- Associação Educacional das As A s s e m b l e i a s d e D e u s n o E s t a d o d o P a r a n á A E A D E P A R
IBADEP - Instituto Bíblico da Assembleia de Deus - Ensino e Pesquisa Av . B r as i l, S / N ° - E l etr et r o s u l - C x. Po Poss t al 24 8 85980-000 - Guaíra - PR Fone/Fax: (44) 3642-2581 E-mail:
[email protected] Site: www.ibadep.com r
Aluno(a)
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Digitalizado por
P r o eta s M a ores Pesquisado e adaptado pela Equipe Redatorial para Curso exclusivo do IBADEP Instituto Bíblico da Assembleia Assembleia de Deus - Ensino e Pesquisa.
Com auxílio de adaptação e esboço de vários ensinadores.
4 a Edição - 0utubro/2005 Impressão e acabamento: acabamento: Gráfica Lex Ltda
T o o s os
i r ei e i t o s r e se s e rv r v a o s a o I B AD A D EP EP
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Diretorias
CIEADEP
Pr. Pr. Pr. Pr. Pr. Pr. Pr. Pr.
José Pimentel de Carvalho - Presidente de Honra Ival Teodoro da Silva - Presidente Moisés Lacour- 1 o Vice-Presidente Aparecido Estorbem - 2 o Vice-Presidente Edilson dos Santos Siqueira - 1 o Secretário Samuel Azevedo dos Santos - 2 o Secretário Hercílio Tenório de Barros - 1 o Tesoureiro Mirislan Douglas Scheffel - 2° Tesoureiro
IBADEP
Pr. M. Douglas Scheffel Jr. Coordenador
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Cremos 1) Em um só Deus, eternamente subsistente em três pessoa s: O Pai, Filho e o Espír it o Santo. (Dt 6.4; Mt 28.19; Mc 12.29). 2) Na inspiração ver bal da Bíb lia Sagrada , ú nica regra infalível de fé normativa para a vida e o caráter cristão (2Tm 3.14-17). 3) Na conc epção vir gina l de Jesus, em sua mor te vicária e expiatória, em sua ressurreição corporal dentre os mortos e sua ascensão vitoriosa aos céus (Is 7.14; Rm 8.34 e At 1.9). 4) Na pecaminos ida de do homem qu e o destit uiu da glória de Deus, e que somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Jesus Cristo é que pode restaurá-lo a Deus (Rm 3.23 e At 3.19). 5) Na necessida de absoluta do novo na scimento pela fé em Cristo e pelo poder a tuante do Espírito Santo e da Palavra de Deus, para tornar o homem digno do Reino dos Céus (Jo 3.3-8). 6) No per dã o dos pecados , na salva ção pres ente e per feit a e na et er na justificação da alma recebidos gratuitamente de Deus pela fé no sacrifício efetuado por Jesus Cris to em nosso favor (At 10.43; Rm 10.13; 3.24-26 e Hb 7.25; 5.9). 7) No batismo bíb lico ef etuado por imer são do cor po inteiro uma só vez em águas, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, conforme determinou o Senhor Jesus Cristo (Mt 28.19; Rm 6.1 -6 e Cl 2 . 12 ) .
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8) Na necessida de e na pos sib ilida de que temo s de viver vida santa mediante a obra expiatória e redentora de Jesus no Calvário, através do poder regenerador, inspirador e santificador do Espírito Santo, que nos capacita a viver como fiéis testemunhas do poder de Cristo (Hb 9.14 e lPe 1:15). 9) No batismo bíb lico no Espír ito Santo qu e nos é da do por Deus media nt e a inter cessão de Cristo, com a evidência inicial de falar em outras línguas, conforme a sua vontade (At 1.5; 2.4; 10.44-46; 19.1-7). 10) Na atua lida de dos dons espirit uais dis trib uídos pelo Espírito Santo à Igreja para sua edificação, conforme a sua soberana vontade (ICo 12.1-12). 11) Na Segunda Vinda premilenia l de Cristo, em duas fases distintas. Primeira - invisível ao mundo, para arrebatar a sua Igreja fiel da terra, antes da Grande Tribulação; segunda - visível e corporal, com sua Igreja glorificada, para reinar sobre o mundo durante mil anos (lTs 4.16. 17; ICo 15.51- 54; Ap 20.4; Zc 14.5; Jd 14). 12) Que todos os cristãos comparecerão ante o Tribunal de Cristo, para receber recompensa dos seus feitos em favor da causa de Cristo na terra (2Co 5.10). 13) No juízo vindou ro qu e rec ompensará os fiéis e condenará os infiéis (Ap 20.11-15). 14) E na vida eterna de gozo e felicidade para os fiéis e de tristeza e tormento para os infiéis (Mt 25.46).
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Metodologia de Estudo Para obter um bom aproveitamento, o aluno deve estar consciente do porquê da sua dedicação de tempo e esforço no afã de galgar um degrau a mais em sua formação. Lembre-se que você é o autor de sua história e que é necessário atualizar-se. Desenvolva sua capacidade de raciocínio e de solução de problemas, bem como se integre na problemática atual, para que possa vir a ser um elemento útil a si mesmo e à Igreja em que está i nserido. Consciente desta realidade, não apenas acumule conteúdos visando preparar-se para provas ou trabalhos por fazer . Tent e seguir o rot eiro suger ido abaixo e comprove os resultados: 1. Devocional: a) Faça uma oração de agradecimento a Deus pela sua salvação e por proporcionar-lhe a oportunidade de estudar a sua Palavra, para assim ganhar almas para o Reino de Deus; b) Com a sua humildade e oração, Deus irá iluminar e direcionar suas faculdades mentais através do Espírito Santo, desvendando mistérios contidos em sua Palavra; c) Para melhor aproveitamento do estudo, temos que ser organizados, ler com precisão as lições, meditar com atenção os conteúdos. 2. Local de estudo: Você precisa dispor de um lugar próprio para estudar em casa. Ele deve ser:
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a) Bem arejado e com boa iluminação (de pr eferência, que a luz venha da esquerda); b) Isolado da circulação de pessoas; c) Longe de sons de rádio, televisão e conversas. 3. Disposição: Tudo o que fazemos por opção alcança bons resultados. Por isso adquira o hábito de estudar voluntariamente, sem imposições. Conscientize-se da importância dos itens abaixo: a) Estabelecer um horário de estudo extraclasse, dividindo-se entre as disciplinas do currículo (dispense mais tempo às matérias em que tiver maior dificuldade); b) Reservar, diariamente, algum tempo para descanso e lazer. Assim, quando estudar, estará desligado de outras atividades; c) Concentrar-se no que está fazendo; d) Adotar uma correta postura (sentar-se à mesa, tronco ereto), para evitar o cansaço físico; e) Não passar para ou tra lição antes de dominar bem o que estiver estudando; f) Não abusar da s capacidades físicas e mentais . Quando perceber que está cansado e o estudo não alcança mais um bom rendimento, faça uma pausa para descansar. 4. Aproveitamento das aulas: Cada disciplina apresenta características próprias, envolvendo diferentes comportamentos: raciocínio, analogia, interpretação, aplicação ou simplesmente habilidades motoras. Todas, no
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entanto, exigem sua participação ativa. Para alcançar melhor apr oveitamento, procure: a) Colaborar para a manutenção da disciplina na sala de aula; b) Participar ativamente das aulas, dando colaborações espontâneas e perguntando quando algo não lhe ficar bem claro; c) Anotar as observações complementares do monitor em caderno apropriado. d) Anotar datas de provas ou entrega de trabalhos. Estudo extraclasse: Observando as dicas dos itens 1 e 2, você deve: a) Fazer diariamente as tar efas propostas; b) Rever os conteúdos do dia; c) Preparar as aulas da semana seguinte. Se constatar alguma dúvida, anote-a, e apresenta ao monitor na aula seguinte. Procure não deixar suas dúvidas se acumulem. d) Materiais que poderão ajudá- lo: "Mais que uma versão ou tradução da Bíblia Sagrada; ■ Atlas Bíblico; ■ Dicionário Bíblico; ■ Enciclopédia Bíblica; ■ Livros de Histórias Gerais e Bíblicas; ■ Um bom dicionário de Português; ■ Livros e apostilas que tratem do mesmo assunto.
e) Se o estudo for em grupo, tenha sempre em mente: ■ A necessidade de dar a sua colaboração pessoal; ■ O direito de todos os integrantes opinarem. 6. Como obter melhor aproveitamento em avaliações: a) Revise toda a matéria antes da avaliação; b) Permaneça calmo e seguro (você estudou!); c) Concentre-se no que está fazendo; d) Não tenha pressa; e) Leia atentamente todas as questões; f) Resolva primeiro as questões mais acessíveis; g) Havendo tempo, revise tudo antes de entregar a prova. Bom Desempenho!
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Currículo de Matérias
Educação Geral História da Igreja Educação Cristã Geografia Bíblica
Ministério da Igreja Ética Cristã / T eologia do Obr eiro Homilética / Hermenêutica Família Cristã £Q Administração Eclesiástica
Teologia Bibliologia A Trindade Anjos, Homem, Pecado e Salvação Heresiologia Eclesiologia / Missiologia
Bíblia Pentateuco Livros Históricos Livros P oéticos Profetas Maiores Profetas Menores Os Evangelhos / Atos Epístolas Paulinas / Gerais Apocalipse / Escatologia
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Abreviaturas a. C. - antes de Cristo. ARA - Almeida Revista e Atualizada ARC - Almeida Revista e Corrida AT - Antigo Testamento BV - Bíblia Viva BLH - Bíblia na Linguagem de Hoje c. - Cerca de, aproximadamente, ci.cap. - capítulo; caps. - capítulos, cf. - confere, compare. d. C. - depois de Cristo. e. g. - por exemplo. Fig. - Figurado. fig. - figurado; figuradamente. gr. - grego hb. - hebraico i. e. - isto é. IBB - Imprensa Bíblica Brasileira Km - Símbolo de quilometro lit. - literal, literalmente. LXX - Septuaginta (versão grega do Antigo Testamento) m - Símbolo de metro. MSS - manuscritos NT - Nov o Testamento NVI - Nova Ver são Int er naciona l p. - página . ref. - referência; refs. - referências ss. - e os seguintes (isto é, os versículos consecutivos de um capítulo até o seu final. Por exemplo: lPe 2.1ss, significa lPe 2.1-25). séc. - século (s). v. - versículo; vv. - versículos. ver - veja 11
ndice
Introdução Geral aos Profetas Maiores ......... ........ ......... 15 Lição 1 -
0 Livro de Isaías ......... ......... ........ ... ........ .. 17
Lição 2 -
0 Livro de Jeremias ........ ........ ......... ....... .... 41
Lição 3 -
0 Livro de Lamentações ......... ......... ........ .... 65
Lição 4 -
0 Livro de Ezequiel ........ ........ ......... ....... .... 87
Lição 5 -
0 Livro de Daniel ........ ......... ........ ........ ... 111
Referências Bibliográficas........................................ 137
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Introdução Geral
Profetas Maiores
Os livros proféticos consistem em número de dezessete, sendo que, cinco são considerados maiores e doze menores. Os nomes maiores e menores não se referem à importância pessoal do profeta, mas ao tamanho do livro e à extensão do ministério exercido. Cada um dos três livros, Isaías, Jeremias, ou Ezequiel, é em si mesmo maior do que todos os doze livros dos profetas menores, tomados em conjunto. A destruição da nação foi consumada em dois per íodos . ■ O Reino do Norte caiu (732-722 a.C.). Antes desse per íodo e durante ele houve: Isaía s; ■ O Reino do Sul caiu (605-587 a. C.). Neste houve: Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel.
Os Cinco Maiores
Isaías. O grande profeta da redenção. É um livro rico em profecias messiânicas, mesclado com maldições sobre as nações pecadoras. Mensagem: Deus tem um remanescente 1 , para o qual existe em futuro glorioso.
Que remanesce; restante, remanente. 15
O profeta chorão. Viveu desde os tempos de Josias até o cativeiro. T ema principal : a reincidência 1 , o cativeiro e a restauração dos judeus. Lamentações. É uma série de clamores de Jeremias, lamentando as a flições de Israel. Ezequiel. É um livro de impressionantes metáforas (emprego de uma palavra em sentido diferente do próp rio por ana logia ou semelhança) qu e des crevem claramente a triste condição do povo de Deus e o caminho, a exaltação e a glória futura. Daniel. É um livro de biografia pessoal e visões apocalípticas acerca dos acontecimentos da história secular e sagrada. Jeremias.
O fato histórico que deu ocasião à obra dos prof etas foi a apos tasia das dez trib os no fim do reina do de Salomão (ver sobre lRs 12). Como medida política, para conservar separados os dois reinos, o Reino do Norte (Israel) adotou como religião oficial. O culto do Bezerro, um aspecto da religião do Egito. Logo depois adicionou o culto de Baal, que também teve grande influência no Reino do Sul (Judá). Nessa crise, qu ando o povo estava aband onando Deus e se entregando à idolatria das nações vizinhas, e quando o nome de Deus estava desaparecendo do espírito do povo e o plano divino, que visavam à redenção final do mundo, reduzia-se a zero, nesse tempo surgiram os prof etas.
Obstinação, pertinácia, teimosia. 16
Lição 1 O Livro de Isaías
Autor: Isaías.
Isaías
Data: Cerca de 700 - 680 a .C. Tema: Juízo e Salvação. Palavras-Chave: Salvação. Redentor.
Justiça, Paz e Consolo. Versículo-chave Is 7 14 e 61.1-3 Os sessenta e seis capítulos de Isaías podem ser divididos naturalmente em duas seções: 1-39 e 40- 66. Em certos aspectos, Isaías é uma Bíblia em miniatura. Sua dupla divisão ressalta o julgamento e salvação, correspondendo aos temas principais do Antigo Testamento e Novo Testamento. Nas divisões de Isaía s e da Bíblia , o fio que as ata 1 é a obra redentora de Cristo. A primeira seção de Isaías (1-39). Contém quatro grandes blocos de profecias. (1) Nos capít ulos 1-12, Isaías adver te e denu ncia Judá pela sua idolatria , imorali da de e inju stiças sociais durante um período de prosperidade enganadora. Entrelaçadas com a mensagem da condenação vindoura há importantes profecias messiânicas (Is 2.4; 7.14; 9.6,7; 11.1-9), e o Prender, cingir ou apertar com laçada ou nó; amarrar . 17
testemunho do profeta a respeito da própria purif icação e de seu encargo para o ministér io prof ét ico (Is 6). (2) Nos capít ulos 13-23, Isaías condena as nações contemporâneas por causa de seus pecados. (3) Os capítulos 24-35 contêm um amplo leque de promessas prof ét icas de salvação e ju ízo futuros. (4) Os capítulos 36-39 registram a história seletiva do rei Ezequias, que forma um paralelo com 2Reis 18.1320.21. A segunda seção (40-66).
Traz algumas das profecias mais profundas da Bíblia a respeito da grandeza de Deus e da vastidão de seu plano de redenção. Estes capítulos inspiraram esperança e consolo ao povo de Deus durante os anos finais do reinado de Ezequias (Is 38.5) e nos séculos seguintes. Estão repletos de revelações a respeito da glória e poder de Deus, e de sua promessa em restaurar um remanescente justo e frutífero em Israel e entre as nações, como plena demonstração de seu amor redentor. Tais promessas, e seu respectivo cumprimento têm conexão especial com o sofrimento e contêm os “cânticos do servo” (ver Is 42.1 -4; 49.1-6; 50.4-9; 52.13; 53.12). Elas avançam além da experiência dos exilados, e prevêem a vinda futura de Jesus Cristo e a sua morte expiatória (Is 53). O profeta prediz que o Messias vindouro fará com que a justiça brilhe com fulgor 1 , e que a salvação chegue às nações como uma tocha ardente (Is 60-66). Condena a cegueira espiritual (Is 42.18-25) e
Brilho, cintilação, clarão, esplendor .
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recomenda a oração intercessória e a labuta 1 espiritual pelo povo de Deus, para qu e toda s as promessas seja m cumpridas (cf. Is 56.6-8; 62.1,2 6,7; 66.7-18).
Propósito Fica patente o tríplice propósito de Isaías. Confrontar a própria nação, e outras nações contemporâneas, com a Palavra do Senhor, mostrandolhes seus pecados e o conseqüente castigo divino; Profetizar esperança à geração futura de exilados juda icos , que ser ia restaurada do cati veir o, e à qu al Deus redimiria como luz aos gentios; Mostrar que Deus enviaria o Messias davídico, cuja salvação abrangeria todas as nações da terra, suscitando esperança no povo de Deus, tanto do antigo como do novo concerto.
O Autor O contexto histórico do ministério de Isaías (o nome Isaías significa „O Senhor Salva‟), filho de Amoz, foi centrado em Jerusalém durante os reinados de quatro reis de Judá: Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias (Is 1.1). Considerando que o rei Uzias tenha morrido em 740 a.C. (cf. Is 6.1), e Ezequias, em 687 a.C., o ministério de Isaías abrangeu mais de meio século. Segundo a tradição, Isaías foi serrado ao meio (cf. Hb 11.37) pelo filho de Ezequias, o ímpio rei Manassés (c. 680 a.C.). Segundo parece, Isaías provinha de uma família inf lu ent e de Jer usalém. Era um homem cultíssimo, e tinha o dom da p oesia. Ele era
Trabalho, lida, labor; labutação . 19
familiarizado com a realeza, e aconselhava os reis no tocante à política externa de Judá. E considerado o mais literário e influente dos profetas. Era casado com uma profetisa, e tinha dois filhos, cujos nomes representavam mensagens simbólicas à nação. Isaías era contemporâneo de Oséias e Miquéias. Profetizou durante a expansão ameaçadora do Império Assírio, o colapso de Israel (o Reino do Norte), e o declínio espiritual e moral de Judá (o Reino do Sul). Advertiu o rei Acaz, de Judá, a não buscar ajuda dos assírios contra Israel e a Síria. Advertiu o rei Ezequias, depois da queda de Israel em 722 a.C., a não fazer alianças com nações estrangeiras e contra a Assíria. Exortou-os, enfim, a confiarem somente no Senhor (7.3-7; 30.1-17). Isaías desfrutou de sua maior influência durante o reinado de Ezequias. Alguns estudiosos questionam a autoria de Isaías quanto à totalidade do livro que lhe leva o nome. Eles lhe atribuem somente os capítulos 1-39. Os capítulos 40-66 são atribuídos a outro autor, ou autores, que teriam vindo um século e meio mais tarde. Não existe, porém, nenhum fato bíblico que nos leve a rejeitar a autoria de Isaías para todo o livro. As mensagens de Isaías, nos capítulos 40-66, destinados aos exilados judaicos em Babilônia, muito tempo depois de sua morte, enfatizam o poder de Deus em revelar eventos futuros específicos através dos seus prof etas (Is 42.8,9; 44.6-8; 45.1; 47.1-11; 53 .1-12). Se aceitarmos os fenômenos das visões e revelações prof ét icas (cf. Ap 1.1; 4.1 a 22.21), cai por ter ra o obstáculo principal à crença de que Isaías realmente escreveu o livro inteiro. As evidências que sustentam esta pos ição são abunda nt es, e p odem ser classif icadas em du as categorias: 20
(1) As evidências internas, no próprio livro, que incluem o título em 1.1, e os numerosos paralelos e pensamentos ma rcant es entre ambas as seções do livro. Um exemplo notável é a expressão “o Santo de Israel”, que ocorre doze vezes nos capítulos 1-39, e catorze nos capítulos 40 a 66, mas somente seis vezes no restante do AT. Nada menos que vinte e cinco formas verbais hebraicas aparecem nas duas divisões de Isaías. Expressões estas não encontradas em nenhum outro lu gar dos livros proféticos do AT. (2) As evidências externas incluem o testemunho do Talmude 1 e do próprio NT, que atribui todo o livro ao profeta Isaías, confira: Mt 12.17-21 Mt 3.3 e Lc 3.4 Jo 12.37-41 At 8.28-33 Rm 9.27 e 10.16-21
Is Is Is Is Is
42.1-4; 40.3; 6.9,10 e 53.1; 53.7-9; 10, 53 e 65.
Data O profeta coloca que ele profetizou durante os reinados de “Uzias, Jotão, Acaz e Ezequias, reis de Judá” (Is 1.1). Alguns aceitam que o seu chamado para o ofício profético tenha sido feito no ano em que o rei Uzias morreu, cerca de 740 a.C. (Is 6.1,8). Entretanto, é provável qu e ele tenha começado du rant e a últ ima década do reinado de Uzias. 1
Nome pró prio deriva do de um ve rbo hebraico, cognato do acádico e do ugarítico, que tinha o sentido de aprender, estudar. O substantivo comum desse verbo significa discípulo, no hebraico. O Talmude é uma coletânea de preceitos rabínicos, de decisões legais e de comentários sobre a legislação mosaica .
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Por Isaías mencionar a morte do rei da Assíria, Senaqueribe, que morreu em cerca de 680 a.C. (Is 37.3738), ele deve ter sobrevivido a Ezequias por alguns anos. A tradição diz que Isaías foi martirizado durante o reinado de Manassés, filho de Ezequias. Muitos acreditam que a for ma “serrados” em Hebreus11.37 é uma referência à morte de Isaías. A primeira parte do livro pode ter sido escrita nos primeiros anos de Isaías, e os capítulos posteriores, após a sua retirada da vida pública. Se Isaías começa profetizando em cerca de 750 a.C., o seu ministério pode ter se sobreposto aos ministérios de Amós e Oséias em Israel, bem como o de Miquéias em Judá.
Características Especiais Oito aspectos básicos caracter izam o livr o de Isaías. (1) Em grande parte, estão escritas em forma poéticas, e é insuperável como jóia literária na beleza, poder e versatilidade; (2) É chamado “o profeta evangélico”, porque, dentre todos os livros do Antigo Testamento, suas profecias contêm as declarações mais plenas e claras sobre Jesus Cristo; (3) Sua visão da cruz (Is 53) é a profecia mais detalhada sobre a morte expiatória de Jesus; (4) É o mais teológico e extenso de todos os livros prof ét ic os do AT . O per íodo de temp o ali trata do remonta à criação dos céus e da terra (Is 42.5), e olha para o futuro, aos novos céus e nova terra (Is 65.17; 66.22). (5) Contém mais revelação a respeito da natureza, majestade e santidade de Deus do que qualquer 22
outro livro profético do AT. O Deus de Isaías é Santo e Todo-Poderoso, aquele que julgará o pecado e a iniqüidade dos seres humanos e nações. Sua expressão predileta para Deus é “o Santo de Israel”; (6) Isaías, cujo nome significa “o Senhor salva”, é o profeta da salvação. Ele emprega a palavr a “salvação” quase três vezes mais do que todos os demais livros proféticos do AT. Isaías revela que o propósito divino da salvação será somente realizado em conexão com o Messias; (7) Isaías faz freqüentes referências aos eventos redentores da história de Israel: e.g., o Êxodo (Is 4.5,6; 11.15; 31.5; 43.16,17), a destruição de Sodoma e Gomorra (Is 1.9) e a vitória de Gideão contra os midianitas (Is 9.4; 10.26; 28.21). Além disso, faz alusões 1 ao cântico profético de Moisés em Deuteronômio 32 (Is 1.2; 30.17; 43.11,13); (8) Isaías é juntamente com Deuteronômio e os Salmos, um dos livros do AT mais citados e aludidos no N T.
O Livro de Isaías ante o Novo Testamento Isaías profetiza a respeito de João Batista como aquele destinado a ser o precursor 2 do Messias (Is 40.3-5; cf. Mt 3.1-3). Seguem-se muitas de suas profecias messiânicas sobre a vida e ministério de Jesus Cristo: ■ Encarnação e divindade (Is 7.14; Mt 1.22,23 e Lc 1.34,35; Is 9.6,7; Lc 1.32,33; 2.11);
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Menção, referência, relação. 2 Que vai adiante. Que anuncia um sucesso, ou a chegada de alguém. Que precede. Que faz preve r, prepara os atos, o surto de outras figura s.
