uma publi publicação cação da Bibli Biblioteca oteca da Flore Floresta sta - Rio Branc Branco o - Acre - Maio de 2010
Chico Mendes O Homem da Floresta
anos de Saudade e Conquistas Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
1
anos de saudade e conquistas
A
revista Chico Mendes – O Homem da Floresta (20 Anos de Saudade e Conquistas) tem o conteúdo da exposição elaborada pela Biblioteca da Floresta, inaugurada em dezembro de 2008. A exposição celebra a história de luta do líder seringueiro assassinado em 22 de dezembro de 1988 pelo peão Darcy Alves, a mando do pai fazendeiro Darli Alves. Chico tombou por defender a oresta e as famílias de seringueiros e indígenas que vivem nela. A exposição aborda aspectos históricos, ambientais e políticos que marcaram a formação do Acre, destacando a trajetória de Chico Mendes como protagonista e símbolo da luta dos povos da oresta. Descreve a sociedade da borracha em painéis, fotograas, vídeos, músicas, textos e depoimentos. Chico Mendes, assim como Wilson Pinheiro - assassinado oito anos antes pelo mesmo motivo e em condições semelhantes – liderou o movimento de seringueiros, ribeirinhos, colonos e indígenas contra o desmatamento e a pecuarização da região. Através deste conteúdo, a Biblioteca leva a história da saga acreana a professores, estudantes e estudiosos da Amazônia, alimentando discussões sobre a trajetória social, política, cultural e ambiental dos povos da oresta.
2
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
A Sociedade da Borracha
06
O Acre como pasto de boi
10
Chico Mendes: 20 Anos de Saudade e Conquistas
14
Não Somos Povos do Gelo
18
Parceiros de Luta
21
Varadouros de Chico Chico Mendes
35
Chico Mendes e os Povos da Floresta
41
Mensagem para 2120
45
Reza e Empate na Amazônia – Dom Moacyr Grechi
50
Displicente com a Morte – Raimunda Bezerra
54
Aliança dos Povos da Floresta – Ailton Krenak
57
O tiro que foi ouvido no mundo todo – Zuenir Ventura
58
Uma Questão de Liderança
61
Recados da Floresta
62
A Testemunha – Zuenir Ventura
64
Meu encontro com o Chico
67
Publicações sobre Chico Mendes
68
Vídeos Sobre Chico Mendes Mendes
69
Músicas em Homenagem a Chico Mendes
71
Saiba mais sobre Chico Mendes
71
Créditos da Exposição
72
Ficha Técnica
73
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
3
Painéis
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
5
Logo na entrada da Biblioteca foram instalados três grandes painéis, que contam a história da sociedade da borracha, a posterior chegada da pecuária e os conitos dela decorrentes, bem como o assassinato e o legado do seringueiro e líder Chico Mendes.
A Sociedade da Borracha
06
O Acre como pasto de boi
10
Chico Mendes: 20 Anos de Saudade e Conquistas
14
Não Somos Povos do Gelo
18
Parceiros de Luta
21
Varadouros de Chico Chico Mendes
35
Chico Mendes e os Povos da Floresta
41
Mensagem para 2120
45
Reza e Empate na Amazônia – Dom Moacyr Grechi
50
Displicente com a Morte – Raimunda Bezerra
54
Aliança dos Povos da Floresta – Ailton Krenak
57
O tiro que foi ouvido no mundo todo – Zuenir Ventura
58
Uma Questão de Liderança
61
Recados da Floresta
62
A Testemunha – Zuenir Ventura
64
Meu encontro com o Chico
67
Publicações sobre Chico Mendes
68
Vídeos Sobre Chico Mendes Mendes
69
Músicas em Homenagem a Chico Mendes
71
Saiba mais sobre Chico Mendes
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Créditos da Exposição
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Ficha Técnica
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Painéis
Chico Mendes
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Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
1 l e n i a P
A Sociedade Sociedade da Borracha Movidos pelo sonho do en riquecimento rápido, companhias de navegação, empresas exportadoras, seringalistas e migrantes nordestinos ultrapassaram os limites mal denidos da fronteira do Brasil com o Peru e a Bolívia. Ocuparam assim um Acre alheio, de 116 milhões de hectares, onde passaram a produzir 50% da borracha da Amazônia.
Acervo Museu de Arte da Universidade do Ceará
A
é é XIX, B b Azô. E 1736, , b ê L C, v v Sõ. M ó g ó vz b Gy 1839. A í v ví v v. v. F, é XX, b vz ú óv. Cv “b é” zô, b í g v b. N é 1870, 130 g v Azô. õ õ g b. N , g, v v v vvê z. z. D g v íg. O g gz ‘’ ‘’ g z b vê à v óg
. A b g í, é. A Bé M z , . M é. O g, gê -, f íz , - Má g z b b . P v 1910, Azô é, já õ.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Logo na entrada da Biblioteca foram instalados três grandes painéis, que contam a história da sociedade da borracha, a posterior chegada da pecuária e os conitos dela decorrentes, bem como o assassinato e o legado do seringueiro e líder Chico Mendes.
1 l e n i a P
A Sociedade Sociedade da Borracha Movidos pelo sonho do en riquecimento rápido, companhias de navegação, empresas exportadoras, seringalistas e migrantes nordestinos ultrapassaram os limites mal denidos da fronteira do Brasil com o Peru e a Bolívia. Ocuparam assim um Acre alheio, de 116 milhões de hectares, onde passaram a produzir 50% da borracha da Amazônia.
Acervo Museu de Arte da Universidade do Ceará
A
é é XIX, B b Azô. E 1736, , b ê L C, v v Sõ. M ó g ó vz b Gy 1839. A í v ví v v. v. F, é XX, b vz ú óv. Cv “b é” zô, b í g v b. N é 1870, 130 g v Azô. õ õ g b. N , g, v v v vvê z. z. D g v íg. O g gz ‘’ ‘’ g z b vê à v óg
. A b g í, é. A Bé M z , . M é. O g, gê -, f íz , - Má g z b b . P v 1910, Azô é, já õ.
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
7 Um seringal é formado vá
õ. Lg à b v. A é ê g 150 áv g .
A “margem” “mar gem” e o “centro”
Em 1876, sementes de seringueira b b Má Hy Wk, g g Ié Ié Bâ. N g é é XX á já v zô v. E ê, g g ê.
C
g g, fv b, g, gg zé v; , fv g õ. D g g , b b, : , , , , ó, , ó v b, . Sg bé g , v, b é z E E U, b . N v, b z b b, b õ -b. E gv ív gáv. O g b vv v v á, bê. E vz, ê .
As famílias seringalistas seringalistas
b g, g bé g á b v õ, v vg vg z g bê. A Má b . No período 1939-1945, os países aliados contra o nazismo f
b Má. O gv E U ô A Wg, Wg, vé vé gv b v v v v g Azô z B Vó, z g g f. Cerca de 36.000 homens foram transferidos para o Acre 1942 1944. A
vg . E g v b, b b. b. E íg v .
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Um seringal é formado vá
õ. Lg à b v. A é ê g 150 áv g .
A “margem” “mar gem” e o “centro”
Em 1876, sementes de seringueira b b Má Hy Wk, g g Ié Ié Bâ. N g é é XX á já v zô v. E ê, g g ê.
C
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As famílias seringalistas seringalistas
b g, g bé g á b v õ, v vg vg z g bê. A Má b . No período 1939-1945, os países aliados contra o nazismo f
b Má. O gv E U ô A Wg, Wg, vé vé gv b v v v v g Azô z B Vó, z g g f. Cerca de 36.000 homens foram transferidos para o Acre 1942 1944. A
vg . E g v b, b b. b. E íg v .
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
O Acre como pasto de boi No m dos anos 1960 e durante a década de 70 os seringalistas, endividados com os Bancos e sem esperança de voltar a lucrar com a borracha, cam vulneráveis à nova política do governo militar (19641985). Usando o slogan “Integrar para não Entregar”, os militares planejaram a ocupação da Amazônia. Foram criados vários programas para incentivar os fazendeiros a expandir projetos agropecuários na região. Eram oferecidos incentivos incentivos scais e empréstimos com juros baratos e carência para o pag amento. Como resultado da campanha, um terço das terras acreanas foi vendido ou transformado em latifúndios.
C
b, 1961, Cbá - P V (B-364), E ô , é, 150 1 b, “” zô. A b é A. Lá S õ E z b. N í , , v g à vê á. A í vê á j í, óg (I, IBDF, g b Ag), gv . A 1975, Cg (C (C N b Ag) gz g (7 A 1 Az) Az) z g v Cóg Cv E . A CEB (C E B) Pz A P gz .
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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O Acre como pasto de boi No m dos anos 1960 e durante a década de 70 os seringalistas, endividados com os Bancos e sem esperança de voltar a lucrar com a borracha, cam vulneráveis à nova política do governo militar (19641985). Usando o slogan “Integrar para não Entregar”, os militares planejaram a ocupação da Amazônia. Foram criados vários programas para incentivar os fazendeiros a expandir projetos agropecuários na região. Eram oferecidos incentivos incentivos scais e empréstimos com juros baratos e carência para o pag amento. Como resultado da campanha, um terço das terras acreanas foi vendido ou transformado em latifúndios.
C
b, 1961, Cbá - P V (B-364), E ô , é, 150 1 b, “” zô. A b é A. Lá S õ E z b. N í , , v g à vê á. A í vê á j í, óg (I, IBDF, g b Ag), gv . A 1975, Cg (C (C N b Ag) gz g (7 A 1 Az) Az) z g v Cóg Cv E . A CEB (C E B) Pz A P gz .
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A resistência A , F N N Í A v íg, óg v C Pó-I Pó-I A (CPI-AC), (CPI-AC), Iíg. A Igj Có Có C E B (CEB), (CEB), C Ig Má (CIMI), C P (CP) CDDH (C D D H). Vá Vá Og (gzõ (gzõ gvgv) , à g b. O CA (C b Azô) v õ v. A SOS Azô, vz, õ vz .
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
v b vz ég ég v v gv . C v b g á.
Uma sociedade ameaçada Há é, g íg bvv , . E í v bv zô, zô, v v z. N 1970, é, g z: b g v . O v g v v vv.
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Wilson Wilson Pinheiro e os Empates
O apoio da imprensa
E 1979, v g v f v õ z z . O Bé, b W P, . E b , 300 v “ jg” B-317. Aó , W P g E. C üê , 21 j 1980. Foto: Elson Martins
g j v V 1977. C j gé gé gv A õ b g g. G , õ , v b, g í. Após o assassinato assassinato de Wilson Pinheiro Pinheiro ,
C M v g b X. C g- v í v j. A “BASA!” z . Chico faz palestras nas Universidades
í g ê Azô. Aj C N Sg A Pv F (1985). E bé, ê, v Ev v z. E 22 zb 1988 é , . Migração Migraç ão Forçada: Forçada: E
g, í Bív, , vv bg b - bá. A í IBGE g .
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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A resistência A , F N N Í A v íg, óg v C Pó-I Pó-I A (CPI-AC), (CPI-AC), Iíg. A Igj Có Có C E B (CEB), (CEB), C Ig Má (CIMI), C P (CP) CDDH (C D D H). Vá Vá Og (gzõ (gzõ gvgv) , à g b. O CA (C b Azô) v õ v. A SOS Azô, vz, õ vz .
v b vz ég ég v v gv . C v b g á.
Uma sociedade ameaçada Há é, g íg bvv , . E í v bv zô, zô, v v z. N 1970, é, g z: b g v . O v g v v vv.
Wilson Wilson Pinheiro e os Empates
O apoio da imprensa
E 1979, v g v f v õ z z . O Bé, b W P, . E b , 300 v “ jg” B-317. Aó , W P g E. C üê , 21 j 1980. Foto: Elson Martins
g j v V 1977. C j gé gé gv A õ b g g. G , õ , v b, g í. Após o assassinato assassinato de Wilson Pinheiro Pinheiro ,
C M v g b X. C g- v í v j. A “BASA!” z . Chico faz palestras nas Universidades
í g ê Azô. Aj C N Sg A Pv F (1985). E bé, ê, v Ev v z. E 22 zb 1988 é , . Migração Migraç ão Forçada: Forçada: E
g, í Bív, , vv bg b - bá. A í IBGE g .
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Chico Mendes: 20 anos de saudade e conquistas conquistas Nunca um tiro dado no Brasil ecoou tão longe! - escreveu Zuenir Ventura no livro Crime e Castigo, sobre Chico Mendes. De fato, o disparo do peão Darci Alves que matou o líder seringueiro saiu na primeira página do New York Times na manhã seguinte, e passou a ser noticiado no mundo intei ro. Foi também o estopim para o surgimento de um novo modelo de uso dos recursos naturais no País: as reservas extrativistas.
S
Manejando a maior biodiversidade do planeta
, C M Azô é g v . E ô: “b gv v é g ííg, Azô váv, ó ó, í ”.
A Azô Lg í 5,2 õ ô á é vv íg, b v j bv . M , õ v ó. P z gv U Cv. A (80%) á g í ó C M. E à Mé M Ab, -g M Sv, g C, 23 õ v (36,6% ), ó Azô. A g j j 68 v E v 16 v Dvv Sáv. E ég.
C M gv gá v Azô. A C N Sg Bí, 1985, vv v Ev, v v b z. Aó , é v j vv á, .
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Nunca um tiro dado no Brasil ecoou tão longe! - escreveu Zuenir Ventura no livro Crime e Castigo, sobre Chico Mendes. De fato, o disparo do peão Darci Alves que matou o líder seringueiro saiu na primeira página do New York Times na manhã seguinte, e passou a ser noticiado no mundo intei ro. Foi também o estopim para o surgimento de um novo modelo de uso dos recursos naturais no País: as reservas extrativistas.
S
Manejando a maior biodiversidade do planeta
, C M Azô é g v . E ô: “b gv v é g ííg, Azô váv, ó ó, í ”.
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C M gv gá v Azô. A C N Sg Bí, 1985, vv v Ev, v v b z. Aó , é v j vv á, .
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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m o c e S : s o t o F
Modelo para o país
O v g b 151% á g A. A, 49% (7,5 õ ) ó b b. N í 1999 2006, U Cv b: 2,5 õ 5,1 õ. M v v.
Conquistas C ê v, í P b b gv A 1999, b ú g. D v z g v vv áv, áv v , ú, g, b -. N A, gv j á: áb vv X é . O j já vv 800 í á g à , í, . CTA
A v Ev A í bf , bb õ. V í úb gá Azô.
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Modelo para o país
O v g b 151% á g A. A, 49% (7,5 õ ) ó b b. N í 1999 2006, U Cv b: 2,5 õ 5,1 õ. M v v.
Conquistas C ê v, í P b b gv A 1999, b ú g. D v z g v vv áv, áv v , ú, g, b -. N A, gv j á: áb vv X é . O j já vv 800 í á g à , í, . CTA
A v Ev A í bf , bb õ. V í úb gá Azô.
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Não somos povos do gelo Elson Martins
Q
vv Azô, üê g b ê g g . P , ggj v . E, , g á .
A v zô, zô, , , g v v , v ág , v g. A, g v
b b, vvê, . . E é . N A, ó . O E é í ó Azô, í v ú é é XIX, íg ó z. A , b, , v g. M ví gõ g gá z v, v ú . O z g C M íb b ?
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C, z : , áb gv , g. F , g, g, gg , zô v v . E v v g . E í õ. O j: “” bvz g. M, z gá v Azô, v zô b , v . Chico Mendes
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O zô – – b C M g . E é ó . N gg , , vê- v . É g ó v. Aá, é bg Bb F E C M: H F. É jó í g ó b Azô, bá z z, g gõ.
Acervo Biblioteca da Floresta
Não somos povos do gelo Elson Martins
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C, z : , áb gv , g. F , g, g, gg , zô v v . E v v g . E í õ. O j: “” bvz g. M, z gá v Azô, v zô b , v . Chico Mendes
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O zô – – b C M g . E é ó . N gg , , vê- v . É g ó v. Aá, é bg Bb F E C M: H F. É jó í g ó b Azô, bá z z, g gõ.
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Parceiros de luta
Chico Mendes
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Pessoas e entidades que apoiaram o movimento liderado por Chico Mendes foram homenageadas através de uma exposição de fotograas na entrada da Biblioteca. Dispostas em cubos iluminados, as imagens lembram importantes momentos dessa história.
Q g, v g C M g bjv ô g . v í f, v. N , j . A á, v vz f à b, é v ó .
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Parceiros de luta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Pessoas e entidades que apoiaram o movimento liderado por Chico Mendes foram homenageadas através de uma exposição de fotograas na entrada da Biblioteca. Dispostas em cubos iluminados, as imagens lembram importantes momentos dessa história.
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Construção da Escola do Projeto Seringueiro em março de 1986, na Colônia Fazendinha, situada no Seringal Cachoeira em Xapuri, com a presença de Chico Mendes. Acima, o monitor do P rojeto Seringueiro Raimundo de Barros, o Raimundão, com alunos no Seringal Nazaré, em início da década de 1980.
óg M P Pá C. Acervo: SESC Acervo Digital: DPHC/FEM
Acervo Digital: DPHC/FEM
N 1970 1980 í g A í j INCR g gv b Azô. M v g g.
, C M, II E Pv F B, 1989. B v ê g A , , v.
Foto de Argemiro Lima
Acervo Digital: DPHC/FEM
Lí v b: J E E ( ( ) ) F F Ag VV N, B, í z, âg Nv . J E E b . P v, B í.
C M , Gv F, Sg C v. A bg z Dy Av, 1988. Ab, C M S X , à j B ú vê g.
Acervo: CDDHEP Acervo Digital: DPHC/FEM
Acervo: Fundação Chico Mendes 2
1
C M b g v g. Ab, í, Azô j j í í . E : 1 - A Sk, C M , Lz V, 2- F Gb, 3 - S Swz, 4 - Lé S, 5- Og Bk, 6- M A, 7- O Vv, 8 - My Agt.
3
4
5 6
S. Vz S b Bé, 21 zb 1975.
8 7
Foto: Elson Martins Acervo Digital: DPHC/FEM
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Construção da Escola do Projeto Seringueiro em março de 1986, na Colônia Fazendinha, situada no Seringal Cachoeira em Xapuri, com a presença de Chico Mendes. Acima, o monitor do P rojeto Seringueiro Raimundo de Barros, o Raimundão, com alunos no Seringal Nazaré, em início da década de 1980.
óg M P Pá C. Acervo: SESC Acervo Digital: DPHC/FEM
Acervo Digital: DPHC/FEM
N 1970 1980 í g A í j INCR g gv b Azô. M v g g.
, C M, II E Pv F B, 1989. B v ê g A , , v.
Foto de Argemiro Lima
Acervo Digital: DPHC/FEM
Lí v b: J E E ( ( ) ) F F Ag VV N, B, í z, âg Nv . J E E b . P v, B í.
C M , Gv F, Sg C v. A bg z Dy Av, 1988. Ab, C M S X , à j B ú vê g.
Acervo: CDDHEP Acervo Digital: DPHC/FEM
Acervo: Fundação Chico Mendes 2
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C M b g v g. Ab, í, Azô j j í í . E : 1 - A Sk, C M , Lz V, 2- F Gb, 3 - S Swz, 4 - Lé S, 5- Og Bk, 6- M A, 7- O Vv, 8 - My Agt.
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Foto: Elson Martins Acervo Digital: DPHC/FEM
Acervo: Biblioteca da Floresta
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O j V 1977 1981, à g . E j , b g. E 1997 (v ) bá j. N : Aô Av, S Cv, E M, Sv M Lz Cv; f á: Ab F, Ab F A C M.
Pá b Jú X jg C M, 12 15 zb 1990. N g , L, Av Gz, Jg V, .
Foto: Edison Caetano
Acervo: Biblioteca da Floresta
W P, S Bé, b Gv A í 1980, zé Cg (g) Bé. P gv J M, v Jé F g -gv G M. O Gv õ à gí.
S Iv Hg, 1988, C M. A , C M M Agá J Bb, vúv Iv Hg , á B. B. Acervo Digital: DPHC/FEM
Foto: Elson Martins
Q á Hé M v í g g b.
M Sv gv g gz CU 12 zb 1986. Acervo: CDDHEP
Acervo Digital: DPHC/FEM
Hé M, ú á v , í g g à gá. A, j “S Sv” E Pv F, 1989.
C M, L Sv , S b b , . N , C X, 1985. Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo: UNI
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O j V 1977 1981, à g . E j , b g. E 1997 (v ) bá j. N : Aô Av, S Cv, E M, Sv M Lz Cv; f á: Ab F, Ab F A C M.
Pá b Jú X jg C M, 12 15 zb 1990. N g , L, Av Gz, Jg V, .
Foto: Edison Caetano
Acervo: Biblioteca da Floresta
W P, S Bé, b Gv A í 1980, zé Cg (g) Bé. P gv J M, v Jé F g -gv G M. O Gv õ à gí.
S Iv Hg, 1988, C M. A , C M M Agá J Bb, vúv Iv Hg , á B. B. Acervo Digital: DPHC/FEM
Foto: Elson Martins
Q á Hé M v í g g b.
M Sv gv g gz CU 12 zb 1986. Acervo: CDDHEP
Acervo Digital: DPHC/FEM
Hé M, ú á v , í g g à gá. A, j “S Sv” E Pv F, 1989.
C M, L Sv , S b b , . N , C X, 1985. Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo: UNI
24
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
A g K Dz, à é ú Uv F A, í g b . Aó g ê í kwá, z ê . A ú é g C M.
25
C M C N Sg (CNS) v g Pj “A Dé D”, z á b v Azô é 1980. N , C v J Sv Aúj, .
Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo: Biblioteca da Floresta
D jv, C M v z . E jó b v g. E z g : Zé Gb (à ), J Bb, O Aâ G g (), (), Bz M A, F M, .
P I Cê E b P F Ev, C D B, v C N Sg (CNS), F b Ag A (F) S E F Ev (S). Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo Digital: DPHC/FEM
E Wg, 1998, M Sv, A Cw Jg V g ê B I Dvv (BID), H Ig, b j vv áv A.
E B A, b 1979, f “M jg”. Fgf g Jé M Bb, ó .
Foto: Revista Marina Silva/2003
Acervo: CPT / DPHC/FEM
E b 2008, g C b Azô (CA) - X 25 ê Pj Sg, vé õ v v gz gz v g.
D My G, B Pz A P, áv C E B (CEB), gz S b . O g Lb, g é 1970. Acervo Digital: DPHC/FEM
Foto: Governo do Acre / SECOM
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
A g K Dz, à é ú Uv F A, í g b . Aó g ê í kwá, z ê . A ú é g C M.
C M C N Sg (CNS) v g Pj “A Dé D”, z á b v Azô é 1980. N , C v J Sv Aúj, .
Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo: Biblioteca da Floresta
D jv, C M v z . E jó b v g. E z g : Zé Gb (à ), J Bb, O Aâ G g (), (), Bz M A, F M, .
P I Cê E b P F Ev, C D B, v C N Sg (CNS), F b Ag A (F) S E F Ev (S). Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo Digital: DPHC/FEM
E Wg, 1998, M Sv, A Cw Jg V g ê B I Dvv (BID), H Ig, b j vv áv A.
E B A, b 1979, f “M jg”. Fgf g Jé M Bb, ó .
Foto: Revista Marina Silva/2003
Acervo: CPT / DPHC/FEM
E b 2008, g C b Azô (CA) - X 25 ê Pj Sg, vé õ v v gz gz v g.
D My G, B Pz A P, áv C E B (CEB), gz S b . O g Lb, g é 1970. Acervo Digital: DPHC/FEM
Foto: Governo do Acre / SECOM
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Aó C N Sg (CNS) 1985, C M b é v Azô . A A Pv F. N , 1987, B (CNS), J Aúj (CNS), O Aâ (CNS), (CNS), íg S Kwá (UNI) C M (S X) Bí A Azô. Acervo: Biblioteca da Floresta
N é é XX, z é g g S C O z A b b g g. O g, , g . A g , í á b. N 15 g
Azô v. O g Sy z g góg í “A Av Db M”, . O g v v í , G S, z á D S`A, S`A, Sív Mg gv B M (). Acervo: Biblioteca da Floresta
O A v v v à C Ú b S P 1983. Dv S B C (SP), v ó. N g v : E, S M; Sb, S
Lv X; C M, S b X Sbá, P , L g M Séb; Oé, S Lv Bé; G, S L v B; Nv, S Bé.
O g gz gz í õ 1982, ó gv, gv, , é P b. M Sv C M j “” j L ( ), . N , L f X ( ), C, M P.
Acervo: CPT
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Aó C N Sg (CNS) 1985, C M b é v Azô . A A Pv F. N , 1987, B (CNS), J Aúj (CNS), O Aâ (CNS), (CNS), íg S Kwá (UNI) C M (S X) Bí A Azô. Acervo: Biblioteca da Floresta
N é é XX, z é g g S C O z A b b g g. O g, , g . A g , í á b. N 15 g
Azô v. O g Sy z g góg í “A Av Db M”, . O g v v í , G S, z á D S`A, S`A, Sív Mg gv B M (). Acervo: Biblioteca da Floresta
O A v v v à C Ú b S P 1983. Dv S B C (SP), v ó. N g v : E, S M; Sb, S
Lv X; C M, S b X Sbá, P , L g M Séb; Oé, S Lv Bé; G, S L v B; Nv, S Bé.
