UNIVERSIDADE PAULISTA GRAZIELLA BIAGI
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: AUXILIANDO O CUIDADOR DE IDOSOS ACOMETIDOS POR AlZHEIMER
SÃO PAULO 2016
GRAZIELLA BIAGI
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: AUXILIANDO O CUIDADOR DE IDOSOS ACOMETIDOS POR ALZHEIMER Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para atuação em múltiplas necessidades terapêuticas apresentado à Universidade Paulista - UNIP. Orientadores: Prof a. Ana Carolina S. de Oliveira Prof. Hewdy L. Ribeiro
SÃO PAULO 2016
GRAZIELLA BIAGI
TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: COGNITIVO-COMPORTAMENTAL: AUXILIANDO O CUIDADOR DE IDOSOS ACOMETIDOS POR ALZHEIMER Trabalho de conclusão de curso para obtenção do título de especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental para atuação em múltiplas necessidades terapêuticas apresentado à Universidade Paulista - UNIP. Orientadores: Prof a. Ana Carolina S. de Oliveira Prof. Hewdy L. Ribeiro
Aprovado em: BANCA EXAMINADORA _______________________/__/_ _______________________/__/___ __ Prof. Hewdy Lobo Ribeiro Universidade Paulista – UNIP
_______________________/__/_ _______________________/__/___ __ Profa. Ana Carolina S. Oliveira Universidade Paulista – UNIP
DEDICATÓRIA Ao meu filho Gabriel, minha maior influência em continuar continuar sempre adiante. A minha mãe Ana Maria, pois sem ela nada nada seria possível em minha minha vida.
AGRADECIMENTOS Aos amigos que fiz, aos professores professores que conheci. conheci. Ao Sr. Oswaldo Hyppolito e Zeneyde Zeneyde Hyppolito, minhas inspirações inspirações para a escolha do tema deste trabalho.
“É preciso chegar ativo à terceira idade, não lamen tar
o
en velhecim ento ,
mas
enc ará-lo
co m o u m a ce leb ração da sabedoria. ” (Alexandr (Alexandr e K alache)
RESUMO Este estudo teve como objetivo geral realizar uma pesquisa sobre como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode contribuir no processo de cuidados ofertados pelos cuidadores da pessoa idosa portadora de Doença de Alzheimer. A metodologia adotada se deu através de revisão de literatura de artigos científicos que tratam do tema. A Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), considera idosa qualquer pessoa com 65 anos ou mais. É normal nessa faixa etária a pessoa ser acometida por diversas doenças e dentre elas a Doença de Alzheimer que é vista como um distúrbio cerebral em situação progressiva que afeta a memória, o raciocínio e a comunicação do indivíduo acometido pela mesma. Por ser algo degenerativo e progressivo que prejudica o modelo cognitivo do paciente, este necessita de cuidados em tempo integral. Tais cuidados são executados por um cuidador que geralmente é alguém da família. Esse trabalho exige muito da pessoa que o está desempenhando, levando na maioria das vezes ao limite do estresse físico e emocional. Nas diversas formas existentes de Terapia CognitivoComportamental (TCC) pode-se encontrar a psicoeducação como meio de auxiliar o cuidador, assim como os familiares a lidarem com a situação.
Palavras-chave: Doença de Comportamental; Psicoeducação. Psicoeducação.
Alzheimer;
Cuidador;
Terapia
Cognitivo-
ABSTRACT This study aimed to carry out a research on how cognitive-behavioral therapy (CBT) can help in the process of care offered by the caregivers of the elderly person with Alzheimer's disease. The methodology adopted was through scientific literature review articles dealing with the issue. The World Health Organization (O.M.S.) considers elderly anyone aged 65 or more. It is normal at this age a person is affected by various diseases and among them Alzheimer's disease which is seen as a brain disorder in progressive condition that affects memory, thinking and communication of the individual affected by it. Because it is degeneraivo and progressive that affects the cognitive model of the patient, this requires full-time care. Such care is performed by a caregiver who is usually a family member. This work requires a lot of the person who is playing, leading in most cases to the physical and emotional stress limit. In the various existing forms of cognitive-behavioral therapy (CBT) can be found psychoeducation as a means of assisting the caregiver, and family members to deal with the situation.
