Johan van Lengen
BASON SANITÁRIO SECO
TÉCNOLOGIA INTUITIVA E BIO-ARQUITETURA
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INTRODUÇÃO A orientação da pesquisa que resultou no atual modelo do bason, em cuja fabricação fabricaç ão a comunidade pode ser amplamente envolvida, envolvida, atendeu à compreensão de J ohan van Lengen, de que a questão do saneamento, saneamento, constante nas áreas mais carentes de integração cultural e econômica, deve ser encaminhada de forma forma coletiva, servindo assim assi m como elo na construção constru ção do tecido social.
ÍNDICE INTRODUÇÃO
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PRODUÇÃO
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INSTALAÇÃO
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MANUTENÇÃO
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BOLETIM
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FOTOS
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Copyright 2004 de Johan van lengen Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio, sem autorização prévia por escrito de seu autor.
O bason para nós é instrument instrumento o de um trabalho educacional mais amplo para para a cidadania a onde se incluem, além das questões ambientais mais mais prementes, a construção da saúde soci social al como um todo. Não deveser considerado conside rado peça isolada deste elenco. Acredi Acreditam tamos os que a ilusão ilusã o projetada em soluções puramente “tecnológicas “tecnológicas””(inclus (inclusive ive as alternativas) só contribui contribui para alienar, cada vez mais, a possibilidade efetiva de construção comum de horizontes de identidade mais dignos e co-responsáveis. Um outro fator fator é que quando se constrói um bason bason por esta via, adquirese domínio de todas as possi possibilidades bilidades criativas do ferrocimento, o que pode resultar em pias, tanques, banheiras, caixas-d'água, silos, telhas, manilhas e assim assi m por diante. A criatividade é naturalmente naturalmente estimulada, e para nós liberdade li berdade e criatividade se conjugam c onjugam com o mesmo mesmo espírito. espí rito. Por tudo isto, recomendamos que os programas de implantação do sistema bason estejam atentos e sensíveis à efetiva participação criativa da toda a comunidade, visto que a consciê c onsciência ncia ambiental é uma construção ética e coletiva com desdobramentos poderosos no conjunto das relações humanas.
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APRESENTAÇÃO
COMO FUNCIONA UM BASON
O bason é um sistema sanitário de tratamento a seco dos dejetos orgânicos domésticos, os humanos inclusive. É uma alternativa eficiente e de baixo custo para a solução dos problemas de saneamento básico.
A câmara de compostagem fica sob o assento e recebe todo o lixo orgânico doméstico, dejetos humanos (fezes e urina) e material orgânico adicional como folhas secas, papel higiênico, serragem ou grama cortada.
O processo biológico empregado é o da compostagem aeróbica, onde na presença do ar, bactérias e microorganismos transformam os dejetos em matéria orgânica estabilizada, própria para ser usada como adubo. Este sistema é idêntico ao que se usa em agricultura para a fabricação de composto.
O processo de compostagem aeróbica exige constante aeração para a nutrição dos micro-organismos e bactérias. Para isto o a bason dispõe de sistema de aeração que se constitui de uma rede de ventilação e de uma manivela para expor as camadas internas da massa de composto à presença do ar. Esta rede de ventilação se encarrega também da exaustão dos gases e da umidade liberados pelo processo de compostagem.
A compostagem aeróbica se dá a seco, eliminando-se assim o consumo de metade da água potável doméstica, que é quanto consomem os sistemas convencionais de descarga líquida. Os sistemas convencionais implicam ainda em redes de esgoto e estações de tratamento ou em uma escala menor em fossas e sumidouros. Acrescente-se a isto a não absorção do lixo orgânico doméstico, o que aumenta o volume da coleta por parte do município.Tudo isto se economiza quando se usa um bason.
Os odores desprendidos pelo bason são discretos e completamente diferentes do mau-cheiro que caracteriza os processos de compostagem "líquidos" como o das fossas ou das "casinhas", que tem forte desprendimento de sulfetos.
HISTÓRICO
E finalmente, por ser o bason uma câmara completamente impermeável, interrompe-se por completo a progressão de vetores patogênicos que empregam a água como veículo, eliminando-se assim a contaminação do solo, lençóis d'água, rios, lagos e oceanos.
