eBook - Aula 02
SUMÁRIO CAPÍTULO 1 O que é Umbanda para o ser terren terreno? o?
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CAPÍTULO 2 Ciência de Umbanda
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CAPÍTULO 3 A FIlha de Olorum
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SUMÁRIO CAPÍTULO 1 O que é Umbanda para o ser terren terreno? o?
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CAPÍTULO 2 Ciência de Umbanda
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CAPÍTULO 3 A FIlha de Olorum
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CAPÍTULO 4 O que é Religião?
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CAPÍTULO 5 Sincretismo Sincr etismo e Religiões
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CAPÍTULO 6 Sincretismo Sincr etismo Umbandista 109
CAPÍTULO 1
O que é a UMBANDA
para o ser terreno?
POR A ALL E X A N D R E C U M I N O
A aluna Luciana Szaz Mateus me fez esta pergunta por Whatsapp (29/09/2016) para apresentar em um curso de Yôga. Segue abaixo minha resposta: Se disser que a UMBANDA é a cura então estávamos doentes e agora curados não precisamos mais dela. Se disser que é salvação, então estávamos perdidos e uma vez salvos não precisamos mais dela. Se disser que é libertação, então todos estavam escravos de alguma coisa, e uma vez libertos não precisamos mais dela. Se lhe disser que ela é o religar à Deus, então todos estavam desligados de Deus, e uma vez
religados não precisam mais dela. Se lhe disser que ela é o sentido para nossas vidas, então todos que chegam a ela tinham uma vida sem sentido, e agora que há um sentido não precisam mais dela. Se disser que a Umbanda é um despertador então então estou dizendo que todos que chegam a ela estão dormindo e uma vez despertos não precisam mais da Umbanda. Por tudo isso e muito mais eu digo que a Umbanda é um mergulho para dentro de si mesmo, onde vamos encontrar a nós mesmos, e ali encontramos Deus e a nossa verdade. Ao encontrarmos a nós mesmos curamos corpo, mente e espírito. Nos salvamos do Ego. Nos liberta-
mos do sofrimento. Nos religamos à nossa essência. Encontramos um sentido maior pra nossas vidas. Despertamos da ilusão e acordamos para uma nova realidade. Por isso a Umbanda é o encontro com minha essência primeira e com a minha verdade. Ainda que não tenha perguntado, o objetivo da Umbanda em nossas vidas é não precisar da Umbanda e assim estamos na Umbanda porque é bom ser umbandista. A Umbanda é um Mestre nos ensinando a sermos mestres de nós mesmos. Muito grato pela oportunidade de falar, todas estas palavras e pensamentos são de minha autoria e escritos de forma espontânea aqui no Whatsapp agora mesmo. Isso reete o que eu vivo e ensino na Umbanda a alguns anos. Alexandre Cumino, Colégio Pena Branca.
CAPÍTULO 2
Ciência de UMBANDA Uma religião brasileira
POR ALEXANDRE CUMINO
Este texto abaixo é parte integrante do livro História da Umbanda. São fragmentos editados livremente a partir do original para dar sentido num texto simples, curto e direto. Os primeiros estudiosos a se dedicarem à Umbanda se deram no campo da Sociologia e Antropologia, partiram, a princípio, da cultura negra para a Umbanda. Pioneiros, como Arthur Ramos, Edison Carneiro e Roger Bastide, já estudavam as expressões religiosas afro-brasileiras e passaram a estudar a Umbanda por meio das semelhanças entre elas. Roger Bastide chegou a entender como uma traição a Umbanda enquanto “embranquecimento” da cultura negra, anal ele vai caracterizá-la mais como uma “revalorização” da macumba carioca. Embora tivessem uma “visão de fora” para a religião de Umbanda traziam uma “visão de dentro” dos próprios estudos sobre os
Cultos de Matriz Africana. Roger Bastide muda sua opinião de forma tardia reconhecendo a Umbanda como religião Brasileira . Digo tardia, pois suas teses e obras principais já haviam sido publicadas, no entanto passa a um de seus continuadores, Renato Ortiz, as novas considerações do reconhecimento da Umbanda enquanto Religião Brasileira, retirando o peso da suposta traição, do “negro que quer ser branco” ou da apropriação, por parte do branco, de uma cultura negra. Neste ínterim, aparece Candido Procópio Ferreira de Camargo que vinha estudando o Espiritismo e fez o mesmo procedimento com outro ponto de vista, agora ele veria a umbanda a partir do kardecismo englobando ambas as vertentes como Religiões Mediúnicas e parte de um único “continuum mediúnico” . Mais recentemente veremos Maria Vilas Boas Concone reconhecendo a Umbanda como Religião Brasileira, e a partir dela e de Renato Ortiz ca clara a
identidade nacional da Umbanda, o que se soma às contribuições únicas de Diana Brow, Lísias Nogueira Negrão, Patrícia Birman e Zélia Seiblitz, principais estudiosos da Umbanda no contexto antropológico e sociológico. São anos de estudo e aplicação do método cientíco para chegar a estas conclusões, onde cada um dos cientistas leu e releu, estudou e se aprofundou nas obras de seus antecessores. Além de todo o aporte teórico e de base para cada uma de suas ciências vamos encontrar pesquisas de campo e estatísticas que revelam fatos interessantes quando observados sob o olhar de fora. Renato Ortiz, sociólogo, iniciou suas pesquisas sobre Umbanda em 1972, concluindo-as com sua tese de doutorado em 1975, Paris, com orientação do Mestre Roger Bastide. Desta tese resultou o livro A Morte Branca do Feiticeiro Negro. O trabalho foi re-
alizado em duas partes, uma de seminários e outra em campo, fazendo um período de um ano de pesquisas no Rio e em São Paulo. E justica a escolha destes dois Estados, onde escolheu “o Rio porque é o lugar histórico de nascimento da religião umbandista; São Paulo por ser a região onde o movimento religioso se desenvolve hoje mais intensamente” . Ortiz dedica este trabalho única e exclusivamente à Umbanda, não parte do Afro para a Umbanda, nem do Kardecismo para Umbanda. Em sua obra a Umbanda vai além de um sincretismo para se autoarmar como uma síntese do povo brasileiro. A Umbanda é Brasileira e esta é uma conclusão construída com o rigor do método cientico, ou seja, o seu trabalho é a continuidade e a conclusão de todos que o antecederam, pois assim se constrói o conhecimento cientíco. Vejamos sentimentos, pensamentos e palavras de Renato Ortiz que calam fundo na alma que busca a neutralidade do trabalho cientíco sem
perder o amor pelo objeto do estudo: “O objetivo de nosso trabalho é mostrar como se efetua a integração e a legitimação da religião umbandista no seio da sociedade brasileira [...] [...] Constataremos assim que o nascimento da religião umbandista coincide justamente com a consolidação de uma sociedade urbano industrial e de classes... [...] A sociedade global aparece então como modelo de valores, e modelo da própria estrutura religiosa umbandista... [...] Visto que nossa tese coloca o problema da integração da religião umbandista na sociedade brasileira, pareceu-nos interessante comparar a Umbanda com as práticas do Candomblé... Com efeito, pode-se opor Umbanda e Candomblé como
se fossem dois polos: um representando o Brasil, o outro a África. A Umbanda corresponde à integração das práticas afro-brasileiras na moderna sociedade brasileira; o Candomblé signicaria justamente o contrário, isto é, a conservação da memória coletiva africana no solo brasileiro... O que nos parece importante é sublinhar que para o Candomblé a África conota a ideia de terra-Mãe, signicando um retorno nostálgico a um passado negro. Sob este ponto de vista a Umbanda difere radicalmente dos cultos afro-brasileiros; ela tem consciência de sua brasilidade, ela se quer brasileira. A Umbanda aparece desta forma como uma religião nacional que se opõe às religiões de importação: protestantismo, catolicismo, e kardecismo. Não nos encontramos mais na presença de um sincretismo afro-brasileiro, mas diante de uma síntese brasileira, de uma religião endógena. Neste sentido divergimos da análise feita por Roger Bastide em seu livro As Religiões Africanas no
Brasil, onde ele considera a Umbanda como uma religião negra, resultante da integração do homem de cor na sociedade brasileira. É necessário, porém, assinalar que o pensamento de Roger Bastide havia consideravelmente evoluído nestes últimos anos. Já em 1972 ele insiste sobre o caráter nacional da Umbanda... Entretanto, depois de sua última viagem ao Brasil, seu julgamento torna-se mais claro; opondo Umbanda, macumba e Candomblé, ele dirá: ‘o Candomblé e a Macumba são considerados e se consideram como religiões africanas. Já o espiritismo de Umbanda se considera uma religião nacional do Brasil. A grande maioria dos chefes das tendas são mulatos ou brancos de classe média...’. O caráter de síntese e de brasilidade da Umbanda é desta forma conrmado e reforçado.” Com este trabalho de Renato Ortiz, o olhar sociológico sobre a Umbanda fecha um ciclo que começa com sua gestação, passando por seu desenvolvi-
mento e identicação como uma Religião Brasileira. O fato de Ortiz ter trabalhado em conjunto com Bastide nos passa um valor real de continuidade e capacidade em rever “velhos” paradigmas. Denir Umbanda é denir algo vivo e em movimento, é como querer denir o que é o “ser” em toda a sua complexidade.
Segundo Roger Bastide, nos encontramos em presença de uma religião a pique de nascer, mas que ainda não descobriu suas formas.” É certo que Bastide faz esta armação no nal da década de 50, sob uma perspectiva dos Cultos Afro-Brasileiros. Lísias Nogueira Negrão arma que:
“...a identidade umbandista faz-se e refaz-se em função das demandas de diferenciação e legitimação, apresentando-se de forma eminentemente dinâmica e compósita.”
