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CB4D Rio de\ de\ Tan Taneiro 2013
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Todos Todos os direitos reservados. Copyright Co pyright © 2013 para a língua portuguesa da d a Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina. Capa: Fábio Longo Projeto gráfico e editoração: Oséas Maciel CDD; 17 1733 - Ética Familiar Familia r ISBN: 85-263-0324-4 As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 19 1995 95,, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário. Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD, visite nosso site: http://www.cpad.com.br . SAC — Serviço de Atendimento ao Cliente: 0800-021-7373 Casa Publicadora das da s Assembleias Assembleias de Deus Av. Brasil, Brasil, 34.401 34.401 - Bangu - Rio de Janeiro Janeiro - RJ CEP 21.852-002 1“ edição: Janeiro / 2013 Tiragem: 15.000
lGRADECIMENTOS
IU ,m primeiro lugar, agradeço a Deus, pelo privilégio que me concede de escrever mais um livro. Desta feita sobre A Família Cristã e os A taques do Inimigo. Agradeço a meus pais, José Martins de Lima (in memoriaiTi) e Milza Renovato de Lima, que me encaminharam na fé em Cristo Jesus. A minha esposa, íris, que, aos 47 anos de casados, é a amiga sempre presente, em minha vida, que me ajuda em meu ministério. Ela é minha leitora número um, e cuida da revisão dos livros e textos que escrevo. Com sua ajuda, meu trabalho literário é aperfeiçoado. Com suas orações, apoiame espiritualmente. Dáme tranquilidade, ao meu lado para servir ao Senhor com alegria. A meus filhos: a Ilana e seu esposo, Kennedy, a Rebeca e Bia (netas); a Ilene e seu esposo,Joel ejônatas (netinho); a Elieber e sua esposa, Talita, e a Taminha (neta), a Elieber Filipe (netinho) e Tâmara (a ne tinha mais nova); a Raquel, a filha mais nova, que tem honrado o meu ministério, ao lado de seus irmãos; agradeçolhes pelo incentivo que me dão com suas vidas nos caminhos do Senhor, dandome a alegria de dizer “eu e minha casa servimos ao Senhor”. A Assembleia de Deus em Parnamirim, à qual sirvo, como pastor, pela graça de Deus. Pelos irmãos e amigos, que oram por mim e pelo meu ministério. E me estimulam a trabalhar em prol do Reino de Deus. A CPAD, na pessoa de Dr. Ronaldo Rodrigues, seu ilustre diretor, que tem valorizado o autor nacional; à sua diretoria, formada de homens que colaboram para a melhoria da Educação Cristã, e a todos os que fazem parte da nossa Casa Publicadora. Aos queridos irmãos, leitores, pelo Brasil afora, que têm prestigiado nosso trabalho literário. Que este livro seja uma bênção para edificação de suas vidas. A Deus, toda a glória!
PRESENTAÇÃO
l 3 eus concedeume a oportunidade de dedicarme ao ensino bíblico sobre Família. E gratificante poder contribuir para a reflexão sobre a Família, como instituição criada por Deus no Éden, no princípio de todas as coisas. Neste livro, enfocamos a Família na Sociedade Pós Moderna, que é o alvo preferencial das “portas do inferno”. Analisamos as bases do casamento cristão demonstrando que o sucesso de qualquer relacionamento conjugal, em termos espirituais, é o lar ser edificado sobre a Rocha, que é Cristo; mostramos que as famílias cristãs não estão isentas de conflitos, mas estes podem ser resolvidos com a ajuda divina. Enfatizamos que a família cristã está sob ataque mortal das forças do mal. Mas que é possível pais e filhos vencerem, sob a orientação segura e firme da Palavra de Deus. Especialmente, se a família adotar o culto doméstico como atividade rotineira em seu lar. Ressaltamos o valor da ED para a formação do caráter e da personalidade. Alertamos para “Os Perigos do Adultério” que tem se acentuado de modo terrível, destruindo casamentos e desestruturando famílias. Da mesma forma mostramos que o divórcio não faz parte dos planos de Deus, ainda que em casos excepcionais o divórcio seja permitido. Finalmente, apontamos os perigos do consumismo, que deixa muitos perdidos, num cipoal de dívidas, que perturbam a vida espiritual e o relacionamento familiar. Concluímos, mostrando que podemos servir a Deus com toda a família, submetendose à sua vontade. Parnamirim, RN, setembro de 2012. ElinaldoRenova/ odeLima Pastor
umário
A gradecimentos................................................................. ..............
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Apresentação ............................... ........... ......................................................4 Capítulo 1 A Família, Criação de D eus...........................................................................7 Capítulo 2 O Casamento de Acordo com a Bíblia................ ........................ ........17
Capítulo 3 As Bases do Casamento Cristão.................................................................28 Capítulo 4 A Família sob Ataque............................................ ........................................40 Capítulo 5 Conflitos na Família........................................................................................56
Capítulo 6 Os Perigos do Adultério............................................................................67 Capítulo 7 O Divórcio e suas Consequências............................................................81 Capítulo 8 Educar, Dever da Família ............................................... .............................91 .
Capítulo 9 A Educação Sexual e a Moral Relativista............................................. 101
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Capítulo 10
O Valor do Culto Doméstico....................................................................113 Capítulo 11
A Família e a Escola Dominical...............................................................128 Capítulo 12
A Família e a Igreja......................................................................................136 Capítulo 13
Eu e minha Casa Serviremos ao Senhor................................................145 Capítulo 14
Os Perigos do Consumismo......................................................................151 Bibliografia....................................................................................... 160
F a m íl
A
ia , c r ia ç ã o
de
D eu s
“Portanto, deixaráovarão oseupai easua mãeeapegar-se-á à sua mulher eserão ambos uma carne” (Gn 2.24).
/ \ única configuração familiar reconhecida por Deus é a que é formada de pai, mãe e filho. No princípio da Criação, Deus concluiu que não seria bom o homem viver na solidão, e criou a mulher para viver a experiência humana ao seu lado. A família é instituição criada por Deus. Antes de fundar a Igreja, Deus criou o casamento e, como decorrência deste, instituiu a família. Essas instituições especiais, fruto da mente do Criador, têm sido terrivelmente atacadas pelas forças do mal. O espírito do Anticristo tem dominado a mente do homem pós moderno, a tal ponto de promover verdadeira subversão dos valores morais, que se fundamentam na Palavra de Deus. Uniões abomináveis de pessoas do mesmo sexo têm sido aprovadas por lei, como se fossem famílias, em aberta afronta contra a Lei de Deus. Quando Deus criou o homem e a mulher, já tinha em mente a família (Gn 2.24). No Salmo 128, encontramos o valor da família no plano de Deus: “Bemaventurado aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos! A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor!”(SI 128.1,3,4). São promessas de Deus para a família que nele crê, temeo e lhe obedece.
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Deus disse a Abraão: “E abençoarei os que te abençoarem e amaldiçoarei os que te amaldiçoarem; e em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.3). Deus deseja que, em cada lar, haja um ambiente espiritual que honre e glorifique o seu nome. O amor de Deus pela humanidade faz com que Ele veja todas as famílias da terra como alvo de sua bênção, pois todos os homens a Ele pertencem (SI 24.1). Porém, só podem desfrutar do favor de Deus as famílias que se sujeitam a obedecer a sua palavra. Estudar sobre o valor da família é de muita importância para nós, pois, de uma forma ou de outra, nascemos numa família, pobre ou rica, desconhecida ou famosa, pequena ou grande, evangélica ou não. A família é a base de nossa vivência. Dela nascemos e dela dependemos na maior parte da existência. Isso é plano de Deus.
I - A FAMÍLIA
HO PLANO
DIVINO
1.Opropósito deDeus
O homem, na sua origem, e principalmente após a Queda, jamais teria o poder de criar a família. Não saberia como fazêlo. Podemos ter certeza de que jamais buscaria criar uma organização que haveria de lhe impor limites e regras de convivência, contrariando seus instintos pecaminosos e egoístas. Deus criou a família com propósitos sublimes, para o indivíduo e para toda a humanidade. Evitar a solidão Deus não fez o homem para viver na solidão (Gn 2.18); Ele tinha em mente a constituição da família, mas esta não está completa só com o casal. Por isso, o Senhor previu a procriação (Gn 1.2728). Fica mais clara a origem da família quando lemos: “Portanto, deixará o homem seu pai e e sua mãe e se unirá à sua mulher e serão ambos uma só carne” (Gn 2.24). “O homem” aí é o filho, nascido de pai e mãe. Deus fez a família para que o homem não vivesse na solidão (SI 68.6; 113.9). Bem-estarsocial O homem, diz a sociologia, é um ser gregário por natureza. Ele sente a necessidade de viver em grupo, de socializarse. Isso não é fruto da evolução cega, como dizem os filósofos materialistas, que supõem que o homem surgiu por acaso, oriundo de um organismo unicelular (ameba), passando por diversos estágios, chegando a ser um macaco, que setrans-
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formou num homem, por acaso! E que passou a viver em bandos para melhor sobreviver. Isso faz parte do imaginário da fábula evolucionista. A família foi projeto de Deus para a vivência do homem na terra. Pai, mãe e filhos são palavras oriundas da mente de Deus (Gn 2.24).1 A sociedade é formada de famílias. A igreja local é formada de famílias. Toda sociedade que desvalorizou a família e buscou outras formas de relação social substitutivas, como união de pessoas do mesmo sexo, corrompeuse e degenerouse, sucumbindo ao longo da História. Bem-estaremocional Marido e mulher complementamse em suas necessidades emocionais. Nos momentos alegres, compartilham seus sentimentos de felicidade. Nos momentos tristes ou difíceis, ajudamse mutuamente, impulsionados pelo amor conjugal. Pais e filhos, vivendo em família, sentemse mais seguros do que pessoas que vivem solitárias. A sociedade sem Deus aprisiona muitos em estilos de vida espúrios e depravados. São presos pelos grilhões do relativismo e do humanismo frio e anticristão. Mas nada pode substituir a família como centro de apoio e segurança para o ser humano (SI 68.6). E plano de Deus. A multiplicação da espécie Um ser humano pode nascer, como fruto de uma violência, de uma gravidez forçada. Pode nascer de uma união entre um homem e uma mulher que vivem juntos sem a bênção do casamento. Mas Deus quer que cada pessoa nasça no mundo, em cumprimento à ordem para o crescimento e a multiplicação da espécie humana, com base no amor e na união entre marido e mulher; entre pais e filhos. O ambiente do lar faz parte do projeto de Deus para a constituição e desenvolvimento da família. É tão forte esse desígnio que a mulher estéril, normalmente, aspira ser mãe. E, sendo sua vontade, Deus propicia essa condição. “Seja bendito o nome do Senhor, desde agora e para sempre; que faz com que a mulher estéril habite em família e seja alegre mãe de filhos? Louvai ao Senhor! (SI 113.2,9). Notemos a ordem do texto. Primeiro, “habite em família”; depois, “seja alegre mãe de filhos”. Casais homossexuais jamais poderiam contribuir para a multiplicação da raça humana. Por isso e por outras razões, tais uniões são consideradas abominação aos olhos de Deus. Não podem ser consideradas 1 Elinaldo Renovato de Lima. A família cristã nos dias atuais , p. 8.
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famílias. Adotam crianças, sob argumentos falaciosos, sabendo que não poderão dar o exemplo de vida que elas precisam. Crianças precisam de pai e de mãe, e não apenas de protetores desvirtuados diante de Deus. 2. A primeirafamília Quando Adão recebeu Eva, como resultado da intervenção de Deus em sua existência, deve ter ficado deslumbrado com sua companheira, apresentada pelo criador. Não sabemos por quanto tempo viveram como um casal. Mas, experimentando o relacionamento previsto pelo Criador, geraram os primeiros filhos. Foram os únicos que não tiveram que deixar “pai” e “mãe” para se unirem e terem filhos (Gn 2.24), formando a primeira família do planeta. Se o acordar da anestesia e contemplar a mulher deve ter sido motivo de admiração e surpresa, imaginese o que Adão sentiu ao perceber que no ventre da esposa havia um novo ser em formação. E, mais ainda, quando o primeiro filho veio à luz! Quando os dois primeiros filhos já eram jovens ou adultos, Caim matou Abel por inveja da aceitação de Deus para o sacrifício oferecido pelo irmão. Outros filhos e filhas nasceram do primeiro casal (Gn 4.25,26). Adão viveu 930 anos e teve muitos outros filhos e filhas, cujos nomes não são registrados no Gênesis (Gn 5.4,5). Isso porque a genealogia bíblica só destaca nomes de personagens que, de forma positiva ou negativa, têm importância marcante para a trajetória humana e seu papel na História. Por razões que só Deus pode avaliar plenamente, em sua divina onisciência e sabedoria, a primeira família foi vítima do ataque mortal do Maligno. Foi em seu seio que aconteceu o primeiro homicídio; dos seus primeiros descendentes, que o plano de Deus para o casamento e para a família foi desrespeitado, no que concerne à união familiar, formada por um homem, uma mulher e seus filhos; primeiro, houve a bigamia (Gn 4.18,19). Depois, o homem descambou para a poligamia. Arranjos sociais, inventados pelo homem, em sua condição de rebeldia, que nunca tiveram a aprovação de Deus. Ele as permitiu, consoante sua misericórdia e longanimidade. 3.Jardim doÉden, lugardeproteção ecuidado O Jardim do Éden foi o primeiro “habitat” do homem. “A palavra Jardim é a tradução da palavra hebraicagan, que designa lugar fechado.
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A Septuaginta traduz o hebraico por paraíso’,paradeison, termo persa que significa umparque. Éden não é traduzido mas transliterado para o nosso idioma. Basicamente, significa “prazer ou delícia”.2Os críticos da Bíblia veem no relato do Gênesis apenas uma alegoria, ou relato mítico. Porém a Palavra de Deus se impõe como verdade, como martelo de Deus, quebrando as bigornas da incredulidade. Oambienteperfeito doEden O casal, constituído nos primeiros habitantes humanos do planeta, se deÜciava nas noites calmas e amenas do Paraíso. Não havia temor ou pa vor da escuridão. O medo era desconhecido. O cenário noturno era tranquilizador. A brisa suave soprava no arvoredo, levando ao casal os odores perfumados das plantas silvestres. O firmamento, ao longe, pontilhado de estrelas brilhantes, nas noites escuras, oferecia um espetáculo de rara beleza. Nas noites de lua, diminuindo o brilho estelar, faziase extraordinariamente belo o ambiente paradisíaco. Sem dúvida, com maior intensidade, brilhava o astro noturno. As manhãs e tardes eram agradáveis. Uma temperatura média, adequada ao bemestar dos habitantes edênicos, era sentida em todo o planeta. A luz solar empolgavaos. Em cada canto, se percebia a beleza da criação nos seus mínimos detalhes. O homem se sentia muito feliz. O ar era puro na mais alta expressão. Os animais, as aves, todos os seres da natureza nenhum mal causavam ao homem: conviviam na mais perfeita harmonia. OcuidadodeDeus O cuidado de Deus para com o ser criado foi levado ao extremo na formação do Éden. Não havia poluição ambiental; o ecossistema era perfeito; o clima, ameno e confortável, não conhecia diferenças acentuadas de temperatura, nem calor excessivo, nem frio perturbador, havia no primeiro lar do ser humano. Os animais faziam parte do habitat edênico. Adão tinha autoridade espiritual e moral sobre todos os seres vivos. Ele foi criado para ser dominador e cuidador do planeta. Havia perfeita harmonia entre os seres racionais e os irracionais. O trabalho no Éden Deus não pôs o homem no Jardim para ficar ocioso, numa atitude contemplativa das belezas edênicas (Gn 2.15). É interessante notar que o trabalho, a atividade da mente e do corpo, desde o princípio, foi 2 Ibid.,p. 36.
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dignificado por Deus. Havia trabalho, mas, em compensação, não havia doenças, nem dor, nem morte. O pranto e a dor eram desconhecidos. A tristeza não existia. Tudo era belo, agradável e bom. A presença deDeusnoprimeiro lar O mais importante, no entanto, acontecia todas as tardes: o Criador visitava o Éden (Gn 3.8a), buscando passar bons momentos em agradável diálogo e conversa com o casal, que sentia, assim, muita comunhão com o Senhor. A presença do Criador enchia o primeiro lar de muita paz e de alegria indizível” .3Como devem ter sido maravilhosos aqueles momentos em que Deus falava diretamente com o ser criado por Ele. Hoje, mais do que nunca, é necessidade vital a presença de Deus nos lares cristãos. Aquele belíssimo lugar foi palco dos acontecimentos que marcaram a origem dos seres humanos, fruto da criação de Deus. Lamentavelmente, foi também o cenário, onde começou a rebelião do homem contra o seu Criador.
II - A QUEDA E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS PARA A FAMÍLIA Lúcifer, o antigo “querubim ungido”, fazendo uso de sua liberdade, investiu contra o Criador, imaginando poder destronar o Senhor do Universo. Seu plano foi frustrado. Expulso dos céus, Satanás, a falsa “estrela da manhã”, investiu contra o primeiro casal, no Jardim do Éden, sugerindo uma atitude de rebelião contra Deus. E foi bemsucedido. Depreendese das Escrituras que, quando o primeiro casal caiu, ainda não tinha procriado. Se tivessem filhos, estes não teriam comido do fruto proibido, e até hoje estariam vivos. Mas as consequências da Queda não só atingiram o casal, mas a todos os seus descendentes, ao longo dos séculos, até os dias presentes. Todas as famílias são alcançadas de uma forma ou de outra, pelas consequências da Queda. Antesda Queda, ohomempossuíaestrutura espiritualefísica excep cionais. • Tinha o conhecimento profundo de Deus, a comunhão direta
com o Criador; •Tinha as bênçãos da presença de Deus no Jardim; a paz, a segurança e a alegria de se relacionar com o Criador sem intermediários; 3 Ibid., p . 9,10.
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•Possuía conhecimento e bemestar físico inigualáveis, sem doenças, distúrbios emocionais ou físicos; não conheciam o medo; •Tinha conhecimento interno e externo em relação à sua pessoa; •Conhecia a realidade social; conhecia o trabalho de modo útil e satisfatório (Gn 2.15). A vidafamiliar apósa Queda. Terrível transtorno totalna vida dos primeiros serescriados. Conheceram que estavam nus, dando a entender que antes não se constrangiam nessa condição; o conhecimento da sexualidade exacerbada tem sido causa de inúmeros distúrbios e desvios de conduta que atingem o ser humano, levandoo a práticas sexuais abomináveis aos olhos de Deus; famílias inteiras são destruídas pelo adultério, pela fornicação, pela homossexualidade e por práticas sexuais aberrantes. Conheceram omedo Foi a primeira enfermidade que o homem experimentou. Enfermidade ou distúrbio de ordem emocional. As chamadas doenças nervosas tiveram origem no rompimento da relação direta do homem rebelde e seu Criador. Qual a família na terra que não experimenta algum tipo de problema de ordem emocional? Perderamaautoridadesobrea criação O homem foi criado para dominar a natureza (Gn 1.26). Hoje, porém, às vezes famílias perdem um ente querido por serem atingidos por insetos ou agentes microscópicos. Conheceramadesarmonia Quando questionado pelo Criador sobre o seu pecado, Adão pôs a culpa na esposa (Gn 3.12). A mulher pôs a culpa na serpente. Assim, teve início a tão conhecida “incompatibilidade de gênio”, que provoca desavenças entre casais, com sérias consequências sobre a estabilidade familiar. Os filhos sofrem ao verem a desunião entre seus pais. Ohomemconheceua maldição da terra O trabalho passou a ser penoso e fatigante; sua missão era lavrar e guardar a terra. Mas não havia o desgaste físico ou emocional acentuados, que tantos males causa às pessoas. Além disso, toda a ecologia da terra foi transtornada, causando, inclusive as chamadas “catástrofes na13
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turais”, como secas, enchentes, altíssimas ou baixíssimas temperaturas; o surgimento de animais violentos, provavelmente pelo cruzamento de espécies diversas; vírus, micróbios, bactérias e outros agentes patogênicos devem ter surgido por causa do desequilíbrio ecológico, causado pela maldição da terra. E opior:perdeu a vida eterna, que lhe era assegurada, na con-
dição original, e conheceu o aguilhão da morte física (Gn 2.17; Ef 2.5) e da morte espiritual, que é a separação de Deus. As famílias da terra passaram a experimentar a dor da separação, pela morte de entes queridos.
III - A FAMÍLIA NO NOVO TESTAMENTO 1.Jesus eafamília Nosso SenhorJesus Cristo valorizou a família. Veio ao mundo atra vés de uma família. Além de pais, teve irmãos e irmãs (Mt 13.5557). Teve seu crescimento físico, social, intelectual e espiritual no seio da família (Lc 2.52). No seu ministério, não costumava a hospedarse em hotéis, mas desfrutava da hospitalidade de um lar, no meio de uma família digna (Mt 8.14; Lc 10.3842). Em muitos milagres, demonstrou seu cuidado para com a família (Mt 8.1415; Lc 7.1216). Seu primeiro milagre foi realizado numa festa de casamento (Jo 2.12). Ensinounos a orar, chamando Deus de “Pai Nosso”(Mt 6.9). Enfatizou o quarto mandamento, mandando honrar pai e mãe (Mt 15.36; Mc 7.1013). Teve um trato especial com as crianças, abençoandoas e acolhendoas de maneira exemplar (Mc 10.1316). 2. Afamília nas epístolas De certa forma, a família no Novo Testamento não diferia muito do modelo familiar do Antigo Testamento. Algumas influências fizeramse sentir pelo contato com os povos estranhos que dominaram a Palestina. Os romanos contribuíram para que comportamentos libertinos tivessem lugar no meio da sociedade em Israel. Quando escreve aos coríntios, o apóstolo Paulo fala de práticas condenáveis entre judeus (1 Co 5.1). Ninguém combateu como Paulo a pretensa “família homoafetiva” (1 Co 6.10; ler 1 Tm 1.10). 14
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3.A monogamiadeclarada Se no Antigo Testamento a poligamia foi tolerada por Deus, no Novo Testamento a monogamia é aregra doutrinária.Jesus em nenhum momento avalizou outra forma de relacionamento conjugal que não fosse a monogamia. Paulo, usado pelo Espírito Santo, doutrinou de forma clara e cristalina sobre esse tema. Escrevendo à igreja de Corinto, formada porjudeus e gentios convertidos, deixou claro seu ensino a respeito das relações conjugais (1 Co 7.1,2). Ele não disse: “cada um tenhas suas mulheres, ou cada uma tenha seus maridos”; ou, pior ainda: “cada um tenha seu homem, ou cada uma tenha sua mulher”. 4. A preservação dafamília O Novo Testamento declara o valor da família de tal forma que prescreve a manutenção do relacionamento conjugal entre um cristão e um infiel, nos chamados casamentos mistos, a fim de resguardar a estabilidade da família. Mais uma vez, foi aos coríntios que ele ministrou precioso ensino acerca desse controvertido assunto, dizendo que o marido crente não deve abandonar a esposa nãocrente por causa de sua conversão, e da mesma sorte, a mulher cristã, em relação ao marido infiel (1 Co 7.1214). Notese apreocupação com os filhos, visando sua formação espiritual, em santidade, como decorrência da união de um pai ou mãe crente, mesmo com um descrente. Se não fosse assim, quantas famílias seriam desestruturadas, se um cristão abandonasse seu cônjuge por não ter aceitado a Cristo. É a misericórdia de Deus em prática.
IV- A CONSTITUIÇÃO FAMILIAR AO LONGO DOS SÉCULOS l.Afamíliapatriarcal Era o tipo de família por excelência, no princípio da humanidade, quando esta começou a espalharse por muitas partes do globo, após a Queda. Nesse tipo de família, a figura do pai (patet) tinha um papel bem definido, como sendo o líder do grupo familiar inconteste, em todos os sentidos. A mulher era considerada cidadã de segunda categoria. Na família patriarcal, quase sempre não era observado o princípio da monogamia, estabelecido por Deus no Éden, quando o homem deixaria pai e mãe e se uniria à sua mulher (Gn 2.24) para formar o lar e a família.
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Em grande parte, a família patriarcal era poligâmica. O Antigo Testamento demonstra que todos os primeiros patriarcas, Abraão, Isaque, Jacó e outros, eram polígamos. A família patriarcal era típica no contexto histórico e cultural do Antigo Testamento. Além do pai, da mãe e dos filhos, afamília patriarcal incluía as concubinas, das quais nasciam filhos, que eram parte do grupo familiar, causando, por vezes, muitos transtornos, com o nascimento de meiosirmãos, que competiam quanto aos direitos da prole, principalmente no que tangia às questões de herança. Deus tolerou a poligamia, mas nunca a aprovou, por ser prática estranha ao seu projeto para a constituição da família. O pai de família não era só o genitor. Era o líder espiritual, responsável pela prática e o respeito dos ritos da religião que a família adotava. Abraão, Isaque eJacó eram líderes de sua parentela. Eram verdadeiros sacerdotes em seus lares. 2. A família nuclear
Também chamada de “família tradicional”, formada por pai, mãe e filhos, como núcleo familiar (cf. Gn 2.24), em torno do qual se desenvol vem os descendentes, parentes e outros que a ela se agregam. É a família ideal, pois tem origem na mente de Deus, o Criador, e atende a seus propósitos para o desenvolvimento, o bemestar e estabilidade social. A bigamia, iniciada por Lameque (Gn 4.18,19), evoluiu e deu lugar à poligamia. 3. A família na atualidade
Assim como o casamento, a família, na atualidade, é a instituição mais visada pelos ataques satânicos. A família nuclear tem sido depreciada pelos intelectuais, por cientistas sociais, todos adeptos do materialismo. Mas os maiores influenciadores para a destruição da família são os que detêm o poder da mídia. Sem sombra de dúvidas, a mídia secular está a serviço do Diabo, como instrumento poderoso para a desconstrução ou destruição dos valores tradicionais, emanados da Palavra de Deus. A destruição moral de uma sociedade começa pela destruição da família, que é a sua célulamãe. Se esta se degenera, e cresce desordenadamente, surge um câncer moral, que a levará à morte espiritual e social, como ocorreu com Sodoma e Gomorra. O justo pode ter pouca forçapolítica. Mas podeusar as armas espirituais de que dispõe (2 Co 10.4). Para tanto, precisa atender aos requisitos que Deus exige para ouvir suas orações em prol de sua terra (2 Cr 7.14).
O CASAMENTO DE ACORDO co m a
B
íb l i a
“Portanto, deixará o varão o seupai ea sua mãe eapegar-se-á à sua mulher, eserão ambos uma carne”
(Gn 2.24).
P ara Deus, só existe casamento pela união entre um homem e uma mulher, união monogâmica e heterossexual. Fora desse formato é abominação a Deus. Os propósitos do casamento transcendem à visão hedonista e simplista, dos materialistas, que veem o ser humano no mesmo nível dos animais irracionais. Em sua percepção divina, o Criador viu que não seria bom o homem viver na solidão. E criou a mulher para completar o que lhe faltaria em sua existência. Foi a segunda grande decisão de Deus. Unir o homem e a mulher, “macho e fêmea”, instituindo, assim o casamento, não só para a procriação da raça humana, mas para a formação da família. O Diabo atacou o plano de Deus para o casamento. Ao longo dos séculos, ele tem induzido os homens a aceitarem outras formas de união, contrárias ao plano de Deus. O homossexualismo tem assumido proporções gigantescas, com apoio de governos, legislativos ejudiciários. É uma agressão violenta à Lei de Deus, que tem trazido e vai acarretar muita maldição para a humanidade. Se Deus quisesse o casamento entre pessoas do mesmo sexo, teria feito dois Adões ou duas Evas. Mas não o fez. A sociedade pósmoderna é educada para o materialismo. Nas escolas de Ensino Fundamental, as crianças são orientadas para o libe
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ralismo social, que se fundamenta no relativismo e no humanismo. O primeiro ensina que nada é certo e nada poder ser considerado errado. Tudo depende da subjetividade do momento. O segundo coloca o homem como o centro e a medida de todas as coisas. Com essa visão de mundo, não há lugar para os princípios absolutos, emanados da Palavra de Deus. O presidente dos Estados Unidos, Barak Obama, disse em um de seus discursos: “O mundo mudou. E temos que mudar com ele”. Uma de suas primeiras medidas foi dar total apoio ao “casamento homossexual”. Pouco tempo depois, o Brasil entrou na mesma visão. O Judiciário, interpretando a Constituição sob uma ótica liberal e materialista, aprovou que “entidade familiar” não é formada apenas de homem e mulher, como prevê a própria Carta Magna. É também a união de dois homens ou duas mulheres, na chamada “união homoafetiva”. Em seguida, o Supremo Tribunal de Justiça decretou a aprovação do “casamento homossexual”. Há um poder sobrenatural guiando a mente dos líderes das nações. E o espírito do Anticristo. O apóstolo João, profeticamente, viu esse tempo perigoso para o mundo (1 Jo 4.3). Esse “espírito do Anticristo”, nos dias hodiernos, tem se manifestado de modo agressivo e impertinente. Os líderes das nações não percebem, porque, em sua maioria, não acreditam em Deus e nem respeitam a sua Palavra. Mas é o “espírito”que governa as nações que se esquecem de Deus (SI 9.17).
I - MONOGAMIA - A BASE DO CASAMENTO A palavra monogamia vem de dois vocábulos gregos: monos (único) e gamos (casamento), ou seja um único homem para uma única mulher. A monogamia é a forma de união prevista no plano original de Deus para o casamento e para a formação da família. Conforme Gênesis 2.24, esta é a síntese do pensamento de Deus acerca do casamento monogâ mico: Deixará “o varão” os seus pais “e apegarseá à sua mulher”para se unirem sexualmente (“uma só carne”). Ele não previu “o varão” unirse “às suas mulheres”. Assim, como a Bíblia registra tantos casos de bigamia e poligamia? Devemos lembrar que toda a prática de atos e fatos errôneos resultaram da rebelião contra Deus, induzida pelo Diabo e levada a efeito pelo primeiro casal. A Queda foi o princípio de todas as distorções, tanto no plano espiritual,
O CASAMENTO DE ACORDO COM A BÍBLIA
como na esfera moral, matrimonial, sexual, social e de toda a ordem estabelecida pelo Criador. 1. O início dadistorçãodo matrimônio— A bigamia Depois que Caim matou Abel, dando início aos ciclos de violência que prejudicam a vida e a sociedade, outros desvios de conduta se fizeram sentir, pouco a pouco, com o aumento da população na terra. Além da violência, causada pelo transtorno espiritual, psicológico, emocional e físico, consequentes do pecado, o homem foi adotando comportamentos estranhos ao plano de Deus. Um deles foi o de ter mais de uma mulher. O primeiro registro da bigamia está em Gênesis. Deus fez o primeiro casal, Adão e Eva. Seus descendentes podiam realizar o casamento consanguíneo, entre irmãos, primos, sobrinhos, etc. Era a forma de cumprir o que Deus determinara: “E Deus os abençoou e Deus lhes disse: Frutificai, e multiplicaivos, e enchei a terra....” (Gn 1.28). Mas tais uniões tinham que ser monogâmicas: um único homem e uma única mulher e viceversa. Na quinta geração edênica, um descendente de Adão deu início à distorção em termos de união matrimonial. Lameque, filho de Metusael (Gn 4.18), ou Matusalém (Gn 5.25), por razões não explicadas, resolveu ter mais de uma esposa: “E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá”(Gn 4.19). Já havia milhares e milhares de pessoas na Terra. Para ser da quinta geração, Lameque já encontrou pessoas que viviam há mais de 200 anos. E resolveu adotar mais uma esposa. Interessante é que não há registro de estranheza para com esse comportamento. Talvez alguém ficou admirado, e achou até interessante um homem ter duas mulheres ao mesmo tempo. E muitos homens começaram a invejar Lameque e possuir mais de uma esposa. Tempos depois, Esaú, filho de Isaque desobedeceu a Deus e casou com duas mulheres heteias. O resultado não foi nada bom para a família (Gn 26.34,35), gerando amargura de espírito para a mãe de Esaú. Há casamentos que são motivo de tristeza, decepção e amargura para os pais. As duas esposas, filhas de povos estranhos, só trouxeram transtorno para a família de Isaque. No livro de 1 Samuel, temos outro exemplo negativo dos resultados da bigamia. Elcana, efrateu, filho de Jeroão, era homem de bem. Mas, assimilando o costume comum de sua época, casouse com duas mulheres (1 Sm 1.2,3). Ana era a suapreferida. Ele a amava mais do que à Penina.
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Esse é um primeiro problema: não é possível um marido amar por igual a duas mulheres. Penina tinha filhos. Ana não os tinha, por ser estéril. Penina percebia que Elcana demonstrava mais amor a Ana do que a ela. E se tornou uma desafeta paraAna (1 Sm 1.6). Em consequência, Ana era uma mulher deprimida, vivia chorando, não tinha prazer sequer em se alimentar; seu marido procurava consolála, mas ela sofria muito, tanto pelo fato de não ter filhos, como, mais ainda, pelas provocações da outra esposa. Ela só descansou o seu espírito quando Deus ouviu sua oração e lhe deu um filho homem, Samuel, a quem entregou, ainda criança, para servir a Deus no templo, sob os cuidados do sacerdote Eli (cf. 1 Sm 1.2629). 2. A poligamia torna-secomum A lógica do pecado é sempre a mesma: nunca parar; sempre aumentar. A bigamia tornouse prática comum. Afastandose cada vez mais do plano de Deus, os homens incrementaram seus desvios. Ter duas mulheres já não fazia tanta diferença. E foram multiplicando o número de esposas. Com que finalidade? Ter mais filhos? Para quê? Dizem os sociólogos que o homem sentiu a necessidade de ter mais riquezas, e precisava de mãodeobra. Por isso, passou a ter mais mulheres para aumentar sua prole utilitária. Tem lógica humana. Mas fere o plano de Deus. Filhos foram previstos para a perpetuação da espécie. A mão deobra é consequência. Ao que tudo indica, a poligamia é resultado da vaidade masculina, de exercer seu poder sobre mais pessoas, e de ter direito a ter relação sexual variada com mulheres diferentes. Isso não faz parte do plano de Deus para o matrimônio. Naturalmente, surgiram as nações, espalhadas pelo mundo, após o episódio da Torre de Babel. Religiões de demônios apareceram e se multiplicaram. Com total aprovação das práticas contrárias ao plano de Deus, inclusive a da poligamia. Seja qual for a explicação, fere ao princípio de Deus para o casamento. Por que Deus permitiu a poligamia? Não há consenso no entendimento dessa questão. Mas podemos inferir que Ele permitiu, ou tolerou, tendo em vista os primórdios da raça humana, e a necessidade da ocupação da Terra de modo mais rápido, tendo em vista que a mesma passava por grande deterioração ambiental, motivada pelas alterações cósmicas e ecológicas, em consequência do pecado, que prejudicou não só o homem, mas toda a geografia, a topografia e a ecologia do planeta. A povoação acelerada se fazia necessária.
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Apoligamia noPatriarcado A nação israelita tem início com Abraão (2.400 a.C), começando o Período Patriarcal, em que a figura do homem mantevese como absoluta, em termos de importância, em relação à mulher. Cometendo deslize em sua vida, deu mau exemplo, unindose a uma serva, por sugestão de sua própria mulher, que era estéril; era a bigamia e o concubinato legitimado, na família do “pai da fé” (Gn 16), trazendo sérios transtornos familiares, históricos e espirituais. Na época de Isaque (1860 a.C), ao que tudo indica, havia muito respeito, no seio da família, aos costumes adotados pelo patriarca Abraão. Isaque, já com 40 anos, teve sua esposa escolhida pelo próprio pai, entre os seus parentes que habitavam em Naor (Gn 24). Em Gerar, Isaque sofre a mesma ameaça da lascívia, que seu pai sofrera e vê sua esposa cobiçada por Abimeleque (Gn 26.111). Porém, na época de Jacó (1750 a.C), ele casouse com Raquel, sua amada. Mas foi forçado a ser bígamo pelo próprio sogro. Como Raquel era estéril, Jacó, aproveitando os costumes orientais, uniuse às suas ser vas, Bila e Zilpa, e teve,juntamente com sua esposa Leia, dez filhos com elas, e mais dois filhos com Raquel, quando esta foi curada da esterilidade (Gn 29.3235; 30.126). Jacó, o patriarca que deu origem às tribos de Israel, foi polígamo (Gn 29.2123; 2831; 30.110). Noé, ao que tudo indica, não entrou na onda da poligamia. Obedeceu ao plano de Deus para o casamento, mantendose casado com uma única esposa (Gn 7.7), apesar da corrupção geral do gênero humano (Gn 6.2). A degeneração moral era tanta, que Deus resolveu destruir a humanidade de então (Gn 6.57). Apoligamia entreosreis deIsrael(1018a530a.C.) Davi teve várias mulheres e concubinas, por permissão e até concessão de Deus (2 Sm 5.3), mas não secontentou. Adulterou com BateSeba, mandou matar seu esposo paraencobrir o pecado (2 Sm 11) e a tomou por esposa. Um abismo chama outro (SI 42.7). No tempo dos reis, o símbolo de grandeza e poder era a posse de mulheres e de cavalos. Salomão teve 700 mulheres e 300 concubinas, as quais “lhe perverteram o coração para seguir outros deuses” (1 Rs 11.4). Provavelmente, por causa da influência perniciosa de suas inúmeras mulheres, oriundas das nações cananitas, que eram dominadas pela idolatria, o famoso filho de Davi se deixou levar pela
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excessivavaidade de ter um dos maiores haréns do Oriente. Foi o seu fim! Seus sucessores seguiram o caminho da poligamia. 3. NoNovo Testamentoéabolida apoligamia (4a.C atéopresente) No Antigo Testamento, Deus foi tolerante quanto à sexualidade, permitindo a poligamia e o concubinato. No Novo Testamento, Ele disciplinou o relacionamento conjugal. Tornouse mais difícil manter a fidelidade, admitindose somente a monogamia. A vida cristã restaura o plano de Deus para o casamento, valorizando a monogamia e condenando outros arranjos para a vida conjugal. Oensinamento deJesus nosEvangelhos São diversas as passagens do Novo Testamento em queJesus se refere ao casamento ou à família. Em Mateus 19, vemos que Ele dá muito valor à fidelidade conjugal. Certa vez, os fariseus lhe interrogaram se era lícito ao homem repudiar “sua mulher” por qualquer coisa (Mt 19.3). Notese que eles não perguntaram se podiam deixar “suas mulheres”. A resposta do Senhor Jesus tem um sentido bíblico profundo, e remete às origens do casamento: “... e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher , e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt 19.57 — grifo nosso). Na resposta objetiva sobre o divórcio, Jesus diz que comete adultério aquele que repudia sua mulher, exceto por causa de infidelidade. E diz que quem casar com a repudiada também comete adultério (Mt 19.9). Ele se refere “à sua mulher”, e não às suas mulheres. Assim, nos Evangelhos, a poligamia é descartada. Alguém se refere a Mateus 25, na parábola das dez virgens, alegando ser um casamento polígamo. Ledo engano. Como Jesus iria comparar a sua vinda a um casamento polígamo? Na verdade, o texto, parte do Sermão Profético, referese a um casamento oriental, em que os noivos eram esperados para a cerimônia matrimonial por dez virgens, ou dez damas de honra, que portavam lamparinas acesas. A monogamianasEpístolas Como sabemos, as Epístolas são a fonte doutrinária que se fundamenta nos Evangelhos de Jesus Cristo. Por elas, os apóstolos foram usados por Deus para regulamentar, ordenar e orientar a vida dos cris
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tãos e das igrejas, no seu tempo e a todas as igrejas, em todos os tempos e lugares. Em todas elas há ensinos preciosos. No que diz respeito ao matrimônio, o Novo Testamento registra ensinos fundamentais sobre o comportamento dos casados. a) Umaesposa, ummarido. Na Epístola de Paulo aos Coríntios, vemos a regulamentação da vida matrimonial, incluindo o relacionamento sexual (1 Co 7.1,2). O apóstolo houvera sido informado, por carta, que, naquela igreja, havia casos de sexo ilícito que ultrapassavam a conduta ímpia dos incrédulos (5.15), a ponto de determinar que fosse entregue a Satanás determinado fornicário. Diante dessa situação calamitosa de imoralidade, Paulo responde aos coríntios, dizendo que, “por causa” ou, numa linguagem mais clara “para evitar”aprostituição, “cada um tenha a suaprópria mulher”, ou seja, só uma esposa, e não duas ou uma esposa e uma concubina. Da mesma forma, diz ele à mulher: “e cada uma tenha o seu próprio marido”. Não há nada tão claro quanto à monogamia, nos ensinos de Paulo, que foi o maior intérprete dos Evangelhos, e o maior teólogo do cristianismo. b)A harmonia conjugal. Na Epístola aos Efésios, Paulo foi tão inspirado pelo Espírito Santo, no que se refere ao relacionamento conjugal, que seus ensinos são reproduzidos, praticamente, em todas as cerimônias de casamento cristão. Ele doutrina sobre a submissão da mulher ao esposo cristão, pelo fato de ser designado “cabeça da mulher”, ou líder da família, da mesma forma que a Igreja é submissa a Cristo (Ef 5.2224; Cl 3.18). Ao marido, ele exorta a amar a sua esposa, como Cristo amou a Igreja, sacrificandose por ela (Ef 5.25; Cl 3.19). Esse entendimento leva à harmonia conjugal, de tal forma que o homem cristão e sua esposa completam o que falta no outro, vivendo em amor, e não dando lugar à infidelidade. Com isso, a monogamia é valorizada, em obediência aos ditames de Deus para o matrimônio, conforme o seu plano original para o casamento: um homem e uma mulher. c)A monogamia naliderança cristã. Para os líderes da igreja, Paulo exorta que “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher...” (1 Tm 3.2). Os diáconos devem ser “maridos de uma mulher” (1 Tm 3.12). No Antigo Testamento, Deus permitiu e tolerou que os patriarcas, os reis e até profetas tivessem mais de uma mulher. Mas no Novo Testamento o líder deve ser o exemplo dos fiéis (1 Tm
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4.12) em tudo. É inaceitável que algum pastor, evangelista ou detentor de qualquer cargo ministerial procure ter relacionamentos com pessoas que não sejam seus cônjuges, querendo usar o Antigo Testamento como justificativa. O ensino sobre a monogamia entre os ministros é tão importante, que o apóstolo repete essa doutrina emTito 1.7. O casamento, no Novo Testamento, é elevado a um nível muito alto no que se refere à união monogâmica, com destaque para a fidelidade conjugal (Hb 13.4). Na poligamia, não se fala em adultério, em prostituição. O homem tinha relações com várias esposas e até com concubinas. Mas, no contexto do cristianismo, nos ensinos neotestamentários, é cobrada a fidelidade incondicional e a pureza no leito conjugal. Deus julgará os que se prostituem e os adúlteros, conforme o texto transcrito. O matrimônio deve ser “venerado”, ou seja, ter um valor espiritual de grande importância. O primeiro sentido de “venerado” é o de “adorado”. Mas não se pode aplicar ao matrimônio, pois adoração só é devida a Deus. Mas tem outro sentido, perfeitamente aplicado à relação conjugal. Venerado quer dizer “Ter em grande consideração; respeitar”. “O leito sem mácula” referese à santidade do relacionamento sexual do casal, sem mancha, ou seja, sem pecaminosidade. Isso porque o corpo é “templo do espírito santo” (1 Co 6.19). Só através do casamento monogâmi co é possível manter esses princípios para a santidade no matrimônio.
