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COMO A ARTE REPROGRAMA
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MUNDO CONTEMPORANEO
£-,101 obr.l l' um prolong.lOlIml o f:::;ttiicll rdal' wmpll'ffil'nlo dmhll, publieJdo pelJ MJrtms Iitulo, um u......do no mundo dol n', do l' OJ " (onlunlO IrJIJmento'> dJdo.. .I urn mJteriJI regi..lrJdo: .I 0 de {,u· Ir.l" fonll'" n"UJl" ou .. unor,1.., .IS kgendJ", 01" n'"'" "ff, 0.. 10" l·"plX1Ji... r("'.!,n.. enIcnd...liil C InterpretJr as nOVJ:. .1rtisllC:JS em nosSol epocJ,. Jbon:lJndo JS rclJ,ficS entre J cultun l' J obr.l em particulJr Tod.1s essas pclticJs, embora muito dlfercnles em Ionmos fonnais, recOrT\'m J formJS Iii prodUZldJs. Elas lnsae\'\,m J obra de Jrte num,} redc de signos C slgmfiCJlOOes, em vez de eonsiderii-Ia, como form .. aulonoma ou oopnol!. o ponto de polrtldJ d.. obr.. e 0 espac;o menul mutantc que J Inlernet - ferrament.. central d.. eTa da informalO'lO - abrlu p"'r.. o pcns.:amenlo. Jpreendendo as formas de saber que gera. ASSlrn. e possh'el Oflcnlar-se no COlOS cullurJ.\ em estolrnos mergulh.. dos, dele deduzlndo no\'os modus de produC;'lo.
POS-PRODUC;:AO COMO A ARTE REPROGRAMA o MUNDO CONTEMPORANEO
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o I.e "'" tftl. Dijon. 2004 o :lOO9.lroWtinf lalon lhnno U!b" SJo fW:& prelmlt
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o uso dos objetos ..._
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o uso do prodllto, de Dllchllmp a Jeff Koons •.,_.. __. 22 A feira de usados. forma domlnante da arlc dos
anos 1990 01 I
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1_,..... coU.... olaloa!ll
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S+culoM 7tIO.!Ol
o uso das fonnas
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35
Os anos 1980 e 0 naKimcnto da cultura OJ: pam um comunismo das formas_ 35 A forma como enredo: urn modo de utlliz.at30 do mundo (Quando os enll!dos Sf.' tomam fonnas) . .. RukntTIr,wa,,¥_ _ 51 Pierre Hun;he 55 Dominique Gonzalez·Foc!rster
61
::-========== ..
liam Gillick M,Iurizio Cattebn _ Pierre Joseph: utllt Dnnoaaty
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o usodo mundo Pfaymg reprogramar as formas SOCialS ._. Phlhppt" ParTCno &. -_. ---,_.- .. Hl::chng. emprcgo e tempo lIvre -- - - _.._ •.
79 79
L"fRODU<;AO
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Como habitar a (uHura global (A cstclka dcpois do MP3) __"_,_ _,,, _ __ 97
_ _.__
A obra de :ule como superHde de
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o .:IUIOI', t.'SS.:I cntklade juridlca Ede1:ISff\Ot'
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dl' m(oT-
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'0' .t. slmp1t's,osu IlUnmno p..oou;; oOnlS; polS brol, II gtult Ia:: rom tIns 0 quI' ','m qUi !itT fl'llo. U Sluff !it
ddll$."
SerGe Dancy "'P6s-produ,50"': termo tee-nico usado no mundo dOl televisao, do cmema e do video. Deslgna 0 conjunlo de tratamentos dados a urn material rcg;istrado: a montagem, o acrescimo de oulras (onles visuais ou sonoras, as legendas, as vozes off, os ('(CltOS espcci3is Como conjunto de atividades hgadas ao mundo dos scrvi{OS Cdol reciclagcm, a pOs.produ.;ao faz parle do setor terci5rio em oposH;ao ao seier mdustrial ou agricola, que lida com a produ,50 das malcrlas-primas. Dcsde 0 dos o1nos 1990, uma quantidade cada vez maior de artistas vern interprclando, rcproduzindo, rccxpondo ou utihzando produtos cullurais dlSponi\-eIS ou
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NICOlAS IIOlJRJuAuo
obras realizadas por tercciros. Essa arlc da
coll'CSponde tanto a urna mulhpltc
aancxiI,ao ao mundo da
artc dl' formas ;lIe cnlao ignoradas ou d('sprczadas. PodesedlZcrquccssesarhstasquc lO5erem seu trabalho nodos oulros rontnbuem pam abolir a distin,ao tradicional entre produ(iio e consumo, cria,50 c c6pia, ready-made c abra
original Ja nao lidam com uma matena-prill/a. Pam cles, 050 se lrata de clabor3r uma forma a p:1rtir de um material brula, e SlID de trabalhar com obJctos atuais em
no mercado cultural. iSla c, que /5 pOssuem uma Jorma dad.1 pot outrem. Assim, as no¢es de originalidade (eslar na ongem de-) e mesmo de cna\5.o (faze! a partir do nada) esfumam-se nessa nova p;;usagem cultural, marcada pclas figuras gemeils do OJ e do programador, cujas tarefas con51stem em selec10nar objelos culturais c mscri-]os em contextos defimdos.
A Estetka relaciollol, que de ccrta mi1neiri1 se prolon8i1 ni1 presente obrn. descrevia i1 scnsibilidade colellva ni1 qual se inserem as novas fonnas da pratica artistica. Amb.:1s tomam como ponto de partidi1 0 cspa\O mental muti1nIe que a mternet, instrumento central di1 era da inform'l(;ii.o em que mgressamos, abriu para 0 pensamenlo. Mas a Est£. I!CD relDaontd tral d • ava 0 aspcclo conViVial e mterativo dessa re... (as I razoes as quais os arllst
9 em sum.;!, como se onentar no caos cultural e como deduzir nm-os modos de produl;ii.o a p.utir dele. Dc fato, surpreendente que as ferramcntas malS usadas para produzlr esses modclos rclaC'ion'IlS scjam obras ou cstrutur.:lS formais ph.-existcntcs, como sc 0 mundo dos produtos cullurais e das obras de arte constituissc urn eslrato .:Iutonomo capaz de forneccr instrumentos de ligal;ii.o enlre os mdivfduos; como sc a mstaUr.:ll;ii.o de novas formas de social idadc e uma \ocrdadC'I!a rnltca as formas de vida contcmporoineas passa.ssem por uma ahtude dlfere-nte em rclal;ii.o 010 patrimonio artfstico, pela produl;iio de novas rdllriks com a cuilura em geral I.' com a obra de arle em particular. Algumas obras cmblcmiitici1s pcrmitem esbof;'ar os contornos de uma tipologla da p6s-produl;iio.
e
Reprogramar obras existentes No video Frrsli Accollci (1995). MIKe Kelley e Paul McCarthy usam manequins e alorcs profisslOnals para as performances de Vila AeconCl. Em 011t' RrooIII,ioll per MI'Iule (19%), RirknlTIravanija incorpora .i sua instalill;ao de Olivicr Mosse\, Allan McCollum I.' Ken Lum, no MaMA, cle ancxa uma constru"ao de Philip Johnson. convidando cnanl;as para dcscnhar Unlltled (Playtime). 1997. Pierre Huyghe projeta um filme de Gordon Matta-Clark.. CO/lia21 IIItt'rstCt, nos mesmos locais em que foi rodado (UglIt eo,deal Illtersect, 1991). Swetlana. Hegl'r c Plamcn Dejanov, na sene Plrnty Objects of Des'", cxpOem em pla-
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taformas mmlmahsl1l5 as obras dc arlc ou os objclos d" &!sIgn que rompraram Jorge P.udo. em suas manipulJ de AlvaT Aalto, Arne Jakobsen l' !SJmu
Usar as imagens
cJplt.:lhsmo; por Dominique Gonzalez-Foerster, para a csfera da mtimldade; por Jorge Pardo, para urna problemabca do USO; poT Daniel Pflumm. para urn questionamcnto
NoAprrloda BienOlI de Venczade 1':193, Angela Bulloch aprcscnta 0 vIdeo So/arlS, 0 filme de tiq'ao clentfticOl de Andrei Tarkovski, substitumdo a Inlha sonora por seus pr6prios dl,51ogos. 24 HOllr Psycho (1997) C uma obm dc DougtOls Gordon que conslslc numa proJcc;50 do tong.l-me· tragem de Alfn.'<1 HItchcock em baixa rotac;ao, de modo que dOl se cslende 010 lange de 24 horas Kendell Geers Isola $Cqi"lcncias de fitmcs conheddos (um esgar de Harvey KeItel em Bad LtelllellQIlI Wlcio !r.>II/tiro), urna cena de 0 aor· cisla) e coloca as passagens em ClfCUlto fechado em suas mstalac;Ocs de VIdeo, ou escolhe cenas de llroteios do rt!perlorlo cmematografico conlcmporfinco para projeta-Ias em duas lelas frenle a frente (TW-SlJoot, 1998-99).
da de produ<;ao. Sarah Morris utiliu a grade modemista em sua pmtura P'lra descrcvcr a 1lbstr;:l(;ao dos flu-
Ulilizar a sociedadc como urn rcperl6rio de formas
xes econamicos. Em 1993. Maurizio Cattclan cxpOc SailS tlfJl', UffiJ. tela que reproduz 0 famoso Z de Zorro no esti. 10 d3.S lacerac;Ocs de Lucio Fonlana. Xavier Veith'll' eXpOe Ll Forti (1998), onde a rcitro marrom evoea Joseph Beuys e Robert Morris, nurna eslrutura que fuz lembrar os /N"elrlfms de Solo. Angela Bulloch, Tobtas Rehberger Carsten N I . ' I \CO ai, SylVIe Fleury, John MIller e S)'dney Stucki, para CItar i1penas ill,"" d ,a i1plam cstrulul'3s e formas minimaIlstas, pop au cone'l . • CI uals as suas problemallcas pcssoais ' chegJndo a reproduzlr <:t>n i! . . .1_ __,u nClas mleiras de oulms obras ...., arte eJtlslentes.
Matthleu Laurette obtem rlX'mbolso dos produtos que consome utllizando sistemalicamenle os cupons orerecidos pelo marketmg ("Sua s.llisfac;.lo au seu dlnhciro de volt3"') c, 3SSUll, drcula entre as brechas do sistema promoclonal Quando produz 0 pilato de um game sl/ow 00bre 0 pnnciplo dil Iroca (£1 Gmt! tfllequi', 2000) ou monlil urn banco olftJlore com os fundos arrecildados numa $C. gundil bllhetena na entrada dos centros de Mle (LAurette Bauk UIJIIIU;II'II, 1999), de est,5 Jogando com as form3s cconornicas como $e fassem hnhas c corcs de urn quadro
Noguchi. H3bitar eslilos e formas historicizo:adas
Gonzalez-Torres utlhzava 0 \-ocabul5rio formi'll da Ollie mimmahst,} ou da anti(orma m,lIS de Innta anos depols, segundo suas pr6pnas prcocupoH't1cas. Esse mesmo glossario da arte rnmimalista ecmpregado por Li3.m Gillick para uma arqueologia do FelIX
°
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NICOLAS BOURRIAUD
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lens Haaning lrnnsforma centros de aac em Jojas de im_
ou em oficinas dandcstinas; Daniel Pllumm apropria-se de logos de muJtinadonais e conferc a eles vida pl.:istica pr6pria. $wctl,lna Heger l' PIa men Dcjano\' tr.Jwlham em fodos os emprcgos possivcis para
BMW durante todo 0 ana de 1999. Michel Majerus,
que inrorporou a do S
Rerorrer mod.. c aos meios de As obras de V.lnessa Beecroft deri\'am de urn ceuza-
mento entre a performance e 0 protocala da fotografia de moda; remetem 11. forma da performance, mas nunca sc rcduzem a cla. Syl..; e Fleury vincula sua produ"ao ao universe glamourizado das tendencias aprcsentadas nas revistas femmin.ls MQuand h " • 0 nao ten 0 uma Idcla clara da cor que vau usar em mlOhas obras", diz cIa, "'pego uma das novas cores de John Miller realiza uma sene de qu', dros I .. e lO:t.a al;oes a partir da estctiea dos estudios de jogos teleVlSlvos Wa 0 l' . . . ng uS
inscrever a obril de
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1 Gill.,.. Dolcuu, """'1'"1,.,,. F.ri... tAo Minult, 1m, p. 219, [Ed. .".••• eo.,. Rio F.di'o<> 3-1, 1m.)
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NICOLAs IIoURkLwo
fazendo uma pe-rformJncc. mas ulllizando a forma-per_ fomance Seu objetivo n50 {: queslionar os Ilmltcs dOl
A pnihc.a do OJ, a ahVldade do internauta, a alUa{ao dos artlstas da p6s-prod _ U{ao supoem uma mesma figura do sabel" que sc ( . , araetenza pela Im'Cn-oao de itineraries porenlreacultura Os It' es saoSt'nlUmaldas que produzem anles de mOllS nada, ......cu . ' Toda obra P' rsos ongmals entre os signos. resulta de urn ('nredo brc a cult.,..... que 0 artista prOleta so• consnoerada como \"iI-que por sua \........ 0 quadro de uma n
15 mO\"Imento sem lim 0 OJ aClOna a hlSl6na da mUSlca, coplilndolcolando Clrcultos sonores. relaClonando produtos gra\"ildos Os arlislas, por sua WZo habltam alivamenle as culturais e socials. 0 inlernaula cria seu prOpno SIte ou l'OIll/, pagr, levade a consult.. u constantcmentc as 1Ilformal;'Oes oblidas, ele inwnt,l percursos que pede salvar em $Cus favontos e rcprocluzir a vontade Quando procura urn nome ou urn assunto num buscador, surge na tela urn.. mfinldade de informa{'Oes said"s de urn labinnto de ronCOS de dados. 0 inlernauta Imagina conexOcs, rc1a-ooes e!;pedficas enlre siles dfsparcs. 0 sampleador. instrum('nto que digitaliza sonoridildes mUSicalS, lolmbCm supOc uma attvidade p('rmanente; escular discos lorna-s(' urn trolbol[ho ('ffi si que atenua ol fronteirol entre reccpr;ao e pratica gcrando, assim, novas cartografias do saber. EsS.1 rccidagcm de sons, imilgens ou formas implica uma nilwgar;iio mressante pclos meandros da hlst6ria cultural - navega{50 que acaba se tornando 0 proprio tema da pr,Hica artlstica. Pois nao ea ;ute. segundo Marcel Duchamp, "urn jogo entre toclos os homcns de toclas as cpocas""? A pOs-produ{SO ea forma conlemporanea dcsse jogo. Quando urn mUsICO faz uma digilahzar;;io sonora, de sabe que sua contribUlr;50 podera ser rClomada e usada como material de rose para uma nova composi{50. Para de, enormal que 0 tratamento sonoro aphcado ao audiO gravado \"cnha a gerar, por sua \'CZo oulras interprclac;Ocs, e assim sUCCSSlvamentc. Com as musicas sampleadas. 0 tm/lo represcnta .lpertas uma sahcncla numa cartografia movel
16 Ele enlra numa cad("la. c sua signific
"
numa s:ala de bate-pi'lpo on-lint', urna mensagcm adquirc valor no momento em que e r('temada c comentada poc outra pesS03. Assim.. a abra de arte conlcmporanea 050 SC roIoca como do "'processo criativo'" (urn ·produ_ to acabado" pronto para sec contcmplado), mas Como urn local de manobras, urn portal urn gcrador de iltividades. Brirotam-se os produtos, navega-se em redes de signos, m5erCm-se suas formas em Iinhas cxistentes. o que une todas as figuras dOl pr5tica artistica do mundo C L'SS3 dissolUl;ao das frontciras entre consume e "Mesmo que seja i1us6rio e ulaplco.... explica DomImque Gonzalez-Foerster, "0 que Importa e inlroduZIr uma espeae de igualdade. e Supor que, entre mlm _ que estou na ongem de urn disposihm, de urn sistema _ c o outro. as mesmas cClp3cidades e a possibiIidade de urna Iguahtana vao Ihe permilir organizar sua pr6pria hlSt6na em rCS1'V'><:ta . h" .6 " • . a IS na que acaba de vcr, com suas propna,s referCnc:ias"l. Nessa nova forma cullural que pode ser dcsignada comocultura do uso ou cultura dOl allVldade " ' a obra de arte fuflCtOna COmo 0 leonina provisOno de uma rede de elementos anlil"YYY\n......... _.__ como urna narraliva que prUl<}(lga e remtern I • '1't'C a as narrativas anteriores Cada exposll;ao COnt&n O cd . ser ansenda 'm d' enr 0 de UIT\il Oulm; cadO! obm podC' IVC'!'SOS " como enn.'!lo -oramns e scrvlr 1. COl!. do e>'1Q1(.Io 0"".; • "wtP........ (P.n.,
c.o.r..okl:.1
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multiplo. N.lo mais urn ponlo final: um momento na cadCla mfimla d,lS contnbul¢lcs Ess."J cultura do usa lmphca uma profunda lransforno estatuto da obm de .ute Ultrapassando seu pOlpcllradlclonal como recept,ku[o da vis.io do arlista, <'Igom cia funciana como um <'Igente <'Ilivo" uma urn enrcdo rcsumJdo" uma grade que de aulonomra e rnatenalidade em diversos graus, rom urna forma que pade vanar dOl simples ldeia ale a escultura ou 0 quadro. Passando a ger;Jr comporlamcntos c potcnciais ;J arte contr;Jdiz;J cullura ao opor mcrcadorias c consumidores e no a/ivaI' as formas dentro das quais se descnrola nosS
o USO DOS OBjETOS
A dlfcren{,} entre os artistas que produzcm obras a partir de obJctos jti produzidos c os arllslas que opec.lnl ex Ili/ulo Ca mcsma que Karl M,mc, em A idi'Ologia II/emil, aprcscnt.wa entre Instrumcntos de nalue.lis· (o trabalho da terra, por cxcmplo) c "os mstrumcnt05 de
produ{iio cnados pela civlhz.a,.'io". No primclro caso, prossegue M'lr)c.. os indivfduos est50 subordinad05 3 natureza. No segundo, e1es Iidam com urn "produlo do lrabalho", ISla e, com 0 COpltD./, mescla de lrabalho acumulado C lnslru· mcntos de produ\So. Agor.l eles sO se "'ffianlem juntos I'd"
Iroca", comcrcio inter-humano encilmildo por urn Icrecleo lerma, il moeda. A nrlc do sccuJo xx descnvolvc-sc num esquema semc1hanlc; cia mostra, .1mdil que t.udHlfficntc, os dCllos cia Rcvolu{ao Industrial Quando Marcel Durhamp, em 1914, cxpOc urn portJ.-garrafJs c utihza como "'InSlrumcnto dc produl;'ao" um obJcto f3bnClldo cm senc, ele tr.msporta 0
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NICOLAs BOu"'"
processo capit<'llisla de produ(50 (tr.1balhar a pMtir d o trll_ OO/lro aClIIuulado) para a csfcra da arte, .10 meSmo t
empo inscrt'vcndo 0 papel do artista no mundo das ttO cas: dl" repent.:' rIc pal\'C'e urn comerci,mte, c\lje trabalho co nSlste . em urn produto de urn local para Dutro. Duchamp parte do principlO de que 0 consumo I.1m_ bern e urn modo de prodUl;5.o, tal como Marx havi" . • ...c Scnto em sua l/llrodllfll0 il (r{fica dn eCQllomil1 poUt/ea: "0 consumo
tamlXm cimediatamenle produ(5.o, aSSlrn como, na natu_ reza, 0 consumo dos elementos e das substancia, qu,' . , ' . mIcas
e produyio da planla-. Scm contar que "na nutri\ao, que
c
u.ma forma de consumo, 0 homcm produz seu corpo". AsSlm, urn produto sO sc loma realmente produto no ata do consumo, pois, prossegue ele, "uma roupa apenas se torn: uz:na roupa real no ato de vesti-Ia; uma casa desabitada naa e de. fata uma Alem disso, consumo, ao criar il. neressldade de uma. nova. produt;5.o, constitui ao mesmo tempo motor e 0 motivo dessa Tal a virtude primordIal do rt!Qdy-mad I L._] e; cs a= ecer urna equivalencia entre esc,_.olher e entre consurnJr e produzir. que diICI! de acellar num m d d , un 0 governado pela ideologia crist5. o es (·Trabalha do her6i ] _ ras com 0 suor de tua testa") ou pela pro et5.no slakanovlsla. Em SCtI "nsalO Arls defi' r MlCheld C IlIre, mve"t/Oll dll qllotidiclI' e erleau examma os ' sasuperficiedad ] p _movlmenlosocultossobaH_ up a onsumo, mos!rando que
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f-oli", 19811.
