UFCD – 6560 Comunicação na interacção com o utente, cuidador e/ou família
A comunicação na interacção com população com populações mais vulneráveis As sociedades regulam-se por leis por forma a facilitar e organizar as populações nos objetivos traçados nas Políticas Setoriais. Neste caso a política setorial é a da Saúde. Com base nisso, o Ministério da Saúde estuda, analisa e concebe projetos e programas destinados a ir ao encontro das necessidades e anseios das populações ou grupos. Por exemplo: as políticas definidas para os grupos dos Toxicodependentes pode ser diferente das políticas a implementar num surto de Sarampo. No entanto, a legislação obedece a critérios mais alargados quando é aplicada ao nível de território nacional. Daí existir uma Lei de Bases da Saúde que está inserida no Serviço Nacional de Saúde. É através deste sistema que todos os agentes interagem – desde o utente/cliente até ao médico. Toda atividade se rege pela orientação do Plano Nacional de Saúde. As estratégias que se adotam no Plano Nacional de Saúde baseiam-se em estudos demográficos e sociais por forma a obter uma imagem o mais parecida possível com a realidade. Existem vários fatores que influenciam este plano. Entre eles estão os grupos vulneráveis (pobres, sem abrigo, crianças, desempregados, deficientes, etc,). Na execução deste plano as ações levadas a cabo pelos agentes permite uma melhor abordagem e ataque aos problemas encontrados. Estas ações, derivadas das estratégias adotadas, permite uma melhoria, quer na prestação dos serviços pelos Técnicos de Saúde, quer no acesso ao mesmo por parte dos utentes. Pelo que foi descrito, as determinantes sociais servem de base para a elaboração do Plano Estratégico de Saúde de uma forma bastante importante. Outras das razões necessárias para que um Plano Nacional de Saúde tenha razão de ser prende-se com os aspetos socio-económicos dum país ou região. Sociologicamente estes planos revestem-se de uma importância fundamental para um estudo e análise das populações /ou dos grupos de risco.
No que respeita o papel que os Profissionais de Saúde têm que desempenhar é fácil de perceber que toda a sua atividade está inserida nas grandes linhas orientadoras do Sistema Nacional de Saúde e, por conseguinte, dentro do âmbito do Plano Nacional de Saúde. Assim, o fator primordial é que a Comunicação entre todos os agentes seja o mais simples e eficaz possível. Outro elemento importante é o conhecimento de todos os procedimentos que estejam contemplados no Plano Nacional de Saúde assim como os procedimentos da instituição onde os agentes operam. Por outro lado o Técnico Auxiliar de Saúde deve possuir competências individuais e adquiridas que lhe permitam poder executar as suas funções da melhor forma possível. Compete ao Técnico Auxiliar de Saúde ter a percepção da realidade em que está inserido através do conhecimento da comunidade, dos problemas neles existentes, das necessidades que afetam os mesmos grupos de risco que a compõem, assim como o conhecimento em termos de recursos, para fazer face aos problemas detetados. Embora não competindo ao Técnico Auxiliar de Saúde delinear e planear as politicas estabelecidas, ter uma percepção da realidade facilita a comunicação e o desempenho que irá estabelecer no seu dia a dia. Cabe ao Técnico Auxiliar de Saúde executar e compreender as ordens ou as diretrizes provenientes dos técnicos para o bom desempenho das funções que lhe foram atribuídas. Acresce, ao que atrás foi dito, que o Técnico tenha uma postura em termos de comunicação a mais adequada a cada circunstância para que o seu desempenho possa ser um elemento facilitador do trabalho e objetivos a realizar.
O Técnico Auxiliar de Saúde na equipa de técnica. O Técnico Auxiliar de Saúde é uma atividade que tem por fim prestar cuidados ao doente numa colaboração estreita e eficaz com a equipa técnica.
