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Objectivo(s) - Reconhecer os princípios básicos de psicologia evolutiva, dando particular ênfase à velhice como etapa do desenvolvimento humano. - Reconhecer, caracterizar e distinguir as diferentes redes de apoio disponíveis e possíveis de serem utilizadas junto de pessoas idosas. - Reconhecer a importância das pessoas idosas na forma como contribuem para uma cidadania interveniente e responsável.
Conteúdos Velhice - psicologia evolutiva • A velhice no quadro da psicologia evolutiva − Conceito de psicologia evolutiva − Conceito de tarefas evolutivas − O estudo da velhice no campo da psicologia evolutiva − O estudo científico do processo de envelhecimento Redes de apoio • As pessoas idosas e o meio ambiente − A diversidade do meio ambiente − A família e a comunidade − As Instituições formais . caracterização e natureza das Instituições formais . institucionalização das pessoas de idade . a vida quotidiana nas Instituições
Grupos e Instituições de ajuda • Da família aos amigos: a presença da rede informal • As novas formas de solidariedade − Formais − Informais
Quadro da Psicologia Evolutiva
Formadora: Ana Patrícia Jorge
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Velhice - psicologia evolutiva A velhice no quadro da psicologia evolutiva
Conceito de psicologia evolutiva
É um termo que “refere uma determinada forma de aplicar a teoria evolutiva da mente, com ênfase na adaptação.” Steven Pinker
Segundo a Psicologia Evolutiva o cérebro consistirá num conjunto de mecanismos funcionais psicológicos que evoluíram, e continuam a evoluir, por selecção natural.
A psicologia evolutiva estuda a forma como as pessoas mudam ao longo da sua vida. Compreende o estudo do ciclo vital, observa a forma como as acções do indivíduo se alteram e como este se relaciona com o ambiente que também está em constante mudança. Assim… A Psicologia Evolutiva é a disciplina científica que estuda o comportamento humano enquanto instrumento de adaptação da nossa espécie ao meio ambiente.
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Segundo a psicologia evolutiva, os nossos processos cognitivos são superiores aos processos biológicos e culturais. O raciocínio humano, como acontece hoje, é fruto das pressões evolutivas, relacionadas com as necessidades de sobrevivência dos nossos antepassados.
O principal objectivo da Psicologia Evolutiva: Identificar a evolução das adaptações emocionais e cognitivas que representam a “natureza humana psicológica.”, isto é, estudar e perceber de que forma os humanos tiveram de evoluir de forma a poderem adaptar-se às condições e situações que lhes surgem ao longo da vida.
Princípios da Psicologia Evolutiva: O cérebro é um sistema físico que funciona como um computador. Os seus circuitos são criados para gerar comportamentos apropriado às circunstâncias ambientais. Os nossos circuitos neuronais foram seleccionados de forma natural para resolver problemas/questões que os nossos antepassados enfrentaram durante a história evolutiva da nossa espécie. A consciência é apenas a ponta do ice-berg, a maioria das coisas que se passa na nossa cabeça está escondida de nós próprios. Em resultado disso, a nossa consciência pode fazer-nos crer que um problema é muito simples de resolver, quando pode ter requerido processos muito complexos. Existem diferentes circuitos neuronais especializados na resolução de diferentes problemas adaptativos. A nossa mente moderna alberga uma mente da idade da pedra.
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Conceito de tarefas evolutivas 4
É a forma como o ser humano resolve os desafios da vida que conduz ao seu desenvolvimento. desenvolvimento A vida dos seres humanos desenvolve-se por etapas que constituem o ciclo de vida. Ao longo dessas etapas, o indivíduo vai-se confrontando com tarefas, desafios que tem de ultrapassar, para passar à etapa seguinte. A resolução da tarefa evolutiva depende das necessidades e características individuais e das pressões externas, externas e prepara o indivíduo para a etapa de desenvolvimento seguinte, gerando ajustamento pessoal e social, social o que se considera e chama de maturidade.
As tarefas evolutivas são desafios normativos associados à idade cronológica. Esses desafios são influenciados influenciados por: Maturação biológica Pressão da sociedade, expectativas sociais Desejos e aspirações pessoais Oportunidades e competências Valores que fazem parte da personalidade do indivíduo.