Hoje a Umbanda se encontra melhor estruturada, no entanto, podemos dizer que ela mantém as características de: Religião ainda em formação (Roger Bastide), heterodoxa (Diane Brown), dinâmica e sobretudo multiforme, um sistema religioso estruturalmente aberto (Lísias Nogueira Negrão) e diverso, no qual se encontra uma certa unidade na diversidade (Patrícia Birman). Em tempo, um fenômeno isolado não é Umbanda; Umbanda é Religião, portanto existe dentro de um contexto histórico, geográco, social e antropoló gico.
Podemos dizer, num ponto de vista teológico, que
Umbanda pertence a Deus e aos Orixás, quando pudermos denir Deus
então, só neste dia, deniremos com precisão o que é Umbanda.
CAPÍTULO 3
A Filha de
OLORUM
POR FERNANDO SEPE
E sua majestosa voz ecoou pelo alto, pelo embaixo, pela esquerda e a direita, pelo a frente e o atrás, pelo envolta. Por determinação do pai - mãe de Todos, uma nova religião nasceria sob solo brasileiro.
ERA SUA FILHA MAIS NOVA, A UMBANDA. E um verdadeiro rebuliço começou no Orum, pois logo o mais respeitado dos Orixás se ergueu de seu Trono e disse que ele seria o responsável e sustentador maior da religião. Oxalá abençoava o nascer da mais nova lha de Olorum, e a assumia dos Seus Divinos Braços. Nela a espiritualidade e a fé estariam presentes, como aceleradora da evolução de todos. Não existiriam dogmas, e apenas um grande fundamento: Amor e Caridade. E logo começaram a chegar os Orixás, todos também abençoando e apadrinhando a nova flha de Olorum. Ogum e Iansã, os mais emocionados de todos, diziam que protegeriam a nova religião com
as armas da Lei. E então a voz trovão de Xangô ecoou, pelos quatro cantos do Orum, dizendo que ele seria a Justiça a favor de todos. Sua palavra seria Lei, e todos os lhos de Umbanda nada temeriam, pois todos são lhos de Rei, o Rei Xangô. Também apresentou a todos sua mais nova esposa, Egunitá a quente irmã mais nova de Iansã. Ela que era “fogo puro” encantou a todos, e disse que protegeria a Umbanda. E assim a lha mais nova de Olorum ganhou seus dois padrinhos: a Lei Maior e a Justiça Divina. Mas algo engraçado aconteceu. Muitos espíritos vindos de um dos muitos bairros do Orum, Aruanda, disseram que eles seriam os trabalhadores e a linha de frente da religião, além de assumirem a condu-
ção dos médiuns umbandistas. Oxalá que é o senhor das formas, e pai da Umbanda, consentiu e determinou que por homenagem ao povo negro e indígena todos assumissem a forma de Caboclos e Pretos-velhos. E logo chegou Oxóssi de uma de suas muitas caçadas, e assumiu toda a linha de Caboclos, tornando-se o Rei dos Caçadores. Distribuiu um diadema a todos consagrando-os como caboclos. Todos os caboclos trazem até hoje o diadema ganho do Rei das Matas. E o velho Obaluayê junto de Nanã abençoou todos os espíritos anciões que se consagravam ao trabalho da linha de pretos-velhos. Concedeu a eles a sabedoria que só o passar do tempo pode conceder. E todos se transformaram em ótimos conselheiros e curadores, principalmente das chagas da alma.
E por falar em tempo, ele também estaria presente. Oyá-Tempo (xará de Iansã – Oyá), seria responsável pelas forças do tempo dentro da nova religião. E como ela é muito observadora e, vamos dizer, bastante desconada, seria a guardiã da fé e dos pro cessos da religiosidade. E “ai” de quem pisasse na bola da religiosidade. Lá estaria Oyá com seu olhar congelante... Iemanjá que é uma “mãezona” queria que todos os espíritos que se manifestassem para a caridade pudessem ser aceitos no ritual, sabe como é, “em coração de mãe sempre cabe mais um”. E assim cou decidido, pois ninguém tem coragem de negar um pedido da encantadora Rainha do Mar. E a Umbanda acolheria a todos, caso viessem para prestar a caridade. Surgiam então as muitas linhas de trabalho, como baianos, marinheiros, boiadeiros e os muitas vezes renegados pelo próprio povo de origem, os ciganos...
E de repente apareceu Oxum, perguntando que festa era aquela. Quando cou sabendo que era o nascimento da mais nova lha de Olorum, começou a chorar e a abençoou com suas lágrimas que caíam de seus olhos como duas enormes cachoeiras. (Ela é muito chorona, mas não gosta que a gente fale sobre isso...) E de presente a ela, chamou Oxumaré, que transformou tudo em cores e disse que renovaria e embelezaria tudo com seu axé colorido. E junto do seu arco–íris vieram os encantados da natureza, as crianças que seriam a alegria da Umbanda. O “time” estava quase completo, quando da terra surgiram o amado Tata Omulu e Obá. Não muito sorridentes, para falar a verdade bem sérios e um pouco secos, disseram que também fariam parte da nova religião. Que queriam ver seus cultos renovados, e que seriam a força do elemento terra. Obá
que depois de muitas desilusões nada mais queria com Xangô, resolveu unir–se a Oxóssi, e ajudá-lo a disseminar o conhecimento. Omulu que é muito calado colocou-se ao lado de Iemanjá, dizendo que a guardaria por todo o sempre. Na verdade, até umas lágrimas foram vistas cair de seus olhos, negros como a noite. Ele é meio incompreendido, mas quem o conhece sabe que é o mais amoroso dos Orixás. Todos estavam comemorando, quando não se sabe direito porque uma confusão começou, e ninguém mais sabia o que iria fazer. Oxalá que muitas vezes já tinha sido enganado por “ele”, não seria novamente. Logo disse: - Laroiê Exu! Você também é convidado a participar da nova religião. Será responsável pela esquerda de todos. Mas vai ter que seguir as Leis de Xangô, e será acompanhado de perto por seu querido irmão
Ogum! Uma gargalhada soou por todo Orum, e Exu apareceu. Junto dele a mais bela moça, Pomba-gira. Exu cou feliz, disse que agora teria Pomba-gira para di vidir seu trabalho, mas que não abriria mão de ser sempre o primeiro a ser rmado. Não porque ele era aparecido, mas sim porque era ele quem guardaria os templos e casas de Umbanda. E muito esperto que era, disse: - Olha, eu vou supervisionar o trabalho junto com Pomba-gira. Mas vou deixar uns espíritos trabalhando com a minha força fazer o trabalho. Anal, o que o homem faz o homem que desfaça. E também o meu irmão Oxóssi é senhor da linha de Caboclos, porque eu não posso ser senhor da Linha de Exu? Bom, começaram umas discussões, mas acabou
acertado que o Orixá Exu atuaria na Umbanda, a partir de sua linha de trabalho. Seria a linha que faria o trabalho pesado, além de serem os guardiões dos médiuns, e dos templos de Umbanda. E assim todos os Orixás muito emocionados deram as mãos e começaram a orar pelo sucesso da mais nova lha de Olorum. E então o Pai e Mãe de Todos se manifestou: “Meus amados lhos Orixás, a Vós eu consagro minha lha nova e dileta, a Umbanda. Que ela transforme–se em uma religião semeadora de luz, amor e caridade. Que seja espiritualista e universalista, que esteja aberta a todos de bom coração. E que em sua pedra fundamental esteja escrito o seu único dogma: Amor e Caridade!” E de Si Sete intensas irradiações partiram, e envolveram sua lha querida. Todos se emocionaram e
agradeceram a Olorum por essa bênção à humanidade. Quase cem anos se passaram, e a Umbanda cresceu um bocado. Transformou–se um uma linda jovem, amorosa e alegre. Amparada por seu Pai Oxalá, e seus padrinhos, a Lei Maior e a Justiça Divina, ela vai vencendo todos os obstáculos. Os seus trabalhadores conquistaram o coração das pessoas. Todos correm para escutar a palavra de sabedoria do preto–velho, ou a conversa pura e alegre da criança. Os Caboclos transformaram-se na linha de frente da Umbanda, trazendo as qualidades dos nossos amados pais e mães Orixás. Onde existe um Pena Branca, lá está a paz e serenidade de Oxalá. Onde traba-
lha um Sete Espadas, estão os olhos da Lei. Exu e Pomba-gira se zeram presentes tornando-se sinônimos de proteção e cumprimento da Lei, seja na seriedade do Tranca-Ruas, no olhar penetrante do seu Capa Preta, ou na força da Rainha Maria Padilha. Todos os espíritos podem se manifestar para a caridade, como um dia pediu a “mãezona” Iemanjá, surgindo assim a alegria dos muitos “Zés” que trabalham na Umbanda. E principalmente a Umbanda tornou-se sinônimo de amor e caridade, de luz e evolução espiritual. Esse texto é apenas uma fábula, uma lenda ou um Itan, que presta também sua homenagem à lha mais nova de Olorum. É um pedido para que enm
as pessoas entendam que existe algo maior que a “minha” ou “a sua” Umbanda. Simplesmente existe A UMBANDA, lha querida de Olorum, que encanta a todos os Orixás, e enche os olhos do velhinho e amoroso Oxalá de lágrimas de felicidade e amor... (Sepe, em homenagem a Umbanda, essa linda religião universalista, doada a todos nós pelos amados Pais e Mães Orixás).
CAPÍTULO 4
O que é
RELIGIÃO? POR ALEXANDRE CUMINO
Uma das formas de denir religião é ir direto ao signicado da palavra, do latim, religare, que tem
o sentido de religar-se a DEUS. Logo um entendimento teológico da mesma é propiciar um encontro ou reencontro com DEUS. Mas, o que pode parecer simples é, no entanto, complexo, anal há formas muito variadas de religião e até algumas, como o budismo e jainismo, em que nada se refere a DEUS, são praticamente religiões ateístas. Partindo desse ponto de vista, a denição de religar-se, embora seja muito interessante, não expressa todas as dimensões que as diversas religiões encerram em si mesmas. Por se tratar de algo indissociável ao ser humano, como produto cultural e social, recorremos às ciências humanas para melhor compreender o fenômeno em suas múltiplas formas de expressão.
