SIGMUND
FREUD OBRAS COMPLETAS
SIGMUND
FREUD OBR COMPT VOUM 7
O CHIST CH ISTEE E SU SUAA RELAÇ RE LAÇÃO ÃO COM O INCONSCIENTE IN CONSCIENTE
(1905) TRUÇ TR UÇÃO ÃO FRN FRN NO COT COT M TTO TTO P UO CÉR OUZ
DAs LEAS
Copyright da radução© 207 by Fernando Costa Mattos e Paulo César Lma de Souza Copyrigh da organização© 207 by Paulo César Lima de Souza Gfa atuali{ada segun o Acordo Ortogfco da Língua Portuguesa de 990, que entrou em vigor n Brasil em 009.
Os extos deste voume foram traduzidos de esammlte Wee, volume V (Londres: !mago, I940) A oura edção alemã referda é Studienausgahe (Frankfurt: Fscher Taschenbuch, 2000), pp. 9-29. Capa e projeo gráco warrakoureiro Imagens das pp 3 e 4, obras da coleção pessoa de Freud Máscara de múmia masculina, Egio, séc. ou 1 d.C Figura de sábio aosa, Chna, séc. XX, 32,5 m Freud Museum, Londres Preparação Céa Euvado Índce remissivo Luciano Marchor Revsão Huendel Viana Isabel Cury Dados Internaionais de Catalogação na Publicação (Câmara Brasileira do ivo SP, Brasi)
cP
FreudSgmnd I8f6-939· Obras completas voume 7 : o histe e sa relaço om o inconscente (1905) I Sigmund Freud; tradução Fenando Costa Mattos e aulo César de Souza.- tl ed São Pauo : Compania Compania das Letas �017 Título orignal: Gesammelte Werke ISBN 978-8f-JS9-l7924
. Feud, Sigmund Sigmund 8s6939 1 Psicanáise 3 Psioogia 4 Psco terapia 1 tulo 6060}3 CD-f019fl
Índice para atlogo sistemio r. Sigmund reud Obas ompletas Psicologia anatica
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[207] Todos os direitos desta edção reservados à EDTOR SCHWZ .
Rua Bandeira Paulisa, 72, c 32 04532002 São Paulo- P Telefone: u 3707-3500 Fax (u) 3707350
Digitalizado para PDF em 25 de fevereiro de 217 & Zekitha Brasíia DF
SUMÁRIO ESTA EDIÇÃO
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O CHISTE E SUA RELAÇÃO COM O INCONSCIENTE INCONSCIE NTE (1905) A PARTE PARTE ANALÍTIC ANAL ÍTICAA q !. INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO 6 1 A TÉCNICA DO CHISTE CHIS TE 27 111. AS TEND�NCIAS DO CHISTE C HISTE
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B. PART PARTEE SINTÉTIC SINTÉ TICAA 67 IV. IV. O MECANISMO DE PRAZER E A PSICOG�NE PSIC OG�NESE SE DO CHISTE CHIST E 168 168 V. OS MOTIVOS DO DO CHISTE. O CHISTE C HISTE COMO COMO PROCESSO SOCIAL 199 C PART PARTEE TERICA TER ICA 226 VI. VI. A RELAÇÃO RELAÇÃO DO CHISTE COM D SON HO E O INCONS IN CONSCIE CIENTE NTE VIl VIl O CHISTE CHIS TE E AS VARIEDADES DO C ÓMICO ÓMI CO 257
rNDICE REMISSIVO
335
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SIGMUND SIGMUN D FREUD, FREUD, OBRAS OBRA S COMP CO MPLET LETA AS E M 20 VOLUMES OORDENAÇ OORDE NAÇÃO ÃO D PAUL PAULOO CÉSA R D SOUZA SOUZA
TEXTOS PRÉ-PSICANALÍTICOS (1886-1899) 2. ESTUDOS SOBRE A HISTERIA 1893·1895 PS ICANALÍTICOS (1893-199 3. PRIMEIROS ESCRITOS PSICANALÍTICOS INERPRETAÇÃO DOS SONHOS 1900 4 A INERPRETAÇÃO PSICOPATOLOGIAA DA VIDA V IDA COTIDIANA E SOBRE OS SSONHOS ONHOS 1901) S PSICOPATOLOGI ENSAI OS SOBRE A TEORIA DA SEXUAIDADE, SEXUAIDADE, 6. TR�S ENSAIOS ANÁLISE FRAGMENTÁRIA DE DE UA HISTERIA ("O CASO DORA) E OUTROS TEXTOS (1901·1905 7 O CHISTE E SUA RELAÇÃO CO O INCONSCIENTE 1905) 8 O DELÍRIO E OS SONHOS NA GRADIVA ANÁLISE DA FOBIA DE U GAROTO DE CINCO ANOS ("O PEQUENO HANS) E OUROS TEXOS (1906·1909 9. OBSERVAÇÕES SOBRE U CASO DE NEUROSE OBSESSIVA ("O HOE DOS RATOS) UA RECORDAÇÃO DE INFÂNCIA DE LEONARDO DA VINCI E OUTROS EXTOS EXTOS (1909·1910 910 PS ICANALÍTICAS SOBRE SOB RE U CASO DE PARANOIA 10. OBSERVAÇÕES PSICANALÍTICAS RELATADO RELATADO E AUTOBIOGRAFIA ( "O CASO SCHREBER) 19111 913 ARTIGOS SOBRE TÉCNICA E OUTROS TEXTOS (19111 TABU HISTÓRIA DO MOVIMENTO PSICANALÍTICO 11. TOTEM E TABU E OUTROS EXTOS (1913-1914) EN SAIOS DE MEAPSICOLOGIA 12 INTRODUÇÃO AO NARCISISMO ENSAIOS E OUTROS TEXTOS 1914-1916 13. CONFER�NCIAS INTRODUTÓRIAS À PSICANÁLISE (1915·1917) D OS LOBOS) 14. HISTÓRIA DE UMA NEUROSE INFANTIL ("O HOE DOS ALÉM DO D O PRINCÍPIO DO PRAZER E OUROS TEXOS 1917·1920) PSICOLOGIA DAS MASSAS E ANÁLISE DO EU 15 PSICOLOGIA E OUTROS OUTRO S TEXTOS TEXTOS 1920-1923) 16. O EU E O , ESTUDO AUTOBIOGRÁFICO E OUTROS TEXOS (1923-1925 1 INIBIÇÃO SINTOMA E ANGÚSTIA O FUTURO DE UMA ILUSÃO E OUTROS TEXTOS (19261929) CIVILI ZAÇÃO NOVAS NO VAS CONFER�NCIAS INTRODUÓRIAS 18 O MALESTAR NA CIVILIZAÇÃO E OUTROS TEXTOS 1930·1936) 19 MOISÉS E O MONOTEÍSMO COP�NDIO DE PSICANÁLISE E OUTROS TEXOS 19371939) 20. ÍNDICES E BIBLIOGRAFIA 1.