l'lIrohTl ftonwa Alvn. Rio
21
!'OS·I'llODUcAo
o consumo, longe da pura passividade a que geralmen!c e reduzido, uma quantidadc de comp..1r5· 'leis a umil verdadcira silendosa" e c1<1I1dest ina. Usar um objeto C, neccssariamentc, intcrprcl-3-lo. Utili:tJr urn produto C, as vczes, trair seu conccito; 0 ate de Icr, de olhar uma obra de arle ou de asslstlr a urn filme signifita lambcm saber contorn6-los: 0 uso c urn aID de micropirataria, 0 grau zero da Ao utilizar sua tdevls50, seus livres, seus discos, 0 usu
e
e,
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NICOLAS IlOURRIAl1l)
{.io, recomposi{iio, recorlc... Os artistas "POS-pm<1 I
u sao os oper<'irios qualificados desS.l re.1propn
i'OS.PRODUo.O
Nos anos 1960, J principal difeTen(;
o usa do peodula, de Duchamp a Jeff Koons
ri piHcccm fasclnados 1'('[0 ato de conSUlmr, c cXpOcm as
c
•Dc a apropna"iio a prilnclra fase cia pas.pro_ dU\
c
objetos esculhidos. Mas 0 lema desle hvro n50 Ca hlst6ria da apropria"iio (ainda por ser escrita), c apenas tomarcmos alguns exemplos utels para a comprcens.io da artc mais recente. cmbora 0 proccdimenlo da apropria,,50 tenha suas ralZCS na Hist6ria, minha narrallv.l inicia-se 0 Iwrdy-madl!, que representa sua primeira manifesta,,'10 conceitualizada, pensada em rela,,50 historia da arte.
a
Marcel Duchamp expoe urn objelo manufuturaurn urinol, uma pa de neve...) como r I esptnto, ele desloca a problematica do processo cr;f1roo, co OCando a enfasc nao em algurna habilidade manual ' e Slm no olhar do arl1sta b ' ato de esco\l.' . so rc 0 obJcto. Ere afirma que 0 ller c suficlcnte ,\:, f d ca, tal como 0 ' d ... un ar a opera"ao artfstia 0 e fabncar . , pmtar ou cscuJpir: "atribuir uma nova il um obJcto c . SoC modo Du h ,em Sl, uma produ"iio. Des, camp completil a d fi . lnscrir urn objeto C do terma: cdar num novo Cored '. p<-rsonagem numa . 0, consldera_to como urn narmtlVa.
e
r('liquias desse g('510. PMil ell'S, 0 (anSUllla C urn feno-
mena abstralo, tlm mito cup lema invisfvcl
c irrcdut(Yd
a quolqucr rcprcsenta<;Jo figurativ.l. InvcrsJIllCnle, Andy Warhol, Claes Oldenburg c ]amcs Rosenquist orien-
tam 0 olhilr para a compra, p,H;l 0 impulso visunl que lcv,' urn indivfduo a adquirir tal ou tal produto: 0 objctivo deles, mais do que documentar urn fenomeno sociol6gico, c explorar uma nOV
o mundo do consumo pdo filtra da grande metMora org5nica, privilegiando mais 0 valor de uso do que 0 valor de troca das coisas. Os novos re.1listas intercssam-sc mais pelo usa impcssoal c coletivo das formas do que pdo uso individual, como mostram admirawlmente os Irnbalhos dos cartazistas Raymond Hains e Jacques de la VllIeglc' a autor multiplo e an6nimo das lmagcns que eles rccolhem e exp6em como obms t! a pr6pria cidadc. Ningucm consome, "isso" se consomc. Daniel Spocrd mostra a poesia dos restos de mesa, Arman revela a lirica dos depositos e latas de lixo, Cesar eXpOe 0 autom6vel esmagado, chcg
consumo reahzado por outrem. 0 novo rcalismo invcn.
tou, assim, uma espklC de aD quadrado: 0 tema c, scm duvida, 0 consumo, mas um Consumo reali_ uda de manCIT;) abstrala e geralmenle anonima, ao passo que 0 pop explor.l os condicionamentos vlsuais (publicida.
de. embalagem) que arompanham 0 consumo de maSS
ras nolturezas-morlas dOl sociedade industrial.
Com a pop arl, por sua W2, a nO{ao de consumo constituia urn tema. abstrato hgado a prodU';ao de massa, que sO vern a :Idqumr urn valor concreto, vinculando-se a desejos individuals, no
dos anos 1980. Os artislas filia-
dos ao sunultlcumismo irao considerar a obra de arte como
uma "mercadoria absoluta" e a criar;ao, como urn simples simulacro do ato de consumo. Compro. logo aisto. escrc-
w Barbara Kruger na epoca. Trala-se de mostrar
obJeto sob 0 angulo dOl eompulsao aquisitiva, do desejo. a meio GlrnlnOO entre 0 inaeessl\'el e 0 disponivel. Essa a 0
e
refa do marketmg, que representa 0 verdadeiro tema das obras simu!aoonistas. Assim. Haim Steinbach dispOe ob)etos de produ"""o em ""'II.. -"--.. au an ,.19u1 ··d ades em prateleiras .... mlnlrnahstas e monoc roma','leas Sherrie Levine exp6e c6plaS de obras de Joo M· 6 n Ir, Walker Evans au Edgar Degas. Jeff Koons cola anu • Gl bolas de ba noos. recupera lcones btsclJ ou coloSoquele nutuando.. AshlPv 8 I.A__ "'" lrnaculados. l(o..<:Imn faz urn aUI marcas dos prod o-retrato COrnposto por logoutos que ele usa em $CU cotidiano.
25 Para as slmul3cionlstas, a obr,} result.. de urn contralo que estipub igu,}llmportancl3 30 consumidor e 30 artista forncccdor. Assim. Koons utlliza os objetos como ronvectores de desejo, paiS 0 "'slstem3 capitalist,} ocldental concebe 0 objeto como uma r«ompensa pclo trab.lIho cx«ut3do ou pela alcam;,ada 1.. 1 Uma R'Z acumu]ados, esses objetos definem a pl'rsonalldadc do cu, realium e cxpflmem scus descjos'" Koons, Levine e SteinbJch apresentam-sc como \'erdadciros diiinos, corrtlortS do dtMjo> cujos trabalhos represent;1m simples simulacros, imagens nascldas de urn estudo de mercado, e nao de Ollguma "necessidade mlerior", vOllor mlnimo. a objeto de consumo corrente duplicOl-se em ouITO, puramenle virtual, que designa urn "eslado inacessivel"', uma falta Ueff Koons) 0 artista con50me 0 mundo em lugar e em nome do espcclador. Ele displie os obJetos em vltrines que neutralizam a de uso em favor de urn,} especie de trot'a Interrompida em que 0 momento da apresOItflfQO surge sacralizOldo. Ao utiJizarOl eslrutura gencnca das pratelelras ness,} epoca, Haim Steinbach Insiste na domlnante delas em nossa universo menial: olha·se apenOls 0 que cstfi bem expaslo, VOlle dlzer, deseja-se apenOls 0 que e dcscjado par outros, as objetos que ele mstala em su3s prateleirOls de madeira e f6rmi· ca foram "comprados ou juntados. dispostos. reunidos e Z. Ann ColdslM -l<'lfJ:oonJ" In A F"""'cf""'" (tof MOCA. 1989, nt11of;oj. 3. &."""..10 l.t'lI CQ""1ns of" dim (p.ri$. Cfn(n) Pumpldou. 1987).
26 comparados. Ell'S pod(,nl ser mudados, arrumadosd" Ull1a detenmnada manClra. e quando sao embalados Beam no\,;lmenle scp.1r3dos, (' sao 1'50 pcrmancnles quanto os ab. jetos que se comprarn numa loja...• 0 lema de Sua abca C0 que ocone em tOOa troea. A feira de usados. forma dominante da 3rte des ;toos 1990 warn Gillick exphca que, "nos anos 1980, uma grande parte dOl produ(ao artistica parecla indlcar que os
e como
se os novos artlStas tambem fizessem suas compras, mas em IOlas madequilclas, em todos os tipos de 10jas"'J Poderiamos represenlar a passagem da dcc3da de 1980 para a de 1990 camparando duas fOlografias: a primeir.I rom uma Vltnne de 10].1, a segunda com uma. fel-
ra de usados au uma galena comerdal nurn aeroporto. De Jeff Koons a Rirkrilliravanilil, de Haim Steinbach il Jason Rhoades, urn sistema formal substituiu outro, e 0 mode.
10 \'1SUa1 domlnante parcce ser a (cira ao ar hvre, 0 bazar, o mercado aberto, C.U.-fA, .. .. ,,1l10 e emera e nomade de rnatcn
is
ISposl<;ao ca6tica (urna estetica),
27 cnquanto malrizes formalS, suplantam a vitrme c a orgil-
em pr.:Jtdclras. Por que 0 mcrcado se (ornau a refcrcncI3 ubfqUJ das pr3tlcas aellS!lcas conlcmporancas? Em pr1ll1clro lugar, porquc um3 forma colchva, um3 agtomcr3(ao ca611Cil, borbulhantc c sempre r('nevada. que n50 dcpcndc de um3 aulona mdlvidual urn Mercado Cfomlado por mulhplas conlnbuH;Oc'S pcssoais. Dcpois, porqu(', no caso da felr.! de COisaS usadas, Curn local onde SoC
reofl,"alllz.1,
bern
ou mill, a produ(ao do passado. Por fim, porque 0 mcrl'ildo encarna e materializa fluxos e relal;6c$ humanas que tcndem a sc d<.'SCnl'arnar com a mdustnahziu;50 do eo surglmento do comerclo eletrOmco. A fcira de usados, portanto, e 0 lugar para onde convergem prodUIOS de v.i. ri..s aguardando novos usos A ve1ha m.1quina de costura pode sc tornar uma mesa d,. cozinh.., urn obJelo publldt.'irio de 1975 ou urn enfelte para a sal,) Nurna hornenagem involuntanil il Marcel Duchamp, trala-sc de atrlbuir "uma nova idei.:l'" a urn objcto. Urn item antes utihzado de acordo com 0 conceito com prodUZIdo encontm novas possIbilidades de usa nasbancas dc ar· tlgOS de segunda milo. Em 1996, Dan Cameron rclomou a de Clau· de Uvi-Slrauss enlre a "cru· e a "cozido" como titulo de uma de SUilS exposu;Ocs: de urn lada, artlstas que trans· form3m m3tenais I,' os fornam IrrccanhL'Cfvcis (a cazida); de oulro, os que prcservam 0 aspccto pr6prio desscs materials (0 cru). A forma-mercado e 0 lugar par excelcnaa
2$
BOURR.lA\JI)
dessa cruez.a: uma de ].lson Rhoades p , or C'xern_ plo, apres..?Tlla-Se como UlTla composh;ao unitaria f arma da por objetos que, mcsmo assim, mantcm sua au' .. onOmla cxpressiva, como os quadros de Arcimboldo Em t .
•
.,
.
CTmos
formals, seu trabalho csta malS proximo ao de Rirkrit lira. vanija do que pode pare(cr primeira vista- Untitled (P . cace que TIravanija exe<:utou em 1999 tambcm s
a
'
.
c aprc. senta como urna cxuberante exposi<,ao de elementos drspares, mostrando claramentc uma aversao aformata\aoda diversidade, visivel em todas as suas obras. Mas Timva_ nila organiza os multip[os elementos que comp6em suns instalal;'Qes para ressaltar seu valor de usa, ao passo que Rhoades apresenta objclos que pare-cern dotados de urna logica autonoma, indifercntc ao ser humano. Perccbemos .ou v.irias linhas diretrizes, estruturas mutuamente 1mbncadas, mas sem que os atomos reunidos pero artista se plenamente num conjunto organico. Caobjeto parece rcsistir sua dentro de uma cc:erente, conlentando-se com sua fusao em subconluntos as vezes transplantados de uma estrutura para
a
ouhtra. 0 d0m.lnio de formas a que se refere Rhoades cvoca a cterogeneldade das b d tiv ancas e urn mercado e as re-specas perambulal;Oes entr I as T\I><. e cas: c sobre as relat;6es entre .. entre mim e m · ab6bora eu pal, ou entre os tomates c a . elJocs e as alga I a terra a terra'" s, as a gas c 0 milho, 0 mllho e . .. as cerc,,)s de a " _-,-_ rame ',Referindo_se explld.
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29
l'Os PRODUO\O
tamente - pelo menos no inicio - aos mercados populaR'S dil California, suas inslalal;Oes s50 a imagcm cnlouquece" dora dc urn mundo scm centro possi\'cL quc desmorona por todos os lados sob 0 peso da prodUl;JO e d;l impossibilid;ldc pr5tic;l de uma reciclagem. Ao visita-Ias. pressen, timos que a tarda da arle n50 {> mais propor uma s;ntcsc artificial entre elementos heterogcncos, c sim gcrJr -mJSsas criticas" formais, por melo dJS quais a estrutura familiJr do mercado se transforma num imenso entreposto de linhas de venda, e, nJ verdade, numa monstruosa cidade do refugo. Seus trabalhos consistem em mJlerials c fenamentas, mas numa escala descomunal: "monte de C.IllOS, monte de bral;adeirJs, monte de pJpcis, monte de lecidos, tadas essas quantidades industrJais de coisas._'" Rhoades adaptJ a junk fll;r Jmericana.'is dimensOcs de Los Angeles por meio da experlentia, fundamentJI em sua obra, do uso do Jutom6veL Quando lhe pediram pam justificar a e'Jolu· l;JO de sua pel;a Perfrct World, el(' rcspond('u: "A vcrdadeim grande mudanl;3 em meu novo trabalho e 0 carro". Andando em seu Chevrolet Caprice, ele eslllva Udentro e (ora Ide siJ, dentro e fom da realidade"', ao passo que a compra de uma Fermri modificou sua com a cidadc c com seu trabalho: "Dirigir do Jtelie ate varios lugares e diri· gir fisicamente, uma imensa energia, mas n50 {> mais urn passeio sonhador como era Jntes...•. 0 espal;o da obra e 0
c
7 ld
30 CSPJ{O humano pcrrorrido a uma
vc10Cidadc
os objl.'lOS que suhsisfenl. portanto. om sao enormcs, ora Sc reduzcm 0.0 t.'lmanho do carro-habit.lculo que, ao PCrnu. nr seleoonar as (armas. descmpcnha 0 papeJ de urn Ins_ trumento ohm.
o trabalho de Thomas Hlrschhom aprcscnta cspal;os de trocas e locais onde 0 indivfduQ p('rdc 0 contata com 0 SOClal e se Inousta num fundo abstmto: urn acroporlO Intemaoonal \'ltnnes de grandes lojas de departamento, a sede social de uma emprcsa- Em suas as formas vagas do cotldmno cst50 embrulhadas em papel-alu.
mimo ou filme plaslico e, dessa maneira. uniformizad..s, sSo pI'Ojctadas em monstruOS<1S formas-redes que prolifer.1m tentacul.armente. Esse trabalho, parem, reencontra it forma-mercado na rnedida em que introduz nesses locJlS
tiP1COS d.1 economia globalizada elementos de rcsistenda c de mforma,,ao: panfletos politicos, recorles de arligos de JOffial te\-es, Irnagens rnidlatlcas_ a visltante que circula peIos amblentes de Hirschhorn perrone com desconlorto um OTgamsmo abstrato, pastoso e caOtico. Ele pode identlficar os obJetos que cncontr.. - JornalS, produtos, vei'culos, ob,etos do cOlxhano -, mas sob a forma de cspectros viscosos. como se um virus de computador tivesse assolado o tspeticulo do rnundo para subslllui-Io por urn suced'Sneo modificado. Esses produlos comquciros em estado larvar, como monstruosas matn:zes Intercon..... rede capllar que nao leva 3 lugar algum _0 que.. as numa H L_ ,ern SI, JU eonslltui om comentano soUle a l"Conorrua
31
ros 1'RClOlI(I.O
Um mal-csl:.lr p3Tccido rerca as inSlala{Ocs de ge Adeagbo, que apn.'$(!ntam uma imagem da recupera{ao econOmIC3 afneana ao )ongo de urn lablrinlO de capas ,"(')has de diSCOS, refugos ou rerorlt$ de lomals, que sao como legendas de anota{Ocs pcssoalS de urn diano trrup{ao da conscicncla humana nos reccssos da IlltsCnil dos prodUIOS expostos. Desde 0 final do skulo X\'IIl,. 0 termo "'mcrt'ado'" afasIOU-5e de seu referenle f{SlCO e passou a dcsignar 0 proccsso abslralo de (Offipm e venda No bazar, explu:a 0 economista MIchel Hcnochsbcrg. "3 transa{50 \'ai alem do simphsmo SCC'O (' rroUClonista com que cia cf,mlaslada pela modemidade...·, assumindo seu eslatuto onglOal de negocla{50 enlre duas pessoas. 0 comcrcio c, .:lntes de mats humana, ou melhor, urn prenada, uma forma de lexlO para eriar uma rcta{50, Assim. tada Iransa{50 pode ser defimda como "urn encontra de hlsl6rias, .:lfinidadcs, vontadcs, pressaes. chanlagens, condums, tensOcs"'. A arle visa oonfcrir forma e peso aos m,IIS invisi\."Cls roressos. Quando paries intetras de nossa vida C.:lcm nil devido a de escala da globaliza{iio, uando fun¢es roSICas de nosso cotidiano sao gradualtransformadas em produtos de consumo (incluid.1s as rcla¢es humanas, que se lomam urn inlerL'Ssc dOl industria), pilI'Cce muito 16gioo que os artisl.1s procurcm IYmnf('rinllZAf essas fun{Oes c esses processos, C 9.Mo
nail. 1m r-1J9.
