Construção do Eu na Modernidade e na visão religiosa Maria Célia de Menezes
Resumo: Assim como o homem se constrói como ser social, a religião, que é um construto
social feito feito pelo homem e para o homem, conforme conforme as épocas sofre uma revisão de olhar por parte dos fiéis. onstru ruçção do eu – Mode Modern rnid idad ade e – Glo Gloal ali! i!aç ação ão – Palav Palavras ras-ch -chav aves: es: Const
"agra agrado do –
#efle$iilidade.
% arti artigo go tem como como tema tema a Constr como o&et o&eto o de estud estudo o a sua Construçã ução o do Eu e como construção na modernidade , tendo na gloali!ação o seu ponto de enfoque. A &ustificativa para a sua reali!ação parte do princ'pio que a noção do () como su&etividade, como intimi!ação, pertence * modernidade. % olhar ser+ panormico, querendo apenas ter uma melhor compreensão de alguns momentos hist histór óric icos os,, &+ que que v+ri v+rias as inte interf rfer er-n -nci cias as filos filosóf ófic icas as,, soci sociai aiss e pol't pol'tic icas as v-m v-m acompanhandoo acompanhandoo ao longo do século, fa!endoo modificarse não integralmente /&+ que em termos humanos nada é radical0, mas em grande parte, a estrutura da sua consci-ncia. A &ornada feita pelo ser humano séculos afora, não se deu por acaso. 1oilhe custoso acharse como su&eito pensante neste emaranhado de normas e decis2es &+ previamente para e por ele mesmo estaelecidas. 3escorir como ele consegue de uma quase inconsci-ncia, chegar * refle$ividade, fruto da gloali!ação, filha da era moderna, é o o&etivo deste traalho. % e$erc'cio do pensar lhe era estranho, dado aos dogmas que por serem uma orientação coletiva, o impedia de alcançar a individualidade. 4odese concluir da' o tra&eto espinhoso para se tornar um ser cr'tico. (ntendese por refle$ividade, a capacidade que t-m as pessoas no mundo moderno, principalmente nos tempos atuais, de orientar suas vidas não mais pela força da tradição, mas 5* lu! de informação renovada sore as próprias pr+ticas, alterando assim construtivamente seu car+ter. /Giddens, 67768 9:0. 4ara o autor, na era da modernidade, h+ uma revisão daquilo que é ensinado pela tradição. Autores como "anti /67;<0 e (lias /677<0 nos fa!em pensar sore este ser humano que entregue *s suas puls2es 6 v-m lentamente sendo 5moldado= segundo as normas religiosas e sociais de cada época, 5moldagem= esta que o 66 4ulsão é um conceito limite entre o ps'quico e o som+tico, como representante ps'quico das e$citaç2es provenientes do interior do corpo e atingindo ao psiquismo, como uma medida de e$ig-ncia de traalho que é imposta ao psiquismo em conseq>-ncia de sua ligação ao corporal corporal./A ./A pulsão pulsão e seu destino, destino, 676:, in %ras 4sicológicas Completas de "igmund 1reud0.
homem é sumetido * custa da repressão. ? @ão h+ nada de natural nos costumes, apenas e$peri-ncias intersu&etivas que formam um acervo comum de e$peri-ncias compartilhadas, que se o&etivam de alguma forma através das leis, usos e costumes. 3esenvolvimento do pensamento filosófico, pol'tico, religioso provoc provoca a altera alteraç2e ç2ess nos h+ito h+itoss e costum costumes es de maneir maneira a suli sulimin minar ar após após de #epressão são – operaç operação ão ps'quic ps'quica a que tende tende a fa!er fa!er desapar desaparece ecerr da mane maneir ira a dire direta ta.. ? #epres consci consci-nc -ncia ia um conte contedo do desagr desagrad+v ad+vel el ou import importuno uno88 idéia, idéia, afeto. afeto./.. /...0 .0 3o ponto ponto de vista vista dinmi dinmico, co, as motivaç motivaç2es 2es morais morais desempe desempenha nham m na repress repressão ão um papel papel predom predomina inante nte.. /Bocaul+rio da psican+lise8 9:0.
