Quais as caracteristicas da Poesia Lírica de Camões? Da obra de Camões foram publicados, em vida do poeta, três poemas líricos, uma ode ao Conde de Redondo, um soneto a D. Leonis Pereira, capitão de Malaca, e o poema épico Os Lusíadas. Foram ainda representadas as peças teatrais Comédia dos Anfitriões, Comédia de Filodemo e Comédia de El-Rei Seleuco. As duas primeiras peças foram publicadas em 1587 e a terceira, apenas em 1645, integrando o volume das Rimas de Luís de Camões, compilação de poesias líricas antes dispersas por cancioneiros, e cuja atribuição a Camões foi feita, em alguns casos, sem critérios rigorosos. Um volume que o poeta preparou, intitulado Parnaso, foilhe roubado. Na poesia lírica, constituída por redondilhas, sonetos, canções, odes, oitavas, tercetos, sextinas, elegias e éclogas, Camões conciliou a tradição renascentista (sob forte influência de Petrarca, no soneto) com alguns aspectos maneiristas. Noutras composições, aproveitou elementos da tradição lírica nacional, numa linha que vinha já dos trovadores e da poesia palaciana, como por exemplo nas redondilhas «Descalça vai para a fonte» (dedicadas a Lianor), «Perdigão perdeu a pena», ou «Aquela cativa» (que dedicou a uma sua escrava negra). É no tom pessoal que conferiu às tendências de inspiração italiana e na renovação da lírica mais tradicional que reside parte do seu génio. Na poesia lírica avultam os poemas de temática amorosa, em que se tem procurado solução para as muitas lacunas em relação à vida e personalidade do poeta. É o caso da sua relação amorosa com Dinamene, uma amada chinesa que surge em alguns dos seus poemas, nomeadamente no conhecido soneto «Alma minha gentil que te partiste», ou de outras composições, que ilustram a sua experiência de guerra e do Oriente, como a canção «Junto dum seco, duro, estéril monte». No tratamento dado ao tema do amor é possível encontrar, não apenas a adopção do conceito platónico do amor (herdado da tradição cristã e da tradição e influência petrarquista) com os seus princípios básicos de identificação do sujeito com o objecto de amor («Transforma-se o amador na cousa amada»), de anulação do desejo físico («Pede-me o desejo, Dama, que vos veja / Não entende o que pede; está enganado.») e da ausência como forma de apurar o amor, mas também o conflito com a vivência sensual desse mesmo amor. Assim, o amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, tão bem expressas no justamente célebre soneto «Amor é fogo que arde sem se ver», entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano, inefável, mas, assim mesmo, fundamental à vida humana. A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à natureza (que, classicamente vista como harmoniosa e amena, a ela se associa, como fonte de imagens e metáforas, como termo comparativo de superlativação da beleza da mulher, e, à maneira das cantigas de amigo, como cenário e/ou confidente do drama amoroso), oscila igualmente entre o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior, manifestação no mundo sensível da Beleza do mundo inteligível), representado pelo modelo de Laura, que é predominante (vejam-se a propósito os sonetos «Ondados fios de ouro reluzente» e «Um mover d'olhos, brando e piedoso»), e o modelo renascentista de Vénus. Temas mais abstractos como o do desconcerto do mundo (expresso no soneto «Verdade, Amor, Razão, Merecimento» ou na esparsa «Os bons vi sempre passar/no mundo graves tormentos»), a passagem inexorável do tempo com todas as mudanças implicadas, sempre negativas do ponto de vista pessoal (como observa Camões no soneto «Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades»), as considerações de ordem autobiográfica (como nos sonetos «Erros meus, má fortuna, amor ardente» ou «O dia em que eu nasci, moura e pereça», que transmitem a concepção desesperançada, pessimista, da vida própria), são outros temas dominantes da poesia lírica de Camões.
A lírica de Camões
Delimitação cronológica • A lírica camoniana insere-se na chamada época clássica da literatura portuguesa (1526, regresso de Sá de Miranda da sua viagem a Itália – inícios do século XIX).
Contexto político-social • Dentro do contexto histórico clássico, devem salientar-se alguns aspectos: • O perí odo do Renascimento, que introduz a literatura clássica na Europa, é marcado por alterações políticas e sociais muito significativas. • De forma geral, a sociedade agrária feudal foi substituída, progressivamente, por uma sociedade mercantil moderna, substituindo-se a burguesia à nobreza como grupo impulsionador da actividade económica. • Assistiu-se a uma série de progressos técnicos e científicos (invenção da Imprensa, por exemplo). O conhecimento científico foi impulsionado pelos Descobrimentos portugueses e espanhóis, pelo contacto com outras civilizações. • Os novos conhecimentos estendiam a curiosidade e a intervenção do Homem para fora dos limites transmitidos pela cultura escolástica medieval e pela tradição religiosa.
Lírica camoniana • Na lírica camoniana coexiste a poética tradicional e o estilo renascentista.
Características da corrente tradicional • As formas poéticas tradicionais: cantigas, vilancetes, esparsas, endechas, trovas... • Uso da medida velha: redondilha menor e maior. • Temas tradicionais e populares; a menina que vai à fonte; o verde dos campos e dos olhos; o amor simples e natural; a saudade e o sofrimento; a dor e a mágoa; o ambiente cortesão com as suas “cousas de folgar” e as futilidades; a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena (a “Barbara, escrava”); a infelicidade presente e a felicidade passada.
Características da corrente renascentista • O estilo novo: soneto, canção, écloga, ode, entre outros. • Medida nova: decassílabos. • O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano; • A concepção da mulher, outro tema essencial da lírica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o trata mento dado à Natureza (“locus amenus”), oscila igualmente entre o pólo platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior), representado pelo modelo de Laura e o modelo renascentista de Vénus.
