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Ana Maria Ma ria Mendez Me ndez Gonz González ález
Você sabe sabe (mesmo) (m esmo) ler?
Leitura, Leitura, o suti sutill mundo das palavras palavras Edições Anagon Junho 2007
© Copy Copyright right de Ana A na Maria Mar ia Mendez González González Prime Pr imeiira edição: julho 200 20077 Você sabe (m ( m esmo) esm o) ler? Leit Leitura, ura, o sutil sutil m und undoo das palavras
Capa: Paulo P aulo Papaleo Pa paleo Diagram ação: aç ão: Cons Consttantino antino K. Riem m a Assist Assistênc ência ia edi e dito torial: rial: Ana Cláudia láudia Va Varga rgass Digitalização: WBragat
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A meu me u pai, que me ensinou o amor aos livros
Agradecimentos
Ao Luiz Monteiro, Monteiro, pelo pe lo estímulo contí c ontínuo; nuo; À Ângela Kleim Kleim an, pelas palavra palavrass gener generos osas: as: "Não "Não deixemos deixem os que esta cham a se apague" apa gue";; À Ana Cláudia láudia Var V argas, gas, pela leitura a tenta dos origi originais, nais, inúm inúmer eras as sugestões sugestões e parce par ceria ria;; A Maria Mar ia Ivonete Busn Busnar ardo, do, pelas pelas trocas e, e , principalme principalment nte, e, pela pe la presença pre sença amiga; Ao Roberto Roberto Sam essim essim a e a todos todos os am igos igos e am igas, igas, que que confi c onfiar aram am no meu me u trabalho e est e stiv ivera eram m comig com igoo neste neste cam c am inho; inho; E à vida, vida, pela pe la oportunidade oportunidade de todos esses encont enc ontros. ros.
Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil face facess secretas sec retas sob sob a face face neutra neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, terríve l, que lhe deres: de res: Trouxeste a chave? Carlo ar loss Drumm Drum m ond de de Andrade A ndrade
Prefácio
o século passado, os chamados recursos à disposição da sociedade eram: capital, trabalho, maquinário e terra. Atualmente, todos esses recursos foram superados por ura outro: o conhecimento. Vivemos na era do conhecimento. Os especialistas dizem que ele é a principal moeda ou recurso do nosso século. Por outro lado, afirmam que a leitura é a principal fonte disponível para a aquisição desse conhecimento. Sendo verdade o que está escrito acima, os cursos e textos escritos pela Profa. Ana González real rea lm ente ente faz fa zem a difere diferença. nça. Não são são um m ero mod m odiismo. É verdade que muitos leitores estão resignados com o padrão de leitura em que se encontram, não acreditando na possibilidade de melhoria. Outros estão descrentes dessa possibilidade em razão das promessas mirabolantes de livros e cursos de leitura rápida. Melhorar o rendimento nas leituras é um desejo de todos, principalmente dos candidatos que enfrentam a maratona dos concursos. Há algum algum tem po atrás, tiv tivee a opo oportun rtunid idade ade de part par ticipar icipar de um semin sem inár ário io de Técnicas Té cnicas de Leit Le itura ura Analíti Analítica ca,, também tam bém li com m uita uita atenção atençã o este este origi original. nal. Acredi Acre dito to que hoje pratico pratico uma um a leitura leitura m ais analítica, com um grau mais elevado de compreensão e até mesmo com um aumento na velocidade. Além do profundo conhecimento e paixão pelas técnicas de leitura, Ana González, bacharel e mestre, traz uma bagagem de conhecimento invejável na Língua Portuguesa. Para o domínio da leitura é necessário também o domínio do idioma e, portanto, o trabalho desta autora leva uma enorme vantagem. Este é o livro que faltava nas livrarias e que de agora em diante poderá ser o livro de cabeceira dos bons leitores. Finalmente, o título que ele apresenta é interessante e provocativo. Realmente esta é uma pergunta per gunta desaf de safiador iadoraa : Você sabe (m e smo) sm o) ler? le r? Luiz Monteiro Auditor Auditor Fis Fisca call da Receita Rec eita Federal Feder al do Brasi Bra sill Coordenador Pedagógico do Pró-Concurso
Carta Cart a ao Leitor Leitor
Qual Ioga, I oga, qual nada! A me m e lhor ginásti ginásticc a respir re spiratóri atóriaa que existe é a leitura, em voz alta, dos Lusíadas. Mário Quintana
Sabem os mesmo me smo ler? Cont Contam am os com recursos re cursos eficientes? eficientes? Estas Estas perguntas perguntas nem sempre sem pre são objeto obj eto de nossa reflexão, até o momento em que precisamos dessa habilidade. E o que ocorre quando ela é chamada a agir? Nesse momento, podemos nos ver em apuros e, então, podemos chegar à conclusão conclusão de que a qualid qualidade ade de nossa nossa leitu leitura ra talvez talvez estej estej a longe longe de m erec er ecer er elogio elogios. s. Podemos Podem os argument argume ntar ar como c omo defesa, que ela nem sempre é necess nec essária ária no di dia a dia. dia. Por que, em meio às rotinas diárias, nos preocuparmos ainda com questões não urgentes? Também nos lembramos de que o diagnóstico da competência da leitura nas instituições escolares brasileiras nos tem colocado a par de uma situação difícil de ser resolvida em curto praz pra zo. Muitos Muitos são os problem proble m a s nessa ne ssa áre á reaa educa educ a c ional e m uita uita s são tam bém a s suas alternativas alter nativas de resolução, seja na área política, seja na cultural, na maioria das vezes fora de nossa competência com petência indi indivi vidual dual.. Bem Bem ... Por que m e preocupar com isso isso?? Porém , há moment mom entos os em tem os qu quee ler. E ler ler bem . Pois, foi em sala de aula que pude observar essa necessidade de perto, nos idos de 2001, quando saí em busca de bibliografia na área. Tenho procurado compor, desde então, um exercício docente que possa juntar elementos da farta teoria disponível sobre o assunto a muitos exercícios práti prá ticc os com c om a intenç intenção ão de ofere ofe rece cerr à s pessoas pe ssoas um m odelo e ficiente fic iente de leitura. A a m plia plia ção çã o de seus conceitos a respeito dessa experiência é consequência direta e, talvez, inevitável. Importante dizer que a referência bibliográfica básica para o desenvolvimento desta metodologia é Ângela Kleiman da Unicamp e do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), cujos livros são citados no final deste livro. A experiência anterior que tive de magistério no ensino médio, durante duas décadas, juntou-se à dos últimos sete anos, no curso superior e à de outros cursos fora do ensino regular. As dificuldades e a confissão de uma insatisfação nessa área são muito mais comuns do que se poderia poder ia imagina im aginar. r. Ao longo desse período, pude verificar que a necessidade de uma boa leitura é hoje um problem proble m a real re al e requisi re quisito to essencial essenc ial de m uita uita s ativida atividades des profissi pr ofissionais onais e aca a cadêm dêm icas. ica s. Algumas observações dessa experiência docente com públicos diferentes, em cursos regulares e de outras naturezas, servem neste momento para a compreensão de peculiaridades dessa experiência tão particular. particular. Esta metodologia foi desenvolvida inicialmente em sala de aula de cursos universitários regulares: Pedagogia, Comunicação Social, Administração de Empresas e Tecnologia de
Acresça-se a esses primeiros objetivos, ura outro: possibilitar aos alunos competências de boa leitura para acompanhar as diferentes disciplinas, fazendo-os aptos a funcionar o mais próximo possíve possívell do que se esper e speraa de um a luno unive universitár rsitário. io. Pude também aplicá-la em um grupo 2 que lida com alunos de escolas regulares que exigiu de mim atenção a outros aspectos da questão. Este grupo desenvolve um trabalho voluntário com um público infantil e adolescente com graves problemas de compreensão. Seus participantes prec pre c isavam isava m c onhecer onhec er o proce proc e sso de leitura e se desenvolver dese nvolver c omo om o bons leitores. leitore s. Sendo voluntários transformados em professores seriam assim melhores mobilizadores dos trabalhos e modelos de leitura para seus alunos. Quem sabe, agentes divulgadores da leitura nessas comuni com unidades dades de seu trabalho? trabalho? Um outro outro grupo de de Ter Terce ceira ira Idade Ida de 3 realizou as atividades sempre com a presença do gosto pela cultura cultura e lazer azer,, com uma boa dose dose de liberdade liberdade e grande gra nde cri cr iativi atividade. dade. Estes dois últimos grupos citados despertaram necessidades de adaptação da metodologia a suas necess nece ssid idades, ades, enriquecendo enriquece ndo assim assim m inha inha reflexão r eflexão a resp re speit eitoo dela. De diferente natureza, porém, é a experiência de trabalho com candidatos a uma vaga em concurso público4. Na verdade, essa prática tem me proporcionado destreza na aplicação do método. O tempo para a realização das oficinas é muito exíguo e a necessidade dos indivíduos, que não têm tempo para questões teóricas, é muito grande. Acrescente-se a esse quadro que os grupos grupos costuma costumam m se apresent apre sentar ar m uito uito heterogêneos quanto quanto ao gênero, à idade, idade, à classe social social e à formação escolar e intelectual. Trabalhar com todos esses grupos, em que os participantes, além de objetivos diferentes, apresentavam um perfil diferenciado me proporcionou um refinamento da metodologia. Também me vi diante de uma pergunta essencial: como conduzi-los à leitura? Entenda-se: como conduzi-los a esse tipo específico de leitura e, ao mesmo tempo, como ampliar seu conceito dessa ati a tivid vidade ade.. Cheguei assim a um ponto chave: em que mundos vivem os leitores? De que realidades parti par tilham lham ? A escolha e scolha dos textos foi determ dete rm inada a partir pa rtir desses de sses universos referentes a cada um desses cursos, porque somente uma leitura motivada pode realmente ser eficiente. Acreditei que somente uma escolha adequada de textos poderia induzi-los a uma postura postura c apaz apa z de despertá despe rtá-los -los para pa ra a atençã ate nçãoo nas na s questõ que stõee s mais m ais téc nicas nica s que e xistem xistem a trás trá s do ato a to consciente consciente de ler. E, apesar de tão variadas situações didáticas, pude constatar que as necessidades de todos os grupos eram de natureza semelhante: problemas de compreensão, de atenção e de fixação de conteúdos. As mesmas reclamações se repetiam em todas as situações. E todo todoss tam tam bém tiveram uma reação rea ção semel seme lhante hante à troca de exp e xperiênci eriências, as, que, que, inesperadam inesperadam ente, ente, mostrou-se sempre muito positiva. Percebi que esta troca de informações além de fortalecer e m otiv otivar ar todos todos os meus me us alunos alunos,, também tam bém am plio pliouu a compree com preens nsão ão do universo universo da leitura. leitura. O fato fa to é que por ser uma um a habilid habilidade ade teoricam ente conqui conquistada, stada, não é agradáve a gradávell per perce ceberber-se se com dificuldades, sensação muitas vezes tornada um verdadeiro peso. Portanto, se você é estudante universitário, deseja prestar um concurso público, está elaborando
A intenção é que esta competência - com suas delicadezas - seja compreendida em suas possibil possibilidade idadess e , principalm princ ipalmee nte, desenvolvi dese nvolvida da.. Qua Quando ndo o m ateria ate riall a ser lido lido e e studa studa do se avoluma em uma vasta coleção de títulos, devemos nos colocar algumas perguntas. Com que recursos eu posso contar? Sei como age o leitor crítico? Que características devo ter para me tornar tornar um deles? Felizmente, há abordagens atuais do assunto que possibilitam o desenvolvimento de uma eficiência ledora. A partir de algumas delas e de minha experiência em sala de aula, desenvolvi este trabalho. Descobri tam tam bém que, por por incrível incrível que que pare pa reça ça,, o ato de ler evol e volui ui.. Na teoria e na prática. a primeira parte deste livro, você encontrará indicações de preparo para a leitura e verá que ela é uma atividade que requer atenção desde o momento anterior a sua efetivação. a segunda parte, será o tempo de conhecer os passos do seu contato com o texto e de saber algumas informações a respeito dele, tais como seus níveis e estruturas. Paralelamente, serão apresent apre sentados ados recursos par paraa que você tenha uma um a adequada a dequada postu postura ra de análise, análise, reflexão re flexão e crít c rítica. ica. As bases teóricas são mencionadas nas referências bibliográficas. Elas têm a função de emprestar a este texto consistência técnica, mas serão tratadas de acordo com a importância que apresentam a você e ao público deste texto, leigo e distante das questões teóricas específicas às letras. O vocabulário técnico será diluído na intenção de não se incorrer em excessos terminológicos. a terce er ceiira parte, com o uma extensão extensão natural, indi indica cam m os duas duas téc técni nica cass de estudo, estudo, na na intençã intençãoo de m elhorar elhorar sua sua organiz organização aç ão pess pe ssoal oal e a m em orizaç orização ão dos conteúdos conteúdos:: a fol f olha ha de regi re gist stro ro e o diár diáriio de bordo. Por fim, saiba qual é a natureza dos textos com que lidamos neste livro. Ainda que possa servir também para os textos literários e outros do mundo contemporâneo, esta metodologia é aplicada apenas a textos informativos, às vezes de caráter dissertativo. Ou seja, aquele tipo de texto presente pre sente principalm princ ipalmee nte nos m omentos om entos de pesquisa e de e studo. studo. Se rá bom poder e xplorálos xplorá los em em toda a sua extensão e infinitas possibilidades. A organização deste texto tem como objetivo principal proporcionar a você instrumentos para tornar tornar essa experiência exper iência em inentem inentemente ente cogniti cognitiva va e intel intelec ectu tual al mais m ais produtiva nas situaç situações ões e m que ela se faça fa ça necessá nec essária ria,, soluc soluc ionando a s nece nec e ssidade ssidadess básicas básic as de todo o leitor. Mas, como um segundo objetivo, talvez um desejo, gostaria que a leitura deste livro significasse também tam bém a descoberta de scoberta de um m und undoo de detalhes detalhes e sutil sutilez ezas. as. Há no mundo dos textos, em meio às palavras, a revelação de uma estética especial, bem de acordo com a complexidade do ato da leitura. Um terreno sutil de percepções delicadas, no qual se mesclam relevos construídos pelos múltiplos significados de palavras e pelas surpresas de seus encontros nas frases, intertextualidades, caminhos transversais. Tudo repleto de possibilidades e de aberturas. abe rturas. Em clim clim a de quase m istério istério.. Ou seja, sej a, car c aroo leit leitor, or, o cam inho para a boa leitura leitura pode ser, além do que que se imagi ima gina na inici inicialm almente, ente, surpre surpreendente. endente. Uma experiência m uit uito peculiar peculiar.. Cada um de nós tem uma história de leitura que está sempre viva na memória. Esse repertório
sempre sem pre m uito uito par parti ticulares. culares. Daí, Da í, ser serm m os obs obser ervadores vadores de nossas nossas dificuld dificuldades ades e visarm visarm os sem sem pre o aperfe aper feiçoam içoamento ento de de nossas nossas habili habilidades. dades. Você conhece quais quais são as suas? Está Está em e m suas suas mãos m ãos a admini a dminist stra raçã çãoo de todo todo o processo. processo. Podem Podem os começar? começ ar? Mãos à obra! obra !
1 Cursos Cursos do Centro Centro Universi Univer sitário tário Salesiano Salesiano (UNISAL), (U NISAL), cam c am pus São São P aulo. www.unisal.com.br . 2 ACL, instituição que desenvolve um trabalho de voluntariado em escola do Jabaquara e outras. www.acl.org.br . 3 Grupo do Centro Centro Universitár Universitário io Salesiano Salesiano (UNISAL) (UN ISAL) cam c am pus São São Paulo. P aulo. 4 Pró-c P ró-concurso oncurso,, curso c urso preparatóri prepar atórioo para par a concursos públ públicos icos.. www.proconcurso.com.br .
Parte I
Meus Me us filhos filhos terão computador com putadores, es, sim, mas antes terão livros. livros. Sem Se m livros, sem se m leitura, leitura, os nossos filhos filhos serão incapazes de escrever - inclusive a sua própria história. Bill Bill Gates Gate s
1. Leitura, questão de qualidade
Preparar-se para atividades de pesquisa e de estudo significa depararmos com horas e horas frente fr ente a m uitos uitos liv livros, ros, apos a posti tilas las e textos textos de internet. O material a ser lido parece não ter fim. Significa também ter que ler e memorizar em um tempo escasso uma grande quantidade de informações das muitas disciplinas de acordo com os editais e ementas, além da bibliografia indicada para análise em cada uma das situações possíve possíveis. is. Da leitura de todo esse material depende a vaga desejada, o diploma ou certificado, algo enfim que tem um valor muito especial. Aparentemente uma tarefa simples, uma competência garant gara ntiida. Não foi na infâ infância ncia que aprendem apre ndemos os a ler ler?? Comumente, a leitura é percebida dentro da vida diária e até nas situações escolares, como algo á resol r esolvi vido. do. Pare Pa rece ce até tarefa tare fa pou pouco co relevant re levante, e, dentro do quadro de mui m uitas tas out outra rass preocupações. preocupaçõe s. Mas é da qualidade da leitura que depende o desempenho nos concursos, provas e diplomações. Depende dela a boa com preens pree nsão ão dos texto textoss e a incorporaç incorporação ão dos conteúdos conteúdos.. Depende Depe nde dela nossa nossa capacidade para atingir os objetivos propostos. Complexa e de caráter mental, a leitura exige muitos cuidados para ser de boa qualidade, exigênci exigênciaa fundament fundame ntal al para para qu quee a tarefa are fa não seja sej a em e m vão. É experiência muito familiar a todos nós voltar e voltar de novo ao parágrafo anterior, trabalho de Sísi Sísifo fo sempre sem pre incompl incom pleto, eto, tendo tendo a impressão im pressão de que não gravam gra vam os nada. nada. "Dispersão, de novo? Será que é somente comigo que isso acontece?", você também já deve ter se pergun per guntado tado com certo ce rto constrangi constrangim m ento, ento, desconcertado desconcer tado.. Aprender a concentrar-se é importante para ter o melhor aproveitamento possível. Observe nos próximos próxim os capít ca pítulos ulos a descr de scriçã içãoo de alguns cuidados c uidados inic inic iais que podem pode m a j udar a m a nter a atençã ate nção. o. Vam os lá? lá?