Keywords: Alzheimer's Psychoeducation.
disease;
caregiver;
Cognitive
behavioral
therapy;
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 01: Sintomas do Alzheimer .......................... ............. .......................... ........................... .......................... ...................... .......... 11 Quadro 02: Fases da DA ......................... ............ .......................... .......................... .......................... .......................... ........................... .............. 12 Quadro 03: Cinco eixos de conhecimentos ......................... ............ .......................... ........................... ......................... ........... 20
SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10 2 OBJETIVO .............................................................................................................. 13 3 METODOLOGIA ..................................................................................................... 14 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO......................... ............ .......................... .......................... .......................... .......................... ............... 15 4.1 O Cuidador .......................................................................................................... 15 4.2 Terapia Cognitivo-Comportamental Atuando na Atenção ao Cuidador ............... ............ ... 18 5 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 23 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 24
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1. INTRODUÇÃO
A Organização Mundial de Saúde (O.M.S.), considera idosa qualquer pessoa com 65 anos ou mais, independentemente do gênero e estado de saúde (OKUMA, 2008). Quanto ao processo de envelhecimento, este é composto pelo conjunto de processos que ocorrem no organismo após o desenvolvimento e se relacionam com o tempo (SOUSA, 2009). Dá-se de forma diferente de indivíduo para indivíduo, da combinação entre fatores de natureza genética e fatores extrínsecos a que tenha sido exposto, ou seja, ao estilo de vida levado pelo sujeito (OLIVEIRA, 2008). É possível observar que normalmente as pessoas se preocupam muito mais com os processos fisiológicos acerca do envelhecimento do que em analisar o comportamento psicossocial do idoso e desta forma, muitas vezes, alguns sintomas podem passar despercebidos sendo encarados apenas como algo que faz parte da velhice (SILVA, 2009). Nesta fase da vida, é natural que se apresentem algumas doenças, e talvez a que mais cause transtornos e sofrimentos a família seja a Doença de Alzheimer, por tornar o enfermo totalmente dependente. Ao se definir o processo de envelhecimento com dependência, destaca-se a questão da prevalência de patologias crônicas nesse grupo etário, dentre elas a Doença de Alzheimer (CALDAS, 2002). A Doença de Alzheimer (DA) é vista como um distúrbio cerebral em situação progressiva que afeta a memória, o raciocínio e a comunicação do indivíduo acometido pela mesma. Segundo o Instituto Alzheimer Brasil (IAB), "a Doença de Alzheimer ocupa o primeiro lugar no ranking dos desencadeadores desencadeadores de demências" (COELHO et al, 2015). Normalmente, as pessoas acreditam que ela possa ocorrer apenas em indivíduos com mais de 70 anos, porém, é a forma mais comum de demência que atinge a população com idade entre 40 e 90 anos, sendo considerada precoce a incidência ao redor dos 40 anos (recorrência familiar) e tardia a que ocorre por volta dos 65 anos (AMARAL, 2010). A DA foi descoberta em 1907 pelo neuropatologista alemão Alois Alzheimer, que a caracterizou como uma perda progressiva e irreversível da memória.
