ORIGEM E DESTINO
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WILTON L. C. ALANO
ORIGEM E DESTINO
(Por publicar)
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ÍNDICE O Autor ............................................................. Autor ............................................................. 05 Introdução ........................................................ 06 Agradecimentos .............................................. 07 O Universo Conhecido ...................................... 08 A Impermanência Geral .................................. Geral .................................. 11 O Que é Realidade? ......................................... Realidade? ......................................... 15 Tempo, uma Ilusão? ........................................ Ilusão? ........................................ 18 Galáxias e Nebulosas ...................................... 20 Sistemas Solares ............................................. 23 Rara Terra ...................................................... 28 História da Vida .............................................. 34 Pré‐História .................................................... 37 Civilização ...................................................... 46 A Natureza Animal Natureza Animal ......................................... ......................................... 51 A Natureza Humana ...................................... 53 O Emocional Humano Emocional Humano .................................... 56 Saúde e Felicidade .......................................... 59 Sexualidade Humana ...................................... 62 Deuses e Religião ............................................ 66 Uma Religação Definitiva ............................... 70 A Civilização Vindoura .................................... 74 Compreendendo o Todo ................................. 77 Enfrentando o Fim .......................................... 80 Bibliografia .......................................................83
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O AUTOR O Autor desta modesta coletânea de informações e opiniões chama‐se Wilton Luiz Cardoso Alano e completa 52 anos em 18 de novembro de 2007. Reside em Porto Alegre, no
RS, onde trabalhou 24 anos como Técnico em Projetos e Processos Industriais e mais outros 10 como Técnico em Computadores. É uma pessoa sabidamente pretensiosa, porém modesta em sua história. Não concluiu nenhum curso superior, mas, em compensação, leu avidamente desde os oito anos de vida. Nascido em Osório‐RS, numa família cujos pais eram de origem espanhola e portuguesa, teve mais seis irmãos ‐ todos mais velhos – mas nunca conviveu com eles em situação de igualdade, pois o mano imediatamente acima tinha já quinze anos quando nasceu. Passou a infância e parte da adolescência numa terra encantada, à beira da BR‐101 no que é hoje o município de Terra de Areia, ao sopé da onipresente montanha (Que me res‐ sinto de nunca ter escalado), cercado de mata nativa, frutos sem fim, rio, sanga e cachoeira límpida, na qual desfrutava de banhos infindáveis com a gurizada ‐ até que a água barrosa já estivesse turva! A leitura era a diversão mais apetitosa para aquele guri, numa época quanto não ha‐ via ainda luz elétrica nem televisão (E muito menos telefone), que só apareceram cerca de 8 anos mais tarde (Já com meus 15 anos). Papai tinha a Revista da Granja, Seleções do Reader’s Digest, jornais diários já um pouco surrados, alguns livros (Como a coleção sobre sexualidade de Magnus Hirshfeld) e comprava anualmente os magníficos e impagáveis Almanaque do Correio do Povo (Algo como o Almanaque Abril de Hoje) e o Almanaque do Pensamento. Para completar mix , a Clecy me emprestava, pouco a pouco, os maravilhosos exemplares das revis‐ tinhas do Walt Disney da coleção do mano mais velho dela. Que deleite! O pai do autor legou‐lhe o inestimável amor tanto pela leitura como pela escrita, en‐ quanto a mãe lhe dava o exemplo de ter aprendido a ler e escrever por conta própria, apenas ouvindo as aulas que seu marido ministrava a alunos especiais (Difíceis, problemáticos), en‐ quanto trabalhada na cozinha, no tanque ou na máquina de costura (Que era importante aliada das despesas domésticas). O amor pela invenção e pelo conhecimento parece ter nascido com o autor, pois sempre foram muito grandes! Desde guri, construía carros de lomba, motonetas e carrinhos da madeira. Gostava de criar e consertar todo tipo de máquinas e aparelhos – mecânicos e elétri‐ cos (E, às vezes, os destruía, motivo para homéricas surras do pai de recursos bastante limita‐ dos). Sobreviveu à fabricação de pólvora e seu uso em frágeis espingardinhas de cano de guar‐ da‐chuva ‐ o que hoje parece um verdadeiro milagre! Fez curso técnico, com rodízio em Eletri‐ cidade, Marcenaria, Fundição e Mecânica. Presentemente vive em um modesto apartamento na capital gaúcha, em companhia da gata Linda, do gato Patrick (Nasceu com apenas um testículo, por isto ganhou este apelido) e com o filho adolescente, que passa metade da semana com ele, jogando online na maioria do tempo.
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INTRODUÇÃO O projeto deste livreto ‐ como gosto de chamá‐lo, minha primeira edição completa – nasceu da necessidade minha mesma de coordenar meus conhecimentos acerca do mundo e da vida, especialmente a humana. Meu mano log acima de mim – João (Dico para os íntimos) foi quem deu o empurrão inicial, ao propor‐me fazermos um blog , coisa eu nem conhecia. Foi sendo construído aos poucos, ao longo das semanas. Passou pela fase no pictures ‐ completamente em texto. Só mais finalmente ganhou as figuras que verão. Elas estão propositadamente sem legendas, ou porque são auto‐ explicáveis ou por que achei criativo deixar a imaginação do leitor encontrar para elas sentido e nome próprios. Adianto que a figura do olhão oculado, na página 70 veio de mim mesmo. As outras pessoas reais que aparecem são, na maioria, meus amigos e parentes, pelo quais pro‐ meto pagar 01 centavo cada – Se, e apenas “se”, a edição impressa atingir vendas de um mi‐ lhão de exemplares, apenas em Angola! :o) A revisão não foi exatamente a mais rigorosa, tanto no que tange à gramática como à técnica. A exaustiva labuta do ganha‐ pão não me permitiu tal luxo, para uma obra distribuída gratuitamente pela internet (Lembro que NÃO é permitido VENDER cópias deste, sem a ex‐ pressa permissão do autor). Aos profissionais das diversas áreas abordadas imploro: Poupem minha vida se, por acaso, assassinei algumas de suas sagradas verdades, acaso cruzarem comi‐ go na rua (Ainda bem que mostro só o olho; diminui a chance de ser reconhecido!) Meu conhecimento profissional da arte da edição é notadamente precário. Usei e abusei de parênteses e tomei a desastrosa decisão de começar tudo entre eles com tipo mai‐ úsculo. Atrapalhei‐me com crases e outro princípios básicos; tudo por preguiça de ler agum guia básico para pseudo‐escritores iniciantes. Usei, propositadamente, parágrafos bem curtos, para tornar a leitura menos maçante, talvez um crime inafiançável. Tremei em suas bases, redatores de plantão! Mas sejam bondosos com este humilde projeto de escriba que vos fala. Parti do princípio que o assunto mais interessante para o Homem (Ou pelo menos para a maioria deles) só pode ser o Homem mesmo. Mas o Homem não está solto no espaço; ele pertence a um lugar no Universo e tem uma história. Teve uma origem e terá um destino. Como tudo, é impermanente e finito. Minha história de vida mostrou‐me que, para conhecer integralmente o Homem, é preciso conhecer também sua casa e sua história e apenas por último, seu espírito. É por isto que começamos o esta conversa falando de Universo ‐ a casa primeira de tudo que existe, inclusive o homem. Ao largo deste monólogo iremos perceber a importância dos conhecimen‐ tos cósmicos para a compreensão que almejamos: Nós mesmos ‐ O Homem! Veremos também o que a religião significa de verdade, especialmente para o futuro do Homem (Religação com o quê, afinal?). Enfim, mesmo que pretensiosamente, o objetivo final e explícito deste livreto é conhecer o Homem e seu coração, bem como especular um pouco sobre seu futuro, num livre vôo da imaginação.
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AGRADECIMENTOS Quero registrar meus mais sinceros agradecimentos a todos meus amigos, parentes e conhecidos que, ao longo desta edição tiveram a paciência de ler e criticar os manuscritos bem como o blog ( http://origemedestino.blog.terra.com.br/ ) aonde ia postando os pequenos artigos – depois capítulos‐, na medida em que iam ficando meio prontos (Não os revisava adequadamente tal era a minha ansiedade em publi‐ cá‐los!). Estes indispensáveis amigos me proporcionaram não apenas o estímulo necessário, mas também me doaram sua construtiva crítica, sem a qual não poderia ter ido adiante com este modesto projeto. Quero agradecer também a meus fantásticos psicanalistas que, ao longo de duas décadas, foram uma ferramenta de extrema valia na tomada de consciência que resultou neste livreto. Além da relação profissional, tiveram por mim afeto, pois são, intrinsecamente, pessoas sensíveis e afetivas. Um deles tratou‐me durante mais de seis meses sem cobrar‐me, para que eu pagasse quanto pudesse (Um dia ainda fecho esta fatura – São US$ 500,00 fora os juros!). Este amor, mais que seu tempo de reló‐ gio, foi o mais construtivo presente que eu poderia ter recebido! Demarcou o terreno fértil de sanidade e idéias por onde eu trilharia muito tempo depois. A todos eles (Pardon ‐ escolhi não nomeá‐los), meu mais grato abraço! Fui uma pessoa de sorte em encontrá‐los! Longa vida a cada um!
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O UNIVERSO CONHECIDO
A pouco mais de um metro de mim, Linda, minha estimada gata vira‐latas, está sobre minha cama recém trocada, em trabalhos de parto. Acabou de ter um bem branquinho e outro bem pretinho! Acho que é uma boa hora para começar um blog! O Universo ou, para ser mais exato, a parte do universo que conhecemos se assemelha muito à uma sopa bastante uniforme constituída de Matéria no lugar da parte "granulada”, e Energia e outras partículas no lugar da parte líquida ou “rala” de uma sopa. A parte rala desta sopa se manifesta na forma de ondas mais ou menos energizadas, que se propagam em diversos comprimentos (Distância entre os picos de ondas como as de luz, rádio, etc.), sub‐partículas atômicas e átomos soltos. A parte granulada se manifesta como grandes aglomerados de matéria a que chama‐ mos de Galáxias. Supostamente, a maior parte da matéria do Universo não emite luz, por isto é chamada de Matéria Escura. Pelo que podemos observar e calcular, o Universo que conseguimos observar teve um início há cerca de quinze bilhões de anos; numa espé‐
9 cie de explosão a partir de um ponto ultra‐denso do espaço. Não é muito provável que o "nosso Universo" seja o único; a maioria da comunidade científica hoje fala de um Multiverso, com um número aparentemente infinito de sub‐universos como o nosso. A origem deste ponto ultra‐denso que teria depois originado nosso universo não pode ser conhecida e, provavelmente, perecerá o último homem sobre a Terra sem que possamos desvendar este mistério, pois está nitidamente aquém do limite de nossas possibilidades cognitivas. Isto é facilmente compreensível devido nossa absurda pequenez diante da imensidão mesmo de uma mera galáxia, quanto mais de um suposto Multiverso, povoado de sub‐universos sem conta. O Universo é um fenômeno altamente dinâmico e está em constante movi‐ mento e transformação. É totalmente impermanente e seria mais justo dizer que ele não É alguma coisa, mas ESTÁ de determinada forma ou configuração em determina‐ do momento; sempre diferente de qualquer momento anterior ou seguinte. As galáxias ‐ os "caroços" desta enorme sopa ‐ são uma espécie de mini‐ universo. São também varadas por ondas de energia e povoadas de por sub‐ partículas e átomos órfãos. Mas, diferente da parte rala do universo ‐ o espaço que separa as galáxias ‐ uma galáxia é apresenta muito maior densidade de matéria sóli‐ da. É também como uma sopa, mas muitíssimo mais carregada de “legumes” e “ma‐ carrão”, guardada suas proporções. São locais de encontro aonde a matéria se junta um pouco mais; quem sabe para conversar, e por fim, se “casar”. A galáxia típica parece ser um enorme ovo frito que serve para alimentar o "buraco negro" ultra‐denso em seu interior, o miolo da‐ quela parte que vemos como a gema do ovo, nas fotos de galáxias fornecidas pelos grandes telescópios (Especialmente o Hubble, que tem as melhores imagens). Por um lado, através do “Red Shift” (Desvio para o vermelho, apresentado por todo corpo luminoso que se afasta) se pode inferir que o universo se expande como um balão, mas por outro lado, pode‐se intuir que apresenta uma tendência (Pelo menos “local” para grupos de galáxias) para dentro de algumas dezenas de bilhões de anos tudo voltar àquele pequeno ponto ultra‐denso, num aparente macro sístole/diástole. Cada galáxia é composta de “grãos” de vários tamanhos e aspectos. Desde poeira espacial, do tamanho da nossa poeira e areia, passando por pedras e pedregu‐ lhos de todos os tamanhos; asteróides, cometas e, por fim, aquilo que é mais impor‐ tante e significativo: Estrelas! Nosso Sol é uma estrela classificada como de quinta grandeza. Existem estrelas até mil vezes maiores que ele em diâmetro (Em massa, muito mais). Estrelas costumam se juntar e “viver” em pares ou trios, uma girando em torno da outra, como um gato correndo atrás da cauda. Uma minoria apenas é
10 solitária como o nosso Sol. Quase todas têm anéis de poeira, pedregulhos e asterói‐ des orbitando em sua volta por longo tempo, durante sua fase de formação e muitas delas planetas como a Terra. Como os planetas e outros corpos descrevem uma órbita levemente espiral em direção à sua estrela ‐ devido à força da gravidade ‐ é bem provável que muitas estrelas acabem atraindo toda a matéria a sua volta, tornando‐se um corpo único. Como os seres vivos, todas as estrelas tem seu ciclo vida, com nascimento, vida e morte. Os planetas podem se perder no espaço, ao invés de colidirem com sua estre‐ la, mas cedo ou tarde serão capturados por algum corpo ultra‐massivo e de enorme atração gravitacional, voltando a desaparecer como “indivíduo”. Planetas rochosos, como a Terra, são formados de restos da matéria que formou sua estrela (No nosso caso, o Sol). Eles começam como lava fervente e pasto‐ sa e vão esfriando até que se forme uma crosta relativamente estável, criando condi‐ ções para o aparecimento da vida. O planeta que tiver a presença de água, da varie‐ dade adequada de compostos químicos, da temperatura adequada e estabilidade climática e ausência de radiações impeditivas, a vida surgirá como uma conseqüência natural (Como nasce a barba no adolescente, por ex.) Este início corresponde a "Janela de vida" de um planeta habitável (Nem to‐ dos são). Esta janela, assim como tem um início, tem um fim correspondente; retor‐ nado o planeta, inexoravelmente, à condição estéril de sua origem, mais cedo ou mais tarde. Como tudo no universo, nada é permanente ou perene, mas apenas tem‐ porário e passageiro (Não é motorista nem cobrador!) Vale a pena esclarecer que este conhecimento é fruto de mais de um século de observação e estudo da nossa espécie, principalmente pela Europa e depois USA e, modernamente, países emergentes como Japão, China, Coréia e Brasil, que dis‐ pendem vários bilhões de dólares ao ano em equipamentos e formação de milhares de cientistas dedicados. Marcelo Gleiser é um de nossos mais conhecidos cientistas deste ramo e é professor na universidade de Dartmouth nos EUA. Ele tem vários livros publicados no Brasil e EUA, como "A Dança do Universo".
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A IMPERMANÊNCIA GERAL
A sensação que temos, desde tenra infância é de que praticamente tudo o que é “grande” (A Terra, a Lua, o Sol, etc.) é estável em seu movimento, orbita e configuração. Temos uma confortável e necessária sensação de quietude e perma‐ nência dos macro‐sistemas que estão à nossa volta. Percebemos que a lua e o Sol se movem (Embora seja a Terra que efetivamente se desloque em torno do sol) e que as estrelas estão aparentemente numa quietude perene. Várias pessoas, por serem mais curiosas que a média, por cursarem a Universidade ou por simplesmente enve‐ lhecerem, descobrem um pouco mais sobre a natureza da natureza! Descobre‐se que há muitos outros planetas e planetóides ao redor do sol e que nosso sistema solar é apenas um entre bilhões de muitos outros. Se a pessoa for um pouco curiosa e, especialmente se apreciar a leitura e os bons programas de tele‐ visão a cabo, descobre também que o aglomerado de estrelas onde vivemos tem o nome genérico de Galáxia e que aquela em que vivemos foi denominada de Via Lác‐ tea, em homenagem ao aspecto leitoso que a parte visível dela apresenta contra o fundo negro da noite. Um bom punhado de pessoas pode também descobrir que o que chamamos de Universo (Na verdade apenas a parte do Universo que podemos avistar) é com‐ posto de muitos bilhões de galáxias semelhantes a nossa (Estima‐se um total entre 100 e 200 bilhões). A olhos desavisados, tudo parece muito constante e equilibrado. Mas, podemos ter certeza, é pura ilusão! Tudo aquilo que nos parece permanente é, na verdade, inteiramente impermanente! Nada no Cosmo/Universo é permanente e esta característica é chave para que entendamos tudo sobre nosso passado e futuro.
