A LCINDO A LMEIDA
OS ENCONTROS DE
JE J E S U S Pessoas que foram transformadas por Ele
São Paulo, setembro de 2009
© 2009 by Alcindo Almeida Editora Fôlego www.editorafolego.com.br Editores Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes Capa Magno Paganelli Paganelli 1a edição brasileira Setembro de 2009 As citações bíblicas bíbl icas foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI), (NVI), salvo quando indicado. Todos os grifos são do autor. Todos os direitos são reservados a Editora Fôlego, não podendo a obra em questão ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio-eletrônico, mecânico, fotocópia, etc, sem a devida permissão dos responsáveis
Dados de Catalogação na Publicação
Almeida, Alcindo
Os encontros de Jesus: pessoas que foram transformadas por Ele. Alcindo Almeida. São Paulo: Editora Fôlego, 2009 ISBN 978-85-988-53-8 1. Análise de pessoas - Ensino bíblico. 2. Personagens bíblicos I. Título.
© 2009 by Alcindo Almeida Editora Fôlego www.editorafolego.com.br Editores Emilio Fernandes Junior Rosana Espinosa Fernandes Capa Magno Paganelli Paganelli 1a edição brasileira Setembro de 2009 As citações bíblicas bíbl icas foram extraídas da Nova Versão Internacional (NVI), (NVI), salvo quando indicado. Todos os grifos são do autor. Todos os direitos são reservados a Editora Fôlego, não podendo a obra em questão ser reproduzida ou transmitida por qualquer meio-eletrônico, mecânico, fotocópia, etc, sem a devida permissão dos responsáveis
Dados de Catalogação na Publicação
Almeida, Alcindo
Os encontros de Jesus: pessoas que foram transformadas por Ele. Alcindo Almeida. São Paulo: Editora Fôlego, 2009 ISBN 978-85-988-53-8 1. Análise de pessoas - Ensino bíblico. 2. Personagens bíblicos I. Título.
Sumário
Agradecimentos, 7 Prefácio, 9
1. O encontro de Jesus com os discípulos na pesca maravilhosa, 11 2. O encontro de Jesus com um centurião cheio de fé, 25 3. O encontro de Jesus com a viúva de Naim, 35 4. O encontro de Jesus com a mulher pecadora, 41 5. O encontro de Jesus com uma mulher sem esperança, 49 6. O encontro de Jesus com Marta e Maria, Maria, 57 7. O encontro de Jesus com Zaqueu, 63 8. O encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús, 71
9. O encontro de Jesus com o jovem rico, 79 10. O encontro de Jesus com a mulher adúltera, 85 Referências bibliográficas, 93
Quero dedicar este livro, de maneira muito especial, ao meu pai, José João de Almeida, que partiu para o Senhor no dia 24.12.2008.
Agradecimentos
Q
uero agradecer primeiramente a Deus, que tem me dado forças e saúde para produzir na vida pastoral e pessoal. Ele tem me sustentado em todo o tempo! Faço questão de agradecer minha querida e amada esposa, Erika de Araújo Taibo Almeida, minha amada e tão nova filha, a pequena Isabella, e também à minha mãe, Doralice Almeida. Ao meu sogro Nelson Taibo e à minha sogra Silvia Taibo, por todo apoio que me deram. Ao amigo Hilder Stutz, de coração, pelo prefácio. Aos amigos Emílio e Rosana, da Editora Fôlego, por terem recebido com carinho o meu trabalho e assim editá-lo. Também agradeço ao pastor e amigo George Canelhas e ao Conselho da IPL que têm caminhado comigo na jornada pastoral
Alcindo Almeida
Prefácio
A
lguém escreveu que “a vida é a arte dos encontros”. E penso que eles nos fazem ser mais ou menos efetivos na vida dos outros e na nossa própria vida. Isso porque há vários tipos de encontro na vida. Há aqueles que são inevitáveis. Há encontros em que você se sente bem em ter encontrado. Há os encontros que ocorrem quando não se espera mais nada. Há encontros em que as pessoas trocam ideias, compartilham sonhos e fortalecem a vida. Há também encontros em que as pessoas só falam obviedades que nada acrescentam, e você fica com a sensação de que está perdendo seu tempo. Há encontros em que a pessoa só fofoca, denigre e inveja. Esses realmente nos matam. Há encontros em que o silêncio é mais proveitoso do que as palavras. Há outros em que o olhar, o toque, o carinho dispensam as palavras. Há encontros em que a palavra deve ser bem pensada, sentida, vivida, e há encontros em que a vida para a fim de que as pessoas vivam. São muitos e diferentes encontros. Há encontros que influenciam a vida. Há encontros que marcam a vida. Há encontros que transformam a vida. As reflexões brilhantes do querido amigo e irmão Alcindo
10 - O S ENCONTROS DE J ESUS
em Os Encontros com Jesus nos dão a dimensão clara do significado que esse acontecimento teve na vida daqueles que tiveram um encontro com Jesus de Nazaré. Todos os que se encontraram com Ele tiveram a vida marcada e transformada. Ninguém deixou um encontro com Ele sem ser tocado quer por suas palavras, suas atitudes ou por seu maravilhoso olhar. Encontrá-lO é ver a Palavra nos penetrando, fazendo-se desejável, manifestando-se como meio da graça, fazendo-nos adoradores e conscientizando-nos da necessidade do arrependimento e da salvação. Encontrá-lO é encontrar consolo e conforto para nossas dores; é encontrar o próprio sentido da vida; é vê-lO transformando nossa história de vida em “antes e depois” desse encontro. Minha oração é que Deus use este livro para levá-lo a um encontro com o Senhor Jesus que mude também sua vida.
Hilder Campagnucci Stutz Pastor da Igreja Presbiteriana em Alphaville
C A P Í T U L O 1
O encontro de Jesus com os discípulos na pesca maravilhosa (Lucas 5.1-11)
D
eus é extremamente bondoso para com o Seu povo, e essa narrativa Lucas nos mostra como. Nesse texto vemos que a chamada de Pedro e dos outros primeiros discípulos ocorreu em sucessivos estágios. Não podemos nos esquecer de que nessa narração não há nenhuma menção de André. Lucas faz uma afirmação muito importante no texto que tem tudo a ver com os acontecimentos da narrativa, a Palavra de Deus. Jesus está aqui anunciando o Evangelho da parte de Deus. Jesus faz e anuncia as boas-novas da chegada do Reino de Deus na Terra através do Seu ministério como Filho amado do Pai. Aqui vemos a Palavra de Deus agindo em favor do Seu povo e de maneira absolutamente poderosa e supridora. Que lições podemos tirar para a nossa vida dessa narrativa? A primeira lição que aprendemos é:
D EVEMOS
OUVIR SEMPRE A P ALAVRA DE
D EUS
Lucas disse no versículo 1: “C ERTO DIA JESUS ESTAVA PERTO DO LAGO DE GENESARÉ E UMA MULTIDÃO O COMPRIMIA DE TODOS OS LADOS PARA OUVIR A PALAVRA DE DEUS”. Veja que coisa importantíssima acontece nessa narrativa: a multidão que está ao lado do mar da Galileia quer ouvir a Palavra de Deus. E a ideia do verbo comprimir no original grego
12 - O S ENCONTROS DE J ESUS
é a de ter um abarrotamento de pessoas que querem de uma maneira urgente e insistente ouvir algo muito importante. Há uma pressão muito forte, de uma maneira muito insistente, só para essa multidão ouvir a Palavra de Deus. A multidão reconhece que Jesus é a fonte da Palavra de Deus, que Jesus é a verdade de Deus, por isso ela quer ouvir ardentemente a Palavra de Deus. Quantos de nós têm tido o desejo ardente, urgente de ouvir a Palavra de Deus para o nosso coração. Quantos têm tido o desejo de ouvir a voz de Deus no coração. Para enfrentarmos os problemas, as lutas de final de século é preciso darmos crédito total à Palavra de Deus. Sem ouvirmos a Palavra de Deus para o nosso coração não há como enfrentarmos nenhuma situação na vida, seja ela boa ou ruim. É preciso que tenhamos o desejo colocado pelo Espírito Santo de Deus de darmos ouvidos à Palavra de Deus no coração. O salmista diz em Salmos 119.5, 31, 40, 47, 92: “Q UEM DERA QUE FOSSEM FIRMADOS OS MEUS CAMINHOS NA OBEDIÊNCIA AOS TEUS DECRETOS . (…) A PEGO -ME AOS TEUS TESTEMUNHOS, Ó
SENHOR ; NÃO PERMITAS QUE EU FIQUE DECEPCIONADO (…) COMO ANSEIO PELOS TEUS PRECEITOS! PRESERVA A MINHA VIDA POR TUA JUSTIÇA ! (…) TENHO PRAZER NOS TEUS MANDAMENTOS; EU OS AMO (…) SE A TUA LEI NÃO FOSSE O MEU PRAZER , O SOFRIMENTO JÁ ME TERIA DESTRUÍDO”. Precisamos desejar ouvir a Palavra de Deus no nosso coração. A segunda lição que aprendemos é:
DEVEMOS
SEMPRE CONFIAR NA P ALAVRA DE
D EUS
Lucas diz nos versículos 2 a 5: “V IU À BEIRA DO LAGO DOIS BARCOS, DEIXADOS ALI PELOS PESCADORES , QUE ESTAVAM LAVANDO AS SUAS REDES. E NTROU NUM DOS BARCOS , O QUE PERTENCIA A
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NA PESCA MARAVILHOSA - 13
SIMÃO, E PEDIU-LHE QUE O AFASTASSE UM POUCO DA PRAIA . ENTÃO SENTOU-SE, E DO BARCO ENSINAVA O POVO. TENDO ACABADO DE FALAR , DISSE A SIMÃO: ‘V Á PARA ONDE AS ÁGUAS SÃO MAIS FUNDAS’, E A TODOS: ‘L ANCEM AS REDES PARA A PESCA ’. SIMÃO RESPONDEU: ‘MESTRE, ESFORÇAMO-NOS A NOITE INTEIRA E NÃO PEGAMOS NADA . M AS, PORQUE ÉS TU QUEM ESTÁ DIZENDO ISTO, VOU LANÇAR AS REDES’”. Jesus entrou no barco e começou a ensinar a Palavra de Deus à multidão que o ouvia atentamente. Veja que até aqui a multidão não vê Jesus realizar nenhum milagre, e mesmo assim ela ouve Jesus pregar a Palavra de Deus em um barco. Então, depois de pregar, Ele se dirige a Pedro e lhe diz: “Vá para onde as águas são mais fundas” . Pedro lhe responde: “Mestre, esforçamo-nos a noite inteira e não pegamos nada. Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”. Os pescadores trabalharam a noite inteira a nada conseguiram pescar. Foi em vão o trabalho deles, pois não conseguiram pegar nenhum peixe sequer. Mas Pedro, reconhecendo que Jesus era a verdade de Deus, que era a fonte da vida, o Senhor absoluto de toda a existência, crendo na Palavra de Jesus, afirma que sobre a palavra d’Ele iria lançar as redes. Pedro não hesita em confiar em Jesus, pois ele poderia dizer: “Senhor, Tu estás brincando, somos pescadores, conhecedores do mar, sabemos que ele não vai dar peixes para nós. Pare com isso, Senhor, é impossível pegarmos algum peixe hoje”. A atitude de Pedro é de alguém que sabe que o Senhor Jesus fala não da parte do homem, mas de Deus. Ele sabe da autoridade de Deus e do Seu poder, por isso diz: “Mas, porque és tu quem está dizendo isto, vou lançar as redes”. A ideia de os pescadores terem trabalhado a noite inteira é de trabalho com muito sofrimento, exaustivamente, sem
14 - O S ENCONTROS DE J ESUS
encontrar absolutamente nada. Em contraste, vem a palavra de Jesus a Pedro: “Vá para onde as águas são mais fundas”. E mesmo tendo uma longa noite de labuta, de sofrimento, sem obter qualquer resultado positivo, Pedro obedece à palavra de Jesus. Na nossa vida espiritual as coisas são assim também. Parece que não vai acontecer nada de extraordinário. Às vezes em determinadas situações olhamos as coisas e não vemos nada de concreto, não temos um horizonte para algo melhor. Jesus nos leva a colocar a nossa vida em Suas mãos. Ele diz: “Confia em mim e lança as redes”. Alguns de nós fazem diferentemente de Pedro, que obedeceu. “Senhor, eu sinto muito, mas este problema o Senhor não pode resolver. Deixa que este eu me viro sozinho.” É preciso confiar em Deus como Pedro confiou e dizer: “Senhor, está tudo escuro, não consigo ver o farol à minha frente, mas, sobre a Tua palavra eu vou lançar as redes e seja o que Tu quiseres”. Coloquemos as nossas dificuldades diante do Senhor, pois Ele sabe o que necessitamos. Confiemos em tudo no nosso Deus, que é a fonte de solução para todas as questões difíceis da nossa vida. A Bíblia diz em Jeremias 33.3: “C LAME A MIM E EU RESPONDEREI E LHE DIREI COISAS GRANDIOSAS E INSONDÁVEIS QUE VOCÊ NÃO.
E EM ISAÍAS 43.2, 5: Q UANDO VOCÊ ATRAVESSAR AS ÁGUAS, EU ESTAREI COM VOCÊ; QUANDO VOCÊ ATRAVESSAR OS RIOS, ELES NÃO O ENCOBRIRÃO. Q UANDO VOCÊ ANDAR ATRAVÉS DO FOGO, NÃO SE QUEIMARÁ ; AS CHAMAS NÃO O DEIXARÃO EM BRASAS. (…) N ÃO TENHA MEDO, POIS EU ESTOU COM VOCÊ, DO ORIENTE TRAREI SEUS FILHOS E DO OCIDENTE AJUNTAREI VOCÊ”. A terceira lição que aprendemos é:
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NA PESCA MARAVILHOSA - 15
D EVEMOS APRENDE R QUE
A GRAÇA DE GRANDE SOBRE A NOSSA VIDA
D E US
É
Lucas diz nos versículos 6 e 7: “Q UANDO O FIZERAM, PEGARAM TAL QUANTIDADE DE PEIXES QUE AS REDES COMEÇARAM A RASGAR SE. ENTÃO FIZERAM SINAIS A SEUS COMPANHEIROS NO OUTRO BARCO, PARA QUE VIESSEM AJUDÁ -LOS; E ELES VIERAM E ENCHERAM AMBOS OS BARCOS, AO PONTO DE COMEÇAREM A AFUNDAR ”. Deus derramou da Sua graça sobre a ação de obediência de Pedro em lançar as redes. O resultado foi que eles apanharam tantos peixes que as redes começaram a se romper, porque os peixes eram muito grandes. Com a ajuda de outros companheiros eles encheram os barcos a ponto de até poderem afundar. O poder de Jesus era tão extraordinário, tão maravilhoso que causou espanto por parte de Pedro e dos homens que estavam ali: “P OIS ELE E TODOS OS SEUS COMPANHEIROS ESTAVAM PERPLEXOS COM A PESCA QUE HAVIAM FEITO…” (v. 9). A graça de Deus foi manifesta em algo que no momento era impossível, ou seja, o pescar peixes tão grandes, sendo que eles já haviam tentado até se esgotarem. A ação do alto torna aquilo que era impossível naquela hora em algo palpável e totalmente possível. Precisamos aprender a esperar na grande graça de Deus em nossa vida, pois sempre haverá bonança para nós. Deus sempre mostrará Sua bondade para com o Seu povo. Pedro teve tanta consciência da grande graça de Deus naquela ação que, presenciando o poder de Jesus, a grandeza da graça de Jesus sobre a sua vida, disse prostrado aos pés de Jesus: “A FASTA -TE DE MIM, SENHOR , PORQUE SOU UM HOMEM PECADOR ”! (v. 8). Um Deus tão grande, tão poderoso não poderia olhar para
16 - O S ENCONTROS DE J ESUS
pecadores como Pedro. Sentindo sua pobreza, sua miséria diante de Deus, ele pede para que o Senhor Se afaste daquele pecador. Mas Jesus, mostrando a grande graça de Deus para com o Seu povo, não somente não se afasta de Pedro e dos demais como transborda ainda mais a Sua graça dizendo a Pedro: “ N ÃO TENHAS MEDO; DE AGORA EM DIANTE VOCÊ SERÁ PESCADOR DE HOMENS. E O VERSÍCULO 11 DIZ: ELES ENTÃO ARRASTARAM SEUS BARCOS PARA A PRAIA , DEIXARAM TUDO E O SEGUIRAM”. Veja a grande graça de Deus sobre a vida do Seu povo. Ele dá a bonança para o Seu povo e, além disso, vive no meio dele e lhe dá uma grande missão: ser Seu embaixador aqui na Terra. Pedro não só viu o poder de Deus na pesca maravilhosa, como Jesus ficou perto dele mesmo ele sendo um pecador, e ainda o chamou para a pregação da Palavra de Deus. Pergunta-se: agradecemos a Deus pela Sua grande graça em nossa vida? Agradecemos a Deus porque Ele sempre nos sustenta com a Sua bondosa graça todos os dias da nossa vida? Agradecemos a Deus porque temos o privilégio, que não foi dado aos anjos, de sermos pregadores da Palavra de Deus? A quarta lição que aprendemos é:
O S VERDADEIROS ADORADORES
PERMANECEM DE
JOE LH OS
O texto afirma no versículo 8: “Q UANDO SIMÃO VIU ISSO, PROSTROU -SE AOS PÉS DE J ESUS E DISSE: A FASTA -TE DE MIM , SENHOR , PORQUE SOU UM HOMEM PECADOR ”. Eu li o livro Renovação do coração , de Dallas Willard, no qual há um capítulo que trata de um assunto muito sério: a maldade do coração humano e a necessidade de limpeza na presença do Criador. Ele afirma que ninguém nasce de novo para continuar sendo o que era antes. Por isso, estranha a falta
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NA PESCA MARAVILHOSA - 17
de solidez espiritual dos cristãos – o que, a seu ver, tem sido a ruína do povo de Deus. Afinal, não deveria ser comum encontrar um número tão grande de cristãos envolvidos em pecados sexuais, improbidade financeira e tantos outros desvios morais. O que falta a essa gente que carrega o nome de Cristo, mas se recusa a imitar o caráter do Salvador? A resposta está em uma renovação do coração pela transformação do Espírito diariamente em nós. Precisamos nos harmonizar dia a dia com a vontade do Criador, e esse processo só acontece com a rendição da vida na presença do Pai. E falando francamente, temos dificuldades de viver assim todo dia, porque não entendemos bem o que significa vida de adoração constante diante de Deus. E o resultado é que passamos a não ter tanto medo do pecado e o racionalizamos sempre! Aqueles que adoram a Cristo de verdade e com todo coração se prostram de joelhos reconhecendo Sua grandeza e majestade. Estes de fato contemplam e recebem a graça de Deus Pai. Pedro nos ensina que a vida cristã significa rendição, e quando fazemos isso em nossa vida Cristo Se reproduz em nós. Quando nos prostramos como Pedro fez diante de Cristo, o Espírito Santo manifesta a graça de Deus em nós. Só que quando as coisas que fazemos não imitam a Cristo, e temos de começar tudo de novo, podemos perceber que não estamos refletindo Cristo em nós. Neste exemplo de Pedro aprendemos que ser cristão é ser a reprodução de Jesus de Nazaré. E o que é de fato adoração? Adoração é um estilo de vida, é o jeito cristão de ser. Adoração é isso que Pedro fez quando viu Jesus. E quando viu Cristo imediatamente se prostrou e reconheceu quem Jesus é e o que ele era: pecador. Pedro reconheceu que nós seres humanos somos
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a parcela do rebelde que rompeu com Deus e se voltou para Ele sabendo que adorá-lO é o único sentido da vida. Pedro sabe muito bem que Deus não precisa de adoradores, mas Ele faz isso em nós por amor. Ele nos deixa amá-lO e adorá-lO porque Ele nos amou primeiro e nos convidou para a adoração do Seu nome, da Sua santidade, da Sua Trindade. Nunca podemos nos esquecer desta grande verdade: nós O adoramos porque Ele nos amou primeiro. Por isso, devemos fazer isso com amor. A adoração deve ser algo além da estética. Não existe um meio para adorar, pois não sabemos adorar. Temos de depender da ação e mediação do Santo Espírito. Veja o exemplo de adoração de Pedro: ele se prostra diante Daquele que é maior do que ele. Daquele que conhece o seu ser como ninguém, Daquele que é o grande profeta de Deus. Daquele que não é apenas o Salvador do Seu povo, mas, sobretudo, o Seu Senhor. Pedro tem, pela graça de Deus, essa compreensão no coração, por isso se prostra diante do Redentor. Lembra-se da experiência do fariseu da parábola? O texto diz que ele falou para si mesmo. Este é o grande problema de uma má compreensão da adoração. A adoração nos faz ficar de joelhos e falar de dentro de nós mesmos para Deus. Saímos do nosso ego para a graça de Deus. Saímos do eu para o Deus da majestade, que exige de nós exclusividade total. Saímos de nós mesmos e percebemos que Deus é um ser para os outros e não para uma pessoa só. Ele não é um Deus para Si mesmo (MANNING, 2006, p. 124). A nossa adoração não tem significado se não reconhecermos, como Pedro, quem Deus é e o que Ele faz em nós. Se a graça de Deus não estiver comigo, serei como o fariseu, orarei de mim para mim mesmo. Adorarei a mim mesmo e não o Deus da criação, o Deus da aliança eterna.
