A COMPREENSÃO DO FUNCIONAMENTO SAUDÁVEL SAUDÁVEL E NÃO SAUDÁVEL A SERVIÇO DO PENSAMENTO PENSAMENTO DIAGNÓSTICO PROCESSUAL PROCESSUAL EM GESTALT-TERAPIA 1 Lilian Meyer Frazão Fone/Fax (011) 3260-1638
INTRODUÇÃO Meu primeiro contato com a Gestalt-terapia se deu há mais de vinte e cinco anos, quando participei do primeiro workshop nesta abordagem no Brasil, coordenado por Sylvia Peters. Foi uma experiência profunda e marcante, tanto para minha vida pessoal quanto profissional. Do ponto de vista pessoal, foi um mergulho na minha intimidade como eu nunca havia experienciado antes (embora já fizesse terapia há alguns anos); do ponto de vista profissional, fiquei impressionada pela maneira direta e pessoal na qual a terapeuta interagia conosco. Comecei a estudar Gestalt-terapia, cada vez mais entusiasmada com seus conceitos e sua visão holística e existencial de Homem. Paralelamente ao meu treinamento em Gestalt-terapia, comecei a trabalhar como psicoterapeuta. Ao longo dos meus primeiros anos profissionais tive algumas experiências que foram muito significativas para o desenvolvimento posterior de meu trabalho. Algumas tiveram a ver com as conseqüências que podem advir de diagnósticos pouco cuidadosos. Um exemplo ocorreu numa instituição para deficientes mentais graves, como uma criança diagnosticada diagnosticada como “idiota” devido a seu baixo Q.I. Na realidade, como pude verificar posteriormente, era uma criança que tinha apenas um alto grau de surdez e que, no entanto, vinha sendo tratada como “idiota” há muitos anos.(............) Desejo compartilhar com vocês um pouco deste caminho falando brevemente de minha compreensão de funcionamento saudável e não saudável e de diagnóstico, o qual concebo como pensamento diagnóstico processual.
FUNCIONAMENTO SAUDÁVEL ENQUANTO FENÔMENO INTERATIVO Em Gestalt-terapia temos uma concepção holística de Homem, o qual concebemos como ser bio-psico-social, considerando suas múltiplas dimensões: física, afetiva, intelectual, social e espiritual. A experiência é fruto da interação do indivíduo com seu meio-ambiente. O que possibilita a experiência na interação do indivíduo com seu ambiente é contato e “awareness”. Embora possamos traduzir “awareness” por “estar consciente”, prefiro manter o termo em inglês a fim de que não se confunda seu significado com o conceito conceito de “consciência”, tal como concebido e utilizado em psicanálise. “Awareness” se refere à capacidade de aperceber -se -se do que se passa dentro e fora de si no momento presente, tanto a nível corporal, quanto a nível mental e emocional. É a possibilidade de perceber, simultaneamente, simultaneamente , o meio externo e interno, através de recursos perceptivos e emocionais, embora num determinado momento alguma coisa possa se tornar mais proeminente. Para que haja “awareness” é necessário haver contato, embora possa haver contato sem “awareness”. O contato se dá através daquilo que em Gestalt-terapia chamamos de funções de contato : visão, audição, olfato, tato, fala e movimento. É através das funções de contato que nossa percepção se organiza e nossos sentimentos adquirem significado. Contato com “awareness” empobrecida resulta em contato que carece de qualidade. É o processo de contato de boa qualidade que propicia que a interação indivíduo/ambiente seja nutritiva e que ocorram mudanças no campo relacional pessoa-ambiente, i.e., crescimento e desenvolvimento. Em nossa vida temos necessidades distintas e interrelacionadas: as de natureza fisiológica (como comer, beber, dormir) e as de natureza psicológica (como nos relacionarmos com um outro, expressarmos nossas emoções, sermos amados e respeitados). Ao longo do desenvolvimento, nossas necessidades tornam-se progressivamente mais complexas e abrangem diferentes âmbitos de inserção social e cultural. Qualquer que seja a natureza ou a abrangência da necessidade, é no campo indivíduo/ambiente que ela irá se manifestar. Desde o início da vida, as experiências da pessoa são relacionais. Para o recém-nascido, este campo está, em grande parte, delimitado pela relação mãe-bebê. A mãe, através de sua “awareness” tem a possibilidade de captar captar empaticamente seu bebê, percebendo suas necessidades. Uma vez que é ela que, a um só tempo, supre as necessidades fisiológicas e está junto ao filho amorosa e respeitosamente, ela é o primeiro outro significado com quem a criança tem contato. Ela se constitui num primeira e importante possibilidade de estabelecimento de relação e é neste campo relacional mãe-bebê que terá início o processo de desenvolvimento. Pouco a pouco, à medida que se sinta segura, a criança poderá começar a desenvolver seu potencial e ampliar seu contato com o mundo, ampliando cada vez mais o âmbito e a complexidade de suas experiências. Embora se costume pensar no bebê como sendo “aquele que depende”, creio ser importante assinalar que existe também uma interdependência, uma relação de reciprocidade mãe-filho, um interjogo de satisfações mútuas. Ao mesmo tempo em que a mãe satisfaz o bebê, ela também se sente satisfeita; tanto quanto o bebê precisa ser amamentado, também a mãe precisa aliviar a pressão do seio repleto de leite; aos incômodos fisiológicos e psicológicos sentidos e manifestos pelo bebê, correspondem desconfortos na própria mãe. As reações da mãe no sentido de aliviar o filho dos incômodos que manifesta cumprem, também, a função recíproca de lhe proporcionar satisfação. Desta forma a relação mãe/bebê envolve interdependência e uma certa mutualidade.