2. O cenário externo
Reclamações habituais falam de dificuldades de concentração e de necessidade de técnicas de
Porém, nem sempre há preocupação com o preparo da leitura. Você já pensou em cuidar disso? a verdade, pequenos cuidados na rotina da leitura podem cooperar para a concentração o que, por sua vez, poderá a j udar na m em oriza oriza ção. çã o. Vários aspectos concorrem nesse sentido, desde o arranjo do espaço e a postura física adequada até a boa iluminaçã iluminação, o, ainda ainda que tudo tudo iss issoo pareça pare ça estranho à prime ira vista. vista. Por exemplo, para um corpo cansado, um relaxamento de dez ou quinze minutos antes de se sentar para estudar pode fazer muita diferença. A negociação com a família a respeito de silêncio silêncio ou ou privac privaciidade é também tam bém im portante portante para par a com por o quadro quadr o apropria apr opriado do a o e studo. studo. Um a cadeir ca deiraa a dequada dequa da e a postura postura c orreta orr eta da coluna também podem propiciar a ativação de uma melhor oxigenação cerebral. Uma boa iluminação para proteger a saúde dos olhos também é importante. Ter o material de estudo organiz organizado - canetas, ca netas, lápis lápis,, borracha borrac ha e papel - evita evita sua sua falt fa ltaa no mom m omento ento oportu oportuno no da anot a notaç ação. ão. Ler com fundo musical também não é uma boa ideia, pois pode significar a divisão das energias dispon disponív íveis eis entre duas tarefa tare fas. s. Essa preparação, como um pequeno ritual, pode auxiliar a apreensão cognitiva. O estado de atenção necessário à boa leitura depende de uma continência corporal adequada e de um ambiente propício, iluminado adequadamente e silencioso. Construa onstrua um cenário ce nário que que colabore para par a o est e stado ado de atenção a tenção necessário nec essário ao tra trabalh balhoo mental m ental.. Todos Todos esses elemento elem entoss devem ser levados mui m uito to em conta conta se temos tem os int intençõe ençõess de est e studo udo ou ou de pesquisa, pesquisa, situações em que o leitor não poderá prescindir deles. a verdade, ler uma revista ou jornal na sala de espera de um consultório dentário ou médico, dist distra raid idam am ente, não requer estas deli delica cadez dezas, as, não é m esmo? esm o?
3. Outro cenário, o interno
a verdade, ver dade, a leitura leitura com c omeç eçaa "dentro" "dentro".. Além Além do cenário exter externo no há há ura int interno, er no, que tam tam bém necess nece ssit itaa de atenção atençã o e que é um pou pouco co m ais difícil difícil de ser percebid perc ebido. o. Essa Essa dificul dificuldade dade acont a contec ecee porque os esquem esque m a s em ocionais ociona is ne ne m sem pre são observa obse rvados, dos, em bora nos acom ac ompanhe panhem m todo o tempo. Cansaço físico? Estresse de sexta-feira? Briga em relacionamento? Sabe aquela ansiedade? Aquela Aquela preocupaçã pre ocupaçãoo com a cont c ontaa que tem que ser paga? O rece re cebi bim m ento de dinhei dinheiro ro que não aconteceu? Tais preocupações, preocupaç ões, emoções em oções cotidi cotidianas, anas, devem ser neutraliz neutralizadas para que a açã a çãoo de sentarsentar-se se para par a a leit le itura ura não sej se j a inútil. inútil. Ler Le r com c om c ansaço, ansa ço, com c om sono, com frio, fr io, cora fom e , com dor, não nã o aj uda a compre c ompreender ender o texto. texto. Administ Administra rarr ess e ssas as variações variaç ões deve ser ura trabalho reali re alizzado com objeti obje tivi vidade dade e pod podee gerar ge rar dife difere renças. nças. Mini Minim m izar izar os sin sinttomas om as é fundamental fundam ental em algum algum as fases fa ses da vida. E afinal de contas, há um estresse óbvio no momento de finalizar um curso ou no desejo de mudança profissional. Exercícios de respiração e pequenos alongamentos podem ser positivos na construção da
neutra neutrallizaç ização ão do cam ca m po emocio em ocional. nal. Você deve de ve obser observar var a afetaçã afe taçãoo do cam ca m po de de atenção a tenção provenientes provenientes de de tais variações variaçõe s físi física cass ou ou em ocionais ocionais,, externas e internas. internas. Cui Cuidar dar dess de sses es aspecto aspec toss nem sempre sem pre nos parece pare ce importante, importante, m as, na verdade, as emoções podem ser bastante perturbadoras da ordem necessária. Você está confortável, em um lugar lugar agradáve a gradávell? Sente-se bem inter nternam namente? ente? Então Então vam os adiante?
4. Qu Q uando ando começ c omeça a a leitura? leitura?
Ledo engano pensarmos que a leitura começa quando focalizamos os olhos nas palavras de uma página qualquer. qualque r. Ela inic inic ia antes ante s e ultra ultrapa passa ssa o m omento om ento de sua rea re a liz lização. aç ão. Como e por que isso isso ocorre? O bom leitor, em geral, tem um desejo a ser cumprido, sabe o que vai procurar. Tem um objeti obje tivo vo determ determ inado. inado. Já escolheu escolheu o texto texto e sabe para que vai lêlê-lo lo.. Estabelece Estabelece previamente previam ente uma um a expectat expec tativ ivaa em e m relação relaç ão ao a o conteúdo conteúdo escolhid escolhido. o. Ao longo da leitura, se ele estiver realmente envolvido, saberá discriminar se houve uma frustra frustraçã çãoo de expectat expec tativ ivas as ou a sua efe tivaçã tivação. o. Por exem plo, plo, se se escol e scolher her um texto de de determ inado assunt assuntoo para estudar, estudar, a partir partir dessa escol e scolha ha j á tenho tenho uma série de elem entos entos infer inferid idos os.. No meu me u pensam pensam ento j á se cons c onstroem troem refe re ferê rências. ncias. Minha Minha leitura eitura j á come c omeçou. çou. Identificar a intencionalidade da leitura de determinado texto, ou seja, ter claros os objetivos dessa tarefa e levantadas algumas hipóteses de leitura, são importantes passos para que o leitor tenha antecipada a compreensão das ideias que ele espera encontrar. Essa postura consciente prepa pre para ra a leitura e m otiva otiva a a tenção tenç ão do leit le itor. or. Por outro lado, os resultados dessa atividade continuam após o tempo de sua execução. O texto perm per m a nece nec e arquiva a rquivado, do, podem os diz dize r, em e m nosso repertório repe rtório m e ntal. As informações, que são acrescentadas a cada nova leitura, ficam disponíveis no campo da memória e podem ser usadas na formação da rede de ideias que compõe nosso arquivo pessoal. Quando são bem apreendidas tais informações se organizam em campos, em relação a nossos interesses cognitivos. É assim que se forma nosso conhecimento, a partir das leituras que fazemos e dessa dessa el e laboração das info inform rmaç ações ões em redes. De maneira dinâmica, espelhando o desenho de sinapses cerebrais se conectando, os dados coletados em cada nova leitura se ligarão a outros. Assim, vamos aumentando a quantidade de nossas informações a respeito dos vários assuntos de nossa preferência. Um capítulo de livro ou uma reportagem jornalística pode fazer diferença em nossa história de leitores. Observe como você tem alimentado seu repertório de ideias, como tem sido a construção de sua história de leitura. Todos os textos são diferenciais importantes. E a qualidade da apreensão desses conteúdos mais do que tudo.
ver?
5. Um diálogo pouco convencional
Você agora, sabendo o que vai procurar e tendo-se preparado adequadamente para a tarefa, está em condições condições de est e stabelec abelecer er um diálog diálogoo com o texto texto.. A mais importante chave de um leitor consciente e bem formado é a percepção de que sua tarefa é de interlocução. Aí está a grande magia pela qual os significados são apreendidos: ler como se houvesse uma espécie de conversa interna com o objeto. Por essa característica, o ato de leitura é uma tarefa ativa, em que você se coloca em postura de contato com um texto que, por sua vez, expressa a intencionalidade de um autor. Esse autor está como que escondido atrás das palavras que escolheu para expressar suas ideias. Ele tem uma intenção que dirige essa escolha. Pois é com esse alguém que se expressou e que permanece implícito que você vai travar contato. Tal contato, por sua vez, deve ser neutro e ausente de nossos particulares pensamentos. Pois, quem disse que vamos à leitura sem nossa carga emocional e intelectual? Também temos intenções de leitura que muitas vezes se misturam a nossos pensamentos e emoções. Essa intromis intromissão são ocorre fre f requent quentem em ente e não será nun nunca ca total totalm m ente anulada. anulada. Assim, é muito comum que os indivíduos interpretem as ideias de um texto misturando-as às suas próprias própr ias opiniões. opiniões. Juntame Juntam e nte c om a s cre cr e nças nça s e em oç oções, ões, tais opiniões opiniões são elem ele m entos que se incluem no momento da leitura de forma delicada e intensa. Servem de pano de fundo para nossa nossa leitura leitura e m uitas uitas vezes vezes confun c onfundem dem e pervertem perver tem nossa nossa compre c ompreensão ensão do que está sendo lid lido. o. A discriminaçã discriminaçãoo entre entre umas um as e outra outrass é de fundamental fundam ental importância para que a leitura eitura sej a neutra e, a partir daí, crítica e reflexiva. Esse repertório pessoal deve ser percebido e colocado em adequada perspectiva, para que não atrapalhe a compreensão do texto. Mas, ele não pode ser totalmente anulado. Sair desse estado de de âni â nim m o opinati opinativo vo e procurar procura r uma um a visão visão mais m ais clara e crít cr ítica ica é o tra trabalh balhoo a ser feito. Nesse caso, devemos retomar o caminho das palavras. É nelas que está o sentido que se busca. busca . É a parti par tirr delas de las que podem pode m os separa sepa rarr o que é do autor a utor e o que é nosso. As ideias estão vinculadas inexoravelmente (num texto escrito) às palavras escolhidas pelo autor. Ficar pertinho delas, é bom palpite. Elas formam blocos, que se juntam em frases, que por sua vez, formam parágrafos que organizam os capítulos etc. Tudo orquestrado pela intenção do autor, que ao escrever, também já conversava com seu possível leitor. É essa interlocução com as palavra pala vras, s, arra ar ranj njada adass em uma um a teia linguísti linguística ca,, a chave c have para par a a leitura de qualidade. qualidade . Tem sido sido int inter eressant essantee detectar que as pess pe ssoas oas têm pou pouca ca habili habilidade dade de obser observaçã vaçãoo das palavras e da pontuação, para lembrar neste momento apenas dois dos elementos formadores da rede verbal dos textos. É como se fosse possível as ideias chegarem a nós por meios mágicos, vindas da página escrita diretamente para o centro de nossa cabeça.
corpo dá-se o nome de textualidade, formada por palavras, organizadas por certas regras e convenções, conv enções, em frases e parágrafos pará grafos.. É necessário que se desenvolva a observação dessa materialidade linguística do texto. Esse material linguístico é útil por ser doador de pistas para o leitor. E é com esse corpo verbal que você deve elaborar seu diálogo, que deve ser cuidadoso, visto que é nesse objeto que se encontram as marcas das intenções do autor. Tais marcas são recursos importantes para que se evite evite a interfe interferê rência ncia do repert reper tório das das nossas nossas ideias. ideias. Como Como você pod podee perc pe rceber eber,, o relacio relac ionam namento ento de um leit leitor e seu obj obj eto, o texto, exto, tam tam bém apresent apre sentaa questões questões que requerem re querem cuidados delicados delica dos.. Todo relacionamento é a ssiim , não não é m esmo? relacionamento é ass Abaixo descrevo como um mesmo texto foi elaborado em duas oficinas, com resultados de leitura diferentes, pela natureza dos grupos, sem que isso configure inadequação na interpretação do texto. O texto texto abaixo tra trans nscr crit itoo é de um j ornal diár diário io de de veiculaç veiculação ão nacio nac ional: nal: "No Brasil não conhecem nossa realidade", diz Daniel, 19, soldado israelense no front
Colaboraç olaboração ão para par a a Folh Folha, a, em e m Avivi Avivim m (front (fr onteira eira Israel-Lí Israe l-Líbano) bano) São garotos de 18 a 21 anos, com sonhos de viajar pelo mundo e de voltar para a casa da mãe, encontrar a namorada e sair para se divertir. Há uma semana estão acampados em barracas verdes, dormindo pouco, em média quatro horas por noite, e comendo rações militares. E disparando com artilharia pesada contra o sul do Líbano. Sabem que suas bombas podem atingir civis. "Estou defendendo o meu país. É claro que me sinto mal se ouço que morreram civis do outro lado. as acho que eles não ligam muito se estão mirando os Katyushas contra as nossas cidades", diz um deles, em referência aos foguetes usados pelo Hizbollah. precis prec isoo fazer fazer a mesma m esma pergun pe rgunta ta quatr quatroo vezes ve zes até que o jovem soldado soldado ouça. ouça. "Sabe como c omo é, uma emana disparando, com todo este barulho... ", explica, antes de retirar os tampões de ouvido, que ouco ajudam a aliviar os estr e strondos. ondos. Quando um jornalista chega perto, os rapazes se reúnem, curiosos. Eles têm a guerra nos rostos, uma expressão de preocupação que some quando ainda surgem sorrisos juvenis. Estão cercados or montes de munições e barracas militares. São puro suor, fedem a 35ºC. as querem mostrar que são meninos, e um deles começa a cantar uma música. Alguns acompanham e batem palmas, outros só observam. conversa varia de futebol a política e a morte de civis. Daniel, de 19 anos, um rapaz gorducho de pele morena, quer saber o que acham da guerra no Brasil, mas logo diz: "Acho que no Brasil não conhecem a nossa realidade aqui". Outro, que está nos últimos três meses de serviço militar, diz que não liga para o que mundo pensa. "Só me importa a situação dos cidadãos de Israel neste momento. Se não estivéssemos aqui, os terroristas estariam no nosso lugar", opina. Os canhões de artilharia estão posicionados em um campo agrícola no norte de Israel. É proibido divulgar a localizaç localizaç ão exata. e xata. "Somos um alvo estát e stático", ico", analisa analisa um oficial. oficial. Os meninos são alvos estáticos e sabem que podem matar civis, tema que volta sempre. "Não
mesmo sentindo falta da mãe, da cama e da namorada, em nome da defesa do país. Mas sabem que estão fazendo guerra de verdade, e o medo se revela em suas faces. M.G. (Folha de S. Paulo. 22/07/2006)
A leitura seguiu, nos dois casos, o padrão comumente utilizado nas oficinas, iniciando por uma prime prim e ira leitura e m silê silê ncio, seguida pe pela la exposi e xposiçç ã o de ideias ide ias gera ge rais is por por parte pa rte do grupo. As prim prim eiras ideias ideias apresentadas a presentadas nos nos dois dois exercícios exer cícios de form a assist assistem em ática ática foram : o ter terroris rorism m o, a guerra guer ra e a j uventude, uventude, o sofrime sofriment ntoo dos dos jovens. A diferença entre os dois grupos aconteceu na segunda leitura, a cada parágrafo ou frase lidos e discutidos. O primeiro grupo mostrou-se sensível às questões da guerra, dos lados envolvidos, levantou opiniões a respeito da motivação e de aspectos políticos, de sua validade ou justiça. Este grupo ficou mais atento á questão da guerra e de suas circunstâncias. O segundo grupo também levantou essa questão, mas permaneceu mais intensamente na discussão de aspectos menos politi politicc a m ente ideológicos. Surgiu a hipóte hipóte se de e le ser poético, huma hum a nista nista e a té filosófico, levando-se em conta os possíveis níveis de sensibilidade do jornalista. O texto elaborado e a perspec per specti tiva va do j ornali orna lista sta foi a questão que preocupou pre ocupou por m a is tem po este grupo. gr upo. Qual foi a leitura correta? É possível discriminar o correto? A compreensão e a mobilização do repertóri re pertórioo dos leito leitore ress não seguem regras. re gras. Neste caso, c aso, ela est e steve eve dentro dentro de um espectro possí possível, vel, desenhado pelo corpo de ideias do texto. Ocorreu uma mobilização de emoções que seguiu o cará ca ráter ter de cada c ada grupo e que não impedi im pediuu a cons c onstrução trução de seu adequado ade quado senti sentido. do. As reações despertadas são peculiares a cada grupo ou a cada leitor. Fica a experiência registrada de que há um limite básico para a compreensão, mas há vazamento de crenças e opini opiniões, ões, mesm m esmoo que tenhamos tenham os muito muito cuidado par paraa isso isso não ocorrer. ocorre r.
