Erros mais comuns De questões gramaticais até construção textual, alguns equívocos podem zerar sua nota
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o processo de aprendizagem e preparação, é natural o surgimento de dúvidas, sem contar as diversas vezes em que o método mais eficiente será o de tentativa e erro. No entanto, na hora da prova oficial, é necessário se lembrar de tudo aquilo que foi estudado e pesquisado para que o texto seja o melhor possível. Evite os equívocos que descontam pontos e até mesmo aqueles que podem gerar uma nota zero.
EMPREGO DE GÍRIAS E ABREVIAÇÕES ABREVIAÇÕES Com a inserção das redes sociais na rotina roti na de muitos jovens, a grafia completa das palavras e a preocupação com os padrões da língua portuguesa perderam
es paço. espaç o. Exp Expre ress ssõe õess co como mo “tb “tbm” m”, “vc “ vc””, “né” “ né”, “da “ daí” í”, “ct “ ctz” z”, “mto”, “tá ligado” l igado”, “tipo ass assim” im” são s ão proibi pr oibidas! das! Uma dica é escrever sempre à mão os textos de simulação.
ESCREVER SEM PLANEJAR Para Claudine Alves Willemann, professora de Português e Redação do Colégio Vértice, Vértice, um dos maiores problemas dos candidatos está no encadeamento das ideias selecionadas para compor o texto, pois a maioria dos estudantes não planeja sua produção, simplesmente escreve. “É importante, após a leitura da proposta e dos textos motivadores, que o candidato parta de um pressuposto, ou seja, de um posicionamento diante do assunto. Aprenda Fácil! Fácil! 7 •
REPETIÇÃO DE PALAVRAS Utilizar muitas vezes os mesmos termos acaba influenciando a leitura do texto, além de demonstrar vocabulário pobre. Tente variar nas conjunções (mas, porém, todavia, portanto, sendo assim, dessa forma) e nos termos importantes para o tema. “O descuido com a linguagem é inimigo quando se pretende fazer um bom texto, portanto os estudos de gramática e a leitura devem ser s er constantes” cons tantes”, pontua pontu a Andressa Tioss Tiossi,i, coordenadora de Redação do Curso Poliedro. Alex Nascimento, professor de Redação Canal do Enem, acrescenta que ocorrem com frequência erros relacionados ao trabalho de coesão textual, frases longas e confusas, períodos incompletos, além dos erros de ortografia e acentuação gráfica.
DIRECIONAMENTO DA PROPOSTA
A partir de então, deve selecionar argumentos para fundamentá-lo. Os argumentos devem ser pautados em fatos reais e concretos, podendo ser feitos por meio de um exemplo, de uma comparação, de dados estatísticos ou de uma citação de uma autoridade (desde que articulada articul ada à discussão)” discu ssão)”, explica explic a a profissional. profissi onal.
MAU USO DO TEMPO A orientação é que a redação seja feita antes dos cadernos de questões para que a mente esteja focada e não exista pressa para essa etapa tão importante i mportante da prova. “Por conta do nervosismo, uma leitura desatenta ou ansiosa pode impedir uma boa produção. Nesse caso, manter ma nter a concentração conc entração é fundamental” fundamenta l”, comenta Juliana Alves, professora de Português e Redação do Colégio Mater Dei. Dessa forma, treinar para que o texto seja escrito entre 70 e 80 minutos é essencial para se acostumar com as condições existentes nos exames. Aqueles alunos que demoram além da conta na redação ficam sem tempo para as demais questões. Já aqueles que deixam para depois, podem estar cansados e não conseguir articular as ideias. 8 Aprenda Fácil! •
De acordo com Alex, quando se exige um texto argumentativo, é preciso se posicionar com relação ao tema, apresentando uma tese. “Muitos alunos acabam por produzir um trabalho exclusivament exclusivamentee dissertativo, ao invés de um argumentati ar gumentativo” vo”, analisa analis a o profissional. profiss ional. Para Andressa, entre os erros mais comuns e, normalmente, mais prejudiciais, estão aqueles que levam um candidato a pautar toda a sua produção somente em referências externas, sem manifestar mais objetivamente um posicionamento próprio diante de um tema. “Ainda “Ainda que dissertações-argumenta dissertações-argumentativas tivas nesse formato sejam possíveis, não se pode prescindir de um ponto de vista autoral claro, que embase inclusive as escolhas esco lhas e a organizaçã or ganização o dos elementos ele mentos externos” ext ernos”, reiteira. A profissional ainda destaca que outro problema comum é o excesso de ideias apresentadas sem um desenvolvimento adequado. “O “O candidato deve se lembrar de que a qualidade daquilo que mostra é sempre mais importante do que a quantidade quanti dade de informações”, aconselha. aco nselha.
REDAÇÕES ZERADAS REDAÇÕES Na Fuvest “Além das redações em branco, receberão nota zero textos que desenvolverem tema diverso do que foi solicitado, ou que não atenderem à modalidade discursiva indicada. Serão passíveis de receber nota zero também os textos com extensão claramente abaiabai xo do limite estabelecido nas instruções da prova ou que apresentarem elementos verbais ou visuais não relacionados relaci onados com o tema da redação” redaçã o”, prevê o Manual do Candidato de 201 2018. 8.
Na Unesp
“Será atribuída nota zero à redação que: a) fugir ao tema e/ou gênero propostos; b) apresentar nome, rubrica, assinatura, sinal, iniciais ou marcas que permitam a identificação do candidato; c) estiver em branco; d) apresentar textos sob forma não articulada verbalmente (apenas com desenhos, números e/ou palavras soltas); e) for escrita em outra língua que não a portuguesa; f) apresentar letra ilegível e/ou incompreensível; g) apresentar o texto definitivo fora do espaço reservado para tal; h) apresentar 7 (sete) linhas ou menos (sem contar o título); i) for composta integralmente por cópia de trechos da coletânea ou de quaisquer outras partes da prova; j) apresentar formas propositais de anulação, como impropérios, trechos jocosos ou a recusa explícita em cumprir o tema proposto” pr oposto”, afirma o Manual do CandiCand idato de 2017.
No Enem “A redação receberá nota 0 (zero) se apresentar uma das características a seguir: • fuga total ao tema; • não obe obediê diência ncia à est estrut rutura ura diss disser ertat tativo ivo-ar -argum gument entativ ativa; a; • extensão de até 7 linhas; • cópia de texto motivador; • impropérios, desenhos e outras formas propositais
de anulação; • parte deliberadamente desconectada do tema pro -
posto; • desrespeito aos direitos humanos; e • folha de redação em branco, mesmo que haja texto
escrit o na folha de rascunh escrito r ascunho” o”, determina determi na a Cartilha do do Participante – Enem 2016. No mesmo documento, formulado pela Diretoria de Avaliação da Educação Básica (DAEB), são elencados exemplos de propostas que receberam nota 0 (zero) na redação do Enem 201 2015. 5. Algumas passagens, que ferem os Direitos Humanos: • “ser massacrado na cadeia”; • “deve sofrer os mesmos mesm os danos causados à vítima,
não em todas as situações, mas em algumas ou até mesmo a pena de morte”; • “fazer “fazer sofrer da mesma forma a pessoa que comete
esse crime”; • “de “deve veria ria ser fe feita ita a mes mesma ma coi coisa sa com ess esses es mar margin ginais ais”; ”; • “as mulhere mulheres s fazere fazerem m justiça justiça com as própria próprias s mãos”; mãos”; • “merecem apodrecer na cadeia”; cadeia”; • “muitos dizem [...] devem ser castrados, seria uma
boaa idei bo id eia” a”.
PONTOS PRINCIPAIS Considerando os aspectos pertinentes aos textos geralmente propostos, Giselle Dinardo, professora de Redação do Colégio EMECE, resume quais são consi- derados erros frequentes: 1. a troca de gêneros requisitados; requisitados; 2. a fuga dos temas propostos; 3. o uso impróprio da linguagem, de certas expressões e gírias; 4. o uso de clichês, provérbios e frases com base em ideias estereotipad estereotipadas; as; 5. a presença de discurso panfletário; panfletário; 6. uso de citações sem critérios; 7. o exagero em informações, fato que pode causar confusão de ideias; 8. redundância redundâncias; s; 9. erros de Língua Portuguesa, tais como: sintaxe de concordância, concordânc ia, de colocação, ortografia, acentuação, pontuação,, uso das regras gramaticais; pontuação 10. falhas quanto à coerência do texto, clareza de ideias, argumentação frágil, falta de coesão e de pro- gressão na argumentação.