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Trabalho apresentado no V Encontro Goiano da Abordagem Abordagem Gestáltica/Maio/1999 Gestáltica/Maio/1999
Estar com seu bebê amorosa e respeitosamente, aceitando-o e confirmando-o tal como ele é, favorecerá os processos de diferenciação e desenvolvimento da individualidade. Este processo de tornar-se um indivíduo único decorre da qualidade da relação com o outro e, na medida em que o outro faz parte do ambiente, o que possibilita o desenvolvimento psíquico saudável é a interação saudável indivíduo-ambiente, Eu/não-Eu, através da qual se dará a satisfação de necessidades – em especial aquela que considero fundamental: o estabelecimento e a manutenção da relação com o outro. O atendimento de necessidades ocorre através do ajustamento criativo, que é a capacidade de interagir ativamente com o ambiente na fronteira de contato, adaptando, quando necessário, a demanda das necessidades às possibilidades de atendimento do ambiente. Ajustamento criativo saudável implica “awareness” de nossas necessidades, bem como ser capaz de priorizá-las, de acordo com aquilo que Perls denominou de hierarquia de valores ou dominâncias (1951, pg. 277-278; 1973, pg.7) referindo-se ao fato de que quando diferentes necessidades ocorrem simultaneamente a pessoa atende à necessidade dominante primeiro. Na medida em que a pessoa possa experienciar, ao longo de seu desenvolvimento, uma relação amorosa e respeitosa, em que possa expressar suas necessidades (sejam elas de que natureza forem ) e exercer seu potencial, poderá desenvolver-se enquanto indivíduo único e singular, interagindo com seu ambiente através do ajustamento criativo, de acordo com sua hierarquia de valores. Embora esteja focalizando o processo de desenvolvimento a partir do que ocorre na interação mãe/bebê, processos análogos ocorrem em outros tipos de relacionamento ao longo da vida, com suas diferenças significativas:
Primeira: não existe o mesmo grau de dependência em relação ao outro como na relação mãe/bebê. Conforme a pessoa passa pelos diferentes estágios de desenvolvimento sua independência e autonomia gradativamente aumentam. Embora a necessidade de se relacionar com um outro persista, a natureza desta relação se modifica: enquanto decresce em grau de dependência, cresce em grau de reciprocidade e mutualidade.
Segunda: quanto mais se ampliam os processos de desenvolvimento e maturação, maior o âmbito e a complexidade das experiências que se apresentam para a pessoa, e maior a possibilidade de dar conta destas experiências. Considero funcionamento saudável um fenômeno interativo, que ocorre na fronteira de contato, e que se refere à habilidade de se relacionar criativamente com o ambiente como indivíduo único, com vistas à expressão e atendimento de necessidades, mantendo, ao mesmo tempo, uma relação respeitosa com o outro em sua unicidade.