Parte II
A leitura de um bom livro é um diálogo diálogo incessant ince ssantee : o livro fala e a alma responde. André Maurois
6. O texto, enfim!
Temos, portanto, dois elementos fundamentais para o estabelecimento da equação da leitura: você, leitor, em diálogo com um texto. Já concordamos que uma antecipada preparação será adequada para uma postu postura ra ativa ativa nessa interlo interlocuçã cução. o. Mas, você sabe o que é um texto? Para uma postura operativa será útil que você conte com algum algum as inform informaç ações ões a resp re speit eitoo desse desse objeto obj eto com o qual você você vai va i entra entrarr em e m contato. contato. ão faz parte de nossos objetivos nos alongarmos em meio à bibliografia disponível a respeito de texto. Mas, alguns aspectos teóricos serão abordados, na medida em que isso se fizer necessário, para par a que você voc ê tenha te nha m a is de de senvoltura nessa açã aç ã o. Cabe aqui uma comparação cora o processo da fotografia. Imagine que para a pessoa interessada em tirar fotos, o conhecimento da técnica de fotografar não é essencial, mas, com certez ce rteza, a, trará qualid qualidade ade ao produto produto final. Se Se ela tiver tiver inform inform ações aç ões sobre sobre lum lum inos inosid idade ade adequada, perspec per specti tiva va visua visua l c orre orr e ta e conhec conhe c ime im e nto da a pare par e lhagem lhage m técnica téc nica,, c onseguirá m e lhores lhore s fotos. Então, prepare-se para lidar com alguns aspectos técnicos da textualidade. Com essas informações sua leitura será mais eficiente, com certeza. E esse terreno não é nem tão árido, nem tão desprovido de graça, como pode parecer. Recentemente, muitos estudos têm diversificado e ampliado as perspectivas através das quais o texto texto é concebid c oncebido. o. Inicialme Inicialment nte, e, pode-se supor supor que ele e le não é apenas apena s um conjunt c onjuntoo de frases. fr ases. Mas, essa concepção conce pção não faz fa z j us ao que de fato fa to ele é. As frases que o compõem estão ligadas por um centro organizador. Seu significado depende de um todo maior, com o qual elas se relacionam e que é o motivo pelo qual surgiram. A intenção de um autor comanda a realização desse todo maior. Ao escrevê-las, ele tinha um contexto de referência, que é essa intenção essencial, do qual não se distanciou, sob pena de deixar seu trabalho sem significado. Ao compor os dados que tinha em mente em torno de uma organizaç organização, ão, ele e le desenhou dese nhou um um a unidade textual textual e linguí linguíst stica ica.. É isso isso:: o texto texto apresenta uma um a unidade unidade que é, ant a ntes es de tudo, tudo, de de sentid sentido, o, em relaçã re laçãoo a uma intençã ntençãoo comunicativa. A esse respeito, Ingedore Koch nos diz: "O texto é muito mais que a simples soma das frases (e palavras) que o compõem: a diferença entre frase e texto não é meramente de ordem quantitati quantitativa; va; é, sim, sim , de ordem or dem qualitati qualitativa".(1993, va".(1993, p.14). p.14). Podemos entender que a qualidade a que ela se refere, tem a ver com um sentido de ligação entre as partes que o constituem e que lhe dão consistência. Essa conexão é necessária para
tornam viável e que são responsáveis pelos significados que se quer apresentar. A respeito de como essa ordem qualitativa se organiza, ela continua: "Assim, passou-se a pesquisar o que faz fa z c om que um texto sej a um texto, isto isto é , quais os elem ele m entos ou fatore fa toress respo re sponsáveis nsáveis pela textualidade". textualidade". (KOC (KO CH, 1993, p.14). Tais fatores tornam o texto passível de leitura, porque servem para a organização desse sistema e da ordem de seus significados. Abordarei adiante outros aspectos que serão úteis a você.
este m omento, om ento, podem podem os seguir seguir com c om a obser observaç vação ão do títu título. lo. Como? om o? O títu título lo??
7. Quem se lembra do título?
em nos damos conta de sua presença, passando ele, então, despercebido. Prontamente nos encaminhamos ao texto propriamente dito, pois é ele que importa. Certo? Errado. Erra do. O tít títul ulo, o, em princípi princípio, o, já j á encam enca m inha inha o leitor leitor para par a os conteúdos conteúdos que que ele e le deve encontrar no texto. Pode ser óbvio que ele anuncie o que vai se desenrolar. Tal obviedade, entretanto, pode ser argume ar gument ntoo que jus j usti tifica, fica, - ó desconcerto - a nossa nossa dist distra raçã ção. o. Comumente não lhe damos importância como um daqueles índices que antecipam compreensão, seja pela mobilização do conhecimento prévio do leitor, pela inferência de significados ou ainda pela possibil possibilidade idade de form for m ulaçã ulaç ã o de hipóteses hipótese s de leit le itura ura,, que auxil a uxiliam iam o leitor nessa cam ca m inhada. inhada . Há títulos muito explícitos, que são bons indicadores dos conteúdos, e outros menos explícitos, que exigem do leitor uma percepção mais elaborada de sua relação com o conjunto do texto. Estes últimos são menos frequentes nos textos que habitualmente fazem parte do material didático disponível para concurseiros ou pesquisadores em geral. Devemos Devem os tê-lo tê-lo sem sem pre em e m m ente ente quando quando lem lem os. os. É como com o um farol, um um direc direciion onam am ento ento com qu quee o autor presenteia o leitor. Os autores em geral, tomam cuidado ao escolhê-los. Seria bom que você pudesse pudesse tam bém ser cui c uidados dadosoo em não esquec esquecêê-llo dura durant ntee sua leitura. leitura. E para exemplificação da importância do título, apresento dois textos em que os títulos representam re presentam funções dife difere rent ntes. es. O prim prim eiro, logo logo abaixo, é uma um a carta c arta de leitor leitor em j ornal diário diário:: Perig Pe rigo o de De D e ngue gue
o dia 30/janeiro protocolei carta ao Instituto Horto Florestal, reclamando do córrego que há dentro da ciclovia, por temer a proliferação do mosquito da dengue, mas a carta foi recebida por d. Ana Lúcia Cervante, diretora do parque, somente no dia 8 de fevereiro. D. Ana Lúcia informou ter marcado o serviço de limpeza para a semana seguinte. No dia 17 vieram alguns roçadores para azer o serviço, mas só roçaram a parte reclamada, sem ir até o final, e além disso não recolheram o mato, que deixaram caído sobre o córrego, fazendo com que a água ficasse ainda mais parada. Liguei Liguei para reclamar rec lamar,, e a responsabilidade responsabilidade que obtiv obtiv e foi que eles ele s nada têm a responder responde r sobre o córrego, que é responsabilidade da Sabesp. Pergunto: o que é que a Sabesp tem a ver com um córrego cuja nascente está dentro da ciclovia do instituto? E por que a Sabesp teria de limpar o mato arrecadado pelo instituto? Teremos de esperar por mais de um mês, até que a Sabesp venha a limpar o serviço malfeito do instituto? E, se minha família vier a ter dengue, a quem devo rocessar? Sabesp ou Instituto Horto Florestal? Deixo claro que não pedi nenhum favor, só olicitei um serviço que é da responsabilidade deles, e pedi algo para proteger a minha família e a
em contar que o governo faz campanha para que cuidemos de nossa casa, mas não cuida do que é de sua responsabilidade! Sandra R. Destro Desontini e Cláudio Desontini Bairro do Cocho (O Estado de S. Paulo, março de 2002) O título Perigo de Dengu De nguee ex pre ssa o cerne ce rne da questão questã o debati deba tida. da. Os detalhes deta lhes dados pe pelo lo texto te xto a e x pressa respeito da dificuldade de resposta à carta, as intervenções precárias das autoridades e a indi indignaçã gnaçãoo dos autores, autores, são asp a spec ecto toss compl com plem em entares entare s ao núcleo. Para explorar a função que um título pode exercer, podemos verificar o impacto que outros títulos nesse texto poderiam ter no leitor. Por exemplo, Indignação do c idadão ou rresponsabilidade das autoridades, imprimir ia imprimir ia uma força maior à parte final da carta, em que as perguntas per guntas a m pliam pliam o debate deba te em relaç re laçãã o a questões de cidada cida dania. nia. P or sua vez, o títul títuloo Te ntativa rustrada daria rustrada daria uma um a at a tenção às à s emoções em oções dos dos aut autores da carta. ca rta. Poderíamos encontrar outras hipóteses de titulação. Podemos perceber através deste exercício que uns mais do que outros podem expressar a relação do autor com o seu leitor, induzido ou dirigido por esse título para as intenções pelas quais o texto foi escrito. Podemos perceber, então, que o título escolhido pelo jornal enfatiza o motivo em torno do qual a argume ar gument ntaç ação ão da carta ca rta se desenvolveu. desenvolveu. Com Com certez ce rteza, a, com c om neutra neutrali lidade, dade, posici posiciona ona o leito leitorr para pa ra o quee vem em segui qu seguida. da. O segundo texto texto é um editorial editorial de revist r evista: a: imagem é uma arma
O jornalista e escritor Luigi Barzini, autor do clássico Os Italianos, dizia que a Itália dos anos 60 aprese apresent ntava ava o me mesmo smo níve nívell de desenvolvime de senvolviment ntoo social da da Inglaterra Inglaterra de 1920. O autor imputava essa defasagem de quarenta anosnão apenas às condições econômicas, mas principalmente ao fato de na Itália dos anos 60 a sociedade ser condescendente e promíscua c om os mafi m afiosos. osos. Os relatos sobre o enterro do bicheiro Waldemir Paes Garcia, o "Maninho", fuzilado resumivelmente por rivais na semana passada no Rio de Janeiro, são uma triste evidência de que, usando-se a mesma medida de Barzini, parte do Brasil vive ainda imersa no gangsterismo típico das grandes cidades americanas das primeiras décadas do século passado. Como outros grandes bandidos, Maninho, dono de milhares de pontos de jogos de azar ilegais, assava a vida em meio à sociedade distinta do Rio de Janeiro. Foi enterrado como viveu, cercado de gente famosa. Os jogadores de futebol Romário, tetracampeão do mundo, e Edmundo, ambos hoje no Fluminense, foram prestar últimas homenagens ao amigo. Também esteve ao lado do caixão o ex-jogador Renato Gaúcho. Um surdo tocado por um ritmista da Escola de Samba do Salgueiro conferiu a devida solenidade às pompas fúnebres. O Brasil e o Rio de Janeiro, em especial, não poderão estabilizar-se como sociedades modernas, roduti rodutivas vas e justa justass enqua e nquanto nto houve houverr condesce c ondescendência ndência e promiscuida promiscuidade de com criminoso criminosos. s. Jogad J ogadores ores de futebol, artistas e outras celebridades têm a maior porção de responsabilidade em sinalizar a
violação da lei que daria a uma pessoa anônima apenas uma multa ou advertência pode resultar em cadeia para outra famosa. Foi assim com a cantora de jazz Billie Holiday, condenada nos anos 50 por porte de drogas. Foi assim recentemente com a empresária e apresentadora de televisão artha Stewart, que, acusada de manipulação no mercado de ações, vai cumprir pena de cinco meses. me ses. A lição? lição? A imagem é uma arma. O melh me lhor or a fazer fazer é usá-la usá-la para o bem bem.. (Carta ao leitor. Veja, 6/10/2004) Veja, 6/10/2004)
O título faz menção a uma questão de comunicação cultural (a imagem), que subentende significados sociais, abrindo espaço também para o tema da violência. A palavra arma arma sugere fortemente esse tema (arma de fogo). Fácil, quase necessário, para o leitor esperar que o texto lhe indique esses assuntos. Mais uma vez, ele vai ter que ler e usar suas estratégias de leitura para atualizar passo a passo suas hipóteses em relação ao que o texto lhe apresenta. O leitor não vai ter dados para ratificar sua hipótese de leitura em relação ao título, ainda quando estiver no primeiro parágrafo, em que é dirigido a uma comparação entre as culturas italiana e inglesa. o segundo, o leitor começa a perceber as relações entre tais culturas e a brasileira, mas, ainda não tem condições de construir o sentido do título, que permanece dentro dele como uma pergunta per gunta a ser resolv re solvida. ida. o terceiro parágrafo há um relato em que se juntam pessoas de um mundo de criminalidade e outras famosas e presentes na mídia, no Brasil. No quarto, faz-se uma reflexão a respeito da situação brasileira e americana em relação à impunidade e suas consequências. Somente neste último parágrafo, fica explicitada a intenção do título, mais especificamente nas últi últim m as linhas linhas do texto texto em que ele é liter literalm almente ente reto re tom m ado. E de form f ormaa criati c riativa va e origin original. al. Não é o que se espera, pois, a sugestão de violência aparece associada á questão da comunicação. Assim, Assim, a relaçã r elaçãoo estabelec estabelecid idaa não é a que est e stáá m ais liligada ao a o senso senso comum . Ou sej sej a, é um títul ítuloo que estabelec estabelecee um j ogo com a expectati e xpectativa va do leit leitor, or, quebrando-a, depois depois de aum entá-la com c om Suspense, uspense, quase quase um desafio. Isso tudo torna a leitura mais interessante. Isso tudo a partir de um jogo de palavras no título do texto.
8. A vizinhança amiga
o capítulo 6, a respeito das primeiras informações sobre texto, você soube que ele é uma unidade unidade com c om um cent ce ntro ro organizador. organizador. Todas Todas as suas suas partes devem conversar entre si como com o ocorre com os sistemas de qualquer natureza. É dessa integração que nasce o seu sentido. Porém Poré m , ainda que sua organizaç organização ão inter interna na lhe forneça forne ça uma um a integridade ntegridade signi significati ficativa, va, ele não está isol isolado ado em si m esmo. esm o. Ele Ele tam tam bém faz fa z parte de um todo todo maio ma iorr que pode pode ser cham c hamado ado contexto contexto..
de significados. Enquanto alguns teóricos a utilizam para identificar elementos extralinguísticos, outros a empregam com o sentido prioritariamente linguístico. É o caráter flexível das palavras, aspecto interessante de sua natureza pródiga, que explica essa variedade de possibilidades de emprego da palavra pala vra c ontexto. E as teorias teor ias corr c orree m a trás trá s dessa flexibil f lexibilidade idade... ... E nós atrás atrá s das teorias... teor ias... Assim, podemos identificar vários níveis de contexto. O primeiro, muito amplo, externo ao texto. De onde ele foi extraído? Qual é a fonte? Assim, há uma diferença se ele tiver sido retirado de um capítulo de livro ou se faz parte de um jornal. Tal fonte nos traz informações que não podemos desprezar. As intenções de cada texto são adequadas a cada uma delas. O texto ornalístico tem um caráter fortemente informativo enquanto a natureza das informações do livro, talvez tenham um caráter de maior permanência e uma linguagem mais formal. Observar os dados dessa origem dos textos é aceitar informantes iniciais, amigas da boa compreensão que desejamos ter. Por outro lado, ainda dentro desta concepção de elementos extralinguísticos, podemos entender também que qualquer texto faz parte de um quadro mais amplo de informações, que se constitui como com o um repertóri re pertórioo cultural cultural da sociedade e também tam bém pessoal pessoal do leit leitor. or. Se nossa base contextual de informações a respeito de determinado assunto for pequena, poderem poder em os ter a lguma lgum a dificuldade, dificuldade , antec ante c ipadam ipada m e nte e sperada sper ada,, pa para ra a c onstruç onstrução ão do sentido. esse caso, será adequado dispor de mais tempo para a leitura, diferentemente do que pode ocorrer ocorre r caso c aso o assunt assuntoo nos nos sej sej a fam f am iliar liar.. Portanto, Portanto, a compree com preens nsão ão das da s ideias ideias de determ inado inado texto texto será facil fa cilit itada ada ou dificul dificultada tada de acordo ac ordo com o nosso repertório contextual, uma segunda possibilidade dessa compreensão de natureza extralinguística. A percepção do quadro dessas referências externas (fonte e quadro cultural de inform inform ações), aç ões), a que denomi denom inam os viz vizinhança inhança am iga iga é aspecto im im portante portante para a boa leitura. leitura. Por último, temos o nível linguístico propriamente dito, a terceira concepção de contexto, form ado por asp a spec ecto toss formais form ais e inter internos nos ao texto texto.. De acordo ac ordo com Platão e Fiorin, iorin, contexto contexto é "uma unidade unidade lingu linguís ísti tica ca m aior onde onde se encaixa e ncaixa uma um a unidade linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixaenc aixa-se se no contexto do capítulo capítulo,, o capí ca pítul tuloo encaixaenc aixa-se se no contexto da obra toda".(2000, toda".(2000, p. 12). 12). Essas Essas relações re lações conferem confer em organiz organização aç ão e ordem ao texto. texto. Ela Ela centrali c entralizza todas as par parttes em círculos que vão da palavra aos blocos de palavras, à frase, e daí ao texto como um todo, que funciona, então, como uma unidade maior, referência e pertinência. Ducrot e Todorov (2001, p. 297), em palavras que elucidam esta questão, dizem que as situações, a partir das quais os textos são concretizados, incluem o ambiente físico e social em que eles se dão, questões de imagem, identidade e representações de cada um dos interlocutores e também os acontecimentos anteriores, e principalmente aspectos do momento da comunicação. Ou seja, os textos se compõem de muitas circunstâncias que falam de nós, fazendo ressoar significados sem que nos demos conta disso. Para o leitor, é importante conhecer essa representação múltipla que o texto nos oferece, para poder avali ava liaa r o que e le diz de form for m a m ais c ompleta. om pleta. Você c ome om e çará ça rá a observar obser var os textos de form a diferent difere ntee depois dessas dessas inform informaç ações. ões.