O bason deriva do sanitário seco clivus multrum criado em 1939 na Suécia por R. Lindstrom. Sua invenção foi registrada posteriormente nos Estados Unidos aonde iniciou-se a produção industrial usando-se em sua fabricação a fibra-de-vidro. É adotado nos parques nacionais, em casas-de-campo e em regiões de difícil acesso.
Os vetores patogênicos encontram no interior do bason condições extremamente desfavoráveis a seu desenvolvimento e são ainda atacados e consumidos pela população extremamente ativa de microorganismos envolvidos nos processos de decomposição
Pela análise da Organização Mundial deSaúde, este sistema destacavase por sua grande eficiência e absoluta proteção ambiental. Sua recomendação para emprego nos países em desenvolvimento era desaconselhada, no entanto, pelo alto custo de sua produção industrial. Nos anos setenta, um arquiteto latino americano, Álvaro Ortega, desenvolveu uma versão artesanal em alvenaria para autoconstrução e de baixo custo. Esta versão foi adotada, com sucesso, pelo governo Mexicano em um programa nacional de saneamento a partir de 1984.
4 O sistema bason vem sendo empregado e difundido no Brasil pelo Arquiteto J ohan van Lengen e seu equipe do TIBÁ desde 1987. Paralelamente a esta difusão, desenvolveu-se pesquisa que culminou em processos de pré-fabricação em argamassa armada, diminuindo o custo em relação ao modelo de bason feito com tijolos.
TÉCNICAS Para se criar um bason necessitamos respeitar algumas características básicas, como a forma (volume), a impermeabilização, o ângulo da rampa de fundo(30 graus), as telas de proteção contra insetos e um sistema de aeração e ventilação como indicados nas páginas seguintes. Quanto aos materiais e aos processos construtivos podemos ter bastante liberdade desde que atendam as exigências citadas acima. O presente manual trata da construção de basons a partir de um processoartesanaldepré-fabricaçãobaseadona técnicadaargamassa armada. Esta técnica emprega cimento, areia e tela, para a construção de "cascas" estruturais que são sempre de fácil modelagem e que de acordo com a imaginação e a necessidade, como citado anteriormente, se transformam em variados utensílios. Somados portanto neste manual, encontramos os elementos que caracterizam um sistema bason e a sua feitura a partir do método da argamassa armada, sua instalação, manutenção e em anexo um pequeno esquema sugestivo para a montagem de uma fábrica comunitária.
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MATERIAIS MATERIAIS 1 placa de madeirit (eucatex) 120 X 240, espessura 6mm 1 saco de cimento 50kg areia meia-fina 100kg 1 vergalhão (3/8 de polegada) de 2 metros compensada (meia placa) espessura 1cm assento plástico de vaso (com tampa) 1 tubo plastico de 100mm (de 3 metros) joelho de 100mm 1 chapéu de zinco (para o tubo) tela de mosquiteira (pedaço de 50 x 50 cms) arame de cerca (queimado) 5 metros
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PREPARAÇÃO DA MASSA PREPARAÇÃO PREPARAÇÃO
BASON PRÉ - FABRICADO a
A massa é feita de uma parte de cimento e duas de areia fina, peneirada. Acrescenta-se a água com muito cuidado para que não passe do ponto pois a massa deve estar quase seca. O método mais comum é fazer furos bem finos no fundo de uma lata conseguindo-se assim um chuveiro ralo.
b c
f d e Para montar este tipo de bason é preciso fazer nove placas, com as seguintes dimensões:
c
50
70
a
g
70
68
70
70
15
52 0 7
a
2X
55
50 102
Para testar se a mistura está certa, pega-se um punhado com a mão e se aperta. Se sair água por entre os dedos é que está molhada demais. Se ao abrir a mão o bolo se desfaz, quer dizer que tem que colocar um pouco mais de água.
b
0 0 7 5
g
0 5 5
c
0 7
5 7
d
5 5
e
0 6
f
2X
70
Nas peças do tipo c, coloca-se um pedacinho de tubo de meia polegada para receber a manivela. Na peça b, que será o assento, usar duas placas de compensado de 1/2 cm em forma oval para a abertura. d, da mesma forma, deixa-se uma abertura circular de 10 cm Na peça d de diâmetro e uma fresta de 1x 15 cm.