O g gz gz í õ 1982, ó gv, gv, , é P b. M Sv C M j “” j L ( ), . N , L f X ( ), C, M P.
Acervo: CPT
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
A C C E B ggz Pz (j D) A P í b g b A Azô, b C M. O bé P b CU (C Ú b) v
A g g ê ê F F C - gv A ü - í 1930. E 1981 v B C, vê í. I E M, P V Mg Oz, M G W Hk( à ). O í ó é
vg vg: bv v , , bb, b v â â.. “O C C v á”, b M. E 2007, gv B M b C “ó v” ó v . A N Gv. Acervo Digital: DPHC/FEM
E g ó, íg A gz ó é 1970. E F, CIMI C Pó-Í A, óg, g íg j v. v. Hj, Hj, A 16 16 v v 34 Iíg, Iíg, 2,3 õ õ , 14,5% ó .
O C M z b 1988 . . Lv v, ví f, ú, , g ê z vz , v Azô. C M é 50 g b , B, S F A, C Dw, K M M G.
Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Igj. Aé “” b g. N , S b X gj, b 1983. N , Cg E CU. Acervo: CTA
A C C E B ggz Pz (j D) A P í b g b A Azô, b C M. O bé P b CU (C Ú b) v
A g g ê ê F F C - gv A ü - í 1930. E 1981 v B C, vê í. I E M, P V Mg Oz, M G W Hk( à ). O í ó é
Acervo: CTA
vg vg: bv v , , bb, b v â â.. “O C C v á”, b M. E 2007, gv B M b C “ó v” ó v . A N Gv. Acervo Digital: DPHC/FEM
E g ó, íg A gz ó é 1970. E F, CIMI C Pó-Í A, óg, g íg j v. v. Hj, Hj, A 16 16 v v 34 Iíg, Iíg, 2,3 õ õ , 14,5% ó .
O C M z b 1988 . . Lv v, ví f, ú, , g ê z vz , v Azô. C M é 50 g b , B, S F A, C Dw, K M M G.
Acervo: Biblioteca da Floresta
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Na segunda metade dos anos setenta, setenta, os oito oito sindicatos de trabalhadores rurais do Acre chamaram atenção do país e de parte do mundo por sua organização e força em defesa da oresta amazônica. Sua participação no 3º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais em Brasília, de 21 a 25 de Maio de 1979, é um marco histórico. A foto mostra companheiros de Chico Mendes que levaram as propostas do Acre ao Congresso: Em pé (da esquerda para a direita) José Saraiva de
A C M g A Azô V Gb, f é Azô - D Gvz C M, ó í g. A é, Gó Pz, 2007 z
Igj. Aé “” b g. N , S b X gj, b 1983. N , Cg E CU.
Freitas, presidente do STR de Cruzeiro do Sul; Pedro Marques da Cunha Neto, advogado da Contag; os presidentes dos sindicatos de trabalhadores rurais Wilson Pinheiro, de Brasiléia; Raimundo Lino (Trovoada), de Tarauacá; Lourenço, de Feijó. Agachados: José Abdon, de Rio Branco; João Maia, delegado regional da Contag no Acre; e o presidente do STR de Xapuri. Acervo:FETACRE Acervo Digital: DPHC/FEM
b vá í. B fg A, gáf fg . A f gáf Gb (POJAC), J. Fotos: Elson Martins
C P MCy, ú C M. E : G Má (C L Ag L); L); b Wy (C M T B F T W); B S (Ab); V F (Sg Azô); Lz Gzg (X Eóg); Zé G (O Sg); B Dg (J Dv); Ub Sz (Fv C N). D bé : Nz (C Sg); K Dz (D Hó); B L Pg (Zb C - Lé).
M g g vv é áv. D , é b, , . Eb í, v é, v, . M g áv gõ í b vv. Acervo: Biblioteca da Floresta e DPHC/FEM
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Na segunda metade dos anos setenta, setenta, os oito oito sindicatos de trabalhadores rurais do Acre chamaram atenção do país e de parte do mundo por sua organização e força em defesa da oresta amazônica. Sua participação no 3º Congresso Nacional dos Trabalhadores Rurais em Brasília, de 21 a 25 de Maio de 1979, é um marco histórico. A foto mostra companheiros de Chico Mendes que levaram as propostas do Acre ao Congresso: Em pé (da esquerda para a direita) José Saraiva de
A C M g A Azô V Gb, f é Azô - D Gvz C M, ó í g. A é, Gó Pz, 2007 z
Freitas, presidente do STR de Cruzeiro do Sul; Pedro Marques da Cunha Neto, advogado da Contag; os presidentes dos sindicatos de trabalhadores rurais Wilson Pinheiro, de Brasiléia; Raimundo Lino (Trovoada), de Tarauacá; Lourenço, de Feijó. Agachados: José Abdon, de Rio Branco; João Maia, delegado regional da Contag no Acre; e o presidente do STR de Xapuri. Acervo:FETACRE Acervo Digital: DPHC/FEM
b vá í. B fg A, gáf fg . A f gáf Gb (POJAC), J. Fotos: Elson Martins
C P MCy, ú C M. E : G Má (C L Ag L); L); b Wy (C M T B F T W); B S (Ab); V F (Sg Azô); Lz Gzg (X Eóg); Zé G (O Sg); B Dg (J Dv); Ub Sz (Fv C N). D bé : Nz (C Sg); K Dz (D Hó); B L Pg (Zb C - Lé).
M g g vv é áv. D , é b, , . Eb í, v é, v, . M g áv gõ í b vv. Acervo: Biblioteca da Floresta e DPHC/FEM
Acervo: Biblioteca da Floresta
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Va V adrad ra d o uro ur o s e Chico Mendes
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Elementos da oresta, da vida do seringueiro e aspectos pessoais de Chico Mendes foram mostrados nos espaços da escada que liga o térreo ao segundo piso da Biblioteca. Esta parte da exposição retratou Chico Mendes como esposo, pai, amigo e ativista político.
Va V adrad ra d o uro ur o s e Chico Mendes
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Elementos da oresta, da vida do seringueiro e aspectos pessoais de Chico Mendes foram mostrados nos espaços da escada que liga o térreo ao segundo piso da Biblioteca. Esta parte da exposição retratou Chico Mendes como esposo, pai, amigo e ativista político.
35
N , é 1º , v bj z g z b á.
Jamaxi
A exposição disposta nas escadas busca criar uma atmosfera de oresta, remetendo o visitante ao ambiente pelo qual o líder seringueiro lutou e morreu.
Espécie de mochila que o seringueiro carrega nas costas com seus objetos. Lamparina
Objeto para iluminação, mais utilizado na casa. Lanterna
Utilizada para iluminar o caminho Poronga
Objeto que o seringueiro usa na cabeça para iluminar a estrada de seringa, desta forma deixa as mãos livres para o corte da seringueira.
As borboletas signicam a presença da biodiversidade e a renovação de esperanças.
Balde
36
Utilizado para coletar o látex da seringueira. Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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N , é 1º , v bj z g z b á.
Jamaxi
A exposição disposta nas escadas busca criar uma atmosfera de oresta, remetendo o visitante ao ambiente pelo qual o líder seringueiro lutou e morreu.
Espécie de mochila que o seringueiro carrega nas costas com seus objetos. Lamparina
Objeto para iluminação, mais utilizado na casa. Lanterna
Utilizada para iluminar o caminho Poronga
Objeto que o seringueiro usa na cabeça para iluminar a estrada de seringa, desta forma deixa as mãos livres para o corte da seringueira.
As borboletas signicam a presença da biodiversidade e a renovação de esperanças.
Balde
36
Utilizado para coletar o látex da seringueira.
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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N gf v C M, g í.
lz a m a r o s a I l z s u a e s p e s e d n ic o Me C h ic
C hico Mendes dem o o cor t t e na ser inguei nst r r ando como se f az r a par a a colet a do l át ex
E leni r r a Mendes , flha de C hi c c o Mende s
u m a g o s e m i g m a c o m o v e m a l n d a j o g a i n n n i i o r c c e i s h C ã o d o ç a c o o l c o Sandino seu flho Sandi Mendess e seu Chico Mende
C hi c c o Mende s, sua espo
o v e m d e s j o c o M e n C h i c
38
sa Ilz amar e r e
Chico Mendes
seu flho S andi no
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
I l lz z amar , S and i in o , E l l e d e en i r e C hi c ra e a ne Chico Mendes c o o - Mar i i t ta a Lui z z a
ngela Mendes, Filha de Chico, Â Gabriel o ã flho Jo com o fl
N gf v C M, g í.
E leni r r a Mendes , flha de C hi c c o Mende s
lz a m a r o s a I l z s u a e s p e s e d ic o Me n C h ic
C hico Mendes dem o o cor t t e na ser inguei nst r r ando como se f az r a par a a colet a do l át ex
u m a g o s e m a m i g m o c o v e m a l n d a j o in g c o a i n s e r i n o C h i c d o o c a ç ã c o l o Sandino seu flho Sandi Mendess e seu Chico Mende
C hi c c o Mende s, sua espo
o v e m d e s j o c o M e n C h i c
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sa Ilz amar e r e
seu flho S andi no
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
i, ú v a d o u r i, v i ú c o m a a d o e m X a p o o i i r á d d i i n n l i s o s s a é s o, a s n d e s R i b b e i r r o c o M e o C h i c J o s é 9 8 8 o r r i e u 1 in g b r o d e s e r i n e m o t e e m s e
Angélica Mendes M a C hico Mendes e lh mede, net a de a de Ângela
ngela Mendes, Filha de Chico, Â Gabriel flho João com o fl
I l lz z amar , S and i in o , E l l e d e en i r e C hi c ra e a ne Chico Mendes c o o - Mar i i t ta a Lui z z a
Chico Mendes e os os Povos da Floresta
Esta parte da exposição, em estrutura de paxiúba, palhas e tecidos, cria cenários interativos com elementos da oresta e da história. Eles apresentam aspectos históricos, ambientais e
lobal 500, Prêmio Global endo o Prê rece bendo Mendess receb Chico Mende 1 987 erra, 19 Inglate Londr Londres – Inglat
C hic o Me ndes
o d a ê m i o o o P r ê d n r, r, e o b h h e c e o M e l e s r e M u n d M e n d a o m c c i U h a C P a r e d a d e d s, 1 9 8 7 S o c i e n i d o s, d o s U
40
Chico Mendes
c om seu f lho
Sandino
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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políticos que marcaram a formação do Acre através da extração da seringa; e principalmente a parte mais recente dessa história, destacando a trajetória de Chico Mendes como protagonista e símbolo da luta dos povos da oresta.
i, ú v a d o u r i, i ú o m a v d o e m X a p c o o i i r á a d d i i n n l i s o s s o, a s s a n d e s é R i b b e i r r o c o M e o o s é 8 8 C h i c J o r r i e 9 in g u b r o d e 1 s e r i n e m o t e e m s e
Angélica Mendes M a C hico Mendes e lh mede, net a de a de Ângela
Chico Mendes e os os Povos da Floresta
Esta parte da exposição, em estrutura de paxiúba, palhas e tecidos, cria cenários interativos com elementos da oresta e da história. Eles apresentam aspectos históricos, ambientais e
políticos que marcaram a formação do Acre através da extração da seringa; e principalmente a parte mais recente dessa história, destacando a trajetória de Chico Mendes como protagonista e símbolo da luta dos povos da oresta.
lobal 500, Prêmio Global endo o Prê rece bendo Mendess receb Chico Mende 1 987 erra, 19 Inglate Londr Londres – Inglat
C hic o Me ndes
o d a ê m i o o P r ê o d n r, e o h r, e c e b r e M e l h e n d e s U m M u n d o M o c c i a C h P a r a e d a d e d s, 1 9 8 7 S o c i e n i d o s, U s o a d E s t a
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Casa dos Povos da Floresta
c om seu f lho Sandin o
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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A
C Pv F í gz gz é g. P, , g, , á, g, fg g bj g gz gz , b . bé bé g g íg A Pv F Azô. A g úb, é z õ í g. A, v ê b óg.
Sala de áudio e vídeo
42
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Exposição Chico Mendes
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N
á b ó v A, í g b C M b .
Casa dos Povos da Floresta
A
C Pv F í gz gz é g. P, , g, , á, g, fg g bj g gz gz , b . bé bé g g íg A Pv F Azô. A g úb, é z õ í g. A, v ê b óg.
Sala de áudio e vídeo
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Exposição Chico Mendes
N
á b ó v A, í g b C M b .
43
Mensagem para 1
N
A g , g , vv!. E g v C M: O H F – 20 A S C, b úb Bb F zb 2008. A v v à . A é g g C M jv 2120, z: “A “A jv : 6 b 2120, vá 1° á v , f v ó ó , ô f g v . A f b , . D, v v v, z ”. A é g úb j g , á Bb F b 2120.
Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Mensagem para 1
N
A g , g , vv!. E g v C M: O H F – 20 A S C, b úb Bb F zb 2008. A v v à . A é g g C M jv 2120, z: “A “A jv : 6 b 2120, vá 1° á v , f v ó ó , ô f g v . A f b , . D, v v v, z ”. A é g úb j g , á Bb F b 2120.
Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Olá, Jovens do futuro! Natália Jung
M
v g . E gz g z , já b v zô. Há b à z, , g z, z, , í. U v, , , g à b, “vê” f:
Caro você, Nós aqui do passado gostaríamos de enviar nossa mensagem para galera do uturo :-) Há muito tempo as coisas não vão muito bem para a natureza. A poluição, o desmatamento, as queimadas, a escassez de água e a extinção dos animais nos preocupam desde já. Poucos de nós estão de ato preocupados com essa situação. No entanto, sabemos que se cada um de nós zer a sua parte na luta pela deesa do meio ambiente, o uturo reservará coisas melhores. A natureza tem muito o que oerecer (...) E C M, : PS.: Desculpem se a linguagem estiver ultrapassaultrapassada. É assim que escrevíamos cem anos atrás. Há bé v: Ame, respire, respire, aceite, preserve preserve (...) Há g: Tudo bem que não se pode negar o valor dos ideais do Chico, agora querer deusicá-lo é um absurdo. E tudo isso visando dinheiro e manutenção do Poder. E a sandice é tanta que lê-se em al guns panetos comemorativos dos 20 anos de sua morte que o Chico deu a vida para que pudéssemos viver. Ele não deu a vida, a tiraram (...). De alguémindignado com o que que estãoazendo
Há é: CHUVA Cheiro de terra molhada Terra preparada Folhas que dançam ao vento Índios, homens, homens, brancos, ne gros
Vivendo sem rancor... Árvores que crescem crescem Povos que que se conhecem... conhecem... Semente que já brotou. Viva o verde! Há já ó g: Eu gosto da Froresta Froresta e dos bichos...e bichos...e queiro queiro que cem protegidos protegidos . Protegem Protegem a foresta. foresta. Tenho 6 anos I f: Julio Inácio, Inácio, amor da minha vida, vida, ensine os seus lhos a respeitarem as pessoas, a vida, os bichos, as plantinhas,s, o picolezeiro, a tia plantinha tia da cantina da escola, escola, o cachorro do meio da rua, enm, seja uma boa pessoa e nunca tenha medo de nada. Av vg: (...) Então espero que para 2120 o assassinato sistemático de milhares de animais a cada segundo acabe e que a gente adote um estilo de vida livre de exploração animal, isto é, se aça vegetariano ( 100% vegetariano). O : Que em 2120 não teja poluição guerras não exista pessoas más que queiram acabar com a vida das pessoas como acabaram com a de Chico Mendes. Desejo um eliz iz 2120! Preserve a natureza natureza pois ela é onde onde você mora. mora. Tchau! ... : No uturo, eu espero poder ler eu mesmo esta mensagem (é brincadeira, mas tenho é). ... : “O mundo grita e pede socorro! Mas o homem não escuta ou compreende. Talvez quando este vier a entender, será muito tarde. Como dizia o poeta – o cachorro para livrar-se das pulgas, se sacode! ... quando o mundo começar a sacudir-se, espero não estar mais aqui...! Chico Mendes
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Ag : Eu quero para o uturo ter uma boa esposa e um lho que goste de mim e que eu minha amilha vive elises para para sempre. Eu quero quero que esta esta biblioteca ioteca nunca nunca pare de existi existir.r. Quero que no uturo nasça outro herói, pra tomar o lugar de Chico e ajudar os seringueiros. Eu queropar paraa omeuuturoque tudosejamod moderno erno e que cuide mais da Amazônia e cuide dos seringueiros. O vá: No uturo a bibliote biblioteca ca vai estar muito movimentada e muito melhor. O tempo pode até passar, muitas marcas vão car.. Mas o amor pela Amazônia é que nos une. Isto car jamais o tempo apagará. apagará. O fóf: O que é o uturo? O uturo é simples na orma de lidar e complexo no modo de desvendá-lo. O uturo é reexo da essência de nossos atos passados e da ação de de plena atitude atitude (presente). Mg G: Seja a mudança que você quer ver no mundo. ... : O uturo de todas as espécies vivas depende da nossa atitude humana. Cada gesto de cuidado é muito importante para a garantia desse uturo, ou não haverá uturo. A responsabilidade é minha, sua, NOSSA! E é b C M, Agé: “Querido vô... muito triste pra mim oi como a vida te tirou da minha mãe que ainda não sabia, mas estava grávida de mim. Gostaria de ter aproveitado teu colo...” P v g v , www.bb..gv ..gv.b, .b, k Eõ, g E C M g.
Olá, Jovens do futuro! Natália Jung
M
v g . E gz g z , já b v zô. Há b à z, , g z, z, , í. U v, , , g à b, “vê” f:
Caro você, Nós aqui do passado gostaríamos de enviar nossa mensagem para galera do uturo :-) Há muito tempo as coisas não vão muito bem para a natureza. A poluição, o desmatamento, as queimadas, a escassez de água e a extinção dos animais nos preocupam desde já. Poucos de nós estão de ato preocupados com essa situação. No entanto, sabemos que se cada um de nós zer a sua parte na luta pela deesa do meio ambiente, o uturo reservará coisas melhores. A natureza tem muito o que oerecer (...) E C M, : PS.: Desculpem se a linguagem estiver ultrapassaultrapassada. É assim que escrevíamos cem anos atrás. Há bé v: Ame, respire, respire, aceite, preserve preserve (...) Há g: Tudo bem que não se pode negar o valor dos ideais do Chico, agora querer deusicá-lo é um absurdo. E tudo isso visando dinheiro e manutenção do Poder. E a sandice é tanta que lê-se em al guns panetos comemorativos dos 20 anos de sua morte que o Chico deu a vida para que pudéssemos viver. Ele não deu a vida, a tiraram (...). De alguémindignado com o que que estãoazendo
Há é: CHUVA Cheiro de terra molhada Terra preparada Folhas que dançam ao vento Índios, homens, homens, brancos, ne gros
Vivendo sem rancor... Árvores que crescem crescem Povos que que se conhecem... conhecem... Semente que já brotou. Viva o verde! Há já ó g: Eu gosto da Froresta Froresta e dos bichos...e bichos...e queiro queiro que cem protegidos protegidos . Protegem Protegem a foresta. foresta. Tenho 6 anos I f: Julio Inácio, Inácio, amor da minha vida, vida, ensine os seus lhos a respeitarem as pessoas, a vida, os bichos, as plantinhas,s, o picolezeiro, a tia plantinha tia da cantina da escola, escola, o cachorro do meio da rua, enm, seja uma boa pessoa e nunca tenha medo de nada. Av vg: (...) Então espero que para 2120 o assassinato sistemático de milhares de animais a cada segundo acabe e que a gente adote um estilo de vida livre de exploração animal, isto é, se aça vegetariano ( 100% vegetariano). O : Que em 2120 não teja poluição guerras não exista pessoas más que queiram acabar com a vida das pessoas como acabaram com a de Chico Mendes. Desejo um eliz iz 2120! Preserve a natureza natureza pois ela é onde onde você mora. mora. Tchau! ... : No uturo, eu espero poder ler eu mesmo esta mensagem (é brincadeira, mas tenho é). ... : “O mundo grita e pede socorro! Mas o homem não escuta ou compreende. Talvez quando este vier a entender, será muito tarde. Como dizia o poeta – o cachorro para livrar-se das pulgas, se sacode! ... quando o mundo começar a sacudir-se, espero não estar mais aqui...! Chico Mendes
Ag : Eu quero para o uturo ter uma boa esposa e um lho que goste de mim e que eu minha amilha vive elises para para sempre. Eu quero quero que esta esta biblioteca ioteca nunca nunca pare de existi existir.r. Quero que no uturo nasça outro herói, pra tomar o lugar de Chico e ajudar os seringueiros. Eu queropar paraa omeuuturoque tudosejamod moderno erno e que cuide mais da Amazônia e cuide dos seringueiros. O vá: No uturo a bibliote biblioteca ca vai estar muito movimentada e muito melhor. O tempo pode até passar, muitas marcas vão car.. Mas o amor pela Amazônia é que nos une. Isto car jamais o tempo apagará. apagará. O fóf: O que é o uturo? O uturo é simples na orma de lidar e complexo no modo de desvendá-lo. O uturo é reexo da essência de nossos atos passados e da ação de de plena atitude atitude (presente). Mg G: Seja a mudança que você quer ver no mundo. ... : O uturo de todas as espécies vivas depende da nossa atitude humana. Cada gesto de cuidado é muito importante para a garantia desse uturo, ou não haverá uturo. A responsabilidade é minha, sua, NOSSA! E é b C M, Agé: “Querido vô... muito triste pra mim oi como a vida te tirou da minha mãe que ainda não sabia, mas estava grávida de mim. Gostaria de ter aproveitado teu colo...” P v g v , www.bb..gv ..gv.b, .b, k Eõ, g E C M g.
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O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Depoimentos Dom Moacyr Grechi Raimunda Bezerra Ailton Krenak Zuenir Ventura Raimundo Barros Gomercindo Rodrigues Júlia Feitoza Binho Marques
Expositor de produtos sobre Chico Mendes e os povos da floresta
E
b á í b í g C M. Ag ív v, vg, vg, é z Cê C M.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
o n a t e a C o d n u m d E
Além de aliados e parceiros diretos na luta encabeçada por Chico Mendes, foram também amigos e condentes do líder, com o qual tiveram um convívio muito próximo. Estes depoimentos foram publicados nos últimos anos em livros e revistas temáticas do Acre.
Depoimentos Dom Moacyr Grechi Raimunda Bezerra Ailton Krenak Zuenir Ventura Raimundo Barros Gomercindo Rodrigues Júlia Feitoza Binho Marques
E
Expositor de produtos sobre Chico Mendes e os povos da floresta
b á í b í g C M. Ag ív v, vg, vg, é z Cê C M.
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o n a t e a C o d n u m d E
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
a t s e r o l F a d a c e t o i l b i B o v r e c A
Dom Moacyr Grechi
Reza e empate na Amazônia C
heguei ao Acre em 1971, para cuidar Prelazia do Acre e Purus, hoje Diocese de Rio Branco, justo no momento em que começava a reação dos seringueiros e posseiros para car nas suas terras. Sou natural de Santa Catarina, mas nessa época eu era o superior da ordem religiosa dos Servos de Maria, com sede em São Paulo, e era também o provincial responsável pelo Acre. Com a morte do bispo, o Papa me indicou para ser o novo bispo da Prelazia. Sorte minha, porque foi o povo do Acre que me ensinou a ser cristão, a ser bispo, a me comprometer com o lado justo. Esse povo que eu hoje considero como a minha própria família. O Acre me quer muito e me honra com muitas homenagens. Tem um instituto do governo com o meu nome, tem também um povoado, uma vila, um lugar do povo chamado Vila Dom Moacyr, onde acontece uma história engraçada, porque na placa do ônibus que vai para essa vila está escrito só Dom Moacyr. Então o povo ca falando: cadê o Dom Moacyr? o Dom Moacyr já vem? o Dom Moacyr já passou? E hoje deve estar diferente, diferente, mas no começo muita gente cava em dúvida se era o bispo ou o ônibus que estava demorando, que estava vindo, ou que estava voltando. Essa é apenas uma das muitas histórias da minha amizade e da minha aprendizagem com o povo do Acre. Lembro-me da vez em que um grupo de mães foi me pedir para visitar um Seringal perto de Rio Branco, o Ipiranga, onde o dono estava sendo denunciado por cometer atos de violência contra os seus lhos e os seus maridos. As mães, os parentes,
vieram três vezes à minha casa pedir socorro, e eu nunca ia. Até que, na terceira visita deles, um dos homens mais velhos, um senhor de mais de 80 anos, olhou bem pra mim e disse: Dom Moacyr, o senhor é o bispo, o senhor é a autoridade, senhor é quem sabe, mas eu sou mais velho, e se eu fosse o senhor eu já tinha ido lá conferir se o que estamos falando é verdade ou não. Eu pra não car de frouxo fui, e essa visita mudou muito a minha vida. Em Rio Branco, tomei como missão organizar as Comunidades Eclesiais de Base por toda a P relazia. As CEBs eram células de evangelização, de oração e de fraternidade, mas eram também onde s e formava a consciência para a organização sindical e, um pouco mais tarde, para a formação do Partido dos Trabalhadores. Foram as CEBs que prepararam as bases do movimento social para a construção dos sindicatos e do Partido. Com o tempo, em todo lugar da Prelazia havia uma CEB. Em Assis Brasil, as CEBs eram tão fortes que esse acabou sendo o único lugar onde o Lula nunca perdeu uma eleição. Nos tempos difíceis ele perdia no Brasil todo, mas em Assis Brasil o Lula sempre ganhou. Com tudo isso a Igreja Católica acabou sendo uma espécie de útero materno para a gestação de um sindicalismo independente e lutador, cujos líderes depois formaram o PT. Alguns me diziam, mas Dom Moacyr, não pode, o senhor tem que ser um bispo de todos, o senhor não pode ser um bispo do PT. Em resposta, eu sempre dizia e digo que apenas prestava meu apoio às pessoas generosas que exer exer ciam sua fé cristã lutando por paz e por justiça so-
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Além de aliados e parceiros diretos na luta encabeçada por Chico Mendes, foram também amigos e condentes do líder, com o qual tiveram um convívio muito próximo. Estes depoimentos foram publicados nos últimos anos em livros e revistas temáticas do Acre.