Ou seja, desconsiderando os aspectos anteriormente citados, os autores preferem a utilização desse desse term o em relaçã re laçãoo apenas aos níveis níveis da lingu linguagem agem . Outros autores concordam e discordam dessa posição. Como em outras situações, surge a nature naturezza flexível flexível das palavras e problem problem as na term er m inol inologi ogiaa técni éc nica ca.. Às vezes, há dificuldades de demarcar limites às aberturas conquistadas pelas palavras. Elas apresentam empregos variados no senso comum e também nos contextos teóricos a que se referem. É difícil circunscrever dentro de linhas diferentes a respeito de um mesmo tópico, um senso senso comum com um para o signi significado ficado de algum algum as palavras. palavra s. Delica Delicadez dezas as próprias a seu reino r eino.. Encontramos, frequentes vezes, tais sutilezas nos textos, em situações de leitura. Devemos contar com essa abertura significativa e que não deve representar obstáculo, mas convite a uma leitura m ais abrangente abrangente e interessant interessante. e. Em relação à palavra conte xto conte xto pudemos pudemos observar grande variação de significados. Preferimos em relaçã re laçãoo a ela, aceit ac eitar ar todas todas essas essas refer ref erências ências citadas citadas com o viz vizinhança inhançass amig am igas as e não inimigas inimigas à taref tar efaa do leitor. leitor. Observe essas questões no exemplo que segue: O vírus de 'Guerra dos Mundos'
Fantasia Fantasia Futurista Futurista de Byron By ron Haskin antecipa antec ipa "Inde "Independe pendence nce Day" Day " o mesmo pacote que pôs Barbarella nas locadoras e lojas especializadas de DVD, há outro amoso filme de ficção científica saindo em disco digital. Guerra dos Mundos baseia-se no livro de . G. Wells que está na origem da transmissão radiofônica que provocou pânico dos EUA, no fim dos anos 30, e serviu de passaporte para Orson Welles tomar de assalto Hollywood e revolucionar o cinema com Cidadão Kane. Guerra dos Mundos é de 1953. Ganhou o Oscar de efeitos e eles continuam eficientes, embora um tanto primitivos em relação ao que se faz hoje no cinema norte-americano.Produzido por George Pal e dirigido por yron y ron Haskin, Guerra Gue rra dos Mundos mostra mostra o que ocorre oc orre quando os marcianos marc ianos inv invadem adem a Terra. Terra. Na verdade, os vermelhos do espaço servem de metáfora para os outros vermelhos que os EUA enfrentavam aqui mesmo: os comunistas. Afinal, havia, na época, uma guerra na Coréia e o macarthismo fazia estragos no cinema de Hollywood. Nesse quadro, Guerra dos Mundos é muito discutido por sua defesa da guerra bacteriológica. Anos mais tarde, foi essa mesma solução, transposta para a informática, que Roland Emmerich adotou em Independence Day. O lançamento traz como extra só o trailer de cinema. (O Estado de São Paulo, l°/03/2002). O objetivo básico do texto é informar a respeito do lançamento do filme Guerra dos Mundos em forma form a de DVD. Porém P orém,, seu seu autor autor mescl m esclaa uma um a série de outras outras inform informações, ações, que que são referências refer ências importantes para os cinéfilos, tais como os dados a respeito de Barbarella, Orson Welles e seu Cidadão Kane e Independence Independence Day Da y . Se você não nã o é da turm turm a dos aficionado aficionadoss do do cinem cinem a poderá não nã o acom panhar ess e ssee texto da mesm m esmaa maneira que alguém desse grupo. Ou seja, esse contexto extralinguístico representa um
poder eráá passar despercebid desperc ebidaa pelos leito leitore res, s, assim assim como com o a ext e xtensão ensão 'Guerra 'Gue rra dos dos Mundos') Mundos') tam tam bém pod simbólica do sentido do subtítulo (Fantasia (Fan tasia Futurista de Byron Haskin antecipa "Independence Day"). Day "). Identificar essa vizinhança amiga (ou inimiga) pode significar, em último caso, um alívio para você: eu não sou da turma do cinem cinem a. Esse Esse pens pe nsam am ento poderá poderá livrálivrá-lo lo de alg a lgum umaa cul c ulpa pa por não ter bem com preendi pree ndido do o texto. texto. Discriminar o que é contexto em casos assim é tão importante como os conceitos que serão elaborados nos próximos capítulos. São eles: linguagem, discurso e gêneros textuais. Todos esses conceitos podem colaborar para que sua leitura seja de qualidade. Eles nos ajudam a entender o que é texto, texto, aquele lugar lugar em e m que as palavras palavra s se se coloca colocam m desenhando as ideias. ideias. E começo com estas questões: Você já se perguntou o que é a linguagem? Já pensou como surgiram os textos com que lidamos? Como eles têm se configurado?
9. A linguagem e os discursos
Os textos estão no meio de nós, o tempo todo na experiência cotidiana. Além daqueles que estudamos, deparamos com muitos outros permeando as circunstâncias sociais: o receituário médico, a receita culinária, a mensagem de intern et, o relatório relatório do departamento e o artigo ornalísti ornalístico, co, por exem e xem plo. plo. Você talvez nunca tenha se perguntado como se organiza esse mundo de textos. De onde eles vêm? Quem os inventa? Para responder essas questões temos que passar por outras que são essenciais nessa área. Precisamos saber também o que é linguagem e discurso, visto que os textos textos se se compõem c ompõem a parti pa rtirr da prim prim eira e são portadores portadores do segund segundo. o. A linguagem, que é uma capacidade humana por excelência, tem sido percebida de várias maneiras ao longo do tempo: como representação ou "espelho" do mundo e do pensamento, como instrumento ou "ferramenta" de comunicação, e, de acordo com as últimas teorias linguísticas, como a forma e o "lugar" de ação ou interação (KOCH, 1995, p.9). Esta Esta últi últim m a compree com preens nsão ão nos diz diz de um a linguagem inguagem,, que é expressão de diálogo. diálogo. E ela se exerc e xercee entre dois interlocutores na ação da vida, em situação de cotidiano. Por exemplo, ao comprar ornal, ao conversar por telefone, ao escrever um email utilizamos dela sem nos darmos conta disso. Essa Essa lingu linguagem agem verbal, tão natura naturalme lment ntee elaborada nas situ situaç ações ões diárias, diárias, nos acompanha acom panha desde o nascimento. Uma criança de três ou quatro anos sabe dizer "O carrinho caiu no chão." Ela não terá dúv dúvid idas as na coloca colocaçã çãoo das palavras. Nem titu titubear bearáá pensando pensando se é "C "Chão hão o carr c arriinho no no cai ca iu" u".. Verificamos que, desde muito pequena, ela conhece como empregar as palavras numa certa ordem e que esse saber inclui um nível de gramática da língua. Ela é uma "competência linguística internalizada" a que se dá o nome de implícita, "porque o falante não tem consciência
(TRAVAGLIA, 2003, p.33). Ou seja, trata-se da gramática que adquirimos juntamente com a aprendizagem da fala na primeira infância e cujo desenvolvimento para conhecimento das m uitas uitas potencial potencialid idades ades da língua íngua normalm norm almente ente é feit fe itoo na escol e scolar arid idade ade form al. Para nos comunicarmos adequadamente não basta sabermos a gramática desse conhecimento espontâneo que temos da nossa língua. A vida social e de comunicação exige de nós, além do desenvolvim desenvolvim ento de capa c apacidade cidadess linguí linguíst sticas, icas, outras de natureza ext e xtra rali linguí nguíst stica ica.. Assim, temos também que perceber quem é o nosso interlocutor, entender a situação em que estamos agindo dentro de um determinado contexto para que a linguagem verbal exerça a sua função. Por exemplo, ao escrever um relatório para determinado setor da empresa em que trabalhamos, utilizaremos um nível de linguagem diferente daquele do email para os amigos convidando para um churrasco comemorativo de aniversário. Essa adaptação de nível linguístico será realizada mais ou menos naturalmente, mais ou menos conscientemente. Ela leva em conta os aspectos contextuais da comunicação entre específicos interlocutores. Essa atividade do nosso dia-a-dia, por outro lado, produz textos que expressam maneiras de pensar, pensa r, sentidos, ideologia ideologia s. A essa qualidade da c omunica om unicaçã çãoo por m e io dos textos, os teóricos teór icos chamam discurso. De acordo a cordo com a profa. Hel He lena Brandão Brandão no sit no sitee www.museudalinguaportuguesa.org.br , sabemos que "não há discurso neutro, todo discurso produz sentidos que expressam as posições sociais, culturais, ideológicas dos sujeitos da linguagem". Isso ocorre porque todos somos seres determinados histórica e geograficamente, pertencentes a determinada comunidade e, por isso, portadore porta doress de c rença re nças, s, valores valor es e de uma um a ideologia do grupo a que pertenc per tencee m os. Voc ocêê pode perc per c e ber com o é importa im portante nte c onhece onhec e r esse a specto spec to dos textos, visto visto que e les são portadore porta doress das da s crença cr ençass de de seus autores. autores. E, então, você deve se perguntar: como identificar quais são os sentidos dessa ideologia próprios ao autor do texto? São perceptíveis de forma clara? São diluídos? A partir daí, qual deve ser a minha postura de leitor ao interagir com os textos? Há presença de ideologia independentemente de que tipo eles sejam. Podemos até supor que os textos de natureza didática sejam isentos dela. Isso asseguraria uma intenção de neutralidade do autor. Porém, não é o que ocorre. A ideologia do autor é obrigatoriamente incluída até em um texto organizado organizado com intençõe intençõess didática didáticass expl e xplícit ícitas. as. Ao selecionar a bibliografia de referência e as opiniões de autores disponíveis na área, ao dimensionar a perspectiva do tema, ao dividir os assuntos nos capítulos, enfim, toda escolha para a organização de um texto evidencia uma postura ideológica, ainda que ela possa ser sutilmente disposta, num adjetivo ou advérbio junto ao verbo. Em um texto editorial jornalístico ou uma peça peç a de propaganda propa ganda,, por exem e xem plo, podemos podem os encontra enc ontrarr por vezes declara dec laradas das intenç intenções ões ideológicas. ideológicas. Outras vez ve zes, elas e las são neutrali neutra lizzadas ada s ou minimizada minimizadas. s. Portanto, você deve estar consciente para a observação desses detalhes, visto que estão sempre presente pre sentes, s, ainda que às vez ve zes pouco pouc o explí e xplícitos. citos. Sua Sua leitura deve tentar perc per c eber ebe r tais ta is suti sutilez lezaa s. Pe P e lo m enos, saber saber que eles existem existem torna torna a leit leitura m enos inocente. inocente. a verdade, não podemos ler sem essa perspectiva de crítica. A linguagem escrita é cheia de
ideologias. Você deve identificar tais meandros de significados. Um leitor eficiente é capaz. Mas, ainda ainda fica f ica um a pergunta pergunta sem resp re spos osta. ta. Como Como surgem os texto textos? s?
10. O mundo dos textos
Os textos, portanto, carregam discursos típicos a seus produtores e são condicionados a fatores históricos e sociais. São, por isso, tão variados quanto são essas condições culturais em que são gerados. São característicos de toda a sociedade letrada como a nossa em que os textos se m ulti ultipl plicam icam . Eles Eles formam form am um m und undoo em que todas todas as pesso pessoas as precis prec isam am saber com c omoo tra trans nsiitar. E você sabe como essa multiplicidade de textos é criada ou inventada? Ela é proveniente de necess nece ssid idades ades cot c otid idianas, ianas, de organizaç organização ão dos espaços sociais, sociais, de de comuni com unica caçã çãoo de inform inform ações aç ões de cunho prático, burocrático ou legal. A crescente complexidade de nossa sociedade talvez seja uma das razões razões para expl e xplicar icar a multiplicação de tipos de texto que permeiam os variados campos sociais, desde a nossa casa até os espaços públicos. E já sabemos que o discurso, por sua vez, se apresenta na forma desses textos. Ele aí se concretiza, de forma implícita. Diz Fiorin a esse respeito: "enquanto o discurso pertence exclusivamente ao plano do conteúdo, o texto faz parte do nível da manifestação".(2000, p. 38). P ouco m ais à frente, fr ente, no m esm o livro, livro, ele e le cont c ontin inua: ua: "O texto texto é / ... / indiv individu idual, al, enquanto e nquanto o discurso discurso é social." (2000, p. 41). as esferas de atividades sociais, encontramos variados discursos, como por exemplo, o religioso, o doméstico, o legal. Assim, de cada um deles conhecemos textos, como por exemplo, a Bíblia, o Alcorão, a oração e o sermão do padre. E em casa, temos o orçamento do eletricista, a lista de compras, a receita culinária e o bilhete para o filho. Você já teve, possivelmente, que escrever um requerimento ou um relatório, que são textos de cunho legal. Percebemos que os prime prim e iros a presenta pre sentam m uma um a elabora ela boraçç ão m a is sofistica sofisticada, da, e nquanto os refe re fere rentes ntes a o a m biente domést domé stico ico se se car c arac acteriz terizam am por inform informali alidade dade e espontaneid espontaneidade. ade. Os legais são são form f ormas as fixadas por regras que podem mudar com o tempo, mas com menos flexibilidade. Todos esses textos, por apresentarem finalidades específicas de comunicação, devem estar dentro do conhecimento das pessoas que participam da sociedade, sob pena de elas não se incluírem nas atividades sociais e legais. O trânsito nos espaços sociais e culturais vai permitindo e até exigindo que tais textos surjam, visto que eles têm uma função organizadora nesses espaços. o decorrer do tempo, eles se transformam de acordo com as mudanças na sociedade. Assim, um discurso de um padre nos dias de hoje apresenta características diferentes daquelas de um século atrás. O texto jornalístico também tem sofrido adaptações desde que a internet int ernet sur giu giu na sociedade contemporânea, passando por mudanças em sua função de informante. O curriculum vitae vitae tem se transformado de acordo com as necessidades das empresas e as formas que o emprego tem tomado na contemporaneidade. Então, todas essas mudanças aconteceram por razões espontâneas, vindas de situações sociais e culturais, sempre a serviço de boa
Além desses aspectos que relacionam a forma dos textos com a sociedade, podemos observar também outros de natureza interna. Ou seja, na sua composição há aspectos dignos de nota. Assim, dentro das possibilidades de sua composição podemos identificar algumas categorias fundamentais que estão presentes na base de todos eles. Entre elas temos: a descrição (em que a enumeração de tópicos se dá sem progressão temporal), a narração (em que acontece uma progre progr e ssão tem poral) pora l) e a argum ar gumenta entaçç ã o. "E a disser dissertaç tação?" ão?",, você poderia poder ia perguntar. per guntar. Que Quem m não se lembra lem bra del de la dos tempos tem pos de escol e scola? a? Ela Ela ocorre quand quandoo há reflexão re flexão a resp re speit eitoo de alg a lgum um assunt assunto. o. Resumindo, o importante para o leitor é perceber que a linguagem produz textos de variadas formas. Os didáticos, em geral, são elaborados a partir de uma sequência lógica que serve de linha linha mest m estra ra para o autor autor e também tam bém para o leito leitor. r. Os textos textos inform informati ativos vos de que tratam os podem podem apresentar narração, descrição e argumentação. A mistura desses recursos é possível e o leitor deve saber qual é sua função dentro do texto, ou seja, por que motivo o autor os incluiu em cada situação. Em qualquer veículo de comunicação, você encontrará marcas desses gêneros textuais, escritos com finalidades peculiares. O texto legal nunca será confundido com os que apresentam informações. Os textos buscados em livros serão identificados de acordo com os capítulos, já que seguirã seguirãoo uma ordem estabelec estabeleciida por seu autor. autor. A identificação dessas formas de textos antecipa a compreensão do leitor eficiente. Sem os gêneros gêne ros do discurso discurso não nos com unica unicaríam ríam os, disse disse Bak Bakhti htin. n. Eles Eles são instrum instrum entos de mediaç m ediação ão e de comun com uniicação. ca ção. Portanto, saiba com que tipo de texto você vai lidar. Seu diálogo com ele, assim, será facilitado. Podemos seguir na exploração do nosso objeto, o texto. O que conseguimos até agora?
11. Novos patamares
Estivemos percorrendo conceitos básicos. Temos alguns passos conquistados e, neste pedaço do cam ca m inho, inho, você sabe da import im portância ância de: ter claras c laras as a s int intençõe ençõess de sua leitura, leitura, os objeti obje tivos vos para os quais quais ela vai ser em preendi pree ndida; da; prepar pre paraa r-se r- se adequa a dequadam dam e nte para pa ra essa taref tar efa; a; identificar a fonte, o título e o papel do contexto, antecipando informações a respeito do conteúdo; conhecer um pouco mais os gêneros textuais dentro de um mundo de linguagem e de discurso discursos, s, que que indi indica cam m a função para pa ra a qual os os texto textoss foram escrit escr itos os;; saber que é com esse obj obj eto que que vai dialog dialogar ar.. São esses passos iniciais que podem transformar a leitura distraída em uma atividade consciente. Com esses recursos, você deixa de ser um leitor ingênuo e está mais perto de uma participação ativa, em uma conversa com o texto em seus operando criticamente. São preparatórios para atingir outros níveis de leitura.
