PARKER, Richard G. “Normas e Perversões”. In: Corpos, Prazeres e Paixões. A cultura sexual no Brasil contemporâneo . São Paulo, Ediora !es Seller, "##", $.% edi&ão.
RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE NO BRASIL COLONIAL No
'rinc('io do 'rocesso de coloni)a&ão houve um verdadeiro rela*ameno da
moral se*ual, car+er essencial do reime 'ariarcal. -om a cheada do Sano /(c /(cio io 0"1# 0"1#"2 "2 a 3ues 3uesão ão da condu condua a se*u se*ual al /oi /oi leva levan nada ada 'ela 'ela 'rim 'rimei eira ra ve) ve) 'u4l 'u4lic icam amen ene e.. s reis reisr ros os da In3u In3uis isi& i&ão ão eram eram domi domina nado doss 'elo 'eloss crimes crimes de /eii&aria, 4las/5mia, sodomia, 4iamia e inceso6 Nas
Reliiões -risãs e*ise uma divisão /undamenal enre -or'o vs. Alma:
-or'o 7 'erioso, su8o, /one dos 'ecados da carne 0inerdi&ões, /iscali)a&ão e conrole2 Alma 7 'ura, lim'a, /one das virudes virudes ranscendenes 0culivada2
se*o era considerado /one de 'erio, de conamina&ão e a9 mesmo do mal
3ue se e*erce no cor'o, mas se enra()a na alma: a2 -ul'a 7 Ineriori)a&ão da no&ão 'ecado6 42 eronha 7 socialmene desco4ero6 A
Ire8a -a;lica o'erou uma disin&ão enre /ormas de e*'ressão se*ual
consideradas le(imas e ile(imas, orani)ada em orno de 'elo menos r5s no&ões
inerliadas:
heterossexualidade ,
casae!to
o!o"#ico
e
$rocria%&o . s
sini/icados da co!duta sexual , no dom(nio reliioso, são /re3
consru(dos nos ermos de uma classi/ica&ão: a2 iruosas 7 modelo convencional 0heerosse*ualidade, casameno e 'rocria&ão2 42 Pecaminosas 7 ransridem o modelo 0sodomia, 4iamia e inceso26
2
A condua se*ual 3ue com4ina com sucesso esses r5s elemenos 9
com'reendida como 'irtuosa denro da visão ca;lica de mundo. =n/ase na re'rodu&ão como um >nico /im realmene le(imo da aividade se*ual. A viola&ão do casameno, da monoamia e da 'rocria&ão, de/ine o $ecador aos olhos de ?eus e da Ire8a. casal co!(u"al ornou@se o cenro da no&ão de se*ualidade viruosa e as 'r+icas 3ue amea&avam a e*is5ncia dese modelo /oram consideradas 'ecaminosas6 esmo
ho8e, o sini/icado da condua se*ual 9 /re3
am'lamene nos ermos de uma visão moral essencialmene dual(sica na 3ual a no&ão da carne 9 diameralmene o'osa B do es'(rio6 A
medicina, munida das esra9ias correivas da hiiene social, cheou a
desem'enhar um 'a'el im'orane na orani)a&ão e reulamena&ão da vida se*ual, na classi/ica&ão das 'r+icas se*uais, assim como na de/ini&ão dos dese8os se*uais, em ermos de uma nova economia sim4;lica de doen&a e sa>de6 Para
a2
a edicina as 'r+icas se*uais são classi/icadas:
Sa>de
se*ual
7
'r+icas
3ue
seuem
o
modelo
convencional
0heerosse*ualidade, casameno monoCmico e 'rocria&ão2 42 ?oen&as se*uais 7 ransridem o modelo convencional 0onanismo, 'rosiui&ão, sado@maso3uismo e homosse*ualismo26 s
des'ios sexuais são considerados cries conra as leis da !ature)a e a
'reserva&ão da sa*de das 'essoas, amea&ando não a'enas o indiv(duo, mas am49m a 'r;'ria sociedade.
s desvios se*uais rans/ormaram@se em doen&as 3ue 'recisavam de
raamenos e os 'r;'rios doenes ornaram@se o48eos de odas as esra9ias 3ue a medicina moderna reuniu.
3
Podemos
re'resenar es3uemaicamene:
SEXUALIDADE -NEN-INAD ?ESIANFE Para
+EDICINA SA?E ?ENHA
RELIGIÕES CRIS,-S IRFSA PE-AINSA
as reliiões crisãs e a medicina a aividade se*ual le(ima em como /im a
$rocria%&o . No enano, 'ara a 'rimeira a 'rocria&ão re'resena a o4ria&ão do /iel diane de ?eus. Para a Seunda, 'or sua ve), 9 a o4ria&ão do cidadão 'erane o Esado6 Se*ualidade
-onvencional 7 normal, saud+vel, viruosa, lim'a, naural, 4oa, ec.
Se*ualidade ?esviane 7 anormal, doenia, 'ecaminosa, su8a, aninaural, ec.
