Cristianismo puro e simples C. S. Lewis LIVRO I - O CERTO E O ERRADO COMO CHAVES PARA COMPREENSO C OMPREENSO DO SENTIDO DO !NIVERSO ". A lei #a nature$a %umana Existe algum tipo de consenso sobre o que é certo e o que é errado. Toda discussão entre duas pessoas mostra que isso existe, ou a discussão não faria sentido. A regra (ou lei) do certo e errado era chamada na literatura de Lei atural, e trata!se da Lei da ature"a #umana, mas, ao contr$rio das leis do uni%erso material, essa lei pode ser desobedecida. & claro que h$ indi%'duos que a ignoram, como h$ pessoas que são daltnicas e ignoram a existncia das cores. #$ diferen*as na Lei atural de diferentes ci%ili"a*+es, po%os e épocas, porém possuem mais semelhan*as que diferen*as. m estudo comparati%o encontra!se no li%ro -A aboli*ão do homemde . /. Le0is. 1ortanto existe uma lei do certo e errado, embora as pessoas possam se enganar com ela como quando se enganam com uma soma ou outro tipo de conhecimento ob2eti%o. inguém cumpre 3 risca a Lei atural. /empre que não seguimos essa Lei, encontramos 2ustificati%as para tal, muito embora não abrimos mão do mérito quando a seguimos. &. Al'umas o()e*+es A Lei 4oral é o mesmo que o 5nstinto 6reg$rio (instinto que le%a o indi%'duo a optar pela coleti%idade do que em si mesmo)7 ão. 8 instinto nos fa" sentir um dese2o, a Lei 4oral, uma obriga*ão. 9uando h$ dois instintos conflitantes, o instinto mais forte pre%alece. A Lei 4oral aparece como um terceiro elemento, aconselhando muitas %e"es a escolher o instinto mais fraco, por exemplo, prestar a2uda ao in%és de se manter seguro (sendo o instinto da auto!preser%a*ão mais forte que o instinto greg$rio). /e a Lei 4oral fosse um instinto, reconhecer'amos em n:s um instinto que é sempre bom, mas não é assim. ão h$ um instinto sequer que a Lei 4oral 3s %e"es não reprima (ex.; o amor materno pode ser suprimido para que não se2a cometida in2usti*a com outras crian*as). A Lei 4oral não é somente uma con%en*ão social que aprendemos pela educa*ão7 ão. 8 meio de transmissão da informa*ão não implica na falsidade dela (é o que <. L. raig chama de -fal$cia genética-). omo 2$ dito, essa Lei é basicamente a mesma independente da cultura ou época, o que não ocorre com as con%en*+es sociais. & ponto comum que h$ idéias morais melhores que outras (ex.; padrão cristão com o padrão na"ista). /: se pode di"er isso, se um padrão se aproxima mais de um absoluto que outro. ,. A reali#a#e #a Lei A Lei 4oral não é simplesmente uma conduta que nos é =til7 ão. em sempre obtemos lucro ao sermos honesto ou corretos, mas sentimos uma obriga*ão em s!los. A Lei 4oral não é simplesmente uma conduta que é =til 3 sociedade7 ão. 5sso não explica. -1or que de%o me importar com a sociedade se isso não me tra" benef'cios pessoais7- -1orque de%emos ser altru'stas.- -1or que de%emos ser altru'stas7- 1orque é bom para a sociedade.- a'mos num argumento circular.
. O ue e/iste por tr0s #a Lei >esde que o ser humano pensa, ele se pergunta; de onde %eio o uni%erso7 1or que ele existe7 9ual o significado dele7 1or que existe algo7 #$ algo além do que pode ser obser%ado cientificamente7 Enfim, tudo que existe simplesmente existe ou h$ um significado?prop:sito por tr$s de tudo7 1erceba que essas perguntas não são cient'ficas, nem podem ser respondidas pela cincia. /e h$ algo por tr$s de tudo, direcionando tudo, não podemos descobrir apenas obser%ando os fenmenos. Tudo no uni%erso conhecemos apenas externamente, exceto o ser humano. o caso da humanidade, sabemos que não simplesmente existimos, mas existimos debaixo de uma Lei 4oral, ou se2a, h$ algo (ou alguém) que dese2a que nos comportemos de determinada forma. 1. Temos moti2os para nos sentir inuietos 8 que podemos conhecer do ser que est$ por tr$s de tudo7 1or meio do ni%erso, podemos perceber que se trata de um grande artista, entre outras coisas@ 1or meio da Lei 4oral, podemos perceber que ele est$ muit'ssimo interessado na conduta correta; lealdade, altru'smo, honestidade etc. 1odemos concluir então que o ni%erso é dirigido por um /er que é o em supremo. 4as pela Lei 4oral não podemos concluir que ele se2a indulgente ou condescendente. Logo, tornamo!nos inimigos dele a cada %e" que desobedecemos a Lei 4oral. 8 cristianismo s: fa" sentido para quem encarou os temas tratados até aqui, pois con%ida ao arrependimento e oferece perdão. Ele não fa" sentido para pessoas que não sentem que alguma %e" fi"eram algo de errado.