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PROPOSTAS DE REDAÇÃO COMEN COMENTTADAS Comentários: Andressa Tiossi e Gabriela de Araújo Carvalho, coordenadoras de Redação do Curso Cur so Poliedro; Amanda Rix, professora de Redação do curso Poliedro; Claudine Alves Willemann, professora de Português e Redação do Colégio Vértice; Vértice; Giselle Dinardo, professora de Redação do Colégio EMECE; Juliana Alves, professora de Port Português uguês e Redação do Colégio Mater Dei; Victor Ávila, Ávila, professor de Língua Portuguesa do Colégio Eniac.
PROPOSTA DE REDAÇÃO – ENEM 2016 – 1ª APLICAÇÃO TEXTOS MOTIVADORES TEXTO I Em consonância com a Constituição da República Federativa do Brasil e com toda a legislação que assegura a liberdade de crença religiosa às pessoas, além de proteção e respeito às manifestações religiosas, a laicidade do Estado deve ser buscada, afastando a possibilidade de interferência de correntes religiosas em matérias sociais, políticas, culturais etc. Disponível em: www.mprj.mp.br. Acesso em: 21 maio 2015 (fragmento).
TEXTO II O direito de criticar dogmas e encaminhamentos é assegurado como liberdade de expressão, mas atitudes agressivas, ofensas e tratamento diferenciado a alguém
em função de crença ou de não ter religião são crimes inafiançáveis e imprescritíveis. STECK, J. Intolerância religiosa é crime de ódio e fere a dignidade. Jornal do Senado. Acesso em: 21 maio 201 2016 6 (fragmento).
TEXTO III CAPÍTULO I Dos Crimes Contra o Sentimento Religioso Ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele el e relativo Art. 208 – Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função funçã o religiosa; impedir impedi r ou perturperturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso: Pena – detenção, de um mês a um ano, ou multa. Parágrafo único – Se há emprego de violência, a pena é aumentada de um terço, sem prejuízo da correspondente à violência. BRASIL. Código Penal. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 21 maio 2016 (fragmento).
TEXTO IV
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PROPO STA PROPOST A DE REDAÇÃ REDAÇÃO O A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argum diss ertativo-argumentativo entativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Caminhos para combater a intolerância religiosa no Brasil” Brasil ”, apresentando apresent ando proposta propo sta de intervenção interv enção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. COMENTÁRIOS DA PROFESSORA CLAUDINE ALVES WILLEMANN: A intolerância religiosa, embora não muito noticiada, é bastante frequente entre os cidadãos, como pode ser observado no último texto presente na coletânea. Por se tratar de um texto pequeno (apenas 30 linhas), o ideal é trabalhar com dois argumentos muito bem selecionados e diversificados para fundamentar sua opinião. Para finalizar a produção, deve-se elaborar sua proposta de intervenção. Espera-se que o candidato sugira algo exequível. Elementos necessários: ação – o que fazer; agente – quem fará; meio – como a ação será desenvolvida; finalidade – para que essa ação será feita. A correção do Enem é bastante criteriosa, apresentando uma grade de correção que avalia cinco competências do candidato (I – Domínio da norma culta; II – Compreensão da proposta e desenvolvimento do tema dentro do gênero dissertativo-argumentativo; III – Argumentação; IV – Mecanismos linguísticos; V – Proposta de Intervenção), pontuando de 0 a 200 pontos em cada competência, totalizando 1000 pontos. Sobre a coletânea, é importante observar as referências bibliográficas dos textos motivadores, pois mostram a fonte, a origem do discurso apresentado. Como podemos ver, todas são oriundas do governo. COMENTÁRIOS DA PROFESSORA ANDRESSA COMENTÁRIOS TIOSSI: O tema é bastante claro e parte de uma premissa que precisa ser abordada pelo candidato: há intolerância religiosa em nosso país; isso significa que não há possibilidades de refutação da temática sob hipótese alguma. Os textos de apoio são bastante completos e dão margem a diversos caminhos de discussão, discus são, entre eles o majoritário preconceito para com as religiões de raízes afro-brasileiras, que, se abordado com profundidade, pode render uma ótima análise. Só não se pode esquecer da menção à intolerância diante de outras religiões. Não há, então, grande necessidade de conhecimentos prévios. É fundamental, ainda, que o candidato se apoie na
ideia de que muitas das práticas de intolerância em questão são crimes, além de desrespeitarem direitos básicos dos cidadãos. Ainda: há extrema rigidez quanto ao uso adequado da linguagem, portanto, se sairá melhor o candidato que mostrar pleno domínio do registro formal da língua.
EXEMPLO DE REDAÇÃO NOTA 1000 Bernardo Lucas Pinñon de Manfredi, nota 100 1000 0 no Enem 2016: Sob o olhar das raízes O Brasil é mundialmente reconhecido por sua diver di ver- - sidade religiosa. Ao longo da sua formação e com as influências externas e internas, o país tornou-se um grande exemplo de miscigenação, evidenciando a sua riqueza cultural. Porém, apesar desses fatos, o Brasil sofre com um grave problema de intolerân- cia religiosa, formado pelo reflexo de uma filosofia etnocêntrica marcada nas raízes da sociedade bra- sileira. Como combater esta realidade que implica na harmonia? Primeiramente, é preciso entender que a intolerân- cia religiosa começa na educação, ou seja, na falta de conhecimento das religiões. As famílias costumam seguir as religiões tradicionais, no caso o cristianismo, e adotam uma filosofia etnocêntrica. Essa adoção é influenciada por preconceitos históricos, como racis- mo, e baseada num processo radical de “cristianizar” o Brasil. A partir disso, todas as outras religiões são consideradas inferiores e acabam sofrendo um total desrespeito, sendo vítimas de violência. Além disso, é necessário analisar o choque entre o Estado laico e o conservadorismo social. Apesar de o cidadão ser constitucionalmente livre para escolher sua religião, os conservadores (muitos deles políticos, padres e pastores) obrigam que tal indivíduo siga o ritual referente, e pior, pregando atos fundamentalistas e modificando a conduta dos fiéis. Há também uma silenciosa mistura de política com religião, fazendo instensificar a intolerância por meio de discurso pre- conceituoso e desmoralizador que afeta o olhar para as diferenças e o convívio entre elas. Diante desse grave cenário é possível compreender que a intolerância religiosa no Brasil está enraizada e deve, portanto, ser combatida. É necessário implantar o ensino de religião em todas as escolas de fundamental e médio formando os jovens dotados de conhecimento sobre a diversidade religiosa no país e assim ajudar a combater a intolerância. Além disso, deve-se criar ONGs de parceria com o Estado e a Unesco, fazendo valer a laicidade e fornecer projetos culturais que influenciem um novo olhar das pessoas, entendendo melhor as Aprenda Fácil! Fácil! 23 •
diferenças, e assim combater o radicalismo que tanto prejudica a harmonia da sociedade.
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA CLAUDINE ALVES WILLEMANN: O texto parte da noção de que a intolerância religiosa no Brasil é reflexo de uma filosofia etnocêntrica enraizada na cultura brasileira. Tal Tal pressuposto press uposto é fundamentado com dois argumentos, sendo o primeiro a falta de conhecimento sobre as diversas religiões existentes no país, devido a predominância do cristianismo. O segundo é pautado na laicidade do Estado, que, devido ao conservadorismo, à política e à religião, que muitas vezes se fundem, existem discursos preconceituosos. Ao concluir seu texto, o candidato propões duas medidas, ambas voltadas para o primeiro argumento, sendo elas a implementação de de aulas sobre as diversas religiões do país e a existência de projetos culturais que promovam um novo olhar das pessoas sob questões religiosas. Sobre seu texto é importante observar algumas questões: -Não havia necessidade de encerrar o primeiro parágrafo com o questionamento “Como combater esta (o correto seria ESSA) ES SA) realidade que implica impli ca na harmonia?”, pois correu o risco de construir um texto injuntivo, composto por propostas. Além disso, a pergunta é bastante próxima ao tema e não apresenta função nesse trecho do texto. Portanto, Portant o, totalmente desnecessária; desnecess ária; -Com relação ao segundo, pode-se afirmar que não se trata de um argumento forte, pois falta comprovação. Poderia ter citado como exemplo o Estatuto da Família, aprovado em 2015. -Quanto à proposta, na primeira o candidato apresenta apenas uma ação e sua finalidade, faltando o agente e o meio. Já a segunda proposta apresenta agente (ONGs em parceria com o Estado e a Unesco), ação (projetos culturais), finalidade (para influenciar um novo olhar, a fim de se combater o radicalismo), faltando, portanto, o meio. Trata-se de um bom texto, mas que, como visto, há aspectos a serem aprimorados, principalmente com relação à argumentação e à elaboração da proposta. COMENTÁRIOS DO PROFESSOR COMENTÁRIOS PRO FESSOR VICTOR ÁVILA: ÁVILA: De forma bastante organizada, Bernardo constrói uma redação clara e objetiva, defendendo a tese de que a intolerância religiosa no Brasil decorre de um processo histórico de longa data. Para isso, fundamenta seu ponto de vista em diferentes argumentos e utiliza de dados visíveis da nossa sociedade, como a falta do estudo das religiões na formação escolar. Bernardo soube utilizar da estrutura padrão da dissertação, pois introduz o tema e apresenta sua tese no primeiro parágrafo; no segundo e terceiro parágrafos, 24 Aprenda Fácil! •
fundamenta seu posicionamento por meio de argumentos e, no quarto e último, elabora uma conclusão para o tema, oferecendo diferentes propostas de solução para o problema apresentado. Bernardo elaborou uma redação coesa e coerente, sem desvios da norma-padrão, organizando e relacionando suas ideias nos moldes de um texto dissertativo. Por fim, propôs soluções possíveis e reflexivas para o problema. São estes elementos que, sem a necessidade de recorrer a um eruditismo demasiado, tornam possíveis a nota máxima na redação Enem.