Derger /67;:0 nos fa! pensar como o processo de seculari!ação vem estimular o ser cr'tico que estava eclipsado pelo medo de pecar, implantado pela MãeEgre&a. @a atualidade, com o nascimento de pensamento cr'tico do (), lierado do pensamento mitológico, v+rios fatores confaularam para que o ser humano organi!asse sua nova postura de vida. 3entre elas temos além do processo de seculari!ação a influ-ncia da gloali!ação que autores como Dauman /67770, 4ace /67770 e Giddens /?<0 t-m muito pesquisado. Com eles, podese melhor entender como se encontra a comple$idade humana, neste turilhão de informaç2es que a todo o momento lhe alcança. Eu, este eterno ser em construção
Eniciase este artigo com a passagem da Edade Média para o #enascimento que é o in'cio do nascimento da Modernidade. (ntendendose por Modernidade todas 5as instituiç2es e modos de comportamentos estaelecidos pela primeira ve! na (uropa depois do feudalismo, mas que no século FF se tornaram mundiais em seu impacto= /Giddens, ?<8 ?60. @este momento ocorre o aparecimento da noção da su&etividade que é a capacidade do indiv'duo tem de se sentir su&eito, isto é, capacidade de sentirse separado dos demais, de e$perenciar emoç2es e pensamentos pessoais, de se sentir um ser livre. Como &+ foi apontado, a racionali!ação, seculari!ação e gloali!ação interferem na roupagem do (u, portanto na su&etividade, remodelandoo a despeito do seu querer, &+ que o homem como ser social nunca esteve imune *s influ-ncias sociais. Atualmente, o mundo gloali!ado, onde as distncias se encurtam, favorece ainda mais um multiplicar de informaç2es que provavelmente o influenciarão. uando se fala em construção do (u na modernidade, pensase no conceito do (u predominante em 4sicologia. % (u, como parte integrante da psiqu- do indiv'duo, pode ser reconhecido como a autopercepção que o indiv'duo tem de si mesmo. A autopercepção é a sensação que permite o indiv'duo sentirse como um indiv'duo autHnomo apesar de fa!er parte da sociedade e ser por ela modelado tal como num sistema de colagem. (sta colagem social varia de cultura para cultura, de era para era. "aese que este 5(u penso=, 5(u sinto= nem sempre foram os mesmos do de agora. "aese que a história da humanidade é constru'da na relação complementar8 e$teriori!ação interiori!ação do social em nós. (sta idéia /interiori!ação, e$teriori!ação0 é encontrada em Derger /67;:0. "egundo ele a sociedade se constrói dentro de uma visão dialética8 o homem é produto da sociedade, a sociedade é produto do homem e este processo se reali!a em tr-s etapas, sendo a primeira etapa a e$teriori!ação que corresponderia a toda atividade do homem no mundo, a segunda seria a o&etivação que seria todas as conquistas fruto desta e$teriori!ação e por ltimo a interiori!ação que corresponderia * transformação destas estruturas o&etivas em estruturas da consci-ncia su&etiva. Assim para o autor, os processos que interiori!am o mundo socialmente o&etivado são os mesmos processos que interiori!am as identidades socialmente conferidas. % indiv'duo é sociali!ado para ser uma determinada pessoa e habitar um determinado mundo. A identidade su&etiva e a realidade su&etiva são produ!idas na mesma dialética /aqui, no sentido etimológico literal0 entre o indiv'duo e aqueles outros significativos que estão encarregados de sua sociali!ação. /Derger, 67;:8 ?70
Compreender os momentos históricos /o&etivação0 a&uda a melhor entender este processo dialético.
I com a Modernidade que surge o nascimento do (u enquanto privacidade. 4or privacidade se compreende o processo em que h+ uma volta para o (u, para o individualismo, perdendo um tanto da força do coletivo sore o indiv'duo, &+ que h+ uma valori!ação de tudo o que di! respeito ao (u. J+ uma valori!ação entre a maneira de (u e$perimentar a realidade, pens+la e sentila, em contraposição com a maneira dos demais. % e$perenciar su&etivo que nos parece anal e um direito garantido, não era e$perenciado como ho&e o sentimos, &+ que falas tais como8 5eu penso diferente de voc-, eu discordo de voc-, eu sinto isto ou aquilo=, não eram tão costumeiras em uma sociedade teoc-ntrica como era a sociedade medieval, onde o pensamento era direcionado para a suservi-ncia, para a não refle$ão, para o não sentir. "alvo alguns grupos de seletos pensadores tinham acesso * refle$ão, a um pensar um tanto diferenciado da época, ha&am vista os pensadores gregos e os filósofos medievais. "anti /677;8 <90 ao comentar o aparecimento da aurora da su&etividade, sinali!ada por alguns estudiosos como sendo próprio do #enascimento, entende que na concepção de su&etividade privada est+ inclu'da 5a idéia de lierdade do homem e de sua posição como centro do mundo=. @a modernidade, a idéia de lierdade vai se estender a v+rias +reas do saer humano, sendo ela de fundamental importncia, por ter o poder de desorgani!ar ou pelo menos de questionar muitas afirmaç2es dadas como certas. Atualmente, o termo indiv'duo remete ao 5+tomo indiviso= do ser humano, assim o su&eito isolado é a unidade +sica de valor e refer-ncia de tudo, mas 5esta afirmação do (u parece terse constru'do gradativamente, através de séculos. % (u nem sempre foi soerano= /"anti, 677;8 <:0, portanto esta noção do (u conforme ho&e a conhecemos não foi sempre assim. % aparecimento dos grandes pensadores que reformularam vis2es estereotipadas de suas épocas como8 Copérnico, 3arKin, 3escarte não passou incólume para a su&etividade do ser humano daquelas épocas. )m feedback no tempo a&uda a entender os processos que v-m o ser humano sofrendo ao longo da sua caminhada. Algumas trilhas serão percorridas. % #enascimento é a primeira etapa. Renascimento como formador de uma nova identidade