12. Outros níveis
Seria bom se pudéssemos ter, após a primeira leitura de um texto, uma noção clara de seu conteúdo junto à capacidade de fazer uma síntese de suas ideias. Porém, isso nem sempre é possíve possível.l. Reclam Rec lam a ção çã o m uito uito fre fr e quente e ntre os leitores leitore s é a urgência urgê ncia de e ntendime ntendim e nto do texto. Como rapidamente ter a compreensão de suas ideias? Por que nem sempre ela ocorre à primeira leitu leitura ra.. Na verdade, verda de, o que que acont ac ontec ece? e? Você já entende que leitura é algo mais do que mera decodificação de linguagem. Deve imagi ima ginar, nar, portanto, portanto, que que há outros outros aspectos em j ogo im im pedindo pedindo uum m a prest pre stez ezaa de compree com preens nsão ão em em alguns casos ca sos.. as questões de leitura, a pressa é, como diz o ditado popular, inimiga da perfeição. Não dá para ler com ansiedade ou urgência. Ou por cima. Passando os olhos. Dependendo dos objetivos da leitu leitura ra,, essa essa press pre ssaa poderá causar c ausar erro e rro fat fa tal. O fator tempo é necessário para que nossa capacidade de apreensão cognitiva elabore adequadam ente o que deve de ve ser digerido digerido,, assim assim ilado. ilado. A primeira leitura de um texto é de contato. Uma segunda leitura, com certeza, reafirmará (ou não) algumas de nossas ideias a respeito dele e nos dará uma noção mais acertada de seu conteúdo, com menos perigos de subj subjeti etivi vidade dade e m ais seguranç segurança. a. Entre a primeira prime ira e a segunda há um assentam assentam ento cogni cogniti tivo, vo, um um amadurecimento do texto, que será mais ou menos necessário de acordo com a natureza do conteúdo. conteúdo. Um tempo tem po de digestão. digestão. Essa passagem da primeira para uma segunda leitura colabora para a passagem a níveis mais profundos prof undos do te te xto. Várias Vár ias leit leituras uras podem podem nos dar, pouco pouco a pouco, um um a compre c ompreensão ensão cada ca da vez m ais esquem esquemáti ática ca das ideias de um texto. Vamos juntando as informações na tentativa de apreensão das ideias. Vamos saindo da camada mais superficial em direção aos esquemas mentais que possivelmente o autor tinha ao conceber seu texto. Fazemos o caminho inverso ao dele. Tentamos descobrir a escada que ele utilizou, a estrutura sobre a qual ele teceu as palavras, enquanto que nós procuramos desvestir tal escada do recheio de palavras em direção à estrutura de base. Nessa busca, vamos adentrando em outros níveis, em outras camadas. Essa passagem para outros níveis se cara ca racteriz cterizaa por saltos saltos de de abstra abstraçã ção. o. Claro, que dependendo de variados fatores, há textos que demandam maior tempo para sua compreensão. Mais leituras, mais tempo de amadurecimento. Mais tempo para digestão. Eles podem ser m ais impe im perm rm eáveis eá veis à c ompre om preee nsão e , portanto, porta nto, rea re a lme lm e nte m ais difíceis, difíce is, ou simplesmente estão fora do nosso repertório habitual. Disciplinas desconhecidas necessitam de mais tempo de elaboração. Assuntos a respeito dos quais já tivemos oportunidade de colher inform nformaç ações ões,, demand dema ndarã arãoo menor m enor esforço esforço m ental. ental. Muitas vezes temos uma sensação de incapacidade, ao não conseguirmos entender as ideias principais princ ipais de um texto, ou o senti se ntim m e nto de que não c a ptam os o seu m otivo otivo m a is profundo. prof undo. Você Você
Muitos textos são mesmo mais difíceis, às vezes de estilo complexo ou até prolixo. Mesmo que o leitor tenha uma perspectiva dessas possibilidades, talvez pela história precária da leitura que temos tem os desenvol desenvolvi vido do no Brasil Brasil,, o que se perc pe rcebe ebe em geral gera l é uma um a postu postura ra pou pouco co crít c rítiica, ca , eu poderia dizer até humilde. Ele não se permite uma avaliação crítica em relação aos textos escritos, não levanta para si mesmo essa hipótese de crítica, não se dá essa liberdade por sentir talvez que não possua recur re cursos sos para par a j ustific ustificaa r sua a valiaçã valiaç ã o. Por isso, fazemos verdadeira justiça quando aceitamos tais sensações menos agradáveis e nos posic posic ionamos ionam os c om rea re a lidade lidade na adm inistraç inistração ão das nossas dificuldades. dificuldade s. Em c ada passo de nossa experiência de leitu leitura, ra, procurem proc urem os nos nos aperfe içoar para serm os leit leitores ores crít cr íticos icos e reflexi ref lexivos vos.. Com uma disposição assim positiva, podemos então levar a cabo a tarefa de entender como funciona a passagem de uma leitura superficial para outra de maior profundidade de compreensão.
13. As camadas do texto, uma uma certa c erta geologia
Há, portanto, diferentes níveis na estrutura de um texto. Como num relevo geográfico. Uma disp dispos osição ição em cam ca m adas, uma certa ce rta geologi geologia, a, um relevo re levo que as palavras vão desenhando no no branc bra ncoo da página. pá gina. O que é um a página pá gina em e m branco, bra nco, senã se nãoo um va vazzio im im ensurá ensur á vel? As palavr pa lavraa s se arriscam nele. Com elas, esse vazio deixa de existir. Tem os, então, altos altos e baix ba ixos, os, reentrânc ree ntrâncias ias e alt a ltura uras. s. As palavras palavra s vão dispondo dispondo signi significa ficados dos e sinais sinais de pontuaçã pontuaçãoo que, que, ao a o ler ler,, vamos vam os organiz organizando ando mental m entalm m ente. Para Pa ra você m elhor elhor aprovei a proveitar tar os sinais sinais dessa dessa geografia, ge ografia, precis prec isaa perceber perc eber os si sinais que que a constit constituem uem , como com o uma espécie de dados de topografia. a verdade, verdade , há m uito uitoss níveis níveis nesse nesse relevo re levo entre entre os quais quais nós nós andam os e nos perdem os se se não souberm soubermos os nos nos gui guiar ar por entre as a s palavras, pontu pontuaç ação, ão, frases fr ases e parágrafos. pará grafos. O leitor leitor atent a tentoo não deve se perder no primeiro plano e busca sempre atingir outros mais profundos, visto que neles se instala a síntese do texto. Ângela Kleiman Kleim an (2000) indica indica dois dois planos nos nos textos: textos: o super superficial ficial e o profundo prof undo.. Segundo Segundo ela, e la, no prime prim e iro plano, o da e strutura superf supe rficial, icial, aflora a floram m os significa significados dos ma m a is c oncre oncr e tos e diversifi diversifica cados dos.. É neste nível nível que encont enc ontra ram m os as inform informaç ações ões que recheiam re cheiam o texto texto a serviço da mais completa maneira de comunicar os conteúdos. o segundo plano, o da estrutura profunda, ocorrem os significados mais abstratos e mais sim sim ples, ples, que resu re sum m em as ideias ideias do autor. autor. A identifi identifica caçã çãoo dessa dessa dife difere rença nça de níveis níveis se se faz fa z às vezes vezes m ais facil fac ilm m ente, outra outras, s, nem nem tanto. tanto. Em geral, gera l, a prática prática de duas leit leituras de um m esmo esm o texto texto mostra mostra como com o esses doi dois planos planos funcion funcionam am , como com o já j á vimos. Depois Depois de um prim prim eiro contato contato com o texto, texto, nem nem sempre sem pre cons c onsegui eguim m os apreender apre ender suas ideias ideias de de form f ormaa completa. c ompleta. É o segundo segundo que que vai nos nos dar dar com segurança a
para par a a perc pe rcee pção pçã o das ideias ideia s importantes impor tantes do texto. Essa é uma das maiores dificuldades dos leitores. E aí que o treino deve ser mais intenso: tentar descobrir descobrir com c omoo chegar cada c ada vez ve z m ais rapi ra pidam damente ente a ess e ssee nível nível profundo. profundo. É ele que nos nos ofe ofere rece ce os conteúdos conteúdos de m aneira sim sim pli plificada, ficada , o que signi significa fica m uito uito par paraa facil fa cilit itar ar nossa nossa m em oriz orização, aç ão, nos casos em que o objetivo é o estudo. Dentre um a gam a enorm e normee de possi possibi bili lidades, dades, há uma técnica que não falh fa lha: a: ler ler pela segunda, segunda, terceira, terce ira, quarta vez até até que se ati a tinja nja a ordenaçã orde naçãoo das ideias. ideias. Ela Ela possi possivelme velment ntee j á havi ha viaa sido sido anunciada anuncia da no títul títuloo e nas na s indi indica caçõe çõess de cont c ontexto. exto. Para que fique mais clara essa divisão didática entre planos do texto, retomo os exemplos do capít ca pítulo ulo 7. 7. A Carta Car ta do Leit Le itor, or, do jornal j ornal diário, passou pelo longo longo cam inho inho feit fe itoo pelos autores até a té que a reclam re clam ação aç ão de que ela trata fosse fosse atend a tendid ida: a: a dificul dificuldade dade de respos r esposta ta à carta, ca rta, as intervenções precárias das autoridades e a indignação dos autores. A descri descr ição çã o dessa dessa traj tra j etória etória j á se inscreve inscreve no segund segundoo plano plano de elabo e labora raçã çãoo das ideias ideias do texto texto,, por ser se r re r e sumidora sum idora.. Mas, ainda a inda se trata tra ta de uma um a enum e raçã ra ção, o, de dados da dos diver diversifica sificados dos que compõem com põem um quadro concret concre to. Se Se fiz f izer erm m os m ais um um esforço esforç o de sínt síntese, ese, at a tingi ingire rem m os um um outro outro nível nível de m ais abstra abstraçã çãoo e sim sim plifi plifica caçã ção. o. Terem Tere m os chegado ao a o objeti obje tivo, vo, ao m otiv otivo, o, que cond c onduz uziiu seus autores autores à escrita da c arta: ar ta: a indi indignação gnaçã o perant pera ntee a irresp rre spons onsabil abilid idade ade do poder poder estatal estatal em questão de saúde pública. o segundo exemplo, o editorial da revista semanal, o núcleo do texto relaciona-se à questão da importância da imagem ima gem com o arm ar m a de cons c onstrução trução de valore valoress culturais culturais posi positi tivos vos ou ou negativos negativos.. Mas, até chegar c hegar a esse patamar patam ar de com preens pree nsão ão sint sintéti ética ca das ideias, ideias, tem os que cam ca m inhar inhar pela série interm interm ediária de m uitas uitas inform informaç ações, ões, de pequenos fecham fe cham entos entos ou pequenas pequenas conclusões conclusões até a últi últim m a, m ais abstra abstrata ta e sim sim plifi plifica cada da de todas. todas. ão, não é difícil difícil,, acre ac redi dite. te. Talvez Talvez faltefalte-lh lhee fam fa m iliarid iliaridade ade com esse trabalho em que a leitu leitura ra surge surge com c om um nov novoo conceito. conceito. Ela Ela norm norm almente alm ente é vist vista com c omoo tar taref efaa a que não se se at a trela re la esforço. Mas, se se desejam desej am os ter ter qualid qualidade ade e preci prec isamos sam os mudar certos ce rtos hábito hábitos, s, o tre trein inoo inici inicial al é necess nece ssár ário io.. Essa Essa busca de fecham fec hamento entoss pelas pelas ideias ideias de um texto texto requer treino treino de leitu leitura ra,, atenção atençã o e m em ória. A abs a bstraçã traçãoo é o fruto f ruto desej ado, mui m uitto valoriz valorizado. ado. Ler é taref ar efaa que queim queim a glicose. glicose. E ainda há outros recursos úteis para o aprofundamento da leitura que serão descritos a seguir.
14. Estratégias para a travessia
Dentre outros recursos para fazer a travessia desse relevo, para abordar os textos e conseguir atingir suas camadas mais profundas de significados, as ideias principais que o compõem, dispomos dispomos de estratégi estraté gias as que são de dois dois tipos tipos (KLEIMAN, 2000). O primeiro deles apresenta instrumentos que você já deve ter desenvolvido, no contato com os
Dessa forma, fazer resumo, sublinhar partes dos textos, o exercício de dividir em partes, ou até, fazer paráfrase são tarefas utilitárias importantes. Essa estratégia de leitura chama-se metacognitiva e consta de operações regulares que desenvolvemos para abordar o texto. Você tem controle consciente delas. Servem para avaliarmos constantemente a compreensão, para determinarmos objetivos para a leitura e organizarmos nosso movimento em relação ao texto. Tais aspectos nos capacitam o controle que se deve exercer no ato de leitura. Você já deve ter elaborado elabor ado alg a lgum umas, as, inventado inventado outras ao a o longo longo da sua histó história ria de leitor. leitor. Por sua vez, as estratégias cognitivas são operações inconscientes das quais não conhecemos o funcionam funcionamento ento.. Não pod podem em os controlá-las controlá-las conscient conscientem em ente. Já fa zem parte de nosso nossoss recurso rec ursoss e, na verdade, são provenientes da época de nossa alfabetização e juntam-se à gramática implícita, adquirida com a fala. É nessa fase de aprendizagem de fala e de primeiras letras que se fundam as raíz ra ízes es de nossa nossa perce per cepção pção linguí inguíst stica. ica. E se ela não foi mui m uito to adequada, perce per cebem bemos os os efeitos efeitos de sua falta quando precisamos ler muito ou redigir textos. Mas, há possibilidade de se rever essa competência, com treino e informações, em outros momentos da vida. Este pode ser um objetivo indireto de nosso trabalho com leitura de qualidade. Também fazem parte da construção dessa competência linguística a nossa história de leitura, o quanto lemos, as características da cultura nos ambientes familiares, sociais e profissionais que temos frequentado. Todas essas experiências poderão concorrer positivamente ou não para nossa habilidade de leitura atual. Podem ter funcionado positivamente enquanto possibilitam a alimentação de nosso repertório de ideias. Também podem ter nos emprestado modelos linguísticos que são aprendidos e, assim, emprestam corpo à nossa percepção de linguagem escrita. Você deve ter perc pe rcebid ebidoo que, que, dessa form a, est e stam am os nos nos aproxim aproxim ando cada vez m ais dos dos aspectos aspectos linguísticos do texto. É inevitável alcançar esse destino à medida que aprofundamos nossa análise em busca busca dos elem entos entos formadores form adores do leit leitor or efici ef iciente. ente. esse sentido, observe o que Evanildo Bechara (2003, p.694) aconselha: "Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse; escreveu". Ou seja, o leitor deve entrar da maneira correta nos níveis textuais tentando não ultrapassar o limite possível do que está expresso, visto que não é raro subentendermos ideias ou interferirmos com nossas crenças e pensam pensa m entos na inte inte lecç lec ç ão do texto. Va Va m os perc per c e bendo que rea re a lme lm e nte o texto te xto não é form for m ado de ideias, ideias, ma s de palavras que carre ca rregam gam ideias. ideias. É pre preciso ciso ficar pertinho pertinho delas. Por isso, caso se perceba que as heranças escolares e sociais tenham sido precárias, não tendo contribuído para o desenvolvimento de nossa capacidade ledora, não devemos desanimar. Na falta dessa experiência que é enriquecedora, se esse for o seu caso, você deve insistir na prática de leitura leitura e de obser observaçã vaçãoo dos textos extos com que entra em e m contato. contato. Toda leitura de bons textos pode ajudar no desenvolvimento da percepção linguística se o leitor tiver essa consciência. Aos poucos, você se verá tendo preferência por textos de boa qualidade. O desejo desej o de m elhorias, elhorias, típ típico ico da natureza natureza humana, huma na, também tam bém funciona funciona no uso uso da lingu linguagem agem . A atenção que damos ao nível linguístico concorre para o desenvolvimento de nossa gramática implícita, por favorecer o contato com modelos de texto e de linguagem verbal escrita. O desenvolvimento de tal competência pode vir da escola e do ensino de língua portuguesa. Mas,
15. Os blocos de palavras
Ao lermos, as palavras vão sendo estocadas em uma memória de trabalho, com o movimento dos olhos que as organizam. Elas vão formando um material significativo que será reconhecido em blocos, segundo a nossa capacidade linguística. Dá-se o nome de fatiamento a esse arranjo de palavras em e m blocos. blocos. Você se lembra das noções sintáticas de sujeito, predicado e complementos direto e indireto etc? É desse desse nível da da est e strutu rutura ra da língu línguaa que esse arra ar ranj njoo tra trata. ta. Tais Tais noções noções gram atica aticais is refe re fere rem m -se a blocos de palavr pa lavraa s, ta ta m bém cham cha m adas ada s unida unida des sintátic sintátic as. Pode acontecer que não reconheçamos com facilidade esse nível linguístico que forma o texto. Podemos ter perdido as noções gramaticais a que ele se refere e isso não tem muita importância neste momento. O pior é não termos mais a noção de que os blocos de palavras refletem a concatenação das ideias de seu autor e a expressão da carga semântica de seu pensamento. Parafraseando o prof. Othon M Garcia, devemos ensinar a língua portuguesa buscando a correção e, principalmente, porque assim se ensina a pensar, já que ela serve à coordenação e à expressão das ideias, que fazem nossa comunicação (2003, p.6). Temos nos esquecido de que saber usar a língu línguaa portuguesa portuguesa é também tam bém (e principalme principalment nte) e) saber express e xpressar ar o pensam pensam ento. ento. O arranjo verbal de um texto, portanto, é formado por palavras que se juntam de acordo com as estruturas linguísticas da língua portuguesa e de acordo com a organização do pensamento, com a fundamental intenção de boa comunicação. Podemos identificá-las, independentemente dos nomes nome s gra gram m atica aticaiis que que elas e las pos possu suem em . Para ler bem não é necessário o conhecimento escolar da gramática, já que a experiência de leitura é fundamentalmente cognitiva. Ir à gramática para tirar dúvidas e relembrar alguns tópicos, como as conjunções (verdadeiras rainhas das frases) ou as preposições (importantes elem entos entos de ligaçã ligação), o), por exem plo, plo, pode pode ser de grande gra nde valia, valia, m as não é indi indisp spensável. ensável. Sem deixar de reconhecer o imenso valor dos conhecimentos gramaticais, tentamos abrir novas possibil possibilidade idadess de contato c ontato do leitor leitor com c om a língua portuguesa, por tuguesa, para pa ra a lém dos tra traum umas as escola e scolare res. s. Assim, por ser eminentemente cognitiva, a tarefa de identificação desse fatiamento sintático (blocos (blocos de palavras) deve se basear basea r na compre c ompreensão ensão das ideias ideias que, que, em princípi princípio, o, ele ele car c arre rega. ga. o momento da leitura, os blocos de palavras selecionados pelo leitor com o movimento dos olhos (que não é linear e recebe o nome de sacádico, percorrendo grupos de palavras), às vezes, podem coincidi coinc idirr c om o que se denom ina sinta sinta gma, gm a, de a c ordo c om a s teorias teor ias linguís linguísti ticc a s atuais. a tuais. Digo muitas vezes e não sempre, porque o leitor pode se dar liberdade na construção do sentido do texto texto e elaborar estratégias estratégias de separaç separ ação ão desses blocos blocos de form a pess pe ssoal. oal. Observe a sequência dos sintagmas na frase que segue: (sintagma nominal) A menina do vizinho (sintagma verbal) está falando bobagens (sintagma adjetivo) muito cheia de si (sintagma adverbial) bem contrariamente á opinião (sintagma prepositivo) de todos. Você encontrará
