Introdução 1. Idéia - story-line - argumento ou sinopse: três fases anteriores ao roteiro
A idéia: o primeiro chute na bola Como encontrá-Ia: a agulha no palheiro Qual é seu gênero ficcional preferido? urge a idéia: c agora? Story-line: ha!espearc pode a"udar # argumento: o bolo come$a a crescer Idéia% story-line Idéia% story-line e argumento 2. Antes de de levar levar o argumento argumento ao ao forno, confira: confira: localização - época - destinação - mensagem
&ocali'a$(o e época # p)blico a *ue se dirige: sucesso ou *ualidade? + a*uela hist,ria de mensagem? A moral da fábula # *ue "á foi dito% redito rapidinho .
!o"re o #ue não deve $aver $aver d%vidas: d%vidas: gêneros gêneros
plot- narrativa - ingredientes e temperos
A escolha do gênero: apenas uma *uest(o de r,tulo # plot Quem conta a hist,ria: ocê ou ele? Ingredientes: sempre falta alguma coisa &. 's personagen personagens: s: (s vezes vezes eles eles são são a pr)pria pr)pria $ist)ria -
A entreista: n(o responda por ele% deie-o falar /ipos e prot,tipos 5.
O roteiro: comece assim ...
# diretor precisa saber 0(o es*ue$a as rubricas 6.
Diálogo: mais arte que técnica
0(o olhe para a tela olil,*uio: para c1micos e doidos # diálogo c suas modula$es # subtcto: o inisicl intcligcnte 3iálogos adicionais 4ersonagens do 5al1 *ucm fala?5 A amea$a dos dialoguistas 7.
A imag imagem: em: os plan planos, os, cortes cortes e flashback
Cenas e suas subdiises #s planos: en*uanto assiste a um filme% classifi*ue-os # inicio e o final das cenas Flashhack: o passado eplicando o presente Inserts 8. 9.
O roteirista e quem paga a conta Adapta!o: Adapta!o: a quase quase impossi impossi"ilid "ilidade ade do aplauso aplauso un#nime un#nime
A*ui também o bom-senso é mais importante *ue *ual*uer regra 6ma adapta$(o infanto-"uenil
'eterano $$. emorial ainda n!o-computadori*ado
# rádio: a primeira escola de roteiristas # telerrádio: a imagem como simples decora$(o # teipe muda tudo + depois? 7 $.
rec/os cont0nuos de um um roteiro roteiro para tele'is!o
6ma auto-adapta$(o 1.. $2.
A *orenin$a na te'1 3oca"ulário 3oca"ulário cr0tico
Introdução 1. Idéia - story-line - argumento ou sinopse: três fases anteriores ao roteiro
A idéia: o primeiro chute na bola Como encontrá-Ia: a agulha no palheiro Qual é seu gênero ficcional preferido? urge a idéia: c agora? Story-line: ha!espearc pode a"udar # argumento: o bolo come$a a crescer Idéia% story-line Idéia% story-line e argumento 2. Antes de de levar levar o argumento argumento ao ao forno, confira: confira: localização - época - destinação - mensagem
&ocali'a$(o e época # p)blico a *ue se dirige: sucesso ou *ualidade? + a*uela hist,ria de mensagem? A moral da fábula # *ue "á foi dito% redito rapidinho .
!o"re o #ue não deve $aver $aver d%vidas: d%vidas: gêneros gêneros
plot- narrativa - ingredientes e temperos
A escolha do gênero: apenas uma *uest(o de r,tulo # plot Quem conta a hist,ria: ocê ou ele? Ingredientes: sempre falta alguma coisa &. 's personagen personagens: s: (s vezes vezes eles eles são são a pr)pria pr)pria $ist)ria -
A entreista: n(o responda por ele% deie-o falar /ipos e prot,tipos 5.
O roteiro: comece assim ...
# diretor precisa saber 0(o es*ue$a as rubricas 6.
Diálogo: mais arte que técnica
0(o olhe para a tela olil,*uio: para c1micos e doidos # diálogo c suas modula$es # subtcto: o inisicl intcligcnte 3iálogos adicionais 4ersonagens do 5al1 *ucm fala?5 A amea$a dos dialoguistas 7.
A imag imagem: em: os plan planos, os, cortes cortes e flashback
Cenas e suas subdiises #s planos: en*uanto assiste a um filme% classifi*ue-os # inicio e o final das cenas Flashhack: o passado eplicando o presente Inserts 8. 9.
O roteirista e quem paga a conta Adapta!o: Adapta!o: a quase quase impossi impossi"ilid "ilidade ade do aplauso aplauso un#nime un#nime
A*ui também o bom-senso é mais importante *ue *ual*uer regra 6ma adapta$(o infanto-"uenil
'eterano $$. emorial ainda n!o-computadori*ado
# rádio: a primeira escola de roteiristas # telerrádio: a imagem como simples decora$(o # teipe muda tudo + depois? 7 $.
rec/os cont0nuos de um um roteiro roteiro para tele'is!o
6ma auto-adapta$(o 1.. $2.
A *orenin$a na te'1 3oca"ulário 3oca"ulário cr0tico
4ntrodu!o
ei *ue seria mais direto c aparentemente mais didático reunir neste liro uma se*8ência de f,rmulas como os norte-americanos fa'em% com incomparáel habilidade% *uando transmitem transmitem conhecimento conhecimentoss práticos. práticos. +m seus 3o it yourself, yourself, sempre de grande endagem% o leitor pode até sentir sobre a sua a m(o do autor% emprestandolhe m)sculos% tendes e eperiência eperiência para produ'ir produ'ir deleitosos ob"etos de fim de semana: de um portaretrato retrato a uma estante sofisticada sofisticada ou como transformar transformar um li*8idificador li*8idificador *uebrad* *uebrad* num brin*uedo espacial para o ca$ulinha. 9as - lamentaelmente - o iga as Instru$es% com seus desenhos milimetrados% setas e linhas pontilhadas% n(o funciona com igual seguran$a *uando o material de trabalho s(o as palaras e o ob"eto a ser produ'ido é um roteiro para cinema ou teê. a'endo esse tipo de pondera$(o% *ue reela minha incapacidade para criar f,rmulas mágicas% optei nesta empreitada% além de certas normas% pela transmiss(o de eperiências pessoais% o *ue aprendi e o *ue tie de desaprender: estradas% atalhos e becos sem sa;da duma carreira *ue ao longo de algumas décadas somou sucessos e fracassos - estes sempre mais <<. )teis - como roteirista de cinema% teê e rádio. Além do mais% rebelar-se contra regras fias% = procura dum caminho pessoal% é no geral a melhor manifesta$(o de talento dum aprendi' de *ual*uer of;cio. 0(o pretendo ensinar como se prepara drin*ues. 0o máimo ocê aprenderá selecionar bebidas e sacudir com time profissional a co*ueteleira.
1 4déia - story-line argumento ou sinopse: tr1s +ases anteriores ao roteiro A idéia: o primeiro c$ute na "ola
A idéia é o átomo. >ocê *uer fa'er um roteiro de cinema ou teê% n(o? #uiu di'er *ue se paga bem e *ue se pode escreê-Io em casa% lire do rel,gio de ponto e da condu$(o. 9as é preciso partir de alguma coisa% de alguma idéia. Que tal a hist,ria dum homem e duma mulher *ue se conhecem em 4aris% pouco antes da chegada dos na'istas% apaionam-se perdidamente% e no dia da entrada entrada dos alem(es alem(es na cidade marcam marcam um encontro encontro numa esta$(o ferroiária% ao *ual ela n(o comparece. 3esiludido% ele foge com um pianista negro para o norte da frica% abre uma boate% e% *uando menos espera% sua amada ressurge com o ... 3esista. Isso "á foi feito. Chama-se Casablanca. Afinal% ocê tem ou n(o uma idéia? +omo encontr-Ia: a agul$a no pal$eiro
3i'em *ue a melhor forma de se encontrar uma agulha num palheiro é sentando-se nele. e sentir a picada% encontrou a agulha. 0ada em do nada. + muito menos as idéias% produtos de três ertentes: iência% leitura e imagina$(o.
13. <2.
Vivência: @raciliano amos n(o teria escrito Memrias !o c"rcere se n(o tiesse sido preso na ditadura >argas. 3ostoies!i% em certo per;odo da ida% iciou-se na roleta: escreeu # #o$a!or. Bnut ansun agou pela +uropa inteira sem ter o *ue comer% antes de escreer sua obra-prima% Fome. 9áimo @or!i ieu anos perseguido pelos agentes da pol;cia pol;tica% da; ter escrito com êito # espi%o. emingDaE n(o teria publicado &or 'uem os sinos !obram, se n(o tiesse participado atiamente da guerra ciil espanhola. >ocê também dee ter iido uma eperiência *ue lhe deiou sua marca ou cicatri' mesmo sem ter se metido em grandes aenturas. Faier de 9aistre n(o escreeu Via$ens ao re!or !e meu 'uarto( 4rocure na infGncia% sempre rica de sugestes. Quem sabe um dos amores da "uentude? @uerras con"ugais% cho*ues com os patres% doen$as% ideais pol;ticos? 0(o se preocupe muito com originalidadeH *ual*uer idéia% mesmo muito
usada% pode ter suas impresses digitais% diferen$ando-se do *ue "á foi feito. s e'es a idéia n(o nasce de fatos *ue ocê ieu% mas *ue aconteceram a pessoas do seu meio% parentes% amigos ou conhecidos. Acontecimentos *ue o impressionaram. # *ue a mem,ria retém sempre dá hist,ria. )eitura: o bom rotemsta normalmente é o *ue leu muito e *ue continua atuali'ado com a literatura% a grande fonte para *ual*uer gênero ou formato de fic$(o. Claro *ue as técnicas do romance nada têm a er com as do cinema e teê% mas a; o *ue interessa Jé o conte)do% a cria$(o de personagens% o clima e a dialoga$(o. A literatura dá a base% o brilho% a ambi$(o. Ainda n(o conheci um bom roteirista *ue n(o fosse um iciado consumidor de romances% tanto *ue a grande maioria dos filmes estrangeiros s(o baseados em
contos% romances e pe$as teatrais. 0o Krasil% onde se lê pouco% os produtores n(o eploraram suficientemente essa fonte. 0otáeis contistas e romancistas nacionais nunca foram adaptados. 9as adapta$(o é tema do *ual trataremos mais tarde. # *ue *uero di'er por en*uanto é *ue a leitura reigora e abre as possibilidades dum roteirista. Ima$ina*%o: é a mais contestáel propulsora de idéias% a menos confiáel. 9uitas e'es o *ue se supe uma bola$(o d e momento n(o passa duma lembran$a tran sfigurada. Algo *ue se leu ou
*ue se iu no cinema ressurgindo com a for$a duma cria$(o original. Certamente L)lio >erne e . @. Mells foram autores muito imaginatios% porém ao escreer +om Casmurro, 9aehado de Assis% narrando um simples caso de adultério% n(o recorreu muito a ela. # *ue se conclui é *ue n(o é necessário descobrir uma pedra rara% )nica% para resultar num bom roteiro. 9esmo o lugar-comum% *uando recriado% personali'ado% corretamente desenolido% tornase um trabalho de *ualidade% e imaginatio. ual é seu gênero ficcional preferido
ua idéia irá atrelada a um gênero de fic$(o. erá comédia% drama% policial ou o *uê? Atente para suas tendências naturais. e detesta comédias n(o será por a; *ue irá procurar sua idéia. aber o *ue n(o se ai fa'er "á é um passo = frente. Concentre-se. # *ue mais o preocupa ou o encanta? # *ue mais ocê odeia? # ,dio também é uma for$a criatia. 0(o o dispense. Cerantes n(o suportaa os romances sobre caaleiros andantes e decidiu acabar com eles% em seu +om uiote. >oltaire era outro *u e escreia rangendo os dentes. 3epois de er bem claro o gênero de sua preferência% a idéia pode tornar-se um parto indolor. 9as n(o se desespere se a idéia n(o sair. Lustamente por estar pr,ima =s e'es é menos is;el. !urge a idéia: e agora
Ntimo *ue "á tenha a idéia% mas% cuidado. egistre-a logo na KA/% ociedade Krasileira de Autores /eatrais% ou a mantenha em segredo. 0o meio pululam os salteadores de idéias *ue% *uando flagrados% costumam di'er *ue o importante n(o é a hist,ria% porém seu tratamento. As maiores ;timas% no entanto% s(o os autores consagrados% com direitos autorais prescritos. oubam tudo dos falecidos% principalmente os dentes de ouro. + agora? 4recisa testar a idéia% erificar se ela pára de pé% se tem consistência% contetura. É a hora da story-line.
á = má*uina e escrea. 4o rém n(o passe de seis linhas. e n(o conseguir resumir% algo está errado. >ocê ainda n(o está endo a idéia claramente. 0(o a digeriu. +la está crua% indigesta% dura de roer. + n(o enha di'er *ue a tarefa é imposs;el em seis linhas. &embre-se de ha!espeare e confira como é fácil resumir o omeu e /ulieta e o 0amlet em poucas palaras. 9ais simples ainda é a hist,ria da*uele homem *ue foi dormir e no dia seguinte acordou metamorfoseado num inseto gigantesco. +stá a; um bom eerc;cio para iniciantes: resumir num punhado de linhas romances% filmes e pe$as teatrais famosos. 0(o fo i Cecil K. de 9ille *uem escreeu a K;blia mas suas hist,rias s(o esplendidamente resumidas. 4or isso% certamente% mesmo entre gera$es e gera$es de analfabetos% passaram de pai a filho. Antes de lan$ar-se = pr,ima etapa% releia a story-line. +la realmente contém uma idéia% conta uma hist,ria? #u ocê está confundindo story-line com mensagem filos,fica ou pol;tica% informa$(o "ornal;stica ou li$(o de moral? #utro erro comum: limitar a story-line a uma cena ou aspecto do roteiro *uando dee abranger a hist,ria toda% sua ista aérea% sem detalhes% claro% mas total. A pr,ima etapa% "á.
o argumento: o "olo começa a crescer # argumento "á descree toda a a$(o da hist,ria% come$o% meio e fim% personagens e tudo mais. É como um conto% porém ob"etio% preso aos fatos% e narrado sem literatices. 0o caso dum roteirista iniciante% = procura de ender sua idéia% n(o aconselhamos um argumento longo. A pregui$a de ler é um mal nacional e *ual*uer d iretor de cinema assustase diante dum calhama$o. 4or outro lado a capacidade de s;ntese sempre impressiona bem. /ratando-se% por eemplo% duma telenoela% a dire$(o "amais se contenta com uma )nica sinopse. empre eige outras com noos detalhes e defini$es. Algumas chegam a ter
<.
de rumo% pois o teleautor sempre acaba cedendo =s presses e preferências de um colaborador an1nimo% o p)blico% *ue se entusiasmando por um ou outro personagem% n(o destacado na sinopse% ou por uma das hist,rias paralelas% influi decisiamente no resultado geral. esumindo% o argumento ou sinopse% planifica$(o e*uialente = planta baia dum ar*uiteto ou = f,rmula dum *u;mico% precisa englobar basicamente as seguintes *ualidades: aR clare1a: *uem lê ou oue dee entender sem esfor$oH bR ob#etivi!a!e: o autor n(o dee se perder ou se alongar em detalhes menos importantesH cR inte$rali!a!e: o argumento precisa conter a totalidade d a idéia abordada% incluindo o clima geral e o comportamento dos personagens.
2 Antes de le'ar o argumento ao +orno, con+ira: locali*a!o época destina!o - mensagem
Idéia, story-/ine e argumento A idéia é a chispa% o heurecaS 4ode ser concebida no chueiro ou en*uanto ocê fa' a barba. A story-line é a idéia "á posta no papel com defini$(o de gênero. Argumento ou sinopse "á é a hist,ria detalhada% embora ainda sem os diálogos e o tratamento técnico espec;fico do e;culo. # resto é fácil. Kem% era o *ue eu pensaa. # resto é tudo.
Certamente desde a slory-2ine o rotcirista "á se decidiu a respeito do lugar e da época em *ue sua hist,ria ai se d esenrolar. Cidade: (o 4aulo. Tpoca: atual. /udo é mais simples *uando o autor conhece bem sua cidadecenário e situa o tempo na atualidade. As pessoas refletem o mundo e a época em *ue iem. e o personagem é um paulistano n(o ai pensar% falar e agir como alguém *ue tenha passado a maior parte da ida no sert(o. + a; n(o basta colocar em sua boca palaras e epresses regionais. A credibilidade do personagem eige mais - falo do comportamento -% mesmo *ue deslocado do seu meio ista roupas citadinas. Kaiano n(o é paulista embora um deles tenha composto Sampa. Cada personagem% repetimos% dee tra'er a marca de sua regi(o ou nacionalidade% porém sem *ue seus tra$os% eagerados% deriem para a caricatura. Assisti a uma pe$a teatral% de muito sucesso% em *ue todos os personagens% italianos% falaam aos berros e cantaam. also. 0(o há tantos Carusos assim na Itália. 0o Krasil% "udeus e árabes% principalmente% sempre surgem caricaturados. /remendo primarismo. Carregar nas tintas reela incapacidade de dosar e a imaturidade de *uem recorre a clichês "á assimilados pelo p)blico. +ite% pois% italianos *ue cantem ou briguem constantemente% cariocas *ue s, falem na g;ria e negros *ue iam eclusiamenocalização e época
er;ssimo situaa os seus no io @rande do ul. Losé &ins do ego% pernambucano% *uando locali'ou um de seus romances no io% 3urf!ice, reali'ou sua pior obra. Ao contrário% a certo escritor *ue escolheu o pantanal de 9ato @rosso% perguntei se conh ecia a regi(o onde moimentara seus per sonagens% ou indo esta resposta: - /enho mais *ue fa'er. 4antanal é pantanal. +identemente seu romance% baseado em informa$es% n(o di'ia nada de noo sobre a regi(o mato-grossense. /ale' tenha sido para eitar imprecises e fugir de compromissos topográficos *ue inclair &eDis e Milliam aul!ner inentaram as cidades-cenários de seus liros. A determina$(o da época é ainda mais complea% e eige mais trabalho *ue o da locali'a$(o do roteiro% mesmo *uando ele foca o passado recente. 0os tempos atuais tudo muda em de' anos: estuário% costumes e linguagem. &embro *ue ao escreer certa noela usei palaras de g;ria e epresses% para mim atuais% porém% como constatei depois% desconhecidas do p)blico mais "oem. 6ma ou outra até permaneciam com outro sentido. 4ara n(o elaborar no mesmo erro% ao escreer alguns cap;tulos da minissérie Memrias !e um $i$ol4, baseada em romance de minha autoria% e *ue na adapta$(o passaa-se nos anos 2P% fi' longa pes*uisa para introdu'ir nos diálogos palaras% maneirismos% máimas e pilhérias *ue circulaam na época% com o *ue suponho ter dado mais autenticidade e sabor = hist,ria. 0unca ouiram numa noela iida no século FIF personagens di'erem: legal% bacanérrimo% paca% ai *ue é mole% cuca fresca? 0(o digo *uais noelas para n(o dedarninguém. 0(o é porém apenas para *uestes ling8;sticas *ue a pes*uisa é importante. Lá i numa cena dois personagens comentando um romance de 9achado de Assis *ue s, *uin'e anos depois seria publicado. A um noelista *ue escreia uma noela iida no come$o do século% enolendo disputas e fofocas da pol;tica municipal interiorana% perguntei se sabia *uem era o @oernador do +stado e o 4residente da ep)blica na*ueles dias. +le n(o sabia. i'-lhe er% ent(o% *ue se pes*uisasse um pouco% ou ao menos lesse alguns liro s de hist,ria% poderia d ar mais igor% profundidade e realce aos personagens. 4ortanto% se pensa escreer roteiro para cinema ou teê% *ue se passe em regies *ue n(o conhe$a bem ou noutras épocas% pes*uise% pois gafes como a*uela do romance de 9achado de Assis% comentado muito antes de sua publica$(o% sempre epe o autor = chacota e desmorali'a$(o d a parte dos bem informados.
o p%"lico a #ue se dirige: sucesso ou #ualidade
Quando ocê se prepara para escreer um roteiro "á dee ter em mira o p)blico *ue dese"a atingir. Claro *ue no caso duma telenoela o ob"etio é o êito. # importante é *ue um grande n)mero de telespectadores a assista% sendo a *ualidade apenas um dado acess,rio. 0enhum telenoelista perde o emprego se sua péssima noela somar muitos pontos no Ibope. 9as perderá com certe'a se sua obra prima% diferente e criatia% n(o agradar o 5public(o5. #s romancistas fabricantes de best sellers se parecem muito com os noelistas de teê por*ue conhecem o seu eleitorado. abem *ue seus leitores n(o se preocupam com estilos% inoa$es literárias ou erdades profundas% fascinando-se apenas pela a$(o e pela carga de emo$(o *ue a hist,ria possa conter. +identemente LoEce% ao escreer 5lysses, n(o estaa preocupado com os aplausos da galera% mas em desbraar% abrir noos rumos para a literatura. +m todas as artes há pioneiros e seguidores. 0o cinema tiemos #rson Melles% *ue lhe deu linguagem pr,pria% embora seus filmes nunca tenham sido êitos de bilheteria. + seu roteiro? A *ue p)blico se destina? Aos mais "oens? Aos mais intelectuali'ados? Ao p)blico feminino? T importante decidir-se antes de come$ar. A maioria dos roteiros% se"am de cinema ou teê% ob"etiam o êito. T a eigência de *uem paga. # rica$o *ue entra com o dinheiro nunca está interessado em obra de arte. 9as é nessa tens(o de satisfa'er a *uase totalidade do p)blico% gregos e troianos% *ue o roteirista acaba na maioria das e'es apresentando um trabalho de *ualidade inferior% repleto de concesses ao mau gosto% lugares-
I
comuns% clichês usados e gastos% personagens estereotipados% desagradando por fim até aos menos eigentes. 0(o há f,rmulas seguras para o sucesso. oteiros intimistas% dif;ceis% complicados% obscuros% para surpresa geral% até do roteiris ta% =s e'es emplacam. 4or *ue a cr;tica os endeusou? #utros% também endeusados por ela% e com mais alor% fracassam. # êito é
o #ue 0 foi dito, redito rapidin$o
)oca2i1a*c6o - &ocali'e seu roteiro em cidade ou regi(o *ue conhe$a bem. 0(o chute. 7poca - /ratando-se dum roteiro de época% pes*uise. Assim agem os profissionais. +estina*%o - eflita sobre o p)blico *ue dese"a atingir. Mensa$em - , *uando n(o for careta nem atrapalhar o desenolimento da hist,ria.