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
cial. Eu entendia aquele povo pobre que fazia o PT para conquistar mais mais direitos, porque eles já tinham percebido que o sindicato só vai até certo ponto. E deu certo, porque até hoje o Acre tem um dos PTs mais bonitos do Brasil, um PT que conseguiu mudar o rosto do Acre, que foi capaz de chegar ao poder sem se afastar do povo e das lutas populares. Assim que, quando chegou o João Maia para fundar os Sindicatos, o pessoal já estava preparado. Nesse tempo as reuniões do sindicato eram feitas sem pre em ambiente ambiente de igreja, igreja, a polícia polícia era corrupta corrupta até o osso, os políticos uns incapazes, e o Exército um bando de gente com com medo do comunismo comunismo e da subversão, a maioria deles sem saber o que era isso, mas com medo. Era um tempo em que a violência conta va com a total conivência das autoridades, em que a polícia era corrupta corrupta e vendida, e em que o Exército vivia apavorado. O João Maia é uma pessoa que não pode nunca nunca ser esquecida, esquecida, porque ele ele foi um homem corajoso que teve o valor de organizar os seringueiros dentro dessa conjuntura totalmente desfavorável.
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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O João Maia era um Delegado da CONTAG que veio ao Acre para fundar os sindicatos. Ele era um ex-seminarista alegre e brincalhão que gostava de falar em Latim comigo. Ele tinha uma marca, que era o diálogo com todos, e ele sempre me dizia: Dom Moacyr, aprende isso – o diálogo é a chave da sobrevivência nessa terra. Ele lutava por um sin dicalismo independente, mas nem por isso deixava de conversar com o governador, com a polícia, com o Exército. Ele formou excelentes lideranças, fun dou muitos sindicatos, era destemido e ousado. Foi dele a idéia criativa de prender os jagunços durante o Mutirão que os sindicatos zeram em Boca do Acre. Junto com o João Maia estava sempre o Pedro Marques, advogado muito bom de luta, muito didático, que tinha um jeito muito especial de ensinar o Estatuto da Terra e o Código Civil para os seringueiros. Eu me lembro do dia em que o João Maia me pediu para emprestar um salão da Igreja para fazer fazer a assembléia de fundação do Sindicato dos Traba-
a t s e r o l F a d a c e t o i l b i B o v r e c A
Dom Moacyr Grechi
Reza e empate na Amazônia C
heguei ao Acre em 1971, para cuidar Prelazia do Acre e Purus, hoje Diocese de Rio Branco, justo no momento em que começava a reação dos seringueiros e posseiros para car nas suas terras. Sou natural de Santa Catarina, mas nessa época eu era o superior da ordem religiosa dos Servos de Maria, com sede em São Paulo, e era também o provincial responsável pelo Acre. Com a morte do bispo, o Papa me indicou para ser o novo bispo da Prelazia. Sorte minha, porque foi o povo do Acre que me ensinou a ser cristão, a ser bispo, a me comprometer com o lado justo. Esse povo que eu hoje considero como a minha própria família. O Acre me quer muito e me honra com muitas homenagens. Tem um instituto do governo com o meu nome, tem também um povoado, uma vila, um lugar do povo chamado Vila Dom Moacyr, onde acontece uma história engraçada, porque na placa do ônibus que vai para essa vila está escrito só Dom Moacyr. Então o povo ca falando: cadê o Dom Moacyr? o Dom Moacyr já vem? o Dom Moacyr já passou? E hoje deve estar diferente, diferente, mas no começo muita gente cava em dúvida se era o bispo ou o ônibus que estava demorando, que estava vindo, ou que estava voltando. Essa é apenas uma das muitas histórias da minha amizade e da minha aprendizagem com o povo do Acre. Lembro-me da vez em que um grupo de mães foi me pedir para visitar um Seringal perto de Rio Branco, o Ipiranga, onde o dono estava sendo denunciado por cometer atos de violência contra os seus lhos e os seus maridos. As mães, os parentes,
vieram três vezes à minha casa pedir socorro, e eu nunca ia. Até que, na terceira visita deles, um dos homens mais velhos, um senhor de mais de 80 anos, olhou bem pra mim e disse: Dom Moacyr, o senhor é o bispo, o senhor é a autoridade, senhor é quem sabe, mas eu sou mais velho, e se eu fosse o senhor eu já tinha ido lá conferir se o que estamos falando é verdade ou não. Eu pra não car de frouxo fui, e essa visita mudou muito a minha vida. Em Rio Branco, tomei como missão organizar as Comunidades Eclesiais de Base por toda a P relazia. As CEBs eram células de evangelização, de oração e de fraternidade, mas eram também onde s e formava a consciência para a organização sindical e, um pouco mais tarde, para a formação do Partido dos Trabalhadores. Foram as CEBs que prepararam as bases do movimento social para a construção dos sindicatos e do Partido. Com o tempo, em todo lugar da Prelazia havia uma CEB. Em Assis Brasil, as CEBs eram tão fortes que esse acabou sendo o único lugar onde o Lula nunca perdeu uma eleição. Nos tempos difíceis ele perdia no Brasil todo, mas em Assis Brasil o Lula sempre ganhou. Com tudo isso a Igreja Católica acabou sendo uma espécie de útero materno para a gestação de um sindicalismo independente e lutador, cujos líderes depois formaram o PT. Alguns me diziam, mas Dom Moacyr, não pode, o senhor tem que ser um bispo de todos, o senhor não pode ser um bispo do PT. Em resposta, eu sempre dizia e digo que apenas prestava meu apoio às pessoas generosas que exer exer ciam sua fé cristã lutando por paz e por justiça so-
50 lhadores Rurais de Rio Branco. Como eu sabia que vinham muitos, como de fato chegaram mais de 1000 seringueiros e posseiros, eu acabei cedendo a própria Catedral. Do lado de dentro estavam os trabalhadores, e do lado de fora estava o Exército armado com escudos e metralhadoras, cercando os trabalhadores como se estivessem cercando bandidos. Como se os seringueiros não estivessem apenas lutando com compromisso e com fé para mudar um pouco o rumo das coisas que afetavam suas vidas. Era um tempo muito duro, com o Exército em cima, sempre tentando intimidar. intimidar. Teve uma reunião na minha casa, da CPT com o CIMI, que o Exército tentou gravar. Uma freira muito esperta viu um gravador pequeninho na janela, e esse gravador era do Exército. Como eu era Presidente Nacional da CPT – passei oito anos da ditadura militar como presidente da CPT - o Mino Carta deu uma nota no jornal “A República” regis trando o incidente. Anos depois as denúncias de que eu vivia marcado para morrer se conrmaram. Mui to doente, o Tuk Assmar, dono da Rede Globo no Acre, por uma necessidade de consciência mandou me chamar e disse – Dom Moacyr, o senhor é meu amigo, e eu não posso morrer sem que o senhor sai ba que teve um momento em que um militar me visitou para informar que estavam se preparando para matar o senhor, e eu disse a ele que não, que nem pensar, que se matassem o senhor eu botava a boca no mundo, eu contava para o Brasil inteiro. E imagina que a Globo começou lá na minha casa, uma emissora muito pobre. Vinha Copa com todo mundo querendo ver os jogos e o Assmar, que era um grande propriedade proprietário de terras, mas que estava começando no campo da comunicação, me pediu pediu para instalar os seus equipamentos equipamentos de baixa qualidade no quarto da minha casa, que era o ponto mais alto da cidade. Esse foi um tempo em que cristãos e não cristãos – no Centro de Defesa dos Direitos Direitos Humanos tinha até um ateu confesso, e tinha o Abrahim Farhat, o nosso Lhé, de origem libanesa, e em Xapuri tinha o Bacurau, um hanseniano que não tinha mão nem pé, totalmente totalmente dedicado, enm, enm, pessoas que se jun taram aos seringueiros e posseiros para lutar pela manutenção da terra. Foi o povo da igreja, o Nilson Mourão, um meninão que depois se tornou muito importante porque fazia a ligação da fé com o as pecto político, o Padre Paulino e o Padre Pacíco,
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
junto com os comunistas e com um advogado do INCRA chamado Juraci que zeram o Catecismo da Terra, um folheto barato e simples, com apenas cinco perguntas e cinco respostas, mas que foi o primeiro instrumento de resistência dentro da ores ta. Quem não sabia ler pregava na parede da casa e quando chegava um capataz dizendo – o senhor tem que sair, porque essa terra agora tem outro dono, a resposta sempre era: não senhor, eu não saio, o senhor veja aí o que meu direito está escrito no Catecismo da Terra.
Ovelha desgarrada Quando conheci o Chico Mendes, ele era um participante das das CEBS, mas sem grande grande fervor religioso. Algumas vezes ele acompanhava a mim e às irmãs nas visitas pastorais, outras vezes ele até rezava o terço conosco nas comunidades, mas o que ele queria mesmo era falar de política e de organização. Desde a primeira vez que o vi já estava claro que ele tinha uma certa formação. Depois ele mesmo me contou como foi alfabetizado e iniciado na política por uma certa pessoa que viveu na região. Mas como sindicalista era praticamente um desconhecido até ser eleito s ecretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, durante a assembléia de fundação, em 1973, e ele só se tornou a principal liderança do movimento depois do assassinato do Wilson Pinheiro em 1980. O Chico Mendes começou na luta como todo seringueiro, brigando pela posse, para permanecer na terra. Foram um pouco as circunstâncias que zeram dele essa liderança tão excepcional. Além do preparo ideológico, ele tinha aquele jeito natural de falar e de se entender com todo mundo. Em Xapuri nessa época tinham três padres, o padre José, o padre Otávio e o padre Cláudio. O padre José semsem pre foi contra ele, mas os padres Otávio e Cláudio eram seus amigos, sempre o favoreceram. favoreceram. Mesmo assim, ele falava igual com os três, ele fazia questão de dialogar também com o padre José que não se engraçava com ele. Mas o Chico Mendes foi fruto também de um momento de sensibilidade ambiental pela qual o mundo mundo estava passando. No começo nem o Chico Mendes, nem nem ninguém falava de defesa da oresta como um todo. Nessa evolução para o aspecto ecológico, para levar o pensamento dos seringueiros para as pessoas de fora
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
cial. Eu entendia aquele povo pobre que fazia o PT para conquistar mais mais direitos, porque eles já tinham percebido que o sindicato só vai até certo ponto. E deu certo, porque até hoje o Acre tem um dos PTs mais bonitos do Brasil, um PT que conseguiu mudar o rosto do Acre, que foi capaz de chegar ao poder sem se afastar do povo e das lutas populares. Assim que, quando chegou o João Maia para fundar os Sindicatos, o pessoal já estava preparado. Nesse tempo as reuniões do sindicato eram feitas sem pre em ambiente ambiente de igreja, igreja, a polícia polícia era corrupta corrupta até o osso, os políticos uns incapazes, e o Exército um bando de gente com com medo do comunismo comunismo e da subversão, a maioria deles sem saber o que era isso, mas com medo. Era um tempo em que a violência conta va com a total conivência das autoridades, em que a polícia era corrupta corrupta e vendida, e em que o Exército vivia apavorado. O João Maia é uma pessoa que não pode nunca nunca ser esquecida, esquecida, porque ele ele foi um homem corajoso que teve o valor de organizar os seringueiros dentro dessa conjuntura totalmente desfavorável.
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
O João Maia era um Delegado da CONTAG que veio ao Acre para fundar os sindicatos. Ele era um ex-seminarista alegre e brincalhão que gostava de falar em Latim comigo. Ele tinha uma marca, que era o diálogo com todos, e ele sempre me dizia: Dom Moacyr, aprende isso – o diálogo é a chave da sobrevivência nessa terra. Ele lutava por um sin dicalismo independente, mas nem por isso deixava de conversar com o governador, com a polícia, com o Exército. Ele formou excelentes lideranças, fun dou muitos sindicatos, era destemido e ousado. Foi dele a idéia criativa de prender os jagunços durante o Mutirão que os sindicatos zeram em Boca do Acre. Junto com o João Maia estava sempre o Pedro Marques, advogado muito bom de luta, muito didático, que tinha um jeito muito especial de ensinar o Estatuto da Terra e o Código Civil para os seringueiros. Eu me lembro do dia em que o João Maia me pediu para emprestar um salão da Igreja para fazer fazer a assembléia de fundação do Sindicato dos Traba-
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dele eu fui convidado para a Europa e na Itália eu quase não dava conta de tanta gente querendo saber mais sobre a luta dele. Em Paris, participei de uma grande conferência pela paz, onde o Chico Mendes foi colocado junto com Desmond Tutu, Gandhi e Martin Luther King como um dos quatro grandes defensores da paz no mundo. E pensar que o Chico Mendes tantas vezes foi me ver, foi na minha casa dizer que estava para morrer, que se sentia muito ameaçado, que tinha certeza que não ia viver... E eu brincava com ele, dizia morre nada, Chico, esses cabras não tem coragem de te pegar. Mas ele começou a fuçar fundo, e acabou encontrando provas contra as pessoas que ameaçavam ele. Um dia o Chico Mendes chegou lá em casa com uma carta precatória de prisão preventiva contra o Darli Alves, o mesmo que depois assumiu como mandante do assassinato dele. “Dom Moacyr, pra quem é que a gente entrega isso?” Eu fui com ele entregar a tal carta precatória para a Polícia Federal que, em vez de agir rápido, acabou demorando até que a coisa transpirou, chegou nos ouvidos do Darli, e pouco tempo depois o Chico foi assassinado. Hoje sou o Arcebispo da Diocese de Porto Velho, Velho, que tem 84.000 km2. Aqui também os povos das lu tas têm muito carinho por mim, mas a organização Dom Moacyr Grechi foi bispo da prelazia do popular ainda não cresceu tanto quanto cresceu no Acre e Purus nas décadas décadas de 70 e 80. As CoCoAcre. Aqui houve uma colonização heterogênea e munidades Eclesiais de Base que ele organizou só agora, dez anos depois da minha chegada, vejo a partir de 1971 com acessoria dos irmãos Boff as primeiras lideranças nascidas no Estado. Aqui te(Leonardo e Clodovis) serviram de base para mos pela frente uma dura caminhada, porque agora os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais criavêm as usinas hidrelétricas, e a Amazônia continua dos pela CONTAG a partir de 1975, e também sendo tratada como colônia pelo resto do Brasil, para a fundação fundação do Partido Partido dos Trabalha Trabalhadores dores que é menor do que a Amazônia. Amazônia. O resto do Brasil no Acre. A prelazia do Acre e Purus assumiu a está acostumado a tirar tudo da Amazônia, e a não luta dos seringueiros e índios da região contra deixar nada. o desmatamento e as queimadas. Atualmente é Com as usinas do Madeira, está acontecendo o arcebispo da Diocese de Porto Velho. mesmo de sempre. Vão ser feitos 4.000 km de rede para levar toda a energia das das usinas direto direto para o sul do Brasil, enquanto que nós aqui vamos continuar usando energia a óleo diesel para levar a luz até o da oresta, o Chico Mendes contou com um apoio Acre. Essa nova geração que vai ter que lutar muito muito importante da Mary Allegretti. Eu nem sem- para que a energia energia vinda da Amazônia Amazônia ilumine pelo pre concordei com ela, mas para ser justo eu tenho menos um pequeno pedaço da oresta. Só assim a que reconhecer que a Mary contribuiu muito para energia tirada da água dos nossos grandes rios poque o Chico Mendes se transformasse nesse símbo- derá evitar o triste destino da madeira, do boi e da lo de luta pacíca em defesa da Amazônia conheci - soja, cuja exploração sempre destrói e sempre mal do no mundo todo. Imediatamente depois da morte trata a Amazônia.
Chico Mendes
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lhadores Rurais de Rio Branco. Como eu sabia que vinham muitos, como de fato chegaram mais de 1000 seringueiros e posseiros, eu acabei cedendo a própria Catedral. Do lado de dentro estavam os trabalhadores, e do lado de fora estava o Exército armado com escudos e metralhadoras, cercando os trabalhadores como se estivessem cercando bandidos. Como se os seringueiros não estivessem apenas lutando com compromisso e com fé para mudar um pouco o rumo das coisas que afetavam suas vidas. Era um tempo muito duro, com o Exército em cima, sempre tentando intimidar. intimidar. Teve uma reunião na minha casa, da CPT com o CIMI, que o Exército tentou gravar. Uma freira muito esperta viu um gravador pequeninho na janela, e esse gravador era do Exército. Como eu era Presidente Nacional da CPT – passei oito anos da ditadura militar como presidente da CPT - o Mino Carta deu uma nota no jornal “A República” regis trando o incidente. Anos depois as denúncias de que eu vivia marcado para morrer se conrmaram. Mui to doente, o Tuk Assmar, dono da Rede Globo no Acre, por uma necessidade de consciência mandou me chamar e disse – Dom Moacyr, o senhor é meu amigo, e eu não posso morrer sem que o senhor sai ba que teve um momento em que um militar me visitou para informar que estavam se preparando para matar o senhor, e eu disse a ele que não, que nem pensar, que se matassem o senhor eu botava a boca no mundo, eu contava para o Brasil inteiro. E imagina que a Globo começou lá na minha casa, uma emissora muito pobre. Vinha Copa com todo mundo querendo ver os jogos e o Assmar, que era um grande propriedade proprietário de terras, mas que estava começando no campo da comunicação, me pediu pediu para instalar os seus equipamentos equipamentos de baixa qualidade no quarto da minha casa, que era o ponto mais alto da cidade. Esse foi um tempo em que cristãos e não cristãos – no Centro de Defesa dos Direitos Direitos Humanos tinha até um ateu confesso, e tinha o Abrahim Farhat, o nosso Lhé, de origem libanesa, e em Xapuri tinha o Bacurau, um hanseniano que não tinha mão nem pé, totalmente totalmente dedicado, enm, enm, pessoas que se jun taram aos seringueiros e posseiros para lutar pela manutenção da terra. Foi o povo da igreja, o Nilson Mourão, um meninão que depois se tornou muito importante porque fazia a ligação da fé com o as pecto político, o Padre Paulino e o Padre Pacíco,
junto com os comunistas e com um advogado do INCRA chamado Juraci que zeram o Catecismo da Terra, um folheto barato e simples, com apenas cinco perguntas e cinco respostas, mas que foi o primeiro instrumento de resistência dentro da ores ta. Quem não sabia ler pregava na parede da casa e quando chegava um capataz dizendo – o senhor tem que sair, porque essa terra agora tem outro dono, a resposta sempre era: não senhor, eu não saio, o senhor veja aí o que meu direito está escrito no Catecismo da Terra.
Ovelha desgarrada Quando conheci o Chico Mendes, ele era um participante das das CEBS, mas sem grande grande fervor religioso. Algumas vezes ele acompanhava a mim e às irmãs nas visitas pastorais, outras vezes ele até rezava o terço conosco nas comunidades, mas o que ele queria mesmo era falar de política e de organização. Desde a primeira vez que o vi já estava claro que ele tinha uma certa formação. Depois ele mesmo me contou como foi alfabetizado e iniciado na política por uma certa pessoa que viveu na região. Mas como sindicalista era praticamente um desconhecido até ser eleito s ecretário do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasiléia, durante a assembléia de fundação, em 1973, e ele só se tornou a principal liderança do movimento depois do assassinato do Wilson Pinheiro em 1980. O Chico Mendes começou na luta como todo seringueiro, brigando pela posse, para permanecer na terra. Foram um pouco as circunstâncias que zeram dele essa liderança tão excepcional. Além do preparo ideológico, ele tinha aquele jeito natural de falar e de se entender com todo mundo. Em Xapuri nessa época tinham três padres, o padre José, o padre Otávio e o padre Cláudio. O padre José semsem pre foi contra ele, mas os padres Otávio e Cláudio eram seus amigos, sempre o favoreceram. favoreceram. Mesmo assim, ele falava igual com os três, ele fazia questão de dialogar também com o padre José que não se engraçava com ele. Mas o Chico Mendes foi fruto também de um momento de sensibilidade ambiental pela qual o mundo mundo estava passando. No começo nem o Chico Mendes, nem nem ninguém falava de defesa da oresta como um todo. Nessa evolução para o aspecto ecológico, para levar o pensamento dos seringueiros para as pessoas de fora
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
dele eu fui convidado para a Europa e na Itália eu quase não dava conta de tanta gente querendo saber mais sobre a luta dele. Em Paris, participei de uma grande conferência pela paz, onde o Chico Mendes foi colocado junto com Desmond Tutu, Gandhi e Martin Luther King como um dos quatro grandes defensores da paz no mundo. E pensar que o Chico Mendes tantas vezes foi me ver, foi na minha casa dizer que estava para morrer, que se sentia muito ameaçado, que tinha certeza que não ia viver... E eu brincava com ele, dizia morre nada, Chico, esses cabras não tem coragem de te pegar. Mas ele começou a fuçar fundo, e acabou encontrando provas contra as pessoas que ameaçavam ele. Um dia o Chico Mendes chegou lá em casa com uma carta precatória de prisão preventiva contra o Darli Alves, o mesmo que depois assumiu como mandante do assassinato dele. “Dom Moacyr, pra quem é que a gente entrega isso?” Eu fui com ele entregar a tal carta precatória para a Polícia Federal que, em vez de agir rápido, acabou demorando até que a coisa transpirou, chegou nos ouvidos do Darli, e pouco tempo depois o Chico foi assassinado. Hoje sou o Arcebispo da Diocese de Porto Velho, Velho, que tem 84.000 km2. Aqui também os povos das lu tas têm muito carinho por mim, mas a organização Dom Moacyr Grechi foi bispo da prelazia do popular ainda não cresceu tanto quanto cresceu no Acre e Purus nas décadas décadas de 70 e 80. As CoCoAcre. Aqui houve uma colonização heterogênea e munidades Eclesiais de Base que ele organizou só agora, dez anos depois da minha chegada, vejo a partir de 1971 com acessoria dos irmãos Boff as primeiras lideranças nascidas no Estado. Aqui te(Leonardo e Clodovis) serviram de base para mos pela frente uma dura caminhada, porque agora os Sindicatos dos Trabalhadores Rurais criavêm as usinas hidrelétricas, e a Amazônia continua dos pela CONTAG a partir de 1975, e também sendo tratada como colônia pelo resto do Brasil, para a fundação fundação do Partido Partido dos Trabalha Trabalhadores dores que é menor do que a Amazônia. Amazônia. O resto do Brasil no Acre. A prelazia do Acre e Purus assumiu a está acostumado a tirar tudo da Amazônia, e a não luta dos seringueiros e índios da região contra deixar nada. o desmatamento e as queimadas. Atualmente é Com as usinas do Madeira, está acontecendo o arcebispo da Diocese de Porto Velho. mesmo de sempre. Vão ser feitos 4.000 km de rede para levar toda a energia das das usinas direto direto para o sul do Brasil, enquanto que nós aqui vamos continuar usando energia a óleo diesel para levar a luz até o da oresta, o Chico Mendes contou com um apoio Acre. Essa nova geração que vai ter que lutar muito muito importante da Mary Allegretti. Eu nem sem- para que a energia energia vinda da Amazônia Amazônia ilumine pelo pre concordei com ela, mas para ser justo eu tenho menos um pequeno pedaço da oresta. Só assim a que reconhecer que a Mary contribuiu muito para energia tirada da água dos nossos grandes rios poque o Chico Mendes se transformasse nesse símbo- derá evitar o triste destino da madeira, do boi e da lo de luta pacíca em defesa da Amazônia conheci - soja, cuja exploração sempre destrói e sempre mal do no mundo todo. Imediatamente depois da morte trata a Amazônia.