_ _ .--_uk"J*r
Dr-
32
NICOlAS
devoh-er roncreludc ao que sc furta a nossa vista . N.,o Co " " "fi . . moo bjctos, 0 que sIgn! leana calf na armadilh,1 d ..' •
mas como suportcs de experiencias: a art •
_
a (Clflca
-
C, ilO !('!'ltar
romper a 16glca do espctaculo, rcstitui-nos 0 mundo c experiencia a set vivida. orno Como 0 sistema cconomko nos priva pmg'o " ."Sslvamcl). Ie dessa cxpcriencia, cabc inventar modos de T'" "prCSCntil_ dessa realidade oiio vivida. Urna serie de p"'n' uras de Sarah Morris, que mastra as fachadas das sedes d
.
_
.
egran_
multinaclonalS num estilo abstrato geomctrico, rcstitui as marcas que parccem puramente imatcriais co a que pertcnrem. Segundo a mesma logica,
0
0
lugar fisi!emil das
pinturas de Miltos Manetas c a internet, 0 parler da in formas apresentada sob os trar;os dos objetos que nos pernutem 0 acesso a cia: os computadares, num cenario domestko. 0 atual succsso do mercado au do bazar entre os artistas contemporaneos deriv3 da vontade de devolver urn carater pal""",-el - humanas que a eco,..- a essas reIar;oes nomlapOs-modcmaro nSlgna a"bolha financeira Mas essa rnesma i " . rnatenahdade se revela fietkia, diz Michel Henochsbcrg, na med-d I a em que os dados que nos surgem Como os rnais abst t na' ra os - POT exempJo, os pre,os das males-pnrnas au da e . do nergla, grandes definidorcs do merca-sao, na realidade b' d arbitra . ,0 Jeto e negocia,ocs muitas vczcs Tlas. Assirn, a obTa de art od _. •. formal qu e p e conslstlr num disposltivO c gera relai;Oes e processo sod I r ' ntrc pCSSQ.3s, ou nasc£.>r de urn a - enOrncno que aprcScntei com 0 nome de
1'Os·I'RODUCAO
33
estctica rcl
o uso DAS FORMAS
Sc urn l'Spt."Ctador 01(' diz. filme
Os ;mos 1980 e 0 nasdmento da cultura OJ: para urn comunismo das formas Durante os anos 1990, a da Informatica e 0 surgimento do samp[eamento cdaram uma nova p
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37
",,-"001"'.10
enos. a .....rturbJr css;1S antigas JUdas !ormas au. pc10 m r" "r'l,rem05 nos dmgmdo para uma_ cullura rnp rod eOO;]>. &.1> ...._.. t"tVn'Tlght em troc3 de urna gestao do dique a..,.,.nuooa 0 n.'fJ uma CSpCclC de do corellO de acesso.... obras rmUlllsma dllS fornI/IS'
Guy I);.>bord, em 1956, publica Mode d'emp/ol riu
louT/lfml'Uf [Modo
A
de-
liSt) do dcsvjo]:
e arti'sbca da humanidade, como
toOO. stf ublttada fins de propaganda mihunle. I-I Todos os clemenlO$, tornados em qualJugaL podem ser ob;etode OO\;'lubordagens. r J Tudo pode str\ll £ eo.,d/mte que sc pode NO 56 comPI unu obra au Inlo.'gtJ.l' di\\'fSOS fragmcntos de obras antigas numJ; nO'o'a <>bra. como tambem mudar 0 scnhdo desses fr..1gmenlos e fillsifiCilr de lodas ilS milnelras aqwlo que os 1mb..'ds sc obstinam em chilmar de urn
Com a IntemaoonaJ Jetnsta.. e depois a Inlernadoni11 SltuaCJOnista. que Ihe suctdeu em 1958, surge assim uma nova 0 dt'SVlO artist1co. que pode ser descnto como um usa politico do rtJJdy-tMdt r«lproco de Duchamp (que diw
numa nova unJdadc" Cuma das f('rramenlas que contribuem n.'ril _ .1____ r- a da atividade artlstica, arte "5eparada" I .l__ e'Xerulada por produtores espcciaA Intemacional tu . SI aClOmsla prcconlZa 0 desvio
dils obras cXlslentes para "dC\'Olver patx
Dmoil2001.
J.ppo'.
CItY [)dim(. M.,...lN. V..
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38 au
39
- pod;,> cxistir uma ",ute Si!UilC10_
Logo. nao
m uSO SllUacionisl3 da arlc, que passa mas 3p:-n:1S U - 0 RD.ltlilrl slir la Cl'mstrl/ctloll de SIll/a_
pot sua depn'CIol('.lO. rr • • _ Irons (Rr/a!6rwsobn'1l (Ouslmf/lodt'sltr/arJtsl, pubhcado por
Debord l'm 1957, incenti":1 0 uSO das formas cultural$ eXIS"rontcstando·lhes qualqucr valor 0 dcsvio, como Dclxud espl'cifka mJ,IS tarde em I.A Soc,IU dll IA rsptliculo). "nao e uma negat;.5:o do cslilo. nw 0 e:st:tIo da nega('
o dcs.'ID de obras pn.'C'Xistentcs ccomum hOJe em di.:l, mas os artisLls I'l"C'OfTCffi.:l elc nao p,ml "desvalorizar a obra
de arte: e slm para uhllU-la. Asslm como as t&nicas da-
daistas foram usadas pelos surrealistas com uma finalidilde consl:rutr.-a,. a ,ute atual manipula os proccchmentos sllUilCloruslas sem pli:teuclcr a aboUr;,ao lotal cia arte.. Notemos que urn mista como Raymond Hams, geni3l praticanlc cia dem", e ll\Sllgador de uma mfimta rede de signos interconcclados, surge aqul como precursor. Hoje, os artistas pratJcam a p6s-produr;ao como uma operar;ao ncutra, de soma zero, 30 passo que os S1tuaclOnistas pretendiam corromper 0 \"31or d.1 obra desvIa.l· _ . ....... au sqa. Investtr contra 0 capital cultul'3L A dlZMw:hel de Ccrteau. curn capital a partir do qual os consumklor • cs podem rcaJlzar urn conjunto de que os oonvertem em locatfinos da cullura, Agora que as recentcs tC!ndcnclas musicals banalizaram a dcsVio, as obras de artc J.i nao sao conSldcradas obs-
15culos. e SlID malcn:I.IS de COnSlrU{j,o. Qualquer OJ hOle trabalh3 a partir de pnndplos herJados da hislona das v.lnguardas artisticas: desvlO, ready-111mit's rccfprocos OU ajudados, desmatcrJilltza<;.io da otlvld3de.
Segundo 0 musico j:lpones Ken
[Shll,
a hislOna di! mUSICI Itdmo p.treeida com a cia mh:rnet Agora cada urn pode wmpor mllslC"JS ao infiMo que se dmdem cadit m.:llS em dlrereo1('5 Gcncros. wnforme a pcrsollilhdade de (',10:13 urn o mundo intelro ficari repleto de rnUsl('JS dlfelentes. pE."SsoalS, que scmprc Ir;'io insplrar oulras 1n3is. Tcnho cerleza de que agora n5.o \'5.0 parar de surglr 00\';)5 music3S' Durante SC'U 5d, 0 DJ hda com dISCOS, 1510 e, produlOS. $cu trabalho consiste em mostrar scu Itiner.ino pcsso.1l 00 universo musical (sua p/nylisl) e em encadear esscs elemenlos numa delermmada ordem, cuidando tanto do encadl'amento quanto da conslru,iio de urn arnbientll (c111 trabalha 010 vivo sobrll a multidiio danr;ante e podl' reagir a 5CUS 010vimentos). disso, ele podc aglr fiSlcaml'nte sobrl' 0 obJeto utilizado, praticando 0 scrntclllllg ou lanr;o1ndo mao de todD urn repert6rio de a¢es (61tros, regulagl'm dos pa' riimetros na mesa de mixagcm. acrCsomos sonoros etc.). o set do DJ assemelha·se a uma exposlr;iio de obJetos que Marcel Duchamp teria dllnominado "rrndy-madts ajuda-
<0 005" [rtady-m4Jtos aidtdJ; prodUIOS rnais ou mcf'lOS "modifi. ('ados:, cup encadeamenlo produz uma dl/fJ1(iJo <'Specifica. Assim,. 0 t..'$!do de urn DJ I"('wla-se em sua capacidadc de habitar urru rede (,l hlstOnil do som) e na 100ica que organiZJ as lig
tra do mesmo dISCO em VIn"
CNtJJYlng e arte contcmpor.i.nea: as figuras sao - . I.1res. Simi
Ow:ndo 0 C'miS da . J""" mesa de mlXagem cstii no mew, os dOlS trechos locam juntos: Pi H senta uma . erre uyghe apre .... rom Joim C4
deAndyWa..k-r 0
lOlTloJuntocomumfilme pem'-t de 0 Ie conlrolar a veloeidade talkoutr Angela Bulloch ouglas Gordon. Toasting. rap. lillIS, de Andrei a tnlha sonora do filme $0Cut- Alex Ba -g grava Ircehos de V1SaO; CandICe Breltz lsol PfOgramas de telea e rnonta fragrnentos curtos de "Il). u .....u. -'0 nOUl •
......
6w" L11r.. k.orp. 2llOO.
41
imagens. Playlists para seu proJeto comum ClI/emD Lzbt'lIf Bar Lmmgc (1996), Douglas Gordon propunha uma sele\.10 de filmcs censurados no lan\amenlo, enqu:anto Rirkril Trravanija construfa urn quadro de convfvlo em torno dessa programa\.1o. Em nossa vida colidiana, 0 interstido que separa 3 produ\ao e 0 consumo se retr.1i a cada dia I:: passfvel prodUZlr uma obra musical scm saber toear uma unica nota, utiJiz.ando os discos existcnles. Oc modo mais geral 0 consumidor eus/om;ZJ1 e adapla os produlOS comprados a sua personalidade e as suas necessidadcs. 0 ZLlppmg tambCm e uma produ{ao, a timida produ\iio do tempo alienado do lazer:. 0 dcdo na tecla, e csla construfda uma prograrna\clo_ Logo 0 Do il YOllrself atingirfi todas as camadas da produ\.10 cultural: os musicos do Coldcut vao lncluir em seu album Let 115 play (1997) urn CD-ROM que pcrmile remixar as faixas do disco_
. 0 consumidol em ex/ase des anes 1980 dcsapilrece dlante de urn consumidor inteligente e potenaalmenle das formas. A cullura OJ nega a oposl\ao bmana entre a cml1l0IJfifo do emissol e a pnlticipo(ifo do lcct'pfoT, que cstevc no centro de muilos debates sabre a arte modema 0 trabalho de um OJ consistc na concep\lio de um encadeamento em que as obras dcshzam umas sobre outras, rcprcsentando ao mcsmo tempo um produto, urn. mslrumento e urn suportc. Urn produtor e urn Simples cmlSSOr para 0 produtor seguinle, c agora lodo artista sc move numa rcdc de formils conliguas que se encaixam.ao
42
NICOlAS BoURRto.un
mfinito. 0 produto pode servir para fnzer uma b o ra,
ra. porque so podemos vc-Ia quando estamos sent.dos ncla
A5$1I11. seu \';l\or funcional impede que cia SC)' um b"
"
o jClode
arre. mas eu acho que ISSO n50 tern ncohum scnhdo".
A quahdadc de uma obra depende da Ir,)o'6 ria " que descre-.-e na palSJ.gcm cultural. Ela ('Iabora um cncadea_
mento entre {ormas, signos, imagcns. Mike Ken?" em sua instalaliao Trsl room COI/lail/iug multlpll! sllmulr kllown to elicit cllnasity alld mallipulator (1999), faz uma vcrdadeira arqucologia da modemlsta 030 organizar a conflucncia de (cntes iconograficas no " h . mmlma ctcrogencas: as cenografias de Noguos bal6; de Martha Graham, ccrlas expericncias Clentl cas sobre • . . as reat;Oes de cnanl;as a violencia na \'e. as expend enctas e Harlow sobre a VIda afetlva des macacos. a performance 0 -d Dutra de su ob • VI eo e a escultura mlnimalisla. as ras. Fral1ltd & Fr:amt 'M"" hon "Onnalow __ I Imature reproduc" wQl1mg built .... . nllltUrt rtpI'oducflon c____ Mitt KLllty after "/If1""'<.'Vl stilt CQtltn " • Lu). reconstr6t e deeorn........ "P I Ifdt by Pro! K. H. 0 O!;o dos d Mtown. em Los Angt'1cs. em d esqos" de Chluas tnst
43 tambCm mesda umvcrsos estctleos 0 kitsch sino-amerlcano, a estaluana budlSI<1 e cnsta. 0 spr<1Y de tinta dos grafiteiros. as IOfr.h'Struturas lurlst1C1S. as es· culturas de Max Ernst e a arte mformal Com Frnmcll b Fram,., Kelley de(hca-se a "'transmltlr as formas qu(' normalmenle servcm p.:tra represent-ar 0 amodo.... a figurar a ronfusiio Visual 0 estado mforme da Imagl'm. "'010 mstablhdadc das culturas que sc entrcchocam", Esses cntrecho, quest que reprcsentam a eXp<'ncocla rolld,ana do mor.ldor das Cldildes deste rom{'{o do sCculo XXI. reprcsenlam 10101bern 0 tema da obm de Kelley. Seu trabillho mostra 0 cnsol ca6tico da cullum global. em
42
NICOlAS IlOlJRRlAun
mfinito. a produto pode scrvir para fazer lima obra
b
' a 0 ta podc \'Olt,n a seT urn objclO: inSlaUT.:l-SC uma rot,,(,]o, de. lerminada pdo uso dado as formas. Angela Bulloch: "'Quando Donald Judd fazia n,'
,
OVCIS
ele semple diZI<1 algoassim: uma cadcira nao Cuma esc I' ' u ura. porquc s6 podcmos ve-lil quando cstamos sentados nela. Assim,. seu valor fundon'll que cIa scja urn objCIO dl: arre, mas ell achoque isso nao tern nenhum sentido". A quahdadc de urna obm depende da tmjel6ria que dcscrt"\'e na paisagcm cultural. Ela elabora urn eneaclea_
mento cnlre farmas, signos, imagens. em sua instala\iio Test room cOIl/nil/illg lJIultfpll! stmlllil know" /0 diCIt curiosity mId IIlGllipulnfory rrsp,mses (1999), faz uma verdadeira arqucologia da cultura modernista ao organizar a de Fontes konog,'ficas " h no mInima cterogeneas: as cenografias de Nogu-
os bales de Martha Graham, certas experiencias cl.entLficas SObre as de i'I violencia na teve, as expenencias de H [ b ar ow so re a vida afetiva dos macacos, a performance 'd ' 0 VI eo 12' a escultura minimalist,] Outra de suas obras F d& F •
,Tame
t
'::hm1;;::111 L )
IOn
Tame (MilllntuTe reprodllcwell'" built IJy Mike Kelley nfleT "miStwll slaT CQWTn" buill by Prof. K H
rceonstr61 e . . . natown, em Los An••_. 0 01;0. dos descjos" de Chie.... em duas Instala _ . como se a escuhura VOllva I dlferentes, popu aT e seu respe CIl\'oenqua_ dramenlo turistico (uma muret.. ... cercada de tenccssem a categonas D f grades) "perl' ato, aqui 0 . CQnjUnto 11 ,
tambcm mescla uniwrsos csteticos hetcrogcneos' 0 kitsch sino·americano, a eslatuaria bu
44
NICOlAS IlOURIUAUO
A altn cullum b.:lseia·sc numa ideoJogia do pedestal e do enquadraffiento ou moldul1L 0 exato delincamenlo
dos objelos promovldos, eogastados denteo de categorins e TegJdos por cOdigos de aprcsenta{.1o. A cullura POpular, ao contr.ino, desenvolve-sc na exalta{.1o do mau gosto, da transgrcssao, do descomcdimcnto - 0 que nao significa
que cla nao produzil seu proprio sistema de enqlladml1lclI_
los. 0 trabilllio d(' Kelley opera por curtos-circuitos entre esses dais focos:
0
enquadramento cerr
museu mesclando·se com a vagueza indistinta que ccrca J. cultura pop.
o aphque, geslo fundJ.dor do trabalho de Kelley, apa-
ecce CQmo a figura principal da cullura contemporanea: da lconografia popular no sistema da grandescontextuahu,ao do objclo em serie. transfercnoa das obms do rCl"ll>rt' . • p ono consagrado para contcxtos tnVltllS- A arte do seeulo xx e d _ uma arte a montagcm (a das Imagens) e do aphque (a das lmagens)
r Os Garbagt Drawings (988) de Mike Kell e excmplo, partem dOl represemal;iio do r .y, em quadnnhos Pod _ lXQ nas h1slonas . emos compara-Ios It se b . ProducllOm. de Bertrand' _ ne f,all Disney L4V1er, na qual os d Culturas que formam 0 ""'no d f qua ros e ('S.e undodeumaa Mickey no Museu de Arte Mod ventura de erna, publlcada em 194 trans formam em obras re;lis M·l.- ... 7, sc • 1M:' N:lley escrcvc sc ocupar do rcal, mas ela quest' . arle lona toda e qualquer
POs·rROOUV\O
45
conccpl;.3o do rcaL Ela scmpre transforma a realidade nurna fachada, numa numa construl;iio. Mas cla tambem indaga as motivos dessa E cssas [azoes, esses molivos, se exprimcm I'm los, em pcdl'Stais, em vitrines m('ntais. Ao r{'cortar formas culturais au sodais (uma cstatua votiva, historias em quadrinhos, ccnarlos de lcatro, dcsenhos dc mallratadas) e aplica-Ias num outro contexto, Kelley uliliza as formas cnquanto ferramcntas cogmlivas, libcrtadas de seu condidonamento original. John Armleder manlpula fontcs igualmente heterogeneas: objctos em scric, indicadores eslilfslicos, obras de arte, move!s... Poderlamos consider5-lo 0 prot6tipo do artista p6s-modcrno, prindpalmentc por ter sido urn de substituir a nodos pnmciros a entender a moderna de novldade par um conceito mais operadonOll. Afinal, explica ele, essa ideia de novidadc em
'6
NICOlAS 1l()l!JUu.u.JO
rompara essa artc do shopping c do dISplay; I que cs film I'CJOrallVamenfe chamadO$ de clam 8 U fil • • m I me class B mscrC\'C-$e nurn delt.'rmin
angllc-biln_
sue, 0 filmc de horror au de a,iio) Como sub od • pr ulo mlo, mas manlem a po5Slblhdadc de mlrod
1>.1.