LIVRO II - NO 3!E ACREDITAM OS CRISTOS ". As 4on4ep*+es 4on4orrentes #e Deus /e %oc é cristão não precisa acreditar que todas as outras religi+es estão erradas de cabo a rabo. #$ duas concep*+es de >eus. ma acredita que Ele est$ acima do em e do 4al ! pante'smo ! e que em e 4al são relati%os, meras opini+es pessoais, nada ob2eti%o. 8utra acredita que >eus de fato é o em ! o ristianismo por exemplo. Afirmar um >eus bom, le%a ao famoso -1roblema do 4al-, que é usado para refutar a existncia de >eus. Entretanto, se o 4al é relati%o o argumento não fa" sentido, e caso se2a ob2eti%o, isso s: é poss'%el na existncia de um Legislador Absoluto, como demonstrado anteriormente. &. A in2as5o 8 uni%erso é cheio de coisas m$s e aparentemente sem sentido, porém com criaturas que tm conscincia dessa maldade e desse absurdo. omo explicar7 8 >ualismo tenta explicar pela eterna luta entre dois poderes; o em e o 4al. o entanto, quem define qual é o em e qual o 4al é superior aos dois (porque cada um se 2ulga sendo o em) sendo este terceiro elemento o %erdadeiro >eus. 8utra explica*ão é que o em pode existir por si mesmo, mas o 4al não, porque o 4al pelo 4al não existe, ele é um deri%ado do em; o em per%ertido. 1or exemplo; toda maldade cometida no mundo tem como finalidade algo bom; pra"er, poder, pa", seguran*a etc. /ão apenas formas erradas de se buscar o em. 8 4al não pode existir por si pr:prio, mas o em pode. 8 ristianismo explica como algo bom que se perdeu, um territ:rio ocupado pelo inimigo. ,. A alternati2a estarre4e#ora
/e >eus é bom, por que permitiu que essa corrup*ão ocorresse7 1or causa do li%re!arb'trio. Baleu a pena7 >eus ! que é a fonte de toda a nossa capacidade de racioc'nio ! di" que sim. omo isso foi poss'%el7 1ela existncia do ego, que colocou!se a si mesmo como o centro, lugar de >eus. 8 que >eus fe" a respeito7 1rimeiro nos deu uma conscincia de certo e errado. /egundo, deu ao homem a hist:ria de um >eus que morre, ressuscita e pela sua morte d$ %ida ao homem. Terceiro, prepara um po%o informando!lhes que tipo de >eus ele era. 1assado algum tempo aparece um homem no meio deste po%o di"endo que era >eus e que perdoa%a pecados. Ele s: pode ser um louco, um demnio (alguém muito mau) ou o pr:prio >eus mesmo. . O penitente per6eito #$ muitas teorias sobre como a morte de Cesus nos sal%a e d$ %ida, mas o fato é mais importante que qualquer teoria. 8 arrependimento é um ato de rendi*ão, e s: é poss'%el com a a2uda de >eus. >eus tomou parte de nossa nature"a, e compartilha da dele conosco. 1. A 4on4lus5o pr0ti4a A fé, o batismo e a eia do /enhor infundem a %ida risto em n:s. 8 cristão cr que todo o bem que fa" pro%m da %ida de risto nele, e que os cristãos é o organismo f'sico pelo qual >eus age. /obre aqueles que nunca ou%iram de risto; ninguém pode ser sal%o a não ser por meio de risto, não por meio de ou%ir falar dele. #a%er$ um dia em que risto %ir$ na forma de >eus, mas; -quando o autor sobe ao palco, é porque a pe*a 2$ terminou
LIVRO III 7 COND!TA CRIST ". As tr8s partes #a moral Degras morais são instru*+es de uso da m$quina chamada #omem. A moral engloba trs fatores; a harmonia entre os indi%'duos, a harmoni"a*ão das coisas dentro de cada indi%'duo e a harmoni"a*ão com o destino e ob2eti%o da %ida humana (definidos pelo 1oder que o criou). o cristianismo, o indi%'duo é incompara%elmente mais importante que um Estado ou ci%ili"a*ão, pois sua %ida não tem fim, e o tempo de um Estado ou ci%ili"a*ão, comparado com a %ida dele, não passa de um instante. &. As 2irtu#es 4ar#eais m outro esquema para a 4oral é explica!la em sete %irtudes, sendo quatro delas cardeais. 