Chico Mendes
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53 s e d n e M o c i h C ê t i m o C o v r e c A
Raimunda Bezerra
displicente com a morte " O
Chico quando morreu tinha uma bolsa da ASHOKA. Coisa que conseguiu pouco antes de morrer. Assim ele passou a ter apoio nanceiro para se manter, porque ele não ti nha nem renda. Eram os amigos que tinham o com promisso de colaborar, desde o leite para para as crianças até o cigarro. Dentre os colaboradores tinha desde professores universitários universitários a militantes. militantes. Somente asassim o Chico tinha condições de continuar o trabalho junto aos movimentos movimentos sindicais e sociais. sociais. Como para qualquer outro militante, isso trazia diculdades pessoais e familiares também para o Chico. Como toda mulher, a esposa dele tinha as pirações de ter uma casa, uma televisão. Isso era difícil para ele. Então, o apoio dos amigos ajudava um pouco ele a resolver essas questões. O Chico não era um ser fora da vida. Era um homem que tinha sua família, seus lhos, não deixava de ter vida pessoal porque tinha uma militância militância forte. Tudo é muito cruel na morte do Chico. Eu perce bia nele mudanças importantes, importantes, aquelas mudanças do homem meio machista que estava percebendo outras dimensões da vida, deixando deixando o conceito de
O Sindicato era também o lar de Chico Mendes
que a mulher deve tomar conta dos lhos, da casa e ele estar no movimento. Algumas vezes ele vinha para Rio Branco e trazia a Elenira, que cava co migo enquanto ele participava de reuniões. Nessas ocasiões até ajudava no serviço da casa. Ele estava vivendo essas mudanças, o que era muito interessante para o homem do seringal, lho de nordesti nos, que era homem de trabalho fora, mas não de trabalho doméstico. Infelizmente não foi permitido ao Chico viver por mais tempo as experiências de um homem que compreendia a luta dos trabalhadores, mas também buscava ser um ser humano mais completo, mais comprometido com as outras dimensões da vida, como a de ser pai. A Elenira e o Sandino eram mui-
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
to pequenos, e a convivência com eles foi tirada dele com uma grande brutalidade. O Chico era muito generoso, todo mundo fala dele politicamente, por isso eu gosto de falar dele como pessoa. Quando o Chico morreu, meu lho caçula é um pouco mais novo que o Sandino e eles tinham a liberdade de montar cavalinho no Chico. Aquela cena dele sentado no chão dando comida para o Sandino é muito real, um homem que no meio da turbulência da luta política, no meio de um enfrentamento no qual não podia dizer onde estava, encontrava tempo para alimentar o lho e para brincar com os lhos dos amigos da mesma forma que fazia com os seus próprios lhos. Matar alguém assim, por causa de interesses econômicos foi de
Chico Mendes
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uma violência que não tem justicativa. Passados 20 anos eu ainda não consigo esquecer. Nos últimos dias dele, dele, eu estava doente, inclusi ve não o vi morto. Ele chegou lá em casa, creio que foi dia 19 ou 20, o Paulo não estava e ele precisava ir embora, mas não queria me deixar só. Então pedi que fosse buscar meu pai, ele foi. Ele quase nunca se despedia antes de sair. Naquele dia ele se despediu, desejou Feliz Natal pra todo mundo e só depois pegou a estrada. Essa foi a última vez que eu o vi. Uns 20 dias antes do assassinato, ele e o Rai mundo Barros estavam lá em casa, quando ele foi chamado para ir a Sena Madureira e Raimundo via jou para S ão Paulo. Contrariando o previsto, nem ele e nem Raimundo dormiram lá naquela noite.
s e d n e M o c i h C ê t i m o C o v r e c A
Raimunda Bezerra
displicente com a morte " O
Chico quando morreu tinha uma bolsa da ASHOKA. Coisa que conseguiu pouco antes de morrer. Assim ele passou a ter apoio nanceiro para se manter, porque ele não ti nha nem renda. Eram os amigos que tinham o com promisso de colaborar, desde o leite para para as crianças até o cigarro. Dentre os colaboradores tinha desde professores universitários universitários a militantes. militantes. Somente asassim o Chico tinha condições de continuar o trabalho junto aos movimentos movimentos sindicais e sociais. sociais. Como para qualquer outro militante, isso trazia diculdades pessoais e familiares também para o Chico. Como toda mulher, a esposa dele tinha as pirações de ter uma casa, uma televisão. Isso era difícil para ele. Então, o apoio dos amigos ajudava um pouco ele a resolver essas questões. O Chico não era um ser fora da vida. Era um homem que tinha sua família, seus lhos, não deixava de ter vida pessoal porque tinha uma militância militância forte. Tudo é muito cruel na morte do Chico. Eu perce bia nele mudanças importantes, importantes, aquelas mudanças do homem meio machista que estava percebendo outras dimensões da vida, deixando deixando o conceito de
O Sindicato era também o lar de Chico Mendes
que a mulher deve tomar conta dos lhos, da casa e ele estar no movimento. Algumas vezes ele vinha para Rio Branco e trazia a Elenira, que cava co migo enquanto ele participava de reuniões. Nessas ocasiões até ajudava no serviço da casa. Ele estava vivendo essas mudanças, o que era muito interessante para o homem do seringal, lho de nordesti nos, que era homem de trabalho fora, mas não de trabalho doméstico. Infelizmente não foi permitido ao Chico viver por mais tempo as experiências de um homem que compreendia a luta dos trabalhadores, mas também buscava ser um ser humano mais completo, mais comprometido com as outras dimensões da vida, como a de ser pai. A Elenira e o Sandino eram mui-
54 Na manhã seguinte percebemos que tinham sumido duas toalhas da área de serviço. Olhando, vimos que as toalhas estavam próximas da cerca e que ti nha rastros de calçado masculino e um maço vazio de cigarros. O irmão do Chico morava em frente a nossa casa, a cunhada dele mora lá até hoje. Quando o Chico dormia lá em casa levantava cedo, abria a porta, atravessava a rua para ir tomar café com o irmão. Provavelmente os pistoleiros sabiam dessa rotina. Se ele tivesse dormido lá aquela noite, ele poderia ter morrido lá em casa. A gente não perce beu que aquilo era uma tocaia, pensamos que era ladrão comum, só nos demos conta disso depois. Nos últimos tempos o Chico andava acompaacompa nhado pela polícia, e quando dormia lá em casa, o teimoso sempre dormia numa rede perto da janela, de forma que se alguém atirasse acertava bem na cabeça dele. Toda vez eu ou o Paulo pedíamos para ele mudar a cabeça para o outro lado, assim, se atirassem, pegaria no pé. O Paulo sempre pegava a lanterna, olhava pelo quintal, olhava tudo. Uma vez ele deixou um bilhete para a Amine no CTA, dizendo que estava sendo seguido, que estava num táxi e que ia tentar ir para a nossa casa porque lá era um lugar seguro. Quando ele ele chegou, entrou, deixou o portão aberto, a porta aberta e foi ao banheiro, quando saiu, tomou café, acendeu um cigarro, aí falou que aquele havia sido um dia difícil. Perguntei por que e ele disse que havia sido seguido até a esquina, quando conseguiu desviar os que o seguiam. Fiquei nervosa, quei braba porque ele não falou quando entrou, estava tudo aberto, falei que poderiam tê-lo matado no meu banheiro. Ele era assim, calmo demais para quem era tão perseguido. Eu não sei se ele tinha consciência disso, ele vivia tenso, mas o comportamento dele era de quem sabia, mas não acreditava. Quando ele fez a carta que dizia quem eram as pessoas que participaram da reunião onde decidiram matá-lo, ele deu-me para ler. Até hoje me arrependo de não ter feito um esforço maior para que aquela carta não fosse publicada. Eu li a carta e falei: você acha que deve publicar? Ele disse: “eu vou para o tudo ou nada, vou dizer o que sei e vou ver o que acontece”. Falei que achava que ele não devia publicar, se estava querendo a minha opinião. Ele disse que não, que era só para conferir os erros de português. Falei que os erros de português, português, naquela
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
carta, era o de menos, o problema era o conteúdo dela. Nesse mesmo dia sugeri que ele fosse para GoiGoiás ou qualquer outro lugar. Ele falou que Goiás e Mato Grosso era a terra da UDR, se fosse para lá, também não estaria protegido. Conversamos várias vezes sobre isso e ele sempre dizia: “vão dizer que eu fugi, que estou abandonando a luta do povo, os companheiros”. Ele tinha esse tipo de preocupa preocupa ção. Nesse tempo já existia o Conselho Nacional de Seringueiros e o apoio do Professor Cristovam Buarque ao movimento. A UNB apoiou o I Encon tro Nacional dos Seringueiros, falei que ele deveria procurar o Cristovam. Cristovam. Mas ele achava achava muito esquisito, que seria uma fuga, não concordava. Ele era muito convencido do papel dele na luta social.
"
P E H D D C o v r e c A
Raimunda Bezerra saiu das Comunidades Eclesiais de Base para o Centro de Defesa dos Direitos Humanos criado com o apoio da igreja de Dom Moacyr. Ainda hoje permanece trabalhando neste setor, no CDDHEP – Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular.
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to pequenos, e a convivência com eles foi tirada dele com uma grande brutalidade. O Chico era muito generoso, todo mundo fala dele politicamente, por isso eu gosto de falar dele como pessoa. Quando o Chico morreu, meu lho caçula é um pouco mais novo que o Sandino e eles tinham a liberdade de montar cavalinho no Chico. Aquela cena dele sentado no chão dando comida para o Sandino é muito real, um homem que no meio da turbulência da luta política, no meio de um enfrentamento no qual não podia dizer onde estava, encontrava tempo para alimentar o lho e para brincar com os lhos dos amigos da mesma forma que fazia com os seus próprios lhos. Matar alguém assim, por causa de interesses econômicos foi de
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
uma violência que não tem justicativa. Passados 20 anos eu ainda não consigo esquecer. Nos últimos dias dele, dele, eu estava doente, inclusi ve não o vi morto. Ele chegou lá em casa, creio que foi dia 19 ou 20, o Paulo não estava e ele precisava ir embora, mas não queria me deixar só. Então pedi que fosse buscar meu pai, ele foi. Ele quase nunca se despedia antes de sair. Naquele dia ele se despediu, desejou Feliz Natal pra todo mundo e só depois pegou a estrada. Essa foi a última vez que eu o vi. Uns 20 dias antes do assassinato, ele e o Rai mundo Barros estavam lá em casa, quando ele foi chamado para ir a Sena Madureira e Raimundo via jou para S ão Paulo. Contrariando o previsto, nem ele e nem Raimundo dormiram lá naquela noite.
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Aliança dos Povos da Floresta “A melhor maneira de se entender um pouco o signicado da luta de Chico Mendes é prestar atenção num pequeno episódio da nossa, índios e seringueiros, história recente. O Acre é uma região da Amazônia onde até a década de 70 não havia qualquer reconhecimento da existência das populações indígenas. As antigas áreas indígenas das doze tribos daquela região tinham se transformado em seringais sob controle dos coronéis da borracha e os índios em escravos destes seringais. Os seringueiros, historicamente, tinham se constituído numa es pécie de guarda guarda dos patrões no processo de domesticação dos índios e chegaram a ser aliciados para fazerem guerras punitivas contra grupos indígenas que se opunham aos patrões. Nos últimos dez anos, com a luta do movimento indígena pelo resgate de sua condição e retomada do domínio de seus territórios, o movimento dos seringueiros, liderado por Chico Mendes, teve a sensibilidade de superar esta histórica inimizade manipulada pelos patrões e lançar as bases da atual aliança dos povos da oresta, que o Chico resumia assim: “Nosso povo é o mesmo povo, nós não somos mais brancos. Temos uma cultura diferente da dos brancos
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e pensamos diferente dos civilizados. Aprendemos com os índios e com a o resta uma maneira de criarmos os nossos lhos. Atendemos a todas as nossas necessidades básicas e já criamos uma cultura própria, que nos aproxima muito mais da tradição indígena do que da tradição dos ‘civilizados’. Nós já sabemos disto, agora o Brasil precisa saber disto. Nunca mais um companheiro nosso vai derramar o sangue do outro, juntos nós podemos proteger a natureza que é o lugar onde nossa gente aprendeu a viver, a criar os lhos e a desenvolver suas capacidades, dentro de um pensamento harmonioso com a natureza, com o meio ambiente e com os seres que ha bitam aqui.” Ailton Krenak Coordenador da União das Nações Indígenas em 1989 e fundador da Aliança dos Povos Povos da Floresta. Floresta.
Na manhã seguinte percebemos que tinham sumido duas toalhas da área de serviço. Olhando, vimos que as toalhas estavam próximas da cerca e que ti nha rastros de calçado masculino e um maço vazio de cigarros. O irmão do Chico morava em frente a nossa casa, a cunhada dele mora lá até hoje. Quando o Chico dormia lá em casa levantava cedo, abria a porta, atravessava a rua para ir tomar café com o irmão. Provavelmente os pistoleiros sabiam dessa rotina. Se ele tivesse dormido lá aquela noite, ele poderia ter morrido lá em casa. A gente não perce beu que aquilo era uma tocaia, pensamos que era ladrão comum, só nos demos conta disso depois. Nos últimos tempos o Chico andava acompaacompa nhado pela polícia, e quando dormia lá em casa, o teimoso sempre dormia numa rede perto da janela, de forma que se alguém atirasse acertava bem na cabeça dele. Toda vez eu ou o Paulo pedíamos para ele mudar a cabeça para o outro lado, assim, se atirassem, pegaria no pé. O Paulo sempre pegava a lanterna, olhava pelo quintal, olhava tudo. Uma vez ele deixou um bilhete para a Amine no CTA, dizendo que estava sendo seguido, que estava num táxi e que ia tentar ir para a nossa casa porque lá era um lugar seguro. Quando ele ele chegou, entrou, deixou o portão aberto, a porta aberta e foi ao banheiro, quando saiu, tomou café, acendeu um cigarro, aí falou que aquele havia sido um dia difícil. Perguntei por que e ele disse que havia sido seguido até a esquina, quando conseguiu desviar os que o seguiam. Fiquei nervosa, quei braba porque ele não falou quando entrou, estava tudo aberto, falei que poderiam tê-lo matado no meu banheiro. Ele era assim, calmo demais para quem era tão perseguido. Eu não sei se ele tinha consciência disso, ele vivia tenso, mas o comportamento dele era de quem sabia, mas não acreditava. Quando ele fez a carta que dizia quem eram as pessoas que participaram da reunião onde decidiram matá-lo, ele deu-me para ler. Até hoje me arrependo de não ter feito um esforço maior para que aquela carta não fosse publicada. Eu li a carta e falei: você acha que deve publicar? Ele disse: “eu vou para o tudo ou nada, vou dizer o que sei e vou ver o que acontece”. Falei que achava que ele não devia publicar, se estava querendo a minha opinião. Ele disse que não, que era só para conferir os erros de português. Falei que os erros de português, português, naquela
carta, era o de menos, o problema era o conteúdo dela. Nesse mesmo dia sugeri que ele fosse para GoiGoiás ou qualquer outro lugar. Ele falou que Goiás e Mato Grosso era a terra da UDR, se fosse para lá, também não estaria protegido. Conversamos várias vezes sobre isso e ele sempre dizia: “vão dizer que eu fugi, que estou abandonando a luta do povo, os companheiros”. Ele tinha esse tipo de preocupa preocupa ção. Nesse tempo já existia o Conselho Nacional de Seringueiros e o apoio do Professor Cristovam Buarque ao movimento. A UNB apoiou o I Encon tro Nacional dos Seringueiros, falei que ele deveria procurar o Cristovam. Cristovam. Mas ele achava achava muito esquisito, que seria uma fuga, não concordava. Ele era muito convencido do papel dele na luta social.
"
P E H D D C o v r e c A
Raimunda Bezerra saiu das Comunidades Eclesiais de Base para o Centro de Defesa dos Direitos Humanos criado com o apoio da igreja de Dom Moacyr. Ainda hoje permanece trabalhando neste setor, no CDDHEP – Centro de Defesa dos Direitos Humanos e Educação Popular.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
O tiro que foi ouvido no mundo todo Zuenir Ventura
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o dia em que Chico Mendes ia morrer, 22 de dezembro de 1988, Ilzamar Mendes queria assistir à morte de Odete Roitman. Durante aqueles últimos oito meses, o Brasil parava às 8h30 da noite – 6h30 no Acre – para se revol tar com as maldades da megera sem escrúpulos e sem caráter que se transformara no símbolo de um país que terminava o ano com 900% de inação, o naufrágio do Bateau Mouche e uma sensação de impunidade generalizada – um país do Vale Tudo, como sugeria o título da novela da TV Globo de que Odete era a vilã. Se soubesse que a morte anunciada para aquela noite só iria ocorrer na verdade dois dias depois, quase na hora da ceia de Natal, Ilzamar não se apressaria tanto em interromper o jogo de dominó entre o marido Chico Mendes e os seus seguranças, o cabo Roldão e o Soldado Lucas. Os três senta dos no banquinho da mesa retangular da cozinha, coberta de fórmica, jogavam jogavam desde a s cinco da tarde, assistidos por d. Maria Rocha, amiga do casal Mendes. Ilzamar aproximou-se da mesa e disse: “Vocês me desculpem, mas vou servir o jantar agora, já são
seis e meia, tá na hora da novela e hoje ninguém me faz perder esse capítulo”. Eles sabiam que aquele capítulo, o 191, ela e outros 60 milhões de brasileiros não queriam perder. Chico ainda pediu “um minutinho” – que foi o tempo para o cabo Roldão ganhar aquela rodada. Em seguida, desfez o jogo, mandou que os companheiros fossem comendo – feijão, arroz e peixe – e chamou a Ilzamar ao quar quar to: “Vou tomar banho e quero a toalha nova”, a que tinha ganhado no dia 15. Justo ele que não ligava para estas coisas! “Eu, hein”, pensou Ilzamar, mas a pressa na hora era maior que a curiosidade. Que ele estreasse o presente, contanto que el e a deixasse livre para a novela. Com a toalha sobre o ombro direito, como tinha mania de fazer, Chico partiu em direção ao banheiro, do lado de fora da casa, a uns três metros da porta da cozinha que se desce quase aos saltos, atraatravés de três degraus desiguais, toscos, numa altura de oitenta centímetros. Não resistindo aos apelos de Sandino, de dois anos, que correndo atrás pedia para ir também, também, Chico pegou o menino menino no colo, foi até a porta, que se abria de dentro para fora, da esquerda para a direita, puxou o ferrolho, entreabriu-a rapidamente, assustou-se com a escuridão e voltou para pegar a lanterna. lanterna. Do lado de fora, atrás do coqueiro, a uma distân-
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Aliança dos Povos da Floresta “A melhor maneira de se entender um pouco o signicado da luta de Chico Mendes é prestar atenção num pequeno episódio da nossa, índios e seringueiros, história recente. O Acre é uma região da Amazônia onde até a década de 70 não havia qualquer reconhecimento da existência das populações indígenas. As antigas áreas indígenas das doze tribos daquela região tinham se transformado em seringais sob controle dos coronéis da borracha e os índios em escravos destes seringais. Os seringueiros, historicamente, tinham se constituído numa es pécie de guarda guarda dos patrões no processo de domesticação dos índios e chegaram a ser aliciados para fazerem guerras punitivas contra grupos indígenas que se opunham aos patrões. Nos últimos dez anos, com a luta do movimento indígena pelo resgate de sua condição e retomada do domínio de seus territórios, o movimento dos seringueiros, liderado por Chico Mendes, teve a sensibilidade de superar esta histórica inimizade manipulada pelos patrões e lançar as bases da atual aliança dos povos da oresta, que o Chico resumia assim: “Nosso povo é o mesmo povo, nós não somos mais brancos. Temos uma cultura diferente da dos brancos
Chico Mendes
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Ailton Krenak Coordenador da União das Nações Indígenas em 1989 e fundador da Aliança dos Povos Povos da Floresta. Floresta.
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cia de 8,2 metros da entrada da cozinha, Darci Alves Pereira não chegou a perceber o rápido abrir e fechar da porta. Não estava ali há muito tempo, uns quinze, vinte minutos. Sem relógio, ele só pôde calcular o tempo quando fez a reconstituição do crime porque se lembrou de que, ao entrar para a tocaia, ouviu o sino da igreja tocar. Haveria uma missa de formatura de oitava série às 19h30 e, nesses casos, como informou o seminarista Miguel da Rocha Rodrigues no seu depoimento no dia 1º de janeiro de 1989, era costume o sino dar uma primeira chamada às 18h30. A segunda era às 19h e a última às 19h15. Com essas in formações, os peritos calcularam a hora do crime: 18h45. Enquanto Darci espreitava na tocaia, Chico voltava, com Sandino no colo, para apanhar a lanterna, dizendo: “Amanhã boto uma luz neste quintal”. Foi quando Il zamar se lembrou da gripe do lho. - Num pode levar, não, o menino tá gripado, Chico! - Ah, deixa ir, o bichinho tá querendo. Mas Ilzamar não abriu mão: “Além do mais, ele tem que jantar”. Arrancou o menino do braço direito do pai – o braço que dali a pouco seria perfurado por dezoito grãos de chumbo – e foi dar-lhe de comer na sala em frente à televi são. Já estava sentada, quando ouviu a explosão. “Foi um estouro, um tiro tão violento que estremeceu a casa”, não se esquecerá nunca Ilzamar. Ouviu a “zoada”, mas não sabia de onde vinha. Chegou a car zonza. Correu então à janela, mas não viu ninguém: a rua vazia, a delegacia quase em frente, a sessenta passos, incompreensivelmente quieta. Os dois policiais sentados em cadeiras na calçada, impassíveis, davam a suspeita impressão de que só eles não tinham ouvido o tiro. Nesse momento Ilzamar teve um pressenti-
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
e pensamos diferente dos civilizados. Aprendemos com os índios e com a o resta uma maneira de criarmos os nossos lhos. Atendemos a todas as nossas necessidades básicas e já criamos uma cultura própria, que nos aproxima muito mais da tradição indígena do que da tradição dos ‘civilizados’. Nós já sabemos disto, agora o Brasil precisa saber disto. Nunca mais um companheiro nosso vai derramar o sangue do outro, juntos nós podemos proteger a natureza que é o lugar onde nossa gente aprendeu a viver, a criar os lhos e a desenvolver suas capacidades, dentro de um pensamento harmonioso com a natureza, com o meio ambiente e com os seres que ha bitam aqui.”
