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Marcos Bagno
PORTUGUÊS
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EDITOR RESPONSÁVEL: Ma Marc rcos os Ma Marc rcio ioni nilo lo
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CAP A E EDIT OR AÇÃO: Andr Andrééia Cus Custód tódio APA EDITOR ORAÇÃO CONSELHO E EDITORIAL: Ana Stah Stahll Zille Zilless [Unisi [Unisinos nos]] Angela Paiva Dionisio [UFPE] Carlos Alberto Faraco [UFPR] Egon de Oliveira Rangel [PUC-SP] Gilvan Müller de Oliveira [UFSC, Ipol] Henrique Monteagudo [Universidade de Santiago de Compostela] Kanavillil Rajagopalan [PUC-SP] Marcos Araújo Bagno [UnB] Maria Marta Pereira Scherre [UFES] Rachel Gazolla de Andrade [PUC-SP] Salma Tannus Muchail [PUC-SP] Stella Maris Bortoni-Ricardo [UnB] Bortoni-Ricardo [UnB] CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ B134p. Bagno, Marcos, 1961 Português ou brasileiro? : um convite à pesquisa /Marcos Bagno — São Paulo : Parábola Editorial, 2001 184 p. ( Lingua[gem] ; v.1) Inclui bibliografia ISBN 978-85-88456-01-3 1. Língua portuguesa — estudo e ensino — Brasil. 2. Língua portuguesa — Gramática. Gramáti ca. I. Título. II. Série. 04-0395
CDD 469.798 CDU 811.134.3 (81)
Direitos reservados à PARÁBOLA EDITORIAL Rua Dr. Mario Vicente, 394 - Ipiranga 04270-000 São Paulo, SP pabx: [11] 5061-9262 5061-9262 | 2589-9263 2589-9263 | fax: [11] 5061-8075 5061-8075 home page: www.parabolaeditorial.com.br e-mail:
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João Bosco & Aldir Bla
Não põe corda no meu bloco, nem vem com teu carro chefe, não dá ordem ao pessoal. Não traz lema nem divisa que a gente não precisa que organizem nosso Carnaval. Não sou candidato a nada, meu negócio é madrugada, mas meu coração não se conforma. O meu peito é do contra e por isso mete bronca nesse samba plataforma: por um bloco que derrube esse coreto, por passistas à vontade que não dancem o minueto, Sign up to vote on this title
Useful por um bloco sem bandeira ou fingimento
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a Manoel Luiz Gonçalves Corrêa, meu amigo
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ÍNDICE
INTRODUÇÃO: INTRODUÇÃO: SEM BANDEIRA OU FINGIMENTO FINGIMENTO:: Começando Começando ................... 1. NÃO PÕE CORDA CORDA NO MEU BLOCO: Da Gramática Gramática Tradicional da Antiguidade Antiguidade à ciência linguística linguística moderna moderna .................................................. .................................................. 1.1 1.1 Gram Gramát átic icaa Tra Tradi dici cion onal al:: orige origem, m, car carac acter terís ísti tica cas, s, pro probl blem emas as .... ........................ 1.2 1.2 Da Gram Gramáti ática ca Tradic radicion ional al à Ling Linguí uíst stic ica: a: da dout doutri rina na à ciê ciênc ncia ia .... ................ 1.3 1.3 Dand Dando o voz voz à líng língua ua fal falad ada: a: até até que que enf enfim im!! .... ................................................................................ 1.4 1.4 A noção noção folcló folclóric ricaa de “erro erro” ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 1.5 1.5 Erro Erro de de orto ortogr graf afia ia não não é erro erro de de portu portugu guês ês!! .... ............................................................................ 1.6 1.6 Sinta Sintaxe, xe, semânt semântica ica e pragm pragmáti ática ca ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 1.7 Entr Entree o mol molde de e o vest vestid ido o pron pronto to:: os prob proble lema mass da norm normaa .... ...... .... .... .... .... .. 1.8 1.8 Soci Sociol oling inguí uíst stic ica: a: a língua língua e quem quem fala fala .... ................................................................................................ 1.9 Água co corrente versus água parada: história da norma-padrão clássica clássica do português português..... .......... ........... ........... ........... ............ ............ ........... ........... ............ ............ ............ ........... .......... ..... 1.10 1.10 O projet projeto o NURC NURC ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 1.11 1.11 Por Por que pesqui pesquisar sar?? ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 1.12 1.12 Afinal Afinal,, o que ensin ensinar ar na escol escola? a? ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 1.13 1.13 Gramá Gramátic tica: a: sim ou não? ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... Sign up...... to...... vote on this title 1.14 1.14 Presc Prescriti ritivis vismo mo às avessa avessas? s? ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...