Desde que o homem habita este mundo há religião, o próprio homo sapiens é considerado um homo religiosos; apesar de reconhecermos o quanto a religião faz parte de nossas vidas, ela já passou por um período de “trevas”, justamente no período em que surge o iluminismo. É quando surge o mundo moderno, pós-revolução francesa, que o homem se voltará a um racionalismo cienticista que nega o valor da religião. No séc. XIX, Augusto Conte torna-se o precursor do positivismo declarando que a religião seria substituída pela ciência, pois no futuro esta teria as repostas para as inquietações humanas buscadas no mundo teológico. E assim como os períodos mitológicos e mágicos já haviam sido superados pelo religioso, este também seria ultrapassado, declarando sua inutilidade. Religião tal qual se conhece seria uma pseudossolução para pseudoproblemas. Nos passos de Conte viriam Nietzsche, declarando a morte de Deus, Freud, considerando religião uma
ilusão, algo infantil, e Marx que armaria ser o suspiro dos oprimidos, ópio do povo. Cientistas promoveram uma nova inquisição na qual só tem valor o que pode ser observado, experimentado e mensurado dentro do método cientíco. Em meio a tanto ceticismo, Jung oferece um contraponto às ideias de Freud, demonstrando a importância das questões religiosas na vida do ser, apresentando o erro da aplicação do método cientíco para negar o valor que possui a religião na vida e na psique humana: “O conito surgido entre ciência e religião no fundo não passa de um mal-entendido entre as duas. O materialismo cientíco introduziu apenas uma nova hipótese, e isso constitui um pecado intelectual. Ele deu um nome novo ao princípio supremo da realidade, pensando, com isso, haver criado algo de novo e destruído algo de antigo. Designar o princí-
pio do ser como Deus, matéria, energia, ou o quer que seja, nada cria de novo. Troca-se apenas de símbolo.” Religião faz parte de uma realidade subjetiva do ser, o que não pode ser mensurado, já que as ciências naturais se ocupam da realidade objetiva. Buscamos no método cientíco respostas de como funciona a realidade física, no entanto, o mesmo é insucien te para dar sentido a esta realidade. Para entender melhor essa dinâmica humana do ente que busca respostas além de si mesmo é que se abriu campo nas ciências humanas, com o m de entender a experiência religiosa em suas diversas dimensões. O pai da sociologia, Émile Durkheim, em sua obra clássica, As Formas Elementares de Vida Religiosa, faz considerações importantes sobre o que vem a ser religião:
Não há, pois, no fundo, religiões que sejam falsas. Todas são verdadeiras à sua maneira: todas respondem, ainda que de maneiras diferentes, a determinadas condições da vida humana [...]. A conclusão geral deste livro é que a religião é coisa eminentemente social [...]. Para aquele que vê na religião apenas manifestação natural da atividade humana, todas as religiões são instrutivas, sem nenhuma espécie de exceção, pois todas exprimem o homem à sua maneira e podem assim ajudar a melhor compreender esse aspecto da nossa natureza. [...] Uma noção que geralmente é considerada como característica de tudo aquilo que é religioso é a de sobrenatural. Com esse termo entende-se toda ordem de coisas que vai além do alcance no nosso entendimento; o sobrenatural é o mundo do mistério, do incognoscível, do incompreensível [...].
Max Muller via em toda religião “um esforço para conceber o inconcebível, para exprimir o inexprimível, uma aspiração ao innito”. [...] Todas as crenças religiosas conhecidas, sejam elas simples ou complexas, apresentam um mesmo caráter comum: supõem uma classicação das coisas... pelas palavras “profano “e “sagrado”. [...] Eis como o budismo é uma religião: na falta de deuses, admite a existência de coisas sagradas, a saber, das quatro verdades santas e das práticas que delas derivam. [...] Uma religião é um sistema solidário de crenças seguintes e de práticas relativas a coisas sagradas, ou seja, separadas, proibidas; crenças e práticas que unem na mesma comunidade moral, chamada igre ja, todos os que a ela aderem. [...]
Edênio Valle, em sua obra Psicologia e Experiência Religiosa arma que “W. H. Clark reuniu, em 1958, nada menos que 48 denições psicológicas de religião”. Entre estas, ele transcreveu algumas, e destas nós destacamos as seguintes para concluir o que vem a ser religião: Rudolf Otto, “A religião é o empreendimento humano pelo qual se estabelece um cosmo sagrado. Ou é a cosmicação feita de maneira sagrada. Por sagrado entende-se aqui uma qualidade de poder misterioso e tremendo, distinto do ser humano e, contudo, com ele relacionado, pois se acredita em sua presença em certos objetos de experiência... é o que faz tremer e é o fascinante”. B. Grom, “Religioso é tudo o que para os seres humanos encerra uma relação a algo sobre-humano e sobremundano, prescindindo-se dos modos concretos pelos quais o religioso pode ser concebido e ex-
perimentado.”
W. James - “São os sentimentos, atos e experiências do indivíduo humano, em sua solidão, enquanto se situa em uma relação com seja o que for por ele considerado divino.” M. F. Verbit - “A religião é a relação do ser humano com qualquer coisa que ele conceba como sendo a realidade última dotada de signicado.” M. W. Calkin - “Religião é a relação consciente do self humano como self divino, isto é, com um self visto como maior que o self humano.” Tomás de Aquino - “A religião é a virtude pela qual os homens rendem a Deus o devido culto e reverência.”
Ernest Renan - “A Religião é a mais alta e atraente das manifestações da natureza humana.” Denir o que vem a ser religião não é tarefa fácil, re sumir em poucas palavras pode nos levar a um reducionismo de seu valor, estender-se na explicação pode tornar vago o conceito e, da mesma forma, um religioso falando sobre religião costuma antes denir o que é sua religião correndo o risco de excluir as outras. Antes de tudo, pode ser algo tão universal e ao mesmo tempo diverso, é preciso certa neutralidade para apreender seu signicado. Quando se trata de religião, nossa postura deveria ser antes de entender que explicar, principalmente a religião do outro.
E para fechar ca a denição do Mestre e Místico Hindu Vivekananda: “A religião não consiste em doutrinas e dogmas. Ela não é o que você lê nem os dogmas que você acredita serem importantes, mas o que você percebe... A nalidade de todas as religiões é a percepção de Deus na alma. Essa é a única religião universal.”
CAPÍTULO 5
Sincretismos e RELIGIÕES
“Nada há de novo abaixo do Sol.” “Em religião nada se cria, tudo se copia. Uma absorve os mistérios das outras”.
Pai Benedito de Aruanda
“Não há religião superior à verdade”
Helena P. Blavatsky
Sincretismo consiste em unir dois ou mais valores para alcançar um terceiro valor, o sincretismo religioso está muito ligado às culturas, pois valores de duas ou mais culturas se unem quando nasce uma nova religião. Vejamos por exemplo na Umbanda, uma religião brasileira, que tem culto aos Orixás, divindades africanas da cultura Nagô, e aos Santos, da cultura católica. Jesus Cristo e Oxalá são cultuados em um sincretismo tão forte que Jesus passa a ser Oxalá e Oxalá passa a ser Jesus. Aqui também surgem polêmicas onde nem todos aceitam o sincretismo desta forma, para muitos Jesus apenas representa Oxalá, para outros vice e versa e para terceiros os dois, Oxalá e Jesus, caminham juntos sem perder sua individualidade.
Assim é o sincret sincretismo ismo na Umbanda que apare aparece ce identicando:
Jesus Cristo com OXALÁ Nossa Senhora da Conceição com OXUM São Sebastião com OXÓSSI São Jerônimo com XANGÔ São Jorge com OGUM São Lázaro com OBALUAYÊ Santa Clara com LOGUNAN São Bartolomeu com OXUMARÉ Joana D’Arc com OBA Santa Bárbara com IANSÃ Santa Sara Kaly com EGUNITÁ Santa Ana com NANÃ BUROQUÊ São Roque com OMULU Cosme e Damião com IBEJI
Na cultura brasileira existe o sincretismo cultural, que aparece em “síntese” na Umbanda, como um espelho que mostra as culturas do Negro (Cultura Africana), do Branco (Cultura Europeia) e do Índio (Cultura Nativa); todas elas partes de um todo que é a Cultura Brasileira. O que cria um ritual marcado por estas inuências, com muita musicalidade tocada por atabaques, rezas para Santos e Orixás, uso de terços e de colares de contas (guias), a valorização da natureza com a visão do índio que adora Tupã, o uso de ervas com banhos e defumação, uma forma simples de magia que mistura valores indígenas com o afro-brasileiro e muitos outros traços deste povo brasileiro. Mas esta absorção cultural religiosa (sincretismo) (sincretismo) não é uma exclusividade da Umbanda, o Judaísmo absorveu das culturas sumeriana, babilônica, acadiana e assíria em geral assim como a cultura cristã se ali-
mentou da judaica e da grega, a cultura do islã pode absorver as culturas cristã e judaica, assim como todas elas têm uma inuência mais sutil também da quase extinta cultura persa, dos cultos zoroastristas. O Budismo nasce em solo hindu, através de um príncipe guerreiro, guerreiro, Sidarta Gautama, o budismo tibetano recebe inuência diferente do budismo chinês, pois os valores que antecedem permanecem subentendidos e se unem a outros para criar a argamassa com a qual a nova religião é construída. Tudo se transforma e assim é com as religiões que Tudo para nascer se alimentam de outras religiões, até que ao atingirem certa “proporção”, que nem sempre corresponde à maturidade, passam aos conitos de “adolescência” em relação à “Matriz” para então passarem a uma disputa aberta, na maioria dos casos, com objetivo de mostrar a supremacia de uma geração em relação à outra. A nova e vigorosa geração apresenta ideias inovadoras ou ainda,
apenas, acredita, pensa, que suas ideias são novas e que está fazendo algo que ninguém teria feito antes. Encontraremos muitos valores em comum nas religiões, muitas vezes chega a parecer que existe apenas uma única religião que se manifesta de formas diferentes, a Ordem Teosóca tem uma visão muito particular sobre esta questão, onde a Teosoa é a “religião eterna” ou talvez “a religio-vera”, a “religião verdadeira” e mais adequadamente a “Religião da Sabedoria” que seria o ideal a que todas as religiões buscam. Para muitos este ideal religioso pode ter sido algo que perdemos em outras eras quando a humanidade possuía um nível superior de espiritualidade, como no mito de Atlântida ou da Lemúria. Na literatura de Rubens Saraceni encontramos esta cultura perdida no que é chamado de “Era Cristalina” (“Os Templos de Cristais”, “Hemissarê”, “O Guardião dos Caminhos” / Ed. Madras – Rubens Saraceni).
