Tradição Africana Yemoja, a rainha das águas, protetora das famílias Ìyálòrisá Sandra Medeiros Epega* Yemoja, deusa das águas rasas do mar, filha de Olokún, a deusa do oceano e de Oduduwa, o deus terra, é conhecida como a mãe das mamas chorosas, porque de seus seios rompidos nasceram todos rios e riachos, todos cursos d'água, pequenos e grandes sobre a face da terra. Seu nome é Yeye Omo Eja, a mãe que tem filhos peixes. Ela é o Òrìsà do rio Ogún, na Nigéria, e também é o grande delta, o ponto de encontro do rio com o mar. é nessas águas revoltas, doces e salgadas, que vive Yemoja. É a junção do rio e do mar, o Òrìsà das águas rasas do mar. É também a protetora das famílias, aquela que mantém juntos os casais e seus filhos, e faz com que vivam em paz. Suas estátuas enfatizam o aspecto da maternidade. Ela é uma mulher tranqüila, com grande ventre túrgido, seios imensos, pés bem plantados no chão, pondo as mãos sobre crianças. Esposa do rei Okere, de Saki, uma província perto de Abeokutá, fez com ele um pacto. Ele nunca falaria que ela tinha seios imensos, porque havia amamentado muitos filhos, e ela não reclamaria do seu hábito de abusar do emu, vinho de palma. Tendo o rei Okere uma noite comemorado mais do que devia, ao chegar em casa não viu que ela dormia perto da porta, e tropeçou em seu corpo. Yemoja acordou assustada, e começou a recriminá-lo. O rei Okere ficou muito bravo. Atordoado, ofendeua, rindo de seus seios enormes, compridos e trêmulos. Yemoja tinha consigo uma cabaça muito antiga ganha de sua mãe Olokún por ocasião de seu primeiro casamento com o rei Olofin de Ifé, também conhecido como o filho de Oduduwa, com o qual tivera dez filhos. Desesperada ao ouvir falar de seus seios, agarrou a cabaça, e correu para fora de casa, pretendendo fugir de seu marido. Tendo tropeçado, a cabaça caiu no chão e se rompeu. Formou-se um rio, que começou a correr para o mar. E o rio correndo sempre, levava Yemoja em suas águas, para os braços de sua mãe Olokún. O rei Okere, vendo o rio levar sua esposa para longe dele, procurou um Bàbáláwo, consultou o Ifá e fez um grande ebo. O rio parou de correr para o mar, e começou a levar Yemoja de volta a Saki. Ela gritou por Sàngó, seu filho mais poderoso, e um raio caiu, fendendo uma grande montanha, que bloqueou o caminho do rio. Olokún chamava sua filha para o oceano, usando toda sua magia. o rei Okere fez muitos ebo para que sua mulher voltasse para ele. E o rio ia e vinha, para o mar e para a terra, com Yemoja em seu bojo. Em certo ponto, quando o rio e mar se encontraram, as forças mágicas de Okere e Olokún se igualaram, e Yemoja ali ficou. Seus templos mais importantes se localizam na região de Ibara, um bairro de Abeokutá. Em seus festejos anuais, a água é retirada do rio Ogun em potes sagrados, numa grande procissão de fiéis que enchem as ruas da cidade, com cânticos e tambores. E os Ase de Yemoja são lavados por seus devotos em um solene ritual religioso, acompanhado de sacrifícios de animais, cuja carne, depois de cozida, é compartilhada com todo o público, bem como os alimentos dados em oferenda. Gosta de frutas doces, de pequenas sementes miúdas, como um ovário fecundo, ou um útero cheio de filhotes. Come todos os peixes e frutos do mar, as algas, ovas de peixe, só não aprecia siri e caranguejo. Não gosta de comida salgada, mas seu ebo tem que ser muito apimentado. Come arroz, Iyan [massa de inhame pilado], milho branco, feijão branco, doces à base de coco, eko ou àkàsà (mingau de farinha de milho branco), melado de cana, leite, feijão fradinho e ovo. Gosta de cerveja de milho e detesta emu. Suas comidas são bem temperadas com dendê [óleo de palma], tomate, pimenta, cebola. Tudo sempre acompanhado de água fresca. Recebe obì [kola acuminata] a cada cinco ou sete dias, dependendo de seu devoto utilizar a semana yorùbá de quatro dias, ou a semana ocidental de sete dias. Seus animais prediletos são a ovelha, a cabra, a tartaruga, galinhas ovadas, patas, igbin [aruá caramujo de terra firme], e galinhas de angola. Recebe suas oferendas no rio, sempre preferindo a parte mais funda do rio, chamada Ominibu ou Ibuodo. Gosta de ser louvada no mar raso, ou de vir buscar seu ebo na areia, com a maré. "Quando Yemoja veio do orun [mundo ancestral] para o aiye [planeta terra], ao chegar descobriu que cada òrìsà já tinha seu domínio na terra dos homens, e nada havia sobrado para ela. Queixou-se a olodumare [deus criador], que disse a ela ser seu dever cuidar da casa de seu marido Obàtálá [rei das roupas brancas], de sua comida, de sua roupa, de seus filhos. Yemoja se revoltou. Ela não tinha vindo do Orun para o Aiye para ser dona de casa e doméstica. E tanto falou, tanto reclamou, que Obàtálá foi ficando perturbado, até que finalmente enlouqueceu. Ao ver seu marido neste estado, Yemoja pensou na atitude que Olodumare iria ter com ela quando chegasse do Orun. E procurou os melhores frutos, o óleo mais claro e encorpado, o peixe mais fresco, o iyan mais bem pilado, um arroz bem branco, os maiores pombos brancos, o obì mais novo, o melhor atare, ekuru acabado de cozinhar, ori muito bom, os igbin mais claros,
orógbó macio, água muito fria, e com isso tratou a cabeça de Obàtálá. Ele foi melhorando com os ebos, e um dia ficou completamente curado. Olodumare chegou do Orun e foi visitar Obàtálá. Falou à Yemoja que havia visto tudo o que acontecera, e deu-lhe os parabéns por ter curado tão bem a cabeça de seu marido. Dali para frente, Yemoja iria ajudar os homens que fizessem más escolhas de ori [destino, força vital], a melhorar suas cabeças, com uma oferenda determinada pelo oráculo Ifá, através de Orunmilá [deus do destino dos homens].” É por isso que no ritual de bori [bo ori - louvar a cabeça], Yemoja sempre é saudada com a cantiga; Ori ori ire, yemoja ori orire, Yemoja. Cabeça cabeça boa, Yemoja coloca boa sorte na cabeça, Yemoja." Ori ire é cabeça boa. Orire é boa sorte. Quem tem boa cabeça tem boa sorte. Seus filhos são pessoas de personalidade firme, justas, dominadoras, ciumentas, solidárias, que gostam de trabalhar, educar e ensinar. Durante os meses de fevereiro e dezembro grandes festividades em sua homenagem são realizadas em inúmeras praias do Brasil. Em São Paulo suas comemorações são em dezembro. Estas festas reúnem devotos de toda parte do país, que vem cantar, brincar e dançar para ela. muitos presentes de flores, comidas, frutas, bebidas, perfumes, sabonetes, jóias, fotografias, cartas com pedidos, enchem pequenos e grandes barcos, que são empurrados mar adentro, para que Yemoja venha recebê-los nas ondas e, tomando o corpo de um de seus filhos, dance entre seus devotos. Também no dia 31 de dezembro, cada vez mais o hábito de terminar o ano vestindo roupa branca, dando flores e presentes para Iemanjá, cantando e dançando à beira mar, consolida-se entre umbandistas e candomblecistas. e por toda a orla marítima, ao romper o ano novo, milhares de brasileiros molham os pés no mar, depositam suas flores, e ouvem os tambores, num eco da mãe áfrica, louvarem Yemoja. [esta é a visão de Òrìsà Yemoja dentro da tradição de Òrìsà, Gênese do Candomblé Ketu]. *ÌYÁLÒRISÁ Sandra Medeiros Epega dirige o Ile Leuiwyato - Templo de Culto aos ÒRÌSÀ. Presidente da ONG Respeito ao Brasil Yorùbá /SP Vice-presidente da ONG GECAIDS /SP - Egbe Kosi Arun Grupo Especial de Prevenção à AIDS no Segmento Religioso Candomblé Conselheira do Intecab - Instituto da Tradição e Cultura Afro Brasileira /SP. Membro do Conselho de Ética. Membro da Comissão de Ciência e Cultura. Coordenadora da Comissão para Assuntos Religiosos Afros Descendentes Junto ao Conselho Estadual de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo.