Exemplos de tarefas evolutivas Idade adulta inicial (18 a 35 anos) Constituição de família Início e conquista da carreira profissional Responsabilidades cívicas e comunitárias
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Idade adulta média (35 a 60 anos) 5
Culminância da carreira profissional Educação dos filhos Manter o padrão de vida alcançado Adaptação à velhice dos pais Adaptação às mudanças fisiológicas da idade
Velhice (depois dos 60 anos) Afastamento dos papéis adultos Ajustamento às perdas físicas e sociais da velhice Reforma Ter mais tempo livre Perda de capacidades físicas
A realização das tarefas evolutivas evolutivas de cada estádio de desenvolvimento é considerada um indicador de maturidade.
Ciclo de vida e os desafios de cada etapa Desde que nascemos até ao momento da nossa morte, o ciclo que a nossa vida percorre compõe-se de várias etapas de desenvolvimento. Cada uma dessas etapas corresponde a um nível de capacidades e a um nível de desafios dado que, quando possuímos certas capacidades se espera que cumpramos determinadas tarefas.
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Período da Infância 6
A infância é o período durante o qual desenvolvemos mais rapidamente um variadíssimo conjunto de capacidades. A infância é um período de dependência relativamente aos adultos (normalmente os progenitores) e durante esta etapa espera-se que a criança se ocupe a aprender algumas competências básicas que são consideradas fundamentais para a adaptação à vida adulta. A leitura, a escrita e as competências de cálculo são instrumentos que se espera que adquiramos durante a infância, pois são considerados essenciais para a nossa independência, para uma comunicação mais ampla e eficaz e para a realização das escolhas formativas e profissionais que virão a ser exigidas mais à frente. Esta é também uma importante etapa de socialização e de construção de valores. As crianças aprendem a relacionar-se, cumprir regras, a partilhar e a defender-se. Também neste plano tudo acontece de forma muito rápida e exigente.
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Período da Adolescência 7
A adolescência corresponde a um período em que o indivíduo prossegue no caminho da autonomização, muito embora se mantenha a dependência. Na nossa sociedade, actualmente, prevê-se que um adolescente continue a investir o seu tempo e o seu esforço na sua educação, de forma a construir a sua futura autonomia. Já na posse de capacidades de pensamento abstracto e formal, o adolescente está em condições de apreender conhecimentos de maior complexidade. As alterações que se operam ao nível hormonal e da estrutura corporal são acompanhadas de impulsos e fortes motivações para o estabelecimento de relações íntimas e para a descoberta da sua sexualidade. As necessidades identitárias e de integração em grupos de pertença tornam-se também imperativas e esse movimento de aproximação e de afinidade com os pares é simultâneo a um afastamento relativamente à influência normativa dos pais/educadores. Todos estes movimentos produzem muitos conflitos que fazem com que o processo de autonomização possa tornar-se um percurso muito complicado e doloroso.
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Idade Adulta
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Entrar na idade adulta significa assumir responsabilidades cívicas e sociais, estabelecer e manter um padrão económico de vida e ajudar os filhos a serem futuros adultos responsáveis e felizes. Ao mesmo tempo, é importante promover a sua saúde e o seu bem-estar, quer através
da
construção
de
um
relacionamento,
quer
através
do
desenvolvimento de actividades de lazer. É nesta fase que o desenvolvimento das capacidades atinge o seu apogeu e começa o declínio. Torna-se por isso necessário aceitar e ajustar-se às mudanças físicas da meia-idade. É igualmente necessário aprender a lidar com a autonomização dos filhos e com a dependência crescente de pais cada vez mais idosos. O sentido de identidade continua a desenvolver-se ao longo da idade adulta e a busca do sentido da vida assume uma importância fundamental.
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Período da Velhice
Quando se chega a uma idade avançada há um conjunto de capacidades físicas e mentais que se foram deteriorando ao longo dos anos. Naturalmente, nem todas as pessoas envelhecem da mesma maneira, quer fisicamente, quer psicologicamente. Há pessoas que mantêm as suas capacidades durante mais anos enquanto outras apresentam uma deterioração mais precoce. E aí reside o desafio do envelhecimento saudável. A velocidade com que esta deterioração se dá pode ser retardada com hábitos de vida saudáveis e com um quotidiano activo e estimulante. Fazer uma alimentação saudável, fazer exercício físico adequado e realizar actividades social e intelectualmente desafiantes são apenas alguns exemplos de como se pode envelhecer com qualidade. Se ao longo da vida a pessoa não agiu preventivamente, as exigências de uma velhice minimamente saudável comportam uma mudança de hábitos, por si só, bastante difícil. Deixar de fumar, deixar de beber álcool, beber muita água, seguir uma dieta pobre em sal e rica em cálcio, são ajustamentos muito comuns que o idoso tem que fazer. O idoso deve também adaptar-se às falhas de memória, às mudanças do sono, à diminuição da força ou da agilidade para actividades que antes eram fáceis e às dores.