ARA ARA MAIS NFOR MAÇÕES SOBRE OS VOLUM ES PUBLCADOS, ACESSE: ACESSE: www.companhiadasletra.comb
ESTA ESTA ED E D I ÇÃO ÇÃO Esta edição das obras competas de Sigmund Freud pre tende ser a primeira, em íngua portuguesa, traduzida do original aemão e organizada na sequência cronoó gica em que apareceram originalmente os textos. A armação de que são obras competas pede um eses clarecimento clarecimento Não se incluem incluem os textos de neuroogia, isto é, não psicanalíticos, psicanalíticos, anteriores à criação da d a psica náise. Isso Isso porque o próprio autor autor decidiu deixáos de fora quando se fez a primeira edição competa de suas obras, nas décadas de 1920 e 30 No entanto, vários textos prépsicanalíticos, já psicológicos, serão incuídos nos dois primeiros voumes voumes A coeção inteira será comco mposta de vinte vo voumes, ume s, sendo dezenove de textos e um um de índices índices e bibiograa. bibiograa . A edição alemã que q ue serviu de base ba se para esta es ta foi foi Gesammelte Were [Obras [Obras completas completas]] , pubicada pubicada em Lon Lo n dres entre 1940 e 1952. Agora pertence ao catálogo da editora Fischer, de Frankfurt, que também recoheu num grosso volume, intitulado Nachtragsband [Voume supl suplem emen entar tar , inúmeros in úmeros textos menores menores ou inédtos inédtos que haviam sido omitidos na edição ondrina. Apenas alguns deles foram traduzidos para a presente edição, pois muitos muitos são de caráter apenas apen as circunstancial. A ordem cronoógica adotada pode sofr sofrer er pequenas aterações no interior de um voume. Os textos considerados derados mais mai s imprtantes do período período coberto coberto pelo volume, cujos títuos aparecem na página de rosto, vêm em primeiro primeiro ugar. ugar. Em E m uma ou outra ocasião, são reu
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nidos aquees que tratam tratam de um só tema t ema,, mas ma s não foram foram pubicados sucessivamente; é o caso dos artigos sobre a técnica psicanaítica, por exemplo. Por m, os textos mais mais curtos são agrupados no nal do d o voume voume.. Embora constituam constitua m a mais ampla reunião de texto textoss de Freud, os dezessete volumes dos Gesammele Were foram sofrivemente editados, talvez devido à penúria dos dos anos de guerra e de pósguerra pósgue rra na Europa Embora ordena ordenados dos cronologicame cronologicamente, nte, não indicam sequer o ano da publicação de cada trabalho. O texto em si é geral mente conável, mas sempre que possível foi cotejado com a Studienausgabe [Edição de estudos], publicada pela pela Fisc Fische herr em 1 9 6 9 75, 7 5, da qual cons consult ultamo amoss uma edi ção revista, lançada posteriormente. Tratase de onze volumes volumes organizados por temas (como (com o a primeira cole col e ção de obras de Freud) Freud),, que não incluem vários textos textos secundários secundários ou de conteúdo conteúdo repetido, repetido, mas incorporam, traduzidas para o alemão, as apresentações e notas que o inglês James Strachey S trachey redigiu para a Standard edition (Londres (Londres,, Hog Hogart arthh Press, 1955 1 95566 66)) O objetivo da presente edição é oferecer os textos com o máximo de deidade ao original, sem interpre tações de comentaristas e teóricos posteriores da psica nálise, que devem ser buscadas na imensa bibliograa sobre o tema te ma In Infformações ormaçõ es sobre a gênese de cada cad a obra também podem ser encontradas na literatura secundária. Para questionamentos de pontos especícos e do próprio conjunto da teoria fr freudiana, eudi ana, o leitor deve re re correr à literat literatura ura crítica crítica de M M Macmillan, Macmil lan, F. Ciof Ciof , J J Van Rilaer, E . Gellner Gellner e outros outros
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Obra completa completa não A ordem de publicação destas Obra é a mesma dauela das primeiras edições alemãs pois isso implicaria deixar deix ar várias vári as coisas relevantes relevantes para mui mu i to depois D ecidius ecidiusee começr por um período intermediário e de pleno desenvolvim desenvolvimento ento das concepções concepções de Freud Freud em e m torno de 1915, e daí proceder para trás e para adiante adiante Após o título de cada texto há apenas a referência bibliográca da primeira publicação não a das da s edições subseuentes subseuentes ou ou em outras outra s línguas ue interessam tão somente a alguns especialistas. Entre parênteses se acha o ano da publicação original; havendo transcorrido mais de um ano entre a redação redação e a publicação publicação a data d ata da redação redação aparece entre colchetes. colchetes. As indicações indica ções biblio grácas do autor foram normalmente conservadas tais como ele as redigiu isto é, não foram substituídas por edições mais rece recente ntess das obras obra s citadas. Mas sempre s empre é fornecido ornecido o ano da publicação publicação que no n o caso de remis rem is sões do autor autor a seus próprios próprios textos textos permite permi te ue o leitor os localize sem maior diculdade tanto nesta como em outras outras edições das da s obras de Freud Freud As notas no tas do tradutor tradutor geralmente geralmente inform informam am sobre sob re os termos e passagens de versão problemática para ue o leitor tenha uma ideia mais precisa de seu signicado e para justicar em alguma medida as soluções aui ado tadas Nessas notas são reproduzidos os euivalentes achados em algumas versões estrangeiras dos textos em línguas apare aparenta ntadas das ao português e ao alemão Não utilizamos as duas versões das obras completas já apa recidas em português das editoras Delta e !mago pois
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não foram traduzidas do alemão, e sim do francês e do espanhol espanhol (a primeira) primei ra) e do inglês (a segunda) . No tocante aos termos considerados técnicos, não existe a pretensão de impor as escolhas aqui feitas, como se fossem absolutas Elas apenas pareceram as meno me noss insatisf insatisfatórias atórias para o tradutor tradutor,, e os o s leitores leitores e psicanalistas que empregam termos diferentes, conforme suas diferentes abordagens e percepções da psicanálise, devem sentirse à vontade para conservar suas op ções Ao ler essas essa s traduções, apenas apenas precisarão fazer fazer o pequeno esforço de substituir mentalmente "instinto por "pulsão, "instintual por "pulsional, "repressão por "recalque, ou "Eu por "ego, exemplicando No entan entanto, to, essas palavras são poucas, em número número bem me nor no r do do que qu e geralmente geralmente se acredita P.C.S.
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O CHISTE E S UA R E LAÇAO COMO INCONSCIENTE (1905) W/T l UNO SENE BEZEHUNG BEZEHUNG ÍULO ÍULO ORIINA: ORIINA : DER W/Tl ZUM UNBEWUSSTEN. UBCADO UBCADO R MEI RAMENE COMO VOUME AUTÓNOMO, AUTÓNOMO, LEPZ G E VI ENA: D EUTCKE, EUTCKE, 1905. RADUZIDO DE GESAMMELTE WERKEVI, PP. 1-285 AMB ÉM SE ACHA EM STUDENAUSABEV . 9-219
,
A. PAR TE ANALITICA
O CHSTE CH STE E SUA RELAÇÃO RE LAÇÃO OM OM O NC ONSIE ONS IENTE NTE
I . I NTROD NTRO DUÇÃO UÇÃO [1]
Quem Que m já teve teve a oportunidade de inform informar-s ar-se e em textos textos de estetas e psicólogos sobre que escarecimento pode ser dado a respeito da natureza e das impicações do chiste terá de admitir que os esforços losócos desti nados a esse tema não estiveram à altura do do que ele me rece tendo em vista seu seu pape em nossa vda psíquica Só se pode indicar um número bem pequeno de pensa dores que se ocuparam mais detidamente do probema do chiste. Entre aqueles que trabaharam com ee es tão certamente os brihantes nomes do poeta Jean Pau (Friedrich Richter) e dos ósofos Theodor Vischer Kuno Kuno Fischer e Theodor Lipps. Mas mesmo nesses au au tores o tema do chiste ca no pano de fundo ao passo que o interesse principa da d a investigação investigação dirigido ao probema mais abrangen abrangente te e instigante do cômico A primeira impressão que se tem tem a partir dessa ite ratura ratur a a de que seria inteiramente impraticáve tratar dos chistes fora ora do contexto do cômico cômi co Segundo Theodor Lipps 1 o chiste "a comicidade inteiramente subjetiva isto é, a comicidade "que nós produzimos que adere à nossa conduta enquanto ta e perante a qual nós nos comportamos sempre como suKomik Komik und und Humor umor [O [O cômico e o humor], 1 8 9 8 In: In : Lipps, Lipps, T T e R M Werner, Beitrg (Esc rioss sobre estéica], v Beitrge 1ur 1ur Àsthet Àsthetik ik (Escrio v. - Um livro ao qual devo a corag coragem em e ambém a possbldade de empreender empreender este trabalho. r
. INTRODUÇÃO
jeito super superio ior, r, jamais como objet objetoo nem mesmo como objeto objeto volun voluntário tário (p. (p . 8o) 8 o) . É elucidativa, quanto a isso, a observ observação ação de que o chiste seria, seria , em geral, ger al, "toda " toda evocação caç ão conscient conscientee e habilidosa à comicidade, seja a comi comi cidade da observação, observação, seja da situação. Fischer explica a relação do chiste com o cômico recorrendo à caricatura que introduziu entre ambos em sua exposição. 2 O objeto da comicidade é o feio, em qualquer das formas sob as quais aparece: "Onde está escondido, ele tem de ser descoberto à luz do ponto de vista cômico; onde é pouco ou nada perceptível, tem de ser exposto e, assim, esclarecido; ele tem de car visí vel à luz do dia [ . . ] Assim su surg rgee a caricatura caricatura (p. 45 ) "Todo o nosso mundo espiritual, o reino intelectual de nossos pensamentos e representações, representações , não não se desenv desenvolv olvee sob o olhar da observação externa, não se deixa representar imediatamente de modo gurativo ou visual e, além disso, contém também as suas inibições, fraquezas e des desgurações, uma u ma série de coisas risíveis risíveis e contrastes contrastes cômicos Para acentuar acentuar tais eleme elementos, ntos, e tornálos acessíveis à consideração estética, será necessária uma força capaz não apenas de representar objetos imediatamente, mas de reetir sobre estas representações representações mesmas e tortor nálas nála s claras : uma força força que ilumina o pensamento. Essa força é ojuí'o. E o juízo que produz o contraste cômico é o chite, que que já j á operava operava silenciosamente silenciosamente na caricatura, car icatura, mas só atinge atinge sua forma forma própria própr ia e o terreno terreno livre de seu desenv desenvolv olvime imento nto no juíz juízo o (pp. 49 49 50 50)) . .
