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SUMÁRIO Introdução ve-Maria Salve-Rainha Os mistérios do Rosário
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o coração de Maria… Que com beleza e ternura os leva para o céu Onde está o ressuscitado.
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INTRODUÇÃO
Meditar as orações marianas é uma forma de aprofundar nosso conhecimento sobre elas e rezá-las com mais convicção. Neste livro, trazemos reflexões sobre as principais orações marianas ( Ave-Maria Ave-Maria , Salve-Rainha e os mistérios do Rosário) verso a verso, mistério a mistério. Na primeira primeira parte, contemplamos contemplamos os versos da Ave-Maria Ave-Maria. A consciência mariana nascida no cristianismo deu origem a essa que é uma das mais belas e simples orações, recitada todos os dias pelo povo católico. Vamos mergulhar, parte por parte, na oração da ve-Maria e aprender com a Mãe como orar. A Salve-Rainha, objeto da segunda parte, é uma das orações mais antigas da Igreja. Originou-se por volta do ano 1098 na Idade Média com um monge chamado Germano Contractus. Este homem era paralítico de nascimento e passou por inúmeros sofrimentos ao longo de sua vida. Foi em meio aos dramas de sua existência que compôs essa oração dedicada a Nossa Senhora. Na terceira terceira parte, pelo pelo aprofundamento do real sentido sentido do Rosário, santa e eficaz devoção, temos a oportunidade de fazer uma verdadeira catequese e dar razões de sobra para segui seguirmos rmos Cristo Cristo com todo o coração e toda a alma. alma. Contemplamos Contemplamos a fig figura de Maria na história da salvação e como ela, por meio de sua disponibilidade, acolheu a graça e o chamado do Pai para fazer deste mundo um lugar onde a ressurreição é possível. possível. Por meio do encontro com Maria descobriremos que Cristo é o Caminho, a Verdade e a Vida que dá sentido à vida de cada ser humano.
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AVE-MARIA Ave, Ave, Maria, Mari a, cheia chei a de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres. mulheres. Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém. Essa pequena e singela oração teve sua formação ao longo do tempo. Desde o século IV se usava a saudação do anjo Gabriel: Ave, Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo (Lc 1,28) como forma de invocação mariana. Só no século XII, com o papa Urbano IV, é que se reza a primeira parte da Ave-Maria Ave-Maria, e no século XV acrescenta-se a segunda parte, tirada tirada de uma antífona medieval medieval.. A fórmula fórmula como vemos hoje torna-se oficial oficial com o papa Pio V (1566-1572). E só em 1568 essa oração aparece oficialmente no Breviário Romano da Igreja. Igreja.
Ave, Maria… No capítulo primeiro primeiro de Lucas, versículos versículos 26-38, nos deparamos com a saudação do anjo Gabriel a Maria: “Alegra-te, Maria!”. Em outras palavras, o anjo saúda uma mulher simples e humilde de um lugarejo quase esquecido. Saúda uma mulher anônima “sem importância” e sem destaque. Maria, chocada com a saudação, inicia um movimento ascendente de fé que desabrocha no nascimento do Filho. Esse movimento que deu início à Boa-Nova de Jesus e se concretizou na nova vida é objeto de nossa partilha. No decorrer dos séculos séculos temos descoberto a importância mportância de Maria Maria em nossa existência. Ave, Ave, Maria é o começo de nosso encontro com a serva do Senhor. Saudar alguém é dar-lhe uma atenção especial. Significa acolher, receber, abrir o coração, trazer para dentro, incluir. Começamos nossa intimidade com Maria acolhendo-a em nosso humano lar. O anjo vem a seu encontro e a cumprimenta. Esse gesto profundamente humano e inspirado por Deus provoca espanto e adoração. É o próprio anjo que descobre a humilde serva do Senhor e a toca com o divino. Maria une-se a Deus por meio de seu generoso e difícil “sim”. A festa então começa. A oração da Ave-Maria Ave-Maria leva os fiéis a viverem o que Maria viveu. Nós a saudamos com o mesmo amor do anjo cada vez que a invocamos e a trazemos para mais perto de nós. Saudamo-la como a um amigo, um parente, um vizinho, alguém que é importante 7
para nós. Começar a rezar re zar a Ave-Maria Ave-Maria é tomar consciência de que Maria está próxima. Isso se aplica a todas as circunstâncias de tempo e lugar. Onde Maria está, o Cristo também está. Não significa que, ao invocá-la, ofusquemos o Cristo. Maria sempre está apontando para o Senhor. Ela tem consciência disso e por isso aceitou ser a mãe do Salvador. E nós, quando rezamos pedindo ou agradecendo à mãe, estamos trazendo Cristo para mais perto, para o nosso centro. Assim, a oração da Ave-Maria Ave-Maria nos ajuda a compreender o mistério de nossa fé. Abre-nos para a participação na graça de Deus que se manifesta em Maria e se concretiza na ressurreição do Filho. Ave-Maria Ave-Maria é o canto de louvor dos filhos de Deus, a oração sábia e simples, fruto da entrega e da doação dos homens e mulheres que acreditaram e continuam amando a Deus sob a proteção da Santíssima Virgem. Se pensar em Deus parece difíci difícill, pense em Maria. Maria. Deus aí está! Comece, a partir de agora, a rezar essa oração com espírito novo e acolha Maria na vida e nos acontecimentos. Salve Maria!
Cheia de graça… Maria encantou a Deus! Desde seu nascimento a Virgem Maria foi escolhida por Deus para a maternidade divina. Diante da saudação do anjo Maria sente-se frágil e confusa, mas recebe do Espírito a confirmação de sua vocação. Ela trouxe ao mundo aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida. Maria cooperou na obra do Salvador e por esse motivo ela se tornou para nós mãe na ordem da graça (cf. Catecismo da Igreja Católica [CIC], 968). A graça de Deus é um mistério. Esse dom que Deus concede aos seres humanos é sinal de sua presença salvadora. Deus oferece ao ser humano a graça, o amor misericordioso que encanta e restaura. Em várias passagens da Sagrada Escritura se diz: Deus é amor (1Jo (1Jo 4,8). Essa definição tão profunda e atual nos introduz no cenário da graça, do dom por excelência. Maria concebe o Salvador na mais pura graça de Deus e com isso presenteia a humanidade com o Emanuel, o Deus conosco. A graça transborda nos corações abertos e esperançosos. Quem se fecha à luz de Deus não pode se transformar, tampouco se encontrar com a própria vida. Maria poderia ter dito não aos desejos de Deus, mas não o fez. Sua liberdade a levou a aceitar a vontade do Criador, por isso, Maria acreditou que o dom da maternidade é obra daquele que a chamou. Entendemos por graça o favor de Deus, a nossa participação na vida de Deus (CIC, 1996 e 1997). Maria teve especial participação na vida divina. Teve íntima comunhão com o Espírito do Senhor, o que fez dela a mulher, mãe e companheira do Filho na vida e na morte. Nós não recebemos a graça por méritos próprios, mas por vontade do Criador que age em nós. A graça é um caminho de fé, escapa à nossa experiência (CIC, 2005). Evolui mediante a acolhida que o ser humano dá ao amor de Deus. Na vida há sempre duas 8
escolhas: com Deus ou sem ele. Mediante a aceitação de que Deus habita em nós, vamonos transformando diante da graça. Essa responsabilidade diante de Deus é o que nos identifica e nos plenifica na vida espiritual, comunitária, familiar. Maria em sua simplicidade olhou para Deus e o aceitou. Mas, o tempo a preparou para a santidade. Ela evoluiu em sua fé e, ao se envolver com o fruto de seu ventre, abriu para a humanidade a possibilidade da graça. O que Maria experimentou em seu íntimo, em profunda comunhão e liberdade com Deus, ela mesma no-lo transmitiu. Jesus, a graça por excelência, é nosso bem maior. Alegremo-nos com as possibilidades de Deus. A graça é uma delas e certamente a que nos justifica e nos santifica. Diante dessa proposta de encontro e permanência em Deus, resta-nos acolher os dons. Não vivemos para as derrotas causadas pelos pecados, e sim para a vida nova com Deus, que liberta e salva. Veneremos Maria, nossa mãe, a porta de entrada para a graça, e com ela elevemos ao Senhor o Magnificat Magnifi cat , o canto de ação de graças pela fé que nos une. Santa Maria, cheia de graça, rogai por nós!
O Senhor é convosco… A história de Maria se mistura com a história da humanidade. Insere-se no cenário dos povos que creem em Deus. Maria ilustra seu itinerário espiritual com a forte experiência do encontro com o Deus próximo, presente, sensível. Ela mesma vive na presença sagrada do Emanuel, o Deus conosco (cf. Mt 1, 23). A proximidade ou a intimidade que Maria estabelece com Deus é um forte apelo do coração. Maria vive na carne a identificação profunda com o plano de salvação. Essa identificação com a vontade do Senhor é tão forte que Ela mesma sente a força do Espírito que une e convoca para um tempo de graça. Quando na oração da Ave-Maria Ave-Maria dizemos “o Senhor é convosco”, rezamos a presença de Deus na vida vida da escolhi escolhida. da. Deus toca na vida vida da mulher mulher e celebra celebra a partilh partilhaa da vida nova. O fato da presença incondicional de Deus no meio do povo nos leva a crer que, pelo mistério de Cristo, Deus se aproxima de sua criatura. Em várias passagens da Escritura Deus revela sua proximidade, porém, sua imagem ficou muito deturpada ao longo dos séculos. Ainda se percebe claramente em muitas culturas, sociedades e religiões que Deus é distante. Essa imagem tão negativa e sofredora coloca um peso no relacionamento do homem com Deus, o que dificulta a libertação e a própria realização humano-espiritual. Ora, Deus se relaciona com a humanidade de maneira simples e gratuita. Não precisa de exigências e tampouco troca de favores. Está fortemente sensível ao coração das criaturas e se compadece quando o sofrimento supera a esperança. Deus se comunica com o humano através de sua presença. Não há outra forma de estabelecer laços tão fortes com ele, a não ser pelo conhecimento e pelo encontro real. Hoje, vivemos no mundo virtual. A tecnologia cria um mundo de conceitos e distanciamentos. Há uma neurose coletiva que freia as relações e não permite a transcendência. Certamente estamos vivendo uma crise de valores e, consequentemente, 9
uma crise de Deus. Maria insere-se nessa crise. Mas por meio dela e de sua intimidade com o Pai, podemos nos desvencilhar das trevas e recuperar o que perdemos em relação ao Senhor. Da mesma forma que Deus está com Maria, ele está conosco. Só podemos percebê-lo percebê-lo quando desmisti desmistificamos ficamos os conceitos conceitos e passamos a viver viver como crianças crianças (cf. Mt 19,14). Olhar o mundo e a relação com o Criador a partir dos olhos de Maria é uma boa tentativa tentativa de mudar e simpl simpliificar ficar a exi existência, stência, já que buscamos complexi complexidades dades que geram dificuldades. dificuldades. Assim, todas as vezes que rezarmos esta oração da Ave-Maria, coloquemo-nos na presença do Senhor e, como c omo um ímã, ímã , vamos atraí-lo atraí-lo até nós. Vamos pedir sua proteção e permanência permanência em nossa vida. vida. Mas vamos nos conscienti conscientizar zar de que Deus sempre está conosco. Nós em muitas ocasiões nos esquecemos dele e não vivemos nossa fé com amor e doação. Que Maria nos ensine a ficar com Deus e a estabelecer laços de amizade e amor com o Criador, para que recuperemos o Deus de nossa história, que nos formou e nos quer inteiramente para ele. Santa Maria do encontro, rogai por nós!
Bendita Be ndita sois vós entr en tree as mulhe mu lherres… A devoção popular nos convida para uma reflexão mais familiar sobre a pessoa de Maria. Todas as vezes que a invocamos como a bem-aventurada que acreditou, tornamo-nos participantes dos frutos de sua bênção. Na Sagrada Escritura, quando uma mulher era chamada de bendita, isso significava honra e respeito, pois esse título era dado às mulheres ilustres. Aqui se aplica à bênção da fecundidade, pois na história da humanidade nenhuma maternidade se compara à de Maria. Em uma ocasião, um senhor participava de uma palestra sobre Mariologia e a assessora, em sua defesa da pessoa de Maria, relatou a seguinte experiência: “Quem se abre de coração e de espírito para acolher Maria na sua vida, certamente chegará até as lágrimas”. O homem não entendeu bem essa afirmação, mas meditando sobre essas palavras palavras sentiu sentiu fortemente a presença da Mãe que o consolava consolava e o acalmava. Então, na solidão daquele tempo de deserto, ele se emocionou e compreendeu que, na presença da Mãe, um filho chora e silencia. Apenas experimenta a alegria da ternura materna que envolve a caminhada e indica para a luz verdadeira. A partir daquele momento, aquele homem mudou seus conceitos e passou a se relacionar com Maria de forma simples e carinhosa. Já perdera o medo da imponente Maria dos altares, estática nas igrejas, e passou a vê-la vê-la nos sutis sutis acontecimentos acontecimentos do dia dia a dia; dia; nas mulheres mulheres que trabalham, trabalham, que arrumam a casa, que levam os filhos para a escola, que choram com as ausências, que sofrem com as dores do parto; nas mulheres que se alegram com as conquistas, com a volta do marido para casa, com a mesa farta. Quando passarmos a nos relacionar com Maria dessa forma, teremos então uma verdadeira experiência de acolhida. A festa se tornará mais alegre quando Maria for vista como mulher igual a tantas outras. A diferença é que ela em sua pequenez acolheu a grandeza de Deus e o seguiu em sua liberdade com total disponibilidade. Maria entregou 10
seu coração, sua alma e todo o seu ser para que se cumprisse a vontade do Senhor. Em nenhum momento olhou para trás, tampouco para a espada de dor que a seguia. A bendita bendita entre todas não se orgulhou orgulhou deste título, não se serviu dele dele para se autoproclamar a mãe de Deus, mas sim desceu da colina da cruz e tocou-nos com seu amor. Fitou nossos olhos e devolveu-nos a alegria deixada nas margens do caminho. Nós a proclamamos proclamamos bendita entre todas as mulheres, como fez Isabel (cf. Lc 1, 42a), porque de fato ela foi a escolhi escolhida da para config configurar-se com o Cristo, Cristo, luz da vida. vida. Maria Maria inaugura a nova era de luz e esperança para os filhos perdidos. A partir de agora, restanos a pergunta: como Maria se manifesta em minha vida? Com que olhos passarei a vêla? Siga sua busca pela resposta e alegre-se com as conquistas. São os olhos da fé que favorecem o encontro que pode chegar às lágrimas.
Bendito Be ndito é o fruto do vosso vosso ventre Jesus… As diversas reflexões sobre a pessoa de Maria sempre apontam para o Cristo. Maria nunca é colocada acima do Salvador. Ela não é deusa e sim criatura de Deus, escolhida, gerada como qualquer ser humano, mulher forte na fé, lutadora pelos seus ideais. Disso ela sempre teve consciência, e nunca afirmou o contrário. Toda a sua vida foi marcada pelo pelo segui seguimento; ao lado do Fil Filho, foi recolhendo as dores da humanidade. humanidade. Ao sentir sentir a espada no coração, reviveu o drama humano de quem sofre com as ausências e de quem é penetrado pela cruz. A religiosidade popular sem culpa alguma coloca Maria em primeiro lugar. Nas igrejas, é muito comum observar a devoção do povo para com ela. Muitas pessoas antes de saudar o Cristo no Sacrário fazem sua oração diante de uma imagem de Nossa Senhora. Não que isso traga prejuízos e condenações para a alma. Sabemos que, ao nos aproximarmos da Mãe, encontramonos com o Filho, pois é impensável crer em Maria e esquecer-se de Jesus. A questão é que precisamos dar um novo sentido para nossa relação com o Salvador. Maria só se explica e só tem sentido a partir de Cristo, que também a transformou e lhe deu um lugar de destaque na fé dos povos. O fruto de Maria trouxe a Redenção, pois, se por um homem veio a desgraça, também por um homem veio a graça. O que antes era trevas e breu, com o Filho virou esperança, salvação, paraíso. Graça essa que não seria possível a não ser por aqueles peitos peitos que o amamentaram. O fruto bendito bendito que, com sorriso sorriso miseri misericordi cordioso, oso, anuncia anuncia o Reino aos pobres, aos desanimados, aos cegos, aos presos, e proclama o ano da graça do Pai (Lc 4), sintetiza em si todo o sentido da existência humana. Jesus, o Filho, o Santo dos Santos, nascido de mulher (Gl 4, 5), motiva o nosso coração para Deus. Ele mesmo sente em si nossa fragilidade e, dotado do Espírito, nos transcende quando realiza o Pentecostes prometido. E Maria sempre presente, intercedendo e formando, guardava tudo em seu íntimo (cf. Lc 2, 51). Você, meu caro ca ro leitor, leitor, já observou obse rvou o quanto qua nto Maria é importante em sua vida? Já 11
estabeleceu um diálogo de corações com ela? Já pediu alguma vez sua preciosa intercessão? Pois, todas as vezes que a invocamos com fé, com respeito, ela providencia a vinda do Filho, que já está desde sempre em nossa vida, mas cuja presença diante de inúmeras situações esquecemos. Maria abre o céu da bênção para nós. Coroa-nos com o Salvador. Pensar nessa realidade nos enche de paz e inaugura em nós o advento de dias melhores. Faça a experiência da transcendência. Quando Jesus não estiver em seu coração e sua vida parecer vazia, peça a Maria e ela o presenteará com o fruto do amor. Peça a Maria pelos seus, por suas necessidades, para o seu crescimento na fé. Este é o nosso maior desejo: deixar Cristo viver! Deixar Cristo viver em nós! Salve Maria!