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Importante destacar que, não se trata de lapsos de memória comuns no envelhecimento. Trata-se de perdas das funções cognitivas, que impossibilitam o pleno desempenho social e ocupacional do paciente, bem como, suas atividades da vida diária (AMARAL, 2010). A doença de Alzheimer não deixa o cérebro armazenar fatos recentes. A pessoa é capaz de lembrar de situações do passado, porém, esquece o que fez no mesmo dia, por exemplo. No inicio da doença, o indivíduo sofre porque tem consciência das suas limitações e incapacidade, na maioria das vezes busca ocultálas, manifestando alterações de temperamento e personalidade, sente-se deprimido e recusa a procurar um médico, achando que a perda da memória faz parte do processo de envelhecer (AMARAL, 2010) O Quadro 01 a seguir, demonstra alguns sintomas da doença. Quadro 01: Sintomas do Alzheimer Problemas vestuário
com
o Normalmente o indivíduo nega-se a vestir e/ou utiliza as peças desordenadas e repetidamente. Roupas com adereços e objetos compostos, como cintos e botões também dificultam a tarefa. Problemas com o sono Também se tornam constantes à medida que a doença progride. Agitação noturna e sonos breves contribuem para a agressividade e irritabilidade. Por se tratar de um desconforto que ocorre em qualquer pessoa idosa, esse sintoma pode ser imperceptível na fase inicial da doença, porém o não descansar proporciona incomodo e nervosismo no doente de Alzheimer. Violência e o nervosismo Podem ser percebidos em pacientes cuja personalidade é mais m ais temperamental, entretanto, pessoas mais passivas podem não apresentar comportamentos violentos ao longo do avanço da doença. Os desconfortos causados pela incontinência urinária e fecal devem ser observados. Tais agravos ocorrem principalmente nas fases finais da doença. Atividades diárias Banho e higiene pessoal, comprometidos também são características marcantes dessa doença. Tarefas desse nível podem ser estressantes ao doente, por terem sua capacidade laboral atingida, assim sendo, em inúmeras vezes ele pode acreditar que já tomou o banho, por exemplo, quando na verdade ainda não o fez. É de extrema importância que tais cuidados sejam conduzidos por pessoas cujo vínculo afetivo seja forte e/ou um profissional especializado nesses tipos de cuidados para poder lidar convincentemente com o paciente. Fonte: Coelho et al (2015)
Acrescentam-se ainda, delírios, alucinações, dificuldade de se locomover e, ao se atingir o estágio final, intensa dificuldade de mastigar e engolir. Tais sintomas se acentuam na medida em que ocorre à perda progressiva das funções cerebrais (COELHO et al, 2015).
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Coelho et al (2015, p. 60-61) fazem ainda referências a que a doença possui três fases distintas, que serão apresentadas no Quadro 02. Quadro 02: Fases da DA Estágio inicial ou leve
Caracteriza-se pela sutil perda da memória recente, intolerância a frustração. O raciocínio é parcialmente preservado, bem como a capacidade de independência. Entretanto, nesse estágio o paciente tem autonomia sobre si e consciência de suas dificuldades, portanto, passa a criar meios estratégicos de recordar o que lhe parece “fugir da memória”, por medo e vergonha.
Estágio moderado ou intermediário As debilidades são mais intensas e limitantes, e passam a se tornar mais evidentes. Ocorre comprometimento intenso na administração de tarefas corriqueiras, perda de memória mais evidente, incapacidade de higienização pessoal bem como alterações comportamentais como andar sem destino, incontinência urinária e fecal, oscilações no humor, agitação e agressividade sem motivo aparente. A comunicação se torna difícil, pois o discurso passa a ter cada vez mais incoerência. Último estágio Também denominado por avançado e grave, todos os sintomas se intensificam, e a demência de parcial torna-se total, em que todas as suas atividades fiquem à dependência do cuidador. O corpo se torna rígido, geralmente encurvado para frente, tremores e quedas também são comuns. A comunicação verbal é praticamente toda comprometida, podendo haver inclusive períodos de mudismo. Adaptado de Coelho et al (2015)
A estimativa brasileira é a de que exista 1,2 milhão de pessoas atingidas pela DA, sendo que a maioria dos pacientes são mulheres. A média do percentual das demências relacionadas ao Alzheimer varia de 60% a 90%, de acordo com os sintomas apresentados (COELHO et al, 2015). Conforme dito anteriormente a DA talvez seja a doença que mais causa problemas às pessoas incumbidas de cuidar do paciente, principalmente quando se trata de um membro da família. Importante destacar que em muitos casos, quando da alta hospitalar, raramente os familiares são orientados quanto à doença, cuidados, ou como prosseguir com o tratamento e essa falta de informação se estende aos serviços ambulatoriais. Desta forma, para que a tarefa não se torne tão árdua, é necessário conhecer o idoso e seus problemas de saúde. Esse conhecimento é fundamental para o cuidador e a busca de ajuda profissional é de suma importância. Uma dessas ajudas é através da Terapia Cognitivo-Comportamental que permite auxiliar a família no processo de cuidados, através de intervenções psicoeduacionais, psicoeduacionais, terapia individual ou em grupo.
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2 OBJETIVO Este estudo tem como objetivo geral realizar uma pesquisa sobre como a Terapia
Cognitivo-Comportamental Cognitivo-Comportamental
(TCC)
pode
contribuir
no processo de
cuidados ofertados pelos cuidadores da pessoa idosa portadora de Doença de Alzheimer.