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chiste) , 8 8 9 . Üher her den W(Sobre o chiste),
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O HISTE HI STE E SUA RELAÇÃO RELAÇÃO OM OM O INCON IN CONSI SIEN ENEE
Como se v ê , Lipps situa situa a característi característica ca que distin gue o chiste, em e m meio ao cômico, na atividade, atividade, no com portamento ativo do sujeito, ao passo que K Fischer caracteriza o chiste através através da reação reação com o seu objeto, um objeto constituído do feio que se ocuta no mundo de nossos pensamentos Essas denições do chiste não podem ser postas à prova quanto à sua pertinência, e não se pode sequer compreendêlas caso não estejam inscritas no contexto de que foram retiradas. Seria necessário, portanto, trabalhar detidamente nos textos desses autore autoress sobre o cômico, para aprender algo sobre sobre o chiste com ees ees Mas se percebe, em outras passagens, passagens, que esses mesmos me smos autores autores são capazes de indicar aspectos essenciais e universamente válidos do chiste pres cindindo de sua relação com o cômico A caracterização chiste com que o próprio Fischer parece mais é a seguinte: "O chiste é um juízo lúdico" (p ) ) Para elucidar essa expres expressão, são, ele nos remete a uma anaogia "do mesmo modo como a li berdade estética consistia na contemplação lúdica das coisas (p. ;). Em outra passagem, a atitude estética frente rente a um objeto é caracterizada pela p ela condição de que qu e nada exigimos desse objeto, em especial nenhuma satisfação de nossas necessidades primárias, mas apenas nos satisfaze satisfazemos mos em fruir a sua contemplação contemplação A atitude atitude estética é lúdica, em cont contra rapo posiç sição ão ao trabaho trabaho "Po "P o deria ser que da liberdade estética estética nascesse nascesse também um um tipo de juízo liberto dos do s padrões e amarras amar ras habituais, ao qual eu gostaria de chamar, tendo em vista sua origem, o juío lúdico' ; e que nesse conceito estivesse contida a
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I. INTRODUÇÃO
primeira condição, se não a fórmula fórmula inteir int eira, a, que sou ciona a nossa tarefa A iberdade produz o chiste, e o chiste chiste produz produz a iberdade, diz Jean Pau. ' O chiste é um mero jogo com com as ideia ideias s (p 24) Sempre se gostou de denir o chiste como a pron tidão para encontrar semelhanças entre as coisas des semelhantes, isto é, semelhanças ocutas Jean Paul ex primiu esse pensamento de maneira jocosa: O chiste é o padre disfarçado que une todos os casais" T. Vischer che r acresc acrescenta enta uma continua continuaçç ã o: De preferência, preferência, ele une os casais casais cuja reação reação os o s parentes parentes desaprovam". Ele objeta, porém, que há chistes em que não se verica comparação aguma, nem, portanto, descoberta de se melhanças Ele dene o chiste, assim, afastando afastandose se um pouco pouco de Jean Pau, Pau , como com o a prontid prontidão ão para juntar numa unidade, com rapidez surpreendente, diversas represen tações que, segundo seu conteúdo interno e o contexto a que pertencem, são essenciamente estranhas umas às outras outras K Fischer salienta então que em muitos juízos chistosos não se encontram semehanças, mas sim s im dif d ifeerenças, e Lip L ipps ps chama a atenção atenção para par a o fato fato de que qu e es essa sass denições se referem referem ao chiste que o anedotista já j á sabe, não ao que elef · Outros Outros pontos de vista que foram adotados adotados na tenta tiva de determinar conceituamente ou descrever o chisch iste, e que estão em certo sentido igados, igados, são o contraste das representações", o sentido no absurdo", a estupeção e ac acla larramento amento". ". O contraste das representações [ Vorstell tellung ungsk skon ontr tras ast) t) é enfatizado em denições como a de Kraepein O chiste
O CHSTE E SUA SUA RELAÇÃO RELAÇÃO COM O INCONS CIENTE CIENT E
seria a a ligação ligação ou o u conexã conexãoo arbi arbitrária, trária, e m geral geral com co m o auxílio da associaçã associaçãoo de palavras, palavras, de duas representações representações de algum modo contrastantes entre si Não é difícil, para um crítico como Lipps, mostrar a completa insu ciência dessa fórmula Mas ele próprio não descarta o fator do do contraste contraste,, deslocandoo deslocandoo antes para outro lugar "O contraste permanece, mas ele não é um contraste entendido de um modo ou de outro, entre as representações associadas às palavras, e sim o contraste ou contradição entre o signicado e a falta de signicado das palavras (Lipps, p 87) Exemplos esclarecem esclarecem como como isso deve ser compreendido Um contraste surge somente quando [ ] ] concedemos um um signicado às suas palavras que, no entanto, entanto, não não poderíam poderíamos os conceder conceder (p 90) 90 ) A oposição de sentido e falta de sentido adquire signicado no desenvolvimento ulterior dessa última caracterização Aquilo que por um momento havíamos tomado como pleno de sentido mostrase agora inteiramente sem sentido para nós Nisso consiste, nesse caso, o processo cômico (pp 8 ss). Um enunciado parece chistoso quando lhe atribuímos um signicado que pos sui necessidade psicológica e, ao atribuílo, voltamos a retirálo de imediato Sob 'signicado podem pod ems see entende entenderr aí coisas diferent diferentees. Emprestamo Emprestamoss um sentido a um enun ciado sabendo que ele não pode pertencerlhe logicamente Encontramos uma Yerdade nele que, no entanto, não podemos encontrar quando seguimos as leis da ex periência ou os hábitos universais universais do nosso pensamento Nós Nós lhe concedemos uma consequência lógica ou prática que vai além de seu conteúdo verdadeiro, para, tão logo
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I. INTRO DUÇÃO
enxerguemos a natureza mesma do enunciado, negar justamene essa consequência Em cada caso, o processo psicológico que o enunciado do chise desperta em nós, e no qual se baseia bas eia o sentime sentimeno no de comicidade, consiste na passagem imediaa daquele emprestar senido, tomar por verdad verdadeiro, eiro, admitir consequências, consequências, à consciência ou impressão de uma relativa nulidade nulidade"" Por mais penerane penerane que que essa argumentação argumentação pareça, pareça , poderseia perguntar aqui se a oposição do pleno de senido ao sem senido, na qual se baseia o sentimeno de comicidade, também contribui para a deerminação conceiua conceiuall do chise enquanto distinto distinto do cômico cô mico O faor da estupefação e aclaramento" também apro funda o problema problema da relação relação do chise com a comicida de A respeio do cômico em geral, Kant diz que é uma caracerística noável do mesmo a de iludirnos apenas por um momen momenoo Heymans Heymans explica explica como o efei efeioo de um chiste se produz pela sequência de estupe estupefaç fação ão e aclara meno3 Ele ilusra a sua armação com um óimo chise de Heine, Heine, em que que um de seus personagens, personagens, o pobre agen te de loteria HirschHyacinh, Hirsch Hyacinh, se gaba de de er sido tratado pelo grande barão de Rothschild como um semelhante, de modo ineiramente fmilionário. A palavra portadora do chiste parece aí, num primeiro momento, uma formação equivocada, equivocada, algo incompreen incompreensíve sívell , inconc inconcebív ebível, el, enigmáico enigmáico Com isso isso ela produz produz espanto. espanto. A comicidade comicidade se dá com a dissolução da esupefação, esupefação, com a compreensão da palavra Lipps acrescena que a esse primeiro es [Revista ta de d e psicologia] , v xr, n. 86. Zeitschr hrf für Pc Pcho hollogie [Revis 3 Zeitsc
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O CHISTE CH ISTE E SUA R ELAÇÃO ELAÇÃO COM COM O NCONSC NCO NSCIEN IENE E
tágio tágio do d o aclaramento aclaramento a compreen compreensão são de de que que a paavra causadora de espanto espanto signica isso e aquilo se segue segue um segundo estágio, no qua se entende que essa palavra nos tinha primeiro espantado e, e , então, fornecido o senti se nti do correto. Somente esse e sse segundo esclarecimento esclarecimento,, isto é, a compreensão compreensã o de que uma palavra sem sentido sent ido segundo segundo o uso comum da linguagem era a responsáve pea graça do chiste chiste esta dissoução no nada , é que produz produz a comi comici cida dade de (Lip (Lipps, ps, p. 8 5) Independentemente Independentemente de qua dessas dessa s duas visões visões nos pa reça mais eucidativa, através das explicações sobre estu pefação e acaramento nos aproximamos de uma mehor compreensão. Se, de fato, o efeito cômico do fmilionário de Heine Heine se baseia baseia na dissolução da paavra aparenteme aparentemente nte sem sentido, então o chiste" pode ser vincuado à formação dessa palavra e à natureza da paavra assim forma formada da Sem Se m nenhuma conexão conexão com os o s pontos pontos de vista trata dos por último, há uma outra particularidade do chiste que é reconhecida por todos os autores como como essencial a ee A brevidade é o corpo e a ama do chiste; é o chis te ele mesmo", diz Jean Pau!,4 apenas modicando com isso uma fala do velho tagarela Poôni, no Hamlet de Shakespeare (ato n, cena 2): * 4
[P ropedêut dêutica ica à estética] estética],, v. r§ 5 · Vorschule der Athetik [Prope
* A citação é dada d ada aqui no original inglês mas Freud cita a tradução alemã de Schlegel: " Weil Küre Küre dann des des Wit1es Seele ist, ist, I
Weitschwegkeit der Lei und ãussere Zierat, I Fass' ich mich ku. [A notas chamadas por asterisco e as interpolações às notas do autor, autor, entre colchet col chetes, es, são de autoria do tradutor. tradutor. As notas nota s do auau tor são são sempre sempre numeradas.] numerad as.]