Santa Maria… Na segunda segunda parte da oração mariana mariana aproxi aproximamo-nos da santidade santidade de Maria. Maria. O que entendemos por santidade? santidade? A santidade, antes de tudo, é um dom de Deus e contempla uma íntima união com o próprio próprio Deus. União União de corações e de vontades! A santidade santidade de Maria Maria é um fato, uma realidade concreta que permeia nossa tradição e nossa devoção. Maria viveu em tudo a vontade de Deus. A obediência aos sinais concretos do seu Deus lhe permitiu dizer com toda convicção: Faça-se em mim mi m segundo a tua Palavra (Lc 1,38). A santidade de Maria não é um evento isolado na história da salvação. É sim um encontro com as necessidades da humanidade. Então, vem-nos a pergunta: Maria já nasceu santa? Estava ela destinada à santidade? Respondemos dizendo: tudo isso é mistério de fé. A santidade de Maria concretizouse com seu “sim” e com sua entrega cotidiana aos planos de Deus. Não podemos dizer que ela foi destinada a ser mãe de Jesus. Ela foi escolhida e o concebeu com total liberdade. Deus a escolheu, ela o atendeu. A relação de Maria com o plano do Senhor foi real. Sua santidade, portanto, foi trilhada e conquistada. Ao dizermos que a santidade é um dom, reconhecemos que os méritos e a iniciativa vêm de Deus. Deus é santo e santifica todas as suas criaturas. Ao rezarmos a oração da ve-Maria, sobretudo quando nos dirigimos a Maria como santa, devemos questionar nosso modo de vida. Se a santidade é a busca constante de Deus, onde nos situamos nesse contexto? Se Maria é santa, eu, você e toda a humanidade podemos ser santos. Sem dúvida, há um longo caminho a percorrer. Caminho de batalhas, desgastes, conflitos e redenção. Nada se consegue sem a força da fé que abre os horizontes para a perfeição. perfeição. Em Maria, Maria, a santa por excelênci excelência, a, habita habita a força que buscamos para nos santificar: Jesus Cristo. Você concretam conc retamente ente já viveu momentos mome ntos de santidade sant idade em sua vida? Quais foram esses momentos, e o que ficou deles? Já conviveu com pessoas tidas como santas? Com pessoas que lhe lhe deram vida vida e lhe ajudaram a encontrar-se com Deus? Como a santidade santidade de Maria ajuda-o na vivência cotidiana da Palavra? 12
Para viver a santidade como Maria viveu, o segredo é a fé, a confiança sem reservas no Deus das possibilidades. E, para que isso aconteça, é necessário descobrir qual a vontade de Deus em minha vida. O caminho da graça é a graça. O encontro com Maria é o encontro com a graça. Se você não sabe qual o caminho para ser santo, peça a Maria. Ela o conduzirá ao centro de sua santidade. Santa Maria, rogai por nós!
Mãe de Deus… A identificação do povo de Deus com a maternidade de Maria é o que faz a diferença na devoção mariana. No evangelho de São João, Jesus dirige-se sempre a Maria como mulher, a não ser aos pés da cruz, quando entrega Maria como mãe ao mundo. Abre-se então o horizonte de compreensão dessa figura feminina. Sai da história a orfandade do homem ou sentimento de vazio e entra a graça da maternidade: temos uma mãe espiritual! Mãe de Deus antes de tudo, pois gerou o Salvador. Nossa mãe, porque Deus nos presenteou com tão grande dom. A maternidade de Maria já encontra seu fundamento desde as origens do cristianismo. Ela nunca foi renegada simplesmente à condição de mulher e esquecida pelos pelos cristãos. cristãos. Maria Maria atuou sempre como mãe e fiel fiel discípula discípula de Cristo. Cristo. A mãe de Deus por escolha escolha e aceitação aceitação nunca se autointi autointitul tulou ou deusa; ela ela é criatura criatura amada, gerada, mulher, geradora de vida. Certamente essa tradição trouxe muitos desencontros na história do cristianismo. Afirmar que Maria é mãe de Deus traz consigo muitos questionamentos e revoltas por parte de várias denominações denominações relig religiosas. A Igreja Igreja Católi Católica a reconhece como mãe de Deus e a proclama bem-aventurada entre todas as gerações. Maria é objeto de nossa fé e se relaciona conosco como mãe cuidadosa com seus filhos. Essa certeza nos traz alento e força. E com isso, apesar de nossa condição frágil e sofredora, temos uma mãe que nos acaricia, nos consola e nos ama. Maria é nossa mãe! Já ouvimos esta expressão popular: “Ter mãe é tão bom que até Deus quis ter uma!”. De fato, a salvação seria incompleta se Deus não tivesse se encarnado em Maria. Deus conheceu a força da maternidade; conheceu o ventre que o acolheu e o seio que o amamentou. Deus conheceu o homem, e por isso sua relação conosco é muito mais profunda e humana. Ning Ninguém uém vem ao mundo sem uma mãe. A mãe é a mediação do amor de Deus. P ara gerar seus filhos, Deus criou a mulher e fez dela mãe. Ao nos relacionarmos com Maria como mãe de Deus, voltemos às nossas origens para descobrir o valor da maternidade em nossa vida. Ignorar que nascemos de uma mãe é ignorar a bondade de Deus que me trouxe à vida. Ignorar a presença materna de Maria é permanecer na orfandade. Sem mãe a vida não tem sentido. Sem Maria, nosso catolicismo é incompleto. Passemos a olhar a mãe Maria com mais carinho e amor. Valorizemos aquela que contribuiu para a transformação da humanidade. Não tenhamos medo nem vergonha de 13
dizer que Maria é mãe de Deus e nossa mãe. Aos que não creem nela, nosso respeito e nossa mais sincera oração. Temos uma mãe, temos a vida, temos tudo!
Rogai por nós, pecadores… Nas bodas de Caná da Gali Galileia, eia, Maria Maria presenciou presenciou o sofrimento sofrimento dos noivos noivos diante diante da falta de vinho. Para completar a alegria daquele momento, ela mesma se manifestou ao Filho e antecipou o melhor da festa: Fazei o que ele vos disser (Jo 2,5). No sinal realizado e na felicidade consumada, Maria estava presente como a mulher que se coloca no meio, preocupada, atenta aos desígnios do tempo presente. A humanidade de Maria era tanta que ela mesma, no episódio das bodas, se oferece para ajudar nas necessidades. necessidades. Ela Ela sente compaix compaixão dos homens e mulheres mulheres que ali ali se encontram e no silêncio, sem que todos percebam, abre os olhos do Filho e prepara as talhas da graça. Nós precisamos de intercessores! De pessoas atentas às necessidades e às dores do outro. Precisamos de muitas Marias que olhem com o coração e que espalhem sementes de amor no campo deserto de muitas vidas sem sentido. Precisamos de muitas doses de misericórdia capazes de transformar lágrimas de desespero em vinho novo, em sabor, em fé. A presença de Maria como mulher que roga por nós, pecadores, que intercede pelos que erram e sentem o peso de sua fragilidade humana, é a certeza de que não estamos sozinhos neste mundo contraditório. A poderosa e amiga intercessão de Maria é um alívio para as mazelas que adoecem nossa alma. O pecado que escurece nossa existência e nos fere a razão deixa marcas insuportáveis, enfraquece nossa missão e empobrece nosso relacionamento interpessoal e com Deus. Mas a graça habita nas centelhas da alma, nos corações que se voltam ao céu, na história redimida que sempre se ergue e na fé que abre os olhos dos cegos. O que aprendemos com a intercessão de Maria? Aprendemos que também somos intercessores uns dos outros. Também somos convidados a rogar, a pedir, a cuidar, a atender às necessidades do próximo. Quando praticamos a compaixão para com os que sofrem, sobretudo para com os pecadores, realmente estamos vivendo a vocação de servidores. O mundo precisa de seres humanos que roguem pelas realidades de cada coração. Não vivemos isolados da fé do outro. A fé só tem sentido quando a alimentamos com atitudes positivas que despertem o amor, o cuidado, a sensibilidade e o encontro, para que todos tenham vida em abundância (cf. Jo 10,10). Maria nunca deixa de nos atender. Milhões de pedidos se apresentam a ela todos os dias, e milhares de corações são confortados pelos frutos recebidos. Certamente cada um de nós tem fortes testemunhos a dar exaltando os méritos de nossa mãe. Aproveitemos para pedir pedir a Maria Maria que interceda por cada um de nós e em nós desperte o compromisso compromisso de também sermos intercessores uns para os outros. O melhor vinho foi servido por último, prolongando assim o banquete de bodas. O que resta dessa festa é o agradecimento pela mulher que tocou na profundidade daquelas 14
vidas e fez da angústia a essência da felicidade. Mãe do Divino Amor, rogai por nós, pecadores!
Agora e na hora de nossa morte… Há algum tempo fui orientar um retiro para casais e um dos participantes se manifestou dizendo: “Padre, em vez de rezar agora e na hora de nossa ‘morte’ , posso substituir essa palavra por vida, necessidades, encontro (…)”. Perguntei por que ele fugia da palavra morte. E naquele momento ele caiu em si e disse: “Realmente, vou passar a rezar esse trecho da Ave-Maria como ele é”. Um fato simples que revela nossa atitude de rejeição à morte, melhor dizendo, nossa falta de compreensão acerca desse evento tão forte em nossas vidas. Muitas pessoas sofrem pelo simples fato de pensar na morte e se angustiam porque a veem como uma fatalidade ou o fim de tudo. O medo da morte pode ser suavizado com sua aceitação durante a vida, integrando-a no cotidiano com sentido e esperança. Professamos nossa fé na vida eterna. A vida eterna é a concretização da história que já começamos, ou seja, é a continuidade do que somos. Rejeitar a morte é faltar com o sentido para a vida. Quando pedimos a Nossa Senhora que interceda por nós na hora da morte, começamos a tomar consciência de nossa existência. Passamos a ver a realidade do mundo e as pessoas que nos rodeiam como instrumentos de Deus, e desabrochamos para entender o mistério que essa passagem comporta. Pedimos a Maria que mantenha viva nossa esperança para estarmos um dia na glória reservada a todos os que amam e vivem sua caminhada de fé, com alegria e prazer. Pedimos a Maria que ela trabalhe nosso coração para acolher essa passagem com tranquilidade e sem revolta. Pedimos também o crescimento espiritual, a fim de entender que esse encontro com Deus é necessário, pessoal e santo. Diante da morte, resta-nos acolher a inefável presença amorosa de Deus. Encontraremo-nos com a essência de nossa vida, com o verdadeiro tesouro que tanto buscamos, e certamente com todos aqueles que amamos e com quem nos relacio relacionamos. namos. Por isso, a relação com a morte começa na vida participada e responsável. Maria no Calvário compreendeu o que significava a morte. Ela mesma a experimentou quando cada espada de dor transpassava seu coração, e nem por isso abandonou o Filho. No Calvário, aos pés da cruz, tornou-se nossa intercessora na vida e na morte. Maria reconhece, portanto, a ação do Senhor nessa delicada hora, e por isso mesmo está mais próxima de seus filhos amenizando a agonia, o medo, fortalecendo nossa esperança, conduzindo-nos à perfeita presença da luz e nos aproximando do coração de Deus. Lá estaremos todos e contemplaremos a infinita bondade que nos resgata. Que nossa morte seja santa, humilde, consciente, alegre como a vida que vivemos. Sem sentido para a vida é impossível compreender a morte. Nossa Senhora da Boa Morte, ficai ficai conosco! 15
Amém. Refletimos sobre a oração da Ave-Maria Ave-Maria . Decodificamos suas petições para compreendermos melhor o que rezamos todos os dias e para sentir a presença de Maria como mulher, intercessora, mãe, discípula, fiel seguidora de Cristo, senhora de todos os povos. Tomamos consciênci consciênciaa da presença santa e carinhosa carinhosa de Maria Maria em nossa vida vida e o lugar que ela ocupa na fé dos católicos. Sabemos diferenciar nossa relação de filhos quando nos dirigimos a ela, sem nos esquecermos de Jesus Cristo, a única razão de nossa vida. Sabemos que Maria veio contribuir com o Pai na história da salvação da humanidade, e por isso ela mesma se revela como a fiel servidora do Senhor, ao pronunciar as belíssimas palavras do Magnificat, Minha alma glorifica (Lc 1,46). glorifi ca o Senhor (Lc A teologia da Igreja ressalta seus méritos, e a devoção popular se encarrega de ornála com as preces, com o esplendor das rosas oferecidas nas secas e nos fracassos, nos louvores, nos costumes. Maria é reverenciada em todas as culturas e recebe tantos rostos, cores, formas, significados, títulos. Recebe tantos filhos, cada qual com sua história, recebe lágrimas e devolve graças, recebe insultos e presenteia carinho. E mesmo assim continua intercedendo, não se cansa, pois a glória é eterna. Resta-nos diante dessa gestação dizer: AMÉM. Assim seja. Assim seja na vida vi da e na morte. Assim seja na fé e na dúvida. dúvi da. Assim seja na força e no medo. Assim seja na rebeldia e na docilidade. doci lidade. Assim seja no canto e no desencanto. Assim seja no calvário calvári o e na ressurreição. ressurreição. Assim seja em todos os dias di as de nossa vida. v ida. Amém. Assim Assi m seja. Amém significa consentir. Significa penetrar no mistério e compreender sua essência. A oração foi preenchida de todo significado e esplendor. Amém é tomar consciência do que se reza com a vida e com a fé. Amém é decidir-se pelo amor. É tornar a obra da fé a morada eterna. Amém é disponibilidade que faz avançar para águas mais profundas. Não pronunciamos amém ao fim de nossa oração simplesmente por concluí-la, e sim para começar a viver viver o que realmente realmente rezamos. Essa expressão expressão revela um profundo encantamento com a criação e leva-nos a participar de forma ativa do Reino de Deus. Amém é o canto por excelência dos redimidos em festa. Em sua raiz hebraica exprime o desejo por alguma coisa. Concretamente, em nossas orações, o desejo de que se realize o que com o coração pedimos ou agradecemos. É o desejo de tornar novas todas as coisas. A invocação da palavra amém leva-nos ao clima de oração. Poderíamos começar a orar pronunciando-a pronunciando-a várias várias vezes até entrarmos realmente num cli clima profundo de encontro com o divino. Façamos esta experiência de ascendência e vida nova que brota do desejo. 16
Amém!
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S ALVE -R AINHA ALVE -R
Salve, Rainha… A Salve-Rainha, antes de tudo, é um reconhecimento da maternal presença de Maria em nossas vidas. Lembra-nos a experiência de Isabel quando diz: Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? (Lc 1,43); recorda-nos a visita do anjo na Anunciação: Ave, Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo (Lc 1,28), e a feliz proclamação de Maria como mulher bem-aventurada em todas as gerações. É costume saudar ou acolher os que nos visitam, os que conhecemos e também aqueles anônimos que passam por nós. Saudar é dizer a alguém: “Seja bem-vindo, venha particip participar ar de minha minha alegri alegria”. a”. É uma atitude atitude de respeito respeito e consideração consideração que recebemos como herança de nossos pais. Na vida cristã cristã a Salve-Rainha abre-nos as portas da história para a vinda do Messias. Maria vê nossa miséria, está atenta a nossos passos, socorre-nos nas fraquezas, no desespero, na dor de cada dia. Saudamos a mãe com dignidade e elevamos a ela um hino de gratidão por tantos benefícios alcançados por meio de sua ternura. Damos-lhe o título de rainha e, verdadeiramente, ela o é. Em sua humilde condição, particip participou ou da históri históriaa da salvação salvação como servidora, servidora, sil silenciosa enciosa intercessora. O trono de Maria foi sua inteira dedicação ao Cristo presente em cada sofredor. Sua realeza não se sobrepõe ao Altíssimo; ela é criatura amada e desejada. Sua coroa é humana: varre a casa, limpa a sujeira, lava os pratos, faz a comida, lava a roupa, reza, visita os necessitados, necessitados, distribui distribui pão aos famintos, trabalha, chora, adoece, ama. Muitas pessoas rezam a Salve-Rainha sem lhe dar importância; outras se identificam tão plenamente que fazem desse momento um profundo encontro com Maria. Quem a ela se confia, vê o rosto misericordioso de Deus e não se desespera. Essa oração, se rezada com fé, é um alívio e uma resposta às muitas inquietações. Ao longo do caminho, encontrei muitos exemplos de pessoas que invocam a realeza de Maria e conseguiram infinitas graças. Destaco o exemplo de minha mãe na oração do terço e diante da perda de coisas consideradas de valor, como objetos, documentos etc. Sou testemunha de que, todas as vezes que ela rezava a Salve-Rainha, inexplicavelmente recebia o que tanto buscava. Não é superstição superstição e sim sim fé. Alguém transmiti transmitiuu a ela essa mensagem mensagem e ela ela passou a rezar com total dedicação, dedicação, e nunca lhe faltou faltou o auxíli auxílio divino. divino. A Salve-Rainha é o estímulo para as fraquezas, a confiança na impossibilidade. 18
Ensina-nos, mãe rainha, a amar e a servir! Vem depressa, precisamos de ti!