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3 METODOLOGIA A metodologia adotada se deu através de revisão de literatura de artigos científicos que tratam do tema. Como fonte de dados buscou-se como base: Lilacs; Google Acadêmico e Scielo. Foram selecionados 14 textos completos, em português, dos últimos 08 anos. Os descritores utilizados foram: "Doença de Alzheimer; Cuidador; Idoso; Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC)". Os critérios utilizados para exclusão de artigos foram: estudos que falem sobre uma determinada faixa etária, ou só de um gênero. A seleção seguiu a seguinte ordem: leitura dos títulos, dos resumos e então leitura dos textos completos.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 O Cuidador Conforme foi possível observar, a DA é uma doença que afeta não apenas o idoso, mas todos àqueles incumbidos dos cuidados ao portador dessa doença. A essa pessoa denomina-se cuidador. Alguns estudiosos referem-se aos cuidados a esses dependentes como um suporte informal sendo, essa parte mais atual, da atenção social prestada a essa comunidade. Nesse contexto, os órgãos que deveriam cuidar dessas pessoas repassam essa responsabilidade à família, assim, desobrigando-se de investir nessa área. Tendo em vista a gravidade da situação, a dependência deve ser reconhecida como uma importante questão de saúde pública, porém, como muito pouco é feito nesse sentido, a família acaba servindo como alternativa de suporte informal ao dependente (CALDAS, ( CALDAS, 2012). Outro fator de destaque é que em quase sua maioria, esses se constituem de mulheres da mesma geração do doente, ou seja, é uma idosa independente cuidando de uma dependente. Existe ainda, uma sobrecarga grande para com o cuidador, tanto no aspecto material como emocional, e isso causa grandes prejuízos de toda ordem sem que esses cuidadores sejam orientados (SILVEIRA; CALDAS; CARNEIRO, 2008). Nesse sentido, Caldas (2012) refere-se à família f amília cuidadora como “alguém que também necessita de cuidados especiais indo dos aspectos materiais até os emocionais”. Segundo Caldas (201 2) “um cuidado que se apresenta de forma inadequada, é observado em situações nas quais os membros da família não estão disponíveis, despreparados ou estão sobrecarregados por essa responsabilidade, desse modo cria-se à possibilidade desses idosos serem tratados com abusos ou maus tratos ”. Em estudos realizados por Silveira, Caldas e Carneiro (2008) com 24 cuidadores de pacientes com DA, no primeiro momento da pesquisa, em se tratando da comunicação do diagnóstico, o impacto foi grande nos familiares e alguns se recusaram a aceitar a doença; no que diz respeito das razões que levaram as pessoas a se tornarem cuidadores, as autoras apuraram que os entrevistados possuem diferentes motivos para estarem como cuidadores, sempre embasados na obrigação de cuidar, como o caso de filhos, porém, em nenhum momento foi
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mencionado o fator falta de opção. Ainda seguindo com as pesquisas de Silveira, Caldas e Carneiro (2008), os cuidadores em nenhum momento pediram ajuda pelos motivos de: não acharem que deviam, acharem que sabiam cuidar melhor, ou por acharem que seria obrigação do outro se manifestar quanto a ajudar. As pessoas se dizem prestativas, disponíveis ou solidárias. Nesse contexto, foram observados que habilidades, sensibilidade, empatia, são requisitos que fazem parte da personalidade de quem cuida. Em todos os entrevistados um ponto foi comum: todos relataram cansaço, desgaste, revolta e depressão. Em sua maioria são pessoas com mais de quarenta anos, e alguns já apresentavam doenças crônicas, mesmo antes de serem incumbidos de cuidar (SILVEIRA; CALDAS; CARNEIRO, 2008). Quanto às mudanças na vida do cuidador, a pesquisa demonstrou que muitas mudanças ocorrem como a adaptação do ambiente físico, ou seja, a mudança do paciente para a casa do cuidador é uma delas. Dentre as mudanças na vida pessoal, foram citados os problemas econômicos e o relacionamento com um ajudante ou um acompanhante profissional. Apurou-se que a mudança no sistema familiar causa crises e pode trazer rupturas. Quanto ao que antecede a doença já é conflituoso, a predominância do pós-doença é agravada. Esta categoria surge como um dos temas com