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Quando não temos a postura de rendição, como Pedro teve, perdemos a consciência do sagrado, perdemos a noção correta de que estamos diante de Deus. Perdemos aquela mesma ideia de Paulo em Filipenses 4.5 – perto está o Senhor. Então sem a verdadeira adoração insistimos em profanar o sábado de Deus. Quando cultivamos o sagrado, compreendemos o propósito pelo qual o homem foi criado: para adorar e glorificar a Deus para sempre! Francisco de Assis afirma que é importante reconhecer a nossa ressonância interior com o mundo espiritual da adoração. E os salmos revelam a nossa ressonância interior e a fé no criador. Ao deixar a doutrina da criação perdemos a noção de que ela é cristológica, porque tudo o que pensamos no Reino é por meio de Cristo. Paulo coloca Cristo no centro da criação. O homem de Nazaré é o criador. O mesmo poder que Ele usou para tirar Cristo da morte é o mesmo que Ele usa para nos fazer novas criaturas. Uma vez o sobrinho de Henri Nouwen, chamado Marc, perguntou para ele o que significava o cristianismo. Ele respondeu: “Cristo no centro de tudo” (NOUWEN, 1999, p. 12). Quando nos prostramos como Pedro, aprendemos que é a vontade de Deus que estabelece o padrão da vida humana e da nossa adoração, tendo de fato Cristo no centro. Passamos a ter a visão do numinoso X narcisismo. O numinoso nos ajuda a sair de nós mesmos para aquele que é Todo-Poderoso. O numinoso nos leva a ficar aterrorizados com a nossa limitação e impotência diante de Deus (LELOUP, 2004, p. 106). O numinoso nos leva para a experiência interna preparando-nos para enfrentar o externo sem soberba. Ao contrário, o narcisismo é aquilo que esconde o desejo primário de querer ser mais do que Deus. O ser humano passa a se amar mais do que tudo e se esquece de Deus.
20 - O S ENCONTROS DE J ESUS
O numinoso nos leva para um ícone chamado Jesus de Nazaré enquanto o narcisismo nos leva para um ídolo chamado eu. O ídolo bloqueia a visão de quem Deus é de fato e bloqueia a nossa adoração. O ícone nos mostra quem somos e abre a nossa visão para o invisível e para aquele que deve ser adorado e honrado em todo tempo. O ícone mostra a visão do Deus majestoso e glorioso em nossa vida. Agostinho diz que Deus nos fez par a Ele, e nã o encontraremos descanso enquanto não repousarmos em Deus. O grande anseio do coração humano é Deus. Ser gente adoradora é ser como Jesus de Nazaré, que Se prostrava diante do Seu Pai sempre. Se não fazemos as coisas como Jesus, não estamos sendo gente, tampouco adoradores. Saibamos desta verdade: reconhecer Deus em todos os caminhos é ser um verdadeiro adorador. É fazer o que Jesus faria se estivesse em nosso lugar. A graça é o sacrifício maior de Jesus. Nós esquecemos sempre que vivemos numa bolha da graça de Deus. Sem a graça de Deus não podemos dar um passo sequer na vida cristã. A graça é o sustento absoluto da nossa vida espiritual. Ela é o convite para nos prostrarmos diante do Deus santo e que deve ser adorado. Quem teria autoridade para entregar o cordeiro pascal a não ser o sumo sacerdote? Só alguém como Abraão teria esta autoridade porque ele levou Isaque para o sacrifício. O sofrimento antecede a nossa chegada. A primeira coisa que aconteceu para sermos criados foi o sacrifício na Trindade, pois houve, desde a eternidade, o oferecimento do sangue de Jesus. Por isso a adoração tem de ser de joelhos e sincera. A adoração tem de ser com o coração e com a alma.
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NA PESCA MARAVILHOSA - 21
O pentecostalismo ensina que podemos manipular Deus. Os que se dizem reformados têm uma teologia que nos ensina a dissecar Deus. Os dois estão errados, pois não podemos manipular Deus nem dissecá-lO. A única coisa que podemos fazer sem manipulação ou pesquisas é adorar a Deus. Só podemos nos render diante Daquele que é maior e mais excelente do que nós. A quinta lição que aprendemos é:
OS VERDADEI RO S ADOR ADORES
NÃ O RACIONALIZAM
O PECADO
Pedro diz: “A FASTA -TE DE MIM, SENHOR , PORQUE SOU UM HOMEM PECADOR ”. A consciência do sagrado nos faz estar de joelhos na presença do Criador. Deus veio para nos fazer nascer de novo. Ele nos leva para a cruz, quebra-nos e nos faz de novo. A vida cristã não é uma associação de mudanças, e sim de arrependimentos. Precisamos dizer que erramos diante de Deus. Somos pecadores, miseráveis, trapos de imundícia. Eu e você somos profundos pecadores. Não racionalizamos o pecado como os artistas e os liberais fazem. Saiba que disciplina eclesiástica é para os cínicos, não para os arrependidos. Para os arrependidos Deus trabalha com a graça que os convida a dizer: “Filho de Davi, tem misericórdia de nós”. A racionalização do pecado começa quando nos olhamos no espelho e queremos nos maquiar para esconder quem realmente somos. Vivemos buscando os cosméticos da vida para melhorarmos a imagem do que realmente somos. E temos medo de mostrar quão maltrapilhos somos diante de Deus. Satanás, o ilusionista, quer encobrir a verdade sobre nós encorajando-nos a ser desonestos quanto à realidade do pecado
22 - O S ENCONTROS DE J ESUS
em nós (MANNING, 2006, p. 135). Ele nos reveste de engano e nos seduz para longe do que é real quanto ao pecado. Ele nos motiva a viver num mundo de engano e sombras quanto ao pecado. O fato é que somos extremamente pecadores, e Jesus Cristo é a única razão por que o Pai nos tolera. Ele só pode nos aceitar por causa do sangue de Jesus Cristo. Sem Jesus somos trevas totais. Pedro tem uma compreensão disso, por isso pode dizer: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador”. Adorar a Deus é não resistir à graça de Deus, que nos faz andar com Ele e perceber que somos todos pecadores indignos dela. Resistir à graça é ser um amontoado de trevas diante de Deus. A Igreja perdeu essa compreensão, por isso perdeu a noção do sagrado e racionaliza o pecado. Os reformados sabem explicar tudo sobre Deus e os pentecostais sabem tirar tudo de Deus. Mas onde está o verdadeiro tirar as sandálias dos pés porque o lugar é santo? Onde está a visão da santidade de Deus? Precisamos de uma mudança na vida urgentemente para termos a mesma postura de Pedro ao ver o Santo dos santos:
1. Há pessoas que saíram do mundo, mas não saíram do inferno: o inferno está na vida de muitas pessoas na Igreja. É preciso sair do estado de inferno. Quando vivemos em pecado, vivemos entristecendo o santo que habita em nós. Logo, não há céu nem comunhão com Deus. 2. Não é só uma questão de sair do inferno, mas de o inferno sair de nós mesmos: isto é graça especial (Paulo diz: façam morrer tudo o que pertence à natureza terrena de vocês – Colossenses 3.5).
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NA PESCA MARAVILHOSA - 23
3. Sair do inferno é ser liberto das garras do pecado: ou vivemos para Deus ou vivemos para o diabo. O cristianismo não tem meio-termo. Quando adoramos a Cristo, vivemos para ele. Quando somos narcisistas, vivemos para o eu. Isso é rebelião espiritual. 4. Um passo importante para sair do inferno é Cristo ser transformado em nós (Gálatas 4.19): É quando de fato Cristo é o foco, quando de fato Ele é o nosso ícone. 5. Para reconhecer que somos pecadores Cristo deve ser pleno em nós (Gálatas 6.14). 6. Precisamos ter uma postura diante do sagrado: Deus é santo, e nós pecadores. Daí surge a nossa verdadeira adoração: de joelhos e prostrados sempre! Que valorizemos a bênção da graça de Deus em nossa vida, em nome de Jesus!
C A P Í T U L O 2
O encontro de Jesus com um centurião cheio de fé (Lucas 7.1-10)
O
que significa esta pequena palavra chamada fé? Para alguns a fé é o canal de tudo para a vida. Por exemplo: um dia, um pastor convidou o povo para orar e disse: “Venha orar, mas saiba que você não tem nenhum mérito, você só tem a fé, e a fé muda as circunstâncias, a fé muda tudo. Com fé você consegue tudo, mas tudo depende da sua fé, se você não tiver fé, adeus!”. Outro disse que os cristãos não ganhavam as bênçãos de Deus porque não tinham fé. Uma senhora entrou no quarto de uma paciente que estava em coma por causa de uma leucemia e perguntou ao seu marido: “Você tem fé que ela será curada agora?”. Ele respondeu: “Eu tenho”. Ela disse isso às onze horas da manhã, e, depois de muito orar, às duas e meia da tarde a paciente foi a óbito. Precisamos entender urgentemente que fé não é um objeto vindo do homem, nem um objeto do qual Deus depende para agir na vida do ser humano. Não basta ter fé para encontrar-se com Deus, não basta ter fé para as coisas acontecerem. É preciso haver uma ação primeiramente vinda de Deus. Portanto, fé é um instrumento, um meio, um canal pelo qual Deus faz-nos ver as Suas obras e a grandeza da Sua majestade e poder. Fé é algo que vem de Deus. Se ela não brotar no homem pela ação de Deus, não passará de um elemento fútil no homem. Fé vinda da parte de Deus gera esperança, gera confiança
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naquilo que é inacreditável, naquilo que aos nossos olhos é simplesmente impossível (Hebreus 11.1). Estamos diante de um texto que fala de um homem que teve fé, não em si mesmo, mas uma fé que emanou no seu coração pela ação do Espírito Santo de Deus. E por essa fé vinda do alto ele adquiriu, recebeu, apropriou-se de algumas qualidades importantes para uma vida cristã, uma vida séria diante de Deus. Vejamos o que aprendemos no texto para a prática da nossa vida cristã diária. Depois que o Senhor Jesus proferiu as partes mais difíceis da vida cristã, que é o Sermão do Monte, no capítulo 6, Ele entrou na cidade de Carfanaum, que ficava na costa norte do mar da Galileia. Essa cidade era, entre outras, um posto militar romano e um centro de recolhimento de impostos do Império, por isso tinha um comércio movimentado. Ali também residia nosso Senhor Jesus Cristo e foi o local onde Ele realizou o maior número de milagres e pronunciou os mais profundos ensinamentos (RONIS, 1988, p. 123). O texto diz que o servo de um centurião estava enfermo. Na verdade era um escravo do centurião que estava enfermo. Para entendermos bem os aspectos do contexto, um centurião era um comandante romano que ficava encarregado de um batalhão de cem homens. E segundo as informações históricas, os centuriões romanos, por incrível que pareça, eram homens excelentes e os mais nobres do exército romano. Mas esse centurião não era judeu, e este é um detalhe muito importante aqui no texto. Presume-se que esse centurião era o oficial do exército judaico de Herodes Antipas, e muito provavelmente suas relações com o povo de Israel foram muito boas para a sua vida (CHAMPLIN, 1995, p. 70). Voltemos às qualidades desse centurião. Quais são essas
O ENCONTRO DE J ESUS
COM UM CENTURIÃO CHEIO DE FÉ -
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qualidades que, recebidas por fé, nos fazem ter uma vida cristã melhor? Quais são as qualidades que esse centurião recebeu pela fé no Senhor Jesus? A primeira qualidade do centurião romano foi: Ele exercitava a bondade
Esse homem se tornou alguém bom no sentido de servir o próximo. Ele se preocupou com aquele que era seu escravo, pois este estava doente (v. 2). O centurião estimava, tinha simpatia pelo seu escravo, respeitava-o, mesmo sendo um criado. Veja que o centurião fez aquilo que, no contexto, era anormal, pois um capitão romano desprezaria completamente um escravo. Para um coronel, os escravos eram meros objetos, só serviam para trabalhar, obedecer ordens. Mas esse centurião agiu diferentemente, não foi um medíocre, não foi hostil, nem mau. Ao contrário, ele se preocupou, amou, tratou bem seu criado, tratou-o como ser humano, como um irmão, como uma pessoa. Pergunta-se: como está o exercício na nossa fé quando demonstramos bondade para com o nosso próximo? Como temos encarado a parábola do bom samaritano na nossa vida? Bem, a grande verdade é que a maioria de nós não sabe nem onde se encontra esta passagem, quanto mais praticá-la! A parábola nos ensina que o pastor viu o homem todo acabado e passou pelo outro lado. Depois, veio o ministro de louvor e também passou do outro lado. Por fim, veio um desconhecido e moveu-se de íntima compaixão. Ajudou-o, levou-o para um hotel e depois gastou seu dinheiro para cuidar desse homem. Então Jesus pergunta ao doutor da lei: “Q UAL DESTES TRÊS VOCÊ ACHA QUE FOI O PRÓXIMO DO HOMEM QUE CAIU NAS MÃOS DOS ASSALTANTES? ‘A QUELE QUE TEVE MISERICÓRDIA
28 - O S ENCONTROS DE J ESUS DELE’, RESPONDEU O PERITO NA LEI. JESUS LHE DISSE: ‘V Á E FAÇA O MESMO”’ (Lucas 10.36-37).