Helena P. Blavatsky, fundadora da Ordem Teosóca, uma das mais eruditas e inuentes estudiosas e pesquisadoras de religião de todos os tempos, em seu Glossário Teosóco (Ed. Ground, 4ª ed., 2000, trad. Silvia Sarzana) dene Religião, Religião da Sa bedoria e Teosoa de uma forma que apresenta muito bem esta ideia sobre um conhecimento eterno, que se manifesta nas diferentes religiões, mudando apenas a forma. Vejamos as denições de Blavatsky: Religião – Apesar da imensa diversidade que oferecem do ponto de vista exterior, todas as religiões têm um fundo comum nas ideias dogmáticas, losócas e morais. De fato, o estudo comparado das religiões demonstra que os ensinamentos fundamentais sobre a Divindade, o homem, o universo, a vida futura, são substancialmente idênticos em todas elas, apesar de sua diversidade aparente. São as mesmas encobertas pelo véu próprio das religiões exotéricas que as desguram parcialmente. É como uma luz
branca encerrada num farol, que tem, em cada um de seus lados, um vidro de cor diferente e, conforme o lado em que é olhada, parece vermelha, azul, verde ou amarela; retire os cristais e verá a mesma luz em sua pura cor natural. Esta base comum de todas as religiões dignas deste nome explica-se porque todas elas emanam da Grande Fraternidade de Instrutores Espirituais, que transmitiram aos povos e raças as verdades fundamentais da religião, sob a forma mais apropriada às necessidades daqueles que deviam recebê-las, bem como às circunstâncias de tempo e lugar. Por isso se disse, não sem fundamento, que a questão religiosa é principalmente uma questão geográca; assim, uma pessoa é muçulmana simplesmente porque nasceu na Arábia; católica, porque nasceu na Europa etc. Em sua missão sublime, os excelsos fundadores de religiões foram auxiliados por certo número de indivíduos iniciados e discípulos de diversos graus, homens eminentes por seu saber e por seus relevantes dotes morais. Outra causa po-
derosa do antagonismo entre aqueles que professam credos religiosos diferentes são as corrupções introduzidas por seus representantes, que os modicam e transformam a seu bel-prazer, impulsionados geralmente por interesses e egoísmo.
Religião da Sabedoria – A única religião que serve de base a todos os credos existentes na atualidade. Aquela “fé” que, sendo primordial e revelada diretamente à espécie humana por seus Progenitores e pelos Egos que a instruem (por mais que a Igreja os considere como “anjos caídos”) não exige “graça” alguma ou fé cega para crer, porque era conhecimento. Nesta Religião da Sabedoria baseia-se a Teosoa. Teosofa (do grego, theosophia) – Religião da Sabedoria ou “Sabedoria Divina”. O substrato e base de todas as religiões e losoas do mundo, ensina da e praticada por uns poucos eleitos, desde que o
homem se converteu em ser pensador. Considerada do ponto de vista prático, a Teosoa é puramente ética divina. As denições da mesma encontradas nos dicionários são puros desatinos, baseados em preconceitos religiosos e na ignorância do verdadeiro espírito dos primitivos rosacruzes e lósofos medievais, que se intitulavam teósofos. [A palavra Teosoa não signica Sabedoria de Deus, mas Sabedoria dos Deuses ou Sabedoria Universal. Esta Sabedoria é a verdade interna, oculta e espiritual, que sustenta todas as formas externas da religião e seu pensamento fundamental é a crença de que o Universo é, em sua essência, espiritual; que o homem é um ser espiritual em estado de evolução e desenvolvimento e que a humanidade pode progredir na via da evolução através do exercício físico, mental, espiritual adequados, fazendo-a desenvolver as faculdades e os poderes que a tornarão capaz de ultrapassar o véu externo do que é chamado de matéria e passar a ter relações conscientes com a Realidade fundamental. A grande
ideia, que serve de base para a Teosoa, é a Fraternidade universal e esta se encontra fundamentada na unidade espiritual do homem. A Teosoa é de uma só vez ciência, losoa e religião e sua expressão externa é a Sociedade Teosóca. Opostamente ao que muitos acreditam, a Teosoa não é uma nova religião; é, por assim dizer, a síntese de todas as religiões, o corpo de verdades que constitui a base de todas elas. A Teosoa, em sua modalidade atual, surgiu no mundo no ano de 1875, porém é em si mesma tão antiga quanto à humanidade civilizada e pensadora. Foi conhecida por diversos nomes, que têm o mesmo signicado, tais como Brahma-vidyâ (Sabedoria Suprema), Para-vidyâ (Sabedoria Suprema) etc. O motivo especial de sua nova proclamação em nossos dias foram os rápidos e perniciosos progressos do materialismo nas nações propulsoras da civilização mundial. Por esta razão, os guardiões da Humanidade acharam oportuno proclamar as antigas verdades numa nova forma adaptada à atitude
e ao desenvolvimento mental dos homens da época e, assim como antes foram reveladas uma após outra as religiões, segundo a passagem de um a outro desenvolvimento nacional, assim, em nossos dias, as bases fundamentais de todas as religiões tornaram a ser proclamadas, de modo que, sem privar nenhum país das vantagens especiais que sua fé lhe proporciona, se deixará de ver que todas as religiões têm o mesmo signicado e que são ramos de uma mesma árvore. A Teosoa apresenta-se, além disso, como base de losoa de vida, porque possui vastíssimos conhecimentos sobre as grandes Hierarquias que preenchem o espaço; dos agentes visíveis e invisíveis que nos rodeiam; da evolução ou reencarnação, através de cuja virtude o mundo progride; da lei da casualidade ou da ação e reação, chamada karma; dos diversos mundos em que o homem vive, semeia e colhe, etc., etc., conhecimentos que resolvem, do modo mais racional e satisfatório, os árduos enigmas da vida, que sempre conturbaram o cérebro dos pen-
sadores como desalento de seu coração. No campo da ciência, abre novos caminhos ao conhecimento. A Teosoa explica a vida, justica as diferenças sociais entre homens e indica o meio para se retirar novos fatos do inesgotável armazém da Natureza. A Teosoa fornece também normas fundamentais de conduta aplicáveis à vida humana e levanta grandes ideais, que comovem o pensamento e o sentimento, para pouco a pouco redimir a humanidade da miséria, da aição e do pecado, que são frutos da ignorância, causa de todo o mal. A dor e a miséria desaparecerão completamente de nossa vida quando soubermos trocar a ignorância pelo conhecimento. Ante a Sabedoria nossas tribulações se desvanecerão, porque o gozo é peculiar e inerente à natureza íntima de que todos dela procedemos e a ela temos de voltar. A Teosoa, nalmente, não impõe qualquer dogma, nem força ninguém a acreditar cegamente
nas verdades que ensina, mas faz outra coisa imensamente melhor: coloca o homem disposto a isso em condições de perceber diretamente, por si mesmo, tais verdades através do desenvolvimento de sua natureza espiritual, e com ela, o desenvolvimento de certas faculdades internas latentes na generalidade da espécie humana, que lhe permitem conhecer o mundo espiritual e as relações do homem com a Divindade. Pelo conhecimento íntimo de si mesmo, o homem se torna capaz de conhecer a Vida universal e suprema, uma vez que o Espírito humano é uma parte do Espírito universal (DEUS)...” No Livro “A Vida Oculta e Mística de Jesus” de A. Leterre (Ed. Madras – 2004), encontramos logo no início de tal obra, em sua “Introdução” e “Explanação”, textos que demonstram estas “igualdades” e “coincidências” entre as religiões, mostrando alguns elementos que foram claramente apropriados. O que choca é que muito raramente uma religião “dá o bra-
ço a torcer” sobre que tal valor ter sido “importado” de outra cultura ou culto religioso, já que a prática comum entre religiões é diminuir a outra, e quando não até chegam ao ponto de “demonizá-la” fazendo com que seus éis creiam que as divindades alheias são “demônios”. Vejamos algumas passagens da “Introdução” e “Explanação” desta obra impar para o estudo das religiões:
GÊNESE DAS RELIGIÕES Admitimos por um momento que o nosso benévolo leitor, seja ele de que culto ou crença for, tivesse de fazer, como missionário, uma grande excursão pelos sertões de Mato Grosso. Chegado a um ponto das ínvias selvas, depara-se com uma tribo de selvagens ocupada em render preito e homenagem a uma entidade abstrata, que ela reconhece como Superior e como Criadora de tudo quanto a cerca.
Essa entidade, ou anteriormente esse Deus, é representada por um boneco de barro exoticamente fabricado ou por um tronco de árvore cercado por enormes fogueiras, como as piras dos antigos templos, em volta das quais os silvícolas executam uma frenética dança ao som de autas de bambu, acompanhada de estridentes berros à guisa de hinos maviosos.