UZlf van J AI led - r"ilra Ohn m ;:Of, locla a arte moderna ronstitul um • haOO genera fcc com que SC pode bnnear. tal como Don Sicg"l ]
Pierre Mcl\,IIe, e hOJe John Woo t
au
Q
_ c, ('.:tn· uenhn Tarantino
gos
a
ta, de hnm lac p geomeltl('a abstra_ tana 1.'lctnca_ 0 as ry oons nos Jados de uma guide Armledl'c nos a c rninimahsla das obms nos rcflele os h - . • a esse modl'TnJsmo dasse 8 EI c avoes Inltln5('COS . e exphca:
LUIS X\ol. Mo.'u lrab.llho delona a SI pr6pno; lodJS as jusllflcatw"s lconlan-IS sJo nt'gadas uu riweu1anz.ldas pela c,,,x'u(5o da obra'
"
No trabalho de Armll-der, os quadros abs!r.:ltos e m6vels p6s-Bauhaus.:lll reumdos sc transformam em elementos rftmicos, tal como 0 Sdcclor dos pnmelros tempos do hlp-hop mixava dOls diSCOS com 0 cross IlIIler da mesa de ffilXilgl'ffi "Uma pintura de Bernard Buffet sozmha 050 fica mUlto bern, mas uma pmtura dc Bernard Buffet com um Jan VCTcruysse fica uma coisa extraordln.lria'" No infcio dos anos 1990, 0 tr.:lbalho de Armlcder mlt.:l-se para urn uso mais CxplfCllO da subcullura Globus cs· pclh.:ldos. Imltat;.lo como enfclle de jardlln, filml'S de VIdeo classc B, a obra de aele torna-se 0 local de urn scratching pcrm.:lnentc. Quando reloma ;IS esculturas em pleXiglas feitas por lynda Benghs nos anos 1970, sobre urn fundo op art pmtado em papel, ele opera como urn mlxador de rcalJdadcs. Quando superp5c uma poltrona e uma ge[;ldeira (Bralldt Sl,r Rllt de Hissy) au dOiS perfumes (N 5 Slir SllII/lIIlIIr), Bl'rtrand Lavier cst.i enxl'rlando objctos num qucstlonamenlo ludlco da categona Nescuhura"_ Seu TV Pail/Illig (1986) moslra sell' pHlluras de Faulrier, LapicquC', Dc Stae!. lewcnsbcrg. On Kawara, Yws KlelO e lucio Fontana proJctadas em tC\'CS de tamanho igual ao da obra onglOal. 5. Nio:olu Il
-..1I_'....... .rl.,.....
John Anftk
48
NICOlAS 6OuRRiAL'D
No trabJ.lho de Lavic(, sao uS categorias, os gcncros c os modos de represenml;ao que gcram as (armas, c n50 0 U\vcrso. ASSlm, 0 cnquadramento fOlogr56co produz umn
, A forma como enredo: um modo de do mundo (Quando os enredos se (Omam formas)
esrultura. e nao uma folo. A id6ia de "'pintar urn piano'" re-
sulta num p13no recoberto de urn,] camada de pintura eJ(pressiomsta. A VlSSo de uma vltrine de IOJiI pmtada COm br,)nro-de-espanha gera uma pmtura abstrata. Bertrand LaVler. que msso esti mUlto pro)umo de Armleder e Kellel', lorna como material as catcgonas estabeletid:ls que dehmltam nossa pe:rcep{ao da cullum. Armleder as consi
,
fonnas que constctuem sua cnbca mollS aguda. Podemos pensar que essas est:rategJas de reabva,ao e de d«pyrng das formas ViSualS representam uma rea,.1o dl.ante
.. Ud
fl _ In a.;ao de Ifnagens. 0 mun-
em saturado de ""l" MVoI -d os, Jol IZI3 Douglas Huebler nos
anos 1960 - e acrescmta _ _ . va que nao quena produzir Olinda matS Se a • _.......... C.lOllca da produl;3o Jevava os arbstas C'Clr'IcertuaIS desma I . la..l-_ ten.a lza.;ao dol obm de arte, hoje e -,.,..,na nos olnlStas da...,(... _.. _ • _ • p,uuu';.10cstratcgtasde n30 emalSvivlda nat;oes de produtos. A superprodut;50 como um I"DbInna cultural ,e sim como um cros.
, I
Os artlstasda p6s-produ.;50 Innmtam novos usos para as obras, inclulOdo as formas 5Onoras ou visualS do passado Mas des tambem trabalham em suas pr6prias num novo rccorle das namllvas hlst6ricas e K1rol6gKas, IOscnndo scus elementos em enredos altemallvo$.. POlS a sociedade humana C cslrulurada por narrativas, por enrcd05 ImalenalS mollS ou menos n?lVindl<:ados enquanto 1.11, que sc traduzem em manelrilS de VIYer, em rela¢es no trabalho ou no lazer, em ou em idrologias. Os responsavcls pclas dccisbes l'C'Onomlcas PfOJetam ccnarios sobrc 0 mercado mundlal 0 poder po_ litico elaborn prcvtSOcs c planc)Jmentos. Vi\-emos dentro dessas narratlvas. ASSlm. 0 emprego segue 0 enn:do dado pela divisiio do mbalho; 0 casal helerossexual segue o enrcdo sexual domlOante; a televl$iio e 0 lurismo oferecem 0 enrcdo privdcgiado para 0 lazer. "Todos nOs ('S. lamos presos no enredo do cap1talismo tardio"', Llam Gillick. Para 05artlstas que hOle contnbuem para 0 naSClmento de uma culIunI da tJliuidadc, as lormas que nos (crcam sao as matenaliZ
, ·w". rnll callYII withIn I"" ocnunoplayOfl.lC capilal..tn-
Qllkk "$cIrIw illlulto .llow,,", molh·.lion
1M",
Iht rcdtnlqucs ol'rr
1'OS Ml.OOUc;.J.o
em nossa aOlbicnlC cotidlano, reproduzem cnredos
mdlscullWIS, mas como CSlruturolS prl'Canols quC' utlltz.am como ferramentas, produlcm esses cspa,os nilfT.1tl\'OS Slngulares que l':m sua .:lpresenlol'.lO n:lS ohras. E0 usa do mundo que permlte cnar I'I0\'il5 nanallvas. 30 p;:iSSO que sua contempla,ao p;:iSSI\';l suhmete as produ\&'s hum3nas ao cspclficulo cOmuntli'ino Nao eXISle. de urn lado, a cna,ao \·iva e, de oulro, 0 peso morlO dOl hlsl6na das formas. os artlSI.:lS da p6s-produ,.lo n.lo eslabck'Cem uma dlfC'ren{a de natureza entre seus trabathos e os Irnbalhosdos QUIros. nem entre seus gcslos e os gl'Slos dos observadori!S
comumlanos m,ll$ OU mcnos impli"citos: i'\SSlm, urn cclu_ IJ.rou urna roup3.. uma vinhcta de urn program" de IclcVl_ s30 ou uma l0g0marca IOduzem a cerlos comportamentos l' promo\'em \"Jlorcs colcllvos. VlsOcs de mundo. Os Irab.1_ lhos de Liam Gllhd: queslionam a frontcua enlre fic{50 c
redlstribuLnoo essas duas a parhr de urn concello de tmrJo do ponto de vista socIal, Islo e: como n.io 56 a con/unto dos discursos de previsao c plilneJolmenlocom que 0' universo socioeronomico mas .:1S mdtistn.1Sdo lmaginano de Hollywood inventam 0 prcsentc
produ{ao de enredos
e urn dos pnncipais coo1-
ponentes neccsstinos para m
0'
nivcl de mobilid.:ldc
e de rem\'en{ao neressario para fornccer a aura de dina-
dol thamad.:! econQffila de as artistJs da pOs'produ(3o uhhz.:tm c deroclificam cssas (ormas para produzlT linhas narrallVa5 divcrgentcs, relatos alternalr.'05. Asslm como nosso mconsaente tenta, bem ou mal, escap.lr asuposta futahdade da histori.1 familiar par mcio da PSlQN. " "' lSC, a artc oonsclentiza os enredos coletivos e propOe outws percursos dentro da reahdade, com a aJud,] " propnas formas que malenahzam essas narrallvas impastas. Os amstas, 010 mampular as linhas esqucmfihcas do enredo coIctl\"O 1St. ,:.. _ _ , , ao cons...era-las nao como fatos
mlSmo
...
51
I
"
I
Nos Irabalhos de Pirne Hu}'ghC', Llarn Gillick, DomInIque Gonzalrz-Focrslcr. Jorge Pardo ou PhIlippe Patfeno, a obra de arte represenlil 0 lugar de uma negociJ'J.o entre reahdadc c fic{ao, narratlva e coment.irio Quem vislla uma exposi,ao de Rlrkril Tiravalllj.l- U"/ll/ril (O"t' Rt'{.'OIi/tioll per Minl/f,'), por excmplo - tern dificuldade em dIStinguir a fronleira entre ,1 produ{ao do arhsta e sua pr6pria produ{ao. Urna b.:lncada com crepes. (('«ada por uma meS
53
52 arfl'? Essa
mOSlrJ c1aramente urna vontadc de , ,..,-n""'" ,nven af ...... v.:> v{nrolos entre a atividadc artistic« c 0 COnJunto d.15 alh'ldades human;)$, com a
de urn
narrahvo que cnCalX
ttdi:mo dcntro de urna form3-enrcdo, 15.0 difcren!c da .:Jrtc tradlClOlUl quanta uma festa rave comparada il urn slur,» d,nd. Os titulos dos tr3balhos de Rirkrit TiravaniJ
3COmpanhados por esSol entre parcntcscs: lots of proplt. montes de genie A "gente- eurn dos romponcntes dJ. exposit;50. Em vez de ncar olhando urn conjunlo de objctos exposlOS asua aprecl
rL'Ccita. Assim, ele produz modos de SOClalidade em parte ImprCVIs'veis. uma reiliciollal que tern nol moblhdade sua pnmeltol C01facteristicol Sua obra c (elta de barracas precarias, de acampamenlos, de workshops, de Im/etos e cncontros cfCmcros. 0 verdad"iro temol da obra de Tirav;mlJa e 0 nomadlsmo, e c por melo dol prob!cm5t1ca da viagem que conscguimos rcalmcntc enxergar seu universo (ormaL Em Madri, ell.' filma 0 trajclo entre 0 aNoporto eo Centro Rainha Sofia, onde particlpa de uma exposIC;.10 (U"tttlra, pam Cuellos de Inranta /0 TorrepJ1l de arden '0 Cos/ada to Reina Sofia, 1994) Para a Bienal de LYOIl, ele expOe 0 autom6vel que Ihe permitlu chcg.lr ao museu (BOil Voyage, MOIlSlmr Ackermallll, 1995) 01/ tile Road wI'h Jlt'W, JtaW,Jieb. Sri and Moo (1998) consiste nurna vlagern de Los Angeles ate 0 local da eXp05IC;''io, na Filadclfia, com cinco estudanles da univcrsidade de Chiang MaL a 10ngo percurso foi documentado em video, com fotos e urn diario de viagern na internet. O1prcscntado no Museu da Filadclfia antes de resultar nurn catalogo em CD·ROM. Tiravanila reconstitui tambCrn cstruturas arqulletonlcas por onde passou, tal como 0 imigranle que faz a relac;So dos locais que deixou: 0 3part3rnento de Lower East SIde reconstitufdo em Colonia; urn dos oito estudios do COlltert shldw em Nova York,. que ele frcqiientava olnteriormentc (RtlltaTSQ/ stlldio II. 6); a galena Gavin Brown, transforrnada em Arnsterd5. num IOC31 de rcpetic;ao._ Seu trabalho mostra-nos urn uniwrso fcilo de quartos de hotels, de rcstaurantcs, de IOJas, cares, locais de trabalho, pontos
5'
55
NICOL.\S aoUll.lllAUO
rQS-rROOUQ,O
dl' cncontro (' acampamcntos (a barrac-a de Ci"t'f'/IJ de viii
'. propostos por Tiravanljol sSo os
1993). Os tlPOS de que fOrm3rn 0 cotidiano do Vla)anlc scm raizcs: todos sao csp.1c;os publtcos, acXCC\ao de seu
sua \'Jd.:l p;:assada A ,ute de TIraVJOljil sempre m:lnlem uma re1;:1I;5.0 COm
a oferta ou aabcrtura de urn mas de- sell passado,
Ell' nos oferece as for-
mstruffil'ntos, e transforma os 10-
('.lIS de suas exposi¢CS em areas abertas a lodes, como em
sua pnmeira mostra nOV;:Horquina, quando convidav:l os scm·tela para if tomar uma sop
J. • ......rsonalidadl' sao apenas oogagens qUl' len()55
rt'Sldir em IUS'lr algum? Hllyglle
Se Tiravamja propOc ao publrco de suas exposil;'Ocs
modelos de narrativas posS[VCIS CUJas formas mesdllm II arte e a vida colidlanil, Pierre Huyghe organiz.1 $CU lr:lbalho como um.:l crltlca as nilrrntiv.:ls-modelo qu(,.' nos sJo propostilS pela soclcdilde. As SItcoms, ofcrecern a uma popular quadros Imagm.mos rom os quais de sc identificar $eus enredos sao cscritos a partir de um rolciro b.1siro chamadobfb/la, urn modele que define 0 carnlcr gcral da. a,.io e des personagcns c 0 qua·
56
NICOlAS IlOlJRRLwo
dro em que dcwm sc mover 0 mundo dcscri!o po r p'leT_
57 1'()S·M-:ODU<;J.O
Ildoor urbano ac
Irna do cnnleiro de obras (ClImllier Bar-
Hu)'ghc csustcntado por eslruturas narmtivas Ina'IS Ou menos opressoras que tcm na sitcom arwnas uma , 'Cr5;]O _ rmals branda, c a funtao da pratica artistica e adonar essas estruturas para rc"'l.'lar sua l6gica coercitiva, antes de
" I I 1994) cle L'Sta propondo uma imagcm do bls-Rocll« !Ollar, • . • I mpo rcal: nunca se documenta a ah"ldade
Il."COlod-13S a dlSposl\.lO de urn publico capaz de se rca_ propriar dclas. Ess.:i VlsaO de mundo estti mUlto proxima da teona de Michel FoUCilUl1 sohre a organiza,.lo do pod 'r. uma -rntcropOlitIC3" reprodul.,. de dma a baiXO da escala sooaJ. fic¢es ldeol6glcas qUe" prescrevcm modos de vida c
. clno ao "hv. Huyghe, C 0 ponto central da falsificat;50 social' cle quer
organizam taotamentc 0 sistema de domimu;ao. Em 1996 Pierre Huyghe propOs fragmentos de roleiros de
de urn filme em frances, contribu' para rnostmr c1aramente esse processo geral de cspohat;50: a timbre da \'Oz rc-
Tab e Godard aos carnlldatos p:lr.l sua de atores (Mulhplt Sctnarfus). Urn In
prcscnta e manifesta a smgularidade de uma palavra que Cmlnimizada ou apagada pelos impemllvos dOl comumcat;ao g1obalizada. A legcnda contra a vcrsao onginal. Padronizat;ao global dos c6digos. Essa ambit;ao faz Icmbrar a de Jean-Luc Godard des Olnos de militancia, quando linha 0
portanto, de aprender a se tomar 0 intetptete cntlco desses enredos ndo • )Oga com eles e depois comechas de S1tua-;:30 que vern se sobrepor as narratn.';1S Impostas 0 trabaltlO de P' de truer aluz • Icrre HUyghe pretenesses rote1ros ImpholOS e. a partir deles in\"entaroutrosquenostomanammaishvres:se..., -d d'. a o1OS Pudessem partle'par dOl elaboral;ao da "hi"", • d -I 101 a Sl'com soaa, em Vel: de doofrar Suas hnhas, g;lnhari . tonamia e liberdade. am m.llS au-
projeto de rcfilmar 1...lJw Story e distnbuir camerasaos operanos das fiibricas para se contrapor.i imagem burguesa do mundo, essa lmagem falsifkada que a burgucsla chama de Mrellcxo do realM Como clc escrcveu "As vezcs a luta de c1;lsscs ea luta de u ma imagem contra outra imagem e de urn scm contra outro scm" AssifT\, Huy-ghc filZ urn filme sobre Lucie Dolcne (Blallc/II: Luei.., 199i), um.a cantora fmncesa cup, voz fOI utlliZilda pclos esludios Walt Disney para a dublilgem do filme Bmllca Nroc- elil pn'wnde rcivindicar os dlrcltOS sobre sua voz Urn processo scrnelhante rcge sua vcrsao de Dos day uj/rnlfxm fUll apm-mldl de
Te
Ao fotografar opeclrios no trabalho d ' • • e epois ao ex essa Imagem durante todo 0 pcriodo de co • por nstru.;ao nurn
traba1ho em c
.
e operarios num canteuo de obras urbano, C dcumgrupo d .