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■ Juventude (Is 7.15,16 e 11.1; Lc 3.23,32 e At 13.22,23); ■ Missão (Is 11.2-5; 42.1-4; 60.1-3 e 61.1; Lc 4.1719,21); ■ Obediência (Is 50.5; Hb 5. 8); ■ Mensagem e unção pelo Espírito (Is 11.2; 42.1; e 61.1; Mt 12.15-21); ■ Milagres (Is 35.5,6; Mt 11.2-5); ■ Sofrimentos (Is 50.6; Mt 26.67 e 27.26,30; Is 53.4,5,11; At 8.28-33); ■ Rejeição (Is 53.1-3; Lc 23.18; Jo 1.11 e 7.5); ■ Humilhação (Is 52.14; Fp 2.7,8); ■ Morte expiatória (Is 53.4 -12; Rm 5.6); ■ Ascensão (Is 52.13; ver Fp 2.9 -11); ■ Segunda vinda (Is 26.20,21; Jd v. 14; Is 61.2,3; 2Ts 1.5-12; Is 65.17-25).
As Profecias de Isaías As profecias têm três aspectos diferentes, e refere-se a Israel 1 , às Nações e ao Messias. O primeiro e terceiro, acha mos em todo o livro, mas o primeiro é mais evidente nos capítulos 1-12, 14-35, e o terceiro nos capítulos 40-66. ■é No que concerne a Israel, somos ensinados: que, por motivos dos seus pecados, a nação havia de ser levada ao cativeiro; havia de passar por um período de desolação 2 e angústia; que um restante do povo seria afinal salvo e teria parte no gozo e liberdade 1
Israel: O Que Luta com Deus. (1) Nome dado por Deus a Jacó (Gn 32.28). (2) Nome do povo composto das 12 tribos descendentes de Jacó (Êx 3.16). (3) Nome das dez tribos que compuseram o Reino do Norte, em contraposição ao Reino do Sul, chamado de Judá (lR s 14.19). 2
Devastação, ruína, destruição. Isolamento, solidão; desamparo. Estrago causado por calamidade. Grande tristeza; consternação. 24
do reino do Messias, havia de ser estabelecido sobre a terra, com seu centro em Jerusalém; que esse reino seria universal; e, finalmente, que a glória e grandeza dele ultrapassariam qualquer coisa conhecida anteriormente. As passagens são numerosas demais para especificar, e o per íodo ref er ido é o futuro per íodo Messiâ nico. As predições contra Babilônia, Assíria, Filístia, Moabe, Síria, Egito, Dumá, Arábia e Tiro t êm sido, maiormente cumpridas, mas há aspectos destas profecias que ainda esperam seu cumprimento durante o período que virá depois desta presente dispensação cristã. Todas as nações são consideradas por Deus como “a gota de um bald e” (Is 40.15), mas Deus dispõe dessa got a. chegamos às profecias messiânicas, Quando encontramos-nos em águas profundas e ricas, e nenhuma parte da Sagrada Escritura é mais abundante nisto do que Isaías. O Messias é repetidamente prometido e predito: em 4.2 como o Renovo, e Fruto da Terra; em 7.14 como o E manuel, nascido da virgem; em 9.6 como Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, e Príncipe da Paz; em 11.1 como “um Rebento 1 do tronco de Jessé”; em 28.16 como a Pedr a precios a da esqu ina ; em 32.1-2 como o Rei que reina rá em justiça e como o homem que será escudo e abrigo da tempestade; em 42.1 como o Eleito Servo de Deus; em 42.6,7 como o Redentor de Israel e como uma Luz para iluminar os gentios; e em 61.1 vemos o ungido Mensageiro de Deus, enviado a pregar, sarar e libertar.
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Broto que dá origem a outra planta; refilho, renovo. Filho; descendente .
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Neste livr o, os sofrimentos do Messias são ma is claramente preditos do que em qualquer outra parte do Antigo Testamento, especialmente nos capítulos 50, 52 e 53. “ Os sofrimentos e exaltação de Cristo são claramente declarados como se o profeta tivesse estado ao pé da cruz, e visto Cristo em Ressurreição ”. Tudo isto é, de fato, uma revelação, e podia ser conhecido somente com o Espírito de Deus comunicando ao seu servo escolhido.
Profecias 1 Messiânicas A pregação de Isaías referiu-se ao presente. Achou a sua ocasião e objetivos na necessidade e circunstâncias dos seus dias. Por ém, ela constantemente ia além do atual e do imediato, até o futuro do propósito divino. O estabelecimento do reino futuro é ligado com a vinda de um Libertador, um Rei que s erá da casa de Davi. Sua metrópole será Sião, purificada e regenerada pelo juízo. Junto aos seus primeiros discursos, Isaías põe uma breve profecia (Is 2.2-4) tirada de Miquéias (ou de outro profeta mais antigo), em que o destino futuro de Sião é descrito. Isto serve como base de uma chamada ao arrependimento.
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Profecia: A mensagem de Deus anunciada por meio de um Profeta a respeito da vida religiosa e moral do seu povo “Acima de tudo, porém, lembrem disto: Ninguém pode explicar, por si mesmo, uma profecia das Escrituras Sagradas. Pois nenhuma mensagem profética veio da vontade humana, mas as pessoas eram guiadas pelo Espírito Santo quando anunciavam a mensagem que vinha de Deus (2Pe 1.20-21 - BLH). As profecias tratam, às ve zes, do futuro, mas geralmen te se prendem às necessidades presentes das pessoas”.
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A grandeza desta profecia vê-se quando é relacionada com as circunstâncias do momento. Quando a religião e a moralidade estavam decadentes; quando Israel, em vez de converter as nações ao culto a | Jeová, era per ver tido pela s suas super stiç ões; quando as nações, em vez de vir render homenagem ao Deus de Jacó, ameaçavam esmagar totalmente seu p ovo. Isaías repete com autoridade a profecia que prediz a supremacia espiritual de Sião, e o estabelecimento da paz universal. É possível haver uma alusão messiânica no renovo de Jeová se Capítulo 4.2: “ Naquele dia o tornará em beleza e glória, e o fruto da terra em orgulho e adorno para os de Israel que tiverem escapado”.
O Targum1 dos judeus tem as palavras „ parafraseadas assim: “ Naquele dia será o Messias de Jeová formoso e glori oso A promessa do Emanuel.
“ Portanto o Senhor mesmo vos dará (a vós, casa de Davi, e rei Acaz) um sinal: eis donzela conceberá e dará á luz um filho, e pôr -lhe-á o nome de Emanuel. Ele comerá manteiga e mel, quando S o u b e r rejeitar o mal e escolher o b e m . Pois antes, Será desolada a terra, ante cujos dois reis tu (Acaz), tremes de medo ” (Is 7.14-16). Sabemos de Mateus 1.21-25 que o completo Je final cumprimento desta estranha profecia deu -se com I o nascimento de Cristo. Contudo, havemos de entender * que, em algum sentido, houve cumprimento parci al e I suficiente nos dias de Acaz para servir- lhe de “sinal” e Aprovar a veracidade do profeta. 1
Conjunto de traduções e comentários de textos bíblicos que datam do séc. VI a.C.
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Nascimento e reinado do Príncipe da Paz (Is 9.1-7).
A casa de Davi era representada por um príncip e infiel e após tata na pessoa de Acaz. Seus inimigos tramaram a destruição dela. Teria parecido debalde esperar a libertação da parte de Acaz, mas, com a indomável coragem da inspiração, Isaías proclama que é ainda o propósito de Deus restabelecer seu reino de Paz e ju stiça por meio de um descendente de Davi. O nome quádruplo deste Príncipe declara a sua natureza maravilhosa, e proclama ser Ele, de maneira extraordinária e misteriosa, o representante de Jeová. Seu advento é ainda futuro, mas é certo: “O zelo do Senhor dos exércitos cumprirá isto ” (Is 9.7). Em outra profecia (Is 11.1, etc.), descreve-se o caráter deste Rei e seu governo. O Espírito de Jeová em toda a sua plenitude descansará sobre Ele. A paz do Paraíso será restaurada à natureza (Is 11.1-9).
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Questionário ■ Assinale com “X” as alternativas corretas 1. Aponte com coerência o tema do livro de Isaías . . a ) Juízo e Salvação b) Paz e Alegria c) Tristeza e Juízo 2 d)Q Renovo e Justiça 2. Um dos propósitos de Isaías era a) Entregar a mensagem divina do juízo às sete nações estrangeiras a o redor de Judá b) Ocultar da própria nação os seus pecados e o conseqüente castigo divino c) Profetizar tristeza à geração futura de exilados judaicos , e à qu al Deus exter minaria futuramente d) Mostrar que Deus enviaria o Messias davídico, cuja salvação abrangeria todas a s nações da terr a 3. As profecias de Isaías têm três aspectos diferentes, e refere-se a a) Israel, à Igreja e ao rei de Judá b) Judá , à Edom e ao Messia s c) Israel, às Nações e ao Messias d) Q Judá, ao Egito e ao Messias e) ■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado f Apesar de Isaías ser um “profeta messiânico”, seu livro não é citado e aludido no Novo Testamento Isaías profetiza a respeito de João Batista como aquele destinado a ser o precursor do Messias
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Sião Inviolável “Outra série de profecias se refere a Sião que era ameaçada de destruição. Isaías assevera a sua per manência. Polític os mundanos tramaram uma alia nça com o Egito: uma política sem fé, e fatal. Em contraste com essa política está a pedra provada, a pedra de esquina que Jeová pôs em Sião”. A linguagem é figurativa dos sólidos e custosos alicerces do templo. Qual é essa pedra de fundamento seguro? Não a cidade, nem o templo, nem a casa de Davi, mas o plano divino do qual o templo é o símbolo. Jeová pôs os alicerces do seu reino em Sião, mas o edifício precisa ser levantado com a linha do julga ment o e da ju stiça. A fé é a condição para uma segurança tranqüila no meio do perigo (Is 28.16, etc.). Esta profecia é repetida em Salmos 118.22: “A edra que os edificadores rejeitaram tem-se tornado a rincipal da esquina”. Tem seu cumprimento em Cristo, como a incorporação pessoal do propósito divino, o fundamento do reino de Deus na Igreja (Mt 21.42; At 4.11; Rm 9.33; lPe 2.6).
As Nações Segue-se uma série de profecias acerca das nações, mormente ameaçadas de juízo. Contudo, o propósit o afirma do em (Is 2.2 e 11.10) transparec e em vários trechos. Mas, a profecia atinge o seu auge quando Isaías antecipa a reconciliação desses inimigos inveterados, o Egito e a Assíria, com Israel e um com o outro, sendo Israel a vítima de ambos - o vínculo que os une. 30
“Será conhecido Jeová pelo Egito, e os egí pcios
conhecerão a Jeová naquele dia. Eles servirão com sacrifícios e ofertas, farão votos a Jeová e os cumprirão... Naquele dia haverá estrada do Egito para a Assíria. Entrará o assí rio no Egito e o egípcio na Assíria; e os egípcios servirão com os assírios. Naquele dia será Israel o terceiro com o Egito e com a Assíria, uma benção no meio da terra ” (Is 19.21-24). Estas nações representam as nações do mundo; a sua reconciliação representa a incorporação dos seus mais ferrenhos inimigos do reino de Deus. Esta predição nunca poderá ser cumprida literalmente nela, porque deixaram de existir, mas será realizada naquela grande paz mundial (no Milênio) que é a esperança de todos os povos.
Cumprimento das Profecias As profecias de Isaías receberam um notável, embora incompleto, cumprimento durante a própria vida dele. O juízo caiu sobre Judá. A aliança entre a Síria (Arã - Filho de Sem (Gn 10.22), antepassado dos sírios). A Síria, que se estendia desde o nordeste da Palestina até os vales dos rios Tigre e Eufrates (Nm 23.7) e Israel fracassou. A Assíria provou ser o maior perigo, mas não podia tomar um passo além do que Deus permitia. Quando ela ameaçou a existência do seu povo, o Senhor desse povo interveio, como Isaías tinha predito. A libertação de Jerusalém do poder de Senaqueribe foi a mais evidente atestação da sua comissão divina. Isso demonstrou que o Santo de Israel estava no meio de seu povo. Não tinha de introduzir o porvir que ele esperava.
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Parece ter antecipado brevemente o advento do Rei perfeito e a regeneração do povo, talvez durante a sua própria vi da . O prop ós it o divino lhe foi revelado, mas o tempo e a maneira do cumprimento desse propósito não l he foram revelados. Ele os avistou de longe, tão claramente que lhes pareciam próximos. E isso não deve surpreendernos. Se os discípulos de Cristo, no momento crítico, quando Ele ia deixá-los, foram advertidos de que não lhes competia saber os tempos ou as épocas “E disse -lhes: Não vos pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio poder ” (At 1.7), não é de estranhar que esse conhecimento f osse vedado aos profetas do Antigo Testamento. Eles “ inquiriram e indagaram... que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles indicava ”, e foi-lhes revelado, algumas vezes pelo curso dos acontecimentos interpretados por esse Espírito, outras vezes, sem dúvida, pelo ensino desse mesmo Espírito, que as suas profecias não foram para eles, mas uma futura geração “ da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada (lPe 1.10 etc.).
O Servo do Senhor A descrição do Servo do Senhor apresentada no “Livro da Consolação” (capítulos 40 -66) é especialmente interessante. Á luz do Novo Testamento fica bem claro que, através de Jesus Cristo, as profecias acerca do Servo do Senhor tiveram o seu cumprimento. Jesus reúne duas grandes figuras dele próprio apresentado no Antigo Testamento ao falar em Marcos 10.45 que “O Filho do homem (mencionado no livro de
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Daniel) não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos ”. Também os apóstolos fazem freqüentes alusões a esse Servo do Senhor, que sofreu por nós.
O Método Isaías não era nenhum recluso 1 , vivendo à arte dos homens comuns. Residia na capital. Ali, no entro da vida nacional, exerceu o seu ministério. Quase todos os seus discursos são dirigidos o povo de Jer usalém, ou a indivíduos nela res ident es. Sua própria família fazia parte da sua mensagem. Sua mulher era profetisa (Is 8.3). Dois de Seus filhos, como os de Oséias, tinham nomes significativos. Sear-Jasube: “um restante voltará ” (Is .3). Não voltar do cativeiro, mas voltar a Jeová, como lemos em Isaías 10.2022. O outro Maer-Salal-Hás- Baz: “ Apressando-se ao despojo 2 , apressurou-se à presa'' (Is 8.1), significa a próx ima qu eda de Samaria e Damasco. Assim, Isaías podia dizer, nos dias mais enebrosos, “Eis que eu e os filhos que Jeová me tem ado somos para sinais e portentos 3 em Israel da parte arte do Senhor dos exércitos, que habita no monte de ião ” (Is 8.18). Podemos entender que Isaías reuniu em redor e si um bando de fiéis discípulos que entesouraram as luas palavras na memória, e gu arda ram as prof ecias ue tinha m escrito um livro selado para a multidão sdescrente (Is 8.16; 29.11).
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Encerrado, preso, encarcerado. Que vive em convento. 2 Coisa ou p essoa arrebatada ou apreendida com violência ou rapacidade. 3
Coisa ou sucesso maravilhoso; prodígio .
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Uma vez vemo-lo tomando uma tábua e escrevendo nela algum aviso enigmático 1 7 , para chamar a atenção dos transeuntes 18 (Is 8.1; 30.8). Em outra ocasião vemo-lo atravessando as ruas de Jerusalém, descalço e nu, um quadro vivo dos cativos do Egito e Etiópia que seriam levados pelo vitorioso rei Sar gão (Is 20 . 2 ). Ele evidentemente ocupou uma posição de autoridade singular em Jerusalém. Era o destemido crítico do covarde Acaz; o conselheiro do bem- intencionado, mas vacilante Ezequias. Quando precisava de uma testemunha durante seu serviço profético, podia ele chamar a principal autoridade eclesiástica da cidade (Is 8.2). A variedade das suas atividades é notável. Não somente era um reformador social e r eligioso, u m pregador de justiça e piedade, mas um estadista precavido. Ele observava os movimentos políticos do dia, nacionais e estrangeiros. Apreciou-os do ponto de vista divino. Mas, embora assim vivesse entre seu povo, intensamente interessado em tudo que dizia respeito ao bem estar deles, olha va tamb ém sob re os povos em redor, marcava seus movimentos e pr edisse o seu destino. Olhou para um porvir em que Israel, purificado pelo fogo do ju íz o, ha via de realizar a s ua vocação, e ser o centro donde o reconhecimento espiritual seria para iluminar as nações do mundo.
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Relativo a, ou que contém enigma. Obscuro, misterioso. Difícil de compreender, ou interpretar. 18 Indivíduos que vão andando ou passando; passantes, caminhantes, andantes, viandantes.
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A Vocação A chave para a boa compreensão do ministério de Isaías encontra-se no relatório da sua chamada ao serviço profético, contado no capítulo seis. Ele teve uma visão de Deus revelado em glória, e o resultado foi o reconhecimento da sua própria impureza e do seu povo. Então, ele recebe uma purificação divina, e, ouvindo que Deus precisa de um mensageiro, 'Sente-se encorajado a se oferecer par a a tarefa. Essa visão deu caráter a todo o futuro ministério de Isaías. A majestade, a santidade, e a glória de Deus são os temas que enchem e subjugam o Seu espírito. Parece evidente que esta visão era a primeira chamada de Isaías ao seu ministério profético, e não, Como alguns têm pensado uma segunda chamada. Por que, então, encontra-se a narrativa onde está, e não, Como era de esperar, no começo do livro? A resposta mais provável é que era originalmente prefixada a uma Coleção de prof ecias per tenc entes ao reina do de Acaz, publicada separadamente, e retida nessa posição quando as várias coleções subordinadas foram reunidas.
A Teologia Isaías é o mais notável de todos os profetas. Parece quase uma presunção tentar escolher quaisquer elementos especiais e distintivos do seu ensino. Mas mesmo Isaías teve suas características distint ivas. Cada profeta é teólogo. Seu ensino descansa sobre esse aspecto do caráter divino que tem sido especialmente impresso sobre seu espírito. Isaías era um teólogo proeminente.
A visão em que recebeu sua vocação foi uma revelação da glória de Jeová, exigindo os supremos atributos de majestade e santidade. Uma profunda impressão desses atributos dominava seu espírito, isto formou a sua visão das relações de Jeová, dando a inspiração e a idéia predominante do seu ensino. Notamos, repetidas vezes em Isaías, a referência a Jeová como o “Santo de Israel”. Mais tarde no seu ministério, a doutrina de Deus como o Santo de Israel veio a ser ainda mais saliente no seu ensino. Naquela crise, quando a política dos estadistas mundanos em Jerusalém ameaçou envolver Judá numa aliança com o Egito, levando-o, assim, á ruína que veio sobre Samaria, Isaías sem hesitação aconselhou os seus patrícios a confiarem no Santo de Israel. Se ficassem quietos e obedecessem à mensagem e se conformassem com a vontade divina, então, no seu tempo, Ele seria misericordioso e os livraria da opressão do tirano assírio. Mas o povo era descrente; o espírito mundano preva lecia. “ Assi m disse o Senhor Jeová, o Santo de Israel: voltando (da vossa política mundana) e descansando, sereis salvos; no sossego e na confiança estará a vossa orça, mas não a quisestes ” (Is 30.15). Zombaram do profeta e seus companheiros, repetindo a sua célebre frase: “ Fazei que o Santo de Israel desapareça diante de nós ” (Is 30.11), e, em vez de procurar o Santo de Israel, ma ndaram seus embaix adores pedir auxílio ao Egit o, e puser am sua confia nça nos carros e nos cavaleiros (Is 31.1). Calmamente Isaías continua a proclamar a sua dupla mensagem de juízo e libertação. “ Assim diz o Santo de Israel. Porque rejeitais esta palavra (a saber, a exortação profética de confiar em Jeová), e confiais
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na opressão (que era preciso empregar para extorquir 1 meios para comprar a ajuda do Egito) e perversidade (a saber, a política de intrigas secretas) e sobre elas vos estribais, portanto esta iniqüidade vos será como uma brecha que, prestes a cair, forma barriga num alto muro, cuja queda vem de repente, num momento ” (Is 30.12,13). Contudo, Jeová protegerá Jerusalém, como o pássaro-mã e, adeja ndo 2 sobre seu ninho para proteger seus filhotes. “Protegendo e livrando, passando e pondo a salvo” como outrora adejou sobre as casas dos israelitas, ao mesmo tempo em que destruiu os egípcios (Is 31.5).
“O Livro da Consolação” (Capítulos 40 a 66)
Ainda que concordem que esta parte também fosse escrita (ou falada) por Isaías, devemos tomar sentido nas suas características especiais. Até o fim do capítulo 39 o nome de Isaías é mencionado 16 vezes. De 40 a 66, nem uma só vez. Este fato é suficiente em si para desfazer a idéia de que seja de algum impostor, fingindo ser o grande prof eta, pois em tal caso ele havia de menciona r ro nome de Isaías ao menos uma vez. O livro parece ser dividido em três partes pela repetição das palavras: “Para os ímpios não há paz, diz Jeová ” no fim dos capítulos 48 e 57. O Servo de Jeová é o tema desenvolvido neste livro. Primeiro o servo é Israel (Is 41.8-16),
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2
Adquirir com violência; obter por extorsão. Mover as asas para manter-s e em equilíbrio no ar; bater as asas; voar.
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por ém, ma is adiante o título Ser vo é aplicável ao Messias (Is 42.1-7). Depois vemos a cegueira e a surdez do servo Israel (Is 42.18, etc.), e a sua reabilitação (Is 43.8; 44.1; 48.6). Até aqui é claramente a nação de Israel que é o Servo de Jeová. Israel é o povo que Ele tem escolhido para cumprir seus propósitos para o mundo, e apesar do seu completo fracasso fica sendo o Servo de Jeová... Mas, apesar desse fracasso e dessa humilhação de Israel, o verdadeiro S ervo de Jeová está oculto na nação. No começo da segunda divis ão da prof ecia Ele fala, dirigindo-se às nações, e descrevendo a sua vocação e obra, sua aparente falha atual, e seu final êxito: “ Ouvi-me, ilhas, e escutai povos de longe, Jeová chamou-me desde o ventre, desde as entranhas de minha mãe fez menção do meu nome, fez a minha boca como espada aguda, na sombra da sua mão me escondeu ” (Is 49.1-2). A primeira vista, pode-se supor que o profeta mesmo é quem fala. Mas não é assim. O Servo de Jeová ainda está identificado com Israel (v.3). Mas em que sentido? Pois o primeiro serviço do Servo é para com Israel mesmo: “ Para suscitar as tribos de Jacó e restaurar os que de Israel têm sido preservados ” (v. 6). Assim, o Servo é ao mesmo tempo identificado com Israel e distinto dele. Mais uma vez no capítulo 50 o Servo fala, descrevendo a sua vocação divina, sua experiência de oposição e perseguição, e sua certeza de triunfo de força divina (Is 50.4 -9). Assim, passo a passo somos levados para esse trecho sagrado em que culmina o ensino do profeta concernente ao Servo de Jeová. Presume-se ter acontecido a volta da Babilônia (Is 52.7-12). Então, mais uma vez o discurso profético volta para o Servo; 38
mas enquanto antes ele mesmo falava, agora é Jeová quem fala, e descreve o resultado da sua obra. Seu sucesso e exaltação estarão de acordo com a sua humilhação, despertando a admiração de nações e reis, que ficam mudos de atônitos que estão (Is 52.13-15). Mas a surpresa não era somente para as nações. Falando em nome dos seus compatriotas, o profeta lamenta a incredulidade geral com que fora recebido... O que tenha sido a idéia precisa que o retrato o Servo de Jeová, sofredor e triunfante, apresentava ao profeta e aos seus contemporâneos, é impossível adivinhar mos, mas não podemos duvidar de que foi prop os to pelo Espírito a apontar para Cristo. Somente nele rec ebe a sua completa explicação. Para nós é natural considerar esta grande profecia, e toda a série de profecias, à luz doseu cumprimento em Cristo. E fácil fazer isto, mas em fazê-lo p erdemos algu ma coisa dos métodos pelos quais Deus ensinou seu povo em tempos passados, r evivificou e f ortaleceu a sua fé. Mais uma vez deve observar que esta exposição da chamada, obra e vitória o servo do Senhor era uma verdade para seu próp rio temp o. Nessa cris e da histór ia de Israel os qu e tinham ouvidos para ouvir pr ecisa vam ser ensinados obre qual era a vocação da sua nação, qual o propósito or que tinha sido criada e conservada tão maravilhosamente. Precisavam saber que, apesar do fr acasso de Israel, prop ós ito divino havia de ser rigoros ament e cons uma do. Mais do que eles podiam ter esperado, já se cumpriu, e nesse cumprimento está a garantia para nós e que os propósitos de Deus caminham para uma consumação maior e mais gloriosa do que podemos imaginar.