YEMOJA CECAA
Embora sendo um Orixá feminino, Yemanjá trabalha como um homem e, nas Américas é a divindade das águas salgadas. ESTE ORIXÁ É NATURAL DE ABEOKUTÁ, NA NIGÉRIA, LOCAL ONDE SEU CULTO PROLIFERA COM MUITA INTENSIDADE, MAS SEUS PRINCIPAIS SEGUIDORES SÃO OS NATURAIS DE EGBADO LOCALIDADE CUJA RAINHA É OKOTO , TAMBÉM CONHECIDA COMO OSÁ. Seu principal templo está localizado em Ibará, bairro de Abeokutá e, embora seja cultuada no rio Ògùn, seus seguidores vão, anualmente, recolher água para lavar os seus axés, numa fonte de um afluente denominado rio Lakaxa. Yemanjá seria tão velha quanto Obàtálá e talvez tão poderosa quanto ele. É FILHA DE OLÓÒKUN QUE EM BENIN É CONSIDERADO COMO UM DEUS E EM IFÉ COMO UMA DEUSA, CUJO REINO SÃO OS OCEANOS. TERIA SIDO CASADA COM ORUNMILÁ E DEPOIS COM OLOFIN , DE QUEM GEROU DEZ FILHOS, CUJOS NOMES ENIGMÁTICOS FAZEM CRER QUE SEJAM OS OUTROS ORIXÁS. Conta uma lenda que Yemanjá, cansada de viver em Ifé, seguiu em direção ao Oeste indo instalar-se no "por do sol". Inconformado com o abandono Olófin mandou seu exército à sua procura. Cercada pela tropa, Yemanjá, ao invés de se deixar prender, quebrou um frasco contendo um líquido mágico que lhe havia dado seu pai Olokún, o que fez com que surgisse ali mesmo. Um caudaloso rio, cujas águas a levaram até o oceano, local de residência de seu pai. Por seu caráter intempestivo, Yemanjá perdeu a hegemonia do mundo terrestre assumindo, desde então, domínio sobre a orla marítima em cujo movimento hora calmo, hora agitado e revolto, tem representada a sua personalidade inconstante. SEU NOME EM YORUBÁ, YÉYÉ OMO EJÁ (IYEMOJÁ), SIGNIFICA : "MÃE DE FILHOS INÚMEROS COMO OS PEIXES", OU SIMPLESMENTE "MÃE DE FILHOS PEIXES", RESSALTA, SOBREMANEIRA, SEU INSTINTO MATERNAL, UMA VEZ QUE ASSUME COMO FILHOS TODOS OS SERES HUMANOS, INDEPENDENTE DE QUAIS SEJAM OS SEUS OLORÍ . Isto está exemplificado num Itan Ifá que descreve a forma como Yemanjá assume a maternidade de Omolú, filho legítimo de Nanã, desprezado pela própria mãe por ser portador de lepra. Yemanjá representa, portanto, o instinto maternal, assumindo, de muito boa vontade todos os seres humanos como filhos bastando, para tanto, que se recorra aos seus préstimos e que se solicite sua proteção. COMO OSUN , YEMANJÁ TEM, MESMO NA ÁFRICA, DIVERSOS NOMES, TODOS RELACIONADOS AOS LUGARES DIFERENTES E PROFUNDOS DO RIO ONDE É CULTUADA. É representada por imagens de madeira com seios enormes, símbolo da maternidade fecunda. O fato de possuir seios enormes tornava Yemanjá demasiadamente suscetível e qualquer menção a eles, era motivo mais do que suficiente para despertar a sua fúria. Uma lenda narra de que forma um comentário irônico, feito por seu marido, em relação aos seus seios, fez com que Yemanjá, irritada, bate-se com o pé no chão provocando o surgimento de um rio que a teria transportado para o oceano, da mesma forma que na lenda anteriormente descrita. Segundo as tradições, Yemanjá veste-se de diversas cores, destacando-se, dentre elas, o branco, o azul, o verde-água e o rosa, sempre em tons claros e transparentes. Aprecia rosas brancas como oferenda e é certo que, seus filhos, quando têm problemas de saúde, possam recuperá-la oferecendo à Orixá, um ramo destas flores na beira da praia. Proíbe aos seus filhos o consumo de agrião e de quiabo, sendo estas as suas principais interdições. NA ÁFRICA, YEMANJÁ É CULTUADA NO RIO OGUN (ODO ÒGÙN ), ONDE RECEBE REGULARMENTE OS PRESENTES OFERECIDOS POR SEUS FILHOS E SEGUIDORES.
Nas Américas, no entanto, onde seu culto é grandemente difundido, recebe oferendas nas águas do mar.
SUA SAUDAÇÃO MAIS COMUM É "ODO IYÁ!" QUE SIGNIFICA "MÃE DO RIO". OUTRAS FORMAS DE SAUDÁ-LA, UTILIZADAS NO BRASIL SÃO: "ERÚ IYÁ!" E "ODO FÉ IYAGBÁ!" SENDO QUE ESTA ÚLTIMA SAUDAÇÃO, MUITO UTILIZADA NOS RITOS DE UMBANDA, SIGNIFICA: "AMADA SENHORA DO RIO" . É CHAMADA TAMBÉM DE "IYÁ ORI " (MÃE DA CABEÇA), DEVIDO À CRENÇA DE QUE O LÍQUIDO EXISTENTE NO CRÂNIO, ENTRE A MASSA CEFÁLICA E A PAREDE CRANIANA, PERTENCE A ELA, ESTANDO, DESTA FORMA, PRESENTE E REPRESENTADA EM TODAS AS CABEÇAS. No Brasil, grandes festas em louvor dela são organizadas na passagem do ano e no dia 2 de fevereiro,
ocasião em que seus fiéis, reunidos em grandes grupos ou sozinhos, depositam suas oferendas nas águas do mar. A festa de 2 de fevereiro na Bahia, atrai para a praia do Rio Vermelho, uma multidão imensa de fiéis que formam longas filas diante da porta de um pequeno templo construído em sua honra, sobre um promontório que domina toda a praia. Na passagem do ano, na noite de 31 de dezembro e madrugada de 1 de janeiro, este Orixá é festejado, principalmente na orla marítima do Rio de Janeiro, ocasião em que milhares de pessoas prestam-lhe culto, entregando suas oferendas nas águas do mar. Esta tradição popularizou-se de tal forma que, hoje, consta do calendário turístico carioca. Em Cuba sua festa ocorre no dia 8 de setembro, dia da natividade de Maria, ocasião, na qual, um grande número de pessoas vêm homenagear Yemanjá, misturando a fé católica à devoção aos Orixás africanos. Naquele país, assim como no Brasil, este Orixá costuma ser representado pela imagem de uma mulher loura, de pele clara, vestindo uma longa túnica azul adornada de estrelas prateadas e carregando na cabeça um diadema de pérolas encimado por uma estrela de prata resplandecente. Na África, segundo Lydia Cabrera, conhece-se sete "caminhos" de Yemanjá o que especifica que existe uma única Yemanjá com diferentes nomes relacionados aos lugares onde é cultuada. Estes caminho, com seus respectivos atributos são: AMORO – A mais velha de todas. Usa ricas vestimentas e protege seus filhos com suas sete saias. Mora numa lagoa distante do mar e adorna-se com as jóias de Olokún. Sobre