maior carga emocional. Os conflitos com e entre os envolvidos, as omissões, o afastamento e as rupturas deixam os cuidadores muito mobilizados. A conclusão que as autoras chegaram é a de que compreender melhor a doença dá mais segurança e maior senso de controle (SILVEIRA; CALDAS; CARNEIRO, 2008). Em outro estudo realizado por Montezuma, Freitas e Monteiro (2008) que tiveram como foco, uma família cuidadora de um idoso portador de DA, com dependência total, residente em Fortaleza-CE, foi possível apurar que o surgimento da doença é capaz de abalar a dinâmica familiar de forma ostensiva. Essa assistência é geralmente prestada por filhos, irmãos, cônjuges e até netos. Pessoas que na maioria das vezes não possuem o mínimo de capacitação para cuidar do doente. A família forma uma espécie de rede social com o objetivo de se fortalecerem quanto às demandas geradoras de desgaste físico, psicológico e social. Os resultados apontaram que o cuidado exige muita responsabilidade do cuidador ao doente em domicílio, principalmente pela falta de experiência. Muitas vezes sente-se pressionado por necessidades imediatas, deixando sua vida em segundo plano. Eles relutam em expressar suas dificuldades e não querem demonstrar falta de interesse pela pessoa cuidada. A escolha de quem irá cuidar geralmente recai
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sobre a esposa ou marido, depois sobre a filha ou irmã. Nesse estudo, a maioria dos colaboradores relatou que assumir o papel de cuidador foi uma situação imposta. Porém, nenhum dos envolvidos referiu-se à possibilidade de não estar presentes durante aquele momento, demonstrando a importância do cumprimento do papel social que vem a valorizar as relações familiares. Vale ainda citar os estudos de Cavalheri (2010), junto a 19 cuidadores, compostos de 16 mulheres e 03 homens, com idade que variavam entre 44 a 72 anos, sendo equivalente ao número dos que vivem com cônjuges, e dos separados, viúvos ou solteiros. Oito eram mães, seis irmãs, duas tias, dois pais e um marido. Os depoimentos demonstram atitudes que vão da disponibilidade para o acolhimento do seu ente adoecido até a exaustão por excesso de demandas a atender de forma contínua. Relatam a falta de conhecimento e de habilidade neste processo, como também de atender exigências sem recursos psíquicos e físicos, o que os leva a viver situação de alerta, levando-os ao extremo cansaço, nervosismo, angústia e estresse. Relatam ainda, a necessidade de viver em função do doente, deixado de lado suas próprias vidas. Todos os cuidadores falaram a respeito da sensação de solidão e desamparo frente a tantas solicitações. Suas queixas apontam para o pouco comprometimento e, ou distanciamento dos demais membros da família, bem como de outros recursos existentes de políticas públicas que os auxiliam. Ainda sobre os estudos de Cavalheri (2010), o cuidador passa a ter uma vida enclausurada junto à pessoa adoecida. A convivência dos familiares com seu membro adoecido desperta emoções contrastantes, passando pela aceitaçãorejeição, por culpa, pena, raiva, medo, esperança e desesperança em relação à cura e dias melhores, necessidades de internação e rejeição a ela, valorização do atendimento extra-hospitalar e sensação de falta de assistência e desamparo por parte dos serviços de saúde. Nas falas dos entrevistados por Cavalheri (2010) é possível perceber o envolvimento e afetividade em relação ao familiar adoecido, transparecendo o comprometimento com o cuidar e reconhecimento do significado de serem cúmplices nesse processo em construção. Por outro lado, observa-se a decepção com os serviços de saúde mental, a exemplo do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) em não auxiliá-los e nem ao menos oferecerem o suporte mínimo para este cuidador fazer. Na visão de Lopes e Cachioni (2012, p. 253):
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A sobrecarga dos cuidadores é um dos mais importantes problemas causados pela demência. Estudos mostram que os cuidadores estão em maior risco de morbidade psicológica e física e funcionamento social prejudicado, o que compromete a sua capacidade de cuidar de um membro familiar idoso. Sabe-se atualmente que as pessoas que prestam o cuidado têm pior saúde emocional se comparadas com os não cuidadores.