(ntendese #enascimento por toda renovação cultural ocorrida na (uropa durante os séculos FB e FBE, sendo considerado por muitos pensadores o marco inicial da (ra Moderna. @este momento surgem os humanistas, intelectuais que se interessavam pela antiga cultura gregolatina. Graças a eles, variados assuntos das oras da Antig>idade cl+ssica foram tradu!idos, ampliando o desenvolvimento intelectual da comunidade européia. J+ de se lemrar que &+ na Antig>idade, o pensamento grego não era mais sumetido ao poder dos deuses, havendo a sistemati!ação do conhecimento pela ra!ão, o que vem a favorecer o aparecimento da racionali!ação em todas as +reas, principalmente na religião, &+ que a ra!ão é entendida como a percepção da ordem asoluta, não se acreditando mais com tanta freq>-ncia em poderes m+gicos. A Edade média não desacreditou no valor do homem enquanto ser pensante e criador, simplesmente preferiu aaf+lo, para a religião melhor triunfar sore um ser amorfo e pl+cido, om a ser moldado, por um leque de pensares oferecidos pelas ulas papais. % pensar diferente era inadequado e perigoso, pois se questionava o &+ legitimado pela instituição cristã. #epudiando a concepção medieval do mundo como =vale de l+grimas=, um lugar de tentaç2es e pecados que desviam a humanidade da salvação, os humanistas renascentistas e$altam a dignidade do ser humano, destacandoo
como ser livre e capa! de alcançar a felicidade terrena e de ser capa! de criar o seu pro&eto de vida, tal como acreditavam os gregos. % #enascimento, como movimento cultural, é importante para o estudo em questão, pois de maneira generali!ada 5a noção de su&etividade privada data do in'cio da Modernidade, ou se&a, do #enascimento. A afirmação do su&eito chegar+ ao seu ponto m+$imo no século FBEE e, a partir de então, iniciar+ uma longa crise até o final do século FEF= /"anti, 67;<8 ilo, &+ que um 3eus perseguidor, não permitiria a e$ist-ncia de pensamentos 'ntimos, &+ que tudo sae e confere, instalando a culpa com agilidade, diante de pensamentos destoantes do esperado. A igre&a dominando as instituiç2es com os seus dogmas tornase poderosa. Governa com lei e mão de ferro, condu!indo todos dentro de esquemas mentais infle$'veis. "endo assim a dvida, a cr'tica deveriam ser afastadas, pois o pensar diferente, além de ser influencia do maléfico, desrespeita a igre&a como instituição formadora de idéias. 3entro deste esquema, no mundo eoc-ntrico não se tem muito do que divergir. A eologia cristã, com seus dogmas e orientaç2es oferece o que se pensar. Javeria uma ordem asoluta, representada por 3eus e seus leg'timos representantes na terra8 a D'lia e a Egre&a. Cada coisa e$istente estaria relacionada necessariamente a esta ordem superior. (m ltima instncia, cada ser formaria parte de uma grande engrenagem que seria a criação divina. A' se encontraria o sentido de tudo. /"anti, 677;8 <0
A este pensamento, se op2e o Antropocentrismo /crença no poder criador e transformador do homem0 do #enascimento. 3e agora em diante, o om é o om para mim. % ser humano nasce livre e deve ser educado. emse a idéia que se deve aprender mais e mais e h+ a sensação de se estar sempre em movimento, sentimento que se vai ampliando. (sta sensação de moilidade, de dinamismo, dificilmente era poss'vel na Edade Média. Agora, h+ um rela$amento frente * opressão de um 3eus tão severo que impossiilitava todo pensamento destoante. (ste 3eus, no entanto, não desaparece da vida do cristão, como fonte da ordem e do em estar social. 3eus parece ter se afastado para o céu, dei$ando o mundo a cargo dos homens. @a Edade Média, é muito comum a representação pl+stica do mundo como uma esfera cu&o centro é 3eus, Cristo ou, o que é menos
ortodo$o, a virgem MariaO &+ no #enascimento, h+ inmeras representaç2es do mundo nas quais 3eus paira sore ele, que tem agora ao centro o próprio homem. /"anti, 677;8 6?0.
(ste indiv'duo sendo mais livre, e estando o mundo um pouco mais a seu cargo, pode ele se questionar8 como eu devo serP, pondera "anti. Aqui surge um dos caminhos que favorecem a construção da su&etividade privada, enquanto processo de sentirse livre e de ser o centro do mundo, como o autor afirma.al especulação sore si mesmo, favorecer+ nos séculos posteriores a construção de livros de autoa&uda, favorecendo tamém o sentimento de culpa, pois se sou respons+vel pelos meus atos e não consigo melhorarme, sintome então, culpada por não conseguir me relacionar adequadamente com os demais. (sta sensação de ser oservado e possivelmente ridiculari!ado aumenta diante das normas de etiqueta social que vão sendo constru'das ao longo dos séculos e vão se tornando mais refinadas. % refinamento de h+itos chega ao m+$imo na época do Darroco L século FBEEl, provocando sentimentos de vergonha e culpa. LL
Comple$o conte$to sócio cultural, por volta da metade do século FBEE, fe! com que o homem tentasse conciliar o antropocentrismo que é a valori!ação do homem com o teocentrismo que significa a postura de se colocar 3eus no centro de todas as atividades humanas, inspirandose nas tradiç2es medievais. (sta situação contraditória resultou um movimento art'stico que e$pressava tamém atitudes contraditórias diante da vida, dos sentimentos e de si mesmoO esse movimento receeu o nome de Darroco. 99 )ma das instncias da personalidade tal como 1reud a descreveu na quadro da sua segunda teoria do aparelho ps'quico8 o seu papel é assimil+vel a um &ui! ou de um censor relativamente ao (go. 1reud v- na consci-ncia moral, na autooservação, na formação de ideais, funç2es do superego. /Bocaul+rio da 4sican+lise0.