1rudncia; 1arar para pensar nos atos e em suas consequncias. Temperan*a; A modera*ão e não passar dos limites nos pra"eres. Custi*a; imparcialidade, honestidade, reciprocidade, %eracidade, cumprimento da pala%ra e coisas deste tipo. ortale"a; oragem que nos le%a a enfrentar o perigo e suportar a dor. Atos isolados são diferentes de %irtude. Atos morais praticados com frequncia, se tornam h$bitos, e consequentemente %irtudes, que aprimoram nosso car$ter. Essa distin*ão é importante para não cairmos nos seguintes erros; F; acharmos que a moti%a*ão não importa se o ato for correto (moti%a*+es erradas não se tornam %irtudes)@ G; crer que >eus quer que sigamos uma lista de regras (quando na %erdade Ele dese2a um car$ter transformado), transformado), H; acharmos que as %irtudes são somente somente para este mundo (quando na %erdade uma pessoa sem %irtudes 2amais conseguiria desfrutar de um 1ara'so). ,. Morali#a#e so4ial A Degra Iurea do o%o Testamento (fa*a aos outros o que gostaria que fi"essem para %oc) é o resumo do que todos, no 'ntimo, sempre reconheceram como correto.
A aplica*ão da Degra Iurea na sociedade não de%e ser dirigida pela lideran*a dentro da 5gre2a, mas pelos leigos, pelos profissionais cristãos em cada parte da sociedade que lhes compete; o economista cristão na economia, o educador cristão na educa*ão, etc. 8 T pinta uma sociedade bastante socialista na economia, mas bastante JantiquadaK na %ida familiar e na rela*ão com as autoridades. Todos se sentem atra'dos por apenas uma parte do cristianismo, querem pegar essa parte e largar o resto. 1or isso pessoas lutam por coisas opostas di"endo estarem lutando pelo cristianismo. . Morali#a#e e psi4an0lise >e%emos come*ar dois trabalhos; F! >escobrir como aplicar na sociedade o preceito; Jfa*a aos outros o que gostaria que fi"essem a %ocK@ G Trabalharmos para sermos pessoas que aplicam isso. 8 li%re arb'trio, isto é, a li%re escolha feita com o material psicol:gico dispon'%el é a ocupa*ão da moralidade. 8s seres humanos 2ulgam uns aos outros pelas a*+es externas. >eus os 2ulga por suas escolhas morais. 9uando um homem per%ertido desde a infMncia, durante a qual foi ensinado que a crueldade é correta, fa" um pequeno gesto de bondade ou refreia!se de fa"er um gesto cruel, é poss'%el que, aos olhos de >eus, ele tenha feito mais do que n:s far'amos se sacrific$ssemos nossa pr:pria %ida por um amigo. 5gualmente %erdadeira é a possibilidade contr$ria. #$ pessoas que parecem muito boas, mas fa"em tão pouco uso de sua boa hereditariedade e de sua boa forma*ão que acabam sendo piores que as que consideramos per%ersas. Esse é o moti%o pelo qual os cristãos de%em se abster de 2ulgar. /: %emos o resultado das escolhas. >eus, porém, não os 2ulga por sua matéria!prima, mas pelo que fi"eram com ela. Toda %e" que tomamos uma decisão, tornamos um pouco diferente a parte central do nosso ser, a respons$%el pela decisão tomada. 1. Morali#a#e se/ual Degra de castidade é diferente de pudor ou decncia. A regra de pudor depende da sociedade em que %i%em. A regra de castidade cristã é clara; casamento com fidelidade completa ou abstinncia total. 5sso é tão dif'cil de aceitar que das duas uma; ou o cristianismo est$ errado ou nosso instinto sexual se encontra deturpado. #$ trs moti%os que tornam a caridade dif'cil de dese2ar; F ! nossa nature"a per%ertida, os demnios que nos tentam e a propaganda nos fa"em sentir que esses dese2os são naturais e saud$%eis e resistir a eles é uma anomalia@ G ! muitos consideram a castidade ristã imposs'%el. 1odemos ter certe"a que ela não pode ser alcan*ada pelo esfor*o humano. Temos de pedir a2uda de >eus. H ! omos ensinados que reprimir o sexo é perigoso. 8 pensamento reprimido é diferente de negado. Deprimido é 2ogar para o fundo do subconsciente (em geral na infMncia). Aqueles que tentam ser castos são os que tm maior conscincia da sua sexualidade 9. O 4asamento 4rist5o 9uando >eus di" Juma s: carneK, ele quer di"er que são elementos que funcionam como um s: mecanismo, não apenas na esfera sexual, mas em todas as outras. 