FUNCIONAMENTO NÃO SAUDÁVEL ENQUANTO FENÔMENO INTERATIVO Ao longo do desenvolvimento, a satisfação de certas necessidades pode rivalizar com a manutenção da relação com o outro. Quando isto ocorre, a pessoa, através do ajustamento criativo, buscará formas diferentes de expressar suas necessidades, mantendo, ao mesmo tempo, a relação com o outro. No entanto, se estas tentativas falharem, haverá conflito. Uma vez que a mãe é necessária para atender nossas necessidades mais primárias, este conflito poderá se tornar crucial, especialmente se ocorrer cedo e repetidamente na vida. De forma menos crucial, mas ainda assim significativo, o mesmo pode se aplicar a outras experiências relacionais significativas ao longo da vida. Se a tentativa de expressar as necessidades de forma diferente repetidamente falhar, a fim de diminuir o conflito e manter a relação, dada a hierarquia de valores, a expressão de necessidades poderá ser distorcida ou até suprimida. O ajustamento, ao invés de funcional se tornará disfuncional; o funcionamento, ao invés de saudável, se tornará não saudável. Uma vez que, como já mencionei anteriormente, é através das funções de contato que nossa percepção se organiza e nossos sentimentos adquirem significado, o funcionamento não saudável implicará em algum grau de desorganização ou distorção do universo das percepções e dos sentimentos, o que, por sua vez, interferirá nos processos de “awareness”. Nestas condições, a relação que a criança mantém com sua mãe em lugar de segurança, favorecerá o surgimento do sentimento de desamparo e insegurança, interferindo na qualidade e possibilidade de desenvolvimento do potencial da criança, e na ampliação do âmbito e complexidade de suas experiências. Tobin se refere a este processo como “respostas adaptativas necessárias à sobrevivência em função de situações infantis difíceis” (adaptative survival-necessary responses to difficult childhood situations) e diz que estas respostas estão sendo mantidas em situações atuais presentes que parecem semelhantes ou idênticas às situações passadas. Na opinião deste autor as pessoas tinham escolhas possíveis, apesar de sentirem como se não as tivessem (1983, p.76).
Gostaria de discutir três questões relativas à colocação feita por Tobin. A primeira questão: considero interessante a maneira como Tobin nomeia o resultado deste processo, exceto pelo fato de restringir estas respostas a situações infantis. Embora eu concorde que elas ocorrem e são significativas especialmente em situações infantis difíceis, quando a necessidade de manutenção da relação com o outro é maior e o conflito mais crucial, estas “respostas adaptativas necessárias à sobrevivência” podem ocorrer em resposta a outras situações relacionais significativas difíceis ao longo da vida, como já mencionei.
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A segunda questão: minha compreensão do fato de que as pessoas tinham outras escolhas possíveis apesar de sentirem como se não as tivessem, é que elas não podiam fazê-las, seja qual for a natureza da impossibilidade. O fato de a pessoa não poder ter feito outra escolha não deve ser entendido como se os pais tivessem sido tão “ruins” que a pessoa não teve outra alternativa, ou então como se a pessoa não quisesse fazer outra escolha. O que precisa ser considerado é como a pessoa percebeu o evento e a reação que isto suscitou nela, ou dito de outra forma, de que fundo aquela figura emergiu de modo a Ter tal significado. A escolha feita pela pessoa é sempre a escolha que aquela pessoa, naquela circunstância, com aquela experiência, pôde fazer. A escolha feita foi em função de uma necessidade que considero absolutamente verdadeira e legítima: a de sobreviver psiquicamente, mantendo a relação com o outro. Este tipo de escolha pressupõe a lei da pregnância da Psicologia da Gestalt, de acordo com a qual a organização psicológica será sempre tão “boa” quanto as condições reinantes o permitirem (Koffka, 1975, pg.121). A lei da pregnância é o pressuposto do conceito de autoregulação organísmica da Gestalt-terapia, segundo o qual o organismo fará o melhor que pode para se regular, dadas simultaneamente suas capacidades e os recursos do ambiente (Latner, pg. 15). No meu entendimento as respostas adaptativas necessárias à sobrevivência, que observamos em funcionamento não saudável, resultam de processos de auto-regulação organísmica, são (em sua origem) ajustamentos criativos e constituem aquilo que é possível. A terceira questão: como já disse anteriormente, o funcionamento não saudável implica numa certa desorganização ou distorção do universo das percepções e dos sentimentos, e é por esta razão que, como colocou Tobin, as situações presentes parecem idênticas às situações passadas. Considero funcionamento não saudável um fenômeno interativo, que ocorre na fronteira de contato, e que se refere à inabilidade e/ou impossibilidade de se relacionar criativamente com o ambiente, relacionando-se ao invés disso através de padrões cristalizados e repetitivos, através dos quais a expressão de necessidades e sentimentos é distorcida ou suprimida, com vistas a manter a relação com o outro, por mais artificial ou inautêntica que uma relação deste tipo possa parecer.
É justamente este “parecer” que salta aos olhos no Pensamento Diagnóstico Processual do qual desejo falar a seguir e cuja importância venho enfatizando nos últimos anos. Quanto mais intensa a necessidade e maior a dificuldade de expressá-la e satisfazê-la e quanto mais precocemente isto ocorrer, tanto mais provável nos depararmos com sintomas graves (físicos ou psíquicos).