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Quando a pessoa se reforma sofre também uma grande alteração nos seus hábitos de vida, algo que requer também importantes ajustamentos. A pessoa que se reforma não tem, necessariamente, que ficar inactiva. Pelo contrário. É muito importante que a pessoa encontre outras actividades que a preencham e dêem uso aos seus conhecimentos e capacidades. Ao reformarmo-nos, abandonamos uma carreira, uma profissão e a forma como isso nos definiu como pessoa durante anos. Se não encontramos uma forma de nos mantermos activos, corremos sérios riscos de nos virmos a sentir inúteis e sem valor. Quando há perda de poder económico e passa a haver dependência financeira relativamente aos familiares mais próximos (principalmente os filhos) essa sensação de menos-valia é ainda mais acentuada. À medida que envelhecemos vamos sendo categorizados socialmente como “velhos”. A essa categoria são associadas várias características, quase todas negativas, ou seja, há muitos preconceitos sociais relativamente aos idosos. Os idosos são frequentemente percebidos como “um fardo”, como “regressados à infância”, como “senis”, “casmurros” e “rabugentos”, etc. Este ajustamento não é nada fácil e implica encontrar formas de sentir e de comunicar uma identidade positiva. Implica Igualmente aprender a lidar com a crescente falta de autonomia e de liberdade que tende a ocorrer. Com o passar dos anos, a dimensão da família tende a alargar, mas a família nuclear vai ficando progressivamente mais pequena à medida que os filhos vão saindo de casa dos pais. Chega a um ponto em que o casal tem que reaprender a viver só. Por outro lado, quanto mais tempo vivemos, mais pessoas queridas perdemos. São os familiares, os amigos e, por vezes o(a) nosso(a) companheiro(a). Nem sempre é fácil aprender a viver sem pessoas que fizeram parte da nossa vida durante anos.
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A viuvez é uma perda muito importante que produz transformações muito grandes na vida da pessoa. Não é apenas nos casais harmoniosos que a viuvez comporta grande sofrimento. Até nos casais conflituosos o padrão de permanente atrito desempenha um papel importante na vida afectiva das pessoas. Também nesses casos a morte de um companheiro produz um enorme vazio. A convivência com a perda relembra e reforça a eminência da própria morte. Essa é também uma preparação que a pessoa idosa deve fazer de forma a conseguir continuar a viver tranquilamente e com qualidade.
O estudo científico do processo de envelhecimento
GERONTOLOGIA
A Gerontologia é um campo de estudos interdisciplinar que investiga os fenómenos fisiológicos, psicológicos, sociais e culturais relacionados com o envelhecimento do ser humano. É um campo multiprofissional e multidisciplinar. A Gerontologia procura alternativas adequadas de intervenção junto da população idosa, tendo como perspectiva final a melhoria da qualidade de vida e a manutenção da capacidade funcional desta população.
GERIATRIA Geriatria é o ramo da medicina associado ao estudo, prevenção e tratamento das doenças e da incapacidade em idades avançadas. A Geriatria é o ramo da medicina que foca o estudo, a prevenção e o tratamento de doenças e da incapacidade em idades avançadas. O termo deve ser distinto de gerontologia, que é o estudo do envelhecimento em si.
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Objectivos da Geriatria: Manutenção da saúde em idades avançadas Manutenção da funcionalidade Prevenção de doenças Detecção e tratamento precoce Máximo grau de independência Cuidado e apoio durante doenças terminais Tratamentos seguros
O que é ser velho? O que significa envelhecer? Na actualidade, alguns verbetes são usados para designar a idade avançada, nomeadamente “Velho”, “Idoso”, “Terceira Idade”, “Melhor Idade”, “Idade Madura”, etc. Essas marcas ou signos conferem certa identidade para as pessoas nessa fase, havendo, então, a construção social da velhice. Para Fontaine (2000), envelhecimento é o conjunto de processos que o organismo sofre após a sua fase de desenvolvimento. Sousa, Figueiredo e Cerqueira (2006), acrescentam que o envelhecimento é um processo de deterioração endógena e irreversível das capacidades funcionais do organismo. Trata-se de um fenómeno inevitável e inerente à própria vida.