Aqui está um grande exemplo de alguém que tinha fé com obras e obras verdadeiras para com o próximo. Nós, da mesma forma que o centurião praticou a bondade, exercitou sua fé com bondade, também precisamos fazer para com o nosso próximo, pois a Palavra de Deus nos exorta a fazer isso. Paulo diz em Romanos 12.13: “ COMPARTILHEM O QUE VOCÊS TÊM COM OS SANTOS EM SUAS NECESSIDADES. PRATIQUEM A HOSPITALIDADE . EM R OMANOS 13.8, 10 ELE TAMBÉM DIZ: N ÃO DEVAM NADA A NINGUÉM, A NÃO SER O AMOR DE UNS PELOS OUTROS, POIS AQUELE QUE AMA SEU PRÓXIMO TEM CUMPRIDO A LEI. (…) O AMOR NÃO PRATICA O MAL CONTRA O PRÓXIMO. PORTANTO, O AMOR É O CUMPRIMENTO DA LEI”. E em Romanos 15.1-3: “ NÓS, QUE SOMOS FORTES, DEVEMOS SUPORTAR AS FRAQUEZAS DOS FRACOS, E NÃO AGRADAR A NÓS MESMOS. C ADA UM DE NÓS DEVE AGRADAR AO SEU PRÓXIMO PARA O BEM DELE, A FIM DE EDIFICÁ -LO. POIS TAMBÉM CRISTO NÃO AGRADOU A SI PRÓPRIO, MAS, COMO ESTÁ ESCRITO: ‘OS INSULTOS DAQUELES QUE TE INSULTAM CAÍRAM SOBRE MIM’”. Percebamos uma coisa: a fé se evidencia na prática da bondade, portanto peçamos ao Senhor que nos ajude a exercitar nossa fé com bondade para com o próximo. A segunda qualidade do centurião romano foi:
ELE TINHA UMA VI DA DE TESTEMUNHO VERDADEI RO E UMA COMUNHÃO COM AS PESSOAS
Os versículos 4 e 5 falam do testemunho desse homem: “CHEGANDO-SE A JESUS, SUPLICARAM-LHE COM INSISTÊNCIA : ‘ESTE HOMEM MERECE QUE LHE FAÇAS ISSO, PORQUE AMA A NOSSA NAÇÃO E CONSTRUIU A NOSSA SINAGOGA ”’. Esse centurião era um homem digno, mesmo sendo romano
O ENCONTRO DE J ESUS
COM UM CENTURIÃO CHEIO DE FÉ -
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(v. 4). Ele tinha uma grande generosidade para com os outros, pois contribuíra para a construção de uma sinagoga de judeus. O versículo 6 diz que esse homem era cercado pelos amigos, e aqui há algo estranho para nós, pois, por ser um centurião, deveria ser odiado pela sociedade, mas acontece exatamente o contrário: ele é querido, amado e considerado pelos judeus. Pergunta-se: como está a nossa generosidade? A nossa fé prática se traduz nisto? Como estão os nossos relacionamentos? Hoje estamos mais preocupados em ajuntar riquezas, posses, mas não em ajuntar valores eternos. A comunhão e o bom testemunho diante dos outros têm um valor eterno que não se compram por nenhum real. Se observarmos o valor do testemunho do apóstolo Paulo e a sua generosidade para com os outros, vamos perceber que quando ele estava para morrer ficou rodeado de amigos, pois eles respeitavam-no por causa da sua amizade e testemunho do Evangelho de Cristo. Há uma história de um homem nos EUA que ficou bilionário, mas mesmo com toda a sua fortuna ele morreu com as unhas grandes, a barba sem fazer, o cabelo sem cortar e totalmente só, sem ninguém. Não cultivemos relacionamentos só para nós mesmos, não sejamos solitários, porque os irmãos e amigos são o consolo de Deus para a nossa vida. O centurião cultivou relacionamentos, por isso, para ajudar seu servo, ele pôde contar com os seus amigos. Isso foi um bom testemunho da sua fé. A terceira qualidade do centurião romano foi:
E LE
TINHA UMA ESPIRITUALIDADE PROFUNDA
Esse homem era espiritual. Por quê? Porque ele se interessou pelo Cristo dos judeus. Ele, através da ação do Espírito Santo, reconheceu que Deus era capaz de curar, de restaurar a vida
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do seu servo. Por isso, pediu para que os anciãos rogassem ao Senhor para que curasse seu servo, como nos informa o versículo 3: “ELE OUVIU FALAR DE JESUS E ENVIOU-LHE ALGUNS LÍDERES RELIGIOSOS DOS JUDEUS, PEDINDO-LHE QUE FOSSE CURAR O SEU SERVO. Ele reconhece a grandeza de Cristo, reconhece o poder do Filho de Deus na vida do ser humano. A fé do centurião se traduz em ações práticas, ele recorre ao que dá fé, ao que traz fé para o ser humano. Ele não recorre aos fariseus, nem aos mestres de Israel, mas, demonstrando sua espiritualidade, demonstrando a grande sensibilidade para com as coisas espirituais, vai ao lugar certo. Ele concentra sua fé na pessoa certa, no Senhor Jesus Cristo. E nós, como povo de Deus hoje, estamos concentrando nossa expectativa para todas as coisas no Senhor? Porque hoje, quando as coisas não estão bem, pensamos no amigo que pode nos ajudar com dinheiro, pensamos nas próprias forças. Aí dizemos: “Eu vou fazer isto e aquilo para resolver meu problema”. Nesse texto aprendemos com um homem que demonstrou uma profunda espiritualidade, uma profunda sensibilidade espiritual, quando procurou depositar sua fé recebida no Senhor Jesus. Ele procurou por Jesus para que o seu servo fosse curado. Precisamos procurar o Senhor Jesus em todos os momentos, pois só Ele tem a solução para os problemas e dificuldades da nossa vida segundo a Sua vontade. Quando nos voltamos para o Senhor, descobrimos que estamos cultivando uma espiritualidade profunda, como aconteceu com o centurião. A quarta qualidade do centurião romano foi:
ELE
TINHA UMA HUMILDADE PROFUNDA
Esse homem demonstra uma humildade preciosa. Ele
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COM UM CENTURIÃO CHEIO DE FÉ -
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reconhece sua limitação ao dizer que não era digno de receber o Senhor Jesus em sua casa. Os versículos 6 a 8 dizem: “J ESUS FOI COM ELES. J Á ESTAVA PERTO DA CASA QUANDO O CENTURIÃO MANDOU AMIGOS DIZEREM A JESUS: ‘SENHOR , NÃO TE INCOMODES, POIS NÃO MEREÇO RECEBER TE DEBAIXO DO MEU TETO. POR ISSO, NEM ME CONSIDEREI DIGNO DE IR AO TEU ENCONTRO . M AS DIZE UMA PALAVRA , E O MEU SERVO SERÁ CURADO .
P OI S
EU TAMBÉM SO U HOMEM SUJEITO A
AUTORIDADE, E COM SOLDADOS SOB O MEU COMANDO. UM: V Á , E ELE VAI; E A OUTRO:
DIGO A
V ENHA , E ELE VEM. DIGO A MEU
SERVO: F AÇA ISTO, E ELE FAZ”’.
Aprendemos o exercício da humildade com um capitão que, na prática, deveria ser orgulhoso e soberbo, mas não era. Vemos na vida desse homem um reconhecimento de que Cristo é maior do que ele. No Reino de Deus nós devemos aprender com o Senhor a ter essa humildade, pois o Reino de Deus não é para os soberbos nem para os orgulhosos e sim para os humildes e quebrantados de coração. Em Provérbios 11.2 e 16.18-19 está escrito: “ Q UANDO VEM O ORGULHO, CHEGA A DESGRAÇA , MAS A SABEDORIA ESTÁ COM OS HUMILDES. (…) O ORGULHO VEM ANTES DA DESTRUIÇÃO; O ESPÍRITO ALTIVO, ANTES DA QUEDA . MELHOR É TER ESPÍRITO HUMILDE ENTRE OS OPRIMIDOS DO QUE PARTILHAR DESPOJOS COM OS ORGULHOSOS”.
Em Tiago 4.6-10 há ensinamentos profundos acerca da humildade: “M AS ELE NOS CONCEDE GRAÇA MAIOR . POR ISSO DIZ A ESCRITURA : “DEUS SE OPÕE AOS ORGULHOSOS, MAS CONCEDE GRAÇA AOS HUMILDES ”. P ORTANTO, SUBMETAM- SE A D EUS . R ESISTAM AO DIABO, E ELE FUGIRÁ DE VOCÊS. A PROXIMEM-SE DE DEUS, E ELE SE APROXIMARÁ DE VOCÊS! P ECADORES, LIMPEM AS
32 - O S ENCONTROS DE J ESUS MÃOS, E VOCÊS , QUE TÊM A MENTE DIVIDIDA , PURIFIQUEM O CORAÇÃO. ENTRISTEÇAM -SE, LAMENTEM-SE E CHOREM. TROQUEM O RISO POR LAMENTO E A ALEGRIA POR TRISTEZA .
HUMILHEM-SE
DIANTE DO SENHOR , E ELE OS EXALTARÁ ”.
A quinta qualidade do centurião romano foi:
ELE
TINHA UMA FÉ CONCENTRADA EM
J ESUS
Esse homem teve uma fé correta: ele reconheceu a autoridade de Jesus (vv. 7a e 8); ele entendeu a soberania de Jesus (v. 7b); ele creu no Senhor Jesus de maneira profunda (v. 7b) e assim seu criado foi curado (v. 10). Sua fé constrangeu todos a ponto de Jesus afirmar que nem no meio dos judeus Ele tinha visto tamanha fé concentrada no Deus Todo-Poderoso. O versículo 9 diz: “A O OUVIR ISSO, JESUS ADMIROU-SE DELE E, VOLTANDO-SE PARA A MULTIDÃO QUE O SEGUIA , DISSE: ‘EU LHES DIGO QUE NEM EM ISRAEL ENCONTREI TAMANHA FÉ”’. E no versículo 10 há a confirmação da ação de Deus na vida do centurião em ver seu servo curado pelo Senhor Jesus Cristo. O texto diz: “E NTÃO OS HOMENS QUE HAVIAM SIDO ENVIADOS VOLTARAM PARA CASA E ENCONTRARAM O SERVO RESTABELECIDO”. Sua fé causou uma grande admiração no Senhor Jesus. Eu pergunto: como está a nossa fé diante do nosso Pai? Será que ela é como a desse homem, que creu profundamente no Senhor Jesus? Temos buscado crescer na fé meditando na Palavra (Romanos 8.17)? Para finalizar, quero citar uma frase do Doutor John Stott que está no seu livro Crer é também pensar :
“ É precisamente o nosso conhecimento da natureza de Deus e do seu caráter que a nossa fé suscita. E quanto mais nós o amamos aumentamos a nossa fé nele. ”
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COM UM CENTURIÃO CHEIO DE FÉ -
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Que digamos como o pai daquele jovem lunático quando o Senhor Jesus disse a ele que tudo é possível ao que crê. Ele respondeu dizendo: Creio, ajuda-me a vencer a minha incredulidade! Que Ele nos ajude a ter fé concentrada n’Ele para que essas qualidades estejam presentes e sejam marcantes em nossa vida diária!
C A P Í T U L O 3
O encontro de Jesus com a viúva de Naim (Lucas 7.11-17)
O
desespero está ligado à nossa convicção interna de que no fim das coisas é impossível impedir que elas se transformem em nada. Que de fato, aos nossos olhos, Deus não se importa com a nossa dor, como aquela moça que perdeu seu filho que tinha 14 anos de idade, e ela dizia que não entendia Deus, que Deus era um ser totalmente egoísta, duro e insensível, pois havia levado o filho que ainda nem tinha começado a viver. Ou então a realidade daquela família que perdeu a filha por causa de uma arma sacada por brincadeira. O texto de Lucas nos mostra exatamente o contrário, que Deus não é duro, nem insensível, tampouco egoísta. Ele é cheio de compaixão e sabe de todos os sofrimentos do coração humano. E soluciona as dores humanas para a Sua própria glória, segundo a Sua boa vontade. Esse texto relata a história de uma viúva de Naim, uma pequena cidade que ficava 16 quilômetros a sudoeste de Nazaré. O Senhor Jesus foi até essa cidade acompanhado de muitos discípulos, e uma grande multidão se acercava d’Ele. Muitos tinham ido para ouvir o que Ele tinha a dizer sobre o Reino de Deus; outros buscavam apenas satisfazer alguma necessidade alimentar ou física. E enquanto Jesus passa por essa cidade, Ele vê que algumas pessoas estão levando um defunto, filho único de sua mãe, que
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já era viúva, e com ela ia uma grande multidão da cidade. Jesus, encontrando-Se com a mulher e vendo a sua dor, moveu-Se de compaixão por ela. A primeira lição que podemos aprender deste encontro precioso é:
J ESUS
É O MAIOR CONFORTO DO NOSSO CORAÇÃO
O texto diz no versículo 13: “A O VÊ-LA , O SENHOR SE COMPADECEU DELA E DISSE: ‘N ÃO CHORE’”. Veja que impacto profundo na vida dessa mulher. Ela está carregando no seu coração uma desesperança profunda. Ela já havia perdido seu marido e agora vê seu filho, que era sua única esperança de alegria, deitado em um caixão. Então o Senhor da vida vem e consola seu coração aflito e angustiado. E diz para ela, com o coração cheio de compaixão: “Não chore”. Perceba como Jesus se importa com a dor humana. Sua preocupação é imediata com aquela pobre mulher (FABRIS e MAGGIONI, 1992, p. 83). Aqui Jesus cumpriu a promessa feita no tempo do profeta Isaías, de que Ele seria o Deus Emanuel, o Deus conosco. Ele vem até nós para compartilhar a nossa própria vida em solidariedade. É o Deus que tem compaixão, e essa compaixão está para além daquilo que entendemos por compaixão. A compaixão que Jesus sente por essa mulher é a profunda bondade divina que sai das entranhas de um coração repleto de amor, carinho, misericórdia e afeto. A compaixão que Jesus sente por essa mulher é o ato de ser movido no íntimo de Seu ser pela dor humana (NOUWEN, 1998, p. 29). Quando diz para a mulher: “Não chore”, Ele mostra o quanto é cheio desse amor e dessa compaixão. Ele mostra o quanto é solidário diante do sofrimento humano. Ele mostra que vem para perto dessa mulher para ser o seu presente e que
O ENCONTRO DE J ESUS
COM A VIÚVA DE N AI M -
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participa ativamente da dor e da tribulação do coração humano. Às vezes, nas horas de tribulação, parece que Deus nos abandonou. Parece que Ele está longe de nós. Parece que não se importa conosco. Mas nesse encontro de Jesus com a viúva de Naim vemos que não estamos sozinhos na nossa caminhada. Não precisamos nos desesperar quando as coisas não vão bem, pois o Jesus de amor, o Jesus da compaixão está dizendo as mesmas palavras que ele disse para aquela mulher que estava sem nenhuma esperança no coração: “Não chore” . E quando Jesus diz para não chorarmos é porque Ele está conosco, porque Ele se torna o amigo íntimo na nossa caminhada diária. Ele é o Deus conosco, o Deus do refúgio, o Deus do socorro, o Deus que é o nosso pastor amado. Sua compaixão para conosco está ancorada na mais íntima solidariedade, e solidariedade nos leva a dizer as mesmas palavras do salmista: … POIS ELE É O NOSSO DEUS, E NÓS SOMOS O POVO DO SEU PASTOREIO , O REBANHO QUE ELE CONDUZ. (Salmos 95.7). Jesus não nos abandona em nenhum momento da nossa vida. Ele sempre está conosco, como esteve na vida dessa mulher. A segunda lição que aprendemos é:
C OM A S UA COMPAIXÃO J ESUS SOLUCIONA AS CRISES DO CORAÇÃO HUMANO
O texto diz nos versículos 14 a 16: “DEPOIS, APROXIMOU-SE E TOCOU NO CAIXÃO, E OS QUE O CARREGAVAM PARARAM . JESUS DISSE: ‘JOVEM, EU LHE DIGO, LEVANTE-SE!’. O JOVEM SENTOU-SE E COMEÇOU A CONVERSAR , E JESUS O ENTREGOU À SUA MÃE. TODOS FICARAM CHEIOS DE TEMOR E LOUVAVAM A D EUS. ‘U M GRANDE PROFETA SE LEVANTOU ENTRE NÓS’, DIZIAM ELES. ‘DEUS INTERVEIO EM FAVOR DO SEU POVO’”. A conclusão do povo é que houve um grande milagre
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naquele lugar e o reconhecimento de que Deus visitou Seu povo. Todos glorificaram ao Senhor com muita gratidão no coração. O texto é absolutamente convidativo para a nossa realidade. Jesus vê uma crise, vem e resolve dando uma solução extraordinária para o coração daquela mulher. De repente, surge em seu caminho o Deus Emanuel, o Deus conosco, o Deus que tem empatia pelo ser humano na hora da sua dor. Jesus vê o enterro, consola o coração da mulher e dá a solução que todos gostariam: Ele torna a dar a vida ao moço. E assim faz renascer a esperança daquela mulher. Então a alegria invade o coração dela e de todos que estão ao seu redor. E há um grande reconhecimento de que Deus visitou Seu povo. Diante desse acontecimento faço uma pergunta: será que haveria o reconhecimento desse Jesus solidário se Ele tivesse dito somente “não chores” e dissesse para aquela mulher que seu filho estaria num lugar melhor? Esse texto me faz olhar para Jesus como o solucionador das minhas crises à Sua maneira e não da minha maneira. Graças a Ele a solução foi óbvia: Ele ressuscitou o filho daquela mulher. É bom entendermos que Jesus dá as soluções necessárias na nossa vida segundo o Seu querer, pois às vezes a vontade d’Ele é que o nosso amigo, o nosso marido, a nossa esposa, a nossa mãe vão para junto d’Ele. Às vezes Ele quer dar uma solução que aos nossos olhos parece ser negativa. Lembre-se de Paulo quando teve o espinho na carne. Ele clamou pela compaixão do Senhor, mas o Senhor lhe respondeu que a Sua graça bastava na vida de Paulo e que o seu poder se aperfeiçoava na fraqueza. Depois Paulo, compreendendo a bondosa providência de Deus na sua vida, disse que quando estava fraco, então ele era forte. Precisamos aprender com Jesus que Ele é o grande
O ENCONTRO DE J ESUS
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solucionador das nossas crises, pois Ele é cheio de compaixão, porque sabe das nossas dores, porque Ele as experimentou na cruz do Calvário. Essa compaixão que Ele tem para conosco já é a própria solução para as nossas dores. Pode vir mais providência, como no caso dessa mulher, mas Jesus não é obrigado a fazer nada mais além do que faz, que é derramar da Sua compaixão sobre a nossa vida, sobre o nosso coração. Aprendendo esta verdade saberemos nos relacionar com Deus e com o próximo sem a perspectiva de querer obter soluções para tudo na vida. Viveremos em função da compaixão Daquele que, nas horas de tribulação, de angústia, vem e diz no nosso coração: “Não chore, pois estou com você, eu o ajudarei, eu o segurarei com a minha mão direita”. Quando experimentamos a compaixão de Jesus, estreitamos o nosso relacionamento de amizade com Ele. Tornamo-nos pessoas mais chegadas a Ele em comunhão e caminhada diárias. Então podemos dizer, com o coração aberto, as mesmas palavras que o povo disse: “Deus interveio em favor do seu povo” . Não nos esqueçamos de que a compaixão de Jesus é aquela de alguém que desceu do alto para nos livrar da escravidão e revelou essa compaixão na qualidade de servo sofredor (NOUWEN, 1998, p. 37). Por isso, não achemos que uma possível ausência de solução para algum problema seja sinônimo de que Deus se esqueceu de nós. Quando Ele não dá a solução humana que esperamos, já demonstrou uma solução que é divina, celestial. O que Ele demonstra? Sua compaixão em nos consolar, em ser o Deus conosco presente em todas as horas da nossa vida. Encerro a reflexão citando uma frase sobre compaixão que Henri Nouwen disse no seu livro chamado Compaixão:
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“A compaixão de Deus é total, absoluta, incondicional, sem reservas. É a compaixão daquele que continua se dirigindo para os lugares mais esquecidos do mundo, e que não consegue descansar enquanto sabe que ainda existem seres humanos como lágrimas nos olhos. É a compaixão de Deus que não age meramente como servo, mas cuja condição de servo é expressão direta da sua divindade.” Que a graça do Senhor caia sobre nós para que entendamos que Ele olha para a nossa dor e cuida de nós dando-nos a solução para a nossa vida segundo o Seu querer!