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I. INTRODUÇÃO
Therere, herere, since brevi is is the the sou! sou! of ofwit And And tediousnes tediousnesss the li limbs and an d outward jourisher I wi be be brie brief f [Porque a brevdade brevdade é a ama a ma do chste, E a prolixidade, prolixidade, o corpo e ornameno externo, Serei breve] .
É signicativa, pois, a descrição do chiste feita por
Lipps Lip ps O chiste chiste diz o que qu e tem a dizer diz er nem nem sempre sempre em poucas, mas sempre em palavras de menos, isto é, em palavras palavra s que, que, segund segundoo uma lógica estrita ou o modo co mum de pensar e falar, falar, não seriam sucientes suci entes para did izêlo No m das contas, ele el e pode inclu inclusi sive ve dizer o que qu e tem a dizer silen silencia ciando ndo"" (Lipps, p 90) 90 ) . J á aprendemos, aprendemos, na vinculação vinculação do chiste chiste com a cari ca ri catura, que o chiste tem de fazer aparecer aparece r algo oculto ou escondido" (K (K Fischer Fischer,, p 5 1) Eu enfat enfatizo izo novamennovamente essa denição porque porque ela também tem mais ma is a ver com a natureza do chiste chiste do que com o seu pertencimento pertencimento à comicidade [2]
Eu bem sei s ei que as pequenas pequenas citações acima, aci ma, extraídas extraídas dos trabalhos de alguns autores sobre o chiste, não po dem fazer justiça ao valor desses trabalhos Em vista das diculdades envolvidas em reproduzir, sem ne nhum malent male ntend endido ido,, os movimentos de pensament pe nsamentos os tão complexos e namente nuançados, não posso pou par os mais interessados do esforço de ir em busca do aprendizado desejado nas fontes originais Mas não sei
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O CHISTE E SUA RE LAÇÃO AÇÃO COM O NCON SCENE SCEN E
se eles voltariam plenamente satisfeitos. As propriedades do chiste e os critérios fornecidos por esses autores, apresentados apresentados acima em conjunto a atividade, atividade, a relação com o conteúdo do nosso pensamento, o caráter de juízo lúdico, a aproxmação das dferenças, o contraste de representações, o sentido no absurdo", a sequência de estupefação e aclaramento, o desvelamento de algo escondido e o tipo especíco especíco de brevidade brevidade do chiste , parecem à primeira vista, de fato, tão apropriados e tão demonstráveis em exemplos que não podemos incorrer no risco de subestimar o valor de de tais intuiçõe intuições. s. Mas elas são disecta membra que gostaríamos de ver reunidas em um todo orgânico No m m das contas, não contrib contribuem uem mais, para o conhecimento do chiste, do que, digamos, di gamos, uma série de anedotas contribuiria para caracterizar uma personalidade cuja biograa biograa nos intere interessa ssa.. Fa Falt ltaanos compreensão da conexão que seria de pressupor entre entre esses aspectos particulares o que a brevidade do chiste tem a ver com o seu caráter de juízo lúdico, por exemplo exemplo e, além disso, um esclarecim esclareciment entoo so bre se o chiste tem de satisfazer todas essas condições para ser um chiste correto, ou se apenas algumas delas e, e , neste caso, caso , quais seriam substi substituí tuívei veiss por outras, quais não. Também seria desejável um agrupamen agrupamento to e divisão dos chistes chistes com base nas suas propriedades propriedades que são ressaltadas como essenciais A divisão que encon tramos naqueles autores se baseia de um lado nos meios técnicos, de outro na aplicação aplicação do chiste (trocadilho ou jogo de palavras; palavras ; chiste chiste de caricatura, de caracterização ou de de zombara) zombara)
I.
INTRODUÇÃO
Não teríamos diculdade, portanto, em indicar os ns para pa ra uma nova nova tentati tentativa va de esclarecer o chiste Para Par a poder contar com o sucess s ucesso, o, teríamos ou de introduzir novos pontos de vista no trabalho tr abalho,, ou de tentar ir mais longe por meio do fortalecimento fortalecimento de nossa nos sa atenção e do aprofundamento de nosso interesse Podemos nos propor a pelo menos meno s não deixar de ixar faltar este último elemento elemento.. surpreendente te notar como são poucos os o s exemplos de É surpreenden chistes reconhecidos que satisfazem àqueles autores, e como cada um deles retom retomaa os exemplos já j á usados pelos antecessores Não podemos nos furtar à obrigação de analisar os mesmos exemplos de chistes de que os autores clássicos já se serviram, mas, além disso, tencionamos recorrer a um material novo, novo, de modo a conseguir uma base mais ampla para nossas conclusões É natural, pois, que tomemos como objeto de nossa investigação exemplos de chistes que tenham nos impressionado mais fortemente em nossa própria vida e nos tenham feito rir rir mais mai s intensamente Se o tema do chiste justi justica tamanho esforço esforço?? Acre Acre dito que não não se deve duvidar duvidar disso Deixand Dei xandoo de lado os motivos pessoais, que se tornarão evidentes durante o desenvolvimento desses estudos e me impelem a ampliar minha compreensão compreensão do problema problema do chiste, pos p osso so apelar ao fato de que há uma u ma conexão íntima ínt ima entre todos tod os os acontecimentos acontecimentos psíquicos capaz de assegura as segurarr que um conhecimento psicológico sobre um dado âmbito tenha considerável valor também para outros âmbitos, apa rentem rentemen ente te distantes daquele daquele Com relação a isso is so,, também se poderia lembrar lembr ar o peculiar peculia r e fascinante encanto
O CHISTE E SUA RE LAÇÃO LAÇÃO COM O NCONSC N CONSCIENTE IENTE
que o chiste desperta em nossa sociedade. Um chiste novo funci funciona ona como um u m acontecimento acontecimento de interesse geral; ele é passado de uma pessoa à outra como a mais recente notícia de vitória na guerra Mesmo homens famosos, que consideram importante contar como se tornaram o que são, as cidades e países que visitaram, as pessoa pes soass brilhantes brilh antes com quem tiveram tiveram contato, não se envergonham de incluir na descrição de suas próprias vidas este ou aquele excelent excelentee chiste que que tenham tenha m algum dia escutado. escutado. 5
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J. v. Falke Lebenserinnerungen [Memórias], 18 9 7
11. A TÉC NICA
DO CHISTE
. A TÉ TÉCN CNICA ICA DO
CHISE CH ISE
[1 ]