sua cabeça está sempre presente a coroa de Oxumaré, o arco-íris. OGUNTE – VESTE-SE DE AZUL-CLARO E VIVE NOS ARRECIFES PRÓXIMOS DA PRAIA. É UMA GUERREIRA TERRÍVEL QUE CARREGA, PRESO À CINTURA, UM FACÃO E OUTRAS ARMAS DE FERRO CONFECCIONADAS POR OGUN ALAGBEDÉ , SEU MARIDO. DIZEM QUE É RANCOROSA E VIOLENTA, QUE DETESTA PATO E ADORA CARNEIRO. MALELEO – ESTA YEMANJÁ VIVE NUMA FONTE DE ÁGUA DENTRO DO MATO. O ROSTO DE SUAS YAWOS NÃO PODEM SER TOCADOS QUANDO ESTÁ INCORPORADA. COMO OSUN, TEM UMA ESTREITA RELAÇÃO COM AS FEITICEIRAS ( YAMI ÀJÉ ). ASABÁ – Esta Yemanjá não pode ser olhada nos olhos. Foi mulher de Orunmilá que a expulsou por haver teimado em usar seus instrumentos de adivinhação. É altiva e perigosa. Usa sempre uma corrente de prata no tornozelo. AKURA ou KONLA – Vive na espuma das ondas envolta numa vestimenta de algas. É agitada e irrequieta, movimentando-se permanentemente. YEMANJÁ APARÁ – É enfermeira, cuida dos doentes e protege e orienta os médicos. Esta Yemanjá vive na confluência de dois rios na companhia de OSUN APARÁ. Sua dança é revestida de alegria e boas maneiras. ASESÚ – ESTA É A MENSAGEIRA DE OLOKÚN. É MUITO SÉRIA E LENTA NA ATENDIMENTO AOS PEDIDOS DE SEUS FIÉIS. DIZEM QUE GOSTA DE PATO E QUE SE DISTRAI CONTANDO AS PENAS DESSA AVE O QUE FAZ COM QUE ESQUEÇA O QUE LHE PEDEM. NO BRASIL, SEGUNDO A TRADIÇÃO DOS CANDOMBLÉS DE ORIGEM NAGÔ, CONHECE-SE E CULTUA-SE SETE "QUALIDADES" DE YEMANJÁ QUE SÃO: YEMOWO , QUE TERIA SIDO MULHER DE OBÀTÁLÁ. YAMASSE , MÃE DE XANGÔ. OLOSÁ, QUE VIVE NA LAGOA ONDE DESÁGUAM OS RIOS. YEMANJÁ OGUNTÉ , ESPOSA DE OGUN ALAGBEDÉ . YEMANJÁ ASSABÁ, A QUE ESTÁ SEMPRE FIANDO ALGODÃO. DIZEM QUE MANCA DE UMA PERNA. YEMANJÁ ASSESSÚ , DE OPINIÃO FORTE E MUITO RESPEITÁVEL. A OUTRA QUALIDADE DE YEMANJÁ SERIA YEWÁ, MAS ISTO É EM DECORRÊNCIA DE UMA CERTA CONFUSÃO ESTABELECIDA JÁ QUE SABEMOS TRATAR-SE DE UM OUTRO ORIXÁ CULTUADO NUM RIO DA ÁFRICA QUE CORRE PARALELO AO RIO ÒGÙN ONDE YEMANJÁ É CULTUADA. UM DOS ADIMÚS PREFERIDO DE YEMANJÁ É COMPOSTO DE INHAMES FRITOS E TEMPERADOS COM MELADO DE CANA, ARROZ COZIDO COM CARNE DE PORCO, RODELINHAS DE BANANAS FRITAS NO DENDÊ E MILHO PICADINHO COZIDO E TEMPERADO COM DENDÊ.
No Brasil, Yemanjá é sincretizada com Nossa Senhora dos Navegantes e Nossa Senhora da Glória, assim como com a Yara dos indígenas e a Sereia dos Europeus.
YEMANJÁ NO CARIBE Em Cuba seu sincretismo está relacionado à Virgen de la Regla sendo um dos Orixás de maior popularidade naquele país. A ira de Yemanjá é muito comum, diz-se ser um Orixá com o caráter do mar que hora está manso e hora bravio, não se podendo prever o momento exato desta mudança. Para apaziguá-la, procede-se a um ritual durante o qual são oferecidos sete diferentes adimús durante sete dias consecutivos. Coloca-se suas pedras numa bacia com água do mar envolvidas em folhas de algas marinhas e então oferece-se: 1. Melado de cana, que é misturado à água da bacia. 2. Um prato de feijão fradinho cozido com carne de porco e rodelinhas de banana. 3. Sete mamões. 4. Uma tigela de milho encharcado com água e uáji. 5. Um prato de doce de coco. 6. Um prato ou travessa com 14 bolas de arroz regadas de melado de cana. 7. Um melão adornado com sete bandeirinhas azuis. Decorridos sete dias estas oferendas são despachadas, parte na praia, parte nas águas de um rio e parte no alto de um morro. CAMINHOS DE YEMANJÁ EM CUBA E SUAS DIFERENTES ESPECIFICAÇÕES 1 - Yemanjá Ibu Yabani. Esta Yemanjá vive na companhia de "Borosia". Seu assentamento leva uma cabeça de madeira onde se introduzem diversos axés. 2 - Yemanjá Ibu Okoto. Seu nome significa: "A que vive entre as conchas". Representa um "mar de sangue”, preside as batalhas navais provocando aí, derramamento de sangue e morte por afogamento. Suas cores são o azul da Prússia e o azul água. 3 - Yemanjá Ibu Olejo. É irmã de Ibu Okoto e natural de Ayetaro. Come codorna e vive dentro de uma sopeira onde se coloca 21 conchas do mar. 4 - Yemanjá Ibu Iyelowo. Esta Yemanjá é a dona de todo os tesouros que se encontram dentro do mar. Na sua sopeira tem que ter sempre água do mar cobrindo o otá, água esta que deve ser renovada a cada sete dias. 5 - YEMANJÁ ASESÚ. ESTA YEMANJÁ É A DONA DOS PATOS, GANSOS, CISNES, ETC... NASCE NO ODU IRETE MEJI, SUAS CORES SÃO O AZUL BEM CLARO E O BRANCO. É A FILHA PREDILETA DE OLOKÚN E SEU PODER TOTAL É OBTIDO NO ODU OTURA-IWORI . SEGUNDO UM ITAN CONTIDO NESTE ODU, ASESÚ ROMPEU TODOS OS VÍNCULOS QUE A UNIAM À TERRA E, POR ESTE MOTIVO FICOU DESMEMORIADA. 6 - Yemanjá Akere. Esta é a servidora de Olokún, representada materialmente pela rã. Diante de seu igbá deve ter sempre um peixe linguado seco. Suas cores são o azul e o verde água. Os ararás a chamam de Humeto. 7 - Yemanjá Orô. Esta Yemanjá é portadora de um grande mistério que está relacionado à sua ligação com os mortos. É ela quem movimenta os Eguns. É a sereia que canta e encanta. Suas plantas preferidas são o álamo e o cipreste. Suas cores são o azul escuro e branco transparente. Entre os ararás é conhecida como Kusuwu. 8 - Yemanjá Axabá. Esta é a Yemanjá mais velha, primeira filha de Olokún. Nasce no Odu Iká Meji e, no Odu Osayeku, recebe o título de comandante do barco. Suas cores são o azul claro e o creme. Seu nome completo é "Yemanjá Ashabá Ogun Fasogun Aralotojé Ixoro Odun” . Os ararás a chamam de Ewá Huga. 9 - Yemanjá Ogunte. Esta é a mais guerreira de todas, vive com Ogun em campanhas de guerra. Seu nome completo é "Yemanjá Ogunte Ogunmasomi " e, entre os ararás é conhecida como Akadume. Não aceita pato em seus sacrifícios e gosta de comer galo na companhia de Ogun. Suas cores são o azul claro, o creme e o rosado. Está sincretizada com Nossa Senhora das Neves e gosta que seus adimús sejam regados com muito mel.