II - O PRINCÍPIO DA HETEROSSEXUALIDADE O Diabo e seus simpatizantes tremem e se revoltam quando a Igre ja de Nosso SenhorJesus Cristo defende os princípios bíblicos quanto à sexualidade. Para sua própria condenação, pastores em vários lugares no mundo têm feito concessões a Satanás no que tange ao relacionamento matrimonial, admitindo a homossexualidade ou a chamada “homoafe tividade”. Maior condenação terão aqueles que se dizem cristãos e procuram justificar o homossexualismo, com base em falsas interpretações dos textos bíblicos. Para Deus, no Antigo e no Novo Testamento, o casamento só é legítimo e com amparo Lei divina, se atender ao princípio inegociável da heterossexualidade. 1. “Macho efêmea oscriou” A origem e os fundamentos do matrimônio remontam ao princípio da Criação. Quando Deus fez o Universo, o planeta Terra, os seres vivos
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irracionais e todo o ambiente propício para a existência humana, Ele resolveu criar um ser à sua semelhança. E criou “o homem”, o ser masculino (Gn 1.26). No mesmo dia, Ele fez a mulher (Gn 1.27). Os materialistas, profanos e libertinos, apregoam aos quatro cantos que “ninguém nasce homem ou mulher”; quem faz a pessoa ser “homem ou mulher é a sociedade”. Essa é uma das mais indecorosas propostas do Diabo. A Bíblia diz que Deus fez homem e mulher, diferenciando sua condição sexual. A ciência diz que uma pessoa é homem se tiver cromossomos XY, masculinos; e mulher, se tiver cromossomos XX. Diz a Bíblia: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados”(2 Tm 3.13). Para Deus, homem é homem e mulher é mulher. Um dia, os ímpios comparecerão perante o Juízo Final e receberão a declaração de sua sentença, por terem se rebelado contra Deus, distorcendo seus princípios. 2. Oprimeiro casamento Após criar o homem, Deus concluiu que não seria bom ele viver na solidão. Poderia ter criado outro “Adão” para viver com ele na chamada “união homoafetiva”. Estaria resolvido o problema da solidão. Mas Deus não cogitou a homossexualidade. A solução de Deus foi criar um ser humano, de sexo diferente, para viver ao lado do homem (Gn 2.18). E criou a mulher, a partir de uma costela de Adão. Os ímpios chamam isso de fábula, de “conto de fadas”; falsos teólogos chamam de “mito da Criação”. Por quê? Porque para eles Deus não “criou”o homem conforme o Gênesis. O homem surgiu de uma ameba, evoluiu até ser macaco, tudo por acaso, e chegou a ser o 11homo sapiens'. Mas Deus criou o homem das substâncias da terra, e a mulher, a partir de parte do homem. Creiam ou não os materialistas. Após criar a mulher, Deus a apresentou ao homem, e este, extasiado exclamou: “Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada” (Gn 2.23). Aí temos o relato do primeiro casamento. Deus foi o oficiante. O Pai, o Filho e o Espírito Santo concelebraram as primeiras núpcias. Os seres celestes foram testemunhas. A certidão de casamento é o relato de Gênesis 2.1824. Nesse casamento, de origem divina, não vemos lugar para a “união civil entre pessoas do mesmo sexo”, nem espaço para a “união estável”, nem “entidade familiar” homossexual. Os legisladores, osjuristas, educadores, sociólogos, psicólogos e outros aprovam esse tipo 25
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de união, que é considerada abominável a Deus (Lv 18.22; 20.13). E o fazem afrontando a Lei de Deus, para sua própria condenação. 3. “E seunirá à sua mulher” Após realizar o primeiro casamento, Deus disse: “Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegarseá à sua mulher, e serão ambos uma carne” (Gn 2.24). Não disse o Criador: “E o homem se unirá ao seu homem, a mulher se unirá à sua mulher”. Claro como o cristal é o princípio da heterossexualidade. O Supremo Tribunal do Universo (STU) já tem pronta a sentença condenatória, inapelável, em última instância, para os que aprovam o que Deus condena. Portanto, o casamento, para Deus tem que ser realizado, com base no princípio da heterossexualidade: um homem, unido a uma mulher, pelos laços do matrimônio. A homossexualidade é um dos mais infames atos da rebelião contra Deus. A mídia divulgou entrevista com duas “pastoras”, lésbicas, em que elas usam a Palavra de Deus para justificar sua união, condenada pelo Senhor. É a pior das decisões. Alguém pode pecar, e é compreensível, pois, enquanto estiver no mundo, o ser humano está sujeito ao pecado. Mas usar a Palavra de Deus, a Lei do Senhor, para justificar o que Ele abomina é pecado imperdoável. E blasfêmia contra o Espírito Santo.
Dil - A INDISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO 1. JJmasócarne No plano de Deus para o casamento, Ele previu a união duradoura entre o esposo e a esposa, durante toda a vida em comum (Gn 2.24). O Criador planejara a vida eterna para o ser humano. Em consequência, a união matrimonial seria eterna. 2. “Atéque a morte ossepare” Na celebração do casamento cristão, os oficiantes enfatizam esse desiderato por causa da realidade da morte física, que pode atingir um ou o outro cônjuge. De fato, não há qualquer justificativa para o fim do casamento, a não ser pelo falecimento de um cônjuge. Somente a falta de amor verdadeiro pode explicar o aborrecimento de um marido por sua mulher, e viceversa, como causa para a dissolução do casamento. 26
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3. Opecadointerferenauniãoconjugal Quando o casal não vigia, não ora, não procura obedecer aos princípios de Deus para o casamento, o Adversário da família encontra brecha para interferir na mente de um ou do casal, de modo que a vida a dois se torne insuportável. Seja por causa da infidelidade, do adultério, seja pela prostituição, a fim de que desapareça a razão para viverem juntos. Esse não foi, nem é, o plano de Deus (Mt 19.6), mas o ser humano pode, com permissibilidade de Deus, por fim à aliança conjugal. 4. Odivórcio — remédioamargoquedeixasequela Em consequência da falta de união e de amor, motivados pela falta de obediência a Deus, há situações em que a convivência tornase de fachada, aparente, por conveniência, ou até mesmo insuportável. Violência doméstica, falta de respeito, agressões psicológicas ou físicas, além da infidelidade afrontosa, levam o casal a tomar a terrível decisão de separarse com todas as consequências negativas para os dois e para a família.
AS BASES DO CASAMENTO CRISTÃO “Vos, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja ea si mesmo seentregoupor ela
(Ef 5.25).
casamento cristão deve ser construído sobre as bases do amor a Deus e do amor conjugal verdadeiro. É a única formade união consagrada por Deus para a constituição da família, objetivando o bemestar do ser humano em todos os aspectos da vida. Foi o próprio Deus que instituiu o matrimônio, no Éden, como já vimos. Na Bíblia, vemos o casamento elevado a um nível bem alto, como observamos em Hebreus 13.4. Por ser uma instituição criada por Deus, para atender seus propósitos quanto às finalidades divinas para a existência do homem na Terra, não é de admirar que o matrimônio tem sido atacado de maneira constante, sistemática eviolenta. A exemplo do “ladrão”, que só vem“a roubar, a matar e a destruir” (Jo 10.10), Satanás luta diuturnamente para prejudicar o plano de Deus para avivência do ser criado à sua imagem e semelhança. A História, e mais claramente a História Contemporânea, demonstra de forma inequívoca que o casamento é um dos alvos preferenciais das forças satânicas. Sob o pretexto de “evolução”, “progresso” e “avanços sociais”, novas formas de união têm sido inventadas e aceitas pela sociedade sem Deus. Mas os cristãos devem preservar e cultivar o matrimônio monogâmico e heterossexual, como uma bênção de Deus para a humanidade.
A S BASES DO CASAMENTO CRISTÃO
Todas as sociedades antigas, que destruíram o casamento e a família, nos moldes tradicionais, conforme o projeto de Deus, tiveram seu fim, pela corrupção de suas bases morais e espirituais. Os materialistas desdenham desse tipo de afirmação. Porém, a Palavra de Deus assegura que o que o homem semeia isso também colherá, pois Deus não se deixa escarnecer (G1 6.7). E uma questão de tempo apenas. A cada dia, o império do mal cresce, com o apoio dos governantes, dos representantes políticos do povo e dos representantes do poderjudiciário, que aprovam leis e normas que contrariam a Lei de Deus. Porém, um dia todos serão julgados no plano espiritual segundo suas decisões e escolhas. O Juízo Final aguarda, com sentençajá definida, a sorte dos ímpios (SI 9.17). S
- A VONTADE DE DEUS PARA O CASAMENTO
1. A vontadepermissiva Como expressão da vontade do Criador, Ele disse, no princípio de todas as coisas, que o homem deveria deixar seu pai e sua mãe e unirse à sua mulher, a ponto de ser “uma só carne”com ela (Gn 2.24), o que ocorre no ato sexual. Essa vontade de Deus é para todos os homens, crentes ou não crentes, santos ou ímpios, evangélicos ou não. Por quê? Porque faz parte de seu plano divino que a humanidade cresça e se multiplique, através da união legítima entre um homem e uma mulher, como vimos no capítulo anterior. A vontade de Deus é que um homem se case com uma mulher, para formar um lar e uma família, conforme os ditames de sua santa Palavra. Face essa “vontade permissiva”de Deus, Ele não interfere nem direciona um homem para uma mulher. Ele permite aos homens em geral que ajam conforme suas vontades, até mesmo para praticarem atos contrários à vontade do Senhor. Assim, cada pessoa tem o direito de, usando o seu livrearbítrio, fazer as escolhas que lhe convier para sentirse bem na união matrimonial. A vida nos mostra que Deus considera e valoriza o matrimônio, tendo ele sido celebrado numa igreja evangélica ou não, desde que subordinado à lei civil, representada pelas autoridades que têm competência para realizar o matrimônio. A igreja cristã não rejeita um casal, pelo fato de ter sido unido, em cerimônia legal, num templo de outra religião. Salvo se tal religião praticar ritos que possam ser considerados diabólicos.
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2. A vontadediretiva Esta é diferente davontade permissiva. É avontade de Deus, segundo a qual Ele pode agir, de modo impositivo ou diretivo, para alcançar seus objetivos divinos em relação ao universo e aos homens como agentes livres. Com essa vontade, Deus também pode direcionar pessoas; criar situações; promover circunstâncias, seja por sua decisão própria, ou para atender solicitações epropósitos de pessoas, especialmente de seus servos e servas, que procuram viver de acordo com seus princípios elevados. Dentro desse contexto, como Deus usa a vontade diretiva para o casamento? Será que Ele escolhe o “irmão fulano” para ser esposo da “irmã fulana”? E se esse irmão resolver casar com a “irmã sicrana”, pode contrariar a vontade de Deus? Essas questões parecem simples, porém são mais comuns do que se poderia imaginar. No aconselhamento pastoral, ou em seminários para a juventude, é comum ser encaminhada questão desse tipo: “Pastor, como podemos saber se uma pessoa com quem namoramos, ou noivamos, é a pessoa escolhida por Deus para nós?”; ou: “como podemos saber se o casamento é davontade de Deus?”. Notadamente os jovens querem uma resposta definida para essas questões, que são motivo de inquietação para muitos que estão na fase de tomar decisões importantes em suas vidas, principalmente em relação ao casamento. De tanto verem fracassos matrimoniais, nas igrejas ou em suas famílias, há rapazes e moças que têm receio de casar. Há os que namoram e até noivam, e terminam o relacionamento por não se sentirem seguros quanto à vontade de Deus nesse terreno. Em nosso aconselhamento aos jovens, procuramos darlhes algumas orientações que servem de pistas para suas decisões em termos de namoro, noivado e casamento. A seguir, alguns indicadores da vontade de Deus.
A paz de Deus no coraç ão Um dos indicadores de que o que pensamos, fazemos ou pretendemos fazer é da vontade de Deus é o sentimento de paz interior, dominando nossos sentimentos, pensamentos e emoções. No texto de Paulo em Colossenses 3.1517 há lições muito preciosas. Em primeiro lugar, nos diz que “a paz de Deus” deve dominar em nossos corações, e devemos ser agradecidos. Se agradecemos é por alguma coisa importante, que pomos diante de Deus. Em segundo lugar, diz: “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria . Se a 30
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paz de Deus é como um árbitro em nossos corações, conforme diz outra tradução do texto, apalavra éo referencialpara nossospensamentos, atitudes e ações. Mas diz que essa palavra deve habitar em nós “abundantemente, em toda a sabedoria”. Quem submete seus pensamentos, ações presentes ou pretendidas, ao crivo da palavra de Deus, certamente terá muito mais probabilidade de acertar, e de sentir a direção de Deus em sua vida. Em terceiro lugar, o texto diz que devemos louvar a Deus, admoes tandonos uns aos outros, com “salmos, hinos e cânticos espirituais”. Ou seja, quando fazemos alguma coisa que é da vontade de Deus, sentimos paz interior; tomamos como referência a Palavra do Senhor; temos motivos para louvar a Deus e, além disso, devemos fazer “tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. Esse é um ponto de altíssima importância. Se um namoro, noivado ou casamento é da vontade de Deus, podemos agir “no nome do SenhorJesus”e dar “por ele graças a Deus Pai”. E necessário que o crente tenha a comunhão com o Espírito Santo para discernir a vontade divina, de maneira sábia e coerente, com base na regra de fé e conduta, que é a Palavra de Deus. A Bíblia diz que o coração, ou o interior do homem, não é bom árbitro (Jr 17.9). Nesse caso, para saber avontade de Deus, não é de boa norma confiar no coração. Ele é enganoso, por causa do pecado que passou a todos os homens. Mas a paz de Deus, dominando um coração pleno da presença de Deus, em concordância com a sua palavra, é de grande valor.
O comportamento pessoal Referimonos ao comportamento ou ao testemunho da pessoa. Se uma jovem namora um rapaz e quer saber se esse namoro é da vontade de Deus; ou é noiva e quer saber se o noivado é davontade de Deus, com vistas a um provável casamento, deve levar em conta com muito cuidado o testemunho do jovem. Da mesma forma, um rapaz cristão deve avaliar o testemunho de sua namorada ou noiva, para saber se é da vontade de Deus que se case com ela. Parece simples, mas não é. E indispensável observar o comportamento do outro na família, no relacionamento com os pais; o comportamento do outro para com os pastores, a igreja, o trabalho. Se um jovem ou uma jovem não respeita os pais, como respeitará seu cônjuge? Como respeitará o pai ou a mãe de seus filhos? Um casamento não pode ser da vontade de Deus se o namoro e o noivado são marcados pela prática de atos que ofendem à santidade de 31
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Deus e à santidade do corpo (1 Co 6.18,19,20). Se um rapaz ou uma moça quer praticar sexo no namoro ou no noivado, é um sinal evidente de que Deus não está aprovando tal relacionamento. Um casal de jovens, casados há poucos meses, chegou ao gabinete pastoral, procurando ajuda, pois estavam passando por sérias dificuldades. Brigas constantes, desavenças, ejá não sentiam mais amor um pelo outro. Com certa experiência no assunto, começamos a fazer algumas perguntas aos dois. Indagamos se eles estavam orando a Deus, diariamente; se costumavam ler a Bíblia juntos; se caminhavam para a igreja local; se adoravam a Deus, etc. Eles responderam que não oravam mais, não liam a Bíblia, e que tinham perdido o estímulo de ir à igreja. Dentro de poucos minutos, a jovem encarou o seu esposo e lhe indagou: “Você não acha que devemos confessar o nosso erro?”. Fiquei esperando a resposta do esposo, e ele disse: “Se quiser, pode dizer”. Então a jovem voltouse para mim e disse que, no seu noivado, já praticavam sexo. E que sabia que a mão de Deus estava pesando sobre eles, lembrando o seu pecado não confessado, por terem fornicado, no namoro. Lemos em Provérbios 28.13 que “quem confessa suas transgressões e as deixa, alcança misericórdia; mas o que as encobre nunca prosperará”. Eles sentiramse aliviados por confessarem o seu erro, cometido na prática do sexo antes do casamento. Aconselhamolhes a procurarem o dirigente da congregação para confessar o pecado oculto e aceitarem a disciplina eclesiástica. Eles aceitaram o conselho, e depois puderam normalizar sua vida, diante de Deus e no seu lar. Se um noivo vive faltando com respeito à noiva; se é grosseiro com ela; se demonstra um ciúme doentio, a ponto de não permitir que a jovem converse até com pessoas da família, é um péssimo sinal de que Deus não aprova a união para o casamento. A menos que haja arrependimento sincero e mudança de atitudes. O mesmo se aplica àjovem. Se demonstra esse tipo de comportamento, provavelmente não será uma boa esposa. Não é da vontade de Deus um casamento marcado para ser palco de brigas, intrigas, competição ou carnalidade. De grande importância é observar a vida espiritual do noivo ou da noiva. Quando o casamento é da vontade de Deus, os dois demonstram, tanto no namoro, como no noivado, que amam ao Senhor de todo o coração, de todo o entendimento e de todas as suas forças (Mt 12.30), e se amam um ao outro como a si mesmos (Mt 12.31), é ótimo sinal de um futuro casamento abençoado e feliz, pois o amor é o fundamento do 32
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verdadeiro casamento cristão. Essas observações têm muito mais valor do que profecias sobre casamento.
As coisas se encaixam naturalmen te Não há necessidade de um casal de noivos sair procurando a casa de profetas ou profetisas para saber se o casamento é da vontade de Deus. Aliás, na minha experiência pastoral, a maioria das profecias envolvendo casamento é falsa. Não se cumpre. Porque, em geral, não são de Deus, mas da vontade do profeta, que deseja agradar aos que o procuram. Ressaltamos que Deus pode, sim, usar uma serva sua ou um servo seu, com o dom de profecia, para orientar decisões sobre casamento. Mas esse não é um meio comum. É ocasional. Conheço um casal, muito bem casado, ele, pastor; ela, uma ótima serva de Deus, que trabalha ao lado do seu marido. Quando namoravam, uma profeta disse de alto e bom som, dizendose ser usada por Deus, que “ele” não seria “o seu”, dado por Deus. E que não era a vontade de Deus o casamento. Felizmente, os jovens não levaram em consideração a vontade da profetisa. O problema é que, em muitas igrejas locais, pessoas que têm o dom de profecia passam a ser oráculos privilegiados para dirigir a vida das pessoas. Essa não é a finalidade da profecia no Novo Testamento. Passou o tempo em que o profeta era consultado para dizer se alguém deveria ir para a direita ou para a esquerda. Saul foi consultar o profeta Samuel acerca das jumentas extraviadas de seu pai. O profeta o tranquilizou, pois os animais já haviam sido encontrados. Esse foi um ministério passado, em que o profeta era o vidente para toda a nação, e para fatos envolvendo pessoas. No Novo Testamento, a nosso ver, é muito mais proveitoso orar e buscar a presença de Deus reservadamente, entrando no seu quarto, como ensinou Jesus, para ter a orientação do Senhor (Mt 6.6). Como resultado dessa busca, Deus fala através das circunstâncias. Um jovem fiel, que busca a Deus, que serve a Deus em sua casa, que se santifica, certamente terá a bênção de Deus sobre as circunstâncias da sua vida. Ele é abençoado nos estudos. Deus abre portas de emprego. A família da noiva demonstra estar feliz, aprovando a amizade dos noivos. O pastor da igreja local vê com bons olhos o noivado. A jovem demonstra que ama o rapaz, e expressa isso com palavras e 33
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carinho. Em tudo isso, podese perceber Deus dando a sua aprovação ao casamento.
Os princípios de Deus são observados Para que um casamento seja da vontade de Deus, é indispensável que os aspirantes ao matrimônio, namorados ou noivos, respeitem os princípios de Deus, consubstanciados em sua santa Palavra. Um dos princípios fundamentais é que os pretendentes ao casamento tenham a mesma fé, sirvam ao mesmo Deus, creiam na sua Palavra e obedeçam ao Senhor. Se um rapaz deseja casarse com uma jovem cristã, e não gosta de ir à igreja local para adorar a Deus, é um sinal evidente de que não dá valor às coisas sagradas. No namoro ou no noivado, Deus dá oportunidade para seus servos demonstrarem que são verdadeiramente salvos. O casamento na vontade de Deus exige santidade. As tentações são muito fortes sobre os jovens cristãos, principalmente na área da sexualidade. Frequentemente, são tentados a praticar o sexo antes do casamento. Se desrespeitam esse princípio da santidade, e se envolvem em carícias e práticas sexuais, certamente estão fora da vontade de Deus. Colherão os frutos de sua desobediência, logo, ou depois que se casarem (G1 6.7). Li um livro com o título O Divórcio Começa no Namoro. Chamou me a atenção. Meditando, achei que o autor tem razão. As bases do casamento são lançadas no namoro e alicerçadas no noivado. Se essas bases foremlançadas sobre a desobediência aDeus, na prática da fornicação, estão correndo sério risco de não terem a bênção de Deus. Não adiantará uma cerimônia pomposa, com dezenas de testemunhas, vestido de noiva com véu e grinalda, com modelo personalizado, nem uma recepção no melhor clube da cidade. Mais importante é ter abênção de Deus no casamento. II - O AMOR VERDADEIRO NO CASAMENTO 1. O deverprimordial do casal
O dever de amar está acima dos outros deveres conjugais. O marido que não ama sua esposa não obedece à Palavra de Deus. Peca por desobediência. A Bíblia diz solenemente: “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a Igreja, e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). Esse versículo é sempre lido pelo ministro religioso
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no dia do casamento de alguém. Muitos maridos, porém, despreparados para o matrimônio, ouvem essa recomendação por pura formalidade. As palavras entramlhes por um ouvido e saem pelo outro: não dão importância ao que está contido nas Escrituras. A nosso ver, se um jovem não está consciente do que é amar a esposa, não deve casar, e muito menos ter a bênção matrimonial dada na igreja do Senhor. Casamento sem amor é como planta sem água: acaba morrendo. O amor à esposa, recomendado pela Bíblia, é o mais elevado possível. É semelhante ao amor de Cristo pela Igreja. Isso indica que o amor do esposo deve ser comparado ao amor de Cristo para com a Igreja. E maior do que qualquer amor comum: é um amor sublime. 2. Oamorgerauniãoplena “A união é o resultado do amor sincero. O esposo deve estar unido à esposa de modo a formar uma unidade, “uma só carne”(Ef 5.31). Essa união é espiritual, complementada pela união afetiva e física. O marido é a cabeça, ou seja, o líder da esposa, mas não é superior a ela. Os dois são “uma só carne”, uma mesma unidade, como Paulo ensina (1 Co 7.3). Isso significa igualdade, reciprocidade de deveres. As obrigações do marido perante a mulher são as mesmas da mulher perante o marido. Isso exige união de pensamentos, de sentimentos e de propósitos. A união física tem papel importantíssimo nesse aspecto. Essa união plena tem inimigos terríveis. Um deles, muito comum, é a irritação. A vida em família sofre bastante desgaste quando o casal não se previne acerca disso. E pequenas coisas, pequenos transtornos, chamados irritações, que são como picadas de mosquitos em noites de calor, perturbam mais do que coisas de grande vulto. A vida conjugal exige convivência em qualquer situação, na prosperidade ou na escassez, na saúde ou na doença. E necessário que haja muita compreensão e muito amor para evitar a irritação que surge com os problemas normais da vida. O amor, diz a Bíblia, “tudo espera, tudo suporta; não se irrita.”Isso é difícil, mas não é impossível parao cristão que tem a ajuda direta de Deus. Há esposos que se irritam com tudo, dando lugar à quebra da união plena com a esposa. Se acomida não está do agrado do marido, ele reclama, não dissimula: fica aborrecido, de carafeia. A camisa está sem um botão,justamente na hora de sair para aigreja, surge uma discussão. Os chinelos não estão no lugar, mais reclamações. São as irritações que vão se somando, pequenas, mas constantes. Um dia, “a casa cai”. O marido conclui que a
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vida está “insuportável”ao lado da esposa, Satanás fica torcendo pelo pior, e faz com que aquelas “coisinhas”pareçam montes intransponíveis. O esposo cristão quer exigir da esposa o cumprimento fiel de todos os seus deveres, sem faltar nada. Porém, muitas vezes, não cumpre os próprios deveres para com ela, conforme a Bíblia manda. Será que, por causa de qualquer coisa, Cristo irritase com a Igreja? Certamente não. Se assim fosse, onde estaríamos nós? Do mesmo modo, é necessário o esposo cristão evitar as irritações com a esposa. Como isso é possível? Parecenos que, com poucas medidas simples, tornase viável vencer a tentação das irritações: •O esposo deve orar com a esposa todos os dias. •O esposo deve ler a Bíblia ao lado da esposa. • O esposo deve manter diálogo constante com a esposa sobre as coisas do lar. •Quando algo estiver errado, o esposo deve conversar sobre o assunto com compreensão. Pedir sugestões à esposa sobre a melhor maneira de, juntos, resolverem o problema. •Ambos devem dar graças a Deus pelos problemas. Eles tendem a desaparecer quando ações de graças sobem aos céus (1 Ts 5.18). •Ambos devem procurar cultivar o verdadeiro amor.
III - A FIDELIDADE CONJUGAL 1. Fator indispensável à estabilidadeno casamento
A segurança espiritual e emocional do casal depende da fidelidade que cada um devota ao outro. Sem fidelidade, o casamento desaba. As estruturas do casamento não são preparadas para suportar a infidelidade. Esta tem efeito devastador no matrimônio, no lar e na família. O padrão de amor não é o falso amor das novelas, dos filmes e das revistas sociais. O padrão para o amor conjugal é o amor de Cristo para com a sua Igreja! E Cristo jamais foi ou virá a ser infiel à sua Noiva. Da mesma forma os cônjuges cristãos devem ser fiéis uns aos outros, para que Satanás não encontre brecha para destruir a aliança matrimonial. No Antigo Testamento, vemos um texto, em que Deus condena a infidelidade entre os esposos. Em Malaquias 2.1316, vemos a repreensão ao povo de Israel, pelo fato de haver grande incidência de infidelidade conjugal. 36
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Deus não mais aceitava as ofertas do povo, pelo fato de haver deslealdade entre esposos e suas respectivas esposas. Quando os cristãos se casam dentro da vontade divina, Deus se faz presente na cerimônia, e se torna testemunha divina daquela união, daquele compromisso, assumido perante a autoridade pastoral que Deus confere aos ministros do evangelho. Eles representam Deus no casamento. Quando os crentes se casam, assumem o compromisso, perante Deus, perante sua Igreja, perante as testemunhas e perante a sociedade, perante a lei civil que regula o matrimônio. O casamento não deve ser visto como um “contrato”. Contrato tem cláusulas, que podem sofrer modificações mediante o instrumento de aditivo contratual. No casamento não há aditivo. Há pacto solene, celebrado perante o criador do casamento. Os contratos têm prazo de vigência. O casamento é uma aliança, que deve perdurar “até que a morte os separe”. E, para que isso ocorra, é indispensável a fidelidade entre os cônjuges. Estatísticas oficiais demonstram que o número de divórcios entre os evangélicos está quase equivalente ao índice de divórcios entre os cônjuges descrentes. Esse é um fenômeno dos tempos pósmodernos. Há algumas décadas, pouco se falava em divórcio entre cristãos. Mas, nos últimos tempos, as separações têm ocorrido com frequência acentuada nas igrejas. Por quê? Por vários motivos. Um deles, talvez o mais terrível, seja o da infidelidade, do adultério, do homossexualismo, e de outros pecados graves, cometidos contra a Lei de Deus. Ultimamente, há inúmeros casos, no seio das igrejas, de casais em crise conjugal. Alguns não se separam por mera conveniência, mesmo sendo vítima de infidelidade conjugal. Uns não querem divorciarse porque aspiram ao ministério. E precisam manterse casados, mesmo que haja uma união de fachada. Isso não condiz com o caráter cristão. Para evitar a infidelidade, é necessário que o casal se mantenha debaixo da orientação da Palavra de Deus. O esposo, amando sua esposa de todo o coração, como Cristo à Igreja. A esposa, amando o esposo da mesma forma e lhe sendo submissa pelo amor. Em termos práticos, é necessário cultivar, tratar, regar e cuidar da planta do amor, para que as ervas daninhas da infidelidade não germinem no coração de um dos cônjuges. E bom que os cristãos casados saibam que a santidade do cristianismo não faz ninguém deixar de ser humano. Nestavida, precisamos de amor, de alegria, de paz, de carinho, de afeto. O leito conjugal precisa ser bem apro veitado, e a união sexual, legítima entre os casados, deve continuar sendo
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fator de integração, não apenas física, afetiva, mas também espiritual. Deus seagradada união entre os casados, especialmente entre cristãos (Hb 13.4). Reconhecemos que há muita infidelidade que começa por mera tentação, para o que o outro cônjuge, às vezes, em nada contribui. Mas havemos de reconhecer que o casal bem unido em torno do Senhor Jesus terá condições de vencer o Inimigo. Paulo doutrinou bastante sobre o assunto (1 Co 3.16,17, por exemplo). O homem, ou a mulher cristã, deve tomar em consideração esta ad vertência solene e grave da Bíblia: Se alguém destruir o seu próprio corpo, pelo pecado, Deus o destruirá. Mais clara ainda é a exortação quando lemos o trecho de 1 Coríntios 6.1820. O corpo não é nosso propriamente, pois somos propriedade de Deus. Não somos de nós mesmos. Esta constatação é extraordinária. Para aceitála, é preciso que tenhamos a consciência espiritual em harmonia com a mente de Deus. Diante disso, o casal cristão não pode adulterar, nem usar o corpo de qualquer maneira no leito conjugal, para não cometer infidelidade no uso do “templo de Deus”. A prática do sexo, fora do que é natural, como por exemplo a sodomia e outras aberrações sexuais, é profanação do “templo de Deus”. Um casal bem ajustado espiritual e fisicamente não necessita recorrer a práticas eróticas desrespeitosas no leito conjugal. Havendo o verdadeiro amor, não haverá frieza sexual. Haverá interesse, atração de um pelo outro; haverá prazer no ato. É necessário evitar a infidelidade sob qualquer forma ou pretexto. Quem é fiel ao seu cônjuge é fiel, acima de tudo, a Deus, o criador do casamento.
IV - O CUIDADO COM O JUGO DESIGUAL Essa expressão, “jugo desigual” tem origem no texto de Paulo em 2 Coríntios 6.1418. O apóstolo exorta quanto ao perigo do relacionamento íntimo do cristão com pessoas não cristãs, a quem chama de “infiéis”. Não se trata de evitar o relacionamento cordial ou social com vizinhos, colegas de trabalho, ou da escola. Mas sim, de relacionamento que implique em “comunhão” de ideias, pensamentos, emoções, afetos e intimidades (v. 14 b). É o caso do namoro e do noivado, com vistas a um possível casamento. Namorar ou noivar com descrente já é estabelecer uma espécie de “comunhão”. Abraços, beijos, carinho, afeto, num relacionamento íntimo, sem dúvida alguma, já é comunhão. E o apóstolo indaga, de maneira incisiva: “E que comunhão tem a luz com as trevas? E que con-
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córdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel?” (v. 14b,15). E uma forma de linguagem bíblica, em que o escritor afirma, interrogando. Na verdade, ele quer dizer que não pode haver comunhão entre “a luz”, o servo de Deus e “as trevas”, o descrente com seu estilo carnal, mundano e contrário à palavra de Deus. “Que concórdia há entre Cristo e Belial?”, pergunta Paulo. Num namoro, noivado, ou num casamento, entra em cena Cristo e Belial? A princípio, não parece haver tal situação. Mas se pensarmos bem, entendemos que sim. O cristão, solteiro ou casado, deve ser “templo do Espírito Santo” (1 Co 6.19), na comunhão com Cristo. O descrente não tem o Espírito de Deus. Ele tem outro espírito, ou outros espíritos, tipificados em “Belial”. Dessa forma, o Espírito que habita no crente fiel não pode ter “concórdia”com o espírito que habita no descrente. Não pode haver comunhão. O apóstolo é mais claro, quando indaga: “Ou que parte tem o fiel com o infiel? (v. 15 b). O fiel é aquele que aceitou a Cristo como seu salvador, que foi lavado e remido pelo sangue de Cristo, que tem seu nome escrito no Livro da Vida. O infiel é aquele que, mesmo sendo educado, fino, de boa família, um bom cidadão, não é um servo de Cristo. E bom cidadão do mundo, mas não é cidadão do céu. Ele acrescenta: “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo” (v. 16). Um casamento, fruto de um namoro e de um noivado, de um fiel com um infiel não pode ser da vontade Deus. Muitos têm pago um preço muito alto por desprezarem esse ensino da Palavra de Deus. Entendendo que, na igreja local, não há um jovem ou umajovem para namorar, noivar e casar, acabam envolvendose com colegas de trabalho, da escola, da faculdade; com um parente simpático; com um amigo bonito; ou uma amiga agradável, porém não crentes. Isso pode ter sua lógica, no aspecto humano. Mas, na visão de Deus, é desobediência a seus princípios. Alguns, por misericórdia de Deus, escapam de maiores consequências. Outros, infelizmente, afundam num casamento infeliz, sem união, sem amor, sem paz, sem abênção de Deus. E melhor ficar solteiro, ou solteira, do que ter um casamento sem a presença de Deus.
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FAMÍLIA SOB ATAQUE “Todo aquele, pois, queescuta estas minhaspalavras e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homemprudente, queedifi cou a sua casa sobre a rocha” (Mt 7.24).
o século XXI, a família está sob ataque das forças do inferno de maneira sistemática e insidiosa. Em todos os tempos, esse ataque tem sido real. Mas nunca como nos dias presentes. Satanás tem conseguido mobilizar governos, sistemas judiciários, escolas e faculdades, para minar as bases da instituição familiar. Só em Cristo a família pode resistir às investidas satânicas. Formadores de opinião trabalham para a destruição da entidade familiar, tal como Deus a criou, pela união de um homem e de uma mulher, através do casamento. A sociedade sem Deus admite outros “arranjos”de família. O Supremo Tribunal Federal do Brasil aprovou lei que considera a união homossexual “união estável”, ou, o que é pior, “entidade familiar”, torcendo e distorcendo o sentido de família, de acordo com a Constituição do País. O que significa isso? Total desprezo à Palavra de Deus, que considera tais uniões “abominação ao Senhor”(Lv 18.22; 20.13). É tão terrível o ataque à família na área da sexualidade, queum líder gay declarou, anos atrás, que os filhos dos conservadores, nos Estados Unidos, seriam alvo da sodomia. O Reverendo Louis Sheldon, Presidente da “Coalizão dos Valores Tradicionais” naquele país, registrou o discurso de um representante do segmento homossexual, com a desfa
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çatez e a arrogância própria da maioria desse grupo social, nojornal Gay CommunityNews, escrito pelo ativista Michael Swift: Vamos sodomizar seus filhos, símbolo de sua frágil masculinidade, de seus sonhos superficiais e mentiras vulgares. Vamos seduzilos em suas escolas, em suas repúblicas, em seus ginásios, em seusvestiários, em suas arenas de esportes, em seus seminários, em seus grupos de jovens, nos banheiros de seus cinemas, nos alojamentos de seu exército, nas paradas de seus caminhões, emtodos os seus clubes masculinos, em todas as suas sessões plenárias, em todos os lugares onde homens estejamjuntos com outros homens. Seus filhos setornarão nossossubordinados e farão tudo o que dissermos. Serão remodelados à nossa imagem. Eles suplicarãopor nós e nos adorarão" (grifo nosso).1
As declarações desse líder homossexual revelam de modo cristalino a estratégia diabólica para dominar a sociedade. Os homossexuais não querem apenas o respeito a seus direitos. Eles têm um projeto de poder, de dominação, principalmente das crianças e dos jovens, para comprometer o futuro das nações, submetendoas às suas ordens. Vejam bem os leitores o que o representante do Diabo disse: “Seusfilhos setornarão nossossubordinadose farão tudooquedissermos”. Dá para duvidar da natureza maligna de uma declaração como essa? São as “portas do inferno”, batalhando para destruir a família e os princípios defendidos pela Igreja do Senhor Jesus. Mas essas portas satânicas não prevalecerão. É uma questão de tempo. O Supremo Juiz do Universo não dorme nem cochila. Seu sistema divino de controle, de acompanhamento da História e das ações de todos os homens é o mais perfeito do universo. Nada escapa ao seu olhar. Ele a tudo vê. Mas só age, e agirá, no seu tempo, no seu “kairós\ tempo que só a Ele pertence. Aparentemente, Deus não está agindo. Mas está. A seu modo, no seu tempo. A Igreja do Senhor Jesus Cristo é a portavoz de Deus. Ela tem uma missão proclamadora do evangelho, mas também de denúncia contra a pecaminosidade que destrói a sociedade, como um câncer enganoso, que aparenta inofensivo, mas está causando metástase em todo o tecido social. A família está sendo destruída. A prostituição, as drogas e a violência são vivenciadas em todos os lugares. Antes, só nas grandes metrópoles que esses males eram mais sentidos. Hoje, porém, com a 1 Rev. Louis P. SHELDON. A estratégia (the agenda). O plano dos homossexuais para transformar a socieda de , p. 6.
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influência dos meios de comunicação, os costumes têm mudado drasticamente, alcançando todos os rincões do país. Seja nas grandes capitais, seja nos menores distritos, vilas e povoados, a influência nefanda desse falso “progresso” tem chegado, dominando as mentes e as consciências. Infelizmente, os governos estão alinhados com o espírito do Anti cristo. Quase sem exceção, todos estão de acordo com as mudanças perniciosas que sevoltam contra a família. Até porque, com a “novavisão de mundo”, a família tradicional é considerada ultrapassada. O casamento monogâmico e heterossexual é retrógrado e precisa dar lugar a “novas configurações de família”. Uma ministra do atual governo declarou à imprensa que “essa família, composta de papai, mamãe e filhos” está ultrapassada. Novos “arranjos familiares”se imporão. Tal declaração identifica mais uma agente do Anticristo. Desgraçadamente, esses agentes ocupam cargos importantes em todas as esferas de direção do país. E eles têm poder político para aprovarem seus intentos afrontosos contra a Palavra do Senhor. Assim, a igreja de Jesus, formada de famílias cristãs, não pode ficar silente, omissa e acovardada. Tem que demonstrar que tem poder espiritual e moral para fazer frente à onda satânica que tomou conta da maioria dos governos e instituições do mundo. Somente com a mensagem poderosa do evangelho de Cristo, é possível salvar a família da destruição total, preconizada pelo Diabo e seus agentes humanos.
I - A INGERÊNCIA DO ESTADO NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS l.A s crianças sãoo alvo mais visado
O estado materialista e ateu sabe que “é importante controlar as escolas. Hitler sabia o valor da educação doutrinária às crianças. Em discurso, proferido em 6 de novembro de 1933, disse: “Quando um oponente declara: ‘Eu não passarei para o seu lado’, eu calmamente digo: seu filho já pertence a nós... O que é você? Você passará. Seus descendentes, contudo, encontramse agora no novo acampamento. Em breve, eles não conhecerão outra coisa além da sua comunidade”. “O Diabo, mais do que o ditador alemão, sabe muito mais quanto é importante ter o controle do sistema educacional. Para tanto, procura promover educadores materialistas, dandolhes, através da política, ou 42
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do sistema, diretores que não creem em Deus; professores materialistas, que rejeitem a Bíblia, e escarneçam da fé cristã. Não raro, os professores materialistas perseguem os alunos cristãos, rebaixando suas notas, e criando dificuldades para que os mesmos sejam reprovados”.2 Nos países do antigo e fracassado “bloco socialista”, o Estado totalitário e ateu, decretou que a educação das crianças e dos filhos em geral ficaria a cargo do “todopoderoso” regime socialista. Para quê? Para que os pais não tivessem a autoridade de educálos segundo suas crenças e tradições. O objetivo do poder comunista era incutir, na mente das gerações, as ideias e os ideais de Karl Marx, de Engels e de Stalin, os famigerados líderes de uma revolução fracassada, que fazia parte da rebelião do homem contra Deus. Stalin chegou a declarar: “Se Deus existe, eu irei lá, e o destruirei”. A História registrou que seu fim foi deprimente. Até sua estátua, que se erguia solene na Praça Vermelha, em Moscou, foi derrubada por um guindaste, e as pessoas pulavam sobre ela. Mas tudo foi feito, e com significativo êxito, para eliminar Deus da mente das crianças. A doutrinação marxista, anos após anos, conseguiu em grande parte seus intentos diabólicos. Nas salas de aula, os alunos aprendiam que Deus não existe; que o homem veio de um organismo celular, que surgiu por acaso, evoluiu, por acaso, e chegou a ser um ser humano, por acaso. Era o materialismo endeusado nas escolas estatais. Professores materialistas usavam seu poder para ministrar o ateísmo. E gerações e mais gerações nunca ouviram falar de Deus, a não ser em sentido crítico e deturpado. Em nosso país, está acontecendo fenômeno semelhante. O Estado não chega, ainda, a dominar o ensino, de forma ditatorial, como no comunismo. Mas está adotando medidas e práticas com o mesmo objetivo, de eliminar as ideias cristãs, fundadas na Bíblia, a Palavra de Deus, da mente dos alunos, com evidente interferência do Estado na educação da família. 2. Punição aospais queaplicarem medidas corretivas
Há projeto de lei, aprovado no Congresso Brasileiro, prevendo punição e até a perda da guarda dos filhos, para pais que aplicarem medidas corretivas aos filhos. A chamada “lei da palmada”, o Projeto de Lei 7.672/ 2010, pretende incorporar ao Estatuto da Criança e do Adolescente, que qualquer “castigo físico”, de natureza disciplinar, aplicado pelos 2Elinaldo Renovato. de Lima Perigos da pós-modernidade, p. 46,47.