12 A visão de um mundo que, ao invés de estável e permanente é, na verdade, totalmente caótico e impermanente – apesar de comportarem‐se segundo leis relati‐ vamente conhecidas – pode despertar no homem, desde uma vaga apreensão até o mais profundo desespero – o que felizmente não é maioria. Num mundo assim, per‐ demos nossas certezas e referências; perdemos nossa confiança no amanhã e ten‐ demos a nos tornar potencialmente inseguros e temerosos. Nosso instinto de sobre‐ vivência nos exige um meio que nos ofereça um mínimo de segurança e, certamente, um mundo assim não promete nada disto! Se o Mundo/Universo é assim caótico, porque é que temos a sensação intui‐ tiva de que NÃO é? Nossa sensação intuitiva é acertada, pois a escala de tempo em que acontecem nossas vidas e a escala de tempo do Cosmo é demasiadamente assi‐ métrica! Enquanto uma vida humana dura entre 65 e 85 anos (Uma media superior a 75 nos países industrializados), o tempo de vida de uma estrela como o nosso Sol é medida em uma ou duas dezenas de bilhões de anos! Nós simplesmente não somos educados para lidar com tal magnitude de tempo! Como é esta impermanência real do Mundo? Para que possamos entender como opera este fenômeno, precisamos nos afastar para fora de nosso “umbigo cósmico”. Precisamos forçosamente ver nosso Universo “de fora” dele; o que é um paradoxo, pois estamos “dentro” e não parece haver nenhuma possibilidade de que algum dia estejamos do “lado de fora”. Vamos adiante nesta visão! Segundo o velho Einstein, Matéria e Energia são apenas duas manifestações da mesma coisa (E=M.C2 >> Energia=Massa x Velocidade da luz ao quadrado), Uma sendo “quente”, agitada e fluída e a outra sendo “fria”, relativamente estável e “du‐ ra”. Supostamente elas podem converter‐se uma na outra (Matéria em Energia e vice‐versa), mas por razões que fogem ao escopo desta mídia, converter Energia em Matéria se mostra muito mais difícil, senão virtualmente impossível experimental‐ mente. Para termos uma idéia da “realidade” disto, as estrelas, ao queimarem (Bri‐ lharem), convertendo hidrogênio e hélio em metais, emitem luz (Energia) e com isto perdem também massa. Quando esta perda atinge o ponto crítico, a estrela entra em colapso, normalmente expelindo as camadas mais externas e convertendo‐se ou numa anã‐branca (Nosso futuro provável) ou num buraco‐negro. Se nossos cálculos e observações mais recentes estiverem corretos, o ponto ultra‐denso e quente que originou nosso Universo era composto de pura energia ou, visto de outra forma, de matéria totalmente desestruturada e convertida em energia. Numa fração insignificante de segundo, houve algo como uma grande explosão, libe‐ rando todos os diabos contidos neste ponto infernalmente quente – a semente origi‐ nal, com trilhões de graus centígrados!
13 Trezentos mil anos depois deste evento expansivo, algo por volta de 14 bi‐ lhões atrás, os núcleos primeiro se formavam, para em seguida capturar elétrons e formar então átomos à medida que o Universo se esfriava. A Energia “qualhava”, formando primeiro gás de Hidrogênio – a substância mais simples que existe, com apenas um próton no núcleo e um elétron na eletrosfera – e gás Hélio (Numa propor‐ ção estimada de 80% de Hidrogênio para 20% Max. de Hélio). O segredo para compreendermos a impermanência do mundo é entender‐ mos que este turbilhão energético e transformador jamais acabou ‐ se é que um dia possa acabar. Desta forma, a compreensão‐chave reside em perceber que o Universo – como tudo nele contido – na verdade não é, mas está de uma determinada forma, ou numa determinada configuração. A visão que inicialmente tínhamos dele, como uma realidade certa e líquida em sua macro‐configuração, com nosso planeta, nossa lua e nosso Sol nos dando a ilusão de realidades relativamente perenes e duradouras, resultou sento uma mentira; pois ele é tão mutável como a fumaça de uma chaminé ao vento; somente que ao ritmo de seu tempo, não no nosso – curto demais em comparação. Gigantescos sóis (Proto‐galáxias) precederam às galáxias, depois de explo‐ sões catastróficas que espalharam metais e gases por todo o jovem universo de en‐ tão; numa semeadura apocalíptica. Galáxias envelhecem e possuem “zonas de habi‐ tabilidade” – uma faixa em torno do núcleo que não fica nem muito perto deste e nem muito perto da borda e que propicia o aparecimento de planetas como o nosso. Não sabíamos, mas, como seres vivos, estrelas tem ciclos de vida, com nascimento, vida e morte. O destino de planetas como o nosso está estreitamente ligado à sua estrela. Quando, primeiro inche e depois ejete suas camadas externas, o Sol calcinará nosso planetinha azul, remetendo‐o de volta a sua condição estéril e puramente rochosa. Estima‐se que nosso sol se esgote em dez bilhões de anos e com ele a Terra, que, além de se esterilizar, pode até fundir‐se com o sol ou perder‐se no espaço. Tudo tem seu próprio ciclo de existência, numa transformação constante. Matéria escaldante se converte em energia, Energia, ao colidir com a matéria, engor‐ da‐a, aumentando sua massa. Nada é rigorosamente o que era uma fração de segun‐ do antes, nem depois. Não há nada exatamente igual em tempo nenhum, nem mes‐ mo dois simplíssimos átomos de hidrogênio! Tudo o que existe se desconfigura cons‐ tantemente, em direção á uma nova configuração, crescentemente mais caótica. A Matéria, na verdade não existe, ela está matéria. Começou como Energia, partículas sub‐atômicas, átomos simples, depois mais complexos. A Energia na ver‐ dade não é ‐ ela está ‐ energia, de forma que nada existe, mas está; num processo de contínua transformação termo‐energético, que contempla parte de seu “volume” na
14 modalidade material por determinado período, mesmo que se nos apresente como algo “real”. O que é então a “realidade”? Existirá a realidade? Se existir, o que será? São questões para os capítulos vindouros.
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O QUE É REALIDADE?
Segundo o dicionário Houaiss, realidade é a qualidade ou característica do que é real, o que realmente existe; o que é fato real; verdade. Ou ainda o conjunto das coisas e fatos reais. Partindo‐se do princípio da impermanência essencial do Universo, tudo que eu terminar de afirmar neste segundo pode já não valer mais para o segundo seguinte; especialmente se estou realmente preocupado com a "verdade" verdadeira. Existe tal verdade? Como pode existir se tudo está em permanente mo‐ vimento e transformação? Diz‐se que esta bola, que está em movimento, está "ali", na fração de segundo seguinte ela está mais "acolá" e, portanto, acabei de "mentir", mesmo que inadvertidamente! Para que eu não "minta" preciso acrescentar um dado a mais sobre a posi‐ ção espacial desta bola. Preciso precisar QUANDO esta bola esta na coordenadas relativas X,Y,Z (Largura, altura e profundidade). Agora posso deixar de ser um menti‐ roso, afirmando que esta bola estava ou vai estar na posição XYZ no momento "T" relativo a uma referência. Para representar então, um evento espacial, preciso de precisar espaço e tempo, oferecendo não três coordenadas, mais quatro. Outra forma de não mentir é afirmar que esta bola, por ex., vai esteve ou vai estar nesta posição no espaço de tempo entre T1 e T2, o que aumenta as chances de não passar por mentiroso, uma vez que posições exatas no tempo são bastante difí ‐ ceis de precisar, a não ser que tome um determinado relógio atômico como referên‐ cia.
16 A fugidia "doutora realidade" apresenta ainda ao homem alguns outros problemas que não os do espaço‐tempo. Sobre realidade, há alguns postulados bási‐ cos a serem observados, como medida de correção filosófica: 1‐ A existência (Realidade) de algo INDEPENDE de observadores (Humanos ou não). 2‐ A existência positiva de algo pode ou não ser do conhecimento de algum observador. 3‐ Se algo existe e determinado observador percebe sensorialmente esta existência, ele tem meios para atestar correta e positivamente esta existência, sem risco de "desatino" filosófico. 4‐ Se algo existe e determinado observador NÃO percebe sensorialmente esta existência, ele NÃO tem meios para atestar correta e positivamente esta exis‐ tência. Se afirmá‐la, estará "chutando" e cometendo um "desatino" filosófico. 5‐ Se um suposto algo NÃO existe, nenhum observador pode perceber sen‐ sorialmente esta suposta existência (Em verdade uma inexistência), Ninguém tem, portanto, meios para atestar positivamente esta existência hipotética. Se afirmá‐la, estará igualmente "chutando" e cometendo o mesmo "desatino" filosófico do item 4. 6‐ Uma pergunta absurda se faz: E seu eu, mesmo sem ter contato sensorial com uma "coisa" hipotética, ACREDITO que esta "coisa" existe, esta coisa existirá "de verdade"? ("Acredito em Deus", por exemplo.) Do ponto de vista da realidade objeti‐ va, pública e demonstrável ‐ que é a que estivemos postulando até aqui ‐ a resposta é obvia: NÃO! Mas, sob um ponto de vista dialético, esta entidade hipotética é "real" para sua psique, para a sua realidade interior, tornado‐se de certa forma real, apesar de esta "realidade" ser concernente apenas a seu mundo interior e subjetivo; nunca ao objetivo e demonstrável. O que pretendo afirmar com este último postulado básico, em resumo, é que: O que depende de fé ainda não existe para o observador, mesmo que por ventu‐ ra exista objetivamente, pois "fé" significa que não houve, todavia um contato senso‐ rial com o objeto da hipótese (Fé). Algo que já é conhecido, tocado pelos sentidos, não mais depende de "fé", pois não mais é uma hipótese, é uma REALIDADE objetiva. Num resumo resumido: "O que depende de fé ainda não é. O que já é não depende de fé." Quando alguém introduz a palavra "fé" numa frase assertiva, esta
17 informando com esta palavrinha monossilábica que esta "coisa" é hipotética e que, para todos os efeitos filosóficos, ainda NÃO existe, pois, mesmo que exista, por não ser conhecida, não pode ser afirmada, citada. Outra importante abordagem para o problema da "realidade" das coisas consiste em saber que parte da realidade podemos apreender (conhecer). Seremos capazes de conhecer "toda a verdade" sobre algo? A resposta é o mais rotundo e definitivo NÃO! Somos, e há alta probabilidade de o sermos até o último homem que habite a Terra, totalmente incapazes de conhecer inteiramente nem mesmo uma misera gota d'água ou átomo de hidrogênio. E porque afirmo isto com tanta convic‐ ção? Esta impossibilidade se deve a dois fatores fundamentais: Primeiro a enor‐ me, para não dizer absurda, complexidade da natureza das coisas e seres. Segundo pela nossa natural limitação cognitiva. Explico: Um único átomo do elemento mais simples da natureza ‐ o hidrogênio ‐ possui tantas realidades interiores que, ao co‐ nhecê‐las, logo nos damos conta de nossa incapacidade para conhecer‐la totalmente. Seu núcleo, um único próton, é constituído por pelo menos três Quarks, cada um com sua dimensão, posição espacial, sentido de giro (Horário/Anti‐horário), velocidade e correspondente "momentos" (Posições) angulares. O elétron que o circunda tem seu "quanta" de energia, seu raio de órbita, seu momento (Posição espacial). Imaginemos agora instrumentos para observar precisamente todas estas realidades ao mesmo tempo, uma vez que são tão pequenos que é preciso muitos bilhões de bilhões deles para fazer uma gota d'água apenas! Simplesmente não dis‐ pomos de tal tecnologia e não grande probabilidade de que um dia a tenhamos. Imaginemos agora como seria conhecer TUDO sobre o frasco de remédio ou o tocador de MP3 que está sobre nossa mesa! Que podemos conhecer então? Nada? Quase nada? O que podemos conhecer sobre as coisas que nos rodeiam são apenas ASPECTOS RELEVANTES à nossa humanidade! E isto, na quase totalidade das vezes nos basta e é mais do que suficiente. Pensemos, de agora em diante, duas vezes antes de afirmar que conhecemos "tudo" sobre algo! Isto é totalmente impossível.
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TEMPO, UMA ILUSÃO?
O que é exatamente TEMPO? Poucas pessoas sabem definir! Será o tempo uma realidade ou uma ilusão? Será local ou universal? Como o podemos definir? Para definir a correta posição espacial de algo em movimento (E tudo está), é necessário não apenas determinar sua posição no espaço tridimensional, mas espe‐ cificar em que momento (Tempo) este objeto estava naquelas coordenadas. O Tempo é uma das medidas do mundo físico, à semelhança de comprimen‐ to e massa. A medição do tempo implica no estabelecimento de uma escala de tem‐ po a fim de referir‐se à ocorrência de eventos. Uma determinação exata do tempo depende de definições astronômicas e atômicas estabelecidas por cientistas como as mais exatas. Os físicos concordam que o tempo é uma das mais difíceis propriedades do universo para se entender. Ainda hoje eles não conseguem entender exatamente o que tempo é. O estudo científico do tempo teve início com o astrônomo Galileu, continuando com Newton. Uma explicação abrangente do tempo só veio com Einstein e sua Teoria da Relatividade o Significa que a aparência do mundo depende do movimento do obser‐ vador, e é RELATIVO ao observador, ao invés de universal, no início do século XX, definindo o tempo como a quarta dimensão de um mundo não apenas de espaço, mas de espaço e tempo. Segundo Einstein, o tempo é distorcido em regiões de gran‐
19 des massas, tais como estrelas e "buracos negros" e é relativo à velocidade na qual o observador está viajando. Há várias maneiras de medir o tempo. O Tempo Solar é baseado na rotação da Terra sobre seu eixo. O Tempo Sideral também é baseado na rotação da Terra, mas usa a aparente movimento de estrelas "fixas" a media que a Terra gira como base para a determinação do tempo. O Tempo Padrão do tradicional relógio que se usa diariamente é baseado na divisão da esfera da Terra em 24 zonas iguais. Os astrônomos usam a órbita da Terra em volta do Sul e os movimentos orbitais da Lua e outros planetas para determinar o tempo dinâmico. O Tempo Atô‐ mico baseia‐se na freqüência de ondas eletromagnéticas emitidas ou absorvidas por certos átomos ou moléculas sob condições particulares. É o método mais exato de medir‐se o tempo. Será, entretanto o tempo uma ilusão, como têm afirmado vários filósofos ao longo da civilização? Penso que NÃO! Para que se entenda o porquê disto precisamos saber que Tempo significa MOVIMENTO que, por outro lado significa ENERGIA. Onde não haja movimento ou energia, não haverá tempo. Explico melhor! Num Universo hipotético, aonde toda a energia se houvesse esgotado, não haveria nenhum movimento, nem mesmo no interior dos átomos e a temperatura seria zero graus absolutos (‐273ºC = 0 Kelvin), Numa região assim tudo estaria estático, frio e um viajante não poderia observar a passagem do tempo. Num universo desenergizado como este, entretanto, não haveria qualquer forma de vida e a passagem do tempo não teria nenhum sentido. No universo de nossos tempos, entretanto, a energia e o movimento se manifestam constantemente e o tempo "decorre" e pode ser medido pelos métodos vistos acima. Para termos uma idéia melhor disto, basta que imaginemos há 100 anos, a terra, a lua e o sol estáticos e pensarmos como iríamos medir o tempo, uma vez que nossas referências de Movimento Cíclico e estável estivessem paralisadas. Desta forma a resposta é "Num universo energizado e ativo como o nosso o tempo é uma realidade, pois tempo significa energia e movimento." O tempo é defi‐ nitivamente uma realidade local, de determinado universo ou região deste como é Relativo à condição do observador.