"""ntar50 vern duplica-Ia, como urn documen,_ Pois a reprcscntat;50 mdireta, no trabalho de
aqUl a repr.......
devolver a palavra aos individuos, ao mesmo tempo mostrando 0 trabalho invisivel de dublagem em curso. Dubbing, urn video que rnostra atores sincronlzando a dublagem
58
NICOl-AS 1IOl.JJUuA
elrinl •(Um dia dL' cifo)). ' em que 0 hcr6I d0 cpis6eho un ocaSI os rca_ desfoIT';) da 6,,50. Todo 0 trabalho de Pier..... H ' '" 0 real s(' ." uyghc al resIde • sc las. . nesse mlersttcto que os scr'l."Ira r- ,a I"IrnCnl..ldo por atlVlsmo (Om favor de uma dcmocracia dos papl:lS SOCiais:u ,
dublagem xredublagem Esse retorno d a fi c,ao . para a rca-. tKiade ena c. se os • bn.>chas noespcl-3culo ·A qu-'· ..... aD e• 5.1lJ\:f
atores nao se tomaram mterpretes'"• cscreve Huygcsore h b seus cartazes com trabalhadores ou lr.mscuntes no urbano f: . expostos preo.so parar de mterpretar 0 mundo paron de desempenha r 0 papcI de figur.mtc numa n."1rbtu ' rfa r· 1"'-'" e se lornae alor au co-roteins0 D\O • .... mesas olxas de arte' quando Hu)'ghe refilma cadi! cena \Ie urn filme de Hitchcock . pOe urn filme de W ou Pasolml, quando justaG athol e Ulna entrevista sonora de John IOrt\O, ISSO Slgnl6ca que le obras de\cs, e lhes"- _. e se consldera TtSpOnstfuel pclas .....UI\"e a dlmensao d tocada outra \......._ e pactltura para ser ...... \Ie mstrumento rnundo i1tual Jorge P rdo p.ara a compreens.'io do quando expIIQ .....,.. expi\'SSa uma idcla semelhante "-'lOImullasCOlSas que SC\I trabalho rna rnals Intercssantes do , s que suas obras sao " ra oIhar essas COIsas" H urn modelo pado \1)6'''' e Pardo da IJtll1ld4dt as obras de i1rte do rntregam 010 munplrata (Mobilt TV. 1997) Passado. Com sua
,
.suas sessoes de
ou com a Criill;30 da AssocUition d
escoIha do elenco libhts. HU}'ghe
ts Ttmps
59 r6S 11lOl)llQO (abn estrutur.JS que rompem a cadcia dOl interpretal;.Jo ca en' favor de figuras da ahvldlldl!" dentro desses dlsposihvOS. a propria troca sc transforma em local de uso, e;\ forma-enrcd o torna-SC uma posSlbilidade de wdefinn essa hnha de separ.Jl;.JO entre lazer e lr.Jb.:1lho, dada pelo enredo colctiVO.l-l u yghe trabalha como um montador E"'a nO(:.1o politlca fundamental"', cscrevc Jean-Luc Godard, ca mon· tagcm umillmagem nunca estJ. sozinha, ela eXlstc apenas sobre um fundo (a Ideotogia) ou relaclonada com J,S Imagens: anleTlores ou posteTlorcs: Ao produziT iIIltJge/IS qllt fa/fail/ 3 nossa compreens5o do Teal, Huyghe faz urn trabalho politiCO: 010 contraTlo do que sc costuma pensaT, nao rstamos saturados de Imagens:; estamos submehdos aescassez de ceTtas: imagens, que tem de ser produZldas contra a omsura. rreencher os espal;OS cm branco quc puntuam a lmagem ol1elal da comunidade. Rmmkt (1995) IS urn vfdeo filmado num Imm.·e1 panslcnse que retoma. cena por cena. a i1C;SO e os dl.1l0g0s do filme Janda lIIdtsereltJ, de Alfred Hitchcock. remterpretllda por }O\ocns atores franceses no cen.1rio de urn biUTTo popular de Paris. 0 remake afirma a Idc;la de uma pnxluY)o de modc1os remont.1WlS ao IOfiOito. de sinopses diSpOnfvcls para a aC;ao cotldlana. As casas macabadas que comp
61 od
Em 1996, Pu::rrc Huyghe ofefcda aos visilanles dOl Cl(POSi. l;ao Tntffic urn passcio de onibus ate as docas de Bordeau Durante a viagem noturna, os passageiros podiam aSsis_ tir a urn vidro que rnostmva 0 percurso que cslavam fa.
!'OS.
zenda, poreffi durante 0 dia. Essa dcfasagcm entre 0 dia e OJ. nOlte, e tambem 0 Iigeiro dcscompasso entre 0 real e a
de .1,50 para bern na frcnte de nossa Janela? E m constroc um I I palavras de Ucctlfacd e Uccelll- confrontar as d po r que naO de Inacaba as, I' . com um ccndno nJ de PaSO Int. t (? Por que n50 usar a artc para numa periferia ilaliaM 0 olh.u prcso as formas olhar 0 mundo, em Vl"Z que ela pOe em rena'
,"
deV1do
\'crmelhos e ao transito. introdu_
ziam uma dU"'lda na realidadc da cxperiencia: aSStm, a sodo tempo real e dOl filmagem gera urn polenclal narrativo. Quando a Imagem se torna urn que nos liga a rt"olhdade, urn gum esquem5tico da expenencia vivida. 0 se:nbdo da ohm pro\-em de urn SIStema de entre 0 C 0 indireto; entre uma de Gordon Mattt.Clad:. ou urn fitmc de Warhol e a dessas obras pot Hu)"ghe; entre tn.'s vcrsc>es de urn mesrna filme (;\.Uanhc); entre a unagem do trabalho e a reahdade desse tTaba}ho (B.:ubis-RDchtehOUQ11); entre 0 sentido de uma £rase e (Dubbmg), entre urn momento VlVldo e sua \-ers30 rotcinzada (Thmi' Mtmory). £ na difeque se
AD refilmar todas as emu de urna pelicu1a. representa-se outra COISa que nao est.,) na obraoriginal. Mostra-se 0 tempo decomdo eo sobretudo. mantfesta.se a capacidade de circular entre OS Signos. de hahrt.i·Ios. Ao ff:filrnar um grande dasslCO de Alfred HItchcock num conjunto habilacional panSlense. com atores desconheddos,. Huyghc expOe urn esqucleto de ac;iio despopdo de sua aura hoIlywoooiana,.
nrao da artt> como pr u, urna concen lm llndo afirm , ass , laveis '10 infinito, roteiros dlspoRl· s So de modelo ,Po, que nao utihzar um filmc COtl Ian . , '",cis para a a melhor 0 trabalho dos operanos que
Doml1uque Gonza/ez-FtxTSla As Charnbres, os .
c os irnpres· G zalez-Foersler as vezcs chosionlstas de Dominique d _"" os" ou "demasiado '"demaSla 0 In m cam a crmea por ser r. ra domestlca ' cos· No entanlO, eJa explora a es e f .lImos en . . . " ,.ndenrob!ematlcas SOCialS rna relaclonando·a com as P . tatura do que I mas 0 fato e que cIa trabalha malS na_ . es. . _ da ima m Suas inst.:llat;OCS hdam com na "ge de arte'" indizi\"Cis; usanatm05feras, dimas; sensa m enquadrado urn repcrt6rio de lm3gens vaporosas e:a Dianle de ndo ainda postas em . mento - imagens se be 30 espectador 3 l.a. d Gonz.alez-Focrster, ca um3 ITX., I IoU como sua relina tern , e istum refa de 3zer 3 m tilhad05 de $eur3t " R' (1998) 0 especla or Em seu curt3-melragem 'YO • . • d sdos prot3g0RlSta5, cup I inclusive Im3gin3r os
63
62 cussia telcfonc segue urn lr.welling no Jonga do rio que atraVl..'SS<.l QUIOlo, e as roslos nUllca apare<-em As fa_ chadas dos lm6--'Cls filmados num plano contfnuo nos dilo oquadro dOl a,50. romosc a esfem da intimidadc. em tOOa a sua obra. Si.' projCI3.SSC IIteralmcnlc em objctos comuns c quartos. lmagens·lembrant;a c plantas de casas. Ela n50 se hmib a rnostrar
0
mdlvfduo contcmporSnco sc dcbalcn_
do rom suas obsessOes intimas, elil aprescnta as cslTUluras complexas do cinema mental rom que esse mdividuQ da
forma asua expcnencm, e 0 que chama de aulomolllagem, que parte da de uma ('\"olu\3o de nossos modos de VIda. POlS '".1 tecnologlla{aO dos Interiores"', diz dOl. ""transfonna a rom os sons e as Im
d estico nao represenospal;'o am 1 U ll 0 ' • [=r princlpa eras dlg : • -0 mas e 0 uo ' um a interlOnl.al;'a nl I de .' . d'os intimas. ta 0 sirnbo 0 mooos SOCli:US e os esC) do confronto l.!ntrl! os das e as imagens projetndas. Urna cns entre as Imag interior domestiro fundona na ...vIe de proJC{ao. ° a rotetrlz.1{ao da VIrratlva conSlllul um chaw da autona ' d m, psiqw:: rccriar 0 aparlaas lambem I! u 993' da cotldian
l'l:OOlJ().O
Para e1a,
0
_
cIa 0 local central das expencncias de Gonzalez,'. "(",' e 0 quarto de dormir redUZId0 a um ........ --, ueletO.1_ehvo auns objetos e cores), cia matenaliza 0.110 g organlZa,110 apenas emOClona... u cstctlCO• VlStO quc, sua • I;3Stica. n3S instalac;Ocs. remctc a arte mlnlmahsta. P Scu UnlVcrse, • romposto de ob,etos afctivos e plantas • do cinema expenmental e dos a cores, aprmuma-"" . .., Mekas. 0 trabalho de Gonzalez-Foerster. mOVlN u que surprC('n d"'" PO'• 'U3 homogencldadc. parC(:c ConstitUlr 0
_
0
•
• uma pdicula de formas domesticas sob
. rc il qual tam Irn3gens. EJa <'prescnta estruturas d . S
a
Iii J1utuantr
lembra
com a qual 0 analist
0 n
a
m-
escu-
das n(.lS sc C'Ooverla numit materia scnsivcp 0 . so de Dommi Go . Ufllver_ que nzalez-Foerster caractcriza_ se !ado V<.l se por es· go. ao mesma tempo intima e im...-" I e livre que form r .:a... austere vida
IlUXQ
a OS contomos de todas as narrativas dOl
Lam Gl1llck
o trab.1lho de
Uam Gl1lick
apresenta-se como urn ( " arqu....os. renas. car• • essas obras pod " cenano de um 61 enam conshtUir 0 me 0I.l a redalOao d tras palavras. a narrattv e um rotelro. Em ouaemqueoon't la por entre e ao redor -,__ SiS e Sua obrn circuelementos estes se hmltern a Ilustra.b Mas expostos. SCm que funaona como um rotelro kin. c.ada um desscs objelos proYenJentes de cam......... II • "".., IT'Id"Icadores ... para e os do sabe urb.:inlSmo. polftica- ). Pr o ' dos r ....rte. industria• mel() cos que desempenham um ?apel f :rsonagens hlst6n_ u amental na HiSI6ria
conJunto de estTat........- f ..,. ....., tn tazes. patnbs m, \
65
rnesrno permaneccndo na sombra (Ibub, 0 vlce-presldenIe dOl Sony; Erasmus Darwm. 0 irmao Jibertano do tronco da c\'01UlO50 das cspkiCSf Robert Mac Namara, S<'Cretano da dcfesa duranle a guerra do Vicln5). GIllick elabora instrumcntos de mvestigalOiio que deem mtehglbihdadc ao nossa lempo_ Asslm. cle procurn dlssoln>r a fronll'lra existenle entre os dlSPOSlh'o'OS narralivos da c os da interpretalOao hlst6nca e lenla eslabclccl'r novas conexOcS entre documentjno e fiClOiio. A inluilO50 da obra de arIe como mslrumcnlo de anahse dos l'nrooos Ihe pcmHle substitulr a SUCesso10 emplrica do histonador ("CIS 0 que acontc«!uj por narrallvas que oferecem cutras possibilidades de pensar 0 mundo "'tu",l, outros enredos c modos de "'lOaO. 0 real. para ser vcrd",dClramenfe vislo e pcnS.1do. dew se insenr em narrali\'as de a obr.1 de arle-que m· Icgra folios SOCialS na fiqao de urn UnJ\'CrSO formal rocrente -. segundo Gillick. deve por sua vcz gerilr usos pOlenciais dessc mundo. uma espCclC de logislicil mentill que favor('{'c a transformalOao. Adema.ls. t.:ll como as de Rlrknt liravanija.. asdc Uam Gillick supaem iI partklpa{ao do publico. milS scm ostcnlalOao: sua obra c composlil por me$ilS de negoclalOao. estranhas plataformas ilr di5(:us.qJo. cenas "auas. paJnBs de camzes. pranchctas. tclas. S
66 67
blema resolvido, 0 que sc
servam a amblgUldade entre 0 "acabado'" C0 "inacabado". Em sua CXposll\.lO Erasmus is laft: ill Berli" (1996), todos os lados das paredes da galena Shipper & Krome fcram rerobertos rom pinceladas visiwls de varias cores, mas a camada. de Imta se InterTompia OJ. mc.ia·altura. Nada e mOllS vlo!entamente estranho ao mundo mdustnal do que esse estado de nao-acabamentQ. do que essas mesas fabrll:adas 3.5 pressas ou esses trabalhos de pintuf.1 (Ibandon3dos anles do final. Um objeto manufuturado nao pode Bear inacab3do.. 0 tarater "incompleto" das obms de Gillick Jevanta uma questao para a memoria operaria; a partir de que mo. mento do dcscn\'olVimento do processo mdustri(ll a meC;lanula os 131timos de human(l? Qual 0 papel que desempenha a ;,ute modema nesse proresso? Os modos de prod - em massa anulam 0 objeto co.me cnredo para ronsolldar seu carater prCVisi\'et domln3\'CI, rotmeiro. t preclSO remtroduzir 0 lmp'-" I a Ln' ' certeza, 0 J08O" assun. de Liam Gilhck podem ser rcahzadas per outras pe:ssoas• na trad - fUnClona_ hstalIlaugurada par Moholy-Nagy t"sldt ..... '-"', U!Qlad H
Ill/a n room with Coca-Cola pni"'<'il walls (1998) drawing que deve scr pintado por va rios
c urn iI'lll/
de aoordo com regras prcclsas: trala-sc de tcntarchegar. plIlcelada ap6s pmcclada.. 3. cor do famoso rcfngerante segUlndo urn mesmo pois ele e produzldo ...m f5bricaslocais a partir do po fornccido pela Coca-Cola Company. Analoga· Gllhck pedlU mente. quando fOl curador de uma a dezes5C1S artistas inglcscs que Ihe enVlassem para que ele propno eXl,
os
NlCOfJ\S !lOUtH',.
.
Mum do Al/dlltlCO? Essa arqueologia d . ' 0 modernisl
espeoalmcnte vlslvc! numa sen d •. C C pC\as partIr de seu hvro L'Tle de In dlscussio1l Le
Cil
no fl.
Te
.<1.( as
,"
trazcm titulos que rcmetcm a fllll,oes dcntro d • as d . 1: -D' e Urn qua"ro cmpresana .
lS("ussion island rcslgn,ltion platform" conference sen.'c:n"; "dIalogue platform"" d .' If" ' rno eratlOn at arm - A fenomenologtil, cara aos artistas do minima_ hsmo, converte-se num m . onstruoso bchaviorislllo [mrocrntlOO; a teona da Gestalt tfansforma_sc em p,o"cd' bl .• 0 lmento pu ICll.
,I:
ao e renunaar discur
.
,
negOClaf, proJetar Imagens, falar, legislar, essas f ,dmglr, preparar alguma eoisa." Mas ormas, que projetam enr d . que 0 observador l.'labo e os poSslvels, implicam re outras formas para si mesmo. lI.1allriZIO Cottelutl
Sans litre (1993)' anfl'co b l IJ e rasgJda tres vez:S em f so re tela, 80 x 100 cm. A teonnJdeZ n •
Z de lorro
no cshlo de tu'
F
,Uma referencia JO ontana N simples, JO mesmo tempo m" , - CSsa obra muito lnlma!LslJed to, encontramos todas as fi I.' accsso imedia_ Ih guras que com ode Cattelan' 0 desvio CJ', 1 poem 0 traba_ TlCJ urJ de obras d • 0 passado CIO
69
rOS.''RODlIcAO
•
a fabula nlor.Jlista e, sobrt'tudo,
maneira insolente de
retotn
e urn gcsto simb6lico c trans-
gressor, CaUelan aprcsenta-nos (>Sse ato em SUil ilcep<;50 mais corrente, 0 lisa de uma arma como 0 gcsto de urn justlceiro de opcreta. P.1ril
0
0 gesta de Fontana, vertical, abria-se
espac;o infinito, para
0
otimismo modernistn que
imaginava urn alcm-tela, urn sublime ao alcance da mao. Sua relomada (em ziguezague) em Cattelan liln(a Fonlanil ilO ridlculo ao classifid-fo junto com umil serie de televisiio de Walt Disney (20rro) praticilmente contempor,inca a ell.'. 0 ziguezague lelan:
e 0 movimcnlo m.1is utihz.1do por Cat-
e urn movimento por essenci.1 comico, chapliniano,
que corresponde a um perJmbul.1r por entre as colsas. 0 artista·skatista faz fintils, scu porte vacI!ante dcspcrta 0 riso, milS ele circunda as formas que va/ rO(ando por dc· volve-Ias i'l sua condi(iio de ccn5rio e acessOrios. SmlS litre (1993) e certamente uma obm progrilm5tica, do ponto de vista da forma e do metodo: scm dlivida 0 zIguezague c scu smal distintivo. Se ronsiderarmos as vririas "rctomadas" que cle reallza, percebercmos que 0 metodo Cscmpre igual: a l.'Struturil formal parece famJliar, mas uma camada de significao;3es aparece de maneira quasc ins/diosJ, para subverter radical mente nossa percep{iio. As forma$ de Maurizio Ca!t('lnn nos mostram semprc elementos fami" lI,lres reproduzidos, numa voz il/ off. em ancclotas crucis
70
NICOcu .,."
" Em MOil ollele, de Jam ou 5.lrCastlcas. ..ues I.J.!I, Urn h observa uma lofoqueira dCjX'nando f orncm
.
lOlIta 0
urn rango En,da ;WC, e a pobrc m Ih . '10 e]{'
u Ctd5uffi I susto, uchando que 0 frango Olcabou d . pu 0 de
t
c ressu5Clta r urn cl.mo pareddo que ('maM da 01'" . d ulorlaasob C'-
Zarro em rima de urn Fontilna, quando ou .
d as vermelhas na (rente de uma obr
VlffiOS
a que eYOea
do as Onp .,.
Smith
au Kounelhs. quando pensamos nurn tumulo d 'On f' lante de urn on \(10 ao t'Shlo dos earl1mlOrJ..-s dos anos 1960 Q do msta!a . uan· urn !umento vivo numa galena nOva-lo Ulna sobumcmdelabrodecnst<1I(1993) . .rq A
, e uma rcfercnclJ. indl_
rdJ. .lOSdo:zecavalosque ]annis Kouncllis exnA.: I L'AttK"Oetn Roma.em 19 • nJ. ga ('na
.