Muitos comportamentos foram proiidos não por serem antihigi-nicos /noção que começa a ser implantada0,mas porque quando são feitos, geram associação desagrad+vel.Aos poucos a marca da sociedade no ser interno, o superego 9, começa a se fi$ar de maneira incisiva, aumentando assim a vergonha, quando o indiv'duo não consegue estar conforme os padr2es. "aese que a partir do social vaise formando o (u de cada um de nós. 1reud, ir+ nos falar do superego como sendo uma das instncias ps'quicas tendo uma parte constru'da pelo social e outra pelos pais através da identificação /criançapais0. A criança inicialmente toma a si como o centro do mundo, mas graças *s cr'ticas parentais renuncia a ser o centro do mundo, adaptandose ao Edeal do (u, que em tese seria a mesma coisa do superego. A criança no seu desenvolvimento é convidada pelo social a participar da cultura, e para tanto precisa nela se adaptar. Assim surgir+ o 5(u ideal= que corresponde ao 5(u que eu queria ser= ditado pelo social. uando isto não ocorre, sentimentos desagrad+veis como a culpa e a vergonha que estão interligados, surgem. A culpa é a ansiedade provocada sempre que os limites do superego foram transgredidos, enquanto que a vergonha deriva de não conseguir viver a altura das e$pectativas que fa!em parte do (go Edeal. /Giddens, ?<8 Q0
A culpa, por ser uma manifestação emocional, surge do temor de não estar de acordo com o social, afetando o indiv'duo que se culpando sentese mal. 4or sua ve! a vergonha desperta sentimentos de inadequação ou humilhação, quando o indiv'duo se v- a si mesmo pelos olhos do outro. @uma sociedade altamente normativa e ainda profundamente religiosa, como as dos séculos FB e FBE, transgredir as normas, implica em imediato sentimento
de culpa e vergonha. % &ogo de interiori!ação e e$teriori!ação, &+ comentado segundo Derger esclarece estas discuss2es. A igre&a tornase uma das divulgadoras dos costumes da corte. Assim o traque&o social ganha apoio da autoridade religiosa, correlacionandoo com religiosidade. % padre Ra "alle in /(lias,@orert,677<86660 afirma8 que a maioria dos cristãos considera o decoro e a civilidade como uma qualidade puramente humana e mundana e, não pensando em elevar mais ainda sua mente, não a considere uma virtude relacionada a 3eus, ao pró$imo, a nós mesmos. Esto mostra em quão pouco cristianismo e$iste no mundo. /(lias,@orert, 677<8 6660
(star de acordo com o social é estar de acordo com a grande média estat'stica, aandon+la, corre o risco de estar entre aqueles que são considerados como 5diferentes=. @este momento a ess-ncia do homem corresponde * racionalidade e consci-ncia, mas de agora em diante a separação daquilo que pode ser feito em plico e no privado fica mais claro. % (u é visto sore outra forma. 3ei$ar+ de ser tomado como totalidade e cada ve! mais tomar+ o aspecto de uma apresentação social, uma auto imagem cultivada e civili!ada que encore, no entanto, algo mais que haita e constitui as pessoas e que elas procuram manter em segredo. /"anti, ?<<<8 ?0.
Aparece então, a noção de plico e privado, sendo plico a m+scara social e privado tudo aquilo que é poss'vel fa!er na alcova, no mais 'ntimo dos nossos lares, longe do olhar definidor do social. 5A privacidade aarcar+ todo um universo de dese&os e pensamentos antisociais, que devem ser ocultos pela etiqueta e pelas oas maneiras= /"anti, ?<<8 L0. A respeito da valori!ação da interiori!ação, que se destaca de tudo aquilo que pode ser considerar plico, nasce por volta do século FBEEE, uma nova postura de sentir a vida que se manifesta nas artes em geral com o nome de #omantismo. % #omantismo, independente de ser uma manifestação art'stica, é uma postura perante a vida, um modo de ser, uma atitude espiritual. % romntico &+ não acredita mais que a ess-ncia do homem este&a no seu pensamento, mas na pai$ão. % privado que é digno de valor. uanto ao plico que são as m+scaras sociais, a courtoisie e a frivolidade, não correspondem * verdadeira rique!a interior. "ão os sentimentos e as emoç2es que são valori!ados pelo #omantismo. % que h+ de mais puro no (u, é tudo aquilo que pode ser eliminado ou se&a o plico. @este momento, h+ a crença na e$ist-ncia de um (u puro, sem as interfer-ncias das amarras do meio, mas seria isto poss'velP @este emaralhar de variantes, como fica o (u na modernidade enquanto identidade religiosaP % homem neste caminhar ora tornase poderoso tendo na ra!ão o seu guia, ora esta mesma ra!ão é eclipsada, pois o verdadeiro em, o verdadeiro elo est+ nas pai$2es, no privado dos sentimentos, onde a ra!ão pode descansar um pouco, e o sentir ganhar espaço.Derger acrescentar+ outras informaç2es sore a formação da individualidade.