X 5o"re o que n!o de'e /a'er d6'idas: g1neros p/ot - narrati'a ingredientes e temperos
A escol$a do gênero: apenas uma #uestão de r)tulo
á muitos gêneros de fic$(o e muitas e'es eles se mesclam. Quando a com-
3rama
bina$(o é bem feita% tudo bem. empre há muita comédia nos draY mas psicol,gicos de 9achado de Assis. +le foi um gênio do claroescuro. Logando com os dois gêneros reelaa o lado humor;stico de certos dramas e a dramaticidade de situa$es aparentemente c1micas. e ocê a esta altura "á tem seu argumento% *ue nasceu duY ma story-line, *ue por sua e' nasceu duma idéia% tendo "á determinado a cidade e a época em *ue tudo ai se desenoler% certamenY te "á classificou o gênero de seu roteiro. 9esmo assim% dê uma olhada no cardápio abaio. Alguns roY teiristas fa'em erdadeiras saladas% confundindo tudo. >amos lá? É um gênero e também um condimento% tempero% para *ual*uer outro. uas subdiises s(o in)meras% mas numa simplifica$(o% há os *ue enolem muita a$(o% como #s miser"veis, de >ictor ugo% e os psicol,gicos% parades% como o "á citado +om Casmurro, de 9achado de Assis. # folhetim% pai da radionoela e a1 da tele-
no e la% er a m o im en ta d; ssi m o. # s pe rs on ag en s pe ns a a m po uc o e ag ia m m uit o. A t1 ni ca % te ns (o dr a
mática% leaa sempre =s lágrimas. a'er chorar era a meta do drama. 3o drama ao dramalh(o é um pulo. Qual*uer eagero lea o gênero ao rid;culo. As radionoelas e as primeiras telenoelas eram todas dramáticas% n(o reserando o menor espa$o para o humor. +nolendo +nolendo a$(o ou n(o% psicol,gicos psicol,gicos ou n(o% o drama entre outras engloba as seguintes subdiises: biográfico% hist,rico% social ou pol;tico% religioso% musical e bélico. +omédia A comédia% rotulada de gênero lee% pode ser e;culo de mensagens muito sérias. #s cartunistas cartunistas sabem muito bem disso. disso. á as comédias comédias ligeiras% destinadas s, ao risoH as ir1nicas% mais intelectuali'adas% *ue n(o chegam a proocar gargalhadasH e as sarcásticas% oltadas ob"etiamente = cr;tica cr;tica pol;tica% social% social% religiosa religiosa etc. Como o drama% drama% a comédia comédia possui oltagens diferentes% mas sempre com a inten$(o de diertir% mesmo *uando pretende sangrar pessoas e institui$es. Além das caracter;sticas básicas% aludidas% aludidas% a comédia pode ser romGntica% policial% policial% musical% musical% aenturesca% aenturesca% hist,rica% de horror ou bélica. 4olicial /rata-se /rata-se dum gênero antigamente antigamente des*ualific des*ualificado ado pelo preconceito. preconceito. 9as produ'iu tantas obras-primas obras-primas na literatura e no cinema% cinema% no geral adapta$es% *ue sua cota$(o subiu bastante. 0asceu como entretenimento de homens oltados para outras paies literárias ou especulatias: +dgar Allan 4oe% Conan 3oEle% Chesterton% Milliam lrish e outros. 4ossuindo elementos preponderantes de drama ou comédia% o gênero engloba subdiises% como estas: detetiescos% *ue enolem inestiga$(o poliCial% sendo o detetie o her,iH hist,rias de crime% nas *uais a participa$(o policial é dispensáelH "ornal;sticos% *uando fundamentados em casos er;dicosH de submundo% os *ue narram a forma$(o de criminosos ou de *uadrilhas% deido a circunstGncias sociais. # gênero policial é o pai de outro% o de espionagem% t(o eplorado Jpelo cinema% muitas e'es produ'ido com o prop,sito claro
isconde abugosa%
#K+ # Q6+ 0[# 3+>+ A>+ 3\>I3A: @]0+# - &)9... - &)9... ;<
d e 9 o n t e i r o & o b a t o . + m c e l u l , i d e o u t e i p e s u r g i r a m
os clips, fantasias musicais com a apresenta$(o de um n)mero% cu"a cria$(o% atraés atraés de cortes% cortes% fica diidida diidida com o editor% incumbido incumbido do ritmo e das montagens montagens impreistas impreistas.. Algumas Algumas subdiises subdiises:: musical-re musical-reista% ista% com ou sem unidade unidade temáticaH temáticaH biográficoH biográficoH fantasiosoH fantasiosoH adapta$(o adapta$(o de romances romances e pe$as teatraisH desfile de sucessos musicais. e muito em matéri matériaa de cinema cinema e teê teê aprend aprendemo emoss com os nortenorteamericanos% neste setor% o musical% temos ainda muito a aprender% pois trata-se dum gênero *ue n(o deslanchou suficientemente apesar da ri*ue'a de nossa m)sica popular. Infanto-0uvenil Atualmente Atualmente *uase todas as emissoras emissoras de teê têm seus programas infantis% infantis% n(o fundamentados fundamentados em idéias mas em apresentadoras apresentadoras famosas ou a caminho do estrelato. &uo e linearidade% tudo bem cliche'ado para *ue num dia ou dois se possa graar todos os programas da semana. (o uma calamidade cultural% cultural% feitos eclusiamente eclusiamente para olhos e ouidos% o maior sintoma de roboti'a$(o dos tempos atuais a seri$o eclusio da diulga$(o de produtos comerciais. e a programa$(o infantil ocupa tanto espa$o% a "uenil é a grande es*uecida. #s programadores ainda ignoram *ue há no pa;s uma literatura "uenil% "á com caracter;sticas nacionais% com ingresso nos colégios% *ue supera a adulta em n)mero de edi$es c eemplares eemplares endidos. 3esconhecem 3esconhecem *ue a; está um rico fil(o% com p)blico garantido% *ue enole aentura% mistério% romance% suspense e fantasia. 'utros á gênero gêneross *ue desapa desaparec recem em como como a chancha chanchada da brasil brasileir eira% a% ho"e alori'ada como curiosidade cinematográfica% e a pornochanchada% imita$(o um tanto grosseira das comédias comédias er,ticas er,ticas italianas% italianas% tornadas subitamente subitamente ingênu ingênuas as pelo nu frontal frontal da no noaa ond ondaa porn1. porn1. Como a chanch chanchada ada%% a pornochanchada tee sua importGncia% p ois% além de serir de treinamento para uma gera$(o de técnicos% produ'iu alguns filmes de *ualidade% melhores% a meu er% *ue muitos porn1s de luo% assinados por diretores famosos% com os *uais a cr;tica cr;tica tem sido etremamente etremamente beneolente. beneolente. &ogo% podem anotar% algumas pornochanchadas ser=o redescobertas e suas irtud es apontadas ante um eame mais detido e menos preconceituoso.
2P.
+ncerramos a*ui essa is(o panorGmica com um alerta para o roteirista aprendi' no sentido de definir claramente o gênero escolhido% apesar das poss;eis combina$es% para *ue o roteiro n(o resulte numa mistura indefinida e confusa. =%o escreva ain!a, reeamine seu plot. 9as o *ue é plot(
o plot /oda hist,ria tem seu n)cleo% seu ponto central% donde partem as demais tramas e intrigas. &lot é a a$(o principal% geradora de conflitos secundários. A diferen$a entre plot e storytine n(o é t(o sutil como possa parecer. A story-line é o resumo do enredo. &lot é sua alaanca% o drama-mo r. 0o omeu e /ulieta o plot é o ,dio entre 9ontecchios e Capuletos. em esse plot n(o eistiria a hist,ria por*ue omeu e Lulieta poderiam se amar liremente. 0(o haeria mortes. É o motor da hist,ria% o *ue origina um con"unto de a$es. + no +om uiote( # plot é a loucura do pr,prio. 6m doido *ue arrasta um homem sensato para o caminho da aentura. A loucura de 3om Quiote prooca todas as a$es do liro e suas conse*8ências. 6m plot fort;ssimo. 0o 0amlet o plot é o dese"o de ingan$a. /ire esse dese"o da pe$a? 0(o fica nada por*ue tudo nasceu dele. + no filme Casablanca( 0(o sei mas o plot dee ser o encontrodesencontro-encontro. 6m n)cleo subdiidido em três partes. # plot gera a$es% porém n(o é obrigatoriamente uma a$(o e sim o gerador. +m ebeca, liro ou filme% o plot é a presen$a duma morta% a falecida *ue parece se interpor entre seu marido e a no a esposa. A; o plot tem a forma humana% é um personagem% embora ausente. +m Vinhas !a ira, liro ou filme% o plot é um caminh(o. # e;culo precário *ue lea uma fam;lia em iagem do AtlGntico ao 4ac;fico% nos +stados 6nidos% da miséria em *ue iia a uma ilus(o total. A iagem% o caminh(o% é o *ue gera os conflitos. # 4inocchio tem plot( Acho *ue o plot do 4inocchio é a deso bediência. e o boneco obedecesse o @epeto n ada da*uilo teria acontecido. # fundo moral n(o está no desfecho mas em todo o decorrer da hist,ria. 4arece genial isso% n(o acham?
#
# plot pode ser um sentimento% amor ou ,dio% uma
pessoa% uma coisa ou uma série de coincidê ncias como em
Casab2a nca, encontros e desencon tros% produ'in do a$es. + m >
tra$?!ia america na, de /heodore 3reiser% o plot é o dese"o de subir na ida% *ue lea um "oem ambicios o ao êito social e = morte na cadeira elétrica. + m )otita, o plot é a pai(o dum intelectu al maduro por uma garotinha ignorante . #u é
esse um plot apenas aparente *uando na erdade o motor da hist,ria% o n)cleo% está no cho*ue cultural e na atra$(o dos contrastes entre europeus e americanos? Quase se pode di'er *ue o plot é a parte mais intelectuali'ada !astorytine. 9as nem sempre isso se confirma e portanto n(o digo. # melhor é n(o perder tempo com defini$es. + mesmo se n(o tier entendido bem o *ue é o plot, n(o se preocupe. á bons roteiristas *ue nunca pronunciaram essa palara. # importante é *ue "amais se distancie do n)cleo do seu roteiro. Quanto filme ocê "á iu% *uanto romance "á leu% *uanta telenoela "á assistiu *ue% a partir de certo momento% há a impress(o de *ue o autor se perdeu% es*uecido inteiramente do conflito *ue apresentou no in;cio? # plot funciona como uma espécie de b)ssola. /endo-o em mente o autor n(o se desia do caminho proposto. 0as telenoelas% d eido as suas propor$es% há sempre diersos plats, fontes de conflitos. # grupo da fam;lia rica% dos pobres% dos marginais% e outros. 6m )nico n)cleo dramático n(o pode fornecer lenha para tantos personagens% dispostos em cenários diersos. # *ue acontece nessa modalidade de espetáculo é *ue os n)cleos se interligam% atraés de a$es ou rea$es% como um sistema de asos comunicantes. # *ue comumente sucede em telenoelas é *ue certas hist,rias paralelas% subplots, acabam se desenolendo além da preis(o da sinopse% passando a comandar a a$(o geral. s e'es basta o acerto ou êito dum personagem secundário para determinar altera$es substanciais na estrutura total. 3a; ser a telenoela% na maioria dos casos% um gênero de espetáculo ou fic$(o% como *ueiram% pouco respeitáel na área da criatiidade% t(o su"eito está a acidentes de percurso% promoidos pela interferência do p)blico% performance dos atores e cont;nuas interen$es da censura. # tema% porém% é o n)cleo% a má*uina *ue pua ou impulsiona o enredo. 3etermina-o. # p2ot de sua hist,ria está bem definido? +le possui gás% for$a% conte)do para ser eplorado% sem repeti-
ferência do autorH bR com o narrador em of@, ocultoH cR com o narrador como personagem principal ou mera testemunhaH dR com diersos narradores. 2<. +rroneamente tale'% ou falar de temperos antes de lear a panela ao fogo. 9as o co'inheiro n(o improi sa% sabe de antem(o *uais os temperos *ue dee usar. efiro-me aos ingredientes *ue enri*uecem os roteiros e tornam os pratos mais conidatios. # algo mais *ue sem ele ou eles o roteiro sai ins;pido% dando a impress(o aga de *ue está faltando alguma coisa. $es ou lacunas% até o final do roteiro? s e'es a precipita$(o% a *ueima rápida de situa$es ou conflitos fa' com *ue ele logo se esgote% "á tendo dado tudo *ue tinha para dar% *uando conse*8entemente a a$(o ou tens(o rareia e o interesse se esai. 6 ma hist,ria pode ser narrada por diersos Gngulos% técnicas de abordagem. A mais comum é a*uela em *ue o escritor ou roteirista n(o interfere no enredo. +le coloca-se no ponto de ista do espectador e deia a coisa rolar. 0este caso o )nico olho álido ou confiáel é o da cGmera.
s e'es a cGmera pode ter o'% narrador. # narrado r pode estar oculto% um ser impessoal% ou pode participar da narratia. 0o seriado #s intoc"veis, o narrador% em olf, inis;el% condu' o roteiro% conta% como se fosse um ar*uio *ue falasse. T um recurso *ue se usa para dar maior credibilidade no caso de hist,rias reais. # narrado r pode também participar do roteiro% como mero obserador% um personagem secundário *ue apenas presenciou acontecimentos ou como ator principal. 0esse caso ele pode saber tudo *ue aconteceu ou% como o espectador% acompanhar o momento prcsente. 0o filme # crepAsculo !os !euses, o narrador-ator narra a pr,pria morte. 6m enredo pode inclusie ter diersos narradores% no geral cada um dando sua pr,pria ers(o do mesmo fato. #u cada um contando um peda$o da hist,ria em *ue ele% como ator% participa. Kolar noos Gngulos de narratia eige muita criatiidade. 0o filme > !ama !o la$o, baseado no romance hom1nimo de aEmond Chandler% o personagem-narrador é a pr,pria cGmera% segue seu ponto de ista% tanto *ue s, é identificado *uando diante do espelho. 0o filme > histria !uma casaca, pe$a da indumentária *ue ai de m(o em m(oY os personagens surgem como conse*8ência duma casualidade.É *uase como se ela% a casaca% narrasse as diersas hist,rias *ue o filme reuniu. 3escobrir um no# "eito de contar% um Gngulo ainda n(o ou pouco eplorado% se n(o garante o êito do roteiro pelo menos sem pre suscita comentários. As aria$es mais correntes s(o: aR hist,ria contada sem interIngredientes: sempre falta alguma coisa uem conta a $ist)ria: você ou ele 5umor
Lá se disse *ue n(o há uma gr ande hist,ria sem uma boa pita da de humor. umor é sabedoria% di'em outros. 0os bons tempos de ollEDood haia especialistas *ue se dedicaam eclusiamente a dar o to*ue humor;stico nos roteiros% fossem eles romGnticos% dramáticos% policiais ou de aentura. urgiram a; mestres principalmente nos rápidos si!e-#okes, piadas brees% laterais% para o agrado dos espectadores mais atentos e inteligentes. As radionoelas nGo reseraam o menor espa$o para o humor% o *ue <
\
"á n(o acontece com as telenoelas% embora lidem sempre com o de segunda categoria% grosso. !uspense
T 5o *ue ai acontecer agora?5% t;pico do policial mas indispensáel em *ual*uer gênero. e L ulieta acordar agora salará a ida de omeu. Acorde% mo$aS +m linguagem de teê o suspense chama-se gancho e é mais fabricado do *ue criado por*ue a telenoela precisa dum gancho em cada final de bloco e um ganch(o no final do cap;tulo% sem falar na*uele% especial% dos sábados% para amarrar o espectador até a segunda-feira. # gancho% macete usado para prender o p)blico% é também o maior culpado do artificialismo do gênero% pois nem sempre surge duma decorrência natural. Lá oui um telenoelista aconselhar a outro: pense s, no suspense% o *ue ai antes é s, para encher 22. o tempo. 6m suspensecrescente% *ue desli'e e
%
engrosse com as cenas% sem engana$es *ue criam falsas epectatias% impactos sem consistência% é arte *ue alori'a o roteirista. @rampear o espectador% condu'i-Io% é
uma das metas do profissional% mas erram os *ue supem *ue se"a esse o ob"etio maior. 2rotismo
É o molho mais em uso% atualmente% sempre partindo duma eigência do produtor. 0a maioria dos casos n(o é mero ingrediente% um an'ol a mais% é tudo% pois sempre sobra pouco% se tirado. +mbora n(o tolerado pelos romancistas romGnticos% os clássicos o adotaam. 0o cinema o erotismo topou logo com uma barreira% a censura. A )nica epress(o de amor carnal foi limitada ao bei"o% no final% *uando "á ca;am os letreiros. 0a década de XP% um filme europeu% Btase, onde aparecia uma atri' nua% = distGncia% formou filas nas bilheterias do mundo todo. oi o cinema italiano% ap,s a guerra% *ue come$ou apelar ao erotismo% embora mascarado de realismo social. #s franceses tentaram poemati'ar o erotismo. 9as foram os suecos% =s e'es sob o preteto de intelectuali'a$(o% *ue o learam para a tela sem constrangimento. 0o Krasil% erotismo e mau gosto% salo ece$es% s(o *uase indissol)eis% *uando n(o copiam modelos estrangeiros% erocando emo$es e comportamentos *ue nada têm a er com os brasileiros. Condena-se o ecesso% as grossuras% mas o erotismo eagerado% mesmo se um dia passar% "á terá se inserido com mais comedimento = lista de temperos *ue d(o sabor ao roteiro% pois a ingenuidade% a pure'a e os amores totalmente asseuados dos antigos filmes de ollEDood pertencem definitiamente ao passado.