Processos do envelhecimento É constituído por, pelo menos, três processos distintos: envelhecimento primário, secundário e terciário (Birren & Cunningham, 1985)
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O envelhecimento primário diz respeito ao envelhecimento normal, desenvolvimento livre de doenças durante a idade adulta. O envelhecimento secundário refere-se às mudanças no desenvolvimento que estão relacionadas com doenças, estilos de vida e outras mudanças induzidas pelo ambiente circundante e que não são inevitáveis (por exemplo a poluição). O envelhecimento terciário refere-se às rápidas perdas que ocorrem repentinamente antes de morrer. Todos nós envelhecemos, mas nenhum de nós envelhece exactamente da mesma maneira. Simões (2006) O mesmo acontecimento através da combinação da componente biológica, psicológica e sociocultural afecta os sujeitos a diferentes níveis da sua vida, sendo que cada um de nós é produto de uma combinação única destas três forças. (Cavanaugh, 1997) Desta forma, o processo de envelhecimento terá de ser analisado numa perspectiva bio-psicossocial: (Fonseca, 2005) No que diz respeito ao domínio biológico, muitos aspectos do funcionamento alteram-se à medida que se envelhece, estas mudanças influenciam o padrão global de saúde, a mobilidade física, o funcionamento cognitivo, etc. Quanto ao domínio psicológico, existe um vasto conjunto de fenómenos que influenciam o processo de envelhecimento, nomeadamente as reacções emocionais, personalidade, mecanismos perceptivos, aprendizagem, memória e cognição, estilos de relação interpessoal, controlo, etc.
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No domínio social e cultural, consideram-se quatro estruturas sociais determinantes: a família, o trabalho, o estado e a religião.
O processo de envelhecimento é complexo e implica o envelhecimento biológico e social, a que cada indivíduo se ajusta do ponto de vista psicológico. Paúl (2005)
Redes de apoio As pessoas idosas e o meio ambiente
Apoio Social Barrón (1996) “Conceito interactivo que se refere às transacções que se estabelecem entre indivíduos, no sentido de promover o seu bem-estar físico e psicológico”.
Vaz Serra (1999) “Quantidade e coesão das relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo”.
O apoio assumeassume-se como um processo promotor de assistência e ajuda através de factores de suporte que facilitam e asseguram a sobrevivência dos seres humanos.
O ser Humano é um ser social, as outras pessoas são um aspecto necessário da sua vida, tendo desde o nascimento uma tendência natural para interagir com os outros.
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A REDE SOCIAL A rede social pessoal diz respeito ao conjunto de todas as relações percebidas como significativas pelo indivíduo, que incluem os seus vínculos interpessoais: família, escola/profissão, amizade e comunidade.
REDE SOCIAL
Família
Ocupação
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Amigos
Comunidade
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A Rede Social: ⇒ É essencial na experiência individual de identidade, bem-estar, e competência, incluindo hábitos de saúde e a capacidade de adaptação a situações de crise. ⇒ Contribui para o seu reconhecimento enquanto indivíduo e para a sua autoimagem.
Existem diversas evidências de que a falta de saúde afecta negativamente a rede, pois restringe a mobilidade do indivíduo para contactar com os outros.
As pessoas idosas e o meio ambiente O suporte social com qualidade é um dos factores mais importantes, na adaptação ao processo de envelhecimento e às mudanças daí advindas. Há muitos idosos autónomos que podem participar activamente no seio da comunidade demonstrando o elemento válido, activo e útil que ainda são. Porém, apesar de possuírem as capacidades, nem sempre os idosos se lançam nestas actividades pela sua própria iniciativa.
O Voluntariado assume assume um papel principal: 1. Contadores de histórias. 2. Orientadores culturais/turísticos 3. Orientadores em museus 4. Direcção 5. Animadores sociais 6. Professores e alunos 7. Dinamizadores de tradições ancestrais
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Funções fora do voluntariado: 1. Consultoria 2. Vigilantes de parques e jardins
Funções do Apoio Social Wills, em 1985, propôs quatro tipos de apoio social: •
Apoio à estima – um grupo de pessoas contribui para aumentar a auto-estima do próprio indivíduo;
•
Apoio informativo – existem pessoas que estão disponíveis para oferecer conselhos;
•
Acompanhamento social - engloba o apoio conseguido através de actividades sociais;
•
Apoio instrumental - diz respeito a toda a ajuda do tipo físico.