Berger
@o momento atual, o da Modernidade, ganha a seculari!ação força, não havendo possiilidade de haver um retorno para o 5sagrado.= (stas renovaç2es no religioso implicam alteraç2es na postura religiosa do (u. Be&amos o que Derger vem a nos di!er a respeito da seculari!ação. é um processo pelo qual setores da sociedade e da cultura são sutra'dos Sa dominação das instituiç2es e s'molos religiosos. uando falamos da historia ocidental moderna, a seculari!ação manifestase na retirada das igre&as cristãs das +reas que antes estavam so seu controle e influ-ncia8 separação da igre&a e do estado, e$propriação da emancipação da educação do poder eclesi+stico, por e$emplo. /Derger, 67;:8 6670 Afetando todos os segmentos da sociedade, favorece ela alteraç2es do (u como su&etividade, o que provoca tamém alteraç2es na leitura religiosa. Com isto entendese que a seculari!ação se e$pande para as consci-ncias. 3esta forma o mundo passa a ser interpretado de outra maneira, não mais pela a&uda do 5m'tico=, mas pela a&uda do 5logos5 reforçando o (u, pois o coloca em contato com suas grandes rique!as que são8 o pensar, o raciocinar, e o duvidar, enfim com a sua capacidade de astrair, o que possiilitou o nascimento do pensamento especulativo. Apesar da teologia ser anterior * Edade Média, h+ de se levar em consideração o momento histórico da época. % analfaetismo grassava na época e independente da capacidade que o indiv'duo tem em gerar e construir a sociedade, aqueles que detinham o poder se esforçavam para calar toda criatividade demolidora e renovadora dos demais, para que enfim o reanho fosse mais em administrado.
4ara se entende como o pensar religioso depende do momento presente, ve&ase como o autor pensa a religião como vari+vel dependente do social. % capitalismo industrial, para ele, é um dos respons+veis, pelas alteraç2es na religião. Derger acredita ser o portador prim+rio da seculari!ação é o processo econHmico moderno, ou se&a, é a dinmica do capitalismo industrial /...0 @aquelas regi2es do mundo ocidental em que a industriali!ação assumiu formas socialistas de organi!ação, o principal fator determinante da seculari!ação continua a ser a pro$imidade dos processos de produção industrial como os seus concomitantes estilos de vida /Derger, 67;:8 6??0.
4ara alguns pensadores o preldio da seculari!ação estaria no 4rotestantismo, pelo que ele provocou de desencantamento no mundo,tal como o fim do mistério da comunhão, da intercessão dos santos e pelo fim das re!as para as almas dentre outros, no entanto para Derger a rai! da seculari!ação é anterior ao 4rotestantismo. Rocali!ase ela na história do cristianismo. Esto ocorre quando os &udeus separaramse das culturas da Mesopotmia e do (gito distanciaramse então das culturas cosmológicas que inserem uma ordem cósmica o universo humano que por sua ve! fornecem um tipo de universo que d+ uma grande segurança ao indiv'duo. % que ocorre 5aqui em ai$o= no plano humano corresponde um 5l+ em cima= no plano dos deuses, e tudo o que ocorre 5agora= est+ vinculado aos acontecimentos cósmicos que ocorreram no princ'pio. /Derger, 67;:8 6?0
Assim tudo passa a ter um 5sentido= para o homem, por estar relacionado com o significado ltimo das coisas. 3esta separação restou apenas um 3eus racionalista. 3eus est+ fora do cosmo. Amos não se permeiam, apenas se confrontam. 4assa então, o 3eus de Esrael ser um 3eus histórico, ético e transcendente, imune a manipulaç2es m+gicas, ficando o povo entregue * insegurança. J+ desde
então uma ruptura com o universo m'tico e a ruptura com as culturas locais. Reis e ética &+ não são dadas pelas cosmogonias /teorias que e$plicam a formação do cosmo0, mas pelo orah /con&unto das leis dos &udeus0 profundamente racionalista. uando surge o cristianismo, h+ um retrocesso na seculari!ação do pensamento dado * crença na trindade e na crença dos an&os e santos. 4or outro lado, o cristianismo como instituição, ao separar o espaço profano do sagrado, permite que o cotidiano se&a entregue * seculari!ação. % mundo est+ fora da &urisdição do divino. "aese que alteraç2es sociais implantam alteraç2es na constituição do su&eito como possuidor de um imagin+rio repleto de simologias religiosas. 3isto se conclui que um novo homem religioso vai–se aos poucos se definindo ao passar das épocas, &+ que o seu imagin+rio não est+ tão povoado de elementos sorenaturais. =Mudanças sociais empiricamente oserv+veis tiveram conseq>-ncias em n'vel de consci-ncia religiosa e ideação= /Derger, 67;:8 69<0. @a contemporaneidade a ra!ão, rainha da casa, tendo ainda seu espaço garantido, passa a ser mais fle$'vel com as outras formas de pensar e entender a religião. !"s- modernidade #$ é uma realidade%
uando se fala em modernidade falase em gloali!ação. A gloali!ação fa! parte da modernidade, que por sua ve! é gloali!ante. 4odese entender gloali!ação como 5a intensidade das relaç2es sociais em escala mundial, que ligam localidades distantes de tal maneira que acontecimentos locais são modelados por eventos ocorrendo a muitas milhas de distncia e vice versa= /Giddens, 67768 Q70.ratase portanto de um processo de alongamento, tornando o longe perto. 1alanos ele da caracter'stica do esp'rito da pósmodernidade, entendendo por pósmodernidade um momento de transição, não podendo entend-la como algo que e$iste de forma v+lida. I com esta idéia que se pensa a pósmodernidade. @este momento, o termo pósmodernidade di! respeito * falta de certe!a que se tem em relação a tudo, &+ que os fundamentos pree$istentes da epistemologia se revelam sem crediilidade, e que a 5história= é destitu'da de teleologia e conseq>entemente nenhuma versão de 5progresso= pode ser plausivelmente defendida. /Giddens, 67768 :?0
