme de sua pele branca. “Isso o faz bem mais... intenso.” Ele estava duro de novo. Seu pênis palpitava contra seu estômago, preso entre seus corpos. “Oh, sim. Sempre que quiser, minha.” Ele a levantou e lhe deu a volta, depois a acomodou em sua palpitante ferramenta. “Mas neste momento, temos que cuidar de um pequeno problema que parece que estou tendo.” Seu gemido de prazer o sacudiu até os pés, quando ela agarrou seus ombros e começou o movimento que os levaria ao céu uma vez mais. “Pequeno? Não mesmo, querido.” Rhea se inclinou e lhe mordiscou o lábio inferior. “Mas creio que posso manejá-lo.” “Oh, sim. Maneja-o.” Gemeu em sua boca enquanto ela tomava seus lábios num úmido beijo quente.
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“Fique aqui com os gêmeos.” Drake acariciou a ponta de seu nariz com um dedo suavemente e seguiu isso com um leve beijo. “Quero que esteja a salvo. Nossos poderes estão unidos. Posso usá-los à distância.” “Já sei, mas de alguma maneira não creio que isso vá ser suficiente.” Disse baixinho enquanto abraçava Drake, com medo de perdê-lo de vista. Com medo de nunca mais vê-lo. Depois que tinham terminado de se amar essa manhã, Drake se reuniu com as bruxas mais experimentes da Irmandade e planejaram sua estratégia para a próxima batalha. Rhea tinha sentado ao lado de Drake enquanto demonstrava a todos que podia conectar seu poder ao dela. Ela tinha estado surpresa ao ver sua energia em tons cálidos de vermelho, púrpura, dourado e branco cegador misturados com a sua de verde e azul. Ainda que não totalmente segura de chamar de seus próprios poderes ainda, descobriu que podia chamar as bolas de fogo, exibindo a mesma mistura energética dos mais potentes fluxos de Drake. “A profecia se cumpriu.” Pronunciou Egbert, o mais antigo dos anciãos do clã. “Nenhum poder sobre a terra pode separá-los. Seus poderes estão completamente unidos.” O alívio das bruxas na sala tinha sido evidente em seus rostos satisfeitos e suspiros felizes, mas em seus instintos, ela ainda sentia que precisaria mais do que o máximo poder para derrotar a
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marca do mal particular de Bettencourt. Tinha expressado essas dúvidas, mas tinha sido ignorada. Negou-se a permitir que Drake ignorasse suas preocupações. Antes que a deixasse, ele ia prestar-lhe atenção. “Drake, está me escutando? Não sei como sei, mas sinto que nossos poderes não vão ser suficientes. Tenho que estar ali. Para te ajudar.” “Rhea.” Suspirou, enquanto se inclinava, seu nariz tocando o dela. “Não tem experiência lutando contra outros bruxos, especialmente aqueles tão maus e ardilosos como os seguidores de Bettencourt. Poderia sair ferida. Eu estaria distraído, mais preocupado em te proteger, que lutar contra eles.” Lágrimas de frustração encheram seus olhos. “Ajudei com Keir. Nenhum de vocês podia salvá-lo.” “Sim, o fez. Mas aquilo era cura. Isso é a guerra.” Rhea suspirou. Não estava se fazendo compreender por ele. Sabia que a chave para derrotar Bettencourt não era poder lutando contra poder, mas também sabia que não ia convencer o teimoso amante e macho alfa. Encontraria seus aliados em outras partes. Planejava estar em Lincoln Park, e nada, nenhuma bruxa neste clã, seria capaz de detê-la. “Só se mantenha seguro e volta para mim.” Ela o abraçou. “Sempre.”
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Capítulo 15
Dadas às circunstâncias, certos padrões surgirão, ou como os chamam os matemáticos do caos “Atrativos estranhos”. _A Magia do Caos: uma aproximação matemática, página 5.