QUE FARÁ NOSSO MISSIONÁRIO? Certamente procurará, com tempo e jeito, convencê-los de que laboram em erro e de que o verdadeiro Deus é aquele que ele mesmo adora, seja Jeová, Alá, Buda ou o Cristo do Calvário. É possível que, convencidos de que o estúpido boneco nada represente, eles passem a adotar o símbolo do nosso incansável missionário. Admitamos, porém, que outros missionários, de credos diferentes, venham também a passar por ali, su-
cessivamente, com intervalos assaz sucientes para dar tempo a que a nova crença se enraíze em seus pobres cérebros.
QUE SUCEDERÁ? Sucederá que, ao cabo de alguns anos, digamos mesmo, de alguns séculos, essa tribo terá mudado várias vezes o modo de compreender esse Deus. Mas não se segue daí que toda a tribo, sem exceção de uma só alma, tenha permanecido el a cada crença que foi sucedida, e isso com unânime aprovação. É indubitável, dada a diversidade de mentalidades, que tenham surgido certas divergências no modo de encarar esse Deus e seus atributos, ou mesmo na maneira de cultuá-lo nas sucessivas crenças, resultando dali, então, as exegeses e os cismas que acabaram por dividir esses cultos em outros tantos cultos ou seitas contrários e inimigos, a ponto de se odiarem de morte.
É exatamente o resultado vericado hoje na face desse pobre giroscópio. Os primitivos povoadores da Terra sentiram que tudo quanto viam devia ser o produto de uma força superior e inteligente e começaram, então, na opinião de alguns historiadores, a simbolizar essa força, já com um disco representando o Sol, como fonte de vida material, já com um tronco de árvore, de onde foram surgindo os esteios da cabana que se transformaram em coluna do Templo etc. Pela observação e pelo estudo da natureza, movidos pelas necessidades vitais, as indústrias foram sendo criadas, as artes nasceram, a ciência se manifestou, até se condensar em Academia. Revelação Foi então que a Religião fora revelada aos mais puros, nascendo dali o Templo, pois a Religião é o suspiro do homem, cuja resposta vem do céu e não da Terra.
Que tivesse havido esta Revelação, está isso sobejamente conrmado por todas as religiões do mundo. Dupuis não crê na revelação, pois, segundo ele, só a razão humana é que tudo deniu; mas ele não reete que essa Razão, que não é criação do homem, mas sim da Razão Suprema, que lhe deu em igualdade de grau para raciocinar e tirar conclusões justas e força de comparações, estudos e experiências, é que constitui, de fato, a Revelação Divina, seja por inspiração ou suposto acaso. No Manavadarma foi a Krishna; nos Vedas, a Buda; no Zenda-Avesta, a Zoroastro; nos livros Herméticos, a Hermes; nos Kings, da China, a Fo-Hi, a Lao-Tsé, a Confúcio; no Pentateuco, a Moisés; no Alcorão, a Maomé; no Livro de Jó, ao Pontíce Jó; nos Evangelhos, a Jesus. Todos eles armam terem recebido a verdade, de Deus mesmo, como a expressão dos seus divinos
decretos. Confúcio, príncipe regente, repudiou tudo para dedicar-se ao sacerdócio, quando, aos 50 anos, recebia essa revelação. Daí a razão de ser Religião a Síntese da Ciência e não o contrário, o que seria absurdo. Charles Norman, sábio astrônomo do Observatório de Paris, sintetiza admiravelmente essa Revelação em poucas palavras: “Na verdade, parece que nada manifesta a presença mística do divino, tanto quanto esta eterna e inexível harmonia que liga aos fenômenos expressos por leis cientícas. A ciência que nos mostra o vasto Universo, concreto, coerente, harmônico, misteriosamente unido, organizado como uma vasta e muda sinfonia, dominada pela lei e não por vontades particulares, a ciência, em suma, não será uma revelação?”
É certo, e isso não pode sofrer a mais leve refutação, que a crença monoteísta, isto é, a de um só Deus Criador e Todo Poderoso, existiu desde uma antiguidade pré-histórica e descrita nos livros anteriormente citados, sendo de notar que os Sastras (Livros Sagrados da Índia) são anteriores de 1.500 anos aos Vedas que, por sua vez, têm mais de 6.000 anos. Nos Vedas lê-se o seguinte: “Deus é aquele que sempre foi; Ele criou tudo quanto existe; uma esfera perfeita, sem começo nem m, é sua franca imagem. Deus anima e governa toda a criação pela providência geral dos seus Princípios invariáveis e eternos. Não sonde a natureza da existência daquele que sempre foi; esta pesquisa é vã e criminosa. Basta que, dia a dia, noite a noite, suas obras manifestem sua sabedoria, seu poder e sua misericórdia. Trata de tirar proveito disso”.
O Rei da Babilônia, Nabucodonosor, orava do seguinte modo: “Criador por ti, Senhor, eu te abençoo, tu me deste o poder de reinar sobre os povos segundo tua bondade. Constitui, pois, teu Reinado; impõe a todos os homens a adoração do teu nome. Senhor dos povos, ouve minhas preces. Que todas as raças terrestres venham às Portas de Deus” (Babilu =Babilônia). Nos antigos livros da China (nos Kings) encontra-se o seguinte, transcrito pelo imperador Kang-ki e compilado por du Halde, p.41, da edição de Amsterdã: “Ele não teve começo nem terá m. Ele produziu todas as coisas desde o começo; Ele é quem governa como verdadeiro Senhor; Ele é innitamente bom e innitamente justo; Ele ilumina, sustenta e regula tudo com suprema autoridade e soberana justiça”.
“Se olharmos os olhos negros dos chineses, diz Max Muller, acharemos que ali também há uma alma que corresponde a de outras almas, e que o Deus que ele tem em mente é o mesmo que nos empolga o espírito, apesar do embaraço da sua linguagem religiosa”. Os druidas (Sacerdotes Celtas) diziam que Deus é por demais incomensurável para ser representado por imagens fabricadas por mãos de homens, e que seu culto não pode ser prestado entre muralhas de um templo; mas, sim, no santuário da natureza sob a ramagem das árvores ou nas margens do vasto oceano. Para os druidas, o símbolo da Vida e da Luz era representado pelo termo ESUS (Denição de Leon Denis – Le Génie Celtique et le Monde Invisible). Há neste termo uma curiosa aparência de analogia com o nome que pretendemos estudar neste ensaio.
O Deus dos druidas era Be-il, de onde o Ba-al da Caldeia, ao qual juntaram Teutalés, similar de Thot -Hermes do Egito. Foi São Judicael quem no século VII aboliu o Druidismo que ainda existia connado nas orestas da Brocelianda. No Tibet, segundo o padre Huc, os Lamas dizem que: “Buda é o ser necessário, independente, princípio e m de tudo. É o Verbo, a Palavra. A Terra, os as tros, os homens e tudo quanto existe são uma manifestação parcial e temporária de Buda. Tudo foi criado por Buda, no sentido de tudo dele como a luz vem do Sol. Todos os seres emanados de Buda tiveram um começo e terão um m; mas, assim como eles saíram necessariamente da Essência Universal, eles terão de ser reintegrados. É como os rios e as cachoeiras produzidos pelas águas do
mar que, após um percurso mais ou menos longo, vão novamente perder-se na sua imensidade. Assim, Buda é eterno; suas manifestações também são eternas”. Lê-se no Livro dos Mortos do Antigo Egito: “Eu sou aquele que existia no Nada; eu sou o que cria; eu sou aquele que se criara por si próprio. Eu sou ontem e conheço amanhã, sempre e nunca”. O Templo de Sais, antiga cidade do baixo Egito, trazia gravado em seu frontispício: “Eu sou tudo que foi, que é e que será, e nenhum mortal jamais levantou o véu que me encobre”. Era o “Deus Desconhecido”. No México, em 1431, o rei Netzahualcóyotl que, quando criança, havia escapado milagrosamente da degolação dos lhos machos, como sucedeu a Moisés, a Jesus e a outros reformadores, conforme ve-
remos mais adiante, mandou construir templos, sendo o mais belo dedicado ao “Deus Desconhecido”. Dizia ele que os ídolos de pedra e de madeira, se não podem ouvir nem sentir, ainda menos poderiam criar o céu, a Terra e os homens, os quais devem ser obra de um Deus Desconhecido, todo-poderoso, em quem conava para sua salvação e seu auxílio. Esse Deus Desconhecido do México deve ser o mesmo Deus Desconhecido que Paulo encontrou em Atenas, conforme se vê em Atos XVI, 23. O Ser Supremo dos Astecas era denominado Teotl; era impessoal e impersonicável; dele dependia a existência humana. Era a divindade de absoluta perfeição e pureza em quem se encontra defesa segura. Nos Livros de Hermes, escritos há mais de 6 mil anos, encontra-se o seguinte diálogo tido com Thoth, que bem dene o espírito moral e intelectual daquelas eras:
“É difícil ao pensamento conceber Deus e à língua de exprimi-lo. Não se pode descrever uma coisa imaterial por meios materiais; o que é eterno não se alia, senão dicilmente, ao que está sujeito ao tempo. Um passa, outro existe sempre. Um é uma percepção do espírito, e outro uma realidade. O que pode ser concebido pelos olhos e pelos sentidos como os corpos visíveis pode ser traduzido pela linguagem; o que é incorpóreo, invisível, imaterial, sem forma, não pode ser conhecido pelos nossos sentidos. Compreendo, pois, Thoth, que Deus é inefável”. Nos mesmos Livros lê-se também o seguinte: “Desconhecendo nossas ciências e nossa civilização, as gerações futuras dirão que adoramos astros, planetas e animais, quando, de fato, adoramos um só Deus Criador e Onipotente”. Na antiga Pérsia, Zoroastro chamava-o de Mitra, o Deus Criador, sendo Orzmud, o Pai.