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mento: “O Chico ta no banheiro e atiraram nele”. Uma fração de segundo foi suciente para que de pressentimento ela passasse à certeza de que aquele estouro, fosse o que fosse, tinha como alvo o marido. Saiu correndo, com Sandino no colo, pelo corredor que leva à cozinha, e nessa corrida ainda sofreu o esbarrão do soldado Lucas, que gritava: “Atiraram no Chico!”. Estranhamente ele corria na direção contrária,
As manchas atingiram desde a cozinha até a entrada do quarto de Chico
O tiro que foi ouvido no mundo todo Zuenir Ventura
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o dia em que Chico Mendes ia morrer, 22 de dezembro de 1988, Ilzamar Mendes queria assistir à morte de Odete Roitman. Durante aqueles últimos oito meses, o Brasil parava às 8h30 da noite – 6h30 no Acre – para se revol tar com as maldades da megera sem escrúpulos e sem caráter que se transformara no símbolo de um país que terminava o ano com 900% de inação, o naufrágio do Bateau Mouche e uma sensação de impunidade generalizada – um país do Vale Tudo, como sugeria o título da novela da TV Globo de que Odete era a vilã. Se soubesse que a morte anunciada para aquela noite só iria ocorrer na verdade dois dias depois, quase na hora da ceia de Natal, Ilzamar não se apressaria tanto em interromper o jogo de dominó entre o marido Chico Mendes e os seus seguranças, o cabo Roldão e o Soldado Lucas. Os três senta dos no banquinho da mesa retangular da cozinha, coberta de fórmica, jogavam jogavam desde a s cinco da tarde, assistidos por d. Maria Rocha, amiga do casal Mendes. Ilzamar aproximou-se da mesa e disse: “Vocês me desculpem, mas vou servir o jantar agora, já são
seis e meia, tá na hora da novela e hoje ninguém me faz perder esse capítulo”. Eles sabiam que aquele capítulo, o 191, ela e outros 60 milhões de brasileiros não queriam perder. Chico ainda pediu “um minutinho” – que foi o tempo para o cabo Roldão ganhar aquela rodada. Em seguida, desfez o jogo, mandou que os companheiros fossem comendo – feijão, arroz e peixe – e chamou a Ilzamar ao quar quar to: “Vou tomar banho e quero a toalha nova”, a que tinha ganhado no dia 15. Justo ele que não ligava para estas coisas! “Eu, hein”, pensou Ilzamar, mas a pressa na hora era maior que a curiosidade. Que ele estreasse o presente, contanto que el e a deixasse livre para a novela. Com a toalha sobre o ombro direito, como tinha mania de fazer, Chico partiu em direção ao banheiro, do lado de fora da casa, a uns três metros da porta da cozinha que se desce quase aos saltos, atraatravés de três degraus desiguais, toscos, numa altura de oitenta centímetros. Não resistindo aos apelos de Sandino, de dois anos, que correndo atrás pedia para ir também, também, Chico pegou o menino menino no colo, foi até a porta, que se abria de dentro para fora, da esquerda para a direita, puxou o ferrolho, entreabriu-a rapidamente, assustou-se com a escuridão e voltou para pegar a lanterna. lanterna. Do lado de fora, atrás do coqueiro, a uma distân-
58 rumo à rua – não em direção ao homem cuja vida tinha por taref a proteger nem em direção ao quintal de onde o pistoleiro tinha atirado. Por ordem do cabo Roldão, o soldado ia ao quartel da PM pegar uma metralhadora. Os dois estavam armados de revólver, mas, soube-se depois, com pouca munição. Ao chegar à porta do quarto, Ilzamar viu o ma rido cambaleando, tentando se agarrar em alguma coisa, caindo. O sangue que cobria seu peito não deixava dúvida quanto à extensão do ferimento. Além das dezoito perfurações no braço, ele fora atingido no peito direito por 42 grãos de chumbo. “Me acertaram”, gemeu. “Ele vinha com as mãos na cabeça, todo vermelho de sangue”, relembra Ilzamar. “Quando eu quis pegar no seu braço, ele caiu e cou se debatendo.Aí vi que estava morrendo.” A lha, então com quatro anos, quis segurá-lo, mas só conseguia gritar: “Mamãe, socorre papai, ele tá sujo de sangue!”. Ilzamar abraçou-se com o marido, puxou-o para dentro do quarto e saiu gritando por socorro. Ela temia que, em vez de correr pelo mato, como ze ram, o pistoleiro ou pistoleiros subissem a escada da cozinha para acabar de liquidar com o marido e toda a família, ela e os dois lhos. “Ele queria dizer alguma coisa, mas não conseguia”, recorda quase dois anos depois Elenira, que cou agarrada ao pai, esperando em vão que ele dissesse o que queria. “Ele olhava para mim, mexia com a boca, mas não saía nada.” À tarde, depois de passear com as crianças no caminhão que, por doação, conseguira para o seu sindicato, Chico encenou uma espécie de premonição desta cena. No chão, rolando e brincando com Elenira, ele perguntara sem mais nem menos: ”Se seu pai morrer, você vai chorar?”. chorar?”. A lha disse que sim, claro, e ele tentou convencê-la a não fazer isso. “Se seu pai morrer, você tem que ser forte, tem que estudar pra continuara a luta dele.” Ao ouvir aquilo, Ilzamar se irritou: “Mas que conversa, Chico. Pára com isso!”. Agora ali, já na porta da rua, ela estava deses perada e impotente. impotente. “Era incrível. incrível. Eu olhava para a delegacia e os dois policiais continuavam sentados. Eu gritava ‘mataram Chico Mendes, mataram Chico Mendes’ e eles nem olhavam. Eu gritava tanto e tão alto que o meu irmão, que estava distante, na casa da sogra dele, ouviu meus gritos.” Se os dois policiais tivessem se movimentado,
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poderiam prender Darci, que nesse momento estava fugindo a pé em direção à Fazenda Paraná, de seu pai, onde umas duas horas depois chegou anunciando: “O serviço tá feito” – e feito rapidamente. “Quando ele [Chico] abriu a porta”, contou Darci na sua conssão, “o foco da lâmpada da casa dele bateu no rosto dele.” Sentado sobre uma pilha de tijolos, Darci só teve o trabalho de levantar a es pingarda CBC de cano longo e disparar o cartucho Gauge, calibre.20. Não precisou mirar. Acostumado a caçar, principalmente onça, ele confessaria depois que atirou como quem atira numa caça, “porque não dá tempo de mirar”. Se a porta da cozinha não abrisse da esquerda para a direita, mas ao contrário, o pistoleiro pistoleiro teria o seu trabalho dicultado. O alvo não se apresenta ria tão visível nem tão iluminado de trás por aquele corredor de luz. Com o trabalho facilitado por esse acaso que desconhecia, Darci não precisou conferir o serviço. “Disparei a arma e saí correndo”. Sessen ta grãos de chumbo haviam se alojado no corpo de Chico – dois atingiram a porta e outros poucos se dispensaram. Ao receber a carga, Chico disse “ai”, amparouse no cabo Roldão e ainda caminhou quatro metros – a distância que separava a porta da cozinha da porta do quarto. Aí caiu. O primeiro vizinho a chegar foi o vereador do PT Júlio Nicasso, que morava três casas adiante, no mesmo lado da rua. Ele estivera com o amigo até pouco antes e fora jantar correndo para ir dar sua aula no segundo grau e em seguida voltar para continuarem o jogo. Chico ainda estava s e debatendo quando Nicasso o colocou sobre sua perna. “Ele cou ali até que morreu”, contou ao delegado Melo Neto no dia 1º de de janeiro de 1989. Na véspera véspera do crime, Chico dissera a Nicasso Nicasso que tinha chegado à conclusão de que dicilmente che garia até o dia 30. “Ele foi categórico em dizer isso; ele disse isso pra mim e pra irmã dele”, contou. Impressionado por essa condência, Nicasso voou de sua casa já sabendo: “Quando ouvi o tiro, pra mim não tinha tinha mais dúvida nenhuma”. Chico Mendes acertou quando anunciou que ia ser morto, mas errou ao achar que sua morte poderia ser inútil. Aquele estouro que Ilzamar ouviu, no começo da noite de 22 de dezembro de 1988, chegou ao mundo todo. Nunca um tiro dado no Brasil ecoou tão longe – até hoje.
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Chico Mendes
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cia de 8,2 metros da entrada da cozinha, Darci Alves Pereira não chegou a perceber o rápido abrir e fechar da porta. Não estava ali há muito tempo, uns quinze, vinte minutos. Sem relógio, ele só pôde calcular o tempo quando fez a reconstituição do crime porque se lembrou de que, ao entrar para a tocaia, ouviu o sino da igreja tocar. Haveria uma missa de formatura de oitava série às 19h30 e, nesses casos, como informou o seminarista Miguel da Rocha Rodrigues no seu depoimento no dia 1º de janeiro de 1989, era costume o sino dar uma primeira chamada às 18h30. A segunda era às 19h e a última às 19h15. Com essas in formações, os peritos calcularam a hora do crime: 18h45. Enquanto Darci espreitava na tocaia, Chico voltava, com Sandino no colo, para apanhar a lanterna, dizendo: “Amanhã boto uma luz neste quintal”. Foi quando Il zamar se lembrou da gripe do lho. - Num pode levar, não, o menino tá gripado, Chico! - Ah, deixa ir, o bichinho tá querendo. Mas Ilzamar não abriu mão: “Além do mais, ele tem que jantar”. Arrancou o menino do braço direito do pai – o braço que dali a pouco seria perfurado por dezoito grãos de chumbo – e foi dar-lhe de comer na sala em frente à televi são. Já estava sentada, quando ouviu a explosão. “Foi um estouro, um tiro tão violento que estremeceu a casa”, não se esquecerá nunca Ilzamar. Ouviu a “zoada”, mas não sabia de onde vinha. Chegou a car zonza. Correu então à janela, mas não viu ninguém: a rua vazia, a delegacia quase em frente, a sessenta passos, incompreensivelmente quieta. Os dois policiais sentados em cadeiras na calçada, impassíveis, davam a suspeita impressão de que só eles não tinham ouvido o tiro. Nesse momento Ilzamar teve um pressenti-
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mento: “O Chico ta no banheiro e atiraram nele”. Uma fração de segundo foi suciente para que de pressentimento ela passasse à certeza de que aquele estouro, fosse o que fosse, tinha como alvo o marido. Saiu correndo, com Sandino no colo, pelo corredor que leva à cozinha, e nessa corrida ainda sofreu o esbarrão do soldado Lucas, que gritava: “Atiraram no Chico!”. Estranhamente ele corria na direção contrária,
As manchas atingiram desde a cozinha até a entrada do quarto de Chico
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Uma questão de liderança “Eu acho que uma liderança tem um monte
“Se hoje estou relatando o que ouvi é para
de qualidade e requisitos pra poder ser realmente
demonstrar que estou falando do meu amigo, um
uma liderança. Um dos maiores requisitos
ser humano normal, comum, comum, com erros, mas com
é ter consciência de que não tá naquilo por
uma enorme dedicação a uma causa, a uma luta
sobrevivência, mas mas com objetivo de vencer, de
e, principalmente, com uma visão muito à frente
construir algo que não é individual e sim coletivo.
de seu tempo...
Tem que demonstrar clareza para os seus
Andei muitas vezes com Chico Mendes
seguidores; essa segurança, essa preocupação preocupação
pelos seringais, onde o vi coordenar reuniões, reuniões,
em ajudar a defender. A liderança não pode
discursar em comícios, falando sempre de
mentir, mentir, não pode ser alguém que se envolve em
forma clara e objetiva, objetiva,
atos ilícitos, fazer dívida, ser alcoólatra, procurar
num linguajar que era
briga. Tem que ser uma pessoa na qual sua
próprio dos seringueiros. seringueiros.
categoria e os demais acreditem e admirem. A
Quando ele falava todos
liderança tem que ter consciência de enfrentar
entendiam. Era uma
diculdade, seja qual for.
liderança, na acepção da
O Chico um dia me chamou aqui na casa
palavra.”
dele e disse: Raimundo, nós vamos montar um esquema porque os cabra já tão atrás de nós e
Gomercindo Rodrigues , advogado militante
corre o risco deles pegarem nós dois. Eu já tô
e amigo de Chico, é atualmente membro do
mais conhecido, já tô dominando mais essas
Comitê Chico Mendes, atuando em prol dos
discussões na cidade e tu domina mais essa coisa
trabalhadores extrativistas.
do mato, das reuniões, de mobilizar o pessoal pros empates, as reuniões da delegacia delegacia sindical. Vamos fazer fazer isso: tu cuida dessa parte, eu vou cuidar dessa daqui, nós vamos sentar e car se encontrando de quinze em quinze dias que é pra
“Não podemos deixar que os que roubaram
estar avaliando as coisas como é que vão, porque
sua vida, nos roubem também sua memória. memória. (...)
senão esses cabra vão ndar pegando nós dois e
Me vem uma saudade, do companheiro, das suas
aí, se pegam nós dois, como é que as coisas vão
andanças por vários seringais. E são nesses
car? E aí a gente teve teve que fazer justamente justamente isso.
momentos que vejo que não podemos abandonar
Eles pegaram o Chico Chico aqui e a informação que que
um ideal, pelo qual muitos já caram pelo meio
eu tive na véspera foi que iam me pegar lá na
do caminho. Então, seguimos em frente, para que
minha colocação. Mas graças aos cuidados que
a luta dos companheiros não tenha sido em vão.
eu tive, hoje eu tô aqui, revelando essas coisas,
O sonho ainda é o mesmo,
conversando com vocês. Mas uma liderança
conseguimos construir
tem que ter essas precauções, essas qualidades.
algumas coisas, mas ainda
Tem que ser acima de tudo um grande sonhador
estamos distantes do sonho
também, daquilo que não ele
de Chico e para realizá-lo,
como indivíduo precisa, mas
precisamos manter viva
que a sua categoria precisa,
sua memória.”
principalmente uma categoria injustiçada como era a
Júlia Feitoza , historiadora, militante militante do PT e
nossa.”
assessora especial do atual governo do Acre.
Raimundo Mendes de Barro, o Raimundão,
primo e companheiro companheiro de Chico Mendes nas lutas socioambientais do Acre
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rumo à rua – não em direção ao homem cuja vida tinha por taref a proteger nem em direção ao quintal de onde o pistoleiro tinha atirado. Por ordem do cabo Roldão, o soldado ia ao quartel da PM pegar uma metralhadora. Os dois estavam armados de revólver, mas, soube-se depois, com pouca munição. Ao chegar à porta do quarto, Ilzamar viu o ma rido cambaleando, tentando se agarrar em alguma coisa, caindo. O sangue que cobria seu peito não deixava dúvida quanto à extensão do ferimento. Além das dezoito perfurações no braço, ele fora atingido no peito direito por 42 grãos de chumbo. “Me acertaram”, gemeu. “Ele vinha com as mãos na cabeça, todo vermelho de sangue”, relembra Ilzamar. “Quando eu quis pegar no seu braço, ele caiu e cou se debatendo.Aí vi que estava morrendo.” A lha, então com quatro anos, quis segurá-lo, mas só conseguia gritar: “Mamãe, socorre papai, ele tá sujo de sangue!”. Ilzamar abraçou-se com o marido, puxou-o para dentro do quarto e saiu gritando por socorro. Ela temia que, em vez de correr pelo mato, como ze ram, o pistoleiro ou pistoleiros subissem a escada da cozinha para acabar de liquidar com o marido e toda a família, ela e os dois lhos. “Ele queria dizer alguma coisa, mas não conseguia”, recorda quase dois anos depois Elenira, que cou agarrada ao pai, esperando em vão que ele dissesse o que queria. “Ele olhava para mim, mexia com a boca, mas não saía nada.” À tarde, depois de passear com as crianças no caminhão que, por doação, conseguira para o seu sindicato, Chico encenou uma espécie de premonição desta cena. No chão, rolando e brincando com Elenira, ele perguntara sem mais nem menos: ”Se seu pai morrer, você vai chorar?”. chorar?”. A lha disse que sim, claro, e ele tentou convencê-la a não fazer isso. “Se seu pai morrer, você tem que ser forte, tem que estudar pra continuara a luta dele.” Ao ouvir aquilo, Ilzamar se irritou: “Mas que conversa, Chico. Pára com isso!”. Agora ali, já na porta da rua, ela estava deses perada e impotente. impotente. “Era incrível. incrível. Eu olhava para a delegacia e os dois policiais continuavam sentados. Eu gritava ‘mataram Chico Mendes, mataram Chico Mendes’ e eles nem olhavam. Eu gritava tanto e tão alto que o meu irmão, que estava distante, na casa da sogra dele, ouviu meus gritos.” Se os dois policiais tivessem se movimentado,
poderiam prender Darci, que nesse momento estava fugindo a pé em direção à Fazenda Paraná, de seu pai, onde umas duas horas depois chegou anunciando: “O serviço tá feito” – e feito rapidamente. “Quando ele [Chico] abriu a porta”, contou Darci na sua conssão, “o foco da lâmpada da casa dele bateu no rosto dele.” Sentado sobre uma pilha de tijolos, Darci só teve o trabalho de levantar a es pingarda CBC de cano longo e disparar o cartucho Gauge, calibre.20. Não precisou mirar. Acostumado a caçar, principalmente onça, ele confessaria depois que atirou como quem atira numa caça, “porque não dá tempo de mirar”. Se a porta da cozinha não abrisse da esquerda para a direita, mas ao contrário, o pistoleiro pistoleiro teria o seu trabalho dicultado. O alvo não se apresenta ria tão visível nem tão iluminado de trás por aquele corredor de luz. Com o trabalho facilitado por esse acaso que desconhecia, Darci não precisou conferir o serviço. “Disparei a arma e saí correndo”. Sessen ta grãos de chumbo haviam se alojado no corpo de Chico – dois atingiram a porta e outros poucos se dispensaram. Ao receber a carga, Chico disse “ai”, amparouse no cabo Roldão e ainda caminhou quatro metros – a distância que separava a porta da cozinha da porta do quarto. Aí caiu. O primeiro vizinho a chegar foi o vereador do PT Júlio Nicasso, que morava três casas adiante, no mesmo lado da rua. Ele estivera com o amigo até pouco antes e fora jantar correndo para ir dar sua aula no segundo grau e em seguida voltar para continuarem o jogo. Chico ainda estava s e debatendo quando Nicasso o colocou sobre sua perna. “Ele cou ali até que morreu”, contou ao delegado Melo Neto no dia 1º de de janeiro de 1989. Na véspera véspera do crime, Chico dissera a Nicasso Nicasso que tinha chegado à conclusão de que dicilmente che garia até o dia 30. “Ele foi categórico em dizer isso; ele disse isso pra mim e pra irmã dele”, contou. Impressionado por essa condência, Nicasso voou de sua casa já sabendo: “Quando ouvi o tiro, pra mim não tinha tinha mais dúvida nenhuma”. Chico Mendes acertou quando anunciou que ia ser morto, mas errou ao achar que sua morte poderia ser inútil. Aquele estouro que Ilzamar ouviu, no começo da noite de 22 de dezembro de 1988, chegou ao mundo todo. Nunca um tiro dado no Brasil ecoou tão longe – até hoje.
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Recados da floresta
Chico Mendes
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Uma questão de liderança “Eu acho que uma liderança tem um monte
“Se hoje estou relatando o que ouvi é para
de qualidade e requisitos pra poder ser realmente
demonstrar que estou falando do meu amigo, um
uma liderança. Um dos maiores requisitos
ser humano normal, comum, comum, com erros, mas com
é ter consciência de que não tá naquilo por
uma enorme dedicação a uma causa, a uma luta
sobrevivência, mas mas com objetivo de vencer, de
e, principalmente, com uma visão muito à frente
construir algo que não é individual e sim coletivo.
de seu tempo...
Tem que demonstrar clareza para os seus
Andei muitas vezes com Chico Mendes
seguidores; essa segurança, essa preocupação preocupação em ajudar a defender. A liderança não pode
discursar em comícios, falando sempre de
mentir, mentir, não pode ser alguém que se envolve em
forma clara e objetiva, objetiva,
atos ilícitos, fazer dívida, ser alcoólatra, procurar
num linguajar que era
briga. Tem que ser uma pessoa na qual sua
próprio dos seringueiros. seringueiros.
categoria e os demais acreditem e admirem. A
Quando ele falava todos
liderança tem que ter consciência de enfrentar
entendiam. Era uma
diculdade, seja qual for.
liderança, na acepção da
O Chico um dia me chamou aqui na casa
palavra.”
dele e disse: Raimundo, nós vamos montar um esquema porque os cabra já tão atrás de nós e
Gomercindo Rodrigues , advogado militante
corre o risco deles pegarem nós dois. Eu já tô
e amigo de Chico, é atualmente membro do
mais conhecido, já tô dominando mais essas
Comitê Chico Mendes, atuando em prol dos
discussões na cidade e tu domina mais essa coisa
trabalhadores extrativistas.
do mato, das reuniões, de mobilizar o pessoal pros empates, as reuniões da delegacia delegacia sindical. Vamos fazer fazer isso: tu cuida dessa parte, eu vou cuidar dessa daqui, nós vamos sentar e car se encontrando de quinze em quinze dias que é pra
“Não podemos deixar que os que roubaram
estar avaliando as coisas como é que vão, porque
sua vida, nos roubem também sua memória. memória. (...)
senão esses cabra vão ndar pegando nós dois e
Me vem uma saudade, do companheiro, das suas
aí, se pegam nós dois, como é que as coisas vão
andanças por vários seringais. E são nesses
car? E aí a gente teve teve que fazer justamente justamente isso.
momentos que vejo que não podemos abandonar
Eles pegaram o Chico Chico aqui e a informação que que
um ideal, pelo qual muitos já caram pelo meio
eu tive na véspera foi que iam me pegar lá na
do caminho. Então, seguimos em frente, para que
minha colocação. Mas graças aos cuidados que
a luta dos companheiros não tenha sido em vão.
eu tive, hoje eu tô aqui, revelando essas coisas,
O sonho ainda é o mesmo,
conversando com vocês. Mas uma liderança
conseguimos construir
tem que ter essas precauções, essas qualidades.
algumas coisas, mas ainda
Tem que ser acima de tudo um grande sonhador
estamos distantes do sonho
também, daquilo que não ele
de Chico e para realizá-lo,
como indivíduo precisa, mas
precisamos manter viva
que a sua categoria precisa,
sua memória.”
principalmente uma categoria injustiçada como era a
Júlia Feitoza , historiadora, militante militante do PT e
nossa.”
assessora especial do atual governo do Acre.
Raimundo Mendes de Barro, o Raimundão,
primo e companheiro companheiro de Chico Mendes nas lutas socioambientais do Acre
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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T P o d o v r e c A
Lula visita fábrica de beneciamento de castanha em Xapuri (1993), acompanhado do então prefeito Jorge Viana e da deputada estadual Marina Silva
O
“hectare” que o Incra utiliza para medir lo tes de terra ou latifúndios orestais é inser inser vível para os seringueiros do Acre. Estes calculam o tamanho e o valor da oresta pelo nú mero colocações de seringa, ou pela quantidade de igarapés, animais ou espécies vegetais existentes. Nos anos setenta, os acordos propostos por alguns fazendeiros que queriam livrar-se dos posseiros acomodando famílias numa área retalhada em lotes de até 50 hectares, foram recusados. As colocações de seringa são mais vastas e ricas, e não possuem cercas. Chico Mendes argumentava, em 1984, que a reforma agrária deveria respeitar os contextos so ciais e culturais especícos da Amazônia. Durante a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, em Brasília (1985), ele desenvolveu com seus companheiros a proposta de Reserva Extrativista, unidade de conservação ambiental que não separa o homem da natureza. Considerada reforma agrária da Amazônia, a Resex conceituada no Acre se espalhou pelo país beneciando pescadores, pescadores, coletores de ba Acre mantém 90% de sua oresta em pé e expe baçu e outras categorias. categorias. Em julho de 1988 Chico Mendes declarou: “Meu rimenta mudanças estruturais que não excluem as sonho é ver toda essa oresta preservada, conserva - organizações comunitárias extrativistas. A fábrica de camisinha construída no município da, porque ela é a garantia do futuro dos povos da oresta. E não é só isso: nós estamos conscientes de de Xapuri é um projeto do governo da oresta que que a Amazônia não pode ser um santuário intocá- anima os velhos e novos seringueiros, porque invel, basta que o governo leve a sério a proposta dos troduziu no seringal tecnologia que agrega valor ao seringueiros e dos índios; eu acredito que em pou- látex. Mais de 500 famílias já estão envolvidas com cos anos a Amazônia poderá se transformar numa a produção dos preservativos, e outras experiências políticas públicas. região economicamente viável, não só para nós, parecidas estão a caminho como políticas O governo empreendeu, a partir de 1999, ação mas para o país e para toda a humanidade”. or Esse sonho é considerado um legado que o lí- fulminante contra a violência policial e o crime or der seringueiro deixou para a Amazônia. No Acre, ganizado. Depois passou a retirar o estado da meno Partido dos Trabalhadores (PT), que se mantém dicância histórica que vivia em relação ao governo há 12 anos no governo, procura torná-lo realidade, federal. Lideranças políticas como Jorge Viana, Macom resultados visíveis. As reservas extrativistas, rina Silva, Tião Viana e Nilson Mourão, entre ou por exemplo, somadas somadas a outras unidades de conser - tros, chamaram atenção do governo federal para o vação (áreas indígenas, APAs, parques orestais e Estado. E agora o governador Binho Marques (hisassentamentos agro-extrativistas), deixaram serin - toriador, ex-assessor e companheiro de Chico Men gueiros e índios em paz em suas tradicionais mora- des na área de educação) assumiu o compromisso das. Com mais de 50% do território (16,3 milhões de priorizar a questão social. Tem um pouco de sorte nisso: desde 1980, o Prede hectares) protegido por legislação ambiental, o
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pelos seringais, onde o vi coordenar reuniões, reuniões,
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Opiniões Mac Margolis , da revista Newsweek: “O verdadeiro legado de Chico Mendes é a lei e a ordem, um meio rural pacíco e uma classe política em ascensão. A sustentabilidade ainda é uma pedra no caminho”.
sidente Lula cultiva intimidades com as organizações populares e com a classe política do Estado. Chegou a ser condenado pelo regime militar, depois que fez discursos contundentes nos velórios de Wilson Pinheiro (1980) e de Chico Mendes (1988). Antes de morrer, Chico pôde celebrar a Aliança dos Povos da Floresta, que pôs m a uma divergên cia histórica entre índios e seringueiros, instigada desde meados do século XIX pelos seringalistas. Por conta disso, hoje se vê coisa nova acontecendo no retorno dos índios às antigas aldeias; e discussões animadoras entre as novas gerações de seringueiros, embora elas não estejam, ainda, inteiramente familiarizadas com a aplicação de novos conceitos. Acima de tudo, a gura de Chico Mendes cres ce como símbolo no meio de idéias, tendências e novidades acerca do desenvolvimento sustentável. Cresce como homem simples que deu a vida para não abandonar os companheiros e o ambiente que sempre amou. E por ter percebido, como um visionário, a universalidade da luta que liderou com coragem comovente.
