Ogum ou Ogundelê1 (em iorubá: Ògún) é, na mitologia iorubá, o orixá ferreiro,2 senhor dos met is, deus da guerra, da agricultura e da tecnologia. O próprio Ogum forjava suas fe rramentas, tanto para a caça, como para a agricultura e para a guerra. Na África, se u culto é restrito aos homens, e existiam templos em Ondo, Ekiti e Oyo. Era o filh o mais velho de Oduduwa, o fundador de Ifé, identificado no jogo do merindilogun p elos odus etaogunda, odi e obeogunda, representado materialmente e imaterial no candomblé através do assentamento sagrado denominado igba ogun. Ogum é considerado o principal orixá a descer do Orun (o céu) para o Aiye (a Terra) após a criação, um dos semideuses visando a uma futura vida humana. Em comemoração a tal aco ntecimento, um de seus vários nomes é Oriki ou Osin Imole, que significa o "primeiro orixá a vir para a Terra". Ogum foi provavelmente a primeira divindade cultuada p elos povos yorubá da África Ocidental. Acredita-se que ele tenha wo ile sun, que sig nifica "afundar na terra e não morrer", em um lugar chamado 'Ire-Ekiti'. É também chamado de Ògún, Ogoun, Gu, Ogou, Ogun e Oggún. Sua primeira aparição na mitologia f i como um caçador chamado Tobe Ode.3 Índice [esconder] 1 Etimologia 2 Família 2.1 O guerreiro 3 Arquétipo 4 Aspecto 4.1 Oferendas e danças 5 Diferentes mitologias 5.1 Candomblé 5.2 Cuba 5.3 Haiti 5.4 Outras características 6 Ver também 7 Referências 8 Bibliografia 9 Ligações externas Etimologia[editar | editar código-fonte] "Ogum" é um termo procedente da língua iorubá.1 Família[editar | editar código-fonte] Assentamento de Ogum no candomblé É filho de Oduduwa e Yembo, irmão de Xangô, Oxossi,e Eleggua. Ogum é o filho mais velho de Odudua, o herói civilizador que fundou a cidade de Ifé. Quando Odudua esteve temp orariamente cego, Ogum tornou-se seu regente em Ifé. Ogum é um orixá importantíssimo na Áf rica e no Brasil. Sua origem, de acordo com a história, data de eras remotas. Ogum é o último imolé. Os Igba Imolé eram os duzentos orixás da direita que foram destruídos por Olodumaré após terem agido mal. A Ogum, o único Igba Imolé que restou, coube conduzir o s Irun Imole, os outros quatrocentos orixás da esquerda. Foi Ogum quem ensinou aos homens como forjar o ferro e o aço. Ele tem um molho de sete instrumentos de ferro: alavanca, machado, pá, enxada, picareta, espada e faca , com as quais ajuda o homem a vencer a natureza. O guerreiro[editar | editar código-fonte] Era um guerreiro que brigava sem cessar contra os reinos vizinhos. Dessas expedições , ele trazia sempre um rico espólio e numerosos escravos. Guerreou contra a cidade de Ará e a destruiu. Saqueou e devastou muitos outros estados e apossou-se da cid ade de Irê, matou o rei, aí instalou seu próprio filho no trono e regressou glorioso, usando ele mesmo o título de Oníìré, "Rei de Irê". Tem semelhança com o vodum Gu. Arquétipo[editar | editar código-fonte]
De acordo com Pierre Verger, o arquétipo de Ogum é o das pessoas fortes, aguerridas e impulsivas, incapazes de perdoar as ofensas de que foram vítimas.4 Das pessoas q ue perseguem energicamente seus objetivos e não se desencorajam facilmente.4 Daque las que, nos momentos difíceis, triunfam onde qualquer outro teria abandonado o co mbate e perdido toda a esperança.4 Das que possuem humor mutável, passando de furios os acessos de raiva ao mais tranqüilo dos comportamentos.4 Finalmente, é o arquétipo d as pessoas impetuosas e arrogantes, daquelas que se arriscam a melindrar os outr os por uma certa falta de discrição quando lhe prestam serviços, mas que, devido à since ridade e franqueza de suas intenções, tornam-se difíceis de serem odiadas.4 Ogum no ritual do sacrifício no candomblé do Ile Ase Ijino Ilu Orossi Aspecto[editar | editar código-fonte] Na santería, Ogum é dono dos montes junto com Oshosi e dos caminhos junto com Eleggu a. Representa o solitário hostil que vaga pelos caminhos. É um dos quatro orixás guerr eiros. Suas cores são o azul e branco ou branco e vermelho. No candomblé, Ogum é o orixá ferreiro, dono de todos os caminhos e encruzilhadas junto com seu irmão Exu. Também é tido como irmão de Oxóssi e detentor de uma ligação muito forte om Oxaguian, de quem é inseparável. Aparece como o senhor das guerras e demandas, su as cores são o azul-cobalto e o verde. Na umbanda, sua cor é o vermelho. Oferendas e danças[editar | editar código-fonte] Sacrificam-se-lhe bodes, galos, galinhas-de-angola (macho), pombos e patos. Todo s os orixás masculinos (agboros) recebem sacrifícios de animais machos. Diferentes mitologias[editar | editar código-fonte] Ogum, no Haiti, é um vodun haitiano, um loa) do fogo, do ferro, da caça, da política e da guerra. É o patrono dos guerreiros, e normalmente é mostrado com seus artefatos: facão e espada, rum e tabaco. Ogum é um dos maridos de Erzulie e foi marido de Oyá e Oxum na mitologia iorubá. Tradicionalmente um guerreiro, Ogum é visto como uma poderosa divindade dos