A oder!i)a%&o da vida se*ual relati'i)ou as no&ões de 'ecado e doen&a
associadas Bs ransressões, 'ossi4iliando uma maior aceia&ão da diversidade se*ual, iner'reada como resulado das escolhas e o'&ões 'essoais6
a'arecimeno da AI?S /e) ressurir os valores radicionais, ais como as
no&ões de doen&a e 'ecado. No enano, 'ossi4iliou 3ue imaens e discursos acerca da se*ualidade /ossem inensamene veiculados. As miliCncias /eminisa e homosse*ual assumiram a vanuarda dessas discussões6 A
moderni)a&ão da vida se*ual 4rasileira mais 3ue su4siuir o sisema de
classi/ica&ão@iner'rea&ão anerior, su'er's@se a ele, o/erecendo 'elo menos a aluns mem4ros da sociedade um ouro sisema de coordenadas 'ara consru&ão dos sini/icados se*uais.
4
Resumindo: 'adrão de condua se*ual moralmene le(imo no !rasil se
a';ia na r(ade: heerosse*ualidade, casameno monoCmico e 'rocria&ão. casal con8ual re'resenou, e ainda re'resena, a e*'ressão se*ual mais le(ima na ideoloia se*ual dominane no !rasil.
JA-D?A?E JRASSINEFFI ? RE-IJE
5
De$artae!to de .sicolo"ia Pro/. Eduardo Jonseca
PARKER, Richard G. “Normas e Perversões”. In: Corpos, Prazeres e Paixões. A cultura sexual no Brasil contemporâneo . São Paulo, Ediora !es Seller, "##", $.%
edi&ão.
ESFLES PARA ?E!AFE:
". -omo a reliião ca;lica e a medicina iner'rearam e classi/icaram as nossas 'r+icas se*uaisM $. ?e acordo com Richard Parer a moderni)a&ão da vida se*ual dos 4rasileiros conri4uiu 'ara relaivi)ar as no&ões de 'ecado e doen&a. -omene essa a/irma&ão.
6
JRO, Peer. “?a hierar3uia B Iualdade: A -onsru&ão is;rica da omosse*ualidade no !rasil”. In: Para Inglês Ver . Rio de Qaneiro, ahar Ediores, "#$.
a2 Se*o Jisiol;ico 7 achos e /5meas 42 Pa'el de G5nero 7 -om'oramenos associados ao 'a'el de masculino ou /eminino c2 -om'orameno Se*ual 7 -om'oramenos relacionados ao inercurso se*ual 7 aividade@domina&ão versus 'assividade@su4missão. d2 riena&ão Se*ual 7 riena&ão homo, heero ou 4isse*ual
SISFEAS ?E -DASSIJI-AHT ?A SEUADI?A?E AS-DINA omens
e !ichas 0Sisema A 7 classes 'o'ulares2
IDEN,IDADE ". Se*o Jisiol;ico $. Pa'el de G5nero V. -om'orameno Se*ual W. riena&ão Se*ual ?esiualdade s
/O+E+ acho asculino Aivo eero e omosse*ual
BIC/A acho Jeminino Passivo omosse*ual
e assimeria enre os 'arceiros se*uais 7 hierar3uia
machos 'erencem a duas caeorias /undamenais, homens e 4ichas.
En3uano o homem deve se com'orar de uma maneira “masculina”, a 4icha ende a re'rodu)ir com'oramenos eralmene associados ao 'a'el de 5nero /eminino. Aividade
se*ual 7 domina&ão e 'assividade se*ual 7 su4missão
7
omens
e Enendidos 0Sisema ! 7 classes m9dia e ala2
IDEN,IDADE ". Se*o Jisiol;ico $. Pa'el de G5nero V. -om'orameno Se*ual W. riena&ão Se*ual Iualdade s
/O+E+ acho asculino Aivo eerosse*ual
EN,ENDIDO acho asculinoXJeminino AivoXPassivo omosse*ual
e simeria enre os 'arceiros se*uais
machos 'erencem a duas caeorias /undamenais, homens e enendidos.
En3uano o homem oriena a escolha de seu o48eo de dese8o se*ual heerosse*ualmene, o enendido oriena a sua escolha homosse*ualmene. Y
necess+rio /risar 3ue o enendido não su4siui a 4icha, re'resena uma nova
realidade social, uma nova a*onomia. Se na a*onomia ania a divisão do mundo masculino /oi /eia na 4ase da “aividade” e da “'assividade”, aora essa divisão se d+ na 4ase da oriena&ão se*ual. odelo
9dico do S9culo UIU 0Sisema -2
Idenidade
omem eerosse*ual ". Se*o Jisiol;ico acho $. Pa'el de G5nero asculino V. -om'. Se*ual Aivo W. riena&ão Se*ual eerosse*ual s
omosse*ual Passivo Inverido acho asculinoXJeminino Passivo omosse*ual
omosse*ual Aivo Perverido acho asculino Aivo omosse*ual
homosse*uais 'erencem a duas caeorias /undamenais:
a2 Perveridos 42 Inveridos 7 4iol;icos 0end;enos2 e am4ienais 0e*;enos2
odelo
9dico oderno 0Sisema ?2
Ide!tidade
/oe Noral
Bissexual
/oossexual
8
". Se*o Jisiol;ico $. Pa'el de G5nero V. -om'. Se*ual W. riena&ão Se*ual
acho asculino Aivo eerosse*ual
acho asculino Irrelevane eero e omosse*ual
acho asculino Irrelevane omosse*ual