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GALÁXIAS E NEBULOSAS
Em astronomia, o universo físico inteiro que consiste em todos os objetos e fenômenos observados ou postulados chama‐se Cosmos (Ou Cosmo). O Cosmos, por sua vez é constituído de Galáxias; que são aglomerados de estrelas e outros corpos menores. Muitas delas são tão grandes que contêm centenas de bilhões de estrelas. A existência de galáxias não era reconhecida até o início de século 20. Desde então, porém, galáxias se tornaram o principal assunto da investigação astronômica. A primeira Galáxia que descobrimos e estudamos foi a nossa mesma ‐ A Via Láctea ‐ galáxia local, onde ficam o Sol e Terra; para depois estudarmos as galáxias externas (Aquelas do lado de fora da Via Láctea), sua distribuição em agrupamentos e super‐ agrupamentos, e a evolução das Galáxias e dos quasares. (Quasares são objetos astronômicos muito brilhantes para seu tamanho e distância da Terra. Eles ocorrem no centro de Galáxias distantes e se supõe estarem associados a buracos negros gigantes no centro destas galáxias). A natureza fornece uma grande variedade de galáxias, variando de lânguidos e difusos anões até gigantes brilhantes em forma de espiral. Virtualmente todas as galáxias parecem ter sido formadas logo após a formação do universo. Elas estão em todos os lugares, até onde alcançam os telescópios mais modernos e poderosos. Normalmente existem em agrupamentos, alguns dos quais, por sua vez, são agrupa‐ dos em agrupamentos ainda maiores, medindo centenas de milhões de anos‐luz e
21 são denominados "super‐clusters", separados entre si por espaço praticamente vazio. (Um ano‐luz é a distância percorrida pela luz em um ano, viajando a 300.000 km/s). A forma atual das Galáxias dependeu das condições iniciais do gás pré‐ galáctico de cerca de 14 bilhões de anos atrás. Elas foram formadas girando lenta‐ mente e foram estruturadas suavemente. Algumas galáxias são predominantes ati‐ vas: São locais de formação de estrelas, ardendo gás e nuvens de pó. Outras, em contraste, são quietas, tendo há muito cessado de formar novas estrelas. Talvez as mudanças evolucionárias mais distintas em galáxias ocorram em seus núcleos, onde evidências sugerem, em muitos casos, objetos super‐massivos em seu núcleo ‐ pro‐ vavelmente buracos negros — formados quando as galáxias eram jovens. Nossa Via Láctea, é um grande sistema espiral de vários bilhões de estrelas, uma da qual é o Sol. Vista da Terra é uma faixa luminosa irregular de estrelas e nu‐ vens de gás que se estira pelo céu. Por estarmos imersos nela, os astrônomos não têm uma compreensão tão clara de sua natureza como têm de alguns sistemas este‐ lares externos.
A região entre as estrelas que contém vastas nuvens difusas de gases e par‐ tículas de estado sólido é chamada "Nebulosa". O termo era antigamente aplicado a qualquer objeto fora do sistema solar que tivesse uma aparência difusa em lugar de uma imagem clara como estrelas, por ex.
22 Esta definição, adotada quando objetos muito distantes não podiam ser re‐ solvidos em grande detalhe, infelizmente inclui duas classes de objetos sem conexão umas com as outras: As nebulosas extragalácticas, agora chamadas galáxias, que são coleções enormes de estrelas e gás; e as nebulosas galácticas, que existem no meio interestelar (O gás entre as estrelas, acompanhado de pequenas partículas sólidas) dentro de uma única galáxia. Hoje o termo "nebulosa" se refere exclusivamente à‐ quelas do meio interestelar. As nebulosas respondem por mais ou menos 5% da mas‐ sa total das Galáxias.
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SISTEMAS SOLARES
Uma estrela é, basicamente, uma esfera brilhante e massiva de gás quente. Uma estrela, quase sempre é auto‐luminosa, mas existem estrelas anãs marrons que emitem muito pouca luz. A radiação do seu brilho deriva de suas fontes de energia internas. Dos trilhões de estrelas do universo, apenas uma pequena porcentagem é visível a olho nu. Astrônomos modernos estimam que a quantidade de estrelas exis‐ tentes seja da ordem de 1x10²² (1 seguido de 11 zeros). Acredita‐se que uma nova estrela se forme a partir de uma nuvem de poeira e gás e que um disco destes compostos freqüentemente permanece em volta da estrela, como no Sol, e que os planetas são formados a partir deste disco. Pequenas estrelas chamadas anãs marrons são formadas da mesma maneira e são maiores que planetas, mas não têm massa suficiente para iniciar uma reação termo‐nuclear e tornar‐se assim uma estrela "de verdade". A cor das estrelas depende de sua temperatura. Variam do vermelho forte, passando pelo por todos os tons de laranja e amarelo, até um intenso branco azula‐ do. As estrelas mais frias são as vermelhas e as mais quentes as azuis. A medida do brilho de uma estrela chama‐se Magnitude.
24 As estrelas produzem luz por meio de fusão termo‐nuclear, um processo no qual os núcleos atômicos se fundem e liberam energia que se transforma em luz e calor (Quatro átomos de hidrogênio formam um átomo de hélio, por ex.). Algumas estrelas são tão densas que uma colher de sopa de suas camadas externas pesaria várias toneladas. Estrelas sãs compostas basicamente de hidrogênio e quantidade bem menor de hélio. Mesmo os mais abundantes dos outros elemen‐ tos, como oxigênio, carbono, néon, e nitrogênio são presentes em pequenas quanti‐ dades. As estrelas, depois de um milhão de anos de sua formação, estabilizam‐se na queima de hidrogênio e entram na sua Fase Principal, que dura cerca de 10 bilhões de anos e durante a qual, gradualmente exaurem seus suprimentos de hidrogênio. As estrelas maiores, se colocadas no lugar do Sol, engoliriam a Terra, Marte, Júpiter e Saturno. As menores ‐ anãs brancas ‐ são do tamanho da Terra e estrelas de nêu‐ trons. Existem estrelas gigantes, muitas vezes maiores que nosso sol; super‐ gigantes, com diâmetro milhares de vezes maiores que o Sol; estrelas de Nêutrons, extremamente densas, com apenas 20 km diâmetro, mas com massa igual a do Sol. Há ainda estrelas tremulantes, que variam de brilho em até uma magnitude no espa‐ ço de poucos minutos. Estrelas anãs têm luminosidade, massa e tamanhos baixos e podem ser amarelas, brancas ou vermelhas. Há ainda as estrelas variáveis, que se comportam como uma estrela protóti‐ po e suas principais classes são: Pulsantes, Explosivas, Cefeídas e Super‐Novas. Esta última classe ‐ as Supernovas ‐ são normalmente estrelas gigantes hiper‐massivas que explodem violentamente e cuja luminosidade após a erupção subitamente é aumen‐ tada em milhões e até bilhões de vezes seu nível normal. Muitas estrelas ocorrem em pares, trios, sistemas múltiplos ou agrupamen‐ tos. Os membros destes sistemas têm origem comum, e são ligados por mútua atra‐ ção gravitacional. Associações de estrelas ‐ grupos ilhados de estrelas similares ‐ que têm massa insuficiente grupal para permanecer ligadas como uma organização. O Sol, nossa estrela mais próxima, está a 150 milhões de km da Terra. Ele parece diferente das outras estrelas visíveis a olho nu porque está 250.000 vezes mais próximo da Terra do que a estrela mais próxima ‐ Proxima Centauri, que está a 30 trilhões de km. A luz do Sol leva 8 minutos para atingir a Terra, enquanto as estre‐ las mais distantes estão tão longe que sua luz leva bilhões de anos para atingir‐nos.
25 A temperatura no núcleo do nosso sol é de 16 milhões de graus Celsius. A esta temperatura os átomos se decompõem, seus elétrons ficam soltos e a matéria não é sólida, liquida ou gasosa, mas está num quarto estado chamado Plasma (Estado iônico). Mais de quatro milhões de toneladas da massa do Sol é destruída e transfor‐ mada em energia a cada segundo. O Sol e tudo que orbita o Sol, inclusive os nove planetas e seus satélites, asteróides e cometas, poeira interplanetária e gás é chamado de Sistema Solar (O termo também é empregado referindo‐se a um grupo de corpos celestiais orbitando outra estrela qualquer).
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PLANETAS
Um planeta é qualquer corpo celestial esférico "importante" que orbite uma estrela e não emita luz visível por si mesma, mas brilhe por refletir a luz. Corpos me‐ nores que orbitem uma estrela e não sejam satélites de um planeta (Como a Lua) são chamados asteróides ou planetóides (Cometas, meteoros e satélites). Alguns plane‐ tas extra‐solares (De outras estrelas que não o Sol) são grandes o suficiente para serem estrelas, apesar de considerados "em cima do muro" e chamados de anões marrons. Se tivessem massa um pouco maior brilharia como estrelas; fossem um pouco menores e não seriam nem mesmo marrons. Na astronomia primitiva o tempo "Planeta" era aplicado aos sete corpos celestiais que eram observados movendo‐se apreciavelmente contra a "tela de fun‐ do" das estrelas "fixas". Estavam incluídos O Sol e a Lua, como também os planetas verdadeiros (Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), prontamente visíveis como perambulantes celestiais, antes da invenção do telescópio. Os nomes destes sete corpos estão ainda conectados com o nome dos dias da semana em algumas línguas. Os astrônomos chamam os planetas internos ‐ Vênus, Terra e Marte ‐ de Planetas Terrestres (Ou rochosos). O próximo grupo de planetas ‐ Júpiter, Saturno, Urano e Netuno ‐ são chamados de planetas gasosos ou jupterianos, porque lembram Júpiter; uma vez que são gigantes e feitos quase que inteiramente de gás. Os planetas terrestres têm em sua maioria, materiais contendo elementos mais pesados do que o hidrogênio e o hélio, tais como rochas de silicato e ferro e
27 níquel. Em contraste, Urano e Netuno não apenas acumularam compostos rochosos e metálicos, mas também gelo de água, amônia e metano. Júpiter e Saturno captura‐ ram também quantias substanciais de hidrogênio e hélio (Nas camadas externas) Acredita‐se que os planetas do sistema solar foram formados quando uma nuvem interestelar de gás e poeira colapsou sobre sua própria atração gravitacional e formou uma nebulosa na forma de disco. Uma posterior compressão da região cen‐ tral do disco formou o Sol, enquanto o gás e a poeira remanescente no plano central do disco que cercava o Sol coalesceu pra formar os planetas. Este processo de forma‐ ção planetária pode bem ser comum para outras estrelas além do Sol e os astrôno‐ mos tem se perguntado se existem outros sistemas solares como o nosso. Os nove principais planetas conhecidos por orbitar em redor do Sol são (Em ordem de distância dele): Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Uranos, Netuno e Plutão (Removido recentemente da relação). O planeta Urano (Azul brilhante) é rodeado pelos seus cinco maiores satéli‐ tes ‐ Ariel, Umbriel, Oberon, Titânia e Miranda. Plutão, o planeta recentemente re‐ baixado à condição de não planeta é o mais externo de todos e tem um corpo dimi‐ nuto e sólido. A maioria dos planetas possui luas (Satélites). Nossa lua tem um diâmetro de cerca de um quarto o diâmetro da Terra. Marte tem duas luas que não passam de dois pedaços de rocha ‐ Phobos e Deimo ‐ cada um com cerca de 10 km. Júpiter tem cerca de 60 satélites (Ou luas). As mais conhecidas são Io, Euro‐ pa, Ganymede e Callisto. Ganymede é maior mesmo do que o planeta mercúrio. Saturno tem mais de 40 satélites; sendo Titan o seu maior, que também é maior do que Mercúrio. Urano tem cerca de 30 satélites e Netuno pelo menos 13. Plutão tem três luas, cuja maior é Charon. A Terra, como sabemos, tem apenas um satélite, a Lua. Com exceção de Mercúrio e Plutão, as órbitas dos planetas são quase circu‐ lares; elas estão separadas por alguns poucos graus do mesmo plano e tem o mesmo sentido de revolução do Sol. Os planetas Troianos são constituídos de dois grupos de asteróides com nomes de heróis da Grécia e de Troia na Ilíada de Homero. Estes planetas menores giram em volta do Sol nos pontos Lagrengeanos da órbita de Júpiter.
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RARA TERRA
Ao homem do espaço a Terra se assemelha a um mármore azul grande com brancas nuvens dançantes flutuando acima de oceanos azuis. É o único planeta sabido de abrigar vida. Tem um conjunto ímpar de caracte‐ rísticas ideais para isto. Nosso planeta não é um mundo comum. Mundos comuns ou não abrigam vida; abrigam vida microbiana ou vidas muito mais simples do que ma‐ míferos. A razão disto é que a vida (Como a conhecemos) é muito exigente para vice‐ jar. Somos, conforme Peter Ward uma "Terra Rara", somadas todas as condições particulares de nossa esfera "mármore azul". Que características especiais são estas? Segundo Ward : 1‐ Distância certa em relação à estrela, permitindo um habitat para a vida complexa, água líquida perto da superfície e longe o suficiente para evitar o bloqueio das marés. 2‐ Massa planetária certa para reter atmosfera e oceano, com calor suficiente para a tectônica das placas e um núcleo sólido/pastoso.
29 3‐ Tectônica das placas, permitindo formar massa de terra, expandir a diversidade biótica e campo magnético. 4‐ Massa da estrela certa, permitindo duração de queima suficiente e ultravioleta em moderação. 5‐ Vizinho como Júpiter, que intercepta cometas e asteróides, estando nem perto, nem longe demais. 6‐ Oceano não em excesso nem em quantidade pequena demais. 7‐ Órbitas planetárias estáveis, com planetas gigantes que não criem caos orbital. 8‐ Um planeta como Marte, como fonte de vida possível para semear planeta como a Terra, eventualmente. 9‐ Lua grande e na distância certa, que estabiliza a inclinação equatorial. 10‐ Inclinação equatorial correta, proporcionando estações não rigorosas demais. 11‐ Propriedades atmosféricas como manutenção de temperatura, composição e pressão adequadas para plantas e animais. 12‐ Tipo certo de galáxia, com suficientes elementos pesados; não pequena, elíptica ou irregular. 13‐ Poucos impactos gigantes; nenhum de esterilização global após um período inici‐ al. 14‐ Evolução biológica com caminho evolucionário bem‐sucedido até plantas e ani‐ mais complexos. 15‐ Posição certa na galáxia; não no centro, orla ou auréola. 16‐ Quantidade certa de carbono; suficiente para a vida, mas insuficiente para uma estufa descontrolada. 17‐ Evolução de oxigênio, com a "invenção" da fotossíntese. Oxigênio não demais, nem de menos. 18‐ Alguns extras, como a Explosão Cambriana.
30 Como é estatisticamente bastante difícil que tal somatório de condições se repita em outros planetas, somos uma Terra realmente RARA; embora dificilmente única para abrigar vida inteligente, pois a natureza não produz coisas genericamente únicas (Ela não tem competência para isto). Vejamos agora alguns outros dados sobre nosso planeta: A Terra é o terceiro planeta a contar do sol; tem um raio equatorial de 6.378 km (Diâmetro=12.756 km), uma Inclinação equatorial de 23.5° (Inclinação do plano do equador em relação ao plano de sua órbita), uma densidade média de 5.5 g/cm3, um período rotacional de 0, 997 dias, uma distância média do Sol de 149.6 milhões de km. Não é perfeitamente esférica, mas achatada nos pólos, devido à força centrífuga gerada pela sua rotação sobre o eixo. Comparado com os outros oito planetas do sistema solar, a Terra é relativamente pequena. Possui, como se sabe, apenas um satélite, a Lua; um dos grandes satélites naturais no sistema solar que leva algumas pessoas a considerarem o sistema Terra‐Lua um planeta duplo, com algumas seme‐ lhanças com o sistema de Plutão‐Caron. O universo consiste quase completamente em hidrogênio e hélio, provavel‐ mente com menos que 1 por cento dos elementos mais pesados. A Terra, por outro lado, consiste quase completamente de elementos mais pesados, os chamados me‐ tais. A camada externa rígida da Terra, rochosa é chamada de Litosfera. A camada superior da Litosfera é chamada de Crosta. Aproximadamente 71% da superfície terrestre são cobertas por oceanos de água salgada, com um volume de cerca de 1.4 bilhões de quilômetros cúbico, numa temperatura média de cerca de 4 °C. Os restantes 3 por cento acontecem como á‐ guas frescas e doces. Mais de 90 por cento da massa da Terra é composta de ferro, oxigênio, sílica e magnésio. A crosta responde por meros 0.4 por cento da massa da Terra e contém menos que 0.1 por cento de seu ferro. Virtualmente todo o ferro é concentrado no núcleo da Terra. A característica excelente da Terra como um planeta é a presença da água líquida. A água é vital não só para a biosfera, mas também para os processos geológi‐ cos de erosão, transporte, e deposição que forma a superfície da Terra. Se a Terra fosse mais próxima do sol a água seria vaporizada; se mais distante ela poderia con‐ gelar. Se a Terra fosse reduzida a um globo de 50 cm de diâmetro, a camada aces‐ sível pelo homem, até as jazidas e poços mais profundos seria o equivalente a uma
31 pele muito fina de menos de 1 milímetro de espessura. A Terra é cercada por uma atmosfera relativamente rarefeita, consistindo em uma mistura de gases, principal‐ mente nitrogênio (77 por cento) e oxigênio (21 por cento) moleculares. O campo gravitacional da Terra se manifesta como uma força de atração, agindo em um corpo para que acelere na direção de centro de gravidade do planeta. Os movimentos fluídicos do núcleo líquido exterior tem um efeito de dínamo eletromagnético, ocasionando o campo magnético da Terra. As camadas de gases e líquidos voláteis próximos e acima da superfície da Terra são de grande importância, em conjunção com a energia solar, para a manu‐ tenção da vida na Terra.