“Rhea.” Ela podia ouvir a súplica na voz de Boris. Não tinha deixado de tentar dissuadi-la de seu atual plano de ação desde que tinham saído do edifício Morgan. “Drake não estará feliz com isso.” Deu aos gêmeos um rápido olhar enquanto manobrava através do tráfego noturno na Avenida Michigan, em direção oeste, para sua casa no final da zona de Lincoln Park da cidade. “Pare agora Boris, ou o deixarei em minha casa, enquanto Igor, minha avó e eu vamos ajudar Drake e os demais.” Igor só sorriu a seu irmão e não disse nada. Tinha-a respaldado com seu consentimento silencioso desde que ela tinha abordado seu plano com os gêmeos. Entrou no beco atrás de sua casa e à garagem independente. Enquanto descia do carro, os gêmeos iam a seu lado para protegêla com sua vida.
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“Sabem” Disse ela, enquanto tratava de não rir. “Isso é ridículo. Eu deveria estar protegendo-os agora que tenho todo este poder.” “Mas ainda não tem o controle total disso.” A advertiu Igor, falando pela primeira vez desde que tinham saído do edifício. “Ter vindo até sua avó foi a única razão pela qual aceitei acompanhá-la. Ademais, temos mais poderes dos que pensa. Poderíamos conseguir prendêla até que a batalha tenha terminado.” Ela se deteve na porta traseira de sua casa e se voltou para olhar a Igor. “Então, por que me deixou sair do edifício?” “Porque estou de acordo com você.” Disse Igor. “Você era a única que podia salvar Keir. Tem mais experiência com o tipo de maldade retorcida de Bettencourt do que Drake.” “Está dizendo que sou suficientemente ardilosa para averiguar algo sobre Bettencourt?” Não estava segura de que lhe agradava a ideia de que seus seguidores pensassem que era má. “Não, não é ardilosa.” Repreendeu Igor “Mas é mulher. Em minha experiência, as mulheres são mais prováveis em ganhar pela manipulação. A magia do Caos só emprega a magia de uma maneira infrequente. Você já tem uma chave dos padrões que Bettencourt ensinou a seus seguidores.” Ela abriu a porta detrás. “Então, tenho uma vantagem. Certo?”
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“Exatamente.” Igor sorriu enquanto sustentava a porta para ela. “É a arma secreta do clã, por assim dizer. Se o poder não ganha o dia, poderá tentar tua abordagem.” “Não! Se Drake ou qualquer um dos membros da Irmandade estão em perigo de serem feridos, farei o meu.” O corrigiu. “É o mesmo.” Igor lhe sorriu “Falemos com sua avó e vejamos o que tem a acrescentar.” Boris se queixou baixinho, mas seguiu a ela e a Igor até a casa. Ela abriu o caminho ao quarto secreto. Notou que a frente de sua casa tinha sido consertada como se a luta com Yorrick nunca tivesse ocorrido. Com a combinação correta de painéis na parede, a porta do quarto oculto se abriu. Elspeth estava recostada sobre um cadeirão, lendo um dos grandes livros que bagunçavam a habitação. Levantou a vista quando entrou o trio. “Ahh, até que enfim, estava a ponto de ir atrás de vocês. Não temos tempo a perder. Posso sentir o crescimento de energia no parque.” “Vovó.” Disse ela “Sinto que tenho que estar ali ou Drake e a Irmandade vão perder.” “Tem razão, minha menina.” Sua avó sorriu “O poder é forte em você. O poder está agora triplicado. O poder dos três será uma bênção disfarçada. Warrick Bettencourt não saberá o que o golpeou.” “Triplicado?” Disse Boris “Que quer dizer, minha senhora?”