8 pra"er sexual fora do casamento é isolar o pra"er das demais esferas, tal como saborear o alimento sem engoli!lo e digeri! lo, apenas mastigando e cuspindo. 8 di%:rcio é como cortar ao meio um organismo %i%o. A lei cristã apenas exige que os amantes le%em a sério as promessas que a pr:pria paixão os impele a fa"er. A paixão amorosa não pode ser a base de uma %ida inteira. & um sentimento nobre, mas, mesmo assim, é apenas um sentimento. 8s sentimentos %m e %ão. 8 amor é superior 3 paixão. J& uma unidade profunda, mantida pela %ontade e deliberadamente refor*ada pelo h$bito@ é fortalecida ainda (no casamento cristão) pela gra*a que ambos os cn2uges pedem a >eus e dele recebem.K 8 amor é que permite cumprir as promessas do casamento.
. /. Le0is acredita que o casamento ci%il de%e ser bem distinto do religioso. 8s cristãos não de%em obrigar os outros a obedecerem seu ideal de casamento. :. O per#5o Amar o pr:ximo como a si mesmo é a %irtude cristã menos popular, porque o pr:ximo inclui nossos os inimigos. A 'blia deixa claro que se não perdoarmos não seremos perdoados. Amar o pr:ximo não é consider$!lo boa pessoa, admir$!lo ou algo do tipo, mas dese2ar que ele não se2a mau e %enha a curar!se. 5sso en%ol%e separar o pecado do pecador, da mesma maneira que cada um ama a si pr:prio a despeito de ter feito algo que abominamos ou do qual nos en%ergonhamos no passado, ou %er em si mesmo muitos defeitos. 1erdão também não significa impunidade. /egundo o cristianismo, se cometo um crime de%o me entregar 3s autoridades por causa da 2usti*a, o crime não fica sem puni*ão. /e %ale para mim %ale para o pr:ximo. A diferen*a da moral cristã para a comum é que somos criaturas de %ida eterna, e o que %ale são as pequenas marcas que deixamos na nossa alma atra%és das decis+es que fa"emos ao longo da %ida. Essas marcas a longo pra"o nos tornarão criaturas celestiais ou infernais. /e amar assim parece dif'cil, de%emos nos lembrar que é assim que >eus nos ama. ;. O 'ran#e pe4a#o Existe um %'cio que ninguém tolera nos outros e ao mesmo tempo ninguém admite (exceto alguns no meio cristão). Esse %'cio é o orgulho. 8 orgulho é o mal supremo na moral cristã. & o estado mental mais oposto a >eus que existe. 9uanto mais alguém acha insuport$%el o orgulho nos outros, mais ele é orgulho. 5sso é porque o orgulho do outro compete com o dele. 8rgulho é o pra"er de estar acima dos outros. 8utros %'cios podem reunir as pessoas, mas o orgulho sempre resulta em inimi"ade. 8rgulho é inimi"ade com os homens e com >eus. A %erdadeira pro%a de que estamos na presen*a de >eus é que nos esquecemos de n:s mesmos ou nos %emos pequenos e su2os. 8 orgulho não tem origem no nosso ser animal, mas sim no espiritual, e pode permanecer no centro da nossa %ida religiosa porque costuma ser usado para combater %'cios menores (quantas coisas erradas deixamos de fa"er por orgulho7) e isso o alimenta e fortalece. 8 pra"er do elogio não é orgulho desde que não nos achemos Jo talK. Ter orgulho de alguém ou de uma institui*ão etc. não é orgulho desde que signifique admira*ão. <. A 4ari#a#e 8 amor no sentido cristão não é um sentimento, mas %ontade. ão é para perguntarmos se amamos o pr:ximo, mas sim, agir como se amasse. 8 cristão, tentando tratar a todos com bondade, com o tempo tende a gostar de um n=mero cada %e" maior de pessoas. "=. A esperan*a 9uando os cristãos deixam de pensar no outro mundo se tornam incompetentes neste aqui. Existe algo pelo qual todos ansiamos, mas não pode ser encontrado neste mundo. 8 tolo acha que é poss'%el suprir esse dese2o com dinheiro, mulher, %iagens, etc. e %i%em em busca delas e constantemente se desiludindo por não encontrar a satisfa*ão. 8 Jhomem sensato desiludidoK 2$ perdeu a esperan*a de encontrar essa reali"a*ão no mundo e se 2ulga superior aos demais que ainda não chegaram 3 mesma conclusão. 8 cristão sabe que este é o anseio pela eternidade, e por toda a %ida eterna que est$ reser%ada para n:s. /e descubro em mim um dese2o que nenhuma experincia deste mundo pode satisfa"er, a explica*ão mais pro%$%el é que fui criado para um outro mundo. "". A 6> ?"@