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2. PRIMEIRO PRIMEIRO O FUBÁ, DEPOIS DEPOIS O DENDÊ: DENDÊ: Corpus Corpus e metodologi metodologiaa .......... ............... ..... 2.1 2.1 Come Começa çand ndo o a pe pesq squi uisa sar: r: a sel seleç eção ão do corpus corpus
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PORTUGUÊS OU BRASILEIRO ?
3.3 3.3 3.4 3.5 3.5 3.6 3.6 3.7 3.7
A idade idade de cada cada uma ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... .............................................. Rela elativa tiva copia piador dora: análise contra contra síntese .............................................. Rela Relativ tivaa corta cortado dora ra:: uma ques questã tão o de atitud atitudee .... ............................................................................ A vitór vitória ia da cortad cortadora ora... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... Pesqu Pesquis isan ando do as estr estraté atégi gias as de rela relativ tiviz izaç ação ão .... ........................................................................
4. EU CONSOLO ELE, ELE ME CONSOLA: As estr estraté atégias gias de prono pronomin minaliz alizaçã açã 4.1 4.1 As três três estrat estratégi égias as ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 4.2 4.2 A morte morte dos pronom pronomes es oblíquo oblíquoss de 3ª pessoa pessoa ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 4.3 O caso do ELE como objeto direto .......... ............... .......... ........... ............ ............ ........... ........... ............ .......... .... 4.4 4.4 Novamen Novamente te uma uma questã questão o de atitude atitude... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 5. DEIXA EU DIZER DIZER QUE TE AMO: Os pronom pronomes es sujeito-o sujeito-objeto bjeto..... .......... .......... .......... ..... 5.1 5.1 O sujeit sujeito o acusat acusativo ivo ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 5.2 5.2 Sujeito Sujeito acusat acusativo ivo ou objeto objeto direto direto nomina nominativo tivo?? ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 5.3 5.3 Por que o pronome pronome reto? reto? ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 5.4 5.4 Result Resultado adoss da pesqui pesquisa sa de de Bagno Bagno (2000) (2000) ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 5.5 5.5 Bastar Bastar,, faltar faltar & custar custar .......... ............... ........... ............ ........... ........... ............ ............ ........... ........... ............ ............ ........... ..... 5.6 5.6 Conclus Conclusão ão ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...
6. EM QUE SE VAI TROCANDO TROCANDO AS PERNAS: PERNAS: As orações pseudopassivas pseudopassivas sintét sintét ............................................................... ................................................................................................ ....................................................... ...................... 123 6.1 6.1 Falsas alsas e verdad verdadeir eiras as ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 6.2 6.2 Equívo Equívoco co,, ilogism ilogismo, o, incoerê incoerênci nciaa ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 6.3 6.3 O que se faz? O que se é?... é? ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 6.4 6.4 O truque truque que não funciona funciona... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 6.5 6.5 Uma Uma regra regra amarga amarga que nem jiló jiló ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 6.6 O SE cada vez mais sujeito ............ .................. ........... ........... ............ ............ ........... ........... ............ ............ ........... ..... 6.7 6.7 Result Resultado adoss da pesqui pesquisa sa de de Bagno Bagno (2000) (2000) ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 7. QUANDO QUANDO CHEGAR CHEGAR EM AMERICANA, AMERICANA, NÃO SEI SEI O QUE VAI SER: Regência Regênciass dos verbos IR e CHEGAR CHEGAR com sentido de direção direção ...................................... ...................................... 7.1 Desde Desde o latim latim clássico clássico ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 7.2 7.2 As reg egên ênci cias as do verbo erbo IR ......................................................................... ......................................................................... Sign up to vote on this title 7.3 Regências do do ve verbo CHEGAR .......... ............... .......... .......... ........... ............ ........... ........... ............ ............ ........... ......... .... Useful Not useful 7.4 Uma Uma preposiç preposição ão em desuso desuso ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... 7.5 Onde Onde ou aonde? aonde? Tant Tanto o faz! ...... ......... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ...... ... Onde Onde não é só lug
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Introdução
SEM BANDEIRA OU FINGIMENTO OMEÇANDO... C OMEÇANDO
Ensinar português ou estudar o brasileiro? Estas são, para mim, as duas opções que o professor brasileiro à sua frente hoje, no limiar do século XXI e do III milênio.