Questionário ■ Assinale com “X” as alternativas corret as 6. A profecia às nações atinge o seu auge quando Isaías a) Antecipa a reconciliação do Egito e a Assíria, com Judá e um com o outro (Judá a vítima) b) Antecipa a reconciliação de Israel e a Assíria, com Judá e um com o outro (Israel a vítima) c) Antecipa a reconciliação de Judá e o Egito, com Israel e um com o outro (Judá a vítima) d) Antecipa a reconciliação do Egito e a Assíria, com Israel e um com o outro (Israel a vítima) 7. Quanto ao profeta Isaías, é incerto afir mar que a) Residia no interior. Era um homem simples, carregador de sicômoros (semelhante a Amós) b) Sua mulher era profetisa. Dois de seus filhos, como os de Oséias, tinham nomes significativos d) Observava os movimentos políticos do dia, c) Quase todos os seus discursos são dirigidos a o povo de Jerusalém nacionais e estrangeiros 8. Dos a) b) c) d)
capítulos 40 ao 66 de Isaías, os cha mam de O Livro da Exortação O Livro da Consolação O Livro da Reconciliação O Livro da Edificação
■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado 9. A chave para a boa compreensão do ministério de Isaías encontra-se em Isaías 6 10. O Servo de Jeová é o tema desenvolvido no Livro da Consolação (Isaías 40 - 66) 40
Lição 2 O Livro de Jeremias Autor: Jeremias. Data: Cerca de 585 - 580 a .C. Tema: 0 Juízo Divino e Inevitável
Jeremias
de Judá Palavras-Chave: Arrependimento,
restauração. Yersículo-chave: Jr 1.5 O livro é essencialmente uma coletânea de prof ecias de Jer emia s, dirigida s princip almente a Judá (2 29), mas também a nove nações estrangeiras (46- 51); estas profecias focalizam principalmente o juízo, embora haja algumas que dizem respeito à restauração (especialmente os capítulos 30-33 ). Essas profecias não estão dispostas numa or dem rigidamente cronológica ou temática, embora o livro de Jeremias tenha a estrutura global indicada no esboço. Parte do livro está escrita em linguagem poét ica, ao passo que ou tras têm a forma de pros a 1 ou narrativa. Suas mensagens proféticas estão entrelaçadas com os seguintes aspectos históricos: A vida e ministério do profeta (capítulos 1; 34-38; 40-45);
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A maneira natural de falar ou de escrever, sem forma retórica ou métrica, por oposição ao verso.
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A história de Judá, principalmente durante o período dos reis: Josias (capítulos 1-6), Joaquim (7-20) e Zedequias (21-25; 34), inclusive a queda de Jerusalém (capítulo 39); Eventos internacionais que envolvia Babilônia e outras nações (25-29; 46-52). Assim como Ezequiel, Jeremias pratica várias ações simbólicas a fim de ilustrar de modo claro a sua mensagem profética: o cinto podre (Jr 13.1-14), a seca (Jr 14.1-9), a proibição divina de não se casar ou ter filhos (Jr 16.1-9), o oleiro 22 e o barro (Jr 18.1-11), o vaso do oleiro, que se fragmentou (Jr 19.1-13), os dois cestos de figos (Jr 24.1-10), o jugo no seu pescoço (Jr 27.1-11), a compra de um terr eno na sua cidade nat al (Jr 32.6-15) e as pavimento de tijolos de Faraó (Jr 43.8 -13). A compreensão clara que Jeremias tinha da sua chamada profética (Jr 1.17), juntamente com as fr eqüentes reafirmações de Deus (Jr 3.12; 7.2,27 28; 11.2,6 13.12,13; proc la mar com ou sadia e fé a pala vr a profét ica a Judá , apesar de esta nação sempre reagir com hostilidade, rejeição e perseguição (Jr 15.20,21). Após a destruição de Jerusalém, Jeremias foi levado contra sua vontade ao Egito, onde continuou prof et izando até a sua morte (Jr 43 e 44).
O livro foi escrito:
Para fornecer um registro permanente do ministério prof ético de Jeremias e sua mensagem; Para revelar o inevitável juízo divino por ter o povo transgredido o concerto e persistido em sua rebelião contra Deus e sua palavra;
Aquele que trabalha em olaria. Ceramista . 42
Para demonstrar a autenticidade e autoridade da palavra prof ét ica. Muit as da s prof ecia s de Jer emia s foram cumpridas durante a própria vida do profeta (Jr 16.9; 20.4; 25.1-14; 27.19-22; 28.15-17; 32.10-13; 34.1-5;); outras que envolviam o futuro distante, foram cumpridas posteriormente, ou ainda estão por se cumprir (Jr 23.5,6; 30.8,9; 31.31-34; 33.14 -16). O ministério profético de Jeremias foi dirigido ao Reino do Sul, Judá, durante os últimos quarenta anos de sua história (626-586 a.C.). Ele viveu para ser testemunha das invasões babilônicas de Judá, que resultaram na destruição de Jerusalém e do templo. Como o chamado de Jeremias propunha-se a que ele profetizasse à nação durante os últimos anos de seu declínio 2 3 e queda, é compreensível que o livro do
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prof eta esteja cheio de prenú ncios sombrios . O cená rio envolve as seguintes localidades: Babilônia.
Nome de uma região e de sua capital (BLH n 10.10; 2Rs 20.12). A cidade foi construída na pmargem esquerda do rio Eufrates, onde agora existe o raque ;> Gênesis 11.1-9 conta como a construção de uma orre ali não foi terminada porque Deus confundiu a íngua falada pelos seus cons trutores. Judá.
Reino localizado no sul da Palestina. Foi formado quando as dez tribos do Nort e se revoltaram ontra Roboão e formaram o Reino de Israel sob o “ comando de Jeroboão I, em 931 a.C. (lRs 12).
Ato de declinar; declinação. Diminuição gradativa de força, de Valor, de intensidade. 34 Anúncio de coisa futura; prognóstico.
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Durou até 587 a.C. , quando Jerusalém, sua capital, foi tomada e arrasada pelos babilônios, e o povo foi levado ao Cativeiro (lRs 12-22; 2C r 11-36). Cativeiro.
Situação dos israelitas quando os moradores do Reino do Norte (Israel) foram derrotados e levados como pris ioneir os para a Assíria em 722 a.C. (2Rs 17 .6; 18.11), e os moradores do Reino do Sul (Judá) foram derrotados e levados como prisioneiros para a Babilônia em 586 a.C. (Jr 52.24-30). Lugar onde alguém fica como prisioneiro (Ap 13.10).
Autor O autor do livro é indicado com clareza em Jeremias 1.1. Depois de profetizar durante vinte anos a Judá, Jeremias foi ordenado por Deus a deixar a sua mensagem por escrito. Assim o fez ao ditar suas profecias a seu fiel secretário, Baruque (Jr 36.1-4). Visto que Jeremias estava proibido de comparecer diante do rei, enviou então Baruque para ler as profecias no templo. Depois disso, Jeudi as leu diante do rei Joaquim. O monarca demonstrou desprezo a Jeremias e à Palavra do Senhor ao cortar e queimar o rolo (Jr 36.22,23). Jeremias voltou a ditar suas profecias a Baruque, e dessa vez incluiu até mais do que estava no primeiro rolo. Seu ministério abrangeu os últimos quarenta anos da nação. Por causa da sua mensagem de julgamento e da sua devoção ao Senhor, Jeremias enfrentou muita oposição e sofrimento. Antes de Jeremias nascer, Deus já havia determinado que ele fosse profeta. Seu nome significa: Jeová é Elevado.
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Jeremias, filho de sacerdote, nasceu e cresceu na aldeia sacerdotal de Anatote (mais de 6 km ao nordeste de Jerusalém) durante o reinado do ímpio reiMana durante o décimo terceiro ano do reinado do bom rei Josias, e apoiou seu movimento de r eforma. Não demor ou em per ceber , no enta nto, qu e as mudanças não estavam resultando numa verdadeira transformação de sentimentos do povo. Jeremias advertiu que, a não ser que houvesse verdadeiro arr ependimento em escala nacional, a condenação e a destruição viriam de repente. Este livro profético revela que Jeremias, frequentemente chamado de “o profeta das lágrimas”, era u coração sensível equebrantado (Jr 8.21-9.1). Seu espírito sensível tornou mais intenso o seu sofrimento, à medida que a Palavra de Deus ia sendo repudiada por seus familiares e amigos, pelos sacerdotes e reis, e pela totalidade do povo de Judá. Embora fosse solitário e rejeitado durante toda a sua vida, não deixou de ser um dos mais ousados e corajosos profetas. Apesar da grande oposição, cumpriu fielmente sua chamada profética para advertir seus concidadãos de que o juízo divino estava às por tas. “Nunca foi imposto sobre um homem mortal ardo mais esmagador. Em toda a história da raça judaica, nunca houve semelhante exemplo de intensa sinceridade, sofrimento sem alívio, proclamação dest emida da mensagem de Deus e intercessão incansável de um profeta em favor do seu povo como se observa no ministério de Jeremias. Mas, a tragédia de sua vida foi esta: pregava a ouvidos surdos e só recebia ódio em troca do seu amor aos compatriotas ” (Farley).
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Data Jeremias profetizou a Judá durante os reinados de Josias, Jeoaquim, Jeconias e Zedequias. O seu chamad o é datado em 626 a.C., e o seu ministério continuou até pouco temp o depois da qu eda de Jer us além, em 586 a.C. O prof eta Sof onia s precedeu ligeir ament e a Jer emias, e Naum, Habacuqu e e Obadia s for am contempor âneo contemporâneo mais jovem, profetizando na Babilônia de 593 a 571 a.C. Em 612 a.C., a Assíria foi conquistada por uma coalizão babilônica. Cerca de quatro anos depois da morte do rei Josias, o Egito foi derrotado por Babilônia na batalha de Carqu emis (605 a.C.; ver Jr 46.2). Naquele mesmo ano o exército babilônico de Nabucodonosor invadiu a Palestina, capturou Jerusalém e deportou alguns dos jovens mais seletos de Jerusalém para Babilônia, entre eles Daniel e seus tr ês amigos. Uma segunda campanha contra Jerusalém ocorreu em 597 a.C., ocasião em que foram levados dez mil cativos à Babilônia, entre os quais Ezequiel. Durante todo esse tempo, as advertências prof ét icas de Jer emia s a respeito do ju ízo divi no iminente passaram despercebidas pela nação. A última invasão babilônica tomou Jerusalém, o templo e a totalidade do reino de Judá em 586 a.C.
Características Especiais Sete aspectos principais caracterizam o livro de Jeremias: (1) É o segundo maior livro da Bíblia, pois contém mais pala vr as (não capítulos ) do qu e qualqu er outro livr o, exceto Sa lmos; 46
(2) A vida e as tribulações pessoais de Jeremias como profeta são revela das com ma ior profundidade e detalhes do que as de qualquer outro profeta do Antigo Testamento; (3) Está permeado ' com as tr istezas, angústias e prantos do “profeta das lágrimas” por causa da rebeldia de Judá. Apesar de sua mensagem severa, Jeremias sentia tristeza e quebrantamentos profundos por causa do povo de Deus. Mesmo assim, sua maior lealdade era dedicada a Deus, e sua mais profunda tristeza era a mágoa sofrida por D eus; (4) Sua palavra-chave é “rebelde” (usada treze vezes), e seu tema perpétuo é o inescapável juízo divino em retribuição à rebeldia e apostasia; (5) Sua maior revelação teológica é o conceito do “novo concerto”, que Deus estabeleceria com seu povo fiel num tempo futuro de restauração (Jr 31.31 -34); (6) Sua poesia é tão eloquente e lírica quanto qualquer outra obra poética da Bíblia, com uso abundante de metáforas excelentes, frases vividas e passagens me moráveis; (7) Há mais referências à nação de Babilônia nas profecia s de Jer emia s (Jr 16.4) do qu e em todo o restante da Bíblia.
O Livro de Jeremias ante o Novo Testamento O emprego principal do livro de Jeremias no Novo Testament o diz respeito à sua pr of ecia de um “novo concerto” (Jr 31.31-34). Embora Israel e Judá tivessem transgredido, repetidas vezes, os concertos com Deus, sendo, posteriormente, arruinados como castigo por sua rebeldia, Jeremias profetizou a r espeito
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de um dia em que Deus faria com eles um novo concerto (Jr 31.31). O NT deixa claro que esse novo concerto foi instituído com a morte e ressurreição de Jesus Cristo (Lc 22.20; cf. Mt 26.26-29; Mc 14.22-25), está sendo cumprido agora na Igreja, que é o povo de Deus segundo o novo concerto (Hb 8.8-13), e chegará ao seu clímax na grande salvação de Israel (Rm 11.27). Outras passagens messiânicas de Jeremias aplicadas a Jesus no NT são: ■ O Messias como o Bom Pastor e o Justo Renovo de Davi (Jr 23.1-8; Mt 21.8,9; Jo 10.1-18; ICo 1.30; 2Co 5.21); ■ O choro amargo em Ramá (Jr 31.15), cumprido na época em que Herodes procurou matar o menino Jesus (Mt 2.17,18); ■ O zelo messiânico pela pureza da casa de Deus (Jr 7.11) , demonstrado por Jesus quando purificou o templo (Mt 21.13; Mc 11.17).
Texto e Mensagem O texto.
O livro de Jeremias em seu estado atual é composto de textos em forma poética e de textos em forma de prosa. Os textos em prosa apresentam em geral melhor estado de conservação do que os textos poéticos. Além disso, a tradução grega do Antigo Testamento, chamada Septuaginta 1 , apresenta um texto
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Versão do AT para o grego, feito entre 285 e 150 a.C. em Alexandria, no Egito, para os muitos judeus que ali moravam e que não conheciam o hebraico. O nome “Septuaginta” vem, segundo a lenda, dos setenta ou setenta e dois tradutores que a produziram. A Bíblia de Jesus e dos seus discípulos foi a Bíblia Hebraica, mas a LXX foi a Bíblia de Paulo e das igrejas da Dispersão. A maioria das citações do AT no NT é tirada da LXX. Os livros Apócrifos faziam parte do cânon da LXX.
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consideravelmente mais curto do que o texto hebraico massorético (2.700 palavras a menos). Este fato deve ser explicado em alguns lugares por er ros de cop is tas (por ex emp lo, rep et ição em Jr 39.4 13; 51.44b-49a), em outros lugares por adições secundárias no texto, ainda não existentes no tempo da tradução da LXX (cf. Jr 34.14 -16). A mudança de estilo.
A princípio há uma nota de esperança na mensagem de Jeremias. A reforma ainda é possível. O exílio (cativeiro) ainda pode ser evitado (Jr 4.3; 6.8). “Melhorai os vossos caminhos e as vossas obras, e vos
farei habitar neste lugar ” (Jr 7.3). Este é o sentido das profecias que precedem ao reinado de Josias (Jr 2-6), embora nestes também de vez em quando apareça um reconhecimento da gravidade do caso. Talvez o profeta visse a superficialidade da reforma; talvez também o ensino fosse colorido pelo estado das coisas durante o reinado de Jeoaquim, quando as profecias foram escritas. Nas prof ecias dos primeir os anos de Joaqu im, esperança e desespero alternam. Ainda se faz a oferta de per dão, mas a impressão deix ada pelos dis cursos deste per íodo é qu e o profeta está inteir ament e convencido de que as condições d e perdão nunca seriam aceitas. O povo pronuncia a sua própria sentença. Quando Jeová pleiteou com eles: “ Convertei-vos cada um do seu mau caminho, e melhorai os vossos caminhos e os vossos feitos ”. A resposta deles, em obras, e não em palavras, foi: “ Mas eles dizem: Não há esperança, porque após as nossas imaginações andaremos; e fará cada um segundo o propósi to do seu malvado coração ” (Jr 18.12).
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Q Juízo vem a ser inevitável.
Do quinto ano de Jeoaquim em diante, a sentença é lavrada. Jeremias é proibid o de interceder mais pelo povo (Jr 7.16; 11.14; 14.11). Por vent ura pod er ia haver um aviso mais terrível do que o seguinte: “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor ou oração, nem me importunes, porque eu não te ouvirei” (Jr 7.16). Esperança no porvir.
Na agonia da sua na ção. O prof eta predis se uma ressurreição para novidade de vida. As promessas estão colecionadas no “Livro da Consolação” (Jr 30 - 35); uma série de profecias que ele foi especialmente instruído a escrever como recordação do propósito divino. Estas prof ecias inc lu em os segu intes pensamentos : 1 A perpetuação de Israel (Jr 4.27; 5.10,18; 10.24; 30.11). À volta do Exílio (Jr 3.12; 16.14,15; 30.10; 31.20). O rei messiânico (Jr 23.5,6). O destino das nações.
Ele tem uma mensagem para as nações tanto como para Israel. Ele fala de um livro de profecias contra as nações, alguma parte do qual está incorporada no existente Livro de Jeremias (Jr 25.13): “ E trarei sobre esta terra todas as palavras que disse contra ela, tudo quanto está escrito neste livro, que profetizou Jeremias contra todas estas nações ”. Sua mensagem às nações, como a Israel, era em sua maioria de Juízo (Jr 12.14; 25.29; 25.31; 46.10) . Mas, a mensagem tem palavras de esperança também (Jr 3.17; 16.19; 33.9; 48.47; 49.6,39).
Ato ou efeito de perpetuar(-se); perpetuamento . 50
Questionário Assinale com “X” as a lternativas corr etas Não é um aspecto histór ico que está entrela çado nas mensagens proféticas de Jeremias a) A vida e ministério do profeta Jeremias b) A reconstrução do templo após o cativeiro c) A história de Judá, principalmente durante o per íodo dos reis: Jos ia s, Joa quim e Zedequias, inclusive a queda de Jerusalém d) Eventos internacionais que envolviam Babilônia e outras nações O cenário do livro de Jeremias envolve as seguintes localidades: a) Egito e Israel b) Assíria e Judá Babilônia e Judá c) Pérsia e Israel Quanto aos aspectos principais que caracterizam o livro de Jeremias, é incoerente dizer que a® É o maior livro da Bíblia, pois contém mais pa lavras (não capítulos) b) Está permeado com as tristezas, angústias e prantos de Jeremias, devido à rebeldia de Judá c) Sua maior revelação teológica é o conceito do “novo concerto” d) É o livro da Bíblia que mais têm referências à nação de Babilônia
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Marque “C” para Certo e “E” para Errado
4. [ ]livro de Jeremias, nada mais, nada menos, fora escrito para fornecer um registro permanente de seu ministério pr ofético e sua mensagem 5. [ ]O livro de Jeremias em seu estado atual é composto de textos em forma poética e de textos em forma de pros a
Reis da poca de Jeremias Josias (Jeová Cura).
Décimo sexto rei de Judá, que reinou 31 anos (640-609 a.C.) depois de Amom, seu pai (2Rs 21.26). Promoveu uma reforma religiosa, baseada no Livro da Lei (2Rs 22-23). Foi morto na batalha travada com o Faraó Nec o, em Megido (2Rs 23.28-30). Jeoacaz (Jeová Prendeu).
Décimo sétimo rei de Judá, filho e sucessor de Josias. Foi mau e, após três meses de reinado, foi levado, em 609 a.C, pelo faraó Neco para o Egito, onde morreu Obs. também chamado Salum (2Rs 23.31; 2Cr 36.1-4). Jeoaquim (Jeová Firma).
Décimo oitavo rei de Judá, filho de Josias. Reinou 11 anos (609-598 a.C.), em lugar de Joacaz. O faraó Neco mudou o seu nome de Eliaquim para Jeoaquim (2Rs 23.34-24.5), Jeoaquim queimou o rolo que continha uma mensagem de Jeremias (Jr 36). Joaquim (Jeová Estabelece).
Décimo nono rei de Judá, que reinou três meses em 598 a.C., depois de Jeoaquim, seu pai. Foi um mau rei, sendo levado preso para a Babilônia (2Rs 24.6-17) e libertado mais tarde (2Rs 25.27-30). Joaquim também era chamado de Conias (ARA Jr 37.1) e Jeconias (Jr 22.24,28). Zedequias (Justiça de Jeová).
Vigésimo e último rei de Judá, que reinou 11 anos (598-587 a.C.) em lugar de Joaquim, seu sobrinho (2Rs 24.17). O rei Zedequias revoltou-se contra Nabucodonosor, qu e o der rotou, castigou cruelmente e 53
destruiu Jerusalém (Jr 21.1-10; 37.1-21; 38.14-28; 2Rs 24.18-25.7). Manassés tinha deixado a Josias uma medonha herança de iniqüidade, mas ele a enfrentou no poder de Deus, e seu reinado foi notável pela reforma religiosa. Cinco anos depois da chamada de Jeremias, acharam o Livro da Lei, no templo; a leitura desse livro resultou em confissão de pecado e na destruição da idolatria e dos sacerdotes idólatras. Infelizmente Josias foi, sem mandamento divino, batalhar com Neco, rei do Egito, e foi morto na batalha de Megido - cidade localizada per to dos va les de Sarom e de Jezreel, onde cruzavam duas importantes rotas comerciais, foi fortificada por Salomão (lRs 9.15) e tornou-se cenário de grandes batalhas (Jz 5.19- 21; 2Rs 23.29). Com ele morreu a esperança de Judá. Ele foi seguido por Joacaz, que reinou somente três meses. Então veio Joaquim ao trono, e com ele o dia de loucura e idolatria voltaram. A reforma de Josias tinha vindo tarde demais; era uma obra superficial e por isso apenas provisória; o pecado er a um cancro 1 , minando o próprio coração do povo. Foi “escrito com um ponteiro de ferro e com a pont a de um diamante ” (Jr 17.1).
O Pecado de Judá Jeremias denuncia a nação por sua grande iniqüidade. O pecado estava tão arraigado na natureza do povo, qu e a idolatria e a maldade er am coisas iner entes às suas vidas. Por causa da sua infidelidade a Deus, o povo deixaria sua terra e seria levado como escravo (Jr 17.1 -4).
Fig. Mal que aos poucos vai minando um organismo . 54
A Nação O passado devia ter sido suficiente para ensinar ao povo a sua loucura em esquecer-se de Deus, as não aprenderam a lição, e assim, mu ltiplicando as iniqu idades de seus pais, nada lhes restava senão o juízo, Jeremias foi levantado para um tempo como esse, e enfrentou a situação. Quando compreendemos o que isso significa podemos melhor ent ender a sua mensagem. Os pecados de Israel.
Mas Israel tinha abandonado a Jeová e escolhidos outros deuses, e dessa falsa crença tinha resultado uma profunda degeneração moral. “Porque o meu povo fez duas maldades: a im
me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as á guas ” (Jr 2.13). “Eu mesmo te plantei como vi de excelente, ma semente inteiramente fiel; como, pois, te tornaste ara mim uma planta degenerada de vide estranha?” Jr 2.21). Outros pecados em Israel eram: Idolatria (Jr 1.16; 7.16; 8.2-19; 11.13; 32.29; 44.2); Descrença (Jr 5.12); Iniqüidades (Jr 5.2,26-28; 6.6,13; 7.5,6; 9.2; 13.27; 34.8); Materialismo (Jr 7.21); Confiança própria (Jr 8.8; 18.18); Dureza de coração (Jr 8.6).