Vamos Vamos seguir seguir uma indicação do acaso e tomar o primeiro exemplo de chiste com que deparamos na seção anterior. Na parte dos Reisebilder [Quadros de viagem] intitulada Os banhos de Lucca", Heine apresenta a deliciosa gura de de Hirsch Hirsc hHyacinth, Hyacinth, agen agente te de loteria e pedicuro de Hamburgo, que se gaba ao poeta de suas relações com o rico barão de Rothsc Rothschild hild e, por m, diz: diz : E , tão certo certo como Deus me dará tudo de bom, doutor, senteme ao lado de Salomon Rothschild e ele me tratou como um semelhan melhante te,, de modo fmilionário". Com esse exemplo, reconhecido como excelente e muito engraçado, Heyman e Lipps mostraram como o efeito cômico do chiste deriva da estupefação e aclara mento" (cf. (cf. acima) acima) . Nós, porém, deixamos essa questão questão de lado lado e nos colocam colocamos os uma outra outra:: o que, anal a nal,, transforma a fala de HirschHyacinth em um chiste? Só poderia haver duas respostas: ou bem é o pensamento ex presso na frase que traz consigo o elemento chistoso, ou bem o chiste se acha na expressão que o pensamento en contro controu u na frase. Para Par a onde quer que a essência do chiste nos direcione, é aí que queremos seguilo e investigálo, para enm captálo Um pensamento pode, de fato, ser expresso em di versas vers as formas formas linguísticas linguísticas em palavras, palavr as, portanto portanto capazes de reetilo de maneira mane ira igualmente apropriada Na fala de HirschHyacinth, temos diante de nós determinada forma de expressão de um pensamento que,
O CHISE E SUA SUA RELA RE LAÇÃ ÇÃOO COM O INCON SCINTE SCI NTE
segundoo nos segund n os parece, é bastante bastante peculiar, e não n ão aquela aquela que seria a mais compreensível Procuremos exprimir o mesmo pensamento em outras palavras, da maneira mais el possível. Lipps já o fez e, com isso, elucidou em certa medida a intenção do poeta. Ele diz: Com preendemos preendemos o que qu e Heine Hei ne quis qu is dize di zer: r: a acolhida foi foi familiar, lia r, isto ist o é, daquelas que não costumam ser favorec favorecidas idas quando se s e tem o perf pe rfume ume dos milhões" (Komik (Komik und mor, p. 87) Não mudamos em nada esse sentido se assumimos uma u ma outra versão, talvez talvez mais ma is adequada adequada à fala de HirschHyacinth: Rothschild me tratou como um semelhante, de modo bem fmiliar, isto é, até onde um milionário é capaz de fazêlo" A condescendência de um homem rico", nós acrescentaríamos, tem sempre algo de desagradável para aquele que a experimenta'> Quer nos atenhamos a essa ou a outra formulação textual do pensamento, vemos que a questão que nos colocamos já está decidida Nesse exemplo, o caráter chistoso não reside no pensamento. A observação que Heine coloca na boca de seu personagem é correta e pepe netrante, uma observação de indisfarçável amargura, facilmente compreensível compreensível no home h omem m pobre pob re em relação a tão grande riqueza, mas que não nos arriscaríamos a chamar de chistosa. Agora, se alguém, não conseguindo esquecerse da d a intenção do poeta, poet a, seguisse a armar, 6 Ainda nos ocuparemos do mesmo mesmo chiste em outra outra parte e então então teremos oportunidade oport unidade de ef e fetuar uma correção correção na n a tradução proposta por Lipps, que a nossa tomou como ponto de partida Tal corre ção, contudo não trará prejuízo às explicações aqui desenvolvidas.
1. A TÉCNI CA DO DO CHI STE
mesmo em face ace da versão traduzida, qu q u e o pensamento é chistoso também em si mesmo, poderíamos apontar um critério seguro do caráter chistoso ue teria se per per dido na tradução A fala de HirschHyacinth nos faz rir pass o que a tradução, tradução, seja s eja na versão às gargalhadas, ao passo de Lipps ou ou na nossa, pode, sendo el ao sentido, agra darnos ou suscitar a reexão, mas m as não nos fazer rir Se, no entanto, o caráter chistoso de nosso exemplo não reside no pensamento, então ele deve ser buscado na forma, nas palavras que o exprimem Só precisamos estudar a peculiaridade desse modo de expressão para com preender o que se pode de designar signar como a técnica verbal ou expressiva desse chiste, e que tem de estar em relação íntima com a sua essência, de modo que o caráter e o efeito do chiste desapareceriam com a sua substituição por outra forma de expressão De resto, estamos de pleno acordo com os autores autores citados ao dar tanto valor valor à forma linguís linguís tica do do chiste Fischer, Fischer, por exemplo, exemplo, diz diz: Em primeiro lugar, é a mera form formaa que faz faz do juízo juízo um chiste; chiste ; e devemos devemos nos lembrar aqui de uma armação de Jean Paul que, em uma só sentença, esclarece e demonstra justamente essa natureza do do chiste chiste:: 'E a vitória vitória se se deve à posição, seja seja nos guerreiros ou nas palavras" (Fischer, p 72) Mas em que consiste, então, a técnica" desse chis te?? O que te que ocorreu ocorreu com o pensamento presente em nossa versão, por exemplo, até que dele surgisse o chiste de que rimos tão entusiasmadamente? Duas respostas possíveis, síveis, como co mo aprendemos aprendemos ao comparar nossa versão com c om o texto do poeta. Em primeiro lugar, houve uma considerável abreviação. Para exprimir por completo completo o pensa
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O C H ISTE E SUA SUA RELAÇÃO COM COM O INCONS INC ONSCIE CIENTE NTE
mento contido no chiste, nós tivemos de acrescentar às me trato tratouu como um um semelhante semelhante de modo modo bem paavras R . me fmiliar" um complemento que, reduzido ao máximo, onde um milion milionári árioo é ca capa pa de de fê-lo fê-lo " ; e dizia: isto é até onde ainda assim as sim sentimos sentimos a necessidade necessida de de um acréscimo ex ex picativo.7 picativo.7 O poeta o exprime de modo bem bem mais mais curto: curto : R me tratou como um semelhante de modo be [a miionár mii onário." io." Toda a restrição que a segunda segunda proposição acrescentou à primeira, que atestava o tratamento fami fami liar, perdeuse no chiste. Mas Mas não sem sem um substitutiv substitutivoo a partir partir do qua qua ea pode ser reconstruída. Ocorreu também uma segunda modicação. A palavra fmiliar", na exressão não chistosa do pensamento, foi transformada no texto do chiste em fmilionário"; e é sem dúvida nesta combinação de pa avras que residem o caráter chistoso e o efeito de riso do chiste. A paavra recémcriada coincide a princípio com o familiar" da primeira frase e, nas sílabas nais, com o milionário" milionário" da segunda segunda:: ea como que represe representa nta a pri meira meira parte parte da segunda segunda frase frase (milio ( milionário" nário")) e, portanto, portanto, a segunda segunda frase frase inteir inteira, a, deixando deixando nos desse desse modo em con dições de adivinhar esta segunda frase, omitida no texto do chiste Ta paavra pode ser descrita como uma mistura dos dois componentes, famiiar" e miionário", e seria tentador ilustrar gracamente a sua origem a partir dessas duas duas pala palavr vras as:: 8 Vae exatamente exatamente o mesmo para a versão de Lipps. 8 As sílabas s ílabas comuns das duas dua s palavras palavr as estão grifadas grifadas em negrito negrito por oposição aos diferentes caracteres que as compõem Natural7
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11. A TÉCNICA DO CHIS TE
FAMILI MILION
A ÁIO
FAIONBIO
[FAMILI ] (MILION (FAONÃ
O processo que converteu o pensamento em chiste, no entanto, pode ser s er expicitado do seguinte modo (que pode parecer bem fantasioso a princípio, mas que nem por por isso iss o deixa deixa de fornecer o resultado que ef e fetivamente vemos): " R me tratou de modo bem familia familia isto é, aé onde um milionário é capaz cap az de fazê fazê-lo -lo. .