Ensinar português significa, significa, na prática pedagógica tradicional, in
car um conjunto quase interminável de prescrições sintáticas consid das “corretas”, impor uma série de pronúncias artificiais que correspondem a nenhuma variedade linguística real, cobrar o conh mento (ou, melhor, a memorização mecânica e estéril, a decoreba in de uma nomenclatura falha e incoerente, junto com definições contr tórias e incompletas. Ao mesmo tempo, ensinar português é tentar c vencer o aluno de que todas as formas de uso da língua — fonéti morfológicas, sintáticas, semânticas, lexicais — divergentes daquelas a sentadas na gramática normativa constituem erros, são “línguade índ up to vote on this title são português. são “fala estropiada”, ou simplesmente nãoSign Useful Not useful
Ensinar português, sob essa ótica, é transmitir — consciente ou inc
cientemente — uma ideologia linguística que prega a incompetência da gra
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PORTUGUÊS OU BRASILEIRO ?
Ensinar português é querer provar que a língua boa, certa e bo
vive do outro lado do Atlântico, a milhares de quilômetros daqui, fa pelos habitantes de um paraíso linguístico chamado Portugal: dez lhões de pessoas que, ao contrário dos 190 milhões de brasilei falam “tudo certinho”, não cometem “mistura de tratamento” e nu mas nunca de núncaras jamais mesmo, começam uma frase c pronome oblíquo... Ensinar português é, então, firmar, afirmar, confirmar todo o fo re, toda a superstição que gira em torno dos fatos linguísticos na n cultura: “português é muito difícil”, “brasileiro não sabe português” lamos uma língua “emprestada” que não respeitamos e que, ao contrá “abastardamos” o tempo todo. É a perpetuação injusta e injustificáve um conjunto de mitos sem fundamento.
A outra opção, que pretende ser menos dogmática, mais criter e, principalmente, mais democrática, é estudar o brasileiro . Estudar o brasileiro é ter uma visão mais sintonizada com o p samento científico contemporâneo. É admitir que a Gramá Tradicional, depois de 2.300 anos de soberania, é uma página vir da História, representa uma etapa — já concluída — da evolução conhecimento humano sobre o fenômeno da linguagem. Que foi u contribuição importante, mas que é preciso ir além dela, avan criar conhecimento novo. Estudar o brasileiro é não se contentar com o que vem pronto, é querer reproduzir sem crítica uma doutrina transmitida intacta dur séculos a fio. É buscar construir seu próprio conhecimento, é contra os resultados da pesquisa com os postulados tradicionais. É reconh a diferença entre o que é e o que alguns poucos acham que deveria Sign up to vote on this title Estudar o brasileiro é dar voz à língua Useful aqui , n faladaeNotescrita useful país chamado Brasil, 92 vezes maior que Portugal, habitado por u população quase 17 vezes mais numerosa. É perceber que toda
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SEM BANDEIRA OU FINGIMENTO
damentados, pode oferecer respostas coerentes nascidas da refle cuidadosa e da investigação aprofundada. É saber que, como t ciência, também para a ciência da linguagem a simples intuição do l e as noções preconcebidas dos curiosos, por mais bem-intenciona que sejam, não servem como instrumentos confiáveis para navega oceano vasto e fundo da linguagem. Estudar o brasileiro é assumir o papel do especialista, do cientista investigador em tempo integral, ocupado e preocupado em levar adi seu conhecimento e em contribuir para o conhecimento dos outros
Como fica fácil deduzir, a pergunta que abre esta Introdução po ria também ser formulada do seguinte modo: ensinar gramática ou tudar a língua?