Mãe de misericórdia… Continuando a reflexão sobre essa belíssima oração mariana, recorre-se ao amor materno de Maria para se compreender sua relação com a humanidade. Não se pode isolá-la do cotidiano espiritual a fim de estabelecer um vínculo que nos una com o mistério da Trindade. Maria é real, mulher, humana, filha de um povo. É exatamente por inserir-se na cultura de um povo e sentir suas misérias que ela se colocou à disposição para fazer a vontade do Senhor. Concretamente o “faça-se” é pensando na situação situação do ser humano que carece de referências, que necessita necessita de esperança para continuar sua busca de sentido para a vida. Maria pensa e sente as dores da humanidade e, diante da crise da Anunciação, oferece seu templo sagrado para gerar o Redentor. Mais tarde, a exemplo do Filho, verá que sua história foi movida pela compaixão, pelo olhar misericordioso e atento de Deus. Perceberá que sua missão consiste em ouvir os corações, ensinar a esperar, mostrar a luz da confiança, interceder pelos pelos que estão “como ovelhas sem pastor”. Maria é mãe de misericórdia, e assim o será para sempre. Recorremos a sua intercessão como filhos amados, servidores da Palavra, esperançosos, sedentos pelo vinho novo. Buscamos refúgio em seu coração para não nos desesperarmos ante as penas de que padece o mundo. O que seria de nós se não a tivéssemos tivéssemos ao nosso lado? Onde estaríamos? O que faríamos sem seu carinho e ternura? Certamente estaríamos perdidos, perdidos, na desgraça, desgraça, “nus na escuridão”. Mãe de misericórdia: palavra forte que resume as bem-aventuranças e dinamiza as oportunidades que Deus nos concede. Sem dúvida alguma a partir deste momento rezaremos essa oração convictos de nossa fé, deixando que o mistério da divina misericórdia nos toque. Muitos se queixam de que é difícil perdoar, é difícil ser misericordioso, é difícil estender as mãos ao próxi próximo. P ara Deus, não existe existe o impossível e o difíci difícill. A misericó misericórdi rdiaa está na essência essência de cada cristão batizado. O que nos falta é deixar essa vela acesa perenemente. Falta-nos ver o mundo, a criação, a pessoa com olhos de compaixão. Isso é o que aprendemos com Jesus de Nazaré. Que Maria, mãe de misericórdia, nos ajude a tomar consciência da responsabilidade que temos em aliviar os sofrimentos do ser humano, independente de qualquer raça, sexo, religião. Ajude-nos a manter viva a força que levamos dentro de nós e que nem sempre age como ressuscitadora. Precisamos aprender a amar, ou melhor, a nos amarmos, a silenciarmos quando o toque do Altíssimo nos invade. Os que fazem a experiência da misericórdia divina nunca serão os mesmos. Sentirão a força do Espírito na hora de discernir os sinais dos tempos e terão as respostas para as latentes dúvidas que sempre permeiam o itinerário da fé. Como Maria, podemos elevar um hino de louvor a Deus que olha a humildade de sua 19
serva e se encanta. Por meio dela podemos também nos apaixonar pelo próximo e edificar nosso caminho espiritual, abandonando o “homem velho” e suas velhas estruturas e assumir o “homem novo” consagrado às coisas do Pai.
Vida, doçura, esperança nossa, salve!… Muitos cristãos ainda resistem em acreditar e aceitar Maria como mãe de Deus e mãe da humanidade. A Reforma Protestante fez que muitos abandonassem a relação filial com Maria. Passaram a vê-la como uma mulher qualquer dentro do plano de Deus. Até hoje se escreveram muitas coisas a seu respeito: muitas verdades e muitas heresias. A imagem de Maria passou a ser objeto de crítica por parte de pessoas pouco instruídas e combatentes do catolicismo. Infelizmente nossos irmãos de outras denominações não mantiveram acesa a fé e o respeito que o próprio Lutero em seus escritos demonstrava para com Maria. Toda a vida de Maria foi dedicada ao amor de Deus. O que realmente encantou a Deus foi sua doçura e disponibilidade para estar com ele. Deus se apaixonou por aquela mulher de fé, instruída desde o princípio na religião, observante dos mandamentos e sensível aos sinais da história. Saudamos a docilidade do coração de Maria que tanto bem proporcionou à humanidade carente e descrente. Saudamos a virgem enamorada do Altíssimo que abriu as portas do paraíso para que provássemos o frescor do Espírito e do banquete da salvação. Saudamos a bem-aventurada que testemunhou a dor e a glória de seu Filho. Saudamos a mulher santa e compassiva que estende a mão ao necessitado e fortalece os desesperados. Saudamos a vida entregue com amor, com gratuidade e fertilidade. “Vida, doçura, esperança nossa, salve” é a oração que nos conforta e ao mesmo tempo nos ajuda a confiar mais, a esperar com mais luzes e a agradecer com mais entusiasmo. A doçura de Maria nos faz contemplar o mistério da Criação. Se olharmos para o livro do Gênesis, Gênesis, desde o princípi princípio, o, os olhos olhos de Deus viram viram que “tudo era bom”. Doçura tem a ver com bondade. Quando estamos diante de pessoas serenas e boas, elas nos transmitem paz. Conheço inúmeras pessoas que nos fazem nos sentirmos bem sem dizer palavra alguma. Em seus olhos brilha a esperança de quem já amadureceu na fé e com isso podem dizer com toda a gratidão: Deus é bom! A doce vida de Maria está enraizada em nosso ser. Desde a concepção o sopro de Deus nos deu a vida, e Maria estava lá contemplando a obra do Espírito em nós. Quão doce e suave é provar a presença da mãe desde o início! Salve Maria, salve a esperança, salve a vida que recebemos com gosto pelo Pai! Agraciados pela presença materna de Maria, renovemos a esperança que norteia o caminho da santidade. Sem esperança, a misericórdia não se completa. O tempo passa e a sabedoria se extingue. A exemplo de Maria, dócil ao Espírito, precisamos esperar contra todas as impossibilidades e viver de acordo com a fé que recebemos de Jesus Cristo. A única prece que desejamos elevar a Deus é que ele, por intermédio de Maria, 20
torne o nosso coração dócil, fácil de modelar, esperançoso e saudável para vencermos os dilemas da vida. Salve Maria! Roga pelos teus filhos! Doce vida que nos recria, sê sempre luz de nossa esperança! Salve bendita, vela por nós, protege-nos e acompanha nossa missão. Salve filha abençoada, vem nos visitar!
A vós bradamos, os degredados filhos de Eva… Nós rezamos em uma das orações eucarísticas eucarísticas que “se por Eva entrou o pecado no mundo, por Maria entrou a graça”. Eva sempre foi a figura da mulher desobediente, frágil, infiel, que se deixou tentar pela serpente. É a figura dos que substituem a Deus e idolatram os prazeres que o mundo oferece. Eva é considerada a mulher do pecado. Sua queda junto com Adão provocou na comunidade os grandes dissabores e as maiores atrocidades que temos visto. Fruto da ganância, o pecado instalou-se no coração das pessoas e desviou-as de sua essência. Mas a divina misericórdia retoma o curso das primícias da Criação. Deus pensa cotidianamente no bem dos que escolheu. Se em Eva temos a imagem da mulher frágil, em Maria vemos a fortaleza e toda oposição ao pecado. Maria é a Nova Eva que retoma os desígnios do Éden. Por meio de Maria nos é dada a salvação, o Novo Éden, o paraíso que tanto buscamos e que não está distante. A serpente agora já não poderá nos desviar, pois em Maria vivemos a liberdade e o discernimento. Nós, os degredados filhos de Eva, não temos mais motivos para a escravidão da alma. A degradação encerrou-se com a vinda de Jesus. Nós somos filhos da Luz, estamos imersos no Espírito de Cristo, por isso “levamos este tesouro em vasos de barro”. Mas ainda há muitos que desperdiçam a vida e optam pelo deus da morte, que faz perder a confiança, confiança, que mata os sonhos, que gera viol violênci ência, a, que pratica pratica infidel nfideliidade. Há muitos nas ruas se consumindo em uma vida sem sabor, pensando só em si e reforçando a mentira. Esse paraíso não existe, mas esse Adão e essa Eva ainda vivem. Toda vez que optamos pela degradação, pelo mal, nos deixamos tentar pela astúcia da serpente e trazemos de volta os pais do pecado. Maria, a Nova Eva, aponta a saída: uma vida em Deus. Onde Deus não está, nada está! Os corações cheios de Deus sabem se defender dos embustes causados pelo pecado, sabem reconhecer que a dig dignidade nidade está acima acima das vãs preocupações, vivem vivem de acordo com a vontade do Senhor. Se a porta é estreita, é justamente para que nos esforcemos. Estreita, porém jamais fechada. A passagem para o paraíso é longa e amarga. Mas plenamente segura. A certeza de que somos de Deus vem de que por meio de Maria fomos salvos. O menino que ela amamentou e nutriu é “o Caminho, a Verdade e a Vida”. O batismo nos faz novas criaturas. Deixamos o Adão e a Eva de lado e nos encontramos com a Verdade. E onde está Maria? Com toda a certeza quando somos 21
batizados batizados ela está ao lado, conosco no colo, nossa madrinha, madrinha, traçando o sinal sinal da cruz em nossa testa, mostrando nosso peito, para que o óleo da vida penetre, e acendendo a vela no círio, para que a luz de Cristo nunca se apague.
A vós suspiramos, gemendo e chorando, neste vale de lágrimas… Alguém já se perguntou por que existe tanto sofrimento no mundo? Acredito que essa pergunta pergunta acompanhe nossas vidas vidas todos os dias. dias. Não é preciso preciso ir long ongee para ver o sofrimento estampado no rosto de tantas pessoas: na rua, nos hospitais, na família, no trabalho, na igreja. As dores estão por toda parte. E quem será o culpado de tudo isso? Será Deus? Ou serão os homens? Os ignorantes na fé certamente culparão a Deus por todas as barbáries do mundo, explicando que, se ele construiu tudo, então ele também é a razão dos males. Mas, para os homens e as mulheres de fé, Deus certamente não tem nada a ver com isso, pois se ele viu que tudo era bom e se encantou com sua criação, não pode nos causar mal algum. Recorremos a Maria para entender a origem do sofrimento. Nós poderíamos dizer que, se Maria foi escolhida para ser a mãe do Senhor, então ela não tinha o direito de sofrer. Antes de tudo ela é criatura, mulher, humana. Já experimentou o sofrimento na Anunciação, quando o anjo deu aquela assustadora notícia: será a mãe do Salvador. Depois Simeão revelou que uma espada de dor transpassaria seu coração, prenunciando a morte do Filho. E finalmente vemos Maria na hora da condenação, na via-crucis e aos pés de Jesus no Calvário. Calvário. Se vasculharmos o tempo podemos imaginar também que Maria sofreu na despedida do Filho, quando ele começou sua missão pública. Toda mãe quer o filho perto, separarse é um momento doloroso. Maria chorou, derramou lágrimas. Doeu o coração ao ver o Filho morto. Feriram-na as acusações dos mestres da lei e dos fariseus. Sofreu impotente. Rezou Rez ou e confiou. confiou. Ela tem muito a nos ensinar. Passamos por muitos vales de lágrimas e sofrimentos. O sofrimento ajuda a amadurecer a humanidade e prepara o caminho da santidade. Saber sofrer com sentido é a chave para entender a vida e seus dramas. Aqueles que fogem do sofrimento serão eternos sofredores, amargos, angustiados, revoltados, pois não entenderam que o caminho para a perfeição é a cruz. Maria estava aos pés da cruz e carregou sua própria dor. Chorou e silenciou. Refletiu e amou. E o que fazer para sofrer com dignidade? A esperança é a luz na escuridão. Disso Maria sabe muito bem. Não podemos nos desesperar diante dos holocaustos. A graça de Deus age silenciosamente na perseverança de cada um. O mundo está banhado em lágrimas. Quiçá consigamos tocar os corações e fazê-los acordar para a fé. Com a ajuda de Nossa Senhora e com a Eucaristia no coração, entenderemos que a oferta que Deus 22
nos faz é para a felicidade de todos. A vós recorremos, mãe querida. Dá-nos o melhor vinho, que cura as amarguras e restaura a vitalidade da alma. Que de nossas lágrimas surjam fontes de água viva para saciar a sede da Criação. Assim seja!
Eia, pois, advogada nossa… Na oração que estamos meditando, meditando, a interjeição nterjeição “eia” sig signifi nifica ca animar, animar, estimul estimular, ar, motivar. E “advogar” traz como sinônimo defender, interceder por alguém. “Eia, pois, advogada nossa”. Maria é a mulher que anima e defende seus filhos. Ela se coloca diante das situações inusitadas e traiçoeiras para interceder e prestar auxílio. Todos os dias nos tribunais há milhares de processos com causas diversas a serem resolvidas. E ali estão os advogados defendendo ou acusando, fazendo de tudo para que suas causas tenham êxito. Conhecemos muitas pessoas nesse meio que não medem esforços para que a Verdade seja respeitada e o réu, absolvido. Há também muitas injustiças no mundo que precisam de boas defesas para que se tornem luz. Bons cristãos deveriam ser ótimos advogados em favor do próximo, sobretudo em favor da vida. Nossa sociedade sociedade indivi ndividual dualiista exerce exerce um domínio domínio grande sobre si mesma e fecha as portas para qualquer qualquer manifestação manifestação do sagrado. sagrado. Estamos envoltos envoltos em trevas e não nos damos conta de que criamos uma enorme distância em direção a Deus. Quando a “maré começa a subir”, então procuramos ajuda e quem nos defenda. Esse movimento deveria ser contrário. Quem busca Deus sempre e permanece com ele não precisa de favores, pois pois já tem sua bênção reconhecida. reconhecida. Maria Maria nos ensina ensina precisamente precisamente isso, a confiar confiar sempre, justamente porque a relação com Deus não é uma troca de favores, e sim uma comunhão de amor plena e sagrada. Deus não coloca o ser humano diante de si como um réu para condená-lo. Diante de Deus só há misericórdia e compaixão. Graças à bondade de nosso Deus, temos Maria como nossa defensora. Sendo ela particip participante ante ativa ativa do mistéri mistérioo da salvação, salvação, sabe muito muito bem o que deve fazer para nos livrar da condenação. É evidente que nossa relação com ela não deve ser casual, como costuma acontecer aos desesperados que buscam o divino quando estão com “a corda no pescoço”. A mãe é precisa, precisa, sábia, sábia, fiel fiel e companheira, companheira, porém nunca invade nossa liberdade. Não poderá nos livrar das ameaças do maligno sem que a busquemos ou a “contratemos” para defender nossos interesses. Como advogada, cabe a ela o papel de nos ajudar a encontrar nosso caminho e os meios para colocar em prática o que nos foi confiado. Suplicamos a Maria que nos envolva com sua ternura e jamais nos deixe fora do Reino de seu Filho. Sem Deus nada se consolida; a realidade torna-se pesada demais e a vaidade engole nossa vida espiritual. Que a Salve-Rainha nos dê pés firmes para pisarmos pisarmos na cabeça da tirana tirana serpente que eng engana ana os corações e envenena o cotidi cotidiano ano com Deus. Que ela nos defenda das acusações que pesam nos ombros de tantos cristãos, persegui perseguidos dos por acreditarem, acreditarem, ofendidos ofendidos por causa da esperança. Que Maria Maria nos ensine ensine a 23
praticar praticar a justiça justiça e nos estimul estimulee a lutar pela pela vida vida cada vez mais ameaçada em nosso planeta. planeta. Sal S alve ve Maria!
Esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei… Quando nós entramos em uma igreja, capela, ou mesmo em uma loja de artigos religiosos, para ver ou adquirir uma imagem, a primeira coisa a observar antes da escolha são os olhos. Nós estamos acostumados a ver as imagens, rezar diante delas, levá-las para casa sem antes conhecê-las conhecê-las e ver se nelas nelas estão os traços da piedade piedade que motivou motivou aquele santo ou santa a dar a vida por Cristo. Podem até se perguntar, mas por que devemos observar os olhos? A explicação é fácil: há algum tempo, um amigo, sacerdote e artista (padre José Alberto Spíndola, cmf) disse-me que os “olhos de um santo devem retratar e deixar transparecer a piedade”. Concordo plenamente com essa afirmação, pois os olhos retratam a divindade da alma. Na oração que estamos meditando meditando nos é oferecida a oportunidade oportunidade de contemplar contemplar o olhar de Maria. Essa experiência deve ser feita por cada um de seus filhos. Quando você estiver diante de uma imagem de Maria, pode ser um quadro, uma estampa, não deixe de olhar nos olhos dela. Esses olhos misericordiosos nos falarão tudo que precisamos ouvir antes mesmo de dizermos uma palavra. Faça um exercício com sua imaginação diante das cenas bíblicas que mostram a ternura de Maria. Imagine Maria diante do anjo com seu olhar de espanto e admiração. Pense na cena do nascimento de Jesus, quando Maria olha pela primeira vez para o menino, que maravilha! Imagine quando ela visitou Isabel e foi chamada de bem-aventurada, seus olhos brilharam de tanta alegria! Imagine seus olhos atentos nas bodas de Caná, quando faltou vinho e ela viu o milagre acontecer! Imagine Maria aos pés da cruz, agora com seu olhar de dor, de tristeza, de solidão, lembrando da espada amarga em seu coração! Imagine a mãe no Pentecostes sendo consolada pelo Espírito! Ao longo de sua vida, os olhos de Maria contemplaram o profundo amor de Deus. A piedade piedade sempre a envolveu. Poderíamos P oderíamos até substitui substituirr “olhos misericordi misericordiosos” osos” por “esses olhos piedosos” que nos conduzem igualmente ao centro do mistério de Cristo. Não podemos confundir confundir piedade, piedade, que sig signifi nifica ca “amor e respeito respeito pelas pelas coisas coisas sagradas”, sagradas”, com puritani puritanismo, smo, que não condiz condiz com atitudes atitudes santifi santificadoras. cadoras. A piedade piedade caminha caminha com a misericórdia. Um coração piedoso sabe acolher; não julga, não aponta os erros, não condena, simplesmente volta-se para o céu. Por isso, os santos sempre estão com os olhos voltados para o céu, pois para olhar por nós antes de tudo buscam a luz de Deus, veem Deus e nos tocam com seu amor. Maria será sempre a mãe misericordiosa e piedosa a nos olhar desde o céu. Em linguagem simbólica, Maria nos olha desde cima, nos toca a alma, para que de nosso frágil barro nos elevemos ao Altíssimo. A graça desce e nós ascendemos! Peçamos a Maria que nos conceda muita luz para olharmos as pessoas com piedade e respeito, com dignidade e compaixão. Quando sentirmos desaparecer a chama da fé, olhemos para o 24
céu ou para os olhos de Maria. E, se isso nos faltar, olhemos para quem está próximo. Deus aí está! Que espetáculo!