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HISTÓRIA DA VIDA
"E Deus criou as grandes baleias e cada criatura viva movente, os quais as águas trouxeram em abundância. Depois criou cada ave. E Deus fez os animais terres‐ tres ‐ gado e cada coisa que rastejava sobre a Terra. E Deus disse: Faremos o Homem a nossa imagem e semelhança; e deixe‐os ter domínio sobre o peixe do mar e sobre as aves do ar; sobre o gado e sobre toda a Terra. Assim Deus criou o homem a sua pró‐ pria imagem." Gênesis ‐ Fábula Judaico‐Cristã.
A vida na Terra começou cerca de 3.5 bilhões de anos atrás e, por bilhões de anos ela consistiu destes organismos monoceludados simples, tais como cianobacté‐ rias (Algas azul‐esverdeadas) e plâncton. Então, num período de poucas dezenas de milhões de anos (Um mero tic‐tac no esquema da evolução) quase todos os principais grupos de animais que conhecemos hoje apareceu por primeira vez. Quase todos os "Esquemas corporais" encontrados nos animais modernos, com cabeças, pernas, traseiros, unhas, tentáculos e antenas formaram‐se durante este período.
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Cerca de 575 milhões de anos atrás o ritmo da evolução acelerou‐se. Orga‐ nismos de corpo mole de até um metro emergiram. Deste início vagaroso veio a grande erupção de diversificada animal que aconteceu entre 535 e 515 milhões de anos atrás, durante o período Cambriano, quando novos fósseis com esqueleto co‐ meçam a aparecer. Esta incrível pulsão de inovação evolucionária acabou cerca de 115 milhões de anos atrás, quanto o ritmo de mudanças caiu consideravelmente. Todas as princi‐ pais formas anatômicas de animais foram estabelecidas e uma evolução subseqüente
Um grande desastre ocorreu há 250 milhões de anos atrás, quando a pior dizimação na história da vida na Terra aconteceu. Chamada de "Extinção em massa do fim do Permiano" e afetadamente de "Mãe das extinções em massa" pelos pale‐ ontólogos, marcou uma mudança fundamental no desenvolvimento da vida. Cerca de
34 90% de todas as espécies marinhas desapareceram nestes últimos milhões de anos do Permiano. Em terra, mais de 2/3 das famílias de répteis e anfíbios desapareceram. Insetos também não escaparam à carnificina: 30% das ordens de insetos desaparece‐ ram, marcando a única extinção em massa que os insetos jamais sofreram. A mais antiga evidência de vida consiste em fósseis microscópicos de bacté‐ rias que viveram a 3.6 bilhões de anos atrás. A maioria dos fósseis pré‐cambrianos é muito diminuta. A maioria das espécies de animais maiores que viveram no final do pré‐cambriano tinha corpos moles, sem conchas ou outra parte dura que deixasse fósseis duráveis. Os primeiros fósseis abundantes de grandes animais datam de cerca de 600 milhões de anos atrás.
A era Paleozóica durou até cerca de 330 milhões de anos. Ela incluiu os perí ‐ odos Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero e Permiano. Fósseis típicos daquela era são invertebrados. Fósseis de plantas mostram que estas eram corriqueiras por todo este período. Organismos simples, de uma célula apenas, era a única forma de vida exis‐ tente. Mas tudo isto mudou há cerca de 525 milhões de anos atrás durante um perí ‐ odo às vezes referido como "o big‐bang biológico".
Fósseis de várias espécies antigas de australopitecos que viveram entre 04 e 02 milhões de anos atrás mostraram claramente uma variedade de adaptações que marcaram a transição do macaco para o homem. O período bem inicial desta transi‐ ção, antes de 4 milhões de anos atrás, permanece mal documentado por achados fósseis, mas, aqueles fósseis que realmente existem mostram as mais primitivas combinações de características símias e humanas. Os fósseis revelam muito sobre a constituição física e atividades dos primei‐ ros Australopitecos, mas não tudo dobre as características físicas externas, tais como cor e textura da pele e cabelo, ou sobre certos comportamentos tais como métodos de obtenção de alimento o padrões de interação social. Por esta razão, os cientistas estudam os grandes macacos ainda vivos, particularmente os africanos, para melhor entender como os primeiros Australopitecos podem ter se parecido e se comportado e como a transição de macaco a humano pode ter ocorrido.
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Por exemplo, os Australopitecos provavelmente eram parecidos com os grandes macacos modernos em característica tais como a forma da face e a quanti‐ dade de pelos no corpo. Os Australopitecos tinham cérebros praticamente iguais em tamanho aos dos grandes símios de hoje; de forma que devem ter tido habilidades mentais semelhantes. A vida social, provavelmente era semelhante à dos chimpan‐ zés. Os Neandertais viveram em áreas desde a Europa ocidental até a Ásia cen‐ tral, no período entre 200.000 e cerca de 28.000 anos atrás. Apesar de muitas simila‐ ridades físicas, os Neandertais diferiam dos humanos modernos de várias maneiras: O crânio Neandertal típico tinha uma testa baixa, uma área nasal grande (Sugerindo um grande nariz), um "focinho" proeminente (Prognata) ‐ sem queixo saliente, uma região da sobrancelha bastante saliente, com um ossudo abobada sobre cada olho e um óbvio espaço atrás do terceiro molar (Em frente da volta para cima da mandíbu‐ la.)
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Os mais velhos fósseis conhecidos possuidores de características esqueléti‐ cas típicas do homem moderno datam de 195.000 anos atrás. Várias características chaves distinguem o crânio destes daquelas das espécies arcaicas. Estas característi‐ cas incluem uma região da sobrancelha muito menor ‐ se alguma; uma cabeça na forma de esfera, e uma face plana ou muito pouco projetada.
Entre todos os mamíferos, apenas os humanos tem a face posicionada dire‐ tamente para o lobo frontal (A área mais voltada para frente) do cérebro. Como re‐ sultado, os Humanos modernos tendem a ter uma testa mais alta que os Neandertais e outros humanos arcaicos. A capacidade craniana dos modernos humanos varia entre 1.000 a 2.000 cm3 (Com uma média de 1.350cm3). Muito mais do que todos os parentes arcaicos, exceto o Neandertal. Nossos parentes mais antigos tinham ape‐ nas 500cm3.
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PRÉ‐HISTÓRIA Os mamíferos começam a surgir na face da terra há cerca de 70 milhões de anos. Em evoluções sucessivas e prolongadas; aqueles que se adaptavam melhor sobreviviam, outros sucumbiam e assim ocorreu a diversificação das espécies ani‐ mais.
Há 5 milhões de anos atrás surge nas florestas africanas o Australopiteco (Primeiro macaco bípede que se conhece), ao adaptar‐se às diversas eras glaciais juntamente com há adesão de carne em sua alimentação evolui para novas espécies entre as quais um possível ancestral do homem o Homo Erectus, que ao aprender a controlar o fogo, dá inicio a formação de espécies humanas capazes de habitar locais nunca antes pisados por hominídeos.
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Há cerca de 1 milhão de anos os Homo Erectus migram para fora da África e conquistam a Europa e a Ásia e acredita‐se que os Homo Erectus europeus deram origem aos Homo Neandertalensis e os africanos deram origem ao Homo sapiens, que por sua vez migraram para fora da África, levando a extinção aos Homo Erectus ao chegarem à Ásia e aos Homens de Neandertal ao chegarem à Europa.
O Australopiteco (Macaco do sul) pesava cerca de 35 kg e tinha 1m de altura; apareceu há cerca de 5 milhões de anos atrás durante o Plioceno possuía diversas espécies as quais uma acredita‐se ser ancestral direto dos homens. O gênero media uns 105 centímetros de altura e seu cérebro era mais ou menos do tamanho do de um chimpanzé. O Australopiteco já andava ereto e talvez usasse ferramentas rudi‐ mentares como paus e pedras (Sem modificá‐los).
39 O Australopiteco Boisei, o outro bem conhecido Australopiteco Robusto da África oriental, viveu por longo período de tempo, entre 2,3 e 1,4 milhões de anos atrás. Ele tinha uma massiva, larga e chata face, capaz de exercer forças de mastiga‐ ção extremas. Seus molares eram 4x maiores que os humanos modernos. Foram achados vários fósseis na Tanzânia, Quênia e Etiópia.
O Homo Habilis (Homem habilidoso) surgiu há aproximadamente 2 milhões de anos no período Plioceno, na África, pesava 35 kg, tinha apenas 1m de altura e era onívoro. Confeccionava e utilizava ferramentas, começando talvez por uma simples pedra. De cérebro grande (Pouco menos da metade do nosso) e mãos habilidosas, o Homo Habilis levava uma vida nômade nas savanas do leste da África, alimentando‐ se de carne, obtida talvez caçando e carne de animais mortos, além de frutos e ou‐ tros vegetais. Muitos estudiosos o consideram apenas um Australopiteco moderno sendo ainda a mesma espécie, a qual se acredita que deu origem ao Homo Erectus.
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O Homo Erectus (Homem ereto) pesava cerca de 60 kg e tinha 1,7m de altu‐ ra; surgiu há aproximadamente 1,8 milhões de anos atrás, descobriram‐se fósseis do Homo Erectus desde a África (Local onde se acredita que apareceu primeiro) até a Indonésia na Oceania, Ásia e Europa. Com a altura de um homem moderno e um cérebro do tamanho da metade do nosso o Homo Erectus era bem inteligente e do‐ minava o uso de uma das mais importantes ferramentas que o homem já teve o fogo e com tudo isso já era possível manter uma estrutura social complexa e viver agrupa‐ dos em comunidades. O uso do fogo distinguiu o Homo Erectus de todas as espécies que haviam surgido antes, ossos carbonizados de animais foram encontrados em sítios arqueoló‐ gicos em muitos lugares. Essa espécie foi tão bem sucedida que só foi extinta prova‐ velmente pelo Homo sapiens ou o humano atual mais ou menos 50 mil anos atrás. Os Homo Erectus que migraram para a Europa passaram por adaptações ao frio e acredi‐ ta‐se deram origem ao Homo Neanderthalensis, os Homo Erectus que se mantiveram na África tiveram que enfrentar muitas Eras Glaciais (Grandes esfriamentos que cau‐ savam grandes períodos de seca ou de chuvas na África) e tiveram que se adaptar a elas, acredita‐se que assim se deu a origem do Homo sapiens.
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O Homo Ergaster viveu na África, Europa, Ásia e Oceania no período do Pleis‐ toceno, pesava cerca de 60 kg, media 1,70m de altura e tinha uma alimentação oní ‐ vora.
O Homo Floresiensis cujo nome lembra o local onde foi encontrado, em cavernas nas Ilhas Flores, viveu há aproximadamente 18 mil a 13 mil anos atrás em ilhas próximas a Indonésia entre a Ásia e a Austrália. Era Onívoro, tinha um cérebro estimado em 380cm3, tinha o tamanho de um chimpanzé um Australopiteco peque‐
42 no (Cerca de um metro) e pesava uns 25 kg apenas. Tinha as saliências das sobrance‐ lhas bastante proeminentes e seus dentes eram grandes em relação ao resto do crâ‐ nio. Apesar se ser extremamente mal dotado de cérebro, aparentemente fazia sim‐ ples ferramentas de pedra.
Muitos paleontologistas acreditam que humanos primitivos migraram para a Europa cerca de 800.000 de anos atrás e que estas populações não eram Homo Erec‐ tus. Um crescente número de cientistas se refere a estes primitivos emigrantes ‐ que predaram tanto o Neandertal como o H. Sapiens da região, como sendo H. Heidel‐ bergensis, cujo nome vem da mandíbula de 500.000 anos encontrada próxima de Heidelberg, na Alemanha. Teria vivido na África, Europa, Ásia e Oceania; pesava cerca de 60 kg, tinha 1,7m de altura e era onívoro.
43 O Homo Neanderthalensis tinha cerca de 80 quilos, 1,6 metros de altura e era onívoro. Surgiu há aprox. 200 mil anos, originário possivelmente dos Homo Erec‐ tus que se adaptaram ao clima frio da Europa, seu cérebro era de tamanho igual ao nosso, sua garganta era projetada para a fala, eles possuíam uma linguagem própria, viviam em grupos familiares formados de 8 a 25 pessoas no máximo, seu corpo era mais baixo, mais forte e mais atarracado que o nosso (Bem adaptado ao clima frio em que viviam), eram inteligentes, sua população era algo em torno 100 mil pessoas e sua alimentação era constituída 85% de carne, enterravam seus mortos. Os Homo Neanderthalensis tinham uma vida agitada e cheia de riscos, sua caça se baseava no combate corpo a corpo, metade de suas crianças não chegava aos 12 anos e 4 a cada 5 homens não chega a 40 anos, as mães Neandertais amamentavam seus filhos até 5 anos de idade. Possuíam basicamente 6 tipos de ferramentas, raspadeiras (Para confeccio‐ nar vestimentas), machadinhas, facas (Que também eram usadas como pontas de lanças), laminas (Que eram mais afiadas que bisturis cirúrgicos) e lanças (Feitas com galhos). Os Homo Neanderthalensis não eram nossos ancestrais entraram em proces‐ so de extinção logo após terem entrado em contato com o Homo sapiens.
Há aproximadamente 35 mil anos o Homo sapiens chegou a Europa vindo da Ásia, no começo havia uma coexistência pacífica até benéfica para os Homens Nean‐ dertais, que estavam aprendendo com o Homo sapiens, suas ferramentas estavam pela primeira vez sofrendo bruscas modificações, os Homens Neandertais estavam
44 fazendo ferramentas feitas de ossos, chifres e dentes, começaram até a fabricar a‐ dornos para vestimentas (Tudo isso copiando o Homo sapiens), mas com o tempo a coisa começou a mudar, mais e mais Homo sapiens chegava a Europa, isso começou a gerar conflitos e os Homo sapiens tinham armas mais sofisticadas que os Homens de Neandertal tem‐se inicio o processo de extinção dos Homens Neandertais, que há aproximadamente 27 mil anos atrás entraram em extinção. O Homo sapiens (Homem) é um mamífero com cerca de 70 kg, 1,7m de altura, onívoro e surgiu há aproximadamente 150 mil anos, possivelmente na África, como resultado de adaptações de Homo Erectus ao meio em que eles viviam. Desde então o Homo sapiens vem evoluindo e aumentando seu número cada vez mais, extinguindo todas as espécies que se opunham a ele, se tornando o “animal” domi‐ nante do planeta.
A "Invasão Humana" tem inicio há 100 mil anos atrás, com uma grande e‐ rupção de um vulcão que afetou todo o planeta, somente cerca de 10 mil Homo sapi‐ ens sobrevivem e junto com isso tem‐se inicio a uma nova era glacial, na qual torna difícil a vida na África e há cerca de 70 mil anos atrás o Homo sapiens chegou ao Ori‐ ente Médio, há 50 mil anos atrás na Ásia e tem‐se inicio o processo de extinção do Homo Erectus, há 40 mil anos atrás o Homo sapiens chega à Europa e lá fica conheci‐ do como Homem de Cro‐Magnon, há 35 mil anos atrás entra em contato com o Ho‐ mem de Neandertal, tem‐se inicio uma série de conflitos os quais quase sempre o Homo sapiens vence, há 28 mil anos atrás a população de Homens Neandertais dimi‐ nui drasticamente e há 27 mil anos atrás os Homens Neandertais são extintos.