Barrón (1996) sugere um modelo mais simples e integrador: •
O apoio emocional emocional – disponibilidade de alguém com quem se pode falar, e inclui as condutas que fomentam sentimentos de bem-estar afectivo.
•
Apoio material e instrumental – acções ou materiais proporcionados por outras pessoas e que servem para resolver problemas práticos e/ou facilitar a realização de tarefas quotidianas.
•
Apoio de informação – processo através do qual as pessoas recebem informações ou orientações relevantes que as ajuda a compreender o seu mundo e/ou ajustar-se às alterações que existem nele.
Vaz Serra (1999) diferencia seis tipos de funções nomeadamente: •
Apoio afectivo – faz com que as pessoas se sintam estimadas e aceites pelos outros, apesar dos seus defeitos, erros ou limitações, o que contribui para melhorar a auto-estima;
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Apoio emocional – corresponde aos sentimentos de apoio e segurança que a pessoa pode receber e que a ajuda a ultrapassar os problemas;
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Apoio perceptivo – ajuda o indivíduo a reavaliar o seu problema, a dar-lhe outro significado e a estabelecer objectivos mais realistas;
•
Apoio informativo – constitui o conjunto de informações e conselhos que ajudam as pessoas a compreender melhor situações complexas, facilitando a tomada de decisões;
•
Apoio instrumental – ajuda o indivíduo a resolver problemas através da prestação concreta de bens e serviços;
•
Apoio de convívio social – conseguido através do convívio com outras pessoas em actividades de lazer ou culturais, que ajuda a aliviar as tensões e faz a pessoa sentir-se incluída na sociedade e participante de determinada rede social.
O Apoio Social pode ter dois tipos de efeitos: · o efeito directo O apoio social poderá ter um efeito directo sobre o bem-estar, fomentando a saúde independentemente do nível de stress, o que significa que quanto maior for o apoio social menor será o mal-estar psicológico experimentado e quanto menor for o apoio social maior será a incidência dos transtornos. o efeito amortecedor O efeito protector ou amortizador do apoio social manifesta-se sempre que este actua como moderador de outras forças que também influenciam o bem-estar. Neste caso, as situações indutoras de stress só teriam efeitos negativos nos indivíduos que possuíssem um apoio social baixo.
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Podemos dividir as redes sociais de apoio em dois grupos principais: Redes de apoio formal Redes de apoio informal
Redes de apoio formal: Incluem-se Serviços Estatais, de Segurança Social e os organizados pelo Poder Local (Lares para a Terceira Idade, Serviços de Apoio Domiciliário, Centros de Dia)
Apoia sobretudo idosos com incapacidades físicas e psicológicas.
Redes de apoio informal: Incluem-se a família do próprio idoso, os amigos e os vizinhos. A rede de apoio informal é também chamada rede natural de ajuda.
Apoia os idosos quando há manutenção de autonomia funcional.
As redes sociais de apoio revestem-se de importância crucial nos idosos dado que o sentimento de ser amado e valorizado, a pertença a grupos de comunicação e obrigação recíprocas, levam os indivíduos a escapar ao isolamento e ao anonimato.
Principais instituições de prestação de serviços formais
A importância dos serviços geriátricos cresce à medida que aumenta a população idosa nas nossas comunidades, pois muitos dos idosos não dispõem de toda a ajuda que necessitam por via da família e da sua rede social. Ou porque requerem cuidados de saúde contínuos ou porque não têm condições de estar sozinhos em casa sem se colocarem em risco, muitos idosos precisam do apoio de instituições de suporte que prestam esses serviços de uma forma profissional.
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Vejamos alguns exemplos das modalidades que o apoio aos idosos pode assumir e do tipo de instituições que os presta. Lares - locais onde os idosos podem viver os anos que lhes restam de forma saudável e autónoma, onde se procura a individualização dos utentes, tendo em atenção não só os cuidados de saúde e de higiene, bem como a promoção da autonomia e da qualidade de vida dos idosos. Centros de dia - têm competências para prestar cuidados formais aos idosos, onde estes permanecem durante o dia e regressam para suas casas à noite. Centros de convívio - com os mesmos propósitos dos centros de dia, mas mais vocacionados para a animação e lazer. Serviços de Apoio Domiciliário - têm como objectivo a prevenção e manutenção das pessoas no seu domicílio o maior tempo possível e que prestam serviços diversificados aos utentes tais como, alimentação, higiene, saúde, tratamento de roupa, etc.