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O encontro de Jesus com a mulher pecadora (Lucas 7.36-50)
C
omo podemos servir ao Senhor com um coração humilde e quebrantado? O que fazer para não sermos hipócritas diante de Deus? Como podemos aproveitar as oportunidades no Reino de Deus? Como podemos nos envolver com a simplicidade do Reino sem sermos religiosos legalistas? Lucas, narrando o encontro de Jesus com a mulher pecadora, responde a essas perguntas. Mas antes é interessante notar que Lucas registra nesse capítulo a questão de João Batista sobre o envio de Jesus como o salvador verdadeiro do seu povo. E Jesus responde a ele que os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e aos pobres anuncia-se o Evangelho (v. 22). Em seguida ele mostra o grande valor do ser humano João Batista. Ele diz no versículo 28 que entre os nascidos de mulher ninguém é maior do que o profeta João Batista. Depois desta palavra acontece uma revolta dos fariseus e dos doutores da lei. Eles rejeitaram o conselho de Deus (v. 30), pois o Senhor Jesus comia e bebia vinho e era amigo dos publicanos e pecadores. É nesta perspectiva que vem em seguida o ensinamento acerca da mulher pecadora que lavou Seus pés. A primeira lição que aprendemos com esse ensinamento é:
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DEVEMOS
FAZER O MELHOR PARA O UM CORAÇÃO QUEBRANTADO
CO M S ENHOR COM
O texto diz a partir do versículo 36: “C ONVIDADO POR UM DOS FARISEUS PARA JANTAR JANTAR , JESUS FOI À FOI À CASA CASA DELE DELE E RECLINOU-SE À SE À MESA . A O SABER QUE SABER QUE JESUS ESTAVA COMENDO ESTAVA COMENDO NA CASA NA CASA DO DO FARISEU, CERTA MULHER DAQUELA MULHER DAQUELA CIDADE, UMA ‘ ‘PECADORA ’,’, TROUXE UM FRASCO DE ALABASTRO COM PERFUME, E SE COLOCOU ATRÁS ATRÁS DE A SEUS PÉS. CHORANDO, COMEÇOU A COMEÇOU A MOLHAR MOLHAR -LHE OS PÉS JESUS, A SEUS COM SUAS LÁGRIMAS. D EPOIS OS ENXUGOU COM SEUS CABELOS, BEIJOU-OS E OS UNGIU COM O PERFUME”. Jesus vai à casa de um fariseu e senta-se à mesa para comer com ele. Neste momento aparece uma mulher pecadora que havia na cidade, e não se sabe ao certo de onde ela era, talvez de Jerusalém ou muito provavelmente de Cafarnaum (NICOLI, 1956, p. 515). O texto usa a frase “mulher pecadora” para designar que era uma mulher entregue ao pecado, alguém que tinha algum tipo de vício, neste caso o vício da prostituição. Mas ela, mesmo nesta situação, sabendo que Jesus estava à mesa na casa do fariseu, fez algumas coisas: alab astro com bálsamo: báls amo: era um frasco 1. Trouxe um vaso de alabastro de gargalo comprido feito de um material delicado e translúcido para guardar perfumes. Era um tipo de gesso branco, finíssimo, uma pedra mais mai s suave do que o mármore. Esse tipo de vaso vinha de Damasco, na Síria, e o bálsamo vinha de Tarso, na Cilícia. Esse vaso era algo muito caro em Israel, e para liberar seu conteúdo geralmente era quebrado (CHAMPLIN, 1995, p. 79); 2. Chorou sobre os pés de Jesus; 3. Regou os pés de Jesus com as suas lágrimas;
O ENCONTRO DE J ESUS COM CO M A MULHER PECADORA - 43
4. Enxugou os pés de Jesus com os seus cabelos: era um escândalo para uma judia soltar seus cabelos em público; públic o; 5. Beijou os pés de Jesus: interessante que ela o fez antes de Jesus fazer com os Seus discípulos na páscoa; 6. Ungiu os pés de Jesus com o bálsamo. Veja Veja que coisa coisa extraordin extraordinária ária acontece acontece nesse nesse encontro encontro entre entre Jesus Jesus e essa mulher. mulher. Ela entra por trás, sem ser convidada convidada para o banquete, chorando, demonstrando demonstrando o amor que tinha invadido seu coração. Ela entra naquela casa sem ser solicitada. Lá estão os convidados assentados, e de repente surge essa mulher mul her com tal atitude. Impelida por uma gratidão profunda no seu coração e com lágrimas, entrou na sala para estar diante do Senhor Jesus. Eu não sei, mas muito provavelmente, provavelmente, ao ouvir sobre Jesus, sobre Sua obra, Suas palavras proferidas, essa mulher ficou impactada e tocada pelo Santo Espírito, e ao saber que Jesus iria comer na casa de Simão, quis fazer tudo aquilo. Ao ver Aquele Aquele de quem ela ouvira ouvira falar falar,, não se conteve conteve em suas emoçõe emoçõess e começou a chorar. Só que ela foi com aquele vaso, caro e especial, com o propósito de derramá-lo diante do Senhor Jesus, reconhecendo a Sua grandeza. Prostrada diante do Senhor Jesus, à medida que chorava com suas lágrimas, começou a regar os pés do mestre, e com os seus próprios cabelos, sem nenhuma vergonha, enxugou os pés do Mestre. Depois beijou Seus pés e provavelmente quebrou o vaso e os ungiu com o bálsamo. Que exemplo profundo de alguém que ouviu falar de Jesus e num encontro, sem ser convidada, realiza um gesto tão maravilhoso e tão singular. Essa mulher só ouviu falar de Jesus e fez o melhor que poderia fazer para Ele, e, o que é extremamente extrem amente profundo, o fez de coração, com sinceridade no seu íntimo.
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Eu pergunto: será que no nosso coração há o mesmo desejo de fazer as coisas para o nosso Senhor Jesus Cristo, nós que O conhecemos de perto, pois Ele habita em nós? Veja que essa mulher só ouviu falar em Jesus e pensou em preparar aquele vaso caríssimo para Ele. E ao encontrá-lO fez aqueles gestos profundos e significativos. significati vos. Coisas que são da essência da mulher mu lher,, que demonstram profunda sensibilidade pela divindade de Jesus, pela majestade de Jesus. O exemplo dessa mulher, que não foi rejeitada pelo Senhor Jes Jesus, us, mesm mesmoo saben sabendo do qu quee ela não não tinha tinha uma vida vida condiz condizen ente, te, traz traz para nós um momento de reflexão, se de fato estamos fazendo as coisas para o Senhor de coração, com tudo o que temos de de melhor. Aprendamos com essa mulher pecadora a como fazer o melhor para o Senhor, e com um coração sincero, verdadeiro e contrito. Essa mulher esvaziou-se de si mesma, ela não se importou com o que iriam pensar da sua reputação. Ela não se importou com o seu passado. O importante para ela era o presente, o importante era aquele momento de encontro com o Mestre, com o Jesus majestoso. Naquele momento, sem medo, sem distância, sem hesitação, sem nenhuma dúvida, ela se encontrou com o amor incondicional, ilimitado e irresistível, que é o amor de Jesus. Daí surgiu no seu coração o desejo de fazer aquilo que brotou do íntimo ínti mo do seu ser. ser. E, prostrada com humildade, adorou ao Senhor Jesus. A segunda lição que que aprendemos aprendemos é:
N ÃO Ã O
SEJAMOS HIPÓCRITAS E INSENSÍVEIS NAS QUESTÕES ESPIRITUAIS DO R EINO E INO DE D EU S
O versículo 39 diz: “A O VER ISSO, O FARISEU QUE O HAVIA CONVIDADO DISSE A DISSE A SI SI MESMO: “SE ESTE HOMEM FOSSE PROFETA ,
O ENCONTRO DE J ESUS COM A MULHER PECADORA - 45 SABERIA QUEM NELE ESTÁ TOCANDO E QUE TIPO DE MULHER ELA É: UMA ‘PECADORA ’”. O texto diz que o fariseu viu a ação da mulher
no sentido humano, com muita hipocrisia, jamais, a meu ver, com os olhos espirituais, pois ele olhou para a situação moral da mulher, para a sua reputação, talvez se achando o supermembro intocável da corte dos fariseus. Ele olhou para a mulher sem perceber que o ato dela decorreu de um grande arrependimento dos seus pecados e da maneira dissoluta de viver. Ele olhou para a mulher numa perspectiva totalmente humana. Se olhasse por uma perspectiva espiritual, teria visto que gesto profundo e maravilhoso foi realizado por aquela pecadora. Ele foi hipócrita a ponto de questionar o poder, a majestade e a autoridade do Senhor Jesus, pois afirmou que se de fato Jesus fosse profeta saberia quem e de que qualidade era a mulher que o tocava. Jesus, que é poderoso, altíssimo, que sonda o coração de todos, dirigiu-se ao fariseu Simão para que ele percebesse a sua hipocrisia. Ele respondeu a Simão dizendo: “ENTÃO LHE DISSE JESUS: ‘SIMÃO, TENHO ALGO A LHE DIZER ’. ‘DIZE, MESTRE’, DISSE ELE. ‘DOIS HOMENS DEVIAM A CERTO CREDOR . UM LHE DEVIA QUINHENTOS DENÁRIOS E O OUTRO, CINQUENTA . NENHUM DOS DOIS TINHA COM QUE LHE PAGAR , POR ISSO PERDOOU A DÍVIDA A AMBOS . Q UAL DELES O AMARÁ MAIS ?” S IMÃO RESPONDEU : ‘SUPONHO QUE AQUELE A QUEM FOI PERDOADA A DÍVIDA MAIOR ’. ‘V OCÊ JULGOU BEM’, DISSE JESUS’ (vv. 40-43). Jesus, por meio dessa parábola, mostra para Simão que quanto maior o perdão, maior é o amor. Um denário equivalia a um dia inteiro de trabalho. Então, o que devia 500 denários teria de trabalhar quase dois anos para pagar a dívida, se tivesse um salário compatível para tal (CHAMPLIN, 2005, p. 79).
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Na parábola o credor teve compaixão e os perdoou de igual modo. E a palavra usada para perdão aqui é graça. As dívidas simplesmente foram anuladas, não à base de qualquer mérito, como também não foi imposta qualquer condição aos devedores. O motivo que provocou o perdão por parte daquele credor é que os devedores não tinham como lhe pagar (CHAMPLIN, 2005, p. 79). Jesus lança a pergunta para Simão: “Q UAL DELES O AMARÁ MAIS?”. E Simão responde que é aquele que mais foi perdoado (v. 43). Com isso Jesus ensinou que a mulher entendeu o quanto foi perdoada dos seus pecados praticados na vida dissoluta, por isso amou tanto ao Senhor Jesus que o tratara daquela maneira com um gesto tão profundo. Só que Simão não percebeu isso e agiu com hipocrisia diante de Jesus. Aprendemos o quanto não podemos ser hipócritas e insensíveis, como foi Simão, para com as coisas espirituais. Temos de pedir ao Senhor que Ele nos dê sensibilidade, sinceridade para que analisemos as coisas do Reino de Deus sempre sob a ótica espiritual. Na busca de uma sensibilidade semelhante a que o Senhor Jesus teve para com a mulher pecadora perceberemos que no Reino de Deus não importam classes distintas, linguagem, raça, mas o importante é unir-se com sinceridade na caminhada, na presença misericordiosa de Cristo no mundo (NOUWEN, 1998, p. 105). A terceira lição que aprendemos é:
N Ã O
P O D E M O S P E R D E R A S O P O R T U N I D A D E S ESPECIAIS NO R E INO DE DEU S
Jesus, voltando-se para a mulher, disse a Simão: “V Ê ESTA MULHER ? ENTREI EM SUA CASA , MAS VOCÊ NÃO ME DEU ÁGUA PARA LAVAR OS PÉS; ELA , PORÉM, MOLHOU OS MEUS PÉS COM SUAS
O ENCONTRO DE J ESUS COM A MULHER PECADORA - 47 LÁGRIMAS E OS ENXUGOU COM SEUS CABELOS .
V OCÊ
NÃO ME
SAUDOU COM UM BEIJO, MAS ESTA MULHER , DESDE QUE ENTREI AQUI, NÃO PAROU DE BEIJAR OS MEUS PÉS.
V OCÊ NÃO UNGIU A
MINHA CABEÇA COM ÓLEO, MAS ELA DERRAMOU PERFUME NOS MEUS PÉS” (vv. 43-46).
Veja a exortação de Jesus a Simão, que não olhou as coisas com os olhos espirituais, por isso perdeu a grande oportunidade de glorificar e servir ao Senhor Jesus, que estava ali e comia na sua casa. Jesus entrou na sua casa, mas ele não Lhe deu água para os pés. A mulher, no entanto, com suas lágrimas os regou e com seus cabelos os enxugou. Simão não Lhe deu ósculo, que era um costume no contexto judaico; ela, porém, desde que entrou não cessou de beijar os pés de Jesus. Simão não ungiu a cabeça do Mestre com óleo, mas a mulher ungiu os pés d’Ele com bálsamo. Essa mulher não perdeu a oportunidade singular na sua vida de agradecer ao Mestre o perdão dos seus muitos pecados. Jesus diz no versículo 47: “ PORTANTO, EU LHE DIGO, OS MUITOS PECADOS DELA LHE FORAM PERDOADOS; POIS ELA AMOU MUITO. M AS AQUELE A QUEM POUCO FOI PERDOADO, POUCO AMA ”. No versículo 48 Jesus diz: “SEUS PECADOS ESTÃO PERDOADOS” e no versículo 50 “SUA FÉ A SALVOU ; VÁ EM PAZ”. Que resultado precioso para a vida dessa pecadora que aproveitou de maneira singular o momento de glorificar ao Senhor Jesus! Ela ouviu da própria boca do Senhor Jesus a palavra de perdão dos seus muitos pecados. Não percamos a oportunidade de servir ao Senhor na nossa vida diária. Os dias passam muito rapidamente, amanhã não sabemos se estaremos vivos. Portanto, precisamos aproveitar os momentos preciosos na obra, no Reino de Deus. É preciso que tenhamos a mesma consciência que teve essa mulher do perdão
48 - O S ENCONTROS DE J ESUS
que recebeu do Mestre, por isso ela O exaltou e O glorificou dessa maneira, com muita humildade e sinceridade de coração. Tomemos cuidado com o relógio do mundo, pois ele nos faz partir para a soberba, para a distância da simplicidade, como aconteceu com Simão, o fariseu. O relógio do mundo gera impaciência e impede que aproveitemos as oportunidades de ter uma vida em caminhada com Cristo, de contemplação do Seu amor e do Seu perdão (NOUWEN, 1998, p. 123). A mulher pecadora experimentou essa caminhada no encontro com Jesus. E a sua humildade e simplicidade de coração foram bases para um testemunho para todo o sempre. Que o Senhor Jesus Cristo nos dê a Sua graça para que sejamos como essa mulher. A Palavra diz em Isaías 57.15b: “H ABITO NUM LUGAR ALTO E SANTO, MAS HABITO TAMBÉM COM O CONTRITO E HUMILDE DE ESPÍRITO, PARA DAR NOVO ÂNIMO AO ESPÍRITO DO HUMILDE E NOVO ALENTO AO CORAÇÃO DO CONTRITO”. Que o Senhor nos abençoe, em nome de Jesus!