3iferentemente do esp'rito da Modernidade que é regida pelas leis da ra!ão que dão garantia de validade diante de tudo o que afirmam, a pósmodernidade vem a ser uma filha mais fle$'vel quanto *s e$ig-ncias estritamente racionais. Até então, tudo o que e$istia tinha o seu lugar devidamente marcado e estaelecido via logos. A fle$iilidade, a amival-ncia e a amig>idade da pósmodernidade, podem ser sentidas neste novo momento. A amival-ncia da pósmodernidade p2e nos omros do indiv'duo a lierdade de escolha, pondo todo sucesso ou fracasso a seu cargo, o que por sua ve! acarreta uma incerte!a permanente quanto *s escolhas. 3iante disto, h+ um desconforto f'sico e espiritual que procura uma solução. Agora, &+ h+ 5a desconfiança de que h+ coisas de que os seres humanos não podem fa!er e coisas que os seres humanos não podem compreender quando entregues a seus próprios &ui!es e msculos= /Dauman, 67778 ?<70. 3iferentemente das épocas em que a igre&a se esforçava para manter o indiv'duo preocupado com a escatologia /sua t+tica preferida0, atualmente, o homem moderno se preocupa com outras coisas. A falta de controle na pol'tica local e mundial, &+ que a gloali!ação impede qualquer mudança que não se&a grupal, e a preocupação com o pão nosso de cada dia, são alguns dos fatores entre outros, da insegurança atual que nos chega diariamente via on line. Assim
as incerte!as relacionadas com a escatologia /vida após a morte0 são deslocadas para o curso da vida, e a insHnia se promove de outra maneira. Atualmente, a implantação da inquietação através da escatologia, das coordenadas r'gidas via dogmas não são tão f+cies de se asorvidas pelos fiéis, mas mesmo assim, h+ um desconforto na contemporaneidade como afirma Dauman. Apesar deste desconforto, a idéia da auto sufici-ncia humana que teve in'cio com o #enascimento, afirma ser o homem capa! de reali!ar coisas admir+veis no aqui e no agora, minando o dese&o das religi2es institucionais de controle e da desvalori!ação do homem.@o momento, é a gloali!ação via m'dia, ampliando o conhecimento da criatividade humana, valori!a o homem e e$alta as suas conquistas, apesar do muito que se tem a fa!er. % que distingue a estratégia pós moderna da e$peri-ncia m+$ima, de uma promovida pelas religi2es é que longe de celerar a insufici-ncias e fraque!a humana assumidas, ela invoca um completo desenvolvimento dos recursos internos, psicológicos, fisiológicos do ser humano, e pressup2e infinita a pot-ncia humana. /Dauman,677;8 ??90
Jo&e se vive o hedonismo sem a culpa de outrora, dei$ando pore!a de ser virtude e sendo a rique!a uma enção de 3eus e sinal da sua presença na vida do crente. 4arafraseando Teer a pósmodernidade valori!a 5o -$tase deste mundo=. 4assando do dogma religioso *s orientaç2es do 5como deve ser= ditado pelo social e especialistas, que dão o padrão geral constru'do e aprovado pelo social, o homem est+ sempre a rever a sua identidade social e religiosa, a despeito dos seus condicionamentos anteriores, &+ que o nascimento de um novo consenso social, sempre tem força para promover novas alteraç2es. @os dias atuais, como h+ fartura de ofertas religiosas, possiilitada pela gloali!ação que intensifica as relaç2es sociais, e torna o local mundial e o mundial local, a religião mais parece um mercado onde o fiel pode se servir sem que com isto sintase culpado e sem mesmo sair de sua casa. A m'dia a isto favorece, mas a possiilidade de v+rias escolhas, somada Sa amival-ncia da modernidade fa! com que os indiv'duos a todo o momento se criem, e usquem novas roupagens identificatórias 5não h+ um só lugar na sociedade em que este&am realmente a vontade e que possa conferir lhes uma identidade natural= /Dauman, 67778 ?660. A usca da confirmação da identidade dada pelo outro é uma necessidade da raça humana, por ser o homem um ser social. % homem sempre est+ a cata da valori!ação do outro, não t-la tornao inseguro. A importncia do %utro na construção desta su&etividade natural, foi muito em falada por Uacques Racan, psicanalista franc-s. "egundo ele a constituição do su&eito que se reconhece dentro do seu corpo, vem do e$terior. ($terior entendido aqui como o %utro que por sua ve! &+ tra! consigo o social. (mora não tenha ainda o e- o sistema neurológico completado, pode ele no entanto reconhecer se no espelho da mãe. Assim haver+ uma prima!ia da antecipação do psicológico sore o fisiológico que o constitui como su&eito. (sta idéia desenvolvida por Racan ao qual ele chamou de 5(st+dio de (spelho= seria um momento de virada.(ste est+dio é uma met+fora, &+ que uma criança cega pode ter tamém acesso ao imagin+rio e ao simólico. Reite M+rcio citar+ a fala de Racan no momento em que ele define a fase do espelho no "eminaire –?. al acontecimento pode ocorrer /...0 a partir da idade de seis meses e a sua repetição freq>ente fi$ou a nossa meditação perante o espet+culo surpreendente de uma criança em frente do espelho,que não tem ainda o