A mistura está certa quando, ao se abrir a mão, o bolo mantém a forma.
Na peça f f, deixa-se uma abertura de 30 x 40 cm, com uma borda externa de 2 cm. Para fazer os moldes das placas usamos ripas de 1/2 cm de espessura, esticadas no chão ou pregadas numa placa de compensado. Com 4 destas, ripas de 8 cm de largura e 1/2 de espessura moldam-se todas as placas, menos a a.
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8 A placa a cabe num quadrado de 102cm. Esta é uma medida para um tamanhobásico.Pode-se aumentarovolume:porexemplo,aumentando a largura do bason de 70 para 100 em todas as placas com exceção da plca a.
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Preparar moldes sobre superfície plana e fixar com pequenas estacas
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Encher com massa de cimento e areia na proporção 1:2, formando uma camada de apenas 1/2 cm.
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Cobrir com um pedaço de saco plástico ( do tipo usado para transporte de frutas e verduras) . As fibras do saco devem permitir a passagem da massa. Deixar uma sobra de 3 cm de plástico, formando abas para fora das tiras. Colocar arames dobrados em forma de "U" nos cantos.
A MONTAGEM DO BASON Começa-se com uma peça do tipo a no chão, e a partir dela pode-se fixar as outras placas, partindo da placa d. J unta-se as placas amarrando os arames das quinas.
tamanho real das fibras do saco. arame
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Colocar um outro molde do mesmo tamanho sobre o primeiro e encher com mais 1/2 cm de massa.
Após 10 minutos, retirar com cuidado as estacas e as tiras de madeira. Deixar secar por 1 semana, protegido do sol. Nos primeiros dias, molhar de vez em quando.
Depois dobra-se as abas do plástico e aplica-se massa nas juntas, deixando uma nervura. Observar durante a montagem, que uma peça c tem abertura para cima e a outra , para baixo. Fechar com a outra placa a e unir com massa, do lado de fora e de dentro. Deve-se deixar secar pelo menos 1 semana, e só então colocar o bason de pé e por mais massa nas outras juntas.
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MANIVELA
Os microorganismos responsáveis pela decomposição aeróbica no interior da câmara do bason, necessitam do oxigênio do ar para sua atividade. A manivela é o mecanismo utilizado para reoxigenar o material que se encontra abaixo da superfície .
A ação da manivela é criar espaços, câmaras de ar no meio da massa do composto, realimentando a atividade dos microorganismos. Recomendamos que isto seja feito a cada três dias e nunca antes disto. Bastam poucos movimentos de vaivém a cada vez.
Podemos construir a manivela a partir de um pedaço de dois metros de vergalhão liso, de 3/8 de polegada, que se dobra da seguinte maneira com o auxílio de pregos fixados em uma tábua. 50
O berço onde se encaixa a ponta da manivela pode ser feito com um pedaço de cinco centímetros do mesmo tubo de ferro usado para fazer os mancais. Serramos uma de suas pontas deixando uma pequena língua saliente que é então dobrada fechando a extremidade do tubo. Isto impede que a ponta da manivela perfure o cimento. Este berço é cimentado na parede da subcâmara do assento sendo o seu eixo alinhado com o das duas luvas das divisórias.
d
Passando um pedaço de vergalhão pela abertura da peça d pode-se alinhar a posição dos buracos por onde deve ser colocado o tubo que recebe a manivela.
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30 40
A manivela gira apoiada dentro dos dois berços v fixados nas placas c .
c c
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ASSENTO Pode-se usar um assento de plástico comprado em loja. Neste caso deve-se verificar que a tampa feche bem justa contra o assento para evitar a entrada de insetos por baixo dela.
O chapéu do tubo de ventilação pode ser feito de uma lâmina de metal, de onde cortamos um círculo com 20 cm de diâmetro .