prof. prof . Helena He lena Brandão, Brandã o, de onde o exem e xem plo acim ac imaa foi f oi tira tirado. do. Como você pode perceber, esse arranjo das palavras em blocos gramaticais, segue uma ordem que, antes antes de ser gra m atica atical, l, é lógica. lógica. Sem Sem a teoria gram atica atical, l, você é capaz ca paz de identi identificáficá-llo. Devemos ter um plano de trabalho para apreender esse corpo do texto, formado por esses sintagmas ou unidades sintáticas que expressam as ideias. É um corpo de texto, uma espécie de rede linguística configurando os significados. Certa vez, em uma oficina de leitura, uma participante encontrou uma expressão feliz para esse tipo de abordagem. Ela disse que ler os blocos de palavras era "como ler em pedaços" para am arrar arr ar a ideia. deia. Isso Isso mesmo: me smo: a idei ideiaa am a m arrada arra da por por um conjunto conjunto de palavras. palavras. Já rece re cebi bi vár váriios pedid pedidos os de de outros outros participant participantes es para dar esquemas esquem as para o acesso ac esso a esse nível nível dos textos. Infelizmente não há modelos ou receitas prontas. Não há regras a priori priori estabelecidas. O leitor terá que acompanhar o fluxo do pensamento do autor enquanto se expressa pelas palavras arrum ar rumadas adas em e m blocos blocos e prest pre star ar atenção atençã o às pist pistas as que el e le lhe lhe oferece ofere ce,, enquanto enquanto constrói constrói o texto texto.. Assim, encontraremos a estrutura do pensamento do autor, de acordo com suas intenções, expressas pelas palavras que ele escolheu e arranjou de forma bastante intencional e específica. Mas, esse não é o ponto de partida para nossa interlocução com as intenções do autor. Não se esqueça de que quando começamos a leitura de um texto, já contamos com muitas informações a respeito delas. Se você sente falta de um modelo de leitura, saiba transformar essa dificuldade em um desafio. Desafio positivo. Descobrir a maneira como os blocos de palavra se organizam na estrutura da frase, parece -se mui m uitto com um j og ogo. o. Imagine que a hierarquia sintática, ou seja, as dependências entre as palavras são de ordem lógica e muito mais aparentes do que você pensa. Na verdade, nossa observação em relação a esse aspecto da língua pode estar ainda pouco desperta. Agora que você já possui uma noção do que é um texto e de como as ideias nele se constroem, está pronto para entrar nesse campo linguístico como se entra em um g ame. Com curiosidade curiosidade infa infant ntil il.. A alegria das descobertas chegará aos poucos, poucos, na medid m edidaa em e m que você puder perce per ceber ber o sucesso da qualidade de sua leitura. O exem exe m plo plo a seguir seguir tem por int intençã ençãoo mos m ostrar, trar, na prá tica, a identifi dentifica caçã çãoo de blocos blocos de de palavras pa lavras e a relação que eles estabelecem entre si na frase. O texto é uma pequena notícia de jornal: arço é um mês especial para os meteorologistas. Comemorase hoje, no Brasil, o dia do meteorologista. O dia 23 é uma data internacional, o Dia Mundial da Meteorologia. A baixa umidade do ar e o calor intenso podem incomodar. Quem já enjoou do calor vai reclamar do tempo até o fim do mês. Aproveite as condições de pouca nebulosidade para apreciar o eclipse total lunar que acontece nesta noite. (O Estado de S. Paulo, 3/03/2007, caderno ca derno Metrópole) Metrópole)
Antes Antes de ler o texto texto,, você j á se inform inform ou e sabe que se trata de um texto texto jornalí j ornalíst stico ico do caderno cader no
informações antecipam a compreensão: é informação de interesse cotidiano, relacionada à meteorologia. A palavra março março é, sozinha, um bloco importante e vem junto a um verbo que vai indicar conceituação (verbo ser). Você espera o conceito a respeito do mês citado, o que se ocorre no bloco de palavra pala vrass que vem ve m logo depois do verbo: ver bo: um um mês especial para os meteorologistas. A frase seguinte (Comemora-se (Co memora-se hoje, no Brasil, o dia do meteorologista.) aprese nta quatro blocos de palavras (e quatro ideias): uma ação (comemorar) e um tempo (hoje), um local (Brasil) e o compl com plem em ento ento da da ação aç ão (o que que se se comem com em ora). A próxima frase (O dia 23 é uma data internacional, o Dia Mundial da Meteorologia.) nos oferece outra conceituação e como ela repete a estrutura sintática da primeira, identificamos mais facilmente o conceito e o que se quer expressar (uma data de cunho internacional, relacionada à data nacional). A citação da data internacional é realizada em um bloco separado por vírgula, vírgula , cuj a funçã f unçãoo de sepa se para raçã çãoo se evidenc e videncia ia e nos auxilia auxilia . a fra f rase se seguint seguintee ( A ( A baixa umidade do ar e o calor intenso ntificam os dois dois intenso podem pode m incomodar.), incom odar.), ide ntificam blocos. O prim e iro é form for m ado por outros dois dois blocos blocos unidos pela conj c onjunçã unçãoo coorde coor denativa nativa adit a ditiva iva e ( podem incomodar). (A baixa umidade do ar e o calor intenso), e o segundo pelo sintagma verbal ( podem incomodar) . A penúltima (Quem já enjoou do calor vai reclamar do tempo até o fim do mês.) é formada por indi ca uma identidade de quem vai se afirmar três blocos: a primeira (quem já enjoou do calor) indica algo, a segunda diz a reclamação possível (vai reclamar do tempo) e o último oferece uma notação temporal (até o fim do mês). veit ite) e) que que in itee as condiçõe c ondiçõess de pouca pouc a nebulosidade nebulosidade para O verbo (apro ( aprove inici iciaa a última última frase fra se ( Aprove ( Aproveit apreciar o eclipse total lunar que acontece nesta noite.) n os prom promete ete alg a lgo: o: as condições condições de pouca nebulosidade. E nebulosidade. E há a indicação de uma finalidade (outro bloco) que se segue á preposição para: p ara: ara apreciar o eclipse total lunar. A expressão do tempo do acontecimento completa o pensam pensa m ento; que ac a c ontece ontece nesta noite. Essa não é a única maneira de se perceber a distribuição das palavras nessas frases. Há outras possíve possíveis is dependendo depe ndendo do leitor, que rea re a liz lizará ar á a visualiz visualiza ç ão das palavra pala vras, s, de a cordo cor do c om seus recursos linguísticos e que serão válidos na medida em que puderem apontar os sentidos próprios ao texto. texto. Acom panhar a pon pontu tuaç ação ão pode ser de grande gra nde util utilid idade, ade, j á que sua função funçã o prim prim ordial ordial é indicar indicar as as unidades para o processamento da compreensão do texto. Os sinais de pontuação fragmentam o texto de forma visual, organizando-os em unidades que facilitam nosso trabalho de leitura, não porque repre re presentem sentem parada par adass respiratór re spiratórias ias (o que pode ser se r apena a penass uma um a coincidênc c oincidência) ia),, ma m a s porque concorrem para a expressão de um raciocínio a ser expresso. Você costuma observar o uso dos pontos finais e das vírgulas? A organização visual da página feita por esses sinais (vírgulas, pontos, travessão, ponto-e-vírgula) se estabelece de acordo com as conexões cone xões cogni c ogniti tivas vas ou discursivas discursivas do auto a utor. r. Organize-se dentro dessa ordem e procure levantar, então, os significados semânticos que são a parte par te releva re levante nte do trabalho tra balho de c ompre om preee nsão de texto. Assim, Assim , você c a m inha da perce per cepçã pçãoo dos blocos de palavra pala vrass (nível ( nível sintático) sintático) que constitue constituem m o texto até a c onstruç onstrução ão do seu sentido (nível ( nível semântico).
texto e faz fa zer essa distin distinçã çãoo entre os blocos blocos que são m ais ou me nos relevant releva ntes es dent de ntro ro do texto. Este Este aspecto pode vir de encontro com uma necessidade importante: a identificação das ideias principais. princ ipais. Essa Essa é um a das da s rec re c lam a ções çõe s mais m ais freque fr equentes ntes entre e ntre os leitore leitores. s. Embora não tenhamos regras para isso, visto que a língua escrita apresenta uma infinita possibil possibilidade idade de textos, você poderá poder á perc per c e ber em uma um a fra fr a se longa que os ve verbos rbos serão, ser ão, por exemplo, palavras importantes para delimitar os blocos que a constituem. E que as vírgulas servem , em grande parte, pa rte, para interca intercalar lar express e xpressões ões acessó ac essórias rias aos sentid sentidos os princi principais pais.. Segue abaixo um texto de jornal de veiculação nacional que poderá exemplificar essas interca intercalações lações e separa sepa rações, ções, cujo cuj o valor valor sem ântico ântico é o que que nos int inter eressa: essa: O que leva lev a um compositor compositor popular popular consagrado, consagrado, uma uma glória glória da MPB, a escre e screve ve r romance romance s?
Para responder responde r a essa pergunt pe rgunta, a, convé c onvém m lembrarmos le mbrarmos algumas característ carac terísticas icas da personal pe rsonalidade idade de Chico Buarque de Holanda. Primeiro, a forte presença de um pai que, além de ser um historiador notável, era um fino crítico literário. Depois, o fato de Chico ter se dado conta de que sua genial rodução musical não bastava para dizer tudo que ele tinha a nos dizer. ão se pode dizer que o que o Chico Chico nos diz diz nos romance romancess não tem tem nada a ver ve r com o que ele e le passa passa aos seus ouvintes através das suas canções. No recém-lançado Budapeste, por exemplo, eu, essoalmente, vejo um clima de bem-humorada resignação do personagem com suas limitações, um clima que me parece que encontrei, em alguns momentos, na sua obra musical. Uma coisa, orém, são as imagens imagens sugestivas sugestivas das canções; canç ões; outra outra é a compl com plex exaa const c onstrução rução de um romance. romance . /... A ficção, às vezes, possibilita uma percepção mais aguda das questões em que estamos todos tropeç tropeçando ando.. No caso deste romance romance mais rec recente ente de Chico hico Buarque, Buarque, temos um rico mat m aterial erial para para repensarmos, repe nsarmos, sorrind sorrindo, o, o problema da nossa identidade: identidade: quem somos nós, afinal? afinal? (Leandro (Le andro Konder, Jornal do Brasil, Brasil, 18/10/ 18/10/2003). 2003). Observe que os sublinhados marcam blocos separados por vírgulas que representam gramaticalmente funções bastante diferentes. Mesmo não sendo os responsáveis pelas ideias principais, princ ipais, visto visto que a m aioria aior ia deles dele s tem significa significados dos que são ace ac e ssórios, e les surgem surge m c om clareza no meio do texto e, assim, facilitam o trabalho do leitor. Desenvolva sempre essa observação da demarcação dos blocos de palavras, que seguem a ordem estipulada palas ideias do autor. A partir dessa ordenação, você encontrará a construção dos significados. A percepção desse material linguístico e dos mecanismos de agrupamento das palavra pala vrass nessas nessa s unidades unidade s sintática sintáticass é o fator fa tor que conduz o leitor à inter interpre pretaç taçãã o sem â ntic ntic a. Prudent Pr udentem em ente, não se dist distancie das palavras. esse processo de leitura intervirão a memória, a inferência e outras funções superiores do psiquismo. psiquismo. Como Com o já j á lhe disse, a leit le itura ura requer re quer de nós esfor e sforçç o e queim que imaa de glicose glicose.. game . Mas, vale vale a pena. Entre Entre nesse nesse game.
16. Coesão Coesão e coerência coe rência
este capítulo, você terá um pouco mais de informação a respeito do material linguístico de que é formado o texto. É nele que se inscrevem as pistas de que o autor se utiliza para estabelecer comunicação com seus possíveis leitores, buscando busca ndo para par a isso isso clare cla rezza e obje obj e tividade tividade na sua expressã expr essão. o. Tais pistas pistas são e lem e ntos que lhe conferem confer em senti sentido de organiz organização. aç ão. Há muitos fatores que participam dessa organização textual e que lhe garantem uma certa ordem, textura ou textualidade. Entre outros, citamos a coesão e a coerência. Você, em geral e de forma não consciente, enquanto realiza a sua compreensão, identifica tais fatores. Você sim sim plesm plesmente ente vai perceber perce ber que o texto texto é (ou não é) coerente coer ente e/ou coeso. coeso. Há marcas linguísticas que são colocadas intencionalmente para produzir tais efeitos, cuja identificação poderá ser efetuada pela observação do leitor quando ele passar da leitura que chamamos simples para aquela que identifica o nível linguístico e textual: a leitura analítica e crítica. Assim, Assim, um texto coeso apresent apre sentaa fra f rases ses e parágraf pará grafos os encadeados enca deados lilingu nguis isti tica cam m ente em relação relaç ão ao sentid sentidoo que que desenvolv desenvolvem em . A coesão coe são ocorre no nível nível lin linea earr de expressão de um texto, texto, em um nível nível linguístico e gramatical, com a função de estabelecer a relação entre as partes que o compõem. Há uma série de recursos que têm essa função, entre as frases e parágrafos, tais como os pronom es, palavra pala vrass de denotativas notativas e palavra pala vrass sinônim sinônimaa s de dentro ntro de um texto. As m a neira neir a s de se expressar vão criand cr iandoo esses esses mec m ecanis anism m os de relaçã re laçãoo entre entre as a s partes partes de um texto. texto. Embora ocorra mais no nível superficial, o mecanismo de coesão também se liga de alguma maneira ao nível semântico. Selecionamos alguns exemplos de elementos de coesão no texto abaixo: Produzido Produzido por Ge George orge Pal e dirigido dirigido por By B y ron Haskin, H askin, Guerra Gue rra dos Mundos M undos most m ostra ra o que ocorre quando os marcianos invadem a Terra. Na verdade, os vermelhos do espaço servem de metáfora ara os outros vermelhos que os EUA enfrentavam aqui mesmo: os comunistas. Afinal, havia, na época, uma guerra na Coréia e o macarthismo faziam estragos no cinema de Hollywood. Nesse quadro, Guerra dos Mundos é muito discutido por sua defesa da guerra bacteriológica. Anos mais tarde, foi essa mesma solução, transposta para a informática, que Roland Emmerich adotou em ndependence ndepende nce Day. O lançame lançamento nto traz traz como extra e xtra só só o trai trailer ler de cin c inem ema. a. (O Estado de São Paulo, lº/03/2002). "Os vermelhos do espaço" é uma expressão que retoma (elemento de coesão) o bloco "os m arcianos ar cianos"". Outra Outrass expressões expressões são retomadas retoma das da mesm m esmaa m aneira. aneira . Assim, Assim, "nesse "nesse quadro" e "essa mesma solução" também se referem a expressões anteriores. "Na verdade" e "afinal" encam enca m inham inham o pensam pensam ento do autor, autor, ratificando ratificando suas suas afirmaç afirm ações. ões. Tais marcas ou pistas indicam ao leitor o caminho do pensamento do autor em relação a suas intenções. Se você estiver atento perceberá esses sinais e sentirá estar em diálogo com ele. Outros Outros term term os das das orações oraç ões como com o pronom pronom es, advérbios, advérbios, pre prepos posiições e conjunções conj unções podem podem assum assum ir este papel de elementos coesivos. A coerência, por sua vez, trata da forma como a argumentação foi construída. É no nível dos sentidos, no nível mais profundo, que tais aspectos de coerência se manifestam. Simplesmente reconhecemos se um texto é coerente ou não. Por exemplo: a afirmação que um menino de nove anos salvou a irmã de quinze, ao levá-la ao
que forma a criança pôde levar a irmã? É incoerente e contraditória esta informação. E ele não é coerente ou incoerente em si, mas sempre em relação a um leitor numa determinada situação. Se a linguagem é o lugar de uma interação, é para determinados interlocutores que o texto deverá fazer sentido. Você, como interlocutor, terá a experiência de sentir o texto coerente ou incoerente. Essa experiência se dá pelo sentido apreendido no conjunto do texto, em nível não linear, não linguí linguíst stico. ico. É o nível nível dos conceit conce itos os cogniti cognitivos vos em que há uma um a rec r ecorr orrênc ência ia de ideias ideias que o constrói. constrói. Elas vão analogicamente configurando as linhas de coerência do texto, de acordo com o que se pretende pre tende dize dize r. São as repetições relacionadas aos núcleos de ideias ou temas que asseguram a coerência semântica ao texto. É uma das condições para sua coerência. Um argumento fora do padrão que nele se desenvolve será incoerente. Por sua natureza incoerente, ele saltará aos olhos do leitor. Abaixo Abaixo segue o texto texto de uma um a questão questão de prova de concurso c oncurso públ público, ico, em que podemos podem os obs obser ervar var a questão da coerência: Control Controladori adoria-G a-Gee ral da União - ESAF. 03/2004 Analista Analista de Finanças e Controle Controle 9. Em relação ao texto, assinale a opção incorreta.Os gregos não possuíam textos sagrados nem castas sacerdotais. Graças à literatura de Homero, produzida oito séculos antes de Cristo, os regos se apropriaram de uma ferramenta epistemológica que, ainda hoje, nos dá a impressão de que eles intuíram todos os conhecimentos que a ciência moderna viria a descobrir. O que seria de nossa cultura sem a matemática de Pitágoras, a geometria de Euclides, a filosofia de Sócrates, Platão Platão e Aris A ristót tótee les? O que seria da te te oria de Freud F reud sem se m o teatro de Sófocles, Sófocle s, Eurípides Eurípides e Ésquil É squilo? o? Os hebreus imprimiram ao tempo, graças aos persas, um caráter histórico e uma natureza divina. produziram uma literatura monumental - a Bíblia -, que inspira três grandes religiões: o udaísmo, o cristianismo e o islamismo. Tira-se o livro dessas tradições religiosas e elas perdem toda a identidade e o propósito. propósito. (Frei (Frei Betto) O primeiro prime iro par parágra ágrafo fo nos fala fa la da literatura literatura como c omo fund f undam am ental na na cul c ultu tura ra grega e da contribu contribuição ição dos conhecimentos gregos para a época contemporânea. O segundo cita os hebreus e a Bíblia como texto importante para a identidade de três tradições religiosas. O que liga tais parágrafos? Qual é a ideia que os liga, proporcionando ao conjunto do texto coerência? Será a referência literária se interpretarmos, então, a Bíblia como texto literário? Talvez a ligação entre eles estivesse mais clara se tivéssemos mais parágrafos que pudessem nos dar outras referências a respeito do assunto. Porém, da maneira como foi apresentado nesta questão, o texto tem pouca consistência textual. Apresenta dúvidas quanto a sua coerência. Percebemos que a coesão e a coerência são fatores de ordenação capazes de nos indicar se o autor autor pôde tornar tornar seu texto texto adequado e eficient e ficientee em relaçã re laçãoo a seus objeti obje tivos vos.. Um texto necessita da cooperação desses diversos níveis de resolução para que ele não pareça uma colcha de ret re talhos, alhos, mas ma s sim sim um sist sistem em a organiz organizado, ins instru trum m ento de de interm intermediaçã ediaçãoo social. social. Você e eu saberemos compor melhor nossa função como leitores se tivermos a percepção dessa construção de níveis, de significados e de relevos que configuram a rede de palavras no texto.