10 - Yemanjá Mayelewo ou Okunjima. Esta Yemanjá é a filha predileta de Nanã Burukú. Vive no meio do mar controlando as sete correntes marinhas. Seu nome significa; "A que se interessa pelo dinheiro e pelo comércio". Não encara ninguém de frente, olha sempre de lado. É comerciante e é quem determina a diferença das pinturas de cada Santo de acordo com as orientações de Olofin. Nasce no Odu Ogbetuá. Vibra na entrada das baías e teria sido ela quem tingiu de azul as águas dos oceanos, contando, para isto, com a ajuda de Asesú. É esta Yemanjá quem estabelece, pelo comércio, a relação entre os povos. 11 - Yemanjá Ibu Agana. Esta Yemanjá foi mulher de Orixaoko e seu nome significa "A furiosa" ou ainda "A Louca". É muito bela, mas possui sete caroços na barriga e uma de suas pernas é mais fina que a outra. Filha dileta de Olofin e esposa de Olokún, habita tão somente nas profundezas abissais, não gostando das superfícies. Suas cores são o azul da Prússia, coral e branco água (transparente) 12 - Yemanjá Ataremawa. Seu nome significa "A que é importante em todos os momentos". É a dona dos tesouros do mar. Suas cores são o azul claro, o creme e o coral. Habita os bosques de algas e plantas marinhas nas profundezas oceânicas. Nasce no Odu Oturaniko, come cabrito com Ogun e adora sapotís. Segundo se afirma, esta Yemanjá tem a pele amarela e os cabelos azuis. Os ararás a denominam Tofodun. 13 - Yemanjá Ibugunle. Seu nome significa: "Sedimento do Mar". Representa a beira-mar, vive sobre os recifes. É a mãe da baleia. Suas cores são o azul escuro e o branco água. Os ararás a chamam de Medine ou Wedine. 14 - Yemanjá Ibu Tinibú. Vibra no mar revolto ao qual representa. Seus fios de contas são enfiados com sete contas azul da Prússia, sete peroladas e sete azul claro alternadas. Os ararás a chamam de Asiasinani . 15 - Yemanjá Ibu Akikoni. É aquela que, quanto está zangada, faz todo o mundo tremer. Vive na crista das ondas. Seu fio de contas é composto de sete miçangas azul-da-prússia, sete azul-claro, sete verdes e sete água, todas transparentes. 16 - Yemanjá Ibu Konlá. É aquela que ajuda na construção dos barcos. 17 - Yemanjá Ibu Inã. Esta é a senhora das disputas. É mãe de Oxóssi e de Inle. Avarenta e arrogante. Come pargo e cabrito. Seu colar é confeccionado com sete contas azul-da-prússia, sete peroladas, sete búzios e âmbar. Entre os ararás é conhecida como Menãní. 18 - Yemanjá Ogun Ajipo. Esta Yemanjá vive no rio e possui seios enormes. É irmã de Ogunte, guerreira e valente. É ela quem proporciona, às mulheres maduras, a possibilidade de gerarem filhos. 19 - Yemanjá Ogun Asomi. Outra irmã de Ogunte. Possui, como suas irmãs, caráter guerreiro e combativo. Costuma portar duas espadas ou facões de lâminas longas. Habita a superfície dos mares, mas pode também ser encontrada nos pântanos próximos do mar. É oriunda da terra arará e companheira de Azawani . 20 - Yemanjá Ibu Nodo. Esta Yemanjá vive nos rios. Ë muito bela e bondosa. Adora comer codornas e sua segurança é montada num caramujo do mar. 21 - Yemanjá Iyá Mase. Esta é a mãe de Xangô. Leva uma coroa totalmente revestida de búzios que lhe encobre parcialmente o rosto. Quando se acendem velas para esta Iyagbá, tem que ser sempre em número de sete. 22 - Yemanjá Ibu Alaro. É a dona do uáji e do anil. No seu igbá não podem faltar sete anzóis e sete espadas. Sua cor é o azul-anil.
REZAS DE YEMANJÁ. ORIKI DE YEMANJÁ
Woyo, awoyo jé ile jé odo Iyemanjá a so igbo oju omam Arubo Olokun Feré obimrin oji fon ni taraobá TRADUÇÃO: Come Yemanjá, em casa e na beira do rio, Yemanjá que faz o mato virar milho, Velha dona do mar Flauta de mulher que ao amanhecer soa na corte do rei. ORIKI DE YEMANJA USADO NA SANTERIA CUBANA IWO KAM AIYAGBÁ ORISÁ, YULÓ YANFÉ NITORI GBOGBO NAA ORISÁ, BAWO RI DAGBA OLODUMARE NA AGBARA IWO KILODO OLUGBA NI GBOBO ONI LAIYE IWO. IYAMI DUDU DARA NAA IYAGBA KIMI YOKOTÁ NILEKUN, IYÁ TISÓ NIABUKU KPELU NAA MEJE, ASO WIWOO OMO LOKUN GBOGBO OMÓ ORISÁ, BABALORISA ATI IYALORISA NIBINLE DURODE IWO ATI KUNLE NI LESE ATI FENUKUNE, GBOGBO AWAOMÓ IWO FERI YO ATI FUNUKEJI, JIKAN NAA JUBELO DARADARA, NI GBOGBO NAA ARIYAYO ORISÁ ONI BALO NITORI OMI KORIN, DUKPE IYEMANJÁ. TRADUÇÃO: Oh, Santa Rainha e mãe querida de todos os Orixás, A quem Olodumare confiou todas as águas do mundo. Minha mãe, Rainha Negra e Linda que tem assento e trono sobre os mares. Mãe que, com suas sete saias – as águas dos sete mares – Protege a todos os filhos de Orixás, babalorixás e ialorixás aqui em nossa casa. Todos nós, teus filhos, ajoelhamos e beijamos o chão onde pisas, Na esperança de te vermos bailar a mais linda dança da festa dos Orixás. Permita, então, que cantemos para ti, em sinal de agradecimento por tudo o que nos tem dado.
LAMPARINAS MILAGROSAS
Uma forma eficaz de se agradar os orixás, muito usada na Antigüidade, são as lamparinas à eles acesas. As mais tradicionais casas de umbanda e candomblé, ainda preservam, embora de forma quase imperceptível, este hábito muito eficiente para a obtenção de graças e favores dos orixás. A facilidade de obter-se velas industrializadas fez com que, gradativamente, este costume fosse abandonado e quase totalmente esquecido. Devemos ressaltar, no entanto, que as lamparinas são também consideradas como adimús, encontrando-se no mesmo nível como oferendas eficazes e que não podem cair no esquecimento, substituídas por velas de parafina que só significam, para os orixás, a presença do elemento fogo, não representando, portanto, um sacrifício completo como é o caso das lamparinas.
LAMPARINAS PARA YEMOJÁ - Para atrair boa sorte - Uma panela de barro de tamanho médio; um pouquinho de água de flor de laranjeira; um cálice de licor de menta; um copo de água do mar; um pouco de azeite de dendê; um pouco de mel de abelhas; um pouco de melado; 4 agulhas de costura; azeite de girassol. Coloca-se tudo dentro da panela, completa-se com o azeite de girassol e acende-se uma mecha por sete dias. Despacha-se no mar ou nas águas de um rio. - Para obter uma graça - Um melão; sete gemas de ovos de galinha d’Angola; pó de peixe defumado; um copo de água de rio; um copo de água do mar; 7 grãos de ataré; melado; mel de abelhas; 7 moedas de pequeno valor; azeite de oliva. Abre-se o melão, retira-se a polpa, coloca-se os ingredientes relacionados, completa-se com o azeite de oliva e acende-se uma mecha por sete dias. Despacha-se no mar ou nas águas de um rio.