69 Mas 0 tJlulo (WQrlllllg! Enter nI your Own rtSk. Do not foucll do, tfi"" . log phs A....... , w , 110 sl1tokmu 110 plloh. , no '""'3'> IJIllttI: ) ;;" d. ._ d ' you Im'erte radicalmente 0 sentido .. OUIa. espo,ando d t I -;I e sua hlstoncidade c de sua sim.
a V1 iI lSta e remet:endo ' no 5enhdo malS 'iI 010 SIStema d(' .....u ar do t('nno' I!Sp('lacu!obur'---o". 1 - 0 qu(' v('mos e urn """C ""'U a ta V1gll' • nos sao puramenle noh'..l ancla,. cuJos IiOlltes exter'.......IICOS 0 ammal ""sent-ado como be\eza ...-0 nao c
71
"" ..-K'"
elOS em sene 01,1 a tecnologia Scu reglstro foruti I1z
72
'1
rna da fabula. como veremos dcpois, mas tilmbCm a Uffia Jutenhca \'Ontadc de prejudkar
im, em 1993, CalleJan
rcahza uma
que ocupa todo 0 espa{O da galena MasSimo de C:lTlo, em M1150, C 56 podl,' set Vista pcla vitrinc. 0 arllsta acabJ. admllmdo: NEu tambcm queria bot'lr Massimo de Carlo para fora da galena durante urn mes." &pinto maldoso, 0 espinto do clemo mau a/lltlo que sc senta no fundo cia c1asse. Tem-se a impressao de que Catlel,m considern seu repert6no formal como um conjunto de 1l\'6ts de CIlSll e de figuras tmpostas, como uma especlC de programa csro1:l.r que 0 artisl
d:
a pncla e rugl.'"' A obra aprescntada era
I5SQgt,lranspus pura e slmplesmcn.
c,
te essa escada ImprtJV1sada, {etta de \en...... .."......" marra dos largada na fachada do castelo. Segundo 0 mesmo . '. pnnclplO,
"" .-.
73 ManifeslJ. II ern Lu);cmburgo, CaUeJan
1998 d ural' 'e 0 ' "" ' I vcira plantada num lmensa quadnlalero de CXl'5 e urna 0 I bs >rvador mais apressado podena pensar num
terra. Urn 0 c ke de Bcuys ou de Penone; ora, ao fim e ao cabo. esse rerna ..• d _tal nao tern nenhuma partlclp;l(;'aonoscnll 0 '0 ser articular-sc em torno da smtaxc ofensl\'a dao bra,a 0 .. desenvolvida pclo artista. culucar os limllcs ffS1COS e ideo· 16 icos dos individuos e das comunidades, lcstar as pasSIS " das tms "I' " bihdades e. sobretudo, a padencia felix Gonzalez·Torrcs ulilizaV3 urn repcrt6no fomlal hlstoridzado para revelar os embasamenlos IdcolOgICOS e para constituir um novo alfabcto de luta contra as normas sexuais. Jii Catlelan puxa as formas para oconflilo e para a comedi01: a provoca(;'ao de atntos com os operadoft.>sdosistema dol arte, com lrabalhos que envolvcm cada ...cz mais da coinromodos. cslorvos e entulhamento; a media que suslenla as rela(;'Oes de fOfl;'a nesse sistema, com o uso de grades narrnlivas que diio uma guinada burlcsca a hisl6ria da arte rccenle. Em suma, seu comporlilmcnto de artista consiste em oricnlar as (ormas pam a dehnquenda Pi"" Jr>sqJh: Utile Democracy
Nossas vidas transcorrcm sabre urn (undo cilmbiilnIe de Imagen$, enlre fluxes de mfonnil(;'Ocs que en\'oh-em a vld.1 cotidlana. Toncbdas de Imagens sao fonnatadas como produtos ou dCSlinadas a ...cnder outros obJelOS. lam volumes mad(;'OS de informa(;'Oes. 0 proJcto artisllCO
74 N'ICOi.As 8()
de l'lerr(: Joseph consisle em co I . l1RRv.uo l.. n Crlr scnrd lIIente: nao sc trala de urn.... I 0 il esse .. encslma pes' am_ ao de uma pratka produtiva, sernl'lhant ,llI critica, Csinl n _...... eadcqu urna u:ue. manta urn illncrario CI1l naVCft;, • OU sUrfa oa 0" IOtcrntlvas dos vldcogames EI. S Sll1lulat;o($ d . C Imta. em pri . as de surg1mento fu' melro lugar, e nClonarnento d . gens, partmdo do po$lulado d as Ulla_ e que ilgora cst dc uma imensa zona-imagem • . amos denlro • e nao millS dlanl d gens: a arte nao e um cs t _ I e as Irna_ pc .leu 0 a rnais e Slm
_
de apllqlll.'... Joseph d • urn Cxer_ . escnvoh'C uma reI - " . Instrumental COm as f .1\010 udlca e onnas que ell.' manip I ra ou adJpta a novos u a, rompa_ USO$ estabcleccndo dh-crsos p 50S de reallVa¢es. Ass" • • racesbase 1m, 0 mmunalismo Ihe serve COmo
CICIO
para Cache cache killer (1991) A
ta uma
_
. olrle abslrata SUSlenem forma de jogo d . fliscr Olll'at'mt d e PistolS (La Qil de Delaunay II dispomb!e, 1993), eolS obms aunZJo Nannuc .. nanos para nO\ a sao recldadas em ce'as cenas do fUme e PtTSlmnages il rlru:r E m que se movem seus r lOaS qu.... (he mteres: 1992, ele chega a "refuzer" pc_ OJtlCICa, Richard P m CIO Fontana. Jasper Johns Hello flnee Essa ' lura nao demOTiSt InstrumentallZJt;ao dOl. cuI• _ fa urna dcsenv It t;ao a Hlst6na,. mUlto 10 0 ura qualquer em relad pe COntrfiOO' el f e um comportamcnlo 1 a unda as condlt;Ocs . IVre numa d Ingldo POlS. em J...........h SOCledade de consumo - - I " • a rCOClag ", Imagcns COI1ShtUI a base d em .....s formas e das e uma mOlal . modos de h,,1bitar 0 mundo So, e preclso inventar em r . rer uma for po ItlCa. dltadura Uma democ:raoa rna chama_sc, _____ 'IRversamCTII _ e. COn-
75 "" ""ou
'"ogoclat;50. t 0 regime politiCO mills falanle, dlzJa finlta, i.l Hannah Arendt. Port
0
conjunto dos pcTSOllngms t!lUOS n n-.nllVor
pol cle conrebidos. Esses personagens, a pnmeiro dclcs surgido em 1991, se aprcsentam como figurantes \.....stJndo uma p.1n6pha, '"mstalados'" na galeria au no muS("u como se fossem uma obra qualquer, na noile dOl aberlurOl; a seguir, des serno substituidos par fotogmfias, simples mdicador que permite que seu futuro propnet.irio "'rc.ltivc· i:I a vonlade. Esses personagens pro\"cm do imllgmano da mltologia, dos videogames, das hlstanaS em quadrinhos,. do cmema ou d:l pubhddade: 0 Super-Homem, a Mulher-Gato, os LadrOes de cores da Kodak, um Jogador de paill/ball, Gasparzinho, a repJici:lnte de Bladr RUIlIIU. As vczcs. um levc toque macabro mtroduz uma defasagem 0 surfistil cst.i morlo, um personagem aC'ldentado cst.i rom :I ci:lbct;i:I enfi:llxadOl, 0 chao i:lOS pes do Super-Homem esta chelo de bltuci:l$ e de gamfns de cer...eja, 0 C.lUbOl eslS de barco na terra_. Alguns sao .lpresenlados em seu verdadelro po:ano de fundo: 0 azul que serve para as incrusta¢es do video, manifeslando.lo mesmo li:!mpo sua Irreahdilde e scu potencial de deslocamcnto sobre dlWrs05 fundO$, P3fa infinitos enrcdos. Outros se apresentam romo os de urn iogode lconogriifiros, clTCulando pelo museu ou pelo espo:a(O de uma colctiva, ceTC3dos de outros obra$; scguindo Duchamp. que prelendla urn Rembr3ndt
76 l\'ICOLAsIIQ
<'Omo lima liibua de passar roup. J a, OSCph pi
""""un
sonagms num museu de us C'Cnario. Seu trabalho bUSC'
rca\i\'at;ao da fig ula Cduplc' 1m.....
P OCesSQ de
. •..·se Igualment d Wlf as obms junlo as qU
e Urn
Esse sistema tambem
ro'Clo .. do ronvi\'lo intehgente entre os p. pohtico: ('Ie fula
b
(und do convivio intcligcnte SUJCIIOS Cos
.........." c as VU'lil5 expost
•
l;ao dos icones. que carilctcn': a sua
A rcahva_
d'a->nn'
essa galena de personagens 1\"'1$ em que consiste a little uma forma """'__ I fOCTQcy, representa -'-"';;'1\...1.1 mente demOCTiir. IC.1, sem dem.1gogiil t.. ilS. PIerre Joseph " h.1mtar olS nalTat nos convlda a was .1ntenores a . santemente olS formas nos, a rcfabrie.lr inccsd.l arte e mtroduzlr que nos COnvi'm. Aqu"I, a fimalidildc o togo nos s t evitar que eta se petn6qu IS de represcnlilt;aO, alienante ao qual ad 1.', descolar as formas do fundo l'Tem quando 5.50 C'OIsas adqUJrldas. Urna let COnslderadas como . turn supcrAcial pod ena sugerir que Joseph c . dos personagens ufim arhSfa do meal, do cntTetenlmento popular. 0 ra, as gur.lS d os pefsonilgens dos hos OS COntos de fadas ·fica nn e os h 6i ' tI que povoom es5,1 ..d--..... . .. er S de fictao den_ A_ ...... racla n30 glr .... reahdade;- pelo COnlrano COnvldam a fu-
q,,,, "
, essas
Imagrlls quI' faum
"""""'"
n
"". . (Ill do real nos lcvam, poT ncochc!c, a f.lzcr iI 11 npmll/ rU1g " gem de nossa rcahdadc, mas a parhr da fiC'{.1o apren d IZii " POSltl\'O comp[cxo que regc os pcrsonngcns VIVOS, No dIS ... " , C,pido ou a fada funClonilm como lmilgens Gaspa -",-ho lIl(n"t,das no sistema da diVisao do lrabalho: esscs seres ImOiginJTlos, cxplica joseph, obedcccm a "um programa definido, comandado e imutavel', C seu cstatuto funclonal
c
n.30 dlferente do de urn opecirio que trilbalha nurna lmha de montag-em na Renault nem do de urn garr;om que pega o pedido, scn"C 0 pmlo e traz a conta Esses personagcns sao extrema mente tiplficados, sao retratos-robOs, Irongens pcrfcitamenle assoclildilS a urn personagem-modelo• a uma funtao detcrmmada. 0 verdadeiro fundo mllologico de onde brotilm ca Ideologia dil divisao do tr.lbOilho e da padronizar;ao dos produtos. a ordem do Imagimino, rodifi· cada segundo 0 regime da produtao, afeta por Igual os encanildores c os supcr-herois. J\ fada Ilumrna COlsaS com SU.1 vannhil magle.1, 0 mccSnico de earroccri.1 aJusta c/ementos em hnha: 0 trabalho eIgual por toda pilrtc. e Cesse mundo de opcrar;Ocs imut.iwis e de possi\'cis em elr· cuito fe
7$
NICOlAS IlOURRlAliD
ponenlCS de noSSO mundo visunP Por que Plerre Huyghe refilmJ. Hitchcock ou Pasohlll? Por que Philippe Parrcno
o USO DO MUNDO
reronstJtUl urn,) lmha de montagem destmada '10 Inzer? 0
arllslJ. dt.."'\"C remantac ao maximo possivel dentro do maquma-rio ro1cIt\'O para produ:m urn altl'rna_ 11\'0, Isio e, para (cJnlroduziro multlplo (' 0 passlvel denlro do cirnnto fechado do SOClal Pierre Joseph.. COm 0 auxiho de dlSpOSltt\'05 CJp;u:es de '"ahnglc C.lfetar seu local de cx•. prop6e-nos ooJetos de expeflcnClil, produtos ali\'OS, obras que sugerem 00...0$ mOOos de ilpreensao do real e I\O\'OS hpos de 1n\15hmenlo do mundo da aTtc. A nOs cabe habltar a uJlIt Dtmocmcy.
Todos os rontcidos 530 bons. ronlanlo que ndO
sqam
e que digam respellO 010 uso do hvro. mulbpbquem sell usa e fonnem uma lingua dentro de sua lingua. Gilles Deleuze
Playing tilt world: reprogramar as formas sociais A exposi,iio p nao c mais 0 resultado de urn processo, seu "happy end" (parreno) e urn local de produt;ao Nela, 0 artista coloc.1 ferramentas adisposit;ao do publico, lal como, nos anos 1960, as mamfeslat;Oes de arte ronceitual orgamzadas por Seth Slcgelaub prelendlam slmplcsmente colocar informat;Ocs a dlsposlt;aO do visit.lnte Sempre rccu5:lndo as fonnas acad&mlcas da exposit;ao, os arhstas dos anos 1990 vlam 0 local da mostra como um cspat;O de convfvlo, um palco aberto a meio camlnho entre cen.:irio, esh'idlO de cinemil e s.lla de documentat;<1o.
so
NICOlAS IIOUAAlAun
Em 1989, OommKJu(' Gonzalez-r'OCJ'Ster, Bernard Jois-
ten" Plerre Joseph (' Phlhppe Pam.>llO, em Ozone. propuseram uma CXpo51('"dO em (anna de "cslralos de m(orma,do· sobre.l CC'OIoglol politIC;]. 0 \'lsdanlc dNia p<'rrorrcro cspa\0 de m3T1Ctrll que de mesmo fi.:l"SSe sua monlagcm VISUal. AssIIl\ Qzoneaprt"'St'ntava-sc como urn esparo Ollcgi!lIico code 0 Vlsltantc ideal sen.1 urn 310r - urn ator di'l mforma_ ,30. No ana segum1c. em Nil:". a exposu;.io Lcs Alchers du P:aradlS(' foi rt"ahzada como urn "filmc em tempo rcal"; durante todo 0 pro)cto, Plel1'C Joseph, Philippe Pam:mo c PhilIppe I\?mn ficam Morando na gal{'ria AIr de Paris, moblil3da rom obms de arte (de Angela Bulloch a Helmut Newton), engenhocas absurdas (urn trampolirn de ginas· tJca. uma caw de Coca que sc mcxe 30 ntmo dos CDs) e UII\.J se1e?o de videos, em que 05 Ires artist3$ SC movcm segundo 05 hor.inos programados (aulas de mgles. vl5im de urn pstOOlogo). Na nolle da
81 aberta. no final de um pier' Fumar um Clgarro, como sugere 0 dispenser fixado numa de suas p.uroes' a VlSllanteobservador deve inventar e ca\'OUcar seu pnSpno repcrt6rio de compoctamenlos. A rcahdade SOClal fomere a Pardo urn conJunto de eslruturas uillilanas, que ele reprogl'3ma em funt;.io de urn saber :Irlistlco (a e de uma mem6riil das forrnils (a pintura modemlsta) De Andrea Z,ttel a Philippe P.1treno. de C. A critica SOCial que faziam os artistas dil arte conCCllua!. portanto, p<1SSilVil pclo fillro de uma cnbca da lRShtult;ao: para mostrar 0 funclOnamento do ronJunto da SOCle
S3
em que sc descnrolavam SU
rcntemente em galen;;!s, c1ubes e quaisqucr outras cstrutura5 de difus3o, dcsde a camlscta atc os diSCOS que ronstam do c;lla!ogo de seu r6tulo Elektro MUSIC Dept. Ele lambem faz um VIdeo sobre urn produto mUlto espcclfico, sua propna galena em Bcrlim (Nell, 1999), Dcssa forma, niio se Irat;) de opor a galeria de arte (local da ·arle sepamdo", portanlo, mau) a urn cspa\O pubhco ideallZl-se como umo mes.1 de montagem altCTn>ltiva que perturb,], reorganiz.a ou msere as formas socialS em enredos OriginalS. 0 artlsta dcsprogmma para
.
reptog,amar, sugcnndo que eXlslcm oulros usos po5Sl\'CIS dolS t&mcas c fm'3,mentas a nossa dlsposi{ao. GillIan Weanng Pierre HU)1;he l'Cahzam urn video a partir de sistl'm;l.s de cameros de V1gl1iinclil Christine Hili cn3 uma asenciil de \'Iagcns em Nov.l York que funciona romo outrJ ag.}n(lil qualquer MIChilci Elmgrecn & Ing,n Dr.1g5ct monlam uma galena de dent rode urn mu.scu durante a 2000, na Eslo..-ema. Alexander G)'Orfi utlhuas fomus do estlidlOOlJ do palco. Carslen Holler re-
c:orre as expl'n.moas de laborat6no. a ponto claro em co-
mum entre lodes esses artislas,. e mUitos oulros entre os millS CTIJII\'OS da atualidade, consiste nessa capacidade de utlhur as form.1S sociais existentcs.
Tochs as estruturas cultur.l.Is ou sockns. porlanto, rcpresenum apenas roup.1S que dewm ser \'CSlidas, objCIOS que de\"elTl set lestados e expenmentados, como fez Ahx Lambert em Wtddlng Plea, obm que documenta seus cinco Qs,unent05 seguldos no mesmo dia.. Malthllro Laurette us:l como suporte de seu trnbalho os pequenos c1asslficados de pmal, os game shows, as ofertas de marketing. No.Rawanch;ukul trnbalha sobre a rede dos taxIS como outros dcsenham em rapel Fabricc Hybcrl,,)o montar sua empres.:J UR. dedara que quer "fazer urn usa artistico da economla- joseph Gngelyexp6eas mensagense os pedade P3pel rabtscados que usa para se comUnlco.r com os outros devtdo asua surdez: ele rtprogramn umo. deficlencla fislCa como urn processo de produl;iio. Mostrando em SU(lS a reJlldadc concrela de sua oomunJc
\'tn
,," """'""'"
da intcrsubjchvldadc e dfi forma a seu um\-erso "OuvlmOS a voz" dos que 0 {"Cream; quanto ao (Irl!sta, poe ll:'gcndas n<:ls oonversas. Etc rcorganiz.a palavras humanas, fr.,gmcntos de discursos, tral;os l,.'SCntos das convcrS
a
PhilIppe ParrellO 6' A origmJlidadc do grupo General Idea, dcsde 0 infdo
dos i'lnos 1970, consistc em trJbalhar em fun\,lo di'l formatJl;aO socii'll: a emprcsa, a tcleVisao, JS rC!vistas, a publicldaDlz Philippe PJrrcno: de. a A meu vcr, des fOfilm os pl'imell"OS a pensar a l"XJlOSlo;:ao, n.1o mats em tcnnos de fonnas au obJct05. e Slm como (onnMo. Formatos de repTCSC'ntayio, de JeHur..
do mundo. A pcrgunt.. que sc roloc.. em ml'U Irab.11no podl'ria scr a scgumle: quais 53.0 as ferr.lmcn!3S que
pcrmill'm compreendcr 0 mundo'
S6
NKX>LAs 1lOUJuu.wn
o trabJ.lho de Parrcno parle do principia de quc a rCa_ hdadc eestruturada como uma hn(>uagcm c de qu caar_ Q,
Ie permit\," artu:ular cssa linguagem Ell," t.lrnbem m
OS!ra
que toda (ntiro social csta fadada ao fracasso c.."..... 0 ar' .. hst,] sc rontente em sobrcpor Sua lingua iii lingua (
o.