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O Livro O livro de Jeremias é uma combinação de história, biografia e profecia, que nos leva ao âmago do século, e delineia o caráter do profeta mais evidentemente do que qualquer outro livro profético. A mensagem era de arrependimento e aviso de ju íz o vindou ro. Como Amó s e Oséias, ele baseou seu ensino sobre a relação de Jeová a Israel. Jeová tinha escolhido Israel e feita aliança com ele; tinha-o trazido do Egito e conduzido através do deserto. Tinha continuado a instruí-lo pelo ministério dos seus profetas “ Desde o dia em que vossos pais saíram da terra do Egito até hoje ” (Jr 7.25). Como Oséias, Jeremias emprega as figuras de matrimônio e filiação para descrever a intimidade da relação de Israel a Jeová, e os deveres implicados nessa relação. “Vai e clama aos ouvidos de Jerusalém, dizendo: Assim diz o Senhor: Lembro-me de ti, da beneficência da tua mocidade e do amor dos teus desposórios, quando andavas após mim no deserto, numa terra que se não semeava ” (Jr 2.2). Lembro-me de ti. No começo da história de Israel, o povo de Deus confiava nEle com profunda devoção. A comunhão com Deus era tão profunda que a nação era considerada a esposa do Senhor (cf. Jr 3.14; 31.32; Is 54.5). Agora, porém, toda a casa de Israel tinha abandonado a Deus para seguir outros deuses (Jr 7.4,5,25). “Virão com choro, e com súplicas os levarei;
guiá-los-ei aos ribeiros de águas, por caminho direito, em que não tropeçarão; porque sou um pai para Israel, e Efraim é o meu primogênito ” (Jr 31.9).
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O Profeta e a sua Chamada Seu livro é uma autobiografia, um volume de “confissões” pessoais, pelo qual aprendemos a conhecê -lo, tanto na sua fraqueza como na sua força, e a simpatizar com ele no seu longo e árduo ministério. Era sacerdote, e a sua morada era em Anatote, uma aldeia a quatro quilômetros ao nordeste de Jerusalém. Seu ministério ativo era exercido na sua maioria em Jerusalém, mas continuou a morar em Anatote - cidade qu e ficava no território da tribo de Benjamim, onde moravam sacerdotes (Js 21.18; J r 1.1). Era apenas um moço quando “a palavra de Jeová veio a ele”, e então quis desculpar -se da árdua tarefa (Jr 1.6). Not emos logo ao começo a sua timidez natural, e sua relutância para enfrentar o serviço proposto. As mesmas características reaparecem mais tarde, quando ele quis fugir para algum lugar solitário (Jr 9.2; 20.9). Jeremias não era o homem que uma escolha humana teria preferido para uma missão tão difícil; mas Deus escolhe os fracos para seus instrumentos, para que o poder com qu e Ele os reveste seja evident emente todo Seu. Seus sofrimentos.
O ministério do profeta foi um prolongado martírio. Não somente era na sua natureza um peso que bem podia ter es ma ga do o espír ito mais for te; não soment e este teve de se colocar sozinho contra a nação; mas era objeto de amarga perseguição; a sua própria vida está em per igo. Seus vizinhos em Anatote procuravam matá-lo (Jr 11.18). Sua própria família o perseguia (Jr 12.6).
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O sacerdote, que era o principal oficial, pô-lo no tronco por profanar (como ele pensava) o átrio do templo com as suas profecias, sempre se opuseram a ele, tanto em Jerusalém como na Babilônia (Jr 28.1; 29.8) , procurando com as suas mentiras lisonjeiras 1 neutralizar a sua mensagem. Durante o sitio 2 de Jerusalém, ele foi lançado na cadeia, acusado de tentar desertar e ir aos caldeus (Jr 37.14). Foi arrastado para o Egito pelos homens que o tinham consultado e que não tinham fé nem coragem para seguir seu conselho (Jr 43.1 -7). Finalmente, se a tradição diz a verdade, ele foi apedrejado em Daphne, no Egito, pelo povo irado, impaciente com as suas denúncias da idolatria. Adoração de ídolos.
Deus proíbe a adoração de qualquer imagem, seja de um deus falso ou do próprio Deus verdadeiro (Êx 20.3-6). As nações que existiam ao redor de Israel eram idólatras, e Israel muitas vezes caiu nesse pecado (Jr 10.3 5; Am 5.26-27). Entre outras, eram adoradas as imagens de Baal, Astarote e Moloque e o Poste- ídolo. Suas queixas e denúncias.
Gostaríamos de pensar que ele tivesse sofrido toda esta perseguição com mansidão, paciência e perdão. É muito natural que ele lastime 3 a sua sorte, e até amaldiçoe o dia do seu nascimento (Jr 15.10; 20.14).
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Que lisonjeia; adulador, lisonjeador. P rometedor; satisfatório. 2 Sitio: Sitiar - Cercar com tropas “Porém, se ela não fizer paz contigo, mas te fizer guerra, então, a sitiarás (Dt 20.12)”. 3 Deplorar, lamentar, compadecer. Causar dor a; afligir, angustiar. Ter pena de; apiedar -se, compadecer -se, condoer -s e de.
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A fé de muitos cristãos tem falhado, e, em momentos de desânimo, eles têm desejado nunca ter nascido. Quando ele duvida da justiça do governo divino (Jr 12.1), ou mesmo se queixa de ter sido enganado (Jr 20.7), podemos simpatizar com o desespero e o abatimento humano que, por um momento, perde seu contato com Deus, e desmaia exausto e desesperado. Mas ficamos atônitos, e até horrorizados ao ouvir as suas maldições dos inimigos, e a sua apaixonada invocação da vingança divina contra eles (Jr 11.20; 15.15; 17.18; 18.19; 20.11). Estas imprecações atingem um terrível auge no texto (Jr 18.19-21), etc. “Olha para mim, Senhor, e ouve a voz dos que
contendem comigo. Porventura, pagar-se-á mal por bem? Pois cavaram uma cova para a minha alma; lembra-te de que eu compareci na tua presença, para falar por seu bem, para desviar deles a tua indignação. Portanto, entrega seus filhos à fome e entrega-os ao poder da espada; e sejam suas mulheres roubadas dos filhos e fiquem viúvas; e seus maridos sejam feridos de morte, e os seus jovens, feridos à espada na peleja ”. Porém, sejamos justos para com Jeremias. A prov ocação er a tremenda. Seus ma iores /esforços a favor dos seus patrícios foram recompensados com ciladas contra a sua vida, ou apelos veementes pela sua morte. Não havemos de julgá-lo pelo modelo do evangelho. Ele manifesta o espírito de Elias e Eliseu e não o de Cristo. Era o espírito de Zacarias, cujas palavras ao morrer foram: “ Veja-o Jeová, e o retribua ” (2Cr 24.22), e não o de Estevão: “ Senhor, não lhes imputes este pecado! (At 7.60). Podemos admitir que algum ressentimento pessoa l se mis turasse com estas
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imprecações, imprecações, mas t inham um sentido ainda mais profundo. Foram, se bem que de; um modo imperfeito, a expressão de um desejo do triunfo completo da retidão, da manifestação da justiça justiça divina no mundo. Devemos reconhecer quão profundamente o pr p r of eta et a s e n t i u q u e a s u a c a u s a er a a c a u s a d e D eu euss . Q u e a honra do Altíssimo requeria que vindicasse e defendesse seu servo, e derrubasse seus inimigos. Nes N esss es t e m p o s a i d é ia d e u ma f u t u r a retribuição ou recompensa dos males do mundo não foi be b e m c o m p r e e n d i d a , e h o men me n s p i e d o s o s e s p er a v a m v er o s ju j u s t o s j u í z os d e D e u s ma n i f est es t os n est es t a v i da p r e s e n t e. Outro lado do seu caráter. caráter.
Nã N ã o d e v e m o s es q u ec er o o u t r o la d o d o c a r á t e r de Jeremias; a terna simpatia da sua natureza, a profunda tristeza com que ele via sua pátria correndo loucamente A h ! E n t r a n h a s m i nh nhaa s , e n t r a nh nhaa s m i n h a s ! pa p a r a a r u í na “ Ah Es E s t o u f e r i do n o m e u c o r a ç ã o ! O m e u c ora or a ç ã o r u g e ; n ã o m e osso calar, porque tu, ó minha alma, ouviste o som da trombeta e o alarido da guerra (Jr 4.19)”. “Oh! Se eu udesse consolar-me na minha tristeza! O meu coração desfalece em mim (Jr 8.18)”, confiado no caráter de Deus, revelado e provado na longa história da sua proteção ao seu povo. Um tipo de Cristo.
Apesar do espírito contrário ao de Cristo que ele demonstrava quando denunciava seus inimigos, tem-se discernido em Jeremias um tipo de Cristo. O sofredor solitário, difamado e perseguido pelos chefes chefe s r eligiosos do pa p a ís , e m t e m p os qu a n d o e l e c a m i n ha va p a r a a r u í na , v e m a ser uma figura daquele que sofreu tantas coisas dos anciãos e principais sacerdotes e escribas quando fez à nação a última última oferta da 60
misericórdia divina para com um povo rebelde, antes que seu povo fosse espalhado numa dispersão comparada com a qual o exílio de setenta anos podia parecer de poucos dias. Modos de agir.
Podemos contemplá-lo no seu serviço, dando a sua mensagem nos lugares públicos, nos átrios do templo, no palácio real, nas portas da cidade, nos dias de festa ou je j e j u m, qu a n d o o p o v o da r o ç a v i n ha à c i d a d e p a r a o c u l t o (Jr 7.2; 17.19; 19.14; 22.1; 26.2; 35.2; 36.5,10). 36.5,10). Vemo-lo empregando um simbolismo que necessitava uma laboriosa viagem (Jr 13.1-7); deduzindo uma lição de aviso ao ver o oleiro trabalhando com a sua roda (Jr 18.1), levando um grupo de anciãos para o vale de Hinom 1 e quebrando ali um vaso de barro para ilustrar quão facilmente facilmente Jerusalém podia ser destruída (Jr 19.1). Ele toma os recabitas e prova a sua lealdade ao pr p r ece ec e i t o d o P a i, p a r a c o nt r a s t á - l a c o m o d e s p r e z o d e I s r a e l pa p a r a c o m a L e i d e D e u s ( J r 3 5 . 1 ) . No N o ú l t i m o s ít i o d e J er u s a l é m, e l e p r o va a s u a confiança no cumprimento das suas profecias de uma restauração final, por exercer seu direito, como parente mais próximo, de resgatar um campo em Anatote, onde, talvez, os caldeus estivessem nesse momento acampados (Jr 32).
1
Vale situado a sudoeste de Jerusalém, entre a estrada que vai para Belém e a que vai para o mar Morto. Estava na divisa entre Judá e Benjamim (Js 15.8). Ali se queimavam crianças no culto a Moloque (2Rs 23.10). Mais tarde era lugar onde se queimava lixo. Geena é a forma grega do hebraico g e - hinom, que quer dizer “vale de Hinom”. 2 Tribo Midianita que adorava o Deus verdadeiro. Eles viviam em ba rracas e não tomavam bebidas a lcoólicas (Jr 35).
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Sua Missão Podemos reconhecer reconhecer no caráter de Jeremias uma especial aptidão para a s ua missão. missão. Aquele cora ção terno e simpático melhor podia sentir e expressar a inefável tristeza divina sobre o povo culpado, esse amor eterno eterno qu e nunca era mais forte do que no momento quando parecia transformado em ira e vingança. vingança. A missão de Jeremias concernia não somente a Israel, mas às nações; ele era o expositor do plano divino naquele século de convulsão e movimento. Seu serviço ha via de ser “arrancar e demolir, para derrubar e destruir”, mas também “para edificar e plantar” (Jr 1.10). 1.10). Em outras palavras, para anunciar a remoção da ordem existente, para dar lugar à outra.
O Cumprimento das Profecias de Jeremias Se perguntarmos como as profecias de Jeremias têm sido cumpridas, podemos primeiramente apontar para restauração dos judeus à sua própria terra depois do Cativeiro. E se esse fraco grupo de exilados voltados, que dificilmente durante os séculos se manteve em face dos vizinhos inimigos, parece uma insignificante realização dos brilhantes quadros quadros de prosperidade. Que diremos? De um lado a incredulidade humana impedia o desenvolvimento do propósito divino, de maneira que Deus não podia (digamo-lo com reverência) cumprir toda a sua vontade. Toda a profecia é condicional, como Jeremias mesmo repetidas vezes afir ma. Do outro lado, não é assim que Paulo ensina que não devemos presumir presumir que os propósitos de
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Deus referente a Israel já tenham recebido um completo cumprimento? Não podemos dizer dogmaticamente como, quando ou onde, mas ainda esperamos a consolação de Israel. “Minhas irmãs e meus irmãos, quero que vocês
conheçam uma verdade secreta para que não pensem que são muito sábios. A verdade é esta: A teimosia do povo de Israel não durará para sempre, mas somente até que o número completo de não-judeus venha para Deus (Rm 11.25 - BLH)”. Mas se nos parece que falta alguma coisa no cumprimento das promessas da restauração de Israel, é muito diferente com essas outras bem características profecia s de Jer emia s. A Nova Aliança tem sido estabelecida na dispersão espiritual do evangelho, numa lei escrita pelo Espírito nos corações dos homens; e, na nova revelação, os meios de perdão e purificação têm sido fornecidos e declarados aos homens. Na encarnação, Deus veio ha bit ar entre os homens de maneira muito mais íntima do que Jeremias podia ter ant ecipado. Tudo, e mais do que tudo do essencial espírito do justo Renovo cumpre-se em Cristo, o verdadeiro herdeiro da linhagem de Davi. Nele fica demonstrado o profundo sentido do nome de Deus com incessante intercessão. Para Ele todas as nações são congregadas, e su a Igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche tudo, é a atual testemunha ao mundo (infelizmente com muitos defeitos e fracassos!) da verdade que Ele revelou: “O Senhor é a nossa justiça
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Questionário ■
Assinale com “X” as alternativas corretas
6. Reis da época de Jeremias a) Roboão, Abias, Asa e Josafá b) Jeorão, Acazias, Joás e Amazias c) Jotão, Acaz, Ezequias e Manassés d) Josias, Jeoacaz, Jeoaquim e Zedequias 7. Quanto a Jeremias é incoerente afirmar que a) Sua mensagem era de paz, consolação e renovação b) Como Amós e Oséias, ele baseou seu ensino sobre a relação de Jeová a Isr ael c) Como Oséias, emprega as figuras de matrimônio e filiação para descrever a intimidade da relação de Israel a Jeová d) Era sacerdote, e a sua morada era em Anatote, uma aldeia próxima a Jerusalém
8. A missão de Jeremias a) Concernia somente a Israel, não às nações b) Era ocultar o plano divino naquele século de convulsão e movimento c) Era somente: “arrancar e demolir, para derrubar e destruir” d) Era anunciar a remoção da ordem existente, para dar lugar à outra ■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado 9. O ministério de Jeremias foi um prolongado martírio, até mesmo sua própria família o perseguia 10. Jeremias já tinha uma idade avançada quando “a pala vr a de Jeová veio a ele”, por ém, nã o tit ubeou 64
Lição 3 O Livro de Lamentações
Autor: Jeremias. Data: Cerca de 586 - 585 a .C. Tema: Tristeza Presente e
Lamentações
Esperança Futura. Palavras-Chave: Dificuldades, Angústia, Pecado, Oração. Versículo-chave: Lm 1.1
O título mais completo, “As Lamentações de Jeremias” é encontrado nos manuscritos gregos e na Septuaginta. Mas, o Talmude e os escritores rabínicos se referem a ele simplesmente como “Lamentações” ( qinoth ) ou “Como!” (' ekhah ), a palavra inicial no hebraico. O título deste livro deriva-se do subtítulo das versões grega e latina do Antigo Testamento - “As Lamentações de Jeremias”. O Anti go Testamento hebraico o inclui como um dos cinco rolos (juntamente com Rute, Ester, Eclesiastes e Cantares) da terceira parte da Bíblia hebraica, os hagiógrafos (“Escritos Sagrados”). Cada um desses cinco livros era tradicionalmente lido num evento determinado do ano litúrgico judaico. Este se lia no nono dia do mês de abe (meados de julho/agosto), quando, então, os judeus relembravam a destruição de Jerusalém.
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A Septuaginta colocou Lamentações imediatamente após o profeta Jeremias, onde aparece na maioria das bíblias de hoje. Cada uma das cinco lamentações é completa e m si mesma: ■ 1ª lamentação (cap. 1). Descreve a devastação de Jerusalém e o lamento do profeta sobre ela, ao clamar a Deus com alma angustiada. Às vezes a sua lamentação é personificada, como se fosse a da próp ria Jer usalém (Lm 1.12-22). a ■ 2 lamentação (cap. 2). Jeremias descreve a causa dessa devastação como. resultado da ira de Deus contra um povo rebelde que se recusou a arrependerse. O inimigo de Judá foi o instrumento do juízo de Deus. a ■ 3 lamentação (cap. 3). Exorta a nação a lembrar- se que Deus realmente é misericordioso e fiel e que Ele é bom para aqueles que nEle esperam. a ■ 4 lamentação (cap. 4). Reitera os temas dos três anteriores. a ■ 5 lamentação (cap. 5). Após a confissão do pecado e da necessidade de misericórdia de Judá, Jeremias pede que Deus restaure seu povo ao favor divino. As cinco lamentações do livro, que correspondem aos cinco capítulos, têm vinte e dois versículos cada (exceto o capítulo 3, que tem vinte e dois multiplicados por três: ou seja, sessenta e seis versículos); vinte e dois é a quantidade de letras do alfabeto hebraico. Os quatro primeiros poemas são acrósticos alfabéticos, isto é, cada versículo (ou no capítulo 3, cada conjunto de três versículos) começa com uma letra diferente do alfabeto hebraico, de modo sucessivo, de Alefe a Tau.
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Essa estrutura alfabética, além de ser uma ajuda para a memória, realiza duas coisas: Transmite a idéia, de que as lamentações são completas e abrangem tudo, desde A até Z ( Álefe a Tau). Pressupõe que o profeta se proíbe de continuar com prantos e gemidos intermináveis. Os lamentos chegam ao fim, assim como algum dia o chegaria para o exílio e a reedificação de Jerusalém. Jeremias escreveu uma série de lamentações a fim de expressar sua intensa tristeza e dor emocional por causa da trágica devastação de Jerusalém, que compreende: A queda humilhante da monarquia e do reino davídicos; A destruição total dos muros da cidade, do templo, do palácio real e da cidade em geral; deportação da maioria dos A lamentável sobreviventes para a distante Babilônia. sentado chorando, e “Jeremias ficou lamentou sobre Jerusalém com esta Lamentação ”, diz um subtítulo do livro na Septuaginta e na Vulgata Latina. No livro, a mágoa do profeta jorra como a de um enlutado no sepultamento de um amigo íntimo que teve morte trágica. As lamentações reconhecem que a tragédia era o juízo divino contra Judá pelos longos séculos de rebeldia contra Deus. Chegara o dia da prestação de contas, e foi muito terrível. Em Lamentações, Jeremias não somente reconheceu que Deus é reto e justo em todos os seus caminhos, bem como misericordioso e compassivo 1
Que tem ou revela compaixão; condolente:
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com todos os que nEle esperam (Lm 3.22,23,32). Assim sendo, Lamentações levara o povo a ter esperança em meio ao desespero, e a olhar para além do juízo daquele momento, para o tempo futuro em que Deus restauraria o seu povo.
Nome do Livro Como era o costume, os judeus usavam a primeira pala vr a do livr o como seu título, e iss o originalmente ficou conhecido como “ ekah ”, “Como!”. Essa palavra era comumente usada para significar “Ai!” (comparar com seu uso Lm 2.1; 4.1; Is 1.21). Alguns também se referiam ao li vro como qinot ou “lamentações”, e é assim que chegamos ao título que usamos.
Estrutura Os comentadores rabínicos se referem aos “sete acrósticos” e pode ser observado de imediato que cada capítulo tem vinte e dois versículos, que correspondem ao número e à ordem das letras no alfabeto hebraico, fazendo exceção o capítulo 3, que possui sessenta e seis versículos, no qual cada letra sucessiva conta com três versículos dedicados à mesma, em lugar de um versículo. Diz-se que esse arranjo alfabético tem o prop ós ito de mos trar que “Israel pecou de álefe a tau ”, isto é, como diríamos de A a Z, assim como em Salmo 119 a implicação é que a lei deve merecer a atenção e o desejo total do homem. No capítulo 5, entretant o, nã o são emprega da s as letras do alfabeto em ordem sucessiva
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ainda que alguns eruditos afirmem que esse deve ter sido o caso, originalmente. Os quatro primeiros poemas fazem uso do ritmo desigual, conhecido como canto fúnebre ( qinah ), isto é, Lamentações 3.2, e que também se encontra no livro de Jeremias.
Autoria e Data A tradição que Jeremias compôs esses poemas recua até à posição e ao título do livro na Septuaginta, onde é introduzido mediante as palavras: “E sucedeu após Israel ter sido levado cativo, e Jerusalém ter f icado desolada, que Jeremias se assentou a chorar, e lamentou com esta l amentação por causa de Jerusalém e disse...”.
Também é asseverado no Targum Siríaco e no Talmude ( Baba Bathra) que: “ Jeremias escreveu seu próprio livro, Reis, e Lamentações” . Em 2Crôn icas 35.25 é feita referência às lamentações desse profeta por causa da morte do rei Josias, e ali se acha escrito que tal lamentação foi registrada e ficou como “estatuto em Israel”; com isso (cf. Lm 4.20 e 2.6). Porém, nosso presente livro gira não tanto em torno da morte de um rei como em torno da destruição de uma cidade, e Lamentações 4.20 com igual justiça poderia referir-se a Zedequias, a despeito de sua falta de dignidade (cf. O sentimento em 2S m 1.14,21) . Não obstante, na qualidade de profeta chorão (ver Jr 9.1; 14.17-22; 15.10-18 etc.), Jeremias bem poderia ser concebido como autor, igualmente, do livro de Lamentações, não fosse o fato de existirem certas dificuldades para que se aceite essa opinião. O estilo é mais bem elaborado e artificial que o do próprio livro de Jeremias e, nos capítulos 2 e 4, é mais parecido com o estilo de Ezequiel. O capítulo 69
3 faz lembrar os Salmos 119 e 143. A atitude para com os poder es estrangeir os , subentendida em Lamentações 4.17, certamente não é a do “colaboracionista” Je remias e não reflete a própria experiência do pr ofeta. Por conseguinte, muitos consideram que o autor do livro de Lamentações tenha sido um contemporâneo mais jovem de Jeremias, o qual, à semelhança dele, fora testemunha ocular das entristecedoras calamidades que sobrevieram a Jerusalém por ocasião da captura efetuada pelos ex ér citos de Babilônia em 587 -586 a.C. Outros consideram os capítulos 2 e 4 como obras de uma testemunha ocular (note-se a preocupação do escritor pelo destino das crianças, em Lm 2.11 12,1920; 4.4-10), cerca de 580 a.C., aos quais foram então adicionados, talvez originados em fontes diferentes, o lamento nacional do capítulo primeiro, o lamento pessoa l do capítulo 3, e a or ação do capít ulo 5. A data desse material pode ser fixada em cerca de 540 a.C. Alguns, porém, preferem datar a coleção inteira como pertencente a período bem posterior, fazendo o livro referir-se ao cerco de Jerusalém, em 170-168 a.C. ? por Ant íoc o Epifânio, ou mesmo em 63 a.C., por Pomp eu; porém, isso é altamente imp rovável. Em favor da data tradicional que é o período do exílio temos a nota de desânimo, de princípio ao fim do livro, que sugere um t empo antes do levantamento de Ciro, o persa. Há também o fato que esse período particular da história da Babilônia é notório por seus hinos fúnebres em memória de ci dades caídas. Existem inscrições cuneiformes nas quais “o filha de ...” é exortada a lamentar sua sorte (cf. Lm 2.1). Essa técnica, portanto, pode ter sido aprendida pelos judeus, no ex ílio.
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Quanto a Jeremias ser o autor de Lamentações, tem sido há muito tempo o consenso entre as tradições ju da ica e cristã. Ent re as evidências que res palda m esta conclusão estão as seguintes:
Por 2Crônicas 35.25, sabe-se que Jeremias compunha lamentações. Além disso, o livro profétic o de Jeremias
contém referências freqüentes ao seu pranto por causa da devastação iminente de Jerusalém (ver Jr 7.29; 8.21; 9.1,10 20). A descrição. A vivida descrição em Lamentações daquele evento catastrófico 1 sugere um relato de testemunha ocular; Jeremias é o único escritor conhecido do AT que testemunhou em primeira mão a tragédia de Jerusalém em 586 a.C.