4 Os personagens: 7s 'e*es eles s!o a pr8pria /ist8ria
# personagem é o grande elo entre o autor e o p)blico. e bem concebido% por inteiro% pode salar uma hist,ria fraca ou até dispensá-Ia% pois tra' no bo"o toda uma biografia repleta de fatos. ha!espeare tale' criasse suas pe$as teatrais partindo do p ersonagem: amlet% #telo% omeu e Lulieta% 9acbeth. +m nossa literatura é fácil enumerar os casos em *ue o personagem é a hist,ria ou seu pr,prio plot, "á *ue é o n)cleo da a$(o: lnocência% 9acuna;ma% Lo(o 9iramar% erafim 4onte @rande% /eresa Katista% 9ole*ue icardo. (o hist,rias *ue giram em torno ou descreem uma personalidade. iam as conse*8ências de *uem carrega certo tipo de caráter% forma$(o ou temperamento. # destino de 9adame KoarE n(o poderia ser muito diferente da*uele *ue laubert descreeu. + 0aná% de ^ola% n(o ieu a ida ditada pela sua personalidade? /udo isso para ressaltar como é importante para um roteirista trabalhar com personagens reais e eross;meis. Acontece porém *ue os escritores coniem anos com seus personagens% en*uanto os roteiristas n(o dispem de tanto tempo assim% ligados = chamada ind)stria cultural% áida de produ$(o como *ual*uer outra. # pra'o para a entrega dum trabalho é *uase sempre aflitio% e a pres-
2X. I II I
sa é a maior inimiga da perfei$(o% embora n(o sira como desculpa para o p\blico% a cr;tica e mesmo para a emissora de teê ou empresa cinematográfica *ue encomendou o trabalho. a$a de conta *ue "á criou o seu personagem principal. Ntimo. Agora fa$a-o sentarsc c pro"ete nele uma lu' bem forte para o interrogat,rio. , acredite nele se responder sem hesita$es. <. #nde ocê nasceu? oi numa cidade pe*uena% grande ou no campo? 2. >ocê é natural da cidade onde a hist,ria se desenole? X. >eio para ficar ou está s, de passagem? O. A *ue ra$a pertence: latino% anglo-sa(o% eslao? . Qual é sua profiss(o? U. @osta dela ou lhe foi imposta? V. Qual é seu grau de escolaridade? W. 9esmo sem ter conelu;do cursos escolares possui alguma cultura? Z. /em religi(o? Qual? 4rofessa-a? ou atraessar o roteiro todo sem nada reelar de minha personalidade. >ou ser isto% minhas a$es ser(o acompanhadas pelo p\blico% ouir(o tudo *ue eu disser mas *uero manter-me misterioso% enigmático% até o final. /erminado o filme ou programa de teê% *ue pensem o *ue *uiserem de mim% analisem-me% condenando-me ou absolendo-me. # personagem pode% pois% ser ;ntimo do p)blico% como uma pessoa *ue "á conhece _parece tio #s,rioSR% ou totalmente impenetráel% uma esfinge para ser decifrada. # primeiro caso% mais seguro% apresenta todaia um risco: a preisibilidade. 6m personagem transparente% *ue lembre muito tio #s,rio ou o pr,prio espectador% pode ter a$es ou rea$es ,bias demais% preis;eis% sem surpresa. Como nem n,s nos conhecemos inteiramente% coném *ue o personagem5mantenha seu lado escuro% insondáel.
Quem assistiu = +olce vita, de ellini% dee lembrar da*uele professor% homem e*uilibrado% conselheiro% marido e pai% integrado no lar% *ue sem eplica$(o do roteirista mata os filhos e suicida-se% *uando numa recente cena anterior fi'era erdadeira prega$(o sobre os pra'eres da ida doméstica. 6m fato sem prepara$(o nem esclarecimento *ue mudaria a conduta do personagem principal% iido por 9arcelo 9astroiani. +m matéria de cria$(o de personagens s, os autores de superhomens nunca erram. /odos s(o belos% bons e fortes% sem nenhuma compleidade. # *ue identifica lash @ordon é apenas a sorte de ter uma noia como 3ale Arden. 4rimar;ssimos% os super-homens marcam-se por ter um amigo fiel% uma companheira espetacular ou um inimigo implacáel. # menos feli' é o 9arinheiro 4opeEe a *uem deram #l;ia 4alito como esposa. 4ara os romancistas do antigo romantismo a tarefa também era fácil: os bons dum lado e os maus de outro. 3eus e o 3iabo. + em nenhum momento o bom deiaa de ser bondoso e o mau deiaa de praticar maldades. +sse processo mani*ue;sta n(o podia mesmo durar para sempre pois n(o é assim *ue as pessoas se diidem no mundo. # rádio inentou uma categoria engra$ada de personagem: o gal( fr;olo% *ue% sem ser um il(o% chegaa a namorar com a mocinha% durante os *8ipro*u,s da noela% mas n(o chegaa a casar com ela% *ue oltaa aos bra$os do gal(. +ra um tipo de papel t(o marcado na*ueles idos *ue até nos contratos de certos atores se podia ler: gal( fr;olo.
o d e s e n h o p s i c o l , g i c o d u m p e r s o n a g e m h o " e
é mais complicado. # her,i impoluto perdeu a credibilidade. /ornou-se um chato. Conan 3oEle foi um dos primeiros autores populares *ue resoleram macular um pouco o lado moral de seus personagens: herloc! olmes era um dependente de drogas. 4arece *ue depois dele se tornou rotina humani'ar personagens atraés de falhas de conduta. ercules 4oirot% o detetie de Agatha Christie% é um bom cara% mas etremamente aidoso. Columbo% o do seriado% um relaado% ao contrário de muitos outros% elegant;ssimos. 3efeitos de personalidade% falhas de caráter% manias% s(o também macetes para identificar% marcar% real$ar personagens. 9as há também formas materiais% isuais de se fa'er isso. herloc! olmes n(o era reconhecido pelo ;cio secreto da coca;na% mas pela altura% magre'a% elegGncia aadre'ada e boné. Como se Conan 3oEle "á escreesse para o cinema. Bo"a! faria o mesmo sucesso sem sua cala e sua piteira? 9r. 9oto tinha como marca registrada sua pr,pria ra$a: "aponês. á também deteties gordos ou entreados em cadeiras de rodas. 9ulheres e padres% todos com seu isual. # seu n(o é um roteiro policial. #s autores policiais s(o os *ue mais se preocupam com o eterior de seus personagens. 9as sempre se pode aproeitar alguma li$(o% principalmente *uando se escree para cinema ou teê. 4ense um pouco em como dee ser seu personagem eteriormente. >ai facilitar a dire$(o. É magro e alto% baio e gordo% barbudo% fuma charutos% tem um "eito peculiar de rir% costuma enrugar a testa p ara pen sar% gos ta de roer unhas? 0(o basta inentá-Io. >ocê tem de er seu personagem para *ue outros também o e"am. eu personagem está em *ual das categorias? erá um tipo se ele tier certas *ualidades ou defeitos predominantes *ue o epli*uem. # tipo do conencido% 5o tipo do insatisfeito% o tipo do ingênuo. Certamente ele n(o será s, isso% mas seu procedimento leará o espectador a concluir *ue% mais *ue tudo% ele é o tipo do conencido% insatisfeito ou ingênuo. 9esmo reagindo acaba seguindo essa trilha de conduta.
7ipos e prot)tipos
# 4+#0A@+0H >+^+ +&+ [# A 4N4IA I/NIA X<
# prot,tipo é criado para demonstrar como o conencido% insatisfeito ou ingênuo agem em *ual*uer gênero de circunstGncias. Como se o autor fi'esse do personagem um mostruário completo de suas *ualidades ou defeitos. Como um aarento ou mentiroso% *ue é s, aarento ou mentiroso e mais nada. +identemente o prot,tipo é uma simplifica$(o ou caricatura s, "ustificáel em comédias ou *uadros humor;sticos% sketches de teê% cu"os tra$os eagerados proocam o riso% embora na dependência da *ualidade do ator. 0o Krasil% o humor na teê é feito de prot,tipos% clichês na maioria oriundos do rádio% *ue continuam a surtir efeito. 3esde o adento da teleis(o% em
o personagem é você
0enhum autor escree um trabalho de fic$(o sem lembrar de suas pr, prias eperiências de id a. 9uitas e'es o personagem é o autor usando pseud1nimo. # escritor precisa de modelos e o espelho pode lhe oferecer um. Até a;% tudo bem. # erro é *uando% embora o autor n(o se"a eplicitamente nenhum personagem% aparece a todo momento como um intruso% a dar palpites% tecer comentários% interindo na hist,ria para "ulgar procedimentos e etrair concluses. 0o conto e no romance essa interen$(o sucede nas narra$es% espa$o do autor% *uando nos roteiros% como n(o poderia deiar de ser% se dá atraés dos diálogos% *uando pe na boca dos personagens frases% cr;ticas e conceitos *ue eles "amais diriam da forma *ue foram apresentados. Isso é comum acontecer% e *uando o é em escala ecessia pende logo para o rid;culo% pois for$a o personagem a sair do tipo para dar e' ao autor% *ue num lance de entrilo*uia passa a falar por ele. e o personagem n(o é ocê pode estar por perto: um parente% um amigo. 0(o sei di'er se somos todos n,s personagens% captáeis pela fic$(o% mas garanto *ue o mundo está cheio deles. # escri-
2O.
" +"+ !9/. N &(5, /! (", / %" /"%/, "&!"!-/ )/+)/%")"!/%/ &"+" / !/ )/ )/+ "!"%(. :; "!*
+ssa descri$(o prende-se ao ambiente% mas os pcrsonagens também deem ser descritos: como s(o e o *ue est(o fa'endo. >! (!/! )/ 80 "% )/ )")/, & !", &(/=/ )" "#$%&", /; "+; ) *"&5, &! &"+" )/ %. O(" "+" +/9# )" "+/)/, &! / /// "% "+" )/?"+ +"*"(. O +/9# "%"" 1@ (+" / 77 !%. P/+ )//, !" /! =%&%;+", !)/"!/%/ /)", /%)/ / " ! office-boy ="+)"), / &" %!" &"+" / )/"-" %!" &"?". Q"%) office-boy ". /%+" ! (!/! ", =+/, */! /), / / "+?!" ) *"&5 28. 27.
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(Ordena)
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Cansada de her,is a fic$(o inentou o anti-her,i% a*uele *ue n(o dee serir de eemplo para ninguém. Creio *ue um dos primeiros anti-her,is da literatura foi Lulien arei% personagem central de # vermelho e o ne$ro, de thendai% criado em pleno romantismo *uando os her,is eram todos uma soma de irtudes. 0este século os anti-her,is proliferaram% pois se descobriu *ue possuem um charme especial e = sua maneira s(o também romGnticos. epetidamente s(o pessoas de origem modesta% *ue usam de todos os tru*ues para ingressarem na alta sociedade. eu mau-caratismo pode até ser trocado por austeridade% caso alcancem suas metas. 0ossa literatura deu 9acuna;ma% um her,i sem caráter% ligado folcloricamente =s tendências naturais dos brasileiros% *ue seriu de modelo a muitos outros. # anti-her,i brasileiro% sem a frie'a e calculismo de L ulien orcl% s(o geralmente os pingentes da sociedade% os *ue iem de ira$(o% atentos ao oportunismo cotidiano. 9ais ;timas *ue outra coisa. 9as n(o confundir anti-her,i com bandoleiro. A*ui% pelo menos% ele está mais para ^é Carioca *ue para &i(o. $er)i
0(o fa$a dos demais personagens do seu roteiro meros antagonistas. 9esmo os secundários ou coad"uantes precisam ser desenhados e recheados. + n(o apenas eteriormente. /em *ue ier seus conflitos% possuir marca. Quantas e'es é um deles% de pe*ueno papel% *ue dá credibilidade a todo o roteiro. #alton /rumbo% famoso roteirista do cinema norte-americano% sabia alori'á-Ios por menor *ue fosse sua participa$(o. # filme Viri!iana, roteiri'ado e dirigido por &u;s KuiJiuel% é urna obra-prima nesse particular. eus terr;eis mendigos% embora in\meros% têm todos seu recheio e personalidade. icam na mem,ria do espectador. (o os personagens secundários *ue formam a is(o de con"unto. (o pe$as integrantes dum todo% impress(o *ue se perde *uando s(o criados unicamente para contracenarern com o personagem principal. 's demais personagens
4ersonagens-m%ltiplos á roteiros em *ue a situa$(o criada se sobrepe aos personagens: uma guerra% uma gree% um naufrágio. 0esse caso o roteirista se
o anti-
2V. 2@.
prope apenas demonstrar como reage um grupo de pessoas diante do perigo ou da necessidade de tomar decises. # cinema-catástrofe ineitaelmente recorre ao processo dos personagens-m)ltiplos. Comumente reelam uma faceta% a mais marcante% de sua personalidade: o coarde% o mercantilista% o arrependido% o iolento% o *ue s, cuida da pr,pria pele e o her,i embutido% *ue s, no final epe sua coragem. # p)blico reela esse primarismo% essa simplifica$(o% por*ue s, dese"a saber *uais personagens (o se salar do naufrágio% do incêndio% do tuf(o ou da bocarra do tubar(o. É um tipo de cinemanot;cia em *ue o personagem principal é o acidente% a f)ria da nature'a ou um animal amea$ador. 9uito diferente é o caso em *ue o roteiro engloba diersas hist,rias% cada uma com seus personagens% come$o% meio e fim% ligados ou n(o ao mesmo tema. Contar *uatro ou cinco hist,rias% ou oito como o cinema italiano "á fe'% foi moda nos anos UP% principalmente no gênero comédia% embora tenha sido com o filme de terror inglês% =a soli!%o !a noite, *ue o noo formato se configurou.
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#utra cena do mesmo roteiro com indispensáel descri$(o longa: SEO. @0 - ACADEBIA DE L>TA - INT. DIA K'%# K%#, "+"&") " 3/&4 ) C%)/ D+;&", /%" /+"%#;-I. D+;&" vai 3/+)/%) " =+4" "++/#"" (. / 3/ " H%#" 3"+" =+"M D/ +/3/%/, %! #3/ ;#' / +3+//%)/%/, D+;&" &%/#/ /&"3"+. K'%# K%# 3/+/#/ /3/+ "!3'+ / vê-se "#+"
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8ão es#ueça as ru"ricas
0os dois trechos selecionados do roteiro de AI cione Arau"o n(o há diálogo. &imitamo-nos ao isual para eemplificar melhor. 9as um roteiro é composto de narra$(o% anota$es técnicas e diálogos. 4ara orienta$(o do diretor e do elenco estes também precisam de anota$es - as rubricas. 3o mesmo roteiro de Alcione Arau"o retiramos alguns eemplos: ANDIRA - (Categórica) N// (/ %5 vejo, %5 /&, %5 =".
30. 2. 0
ALEO - (Em alemo, aos berros) E %5 &("!/ N5 /+ %")" N// (/ 9 /! ")+/ !E""!O# - (Em == &$ /! %"!+")" PASCOAL - ($e boca c%eia) - É *! ="/+ &" %". A =+/#/" ; !)"%)' IOLANDA - (!en&endo-se) Q/ D/ !/ /+)/ DIOGO - ('ase nm solo) P, %%#
A rubrica om é muito importante para o diretor e _R ator. ignifica mudan$a de tonalidade% modula a frase. +identemente numa fala
do personagem cabem *uantas rubricas forem nccess\ rias. 3(o colorido = interpreta$(o e rompem a monotonia. 0os tempos do rádio% *uando =s e'es nem cnsaio haia% acontecia do ator ineperiente ler a rubrica% assim: PA>LO - 1a&endo
vo& rom2ntica,
/ / "!.
ou: PA>LO - meaadoramente, "" )/" &""
#utra rubrica importante no diálogo é a &ausa. 6m ins` tante de silêncio geralmente di' mais *ue uma enurrada de palaras. lndica *ue o personagem ai repensar a situa$(o% perdeu o fio de sua argumenta$(o% recebeu um impacto emocional ou fará uma grande reela$(o. ARIA - O / /+ !/ )/+ P+ "&" /; !/ "&"%) )/ /+ #" / )%(/+ (om) P (/ )/+ !" /+)")/ (3asa) " !5/ /! /*"% ). OTVIO - P/%" / !/ ++//%)/ (om) E%5 " ... (3asa)
E ; " * ".
9as n(o amos% com essas no$es preliminare s% inadir a etapa do diálogo% *ue merece cap;tulo = parte.
C:EE DA AGÊNCIA - N5 :OE ALTO - N5 !/ %/+/"! / +&"). O &(/=/ / " =%&%;+" /%+/("!-/ +" /. OÇA - O / /%(+ / ... :OE ALTO - R/&/*/ (/ ! //% !/ /!*+(") /! "/ /+)/ O &(/=/ %5 /!*+" !" " =%&%;+" !. OÇA P+&/)/%/ )/ B!/%" :OE ALTO - P"/!/ //. OÇA - (4sando " mos) D// "!"%( :OE ALTO - "!. / )$ //. OÇA - (Embaraada) E/ ... // ... (om) N5 /; !" ". O """%/ ""%" *+/ " !" ++/ / )/%+/"). E" +/&". :OE ALTO - N5 /; !" " OÇA /+"! *&;-I. O """%/ &" " =%&%;+" &! &"% ) +/9/+, /?#%) ! /&"+/&!/%+;). :OE ALTO - Q/! OÇA - (Engolindo /! seco) >!" !(/+. N5 /"" /! %!/ )/". C:EE DA AGÊNCIA - A#+" /!*+, /" +?/ !" )/&"+"5, &! =+!" +/&%(/&)" )" /" / )//+" +/&/*/+ !/. O """%/ /+)/ " "#+/)")/. T+%"-/ &"%/. R// +//+ %" & %+". :OE ALTO - P+ ="+, /%(+" ... D/&+/" /" !(/+.
A; está um in;cio de roteiro bastante simples em suas linhas mas *ue come$a *uente% instigante% "á formulando perguntas e *uestes. 4or *ue assaltar uma min)scula agência dos correios? A resposta do assaltante intriga ainda mais: n(o *ueria dinheiro. # *ue haeria no tal olume erde? # assaltante foi ;tima dum logro? A mo$a de ,culos escuros teria algo a er com o logro? 9as ela% por sua e'% também está em apuros com a chegada da iatura policial. #s policiais estacionaram o carro por acaso? # *ue a mo$a fará? >ai fugir ou esperar a olta do proáel parceiro? . Acrescentemos mais duas cenas *ue mantêm o pi*ue inicial.
X<.
SEQ. 04 - R>AF DIANTE DA AGÊNCIA - EXT. NOITE A !" )/ 9& /&+, /%")" " "%/ ) &"++, $ ! &" ="+)") "+ )" "+". D; " "+)" %) &"++ /! !!/% !" ! &"!%(5 /") =/&("-(/ "&/. P"+" %5 *"/+, /" *+/&" ="/%) %/ +"%#/+/!. O &" / "H+" )" "+" )+#/-/ " /". POLICIAL - (5aiato) É +/& /+ &)") &! // #+"%)/, !". C(/# " *"/+ OÇA DE WC>LOS (O sem nome) - N5. POLICIAL - +/.
+sta cena esclarece *ue os policiais n(o estaam ali por*ue desconfiassem da mo$a. 9as por *ue motio estariam? SEQ. 07 - AGÊNCIA DOS CORREIOS - INT. NOITE O (!/! ", "%)" &"%/, /+ / " =%&%;+" )/&+/" " !(/+ / = *&"+ "&/ /+)/. :OE ALTO - C! /" /+" A =%&%;+" "+/&/ %5 /!*+"+. OÇA - (6esitante) E+" !+/%", !"#+" ... ("embra) >"" 9& /&+. O """%/ +/&/*/ ! !"&. :OE ALTO - (Como / des7erto 7ara ma ss7eita) W& /&+ (3ega " fncion8ria 7elo brao / arrasta-a at9 a 7orta da agência) OÇA - (ssstada) O / " ="/+ :OE ALTO - Q/+ / +/&%(/" /" !(/+. O &(/=/ )" "#$%&" "*+/ " +". O (!/! ", /#+"%) " =%&%;+", %5 $ &"++. C++/ "+" " +".
4assemos dum roteiro simples para outro% mais detalhado% com descri$(o pormenori'ada dum ambiente ond e se moimentam in)meros personagens% como o *ue se segue% selecionado da adapta$(o do romance "uenil% de minha autoria% # mist?rio !o cinco estrelas, escrito por Alcione Arau"o. SEQ.01 - SALA DOS !E""!O#: (ensageiros de %otel) - INT. DIA C% & bellboys, &! / %=+!/ *+"%& &! )/*+% )+"), /5 )/&"%"%). A "" /! =; )/#""), "#!" &")/+" / %5 &!*%"! /%+/ , )" //%" !/". /!/%/ !*;+ < ! +/"+/"!/% )/ /". A#% ) +""/, %" ="?" ) 18 "% " 20 "%, $! %=+!/ )/"*"). >! $ !" +/" /! ")+%(, /+") % =;. O+ &%" )%(/+, )/"!""%) " &<)". O+, )"%/ )! #+"%)/ //( /+/!/ /%(" / / &%/!" /! ;+" /, " !/! /!
dade e a princ;pio a principal atra$(o. á autores *ue deem seu êito ao seu repert,rio de palares sob o r,tulo de rebeldia% liberalismo e oposi$(o aos preconceitos. 4assada a noidade% obsera-se *ue pela repeti$(o acabam esa'iando a carga dramática% *uando um )nico% no momento certo e impreisto% causaria impacto maior. Além do mais o *ue ho"e em dia escandali'a *uem? !olil)#uio: para c9micos e doidos Antigamente% no teatro% até haia o momento do solil,*uio% *uando o personagem falaa so'inho% numa espécie de so lo instrumental de piano ou iolino. 0a comédia popularesca o solil,*uio ainda é recurso usado *uando o personagem% como efeito humor;stico% comenta suas diabruras ou anuncia pr,imas ma*uina$es. 0o rádio o solil,*uio também era normal por*u e n(o haia uma cGmera para registrar as rea$es dos personagens% obrigados a epor o *ue estaam sentindo e o *ue pretendiam fa'er. 9esmo *uando d ramáticos% eram diertid;ssimos. 0a literatura% Lames LoEce criou o mon,logo interior% Fluo !e consciência, *ue deu profundidade aos personagens reelando seu unierso subterrGneo% mas sem possibilidade de adapta$(o para cinema e teê% deido = sua etens(o e compleidade.