dom'nio da marcha,nem sequer o da posição ereta /...0 /Reite M+rcio, 677?8 L60
(ste momento para Racan é o que estrutura o ser, e condiciona a sua estrutura ontológica. @a contemporaneidade, di! Dauman, o indiv'duo vive em usca de uma orientação mais clara vinda de um outro, por estar ela difusa. A aprovação do social diminui diante da autonomia pessoal e isto promove no indiv'duo, a sensação de se sentir deslocado não importa onde este&a ou o que quer que faça. A própria nature!a da refle$ividade moderna que 5inclui a refle$ão sore a nature!a da própria refle$ão= /Giddens, 67768 9Q0, não permite mais um retorno aos códigos r'gidos das tradiç2es religiosas e tão pouco aos sistemas arcaicos de educação, contudo a usca do %utro como força legitimadora e orientadora para uma séria de comportamentos continua a e$istir, ha&am vista o crescimento de terapeutas que através das suas técnicas tentam diminuir a incerte!a e a amival-ncia da modernidade e a valori!ação da maternidade. A refle$ividade moderna alcança as religi2es tradicionais. 4erdem elas a sua força e sofrem crise de crediilidade, &+ que não h+ mais um car+ter nico religioso a determinar, nem fiéis que se sumetam estritamente aos seus cnones. Mas esta lierdade de questionamento e de escolhas não é tão em vista por todos. Alguns sentem o chão fugir a seus pés, diante da possiilidade de escolherem a todo o momento. Egre&as fundamentalistas fa!em sucesso, a despeito da alienação provocada por elas, &+ que diretri!es são oferecidas. A respeito disto, Dauman pensa que longe de ser uma irracionalidade moderna o fundamentalismo 5d+ segurança e certe!a em primeiro lugar e condena tudo o que solapa essa certe!a – antes e acima de tudo as e$travagncias da lierdade individual= /Dauman, 67778 ??70. Como se v- nem tudo da contemporaneidade é totalmente positivo. @em tudo que relu! é ouro, pois a lierdade gera ansiedade. % indiv'duo sempre usca no outro a confirmação dos seus sentimentos e comportamentos, e$igindo dele muitas ve!es respostas delimitadoras esclarecedoras. al como no #enascimento quando Galileu afirmava haver um frenesi de mudança e movimentação no ar, ho&e na contemporaneidade, se percee tamém que est+ no ar um dinamismo em eulição. odos nós perceemos que a vida est+ acelerada a olho nu. A aceleração histórica é incontrol+vel, graças ao avanço da tecnologia, dos computadores, da Internet , dos ancos de dados que favorecem decis2es mais r+pidas, colaoram para esta sensação. "aese que por volta dos anos 67Q;, o conhecimento cient'fico dorava em vinte anos. Jo&e se dora a cada de! anos, sendo que o conhecimento sore a inform+tica dora a cada de!oito meses. A comunicação interpessoal tamém se altera. A confiança não est+ mais na oa fé das pessoas, mas na técnica. Be&ase o processo de desencai$e que são aspectos fundamentais do distanciamento entre tempo e espaço. A gloali!ação tem a ver com as relaç2es sociais que se intensificam e com as conte$tuali!aç2es locais. 4ara 4ace /67770, podemos entender a gloali!ação sore o enfoque8 o&etivo su&etivo, dominação –liertação. 3o ponto de vista o&etivo, entendese a gloali!ação sendo a dominação de uma sociedade pela outra, podendo tamém ser um momento próprio para o despertar de potencialidades tanto individuais como coletivas, o que corresponderia * liertação. "o o ponto de vista su&etivo, entendese por gloali!ação a coloni!ação de consci-ncias por sociedades dominantes, passando a idéia que todas as transformaç2es pelas quais v-m passando o mundo devem ser compartilhadas por todos. uanto * liertação seria o nascimento de um espaço cr'tico, contra poderes mundiais.
As mudanças pessoais estão conectadas com a amplitude das grandes mudanças sociais, da' não se pode negar a influ-ncia do poder de fogo da gloali!ação. "endo assim, graças * gloali!ação, * modernidade que estão inter relacionados, o (u alterase de alguma forma. Be&ase melhor este interfer-ncia mtua. & dinamismo da modernidade se reflete tam'ém no Eu
A refle$ividade moderna que é a capacidade de duvidar do préestaelecido, alcança o indiv'duo no seu 'ntimo favorecendo a ocorr-ncia de uma desestaili!ação a n'vel pessoal não presente quando da época das grandes tradiç2es que forneciam ao indiv'duo alguma diretri! do 5como deve ser=, do 5como se deve se sentir=. Giddens /67768 9:0 ira nos di!er que 5a refle$ividade consiste no fato de que as pr+ticas sociais são constantemente e$aminadas e reformadas * lu! de informaç2es renovadas.= 3iante deste 5reme$er= em tudo que di! respeito ao tradicional, o novo sentido do (u tem que ser dado pelo próprio indiv'duo, diante de situaç2es novas. al como nas atividades sociais que de um modo geral passam por uma moili!ação refle$iva constante, no processo de autoreconstrução ocorre o mesmo. @ão é que ha&a um individualismo total, mas as pessoas &+ não seguem a tradição como seus avós ou pais a seguiam, quando a seguem o fa!em por nela encontrar valores interessantes a serem preservados. (mora não se possa generali!ar, o sentido de segurança, dada pelas pequenas comunidades e pela tradição, é deslocado para cone$2es pessoais institucionali!adas, como é o caso dos especialistas em v+rias +reas. A segurança não vem só do 5sacro= e suas orientaç2es, procurase o aval de alguém que a instrumentali!e para aumentar o auto conhecimento e diminuir a incerte!a. Médicos, psicólogos, sociólogos são convocados. 5A incerte!a do estilo pós moderno não gera a procura da religião8 ela concee, em ve! disto, a procura sempre crescente de especialistas em identidade= /Dauman 677;8 p.???0 que a&udaram a alcançar a felicidade. Mas para que ha&a um m'nimo de confiança no futuro, independente de todo fundamentalismo 5assegurador= aceito por alguns, é preciso, segundo Giddens, que o indiv'duo tenha a segurança ontológica, que nada mais é do que o sentido de continuidade e ordem dos acontecimentos. insufici(ncia humana carrega em si a sua !o t(ncia renovadora