Porque esta tem sido a confusão que se perpetua na cultura ocid tal há muitos e muitos séculos: a confusão entre gramática e língua são duas coisas totalmente diferentes. As pessoas sempre foram leva a acreditar, ingenuamente, que era preciso conhecer detalhadamen nomenclatura gramatical para poder fazer um bom uso dos recurso língua. Ora, desde quando saber o nome das coisas é garantia de f o melhor uso delas? Desde quando saber o nome de todas as peça uma máquina significa, automaticamente, saber operar essa máqu Assim, reformulada a pergunta-título, pergunta-título, me vejo na obrigação produzir aqui dois pequenos trechos de um pronunciamento incisi contundente da professora Irandé Antunes2 — de quem tive o privil de ser aluno — sobre os equívocos tradicionais que circulam em to das palavras gramática e língua:
Falar ou escrever não é apenas uma questão de gramática, de morfologia o sintaxe, não é apenas uma questão de executar, certo ou errado, determin Sign up to vote on this title padrões linguísticos. Não é tampouco formar frases, nem sequer juntá-las, por Useful Not useful bem formadas que elas estejam.
Falar Falar ou escrever é ativar sentidos e representações já sedimentados que sejam rel
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PORTUGUÊS OU BRASILEIRO ?
Desse modo, a gramática, se é necessária, se é imprescindível, se é constituint linguagem, não chega, no entanto, a ser suficiente, a bastar, a preencher todo requisitos para a atuação verbal adequada. [...]
Que se chegue a uma escola em que o estudo da língua não se reduza a um cont insípido e inócuo, destituído de sentido social e de relevância comunicativa. Q estudo da língua possa significar o acesso à expressão, expressão, à compreensão e à explicit de como as pessoas se comportam quando pretendem comunicar-se de forma eficaz e obter êxito nas interações e nas intervenções que empreendem. Para q acesso à palavra possa resultar numa forma de acesso das pessoas ao mundo e r bre, assim, um sentido humanizador, o que, nesse vasto mundo, não é rima, mas ser uma solução.
Como é fácil perceber, a concepção de língua que se propõe aq muito parecida com a “Plataforma” do samba de João Bosco e Aldir Bl que usei como epígrafe deste livro. Assim como eles reivindicam “um co que derrube esse coreto”, também podemos construir uma noção língua que derrube a fortaleza da Gramática Tradicional, Tradicional, espécie de da Bastilha, onde a língua idealizada ficou presa nos últimos dois milê e meio, protegida e defendida — por incrível que pareça — da açã seus próprios falantes nativos! Podemos nos transformar em “passistas à vontade, que não dan o minueto”, isto é, em falantes que possam usar os recursos da língu todas as maneiras possíveis, inclusive para “dançar “dançar o minueto” minueto”, para segu regras padronizadas tradicionais, se for do nosso agrado e interesse.
Um uso amplo da língua “que balance e que bagunce o desfile julgamento” julgamento”, que obedeça as regras do momento, momento, da interação, interação, do verbal, que crie suas próprias regras de acordo com suas necessidade expressão e comunicação, e não que se submeta de antemão às expe tivas prévias dos juízes, que nem estão sambando na avenida, mas vig do do alto os passistas para ver se estão dançando “certo”. Uma noção de língua “que aumente o movimento”, que faça circ Sign up tode votefalantes on this title se expre as ideias, que permita ao maior número possível Useful Not useful se comunicar, interagir e criar a sociedade.Uma noção de língua, en “que sacuda e arrebente o cordão de isolamento”, o fosso que sem
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SEM BANDEIRA OU FINGIMENTO
Esta seleção do público-alvo se deve à minha crença de que som a partir dessa fase da vida escolar é que se deve introduzir o estud na reflexão sobre os fenômenos da linguagem. Acredito sinceram que, uma vez alfabetizada, a criança deve, nos sete ou oito anos seguin praticar única e exclusivamente duas atividades, no que diz respei língua: leitura e produção de textos. Somente depois desse período de exercitação da leitura e da es é que poderemos pensar em levar nossos alunos à prática da refle linguística. Mas atenção! Não estou falando das aulas tradicionais de mática, de classificação fria e monótona de palavras e de funçõe palavras, de memorização ridícula de regras impraticáveis e exce abstrusas, da conjugação em bloco de verbos em todas as pessoas, t pos e modos. Me refiro à verdadeira reflexão, ao ato de debruçar-se so um fato linguístico e tentar desvendar seu mecanismo, deduzir o fun namento da linguagem em seu estreito vínculo com o pensamento e a interação social, com o fazer fazer social , como bem salientou Irandé Antu Todo falante nativo de uma língua tem o direito de se expressar sua língua materna, oralmente ou por escrito. E este direito se torna dever quando se trata de um falante plenamente escolarizado, um fal culto, que tem como campo de atuação profissional a educação de ou concidadãos. É mais do que justo esperar que alguém que se professor(a) de língua seja também uma pessoa interessada em tud que diz respeito à língua, à linguagem, à leitura, às letras em gera pode se chamar de professor quem também for leitor, redator e pesqu dor. Será que temos o direito de dizer aos outros o que fazer sem, sem, ao m mo tempo, fazer o que dizemos ?