# mon,logo% no entanto% como formato% pe$a com um s, personagem% "á alcan$ou êito mesmo no teatro nacional% como >s m%os !e 3ur1!ice, de 4edro Kloc!% *ue% ao lado de outras% estrangeiras% >ntes !o caf?, de #J0eil% e # homem !a flor na boca, de 4irandello% foram apresentadas na teê em programas reserados eclusiamente a pe$as teatrais.
o dilogo e suas modulaçes oi +rnest emingDaE *ue a partir dos seus contos deu noo ritmo e colorido = técnica do diálogo na literatura moderna. ua noela > vi!a curta e feli1 !e Francis Macomber epressa-se t(o bem atraés das falas% caminha t(o elo'mente a ponto de tornar desnecessárias as descri$es% resumidas ao m;nimo. 3iálogos *ue n(o apenas comentam mas condu'em% empurram a a$(o.
X2. 5<
1
Ao mesmo tempo emingDaE foi um dos primeiros autores a usar a linguagem do cotidiano% sem emposta$es literárias% mantendo porém a *ualidade do diálogo. # comum sem ulgaridade. 0os seus liros o diálogo n(o aparece como acess,rio% mas
como elemento essencial para o entendimento dos personagens e do enredo. Antes dele os personagens s, falaam o essencial: diálogos longos chegaam a ser atestado de fragilidade do escritor% comproaam sua incapacidade de narrar ou descreer. emingDaE torpedeou esse elho conceito produ'indo diálogos brilhantes% autenticas e condutores de a$(o. Lohn teinbec! deliberadamente fe' romances *ue eram ao mesmo tempo pe$as teatrais e roteiros cinematográficos: atos e homens, =oite sem lua e # filho !ese#a!o. 9as s, no )ltimo reelou essa inten$(o% em prefácio. 4elo menos o primeiro% o famoso atos e homens, alcan$ou plenamente seu intento. 0(o há uma linha do diálogo do liro *ue falte ao filme > ca!eia fatal, como se chamou em português 9f mice an! man. # trabalho mais fácil de adapta$(o para rádio *ue fi' na ida foi atos e homens por*ue apenas copiei os diálogos% em tradu$(o de Trico >er;ssimo% e acrescentei anota$es para a técnica e a contra-r egra. A adapta$(o teatral do liro% *ue assisti no /eatro de Arena% nada subtraiu nem acrescentou ao original. + a adapta$(o para a teê apenas inclu;a um palar(o com o *ue a dire$(o da emissora n(o concordou. +m # filho !ese#a!o, no prefácio% teinbec! comentou esse processo: 5Apesar das dificuldades eistentes% a pe$a-romance é altamente gratificante% de e' *ue% além de uma oportunidade mais ampla de ser lida% proporciona também a possibilidade de ser leada = cena% sem as adapta$es usuais. Acho% enfim% *ue se trata duma forma leg;tima e *ue pode ser bastante eplorada5 . A n(o ser num caso como atos e homens, em *ue o processo funcionou perfeitamente% e *ue tale' ocasionalmente resultou numa pe$a-cine-teê-rádioromance% n(o "ulgo aconselháel tentatias idênticas por*ue limitam em demasia a criatiidade além do aspeeto comercial ecessio. Aliás% foi essa a pecha *ue aplicaram em teinbec! nos seus )ltimos anos de ida. #utro ecelente criador de diálogos% considerado por muitos também um renoador% foi o romancista norte-americano% do gênero policial% 3ashiell ammett% *ue se esmerou em falas secas% c;nicas% contundentes e inariaelmente curtas. ua dialoga$(o n(o deu trabalho aos roteiristas *ue adaptaram seus romances para a tela.
U
Diálogo: , . . ma45 arte que tecn4ca
e *uiser testar a *ualidade dos diálogos dum especial ou programa de teê% n(o olhe para a tela. Apenas ou$a. em a imagem *ualidades e defeitos crescem% saltam. 3escobre-se% por eemplo% *ue certos auto res usam o diálogo como simples muletas da a$(o. 4arece escreerem hist,rias em *uadrinhos. /udo picadinho% superficial% desestruturado. oteiros *ue sofrem de infantilismo erbal. Kreidade n(o implica obrigatoriamente em superficialidade. # bree também pode ser ,bio. aR T prefer;el uma a$(o muda do *ue complementada com diálogos in)teis. Imagens também falam. 8ão ol$e para a tela
bR 0unca colo*ue em palaras o *ue a imagem ou a$(o "á tornou epl;cito. cR +ite diálogos longosH cansam% a n(o ser *ue possuam indiscut;el carga dramática. dR e diálogos pobres enfra*uecem o roteiro% os literários podem torná-lo artificial. eR #s diálogos deem ser espontGneos e corretos. Isso "á é boa literatura num roteiro. empre *ue concluir um dos tratamentos do roteiro% pegue um lápis ermelho e ris*ue todas as palaras desnecessárias = com
XX.
preens(o e fluide' dos diálogos. 6ma )nica palara ecessia dificulta a interpreta$(o do ator. Quanto =s frases repetidas% s, em situa$es especiais para demonstrar obsess(o% indecises o u temores. Corte inclusie pronomes _eu% tu% ocê e eleR *uando n(o fa'em falta. + arra sem piedade tudo no roteiro *ue n(o some% n(o acrescente% e *ue "á foi dito ou está impl;cito. 0o cinema% principalmente% o tempo é precioso. + *uanto =s *ualidades dum diálogo? 6ma das mais importantes é a *ue coloca na boca do personagem a linguagem do seu meio social% cultural e familiar. A*uela hist,ria de fa'er uma pessoa inculta epressar-se corretamente. # lieiro *ue fala como um doutor. á também o caso da faia etária. Cada gera$(o tem sua linguagem e maneirismo. É preciso ter isso sempre em mente. +n*uanto as imagens eplicam% o diálogo dee ser um conduto de emo$es. aber dosar ambos garante um bom resultado. 9as% se por um lado há imagens banais% rotineiras% *uadradas% conse*8ência da pregui$a ou da falta de talento do diretor% há diálogos C#I<tru;dos com frases feitas% clichês% estere,tipos e chaes caracter;sticos de certas situa$es. +u e minha mulher muitas e'es nos diertimos preendo faIas de personagens de telenoelas *uando diante de conflitos e problemas habituais. Quando se conhece o autor% de outros trabalhos% a; nunca se erra. +ssa deficiência eio de ol
$a% pe fim =s pretenses art;sticas de *ual*uer roteirista% leando o trabalho = despersonali'a$(o total. 4ior *ue essa diis(o de tarefas s, mesmo o ideoteto% a produ$(o de roteiros por computadori'a$(o% rob1s autores% capa'es de memori'ar tudo do agrado do grande p)blico% n(o muito eigente% mas *ue consome mais *ue as elites intelectuais. /emo *ue n(o faltariam patrocinadores para comprar o produto dessas infal;eis má*uinas de fa'er roteiros.
XO. I
Y A imagem: os planos, cortes eflashback
3i'iam muito com poucas palaras. 9ais *ue isso: o estilo de ammett foi adotado pelo cinema% no in;cio dos anos XP% *ue encontrou o "eito% a medida e a economia de palaras *ue coninha aos personagens da tela. 9ais tarde ammett escreeu diretamente para o cinema% mas sua maneira cinematográfica% *uanto = dialoga$(o% "á era uma li$(o aprendida. Ainda ho"e a maioria dos filmes policiais norte-americanos tra' nos diálogos a marca de 3ashiell% feita de cinismo% breidade e uma parcela dc humor. >c"am *ue até nessa *uest(o% a linguagem dos roteiros% a literatura forneceu suas dicas. 9O su"te6to:
A grande dificuldade inicial do rotelrlsla aprendi' é pensar em termos de imagem. im% por*ue a princ;pio ele pensa em termos de palara. É uma dificuldade semelhante = do estudante de inglês% *ue n(o consegue pensar em inglês. + do aluno de auto-escola *ue pre cisa pensar um pou*uinho antes de mudar as marchas. # roteirista dee habituar-se a er a hist,ria. a imaginá-Ia numa sucess(o de cenas% como se os diálogos n(o fossem necessários. 4ergunte-se% pois% se a idéia *ue ai desenoler em roteiro pode ser conertida em imagens% desdobrada em takes ou é ecessiamente introspectia% fechada demais ou ca,tica. >ocê *uer mesmo fa'er umJ roteiro ou o *ue tem em mente daria mais um conto% romance ou pe$a teatral? +ssa indaga$(o liga-se imediatamente a outra: - 3e *ue tempo ai dispor? 6m filme lea em média de ZP a
o
invis;vel inteligente
ubteto é tudo a*uilo *ue n(o está cada trocado em palaras mas embutido no teto% impl;cito. 6m teto primário n(o tem subteto: os diálogos di'em tudo. # subteto é% no geral% a parte mais inteligente do teto% a erdade oculta% a inten$(o principal% o *ue ai permanecer depois de findo o espetáculo. 0(o confundi-Ia com o duplo sentido% no geral picante. 9uitas e'es o espectador n(o percebe o subteto% o *ue nem sempre pre"udica o entendimento% mas diretor e atores o esmiu$am para dar mais profundidade = interpreta$(o. 6ma frase *ue di' isto mas *ue também *uer di'er a*uilo% mais importante. 6m personagem confessa-se inocente. 9as há um subteto% feito de hesita$es e comprometimentos% *ue o condenam. 6ma declara$(o de amor pode conter um subteto *ue a negue. #s grandes tetos% se"am de romance% teatro e cinema% sempre têm uma erdade subterrGnea% s, para os mais perspica'es ou cultos. Quando o diretor decide acrescentar noas cenas num roteiro% mais eplicatias% o *ue muitas e'es ocorre "á em fase de filmagem% é obrigado a recorrer a diálogos adicionais% *ue podem ser redigidos pelo autor ou por outro profissional. 0o geral é` o pr,prio diretor *uem os acrescenta% =s e'es numa linguagem em desacordo com o resto. 0outros casos erificase *ue há pouco diálogo na cena% eigindo3ilogos adicionais
X. se acréscimos. #u ent(o o diretor resole substituir diálogos de uma ou mai cenas. Lá fi' um roteiro *ue% ao ê-Io na tela% n(o o reconheci. #s diálogos adicionais substitu;ram totalmente os meus. + pior% os créditos di'iam: diálogos adicionais de 9arcos eE. 4ersonagens do
aia em nossa teleis(o um autor de telenoelas *ue ficou conhecido pela disposi$(o *ue seus personagens tinham de falar ao telefone. 9esmo nas situa$es de cl;ma e grandes emo$es. 4arecia um propagandista da /elesp
e da /eler". # resultado era inariaelmente mau por*ue toda a tens(o duma cena sa;a pelo fio. o"e usa-se o split-screen, diis(o da tela em duas partes% nas conersa$es telef1nicas mais longas ou *uando é importante fiar as rea$es dos personagens. 9esmo assim aconselha-se a racionar o uso% embora uma liga$(o telef1nica *ue traga uma not;cia inesperada - sua m(e morreu 7 possa alcan$ar o mesmo impacto dramático da *ue é transmitida de corpo presente. 0os enredos policiais o telefone é geralmente elemento de sus pense. á filmes em *ue ele é o plot, o n)cleo dramático% como em > vi!a por um fio, *uase um filme de terror% em *ue uma mulher entreada na cama% milionária% recebe uma amea$a de morte pelo telefone. A ameaça dos dialoguistas
A industriali'a$(o do roteiro fe' surgir nos +stados 6nidos% o *ue fa' crer *ue em indo para cá% uma categoria profissional perigosa: os dialoguistas. Que se tenha esp;rito de e*uipe% á lá% mas da; a entregar a dialoga$(o dum roteiro de nossa autoria a outro autor e*uiale a tirar
As minisséries têm O% %
A informa$(o do n)mero da cena e da tomada _também do cap;tulo *uando se trata de telenoelaR (o para um pe*ueno *uadro-negro - cla*uete - *ue filmado ou teipado possibilita% em n)meros% a organi'a$(o da montagem. Travelling
Chama-se assim *uando a cGmera acompanha o personagem% o carro% o caalo% o ai(o na mesma elocidade em *ue se moi mentam.É o plano da a$(o% o *ue rompe a monotonia. #s enlatados norte-americanos% *ue s, têm a$(o e mais nada% iem dos travellin$s. A cGmera é a m(o *ue condu' o espectador para o interior do roteiro. 3ependendo da escolha de planos% o roteiro fluirá normalmente ou n(o. /rará alguma noidade narratia ou n(o. 9as é trabalho *uase eclusio do diretor% onde demonstra sua criatiidade ou impe sua marca pessoal. # autor s, determina o plano no roteiro *uando é necessário ressaltar algum detalhe importante. Alguns planos mais usados: 's planos: en#uanto assiste a um filme, classifi#ue-os 4lano médio
# mais usado. Quando a cGmera foca o personagem da cintura para cima. /ambém chamado de 4lano Americano% *ue na erdade apanha o ator do "oelho para cima. 4anor=mica Close-up ou simplesmente close
Chama-se assim *uando a cGmera moimenta-se dum lado para outro% ao contrário do plano geral% fio. +la passeia% inestiga% descree o local da a$(o. É indispensáel nas cenas *ue enolem paisagens e acidentes geográficos. É o detalhe dominando a imagem. 6m rosto ou apenas um nari' ocupando toda a tela é um close. Close de orelha. eio em close. 4aio de dinamite sempre dá close. # close dum bei"o. # abuso do close torna o filme mon,tono. A teê usa-o ecessiamente para mostrar a bele'a de atri'es. #u para ocultar a pobre'a do cenário. 4onto de vista
6sado para mostrar como o personagem% principal ou n(o% ê e moimenta-se den tro do cenário. Comum ente os roteiros infor mam: do ponto de ista de fulano ou sicrano. É um plano *ue funde personagem e p)blico. 4lano geral (Long-shot) É o *ue inclui o cenário e os personagens enolidos na a$(o.
Quando se pretende informar onde a cena acontece% usa-se o plano geral. 4rimeiro uma agência de correio ista por fora% depois uma cena "á no interior. # plano geral informa logo se é dia ou noite e onde a cena ai se desenoler: praia% bairro periférico% pra$a esportia% con"unto residencial% naio. 0um baile usa-se muito o plano geral. Quando o mocinho e a mocinha dan$am% n(o. # plano geral informa onde% en*uanto os outros planos informam por *uê. 26emplificando
4anorGmica: A cGmera passeia por uma floresta até locali'ar dois garotos. 4lano médio: A cGmera apanha os dois garotos% parados% conersando. 4onto de ista: 4artindo do ponto de ista de um dos garotos% algo se moe sobre a egeta$(o.
XU. Close: A cGmera pega em primeiro plano uma cobra. ravellin$: #s meninos fogem acompanhados pela cGmera. 4lano geral: >is(o total duma hospedaria onde os meninos chegam.
o
in;cio e o final das cenas +orte
É *uando a passagem duma cena para outra se fa' como se usasse uma tesoura% diretamente e sem antecipa$(o. É o recurso mais ade*uado para dar ritmo ao roteiro. 6sa-se também o corte seco em meio a uma cena para dar idéia de passagem de tempo.
2scurecimento
á roteiristas e diretores *ue preferem o escurecimento Dfa!e in) para mudar de cena% sendo *ue a seguinte come$a com a ilumina$(o da imagem Dfa!e outE. É um recurso desaconselháel para filmes em *ue a a$(o e o ritmo s(o essenciais. >usão
a mistura de duas imagens% a noa sobrepondo-se = elha. mais usado na teê ou no cinema para iniciar umflashback. A imposi$(o duma imagem-lembran$a sobre o presente. É
É
3issolve
As cenas podem ser cortadas% escurecidas ou dissolidas. 3issoler imagens é um processo muito usado na dire$(o de filmes romGnticos ou poéticos ou para simular um desmaio. ua repeti$(o% cansatia% é desaconselháel. Freee
A teê em abusando desse recurso: congelamento de imagem% seguido dum corte seco. #s personagens e tudo ao seu redor imobi li'am-se por instantes. # processo em se limitando mais ao the en!. Ou
6ma cena pode empurrar a outra até sua focali'a$(o total. #utro recurso do gênero é o rodamoinho em *ue o )ltimo fotograma duma cena gira e desaparece. Ambos% mecGnicos demais% cansam depressa pela repeti$(o. F/ashbac/c: O passado e6plicando o presente # flashback é um recurso narratio ao *ual o cinema sempre deu grande importGneia e% *uando usado com acerto% funciona esplendidamente. Lustifica-se: aR *uando algum personagem lembra um fatoH bR *uando algum personagem conta a outros fatos *ue acrescentam informa$es ou esclarecem enigmasH cR *uando o filme come$a pelo final% caso de )olita, todo ele é um #lashback, a eplica$(o do fim-come$o. # gênero policial é o *ue mais emprega o .2lashback como recurso narratio% *uando o detetie% testemunhas% suspeitos ou o criminoso% contam como tudo aconteceu. Certos roteiristas colocam um .2lashback dentro de outro% o *ue sempre lea = confus(o. !nserts (o tomadas% geralmente brees% colocadas no roteiro para lhes dar clima ou criar epectatias. 6ma boneca espetada por agulhas% surgindo sem motio aparente entre cenas% pode significar feiti$aria ou sua amea$a. 6ma arma *ue dispara% o risco de morte acidental ou n(o pairando sobre os personagens. 6ma b,ia solta no mar% o perigo dum naufrágio. 0o filme # homem !o pre$o, inserts-relmpa$os, mostrando uniformes e cru'es suásticas% eplicaa *ue o personagem principal fora prisioneiro dos na'istas e iia escrai'ado a suas lembran$as. s e'es% mais longo% o insert representa a fantasia ou imagina$(o de um personagem em fuga da realidade. 4or eemplo% o náufrago duma ilha deserta *ue se ê a bordo dum naio salador. 6m sentenciado *ue se imagina em liberdade. 0as telenoelas o insert é usado com a inten$(o indisfar$áel de alongar cap;tulos: dese"os% sonhos ou pesadelos consomem alguns minutos lirando o autor do compromisso de contar alguma coisa.
XV.