A confiança +sica, que se estaelece &+ nos primeiros meses, vem de uma sociailidade inconsciente, sendo ela respons+vel pela auto identidade do indiv'duo. Racan autor mencionado acima, e$plicou isto soeramente. A confiança +sica favorecer+ o aparecimento do que Giddens chamou de 5inoculação emocional=, que fortalecera o indiv'duo diante dos emates de toda monta 5&+ que a manutenção da vida, nos sentidos corporais e da sade psicológica, est+ inerentemente su&eita ao risco= /Giddens, ?<8 9L0. A 5inoculação emocional= é essencial para a confiança interna, permitindo o indiv'duo seguir o tra&eto por ele traçado e confiar no 3eus apresentado pelos seus pais. 3iante da vulnerailidade da vida acentuada pela refle$ividade e amival-ncia da contemporaneidade, usca o homem segurança em algo que o transcenda, não mais o 3eus de Mo'ses, r'gido e autorit+rio, mas um 3eus tamém refle$ivo que pode ser encontrado aqui e acol+, conforme as ofertas da praça. A possiilidade de se contar com esta vacina que é a confiança +sica, é de e$trema necessidade diante da vulnerailidade do momento presente, &+ que tudo
é pass'vel de refle$ão, de alteração, não se podendo mais contar com o 5estaelecido= que emora se&a alienante, nos d+ a sensação de que as coisas estão no lugar certo. 3iante desta fle$iilidade nos conceitos que regulam a vida transformando as certe!as em dvidas, o (u se sente inseguro em alguns momentos, tolerando o mal estar de não ter uma coordenada r'gida, em outros se sente encantado com a possiilidade de poder optar entre v+rias escolhas sem que por isto se sinta ridiculari!ado pelo outro ou envergonhado diante de uma escolha não convencional. J+ tamém aqueles que não tolerando a lierdade de opção usca orientaç2es em religi2es onde a palavra 'lica deve ser respeitada apesar das dvidas. (sta fle$iilidade do como deve ser e do como deve sentirse, Marc Augé / apud 4ace, (n!o, 67778?0 afirma ser a gloali!ação a respons+vel, &+ que ela é produtora de 5!ona 1ranca= um espaço virtual, onde as pessoas circulam. Endiv'duos de raças, nacionalidades, l'nguas diferentes a' passeiam livremente sem medo de serem criticados ou vigiados. % %utro &+ não é mais tão ameaçador. 3esta forma o (u vaise aos poucos se tornando mais enriquecido de outras vis2es quer ou não concorde com elas. Conhecer outras orientaç2es não leva mais * fogueira. A falta do 5&+ estaelecido=, pode ser oservado no papel da igre&a sendo ocupado por outros tipos de instituiç2es. % -$tase que só pertencia aos m'sticos por merecimento, na atualidade ele é oferecido a um plico dese&oso por ot-lo através de meios não convencionais. A anegação é dispens+vel, somente a possiilidade de 5poder se ter a e$peri-ncia m+$ima= através do consumo é v+lida. 3e agora em diante o mercado gloal funciona sem freios, levando a religião a ser chamada, não para retornar gloriosa, mas para emprestar ao mercado seu fundamento ontológico. al empréstimo deve ser ampliado a todos os seguimentos da sociedade sem contudo poder administr+la. 4erceese da' que o homem religioso, em como a sua própria criação pro&etiva a religião, no decorrer das eras muito se alterou. Modificandose esta pro&eção, a religião concomitantemente se altera. Como di! Geet! /67;78 6<:0 5a religião atua para estaelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposiç2es e motivaç2es nos homens através da formulação de conceitos de uma ordem de e$ist-ncia geral=, mas graças * possiilidade do ser humano de transform+la, podese renov+la constantemente. 3esta forma a sua própria insufici-ncia carrega a sua potencialidade. Conclusão
% homem este eterno questionador de si mesmo, nunca para de pensar e repensar sore si, pois misteriosa é a vida, e comple$as são as manifestaç2es da presença do transcendente que cada religião tem uma e$plicação. @esta dvida constante, a nica coisa que se sae é que este 3eus se mantém calado dei$ando ao encargo do ser humano constru'lo conforme o desenvolvimento social e cognitivo de cada época. A nica segurança que se pode contar é a segurança dada pelo olhar do outro8 5inoculação emocional= enquanto não se alcança alguma certe!a transcendental. (is a', o famoso livre ar'trio que permite ao homem se reconstruir indefinidamente, apesar de toda a sua fragilidade. % momento atual é um momento adequado para esta reconstrução, pois h+ a fle$iilidade e a disposição para reconstrução de tudo aquilo que &+ foi dito e pensado. @ovos paradigmas estão sendo apresentados ao grande plico não mais como grandes verdades, mas apenas como formas diferentes de se pensar o que sempre e$istiu, com uma roupagem nova, criativa respeitando as diferenças individuais e de crenças. Refer(ncias Bi'liogr$ficas
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Aprovado em junho/2007.