A mente não é regida completamente pela ra"ão. 8s sentimentos e emo*+es podem batalhar contra a ra"ão. ão é a ra"ão que me fa" perder a fé; pelo contr$rio, minha fé é baseada na ra"ão. A batalha se d$ entre a fé e a ra"ão, de um lado, e as emo*+es e a imagina*ão, de outro. enhuma cren*a permanece %i%a na nossa mente se não for alimentada. 1or isso, a ora*ão a leitura e o culto são indispens$%eis. enhum homem sabe realmente o quanto é mau até se esfor*ar muito para ser bom... & imposs'%el conhecer a for*a do mal que se esconde em n:s até o momento em que decidimos enfrent$!lo@ e risto, por ter sido o =nico homem que nunca caiu em tenta*ão, é também o =nico que conhece a tenta*ão em sua plenitude ! o mais realista de todos os homens.
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8 que importa para >eus não são exatamente nossas a*+es, mas o tipo de criaturas que estamos nos tornando. A dificuldade é descobrir que tudo que fa"emos ou podemos fa"er se resume a nada. Todos sabemos disso, mas isso precisa ser descoberto por meio da experincia pessoal, e somente nosso esfor*o moral sério nos le%a a isso. este ponto, a fé é a =nica coisa que nos sal%a do desespero, e essa fé nos condu" a boas a*+es.
LIVRO IV 7 ALM DA PERSONALIDADE O! OS PRIMEIROS PASSOS NA DO!TRINA DA TRINDADE ". Criar e 'erar Estudar teologia é importante porque a maioria das ideias populares sobre religião ho2e 2$ foram testadas e re2eitadas por te:logos h$ séculos. riar é diferente de gerar. 8 que é gerado, é da mesma nature"a que o gerador. /egundo os credos cristãos, Cesus risto foi gerado por >eus antes de todos os mundos, antes que o pr:prio tempo existisse. Tudo o que foi criado tem certa semelhan*a com >eus, sendo a maior semelhan*a encontrada na humanidade. ontudo o homem, apesar de possuir a %ida biol:gica (bios ( bios), ), ele naturalmente não tem a %ida espiritual (zoé ( zoé), ), esta s: se encontra em >eus. &. !m Deus em tr8s pessoas A =nica religião que apresenta um >eus que est$ além da personalidade conforme a conhecemos é o cristianismo, as outras o apesentam aquém, apenas como um ser pessoal ou uma for*a m'stica impessoal. Também é a =nica onde, ap:s essa %ida, nossa pr:pria personalidade não é anulada ao ser assumida pela %ida di%ina. >eus é um ser que são trs pessoas sem deixar de ser um =nico ser, como um cubo são seis quadrados sem deixar de ser um cubo. 1ara nossas personalidades indi%iduais é dif'cil conceber isso tanto quanto alguém que existisse numa realidade bidimensional imaginar um cubo. A Teologia, em certo sentido, é uma cincia experimental sobre o conhecimento de >eus, mas neste caso, a iniciati%a cabe totalmente a Ele. /e Ele não se re%elar é imposs'%el encontra!lo. Ele se re%ela mais a uns que a outros, não porque tenha predile*+es, mas porque é imposs'%el que ele se re%ele a alguém que este2a com a mente e o car$ter em m$s condi*+es. 5sso porque o instrumento para conhec!lo é nosso pr:prio ser, que se não esti%er limpo e brilhante, far$ com que nossa %isão de >eus se2a tur%a. ,. O tempo e al>m #o tempo >eus est$ além do tempo. Ele não pre% o futuro, mas o conhece porque est$ l$ agora, %endo!o. 1or isso a oniscincia de >eus não conflita com o nosso li%re!arb'trio. . A (oa in6e4*5o Apesar do 1ai ter gerado o ilho, o 1ai não é anterior ao ilho. ão hou%e um tempo em que o ilho não existisse. 5sso porque o ilho foi gerado antes da cria*ão do cosmos, ele est$ além do tempo.