No Egito era OSÍRIS. Na Fenícia era ADONIS. Na Arábia era BACO. Na Frigia era ATHIS. Moisés denominou-o de JEOVÁ , por assim lhe ter declarado o próprio Deus. Maomé adora-o sob o nome de ALÁ . Orfeu, o criador da Mitologia grega, considerado por isso, pelos católicos, como o chefe do paganismo, assim se exprime, segundo Justino, o Mártir em sua obra órca: “Tendo olhado o logos divino, assenta-te perto dele, dirigindo o esquife inteligente do teu coração e galga bem o caminho e considera somente o Rei do Mundo. Ele é único, nascido de si mesmo, e tudo vem de um só Ser”. E, como veremos mais adiante, Orfeu conhecia a trindade divina. Na obra de Apuleio, Metamorfoses, XI, 4, escrita no século II da nossa era, Ísis, a deusa egípcia, declara
que ela é a própria divinizada. Diz ela: “Eu sou a Natureza, mãe das coisas, senhora de todos os elementos, origem e princípio dos séculos, suprema divindade, rainha das Manes, primeira entre os habitantes do céu, tipo uniforme dos deuses e das deusas. Sou eu cuja vontade governa os cimos luminosos do céu, as brisas salubres do oceano, o silêncio lúgubre dos infernos, potência única, sou pelo Universo inteiro adorada sob várias formas, em diversas cerimônias, com 1.000 nomes diferentes. Os Frígios, primeiros habitantes da Terra, me chamam de Deusa - mãe de Pessinonte; os Atenienses autóctones me nomeiam Minerva, a Cecropana; entre os habitantes da ilha de Chipre, sou Vênus de Pafos; entre os Cretenses, armador de arco, sou Diana Dichina; entre os Sicilianos que falam três línguas, sou Prosérpina, a utigiana; entro
os habitantes de Elêusis, a antiga Ceres, uns me chamam Juno, outros Belone, aqui Hécate, acolá a deusa de Ramonte. Mas, aqueles, que foram os primeiros iluminados pelos raios do Sol nascente, os povos Etiópicos, Arianos, e Egípcios, poderosos pelo antigo saber, estes, sós, me rendem um verdadeiro culto e me chamam, pelo meu verdadeiro nome: a rainha Ísis”. Todos os milhares de tribos da África, tanto as do litoral como as das regiões centrais, algumas de difícil contato entre si e ainda menos com o europeu, adoram um Deus Supremo Criador, Onisciente, Misericordioso e sumamente bom, por isso nunca faz mal à sua criatura, razão pela qual não lhe prestam nenhum culto, nem lhe dirigem preces, nem procedem a sacrifícios de animais em holocausto. “Para denir Deus seria preciso empregar uma lín gua cujas palavras não pudessem ser aplicáveis às criaturas terrenas”.
Os povos da Antiguidade, como ainda hoje os da Índia, do Egito, da China, eram e são profundamente religiosos, e seus atos foram e são pautados por uma incomparável moral. Não é, pois, possível, tachar-se esses homens ou esses povos de bárbaros, pagãos, ateus ou idólatras sem confessar má-fé ou falta de erudição e, portanto, incompetência para a crítica cientíca e histórica; e, se fanático possa haver, é decerto aquele que o zer. Diz Max Muller: “Há pessoas que, por pura ignorância das antigas religiões da humanidade, adotaram uma doutrina, menos Cristã, certamente, que todas as que se encontram nas religiões antigas. Essa doutrina consiste em considerar todos os povos da Terra, antes do advento do Cristianismo, como ateus e condenados pelo Pai Celeste, que eles não conheceram, e, portanto, sem esperança de Salvação!”
A única base teológica propriamente dita da Teologia Cristã reside nos primeiros versículos de João que são copiados da Teologia pagã. As ideias dos cristãos são as de Platão, o qual, por seu turno, as bebeu nas losoas antigas do Egito, de Orfeu, Pitágoras etc. Santo Agostinho, doutor da Igreja Católica, reconhece que se encontram em todos os povos do mundo as mesmas ideias que tinham os cristãos sobre Deus, sejam eles platônicos, pitagóricos, atlantas, líbios, egípcios, indianos, persas, caldaicos, scytas, gauleses, espanhóis etc.; todos possuíam os mesmos princípios teológicos e dividiam igualmente a divindade em três partes. Ele reconhecia que os princípios de Platão e Moisés são idênticos, por terem ambos estudado no Egito, nas obras de Hermes Trismegisto.
Ainda explorando o que uma religião absorve das outras religiões para poder nascer, pois esta é a única forma de nascer, é preciso ter genitores como Pai e Mãe, também parentes como tios, avós, bisavós, tataravôs e outros que estão na origem das origens de cada religião, que em muitas vezes podem até remontar a uma origem comum, como é o caso claro e clássico do Judaísmo, Cristianismo e Islamismo. Em algumas religiões a inuência, o sincretismo ou o plágio religioso é mais claro que em outras, muitas vezes não houve a preocupação em adaptar velhas informações a uma nova realidade, nova religião, o que facilita a identicação dos valores herdados, absorvidos ou suprimidos. É fato e não há outro caminho pois: “Nada se cria do Nada”, Apenas Deus cria do Nada, no entanto em algum momento temos a certeza de que por mais inspiração que haja em religião, para o seu nascedouro e manutenção, sua realização e concretização é obra humana.
No Catolicismo, com um pouco de estudo e pesquisa se torna muito fácil identicar estes elementos, apenas nos surpreende que nenhuma destas religiões reconhecem que seus valores não são seus originalmente, é de praxe, um costume até, a crítica indistinta a todos os valores que venham de outra religião, esquecendo-se de que quando se diz que Deus é um só, logo o Deus do outro é o meu Deus é o único Deus de todos que adoram a um Deus único. No entanto, quando temos mais de uma pessoa como observador já não há apenas um ponto de vista. No livro “Maçonaria – Escola de Mistérios” do autor Wagner Veneziani Costa (Editora Madras – 2006), encontramos um ótimo texto sobre este assunto, com o título de O Plágio Católico, como vemos abaixo: Pecado original, venial ou capital, batismo, conssão, comunhão, céu, purgatório e inferno (...) tudo isso foi adaptação feita pelos bispos romanos, que beberam de crenças básicas das religiões antigas, cha-
madas de pagãs. Pagão vem de paganu, o homem do campo que não possuía religião alguma. Esses campônios serviam de intermediários entre o campo e a cidade e professavam vários credos orientais, fazendo com que o Catolicismo bebesse seus dogmas e ritos. A própria missa também é uma adaptação de cerimônias da Etiópia, do Egito e, ainda hoje, das ilhas da Oceania. O báculo, a mitra, a dalmática, o pluvial, o ofício dos dois choros, a salmodia, o exorcismo, o incensório suspenso por cinco correntes, podendo abrir-se ou fechar-se à vontade, as bênçãos dadas com as palmas da mão direita sobre a cabeça dos éis, o ro sário, o celibato eclesiástico, os retiros espirituais, os cultos dos santos, o jejum, as procissões, as litanias, a água benta, a consagração do pão e do vinho ofertados ao Criador, a extrema-unção, as rezas para os doentes e para os mortos, a manutenção dos mosteiros que honram sua religião, as missões
de proselitismo feitas por missionários descalços e desprovidos de dinheiro, tudo isso foi retirado do culto lamaico do Tibete, uma modalidade do Budismo hindu. O ritual, o cerimonial, o aparelhamento católico, nada mais são do que cópias de religiões orientais e do Paganismo, até se sentirem bem fortes para persegui-los em dezenas de sanguinolentas cruzadas, como hereges. As medalhinhas de santos e santas são imitações do escaravelho da medalha egípcia hieroglíca. Lembremos que Moisés, Jesus e outros fundadores de religiões eram TOTALMENTE CONTRA a idolatria; no entanto, a Igreja Católica faz disso seu maior comércio, colocando a cruz como tabuleta de reclame. Como coisa rendosa para seus cofres, o Vaticano não faz outra coisa senão canonizar santos e santas, e isso aos centos, de uma vez, para economizar cera!
A religião de Cristo também foi fundada como todas as demais, sob o culto do Sol, recebendo as mesmas ideias, as mesmas práticas, os mesmos Mistérios: LUZ E TREVAS (João 1: 5). Todas as festas do Catolicismo têm semelhança com as do Paganismo. E o que zeram os santos bispos e papas (que são representantes legais do Cristo)? Além de copiarem, começaram a deturpar as palavras latinas usadas nas festas pagãs! Vejam alguns exemplos: Os pagãos adoravam Baco, conhecido pelos latinos como Líber. Celebravam duas festas, uma chamada urbana, na cidade, e a outra, rústica, nos campos. Para honrar o rei da Macedônia – Demétrio – acrescentaram mais uma, como veremos: Demétrio tinha sua corte no Golfo de Tessalônica. Pois bem, desse rei zeram um mártir desse golfo, no ano 303, e o canonizaram como São Demétrio.
Eleutério, que estabeleceu essas festas com denominação de Festim Dionísio, Festim Eleutério, Festim Rusticum, passou a ser Santo Eleutério, e as festas passaram a chamar-se São Diniz, Santo Eleutério e Santa Rústica! O deus Baco tinha uma amante chamada Aura, e o vento plácido personicava a doçura. Desses termos, zeram Santa Aura e Santa Plácida! Os pagãos felicitavam-se com os termos perpetuum, felicitatum; os católicos zeram disso Santa Perpétua e Santa Felicidade! No Ano-Novo eles usavam a fórmula: Quid Faustum Felixque sit; os católicos transformaram isso em São Fausto e São Félix! Das palavras Rogare e Donare fabricaram São Rogaciano e São Donaciano! De Gobineau diz que “a ignorância e mesmo a polí-
tica apostólica contribuíram para agravar a devoção rústica. Via-se Júpiter com Thor transformado em São Pedro; Apolo, em São Miguel; Wodan ou Marte, em São Martinho; as mães célticas tornaram-se as três Santas Marias; Ísis, a virgem que deve engendrar, assimilada à mãe de Cristo; e, a coisa mais estranha, Buda colocado nos altares cristãos com o nome de São Josafá! Citando Henri Estienne, apologista do Catolicismo, lê-se: “Há grande conformidade em várias coisas entre os deuses dos pagãos e São Bento, entre as deusas e suas sonatas; não há conformidade da parte dos verdadeiros santos e santas, a m de que meu dito não seja caluniado; mas sim por parte de seus adoradores. Se bem considerarmos a adoração dos deuses e das deusas pelos pagãos, e a adoração dos santos e santas pelos da religião romana, acharemos completa semelhança, afora
o modo de sacricar. E, assim, do mesmo modo os pagãos se dirigiram a Apolo ou a Esculápio, fazendo desses deuses da prossão de medicina e de cirurgia. Católicos não se dirigem também a São Cosme e a São Damião? E Santo Elói, o santo dos ferreiros, não ocupará a mesma função do deus Vulcano? E São Jorge, não dão a ele, os católicos, o título que se dava outrora a Marte? A São Nicolau, não fazem eles a mesma honra que os pagãos faziam ao deus Netuno? São Pedro como porteiro não corresponderá ao deus Janus? Por pouco eles fariam crer ao Anjo Gabriel que ele é o deus Mercúrio! Pallas como deusa das ciências não estará representada em Santa Catarina? E, em vez de Diana, não têm eles Santo Humberto, o santo dos caçadores? Idêntico ofício é atribuído a Santo Estáquio.