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA ANDRESSA COMENTÁRIOS TIOSSI: Já na introdução do texto, o candidato apresenta o tema mostrando conhecimentos históricos de modo organizado e bem articulado ao posicionamento assumido; estes recursos passam credibilidade. O primeiro parágrafo de desenvolvimento corresponde a uma ideia previamente mencionada, o que mostra progressão do raciocínio; além disso, a ideia abordada mescla referências referências históricas com uma análise cultural que, embora sintetizada, funciona para problematizar o tema. Na sequência, o candidato parte para uma discussão interessante e que vai além do que os textos de apoio fornecem: a laicidade do Estado. Desse modo, mostra-se crítico o suficiente para o cumprimento do que lhe foi pedido. A conclusão sugere intervenções que solucionariam com provável eficácia os problemas apontados nos parágrafos argumentativos. O aspecto sobressalente nesta redação é o planejamento, o candidato mostra-se capaz de selecionar e organizar as informações do início ao fim de modo articulado e objetivo, deixando-as claras ao leitor. Vale também comentar que há raros desvios de linguagem, o que contribui não apenas para a nota máxima, mas também para a qualidade do texto. Laryssa Cavalcanti Cavalcanti De Barros E Silva, nota 1000 no Enem 2016: O ser humano é social: necessita viver em comunidade e estabelecer relações interpessoais. Porém, embora intitulado, sob a perspectiva aristotélica, político e naturalmente sociável, inúmeras de suas antiéticas práticas corroboram o contrário. No que tange à ques- tão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a intolerância no Brasil, a qual é resul- tado da consonância de um governo inobservante à Constituição Federal e uma nação alienada ao extremo. Não obstante, apesar de a formação brasileira ser oriunda da associação de díspares crenças, o que é fruto da colonização, atitudes preconceituosas acarre- tam a incrédula continuidade de constantes ataques
a religiões, principalmente de matriz africana. Diante disso, a união entre uma pátria cujo obsoleto ideário ainda prega a supremacia do cristianismo ortodoxo e um sistema educacional em que o estudo acerca das disparidades religiosas é escasso corrobora a cristali- zação do ilegítimo desrespeito à religiosidade no país. Sob essa conjectura, a tese marxista disserta acer- ca da inescrupulosa atuação do Estado, que assiste apenas a classe dominante. Dessa forma, alienados pelo capitalismo selvagem e pelos subvertidos valores líquidos da atualidade, os governantes negligenciam a necessidade fecunda de mudança dessa distópica realidade envolta na intolerância religiosa no país. Assim, as nefastas políticas públicas que visem a coi- coi - bir o vilipêndio à crença – ou descrença, no caso do ateísmo – alheia, como o estímulo às denúncias, por exemplo, fomentam a permanência dessas incoeren- tes práticas no Brasil. Porém, embora caótica, essa situação é mutável. Convém, portanto, quem primordialmente, a socie- dade civil organizada exija do Estado, por meio de protestos, a observância da questão religiosa no país. Desse modo, cabe ao Ministério da Educação a criação de um programa escolar nacional que vise a contemplar as diferenças religiosas e o respeito a elas, o que deve ocorrer mediante o fornecimento de palestras e peças te- atrais que abordem essa temática. Paralelamente, ONGs devem corroborar esse processo a partir da atuação em comunidades com o fito de distribuir cartilhas que informem acerca das alternativas de denúncia dessas desumanas práticas, além de sensibilizar a pátria para a luta em prol de tolerância religiosa.
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA CLAUDINE ALVES WILLEMANN: O texto apresenta vocabulário bastante rebuscado e diversificado, além de atender às regras da norma padrão, o que comprova que a candidata provavelmente tem o hábito da leitura, pois apresentou uma escolha lexical adequada e uma tese bem elaborada com relação ao assunto, fundamentando-a com bons argumentos. Seu primeiro argumento, como pode ser visto na última afirmação do primeiro período, é oriundo da coletânea. Porém, não se trata de uma simples paráfrase. A autora soube interpretar o gráfico e utilizá-lo a favor de sua tese, dando à informação indícios de autoria. Seu segundo argumento é empregado no intuito de reforçar o primeiro, porém, dessa vez, a candidata apresenta informações oriundas de seu repertório sociocultural, visando fundamentar a afirmação de que o governo é negligente em questões ligadas à intole-
rância religiosa. Entretanto, nesse parágrafo, poderia ter empregado um recurso argumentativo, como uma exemplificação, que comprovasse as afirmações feitas. Sua conclusão é muito bem elaborada, apresentando três propostas de intervenção, referentes à discussão promovida no desenvolvimento desenvolvimento.. Todas elas bastante completas, como se pode avaliar a seguir: Proposta 1: Sociedade civil
AGENTE AÇÃO
Exigir do estado a observância da questão religiosa no país Protestos
MEIO Proposta 2: AGENTE
AÇÃO
Ministério da Educação Criar um programa escolar nacional que vise contemplar as diferenças religiosas e o respeito a elas
Fornecimento de palestras e peças teatrais que abordem a temática Proposta 3: ONGs AGENTE MEIO
AÇÃO
MEIO
Atuação em comunidades para informar acerca das alternativas de denúncia dessas práticas desumanas; Sensibilizar a pátria para lutar em prol da tolerância religiosa Distribuição de cartilhas
Atualmente, o Enem não exige mais três propostas de intervenção como o fez no ano de 201 2015. 5. É importante que o candidato a elabore de acordo com seu posicionamento e com a discussão promovida pr omovida no decorrer do texto, apresentando agente, ação, meio, finalidade e detalhamento da proposta.
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA ANDRESSA COMENTÁRIOS TIOSSI: Já no parágrafo introdutório, a candidata chama atenção pelo domínio de linguagem evidenciado, além de mostrar-se clara quanto ao posicionamento que Aprenda Fácil! Fácil! 25 •
pretende sustentar ao longo do texto; ainda: associa aos seus raciocínios referências externas de modo coerente.Tais aspectos conferem c onferem credibilidade às reflexões desde o início. Embora a candidata não mantenha o enfoque no desenvolvimento das ideias iniciais (inobservância governamental e alienação), ela retoma tais aspectos nos parágrafos de desenvolvimento, além de complementá-los com outras características sociais que contribuem para a manutenção do problema. É importante ressaltar que o texto ganha muito em forma, mas que a candidata demonstra propriedade para tratar das informações apresentadas, muitas delas oriundas de um repertório sociocultural abrangente. abr angente. A proposta de intervenção, por fim, é muito organizada, detalhada e suficientemente articulada com os problemas apontados na discussão, o que garante sua consistência e o cumprimento de tudo o que é exigido pela prova.