PENSAMENTO DIAGNÓSTICO PROCESSUAL A Gestalt-terapia, assim como o movimento humanista e a anti-psiquiatria da década de 60, rejeitou a idéia de diagnóstico, quer por achá-lo despersonalizante, quer por acreditar ser ele um rótulo limitante que reduz as pessoas a conceitos e categorias, que pouco contribuem para a compreensão e o desenvolvimento do paciente. Acredito que pensavam desta forma talvez porque considerassem apenas os critérios diagnósticos, cuja função é a de verificar o que há de comum entre os homens. Para tanto agrupam, nomeiam e classificam aquilo que se refere à perda dos mecanismos normais de funcionamento (como é o caso do DSM III, CID 10, etc.). Embora classificações deste tipo possam ser úteis por proporcionar uma linguagem comum importante no campo do trabalho interdisciplinar, não são suficientes. Para pensar em diagnóstico no campo da Psicologia é preciso que nos afastemos do modelo médico que supõe, conforme colocado por Rogers (p. 220-221):
Que uma situação orgânica tem uma causa que a antecede;
Que o controle desta situação é mais possível se esta causa for conhecida;
Que a descoberta e a descrição exata da causa é um problema que pode ser cientificamente investigado.
No modelo médico, tal como descrito por Rogers, observamos freqüentemente um pensamento casual e linear, insuficiente e inadequado para compreender a complexidade, a dinâmica e a singularidade do psiquismo de cada ser humano. Se os critérios diagnósticos nos oferecem é a comutalidade (o que há de comum entre os homens), o que falta é a singularidade (o que há de diferente, próprio, singular em cada homem). Diagnóstico no campo da psicoterapia, precisa ser entendido como uma descrição e compreensão de cada cliente em sua singularidade existencial. Diagnóstico não pode ser vinculado a uma doença ou anormalidade; e sim ao modo de existir de alguém. Na literatura psicológica freqüentemente encontramos uma distinção entre diagnóstico e psicoterapia na qual o objetivo do diagnóstico é investigar, enquanto o objetivo da psicoterapia é tratar. Antes de iniciar o trabalho terapêutico considero útil e necessário investigar a fim de ter uma compreensão inicial do paciente. No entanto, ao longo do processo terapêutico, investigação e tratamento caminham lado a lado. Estamos sempre nos perguntando o que está acontecendo e a serviço do que isto está acontecendo. Diagnóstico deve acompanhar o processo terapêutico levando em consideração o crescimento do paciente, suas mudanças ao longo do tempo e na sua relação consigo e com o outro, as de seu mundo intra e inter-pessoal. Por isso em lugar de diagnóstico, prefiro falar em:
pensamento diagnóstico processual
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Ao diagnosticar precisamos estar atentos àquilo que se mostra no que aparece e não apenas no que aparece, como colocou meu colega Ari Rehfeld. O pensamento diagnóstico processual não pode ser despersonalizante nem tem a ver com um rótulo limitante. Não se refere ao que a pessoa é, e sim a como ela está a cada momento do processo terapêutico. Aquilo que o cliente nos traz no aqui-e-agora não é apenas seu presente imediato, ahistórico. O aqui-e-agora inclui o passado. Tratase de uma figura que se insere num fundo, e por fundo entendo a história de vida do cliente, suas experiências, seus relacionamentos passados (em especial as relações primárias significativas), seus sucessos e insucessos nas mais diferentes áreas (profissional, afetiva, social, etc.), suas potencialidades e seus limites, etc. É preciso compreender a relação do aqui-e-agora com lá-e-então; do passado com o presente; a relação que existe entre a figura/queixa e o fundo, pois é a relação figura/fundo que dá sentido à figura. A ênfase dada pela Gestalt-terapia ao aqui-e-agora freqüentemente gera um mal-entendido no qual pensa-se que o passado não tem importância, devendo ser desconsiderado. Ao enfocarem a função da recuperação de cenas passadas, Perls, Hefferline e Goodman (1997, p.105) colocam que “...o conteúdo da cena recuperada é bastante sem importância, mas (que) o sentimento e a atitude infantis que viveram a cena são da máxima importância. Os sentimentos infantis não são importantes como um passado que deve ser desfeito, mas como alguns dos poderes mais belos da vida adulta que precisam ser recuperados...” .