E depois deste desterro mostrai-nos Jesus… Antes de prosseguir com a reflexão, tomei a liberdade de buscar no dicionário Aurélio uma definição sobre a palavra desterro, que quer dizer exílio, banimento, deportação, afastamento, expatriação. Certamente o autor inseriu essa frase na oração depois de ter passado momentos fortes de sofrimento e agonia. agonia. Na Salve-Rainha Salve-Rainha desterro nos remete à trajetória humana de conflitos e crises que cotidianamente passamos. Também nos insere na caminhada de Jesus para Jerusalém, onde foi condenado, sofreu a paixão e a morte. Podemos, a partir desses dados, aprofundar um tema importante e quase sempre motivo de fuga para nós: a morte. Devemos falar da morte como um acontecimento natural antes de pensá-la como fim sem sentido. Morte sempre traz uma carga de dor, de penitência, de sacrifício, enfim, de tudo aquilo que se contrapõe ao nosso existir. Ao longo da história da salvação, começando lá no livro do Gênesis, o povo sempre passou pelo deserto para fugir da escravidão e da morte com o objetivo de encontrar a Terra Prometida. Esse clamor por libertação está estampado em quase todas as páginas da Sagrada Escritura. Os profetas foram taxativos em sua defesa pela vida e na denúncia da cultura de morte da época. Depois vem Jesus Cristo, que faz um verdadeiro apelo à conversão em vistas da santificação. Em todas as épocas existiram exilados, expatriados, deportados, persegui perseguidos, dos, sofredores, morte. E depois desse desterro ou desse exílio, ou afastamento, vem-nos uma chuva de entusiasmo e consolação. Nenhuma morte deve ser sinal de lamento, mas sim de esperança. Nessa oração, Maria Maria nos mostra o caminho para a realização realização integral integral da pessoa: Jesus Cristo. Depois do desterro é tempo de saborear os dons de Deus, a plenitude da paz, o encontro com a certeza da ressurreição. Tal é a importância de que o caminho para Cristo seja claro. O discernimento nos leva para o Deus da vida, em que todas as coisas se transformam e nada se perde. A mãe está sempre ocupada conosco, aponta sempre a saída para o amor. Sua infinita maternidade nos guia ao poço onde homem e Deus bebem da mesma fonte. Que ela escolha as flores para nosso jardim e as sementes para nosso plantio. Prepare-nos a mesa para a refeição e nos embale em seu colo. Quando as lágrimas escorrerem por nossa face, ela as enxugará com o manto da divina providência. E assim as lágrimas regarão o jardim, e das sementes se erguerão árvores fecundas com frutos doces. Passará o tempo da dor, da morte, da solidão, e sentados à sombra de Deus desfrutaremos do Novo Éden. Enfim, o Paraíso com a Trindade, com Maria, com a criação. Que nosso desterro não seja em vão. Que o tempo de exílio nos leve a compreender quem realmente somos e o que Deus quer de nós. Santa Maria do 25
caminho, levai-nos a Jesus!
Bendito fruto do vosso ventre… Na Sagrada Escritura Escritura há diversas diversas passagens passagens que falam falam da bênção de Deus. Em Deuteronômio 28,2.4.9 lê-se: se obedeceres à voz do Senhor teu Deus… bendito será o ruto do teu ventre, o fruto do teu solo, o fruto dos teus animais… Portanto, a bênção é sinônimo de escuta e obediência à palavra do Criador. Representa também fertilidade e realização plena na vida. Significa que Deus concede a cada um de nós todas as possibi possibillidades e chances chance s para sermos felizes. felizes. Nas famíli famílias mais tradicio tradicionai nais, s, com menos intensidade ntensidade hoje, ainda ainda é costume dos filhos pedirem a bênção aos pais, aos avós e aos tios. Ao responderem “Deus te abençoe”, é como se eles dissessem: “Você é bendito entre nós”. O caráter da bênção é sempre santificador e supõe um sincero reconhecimento de que Deus está conosco, conduzindo-nos, amando-nos, confiando em nossas capacidades. A bênção não produz frutos apenas em quem a recebe. Àquele que a oferece lhe é concedido o poder de agir em nome de Deus. Quando alguém diz “Deus te abençoe”, recebe uma força especial que gera vida, pois bendizer é fecundar o deserto e fazer prosperar a redenção. Maria sempre foi bem-aventurada, a mulher bendita por excelência que simplesmente acolheu o tempo de Deus e transformou-o em salvação para os homens e mulheres de todos os tempos. Maria foi abençoada e gerou a bênção. Bendito é o fruto dessa mulher que trilha os caminhos do Senhor com uma fé incomparável. Tanto a fé de Maria como a nossa são sinal de esperança para todos os peregrinos que já começaram o caminho com Cristo para a Cidade Santa. Bendizer o Pai pela encarnação do Filho é elevar aos céus um culto agradável, oferecer incensos ao Deus santo, colocar-se a serviço do Evangelho e tomar consciência do batismo, o verdadeiro natal de cada cristão. Pois naquele dia fomos consagrados, recebemos a bênção que liberta o homem da insignificância e da superficialidade trazidas pelo pelo pecado. Na unção do Espírito Espírito revela-se revela-se o autêntico autêntico valor valor do ser humano. De fato, em Cristo somos novas criaturas, transformadas pelo gesto da cruz que vislumbra o horizonte, o início da era da verdade, onde nossos pés podem pisar. E Maria também estava lá. Assim como abençoou seu Filho no nascimento e no calvário, impôs-nos as mãos reafirmando que somos amados de Deus, queridos por natureza, fortes na fé. Querida família cristã, eis aqui mais uma oportunidade que Deus lhe concede para exercer seu ministério: abençoar. Vamos nos comprometer em recuperar este grande tesouro espiritual que a cada dia torna-ses mais raro. Abençoe, peça a bênção. Isso fará a diferença. diferença. Que, a exemplo exemplo de Maria, Maria, nosso Magnificat seja ouvido e acolhido por todos. Magnifi cat seja Bendito aquele que abençoa. Bendita seja a grande mãe de Deus e nossa pelo fruto de seu ventre! Dá-nos sempre, mãe do divi divino no Amor, Amor, vossa bênção protetora! Assim Assim seja!
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Ó clement cl emente, e, ó piedosa, piedosa, ó doce sempre sempre virgem vi rgem Maria… Existe uma belíssima música cantada pelas Irmãs da Copiosa Redenção, cuja letra foi escrita por santo Afonso Maria de Ligório, intitulada “Dulcíssima Esperança”. Um dos versos diz o seguinte: “Dulcíssima Esperança, meu belo amor Maria, tu és minha alegria, a minha paz és tu… Meu coração é presa do teu amor clemente, a Deus farás presente do que já não é meu” (CD Almas Esponsais ). Isso resume tudo o que há de maravilhoso em Maria: doce, esperançosa, bela, amorosa, alegre, clemente. Qualidades que dão leveza e elegância a essa preciosa e divina criatura. É difícil não se apaixonar pela doçura de seu “sim”, pelo seu materno coração, sacrário vivo de onde emanam rios de água benta. Ó clemente mãe, no compasso do tempo com os pés firmes e apressados corremos ao encontro de quem nos espera. Bate nosso coração ansioso por ver na colina a transfiguração revelada por teu Filho. Ele nos espera e, como tu, clama por nosso zelo, pela pela nossa soli solidariedade, dariedade, pela pela vida vida doada, transformada em pão para os hóspedes famintos. Digna mulher com um suave toque de santidade que exala amor por onde passa. Saíste do altar altar para socorrer tua parenta. E quanta alegri alegriaa com a revoada de pássaros anunciando tua chegada. Eis a serva do Senhor, que se sente atraída pelos pelos olhos de Deus. Apaixonada pelo mistério. Fiel, sempre fiel à Páscoa. Hoje, infelizmente, os homens estão surdos, calados, cegos. Quando tu vens, alguns nem percebem. Basta o perfume das divinas rosas para saber que a misericórdia se manifestou. Trouxeste há muito tempo o perfume que inebria nossa alma. Já é tarde e ele não passa. Avançam as horas de cansaço nesta terra e mesmo assim sentimos Jesus latejando em nosso coração. Tu és a bem-aventurada, a responsável pela felicidade que sentimos. A ti rendemos graças pela total libertação. Só nos resta esperar com as lâmpadas acesas a visita do Pastor. A vergonhosa nudez de Eva foi coberta pela piedade de tuas entranhas. O tempo da cegueira se foi e no lugar habita Deus, e em Deus “tudo fará presente do que já não é meu”. “Dulcíssima esperança, meu belo amor Maria”, és consolo que acalma, mensageira da paz, crente por vocação. Tua presença enriquece nosso espírito tantas vezes abatido pela pela dúvida. dúvida. Tua luz cega quem não quer ver e faz brotar raios raios de um novo sol. sol. Meu belo belo amor Maria, Maria, carinhosamente carinhosamente sempre presente. Teu olhar olhar bendito bendito verte suavidade. suavidade. Tua virgindade nos incita a acolher a sabedoria revelada aos pequeninos. Doce castidade em defesa da vida sagrada, que se levanta como clamor e testemunho para quem não deixa o pastor entrar. Fica conosco, virgem mãe, clemente e doce. Da tua pureza vem uma voz do alto: “Este é meu filho amado”. Esta é nossa certeza, de que somos filhos amados do Pai, e por meio de ti isso se confirma porque também tu és a amada do Altíssimo. Salve rainha, salve sempre. Bendita entre as criaturas. Tu nos cativaste para Deus! 27
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo! Com esta petição, acrescentada à oração da Salve-Rainha (a última parte) muito depois pelo povo, concluímos as meditações dessa maravilhosa e enriquecedora oração mariana. Já temos o suficiente para começar a rezar com mais fervor e nos relacionarmos com Maria de maneira prazerosa e filial. E assim se completa a oração da
Salve rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois, advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei! E depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso ventre, ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria. – Rogai por nós, Santa Mãe de Deus. – Para que sejamos dignos das promessas promessas de Cristo! Cri sto! Neste últi último mo texto, texto, das meditações meditações da Salve-Rainha, Salve-Rainha, se me permitem permitem os leitores, eitores, elevo um hino de ação de graças à Mãe piedosa e clemente que tanto nos ensina. A vida é poesia, principalmente a vida de Maria:
Os anjos desceram do céu com luzes nas mãos. Procuraram Procuraram a menina meni na dos sonhos de Deus. Depois de vasculhar todos os cantos da terra, pararam no centro centro da fonte. Só lá é que oderia estar. Como saber o que Deus pensa? Que forma tem essa criatura? Deus dá um sinal para encontrá-la: a ternura. amada de Deus é ternura. Traz nos olhos a pureza que não há em outra mulher. Traz nas mãos a leveza que segura a certeza. o corpo conserva a integridade de quem nunca pecou. o coração leva a esperança. os pés, a disponibilidade com responsabilidade. E os anjos se perguntam: perguntam: existirá exi stirá alguém assim? Procuramos Procuramos no lugar errado. Esta criatura cri atura tão divi di vina na só pode estar no céu! É lá que devemos buscar. buscar. Senhor, procuramos a ternura e não a encontramos. Só pode estar no céu! E Deus volta a insistir: insi stir: é tão divina, di vina, por isso i sso é tão humana. Os anjos desceram do céu com mais fogo nas mãos. 28
Pararam na simples si mples cabana habitada habi tada apenas por um casal e uma jovem. Onde está a ternura de Deus? Reconheceram a filha fi lha predileta e cantaram c antaram hosanas. Iniciaram Inici aram a dança das luzes, e o céu se abriu. Hoje o Senhor te visitou, visi tou, encontraste graça, Ele sorriu. sorri u. Salve, Rainha, filha do povo, Mãe do Senhor. Tua grandeza fez Deus se apaixonar. O povo que andava nas trevas viu o clarão. De um Deus enamorado só vêm amor e compaixão. compai xão. Qual a tua resposta, doce senhorita? Como acontecerá se estou só? Por unção do Espírito! Espíri to! Por amor do Espírito! — Eis Ei s aqui a serva do meu Senhor! É toda dele que eu sou! ão sou digna de ser Mãe do Salvador. Ternura és tu, meu Senhor! Cumpra-se em mim a tua vontade. Toda tua, toda para meus filhos!
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O S MISTÉRIOS DO ROSÁRIO
Não se sabe ao certo a origem origem dessa devoção, mas tudo leva a crer que seu precursor foi São Domingos de Gusmão (1170-1221), que, ao se preparar para combater uma heresia (a dos albigenses) em defesa da fé cristã, teve uma visão de Nossa Senhora. Ao que parece, o Rosário surgiu para resolver um conflito na ordem dos frades mendicantes que no século XII quiseram introduzir um novo tipo de vida religiosa, diferente dos antigos monges beneditinos e agostinianos. Estes rezavam diariamente em seus mosteiros os 150 salmos do Saltério, e essa nova ordem mendicante não podia acompanhar esse ritmo, pois muitos eram analfabetos. Devido a isso, veio a substituição dos salmos pelas 150 ave-marias, ou seja, o “Saltério de Nossa Senhora”. A partir daquele momento, o Rosário entrou com grande força na tradição da Igreja e mantém viva a devoção e o amor à Mãe de Deus. Em diversas ocasiões na história, a Igreja exortou os fiéis a buscarem a proteção de Maria, promovendo intensas campanhas de oração por meio do Rosário . Nos momentos mais cruciais, em que a fé católica parecia sucumbir diante dos males da humanidade, o Rosário foi e continua sendo uma arma poderosa para o crescimento e amadurecimento espiritual. Em torno do Rosário famílias inteiras se reúnem, e até mesmo aqueles que não são praticantes da fé buscam nessa prática um auxílio e um profundo encontro com Deus por meio de Nossa Senhora. Os mistérios que nos convidam a entrar na vida de Cristo e a participar de sua divindade nos trarão novo vigor e ânimo para decidirmos sempre pelo bom e pelo belo. Sem dúvida que, após essa série de reflexões, rezaremos os mistérios do Rosário com uma nova consciência e com renovado ardor, convictos de que, por meio da oração, nos fortaleceremos e iluminaremos o mundo com a luz de Jesus Cristo.
O que é o Rosário? Inicialmente é salutar esclarecermos a origem do nome “rosário”. Na história dos povos, sobretudo, nos lug ugares ares onde os reis go governavam, vernavam, era costume do povo oferecer uma coroa de rosas (guirlandas) a sua rainha em sinal de respeito e acolhida. Ao longo dos séculos os cristãos transferiram este hábito para homenagear Nossa Senhora, rainha do céu e da terra, oferecendo-lhe também uma coroa de 150 rosas (ave-marias). Daí é que vem o nome rosário, dividido anteriormente em três partes, formando cada uma 30
delas um terço do Rosário. A cada dez ave-marias contempla-se um mistério da vida de Jesus Cristo (nascimento – paixão/morte – ressurreição). Ao longo de tantos séculos, o Rosário teve essa estrutura, até que, em 16 de outubro de 2002 o papa João Paulo II acrescentou os cinco mistérios luminosos, que se referem à pregação de Jesus. Assim, o Rosário passou a ter 200 rosas oferecidas a Nossa Senhora em sinal de amor, gratidão e petição petição do povo. O que levou o Papa a reafirmar a devoção ao Rosário foi sem dúvida o conflito que o mundo pós-moderno vinha passando, com a desestruturação da família, gravemente afetada pelas desigualdades e pelo capitalismo. A exortação do Papa proclamando aquele ano como o ano do Rosário foi sem dúvida uma ação do Espírito Santo. Para muitos o Rosário não tem sentido algum. É pura e simples repetição, uma oração mecânica que não traz nenhum benefício. Mas, os que se unem a Cristo por meio de Maria e contemplam seus divinos mistérios encontram algo sublime, que permite fazer uma autêntica e sensível experiência de Deus. Ao contrário do que muitos pensam, a oração do Rosário é profundamente cristológica, pois tem Cristo como centro de referência vital. Maria insere-se nesse contexto com absoluta entrega, apontando ao fiel a luz que ilumina os povos. Ela em sua simplicidade convida os filhos a rezar, não para enaltecê-la ou para colocá-la em primeiro lugar no plano da salvação, mas para que os corações cheguem ao Altíssimo e se encontrem com a fonte da graça donde emana toda doçura e divindade. Maria convida o cristão a entrar nos mistérios da vida de Cristo e com isso promove a evangelização no seio da Igreja, fazendo assim com que muitos sejam atraídos e salvos pela fé em seu Filho. O Rosário está presente em todos os lugares. Nos lares mais sofisticados e nos mais simples, nos homens e mulheres de muita ou pouca fé, na vida dos alfabetizados e dos que não têm leitura, mas que receberam da tradição o dom de rezar. Durante muito tempo, enquanto a missa era rezada em latim, as pessoas rezavam o Rosário para não se distraírem. Isso fez com que muitas pessoas perseverassem na fé e encontrassem na meditação dos mistérios da paixão, morte e ressurreição de Jesus um novo alento e esperança para suportar as tempestades da vida. Com isto, Maria sempre esteve presente, sempre nos atraindo para Cristo. Cristo.
Mistérios gozosos O Rosário convida o fiel a entrar nos mistérios da vida, paixão, morte e ressurreição de Cristo. É uma viagem pela fé para aprofundar o seguimento à pessoa de Jesus, que veio ao mundo como “luz para as nações”. Tradicionalmente se reza nas segundas-feiras e aos sábados os mistérios gozosos, que nos levam a meditar os acontecimentos referentes ao início da vida de Jesus, ou seja, o relato da Anunciação do Anjo a Maria, a visita de Maria a Isabel, o Nascimento de Jesus, a apresentação de Jesus no Templo e o encontro do menino Deus entre os doutores da Lei. O gozo é traduzido por prazer. É a satisfação que sentimos diante de um fato ou 31
acontecimento que nos dá alegria. É uma experiência espiritual que não se pode medir, portanto, uma realidade realidade única única na vida vida de cada um. O prazer está lig ligado à vida. vida. Tudo o que leva ao crescimento, ao amadurecimento, ao desejo de melhorar pode ser entendido como gozo, felicidade, satisfação. Concretamente, dentro do itinerário espiritual essa sensação que não é passageira e sim eterna comunica o que está na origem de todas as coisas criadas: Deus criou todas as coisas e viu que eram boas. Os mistérios gozosos abrem a cortina para um novo olhar na história da salvação. Os cinco mistérios que se contemplam aqui são sinal de que Deus sente pela criatura humana um imenso gozo, uma imensa alegria, a ponto de encarnar-se por meio de seu Filho. Em outras palavras, Deus, com o anúncio do nascimento de Jesus, se reencanta com a humanidade. Toma gosto por sua criação e desconsidera a corrupção gerada no mundo com a perda e o desencanto de Adão e Eva. Esses cinco primeiros mistérios de encontro, preparação e acolhida ao Salvador nos levam de volta ao início de nossa trajetória. Ao contemplar os acontecimentos da infância de Cristo, nós, seus seguidores, podemos retomar um caminho de luz que nos foi infundido desde o início e descobrir por assim dizer o verdadeiro sentido de nossa vida, o projeto que Deus tem para nós e o que realmente realmente faremos para colaborar colaborar com ele ele na passagem passagem por esta vida. vida. É um tempo necessário necessário de entusiasmo entusiasmo e vivênci vivência, a, uma real tomada de consciência para seguir amando e comprometendo-se com o Deus da vida. Na meditação meditação desses mistéri mistérios os nos encontramos com Maria: Maria: mulher, mulher, mãe, servidora, servidora, fiel. Ela mesma nos mostra o que vivenciou. Ela mesma nos faz entender o que estamos buscando e onde queremos chegar. chegar. Em sua humil humildade e verdade, Maria Maria consegue consegue tocar os corações, consegue abrir os olhos para acolher a luz, e ainda nos dá alegria de sermos novas criaturas. Nos encontros com a Mãe, ela mesma nos agarra pelas mãos e nos coloca de frente para o Filho, e assim poderemos brincar ao som da divina voz que harmoniosamente nos diz: “Eis o meu filho amado, o escolhido, vem fazer parte da minha festa”. Que os mistérios gozosos nos ajudem a viver melhor, a retomar o caminho santo que está em nossa essência. Com a ajuda de Maria vamos em frente, pois o Filho nos aguarda.