Para fixar o assento se põe um pouco de mistura de cimento/areia em volta da abertura e se pressiona o assento na massa, com cuidado para que não fiquem ranhuras por onde entrariam insetos.
Cortamos o círculo até o centro e dobramos como indicado no desenho, encaixando depois as duas dobras formando o chapéu.
A tampa do assento do bason deve estar sempre fechada.
Na parte de baixo deste chapéu pregamos duas lâminas compridas que se dobram de forma a poderem se encaixar nas bordas do anel de vedação, como se vê no desenho.
Podemos também construir um assento de madeira juntando-se umas tábuas. Para um ajuste perfeito entre a tampa e o assento, pregamos na tampa uma mangueira fina fazendo um círculo completo. Esta mangueira funciona como um anel de vedação. A regulagem das dobradiças entre a tampa e o assento garante uma pressão uniforme sobre o anel.
TUBO DE VENTILAÇÃO O tubo deve ter dez centímetros de diâmetro e tem que sair mais alto que o telhado pelo menos um metro. Esta parte externa do tubo é então pintada de preto para que absorva energia solar e aqueça assim o ar em seu interior. O ar aquecido fica mais leve e sobe provocando uma corrente através do bason. Assim se faz a exaustão.
Este anel também é feito de lâmina metálica (lata) e é colocado externamente fixando a tela mosquiteira que envolve a boca do tubo. Protege-se assim o bason contra a chuva e contra os insetos. A altura da borda do chapéu em relação à boca do tubo é de uma polegada, permitindo a passagem do ar mas protegendo das chuvas de vento. Todas as peças construídas com lâmina metálica devem ser pintadas a óleo para que não enferrugem.
TAMPA A subcâmara de adubo se localiza na parte baixa da rampa e nela se acumula o material já transformado em composto. Periodicamente recolhe-se este material esvaziando-se a subcâmara. Estimamos que para o atual modelo do bason isto se dê a cada três meses
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INSTALAÇÃO
A subcâmara de adubo deve ter uma tampa móvel que atenda a todos os cuidados de vedação contra insetos e contra água.
Localiza-se o bason de tal maneira que a parte de cima do tubo, que pintamos de preto, não fique sombreada por árvores ou casas vizinhas.
Recomendamos que seja construída em madeira e depois de pronta pintada a óleo. Nela encontra-se tambéma entrada de ar que alimenta o sistema de ventilação do bason.
Em terrenos inclinados evita-se o lado da casa que dá para a subida do terreno pois quando chove, este lado transforma-se em uma calha natural, acumulando muita água que desce contra a parede da casa o que aumenta o risco de infiltração no bason..
entrada de ar
Esta peça em forma de u será a janela de ventilação e aí fixaremos um pedaço de tela mosquiteira. Recortamos em um pedaço de placa de compensado ou madeirit (que é mais barato) as peças nos formatos e nas medidas indicadas no desenho. As quatro peças menores formam um quadro que veste a borda saliente da abertura da subcâmara de adubo. É bom conferirmos a medida final desta borda para que o quadro se ajuste corretamente. Se necessário corrigimos às medidas do quadro da tampa para que tudo se ajuste. O pedaço maior é a parte de cima que avança para adiante, por sobre o lado da entrada de ar para proteger da chuva. No final pintamos a tampa com tinta óleo para completa proteção e resistência à chuva e umidade. E na hora de colocar no lugar, lacramos toda a volta da base da tampa , para que não entrem insetos.
as partes e suas dimensões
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Quando construímos a casa e o bason na mesma ocasião, este se localiza dentro do banheiro ficando para fora a parte da subcâmara de adubo. Esta fica enterrada sóatéa dezcentímetrosdotopodacâmara de adubo
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Em zonas rurais, onde comumente os banheiros se localizam fora da casa, deve-se evitar a proximidade do poço.
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Em casas já construídas localiza-se o bason pelo lado de fora colado à parede do banheiro.
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E também, se o lençol d`água for muito à flor da terra, deve-se construir o bason elevado do chão. Prevenimos assim possíveis infiltrações que alterariam o processo de compostagem no interior da câmara..
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CONSTRUÇÃO A parte de cima da câmara, aonde se localizam as aberturas para o assento e para o tubo de ventilação, deve estar no mesmo nível do piso acabado do banheiro.