Este livro quer servir de apoio a quem estiver disposto aestud up to vote on this titlesobre a lín brasileiro , a levar o aluno (e a nós mesmos, Sign afinal!) a refletir useful a língua Useful esta Not que ele fala (que nós falamos), a conhecer melhor língua, constitui parte essencial de sua identidade como sujeito social, a lín que ele usa para se comunicar consigo mesmo e com os outros e p
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PORTUGUÊS OU BRASILEIRO ?
que diz respeito ao ensino de língua. Esta simples mudança de ati já representa um passo enorme, e me darei por muito satisfeito se menos para isso o livro tiver podido colaborar. Se você, como eu e muitos outros estudiosos da língua, optou estudar o brasileiro, espero que encontre aqui algumas respostas para dúvidas e, principalmente, muitas perguntas mais, muitas dúvidas m para que possamos, juntos, sugerir hipóteses, traçar teorias, elab projetos e descobrir cada vez mais motivos para continuar a pesquis Este livro contou com a leitura amiga, mas também severa e rigor dos linguistas Manoel Luiz Gonçalves Corrêa, professor do Depa mento de Letras Clássicas e Vernáculas da Universidade de São P (USP), e Rodolfo Ilari, professor do Departamento de Linguística Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que muito contribuí com suas críticas e observações. Deixo aqui expressos meus agrad mentos mais sinceros aos dois. O resultado final, porém, como sem costumo dizer, é de minha inteira (ir)responsabilidade! M ARCOS B www.marco www.marcosbagno sbagno
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Reconhecer a existência de um português importante, importa nte, para que a gente comece a ve nossa língua com olhos e ouvidos de brasilei mais pelo filtro da gramática portuguesa de
Dizer que a língua falada no Brasil é somen tuguês” implica um esquecimento sério e pe esquecimento de que que há muita coisa nesta lí é caracteristicamente nossa, de que esta língu integrante da nossa identidade nacional, nacio nal, co a duras penas, com o extermínio de cen nações indígenas, com o monstruoso massa e espiritual de milhões de negros africanos para cá como escravos, e com todas as lut povo brasileiro enfrentou e continua enfr para se constituir como nação.
Marcos Bagno é professor da Universidade de Brasília (UnB). Escritor, poeta e tradutor, vem se dedicando à pesquisa e à ação no campo da educação linguística, com interesse particular no impacto da Sociolinguística sobre o ensino. Tem diversos livros publicados pu blicados entre os quais se destacam, pela Parábola Editorial, Português ou brasileiro?
Por outro lado, dizer que nossa língua é simp o “brasileiro” significa também operar outro cimentos, outros silenciamentos: o esquecim nosso passado colonial, que não pode ser porque é história, e a história não é passad sente, premente, premente, insistente. Somos um país pa ís n um processo colonial, com tudo o que isso
Estamos numa etapa intermediária na his nossa língua. Quinhentos anos atrás, ela p chamada simplesmente de português. Hoje, Sign up on this titlebrasileiro português e deve ser chamada deto vote Useful Not useful mais quinhentosanos, ela sem dúvida só po chamada de brasileiro. Até lá, temos de lutar
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