ADIMU - OFERENDAS AOS ORIXÁS
AS OFERENDAS
Dentro do culto aos Orixás, o mais importante são as oferendas aos Orixás, que têm por finalidade manter o equilíbrio das relações entre eles e os seres humanos. É através das consultas ao Oráculo de Ifá, que as pessoas, mesmo as não iniciadas, são informadas a respeito das exigências de seus Orixás e principalmente de Exú, relativas às oferendas que desejam receber. Nem sempre estas exigências são estabelecidas pela relação anteriormente explicada entre o ser humano e seu Orixá de cabeça, muitas das vezes, é um outro Orixá quem se oferece para solucionar um determinado problema ou alguma dificuldade que está sendo vivenciada e, em troca, exige algum tipo de sacrifício em seu louvor. Algumas vezes, pessoas atormentadas pelos mais diversos tipos de dificuldades, recorrem aos préstimos de algum Orixá, oferecendo algum tipo de sacrifício como penhor de sua confiança e de sua fé, da mesma forma que os católicos recorrem aos seus santos, implorando graças e fazendo promessas que, invariavelmente, são pagas somente após a obtenção da graça solicitada. Os sacrifícios oferecidos aos Orixás são genericamente denominados "ebós" que se dividem
em "ejenbale" (sacrifícios com derramamento de sangue) e "adimús" (sacrifícios incruentos). Os ebós ejenbale, divide-se em diversos tipos, exigindo sempre o derramamento de sangue de algum tipo de animal que pode ser uma ave, um quadrúpede ou até mesmo um simples caramujo. Dentre os mais conhecidos, destacamos: Ebó ejé: Oferenda votiva que tem por finalidade obter determinado favorecimento ou graça de uma Divindade. Ebó etutu: Sacrifício de apaziguamento. Este tipo de sacrifício é geralmente determinado pelo Oráculo e tem por finalidade acalmar a ira ou o descontentamento de uma entidade qualquer. Ebó a ye ipin ohun: Sacrifício substitutivo. Tem por finalidade substituir a morte de alguém pela oferenda determinada pelo Oráculo, no Brasil, este sacrifício é vulgarmente conhecido como "ebó de troca". Ebó ba mi d'iya: Sacrifício que visa atenuar uma punição de morte imposta à uma pessoa por um Orixá ou por um espírito maligno. Neste caso, como no anterior, um carneiro é sacrificado em substituição ao ser humano. Ebó Ogunkojà: Sacrifício preventivo que pode ser público ou individual. Tem por finalidade evitar qualquer tipo de acontecimento nefasto que ameace a pessoa (individual) ou até mesmo uma cidade ou aldeia (público). Ebó a d'ibode: Trata-se de um sacrifício propiciatório e preventivo. Este sacrifício é oferecido na fundação de uma casa, aldeia ou cidade e tem por finalidade acalmar os espíritos da terra no local da fundação. Antigamente, este ebó exigia o sacrifício de seres humanos que hoje em dia, foram substituídos por diversos animais. Como podemos observar, o sacrifício de seres humanos era exigido nos primórdios do culto o que, sem dúvida, seria hoje considerado um absurdo, além de configurar-se, seja em qual for a circunstância, em homicídio, selvageria e falta de respeito ao ser humano. Da mesma forma, o derramamento do sangue de animais, só deve ocorrer em situações de extrema necessidade e em casos em que não possam ser substituídos por outras oferendas pois, se os Orixás, acostumados que eram a receberem sacrifícios humanos, concordaram na substituição dos mesmos pelos sacrifícios de animais, é fácil deduzir-se que estes podem também dar lugar a sacrifícios de minerais, vegetais e objetos de seu agrado. Adentramos uma nova era em que todas as formas de vida adquirem sua valorização máxima e a vida dos animais, da mesma forma que a dos seres humanos, há que ser respeitada e preservada ao extremo. É chegada a hora de darmos um basta ao inútil derramamento de sangue que, ao invés de apaziguar os nossos deuses, só conseguem despertar a sua ira, tornando-os intolerantes e cada dia mais distantes de nós. É necessário que se desperte nos adeptos do Candomblé a consciência do respeito devido a todas as formas de vida animal, cujo sacrifício só pode ser efetivado em casos excepcionalíssimos e quando todos os demais recursos hajam sido esgotados. É num itan de Ifá, do Odu Odi Meji, que encontramos a fundamentação para as afirmações anteriormente feitas: Odi Meji disse: "Metolõfi, por avareza, não quis sacrificar um boi de malhas brancas e a morte veio buscá-lo”. Quando Ifá estava ainda no ventre de sua mãe, pediu que seu pai pegasse um boi malhado de branco e oferecesse em sacrifício, a fim de evitar que dentro de três anos, uma guerra viesse dizimar o seu reino. Seu pai negligenciou o sacrifício e no dia do nascimento de Ifá, seu pai morreu e sua mãe foi capturada como escrava. Três anos depois, a guerra arrasou o país e Ifá mandou que Ajinoto, a parteira, o encerrasse dentro de uma cabaça, de forma que ninguém o pudesse ver. A parteira foi encarregada também, de avisá-lo logo que alguém passasse por perto, para que ele revelasse ao passante, a causa de seus sofrimentos e os remédios e sacrifícios que resolveriam todos os seus problemas. Tudo ocorreu da forma como Ifá planejara e o homem que passou naquele local, não hesitou em levar para sua casa, a cabaça onde Ifá havia sido encerrado. Para deslumbramento de todos, Ifá, de dentro da cabaça, dava conselhos, receitava medicamentos e resolvia os mais difíceis problemas. Um dia Ifá ordenou que alguém se dirigisse ao mercado onde, pelo preço de quarenta e um caurís, deveria comprar sua mãe que estava sendo vendida junto com outras escravas. "A primeira
mulher que for oferecida deve ser comprada, pois esta é minha mãe." Naquela época Ifá costumava aceitar sacrifícios humanos no festival de Fanuwiwa. Quando a escrava adquirida no mercado foi trazida, Ifá ordenou que lhe fosse entregue uma certa quantidade de milho, para que pilasse e transformasse em farinha destinada à preparação o amiwo. Enquanto pilava o milho, a mulher ouvia os fiéis invocando Ifá: "Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu hu do fe to!" (Orunmilá! Akefoye! Se teu nome é Ifá, jamais esquecerás de mim!). Reconhecendo em Ifá o seu próprio filho, a pobre mulher pôs-se a cantar, em voz alta, a saudação que ouvia: "Orunmilá! Akefoye! Agbo wi dudu hu do fe to!" As pessoas contaram a Ifá sobre a mulher que cantava aquela saudação enquanto pilava o milho e Ifá ordenou que ela largasse aquele trabalho e que, no dia seguinte pela manhã, chamasse por ele junto com seus fiéis, para que pudesse mostrar a todos de que forma deveria ser corretamente alimentado. Ordenou ainda, que fosse preparado um akpakpo e dois panos brancos de cabeça denominados kpokun abuta, proibindo a todos de olharem para aqueles objetos. Como Ifá vivera, até então, fechado dentro de sua cabaça, jamais havia sido visto por ninguém. Quando todos se afastaram Ifá saiu de sua cabaça coberto por um grande chapéu, vestindo um avental de pérolas e calçando sandálias, indo sentar-se no alto de um tripé de onde gritou: "Olhem bem, sou eu, Ifá! Ifá que ninguém nunca viu... A mulher que mandei comprar no mercado de escravos deve ser trazida até aqui!”. A mulher foi trazida à sua presença e Ifá mostrou-a a todo mundo dizendo: "Olhem bem, esta é minha mãe! Quando eu estava no seu ventre determinei que meu pai deveria sacrificar um boi malhado de branco, para evitar malefícios que já estavam previstos. Mas meu pai não atendeu minha orientação e todo o mal acabou por se concretizar. Tanto tempo se passou e eu comprei esta escrava para ser sacrificada em minha honra. Entretanto não a sacrificarei! Não poderia trair minha própria mãe, mesmo que ela me tenha traído." Dito isto ordenou que cortassem os longos cabelos de sua mãe, que envolvessem sua cabeça com um belo torso branco e que a instalassem sobre a almofada akpakpo. Depois pediu um boi e um cabrito para serem sacrificados. Com a farinha moída por sua mãe mandou preparar um amiwo para ela, que não poderia ser comido em sua presença. Desta forma, assentada sobre um akpakpo, transformou-se ela em Nã, mãe de um rei. Aos jovens que prepararam as carnes do boi e do cabrito, assim como o amiwo, ordenou que fosse dado uma parte de cada coisa, para que comessem depois da cerimônia. 1 A velha disse então a seu filho, que se sentia muito envergonhada, pois não merecia tantas honrarias e que naquele dia iria encontrar-se em Ló (local para onde vão os espíritos dos mortos), com seu finado esposo. "A partir de hoje, quando fizerem uma cerimônia em minha honra, digam: Nã kuagba! (Nã seja bem vinda!), e virei receber as oferendas”.- Disse a mulher. Nã disse ainda, que faria o Sol tornar-se mais brando ou mais quente, comandando-o de cima de seu akpakpo. A partir de então, realiza-se sempre o ritual de Xe Nã (dar comida à Nã), quando terminam os festivais Fanuwiwa. 2 Este Itan de Ifá fundamenta a possibilidade de substituição do sacrifício de um ser humano pelo de animais, o que nos leva a concluir a possibilidade da substituição do sacrifício destes por outros tipos de oferendas, partindo da premissa de que o ritual é criado pelo homem e não pelos deuses. Isto posto, passemos ao assunto que é, na verdade, o principal objetivo do presente trabalho, a apresentação de uma vasta relação de oferendas incruentas aos Orixás e a outras entidades cultuadas no candomblé. O assunto será tratado de forma direta, através de um receituário contendo os ingredientes, o procedimento e o objetivo de cada trabalho, assim como à qual entidade deve ser oferecido.