C A P Í T U L O 5
O encontro de Jesus com uma mulher sem esperança (Lucas 8.43-48)
A
lguns têm esperança de ver seu time do coração conquistando um título no futebol. Outros têm esperança de ver seu filho entrar numa universidade. Alguns têm esperança de ainda ter um carro zero-quilômetro, mesmo com o salário mínimo tendo um aumento de 15,00 reais. Outros têm esperança de casar para dar continuidade à família da aliança. Alguns têm esperança de ver o pai no altar de Deus rendendo-se de coração a Ele. Outros, como é o caso dessa mulher, têm esperança de serem curados de uma enfermidade que tanto abate o coração. Essa mulher tentou de tudo para ter uma solução do seu problema crônico. E depois de muito desespero, encontrou uma esperança viva e concreta, que era Jesus, o qual, segundo o Seu querer, trouxe esperança para ela, que tinha uma enfermidade havia 12 anos. No capítulo 8 de seu Evangelho Lucas fala sobre o Jesus mestre, Aquele que opera milagres incríveis na vida de um ser humano. Aquele que anda de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o Evangelho do Reino de Deus e leva com Ele os 12 discípulos (v. 1). Aquele que é servido por mulheres que de fato O reconhecem como Senhor e Mestre, pois Ele mesmo as curou de espíritos malignos e de enfermidades (v. 2).
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Lucas narra nesse capítulo a parábola do semeador (vv. 415) e da candeia (vv. 16-18). Ele fala sobre o parentesco espiritual de Jesus, que são aqueles que fazem a Sua vontade observando a Sua Palavra (vv. 19-21). Demonstra o poder do Senhor Jesus para acalmar a tempestade e causar um grande temor por parte dos Seus discípulos, que chegam a dizer: “Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem?” (v. 25). Narra a história do endemoninhado gadareno, do qual ninguém podia chegar perto, mas Jesus repreende o demônio que está nele e, de repente, ele aparece são e em perfeito juízo no meio do povo (vv. 26-39). Depois desse episódio, Jesus volta para a Galileia e é recebido pela multidão que se acerca d’Ele. Então um homem, que é um dos principais da sinagoga, se prostra diante do Senhor Jesus e Lhe roga para que cure sua filha de 12 anos de idade. Ele pede para que Jesus vá até a sua casa. Jesus aceita o convite e começa a passar pela multidão. Quando Jesus aparecia, sempre acontecia isso: a multidão queria vê-lO, Aquele que perdoava pecados, que curava pessoas de espíritos malignos, de enfermidades da alma e do corpo. Mas enquanto Jesus está passando no meio da multidão, eis que surge uma mulher no cenário. Essa mulher estava doente e já havia gasto tudo o que tinha com os médicos, mas ninguém pôde resolver seu problema. Ela quer ser curada, por isso vai na direção de Jesus para tocálO. Ela vai para encontrar-se com Ele na esperança de que pudesse de alguma forma resolver seu problema. Ela vai para encontrar-se com a compaixão de Jesus de Nazaré. Vejamos o que podemos aprender com a história de uma mulher que estava desesperada, sem esperança, e ao tocar em Jesus se encontra com a esperança viva para a sua vida.
O ENCONTRO DE J ESUS COM UMA MULHER SEM ESPERANÇA - 51
A primeira lição que aprendemos é:
O
HOMEM É TOTALMENTE LIMITADO EM SEU SE R
O versículo 43 afirma: “E ESTAVA ALI CERTA MULHER QUE HAVIA DOZE ANOS VINHA SOFRENDO DE HEMORRAGIA E GASTARA TUDO O QUE TINHA COM OS MÉDICOS MAS NINGUÉM PUDERA CURÁ -LA ”.
O texto diz que essa mulher gastara tudo com os médicos, pois tinha um fluxo uterino contínuo que não parava havia 12 anos e já estava totalmente desesperada. Ela gastara absolutamente tudo o que tinha para resolver o problema. Ela esvaziou-se das suas posses a fim de resolver o problema que afligia seu físico e seu emocional. Ela tentou de tudo, procurou os melhores médicos da época, mas não conseguiu resolver sua aflição. Eu creio que hoje também é assim. Os homens querem resolver seus problemas usando o dinheiro, a fama, o poder, o status. Muitos querem resolver os problemas com as drogas, com o sexo exagerado, com a “pinga”, que é a grande causadora de destruição na família brasileira. Percebemos que nada, absolutamente nada, que o homem oferece pode resolver os problemas do coração, da alma. Veja que essa mulher está desesperada, ela gastou tudo o que tinha, tentou tudo o que o homem podia oferecer para resolver seu problema e não conseguiu resolvê-lo. Sabe por quê? Porque o homem tem limites. Alguns acham que nunca vão precisar de Deus, mas quando o câncer aparece no seu organismo, eles gritam por Deus de forma profunda e desesperadora. E o desespero está ligado à convicção interna de que no fim é impossível impedir que as coisas se transformem em algo concreto. O desespero leva o homem para próximo do túmulo, leva-o a reconhecer que é extremamente limitado (NOUWEN, 1999, p.18).
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Aprendemos nesse texto que o homem, com todos os recursos que ele venha a ter, é totalmente limitado. Nós todos somos limitados e não conseguimos fazer nada sozinhos. Não conseguimos fazer nada sem a intervenção de Deus na nossa vida. Sem a solidariedade de Jesus, que surge para trazer um novo começo na nossa existência, é impossível andarmos sozinhos diante das crises da vida. É na presença do Jesus divino, do Jesus solidário, que a nossa vida nasce de novo (NOUWEN, 1998, p. 29). Só n’Ele há esperança, pois eu e você somos extremamente limitados. A segunda lição que aprendemos é:
J E S U S
É A F O N T E D A S O L U Ç Ã O D O S N O S S O S PROBLEMAS CONFORME A MEDIDA DA S UA GRAÇA
O versículo 44 diz: “ELA CHEGOU POR TRÁS DELE, TOCOU NA BORDA DE SEU MANTO , E IMEDIATAMENTE CESSOU SU A HEMORRAGIA ”. Essa mulher sofria de um corrimento sanguíneo constante e carregava essa enfermidade no seu corpo por doze anos. Ela estava muito envergonhada, pois, na cultura judaica, aquele problema era um sinal de impureza. Portanto, para ela tinha se constituído num estigma. Ela precisava resolver seu problema logo, já que o sistema humano não resolvera. Então, ouvindo falar de Jesus, imediatamente vai ao encontro d’Ele. Ela pensava que se apenas tocasse nas Suas vestes sararia (Marcos 5.28). O Deus da solidariedade, o Deus da compaixão, toca no coração dessa mulher para ela ir à verdadeira solução do seu problema angustiante. Ela toca na orla da veste de Jesus e
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imediatamente é curada, ou seja, o fluxo do seu sangue foi estancado (v. 44). Embora muitos considerem que Deus cura todos que se achegam, sem exceção, a Ele, interpretando esse texto desta maneira, que Ele resolve todos os dilemas da alma de todo mundo, discordo totalmente, pois vejo no texto que Jesus se mostra como a solução dos problemas somente para duas pessoas no episódio: para a mulher que tinha o fluxo de sangue contínuo e para Jairo, o pai da menina que estava à morte. A mulher teve o privilégio de receber a graça de Cristo no meio de uma multidão, pois havia muitas pessoas tocando nas vestes de Jesus, mas somente ela recebeu a cura do Senhor Jesus Cristo e a filha do homem chamado Jairo. Jesus é a nossa fonte de solução dos problemas conforme a medida da Sua graça para conosco, pois se Ele quiser, como foi no caso dessa mulher, soluciona os nossos problemas num estalar de dedos. Ele é a nossa fonte de vida e de esperança. Ele é Aquele que nos consola em todas as circunstâncias. Ele vem ao nosso encontro para nos dar alento em meio a tantas crises. Jesus sabe das nossas dores, como sabia da grande dor daquela mulher que somente Ele poderia curar. O Senhor sabe do sofrimento que você, mulher, passa na sua casa quando é traída pelo marido. Ele sabe dos sofrimentos que algumas mulheres passam depois de chegar da igreja, quando são até espancadas pelos maridos. O Senhor sabe do sofrimento do marido que muitas vezes é tratado com indiferença pela esposa que não o respeita mais. Ele sabe do sofrimento da moça que casou recentemente e descobriu que não pode ser mãe porque está com câncer no útero e agora está com o coração partido por não poder realizar seu grande sonho. O Senhor sabe do rapaz que é dedicado a Ele, mas não consegue
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uma companheira para formar a família da aliança, por isso nem consegue dormir à noite. O Senhor sabe daqueles que já tentaram de tudo para alcançar algo na vida, mas não conseguiram. O Senhor sabe até daqueles que estão na igreja e não acreditam em mais nada. Porque o Senhor sonda o mais profundo do nosso coração e conhece tudo dentro de nós. Saibamos de uma coisa: a ciência é dom de Deus, mas ela, em si mesma, é limitada. Os analistas seculares são ótimos, são instrumentos de Deus, mas não podem dar um diagnóstico do problema da alma de um ser humano. Tudo na Terra é limitado, portanto a fonte certa do nosso coração é o Senhor Jesus Cristo. Só Ele, e mais ninguém, pode resolver não só os problemas da nossa vida espiritual, mas, se Ele quiser, conforme a Sua graça, também os físicos. Não devemos ficar frustrados por ver as realidades difíceis da nossa vida. Devemos, sim, ficar surpreendidos pela alegria cada vez que vemos Deus com a Sua bondade e solidariedade sobre nós. Pela alegria de encontrarmos a solução n’Ele, pela alegria de sermos guiados não pelas circunstâncias adversas da vida, mas pela esperança em um Deus que é a grande solução do nosso pesar, da nossa dor. Aquela mulher só encontrou solução em Jesus de Nazaré. Foi d’Ele que saiu o poder da cura, não da fé da mulher. A fé dela foi apenas um instrumento da graça de Deus na sua vida, algo que brotou esperança na sua vida.. Lucas diz que Jesus pergunta: “Q UEM TOCOU EM MIM?”, PERGUNTOU J ESUS. COMO TODOS NEGASSEM, P EDRO DISSE: “MESTRE, A MULTIDÃO SE AGLOMERA E TE COMPRIME ”. M AS JESUS DISSE: “A LGUÉM TOCOU EM MIM; EU SEI QUE DE MIM SAIU PODER ”. A mulher, reconhecendo que a graça maravilhosa de Jesus invadira sua vida, responde, tremendo e prostrando-se diante
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d’Ele, que ela O havia tocado e diz como fora imediatamente curada. Jesus lhe diz: “Filha, a sua fé a curou! Vá em paz”. É bom entendermos que a fé veio de Deus para essa mulher, pois a cura emanou de Jesus, e ela creu porque o Senhor derramou graça para que ela cresse n’Ele. Porque Jesus é a fonte de solução de qualquer problema segundo a medida da Sua graça em nossa vida. Estamos vivendo dias difíceis, dias em que não acreditamos em mais nada. Aqui está um texto para nos trazer esperança e renovação para a nossa vida. Essa mulher, ao se encontrar com Jesus, alcança essa esperança no seu coração. E recebeu o toque majestoso, glorioso de Jesus na sua vida. Ela foi sarada fisicamente e depois da palavra de Jesus foi sarada espiritualmente. Apenas porque recebeu a graça de ter a esperança voltada para o Deus da compaixão, o Deus da solidariedade, o Senhor Jesus. Encerro esta reflexão citando um texto que mostra que Jesus é tudo sobre todos e que nós só podemos esperar n’Ele, pois Ele faz todas as coisas: “ ENTRE OS ÍDOLOS INÚTEIS DAS NAÇÕES, EXISTE ALGUM QUE POSSA TRAZER CHUVA ? PODEM OS CÉUS, POR SI MESMOS, PRODUZIR CHUVAS COPIOSAS? SOMENTE TU O PODES, SENHOR , NOSSO DEUS! PORTANTO, A NOSSA ESPERANÇA ESTÁ EM TI, POIS TU FAZES TODAS ESSAS COISAS” (Jeremias 14.22). Que o Senhor nos abençoe em nome de Jesus!
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O encontro de Jesus com Marta e Maria (Lucas 10.38-42)
U
ma das maiores dificuldades na vida é viver na presença de Deus, é viver contemplando o Senhor com silêncio no nosso coração. Pois bem, sem a Palavra, sem silêncio na presença de Deus e sem alguém para orientar-nos é praticamente impossível termos uma vida de maturidade, de envolvimento, de amadurecimento, de celebração como comunidade de Cristo. Vejamos alguns alvos que devemos ter para alcançarmos um momento de contemplação, para que não vivamos na correria do mundo, nos afazeres do mundo, mas tenhamos um momento especial para o Pai no nosso coração. O texto diz que Jesus entrou em uma aldeia, e certa mulher, chamada Marta, O recebeu em sua casa. Ela tinha uma irmã chamada Maria. Esta assentou-se e queria ouvir Jesus falar a Sua palavra. Marta, ao contrário, se distraiu em muitos afazeres e questionou Jesus quanto ao fato de sua irmã não ajudá-la. E rogou a Jesus para que mandasse sua irmã ajudá-la. Jesus respondeu a Marta: “M ARTA ! M ARTA ! V OCÊ ESTÁ PREOCUPADA E INQUIETA COM MUITAS COISAS; TODAVIA APENAS UMA É NECESSÁRIA . M ARIA ESCOLHEU A BOA PARTE, E ESTA NÃO LHE SERÁ TIRADA ” (vv. 41-42). O que é preciso para não nos envolvermos com os afazeres da Terra? O que é preciso para darmos atenção a Jesus, escolhermos a boa parte?
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Creio que a primeira coisa que devemos fazer é:
PRESTAR ATENÇÃO ÀS
PALAVRAS DE
J ESUS
Veja o desejo expresso no coração de Maria. Ela queria ouvir a palavra de Jesus no seu coração. Ela queria ter um contato precioso com a Palavra de Jesus. Saiba de uma coisa: tomar as Sagradas Escrituras e lê-las no nosso coração é a primeira coisa que devemos fazer para nos abrir para a contemplação do Pai (NOUWEN, 2000, p. 131). No entanto, ler as Escrituras no coração, ouvir a voz do Pai no coração não é tão fácil quanto parece, pois em nosso mundo, mesmo como crentes, temos a mesma tentação de Marta. Vivemos em um mundo agitado, com uma ótima tecnologia. Temos TV a cabo, que prende a nossa atenção, temos inúmeras locadoras, uma porção de cinemas, vários shoppings, teatros e muitos lugares para passear. Como vamos investir tempo na reflexão das Escrituras? Perceba que Maria não se preocupou com os atrativos da vida, mas abriu mão de tudo aquilo que era da Terra para ouvir a palavra de Jesus. Precisamos fazer essa opção se quisermos contemplar a face de Deus, se quisermos ser uma comunidade que celebra a vida nova em Jesus, que busca uma vida de maturidade na presença de Deus. Do contrário, seremos pessoas como Marta, atarefadas, ansiosas, aflitas com as coisas da Terra. A prática de uma atitude como a de Maria precisa invadir nosso coração. A Palavra deve nos levar, antes de tudo, à contemplação e meditação em Deus. A Palavra tem de penetrar o íntimo do nosso ser, no mais profundo do coração, para que a compreendamos e cresçamos nela.
O ENCONTRO DE J ESUS
COM M ARTA E M ARIA -
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Em segundo lugar devemos:
T ER UM D EUS
MOMENTO DE SILÊNCIO NA PRESENÇA DE
Marta andava distraída em muitos serviços, enquanto Maria estava em um momento de silêncio no seu coração para ouvir as palavras de Jesus. Mesmo que queiramos dar a Deus todo o nosso tempo, nunca conseguiremos se não reservarmos um minuto, uma hora, um dia, uma semana, um intervalo da nossa existência para Deus, somente para Ele (NOUWEN, 2000, p. 131). E isso pede, exige, muita disciplina no nosso coração, pois sempre temos algo para fazer no lugar de Deus. Sejamos francos: eu e você trocamos Deus pelos afazeres da mesma forma que Marta. Somos verdadeiros e verdadeiras Martas da vida. Saímos com a galera, vamos ao cinema com a namorada, vamos passear, viajar, curtir a vida ao máximo, mas deixamos de silenciar o nosso coração para contemplar a pessoa mais preciosa da nossa existência, que é o Pai eterno. Ficar em silêncio, imóvel na presença de Deus Pai, faz parte da essência da oração no nosso coração. Sem essa prática na vida devocional seremos sempre e sempre Martas da vida. Pessoas atarefadas com o que é da Terra, pessoas ansiosas a afadigadas. Quando exercitamos a contemplação do Pai no silêncio, descobrimos momentos de tranquilidade, e isso nos aprofunda no relacionamento com Ele. Então passamos a sentir falta desses momentos todos os dias. A contemplação das Sagradas Escrituras e o silêncio na presença de Deus são duas coisas muito próximas. A Palavra de Deus leva-nos ao silêncio, e o silêncio nos faz ficar atentos à Palavra de Deus.