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“Que minha neta teve o bom senso de engravidar.” Respondeu ela “Drake não só terá os poderes de Rhea, mas também os de sua descendência. Será o suficiente para arruinar o plano de Bettencourt para derrubar Drake e sua Irmandade com todas as suas forças. Mas é necessária a presença de Rhea para evitar que o erro ganhe o dia.” Rhea cobriu o ventre com as mãos. Um bebê? Ela e Drake iam ser pais. Um sentimento de poder fluiu através dela com o pensamento de seu filho. “Está bem, então temos mais poder do que pensávamos, mas, como posso ajudar contra Bettencourt? Tive a ajuda de Drake antes. Ninguém me ensinou a ir ao plano astral.” Elspeth deixou o livro a um lado e flutuou para Rhea, depois se acomodou até que apoiou seus pés. “Sempre teve a capacidade. Terá que aprender sobre a marcha. Eu te ajudarei. Estou segura de que os troca formas também o farão.” Rhea assentiu para os gêmeos. Mas algo ainda lhe preocupava. Algo em seu estômago que tinha estado tratando de dizer desde que tinha jurado estar no lugar da batalha. “Tenho que me enfrentar com ele, não?” “Sim, minha menina, o fará. E só você poderá derrotá-lo. A falsa arrogância de Bettencourt não lhe permitirá temer uma mulher. Será sua perdição. No entanto, tua batalha terá que ocorrer no plano astral.” Os braços efêmeros de sua avó a envolveram com uma leve calidez. “Terá que ser astuta, cruel e não se mostrar até
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que seja absolutamente necessário. A surpresa e o conhecimento superarão seu poder deformado.” “Quão perto tenho que estar para levá-lo no plano astral?” “Dentro do próprio parque. Mas não o suficientemente perto para tocá-lo.” Lhe assegurou sua avó “Os troca formas te protegerão com sua presença física enquanto você luta. Eu ficarei aqui onde minha magia é mais forte e estarei contigo em tua mente se precisar de minha ajuda.” Elspeth acariciou seu rosto com uma mão tênue. Rhea soltou a respiração que tinha estado contendo com um suspiro. “Vamos.”
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O céu sobre o Lincoln Park brilhava com raios de muitas cores, com o ouro, vermelho claro da Irmandade do Lobo e os tons ocres do pântano de Bettencourt e seus seguidores. Os ventos criados pelas quantidades anormais de energia gerada pela batalha dos bruxos assobiavam através das jaulas dos animais e nas esquinas dos edifícios. Os mesmos animais rugiam, assobiavam e gritavam pelos acontecimentos, sem poder fazer nada a respeito, presos em suas jaulas, incapazes de fugir dos perigos percebidos. Drake, não querendo machucar às criaturas inocentes, ordenou a alguns de seus seguidores a colocar feitiços de proteção ao redor 179
dos animais. Até o momento, os feitiços tinham se sustentado, mas não estava seguro de que o fariam por muito tempo. Com um gesto quase descuidado, pôs mais de seus poderes e dos de Rhea através de seu feitiço para conter Bettencourt e seus seguidores no pequeno anfiteatro de onde tinham lançado seu ataque. Com o parque fechado para os seres humanos do zoológico, até agora, mantinham os corpos físicos dos inimigos em seu lugar. Drake queria que a batalha terminasse aqui, de uma vez por todas. Não queria que ninguém escapasse do resultado e ter que persegui-los por toda Chicago, possivelmente pondo em perigo aos que não eram bruxos. Numa das pequenas dependências, sua gente tinha encontrado os guardas do zoológico e a alguns outros membros do pessoal com o mesmo tipo de feitiço que tinha ameaçado Keir. Vários dos anciãos ficaram para protegê-los e tratar de consertar o dano antes que custassem as vidas de suas desafortunadas vítimas. Ele quase lamentou deixar a Rhea para trás. Sua habilidade para contra atacar o feitiço estrangulador teria vindo muito bem. Com sorte, o que tinha ensinado aos anciãos antes desse dia seria o suficiente. “Drake?” A voz de Keir rompeu através de seus errantes pensamentos. “Os temos contidos, mas, que fazemos com eles? Estamos utilizando todo nosso poder nos guardas e em sustentarnos.”