Na lírica camoniana coexistem a poética tradicional , herdada da poesia trovadoresca e do Cancioneiro Geral, e o estilo renascentista , introduzido em Portugal por Sá de Miranda. Relativamente à poesia da medida velha ou corrente tradicional , poder-se-á referir que as formas predominantes são as redondilhas e as composições poéticas o vilancete e a cantiga. Ao nível do conteúdo, encontram-se temas tradicionais e populares: a menina que vai à fonte; o verde dos campos e dos olhos; o amor simples e natural, a saudade e o sofrimento; a dor e a mágoa; a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena; o amor platónico. Algumas das composições poéticas que sustentam as afirmações enunciadas são “Descalça vai para a fon te”, “Se Helena apartar”, “Aquela cativa”, entre outras. No que diz respeito à poesia da medida nova ou corrente renascentista , poderse-á aludir ao facto de a forma predominante ser o verso decassilábico e a composição poética, o soneto.
Ao nível do conteúdo, encontram-se variados temas ligados não só ao amor e à mulher, como também à mudança e ao desconcerto do mundo. Considerando a temática do amor, dever-se-á sublinhar que esta surge quase sempre associada à da mulher; o amor segue um ideal platónico e petrarquista, é o amor sensível e espiritual, mas, por vezes, com a tortura do desejo (aqui Camões afasta-se de Petrarca); a mulher é ausente e surge divinizada e inacessível, dona de uma beleza estereotipada, de onde sobressaem os cabelos de ouro; o olhar indefinido, mas doce; o gesto suave; o sorriso honesto, doce e vago. É uma mulher que se pauta pela perfeição e pureza, cuja beleza se reflecte na natureza. Algumas das composições poéticas que patenteiam as temáticas enunciadas são “Ondados fios de ouro reluzente” e “Um mover d’ olhos, brando e piedoso”. Por último, a poesia de Camões refere a mudança, sempre para
pior, do mundo, evidenciando, desta forma, o desconcerto do mundo, com os valores morais a inverterem-se e a perderem-se, visível no soneto “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades”. Em suma, a poesia de Camões é riquíssima não só quanto às formas utilizadas, como também às temáticas abordadas. É uma poesia humanista, preocupada com os grandes problemas do ser humano, apresentando-se dentro dos princípios do classicismo renascentista . Fonte: http://pt.shvoong.com/humanities/210803-cam%C3%B5es-l%C3%ADrica/#ixzz2MbuvYBUT Lírica camoniana Medida Velha: -De influência da poesia tradicional portuguesa nomeadamente da trovadoresca e palaciana. -Algumas composições poéticas: cantigas, vilacentes, esparças, endechas… -redondilha
menor (cinco sílabas métricas) e maior (sete sílabas métricas). -Temas tradicionais e populares da medida velha: -a menina que vai à fonte; -o verde dos c ampos e dos olhos; -o amor simples e natural; -a saudade e o sofrimento; -a dor e a mágoa; -o ambiente cortesão com as suas “cousas de folgar” e as futilidades; -a exaltação da beleza de uma mulher de condição servil, de olhos pretos e tez morena (a “Barbara, escrava”); -a infelicidade presente e a felicidade passada. Medida Nova: -Poesia de influência renascentista nomeadamente de Dante e Petrarca. -Algumas composições poéticas: sonetos, odes, canções, éclogas… -decassílabos. -O amor surge, à maneira petrarquista, como fonte de contradições, entre a vida e a morte, a água e o fogo, a esperança e o desengano; -A concepção da mulher, outro tema essencial da l írica camoniana, em íntima ligação com a temática amorosa e com o tratamento dado à Natureza (“locus amenus”), oscila igualmente entre o pólo
platónico (ideal de beleza física, espelho da beleza interior), representado pelo modelo de Laura e o modelo renascentista de Vénus. Principais Temáticas Camonianas (medida velha e nova): -saudade -a mulher idealizada e a mulher de influência africana e asiática -natureza -mudança -desconcerto pessoal -desconcerto do mundo -o amor platónico e o amor baixo e rude. Recursos Estilísticos Anáfora: Repetição intensional de uma palavra ou palavras no início de frases ou versos seguintes, para
destacar o que se repete. Antítese: Consiste no contraste entre dois elementos ou ideias. Comparação: Consiste em estabelecer uma relação de semelhança através de uma palavra, ou expressão comparativa, ou de verbos a ela equivalentes. Enumeração: Consiste na apresentação sucessiva de vários elementos (frequentemente da mesma classe gramatical) Eufemismo: Consiste em transmitir de forma atenuada uma ideia ou realidade que é desagradável Hipérbole: Consiste no emprego de uma expressão que exagera o pensamento para dar mais ênfase ao
discurso. Ironia: Consiste em atribuir às palavras um significado diferente daquele que na realidade têm. Metáfora: Consiste em designar um objecto ou uma ideia por uma palavra (ou palavras) de outro campo semântico, associando-as por analogia. Se, no contexto, essa analogia é por vezes fácil de identificar, outras vezes permite interpretações diversificadas... Paradoxo: Expressa uma contradição, através da simultaneidade de elementos contrários. Perífrase: Consiste em dizer por várias palavras o que poderia ser dito por algumas ou apenas uma. Personificação: Consiste na atribuição de propriedades humanas a animais irracionais ou a seres inanimados. Fonte: http://pt.shvoong.com/books/classic-literature/1708330-lirica-camoniana/#ixzz2Mc0PIC99