Há vários paralelos temáticos e lingüísticos entre o livro de Jeremias e Lamentações. Por exemplo:
Os dois livros atribuem o sofrimento de Judá e a destruição de Jerusalém à sua persistência no pecado e à rebelião contra Deus. Nos dois livr os , Jer emia s cha ma o povo de Deus de “filha virgem” (Jr 14.17; 18.13; Lm 1.15; 2.13). Estes fatos, juntamente com as semelhanças entre os dois livros, quanto ao seu estilo poético, indicam o mesmo autor humano.
A desolação de Jerusalém é retratada em Lamentações de modo tão vivido e claro que indica ter sido experimentada pelo autor como um evento recente. Jeremias tinha entre cinqüenta e sessenta anos quando a cidade caiu; ele sentiu profundamente esse trauma e se viu forçado a ir ao
Relativo a, ou que tem o caráter de catástrofe. 71
Egito contra a sua vontade em 585 a.C. (ver Jr 41 - 44), onde morreu (talvez martirizado) na década seguinte. Assim, o mais provável é que o livro foi escrito imediatamente após a destruição de Jerusalém (586585 a.C.).
Posição no Cânon A Septuaginta coloca o livro imediatamente após as profecias de Jeremias, tal como em nossas versões portugu esas. Na Bíblia hebraica esse livr o não é encontrado entre os livros proféticos, mas ocupa a posição média entre os Rolos Festivos ( Megilloth) que seguem imediatamente os três livros poéticos da Hagiógrafa, ou seja, a terceira divisão do cânon hebreu. Cada um dos Megilloth era lido por ocasião de uma festividade anual, sendo que o livro de Lamentações era lido no nono dia de abe (meados de julho/agosto), aniversário da destruição do templo por Nabucodonosor, rei da Babilônia. No Talmude, os livros poét icos e o Megilloth aparecem rearranjados numa or dem que parece ser a ordem cronológica, a saber, Rute, Salmos, Jó, Provérbios, Eclesiastes, Cantares de Salomão, Lamentações, Daniel, Ester, etc.
Características Especiais livro.
Cinco aspectos principais caracterizam este
(1) Embora cânticos de lamento individual ou comunitário ocorram nos Salmos e livros proféticos, somente este livro da Bíblia está composto exclusivamente de poemas cheios de pesar;
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Sua estrutura literária é inteiramente poética, sendo que quatro das cinco lamentações são acrósticas. Em consonância com a estrutura poética , do livro, o quinto poema tem também vinte e dois versículos; (3) Enquanto 2Reis 25 e Jeremias 52 descrevem o evento histórico da destruição de Jerusalém, somente este livro retrata vividamente as emoções e sentimentos daqueles que r ealmente experimentaram a catástrofe; (4) No cent ro do livr o há uma das ma is enér gicas declarações em toda Bíblia quanto à fidelidade e a salvação de Deus (Lm 3.21-26). Embora Lamentações começar com um lamento (Lm 1.1,2), termina de modo apropriado, com uma nota de arrependimento e esperança de restauração (Lm 5.16 22); (5) Não há citações deste livr o no Novo Testamento; somente umas poucas possíveis alusões (cf. Lm 1.15 com Ap 14.19; Lm 2.1 com Mt 5.35; Lm 3.30 com Mt 5.39; Lm 3.45 com ICo 4.13). (2)
O Livro de Lamentações ante o Novo Testamento Embora Lamentações de Jeremias não seja citado em nenhum lugar do NT, tem realmente muita relevância para aqueles que cr êem em Cristo. Assim como Romanos 1.18 a 3.20, esses cinco capítulos exortam os crentes a refletir sobre a gravidade do pecado e a certeza do juízo divino. Ao mesmo tempo, fazem lembrar que, por causa da compaixão e misericórdia do Senhor, a salvação está à disposição daqueles que se arrependem dos seus pecados e se volt am a Ele.
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Jeremias chora por causa da tristeza e sofrimento causados pela rejeição de Deus, pelo seu povo. O próprio Jesus Cristo chorou pelo povo de Israel que, em breve, iria sofrer um castigo ter rível por rejeitar a salvação provida por Deus (Lc 19.41-44), e o apóstolo Paulo revelou profunda tristeza e contínua preocupação por seus compatriotas, os judeus, que não quer ia m aceitar a Cristo (Rm 9.1-3; 10.1). Quem já foi alcançado pela redenção e a vida em Cristo, deve angustiar-se com o terrível sofrimento daqueles que ainda são escravos do pecado e de Satanás. Observação.
Lamentação sobre a destruição de Jerusalém e sobre o sofrimento do povo que participou dela, em 587 a.C. O autor faz uma confissão de pecados cometidos pelo povo e pelos seus líder es, reconhecendo ter sido ju sto o castigo que a cidade e seu povo receberam, “Justo é o Senhor, pois me rebelei contra a sua palavra; ouvi todos os povos e vede a minha dor; as minhas virgens e os meus ovens foram levados para o cativeiro ” (Lm 1.18). Porém conforta-sé na misericórdia de Deus e roga que ele mais uma vez ajude e restabeleça seu povo. Segundo a tradição judaica e a cristã, Jeremias é seu autor.
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Questionário Assinale com “X” as alternativas corretas O AT hebraico inclui Lamentações como um dos cinco rolos - juntamente com a) Rute, Ester, Salmos e Provérbios b) Rute, Jó, Salmos e Eclesiastes cM Rute, Ester, Eclesiastes e Cantares d) Ester, Jó, Salmos e Provérbios E errado dizer que, Jeremias a) Na I a lamentação descreve a devastação de Jerusalém e o lamento do profeta sobre ela, ao clamar a Deus com alma angustiada b) Na 2 a lamentação Jeremias descreve a causa da devastação como resultado da ira de Deus contra um povo rebelde que se recusou a arrepender-s e c) Na 3 a lamentação exorta a nação a lembrar-se que Deus realmente é misericordioso e fiel e que Ele é bom para aqu eles que nE le esper am d) Na 4 a lamentação, após a confissão do pecado e da necessidade de misericórdia de Judá, p ede que Deus restaure seu povo ao favor divino Quanto a Jeremias ser autor de Lamentações, é errado dizer a) Por 2Crônicas 35.25, sabe-se que Jeremias compunha lamentações Jb)|^j| Não há indícios na tradição que Jeremias compôs esses poemas c) Há vários paralelos temáticos e lingüísticos entre o livro de Jeremias e Lamentações d) Tem sido há muito tempo o consenso entre as tradições judaica e cristã
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Marque “C” para Certo e “E” para Errado
4. Lamentações é inteira mente poétic o, sendo que quatro das cinco lamentações são acrósticas 5. Embora Lamentações comece com um lamento, termina de modo apropriado, com uma nota de tristeza e angústia
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Semelhanças Temáticas e Linguísticas As mesmas fazem supor um único autor, excluída a hipótese de uma simples coletânea. A data de composição não é muito posterior ao ano 586 a.C. A Bíblia Hebraica inclui este livro entre os “Escritos”. O título primitivo “ Quinot ” (plural de quináh = verso hebraico especial, cuja primeira parte tem um ou dois acentos mais que a segunda) foi substituído por “ Ekáh ” (interjeição: Como?!), sua palavra inicial. Quatro poemas pequenos, consagrados ao luto ou à tristeza (elegias 1 ) são alfabéticos (cada estrofe - na terceira “elegia”, ca da verso - começa com letra diferente, em ordem alfabética). O poeta cede, às vezes, a palavra à cidade de Jerusalém, personificada, para que lamente sua devastação e chore seus filhos. 0 último poema - que não é alfabético, embora seus 22 versos igualem em número o alfabeto hebraico não segue o estilo descritivo das Lamentações precedentes, mas é uma pungente 2 súplica, para imp etrar 3 a misericórdia divina sobre o povo e a Cidade Santa. Os cinco poemas pequenos (elegias) exprimem a comoção de Israel ante a ruína da nação: o assédio de Jerusalém, a fome, a violência, o escárnio dos exércitos invasores, a inércia do br aço divino. A queda da Cidade Santa e a destruição do templo feriram o povo em seu ponto nevrálgico: a manifestação visível da presença do Deus da aliança,
1
Arte Poét. Entre os gregos e latinos, poema formado de versos hexâmetros e pentâmetros alternados. Poema lírico, cujo tom é quase sempre terno e triste. 2 Que punge. Comovente, doloroso, lancinante. 3 Interpor (recurso). Rogar, suplicar, pedir, requerer. Obter mediante súplicas.
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cerne da identidade religiosa de Israel. A extinção da monarquia desestabilizou a tão celebrada aliança; a supressão do sacerdócio levítico dissolveu a mediação litúrgica entre Deus e seu povo. A crise de fé abalou a confiança de Israel na proteção divina , colocando em xeque a próp ria credibilidade de Deus e sua aliança com Israel. A aliança falhou? Quem poderia duvidar que ela falharia? Ou nunca foi real e autêntica, ou sofreu o desgaste dos séculos e já não vigora, e o povo vive na ilusão religiosa? Desagregada a comunidade de fé, dissolveu-se a coesão social, morreu a alma da nação. As Lamentações não pretendem consolar o povo, desviando do sofrimento sua atenção; antes, mediante dramáticas descrições dos horrores da derrota, desvendar todo o alcance da desgraça nacional e seu significado religioso, como mensagem do Deus justo ao povo pecador , do Deus mi ser icor dios o ao povo arrependido e penitente. Quem fez com falhasse a aliança não foi Deus; foi o povo, rebelde e infiel. O livro convida à reflexão e ao exame de consciência, à aceitação do julgamento divino, à conversão e penitência, à reconciliação com o Deus da santidade, que não pode pactuar com o pecado: a degradação moral do povo, os desmandos dos sacerdotes, os embustes 1 dos falsos profetas, as condenáveis alianças polít icas com as nações pagãs. A errônea interpretação da doutrina da eleição de Israel dava ao povo a falsa segurança em suas instituições e no auxílio incondicional de um Deus sectário, unilateralmente comprometido com Israel por aliança inviolável.
1
Mentira artificiosa; impostura, ardil, engano, intrujice, embustice, embusteirice.
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A crise nacional, longe de abalar a fé em Deus, deve ser ocasião de corrigir os desvios na fé, para construí-la sobre as bases autênticas da aliança recíproca. A experiência pessoal do autor salva de iminente perigo de vida, leva-o a suscitar a confiança do povo na miser icór dia de Deus, qu e conhece a dolor os a experiência de Israel e sabe que a ausência de Deus lhe é muito mais intolerável que a perda dos bens materiais, a violência dos maus tratos e a dor da humilhação. Para que fugir de Deus, que vem ao encontro do povo, não havendo, fora dele, salvação? Este é para todas as horas de sofrimento e angústia e para todas as calamidades, nacionais ou pessoais, o perene ensinamento do livro das Lamentações.
Tema Principal do Livro
“Vede a minha dor” (Lm 1.18).
Este versículo espelha um dos temas principais do livro de Lamentações: o pecado traz dor e tristeza. A pessoa pode gozar, por algum tempo, os prazer es do pecado, ma s finalmente a es cravidã o, Satanás e as conseqüências dos desejos pecaminosos tornar-se-ão evidentes. “ Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado ” (Jo 8.34 - ARA). “E também os homens deixam as relações
naturais com as mulheres e se queimam de paixão uns pelos outr os. Homens têm relações vergonhosas uns com os outros e por isso recebem em si mesmos o castigo que merecem por causa dos seus erros. E, por haverem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os entregou a uma disposição mental
reprovável, para praticarem coisas inconvenientes, cheios de toda injustiça, malícia, avareza e maldade; possuídos de inveja, homicídio, contenda, dolo e malignidade; sendo difamadores, caluniadores, aborrecidos de Deus, insolentesl, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos2, sem afeição natural e sem misericórdia. Ora, conhecendo eles a sentença de Deus, de que são passíveis de morte os que tais coisas praticam, não somente as fazem, mas também aprovam os que assim procedem ” (Rm 1.26-32 - ARA)
A Mensagem de Lamentações
Cântico fúnebre sobre a desolação de Jerusalém.
A dor de Jeremias à vista da cidade pela qual ele tudo fizera para salvá-la, não que não houvesse crido que ela ainda se ergueria de suas ruínas, entretanto Lamentações 3 faz-nos lembrar do lamento de Jesus sobre a mesma Jerusalém (Mt 23.37,38; Lc 19.41-44). Jerusalém reergueu-se, sim, e deu seu nome à Capital de um Mundo Remido de Glória Eterna (Hb 12.22; Ap 21.2).
Apêndice a Jeremias.
O último capítulo de Jeremias, sobre o incêndio de Jerusalém e o começo do exílio babilônico, deve ser lido como introdução a este livro. A Septuaginta apresenta este prefácio: “E aconteceu que, depois de Israel ter sido levado em cativeiro e Jerusalém t er ficado devastada, Jeremias
1
Que é ofensivamente desrespeitoso em atos ou palavras; atrevido, desaforado, ousado. Grosseiro, malcriado. 2 Que mente à fé jurada; fementido; traidor, desleal; infiel. Que denota ou envolve perfídia; falso, enganador, traiçoeiro.
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sentou-se a chorar e proferiu a esta lamentação sobre ela dizendo”.
Todavia, no Antigo Testamento Hebraico este livro não segue o de Jeremias, como é o caso em nossa Bíblia, porém - figura no grupo denominado “Hagiógrafos” ou Escritos: Cantares, Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Estes figuravam em rolos separados, porque er am lidos em festas difer entes. Estas lamentações, até hoje, pelo mundo inteiro, onde quer que haja judeu, são lidas nas Sinagogas, no dia 9 do 4 o mês (Jr 52.6), em memória da destruição de Jerusalém.
Um acróstico alfabético.
O livro consiste em cinco poemas, quatro dos quais são acrósticos, isto é, cada verso começa com uma letra do alfabeto hebraico, na mesma ordem alfabética. Era esta uma forma favorita de poesia hebraica, usada para ajudar a memória. Os nomes das letras do alfabeto hebraico são: “ Aleph, Beit , Guimel, Dalet, Hei, Vav, Zayin, Heit, Teit, Yod, Kaph, Lamed, Meim, Nun, Samek, Ayin, Pei, Tsadey, Khoph, Reish, Shin, Tav ”. Em cada um dos capítulos 1, 2, e 4 há 22 versos, um pra cada letra. No capítulo 3 havia 3 versos para cada letra, perfazendo 66 ao t odo. O capítulo 5 tem 22 versos, porém não em ordem alfabética.
Seu uso imediato.
O livro deve ter sido composto nos 3 meses entre o incêndio de Jerusalém e a partida do remanescente para o Egito (Jr 39.2; 41.1,18; 43.7), temp o em que a sede do governo esteve em Mizpá (Jr 40.8) , cerca de 9 km a noroeste de Jerusalém. Provavelmente foi feita uma porção de cópias; algumas levadas para o Egito, outras enviadas à 81
Babilônia para que os cativos as decorassem e cantassem.
Sião desolada.
Não é fácil da r o assunto de cada capítulo. As mesmas idéias, expressas de modo diferente, percorrem todos os capítulos: os horrores do cerco; a desolação das ruínas; tudo por causa dos pecados de Sião. Jeremias, aturdido 4 1 , tonto, de coração quebrantado, chora inconsolavelmente. Um dos fatos a que se dá ênfase especial neste é o de que o povo provocou esta catástrofe que lhe sobreveio por causa do seu próprio pecado.
A ira de Deus (Lm 2.1-22).
A devastação de Jerusalém é atribuída diretamente à ira de Deus (vv. 1-4,6,21,22). Jerusalém, situada num monte e cercada de outros, era, quanto à localização física, a mais bela cidade então conhecida, “a erfeição da formosura ” (v. 15) mesmo comp arada com Babilônia, Nínive, Tebas e Mênfis, que ficavam em planícies, à margem de rios. Demais dis to, er a a cida de do cuidado especial de Deus, por Ele escolhido para uma missão ímpar, principal meio de relações de Deus e os homens, a mais favorecida e altamente privilegiada cidade de todo o mundo, amada de Deus de um modo excepcional e muito particular, gozando de sua especial proteção. Além do que era tão bem fortificada que geralmente se acreditava fosse inexpugnável 42 (Lm 4.12) . Porém esta cidade de Deus ha via-se feito pior que Sodoma (Lm 4,6); e muros inexpugnáveis não são
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Estonteado, perturbado, atordoado. Atônito, assomb r ado, pasmado. Invencível, indestrutível, inabalável. Fig. Intrépido, audaz.
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defesos contra a ira de Deus. O Deus de amor infinito e insondável é também um Deus de ira terrível para com os que persistentemente escarnecem de Seu amor, isto é um ensinamento declarado e ilustrado muitas vezes pela Bíblia. □
A afliç afl ição ão de Jeremi Jer emias. as.
No N o c a p í t u l o 3 J er e m i a s p a r ece ec e qu e ix a r - s e d e que Deus não fizera caso dele e de suas orações (v. 8); “ d e nuvens te encobriste para que não passe a nossa oração ” (v. 44). Posto que se queixe, justifica a Deus, reconhecendo que o povo merecia castigo (v. 22). O ponto alto do livro é o trecho que vai do verso 21 ao 39, neste capítulo. □
Os sofrimentos provenientes provenientes do cerco.
Enumerados de Sumariados. Jeremias não podia desviar o pensamento dos horrores do cerco, o choro das crianças a morrerem de fome: “Jode. Estão sentados na terra, silenciosos, os
anciãos da filha de Sião; lançam pó sobre a sua cabeça, cingiram panos de saco; as virgens de Jerusalém abaixam a sua cabeça até à terra. Cafe. Já se consumiram os meus olhos com lágrimas, turbadas está a minha alma, o meu coração se derramou pela terra, por causa do quebrantamento da filha do meu povo; pois desfalecem os meninos e as crianças de peito pelas ruas da cidade. Lá L á m e d e . Diz Di z e m a s u a s m ã e s : O nd ndee h á t r i go e v i n h o? Quando desfalecem como o ferido pelas ruas da cidade, derramando-se a sua alma no regaço 4 3 de suas mães ” (Lm 2.10-12). “Cof e. Le L e v a n t a - t e , c l a m a d e n oit oi t e n o p r i n c í p i o das vigílias; derrama o teu coração como 43
Cavidade formada por veste comprida entre a cintura e os joelhos de quem está senta do; colo. 83
águas diante da face do Senhor; levanta a eles as tuas mãos, pela vida de teus filhinhos, que desfalecem de fome à entrada de todas as ruas ” (Lm 2.19). u Dá D á l e t e . A l í n g ua d o q u e m a m a f i c a p e g a d a pe p e l a s e d e a o s e u p a lad la d a r ; d os m e n i n o s p e d e m p ã o , e ninguém lho dá. Jode. As mãos das mulheres piedosas cozeram seus próprios filhos; serviram-lhes de alimento na destruição da filha do meu povo ” (Lm 4.4,10). Nã N ã o ob s t a nt e, a d e s p e it o d e s eu euss s of r i m e n t o s horríveis, Jerusalém não aprendeu a lição. Depois do cativeiro foi reedificada, e nos dias de Cristo já se havia tornado novamente grande e poderosa cidade, cujo pecado chegou ao extremo de crucificar o Filho de Deus. Seguiuse sua extirpação pelos exércitos exércitos de Roma, 70 d.C.
A mens m ensage agem m de Lament Lam entaç ações. ões.
A consolação dada dada a Sião na sua aflição é
tríplice: (1) O Senhor os ensina e os purifica atra vé véss dessa aflição (Lm 3.22-39). (2) Quando sua obra estiver completa e voltarem pe p e nit ni t e n t es a E l e, D e u s o s l i b er t a r á , e nã o mai ma i s per p er mit mi t i r á o c a t i v e ir o. “ Tau. O castigo da tua maldade está consumado, ó fi f i l h a d e Si ã o ; e l e n u n c a ma maii s t e l e v a r á pa parr a o cativeiro; Converte-nos, SENHOR, a ti, e nós nos converteremos; renova os nossos dias como dantes ” (Lm 4.22a; 5.21). (3) Finalmente Ele castigará seus inimigos, e fará com eles o que fizeram com os outros: l í Chim. Ouvem que eu suspiro, mas não tenho quem me console; todos os meus inimigos que souberam do meu mal folgam, porque tu o
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determinaste; mas, em trazendo tu o dia que apregoaste, serão como eu. Tau. Venha Venha toda a su s u a i n i q üi d a d e à t u a p r e s e n ç a, e f a z e - l h e s c o m o me fizeste a mim por causa de todas as minhas pr p r e v a r i c a ç õ e s ; p orq or q u e os m e u s sus su s p i r o s s ã o muitos, e o meu coração está desfalecido. Chim. Chim. Re R e g o z i j a - t e e al e g r a - t e, ò f i l h a d e E d o m, qu quee habitas na terra de Uz; o cálice chegará também também pa p a r a t i ; e m b e b e d a r - t e - á s e t e d e s c o b r i r á s. T a u. O castigo da tua maldade está consumado, ó filha de Sião; ele nunca mais te levará para o cativeiro; ele visitará a tua maldade, ó filha de Ed E d o m , d e s c o b ri r ã o o s t e u s p e c a d o s” (Lm 1.21,22; 4.21,22).
Questionário ■
Assinale com “X” as a lternativas lternativas corr etas
6 . Assinale com coerência. Um dos temas temas principais do livro de Lamentações: a) O pecado pecado contra o Espírito não tem perdão b) b ) O p eca ec a d o t r a z d or e t r i s t eza ez a c ) O pecado tem perdão d ) O pecador estará diante de Deus Deus no Juízo Final 7 . Deve ser lido como introdução ao Livro de Lamentações a ) O último capítulo capítulo de Sof onias b) b ) O último capítulo de 2Reis 2Reis c) O último capítulo de Jeremias e) O último capítulo de 2Crônicas
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8. Em Lamentações, a consolação dada a Sião na sua aflição é tríplice, ou seja, destaque a incorreta a) Deus enviará um libertador, ainda no cativeiro b) O Senhor os ensina e os purifica através dessa aflição c) Quando sua obra estiver completa e voltarem penit entes a ele, Deus os liber tará, e não ma is per mitir á o cativeiro d) Deus castigará seus inimigos, e fará com eles o qu e fizeram com os outros 0
Marque “C” para Certo e “E” para Errado
9. Lamentações deve ter sido composto nos 3 meses entre o incêndio de Jerusalém e a partida do remanescente para o Egito, tempo em qu e a sede do gover no esteve em Mizpá, próximo a Jerusalém 10. A devastação de Jerusalém é atribuída diretamente à ira dos inimigos de Deus
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Lição 4 O Livro de Ezequiel Autor: Ezequiel.
Ezequiel
Data: 590 -570 a.C. Tema: O Juízo e a Glória de Deus. Palavras-Chave: Julgamento. Bênção.
Responsabilidade e Moral Individual. Versículo-chave: Ez 36.24-28 O contexto histórico do livro de Ezequiel é a Babilônia durante os primeiros anos do exílio babil ônico (593-571 a.C.). Nabucodonos or levou cativos os judeus de Jerusalém para a Babilônia em três etapas: ■ es colhidos foram Em 605 a.C.. jovens judeus deportados para Babilônia, entre eles Daniel e seus três amigos; ■ foram levados à Em 597 a.C.. 10.000 cativos Babilônia, estando Ezequiel entre eles; Em 586 a.C. as forças de Nabucodonosor destruíram totalmente a cidade e o templo, e a maioria dos sobreviventes foi transportada para a Babilônia. O ministério profético de Ezequiel ocorreu durante a hora mais tenebrosa 4 4 da história do Antigo Testamento: os sete anos que precederam a destruição, 44
Cheio ou coberto de trevas; caliginoso, escuro: Fig. Horrível, terrível, medonho:
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em 586 a.C. (593-586 a.C.), e os quinze anos seguintes (586-571 a.C.). O livro provavelmente completou -se cerca de 570 a.C. Ezequiel, cu jo nome significa “Deus fortalece”, era de família sacerdotal: “veio expressamente a palavra do SENHOR a Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na terra dos caldeus, junto ao rio Quebar, e ali esteve sobre ele a mão do SENHOR ” (Ez 1.3) e passou os vinte e cinco primeiros anos da sua vida em Jerusalém. Estava se preparando para o trabalho sacerdotal do templo quando foi levado prisioneiro à Babilônia em 597 a.C. Uns cinco anos mais tarde, aos trinta anos (Ez 1.2,3), Ezequiel recebeu sua chamada profética da parte de Deus, e a partir daí ministrou fielmente durante vinte e dois anos, pelo menos, “E sucedeu que, no ano vinte e sete, no mês primeiro, no primeiro dia do mês, veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo .” (Ez 29 .1 7). Ezequiel tinha uns dezessete anos quando Daniel foi deportado e, portanto, os dois eram praticamente da mes ma ida de. Ezequiel e Daniel foram contemporâneos de Jeremias, porém mais jovens que ele e, provavelmente, foram por ele influenciados, por ser profeta mais velho em Jerusalém (cf. Dn 9.2 “ no ano primeiro do seu reinado, eu, Daniel, entendi pelos livros que o número de anos, de que falou o SENHOR ao profeta Jeremias, em que haviam de acabar as assolações de Jerusalém, era de setenta anos”).