COMENTÁRIOS DO PROFESSOR COMENTÁRIOS PR OFESSOR VICTOR ÁVILA: ÁVILA: Estruturado em quatro parágrafos, seguindo o modelo padrão de um texto dissertativo-argumentativo, Laryssa compôs um texto coerente, no qual as ideias estão todas relacionadas e direcionadas para defender a tese de que “No que tange à questão religiosa no país, em contraposição à laicização do Estado, vigora a intolerân in tolerância cia no Brasil B rasil””. Apesar da excepcional organização coesa e coerente das suas ideias, salta aos olhos a profundidade das ideias apresentadas pela estudante que extrapola, em muito, as referências oferecidas pela coletânea, e, com isso, apresenta diferentes conceitos da sua bagagem estudantil pessoal. Essa rica bagagem intelectual reverbera, também, no léxico da estudante que poss ui um enorme acervo de referências e construções, evitando repetições de termos e expressões. Um erro que era possível Laryssa cometer seria oscilar o seu registro de linguagem, ou seja, iniciar o texto recorrendo a um linguajar mais rebuscado e culto, para, no final, utilizar termos e construções mais comuns. Entretanto, Laryssa mantém o rebuscamento linguístico com o qual inicia e atinge seu objetivo: estruturar um texto dissertativo-argumentativo para discutir a questão da intolerância religiosa no Brasil e propor soluções concretas para isso. PROPOSTA – ENEM 2016 – 2ª APLICAÇÃO TEXTOS MOTIVADORES TEXTO I Ascendendo à condição de trabalhador livre, antes 26 Aprenda Fácil! •
ou depois da abolição, o negro se via jungido a novas formas de exploração que, embora melhores que a escravidão, só lhe permitiam integrar-se integrar-se na sociedade e no mundo cultural, que se tornaram seus, na condição de um subproletariado compelido ao exercício de seu antigo papel, que continuava sendo principalmente o de animal de serviço. [...] As taxas de analfabetismo, de criminalidade e de mortalidade dos negros são, por isso, as mais elevadas, refletindo o fracasso da sociedade brasileira brasilei ra em cumprir, na prática, seu ideal professado de uma democracia racial que integrasse o negro na condição de cidadão indiferenciado dos demais. RIBEIRO, D. O povo brasileiro: a formação e o sentido do Brasil. São Paulo: Companhia das Letras, 1995 (fragmento).
TEXTO II LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989 Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor Art. 1º — Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. TEXTO III
TEXTO IV O que são ações afirmativas? Ações afirmativas são políticas públicas feitas pelo governo ou pela iniciativa privada com o objetivo de corrigir desigualdades raciais presentes na sociedade, acumuladas ao longo de anos. Uma ação afirmativa busca busc a oferecer igualdade de opor-
tunidades a todos. As ações afirmativas podem ser de três tipos: com o objetivo de reverter a representação negativa; para promover igualdade de oportunidades; e para combater o preconceito e o racismo. Em 2012, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu por unanimidade que as ações afirmativas são constitucionais e políticas essenciais para a redução de desigualdades e discriminações existentes no país. No Brasil, as ações afirmativas integram uma agenda de combate à herança histórica de escravidão, segregação racial e racismo contra a população negra. Disponível em: www.seppir.gov.br. Acesso em: 25 maio 2016 (fragmento).
PROPOSTA DE REDAÇÃO A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema “Caminhos para combater c ombater o racismo rac ismo no Brasil” Bra sil”, apresentando apresen tando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. COMENTÁRIOS DA PROFESSORA CLAUDINE ALVES WILLEMANN: Assim como a proposta da primeira aplicação, o Enem abordou um problema social de grande relevância em nosso país: o racismo. A coletânea, como característico dessa prova, contou com textos motivadores, oriundos, em sua maioria, de fontes ligadas ao governo, exceto o texto I. É bastante ampla, abordando diversos aspectos do tema, o que torna a prova exequível a qualquer candidato. Entretanto, vale lembrar que aqueles que leem e apresentam repertório são capazes de posicionar posicionar-se -se criticamente diante do tema e de defender seu posicionamento com argumentos fortes, pautados em fatos, exemplos e comparações. COMENTÁRIOS DA PROFESSORA ANDRESSA TIOSSI: Novamente, aqui, há uma premissa a ser abordada pelo candidato: há racismo em nosso país; isso significa que não há possibilidades de refutação da frase temática. Nesse caso, os textos de apoio dão subsídios para que as discussões perpassem problemas históricos, como a escravidão, além de seus reflexos ainda hoje – atualizar a discussão é fundamental –, como as desigualdades nas diversas esferas sociais (ensino, mercado de trabalho, representatividade, entre outros). Há, também, cometimento de violências simbólicas e físicas, de crimes, além do ferimento a direitos básicos; todos aspectos que podem render boa problematização.
COMENTÁRIOS DO PROFESSOR VICTOR ÁVILA: COMENTÁRIOS Para sua segunda aplicação em 2016, o objetivo foi verificar a capacidade dos estudantes de assumir um ponto de vista e, com isso, construir textos dissertativo-argumentativos coesos e coerentes para, por fim, apresentar medidas de solução. Os vestibulandos na prova do Enem devem tomar cuidado com o recorte temático proposto, ou seja, no caso dessa segunda aplicação, é necessário discutir a questão do racismo no Brasil, observando dados da nossa realidade, sem recorrer apenas a discussões mais universais sobre a existência do racismo em outros países. O estudante pode utilizar dados além da realidade brasileira, entretanto, sua discussão deve estar centrada no nosso Brasil, assim como nas suas propostas de solução devem ser medidas que sejam viáveis à nossa realidade. Deve-se ter atenção a isso, pois é recorrente aos estudantes a falta de atenção para com o recorte, deixando de lado um dos comandos apresentados pela prova, o que implica em desconto na nota. PROPOST PROPO STA A DE REDAÇÃ REDAÇÃO O – FUVEST FUVEST 2017 – 2ª FA FASE SE Examine o texto* abaixo, para fazer sua redação. Resposta à pergunta: O que é Esclarecimento? Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de servirse de seu próprio entendimento sem direção alheia. O homem é o próprio culpado dessa menoridade quando ela não é causada por falta de entendimento mas, sim, por falta de determinação e de coragem para servirse de seu próprio entendimento sem a tutela de um outro. Sapere aude!** Ousa fazer uso de teu próprio entendimento! Eis o lema do Esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas de que a imensa maioria dos homens, mesmo depois de a natureza já os ter libertado da tutela alheia, permaneça de bom grado a vida inteira na menoridade. É por essas mesmas causas que, com tanta facilidade, outros homens se colocam como seus tutores. É tão cômodo ser menor. Se tenho um livro que faz as vezes de meu entendimento, se tenho um diretor espiritual que assume o lugar de minha consciência, um médico que por mim escolhe minha dieta, então não preciso me esforçar. Não tenho necessidade de pensar, se é suficiente pagar. Outros se encarregarão, em meu lugar, dessas ocupações aborrecidas. A imensa maioria da humanidade considera a passagem para a maioridade, além de difícil, perigosa, porque aqueles tutores de bom grado tomaramna sob sua supervisão. Depois de terem, primeiramente, emburrecido seus animais domésticos e impedido cuidadosamente essas dóceis criaturas de darem um passo sequer fora do andador de crianças em que os colocaram, seus tutores mostramlhes, em seguida, seguida , o perigo que é tentarem andar Aprenda Fácil! Fácil! 27 •
sozinhos. Ora, esse perigo não é assim tão grande, pois aprenderiam muito bem a andar, finalmente, depois de algumas quedas. Basta uma lição desse tipo para intimidar o indivíduo e deixálo temeroso de fazer novas tentativas. Immanuel Kant * Para o excerto aqui apresentado, foram utilizadas as traduções de Floriano de Sousa Fernandes, Luiz Paulo Rouanet e Vinicius de Figueiredo. ** Sapere aude: cit. lat. de Horácio, que significa “Ousa “Ousa sabe sa ber” r”. Estes são os parágrafos iniciais de um célebre texto de Kant, nos quais o pensador define o Esclarecimento como a saída do homem de sua menoridade, o que este alcançaria ao tornarse capaz de pensar de modo livre e autônomo, sem a tutela de um outro. Publicado em um periódico, no ano de 1784, o texto dirigiase aos leitores em geral, não apenas a especialistas. Em perspectiva histórica, o Esclarecimento, também chamado de Iluminismo ou de Ilustração, consiste em um amplo movimento de ideias, de alcance internacional, que, firmandose a partir do século XVIII, procurou estender o uso da razão, como guia e como crítica, a todos os campos da atividade humana. Passados mais de dois séculos desde o início desse movimento, são muitas as interrogações quanto ao sentido e à atualidade do Esclarecimento. Com base nas ideias presentes no texto de Kant, acima apresentado, e valendose tanto de outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: O homem saiu de sua menoridade? Instruções: A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível. Não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de redação. Dê um título a sua redação.