Consideremos agora uma força de compressão atuando atuando sobre sobre essas ess as frases, rase s, e suponhamos que qu e a segun da é, por alguma alguma razão, a menos resisten resistente. te. E sta é então forçada a desaparecer, e seu componente mais signicativo, a paavra "milionário, conseguindo resistir à pressão, é como que espremido na primeira frase e fun dido c o m o eemen eemento to desta que lhe é t ã o parecido, a pa avra av ra "f " famiiar. amiiar . E é justamen justamente te essa possibilidade possibilidade dada dad a ao acaso, de savar o essencial da segunda frase, que favorecerá o desaparecimento dos outros componentes menos importantes importantes Surge Surge assim o chiste: chiste : mente, o segundo " (de milionr), que pouco importa na expressão, teve de ser suprimido. É evidente que a concordância das duas palavras em muitas muita s sílabas of oferece erece à técnica do chiste ch iste a oportunidade para construir con struir a palavra composta
JI
O CHSE CH SE E SUA SUA RELAÇÃO COM CO M O INCONS CENTE CE NTE
" R . me ratou ratou de modo bem bem faml faml on ário ário I
(mii) À
\
(ar)
parte essa força de compressão, que nos é decerto desconhecida, podemos descrever, nesse caso, o processo de formação formação do chiste a técnica técnica do chiste, chiste, portanportanto como como uma condensaç condensação ão co com mrmaçã rmaçãoo suhstitu suhstituti tivva ; e a formação substitutiva consiste, em nosso exemplo, na produção de uma palavra composta. Portanto, a palavra composta fmilionário", em si mesma incompreensível, mas reconhecida nesse contexto como imediatamente compreendida e plena de sentido, é a portadora do efeito de riso do chiste, cujo mecanismo, entretanto, não se tornou de modo alum mais claro para nós, através da descoberta da técnica do chiste Em que medida pode um processo de condensação linguística com formação substitutiva, através at ravés de uma palavra composta, composta , fornecer fornecer nos prazer e levar ao riso? Notamos que este é outro problema problema,, cuj cuj o tratamento podemos adiar at atéé que tenhatenhamos encontrado um acesso a ele Atenhamonos por ora à técnica do chiste. Nossa expectativa de que a técnica do chiste não possa ser irrelevante para o discernimento de sua natureza nos leva a investigar investigar primeiramente primeira mente se há outros outros exemplos de chistes que sejam construídos como o [amilionário" de Heine Não há muitos deles, é verdade, mas o suciente, de qualquer modo, para estabelecer um pequeno grupo caracteriz cara cterizado ado pela formação de pa lavras compostas composta s O próprio Heine extraiu um segundo
11. A TÉCNI CA DO CHS E
chiste da paavra miionário", como que copiando a si mesmo, ao a o falar falar de um Millionarr (Ieias, cap XIV XI V) , que é uma condensação evidente de Millionr e Narr (ouco) e, do mesmo modo como no primeiro exemplo exemplo,, dá expr�ssão a um pensamento pensamento acessório suprimido su primido Outros exemplos de que tomei conhecimento: os berinenses chamam uma certafnte em sua cidade, cuja construção trouxe muito desprestígio ao prefeito Forckenbeck, de Forckenbecken", designação que não pode ser dissociada do chiste, mesmo mesm o que tenha sido sid o necessário substitui substituirr a paavra paavr a Brunnen (fonte (fonte)) pela pela inus in usua uall e obsoeta Becken (também fonte) para formar um com posto posto com com o nome nome próp próprio rio As másí másíng nguas uas euroeuropeias transformaram certa vez o nome de um grande personagem, Leopod, em Cleopold, devido à sua relação lação próxima próxima com com uma dama de nome Cleo Cl eo;; uma in dubitável operação de condensação que, graças a uma única úni ca etra, et ra, conserva sempre sempre viva viv a a maliciosa ausão Em gera, nomes próprios são presa fácil para a técnica do chiste nesse tipo de operação: em Viena havia dois irmãos de nome Sainger, e um dees era corretor da sensensal] . I st bolsa [Brsensensal] stoo deu ocasião para chamáo chamáo de Sensalinger, enquanto ao outro irmão, para diferenciá lo do primeiro, reservouse reservouse a nada honrosa designação de Scheusa criatura monstruos monstruosa] a] . Era cheusallinger [Sche Scheus usal al = criatura conve convenie nient ntee e certamen certamente te chistoso chistoso ; não nã o sei se era e ra justo Os chistes não costumam preocuparse muito com isso isso Contaramme o seguinte chiste de condensação: depois de muito tempo, um jovem, que até então havia levado levado uma vida excitante excitante no exterior, visita um u m amigo
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O CHISTE CHIS TE E SUA SUA RELA RE LAÇÃO ÇÃO COM O NCONS NC ONSCIE CIENTE NTE
que mora aqui e este, surpreso, surpreso, nota u m a aliança aliança de ca samento [Ehering] na mão de seu seu visitant visitante. e. "O quê? quê ? , exclama exclama ele, ele, "Você "Você se casou? casou ? "Sim, "Si m, respnde respnde o outro, outro, Tra rauuring, ring, mas verdadeiro. O chiste é excelen excelente te na palavra Trauring se reúnem reúnem dois compo componente nentess a pala vra Ehering convertida no no sinônimo auring e a frase Triste riste [trauri [traurig g] , ma mass verda verdade deir iroo" O efeito do chiste não é aqui prejudicado pelo fato de a palavra composta não ser, propriamente falando, uma palavra incompreensível e de existência inconce bível como "familionário, sendo antes perfeitamente coincidente coincidente com um dos elementos condensados. De maneira não intencional, eu mesmo forneci, em uma conversa, o material para um chiste novamente análogo ao do "familionário. Eu falava a uma dama sobre sobre os o s grandes grand es méritos méritos de um pesquisado pesquisadorr que considero injustamente subestimado. "Mas esse homem merece merec e então um monument monumentoo [Monument] ", opinou ela. possível que ele ainda venha a recebêlo, recebêl o, respondi, "É possível "mas no momento [momentan] seu sucesso é muito pe queno. Monument e momentan são opostos. A senhora uniu então então os opostos oposto s : "En "E ntão lhe desejemos desejemos um suces so monumomentâneo". Um excele excelente nte tratamento tratamento do mesmo mes mo tema em língua língua theo ofwit, it, 19II 19II)) me forneceu inglesa inglesa (A. Brill, Bri ll, Freud' theo orneceu alguns exemplos em língua estrangeira, pelos quais sou grato a esse estudo, que revelam o mesmo mecanismo de condensaçã conden saçãoo que o nosso " familionário. amilioná rio. Segundo nos conta conta Brill, o autor inglês De Quincey Quincey mai s velhos fez em algum lugar a observação de que os mais
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1. A TÉCNICA TÉCN ICA DO CHI STE
são sã o propenso propensoss a cair na anecdotage [anedotá [anedotário] rio] A palavra é uma um a mescla mes cla das parcialmente coincidentes anecd e
dotage (tontice).
Certa vez, Brill encontrou em uma curta história anônima a época de Nata caracterizada como the alcoholidays". A mesma mescla de alcoh e
holidays (feio) .
Quando Flaubert pubicou seu conhecido romance Salambô, que se passa na velha Cartago, SainteBeuve zombou do ivro chamandoo de Carthaginoiserie, devi do ao excesso excesso de detalhes detalhes nas descrições: descriçõe s: Cginois e chinoiserie.
O melhor exempo de um chiste desse grupo tem origem num dos mais importantes homens da Áustria, que, depois de uma marcante marcante atividade científca cien tífca e pública, tem hoje um elevado cargo no Estado. Tomei a liberdade de usar, como materia para as presentes in vestigaç vestigações/ ões/ os chistes que são atribuído atribuídoss a essa pessoa pe ssoa Se tenho o direito de fazê-lo? azê-l o? Ao menos não foi foi por meio mei o de uma indiscrição que cheguei ao conhecimento desses chistes, que são
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O C HSTE HS TE E SUA RELAÇÃO COM COM O NCONSCI NCON SCIENTE ENTE
e que, de fa fato, trazem trazem todos o mesmo selo selo , sobr sobreetudo porque dclmente encontraria encontraria material melhor Certo da chamaram a atenção do sr N. para a pessoa de um escrtor que se tornou conhecdo por uma série de ensaos realmente realmente enf e nfadonhos, adonhos, por ele publica dos num jornal venense. vene nse. Todos esses ensaos tratam de pequenos epsódos nas relações do prmero Napoleão com a Áustria ustr ia O autor tem cabelos cabelos ruivos Assim que ouve o seu nome, o sr. N pergunta pergunta:: " N ão é este aquele roter Fadian que se estende pela hstóra das conqustas napol• eocas . Para descobrr a técnca desse chste, temos de apli car a ele aquele procedmento de redução** que anula o chste mudando a expressão e, para isso, ntroduz no
conhecidos conheci dos por toda toda a parte nesta cidade (Viena) e se encontram encontram na boca boca de todo o mundo Uma série deles foi foi oferecida oferecida ao público por Eduard Hanslick, na Neue Freie Presse e em sua autobiograa. Quanto Quanto aos demais dema is,, peço peç o desculpas por quaisquer distorções, didi cilmente evitáve evitáveis is quando quand o os chistes são s ão transmitidos oralmente * Tal como esclarece Strachey, "roter signica vermelho, escarlate' Fadian signica cara chato, obtuso' (dull). A terminação terminação ian' é eventualmente eventualmente acrescentada a um adjetivo, dandol dand olhe he o signi signi cado algo desdenhoso de cara' Assim, groh signica vulgar' (coarse), Grohian signica cara vulgar'; dumm signica burro', Dummian signica cara burro' O adjetivo fde ou fd signica (como (como o seu equivalente equivalente francês) francês) insípido, insípido, chato'. chat o'. Por Po r m, Faden signica o, linha'. Caso se tenha tudo isso em mente, o que se segue será compreensível" ** Aqui e em outros lugares, Freud usa o termo redução" no sentido de levar de volta, reconduzir" reconduzir" (reducere, em latim) latim) algo al go à for for ma original; o mesmo se dá com o verbo reduzir" (que deriva igualmente do termo latino).