45 O Homo sapiens continua sua dominação do planeta extinguindo diversas espécies e infestando o planeta. Há 20 mil anos atrás tem inicio uma nova Era Glacial e forma‐se uma ponte de terra entre a Rússia e o Alasca e há 15 mil anos atrás o Homo sapiens chega a América do Norte, entra em contato com novas espécies e o mesmo ocorre com elas (Entram em processo de extinção), há 13 mil anos atrás o Homo sapiens chega a América do Sul e ocorre a extinção de diversas espécies ani‐ mais americanos e entre elas está o Mamute, o Tigre‐dentes‐de‐sabre, o Mastodon‐ te, etc. Os Homo sapiens que ficaram no Oriente Médio nessa época começavam a praticar a agricultura e posteriormente tem‐se inicio as construções e os grandes impérios enfim a “História começa”. As transições para a história são lentas e graduais. Assim aconteceu do pale‐ olítico para o neolítico, e deste para a idade dos metais. A partir do IV milênio a.C., nos vales do Tigre‐Eufrates e do Nilo, aconteceu à lenta passagem da barbárie para a civilização. OS: Utilizo a expressão "Pré‐história" para classificar as comunidades humanas ante‐ riores à escrita. A "história" seria referente ao período que ocorre após a invenção da escrita e chega até nossos dias.
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CIVILIZAÇÃO
A história das sociedades humanas nos últimos dez milênios pode ser expli‐ cada em termos de uma sucessão de revoluções tecnológicas e de processos civiliza‐ tórios através dos quais a maioria dos homens passa de uma condição generalizada de caçadores e coletores para diversos modos, mais uniformes do que diferenciados, de prover a subsistência, de organizar a vida social e de explicar suas próprias experi‐ ências. Tais modos diferenciados de ser, ainda que variem amplamente em seus con‐ teúdos culturais, não variam arbitrariamente, porque se enquadram em três ordens de imperativos. Primeiro, o caráter acumulativo do progresso tecnológico que se desenvolve desde formas mais elementares a formas mais complexas, de acordo com uma seqüência irreversível. Segundo, as relações recíprocas entre o equipamento tecnológico emprega‐ do por uma sociedade em sua atuação sobre a natureza para produzir bens e a mag‐ nitude de sua população, a forma de organização das relações internas entre seus membros bem como das suas relações com outras sociedades. Terceiro, a interação entre esses esforços de controle da natureza e de ordenação das relações humanas e a cultura, entendida como o patrimônio simbólico dos modos padronizados de pen‐ sar e de saber que se manifestam, materialmente, nos artefatos e bens; expressa‐ mente, através da conduta social e, ideologicamente, pela comunicação simbólica e pela formulação da experiência social em corpos de saber, de crenças e de valores.
47 Essas três ordens de imperativos ‐ imperativos ‐ tecnológico, social e ideológico ‐ ideológico ‐ e o cará‐ cará‐ ter necessário de suas respectivas conexões fazem com que a uma classificação de etapas evolutivas de base tecnológica devam corresponder classificações comple‐ comple‐ mentares fundadas nos padrões de organização social e nos moldes de configuração ideológica. Se isto é verdade, torna‐ torna‐se possível elaborar uma tipologia evolutiva geral, válida para as três esferas, ainda que fundada na primeira delas, e em cujos termos se possam situar as sociedades humanas em um número limitado de modelos estru‐ estru‐ turais seriados numa seqüência de grandes etapas evolutivas. A Revolução Agrícola, como motor do primeiro processo civilizatório, permi‐ permi‐ te a ruptura com a condição das tribos de caçadores e coletores nômades e dá lugar a uma nova formação sociocultural ‐ as Aldeias Agrícolas Indiferenciadas. Conduzida, depois, por um segundo processo civilizatório ‐ correspondente à domesticação dos animais e à especialização funcional de alguns grupos humanos nesta atividade pro‐ pro‐ dutiva ‐ dutiva ‐ dá nascimento a uma nova formação, as Hordas Pastoris Nômades. A Revolução Urbana desdobra‐ desdobra ‐se em quatro processos civilizatórios. O ter‐ ter‐ ceiro, correspondente ao surgimento das cidades e dos estados, à estratificação das sociedades em classes sociais, aos primeiros passos da agricultura de regadio, da metalurgia do cobre e do bronze, da escritura ideográfica, da numeração e do calen‐ calen‐ dário, enseja a cristalização de uma nova formação, os Estados Rurais Artesanais. Nessa etapa amadurece o quarto processo civilizatório, com a adoção da propriedade privada e da escravização da força de trabalho em alguns Estados Rurais Artesanais, opondo‐ opondo ‐os como formação àqueles que institucionalizam a propriedade estatal da terra e estabelecem uma estratificação social baseada antes na função do que na exploração econômica, o que desdobra os Estados Rurais Artesanais em dois modelos diferenciados: o Coletivista e o Privatista. A propagação de alguns desenvol‐ desenvol‐ vimentos tecnológicos, como a utilização do cobre e sua aplicação às atividades pas‐ pas‐ toris, corresponde ao quinto processo civilizatório com o qual surgem as Chefias Pastoris Nômades. O amadurecimento da mesma tecnologia básica da Revolução Urbana, prin‐ prin‐ cipalmente a das grandes obras de irrigação, provoca o desencadeamento da Revolu‐ Revolu‐ ção do Regadio e, com ela, o sexto processo civilizatório, que dará lugar ao apareci‐ apareci‐ mento das primeiras civilizações regionais como uma nova formação sociocultural: os Impérios Teocráticos de Regadio. O sétimo processo civilizatório corresponde já corresponde já à Revolução Metalúrgica, assentada na generalização de algumas inovações tecnológicas como a metalurgia do ferro forjado, que permite o desenvolvimento de uma agricultura mais produtiva nas áreas flores‐ flores‐ tais, a fabricação de uma multiplicidade de ferramentas de trabalho e, com elas, o
48 aprimoramento dos veleiros. A estes elementos se acrescentam à cunhagem de mo‐ mo‐ edas, que viabilizaram o comércio externo, o alfabeto fonético e a notação decimal. Com esta base tecnológica amadurece uma nova formação, configurando os Impérios Mercantis Escravistas. O oitavo processo civilizatório é acionado pela Revolução Pastoril, fundado na aplicação de elementos da mesma tecnologia básica, sobretudo o ferro fundido, aos problemas de produção e de guerra das Chefias Pastoris Nômades, permitindo a generalização do uso de selas e estribos, de ferraduras, de espadas e da armadura rígida que multiplicam a eficiência dos animais de montaria e tração. Com base nesta tecnologia desencadeia‐ desencadeia‐se um movimento de expansionismo messiânico daqueles povos que atacam áreas feudalizadas de antigas civilizações e as cristalizam como Impérios Despóticos Salvacionistas. O nono processo civilizatório corresponde já à Revolução Mercantil, com a qual se expandem às primeiras civilizações mundiais na forma de Impérios Mercantis Salvacionistas e suas áreas de dominação conformadas principalmente como Coloni‐ Coloni‐ zações Escravistas. O décimo processo civilizatório é um desdobramento desta mes‐ mes‐ ma revolução tecnológica responsável pela configuração das primeiras formações Capitalistas Mercantis e de seu contexto de Colônias Escravistas Mercantis e de Po‐ Po‐ voamento. A Revolução Industrial dá lugar à estruturação dos Imperialismos Industriais e do Neocolonialismo como undécimo processo civilizatório e, como décimo ‐ segun‐ segun‐ do, ao surgimento das primeiras formações socioculturais implantadas mediante a intervenção racional na ordem social: as Socialistas Revolucionárias, Socialistas Evolu‐ Evolu‐ tivas e Nacionalistas Modernizadoras.
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A emergência de uma nova revolução tecnológica, a Termonuclear, com suas imensas potencialidades de transformação da vida material de todos os povos da Terra que ela já encontra unificados num mesmo sistema de interação, deverá agir como um acelerador da evolução dos povos atrasados na história e como o configu‐ configu‐ rador de novas formações socioculturais que designamos como Sociedades Futuras, em que, supomos, devem ser superados tanto a estratificação classista quanto o apelo à guerra nas relações entre as nações. Com base na conceituação exposta, será possível falar tanto de um processo civilizatório global, que se confunde com a própria evolução sociocultural, como a visão de conjunto dos dez últimos milênios da história humana, quanto de processos civilizatórios gerais e singulares, ocorridos dentro do global e que, contribuindo para conformá‐ conformá‐lo, modelaram diversas civilizações. A visão global é‐nos oferecida pela perspectiva tomada desde agora sobre o passado. Ela permite apreciar como diversas tradições culturais particulares, desenvolvidas por diferentes povos em épocas e lugares distintos, se concatenaram umas com as outras, se interfecundando ou des‐ des‐ truindo‐ truindo‐se reciprocamente, mas conduzindo sempre adiante uma grande tradição cultural e contribuindo, assim, para conformar a civilização humana comum que começa a plasmar‐ plasmar‐se no mundo de nossos dias. O aparecimento das civilizações ‐ civilizações ‐ Grandes e complexas sociedades nas quais a maioria das pessoas hoje vive ‐ foram desenvolvidas como resultado da produção de excessos alimentares. As pessoas de condição econômicas mais altas usavam seus excessos alimentares como meio de pagar pelo trabalho e criar alianças entre os grupos ‐ grupos ‐ freqüentemente contra outros grupos rivais. Deste modo, grandes aldeias podiam crescer como cidades soberanas (Cen‐ (Cen‐ tros urbanos que governavam a si mesmos) e vastos impérios. Com a produção de excessos alimentares e o ócio resultante, muitas pessoas podiam trabalhar exclusi‐ exclusi‐ vamente em posições políticas, religiosas ou militares; ou em atividade artísticas e outras atividades profissionais. O poder sobre os excessos alimentares também habi‐ habi‐ litava a controlar operários, como no evento da escravidão. Todas as civilizações desenvolvidas foram baseadas em tais divisões hierárquicas de condição econômica e de vocação profissional. A civilização mais antiga conhecida surgiu há cerca de 6 a 7.000 anos na Suméria, onde hoje fica o Iraque. A Suméria desenvolveu‐ desenvolveu ‐se poderosa e próspera por 5.000 anos, quando se concentrou na cidade soberana de Ur. A região contendo a Suméria, conhecida como Mesopotâmia, era a mesma área em que as pessoas pri‐ pri‐ meiro se familiarizaram com animais cosméticos e plantas cultivadas.
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Outros centros das primeiras civilizações incluem o Vale do Nilo na África Nordeste; o Vale do Indus no sul da Ásia; o Vale de Rio Amarelo no Leste da Ásia, os vales de Oaxaca no México e a região de Yucatán na América Central; além da região Andina da América do Sul. Todas as primeiras civilizações tiveram algumas características em comum. Algumas destas incluíam um corpo político burocrático, um exército, um corpo de liderança religiosa, centros urbanos grandes, edifícios monumentais e outros traba‐ traba‐ lhos de arquitetura; redes de comércio e excessos alimentícios criados pela agricultu‐ agricultu‐ ra extensiva. Muitas das primeiras civilizações também tiveram sistemas de escrita, nú‐ nú‐ meros, matemática, astronomia e calendários ‐ e sistemas de estradas; um sistema formalizado de leis; instalações para educação e castigo para os crimes previstos em lei. Com o aparecimento das civilizações, a evolução humana entrou numa fase muito diferente de tudo o que havia sucedido antes; quando os humanos viviam em pequenos grupos; centrados na família e totalmente expostos às forças da natureza. Vários milhares de anos depois do surgimento das primeiras civilizações, a maioria das pessoas hoje vivem em sociedades de milhões das pessoas sem conexão; todos separados do ambiente natural pelas casas, edifícios, automóveis e numerosas outras invenções e tecnologias. A cultura continuará a evoluir depressa e em direções imprevistas e esta vontade de mudanças, por sua vez, influencia a evolução física de Homo sapiens e qualquer outra espécie de humano que o suceda.
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A NATUREZA ANIMAL
Animais têm pelo menos UMA célula, são AUTO‐REPLICANTES e codificados por uma cadeia espiral de proteínas chamada GENOMA. Um vírus não é um ser vivo; mas algo limítrofe, uma vez que não possui nem mesmo UMA célula completa ‐ ape‐ nas partes de seu miolo. Vírus são tidos como as primeiras formas daquilo que ante‐ cedeu à vida animal. Há algumas características comuns a todos os animais: Eles são natural e intrinsecamente COMPETIVOS, AGRESSIVOS e EXPANSIVOS. A paz é uma falácia e jaz com os minerais (Pelo menos se não olharmos a atividade subatômica!). No rei‐ no animal a guerra é constante. Grosso modo e de "certa forma", cada ser vivo signi‐ fica uma guerra constante contra todos os outros seres, inclusive os da mesma espé‐ cie e familiares. Há sem dúvida cooperação entre os seres, permeando a eterna guerra em que se constitui a vida (Vida e guerra são sinônimas); normalmente mais dentro do que foras das respectivas espécies. Se há uma guerra por recursos como alimento, acesso à reprodução e espaço vital ‐ sempre relativamente escasso, pois todos os nichos ecológicos são limitados ‐ há também a união para a defesa mútua, para o aquecimento, etc. A principal característica dos animais é a MOBILIDADE, em oposição ao enra‐ izamento terrestre dos vegetais e sua virtual imobilidade. Esta característica de liber‐ dade permite aos animais serem muito mais agressivos e eficientes em sua luta pela
52 sobrevivência. É também o motivo pelo qual a prisão é grande castigo para animais de todos os tipos ‐ inclusive o homem. Uma espécie de "Programa para a Sobrevivência" é a característica chave dos animais; aquilo que chamamos de "Sopro da vida". É o que faz com que desde a Ameba até o Elefante, um ser empreenda os Esforços de Preservação, Manutenção e Reprodução (Defesa, Alimento, Sexo) necessários à continuidade da espécie. É algo profundamente embutido e integrado em cada ser ‐ condição sine‐qua‐non para a existência de organismos complexos. Para todos os mamíferos e, provavelmente, todas as aves, estar vivo é SEN‐ TIR o tempo todo de vigília. Mesmo durante o sono, a quase totalidade dos animais mantém parte de seus sentidos em alerta de defesa, para evitar serem predados durante este período. Os sentidos informam ao ser sobre o status do mundo interior, do mundo limítrofe, próximo e distante. Os sentimentos (Emoções) que acompanham estas percepções objetivas dão sentido às experiências e preparam reações adequadas. Para esta tarefa cognitiva acontece através do Tecido Nervoso ‐ o mais no‐ bre da natureza ‐ faz parte de todo organismo animal complexo. Sem ele ‐ cérebro e conexões nervosas ‐ um animal seria um monte desconexo de órgãos. A função do sistema nervoso é coordenar o organismo de forma coerente com sua luta instintiva pela sobrevivência. Um leão, em seu tempo de vigília, classifica assim ‐ em fração de segundo ‐ o que vê: 1‐ (O Que vejo‐sinto) é Conhecido ou Desconhecido? Se for desconhecido, é semelhante a algo que já conheço ou é algo totalmente novo? 2‐ É vivo ou inanima‐ do? Se for inanimado, é útil (Como a água), perigoso ou neutro? 3‐ É de minha espé‐ cie ou não? Macho ou Fêmea? É do grupo? Competidor ou Submisso? (Amigo ou inimigo?) 4‐ É predador ou presa? 5‐ Como posso apanhá‐lo? Etc. (As variantes faltan‐ tes não são difíceis de imaginar). A Natureza não cria ‐ nem pode criar ‐ indivíduos. Ela cria espécies. A repar‐ tição em indivíduos é apenas a forma mais eficiente de sobrevivência de uma espé‐ cie. Uma tonelada de elefante tem muito menos chance de sobreviver do que uma tonelada de formiga!