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA COMENTÁRIOS PROFESS ORA JULIANA ALVES: O texto de Imannuel Kant, de 1784, tem a intenção de expor ao leitor o conceito de Esclarecimento como uma espécie de liberdade intelectual do homem sobre a qual ele próprio é responsável. Basicamente, o filósofo afirma ser a menoridade uma espécie de vício a que o próprio homem se condena, pois, sendo livre para lutar por seus direitos e ideais de justiça, prefere permanecer na aceitação e na mediocridade, pois há aqueles que assumem tarefas e as executam em seu lugar. Esse texto sobre Esclarecimento traz uma série de 28 Aprenda Fácil! •
reflexões sobre as situações que vivemos em nosso cotidiano. Pode-se explorar, por exemplo, o momento político e como a população se posiciona em relação às decisões e propostas governamentais. De que forma nos posicionamos diante dessas situações que tanto nos prejudicam, direta e indiretamente? Quais as nossas reações diante das pressões e dos domínios exercidos pelos mais fortes, ainda nos dias de hoje? Essas são algumas possibilidades de reflexão que podem engendrar a construção de argumentos. Se o candidato compreendeu o que se pede nesta proposta e se preparou adequadamente no que diz respeito à leitura e aos gêneros textuais, já pode planejar sua produção com mais segurança, considerando os seguintes passos: Quais são as ideias principais presentes no texto de a. Quais a. Kant? Aqui, a competência da interpretação de texto é avaliada. Você pode elaborar um esquema, considerando as principais informações. Que outras ideias posso considerar pertinentes pertinentes quanto b.Que b. a minha observação da realidade (que têm relação com as ideias expostas no texto-base da proposta)? O que tenho visto, lido, observado na sociedade que se relaciona com o tema proposto? (Aqui, cabem as notícias sobre corrupção no país, por exemplo!). Qual é o meu posicionamento sobre o tema? O homem c.Qual c. permanece ou não na menoridade? (Quais argumentos posso construir para sustentar meu ponto de vista?) Podem ser elaborados argumentos de causa e consequência, de analogia, de senso comum. d. Na organização do texto, ainda vale seguir o modelo “introduçã “intr odução-des o-desenvolvi envolvimento-c mento-concl onclusão” usão”, mas não “enges enges-se” sua redação. Procure explorar com a maior sagacidade s agacidade possível os argumentos levantados para sustentar sua tese. (E não se esqueça de conferir se o título que lhe foi dado está adequado ao que foi produzido.)
COMENTÁRIOS DO PROFESSOR VICTOR ÁVILA COMENTÁRIOS A Fuvest é um dos vestibulares de maior envergadura no nosso país e, na sua redação, constantemente apresenta temas de caráter mais filosófico e reflexivo que os demais vestibulares. Com isso, espera observar no aluno um repertório individual que extrapole e dialogue com as ideias apresentadas pelo tema e pelos textos da coletânea. Os critérios de correção para a prova são apenas três: tipo de texto e abordagem; estrutura e expressividade. Solicitada a estrutura dissertativa, o vestibulando deve prezar por uma organização coesa e coerente do texto, respeitando, sempre, a norma culta da linguagem, sem perder de vista as etapas e a estrutura que esse tipo textual requer.
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA GABRIELA CARVALHO: Os temas de Redação propostos pela Fuvest têm geralmente um caráter sociológico, ou seja, analítico. A pergunta-base a ser feita é quase sempre “como o fenômeno descrito pela coletânea pode ser observado na sociedade?””. No caso da Fuvest 2017, essa sociedade? ess a perspectiv per spectivaa não muda: o que se espera é que a partir do texto fornecido como estímulo – de Emmanuel Kant – se observe a sociedade atual; teria o homem, a partir do que se pode observar hoje em dia, saído da chamada “menoridade”? “menoridade”? Vale lembrar um mito que ronda a prova da Fuvest e que a coloca como uma prova que exige Filosofia. Esse olhar é bastante ingênuo dado que a Filosofia já é fornecida. O essencial é o ponto de vista e o posicionamento do candidato. É importante perceber que em nenhum momento a prova pedia um conhecimento prévio do candidato acerca do filósofo filós ofo e de suas ideias já que toda a base foi fornecida. O que se espera é um posicionamento autoral frente à questão proposta. PROPOSTA DE REDAÇÃO – UNESP 2017 – 2ª FASE TEXTO 1 Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]. (Constituição da República Federativa do Brasil. www.planalto.gov.br)
TEXTO 2 Art. 295. Serão recolhidos [...] a prisão especial, à disposição da autoridade competente, quando sujeitos a prisão antes de condenação definitiva: I. os ministros de Estado; II. os governadores ou interventores de Estados ou Territórios, o prefeito do Distrito Federal, seus respectivos secretários, os prefeitos municipais, os vereadores e os chefes de Polícia; III. os membros do Parlamento Nacional, do Conselho de Economia Nacional e das Assembleias Legislativas dos Estados; IV.. os cidadãos inscritos no “Livro de Mérito”; IV V. os oficiais das Forças Armadas e os militares dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios; Territórios; VI. os magistrados; VII. os diplomados por qualquer das faculdades superiores da República; VIII. os ministros de confissão religiosa; IX. os ministros do Tribunal de Contas;
X. os cidadãos que já tiverem exercido efetivamente a função de jurado [...]; os delegados de polícia e os guardas-civis dos EsXI. os XI. tados e Territórios, Territórios, ativos e inativos. i nativos. (Código de Processo Penal. www.planalto.gov.br)
TEXTO 3 A prisão especial, no Brasil, é um instituto que visa favorecer algumas pessoas levando-se em consideração os serviços prestados à sociedade. Esta diferenciação é garantida apenas durante o período em que aguardam o resultado de seu julgamento. Se condenadas, são transfetrans feridas da prisão especial para a prisão comum. Esse tema suscita uma polêmica que divide tanto a opinião pública quanto os políticos e legisladores. A defesa do privilégio da prisão especial para portadores de diploma é feita por autores como Basileu Garcia, ex-professor da Faculdade de Direito da USP, que diz merecer maior consideração pública as pessoas que, “pela sua educação [leia-se: portadores portadores de diploma], maior sensibilidade devem ter para o sofrimento sofrimento no cárcere”. Também Arthur Cogan, ex-procurador de justiça, considera que a prisão especial “não afronta a Constituição, já que a todos os cidadãos estão abertos os caminhos que conduzem à conquista das posições que dão aos seus integrantes a regalia de um tratamento sem o rigor carcerário” carcerário”, ou seja, seja, o autor parece entender que no Brasil quaisquer pessoas, sem exceção, têm condições de, se pretende pretenderem, rem, cursar uma faculdade. (Valquíria Padilha e Flávio Antonio Lazzarotto. “A distinção por trás das grades: reflexões sobre a prisão especial”. https://sociologiajuridicadotne https://sociologiaj uridicadotnet.wordpress.com. t.wordpress.com. Adaptado.) Adaptado. )
TEXTO 4 A desigualdade social se manifesta de diversas formas. A prisão especial para quem tem diploma é uma das mais descaradas. Afinal, se duas pessoas cometem o mesmo crime, mas uma delas estudou mais, esta poderá ficar em uma cela especial, separada dos demais presos até condenação em definitivo. O artigo 5o da Constituição Federal diz que “todos são iguais perante a lei, sem distinção di stinção de qualquer natureza’ natureza’’’. Mas, na prática, a legislação brasileira confere o privilégio de não ficar em cárcere comum para alguns grupos. Em certos casos, como juízes e delegados de polícia, por exemplo, isso faz sentido. Em outros, como os portadores de diploma de curso superior, não. Quem teve acesso à educação formal desfruta de direitos sobre quem foi obrigado, em determinado momento, a escolher entre estudar e trabalhar. Ou que, por vontade própria, simplesmente optou por não fazer uma faculdade. Afinal de contas, só o pensamento limitado é capaz de considerar alguém superior por ter um bacharelado ou uma licenciatura. Aprenda Fácil! Fácil! 29 •
(Leonardo Sakamoto. “Eike Batista, cela especial e o Brasil que q ue discrimina disc rimina por po r anos de estudo” estud o”. http://blogdo http:// blogdo-sakamoto.blogosfera.uol.com.br, 30.01.2017. Adaptado.) Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema: Prisão especial para portadores de diploma: afronta à constituição?