Se atendermos às múltiplas e recentes alterações a que a enfermagem tem sido sujeita, em que abre mão de um determinado conjunto de cuidados em benefício dos auxiliares, o aparecimento deste novo grupo de profissionais T.A.S., torna-se inevitável. O decreto-lei nº 23/92 vem regulamentar toda a atividade dos T.A.S. de forma a enquadrá-los nas organizações. Na realidade, o que encontramos é um grupo de profissionais desenvolvendo práticas que, pelas suas características, se englobam e enquadram ao doente. Daí que seja pertinente consideramos o Técnico Auxiliar de Saúde como um novo elemento fundamental na equipa de saúde. Pensamos que por isso se lhe podem exigir qualidades especiais, uma boa formação específica, no sentido de lhes conferir o direito de desempenhar funções essenciais dentro do grupo. São consideradas importantes as qualidades de natureza física, intelectual, moral, técnica e psicossocial. É conveniente ter presente um certo grau de conhecimento, pois, quanto mais vastos e profundos conhecimentos, mais segura se torna a sua atuação. Ser uma pessoa cumpridora, com sentido de responsabilidade, respeitando sempre as obrigações do seu trabalho, serão, decerto, mais-valias para as funções que são confiadas. Importa que dê provas de dignidade profissional, pela sua apresentação e pela sua atitude, não fugindo nunca à verdade, confessando atempadamente qualquer erro que eventualmente possa ter cometido. Paralelamente ao bom contato humano, é necessário uma boa preparação técnica. Assim, o auxiliar deve oferecer boa destreza manual, leveza e precisão de movimentos, limpeza e método de trabalho, associados a uma adequada preparação técnica.
Entre os profissionais de saúde, o Técnico Auxiliar de Saúde reporta diretamente à coordenação de enfermagem, à qual é responsável pela supervisão e avaliação periódica sobre a qualidade na prestação de cuidados. É fundamental uma atitude compreensiva e encorajadora face á prestação de cuidados frequentes e que interferem com a intimidade do utente, pelo que é requerido um elevado nível de empatia, tolerância e relacionamento interpessoal.
A cooperação em equipa é primordial para a execução de determinadas tarefas, uma vez que requerem capacidades de força e resistência perante situações de stress, associadas muitas vezes a um certo grau de dificuldade.
Entre as atividades desenvolvidas pelo Técnico Auxiliar de Saúde sob a orientação do enfermeiro destacam-se:
Cumprir as instruções/orientações que lhe são fornecidas pelo enfermeiro.
Estar atento e vigiar o doente, informando sempre que necessário o enfermeiro de anomalias (recusa de alimentação, febre, vómitos, diarreia…).
Planear, executar e avaliar o sistema de registros que permite fornecer dados acerca do doente aos restantes elementos da equipa (temperatura, entre outros).
As atividades que não podem ser desenvolvidas pelo auxiliar de saúde são:
Aplicar injeções.
Fazer pensos ou tratamentos complexos.
Colocar soro.
Colocar sonda gástrica.
Prestar informações a familiares ou a outras pessoas, sobre o estado de saúde do utente.
Tarefas que, sob orientação e supervisão de um profissional de saúde, pode executar sozinho O ato de cuidar é complexo, devemos saber quais as tarefas que podemos executar sozinhos ou as tarefas que exigem supervisão direta do profissional de saúde, quer sejam de um enfermeiro ou de um médico. Atualmente a perspetiva de um Técnico Auxiliar de Saúde é a sua postura nos cuidados ao utente e a maneira assertiva na forma de comunicar. Respeitando os seus e os outros, exprimindo-se claramente usando uma linguagem corporal aberta, mantendo o contato visual com o utente.
Deve-se ter também uma boa postura, expressão facial, voz, evitando ao máximo gerar situações de conflito, e respeitando as normas de trabalho. O post-mortem, refere-se ao tempo decorrido logo após a morte de um utente. A preparação de um cadáver é da responsabilidade do enfermeiro, o auxiliar de saúde deve colaborar em todos os processos na preparação do corpo. Devem ser cumpridos alguns cuidados, por exemplo:
O isolar a unidade do utente falecido devendo correr os cortinados. Reunir toda a roupa e material do utente falecido. Proceder à limpeza corporal do utente falecido se necessário. Colaborar no tamponamento de todos os orifícios naturais (ouvidos, narinas,
boca e ânus). Mantendo sempre o alinhamento do corpo. Colocar uma etiqueta de identificação a meio do corpo. Deve ser transportado para a mortuária e colocando-o nas câmaras frigoríficas, com ordem do médico e do enfermeiro.
A limpeza no local de trabalho tem muita importância para controlar as infecções. Essa mesma limpeza deve de ser efetuada de forma cuidadosa, a fim de manter um nível de higiene adequado ao que é exigido para uma unidade de saúde. É importante ter o equipamento e material adequado (esfregonas, panos, baldes, carros de limpeza, desinfetantes,…). Quando necessário os Auxiliares de Saúde procedem à limpeza imediata do pavimento, em caso de salpicos ou derrames de sangue em áreas críticas ou semicríticas. O aparecimento de infeções no ambiente de trabalho pode estar relacionado ao uso de técnicas de limpezas mal feitas, por exemplo não se deve utilizar a mesma esfregona depois de ter sido utilizada num pavimento infetado. As pessoas responsáveis pela limpeza das instalações, devem-se proteger durante a execução das suas atividades pelos equipamentos de proteção individuais, tais como: luvas, fardas, batas, aventais de plástico, óculos, calçado próprio e máscaras. Esses equipamentos de proteção individuais diminuem os acidentes e doenças profissionais.