Parte III III
Flor do Lác Lácio, io, Sambódromo, Sambódromo, Lusamé Lusamérica rica latim latim em pó, O que quer O que pode esta língua? Caetano ae tano Velo Ve loso so
17. Exemplo de leitura
este exercício de leitura, com dois textos abaixo transcritos, indicaremos alguns dos passos necessários para uma leitura eficiente. Preparado? O primeiro desses passos é identificar que se trata de dois editoriais de revista, o que antecipa dados importantes para a compreensão. A partir daí, podemos compor hipóteses de leitura. Ou seja, você espera encontrar a descrição das matérias do número da revista em questão e, talvez, algum dado da linha linha edi e ditori torial al ou da fil f ilosofi osofiaa da revi re vist sta. a. E, ainda se preparando para o diálogo com o texto, que é a chave mestra da leitura, a pergunta que segue é: de que revistas? Uma revista informativa semanal de grande veiculação e outra de cunho comercial de artigos de papelaria em geral. São, com certeza, diferentes embora de mesmo gênero textual. Mas, de de que nature naturezza serão ser ão as a s dife diferenç renças? as? Como elas e las compõem com põem o seu corpo de palavras? palavra s? Como om o é a reso re solu luçã çãoo dos obj objeti etivos vos par paraa os quais quais foram compos com postas? tas? Será mais simples responder a estas perguntas depois da leitura das duas e de uma comparação entre elas. Vamos? O primeiro prime iro texto texto é da revi re vist staa de veiculaç veiculação ão sem anal: Carta ao Leitor o encerrar-se enc errar-se a década dé cada de 70, VEJA apresent aprese nta, a, nesta edição especia espec iall de 200 páginas páginas,, um grande grande mural do que foram os últimos dez anos - no Brasil, no cenário internacional, na economia, nas artes, na ciência e tecnologia, no comportamento social. Sob a coordenação da editora Dorrit arazim, uma equipe de jornalistas de VEJA, especialmente destacada para a tarefa, esteve durante três meses envolvida na pesquisa, redação da edição deste balanço, num trabalho exaustivo mas de resultado compensador. E assim como encerramos o ano de 1969 com a edição especia espec iall sobre sobre a década dé cada de 60, fec fechamos hamos 1979 1979 com est e stee "Os Anos 70" 70"- sendo se ndo que, no espaço ent e ntre re as duas edições, VEJA completou sua implantação definitiva na imprensa brasileira. A demonstração mais simples e eloquente disso é a tiragem de 370000 exemplares que a revista ating atingee na presente edi e dição. ção. m "Os Anos 70" VEJA não pretendeu fazer história nem escrever um tratado de sociologia ou
1970 e dezembro de 1979. O objetivo foi levar ao leitor uma reflexão sobre o que os anos 70 ignificaram - que mudanças trouxeram em relação ao passado, que perspectivas abriram em relação ao futuro, que ensinamentos podem ter deixado. Nesta dimensão, mais importante que relacionar episódios é mostrar o que querem dizer sua soma e sua combinação. Todas as décadas, ao terminarem, deixam um mundo diferente daquele que existia em seu início e as páginas seguintes mostram, por exemplo, que o Brasil de 1979, da abertura política e da negociação, pouco tem a ver com o Brasil ditatorial de 1970, assim como o mundo do petróleo barato do começo da década pouco tem a ver com o mundo de hoje, onde o cartel dos produtores controla não apenas os suprimentos mundiais mas também o próprio fluxo de capital através do laneta. O fim da década faz também pensar sobre o futuro e sobre que tipo de vida estaremos vivendo vive ndo nos anos anos 80. Não Não é o caso c aso de se desesperar dese sperar,, mas também parece não haver have r muitas muitas razões razões ara otimismo -os anos pela frente prometem ser difíceis e amargos, e serão necessárias muita orça e serenidade para fazer a travessia até 1989. J.R.G. J .R.G. (Re ( Revista vista VEJA. De D e zembro zem bro de 1979, p. 9) Percebemos no primeiro período, do primeiro parágrafo que "Veja apresenta /... / um grande mural do que foram os últimos dez anos". E m E m intercalações no início do período e no meio dele, separadas separa das por por vírgul vírgulas, as, apresentam -se uma um a circuns c ircunstância tância tem tem poral (" Ao ence e ncerrar-se rrar-se a déc dé c ada de ifica caçã çãoo da edição ("nesta edição especial de 200 páginas") e por um travessão, uma 70"), a ident identifi enumer enum eraç ação ão dos aspectos descr descrit itos os nesse nesse m ural e a loca locali lizzação aç ão geográfica geográf ica ( "no Brasil, no cenário internacional, na economia, nas artes, na ciência e tecnologia, no comportamento social"). o segundo período, segue-se a ideia central: "uma equipe de jornalistas de VEJA /... / esteve /... envolvida na pesquisa, redação da edição deste balanço" e, em intercalações, a indicação dos responsáveis pela pesquisa e redação ("Sob a coordenação da editora Dorrit Harazim", "especialmente destacada para a tarefa"), tarefa"), o tempo ("durante três meses"), meses"), e a natureza do trabalho ("num trabalho exaustivo mas de resultado compensador"). as duas úl últim tim as frases, fra ses, o texto texto faz fa z uma um a compa c ompara raçã çãoo entre as edições de final das das décadas déca das de 60 e 70, o que justifica a edição atual (" E as sim as sim c omo e ncerramos nce rramos o ano de 1969 c om a e dição especial sobre a década de 60, fechamos 1979 com este "Os Anos 70""). Ele t ambém t ambém nos dá a notícia da implantação da revista na imprensa brasileira com o número de exemplares ("sendo que, no espaço entre as duas edições, VEJA completou sua implantação definitiva na imprensa pará rágra grafo, fo, tem os a negaçã nega çãoo do que brasileira.", "a tiragem de 370.000 exemplares"). No exemplares"). No segundo pa não se pretende com essa edição: "VEJA "VEJA não pretendeu fazer histó históri riaa nem ne m escrev e screver er um tratado tratado de ociologia ou ciência política", "também não houve a pretensão de apresentar tudo o que aconteceu entre janeiro de 1970 e dezembro de 1979". É prudente começar com o descarte de hipóteses que poderiam ser levantadas por expectativas de leitura, de acordo com a proposta da public public a ção: çã o: "Ao Anos 70". Ta Ta l atitude do autor de dem m onstra onstra uma um a estratégia estra tégia c autelar aute lar inte inte ressante. re ssante. E também antecipa para o leitor a afirmação dos objetivos que deverão ser apontados a seguir. O leitor espera pelo que vem depois disso: a reflexão a respeito do significado dos acontecimentos da década déca da ("O objetivo foi levar ao leitor uma reflexão sobre o que os anos 70 significaram."). o último, no primeiro período, o texto sugere a importância da dimensão temporal da década que, por sua vez, dá embasamento para as reflexões ("Todas as décadas, ao terminarem, deixam um mundo diferente daquele que existia em seu início"). Observar o início de uma década, a de
a de 80: "O fi "O fim m da década déc ada faz também també m pe pensar nsar sobre o futuro futuro e sobre que tipo tipo de v ida estaremos estarem os vivendo nos anos 80.". os dois últimos períodos, o texto sugere profeticamente as surpresas da próxima década e a postura postura que se deve tomar tom ar e m relaç re lação ão a e las. A refe re ferê rência ncia c ompa om para rati tiva va entre entr e o início da dé déca cada da de 70 e o seu final, final, com certez ce rteza, a, j ust ustifica ifica a relevância r elevância da pub publi lica caçã ção. o. Vamos ao segundo texto, o editorial da revista comercial: ditorial "Cada "Cada quá com c om seu se u saraquá" Todos nós, ocidentais, já viramos o pescoço para apreciar uma tatuagem bem-feita, principalmente e ela ornar as costas ou a barriga de uma bela jovem. Já nem ligamos mais para cabelos tingidos de rosa, violeta ou verde-cítrico ou para o "festival de silicone", que invadiu os salões e passarelas do samba, em todo o Brasil, durante o último carnaval. Agora, daria para imaginar nosso próprio espanto se um dia cruzássemos nas ruas com uma "mulher girafa" ou quem sabe uma chinesa adulta, cujo sapato não alcança o número 32? Para os orientais ou mesmo moradores de alguns aíses africanos, esse tipo de adorno ou costume confere um determinado padrão de beleza. uitas vezes, e em muitos lugares, os rituais tinham um cunho religioso e acabaram com o tempo incorporados ao dia-a-dia desta ou daquela sociedade. É deste tema que tratamos na matéria "Vai de gosto!" desta edição de março, dedicada à mulher. Entrevistamos também a sambista dona vone Lara, que "antes tarde do que nunca" despontou para o cenário musical - e quando o fez não erdeu a majestade; e mulheres que, após os 50 anos, descobriram o glamour das passarelas da moda. Falamos também de negócios, como a visita do presidente mundial da Oki às lojas da Kalunga, Kalunga, das 10 milhões de impressoras fabricadas fabricadas pela HP e do patrocínio patrocínio da Fórmula Truck, ruck , modalidade de corrida que reúne caminhões de todas as marcas. Com estreia neste dia 11 de março, o circuito tem pela primeira vez o patrocínio da Kalunga, em parceria com a Samsung. Boa leitura a todos! Rev Re v ista ista Kalunga Kalunga de março març o - 2007 (n° ( n° 194) Sabemos tratar-se de revista comercial de distribuição gratuita e, a partir dessa informação, podem os nos perguntar pergunta r de que tipo será ser á a elabora ela boraçç ão do texto te xto e da funçã funç ã o do gênero gêne ro textual. te xtual. Ser Seráá semelhant sem elhantee ao a o da revi re vist staa que tem int interesses er esses comer com erciais ciais?? Será er á diferent difere nte? e? O título ("Cada ("Cada quá com seu saraquá") e o conhecimento con hecimento do gênero antecipam informações importantes. Quando começamos a leitura do texto propriamente dito, já contamos essas informações que nos ajudam a construir os seus significados. Lemos entendendo. Entre aspas, o título apresenta uma expressão de cunho popular, com termo de possível origem tupi, saraquá. sa raquá. Aind a de acordo com o Dicionário Aurélio, essa expressão encontra paralelo em outras: "Cada qual com seu saraquá. Brasileirismo. 1. Cada um em seu lugar, em sua ocupação; cada macaco no seu galho, 2. Cada qual com seu destino." (HOLANDA, s.d., p.1273). ossa expectativa é que tal frase popular venha explicada ou exemplificada. Essa é uma das hipóteses que levantamos ao lado das outras, provenientes do fato de termos na mão um editorial de revista com um determinado título. As duas duas primeiras prime iras frases fra ses apresent apre sentam am comport com portam am entos entos esperados espera dos na cul c ulttura nacional. nacional. Cit Citaa alg a lguns uns
nos perturbar ("... já ("... já vira v iramos mos o pe pescoç scoçoo para apreciar aprec iar uma tatuagem tatuagem bem-fe bem -feit itaa /... / ne nem m ligamos ligamos mais para cabelos tingidos de rosa, violeta ou verde-cítrico ou para o "festival de silicone", /... durante o último carnaval). Note a espontaneidade e o tom brincalhão com que o autor nos oferece as informações ("viramos o pescoço", "festival de silicone") numa linguagem bastante coloquial ("nem ligamos... "). As outras duas frases indicam aspectos da cultura africana e oriental. Por serem desconhecidas na cultura brasileira, são passíveis de gerar reações de espanto entre nós ("... nosso próprio espanto se um dia cruzássemos nas ruas com uma "mulher girafa" ou quem sabe uma chinesa adulta, cujo sapato não alcança o número 32? Para os orientais ou mesmo moradores de alguns aíses africanos, esse tipo de adorno ou costume confere um determinado padrão de beleza."). Em seguida, na próxima frase, o texto cita a relação entre a origem religiosa de certos rituais e sua incorporação nos hábitos da população (" os rituais tinham um cunho religioso e acabaram com o tempo incorporados ao.. ."). Podemos ."). Podemos questionar se há uma sugestão de que os hábitos de vaidade das mulheres são provenientes desses rituais de cunho religioso. As palavras não explicitam essa relação. Haveria neste ponto do texto uma questão de coerência. Há uma ausência de sentidos entre essas informações: a referência à vaidade feminina entre orientais e africanos af ricanos e a incorporaç incorporação ão dos rituais rituais.. Podem os supo suporr que a m atéria da revis r evista ta possa possa desenvolver desenvolver esse assunto, visto que a próxima frase ("É deste dest e tema que tratamos na matéria "Vai de gosto!" desta edição de março, dedicada à mulher.") estabe lece uma correlação com a celebração da m ulher ulher no m ês de de març m arço. o. essa última frase, o autor justifica de maneira coerente e coesa o título da matéria principal da revista ("Vai de gosto!"). As diferenças culturais se explicam pela especificidade de cada gosto ou preferência. Ao mesmo tempo, ao indicar uma outra expressão popular para explicar tais diferenças, nos remete ao título do texto. O título do editorial, então, também está justificado. Se você est e steve eve atento, atento, vai perce ber que a pergunta pergunta m antida antida em e m segundo segundo plano plano a resp re speit eitoo do porquê porquê do títu título, lo, estar estaráá respon re spondid didaa agora. agora . Outra Outrass matérias ma térias são são citadas citadas a seguir. seguir. São São report re portagens agens com m ulhere ulheres, s, j á que o número núme ro é dedicado a elas: " Entrevist Entrev istamos amos também a sambista sambista dona Ivone Iv one Lara /.../ mulheres mulhere s que, após os 50 anos, er ados: negócios negócios e o descobri desc obriram ram o glamour das passarelas passarelas da moda". m oda". Mais dois assunt assuntos os são enu e nu m erados: patroc patr ocíni ínioo da Fórm ula Truck Tr uck de que a e m presa pre sa parti par ticipa cipa:: " Fa Fa lamos também de negócio s/.../ e do atrocínio da Fórmula Truck /.../ Com estreia neste dia 11 de março, o circuito tem pela primeira vez o patrocínio da Kalunga, em parceria com a Samsung." Como você pôde observar, am bos os texto textoss cumprem cum prem o objeti obje tivo vo a parti pa rtirr do qual foram redi re digi gidos dos.. Exercem à risca a função de noticiar as matérias do atual número da revista. Vamos então á aproxim aproxim ação aç ão prometi prom etida da dos doi doiss edito editoriais riais para fechar fe char este este exem plo plo de leitura. leitura. Retomamos as perguntas feitas no início do capítulo: de que natureza serão as diferenças entre os editoriais? Como os textos compõem o seu corpo de palavras em torno das ideias? A lingu linguagem agem do prime primeiro iro texto texto é um pou pouco co m ais elabora elaborada da e form al. As frases são m ais long longas as e a estrutura das frases menos próxima do nosso dia-a-dia. Por outro lado, o texto é bem explícito enquanto enquanto apresent apre sentaç ação ão de conteúdos conteúdos.. Ou seja, sej a, a explanaç explanação ão das ideias ideias é quase didáti didática ca.. E ele não escapa de uma informação com intenção de m arketing, quando quando cita a cifra relacionada com o crescim cr escimento ento da da revis r evista ta ao longo longo da década déc ada em e m questão. questão.
características da linguagem aproximam o leitor, convidam-no a ser cúmplice do autor. "Quem á não virou o rosto para uma tatuagem?", ele pergunta incluindo o leitor em uma experiência possíve possívell da c ultura ultura nacional nac ional e c om m uita uita liber liberda dade de na e xpressão xpre ssão das ideias. Se m c hegar hega r a ser Complicador para o leitor, esse estilo com mais liberdade, pede um cuidado na leitura para a identificação de seus sentidos e sutis ironias, presentes no tom humorístico. E ele também não escapa do marketing, quando c itaa um marketing, quando cit novoo patrocínio nov patrocínio esporti esportivo, vo, atualm atualmente ente um aspecto importante importante para as em e m presas. Por que o autor faz a digressão inicial? Como instrumento de argumentação, ele utiliza essa estratégia estratégia para par a prepara pre pararr de form f ormaa inter interessant essantee o leito leitorr para a m atéria principal principal da da revis r evista. ta. O tom tom m ais sér sério io do prim prim eiro editorial editorial não não apresenta a presenta esse recurso re curso de argume a rgument ntaç ação ão inicial inicial e põe o leit leitor or a par pa r da m atéria do número núme ro em questão questão logo logo na na primeira prim eira fra f rase. se. As sut sutil ilez ezas as refe re fere rent ntes es ao nível nível de expressão e xpressão linguí linguíst stica ica do editorial editorial da revist r evistaa com ercial, er cial, que são de cunho humoríst hum orístico, ico, não estão lá presentes. Temos informações da natureza das matérias, que são reflexivas e trazem ao leitor análises e abstrações a respeito dos conteúdos. O nível linguístico é formalmente impecável. Ambo Am boss cumprem bem a tarefa taref a a qu quee se propõem propõem , mas ma s de de m aneiras di diferent fere ntes. es. O públ públiico a que se destinam são fatores fundamentais nessa diferença de abordagem. A liberdade de estilo do texto texto da revi re vist staa com c omerc ercial ial mostra mostra uma um a relação relaç ão m ais ínt íntima ima com seu públi público. co. O outro texto texto par partte de uma um a relaç r elação ão m ais adequada à sua sua proposta proposta editorial editorial.. ão se esqueça de que esta é uma sugestão de trabalho, entre muitas outras possíveis. Experimente ler um editorial de outra revista e fazer também uma comparação com estes dois textos. textos. Experimente Experim ente treinar tre inar leitura leiturass de variados va riados textos! textos!