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pais a filhos desobedientes ou rebeldes, devem ser passíveis de punições, inclusive a perda do poder sobre os filhos, que poderão ser recolhidos a instituições governamentais, para serem educados por agentes do governo. Concordamos que nenhum pai tem o direito de espancar seus filhos. Isso é crime. Mas aplicar uma medida corretiva, sem violência, com o ob jetivo de inibir a prática de atos de rebeldia, é saudável e educativo. Mas essa é uma demonstração de que o Estado brasileiro quer retirar dos pais a autoridade de corrigir seus filhos. De acordo com a Palavra de Deus, os pais devem ser os educadores por excelência de seus fdhos. No Antigo Testamento, o ensino aos filhos era determinação divina: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se des viará dele” (Pv 22.6). Essa exortação solene tem tido seus efeitos comprovados, ao longo dos séculos. Quando os pais educam seus filhos, conforme os princípios sagrados da Palavra de Deus, os efeitos sobre sua formação espiritual, emocional e intelectual são benéficos e duradouros. No Novo Testamento, o texto de Efésios 6.14 nos mostra que a Palavra de Deus é muito mais avançada que as propostas de lei para educação dos filhos, e do relacionamento dos pais com eles. A legislação humana, baseada nos “direitos humanos”, não é clara quanto aos deveres dos filhos para com seus pais. Mas é pródiga em explicitar os direitos dos filhos e os deveres dos pais. A Bíblia incentiva o relacionamento respeitoso entre os filhos e os pais, exortandoos a serem “obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo”, e manda honrar o pai e a mãe, por ser o “primeiro mandamento com promessa”, para que os filhos vivam bem, e vivam muito tempo sobre a terra. Para os pais a determinação bíblica é solene: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criaios na doutrina e admoestação do Senhor”. Percebese que grande sentido e alcance esse tipo de exortação tem sobre a educação familiar. De um lado, os pais, criando seus filhos “na doutrina e admoestação do Senhor”, ou seja, segundo os elevados princípios de Deus, de amor, respeito, santidade, e autoridade paternal. E sem excessos, sem provocar a ira ou a revolta nos filhos. Para tanto, os pais dispõem do ensino da Palavra de Deus, do recurso maravilhoso da oração e do jejum por seus filhos, do saudável costume da prática do culto doméstico, onde os pais 44
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podem e devem repassar os sagrados ensinos à família, e desenvolver o diálogo amoroso com eles. De outro lado, vemos que o Espírito Santo registra que os filhos devem ser obedientes e saberem honrar seus pais, para serem bem sucedidos em suas vidas. A história revela que os filhos que sabem honrar seus pais, geralmente são homens e mulheres de bem. 3. A disciplina corretiva naBíblia O livro de Provérbios é rico em ensinos sobre a disciplina, seus ob jetivos e resultados na formação da personalidade e do caráter dos filhos. Diz a Bíblia: “Não retires a disciplina da criança, porque, fustigandoa com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara e livrarás a sua alma do inferno” (Pv 23.13,14). Ao ler um texto como esse, os educadores materialistas, inspirados no liberalismo social, torcem o nariz, e criticam acidamente aPalavra de Deus, dizendo que tais conselhos são retrógrados, arcaicos, superados e obscurantistas, aplicáveis na Idade Média. O escritor dos Provérbios inspirados por Deus mostra que é necessária a disciplina aplicada à criança. Ele se refere à “vara”, que pode ser utilizada como meio de dissuasão ou inibição contra atos de rebeldia. Evidentemente que essa palavra “vara” pode ser entendida de maneira radical, literal, ou conotativa. Entendemos que castigar a criança desobediente, rebelde, que não aceita os limites definidos por seus pais, pode (e deve) sofrer algum tipo de reprimenda, que pode ser desde uma repreensão verbal severa, uma ordem incisiva para corrigir o malfeito, ou um castigo com a privação de algum direito que a criança, ou o adolescente possa ter. Se uma criança, que já entende o que é certo e o que é errado, insiste em praticar o errado, causando prejuízo a si, à sua família ou à sociedade, precisa ser corrigida. Os pais podem privála de um passeio de bicicleta; de ir à casa de um colega para brincar; podem cortar a mesada da semana; podem proibir que assista televisão, ou acesse à internet, durante alguns dias; não levála ao parque de diversão, etc. Tudo isso pode ser entendido como “vara” da correção. Em alguns casos, o uso da “vara” pode ser uma palmada numa criança de poucos anos para que ela entenda que a desobediência tem um preço a pagar; para que ela entenda que quem governa a casa são seus pais, e não ela própria; para que ela aprenda, por um meio doloroso, que a desobediência não compensa; quando se trata de préadolescentes 45
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ou adolescentes, os pais não devem usar castigos físicos, como palmadas, chineladas, ou coisas semelhantes. A privação de passeios e de outros direitos tem mais efeito. Se forem jovens, a partir dos 18 anos, somente o diálogo com firmeza e a repreensão firme com autoridade podem ter resultados benéficos. Mas os educadores materialistas debocham e desdenham da educação com base na Palavra de Deus. Em seus discursos acadêmicos demagógicos, dizem que mesmo a palmada corretiva não deve ser aplicada, pois a criança aprende a bater nos outros. A prática demonstra o contrário. Os marginais, os bandidos, os violentos que estupram, assaltam e matam, via de regra, são oriundos de lares onde não há disciplina corretiva; de lares onde os pais não tiveram ou não têm autoridade sobre os filhos. Essa é a realidade. Se for feita uma pesquisa na Fundação Casa,3certamente essa afirmação poderá ser confirmada. Disciplinar, adequadamente, de acordo com a idade do filho, é um ato de amor. Provérbios 13.24 ensina que pais lenientes, que não disciplinam seus filhos, na verdade não os amam. O que ama seus filhos os disciplina “a seu tempo”, ou seja, de acordo com a faixa etária e a idade mental deles. 4. Os resultados da disciplina corretiva
A disciplina, de acordo com a Bíblia, não visa impor um regime de medo ou terror, nos lares. De modo algum. A disciplina, quando bem aplicada, com amor e sabedoria, produz efeitos saudáveis na formação espiritual, emocional e social dos filhos (Pv 29.15). Se envergonha a mãe, certamente também envergonha o pai. Mas o resultado esperado de uma boa disciplina é dar sabedoria ao filho em formação. Outro texto mostra que a disciplina produz descanso aos pais e alegria para os mesmos (Pv 29.17). O diálogo é mais valioso do que a aplicação da medida corretiva. Explicar por que determinada atitude foi inadequada faz a criança entender o que é certo ou errado. Dependendo da idade, a criança que recebe uma palmada pode não relacionar o castigo físico com o que fez de errado. Mostrar à criança por que determinada atitude não foi boa, colocandose no lugar da pessoa prejudicada, é a melhor solução. 3 Antiga FEBEM.
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10- COMO VENCER A ONDA MATERIALISTA 1. O valor da observância dapalavra Diz a Bíblia: “Como purificará o jovem o seu caminho? Observan doo conforme a tua palavra. De todo ao meu coração te busquei; não me deixes desviar dos teus mandamentos. Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti”(SI 119.911). Como o adolescente ou o jovem pode ter um caminho puro diante de Deus, em meio a uma onda avassaladora de materialismo e pecado? O texto transcrito dá a orientação divina: “Observandoo conforme a tua palavra”. É indispensável que o adolescente e o jovem cristão conheçam a Palavra de Deus. Do contrário, como poderá observar, ou seja, viven ciar suas experiências, seu comportamento, suas atitudes “conforme” a Palavra de Deus? Hoje, em muitas igrejas, é comum haver adolescentes completamente alheios às coisas de Deus; há muitos que não têm qualquer compromisso com o Senhor Jesus Cristo; estão nas igrejas porque acham que é bom, mas não querem fazer nada que “atrapalhe” seus sentimentos, seus desejos, ou suas inclinações, mesmo que estas contrariem a Palavra do Senhor. Isso é trágico, pois, se os adolescentes osjovens de hoje não tiverem uma boa formação espiritual, como o serão, em poucos anos, quando alcançarem a fase adulta? E esta vem rápido. Daí, a importância de as igrejas locais terem um programa de ensino para essas faixas etárias, tanto na Escola Dominical quanto em outras ocasiões. Eles gostam de desafio. E precisam ser desafiados a buscar a Deus, a ler a Bíblia, numa programação que os atraia para os caminhos do Senhor. Gincanas bíblicas, competições interessantes, maratonas de conhecimento bíblico, e outros eventos, podem despertar o interesse dos adolescentes. Com sabedoria e graça de Deus, é possível tornar a ministração da Palavra aos adolescentes agradável e interessante para sua idade. 2. BuscaraDeusdetodoocoração O salmo diz: “De todo o meu coração te busquei”. Uma das coisas mais gratificantes, na igreja local, é ver adolescentes e jovens, buscando a Deus, em oração, nas vigílias, na ED, nas reuniões de jovens, nos retiros, na evangelização, nos cultos de doutrina. Sem essa busca, não há esperança para a juventude. Mas cremos ser possível envolver os adolescentes no programa da igreja local, de forma que sejam despertados a 47
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buscar a Deus. Isso depende primeiro de Deus, visto que, sem Ele, nada podemos fazer. Ele é o “que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade” (Fp 2.13). Em segundo lugar, depende dos líderes, dos obreiros, dos pastores, dos líderes de mocidade. Esses precisam da unção de Deus para trabalhar com adolescentes, servindolhes de exemplo e de referência. 3. Nãosedesviar dosmandamentosdo Senhor
Todos os sistemas modernos, seja de educação, de economia, da vida social, dos divertimentos, do lazer, da informática, da internet, tendem a desviar os adolescentes e jovens dos princípios emanados da Palavra de Deus. 4. A sportas do inferno nãoprevalecerão
“Respondendo aos discípulos sobre quem seria sua pessoa, Jesus disse: Eu “edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Todos os ensinos materialistas fazem parte do arsenal diabólico das “portas do inferno”, levantadas acirradamente contra a Igreja do Senhor Jesus. Ao longo dos séculos, elas têm combatido fortemente os arraiais dos cristãos, mas não prevalecerão”. Jamais devemos nos deixar dominar por pensamentos de derrota, que nos levam a crer que o mal prevalecerá sobre nós. De modo algum. Doutrinando aos romanos, Paulo escreveu o verdadeiro “cântico de vitória” do cristão, mostrando que nem a perseguição, nem a angústia, nem a espada, são suficientes para nos derrotar (Rm 8.3739). Esperamos que essas reflexões despertem as consciências dos servos de Deus, nos tempos presentes, para os terríveis perigos que rondam e assaltam muitos cristãos, principalmente, crianças, adolescentes e jovens, através dos ensinos materialistas. E que os pastores, ou líderes, procurem prepararse ou busquem ajuda de alguém, le vantado por Deus, com o preparo necessário para orientar as igrejas locais sobre como enfrentar o “tsunami” de materialismo, que, a cada ano, está se tornando mais forte e agressivo contra o povo de Deus. Temos tudo para vencer, no nome de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”.4 4 Elinaldo Renovato. de Lima. Perigos da pós-modernidade, p. 51-59.
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III - PORNOGRAFIA Pornografia “é a representação, por quaisquer meios, de cenas ou objetos obscenos, destinados a serem apresentados a um público e tainbém expor práticas sexuais diversas, com o intuito de despertar desejo sexual no observador. O termo deriva do grego pórne, “prostituta”, grafé, representação”.5 Em décadas passadas, representações pornográficas se limitavam a revistas, vendidas de modo discreto, em livrarias ou pequenos estabelecimentos que distribuem material de divulgação. Mas, com o advento da internet, a pornografia tomou proporções mundiais e fora de qualquer controle. O que só seria possível ver em filmes, chamados “pornô”, em sessões de cinema para adultos, está à disposição de crianças, adolescentes e jovens, na tela dos computadores. As imagens pornográficas em filmes e DVD’s são engodos, ou iscas paraadolescentes,jovens e adultos, que se deixam dominar pelos instintos carnais descontrolados. E muitos se tornam viciados, a tal ponto de haver clínicas especializadas em tratar pacientes com esse distúrbio. As famílias que ser vem a Deus têm fundamentos sólidos para vencer essa onda maligna de pornografia, que tem destruído casamentos e lares cristãos. 1. “N ãoporei coisa má diantedos meus olhos”(Sl 101.3).
A Palavra de Deus ensina o valor da santificação do corpo. Mara vilhoso instrumento, dado por Deus ao ser humano, o corpo é visto, na Palavra de Deus, em sua dimensão espiritual de grande significado. Os olhos, como “janelas da alma”, são maravilhas do Criador, que permitem à alma comunicarse com o exterior, absorvendo imagens dos objetos em suavolta. Mas os olhos do cristão, assim como todas as partes do seu corpo, devem ser utilizados como instrumentos para a glória de Deus. Por isso, o salmista exorta: “Não porei coisa má diante de meus olhos”. “Coisa má”é tudo aquilo que atrai o sentido da visão, e tem a repro vação de Deus. Fixar o olhar em pornografia, sem dúvida alguma, não glorifica a Deus. Valorizar a pornografia é desonrar a visão, que foi dada para ser bênção e não maldição. Fixar o olhar em cenas de sexo ilícito, de adultério, de pedofilia, de homossexualismo, de lesbianismo é atitude pecaminosa contra a santidade do corpo. 5 PORNOGRAFIA. Disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Pomografia. Acesso em 04/04/ 2012.
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2. O corpo— templo doEspírito Santo
Na visão cristã, o corpo não é apenas formado de “cabeça, tronco e membros”, externamente, e um conjunto de órgãos internos vitais para a vida ativa e consciente. O corpo é “templo do Espírito Santo”. Diz Paulo: “Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6.1820). Uma das coisas que mais contribui para a prostituição é o interesse pela pornografia. Milhões de pessoas, incluindo cristãos, são vítimas da pressão da pornografia. Até homens de Deus têm sido envolvidos pelas teias dessa rede carnal da pornografia. Por quê? Certamente, pela falta de oração e da vigilância (Mt 26.41); falta de um exercício diário e contínuo, do processo da santificação. É impossível vencer os tentáculos da pornografia, sem a santificação diária. Diz a Bíblia: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). A família tem sido atingida pela pornografia de maneira destruidora. No aconselhamento pastoral, temos recebido esposas que com amargura no rosto, dizem ter descoberto que seus maridos são viciados em pornografia. Homens que deixam suas esposas de lado, e se voltam para a internet, para a prática do chamado “sexo virtual”, que é a expressão sofisticada da pornografia. Casamentos têm acabado por causa desse mal que se espalha por toda aparte, como uma praga“que assola ao meio dia”. A Bíblia aconselha o recurso maravilhoso para vencer a tentação da pornografia, que tem sido muito aceita pela sociedade sem Deus, materialista e hedonista. Diz Paulo: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que éjusto, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4.8). Se um jovem ou um adulto se interessa por imagens pornográficas é porque sua mente está impressionada com esse tipo de divulgação. À luz do texto de Paulo aos filipenses, ver pornografia não passa no teste da ética cristã. Não éverdadeiro, não éhonesto, não éjusto, não é puro, não é amável, não é deboa fama, nem há qualquervirtude na pornografia, nem tampouco algum louvor,para que mereçaa valorização do servo ou da serva deDeus. 50
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IV - DROGAS A família tem sido atacada no lado espiritual com as investidas satânicas que propõem a sua destruição, com novas formas de “configurações familiares”, incluindo as chamadas “uniões homoafetivas”, condenadas pela Palavra de Deus. Mas há também outros ataques, de ordem espiritual e social. Os vícios têm sido agentes do Maligno, para destruir vidas preciosas. Pais de família são levados à morte precoce, por causa do tabagismo, do alcoolismo e dos tóxicos. 1. O quesão as drogas
Na linguagem da Medicina, há vários conceitos de drogas: Medicamentos. Para os médicos, drogas são medicamentos. Na linguagem farmacêutica, drogas são fármacos, ou remédios. Daí o nome drogaria, como sinônimo de farmácia. Quando você toma uma aspirina, está tomando uma droga. A palavra droga tem origem numa palavraholandesa, “droog”, que significa“folhaseca”.Vem do tempo em quetodos os remédios eram de origem caseira, na base dos vegetais. Também se definem como substâncias naturais, químicas ou sintéticas que produzem alterações físicas ou psíquicas em quem as usam. Drogaspsicotrópicas. Elas atuam no cérebro, e modificam o equilíbrio do psiquismo. O uso de medicamentos pode ajudar o organismo arestaurar seu funcionamento, ou prejudicálo. Depende da aplicação ou da dose. Por isso, não se deve tomar medicamento sem a orientação de um médico. A chamada automedicação tem causado grandes prejuízos e até provocado a morte. 2. Classificaçãodasdrogasquantoaoseu uso
Há as drogas chamadas lícitas, e as ilícitas. As drogas lícitas são, naturalmente, os medicamentos prescritos pelos médicos; e há as drogas lícitas, não prescritas pela medicina, mas permitidas legalmente, como é o caso do fiimo e da bebida alcoólica. As drogas ilícitas são as que têm uso proibido por lei: maconha, cocaína, crack, cola de sapateiro etc. Para o cristão, só é permitido o uso de drogas que sejam classificadas como medicamentos, desde que prescritos pelo médico. Desrespeitar essa orientação é incorrer no risco de sofrer consequências prejudiciais ao corpo, que é considerado, na Bíblia, templo do Espírito Santo, e deve ser muito 51
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bem cuidado em todos os aspectos. Nesta reflexão, abordamos as chamadas drogas lícitas, que são prejudiciais, e, de modo especial, as drogas ilícitas. 3. Os efeitos das drogas
Como colaboração a nossos leitores, visando alertar para o perigo das drogas, ou dos tóxicos, mostraremos, com base em informações médicas, ou técnicas, algumas drogas e seus efeitos. 3.1. Osefeitos das chamadas drogas lícitas. Aqui, não enfocaremos os
medicamentos, e, sim, as substâncias não prescritas pela medicina. a)
Ofumo. O “consumo pode provocar hipotonia muscular, di-
minuição dos reflexos tendinosos, aumento do ritmo cardíaco, da frequência respiratória e da pressão arterial, irritação das vias respiratórias, aumento da mucosidade e dificuldade em eliminála, inflamação dos brônquios (bronquite crônica), obstrução crônica do pulmão e graves complicações (enfisema pulmonar), arteriosclerose, transtornos vasculares (exemplo: trombose e enfarte do miocárdio); além de frigidez na mulher, e impotência sexual no homem. Em fumantes crônicos, podem surgir úlceras digestivas, faringite e laringi te, afonia e alterações do olfato, pigmentação da língua e dos dentes, disfunção das papilas gustativas, problemas cardíacos, má circulação (que pode levar à amputação) e cancro do pulmão, de estômago e da cavidade oral. O tabagismo materno influencia no crescimento do feto, especialmente no peso do recémnascido, aumento dos índices de aborto espontâneo, complicações na gravidez e no parto e nascimentos prematuros. A vitamina C é destruída pelo tabaco, por este motivo aconselhase o fumante a tomar doses extras de antioxidantes (vitaminas A, C e E), para ajudar a prevenir certos tipos de cancro”. Veja bem. O fumo é uma droga lícita. A lei não o proíbe. Mas causa uma verdadeira destruição no organismo. E por que é lícita? Porque o governo arrecada impostos elevados pelo consumo de fumo! Mas a pessoa inteligente, que dá valor à saúde e à vida, não vai se deixar dominar pelo tubinho branco de substâncias cancerígenas. “Fumar de um a quatro cigarros por dia aumenta em cinco vezes a chance de uma mulher morrer de câncer de pulmão e em três vezes a chance de um homem morrer da mesma doença. As taxas de mortalidade também aumentam de acordo com o número de cigarros consumidos diariamente”. Assim, 52
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o fumo é uma droga, que destrói a saúde dos jovens, e de todas as pessoas dominadas pelo assassino silencioso. b) Bebidas alcoólicas. O que muitos não sabem é que por trás do
vício do alcoolismo, há um componente espiritual muito perigoso. E ação maligna, do Diabo, que procura destruir vidas preciosas (Pv 20.1). Em Provérbios 23.1921, o sábio mostra que há um perigo no vinho e que ele é enganador. Os efeitos danosos sobre a mente e o corpo também são descritos de maneira eloquente pelo escritor de Provérbios (Pv 23.2935). A família cristã pode ser considerada feliz, por não estar, em sua maioria, sofrendo o efeito do alcoolismo na vida de seus componentes que são salvos em Cristo Jesus.
V - DELINQUÊNCIA Delinquência significa o “ato de delinquir”, ou o “estado do delinquente”. E a prática costumeira de delitos, que podem ser contra a pessoa, contra a propriedade, sem conotação política. Na sociedade atual, a delinquência tem aumentado significativamente. A cada dia, os roubos, os furtos, as agressões e as práticas nocivas fazem parte constante do noticiário em todos os meios de comunicação. Praticamente, não há um só dia, em que não se divulguem notícias de delitos sociais. Sintoma de uma sociedade doente, espiritual, moral e socialmente que rejeita aquE le que pode trazer paz ao homem, ao “Príncipe da Paz”(Is 9.6),"... o Desejado de todas as nações” (Ag 2.7). Os governantes, os legisladores e os juristas aprovam medidas que afrontam a Lei de Deus. O resultado não pode ser outro, a não ser uma nação degradada espiritual e moralmente. O poder transformador da Palavra de Deus é capaz de livrar a família dos efeitos perniciosos da maldade humana. Num lar cristão, que se pauta pelos ensinos da Bíblia, seguramente, há muito mais probabilidade de haver pessoas ajustadas, equilibradas, que busquem a harmonia e o bom relacionamento entre os seus semelhantes. Mas as autoridades públicas não valorizam a Palavra de Deus, por entenderem que se trata de um livro de religião, e o “Estado é laico”. De fato, o Estado deve ser laico. Quando o Estado é religioso, ou teocrático, a História tem mostrado que se cometem terríveis injustiças, como acontece em países orientais, dominados por religiões sectárias. 53
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Mas o Estado não precisa ser antiDeus, contra a Bíblia e afrontar os princípios sagrados, que só trazem benefício às famílias e à sociedade. Rejeitando a Palavra de Deus, as autoridades públicas cometem grave erro. Diz a Bíblia: “A justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos”(Pv 14.34). No Brasil, o Supremo Tribunal Federal é a Corte Suprema da Justiça, e muitos benefícios tem produzido em favor da sociedade. Mas, infelizmente, dominado porjuizes liberais, em termos sociais, aprovou, e certamente vai aprovar, medidas que afrontam a Deus, à sua Palavra e seus princípios. Tudo isso em nome da modernidade, e da evolução dos costumes. A psicóloga Maria Delfina Farias Dias, após realizar seu trabalho de mestrado apresentado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), chegou a algumas conclusões sobre a delinquência juvenil no país.6Ela analisou 40jovens em situação de risco entre 12 e 18 anos das cidades de Santos e São Paulo com situações econômicas semelhantes. Os santistas fazem parte de um grupo de infratores que respondiam processo najustiça por uso de drogas, furto e assalto. Já os paulistanos não eram infratores e frequentavam o Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA), da Unifesp. Os dados apontam que 35% dos infratores possuem algum tipo de problema familiar. No grupo de não infratores apenas 8,7% apresentam o mesmo distúrbio. “Há, principalmente, uma grande quantidade àefa mílias monoparentais entre os adolescentes que cometeram crimes”, afirma Maria Delfina (grifo nosso). Esta conclusão merece nossa análise. Grande parte dos infratores possuem problemas familiares, e “grande quantidade de famílias monoparentais”. Isso significa famílias que só tem um pai ou uma mãe, responsável pelos filhos. O que quer dizer? Que são famílias destruídas, pelas separações entre os pais. As causas são muitas, mas, seguramente, a principal, é a falta de Deus no lar, na família. Pais cristãos, unidos pelo amor deDeus, epelo amor conjugal verdadeiro, não se separam. Só se divorciam quando esse amor deixa de existir. Quando desobedecem à Palavra de Deus. A pesquisadora demonstra que “os pais dos infratores tinham um distanciamento da vida cotidiana de seus filhos: tiveram dificuldades em responder quem eram os amigos, quais eram os lugares de lazer, quais os sonhos e expectativas de futuro. “Eles, assim, se envolviam pouco com a vida dos filhos e tinham uma 6 DIAS, Maria Delfina Farias. Delinquencia Juvenil. Disponível em: http://www2.uol.com.br/ aprendiz/n_noticias. Acesso em: 11/04/2012.
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organização pouco rigorosa, não sabiam a hora que eles chegavam em casa, nem sugeriam um limite”. Conclusão bem interessante. Pais que não se envolvem com a vida dos filhos nem sabem impor limites aos mesmos, conforme já dissemos anteriormente neste estudo. O Estado pretende punir os pais que disciplinarem seus filhos, criminalizando até umapalmada corretiva! O que se espera de um País assim? Uma geração permissiva, que não respeita limites, não respeita a autoridade dos pais, nem autoridades constituídas, nem a Lei. Um número que assustou a pesquisadora diz respeito à presença de familiares próximos dos jovens infratores com problemas mentais. Nas entrevistas, mais de 35% dos jovens afirmaram ter parentes com problemas como o alcoolismo ou vício em drogas. “São números altos que demonstram a necessidade de intervir na realidade dessas famílias de maneira sistemática criando políticas públicas para atendêlas”, diz Maria Delfina”. Mais uma vez, nossa observação: parentes com problemas de alcoolismo. Por quê? Porque, desde a adolescência, aprenderam que fazer uso de bebida alcoólica é “chique”, é para “homem”, é ser atualizado. A família cristã não está imune a essas mazelas. Porém tem muito mais oportunidade de vencer as forças malignas que visam destruir os lares e as famílias. Outro fator de risco para a inserção desses jovens na criminalidade constatado na pesquisa é a defasagem escolar. No grupo de infratores, apenas dois dos entrevistados tinham concluído o Ensino Fundamental. A maioria era multirrepetente e apresentava histórico de não adaptação ao cotidiano escolar. “As escolas não estão preparadas para atender aos adolescentes com comportamentos desviantes’ e não têm recursos para estimular esses alunos”, reclama a pesquisadora. O IBGE constatou, há alguns anos, que a taxa de escolaridade, entre os evangélicos, é mais alta que a média nacional. E significativo. As famílias cristãs costumam estimular a leitura da Bíblia. E isso contribui para melhorar o índice de alfabetização e de leitura.
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“Porqueo filho despreza opai, afilha selevanta contra sua mãe, a nora, contra sua sogra, os inimigos dohomem sãoosdasuaprópria casa”(Mq 7.6).
conflitos na família podem ser resolvidos com a graça e o amor no coração. O melhor mediador é o Espírito Santo. Os inimigos da instituição familiar tradicional, da família nuclear, formada na união dos pais, dos filhos e seus descendentes, costumam usar argumento falacioso de que, no mundo pósmoderno, não há mais lugar para esse tipo de família. Os conflitos em família não são incomuns, pelo contrário, desde os tempos primordiais eles existem. São fruto natural da desobediência do ser humano ao seu Criador. No lar edênico, antes da Queda, havia um ambiente perfeito, de paz, harmonia e amor. Não sabemos quanto tempo durou a “lua de mel”entre Adão e Eva. Como se depreende do texto bíblico, o Criador visitava o primeiro casal diariamente, “pela viração do dia”(Gn 3.8), no final das tardes maravilhosas do Paraíso. Entretanto, o “dia mau” (Ef 6.13) chegou e eles não tinham a armadura de Deus de que as famílias cristãs dispõem. Ouvindo a voz do Tentador, perderam a doce e gloriosa comunhão com Deus. E a tragédia humana começou. Vieram os filhos. O primogênito, Caim, levantouse contra o seu irmão, Abel, e o matou, por inveja, face a aceitação, pelo Senhor, do sacrifício do seu irmão. Este primeiro conflito entre irmãos de início à terrível saga da morte por homicídio no mundo. A Bíblia, livro
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espiritual e histórico original da experiência do homem na Terra, conta inúmeros casos de conflitos familiares. Abraão teve sério conflito com a sua esposa, pelo fato de ter tido um filho com a sua serva. A bigamia trouxe problemas familiares. E o patriarca teve que expulsar ajovem concubinajuntamente com seu filho. Entre os profetas, houve famílias conflituosas. Eli teve filhos trabalhosos, que lhe causaram grandes problemas (1 Sm 2.22). Entre os reis de Israel, não foram poucos os problemas familiares. Normalmente, eram conflitos no seio de famílias numerosas, descendentes de casamentos poligâmicos. Davi é um caso emblemático. Ele tinha mulheres e concubinas. Seus filhos lhe causaram muitos problemas. Um deles, Amnom, apaixonouse por sua meiairmã (2 Sm 13.1). Usando de astúcia, enganou ajovemTamar e abusou dela sexualmente, violentando a (2 Sm 13.122). Houve revolta na família, e, tempos depois, esse filho foi assassinado pelo irmão da moça, Absalão. O resultado foi uma guerra entre o filho e o rei, com graves consequências para a família. Absalão morreu na batalha, de modo trágico e doloroso para o pai. Há outros casos igualmente marcantes. Mas os conflitos entre as famílias, entre pais e filhos, entre irmãos, entre parentes, ao longo da história, têm sido comuns. Mesmo entre famílias cristãs, há inúmeros conflitos. A razão é a mesma: o pecado, a desobediência a Deus e a seus princípios, para o relacionamento entre as pessoas. Quando um esposo discute com a esposa ou viceversa, em tom de desrespeito, é falta de amor a Deus, e de amor ao seu próximo (Mt 22.3440). A exortação bíblica manda o marido amar sua esposa “como Cristo ama a Igreja” (Ef 5.25). E a esposa deve a submissão no amor a seu esposo, “como a Igreja está sujeita a Cristo” (Ef 5.22). Sem esse relacionamento, baseado no amor a Deus e no amor conjugal verdadeiro, os conflitos são inevitáveis. Quando pais brigam com seus filhos, faltandolhes com o respeito, ou, quando filhos faltam com respeito a seus pais, é porque a linha demarcatória do amor foi rompida. A Bíblia diz: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa, para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra. E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criaios na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.14). Os conflitos podem ser evitados na família cristã, com a presença marcante de Deus no lar. Além disso, no lado humano, quando há diálogo sincero e amoroso, entre pais e filhos; quando há respeito, afeto e amor; o relacionamento 57
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familiar, protegido pela bênção de Deus, tornase agradável e estimulante. E possível, sim, evitar ou amenizar conflitos no lar cristão. Podemos todas as coisas “naquele que nos fortalece” (Fp 4.13).
I - DESENTENDIMENTO ENTRE OS CÔNJUGES 1. Temperamentos diferentes
Os psicólogos que aceitam a teoria dos temperamentos entendem que temperamento “...é a combinação de características inatas que herdamos dos nossos pais que, de forma inconsciente, afetam o nosso comportamento”.1Numa conceituação livre, podemos dizer que temperamento é a maneira própria pela qual reagimos aos diversos estímulos e situações que se nos apresentam em nossa vida diária. Segundo a teoria, há quatro temperamentos: sanguíneo e colérico (extrovertidos); melancólico e fleumático (introvertidos). Segundo essa teoria, muito antiga, todas as pessoas têm virtudes (ou qualidades) e defeitos. No caso dos cônjuges cristãos, eles não estão isentos das diferenças de temperamentos ou diferenças pessoais. Tais diferenças têm forte componente genético adquirido dos pais. Se um esposo é colérico, bastante enérgico, decidido, no lado das qualidades; pode ter problemas no relacionamento conjugal, se deixar se dominar pelos seus defeitos de prepotência, impaciência e insensibilidade diante de uma esposa que é muito sensível e minuciosa. O colérico quer fazer tudo à sua maneira e com rapidez em suas decisões. Se a esposa fleumática deixar se levar pelos defeitos de temperamento, com egoísmo e inflexibilidade, poderá haver sérios conflitos no lar. A mesma análise, confrontando virtudes e defeitos dos demais temperamentos, pode ser aplicada ao relacionamento conjugal. O desejável é que haja compreensão e amor no relacionamento entre cônjuges. O colérico, que deseja tudo com muita rapidez, deve compreender sua esposa fleumática, que gosta de ver as coisas com mais calma e minúcias. Sem amor não é possível um entendimento saudável. Em todos os casos, 0 que deve prevalecer, no lar, é o entendimento, a harmonia conjugal (SI 133.1). Os casais cristãos são formados por “irmãos” em Cristo. E precisam saber viver com harmonia. 1 O que é Temperamento: Disponível em http://educamais.com. Acesso em 17/04/2012.
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A diferença de temperamento pode ser muito benéfica. É preferível a temperamentos idênticos. Imaginese um esposo colérico em confronto com uma esposa de mesmo temperamento. E se um esposo é fleumático, que não tem pressa para nada, e uma esposa com a mesma maneira de agir. As decisões podem ser prejudicadas pela falta de diligência de ambos. Mas, quando um quer ser apressado, e o outro procura influenciar em ter mais calma, isso ajuda muito, promovendo equilíbrio nas decisões. O fator de equilíbrio entre os temperamentos diferentes é o amor. Diz a Palavra de Deus que o amor “tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta”(1 Co 13.7). 2. Formação familiar diferente
Durante o namoro e até no noivado, é comum o casal aspirante ao casamento não se preocupar muito com a formação familiar de cada um deles. Mas a experiência demonstra que muitos conflitos são provocados por esse fator. A Bíblia exorta que os pais devem criar seus filhos “na doutrina e admoestação do Senhor”. Quando ajovem tem uma boa formação cristã, tende a valorizar as coisas espirituais. Se ela se casa com um rapaz que não tem a mesma formação; é convertido, mas não teve em seu lar o zelo pela Palavra de Deus, pela igreja, pela vida espiritual, podem surgir conflitos muitas vezes prejudiciais ao relacionamento conjugal. Daí, porque Paulo aconselhava de modo solene: “Não vos prendais a umjugo desigual com os infiéis”(2 Co 6.14). Vemos casos em que uma jovem cristã casase com um jovem que aceitou a Cristo, mas teve forte influência da família, adepta de outra religião. Com o passar do tempo, o esposo resolve insurgirse contra a igreja evangélica por considerála muito rígida. O resultado são conflitos conjugais. 3. D ívidas
As dívidas, como inimigos do lar, são aquelas efetuadas sem controle, além das possibilidades da renda familiar. Essas, dentre outras coisas, trazem consequências negativas e podem ser causa de conflitos conjugais. Uma pessoa endividada fica intranquila, pensando no compromisso não saldado. Muitos ficam sofrendo de doenças nervosas por causa de dívidas. As dívidas, contraídas além das possibilidades do casal, perturbam o relacionamento, gerando muitos conflitos. Quando um dos cônjuges resolve intervir, reclamando cuidado com as finanças do lar, o outro se 59
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aborrece, dizendo que tem o direito de gastar. O outro cônjuge sentese ferido, por não ser ouvido. E os conflitos aumentam. Como evitar conflitospor causa de dividas
Para evitar conflitos por causa de dívidas, alguns conselhos podem ser úteis: •Se possível, procure comprar à vista. •Se tiver de comprar a prazo, avalie o quanto vai comprometer do seu orçamento familiar com a prestação assumida. Não é bom comprometer toda a renda. •Ofereça resistência ao desejo de comprar. O cristão só deve comprar aquilo que é necessário. Às vezes, os vendedores tentam “empurrar” as coisas de qualquer jeito. Só depois, é que o comprador verifica que poderia ter passado sem “aquelas coisas”. •Jamais faça empréstimos para adquirir coisas supérfluas. É preferível manterse dentro de um padrão mais modesto de vida, somente com as coisas necessárias, do que tornarse um endividado por causados artigos que são dispensáveis (Pv 22.7). •Tenha muito cuidado em ser fiador. Ficar por fiador de um companheiro já não é coisa boa, conforme Provérbios 6.1; e ficar por fiador de um estranho, é pior ainda. Leia Provérbios 11.15; 17.18; 20.16; 22.26; 27.13. • Faça um orçamento familiar. 4. Desconfiança entreos cônjuges
Tem sido uma das principais causas de conflito no matrimônio. O casamento só tem sentido quando fundado no amor verdadeiro. Quando o casal se ama de verdade, não há motivos para desconfianças ou ciúmes infundados. Paulo diz que “a caridade”, ou “o amor”... “não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita maf (1 Co 13.5b — grifo nosso). Em outra tradução, diz: “não arde em ciúmes”. O ciúme é um sentimento de caráter emocional, mas também resulta de uma influência espiritual. A Bíblia fala de “espírito de ciúmes” (Nm 5.30). Há quem pense que ter ciúme é prova de amor. É engano. Prova de amor é ter zelo pelo cônjuge, é cuidar de sua segurança espiritual, amorosa e conjugal. Mas ter ciúme, no sentido de demonstrar atitudes de insegurança, de profunda insatisfação, ira ou depressão, é si 60
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nal de desconfiança, e, sobretudo, de insegurança. Segundo a Psicologia, ciúme pode ser sinal de medo de perder a pessoa ou o objeto amado. E sentirse inferior a alguém que pode “tomar”o seu parceiro. As vezes, as desconfianças têm razão de ser. Se um esposo tem determinado comportamento e, depois de algum tempo, começa a demonstrar diferenças acentuadas, no relacionamento com a esposa, é motivo para preocupação. O cônjuge que sente insegurança começa a ver motivos de provável infidelidade em muitos detalhes da vida do outro. E começa a questionar várias coisas. Começa a indagar por que o outro está chegando mais tarde do que de costume; o esposo demonstra insegurança, e diz que estava trabalhando, quando, na verdade, estava em companhia de pessoa estranha; a esposa percebe que o esposo está com odor diferente; que não mais a procura para ter relações, como antes. Não quer mais ir para aigre ja. E, assim, dá vários motivos para a desconfiança. Em princípio, vêm as cobranças; depois, vêm as discussões e os conflitos. Ê sinal de infidelidade quando um cônjuge começa a se irritar e a ficar agressivo, quando é cobrado por mudança de comportamento. Alguém já disse que a mulher, quando desconfia, é porque algo está acontecendo de verdade. Das irritações, o cônjuge infiel passa para a agressão e as ameaças. Isso tem sido comum, em observações, no aconselhamento pastoral. O cônjuge errado ameaça o outro, buscando encobrir sua conduta pecaminosa. Não demora muito, e, como “... nada há encoberto que não haja de ser descoberto; nem oculto, que não haja de ser sabido” (Lc 12.2), o pecado vem à tona. A infidelidade é descoberta, o casamento é prejudicado e a família é envergonhada. O lar é atacado pelos ventos malignos da traição. Só um milagre de Deus, no coração do traidor pode mudar a situação. E um milagre no coração do cônjuge traído para perdoar e aceitar a restauração do casamento. 5. Tratamentogrosseiro O lar deveria ser sempre um ambiente de paz, união e harmonia no relacionamento entre seus integrantes. Mas, infelizmente, há lares que se comparam à praça de guerra, de lutas e desentendimentos. Um dos motivos para a infelicidade, no seio do casamento e da família, é o tratamento indelicado, grosseiro e descortês. Um lar em que a família se trata assim não deve ser chamado de lar cristão. Onde Cristo habita, deve haver amor, compreensão, respeito, diálogo e tratamento cordial. Onde Cristo habita, existe a prática do fruto
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do Espírito (G1 5.22). Onde o Espírito Santo tem lugar, há amor, há alegria, há paz, há longanimidade, que é a paciência para suportar os defeitos e falhas dos outros; há bondade, há mansidão, há temperança, ou domínio próprio. Os conflitos podem ser evitados com humildade, com oração, e com atitudes coerentes com pessoas que possuemJesus em suas vidas. Se um cônjuge trata o outro com indelicadeza, e ouve uma resposta no mesmo tom, é conflito na certa. Mas, se um está irritado, e o outro, em oração, pede a Deus a graça de responder como um nascido de novo, as coisas mudam, pois a “palavra branda desvia o furor” (Pv 15.1). Que Deus nos ajude a praticar as relações humanas, no lar, na igreja, e em toda parte, conforme o manual de Deus para o relacionamento familiar.
II - ATIVIDADES PROFISSIONAIS DOS PAIS 1. A mulher no mercado detrabalho
É um fenômeno característico das últimas décadas. Antigamente, as mulheres desempenhavam um papel puramente doméstico e contentavamse com isso. Elas eram mães de família, esposas e donas de casa. A cultura dos povos em geral relegava esse papel às mulheres. Mas, nos últimos anos, com o avanço do feminismo, o segmento feminino procurou liberarse das “amarras” da cultura patriarcal ou machista, e reivindicou os mesmos direitos que são concedidos aos homens. Nesse aspecto, os avanços foram enormes. A inserção das mulheres no mercado de trabalho tem aumentado de modo significativo. A urbanização acelerada, o processo de industrialização e as mudanças culturais, econômicas e sociais têm forçado a participação da mulher em atividades antes próprias dos homens. Por um lado, há um aspecto positivo. Inserida no mercado de trabalho, a mulher sentese incentivada a demonstrar que não se limita ao papel de mulher doméstica, e comprova que tem capacidade para realizar as mais diferentes ocupações sociais. O nível de estudo das mulheres tem aumentado, e elas concorrem com os homens aos cargos mais importantes da nação. Há queixas quanto à diferença de salário e de natureza dos cargos ocupados pelas mulheres, mas há uma evolução marcante nesse aspecto. Por outro lado, temos que considerar alguns aspectos negativos desse fenômeno.
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a)A mulhersubmetida àpesada carga detrabalho. Antes da revolução
feminista, as mulheres eram esposas, mães e donas de casa. Depois, com o avanço cultural, ela continua, via de regra, a desempenhar essas funções domésticas, mas desenvolve trabalhos em empresas e organizações diversas, passando a maior parte das horas úteis envolvida nas atividades profissionais. Como profissional, muitas vezes, tem que chegar tarde em casa, e o esposo se ressente de sua ausência. Os filhos sentem falta da mãe. Isso causa conflitos. Pode haver entendimento, mas há inconveniências a serem consideradas. A primeira e grande tarefa que a esposa tem como adjutora, na edificação do lar é na criação dos filhos ao lado do marido. Isso não é pouca coisa. Diz um provérbio: “Quem educa um homem, educa um cidadão. Quem educa uma mulher, educa uma nação”. E fácil entender. Uma mãe, quando cônscia do seu dever, contribui com parcela ponderável de sua vida na edificação moral e espiritual dos seus filhos que, no futuro, serão cidadãos úteis à nação. Pai e mãe, juntos, devem contribuir para a educação dos filhos. Não queremos dizer com isso que só a mãe deve preocuparse com a educação dos filhos. De modo algum. Essa é tarefa do esposo, igualmente. Diz Provérbios: “Filho meu, ouve a instrução de teu pai e não deixes a doutrina de tua mãe” (Pv 1.8). Entretanto, no lar, normalmente, na maioria dos casos, é o esposo que passa a maior parte do tempo fora de casa, durante o dia, no trabalho na fábrica, na repartição etc. A esposa, por outro lado, dedicase mais às atividades domésticas, diretamente no lar. Isso faz parte da necessária divisão do trabalho, para que haja melhor resultado do esforço comum. b) Osfilhos sofrem com a ausência da mãe. Com a mãe trabalhando
fora de casa, os filhos passam a viver com as empregadas domésticas, que, por melhor que sejam, não substituem a mãe. Não sentem pelas crianças o amor do seio materno. As crianças ficam desorientadas, con vivendo muitas vezes com pessoas sem a necessária educação. Por outro lado, ficam o dia todo diante da “babá eletrônica”, a televisão, sendo educadas pelos falsos tipos de heróis artificiais do vídeo. Está crescendo uma geração “biônica”: sem amor, sem afeto, sem carinho... Uma boa creche ainda supre, em parte, a falta da mãe. Mas, quem pode pagar uma boa creche? A nosso ver, sendo possível, é interessante que a mãe de família, obrigada a trabalhar, procure um emprego que 63
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ocupe só um expediente, coincidindo com o horário de aula das crianças. No outro expediente, expediente, é fundame undament ntal al o conta contato to da mãe mãe com com os fil filho hos, s, que que já sentem a ausência do pai durante o dia. Em grandes cidades, o pai sai de madrugada. Os filhos ficam dormindo. Quando retorna ao lar, já tarde, os filhos estão dormindo. Como se sentem esses filhos? E se a mãe também se afasta o dia todo? Certament mente e há gra grandes prejuízo prejuízos ness nesse e relacio relacioname namento nto famil amiliiar. ar. Por Por isso, “a “a mulher sábia edifica sua casa...” realidade dade é posit positiv iva a? Si Sim. Mas Mas c) O pre prejuíz uízo para para a mulher. Essa reali para o lar traz traz alguns alguns probl proble emas. mas. O acúmulo cúmulo de papéis, com o tempo, tempo, leva ao desgaste emocional e físico. Não se dedicando mais inteiramente ao lar e ao ao esposo, a mulher mulher se vê pressio pressionada nada para exerce exercerr os múlti múltiplo plos papéis papéis com com efici eficiência ência.. As As cobra cobrança nçass podem podem gerar gerar confli conflito toss sérios sérios no cacasame samento nto.. A Bíbl íblia diz: “To “Toda a mulher mulher sábia sábia edifica edifica sua sua ca casa, sa, mas mas a tola tola derruba derrubaa a com com as as sua suas mão mãos” (Pv (Pv 14.1). A mulher mulher sábi sábia a é a “mulher mulher vi virtuosa” de que fal fala Provérbios 31.10. Ela Ela tem capacidade de edific ficar a sua casa como adjutora do seu esposo ao lado dos filhos. d) Ospai pais ause ausente ntes do lar. Os pais são os líderes do lar de acordo
com a Palavra de Deus. Como líderes, devem ser exemplo para os filhos. Mas muito muitoss são são apenas apenas geni genito tores. res. Gera Geram m e deix deixam os filho ilhoss cresce crescere rem, m, dão dão alimento limento,, roupa roupa,, calçado, calçado, as melh melho ores res escol escola as (quando podem), podem), dão dão dinheiro e condições para sua independência. Mas, para a maioria, falta dar aos aos fil filho hoss o princ princiipal: pal: amor, amor, atençã atenção o, presença presença na sua formaçã rmação o, no seu desenvolvimento. A au ausência da mãe prejudica a for formação, a educação. A au ausência do pai prejudica a visão que o filho ou a filha deve ter das relações familiares. Muitos pais só dão atenção aos filhos quando eles estão doentes, ou são vítimas de algo trágico, de um acidente, ou ameaça de morte. No mais, mais, pa passam ssam os ano anoss sem sem terem terem diá diálogo, cont contato ato ou aproxi aproximaçã mação o com os filho filhos. s. Isso Isso é alta ltament mente e prejudicial. prejudicial. A prese presença nça do pai, no lar, lar, é fundamental para a formação espiritual e emocional dos filhos.