trabal hos em metal, semelhante à Ares e Hefesto na mitologia grega e Visvakarma na mitol ogia hindu. É representado, no Brasil, como São Jorge; como tal, é poderoso e triunfal , mas também exibe a raiva e destrutividade do guerreiro cuja força e violência pode v irar contra a comunidade que ele serve. Dá força através da profecia e magia, e é procur ado para ajudar as pessoas a obter mais um governo que dê resposta às suas necessida des. Candomblé[editar | editar código-fonte] Ver artigo principal: Candomblé Na tradição religiosa afro-brasileira candomblé, Ogum (como é conhecida essa divindade i orubá no idioma português) é frequentemente identificado com São Jorge. Isto acontece, p or exemplo, no estado do Rio Grande do Sul e na cidade do Rio de Janeiro. No ent anto, Ogum também é representado por Santo Antônio, como frequentemente é feito na região nordeste do Brasil, por exemplo na Bahia. Qualidades de Ogum Akoro Ògúnjà SoróKè Wari Lakàiye Méjèje Omini Olode Onírè Alágbède Méjè
Sete folhas mais utilizada para Ogum Iji opé Ida orixá Atoribé Okiká Ojusaju Peregun Ewurô Características Dia: terça-feira; Metal: ferro; Cor: azul marinho ou azul escuro e verde. Comida: feijoada e inhame; Arquétipo: impetuosos, autoritários, cautelosos, trabalhadores, desconfiados e um po uco egoístas; Símbolos: espada, facão, corrente de ferro. Cuba[editar | editar código-fonte] Em Cuba, na santería e na palo mayombe, é chamado de São Pedro, São Paulo, São João Batista, São Miguel Arcanjo e São Rafael Arcanjo. Dentro dessas crenças, Ogum é dono dos montes junto com Oshosi e dos caminhos junto com Eleggua. Representa o solitário hostil que vaga pelos caminhos. É um dos quatro orixás guerreiros. Suas cores são o verde e o preto. Ogum é considerado o Orisha dos f erreiros, das guerras, da tecnologia é violento e interessante. Na mitologia Fon, Gu é o deus da guerra e patrono da deidade dos ferreiros e dos a rtesãos. Ele foi enviado à Terra para torná-la um local agradável para as pessoas vivere m, e ele ainda não terminou sua tarefa. Haiti[editar | editar código-fonte] No Haiti, Ogoun é um lwa cultuado no vodun haitiano. Símbolo do Vodun Ogoun A maioria dos africanos que foram levados como escravos para o Haiti eram da Cos ta da Guiné da África ocidental, e seus descendentes são os primeiros praticantes de v odou (aqueles africanos trazidos ao sul dos Estados Unidos eram primeiramente do reino de Congo). A sobrevivência do sistema da crenças no novo mundo é notável, embora as tradições mudem com o tempo. Uma das maiores diferenças, entretanto, entre o vodun africano e o Haitiano é que os africanos transplantados do Haiti foram obrigados a disfarçar o seu lwa, ou espíritos, como santos católicos romanos deste país, como Santi ago Maior, num processo chamado sincretismo. Outras características[editar | editar código-fonte] Em todas as suas encarnações, segundo as diferentes crenças, Ogum é impetuoso e de espírit o marcial. Ele também está relacionado com o sangue e, por esse motivo, muitas vezes é chamado para curar doenças sanguíneas, em especial a anemia ferropriva, pois acredi ta-se que a deficiência de ferro no organismo humano seja a falta da energia de Og um. No culto dos orixás, ele aparece com outras identidades, tais como Ogum Akirum, Og um Alagbede, Ogum Alara, Ogum Elemona, Ogum Ikole, Ogun Meji, Ogum Oloola, Ogum Onigbajamo, Ogum Onire, Ogun-un e Onile, sendo este último uma encarnação feminina. Seus "filhos" aqui na Terra são pessoas fortes, que lutam na vida, são pessoas guerr eiras que não descansam por nada, sempre ativas, combatem tudo. São verdadeiros peões. São pessoas corajosas, sem medo de se arriscar. São sérias e perseverantes.
Ver também[editar | editar código-fonte] Ogum na Umbanda Ogum no Batuque Ogum no Xambá Referências ? Ir para: a b FERREIRA, A. B. H. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 217. Ir para cima ? LODY, Raul Giovanni da Motta; Dicionário de arte sacra & técnicas afr o-brasileiras, Pallas Editora, 2003 ISBN 85-347-0187-3, 9788534701877 Ir para cima ? OSWALD, Hans-Peter, Vodoo: Der Zauber Haitis, BoD Books on Demand , 2008 ISBN 3-8370-5904-9, 9783837059045 ? Ir para: a b c d e Verger, Pierre. Orixás, deuses iorubás na África e no Novo Mundo, p. 95. Salvador: Corrupio, 2002. Bibliografia[editar | editar código-fonte] Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em inglês, cujo título é «Og oun», especificamente desta versão. Africa's Ogun: old world and new. ISBN 0-253-30282-X. VERGER, Pierre Fatumbi e Carybé (ilustrador). Lendas africanas dos orixás. São Paulo: Corrupio Edições e Promoções Culturais Ltda, 1992, 3ª edição. PRANDI, Reginaldo. Mitologia dos orixá. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, 6ª edição. GLEASON, J.. Orisha: the gods of Yorubaland. New York: Atheneum, 1971. COURLANDER, H.. Tales of yoruba gods and heroes. New York: Crown, 1973. BRINTON, D. G.. Myths of the new world. Philadelphia, 1896.