Uma vez assentado o bason, sobre o leito da escavação, e ajustado o ângulo da rampa do fundo e o prumo do centro do assento, aterramos em toda a volta (inclusive pelo lado de dentro da fundação) até o nível da metade da altura da câmara de adubo.
Para o assento, constrói-se uma manilha que tenha a altura de 40 centímetros, que é a altura padrão para um vaso convencional. Esta manilha ou gola doassento pode ser facilmente modelada usandose como forma um balde de plástico que tenha a altura necessária. Mantida esta relação entre os níveis, estamos livres para instalar um bason em qualquer pavimento. Para tanto devemos atender as recomendações anteriores quanto a exposição ao sol da parte externa do tubo, e também possibilitar o acesso à tampa da câmara de adubo. Quando a habitação é térrea, o terreno é plano e o nível do lençol d`água estiver abaixo de dois metros nos meses de chuva, podemos instalar o bason enterrado sob o banheiro. Neste lugar deixa-se uma abertura na fundação, onde se cava um buraco para receber a câmara já moldada. Colocamos aí primeiro a parte de baixo sobre terreno firme ou sobre uma base de pedras no fundo da escavação. As dimensões desta escavação correspondem às dimensões da câmara montada e a inclinação de seu leito corresponde a do fundo da câmara que é de 30 graus. Muito importante lembrar que a câmara só pode ser aterrada até à metade da altura da câmara de adubo. Isto previne a entrada de água de enxurrada, pela abertura da tela de ventilação.
Quando paredes e teto estiverem prontos, poderemos instalar o tubo de ventilação e colocar o assento. É hora também de se colocar a tampa da subcâmara de adubo.
A abertura para a colocação do tubo de ventilação deve estar na parte mais alta da câmara. O tubo penetra somente o necessário para a sua fixação, não atravessando para o interior da câmara. Esta medida permite o completo escoamento dos gases e vapores presentes no processo de compostagem. Na localização da abertura para a saída do tubo de ventilação deve-se considerar o movimento de abrir e fechar da tampa do assento que escolhermos. A subida do tubonão deve interferir com este movimento. Um outro detalhe importante é que o tubo deve subir diretamente sem o uso de conexões como joelhos que tirariam a sua eficiência.
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MANUTENÇÃO
Finalmente verificamos se a camada de base feita de folhas, humus, palhas e serragem grossa está com a espessura correta ( 30 centímetros) e pronta para o funcionamento.
Verificamos primeiro se a instalação foi bem feita:
A tampa do assento deve estar sempre fechada.
VENTILAÇÃO
Quando fica aberta o sistema de circulação de ar fica alterado trazendo gases e vapores para dentro do banheiro e retardando a desidratação do material.
A parte alta do tubo de ventilação está pintada de preto e exposta ao sol? O tubo sobe sem desvios ou joelho s, saindo da parte mais alta da câmara e penetrando nesta apenas o necessário para a fixação? Caso esteja subindo pelo lado de fora da casa, a sua conexão está bem vedada contra a chuva? O chapéu que cobre o topo está bem seguro contra ventos fortes? INSETOS A tela mosquiteira está bem justa na entrada de ar e na saída do tubo de ventilação? Quando se fecha a tampa do assento esta fica perfeitamente vedada de maneira a não passar insetos?
Todas as sobras orgânicas da cozinha podem ser lançadas no bason. Isto inclui também cascas de ovos,de frutas, de verduras, ossos ou papel. Devemos cuidar apenas de escorrer a água quando estiverem molhadas, antes de lançá-las na câmara. Quando o volume do lixo orgânico doméstico for reduzido, devemos lançar no interior da câmara, sempre através da abertura do assento, grama cortada, serragem grossa ou folhas secas partidas. A quantidade de matéria orgânica por pessoa/dia a ser lançada na câmara é de dois punhados bem cheios. Não se joga plásticos, vidros, latas, detergentes ou remédios pois causam alteração no processo de compostagem. De três em três dias fazemos um movimento de vaivém com a manivela.