A relação do cuidar, passa por muitas fases tais como: a progressão da doença, incapacidade, instalação súbita ou gradual da dependência e os recursos para que esses cuidadores desenvolvam suas tarefas. A sociedade cobra da família a responsabilidade e a obrigação do cuidar. Assim, muitas vezes quando o cônjuge, por exemplo, se encontra impossibilitado de tal ato, normalmente é transferido para os filhos. A pessoa que cuida, sente-se gratificada, apesar das dificuldades. Essa tem sido uma referência positiva no contexto "cuidados". O ato de cuidar envolve todo o relacionamento emocional por parte do cuidador, pois este, terá que abrir mão de muitas coisas que até então faziam parte de sua vida (MONTEZUMA; FREITAS; MONTEIRO, 2008). Para Montezuma, Freitas e Monteiro (2008, p. 396 ), “o sentimento de responsabilidade encontra-se totalmente de acordo com a precariedade da vida. Assim, a dependência se traduz por uma ajuda indispensável para a realização dos atos elementares. Não é apenas a incapacidade que cria a dependência, mas sim o somatório da incapacidade com a necessidade”.
Estudos realizados por Pinquart e Sörensen demonstram que os cuidadores apresentam maior nível de estresse, maior estado de depressão, menor qualidade de vida, de senso de auto eficácia e pior saúde física em comparação com as pessoas não cuidadoras. Comungando dos mesmos resultados, estudos de Fernandes e Garcia apontam que cuidadores têm altos níveis de sintomas depressivos, ansiedade, baixa autoestima, culpa, ressentimento e irritabilidade emocional (LOPES; CACHIONE, 2012). Nesse sentido, sugere-se a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) como meio psicoeducacional no auxílio ao cuidador.
4.2 Terapia Cognitivo-Comportamental Atuando na Atenção ao Cuidador Nas diversas formas existentes de TCC, a exemplo da terapia racionalemotiva comportamental, a terapia comportamental dialética, terapia de solução de
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problemas, dentre outras, possuem como forma incorporar técnicas de todas estas outras psicoterapias, dentro de uma estrutura cognitiva mais completa. Ou seja, o modelo cognitivo propõe que o pensamento disfuncional (responsável por influenciar o humor e o pensamento do indivíduo) é comum a todos os transtornos psicológicos. Desse modo, quando as pessoas aprendem a avaliar seu pensamento de forma mais realista e adaptativa, elas obtêm uma melhora em seu estado emocional e no comportamento (PARANHOS, 2015). As definições da abordagem psicoeducacional psicoeducacional partem de vários métodos para que sejam realizadas intervenções com o objetivo de atingir questões do âmbito individual do cuidador. Busca uma melhora no bem-estar, diminuindo os sentimentos e pensamentos disfuncionais, além da melhora no senso de autoeficácia, aumento de uso de estratégias de enfrentamento da situação de cuidados, etc. (LOPES; CACHIONE, 2012). Quando são comparados os grupos psicoeducacionais com os educacionais e de suporte, os estudos realizados por Chien et al. apuraram que grupos psicoeducacionais produzem um resultado significativamente maior no bem-estar psicológico e contra a depressão se comparados aos grupos educacionais e de suporte. Tanto os grupos psicoeducacionais quanto os grupos educacionais demonstraram efeitos positivos significativos na redução de sobrecarga, mas o grupo educativo pareceu ser mais eficaz. Esses resultados podem sugerir que os grupos educacionais tendem a fornecer imediatamente informações úteis, como habilidades de cuidados, formas de auto ajustamento, conhecimento para lidar com questões legais e facilitar o encontro de recursos disponíveis que podem reduzir mais rapidamente a sobrecarga dos cuidadores. Grupos psicoeducacionais não apenas fornecem informações práticas para o atendimento ao indivíduo, mas também focam no estado psicológico e emocional dos cuidadores, e contribuem para o estabelecimento de uma rede social de apoio, sendo eficazes para a m elhoria do bem-estar psicológico e depressão dos cuidadores (LOPES; CACHIONE, 2012). Lopes e Calchioni (2012) exemplificam algumas intervenções que possibilitam um melhor enfrentamento aos cuidadores perante os impactos que o manejo da doença e do cuidado podem causar ao longo do tempo. Consiste em grupos que podem ser tanto de apoio, quanto de intervenções específicas, como por exemplo, a psicoeducação, onde é trabalhada com o cuidador a orientação sobre as fases da doença e a elaboração das emoções sentidas durante o processo do cuidar.