Quando Ezequiel chegou à Babilônia, Daniel já era bem conhecido como homem de elevada sabedoria profét ica; Ezequiel refer e-se a ele três vezes no seu livr o (Ez 14.14,20; 28.3). Ao contrário de Daniel, Ezequiel era casado (Ez 24.15-18), e vivia
como um cidadão comum entre os exilados judeus, junto ao rio Quebar (Ez 1.1; 3.15,24; cf. SI 137.1 ). O livro de Ezequiel está bem organizado, e seus quarenta e oito capítulos dividem-se naturalmente em quatro seções principais: A seção introdutória (Ez 1-3).
Descreve a poderosa visão que Ezequiel teve da glória e do trono de Deus (capítulo 1) e o encargo divino que o profeta recebeu para seu ministério profético (capítulos 2 e 3). A segunda seção (Ez 4-24).
Contém a mensagem contundente de Ezequiel sobre o juízo vindouro e inevitável de Judá e Jerusalém, devido as suas obstinadas 1 r ebeldias e apostasias. Durante os últimos sete anos de Jerusalém (593-586 a.C.), Ezequiel advertiu os judeus de Jerusalém e os cativos em Babilônia, que não deviam alimentar a falsa esperança de que Jerusalém sobreviveria ao julgamento. Os pecados passados e presentes de Jerusalém provocavam a sua segura ruína. Ezequiel trombeteia sua mensagem profética de juízo através de várias visões, parábolas e atos simbóli cos. Os capítulos 8-11 descrevem como Deus levou Ezequiel a Jerusalém numa visão para profetizar contra a cidade. No capítulo 24, a morte da querida esposa do prof eta ser viu de parábola e sina l da destruição de Jerusalém. A terceira seção (Ez 25-32).
Contém profecias de juízo contra sete nações estrangeiras que se alegravam da calamidade de Judá.
Manter-se na teima ou erro; porfiar, relutar. 89
Na profecia sob rema neir a longa cont ra Tiro, aparec e uma descrição mascarada de Satanás (Ez 28.11-19) como o verdadeiro agente por trás do rei de Tiro. A seção final do livro (Ez 33 -48).
Assinala uma transição na mensagem do prof et a, que mu dou do ter rível ju ízo para o consol o e a esperança futuros (cf. Is 40-66). Depois da queda de Jerusalém, Ezequiel profetiza a respeito do avivamento e restauração futuros, quando, então, Deus será o verdadeir o pastor do seu povo (Ez 34) e da rá aos seus um “novo coração” e um “novo espírito” (Ez 36). Neste cont exto surge a famosa visão de Ezequiel, de um exército de ossos secos que ressuscitam mediante a mensagem profética (Ez 37). O livro termina com a descrição da restauração escatológica do templo santo, da cidade santa de Jerusalém, e da terra santa de Israel (Ez 40- 48).
O Propósito O propósito das profecias de Ezequiel foi duplo: S Entregar a mensagem divina do juízo ao povo apóstata de Judá e Jerusalém (Ez 1-24) e às sete nações estrangeiras ao seu redor (Ez 25-32); v'' Conservar a fé do remanescente fiel a Deus no exílio, concernente à restauração de seu povo segundo o concerto e à glória final do reino de Deus (Ez 33-48). O profeta também ressaltava a responsabilidade pessoa l de cada indivíduo dia nt e de Deus, ao invés de somente culpar os antepassados e seus pecados como a causa do exílio como julgamento (Ez 18.1-32; 33.10 -20).
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Autor O livro claramente atribui suas profecias a Ezequiel (Ez 1.3; 24.24). O uso do pronome pessoal “eu” através do livro, juntamente com a harmonia estilística 46 e a linguagem, indicam a autoria exclusiva de Ezequiel. As profecias de Ezequiel têm datas exatas por causa de sua organização em datá-las (cf. Ez 1.1,2; 8.1; 20.1; 24.1; 26.1; 29.1,17; 30.20; 31.1; 32.1,17; 33.21; 40.1). Seu ministério começou em 593 a.C. e continuou, pelo menos, até a última profecia registrada em 571 a.C. Ezequiel (“Deus fortalece”) foi chamado para ministrar como profeta durante o cativeiro, proclamando a mensagem de Deus aos exilados, ao mesmo tempo em que Jeremias pregava em Jerusalém. Ezequiel ministrou durante vinte e sete anos, pelo menos. O cativeiro babilônico de Judá durou aproximadamente setenta anos. Ezequiel era sacerdote. E le recebeu sua chamada profética quatro anos depois de chegar à Babilônia. Certamente, estabeleceu-se junto ao rio Quebar, possivelmente um canal navegável, ligado ao rio Eufrates, cerca de 80 km a sudeste de Babilônia. Sua missão era expor a razão do cativeiro, prediz er a qu eda de Jer usalém, leva r o povo exilado de volta a Deus e avivar a esperança dos exilados mediante a promessa divina de sua restauração.
46
Disciplina que estuda a expressividade duma língua, i. e., a sua capacidade de sugestionar e emocionar mediante determinados processos e efeitos de estilo. 91
Data O chamado de Ezequiel veio a ele em 593 a. C., o quinto ano do reinado de Joaquim. A última data dada por um oráculo (Ez 29.17) é, provavelmente, 571 a.C., fazendo de seu ministério cerca de vinte anos de duração. A morte de sua esposa ocorreu ao mesmo tempo da destruição de Jerusalém, em 587 a.C. (Ez 24.1,15-18). Exilado por ocasião do segundo cerco de Jerusalém, ele escreveu para aqueles ainda em Jerusalém, por volta de sua iminente 1 e completa destruição, incluindo a partida da presença de Deus. Partes foram também, aparentemente, escritas após a destruição de Jerusalém.
Características Especiais Sete características principais do livro: (1) Contém um grande número de visões surpreendentes, de parábolas arrojadas e de ações simbólicas e excêntricas, como um meio de expressão da revelação profética de Deus; (2) Seu conteúdo é organizado e datado com cuidado: registra mais datas do que qualquer outro livro prof ét ic o do Ant igo Testament o; (3) Duas frases características ocorrem do começo ao fim do livro: “entã o saberão que eu sou o Senhor ” (sessenta e cinco ocorrências com suas variantes); “a glóri a do Senhor ” (dezenove ocorrências com suas variantes). Que ameaça acontecer breve; em via de efetivação imediata. 92
(4) Ezequiel recebe de Deus, de modo peculiar, os nomes de “filho do homem‟ 7 e “atalaia”; (5) Este livro registra duas grandiosas visões do templo: uma delas mostra-o profanado e à beira da destruição (Ez 8-11), e a outra, purificado e perfeitamente restaurado (Ez 40-48); (6) Mais do que qualquer outro profeta, Ezequiel recebeu ordens de Deus para identificar-se pessoa lmente com a palavr a prof ética, expressando-a através do simbolismo profético; (7) Ezequiel salienta a responsabilidade pessoal do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus.
O Livro de Ezequiel ante o No vo Testamento A mensagem dos capítulos 33-48 concerne, em síntese, à futura obra redentora de Deus conforme revela no Novo Testamento. Fala não somente da restauração física de Israel à sua terra, como também da sua restauração final futura, isto é, sua plena realização reservada por Deus, como o Israel espiritual, junto às nações como r esultado de missões. Profecias importantes em Ezequiel a respeito do Messias do Novo Testamento: _______ _____________ Ezequiel 17.22-24; 21.26,27; 34.23,24; 36.16-38 e 37.1-28. Livro que contém mensagens de Deus dirigidas aos judeus que estavam na Babilônia e também aos que moravam em Jerusalém. Nele há pregações, visões e atos simbólicos. Ezequiel ensinou que cada pessoa é responsável pelos seus próp rios pecados e qu e todos devem se ren ovar no seu íntimo, no seu coração. Ele esperava que a nação de Israel começasse a viver u ma vida nova diante de Deus.
Sendo ao mesmo tempo profeta e sacerdote, Ezequiel mostrou interesse pelo Templo de Jerusalém e ensinou que Deus exige de seus adoradores uma vida dedicada a Ele.
A Visão da Glória de Deus (Ez 1.1-28) Ezequiel recebe uma visão da glória e da santidade de Deus (v. 28). As “Visões de Deus ” (v. 1) eram fundamentais a fim de prepará-lo para a obra a quem o chamava. Recebeu sua visão junto ao rio Quebar (v. 3), que era um canal navegável derivado do Eufrates acima da Babilônia, que desaguava no Tigr e. ♦ “Quatro animais ” (v. 5). Estes seres viventes se identificam muito com os “Querubins” (Ez 10.20). Portavam-se cada um deles no meio de cada lado de um quadrilátero 48 ; suas asas estendidas tocavam os ângulos desse quadrilátero. Cada querubim tinha quatro rostos (v. 10). Os rostos de homem, leão, boi e águia representam a criação por Deus, dos seres viventes (cf. Ap 4.7). ♦ O Espírito (v. 12). Os querubins são dirigidos pelo Espírito que sem dúvida se refere ao Espírito de Deus (cf. v. 20). ♦ Brasas de fogo ardentes (v.13). Falam da santidade de Deus (Êx 3.14,15). O fogo que se movimenta simboliza a energia e o poder do Espírito Santo, o qua l está sempre em oração e jamais descansa. ♦ O aspecto das rodas (v. 16-25). Ezequiel vê uma espécie de carro trono em movimento constante. Deus é manifesto num trono móvel que nunca para,
Polígono de quatro lados .
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♦
♦
e que vai para onde o Espírito ordena. A linguagem figurada simboliza a sabedoria de Deus sobre todas as coisas e a sua presença em todas as coisas e a sua pres ença em todas as esfer as da sua criação. Semelhança de um homem (v. 26). Ezequiel vê Deus sentado num trono, na semelhança de um homem. Esta mostra que quando Deus resolveu revelar-se plena mente Ele o fez for ma hu ma na mediante Jesus Cristo (Fp 2.5-7 Cl 2.9). Da glória do Senhor (v. 28). O aparecimento da glória de Deus a Ezequiel indicava que Ele já saíra do templo de Jerusalém (lRs 8.11; SI 26.8; 63.2), e que agora estava sendo manifesta aos exilados. Ezequiel profet izou poster ior ment e que a glória de Deus volt aria a Canaã e a Jerusalém (Ez 43.2).
O Ministério da Palavra Profética (Ez 2.1 -3.27) => Filho do homem (v. 1).
Deus se refere a Ezequiel mais de noventa vezes como “filho do homem”. Este título ressalta a humanidade e a fragilidade do profeta, e seria para lembrar-lhe da sua dependência do poder do Espírito Santo para capacitá-lo a cumprir seu minis tério. Jesus comumente aplicou a si (Lc 5.2 4; 3.13). Ezequiel ficou revestido do poder quando o Espírito de Deus entrou nele (v. 2), para proclamar a mensagem de Deus. Logo no princípio é avisado de que está sendo chamado a uma vida de aspereza e perseguição. A mensagem lhe é entregue da parte de Deus sob a forma de um livro, que ele recebe ordem de comer, como aconteceu com João (Ap 10.9). Em sua
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boca o livr o é doce, o que signif icava ter ele achado alegria em ser mensageiro de Deus, embora a mensagem contivesse anúncio de aflições. Como o livro, literalmente, fosse só em visão, significava inteiramente seu conteúdo, de modo que a mensagem se tornava parte de sua personalidade. Em 3.17-21 parece que Deus coloca sobre Ezequiel a responsabilidade pela condenação de seu povo, da qual só se poderá se eximir por uma fiel declaração de mensagem divina. É também avisado de que Deus, às vezes, lhe imporá silêncio (Ez 3.26; 24.17; 33.22), sendo isto uma advertência para que ele fale não suas próprias idéias, mas somente o que Deus lhe ordenar.
Sinais Proféticos do Juízo Vindouro (Ez 4.1 - 5.17) Deus ordenou que Ezequiel simbolizasse o cerco de Jerusalém e o exílio subsequente, por meios de atos específicos. Retratou estes eventos com uma miniatura de cerco da cidade. A assadeira (v. 3) representa as forças existentes dos babilônicos. Mediante a este ato figurativo, Ezequiel gravou na mente dos exilados o fato de que o próprio Deus iria enviar os babil ônicos contra Jer usalém. Cada dia que Ezequiel ficava deitado sobre o seu lado (v. 4) representava um ano de pecado da nação hebréia 1 como um todo. Ele não ficava o dia inteiro deitado sobre seu lado, pois tinha outras tarefas (vv. 917).
1
Nação Hebréia está rela cionada a todos da nação d e Israel qu e esta va n o dentro e fora do cativeiro.
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O número de dias determinado a Ezequiel ficar deitado sobre seu lado correspondia aos anos de pecados de Israel e de Judá. Os 390 anos parecem abranger o per íodo de monarqu ia de Salomã o e qu eda de Jer usalém. Os quarenta anos a mais foram atribuídos a Judá (v.6), podem repres entar o reina do extremamente ímpio de Manassés, que influenciou Judá p elo resto da história (2Rs 21.11-15). O propósito da pouca comida e água simbolizava a escassez de provisões em Jerusalém durante o cerco (vv. 16,17). A fome seria severa. Ezequiel raspou a cabeça e a barba e dividiu seu cabelo em três porções para assim simbolizar o destino dos habitantes de Jerusalém. A terça parte do cabelo queimado representava os que morreriam de peste ou de fome; a terça parte morreriam pela espada e a última terça parte dis per so no ex ílio. Uma das razões principais da ira de Deus contr a Jerusalém foi porque ela profanou o templo com a adoração de ídolos (Ez 8-11). O apóstolo Paulo declara que “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá' 1 ' 1 (ICo 3.17). O livro de Ezequiel declara cerca de sessenta vezes que Deus executará Juízo contra Judá. Não se deve entender que Deus não castiga a quem profana a sua Igreja, ou a quem rejeita os seus caminhos.
Mensagens Proféticas do Juízo Vindouro (Ez 6.1 - 7.27) ♦
Vossos ídolos (v. 4). O principal pecado dos israelitas
contra o Senhor era o da idolatria. Ao invés de confiar somente em Deus como esperança da sua vida, buscava o socorro no presente século. 97
♦
Terão nojo de si mesmo (v. 9). O castigo divino
levaria alguns a reconhecerem a gravidade do seu pecado. ♦
“Chegado é o dia da t ributação” (Ez 7.7). O dia da
ira e da destruição estava bem próximo dos israelitas, sua rebelião contra Deus terminaria (abruptamente 1 ) (vv. 2,3,6), porém, a Bíblia nos assegura repetidas vezes que o dia do Senhor está perto (Am 5.18-20). ♦
Vem a destruição (v. 25). No inic io, o pecado talvez
pareça agradável, mas conclu ída a sua trajet ória, fica seu rastro de destruição, angústia e desespero.
Visões Proféticas do Juízo Vindouro (Ez 8.1 - 11.25) Ezequiel foi transportado em êxtase a Jerusalém, onde Deus lhe mostrou as execráveis 2 idolatrias praticadas no Templo. A “imagem dos ciúmes ” (Ez 8.3), provavelment e er a As tarot e (a Vênus da Sír ia). O cult o secreto de animais (Ez 8.10), provavelmente um culto egípcio, dirigido por Jazanias (Ez 8.11)., => Seis homens (Ez 9.2).
São anjos designados por Deus par a executarem o seu julgamento contra a cidade. Cada um deles portava uma arma (v. 1), com a qual mataria todos os iníquos (vv. 5,6). O julgamento divino começa com o próprio povo de Deus (lPe 4.17), principalmente os líderes espirituais culpados.
Subitamente, inopinado, repentinamente. Que merece execração; abominável, abominando, execrando.
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No capítulo 10 a rea parição dos qu er ubins do capítulo 1, espalhando brasas acesas sobre a cidade representava o julgamento e a destruição. O enfoque dos capítulos 10 e 11 é a retirada da glória e da presença de Deus do Templo e da cidade. E põe-se no Mont e das Oliveir as (v. 23). Mais tarde Ezequiel teve uma visão do retorno da glória divina, quando o Senhor estabelecer o seu reino eterno (Ez 43.1-4).
Questionário ■ Assinale com “X” as alternativas corretas 1. E incerto dizer que, Ezequiel a) Foi contemporâneo de Jeremias b) Juntamente com Daniel, foram influenciados por Jeremias, por ser mais experiente c) Foi contemporâneo de Daniel d) Ao contrário de Jeremias, era solteiro 2. Quanto às seções principais do livro de Ezequiel assinale a alternativa condizente com a verdade a) Na I a seção surge a famosa visão de Ez equiel, de um exército de ossos secos que ressuscitam mediante a mensagem profética b) A 2 a seção descreve a poderosa visão que Ezequiel teve da glória e do trono de Deus A 3 a seção contém profecias de juízo contra sete nações estrangeiras que se alegravam da calamidade de Judá d) A 4 a seção contém a mensagem contundente de Ezequiel sobre o juízo vindouro e inevitável de Judá e Jerusalém 99
Quanto às características especiais do livro de Ezequiel, é incerto dizer que a) Salienta a responsabilidad e pessoal do indivíduo e sua responsabilidade diante de Deus b) Está per mea do com as tristezas, angú stia s e prantos do “profeta das lágrimas” por causa da rebeldia de Judá c) Contém um grande número de visões, parábolas, e ações simbólicas, como um meio de expressão da revelação profética de Deus d) Ezequiel recebe de Deus, de modo peculiar, os nomes de “filho do homem” e “atalaia” Marque “C” para Certo e “E” para Errado 4.Os “quatro animais” da visão de Ezequiel se identificam muito com os “r einos mais po derosos” 5. Ezequiel raspou a cabeça e a barba e dividiu seu cabelo em três porções para assim simbolizar o destino dos habitantes de Jerusalém
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Sinais e Mensagens Proféticas Juízo Vindouro (Ez 12.1 - 24.27) Ezequiel faz mudança com sua bagagem. Outro ato simbólico, para enfatizar mais o cativeiro iminente de Jerusalém. Contém uma surpreendente e minuciosa prof ecia da sorte de Zedequias, sua fuga secret a, captur a e remoção para a Babilônia, sem nada ver (Ez 12.10 -13). Cinco anos mais tarde aconteceu exatamente como Ezequiel dissera. Zedequias tentou escapar às ocultas, foi preso, seus olhos foram vazados e ele levado a Babilônia (Jr 52.7-11). ■ Capítulo 13: Os falsos profetas eram muito numerosos, tanto em Jerusalém como nos meios dos cativos (ver Jr 23 e 29), a enganar o povo com falsas esperanças, como se construir uma parede, sem argamassa. Os “invólucros 1 cozidos” (almofadas, v. 18) e “véus” (mantas v. 21), deviam ser usados em algumas espécies de rito mágico. ■ Capítulo 14: Inquiridores hipócritas: a uma delegação de apreciadores de ídolos a resposta de Deus não consiste em palavras, mas na destruição rápida e terrível de Israel, idólatra. Pode ser que por influência de Ezequiel, capítulo 14, Nabucodonosor tivesse até aí poupado Jerusalém. ■ Capítulo 15: A madeira inútil da videira, só serviria para combustível. Assim, Jer usalém para nada mais prestava , senã o para o fogo.
Tudo quanto serve para envolver; envoltório, involutório.
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Capítulo 16: A alegria da esposa infiel. Este
capítulo é um retrato vivido da idolatria de Israel, sob a figura de uma esposa, amada do seu marido, que dela fez rainha, e acumulou-a de sedas e peles e todas as coisas belas, a qual se fez meretriz de todo homem que passava, envergonhando a própria Sodoma e Gomorra. Capítulo 17: A parábola das duas águias. A primeira águia (v. 3), era o rei de Babilônia. A “ponta mais alta dos ramos ” (v. 4) foi Joaquim que foi levado para aqu ele país, 2Reis 24.11-16, seis anos antes qu e esta parábola fosse prof erida. A “muda da Terra ” (v. 5) que se plantou foi Zedequias, 2Reis 24.17. A outra águia (v. 7) era o rei do Egito, em quem Zedequias confiava. Por sua traição, este será levado à Babilônia, para ser castigado e aí morrer (Ez 13.21). Isto aconteceu 5 anos mais tarde (2Rs 25.6,7) uma repetição do que Ezequiel antes havia profetizado (Ez 12.10-16). O “ renovo mais tenro ” (Ez 17.22,24), que Deus plantaria mais adiante, na família real restaurada de Davi, teve seu cumprimento no Messias. Capítulo 18: A idéia central deste capítulo é que Deus julga cada pessoa à vista da sua conduta individual e pessoal (v. 21-24). É um apelo vibrante aos ímpios para que se arrependam (v. 30-32). Capítulo 19: O primeiro leãozinho (v. 3) foi Joacaz (Salum), que foi levado para o Egito, (2Rs 23.31 -34). O segundo leãozinho (v.5) foi Joaquim ou Z edequias, os quais foram levados para a Babilônia (2Rs 24.8; 25.7). Capítulo 20: Este capítulo expressa a triste verdade que a história de Israel foi de constante idolatria e fracasso moral. Ezequiel disse aos
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anciãos, seus contemporâneos, que eles ainda mantinham em seus corações o amor aos ídolos. Portanto, também eram culpados diante de Deus. ■ Capítulo 21: Prestes a desembainhar a espada contra Jerusalém e Amom, “o Sul” (Ez 20.46) era a terra de Judá, Nabucodonosor apresenta-se excitante sobre se deve atacar primeiro Jerusalém, ou Amom (Ez 21.21). Decidiu-se por Jerusalém e atacou Amom 5 anos mais tarde. “Até que venha aquele a quem ele pertence de direito ” (Ez 21.27), isto é, a derrocada 1 do trono de Zedequias (vv. 25,27), seria o fim do Reino de Davi até a vinda do Messias (Ez 34.23-24; 37.24; Jr 23.5-6). Capítulo 22: Repetida e claramente Ez equiel nomeia os pecados de Jerusalém. Contamina-se com ídolos, derrama sangue, devora almas, oprime o órfão e a viúva, despreza pai e mãe, profana o sábado, dáse à usura 2 , a calúnia, ao roubo, ao adultério indiscriminado, e os príncipes e sacerdotes e profetas são iguais a lobos vorazes atrás de lucros desonestos. ■ Capítulo 23: Aolá e Aolibá, duas irmãs, insaciáveis em sua devassidão. É uma parábola da idolatria de Israel. Aolá, Samaria, Aolibá, Jerusalém. Ambas bem desenvolvidas em seu adultério. Muitas e muitas vezes a relação entre o marido e mulher se usa para repres ent ar a relação entre Deus e seu povo. Ver sobre no capítulo 16. ■ Capítulo 24: A parábola da panela. Símbolo da destruição de Jerusalém, agora próxima. A carne retirada da panela representava os cativos. A ferrugem representava o derrame de sangue e a
Desmoronamento; ruína. Juro excessivo, exorbitante; onzena.
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imoralidade da cidade. A panela vazia, levada de volta ao fogo, é o incêndio da cidade. ■ Capítulo 24.15-24: A morte da mulher de Ezequiel. Foi isto no dia em que começou o cerco de Jerusalém (2Rs 25.1), sinal aflitivo para os exilados, de que sua Jerusalém amada, orgulho e glória de sua nação, ia ser agora tomada. Foi imposto silêncio a Ezequiel até que viesse notícia da queda da cidade, três anos mais tarde (v. 27; 33.21,22).