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roteirista e quem paga a conta
6m roteiro é criado em duas circunstGncias: *uando o roteirista escree por pra'er ou *uando atende a um pedido comercial. 0o primeiro caso fa' um trabalho de *ue realmente gosta% no *ual acredita e *ue o satisfa' artisticamente. 0o segundo% o artista cede lugar ao comerciante. 4ara ganhar dinheiro% fa' o *ue o produtor ou a emissora manda. A segunda circunstGncia é a *ue lhe dá o p(o de cada dia mas é a mais dramática% a come$ar do tempo para reali'ar seu trabalho% sempre limitado e urgente. Quanto ao pra'er dependerá certamente de *uanto lhe pagar(o ... 0o geral o roteirista% principalmente de cinema% é chamado para escreer uma hist,ria cu"as linhas gerais "á eistem. e se tratar duma adapta$(o% melhor% pois seu trabalho partirá de algo concreto: adaptar um romance ou uma pe$a teatral. 9as =s e'es o produtor tem somente uma idéia aga do *ue pretende% apenas o refleo da aidade de ter uma hist,ria sua filmada% embora confusa e ca,tica. É o *ue acontece mais fre*8entemente num pa;s onde se lê pouco e portanto os produtores ignoram *ue a literatura é a mais abundante fonte de argumentos. #s filmes norteamericanos% "á disse% s(o na maioria baseados em contos e romances. A*ui esse procedimento é mais raro resultando em argumentos feitos =s pressas n(o testados pelo p)blico% para atender a uma tendência =s e'es ocasional do mercado.
com realismo o meio em *ue ai atuar. +cessio comercialismo% mau gosto e protecionismo n(o s(o males eclusiamente nacionais. 9uitas Como "á aconteceu comigo e com tantos outros% para n(o perder uma oportunidade% o roteirista acaba aceitando tarefa *ue n(o lhe agrada% )til apenas para fiar-se como profissional no meio cinematográfico. 9esmo por*ue alguns especiali'am-se em trabalhar idéias alheias% demonstrando capacidade para reali'ar *ual*uer tipo de roteiro% segundo interesses ou preferências do produtor. 0a teleis(o% o produtor ou coordenador de tetos% em suma a pessoa encarregada de "ulgar roteiros% nem sempre é um cr;tico ideal ou imparcial. endo ele funcionário% e n(o alguém *ue este"a arriscando dinheiro% é mais influenciáel no sentido de atender a pedidos de amigos% gente ligada a casa% selecionando entre sugestes e sinopses n(o as melhores mas de preferência as assinadas por autores *ue dese"a faorecer. Quem decide% portanto% tornar-se um roteirista profissional precisa er e'es o noato terá de se defrontar com diretores *ue possuem o cargo% n(o a competência. Que lêem por alto todos os roteiros *ue lhe chegam = mesa ou *ue "á engatilharam seu n%o, mesmo antes de lê-Ios. 9as a erdade% isso também a eperiência comproa% é *ue a *ualidade% até *uando n(o muito comercial% acaba se impondo. 3essa forma% o roteirista estará sempre se debatendo entre o *ue *uer realmente escreer% o *ue permitem *ue escrea e o *ue lhe mandam escreer. #s *ue se dedicam = chamada ind)stria cultural% oltada para os meios de diulga$(o de massa% *ue enole grandes erbas e eige retornos comerciais imediatos% têm de aceitar as regras do "ogo% tolerá-Ias% se n(o *uiserem ser re"eitados por ela. Até a*ui falamos do produtor% de *uem paga% no cinema% de *uem contrata% na teêH mas entre o roteirista e o p)blico há outro agente% muito atuante% *ue é o diretor. 3o entendimento entre o roteirista e o diretor é *ue nascem os bons resultados. á diretores *ue colaboram na bola$(o e reda$(o do roteiro. ugerem% discliY tem% acompanham% "ulgam. Assinei roteiros cinematográficos com diretores *ue realmente participaram do trabalho% diidindo a responsabilidade do sucesso ou do fracasso. Kunuel nunca dispensou roteiristas para trabalharem com ele suas idéias%# *ue ellini e outros diretores ainda fa'em.
XW.
+ ssa uni(o entre *uem escre e e *uem ai reali' ar nem sem pre acont ece. 0a maior ia das e'es o direto r pega o roteir o e altera-o segun do suas tendê ncias ou impro isa sem consu ltar o roteiri sta por perso nalis
mo ou falta de tempo. e o diretor realmente for capa' de melhorar so'inho o roteiro% =s e'es limitando-se a simples cortes% tudo bem. 9as se procede a modifica$es profundas para impor o seu estilo% se o possui% ou muda o curso da hist,ria% o resultado será danoso. 6m concerto a *uatro m(os s, funciona *uando roteirista e diretor tocam a mesma melodia. e a melodia for diferente o grande pre"udicado será o roteirista% pois cr;tica c p\blico n(o saber(o onde seu trabalho sofreu altera$es e até *ue ponto foi sua a responsabilidade. 0a teleis(o% tratando- se du ma n oela% há tempo de sobra para um entendimento entre autor e diretor% sempre obrigados a dialogarem sobre os pr,imos passos. 0esse gênero uma boa dire$(o resume-se mais em corre$(o e fluência% pois n(o há tempo para muita criatiidade a n(o ser nos primeiros cap;tulos% feitos com mais agar% *uando todo esfor$o é concentrado na inten$(o de agarrar ou surpreender o telespectador. /udo *ue o diretor sabe e do *ue é capa' coloca nesses cap;tulos iniciais% sendo *ue logo em seguida% deido = urgência da entrega% a noela cai ao fei"(o com arro'% = simplifica$(o técnica% tornando-se 5*uadrada5% ao contrário do *ue fa'ia preer o seu come$o. Lá nos especiais% teledramas ou minisséries% produ'idos em ritmo menos industrial% a participa$(o do diretor ou seu entrosamento com o autor é mais eidente. A m(o% sombra ou perfil do diretor aparece mais% *uase como no cinema. A um diretor de teê sua escala$(o para dirigir tais gêneros é um prêmio ou teste deJ *ualidade. 4or outro lado% é durante a reda$(o deles *ue os conflitos entre diretor e autor s(o mais fre*8entes. É fácil imaginar o *ue acontece entre um autor relatiamente culto e um diretor simplesmente intuitio% mas *ue no final é *uem decide. /udo *ue disse tee a inten$(o de demonstrar *ue o roteirista n(o é um criador lire% sem amarras% como o escritor e o poeta. +le é um elo de uma ind)stria% o responsáel por uma fase de fabrica$(o dum produto *ue será "ulgado principalmente pelo seu retorno comercial. A maior proa de *ue o roteiro é mais um artefato da ind)stria cultural *ue uma obra de arte está no fato de ser a cada dia *ue passa um trabalho de e*uipe. 0esse caso há um roteirista res-
ponsáel% *ue trabalha com colaboradores% ou há entre eles uma diis(o de tarefas. Certamente a primeira op$(o é mais aconselháel para *ue o roteiro% com a mesma linguagem% apresente harmonia de estilo. 0o caso das telenoelas a e*uipe surgiu como uma necessidade de humani'ar o trabalho% pesado demais para um s, autor% su"eito a estafar-se a *ual*uer momento. 9ais de uma e' fui chamado para substituir noelistas *ue "á n(o suportando aos constantes espichamentos de suas noelas paraam de escreer. 9ário >argas &losa% em seu romance-depoimento ia /Alia e o escrevinha!o,., fala de um oelista de rádio *ue passaa o dia e parte da noite debru$ado sobre a má*uina de escreer sem "amais ter tempo para curtir ou reler uma linha *ue fosse dos seus in)meros cap;tulos diários. Conheci alguns assim% no rádio% *ue chegaam a escreer até três noelas ao mesmo tempo% sem merecerem as longas férias *ue ho"e em dia go'am todos os noelistas da teleis(o. /rabalhar em e*uipe% no entanto% pode tornar-se tormentoso *uando há um desnielamento cultural entre os roteiristas. Qual*uer personalismo ou apego eagerado =s pr,prias idéias retarda ou dificulta a tarefa. 9elhores resultados obtêm duplas ou trios de autores *ue habitualmente trabalham "untos. A /> @lobo criou há alguns anos uma Casa de Cria$(o destinada a produ'ir roteiros% eaminar sugestes% adestrar roteiristas iniciantes e estudar noos formatos de programas. +periência interessant;ssima% infeli'mente interrompida antes *ue alcan$asse resultados concretos% imposs;eis a curto pra'o. # *ue no entanto me parece fora de d\ida é *ue o trabalho em e*uipe% mesmo harm1nico% n(o basta como garantia de *ualidade. /orna-o apenas mais fácil e geralmente melhor acabado% porém% um homem s,% o criador solitário% é mais ousado *ue dois ou três trabalhando "untos. 9inha eperiência pessoal me lea a concluir *ue a e*uipe se submete mais docilmente = rotina% ao *ue "á deu certo% ao *ue "á está estabelecido% re"eitando% pela sensate'% a*uelas idéias realmente criatias% inoadoras% por enolerem riscos maiores. 3uas ou três cabe$as pensam melhor *ue uma. + é "ustamente isso% o pensar melhor% *ue no geral traa a tresloucada% a absurda% a inoadora criatiidade.
XZ.
Adapta!o: a quase impossi"ilidade do aplauso un#nime
A#ui tam"ém o "om-senso é mais importante #ue #ual#uer regra
+mbora sempre tenha preferido criar a adaptar% tie *ue fa'er in)meras adapta$es% desde os tempos do rádio% e n(o tardei em descobrir *ue elas eigem uma boa dose de criatiidade% além dum bom-senso *ue impe erdadeiro desafio = inteligência e técnica do roteirista. 3esafio maior *uando a adapta$(o é imposta% como encomenda% e n(o escolhida segundo sua preferência. Certamente há obras *ue n(o se prestam a adapta$es cinematográficas% deido = sua etens(o ou conte)do% mas podem dar resultado% se diididas em cap;tulo% na teleis(o. Gabriela, cravo e canela, de Lorge Amado% foi no cinema apenas uma sombra do liro. aia muito inho para um )nico asilhameH porém% na teê% em adapta$(o de Malter @eorge 3urst% coube tudo *ue o liro tem e deu margem para *ue o adaptado r pudesse inentar magnificamente% "á *ue o romance possui in)meras hist,rias paralelas. Conclui-se logo *ue a adapta$(o impe uma *uest(o de medidaH in)meras noelas% adapta$(o de romances pe*uenos ou sem muita a$(o% n(o deram resultado. Ao contrário do caso de Gabriela, cravo e canela, haia pouco material para tanto espa$o.
4ara o cinema os romances grandes% calhama$os% sempre d(o péssimas adapta$es deido = ecessia sinteti'a$(o. A inten$(o a; é mais comercial% para aproeitar o êito de algum best seller ou a fama acumulada de algum romance consagrado. 4or outro lado% romances curtos% noelas% fre*8entemente resultam em obras-primas cinematográficas como atos e homens, # retrato !e /ennie, Morte em Vene1a, e >sphalt /un$le ZO se$re!o !as #iasE, O processo, # se$un!o rosto e alguns outros. 0enhum desses é simples resumo% sem a*uela marca suspeita do 5baseado em5% significando 5parcial adapta$(o5. Como "á foi dito% a medida é importanteH um romance adaptado tem de caber confortaelmente dentro dum filme% minissérie% especial de teê ou noelá. 9as essa é apenas a condi$(o inicial% a fita métrica do alfaiate% o *ue há de mais fácil para ser eplicado. A erdade% porém% é *ue n(o se pode adaptar um romance selecionado pela importGncia literária. á obras *uase imposs;eis de adapta$(o% como ; procura !o tempo per!i!o, de 4roust% embora "á tentada% 5lysses, de LoEce% os romances de >irg;nia Molf% *uase tudo *ue Clarice &ispector escreeu% e milhares de outros. A cGmera n(o tem a sutile'a das palaras. É capa' de criar clima mas sua profundidade n(o ai além da pele. +la pode reelar o sentido duma obra literária% suas inten$es% mas n(o o recheio nem a bele'a ou singularidade do estilo. á escritores *ue alem pela forma% pela linguagem% pelo subteto% n(o contam hist,rias. +sses n(o podem ser adaptados para a tela com êito por*ue sendo ela um e;culo de entretenimento% mesmo *uando pretende n(o ser% ie de a$(o% de suspense e de espetáculos. á adaptadores *ue% mesmo n(o transpondo para o cinema toda a a$(o dum liro% conseguem fa'er passar para o p)blico a carga emocional *ue possuem. 6m desses casos é o filme a$time, baseado no romance hom1nimo de 3octoroD% do *ual o adaptador retirou apenas os epis,dios principais% como se usasse um bisturi% ligando-os com fios inis;eis% *ue tornaram supérfluos os cap;tulos re"eitados. eferi-me a esse filme para eemplificar uma afirma$(o. A adapta$(o n(o precisa necessariamente conter tudo *ue está no liro. 9esmo liros com muita a$(o têm cap;tulos mon,tonos ou a'ios. # *ue importa é *ue ela se"a uma obra inteiri$a% redonda% completa% sem eidenciar amputa$es% cortes por falta de tempo% saltos desconcertantes e buracos entre as se*8ências.
OP.
I
A adapta$(o re*uer uma planifica$(o mais eigente do *ue a cria$(o por*ue implica numa responsabilidade maior% principalmente *uando se trata duma obra conhecida% pass;el de confrontos. 4or outro lado a adapta$(o% mesmo ecelente% sempre desagrada os *ue dela esperaam uma fidelidade maior. # p)blico *ue leu o liro dese"a ê-lo todo na tela. 0otando falta de uma cena ou dum personagem sem importGncia% fica contra. 6ns arrogam-se defensores da obra deste ou da*uele escritor% e diante duma adapta$(o reagem agressiamente se algo na obra foi es*uecido ou modificado. A erdade é *ue certas adapta$es ao pé da letra% fidel;ssimas% s(o péssimas. Como o escritor escreeu um liro e n(o um roteiro de cinema ou teê% precisa haer adapta$(o% isto é% uma forma de contar para a tela% na linguagem% ritmo e especificidade *ue ela determina. Isso implica em mudar ordem de cenas% acelerar certas se*8ências% resumir diálogos% alori'ar ou n(o personagens% eliminar ecessos e acentuar as linhas de conergência para o final. epito: fidelidade é apenas uma das irtudes eigidas numa adapta$(o. +la% so'inha% resulta em d esastre. A adapta$(o boa é a*uela *ue concentra% impactua e afunila a carga de atratios dum liro. # romance pode ser lido por etapas% guardado na estante% retomado% relido parcialmente nos seus momentos mais compleos% discutido com parentes e amigos durante a leitura e% geralmente% tem orelhas esclarecedoras. e o leitor n(o entendeu tudo% relê. A segunda leitura é sempre mais proeitosa. + a terceira ainda mais. A tela% porém% n(o oferece essas antagens. /em de prender o espectador logo de come$o e desenoler em !ama !e Shan$ai, aposta ou proposta *ue proou mais uma e' a competência de Melles% capa' de dispensar até bons argumentos. 9as ele gostaa também de topar desafios inersos% dirigindo obras teatrais ou literárias de dif;cil adapta$(o para o cinema% como nos casos de Macbeth c # processo.
?ma adaptação infanto-0uvenil
4oucas adapta$es feitas para a teê fi'eram tanto sucesso e foram t(o contestadas como o da obra infanto-"uenil de 9onteiro &obato% reali'ada pela ede @lobo% de marelo descobr;amos árias hist,rias distintas% sendo *ue cada uma delas fornecia material para epis,dios completos de 2P cap;tulos. +ssa neccssidade de aproeitamento temático transformou o 5adaptado da obra de5 em 5baseado na obra de5% pois do contrário o programa% Sftio !o &icapau >marelo, n(o poderia ter longa dura$(o% como a crian$ada de todo o pa;s eigia. 6ma simples adapta$(o atenderia ao esp;rito saudosista dos adultos% *ue tinham lido a obra% mas n(o ao p)blico infanto-"uenil% cu"a maioria s, a conhecia pela teleis(o. Como n(o estáamos adaptando &obato para *ue fosse lembrado% porém diulgado e lido pela noa gera$(o% continuamos a traba lhar suas hist,rias desdobrando-as% incluindo noos lances% alori'ando personagens acidentais% criando ganchos% naturalmente ampliando diálogos% moderni'dndo a linguagem% e colocando os personagens
O<. OX. O2.
em face de problemas mais atuais. /udo isso sempre a partir do *ue haia na obra de &obato% dos seus story-lines, etra;dos =s e'es de pe*uenos cap;tulos ou parágrafos. +ra um trabalho diertido e ao mesmo tempo estafante% princi palmente *uando o melhor da obra "á fora adaptado. Além da eperiência profissional *ue enri*uecia os membros da e*uipe% a longa maratona seriu também para conhecermos o perfil do entusiástico p)blico infanto-"uenil e dos detratadores do programa% sempre mascarados em defensores da mem,ria de &obato% *ue di'iam ultra"ada pela adapta$(o. &ogo =s primeiras cr;ticas ficou eidente *ue esses puristas% na *uase totalidade% conheciam apenas alguns liros do Sitio !o &icapau >marelo, os mais conhecidos% da; "ulgarem inen$(o nossa o *ue adaptáamos dos demais. Quando Milson ocha fe' um epis,dio intitulado eina*es at4micas, a cr;tica caiu de pau afirmando *ue &obato "amais escreera nada com esse t;tulo% sem ao menos se dar ao trabalho de correr os olhos sobre sua obra. 9orto em menina !o nari1inho arrebita!o, seu primeiro liro% atribu;ram a idéia ao desirtuamento dos adaptadores. 0o geral eiste um "u;'o preconcebido contra adapta$es. +n*uanto durou% entre aplausos ecessios e cr;ticas a'edas% o Sitio !o &icapau >marelo constituiu para a e*uipe uma eperiência eaustia no sentido de se etrair o máimo dum teto. oi uma escola e uma tortura% esta agraada pela igilGncia dos *ue consideraam sagradas e intocáeis as páginas de &obato. Criticaram-nos até pelo fato de introdu'irmos um aparelho de teleis(o na sala de dona Kenta% *uando na obra impressa% datada de
gem cultural% como professores e "ornalistas. 3a; estar ela eposta a "ulgamentos apressados e superficiais% naturalmente in"ustos. /oda adapta$(o é sempre uma tentatia. + nela% mais *ue num roteiro original% a participa$(o da dire$(o% da cenografia e do elenco tem um peso igualou maior *ue o do teto. 3e nada ale uma adapta$(o honesta e correta% se o isual e a interpreta$(o dos atores n(o corresponderem =s sugestes do conto ou do romance adaptado.
OO. O.
1@ &ntre'ista (ou mero papo): o aprendi* de roteirista +a* perguntas ao 'eterano
A4+03I^ - Acha *ue um bom roteiro pode ser considerado um trabalho literário% art;stico? >+/+A0# - espondo com uma pergunta: um mau romance pode ser considerado uma obra literária? 0(o se preocupe com esse tipo de classifica$(o% mesmo por*ue raramente roteiros s(o publicados. Quando li o Viri!iana, de Kunuel% me fi' essa pergunta e conclui *ue sim. 9as na erdade o roteiro apenas me lembraa o filme% *ue "á ira diersas e'es. # roteiro s, se torna obra de arte depois de filmado. 0(o espere porém pelas gl,rias: caber(o ao diretor. A4+03I^ - # *ue em a ser precisamente uma boa hist,ria? >+/+A0# - 4ara o produtor é a*uela *ue agrada a maior n)mero de espectadores% a *ue dá lucro. eu "ulgamento é concreto. 4ara o diretor é a*uela *ue mesmo n(o alcan$ando sucesso popular aumenta seu prest;gio no meio. 4ara o roteirista é a *ue escreeu com pra'er% apesar do sucesso ou a despeito do fracasso. A4+03I^ - + a cr;tica nisso tudo? >+/+A0# - #u$a e leia todas serenamente. s e'es um falso elogio pode pre"udicar mais *ue uma cr;tica dura. # chato% em se tratando de filmes% é *ue eiste *uase uma impossibilidade
em separar o trabalho do diretor e do roteirista. # diretor melhorou ou comprometeu o roteiro? # cr;tico n(o dispe do roteiro nas m(os para aaliar responsabilidades. 4reocupa-se com o *ue está na tela% com os resultados finais% e n(o com as fases anteriores a eles. +m suma: deie os diretores se apaorarem com a cr;tica. A4+03I^ - 3eo mostrar meu story-line ou meu resumo de roteiro a muita gente? >+/+A0# - 4rincipalmente para um aprendi' mostrar é importante. Quando se come$a a escreer% roteiros% poemas ou romances% sempre há uma tendência de superalori'a$(o do *ue fa'emos. # genial de ontem pode ser um lio relido ho"e. 9as n(o perca tempo em colher opini(o de *uem n(o pode dar% por ignorar a matéria ou por n(o dese"ar magoá-Io. + cuidado também para n(o se confundir num mundo de opinies diersas e conflitantes. Como o roteirista pertence a uma espécie rara% submeta seu resumo a pessoas *ue ao menos coniam com as palaras% como "ornalistas% professores% publicitários. A4+03I^ - empre fe' isso? >+/+A0# - 0unca. 9as n(o siga meu eemplo. A4+03I^ - re*entar cinema a"uda? >+/+A0# - Isso é ,bio. Agora% com o ideocassete% *ue possibilita reermos um filme muitas e'es% dá *uase para ler o roteiro% ap,s um reeame frio. Lá na segunda e' ocê deiará de ser o espectador para dar lugar ao analista. entirá a emo$(o duma crian$a ao *uebrar um brin*uedo para er como ele é por dentro. >erá distintamente as fases do roteiro. Como o autor preparou suspenses% surpresas e impactos. + como é *ue foi afunilando a hist,ria% concentrando-a% agili'ando-a até o desfecho. eassista ao filme uma e' s, prestando aten$(o nos diálogos para obserar o tempo *ue o autor gastou com eles e o a"uste das palaras = a$(o. 3osar a *uantidade de diálogos% n(o fa'endo deles uma pausa meramente% é *ualidade indispensáel num roteirista. A4+03I^ - Acho *ue é um bom meio para aprender. >+/+A0# - É um apoio te,rico de primeira% eu diria. Aprender mesmo% s, escreendo e reescreendo. obre isso *ueria lhe di'er uma coisa. A4+03I^ - Isso o *uê?