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Drake continuou completando o feitiço de sua Irmandade de contenção enquanto se voltava para Keir. Dois dias atrás eu não poderia ter derramado tanta potência e ainda conseguir fazer uma multi tarefa. O que lhe resultava impressionante. A pureza e a força do poder de Rhea faziam toda a diferença. E nos últimos minutos, inclusive tinha aumentado fazendo-se mais forte, se isso era possível. Como se tivesse uma terceira fonte de poder. Um terceiro ser? Poderia ser? Drake procurou e se vinculou com Rhea. “Rhea? Minha vida?” “Drake? Você está bem?” Ele sentiu uma leve vacilação em sua resposta, mas isso subiu o medo dela por ele. “Sim.” Verteu imagens tranquilizadoras através do enlace, mostrando-lhe que a batalha estava contida e num beco sem saída. Depois, lhe espetou a pergunta vencendo sua consciência e distraindo-o da batalha. “Está grávida?” “Sim. Como sabe? Acabei perceber isso.” “Senti uma terceira fonte de poder adicionando-se ao nosso.” “O poder de três, disse minha avó.” “Tua avó? Onde está?” A conexão se cortou, do lado de Rhea. “Rhea!” 181
Ele açoitou seus escudos, mas não pôde penetrar neles. Mas sabia em sua alma, que não estava onde a tinha deixado. Ela estava perto. Maldita seja! “Drake!” Keir puxou sua manga. Arrastando sua atenção do paradeiro de Rhea para olhar seu primo. “Que?” “Os anciãos que lançaram as proteções no lado leste do teatro dizem que Bettencourt está rompendo-as. Não poderemos mantêlas enquanto não saibamos como apagar sua magia.” “Maldito seja o inferno.” Drake correu para o ponto de conflito. Um vento maligno se opôs a seu passo, como se evitasse que chegasse a seus homens. Gritos de raiva e dor chegaram a seus ouvidos antes que pudesse chegar a sua gente. Procurando mais poder, encontrou-o e o jogou contra a energia tratando de romper o muro de proteção. A parede se sustentou. As bruxas tecendo o contrafeitiço suspiraram com alívio que sentiu todo o caminho a sua alma. Tinha que fazer algo. Tinha que se enfrentar com Bettencourt, permitindo a seus seguidores conter o Caos dos seguidores do mago com seu próprio poder. Se pudesse derrotar Bettencourt, os demais cairiam. Sabia disso. “Irei atrás de Warrick.” “Irei contigo.” Disse Keir “Precisa de alguém para cobrir suas costas.” Drake se voltou para olhar a seu primo e negou. 182
“Não! Preciso de você aqui, dirigindo aos demais e mantendo os feitiços de proteção em seu lugar. Não deve permitir ninguém sair.” “A todo custo?” Contra tudo o que acreditava que lhe tinha ensinado, assentiu. “A todo custo. No entanto, se puder contê-los. Detenha-os seja como for.” A expressão solene de Keir lhe disse que seu primo ordenaria e manejaria até o último recurso de um mago, força letal, se fosse necessário. Drake deu a volta e caminhou para o edifício. Movendo-se através dos feitiços de proteção de sua Irmandade como se não existissem, sacando a porta do edifício de suas dobradiças com um gesto de sua mão. Ao entrar no vestíbulo do teatro, procurou o inimigo interno.
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“Ele enfrentará Bettencourt sozinho.” Rhea estava numa pequena elevação com vista à zona do zoológico onde a batalha acontecia. “Tenho que estar ali. Agora.” “Tele transporte-se, então.” Disse Boris. “Como?”
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“Visualiza aonde deseja ir, gira em sentido anti horário e aumenta sua velocidade, e põe as direções em forma de feitiço.” “Sim, claro.” Murmurou Rhea “É fácil para você dizer.” Rhea fechou os olhos e visualizou a entrada ao anfiteatro. Depois, lentamente, começou a girar. Enquanto sua velocidade aumentava, cantava uma e outra vez:
Terra Mãe livre-me do seu aperto. Ventos do céu, me leve em suas asas. Livra-me da porta da frente.
O tempo se deteve enquanto ao seu redor um vórtice de energia azul e verde ameaçava afundá-la, e de repente se encontrou defronte do teatro, um pouco enjoada, mas nada pior de desgaste. Quando começou a entrar no edifício, a voz de Elspeth a deteve. “Não se mostre nem a Drake nem ao maligno. Faça sua magia na parte posterior do teatro.” “Por quê?” “As mulheres devem usar suas artimanhas para ganhar sobre o mau. Brigar subterfúgios com subterfúgios. Bettencourt só pode ganhar o poder de três com seus erros. Seja paciente e vigilante. Saberá quando fazer seu movimento.” “Tem certeza?”