III - A MÁ EDUCAÇÃ EDUCAÇÃO O DOS FILHO FILHOS S Entendese por má educação o mau comportamento dos filhos no lar ou fora dele. Neste aspecto, não nos referimos à educação formal dos bancos escolares. Os lares estão prejudicados quanto à educação 64
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comportamental. Com o excesso de ocupação dos pais, os filhos são entregues entregues a creches, creches, escol escolas as e a outras ent entiidades do sistema sistema educacioeducacional. Quem são os professores ou os mestres da maioria das crianças e adolesce adolescent ntes es nos di dias atu atuais? ais? Serão erão os docentes, docentes, nas nas esco escolas? las? Serã Serão o os professores da ED? Ou serão os pais, dedicados à formação espiritual, moral e ética de seus filhos? Nenhuma das respostas estaria certa. Infeli nfelizzmente, para nossa tristez tristeza a e graves raves prej prejuízo uízos para a naçã nação o, os “mestres” mestres”por por ex excelência celência dos fil filho hoss em geral geral são são os os ato atore res, s, as as at atriz rizes e proprodutores das empresas de telecomunicação. São os produtores de sites da internet nternet.. Po Poderiam deriam ser ser meio meioss úteis úteis para ajudar ajudar na educaçã educação o das das gera geraçõ ções. es. Mas, na prática, prática, são são ve veículos ículos eficazes para a má educa educaçã ção o de ger gera ações in inteiras. Adolescentes, dolescentes, no no Brasil Brasil,, segue seguem m muito muito mais mais o que lhes é ensina nsinado na novela novela de ado adollescent escentes es do que o que lhes lhes é repassa repassado do nas sal salas de aula. aula. Não é por por aca acaso so que, que, no meio das das igre igrejjas, há tanta tanta rebeldi rebeldia a entre entre adol dolesce escentes ntes e jovens. Ê raro raro ver ver ado adollesce escent nte es e jovens nos culto cultoss de oração ou de doutrina. Mas é comum vêlos diante da TV, assistindo a algum tipo de “lixo” “lixo” midiático. A Bíblia, íblia, o Liv Livro ro Sagrado, rado, exorta sosolenemente os adolescentes e jovens: “Afasta, pois, a ira do teu coração e remov remove e da tua carne o mal, porque porque a adolescê adolescênci ncia a e a juvent uventud ude e são são va vaidade. Lem Lembrate te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que ve venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles co contentamento ntentamento”” (Ec (Ec 11.10; 12.1). Filhos de pais ricos, que estudavam nas melhores escolas da capital do país, atearam fogo num índio, que dormia numa praça, matando o infeliz sem teto que ali estava. Filhos de pais abastados mataram uma jo jovem, po porque pe pensaram qu que el ela era uma prostituta. Fi Filhos de de cl classe média fazem parte das “torcidas organizadas”, que agridem, esfaqueiam, vi violentam e matam, nos estádios de fut futebol. Iss Isso é fru fruto da má educação. Mas a Palavra Palavra de Deus tem a soluçã solução. Diz D iz a Bíbli íblia: a: “Instrui “Instrui o menino nino no caminho caminho em que dev deve andar, andar, e, até quand quando o envelhecer, envelhecer, não se desvi desvia ará dele” (Pv 22.6). 22.6). Instrui Instruirr no caminho caminho quer quer diz dizer dar dar ensi ensiname namenntos, orient orienta ações ções e advertê dvertênci ncias as para a vida. É educar, ducar, no verda verdadeiro deiro sentido, tido, começa começando ndo pela pela parte parte espirit espiritual. ual. Um meni menino no educado ducado,, com base base nos princíp princípio ioss bíblico bíblicos, s, nã não pode ser ser ma male leducado ducado.. O conselho conselho sábio sábio de Paulo aos pais pais é sempre sempre atual atualiizado, ado, mesm mesmo o com o passar dos século séculos: s: “E vó vós, pais, não provoqueis a ira a vossos fil filhos, mas criaios na dout outrina e admoesta dmoestaçã ção o do Senhor” nhor” (Ef 6.4). 65
mi g o A Fa m ílíl i a C r i s t ã e o s A t a q u e s d o In i mi
IV - FALTA ALTA DE ESTRUTURA ESPIRITUAL ESPIRITUA L E MORA L A fam família tem si sido atacada no lad lado espiritual, co com as as in investidas satânicas que propõem a sua destruição. Grande parte das famílias, em todo o mundo, não tem estrutura para enfrentar as mudanças rápidas e desintegradoras das famílias. A fal falta de Deu Deus é o inimigo nú número 1 do lar. Ele Ele se revela quando o ambiente em casa é destituído de espiritualidade. Quando Deus está presente no lar, sentese uma atmosfera diferente, agradável e santa. O pai e a mãe mãe se se unem aos aos fi filho lhos para servire servirem m ao ao Senhor. nhor. Deu Deuss é o hóspehóspede invisível, mas real, que domina o ambiente da família. Em cada canto da casa, podese sentir Deus. Há harmonia entre todos. Há louvores. Há devoção sincera ao Senhor. As coisas de Deus são colocadas em primeiro lugar e o lar é uma continuação da igreja. Por Por outro la lado, quando quando Deus eus não não está no la lar, sent sente ese se que o ambi ambiente ente é carna carnall, pesa pesado, do, cheio cheio de ma manif nifestações estações mundanas. mundanas. As As coisa coisass materi materia ais estão estão em primeiro primeiro lugar. lugar. Só se pensa em prazere prazeress materiais, materiais, riquezas, riquezas, di dinheiro, nheiro, dive diversões rsões e co coisas isas mundanas! A casa casa éuma co contin ntinua uação ção do mundo. mundo. Há famílias denominadas cristãs só porque os pais são cristãos e têm Deus Deus em seu seuss coraç coraçõ ões, mas que não não conseguem conseguem ter a presença presença de Jes Jesus no lar, porque há um verdadeiro confli flito em casa. Como combater esse sse inimi nimigo go — a falta de Deus? Não Não é fácil. cil. O melh melho or é evitar evitar que ele se manifeste. É interessante que os que vão constituir família convidem Jes Jesus para se faz fazer presente no seu lar, mesmo antes de se casarem. Est Esta é uma preocupação abençoada.
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OS PERIGOS DO ADULTÉRIO “Nãoerreis: nemosdevassos nemosidólatras nem osadúlteros nemosefeminados, nemossodomitas, nem osladrões, nemosavarentos, nemosbêbados, nemosmaldizentes, nemosroubadoresherdarão o Reino deDeus”(1 Co 6.10). ,
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,
A prática do adultério tem aumentado no meio evangélico. E sinal ff
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do esfriamento do amor e do aumento da iniquidade. Como vemos no texto bíblico acima, os adúlteros estão na lista dos tipos de pecadores que não entrarão no Reino de Deus. O adultério é pecado gravíssimo aos olhos de Deus, o Criador do casamento, do lar e da família. A sociedade sem Deus, relativista e hedonista, não o vê como algo pecaminoso, e sim, como tendência natural do ser humano, que, segundo interpretação da teoria da evolução, o homem é polígamo por natureza, seguindo o exemplo de certos animais. No entanto, a visão cristã passa pelas lentes fortes e cristalinas da Palavra de Deus, que considera a infidelidade conjugal como vergonhosa traição aos princípios sagrados, estabelecidos por Deus para o casamento. Quando havia a poligamia, tolerada por Deus, no Antigo Testamento, só ocorria o adultério quando um homem ou uma mulher ultrapassavam todos os limites da liberdade concedida pela lei e pelos costumes daquela época. Era permitido ao homem ter mais de uma esposa, e era aceitável que, além de suas mulheres, tivesse concubinas, ao seu
A F a m íl i a C r is t ã e o s A t a q u e s d o In i m ig o
redor, para lhes atender às suas alegadas necessidades sexuais. Mas tal permissibilidade contrariava o plano original do Criador: a união con jugal entre um homem e uma mulher (como já foi visto em reflexão anterior). Assim, só adulterava, no Antigo Testamento quem perdia todo o senso de ética, de domínio próprio, e de santidade. No Novo Testamento, percebese que Deus mudou o seu tratamento para com a questão da fidelidade conjugal. Nos Evangelhos, não há uma só referência à poligamia, à bigamia, ou a qualquer outro tipo de arranjo para o casamento, com aprovação do Senhor Jesus Cristo. Quando ele responde aos fariseus, acerca do divórcio (Mt 19.112), o Mestre vai buscar, na origem de tudo, a base para a união conjugal, reafirmando o plano original do Criador (Gn 2.24). Uma só carne não é uma união emocional, espiritual, em que com as orações um santifica o outro. É a relação sexual entre o esposo e a esposa. Deus vê, no ato conjugal, uma união tão completa, que a define como sendo “uma só carne”. Através desta é que o cônjuge crente santifica o outro, mesmo que este não seja um cristão (1 Co 7.14). O texto referese à santificação do corpo apenas. Em sua doutrina sobre o divórcio, no mesmo texto, Ele mostra a monogamia, a união heterossexual, e o valor da fidelidade conjugal: “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher , não sendo por causa de prostituição, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com arepudiada também comete adultério”(Mt 19.9 — grifo nosso). A expressão sublinhada “sua mulher”e casar “com outra”é a reafirmação de Cristo quanto ao casamento monogâmico. Ele não diz “suas mulheres”, ou casar com “outras mulheres”, o que reforça avisão sobre a união con jugal. Mesmo havendo o divórcio, Ele confirma que aquele que “casar com outra” comete adultério, se não for por infidelidade. Esse texto mostra, de igual modo, o efeito espiritual, moral, ético e social do adultério. E uma quebra tão terrível da aliança do casamento, que destrói os laços espirituais e morais do matrimônio. Quando há infidelidade, quando há adultério, se não houver o perdão, se não hou ver o arrependimento sincero do cônjuge infiel, se não houver condição emocional para a convivência, o casamento acaba; a aliança é rompida. Só um milagre no coração do cônjuge traído pode fazer com que aceite a restauração dos laços emocionais e espirituais, estraçalhados por um ato (ou muitos) de infidelidade por parte do seu cônjuge.
OS PERIGOS DO ADULTÉRIO
I - CAUSAS DO ADULTÉRIO A palavra adultério vem do latim, adulterium, que tem o sentido de “dormir na cama alheia”. E a relação sexual entre pessoa casada, com outra que não é o seu cônjuge. A sociedade sem Deus admite uma “união estável”, sem o respaldo espiritual e formal de duas pessoas, inclusive de caráter homossexual. Muitos veem o casamento apenas como um contrato com prazo de validade. Visão curta e secularista. Mas, quando uma pessoa se casa, principalmente, se é cristã, o faz na igreja, perante o ministro oficiante, e declara, peranteDeus, perante a igre ja, perante as testemunhas, que representam a comunidade, faz votos de fidelidade, assumindo o compromisso de ser fiel até que a morte os separe. Quando há infidelidade, há uma quebra da aliança matrimonial, com flagrante desrespeito à autoridade de Deus, e a seu plano para aformação do lar eda família. Que Deus abençoe os lares cristãos, e os casais, unidos, em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, respeitem a aliança firmada diante de Deus. Se não casa na igreja local, ainda assim, perante Deus, há uma aliança a ser respeitada, sob pena da reprovação divina. 1. DE ORDEM ESPIRITUAL a)
Quebra do mandamento divino. A infidelidade não acontece por
acaso. Ê um processo, que pode começar com pequenas coisas, que vão de encontro aos princípios espirituais para o matrimônio. E pode começar antes do casamento. Se um casal de jovens desobedece à Palavra de Deus, no namoro ou no noivado, está lançando as sementes daninhas que gerarão um casamento infeliz. Durante o casamento, se o casal não valoriza os princípios de Deus para a família, e desobedece a sua doutrina, está edificando sua casa sobre a areia (Mt 7.26). Viver a vida a dois, com amor, dedicação um ao outro, com fidelidade, parece que não é estimulante. Mas trair, prevaricar, ter novas experiências amorosas, isso agrada à carne. E terrível saber que a influência de novelas e seriados tem tanto poder sobre a mente das pessoas, até mesmo de evangélicos. São inúmeros os casos em que essa influência diabólica tem sido fator que contribui para a infidelidade. Isso se deve à banalização da infidelidade, na mídia. A condenação de Deus ao adultério foi expressa, solenemente, pelo Senhor, quando Ele chama a atenção dos sacerdotes para a calamitosa situação espiritual deles próprios e da nação de Judá (Ml 2.1315). 69
A Fa m íl i a C r is t ã e o s A t a q u e s d o In i m ig o
Numa cerimônia de casamento, em muitas igrejas, há exemplos de quanto os noivos se preocupam com o cerimonial, com a ornamentação do templo, com a quantidade de testemunhas de cada lado, do noivo e da noiva. Mas não são raros os casos em que tais casamentos, com tanta pompa, acabam em divórcio. Não será porque se esqueceram de que Deus foi testemunha de seu compromisso? E depois esse compromisso foi quebrado, de forma decepcionante, pelo adultério? È indispensável que os casais cristãos preparemse melhor para o casamento, dando mais valor ao lado espiritual de sua união, diante de Deus, do que ao luxo e à pompa da cerimônia. b) Falta de relacionamento com Deus. A Palavra de Deus exorta os
maridos a amarem suas esposas (Ef 5.25). Esse amor deve começar pelo relacionamento espiritual, com o amor de Deus, o amor “ágape”; e ser cultivado, através do amor humano, do amor conjugal, sincero e dedicado. Quando o esposo e a esposa cultivam o relacionamento com Deus, em seu lar, dando tempo para atividades simples, no aspecto espiritual, a tendência é que o casamento seja fortalecido e sua família edificada, segundo os princípios de Deus. Para tanto, é indispensável que haja um ambiente espiritual no lar. E os sacerdotes da família são os pais, antes mesmo de terem os pastores como seus líderes. A Igreja começa no lar, e este não substitui a igreja local, nem esta substitui o lar. Mas é no lar que deve ter início o culto a Deus. Quando o casal cultiva o relacionamento espiritual com o Senhor, no seio da família, está edificando sua casa sobre a Rocha (Mt 7.24,25). c) Falta devigilância eoração. A ordem das palavras podem alterar o
sentido de um ensino. Na Bíblia, vemos isso em vários textos. Quando Jesus exortou sobre a vigilância e a oração, Ele não pôs a oração diante da vigilância. Ele disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Mt 26.41 — ver ainda: Mt 25.13; Mc 13.37; Lc 21.36). A oração é indispensável. Mas a vigilância vem em primeiro lugar. Ninguém passa o dia todo orando, em todos os ambientes, a não ser em espírito, na mente. Mas o que se passa ao nosso redor deve chamar a nossa atenção. A vigilância constante é indispensável para uma vida santa. E necessário estar atento aos sinais ou indícios da ação sorrateira do Maligno. Paulo adverte para o cristão estar preparado para enfrentar “as astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). Essas ciladas podem surgir no ambiente 70
Os
PERIGOS DO ADULTÉRIO
do trabalho. Um jovem obreiro, dedicado, envolvido na evangelização, ao lado de sua esposa, dirigia cultos ao ar livre. Em um determinado dia, deixou um bilhete para a esposa, informandoa que havia saído de casa, e não mais voltaria. Foi um choque para a esposa cristã, quejamais esperava tal atitude por parte do seu marido. Logo, ela ficou sabendo que ele engravidara uma colega de trabalho. Seu casamento acabou. Tudo começou com flertes, conversas nos intervalos do expediente; troca de mensagens no celular, no computador e mais um casamento foi destruído pelo Diabo. Ele não vigiou. E não orou o suficiente para vencer “as astutas ciladas do Diabo”. d) Falta de caráter espiritual. Entendese por caráter “o que distin-
gue uma pessoa de outra”; “o conjunto de traços psicológicos, o modo de ser, de sentir e de agir, de um indivíduo, índole, temperamento”. O caráter é a característica responsável pela ação, reação e expressão da personalidade. E a maneira própria de cada pessoa agir e expressarse. Tem a ver com a própria conduta. E a “marca” da pessoa. O caráter faz parte da personalidade. O caráter é demonstrado pelas atitudes, pelas ações de cada pessoa. Transportando esses significados para a vida espiritual, podemos dizer que o caráter cristão é resultado da formação espiritual de cada crente em Deus. Quando a formação do caráter espiritual é deficiente, ou inexistente, a tendência é a pessoa comportarse de modo estranho aos princípios divinos que estão na Palavra de Deus. Eles devem ser absorvidos desde a infância. Diz a Bíblia: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele” (Pv 22.6). Os jovens são exortados: “Lembrate do teu criador nos dias da tua mocidade” (Ec 12.1). Os verdadeiros cristãos, quando vão à ED, desde crianças, quando “habitam”“na casa do Senhor” (SI 23.6), têm sua formação consolidada para viverem conforme a vontade de Deus.
2. DE ORDEM COMPORTAMENTAL. a)
Falta de comunicação entre marido e mulher. A falta de comuni-
cação entre o marido e sua esposa tem sido uma das principais causas eficientes para o desgaste em seu matrimônio. O correcorre do dia, os estresses do trabalho, os excessos de atividades ministeriais, com administração, viagens, compromissos diversos, atendimento pastoral, visitas pastorais, muitas vezes, não deixam tempo para o obreiro dedicarse à esposa. 71
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O resultado, muitas vezes, é o esfriamento do amor conjugal. Há estudos que comprovam que a falta de diálogo, de conversa a dois, de atenção um ao outro, contribui mais para o adultério do que a atração ou sedução sexual. Assim, é indispensável o marido refletir sobre sua agenda, e reservar tempo para comunicarse com sua esposa. O esposo e aesposa devem desenvolver a comunicação significativa. Evitar a comunicação rotineira. A comunicação significativa é aquela em que o cônjuge fala para o outro coisas que têm significado, que têm valor, mesmo que sejam palavras simples. A comunicação rotineira é aquela desenvolvida pela maioria dos casais, ou seja, quando conversam (se é que conversam), só dizem coisas repetitivas, do tipo “passa o pão”, “passa abatata”; “onde está meu paletó?”, “vai para a igreja?”etc. Imagine passar dez anos só ouvindo esse tipo de “comunicação”; não deve ser nada interessante. Uma comunicação significativa estreita os laços do amor conjugal. Exemplo: “graças a Deus, apesar das lutas, sinto que Ele está nos abençoando”; ou “eu amo você; saiba que estou a seu lado em qualquer situação”; “como você está?”. Esse tipo de comunicação abre portas para uma conversa cheia de significado. O cônjuge cristão não deve responder com raiva (Pv 14.29); não deve dar silêncio como resposta — é pirraça; não é para crente — e deve evitar aborrecer (Pv 10.19). Quando errar, pedir perdão (Tg 5.16). Já ouvimos dizer que, em geral, os homens, principalmente obreiros, não pedem perdão, mesmo quando erram. Se é verdade, alguma coisa está muito errada. Se o pastor deve ser o exemplo dos fiéis, exemplo do rebanho e não faz o que diz a Bíblia, quando erra, é passível de reprovação da parte de Deus. Quando o esposo erra, precisa pedir perdão, sim; se a falha é com a esposa, nada melhor do que dizer: “errei; perdoeme”; “eu te amo” (ver Cl 3.13; 1 Pe 4.8). Da mesma forma, a esposa cristã deve ter humildade para pedir perdão quando errar. Isso não diminui, mas engrandece o comportamento entre os cônjuges. h) Falta de tempopara o cônjuge. O esposo precisa dar tempo para
conversar com a esposa, ter diálogo com ela, saber ouvila (Tg 1.19; Pv 18.23). Há uma tendência, no relacionamento conjugal, para inverte remse certos aspectos; quando o homem está namorando, najuventude, sentese estimulado a passar horas e horas, conversando com a namorada; depois do casamento, no entanto, quando a experiência de vida
Os
PERIGOS DO ADULTÉRIO
promove mais experiências, o marido deixa de conversar com a esposa; falta de assunto? Cremos que não. Parece que é falta de interesse. Há uma armadilha que tem prejudicado muitos casamentos: o excesso de atividades na igreja. O marido dedicase excessivamente às funções que tem na congregação: superintendente da ED, professor de uma classe, secretário da igreja, dirige o culto matutino, e, nos finais de semana, vai para os cultos ao ar livre, e participa de viagens evangelísticas. Que tempo resta para a esposa e para o lar? O ministério deve ser uma bênção para o matrimônio e a família e não a causa de sua destruição. O esposo cristão deve alimentar o melhor relacionamento com sua esposa, para que os impulsos carnais não sejam meios para a destruição do casamento e do seu ministério. A mulher cristã deve ser sábia, para não destruir o seu lar com as mãos (Pv 14.1). c)
Tratamentogrosseiro. O esposo ou a esposaprecisa pensar antes d
falar, para não dizer o que não deve e ouvir o que não quer (Pv 21.23). Uma irmã nos procurou, no gabinete pastoral, e expressou sua frustração no seu casamento. Após ouvila, pude constatar que seu marido não deixava faltar nada em sua casa; ambos desfrutavam bem a parte sexual e em outros aspectos. Mas a maior queixa daquela esposa era de que seu marido era “grosso” nas horas de discordâncias e a maltratava com expressões ferinas. Depois das discussões, aquele esposo chegava a pedir desculpas, mas as feridas emocionais marcavam aquela irmã. O obreiro, como esposo, precisa ter prudência e calma no falar. É necessário exercitar o fruto da temperança, para que as frustrações não se acumulem no relacionamento, e o Diabo lance as sementes malignas que podem levar à infidelidade.
II - CONSEQUÊNCIAS DO ADULTÉRIO 1. Morte espiritual
O sábio Salomão, usado por Deus, exortou e advertiu quanto aos perigos do adultério. Sua palavra era a Palavra de Deus convocando seus filhos à vigilância contra a infidelidade conjugal. Com um realismo extraordinário, o Senhor verberou contra a prática pecaminosa, reconhecendo que “os lábios da mulher estranha destilam favos de mel, e o seu paladar é mais macio do que o azeite” (Pv 5.3). A experiência humana demonstra que o sexo ilícito tende a provocar mais prazer do que o sexo lícito do esposo com a esposa. Ao longo
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dos anos, as lutas da vida podem causar desgastes no relacionamento amoroso entre os cônjuges. Satanás induz ao relacionamento com pessoas estranhas, na busca de mais prazer. E comum a amante, a prostituta, a adúltera propiciar ao marido infiel a prática de atos que não são admitidos pela esposa. E a carnalidade provoca o prazer mais intenso. São “favos de mel” que, depois, podem transformarse em “favos de fel”. 2. Quebra da confiança entreo casal
As “ciladas do Diabo” podem ocorrer no ambiente da igreja. Um dirigente de congregação, que tinha planos de servir a Deus, com um ministério que podia desenvolverse ao longo do tempo, foi apanhado pela armadilha de Satanás. Ele estava passando uma fase difícil no relacionamento com sua esposa. Um dia, uma jovem senhora, transferiu se para a congregação e procurouo para pedir aconselhamento sobre sua situação conjugal, pois estava separada do marido que a deixara por outra. O obreiro, sem experiência, admitiu conversar a sós com a irmã. Pouco a pouco, envolveuse com ela, identificandose com a situação que vivia com sua própria esposa. Não tardou, a esposa do dirigente começou a notar a diferença. Alertou ao marido, mas ele retrucava que ela estava com ciúme infundado. Ele tornouse grosseiro e agressivo para com a esposa. Esse é um sinal comum quando um cônjuge se torna infiel. Ter repulsa pelo outro, quando este reclama de sua mudança de atitude. A desconfiança acentuarase. Depois, foram identificadas mensagens no telefone, mensagens trocadas em redes sociais, na internet; o obreiro foi advertido pelo pastor regional; a mulher também foi chamada, e exortada a fugir desse envolvimento, pois só traria maldição sobre sua vida. Não adiantou. Os dois continuaram a aventura pecaminosa, e caíram em flagrante adultério.Tudo confirmado. Faltou vigilância. Faltou oração. O resultado foi o fim de um ministério, o fim de mais um casamento. Diz a Bíblia: “Porque por causa de uma mulher prostituta se chega a pedir um bocado de pão; e a adúltera anda à caça de preciosa vida” (Pv 6.26). Preciosas vidas foram destruídas espiritualmente por causa do adultério. 3. Quebra da confiança entrepais efilhos
Os filhos veem em seus pais os seus maiores exemplos para a vida. Deveria ser assim. Eles sentemse felizes e seguros, quando veem seus pais em atitude de respeito e amor. Isso é fundamental para sua forma74
Os
PERIGOS DO ADULTÉRIO
ção espiritual, moral e afetiva. Porém, quando uma criança, um adolescente ou um jovem sabe que seu pai trai sua mãe, ou viceversa, eles sentem o impacto emocional. Um menino, em prantos, perguntou ao seu pai: “Pai, por que o senhor faz isso com a mamãe? Por que o senhor tem outra mulher?” Não adiantam explicações. Instalase a tristeza, a insegurança e muitas vezes a revolta no coração dos filhos. Uma irmã, numa igreja, traiu seu esposo com um estranho, com quem se envolveu num encontro casual, num transporte coletivo. Uma cilada do Diabo, numa ocasião corriqueira. Ao saber do fato, o marido não suportou, deixou a esposa, apesar de ela demonstrar arrependimento. Os filhos tomaram ciência da situação. Pediram aos pais que se unissem pois precisavam deles. Não adiantou. A separação foi concretizada. Os filhos passaram a ter problemas na escola. As notas caíram. O rendimento escolar decaiu. Problemas psicológicos afetaram o mais novo, requerendo tratamento médico. A menina, na adolescência, envolveuse com más companhias na escola, e passou a fazer uso de drogas. A mãe foi a causadora de toda essa tragédia. O pai não soube perdoar. E o lar foi destruído. Mais uma vitória do Diabo. Mais uma derrota para uma família cristã. 4. Desestruturaçãofamiliar A família sempre foi considerada a célulamáter da sociedade. Um país que valoriza a família, certamente tem alicerces morais e éticos mais fortalecidos. Infelizmente, no Brasil, a família está sendo atacada de modo impiedoso, tanto do lado espiritual, pelas forças diabólicas, quanto pelas forças das instituições que, guiadas por filosofias materialistas, atentam contra a estrutura familiar. Esses são ataques externos à família. O adultério é um ataque direto à organização familiar. Quando um cônjuge adultera causa terrível transtorno à sua família. Em primeiro lugar, atinge ao cônjuge. Em segundo lugar, aos demais membros da família, principalmente aos filhos, que ficam confusos e perplexos por saber que o pai ou a mãe foi infiel, traindo a confiança matrimonial e dos filhos. O adultério mina o edifício da família em sua base, que é a confiança do esposo na esposa, e dos filhos nos pais. Em quem confiar, se os líderes traem um ao outro? O resultado dessa quebra de confiança é a tristeza, a decepção e a revolta dos filhos. Muitos, não tendo estrutura espiritual e emocional, enveredam por caminhos perigosos, envolvendo 75
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se com drogas, bebida e prostituição. Quem adultera está edificando sua casa sobre a areia (Mt 7.26).
III - COMO EVITAR O ADULTÉRIO 1. E stratégias espirituais
São ações ou atitudes, próprias e indispensáveis para qualquer pessoa que deseja servir a Deus e ter uma vida que honre e glorifique ao Senhor, num processo de preparação para a vida eterna com Cristo. Sem isso, é impossível ser vencedor contra as “astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11). Aplicadas ao relacionamento conjugal, são verdadeiras salvaguardas do casamento. a)
Orar sempre. Não há como escapar, como diz certo ditado cris-
tão: “Muita oração, muito poder; pouca oração, pouco poder; nenhuma oração, nenhum poder”. É simplista? Pode ser. Mas é real. Jesus mandou vigiar e orar para não cair em tentação (Mt 26.41). O que levou o rei Davi a cometer pecados tão ignominiosos, a ponto de adulterar com a esposa de um soldado do exército que defendia seu reino e sua vida? Pior ainda: o que o levou a perder todo o senso de respeito e consideração pelo general Urias, quando mandou chamálo de volta para casa, após usar a esposa do amigo? E vendo que sua artimanha não funciona va, mandouo de volta à batalha, levando a própria sentença de morte em mãos? Não foi falta de mulheres. Ele, o rei, tinha nada menos que sete mulheres e dez concubinas. O que derrotou Davi foi a falta de oração. Enquanto o exército de Israel lutava, ele passeava no terraço do palácio, ocioso. Deveria, ao levantarse do repouso merecido, ter ido orar pelo seu povo, pelos soldados, que expunham a sua vida, defendendo o reino. Mas não o fez. Não orou. Não vigiou (2 Sm 12.714). Deixouse levar pela concupiscência da carne, e da indução do Diabo para cometer atos tão vis, que se tornaram símbolo da falta de honradez e dignidade para um homem que fora chamado de “homem segundo o coração de Deus”, na inferência do texto em que Deus reprova Saul, por sua desobediência e promete levantar um sucessor que seria do seu agrado (1 Sm 13.14). Orar é tão necessário quanto comer, tomar água, repousar e exercitar o corpo. Orar é o respirar da alma. Se uma pessoa passar mais de três minutos sem respirar, seu cérebro sofrerá lesões que podem ser irreversí-
Os PERIGOS DO ADULTÉRIO
veis, e até morrer. Sem oração, certamente, advirão “lesões”espirituais que podem levar à morte. Ninguém consegue vencer as tentações, os ataques malignos contra a vida, o lar, o ministério, o casamento, sem oração. b)
V igiar sempre. Se a oração é o respirar da alma para não mor-
rer, a vigilância são “as câmeras de segurança” em torno da vida cristã. Além de grades de proteção, as pessoas instalam câmeras de segurança e cercas elétricas em torno de suas residências para evitar a ação dos marginais, que vivem à procura de assaltar os bens alheios. Tais aparatos não impedem, mas podem evitar muitas ações de meliantes. Na vida espiritual, a vigilância é indispensável. Sem a vigilância, a oração pode perder seus efeitos benéficos, pois surpresas e “ciladas do diabo” podem ocorrer a qualquer momento, quando menos se espera. Num quartel do Exército, onde tivemos oportunidade de servir, havia uma frase: “A eterna vigilância é o preço da liberdade!”Na vida cristã, é a mesma coisa. Para evitar cair nas garras do Diabo e ser presa da prática do adultério, é indispensável vigiar sempre. 2. E stratégiashumanas
O lado humano da vida é tão importante quanto o espiritual. Não adianta somente orar evigiar. Se não houver ações, gestos e atitudes humanas, necessárias para um bom relacionamento conjugal, o fracasso do matrimônio poderá ocorrer. São recomendações simples, mas indispensáveis para uma verdadeira harmonia conjugal, que representa baluartes contra a infidelidade sorrateira, que é usada pelo Maligno para destruir casamentos, lares e famílias. a) Honrandoa esposa (1 Pe3.7). Há esposos que se envergonham de
suas esposas. Às vezes, por causa das marcas do tempo em suas mulheres, quando perdem a graça da juventude, há homens que deixam de se interessar por suas esposas; isso é brecha para o Adversário penetrar no relacionamento. Honrar a esposa, dandolhe o apreço e o respeito necessário, é fator decisivo para uma vida conjugal ajustada e gratificante. O mesmo aplicase às mulheres cristãs. A Bíblia diz que a mulher deve reverenciar seu marido (Ef 5.33). b) Zelandopelo casamento. Os dois devem ter certos cuidados. Usar
sempre sua aliança no ambiente de trabalho; evitar envolvimento emocional com estranhos, e ter coisas que lembrem sua esposa e filhos,
ig o A F a m ílíl i a C r i s t ã e o s A t a q u e s d o In i m ig
como fotos. Evitar envolvimento com pessoas da igreja, que possa causar prejuízo ao ministério e ao casamento. No aconselhamento, no caso de obreiros, ter muito cuidado para não envolverse com mulheres que estão em dificuldade matrimonial. Vários obreiros já caíram, por não terem vigiado nessa parte. parte. c) União nião com a esposa sposa (1 Co 1.10 1.10)). Essa união união deve se ser, não não só espiespi-
ritu ritual, al, mas mas amorosa amorosa,, afetiv afetiva; a; o esposo esposo deve, deve, não não só amar sua esposa esposa,, mas mas saber saber demonst demonstra rarr ess esse e amo amorr através através de afeto, to, cari carinh nho o, pal palavras ras (C (Ct 4.1, 4.1,0; 0; Pv 31.29); e investir na intimidade com a esposa, não só com palavras, mas mas de modo concreto concreto,, com ges gesto tos, s, abra abraços, ços, carí carícias cias (1 Jo 3.18; 3.18; 1 Pe 3.8). 3.8). E preciso preciso manter o namoro namoro no casa casame mento nto.. O amor mor de deve ser ser o elo elo principal no relacionamento entre o marido e sua esposa, e viceversa. Se não houver amor, tudo pode desabar. Esse amor deve ser dominado pelo amor mor “ágape” ágape” (cf. (cf. 1 Co 13). uidar dess dessa a parte do do matri matrid) Cuidar uidardapart parte esex ual (1 Co Co 7.3,5). Cuidar mônio é importante para o equilíbrio espiritual, emocional e físico do marido marido e sua sua esposa. sposa. Qua Q uando ndo o casal casal não não vive vive bem bem nessa nessa parte, o Diabo Diabo procura prejudicar o relacionamento, a fim de destruir o ministério e a família. O Inimigo tem trabalhado de modo constante para levar o marido ou a esposa esposa a pecar pecar nessa nessa área rea. Mini Ministéri stério os têm sido destruído destruídoss por por causa da infidelidade conjugal de muitos ministros pelo mundo afora.
I V - FUGI FUGIR R DAS TENT TENTA A ÇÕES ÇÕES O cristão, por mais que se considere santo, não está imune às tentaçõe taçõess. Jesus em em tudo foi tentado, tentado, mas não não pecou pecou (H (Hb 4.15). 4.15). SeJesus esus foi foi tentado, Davi foi tentado (e caiu vergonhosamente), Sansão foi tentado, Salomã alomão o foi tentado; tentado; o crente, nos dias presentes presentes,, não não po pode achar achar que que está está livre ivre de cair em tentaçã tentação. Al Alguns conselho conselhoss práti prático coss pode podem m resg resguarda uardarr o servo servo ou a serv serva de Deus, Deus, da vergo ergonha nha da queda, e da destruição destruição de seu seu mini ministéri stério o, do seu seu casa casame ment nto o, e da suahonra. honra. Como Como escapar escapar das das tentações: tentações: 1.
V igiand iando e orando rando. A “cume é fraca...”(Mt 26.41). O cristão deve
vi viver em em or oração, em em co comunhão permanente co com o Se Senhor. E isso é poss possív íve el. Todos odos os dias dias,, desde desde o iníci início o da jornada, começa começar com oraçã oração. o. O cristão cristão deve deve orar orar diariamente, diariamente, pass passa ando tempo tempo signi signifficativo icativo na presença de Deus. 78
Os
PERIGOS DO ADULTÉRIO
inimigo migo sabe sabe que a área sexual sexual e senti senti 2. 2. Resist istind indo ao D iabo. O in mental mental é um ponto ponto sensí sensívvel (e fraco) raco) para muita muitas pess pesso oas, notadame notadament nte e os jovens. El Ele ataca muito muito nessa nessa áre área a. Mas Mas é possív possíve el resisti resistir e vencer encer (1 Pe 5.8,9; 5.8,9; T g 4.7). 4.7). Exem Exemplo plo notá notável vel é o deJosé na casa casa de Potif Potifar. Res Resisistiu e venceu, ainda que tenha pagado um preço terrível. Ao final, Deus o recompensou de modo glorioso. Os esposos esposos 3. Fug F ugindo dos desejos ilí ilícitos (2 Tm Tm2.22. P v 3.7; 22.3). 22.3). Os mais mais jov jovens são são mais mais visa visados dos pelas tentaç tentaçõ ões do sexo; sexo; o Diabo Diabo aprove provei tase tase dos proble problemas mas do casa casall para inv investir na na inf infideli idelida dade. de. Todavi davia a, os de ma mais idade idade não não estão stão imunes a pensame pensamento ntoss pecamin pecamino osos. A batabatalha contra contra as tentações tentações está está na mente, mente, nas nas emo emoções, nos sentimento sentimentos; s; é preciso preciso guardar o cora coraçã ção o (a ment mente e — Pv 4.32); 4.32); o pensame pensament nto o deve deve ser ser levado levado cativ cativo o (2 Co Co 10.5) e precisa precisamos mos renov renova ar o nosso nosso entendime entendimento nto (Rm 12.13). Só devemos devemos 4. 4. Reconhecendo queDeus édono do nossocorpo (1 Co6.20). Só usá usálo (seus (seus me membros) de acord acordo o com a vontade vontade do Dono Dono.. Um Um dia dia, presta presta-rem remos contas contas ao ao Do Dono do corpo daquil daquilo o que fizemos zemos com com sua suaproprie propriedade dade.. 5. Consc onscienti ntizando ando--sede queo corpo étem templo plo doE spí spírito rito Santo Santo (1 Co 6.19). Ê a dime dimensã nsão o espi espiri ritual tual do corpo. corpo. Não pode podemos mos profa profanar, nar, suja sujar, r, manchar ou degradar o templo de Deus; há quem ensine que, nas quatro paredes do quarto do casal, podem fazer o que quiser. Isso é um ensino irre irrespo sponsá nsávvel, pois pois só podemos fa fazer com o corpo o que agrada agrada ao Espírit spírito o Santo nto. O sexo sexo pode pode e deve deve ser ser desf desfrutado pelo pelo casa casall, mas mas este este deve lembrarse de que devemos glorificar a Deus em nosso espírito, em nossa alma e no nosso corpo. 6. Busc Buscando a sant santiijicação. E o processo contínuo, diuturno, e cons-
tante, pelo qual uma pessoa pessoa se se torna torna santa. santa. Sem santi santiffica icação ção, jamais alguém, alguém, homem homem ou mulhe mulher, congre congreg gado, do, membro membro ou obre obreiro iro,, verá ao ao Senhor enhor (Hb (Hb 12.14). 12.14). E a separa separaçã ção o da vida e do ser ser integral, tegral, da ment mente ee do corpo em consagração para Deus (1Pe. 1.15; 1 Ts 4.37). mente e com as coisas oisas espiri spirittuai uais. Alguém já disse que 7. Ocupando a ment “mente mente vazia azia é oficina icina do Diabo”. D iabo”. Faz Faz sentido sentido.. Qua Quando ndo o cristã cristão o proprocura ocupar sua mente, com a oração, leitura da Bíblia e de bons livros; quando quando pratica pratica o jejum, ejum, como como ref reforço à oraçã oração, o, servi servindo ndo ao Senhor, dificilmente vive pecando. Quando o obreiro cristão se desenvolve no 79
ig o A F a m ílíl i a C r i s t ã e o s A t a q u e s d o I n i m ig
mini ministéri stério o, prepara preparando ndo estudo estudos, s, mensag mensagens, ens, se sermões para para al alimentar mentar a igrej igreja loca local,l, envol nvolvvese na ev evangeliz ngeliza ação ção, louva louvando, ndo, participando participando da obra obra do Senhor enhor e ocupa a mente com o padrão padrão requeri requerido do por por D eus, é mais mais difícil cair (ver Fp 4.8,9). 8. E vita vitando ndo o uso uso da te tecnolog nologia a serviç viço do mal. al. A telev televisão isão é uma
invenção extraordinária. Por ela, mensagens edificantes podem chegar a muitas pessoas. Um pregador pode alcançar milhões de telespectadores. Mas, por ela, o Diabo pode entrar nos lares e nas mentes de servos e servas de Deus. Pesquisas mostram que onde chega o sinal de determinadas emissoras, com a transmissão de novelas, o número de separa separaçõ ções es de casa casaiis aumenta. aumenta. Não é por por aca acaso. so. Cert Certas as progra programações, mações, na T V secu secula lar, r, sã são fruto fruto do plano do Dia D iabo bo para para destruir a moral, moral, os bons costumes, o lar e o casamento. Por isso, diz a Bíblia: “Não porei coisa coisa má dia diante de me meus olho olhos” s” (SI (SI 101.3). 101.3). Pio Piorr que que a T V é a interne internet, t, quando usada para o pecado. Muitos casais estão prejudicados em seu casame casament nto o, por causa do vício vício de um cônj cônjug uge, e, que que se se deixa deixa escra escravviza izar pelos contatos virtuais ilícitos. Há cristãos viciados em sexo virtual, em pornografia e relacionamentos com pessoas estranhas, o que equivale a adultério, dultério, seg segundo ensino de Jesus esus (Mt 5.28). Assim, A ssim, o cristã cristão o deve deve evitar evitar a T V e a Internet nternet imora imorais, is, as revista revistass porno pornog gráf ráficas, icas, as as nove novelas, las, cujo enredo é demonismo e sexo explícito, traição, violência, inversão de valore alores, s, desres desrespeit peito o a D eus. eus. Perg Pergunt unta: a: Será Será queJesus está ao ao lado de uma irmã, ou irmão, quando está assistindo à novela? Ou quando está diante da internet, acessando sites pornográficos? 9. Ocupando a men menteeo corpo comativida vidade des s lícitas. Quando o cris-
tão ocupase com trabalho (mente desocupada é oficina do Diabo), exercíci exercício os físi físicos cos modera moderado doss e saudáveis, saudáveis, de acordo acordo com sua idade sã são muito úteis úteis à saúde saúde (2Ts 2T s 3.10,11; 3.10,11; 1 Tm 4.8). 4.8).