U. V.
>+/+A0# - obre reescreer. É uma tarefa eaustia *ue ocê tem de transformar em pra'er. 3igamos *ue no primeiro tratamento o bom é criar% p1r a hist,ria para fora. 0os demais descubra o pra'er de aperfei$oar. A4+03I^ - A gente sempre tem de escreer um roteiro maI de uma e'? >+/+A0# - 0inguém acredita no primeiro tratamento. 4rincipalmente o diretor. +le acha *ue a coisa saiu fácil demais e pede um segundo. 0a erdade raramente sai bom. +ntre tantos *ue escrei s, lembro de um *ue foi aceito na hora. 9as é poss;el *ue o diretor% era o au'e 9ansur% estiesse de bom-humor ou com pressa de filmar. 0o primeiro tratamento sempre escapam detalhes importantes% o *ue é natural *uando a criatiidade está solta e a maior preocupa$(o é passar a hist,ria para o papel% erificar se ela eiste% se caminha% se funciona. A4+03I^ - 0a teleis(o se dá a mesma coisa? >+/+A0# - 0uma noela% n(o. 0(o há tempo para isso. A n(o ser nos primeiros cap;tulos% *uando se afinam os instrumentos% ainda hesitandose *uanto aos rumos a seguir e ao ritmo a imprimir. 9as% nas hist,rias completas ou minisséries% a eemplo do cinema% fa'-se mais de uma ers(o. A4+03I^ - Cinema e teleis(o usam a mesma linguagem? >+/+A0# - 0(o. A4+03I^ - 9as tanto um *uanto outro trabalham com imagens. >+/+A0# - 3urante muito tempo pensei *ue poderia usar na teleis(o a mesma linguagem dinGmica do cinema. +u e outros roteiristas% rebelados contra o ritmo demasiado lento das primeiras telenoelas *ue lembraam as radionoelas. Crendo nisso escrei em +celsior% *ue além de ser *uase toda graada em eternas% o *ue se fa'ia pela primeira e'% tinha diálogos bre;ssimos e cenas *ue se sucediam elo'mente. A cr;tica aplaudiu% o p\blico n(o% o *ue me surpreendeu por*ue #s ti$res tinha de tudo para agradá-lo. i*uei cabreiro e tirei algumas concluses *ue resumi numa s,: teleis(o n(o é cinema. A4+03I^ - +pli*ue isso.
>+/+A0# - # teleisor é um ob"eto de uso doméstico. 0inguém fica de olhos craados no desempenho duma enceradeira. +ntendeu? A4+03I^ - 0(o entendi. >+/+A0# - 6m espetáculo de teê n(o dee ser mon,tono mas também n(o pode ser uma correria% algo *ue ei"a aten$(o total. Quem assiste teleis(o oue barulhos da rua% atende a telefonemas% grita com o ca$ulinha e n(o precisa atraessar um longo corredor escuro para chegar ao banheiro. e o ritmo do espetáculo for outro% n(o o do lar% o espectador perderá um grande n\mero de cenas e acabará n(o entendendo nada. Ao contrário do *ue acontece no cinema% onde s, terá a distra;-lo a m(o da namorada% se for solteiro% além de concentrar-se mais na tela por*ue pagou entrada e por*ue é para a tela *ue todos olham% "á *ue o resto é escurid(o. A4+03I^ - 0(o me conenceu totalmente ... 9uita gente assiste filmes pela teleis(o. >+/+A0# - A teleis(o pode apresentar tudo: programas% filmes% teatro% balés% esportes. 9as% em rela$(o aos filmes% eibidos em horários geralmente tardios% o espectador de teê assume outra epectatia. +le sabe *ue um filme pede mais concentra$(o *ue um cap;tulo de noela ou de minissérie. Acomoda-se melhor para assistilo ou reassisti-lo% mesmo se tratando duma reprise ou se "á o iu no cinema. + mais: sabe *ue haerá diersas baterias de comerciais% *uando telefonará% irá ao banheiro% lerá sua correspondência ou curiosamente erá o *ue está acontecendo noutras emissoras. A4+03I^ - Acho *ue entendi. >+/+A0# - e n(o ainda% ai a; um refor$o. 4rogramas de teleis(o podem ser assistidos com meia aten$(o. 4or isso pedem um ritmo mais lento. +ssa obsera$(o% feita por muita gente por ocasi(o do lan$amento de #s ti$res, determinou outra altera$(o substancial. A linguagem também mudou. A4+03I^ - A linguagem? #s diálogos *uer di'er? >+/+A0# - # esp;rito% o caráter% ou como *ueira chamar% dos diálogos. A4+03I^ - +pli*ue isso.
OW. OZ.
>+/+A0# - 4ara fugirem ao dramalh(o radiof1nico% palaroso% os autores dos anos UP come$aram a fa'er diálogos enutos% brees% apenas condu'indo a a$(o% como os cinematográficos. # moderno era ser conciso% di'er o essencial. Antes diálogos se cos *ue derramados. 4arecia ser a f,rmula definitia. 9as isso durou pouco. A breidade da dialoga$(o *ueimaa logo as cenas e eigia ecessia criatiidade. 0asceu ent(o o diálogo mais ;ntimo% mais pessoal% mais humani'ado% mais truncado como no cotidiano% menos formal% menos contido% menos ,bio. 3iálogos *ue eplicassem melhor o personagem% *ue os soltassem% os reelassem por inteiro. oi a;% "á na década de VP% *ue se definiu melhor o roteiro de teê como estilo% como "eito de ser. &embro dum diretor *ue me disse: n(o escrea t(o corretamente os diálogos% su"eos bastante% use a linguagem do dia-a-dia. A4+03I^ - # *ue o cinema n(o fa'. >+/+A0# - 0(o fa' por*ue tem de ser rápido para *ue tudo caiba nos seus +/+A0# - Isso mesmo. +la procura humani'ar ou banali'ar o personagem a ponto de criar uma identifica$(o maior com o espectador. É onde ela funciona melhor: nos aspectos menores da ida% incrementando o charme banal do cotidiano. # cinema% com sua tela panorGmica% onde o plano geral n(o se perde% pode transmitir dramas mais coletios% abrangendo uma fatia maior da sociedade. A4+03I^ - 9as o *ue o cinema fa'% repercute mais e é lembrado por mais tempo. Artisticamente tem um alor maior. >+/+A0# - +idente. 6m filme é obra mais plane"ada% mais cara e tem melhor acabamento. 0(o di'em *ue é a sétima arte? A literatura "á imitou o cinema% *uanto = técnica e ritmo. T uma linguagem assimilada pela cultura mundial e um meio de epres-
s(o art;stica de muitos poos. 0os seus WP anos de eistência "á deu muitos gênios. A produ$(o de teê é feita mais para consumo imediato. 3iria *ue ela n(o inoa% acompanha as inoa$es. É mais ligada a hábitos *ue a pra'eres% e raramente lea a pen sar pois seu fito é entreter% bolir com emo$es. Quanto =s noelas% apesar da etens(o de suas sinopses% s(o obras semiplane"adas% abertas% um constante rascunho como disse certo diretor% su"eitas a altera$es ditadas pelas pes*uisas ou impostas pela censura. A4+03I^ - Atribui maior alor aos especiais e minisséries? >+/+A0# - em d)ida% por*ue obedecem a um plane"amento r;gido% mas esbarram numa barreira% o custo da produ$(o. 0uma noela de <P cap;tulos o custo se dilui% é atenuado pelos merchan!isin$s, os comerciais disfar$ados% e oferece =s emissoras a grande antagem de preencher horários. 3a; eu duidar de *ue enham a desaparecer num futuro pr,imo. A4+03I^ - alemos sobre coisas ob"etias: como deo come$ar a escreer meu roteiro? >+/+A0# - +s*uecendo tudo *ue possa ter lido em liros *ue ensinam as regras básicas. 6ma página em branco sempre assusta. 9una-se de coragem e comece. e as primeiras páginas n(o lhe agradarem% rasgue-as e comece de noo. 0(o perca tempo em corrigir. 3eie isso para depois. >á em frente. olte-se% descontraia-se. a$a de conta *ue "á sabe de tudo. 0(o se intimide. Criar é um ato de ousadia. @uarde a paciência do reisor para mais tarde. # primeiro tratamento é um ale-tudo% um borr(o. Coerência% concis(o e e*uil;brio ficam para os pr,imos tratamentos. 9esmo assim n(o es*ue$a no tratamento inicial de enumerar as cenas ou se*8ências% determinar se é dia ou noite% se a filmagem ou graa$(o será interna ou eterna% dando "á uma moldura ao roteiro para *ue o seu n(o se"a o rascunho de um conto ou de pe$a teatral. A4+03I^ - + se mesmo ap,s o segundo tratamento o roteiro ainda n(o me agradar? >+/+A0# - á uma diferen$a em n(o agradar e estar correto mas de má *ualidade. A4+03I^ - 3igamos% *ue continue sem *ualidade. >+/+A0# 0este caso a solu$(o é a gaeta. Abandone a idéia e comece outro roteiro.
P.
I
o. 9uitas e'es ocê ainda trabalha% mentalmente% o *ue está na gaeta. 6m dia poderá descobrir onde se locali'am seus defeitos e reescreê-Io. Quanto melhor a idéia% mais dif;cil a eecu$(o. A4+03I^ - Com ocê tem acontecido isso? >+/+A0# - 0(o com roteiros% mas com contos e romances. /enho um conto% 5/ra"e de igor5 % *ue ficou anos na gaeta. Quando tie a idéia n(o estaa ainda capacitado para escreê-Io. 9as n(o foi o )nico caso. Isso acontece = maioria dos escritores. A4+03I^ - 9as se se trata dum roteiro encomendado ... >+/+A0# A; terá de entregá-Io dentro do pra'o mesmo se n(o estier satisfeito com ele. 4ode ser *ue o diretor descubra os defeitos do roteiro. # cansa$o =s e'es impede o roteirista de er as coisas claramente. # pior é *uando ele s, ai perceber os pontos fracos% as deficiências% *uando assistir ao filme.
seraam uma surpresa final% a da )ltima página ou parágrafo% *ue sacudia o leitor. # fecho de um roteiro n(o precisa necessariamente apresentar uma grande surpresa% um logro para a platéia% = maneira do contista francês% mas n(o pode deiá-Io insatisfeito% no a'io% com a testa enrugada. A4+03I^ - Como acontece com os enlatados. >+/+A0# - É erdade. A maioria deles termina sem eplicar direito a solu$(o de enigmas apresentados. 0unca se sabe como o detetie chegou = conclus(o *ue fulano de tal era o assassino. esolem tudo com uma piadinha sem gra$a. A4+03I^ - #s enlatados% principalmente policiais% s(o d e lascar. 4arece até *ue os roteiristas s(o muito mal pagos.
A4+03I^ - A; n(o há remédio.
>+/+A0# - 9as nem sempre o final é um final de erdade. 4ara mim s(o os melhores.
>+/+A0# - s e'es há: p1r a culpa no d iretor ... A4+03I^ - 9eu
A4+03I^ - Como assim?
maior receio é escreer um roteiro *ue conte hist,ria muito man"ada% parecida com centenas *ue rolam por a;.
>+/+A0# - @osto dos finais *ue marcam o in;cio duma noa situa$(o. 3esses em *ue o espectador pergunta: e agora? # filme terminou mas a ida n(o. #s personagens ter(o *ue enfrentar noos problemas como con se*8ência natural dos *ue foram resolidos. (o os finais adultos. e um dia escreer um roteiro assim% me deie ler.
>+/+A0# - 0(o se tratando dum plágio% aliás comum na teê% o pecado n(o é t(o grae. 6m enredo original é raridade% mas nem sempre significa sucesso ou boa *ualidade. A procura obsessia d a originalidade% o dese"o de ser diferente% de criar algo de noo% lea fre*8entemente a enganos e eageros. # l
A4+03I^ - + os finais dos elhos filmes de ollEDood? >+/+A0# - +ram dum primarismo *ue ho"e fa' rir. 0oenta por cento deles terminaa num bei"o. # mocinho e a mocinha sempre casaam-se% como se o casamento fosse a chae geral da felicidade. Kons e ingênuos tempos. #s filmes de co8boys também n(o apresentaam problemas% "á *ue o ápice do roteiro colidia com o fim% *uando bons e maus resoliam tudo num empolgante tiroteio. A ariante era um duelo-solo entre o mocinho e o bandido.
>+/+A0# - Coném reescreer muitas e'es essas duas pontas. 9as o final realmente é mais dif;cil por*ue eige maior responsabilidade. 9uitas e'es ele é a eplica$(o de toda a hist,ria% a resposta para muitas perguntas pendentes. Qual*uer precipita$(o a; pode tumultuar o desfecho. 4or outro lado o final esperado% "ustamente , *ue o telespectador adiinhaa% também frustra o espectador. Lá leu 9aupassant? eus contos inariaelmente re-
A4+03I^ - Cada gênero tem um determinado tipo de final? >+/+A0# - Kem% *ual é o melhor meio de terminar uma comédia a n(o ser com uma situa$(o ou piada *ue proo*ue gargalhada? # certo é *ue% se"a *ual for o gênero% o final n(o pode frustrar o espectador. 4ode irritá-I o com uma sa;da *ue ele n(o esperaa: a morte do gal(. Aborrecer% contrariar o espectador% é até saudáel. 9ostra *ue o autor n(o se submete ao gosto da maio-
<.
ria. 9as% contrariando-o ou n(o% o importante é *ue o final n(o reele desorienta$(o do autor% indecis(o% incapacidade de manter um n;el de coerência% confus(o mental% for$amento de barra ou desinteresse em terminar bem uma hist,ria por "á ter chegado ao final. A4+03I^ - 9as di'em *ue é no meio *ue se pe a arte ... >+/+A0# 4ode ser% mas é nas pontas *ue o artista mostra *ue sabe o *ue fa'. Que mereceu sua inspira$(o. A4+03I^ - 4arece *ue no corpo deste liro há um momento *ue ocê se rebela um pouco contra o esp;rito de e*uipe. Isso de trabalhar em grupo. >+/+A0# - +u até "á participei de um ou outro brain-stormin$ bemsucedido. 9as nem sempre se re)nem árias pessoas criatias ou sensatas em torno duma mesa. s e'es a opini(o *ue fica é a de *uem fala mais alto. + os menos dotados s(o sempre os mais conictos% os *ue defendem com mais eemência seus pontos de ista. 4orém o *ue eu disse foi outra coisa. 3isse *ue o criador solitário é mais ousado% mais talentosamente inconse*8ente. # grupo fia-se nos riscos *ue uma idYia original apresenta% no interesse da emissora em agradar a todos% no perigo *ue r epresenta trilhar um caminho noo% sempre baseado nos se guros resultados obtidos pela rotina. 4or isso% em matéria de teê% é mais fácil uma emissora pe*uena aceitar uma idéia noa% arriscando-se% do *ue uma grande emissora cu"a estrutura n(o pode ser abalada por fracassos. 9as% eidentemente% o cinema é um campo mais prop;cio para eperiências ou aenturas da criatiidade% pois está em m(os de produtores independentes% n(o ligados a grandes empresas. # fracasso financeiro de um filme n(o causa terremoto. A4+03I^ - + o *ue sucede *uando um grupo de roteiristas é incumbido dum seriado? >+/+A0# - e cada roteirista se incumbir de sua hist,ria% escreendo uma por mês% por eemplo% acho boa solu$(o. # rod;'io proocará uma espécie de competi$(o entre eles% ao mesmo tempo *ue promoerá a uniformi'a$(o de linguagem e procedimento dos personagens. /ratandose de seriados n(o há nada melhor. A4+03I^ - unciona igualmente a reda$(o em dupla?
>+/+A0# - Quando n(o imposta pela dire$(o% unindo profissionais de tendências diersas% uma dupla sempre rende bem. 4ior% degradante% era a solu$(o antiga do $host-8riter. A4+03I^ - # *ue é isso? >+/+A0# - Ghost-8riter, escritor fantasma. +le n(o era obrigado a usar len$ol% mas proibiam-lhe mostrar-se = lu' do dia% nos est)dios e corredores da emissora. eus seri$os% urgentes% eram c#L.<ocados *uando o autor% estafado% pifaa ou perdia totalmente o pi*ue da noela% o motio mais comum. 0esse caso o substituto% $host-8riter, n(o assinaa nem como parceiro% por*ue o autor e a emissora n(o permitiam% receando *ue a not;cia da substitui$(o pudesse desacreditar a noela. Isso foi ontem. 9ais tarde o tempo proou *ue o p)blico n(o se fia em autores% trabalhem so'inhos ou em e*uipe% atento aos ganchos do folhetim e nos seus atores. Além disso a consciência profissional acabou se impondo e retirou do $host-8riter o len$ol *ue ocultaa seu talento sempre menor *ue seu relacionamento de bastidores. A4+03I^ - Lá assisti a especiais de teê e a se*8ências de noelas eidentemente furtadas de romances% filmes e pe$as teatrais. # plágio é comum no e;culo? >+/+A0# - im% por*ue sendo a produ$(o de teê feita para o consumo imediato% descartáel% apesar das eentuais reprises e da enda de teipes para o eterior% certos autores consideram o pecado do plágio acidental e t(o instantGneo% destinado ao es*uecimento% *ue ninguém se dará ao trabalho de comproar. abem também *ue o grande p)blico n(o lê e raramente ai ao cinema% portanto ignora as fontes. Quanto aos cronistas especiali'ados% *ue eu saiba% "amais acusaram roteiristas de plágio e n(o creio *ue por solidariedade. 4ara os roteiristas honestos isso representa perigo% pois seus concorrentes =s e'es se chaman /heodore 3reiser% Kal'ac% cott it'gerald% Agatha Christie e outros cu"as obras costumam ser isitadas por espertos play8riters nacionais. A4+03I^ - Qual a importGncia da trilha sonora numa produ$(o de cinema e teê? >+/+A0# - Chega a ser decisia. 3esde os primeiros tempos do cinema falado *ue o fundo musical tem grande importGncia. á filmes *ue ainda s(o lembrados apenas pela m)sica. 0(o sei
X. 2. II1
se sem 5As time goes bE5 Casablanca ainda seria t(o lembrado. 3uido. A m)sica é melhor conduto de nostalgia *ue as imagens. 0ada melhor para lembrar uma época. A nossa chanchada foi o *ue foi deido grande parte = m)sica. Lá o pom n(o soube eplorar trilhas sonoras e tale' nem o Cinema 0oo. 0esse particular as noelas lararam um tento% gra$as% é claro% = sua etens(o. eis meses é tempo de sobra para o p)blico fiar-se numa trilha sonora. Confesso *ue acompanhei diersas s, para ouir certas m)sicas ainda n(o lan$adas em graa$es. A trilha sonora é t(o importante *ue% em *uase todo cap;tulo de noela% há um momento em *ue a a$(o cessa% entra em a'io% para desta*ue dum n)mero musical *ue ai capitanear seu lon$-play. 6m merchan!isin$ n(o desagradáel como os ostensios da propaganda de eletrodomésticos% margarinas e detergentes. A4+03I^ - á roteiro para clips( >+/+A0# - 0em sempre. # clip é trabalho de diretor. Aliás% no geral% detesto-os por*ue impem um isual *ue o espectador prefere imaginar. A m)sica é como pintura abstrata% *ue para cada um tem sentido ou epress(o particular. 4rooca lembran$as ;ntimas e pessoais cu"as imagens n(o coincidem com a*uelas *ue o diretor pro"eta% usando dos recursos *ue tem = m(o. # clip inade o mundo particular do ouinteespectador numa tentatia de colocar seu diretor acima do compositor. A gente s, pode apreciar um clip se for indiferente ao n)mero encenado. +le parece destinado a comproar *ue a m)sica atual n(o se ag8enta so'inha% precisa de apoios eteriores. A4+03I^ - + os comerciais? >+/+A0# - É sem d)ida o *ue há de melhor na teê% pois s(o produ'idos sem pressa nem economia% obedecendo a uma meta espec;fica: a publicidade. A limita$(o de tempo% XP ou OP segundos% restringe o filme publicitário ao essencial% o *ue "á é *uase uma garantia de *ualidade. 9as n(o s(o escritos por redatores estranhos ao meio publicitário% e sim por pessoas *ue conhecem e acompanham os problemas de marketin$ dos clientes de suas agências. A4+03I^ - Acha ent(o *ue redatores de comerciais dariam bons roteiristas de cinema? >+/+A0# Y Alguns diretores bem-sucedidos em comerciais dedicaramse mais tarde ao cinema. &ogo descobriram *ue s(o es-
pecialidades diersas. 3esistiram ou tieram de assimilar a noa técnica. uponho *ue com os roteiristas de comerciais% redatores de agência% se dê a mesma coisa. # cinema n(o ie de imagens essenciais% ob"etiasH nas diaga$es% aparentes a'ios% =s e'es está o seu alor. A4+03I^ - # *ue desanima um pouco um aprendi' como eu é pensar *ue tudo "á fo i feito. >e"a as noelas% como se repetem. >+/+A0# - +ssa impress(o de mesmice% satura$(o% é causada pelos *ue realmente mandam% pelas c)pulas. 0o cinema e na teê inoar% partir para outro caminho% é sempre um risco. 4rincipalmente em rela$(o = teê% onde há mais eecutios *ue criadores. Quando a teê trocou o dramalh(o rural e o romantismo piegas pela dramaturgia urbana e atuali'ada% deu-se por satisfeita em matéria de moderni'a$(o. +mbora e;culo de inen$(o recente% ela segue = distGncia as con*uistas ou inoa$es da literatura e do cinema. A4+03I^ - Isso por*ue o p)blico n(o aceita produ$es mais ousadas ou mais profundas? >+/+A0# - 9as também di'iam *ue o p)blico n(o aceitaria hist,rias *ue n(o fossem um ale de lágrimas. A noela-comédia porém pegou facilmente. 9odéstia = parte% eu "á acreditaa nisso e escrei em +/+A0# - em d)ida% pois nela% por ser pe*uena% sabe-se logo *uem decide. A4+03I^ - 0em sei mais o *ue perguntar.