E quando vestem João, o Batista com pele de leão, não será para ofender à vista o deus Hércules? Não se vê comumente Santa Catarina com uma roda, como se quisessem representar a deusa da fortuna? Delfos decidia as questões religiosas fabricando deuses, como Roma fabricava santos”. Ora, quem fala assim é um católico de quatro costados! Qualquer turista pode constatar que na Capela Sistina do Vaticano, por ordem do papa e pelo genial pincel de Michelângelo, veem-se ali agrupadas as sibilas do Paganismo com os profetas do Catolicismo. É que, naquela época, a Igreja Católica ainda vivia dos ensinos dos invisíveis; invisíveis estes que ainda se manifestam no Vaticano, como acontece com as aparições de Pio X, testemunhadas pelos eclesiásticos ali residentes, de cujas inscrições têm-se co-
nhecido aqui fora, apesar da expressa proibição de Pio XI, de serem divulgados esses fenômenos. Se perguntarmos a qualquer pessoa católica qual foi o grande chefe religioso que, segundo as escrituras, nasceu de uma virgem, escapou da degolação dos inocentes, confundiu os sábios pela precocidade de sua ciência, começou pregando aos 30 anos, foi tentado no deserto pelo Diabo, expulsou demônios, deu vista aos cegos, realizou outros atos milagrosos e ensinou a existência de um Deus supremo de luz, de verdade, de bondade, provavelmente essa pessoa responderá imediatamente: Jesus Cristo, pois tal é o ensino dos livros sacros. Mas se a mesma pergunta for feita para um persa, ele também responderia de imediato: ZOROASTRO, pois assim foi a vida desse reformador e o ensino do Avesta que existiu milhares de anos antes de Cristo. Os maniqueístas têm bispos, patriarcas, anciãos, batismo, eucaristia, jejum, ofício com orações canta-
das, comemoração anual da morte do seu fundador – Mani –, tal como Cristo. A Igreja Católica, pela pena de São João Damasceno, na lenda de Barlaão e Josafá, que também foi copiada do Ramayana, no século XVII, e da qual La Fontaine fez a fábula dos Patos do Mano Philippe, tomou a virtude búdica como modelo de santidade e, como tal, aceita e aprovada por Gregório XIII, Xisto V, Urbano VIII, Alexandre VII e Pio IX. Tirou igualmente do Apólogo Búdico, por parábolas e contos, fartos exemplos de moral que foram introduzidos nos seguintes livros da Igreja Romana: Gesta Romanorum, Vida Sanctorum, Vida Patrum, Disciplina Clericales etc. No rito xintoísta, verica-se uma completa semelhança com o culto católico. Assim: benzer pedra fundamental, consagrar casa nova, exorcismo para afastar o espírito da raposa, venda de amuletos, água benta para a cura de doenças, assistência aos
moribundos e preces ante o defunto, preces para chover, preces para ganhar a vitória em combates, culto dos mortos etc. Segundo sérios estudos, o Budismo foi escrito cerca de 1.300 anos antes de Cristo. É originado do Bramanismo, religião de Rama (Ba-Rama, Brahma) e foi implantado na Índia, na Pérsia e no Egito, oriundo provavelmente da Atlântida, por se encontrarem vestígios na América, no México, no Norte europeu e na própria África. Mais ainda pode ser dito sobre a questão de sincretismo entre divindades ou entre culturas onde uma absorve as divindades da outra, o que é uma necessidade quando tal divindade é muito popular. Gostaria de lembrar algumas questões da cultura hindu, que é vastamente povoada por divindades, onde aparece em sua história o episódio do povo Ária (Arianos) de pele branca que invadiu e dominou uma região que era predominantemente ocupada pelo povo Drávda
de pele negra. Os Arias trouxeram toda uma cultura, trouxeram a escrita e com ela os textos sagrados dos vedas onde estão os fundamentos e base de toda a religiosidade hindu. Encontramos nos vedas e também nos contos épicos como Mahabharata e Ramayana, histórias, contos, lendas e mitos (mitologia) que envolvem todo um panteão de divindades. O que é curioso neste panteão é a diversidade de apresentação destas divindades. Acredita-se que esta diversidade pode ter sido ocasionada pela absorção da cultura drávida pela ariana onde as divindades que trazem a forma animal podem ter sido de origem drávida, que seria um povo mais xamânico, mais ligado à terra e aos animais. O mesmo exemplo vemos na prática do Yôga, que tem no Hata Yôga muitas posições identicadas com nomes de animais, como posição da cobra (Bhujangásana), gafanhoto (Shalabhásana), peixe (Matsyásana), pavão (Mayurásana), leão (Simhásana), e outras que traduzem um xamanismo drávida na busca do poder
destes animais ou em despertar todos estes animais interiores através das posturas, ássanas, que trabalham a energia, potência e espiritualidade através da experiência advinda da prática. Pode-se ainda observar a variação de tons de pele das divindades, lembrando que o homem costuma construir a divindade à sua imagem e semelhança, encontramos Kali de pele negra, o que leva a crer de forma imediata na sua origem em meio ao povo negro, conquistado, e sua permanência entre o povo conquistador dado suas qualidades e atributos muito fortes, sem esquecer que o dominador não consegue expulsar totalmente o dominado, surgindo sim uma raça que traz um tom de pele pardo, nem branco e nem negro, como uma cor de tabaco, a cor do indiano. Muitos drávdas se refugiaram mais ao sul da índia onde sua cultura ancestral, mágica e xamânica é mais forte. Também encontramos Shiva e Krihsna com pele azul que diz respeito à cor do céu que é Ele, no entanto
muitos acreditam que este azul teria sido negro em outros tempos. A intenção aqui é mostrar como este processo passa a ser algo natural em religião e uma tendência entre culturas. Inclusive os fundamentos mais marcantes de uma religião passa a predominar na outra, como a ideia de trindade que entre os cristãos passou a ser:
PAI FILHO ESPIRITO SANTO Aqui os três têm conotação masculina, como é a Igreja Cristã Romana, que na falta de uma mãe na trindade exaltou estas qualidades em Maria, quando percebeu que estava perdendo muito em qualidade por extirpar o arquétipo feminino, tão importante quanto o masculino.
A questão que se torna interessante é que no cristianismo primitivo o Espírito Santo era considerado feminino, assim como no Judaísmo é presente esta visão em Shekná, o lado feminino de Deus. Logo a trindade seria Pai, Filho e Mãe exatamente como nos panteões chamados pagãos, como: Pai Céu, Mãe Terra e lho homem, semideus ou uma divindade. Na cultura grega:
Zeus, Hera e Apolo. Na cultura Romana:
Júpiter, Juno e Febo. Na cultura Egípcia:
Osíris, Ísis e Hórus Na cultura Hindu:
Shiva, Parvati e Ganesha
Ainda na cultura Hindu encontra-se a trimurti composta por Brama, Vishnu e Shiva, três divindades masculinas que se completam com sua “contraparte feminina” Sarasvati, Lakshimi e Parvati. Na cultura nativa:
Sol, Lua e o homem. Em todas as culturas encontraremos esta trindade, que foi absorvida e adaptada ao cristianismo. Podemos ainda falar dos vários textos bíblicos do Antigo Testamento, que são nada mais que traduções ou adaptações de textos sumerianos, babilônicos, fenícios, acadianos e outros como a história do dilúvio, dos anjos, os dez mandamentos e outros. Também encontraremos a mesma ocorrência no Novo Testamento onde a virgindade de Maria é como a da mãe de Krihsna que tem nascimento,
vida e até o nome muito parecidos com o do Cristo. Mitos são tão fortes que se constroem e se renovam para as religiões, como o mito do salvador que dá sua vida por nós ou pela causa maior, o mito do herói que vai à guerra, o mito do humilde que transcende o sofrimento, o mito do perseguido e caluniado, o mito do grande Pai ou da Deusa. Mitos se repetem e constroem o perl e o caráter de uma sociedade. Mi tos são de vital importância, mesmo que Jesus tenha existido e sua vida seja o que está relatado na Bíblia, nunca deixará de ser um mito muitas vezes antes repetido em outras culturas com outros nomes. A Bíblia não é um livro de história, é um livro de sentido religioso, material teológico, apenas um fundamentalista lê seus textos como se fossem fatos históricos ou a verdade última escrita diretamente por Deus. Embora seja fato a presença de Mitos e Lendas entre alguns fatos históricos. Sem falar dos interesses políticos das instituições religiosas que manipulam infor-
mações e trabalham muito bem a questão do mito e arquétipo, para manter seu rebanho sob controle. As grandes religiões sabem que o homem é carente de um salvador, carente de uma força maior, carente de amor, carente de autoestima e claro carente de heróis, e muitas vezes todos estes atrativos são manipulados. Aqui entra o lado humano que não tem limites de escrúpulo, ética ou bom senso. Só este assunto daria um ótimo livro de interesse de todos nós estudiosos e pesquisadores da teologia, teogonia, religiosidade, religião, mitologia, espiritualidade e ans, como uma “Ciência Divina”, que em muitas vezes não passa de uma “Divina Comédia”, como diria o não menos erudito Dante Aligueri, que também nos deixa um legado que pode ser incluso neste campo de comparações com muito êxito. Na cultura chinesa também podemos citar que da inuência do Taoísmo sob o Budismo nasceu o que
chamamos de Zen-Budismo, onde losocamente está presente muitos conceitos do Taoismo. Para muitos a cultura Africana de Orixás pode ser uma adaptação da cultura Africana Egípcia, ou seja, muitos creem que sendo mais antiga a Cultura Egípcia pode ter dado origem à Nagô-Yorubá, no culto de Orixá que trás muitas semelhanças entre as divindades, o que pode ser conferido no capítulo sobre as divindades. Seria ainda curioso ressaltar as coincidências e semelhanças das pirâmides Maias e Egípcias. A Esnge Egípcia se aproxima muito da ideia de Querubim, na cultura Judaica, onde ele não tem a forma de uma criança e sim de animais como o Touro, a Águia ou o Leão entre outros. Isto sem repetir que as divindades de um panteão se tornam “demônios” facilmente na cultura de uma
nova religião que domine a esta com intuitos destrutivos. Um exemplo fácil é a Divindade Mãe Sumeriana Astarte que se tornou o demônio Astoré. Ou mesmo a perseguição atual de alguns grupos fanáticos que insistem em chamar de “demônios” as divindades alheias e entidades guias, espíritos que militam em outras religiões. Como os Orixás da Umbanda e do Candomblé ou mesmo a Exu Tranca Ruas que é um protetor na religião de Umbanda e é chamado de, você sabe o quê, entre grupos de fanáticos que mais falam do “tinhoso” (“capeta”, “coisa ruim”, “chifrudo”...) do que de Deus. E assim caminha a humanidade dentro das culturas e doutrinas religiosas, nas quais nada se cria e tudo se copia, ou melhor, se transforma.