8 mais importante é que a rela*ão entre o 1ai e o ilho é uma rela*ão de amor. >eus não tem amor, ele é amor. & amor antes que o uni%erso existisse, e para ha%er amor, são necess$rios pelo menos duas pessoas, 1ai e ilho sempre existiram, numa união perfeita, e nessa %ida con2unta de amor, nasce o Esp'rito /anto, a terceira pessoa de >eus. A oferta que o cristianismo fa", é que se deixarmos >eus nos guiar, compartilharemos da %ida espiritual (zoé (zoé,, a %ida gerada, não criada) então seremos filhos de >eus tal como Cesus e amaremos o 1ai como o ilho ama. 1. Os teimosos sol#a#in%os #e 4%um(o A %ida natural e a espiritual (bios e "oé), não são apenas diferentes, mas opostas. A %ida natural é totalmente egocntrica e re2eita a espiritual por saber que se for incorporada por ela seu egocentrismo ser$ anulado. bios e zoé plenas zoé plenas em si mesmo. Cesus foi o =nico #omem em sua plenitude, com %ida bios e 9. Duas notas 8 homem pde se afastar de >eus porque este lhe deu o li%re!arb'trio, e lhe deu porque autmatos não podem conhecer o amor nem a felicidade infinita. co mo membros de um grupo, mas como :rgãos :rgão s de um corpo. 8 cristianismo não concebe as pessoas como ada um é =nico, diferente dos demais, mas participantes do mesmo organismo e essenciais ao bom funcionamento dele. 8 >iabo sempre nos en%ia os erros aos pares, para usar a nossa abomina*ão a um deles para nos fa"er cair no outro. :. O #i2ino 6in'imento >e%emos re2eitar a idéia de que ser cristão é apenas ler os ensinamentos de risto e tentar segui!los como alguém l os ensinamentos de algum fil:sofo ou ide:logo e fa" o mesmo. o cristianismo h$ uma pessoa real, risto, que fa" algo em n:s interferindo no nosso eu mais profundo. 1assamos a nos incomodar não apenas com o que fa"emos (nossos pecados), mas com o que somos. 8 que fa"emos apenas re%ela o que somos. 1ercebemos também que s: >eus pode fa"er a mudan*a necess$ria em n:s. ;. O 4ristianismo > #i6B4il ou 604il De%estir!se de risto para ser como ele é todo o cristianismo. Ter a felicidade pessoal como o grande ob2eti%o da %ida e ao mesmo tempo buscar ser bom é 2ustamente o que não de%emos fa"er. >e%emos nos entregar totalmente a ele para que ele nos transforme. 8 =nico ob2eti%o da 5gre2a é reabsor%er os homens em risto. <. A2aliar o 4usto A exigncia de >eus para n:s é a perfei*ão, e ele nos dar$ toda a a2uda necess$ria para nos le%ar o mais longe poss'%el neste prop:sito enquanto %i%ermos. "=. oas pessoas ou no2as 4riaturas /e o cristianismo é %erdadeiro por qu todos os cristãos não são melhores que todos os não! cristãos7 8 mundo não é composto de pessoas FNNO cristãs ou não!cristãs. 4uitos cristãos estão come*ando agora e muitos não!cristãos tm %alores morais bem parecidos com o cristianismo@ Toda pessoa é formada por um material humano fruto de sua biologia e hist:ria de %ida que pode ter sido melhor ou pior. A pergunta correta a ser feita é; o que o cristianismo pode produ"ir com o material humano dispon'%el nessa pessoa7 #ou%e melhoria real7 A bondade ou moralidade natural da pessoa não nos 2ustificam diante de >eus, pois são frutos da biologia e hist:ria de cada um, um, e estão su2eitas 3s %aria*+es %aria*+es destes. A pr:pria bondade natural pode ser um empecilho para se reconhecer a dependncia de >eus.
/omente a mudan*a reali"ada por >eus no ser humano é permanente, pois o transforma numa no%a criatura. "". As no2as 4riaturas 8 pr:ximo passo da e%olu*ão humana pode ser o de criatura para filho de >eus.