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A NATUREZA HUMANA
Tudo o que foi dito anteriormente sobre a Natureza Animal é integralmente válido para os seres humanos. Se quisermos conhecer o Homem, olhemos atenta‐ mente antes para os outros animais. Eles são nós mesmos, despidos de algumas ca‐ racterísticas particulares e do "Verniz Civilizatório" que caracteriza o homem. Seres humanos são grandes macacos africanos diferenciados. Ser humano significa, antes de tudo, ser Animal, Mamífero e Primata. Sobre esta natureza fundamental de nossos "primos" se sobrepõem algumas (Importantes) características exclusivamente huma‐ nas, senão por originalidade, por qualidade e quantidade. Imagine um macaco com uma "roupagem humana"; isto é o que somos! Resta saber, que "roupagem" é esta que nos caracteriza e distingue. Do ponto de vista físico são resumidamente: 1‐ Postura ereta em tempo integral. 2‐ Membros dianteiros livres da função de sustentação e próprias para manipular o mundo ‐ nos‐ sas ferramentas fundamentais. 3‐ Mãos muito refinadas arquitetonicamente; pró‐ prias tanto para o manejo mais delicado como para a tarefa mais pesada. 4‐ Cérebro comparativamente grande ‐ um trunfo; um computador ímpar. 5‐ Linguagem com‐ plexa, derivada da capacidade de proferir inúmeros fonemas distintos. 6‐ Corpo pra‐ ticamente sem pelo, possibilitando melhor adaptação térmica. A liberação dos membros dianteiros da função de sustentação tornando‐as ferramentas próprias para a manipulação do mundo é uma decorrência óbvia da postura ereta. Supõe‐se que grande parte de nosso volume cerebral se desenvolveu concomitantemente, para gerenciar as complexas tarefas resultantes desta "novida‐
54 de" evolutiva. A outra parte de nosso "cérebro excedente" é tida como decorrência da linguagem complexa e dos enormes depósitos de informações que acarreta. A arquitetura de nossas mãos é uma verdadeira obra‐prima da engenharia genética! Junto com nossos braços, são nossas ferramentas primeiras e fundamen‐ tais, criadoras de todas as outras. Nossa escassa pelagem nos capacita cobrir mais ou menos o corpo, para uma melhor eficiência térmica ‐ fundamental para o trabalho e para enfrentar climas variados. O homem é um animal relativamente frágil. Nasce e permanece indefeso e dependente por vários anos. Sua gestação é, na prática, apenas parcialmente uterina, como nos marsupiais. Além disto, não possuímos focinho nem caninos nem garras afiadas e poderosas como os carnívoros. Corremos a velocidades inferiores aos gran‐ des felinos, nossos maiores predadores históricos. Sua educação ‐ capacitação para a vida adulta ‐ é lenta e demorada. Temos uma natureza “gregária”; preferimos viver em grupos ou comunida‐ des; onde nos sentimos mais fortes e amparados. Sozinhos e “isolados da tribo” nos sentimos tristes e infelizes – a vida deixa de ter muito sentido. É no grupo que nos realizamos como homens; fora deles somos um animal patético, incapaz sentir‐se pleno e realizado enquanto ser. O aparelho mental humano se divide, basicamente, nos seguintes setores: 1‐ Reações Autônomas, como a respiração e batimento cardíaco. 2‐ Cérebro "Reptílico", onde se localizam as reações defensivas mais antigas e enraizadas (O miolo físico do cérebro) 3‐ Limbo, onde guardamos os registros de nossas experiências, desde que nascemos até a morte ‐ nosso "Disco Rígido". 4‐ Consciência e razão ‐ nosso Ego, tão característico de nossa espécie ‐ nosso processador "Pentium 0". À semelhança dos outros animais, o ser humano, está SENTINDO o tempo todo. Como somos animais mais complexos, nossa forma de sentir é igualmente muito mais complexa do que a de todos os outros mamíferos. Nossos "sentimentos" dão sentido e qualificam as experiências de nossos sentidos. Ver uma cobra reconhe‐ cida como venenosa nada significa se ela nos despertar o sentimento de MEDO e apreensão. Ver uma ameaça destas sem sentimento seria como a visão robótica simples ‐ não provocaria reações. As emoções têm a função de qualificar o que percebemos e informar ao nosso "computador" do benefício ou ameaça que por ventura signifique. Todo senti‐ mento produz uma reação corporal, mais ou menos velada ou aparente. Assim, dian‐ te deste perigo peçonhento potencialmente mortal, reagimos nos afastando e ten‐
55 tando eliminá‐lo, impedindo que reincida. Nossa maior tarefa de qualificação é sem‐ pre no sentido de avaliar se o que nos rodeia é "Pró‐vida" ou não. Tudo o que provo‐ ca o prazer é pró‐vida por definição e vice‐versa verdadeiro; exceto em situações mais complexas, aonde a aparência esconde significados mais profundos. Conhecer o homem é conhecer suas emoções! Controlar as emoções, por sua vez, tem profundo significado civilizatório. Entendemos que seres amadurecidos e civilizados "controlam" e controlam suas reações emocionais, disciplinando‐as de forma adequada às situações sociais; através da disciplina e da consciência. Aceita‐ mos que apenas animais não racionais podem dar‐se ao luxo de uma expressão emo‐ cional incontida. Assim mesmo, de animais domésticos esperamos que tivessem algo da disciplina emocional humana; ou não poderíamos conviver com eles. Necessário explicitar que DOR e PRAZER são sentimentos fundamentais e essenciais a manutenção da vida humana; são um Binômio ‐ lados opostos de uma linha imaginária indivisível ‐ sobre a qual se move um "ponteiro" que chamo de "PRE‐ SENTE". A cada momento o Presente ‐ ponteiro de nossos sentimentos ‐, motivado por uma série de circunstâncias internas e externas, objetivas ou subjetivas, se locali‐ za sobre um ponto desta escala dor‐prazer, nos proporcionando experiências mais ou menos agradáveis ou desagradáveis.
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O EMOCIONAL HUMANO
Segundo o Aurélio, EMOÇÃO, do francês émotion, é: 1.
Ato de mover psiquicamente.
2.
Complexo estado moral que envolve modificações da respiração, circulação e secreções, bem como repercussões mentais de excitação ou depressão. Nas e‐ moções intensas as funções intelectuais desaparecem ou se desorganizam.
3.
Comoção, abalo (Sentido físico ou moral).
Emoção significa aquilo que promove o deslocamento‐movimento muscular. O "sentir emoção" parte dos sentidos, origina‐se na mente e é transformado, de uma forma ou outra, em atividade muscular; não necessariamente numa reação conscien‐ te ou perceptível. Boas parte de nossas ações de origem emocional são disparadas automática e inconscientemente e a maioria de nós é treinada a esconder seus sen‐ timentos, com vistas a adequar‐se ao convívio social e evitar a vulnerabilidade. Como já abordado, estamos sentindo o tempo todo; somos seres eminen‐ temente sensíveis! Independente da idade e por mais importantes, cultos ou ricos que sejamos; dentro de nós sempre vive um menino/menina a sentir a vida. É aquilo
57 a que chamamos "A nossa eterna criança." Como é esta criança, que habita nosso corpo desde a gestação até o último de nossos dias? Esta criança é frágil, sensível, vulnerável em graus que variam segundo a história infantil de cada um. Crianças de verdade, quando são desejadas, respeitadas, valorizadas e estimuladas a crescer geram crianças interiores do mesmo feitio, que se respeitam, valorizam se auto‐estimulam e crescem sem parar. A melhor maneira de entender o outro é entender que dentro dele vive, como em nós mesmos, uma criança que sente o tempo todo. Os sentimentos desta criança emocional (Não mais física) não são necessariamente os nossos, tanto em qualidade como em intensidade, pois tivemos experiência primevas diferentes; em‐ bora essencialmente semelhantes. Para entendermos melhor isto, faz bem lembrar que todos os seres vivos, inclusive os vegetais, fazem apenas UMA COISA, O TEMPO TODO: LUTAM PELA SO‐ BREVIVÊNCIA! Tudo o que existe num ser vivo, todos os órgãos, todas as característi‐ cas e comportamentos estão integralmente voltados para a sobrevivência. Qualquer pessoa que conheçamos e inclusive nós mesmos, está o tempo todo em atividade de sobrevivência. Seu sistema emocional está todo voltado para esta tarefa. O que nos vincula às outras pessoas são as emoções que estas nos desper‐ tam. Se forem divertidas e sabem brincar, temos a tendência a procurar sua presen‐ ça. Se forem críticas e mal‐humoradas, tendemos a evitá‐las. Nosso sistema cognitivo‐emocional está o tempo todo interpretando do que acontece interna e externamente para avaliar o grau de Ameaça ou Benefício que representa cada um dos eventos vivenciados. Esta é uma tarefa não apenas humana, mas própria de todos os seres vivos. Sem esta dinâmica não haveria vida sustentável. Basicamente, tudo o que é ou lembra prazer é pró‐vida e produz relaxamento e bem‐ estar. De modo inverso, tudo o que é ou lembra dor e sofrimento é essencialmente anti‐vida e produz tensão (Muscular) e apreensão. Nossos sentimentos são um eficiente sistema de alarme contra ameaças potencialmente danosas à integridade de cada um; como também um indicador das coisas e eventos que levam ao conforto e à segurança. Uma pessoa sentindo‐se inse‐ gura estará o tempo todo se sentindo ameaçada e desconfortável. Por outro lado, sentindo‐se segura e protegida, estará sentindo‐se confortável e tranqüila.
58 Os sentimentos são ditados muito mais por uma espécie de Filtro Pessoal "neurótico", que é próprio de cada um, segundo sua experiência primeva, do que pela realidade objetiva dos eventos objetivos. Este filtro, cristalizado em nossa per‐ sonalidade, atribui conotações à realidade presente que pouco tem a ver com ela mesma, mas sim com vivências passadas. Neurose é isto mesmo: Viver em função do passado e em desacordo com a realidade objetiva do presente. Como o Instinto de Sobrevivência é a força mais importante do indivíduo, tratamos de gravar muito firme e claramente todas as nossas primeiras experiências ameaçadoras; de forma a poder identificá‐las mais tarde, de forma que não se repi‐ tam. Este mecanismo, entretanto, é bastante "burro", pois se desenvolve numa épo‐ ca em que somos mentes muito incipientes para uma avaliação mais complexa dos fatos; de forma que os registros ficam cristalizados de forma bastante preto‐e‐branco (Sim ou não), quando experiências em idade mais avançada são registradas de for‐ mas muito mais ricas, com uma infinidade de nuanças próprias da mente mais madu‐ ra e consciente. Todas as experiências que levam a sentimentos positivos de prazer e bem‐ estar conduzem à tendência e ao desejo de reproduzi‐las. Inversamente, todas as experiências que resultam em sofrimento tendem a ser evitadas, por isto é muito importante que cuidemos da infância de nossos filhos, pois lhe estamos moldando o futuro e o futuro da humanidade. Essencialmente, a criança que vive dentro de nós, necessita ser tranqüiliza‐ da, de receber carícias, de ser tratada com compreensão, paciência e tolerância; sem prejuízo da disciplina e orientação que se fizer necessário; tanto do si mesmo quanto das fontes externas. Vale a pena relembrar: Uma criança abandonada, maltratada, levada a sentir‐se inadequada e envergonhada sofre danos psíquicos virtualmente irreversíveis!
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SAÚDE E FELICIDADE
Antes de qualquer consideração, lembremo‐nos de que o homem é, funda‐ mentalmente, um primata africano com uma "vestimenta" humana civilizada com‐ plementando o ser. Desta forma, ao perguntar‐nos sobre a saúde e felicidade huma‐ nos, devemos antes de tudo perguntar‐nos o que é saúde e felicidade para as outras espécies semelhantes, para depois respondermos sobre o que pode conferir saúde e felicidade ao homem em si. Viver em segurança, sem ameaças a integridade, viver em conforto térmico, dispor de alimento (Incluída a água) e abrigo são as condições mínimas para o bem‐ estar de qualquer animal. Adicionalmente, ter acesso à reprodução e ao exercício físico‐existencial completa estas condições básicas de saúde‐felicidade. Para o homem estas são condições básicas, mas não suficientes. Para nosso bem‐estar e felicidade; necessitamos também de: 1‐ Crescermos com a sensação de sermos respeitados, desejados e cuidados. 2‐ Acesso às condições modernas de: Saneamento, Moradia, Saúde Física e Mental, Vestimenta, Educação, Informação, Comunicação, Cultura e Lazer.
60 3‐ Acesso à Saudável Expressão da Sexualidade. 4‐ Acesso ao Trabalho e a sensação de Utilidade Social. 5‐ Acesso à Integração Social‐Comunitária. 6‐ Acesso às Liberdades e Direitos Civis. Como o homem é detentor de uma cultura e psique complexos, sua felicida‐ de depende também de outros fatores, como por exemplo, a Auto‐Estima (Ou Amor‐ Próprio). A auto‐estima é a mais importante condição psíquica para o bem‐estar e a felicidade humanos. Louise Hay ("Você Pode Curar Sua Vida") aponta a crítica, o ressentimento e, principalmente, a falta de amor próprio como os grandes causadores de enfermida‐ des e todo o tipo de problemas em nossa vida. Criamos as doenças em nossa cabeça e o corpo funciona apenas como um reflexo dos pensamentos, crenças e sentimen‐ tos. Ou seja, por trás de uma doença existe sempre uma crença incorreta, como o use de frases como "não sou bom o bastante", "não vou conseguir", "sou culpado e, por‐ tanto não mereço ser feliz", "nada para mim dá certo" e "todos me perseguem". Ao resgatar sua auto‐estima e adotar pensamentos positivos e otimistas, você estará criando condições para que seu organismo reaja de forma mais rápida e favorável ao tratamento, além de prevenir também o aparecimento de doenças futu‐ ras, construindo uma vida mais alegre e próspera. Em resumo, há uma questão apenas para o homem: A FELICIADE! Que en‐ globa o bem‐estar, o prazer e a realização. O contra‐problema da questão é a dor e o sofrimento, os quais pretendemos minorar, para que se atinja os primeiros. Um homem feliz é alguém que está "de bem" consigo mesmo, apaixonado pela vida e pode viver intensamente o presente, livre de grandes conflitos internos. Aceita o que não pode mudar, mas tem energia para mudar o que for necessário e possível. Um homem feliz é consciente, tem um coração repleto de amor e compre‐ ensão e está integrado à comunidade em que vive; sente‐se parte! Penso que estas questões deveriam ser explícitas como tema central de qualquer Religião, Filosofia, Governo, Família e, por fim, do indivíduo. O sentimento médio de felicidade tem mais a ver com estar‐de‐bem‐consigo (Auto‐estima); portan‐ to, tornar‐se amigo próprio é o caminho mais curto e a meta maior. O quanto somos capazes de nos amarmos, aceitar‐nos, tolerar‐nos e termos compaixão conosco mesmos depende, fundamentalmente, da infância que vivemos. Por isto a INFÂNCIA devia ser a preocupação maior de toda a humanidade, pois é em
61 seus cadinhos que se fundem os homens. Ensinar nossos filhos a serem felizes devia ser mais importante do que ensiná‐los a ter sucesso e riqueza material.
62
A SEXUALIDADE HUMANA
Sendo a vida finita e relativamente curta a existência de todos os seres, o primeiro interesse de cada população em particular é produzir descendentes. Sexo, sexualidade e reprodução estão intimamente ligados às coisas vivas. Tudo no sentido de permitir a propagação da raça e a sobrevivência das espécies. Para a maioria das formas de vida a reprodução sexual é essencial tanto para a pro‐ pagação quanto à sobrevivência de longo prazo; mas esta não é a única forma de reprodução. Muitos micróbios e plantas se reproduzem de forma não sexual, ou seja, seus membros não se dividem em gêneros (Macho e fêmea) para uma complementa‐ ridade reprodutiva. No caso da maioria dos animais, entretanto, particularmente nas formas mais complexas, a reprodução por meios não sexuais é, aparentemente, in‐ compatível com a complexidade estrutural e a atividade do individuo. Como entender a preferência da natureza por formar espécies sexualizadas ‐ divididas em gênero? A natureza não faria isto se não fosse melhor para a existência e a propagação destas espécies; então a existência sexuada é melhor para a vida de grandes mamíferos como seres humanos, por exemplo.