7 O DIVÓRCIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS “Eu vos digo, porém, quequalquer querepudiar sua mulher, nãosendopor causadeprostituição, ecasarcom outra, cometeadultério; eoquecasar coma repudiada também cometeadultério”(Mt 19.9).
divórcio é permitido por Cristo como uma exceção, ante à prática da infidelidade, que quebra a aliança matrimonial. O tema do divórcio talvez seja um dos mais discutidos epouco resolvidos no meio das igrejas evangélicas. De um lado, há os que não o aceitam em qualquer hipótese, entendendo a indissolubilidade do casamento de modo radical. Por outro lado, há os que o aceitam, sob determinadas circunstâncias, buscando base para tal entendimento na Bíblia Sagrada, como regra de fé e prática. E há os que são liberais, admitindo o divórcio em qualquer situação.
I - O QUE É O DIVÓRCIO O divórcio é o rompimento da aliança, celebrada diante de Deus, perante um ministro, ou autoridade eclesiástica ou diante da sociedade, representada pela autoridade civil, encarregada de oficiar o casamento. Na prática, é a expressão marcante da falta de amor, de entendimento, de união e de fidelidade conjugal. Todo divórcio deixa marcas profundas nos que são alcançados por essa medida de caráter radical. Os que mais
A F a m íl
ia
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sofrem são os filhos, que não entendem porque seus pais não conseguem viverjuntos, em amor, cuidando da missão de zelar pelo lar e pela família.
11-0 QUE A BÍBLIA DIZ SOBRE O DIVÓRCIO 1. O divórcio noA ntigo Testamento
No contexto histórico e cultural do Antigo Testamento, a sociedade era patriarcal por excelência. O homem tinha a hegemonia em tudo, desde o governo, a liderança, e a preeminência absoluta, no lar, no casamento, e nas decisões mais importantes da vida social. Dessa forma, o divórcio era um direito e um privilégio do homem. A mulher repudiada pelo homem não era bem vista pela comunidade. Mas tinha o direito de obter um documento oficial, chamado de “Carta de Divórcio”, ou de repúdio, que lhe dava a faculdade de contrair novas núpcias. Assim, resumimos a seguir a questão do divórcio no Antigo Testamento. Jesus aboliu esse privilégio, pois, em sua lei, não pode haver acepção de pessoas (Rm 2.11; Tg 2.1). a) O divórcioporqualquermotivo. No Pentateuco, encontramos as informações mais claras sobre a questão do divórcio. No livro de Deu teronômio, lemos que: “Quando um homem tomar uma mulher e se casar com ela, então, será que, se não achargraça em seus olhos, por nela achar coisafeia, ele lhe fará escrito derepúdio, e lho dará na sua mão, e a despedirá da sua casa” (Dt 24.1 — grifo nosso). O texto nos demonstra que o homem tinha o direito de repudiar sua mulher por motivos bem subjetivos. Sem explicação clara, o homem, depois de casado, podia “não achar graça” na mulher. E ver nela “coisa feia”. Que “coisa feia” seria essa? O texto bíblico não esclarece. Mas a resposta está no Talmude (coletânea de interpretações da lei pelos rabinos), que explica que “coisa feia” era o homem ver qualquer coisa, na mulher, que não lhe agradava. Por exemplo: se elas queimavam o pão, ou não temperavam a comida adequadamente, ou se não gostavam de suas maneiras, ou se não era boa dona de casa; se ela estragava um prato ao preparálo; e até se encontrasse outra mais bela que ela (Josefo, citado por Duty, p. 20). Ou, ainda, se usasse cabelos soltos, se andasse pelas ruas sem motivo, se falasse com homens que não fossem seus familiares, se maltratasse os pais do esposo, se gritasse com os maridos de maneira que os ouvintes o ouvissem, etc. (Da Silva, p. 28). 82
O DIVÓRCIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
b)
A carta de divórcio. Era um documento legal, fornecido à mulhe
repudiada, a qual ficava livre para casar de novo. Chamavase de “carta de liberdade”— “documento de emancipação” — que lhe dava direito a novo casamento (Duty, p. 29,30). A carta de divórcio ou de repúdio deveria ser dada em presença de duas testemunhas, e as partes estariam livres para um novo matrimônio. Aliás, o divórcio só tinha sentido se houvesse em vista um novo casamento. Se assim não fosse, por que motivo a mulher receberia carta de divórcio? Seria simplesmente abandonada. Notese, também, que a mulher não tinha direito de pedir divórcio. Era privilégio do homem. Este poderia escolher com quem viver, inclusive possuindo mais de uma mulher, além de ter concubinas a seu dispor. 2. O divórcio noperíodo interbíblico
Entre os judeus, havia duas escolas importantes, que ditavam as normas de comportamento para a sociedade. Essas normas existiam no tempo deJesus. a) A escola de Shammai. Este rabino tinha uma interpretação radical
de Deuteronômio 24.1. Segundo seu entendimento, a carta de divórcio só podia ser dada à mulher em caso de fornicação ou de infidelidade conjugal. De certa forma, era uma evolução do pensamento judaico, pois uma leitura cuidadosa de Deuteronômio 24.1 dá a entender que a mulher só podia ser despedida se o homem achasse nela “coisa feia”, ou “coisa indecente”, sem que isso fosse a prática de infidelidade ou prostituição, visto que às mulheres infiéis só restava apena de morte (cf. Lv 20.10; Dt 22.2022). Mas a visão de Shammai era bem aceita por grande parte dos intérpretes da Lei. Veremos que Jesus corroborou esse pensamento, quando doutrinou sobre o assunto. b)A escola deHillel. Este era um rabino de visão liberal, e favorecia
a posição do homem em relação à mulher. Para ele, o homem poderia deixar sua mulher, divorciandose dela, “por qualquer motivo”, por qualquer “coisa feia”, ou “coisa indecente”. Tais coisas seriam as que já enumeramos antes: andar de cabelos soltos, falar com homens que não fossem seus parentes, maltratar os sogros, falar muito alto etc. Assim, o homem podia divorciarse a seu belprazer. Com isso, o divórcio, ao invés de proteger a mulher, dandolhe direito a uma nova oportunidade de constituir um lar, fez dela uma vítima 83
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em potenci potencia al dos capricho caprichoss machistas machistas da época época.. Seg Segundo o Dr. Dr. Alf Alfre red d Edershe dersheim, im, citado citado por por D a Si Silva lva (p. 30), a mulher podia podia, “com “como o exceçã xceção, o, divorciarse, no caso de ser o marido leproso ou trabalhar em serviço sujo, por por exempl exemplo o, em em curtume curtume ou em em caldeir caldeira, a, e também no caso caso de de apo apostasia stasia relig religiosa, sa, caso caso abraça abraçasse sse uma religião religião heréti herética ca”. ”. Esse últi último mo conce conceiito não não tem base base veterote veterotestamentá stamentária. ria. Era Era uma evoluçã volução o da lei jud judaic aica.1 a.1 O divórcio não faz parte dos planos de Deus. Assim como a poligamia, no Antigo Testamento, que Ele permitiu ou melhor, tolerou. Há casos em que é impossível manter um relacionamento conjugal. Se o esposo espanca espanca a esposa; sposa; se ele vive vive traind traindo o sua mulher; mulher; se ela vive vive na na prática de adultério; se um ou outro entra pelo caminho do homossexualismo; tais práticas são tão abomináveis, que desfazem o vínculo conjugal, e, na permissibilidade de Cristo, Ele admite o divórcio. Não como regra, mas mas como como exceçã exceção o, como um “remédi “remédio o amargo amargo””para um mal maio maior. r. Se não fosse assim, um servo ou uma serva de Deus seriam atingidos duas ve vezes: uma pelo Dia Diabo, que destrói relacionamentos; e, outra, pela igreja loca locall, que condena condenaria ria uma vítima tima a passa passarr o resto resto da vida em em compa companhi nhia a de um ímpio ímpio, ou viver viver sob sob o jugo do celibato, celibato, que não não faz parte dos planos de De Deus. Disse Disse o Se Senhor, nhor, o Criado Criador: r: “Não “Não é bom bom que que o home homem m esteja só” só” (G n 2.18) 2.18).. Mas Mas graças graças a Deus eus que não não é assim. assim. O evange ngelho de Cristo é sá sábio, bio, justo e bom. Jesus esus não não ince incenti ntivva nem aprov aprova a o divórcio divórcio,, mas mas o permite permite como como um meio de reparar reparar um dano moral de consequências drásticas, como um direito ao cônjuge que permanece fiel a Deus e ao casamento. Viver solteiro pode ser opção, mas não um estado que foi planejado por Deus. No final do texto em que Jesus responde aos fariseus, seus discípulos ficaram estarrecidos. “Di “D isseram sseramllhe seus seus discípul discípulo os: Se assim é a condição condição do home homem m relarelativ tivament mente e à mulher, mulher, não não convém casa casar” r” (Mt 19.10). Ficara Ficaram m chocados chocados com o ensi ensino no deJesus, que que só só admite admite div divórcio e novo casam casamento ento,, no caso caso de infidelidade. Eles que viviam numa sociedade patriarcal e machista, estavam estavam acost acostuma umado doss a ver o divó divórcio “po “porr qual qualquer mo motiv tivo”. 3. O divó divórc rciio na vi visãopauli paulina
O apóstolo Paulo enfrentou alguns dos maiores questionamentos que perturbara perturbaram m a igreja cristã cristã nos seus seus primó primórdi rdio os. Um deles, sem sem sombra de dúvida dúvidas, s, foi a questã questão o do divórc divórcio io.. E ele soube posici posicio onarse narse com 1 Elinaldo Renovato Renovato de Lima. Lima. Etica cristã, p. 110.
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O DIVÓRCIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
elevado discernimento espiritual, sob a direção divina. Interpretando a doutrina de Cristo sobre o divórcio, o apóstolo dos gentios apresentou sérias argumentações doutrinárias a respeito do assunto.2 Esta passa passag gem re re a) A os casais asais crent rente es — “aos casados” sados” (1 Co 7.10) 7.10).. Esta ferese aos “casais crentes”, os quais não devem divorciarse. Essa é a “regra regra geral geral”. Se não não houv houver er algum dos dos motiv motivos permissiv permissivo os (M (Mt 19.9 e 1 Co 7.15), 7.15), não não há qual qualquer justif ustifiicativ cativa para o casa casall crente se divo divorciar. ciar. Sa Sabemo bemos que há cristãos cristãos que sã são, na prática, “di “discíp scípul ulo os” de Hi Hillel, el, que querem o divórcio “por qualquer motivo”. Se há desentendimentos, incompatibilidade de gênio, ou se a esposa ficou feia (ou o marido), o caminho não é o divórcio, mas a reconciliação com o perdão sincero, ou o cel celiba ibato, to, caso caso sej sejam esg esgo otados todo todoss os recur recursos sos pa para a vida em em comum comum.. Não vemos, na Bíblia, qualquer razão que justifique o divórcio para os casa casais is cristãos, quando não não há as as exceç exceções ões prev previstas na Palavra de D eus.3 outros b) A os casais asais mi mistos stos — “aos outros” outros” (1 Co 7.12, 7.12,13) 13).. “Mas, aos outros
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dig digo eu, não não o Senh Senho or: se algum irmão tem mulher mulher descre descrente, nte, e ela consente sente em habi habitar com ele, não não a deixe deixe. E se al alguma mulher mulher tem mari marido descre descrente, nte, e ele conse consente nte em habi habitar com el ela, não não o deix deixe”. Valoriza rizando a família, a Palavra de Deus reconhece a união de um cônjuge que aceita a Cristo Cristo, e a esposa (ou o esposo) sposo) cont contin inua ua na incredulidade ncredulidade,, ou de um fiel, cujo cujo cônj cônjug uge e se se desvi desvia a. Ent Entreta retant nto o, no caso caso de o cônj cônjug uge e descre descrente nte (ou desvi desvia ado) quiser aba abando ndonar nar o crente crente fiel, fiel, pedi pedindo ndo divó divórcio rcio,, não não pode ficar “sujeito à servidão”, ou seja, sob o jugo de um casamento insuportável. Há casos em que o descrente é prostituído, com risco de levar doença doençass para a esposa; ou ou ébeberrão beberrão cont contumaz, umaz, ou que espanca a esposa, esposa, proibindoa de ser crente, etc. O crente não deve tomar a iniciativa do divórcio. Deve deixar que o descrente o faça: “Mas, seodescrente nteseapar apar tar, apar aparte-se;porque porquenestecasooirmão, ou irm irmã, nãoestá suje ujeito àservidã vidão; o; masDe Deuschamou-no u-nospara para apaz paz”(v. 15). Entendimento semelhante tem Da Silva,4considerando este último caso caso a “ex “exceçã ceção o pauli aulina”, segundo segundo a qual “nu “numa ma situaçã situação o dessa dessa nem o irmão nem a irmã está sujeito à servidão. Houve a dissolução do vínculo matrimonial. O cônjuge crente, portanto, está livre para se casar com quem quiser, quiser, desde desde que ‘seja ‘seja no Senhor” enhor” (cf. 1 Co 7.39). 7.39). 2 Elinaldo Renovato de Lima. Ética cristã , p. 85. 3 Ibid.,p. 117. 4 Esequias Ese quias Soares, p. 48,49.
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Em nenhum nenhum momento, momento, neste neste capít capítulo ulo,, dese desejam jamos os incenti incentivvar o didi vó vórcio. O ca casamento deve ser realizado dentro de uma perspectiva para toda toda a vida, até que a morte separ separe e o casa casal. Entretanto, ntretanto, a vida co conjug njuga al é complexa, e podem surgir casos em que a convivência tornase insuportá portável. vel. As A s exceçõe exceções, s, na Bíbl íblia, são são prov prova do amor de Deu Deuss para com os que permanecem permanecem fiéis fiéis aos seus seus princí princípi pio os para o casame casament nto o, não não os condenando a uma vida inteira sob o jugo de uma penosa servidão a um infiel, desviado ou incrédulo.
III - CAUSAS DO DIVÓRCIO As ca causas do do di divórcio sã são se semelhantes às às do ad adultério. Há aspectos tos específ específico icoss a ser serem em considera considerado dos, s, mas, mas, quando um casal não consegue consegue mais mais viv vive er a aliança aliança conjug conjuga al, certame certament nte, e, é porqu porque e um ou os dois dois deixa deixam de cumpri cumprirr as as orienta orientaçõ ções es da Palavra de Deus para o matri matrimô môni nio o. 1. D eordem espiri spiritu tual al
íblia a, a Palavra Palavra de de D eus, é o manual manual do a) Falta alta do amor amor deD eus. A Bíbli casa casame mento nto feliz. liz. O apóstolo Paulo Paulo,, inspira inspirado do por por De Deus, exortou xortou os ca casais sais sobre sobre como como viver viver bem, no no matrimô matrimôni nio o, cumpri cumprindo ndo a vontade daquE daquElle que criou criou o casa casamento, mento, na ori orige gem m de toda todass as coisa coisas. s. Um casa casame mento nto,, na visã visão o de de Deus, eus, só só pode pode tornar tornarse se dura duradouro, douro, se o casal casal obse observar rvar os princípios do seu manual, que é a Bíblia. Em primeiro lugar, deve existir, nos corações, o amor de Deus. Este amor deve estar arraigado em nossos corações corações (Rm (Rm 5.5b) 5.5b).. Quando Quando a pesso pessoa ama a Deus, eus, o respei respeita ta e o obedece obedece (SI (SI 128.1), tem praz prazer na lei do Senhor enhor (SI (SI 1). O amor de Deus, eus, preenchendo o coração dos cônjuges é fundamental para que a aliança do matrimônio seja forte e duradoura. Sem esse amor, dominando a vida a dois, é impossível ter um casamento feliz. O Diabo encontra brechas para seme semea ar a falta alta de interesse nteresse de um pelo pelo outro, de insatisf nsatisfa ação, e de infidelidade, que pode levar ao divórcio. b) Fal Falta ta de rel relaci acionamento nto do casal asal com D eus. us. Como foi dito sobre
a inf infidelidade, delidade, quando quando o esposo esposo e a esposa culti cultivam o relacioname relacionament nto o com Deu Deuss em se seu lar, dando dando tempo tempo para ati ativvidades simples simples,, no aspecto aspecto espi espirit ritual, ual, a tendência é que o casa casame mento nto sej seja fortal rtalecid ecido o e sua famíl amília edificada. E no lar que deve ter início o culto a Deus. Quando o casal cultiva o relacionamento espiritual com Deus, no seio da família, está
O DIVÓRCI DIVÓRCIO O E SUAS CONSEQUÊN CONSEQUÊNCIAS CIAS
edificando sua casa sobre a Rocha (Mt 7.24,25). Sem um relacionamento constante com Deus, o Adversário encontra oportunidade para lançar as sementes dos dissabores e levar ao divórcio. 2. 2. D eordem comportamental a) Falta alta decomunic unicação ação en entremarido rido emulhe ulher. Uma das das cau causa sass da in-
satisfação no relacionamento entre os esposos, é a falta de comunicação. Viv Vivemos num mundo em que as infor formações e as imagens estão à disposiçã sição de todos todos como como nunca. nunca. A comunicaçã comunicação o significativ significativa a é indispens indispensá ável para que um casal casal vi viva fe feliz. liz. Essa ssa co comunicação municação pode pode ser ser atra através vés de palapala vr vras, de gestos e toques signific ficativos. Um esposo di disse, num seminário para casa casais, is, que fazi azia mais de dez ano anoss que não não beij beija ava sua sua esposa. sposa. É uma falha tremenda. Abraçar, beijar, tocar com carinho no outro é uma forma de co comunicação municação agradável, radável, além da conve conversa rsa e do diá diálogo que co constro em laços laços fo fortalecido rtalecidoss na união união conjug conjuga al. A falta lta de dessa ssa co comuni munica caçã ção o pode cont contrib ribuir uir para o divórcio divórcio.. Fora Fora do lar, há espa espaço ço para co comunicações, municações, muitas vezes ilícitas, citas, seduto sedutora rass e destruid destruido oras ras do casa casame mento nto.. moderna derna exig xige o af afastame stamento nto b) Falta altade detempopar para ocônjug ônjuge. A vida mo do casal casal por por um longo per perío íodo do de tempo, durante o di dia a, para as ati ativvida idades prof profissionais, issionais, que cada cada um escol escolhe, he, sejam sejam por por opção, opção, ou po por nece necessidade ssidade.. E a desculp desculpa a para a falta alta de tempo é muito muito comum. Mas quando quando um não não tem tempo para o outro, outro, as as força forçass do mal mal conv convence encem m que há tempo pararelacio relacioname nament nto os estranho stranhos, s, que podem come começa çarr com um olha olhar, r, uma convers conversa, um encont encontro, ro, e por por fim fim o adultério. Essa trama já é conhec conhecida. ida. O final não é feliz, pois resulta na destruição do casamento, através do divórcio divórcio.. Di D izer que que não não há há tempo de um cônj cônjug uge e para o outro é desculp desculpa a esf esfarrapad rrapada a. Quando uando um cônj cônjug uge e dá mais mais tempo tempo para o trabalh trabalho o, para a igreja, para os ami amigos gos ou ou ati ativvidades pessoais, esque esquecendo cendo o outro outro,, abre abre brechas para o desencanto no relacionamento, e indução maligna para a separação. c) T ratame ratamento grosseiro. O casal casal deve deve ex exerci ercitar tar o tratament tratamento o cortês
e respe respeit ito oso. Quanto existe trata tratamento mento grosseiro rosseiro,, com ag agressões ressões verbais, erbais, ve vez por outra ou constantemente, o relacionamento tornas se e desagradá ve vel e até insuportável, abrindo espaço para os pensamentos de separação. O mandamento bíblico de amar a esposa como Cristo ama a Igreja deve ser ser respe respeit ita ado às últim últimas as conse consequê quências ncias.. Amar A mar sempre sempre.. Agredir A gredir nunca. nunca. 87
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d)
Insatisfação afetiva esexual. O sexo não depende do afeto. Pod
ser realizado por puro instinto biológico. Mas o afeto e o carinho são fatores que tornam a união entre o casal e a relação sexual plenamente satisfatória. E demonstração de amor entre o casal. A Bíblia exorta a que os casais tenham satisfação nessa parte (1 Co 7.37). A linguagem, no texto, pode ser atualizada de forma mais clara: o marido deve procurar satisfazer à sua esposa na sua necessidade sexual, e a mulher deve fazer o mesmo em relação ao esposo. E mostra que é um dever conjugal, sob pena de um defraudar o outro nessa parte, levandoos ao risco de serem tentados pelo Diabo. Quando existe essa falta de atenção, a insatisfação pode ser usada como motivo para a separação.
IV- CONSEQUÊNCIAS DO DIVÓRCIO 1. Inconveniências sociais
Há sérios inconvenientes, resultantes do divórcio, tanto para os cônjuges separados, e mais ainda para seus filhos. Mas a igreja local deve ser uma comunidade terapêutica e deve tratar cada caso com a graça e a sabedoria dada pelo autor do casamento. Há inconveniências sociais, no âmbito da igreja local já que um divorciado não deve frequentar a mesma congregação do outro cônjuge, para evitar constrangimentos. Se o divorciado é obreiro, a situação é mais difícil. Se ele for o causador do problema, deve ser tratado com mais rigor que um membro da igreja; se ele for a vítima da infidelidade, precisa ser apoiado em termos espirituais, emocionais e também ministeriais. Não é justo que perca o seu ministério pelo fato de ser vítima de uma tragédia em seu casamento. Se o divórcio ocorreu antes de o cônjuge ser crente, não se pode tratar da mesma maneira que um divórcio ocorrido no tempo de conversão. São vários casos a serem considerados. Mas não se justifica um legalismo cruel que trata a todos da mesma forma, vítima e causador do problema. Deus é sábio, longânimo e grande em misericórdia. Ele condena o pecado, mas permite ou tolera situações que visam salvar o ser humano em sua condição instável, enquanto viver na terra.
O DIVÓRCIO E SUAS CONSEQUÊNCIAS
2. O assassinato do amor
Quando um casal chega ao ponto de concluir que a separação é a única saída, é porque o amor foi destruído e enterrado na vala do egoísmo, do individualismo e da prática do que não agrada a Deus. Está sendo comum, em muitas ocasiões, uma esposa cristã dizer para o esposo que não sente mais nada por ele, e que a solução é o divórcio. Muitos cristãos, que optam pelo divórcio, muitas vezes já estão en volvidos, primeiro, emocionalmente, e, depois, fisicamente com pessoas estranhas. Imaginam que, adulterando, serão mais felizes. É impossível ser feliz sem a presença de Deus. Pode haver uma ilusão de felicidade, mas a realidade é outra. O que adultera deve ter consciência de que o envolvimento com a adúltera tem triste fim (Pv 5.4,5). 3. A frustração dosfilhos
Quando o casal tem filhos e são muito pequenos, estes não percebem tanto o drama da separação dos pais. Porém, quando já entendem o bem e o mal, percebem que seus pais não estão bem no relacionamento conjugal. E começam a indagar, em sua mente em formação, o que estará acontecendo. Não demora muito, e a realidade começa a se delinear diante deles e ficam chocados com a situação dos pais. Estes procuram conscientizar as crianças ou adolescentes, de que é melhor o pai e a mãe se separarem. No coração dos filhos, essa é a pior decisão de suas vidas. Eles veem nos pais o exemplo de fé, de união e de amor. E quando veem o pai ou a mãe, saindo pela porta da frente, e se mudando para outro domicílio, ou a “casa dos pais”, reagem de diversas maneiras. Uns entram em depressão; outros são consumidos pela revolta, às vezes contra Deus, por permitir que tal desgraça aconteça em sua família. Outros procuram fugas psicológicas, para esquecer a separação dos pais. Não são poucos os que, vendo que os pais se separam, enveredam pela vida do vício, da delinquência, da prostituição e até do homossexualismo, como forma de afrontar os progenitores.
V - COMO EVITAR O DIVÓRCIO 1. Na área espiritual
O casamento, assim como a família, é uma instituição muito atacada pelo Maligno. O Diabo não quer ver nenhum casal unido e feliz. Promove os vendavais de insatisfação, de desentendimento, de tristeza e de
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falta de amor. Se a casa não estiver edificada sobre a Rocha, que éJesus, não pode resistir às intempéries da vida, às forças do mal que combatem contra o lar. Desse modo, tornase indispensável agir no lado espiritual. As causas prováveis para o divórcio podem ser evitadas com a ação espiritual em favor do casamento. A boa união entre o casal só se firma se os dois uniremse diante de Deus em contínua oração. O Inimigo “adora” quando vê o marido assistindo à TV, horas a fio, ou gasta muito tempo na internet, e não se interessa pela oração; e também, quando a esposa prefere ocupar o tempo vendo novelas, filmes e outros programas que não edificam a vida espiritual. Porém, quando os dois, marido e mulher, fazem o propósito e o cumprem, de orar todos os dias por si, por seus filhos e por seu casamento, as brechas são fechadas, de modo que o Adversário não pode ter êxito em seu intentos destruidores do casamento. 2. Na área humana
O lado espiritual do casamento só se fortalece, se, no lado humano, houver interesse e dedicação de um cônjuge pelo outro. O amor é fundamental. Sua demonstração é indispensável, com palavras e gestos. O respeito mútuo e o companheirismo sincero fortalecem os laços do casamento. “E, se alguém quiser prevalecer contra um, os dois lhe resistirão; e o cordão de três dobras não se quebra tão depressa” (Ec 4.12). Quando um cônjuge é firme em sua fé e no amor fiel, quando o Diabo vem contra ele, o outro, amante e amigo, se une para, juntos defenderem seu casamento. O cordão de três dobras pode muito bem representar o casal (os dois) e a família, em união diante de Deus. Essa união não se quebra, a não ser quando a morte os separar.
E d u c a r ,
d e v e r d a f a m íl ia
“Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, atéquando envelhecer, não sedesviará dele” (Pv 22.6).
A
/ \ educação com base nos princípios bíblicos fortalece o caráter e desenvolve a cidadania cristã. Em tempos mais antigos, a educação começava no lar, e se fortalecia no meio da família. Há algumas décadas, os pais em geral eram os principais educadores da família. Com o passar dos séculos, a educação formal passou a utilizarse das instituições educacionais para desenvolver o processo educativo. Foi um avanço, sem dúvida. A educação na família deixava a desejar em termos de conteúdo, embora fosse eficaz na formação do caráter, na maioria dos lares. Quando os pais eram os educadores da família, os filhos, verdadeiros alunos, na escola davida, procuravam adotar o comportamento esperado pelos seus genitores. Lembrome do tempo em que um adolescente levantavase para ceder o lugar a um ancião, em qualquer ambiente, no lar, no transporte, nas repartições, etc. Hoje, esses gestos de civismo parecem estar esquecidos, ou nunca foram valorizados. Para que idosos tenham prioridade, foi necessária a intervenção da lei, concedendolhes o direito ao atendimento nos diversos lugares. A educação formal, desenvolvida nas instituições educacionais, utilizando conteúdos programáticos e currículos elaborados tecnicamente, amplia o leque de conhecimentos a serem apreendidos pelo alunado. Mas, infelizmente, grande parte das escolas não transmite educação. Certo autor escreveu: “Perdi minha educação, quando entrei na escola”.
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Parece exagero, mas a experiência comum confirma que, na escola, os valores morais e éticos são desprezados. Esse é o tipo de ensino que despreza os princípios da Palavra de Deus. A educação a que nos referimos, neste estudo, não é a educação secular simplesmente. Mas a educação cristã, fundada nos sagrados princípios, que emanam da palavra de Deus. Esses princípios são, antes de tudo, espirituais. Contemplam e valorizam a existência do Criador de todas as coisas, conforme a explicação da sua palavra. Esses princípios são “cláusulas pétreas”, em termos absolutos de ética e de moral. Na educação cristã, o aluno deve ser instruído nos fundamentos espirituais e morais, cuja fonte é a Palavra de Deus.
I - CONCEITOS IMPORTANTES 1.O queéeducação
“A Educação não é mais do que o desenvolvimento consciente e li vre das faculdades inatas do homem”(Sciacca); “a Educação é o processo externo de adaptação do ser humano, física e mentalmente desenvolvido, livre e consciente, a Deus, tal como se manifesta no meio intelectual, emocional e volitivo do homem” (Herman Horse); “E toda a espécie de formação que surge da influência espiritual” (Krieck, p. 62,63).1 “Ação e efeito de educar, de desenvolver as faculdades físicas, intelectuais e morais da criança e, em geral, do ser humano; disciplinamento, instrução, ensino” (Dicionário Contemporâneo da Língua Portuguesa, Caldas Aulete)”. “Ação exercida pelas gerações adultas sobre as gerações jovens para adaptálas à vida social; trabalho sistematizado, seletivo, orientador, pelo qual nos ajustamos à vida, de acordo com as necessidades ideais e propósitos dominantes; ato ou efeito de educar; aperfeiçoamento integral de todas as faculdades humanas, polidez, cortesia” {PequenoDicionário Brasileiro deLíngua Portuguesa, Aurélio Buarque de Holanda)”. Há muitas definições de educação. Podese dizer que educação é um processo que integra o ensino e a aprendizagem, com vistas à formação de indivíduos com personalidade capaz de desenvolverse e aperfeiçoarse para a vida. E diferente de instrução, de treinamento ou adestramento. A educação verdadeira prepara cidadãos conscientes para exercerem papel construtivo na sociedade. 1 BRANDÃO, Carlos Rodrigues. O que é educação, p. 17.
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“Podemos dizer que a educação é um processo contínuo de desenvolvimento e aperfeiçoamento da vida”;2Gregory vê dois conceitos de educação: “Primeiro, o desenvolvimento das capacidades; segundo, a aquisição de experiência”. “E a arte de exercitar e a arte de ensinar”. Com isso, o resultado esperado é “uma personalidade bem desenvolvida física, intelectual e moralmente, com recursos tais que tornem avida útil e feliz, e habilitem o indivíduo a continuar aprendendo através de todas as atividades da vida”.3 2. Educação cristã
Na igreja cristã, há um espaço especial para a Educação Cristã. Esta é o processo de ensinoaprendizagem proporcionado por Deus, através de sua Palavra, pelo poder do Espírito Santo, transmitindo valores e princípios divinos. E diferente da educação secular, que só transmite instruções e conhecimentos, deixando de lado os valores éticos, morais e espirituais. Por isso, a base da Educação Cristã é a Bíblia Sagrada.
II - A EDUCAÇÃO NO ANTIGO TESTAMENTO 1. Sob a égideda teocracia
No Antigo Testamento, os pais viviam sob a Teocracia, ou sob o governo de Deus sobre o povo. Todas as normas ou doutrinas, de caráter espiritual, moral, social, educacional ou familiar, emanavam da Lei de Deus. Os pais não tinham grandes desafios no relacionamento com os filhos, pois os mesmos, desde o berço, eram criados segundo os mandamentos, osjuízos e os estatutos de Deus (Dt 5.31). 2. O ensino aosfilhos no lar
Os filhos dos judeus aprendiam e absorviam o shema, ou o credo, que resumia o princípio fundamental de sua fé: “Ouve, Israel, o Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Amarás, pois, o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu poder” (Dt 6.4,5). Esse ensino fazia parte do dia a dia das crianças judaicas. Uma grande lição para a educação cristã nos dias presentes (Dt 11.1821). 2 EETAD. A educação cristã , p. 6. 3 GREGORY, John Milton. As sete leis do ensino, pp. 11,12.
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3. Oscuidados na educação dos filhos
Aos 12 anos, os meninos passavam pela cerimônia do “Bar Mitzvah”, quando já deveriam saber de cor os pontos mais importantes da lei. A sinagoga era templo e era escola também. Segundo Halph Gower, “Era responsabilidade da mãe educar tanto os filhos como as filhas durante os três primeiros anos (provavelmente até o desmame). Ela ensinava às filhas os deveres domésticos durante toda a infância delas. A partir dos três anos de idade, os meninos aprendiam a lei com o pai, e os pais também ficavam responsáveis por ensinar um ofício aos filhos. Um rabino disse certa vez: ‘O pai que não ensina ao filho um ofício útil está educandoo para ser ladrão”.4 4. Liçõespara os diaspresentes
Nesse contexto de educação no lar, podese entender que os pais eram bem presentes na vida dos filhos. Estamos escrevendo sobre educação no século XXI, onde a educação é institucionalizada, seguindo um sistema oficial de ensino. Mas a educação no Antigo Testamento nos dá sugestões válidas para hoje, principalmente para a família cristã. O ensino da palavra de Deus no lar, a educação constante, como em Deute ronômio 11.1821 é a única esperança para termos uma família firmada nos princípios da Lei do Senhor. Os pais presentes na vida dos filhos é fator indispensável para a formação do caráter cristão. Confiar apenas na escola secular é entregar os filhos a um sistema que está totalmente contaminado com as doutrinas materialistas.
00! - A EDUCAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO 1. A educação era integral
Nas poucas referência sobre o tema, vemos o exemplo da educação do menino Jesus. Diz a Bíblia: “E o menino crescia e se fortalecia em espí
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rito, cheio de sabedoria; e a graça de D eus estava sobre ele. “E crescia Jesus em sabedoria, e em estatura e em graça para com D eus e os homens” (Lc 2.40,
52). Esses textos nos falam da educação espiritual (“em espírito”), no conhecimento de Deus e intelectual (“cheio e sabedoria”), no crescimento físico (“em estatura”), e no crescimento espiritual e social (“em graça para com Deus e os homens”). 4 Ralph GOWER. Usos e costumes dos tempos bíblicos , p. 78,79.
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Aos 12 anos, Jesus foi levado pelos pais aJerusalém, para a Festa da Páscoa. Ao regressarem a Nazaré, no meio da multidão, José e Maria, sem dúvida, deixaram o menino um pouco à vontade, no meio de outros meninos, que acompanhavam seus pais. Num determinado momento, o perderam de vista, e, preocupados, o buscaram entre os caminhantes, mas não o encontraram. Lucas registra aquele momento de aflição para os pais de Jesus, e de afirmação de sua missão perante os doutores da Lei (Lc 2.4648). Os doutores da época admiraramse da inteligência e sabedoria de Jesus, como préadolescente. Naturalmente, Ele era divino. Mas, na ocasião, comportavase como um menino judeu, educado pelos pais com todo o cuidado e zelo como era de se esperar. A educação de Jesus no lar preparouo para ser um cidadão completo. Além do ensino da Lei, dos livros sagrados, do Antigo Testamento, ele foi ensinado a ter um ofício. Segundo Gower, “ele não era só o filho do carpinteiro” (Mt 13.55). Mas ele era “o carpinteiro” (Mc 6.3). Jesus teve uma educação integral. Ele conhecia o lado espiritual da vida, no ensino e no exemplo de seus pais. Foi educado a ter respeito e equilíbrio, no aspecto emocional, e teve uma educação que, nos termos de sua realidade, lhe deu um desenvolvimento físico desejável. 2. Ospais são exortados a ensinar osfilhos (E f6.4)
Infelizmente, pelas mudanças sociais impostas pelo progresso material, os pais estão cada vez mais ausentes na educação dos filhos. Além de muitos não saberem o que seus filhos estão aprendendo (ou desaprendendo) nas escolas, ainda são ausentes na educação espiritual e moral dos filhos. A maioria dos pais não faz o culto doméstico. Os filhos sequer sabem metade dos nomes dos apóstolos de Jesus. Mas grande parte sabe o nome dos personagens das novelas. Para criálos “na doutrina e admoestação do Senhor”, fazse necessária uma educação permanente, com ensinamentos ministrados no próprio lar. A maioria dos filhos de cristãos não sabe o que é doutrina. E muito menos o que é admoestação. Mas sem esses dois elementos educacionais, os filhos não poderão ter uma verdadeira formação cristã.
IV - A EDUCAÇÃO CRISTÃ O que os pais cristãos devem escolher? A educação repressiva, que levou muitos filhos à frustração e ao desvio dos caminhos do Senhor? 95
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Ou a educação permissiva, que tem levado muitos à pecaminosidade, à libertinagem e à condenação espiritual? Certamente, nenhum dos dois tipos é desejável aos pais cristãos. Mas há uma terceira via, que é a da Educação Cristã. A nosso ver, é a únicaforma de educação que pode resultar em bene fícios espirituais morais, éticos, sociais efísicospara ospais epara osfilhos. E a alternativa para evitarse a repressão, o autoritarismo, e a permissivi dade, que tantos prejuízos causam à formação da família. É uma síntese dos cuidados espirituais que os pais cristãos devem ter para com seus filhos. Não deve ser repressiva nem permissiva. Mas amorosa eformativa. Alguns aspectos dessa abençoada educação podem ser resumidos como se seguem:
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1. Osfilhossão herança eprêmios do Senhor “Eis que osfilhos são herança do Senhor” (SI
127.3 a). Assim, devem ser tratados com muito zelo, cuidado e amor. “... e o fruto do ventre, o seu galardão' (SI 127.3b — grifo nosso). Galardão é prêmio. Sempre os pais devem ser gratos a Deus pelo filho ou pela filha que nasceu no seu lar. São presentes ou prêmios vivos que devem ser cuidados, guardados, e criados com muito amor. Quando alguém recebe da parte de Deus uma bênção material, um bem, como um veículo, uma casa, um dinheiro, normalmente demonstra gratidão. Há quem faça um culto de ação de graças; há quem dê um testemunho, diante da igreja local, exaltando a Deus pelas bênçãos recebidas. Mas, muitos, que são pais, esquecemse de ser gratos a Deus pelo “galardão” vivo, que são seus filhos. Se considerarem o valor dos filhos diante de Deus, certamente terão o cuidado de darlhes a melhor educação que estiver ao seu alcance. 2. Osfilhos ea igreja local
A igreja deve ser a continuação do lar. E o lar, a continuação da igreja. Um deve completar o outro. Quando crianças, os pais devem levalos à igreja. Quando adolescentes ejovens, devem ser persuadidos a ir à casa do Senhor. Se, desde crianças, forem acostumados a ir à igreja, quando jovens darão valor a essa prática saudável (Mc 10.1316). A Educação Cristã começa no lar. E é fortalecida na Igreja, notada mente na Escola Bíblica Dominical (ED), onde os alunos são reunidos 96
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em classes de estudo, conforme sua faixa etária. A ED é a maior escola cristã do mundo. Em milhares de igrejas, certamente, instalamse milhões de classes, onde a Palavra de Deus é ensinada, promovendo excelentes resultados, na formação espiritual, ética e moral de cada pessoa, que se converte ao Senhor Jesus Cristo. O ensino, na igreja local, deve ser desenvolvido com muita seriedade. Os professores devem ser capacitados, espiritual e tecnicamente, também. É tarefa que requer dedicação: “se é ministério, seja em ministrar; se é ensinar, haja dedicação ao ensino” (Rm 12.7). A educação cristã é mais abrangente que a educação secular. Ela prepara o indivíduo, não só para ser um bom cidadão na sociedade, mas para ser um cidadão do céu, com base nos princípios espirituais e éticos, emanados da Palavra de Deus. A educação cristã não é apenas informativa. Ela é primordialmente formativa, porque se fundamenta em princípios que visam ao fortalecimento do caráter (Rm 15.4). Diz a Bíblia: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra eluz, para o meu caminho” (SI 119.105). A juventude cristã tem um referencial ético elevado para não secorromper e ser destruída pelos sistemas iníquos que dominam a sociedade sem Deus.
V - EDUCAÇÃO NA IGREJA 1. A igreja eo lar
A igreja local não substitui o lar, nem o lar substitui a igreja. Porém o ensino na igreja tem grande valor para a formação do caráter e fortalecimento da personalidade cristã. Uma grande erro é os pais confiarem a educação de seus filhos à igreja local, bem como às escolas seculares. Os filhos passam menos de um terço das horas da semana (164 horas), em reuniões da igreja. A maior parte do tempo é no lar e na escola. Assim, a igreja pode e deve dar sua contribuição, principalmente, na comunicação dos princípios bíblicos para a formação do cidadão do céu e do cidadão da terra. 2. Osobjetivos do ensino na igreja
De acordo com o Pastor Antônio Gilberto,5os objetivos do ensino bíblico são: 5 Antônio GILBERTO. Manual da escola dominical, p. 153,154.
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1) O aluno e suas relações com Deus (Is 64.8); 2) O alunoe suas relações com o Salvador Jesus (Jo 14.6); 3) O alunoe suas relações com o Espírito Santo (Ef 5.18); 4) O alunoe suas relações com a Bíblia (SI 119.105); 5) O alunoe suas relações com a Igreja (At 2.44; Ef 4.16); 6) O aluno e suas relações consigo mesmo (Fp 1.21; 3.13,14); 7) O aluno e suas relações com os demais alunos e com as demais pessoas (Mc 12.31). Através da ED, dos cultos de doutrina (pouco frequentado pelos jovens), dos seminários, simpósios e outras reuniões, é possível a igreja local dar grande contribuição para a educação cristã. Nos últimos anos tem sido notável o avanço nessa área. A igreja tem despertado para adotar métodos de ensino mais eficazes; introduzido os recursos da multimídia, e capacitado professores para melhor desempenharem seu papel como educadores cristãos.