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A Palavra atinge o centro do nosso coração e o silêncio abre em nós o espaço em que a Palavra pode ser ouvida (NOUWEN, 2000, p. 132). Lembre-se disto: a palavra leva-nos ao silêncio e o silêncio leva-nos à Palavra. Quem você é: Maria ou Marta? Marta estava afadigada, envolvida com os afazeres da Terra, e tornou-se ansiosa. Maria foi contemplativa e silenciou seu coração na presença de Jesus. Em terceiro lugar devemos:
T E R A L G U É M PARA O P AI
QUE NOS DIRECIONE O OLHAR
Jesus direcionou o coração de Marta, mostrando que ela estava invertendo os valores na sua vida, e direcionou o coração de Maria, mostrando que ela estava no caminho correto, pois escolhera a boa parte que jamais lhe seria tirada. Na vida cristã é assim. Precisamos de alguém que nos incentive quando formos tentados a desistir, a esquecer tudo, a fugir das coisas de Deus. A alertar o nosso coração para que não deixemos que os afazeres da Terra substituam a nossa relação com Deus. Precisamos de alguém que nos refreie quando vamos por caminhos obscuros. Precisamos de alguém que nos leve a ler as Escrituras e nos incentive ao silêncio na presença de Deus (NOUWEN, 2000, pp. 133, 135). Não tenhamos medo de abrir o nosso coração para os amigos. Eles devem ser nossos guias, nossos mentores na presença de Deus. Há pessoas na Igreja que possuem grande sensibilidade espiritual que podem, com sabedoria, nos ajudar na caminhada de contemplação do nosso Pai. Hoje em dia não temos cultivado essa prática, mas ela é essencial para a maturidade da Igreja, para a celebração da
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comunidade do povo de Deus. Temos de ter referenciais que nos aproximem do Pai. Temos de ser um Jônatas, temos de ser um Silas, uma Noemi, uma Rute, uma Abigail para o nosso irmão. Um mentor na nossa caminhada nos ajuda a olhar para Deus, a voltar o nosso coração para a presença de Deus. Jesus, como o Deus-homem, fez isso no coração de Maria. E nós, como Seus discípulos, somos convidados a fazer o mesmo mutuamente. O ensino está aqui. O que precisamos fazer é imitar essa mulher preciosa, que escolheu no seu coração ouvir a palavra de Jesus e silenciar seu coração para contemplar a presença de Deus. Queremos ser uma comunidade que celebra uma vida nova, que cresce e integra-se como comunidade, que reflete e vive uma vida de maturidade? Então sejamos Martas, em nome de Jesus!
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O encontro de Jesus com Zaqueu (Lucas 19.1-10)
N
ós temos inúmeros pré-conceitos com respeito aos tipos de pessoa que entram na Igreja do Senhor Jesus Cristo. Imaginemos se um dia algumas personalidades da chamada “mídia”, que causam constrangimento para o nosso coração em relação à conduta, fossem tocadas por Deus e regeneradas. Como nós as aceitaríamos na Igreja? A verdade é que Deus não tem a mesma visão que nós seres humanos, pois na história eterna Deus regenerou adúlteros e assassinos que eram semelhantes a Davi. Deus regenerou mulheres que eram prostitutas como Raabe. Com Deus é assim, Ele transforma pessoas que nós não gostaríamos que estivessem na galeria das nossas amizades em hipótese alguma. Nesse texto vemos exatamente um homem que, aos nossos olhos, deveria receber uma grande condenação por roubar, na cobrança dos impostos, o dinheiro dos outros. Quem era esse homem chamado Zaqueu? Seu nome, no hebraico, significa, talvez por ironia da vida, “justo”, “reto”, ‘puro”. Zaqueu era de Jericó, uma cidade muito rica localizada na parte inferior do vale do Jordão (RONIS, 1988, p. 112). No tempo da conquista Jericó era uma cidade grande e bem forte, usada por Herodes como sua capital de inverno. Ela foi ornamentada por estruturas tipicamente gregas
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e romanas. Vale lembrar também que ela ficava na fronteira com a Transjordânia (Pereia), o que facilitava muito a arrecadação de impostos. Essa cidade foi destruída por Josué, conforme vemos em Josué 6.26. Depois foi reconstruída por Herodes, o grande, que a reconstituiu e a embelezou. No século XII da nossa era já não restava qualquer vestígio da existência de Jericó (CHAMPLIN, 1995, p. 182). Parece que foi encontrada recentemente, no ano de 97, pois estava totalmente soterrada. E aqui temos Zaqueu, que era o chefe dos publicanos, isto é, os cobradores de impostos. E ele, como chefe, recebia uma porcentagem de todos os impostos cobrados. Mas o que era preciso para ser um publicano? Era necessário possuir um capital forte, ter adquirido muitos bens. Então, quando alguém se propunha a entrar para o tesouro, com certa soma, tinha de oferecer as garantias que fossem suficientes. Ficava entendido entre eles que o cobrador de impostos deveria receber em benefício do seu trabalho e em recompensa aos riscos de sua profissão mais uma fração além daquilo que se pagava ao governo. Isso se tornou uma prática constante no meio dos cobradores e gerou corrupção. Assim, com raras exceções, os cobradores eram grandes extorquidores. Daí o motivo de serem tão execrados, odiados e desprezados pela sociedade judaica (DAVIS, 1988, p. 491). A única exceção foi Mateus, que era fiel ao Senhor, mesmo sendo cobrador de impostos. E o que podemos aprender com a vida de Zaqueu, um homem execrado, chamado de justo, puro, que se encontrou com o Cristo da compaixão? A primeira lição que podemos aprender é:
O ENCONTRO DE J ESUS COM Z AQUEU - 65
É O ESPÍRITO S ANTO QUE COLOCA EM NÓS O DESEJO DE VE RMOS J ESUS Lucas diz que Jesus, depois de entrar em Jericó, ia atravessando a cidade. E havia ali um homem chamado Zaqueu, que era chefe de publicanos e era rico. “E LE QUERIA VER QUEM ERA JESUS, MAS, SENDO DE PEQUENA ESTATURA , NÃO O CONSEGUIA , POR CAUSA DA MULTIDÃO. A SSIM, CORREU ADIANTE E SUBIU NUMA FIGUEIRA BRAVA PARA VÊ-LO, POIS JESUS IA PASSAR POR ALI” (vv. 3 e 4). Veja que coisa linda acontece nessa narrativa de Lucas. Zaqueu, apesar de ser um publicano rico, responsável pelos impostos daquela cidade, apesar da sua posição pública de ódio, de desprezo, de ser tão pequeno e não ter acesso no meio da multidão para ver Jesus, não obstante quer ver Jesus, que é tão falado, tão aclamado pelas multidões. Ele quer ver Aquele que cura, que liberta, que fala coisas profundas acerca das Escrituras. Ele quer ver Aquele que realiza mudanças incríveis e profundas na vida do ser humano. Zaqueu, um homem abastado, se interessa por alguém que é maior do que o dinheiro. Mas ele tem de vencer alguns obstáculos para contemplar Jesus:
1. O que as pessoas vão falar dele ao ver Jesus? Ele estará se expondo como o chefe dos publicanos, alguém que, na cultura judaica, tem o valor de um cão. 2. Ele é baixinho e não consegue alcançar a estatura dos demais para contemplar Jesus, para encontrar-se com Jesus. Zaqueu não se preocupa com o fato de ser publicano nem de ser baixo. Ele sobe em uma árvore e espera pela passagem do Filho de Deus, para que assim se encontre com Ele. Para mim, Zaqueu estava muito angustiado, triste, incomodado com sua situação de chefe dos publicanos, pois
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mesmo sendo rico estava com um vazio no coração. Ele era uma pessoa conhecedora dos padrões da Lei e muito provavelmente já estava impaciente com seu estilo de vida, de extorquir o dinheiro dos outros na cobrança dos impostos. Creio que, por causa desse incômodo, o Espírito Santo de Deus começou a despertar o coração de Zaqueu para as coisas que eram mais profundas do que suas riquezas materiais, as coisas do Reino de Deus, a transformação do coração. É exatamente isso que Deus faz conosco. Ele mexe no nosso coração. Quando as crises vêm, não são as riquezas que trazem a solução. As coisas passageiras ajudam por um momento, mas a solução da dor no interior do coração só Deus pode trazê-la. O Pai leva Zaqueu para ver Jesus, sem nenhuma barreira, seja a de ser publicano ou baixinho. O fato é que Zaqueu vai por causa do desejo que o próprio Espírito Santo colocou no seu coração. Louvado seja o Senhor, pois quando Ele coloca esse desejo no homem de conhecê-lO, Ele não olha para cor, status, posses ou país. Ele olha pelo Seu amor. Ele olha através de Jesus, através da cruz, Ele olha através da Sua compaixão. Foi exatamente isso o que aconteceu na vida de Zaqueu, na minha vida e na sua também! A segunda lição que aprendemos é:
Q U A N D O V E M O S J E S U S AT R AV É S D O S A N T O ESPÍRITO, CONTEMPLAMOS SUA GRAÇA E COMPAIXÃO Jesus, ao chegar àquele lugar, olhou para cima e disse: “Z AQUEU, DESÇA DEPRESSA . Q UERO FICAR EM SUA CASA HOJE”. Zaqueu desceu apressadamente e O recebeu com alegria. Aqui há um alívio para o coração de Zaqueu, pois ele vê Jesus de cima da árvore e tem o prazer, a honra, de ouvir Jesus pronunciar seu nome e dizer que vai ficar com ele em sua casa.
O ENCONTRO DE J ESUS COM Z AQUEU - 67
Zaqueu fica maravilhado, encantado, pois sua vida estava vazia, árida e seca, mas ele ouve alguém que nunca o viu chamálo pelo seu próprio nome. Esse Jesus da cura, das palavras lindas, diz que vai entrar em sua casa, que é odiada por todos os judeus. É por isso que o texto diz que Zaqueu O recebeu com alegria. Porque Aquele que fala com Zaqueu sabe de todas as coisas, Ele vê tudo, desnuda todo o nosso coração. Este é simplesmente o Filho do Deus Altíssimo, que vai em busca daqueles que são Seus escolhidos e neles derrama da Sua graça, do Seu favor imerecido, da Sua terna compaixão. Só poderia haver grande alegria na vida desse homem porque ele se encontrou com a própria graça de Deus em Jesus Cristo. Ele contemplou em carne e osso a graça e a compaixão do Pai em Jesus Cristo. Zaqueu era desprezado, era indigno até de falar com Jesus. Ele era um ladrão, e agora o Senhor dos senhores fala com ele, e é claro que ele estremece. E o Senhor diz que vai ficar com ele na sua casa. Então a alegria aumenta ainda mais, porque ninguém quer comer com um ladrão. No entanto, Jesus quer, e para isso o chama pelo seu nome; e além de chamar pelo nome, quer ser hóspede na casa de Zaqueu, o repudiado e execrado por todos. Jesus me surpreende demais, porque se fôssemos nós talvez agíssemos como as pessoas do versículo 7: “T ODO O POVO VIU ISSO E COMEÇOU A SE QUEIXAR : ‘ELE SE HOSPEDOU NA CASA DE UM ‘PECADOR ’”. Nós faríamos o mesmo. Talvez disséssemos: “Olhem este homem que entra naquela casa para comer com um pecador. Não podemos colocar nossa fé nele”. A murmuração era por causa da situação de Zaqueu, um extorquidor de impostos. E Jesus é cortês, gentil, compassivo com um ladrão.
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Nós somos assim mesmo, temos dificuldade de ver o arrependimento em uma vida torta, em uma vida que é pária, que é lixo na sociedade. Mas o fato é que nesse texto Zaqueu, que é ladrão, vê Jesus e contempla a Sua graça, a Sua compaixão e experimenta em sua própria vida a graça de Jesus. Com Deus não há medida de pessoas e sim da Sua vontade. E aqui há outro motivo de louvor da nossa parte como filhos de Deus: de que Ele derrama Sua graça, Sua compaixão sobre nós. Ele permite que contemplemos Sua graça através de Jesus por causa do Seu amor e da Sua bondade para conosco. Como D. Bonhoeffer, no livro Ética , diz:
“ A causa do amor de Deus ao ser humano não está no ser humano, mas somente na própria graça e no próprio amor de Deus” (BONHOEFFER, 1985, p. 46). A terceira lição que aprendemos é:
A O
CONTEMPLARMOS A GRAÇA DE RECONHECEMOS NOSSA MISÉRIA
D EUS
EM
J ESUS
“M AS Z AQUEU LEVANTOU -SE E DISSE AO SENHOR : ‘OLHA , SENHOR ! ESTOU DANDO A METADE DOS MEUS BENS AOS POBRES; E SE DE ALGUÉM EXTORQUI ALGUMA COISA , DEVOLVEREI QUATRO VEZES MAIS’”. (v. 8). Zaqueu, ao encontrar-se com a graça de Cristo, de sonegador passa a ser justo, de acordo com o seu nome, reconhece seu erro e deixa de apegar-se ao dinheiro que possui. E quer restituir àqueles a quem ele defraudou. Ele reconhece que de fato estava pecando, e muito. Ocorre um arrependimento em seu coração e imediatamente ele cai em si diante do seu erro. Jesus, ao chamá-lo pelo nome,
O ENCONTRO DE J ESUS COM Z AQUEU - 69
simplesmente leva-o a uma reflexão da sua própria vida. Ele se sente culpado e miserável diante de Jesus e diz: “Estou dando a metade dos meus bens aos pobres; e se de alguém extorqui alguma coisa, devolverei quatro vezes mais”. Ele contempla a graça e a compaixão e agora, movido por elas, toma a medida em favor dos pobres e faz o que a Lei pede aos que furtam, demonstrando assim seu verdadeiro arrependimento. A Lei dizia: “S E ALGUÉM ROUBAR UM BOI OU UMA OVELHA E ABATÊ-LO OU VENDÊ-LO, TERÁ QUE RESTITUIR CINCO BOIS PELO BOI E QUATRO OVELHAS PELA OVELHA ” (Êxodo 22.1). Agora, contemplando a graça, a compaixão de Deus Pai, Zaqueu age com senso de justiça; ele se torna uma pessoa direita, honesta. Jesus, nos versículos 9 e 10, diz: “ HOJE HOUVE SALVAÇÃO NESTA CASA ! PORQUE ESTE HOMEM TAMBÉM É FILHO DE A BRAÃO”. Pois o Filho do homem veio buscar e salvar o que estava perdido . Aquele que era chamado de pecador agora, arrependido dos seus pecados, é chamado por Jesus de um verdadeiro filho de Abraão, ou seja, um filho da promessa, um filho da aliança. Conosco também é assim. Quando fomos tocados pela graça de Cristo, vimos a nossa miséria, a nossa desolação, o quanto precisávamos do amor de Deus em nosso coração. O Senhor Jesus nos resgatou dos nossos delitos e pecados. A graça de Deus tocou na vida de Zaqueu, e agora ele quer relacionar-se em comunhão com o Senhor, e com a justiça de Cristo no seu coração quer se relacionar com o próximo, deixando de ser extorquidor e ladrão através do serviço e humildade em reconhecer seus erros (NOUWEN, 1998, p. 67). Veja que resultado extraordinário a graça e a compaixão de Deus Pai produziram na vida de Zaqueu. Que o Senhor nos dê a graça de vermos a Sua ação sem préconceitos, sabendo que o Senhor contempla com a Sua graça
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desde a prostituta mais desprezível até o homem mais rico e importante da sociedade. E produz arrependimento para a salvação em todo o tipo de vida humana. Encerro citando uma frase de D. Bonhoeffer para reflexão: “Não são os cristãos que moldam o mundo conforme suas idéias, mas é Cristo que molda os seres humanos para a conformação com ele segundo a sua graça e compaixão” (BONHOEFFER, 1985, p. 50). Que Ele nos ajude a compreender isso, em nome de Jesus. Amém!
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O encontro de Jesus com os discípulos no caminho de Emaús (Lucas 24.13-53)
N
o quadro daquela sexta-feira não há mais horizonte, não há mais a certeza da presença marcante de Jesus ao lado dos Seus discípulos. Naquela sexta-feira, ao meiodia, quem aparentemente está vencendo é a covardia de Pilatos. Quem é triunfante é o sumo sacerdote, pobre e miserável, chamado Caifás. Sexta-feira, ao meio-dia, quem aparentemente vence é a traição de Judas Iscariotes com o preço de 30 moedas de prata pago pelo Mestre. Naquela sexta-feira quem aparentemente vence é a tristeza, a dor, a morte. Às três horas da tarde as perspectivas e ideais estão se esvaindo da realidade dos discípulos de Jesus. Podemos imaginar a tristeza dos homens e mulheres que ouviram as palavras doces e profundas do Mestre, que andaram ao Seu lado, que conviveram com Ele, vendo-O morto na cruz. Depois de tudo consumado, um varão santo e justo chamado José de Arimateia pede a Pilatos para sepultar o corpo do Mestre na sua sepultura (Lucas 23.51-53). Enquanto isso, as mulheres que acompanharam Jesus seguem José até o sepulcro. A verdade é que, quando enfrentamos os dias mais escuros, nebulosos, terríveis e difíceis da nossa vida, podemos imaginar um pouquinho da dureza que foi para Pedro, João, Tiago, irmão de Jesus, Filipe, Tomé, Bartolomeu, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelador, André, Mateus e Judas, o menor, quando viram o
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mestre deles morto naquela cruz. A sexta-feira da morte é demasiadamente dura e triste para a realidade humana. Quando passo por dores e tristezas, lembro-me da sexta-feira às três horas da tarde. É aí que me lembro das minhas perdas angustiantes que fazem parte da minha existência e da perda dos meus sonhos. Na sexta-feira torno-me preocupado, ansioso, apegado às coisas que eu mesmo busco para a solução da dor (NOUWEN, 1996, p. 19). É mais ou menos assim que se encontravam os dois discípulos na tarde de domingo de páscoa na caminhada para Emaús (FABRIS e MAGGIONI, 1992, p. 242), pois a cabeça deles estava voltada para a aparente derrota da sexta-feira. E assim eles iam pelo caminho conversando sobre os acontecimentos daqueles dias. Vejamos o que podemos aprender no encontro de Jesus com os dois discípulos no caminho de Emaús. A primeira lição que aprendemos é:
P RECISAMOS VIVER A REALIDADE
DA RESSURREIÇÃO
TODOS OS DIAS
Veja o contexto do episódio da cruz. As autoridades religiosas queriam provar que Jesus não havia ressuscitado. Mateus informa-nos que eles subornaram os soldados para que dissessem que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus: “ENQUANTO AS MULHERES ESTAVAM A CAMINHO , ALGUN S DOS GUARDAS DIRIGIRAM-SE À CIDADE E CONTARAM AOS CHEFES DOS SACERDOTES TUDO O QUE HAVIA ACONTECIDO . Q UANDO OS CHEFES DOS SACERDOTES SE REUNIRAM CO M OS LÍDERES RELIGIOSOS , ELABORARAM UM PLANO. DERAM AOS SOLDADOS GRANDE SOMA DE DINHEIRO, DIZENDO-LHES: ‘V OCÊS DEVEM DECLARAR O SEGUINTE: OS DISCÍPULOS DELE VIERAM DURANTE A NOITE E FURTARAM O
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NO CAMINHO DE EMAÚS - 73 CORPO, ENQUANTO ESTÁVAMOS DORMINDO. SE ISSO CHEGAR AOS OUVIDOS DO GOVERNADOR , NÓS LHE DAREMOS EXPLICAÇÕES E LIVRAREMOS VOCÊS DE QUALQUER PROBLEMA ’. A SSIM, OS SOLDADOS RECEBERAM O DINHEIRO E FIZERAM COMO TINHAM SIDO INSTRUÍDOS. E ESTA VERSÃO SE DIVULGOU ENTRE OS JUDEUS ATÉ O DIA DE HOJE” (Mateus 28.11-15).