. O.
>+/+ A0# eu caso é o de ir em frente.
>ocê tem uma hist,ria *ue supe boa% "á submetida = aprecia$(o de diersas pessoas. /rata-se agora dum problema de prancheta% como di'em os pu blicitários *uando tudo foi discutido e s, resta erificar como a idéia ficará em termos de ilustra$(o. A discuss(o terminou% passemos = reali'a$(o. Chega de abstra$es. 4onha o papel na má*uina: e*8ência P<% local% dia ou noite% eterna ou interna% e: Cuidado com cenas a'ias% todas têm de di'er alguma coisa. /rate de definir logo o personagem% a n(o ser *ue ha"a a inten$(o de enolê-lo em mistério. +ite cenas longas% cansatias. empre mostre% numa geral% onde está acontecendo a cena. e for no mercado% uma is(o geral do mercado. e seu personagem é um operário% fa$a-o falar como um operário. Corte as palaras desnecessárias. 0(o epli*ue ecessiamente o *ue está acontecendo. # ,bio esa'ia a emo$(o. 0(o use palaras nas cenas em *ue a cGmera pode contar tudo claramente. +la é o narrado r principal. e uma cena de a$(o ai criar pro3Iemas% fa$a a cGmera focali'ar o ap,s. +emplo: alguém entra em casa e encontra os m,eis numa
desordem geral. 3essa forma eliminou-se a cena de t,ria fica melhor narrada duma forma acadêmica% como 4olans!E sempre fa'% n(o recue. # mais original sempre é a personalidade do autor% é o *ue marca% n(o o abuso leiano de recursos técnicos. 4ara fa'er o roteiro crescer no final% afunile a hist,ria% fa$a com *ue todos os pontos conir"am para um s,. Acelere. 9as o dif;cil é concentrar sem saltos nem precipita$es. 6m come$o pode ser obscuro% um final n(o% mesmo *uando ele deia uma pergunta ou um problema para o espectador pensar em casa. A n(o ser por uma necessidade imperiosa da hist,ria% diersifi*ue os ambientes das cenas para n(o saturar imagens e criar monotonia. A mudan$a de ambiente sempre desperta noo interesse no espectador. 0(o crie personagens psicologicamente semelhantes% isso anula conflitos. 0(o se preocupe se o primeiro tratamento ficar muito etensoH pior se ele n(o tier o *ue cortar. /erminado% releia o roteiro. A hist,ria desli'a sobre rodas ou sacode toda% entrando e parando em buracos e desn;eis? egue um curso reto% desimpedido% ou perde-se em desios e becos sem sa;da? +screa com uma naturalidade cautelosa. 0em euforia nem temores. A4+03I^ - em mais recomenda$es? >+/+A0# - á de'enas de outras. 9as fi*uemos por a*ui% pois é mais dif;cil escreer um bom roteiro do *ue um liro para ensinar como é *ue se fa' isso.
ladre s reol endo tudo = procur a de alore s. É uma forma de se ganhar tempo e criar surpre sas. # ap,siolên cia% a conse *8ênci a duma a$(o% pode ser mais choca nte ou impact uoso * ue a pr,pri a a$(o. 0( o inclua no roteir o perso nagen s *ue n(o some
m% n(o tenham uma atua$(o definida. 9as procure marcar% dar realce% a *ual*uer personagem. A careta dum figurante pode alori'ar uma cena. 0(o es*ue$a de registrar os planos principais. e a cena re*uerer um !ose, para detalhar% ou um plano geral% para ambientar% escrea. 6m descuido do diretor% nas circunstGncias citadas% pode pre"udicar o roteiro. Aten$(o com as hist,rias paralelas: precisam ter uma liga$(o ine*u;oca com a hist,ria principal% mesmo *uando n(o aparente. 0(o se precipite nas cenas decisiasH procure etrair delas o máimo de dramaticidade ou hilaridade. 6ma cena bem lograda% inteira% perfeita% =s e'es basta para garantir o sucesso dum filme ou para permanecer na mem,ria do p)blico. 0(o confunda moderno com modernoso% isto é% o *ue está na moda% tido como aan$adinho por pe*uenos grupos. e a his-
VV
U.
11 emorial ainda n!ocomputadori*ado o rdio: a primeira
0o Krasil% os primeiros roteiristas profissionais surgiram no rádio% *uando noutros pa;ses "á proliferaam no cinema e no music-hall. 0ossa ind)stria de entretenimentos é pois relatiamente recente. Antes do adento da teleis(o% en*uanto nosso cinema% her,ico e desarorado% ainda iia de raras aenturas pessoais% o rádio "á ad*uirira o status de ind)stria% contratando autores especiali'ados na produ$(o de scripts - a primeira palara estrangeira a circular desinibidamente pelos est)dios radiof1nicos. # autor de scripts era chamado de redator% tale' por*ue a maioria iesse da reda$(o de "ornais% en*uanto outros% em menor n)mero% chegaam ao rádio das agências de publicidade% mirante donde se podia acompanhar a rápida eolu$(o do e;culo. # fato é *ue desde o tempo do rádio em formato de igre"inha% endidos ap,s longos per;odos de eperiência na casa dos interessados% o p)blico se encantou pelo misterioso aparelho. # rádio en trou logo em todos os lares% aclamado como espetáculo permanente e gratuito das classes menos priilegiadas. +m seguida atrairia a erba crescente dos patrocinadores. As agências de propaganda criaram ent(o seu 3epartamento de ádio. A imprensa "á n(o estaa escola de roteiristas
so'inha na diulga$(o de produtos comerciais. 0em ela nem os bondes ... 9as transmItIr apenas m)sicas graadas% not;cias e "ogos de futebol n(o incrementaa a concorrência entre as emissoras% *ue em seguida contrataram con"untos regionais% or*uestras% cantores e mais tarde autores e radioatores. 4ode-se di'er *ue a partir do final da década de XP% ecluindo-se o poderoso rádio norte-americano% apenas o meicano e o argentino riali'aam-se com o nosso% por*uanto o europeu% estatal% no geral meramente informatio ou decididamente cultural% sem os est;mulos da competi$(o comercial% era elitista e cristali'ado. Como o n)mero de programas ao io superaa o de discos% diersificaram-se% eigindo roteiristas especiali'ados para cada gênero: autores de radionoelas% de programas humor;sticosH redatores de roteiros musicais% de programas femininos% de aentura para a infGncia e "uentude% de cr1nicas% e de audi$es mais trabalhadas *ue aglutinaam o elenco de radioteatroH or*uestra% cantores% narrador% com trilha musical feita especialmente para cada audi$(oH eram os chamados programas montados% cartes de isitas das principais emissoras% como os Vai !a valsa, # e!ifDDJio balan*a mas n%o cai, "!io-almana'ue Kolynos, Meu filho, meu or$ulho, 0onra ao m?rito, # mun!o $ira, ribunal !o tempo, &K-L e muitos outros. o"e% = distGncia% podemos afirmar *ue os programas montados% humor;sticos% uma se*8ência de es*uetes sobre o mesmo tema ou n(o% sempre com os mesmos personagens ou n(o% do tipo # e!iNfeio balan*a mas n%o cai, foram as produ$es radiof1nicas mais t;picas do e;culo% de melhor *ualidade% e alcan$aram incr;el repercuss(o popular% gra$as ao uso da linguagem do momento - em contraste com as radionoelas -% as )ltimas g;rias cariocas% como também = cria$(o de tipos etra;dos do cotidiano% repetidores de bordes _ocê *ue é feli'% primoH há sinceridade nisso?H amos combinar outra coisaR *ue% uma e' lan$ados no programa% con*uistaam o pa;s. 0esse setor% o humor;stico% podemos afirmar tran*8ilamente *ue a teleis(o% apesar de seus recursos e da transmiss(o em rede% "amais aproimou-se da*ueles êitos mesmo ao relan$á-Ios no ;deo% redigidos pelos mesmos autores. #utro prato forte do rádio% embora apenas do agrado do p)blico feminino% foram as radionoelas% *ue obedeciam = técnica dos folhetins% seu contemporGneo% copiando também sua linguagem empolada% espécie de sucata erborrágica do século 4, engrossa-
V. 7@.
da por falas longas _5bifes5R e artificiais% praga ling8;stica *ue assolou por três décadas a inculta América &atina. A bem da erdade% no entanto% coeistiam com os noeleiros alguns mal-sucedidos inoadores% *ue meiam na forma e no conte)do da radionoela% optando por diálogos mais brees e cotidianos% inspirados pelo cinema% mas sem resultados positios por*ue o p oo "á se habituara ao elho aropeH e as agências de publicidade% igiando o interesse dos patrocinadores% n(o encora"aam a mudan$a de rumos da itoriosa ,pera de sab(o Dsoap operaE. Como se ê% mesmo na pré-hist,ria da profiss(o de roteirista "á eistiam os *ue apenas repetiam as f,rmulas de sucesso% "ogando na certa% e a*ueles *ue se aenturaam a nadar contra a corrente'a. Alguns -destes% marginali'ados e tidos pe"oratiamente como intelectuais% foram% mais tarde% os *ue melhor se adaptaram =s eigências do noo e;culo% a teleis(o.
Quando nos anos P apareceram as primeiras emissoras de teleis(o% alguns programas de rádio
o telerrdio: a imagem como simples decoração
7 os de audit,rio - come$aram a ser teleisionados% mas sem roteiros especiais. 4rogramas *ue tanto podiam ser ouidos *uanto istos% pois a imagem era apenas decoratia% n(o orientada por anota$es técnicas. 9ais seriam para treino de cameramen e de selecionadores de imagens. 6m pouco mais tarde% "á nos est)dios% a teleis(o apresentaa seus primeiros programas de teleteatro% em (o 4aulo o Van$uar!a, e no io o Cmera <, a princ;pio com pe$as teatrais na ;ntegra% n(o-adaptadas. +sgotando-se o esto*ue dessas pe$as% a solu$(o imediata foi a adapta$(o de contos e romances% dando in;cio assim% nas duas capitais% = produ$(o dos primeiros roteiros de teleis(o propriamente ditos. A página de reda$(o corrente diidiu-se em duas parteL% áudio e ;deo% dum lado a moimenta$(o de cGmeras e personagens% de outro os diálogos. 3esfa'ia-se a; o parentesco entre a teleis(o e o teatro% pelo menos na apresentaY(o dos scripts, pois como os espetáculos eram ao io% antes da inen$(o do teipe% "ogaam com poucos cenários% permanecendo parades%
estáticos. +m eternas% nem pensar.
0o entanto% limita$e s também criam estilo. # gênio desse per;odo eperime n ta l d a tcê foi o norteamerican o 4addE ChaEees !E% *ue% acomoda do na estreite'a do e;culo% passou a escreer
teleplays de moimen ta$(o redu'ida% cu"a caracter;s tica fundame ntal era a abordage m de temas doméstic os% miniatura s dramátic as sem com plica$es % como o
do a$ougueiro gordo e desa"eitado DMartyE *ue n(o arran"aa namorada% da m(e Dhe motherE *ue re"eitaa a prote$(o dos filhos ou duma despedida de solteiros DOachelor partyE *ue resultaa em melancolia e fracasso. Como um anti-Cecil K. de 9ilIe% n(o contando ainda com o recurso multiplicador do teipe% ChaEees!E p1s seu oo de Colombo de pé ao fiar-se em hist,rias duma simplicidade linear% retratos de personagens comuns e mergulhos em situa$es do cotidiano% tudo com tal humanidade e acerto *ue o cinema o conocou e consagrou. +m (o 4aulo% principalmente% ChaEees!E seriu de modelo a in)meros roteiristas *ue se iniciaam no of;cio.
o teipe muda tudo 0enhuma noela lan$ada antes do tei pe tee a repercuss(o de um programa como #
c?u ? o limite, por eemplo% lan$ado em /upi% a p rinc;pio em est)dio e logo depois lotando o audit,rio da emissora. Kaseado num programa norte-americano chamado uarenta mil !lares _nunca houe nos +stados 6nidos um he sky is the limit, como o pr,prio Assis Chateaubriand supunha erroneamenteR foi rebati'ado em (o 4aulo% pela tandard 4ropaganda% cu"o diretor lembrara uma frase insistentemente repetida na pe$a >n#o !e pe!ra, de /enncsseeMilliams. edigi perguntas e respostas desse programa durante poucos meses e ainda rio ao lembrar dos gênios *ue por ele passaram. 4elo menos os *ue atuaram no meu tempo n(o competiam com os computadores modernos. implesmente perguntaa-se a eles o *ue% em entreista préia% "á se sabia *ue conheciam bem. + por *ue derrubar do pedestal facilmente personagens *ue carreaam audiência sem constar da folha de pagamento da emissora? In)meras e'es # c?u ? o limite e programas iguais% com outros nomes% foram apresentados mais tarde% sem obterem um décimo do êito inicial. oi o maior sucesso da teleis(o brasileira antes do teipe% apesar de sua nenhuma criatiidade e do formato *uadrados
drado. CGmer as fias% cenan os chapa d os e de interpr eta$(o s, a dos candid atos *uand o repres entaa m n(o lembra r as respos tas% ou do aprese ntador% ao fingir torcer por eles. +ram roteiro s ou
script s inis; eis% gênero tale' n(o menci onado em liros
alidos. Z. 9as o teipe mudou tudo% tale' a teleis(o tenha come$ado a partir dele. # *ue eistira antes fora a lanterna mágica doméstica. + seu grande prod;gio foi tra'er de olta a no ela% modalidade *ue se supunha morta e enterrada. A*ui as primeiras eram argentinas e cubanas% algumas adaptadas do rádio% como # !ireito !e nascer, dramalh(o de repercuss(o continental% e e!en*%o, esta brasileira% *ue permaneceu dois anos no ar% recorde imbat;el de permanência. 4arecia *ue as telenoelas% deido a seu in;cio radiof1nico% permaneceriam com temas e linguagem folhetinescos% o *ue feli'mente n(o aconteceu. &ogo se moderni'ariam. 3eeu-se essa guinada ao fato de se tornarem caras demais para um )nico patrocinador% e patrocinadas por ários escaparam ao controle de empresas multinacionais ou de suas agências de publicidade% *ue n(o admitiam noas idéias e noos rumos para as telenoelas. 4ara essas firmas estrangeiras% há decênios patrocinando soap operas, o p)blico latino-americano era um s, e estaa fadado a gostar eternamente das mesmas coisas. +ram tempos em *ue um 9ister *ual*uer% com as pernas sobre a escrianinha% falando maIo português% eaminaa as sinopses *ue as emissoras lhe eniaam% ou o pr,prio autor% e sem nenhuma preocupa$(o com *ualidade ou renoa$(o% escolhia entre elas sempre a mais apelatia% a *ue tiesse mais concesses ao mau gosto% com receio de *ue% moderni'adas% pusessem em risco a audiência e endessem menos produtos. A preferência% a )ltima palara% reca;a comumente em faor das noelas escritas em castelhano% as *uais além de proporcionarem uma iagem de turismo comercial eram ad*uiridas - segundo a epress(o de um desses senhores *ue conheci - a pre$o de banana. &ibertando-se desse controle coloni'ador% oriundo da era do rádio% e *ue certamente determinou e mantee a má *ualidade das radionoelas% t(o deletério como a censura *ue iria depois% a telenoela p1de encontrar caminho pr,prio% moderni'ar-se% e falar uma linguagem atual e brasileira. 0o rádio% os patrocinadores estrangeiros n(o admitiam *ue se usasse nossa linguagem. # *ue era bom para a América &atina I
era bom para o Krasil% e estaa falado. 9udar podia n(o ser benéfico =s endas. endo a*ui% pois% homenagem a alguns roteiristas da*uele per;odo% como #sDaldo 9oles% /)lio de &emos% Malter @eorge 3urst% 9ário &ago e alguns outros% *ue nunca aceitaram o receituário imposto de fora para dentro% = procura duma epress(o criatia mais lire e mais pr,ima de nossa nacionalidade.
depois 3epois do teipe eio a cor. e o teipe acelerou o ritmo das telenoelas e programas em geral de teê% a cor eio alori'ar cenários% guarda-roupa% adere$os e ma*uiagem% simplificados no preto e branco. 6m alterou a dinGmica% a outra atuou no isual. 3a; a *uase-conclus(o de *ue na teê *uem comanda é a técnica. 6m noo inento% como teleis(o em tela grande% para fiar na parede% "á em fase eperimental% pode gerar programas diferentes e acabar com outros% ho"e produ'idos. /ale' a noela% como se fa' agora% n(o se en*uadre na tela panorGmica% empobre$a% surgindo produtores independentes% em maior n)mero% dedicados = produ$(o de filmes. 4ode até haer um ponto final para os roteiros de teê% oltando a época do teleteatro% "á *ue o grande p)blico desconhece o *ue o teatro fe' em mais de 2 PPP anos de eistência. /oda a produ$(o do rádio% milhes de toneladas% foi para o lio. A de teê% nos moldes atuais% pode ter o mesmo destino. 4or outro lado% as transmisses a cabo% *ue ainda n(o chegaram ao Krasil% especiali'adas e limitadas a audiências menores% eigir(o mais roteiristas *uem sabe para satisfa'er a uma parcela da popula$(o mais intelectuali'ada. A *ualidade no lugar da *uantidade% pondo fim = guerra *ue ainda eiste na teleis(o entre escritores e escreinhadores% decidida sempre a faor destes% por*ue em maior n)mero e mais em sintonia com a média intelectual do pa;s.
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12 .rec/os cont0nuos de um roteiro para tele'is!o ?ma auto-adaptação # roteiro escolhido para se submeter ao bisturi n(o é modelar nem enole muitas complica$es eemplificadoras. Infeli'mente n(o disponho de ar*uio de meus roteiros cinematográficos e teleplays, uma pirGmide de papel% do tamanho das eg;pcias% embora sem sua sedutora anti guidade. 0o cinema e na teê até o *ue se fa' de mais moderno geralmente enelhece na irada do ano. +screer para milhes tem um 1nus: o es*uecimento de milhes.
houesse tempo% pois # homem 'ue salvou Van Go$h !o suicP!io, como tudo *ue escrei para o e;culo% n(o me satisfe' inteiramente% apesar de sua ecelente reali'a$(o. icou a iciosa impress(o *ue tinha algo de mais ou de menos. Idéia
A idéia foi a de escreer uma hist,ria *ue usasse a elha 9á*uina do /empo% n(o por curiosidade hist,rica% mas por pura malandragem do piloto. Alguém *ue ia"a ao passado para lucrar% encher os bolsos. Story-Line
A hist,ria dum homem *ue reinenta a 9á*uina do /empo% ia"a para a ran$a% incent >an @ogh% olta = atualidade e epe as telas numa grande eposi$(o. 9as ninguém comparece: cle apagara da hist,ria o nome e a fama de sua mina de ouro. !inopse
oi uma sinopse muito detalhada% *ue seria fastidioso transcreer%
SEQ. 02 Q>AR TOESCRI TWRIO DE ÚLIO - INT. NOITE
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1 > Moreninha na te'1 4or*ue o horário% espertino% eigia% e por*ue essa hist,ria fugia bastante dos padres do programa% fi' um roteiro simples% s em complica$es técnicas% mais preocupado com sua fluência e clare'a. # absurdo também precisa ter a sua l,gica% da; a *uase necessidade de contar # homem 'ue salvou Van Go$h !o sui!!io como uma hist,ria rotineira e em linha reta.