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA ANDRESSA TIOSSI O tema é bastante objetivo e direciona o candidato para uma tomada de posicionamento clara: a resposta “sim” ou “não” “não” acompanhada das justificativas justificati vas para tal escolha. Para fazê-lo, recomenda-se que a resposta completa à pergunta fique explícita. São particularidades do vestibular da Unesp o apreço por um tom mais categórico, taxativo, muito comum em modelos clássicos de dissertação-argumentativa. COMENTÁRIOS DO PROFESSOR VICTOR ÁVILA: COMENTÁRIOS Para avaliar a capacidade de argumentação e articulação de ideias dos estudantes, é solicitado um texto dissertativo na norma-padrão culta que será avaliado pela abordagem da proposta e do tema, pelo desenvolvimento e também pelo domínio da escrita, sendo estes os três critérios de correção da prova. COMENTÁRIOS DA PROFESSORA PROFESSORA JULIANA ALVES: ALVES: A proposta da Unesp é avaliar a distinção feita entre os cidadãos, numa espécie de paradoxo em que são iguais perante a lei, mas diferentes no cumprimento destas. Depois de entender a questão central de cada texto de apoio, pense a proposta. Antes de definir seu posicionamento, o escritor deve retomar (fazendo algumas anotações em esquema, por exemplo) quais conhecimentos ele tem sobre o assunto. Questionamentos também são bem-vindos. É importante que o candidato procure dispensar ao menos 30 minutos para planejar sua tese, pois, assim, haverá tempo para organizar adequadamente o texto no formato essencial de uma dissertação. PROPOSTAS DE REDAÇÃO - UNIFESP 2017 TEXTO 1 Na história, o voto nulo já foi uma bandeira ideológica. Era uma ideia básica dos anarquistas, um dos movimen movimentos tos utópicos que nasceram no século XIX e fizeram sucesso no começo do século XX. Para eles, votar nulo era uma condição para manter a própria liberdade, se recusando a entregá-la na mão de um líder. “Não mais partidos, não mais autoridade, liberdade absoluta do homem e do ci 30 Aprenda Fácil! •
dadão”, pregava o filósofo filós ofo francês fran cês Pierre-Josef Pi erre-Josef Proudhon. Proudh on. O sonho dos anarquistas era uma sociedade soci edade organizada pelas próprias pessoas, sem funcionários, sem autoridades e sem líderes. Hoje, esse discurso utópico parece estar empoeirado. Mas há quem se pergunte se um pouco da utopia da década de 1930 não serviria como uma opção coerente diante de tantos problemas da democracia. A favor ou contra o voto nulo, todos concordam que o atual sistema político do Brasil tem problemas muito mais profundos que a escolha de um ou outro candidato. Segundo o IBGE, mais de 30% dos brasileiros não sabem quem é o governador de seu estado. Dois em cada 10 brasileiros não conseguem dizer quem é o presidente da República, e só 18% praticaram alguma ação política, como fazer uma reclamação ou preencher um abaixo-assinado. Para Edson Passetti, pesquisador do Departamento de Política da PUC-SP, votar nulo não serve para eliminar corruptos da política, mas pode funcionar como uma crítica generalizada: “Optar pelo voto nulo é saudável como protesto contra todo um sistema.” Já para Marco Aurélio Mello, presidente do TSE, o voto nulo não seria um ato responsável: “Dar uma de avestruz, enfiando a cabeça na areia e deixar o vendaval passar, é a melhor forma de comprometer negativamente o futuro do país.” (Liliana Pinheiro. Pi nheiro. “Adianta votar nulo?”. Superinteressante, Superinter essante, setembro sete mbro de 2006. 20 06. Adaptado.)
TEXTO 2 Qual é, em comparação com outras estratégias de protesto, a eficácia do voto nulo? Em que medida e sob que circunstâncias ele produz realmente o efeito desejado? Afastemos, desde logo, a suposição de que um alto percentual de votos nulos acarreta a nulidade da própria eleição. Trata-se de uma crença totalmente desprovida de fundamento; a Constituição vigente nada estipula nesse sentido. A questão a considerar é, pois, o objetivo dos proponentes do voto nulo. Protestar contra o quê, exatamente? O atual estado de coisas é lastimável, mas a contribuição do voto nulo à correção dele é rigorosamente zero. Neste caso, nada há na anulação que se possa chamar de público – ou seja, de político, no melhor sentido da palavra. Nas condições do momento, ele apenas exprime um mal-estar subjetivo, difuso, de caráter individual. Qualquer que seja seu peso nos números finais da eleição, ele será apenas uma soma desses mal-estares e da apatia que deles decorre. (Bolívar Lamounier. L amounier. “Voto nulo: como, c omo, quando, quan do, para quê?”. Folha de S.Paulo, 12.07.2014. 12.07.2014. Adaptado.)
TEXTO 3 Não concordo com o sistema de representação política do Brasil. Minha alternativa de protesto é o voto nulo. Na hora de divulgar os resultados, reais ou de pesquisas,
a imprensa costuma somar os votos nulos e brancos. O significado dos dois é diferente. O voto nulo é, em princípio, um protesto, inclusive contra o próprio processo eleitoral. Já o voto branco diz que o eleitor concorda com a decisão da maioria. Votar nulo não se trata de atacar o governo ou a oposição, mas o sistema político inteiro, dizendo não à promiscuidade promiscuidade partidária que confunde o eleitor com essa miscelânea de acordos nacionais e regionais que querem reduzir a cidadania a uma negociata por horários na TV TV.. (Hugo Possolo. Possolo . “Protestar pelo voto nulo”. Folha de S.Paulo, 14.07.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema: O voto nulo é um ato político eficaz?
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA COMENTÁRIOS PRO FESSORA AMANDA RIX: Como estratégia de construção, é recomendável já explicitar o ponto de vista a ser defendido na introdução. Os textos que integram a coletânea de apoio da proposta dão subsídios tanto para que se corrobore a eficácia da anulação do voto quanto para contestá-la. No entanto, o candidato não pode perder de vista que, em ambos os casos, ele precisa definir o que considera ser um “ato político polític o eficaz”. Afinal, o texto 2 deixa d eixa claro clar o que a nulidade nuli dade do voto não tem impacto direto na eleição. Nesse sentido, argumentos como o apresentado no texto 1, embasados na ideia de “crítica “crític a generalizada generali zada ao sistema” sis tema”, seriam mais mai s pertinentes para a defesa de uma resposta afirmativa à pergunta orientadora da escrita. Nesse sentido, vale ressaltar que o desenvolvimento do raciocínio argumentativo precisa ser construído com segurança e clareza. São avaliadas a coesão e a coerência entre as ideias e a pertinência de exemplos, relatos históricos ou atuais, descrições e analogias para a construção eficiente dos argumentos. COMENTÁRIOS DO PROFESSOR VICTOR ÁVILA: De maneira semelhante às provas da Fuvest, Enem e Unesp, a prova de redação da Unifesp solicita um texto dissertativo-argumentativo. A avaliação dessa prova consiste em três critérios, são eles: tema, estrutura e expressão. No critério tema é observado se o aluno compreendeu o assunto e relacionou suas ideias corretamente a ele; no critério estrutura é observada a construção do texto disser diss er-tativo que deve ser pautado, portanto, em argumentos; por fim, a expressão observa o uso da norma-padrão da língua. O vestibulando deveria ler uma coletânea que não o encaminha para nenhum posicionamento específico, para que o estudante possa optar livremente, li vremente, lembrando-se, lembrando-se, é claro, de não ferir direitos humanos. Entretanto, a atenção
que os alunos devem ter na elaboração da redação é, ao optar por um ponto de vista, deve-se possuir argumentos que o sustentem. Ou seja, uma opinião opin ião só é válida a partir do momento em que é fundamentada por justificativas. COMENTÁRIOS DA PROFESSORA JULIANA ALVES: Como, para produzir seu texto, é preciso considerar os três textos apresentados (aqui, vale fazer um esquema com as principais informações) e seus próprios conhecimentos, escrever uma dissertação sobre a eficácia ou ineficácia do voto nulo não será tarefa árdua desde que o candidato tenha se mantido atualizado sobre a situação política do país. Os escândalos mais recentes de corrupção, uma constatação da força do poder político por meio da representação partidária e de forma indecorosa são alguns dos cenários que podem ajudar o escritor a construir sua produção.