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Regina Vasquez: “O modelo acreano lembra a “cuisine du terroir” (expressão francesa que designa a culinária que privilegia ingredientes locais). Utiliza-se recursos disponíveis na região – matéria prima, mão-de-obra e cérebro –, acrescenta-se acrescenta-se inovação tecnológica e criatividade, resgata-se a cultura e a história. O objetivo é buscar excelência sem perder autenticidade. Chega-se assim a uma síntese do ambientalismo moderno, que leva em conta os fatores ecológicos, sociais e econômicos na busca da melhor qualidade de vida para todos, com perspectiva duradoura. A receita acreana de desenvolvimento pode ser um modelo para toda a Amazônia e uma inspiração para o Brasil. Por isso faz sentido o que o acreano costuma dizer: o Acre não é onde o Brasil acaba, e sim onde o Brasil começa”. Mary Allegretti: “É surpreendente ver como o nome Chico Mendes tem o poder de gerar reações radicais 20 anos depois que ele foi assassinado. É mais comum do que se pensa, no Acre, ver pessoas reagirem com raiva à menção do nome dele. Na maior parte dos casos, porém, é evidente porque isso acontece.Geralmente acontece.Geralmente são pessoas que que tiveram de abrir mão de extensas áreas griladas para ver no lugar uma reserva extrativista; extrativista; ou aqueles que, vindo de fora, acham que podem desrespeitar a lei e seguir impunes. Essas reações, por estarem associadas às idéias propostas por Chico Mendes, reforçam o empenho em concretizar seu legado. Anal, é isso que fazíamos antes dele ser assassinado, e continuamos a fazer até hoje. A associação entre proteção do meio ambiente, justiça social e valorização valorização da oresta, idéias que estão no centro do seu pensamento, são, ainda hoje, inovadoras, revolucionárias, radicais. Pode-se não concordar com elas mas não se pode ignorar o poder que elas têm de mudar a realidade”.
Recados da floresta
T P o d o v r e c A
Lula visita fábrica de beneciamento de castanha em Xapuri (1993), acompanhado do então prefeito Jorge Viana e da deputada estadual Marina Silva
O
“hectare” que o Incra utiliza para medir lo tes de terra ou latifúndios orestais é inser inser vível para os seringueiros do Acre. Estes calculam o tamanho e o valor da oresta pelo nú mero colocações de seringa, ou pela quantidade de igarapés, animais ou espécies vegetais existentes. Nos anos setenta, os acordos propostos por alguns fazendeiros que queriam livrar-se dos posseiros acomodando famílias numa área retalhada em lotes de até 50 hectares, foram recusados. As colocações de seringa são mais vastas e ricas, e não possuem cercas. Chico Mendes argumentava, em 1984, que a reforma agrária deveria respeitar os contextos so ciais e culturais especícos da Amazônia. Durante a criação do Conselho Nacional dos Seringueiros, em Brasília (1985), ele desenvolveu com seus companheiros a proposta de Reserva Extrativista, unidade de conservação ambiental que não separa o homem da natureza. Considerada reforma agrária da Amazônia, a Resex conceituada no Acre se espalhou pelo país beneciando pescadores, pescadores, coletores de ba Acre mantém 90% de sua oresta em pé e expe baçu e outras categorias. categorias. Em julho de 1988 Chico Mendes declarou: “Meu rimenta mudanças estruturais que não excluem as sonho é ver toda essa oresta preservada, conserva - organizações comunitárias extrativistas. A fábrica de camisinha construída no município da, porque ela é a garantia do futuro dos povos da oresta. E não é só isso: nós estamos conscientes de de Xapuri é um projeto do governo da oresta que que a Amazônia não pode ser um santuário intocá- anima os velhos e novos seringueiros, porque invel, basta que o governo leve a sério a proposta dos troduziu no seringal tecnologia que agrega valor ao seringueiros e dos índios; eu acredito que em pou- látex. Mais de 500 famílias já estão envolvidas com cos anos a Amazônia poderá se transformar numa a produção dos preservativos, e outras experiências políticas públicas. região economicamente viável, não só para nós, parecidas estão a caminho como políticas O governo empreendeu, a partir de 1999, ação mas para o país e para toda a humanidade”. or Esse sonho é considerado um legado que o lí- fulminante contra a violência policial e o crime or der seringueiro deixou para a Amazônia. No Acre, ganizado. Depois passou a retirar o estado da meno Partido dos Trabalhadores (PT), que se mantém dicância histórica que vivia em relação ao governo há 12 anos no governo, procura torná-lo realidade, federal. Lideranças políticas como Jorge Viana, Macom resultados visíveis. As reservas extrativistas, rina Silva, Tião Viana e Nilson Mourão, entre ou por exemplo, somadas somadas a outras unidades de conser - tros, chamaram atenção do governo federal para o vação (áreas indígenas, APAs, parques orestais e Estado. E agora o governador Binho Marques (hisassentamentos agro-extrativistas), deixaram serin - toriador, ex-assessor e companheiro de Chico Men gueiros e índios em paz em suas tradicionais mora- des na área de educação) assumiu o compromisso das. Com mais de 50% do território (16,3 milhões de priorizar a questão social. Tem um pouco de sorte nisso: desde 1980, o Prede hectares) protegido por legislação ambiental, o
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Opiniões Mac Margolis , da revista Newsweek: “O verdadeiro legado de Chico Mendes é a lei e a ordem, um meio rural pacíco e uma classe política em ascensão. A sustentabilidade ainda é uma pedra no caminho”.
sidente Lula cultiva intimidades com as organizações populares e com a classe política do Estado. Chegou a ser condenado pelo regime militar, depois que fez discursos contundentes nos velórios de Wilson Pinheiro (1980) e de Chico Mendes (1988). Antes de morrer, Chico pôde celebrar a Aliança dos Povos da Floresta, que pôs m a uma divergên cia histórica entre índios e seringueiros, instigada desde meados do século XIX pelos seringalistas. Por conta disso, hoje se vê coisa nova acontecendo no retorno dos índios às antigas aldeias; e discussões animadoras entre as novas gerações de seringueiros, embora elas não estejam, ainda, inteiramente familiarizadas com a aplicação de novos conceitos. Acima de tudo, a gura de Chico Mendes cres ce como símbolo no meio de idéias, tendências e novidades acerca do desenvolvimento sustentável. Cresce como homem simples que deu a vida para não abandonar os companheiros e o ambiente que sempre amou. E por ter percebido, como um visionário, a universalidade da luta que liderou com coragem comovente.
Chico Mendes
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Regina Vasquez: “O modelo acreano lembra a “cuisine du terroir” (expressão francesa que designa a culinária que privilegia ingredientes locais). Utiliza-se recursos disponíveis na região – matéria prima, mão-de-obra e cérebro –, acrescenta-se acrescenta-se inovação tecnológica e criatividade, resgata-se a cultura e a história. O objetivo é buscar excelência sem perder autenticidade. Chega-se assim a uma síntese do ambientalismo moderno, que leva em conta os fatores ecológicos, sociais e econômicos na busca da melhor qualidade de vida para todos, com perspectiva duradoura. A receita acreana de desenvolvimento pode ser um modelo para toda a Amazônia e uma inspiração para o Brasil. Por isso faz sentido o que o acreano costuma dizer: o Acre não é onde o Brasil acaba, e sim onde o Brasil começa”. Mary Allegretti: “É surpreendente ver como o nome Chico Mendes tem o poder de gerar reações radicais 20 anos depois que ele foi assassinado. É mais comum do que se pensa, no Acre, ver pessoas reagirem com raiva à menção do nome dele. Na maior parte dos casos, porém, é evidente porque isso acontece.Geralmente acontece.Geralmente são pessoas que que tiveram de abrir mão de extensas áreas griladas para ver no lugar uma reserva extrativista; extrativista; ou aqueles que, vindo de fora, acham que podem desrespeitar a lei e seguir impunes. Essas reações, por estarem associadas às idéias propostas por Chico Mendes, reforçam o empenho em concretizar seu legado. Anal, é isso que fazíamos antes dele ser assassinado, e continuamos a fazer até hoje. A associação entre proteção do meio ambiente, justiça social e valorização valorização da oresta, idéias que estão no centro do seu pensamento, são, ainda hoje, inovadoras, revolucionárias, radicais. Pode-se não concordar com elas mas não se pode ignorar o poder que elas têm de mudar a realidade”.
s emun A e testemunha Zuenir Ventura
G
enésio, catorze anos, dos quais sete vivendo na fazenda do maior inimigo de Chico Mendes, o pistoleiro Darly Alves da Silva, é depois depois do pró prio Chico, o personagem mais interessante desse processo. Dez minutos depois de depositar Rambo no quartel e jogar as malas no hotel, estávamos de volta para entrevistar o garoto Genésio num banco na praça em frente à PM. O advogado, seu xará, contara como, na acareação com os pistoleiros, aquele quase menino enfrentara os dois com acusações contundentes e uma coragem fora do comum. Genésio não tem nada a ver com o que se convencionou classicar de adolescente no Sul do país, embora para os padrões locais possa ser considerado considerado normal. Fisicamente, ele parece ter menos idade. É magro, enxuto, nunca jogou bola e conhece brinquedo apenas de nome. De namoro, amor e sexo, por enquanto o que guarda são duas cicatrizes mal curadas na barriga, resultado de um coice que lhe atingiu o apêndice e a bexiga. Psicologicamente, Genésio é um adulto. Seu olhar é duro e seu riso tão raro quanto raras são as palavras que ele gasta com usura, só para responder. São respostas secas e seguras. E é inútil tentar pegar contradições, mes mo quando se tem que repetir a gravação por defeito do gravador ou quando se testam as perguntas em momentos distintos. Por aquisição precoce do sentimento machista que valoriza a coragem física, Genésio mentiu uma vez, ao dizer que não tem medo de represálias. — Mas nem do Darly, Darly, que já matou ou mandou mandou matar tanta gente? — Não. No dia seguinte, ao levá-lo para comprar uma calça e uma camisa que substituiriam o short e a camiseta surrados, achamos estranho que ele não quisesse descer do carro para experimentar a roupa. Não dizia por quê, mas se negava a sair para escolher o que certamente queria. De dentro da loja, um homem insistia com o olhar em descobrir quem estava na caminhonete. Depois, já longe dali, o experimentado motorista in formou que a loja era de um parente de Darly. Só então o garoto admitiu a razão da recusa. Sem usar a palavra medo, ele concordou que não tinha descido por causa dos parentes do seu inimigo. inimigo. Trabalho maior teríamos para descobrir por que aquela alma aparentemente sem ego, onde a vaidade parecia nunca ter entrado, resolvera oxigenar os cabelos. Não era
para car bonito nem para imitar algum sursta da teletele visão — irritou-se com a hipótese. Por que então? Era um ardil do ingênuo e apavorado Genésio. Ele achava que assim caria irreconhecível. Na semana seguinte, além da água oxigenada, a cabeça tinha sido quase ras pada. Mas aí não foi foi preciso perguntar por quê. Dos sete anos até a morte de Chico Mendes, Genésio viveu na Fazenda Paraná, de Darly Alves da Silva, que está preso com o lho Darci. Acordava às seis horas, ia pastorear o gado, dar sal, roçar e colocar veneno nos carrapichos. Sua mãe eram as quatro mulheres de Darly se odiando (Elpídia, Francisca, Margarete e Natalina), e seus companheiros de todo dia, Darlyzinho, de dezoito anos, Oloci, de 22, Darci, o Aparecido, de 21, e os mineirinhos (Amadeus, Francisco e Jardeir, ou Antônio) — todos com fama de pistoleiros. — Quem visitava a fazenda? — Visitava o João Branco, o Benedito Rosa, o Gaston Mota, o delegado Enock, o Jonas Daguabi e o Aragão. — O João Branco ia ia lá muitas vezes? — Ia. — Você Você ouviu alguma conversa conversa sobre o Chico Mendes? — Ouvi do João Branco com o véio Darly. O véio Darly perguntou que que João Branco achava dele matar o Chico Mendes. Aí o João Branco falou que se for igual às outras mortes que o senhor faz e num dá nada, pode matar que se der rolo e eu puder ajudar, eu ajudo. — Isso foi quando? — Foi no mês de novembro. novembro. — Como é que você ouviu ouviu essa conversa? — Eu ouvi eles falando. Tem a área assim, tem uma casinha assim, eu cava de trás da casinha escutando. — E esse João Branco foi lá muitas vezes? vezes? — Foi umas cinco vez antes da morte de Chico Mendes. — Ele cava lá? — Num tempo ele foi e cou uma semana. — Dormindo lá? — Dormindo, bebendo uísque. uísque. — Ele levava uísque ou tinha uísque lá? — Ele levava. — Você Você já conhecia ele? — Eu conheci ele em Brasiléia. Eu fui lá mais o véio Darly com o carro, e aí o véio Darly conversando com ele falou que era amigo dele, que chamava João Branco. — Como é que eles te tratavam lá? — Eles me bateram muitas vez pra eu não contar os segredos deles. — Que segredos você sabia sabia deles? — Eu sabia da morte morte do Raimundo Ferreira, que pediu a mão da lha dele em casamento, aí ele não deu. Raimun do Ferreira também brigou com Oloci, aí mataram ele.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
— Quem matou? — O Oloci, o Aparecido e um primo primo do Oloci, o Rildo. Rildo. — Como é que você sabe sabe que eles mataram? — Porque eu ia passando de cavalo, correndo, eu nem tava vendo eles, mas eles pensaram que eu tava vendo, eles me chamaram. Eu fui lá, vi o homem com a orelha cortada, o nariz e um beiço. — E o que eles zeram? zeram? — Eles chegaram em casa e empurraram uma faca na minha barriga pra mim não contar pra ninguém. Eu falei que não ia contar não. — Quem era o mais mais violento? — Era o Darci e os três mineirinhos. Uma vez eu achei uma caveira lá, aí bicaram revólver em cima de mim, meteram faca na minha barriga pra eu não contar. Eles falou que se eu contasse eles ia me matar. — Era caveira de gente? gente? — Foi. Tava Tava queimada. — E a história dos bolivianos? — Os bolivianos passaram na casa dos mineirinhos, mineirinhos, pediram água, falaram obrigado e saíram. Aí os mineirinhos pegaram a bicicleta, passaram por eles, foram na fazenda e falaram com os meninos que ia dois bolivianos estranhos, queriam ver o que eles ia levando. Aí os me-
s n i t r a M n o s l E
a
ninos foram esperar lá na frente, meteram os revólver neles, reviraram as coisas deles e pegaram maconha. — De que cor era essa maconha? — Branca. — Como é que estava embrulhada? — Dentro de um saco saco plástico. — Quem eram os meninos? meninos? — O Oloci e o Darci. — Eles é que mataram? mataram? — Foram os dois mineirinhos. mineirinhos. Só escutei dois tiros. — O que eles falavam falavam do Chico Mendes? — Quando eles começaram a briga deles, o véio Darly falou que ia matar Chico Mendes, porque o Chico Mendes cava falando dele por trás. Disse que ele não ia ter nem mais um ano de vida. Antes de matar, ele falou que ia pedir a mão de Chico Mendes a cumpadre só pra matar. — Como é que é? — Ele ia chamar o Chico Mendes lá pra ser cumpadre, e aí ia matar ele. — No dia que Chico Mendes morreu, o que eles zeram? — Mataram uma vaca. Ele falou que o dia que matassem o Chico Mendes, eles matavam uma vaca. E matou mesmo.
Zuenir reencontra Genésio aos 30 anos, em 2004, em algum lugar da oresta acreana
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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s emun A e testemunha Zuenir Ventura
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enésio, catorze anos, dos quais sete vivendo na fazenda do maior inimigo de Chico Mendes, o pistoleiro Darly Alves da Silva, é depois depois do pró prio Chico, o personagem mais interessante desse processo. Dez minutos depois de depositar Rambo no quartel e jogar as malas no hotel, estávamos de volta para entrevistar o garoto Genésio num banco na praça em frente à PM. O advogado, seu xará, contara como, na acareação com os pistoleiros, aquele quase menino enfrentara os dois com acusações contundentes e uma coragem fora do comum. Genésio não tem nada a ver com o que se convencionou classicar de adolescente no Sul do país, embora para os padrões locais possa ser considerado considerado normal. Fisicamente, ele parece ter menos idade. É magro, enxuto, nunca jogou bola e conhece brinquedo apenas de nome. De namoro, amor e sexo, por enquanto o que guarda são duas cicatrizes mal curadas na barriga, resultado de um coice que lhe atingiu o apêndice e a bexiga. Psicologicamente, Genésio é um adulto. Seu olhar é duro e seu riso tão raro quanto raras são as palavras que ele gasta com usura, só para responder. São respostas secas e seguras. E é inútil tentar pegar contradições, mes mo quando se tem que repetir a gravação por defeito do gravador ou quando se testam as perguntas em momentos distintos. Por aquisição precoce do sentimento machista que valoriza a coragem física, Genésio mentiu uma vez, ao dizer que não tem medo de represálias. — Mas nem do Darly, Darly, que já matou ou mandou mandou matar tanta gente? — Não. No dia seguinte, ao levá-lo para comprar uma calça e uma camisa que substituiriam o short e a camiseta surrados, achamos estranho que ele não quisesse descer do carro para experimentar a roupa. Não dizia por quê, mas se negava a sair para escolher o que certamente queria. De dentro da loja, um homem insistia com o olhar em descobrir quem estava na caminhonete. Depois, já longe dali, o experimentado motorista in formou que a loja era de um parente de Darly. Só então o garoto admitiu a razão da recusa. Sem usar a palavra medo, ele concordou que não tinha descido por causa dos parentes do seu inimigo. inimigo. Trabalho maior teríamos para descobrir por que aquela alma aparentemente sem ego, onde a vaidade parecia nunca ter entrado, resolvera oxigenar os cabelos. Não era
para car bonito nem para imitar algum sursta da teletele visão — irritou-se com a hipótese. Por que então? Era um ardil do ingênuo e apavorado Genésio. Ele achava que assim caria irreconhecível. Na semana seguinte, além da água oxigenada, a cabeça tinha sido quase ras pada. Mas aí não foi foi preciso perguntar por quê. Dos sete anos até a morte de Chico Mendes, Genésio viveu na Fazenda Paraná, de Darly Alves da Silva, que está preso com o lho Darci. Acordava às seis horas, ia pastorear o gado, dar sal, roçar e colocar veneno nos carrapichos. Sua mãe eram as quatro mulheres de Darly se odiando (Elpídia, Francisca, Margarete e Natalina), e seus companheiros de todo dia, Darlyzinho, de dezoito anos, Oloci, de 22, Darci, o Aparecido, de 21, e os mineirinhos (Amadeus, Francisco e Jardeir, ou Antônio) — todos com fama de pistoleiros. — Quem visitava a fazenda? — Visitava o João Branco, o Benedito Rosa, o Gaston Mota, o delegado Enock, o Jonas Daguabi e o Aragão. — O João Branco ia ia lá muitas vezes? — Ia. — Você Você ouviu alguma conversa conversa sobre o Chico Mendes? — Ouvi do João Branco com o véio Darly. O véio Darly perguntou que que João Branco achava dele matar o Chico Mendes. Aí o João Branco falou que se for igual às outras mortes que o senhor faz e num dá nada, pode matar que se der rolo e eu puder ajudar, eu ajudo. — Isso foi quando? — Foi no mês de novembro. novembro. — Como é que você ouviu ouviu essa conversa? — Eu ouvi eles falando. Tem a área assim, tem uma casinha assim, eu cava de trás da casinha escutando. — E esse João Branco foi lá muitas vezes? vezes? — Foi umas cinco vez antes da morte de Chico Mendes. — Ele cava lá? — Num tempo ele foi e cou uma semana. — Dormindo lá? — Dormindo, bebendo uísque. uísque. — Ele levava uísque ou tinha uísque lá? — Ele levava. — Você Você já conhecia ele? — Eu conheci ele em Brasiléia. Eu fui lá mais o véio Darly com o carro, e aí o véio Darly conversando com ele falou que era amigo dele, que chamava João Branco. — Como é que eles te tratavam lá? — Eles me bateram muitas vez pra eu não contar os segredos deles. — Que segredos você sabia sabia deles? — Eu sabia da morte morte do Raimundo Ferreira, que pediu a mão da lha dele em casamento, aí ele não deu. Raimun do Ferreira também brigou com Oloci, aí mataram ele.
64 — Você Você tem medo de car aqui? — Não, num tenho medo não. Mas é que eles judeiam de mim. — Quem? — O Zé Elias já veio aqui duas vez , me bateu dizendo que era brincadeira, mas batendo com força. O Toninho e o Iran, na delegacia, também fazem me bater, me prender. — O delegado não faz nada? — Faz nada. — Você Você já falou com ele? ele? — Falei não. Eu queria queria é falar com o juiz. juiz. — O juiz vem aqui aqui te ver? — Nunca veio me ver ver não. — Como é que você foi parar na fazenda do Darly? — Minha mãe deu eu pra ele. Ele adulou ela, pediu, aí ela deu. — Você Você está feliz? — Tô não. — O que precisa pra pra você car feliz? — Se eu for pra Rio Rio Branco, eu co. É só eu sair daqui. — Você Você quer fazer o que lá? — Eu queria estudar. estudar.
h n u m e t s e t
Genésio Ferreira da Silva é um cidadão precoce que o destino tentou pela convivência e pelo exemplo trans formar em pistoleiro. Só o mistério da índole, na falta de outra palavra, pode ter impedido esse menino de seguir a carreira de seus irmãos de criação e do pai adotivo. Mas nem isso nem a condição de testemunha-chave do processo Chico Mendes evitaram o desamparo e a solidão de uma criança que resolveu escolher o atravancado caminho da legalidade numa terra onde ela ainda não pegou. Genésio resiste — resta saber até quando. Quase um mês depois dessa entrevista, no dia exato em que fazia quatro meses do enterro de Chico Mendes, Genésio foi entregue à guarda do comandante da PM de Rio Branco, coronel Roberto Ferreira da Silva, um estudan-
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
— Quem matou? — O Oloci, o Aparecido e um primo primo do Oloci, o Rildo. Rildo. — Como é que você sabe sabe que eles mataram? — Porque eu ia passando de cavalo, correndo, eu nem tava vendo eles, mas eles pensaram que eu tava vendo, eles me chamaram. Eu fui lá, vi o homem com a orelha cortada, o nariz e um beiço. — E o que eles zeram? zeram? — Eles chegaram em casa e empurraram uma faca na minha barriga pra mim não contar pra ninguém. Eu falei que não ia contar não. — Quem era o mais mais violento? — Era o Darci e os três mineirinhos. Uma vez eu achei uma caveira lá, aí bicaram revólver em cima de mim, meteram faca na minha barriga pra eu não contar. Eles falou que se eu contasse eles ia me matar. — Era caveira de gente? gente? — Foi. Tava Tava queimada. — E a história dos bolivianos? — Os bolivianos passaram na casa dos mineirinhos, mineirinhos, pediram água, falaram obrigado e saíram. Aí os mineirinhos pegaram a bicicleta, passaram por eles, foram na fazenda e falaram com os meninos que ia dois bolivianos estranhos, queriam ver o que eles ia levando. Aí os me-
a
ninos foram esperar lá na frente, meteram os revólver neles, reviraram as coisas deles e pegaram maconha. — De que cor era essa maconha? — Branca. — Como é que estava embrulhada? — Dentro de um saco saco plástico. — Quem eram os meninos? meninos? — O Oloci e o Darci. — Eles é que mataram? mataram? — Foram os dois mineirinhos. mineirinhos. Só escutei dois tiros. — O que eles falavam falavam do Chico Mendes? — Quando eles começaram a briga deles, o véio Darly falou que ia matar Chico Mendes, porque o Chico Mendes cava falando dele por trás. Disse que ele não ia ter nem mais um ano de vida. Antes de matar, ele falou que ia pedir a mão de Chico Mendes a cumpadre só pra matar. — Como é que é? — Ele ia chamar o Chico Mendes lá pra ser cumpadre, e aí ia matar ele. — No dia que Chico Mendes morreu, o que eles zeram? — Mataram uma vaca. Ele falou que o dia que matassem o Chico Mendes, eles matavam uma vaca. E matou mesmo.
s n i t r a M n o s l E
Zuenir reencontra Genésio aos 30 anos, em 2004, em algum lugar da oresta acreana
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Binho Marques
m o c e S
Meu encontro encontro com o Chico Genésio, aos 14 anos, foi rme na acusação contra Darly Alves
te de Letras e admirador de Gandhi por quem a cidade tem o maior respeito. Ali, Genésio ingressou na Guarda Mirim e vai estudar. No ofício em que autorizou a transferência, o juiz de Xapuri, Adair Longuini, escreveu: “A medida se faz necessária em razão de encontrar-se o menor em ambiente não muito recomendado [...], além do que gura dentre as testemunhas do caso Chico Mendes, tendo declarado em seu próprio depoimento que temia uma ação maléca contra a sua pessoa”. Inexplicavelmente, de todas as entidades e instituições nacionais ou estrangeiras, religiosas ou laicas, interessadas no caso Chico Mendes, a única a se sensibilizar pelo drama de Genésio Ferreira da Silva foi a Polícia Militar de Rio Branco.