N;i:o sc denuncl" nada de fora; primciro e priXiso aSSUmIT, ou pelo menos cn\'crgar, a forma daquilo que se quer crillear A muta¢o podc seT sub\'crsiva, mUlto mais do que celtos dlSCUfSOS de
fronm! que apcnas cnccnam
gestos de t: exatamentc esse dcsafio .'is ahrudes cnlll:as eslabelecldas na arte conlemporiinca que leva Parrcno a adolar uma postura oomparaveI it psicanalise 13caniana. to mconSClcntc, dlZI", Ji'lcqucs Lacan, que Interpreta os smtomas e 0 fOlIo mUlto melhor do que 0 anaUsta
louIs Althusser de seu ponto de VlSt.1 maoosta, dlzla .11gopareoda. a \madeira cn1ica e uma crihca do real lentc pclo propno real cXIstente Intcrpretar 0 mundo nao que tenta basta, e prcciso transforma_lo. cssa PhiliPPe Parreno a parbr do campo das imagens. conslderando que elas desempenharn n.l reahdade 0 mcsmo pa_ pel os sinlomas desempenham no mconSCIente de urn tndlVlduo. A pe.....·nta ........1 • • a por uma anahse freudlana e a segUlnte: como se organlZi1 0 desfilc des aconteclmentos numa Vida' Qual e a ordem em que SoC repetem' Parreno tnterroga 0 real de manciTOl SCTnclhanle atTa\..t.. d trabalho de I.............. . ..." e urn _ _ das fonnas SOCialS e da exploraqUl.' unem OS mdrviduos OS "00 SISlemahca dos pes l.' as Imagens. • gru-
87 Nilo por aCilSO cle incorporou a dlmensao da ra,,3.o como urn dos dxos pnncipals de sculrohalho; 0 Inconsciente, segundo Ucan. n50 C IndIVidual nem co!elivo, ('Ie eXlste apenas no entre-dols, no encontra, que 0 comede todas as narrativas. Constr6i-se urn sujelto "'Parreno (&. Joseph, &. Caudan, &. GIllick. &. Holler, &. Huyghe. poralembrar algumas dessas 30 longo de exposu;oes que multas vezes se aprescnl3m como modclos relacionais em que sc negodam cc-prescm;as enlre diferenles protagonistas por melo da constru(iio de urn enredo. de umi1 ni1rrahva Assim, no traoolho de Philippe Pi1rreno, gCr.'llmente eo coment6rio que produz {ormas, e n3.o 0 inverso: desmonta-se urn enn..>do pam rcconslrUlr novos cnrcdos, pois i1 mlerprela,,3.o do mundo urn sintomi1 entre oulros Em scu video Ou (1997), urna cena aparenlemente banal (uma mO'Oi1 tirnndo sua camiseti1 W31t Disney) YOU em busca das rondl,,6es de seu surgimento. Assim dcsfilom ni1 telil, num tongo rewind, os !ivros, filmes e discuss6cs que result"ram na produ"ao de uma Imagem que dura i1pcnas trinti1 segundos. Aqui - como no processo psicanalfliro ou nas discussOes infindaveis do - (i 0 comentano que produz narntivas. 0 artlsli1 n50 de\'(' tr.:msfenr il ningucm o cuidado de lcgendi1r suas Imogens, pois as legendas ttlmbern sao lmagens, e assim ao Infinito. Uma das pnmciras obras de Parrcno, No Mort' Rrallty (1991), 15 coIocava cssa probltmlatKa, ao hgar i1 de enredo e a n0'>50 de m3nlfesta{5o. Ern uma sequencia lrreal que mostTilV.l uma mamfcsla,,50 composta de cnan{as
e
c
•
8S
N1cou.s 8OuR.ltLwn
rom bandeirolas e cartazes, repclmdo 0 s/1'K>n "N'0 m _,')•.11 re reality· '·chcga de rcahdadc·). A queshio e . o· ra COm qual palavra de ordem. com quallegcnda dc:sfilam h' . • ole as una_ gens' A mam(cstac;ao tern como finalidadc Plod . . UZIr urna Imagem colcliva que C'enlinos poHticos P ( ara 0 uluroo A insl
a cada urn CSoCre\'el S!;?us propnos slogallS C se dentro do ",f grupo e, portanto, dentro dOl imagem que sera sua Aqui. Phihppc Parreno opera no inque sep;1ra Imagem c legenda, trabalho e produto, produc;ao e oonsumo. Seus trabalhos, rcportagcns sobre a hberdadc individual. Icndem a :lbolir 0 espac;o que scpara a produC;.Jo dos obJetos e os seres humanos, 0 trabalho e 0 laze.r Wtrktl.schell'Ctabll 0995), Parreno desloca a (orma dol linha de montagem para os hobblcs praticoldos aos
com 0 proJt"to '0 ghost, Just a shell (2000), inlCl
c:olocar (ormas SOCl'US (0 IUJbby, 0 nO{loario dOl tele\'is.io ), Irna8'!ns (uma lembran{Cus proccssos de fabnca(Olo, Pamno expOc 0 inconsciente da produc;ao humana e 0 e!CVOl arondll;,5o de urn milterial de
... ....... COmo urn
ronjunto de "lOstrumentos de mam{estac;ao que pcrmilem
jon
89
no"'..,....., ""264.
Hacking, emprego c tempo livre
As prnllcas de g;,>ram obras que qucstlon.:lm 0 uso das (ormas do trabalho. a que se torna 0 emprego, quando.:ls atlvldades prolissionals sao reproduzidas pclos arlislas? Wang Du dl"(Jara: "Eu tambCm quem scr urna midia Quero sero Jornahsla depois do Ele realiza esculluras a partir de Imagens difundidas pdos melOS de comunlC'ol{ao, reenquadrando-ils ou reproduzindo-as fielmenlc na escollil e nos enquoldramentos originais. SUil Instalil{aO Strntfglc (II chambrc (1999) Cuma Imagem de dimensOes enonncs que obnga 0 vlSltlnte a atI1Jv'essar varias toneladas de JOrnalS pubhcados durante 0 c:onnilo de Kosovo, milS5a Informc encim3dol pelas efigics csculpldas de Bill Chnton e Bons YelISIn, por algumas outrns figuras em fotos da lmprensa da epoc<1 e urn enxame de aviOes de pape! A fOr{a do Irab3lho de Wang Du denVOI de sua capacidilde de dar [aslro as Imagens mais csquivas: de qU3ntilica aquila que quer fugir a matcnalidade, recupera a volume e 0 peso dos aconlCClmenlos, colore 3 mao as inforrna¢es geral$. Wang Du Ca wilda da informa(.lo em leilao e por peso. Com sua Io,a de imagcns esculpJdas,
90
91
ele 1O\"Cnla urn Olrtcsanato da romunica,.io que rep od r
lrabalho das agcnaa5 de Irnprcnsa. lembrando- nos de
r L.'<-b os lalos lamU\:m sao 0 Jctos que dcvt>mos rode'lr.
Pode-se dl'l'inir •
0
UZQ
q"
metoda de trabalho de Wan D sid. Su
com a cxpressao corpomlC Ia O'tumg, que n50 ccxalamcntc uma espiofUlgrm tmprf'SllrlaJ' Ccopiar. duphcar as cstruturas
profissionalS. mas lambCm esplona·las, St'glll.las. Damel Ptlumm. quando trabalha a partir des logos de grandes marcas rome AT&T, tambem excrre 0 mesmo off. 00 de urn l?SCnt6no de comUnlC;3t;ao. E1e '"'aliena c desfi-
gura'" essas slglas. '"hbcranclo suas formas" em mmes de c:ujas tnlhas sonoras elc mz. Seu trabalho ;;lpro.
Xlma·se tilmbCm ao de urn escritorio de design. quando expOe, em calX<1S lummosas abstratas que cvoeam a hlst6na do modermsmo p1ctOrico, as foT1ll.lS Olmda identl6ciwis de uma marra de Sgua nuneral au de produtos alimcntares. Pflumm exphca; "'Tudo na pubhadade, desde 0 plane/amento ate a passando por todos os intermcdlanos unagmiivets, Cuma concili:;lt6na e urn conJunlo .1bsolutamente Lncompreensi"vel de etapas de Sem esquecer 0 que ele chama de"o verdadeiro mlll"'; 0 cllente. que loma.ll PUbllCldade uma ahvKiade subor
arte, do design e do marketing pubhcltoino_ Sua IllSCrevc-se no mundo do trabalho, dupheando seu sistema. mas scm sc subordlllilr a scus resultados nem dcpcnder de seus mctodos. 0 art Isla como fundonano·fantasma._ Swetlana Heger & Plamen Delanov tinham resolvido dc
92 NICOlAS 1lQ1JRRiAl1l)
romo
0
proprio trabalho pode ser fcmixad
" .
a Imagem oficml das rnarcas Qutra,
93
b
o,SOrCP0d
n0
• "oens, SUs .. porcm ap.uenlemcntc livles de quafqucr " pertas, •
•
mperativQ Co
mcroaL Em ambos os casos, 0 mundo do tr"b Ih "a 0, ellJ" fi19urdS sao roorgaOlzadas por Beg" & D . as cJanoy cab' de uma ' Jeta
Mas as rela\Ocs que Heger & DeJ'anayest b'l BM\
I
a
C
('«('mm
coma I' '\ ndotama[ormadeumcontrato do I" • , .. umn a lanc;a A pratlca de Daniel Pflumm, tot3lmentc selval". . . • oem, sllua-sc a dos circuilos profisslonais, fora de qualquer relac;ao entre cIJentc e fornecedor 0 trabalho d po
b,
. cuummso_
I
Em 1979, Rank Xerox im:lgina transpor 0 uni\"Crso do escrit6rio para a interface grafica do computador, 0 que ge. ra os "iconcs", a "lixeira", os "documentos" e a "area de tra· balho"; dnco anos dcpois, Steve Jobs, fund:ldor da Apple, re-toma esse sistema de no Macintosh. A partir dar, 0 tratamento do texto serS regido pelo protorolo formal do setor terciano, e 0 imaginario do PC sera moldado e colonizado pelo mundo do trabalho. HOje,:l gcneraliza(.'io do home studio leva a economia artlstica a urn movllnento Inverso: 0 mundo profissional ingressa no mundo domcstico, pois a dlvisiio entre J:lzer e tmb:llho constilui urn obs· taculo a figur:l do emprcgado exigid:l pel:l cmpCl'Sa,. :l de alguem flcxlvcl c accsslvcl il qualquer momento. 1994: Rirkrit Tiravanija organiz:l urn "'espa(o de descanso" - com poltronas, uma mesa de pcbolim, um
N1CO/J.S 1lOull.Ru.uo
em outras p3.lavrns, prcencher uma eli..., . r · "'las qUi'lnd aOOt C$ttJ lrabalhando, c quando eshi de ff" 0 0 1:f1,)S Se CSI empn.-gado como ator em 0 Qmigo nt1lcnCatlo t . aVa de tr.Jbalhar quando, 21 anos depols (az u ' efa parada , m engale Cntf du.lS cmas do filme de- \-Vim \Venders? S • C
_ Cf;1 que, afinal chpsc nOlO urn,) tmagem do lazer como me . ' il b.:i ? fa ncgatl\'O do
tra
Iho Quando
0
tempo livre signifie, 'Ie
mpo va.z.io'" au tempo do consumo organizado nao sc"":' . , .u uma simples passagem entre duas sequcnclas, urn v;uio'
Posters
om) conSlStc numa sene de (Olos colo 'd
n " que mostram urn mdlViduQ tlmn.-"ndo um bu-, d ,,.. co na c.dc;a a e plantas numa prac;a public,). Mas exlStc.ho]e urn [calmente pubhco? Esses atos isolados fr.igCIS, dlzcm respello a de responsabJlidadc: se um bur.!co na calc;ada, por que h5. de ser urn fundontirio da a tampa-lo, c nao voce ou eu? Pretendcmo partdhar urn esparo s d ' comum, mas na realidade ell.' c gen a por pnvada.s: estolmos cxcluidos desse cnredosomas V1umas dcssa legend ' des.fila sob agem menllrosa, que as Irnagens da COmumdolde politic,] As Irnagens de Daniel Pilumm d m1croutop!a semelhanle na e urn,] narn afetadas pclas • qual a aferta e a demanda 5('deo tempo IN,. lndWlduais, urn rnundo onotrabalho e onde 0 mbalho SC JUnta L __ • VlCe·\'eI'sa. Urn mundo ao nuoang mfarmatlCO. $abe que certos hadns entrarn nos discos . . mas os StStemas de C!1TI .........,.., ngidos e deC'Cxhficam ... -... au mstmul;Oes de sub-l.'Cf'S30 , .,.1,., vezes tambem na par uma \'Ontade rem remunerados aperf......... esperanc;a de sc_.,_r SCU$ slStCfnil$ de defcsa
""fa
9S prllTieiro demonstram sua de provocar danos, e depois oferecem seus SCfV1(OS pilra 0 orgamsmo que aCabou de ser atacado, 0 tratamento que POumm mfhge il lmagem publica das multmaaonalS dcnv
96
/'..'1CCl1J\S
!lOUItJuAuu
Pflumm n.1Q sc content.. rom OJ Idem de piratana: cle ronstrol monlagl'ns de grande riqucza fonnal. Suas obras • de urn 5utH ronstrutivismo, s.io trab.llhadas 11;1 busca de uma tcns.io entre a fonte ironogrMica (' a forma abstra_ ta. A romplexidi!dc de suas refc.rencias (abstrac;Ocs histori. cas, pop art, Iconogr3fia dos panflctos,. videochpcs, Cullura cmpresanal) seguc ao lildo de urn grande dominic 1("Coieo: it quahdadc d(' $Cus filmes esl5. mollS pr6xim
o moe. tal como e prahcado por csscs artlstas, e uma atttude,. uma postura moral, mais do que uma A do trabalho permite que 0 artista escape a postura IOterprctatlva. Em vez de sc dedlcar a comcntoirios aihcos, I?XpCnmentar E 1550 tambem que Gilles Deleuzc pedlil. a pslCiln.1h.se- paron de IOterprctar os Slntomas e tentar arranJOS que nos con\'C1\ham.
aida HABITAR A CULTURA GLOBAL ESTETICA DEPOIS DO MPJ)
,
A obra de arte como superffcie de estocagem de I
A arte dos anos 1960. do pop.i arte minimalista c conI
,
ceitual, correspondc 010 apogcu da dupla formada pela produ,ao industnal e peto consumo de rni'lssa. Os materials utilizados na escultura minimalista (alumfnlo anodizado, chapa galvanizada, plexiglas. ncon) remelcm .i I('(nologl3 industrial e, malS particularmcnrc, a arqUilctura das f5bricas e dos depOsItos gigantes. A iconografia do pop, por sua ve:z. remete a cra do consumo, ao surgtmCnlo do supcrmC'rcado e das novas formas de marketing associoJdas a de: a frontalidade visual, a scrio1lizatiio, a i1bundiincia A contratual e admmistriltiva da artc COnceltual, de sua parte. marca os inklos do domInic da cconomia tcroaria E Importante notar que a .ule conreltual C contemporiinC'a ao avan{O dccisivo das pesqUISJ.S em m-
9S
NICOlAs IJOlJRkJAlJI)
formalicJ no comlXO dos nllOS 1970: 5e 0 cornpu"d em 1975, C 0 Apple II em 1977, 0 primciro microp rocessa_ dordatadc 1971. Neste rncsmonno, Stanley BroulVn expOe arqUivos de metal contcndo as fkhas que documentam c
I I
re<:onstltucm seus ltincninos (40 steps a"d 1000 sterle) A rt &. Language produzcm Index 01, urn conjunto de {jcharios que se apresentam na forma de urn;] CSCultuTa minimalls_ tao On Kawara. com seu Sistema de registro em arqul\'OS (seus encontros. suas "iagens. SUilS Iciluras) ja defimdo. reahz.a em 1971 Ont' ,mIlIO" years, dez ficharios que mantern uma contabiltdJde que vai mUlto alem das normas hu. manas, apro:llamando-se assim das descomuoais exJgK!as aos compuladores.
Essas obras mtroduzem na pcinca artistica a esIOC;lgem de dldos, a andet dOl classificar;ao em fich
,. ne:'
ratiOn,. e de:scn\'oh.oe a pnmelfil estfillegia ddiberodamente mU!hnaoonal. adaptada aC1Vlhza(.1o global que se aproxifUgldl3, seu aparato produth,'o e hterolmente como uma obra concelwal-.J' ' . ,. - . ,.." aparencla lSIca nao Importa mUllo, e que pede se matcri3lizar em qualquer lugar Vma obra de Lawrence pod que e ser
p()S
99
I'f:OOuQ.O
. d u nao c porqualquer urn, 050 reproduz 0 modo reahza aO ' ,. • ·0 de urna garrafa de Coca-Cola? A umca COlSil de prod U(;';1 rta c a f6rmula, e n.io 0 local oode ela se matenaque 1m po ' hza nem a ldentidadc do executante. Quanta 3 figura do saber anunciada pc/a 161-.,1, ela sc ('ncarn.._n, Black Box (1963-1965) de Tony Smith. urn bloco opaco destinado a tratar urn real SOCial transformado em bits, passando entre IIlplilS C OlltPlits. Em seu manual de .1prescntal\:ao. cspeelfica-sc que a IBM 3750, 0 Big Brother de silicio, permite que a empresa centralize, "'para os csl.1bclCClmentos numa mesilla rCgJao, todas as informa(Ocs Indicando quem cntrou ou salU, em qU.11 C'drffdo da emprcsa, por qual porta c a que horas ..
I
o autor,
entidade juridic.a
Um sJlat'l!ware nao tcm <:tutor, e sim nome propno, As pr5ticas mUSlc<:tIS derivildas do 5.1mpk·amcnto tambem contnbuir<:tm para deslrulr a figurn do aulor lut protlrQ, atem de promo\oer sua teOnea (a ·morlc do aulor"'. dlsSC("ada por Roland Barlhes e },.·lrchel Foucault) Dlz Douglas Gordon: Sou mUllo cehco quanta.1 no;;io d .. ilutoc;. c 6co (011' ll"nlc l"m cstar em segundo plano nurn pro;cto como 24 Hour PsychD Hltchrock e 3 ligura doffilrlJ.nte D.1 m3mOl fonn.:l, em fi'Qlurt Film. dMdo a rcspons;\bihdade com 0 l'l..bt'nt... d.... orqul'Slra Jilmes Conlon c rom
100 NICOlAs flO
o MUska Bernard Hcrrmann
I IA ..