Cita*+es “É impossível tornar o homem bom pela força da lei; e, sem homens bons, não pode haver uma boa sociedade” p. 9 “!"eus# $uer de n%s um coração de criança, mas uma cabeça de adulto.”p. &'& “()uele )ue se esforça honestamente para ser cristão lo*o percebe )ue sua inteli*+ncia est aprimorada. -m dos motivos pelos )uais não é necessrio *rande estudo para se tornar cristão é )ue o cristianismo é em si mesmo uma educação.” p. &' “-ma das marcas de um certo tipo de mau carter é )ue ele não conse*ue se privar de al*o sem )uerer )ue todo o mundo se prive também.” p. &'/ “0uitos não e1aminam o cristianismo para descobrir como ele realmente é2 sondam3no na esperança de encontrar nele apoio para os pontos de vista de seu partido político. 4uscamos um aliado )uando nos é oferecido um 0estre 3 ou um 5uiz.” p.&&6 “$uando um homem melhora, torna3se cada vez mais capaz de perceber o mal )ue ainda e1iste dentro de si. $uando um homem piora, torna3se cada vez menos capaz de captar a pr%pria maldade. -m homem moderadamente mau sabe )ue não é muito bom; um homem completamente mau acha )ue est coberto de razão.” 7.&/ “8s pecados da carne são maus, mas, dos pecados, são os menos *raves. odos os prazeres mais terríveis são de natureza puramente espiritual2 o prazer de provar )ue o pr%1imo est errado, de tiranizar, de tratar os outros com desdém e superioridade, de estra*ar o prazer, de difamar. :ão os prazeres do poder e do %dio. sso por)ue e1istem duas coisas dentro de mim )ue competem com o ser humano em )ue devo tentar me tornar. :ão elas o ser animal e o ser diab%lico. 8 diab%lico é o pior dos dois. É por isso )ue um moralista frio e pretensamente virtuoso )ue vai re*ularmente < i*re=a pode estar bem mais perto do inferno )ue uma prostituta. É claro, porém, )ue é melhor não ser nenhum dos dois.” 7. &/6 “odos dizem )ue o perdão é belíssimo, até terem al*o a perdoar”. 7. &6 “>enhum homem sabe realmente o )uanto é mau até se esforçar muito para ser bom... É impossível conhecer a força do mal )ue se esconde em n%s até o momento em )ue decidimos enfrent3lo; e ?risto, por ter sido o @nico homem )ue nunca caiu em tentação, é também o @nico )ue conhece a tentação em sua plenitude 3 o mais realista de todos os homens.” 7. &A9 “Bo*o, )uando uma pessoa diz )ue faz al*o para "eus ou lhe d al*o, é como se fosse uma criança pe)uena )ue interpelasse o pai e lhe pedisse2 C7apai, me d+ cin)Denta centavos para lhe comprar um presente de aniversrio.C E claro )ue o pai d o dinheiro e fica contente com o *esto do filho. udo é muito bonito e muito correto, mas s% um imbecil acharia )ue o pai lucrou cin)uenta centavos com a transação.” 7. &9& “:er )ue a natureza F o espaço, o tempo e a matéria F foi criada precisamente a fim de tornar possível a multiplicidadeG :er )ue, para haver uma multidão de espíritos eternos, não é preciso antes fazer muitas criaturas naturais, num universo, para depois espiritualiz3lasG” “Bembre3se do )ue eu disse no ?apítulo sobre a *eração e a criação. >%s não fomos *erados por "eus, mas apenas criados2 em nosso estado natural, não somos filhos de "eus, mas apenas !por assim dizer# esttuas. >ão possuímos zoé, a vida espiritual, mas apenas bíos, a vida biol%*ica, )ue em breve definhar e morrer. ( oferta )ue o cristianismo faz se resume no se*uinte2 se dei1armos "eus a*ir, poderemos vir a compartilhar da vida de ?risto. Então, partilharemos de uma vida )ue foi *erada, não criada; uma vida )ue sempre e1istiu e sempre e1istir. ?risto é o Hilho de "eus. :e : e participarmos desse tipo de vida, também seremos filhos de "eus. (maremos o 7ai como o Hilho H ilho o