PROPOSTA DE REDAÇÃO – UNICAMP 2017 – 2ª FASE Proposta 1 TEXTO 1 Como um(a) aluno(a) do Ensino Médio interessado(a) em questões da atualidade, você leu o artigo “A “A volta de um Rio que faz sonhar” s onhar”. Sentindo-se Sentindo -se desafiado(a) desafi ado(a) pelos pel os questionamentos levantados no texto, você decidiu escrever uma carta para a Seção do Leitor da revista Rio Pesquisa. Em sua carta, discuta a relação estabelecida pela autora entre o conceito de Brasil cordial e a presença de estrangeiros no Brasil, apresentando argumentos em defesa de um ponto de vista sobre a questão. A volta de um Rio que faz sonhar Reverenciada Reverenc iada mundialmente por suas belezas naturais, a cidade do Rio de Janeiro tem se transformado em espaço sonhado para aqueles que buscam construir seu futuro em terra estrangeira. Imigrantes, de origens variadas, vêm chegando cheg ando à cidade, buscando garantir sua sobrevivência, fugir à pobreza ou transformar seus sonhos em realidade. Esse processo insere-se em um quadro mais geral de transformações. transformaçõ es. Graças à situação assumida pelo Brasil, como uma das maiores economias do mundo, polo de atração na América América do Sul, o país vem se tornando, mais uma vez na história, importante i mportante lugar de chegada, em um momento em que políticas de vigilância e controle sobre os estrangeiros aprofundam-se nos países ricos em crise. Essa nova situação exige estudos que ultrapassem as questões pontuais para incluir análises sobre as relações presente e passado; entre o local, o nacional e o internacional e entre as práticas práti cas e as representações repre sentações sobre o “outro”. O recente re cente episódio da entrada abrupta de haitianos no Brasil, sem dúvida, apontou a necessidade dessas análises ampliadas. Aprenda Fácil! Fácil! 31 •
Para além da conjugação entre a necessidade de partir e o conhecimento adquirido sobre um país que se tornou “próximo” pela presença das tropas brasileiras em solo haitiano, o processo revestiu-se de preocupantes aspectos de mudança. Dentre eles, a ação dos coiotes na efetivação dos deslocamentos, marca indicativa do ingresso do país em um contexto no qual grupos organizados vivem da imigração ilegal e máfias internacionais enriquecem com o tráfico humano. O episódio pode ser visto, assim, como a ponta de um iceberg que tende a envolver a América Latina e o Caribe, considerando-se uma das tendências dos processos migratórios da atualidade: as migrações regionalizadas, realizadas no interior dos subsistemas internacionais. Brasil: país cordial? A predisposição do Brasil em receber o estrangeiro de braços abertos é ideia consagrada que necessita sofrer o peso da crítica. Pesquisas variadas têm demonstrado que o país nunca foi imune aos processos de discriminação do “outro” “outro”. Um exemplo, exe mplo, entre e ntre vários, vári os, pode po de ser dado pela pel a prática da expulsão de estrangeiros na Primeira República (1907-1930 (1907 -1930),), que se se caracterizou por extrema violência, mesmo contra aqueles que já eram considerados residentes, portanto com os mesmos direitos constitucionais dados aos brasileiros. A representação de um Brasil cordial, desta forma, deve ser entendida como uma construção forjada em determinado momento de nossa história. Lógico que as reações diferiam e diferem de acordo com os diferentes tipos de estrangeiros com os quais travamos contato, ocorrendo diferenças de tratamento em relação àqueles que, pelo local de nascimento ou pela cor, classificamos como superiores ou inferiores. Vários indícios vêm demonstrando que as atitudes discriminatórias não ficaram perdidas no passado, mas podem ser encontradas com relativa facilidade, quando treinamos nosso olhar para melhor observar aquilo que nos cerca. As tensões entre brasileiros e bolivianos nos locais onde estes estão mais presentes, presente s, por exemplo, já são bastante visíveis. Isso sem falar no triste espetáculo do subemprego e da exploração a que estão sujeitos s ujeitos latino-americanos fixados ilegalmente no país. É urgente, portanto, que nos perguntemos como tendemos a ver e sentir a presença cada vez mais visível de estrangeiros em solo brasileiro, principalmente daqueles que são oriundos de países pobres, muitos deles necessitando do foco dos direitos humanos. Seremos sensíveis aos discursos e às práticas xenófobas? Defenderemos políticas restritivas e repressoras? Caminharemos para a sofisticação dos instrumentos de vigilância sobre um “outro” que possa ser visto como c omo ameaça? Responder a essas questões, aqui e agora, seria um exercício de profecia que não nos cabe fazer. Isso não exclui, entretanto, que a reflexão sobre essas possibilidades esteja proposta, por 32 Aprenda Fácil! •
mais penosa que ela possa ser, s er, principalmente se considerarmos a rapidez dos processos em curso e a tensão mundial presente no embate entre interesses nacionais e direitos humanos. (Adaptado de Lená Medeiros de Menezes, A volta de um Rio que faz sonhar. Rio Pesquisa, Rio de Janeiro, ano V, nº 20, p. 48-50, set. 2012.)
Proposta 2 Como voluntário(a) da biblioteca Barca dos Livros, você ficou responsável por escrever o texto de apresentação de uma campanha de arrecadação de fundos para a instituição. Em seu texto, que estará disponível no site da Barca dos Livros, apresente, com base na notícia abaixo, o histórico e as ações da biblioteca, mostrando a importância das doações para a continuidade do projeto. Barca dos Livros corre o risco de fechar por falta de apoio financeiro Em 2014, a Barca dos Livros foi eleita a melhor biblioteca comunitária do país pelo Ministério da Cultura e da Educação. Graças ao trabalho de voluntários apaixonados por literatura e que a consideram uma arte fundamental para a infância, a instituição vem há quase uma década formando leitores e promovendo a cultura em Florianópolis. Precisa, no entanto, de um impulso material para que continue existindo. Para chegar ao posto de referência no país, a Barca dos Livros navegou por mares calmos e revoltos. Hoje, nove anos e dois meses depois da inauguração, conta com um precioso acervo de 15 mil livros, dois terços dos quais de literatura infantil e infantoinfanto-juvenil, aproximadamente 5 mil carteirinhas de sócios e a incerteza do futuro. Desde maio do ano passado, está com o aluguel atrasado na atual sede, um espaço de 125 m² no Lagoa Iate Clube. “Estamos sem nenhum patrocínio, convênio, subvenção. Além do aluguel, estamos devendo também também o salário de três funcionários. A Barca é tocada por voluntários. Acontece que nunca foi fácil, mas nunca esteve a ponto de quase fechar” – lamenta a coordenadora do projeto,Tânia Piacentini. De 2010 até maio do ano passado, um convênio com a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes garantia o pagamento do aluguel, no valor de R$ 6,5 mil por mês. Mas a parceria não foi renovada. “Todas “Todas as atividades são gratuitas. Apenas Apenas para os passeios de barco com contação de histórias, realizados no segundo sábado de cada mês, é cobrado o valor de 5 reais para adultos que acompanham as crianças. Nosso material, espaço, livros, tudo é renovado graças ao trabalho dos voluntários. Precisamos de parceiros fixos que queiram ajudar.” Acolhimento literário De 2007 até hoje, os voluntários da Barca viram crianças que engatinhavam lerem as primeiras palavras e depois amarem a leitura. Despertaram a paixão pela ficção,
contaram histórias, viram mães com bebês de colo pegando no sono nos confortáveis sofás da sala de leitura, aconchegadas pelo ambiente de acolhimento literário. Nascida em Nova Veneza, sul do Estado, há 68 anos, Tânia Piacentini começou a dar aulas aos 14 anos. Cursou Letras e fez mestrado e doutorado na área de educação e literatura. Foi a primeira representante de Santa Catarina, nos anos 1970, a selecionar livros para a Fundação Nacional do Livro Infantil, que a cada ano premia as melhores publicações para crianças e jovens. Duas décadas depois, com o aumento de livros editados para esse público – quando começou, eram no máximo 10 por ano, hoje são cerca de 1.200 novas edições –, passou a convidar pessoas para ajudar a selecioná-los. Daí surgiu um núcleo de 25 leitores e especialistas que formou a Sociedade Amantes Amantes da Leitura, ONG que criou e sustenta legalmente a Barca. “Nem sabíamos que ficaria grande. Queremos continuar e aumentar o atendimento. Abrir ao público todos os dias é um sonho. Temos que estar disponíveis e manter a qualidade. Mas sem dívidas dívi das pessoais pessoai s e crises cri ses financeiras” financei ras”, suspiraTânia. Hoje a Barca abre ao público de terça a sábado, das 14 às 20 horas – chegou a ser de terça a domingo, em três turnos. Mesmo com as dificuldades, promove atividades semanais, como A Escola Vai Vai à Barca (que recebe alunos de escolas da rede pública e particular), palestras, saraus para adultos, lançamentos de livros, leituras coletivas de livros e passeios mensais de barco pela Lagoa da Conceição. O cadastro custa 1 real e dá ao pequeno sócio uma carteirinha que permite pegar três obras emprestadas por 15 dias. Mais informações sobre a programação no site da Barca dos Livros.
vestibulando. Era, para o gênero, necessária a tomada de posição e a argumentação de forma concisa, dado o número limitado de linhas. No texto de apresentação, o vestibulando deve saber selecionar as informações de maior importâ importância ncia contidas nos textos da coletânea e saber organizá-las organizá-las para compor um bom texto de apresentação para uma campanha de arrecadação de fundos.