ÁGUA A drenagem da casa passa próxima ao bason causando o risco de águas paradas contra suas paredes? As águas do banhei ro (chuvei ro, pia) estã o à uma distância segura para que não respinguem ou penetrem na câmara? A conexão do tubo quando saindo por dentro do banheiro está bem vedada contra águas?
De três em três meses esvazia-se a subcâmara de adubo lançando na horta, no jardim ou no pomar o material retirado. A cada pessoa lhe corresponde um balde de adubo produzido por ano com este sistema.
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OPÇÕES Tratamos até agora de detalhar desde o equipamento mínimo necessário ao funcionamento de um bason, em condições normais de temperatura e umidade. Para condições extremas devemos ter mais algumas opções. Além da oxigenação, a temperatura do ar ambiente influi diretamente na capacidade de processamento do bason . Assim, em condições extremas de frio e umidade, quando a atividade biológica é reduzida, podemos aquecer a câmara através do ar que circula em seu interior, reequilibrando o processo. Isto também vale para as situações em que o tubo de exaustão se situa em uma zona de sombra constante. Para aquecermos o ar que entra, podemos forçar sua passagem através de um tubo que tenha uma lâmpada no meio. A distância entre a lâmpada e as paredes do tubo deve ser a mínima possível, para que o ar se aqueça. Este então é canalizado para a entrada de ar da tampa da subcâmara de adubo. Para que não se perca o calor, todo este sistema deve ser isolado. Isto pode ser feito colocando-se o tubo dentro de uma caixa e envolvendo todas as partes com papel amassado. A entrada deste tubo deve ter uma tela mosquiteira. Temos que cuidar para que não haja superaquecimento, com risco de incêndio. O aquecimento do ar também pode ser conseguido através de um coletor solar. Este é um aparato, construído de tal forma, que força a passagem do ar por sobre uma superfície escura que se expõe ao sol. Desta forma o ar é aquecido, podendo então ser canalizado, como no exemplo anterior, para a entrada de ar da câmara. Este processo de aquecimento do ar tem que ser controlado, para que não seque por completo a umidade do composto, o que também interromperia significativamente a atividade biológica. Entretanto, em condições de excesso de líquido, via urina ou umidade extrema, podemos extender este tempo de aquecimento e secagem.
21 Uma outra lâmpada, (colocada no interior do tubo de exaustão) ajuda a subida do ar. Para isto devemos ter uma visita na parede do tubo, de modo a possibilitar a manutenção. Esta visita deve ter uma vedação perfeita. A subida do ar pode ser também ajudada por uma pequena ventoinha colocada no interior do tubo, tendo acesso pela mesma visita que a lâmpada. Esta ventoinha pode inclusive ser alimentada por um pequeno painel solar fotovoltáico. Quanto à aeração, uma excelente opção adicional é o uso de minhocas, que podem e devem tranquilamente ser colocadas no bason. Quando um número expressivo de moradores de uma comunidade compreende os benefícios do sistema bason e decide adotá-lo coletivamente, pode-se pensar na instalação de uma pequena fábrica cooperativa. O custo para os cooperados participantes evidentemente ficaria mínimo. Como cabe ao poder público a infraestrutura de saneamento básico e como no sistema bason este custo cai a zero, podemos naturalmente considerar a possibilidade de parceria por parte do poder público em iniciativas semelhantes, pois estaria assim cumprindo o seu papel e a um custo muitas vezes mais baixo do que com os sistemas convencionais. Esta fábrica cooperativa também poderia atender à demanda de outras comunidades. Isto geraria empregos e recursos, além de viabilizar fisicamente a multiplicação imediata da adoção do sistema bason em mais comunidades, trazendo junto o positivo impacto social e ambiental. Para começar devemos ter algumas pessoas iniciadas na técnica argamassa armada. Estes serão instrutores dos futuros participantes cooperados. Como espaço físico, um galpão com uma pequena área fechada para guarda de ferramentas e materiais. Uma tal fábrica poderia também facilmente produzir caixas-d'água banheiras, tanques de lavar, pias e toda a gama de artefatos possíveis de serem feitos com o ferrocimento.