1 - Depois das cerimônias de Nã, aqueles que preparam os alimentos a ela oferecidos,
recebem uma pequena parte destes alimentos, parte esta que recebe o nome de kle ou kele e que só pode ser consumida depois que o Vodun for servido. (Este rito acompanha as cerimônias às divindades nagô sob o nome Atowo e às divindades fon sob o nome de Nudide). 2 - Itan coletado por Bernard Maupoil na região onde hoje fica a atual República do Benin e publicado em sua magnífica obra sobre o sistema oracular de Ifá, ”LA GEOMANCIE À L'ANCIENNE CÔTE DES ESCLAVES”.
OFERENDAS A YEMOJÁ - Adimú para se obter uma graça. Arruma-se sete espigas de milho verde assadas dentro de uma panela de barro com o seguinte: Sete bolas de feijão fradinho cozido, amassado e ligado com farinha de acaçá; sete biscoitos de araruta; sete bananas da terra cortadas no sentido longitudinal e fritas em gordura de ori-da-costa; sete bolas de mingau de milharina adoçado com açúcar mascavo. Depois de tudo arrumado dentro da panela rega-se com bastante mel de abelhas e oferece-se à Iyemanjá, acendendo-se duas velas. Deixa-se de um dia para o outro, embrulha-se num pano branco e leva-se para o rio ou mar. - Para resolver uma situação impossível. Cozinha-se um inhame grande até que fique bem macio. Coloca-se num recipiente qualquer e amassa-se com um garfo. À massa obtida acrescenta-se: farinha de milho bem grossa; meio copo de melado de cana; um pouquinho de azeite de dendê e um pouco de mel de abelhas. Mistura-se tudo muito bem e modela-se 7 bolas, que são arrumadas numa travessa branca. Sobre as bolas despeja-se bastante melado de cana; pó de efun e pó de peixe defumado. Oferece-se, diante do igbá, com uma vela acesa, deixando por sete dias. Despacha-se na beira do mar ou rio. - Para obter uma graça. Pega-se um melão bem grande, abre-se uma tampa no alto e retira-se a polpa. Colocase, dentro da fruta, os seguintes ingredientes: Sete bolinhas de milho vermelho; sete bolas de inhame; sete rodelas cortadas de uma espiga de milho verde; sete peixinhos secos; sete cebolas brancas pequenas; sete bolas de arroz branco cozido; sete bolinhas pequeninas de ori-da-costa; sete colheres de óleo de amêndoa-doce; mel de abelhas e melado de cana. Coloca-se o melão num prato grande ou bandeja forrada com pano branco, diante de Iyemanjá e acende-se sete velas que devem ser renovadas por sete dias, tempo em que o adimú permanecerá diante do Orixá. Despacha-se na beira do mar ou rio. - Para obter saúde ou estabilidade financeira. Colocar dentro de uma travessa de barro: Sete pargos frescos bem pequenos; sete grãos de ataré; sete grãos de milho torrado; sete moedas correntes; um pouco de pó de osun; sete agulhas de crochê; um pouco de areia da praia; sete colheradas de azeite de amêndoas; sete colheres de mel de abelhas e sete colheres de melado de cana. Entrega-se à Iyemanjá na desembocadura de um rio com o mar. O mesmo adimú pode ser oferecido à Olokún. Neste caso substitui-se as agulhas de crochê por anzóis e se entrega diretamente nas águas, em alto mar ou centro de um rio caudaloso. - Para que Iyemanjá trabalhe em favor de alguém. Colocar-se, aos pés de Iyemanjá, uma cesta com frutas variadas, cobre-se tudo com bastantes folhas de beldroega (Planta herbácea, da família das cariofileas). Deixa-se, diante do
Orixá, durante sete dias com uma vela votiva acesa. Findo o prazo, leva-se à uma praia ou rio e arreia-se na areia com sete velas acesas. - Para firmar a cabeça de uma pessoa. Coloca-se a sopeira de Iyemanjá no solo, sobre uma esteira forrada de branco. Em volta coloca-se nove pratos brancos. Dentro de cada prato coloca-se um ovo de pata (cru); um pouco de mel de abelhas sobre os ovos; uma pequena porção de coco ralado e uma pitadinha de pó de efun. Ao lado de cada ovo, dentro dos pratos, acende-se uma vela de sete horas. A pessoa, depois de limpa e lavada com omi eró de folhas frescas de Iyemanjá, veste uma roupa branca e deita-se no quarto do Orixá por uma noite. No dia seguinte colocam-se os ovos dentro de uma cestinha de palha e despacha-se no mar ou rio. - Para resolver qualquer tipo de problema. Pega-se 21 frutas de diferentes espécies, pica-se em pedaços bem pequenos e mistura-se dentro de uma tigela branca. Prepara-se um cozido com vinte e um diferentes tipos de legumes bem picados e cozidos em água pura. Separa-se os legumes em outra tigela branca. Cozinha-se, em água sem sal, vinte e um diferentes tipos de grãos como: milho, canjica, feijões de todos os tipos (menos preto), soja, arroz, etc. e separa-se tudo numa outra tigela. Coloca-se tudo dentro de um balaio, deixando que as coisas se misturem. Por cima coloca-se um pargo fresco de tamanho médio, em cuja boca, introduz-se um obí batá. Enfeita-se tudo com folhas de beldroegas e vinte e uma rosas brancas. Salpica-se vinho branco em cima, enfeita-se com fitas brancas, rendas, etc. Leva-se à praia e entrega-se à Iyemanjá, com muito orô e cantigas do Orixá. - Para calar a boca de uma pessoa maledicente. Retira-se um cubinho da casca de uma melancia, com o auxílio de uma faquinha. No buraquinho, introduz-se um papel com o nome da pessoa de língua ferina e tapa-se com o pedaço que dali foi retirado. Deixa-se, durante quatro dias nos pés do Orixá, depois do que, levase a uma linha de trem deixando ali, de forma que a fruta seja esmagada pelo trem. - Adimú para agradar Iyemanjá e obter sua proteção. Descasca-se sete cebolas brancas e frita-se, ligeiramente, em azeite de amêndoas. Depois de bem douradas as cebolas, abre-se nelas, com uma faquinha, um buraco onde se introduz um papel com o pedido que se deseja obter e um grãozinho de ataré. Coloca-se as cebolas num prato branco e se acrescenta, sobre elas, os seguintes ingredientes: Mel de abelhas; melado de cana; um pouco de vinho branco; um pouco de vinho tinto suave e bastante milho torrado. Deixase, durante sete dias, diante do igbá do Orixá, sempre com velas acesas. Despacha-se na beira da praia ou rio. - Para obter uma graça com ajuda de Iyemanjá. Numa cesta de vime forrada de pano azul, coloca-se sete peixes fritos em azeite de amêndoa; sete bananas da terra verdes; sete punhados de canjica cozida; sete bolos de arroz; sete pedaços de coco seco; sete ecós; sete oleies e sete moedas brancas. Enfeita-se tudo com flores brancas e entrega-se à Iyemanjá diretamente na praia no mar ou de um rio, com velas acesas e vinho branco. - Para agradar e apaziguar. Corta-se sete romãs ao meio. Dentro de cada um deles se coloca uma moeda e um grão de ataré. Arruma-se as frutas dentro de uma panela de barro, derrama-se por cima: azeite de dendê, mel de abelhas, melado de cana, vinho branco e sete balas de leite ou de coco. Deixa-se durante sete dias diante do igbá de Iyemanjá e, depois, despacha-se dentro do mar ou rio. - Para apressar a solução de qualquer tipo de problema. Um peixe pargo bem assado é colocado numa travessa de barro e recoberto com rodelas de banana-da-terra previamente cozidas. Dentro do peixe já estará um papel no qual se escreveu o desejado. Por cima de tudo, derrama-se melado de cana e vinho branco. A panela deve ficar cheia até a borda. Deixa-se, durante sete dias diante de Iyemanjá e depois, despacha-se em pedras onde as ondas do mar estouram ou que as águas do rio passem.