Trecho do capítulo “Como se criam pistoleiros” do livro Chico Mendes Crime e Castigo de Zuenir Ventura
Olavo Rufino
Darci e Darly no julgamento em Xapuri: 19 anos de prisão
66
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
E
u entrei pela primeira vez na mata para falar com seringueiros, acompanhado de gente do curso de História; e o Chico nos contava com ar muito sério a história de uma caçada. Ele armou a rede na espera. Quando apareceu um veado, preparou-se para atirar. Mas o veado foi crescendo, crescendo, até car do tamanho da árvore e ele largou a espingarda e saiu correndo apavorado. Disse isso sem nenhuma intenção de nos impressionar. Se quisesse aparecer teria tentado nos enrolar com alguma conversa política. Ele acreditava mesmo naquilo e eu nem acreditava que uma pessoa adulta e normal pudesse acreditar em coisas assim. Hoje já nem sei se algum dia na vida fui mesmo materialista. O Chico eu sei que não foi (...). Não pisava em Xapuri desde as últimas tentativas tentativas de conciliar quem estava a m de brigar. Tomado por uma saudade imensa, parei em frente ao Sindicato. Tinha pouca gente por ali. Acho que estávamos em 83 ou 84. Era noite. O Chico estava trancado numa salinha. Tinha uns três companheiros com ele. Eu também estava lá. Resolvi chegar perto e me escorar num canto, espiando. Brincávamos de clandestinidade. Era muito engraçado, o Chico me chamava de Ricardo e eu a ele de Santos. Às vezes a gente trocava os nomes em público. Lembrei da vez em que o Chico, numa assembléia, não entendeu porque as pessoas caram confusas quando ele se dirigiu ao RaiRai mundão chamando-o de Palmeira. Percebi, naquele momento, que tudo não passava de brincadeira. O sindicato de Xapuri funciona movido por uma lógica que não sofre abalo. Nestes anos todos, nenhum partido, ou fração de partido, conseguiu conseguiu penetrar na verdadeira couraça de barracão que de fato o sustenta, assim como a todo o sindicalismo rural no Acre. Saí dali pulando no tempo e fui passear pelas ruas de Xapuri com o Chico, mas era insuportável andar com ele. O Chico era um verdadeiro pau-de-balseiro, sempre enganchava por aonde ia. Todos o paravam para que ele desse solução pra tudo. Orientava os doentes para procurar as Irmãs, resolvia briga de vizinhos, de marido com mulher e dos companheiros do Partido. Muitas vezes eu não sabia qual a diferença exata entre um presidente de sindicato e um patrão. Patrão não vem vem de pai? Voltei Voltei para 85. Naquele tempo camos muito juntos. Trabalhamos muito, rimos muito e conversamos muito. Todos os dias. Ficávamos pra cima e pra baixo num jipe velho, com os pneus carecas e a bateria amarrada com
Chico Chico Mendes Mendes
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O Homem O Homem dada Floresa Floresa - 20- 20 Anos Anos dede Saudade Saudade e Conquisas e Conquisas
Arnóbio Marques, o Binho, atual governad governador or do Estado do Acre foi grande parceiro de Chico Mendes e coordenador do “Projeto Seringueiro”, do CTA. Quando Chico foi morto ele se encontrava na Colômbia, foi informado da noite trágica por Gomercindo Rodrigues, por telefone. Em 1995, publicou na revista “N’ativa” nº4, o artigo “Quando os anjos choram” (inspirado na música do grupo mexicano Maná), do qual reproduzimos o trecho ao lado. Ele fala de sua amizade com o l íder seringueiro, lembrando a campanha eleitoral para prefeito de Xapuri, da qual Chico saiu derrotado.
uma corda. Nós gostávamos muito daquele carro velho. Acho que os “Chicos” estereotipados destes típicos-grin gos-ecologistas-que-andaram-por-aí gos-ecologistas-que-andaram -por-aí não seriam capazes de car tão felizes pelo fato de receber, de surpresa, um jipe velho para ajudar numa campanha eleitoral. Lem brei bem do jipe naquele momento. Ele era realmente um charme. Tinha um tom verde, tão verde, que nós o chamávamos de Hulk. Era muito legal ver o Chico dor dor mindo no Hulk enquanto o Valdecir Nicácio Nicácio pilotava na buraqueira. Morri de saudade daquela cena. No nal da campanha, para honrar dívidas do PT, o Hulk foi entre gue para o dono de uma gráca. Ele nunca soube o valor que aquele carro tinha. Acho que um pedaço da minha alma foi junto (...). Ainda dói, e muito, aquele dia sobre o qual eu não comporei uma canção. O dia-noite, o clarão, o susto do telefone. Quando o Guma me ligou chorando, eu já sabia o que tinha acontecido. Eu só não sabia o que fazer. Acho que até hoje, ainda não sei.
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— Você Você tem medo de car aqui? — Não, num tenho medo não. Mas é que eles judeiam de mim. — Quem? — O Zé Elias já veio aqui duas vez , me bateu dizendo que era brincadeira, mas batendo com força. O Toninho e o Iran, na delegacia, também fazem me bater, me prender. — O delegado não faz nada? — Faz nada. — Você Você já falou com ele? ele? — Falei não. Eu queria queria é falar com o juiz. juiz. — O juiz vem aqui aqui te ver? — Nunca veio me ver ver não. — Como é que você foi parar na fazenda do Darly? — Minha mãe deu eu pra ele. Ele adulou ela, pediu, aí ela deu. — Você Você está feliz? — Tô não. — O que precisa pra pra você car feliz? — Se eu for pra Rio Rio Branco, eu co. É só eu sair daqui. — Você Você quer fazer o que lá? — Eu queria estudar. estudar.
h n u m e t s e t
Genésio Ferreira da Silva é um cidadão precoce que o destino tentou pela convivência e pelo exemplo trans formar em pistoleiro. Só o mistério da índole, na falta de outra palavra, pode ter impedido esse menino de seguir a carreira de seus irmãos de criação e do pai adotivo. Mas nem isso nem a condição de testemunha-chave do processo Chico Mendes evitaram o desamparo e a solidão de uma criança que resolveu escolher o atravancado caminho da legalidade numa terra onde ela ainda não pegou. Genésio resiste — resta saber até quando. Quase um mês depois dessa entrevista, no dia exato em que fazia quatro meses do enterro de Chico Mendes, Genésio foi entregue à guarda do comandante da PM de Rio Branco, coronel Roberto Ferreira da Silva, um estudan-
Binho Marques
m o c e S
Meu encontro encontro com o Chico Genésio, aos 14 anos, foi rme na acusação contra Darly Alves
te de Letras e admirador de Gandhi por quem a cidade tem o maior respeito. Ali, Genésio ingressou na Guarda Mirim e vai estudar. No ofício em que autorizou a transferência, o juiz de Xapuri, Adair Longuini, escreveu: “A medida se faz necessária em razão de encontrar-se o menor em ambiente não muito recomendado [...], além do que gura dentre as testemunhas do caso Chico Mendes, tendo declarado em seu próprio depoimento que temia uma ação maléca contra a sua pessoa”. Inexplicavelmente, de todas as entidades e instituições nacionais ou estrangeiras, religiosas ou laicas, interessadas no caso Chico Mendes, a única a se sensibilizar pelo drama de Genésio Ferreira da Silva foi a Polícia Militar de Rio Branco.
Trecho do capítulo “Como se criam pistoleiros” do livro Chico Mendes Crime e Castigo de Zuenir Ventura
Olavo Rufino
Darci e Darly no julgamento em Xapuri: 19 anos de prisão
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Publicações sobre Chico Mendes Série de Reportagens do jornalista e escritor Zuenir Ventura. Jornal do Brasil, 1989. Caderno Povos da Floresta. Publicação do Comitê Chico Mendes, 2003. Revista N’ Ativa: revista de idéias. Edição Quem é Chico Mendes?, Fundação Garibald Brasil, 1995. Chico Mendes, andarilho do bem , da antropóloga Lucia Helena de Oliveira Cunha, 2007.
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u entrei pela primeira vez na mata para falar com seringueiros, acompanhado de gente do curso de História; e o Chico nos contava com ar muito sério a história de uma caçada. Ele armou a rede na espera. Quando apareceu um veado, preparou-se para atirar. Mas o veado foi crescendo, crescendo, até car do tamanho da árvore e ele largou a espingarda e saiu correndo apavorado. Disse isso sem nenhuma intenção de nos impressionar. Se quisesse aparecer teria tentado nos enrolar com alguma conversa política. Ele acreditava mesmo naquilo e eu nem acreditava que uma pessoa adulta e normal pudesse acreditar em coisas assim. Hoje já nem sei se algum dia na vida fui mesmo materialista. O Chico eu sei que não foi (...). Não pisava em Xapuri desde as últimas tentativas tentativas de conciliar quem estava a m de brigar. Tomado por uma saudade imensa, parei em frente ao Sindicato. Tinha pouca gente por ali. Acho que estávamos em 83 ou 84. Era noite. O Chico estava trancado numa salinha. Tinha uns três companheiros com ele. Eu também estava lá. Resolvi chegar perto e me escorar num canto, espiando. Brincávamos de clandestinidade. Era muito engraçado, o Chico me chamava de Ricardo e eu a ele de Santos. Às vezes a gente trocava os nomes em público. Lembrei da vez em que o Chico, numa assembléia, não entendeu porque as pessoas caram confusas quando ele se dirigiu ao RaiRai mundão chamando-o de Palmeira. Percebi, naquele momento, que tudo não passava de brincadeira. O sindicato de Xapuri funciona movido por uma lógica que não sofre abalo. Nestes anos todos, nenhum partido, ou fração de partido, conseguiu conseguiu penetrar na verdadeira couraça de barracão que de fato o sustenta, assim como a todo o sindicalismo rural no Acre. Saí dali pulando no tempo e fui passear pelas ruas de Xapuri com o Chico, mas era insuportável andar com ele. O Chico era um verdadeiro pau-de-balseiro, sempre enganchava por aonde ia. Todos o paravam para que ele desse solução pra tudo. Orientava os doentes para procurar as Irmãs, resolvia briga de vizinhos, de marido com mulher e dos companheiros do Partido. Muitas vezes eu não sabia qual a diferença exata entre um presidente de sindicato e um patrão. Patrão não vem vem de pai? Voltei Voltei para 85. Naquele tempo camos muito juntos. Trabalhamos muito, rimos muito e conversamos muito. Todos os dias. Ficávamos pra cima e pra baixo num jipe velho, com os pneus carecas e a bateria amarrada com
Arnóbio Marques, o Binho, atual governad governador or do Estado do Acre foi grande parceiro de Chico Mendes e coordenador do “Projeto Seringueiro”, do CTA. Quando Chico foi morto ele se encontrava na Colômbia, foi informado da noite trágica por Gomercindo Rodrigues, por telefone. Em 1995, publicou na revista “N’ativa” nº4, o artigo “Quando os anjos choram” (inspirado na música do grupo mexicano Maná), do qual reproduzimos o trecho ao lado. Ele fala de sua amizade com o l íder seringueiro, lembrando a campanha eleitoral para prefeito de Xapuri, da qual Chico saiu derrotado.
uma corda. Nós gostávamos muito daquele carro velho. Acho que os “Chicos” estereotipados destes típicos-grin gos-ecologistas-que-andaram-por-aí gos-ecologistas-que-andaram -por-aí não seriam capazes de car tão felizes pelo fato de receber, de surpresa, um jipe velho para ajudar numa campanha eleitoral. Lem brei bem do jipe naquele momento. Ele era realmente um charme. Tinha um tom verde, tão verde, que nós o chamávamos de Hulk. Era muito legal ver o Chico dor dor mindo no Hulk enquanto o Valdecir Nicácio Nicácio pilotava na buraqueira. Morri de saudade daquela cena. No nal da campanha, para honrar dívidas do PT, o Hulk foi entre gue para o dono de uma gráca. Ele nunca soube o valor que aquele carro tinha. Acho que um pedaço da minha alma foi junto (...). Ainda dói, e muito, aquele dia sobre o qual eu não comporei uma canção. O dia-noite, o clarão, o susto do telefone. Quando o Guma me ligou chorando, eu já sabia o que tinha acontecido. Eu só não sabia o que fazer. Acho que até hoje, ainda não sei.
Chico Chico Mendes Mendes
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O Homem O Homem dada Floresa Floresa - 20- 20 Anos Anos dede Saudade Saudade e Conquisas e Conquisas
Vídeos sobre sobre Chico Mendes 1 – Amazônia - Histórias da nossa História (48 min)
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Produção: Canal Futura, TV Aldeia e TV Globo - 2006. O documentário retrata a luta do povo acreano pela sua independência e integração ao Brasil, até os dias de hoje, quando questões sobre o destino da maior oresta do planeta estão sendo mundialmente discutidas. 2 – Chico Mendes Eu Quero Viver (40 min)
Filho Abençoado, do jornalista Elson Martins, 2007. Um herói trágico, do jornalista e escritor Zuenir Ventura, 2007. Sabia que chegaria a morte sem avisar , do advogado e escritor Gomercindo Rodrigues, 2003. A Construção Social de Políticas Ambientais: Chico Mendes e o Movimento dos Seringueiros, tese de
doutorado da antropóloga Mary Helena Allegretti. UnB, 2002. Legado político e moral de Chico Mende s, do geógrafo Carlos Walter Porto Gonçalves, 2005. O Testamento do Homem da Floresta. Artigo do Professor Pedro Vicente Costa Sobrinho sobre a entrevista realizada com Chico Mendes, que deu origem ao livro de Cândido GrzybowskI com o mesmo titulo. Prêmio Chico Mendes de Cultura. Redações e Desenhos de estudantes de ensino médio de escolas públicas do estado do Acre. Publicação do Senado Federal, 2005. Revista Chico Mendes, conta a história de Chico Mendes com ênfase na sua participação como militante sindical, editada pelo CNS, STR de Xapuri e CU T, 1989. concentrada na Dossiê de notícias na imprensa – IEA – 1 988 a 1990. Parte dessa documentação está concentrada repercussão do assassinato na mídia. Estão reproduzidos artigos de jornais locais, nacionais e internacionais organizados pelo Instituto de Estudos Amazônicos (IEA). Prêmio Chico Mendes de Cultura. Comitê Chico Mendes e Centro dos Trabalhadores da Amazônia. Brasília, edição do Senado Federal, 2005. Chico Mendes: um povo da oresta . Edílson Martins. Rio de Janeiro, editora Garamond, 1998. O Sonho de Chico Mendes . Filme de Ricardo Paranaguá. Produção: Pau-Brasil Comunicação, 1995 (25 min). 50 Grandes ambientalistas: de Buda a Chico Mendes. Joy A. Palmer (Organizador). Tradução Paulo Cezar Castanheira. São Paul, editora Contexto, 2006. Tempo de queimada, tempo de morte: o assassino de Chico Mendes e a luta em prol da oresta amazônica. Andrew Revkin. Tradução de Wilma Freitas Ronald de Carvalho. Rio de Janeiro, editora
Francisco Alves, 1990.
Chico Mendes: crime e castigo: quinze anos depois, o autor volta ao Acre para concluir a mais premiada
reportagem sobre o herói dos povos da oresta. Zuenir Ventura. São Paulo, editora Companhia das Letras, 2003. Caminhando Caminhando na Floresta . Gomercindo Rodrigues, editora Floresta, Rio Branco, 2003. O Testamento do Homem da Floresta. Chico Mendes por ele mesmo. Cândido GrzybowskI. Rio de
Janeiro, editado pela Fase, 1989. Deixem Chico Mendes em paz. Revista Veja, nº. 50, dezembro de 1990. Terra e Liberdade: A Luta dos Posseiros na Amazônia Legal. José de Souza Martins. Rio de Janeiro, Boletim da ABRA nº. 1, sobre Reforma Agrária, 1979. Chico Mendes por ele mesmo. Chico Mendes, Martin Claret Editores, 1992. A Saga de Chico Mendes . J. Moro, editora Página Aberta, 1993. Amazônia em Perigo. O Assassínio de Chico Mendes . Portugal, Círculo de Leitores, 1991. O Mundo em Chamas. A devastação da Amazônia e a tragédia de Chico Mendes. A. Shoumato, editora Best Seller. Brasília, MEC, 1990. O Empate contra Chico Mendes. Márcio Souza, editora Marco Zero, 1990. Geografando nos Varadouros do Mundo . Carlos Walter Porto Gonçalves. Edição IBAMA, 2003.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Documentário de Adrian Cowell e Vicente Rios – Produção: Central Independent Television (Londres) e Universidade Católica de Goiás -1990. O documentário traz o registro da vida, da luta e morte de um dos principais defensores da ecologia e dos povos que habitam a oresta amazônica brasileira. 3 – Verde Verdade (30 min)
Documentário da TV dos Trabalhadores lançado em fevereiro de 1991. Retrata a história de Chico Mendes, sua morte e o julgamento dos assassinos em 15 de dezembro de 1990, na cidade de Xapuri, Acre. 4 – Saber cuidar. Somos parte da Terra e ela faz parte de nós (15 min 54s)
Direção de Sergio de Carvalho. Realização: Governo do Estado do Acre - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, 2006. O vídeo é uma reexão sobre gestão ambiental, enfatizando o modelo realizado no Estado do Acre como uma alternativa concreta aos problemas ecológicos que o mundo vive. 5 – De lá pra cá. TV Brasil (33 min 50s)
O documentário de 2008 apresenta entrevistas com companheiros, amigos e personalidades que conviveram com Chico Mendes. Estes, por sua vez, fazem reexões sobre a vida, o legado e a morte de Chico Mendes, contextualizando-o no período de conitos que surgiu com a decadência da economia da borracha no Acre. Entre os entrevistados estão o escritor e jornali sta Zuenir Ventura, Elson Martins, Ilzamar Mendes, Sebastião Mendes, Marina Silva e outros. 6 – Chico Mendes para a Juventude (51 min 58s)
Direção de Ivini Ferraz. Realização da CIA de Theatro da Cooperativa Paulista de Theatro. O documentário conta de forma dinâmica a história do Acre perpassando diferentes períodos. Através de fragmentos de uma das palestras de Chico Mendes, o vídeo fala sobre a vida nos seringais, a luta dos seringueiros para defender suas terras, a organização dos povos da oresta e resultados da luta como a criação dos empates e das reservas extrativistas, e a morte de muitos companheiros do movimento, como Wilson Pinheiro e o próprio Chico Mendes. 7 – Sonho de Chico Mendes (26 min 7s)
Documentário de Adrian Cowell e Vicente Rios que fala da importância da oresta amazônica e da diculdade de mantê-la de pé diante da expansão da exportação de soja e madeira. Os interesses econômicos de um suposto desenvolvimento resultam em queimadas e derrubadas ilegais que devastam a Amazônia. O documentário mostra a luta de Chico Mendes para a preservação e destaca o apoio dado pelo governo Lula aos companheiros de Chico, como Marina Silva, nomeada Ministra do Meio Ambiente e Mary Alegretti, que assumiu a Secretaria Especial para a Amazônia, dando continuidade ao t rabalho. 8- Especial Chico Mendes Globo Eco logia (21min 10s)
Na reportagem de 2005, o apresentador Cláudio Henrich visita a cidade de Xapuri e relata a importância de Chico Mendes no movimento dos seringueiros daquela cidade, Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Vídeos sobre sobre Chico Mendes
Publicações sobre Chico Mendes Série de Reportagens do jornalista e escritor Zuenir Ventura. Jornal do Brasil, 1989. Caderno Povos da Floresta. Publicação do Comitê Chico Mendes, 2003. Revista N’ Ativa: revista de idéias. Edição Quem é Chico Mendes?, Fundação Garibald Brasil, 1995. Chico Mendes, andarilho do bem , da antropóloga Lucia Helena de Oliveira Cunha, 2007.
1 – Amazônia - Histórias da nossa História (48 min)
Produção: Canal Futura, TV Aldeia e TV Globo - 2006. O documentário retrata a luta do povo acreano pela sua independência e integração ao Brasil, até os dias de hoje, quando questões sobre o destino da maior oresta do planeta estão sendo mundialmente discutidas. 2 – Chico Mendes Eu Quero Viver (40 min)
Filho Abençoado, do jornalista Elson Martins, 2007. Um herói trágico, do jornalista e escritor Zuenir Ventura, 2007. Sabia que chegaria a morte sem avisar , do advogado e escritor Gomercindo Rodrigues, 2003. A Construção Social de Políticas Ambientais: Chico Mendes e o Movimento dos Seringueiros, tese de
doutorado da antropóloga Mary Helena Allegretti. UnB, 2002. Legado político e moral de Chico Mende s, do geógrafo Carlos Walter Porto Gonçalves, 2005. O Testamento do Homem da Floresta. Artigo do Professor Pedro Vicente Costa Sobrinho sobre a entrevista realizada com Chico Mendes, que deu origem ao livro de Cândido GrzybowskI com o mesmo titulo. Prêmio Chico Mendes de Cultura. Redações e Desenhos de estudantes de ensino médio de escolas públicas do estado do Acre. Publicação do Senado Federal, 2005. Revista Chico Mendes, conta a história de Chico Mendes com ênfase na sua participação como militante sindical, editada pelo CNS, STR de Xapuri e CU T, 1989. concentrada na Dossiê de notícias na imprensa – IEA – 1 988 a 1990. Parte dessa documentação está concentrada repercussão do assassinato na mídia. Estão reproduzidos artigos de jornais locais, nacionais e internacionais organizados pelo Instituto de Estudos Amazônicos (IEA). Prêmio Chico Mendes de Cultura. Comitê Chico Mendes e Centro dos Trabalhadores da Amazônia. Brasília, edição do Senado Federal, 2005. Chico Mendes: um povo da oresta . Edílson Martins. Rio de Janeiro, editora Garamond, 1998. O Sonho de Chico Mendes . Filme de Ricardo Paranaguá. Produção: Pau-Brasil Comunicação, 1995 (25 min). 50 Grandes ambientalistas: de Buda a Chico Mendes. Joy A. Palmer (Organizador). Tradução Paulo Cezar Castanheira. São Paul, editora Contexto, 2006. Tempo de queimada, tempo de morte: o assassino de Chico Mendes e a luta em prol da oresta
amazônica. Andrew Revkin. Tradução de Wilma Freitas Ronald de Carvalho. Rio de Janeiro, editora Francisco Alves, 1990. Chico Mendes: crime e castigo: quinze anos depois, o autor volta ao Acre para concluir a mais premiada reportagem sobre o herói dos povos da oresta. Zuenir Ventura. São Paulo, editora Companhia das Letras, 2003. Caminhando Caminhando na Floresta . Gomercindo Rodrigues, editora Floresta, Rio Branco, 2003. O Testamento do Homem da Floresta. Chico Mendes por ele mesmo. Cândido GrzybowskI. Rio de
Janeiro, editado pela Fase, 1989. Deixem Chico Mendes em paz. Revista Veja, nº. 50, dezembro de 1990. Terra e Liberdade: A Luta dos Posseiros na Amazônia Legal. José de Souza Martins. Rio de Janeiro, Boletim da ABRA nº. 1, sobre Reforma Agrária, 1979. Chico Mendes por ele mesmo. Chico Mendes, Martin Claret Editores, 1992. A Saga de Chico Mendes . J. Moro, editora Página Aberta, 1993. Amazônia em Perigo. O Assassínio de Chico Mendes . Portugal, Círculo de Leitores, 1991. O Mundo em Chamas. A devastação da Amazônia e a tragédia de Chico Mendes. A. Shoumato, editora Best Seller. Brasília, MEC, 1990. O Empate contra Chico Mendes. Márcio Souza, editora Marco Zero, 1990. Geografando nos Varadouros do Mundo . Carlos Walter Porto Gonçalves. Edição IBAMA, 2003.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
consequentemente na historia do Estado e na historia nacional, visto que a repercussão do assassinato do sindicalista e ambientalista, no circuito internacional, trouxe muitos avanços, no sentindo de valorização e preservação dos povos da oresta em todo o Brasil.