ama, e o Espírito :anto despertar em n%s. ?risto veio a este mundo e se fez homem a fim de disseminar nos outros homens o tipo de vida )ue ele possui I por meio da)uilo )ue chamo de Cboa infecçãoC. odo cristão deve tornar3se um pe)ueno ?risto. 8 prop%sito de se tornar cristão não é outro senão esse.” 7. /J criaturas naturais, num universo, para depois espiritualiz3lasG E claro )ue tudo isso são especulaçKes.#” 7. J6 “>isso est todo o cristianismo. >ão h mais nada. É fcil perder esse fato de vista. É fcil pensar )ue a *re=a tem muitos ob=etivos diferentes 3 cuidar da educação, construir edifícios, enviar missKes, or*anizar cerimLnias.... "o mesmo modo, a *re=a s% e1iste para reabsorver os homens em ?risto, para fazer deles pe)uenos ?ristos. E, se isso não acontece, as catedrais, o clero, as missKes, os sermKes, a pr%pria 4íblia não passam de uma perda de tempo. Hoi s% para isso )ue "eus se fez homem. 7ode até ser, saiba voc+, )ue o pr%prio universo tenha sido criado s% para isso. ( 4íblia diz )ue o universo inteiro foi feito para ?risto e )ue todas as coisas devem ser unidas nele.” 7. M3M/ “-m dos peri*os de se ter muito dinheiro é )ue voc+ pode ficar satisfeito com o tipo de felicidade )ue o dinheiro pode comprar e, assim, pode dei1ar de perceber o )uanto precisa de "eus. $uando tudo parece depender do simples ato de assinar um che)ue, voc+ pode se es)uecer de )ue, a cada momento, depende totalmente de "eus. 8ra, é %bvio )ue os dons naturais levam em si um peri*o semelhante. :e voc+ tem um sistema nervoso s%lido, inteli*+ncia, sa@de, popularidade e uma boa criação, é muito provvel )ue fi)ue satisfeito com o seu carter tal como ele é. 7ode per*untar2 C7or )ue meter "eus nissoGC 7ara voc+, não é difícil ter um certo nível de boa conduta. Noc+ não é uma da)uelas criaturas miserveis )ue est sempre tropeçando no se1o, na dipsomania, no nervosismo ou no mau humor. odos dizem )ue voc+ é um cara le*al e !c entre n%s# voc+ concorda com eles. ende a crer )ue toda essa simpatia vem de voc+ mesmo; e não sente a necessidade de um tipo melhor de bondade. E muito comum )ue as pessoas )ue t+m esses bons traços naturais não possam ser levadas a reconhecer o )uanto precisam de ?risto até o dia em )ue sua bondade natural fracassa e sua autoestima vai por *ua abai1o. Em outras palavras, para os )ue são CricosC nesse sentido, é difícil entrar no Oeino.” 7. A3A/ “( Cbondade naturalC 3 uma personalidade sadia e inte*rada F é uma coisa e1celente. 7or todos os meios )ue a medicina, a educação, a economia e a política nos pKem < disposição, temos de procurar produzir um mundo em )ue o maior n@mero possível de pessoas cresçam CboasC 3 assim como temos de tentar produzir um mundo em )ue todos tenham o bastante para comer. 0as não devemos pensar )ue, mesmo )ue nos fosse possível fazer com )ue todos fossem bons, estaríamos salvando as almas de todos. -m mundo de pessoas boazinhas, satisfeitas com a pr%pria bondade natural, ce*as para tudo o mais, olhando para lon*e de "eus, estaria tão necessitado de salvação )uanto um mundo de infelicidade F e talvez fosse até mais difícil de salvar.” 7. A 6 “:em d@vida, o mundo e1terior pensa o contrrio. 7ensa )ue estamos morrendo de velhice. 0as não é a primeira vez )ue esse pensamento lhe ocorre. 5 lhe ocorreu pensar )ue o cristianismo estava morrendo por causa das perse*uiçKes e1ternas, da corrupção interna, da ascensão do islamismo, da ascensão das ci+ncias físicas, do sur*imento dos *randes movimentos revolucionrios anticristãos. Em cada um desses casos, porém, o mundo se decepcionou. :ua primeira decepção foi a crucificação2 o Pomem ressuscitou. Em certo sentido 3 e sei muito bem )ue isso deve parecer terrivelmente in=usto aos olhos do mundo 3, esse mesmo fato vem se repetindo desde então. 8 mundo continua matando a)uilo )ue 5esus fundou; e a cada vez, )uando est alisando a terra por cima da cova, ouve dizer de repente )ue a)uilo ainda est vivo e sur*iu de novo em al*um outro lu*ar. >ão admira )ue o mundo nos odeie.” 7. 9/ “:e voc+ buscar a si mesmo, no fim s% encontrar o %dio, a solidão, o desespero, a f@ria, a ruína e a podridão. :e buscar a ?risto, o encontrar; e, =unto com ele, encontrar todas as coisas.” 7. /'' Oesumo2 "aniel :olano de 8liveira