A Mensagem Profética de Juízo para as Na ções Estrangeiras (Ez 25.1 - 32.32) Amom (25.1-7). Os amonitas eram um povo que vivia a
leste de Israel, povo este que Deus castigou por se alegrar grandemente com a queda de Jerusalém e na destruição do Templo. Moabe (25.8-11). Ezequiel profetizou que Moabe seria
castigado pelo fato dos moabitas crerem que o Deus de Israel não era maior do que os deuses pagãos das outras nações (v. 11). Edom (25.12-14). A profecia de Ezequiel contra Edom,
deu-se pelo fato desta nação ter agido vingativamente contra a casa de Judá, fazendo-se assim culpados diante de Deus. Filistia (25.15-17). Os filisteus foram castigados por que
se vingaram de coração e inimizade perpétua (v. 15). As nações acima eram vizinhas mais próximas de Judá, que se regozijaram com sua destruição pela Babilônia. Ezequiel prediz aqui para elas a mesma sorte, como Jeremias ta mbém fizera (Jr 27.1-7). 104
Nabucodonosor submeteu os filisteus, qu ando capturou Judá, e quatro anos depois invadiu Amom, Moabe e Edom. Tiro (26.1 - 28.19). Tiro alegrou-se com a queda de Jerusalém, porque seu povo projetou lucro financeiro através de um movimento comercial, agora livre da concorrência de Israel, a custo de prejuízo do próximo, isso provocou o castigo divino (Is 23). A cidade foi subjugada por “muitas nações” (Ez 26.3), a começar pelos babilônicos e depois os per sas e os gr egos .
A Lamentação sobre Tiro (27.1-36). Tiro possuía uma
grande frota de navios mercantes. Este capítulo retrata Tiro como um belo navio, que leva mercadorias e tesouros para muitas nações. Não obstante Deus no seu julga ment o destruir á o na vio e muitos lamentarão semelhante rumo. Compara-se este capítulo com Apocalipse 18, onde o julgamento divino destrói o centro comercial do mundo. ■ Capítulo 28. O pecado ma ior do rei de Tiro er a o orgulho, que o levou a exaltar-s e, qual divindade. Por isso, ele sofreria o julgamento divino e desceria à cova como todos os mortais (v.8). No devido cont exto, a prof ecia de Ezequiel contra o rei de Tiro parece conter uma referência velada à Satanás como o verdadeiro governante de Tiro e como o deus deste mundo (2Co 4.4; lJo 5.19). O rei descrito como um visitante que estava no jardim do Éden (v. 13), que fora um anjo, “querubim ungido” (v. 14), é uma criatura per feit a em todos os seus caminhos até que nela se achou iniqüidade (v. 15). Por causa do seu orgulho pecaminoso (v. 17), foi precipitado do “Monte de Deus”, (vv. 16,17 cf. Is 13 -15 . 105
■ Sidom (28.20-26). A derrota de Sidom, 32 km ao norte de Tiro, foi tomada por Nabucodonosor, quando da captura de Tiro. ■ Eeito (29.1 - 32.32). Predizendo a invasão do Egito por parte de Nabucodonosor, e a redução do Egito a uma posição de importância menor par a todo o tempo futuro. Nabucodonosor invadiu c despojou o Egito em 572 e 568 a.C. O Egito nunca obteve de volta a sua glória anterior, cumprindo num sentido real a profecia de Ezequiel de que se tornaria “o mais humilde dos reinos ” (Ez 29.15). Sua ruína prenuncia o iminente “Dia do Senhor ” (Ez 30.3), quando então Deus submeteria a juízo todas as nações ímpias do mundo. Ezequiel compara a situação do Egito à Assíria (Ez 31.3), nos seus dias de glória, seguida de queda. A Assíria, antes, potência mundial, foi destruída pela Babilônia a mesma não que derrotaria o Egit o. Em Ezequiel 32.2, esta lamentação zomba de Faraó, que se julgava tão forte como um- leão, ou um grande monstro marinho. Ele, porém, teria que prestar contas ao Senhor Deus, assim como todos os líderes mundiais um dia terá de fazer. O Egito se junta aqui às demais nações ímpias, no mundo inferior dos perdidos sob castigo por sua crueldade e injustiça (v. 27). Outros líderes poderosos, já mortos, falariam ali sobre o Egito (v. 21).
A Mensagem Profética de Restauração de Israel (Ez 33.1 - 48.35) O atalaia da restauração (33.1 -33).
O atalaia que visse a destruição iminente e não advertisse o povo, seria culpado do sangue de quem morresse. 106
Ezequiel recebeu a notícia em Babilônia, de que Jerusalém caíra. Isto deu cumprimento às suas pr p r o f e c i a s e v i n di c ou a s u a m e ns a g e m d i a n t e d o p o v o. O ministério de Ezequiel mudou a partir daqui. Suas pr p r o f e c i a s p a s s a m a t r a t a r da r e d e n ç ã o e r est es t a u r a ç ã o d e Judá, num futuro distante. distante.
A Promessa da Restauração (Ez 34.1 - 39.29) ■ Capítulo 34. Ezequiel profetiza contra os líderes de Israel, isto é, seus reis, sacerdotes, profetas. Com sua cobiça, corrupção e egoísmo deixaram de guiar o po p o v o d e D eu euss n o c a m i n h o e m qu e E l e os qu er i a . Estavam a explorar o povo (v. 3); e manipular os cidadãos cidadãos par a obterem lucro pessoal, ao invés de lhes dar assistência espiritual (v. 4). Esses líderes, por p or t a nt o, er a m c u l p a d os d o c a t i v e i r o d e J u dá , e D eu s enviará um Pastor segundo Seu próprio coração, isto é o Messias, que realmente cuidará do povo. Então ao invés de ser explorado e manipulado terá “chuvas de be b e n ç ã o ” ( v . 2 6 ) . ■ Capítulo 35. Ezequiel profetiza contra a Iduméia ou Edom (Monte Seir; cf. v. 15), descendentes de Esaú. Eram inimigos perpétuos de Israel (v. 9), depois da queda de Israel e Judá, eles pretendiam possuir a terra pr p r o m e t i da ( v. 1 0 ) . M a s t o da s a s s u a s t e nt a t i va s d e conquistar a terra fracassariam porque Deus os derrubaria (vv. 10-15). Não conseguiram impedir que Deus consumasse consumasse o seu plano de r estaurar Israel. Israel. ■ Capítulo 36. Nes N estt e c a p ít u l o , D eu euss p er s o n i f i c a a t er r a pr p r o m e t i da e l h e f a la d i r eta et a m e n t e. E l e p r o m e t e a t er r a devastada, e fará dela um lugar de bênçãos (vv. 13,14). Deus promete que restaurará 107
Israel, não só no sentido material, mas também espiritualmente. Essa restauração incluiu um novo e sensível coração nos israelitas, de modo a obedecerem obedecerem a Palavra de Deus. ■ Capítulo 37. Por meio do Espírito Santo, Ezequiel vê numa visão um vale cheio de ossos secos. Os ossos representam “toda a casa de Israel ” (v. II), tanto Israel como Judá, no exílio. Deus mandou Ezequiel pr p r of et iza iz a r p a r a o s o s s o s ( v v. 4 - 6 ) . O s os s o s e n t ã o, reviveram em duas etapas. Uma r estauração nacional, nacional, ligado a terra (vv. (vv. Uma 7-8); Uma r estauração espiritual, espiritual, ligado à fé (vv. 9 Uma 10). Deus agora promete que os dois reinos serão reunidos num só reino com um só rei sobre eles (vv. 16 -23). ■ Capítulo 38. Gogue é o rei de Magogue e o principal governante de Meseque e Tubal. Em Gênesis 10.2 Magogue, Meseque e Tubal são nomes dos filhos de Jafé. Gogue também pode ser um nome representativo da iniqüidade e da oposição de Deus (Ap 20.7-9). E m Ezequiel 2743, Meseque e Tubal são mencionados como vendedores de escravos à cidade de Tiro. Ezequiel declara que habitavam nas “bandas do norte ” (Ez 38.6,15; 39.2), e não pode haver dúvida de que ele queria significar nações além do Cáucaso; hoje conhecido como Rússia. ■ Capítulo 39. Este capítulo reafirma o julgamento divino contra Gogue e descreve o aniquilamento total do inimigo de Isra el. Destaca a intervenção milagrosa de Deus a favor do seu povo.
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A Visão da Restauração (Ez 40.1 - 48.35) Ezequiel teve a visão do templo em 573 a.C. (Ez 40.1; 43.27), vinte e cinco anos depois de ter começado o seu seu exílio (v. 1). O propósito da visão foi despertar a fé dos israelitas mediante a promessa de uma restauração da glória de Deus no futuro, que resultará numa unção e bê b ê nç nçãã o qu e d u r a r ã o p a r a s e m p r e. Somente o príncipe pode entrar pela porta oriental do templo (Ez 44.3). Sua função parece ser a de dirigir a congregação na adoração (Ez 45.17). A identidad e do príncipe não é revelada, mas não pode ser o Messias, po p o is a qu e l e o f er ec e h o l o c a u s t o e m s e u p r ó p r i o f a v o r ( E z 45.22) e tem filho no sentido natural (Ez 46.16). Ezequiel vê na sua visão um rio vivificador que sai do Templo (Ez 47.1-2). À medida que o rio avança, vai aumentando em profundidade e largura (vv. 2-5). Levando vida e progresso por onde passa (vv. 9- 12). O rio deságua no Mar Morto e lhe dá vida em lugar de morte (vv. 8 -9). O propósito do rio é anunciar vida abundante da pa p a r t e d e D eu euss , à t er r a e a os s eu euss h a b i t a nt es ( v v. 1 2 , c f . Z c 14.8). Estes capítulos finais de Ezequiel continuam delimitando 1 as fronteiras da Terra Restaurada e a localização localização das tribos (Ez 47.13 - 48.29). O livro de Ezequiel termina com a grande pr p r o m e s s a d e q u e u m d i a , D eu euss ha b i t a r á et er n a m e n t e c o m seu povo; promessa repetida em Apocalipse Apocalipse 21.3.
1
Fixar os limites de; estremar, demarcar. Pôr limites a; circunscrever, restringir:
109
Questionário ■ Assinale com “X”'as alternativas corretas 6. Ezequiel 12 contém uma surpr eendente e minuciosa prof ecia da sorte de, , sua fuga secreta, captura e remoção para a Babilônia, sem nada ver a) Joaquim b) Zedequias c) Josias d) Jeoaquim 7. Ezequiel profetizou que esta nação seria castigada, pelo fato de crer que o Deus de Israel não era maior do que os deuses pagãos das outras nações a) Amom b) Filístia c) Moabe d) Edom 8. Por meio do Espírito Santo, Ezequiel vê numa visão um vale cheio de ossos secos. Os ossos r epresentam a) Tanto Israel como Judá, no exílio b) Israel, no exílio c) Judá, no exílio d) As nações que exilara m Isra el e Judá ■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado 9. [ ] A Síria alegrou-se muitíssimo com a queda de Jerusalém, porque seu povo projetou lucro financeiro através de um movimento comercial 10. O livro de Ezequiel termina com a grande promessa de que um dia , Deus ha bit ará et er na mente com seu povo 110
Lição 5
O Livro de Daniel
Autor: Daniel.
Daniel
Data: 536 - 530 a.C. Tema: A Soberania de Deus na História. Palavras-Chave: Reis, Reino, Visões,
Sonhos. Versículo-chave: Dn 7.13-14
O conteúdo de Daniel é uma associação de autobiografia, história e profecia. Sua forma literária é apocalíptica, signif icando que sua mensagem profética é a revelação de Deus: ♦ Através de visões, sonhos e simbolismo; ♦ Visando encorajar o povo de Deus durante um período crítico da história; ♦ Para uma concepção da esperança de Israel no tocante ao triunfo final do reino de Deus e da sua justiça na terra. O livro de Daniel se divide, naturalmente, em três partes: 1. O capítulo 1 é escrito em hebraico, e abrange o contexto histórico do livro; 2. Os capítulos 2-7, a partir de Daniel 2.4, foram escritos em aramaico, e descrevem a elevação é queda de quatro poderosos reinos mundiais sucessivos, seguindo-se o estabelecimento do reino de Deus como reino eterno (principalmente 111
capítulos 2 e 7). Esses capítulos destacam a soberania de Deus sobre os assuntos dos seres humanos e das nações, e sua intervenção neles ao descreverem: A ascensão de Daniel a uma posição de destaque na corte de Nabucodonosor (Dn 2); O Filho de Deus na fornalha de fogo com os três amigos de Daniel (Dn 3); A loucura temporária de Nabucodonosor como castigo divino (Dn 4); O desempenho de Daniel no banquete de Belsazar, declarando o fim do reino babilônico (Dn 5); O livramento milagroso de Daniel na cova dos leões (Dn 6); A visão dos quatro reinos mundiais sucessivos ju lga dos pelo “Ancião de dias” (Dn 7). 3. Nos capítulos 8-12, Daniel volta a escrever em hebraico, e expõe revelações surpreendentes e visitações angelicais da parte de Deus a respeito: Do povo judeu sob o futuro domínio gentio (Dn 811); Do período de setenta “semanas” proféticas como tempo determinado por Deus para o cumprimento da missão do Messias a favor de Israel (Dn 9); Do livramento final de Israel de todas as tribulações no fim dos tempos (Dn 12).
Autor Daniel, cujo nome sign ifica “Deus é meu juiz”, é tanto o personagem principal como o autor do livro que leva o seu nome. A autoria de Daniel não somente é declarada explicitamente no capítulo 12 e 112
versículo 4: “E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo; muitos correrão de uma parte ara outra, e a ciência se multiplicará ”, como também é subentendida pelas numerosas referências autobiográficas nos capítulos 7-12. Jesus atribui o livro ao “profeta Daniel” “ Quando, pois, virdes o abominável da desolação de que alou o profeta Daniel, no lugar santo (quem lê entenda)”
(Mt 24.15 - ARA), quando cita Daniel 9.27.
Data Embora o cerco e a deportação de cativos para a Babilônia tenham durado vários anos, os homens fortes e corajosos, os habilitados e os instruídos foram retirados de Jerusalém logo no início da guerra (2Rs 24.14). A data do cativeiro de Daniel costumeiramente aceita é 605 a.C. Sua prof ecia abrang e o espaço de tempo de sua vida. O livro relata eventos a partir da primeira invasão de Jerusalém por Nabucodonosor (605 a.C.) até ao terceiro ano de Ciro (536 a.C.) (Dn 10.1). O contexto histórico do livro está vinculado à Babilônia, durante o cativeiro babilônico de Judá de setenta anos de duração prof et izado por Jer emias (Jr 25.11). Daniel era certamente adolescente por ocasião dos eventos do capítulo 1, e octogenário 1 , quando teve as visões dos capítulos 9-12. S upõe-se que ele viveu até cerca de 530 a.C., quando teria concluído o livro na última década de sua vida (cf. João e o livro de Apocalipse). Os críticos modernos que consideram o livro de Daniel como espúrio 2 , e do século II a.C., orientam-
Que ou aquele que está na casa dos oitenta anos de idade. Não genuíno; sup osto, h ip otético.
113
se pelo seu próprio raciocínio filosófico desvirtu ado, e não pelos fatos rea is . Quase toda infor ma ção que se tem do profeta Daniel procede deste livro (Ez 14.14,20). Possivelmente, Daniel era descendente do rei Ezequias (cf. 2Rs 20.17,18; Is 39.6,7). Ele era de família culta, da classe alta de Jerusalém (Dn 1.3-6), porquanto, Nabucodonosor nã o es col her ia m jovens estrangeiros de classe inferior para sua corte real (Dn 1. 4,17). O êxito de Daniel em Babilônia atribui-se à sua integridade de caráter, aos seus dons proféticos e às intervenções de Deus que resultaram no seu acesso rápido a posições de destaque e de responsabilidade na corte (Dn 2.46-49; 6.1-3). Cronologicamente, Daniel é um dos últimos prof etas do Antigo Testament o. Somente Ageu, Zacarias e Malaquias vêm depois dele na seqüência do ministério prof ét ico do Ant igo Testament o. Foi contemporâneo de Jeremias, porém, mais jovem que este. Tin ha provavelmente a mes ma ida de de Ezequiel.
O Livro de Daniel ante o Novo Testamento A influência de Daniel no Novo T estamento vai muito além das cinco ou seis vezes que o livro é citado diretamente. Muito da história e da profecia de Daniel reaparece nos trechos proféticos dos Evangelhos, das Epístolas e do Apocalipse. A profecia de Daniel a respeito do Messias vindouro contém uma descrição dEle como: ■ A “grande pedra” que esmagaria os reinos do mundo (Dn 2.34,35, 45);
114
■ O Filho do homem, a quem o Ancião de dias daria o domínio, a glória e o reino (Dn 7.13,14); ■ “O Messias, o Príncipe” que viria e seria tirado (Dn 9.25,26). Alguns intérpretes crêem que a visão de Danie l, em 10.5-9, trata-se de uma aparição do Cristo préencarnado (cf. Ap 1.12-16). Daniel contém numerosos temas proféticos plenamente desenvolvidos no Novo Testamento: a gr ande tribulação e o anticristo, a segunda vinda de Cristo, o triunfo do reino de Deus, a ressurreição dos justos e dos ímpios e o Juízo Final. As vidas de Daniel e dos seus três amigos evidenciam o ensino neotestamentário da separação pessoa l do pecado e do mundo, viver no mundo incrédu lo sem, porém, participar do seu espírito e dos seus modos (Dn 1.8; 3.12; 6.18; cf. Jo 7.6,15,16,18; 2Co 6.14; 7.1). escritoem tempos de perseguição e => Livro sofrimento.
Por meio de histórias e de visões, o autor procura explicar aos judeus as razões por que eles estão sendo perseguidos e também os anima a continuarem fiéis a Deus. O livro se divide em duas partes: ♦ A primeira(capítulos 1-6) conta histórias a respeito de Daniel e dos seus companheiros; ♦ A segunda(capítulos 7-12) relata visões de vários impérios que aparecem e depois desaparecem. Elas mostram que os perseguidores serão derrotados e que a vitória final será do povo ju deu.
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Capítulo 1: Daniel com seus Companheiros em uma Corte Pagã A etimologia da palavra “Aspenaz” no versículo 3 é incerta. O indivíduo, entretanto, era um delegado chefe ou oficial na corte. Uma das primeiras qualidades dos jovens hebreus na Babilônia foi a de não se contaminarem com os manjares do rei. Na realidade perante todos os jovens hebreus eram considerados como sendo prisioneiros, mas para o rei eles er am homens es co lhidos, em especial pela sua sabedoria e formosura. Foram escolhidos através de sua sabedoria e pela per mis são de Deus. Nabucodonos or tomou a cida de de Jerusalém que estava sob o reinado de Jeoaquim em 605 a.C. O monarca levou vários utensílios do templo e alguns príncipes, nobres, jovens saudáveis, de boa aparência e de alto nível cultural a fim de ensinar-lhes a cultura dos caldeus. Já na Babilônia Aspenaz que era chefe dos eunucos altera-lhes os nomes, a saber: Daniel “Deus é meu Juiz” deu -se o nome de Beltessazar que significa: “Bel” - deus proteja sua vida; era o nome do deus principal da Babilônia; Hananias “o Senhor é gracioso” chamaram -no de Sadraque “Servo de Akú” o deus lua; Misael “quem é igual a Deus” chamaram -no de Mesaque “a sombra do príncipe”; Azarias “o Senhor ajuda” chamaram Abede -Nego - o deus da sabedoria ou a estrela da manhã. A mudança de nome dentro da corte pagã aumentaria o poder de cada um deles, visto que foram dados nomes de deuses a homens e por outro lado definiram os hebreus como sendo cidadãos babilônicos. 116
Já na mudança radical das iguarias, era para a não contaminação com os alimentos oferecidos aos deuses. Depois do tempo marcado (dez dias) houve-se uma mudança de melhor para uma excelente fisionomia. Quando se trata de uma corte pagã, de um povo totalmente idólatra haveria necessidade de um jejum parcial ou apenas de alimentos contaminados e imundos aos olhos de Deus. Nessa cor te, Daniel haver ia de se op or ao inimigo, mas ao mesmo tempo aquietar-se por respeito com seus superiores. Na corte real, o rei era a autoridade total e seus subordinados eram as pessoas qu e mais temiam o seu nome.
Capítulo 2: Os Quatro Últimos Impérios Mundiais Esse fato ocorreu por ocasião dos sonhos de Nabucodonos or , na rea lida de têm surgido vá rias indagações a respeito da interpretação do sonho, se foi evidentemente correta. Veja o versículo 31: havia uma grande estátua, bela, e seu resplendor era mui excelente, estava a estátua em pé e sua vista era terrível. Na rea lida de sem somb ra de dú vida esse sonho de Nabucodonosor era a de uma visão totalmente escatológica, a força dessa estátua está nas partes que destacaremos para melhor compreensão. A visão escatológica deu a Daniel o modo real de interpretar esse sonho colossal de uma grande e terrível estátua. No ver sículo 32: A cabeça da quela estátua er a de ouro fino: ■ A cabeça de ouro: Representa o próprio Império Babilônico que logo em seguida acontece sua queda com o reinado de Belsazar (Dn 5.30 -31); 117
Obs. “Tanto os escritos babilônicos como os persa s in di cam que qua ndo o exé rcito me do -pe rsa aproximou-se de Babilônia, o povo escancarou os portões par a acolhê - lo sem resistência”.
Talvez somente Belsazar tenha sido morto. Um pouco ma is tarde, Cir o entrou na cida de e foi sauda do como o libertador da tirania de Nabonido e de Belsazar (Dn 5.31). Dario, o medo, ocupou o Reino. É possível que “Dario” seja um título que Ciro adotou ao assumir o governo de Babilônia. Também pode ser outro nome de Gubaru, a quem Ciro nomeou como seu subalterno, e que continuou a reinar em Babilônia por algum tempo depois de sua morte. ■ Peitos e braços de prata: Representa os medos e per sas (430 a 331 a.C.) ficaram 100 anos como maior pot ência mu ndia l. ■ Ventre e costas de cobre: O Império Grego (331 a 167 a.C.) fundado por Alexandre Magno. ■ Pernas de ferro: Sendo os pés de ferro e de barro; S As pernas de ferro representam o Império Romano que relativamente teve seu domínio cer ca de 67 a.C. e dominou o mundo então conhecido; Já os pés de ferro e de barro: representam escatologicamente os estados nacionais unidos a Roma durante o seu Império restaurado.
Capítulo 3: Um Orgulho Religioso Quebrado Era costume entre os reis assírios erigirem estátuas de si mesmos. A estátua que se refere neste capítulo não é firmada como sendo de Nabucodonosor, mas como o costume era de erigir estátuas de reis (os 118
caldeus) levam a crer que seja mesmo a estátua de Nabucodonos or . A estátua era sinal de que todo o povo haveria de adorar aquela imagem, mas os companheiros de Daniel, os três jovens de uma sabedoria notada observam a multidão a sua volta e não dando obediência ao rei, não se pros traram diant e da estátua. A representação desse fato denota a idolatria do povo a crer qu e ador ando aquela estátua estariam agradando ao rei. A consagração de nada valeria se um ou dois de seus subordinados s e rebelassem e não adorassem a estátua. A altura da estátua era de aproximadamente 27 metros e sua largura de 2 metros aproximadamente, foi levantada no campo de Dura, um local perto da Babilônia, vasto local entre as montanhas. Ao mesmo tempo em que Nabucodonosor tinha orgulho de sua obra, Sadraque, Mesaque e Abede- Nego quebram um ritual obrigatório a toda a nação. Observar as leis de um país é um dos ensinamentos que o Senhor nos deixou, agora, adorar a outros deuses não se encontra em nenhuma parte da Bíblia Sagrada. Obedecer foi o que fizeram, mas a Deus. O modo com que enfrentaram a fornalha foi a de fiéis guerreiros que mesmo presos, não renunciaram a lei de seu país: foram até a fornalha, mas com certeza e com fé de que seriam salvos. Orgulho de Nabucodonosor é quebrado por três jovens, é impossível qu e nesse per íodo Daniel estives s e fora do reino, para os principais do reino a quebra do ritual de adoração significava o não cumprimento da palavra do rei, qu e er a tida como autor ida de máxima dentro do reino. No momento em que os três jovens for am jogados dentro da for na lha de fogo ardent e, 119
Nabucodonosor reconhece o Deus de Israel, e passa á crer nesses três jovens hebreus. O novo decreto é: se alguém proferisse alguma pala vr a cont ra o Deus Alt íssimo, deveria morrer e suas casas seriam destruídas. Com essa quebra de um ritual, Sadraque, Mesaque é Abede-Nego crescem e prosperam em um reino totalmente fora dos padrões judaicos.