Primeiro Primei ro mistéri mis térioo gozoso: o anúncio anúncio da encarnação do Filho de Deus A narrativa do anúncio do nascimento de Jesus Cristo está em Lucas 1,26-38, e certamente esse texto tem muitos significados para os que o meditam. O primeiro mistério gozoso é o início da manifestação amorosa de Deus ao reclinar seu coração para uma jovem de Nazaré e convidá-la para ser a Mãe do Salvador. Quanta alegria no encontro com Maria! Para Deus não existe tempo cronológico como concebemos o nosso; existe o tempo da graça, que consiste em mudança de caminhos. É exatamente esse tempo da graça que contemplamos neste mistério. A encarnação de Jesus dá um novo rumo para a história da humanidade. Pode-se 32
dizer que, com a vinda de Jesus, a criação se completa e recebe do Alto o grau de santidade que nenhum outro recebeu. Jesus desce a nossa humanidade e nos eleva ao Pai. Já não somos meros mortais, e sim filhos do eterno Deus por excelência, pois recebemos dele a energia vital capaz de ressuscitar o que estava morto. Em Jesus, a pessoa é elevada à divindade. divindade. Eis o mistério mistério da fé! Porém, esse evento salvífico só foi possível devido à colaboração da jovem Maria, mulher temente a Deus. A escolha de Maria é um mistério. Somente Deus pode revelar seus motivos. O que entendemos é que ela humildemente encantou o Pai e não contestou o tempo do divino. Simplesmente disse: “Faça-se”, e se comprometeu. Nada e ninguém pode contestar que o amor de Deus fez maravilhas maravilhas em Maria Maria e ela ela respondeu compassivamente permitindo que seu ventre viesse a ser habitação do Mistério. O ventre de Maria torna-se já o presépio onde os povos se encontram. Deus envia seu mensageiro para dar a notícia. Gabriel torna-se a voz do Altíssimo e comunica que uma grande alegria está prestes a acontecer. Maria vê no anjo a plenitude dos tempos e deixa seu olhar cruzar o limiar da fé. Por instantes esquece de si e corre ao encontro da glória, pois o poderoso fez nela sua morada. A virgindade torna-se fecunda, e do “broto de Jessé” vem uma mão de encontro com as necessidades do povo. Deus em Maria abraça o pecador. A história de misérias acabou, pois a “graça superabundou”. Bendito seja o Anjo que a terra visitou! O espanto da Virgem é agora enaltecido pelo dom supremo da vida. A encarnação do amor é a certeza de que tudo é possível. Em Jesus, o Emanuel, a beleza volta ao centro e as luzes se encontram. O desespero não é mais permitido, e a corrupção coloca a veste da festa. A escuridão sucumbe, e até mesmo o que perambulava já sente que a vida tem sentido. Ao rezar este mistério, vamos deixar o Deus encarnado tomar conta dos pensamentos e das nossas atitudes. Vamos prestar atenção aos gestos de Maria, que singelamente acolhe a novidade do Anjo. Deixemos o mundo das dúvidas e dos questionamentos e acolhamos a era da consolação. Como Maria foi a protagonista desse evento, coloquemo-nos no lugar dela e deixemos Deus falar. A encarnação de Jesus é o verdadeiro sentido da vida.
Segundo mistério mistéri o gozoso: a visita de Maria a Isabel O evangelista Lucas narra o encontro de Maria com Isabel (Lc 1,39-46) como um acontecimento singular. A narrativa apresenta alguns elementos que nos são importantes para aprofundar a meditação meditação dos mistéri mistérios os do Rosário . Ao saber que Isabel estava grávida e que precisava de ajuda, Maria deixou seus afazeres, seu mundo, seu conforto, seu marido para socorrer a necessitada. É um grande gesto de solidariedade que ultrapassa qualquer entendimento. Podemos dizer que nessa atitude se revela a grandeza de Deus. Maria, mais uma vez, se mostra ativa e responsável pela pessoa humana. Se antes, com o “sim” verdadeiro e sensível, já se apresentava como a medianeira na história da salvação, agora, com a disponibilidade, reafirma seu compromisso com o Pai. 33
Precisamos aprender com a mulher Maria a melhor maneira de chegarmos aos necessitados, como lhes dar alegria, fazerlhes o bem neste mundo contraditório, que não se sensibiliza com a dor e o sofrimento dos menores. Precisamos aprender com Maria a humildade que sobrepõe os interesses pessoais aos dos outros e irradia paz e confiança neles. Precisamos aprender com Maria que o caminho para a realização é Jesus Cristo. É uma realidade: quando visitamos alguém, levamos um pouco de Deus e recebemos tudo de Deus. Na visita de Maria a Isabel dá-se o encontro do velho com o novo, dá-se o encontro entre Jesus e João Batista, ambos ainda no ventre de suas mães, ambos rejubilando de alegria, pois o amor é transcendente. No encontro dessas duas mulheres, um brilho no olhar e a indagação da visitada: “Como posso merecer que a mãe do Salvador venha me visitar?” De alegria Isabel vibra, e o menino salta em seu ventre glorificando a Deus por tão imenso amor. Quando visitamos alguém, nosso espírito se renova e se enche de entusiasmo, pois solidarizar-se com os outros é divino, é como sentir o próprio toque de Deus e contemplar sua face que irradia confiança. Que este seja um exercício em nossa vida e um eterno aprendizado para que o coração não se atrofie por falta de amor. Temos em Maria o exemplo. Visitar alguém é um gesto simples, descomplicado, sem preocupações com o que falar ou com o que levar. É também uma experiência de Deus, que se comunica no silêncio. O fato de Maria estar com Isabel já é a antecipação da graça e a certeza de que podemos fazer mais pelo nosso semelhante. Que ao meditarmos neste mistério nos enchamos de gozo e agradeçamos ao Pai por tantos dons que ele nos concede. Façamos um propósito de mudar nossas vidas e a de tantos irmãos que ainda não foram visitados. Que nosso coração carregue a luz, e que Maria nos ensine a amar sem medidas, despojadamente, com caridade. Maria da Visitação, o querer do Pai se antecipa ao teu; tua fé simplesmente respondeu à exigência do amor. Fostes sem pressa atender àquela mulher esperançosa. Quanta ternura num simples olhar! Corações agradecidos em festa. E onde Deus está, os olhos se curvam para que a pobreza revelada seja a vitória. Ensina-nos, Mãe da Visitação, a levar a Deus sem esperar recompensa e a irradiar teu silêncio aos desesperados. Que assim seja. Amém.
Terceiro mistério gozoso: o nascimento do Filho de Deus Neste mistéri mistérioo do Rosário Rosário contemplamos contemplamos o nascimento nascimento do sol na perspectiva perspectiva da unidade entre os povos. Jesus, o Sol da Justiça, traz ao mundo desencontrado a graça que completa e dá sentido ao maravilhoso amor de Deus. Somos partícipes da Encarnação à medida que acolhemos o Sol da vida que ilumina e faz germinar a esperança nova para todo o gênero humano. Contemplamos também a divindade de Jesus manifestada em sua pobreza. Na manjedoura simples, posicionada no canto do estábulo, apresenta-se o rei com vestes da pureza e sem acessóri ace ssórios. os. Nasce a pleni plenitude tude no meio do supérfluo templo templo rodeado apenas 34
pelos pelos seus, por aqueles aqueles que já o acolheram acolheram antes de sua chegada, chegada, pelos pelos que esperavam desde os tempos da promessa sua vinda decisiva. Aqueles corações em festa somente contemplaram a encarnação da bondade. Deus mesmo se fez homem e veio para mostrar que esse mundo com Jesus encontra seu único e autêntico significado. A criação inteira bebe na fonte da manjedoura e inici niciaa um movi m ovimento mento ascendente de compromisso compromisso com o Encarnado, com o próprio Criador. Anjos cantam louvores, os animais se prostram, os pastores se maravilham, maravilham, Maria Maria e José celebram celebram o dom de ser família, família, e nós humildemente adoramos o mistério sem nada perder. O nascimento de Jesus é a chave para a caminhada do ser humano, que precisa de um referencial a fim de realizar sua vocação, seu chamado. É a resposta para a santidade. É o complemento para edificarmos as motivações e os valores éticos de todas as nações. E dessa maneira é o mistério que nos leva a concretizar nossos ideais e reforçar os sonhos cristãos tão violentados no mundo pós-moderno; no mundo que fugiu do amor de Deus e que sente o vazio e as consequências drásticas de suas escolhas. Esse nascimento é a oportunidade para que todos os batizados sigam em direção ao Ressuscitado e façam de suas vidas um espaço de serviço ao próximo. O Natal é a festa das famílias que fortalecem seu testemunho cristão. Diante do menino Deus, a Mãe Maria vislumbra todas as mães e oferece o precioso dom da maternidade àquelas que o negam; o pai José mostra sua paternidade aos homens irresponsáveis e infiéis; e, juntos, a Sagrada Família de Nazaré ensina às famílias do mundo inteiro que o segredo da vida está na vivência equilibrada das relações interpessoais. A família é o primeiro espaço de salvação e o lugar onde Deus fala e se revela. Que o Natal seja para nós a festa da renovação; junto com Maria e José, deixemos de lado o desencanto com a vida e passemos ao crescimento crescimento humano e espiri espiritual tual por meio da fé. Façamos de nossa existência um contínuo nascimento de Jesus Cristo, a fim de celebrarmos com ele nossos próprios próprios dons. Natal é festa de luz, festa que a Deus nos conduz!
Quarto mistério gozoso: Jesus é apresentado no templo templ o Quarenta dias após o nascimento de Jesus, seus pais o levaram ao templo para ser consagrado a Deus, conforme a tradição judaica da época. Nós encontramos essa narrativa no evangelho de Lucas, onde se lê que todo primogênito do sexo masculino (Lc 2,22ss). A festa da Apresentação do Senhor remonta ao será consagrado ao Senhor (Lc século IV, em Jerusalém, e ao longo da história tornou-se também uma festa mariana, que celebra a obediência de Maria à lei no que diz respeito a sua purificação. É mais do que um rito, é uma experiência de fé naquele que torna possível todos os acontecimentos. Maria leva ao templo a luz encarnada na história e consagra o mundo ao Deus providente providente e miseri misericordi cordioso oso que ouviu ouviu os clamores clamores de seu povo. A experiênci experiênciaa concreta da mãe que vive a intensidade da graça junto com o Filho transborda de alegria em toda a humanidade. No gesto de Maria revela-se a disponibilidade e a aceitação de Deus em 35
sua vida. Ela mesma faz desse gesto de consagração todo louvor e o verdadeiro culto agradável a Deus. Podemos nos perguntar o que esse episódio tem a ver conosco nos dias atuais. É muito simples obter tal resposta. A festa da Apresentação do Senhor também marca com um gesto essencial nossa própria consagração a Deus. É comum entre as congregações religiosas emitir os votos de pobreza, castidade e obediência nessa festa, pois, da mesma forma que Maria se ofereceu inteiramente ao Senhor e nos deu seu Filho, muitos homens e mulheres entregam suas vidas para cumprir a vontade daquele que os chamou a viver como batizados o Evangelho do Reino. Também muitos pais vão às igrejas e consagram seus filhos recém-nascidos, pedindo ao Senhor que sejam instrumentos de seu amor e em tudo colaborem com a promoção da vida. Consagrar significa tomar consciência do sagrado que habita em cada um. Nossa vida é uma eterna consagração, quando vivemos o mandamento novo do amor, que se expressa na prática do bem e na vivência dos valores que o próprio Cristo nos deixou. Consagrar também significa responsabilidade, pois, a quem mais for dado, mais será cobrado (Mt 13,12). É um gesto de encontro com a Trindade que nos envolve com sua sabedoria sabedoria e ternura. Quando Simeão tomou o menino nos braços, sua espera se completou e seu coração contemplou o grande poder de Deus. É como se os céus se abrissem e o Espírito efusivamente baixasse sobre cada um dos que estavam na cena. Acontece o mesmo conosco quando deixamos o Espírito nos guiar ao encontro de Jesus. Acontece em nós a real salvação, e essa experiência única de fé jamais passa, pois temos a certeza de que Deus se compadeceu de nós e também nos tomou em seus braços. Agora somos dele, e nada mais resta do que nos entregarmos. Consagrar é entregar-se incondicionalmente, como Maria no templo de Deus, e deixar que a luz do transcendente nos ilumine. Somos, como batizados, destinados a ser luz das nações e testemunhas do Senhor Ressuscitado.
Quinto mistério gozoso: encontro com Jesus no templo Neste mistério mistério contemplamos a perda e o encontro do menino menino Jesus no Templo entre os doutores da Lei. Os pais de Jesus seguiam fielmente a tradição religiosa, e todos os anos iam a Jerusalém para a festa da Páscoa celebrar com toda a comunidade a libertação de seus antepassados. A Páscoa judaica lembrava a passagem da condição de escravos para a liberdade, a conquista de uma nova identidade no povo de Israel. É nesse episódio que Jesus se perde de seus pais. Jesus desvia sua atenção da festa e vai ao Templo servir a Deus. Permanece nesse lugar por três dias conversando e “instruindo” os entendidos da Lei. Produz-se no coração de Maria e José um sentimento de desespero e angústia diante da ausência do filho amado, e imediatamente eles voltam para procurá-lo. É a mesma atitude dos pais que sentem sua responsabilidade na educação dos filhos. Não se pode perder aqueles que 36
são fruto de Deus. O coração de Maria e o de José estavam aflitos e ao mesmo tempo vinha-lhes a certeza de que o menino estava bem. Quando o encontram no templo, sentem-se aliviados e ao mesmo tempo intrigados com a atitude do menino Deus. É natural que uma mãe amorosa repreenda o filho por tal comportamento: Meu filho, que nos fizeste?! (Lc 2,48). Não entendem as reais motivações do filho, mas aceitam sua resposta dotada de sabedoria e graça: Por que me rocuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai? (Lc 2,49), pois no íntimo de seus corações sabiam que ele estava “fazendo a vontade do Pai”. Jesus entre os doutores da Lei é o sinal da nova instrução, da nova catequese que apresenta Deus como Pai bondoso. É o homem da Verdade que desde cedo tem consciência de Deus e de sua missão. Ensina-nos que o desapego às coisas deste mundo, inclusive das pessoas, é necessário para o crescimento humano e espiritual. Maria estava lá admirando o Filho e sendo também instruída na graça e no amor de Deus. A primeira discípula encarna o Evangelho, e no silêncio exprime sua alegria de pertencer somente a ele. Ela mesma sentiu o peso de ser cristã e fez de tudo para que o menino crescesse em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens. Foi o amor de Maria que a levou de volta ao Templo. Que nós também tenhamos a mesma disposição em procurar Jesus. Não nos cansemos de buscá-lo nas fontes da vida. Esta é a certeza que temos: Jesus se deixa encontrar. Ele nos toca suavemente com sua ternura e nos liberta de nossas prisões, dores, enfermidades, superficialidade, egoísmo. Voltemos, pois, nosso olhar para o Altíssimo que nos anima a viver. Tomemos consciência de que as perdas na vida têm sempre um propósito, e nos ajudam a encontrar o verdadeiro caminho que nos leva de volta ao Templo interior, onde Deus está e onde encontramos todos os elementos necessários para desenvolvermos nosso projeto de vida. Peçamos à Maria da Busca que nos conduza ao Cristo, e que ele nos dê sabedoria na longa jornada da fé.