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As pesquisas realizadas por Coelho et al (2015) sugerem que sejam criados grupos de apoio ou grupos de aconselhamento, que consiste na reunião de cuidadores, possibilitando troca de experiências e informações; e terapia familiar, que é indicada quando a família apresenta problemas que podem estar relacionados ao portador ou não, mas que também interferem na qualidade de vida dos portadores e cuidadores. Os estudos de Lopes e Cachione (2013) consideram que o grupo psicoeducacional é uma ferramenta para educar e instruir os membros do grupo acerca de um particular assunto e fornecer informações de como enfrentar crises decorrentes da vida. Espera-se que a partir do conhecimento adquirido o sujeito gerencie suas emoções, ou seja, o componente cognitivo deve anteceder o componente afetivo. Para tanto as autoras contaram com uma amostra correspondente a 21 cuidadores informais participantes do Grupo de Intervenção Psicoeducacional para Cuidadores de Idosos com Doença de Alzheimer, que acompanham os pacientes com DA atendidos no Centro de Reabilitação e Hospital-Dia para Idosos do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ao todo foram 15 encontros, com o intuito de conhecer o processo da doença e compreender as diversas realidades do cuidado. É um espaço de aprendizagem mútua; de promoção de rede de apoio para o enfrentamento do processo da doença; e da busca de melhorias para o bem estar subjetivo do cuidador (LOPES; CACHIONE, 2013). Em cada encontro foi tratado sobre um tema referente r eferente ao processo da doença, e posteriormente foram abertos o diálogo livre para perguntas, reflexões, relatos e trocas de experiências sobre condutas para lidar com as situações diárias do ato de cuidar (LOPES; CACHIONE, 2013). Lopes e Cachione (2013) traçaram cinco eixos de conhecimentos para abordar o grupo de intervenção psicoeducacional que serão apresentados no Quadro 03. Quadro 03: Cinco eixos de conhecimentos Eixo 1
Eixo 2
Cérebro e demencial
o
processo Informações sobre a estrutura do cérebro e suas principais funções, com destaque as alterações que ocorrem no processo demencial e apresentação dos principais processos demências e suas manifestações. Demência tipo Alzheimer Detalhamento de todas as fases que compreendem a DA. Apresentação da evolução das descobertas
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Eixo 3
Eixo 4
Eixo 5
científicas, discussão sobre a importância de uma rede nacional de informações acerca do processo, tratamentos e redes de apoio. Tratamento farmacológico e Informações sobre: os principais medicamentos não farmacológico disponíveis para o tratamento farmacológico e sua eficácia em cada fase do processo, estimulação cognitiva realizada no programa e a especificidade da intervenção de cada área de atuação. Alterações fisiológicas e Informações sobre as alterações ocorridas em cada fase comportamentais refletidas no e discussão sobre o manejo de cada demanda do cotidiano cuidado. Pertinência das adaptações ambientais e ergonomia em cada domicílio. Discussão sobre ocupação do tempo livre em casa e no ambiente externo. O cuidado Discussão sobre as peculiaridades do cuidado formal e informal. Manejo das emoções e sentimentos que envolvem o ato de cuidar. Fonte: Lopes e Cachione (2013)
As autoras concluíram em suas pesquisas, que no aspecto bem estar, os encontros trouxeram resultados bem positivos; porém, ao contrário nos aspectos depressivos, os resultados não foram satisfatórios, uma vez que apesar de existir evidências
científicas
de
que
determinados
modelos
de
intervenções
psicoeducacionais influenciam positivamente na redução dos sintomas depressivos, é possível que as intervenções destinadas aos cuidadores de idosos com DA não impedem o curso de progressão da doença e não aliviam os aspectos dolorosos inerentes à situação, talvez tal fato esteja relacionado à questão que os cuidadores são confrontados frequentemente com suas emoções angustiantes geradas pela perda e deterioração diária do familiar cuidado (LOPES; CACHIONE, 2013). O fator positivo das intervenções psicoeducacionais pode ser comprovado através de outros estudos realizados por Arritxabal et al. (2011) apud Lopes e Cachione (2013) em que foram avaliadas intervenções realizadas em dez sessões junto a 52 cuidadores, os resultados mostraram que após as reuniões aumentaram os fatores positivos e o bem-estar, avaliado pela satisfação com a vida. A redução dos fatores negativos após a intervenção, provavelmente se deu devido às informações fornecidas sobre o gerenciamento adequado dos sintomas e dos problemas de comportamento dos idosos e pelo apoio emocional oferecido que podem ter contribuído para a melhora do estado de ânimo dos cuidadores e para maior confiança no oferecimento do cuidado ao paciente.