VI - EDUCAÇÃO NA SOCIEDADE 1.A educaçãorepressiva Nas décadas passadas, os pais criavam os filhos na base do autoritarismo. Tudo era feito com base de um relacionamento rígido. A igre ja evangélica, em muitos casos, colaborou para esse tipo de educação. Eram comuns os castigos físicos, com o uso da “vara” para as falhas mais simples. Teve seu aspecto positivo, pois os filhos eram obrigados a respeitar os limites que lhes eram impostos. Havia respeito aos pais, aos mais velhos, e às normas. Os aspectos negativos dessa educação mani festavamse tempos depois, quando os filhos tornavamse independentes. D e certaforma, essa educação contrariava a Bíblia, que manda criar os filhos sem provocá-los à ira (Ef 6.4). 2.A educaçãopermissiva Na educação moderna, os psicólogos levaram os pais a não ter autoridade sobre seus filhos, para não serem repressivos. Assim, grande parte dos filhos passou a ter uma educação permissiva. Para eles, quase tudo é permitido. Os especialistas aconselham que não se deve reprimir para que os filhos não fiquem frustrados. O resultado dessa educação é uma libertinagem e uma permissividade absurda, a ponto de pais per
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mitirem que suas filhas pratiquem sexo com os namorados em suas próprias residências. Esse tipo de educação leva os filhos, desde crianças, a não respeitarem limites, normas e princípios. Aliás, essa educação “moderna”, emgeral', não temprincípios morais, éticos, emuito menos espirituais. E uma agressão aos princípios bíblicos, que exorta aos pais a criarem seus filhos “na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4b); e manda ensinar ao menino o caminho em que deve andar, para que, quando envelhecer, não se esqueça dele (Pv 22.6). 3.A educação materialista
A educação oficial, ministrada na rede de ensino pública ou particular, é totalmente influenciada pelo materialismo e pelo ateísmo. Os currículos que reúnem os conteúdos programáticos a serem transmitidos nas salas de aula são fundamentados nas filosofias e pseudociências materialistas. Tudo começa com a explicação sobre a origem da matéria, da vida, do homem, da inteligência, e de todas as coisas que existem no universo. Os professores de ciência ensinam, como sendo a última palavra, que a vida surgiu “por acaso”, de uma mistura, “ao acaso”, de substâncias químicas, que sereuniram “ao acaso”, e , dali, surgiu a vida, “ao acaso”, durante “milhões”de anos. Os alunos, crianças, ou adolescentes, de olhos arregalados, ficam hipnotizados pelas explicações, ilustradas com quadros, nos livrostexto, nos quadros de giz, ou, de modo mais sofisticado, nas telas, com projeções através de “datashows”, ou projetores de multimídia. E “o mestre”, com ar de absoluta convicção, explica que a origem da vida, dos animais e do homem, foi fruto da evolução, que dispensa totalmente a existência de um Deus pessoal, inteligente, e soberano, como ensinam as religiões, e, principalmente, como ensina o cristianismo. Figuras de macaco, evoluindo, da posição de quatro pés, ficando atarracado, até ficar ereto, até chegar a ser homem são mostradas como sendo realmente o que ocorreu. Na verdade, nada disso é verdade, mas é passado e repassado como ciência. Professores materialistas têm grande influência sobre a mente dos alunos, principalmente porque, em casa, a grande maioria não tem qualquer preparo ou fundamento bíblico ou filosófico para enfrentar a “onda” materialista, que avança sobre a educação e a cultura, nas escolas. Muitos desses professores ou professoras são homossexuais, e fazem questão de, aproveitandose de sua posição, diante dos alunos,
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propagar o seu estilo de vida anticristão, antiDeus e contra a Bíblia Sagrada, a Lei de Deus. 4. A educação informativa
Com exceção das escolas confessionais, ligadas a religiões que aceitam os princípios cristãos, em todas as escolas regulares a educação é meramente informativa. Uma quantidade enorme de conteúdos é ministrada, muitos deles sem qualquer valor para a formação do caráter e da personalidade. Não existe a preocupação com a ética ou a moral. O mais expressivo exemplo dessa educação meramente informativa é a chamada “educação sexual”. Nas escolas, os alunos, inclusive crianças e adolescentes, são ensinados que podem fazer sexo precocemente, desde que tenham cuidado em usar o preservativo. Não há preocupação com valores morais. Sexo na adolescência é ensinado como algo perfeitamente compreensível e normal. Apenas deve haver precauções. O resultado é que, anualmente, há quase um milhão ade adolescentes grávidas. A AIDS aumenta entre os jovens, de acordo com relatórios da Organização Mundial da Saúde.
A EDUCAÇÃO SEXUAL E A MORAL RELATIVISTA “E criou Deus ohomem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; macho e fêmea os criou”(Gn 1.27).
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I á uma deseducação sexual de caráter relativista imposta aos al nos, em todos os níveis, em escolas públicas e particulares. No século passado e, principalmente, no século atual, o mundo tem se tornado “sexocêntrico”. A partir da visão freudiana, tudo, na vida, tem motivação sexual. Certamente, essa é uma visão materialista e reducionista do que significa a sexualidade humana. O sexo foi criado por Deus com propósitos elevados, saudáveis e benéficos para o ser humano. No entanto, desde a Queda, o sexo e a sexualidade têm sido deturpados de modo irresponsável. No tempo presente, na era da pósmoder nidade, há uma exacerbada valorização da sexualidade, que ultrapassa tudo o que se poderia esperar de um ser racional. Homens e mulheres comportamse de maneira liberalista e, às vezes, até de maneira animalesca, no exercício da sexualidade. Neste estudo, pretendemos abordar uma análise objetiva do tema, sem a pretensão de esgotálo, tomando por base os princípios éticos, emanados da palavra de Deus. Esses princípios são bem definidos, em todos os aspectos. Com relação à sexualidade, a Bíblia tem normas, regras e ensinos, que são considerados como verdadeiros artigos de fé, e merecem ser respeitados por todos aqueles que dão valor à Palavra de
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Deus. Em termos de ética, de moral e de conduta, Deus é um Deus de santidade. Diz a Bíblia: “mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15). E um desafio enorme para o cristão ser sanjio “em toda a maneira de viver”. Ser santo é ser separado do pecado, do mundo que “jaz no maligno”eviver de acordo com os princípios imutáveis ditados porJesus Cristo. Esses princípios assumem caráter absoluto.Jesus disse, certa vez: “Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha” (Mt 12.30). Jesus não admite meio termo. Ou se está do seu lado ou contra ele. Ou se ajunta com ele, ou se espalha sem ele. Em termos éticos, não há lugar para o relativismo no meio cristão. O que significa essa inversão de valores tão acentuada, que domina a mentalidade do homem pósmoderno? Não é nenhuma novidade. O profeta Isaías, séculos antes de Cristo,já reverberava: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal! Que fazem da escuridade luz, e da luz, escuridade, e fazem do amargo doce, e do doce, amargo!” (Is 5.20). Era a antevisão do relativismo exacerbado, que haveria de dominar a mente dos homens sem Deus. O que é errado aos olhos de Deus é visto como certo. O que Deus considera virtude, o mundo materialista considerada retrocesso.
I - CONCEITOS IMPORTANTES 1.O queésexo
De acordo com o dicionário, sexo é a “Conformação particular quedis tingueomachodafêmea, nos animais e nos vegetais, atribuindolhes um papel determinado nageração e conferindolhescertas características distinti vas”(grifo nosso).1Pode ser entendido no sentido figurado, confundindose com sensualidade ou sexualidade, no sentido mais amplo; também pode significar “os órgãos genitais externos”, na linguagem mais comum. À luz da Bíblia, sexo são as características internas e externas, que identificam e diferenciam o homem da mulher, ou, do “macho e da fêmea”, como diz dicionário. Diz apalavra de Deus: “E criouDeusohomem àsua imagem; à imagemdeDeusocriou; macho efêmea oscriou”(Gn 1.27). Deus fez “o homem” (ser humano), de modo bem claro, com a conformação heterossexual. 1 Dicionário Aurélio, p. 1296.
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2. O queésexualidade
Numa definição do léxico, lemos que sexualidade é: “1. Qualidade do sexual. 2. O conjunto dos fenômenos da vida sexual”.2 A visão moderna de sexualidade inserese no contexto do relativismo e do hedonismo. Num artigo, na web, lemos: “O termo “sexualidade”nos remete a um universo onde tudo é relativo, pessoal e muitas vezes paradoxal. Podese dizer que é o traço mais íntimo do ser humano e, como tal, se manifesta diferentemente em cada indivíduo de acordo com a realidade e as experiências vivenciadas pelo mesmo”.3
II - A MORAL SEXUAL NA BÍBLIA 1. Oprincípio da heterossexualidade
O texto bíblico do Gênesis nos informa sobre a criação do ser humano que o Criador projetou, em sua mente divina, um ser para governar a Terra, com estrutura mental e física, que se complementasse com outro, de sexo oposto (Gn 1.26,27). E interessante como Satanás engana as pessoas, fazendoas acreditar que a homossexualidade é algo normal, que não afronta avontade de Deus. Nas paradas gays os ativistas e promotores desses eventos que defendem o que Deus condena, usam até aPalavra de Deus como argumento parajustificar suaconduta imoral. Se Deus quisesse aunião entre um homem e outro homem, ou entre uma mulhere outra mulher, em suasoberania, teria criado dois seres do mesmo sexo eos unido, inclusivepara aprocriação por alguma forma, por ele planejada. Mas não o fez. Fez um “macho” e uma “fêmea”, ambos portadores da “imago dei”, ou imagem de Deus. 2. Oprimeiro casamento
Foi único em sua organização, em sua natureza, e no seu ambiente. Após a criação de Eva, Deus despertou Adão de seu sono anestésico, e apresentoulhe aquela que seria a sua companheira, na jornada da vida (Gn 2.2224). No primeiro casamento, não vemos a menor ideia que sugira nem de longe a homoafetividade, ou a homossexualidade. Deus “formou uma mulher” da costela de Adão; este, após contemplar a be 2Dicionário Aurélio, p. 1297. 3O que é sexualidade. Cíntia Fávero. Disponível em http://www.infoescola.com/sexualidade/oque-e-sexualidade/. Acesso em 11/05/2012.
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leza de sua companheira, disse: “esta será chamada varoa”. No texto, vemos Deus prevendo a união, “uma só carne”, após o homem sair de seu lar, da companhia de “seu pai” e de “sua mãe”. O casamento monogâmico foi o desiderato de Deus. A bigamia e a poligamia não estavam em seus planos. Ele as permitiu por razões que não são explicadas na Bíblia. Podese entender que, por causa do pecado, haveria necessidade de apressar o povoamento da terra, ou por outros motivos, fruto de sua longanimidade. E essa monogamia só foi determinada para a união legítima, legal e santificada, entre homem e mulher. Jamais Deus admitiria uma “união estável”, homossexual, pois a esse tipo de união Ele considera, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, como arranjo pecaminoso do mais alto nível, passível de sua condenação.
III - O VALOR DA PUREZA SEXUAL No mundo relativista, a moral é elástica. Não há limites para as práticas pecaminosas. Em primeiro lugar, porque esse mundo é materialista. Jesus disse que“o mundo jaz no maligno”. A maioria das pessoas não crê em Deus, Criador e Legislador do Universo. Em segundo lugar, porque, não crendo nEle, não consideram sua palavra como regra de fé ou de conduta. Nesse contexto, a moral está sujeita às mudanças de valores que ocorrem ao sabor dos acontecimentos, das políticas, dos usos e dos costumes sociais. Na cultura relativista, não há lugar para retidão, pureza ou castidade em matéria de sexo. Tudo vale, desde que alguém entenda que é certo. Na Palavra de Deus, no entanto, os valores morais são muito diferentes. 1. O valor da virgindade noA ntigo Testamento
O texto de Salmos 119.911 é fundamental para a vida do jovem, servo de Deus, em todos os tempos. No Antigo Testamento, a moral era tão rígida, em termos de pureza sexual que, se umajovem praticasse sexo antes do casamento seria morta. Sua sentença era a pena capital. Fornicação era o mesmo que prostituição (Dt 22.20, 21). Na cultura patriarcal, o homem tinha privilégios que não eram desfrutados pela mulher. A moça que fornicava era morta. O homem que fornicasse tinha que casar com a moça (Dt 22.28,29). Até os lençóis, manchados de sangue, na primeira relação sexual, na “lua de mel”, eram valorizados. Se algum homem acusasse uma moça, 104
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em Israel, difamandoa, com acusação de não ter sido encontrada virgem, e isso fosse apurado, o difamador seria condenado a pagar pesada multa e ainda ter que continuar casado com a moça (Dt 22.1319). Um sacerdote não podia casar com mulher repudiada ou prostituta. Tinha que casar com uma moça virgem (Lv 21.14). 2. A importância da virgindadenoNovo Testamento
Alguém poderia dizer, sem pensar bem, ou por desconhecimento da Bíblia, que a moral, no Novo Testamento, é menos rígida que na antiga aliança. Seria ledo engano. Jesus Cristo não só cumpriu tudo o que estava previsto na Lei, como trouxe uma forma mais profunda e abrangente, em termos de cumprimento dos preceitos legais. Ele deixou de lado o formalismo e o legalismo, que valorizavam apenas os atos exteriores do comportamento, e se fixou na origem dos pecados, que nascem do interior do ser, do coração, ou da mente corrompida do homem (Mt 15.19). Para Jesus, a pureza tem que ser interior, tem que partir de dentro do coração e aparecer no exterior, como “luz do mundo” (Mt 5.14). Daí, porque ele considera adultério, não só o ato sexual entre pessoas não casadas, mas até mesmo o pensamento lascivo (Mt 5.28). Na parábola das Dez Virgens, vemos o SenhorJesus alertando para avigilância, quanto à suavinda, e tomando como exemplo uma cerimônia de casamento de seu tempo, no Oriente. As testemunhas dos noivos teriam que ser virgens. Em Mateus 25, vemos que ele se refere a “dez virgens”, das quais cinco eram prudentes e cinco eram loucas, insensatas ou imprudentes. O noivo haveria de chegar para o momento especial, com sua noiva, e as damas de honra só poderiam entrar para as bodas se estivessem devidamente preparadas. Se as testemunhas tinham que ser virgens, a noiva também teria de sêlo. Os costumes do AT estavam em pleno vigor, na época de Jesus. Doutrinando aos coríntios, sobre a fidelidade que os cristãos devem ter a Cristo, Paulo faz alusão ao valor da virgindade no casamento, ao dizer: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como uma virgempura a um marido, a saber, a Cristo”(2 Co 11.2 — grifo nosso). Assim se expressava o apóstolo, pois essa era a visão que ele tinha, no seu dia a dia. Um homem deveria casarse com uma virgem. 105
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3. A virgindadenosdiaspresentes A igreja cristã deve valorizar a virgindade e preservar os costumes emanados da Palavra de Deus, e de modo bem mais consistente do que os preceitos do Antigo Testamento. Naquele contexto, só quem deveria manterse virgem era a moça. Em Cristo, é diferente. Ele não faz acepção de pessoas. Se a moça deve ser virgem, o rapaz, também. Fomos questionados se um pastor poderia fazer cerimônia de casamento, numa igreja evangélica, se a noiva não fosse mais virgem. Imediatamente, indagamos: E o noivo? Se ele não for mais virgem? O pastor deve realizar a cerimônia? Por que exigir a virgindade apenas da noiva? O interlocutor ficou calado. E respondemos: Se exigimos a virgindade da jovem, devemos exigila do noivo. Do contrário, seremos vistos por Deus como hipócritas e discriminadores. Devemse ter alguns cuidados quanto a esse assunto. Há casos em que adolescentes ou moçasjovens vêm para a igreja, oriundas da vida mundana, ou de religiões não cristãs, e não são virgens, assim como rapazes na mesma situação. Eles devem ser recebidos como novas criaturas, e participarem de todas as atividades daigreja,pelo fato de teremse convertido àfé cristã. Diz Paulo: “Assim que, sealguém está em Cristo, nova criaturaé: as coisasvelhas já passaram; eis que tudo se fez novo”(2 Co 5.17). Outro aspecto importante é a natureza da virgindade em si. Há quem só se preocupe com a virgindade anatômica, aquela em que a moça não é mais virgem pelo fato de ter tido o rompimento do hímen. Mas existem jovens que continuam intactas, anatomicamente, mas não têm mais a virgindade moral. Praticam atos sexuais aparentes, sem penetração, e toda a sorte de carícias ilícitas para uma jovem ou para um jovem cristão. São pessoas que estão fornicando, mas entendem que são virgens. Diante de Deus, a virgindade tem que ser, antes de tudo, espiritual. Depois, precisa ser real, tanto física como moralmente.
IV- A PEDOFILIA A palavra é enganosamente perigosa em si mesma. Etimologica mente, vem do grego, de.paidos (criança) ephilos (amigo), o que deveria significar “amizade a crianças”. O pedófilo seria um “amigo de crianças”. Mas, na prática, a pedofilia é um dos mais terríveis crimes que alguém pode cometer contra um ser humano. A Organização de Saúde define pedofilia como sendo “a ocorrência de práticas sexuais entre um indiví106
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duo maior de 16 anos com uma criança na prépuberdade. A psicanálise encara a pedofilia como uma perversão sexual”.4 O pedófilo é uma pessoa de personalidade fraca. Um derrotado em sua psique, que tem medo da resistência de um parceiro de sua idade ou de seu porte físico. Se ele ataca meninos, é porque têm medo procurar homens adultos; se ataca meninas, é porque têm medo de se relacionar com mulheres jovens ou adultas, temendo o poder delas sobre sua condição de indivíduo que desmoraliza a si mesmo. Tratase de parafilia, ou um distúrbio psíquico, que leva o indivíduo a práticas sexuais perversas contra crianças indefesas ou vulneráveis. Pedofilia é a prática de sexo com crianças. E uma demonstração de fraqueza moral de pessoas que têm medo de se relacionar com pessoas adultas, e passam a buscar satisfação sexual com crianças, numa atitude criminosa, prevista como crime na maioria das legislações no mundo. São pessoas portadoras de distúrbios psicológicos, que têm prazer criminoso de divulgar fotos de crianças, com as quais chegam a praticar sexo, ou simplesmente fotos de crianças despidas, para alimentar o desejo mórbido de sua fraqueza moral e mental. Infelizmente, a Internet tem sido grandemente aproveitada para essas atitudes criminosas. Esse é um fenômeno acentuado pela pósmodernidade. Em países dos chamados primeiro mundo, há propostas vergonhosas para a legalização da pedofilia. Em 2006, foi proposta a criação do “Partido dos Pedófilos”. “Pedófilos holandeses estão lançando um partido político para pressionar por uma diminuição na idade legal para se manter relações sexuais no país, dedezesseis anospara doze anos. Eles também querem a legalização da pornografia infantil e do sexo com animais. O partido Caridade, Liberdade e Diversidade (NVD, na sigla em holandês) disse, em sua página na Internet, que seria oficialmente registrado na quartafeira, prometendo: “Vamos sacudir Haia!”. A legenda quer diminuir a idade legal para relações sexuais para os doze anos e, eventualmente, derrubar completamente o limite”.5 Percebese que, no Brasil, o projeto do Novo Código Penal preconiza, de igual modo, a diminuição da idade legal para se manter relações sexuais, de dezesseis para doze anos. Imaginese uma criança de 12 anos, muitas das quais não têm a idade mental correspondente à idade 4 Pedofilia. http://www.brasilescola.com/sociologia/pedofilia.htm. Acesso em 27/06/2012. 5 Disponível em: http://noticias.terra.com.br/popular/intema/0„OI1027786-EI1141,00.html. Acesso em 29/09/2012.
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cronológica, fazendo sexo com adultos. Certamente, é um incentivo à pedofilia no País. São homens assim, que usam seus conhecimentos ditos científicos, que se colocam, consciente ou inconscientemente como verdadeiros agentes a serviço do diabo. Segundo a Wikipédia, o famigerado partido foi oficialmente criado em 31 de maio de 2006.6“O Partido Caridade, Liberdade e Diversidade (NVD, na sigla em holandês) não teve dificuldade para se instalar. Um tribunal de Haia assim se pronunciou: “não pode ser proibido, já que tem o mesmo direito de existir que qualquer outro grupo”.7Quando a Lei é usada como instrumento da maldade humana, não se pode esperar que haja ética ou respeito a qualquer princípio. O ensaio da perversa ideia chegou a ser muito bem entendido pelos ilustres juristas holandeses: “Um tribunal de Haia chumbou, ontem, um requerimento que pretendia que aJustiça holandesa proibisse um grupo criado por três pedófilos de fundarem um partido político. “A liberdade de expressão, incluindo a liberdade de se criar um partido político, é visto como a base de uma sociedade democrática”, afirmou o juiz HFM Hofhuis num acórdão citado pela Associated Press e onde diz que o PNVD, iniciais que traduzem Amor Fraternal, Liberdade e Diversidade, “não cometeu nenhum crime”.8 Essa vergonhosa ideia, de origem diabólica, foi derrotada, visto que o parlamento holandês não aprovou sua implantação. E, após sua apro vação, a agremiação não teve os votos necessários para participar das eleições. Foi dissolvido em 2010. Mas os interessados nessa monstruosidade não se dão por vencidos. Eles continuam lutando por vêla vigar, naquele país liberalista da Europa. No início de 2010, o mundo foi mais uma vez abalado com as notícias constrangedoras de que altos líderes católicos, na Europa, e no Brasil, envolveramse com pedofilia. Nos Estados Unidos, segundo notícias, houve mais de 14.000 casos de abuso sexual de crianças por parte de padres e bispos católicos. Também há muitos casos de pastores, que são acusados de práticas de pedofilia. Os cristãos devem denunciar às autoridades esse tipo de site. Diz a palavra de Deus que devemos levar 6 Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Caridade,_da_Liberdade_e_da_ Diversidade. Acesso em 29/09/2012. 7 Disponível em: http://ipco.org.br/home/noticias/. Acesso em 29/09/2012. 8 Disponível em: http://www.jn.pt/paginainicial/intcrior.aspx?eontent_id=560634. Acesso em 29/09/2012.
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as crianças a Cristo, e não ao crime. “Mas Jesus, chamandoas para si, disse: Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus” (Lc 18.16). Segundo pesquisas, “Em aproximadamente 25% dos casos, o pedó filo foi uma criança molestada. O erotismo infantil está ligado à trajetória da humanidade. Em aproximadamente 450 culturas tradicionais, a idade perfeita para contrair matrimônio está entre 12 e 15 anos. Fisio logicamente, quanto maisjovem for a mulher, maiores são as chances de ocorrer uma fecundação bem sucedida. De acordo com psicólogos, especialistas em agressão infantil, de Michigan, nos Estados Unidos, cerca de 80% dos casos de abuso sexual de crianças acontecem na intimidade do lar: pais, padrastos e tios são os principais agressores”.9Esses dados são comuns à maioria dos países. No Brasil, as vítimas da pedofilia são abusadas por pais, padrastos, parentes, ou vizinhos. Isso é uma das piores facetas da perversão do homem caído, longe de Deus e dominado pelo pecado. As crianças são consideradas, na Bíblia, em alto grau de respeito, afeto e proteção. Nosso SenhorJesus Cristo ensinou que as crianças devem ter o respeito e a consideração de seus discípulos. Quando alguns pais levaram suas crianças para perto de Jesus, os discípulos aborreceramse com seu barulho o algazarra e sugeriram que eles deveriam ser mándados embora. A atitude deJesus diz tudo o que elepensa sobre as crianças: “Jesus, porém, vendo isso, indignouse e disselhes: Deixai vir os pequeninos a mim e não os impeçais, porque dos tais é o Reino de Deus. Em verdade vos digo que qualquer que não receber o Reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele. E tomandoas nos seus braços e impondo lhes as mãos, as abençoou” (Mc 10.1416). E terrível quando se sabe que sacerdotes, pastores ou líderes religiosos abusam da boa fé dos pais, e, principalmente da vulnerabilidade de crianças, para delas abusarem, em função de suas perversões. A condenação desses será maior no juízo de Deus. Os pais cristãos devem educar seus filhos, prevenindoos contra os assédios de criminosos, em escolas, na vizinhança, no próprio lar, fora ou dentro das igrejas. Devem ser presentes em todos os momentos da vida dos filhos. Procurando saber o que se passa na escola e em outros lugares. Quem são seus amigos. Observarse um filho apresenta comportamento estranho, sem querer ir para a escola; se apresenta medo ou desconforto, 9 Pedofilia. http://www.brasilescola.com/sociologia/pedofilia.htm. Acesso em 27/06/2012.
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diante de algum adulto; jamais deixar seus filhos a sós, em casa para que não sejam vítimas de parentes ou vizinhos pedófilos. Os filhos são “herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão” (SI 127.3). Recentemente, uma criança de quatro anos desapareceu, em meio a uma reunião, em uma grande igreja evangélica. Os pais ficaram aflitos, e a criança só apareceu, por misericórdia de Deus, viva e sã, dias depois. Foram dias de angústia e desespero. A mãe deixou a filha à vontade durante o culto. Isso é atitude perigosa. As crianças pequeninas devem estar junto aos pais, no culto, ou em atividade apropriada, na igreja local, sob a responsabilidade de pessoas adultas, credenciadas para essa missão.
V - A SANTIDADE DO ESPÍRITO, DA ALMA E DO CORPO Neste aspecto, temos em vista a santidade integral do ser humano, como requisito indispensável para a comunhão com Deus, no mistério da salvação, bem como para sua ida aos céus, no término de sua existência terrena. Alguns conceitos são necessários para o entendimento desse tópico, com vistas à moralidade que se baseia na Bíblia Sagrada. 1. O queéser santo
A etimologia da palavra santo nos mostra que ela vem do latim, sanctu, que, originalmente, queria dizer aquele ou aquilo que “era estabe lecido segundo a lei”', passando a ter o significado daquilo ou daquele “que se tornou sagrado”. A palavra “santo” tem sua aplicação mais elevada e original em Deus: “Não há santo como o Senhor” (1 Sm 2.2). Isaías contemplou a santidade de Deus, exclamando: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos...” (Is 6.3). A igreja Católica mistificou o sentido da palavra, só considerando santo o indivíduo canonizado, pela vida de sofrimento, pela realização de algum milagre, etc. Biblicamente, a palavra santo quer dizer aquele que, em tudo na vida, é consagrado para Deus (Ver 1 Pe 1.15). O Novo Testamento referese a santos em vida, servindo ao Senhor, em diversos lugares (Fp 4.21,22; Rm 15.25; 16.2; 1 Co 16.1; Hb 6.10; 13.24). O cristão tem que ser santo em casa, na rua, no trabalho, na igreja, no namoro, no noivado, no casamento, no relacionamento sexual e em todos os aspectos da vida.
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EDUCAÇÃO SEXUAL E A MORAL RELATIVISTA
2. A santidade
Santidade é um estado de espírito, a qualidade daquele que é santo. A santidade permeia todas as páginas da Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. E uma das mensagens principais, transmitidas por Deus a seus filhos (1 Cr 23.13; SI 29.2; SI 93.5). Se entendemos que santidade quer dizer separação do que é sagrado daquilo que é profano, precisamos zelar por tudo o que ocorre no âmbito do ambiente da igreja local, seja na pregação, no púlpito; seja na adoração, na liturgia, no louvor, nos usos e costumes, na vida moral e social da parcela do rebanho de Deus que nos foi confiada. Na Antiga Aliança, o crente comum não podia chegar ao Lugar Santo e muito menos ao Lúgar Santo dos Santos. 3. A santificação
Enquanto a santidade é um estado, a santificação é um processo. E processo pelo qual uma pessoa tornase santa, e persevera em santidade. Essa santificação, na vida do salvo, tem três estágios. Primeiro, vem a santificação inicial, quando ele aceita a Cristo. Segundo, vem a santificação progressiva, contínua, diária, até à morte, ou à vinda de Jesus. Em terceiro lugar, a santificação final, que equivale à glorificação, que só ocorrerá, na ressurreição dos salvos, ou no seu arrebatamento. No Novo Testamento, é enfatizada a santificação, mais do que a santidade. Sem santificação ninguém verá a Deus (Hb 12.14). Enquanto a santidade é um estado a ser buscado, a santificação é a prática da separação, o meio para a consagração a Deus. O servo de Deus, incumbido da liderança de sua igreja precisa ser homem separado do mal, do pecado, do mundo, para exercer sua sublime missão de levar almas a Cristo, pela mensagem do evangelho. O membro ou congregado precisa ter a consciência da santificação. Alguém, sem fundamento bíblico, ensina que Deus não se importa com o que o casal pratica, em termos de sexo. Mas a palavra de Deus exige santificação em tudo. 4. A santificação exigeconsagração
No Novo Testamento, a palavra “santo”, no grego, é hagios, com sentido semelhante ao da língua hebraica; o termo grego hagiasmós denota separação daquilo que pertence à esfera sagrada, das coisas profanas. No que respeita à sexualidade, o cristão deve ser santo, assim como em todas as áreas da vida. Diz Pedro: “...mas, como é santo aquele
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que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver” (1 Pe 1.15). Ser santo em tudo exige que a santificação seja levada a efeito de modo diuturno, contínuo, sistemático, em todas as áreas da vida. 5. A santificação tem queser integral Com sua estrutura tricotômica, formada pelo espírito, a alma e o corpo, o ser humano precisa de santificação plena. Diz Paulo: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5.23). O “homem interior”, formado pelo espírito e pela alma, constitue a parte imaterial, intangível, que se relaciona com Deus, no plano espiritual. O corpo é o que se chama de “homem exterior”, que é o corpo físico. No que tange à moral da Bíblia, a sexualidade tem que se subordinar a princípios elevados e sublimes. O corpo é templo do Espírito Santo e propriedade de Deus (cf. 1 Co 6.19,20).
O VALOR DO CULTO DOMÉSTICO “Ponde, pois, estas minhaspalavras no vosso coração e na vossa alma, eatai-aspor sinal na vossa mão, para queeste jam por testeiras entreos vossos olhos, eensinai-as a vossos filhos,falando delas assentado em tua casa, eandandopelo caminho, edeitando-te, e levantando-te” (Dt 11.18,19).
que está faltando, na maioria dos lares cristãos, é espaço para a família adorar a Deus. Essa adoração se dá através do culto doméstico. Todavia, essa prática tem sido negligenciada. Na maioria dos lares cristãos, não sefaz o culto doméstico. Milhões de crentes deixam de ir ao culto nas igrejas para ficar em casa, assistindo a uma programação que nada tem de edificante para as vidas de servos de Deus (1 Co 6.12; 10.23). A família cristã precisa ter em mente que há um plano diabólico para destruir suas bases e levála à queda espiritual e moral. Não há outra forma de fazer face a esse ataque mortal, se não for através da busca da presença de Deus no lar. O culto doméstico propicia os momentos diários para o fortalecimento do lar, por meio da oração, da leitura da Bíblia, “a espada do Espírito”, e do louvor a Deus, no meio do qual Ele se faz presente. Sabemos que neste século XXI, quando o materialismo avassala as mentes; quando crianças, nas escolas, são bombardeadas com os ensinos que eliminam Deus da origem do universo e do homem; crianças e adolescentes são estimuladas à prática do sexo precoce, e o homossexualismo
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é impingido como prática normal e saudável; se os pais não despertarem para aadoração a Deus, no lar, seráimpossível evitar a derrocadada família. Inclusive dafamília cristã. Ocorreráo que aconteceuna Europa, que um dia foi berço de grandes avivamentos. Hoje, com algumas exceções, há igrejas vazias, pelo afastamento de crianças e jovens; lares destruídos pelo ateísmo e pelo demonismo, pela ausência de Deus. O estrago por anos a fio de desprezo à educação cristã nos lares não será reparado. Mas ainda há tempo para salvar alguns (1 Co 9.22). Se houver conscientização por parte dos pais cristãos, que considerem os filhos como "... herança do Senhor, e o fruto do ventre, o seu galardão”(SI 127.3), haverá motivação para restaurar ou implantar o culto doméstico.
I - O SIGNIFICADO DO CULTO DOMÉSTICO Como o nome sugere, o culto doméstico é uma reunião da família, sob a liderança dos pais cristãos, com a finalidade de cultuar a Deus no lar. Sua realização tem sólido fundamento bíblico, como será observado neste estudo. O culto doméstico é tão importante que Satanás tem tido especial cuidado para desestimular sua realização em mais de 90% dos lares cristãos. O resultado da ausência da adoração nos lares, diariamente, é causa para a maioria dos problemas que os casais e as famílias cristãs enfrentam nestes “tempos trabalhosos”, previstos na Palavra de Deus. Que o Senhor Jesus desperte os pais cristãos para tomarem a decisão sábia e firme de desenvolver esse trabalho, que é simples, mas de grande efeito sobre aformação espiritual, moral e social da família cristã. II - O CULTO DOMÉSTICO NO ANTIGO TESTAMENTO 1. Noprimeiro lar, Deus estavapresente
Talvez não se tenha dado muita importância ao que ocorreu no Éden, no primeiro lar do ser humano, depois que ele foi criado por Deus. Era um ambiente perfeito, sem doenças, sem violência, sem qualquer coisa que abalasse a estabilidade e a segurança dos seus habitantes. Mas o que era mais importante, ali, era a presença de Deus junto ao casal. No Éden, começou o culto doméstico. Não é força de expressão ou apenas uma linguagem metafórica. Os seres criados podiam não apenas 114
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crer, mas ver e ouvir ao próprio Criador. Em atitude de reverência e adoração, ouviam a voz de Deus, que os visitava (Gn 3.8). Ali, havia um maravilhoso culto doméstico, dirigido pelo próprio Deus! E, se não fosse a desobediência, não só o Éden, mas toda a terra seria um ambiente de adoração ao Criador. Enquanto Adão e Eva permaneceram naquele estado santo, diante de Deus, só havia bênçãos. Aquele culto doméstico foi prejudicado, quando desobedeceram àvoz do Senhor, e ouviram a voz do tentador. Deus não mais se fez presente ali. O culto doméstico deixou de ser realizado no Jardim, Satanás prevaleceu. Hoje, acontece a mesma coisa. Quando os pais de família, os líderes e sacerdotes do lar, deixam de obedecer ao Senhor, todos são prejudicados. A primeira coisa que acontece é a ausência de Deus no lar. E quando Deus não está num lar, coisas terríveis acontecem. O Diabo, o adversário da família, promove a desarmonia, a falta de paz, a falta de amor; assim a desunião, a desconfiança, o ciúme e as contendas têm lugar. 2. A adoração na família era valorizada
O povo de Israel estava prestes a entrar na terra de Canaã, 40 anos depois da saída do Egito. O líder Moisés precisava dar as orientações indispensáveis sobre como se comportar no destino de sua grande jornada. O deserto serviu de campo de experiências marcantes com Deus. A passagem do mar Vermelho; a água tirada da rocha; o pão enviado por Deus; os livramentos extraordinários, e as vitórias sobre os inimigos, tudo isso só teria sentido se o povo continuasse a servir ao Senhor com fidelidade. A multidão que sobreviveu ao deserto estava às portas de Canaã. Achavamse acampados na terra de Moabe, na parte oriental ao Jordão e ao mar Morto. Moisés reuniuos e lhes fez saber a vontade de Deus, através da sua Lei, dos seus estatutos e juízos (Lv 19.37). Sem isso, jamais poderiam ser um povo abençoado. Havia uma verdadeira preocupação em integrar a família na adoração a Deus, em todas as gerações. Havia clima espiritual e emocional para o culto doméstico. As palavras que receberam do Senhor deveriam ser ensinadas às gerações da atualidade e também “aos filhos de teus filhos”, às gerações futuras. Lamentavelmente, nos dias presentes, não se vê essa determinação nas famílias atuais, mesmo no meio dos cristãos. Falta uma cultura de adoração a Deus no lar. Parece que o comodismo 11
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e o individualismo levaram as famílias a só irem às igrejas (aos templos) aos domingos ou em eventos considerados importantes, como congressos e festas anuais, de fim de Natal ou de Ano Novo. Depois, a rotina toma conta das famílias, sem incluir, em sua programação, a realização do culto doméstico. 3. A adoração eamor ao único Deus verdadeiro
Os ensinos transmitidos por Moisés aos israelitas tinham grande significado para a família. a) A família precisa saber que Deus é o “único Senhor” (Dt 6.4). O
povo de Israel iria habitar numa terra, onde as nações, ao longo dos séculos, eram politeístas. Adoravam imagens de escultura, adoravam “ao pau e a pedra”, aos animais e às forças da natureza, em sua ignorância espiritual. E os povo de Deus tinha que ter consciência de que só existe um Deus, o único Deus, Criador dos céus, da terra, do homem e de todas as coisas. E que esse Deus é o único Senhor, a quem deveriam reverenciar e adorar. No culto doméstico, hoje, os pais precisam enfatizar essaverdade. A Nova Era, uma mistura de religião, filosofias, ocultismos e misticismos, tem tido êxito em influenciar muitos jovens e adolescentes, com suas invencionices, do tipo tarô, pirâmides, avatares, e uma gama enorme de elementos esoteristas. A família cristã precisa ser “vacinada” contra essa onda de espiritualismo herético. b) A famíliaprecisa saber queDeus deveser amado com todo oser (Dt 6.5). Essa foi uma das maiores lições que Deus deu ao povo de Israel.
Ao longo da caminhada, gerações inteiras esqueciamse de amar a Deus. Dos que saíram do Egito, todos os homens de guerra pereceram, exceto Josué e Calebe. Por que? A maioria pereceu por causa da murmuração contra Deus e contra a liderança por ele estabelecida, como na rebelião de Coré, Data e Abirã (Nm 16.33). Não será o que falta, hoje, no meio de grande parte das famílias cristãs? No Brasil, os evangélicos tiveram um crescimento extraordinário, nos últimos anos, segundo o IBGE. Mas grande parte desse crescimento não é acompanhado de crescimento qualitativo. E comum famílias inteiras não realizarem qualquer tipo de atividade devocional em seu lar. Amar a Deus de todo o coração requer devoção sincera, que parte
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do íntimo do ser. Amar a Deus de toda a alma e de todo o poder exige sentimentos santos de reverência e de práticas devocionais, no dia a dia das pessoas. Não se pode dizer que uma família ama a Deus de todo o coração, se seus integrantes, mesmo sem motivo que justifique, como trabalho ou estudos, só vai à igreja local, para adorar a Deus, em fins de semana, ou se sobrar tempo para isso. 4. A ordenança do culto doméstico
No Antigo Testamento, o povo de Israel estava passando por uma experiência de aprendizado, no que concernia ao seu desenvolvimento espiritual. Depois de tantos desvios e desacertos, a pedagogia de Deus teve que ser muito rígida. O cativeiro egípcio ensinara ao povo que a desobediência tem um alto preço a pagar. O Êxodo, através do deserto abrasador, onde a sobrevivência de quase três milhões de pessoas era um risco tremendo, deu ao povo oportunidade de conhecer o poder de Deus em suas vidas. Mas, mesmo assim, com tantos sinais e maravilhas,jamais imaginadas, na vida de um povo, os hebreus costumavam a esquecer se de Deus, quando as circunstâncias adversas eram superadas. Dessa forma, Deus determinou que as famílias deveriam adorálo, não apenas diante do Tabernáculo, mas o culto a Deus deveria começar nos lares. De modo solene, a Bíblia registra a ordenançapara arealização do culto doméstico, no livro de Deuteronômio. Ospais devemteraPalavra nocoração A Bíblia destaca o valor da palavra arraigada e internalizada no coração (Pv 4.2023). Se os pais guardam a palavra podem ensinála a seus filhos. Ela deve ser o centro de referência para os pais, que a guardam “no meio do... coração”. As palavras sagradas têm um efeito extraordinário na formação do caráter dos filhos. O escritor diz que elas “são vida para os que as acham e saúde para o seu corpo”. Ou seja, quando o crente guarda a palavra e a pratica, ela é fonte de vida espiritual, e, em consequência, produz equilíbrio emocional, que resulta em saúde para o corpo físico (Hb 4.12). Esse versículo tem profundo sentido espiritual, com reflexos sobre a saúde emocional e física. Demonstra o poder terapêutico da palavra de Deus, penetrando no íntimo do ser humano, a ponto de produzir efeitos até “nas juntas e medulas”. O coração é o centro dos pensamentos e das intenções humanas. Jesus disse que “A boca fala do que o coração está
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cheio (Lc 6.45). Por que os filhos de cristãos, em grande parte, só falam em personagens de filmes, dejogos, de novelas e de realities shows? Porque o coração de muitos está cheio dessas coisas inúteis e de nenhuma edificação. Muitos têm o coração vazio da Palavra de Deus. Ospais devemensinaraPalavra emseular Esse ensino deve ser ministrado de modo persuasivo, com muita sabedoria. Os pais devem ser os sacerdotes no lar. E precisam ter autoridade espiritual para dizerem aos filhos que a palavra de Deus é a Lei do Senhor, e que a ela devemos submeternos. Se fizerem isso, apenas quando os filhos forem adolescentes ou jovens, certamente terão muita dificuldade para se fazerem ouvir. Mas, se o ensino da palavra de Deus começar na infância, os resultados poderão permanecer por toda a vida (Pv 22.6). Ospais devemteraPalavra deDeus nasmãos “Também as atarás por sinal na tua mão, e te serão por testeiras entre os teus olhos”(Dt 6.8). Osjudeus usavam os filactérios ( Tefilin) na testa, entre os olhos, para lembrar sempre da Lei do Senhor. Todavia, não precisamos agir assim; ter apalavra de Deus nas mãos podese entender como sendo figura das ações dos pais, como exemplo para seus filhos. Ê com as mãos que fazemos a maior parte das coisas. É figura das ações, das atitudes e das práticas diárias dos pais. Os filhos precisam olhar para as mãos dos seus pais, e saberem que são mãos “santas, em ira nem contenda” (1 Tm 2.8). São mãos que glorificam a Deus, que não se envolvem com coisas injustas ou desonrosas. As mãos devem ser usadas de acordo com a Palavra de Deus todos os dias; o toque das mãos pode conduzir bênçãos com a palavra. Jacó abençoou os netos, tocando neles (Gn 48.810;1316). Ospais devemapresentaraPalavra deDeusnoseular “E as escreverás nos umbrais de tua casa e nas tuas portas”(Dt 6.9). Literalmente, os pais deveriam transcrever trechos da Lei, nos umbrais das portas de suas casas, a fim de que seus filhos sempre tivessem em mente os preceitos sagrados e o dever de cumprilos para serem abençoados em sua vida. Entre os 10 mandamentos, o de honrar pai e mãe estava destacado: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Ex 20.12). Se os 118
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pais não ensinassem aos filhos esse dever, facilmente esqueceriam de preserválo. O que acontece hoje? A maioria dos pais cristãos não ensina a palavra de Deus no lar. Mas os filhos estão diariamente, durante os sete dias da semanas, “plugados” na internet, ou diante da TV, assistindo à programação secular. O que eles lembrarão mais? Os ensinos bíblicos, que recebem uma vez por semana, na EBD (quando vão), ou os ensinos dos personagens que aparecem nas novelas, nos desenhos animados e nos programas humorísticos? A resposta é simples. O que mais enche suas mentes são as imagens multicoloridas dos programas televisivos ou dos sites da rede mundial de computadores. No tempo de Moisés, no Antigo Testamento, palavra de Deus, ou a sua Lei, tinha que ser ensinada aos filhos, a começar do lar, e não do Tabernáculo. Depois, surgiram as sinagogas, que eram verdadeiras escolas de ensino doutrinário, mas a educação no lar continuava a ser a principal referência na vida e na conduta dos israelitas.
lil - O CULTO DOMÉSTICO NO NOVO TESTAMENTO No Novo Testamento, não é menor a valorização do culto em família. Talvez não apareçam tantas referências, no texto bíblico neo testamentário, pelo fato de não relatar eventos de um sistema religioso baseado na Teocracia, como no Antigo Testamento, em que tudo na vida social e moral tinha como centro de referência o lugar de adoração a Deus. Mas o sentido e a essência da adoração verdadeira, no Novo Testamento, deixaram para trás as tradições e o ritualismo, e se fundamentaram na adoração de natureza eminentemente espiritual. Jesus resumiu o significado da adoração que ele ensinou: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.34). Os pais de Jesus tiveram educação espiritual de valor elevado. 1. A criação deJesus revela um larpiedoso
Não resta a menor dúvida de que o casal José e Maria cultivava a adoração a Deus em seu lar.José, pai adotivo deJesus, e sua mãe, Maria, tinham o extremo cuidado para com seu filho primogênito. Desde o seu nascimento, nos primeiros dias de vida, já cumpriram a ordenança da lei para a apresentação da criança no templo (Lc 2.2124). 119
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Em sua primeira infância, Jesus demonstrava que tinha uma excelente formação espiritual, resultante do cuidado e zelo de seus pais: “E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele” (Lc 2.40). Em sua préadolescência, já sabia de cor aTorah, ou Lei do Senhor, aponto de confundir os doutores, no templo (Lc 2.46,47). Sua origem era divina, mas sua educação foi humana, criado num lar humilde, mas seus pais eram zelosos cumpridores da palavra de Deus. 2. A família deTimóteo
Timóteo era um jovem obreiro, discípulo do apóstolo Paulo, ganho paraJesus através da pregação do apóstolo. Em sua segunda carta, Paulo fala da lembrança pelo jovem, e diz que ora por ele, trazendo à memória a fé não fingida que em ti há, a qual habitou primeiro em tua avó Lóide e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também habita em ti. Por este motivo, te lembro que despertes o dom de Deus, que existe em ti pela imposição das minhas mãos” (2 Tm 1.5,6). Nesse texto, vemos três gerações sucessivas, que tiveram a benéfica e marcante influência do culto doméstico. Lóide, avó do discípulo soube educar muito bem sua mãe, Eunice, nos caminhos do Senhor. Eunice, por sua vez, não deixou que a educação do filho sofresse as influências do materialismo e da filosofia que predominava em sua época. Mais adiante, na epístola, Paulo reforça o valor da educação cristã deTimóteo, desde a sua infância. SeTimóteo não tivesse participado do culto em seu lar, certamente não teria ouvido do seu pastor referência tão expressiva acerca de sua formação espiritual. Ao que tudo indica, o pai de Timóteo não era cristão, “pois sua fé não é mencionada”.1Mas a avó e a mãe dele eram mulheres sábias que souberam edificar a sua casa (Pv 14.1). Felizes os lares que têm mulheres com essas características, verdadeiras líderes espirituais, que têm capacidade para influenciar gerações. Diz Paulo a Timóteo: “Tu, porém, permanece naquilo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o tens aprendido. E que, desde a tua meninice, sabes as sagradas letras, que podem fazerte sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus. Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça, para que o homem de Deus seja perfeito e perfeita1 French L. ARRINGTON e Roger STRONSTAD. Comentário bíblico Pentecostal - Novo Testamento, p. 1487.