O processamento de roupas de serviços de saúde é uma atividade de apoio que tem muita influência a qualidade da assistência à saúde, principalmente no que se refere à segurança e ao conforto do paciente e do trabalhador. O processamento da roupa consiste em todos os passos requeridos para a coleta, transporte e separação da roupa suja, bem como aqueles relacionados ao processo de lavagem, secagem, calandragem, armazenamento e distribuição.
O transporte da roupa suja é feito em carros apropriados e fechados; A lavagem das roupas é feita em máquinas, com detergentes específicos nas
dosagens adequadas e consoante os graus de contaminação; As roupas sujas nunca devem se cruzar com as limpas, nos mesmos espaços para não haver risco de infeções cruzadas.
Devido ao risco de contaminação do material cirúrgico (tesouras, pinças, bisturi…),o auxiliar de saúde deve prestar auxílio ao enfermeiro na preparação dos utensílios para a sua esterilização. O técnico auxiliar de saúde deve colaborar, sob supervisão do enfermeiro na prestação de cuidados de conforto aos doentes, tais como:
Atuar no desenvolvimento das atividades planeadas.
Auxiliando nas tarefas de alimentação, nomeadamente preparar refeições ligeiras.
Auxiliar o enfermeiro a receber o doente, a transferi-lo e posicioná-lo.
Comunicação A comunicação é definida com o acto de produzir e receber mensagens por meio da linguagem, é também compreender e compartilhar mensagens enviadas e recebidas. Assim, a comunicação é o processo pelo qual os seres humanos trocam entre si experiências, sensações e emoções. Não existe troca de informação sem comunicação. A técnica de feedback é uma mais-valia pois obtemos a verificação ou correção da informação recebida. Quando existe um bom feedback na comunicação, evitam-se possíveis obstáculos que possam existir, permitindo ao mesmo tempo ultrapassá-los. Saber comunicar implica alguma precisão, clareza e assertividade. Exige-se de quem fala, para se ser um bom comunicador, competências tais como: saber ouvir, ter atitude e expressar-se assertivamente provocando empatia. Sendo técnico auxiliar de Saúde, temos que ter em mente que em termos profissionais iremos lidar com pessoas diferentes de várias faixas etárias e de outras culturas. Estes conteúdos permitem depreender quando existe um bom feedback na comunicação, de acordo com orientações do enfermeiro, obstáculos que possam surgir, consegue-se superá-los, Existindo assim um reforço da motivação para continuar a trabalhar.
Temos que tentar sempre na medida do possível, controlar as nossas emoções e devemos respeitar todos os princípios da ética no desempenho da nossa actividade. A comunicação constitui-se num instrumento básico para o cuidado, sendo ferramenta primordial para a formação de vínculo e satisfação das necessidades do utente/cliente. O profissional deve ter em conta na comunicação a importância do processo comunicativo não podendo esquecer que as expressões faciais, o tom de voz, a audição, o tacto e a escrita são também formas de comunicação amplamente utilizadas, conscientemente ou não. Além da informação ou de algum dado objectivo, o que se sente em relação ao que está sendo transmitido é sempre perceptível pelo tom de voz utilizado para transmitir a
mensagem, pelas palavras escolhidas, pela ênfase que é dada a determinada elocução e pela postura corporal assumida ao transmitir a mensagem. A qualidade da comunicação, no contexto da saúde, não é direccionada somente ao cliente/profissional de saúde, mas para toda a equipa multidisciplinar e família. A comunicação é parte integrante dos cuidados do Técnico Auxiliar de Saúde, a qual colabora para que o doente consiga enfrentar e conviver com as diferentes etapas que se apresentam durante o processo de saúde. O saber escutar também é um cuidado e, não é apenas ouvir, mas permanecer em silêncio ao lado, utilizar gostos de afecto que expressem aceitação e estimulam a expressão de sentimentos vivenciados pelo cliente. Assim, a forma de comunicar muda conforme a situação, para melhor ou para pior. A comunicação é uma das ferramentas mais poderosas que possuímos.
Bibliografia
Catalogo no Plano Nacional de Saúde http://pt.slideshare.net/OFICINA2008/comunicao-eficaz Comunicação eficaz http://www.polienfporto.pt/V1/downloads/livro1.pdf A responsabilidade do Técnico de Auxiliar de Saúde