Mistérios dolorosos Os mistérios dolorosos contemplam a paixão e a morte de Jesus Cristo. É significativo meditarmos a partir do sofrimento de Cristo unindo-nos a ele. O ser humano por natureza é marcado pela pela dor e pelo pelo sofrimento, sofrimento, porém, nem sempre consegue consegue dar um sentido a essa realidade. As contradições servem para crescermos na fé e em humanidade. O sofrimento redentor de Cristo trouxe nova vida para o homem e o elevou a sua mais alta dignidade. Estes mistérios que se seguem nos ajudarão a aprofundar nossa trajetória em sintonia com o próprio Salvador. Ao meditá-los, não queremos expressar sentimentalismos e emoções passageiras. Não se pretende assumir a cruz de Cristo, e sim a de cada um de nós. A dor de Cristo se reflete em nossa dor, sua cruz sustenta a nossa cruz, sua entrega gera em seus seguidores a consciência de que a vida é uma oportunidade única e inesgotável para ser vivida, por isso, tem sempre relação com o transcendente. 37
Os mistérios da dor nos fortalecem em nossa realidade e asseguram um caminho de esperança que, uma vez aceito, é integrado e transformado. Em Cristo, o sofrimento torna-se indispensável e assume a proporção de encontro com a graça, com a própria fé. Vamos caminhar com Cristo até o Calvário, fincar lá nossa própria identidade e assumir perante o mundo que somos filhos filhos de Deus, outros Cristos, Cristos, ung ungiidos para servir servir e fazer da sociedade um paraíso com todos os seus atributos. Ao meditar estes santos mistérios acompanharemos Maria em sua dor e com ela viveremos a intensa sabedoria que o silêncio nos presenteia. A espera de Maria nos confirma que o caminho a seguir é de doação, mesmo que seja pautado por impossibilidades, desespero e dúvidas. Maria nos ensina que o caminho da cruz é ascendente, pois nos aproxima cada vez mais do céu. Não é negando o sofrimento que se realiza e se vive feliz, e sim assumindo-o como projeto de vida em vista da santidade. Maria nos ensina que o sofrimento não é um desejo do Pai, mas sim um lugar em que a graça também se manifesta e dessa forma nos aproxima mais ainda do Altíssimo. Ela mesma sentiu a espada transpassada em seu coração e acreditou no poder da fé, na força de seu Filho. Aos pés da cruz chorou com nosso choro, derramou as lágrimas da amargura e do amor e simplesmente esperou. Do lado aberto de Jesus jorrou a resposta: a Igreja que faz opção pelos pobres e sofridos. Maria estava lá recebendo do Filho a missão de interceder por nossas dores e sofrimentos. Aquela que acreditou nos conduz a Cristo. Que a contemplação destes mistérios nos deem novo vigor profético para sermos sinal da misericórdia e da esperança junto aos sofredores e tristes deste mundo.
Primeiro Primei ro mistéri mis térioo doloroso: a oração de Jesus no horto Neste mistéri mistérioo contemplamos contemplamos a oração dolorosa dolorosa de Jesus no horto das Oli Oliveiras. veiras. Jesus sabe que chegou sua hora. Seu coração está pronto para se entregar à morte. Mas, antes, se retira a um lugar deserto para orar. Em todas as grandes decisões Jesus se encontra em oração. É por meio dela que sustenta seu discernimento e sua atividade evangelizadora. Neste episódio leva consigo dois de seus discípulos, que infelizmente não foram capazes de vigiar com ele. Jesus está só, abandonado, triste, amargurado. Em sua humanidade, olha para o Pai e lhe pede forças. Suplica ao Pai que afaste dele aquele cálice (Lc 22,42). Jesus é homem e sente o peso da dor e do sofrimento. É Filho amado de Deus, porém isso não o priva de sofrer. O sofrimento de Jesus é um sinal de que tudo se encontra na vontade do Pai. Veio para fazer a vontade de quem o enviou, e não é nesse momento que ele desiste de sua missão. Segue em frente com seu projeto em sintonia com o Pai. Podemos até pensar que Deus nesse momento o abandonou, se ausentou, se esqueceu dele. Tais pensamentos são próprios de nós, mortais. Foi exatamente naquela hora que o Pai mais esteve com ele, recebendo-o como oferta para a salvação do mundo. Deus vê a miséria de seu Filho e nem por isso o poupa, pois o Filho fez uma fiel escolha: 38
dar sua vida até as últimas consequências. No horto Jesus reza com fervor. fervor. Suas lágri lágrimas mas convertem-se em sangue sangue que banha a terra com generosa redenção. A solidão tentadora não lhe cega os olhos, mas abre as portas para compreender que há um Deus próximo próximo e acessível a suas criaturas. No horto estamos nós, junto com o Senhor. Senhor. Esse lug ugar ar é um centro de vida vida fecunda e intimidade com o Santo dos Santos, pois nos dá a entender que somos parte do Corpo Místico de Cristo. No horto Jesus vence a tentação e a falsidade falsidade do inimig inimigo. o. Vence Vence a descrença e o sono do mundo, e mantém viva a chama da sabedoria que nunca desiste, mas leva seus ideais até o fim. Jesus é o vencedor que, por meio da obediência, encoraja seus seguidores a também enfrentarem as dores e o desânimo com fé. Peçamos a Maria que prepare nosso coração para estar com Cristo nessa hora amarga, a fim de saborearmos este mistério com valentia e confiança. Nada na vida pode nos afastar de Deus, nem as tribulações, nem as desgraças, nem os falsos deuses, tampouco o desencanto. Que, por meio da oração sincera, estejamos vigilantes e dispostos a enfrentar as situações complexas da vida com o mesmo espírito de Cristo. Maria seja sempre nossa companhia nas horas incertas e turbulentas. Aumente em nós a mansidão e a perseverança para não cairmos em tentação. Mantenha nossos olhos abertos e atentos, e a consciência iluminada para aceitar os desafios e seguir na caminhada caminhada para a santidade.
Segundo mistério mistéri o doloroso: a flagelação de Jesus Depois de prenderem Jesus e levá-lo diante das autoridades, condenaram-no perante a multidão. Jesus é tratado como inimigo e malfeitor. As autoridades incitam o povo a odiá-lo e levam-no à crucificação. Estavam convictos de uma verdade manipulada e sem sentido. Jesus está diante deles sendo julgado como ladrão. A flagelação de Jesus antecede sua morte. Representa a tirania de um povo que não reconheceu a salvação diante de seus olhos, pois estavam fechados para o Messias. Podemos dizer que eram homens e mulheres vazios e sem conteúdo de fé, que se deixaram dominar pela emoção do momento, foram congelados em sua consciência e se privaram privaram de encontrar a autêntica autêntica libertação esperada desde os “primei “primeiros ros pais pais no deserto”. A oportunidade de encontro com Deus escapou de suas mãos como acontece com muitos de nosso tempo, que não se permitem fazer a experiência de Deus. No Novo Testamento, “a flagel flagelação ação era uma penali penalidade infl inflig igiida aos escravos” ( Dicionário Dici onário Bíblico, Paulus), que antecedia a morte. Era uma cruel penalidade aplicada aos traidores do Império e servia de alerta para as pessoas não cometerem os mesmos erros. Jesus, ao ser flagelado, sente o peso de ser tratado como malfeitor. O inocente e puro de coração não reage diante diante das provocações. A fortaleza fortaleza de Jesus era tamanha que o faz silenciar diante de seus acusadores. 39
Hoje também muitos homens e mulheres são condenados inocentemente por crimes que não cometeram. A sociedade injusta agride os valores éticos e morais e coloca no banco dos réus pessoas de bem. São muitos os anônimos anônimos que vivem vivem a flagel flagelação ação de seus ideais por causa da inveja, da ganância, do interesse. Muitos morrem como Jesus sem poder se defender, pois estão presos a um sistema cruel e sem Deus. Precisamos olhar para Jesus com a cabeça erguida e continuar a luta pela dignidade, avançando para os limites da injustiça e nos posicionando com fé, com os valores cristãos, a fim de conseguirmos superar uma mentalidade que priva o mundo da esperança. Precisamos defender os interesses comuns e nunca nos deixarmos violentar pela pela coletivi coletividade, dade, pelos pelos que não pensam, pelos pelos meios de comuni c omunicação cação irresponsáveis irresponsáveis que flagelam as mentes e fecham os corações para o amor. Peçamos a Maria sua materna intercessão no cumprimento fiel de nossas responsabilidades em promover homens e mulheres mais conscientes e justos, animados pela pela caridade caridade e fervorosos na missão missão de levar Cristo, Cristo, luz do mundo, aos aprisi aprisionados onados pela pela injusti injustiça ça e pela pela desig desigualdade. ualdade. Que Maria Maria oriente oriente nosso agi agir no cumprimento cumprimento fiel fiel de nossa cidadania e não nos deixe submissos ante as autoridades do nosso tempo. Sejamos, pois, pois, construtores de um novo mundo que tem como centro Jesus Cristo, Cristo, redentor de todo o gênero humano.
Terceiro mistério doloroso: Jesus é coroado de espinhos O poder de um rei se exterioriza mediante dois símbolos: a coroa e o bastão. A coroa representa a realeza, e o bastão, a autoridade para governar. São dois símbolos que interagem e identificam o reinado. Jesus também foi coroado e recebeu o bastão. Diferente dos imperadores de seu tempo e daquele rei que os judeus esperavam, Jesus recebe, em vez de uma coroa de ouro e pedras preciosas, uma coroa de espinhos e uma cana, que representa ironicamente ronicamente seu reinado. reinado. Sua coroa entra na cabeça rasgando-lhe a carne, ferindo seu templo santo, machucando seu interior. No sangue que desce pela fronte vem-lhe a certeza de que a fidelidade ao Pai tem um preço alto a ser pago. Jesus é coroado com a amargura dos corações enfeitiçados pelo poder tirano que põem sua confiança nas coisas do mundo. É uma coroa de fel sem brilho. Ninguém ousaria querer igual. Por si mesma, ela é agressiva e rechaça qualquer poder e desejos. Por outro lado, é a coroa do rei, do Deus-homem, do divino e integrado, encarnado e ressuscitado. A coroa de Jesus representa a realeza que não é deste mundo. O sacrifício único e eterno de Jesus encontra ressonância nos espinhos por amor. Ele assume sua realeza convicto da realidade que o espera e faz brilhar, não com ouros e brocados, sua face misericordiosa embebida com o sangue que corre de sua glória. Essa coroa de espinhos, digna de um homem, é a revelação da verdade escondida no Filho: seu Reino não é deste mundo. Nada aqui lhe pertence a não ser os corações, as almas ansiosas pela santificação. Essa coroa reflete o pensamento dos homens e 40
mulheres que estão presos num mundo de comodismo, de poder, de vazio pela falta de Deus. Reflete os atos daqueles que não pensam e não agem com espírito de amor, e sim com egoísmo. Ao contemplar este mistério, precisamos aprender a nos despojar de um mundo de fantasias que nós mesmos criamos. É necessário romper com os falsos deuses que oferecem segurança e bem-estar sem sacrifícios. Esse mundo é das vaidades. A vaidade é a origem de todos os males e foi ela quem coroou Jesus. Peçamos a Maria a graça de servir o Reino sem apegos às “coroas” materiais que limitam o existir e nos privam da confiança. Que ela prepare nosso coração para sermos coroados por Deus com o fogo do amor e da salvação, pois todos esperamos a glória eterna junto com o Senhor. Que ela oriente nossa vida para o sol da alegria, o único que nos preenche com a luz que não é deste mundo: Jesus Cristo, coroado pelo Pai como Senhor de todos. Que a coroa de Cristo seja nossa vitória contra o fracasso e as perdas dos valores. Com confiança meditemos neste mistério colocando-nos no lugar do coroado a fim de entrarmos na profundidade e no essencial de nosso ser. Perguntemo-nos: o que Cristo espera de nós? Cristo nos convida a participar de sua realeza. Por que então hesitar? Deixemo-nos tocar pela fé. Cristo seja nossa coroa!
Quarto mistério doloroso: a via-sacra de Jesus Jesus, após receber a coroa de espinhos, inicia sua dura jornada até o Calvário. O rei assume sua dor e segue seu caminho até a consumação da vida. Recebe em seus ombros a cruz pesada do sofrimento que lhe é imposto. A cruz representa antes de mais nada a miséria humana, a dor que não se compreende, o fracasso de quem chega ao limite da existência. Jesus recebe a cruz pesada, representada pelo desejo de salvar os que estão sedentos de vida nova. Neste mistéri mistérioo contemplamos contemplamos a dor de cada homem e mulher mulher que assume sua cruz com responsabilidade. A cruz é redentora, fonte de cura e de encontro. No caminho para o Calvário a vida recebe novo sentido, mas o que se pode esperar? Aos olhos nus a viasacra, ou via-crucis, é a terrível maldição ou castigo pelos pecados cometidos. Para os que não creem, o símbolo da cruz é um absurdo. Muitos a renegam e evitam tocá-la, pensam que fugir fugir do sofrimento é o meio mais mais eficaz para ser fel fe liz. Jesus integra a cruz no caminho para o Gólgota. Ao percorrer aqueles caminhos acidentados, vai encontrando forças para amar sem medidas. É no caminho que as vidas vão sendo transformadas. Muitos seguiram Jesus e o ajudaram, foram esteio para o maltratado. Jesus viu os rostos dos discípulos que não o abandonaram; a estes salvou com a confiança, dando-lhes o poder de lutar com coragem contra toda cultura de morte. A outros silenciou com seu despojamento. A muitos exaltou, fazendo-os perceber que a vida nova pertence à eternidade: o meu Reino não é deste mundo! (Jo 18,36). 41
Imaginemos que Maria também estava lá. Ao contemplar o sofrimento do Filho, a Mãe se vê invadida pela espada dos tormentos. O que será que ela, mulher e mãe, fez naquele caminho de sangue? Somente orou. A Santíssima Mãe rezou e esperou. Sua agonia ao ver o Filho sucumbindo não parou ali. Podemos afirmar que Maria das Dores acreditou com mais entusiasmo. Ali a mãe recebeu todo o gênero humano carente e sofredor. Sua bondade vai além do episódio de Caná. Ela também vê nos rostos que seguem o Filho a esperança e o brilho dos que estão dispostos a viver a incessante busca pelo pelo amor. Reconhece os sinai sinaiss do vinho novo dado pelo Fil Filho. O que este mistério tem a ver com nossa realidade hoje? Rezá-lo com espírito de entrega e encontro é a maneira mais eficaz de crescer diante do sofrimento. Todos têm um caminho a percorrer, e nele há flores e pedras, água e sangue, cansaço e alegria. ossos caminhos estão cheios de quedas e conquistas. Chegaremos um dia ao calvário da ressurreição, onde fincaremos a cruz. E da fé brotará um novo tempo de graça. Que a via-sacra de cada um seja também a via de luz que perpetua para a eternidade. É preciso subir ao topo do monte e do Calvário contemplar a paisagem. A subida da cruz também requer sua descida. Que cada um encontre a melhor maneira de descer da dor para plantar a semente do amor que está e stá dentro de si esperando sedenta a luz do sol.
Quinto mistério doloroso: agonia e morte de Jesus na cruz Via-sacra é um árduo caminho em direção ao Calvário. É um caminho de tropeços, quedas, desilusões, cansaço, de olhares tristes e rostos desfigurados. É o itinerário do ser humano que vive sua hora de sombra esperando o dia feliz da ressurreição. A via-sacra de Jesus termina na cruz; lá ele é pregado e içado aos céus. São os pregos que seguram e ferem sua carne frágil e sustenta sua cabeça. Neste mistéri mistérioo contemplamos contemplamos a morte mais cruel a que um ser humano era submetido na época de Jesus. O Encarnado revela por meio da cruz sua fortaleza e garante a vitória aos que o seguem. No símbolo da cruz está a vida do povo criado à imagem e semelhança de Deus. Podemos até pensar que Deus deseja o sofrimento para seus filhos ao meditar a dor de Jesus. Porém, nossa fé permite transcender e ir além da mera aparência. Deus não quis a morte de seu Filho, assim como não quer a nossa. Deus simplesmente se curva diante do mistério da vida. Se a cruz é loucura e contradição, a vida é fruto do amor que se encontra nela. Não se pode fugir do sofrimento negando-o. Sofrimento e crescimento encontram pleno sentido no calvário de cada dia. Infelizmente o ser humano não compreende esta realidade tão necessária para harmonizar a vida. Jesus foi até as últimas consequências com sua opção de salvar e redimir todo o gênero humano. Assumiu com valentia a responsabilidade de mostrar aos filhos de Deus sua verdadeira essência sem se deixar abater. Jesus consolida seu amor na cruz ao estender os braços para abraçar a dor de cada homem e mulher sedento por vida nova. Seu sangue fecunda a Igreja, que recebe a missão de curar os corações e reanimar as ausências. Na cruz, o humano se torna totalmente divino e o divino eleva o humano. 42
A plenitude se cruza no coração da cruz, no ponto central onde Jesus está. Maria estava aos pés do sofredor. Olhava desde a terra a agonia daquele que saiu de seu ventre. A Dolorosa oferece suas lágrimas para matar a sede de seus filhos carentes. A mulher com o coração transpassado se sensibiliza com o próximo e diante da cruz recebe a sublime missão de ser Mãe de todos os que sofrem e padecem necessidade. Contemplamos Maria em sua tristeza e impossibilidade de tirar o Filho da cruz, vemos sua expressão de confiança diante da injustiça do mundo e sentimos sua fé pulsando firme na vida dos que dela esperam a intercessão. Se a cruz é sinônimo de desgraça e humilhação para os incrédulos, para o cristão ela se torna a boa terra que fecunda os áridos corações e devolve o brilho no olhar dos que se sentem desanimados. desanimados.
Mistérios luminosos Em 2002 o papa João Paulo II proclamou alegremente o ano do Rosário escrevendo a belíssima Carta Apostólica Rosarium Virginis irgini s Mariae em louvor a Nossa Senhora, Mãe da Igreja e Mãe do Novo Milênio. Naquela encíclica o Papa oferece aos cristãos a oportunidade de recuperarem o sentido dessa oração mariana na vida pessoal, familiar e comunitária, uma vez que muitos a deixaram de lado e a consideram desnecessária e antilitúrgica. Por meio do rosto materno de Maria, contemplamos a face misericordiosa de Nosso Salvador Jesus Cristo. O Rosário insere a pessoa no mistério divino da Redenção e é uma poderosa fonte de oração e contemplação das Verdades da fé. Por meio do Rosário temos um resumo da história da salvação. É, por assim dizer, uma oração cristológica e transformadora, pois eleva o pensamento e o coração a alto grau de entusiasmo, fazendo com que a divindade nos toque. O Papa humildemente acrescentou aos mistérios tradicionais (gozosos, dolorosos e gloriosos) os mistérios da luz. Afirma o Santo Padre que “todo o mistério de Cristo é luz. Ele é a luz do mundo (Jo 8,12)” ( RVM 21). Os mistérios da luz são contemplados nas quintas-feiras, com a intenção de conduzir o fiel batizado ao percurso de Jesus em sua vida pública. É o momento em que Jesus começa sua missão de tocar no coração de seus seguidores e fazê-los entender que a vida é um caminho de luz e de encontro com o Altíssimo. Jesus prepara lentamente o coração das pessoas para acolher a verdade e, por meio do Evangelho, viver a santidade prometida a todos os filhos de Deus. Jesus começa seu agir missionário com o batismo no Jordão; em seguida realiza seu primeiro sinal particip participando ando das Bodas de Caná, anuncia anuncia o Reino Reino de Deus e convida convida o povo à conversão, transfigura-se no Monte Tabor diante de seus discípulos e institui a Eucaristia como expressão de sua fidelidade e ardente amor ao ser humano. Os textos que meditaremos a seguir nos levam a experimentar o caminho de Jesus e com ele preparar nosso ministério como anunciadores da Palavra. Contemplar os mistérios luminosos significa deixar-se invadir pela Luz de Cristo que contagia e toma 43
conta de nosso ser. Afinal de contas, temos a mesma missão de Cristo: ser luz para as nações. Recebemos do Luminoso todos os dons para ajudar os povos a encontrar a paz e a fé. Que Maria, Mãe da Luz, nos acompanhe ao longo desse caminho de oração e nos prepare o coração para viver viver as realid realidades ades da fé com profundo sentido sentido cristão. cristão. Que ela ela mostre a verdadeira Luz que sai do interior de cada filho de Deus e nos coloque sempre em permanente estado de vigilância e conversão a serviço da vida, da verdade e da paz. Saboreemos os mistérios luminosos com disposição e entrega, a fim de recebermos do Ressuscitado um renovado espírito missionário e uma decidida busca pelo Reino de Deus.