Documentário de Adrian Cowell e Vicente Rios – Produção: Central Independent Television (Londres) e Universidade Católica de Goiás -1990. O documentário traz o registro da vida, da luta e morte de um dos principais defensores da ecologia e dos povos que habitam a oresta amazônica brasileira. 3 – Verde Verdade (30 min)
Documentário da TV dos Trabalhadores lançado em fevereiro de 1991. Retrata a história de Chico Mendes, sua morte e o julgamento dos assassinos em 15 de dezembro de 1990, na cidade de Xapuri, Acre. 4 – Saber cuidar. Somos parte da Terra e ela faz parte de nós (15 min 54s)
Direção de Sergio de Carvalho. Realização: Governo do Estado do Acre - Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Naturais, 2006. O vídeo é uma reexão sobre gestão ambiental, enfatizando o modelo realizado no Estado do Acre como uma alternativa concreta aos problemas ecológicos que o mundo vive. 5 – De lá pra cá. TV Brasil (33 min 50s)
O documentário de 2008 apresenta entrevistas com companheiros, amigos e personalidades que conviveram com Chico Mendes. Estes, por sua vez, fazem reexões sobre a vida, o legado e a morte de Chico Mendes, contextualizando-o no período de conitos que surgiu com a decadência da economia da borracha no Acre. Entre os entrevistados estão o escritor e jornali sta Zuenir Ventura, Elson Martins, Ilzamar Mendes, Sebastião Mendes, Marina Silva e outros. 6 – Chico Mendes para a Juventude (51 min 58s)
Direção de Ivini Ferraz. Realização da CIA de Theatro da Cooperativa Paulista de Theatro. O documentário conta de forma dinâmica a história do Acre perpassando diferentes períodos. Através de fragmentos de uma das palestras de Chico Mendes, o vídeo fala sobre a vida nos seringais, a luta dos seringueiros para defender suas terras, a organização dos povos da oresta e resultados da luta como a criação dos empates e das reservas extrativistas, e a morte de muitos companheiros do movimento, como Wilson Pinheiro e o próprio Chico Mendes. 7 – Sonho de Chico Mendes (26 min 7s)
Documentário de Adrian Cowell e Vicente Rios que fala da importância da oresta amazônica e da diculdade de mantê-la de pé diante da expansão da exportação de soja e madeira. Os interesses econômicos de um suposto desenvolvimento resultam em queimadas e derrubadas ilegais que devastam a Amazônia. O documentário mostra a luta de Chico Mendes para a preservação e destaca o apoio dado pelo governo Lula aos companheiros de Chico, como Marina Silva, nomeada Ministra do Meio Ambiente e Mary Alegretti, que assumiu a Secretaria Especial para a Amazônia, dando continuidade ao t rabalho. 8- Especial Chico Mendes Globo Eco logia (21min 10s)
Na reportagem de 2005, o apresentador Cláudio Henrich visita a cidade de Xapuri e relata a importância de Chico Mendes no movimento dos seringueiros daquela cidade, Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
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Músicas em homenagem a Chico Mendes Xote Ecológico
Chico Rei Seringueiro
Luiz Gonzaga (3:22)
Tião Natureza (4:49)
9 – Homenagem a Chico Mendes (25min)
Dirigido por Paula Saldanha e Roberto Werneck o documentário, de 2008, é parte do projeto Expedições e tem por foco homenagear Chico Mendes. Após 20 anos do assassinato deste, Paula e Roberto retornam ao Acre para recordar sua vida através dos relatos de familiares, como o de Izalmar, a esposa, e o da lha Elenira, e ainda de amigos e companheiros de luta, como Marina Silva, Raimundo Barros e Gomercindo Rodrigues. 10 – Centenário da Revolução Acreana (8 min)
Governo do Acre, 2006. O v ídeo trata da comemoração dos cem anos da assinatura do Tratado de Petrópolis, um breve resumo da história do Acre: os ideais, as lutas, as derrotas e vitóri as, seus heróis e mártires, alem dos projetos atuais desenvolvidos pelo Governo, com o objetivo de manter o espírito de força e de luta que existe no povo acreano.
Festival Canta Nordeste
Ambush
Ubiratam Souza e Ubiraja (8:00)
Banda Sepultura (4:41)
Saga da Amazônia
Justiça Divina
Banda Discarga (1:02)
Vital Farias (7:53)
Chico Mendes The Blues For The Woods
Ramblim Wayn (4:12)
How Many People
Paul Mccartney (2:18) Cuando Los Angeles Lloram
O Seringueiro
Zé Geraldo (4:32)
Grupo Maná (5:06)
Doce Herói
Zumbi e Chico (Lhé)
Banda Los Porongas Porongas (5:29)
Keilah Diniz (4:23)
11 – Chico Mendes: O Preço da Floresta (43 min)
Produção da TV Discovery Channel, 2008, o lme r elata o momento de tensão que acontece no Acre na década de 70, entre fazendeiros e seringueiros, por questões territoriais, ocasionando mais tarde a morte de líderes do movimento dos seringueiros como a do ambientalista Chico Mendes. O documentário contém depoimentos de parentes e amigos mais próximos deste e a simulação do momento em q ue é assassinado em sua residência. Traz ainda os resultados dessa luta como a criação das reservas extrativistas no Brasil e a revalorização da produção de borracha no Acre com a Fábrica de Preservativos localizada em Xapuri. 12. Coletânea Chico Mendes O Homem da Floresta – DVD ROM
É resultado da parceria entre Comitê Chico Mendes, Centro de Trabalhadores da Amazônia e Governo do Acre – Biblioteca da Floresta (FEM). Foi lançado em 2008, ano decretado pelo Governo do Acre como Ano Chico Mendes, e reúne publicações, depoimentos, entrevistas, conferências, áudios, vídeos, fotograas e outros materiais diversos produzidos por estudiosos, artistas, militantes e testemunhas que contam a trajetória de vida (e de morte) do sindicalista Chico Mendes e os resultados de sua luta ao lado dos seringueiros do Acre, como a criação das Reservas Extrativistas, apresentadas neste material através do Zoneamento Ecológico Econômico. 13. Chico Mendes: Cartas da Floresta (43min 44s)
Narrada em crônica, o lme, da TV Câmara, 2009, conta a vida de Chico Mendes e a sina de uma morte anunciada. Através de recortes de imagens e depoimentos de amigos, como o de Zuenir Ventura, familiares e militantes da época, a historia do líder sindical vai sendo relatada numa crônica trágica, mas de resultados que transformou e transformará a vida de muitas famílias que vivem nas orestas brasileiras. 14. Amazônia Urgente: Paraíso em perigo (1h 03min 38s)
A reportagem produzida pela extinta extinta TV Manchete em 2001, é um documentário sobre as várias Amazônias do Brasil e os perigos que as rodeiam. Ao viajar pelos estados amazônicos, os repórteres ressaltam a predação da oresta e suas conseqüências. Ao passar pelo Acre, a reportagem dá destaque a luta dos seringueiros em defesa da oresta, resultando, inclusive na morte de muitos sindicalistas, como foi o caso de Chico Mendes em 1988.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Saiba mais sobre Chico Mendes Biblioteca da Floresta
Seringal Cachoeira
Via Parque da Maternidade, Maternidade, s/nº s/nº - Centro. CEP. 69.900-000 – Rio Branco – AC Tel.: (68) 3223-9939 | Fax: (68) 3223-5659 3223-5659 e-mail:biblioteca.
[email protected] http://www.bibliotecadaoresta.a http://www.bibliotecadaoresta.ac.gov.br c.gov.br
Local onde residem alguns familiares de Chico Mendes e onde há a Pousada Ecológica Cachoeira Km 180 da BR 317 em Xapuri-AC Tel.: (68) 3222 7661 / 08006473998 08006473998
Instituto Chico Mendes
Conselho Nacional do Seringueiro - CNS
Av. Ceará, 638, Shopping Rafaella, Sala 9 – Centro
[email protected] CEP: 69.912-340 69.912-340 - Rio Branco – AC Tel.: (68) 3223 2622 Tel./Fax: +55 +55 (68) 3224 2365 e-mail:
[email protected] [email protected] http://www.chicomendes.org.br
consequentemente na historia do Estado e na historia nacional, visto que a repercussão do assassinato do sindicalista e ambientalista, no circuito internacional, trouxe muitos avanços, no sentindo de valorização e preservação dos povos da oresta em todo o Brasil.
Músicas em homenagem a Chico Mendes Xote Ecológico
Chico Rei Seringueiro
Luiz Gonzaga (3:22)
Tião Natureza (4:49)
9 – Homenagem a Chico Mendes (25min)
Dirigido por Paula Saldanha e Roberto Werneck o documentário, de 2008, é parte do projeto Expedições e tem por foco homenagear Chico Mendes. Após 20 anos do assassinato deste, Paula e Roberto retornam ao Acre para recordar sua vida através dos relatos de familiares, como o de Izalmar, a esposa, e o da lha Elenira, e ainda de amigos e companheiros de luta, como Marina Silva, Raimundo Barros e Gomercindo Rodrigues. 10 – Centenário da Revolução Acreana (8 min)
Governo do Acre, 2006. O v ídeo trata da comemoração dos cem anos da assinatura do Tratado de Petrópolis, um breve resumo da história do Acre: os ideais, as lutas, as derrotas e vitóri as, seus heróis e mártires, alem dos projetos atuais desenvolvidos pelo Governo, com o objetivo de manter o espírito de força e de luta que existe no povo acreano.
Ambush
Festival Canta Nordeste
Ubiratam Souza e Ubiraja (8:00)
Banda Sepultura (4:41)
Saga da Amazônia
Justiça Divina
Banda Discarga (1:02)
Vital Farias (7:53)
How Many People
Chico Mendes The Blues For The Woods
Paul Mccartney (2:18)
Ramblim Wayn (4:12)
Cuando Los Angeles Lloram
O Seringueiro
Zé Geraldo (4:32)
Grupo Maná (5:06)
Doce Herói
Zumbi e Chico (Lhé)
Banda Los Porongas Porongas (5:29)
Keilah Diniz (4:23)
11 – Chico Mendes: O Preço da Floresta (43 min)
Produção da TV Discovery Channel, 2008, o lme r elata o momento de tensão que acontece no Acre na década de 70, entre fazendeiros e seringueiros, por questões territoriais, ocasionando mais tarde a morte de líderes do movimento dos seringueiros como a do ambientalista Chico Mendes. O documentário contém depoimentos de parentes e amigos mais próximos deste e a simulação do momento em q ue é assassinado em sua residência. Traz ainda os resultados dessa luta como a criação das reservas extrativistas no Brasil e a revalorização da produção de borracha no Acre com a Fábrica de Preservativos localizada em Xapuri. 12. Coletânea Chico Mendes O Homem da Floresta – DVD ROM
É resultado da parceria entre Comitê Chico Mendes, Centro de Trabalhadores da Amazônia e Governo do Acre – Biblioteca da Floresta (FEM). Foi lançado em 2008, ano decretado pelo Governo do Acre como Ano Chico Mendes, e reúne publicações, depoimentos, entrevistas, conferências, áudios, vídeos, fotograas e outros materiais diversos produzidos por estudiosos, artistas, militantes e testemunhas que contam a trajetória de vida (e de morte) do sindicalista Chico Mendes e os resultados de sua luta ao lado dos seringueiros do Acre, como a criação das Reservas Extrativistas, apresentadas neste material através do Zoneamento Ecológico Econômico.
Saiba mais sobre Chico Mendes Biblioteca da Floresta
Seringal Cachoeira
Via Parque da Maternidade, Maternidade, s/nº s/nº - Centro. CEP. 69.900-000 – Rio Branco – AC Tel.: (68) 3223-9939 | Fax: (68) 3223-5659 3223-5659 e-mail:biblioteca.
[email protected] http://www.bibliotecadaoresta.a http://www.bibliotecadaoresta.ac.gov.br c.gov.br
Local onde residem alguns familiares de Chico Mendes e onde há a Pousada Ecológica Cachoeira Km 180 da BR 317 em Xapuri-AC Tel.: (68) 3222 7661 / 08006473998 08006473998
Instituto Chico Mendes
Conselho Nacional do Seringueiro - CNS
Av. Ceará, 638, Shopping Rafaella, Sala 9 – Centro
[email protected] CEP: 69.912-340 69.912-340 - Rio Branco – AC Tel.: (68) 3223 2622 Tel./Fax: +55 +55 (68) 3224 2365 e-mail:
[email protected] [email protected] http://www.chicomendes.org.br
13. Chico Mendes: Cartas da Floresta (43min 44s)
Narrada em crônica, o lme, da TV Câmara, 2009, conta a vida de Chico Mendes e a sina de uma morte anunciada. Através de recortes de imagens e depoimentos de amigos, como o de Zuenir Ventura, familiares e militantes da época, a historia do líder sindical vai sendo relatada numa crônica trágica, mas de resultados que transformou e transformará a vida de muitas famílias que vivem nas orestas brasileiras. 14. Amazônia Urgente: Paraíso em perigo (1h 03min 38s)
A reportagem produzida pela extinta extinta TV Manchete em 2001, é um documentário sobre as várias Amazônias do Brasil e os perigos que as rodeiam. Ao viajar pelos estados amazônicos, os repórteres ressaltam a predação da oresta e suas conseqüências. Ao passar pelo Acre, a reportagem dá destaque a luta dos seringueiros em defesa da oresta, resultando, inclusive na morte de muitos sindicalistas, como foi o caso de Chico Mendes em 1988.
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Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Exposição
Revista
Chico Mendes O Homem da Floresta
Chico Mendes
Foi uma homenagem ao líder seringueiro Chico Mendes e aos povos da oresta, inaugurada em dezembro de 2008, com o apoio de diversas organizações parceiras e setores do governo do Acre, além do empenho de técnicos, estagiários e gestores de nossa instituição. Sem estes prossionais, seria impossível a realização desta revista. Arnóbio Marques
Daniel Queiroz de Sant’ana
Governador do Estado do Acre César Messias
Fundação de Cultura Elias Mansour
Vice-Governador do Estado do Acre
Curadores
Carlos Edegard de Deus Maria de Fátima F. da Silva
Carlos Edegard de Deus
Depto. da Diversidade Socioambiental/Biblioteca Socioambiental/Biblioteca da Floresta
Organização e Apoio Técnico
Maurício de Lara Galvão
Elaine Alves de Souza Elzira Reis Iara Guedes Bezerra José B. Albuquerque dos Santos Kátia Matheus Lucas Mortari Maria de Fátima F. da Silva Maria do Socorro de O. Cordeiro Maria Rodrigues da Silva Marisa Fontana Rodrigo Rolim
Web Master
Colaboradores
Roteiro
Elson Martins Carlos Edegard de Deus Maria de Fátima F. da Silva Maurício de Lara Galvão Direção de Arte e Infograas
Denison da Luz Imagens
Acervo ComissãoPró índio do Acre Acervo Depto. Do Patrimônio Histórico da FEM Acervo digital da Biblioteca da Floresta Secretaria de Estado de Comunicação – SECOM Acervo do CDDHEP Acervo Elson Martins CarlosRuggi Pesquisa
Elson Martins Carlos Edegard de Deus Maria Rodrigues da Silva Marisa Fontana Maurício de Lara Galvão Elaboração de Textos
Elson Martins Maria Rodrigues da Silva Marisa Fontana Maurício de Lara Galvão
O Homem da Floresta
anos de Saudade e Conquistas
Andréia Zílio Cristina Maria Batista Lacerda Eduardo Di Deus Gesileu Salvatore Ivan de Castela Marcos Afonso Pontes de Souza Impressão dos Painéis
Bá Pontes Luciano Pereira
Apoio Institucional
Centro de Trabalhadores da Amazônia - CTA Comitê Chico Mendes Depto. Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Instituto Chico Mendes de Xapuri Secretaria de Estado de Comunicação – SECOM Secretaria de Estado de Educação – SEE Secretaria de Estado de Obras - SEOP
Estagiários da Biblioteca
Ádamo Gabriel Lopes Ana Cláudia de Brito Dantas Ana Célia de Souza Rocha Ana Paula de Queiroz Batista Antônio Limeira de André Júnior Bruna Gabriela da Mota Ferreira Carlos Gomes da Costa Souza Cláudia Scalabrim da Silva Dalete Lins Carlos Déborah Verçoza Da Silva DiovaneFerreiraRodrigues Eduardo Barbosa Gomes Elynália de Lima Alves Emanuelly Silva Falqueto EmmanoellyAguiarFerreira Giseli Andréia Gomes Lavradenz Gustavo Henrique M. de Souza Ivanete Rodrigues da Silva Jéferson dos Santos Joelmir Almeida de Melo Johnnata Dantas de Souza Leandro Chaves Araújo Luiz Fernando Costa Maciel Filho Maison Barbosa Oliveira Maria Aparecida P. Holanda Zuber Maria Ap. Pereira de Mendonça Myully dos Santos Souza Péricles Ricardo de Souza Ribeiro Rafael Vasconcelos Eluan RaphaelBezerra Richardi Matos Aguiar Rita de Cássia Lustosa Celestino Suellen Verçosa dos Santos Valéria Valér ia Pereira Pereirada Silva lva Vinicios os da da Silva Silva Cardoso Cardoso Wesley Diógenes Matos
Arnóbio Marques de Almeida Júnior
Governador
Carlos César Correia de Messias
Vice-Governador Vice-Governador
Daniel Queiroz de Sant’Ana
Presidente da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour – FEM
Imagens
Acervos da Biblioteca da Floresta e Depto. de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC)/FEM, Secretaria de Estado de Comunicação do Acre – SECOM, Comissão Pró índio do Acre (CPI/ AC), Centro de Defesa dos Direirtos Humanos e Educação Popular (CDDHEP), Instituto Chico Mendes de Xapuri, Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), Comitê Chico Mendes, Elson Martins, Carlos Ruggi
Carlos Edegard de Deus
Chefe do Dept.º Estadual da Diversidade Socioambiental Coordenador da Biblioteca da Floresta Maria Corrêa da Silva
Secretária de Estado de Educação
Revista
Chico Mendes: O Homem da Floresta 20 Anos de Saudade e Conquistas
Colaboradores
Equipe Técnica da Biblioteca da Floresta: Elaine Alves de Souza, Elzira Maria Rodrigues Reis, Fernanda Birolo, Kátia Monteiro Matheus, Luciana Vieira, Maria de Fátima Ferreira da Silva, Maria do Socorro Cordeiro, Maria Rodrigues da Silva, Maria Sebastiana de Medeiros, Maurício de Lara Galvão, Lucas Mortari, Elson Martins, Marcos Afonso Pontes, Toinho Alves, Valéria Pereira
Realização
Governo do Estado do Acre Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour - FEM Departamento Estadual da Diversidade Socioambiental/Biblioteca Socioambiental/Biblioteca da Floresta
Elaboração dos Textos
Natália Jung e Elson Martins
Projeto Gráco e Diagramação
Gean Cabral
Ilustrações
Parceria
Maurício de Lara Galvão
Centro de Trabalhadores da Amazônia - CTA Comitê Chico Mendes
Edição e Organização
Carlos Edegard de Deus e Elson Martins
Revisão
Carlos Edegard de Deus, Elson Martins, Fernanda Birolo, Maria de Fátima Ferreira da Silva
72
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Chico Mendes
O Homem da Floresa - 20 Anos de Saudade e Conquisas
Apoio Institucional
Secretaria de Estado de Comunicação – SECOM Secretaria de Estado de Educação – SEE
Impressão
PRINTAC Gráca e Editora
73
Exposição
Revista
Chico Mendes
Chico Mendes
O Homem da Floresta
Foi uma homenagem ao líder seringueiro Chico Mendes e aos povos da oresta, inaugurada em dezembro de 2008, com o apoio de diversas organizações parceiras e setores do governo do Acre, além do empenho de técnicos, estagiários e gestores de nossa instituição. Sem estes prossionais, seria impossível a realização desta revista. Arnóbio Marques
Fundação de Cultura Elias Mansour
Vice-Governador do Estado do Acre
Curadores
Carlos Edegard de Deus Maria de Fátima F. da Silva
Carlos Edegard de Deus
Depto. da Diversidade Socioambiental/Biblioteca Socioambiental/Biblioteca da Floresta
Organização e Apoio Técnico
Maurício de Lara Galvão
Elaine Alves de Souza Elzira Reis Iara Guedes Bezerra José B. Albuquerque dos Santos Kátia Matheus Lucas Mortari Maria de Fátima F. da Silva Maria do Socorro de O. Cordeiro Maria Rodrigues da Silva Marisa Fontana Rodrigo Rolim
Web Master
Colaboradores
Roteiro
Elson Martins Carlos Edegard de Deus Maria de Fátima F. da Silva Maurício de Lara Galvão Direção de Arte e Infograas
Denison da Luz Imagens
Acervo ComissãoPró índio do Acre Acervo Depto. Do Patrimônio Histórico da FEM Acervo digital da Biblioteca da Floresta Secretaria de Estado de Comunicação – SECOM Acervo do CDDHEP Acervo Elson Martins CarlosRuggi Pesquisa
Elson Martins Carlos Edegard de Deus Maria Rodrigues da Silva Marisa Fontana Maurício de Lara Galvão Elaboração de Textos
Elson Martins Maria Rodrigues da Silva Marisa Fontana Maurício de Lara Galvão
anos de Saudade e Conquistas
Daniel Queiroz de Sant’ana
Governador do Estado do Acre César Messias
O Homem da Floresta
Andréia Zílio Cristina Maria Batista Lacerda Eduardo Di Deus Gesileu Salvatore Ivan de Castela Marcos Afonso Pontes de Souza Impressão dos Painéis
Bá Pontes Luciano Pereira
Apoio Institucional
Centro de Trabalhadores da Amazônia - CTA Comitê Chico Mendes Depto. Patrimônio Histórico e Cultural - FEM Instituto Chico Mendes de Xapuri Secretaria de Estado de Comunicação – SECOM Secretaria de Estado de Educação – SEE Secretaria de Estado de Obras - SEOP
Estagiários da Biblioteca
Ádamo Gabriel Lopes Ana Cláudia de Brito Dantas Ana Célia de Souza Rocha Ana Paula de Queiroz Batista Antônio Limeira de André Júnior Bruna Gabriela da Mota Ferreira Carlos Gomes da Costa Souza Cláudia Scalabrim da Silva Dalete Lins Carlos Déborah Verçoza Da Silva DiovaneFerreiraRodrigues Eduardo Barbosa Gomes Elynália de Lima Alves Emanuelly Silva Falqueto EmmanoellyAguiarFerreira Giseli Andréia Gomes Lavradenz Gustavo Henrique M. de Souza Ivanete Rodrigues da Silva Jéferson dos Santos Joelmir Almeida de Melo Johnnata Dantas de Souza Leandro Chaves Araújo Luiz Fernando Costa Maciel Filho Maison Barbosa Oliveira Maria Aparecida P. Holanda Zuber Maria Ap. Pereira de Mendonça Myully dos Santos Souza Péricles Ricardo de Souza Ribeiro Rafael Vasconcelos Eluan RaphaelBezerra Richardi Matos Aguiar Rita de Cássia Lustosa Celestino Suellen Verçosa dos Santos Valéria Valér ia Pereira Pereirada Silva lva Vinicios os da da Silva Silva Cardoso Cardoso Wesley Diógenes Matos
Arnóbio Marques de Almeida Júnior
Governador
Carlos César Correia de Messias
Vice-Governador Vice-Governador
Daniel Queiroz de Sant’Ana
Presidente da Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour – FEM
Imagens
Acervos da Biblioteca da Floresta e Depto. de Patrimônio Histórico e Cultural (DPHC)/FEM, Secretaria de Estado de Comunicação do Acre – SECOM, Comissão Pró índio do Acre (CPI/ AC), Centro de Defesa dos Direirtos Humanos e Educação Popular (CDDHEP), Instituto Chico Mendes de Xapuri, Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), Comitê Chico Mendes, Elson Martins, Carlos Ruggi
Carlos Edegard de Deus
Chefe do Dept.º Estadual da Diversidade Socioambiental Coordenador da Biblioteca da Floresta Maria Corrêa da Silva
Secretária de Estado de Educação
Revista
Chico Mendes: O Homem da Floresta 20 Anos de Saudade e Conquistas
Colaboradores
Equipe Técnica da Biblioteca da Floresta: Elaine Alves de Souza, Elzira Maria Rodrigues Reis, Fernanda Birolo, Kátia Monteiro Matheus, Luciana Vieira, Maria de Fátima Ferreira da Silva, Maria do Socorro Cordeiro, Maria Rodrigues da Silva, Maria Sebastiana de Medeiros, Maurício de Lara Galvão, Lucas Mortari, Elson Martins, Marcos Afonso Pontes, Toinho Alves, Valéria Pereira
Realização
Gean Cabral
Governo do Estado do Acre Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour - FEM Departamento Estadual da Diversidade Socioambiental/Biblioteca Socioambiental/Biblioteca da Floresta
Ilustrações
Parceria
Elaboração dos Textos
Natália Jung e Elson Martins
Projeto Gráco e Diagramação
Maurício de Lara Galvão
Centro de Trabalhadores da Amazônia - CTA Comitê Chico Mendes
Edição e Organização
Carlos Edegard de Deus e Elson Martins
Revisão
Carlos Edegard de Deus, Elson Martins, Fernanda Birolo, Maria de Fátima Ferreira da Silva
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Impressão
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Secretaria de Estado de Comunicação – SECOM Secretaria de Estado de Educação – SEE
PRINTAC Gráca e Editora
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Apoio Institucional
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Fundação de Cultura e Comunicação Elias Mansour - FEM Biblioteca da Floresta Via Parque da Maternidade s/n o, Centro CEP: 69.900-000 - Rio Branco - Acre Fone: (68) 3223 9939 / Fax: (68) 3223-5659 e-mail:
[email protected] / Site: www.bibliotecadafloresta.ac.gov www.bibliotecadafloresta.ac.gov.br .br
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