(Adaptado de Carol Macário, Barca dos Livros corre o risc o de fechar por falta de apoio financeiro. Disponível em: http://dc.clicrbs.com.br/sc/entretenimento/noticia/2016/04/ barca-dos-livros-corre-o-risco-de-fec barca-dos-livros-corre-o-r isco-de-fechar har-por -por-falta-de-apoiofinanceiro -falta-de-apoiofinanceiro 5754089.html. Publicado em 05/04/16.)
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA AMANDA RIX: COMENTÁRIOS A proposta 1 exige uma carta argumentati va. Para estabelecer bem o gênero, é preciso estar atento tanto à configuração da interlocução quanto à defesa de um ponto de vista sobre o tema. O candidato precisa se colocar como um estudante do Ensino Médio interessado em atualidades (1ª pessoa do singular) e como alguém que leu o artigo publicado na revista Rio Pesquisa e resolveu comentá-la. Dessa forma, ele el e estará construindo sua imagem enquanto autor da carta (quem é; por que escreve). É importante estar atento ao fato de que se escreve para a revista, e não para a autora do texto. texto . Afinal, a carta se destina à “Seção do Leitor” Lei tor”. Assim, cabe c abe direci di recionar-se onar-se à Rio Pesquisa e é possível, também, dialogar com os demais leitores. A proposta 2 exige a elaboração de um texto de apresentação. É esperado que ele não escreva na 1ª pessoa do singular, mas opte pela 1ª do plural ou pela 3ª pessoa, configurando o caráter institucional e coletivo da mensagem. Deve-se estar atento ao cumprimento do que foi exigido pelo enunciado: apresentar o histórico da biblioteca e salientar a importância das doações para a continuidade do projeto. A interlocução precisa ser estabelecida entre a instituição e todos aqueles que porventura venham a acessar o site. Para um bom acabamento da apresentação da campanha, é importante destacar por qual meio as doações podem ser feitas.
COMENTÁRIOS DO PROFESSOR VICTOR ÁVILA: COMENTÁRIOS A prova de redação da Unicamp é reconhecida por ser o ponto fora da curva no âmbito dos vestibulares. Anualmente, dois gêneros textuais diferentes são cobrados dos seus vestibulandos, o que requer, por parte dos estudantes, um conhecimento conheci mento amplo. Em E m 2017, solicitou-se solic itou-se uma carta do leitor e um texto de apresentação. A carta do leitor, encaminhada para uma revista, deveria se posicionar sobre uma das matérias. Desta forma, o vestibulando deveria compreender a estrutura dessa carta – vocativo, corpo do texto, despedida e assinatura – para veicular sua opinião. Ou seja, duas coisas são solicitadas: a estrutura textual da carta do leitor e a expressão coesa e coerente, na norma-padrão da língua, por parte do
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA GISELLE DINARDO: O tema proposto para a carta traz em si os índices da contemporaneidade, visto que muito se tem discutido a respeito da fuga fuga de refugiados que entraram na Europa em 2015. 201 5. Quanto ao gênero, o aluno deverá considerar três elementos essenciais: a intencionalidade da mesma (se escreve para manifestar apoio, discórdia discór dia em relação a um texto publicado, ou para acrescentar outras informações); o segundo elemento a se considerar é o perfil do jornal ou revista (quem é o público leitor) e o terceiro, o perfil do autor (seus gostos, idade, nível de cultural). Na carta argumentativa, a linguagem com a qual o candidato deverá trabalhar é a culta formal. Aprenda Fácil! Fácil! 33 •
PROPOSTA DE REDAÇÃO FAMERP 2017 TEXTO 1 O respeitabilíssimo Dicionário Oxford, o mais extenso da língua inglesa, anunciou que um novo verbete passaria a figurar em suas páginas: selfie, que reúne o substantivo “self” (eu, (eu , a própria própr ia pessoa) pes soa) e o sufixo s ufixo “-ie”. Eis sua s ua definição: “Fotografia que alguém tira de si mesmo, em geral com smartphone ou webcam, e carrega em uma rede social.” (Rafael Sbarai. “Selfie “Sel fie é a nova maneira de expressão exp ressão e autopromoção” aut opromoção”. veja.abril. com.br, 23.11 23 .11.2013. Adaptado.) Adaptado. )
TEXTO 2 O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell, sugere que um dos motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão criativa. Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas. As selfies também nos permitem exercer um nível de controle maior sobre como os outros nos enxergam online, e isso é um grande apelo. Graças às câmeras dos celulares localizadas na frente, podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra exatamente como queremos – uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar com o mundo online. Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode na verdade aumentar nossa autoestima e confiança. E os benefícios potenciais da selfie não param aí. As selfies têm uma característica espontânea e íntima que vem mudando a maneira com que documentamos, compartilhamos e celebramos eventos. Quando encontramos uma celebridade, não buscamos mais um autógrafo impessoal, nem precisamos usar cartões postais para dividir as memórias de uma viagem bacana. Pelo contrário, capturamos esses momentos únicos e compartilhamos com nossos amigos imediatamente. A Dra. Andrea Letamendi explica que “psicologicamente, podem haver benefícios em se compartilhar selfies porque essa prática está impregnada em nossa cultura e é uma maneira de se interagir socialmente com outros.” (“O que seu selfie diz sobre s obre você? A ciência ci ência por trás t rás da nossa nos sa obsessão”. www. shutterstock.com. Adaptado.)
TEXTO 3 Na mitologia grega, Narciso era conhecido por sua beleza, mas, ao ver-se refletido nas águas de uma fonte, A PRENDA FAC F ACI I L
apaixonou-se por si mesmo. E, em busca desse amor impossível, fundiu-se consigo mesmo e sucumbiu na própria imagem.T imagem.Trazendo para o atual contexto, podemos ver o narcisismo nas tecnologias, principalmente com o uso das redes sociais e as tão faladas selfies, que não estariam ligadas apenas à intenção de se expor, através de um autorretrato, mas também a uma busca pelo elogio e pelo olhar do outro para ser admirado, reconhecido e, assim, amado. O que é muito discutido atualmente é se s e toda essa exposição e busca revela um sintoma da sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os reais sentimentos? sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá melhor? Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo indi víduo está realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa, já que está tão voltado para a sua selfie. (“O narcisismo na contemporaneidade: conte mporaneidade: o mal-estar da d a era das selfies” se lfies”. http://lounge. http://lounge . obviousmag.org, setembro de 2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de acordo com a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema: Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso?
COMENTÁRIOS DA PROFESSORA GABRIELA CARVALHO A proposta sugere uma pergunta com dois posicionamentos quase inteiramente opostos. Quando isso ocorre, é importante ter em mente a necessidade de não apenas escolher um lado, mas também de explicitá-lo. Sem contar que sempre haverá um interlocutor que poderia escolher o outro caminho e que a argumentação não pode considerar a própria escolha a mais óbvia e correta. Em 2017, o candidato poderia tentar encontrar respostas em sua própria vivência social, dado que é um tema bastante atual. Além disso, os textos motivadores trouxeram pontos de vista diversos, o que auxilia a composição argumentativa.
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Aprenda Fácil! - Ano 2, nº 3 - 2017 PRESIDENTE João Carlos de Almeida DIRETOR EXECUTIVO Pedro José Chiquito DIRETOR COMERCIAL Silvino Brasolotto Junior DIRETOR DE REDAÇÃO SandroPaveloski EDITORIAL Gerente Mara De Santi PUBLICIDADE Gerente Samantha Pestana E-mail
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