1 1 . A TÉCNCA DO CH IST E
vament vamentee o sentido sentido original comple completo, to, ta t a l como pode ser inferido inferido com segurança de um bom chiste O chiste chi ste do ter Fadian partiu de dois component sr N. sobre o roter componentes es : de um juízo depreciativ depreciativoo sobre o escritor e de uma lembrança da famos famosaa metáfora metáfora com que Goet G oethe he introduz os excertos do Diário de Otília" em Die Wahlverwandtschaen schaen [As af afnidade nidadess eletivas] eletivas] . A deselegante crítica teria teria talvez o seguinte sentido: sentido : "É este o homem, pois, que só sabe escrever, o tempo todo, folhetins enfadonhos nh os sobre sobre Napoleão na Áustria! ustria ! ". Mas Ma s essa formu formulação lação está longe de ser um chiste Mesmo a bela analogia de Goethe não é chistosa chis tosa,, muito menos voltada a fazer fazernos nos rir. Somente quando as duas são colocadas em relação e submetidas ao processo apropriado de condensação e mescla é que surge um chiste, e aliás de primeira linha. A conexão conexão entre entre o juízo depreciati depreciativo vo sobre o escritor de histórias enfadonhas e a bela imagem d �s afnidades eletivas te teve ve de ser produzida por razões que que não pos po s so ainda aind a explic explicar ar de um modo menos simple simpless do que que em muitos outros casos similares. Tentarei substituir 10
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falar de uma prátca pecular na Marnha Ma rnha nglesa nglesa.. ToTo1 0 Ouvmos falar das as cordas da frota real, da mas forte à mas fraca, são tecdas de tal modo que um o vermelho (roter Faden) corre por toda a sua extensão, sendo mpossve extraílo sem desfazer a corda intera Assm, até mesmo a menor parte da corda pode ser reconhecda como pertencente à Coroa Do mesmo modo, um o de afeção e dependênca atravessa o dáro de Otía, lgando todas as partes e caracterzando caracterzan do o todo" todo " (v 2 0 da Sophien-Ausgabe, p 2 1 2) . 11 Vale ndcar de passagem o quão pouco essa observação, que será repetda constantemente, constantemente, concorda com a armação de que q ue o chste sera um juízo lúdco
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O C H STE E SUA SUA R ELAÇÃO ELAÇÃO COM COM O NCON N CONSCI SCIENTE ENTE
a sua presumível gênese efetiva pela seguinte constru ção Primeiramente, o elemento do constante retorno do mesmo tema ao sr N pode ter despertado uma leve leve lembrança da conhecida passagem d �s afnidades eletiva, que em geral costuma ser citada, equivocadamen te, com as palavras "estendese como um o vermelho [es i ieht eht sich wie ein ter Faden] . O "o vermelho da metáfora exerce assim um efeito de modicação sobre a expressão da primeira frase, devido à circunstância acidental denta l de de que também o alvo da zombaria é "vermelho, isto é, tem cabelos cabelo s ruivos. A expressão poderia ser ag agora ora a seguinte: "Então este homem vermelho é aquele que escreve os enfadonhos folhetins sobre Napoleão. Co meça então o processo de condensação das duas partes em uma Sob a pressão desse processo, que havia encon trado na igualdade do element elementoo "vermelho o primeiro ponto de apoio, apoio , o "enfadonho "enfadonho [langweilig] assimilouse ao "o [Faden] e se transformou em d", podendo os dois componentes mesclarse então nas palavras do chiste, em que a citação, desta vez, tem praticamente mais participação que o juízo depreciativo, único fator certamente certamente presente desde o início iní cio Então este este homem homem vermelho vermelho [roter] é auele auele ue escreve escreve coisas chatas fde] sobre N O fo f o vermelho vermelho [rote [roterr Faden] Faden] ue s estende indefnidamente. Não é este aquele rote roterr Fadian Fad ian [ruivo chato] ue se estende pela história das conquistas napoleônic napoleônicas? as?""
1 . A TÉCNICA
DO CHIS E
Forn Fornec ecer erei ei uma u ma justicação, ação, ma m a s também também um u m a cor reção dessa exposição em um capítulo posterior, quan do poderei analisar esse ch chiste iste de outros pontos de vista vist a além do meramente forma formall O que que quer que haja nela nel a de duvido duvidoso so,, porém, porém, não é possíve po ssívell colocar colocar em dúvida o fato fato de que ocorreu aqui uma condensação O resultado da condensação é, de um lado, novamente uma considerável abreviação; abreviação ; de outro, outro, em vez da formação formação de uma mescla surpreendente de palavras, uma interpenetração dos ele mentos mentos de ambos os constituintes constituintes Roter Roter Fadi Fadian an" " pode ria valer sempre sempre como mera depreciaçã depreciaçãoo ; em nosso caso, trata tratase se certamente certamente do produto produto de uma condensação Se a esta altura um leitor se mostrasse indisposto com o nosso modo de pensar, que ameaça destruir o seu prazer com os chistes sem sem poder esclarecêlo a resres peito peito das fontes ontes desse prazer, praze r, eu lhe pediria pedi ria que, q ue, antes de mais nada, tivesse paciência Nós estamos apenas na técnica do chiste, cuja investiga investigação ção promete, sim, si m, con c on clusões, mas somente somente depoi de poiss de de ter sido sucientemente desenvolvida. Com a análise do último exemplo, estamos prepa rados para o fato ato de que, q ue, quando quan do encontrarmos o propr ocesso de condensação também em outros exemplos, o substituto do elemento suprimido pode não estar numa palavra composta, composta, mas numa outra outra modicação modica ção da d a expressão pressão Em outros chistes chistes do sr N veremos qual pode ser esse outro tipo de substituo Viajei tête-à-hête com ele" Nada mais fácil do que reduzir esse chiste Evidentemente, ele só pode signi car: Viajei têteàtête com X, e X é uma hesta".
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O CHSE E SUA R ELAÇÃ ELAÇÃOO COM O C ONSCIENT ONSC IENTEE
Nenhuma das duas frases frases é chistosa. Se a s juntamos numa frase: Viajei têteà-tête com a besta do X", essa é tão pouco chistosa quanto aquelas. O chiste somente se estabelece quando a besta" é deixada de fora e, para substituíla, o t" de uma tête é transformado em um "h, uma pequena modicação que é sucie suciente nte para trazer novamente à expressão a besta" suprimida. Po dese descrever a técnica desse grupo de chistes como condensação com ligeira modcação e se percebe que o chiste será tanto melhor quanto menor for a modicação çã o substituti substitutiva va.. É bem semelhante, embora não sem complicação, a técnica de outro chiste. Em uma conversa sobre uma pessoa com muitas virtudes virtudes e diversos diversos defeitos, defeitos, o sr s r N diz: Sim, a vaid vaidade ade é um d e seu seuss quatro caanhares de Aquiles"12 A ligeira ligeira modicação modicaç ão consiste consiste aqui em que, em vez de um calcanha ca lcanharr de Aquiles, que deve ser admi tido até mesmo nos heróis, falase em quatro Quatro calcanhares, portanto quatro pés, é algo que somente um animal tem Assi A ssim, m, os o s dois pensamentos pensamentos condensa condensa homem exce excepcional pcional,, a não não dos no chiste seriam: Y é um homem serpe serpella vvaidade; aidade; mas, ainda ainda assim, não não gosto gosto del dele; e; ele está ma pa para ra anima animall do que para para homem" homem".. 1 3 12 [Nota acrescentada em 1 9 12:] Parece que o mesmo chiste foi cunhado por Heine Hei ne a propósito de Afred de Musset 13 Uma das da s compicações da técnica nesse exemp exempo o está em que a modicação, que substitui a depreciação suprimida, tem de ser descrita como alusão a esta, pois só conduz a ela atravs de um processo inferencia Sobre um outro fator que complica aqui a técnica, v. adiante
11. A TÉCNI CA DO CHISE