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Acrescentam-se as considerações de Lopes e Cachione (2013), ( 2013), que existem aspectos importantes que devem ser tratados nas intervenções de educação familiar como: legitimar a doença, promover a aceitação familiar da doença, reconhecer os limites que a doença impõe ao paciente e assim desenvolver expectativas realistas em relação a este, reduzindo a responsabilidade, e principalmente, a culpa do doente (CHAPETON, 2014). Entende-se que por mais que a DA danifique o lado cognitivo do paciente, o cuidador quando em estado de estresse severo pode acabar descontando neste, suas frustrações. Nesse sentido, deve ser proposto também que sejam reduzidas às emoções negativas dos membros da família, tais como: ansiedade, depressão, raiva e isolamento; além de mostrar para parentes e pacientes que eles não estão sozinhos e buscar desenvolver nos participantes o espírito colaborador, onde todos os membros da família ficam responsáveis pelos cuidados do paciente, desta forma, não sobrecarrega um só (CHAPETON, 2014). Assim, entende-se que a Terapia Cognitivo-Comportament Cognitivo-Comportamental al através da psicoeducação pode contribuir de forma bem positiva junto aos cuidadores de pessoas portadoras de DA.
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5 CONCLUSÕES Quando a DA acomete um membro da família, todos os familiares acabam sendo atingidos, e em particular, a pessoa que será incumbida do cuidar, que geralmente é um parente. Os impactos psicossociais da DA na vida do paciente e seu cuidador ultrapassam muitos limites, pois é uma doença que progride de maneira expressiva afetando diretamente o cérebro, a memória, o raciocínio e a comunicação do indivíduo acometido pela mesma. A doença é crônica e degenerativa, portanto, conforme ocorre o declínio das funções cognitivas do paciente, o cuidador passa a ser mais solicitado uma vez que irá auxiliar o indivíduo em todas as atividades diárias. Tais cuidados vão desde os medicamentos, alimentação, e em muitos casos, a higiene pessoal. Nesse sentido, a qualidade de vida do cuidador fica diretamente ligada ao regresso funcional do paciente portador de DA. Dentre os principais sintomas que o cuidador passa a ter apontado pelas pesquisas realizadas encontram-se ansiedade, depressão, insônia, isolamento afastamento social e, consequentemente, frustrações que chegam a afetar não só o psíquico, mas também o físico da pessoa incumbida do cuidar. A situação é muito grave, principalmente porque é muito comum que os cuidados fiquem reservados apenas a um membro da família, isso resulta numa sobrecarga física e emocional do cuidador. O desgaste psico-físico traz prejuízos no trato do cuidador com o paciente. Desta forma, faz-se necessário que se busque meios estratégicos para lidar com a situação de modo a garantir, pelo menos um mínimo, de qualidade de vida para quem cuida. Desta forma, conclui-se que a Terapia Cognitivo-Comportamental pode atuar de maneira satisfatória junto a essas pessoas através da psicoeducação utilizando terapia individual e em grupo, no auxílio ao cuidador e aos demais membros da família. Devem ser apresentadas estratégias que auxiliem não só o trato com o paciente, mas também a forma como o cuidador irá enfrentar tal situação.
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REFERÊNCIAS AMARAL, Lúcia Inês Oliveira do. A doença de alzheimer impactos na família. Dissertação apresentada para conclusão do curso de Psicologia do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. Brasília, 2010. CALDAS, Célia Pereira. O idoso em processo demencial: o impacto na família. In:
Antropologia, Saúde e Envelhecimento (M. C. S. Minayo & C. Coimbra Jr., org.), pp. 51-71, Rio de Janeiro: Fiocruz, 2012. CAVALHERI, Silvana Chorratt. Transformações do modelo assistencial em saúde mental
e
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impacto
na
família.
Rev.
bras.
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