A institucionalização de idosos, as suas causas e os seus efeitos
Considera-se haver institucionalização do idoso quando este está durante todo o dia ou parte dele entregue aos cuidados de uma instituição que não a sua família, sendo os idosos residentes os que vivem vinte e quatro horas por dia numa instituição, Lar ou Residência. (Jacob, 2007)
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São variadas as causas que levam os idosos a serem institucionalizados. Alguns estudos mostram que a decisão de institucionalização é causada pela inter-relação de três variáveis: a) A crescente deterioração física; b) A incapacidade ou falta de vontade dos cuidadores informais para prestar os cuidados que o idoso necessita e, c) A falta de serviços comunitários que ajudem a manter uma vida independente. (Tobin & Lieberman, 1976). A institucionalização ocorre geralmente na sequência da incapacidade funcional, combinada com a ausência ou insuficiência de apoios sociais (Paúl, 1997). A institucionalização dos idosos acarreta uma série de consequências.
A imagem interiorizada dos asilos aparece associada à pobreza, ao abandono familiar e à marginalização social (Bazo, 1991). O que muitas vezes, é sinónimo de angústia nos idosos que ingressam nas instituições. Podendo com isto, segundo Paúl (1997), estar em risco de dependência, perda de controlo e desânimo. A institucionalização dos idosos implica quase sempre o abandono dos papéis familiares, nomeadamente os papéis de pais e de avós, originando sempre rupturas afectivas e a construção de novos afectos. Desta forma, para que a institucionalização seja o mais bem sucedida possível, é importante que os idosos não sintam que foram abandonados e que foram ali colocados para esperar a morte. Os idosos têm de sentir que, embora estejam a viver noutro local, a família continua a ter um papel fundamental na sua vida.
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A família e a comunidade
A família
A família é, quando presente, o mais importante elemento de apoio ao idoso. A família fornece um suporte emocional natural em virtude dos laços afectivos que unem as pessoas. Não podemos, no entanto, ignorar que as relações familiares também podem comportar conflitos e que podem ser geradoras de elevados níveis de tensão e ansiedade. Infelizmente, estima-se que 70% das agressões a idosos são infligidas por familiares. Porém, estes dados não nos devem desencorajar de acreditar no importante papel das famílias e de as ajudar a proporcionar aos seus idosos as melhores condições possíveis. Para além do suporte afectivo, o suporte material é frequentemente assegurado pelos familiares do idoso. Note-se que, estar com a família, não significa necessariamente permanecer num ambiente familiar. Muitas vezes os filhos do idoso moram longe do local onde foram criados e, quando acolhem os pais já velhos, estes sentem-se desenraizados e afastados do seu meio (bairro, amigos, vizinhos, espaços, actividades). Isso significa que, mesmo em casa dos seus familiares, os idosos podem acabar por ficar muito isolados. Os filhos trabalham, os netos vão para a escola e os idosos ficam sozinhos em casa, num bairro que não conhecem, entre vizinhos com os quais não têm uma relação e, por isso, extremamente sós e vulneráveis a estados depressivos.
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Os amigos e vizinhos Estas relações constituem a rede social do idoso e é no seio desta rede que a pessoa tem muitas das suas referências identitárias e experiências partilhadas. Afastar o idoso desta rede pode conduzir ao seu desenraizamento
e
isolamento
social,
com
consequências graves. Devido à estreita convivência e ao elevado grau de confiança que estas relações muitas vezes comportam, estamos a falar de pessoas podem desempenhar um papel muito importante no apoio que o idoso possa vir a necessitar.
A comunidade
Nas aldeias, nas vilas, nos bairros das cidades, onde quer que vamos encontramos clubes desportivos, associações culturais, sociedades recreativas, grupos de pessoas que desempenham um papel cívico importante no seio das suas comunidades. As pessoas, sejam elas, mais ou menos activas na sua comunidade, acabam sempre por ter algum tipo de ligação a uma ou várias destas entidades. Chegadas à terceira idade, podem manter o seu envolvimento ou mesmo intensificá-lo, visto que ao reformar-se ficam com mais tempo livre.
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