As autoridades tentaram fazer da ressurreição uma mentira, mas ao mesmo tempo vemos a atitude dos discípulos de Jesus, que não acreditaram naquela preciosa realidade de que o Senhor Jesus ressuscitara. Foi uma atitude de incredulidade, pelo menos no início, quando os seus olhos estavam fechados. Lucas narra esse episódio, que ocorreu na tarde da ressurreição, de maneira extensiva. Nada é conhecido com respeito a Cleopas, mas o fato é que os dois discípulos no caminho de Emaús disseram a Jesus, quando Ele se aproximou deles, que estavam perplexos e em expectativa em vista de tudo quanto as mulheres haviam dito. Jesus então lhes falou acerca do tema central do Antigo Testamento, as coisas a Seu respeito (DAVIS, 1988, p. 1057). Observe que eles não estão acreditando no que Jesus lhes dissera antes de ir ao Calvário. Provavelmente estavam tristes, sem esperança, pois a maioria dos discípulos não estava crendo na ressurreição, e com eles não poderia ser diferente. Jesus diz: Sobre o que vocês estão discutindo enquanto caminham? (v. 17). E Cleopas pergunta a Jesus se Ele era o único que não sabia das coisas que haviam acontecido em Jerusalém. No versículo 19 Jesus pergunta-lhes que coisas eram essas. “O QUE ACONTECEU COM JESUS DE N AZARÉ ”, RESPONDERAM ELES . “E LE ERA UM PROFETA , PODEROSO EM PALAVRAS E EM OBRAS DIANTE DE DEUS E DE TODO O POVO. OS CHEFES DOS SACERDOTES E AS NOSSAS AUTORIDADES O ENTREGARAM PARA SER CONDENADO À MORTE, E
74 - O S ENCONTROS DE J ESUS O CRUCIFICARAM…”.
E nos versículos 21 a 23 vemos a incredulidade presente: … E NÓS ESPERÁVAMOS QUE ERA ELE QUE IA TRAZER A REDENÇÃO A
ISRAEL. E
HOJE É O TERCEIRO DIA DESDE QUE TUDO ISSO
ACONTECEU. A LGUMAS DAS MULHERES ENTRE NÓS NOS DERAM UM SUSTO HOJE.
FORAM DE MANHÃ BEM CEDO AO SEPULCRO E NÃO ACHARAM O CORPO DELE. V OLTARAM E NOS CONTARAM TER TIDO UMA VISÃO DE ANJOS, QUE DISSERAM QUE ELE ESTÁ VIVO”. Fico imaginando as diversas situações da nossa vida e o quanto agimos como esses discípulos agiram. Às vezes parece que não acreditamos mais no poder de Deus diante das lutas, das dificuldades. E também quando estamos bem. Por quê? Porque quando estamos em dificuldades por vezes dizemos: “Nem vou orar, porque Deus não responderá mesmo, eu não acredito que Ele faça algo para mim”. Quando estamos bem, seja emocional ou financeiramente, nos esquecemos de que quem deu essa situação favorável foi o Senhor. E achamos que foram os nossos próprios esforços, e aí nossa esperança fica concentrada em nós mesmos e não Naquele que nos dá tudo, saúde, disposição e forças para termos as coisas. São muitas as facetas da nossa incredulidade diante do nosso Senhor: - Ah! O irmão fulano não vai mudar nunca, isso é uma peste ruim, não tem como mudar. Não há esperança para este incircunciso. - Ah! Minha esposa não me compreende, ela sempre será estúpida mesmo. Sempre será insensível, ignorante, sem afeto, para essa não tem jeito, nem Deus pode me ajudar nisso. - Ah! Meu esposo é uma parada dura, não dá mais para aguentar, pastor, eu quero me separar dele. Ele não me escuta, não liga para mim, me humilha e não tem nem um pouco de sensibilidade para comigo. Não dá, desse jeito não dá mesmo.
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NO CAMINHO DE EMAÚS - 75
- Ah! Eu não posso crescer na Palavra e na oração, não dá, não dá. Eu não tenho condições. - Ah! Eu não vou mudar, eu sou assim mesmo, e a minha esposa tem de me aceitar assim como eu sou. A grande verdade é que vivemos sempre envolvidos com as nossas perdas da sexta-feira da morte. Somos demasiadamente incrédulos quanto à realidade do domingo da ressurreição. Então, qual é a solução para a incredulidade da sexta-feira? No versículo 25 Jesus reage diante da incredulidade dos Seus servos. Eles ouviram tudo acerca do ministério do Senhor Jesus, sabiam de tudo, mas precisavam ver para crer: “C OMO VOCÊS CUSTAM A ENTENDER E COMO DEMORAM A CRER EM TUDO O QUE OS PROFETAS FALARAM! N ÃO DEVIA O CRISTO SOFRER ESTAS COISAS, PARA ENTRAR NA SUA GLÓRIA ?”
(vv. 25-26). Então Jesus passa a falar-lhes acerca do que as Escrituras dizem sobre Ele. Eles pedem para que o homem fique com eles, pois já era tarde. Quando estão à mesa, Jesus toma o pão, dá graças, parte-o e dá a eles. E aí acontece algo profundo: “E NTÃO OS OLHOS DELES FORAM ABERTOS E O RECONHECERAM, E ELE DESAPARECEU DA VISTA DELES” (v. 31). Eu creio que a fonte para crermos nas coisas que aparentemente são impossíveis está na pessoa de Cristo, no toque que Ele mesmo dá em nós para que creiamos na Sua ação. A solução para a incredulidade da sexta-feira está na realidade de quando somos tocados pelo Senhor. Então abrimos os nossos olhos interiores para um mundo de esperança (NOUWEN, 1996, p. 21), porque o domingo da ressurreição está patente no nosso coração. Quando Jesus chama a atenção dos Seus discípulos dizendo que eles custavam a entender e demoravam a crer em tudo o que os profetas falaram (v. 25), Ele quer destruir a barreira do medo e da estreiteza e conduzi-los para um
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conhecimento novo da Sua graça, a fim de que confiem mais n’Ele; há o desejo de que eles deixem de lamentar as perdas da sexta-feira, pois este momento já foi substituído pela esperança do domingo da ressurreição. Veja que o versículo 16 diz que os olhos deles foram impedidos de reconhecê-lO, e o versículo 31 diz que os olhos deles foram abertos. Acredito que só podemos crer contra a esperança, como Abraão creu, quando o Senhor vem e nos toca, quando nos sensibiliza. Do contrário, não há nenhuma possibilidade de crer. Se Deus não agir em nosso coração para crer, ficamos como os discípulos de Jesus: “M AIS TARDE JESUS APARECEU AOS ONZE ENQUANTO ELES COMIAM; CENSUROU-LHES A INCREDULIDADE E A DUREZA DE CORAÇÃO, PORQUE NÃO ACREDITARAM NOS QUE O TINHAM VISTO DEPOIS DE RESSURRETO” (Marcos 16.14). Os discípulos não creram nas palavras ditas pelo Senhor Jesus Cristo antes da Sua morte e ressurreição, por isso, dentro do propósito de Deus, eles foram néscios, insensíveis e tardios de coração para crerem (CHAMPLIN, 1995, p. 240). Precisamos fazer, dia a dia, o mesmo que aquele homem que tinha um filho lunático fez quando Jesus disse a ele: “T UDO É POSSÍVEL ÀQUELE QUE CRÊ.” I MEDIATAMENTE O PAI DO MENINO EXCLAMOU : “C REIO , AJU DA - ME A VE NCER A MINHA INCREDULIDADE!” (Marcos 9.23-24). Só depois que os olhos dos discípulos foram abertos é que eles puderam dizer: “É VERDADE! O SENHOR RESSUSCITOU E APARECEU A SIMÃO” (v. 34). Quando Jesus atendeu ao convite para permanecer com os discípulos, Ele comeu com eles e celebrou a Ceia repartindo o pão, abençoando-os e dando-lhes de comer. Neste momento o coração deles foi aberto para que compreendessem que a ressurreição não era algo irreal, mas absolutamente real e verdadeira. Essa ressurreição seria o foco para que os discípulos
O ENCONTRO DE JESUS COM OS DISCÍPULOS NO CAMINHO DE EMAÚS - 77
andassem na caminhada do Evangelho, sabendo que o Senhor Jesus estaria presente com eles todos os dias no seu coração. E conosco acontece o mesmo. O Jesus ressurreto está conosco todos os dias. A segunda lição que aprendemos é:
DEVEMOS
PROCLAMAR TODOS SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO
OS
DIAS
O
Jesus agora se apresenta aos Seus discípulos como o ressurreto dentre os mortos e os saúda dizendo: “P AZSEJA COM VOCÊS!” (v. 36). Jesus mostra que de fato é Ele e diz para eles o tocarem (v. 39). Depois de comerem com Ele, Jesus fala a respeito daquilo que estava escrito sobre o que aconteceria com Ele. Assim se abriu o entendimento deles para compreenderem as Escrituras (v. 45). E no versículo 48 Jesus disse que eles eram testemunhas das coisas extraordinárias que aconteceram com Ele. Agora os discípulos tinham o grande desafio de anunciar, proclamar os fatos acontecidos na vida do Senhor Jesus, Seu sofrimento, Sua obediência, Seu caminho até o Calvário, Sua morte e por fim Sua gloriosa ressurreição. Não era mais somente algo falado, mas era fato, realidade presente. Jesus tinha ressuscitado de fato e de verdade. E Ele disse aos Seus discípulos: “F OI-ME DADA TODA A AUTORIDADE NOS CÉUS E NA TERRA . PORTANTO, VÃO E FAÇAM DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES, BATIZANDO-OS EM NOME DO P AI E DO F ILHO E DO ESPÍRITO S ANTO, ENSINANDO-OS A OBEDECER A TUDO O QUE EU LHES ORDENEI. E EU ESTAREI SEMPRE COM VOCÊS, ATÉ O FIM DOS TEMPOS” (Mateus 28.18-20). Os discípulos estavam incumbidos de anunciar o que aconteceu na vida de Jesus e também o que aconteceu na vida deles, pois, com a morte e ressurreição de Jesus, agora eles seriam
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glorificados com Cristo também. O texto diz no versículo 49 que os discípulos receberiam a promessa do Pai, que era o Consolador. Hoje nós temos esse Consolador, que é o Espírito Santo no nosso coração. É ele que nos possibilita ensinar os outros a guardar tudo o que Jesus mandou, e isso com a nossa própria vida, pois somos embaixadores do Senhor aqui na Terra. “ENTÃO ELES O ADORARAM E VOLTARAM PARA JERUSALÉM COM GRANDE ALEGRIA . E PERMANECIAM CONSTANTEMENTE NO TEMPLO, LOUVANDO A DEUS” (vv. 52-53). Você sabe como podemos proclamar a ressurreição do nosso Salvador? Começando com adoração na celebração da Ceia de maneira una. O texto afirma que eles voltaram para casa com júbilo e estavam constantemente juntos no templo louvando ao Senhor. A proclamação acontece na mesa do Senhor, no comer o pão, no beber o vinho. É na mesa, o lugar da intimidade com o nosso Senhor, que proclamamos que somos Suas testemunhas. No lugar do sorriso e das lágrimas experimentamos a graça de proclamarmos a ressurreição do Senhor Jesus. É onde deixamos de ser néscios de coração e temos os nossos olhos abertos para compreender que este é o local onde todos pertencem à casa do Pai, onde se reúne a família de Deus (NOUWEN, 1996, p. 48). É onde não há uma única casa, mas a casa da morada do Pai, da família, da comunidade do povo de Deus, o lugar onde proclamamos a vitória do Senhor Jesus sobre a cruz. Que o Senhor nos dê motivação da parte d’Ele mesmo para fazermos isso, para que assim reflitamos a cada dia a glória de Cristo em nosso viver e assim anunciemos por nossa vida que Jesus está vivo e assentado à destra do trono de Deus Pai. Que a graça do Senhor caia sobre nós, em nome de Jesus!
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O encontro de Jesus com o jovem rico (Marcos 10.17-31)
N
ão podemos negar que o dinheiro é uma coisa muito boa. Com o dinheiro você faz o que quiser. Quem tem dinheiro pode visitar o mundo e pode conhecer o encanto que é o paraíso de Fernando de Noronha. Você pode ter todas as delícias que a vida dá. Com o dinheiro você pode conquistar muitas coisas. Pode ter um carro de luxo, um jet-ski, uma bela casa em uma praia paradisíaca. Pode ter uma conta bem gorda. Enfim, pode ter muita coisa, até amigos descartáveis, porque geralmente quem tem dinheiro tem amigos. Mas depois, se você perde o dinheiro, também perde os amigos. Veja o que o dinheiro causou no coração desse jovem chamado de rico. Veja onde não devemos depositar o nosso coração e onde encontramos a maior riqueza do coração de um ser humano. Veja que, em última instância, não dependemos dele para sermos realizados. No contexto temos um jovem de muita qualidade que corre para estar diante de Jesus, para colher informações sobre o Senhor Jesus. Esse jovem tem uma moral exterior impecável. Ele parece um exemplo de espiritualidade. As indagações desse jovem são fortes e muito profundas. Ele demonstra sua espiritualidade quando se ajoelha diante de Jesus e depois mostra a profundidade das suas indagações quando faz a seguinte pergunta: “Bom mestre,que fareipara herdar a vida eterna?”.
80 - O S ENCONTROS DE J ESUS
Jesus, que sonda os corações, percebe a necessidade desse rapaz de se justificar. Ele chama Jesus de “bom mestre”. Imediatamente Jesus vê um ar de falsidade na sua afirmação e responde que só há um bom, que é Deus, e diz se ele sabe os mandamentos: não matarás, não adulterarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não enganarás ninguém, honra teu pai e tua mãe. E aquele jovem responde a Jesus que isso tudo ele guardava desde a sua mocidade. Ele foi por demais soberbo e orgulhoso. Ele se achava muito bom, pois afirmou que guardava tudo desde a mocidade. Mas Jesus mostrou àquele rapaz que ele era mau e que era necessário reconhecer a sua miséria. “Falta-lhe uma coisa”, disse Jesus, “vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Jesus mostrou àquele rapaz que ser moralista, guardador da lei não era suficiente. Ele mostrou para aquele jovem que ele conhecia o Senhor Jesus de maneira superficial, não como o Filho do Deus Altíssimo. E o jovem, pesaroso da palavra dita pelo Senhor Jesus, saiu triste, porque possuía muitas riquezas. A tristeza daquele jovem foi por causa do seu coração. Por quê? Porque seu tesouro estava não nos mandamentos de Deus, mas nas suas riquezas. Por isso, ele levou um choque quando ouviu a palavra do Senhor Jesus. Porque ele gostava do dinheiro, amava o dinheiro. A primeira lição que aprendemos nessa situação é:
A VI DA ETERNA NÃ O CONSISTE NA RELIGIOSIDADE , EM DOGMAS , MAS NO CONHECIMENTO EXPERIENCIAL DO S ENHOR J ESUS Veja que o jovem preocupa-se com a moralidade e não com o Deus Filho. A preocupação era com os mandamentos. Aquele
O ENCONTRO DE J ESUS COM O JO VEM RICO - 81
jovem queria uma religião muito fácil, uma religião do mínimo. Ele disse: “O que eu tenho de fazer? Ah! É só dar uma oferta para a casa de Deus e pronto, cumpri a lei, cumpri os mandamentos”. Perceba que ele diz ao Senhor Jesus que de fato guardava todos os mandamentos desde a mocidade.Veja como ele foi soberbo e superficial na sua afirmação, porque guardava aquilo que era fácil. Ele tinha uma religião demasiadamente superficial. Porque vemos à frente que, quando de fato é desafiado, ele recua, porque tinha só superficialidade na sua vida. Ser discípulo de Jesus significa ter um relacionamento profundo com Ele. E você já parou para refletir que os gregos tinham compreensão das verdades intelectuais acerca do ensinamento de Jesus? O importante para eles eram as frases, os pensamentos de Jesus. Os romanos se preocupavam em fazer parte da instituição. Se você é católico, então pode se considerar uma pessoa que tem relacionamento com Jesus. Hoje, ter relacionamento com Jesus é o simples fato de irmos à igreja no domingo. De quem participa ativamente do culto todo mundo diz: “Esse tem um ótimo relacionamento com Deus”. Nós precisamos aprender que a nossa participação nos cultos é muito importante. O fato de você fazer parte de uma comunidade é importante, mas não é base para afirmar que está tendo um bom relacionamento com Deus, pois cristianismo não é culto dominical, cristianismo não é ser pastor e participante de um grupo de jovens. Cristianismo, acima de tudo, é amar a Deus, é conhecer a Cristo. Como o próprio João nos diz citando Jesus: “E STA É A VIDA ETERNA : QUE TE CONHEÇAM, O ÚNICO DEUS VERDADEIRO, E A JESUS CRISTO, A QUEM ENVIASTE” (João 17.3).