Capítulo 4: Um Orgulho Político Fracassado A política da época demonstrava que a Babilônia além de grande era muito rica em dinheiro, tinha em seu poder um domínio muito grande. O rio Eufrates passava abaixo da cidade. O sonho que Nabucodonosor teve era de singularidade bastante espantosa, para os que estavam a sua volta, até mesmo a Daniel. E a interpretação do sonho não era coisa nada agradável. De acordo com a interpretação do sonho, Nabucodonosor ha ver ia de passar um espaço de set e tempos, que não há provas concretas que sejam sete anos, mas existem certas suposições e posições quanto a isso; uns dizem que poderia ser sete dias, mas nada podemos afirmar. Há alguns ainda, que afir mam ser sete “estações”, expressão que talvez signifique três anos e meio, visto que na Babilônia se contavam duas estações, verão e inverno. Dentro desse período, Nabucodonosor fica fora da Babilônia nas imediações do território da mesma, e comendo erva com os bois, seu corpo molhado do orvalho do céu (Dn 4. 33), cresceu pêlos como os da águia e unhas como as das aves. A situação em que Nabucodonosor se encontrava era de profunda tr isteza para Daniel. O
120
castigo de Deus mostrou ao rei como seu reino não era nada perante o Reino dos Céus. A política da Babilônia enfraqueceu-se com a queda do “Vizir” Nabucodonosor. A demonstração desse capítulo denota as próprias palavras do mesmo e seu reconhecimento ante a sua vida monótona e miserável, agora fora do reino, se volta para Deus e reconhece que somente Ele era maior e arrepende-se trazendo consigo a Supremacia de Deus.
Capítulo 5: Babilônia, o Pr imeiro Grande Império Mundial Caído Na histór ia da Babilônia o per íodo de Nabucodonos or acaba e em seu lu ga r, é provável qu e s e assentou no trono Nabonido, logo após Belsazar, e como terceiro ministro Daniel. Belsazar no seu reinado deixou-se levar de exaltação e de maneira que fez o que era mal perante Deus, e para lhe dar um castigo escreve na parede sua sentença de morte (Dn 5.25). A expressão MENE, MENE, TEQUEL e PARSIM significam: Mene : Contou Deus o teu reino e o acabou; Tequel : Pesado foste na balança e foste achado em falta; Parsim : Dividido foi o seu reino e deu-se aos medos e persas. Na no ite os medos e os per sas in va dir am a Babilônia, segundo a história, alguns soldados medos per sas 1 entraram por baixo da cidade através do rio
1
Habitante da Média (Et 1.19; Is 13.17; At 2.9). (Pronuncia-se médo) Média - País localizado a noroeste da Pérsia e habitado por um povo indo-europeu. Atingiu sua maior glória no reinado de Nabucodonosor (Is 21.2; Dn 8.20).
121
Eufrates que foi desviado e secado, já outros explicam que é após a morte de Nabucodonosor que reinou durante 44 anos, a glória da Babilônia foi declinado e durante a invasão o povo escancarou as portas ou portões para acolher os medos e os persas sem qualquer resistência. Segundo historiadores (registraram) da época, somente Belsazar foi morto, um pouco depois Ciro invade e entra na cidade e é saudado como sendo o libertador da tirania de Nabonido e Belsazar, com isso, Daniel tende a se acostumar com novos governos. A forma exata de um reino que foi um dos mais belos d© mundo, agora dominado pelos me dos- per sas. Atrás o castigo de Deus, não para Daniel, mas para os demais habitantes dentro da cidade babilônica.
Questionário ■ Assinale com “X” as a lternativas corr etas 1. É coerente dizer que: o conteúdo de Daniel é uma associação de a) Autobiografia, história e profecia b) Agradecimento, lamentação e promessa c) Autobiografia, lamentação e profecia d) Agradecimento, história e promessa 2. Quanto à troca dos nomes feita por Aspenaz que era chefe dos eunucos, assinale a correta a) Azarias chamou-se de Sa draque Misael chamou-se de Mesaque c) Daniel chamou-se de Abede-Nego d) Hananias chamou-se de Beltessazar
122
3. Os peitos e braços de prata da estátua que viu Nabucodonos or em seu sonho repres entava m a) O Império Babilônico b) O Império Romano c) O Império Medo-Persa d) O Império Grego ■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado 4. [ O contexto histórico do livro está vinculado à Babilônia, durante o cativeiro babilônico de Judá de setenta anos de duração profetizado por Jeremias 5. Daniel foi contemporâneo de Isaías, porém, mais jovem que este. Tinha prova velmente a mesma idade de Ezequiel
s.
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Capítulo 6: Pérsia - O Segundo Grande Império Mundial Aqui na verdade estão constituídos dois impérios; os Medos e Persas. E nesse capítulo Daniel é joga do na cova dos leões. Essa história contada pela Bíblia é de grande valia para os nossos dias, que demonstra a fidelidade de Daniel para com Jeová e a firmeza, mesmo correndo per igo de vida não deixou de for ma algu ma de ador ar a Deus. Daniel demonstra que em meio às transformações governamentais, ainda, existia Deus e que zelava por seu povo. Nessa época Daniel teve uma visão histórica. Ciro (fundador do Império Persa) permitiu que os judeus voltassem do Cativeiro (2Cr 36.22-23), nomeia Dario para exercer o reino da Pérsia, nada identifica o rei Dario sendo chefe supremo dos medos, mesmo que ele tinha sangue de medos, é claro que ele tendo nascido no meio dos medos, mas seu domínio se estendeu junto com a Pérsia, portanto, ficou sendo rei dos dois povos, tanto “medos como persas”. Dario nomeou cento e vinte “Sátrapas” ou prot et or es do reino para cuida r do novo país conquistado. O capítulo termina com uma declaração sobre a pros per idade de Daniel no reinado de Dario, e no reinado de Ciro, o persa. O reino aqui é o mesmo, não havia divisão entre os dois, os sátrapas acima citados foram os homens que condenaram a Daniel. País hoje chamado de Irã (Et 1.18).
Mas graças somente a Daniel (com Deus) que esse Império Persa foi ao apogeu 1 , que se tornou um dos principais do reino de Dario, e sendo o rei amigo fiel de Daniel (Dn 6.14) mostrou-se penalizado quando Daniel foi lançado na cova dos leões. É bastante harmoniosa a fama que Daniel teve no período do exílio babilônico, mostra-nos a grandeza de Deus para com seu povo lembrando-nos sempre que mesmo o povo fora de sua terra, Deus tinha compromisso em sempre exaltar alguns de seus filhos. No per íodo de sofrimento no Egit o, D eus exalt a Moisés, antes José é levado cativo e feito governante, agora Daniel é levado cativo e também feito terceiro governante da Babilônia.
Capítulo 7: As Quatro Feras Essa visão é a mesma do capítulo segundo. No sonho, os quatro ventos do céu combatiam no Mar Grande. O mar representa a humanidade, não se trata do Mar Mediterrâneo, nem de qualquer outro mar, mas somente da humanidade; S Os quatro ventos cardeais simbolizam os poderes celestiais e esses poderes em movimento representam as nações do mundo. A primeira fera a emergir do mar corresponde à cabeça de ouro da imagem de Nabucodonosor (Dn 2.32). O simbolismo do leão e das asas de águia (Dn 7.4) representa a Babilônia conforme se pode ver em de Jeremias 4.7; 49.19; Ezequiel 17.3.
Fig. O mais alto grau; o auge . 125
A Babilônia é representada pelas mais majestosas das criaturas. Daniel não teve um mero sonho, mas uma revelação divina acerca dos quatro impérios. O leão representava a voracidade e as asas a rapidez. A segunda fera tem um aspecto duplo e emerge do mar. Os pés de um dos lados estavam levantados para o prop ósito do animal adia ntar -se, enquant o qu e os pés do outro lado não estavam assim levantados (Dn 7.5). A fera é ordenada que devore a carne que está em sua boca e simboliza o urso. Possuía o Império MedoPersa um grande exército de 2.500.000 (dois milhões e quinhentos mil) homens, por isso são representados como sendo urso ; pois eram fortíssimos em sistema de guerra. A terceira fera que se levantou do mar é um leopardo ou “pantera”, conforme algumas traduções, notável pela sua agilidade e velocidade. Refere-se à Grécia “Nas suas costas” (Dn 7. 6). Também pode ser traduzida como “sobre os seus lados”. Essa fera tinha asas em seu lado, e essas representações sempre eram notáveis na Babilônia. As asas denotam rapidez. “As quatro cabeças”, não se referem aos quatro reis persas mencionados em Daniel 11.2, e nem aos quatro sucessores de Alexandre e sim aos quatro quadrantes da terra, ou seja o domínio total do mundo, o que quase conseguiu. A quarta fera é introduzida com particular solenidade. Não há comparação no reino animal com essa fera, não há nada que se compare. No versículo 7, diz é “diferente”, com certeza essa fera se refere aos romanos, com seus dez dedos dos pés e as pontas que simbolizam dez reinos.
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Capítulo 8: A Visão de Daniel sobre o Carneiro e o Bode na Cidade de Susã Trata-se de Susã, a capital da Pérsia, que no Antigo Testamento é designada como a “fortaleza”. Daniel na realidade não estava presente na Pérsia, mas sua visão era de como se estivesse lá. ♦ Um carneiro (Dn 8.3): O carneiro com os dois chifres representa os medos-persas. As marradas do carneiro (Dn 8.4) simbolizam as rápidas conquistas dos reis persas. ♦ Um bode (Dn 8.5): O bode representa a Grécia enquanto que a ponta notável representa o primeiro rei, a saber “Alexandre”. O simbolismo do bode a ferir (Dn 8.7) significa a conquista dos medos-persas pela Grécia. “Aquela grande ponta foi quebrada ” (Dn 8.8), assim é simbolizada a morte de Alexandre. Os quatros chifres que se levantaram em seu lugar (Dn 8.8) representam os quatro reinos nos quais foram divididos o império de Alexandre, a saber a Macedônia, a Trácia, a Síria e o Egito. Mais tarde a Grécia desfaleceu e passou ao domínio romano, mas ainda assim ficou o domínio helenista 1 nas artes e culturas místicas entre os romanos.
Capítulo 9: As Setenta Semanas de Anos A palavra que usualmente é traduzida como semanas seria exatamente traduzida como “setes”. Significa um período dividido em sete porções, sendo que a duração exata desse período dividido em sete não é estabelecida.
Pessoa versada na língua e na civilização da Grécia a ntiga. 127
A palavra aparece primeiramente no hebraico e poder íamos parafraseá -la como “um período de sete, de fato, setenta deles”. “Estão determinados” : Isto é, os setes haviam sido decretados por Deus como o período em que seria realizada a redenção messiânica. tocante ao povo de “Sobre” : Isto é, no Daniel e a Jerusalém, a cidade santa. A revelação desse per íodo decretado, por tant o, tem refer ênc ia direta à or ação fim; o que restaria, pois para o povo de Deus? Em resposta, foi revelado que, com respeito a esse povo, havia sido determinado um período de setenta setes, no qual a salvação deles seria realizada. Os setenta setes foram determinados com o propós it o expresso de produ zir apena s seis res ultados , três dos quais negativos e três positivos. Jeremias já havia profetizado que a restauração de Jerusalém começaria dentro de setenta anos (Jr 25.11,12; 29.10-14). Os setenta anos estavam quase no fim, e não havia qualquer indício de retorno e da restauração prometida. Daniel, portanto, ficou muito afligido. Fica claro que Daniel aguardava um cumprimento literal da profecia de Jeremias. => Importante: Esta profecia é fundamental para os últimos tempos. As seis coisas que haveriam de acontecer dentro dessas semanas: ■ A expiação da iniqüidade efetuada pela morte expiatória de Jesus; ■ O fim dos pecados. Israel “Remanescente” voltará para Deus e viver á em retidão; ■ A extinção da transgressão, a transgressão nacional da incredulidade haverá de se acabar (Jr 33.7 -8);
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■ Um governo de “justiça eterna” terá início (Is 59.221; Jr 31.31-34); ■ As profecias terão seu pleno cumprimento e também seu término (At 3.19-21); ■ Jesus Cristo ungido Rei (Ez 21.26,27).
Capítulo 10: As Últimas Visões de Daniel A revelação registrada neste capítulo foi dada a Daniel no ano terceiro de Ciro, o que demonstra qu e ele continuou na Babilônia mesmo depois do tempo mencionado em Daniel 1.21. Por qual motivo ele não retornou à Palestina com Zorobabel não é dito. Deve-se notar que Daniel menciona seu nome babilônico, Beltessazar, aparentemente movido pelo desejo, agora qu e o Impér io Babilônico ha via caído, de pres er var sua id ent ida de entre seu próprio povo. Trata de uma guerra prolongada. Com toda a prob abilida de 1 a significação é “por um longo tempo”, visto que a palavra “ Sabá ”, que aqui é traduzida nos tabletes de “ Mari ” com o sentido de “tempo”. Na ocasião em que essa revelação foi feita a Daniel, ele estava ocupado em lamentações, ocasionadas pela reflexão sobre os pecados do seu próprio povo. 2 V i u m H o mem : A revelação é uma teofania ou aparição pré-encarnada do Filho Eterno. A linguagem da descrição nos faz lembrar da linguagem de Ezequiel 1 e também de Apocalipse 1.13-15. A visão produziu em Daniel um efeito de enfraquecimento (Dn 10.8).
1
Motivo ou indício que deixa presumir a verdade ou a possibilidade dum fato; verossimilhança. Manifestação de Deus, desde a voz até a imagem, perceptível pelos sentidos humanos.
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Daniel um Homem Muito Desejado (Dn 10.9 -23).
Sendo lhe assegurado que era homem desejado por Deus, Daniel é encor aja do e preparado a ou vir a mensagem que segundo é informado diz respeito aos derradeiros dias (Dn 10.14), isto é, a era messiânica. É relatado primeiramente (Dn 10.20) que Aquele que falava haveria de pelejar contra o príncipe dos persas (isto é, o poder espir itual por detrás dos deuses da Pér sia ), e quando saísse Ele vitorioso “saindo eu vitorioso na batalha ” , apresentar-te-ia o príncipe da Grécia e seria igualmente combatido. Somente Miguel estava à mão para prestar ajuda, assim como, no primeiro ano de Dario, o medo, aquele que falava o havia ajudado (Dn 10.21; 11.1,13). Assim sendo, havia severas provocações que o povo de Deus teria de atravessar. No ver sículo 13 diz: “ O príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim”. Enquanto que Daniel orava e jejuava, estava sendo travada uma batalha espiritual de grande magnitude. 1) O “Príncipe da Pérsia” estava impedindo que Daniel recebesse do anjo a mensagem de De us.
Por causa desse conflito, Daniel teve que esperar vinte um dia para receber a revelação. Esse príncipe da Pér sia nã o er a um homem comum, mas u m anjosatânico. Só foi derrotado quando Miguel, o príncipe de Israel chegou para aju da r o anjo. Os poderes satânicos queriam impedir o recebimento da revelação, mas o príncipe angelical de Israel (Dn 12.1) demonstrou sua superioridade (Ap 1.712 ). 2) O Príncipe dos Persas... Príncipe da Grécia.
Através dessa passagem vemos que há forças espirituais malignas que imperam nas nações mundiais, 130
fazendo com que a desgraça seja total não só no mundo espiritual como também no . mundo físico, com acidentes, desastres e mortes violentas.
Capítulo 11: Uma Antevisão do P eríodo Interbíblico O versículo 2 significa que três reis haveriam de surgir depois de Ciro e que o quarto depois deles despertaria todo o reino da Grécia. Os reis, portanto deveriam ser Ciro e mais três que ainda surgiram Cambises, Smerdis e Dario Histaspe - e o quarto Xerxes. Um rei valente (Dn 11.3).
Isto é, Alexandre, o Grande. Quando Alexandre subisse ao poder, seu reino seria partido. Ao falecer na Babilônia, Alexandre tinha cerca de trinta e dois anos de idade, e morreu prematuramente. Por ocasião de sua morte seus doze generais dividiram os ganhos entre si. Por algum tempo Arideus, um dos guardiões de um dos filhos de Alexandre, foi quem governou, mas logo o império foi par tido em quatro divisões. O rei do Sul (Dn 11.5).
Isto é, o rei do Egito (v. 8). A Dinastia que governou o Egito, depois da partilha do reino de Alexandre, era conhecida por Ptolomaica, enquanto que aquela que governou a Síria era conhecida por Selêucida. O rei do Sul é Ptolomeu Soter (322-305 a.C.), enquanto que o príncipe mencionado é Seleuco. A filha do rei do Sul (Dn 11.6); isto é, Berenice, a filha de Ptolomeu, que se casou com Antíoco II, mas que foi
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incapaz de manter-se em vista da rivalidade de outra esposa, Leonice. Antíoco finalmente se divorciou de Berenice e Leonice encorajou seus filhos a assassinarem Berenice. Do renovo de suas raízes (Dn 11.7).
O irmão de Berenice (de sua linha ancestral) veio com o exército e conseguiu eliminar Leonice pela morte. E agora, te declararei a verdade (11.2): Essa verdade é uma profecia que descreveu em linhas gerais ou eventos conducentes 1 à ascensão de Antíoco Epifânio, o governante grego que profanou o templ o (vv. 2-35). A expressão “o renovo prevalecerá”, se refere ao irmão de Berenice, Ptolomeu III (Evérgetes do Egito 246-221 a.C.). Ele derrotou o rei do Norte, Seleuco II (Caínico 246-226 a.C.). Ptolomeu III entrou na “fortaleza” (provavelmente Antioquia da Síria) e levou para o Egito tanto as imagens sírias como as egípcias, que o rei persa Cambises, tomara quando conquistou o Egito em 525 a.C. Ptolomeu III voltou ao Egito com muitos despojos", mas absteve-se de efetuar novos ataques contra Seleuco. Seus filhos intervirão (Dn 11.10-12).
Os dois filhos de Seleuco II foram Seleuco III (Cerauco 226-223 a.C.) e Antíoco Epifânio III (o Grande 223-187 a.C.). Antíoco III foi derrotado por Ptolomeu IV (Filopátor - 221-203 a.C.), com a perda de quase 10.000 soldados sírios perto da fortaleza de Ráfia, no Sul da Palestina.
Que conduz (a um fim). Que tende (para um fim); tendente. Restos.
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Na terra gloriosa (Dn 11.16).
Antíoco III atacou o Egito em 200 a.C., mas foi subjugado pelo rei do Sul, Ptolomeu V, e Epifânio (203181 a.C.); Antíoco, a seguir, reuniu forças e conquistou a “Cidade forte” (a cidade bem fortificada de Sidom), em 197 a.C. Antíoco já tinha subjugado a “terra gloriosa”, a Palestina. Os tempos de Antíoco e do Anticristo (Dn 11.21).
Um homem vil (Dn 11.21). Com essa descrição é apresentado Antíoco Epifânio. Por meio de lisonjas 1 ele se aliou aos reis de Pérgamo, e os sírios cederam a ele, e ele era mestre em astúcia e traição, pelo que seus contemporâneos apelidaram-no de Epimanes (maluco), em lugar do título que ele mesmo se deu, Epífanes (ilustre). O Príncipe do Concerto (Dn 11.22).
A identificação deste príncipe não é certa, mas a linguagem parece referir-se a algum príncipe que mantinha relações de aliança com Antíoco. O seu coração será contra o santo concerto (Dn 11.28); Antíoco nutria um grande ódio dos judeus e da santa Lei de Deus. Estava convicto de que a língua e a cultura grega eram superiores a qualquer outra língua e cultura, e também odiava os judeus por que a religião deles era exclusivista. O povo que conhece a Deus se esforçará (Dn 11. 32): Certos judeus apostataram e apoiaram Antíoco, mas Deus sempre teve um r emanescente fiel entr e os judeus nos tempos do Antigo Testamento. Agora Deus tinha um remanescente que permanecia leal a Ele. Antíoco continuou a perseguir os judeus fiéis, que sob a liderança de Judas Macabeu, da família
Louvor afetado; adulação, bajulação, louvaminha. 1 33
sacerdotal hasmoneana, opuseram forte resistência mediante uma luta armada, tipo guerrilha que desgastou Antíoco e o obrigou a abandonar a peleja. Então, os sacerdotes purificaram o templo e acendeu novamente suas lâmpadas, evento este que os judeus ainda hoje comemoram seu trabalho continuamente como a Festa de Hanukkah, Deus ainda não terminou seu trabalho com os judeus. Um proc esso de purificação cont inu a para com eles até os tempos do fi m. => No versículo 30 diz: Navios... Causarão-lhe tristezas; e voltará, e se indignará.
A presença dos romanos obrigou Antíoco a partir do Egit o e assim, toma do de ira, vol tou sua atenção para a Palestina . Jer usalém foi atacada em um sábado e um altar pagão foi erigido sobre o altar das ofertas queimadas. Certos judeus apóstatas foram pervertidos, e serviram para materializar os desígnios do conquistador: mas, muitos entre os judeus, os verdadeiros eleitos, sofreram a morte não querendo ceder a Antíoco. O pequeno socorro (Dn 11.34) que ajudou os fiéis se refere, aparentemente a Judas Macabeu. Alguns dos sábios que o seguiram por ocasião da severidade da per seguição, tropeçara m e caíram. A reb eliã o de Juda s Macabeu foi bem sucedida e a 25 de dezembro de 165 a. C., foi rededicado o altar do templo.
Capítulo 12: As Últimas Coisas Sobre Israel Quando esses acontecimentos tiveram lugar, todo aquele que for achado escrito no livro (Dn 12.1), será livrado.
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A referência aqui é aos eleitos. A per segu ição movida pelo Anticris to fará com que muitos venham a cair. Aqueles cujos nomes estão escritos no livro, todavia, serão livrados. Isso é verdade também no tocante aos que dormem (Dn 12.2). Muitos deles (a referência é sobre aqueles que morrerão durante a tribulação - e não sobre os mortos) ressuscitarão, alguns para a vida eterna e outros para a et er na repreensão. Aqu i é feita ref er ência nã o a ressurreição geral, mas antes ao fato que a salvação não será apenas para aqueles que estiverem vivos, mas também para certos, dentre aqueles que perderam suas vidas durante a perseguição.
Questionário ■ Assinale com “X” as alternativas corretas 6. Quanto à visão de Daniel, em seu capitulo 7, aponte para a asser tiva inc or reta a) A primeira fera a emergir do mar corresponde à cabeça de ouro da imagem de Nabucodonosor b) A segunda fera é ordenada que devore a carne que está em sua boca e simboliza o urso c) A terceira fera é um leopardo ou “pantera”. Refere-se à Babilônia d) Quanto à quarta fera não há comparação no reino animal com essa. Diz ser “diferente” 7. De acordo com a visão de Daniel a respeito do carneiro e do bode, destaque a afirmativa correta a) O carneiro com os dois chifres representa a Grécia e o Império Romano b) O bode representa os medos e sua ponta notável representa o primeiro r ei - “Dario” 135
c)
o
simbolismo do bode a ferir significa a conquista dos gregos pelo Império Romano d) Os quatros chifres que se levantaram em seu lugar representam os reinos que foram divididos de Alexandre (Macedônia, Trácia, Síria e Egito) 8. A Dinastia que governou o Egito, depois da partilha do reino de Alexandre, era conhecida por a) Faraônica b) Ptolomaica c) Helênica d) Selêucida ■ Marque “C” para Certo e “E” para Errado 9. Alexandre, o Grande (fundador do Império Grego) Permitiu que os judeus voltassem do Cativeiro. 10.
O mar, enxerga do por Daniel na visão das Quatro Feras (Dn 7), simboliza o Mar Mediterrâneo
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Profetas Maiores Referências Bibliográficas
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