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mente instruído para toda boa obra” (2 Tm 3.1417 — grifo nosso). O apóstolo ressalva que a Escritura tem efeito marcante na formação de uma pessoa, para que “o homem de Deus”, que tem essa instrução, seja “perfeitamente instruído para toda boa obra”. Era isso que Paulo dese java ver em Timóteo. Que Deus nos ajude a ver a educação cristã começar nos lares, no culto em família, e seja fortalecida na igreja local, através do ensino, na ED, nos cultos de doutrina; que a igreja seja a continuação do lar; e o lar o reflexo da igreja; que os pais não esperem da igreja a total formação espiritual de seus filhos. A semana tem 164 horas. Apenas umas 04 a 06 horas os filhos estão na igreja local (quando vão, a maioria só vai aos domingos...). Só com a realização do culto doméstico é possível evitar a terrível e avassaladora influência maligna da educação materialista que predomina na escola; e formar uma barreira espiritual contra a desedu cação degradante e alienante, transmitida pelos meios de comunicação, especialmente aTV e a Internet mal utilizadas.
IV - COMO REALIZAR O CULTO DOMÉSTICO 1. Providênciaspreliminares
Se a família já realiza o culto doméstico, não há necessidade de considerar este item. Mas, se não tem o costume de fazêlo, é importante anotar alguns fatores a serem levados em conta. Não deve impor à família a realização desse importante trabalho de ordem espiritual. a) Conscientização. Antes de tudo, é necessário e desejável que os pais
conversem com os filhos, principalmente se já são adolescentes e jovens, mostrando que a partir de determinado momento, os pais desejam que todos se reúnam para o culto doméstico. Se os filhos são crianças, os pais devem mostrar sua autoridade com amor, chamandoos para a reunião em família. Neste caso, o programa do culto precisa ser ameno, agradável e atraente para as crianças. Os pais devem chamar a atenção dos filhos para os perigos que rondam seu lar, em todos os momentos. Diz a Bíblia: “Sede sóbrios, vigiai, porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar”(1 Pe 5.8). Essebramido diabólico é mais forte e mais sorrateiro hoje do que nunca. b) Superar os obstáculos ao culto doméstico. Os desencontros de ho-
rários da família têm servido para dificultar a realização do culto do121
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méstico. A vida moderna tem levado a família a viver dispersa, mesmo durante o dia. Pais trabalham em horários diferentes; filhos estudam em horários diferentes, em escolas distantes, muitas vezes. Isso faz parte da vida agitada dos últimos tempos. Os filhos à “roda da mesa”, como diz o Salmo 128.3 tornase cada vez mais difícil. Mas esse é apenas um desafio que precisa ser encarado e vencido com sabedoria, determinação e com a graça de Deus. Se possível, é desejável que toda afamília esteja reunida, em volta da mesa, ou na sala de visitas, de maneira informal mas reverente. Porém, se todos não puderem reunirse, por motivo de trabalho ou de estudo, os pais devem combinar a escolha de um horário em que pelo menos a maior parte dos familiares esteja presente ao culto doméstico. Outro obstáculo é o cansaço das atividades diárias. Mas tudo deve ser feito para que o lar tenha o momento de adoração a Deus. O maior obstáculo, no entanto, é a pouca importância que se dá ao culto doméstico. As novelas, os filmes, os esportes e outros programas de TV têm mais valor para muitos cristãos. Filhos passam horas a fio nas redes sociais, e não falta tempo para isso. Mas para a adoração a Deus há muitas desculpas. Um dia, poderemos ser questionados por Deus. Os obstáculos dificultam, mas não devem ser usados como desculpas para a não realização do culto doméstico. Os obstáculos podem ser vencidos com o Poder do Espírito Santo e o esforço de todos, principalmente dos líderes do lar (Pai e mãe). Há tempo para todo propósito (Ec 3.1); Podemos tudo naquele que nos fortalece (Fp 4.13). O inimigo do lar pode agir com base nas desculpas. É necessário colocar o culto doméstico como prioridade. Só traz benefícios e bênçãos para toda a família. c) D efinir o horário do culto. A duração do culto não deve passar de
quinze avinte minutos para não se tornar reunião cansativa, e não haver desculpas de que o culto atrapalha os deveres escolares, as atividades dos pais, etc. Essa é uma definição importante. d) Não impor o culto aos quenãosão crentes. Há casos em que parte da
família não é cristã. Ou há pessoas afastadas da igreja. Se só os pais são cristãos, eles devem tomar a decisão de fazer o culto sozinhos, orando pelos filhos para que eles se voltem para Deus. Se só um membro da família é crente emJesus, ainda assim pode ter seu momento devocional a sós com Deus, no seu quarto, ou em ambiente em que não seja per
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turbado. Uma irmã idosa, serva de Deus, disse, num seminário: “Pastor, ninguém lá em casa é crente. Mas eu não faço o culto sozinha”. Indagamos como ela fazia. E respondeu: “Eu faço com mais três pessoas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo”.Todos acharam interessante a colocação descontraída mas sincera daquela querida irmã. Ela não se acomodou com o fato de ter que adorar a Deus em seu lar, sem o apoio e a companhia dos familiares. Um belo exemplo para quem quer dar desculpas para não fazer o culto doméstico. e) Preparo de materiaispara o culto doméstico. Devem ser providen-
ciadas Harpas Cristãs, cadernos de corinhos, e, de modo indispensável, Bíblias para todos os membros da família. Na hora do culto, é interessante desligar os telefones, ou colocalos em modo silencioso, de modo que não haja interrupção daqueles preciosos momentos de adoração a Deus no lar. Não se deixa o telefone ligado numa sala de aula, numa reunião com autoridades. No culto doméstico, estamos diante do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores. 2. O roteiro do culto doméstico
Não há um roteiro único. O programa simples do culto doméstico pode variar conforme a realidade da família. Sugerimos a seguir um roteiro básico, que sempre foi usado em nossa família, e nos trouxe ótimos resultados. Hoje, pela graça e misericórdia de Deus, podemos dizer: “eu e minha casa servimos ao Senhor”. a) Cânticos. Os pais devem providenciar um hinário, a Harpa Cris-
tã, ou um caderno de corinhos, que sejam bem apreciados pela família. De preferência, cânticos que não sejam muito longos, tendo em vista o pequeno período do culto. Podem ser entoados um ou mais cânticos, com equilíbrio, para não ultrapassar o horário do culto. b) L eitura bíblica. Este é um momento especial. O pai ou a mãe, se
for líder da família, escolhe um trecho da Bíblia que seja propício para a edificação dos filhos. Um salmo, um trecho de Provérbios; uma parábola deJesus ou outro texto bíblico que não seja longo. A leitura deve ser realizada, de preferência por todos os membros da família, cada um lendo um versículo, alternadamente. Esse tipo de leitura dá oportunidade de unir todos em torno da palavra de Deus. E ocasião propícia para os pais incentivarem a leitura de toda a Bíblia, a partir deles e incentivarem os filhos que sabem ler a fazêlo. Os benefícios serão eternos. 123
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c) Comentário bíblico. O pai ou a mãe, conforme o caso, poderá
fazer um comentário rápido e significativo, enfatizando aspectos do texto, e aplicandoos à vida da família; pode, também, usar o método mais informal do diálogo, fazendo uma ou mais perguntas sobre o que chamou a atenção dos filhos no texto lido. Há surpresas interessantes, nas respostas dadas. Nas ocasiões especiais, do programa da igreja local, enfatizar aspectos relevantes. Dia da Bíblia, Natal de Jesus, Ano Novo, Santa Ceia, e outros dias considerados solenes. d) Pedidos deoração. Cada um pede por seus problemas e pelos ou-
tros; em nossa experiência, criamos uma “caixinha de oração”, em que cada filho escrevia, num cartão apropriado, o seu pedido de oração, registrando a data do pedido, que era lido em todos os cultos; quando a oração era respondida, era anotada a resposta, no cartão, e dita para que todos tomassem conhecimento. Houve grande proveito nesse gesto. Muitas orações foram respondidas, até mesmo de causas que pareciam “impossíveis”. As orações não devem ultrapassar cinco a sete minutos. e) Oração. Pode ser feita por um membro da família e os outros con-
firmam com o “amém”, “assim seja”; ou pode ser feito um rodízio de oração, um após outros, com a conclusão feita pelo líder da família. Quando os filhos aprendem a orar, em casa, não têm dificuldade para orar na igreja. “Confessai asvossas culpas uns aos outros e orai uns pelos outros, para que sareis; a oração feita por umjusto pode muito em seus efeitos”(Tg 5.16).
V - BÊNÇÃOS DECORRENTES DO CULTO DOMÉSTICO São inúmeras as bênçãos de Deus sobre a família que realiza o culto doméstico. Com ele, o altar da adoração supera o “altar da televisão”. Quando realizado desde que os filhos são pequenos, são indeléveis as marcas impressas em suas mentes para toda a vida. Até aos sete anos, a personalidadejá está definida, segundo psicólogos. Crianças que participam da reunião em família, louvando a Deus, lendo a Bíblia, ou mesmo apenas ouvindo por causa da pouca idade, e veem seus pais orando com elas, certamente terão menos probabilidade de se desviarem dos caminhos do Senhor. O culto doméstico não se destina apenas a crianças. Adolescentes e jovens precisam muito desse momento especial, na sua formação espiri124
O VALOR DO CULTO DOMÉSTICO
tual. É por falta de culto doméstico que grande parte dos filhos de cristãos está no mundo, envolvida no sexo ilícito, nos vícios e na delinquência. Muitos pais dormiram e se descuidaram de zelar pelos filhos que são “herança do Senhor”. Os benefícios são evidentes para os lares onde, diariamente, louvase a Deus, lêse a sua palavra e fazemse orações. 1.Jesus se faz presenteno lar
Falando a seus discípulos, o Senhor prometeu: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”(Mt 18.20). Pode haver convidado mais importante do queJesus, participando da reunião em família? Naquele pequeno período de adoração, todo o futuro da famíliapode estar definido. O salmista declarou: “Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam”(SI 23.4). A família deve aprender e considerar que, com a presença do Senhor em suavida, não há o que temer, se todos procuram obedecer a voz de Deus. Só esse beneficio é suficiente parajustificar a realização do culto no lar cristão todos os dias. 2. Oslaços espirituaissão fortalecidos
Nos momentos de louvor a Deus, pais e filhos são abençoados, e unidos na presença do Senhor. Ele habita no meio dos louvores (SI 22.3). Deus agradase dever um lar que setransformaem ambiente de adoração. Ao orarem, pais e filhos atraem as bênçãos, o poder e a proteção de Deus para suas vidas. Cada um pede oração. Todos sentem as necessidades dos outros. Todos oram uns pelos outros. A união da família fortalece a vida espiritual e traz bênçãos extraordinárias. Diz o salmo: “Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!” (SI 133.1). Na união espiritual e fraternal, naquele lar, há lugar para a bênção de Deus: “ porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre”(SI 133.3). 3. O mal émantido à distância
Em todos os tempos, o alvo principal do adversário tem sido a família. E nos dias atuais, os ataques ao lar têm sido incrementados de forma terrível. Pais aborrecendo filhos, filhos aborrecendo pais; esposos que rejeitam as esposas e viceversa. Separações, divórcio; drogas, prostituição, fornicação, homossexualismo, e tantos outros males, são demonstração de que a família está sendo atacada sem tréguas pelas “hostes espirituais da maldade”. Diz Pedro: “Sede sóbrios, vigiai, porque 125
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o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, bus-
cando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). Mas, se a família unirse, em seu lar, em adoração a Deus, buscando o seu poder, diz a palavra de Deus: “Então, temerão o nome do Senhor desde o poente e a sua glória, desde o nascente do sol; vindo o inimigo como uma corrente de águas, o Espírito do Senhor arvorará contra ele a sua bandeira” (Is 59.19). Os perigos que rondam o lar são muitos. E podem estar dentro da própria casa. A TV secular e internet são ferramentas que podem ser usadas pelo maligno para destruir a fé, a moral e os bons costumes. Mas com Cristo no lar, avitória é certa. 4. A Palavra deDeus évalorizada
Mesmo em pequenas doses de leitura diária, a cada dia, ela vai realizando seu papel transformador nas mentes dos pais e dos filhos. Seu poder é extraordinário. E mais forte e mais eficaz do que qualquer filosofia, do que o materialismo destruidor da fé. Diz Hebreus: “Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até à divisão da alma, e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12). Os efeitos benéficos da palavra de Deus alcançam todo o ser, alma e espírito, e até a parte física, “juntas e medulas”. Por isso, Deus ordenou o cuidado com a ministração da palavra, todos os dias, sistematicamente, ao povo de Israel: “Ponde, pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma, e ataias por sinal na vossa mão, para que estejam por testeiras entre os vossos olhos, e ensinaias a vossos filhos, falando delas assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitandote, e levantandote” (Dt 11.18,19). No culto doméstico, após a leitura da Bíblia, os pais devem aproveitar para ensinar a palavra de Deus, “falando delas assentado em tua casa” e em todas as ocasiões propícias. “A tua mulher será como a videira frutífera aos lados da tua casa; os teus filhos, como plantas de oliveira, à roda da tua mesa” (SI 128.3). Este versículo representa bem a cena da família reunida em volta da mesa, para as refeições e para o culto no lar. No Novo Testamento, há recomendação de igual modo solene: “E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criaios na doutrina e admoestação do Senhor” (Ef 6.4). Todo esse esforço é infinitamente melhor do que deixar os filhos entregues àT V (“a babá eletrônica”), ou à internet (“a professora 126
O VALOR DO CULTO DOMÉSTICO
virtual”). A leitura de toda a Bíblia é um aprendizado inestimável para a vida espiritual da família. 5. A família louva a Deus “Nas tendas dos justos há voz de júbilo e de salvação; a destra do Senhor faz proezas” (SI 118.15). E gratificante e profundamente saudável a adoração em família. Pais e filhos, cantando alegremente, no lar, provocam uma atmosfera espiritual de grande valor, perante Deus. Podemos estar certos de que o Senhor se volta para ouvir o louvor que sobe de corações reverentes, na reunião familiar. Que sejam desligados os iPods, os smartphones, e outros dispositivos eletrônicos, que tocam músicas profanas, que desonram o “templo do Espírito Santo”, que é nosso corpo (1 Co 6.19,20). E se abram os lábios dos servos de Deus em louvor e adoração ao Senhor. Os louvores sobem, e as bênçãos caem sobre a casa dos honram e glorificam a Deus em seu lar. 6. Toda a família servindo ao Senhor
Josué, sucessor de Moisés, na condução do povo de Israel a Ca naã, reuniuos e disse: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24.15). O povo estava desobedecendo a Deus, e Josué propôslhe uma tomada de decisão. Se quisessem servir aos deuses estranhos, na verdade demônios, que servissem. Mas ele e sua família haveriam de servir ao Senhor, o Deus verdadeiro. Nos dias presentes, essa tomada de posição fazse mais necessária. Os “deuses” da pósmodernidade estão nas escolas; o materialismo avassala as mentes, na mídia, na educação, na cultura, na economia, no lazer, em toda a parte. Se a família não se unir em torno do SenhorJesus, não haverá esperança. Mas se os pais com os filhos uniremse no altar da adoração a Deus em seu lar, toda a família servirá ao Senhor. “... serás salvo, tu e tua casa”(At 16.31). Vale a pena o esforço para arealização do culto doméstico. Levanta barreiras espirituais contra as forças do mal, e fortalece a vida espiritual de todos no lar.
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FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL A “ junta opovo, homens, emulheres, emeninos, eos teus es trangeiros queestão dentro das tuasportas, para queouçam, e aprendam, etemam ao Senhor, vosso Deus, etenham cuidado defazer todas aspalavras desta lei” (Dt 31.12).
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/ \ Escola Dominical contribui para a formação espiritual, moral e social, em todas as faixas etárias. A Igreja do Senhor Jesus deve dar a maior importância à família. A igreja local é formada por famílias, que se reúnem para adorar a Deus. E essa adoração deve ter o respaldo e a base fundamental na Palavra de Deus. Esta, por sua vez, só pode ser apreendida, através do estudo e do ensino, da doutrina, e do discipulado. Na ED, principalmente nos moldes tradicionais, temse uma oportunidade rica de se edificar vidas e famílias, através do ensino ministrado nas diversas classes, distribuídas por faixas etárias. Há alguns anos, vi, numa igreja, uma placa afixada na entrada do templo: Não mandeseus filhos à Escola Dominical: Venha com eles. O ensino cuidadoso na ED tem grande valia para a formação espiritual, moral e social das famílias, principalmente, quando seus componentes, pai, mãe e filhos, são assíduos frequentadores das classes dominicais. Em anos passados, havia Escola Dominical em praticamente todas as denominações. Nas Assembleias de Deus, tanto de influência dos missionários europeus como norteamericanos, havia uma grande valorização da ED. Podemos afirmar que a maioria dos líderes, pas
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tores, evangelistas, missionários, professores; bem como mulheres que têm liderança nas igrejas locais, como dirigentes de Círculo de Oração, professoras, esposas de obreiros, a maioria passou pela ED. Os maiores beneficiados foram as famílias, as igrejas e as nações. Em alguns países, a ED perdeu espaço. Deixou de ser realizada por vários fatores. Na América do Norte, em muitos estados, não se realiza mais a ED. Em seu lugar, é realizado um culto dominical, quase sempre o único do primeiro dia da semana. Tivemos oportunidade de verificar esse fato quando ministramos em alguns lugares. Chamounos a atenção. Indagando o porquê dessa mudança, fomos informados de que, no domingo, para grande parte das pessoas é dia de lazer, de descanso. A igreja não pode “atrapalhar” o programa da família. Na Europa, a situação é mais complicada. A ED foi sepultada em muitos lugares depois que o materialismo ateu, ensinado nas escolas, nos colégios e nas faculdades, influenciou gerações e mais gerações a afastar se de Deus, e assimilando a falsa teoria da evolução. Em muitas igrejas, os adolescentes ejovens não quiseram mais ir aos cultos, por não verem mais sentido. Restaram os idosos que, ao longo dos anos, por doença ou velhice, tiveram que ficar em casa. Igrejas fecharam. Sem culto, sem reuniões, sem contribuições, o caminho foi o fechamento dos templos. Muitos foram vendidos e transformados em mesquitas, em cinemas, ou em estabelecimentos comerciais. Triste fim espiritual para um continente que foi berço de grandes avivamentos cristãos! Pesquisas indicam, com razoável segurança, que, dentro de poucas décadas, a Europa será um continente islâmico. Os muçulmanos ensinam o Alcorão cuidadosamente a seus filhos desde crianças. Os cristãos, infelizmente, em grande parte, preferem ir à praia, ao lazer, ou deixar os filhos diante da televisão ou do computador, na internet, sendo “educados” com programação nada edificante para suas vidas. A maioria dos pais cristãos não vai à ED. E não têm autoridade para influenciar seus filhos a amarem a Escola Dominical. Mas a derrocada espiritual desses países, chamados de Primeiro Mundo, começou, quando os pais não tiveram mais coragem e firmeza para ensinarem a Palavra de Deus em seus lares; quando as igrejas evangélicas capitularam e se deram por vencidas pelo materialismo diabólico; quando os filhos deixaram de ir para as reuniões, para os cultos, para a ED. A Bíblia diz: “Instrui o menino no caminho em que deve andar, e, até quando envelhecer, não se desviará dele”(Pv 22.6).
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Em nosso Brasil, está acontecendo algo semelhante. Em diversas igrejas, não se realiza mais a ED. A exemplo do que ocorreu na outra América, estão sendo realizados cultos dominicais, pela manhã, e mais nenhuma outra reunião. Isso para que as famílias tenham mais tempo para o lazer. E sintoma de desvalorização do ensino da Palavra de Deus. Há ensinadores e teólogos que dizem que a ED, nos moldes que conhecemos, com o ensino por faixas etárias, está ultrapassada. É retrógrada. Em lugares onde a Palavra de Deus é desprezada, fechamse Escolas Dominicais, fechamse igrejas. E abremse motéis, bares, e prisões de segurança máxima. Já ouvimos até de pastores da Assembleia de Deus dizerem que a ED não está na Bíblia. Verdadeira ignorância. Se o etíope, mordomo da Etiópia, tivesse frequentado a ED, não teria ficado anos sem entender a Palavra de Deus. “E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías e disse: Entendes tu o que lês? E ele disse: Como poderei entender, se alguém me não ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse” (At 8.30,31). O alto representante etíope só entendeu a Palavra, quando Filipe lhe explicou. E sua explicação foi tão eficaz que o homem pediu para ser batizado em águas. Na ED, nas classes específicas, por faixas etárias, muitas questões podem ser explicadas e respondidas a contento. Diz a Palavra de Deus: “Examinai tudo. Retende o bem”(1 Ts 5.21). Examinando a origem, o desenvolvimento e os efeitos da ED na vida de homens e mulheres de Deus, ao longo da História, constatamos que tem sido grande o benefício para a igreja do SenhorJesus. Nem todos podem frequentar um curso teológico, que propicia melhor aprofundamento no conhecimento bíblico. Mas todos podem frequentar uma ED, que é a maior escola bíblica do mundo. Ainda hoje, em pleno século XXI, a família pode ser altamente beneficiada pelo ensino bíblico na ED.
I - ORIGEM E FINALIDADE DA ESCOLA DOMINICAL 1.OrigemdaEscolaDominical Foi num domingo de 1890, quando o jornalista inglês, Robert Rai kes, crente metodista, estava em sua escrivaninha, buscando escrever um editorial sobre a melhoria do sistema carcerário de sua cidade. Naquele momento ele foi interrompido pelo barulho de crianças que brincavam na rua, dizendo palavrões, e brigando o tempo todo. Ali, 130
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ficou pensativo, imaginando o que seria daquelas crianças, crescendo sem amor, e sem educação. Era o período da Revolução Industrial. O trabalho infantil era comum. As crianças trabalhavam, ao lado de seus pais, para ajudar na renda familiar. Aos domingos, os pais descansavam, e as crianças ficavam nas ruas, brincando e brigando. Qual seria o futuro daqueles meninos? Pensava Raikes. Não havia escolas públicas na Inglaterra. Só os mais abastados podiam matricular os filhos nas escolas particulares. Profundamente tocado, ele deixou de lado o editorial sobre a reforma dos presídios e passou a escrever outro artigo sobre as crianças pobres, que cresciam sem estudar. Quando o jornal saiu, o artigo de Raikes chamou a atenção da comunidade. Uns, ficaram solidários com ele. Outros o criticavam, dizendo que não deveria estar preocupado com crianças, filhas de operários, quando “havia assuntos mais importantes” para se tratar. Raikes, “no próximo editorial, expôs seu plano de começar aulas de alfabetização, linguagem, gramática, matemática, e religião para as crianças, durante algumas horas de domingo. Fez um apelo através do jornal, para mulheres com preparo intelectual e dispostas a ajudarlhes neste projeto, dando aulas nos seus lares. Dias depois, um sacerdote anglicano indicou professoras da sua paróquia para o trabalho”.1Foi um apelo à solidariedade. “As histórias e lições bíblicas eram os momentos mais esperados e gostosos de todo o currículo. Em pouco tempo, as crianças aprenderam não somente da Bíblia, mas lições de moral, ética, e educação religiosa. Era uma verdadeira educação cristã”2. As crianças, a princípio, estranhavam por estar trocando as brincadeiras pelos estudos. Mas, logo, viram a grande bênção de Deus em suas vida, pois passaram a aprender a ler, escrever, e, o mais importante, a conhecer a Cristo como seu Salvador, nas aulas dominicais. Além disso, Raikes proporcionou um trabalho de ação social em prol das crianças pobres, conseguindo alimento e agasalho para elas, pois sofriam muito na época de frio. Os professores da Escola Dominical eram voluntários. Alguns recebiam pequena ajuda. Outros gastavam do próprio bolso para atender à ED. 1 Ruth Doris Lemos. "A minúscula semente de mostarda que se transformou nu ma grande árvore”. Disponível em www.epad.eom.br ; acessado em 17/04/2007. 2 Ibid.
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Como em todo trabalho de quem sonha para ajudar os outros, Raikes teve forte oposição de quem menos se esperava, ou seja, dos pastores de algumas igrejas. Eles reclamavam porque não gostavam de ver as igrejas, recebendo crianças “mal comportadas” e sujas! A semente da ED foi uma “boa semente”. Quatro anos depois, em 1784, após espalharse por várias cidades, já contava com 250 mil alunos. Em 1811, quando Raikes faleceu, a escola já matriculava 400 mil alunos, sendo, de longe, a escola que mais alunos tinha no país. Logo, os pais verificaram a mudança no comportamento das crianças, e passaram a dar apoio à iniciativa oportuna e louvável do jornalista Raikes. As famílias foram as maiores beneficiadas no seio da comunidade. No Brasil, a ED foi fundada em 1855, pelo missionário Kalley, iniciando com o ensino a jovens e adultos. Depois, foram admitidas crianças e adolescentes. “Hoje, a Escola Dominical conta com mais de 60 milhões de alunos matriculados, em mais de 500 mil igrejas protestantes no mundo.”3 2. Finalidades da Escola D ominical
Pela sua origem, entendemos que a ED foi criada com a finalidade de resgatar crianças da rua através da evangelização e do ensino secular para melhor compreender a Palavra de Deus. De certa forma, essa finalidade evangelística tem sido deixada de lado. Raras são as EDs que possuem classe de evangelização e de discipulado. Ê por demais desejável que a igreja resgate esse objetivo da ED. O ensino bíblico sistemático, finalidade relevante, nas classes por faixas etárias, deve continuar pois é de grande significado para a formação dos cristãos. Mas algumas providências devem ser tomadas para que a ED cumpra seu papel evangelizador.
II - A ED AUXILIA NA FORMAÇÃO DO CARÁTER O caráter “é o aspecto psíquico da personalidade. O caráter é a característica responsável pela ação, reação e expressão da personalidade. E a maneira própria de cada pessoa agir e expressarse. Tem a ver com a própria conduta. E a “marca”da pessoa.4O caráter faz parte da personalidade; “E adquirido, não herdado...Resulta da adaptação progressiva do 3 Ibid. 4 A ntôn io Gilberto. Manual da Escola Dominical, p. 18 4.
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temperamento às condições do meio ambiente: o lar, a escola, a igreja, a comunidade, o estado socioeconômico...”5 Tendo como base do ensino a Palavra de Deus, através das lições ministradas em cada classe por faixa etária, a ED tornase inestimável auxiliar na formação do caráter. E fato notório que a maioria dos líderes das igrejas, os missionários, os dirigentes, os pastores e outros obreiros, todos passaram pela ED.
III - A ED FORTALECE A PERSONALIDADE CRISTÃ 1. O queépersonalidade
Personalidade é definida como “O que determina a individualidade duma pessoa moral. O elemento estável da conduta de uma pessoa; sua maneira habitual de ser; aquilo que a distingue de outra” {Aurélio). “A personalidade é formada durante as etapas do desenvolvimento psico afetivo pelas quais a criança passa desde agestação. Para a sua formação incluem tanto os elementos geneticamente herdados (temperamento) como também os adquiridos do meio ambiente no qual a criança está inserida.”6 A personalidade, portanto, é construída. Podese dizer que personalidade é: “A organização dinâmica dos traços no interior do eu, formados a partir dos genes particulares que herdamos, das existências singulares que suportamos e das percepções individuais que temos do mundo, capazes de tornar cada indivíduo único em sua maneira de ser e de desempenhar o seu papel social (BALLONE, 2003).7 A formação da personalidade começa na infância. Dizem estudiosos que apersonalidade de uma pessoa está definida até aos sete anos de idade. O que ela aprender e apreender, até esta fase, comprometerá todo o seu desenvolvimento psíquico, emocional, afetivo, social etc. Daí, podemos ver como é importante o papel da Escola Dominical na formação da personalidade das crianças. Certamente, é o que a palavra de Deus adverte: “Ensina o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer, não se esquecerá dele” (Pv 22.6, ARA — grifo nosso). Essas definições, de caráter científico, mostram que a personalidade tem componentes genéticos, educacionais, familiares, e psicossociais, em que o indivíduo vai se tornando “único em sua maneira de ser e 5 Ibid., p. 184. 6Disponível em www.centroreichiano.com.br Acessado em 19/05/2007 7 Ibid.
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de desempenhar seu papel social”. Em outras palavras, na formação da personalidade entram em ação fatores hereditários (herança genética dos pais: cor da pele, dos olhos, estatura etc), e ambientais (formação familiar, escolar, cultural, moral, ética, espiritual etc.). Desse modo, é grande é a importância da ED na igreja, para a formação da personalidade dos alunos. Os fatores ambientais podem ser grandemente influenciados pelos princípios elevados do ensino bíblico. 2. A juventudeébeneficiada Os adolescentes ejovens podem ser fortalecidos em sua personalidade. Os adolescentes estão na fase, em que buscam a sua identidade, pre-
ocupamse muito consigo mesmos, reorganizando sua personalidade; “quem sou eu?”, “Por que sou assim?”, “Qual o meu futuro?”, “Meus pais não me entendem”; muitos desviamse das igrejas nessa fase. É necessário muita atenção por parte dos pais, e da igreja, na contribuição para a formação da personalidade deles. Os jovens, enfrentando as turbulências da adolescência, acabam, de uma forma ou de outra, conscientizandose de seu papel na sociedade. Pensam seriamente nas escolhas: escola, faculdade, profissão, namoro, noivado, casamento, vida espiritual etc. “Como purificará o jovem o seu caminho? Observandoo conforme a tua palavra”(SI 119.9); “Foge, também, dos desejos da mocidade; e segue ajustiça, a fé, a caridade e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor” (2 Tm 2.22). A juventude cristã, que frequenta a ED tem sido instruída e alertada contra esses males próprios de uma sociedade sem Deus, materialista e hedonista. 3. A ED eosadultos Os adultos são fortalecidos em sua vida, podendo contribuir para a
formação dos mais jovens: “Os passos de um homem bom são confirmados pelo SENHOR, e ele deleitase no seu caminho” (SI 37.23). Há adultos que não têm consciência da vida cristã por terem uma formação espiritual deficiente, ou por só terem aceito a Cristo na idade adulta. A ED precisa ajudar a lapidar o caráter dessa pessoa. A ED é uma escola de discipulado por excelência. Em cada classe, havendo professores bem preparados, os alunos podem ser formados para serem bons discípulos deJesus, e não apenas membros ou congregados das congregações e igrejas. Jesus mandou fazer discípulos, ensinando todas as coisas que Ele havia mandado.
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FAMÍLIA E A ESCOLA DOMINICAL
IV - A ED PREPARA OS ALUNOS PARA DEFENDEREM SUA FÉ Em todos os ambientes, notadamente, nas escolas seculares, predomina a educação materialista. E grande parte dos crentes não tem condições de argumentar em defesada fé. Alguns ficam calados ante as investidas dos falsos “mestres”. E outros não sabemcomo confrontaras ideias materialistas e ateístas, por falta de conhecimento bíblico e teológico. Grande número de crentes tem conhecimento muito superficial das verdades bíblicas. A ED, através de um ensino baseado num currículo bem elaborado, pode contribuir para averdadeira apologética (defesa da fé), dando aos alunos conhecimentos bíblicos, teológicos fundamentados naverdadeira ciência, para que os seus alunos possam enfrentar os ataques do materialismo. Nos cultos de doutrina, os obreiros podem passar para os crentes os ensinos fundamentais que fortalecem a fé e o caráter cristão. No entanto, em tais ocasiões, eles falam para um auditório heterogêneo, numa linguagem única para segmentos diversos de pessoas. A ED, com suas lições apropriadas para crianças, adolescentes, jovens e adultos, aborda assuntos da atualidade, os grandes problemas morais de nosso tempo, como aborto, eutanásia, gravidez substituta (“barriga de aluguel”, sexo grupai, homossexualismo desenfreado, transexualidade (mudança de sexo). Tudo isso pode ser abordado e discutido na ED, de tal forma que os alunos possam melhor posicionarse sobre tais problemas, à luz da santa Palavra de Deus. Com lições que ensinam sobre seitas e heresias, a ED presta uma contribuição excelente, para que os crentes não caiam nas armadilhas sutis das falsas religiões, que se apresentam travestidas de cristãs, mas, na realidade, são instrumentos do Maligno para afastar as pessoas de Deus. Quando a ED é bem estruturada, os professores falam para alunos separados por faixas etárias, numa linguagem própria para cada grupo específico: crianças, adolescentes,jovens, ou adultos. No mundo, há um número inimaginável de escolas.Todavia, nenhuma instituição escolar tem um efeito tão benéfico sobre a família como a ED. Em todos os países, que valorizam as igrejas, sempre tem havido pessoas que se tornaram úteis à sociedade, e frequentaram a ED. Portanto, as igrejas evangélicas precisam valorizar ainda mais essa, que é, certamente, a maior escola de formação do caráter e de vidas transformadas.
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FAMÍLIA E A IGREJA
“Porém, sevosparecemal aosvossosolhosservir ao Senhor, escolhei hojea quemsirvais...porém eu ea minha casa serviremos ao Senhor”(Js 24.15).
igreja local tem grande valor para a formação espiritual das famílias cristãs. E a única instituição em que o cristão e sua família podem apoiar se, neste mundo de mudanças e incertezas, sendo abençoado por Deus em todas as áreas da sua vida. Os lares em geral estão sofrendo terríveis ataques das intempéries espirituais que combatem contra a família, e muitos não têm resistido e sucumbido espiritualmente. A escola é uma instituição prejudicada pelas falsas visões de mundo, sendo dominadas pelo materialismo. Só resta a igreja, fundamentada na Palavra de Deus como ponto de apoio espiritual e moral para a família.
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I - CONCEITOS IMPORTANTES 1.A Igreja nosentido universal
Nesse aspecto, Ela é chamada de o “Corpo de Cristo”, ou a “Noiva do Cordeiro”. Essa é formada por todos os crentes, salvos, vivos (ou mortos), santos e fiéis. Só pode ser vista, ao mesmo tempo, por Deus, que, do seu trono, vê todas as pessoas, e todas as coisas, num “eterno agora”, no dizer de um grande teólogo. Como tal, a Igreja é um or ganismo espiritual, tendo Cristo como a Cabeça (Cl 1.18) e os crentes
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FAMÍLIA E A IGREJA
como seu Corpo. A Igreja, nesse aspecto, tem a administração espiritual, sobrenatural, sob a direção do Espírito Santo (Jo 14.26). Só precisamos colocarnos sob sua dependência e tudo funciona bem. É a essa Igreja que se refere o escritor do livro de Hebreus (Hb 12.22,23). Nessa Igreja (com “i” maiúsculo), só os salvos de verdade estão incluídos, tantos vivos, como os que já morreram, desde a fundação do mundo. 2. A igreja no sentido local
No âmbito da igreja local, Ela é formada por pessoas que se unem, e se reúnem, para adorar e servir a Deus, em um determinado lugar (bairro, região, país, etc.), e é formada pelos crentes, salvos (ou não), e pode ser vista por Deus, e, também, pelas pessoas em geral. No meio dessa igreja (local), estão “o trigo” e “o joio”, ou seja, os crentes fiéis, e, ao mesmo tempo, aqueles que não são fiéis, ou santos. Como organização, a igreja precisa de direção, de atividades, normas, de estatutos, e de ações humanas. É a igreja local o ambiente especial, consagrado para Deus, a fim de que as famílias e as pessoas em geral se reúnam para a adoração, para a pregação, o ensino, o discipulado e a assistência espiritual, moral ou social de que necessitem.
II - A FAMÍLIA: O ELEMENTO BÁSICO DA IGREJA Podemos dizer que o lar deve ser uma extensão da igreja, e a igreja, uma extensão do lar. A família de Deus deve viver e conviver no ambiente do lar, de tal forma que a presença de Deus possa ser sentida, no seu seio, não apenas quando seus membros reúnemse na igreja local. Quando uma família serve a Deus, e os pais cultivam o saudável costume de realizar o culto doméstico, os filhos valorizam o lugar onde se adora ao Senhor coletivamente. Para que a família, ou o lar, seja uma extensão da igreja local, é da maior importância que, no lar, haja um ambiente espiritual, que valorize a adoração a Deus. Se adolescentes ejovens, além de viverem plu gados na internet, passam horas diante da televisão secular, assistindo novelas e outros programas alienantes, será muito difícil alcançarse esse objetivo de ver a família integrada na igreja. A solução para possibilitar essa integração famíliaigreja e viceversa é a realização do culto doméstico.
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110- A IGREJA ACOLHENDO AS FAMÍLIAS A maior parte das famílias, no mundo atual, está desorientada, sem rumo e sem segurança, em direção à eternidade. O espírito do anticristo trabalha diuturnamente para destruir a instituição familiar. A Igreja do SenhorJesus Cristo é a única entidade, no mundo, que se preocupa com o futuro espiritual da família. E no ambiente da igreja local, que acomunidade em sua volta pode descobrir que existe uma proposta relevante para o fortalecimento do casamento, do lar e da família. 1. A natureza humana da igreja
Em todos os lugares onde há pessoas, há problemas de relacionamento humano. A igreja, no seu aspecto local., não poderia ser diferente. Ela não é formada por anjos, ou por espíritos, mas por pessoas, de carne e osso, com suas virtudes e defeitos. Só a igreja no seu sentido universal, como noiva do Cordeiro, é que não tem problemas ou defeitos. As lideranças cristãs devem atentar bem para a realidade humana, na igreja local. Não há mais lugar, nos tempos presentes, para governos autocráticos e prepotentes, que dirigiam a igreja como se fossem seus donos ou seus capatazes, com poderes absolutos sobre as vidas das pessoas e de suas famílias. Esse estilo foi causador de muitas divisões e descontentamentos, e matou muitas pessoas, excluídas por motivos banais, sem fundamento bíblico. Esse tempo passou. Por outro lado, não se deve admitir que a igreja local é espaço para o governo democrático, no sentido sociológico da palavra, como “governo do povo, pelo povo e para o povo”. Esse estilo também mata. Conduz o povo ao liberalismo e ao relativismo, que ignora os ditames da Palavra de Deus. Mas é possível, com sabedoria e graça de Deus, desenvolverse uma liderança participativa. Primeiro, com a participação de Deus, através do Espírito Santo, governando o lado espiritual. Em segundo lugar, com a participação da liderança, em harmonia e integração com os liderados, nas decisões de ordem humana ou administrativas. 2. As necessidadesdaspessoas
A igreja não pode atender a todas as necessidades pessoais, mas pode usar os recursos concedidos por Deus para atendêlas da melhor maneira possível, com a graça, a sabedoria e a unção de Deus. Podemos resumir as necessidades das pessoas e de suas famílias, como se segue: 138
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Necessidades espirituais
São as necessidades mais prementes do espírito humano. As pessoas, quando aceitam a Cristo como Salvador, vêm do mundo sentindo suas grandes necessidades espirituais. Elas necessitam de salvação, graça, conhecimento de Deus, amor de Deus, e de paz com Deus (Rm 5.1); suas almas anelam ter alegria espiritual (Lc 1.47); paz de espírito (Fp 4.6). É Deus, através do Espírito Santo, quem satisfaz plenamente a essas necessidades. Mas é a igreja local que torna essa assistência concreta na vida das pessoas, evangelizando, congregando, cultuando, ensinando, discipulando, com amor e compreensão, e levando os crentes à dimensão espiritual mais elevada. Famílias bem discipuladas podem contribuir para o crescimento na graça e conhecimento do SenhorJesus Cristo (cf. 2 Pe 3.18). Necessidades emocionais
São necessidades da alma. O salmista expressou esse tipo de necessidade, quando exclamou: “A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?” (SI 42.2). As pessoas procuram a igreja porque esperam obter nela a satisfação dessas necessidades intangíveis, que os bens materiais não podem satisfazer. Através da adoração, da comunhão fraternal e do bom relacionamento humano; de momentos de confraternização, de atenção, empatia, dedicação ao relacionamento interpessoal, de aconselhamento, nos momentos de necessidade, bem como de momentos de sadia confraternização social, a igreja local tornase acolhedora e relevante para a maioria dos que a ela se dirigem. É fato que a igreja jamais poderá satisfazer às expectativas de todas as pessoas. Sempre haverá alguém insatisfeito. Nem Jesus Cristo satisfez a todos. Quando a liderança da igreja entende que as pessoas não têm só necessidades espirituais, mas emocionais e até físicas, ele pode ser bem sucedido no seu ministério. 3. Laçospsicológicos entreaspessoas
No relacionamento interpessoal, na igreja, observamse as reações que normalmente afetam todas as pessoas, sejam crentes ou não. O ser humano não se livra de seus sentimentos positivou ou negativos pelo fato de aceitaram a Cristo. Seus temperamentos continuam com suas virtudes e defeitos. E precisam ser orientadas a cultivar as virtudes e evi139
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tar a expressão de suas fraquezas. Há mensagens abundantes na Palavra de Deus que orientam o bom relacionamento humano. A ntipatia
Podeparecer estranho, mas hápessoas que sentem antipatiapor outras. E, quando esse fenômeno é acentuado, a igreja pode sofrer desgaste e suas ações podem não ser bemsucedidas, nas diversas atividades. Se as pessoas não têm simpatia uma com a outra, o trabalho não produz. Na igreja, infelizmente, isso pode ser observado. O Diabo tem procurado cirandar muito, jogando uns contra os outros, provocando dissenção entre irmãos. Simpatia
Quando há simpatia, há colaboração, há cooperação, e o trabalho da igreja rende mais. Paulo elogiou o trabalho deTito e de companheiros que o ajudavam em seu ministério, identificandose com ele (2 Co 8.22,23). As igrejas precisam de pessoas com esse caráter; as famílias precisam desenvolver laços de amizade entre seus membros, para que possam levar esses sentimentos à igreja local. Entre o líder e os membros da igreja podem manifestarse esses sentimentos, bem como entre o líder e seus colegas de ministério. É preciso vigiar as emoções. Deus não admite que aborreçamos um irmão. É perigoso e pode comprometer a salvação. Quem aborrece a seu irmão é considerado assassino (1 Jo 3.15,16).