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“Sim.” “Maldita seja! Agradaria-me que todo mundo não estivesse tão seguro de que saberei o que e quando fazer algo.” Murmurou Rhea, enquanto visualizava um manto de invisibilidade como o que Elspeth tinha utilizado para protegê-las de Yorrick. No saguão, os seguidores de Bettencourt trabalhavam para romper os feitiços de proteção estabelecidos pelo perímetro de Drake e suas bruxas. Ela teria se movido através do muro de proteção facilmente, se não fosse porque a tinha roçado como um ser vivo, e seu passo era como o sussurro do vento através da erva alta. Os que tratavam de sair estavam tendo um momento difícil. Gritos frenéticos de “estamos presos” e “não podemos sair” faziam eco ao longo da cavernosa entrada. Certa de que não era necessário evitar que os malvados magos escapassem, moveu-se mais para o teatro para encontrar Bettencourt. Onde ele estivesse, Drake estaria. Ao passar pelo saguão, entrou no teatro principal através de um conjunto de portas laterais. Fechando os olhos, para poder adaptarse à escuridão, Rhea escutou os sons de uma confrontação. Ou estava só nesta habitação, ou essa era a batalha mais silenciosa da história. Ao abrir os olhos, viu Drake e Bettencourt de pé no centro do palco frente a frente. Nenhum deles se movia. Ambos tinham os braços estendidos para o outro. Entre eles se encontrava uma coluna de pulsos de luzes que compunham todas as cores do céu e da terra. 185
Maldito seja! Estavam tratando de arruinar-se até a morte! Homens! Rhea viu Elspeth. “Vovó. Pode ver o que estão fazendo?” “Sim, minha menina. Típico macho bruxo. Uma volta à mentalidade na Idade Média.” “Que devo fazer? Como posso ajudar Drake?” “Vá ao plano astral. Se Bettencourt não vence Drake, tratará de atacá-lo nesse plano como fez a seu próprio irmão, Keir. Por enquanto, Warrick Bettencourt se deu conta de que não pode vencer Drake numa demonstração de poder absoluto.” Bem. Grandioso. Plano astral. Bem, tinha conseguido tele transportar-se e à capa de invisibilidade por si mesma, devia poder fazer isso. Concentrando-se nos sentimentos, recordou suas viagens anteriores ao plano etéreo, Rhea de repente sentiu o formigamento na parte superior das costas que queria dizer a separação de seu ser físico. Sim! Estava no plano astral. Flutuando acima das filas de assentos, deslizando-se num ângulo oblíquo para os dois homens no palco. Justo quando golpeou a sexta fila da frente, deteve-se. Bettencourt se moveu no plano astral para Drake. Esperava estar o suficientemente perto para deter Bettencourt quando fizesse seu movimento. A sensação era estranha. Com seus olhos observava o tempo real de confronto de poder. No olho de sua mente, Drake se deteve
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como se estivesse inconsciente do movimento de Bettencourt no plano astral. Bettencourt faria seu movimento logo. Sua aura no plano astral estava escura, opaca. Jurou que cheirava a decadência e a algo familiar que não pôde localizar. Fosse o que fosse, era sujo e lhe deu náuseas. Como poderia Drake não cheirar a concentração de Bettencourt? Betsy estava certa quando afirmou que os bruxos não podiam cheirar o perigo? Obrigando-se a afastar a necessidade de baixar seus escudos e de unir-se a Drake para o advertir, Rhea observou e esperou que Bettencourt fizesse seu movimento. Que podia fazer? Como podia detê-lo? Não sabia. Tinha que confiar em que faria o correto para salvar o homem que amava mais do que à sua própria vida. Cobrindo seu ventre com uma mão e acariciando a zona da pequena vida, que inclusive agora se multiplicava e se fazia mais forte. A prova do amor que ela e Drake compartilhavam. Este bebê conheceria seu pai. Isso prometeu a si mesma. O movimento quando chegou foi leve. Um simples gesto de um dedo de Bettencourt. O filamento serpenteou de energia, sua essência cinza-marrom e mau cheiro, era muito familiar. Bettencourt queria sufocar Drake numa emaranhada de morte igual como Yorrick tinha tentado fazer com Keir. Como Elspeth lhe tinha advertido, Rhea tinha que se mover com cautela e com sigilo. Tinha que atacar enquanto Bettencourt se abria ao mal, eliminando-o primeiro, depois poderia resgatar Drake da rede do mal. Agora que tinha um plano, o tempo seria tudo.