OLUGBE-RERE KO, OLUGBE-RERE KO, GBE RERE KO NI OLU-GBE-RERE. ASE! É o pássaro do que leva fortuna boa ao Espírito da Mãe da Pesca, a Deusa do Mar. É o pássaro Aluko que leva fortuna boa ao Espírito da Lagoa, o Assistente para a Deusa do Mar. É o papagaio que leva fortuna boa ao Chefe de Iwo. É crianças que trazem fortuna boa de Céu para Terra. Ó Grande que dá coisas boas, Ó Grande que dá coisas boas, Ó Grande que dá coisas boas. Dê-me Coisas Boas do Grande que dá Coisas Boas. Assim seja!
Orin de Yemoja
ESCRITA ÀWA ÀÀBÒ A YÓ YEMOJA ÀWA ÀÀBÒ A YÓ YEMOJA FONÉTICA AUÁ AABÔ AIÔ IEMANJA AUÁ ABÔ AIÔ IEMANJA TRADUÇÃO ESTAMOS PROTEGIDOS, NOSSA SATISFAÇÃO É COMPLETA, YEMOJA PROTEGE-NOS E NOS ENCHE DE SATISFAÇÃO. É YEMOJA ESCRITA K’A MÁÀ RO NI NGBÀ ÒRÌSÁ RÈ LODÒ, E K’A MÁÀ RO NI RÙ NGBÀ ÒRÌSÁ RÈ LODÒ E FONÉTICA CAMARÔ NIUMBA ÔRIXÁRÉ LÔDÔ Ê, CAMARÔ NIRUMBA ÔRIXÁRÉ LÔDÔ Ê TRADUÇÃO QUE NÓS JAMAIS SEJAMOS MAGOADOS POR VOCÊ ORIXÁ DO RIO, QUE VOCÊ A CARREGUE(A MÁGOA) EM SEU RIO, ORIXÁ ESCRITA ÌYÁ KÒRÒBA NÍ SÁBÀ, ÌYÁ KÒRÒBA NÍ SÁBÀ FONÉTICA IÁCÔRÔBÁ Ô CÔRÔBÁ NI SABÁ, IÁCÔRÔBÁ Ô CÔRÔBÁ NI SABÁ TRADUÇÃO MÃE QUE ENFEITA OS CABELOS DIVIDINDO-OS NO MEIO DA CABEÇA, ELA TEM O HÁBITO DE ENFEITAR OS CABELOS DIVIDINDO-OS NO MEIO DA CABEÇA ESCRITA KÍNÍ JÉ KÍNÍ JÉ OLÓODÒ? YEMONJA Ó KI A SÒRÒ PÈLÉÉ, ÌYÁ ODÒ ÌYÁ ODÒ. FONÉTICA QUINÍJÉ QUINÍJÉ ÔLÔDÔ IÉMANJAÔ, QUI A SÓRÓ PUÉLÉÉ IÁÔDÔ IÁÔDÔ. TRADUÇÃO QUEM, QUEM É A DONA DOS RIOS? É YEMANJÁ. A QUEM NOS DIRIGIMOS EXPRESSANDO SIMPATIA. MÃE DO RIO, MÃE DO RIO. ESCRITA ÌYÁ ODÒ SI OMO GBÈ KI ÈNYIN ÀWA ORÒ, ÌYÁ ODÒ SI OMO GBÈ KI ÈNYIN ÀWA ORÒ.
FONÉTICA IÁÔDÔ SIÓMOBÊ QUI ÉNHIIM AUÁÔRÔ, IÁÔDÔ SIÓMOBÊ QUI ÉNHIIM AUÁÔRÔ TRADUÇÃO MÃE DO RIO QUE SUSTENTA OS FILHOS, CUMPRIMENTAMOS A VÓS QUE SOIS PARA NÓS SAGRADA. ESCRITA ÀWO YÓ ÌBÀ NGBÀ, ÌBÀ NGBÀ ÀWA YÓ ÌBÀ NGBÀ A FÉ RÈ NI OLÚWÀSE FONÉTICA AUÁIÔ IBÁUMBA IBÁUMBA, AUÁIÔ IBÁUMBA AFÉRÉNI OLUUAXÉ TRADUÇÃO NÓS FICAMOS SATISFEITOS (REPLETOS) COM AS BÊNÇÃOS RECEBIDAS, BÊNÇÃOS RECEBIDAS, NÓS FICAMOS SATISFEITOS COM AS BÊNÇÃOS RECEBIDAS E NÓS LHE AMAMOS, É A SENHORA DO AXÉ. ESCRITA ÒRÌSÀ ÌYÁ ÌYÁ E SOGBÈ ÌYÁ DÉ GBÈ, ÒRÌSÀ ÌYÁ ÌYÁ SOGBÈ ÌYÁ DÉ GBÈ. FONÉTICA ÔRIXÁ IÁIÁ É SÓBÊ IÁDÊBÊ, ÔRIXÁ IÁIÁ SÓBÊ IÁDÊBÊ. TRADUÇÃO ORIXÁ E MÃE, SOIS A PRÓXIMA A CHEGAR PARA NOS DAR PROTEÇÃO (SUPORTE), Ó MÃE E ORIXÁ, SOIS A PRÓXIMA A CHEGAR PARA NOS DAR PROTEÇÃO ESCRITA YEMOJÁ ODÒ, OMON JÉ RÈ, YEMOJÁ ODÒ, OMON JÉ RÈ. FONÉTICA IÉMANJA ÔDÔ ÓMANJÉRÉ, IÉMANJA ÔDÔ ÓMANJÉRÉ
TRADUÇÃO YEMANJÁ MÃE DO RIO SOMOS SEUS FILHOS, YEMANJÁ MÃE DO RIO SOMOS SEUS FILHOS.