Primeiro Primei ro mistéri mis térioo luminoso: o Batismo de Jesus no rio Jordão No Novo Testamento, o rio rio Jordão ocupa um lug ugar ar importante na vida vida do povo de Israel. É o maior rio do território da Palestina; é belo mais devido a sua nudez do que pela pela sua beleza beleza natural; natural; suas águ águas as não são límpidas límpidas nem irrigávei rrigáveis, s, pois pois carreg carre gam o limo das águas do Mar Morto; a população presente em seu vale é escassa. No entanto, Jesus começa sua vida pública batizando-se nas águas do rio Jordão. Quando falamos do batismo de Jesus podemos nos perguntar: era necessário Jesus ser batizado? Se ele é o Messias, por que se deixou batizar? O que significa o batismo de Jesus? Para responder a essas perguntas devemos levar em consideração que todas as religiões e culturas têm ritos de passagem ou de iniciação. João Batista iniciava seus seguidores batizando-os nas águas do rio Jordão; era um batismo de conversão, como ele mesmo anunciou. Jesus, ao ser batizado por João, realiza um ato de entrega aos planos de seu Pai. Jesus começa sua missão evangelizadora purificando-se nas águas do Jordão, numa atitude de total abertura para fazer neste mundo a vontade de Deus. É a consciência da própria própria vocação ao serviço serviço da vida vida em pleni plenitude. tude. Jesus não é batizado batizado para fazer parte de uma comunidade, como nós, ao sermos batizados. Jesus, com esse gesto, deixa-se conduzir pelo Espírito Santo e se sente ungido para alegrar os corações e devolver a esperança que outrora fora perdida. perdida. Traz a seus seguidores seguidores o bril brilho no olhar olhar que desperta para as verdadeiras ações em prol da sociedade sociedade justa e santa. No batismo de Jesus contemplamos nossa própria história história cristã. Afinal final de contas, no dia de nosso batismo recebemos aquela força do Altíssimo para viver intensamente o amor a Deus e ao próximo. Recebemos a unção para testemunhar a ressurreição, para promover a fé, a esperança e a caridade. Recebemos os dons do Espírito Espírito para transformar e fecundar a terra, deixando-a livre do mal e colaborando em tudo com o Criador. Neste mistério mistério Jesus nos ilumi ilumina na e abre os céus de nossos corações para ouvirmos ouvirmos a 44
voz do Deus misericordioso que nos escolheu: Tu és o meu Filho muito amado; em ti onho minha afeição (Mc 1,11). A missão de Jesus começa com uma resposta generosa ao Pai que o chama. Nossa missão começa com o batismo. Por meio dele somos chamados a seguir Jesus Cristo. Tornamo-nos seus discípulos amados com a tríplice tarefa de sermos sacerdotes para ligarmos o coração terreno ao divino, profetas que anunciam a vida e denunciam as contradições e reis que governam o mundo, com o Espírito de Deus. Maria foi a primeira e fiel discípula de Cristo. Peçamos à toda cheia de graça que guie nossa missão evangelizadora e nos leve a procurar sempre a vontade do Pai.
Segundo mistéri mis térioo luminoso: o primeiro sinal nas bodas de Caná Segundo o evangelista João, em Caná, uma pequena cidade da Galileia, Jesus realiza seu primeiro sinal após ser batizado nas águas do Jordão e iniciar sua vida apostólica. A cena em que Jesus se encontra é um casamento. Foi convidado junto com sua Mãe e seus discípulos. Na tradição judaica, a festa de bodas significa a transformação da pessoa, pois pois os noivos noivos celebram celebram o perdão de Deus em vistas vistas a começar uma vida vida nova totalmente purificados. A união do casal é expressão física da unidade espiritual dos dois e também a aliança com aquele que lhes deu a vida. Por meio do contrato nupcial, o noivo assume suas responsabilidades com a noiva, e ambos assumem um compromisso legal e moral. O casamento torna-se assim consagração e agradecimento a Deus pela união do casal. Como em todo casamento, a característica fundamental é a alegria, simbolizada aqui pelo pelo vinho. vinho. O vinho vinho é uma presença assídua em todas as cerimôni cerimônias as judaicas judaicas e sempre está em estreita relação com a mística. Por isso, quando a Mãe de Jesus percebe que a festa poderia acabar por falta desse elemento tão essencial, ela, em sua humildade, dirigese ao Filho colocandose no lugar dos convidados: eles não têm mais vinho! Se a alegria é a fonte da unidade, principalmente para o casal, então, algo tão necessário não pode faltar! Assim também não podem faltar em nossa vida todos os elementos que nos dão sabor e plenitude. É interessante observar a prontidão de Maria e também sua ousadia. Ela antecipa e prepara o encontro de Jesus com a humanidade: Fazei o que Ele vos disser! Ao transformar a água, que é a fonte da vida, em vinho, Jesus se revela como o Messias. Manifesta sua glória e inaugura um novo tempo para o povo de Deus. Toda a nossa vida mergulhada na fonte inesgotável da graça torna-se em Jesus fonte de alegria. O vinho novo que levou a festa a sua plenitude restabeleceu a esperança nos corações. E Maria estava lá, comemorando a missão do Filho e recebendo silenciosamente o agradecimento dos que tudo viram, aceitaram e o seguiram. Nas bodas de Caná os convidados convidados beberam diretamente diretamente da fonte da salvação, salvação, particip participaram aram do banquete e saíram transfig transfigurados, pois pois o noivo noivo fiel fiel deu de beber e de 45
comer a todos que necessitavam da graça. Podemos também fazer de nosso encontro com Cristo, vinho novo de nossa alegria, um contínuo ato de entrega. Muitos não vivem porque não creem e não celebram porque se fecham em seu indivi ndividual dualiismo. É preciso preciso coragem para transformar “as águas que querem nos afogar” em total confiança em Deus. Se o seu vinho acabar, peça a Maria, e o Filho encherá suas talhas e nada mais poderá lhe faltar. faltar. Nessa hora encontrará o essencial essencial e poderá enfim enfim caminhar caminhar em direção ao Senhor. Ao encontrá-lo, tenha a certeza de que a festa continua e o amor então jamais acabará. Provará da eternidade com Maria e será feliz!
Terceiro mistério luminoso: Jesus anuncia o Reino de Deus e convida à conversão O que é o Reino de Deus? Qual seu conteúdo principal? Constantemente fazemos essas perguntas quando começamos a refletir sobre a pregação de Jesus. Certamente o Reino de Deus não é uma utopia, algo distante de ser vivenciado. Não é um lugar cercado por muralhas ou geograficamente definido. Não tem funcionários como num paláci palácio, o, escravos, serviçai serviçais; s; não tem riquezas materiais; materiais; não tem um rei no trono cercado por uma corte. Mas tem um Deus onipotente onipotente que tudo cria e tudo renova. O Reino Reino de Deus é sua criação, e todas as suas criaturas são a extensão de sua presença. É um Reino onde a verdade está acima de tudo e a harmonia é a marca dos que se encontram. É um Reino de paz conquistado com a bênção que vem do Alto. É um Reino de luz que garante a eternidade. É um Reino celeste para onde convergem todos os corações. É o céu! Desde o início de sua vida pública Jesus anunciou esse Reino. Em Lucas 4,16ss, Jesus, ao desenrolar o livro do profeta Isaías, apresenta os conteúdos do Reino: Envioume para anunciar a boa-nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor . A unção do Espírito Santo revela a verdadeira missão do Cristo, que vem para que todos tenham vida e vida em plenitude (cf. Jo 10,10). Os conteúdos do Reino estão a serviço da vida e da dignidade de todo ser humano. Mas, para que isso se desenvolva, é preciso uma tomada verdadeira de consciência por parte de cada cristão. cristão. A conversão é a proposta para uma autêntica autêntica vida vida segundo segundo o “espírito de Deus”. Sem mudança de vida não é possível entrar na dinâmica da vida nova que Jesus possibilita. É preciso deixar o velho homem de lado e colocar-se na caminhada ao encontro com as realidades que sustentam a fé e a felicidade humana. Ao meditarmos este mistério, precisamos examinar nossa consciência e tocar naqueles aspectos que precisam de transformação. Essa trajetória se faz com abertura para o outro. Se o Reino Reino é a vivênci vivênciaa alegre alegre da comunidade comunidade humana, então precisamos precisamos olhar mais para dentro de nosso coração e mudar de atitudes, para que os valores evangélicos não se percam e continuemos sempre a viver segundo os mandamentos do 46
Altíssimo. Conversão significa encontrar-se com a própria cruz e realizar corajosamente a passagem passagem pela pela fonte de água pura, onde a luz luz do amor está acima acima de tudo. Jesus amou e foi até as últimas consequências porque acreditou que o mundo e as pessoas podem ser melhores. Não se cansou de confiar e mostrar o caminho para a eterna salvação. Seu Reino não é daqui, mas aponta para o lugar sagrado onde todos nos encontraremos. Santa Maria Mãe de Deus, ajudai-nos em nossa travessia pela vida!
Quarto Quarto mistério mist ério luminoso: Jesus se transfigura tr ansfigura no Monte Tabor Tabor Afirma a Sagrada Escritura que Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, subiu para a parte alta da montanha e lá se transfigurou diante deles (cf. Mt 17,1-2). Quem já esteve no Monte Tabor sabe que é um lugar de difícil escalada; para subir a pé leva-se várias horas em um ritmo acelerado, ou dias, dependendo do esforço de cada um. O fato é que Jesus escolhe um lugar privilegiado da Galileia, um lugar de rara beleza, que revela a visão do infinito. A sensação que se tem é de estar mais perto do céu. Do alto daquela montanha pode-se ver a belíssima natureza ao redor e se encantar com a presença de Deus; é um lugar de êxtase e misticismo. A Transfiguração é por excelência um Mistério de Luz que envolve Jesus e seus discípulos. Transfigurar significa mudar de aparência, porém, sem deixar a essência. Jesus muda de aparência, mas continua sendo ele mesmo com todas as suas potencial potencialiidades. Nesse gesto ele antecipa antecipa sua ressurreição ressurreição e dá a conhecer o mistéri mistérioo de sua obra redentora. Mudar de aparência é antes de tudo deixar-se iluminar pelo sagrado. Naquele momento Jesus revela a glória de Deus aos discípulos, e certamente eles ficaram impregnados de luz, a ponto de professarem a fé: Mestre, Mestre, é muito bom estarmos aqui. Essa experiência de deixar-se iluminar pela Verdade faz da pessoa uma criatura nova e assegura-lhe um permanente estado de união com o Senhor. A Transfiguração mostra ao cristão que devemos sempre nos ocupar em fazer a vontade do Pai. Não é fácil deixar Deus conduzir nosso caminho; porém, ele mostra sua face luminosa quando abrimos o coração e o acolhemos. No gesto transfigurador de Jesus está a Palavra encarnada que promove a vida e faz com que nos desprendamos do supérfluo. Jesus transfigurado é o alimento de nossa salvação, e na presença dele não encontramos contradição. contradição. Embora o mundo viva sempre no pessimismo e faça de tudo para que os valores cristãos desapareçam, vemos importantes iniciativas que transfiguram muitas realidades tristes. Gostaria apenas de ressaltar que em nossa sociedade muitas ONGs e instituições buscam fazer a diferença diferença tentando mudar o rosto dos tristes tristes e abatidos. abatidos. Na diocese diocese de Curitiba começa a se estruturar a Pastoral dos Moradores de Rua, com o objetivo de promover esse públi público margin marginali alizado; zado; também em nossas paróquias paróquias há muitas muitas inici niciati ativas vas de promoção humana. Se começarmos a ver ao nosso redor as múltiplas iniciativas de 47
mudança, certamente renovaremos a esperança em um mundo melhor. O Monte Tabor está dentro de nós e ao nosso lado, mas é preciso escalá-lo com dedicação para que no mundo brilhe verdadeiramente a luz do Transfigurado. Que Maria da Luz ilumine nossos projetos sociai sociaiss e nos dê a paz. Transfigu Transfigurar rar é fazer o bem!
Quinto Quinto mistério mi stério luminoso: l uminoso: instituição da Eucaristia e do sacerdócio O cenáculo hoje é uma pequena sala localizada em um dos pontos centrais da velha Jerusalém. Não tem nada que chame a atenção, a não ser uma coluna de pedra esculpida com a tradicional imagem da fênix alimentando seus filhotes com sua própria carne. esse lugar simples e singelo, Jesus realizou sua última ceia com os Apóstolos e reveloulhes a força salutar para os que permanecem nele. Na última ceia, Jesus entrega aos Apóstolos o grande dom da vida nova, o alimento que não se perde e que garante a salvação. A Eucaristia é a festa da entrega do corpo e sangue de Cristo para a redenção de todo gênero humano. Todas as vezes que participamos desse Sacramento revivemos o amor de Jesus por nós e nos abastecemos da energia vital que brota de seu misericordioso coração. Nas palavras palavras de Jesus: “Tomai e comei, comei, tomai e bebei todos vós”, a Igreja Igreja sente-se intimamente unida ao seu Senhor e celebra com ele a Páscoa da vida em plenitude. O memorial de nossa salvação é perene e alegre. Na santa ceia, Jesus faz a definitiva ligação entre o céu e a terra, e deixa como herança ao mundo o sacerdócio como chave que abre as portas do céu e une o coração humano ao coração de Deus. Eucaristia e sacerdócio são dois sacramentos totalmente unidos e apontam para o mesmo ideal. O sacerdote nasce do amor do coração de Jesus, como afirma São João Maria Vianney, assim como a eucaristia que garante aos fiéis a centralidade no mistério da fé. Celebrados com amor e devoção, trazem-nos luz e certeza de felicidade. Jesus oferece a seus seguidores o que ele mesmo experimentou. Tudo que vem da parte dele é a certeza de que o amor é a grande virtude para celebrar a eucaristia e o sacerdócio. Nós também participamos do sacerdócio de Cristo por meio da unção no batismo. Somos chamados a ligar as almas e trazê-las para mais perto de Deus. Eucaristia e vida sacerdotal é um dever de todo cristão. Por isso, devemos tomar consciência do que celebramos deixando de lado o desânimo e caminhando no certame que nos é proposto. Todos os dias, em todo lugar, a Igreja faz memória da paixão, morte e ressurreição do Senhor celebrando alegremente a Eucaristia; porém, muitos fiéis não dão o devido valor ao essencial mandamento do Senhor. É preciso criar cada vez mais a convicção de que, sem o pão do céu, nossa vida se perde. Ele é a fonte da luz e precisamos dele para seguir nossa missão. Você sabia sa bia que muitas comunidades comun idades cristãs católicas não têm padre para celebrar c elebrar a 48
Eucaristia? Você valoriza verdadeiramente esse Sacramento e reza pelas vocações? Como é sua participação participação na Comunhão Eucarística? Às vezes somos privilegiados com tão grande dádiva e não nos importamos, enquanto outros caminham quilômetros para fazer desse encontro com Jesus sua razão de ser. Pense nisso! Que Maria Santíssima nos leve para a mesa eucarística e nos prepare para receber re ceber o alimento alimento divino, divino, seu Filh Filhoo Jesus.
Mistérios Mi stérios gloriosos Desde o seio materno, Jesus traz ao povo a esperança e já antecipa o lugar para onde todos deveremos ir se observarmos seus mandamentos: o céu. Os mistérios da glória convidam o crente a caminhar para o “certame que nós é proposto”, para o lugar que Deus tem preparado: o paraíso muitas vezes predito no Antigo Testamento e vislumbrado pelo pelo Filho. Filho. O conjunto de mistérios que meditaremos a seguir refere-se à Glória de Jesus e de Maria. São cinco momentos fortes que nos levam a aprofundar o evento máximo de nossa salvação, inserindo-nos no coração e no centro de toda catequese de Jesus Cristo. Desde o seio materno, Jesus traz ao povo a esperança e já antecipa o lugar para onde todos deveremos ir se observarmos seus mandamentos: o céu. Os mistérios da glória convidam o crente a caminhar para o “certame que nos é proposto”, para o lug lugar que Deus tem preparado: o paraíso muitas muitas vezes predito predito no Antigo Testamento e vislumbrado pelo Filho. Não um paraíso qualquer, mas a permanente presença em Deus, razão única única de nosso exi existir stir e consoli consolidação de nosso tempo. Começamos pela maravilhosa ressurreição de Jesus, o evento pascal, o centro de todo mistério da fé por excelência. A ressurreição é o ponto de convergência de toda experiência carismática de Jesus, é o sinal de que a morte é só passagem, e que não há túmulo que aprisione o homem entregue a Deus. Em seguida nos é proposto contemplar o mistério da Ascensão. Jesus nos convida a subir com Ele, pois este mundo não nos pertence. Nossa alegri alegriaa consiste consiste em elevar elevar a mente, o coração e tudo o que somos ao Altíssimo. Jesus veio do Pai e para ele retorna. Ao entrar Ele na glória, nos envia o Espírito Santo, o Defensor, o Consolador, pois nós ainda precisamos dele. Precisamos sentir a graça de sua perene presença para não nos sentirmos órfãos. O mesmo Espírito que Ressuscitou Jesus é o que permanece ao nosso lado. Junto com o Filho, também é glorificada a Mãe. Ele mesmo a leva para junto de si e a coroa com a vitória. Maria passa a ser a Mãe da humanidade, cheia de graça, medianeira e intercessora no céu. Os mistérios da glória revelam toda beleza e esplendor do ser humano e fazem brotar do coração de cada um a intimidade dos filhos da luz. Todos seremos um dia glorificados, ressuscitados, e veremos Deus face a face. Tudo será pleno de verdade e amor. Essa certeza, nós a professamos no Creio a cada encontro com o Senhor. 49
Antes de nos aventurarmos nestes mistérios, vamos nos colocar na presença divina. Quais graças desejo alcançar ao meditar na glória de Cristo e de Maria? Quero me abandonar nos braços do amor de Deus e sentir aqui e agora sua ressurreição? Estou disposto a elevar meus olhos ao céu e fixar lá minha morada? A glória é sinal de busca. Nem sempre nosso caminho é fácil e, para se chegar à ressurreição, para se vislumbrar o céu e ficar lá eternamente, há toda uma vida cheia de dores e sofrimentos, há degraus para se subir, muitas renúncias a fazer para um bem maior. Não é fácil salvar-se, porém, não é impossível. Por meio de Jesus temos a certeza de que a glória está reservada aos que buscam a Deus, vivem sua Palavra e se doam por um mundo melhor. Sigamos o Cristo e veremos Deus. Que Nossa Senhora da Glória nos ilumine!