•
URJu.\Ul;l
propnando.
tl\.'Chos de filmes c music;). pod • nos de cnamOS diZ\'r de fato, cnamos ready-mades tempo_ . que, ObjCIOS rolidianos, e sim de de nossa cullum.
nil d ab",,,,,,..,ISq a partIr f 0 , azcm po, tiC
Ie
10'
pOs_!'ROlJuc:A0
toS de consumo organrza-sc em figuras de estilo, e os asplrad orcs de Jeff Koons distingucm-se ao primclro olhar das pratelciras de Haim Steinbach, tal como duas rojas que vendem os mesmos produtos se distingucm por seus modos cspedficos de disposi,iio dos artigos.
o universo da Muska banalizou a explos:; d
.. 0 0 protocolo da assinatura do autor, sobretudo com as white labels
Entre os artistas que queslionaram dirctamcnte a no,50 de assinalura, estao Mike Bidlo, Elaine Sturiev.lllt e
esscs maxis de 4S roltll\Oes tfpicos da Cullura OJ, COm gem limitada c em envelope an6nimo cScilp'ndo .
Sherrie Levine, todos com trob.l1hos que se baseiam na
ao controle da industria. 0 musico-programador, ao mu-
volvidos com cstrah!gias multo divcrs.lS. Bidlo, ao expor a
dar de nome a cada projeto, rcalizil
cOpia idcntica de urn quadro de Warhol, d5 0 titulo Not DIIc/lamp (Bicycle Wheel, 1913). Quando Sturtevant expoe a copia de uma tela de Warhol, da mantcm 0 titulo origmal:
,
0
" , aSSlm,
ideal do intclectual
co!etivo, e a maiaria dos DIs passui varios names de
ilU-
tor. Mais do que uma pessoa fiska, urn nome agora dcsig-
na urn modo de aparecimento au de prodw;ao, umn hnha, uma ficc;ao. £ a mesma 16gica das rnultinadonais que aprcIinhas de produtos como se fossem de crnpresas autonorn.)S- confonn...o a na 'ureza d . . e seus prOJctos, urn mus;co como Rom Size va; se c-hamar Br.'akbeat Era ou Repraze71t, assim como a Coca-Cola ou a VIvendi Universal possuem urna duzia de '" rca.s d If erentes, e 0 publiCO ' nem dcsconfia que Il!m a mcsma origem. A ane dos anos 1980 Cfltlcava as nOl;oes de autor ou de assinalura, mas scm as abol' S Ir. e comprar {' uma arte a aSSLnalura do artista-corretor q", ' , sc enCarregil das ven, das mantem todo 0 seu valor; indus;\' .< - . '(! <: a garanlla de uma IUtr.lllva e bcm-fclta A ap , rCS('nta"ao dos produ-
rcprodu,.lo de obras do passado, apesar de serem
Dllc1lamp, coi" de elias/eM, 7967. J5 Levine suprime 0 titulo para mencionar urna ddasagcm temporal: Ulllilled (Afler Marcel Dllelsamp). Para esses Ires artistas, n30 S<' trala de usar essas obras, mas de expo-las novarnenle, disp6-las segundo princfpios pessoais, cada qual criando uma nova idcia para os objetos reproduzidos, segundo 0 prindpio duchampiano do ready-lIlllde redproc() Mike Bidlo monta um museu ideal, Elaine Sturtevant c1i1boril uma nilrraliva reproduzindo obras que apresentam momentos de ruplura na His!6na, ao passo que 0 Irabalho de copiSlJ de Sherrie Levine, inspirJda nos IrJbalhos de Roland Darlhcs.. iltlrma que a cultura c um palimpseslo infimto. Ao considerJr cada Iivro "feilo de CSC"rilas mlilliplas... saidas de varias cultuM
M
102 ras c enlrclrodas no diiilogo. na par6dlOl no , COntCSlall.'io·' B.lrlhes confe!"C ao l'SC'nlor urn csl'atulo de ,. • • fa ('lnSln, de oper-.ldor Intertextual- 0 lugar t'inieo par<1 and e COm'crge essa multlpliCldade de fontcs C0 cerebre do ]('ilo. • r pos-pro dutar. No do serulo xx,. Pilul Vale')' . que era possiw] escrever "urn,] hlSlona do cspfrito cnquilnto produz eu consomc a litt'ratura SCm que o. p'o . -- • nunCle o nome de urn umeo escrilor'" Vista que as 1'r'W><:cn... 5 C'SCTcvcm lendo. (' produzem obms de arte enquanto obser"a_ dorJs, 0 receptor toma-se a figur..l central da cultura _ em detrimento do culto.:lo autor.
Desde os anos 1960, 3. de ·obm aberta" (Urn. berto opi>e-se 010 esquema dasslco de comumca,ao :ue supoe urn emlssar e urn receptor passivo. Todnvl:J, sc a obra mle.ratlva au partiapntwa. como, por exempto, urn happnllng de Allan Kaprow, atribUi uma
rem am-
phtude ao rettptor, ela Ihe !'Cmute tao-somcnte reagir '10 lmpulso Imcial diJdo pdo cmlssor partielpar completilr o esquema proposto. Em outros termos, a "participar;5.o do cspectador'" collSiste em rubncar 0 contrato cstctico que o arusta se reserva 0 direlto de assmar por isso que a obra aberla, para Pierre l' .. d cvy, am a continua prcsa no pa_ radlgma hcrmcncutico·, VISto que 0 r«eptor C convidado apen3s a "prcencher os brancos a --'h • _ Levy _ ' =--...._ er entre os sentluu:. • • 0JXle ess.l S
e
I. R.:>bf\d ","'11let. 1ft E4>t0t-.
•
20010 I
u h",w,.""., k ....
103 "0 ;lmbientc tccnocultural emergenle dl.'Spcrta 0 descnvolvimenl'O de novaS especies de arte, ignorando a scparar;5.o enlrc emlssao c
composlr;5o e Ec1etismo c p6s·produ{Jo
Com seu sistema muscol6gico c seus aparelhos hlst6nros. bern como com sua nccessidade de novos prodUIOS e novos "amblentcs"', 0 mundo ocldenlal aCilbou por rceonhccer como uma cullura em si ccrlas tradlr;Ot..'S que ate entao se conslderava fadadas a des.apacccer no movimento do modernlsmo mdustnal, ataboo por accll,u como
l.r l4Io
a.. ....... 1m.
1984, P. 66foil
2 1""", 1..1'7. L ,"",Is
]A
1\-.,.,
toU«l"'" ')f"'$J'" m'ni.. p .... """"vt..."",.,... Looyol.o. 1991l.1
DkouYnteJ"""" 1'191 ,...... ,,<0<1_ P...,10 R.oo.u",",- SkI \.I
101
105
oonsidcrar pelorativo 0 lermo "cdellco'" na V\" d . . • r ildc Tilttf!. ca a ldela de que prL'<:ISO focar 0 rntc!\."'Ssc nu I m certa Ii
e
de artc, de Iilcralura ou de musica, do rontr.ino po as COlsas S(' perdcnam no btsclt, por 050 consegulT
0 Iolsell fl,'-
presmb urn gostu de fora, uma esptX-IC de opiniiio difusa e impessoal que substitui a cscolha mdividual. Assim, nosso uRlvcrsosoclal em que 0 plor defeito ronsistina em MO ser $1lUa\"el em tcrmos
a nossa propna relfic'll;ao. St.."gundo essa visao da cullura, o que cada urn pode fazcr com 0 que consome nao tern imponanaa alguma. om,. urn artlSt:l pode muito bern llSarum folhetlm amencano lastlln.ivel para desenvolver urn projeto lnteressa nti· SS1mo. In fellzmente, C 0 Im-erso que ocorre com maior freqiiencia.
o dlSCUrso antiecletKO tomou-se. portanto, urn dis-
curso de ades5o, 0 dP<:Mn d
e uma cultul'il marcada com bahus bern c1arO'lS, que deixam todas 3S suas produ';Oc5 organlz.ldO'ls. claramente identdidvelS sob tal ou ual ratulo, smal de corn uma vlS3Q q • ._. estereot:ipada da cultura EI - e esta Vlncu",do a consblul"30 do d lSCUrso mod ermsla, 1.11 como e aprescnlado .......los Ie, _". C Xos kvncos de _ lement Greenberg.. para quem a hlst6ria d a artc conslllUl
uma narrativalinear, teleol6gica, dentro dOl qual cada obm do pass.:ldo se define por sua rcla.;30 com as obras prccedenies e subscquenlcs. Segundo Greenberg. a hlSt6na dOl arte modema consislc numa "'punfica.;ii.o'" progressiva dOl pintura c da escu[tura Piet Mondrian explicJria, aSSlm, que 0 neoplJstlcismo era a consequenCla logicJ - e a suprcssao - de lodJ a arte anteflor. Essa teona, que considera a hlsl6na da arle como uma duplica.;.'io dJ pesqUISJ cientffica, traz como cfcilo secund5rio a exclusiio dos parses n50 oc:idenlalS, considcrados "nao hisl6ncos'" essa obscss.'io pelo "'novo", criada poressa vlsiio dJ ilrtc histoncisia ettntradJ no Ocidenle, que scrii 0 objClO de zombada de urn dos grandes protagonistas do movimenlo Fluxus, George Brecht, ao exphcar que muito mids dlfidl ser 0 nono il fazer alguma coisa do que ser 0 primeiro, polS agora uma questao de aprender J olhJr bern. Em Greenberg e na maioria das hist6rias dOl arte oddentill, il cultura eslii hgada aquelil monomaniil q\K' con$.!dera 0 edClismo (ou seja. qUillqu('r lentatlv,) de sair dessa narr.ltiva purisla) urn pecado capllal. A Hisrona deve ler urn sentido E esse scnlido dC\-e 5(' orgamzar numa narrativa linear. Em HlstonSlltlOl1 all ill/Clition. Ie retour d·/I1l llIrl/X debat IHls/onClZllpio Oil. II/tel1,iio; 0 n·tomo dc rl1ll vc/ho debilliL lexto pubhcado em 1987, Y,-e-AI.l1n Bois faz uma analise cntiea da vcrsao p6s-modema do edetismo, l,ll como ele sc m3nlfcslil nas oblOls d3S nco_expressionlstas europCias ou entre pinlorcs como Julian Schn3bcl c D.lVld Salle "E.ibcr-
e
e
107
106 tados da hlst6ria, podcmos Teeoeref a cia como a uma cs-
de tudo. entre 0 bern C0 mal, 0 beto C0 fcio, 0 JnslgnificJn.
pc..'cie de entrctcmmcnto, trata-Ia como urn espac;o de pum Im..--sponsablhdade- a paThr de agora. luda tern p;.lra nOs a
Ie e 0 camCleristico", que Flaulx-rl usou como lema de $eU ulhmo romance, e cujo advcnlo dcspcrta\'a tanto rerelo em seus $drrarlOs pollr BOlluard ct PtOlc1/ct_ Jcan-Franr;ois Lyolard nao suportava que confundlsscm a rondi(iio p6s·modema, tal como elc ha"la leorizado, rom a arte prclcnsamente pas-modermsl:! des anos
mesma sigmfiC'J:(;'iio, 0 valor"', No dos anos 1980, a transvanguarda ddcndia uma
l6gK'il
do bn
tunus num3.
de estilo intcrnacional que misturava Chinco e BeU)'$, Pollock c Alberto 5.1vinio, numa tot<'ll ind,-
pclo ronteudo de seus trabalhos e por SUilS rcspecm'3S hlstoocas. Nessa epoca.. Achille Bonito Oliva ddendeu esses artlslas em nome de uma "idcologia dn!Cd do traidor", a qual 0 artista seria urn "nomadc" orrulando a\"(mlOlde entre todas as cpocas c cstilos, como urn vagabundo Tev\r.1ndo os dep6sitos ptibhcos de lim p
MistufOlT numa mesm3 superf'lCic os motlV05 noo ou hipcr-re.1hstas c os mot1\'Q5 abslfOllos, liricos ou OOnceltuals C dlttr que tudo se equl\';lle ponJUC' rudo e born pafOl consumir r J 0 qll(' c sahel/ado pclo edctlsmo sSo os h.1Dltos do leitor d(' 1'C\-1sta$,. as nt.'«'SSidadcs do COI\SUmldor das lmagens Induslnais padrumLldas.. C0
cspfrito do cbenle dos slIpermercados' Segundo Yvc-Alam Bois, apcnas a hlstonclZJ"N 1m I" lOlL [O,w_.:.......qi.....:.:. u.o. 2....... UtNo4 Oom QIlhoDtt 19n1
I'u
'on... 1'."'" c.J,lh, II'" T......".
eo.-
lOS
109
rOS I'RODUVW
e
Mas a Unlca contr
Reescrevcr a modernidade a tarefa hlstorica dcssc corn«o do s6(u[0 XXI: niio partir novamcntc do zero nem sc sen1ir sobrccarrcgado pclo acurnulo da Hlst6ria, mas in-
Ie? A
artista dina marquesJakob Koldt ng reescrcwm os trabaIhos de EI Lissitski ou de John Hearfield a parllr da realidade SOCial contcmpor5nea Em seus videos ou fotos, Fatimah Tuggar mescla os anunoos americanos dos anos 1950 com cenasda VIda cotidiana africana, e Gumlla Khngberg war· gamZil os logos dos supermcrcados sueros em mandalas emgmatlcas. Nils Norman e Sean Snyder montam c.1lo1logos de S1gnos urbanos e reescrevem a modermdade a p;:trtir de sua vulganza,iio na hnguagcm arqUllclonica Essas priiticas, cada qual a sua maneira, afirmam a imporlanCla Todos de manter uma atividade diante da produ,ao esses elementos sao utlhzaveis Nenhuma ImJgem publica deve p;:tssar impune, em hip6tcse alguma: um logo perlence ao espa\O publ1co, pais esla nas ruas e consta nos ob/elos que ulthUlmos. Esla em cursa uma guerra Juridica que coloca os arltstas na hnha de frente. n('nhum slgno dC'\'C ficar Inerle, nenhuma Imagem deve Sf:' manler inloGkd A arte reprcsenta um contrapoder Nao que ol larefa dos artlstaS seja denunclar, mllitar ou relviOdicar: loeta artc Cen· gapda, qualquer que 5ep sua natureza ou finahdade. HOJc exislc um cmbalc cnlre as que cn\ulw a arte e a imagcm ofielal da reahdadc, difundida pdo dlscurso publicit5no, Iransmllida pclos mcios de comunicaorgamzada por urn;! idrologla 1./lm/lgM do ronsumo c
,0e5
do d.lcma cncontra·sc nn IOsla' ,. ur<1,
respons3bthza,ao. Cada mdivfduo• e amda ma'" • tlSta. vtsto . que orcula entre os signos• ... .. =
Col d a aT-'
conSl-d Cr.1T
respons.n-el pelas formJ.S e por seu funclOnamento social: o_sUrglmenlo _ de um "consume cldad50" a'-'''<'' ......... d a cons-
CJentlZ.1¢o ooIehva a respelto das condl\6es desumanas de trabalho na produc;ao de esportivos ou dos d- _ tes «'O!6gkos ""gas J>fO\'OCados por tal ou tal atividade industnal f3z partedessa responsabtliza\5.o. 0 boicole 0 desvio a plrataria pe:rtence rn a essa cultuTa da ativldade" Quando Allen Ruppersber • g COPI" nurna sene de telas 0 rrlmlo de Groy, de Oscar \\'tlde (197,0, ele adot.1 urn texto literano e se con';ldera res • I reescre...e_ ponsave par ele dlantc de todos: de Quando louISe Lawler gar de urn caVilla do expoe urn quadro vulempreslado .....1a v HenryStuliman e que Ihe foi nD '0'" RttCltlgAsscc no moo de um fet d latum. colocando-o xc e spots lummosos cia olfirm Ie 10005 que 0 reviV
\'entanar c scleclOnar, utilizar e recarregar. Vamos dar urn saIto no tempo.;:1IC 2001: ascolagens do
110
NICOlAS IlOURRIAl/l)
da concofrenda SOCial Em nossa vida cOlldiana, COnvivc_ mos rom rcprcsenta\Oes e fannas que alimentarn urn tmJgm.lno colchvo cujos conteudos sao ditados pdo poder. A 3rl(' aprcsenlll-nOS contr.l-lmagcns ?ianle dessa
abstr.t('50 eoonomlca que dcsrcahu a ,..dol rohdlanil. arma absoluta do podcr tccnomcrcantiL os arllslas reall'-am as formas,. habltando-as, piratl."ando as propnl.'dades pnvadas eosropyngllts. 3S m.ll'cas c os prodUIOS, as (ormas museificadas C.1$ asstnaturas de Jutor
Se essas "recargas" de farmas. CSSJ.S e retomadas ho,e n.'Presentam uma questao importantC'. c porque elas ronvtdam a considerar
3
cullur;) mundial como
uma ('3uta de fcrramentls, como urn namlivo aberto. C 050 como urn relata uni'voro c uma gama de produtos 3C'olb:Jdos. Em vez de se 3Joelhar diantc das obms do passado,
usa-las. Como TIfiwamp. Lnscrevendo seu trab3.lho numa arqUllctura de Philip Johnson, como Pierre Huyghe refilm'lndo Pasohnl, pensar que as obms propOcm cnredos e que a artc e uma forma de usa do mundo, uma negod.u;5o infimta entre pontos de VISta. Cabe a nOs, espectadorcs, ("C..'elar essas relac;Qes. Cabe a nOs Julgar as ohms de artc em
das que elas cnam dcntro do contexto especifico em que se debatem. Pois a arte - e afinal nao vcJO OUtTa definu;ao que englobe todas as dcmalS _.! uma allVidade que conslSte em produzlr rela«les com 0 mundo, em matenahzar de Um3 au outra forma suas rc1a«lcs com 0 l..-mpo e 0 e:spa'>O.
NicolilS Bourriaud (Fr.Jnc;.1, 1965). Escrilor, critico de arll', cUfador de vSrias cxposic;ocs e fundador da revisl.1 Documents SlIr ['Art, C aulor de tcorias sabre a artc contcmpor5nea, explidl.1d'lS em seus tftulos: ForUles If/! uie L'arl moden/I? et
['illl'l?1ItiOIl
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soi c EsUtka rdadol/al, larnbern publicado pela Martins.