63 Na reprodução assexuada, qualquer modificação importante nas circunstân‐ cias ambientais poderia exterminar uma raça uma vez que todos seriam igualmente afetados. A reprodução sexuada estabelece a diversidade genética entre a popula‐ ção. Esta diversidade é realmente o tempero da vida sexuada e o segredo do seu êxito. O sexo é responsável pela diversidade controlada, que resulta na capacidade de uma raça adaptar‐se melhor a novas condições ambientais. Como uma das principais tarefas de manutenção da vida, a experiência se‐ xual promete e produz prazer. Como em comer, excretar e dormir, o prazer que a‐ companha estes atos tem a função de estimular sua prática. Sem o estímulo do pra‐ zer, não procuraríamos seres do sexo oposto nem copularíamos ou formaríamos famílias e a espécie se extinguiria em pouco tempo. No prazer associado ao sexo (E outras tarefas vitais) se molda a sociedade humana. Diferente de outras espécies, cujas fêmeas estão disponíveis apenas na época do cio (Período fértil) as fêmeas humanas estão na maior parte do tempo re‐ ceptivas ao macho; o que o estimula a construir família como forma de desfrutar do prazer sexual continuado.
Como prazeres adjuntos da sexualidade genital, desfrutamos também do prazer de ter um "lar" ‐ ambiente de recursos variados ‐, o prazer de criar filhos, o prazer de desfrutar da proteção e segurança que as famílias oferecem. A sexualidade humana se estende para muito além da cópula e da atividade genital. O termo mais preciso para isto seria "Sensualidade"; sendo a sexualidade genital apenas uma de suas expressões.
64 Como a sobrevivência é nosso objetivo principal, tudo que está associado ao prazer é pró‐vida por isto a importância de todo o prazer experimentado, que de uma forma ou de outra pode ser interpretado como prazer sensual. "Sensual" significa que deriva dos sentidos e dos prazeres deles derivados. Sensorialidade, prazer e sexualidade estão todos bem trançados no tecido do animal humano, formando uma unidade funcional cujo objetivo é a manutenção da vida. Toda forma de contato entre dois seres humanos tende a ser prazerosa, independente do sexo de cada um; dependendo apenas das circunstâncias sociais e pessoais em que acontecem. O prazer do quente contato com outro corpo é normalmente agradável e o quanto o rejeitamos ‐ por vir de outro igual sexual ‐ se dá por preconceitos da cultura local. O principal motivo é que o homossexualismo é rejeitado em quase todas as culturas e maioria tem algum temor associado a ele. Os prazeres sensuais mais intensos acontecem em situações de alto erotis‐ mo, como nos encontros amoroso‐sexuais de casais recentes e apaixonados. O Or‐ gasmo masculino é um pico de prazer que coincide com a ejaculação a qual permite a fertilização da mulher. Não é coincidência que ocorra justo neste momento, mas um alto estímulo da natureza à que se siga buscando‐o e desta forma cumprir‐se com as tarefas reprodutivas que se fazem necessárias à sobrevivência da espécie. O orgasmo feminino não está associado diretamente ao mecanismo de fertilização, mas princi‐ palmente ao estímulo da repetição do ato sexual, por ser prazeroso. O prazer é algo fundamental para a vida humana! Todos o buscamos nos sentimos francamente injustiçados se não temos suficiente acesso a ele; quando então a vida nos parece sem sentido. Encontrando‐se por uma razão ou outra, impe‐ dido de exercitar sua heterossexualidade, a maioria dos indivíduos termina dedican‐ do‐se, de forma temporária ou definitiva, às atividades homossexuais. Em situações como a prisão e outras, de escassez ou ausência temporária de parceiros do sexo oposto, havendo cessado a escassez, é comum o redirecionamento da libido para o sexo oposto. Cerca de 10% da humanidade pratica a homossexualidade de forma exclusi‐ va ou principal. Segundo o conhecimento atual, uma minoria tem falhas congênitas que leve a isto. Em sua maioria são indivíduos psicologicamente castrados, que en‐ contram nesta prática o indispensável exercício do prazer. As principais causas da homossexualidade são:
65 1‐ Pais imaturos do sexo oposto que seduzem emocionalmente seus filhos infantes, não lhes deixando alternativas a não ser abdicar de seus sentimentos sexuais, então altamente conflitantes. 2‐ Quando parte desta sedução inclui "falar mal" do genitor do mesmo sexo da crian‐ ça, destruindo‐lhe o modelo e fazendo‐a rejeitar a identificação adequada. 3‐ Crianças que se sintam rejeitadas em seus primeiros anos de vida podem interpre‐ tar esta rejeição como rejeição ao seu gênero sexual e desistir prematuramente de sua identidade sexual. O prazer, a sensualidade e a sexualidade são os grandes sinônimos da VIDA! Pais saudáveis e responsáveis não reprimem, mas educam!
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DEUSES E RELIGIÕES
Ao contrário da maioria dos mamíferos, ao nascermos, somos seres incapaci‐ tados para uma sobrevivência minimamente autônoma. Nascemos indefesos e intei‐ ramente a mercê do amor de nossos pais ‐ especialmente da mãe ou substituta. No estado em que nascemos, há uma enorme assimetria entre nosso poder e o poder de nossa mãe ou pai, muito mais pelo fato de serem ambos aliados. O bebê não demora muito para perceber esta assimetria ‐ estima‐se que quanto atinge cerca de três meses, começa a perceber a mãe não mais como uma extensão de si mesmo, mas como outro ser ‐ autônomo. Percebe então o enorme poder deste outro em comparação com o seu – quase nulo ‐ que pode tanto propor‐ cionar‐lhe saciedade e conforto como dor e sofrimento; pela ação ou pela omissão. Seus pais são, na prática, deuses virtuais, pois têm sobre o infante poder de vida ou morte. Intuitivamente ele se entende um ser dependente deste outro, aparentemen‐ te gigantesco, possuidor de poder suficiente tanto para beneficiá‐lo quanto para aniquilá‐lo. Disto se percebe que apreendemos o mito dos seres onipotentes (Deuses) desde o começo de nossa experiência infantil. Embora em intensidade relativamente menor, esta experiência de impotência é vivida, até que o jovem possa deixar a casa, seja pelo casamento seja pelo atingimento de sua independência econômica. Para muitos adultos, infelizmente, este sentimento de impotência funcional torna‐se ver‐ dade para o resto de suas vidas, tendo ou não se independizado financeiramente.
67 Já adultos e necessitados de poder para sobreviver e prosperar, mas sem suficiente fé em nosso próprio, repetimos nossa experiência original, acreditando numa hipotética onipotência “divina”; um verdadeiro mergulho subterrâneo ao pas‐ sado infantil. Como na infância, quando acreditávamos sermos capazes de influenciar nossos deuses‐pais comovendo‐os através do choro, desta feita necessitamos tam‐ bém acreditar que podemos exercer influência sobre este onipotente ser hipotético. Para isto usamos de recursos mais complexos do que o simples pranto primevo; co‐ mo orações, súplicas, oferendas e diversas mostras de submissão; pois, um poder não influenciável tem o mesmo valor de um deus sem poder: Nenhum! Deus é o maior sinônimo para poder, sendo indissociável deste. O poder é condição fundamental da vida; sem ele, nem mesmo um vírus se reproduz! É renhidamente disputado intra e extra‐espécies, numa dinâmica muito próxima da guerra‐de‐todos‐contra‐todos. Um filhote humano, que tenha sido mais aniquilado do que potencializado por pais disfuncionais – incapazes de compreendê‐ lo e amá‐lo ‐, manifestando inibições neuróticas da personalidade que o incapacitem para desenvolver suficientemente seu potencial e que tenha introjetado a religiosi‐ dade parental, é um grande candidato a adulto religioso fervoroso. Vale lembrar que estas são dinâmicas inconscientes e que o indivíduo rara‐ mente tem qualquer visão clara de seu processo interior, senão sob persistente es‐ forço psicanalítico que o conduza ao auto‐conhecimento profundo. A sensação de falta de poder, ou poder insuficiente, desencadeia intensa aflição e ansiedade. Sob este quadro, é despertado o medo, a mais potente das emo‐ ções humanas; cuja função direta é servir de alarme para ameaças à integridade e à sobrevivência do indivíduo. Estas emoções – que podem beirar o desespero – obri‐ gam a psique à busca de soluções que possam ou amenizar ou remover estas acacha‐ pantes ameaças. Retornado a um caminho já aberto em seus primeiros anos de vida, onde corretamente percebia seres gigantes, autônomos e virtualmente onipotentes ao seu redor (Adultos) somado ao convite da religiosidade internalizada, encontra viável a idéia de um Grande e Onipotente Ser – Deus, como um Salvador providencial. Aos deuses se faz necessário o Culto! Ora, se estes são seres admitidos como detentores do poder que lhe falta, resta saber como obter seus favores, coisa que aprende e reaprende na prática do culto e na presença do representante “divino”: O pastor, o rabino, o padre, etc. ‐ "O que sabe das coisas"! No culto, interesseiramente, aprende as melhores formas de agradar seu deus, as melhores formas de dirigir‐se a ele, de pedir‐orar, de prestar‐lhe adoração (Adulação)
68 de forma que o deus‐pai seja supostamente mantido contente e lhe favoreça quando necessite – coisa que acontece bastante amiúde. Neste processo emocional, que entende como sua única salvação, o religio‐ so, num gambito que lhe parece favorável, abre mão de parte de sua sanidade racio‐ nal para poder acessar este benefício “externo” (sic), regredindo nestes momentos ao estado do pequeno ser, frágil e impotente, que ansiava e chorava pelo socorro parental no atendimento de suas necessidades e urgências. Sua oração é súplica regressiva, uma nova roupagem para o pranto infantil de outrora, uma nova confis‐ são de impotência e desespero. Nestas condições, pedir ao religioso que abandone suas crenças é, em última análise, pedir‐lhe que abandone suas últimas esperanças de sobrevivência. Uma impossibilidade! Fica claro, portanto, que a oração é o pranto do adulto castrado, sem fé em sua po‐ tência. O "religar" da religião significa religar o adulto ao mito infantil da onipotência e, em outras palavras, exatamente infantilizar adultos. Simplificando: Este religar significa “Religar o adulto à sua imaturidade infantil.” Simplificando mais ainda: “Reli‐ gar à infância”, ou ainda: “Religião=Infantilização”. Pelo acima exposto, infere‐se também que o fundamento da religião é nossa inerente necessidade de poder ‐ condição fundamental para a prosperidade da vida, que inclui segurança, proteção e amor. Esta necessidade, em conjunção com o senti‐ mento de impotência, gera o sentimento de não estar à altura dos desafios da vida adulta; o que se traduz por precária auto‐estima, com todos os prejuízos psíquicos e funcionais disto decorrentes. Para um animal dotado de poderoso imaginário como o homem, a Religião é uma decorrência natural. Imagina o homem que, se ele não tem o poder do qual necessita, "alguém" deve ter este poder e, por tê‐lo, não pode ser humano e limitado como ele, mas um "Deus" ‐ alguém acima da pequenez humana. Imagina também que se adulá‐lo, cairá em suas graças e receberá sua paga por sua subserviência, na forma de indulgências e benefícios, para os quais se sente incapaz ele mesmo. A Religião pode ser entendida como "natural" e tem sua origem na própria existência do homem, ser limitado, mas imaginoso, que não pode se contentar com a falta de poder que lhe é inerente; pois vida e poder são sinônimos! DIVINDADE é sinônimo indissociável de PODER. Não há qualquer sentido em uma divindade sem o fundamental atributo de poder e não se conhece registro de nenhuma que não apresente esta característica.
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Num resumo, a religião é o atestado da impotência humana. A reza e a ora‐ ção são o pranto de um adulto‐criança imaturo e impotente, diante de um mundo que não lhe permite a realização de seus desejos e/ou não compreende.
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UMA RELIGAÇÃO DEFINITIVA
Inapropriadamente, é comum no Brasil, associarmos a palavra Religião com "Religação"; quando na verdade, religião deriva do latino "religiona", que quer dizer culto, prática religiosa; escrúpulo, receio, sentimento religiosos. Este implica na crença de que a origem do homem, da matéria e de tudo que existe, por ser desconhecida, encerra obrigatoriamente mistério, sobrenaturalidade e "divindade". Na suposição de "um quem", criador este "quem" teria realmente mui‐ to poder para criar isto tudo. Atribuir a origem do Universo às causas sobrenaturais e "divinas" (Mito de Criação) é apostar numa hipótese não muito provida de lógica e tampouco condizen‐ te com a ciência contemporânea. O fato é que "a Origem" é desconhecida e a nature‐ za da natureza ainda encerra alguns mistérios, que podem, eventualmente, durar toda a "janela de vida" do homem na Terra. Pela observação do Cosmo há tempo sabemos que pertencemos a "algo grande", mas apenas recentemente temos uma idéia aproximada do quão grande é este algo. Vivemos numa sopa de galáxias com 200 bilhões delas; contendo cada uma média de 200 bilhões de corpos luminosos (Estrelas) e outro tanto de corpos não emissores de luz, com tamanhos dos mais variados.
71 Não há abordagem lógica que explique a existência da matéria ou mesmo de qualquer coisa. Pela lógica racional, a existência de qualquer coisa no universo é inteiramente absurda; pois se algo tem uma origem ou criador, o que (Ou quem) criou esta origem? E assim por diante, num beco‐sem‐saída. Em nome da sanidade lógico‐racional, estes fatos realmente ocultos devem sem aceitos como o grande "paredão cognitivo" do homem; algo que, pela nossa imensurável pequenez, não temos condições de acessar com nossos sentidos, mesmo que ampliados pelos melhores instrumentos. É um mistério; e é assim que deve per‐ manecer e ser aceito. Esta Religação com um Criador imaginário, núcleo do sentido da prática religiosa é, portanto, impossível de realizar, a não ser no mundo da fantasia e do dogma ‐ muito pouco dotado de realidade e lógica. Aproveitando a sugestiva palavra Religação e ligando‐a às questões primor‐ diais do homem e da vida, seremos capazes de outro tipo de Religião? Que tipo de religação nos tem feito falta ao longo de nossa história de 150 mil anos? Que tipo de Religação será possível que possa alavancar o bem‐estar humano ‐ ser ainda tortura‐ do pela sua inescapável luta pela sobrevivência? Entendo esta "Religação Primordial" (O termo fica oficialmente lançado!) como uma religação conosco mesmos, tanto como indivíduos quanto como espécie ‐ particular que é. Uma religação com nossa intrínseca e indissociável natureza animal, há tantos milênios rechaçada e causa de tantos sofrimentos; como condição é porta para acessarmos o que de melhor temos! Esta religação passa pela minuciosa admissão de nossa natureza ‐ animal como porta de acesso para uma LIGAÇÃO com nossa racionalidade/consciência e ética/afetividade ‐ nossas melhores qualidades humanas. Pelo investimento na consciência veremos todos que nossa experiência no planeta, longe de ser eterna, é um episódio passageiro, com início e fim naturais. Não duraremos para sempre aqui e não há muito que nos faça crer que sairemos jamais sequer até os limites do sistema solar. Nossa casa será, provavelmente, nosso próprio túmulo. Um dia deixaremos todos de existir, não apenas nós humanos, mas todos os mamíferos e formas de vida que haja na Terra! Voltará esta, ao seu tempo, a seu estado original de esterilidade mineral. Tudo o que vemos de importante e grandioso
72 ‐ a biosfera toda, toda a massa viva que recobre o planeta ‐ haverá um dia de desapa‐ recer e retornar a sua natureza mineral primitiva. Cultuar e amar a si mesmo e os outros seres sencientes é única realidade palpável e realmente importante para o homem. É reconhecer nossos limites, nossa finitude e nossa tristeza diante disto. Mas é também, nos regogizarmos e bendizer‐ mos a cada dia pelo "milagre da vida", bem este sabidamente finito. É viver com intensidade e grandiosidade o que nos resta deste privilégio ‐ antes que acabe. É o viver do enfermo terminal, que em sua ânsia de aproveitar e comemorar o pouco que supostamente lhe resta, mostra‐se exultante por um lado, mas esconde, ao mesmo tempo, a inarredável melancolia de conhecer seu breve destino. Esta Religação Primordial é também um benéfico desviar da fé infantil em seres imaginários e míticos (Deuses‐pais) para nos dedicarmos ao mundo dos adultos, com sua realidade e drama, com sua magia e gozo! É dar o salto definitivo rumo ao crescimento emocional e intelectual de nossa espécie! É, portanto, CRESCER, ENFIM. A grande e perturbadora verdade é que todos os seres vivos, inclusive o homem, fazem apenas UMA coisa, o tempo todo: Lutam pela sobrevivência da Espé‐ cie. TODAS as ações humanas, tudo o que deriva do homem (Como a Religião), deriva desta única tarefa fundamental: A Luta pela sobrevivência. Os grandes impulsores da Religião são o Temor, a ignorância e Impotência (Falta relativa de poder). Por outro lado, o conhecimento e a consciência estão entre os maiores poderes do homem ‐ pois deles quase tudo de civilizado emana. A Potência é uma questão fundamental para os seres humanos (Vide Niets‐ che) e é mesmo sinônimo de vida. Há duas tentativas humanas de contornar sua impotência natural e histórica. Uma através da Religião e dos diversos Pensamentos Mágicos correlatos, e outra através do Conhecimento, da Ciência e da Tecnologia e do Trabalho Duro. A religião é uma tentativa patética do homem de realizar sua potência; onde primeiro inventa seres onipotentes para depois dedicar‐se a bajular estes seres ima‐ ginários na tentativa ineficiente de obter, "por tabela" a satisfação de suas necessi‐ dades e desejos. Entretanto, é sua tentativa mais trabalhosa e realista que tem se mostrado operante e realizadora: Trabalho duro, Ciência e Tecnologia. Deuses (Ou Deus) são entidades imaginárias idealizadas e projetivas. Em seu culto, temos depositado improdutivamente uma enormidade de energia; que tem
73 servido principalmente para o ócio e a opulência do clero e das castas abastadas que sempre lhe foram aliadas. Resta‐nos agora canalizar esta energia de forma construti‐ va e operante: Para o homem mesmo ‐ único Deus sabido e possível sobre a Terra. A "Fé" em si mesma não produz nenhum trabalho nem cria nenhuma reali‐ dade ‐ não remove nem mesmo um mísero grão de areia. Dizemos falácias populares como "A fé remove montanhas". A fé NÃO remove montanhas; ela apenas fornece ânimo para que o homem mesmo a remova! As fantasias infantis de um Papai‐no‐Céu já cumpriram seu papel transitório de tapa‐buracos para a ignorância e imaturidade humanos. O Deus dos seres consci‐ entes e amadurecidos não é nem pode mais ser EXTERNO, mas, enfim, INTERNO! O que buscávamos mirando ao longe e ao alto, agora encontramos não só bem perto, mas dentro mesmo! É esta Potência Interior que aguarda pela nossa definitiva liga‐ ção! Amemo‐nos, portanto, a nós mesmos e a nossos semelhantes e em nós invista‐ mos nosso melhor! Este é o caminho realizável de nossa potência.