23 A ESCASSEZ PROGRESSIVA DA ÁGUA
A OUTRA MANEIRA
Graças à contaminação do subsolo, ao uso intensivo de pastagens e à salinização do solo, regiões cada vez mais extensas de nossa planeta, tornam-se desérticas. A água torna-se progressivamente escassa, exigindo que se vençam distâncias sempre maiores no esforço de se trazer água potável às habitações.
Os altos índices de contaminação dos lençóis dágua na Suécia, nos anos 30, levaram um engenheiro local à criação do sistema sanitário seco chamado “clivus multrum”. Este sistema, em uma versão pré-fabricada em fibra-de-vidro, vem sendo usado desde os anos 60 em países industrializados do hemisfério norte. Durante os dez últimos anos, uma versão “artesanal”, em alvenaria, denominada “bason”, tornou o sistema accessível, às muitas comunidades rurais mexicanas, por intermédio de um programa de saneamento promovido pelo govemo e que usava folhetos e cartazes didáticos como meio de comunicação com os “arquitetos descalços”. Este mesmo sistema, vem sendo difundido no Brasil, desde 1987 pela equipe do Instituto TIBÁ. Paralelamente a esta difusão desenvolveu-se uma pesquisa que culminou no desenvolvimento de um processo de préfabricação, em plasto-cimento (cimento, areia e tela plástica), barateando mais ainda o seu custo. O bason, em alvenaria custava já um terço apenas do sistema convencional (sanitário + fossa + sumidouro).
Poderemos sempre aumentar as taxas sobre o consumo e mesmo perfurar poços profundos, destilar água do mar ou ainda, transportar “icebergs” desde os polos. Entretanto, torna-se evidente o custo excessivo de tais “alternativas”. Talvez devamos reconsiderar a maneira como usamos a água em nossos dias. Como nos mostram as tabelas o consumo diário por pessoa é de 240 litros, sendo que deste total, 40 a 50 % estão destinados ao uso em esgotos sanitários, ou seja, como transporte de dejetos humanos, a partir do sistema convencional de descarga líquida.
BOLETIM
Após tanto invest imento para canaliz ar, purif icar, distribuir, nós empregamos quase metade de toda a água potável, que trazemos a nossas habitações, como esgoto sanitário, devolvendo à natureza, em seguida, esta mesma água, sob a forma de contaminação, para lençóis dágua, rios, lagos e oceanos.
“BASON” SA NITÁRIO SECO
TECNOL OGIA INTUITIVA E B IO-ARQUITETURA
Será esta a forma mais inteligente de lidarmos com
O sistema anterior, em alvenaria, facilitava a solução individual imediata do problema. No sistema atual, através da pré-fabricação, a comunidade se vê amplamente envolvida. A escolha da pré-fabricação, como partido da pesquisa, atendeu à compreensão, pela equipe do Instituto, de que a questão do saneamento, nas áreas mais carentes de integração cultural e econômica, deve ser encaminhada de forma coletiva e servir ainda como elo na construção de um tecido social
22 Acreditamos que esta questão, com suas necessárias implicações educativas, passa sempre pela qualidade das relações de identidade existentes entre indivíduos, comunidades e meio ambiente. COMO FUNCIONA O BASON O princípio de funcionamento deste sanitário seco é o mesmo da compostagem, usada em agricultura, aonde os dejetos animais são misturados ao lixo orgânico, sendo então decompostos por bactérias aeróbicas que trabalham transformando toda a mistura em adubo. No b a s o n , a câmara de compostagem fica sob o assento. Esta câmara é completamente impermeável em toda sua volta. Para uma família típica, o volume da câmara mínimo é de 1,5 m3. Para escolas ou lugares públicos, estas dimensões são aumentadas. O material decomposto, após certo período de tempo, apresenta redução de 90% em seu volume total. Assim apenas periodicamente, uma ou duas vezes ao ano, se esvazia o compartimento inferior do b a s o n podendo seu conteúdo ser incorporado ao solo pois já está transformado em adubo, e de excelente qualidade! Para maior oxigenação do composto, o bason dispõe de sistema de aeração e ventilação protegido contra insetos, através de tela mosquiteira, em sua entrada e saída. O sistema de aeração compõe-se de vias por onde o ar circula, através da mistura, contribuindo assim para estimular a ação natural das bactérias.