Primeiro Primei ro mistéri mis térioo glorioso: ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo O evento central de nossa fé cristã se chama ressurreição de Jesus. Não existe nenhum fato mais marcante em toda a humanidade do que anunciar que o Senhor ressuscitou! Está vivo! Nenhum túmulo conseguiu vencer o Filho de Deus. A morte foi transformada de uma vez por todas em vida eterna. A ressurreição de Jesus é o cumprimento das promessas do Pai, é a eterna aliança que ele faz com o ser humano. Se antes a ressurreição era apenas uma esperança, com Jesus é a certeza, a vitória sobre o tempo terreno, sobre a materialidade, a corrupção e a destruição. Todo o sofrimento de Cristo é glorificado em sua ressurreição. Não sabemos como se deu essa passagem para a vida nova, pois, assim como a morte, é um mistério de nossa fé. É um evento particular, silencioso, secreto que se dá entre o homem e Deus. Somente os anjos e o Pai testemunharam tamanha e tão maravilhosa realidade. Com a ressurreição, nossa fé encontra pleno significado, nossa vida caminha para Deus em todas as suas potencialidades, e já experimentamos no tempo presente as realidades do paraíso onde o Salvador Salvador se encontra. Todos são chamados a ressuscitar ressuscitar cotidianamente cotidianamente das inúmeras mortes e atropelos da vida. Precisamos estar atentos ao chamado de Jesus: “Sede santos como o Pai é santo”. O segredo para a eternidade consiste em amar com o coração de Cristo e tomar sobre si a responsabilidade de ser cristão. Assumir a própria cruz e lutar pela conquista da salvação. Ressuscitar é entregar-se àquele que tudo pode, tudo vê e tudo faz pelo bemestar de seus filhos. Deus jamais desejou para suas criaturas a perdição e o castigo; prova disso é seu imenso amor, ressuscitando seu Filho e nos ressuscitando. Neste mistério mistério procuremos olhar ao nosso redor e descobrir descobrir as situações, situações, os mil milagres agres que são sinais de ressurreição. Tudo é possível de se renovar, ter vida, se cada um aprender a recuperar os sinais da graça. Sabemos que o mundo consome nossas energias e faz com que enxerguemos o que é negativo e pessimista. Mas Deus vê somente o bem. A ressurreição é a arte de Deus, a pintura por excelência que devolve ao ser humano a capacidade de encontrar razões para continuar existindo. 50
Deixemos Maria nos conduzir à ressurreição e apontar os detalhes dessa maravilhosa obra do artista em nossas vidas. Seja ela nossa luz, a fim de nos possibilitar um pleno ressurgimento para sermos testemunhas do Ressuscitado. Num mundo em que muitas doutrinas são a favor da reencarnação como meio de purificação e libertação da alma, a ressurreição de Jesus vem reafirmar nossa pertença a Deus e a liberdade de nos relacionarmos com Ele sem nenhum peso ou desmerecimento. Deus confia em nós, por isso nos ressuscita. Aleluia!
Segundo mistério mistéri o glorioso: ascensão de Jesus aos céus Por algum tempo, após sua ressurreição, o Senhor continuou entre seus apóstolos catequizando-os e fortalecendo-lhes a fé. Certamente Jesus viu seus rostos tristes e o coração amedrontado com tudo que lhe aconteceu. Em vários momentos Jesus se coloca no meio de seus discípulos desejando-lhes a paz e apontando para a missão que cada um a partir daquele momento teria que realizar. A prova da ressurreição é que o Senhor não os abandonou, esteve sempre com eles e continua conosco. A cada um é dada uma missão especial como ser vivente neste mundo. A vida que nos foi confiada tem uma razão de ser, e nada acontece por acaso. A descoberta da própria própria vocação consiste consiste em encontrar-se com a própria própria exi existência. stência. Ao long ongoo do caminho, Jesus ajudou os discípulos a discernir sua própria tarefa a cumprir. O Mestre passou fazendo o bem, morreu e ressuscitou, ressuscitou, mas não pode permanecer eternamente conosco, como antes. Ao ressuscitar, Jesus também recebe do Pai uma nova missão, um novo tempo, uma vida nova. É preciso deixar seus escolhidos e partir para que continuem o que Ele iniciou. Se Cristo ficasse conosco de corpo, ficaríamos talvez inibidos e acomodados diante da Boa-Nova. Ele nos dá o incentivo para sermos evangelizadores ao voltar a Deus. A Ascensão de Jesus é cheia de pedagogia, de ensinamentos atuais. Devemos aprender com isso a nos elevarmos para as coisas do alto. Nossa vida é de ascensão. Precisamos aprender com Jesus a olhar para as coisas sublimes que não acabam, em vez de “pegar no arado e olhar para trás”. Não podemos regredir na fé. A miséria humana consiste em olhar para o chão e limitar os horizontes, por isso, sempre tropeçamos em alguma pedra ou caímos em algum buraco. Jesus olha para o céu, o lugar do infinito, da criatividade, do inesgotável, das possibilidades. Quando estamos mergulhados na materialidade, acabamos consumindo energia em tudo que é supérfluo e ilícito. No entanto, a partir do céu, é possível tocar o divino em nós e expandir nossa forma de ser para acolher todos os dons e colocá-l colocá-los os a serviço. Jesus sobe para o Pai, mas não quer ninguém de braços cruzados esperando sua volta. Todo cristão é protagonista de uma fé transformadora; são homens e mulheres ativos, dinâmicos, valentes e ousados que, com a força de Cristo, ajudam seus semelhantes a encontrar a salvação. Quem se fecha para Deus não é digno dele, não terá parte com Ele. Quem fica fica inerte na fé morre e não gera frutos. 51
Que neste mistério, com a proteção de Maria Assunta aos céus, vislumbremos nossa morada eterna. O que é o céu para mim? Que atitudes a Ascensão de Jesus desperta em mim? Qual a minha contribuição para as melhorias do mundo? E ao final rezemos: que suba até vós ó Pai minha oração, e que eu seja consolado eternamente!
Terceiro mistério glorioso: a vinda do Espírito Santo Eu vos mandarei mandarei o Prometido Prometido de meu Pai, entretanto, entretanto, permanecei na cidade, ci dade, até que sejais revestidos da força do alto (Lc 24,49). Após subir aos céus, Jesus consola o coração dos discípulos deixando-os sob a ação do Espírito Santo. A partir de agora, o vento do Espírito os conduzirá no anúncio da Palavra. A missão de Jesus continuará viva por meio de seus segui seguidores, dores, animada animada pela pela força do Alto, lto, impulsi mpulsionada onada pela pela confiança confiança que forma o homem novo. O Espírito Santo tomará todas as decisões e caminhará à frente dos escolhidos para que falem e proclamem o que está no coração de Deus. Toda a nossa vida e ação estão centradas num projeto, num ideal de salvação. Na realidade, todo o nosso ser está inserido no mistério da Trindade. Quem nos move é o Espírito Santo, pois ele se preocupa com nosso agir e torna possível nossa comunicação com o Pai. Jesus se encarna no seio de Maria por meio do Espírito, começa sua vida públi pública com o batismo batismo no Jordão sob a ação esplendorosa esplendorosa do Espírito Espírito e inici niciaa sua caminhada para Jerusalém movido pela força do Espírito. Em todos os momentos quem o acompanhou foi a força de Deus presente desde o início da criação. Ousamos dizer que na ressurreição o Espírito Santo abriu o sepulcro e o tomou pela mão, dando-lhe a vida nova da qual somos testemunhas. Que lindo é sentir a presença envolvente de Deus na diversidade de dons e carismas que exprimem confiança e alento ao velho homem, transformando-o em nova criatura! Falar das coisas de Deus é deixar o Espírito Santo se comunicar, comungar conosco, conduzir-nos. Se olharmos ao nosso redor, veremos que o vento do amor sempre está passando, pois pois o Espírito Espírito é o amor do Pai Pa i e do Filho Filho para que tenhamos vida vida em pleni plenitude. tude. É o Espírito Espírito que sempre nos ajuda a discerni discernirr e a fazer as escolhas escolhas certas. Tudo que é bom, belo e verdadeiro provém dele. Sua luz é tão forte e acessível que nos faz enxergar a eternidade. Por meio de sua ação sentimos mais fortemente a presença de Jesus nos ungindo para a missão. Jesus não nos deixa órfãos ao subir para junto do Pai. Isso significa que o Mestre ainda nos acompanha, pois nos quer junto dele. Somos seres falíveis e corremos o risco de nos perder diante das oportunidades da vida. Nenhum cristão está imune aos prazeres do mundo, mas, se os olhos e o coração estiverem atentos ao Espírito Santo, seremos verdadeiramente iluminados com o dom da profecia e da fortaleza e nos tornaremos um no coração de Jesus. Neste mistério, mistério, Maria Maria nos convida convida a crer na força do Espírito Santo como c omo ela um dia dia o fez. Acreditar que tudo pode ser mudado pela fé, pela confiança e pelo amor. O Espírito Santo é nosso irmão, a sabedoria encarnada, a alegria que invade, a certeza de 52
que tudo posso naquele que me fortalece. Olhe ao redor e encontre as razões para amar o Espírito Santo. Quando não houver mais saída para os problemas, coloque-se diante dele e acenda a chama de sua vela outrora apagada pelos desenganos. Vinde, Santo Espírito!
Quarto Quarto mistério mist ério glorioso: a Assunção de Maria aos céus Há algum tempo uma fiel paroquiana veio conversar comigo dizendo que não havia encontrado na Bíblia nada que falasse sobre a Assunção de Nossa Senhora. De fato, a Sagrada Escritura não narra esse acontecimento, mas a Igreja ao longo dos séculos desenvolveu essa crença. Já nos primeiros séculos da era cristã, os Padres da Igreja veneravam Maria elevada aos céus de corpo e alma e, somente em 1950, com o Papa Pio XII, é que esse dogma foi promulgado pela Igreja. Dizia o Papa em sua Constituição Apostólica Munificentissi Munifi centissimus mus Deus: “Ao concluir o curso de sua vida terrena, foi assunta em corpo e alma para a glória celestial”. Assunção significa que Maria foi elevada aos céus por Deus Pai e seu Filho Jesus Cristo. A Santíssima Trindade traz Maria para bem perto de si e lhe outorga o lugar merecido na história da salvação como Mãe, intercessora e medianeira de todas as graças. Mas o dogma da Assunção aponta ao cristão que o céu é nosso lugar de encontro. A glória divina não está aqui na terra, e sim no céu. Entendemos por céu a morada celestial, o lugar definitivo, a pátria onde todos os filhos de Deus viverão. Nossa meta é alcançar o céu e encontrar a Deus. Maria na Assunção vê a Deus face a face, pode contemplá-lo na plenitude, pode adorá-lo com majestade e esplendor. A escolhida sobe para o coração do Pai ao terminar sua missão. Ela compreende que Deus a escolheu para estar junto dele. Seu sim e sua fidelidade garantiram-lhe a participação na vida divina. Com essa atitude, Maria prepara nossa vida para ir ao céu. O céu é a meta, o ponto de chegada para a vida Ressuscitada. Ela está ao lado do amor e pode com sua ternura nos tocar, olhar com misericórdia para os que aqui ficam. O desejo da Mãe é que um dia todos estejamos com ela, guardados em seu coração, confortados por sua esperança e animados pelo mesmo ideal de Cristo. A vida na terra é passageira, cheia de tentações, frustrações, sofrimentos. A Assunção é a oportunidade de nos lançarmos rumo à liberdade. No céu nada nos prende. A vida se reveste de beleza e se insere na proposta salvífica. Ao meditar este mistério, tomemos consciência de nossa trajetória humana. Não vale a pena perder tempo com futilidades e desencontros. O verdadeiro céu é estar em Deus. Essa verdade começa aqui. Precisamos estar conscientes de nossa vida em Deus para chegarmos ao céu, à morada da graça. Maria foi por Deus elevada. Ela nos atrai ao coração do Filho. Peçamos a Nossa Senhora a graça da salvação. O desejo do Criador é reunir todos os seus filhos, pois a festa não se completa quando alguém se perde, se 53
condena. No céu todos somos iguais. Nossa Senhora da Assunção, rogai por nós!
Quinto mistério glorioso: Maria é coroada no céu como rainha r ainha do universo Ao entrar no céu, Maria é recebida pela Trindade, pelos anjos e santos e por todos os que nos precederam. Deus oferece a recompensa por tudo o que ela significa: a coroa da glória. A coroa representa a realeza, o mais alto grau de um governo, o reconhecimento por excelênci excelência. a. Deus encontrou graça na humil humilde serva de Nazaré e na glória ória deu-lhe deu-lhe mais uma tarefa: cuidar dos seus filhos. A missão de Maria continua eternamente ao lado do Filho. É para Ele que a Mãe nos orienta. Ela, cheia de encanto, conquistou o lugar de honra, a santidade oferecida gratuitamente aos fiéis seguidores do Evangelho. Tudo o que Maria fez foi apontar para Cristo; toda a sua história está intimamente associada ao Filho. Agora, na glória, ela continua a nos mostrar a salvação. Em cada pedido de ajuda, em cada súplica, em cada agradecimento, a Mãe se compadece dos frágeis e leva aos pés do Senhor tudo o que somos. Jamais nos abandonará, pois Mãe é aquela que se doa e faz o impossível para amar e proporcionar o melhor para seus filhos. A história de Maria é também a nossa quando nos desprendemos das coisas temporais e nos agarramos em Deus; quando deixamos de lado o individualismo e pensamos na comunidade; comunidade; quando o sentimento sentimento de partilh partilhaa é maior maior do que o consumismo; quando a verdade é a bandeira de nosso ideal; quando o Evangelho de Cristo está acima dos interesses particulares. Tudo isso é vislumbrar o céu, a glória. A maior recompensa para um cristão é estar ao lado de Deus e também ser coroado por Ele após ter “combatido o bom combate da fé”. A fé de Maria a levou para junto de Deus, não só porque ela foi escolhida para ser a porta de entrada da salvação, salvação, mas porque fez de seu ser uma eterna e fiel fiel presença do amor de Deus. É na entrega ao amor de Deus que se experimenta a realização na vida. Às vezes perdemos muito tempo com o desnecessário e o supérfluo, tempo que nos será cobrado. Cada gesto de semear a bondade e a paz é a antecipação da glória; é um tempo de colher as virtudes da fé. Trazemos dentro do coração um imenso potencial gerador de vida e, no entanto, o ocultamos. Maria fez bom uso em sua vida de todos os dons que o Pai lhe concedeu, por isso, chegou até Ele com os cestos cheios, com as mãos esplendorosas e fartas de graças. As mesmas mãos que distribuem para nós a confiança e reanimam reanimam nossa esperança. Ao meditar este mistério, lembre-se sempre de que o cristão é convidado a ser transformador do mundo por meio de uma fé inabalável em Deus e com os meios que provêm de sua miseri misericórdi córdia. a. P eça à Maria Maria da Glóri Glóriaa o aux auxíl íliio para desenvolver desenvolver seus dons a fim de apresentar a Deus no dia de sua passagem os frutos colhidos pela graça. Nossa Senhora da Glória, rogai por nós!
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© 2011 by Editora Ave-Maria. All rights reserved. Rua Martim Francisco, 636 – 01226-000 – São Paulo, SP – Brasil Tel.: (11) 3823-1060 • Fax: (11) 3660-7959 Televendas: 0800 7730 456
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ISBN: 978-85-276-1361-3 Capa: Rui Cardoso Joazeiro
Edição digital: julho 2012
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua CRB-8/7057 Boni, Nilton César Orações marianas meditadas / Nilton César Boni. São Paulo Editora Ave-Maria, 2012. 600kb; ePub ISBN: ISBN: 978-85-276-1361-3 978-85-276- 1361-3 1. Orações 2. Ave-Maria 3. Salve Rainha 4. Rosário I. Título. CDD 248.143
Índices para catálogo sistemático: 1. Orações 2. Orações : Igreja Católic a
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Diretor Geral: Ge ral: Marcos Antônio Antônio Mendes, Mendes, CMF Diretor Editorial: Luís Erlin Gomes Gordo, CMF Gerente Editorial: J. Augusto Nascimento Editor Ass istente : Valdeci Toledo Revisão: Maria Paula Rodrigues e Maria Alice Gonçalves Diagramação: Marcos Gubiotti Produção Gráfica: Carlos Eduardo P. de Sousa Arquivo ePub produzido pela Simplíssimo Livros
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Índice Sumário Introdução Ave-Maria Salve-Rainha Os mistérios do Rosário Copyright
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