CAPÍTULO 6
Sincretismo UMBANDISTA POR ALEXANDRE CUMINO
É verdade que o sincretismo entre santos católicos e divindades serviu para “encobrir” o culto de Orixás (e também de inquices, voduns e tatas) por escravos que não tinham a liberdade de professar sua religião, o que foi fundamental para a sobrevivência do culto de nação (Cultos Afros), que gerou o Candomblé (Culto Afro-brasileiro), este é o marco de nascimento do sincretismo em nossa cultura. Até hoje no Candomblé há duas vertentes, uma que defende o santo (o falecido Professor Oluó Agenor Miranda era ferrenho defensor, pois muitos dos antigos realmente se consideravam católicos que tinham no Candomblé uma prática ou “seita”, sabemos que não é seita e sim uma religião, mas assim se pronunciavam os antigos), e uma vertente que defende a separação do santo e do Orixá com o “slogan” - “Santa Bárbara não é Iansã”.
Mas e a Umbanda? A Umbanda não nasceu em meio à escravidão se aceitarmos a data de 15 de Novembro de 1908, logo nunca precisou esconder nada da gura do “Sinho zinho”. A primeira Tenda de Umbanda do Brasil se chama “Tenda Espírita de Umbanda Nossa Senhora da Piedade” (Poucos sabem, mas o termo “Espírita” permanece no nome até hoje), e a família de Zélio de Moraes era muito católica, na tenda encontramos a imagem de Santo Expedito que não sincretiza com nenhum Orixá. Digo isto para colocar uma questão, a de que na Tenda Mãe não é apenas uma questão de sincretismo, se reza para os santos católicos também, em algumas vezes ca dúbia e controversa a simbiose, santo e orixá, para muitos antigos “Jesus é Oxalá”, “São Jorge é Ogum” tamanha a simbiose. E não é aqui uma questão de cultura e sim uma questão de fé.
Existem outras Tendas, antigas também com visões diferentes: A Tenda Espirita Mirim foi fundada em 1924 e, que eu saiba, é a primeira tenda de umbanda a não aceitar os santos católicos com exceção de Jesus Cristo. A Tenda Espírita Mirim foi fundada por Benjamim Figueiredo e é mantida até hoje por seu lho carnal e espiritual, Mirim Paulini. Tive a oportunidade de estar junto do “Mirinzinho” como é carinhosamente chamado o Sr. Pauline que em público, para entrevista e homenagem feita pelo instituto Icapra de nosso irmão Marcelo Fritz, disse que na Tenda Mirim não se reza para Santo porque “eles foram gente como a gente e muitos nem foram santos, até matavam pessoas”. Da Tenda Mirim nasceu o Primado de Umbanda e muitas outras tendas que até hoje não usam o sincretismo e são Tendas de Umbanda, foi aí na Tenda Mirim e Primado de Umbanda que nasceu o que no
futuro seria conhecido como “Umbanda Esotérica” e “Umbanda Iniciática” .
Uma questão de opinião Assim entendo que ter ou usar o sincretismo é uma questão de opinião e/ou anidade. Embora seja certo que mais de 90% das tendas aceitam o sincretismo entre Santos Católicos e Orixás.
Outros casos Muitos anos atrás o autor e sacerdote Umbandista Decelso escreveu um livro chamado “Umbanda de Caboclos” - 1967, que tive a oportunidade de ler e estudar, neste livro há uma comparação entre Orixás e divindades indígenas, o que poderia de forma clara e lógica criar um culto Umbandista voltado para estas divindades, já que também temos igual inu-
ência indígena assim como a Africana. Mais interessante, que soma e enriquece neste contexto, é que o Prefácio da Primeira Edição é feito por ninguém menos que Benjamim Figueiredo. Vejamos a citação do livro, pág. 68:
Os “deuses” Segundo Heraldo Menezes a similitude existente entre o Panteão Aborígine e o Africano está assim entendido: IARA - Divindade ou “deusa” das águas = IEMANJÁ; TUPI - Divindade ou “deus” do Fogo = Erê; CARAMURU - Divindade do Trovão = Xangô; URUBATÃO - Divindade ou “deus” = Ogum; AIMORÉ - Divindade ou “deus” da caça = Oxóssi JUREMA - Divindade das matas, cachoeira = Oxum; JANDIRA - Divindade dos grandes rios = Nanã MITÃ - Divindade criança = Ibeji; IURUPARI - Divindade do mal = Elebá ou Exu; ANHANGÁ - Divindade da peste = Omulu.
Seguem-se os “Semideuses” ou divindades de segunda ordem, aquelas cujo poder é inferior ou está abaixo das acima mencionadas. Vejamos os “Semideuses”.
Semideuses GUARACI - Divindade representativa do Sol = ORUM; JACI - Divindade da Lua = OXU; PERUDÁ - Divindade do Amor = OBA; CAAPÓRA - Divindade protetora dos animais = OSSONHE (Ossãe); CURUPIRA - Divindade dos Campos = CORICO-TÔ; IMBOITATÁ - Divindade dos Montes = OKÊ; TUPÃ - Divindade Suprema, pode ser identifcada como Oxalá, ou melhor, Obatalá ou Zambi.
Bem, não iremos questionar nem avaliar esta relação, apenas entender que é algo possível e passível de ser feito e/ou realizado dentro dos terreiros de Umbanda.
Conheço terreiros que trabalham sem Orixá apenas com os Santos Católicos, inclusive alguns que nem nos cantos não se canta para Orixás, há o cuidado de entoar apenas pontos que sejam exclusivos aos Santos. Há terreiros onde a presença de Anjos é maior, o terreiro onde trabalha um irmão e amigo chama-se Tenda de Umbanda Arcanjo Miguel, Gabriel e Rafael. Assim entendo que sempre será uma questão de anidade o culto aos santos e/ou ao sincretismo, que entendo podem ser duas coisas diferentes, eu mesmo cultuo ao santo, mas não apenas por sincretismo, rezo para São Jorge e para Ogum também, diferente do sincretismo puro onde São Jorge representa Ogum ou se tornam algo uno São Jorge - Ogum. Entendo que Santo é Santo e Orixá é Orixá, no entanto entendo também que São Jorge tem a energia de Ogum, assim como Arcanjo Miguel também tem
a energia de Ogum, sendo três “entidades” diferentes que vibram na mesma frequência, porém com intensidade diferente, já que o Orixá enquanto Divindade e Trono de Deus está acima do Santo, no meu entender claro, estando muito próximo do Arcanjo, porém com sutilezas que os distinguem. Sendo assim continuo rezando para o Orixá, para o Santo e também para os Arcanjos, já que é uma questão de opção, a minha está feita, se há forças ou poderes, entidades ou Orixás que possam me ajudar, conto com todos. A Umbanda não precisa nem nunca precisou do sincretismo, nós é que podemos ou não precisar dele, depende de cada um. Para muitos posso ter blasfemado mas para outros talvez tenha confortado suas dúvidas, uma coisa é certa, minhas palavras não mudam o que é feito com tanto amor, fé e dedica-
ção na casa de cada um, mas espero que lhes ajude a entender o que já fazem. Se tenho mais algo a dizer é que vindo de uma família espírita (como vinha Benjamim Figueiredo) nunca acreditei em santos, para mim eram apenas homens e mulheres com uma história de fé (ou não), também não acreditava em divindades, nem Orixás muito menos em anjos (apenas que fossem espíritos evoluídos). E posso dizer que aprendi a venerar os santos e os anjos dentro da Umbanda com os Guias que me instruíam a rezar para este ou aquele, e com eles também aprendi a adorar os Orixás como manifestações vivas de Deus.
Que Oxalá, Cristo e Rafael nos abençoe a todos, com o amparo de nossos guias e mentores. Um grande abraço de vosso irmão na Fé. Alexandre Cumino