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A CIVILIZAÇÃO VINDOURA
A civilização vindoura continuará tentando encontrar soluções para os gran‐ des problemas humanos ‐ Sobrevivência e Conforto. Esta busca não será a mesma para as diversas regiões do planeta. Como é de se esperar, as nações mais desenvol‐ vidas estarão na frente e terão as respostas "de ponta". No entanto, a civilização progredirá como um todo, com tendência a uma crescente uniformização de seu progresso. As pessoas das diversas regiões da Terra, com seus climas, histórias e cultu‐ ras particulares viverão, como hoje, realidades diferentes entre si. Somente o Tempo ‐ grande senhor da natureza ‐ poderá diminuir os hiatos entre estas populações. O maior desafio humano é a luta entre três vertentes conflitantes entre si: Emocional, Racional e Ética. Enquanto o estrato emocional do ser humano se presta a buscas imediatas de satisfação, o estrato racional mede conveniências, à luz da razão. O Estrato ético é um balizamento moral para todas as condutas, e seu fundamento está na IDENTIFICAÇÃO com "o outro". Os impulsores biológicos empurram o homem (Como os outros seres vivos) na direção da reprodução desenfreada, na tentativa de maior garantia de sobrevi‐ vência da espécie. Esta, entretanto, não é a estratégia mais inteligente para o ho‐ mem. À luz da razão, uma vida miserável, sem recursos, "viver por viver", não vale a
75 pena. Qualidade de Vida é mais importante que quantidade de vida e esta consciên‐ cia é a que deve prevalecer com o avançar do tempo. Viver, sobreviver, estar vivo, isto é o mínimo que podermos ter! Queremos apenas isto para nós mesmos? Queremos para nossos filhos? A resposta é um rotun‐ do NÃO! Este viver é "amébico", não tem nenhum valor ou "glamour"! Queremos mais! Queremos conforto e prazer, afetos e alegrias. Para isto, um grande controle sobre o crescimento populacional se faz necessário. A Terra não é um espaço infinito. Nossa história tem sido uma trajetória de sucesso na remoção de nossas limitações. Embora nosso poder seja sempre limitado, o temos agradado numa pro‐ porção inigualada por qualquer outra espécie. Nossa tendência é seguir este rumo de sucesso na busca das condições ideais de sobrevivência. Neste sentido, o que nos aguarda a Civilização Vindoura é: Governo mundial, ao invés de nacional e, portanto, políticas globais, ao invés de políticas nacionais. Controle reprodutivo, ao nível pessoal, comunitário, nacional e mundial. Diminuição da população global para algo em torno de 03 bilhões de pessoas. Avanço da robótica, pela qual, pela primeira vez o homem poderá gozar férias permanentes e dedicar‐se, em tempo integral, às humanidades (Ao invés das animalidades, como correr atrás de alimento todo dia). Aperfeiçoamento genético da espécie, com a virtual eliminação das doenças congênitas e grande padronização dos tipos individuais. Grande aumento da qualida‐ de de vida de todas as comunidades, sem os desníveis abismais de hoje. Sistemas de identificação globais e digitais. Todos receberão um chip pouco depois de nascer e sem ele, seremos ninguém. Língua única, religião única (Sem nenhum misticismo irracional), abolição do crime. Penas de multa, reeducação e banimento ao invés de penas de prisão ou mor‐ te. Apenas DUAS "Classes" Sociais: Dirigentes (Função cerebral de comando) e Dirigi‐ dos. Escolas para dirigentes. Garantia de Vida Digna para todos. Abolição completa de "partidos". A política não será a política das partes (partido), mas unicamente a política do bem comum. Todo assassino será automati‐ camente morto pelo estado. Todo roubo será punido com a devolução em dobro do valor roubado, pelo trabalho compulsório ou banimento, em caso de incapacidade produtiva. Os familiares serão sempre poupados.
76 O corpo e a sexualidade serão completamente livres e aceitos. Os que se sintam bem terão liberdade para andaram nus ou fazer sexo quando e onde bem entenderem. Os que não gostem terão o direito de virarem o rosto, ou morrerem de inveja. As leis serão sempre no sentido de proteger a vida e os direitos correlatos. O ensino incluirá o legislativo desde o primário, para que a lei esteja internalizada de todo. Toda a discordância será aceita. A racionalidade e a ética imperarão. Os que optarem por trabalhar receberão créditos adicionais e gozarão de melhor nível de vida, dispondo de mais luxos. E empresa privada estará atada aos interesses comunitários e o governo ditará os limites de sua atuação. O dirigente de empresa privada terá privilégios se sua empresa prosperar. A moeda será universal. A posse de bens será livre, mas os impostos impedirão riquezas absurdas. Por fim, toda empresa privada será abolida e apenas empresas de cunho social restarão. No final, a robótica plena e a energia limpa e virtualmente inesgotável da fusão nuclear darão ao homem, nos milhões de anos que lhe restam sobre a Terra, a mais paradisíaca e utópica das vidas ‐ até que o final dos tempos sobrevenha.
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COMPREENDENDO O TODO
O que é o Todo? O Todo seria, supostamente, o conjunto de todas as reali‐ dades e eventos existentes, tanto materiais quanto energéticas, tanto as passadas como futuras, tanto as terrenas quanto as cósmicas, tanto as humanas quanto as inumanas, tanto as próprias quanto as alheias. Obviamente que o conjunto destas informações seria uma massa assombro‐ sa de dados e ser nenhum poderia refiná‐las. O Todo é, portanto, uma massa de da‐ dos incognoscível por definição. Como conhecer então este "Todo"? Será ele possível de tanger? A resposta está na Redução das Realidades Fundamentais. Reduzindo as perguntas a um mínimo razoável, as respostas serão razoáveis. Como já foi antes afirmado, a realidade inteira de um mero átomo de hidrogênio é impossível de ser conhecida. O mesmo vale para uma gota d'água. O paradoxo é que, ao mesmo tempo em que somos completamente incapazes de conhecer algo intei‐ ramente, somos capazes de conhecer o Todo, se não, inteiramente, mas abrangen‐ temente, de forma funcional. É um paradoxo aparente. O todo do miúdo e a miúdo não é cognoscível, mas as dinâmicas básicas do todo podem se conhecidas. É como se conhecer o zero (0) e o um (1) de uma realidade binária. Com eles se constrói ou desconstrói todo o resto.
78 Ver de forma objetiva e abrangente é a condição fundamental para formular corre‐ tamente as questões que podem conduzir ao conhecimento completo. Por exemplo, a realidade terrena e humana são acidentes casuais da nature‐ za, acontecendo em nossa região do espaço‐tempo. Mas somos uma diminuta parce‐ la do espaço e da realidade, mesmo se levarmos em conta apenas nosso sistema solar. É óbvio para qualquer pessoa minimamente inteligente que o Todo ao qual pertencemos é algo infinitamente maior e mais significante em termos cósmicos Assim como na Terra existem estratos administrativos, como países, estados, regiões e municípios, a realidade universal se divide em estamentos de localidade mais ou menos distantes, tanto no tempo como no espaço. Matéria e energia parecem ser apenas dois estados da mesma coisa, que não sabemos o que é; mas que provavelmente é MOVIMENTO, giro, rotação e/ou vibração. Parece que, ao perderem energia (Velocidade) partículas no estado energé‐ tico (Alta velocidade) "qualham" e se tornam materiais, relativamente estáticas. Por outro lado, ao se juntarem em grupo, são atraídas umas sobre as outras, sob a força de atração da matéria que chamamos de gravidade. Quanto mais matéria se assoma, tanto maior é força, até que todas as estruturas atômicas são rompidas, toda a "realidade material" se desfaz e a massa interior resulta num aglomerado de "corpos inertes" de matéria, extremamente densa, sem espaço para movimento e, portanto, sem energia (Velocidade). Estes corpos, que chamamos "buracos negros" (Porque deles nem a luz es‐ capa, devido a sua super‐gravidade) parecem engordar até o ponto que se desequili‐ bram interiormente e então entram em convulsão explosiva, lançando à liberdade todos os "corpos" energéticos anteriormente compactados e sujeitados, girando loucamente e, portanto, energizado, num padrão de ciclos sistole‐diastólicos. O início de um "tempo local" seria exatamente esta explosão magnífica. A vida e todos os seres que eventualmente habitem um planeta durante um determinado tempo, são eventos relativamente raros. Seres vivos são como uma infecção viral dum planeta mineral; uma doença temporária, cuja importância não excede em muito àquela de um bafo numa maçã. Para nós seres humanos, os outros seres vivos são muito importantes e é aquilo que dá "sentido" à existência. Sozinhos, sentimos a tristeza do mineral e dele nos aproximamos. Juntos como outros seres ‐ especialmente os de nossa própria espécie ‐ nos sentimos "em casa" e identificados. Intuitivamente sentimos que estar vivo é melhor do que estar mineral, apesar dos custos.
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Seres vivos são uma massa rara e anômala de matéria. Seus códigos constru‐ tivos (Genéticos) os impulsionam a manterem e expandirem suas espécies. Suas mai‐ ores ocupações e preocupações são ESTAR EM SEGURANÇA, OBTER e GARANTIR ALIMENTO e CONFORTO. Todas as outras atividades animais e humanas são correla‐ tas a estas. Nós, seres humanos, mamíferos ainda mais anômalos, por nossa postura corporal ereta, escassez de pêlos, linguagem complexa e civilização tecnológica, atri‐ buímos VALOR a toda característica ou recurso que represente VIDA ‐ que seja, por‐ tanto, pró‐vida; como a beleza, a fortuna e a riqueza, a cultura a educação, a proemi‐ nência social e o PODER.
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ENFRENTANDO O FIM
O Fim é amanhã, depois de uma devastadora guerra nuclear? O Fim dos tempos é semana que vem depois do impacto em cheio contra Terra de um meteori‐ to de 50 km? Ou será dentro de mil anos, quando estiver exaurida a Terra de seus recursos, pela tentativa do mundo em atingir um padrão norte‐americano de consu‐ mo? Quem sabe bem antes, pelo aumento explosivo da temperatura média do plane‐ ta, onde poucos graus bastam para iniciar uma catástrofe humanitária? Como tudo no universo, nosso estado de coisas acabará um dia, por modifi‐ car‐se, atendendo aos ditames da "moda" energético‐material do momento e retor‐ nando todos os átomos que nos compõem a seu velho e simples estado mineral. Como toda matéria e evento que existe, somos passageiros (Neste caso, mesmo o cobrador e o motorneiro!) :o) Nos transformaremos depois em quê? Uma sopa de Quarks, rodeada de elétrons inertes e sem movimento? Ou alguma espécie de raio veloz a cruzar a galá‐ xia na velocidade da luz? Não faz diferença! O que importa é que ACABAREMOS, inexoravelmente, todos e cada um; todas as espécies e todas as coisas vivas que conhecemos ou venham a viver sobre a Terra. O Fim, não é uma hipótese, é a mais perfeita das certezas cósmicas. O Apocalipse é o destino de todos os seres deste planeta.
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Como o enfrentaremos? Como nos prepararemos? Como o aceitaremos? Como o postergaremos, se pudermos? São questões que já desafiam e desafiarão as gerações vindouras por muito tempo. O fim é algo importante para nós? A resposta é que não só é importante, como é FUNDAMENTAL! E porque seria algo importante? Porque, como seres vivos, nos mantermos neste estado é nossa "lei maior", nosso impulso mais básico. Nada mais faz mais sentido do que isto. Nada mais faz sentido depois disto. Mortos, dei‐ xamos de fazer sentido ou diferença ‐ acabamos e acaba conosco uma era no planeta ‐ a era dos seres vivos, complexos, civilizados. Diante desta certeza do Fim dos Tempos, deverá nascer em nós o desespero e o desânimo? Deveríamos parar agora de lutar, já que nossa laboriosa construção está mesmo fadada ao fracasso? Como enfrentar a certeza de que senão nossos fi‐ lhos, netos ou netos de nossos netos, mas todos seus descendentes um dia desapa‐ recerão, não deixando ninguém em seu lugar? A resposta está num valor muito grande à vida que nos resta, seja lá de que tamanho for! Podemos nos imaginar como um doente terminal, porém com saúde, destinado a perecer em um ano ou menos, de uma hora para outra, mas gozando de toda a saúde neste entremeio. Que quereremos então? Quereremos aproveitar cada minuto de nossas vidas! Queremos amar tudo que pudermos amar e o tempo todo. Quereremos fazer tudo que tínhamos medos (Bobos) de fazer, quereremos experimentar intensamente a vida que nos resta.
82 Quereremos explorar todas as possibilidades de realização e prazer que estiverem ao nosso alcance. Quereremos ir a lugares onde nunca fomos comprar coisas que nunca nos permitimos elogiar pessoas que admiramos, passar horas de mão dadas como nosso afeto, ou meramente conversando enquanto o dia se põe e admirarmos juntos o seu mistério. Quereremos ser felizes agora! Quereremos valorizar cada pequena coisa de nosso cotidiano. Quereremos ajudar, partilhar, estar junto dos outros seres e fazer tudo aquilo que nos faz sentir humanos e bons. É esta nossa melhor resposta ao duro e inexorável fim de nossas vidas! Viver muito, intensamente, para o bem, e para a vida, até o ultimo dia de cada um que de nós restar! Este é talvez o cerne da "Religação Primordial" do homem com a vida e que substitua todas as religiões arcaicas como nós as conhecemos. Fim
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BIBLIOGRAFIA A Essência do Cristianismo – L. Feuerbach A Matéria – L. C. de Menezes A Riqueza e a Pobreza da Nações – D. S. Landes Alegria – A. Lowen Erotismo – F. Albertoni Encyclopaedia Britannica 2007 ‐ Britannica Encyclopaedia Encarta 2007 ‐ Microsoft História da Filosofia – Padovani/Castagnola Mãe Natureza – S. B. Hrdy Para Além do Capital – I. Mézáros Perspectivas Del Hombre – I. T. Frolov Prazer – A. Lowen Rare Earth – Ward/Brownlee The First Three Minutes – S Weinberg Uma Breve História do Tempo – S. Hawking Vida Ética – Peter Singer Você Pode Curar Sua Vida – L. Hay