82 - O S ENCONTROS DE J ESUS
Você só conhece o Senhor por meio da Sua Palavra. Perceba que Jesus deu seis mandamentos para aquele jovem, mas por causa da sua superficialidade houve um ao qual ele não conseguiu obedecer, porque lhe faltava relacionamento pela experiência com Jesus. Você quer andar com Jesus? Conheça a Bíblia, esse livro santo que é a base para a vida, que é alegria para o coração. Isso não é tolice não. Tolice é a droga que muitos usam lá na esquina. Tolice é o cigarro, que leva muitos para a morte. Tolice é o sexo feito para satisfazer apenas um momento da vida que está uma desgraça e piora ainda mais porque a mulher ou o homem se sente um objeto nas mãos do seu parceiro. Jesus oferece uma caminhada de relacionamento com Ele para aqueles que se arrependem e entregam sua vida a Ele. E isso só acontece quando Ele toca na sua vida e perdoa seu pecado, sua miséria, sua rebelião contra ele. A segunda lição que aprendemos nessa situação é:
Q U A N D O
FALTAR Q U A L Q U E R C O I S A N O RELACIONAMENTO COM DEUS, TUDO ESTARÁ PERDIDO
Jesus disse para aquele jovem: “Falta-lhe uma coisa: vá, venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois, venha e siga-me”. Quando nos relacionamos com Deus, se faltar qualquer coisa, pode ter certeza de que vai faltar absolutamente tudo. Se Deus nos disser: “Falta-lhe uma coisa”, então falta mesmo. As riquezas não são fonte para a salvação. A única fonte de salvação é o Senhor Jesus. Deus deu tudo, deu Seu único Filho para morrer na cruz do Calvário em nosso lugar. Deus deu o maior tesouro, a maior riqueza para os seus.
O ENCONTRO DE J ESUS COM O JO VEM RICO - 83
Diante dessa realidade eu pergunto: onde está o nosso coração? Onde está o seu coração, jovem? Nas riquezas, nos bens materiais ou no tesouro maior que é o Senhor Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador? Aquele jovem saiu triste porque o tesouro do seu coração estava nas suas posses, por isso ele não pôde atender à voz do Senhor Jesus. Não podemos jamais nos esquecer da palavra do Senhor Jesus: “P OIS ONDE ESTIVER O SEU TESOURO, AÍ TAMBÉM ESTARÁ O SEU CORAÇÃO” (Mateus 6.21). Lembre-se de que se o seu coração estiver envolvido com a falsidade, você colherá mais hipocrisia e falsidade. Se o seu coração estiver envolvido com a desonestidade, você terá todos os dias um coração desonesto. Se você tem o coração voltado para as drogas, para o sexo indevido, para a agitação momentânea da galera, seu coração será vazio, azedo, insatisfeito e sem nenhum afeto. E com certeza faltará tudo para você descansar na presença de Jesus, para você experimentar uma amizade verdadeira e preciosa com Ele. A terceira lição que aprendemos nessa situação é:
A VI DA ETERNA NÃ O É UM DEVER DE DEUS NÓS , E SIM UMA GRAÇA DADA POR E LE
PARA
O jovem se entristeceu e foi embora (v. 22). Jesus, então, fala para os Seus discípulos sobre a dificuldade que há para um rico entrar no Reino dos céus. Mas o fato é que o Senhor Jesus não o interrogou e o deixou ir embora. Talvez se este fato acontecesse em nosso meio, provavelmente diríamos: “Não vá embora, a gente dá um jeitinho para você ficar aqui”. Eu fico abismado com a soberania do nosso Senhor Jesus e fico imaginando o Senhor dizendo para aquele rapaz: “P ODE IR , POIS O TESOURO NO CÉU É PARA AQUELES QUE SÃO M EUS, O
84 - O S ENCONTROS DE J ESUS PRIVILÉGIO DE FAZER PARTE DO R EINO DE DEUS É PARA OS MEUS”.
A graça de Jesus não é algo barato, ela não é para todos! A graça de Jesus é para aqueles que são chamados por Deus, para aqueles que são tocados por Deus. Há muitos hoje que estão procurando a solução para os problemas nas suas riquezas, naquilo que o mundo pode oferecer. Mas saiba que a única fonte de vida, a única fonte de salvação para o homem é o Senhor Jesus Cristo. Nós, que fomos encharcados pela graça de Deus, por este presente tão precioso, que é ter o Senhor Jesus como único e suficiente salvador, e não pelas riquezas terrenas, devemos a cada dia louvar ao Senhor, pois não merecíamos essa tão grande graça da parte de Deus. Se você foi tocado por essa graça especial, ouvirá a doce voz de Jesus falando ao seu coração: “Venha e lance todos os seus cuidados sobre mim. Dê-me o seu coração porque ele agora não lhe pertence mais, ele é Meu, e Eu farei dele aquilo que Me apraz. Agora, ande comigo e você será meu amigo e meu servo”. Se você ouve essa voz do Senhor Jesus no seu interior, você começa hoje a desfrutar de um relacionamento não superficial, mas amigo e verdadeiro com o Ele. E com certeza você não ouvirá o contrário: “Falta-lhe uma coisa”. Que a graça do Senhor seja sobre nós!
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O encontro de Jesus com a mulher adúltera (João 8.1-11)
A
palavra cuidadoso expressa a atitude de cuidado, desvelo, preocupação e interesse pela pessoa amada. Cuidadoso é aquele que mostra interesse pelo que acontece ao seu redor e na vida das pessoas queridas (GRÜN, 2005, p. 9), não no sentido de julgamento, mas de cura das crises e dificuldades da vida. O legalismo tem impedido a Igreja de cuidar dos feridos e pecadores. Somos na verdade imitadores de uma classe hipócrita em Israel. Queremos medir e avaliar as pessoas de acordo com os nossos próprios olhos e com a nossa visão da tradição de costumes. No texto Jesus lida com essa estrutura humana de julgar e medir as pessoas. O texto nos informa que Jesus, depois de ensinar no templo, foi para o monte das Oliveiras e de manhã cedo voltou para o templo, e todo o povo foi ter com Ele. De repente, os escribas e fariseus, homens da religião judaica, levam uma mulher que fora apanhada em adultério e colocam-na diante de todos. Chamam Jesus e dizem que aquela pecadora foi pega em adultério. E como eles eram muito religiosos, seguiam à risca a Lei de Moisés segundo Levítico 20.10 e Deuteronômio 22.22, dizem a Jesus que a Lei manda que os que são pegos em adultério devem ser apedrejados (vv. 4 e 5). Eles tentam Jesus para acusá-la. Vejamos o que podemos aprender neste encontro de Jesus com a mulher adúltera para a nossa caminhada cristã.
86 - O S ENCONTROS DE J ESUS
A primeira lição que aprendemos é:
TOMEMOS
CUIDADO CO M A MISÉRIA HUMANA QUE NOS CEGA PARA NÃO VERM OS OS NOSSOS PECADOS DIANTE DE D EUS
Os escribas e fariseus levaram a mulher diante do povo e de Jesus com um propósito maligno, com um coração totalmente falso, desprovido de qualquer sentimento verdadeiro em relação a Jesus e àquela mulher adúltera. Alguma s perg untas são imp ortant es para a noss a compreensão: quem eram os fariseus e escribas? Por que agiram dessa maneira? Por que queriam testar Jesus? Os fariseus eram um grupo de pessoas que se achava melhor do que os outros. Eles sabiam muito sobre a Lei, pelo menos intelectualmente. Esse grupo confiava em si mesmo e se julgava justo demais diante de Deus, portanto desprezava os outros. Os escribas eram os professores da Lei Mosaica. Eram eles que escreviam os textos sagrados. Os escribas também tinham a função de interpretar a Lei, como foi o caso de Esdras, que deu um sentido sério para este trabalho (CHAMPLIN, 1995, p. 463). Só que no tempo de Jesus eles se tornaram extremamente legalistas, como os fariseus, e usavam o conhecimento intelectual da Lei para julgar os outros, sem entender o significado da misericórdia que há na própria Lei. Eles eram peritos e eruditos na Lei Mosaica e estavam ligados aos sacerdotes e fariseus do Novo Testamento. Por isso agiram dessa forma com aquela mulher e para questionarem Jesus por não seguir à risca os rituais da Lei oral em Israel. A prática dos homens da religião é de alguém que mede as pessoas, de alguém que olha para os erros dos outros sem olhar
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para os seus. Esses homens da religião são extremamente hipócritas ao olhar para os pecados dessa mulher, que talvez se chamasse Susana, esposa de um homem chamado Manasses, de Jerusalém (CHAMPLIN, 1995, p. 398). Eles levam essa mulher e a expõem diante de todos sem nenhuma compaixão. Eles a apresentam a Jesus e ainda O chamam de Mestre. Que hipocrisia, que falsidade! Eles não estavam preocupados com o bem moral da comunidade. Não estavam nem um pouco preocupados em cuidar do coração daquela mulher. Eles simplesmente queriam atacar Jesus. Com isso, Jesus os ignora por algum tempo escrevendo algo na areia. Alguns dizem que talvez fosse o pecado de cada um. Outros, os dez mandamentos, especificamente o do adultério. Como não sabemos o que de fato era, silenciamos. E Jesus se levanta e diz a todos que ali estão: “Se algum de vocês estiver sem pecado, seja o primeiro a atirar pedra nela” . E o texto afirma que Ele se inclinou novamente e voltou a escrever na terra . Parece-me que no século XXI não houve muita mudança, pois vemos pessoas na sociedade e na Igreja que se acham as donas da verdade, se acham as mais justas e as melhores e desprezam os outros que estão ao redor. Há pessoas que usam as Escrituras para condenar os outros. Na resposta aos homens da religião Jesus mostra o quanto o ser humano é falho e hipócrita em julgar os outros, esquecendo-se dos seus pecados. Eu sou tão pecador quanto o meu próximo. Quanto mais indiferente fico com respeito ao pecado, menos eu entendo a minha miséria e mais eu olho para os erros dos outros. Não somos melhores do que os outros. Erramos constantemente e precisamos de maneira profunda da graça de Deus em nossa vida. Jesus mostra que aqueles
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homens da religião não eram dignos de serem ouvidos porque estavam cegos diante da realidade do próprio pecado. Eles não procuravam a verdade genuína do Reino de Deus, mas um meio de poderem acusar Jesus de algo. E como Jesus conhecia a hipocrisia deles, Ele põe o dedo na ferida. Em nenhum momento Jesus negou o juízo de Deus, mas ensinou que cada um deve aplicar em primeiro lugar a si mesmo. Seja no adultério, na mentira, na falsidade, na inveja, no orgulho, todos nós somos pecadores e necessitamos necessit amos do toque de Deus através da Sua Palavra. Quando Jesus afirma que aquele que não tivesse nenhum pecado fosse o primeiro a atirar a pedra, Ele mostra que só Deus tem o poder de julgar uma u ma pessoa. Então, como aqueles miseráveis e hipócritas hipócrita s tinham o direito de julgar se eles mesmos eram tão pecadores como aquela mulher? O que a Palavra fala sobre esse cuidado? A Palavra Palavra afirma em João João 5.27 que a autoridade de julgar julgar é PARA JULGAR , de Deus, dada a Jesus: “ E DEU-LHE AUTORIDADE PARA JULGAR PORQUE É O FILHO DO HOMEM”. Em Mateus 7.1.5 é dito: “N ÃO JULGUEM, PARA QUE PARA QUE VOCÊS VOCÊS NÃO SEJAM JULGADOS SEJAM JULGADOS. POIS DA MESMA DA MESMA FORMA QUE FORMA QUE JULGAREM JULGAREM, VOCÊS SERÃO JULGADOS SERÃO JULGADOS; E A MEDIDA A MEDIDA QUE QUE USAREM,TAMBÉM SERÁ USADA SERÁ USADA PARA PARA MEDIR MEDIR VOCÊS VOCÊS. POR QUE OR QUE VOCÊ VOCÊ REPARA NO REPARA NO CISCO QUE ESTÁ NO ESTÁ NO OLHO DO SEU IRMÃO, E NÃO SE DÁ CONTA DA VIGA DA VIGA QUE ESTÁ EM SEU PRÓPRIO OLHO? COMO VOCÊ PODE DIZER AO DIZER AO SEU IRMÃO: ‘DEIXE-ME TIRAR O CISCO DO SEU OLHO’, QUANDO HÁ UMA HÁ UMA VIGA NO VIGA NO SEU? HIPÓCRITA , TIRE PRIMEIRO A VIGA DO VIGA DO SEU OLHO, E ENTÃO VOC ENTÃO VOCÊ Ê VERÁ CLARAMENTE VERÁ CLARAMENTE PARA TIRAR PARA TIRAR O CISCO DO OLHO DO SEU IRMÃO”. Jesus nos ensina ensina claramente a olhar primeiramente para os nossos próprios erros e percebermos o quanto somos pecadores e falhos. Porque com a mesma medida que julgarmos seremos
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julgados, e quanto mais medirmos seremos medidos também. A segunda lição que aprendemos é:
D EU S
NO S CHAMA PARA EXERCER MISERICÓRDIA E GRAÇA SE M HIPOCRISIA
O texto continua e diz que depois da palavra de Jesus as pessoas foram saindo uma a uma, a começar pelos mais velhos, até os últimos. E ficou só Jesus e a mulher ali em pé. E depois de todo o acontecimento Jesus Se ergueu e, não vendo ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: “MULHER , ONDE ESTÃO ELES? NINGUÉM A CONDENOU?” ‘NINGUÉM, SENHOR ’,’, DISSE ELA . GORA VÁ E DECLAROU JESUS: ‘EU TAMBÉM NÃO A CONDENO. A GORA VÁ ABANDONE SUA VIDA DE VIDA DE PECADO’”. O Evangelho não é uma chamada para julgarmos jul garmos os erros e pecados das pessoas. Devemos mostrar a elas que são pecadoras, mas somos iguais a elas; a diferença é que não estamos mais condenados pela pena que estava sobre nós. O Evangelho é a chamada para dizermos às pessoas que erram, que eram incrédulas: vá e abandone sua vida de pecado. O Evangelho é a chamada para amarmos as pessoas com compaixão e graça. E compaixão pede para irmos até onde as pessoas estão. Onde elas estão há feridas, dores, pecados que precisam ser perdoados pelo verdadeiro perdoador que é Jesus Cristo de Nazaré. A compaixão do Evangelho Evangelho nos pede para ir ao encontro da desgraça humana. Quantas prostitutas estão perdidas e precisam de uma palavra como essa. Quantos meninos estão morrendo drogados pela esquinas e nós estamos aqui envolvidos com os nossos sistemas religiosos e com o nosso julgamento de que qu e essas pessoas são párias e não merecem nosso cuidado. Um dia eu estava na estação do Brás evangelizando meninos
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de rua e de repente apareceu uma moça de uns 18 anos. Um amigo trouxe a menina para eu dar uma palavra a ela. Perguntei-lhe: “O que faz aqui uma moça tão bonita e jovem?”. Ela respondeu: “Eu sou a mulher desses meninos”. Meu coração partiu, e eu disse a ela: “Deus tem um plano na sua vida e na desses meninos. meninos. Em Jesus Jesus você tem perdão, graça e misericórdia”. misericó rdia”. Quanto precisamos exercitar essa graça e misericórdia de Jesus. Veja que os homens da religião levaram aquela mulher, mulher, mas não se preocuparam com a vida dela em nenhum momento. Era apenas um objeto para demonstrarem o ódio em relação a Jesus. Eles simplesmente usaram a vida dela para isso. Depois de todo o acontecimento, nenhum se preocupou com ela. O texto mostra que todos foram embora e só Jesus ficou com ela e a encorajou a não pecar mais. E deu uma palavra de esperança para o seu coração. Ele disse: “Eu também não a condeno. Agora vá e abandone sua vida de pecado”. Precisamos Precisamos ter a compaixão de Jesus, que Se tornava fraco com os fracos mesmo sendo santo e sem nenhum pecado. Ele se tornava gracioso e era amoroso com pecadores, pecadore s, mesmo sendo santo e puro. Jesus era movido por compaixão e graça, gr aça, por isso olhou com amor aquela mulher e deu-lhe uma palavra de esperança. O Evangelho nos convida a levarmos essa palavra de esperança para os que nos cercam, sem hipocrisia. Porque a hipocrisia nos faz enxergar só os erros das pessoas e não a necessidade delas. Um dos elementos da compaixão é dar às pessoas a possibilidade de serem plenamente felizes e completas em Deus (NOUWEN, 2003, p. 59). Como? Quando dizemos a elas, movidos pela graça e misericórdia de Deus: “Vá e abandone sua vida de pecado”. pecado”. Quero finalizar citando a experiência de Henri Nouwen
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quando avaliou o texto de Filipenses 2 sobre o esvaziamento de Cristo: “A compaixão de Deus é total, absoluta e incondicional. É daquele que continua se dirigindo para os lugares mais esquecidos do mundo e que não consegue descansar enquanto sabe que há seres humanos com lágrimas nos olhos. É a compaixão do Deus que não só age como servo, mas é a expressão direta da divindade que se entrega em prol de pecadores que não merecem absolutamente nada” (NOUWEN, 1998, p. 39). Que a graça do Eterno Deus seja sobre nós, em nome de Jesus!
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