Semelhante, mas bem mais simples, é outro chiste que ouvi in statu nascendi, num círculo familiar Havia dois irmãos no ginásio, um deles excepcional, o outro completamente medíocre Certa vez, o rapaz modelo vai mal na escola, o que leva a mãe a expressar a preocupação de que isso poderia ser o início de uma dura doura derrocada O outro rapaz, até então eclipsado pelo irmão, aproveitase da oportunidade. Sim", diz ele, Karl está retrocedendo em todas as quatro." A modicação consiste consiste aqui em um u m pequeno acrésci mo para assegurar a ssegurar que também em sua opinião o outro está retrocedendo O que essa modicação representa e substitui, no entanto, é uma apaixonada demanda em causa caus a própri própri a : Vocês Vo cês não não devem devem acreditar, de modo al gum, que ele seja sej a tão mais mai s intelig inteligent entee do que qu e eu apenas apen as porque tem tem mais sucesso na escola Na verdade, ele é um burro, isto é, é , muito mais burro do que eu" Um bom exemplo de condensação com ligeira modicação é oferecido por outro conhecido chiste do sr N , que armava, mava, sobre um personagem personagem da vida pública, pública, turo atr atrás de de si si" O chiste se que ele tem um grande futuro ref referia a um homem homem jovem que qu e parec parecia ia,, por sua origem, educação e talentos pessoais, pessoais, destinado destinado a assumir assumir a liderança de um grande partido político e chegar ao topo do governo Mas os tempos mudaram, o partido se tornou incapaz de governar, e cou evidente que mesmo o homem predestinado a ser seu líder não conseguiria recu perálo A versão mais reduzida capaz de substituir esse chiste seria: O hom homem em tinha um grand grandee futuro uturo diant diantee de si mas esse esse futuro aca acabbou" Em lugar do tinha" e da oração
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O CHISTE CHIST E E SU SUA RELAÇÃO RELAÇÃO COM O INCO NSCENTE NSCE NTE
subordinada, subordinada, a pequena pequena modicação ação na n a oração oração principal principal:: o diante é trocado por um atrás, seu contrário.14 O sr N. recorreu praticamente à mesma modicação no caso de um cavalheiro que que se tornara ministro da agricultura sem possuir pos suir título título algum, algum, a não ser o fat fatoo de trabalhar ele mesmo na agricultura. A opinião pública teve a oportunidade de reconhecêlo como o menos capacitado para assumir esse cargo. Quando, porém, ele já havia renunciado ao cargo e retornado aos seus inte resses agríc agrícolas olas,, o sr. N. disse o seguinte a respeito dele: dele : "Como Cincinato, ele voltou a seu lugar à frente do arado O romano, porém, que também fora chamado a sair de sua atividade agrícola para assumir um cargo, reto mou seu lugar atrá do arado. arado. Quem ca à fren frente te do ara ara do, tanto tanto antiga antigamen mente te com comoo hoje, é apen apenas as o boi * Temos outra bemsucedida bemsu cedida condensação condensação com ligeira modicação na história contada por Karl Kraus a res peito de um jornalista de segunda categoria, segundo segundo a qual este teria viajado a um dos países dos Bálcãs no Orienterpressug. Evidentemente, reúnemse nessa pa lavra duas outras outras : Orientexpressug (Trem Expresso do Oriente] e Erpressung (chantagem]. Nesse contexto, o elemento Erpressung aparece apenas como modicação Na técnica desse chiste opera ainda outro fator que deixarei para discutir mais adiante. Diz respeito à natureza da modicação em seu conteúdo (apresen (apresentaç tação ão através através do oposto, absurd absurd o) o) Nada impede a técnica do chiste chi ste de empregar diversos meios ao mesmo tempo mas só podemos conhecê-los um após o outro * Em alemão, Ock, que também signi signica imbecil" 14
DO CH ISTE 11. A TÉCNI CA DO
d o Orientexpressuges requerido requerido pelo ver verb o. Parecendo ser um erro tipográco, este chiste nos interessa também por outra razão. Poderíamos aumentar com facilidade essa série de exem ex empl plos os,, mas creio que não precisamos de novos casos para compreender melhor as características desse segundo grupo, a condensação com modicação. Se comparamos agora agora este segundo grupo com o primeiro, pri meiro, cuja técnica técnic a consistia consi stia na condensação com co m formação formação de palavras palav ras composta compostas, s, vemos facilmente acilmente que as dif d iferenç erenças as não são essenciais, e que as passagens de uma à outra são uidas Tanto a formação de palavras compostas como a modicação estão subordinadas ao conceito de formação por substituição, e, se quisermos, também podemos podem os descreve desc reverr a formação de palavras palav ras compostas como modicação da palavra original através do segundo elemento
[] Mas podemos fazer fazer aqui uma primeira pausa e nos no s per pe r guntar com que qu e fa fator já já apontado pela pel a literatura coinci coinci de inteira inteira ou ou parcialmente parcialmente o nosso primeiro primeiro resultado. Certamente com aquele da brevidade, que Jean Paul denomina a alma do chiste (v (v acima, p. 22). 22) . É claro que a brevidad brevidadee não é em si s i um chiste, pois poi s do contrário qualquer laconismo seria um chiste A brevidade do chiste tem de ser de um tipo particular. Lembremonos de que Lipps Li pps procurou procurou descrever descrever mais detalhadamente detalhadamente a particulari particularidade dade da brevidade brevidade chistosa (v acima, acim a, p. p . 23). Com Co m ef e feito, nossa no ssa investigação partiu daí e demonstrou
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O H STE E SUA RELAÇÃO COM O ICONS I CONSE E NE
que a brevidade do chiste é, com frequência, o resul tado de um processo particuar que deixa nas palavras do chiste um segundo vestígio, a formação substituti va. Mas na aplicação do procedimento de redução, que visa reverter o processo de condensação, descobrimos também que o chiste reside apenas na expressão verba produzida pelo processo de condensação. Naturalmen te, nosso nos so interesse se dirige agora a esse curioso proces so, tão pouco reconhecido até aqui. Ainda não podemos compreender, de modo algum, como dee pode surgir aquilo que há de mais vaioso no chiste, o ganho de pra zer que ee nos proporciona. Será que processos semelhantes a esses, que aqui descrevemos como técnica do chiste, já foram desco bertos berto s em outro domínio domín io das atividad atividades es psíqui psíquicas cas?? Ao menos em um u m domínio, único e aparenteme aparentemente nte muito muito remoto, sabemos que sim. Em 1900, publiquei um i vro que, como indicado no títuo (A interetação dos sonhos), empreende a tentativa de esclarecer o que há de enigmático nos sonhos e apresentálo apresentálo como co mo consequência de uma atividade psíquica norma. norma . Encontrei aí ocasião para estabelecer uma oposição entre o conteúdo mansto do do sonho, muitas vezes surpreendente, e os pensament pensamentos os latentes latentes no sonho, inteiramente lógicos, nos quais ele se s e origina; origi na; e desenvov desenvovii uma investigaçã investigaçãoo dos processos que criam o sonho a partir dos pensamen tos atentes, bem como das forças psíquicas envovidas nessa transformação À totaidade dos processos de transformação eu denomino trabalho do sonho, e, como parte parte desse d esse trabalho, tra balho, descre descrevi vi um u m processo de conden conden
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11. A TÉCNCA DO C HISTE
sação que, qu e, no modo como conduz à abreviação abrev iação e a for for mações maçõe s substit substitutiv utivas as de mesmo cará ca ráter, ter, revela revel a grande grande similaridade com a técnica do chiste Cada indivíduo poderá se lembrar de algumas formas compostas de pessoas, e também de objetos, que costumam apare cer nos sonhos; aliás, o sonho também constrói pala vras compostas compostas que podem ser se r decompostas decompos tas na análise (por exemplo, Autodidasker = Autodidakt + Lasker) 15 Outras vezes, e aliás com muito maior frequência, o trabalho onírico cria não formações compostas, mas imagens que, salvo por um acréscimo ou modicação proveniente proveniente de d e outra fonte, lemb le mbra ram m perf pe rfeitamente eitamente um objeto objeto ou ou uma pessoa modicações, portanto, como aquelas nos chistes chistes do sr N Não podemos duvidar duvi dar de que, aqui como como lá, lá , temos diante de nós o mesmo pro cesso psíquico, que podemos reconhecer no idêntico funcionamento em ambos os casos Uma analogia de tão largo alcance entre a técnica do chiste e o trabalho onírico onírico fará fará certamente crescer o nosso interesse pel p elaa primeira, além alé m de de estimular em nós a expecta expectativ tivaa de en en contrar muitos elementos na comparação entre o chiste e o sonho para melhor compreender o chiste. Mas nos abstenhamos abstenhamos por ora de entrar nessa ne ssa empreitada, empreitada, tendo em vista que a nossa investigação investigação da técnica se lim l imiitou a um número pequeno de chistes e não nos permitiu saber se a analogia que que queremos seguir permanecerá válida. Afastemo-nos, Afastemo-nos, pois, da comparação comparação com os o s so nhos, nho s, e voltemos voltemos à técn té cnica ica do do chiste, deixando esta nos1 5 A interpretação dos sonhos, 1 9 00 p 206 [cap. [cap. VI A , m, 5].
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