18. A folha de registro
A folha de registro contém a anotação das ideias principais de um texto em forma de tópicos, esquemas, chaves ou outras maneiras pessoais e criativas de marcação. Os pontos mais importantes do texto que precisarem de atenção estarão registrados e, possivelmente incorporados, incorporados, ou ou seja, sej a, m em orizados. orizados. Você Você j á deve ter feit fe itoo mui m uittos deles, deles, com outros outros nom nom es. O resultado desse trabalho nem sempre é resumo, porque normalmente não se organizam seus tópicos em um texto ordenado. Pode apresentar vários nomes: esquema das ideias ou síntese. O nome não importa, mas o exercício é muito importante, pois, ajuda em muitos aspectos. Inclusive na memorização dos conteúdos. Apesar de parecer perda de tempo ou um atraso no ritmo do estudo, esse treino otimiza a capacidade de se atingir os níveis mais abstratos dos textos, o que requisitará de você um esforço cognitivo. Para a elaboração do registro de dados, é necessária uma leitura mais atenta. A rapidez em sua execução exec ução dependerá depender á do seu seu treino em leit leitura.
no texto, facilitando o seu estudo ou pesquisa. A form a desse regi re gist stro ro apresent apre sentar aráá os tra traços ços de estil estiloo de cada ca da leito leitor, r, de acordo ac ordo com prefe pre ferê rências ncias pessoais pessoa is e necessidade nec essidadess parti par ticc ulare ular e s. Isso significa significa que haverá have rá m ais frase fr asess e struturadas struturada s ou m a is setas e desenhos dependendo de cada um, ou então, de cada disciplina estudada e de suas peculi pec uliaa ridades. rida des. O importa im portante nte é você descobrir desc obrir form for m a s e ficientes fic ientes de rea re a liz lizar este regist re gistro ro de ideias. ideias. Import Im portante ante também tam bém é você descobrir descobrir qual é o seu est e stil ilo. o. Além disso, visto que exige observação cuidadosa, este treino poderá fazer você desenvolver aspecto aspec toss do tra trabalho balho cogniti cognitivo vo de com c ompre preensão ensão do texto. Para se fazer um bom registro das ideias principais, você vai ter que se comprometer com a leitura. Além de tudo isso, ela poderá ganhar ritmo e velocidade. E, a partir daí, claro, ganhará também qualidade. O exemplo abaixo mostra uma possibilidade de registro de dados. Outras são possíveis. Experimente ler o texto sugerido e fazer o seu registro e, só depois então, veja a resolução apontada. TEXTO: A CONST CONSTITUIÇÃO ITUIÇÃO DE 1946 nstalou-se, em 2/2/1946, uma nova Assembleia Constituinte, a quarta Assembleia Constituinte rasileira, da qual resultou uma nova constituição, promulgada em 18/9/1946. Esta constituição, inspirada na democracia social Weimariana, regulou os problemas relativos á ordem econômica e ocial, á família, educação e cultura; ampliou as técnicas intervencionistas; combateu a força econômica dos trustes. Durante a v igência igênc ia dessa c onstit onstituição uição o Brasil Brasil foi gove gov e rnado sucessi suce ssivam vamee nte por Eurico Gaspar Dutra, Ge Getúl túlio io Vargas, Ca Café fé Filho, Filho, J usceli usce lino no Kubitsche Kubitschekk e J ânio Quadros. Este último último foi e leito com uma esmagadora maioria de votos, entretanto a sua renuncia brusca provocou uma grande crise político-militar no país. Com a renúncia do presidente Jânio Quadros, implantou-se o Parlamentarismo Parlamentarismo como com o soluç soluç ão para e sta crise, tendo c omo Primeiro Ministro Ministro o De Deputado putado Tancredo Neves. O ato adicional que implantou o Parlamentarismo previa em seu texto a realização de consulta popular por meio de um plebiscito. Este plebiscito foi realizado em 6/a/1963 e o povo, por maioria, consagrou o regime presidencialista, restaurando-se os tradicionais poderes ao Presidente João Goulart que assumira com a renúncia do Presidente Jânio Quadros. (LIMA, (LI MA, José José Juarez Juare z Tavares Tavar es de. de . Direit Dire itoo Const Constit itucional. ucional. São São P aulo: Pró-conc Pró- concurso, urso, s.d., s.d., p.43.) p.43.) Resolução do exer e xercício: cício: Fol Folha ha de regis re gistro tro A CONSTITUI CONSTITUIÇ ÇÃO DE 1946 1. 2/2/1946: instalação da quarta Assembleia Constituinte, de que se originou a constituição de 18/9/ 1946. Inspiração na democracia social weimariana: regulação de problemas econômicos e sociais, familiares, educacionais e culturais; ampliação de técnicas intervencionistas; combate aos trustes. 2. Durante essa constituição: governos de Eurico Gaspar Dutra, Getúlio Vargas, Café Filho, Juscelino Kubitschek e Jânio Quadros (maioria de votos e renúncia que provoca crise
3. Parlamentarismo, após renúncia de Jânio Quadros. Primeiro Ministro: Deputado Tancredo eves. Plebiscito realizado em 6/1/1963 decide pelo presidencialismo. Presidente João Goulart. Sabemos, então, ao terminar a leitura e depois de fazer a folha de registro o que é o poder do Estado, como se exerce e organiza entre os cidadãos de um determinado território. Somos até capazes de relatar essa compreensão para outra pessoa. Construímos o significado desses conceitos a partir do texto em questão. Esse trabalho é útil e facilita a memorização. Treine! Releia a sua folha de registro. Veja como você organizou as ideias, enquanto compreendeu a sua sequência. Lembre-se de que a leitura é sempre um trabalho de construção de sentidos. Faça aç a o mesm m esmoo em outro outro texto! texto!
19. O diário diário de bordo
Você já se imaginou, um pouco pelo menos, como Ulisses empreendendo uma viagem em busca de m a is amplos am plos horiz horizontes? ontes? Essa ideia me ocorreu certa vez ao conversar com um aluno que se preparava para prestar um concurso. E essa essa imagem im agem está cada vez m ais viva. viva. É tar taref efaa homér hom érica ica est e studar udar por um cer c erti tificado, ficado, diploma ou uma vaga em um concurso. Não parece uma longa viagem a um destino muito desejado? Pois para que ela tenha sucesso são necessários alguns preparativos e certa disciplina no trajeto. Importante é saber com segurança de onde saímos e para onde vamos. Devemos ter técnicas de estudo eficientes para esta viagem, como mapas e bússolas, já que se trata de uma longa ornada. Daí o nome diár diário io de de bordo dest destaa técnica de estudo. estudo. Um document docume ntoo a ser diariam ente visto vistoriado, riado, seguido, marcado por você e que funcionará como um grande instrumento de controle. Quase um verdadeiro mapa de todo o trajeto a ser percorrido. a verdade, trata-se de um quadro (folha A4 ou A3, cartolina ou outro tipo de papel), em que você deve enumer enum erar ar os tópi tópicos cos a serem ser em estudados estudados,, extraídos extraídos de de um conjunt conj untoo de cont c onteúdos eúdos,, como com o o índice de livro ou o edital de concurso. A sugestão é que se faça o desenho dos capítulos em colunas, por exemplo. Haverá nessa folha a totalidade dos assuntos a serem estudados e ela funcionará como uma central de informações. Por exemplo, haverá uma marcação de conteúdos já estudados e os que não ficaram sufici suficient entem em ente ente claros, claros, para futura futura compl c omplem em entaç entação ão da tarefa. are fa. Outro aspecto dessa técnica é a visualização dos tópicos a serem estudados, que ganham transparê ransparênci nciaa po porr represent r epresentare arem m uma espécie espécie de m em orando orando do seu seu con c onjj un untto. Assim, ficará mais claro em que ponto do trabalho você se encontra. Como em um mapa, você se localizará no caminho que está percorrendo. Caso se depare com uma dificuldade, você pode anotar o ponto de parada e ir para outro capítulo ou disciplina. Ao voltar, haverá mais clareza em
Essa Essa revis r evisão ão do andamento andam ento do estudo estudo,, tam tam bém favorece fa vorecerá rá a utili utilizzação aç ão da sua mem m em ória. Sabem Sabem os que ela funciona pela repetição dos dados a serem memorizados. Quanto mais ratificarmos as informações, mais facilmente elas serão incorporadas nos níveis mais profundos da memória e, portanto, porta nto, mais m ais bem be m fixados. fixa dos. Você Você não quer e stim stim ular o uso da m e m ória? ória ? Com Com o diário diár io de bordo, haverá mais possibilidades de você entender e construir as referências lógicas dos conteúdos. Há uma um a difere diferença nça grande ent e ntre re decorar e aprender. A aprendiz aprendizagem requer que você ultrapass ultrapassee o nível de decoração dos conteúdos, utilizando sua memória de maneira diferenciada e contribuindo para a construção do conhecimento, a partir de uma rede de informações. A elaboração do diário de bordo ajuda a memorização e colabora para a verdadeira aprendizagem desses cont c onteúdos. eúdos.
20. Outro Outro exemplo e xemplo de leitura
A vaca letrada: uma vaca que regurgita ideias, abre caminhos e oferece possibilidades... Você é c a paz de l er er tudo isso nessa vaquinha tão comum?
[Ilustração disponível em www.worthl000.com www.worthl000.com]]
Conclusão
Os limites de minha linguagem significam os limites de meu mundo. Wittgenstein
Podemos retomar a pergunta inicial: você sabe mesmo ler?Ao longo deste livro, talvez você tenha mudado a sua percepção a respeito do que é leitura. Tomou contato com muitos de seus aspecto aspec tos, s, alguns alguns deles já j á fam fa m iliare iliares, s, outros outros desc desconhecidos, onhecidos, alguns alguns talvez talvez insu insuspeit speitados. ados. E também tam bém , com sorte minha, sua resposta poderá ser positiva. Relembrar a complexidade do ato da leitura neste momento também pode fazer mais sentido. Visto Visto que que são tão variados os aspectos que que o compõem c ompõem , podem podem os entender entender como com o é essencial que que você tenha consciência de todos: desde as questões mais físicas e emocionais que podem interferir no processo da compreensão, até as informações a respeito dos aspectos cognitivos e especificamente linguísticos da leitura. Daí também, fácil entender como você necessita ter uma bagagem de recursos para que essa atividade seja realizada com eficiência. Com ela, podem-se criar possibilidades reais para você agir como com o um bom leito leitor. r. E é fácil estudar? Não, não é fácil, pois, demanda disciplina, compromisso e, principalmente, recursos eficientes de leitura, de memorização, de atenção. Demanda que você tenha uma obser observaçã vaçãoo cuidadosa cuidadosa sobre sobre os aspec aspecto toss particulares particulares a essa experiência. e xperiência. E está em suas suas mãos m ãos a adm a dmiinist nistra raçã çãoo de todo todo o proce process sso. o. Todas Todas as inform informaç ações ões que que faz f azem em parte deste livro, não são suficientes para fazer um bom leitor, se você não puder identificar o ponto fraco em que deve colocar mais atenção, com o objetivo de melhoria da qualidade de sua leitu leitura ra.. Mas, Mas, a inform inform ação aç ão está passada passada e as fronteiras fronteiras do mar ma r abertas a bertas à sua viagem viagem . AventureAventure-se se como Ulisses. E, quem sabe, eu também tenha despertado algo mais em você assim como a curiosidade a respeito de textos e de como a língua nos expressa por escrito. Seja pela peculiaridade das palavra pala vrass num títul títuloo de texto te xto ou pela marca pessoal em cada leitura, a direção de seu olhar para o texto, o desenho particular de abordagem aborda gem . A sutil sutilezas ezas desse cont c ontato ato do leitor leitor com o texto. texto. Com Com que olhar lem os? Qual é o lim lim ite ite entre as palavras desenhadas na página em branco e a nossa percepção de mundo? um quase mistério elas vão estabelecendo significados e desenhando geografias, relevos. Com sutilezas pelos caminhos dos textos, pelos desvãos entre os parágrafos, poesia de forma, metáfora de construção. Em meio a isso, distraidamente, que você possa ter uma aproximação amorosa em relação à língua portuguesa. E quem sabe o gosto pelo universo dos textos tenha talvez passado passa do a visita visita r a sua ima im a ginaçã ginaç ã o? E, também, nesta ampliação do conceito de leitura que você possa, a partir de agora, atingir outros tipos de textos. Os recursos necessários para o contato com o texto escrito, estes com que você j á pod podee contar contar,, também tam bém participam participam do repertó reper tório rio do leit leitor or de outra outrass lin linguagens guagens.. No m und undoo
visto que são expressões culturais e simbólicas, em forma de palavra, gesto, som ou imagem (MARTINS, 2003). Ou seja, os recursos que você puder desenvolver na leitura de textos escritos servirão para elaborar outros de diferente natureza. Como é ler um filme, um quadro, uma peça de propaganda, uma parede grafitada? Como é permitir que as manifestações culturais entrem em nossa vida e ganhem representação em nosso repertório de leitores? Como é ampliar nosso m und undoo imagin im aginário? ário? a verdade, à nossa frente, há um mundo cheio de textos para ser lido e interpretado. E as condições para acessar esse mundo está em suas mãos caso você queira ser participante desta fest fe staa de sinais sinais e de form as sim sim bólicas. bólicas. Ele Ele esp e sper eraa parti pa rticipaçã cipação. o. E o seu, seu, o nosso nosso mundo par parti ticular cular esp e sper eraa por essa am pliaçã pliação. o. Que a sua história de leitura, que se atualiza a cada nova página lida, possa abrir-se a novos capítulos. E que este livro possa ser finalizado contando com a construção de sentido que você possa realiz re alizar ar.. Sua Sua leitura leitura o faz fa z vivo. vivo. Seu Seu significa significado do depende de sua leitura leitura.. Que a experiência da leitura deste texto tenha dado seus frutos. Que ela também tenha plantado outra outrass sementes. sem entes. São Paulo, P aulo, julh j ulhoo de 2007
Referências Bibliográficas
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A Autora
Fiz a graduação (Letras) e a pós-graduação (Literatura Portuguesa) na Universidade de São Paulo. Desenvolvi o magistério em Língua Portuguesa ao longo de mais de duas décadas. Tenho me especializado em Literatura Analítico-reflexiva, trabalho que deu origem a este livro. A partir de uma necessidade do público, elaboro atualmente urna metodologia de ensino em produção de texto. Exercito a leitura da palavra. Pelo caminho, aprendi também a ler o gesto e a postura do corpo e a linguagem dos planetas no céu. Todas essas linguagens me alimentam a alma. Enquanto leio o mundo possível a mim, também me divirto pela vida. Contato com a Autora
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Este livro foi impresso em julho de 2007, pela Life Serviços Gráficos Grá ficos Ltda, Ltda, em e m presa do Grupo Comunicare Comunicare - Curiti Curitiba ba (PR): ( PR): www.comunicare.com.br Composi om posiçã çãoo em fonte Book Bookm an Old O ld Sty Style, le, 10.5
"Provavelme Pr ovavelment ntee aquelas coisas coisas tinham inham nomes. nome s. O menin m eninoo mais m ais novo int inter errogou-o rogou-o com c om os olhos olhos.. Sim, com certez ce rtezaa as a s preciosid preciosidades ades que se exibiam nos altares da igreja e nas prateleiras das lojas tinh nham am no nom m es. Pusera Puseram m -se a discutir discutir a questão intrinca intrincada. da. Como pod podiam iam os home homens ns guardar guardar tantas tantas palavra pa lavras? s? Era impossível, impossível, ningu ninguém ém conservaria tão grande gra nde som som a de conhecimento conhecim entos. s. Liv Livre ress
distantes, misteriosas. Não tinham sido sido feit fe itas as por gente. E os indivíduos que mexiam nelas cometi com etiam am imprudência. Vist Vistas de longe, eram bonitas. Admirados e medrosos, falavam baixo para não desencadea desencadearr as a s forças estranhas estranhas que elas porventura encerrassem." Vidas Secas, Graciliano Ramos