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Enquanto Bettencourt prendia o desprevenido Drake, Rhea se movia uma vez mais para o malvado mago. Para detê-lo, teria que matá-lo. Tinha que fazer isso para salvar Drake. Inclusive agora podia sentir a essência da vida de Drake debilitando-se enquanto tinha cada vez menos o seu poder. A coluna de energia entre os dois corpos físicos tinha diminuído enquanto o laço ao redor de Drake aumentava. “Enquanto a coluna de energia desaparecia, Rhea abriu os escudos que bloqueavam a união entre Drake e ela. Recolheu o poder minguante dos três, o poder puro de Drake, e o poder infinito do potencial de seu filho.” “Drake. Ele está te atacando no plano astral. Pare de lutar e resiste.” “Rhea? Se afaste. Não sou o suficientemente forte para retê-lo por mais tempo.” “Mas nós sim. Confia em nós, nosso filho me ajudará.” Rhea rugiu quando soltou os poderes que tinha reunido. A corrente de energia palpitou ao entrar no corpo de Bettencourt. Sua auto projeção voltou ao plano astral, um olhar de surpresa e incredulidade cruzou sua cara. Depois, já não esteve ali. Nem no plano astral, nem no real. Num momento estava ali e depois puf, nada. Rhea olhou suas mãos com assombro e surpresa. Tinha matado um ser vivo com nada mais que um pensamento profundo e sua essência. Enojada pela tomada de uma vida, ainda que fosse um desgraçado como Bettencourt, estremeceu. 188
Empurrando sua repulsão a um lado, voltou-se para Drake. Ele estava deitado no chão. Quieto e quase sem respirar. “Rhea? Ajuda-me, minha.” Sua mente seguia unida a ela, mas a conexão se debilitava. “Drake! Espera.” Apressando-se para o corpo quieto de Drake, recolheu-o em seu colo. Acariciando seu cabelo, permitiu que seu corpo astral fizesse o trabalho. Igual fez com Keir, estudou os fios enredados. Recusou muitos, procurando o correto, o que desentranharia a rede caótica de energia sufocando seu amor. Ali. Tinha-o encontrado. Uma fibra cinza-azul, oculta na parte inferior. Agarrou-a e puxou. Quando se emperrou, sentiu a vida em seu ventre pôr seu poder junto ao dela. Igual a antes, desentranhou o emaranhado até que sentiu que o corpo de Drake podia manejar o resto. Certo sentido lhe disse que nem Drake nem Keir poderiam nunca ser atacados aqui outra vez se permitisse que seu corpo lutasse contra o resto do feitiço. Igual um vírus, agora eram imunes à ameaça. Sustentando Drake, chegou até a parte de fora do teatro com seus sentidos e soube que a batalha no parque tinha terminado. Com o espírito de seu líder desaparecido e o poder por trás deles vencido, seus seguidores tinham cedido. As portas do teatro se abriram com estrépito enquanto Keir e vários dos anciãos corriam pelo corredor. Boris e Igor em sua forma de cachorro lobo golpearam as bruxas do palco, mudando a forma 189
humana, e entrando em funções de guarda, em todo seu nu esplendor, sobre Rhea e Drake. “Rhea?” Chamou Keir “Ele está... Drake está bem?” “Está bem.” O tranquilizou e aos outros. “Bettencourt atacou seu corpo astral como Yorrick ao teu. Matei Bettencourt, depois desenredei Drake. Só está esgotado.” Drake sentiu as demais pessoas ao seu redor, mas era muito consciente de Rhea. Respirou fundo, suspirou e abriu os olhos. Tudo o que viu foi seu amor brilhar sobre ele, envolvendo-o com sua terna proteção. “Te amo, minha. Mãe de meu filho.” “E eu te amo, meu amor. Pai de meu filho.” Rhea se inclinou e lhe beijou nos lábios. “Quer ir para casa agora?” “Com você? Sempre.”
FIM
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