1
ÌYÁÀGBÀ Ó DÉ IRÉ SÉ A KÍÌ E YEMOJÁ A KOKO PÈ ILÉ GBÈ A Ó YÓ ODÒ Ó FÍ A SÀ
WÈ RÈ Ó. Iáaba ôdê irêxê a quié Iémanja A cócó puê ilê bê a ôiô ôdôô fi axa Ué ré ô. A velha mãe chegou fazendo-nos felizes, nós vos Cumprimentamos Yémanja, a primeira que chamamos Para abençoar a nossa casa e nos encher de satisfação, Usar o rio que escolhemos para nos banharmos, Pois o rio que escolhemos é o que usas para o seu banho.
2 A SÀ WÈ LÉ, A SÀ WÈ LÉ Ó ODÒ FÍ Ó A SÀ WÈ LÉ A SÀ WÈ LÉ, A SÀ WÈ LÉ Ó ODÒ FÍ Ó A SÀ WÈ LÉ Axauélê axauélê ô ôdôfiô axauélê Axauélê axauélê ô ôdôfiô axauélê Nós escolhemos nos banharmos em casa, em casa nós escolhemos, Nos banharmos em casa e ela costumar banhar-se no seu rio. Nós escolhemos nos banharmos em casa, em casa nós escolhemos, Nos banharmos em casa e ela costumar banhar-se no seu rio.
3 ÌYÁ KÒRÒBA Ó KÒRÒBA NÍ SÁBÀ ÌYÁ KÒRÒBA Ó KÒRÒBA NÍ SÁBÀ Iácôrôbá ô côrôbá ni sabá Iácôrôbá ô côrôbá ni sabá Mãe que enfeita os cabelos dividindo-os no meio Da cabeça, ela tem o hábito de enfeitar os cabelos Dividindo-os no meio da cabeça.
4 ÒGÙN Ó YEMOJÁ, ÒGÙN Ó YEMOJÁ E LODÒ E LODÒ SÀ WÈ A ÒGÙN Ó YEMOJÁ. ÌYÁ ÀWA SÉ WÈ, YEMOJÁ DÒ Ó RERE YEMOJÁ. ÌYÁ ÀWA SÉ WÈ, YEMOJÁ DÒ Ó RERE YEMOJÁ. Ôgum ô Iémanja ôgum ô Iémanja é lôdô é lôdô Xauéá ôgum ô Iémanja. Iáauá xêué Iémanjadô ô rerê Iémanja Iáauá xêué Iémanjadô ô rerê Iémanja O Rio Ogum é de Yemanja, o Rio Ogum é de Yémanja. Ela tem o rio, tem o rio que escolhemos para nos banharmos, O Rio Ogum é de Yemanja, Mãe, vamos nos banhar, Yémanja que o rio esteja bom, Yémanja. 5 ÌYÁ KI OMO WON BÍ OMON EJA ELÉ NGBÈ WON DARÚGBÓ, ÌYÁ KI OMO WON BÍ OMON EJA ELÉ NGBÈ WON DARÚGBÓ.
Iá quiómó uan bi óman éja éléumbê Uan darubô iá quiómó uan bí óman éja Éléumbê uan darubô. Mãe, cujos filhos nasceram peixes, senhora que os protegeu Até eles ficarem velhos. Mãe, cujo filhos nasceram peixes, Senhora que os protegeu até eles ficarem velhos.
6 ÒRÌSÀ ÌYÁ ÌYÁ E SOGBÈ ÌYÁ DÉ GBÉ, ÒRÌSÀ ÌYÁ ÌYÁ E SOGBÈ ÌYÁ DÉ GBÉ, Ôrixá iáiá é sóbê iádêbê Ôrixá iáiá é sóbê iádêbê Orixá e mãe, sois a próxima a chegar para nós Dar proteção (suporte). Orixá e mãe, sois a próxima a chegar para nós Dar proteção
7 ÀWA YÓ ÌBÀ NGBÀ, ÌBÀ NGBÀ ÀWA YÓ ÌBÀ NGBÀ A FÉ RÈ NI OLÚWÀSE. Auáiô ibáumba ibáumba Auáiô ibáumba aféréni oluuaxé. Nós ficamos satisfeitos (repletos) com as bênçãos Recebidas, bênçãos recebidas, nós ficamos satisfeitos Com as bênçãos recebidas e, nós lhe amamos, é a Senhora do Axé.
8 K’A MÁÀ RO NI NGBA ÒRÌSÀ RÈ LODÒ, E K’A MÁÀ RO NI NGBA ÒRÌSÀ RÈ LODÒ E. Camarô niumba ôrixáré lôdô ê. Camarô niumba ôrixáré lôdô ê. Que nós jamais sejamos magoados por você Orixá do rio, que você a carregue (a mágoa) Em seu rio, Orixá.
9 A KÍ RÍ DÒ Ó KI OLÙWA ODÒ E ÌYÁ KÉKERÉ A KÍ RÍ DÒ KI OLÙWA ODÒ E ÌYÁ KÉKERÉ ÀWA JÉ OMON ÀWA JE OMON, ÌYÁ KÉKERÉ A KÍ RÍ DÒ KI OLÙWA ODÒ E ÌYÁ KÉKERÉ ÀWA JÉ OMON ÀWA JE OMON, ÌYÁ KÉKERÉ Aquiridô ô qui oluua ôdô é iá quêquêrê Aquiridô qui oluua ôdô é iá quêquêrê Auájé óman auájé óman iá quêquêrê Aquiridô qui oluua ôdô é iá quêquêrê Auájé óman auájé óman iá quêquêrê
Nós a cumprimentamos vendo no rio aquela que é a Senhora do rio (da existência), é a mãezinha Nós a cumprimentamos vendo no rio aquela que é a Senhora do rio (da existência), é a mãezinha Nós somos seus filhos, nós somos seus filhos, ela é a mãezinha Nós a cumprimentamos vendo no rio aquela que é a Senhora do rio (da existência), é a mãezinha Nós somos seus filhos, nós somos seus filhos, ela é a mãezinha
10 ÌYÁLÓÒDE ÀWA YÓ LÓDÒ ÌBÁ NGBÁ, ÌYÁLÓÒDE ÀWA ÀÀYÒ LÓÒDE ÌBÁ NGBÀ. Iálôdê auáiô lôdô ibáumba iálôdê Auáaiô lôdê ibáumba. Senhora da alta sociedade que nos enche de bênçãos No rio, Senhora da alta sociedade, nós ficamos satisfeitos Nos rio com as bênçãos recebidas, favorita, nós aceitamos Vossas bênçãos.
11 A ODÒ NÍLÉ YEMOJÁ A DÒ NÍLÉ ÀWA ÀÀYÒ. A ôdô nilê Iémanja adô nilê auaaiô. No rio, nós estamos (nos sentimos) em casa, Yemanja, No rio, estamos em nossa casa favorita.
12 E NTÓ ÒUN GBÀ ARÁ NÍ TÓ NÁÀ DÒ JÉ ODÒ K’AWA E NTÓ, NI TÓ ÀÀYÒ NÁÀ DÒ JÉ ODÒ K’ÀWA, E NTÓ, NI TÓ ÀÀYÒ NÁÀ DÒ JÉ ODÒ K’ÀWA, E NTÓ. É untó ôumbará nitó nandôjé ôdô cáuá É untó nitó aiô nandôjé ôdô cauá é untó Nitó aiô nandôjé ôdô cáuá é untó. Ela conduz, ela salva (resgata) os corpos e guia no rio, É ao rio que nós cumprimentamos, ela conduz, nossa guia Favorita, é ao rio que nós cumprimentamos, ela guia, é a Nossa condutora favorita no rio, á ao rio que nós Cumprimentamos.