O pensamento diagnóstico processual implica compreender a relação da pessoa com sua história passada e presente, pois a configuração presente está relacionada a como a pessoa viveu suas experiências, e como elas a afetaram e ainda a afetam. O cliente é sempre a figura e o conhecimento que posso ter dele se dá, de um lado, através daquilo que ele apresenta: sua expressão verbal e não-verbal, sua história de vida, seus sintomas e queixas, seus sentimentos, etc. Por outro lado, conheço-o também através do que experiencio em minha relação com ele: sentimentos, intuição, fantasias e observação, além do conhecimento e da minha experiência clínica prévias ( que orientam meu olhar e minha escuta). O pensamento diagnóstico processual com cada cliente é tão singular quanto é singular cada cliente. Embora não seja um processo linear, nem o mesmo com todos os pacientes, numa tentativa de sistematizar como se pode alcançar um diagnóstico compreensivo, mencionarei alguns aspectos úteis e importante a fim de compreender o significado da relação figura/fundo. Desde o primeiro momento de contato com o paciente, quer na primeira entrevista, no telefone quando ele marca sua primeira consulta ou no início de uma sessão, é importante não ter nenhuma idéia apriorística em mente. É um estado de disponibilidade interna, no qual é possível deixar-se entrar em contato com aquilo que possa emergir na relação. Trata-se de umaatitude respeitosa de curiosidade. Presto especial atenção àquilo que me impacta, querendo com isso dizer que presto atenção ao que me captura a atenção, me intriga, não faz sentido, me impressiona e assim por diante. Isto pode ocorrer a nível do discurso do paciente, de sua aparência, de sua energia, de sua postura corporal, de sua afetividade (ou bloqueios dela), de sua voz, ou expressões de outra natureza. Freqüentemente o impacto me sinaliza alguma coisa que, via de regra, não compreendo de imediato, mas que me parece importante tentar compreender ao longo do tempo.
BIBLIOGRAFIA DELISLE, G. A Gestalt Perspective of Personality Disorders, 1990. FRAZÃO, L. M. O pensamento diagnóstico em Gestalt-terapia. Revista de Gestalt, Vol. 1, 1991. __________ A importância de compreender o sentido do sintoma em Gestalt-terapia. Revista de Gestalt, Vol. 2, 1992. __________ Process Oriented Diagnostic Thinking and the Concept of Possible Self, palestra apresentada no encontro “A Global vision: Taking Gestalt Therapy into the 21st Century”, promovido pelo “The Gestalt Journal”, pela “International Gestalt Therapy Association” e pelo “The Boston Gestalt Institute”. Cambridge, Massachusetts, de 4 a 10/11/96. GINGER, S e A - Gestalt: uma terapia do contato, Summus, SP, 1995. HYCNER, R. Between Person and Person, The Gestalt Journal, NY, 1991. KOFFKA, K. – Princípios de Psicologia da Gestalt, Cultrix e Ed. Da Universidade de São Paulo, SP, 1975. LATNER, J. – The Gestalt Therapy Book, Julian Press, Inc. NY, 1973. NOGUEIRA, C.R., LAZARUS, E.A, FERNANDES, M.B., CARDOSO, S.R., AJZENBERG, T.C.P. – Reflexões sobre o Desenvolvimento da Criança Segundo a Perspectiva da Gestalt-terapia, Revista da Gestalt, n° 4, p.87-94, 1995. PERLS, H., HEFFERLINE, R., GOODMAN, P. – Gestalt Therapy: Excitement and Growth in the Human Personality, Dell Publishing Co., NY, 1951. __________ Gestalt-terapia, Summus, SP, 1997. PERLS, F. - The Gestalt Approach and Eye Witness to Therapy, Science and Behavior Books, Palo Alto, 1973. QUADROS, L.C.T.Possibilidades e limites do diagnóstico em Gestalt Terapia, dissertação de mestrado apresentada à Pós-Graduação em Psicologia da Fundação Getúlio Vargas, RJ, 1991. ROGERS, C.R. A Terapia Centrada no Paciente, Martins Fontes, SP, 1975. ROSENBLATT, D. Opening Doors: What Happens in Gestalt Therapy. Harper & Row, NY, 1975. TELLEGEN, T.A. Gestalt-terapia, palestra apresentada na Faculdade de Ciências Médicas de Botucatu, SP, 1986 e no I Seminário de Gestalt-terapia no Instituto Sedes Sapientiae, maio, 1986. TOBIN, S.A. Self-Disorders, Gestalt Therapy and Self Psychology, The Gestalt Journal, vol. V, n° 2, p. 3-44, 1982. YONTEF, G.M. Awareness, Dialogue & Process: Essays on Gestalt Therapy, Gestalt Journal Press, Inc., NY, 1993.
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