O sistema de ventilação converge para uma chaminé por onde se faz a exaustão de odores e umidade. Conforme a situação do b a s o n dentro da habitação, a chaminé em seu caminho para cima, ou atravessa o teto ou sobe pelo lado de fora da casa. Sua parte mais alta é pintada de negro e, quando exposta aos raios solares, naturalmente se aquece, o que provoca uma corrente de ar quente ascendente dentro do tubo o que ajuda em muito a aeração e a exaustão.
USO DE ÁGUA litros / pessoa / dia
água água negra cínza (recicláveis)
sanitário
110
110
0
chuveiro
70
0
70
7
0
7
cozinhar
15
0
15
louças
12
0
12
lavar roupas
26
0
26
total em litros
240
110
130
pía
COLOCAÇÃO DO SANITÁRIO DENTRO DA CASA O b a s o n pode ser integrado às instalações comuns de um banheiro, com o cuidado de não estar exposto aos respingos do chuveiro, evitando-se assim que a água penetre danificando a compostagem. Em caso de contato com o piso da área de banho, este piso tem que estar perfeitamente impermeabilizado, bem como as paredes do bason e especialmente aquelas mais expostas a uma possível infiltração provocada pelo escoamento das águas.
água pura
VANTAGENS DO SISTEMA COMBINADO Em primeiro lugar, dá-se uma grande redução no uso de água potável, quase metade, o que significa, uma economia considerável para a municipalidade, em instalação, distribuição e manutenção do sistema de abastecimento. Em segundo lugar, as águas servidas podendo ser filtradas, já não se tornam veículos de contaminação ambiental, sendo reutilizáveis para limpeza ou irrigação. Por último, elimina-se a necessidade de uma rede de esgoto sanitário e mais estações de tratamento.
SISTEMA BASON INTEGRADO À FILTRAGEM DAS ÁGUAS SERVIDAS Como vemos, o bason elimina o desperdício de água em esgoto sanitário, as chamadas águas negras. Para as águas servidas, águas cinzas, que saem de pias, tanques, chuveiros, etc, desde que não transportem substâncias danosas à saúde, pode ser instalado um sistema de filtragem feito com brita e areia. Após a fiitragem, estas águas podem ser re-utilizadas em limpeza, irrigação ou então ser liberadas de volta ao
Este Boletim integra um conjunto de informações sobre métodos alternativos adequados à vida cotidiana. Para maiores informações, dirija-se a: TIBÁ
TECNOLOGIA INTUITIVA E BIO - ARQUITETURA Rua Ingles de Souza 296 - 101 Jardim Botanico CEP 22460-110 Rio de Janeiro - RJ - Brasil tel/fax: (21) 2274-1762
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TIBÁ é um lugar de encontros, criado em 1987 por Rose e Johan van Lengen, e voltado para a realização de uma consciência ambiental mais plena. Através da integração entre arte e ciência, intuição e lógica, razão e sentimento, a comunicação será enriquecida. A cada individuo se dá a possibilidade de trocar suas própias experiências, de fazer parte de um coletivo verdadeiro, usando comunicação e criatividade em grupo. O TIBÁ oferece assessoria em toda a extensão de seus programas, atendendo comunidades e organizações, por exemplo, nas áreas de bio-arquitetura e no planejamento de eco-pousadas. Mantém ainda convênios e intercâmbios com instituições, grupos e pessoas direcionadas para os mesmos fins. Pesquisamos e desenvolvemos protótipos de moradias. Também produzimos materiais didáticos, na forma de cartazes, vídeos, jogos, boletins, manuais e livros. Nossa equipe está disponível para realizar oficinas de trabalho e cursos fora do Tibá. Já apresentam seminários em outros países da América Latina, Europa e na Índia.
TECNOLOGIA INTUITIVA E BIO - ARQUITETURA Rua Ingles de Souza 296 - 101 Jardim Botanico CEP 22460-110 Rio de Janeiro - RJ - Brasil tel/fax: (21) 2274-1762
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