IV - A FAMÍLIA DO MINISTRO DA IGREJA As atividades do ministério, quando se avolumam, tendem a causar dificuldades no relacionamento entre o obreiro, sua esposa e seus filhos. Mas, segundo a Palavra de Deus, a família deve ter prioridade na vida do homem de Deus, sob pena de surgirem brechas que podem ser usadas pelo Inimigo para prejudicar a vida cristã. Neste estudo, abordamos alguns aspectos considerados importantes para que o relacionamento entre o obreiro e a família seja saudável e proveitoso. De todas as famílias que há, nas igrejas, a família do ministro, do líder, é a mais observada. O obreiro precisa ser exemplo do rebanho (1 Pe 5.3) e exemplo dos fiéis (1 Tm 4.12). 1. A vida conjugal do obreiro
O ministério não dispensa o obreiro dos deveres de esposo. Como tal, ele deve agir da melhor maneira possível. Nenhuma outra atividade 140
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exige da família identificação com o trabalho do esposo como a atividade de obreiro. O obreiro pode (e deve) comportarse como esposo exemplar para as famílias da igreja. 2. A mando a esposa (E f5.25-29)
Isso exige demonstrações práticas de carinho, de afeto. (Pv 31.29; Ct 4.1; 1.16), através de palavras, gestos (cf. 1Jo 3.18). Para muitos, as expressões “eu te amo”, “gosto de você”e outras são coisas do passado. Sem essas pequenas coisas, o casamento do obreiro tornase azedo, sem graça, e pode abrir brecha para a ação do inimigo. O exemplo do obreiro, no amor à sua esposa é referência para os casais e famílias sob seu pastoreio. 3. Comunicando-secoma esposa
A falta de comunicação entre obreiro e sua esposa tem sido uma das principais causas eficientes para o desgaste em seu matrimônio; o correcorre do dia, os estresses do pastorado, os excessos de atividades ministeriais, com administração, viagens, compromissos diversos, atendimento pastoral, visitas pastorais, muitas vezes, não deixam tempo para o obreiro dedicarse à esposa. O resultado, muitas vezes, é o esfriamento do amor conjugal. Há estudos que comprovam que a falta de diálogo, de conversa a dois, de atenção um ao outro, contribui mais para o adultério do que a atração ou sedução sexual. Assim, é indispensável o obreiro refletir sobre sua agenda, e reservar tempo para comunicarse com sua esposa. Davi tinha várias mulheres e concubinas. Mas, com o tempo, sofreu o desgaste do relacionamento com suas esposas, e acabou caindo em adultério, de modo gratuito e perigoso. O obreiro deve alimentar o melhor relacionamento com sua esposa, para que os impulsos carnais não sejam meios para a destruição do casamento e do seu ministério. As pessoas ouvem as pregações, mas observam a vida do obreiro. 4. Zelandopela esposa (E f5.29)
Há obreiros que só querem zelo para si; não cuidam de suas esposas, na parte espiritual, emocional e física; muitos até envergonhamse da esposa, pela sua aparência física. Esse zelo expressase na honra à esposa (1 Pe 3.7). Há obreiros que se envergonham de suas esposas. Às vezes, por causa das marcas do tempo em suas mulheres, quando perdem a graça da juventude, há obreiros que deixam de se interessar por suas esposas; isso é brecha para o adversário penetrar no relacionamento. 141
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Honrar a esposa, dandolhe o apreço e o respeito necessário, é fator decisivo para uma vida conjugal ajustada e gratificante. E exemplo para as famílias da igreja que o obreiro dirige. 5. Zelandopelo casamento O obreiro deve ter certos cuidados, no zelo pelo seu matrimônio. Deve usar sempre sua aliança; no gabinete pastoral, ter coisas que lembrem sua esposa e filhos (fotos); evitar envolvimento com pessoas da igreja, que possa causar prejuízo ao ministério e ao casamento; no aconselhamento, ter muito cuidado para não envolverse com mulheres que estão em dificuldade matrimonial. Sabemos de diversos casos, em que o conselheiro caiu em pecado com apessoa aconselhada, porque não orou nem vigiou acerca dos sentimentos, e envolveuse no pecado do adultério, perdendo a reputação, a honra e o ministério. O diabo trabalha24 horas por dia paradestruir ministérios. Ele não se impressiona com sermões bonitos, nem com operação de milagres. Ele foge do obreiro que anda dejoelhos, na unção de Deus. 6. União coma esposa (1 Co1.10)
Essaunião deve ser, não só espiritual, mas amorosa, afetiva; o obreiro deve, não só amar sua esposa, mas saber demonstrar esse amor, através de: Afeto, carinho, palavras (Ct 4.1,0; Pv 31.29); investir na intimidade com a esposa; gestos, abraços, carícias (1 Jo 3.18; 1 Pe 3.8); é preciso manter o namoro no casamento; zelando e fazendo o possível em favor do cônjuge (Ef 5.25,29). O amor deve ser o elo principal no relacionamento entre o obreiro e sua esposa. Se não houver amor, tudo pode desabar. Esse amor deve ser dominado pelo amor “ágape” (cf. 1 Co 13). 7. Cuidar dapartesexual (1 Co 7.3,5)
E importante para o equilíbrio espiritual, emocional e físico do obreiro e sua esposa. Quando o casal não vive bem nessa parte, o Diabo procura prejudicar o relacionamento, a fim de destruir o ministério e a família. O Diabo tem trabalhado de modo constante para levar o obreiro a pecar nessa área. Ministérios têm sido destruídos por causa da infidelidade conjugal de muitos ministros pelo mundo afora. 8. Fugir das tentações
O obreiro, por mais que se considere santo, não está imune às tentações. Jesus em tudo foi tentado, mas não pecou (Hb 4.15). Se Jesus foi tentado; Davi foi tentado (e caiu vergonhosamente); Sansão foi tentado;
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Salomão foi tentado. O obreiro, nos dias presentes, não pode achar que está livre de cair em tentação. Alguns conselhos práticos podem resguardar o obreiro da vergonha da queda, e da destruição de seu ministério, do seu casamento, e da sua honra.
V - O OBREIRO E SEUS FILHOS 1. O relacionamento do líder da igreja local comseus filhos
Tem grande importância para as famílias cristãs. Dentre as qualificações exigidas para o bispo (pastor, presbítero), destacase a capacidade de governar bem a sua casa, especialmente os seus filhos (1 Tm 3.4,5). 2. Osataquesàfamília dopastor
As famílias dos pastores de igreja são muito atacadas pelo Inimigo. O alvo principal é o seu líder. Muitas vezes, o comportamento dúbio do pai leva ao descrédito por parte da igreja: na igreja, é um santo; em casa, neurastênico, violento, sem amor. Isso destrói o lar. Mais devastador, ainda, são os escândalos na vida do obreiro: assassina a confiança dos filhos; destrói a confiança dos crentes e de suas famílias. 3. Cuidados no relacionamento com osfilhos
Devem ser os mesmos que todo pai cristão precisa ter com seus filhos. Há pastores que são tão ausentes na vida dos filhos por dedicaremse demasiadamente às tarefas ministeriais. Para eles, colocar o Reino de Deus e sua justiça em primeiro lugar significa deixar de lado tudo, inclusive a família. E um grande equívoco. Um velho pastor, que implantou quase 100 igrejas, me disse: “Ganhei tantas pessoas para Jesus. Mas perdi quase todos os meus filhos... porque não soube dar atenção a eles. Estão quase todos desviados. Se pudesse recomeçar, faria diferente. Cuidaria da igreja, sem deixar meus filhos em último plano”. Pastores não podem deixar de ser pais de verdade. São indispensáveis, na vida dos pastores, alguns cuidados com seus filhos: afeto, cuidados espirituais, comunicação e disciplina.
VI - A FAMÍLIA NA IGREJA LOCAL 1. Toda a família servindo ao Senhor
A família, participando do corpo de Cristo, de maneira ativa e comprometida. 143
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a) A dorando a Deus. É uma grande bênção, quando a família sente
se alegre em ir à igreja para adorar a Deus, participando ativamente do culto e não apenas como meros assistentes (SI 122.1). b) A família servindo a Deus. Os pais devem dar o exemplo, enga-
jandose no serviço a Deus, estimulando seus filhos a fazerem o mesmo. Quando os filhos participam de atividades, na igreja local, cantando, tocando, participando da evangelização; quando são alunos da ED, ao lado de seus pais, dificilmente o maligno consegue afastálos dos caminhos do Senhor. Envolvidos na obra do Senhor, os filhos se afastam do mundo. c) A família contribuindo. Desde cedo, afamília deve ser ensinadasobre
o valor da contribuição para a casa do Senhor. Os filhos precisam conscientizarse de que entregar o dízimo, fielmente, e contribuir com ofertas voluntárias, é também forma de adoração a Deus, através dos rendimentos familiares. Sabemos de filhos que, recebendo pequena mesada de seus pais, retiram o dízimo e entregam ao tesouro daigreja. Isso é educação cristã. E é motivo para receber bênçãos da parte de Deus (Ml 3.1012). 2. O quedeveser evitado na igreja
A família deve ser educada a saber comportarse no ambiente da igreja local. a) Mau testemunho. Quando membros da igreja dão mau testemunho, contribuem para o desgaste e o descrédito da igreja local. Conhecemos o caso de um obreiro que, na igreja, era um santo. Em casa, era um monstro.Terminou, destruindo seu casamento por causa de seu mau testemunho. b) Referências negativas nolar. Há pais que vivem criticando a igreja local, falam mal dos pastores e líderes. Isso tem efeito muito prejudicial na família (Tg 4.11). c) Mau comportamento nos cultos. Há pessoas que se comportam muito mal nas igrejas, conversando, sem reverência. Muitos nem esperam pelo final do culto e saem correndo, antes do apelo ou da bênção apostólica. Há crianças que se comportam como se estivessem num parque de diversão na hora do culto. Isso é falta de educação doméstica. O obreiro e sua família devem ser exemplo dos demais irmãos (Ec 5.1).
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Eu E MINHA CASA SERVIREMOS ao S enhor “Porém, sevosparece mal aos vossos olhosservir ao Senhor, escolhei hojea quemsirvais: seos deuses a quem serviram vossospais, queestavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais;porém eu ea minha casa servire mos ao Senhor ’(Js 24.15).
L__evar a família a servir ao Senhor, nos dias presentes, é um desafio que só se vence com a graça e o poder de Deus. Hoje, nestes tempos trabalhosos, a que se referiu o apóstolo Paulo, não é fácil ter uma família inteira servindo a Deus. E comum, mesmo em famílias de cristãos sinceros, e até de pastores, haver membros da família que não servem a Deus. A vida pósmoderna conspira contra a família, contra o lar e contra o casamento. Se na época de Josué, o grande líder que substituiu Moisés na liderança do povo israelita em direção a Canaã, era um desafio levar a família a servir ao Senhor, não é difícil entender que essa missão é muito mais desafiadora e preocupante nos dias presentes. “Os tempos atuais são tempos difíceis para a família cristã. A maioria dos pais sabe que, para criar os filhos de acordo com os elevados princípios da Palavra de Deus, e ter seu lar encaminhado na vontade do Senhor, é um desafio muito grande. A vida moderna é moldada, em geral, pelos valores anticristãos, antiDeus, e que rejeita a autoridade da Palavra revelada como sendo verdadeira.
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O lar, como instituição divina, ao lado do casamento, eda família, tem sido atacado, diuturnamente, por forças malignas poderosas, que ameaçam a cada dia destruir os alicerces da família. Contudo, os cristãos têm a seu dispor todas as armas para rechaçar os ataques do Maligno. A oração, 0jejum, a Palavra de Deus, no Nome deJesus, o poder do sangue de Cristo, em comunhão com o Espírito Santo, não são armas carnais, “mas, sim, poderosas em Deus, para destruição das fortalezas” (2 Co 10.4).1 O carcereiro de Filipos experimentou grande impacto na sua família, quando, em meio ao que parecia o fim para suavida, quando pensou em suicidarse, pôde ouvir a mensagem do evangelho poderoso de Jesus Cristo, através de Paulo e Silas na prisão daquela cidade. Espavorido, após presenciar os efeitos sobrenaturais do poder de Deus, abrindo as portas do cárcere, abaladas as estruturas do terrível edifício, o homem fez a pergunta que todos deveriam fazer: “Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar?”(At 16.30) O que fazer para ser salvo? Se a pergunta era tão instigante e significativa, a resposta dada pelos apóstolos teve tanta significação, que o homem convidou toda a família a aceitar a Cristo. “Crê no SenhorJesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16.31). Era o que ele precisava ouvir. E o que todos os homens precisam ouvir por parte dos que formam a Igreja de Jesus nos dias atuais. A eficácia da mensagem foi tão poderosa que o texto nos diz que sua família, não só aceitou a Cristo, mas logo todos foram batizados em águas, confirmando a feliz decisão. Ele pôde dizer como Josué: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Neste capítulo, podemos ter uma visão de como podemos levar nossa família a servir ao Senhor, a despeito de todos os embates contra as forças contrárias à fé em Deus, no Deus verdadeiro, que fez o céu e a terra.
1- O EXEMPLO DE NOÉ 1.Uma família deservos deDeus
Metusalém foi o homem mais longevo em toda a história do ser humano na terra. Foi filho de Enoque, que se tornou um exemplo de servo de Deus, dotado de qualidades especiais, a ponto de não ter passado pelo aguilhão da morte, sendo arrebatado aos céus (Gn 5.22,24). Metusalém teve um filho, chamado Lameque, que foi pai de Noé. Este, 1 Elinaldo Renovato de Lima. Perigos da pós-modernidade, p. 27,28.
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Eu E MINHA CASA SERVIREMOS AO SENHOR
quando tinha 500 anos, gerou a três filhos: Sem, Cam eJafé”(Gn 5.31), os quais marcaram a história da humanidade, como os únicos sobrevi ventes da catástrofe diluviana. 2. Noéandava com Deus
Noé tinha qualidades importantíssimas para um servo de Deus: era “varão justo” e “reto em suas gerações”. Além disso, ele tinha a “graça” de Deus (Gn 6.8). Com esses predicados, ele tinha o privilégio de andar com Deus (Gn 6.9), ou seja, ter uma vida de plena comunhão com Deus. Um exemplo significante para os pais de família de hoje, que vivem num mundo cujas características morais são semelhantes às do mundo na época de Noé. Os pais precisam andar com Deus para poderem ver sua família salva. 3. V ivendo em uma sociedadecorrompida
Noé viveu numa das épocas mais terríveis, em termos morais e espirituais (Gn 6.11,12), um mundo corrompido, como o atual, que desdenha da santidade, e valoriza a promiscuidade pecaminosa do homem sem Deus. A corrupção, a violência, a depravação sexual e outros males eram globais. Em toda a história, houve pecaminosidade. Mas nos dias atuais, essa pecaminosidade tem sido aumentada em índices muito ele vados que ultrapassam o que havia no tempo do patriarca do Dilúvio. Este é o tempo que precede a volta de Jesus (Mt 24.37,39). Pais de família estão perplexos quando veem seus filhos sendo levados pela onda avassaladora de imoralidade e corrupção. O que fazer? O exemplo de Noé é marcante e inspira confiar no Deus TodoPoderoso. 4. Noéesua família sãosalvos na arca
Em meio à humanidade de sua época, somente Noé e sua família escaparam da catástrofe mundial, que devastou o planeta Terra. Que exemplo extraordinário o do patriarca Noé. Um escolhido? Um predestinado? Ele tinha qualidades pessoais que o fizeram digno de receber a graça e a misericórdia de Deus. Era justo, reto e andava com Deus, a exemplo de seu bisavô, Enoque (Gn 5.24). Se os pais de família de hoje querem entrar com os seus na “Arca da Salvação”, que é Cristo, precisam seguir o exemplo singular de Noé. Não obstante “todo mundo se corromper”, Noé soube dar exemplo à sua família, transmitindolhes os ensinamentos de Deus que os havia 147
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de livrar da destruição pelo Dilúvio. Ele e sua casa eram uma minoria insignificante, mas não se impressionou com a maioria. Preferiu ficar ao lado de Deus. E foi vitorioso. Serviu ao Senhor com sua casa, foi salvo e viu sua família escapar da destruição.
II - O EXEMPLO DE JOSUÉ Josué tomou posição ao lado de sua família. Quando exortava o povo a se definir, ante a idolatria, ele disse: “Porém, se vos parece mal aos vossos olhos servir ao Senhor, escolhei hoje a quem sirvais: se os deuses a quem serviram vossos pais, que estavam dalém do rio, ou os deuses dos amorreus, em cuja terra habitais; porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor ” (Js 24.15 — grifo nosso). Muitos cristãos não estão conseguindo ver sua família servindo ao Senhor por falta de atitude firme e amorosa com seus filhos, desde a sua infância. E se conformam com o que está acontecendo no mundo, diante da destruição dos valores éticos e morais, fundados na Palavra de Deus. Para não serem considerados antiquados, capitulam ante os ataques do Maligno à família. A maior parte dos ataques contra a família cristã tem sucesso porque os líderes do lar não tomam posição desde cedo. As crianças são criadas, muitas vezes, fazendo o que bem querem e entendem. Os adolescentes ficam entregues a si mesmos, e os jovens têm absoluta independência. Esse é um modelo de família que não corresponde aos princípios bíblicos. A educação tardia, quando já são adolescentes ou jovens, tende a perder sua eficácia. A decisão de servir a Deus com a família deve ser o mais breve possível. Famílias que aceitam a Cristo, quando os filhos já são grandes têm mais dificuldades em leválos aos pés do Senhor. Josué decidiu: “eu e minha casa serviremos ao Senhor”. Isso não é mágico, repentino, ilusório. E necessário que uma série de atitudes e ações sejam desenvolvidas para que esse objetivo seja alcançado. E uma decisão, um propósito. Precisa haver firmeza de fé e de caráter nos membros da família, a começar dos pais que devem ser exemplo para eles. Josué comportouse à altura de um grande líder na visão de Deus. E foi escolhido para substituir Moisés, na última e difícil etapa para a entrada em Canaã. Mas Deus lhe deu orientações sábias e seguras para que não se desviasse de seus caminhos (Js 1.7). 148
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III - O EXEMPLO DE JOSÉ E MARIA 1. OA míncio do nascimento deJesus
O lar de José e Maria foi formado a partir da intervenção de Deus na vida dajovem camponesa de Nazaré. Certamente, durante o noivado, que já equivalia a compromisso de casamento, os dois jovens mantinham uma conduta santa e irrepreensível diante de Deus. 2. Jesus era sujeito a seuspais
Mesmo sabendo da natureza especial do nascimento daquela criança, que veio à luz numa manjedoura, José e Maria souberam levarJesus à presença de Deus. Ainda que não se possa generalizar, por falta de informações, na educação de Jesus, vemos que seus pais sabiam criálo sob sujeição ou disciplina. “E desceu com eles, e foi para Nazaré, e era-Ihes sujeito. E sua mãe guardava no coração todas essas coisas. (Lc 2.51 — grifo nosso). Nas igrejas cristãs, em geral, verificase que aumenta o índice de adolescentes e jovens, que demonstram comportamento rebelde. Primeiro, contra seus pais, depois, contra a igreja. Certamente, isso é fruto de uma falta de educação familiar sólida, fundamentada nos princípios da Palavra de Deus. A Bíblia exorta os pais a saberem instruir ou educar seus filhos, mostrandolhes o caminho a seguir. Nessa educação não podem faltar os limites éticos e morais a serem obedecidos, que serão úteis para toda avida (Pv 22.6). Só assim, adorando a Deus com eles no lar, será possível conduzilos ao Senhor Jesus Cristo, como verdadeiros discípulos e não apenas como batizados em águas.
IV - O EXEMPLO DE EUNICE 1. Uma mãevitoriosa
Pouco se sabe sobre essa mulher cristã, citada por Paulo em suas epístolas. Seu nome significa “boa vitória”.2Nome bem apropriado para uma mulher que soube educar sua família nos caminhos do Senhor Jesus Cristo. Quantas mães, nos dias presentes, têm sido frustradas em sua criação para com os filhos, por não conseguirem enfrentar a terrível influência maligna sobre sua família. E choram, lamentando ao ver os filhos perdidos, desviados, longe de Deus, muitas vezes tragados pelos vícios, 2 R.N. CHAPLIN & J.M. BENTES. Enciclopédia de bíblia, filosofia e teologia, Vol. II, p. 591.
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pela prostituição ou pela violência. Euniee era a mãe do jovem discípulo de Paulo, chamado Timóteo. O apóstolo o chama de “meu amado filho” (2 Tm 1.2), significando que o jovem discípulo tinha intimidade com o seu pai na fé, e eramotivo de alegria para aquele que o ganhou para Cristo. O testemunho de Timóteo era tão gratificante que Paulo escreve, dizendo que desejava vêlo, orando sempre por ele (2 Tm 3.15,16). 2. A criação deTimóteo
Sua mãe pertencia a uma família judia tradicional. Seu pai era grego (At 16.1). Paulo elogia sua fé, de umjovem cristão, transmitida principalmente por sua avó e por sua mãe (2 Tm 1.5). Podese perceber, no texto, que a educação de Timóteo não era simplesmente intelectual, oriunda das escolas gregas oujudaicas. Sua mãe, Eunice, herdara aformação moral e espiritual de sua avó. Timóteo teve uma educação segura, fundamentada nos ensinos da Palavra de Deus. Exemplo edificante de uma família que cresceu vendo o ensino e o exemplo na liderança do seu lar. 3. Uma educação cristã esmerada
A educação deTimóteo foi destacadapor Paulo em 2Timóteo 3.1417. Todaainstrução queTimóteo recebeu tinha afinalidade elevadíssima. Como escritura“divinamente inspirada”, a doutrina que ele absorveu era“proveitosa para ensinar, para redarguir, paracorrigir e parainstruir emjustiça”. O objetivo maior da educação de Timóteo, que serve de parâmetro para a educação cristã, erafazer com que “o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda a boa obra”. Mas, na escola de Timóteo, os filhos dos cristãos podem aprender, mesmo no século XXI, a serem perfeitos e perfeitamente instruídos para toda a boa obra. Daí o motivo pelo qual, entre os adolescentes e jo vens, educados na ED, nos cultos de doutrina, e principalmente no culto doméstico, raramente se ouve falar em uso de drogas, do álcool ou da prostituição e da violência. Há problemas, sim. Os filhos dos crentes em Jesus não são anjos e muito menos arcanjos. São pessoas de carne e osso, com alma, sentimentos, emoções (positivas e negativas), que precisam crescer “na graça e no conhecimento de nosso SenhorJesus Cristo”(2 Pe 3.18). Porém, com muita oração dos seus pais cristãos; com a realização do culto doméstico, há esperança de vêlos preparados para enfrentar o mundo perigoso dos últimos tempos, desde que sejam ensinados a usar a armadura de Deus (Ef 6.11,13).
O s PERIGOS DO CONSUMISMO “Por quegastais o dinheiro naquilo que não épão? E o produto do vosso trabalho naquilo que nãopode satisfazerf O uvi-me atentamente e comei o que é bom, e a vossa alma se deleite com a gordura” (Is 55.2).
consumismo tem levado muitos gastar o que não têm e adquirir bens de que não precisam. Um dos problemas mais sérios, que afetam de modo negativo as relações na família é o consumismo. Há famílias de cristãos que sofrem as consequências da má administração dos recursos familiares. Algumas são tão infelizes, nessa área, que não conseguem contribuir com a obra do Senhor Jesus, pelo fato de viverem sufocadas com dívidas que nunca conseguem saldar. Quando os homens viviam e sobreviviam com base na economia familiar, não havia espaço para o consumismo. No entanto, quando os bens e serviços passaram a ser produzidos em escala industrial, houve um estímulo exacerbado ao consumo. E criouse um círculo vicioso. A produção em larga escala exige consumo em larga escala. E viceversa. A televisão é a principal sedutora do consumidor. Com produções de vídeos promocionais de altíssimo custo, as agências de publicidade, a serviço das empresas, procuram atrair e segurar o consumidor pelos olhos e pelos ouvidos. Há programas que são veiculados durante grande parte dos horários da TV, exclusivamente dedicados à venda de bens ou serviços. Com versátil sistema de telemarketing, as empresas atendem aos clientes em potencial no momento em que os produtos são ofereci-
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dos. É só ligar para um telefone, dar o número do cartão de crédito (ou débito) e a compra é realizada. A internet também é poderosa máquina de consumismo. Sites especializados, chamados e-commerce, são cadavez mais procurados pelos consumidores. Comprar e vender é uma característica marcante dos fins dos tempos, prevista por Jesus. Em Lucas 17.28 vemos um retrato profético do que está acontecendo no século XXI. Comer e beber, em termos normais, não significa nada que possa ser reprovado, nem ser tomado como “sinal dos tempos”. No entanto, o comer e beber de modo exagerado é característica dwos últimos anos; comprar evender desde tempos imemoriais, sempre foram atividades normais, principalmente quando a humanidade descobriu o uso do dinheiro, da moedapapel ou do papel moeda e saiu do escambo direto. O problema é comprar o que não é necessário, endividarse pela compulsão de gastar. Incluir esse tema neste trabalho justificase pelo fato de que muitos cristãos, em todas as igrejas evangélicas, são dominados pelo sentimento avassalador do consumo de bens e serviços de forma exagerada. Há casamentos que foram destruídos por causa de dívidas, contraídas por esposos ou esposas, que não souberam refrear seus impulsos consumistas. Há famílias que ficaram pobres e dependentes de ajuda, vítimas da fome e da sede de consumir ou de possuir bens materiais.
I - CONCEITOS IMPORTANTES 1. O que éconsumismo
“Consumismo é o ato de comprar produtos e/ ou serviços sem necessidade e consciência. É compulsivo, descontrolado e que se deixa influenciar pelo marketing das empresas que comercializam tais produtos e serviços. É também uma característica do capitalismo e da sociedade moderna rotulada como “a sociedade de consumo”.1O ser humano, afetado pelo pecado, sente a necessidade de satisfazer suas carências emocionais. E uma das formas enganosas de buscar essa satisfação é através do consumo de bens. No Antigo Testamento, temos um texto que nos mostra que esse comportamento não é novidade das últimas décadas. Já havia no meio do povo de Israel. O Senhor chamou a atenção para essaprática, quando ' Consumismo. Disponível em http://www.brasilescola.com . Acesso em 14/08/2012.
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indagou: “Por que gastais o dinheiro naquilo que não é pão? E o produto do vosso trabalho naquilo que não pode satisfazer? (Is 55.2 a). Gastar o dinheiro com o que “não é pão”, não se refere ao pão de trigo, e sim a gastar com o que não é necessário, ou com o que é supérfluo. 2. Consumidor econsumista
“O consumista diferenciase em grande escala do consumidor, pois este compra produtos e serviços necessários para sua vida enquanto aquele compra muito além daquilo de que precisa”.2O consumidor adquire bens e serviços que são úteis à si e à sua família, de modo racional. Ele analisa o que vai adquirir, planeja suas compras e só apropriase do que pode pagar. O consumista não pensa. Age por impulso. Com um cartão de crédito na mão, sentese dono do poder aquisitivo. E vai comprando, até descobrir que precisa fazer empréstimos para saldar os compromissos, ou pagar altíssimos juros e multas por inadimplência. Segundo Gabriela Cabral, “O consumismo tem origens emocionais, sociais, financeiras e psicológicas que juntas levam as pessoas a gastarem o que podem e o que não podem com a necessidade de suprir a indiferença social, a falta de recursos financeiros, a baixa autoestima, a perturbação emocional e outros. 3. Consumo econsumismo
O consumo é atividade normal de adquirir bens necessários para a sobrevivência das pessoas. O consumismo é a prática do consumista, que se impressiona pelos olhos e pelos ouvidos, muitas vezes atraído pelas propagandas de produtos supérfluos, e adquire bens em busca do prazer ou da alegria que o motive a encarar a realidade. Mas a felicidade produzida por posse de bens é ilusória. Jesus ensinou que não devemos ajuntar “tesouros na terra” e sim, nos céus (Mt 6.20). Assim como doses de bebida alcoólica provocam no cérebro um tipo de satisfação, mesmo passageira e enganosa, o consumismo produz na mente das pessoas um sentimento de satisfação, de seu ego, de sua psique. Uma consumista dizia que se sentia feliz em ouvir o barulho da máquina registradora das despesas, nos caixas das lojas. Mas esse sentimento perde seu efeito quando aquele bem se torna comum na vida do consumista. E ele procurar adquirir mais e mais para continuar tendo o prazer de que sente falta. 2 Ibidem.
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4. O cristão eo consumisnio
Um crente ou uma crente emJesus pode ser consumista? E possível. Pelo fato de ter a salvação, não deixa de ser uma pessoa de carne e osso, com sentimentos e emoções próprias de cada um. O fato de poder cair na armadilha do consumismo deve levar o cristão a refletir se tal prática condiz com sua condição de “sal da terra”e“luz do mundo”. A palavra de Deus nos exorta a que tudo o que fizermos contribua para a glorificação a Deus (1 Co 10.31,32). Certamente, em nada contribui para a glória de Deus uma pessoa deixarse levar pelo impulso consumista, adquirindo coisas que não são necessárias para sua vida ou que a leve a uma situação de endividamento, em que não possa cumprir com seus compromissos financeiros. Podemos dever, em compras financiadas, a crédito, desde que paguemos em dia as prestações assumidas. Mas ficar devendo além das possibilidades, de acordo com a renda é pecado. É enganar a si mesmo e enganar aos outros. O consumismo é prática reprovável para o cristão que deseja honrar o nome do Senhor Jesus.
II - O CONSUMISMO É UM VÍCIO 1. O consumir compulsivamente
Quando se fala em vício, no meio cristão, vem logo à mente alguém, num bar, tomando bebida alcoólica, sem poder controlarse, até chegar ao “delirium tremens", ou à cirrose hepática; ou alguém com um cigarro na boca, entupindo os pulmões de nicotina e de outras cinco mil substâncias cancerígenas, que levam muitos à morte. Mas comprar por impulso, gastando o que não pode também é um vício. Como diz a estudiosa do assunto, Gabriela Cabral, a pessoa consome demasiadamente, para suprir “... a baixa autoestima, a perturbação emocional e outros” problemas dessa ordem. Graças a Deus, sua Palavra tem a orientação segura sobre como lidar com as finanças, sem cair no fosso das dívidas, da tristeza e da decepção por causa dos recursos financeiros. Uma administração financeira, baseada na ética bíblica, livra muitos de enfrentarem situações constrangedoras”.3A advertência bíblica em Romanos 13.8 se faz oportuna: “A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos 3 Elinaldo Renov ato de LIM A. Ética cristã, p. 159,160.
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ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei”. Dever o amor é agradável, desde que saibamos retribuir uns aos outros o amor de Cristo em nossos corações. Dever acima das condições financeiras é pecado. E causar dores e perturbações desnecessárias. 2. O quecontribuipara o vício do consumismo
Alguns fatores, próprios da economia moderna, são, de um lado, favoráveis à aquisição de bens e serviços, de forma equilibrada e satisfatória, permitindo a pessoas de baixa renda usufruir de produtos que não poderia obter, se não fossem as facilidades do crédito ao consumidor. De outro lado, porém, as mesmas facilidades alimentam o desejo e a compulsão por gastar dos consumistas. a) O créditofácil. Segundo reportagem do site www.istoe.com.br ,
“Nunca foi tão fácil conseguir crédito. Às vésperas do Natal, o mercado pouco exige do pagador. A compra é parcelada a perder de vista, sem entrada. O financiamento, préaprovado, é quase ilimitado. Para quem sabe gerir dinheiro, isso significa boas oportunidades. Para quem gasta sem pensar e adquire o que não precisa, pode ser a perdição total”.4 b) O cartão decrédito. Com a facilidade do uso do cartão de crédito
(ou débito), esse tipo de consumidor chega, no dia do vencimento da fatura, a ficar perturbado por ver que fez uma despesa que estava além de suas condições, quando verifica que outras prestações estão vencidas e precisa pagar o cartão. A fatura informa que pode parcelar com o valor mínimo de tanto, e o comprador adere a essa sugestão. Mas os juros do cartão de crédito são muito altos. Ao final, o compulsivo poderá pagar mais que o dobro pelo fato de não ter pensado melhor na hora de comprar. 3. V iciadosno hospital
No Hospital das Clínicas de São Paulo há uma Clínica para tratamento de viciados em consumo. Segundo a Dra. Tatiana Filomensky, coordenadora do grupo de atendimento dos compradores compulsivos no Hospital das Clínicas de São Paulo, “eles saem para comprar um terno e voltam com uma televisão”. Naquele hospital, há seis anos, havia apenas três pacientes em tratamento. Com o aumento do consumo, no ano 4 C arina RIBE IRO . Consumo: Q uando o desejo de comprar vira doença. Disponível em: http:// www.istoe.com.br . A cesso em 14/08/2012.
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atual, “são 24 e há 50 nomes em lista de espera. A aquisição de produtos idênticos ou inúteis e o medo de encarar os débitos são características do consumista patológico”, segundo a mesma reportagem. 4. “D evedores anônimos”
Um grande perigo agrava o terreno do vicio do consumismo. Diz o psiquiatra Miguel Roberto Jorge, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp): “Por exemplo: um jovem que compra de forma impulsi va pode migrar para o alcoolismo ou vício em jogos na terceira idade. Grande parte dos endividados crônicos sofre de consumo compulsivo, mas há os que entram neste rol por incapacidade de gerir seu negócio ou sua conta bancária. Sem dúvida alguma, esse é o tipo de situação em que um cristão não deve entrar. Dever tanto, a ponto de ser considerado um doente, não glorifica a Deus. Aquilo que somos, o que temos e o que fazemos deve bendizer a Deus (SI 103.1). Viver endividado, com a fama de “caloteiro”, ou de “velhaco”não é algo que possabendizer o nome do Senhor na vida de um cristão.
III - O CONSUMISMO LEVA À POBREZA A pessoa que gasta além do que ganha é insensata. Começa gastando o que tem. Depois, passa a gastar o que não tem, comprando a prazo, endividandose, aproveitando o parcelamento de dívidas. Se continua nessa ciranda, vai buscar empréstimos para pagar dívidas. Depois, busca empréstimo para pagar os empréstimos. Passa ser um escravo das dívidas. Isso é comportamento anormal, que precisa de libertação espiritual e psicológica. O endividado contumaz acaba não conseguindo pagar seus compromissos. Seu nome é registrado nas entidades de proteção ao crédito (SPC ou SERASA). Com o crédito comprometido, não consegue mais empréstimos nem compras a prazo. A solução é vender bens da família. Há casos em que aprópria residência évendida para pagar as dívidas, às vezes por causa da ameaça dos credores, de agressões ou violência. Nessa situação vexatória e vergonhosa, muitas vezes surgem outras circunstâncias adversas. Por falta de alimentação adequada, pessoas da família ou o próprio consumista fica enfermo. Vêm os gastos com remédios, clínicas, hospitais, ainda que recorra aos sistema público de saúde. Filhos são tirados das escolas particulares, para serem matriculados em
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escolas públicas. Até aí, nada de extraordinário, quanto à educação da família, mas há uma queda na autoestima dos filhos. Daí, basta um passo a mais para a pobreza bater à porta. Credores cobrando dívidas. A esposa envergonhada, dando desculpas. O devedor compulsivo evita atender os telefonemas de cobrança. Recebe cartas das empresas onde comprou e não pagou, ou dos bancos, ameaçando protestar os títulos não quitados. Por fim, vem os processos de cobrança de dívidas najustiça. A essa altura, não há mais paz no lar. O relacionamento conjugal é prejudicado. Há esposas que não suportam e saem de casa. Os filhos sofrem a vergonha e a decepção de se verem jogados numa situação por que não esperavam. Diz a Bíblia: “Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10). “O que amar o dinheiro nunca se fartará de dinheiro; e quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isso é vaidade” (Ec 5.10). Amar a abundância pode ser entendido como amar o ter bens materiais a qualquer preço. “Nunca se fartaráde renda”, ou seja, nunca terá recursos disponíveis para ter uma reserva ou poupança para investir em bens duráveis para si e para a família. Outra advertência bíblica: “Semeais muito e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestisvos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário recebe salário num saquitel furado” (Ag 1.6). Ê o retrato da miséria humana, que pode ser consequência da desobediência a Deus, ou da gastança desenfreada, que destrói a dignidade e a honra de quem nela se enreda. Que Deus guarde seus servos dessa ignominiosa dependência de dívidas financeiras. O cristão só deve comprar o que pode pagar sem comprometer o sustento digno de sua família. Para tanto, precisa orar a Deus para que tenha sabedoria para fazer um orçamento familiar e se manter dentro de suas possibilidades.
IV - O CONSUMISMO PODE SER VENCIDO Muitas famílias estão prejudicadas, empobrecidas e vivendo de fa vores, ou até mendigando, porque seus líderes não souberam administrar as finanças domésticas. Mas o cristão pode vencer essa tentação maligna de gastar o que não pode. A seguir alguns recursos que um servo de Deus dispõe para não se deixar enredar pelas malhas traiçoeiras do consumismo.
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1. Pela confiança naspromessas deDeus
O cristão é um servo de Deus. E é também seu filho por adoção. Faz parte da família de Deus. Como tal, é beneficiário das riquezas celestiais, e também dos bens materiais, que podem constituirse bênçãos do Senhor (Ef 1.3; Fp 4.19; Tg 1.17). 2. Pela espera na bondadedeDeus
Não precisamos nos desesperar, na busca pela aquisição de bens e serviços. Precisamos trabalhar com afinco e honestidade. O que não conseguirmos, Deus pode nos dar. Na condição de filhos, Deus nos concede todas as bênçãos espirituais de que necessitamos, além de nos propiciar também as bênçãos materiais. No Pai Nosso, lemos: ‘O pão nosso de cada dia dános hoje” (Mt 6.11). Em Salmos, está escrito: “quem enche a tua boca de bens, de sorte que a tua mocidade se renova como a águia” (SI 103.5). Os não crentes têm as coisas por permissão de Deus, sejam ricos ou pobres, na condição de suas criaturas. Nós, seus filhos, temos as coisas, incluindo o dinheiro, como dá divas de sua mão. Assim, devemos entender que aquilo que chamamos de “nosso”, na verdade, não é bem nosso. E linguagem comum, que não expressa a realidade das coisas, pois tudo é de Deus (cf. SI 24.1). A falsa ideia de que somos efetivamente donos de alguma coisa tem levado muitos a cometer erros e fraquezas, que resultam em grandes prejuízos morais, financeiros e espirituais. O velho dilema entre “o ter” e “o ser” tem sido causa de muitos debates sociológicos, filosóficos e teológicos. A natureza carnal, contaminada e influenciada pelo pecado leva o homem a deixarse dominar pelo desejo de ter mais e mais, ainda que o ser seja prejudicado. A busca do dinheiro, das riquezas materiais tem levado muitos a cometer maldades, violência e crimes inomináveis. 3. Sabendoadministrar osrecursosfinanceiros
A Bíblia não é um manual de finànças. Mas é o manual da vida cristã equilibrada. Um servo de Deus pode viver bem espiritualmente e materialmente, desde que saiba observar os princípios de Deus para a sua vida, com base em sua santa Palavra. Algumas orientações são fundamentais para uma boa administração financeira, que preserva o crente das garras do consumismo.
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a) Evitando dívidas fora doseu alcance. O consumismo é uma práti-
ca nociva, que se constitui num vício que escraviza. Quem é liberto por Cristo não pode ser escravo de dívidas. Muitos têm ficado em situação difícil, por causa do uso irracional do cartão de crédito. As dívidas podem provocar muitos males, tais como falta de tranquilidade (causando doenças); desavenças no lar; perda de autoridade e independência. Devemos lembrar: “O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta” (Pv 22.7). Outro problema é o mau testemunho perante os ímpios, quando o crente compra e não paga. b) E vitando os extremos. De um lado, há os avarentos, que se ape-
gam demasiadamente à poupança, em detrimento do bemestar dos familiares. São os “pãesduros”. Estes preferem ver os filhos sob um padrão baixo de conforto, não adquirindo os bens necessário, somente com o desejo de “poupar”, de entesourar para o futuro. De outro lado, há os que gastam tudo o que ganham , os consumidores compulsivos, e compram o que não podem, às vezes para satisfazer o exibicionismo, a inveja de outros, ou por mera vaidade. Isso é obra do Diabo; não é atitude coerente com a ética cristã. c) Sepossível, comprar à vista. Faz bem quem só compra à vista. Se
comprar a prazo, é necessário que o crente avalie sua renda e quanto vai comprometer com a prestação assumida, incluindo os juros. É importante que se faça um orçamento familiar, em que se observe quanto ganha, o que vai gastar (após entregar o dízimo do Senhor), e se possí vel, ficar com alguma reserva para imprevistos. O crente em Jesus deve conterse dentro dos limites de sua renda, seja ela grande ou pequena. d) Nãoficar por fiador. Outro cuidado importante é não ficar por
fiador. A Bíblia não aconselha (Pv 11.15; 17.18; 20.16; 22.26; 27.13). Outro perigo, é fornecer cheque para alguém utilizar em seu nome. e) Fugir doagiota. Um servo de Deus não deve praticar a agiotagem,
que é o empréstimo de dinheiro, de modo clandestino, geralmente a juros exorbitantes. Tratase de contravenção penal. É crime. E jamais deve deixarse cair na mão desse tipo de agente financeiro, à margem da lei. É importante fugir do agiota. É verdadeira maldição quem cai na não dessas pessoas, que cobram “usura”ou juros extorsivos (cf. Êx 22.25; Lv 25.36). Esse tipo de atividade é ilícita e ilegal.
B ib l io g r a f ia
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