VU. d
ou presentear. 4rincipalmente se for estudante. Agora% *uanto = *ualidade da adapta$(o% isto é outro assunto. 's cr;ticos e as adaptaçes As adapta$es s(o o alo prcferido dos cr;ticos. 0(o falo dos cr;ticos especiali'ados em teleis(o% pois cstes% em sua maioria% s(o apenas noticiaristas ou comentaristas ligeiros% *ue nunca (o ao Gmago da *uest(o. alo dos cr;ticos literários% *ue ami)de se ocupam das noelas *uando as mesmas s(o adapta$es de romances. # *ue se di' geralmente é *ue o autor n(o obedeceu = est,ria impressa e muitas e'es nem mesmo ao seu esp;rito. Qual*uer altera$(o é Ioga acusada de heresia e seu corpo reestido de intocabilidade. +sse ecesso de 'elo% esse respeito eagerado% geralmente reela apenas o a'edume *ue o cr;tico ostenta como deforma$(o profissional ou um desconhecimento completo da matéria. 0(o é poss;el adaptar-se um romance para a teleis(o e tale' nem para o cinema% mantendo o adaptador tudo o *u e o liro contém. A maior proa d isso tiemos em Gabriela, a meu er uma adapta$(o primorosa. /ee o adaptador% Malter @eorge 3urst% *ue criar uma série de fatos noos% desdobrar a a$(o de outros% alori'ar personagens apenas mencionadas no romance% incrementar conflitos% porém sem fugir ao clima do liro e ao seu esp;rito de cr1nica duma cidade. A; residia o grande alor da adapta$(o: a noela tee o mesmo curso epis,dico do romanee% a mesma liberdade% o mesmo tom casual. 6m acontecimento puando outro% sem es*uema% sem os ganchos tradicionais% e mantendo% o *ue foi mais notáel% a mesma linguagem de Lorge Amado. 3urst fe' a*uilo *ue Lorge Amado faria se escreesse uma noela. Adaptar para a teleis(o é isso% portanto: obedecer = obra literária n(o em seus detalhes% mas no *ue ela tem de essencial% de permanente% de contagiante% de erdadeiro. 6ma adapta$(o ao pé da letra é iniáel% tarefa imposs;el% *ue s, seriria para mostrar a falta de talento do adaptador. 9as os cr;ticos% desconhecendo as eigências do e;culo% preferem se fiar no respeito = obra em sua totalidade% o *ue nem chega a ser uma opini(o% é apenas uma teimosia. # *ue acontece% e nisso sim a cr;tica poderia opinar% é *ue há liros *ue podem ser adaptados com sucesso% outros n(o. 4or isso% a escolha do liro a ser adaptado é um problema sério e polêmico. +u
"á me i com outros *uatro ou cinco no elistas% numa sala% durante horas% diante de listas enormes de romances% = proeura de um t;tulo *ue resultasse numa boa adapta$(o. + agora "á cabe uma pergunta: > Moreninha Moreninha foi uma boa escolha? 0(o participei da escolha de > Moreninha Moreninha para a teê. 4oucas adapta$es fi' nestes inte anos de of;cio. 4ara o gênero noela somente uma% # prPncipe e o men!i$o, men!i$o, para a teê ecord% em Moreninha Moreninha a comunica$(o foi bree e telef1niea. +u teria *ue ler imediatamente imediatamente > Moreninha plane"ar sua adapta$(o. adapta$(o. Moreninha e plane"ar Quem n(o leu esse romance de 9acedo antes dos *uin'e anos? + "á na minha época a sedu$(o *ue ele eercia n(o era muito grande. A releitura de > Moreninha, depois de tantos anos% e "á com os olhos de adaptador de teleis(o% teleis(o% n(o foi estimulante. estimulante. 9esmo nas adapta$es anteriores% anteriores% para teatro e cinema% a solu$(o foi o musical% deido naturalmente = pouca densidade do entrecho% = falta de *8ipro*u,s e = etrema candura da est,ria. ` primeira ista% > Moreninha Moreninha n(o poderia ser nada mais *ue uma opereta ou uma comédia romGntica toda alicer$ada em inhetas musicais. 0enhum grande drama% nenhuma pai(o de fogo% nenhuma cena realmente palpitante a *ue o adaptador pudesse se apegar. +mbora plane"ada para ser uma noela curta% duns setenta ou oitenta oitenta cap;tulos% o material parecia e;guo demais. demais. 0(o se pode encher cerca de trinta e cinco horas de graa$(o com cenas de amor% eoca$es da infGncia% um almo$o% um sarau e um final preisto desde o primeiro momento. Aliás% "á em sua época% Loa*uim 9anuel de 9acedo sofrera as mais duras cr;ticas deido ao seu romantismo romantismo epidérmico% epidérmico% apesar do instantGneo instantGneo interesse interesse *ue despertaa nas mocinhas casadouras. casadouras. + ho"e? Como arrastar para o ;deo uma "uentude in*uieta e problemática% sedenta de imagens% usando como ;m( apenas uma pedra alpinisticamente galgada por uma don'ela ao cair d a tarde? A tarefa era dif;cil% *uase isso a *ue chamam de desafio para estimular pessoas sensatas. i' noas leituras do liro% sem encontrar nenhum caminho para uma boa adapta$(o. oi ent(o *ue me caiu =s m(os outro liro de Loa*uim 9anuel de 9acedo% *ue pouca gente conhece% e *ue supera a atra$(o de todos os seus romances: romances: Memrias !a ua !o +uvi!ar. A; era o autor descreendo o *ue poderia ser um dos cenários da noela. &iro escrito na década de em > Moreninha, escrito em
mudara muito. Lá se tornaa uma cidade com pretenses a metr,pole. As ruas *uase todas iluminadas a gás% os barcos a apor ligando o io a 0iter,i% alguns "ornais circulando% as idéias republicanas e abolicionis abolicionistas tas mais amadurecidas amadurecidas%% um L,*uei Clube% maior n)mero de estrangeiros estrangeiros nas ruas e% principalmente% sua grande artéria% a ua do #uidor% com suas lo"as e casas comerciais% suas confeitarias endendo soretes% suas modistas famosas e% logo na es*uina da ua 6ruguaiana% o Alca'ar% o primeiro teatro burlesco inaugurado no pa;s% com sua etraasante Aimée% edete francesa% espécie espécie de antecessora antecessora de Lane Aril Aril e de &a @oulue% *ue /oulouse/oulouse-&autre &autrecc retrataria retrataria alguns anos depois no 9oulin ouge. Kem% com esse io "á se podia fa'er alguma coisa. A ordem era continuar pes*uisando. &er as Memrias !o io !e /aneiro, de >ialdo CoaracE% foi marailhoso. Quase tudo sobre o io antigo está lá. + os dois olumes de >parência !o io !e /an eiro, de @ast(o Cruls% completaam o panorama dese"ado. # gosto pela pes*uisa torna-se um hábito. s e'es% ale a pena ler cem páginas para se obter uma )nica informa$(o. 4or seu lado% a /> @lobo também pes*uisaa pes*uisaa para orientar orientar a cenografia% cenografia% o guarda-roupa% a sonoplastia% a decora$(o% enfim% um mundo de detalhe *ue sempre dá realidade aos trabalhos de época. +mbora eu estiesse de posse de um liro de an)ncios do io antigo% recebi fotografias dum mundo de reclames dos ar*uios de "ornais. +ra preciso saber o pre$o das coisas% o *ue mais mais se endia% endia% o *ue mais se compra compraa% a% marcas marcas de bebidas% bebidas% refrescos refrescos da moda% nomes de estabelecimentos% a identidade das pessoas *ue costumaam transitar na #uidor e inclusie as m)sicas *ue 9ademoiselle Aimée cantaa no Alca'ar. icou ent(o assentado *ue a est,ria se desenrolaria em
6m pa;s em guerra e% ainda mais% contra uma na$(o supermilitari'ada% como era ent(o o 4araguai% é um bom pano de fundo para uma est,ria. +ssa guerra poderia ser de importGncia no romance. 4rincipalmente a trágica retirada% em *ue centenas de brasileiros perderam a ida. + en*uanto a guerra se traaa nas fronteiras e no eterior% dentro dos nossos limites limites aolumaam-s aolumaam-see as mensagens mensagens abolicionist abolicionistas as e republicanas republicanas%% estimuladas estimuladas em grande parte pela &o"a 9a$1nica 9a$1nica do @rande #riente% #riente% situada situada = ua do iachuelo. /ens(o /ens(o eterna e interna. interna. 3as fronteiras% fronteiras% as not;cias% do centro% os boatos. 0ada mais mon,tono e irritante do *ue um romance de amor num clima de pa'% com tudo correndo em ordem. 6m pouco de tumulto a"udaria para intensificar os lances. 0o plano poético-literário% a transferência da a$(o da est,ria para inte e *uatro anos mais tarde também oferecia antagens. lares de A'eedo e Casimiro de Abreu "á eram uma saudade% en*uanto os poemas panfletários de Castro Ales "á come$aam a circular. Assim se poderia criar uma linha diis,ria mais n;tida entre o ontem e o ho"e. #s primeiros e os )ltimos romGnticos. 6ma mostra inclusie do cho*ue de gera$es% eidenciando *ue esse é um problema de todas as épocas. Abria-se ao mesmo tempo um espa$o mais largo para cita$es de poetas e escritores% capitali'ando-se o interesse do telespectador n(o apenas para 9acedo como também para outros autores. +ntre estes% 9anoel Ant1nio de Almeida% muito citado pelos personagens% Losé de Alencar e lares de A'eedo% *ue teriam em toda a noela uma grande importGncia. # *ue se passaa nos outros pa;ses é assunto do cotidiano dos personagens% principalmente no *ue se refere =s inen$es. T feita a primeira má*uina de escreer eperimental% inentam o entilador e o eleador. ala-se num autocarro moido a apor. Aprimora-se a fotografia. A palara eletricidade entra em circula$(o. # nome de 4asteur chega ao Krasil. omancistas como Kal'ac% 3umas e >itor ugo "á s(o lidos a*ui por uma elite. +douard 9anet% *ue iera na mocidade no io% pinta a sua 9limpia. a. T um mundo famo famosa sa 9limpi mundo *ue reela os primei primeiros ros ind;cios ind;cios de mudan$a% no limiar de grandes inen$es% reolu$es sociais e art;sticas% e *uase na agonia do romantismo da primeira metade do século. esoli fa'er ent(o% sem a licen$a dos puristas% uma Moreninha Moreninha menos estática% imobili'ada em sua pedra% menos desligada% tale' mais sensual% e um pouco preocupada com o *u e acontecia em seu redor. omGntica% sim% mas n(o 5groselhosa5% e% como todas as mo$as da sua idade% fascinada pelas not; cias *ue inham do eterior atraés da sensacional noidade do telégrafo e dos rápidos naios moidos a apor. 4odia morar em 4a*uetá% com sua a, 3a. Ana% mas ter o esp;rito oltado para a ua do #uidor com seus estabelecimentos feericamente iluminados a gás.
# primeiro est;mulo *ue recebi ao come$ar a taret= insana do primeiro cap;tulo foi do diretor da noela% eral ossano. Kem-sucedido com noclas anteriores do gênero% "á aludidas% deu-me ele a liberdade de criar inclusie noos personagens% caso fosse necessário ao interesse da est,ria. 0(o é poss;el escreer mil e *uatrocentas páginas moimentando apenas um punhado de personagens. +m > Moreninha, os personagens s(o poucos. 4oucos e n(o muito definidos. #s *uatro rapa'es - Augusto% ilipe% abr;cio e &eopoldo - muitas e'es parecem irm(os gêmeos% f;sica e espiritualmente. Augusto e abr;cio s(o os *ue mais se confundem. # autor tratou apenas de dar ênt=se ao amor de Augusto e Carolina% a 9oreninha. As mo$as têm também a mesma origem oular: Carolina% Clementina% Loana% Quin*uina _*ue chamei de QuininhaR e @abriela _*ue mudei para 9arinaR. 9o$as *ue *uerem casar% nada mais. 9acedo apenas deu mais impulso = sua criatiidade ao compor as figuras de >iolante% a solteirona% Beblerc% o alem(o cere"eiro% e /obias% o negrinho escrao com mania de falar dif;cil. 0o resto se omitiu% mas n(o precisaria de mais nada para alcan$ar o sucesso *ue obtee e *ue ainda obtém. 9as *ual foi o motio de tantas edi$es deste liro? A eplica$(o é simples e reside no pr,prio t;tulo do romance. 0uma época em *ue as hero;nas da fic$(o eram loir;ssimas% 9acedo resoleu lan$ar uma moreninha% brasileir;ssima% embora de alma loira. 9ais de cem anos depois% Lorge Amado faria coisa semelhante lan$ando uma hero;na mulata. Aliás% aproeitando o êito de seu liro de estréia e sem sair de sua linha pigmentária% 9acedo publicaa em seguida # mo*o loiro, causando um susto nos her,is morenos da mo$a tradicional. +staa pronta a grande receita% *ue abriu caminho para # mula's personagens
to, Ou$rinha e outros clichês de imediata fia$(o isual. #utro elemento de sucesso foi sem d)ida a paradis;aca ilha de 4a*uetá% pois o amor numa ilha dá maior sensa$(o de intimismo e sinceridade. +% por fim% a noidade da publica$(o de um liro de literatura brasileira% da *ual 9acedo foi cronologicamente um dos precursores. A preocupa$(o imediatamente anterior = cria$(o ou recria$(o dos personagens foi de n(o situar a est ,ria apenas ou em s ua maior parte na ilha. # io ou a Corte% como ainda di'iam os mais elhos% era cenário mais empolgante. /ratei de diidir a a$(o com seus cenários: parte no io de Laneiro% parte em 4a*uetá. 4ude% ent(o% pensar nos personagens. Carolina é a suac 9oreninha de 9acedo% personagem inspirado na*uele *ue seria sua esposa% prima em segundo grau do poeta lares de A'eedo. A apresenta$(o ou cria$(o de gal(s com suas damas é sempre um problema na teleis(o c no cinema. 0o geral s(o personagens *ue marcham em linha reta% como um tapir% para o casamento% a solu$(o de todos os males e a satisfa$(o de todos os anseios. +m se tratando da 9oreninha% 3a. Carolina% a coisa era ainda mais grae% por*ue era ela uma romGntica *uase t;pica. Afora suas traessuras "uenis% era uma "oem feita para o casamento. Apenas a cor de sua epiderme e dos seus cabelos a diferen$aa um pouco das outras. 0(o era% eidentemente% uma Capitu nem uma ofia% com suas atra$es misteriosas e um compleo mundo eterior. 4or outro lado% eu n(o podia modelar na noela uma hero;na *ue fosse o aesso de seu modelo literário. A primeira proidência%"á aludida% foi integrá-Ia em sua época - os anos
VV.
tem opini(o e toma partido. abe amar e odiar também. entimentalmente% custa a decidir-se entre abr;cio e Augusto% ambos estudantes de medicina e amigos% decidindo-se a fi nal p or a*uele *ue conhecera e amara na infGncia% leada a identificá-Io por uma incr;el coincidência romGntica. eu relacionamen to com a a,% a sábia 3a. Ana% é mais um encontro d o * ue u m deseneontro de gera$es% c muitas e'es o diálogo das duas é o "ornal *ue narra ao telespectador o *ue acontecia na*ueles anos no io% no pais e no
resto do mundo. /ambém é intensa a ami'ade *ue prende a 9oreninha ao negro im(o% escrao fugido% *ue% protegido pelos estudantes% luta até o final para preserar sua perigosa liberdade. 3if;cil para I-Ieral ossano% o diretor da noela% foi a escolha da atri' *ue ieria a 9oreninha. 9uitos nomes foram lembrados% mas a escolha final recaiu sobre 0;ea 9aria% *ue inha de alguns êitos e *ue "á estaa a merecer um papel principal. Augusto era um estudante de medicina% como está no liro. 0a época em *ue 9acedo escreeu > Moreninha, estudaa-se medicina no io e direito em (o 4aulo. 0o io "á eistia aculdade de 3ireito% mas a famosa era a das Arcadas. lares de A'eedo estudara em (o 4aulo e Castro Ales ia"ara muito para matricular-se na faculdade paulista. #s personagens de 9acedo% sempre bastante radicados n a ida da Corte% n(o se abalariam de lá para estudar. egundo a descri$(o do romance% Augusto% por estar ligado a um amor de infGncia% uma menina *ue conheceu e perdeu no mesmo dia% e por ter tido na "uentude três romances fracassados% tornara-se um cético no amor. @ostaa de namorar% mas fugia aos compromissos. eu namoro com a 9oreninha come$ou% pois% como uma brincadeira% algo para preencher as horas dum fim de semana em 4a*uetá. 0a noela esse esp;rito foi mantido: Augusto aproimaa-se das mo$as e escapaa do amor com a mesma elocidade. +ssa descren$a% esse medo de ficar enolido% é o *ue afugenta Carolina e lan$a em cena seu rial e amigo abr;cio. 0a noela% porém% Augusto tem outras p reocupa$es. 6ma delas é seu pai% também médico% i)o% cu"a ida isolada% com um escrao liberto% seu afastamento da medicina e de amigos% seu recolhimento incompreens;el% torna-o erdadeiro enigma para o filho. + Augusto
esse enigma cresce ainda mais *uando André% é como bati'ei o pai de Augusto% elege &eopoldo% colega deste% seu amigo e confidente. 0o tocant e= aboli$ (o% Augus to é leado a ela pelo sentim ento. T ele *ue e sc on de o negro im(o na rep)blica de estudantes. 9ais tarde é ele *ue o lea para a casa de 3a. Ana em 4a*uetá. 4isa nesse terreno como em areias moedi$as. #brigado a ocultar i m(o em toda a parte% ai-se emaranhand o nas lutas
abolicionistas e complicando a sua ida. # estudo c o amor chegam a ficar em segundo plano. # principal para ele era eitar *ue o desprotegido fugitio ca;sse nas m(os ingatias de Lo(o Kala. T esse alheamento = causa% essa luta sem compromissos ideol,gicos *ue fa'em de Augusto um her,i por acaso% um soldado sem bandeira% um aentureiro abolicionista% embora de todo entregue = sua miss(o. 0o entant#J% para ele tudo se resumia em salar um negro% im(o% c n(o em salar os negros. #utro aspecto da personalidade de Augusto é sua fiel ami'ade a ilipe% irm(o de Carolina. ilipe amaa Clementina% conhecida da fam;lia% mas% como nos ersos de 3rummond% cla amaa Augusto% *ue amaa Carolina. A; ent(o o seu drama% pois n(o sendo de todo indiferente a Clementina tinha *ue 'elar para n(o magoar e humilhar o amigo. + essa situa$(o se estende até *ue Augusto no final se define pela irm( de ilipe% reconhecendo nela% depois de alguns anos% a mesma menina *ue o encantara durante uma manh( ines*uec;el. ilipe é o irm(o de Carolina% dois anos mais elho do *ue ela. rágil% enfermi$o% estudante de medicina% mas sonhando mudar-se para (o 4aulo e ingressar na aculdade de 3ireito para repetir um cap;tulo da ida de seu primo lares de A'eedo% falecido sete anos antes do in;cio da a$(o da noela. ilipe% mais *ue primo% é um irm(o gêmeo de lares de A'eedo e poeta igual a ele% embora inédito% e sem a certe'a de seu talento. # amor = irm( e = a, substitui o afeto materno e paterno de ,rf(o. 9ora na rep)blica de 3a. &alá% com seus colegas% onde é o habitante mais retra;do. eu desastre foi conhecer e apaionar-se por Clementina% cu"a tia% >iolante% pertencia a seu cl( familiar. É um amor desastrado% sem compensa$(o de espécie alguma% n(o correspondido desde o primeiro momento% amargo% persistente e suicida. Clementina em momento algum se dignou ao menos a ler um dos ersos *ue inspiraa no poeta. 4rática% moderna% auto-suficiente% repudiaa os homens do ti>ilipe
. :<
II
po de ilipe% ostentando io d espre'o =*ueles *ue se atirassem aos seus pés. /odo o seu amor% mesclado de ast)eia e cálculo% eoncentrase em Augusto% o *ue ilipe n(o tarda a perceber. +le% todaia% é incapa' de lirarse da obsess(o inicial% disposto a amá-Ia até as )ltimas conse*ências% mesmo sem nenhuma esperan$a. É um amor todo alicer$ado na*uilo *ue ilipc lcu% nos crsos *uc decorou% na amargura romGntica *ue tra'ia da in8;tima desse amor% ilipe% porém% n(o se mantém alYlstado das lutas abolicionistas. Lo(o Kala% o feitor% era para ele o Inimigo. 0(o meramente o opressor dos negros% mas seu inimigo pessoal ou o pr,prio destino inenc;el *ue no ;ntimo ele odiaa. +nolido pelos amigos da t=culdade e da rep\blica% a"uda a esconder o negro fugitio im(o% leando-o depois% estido de mulher% para a casa de sua a, em 4a*uetá. + é a; na ilha *ue% na coniência com Clementina% acentua-se o seu fracasso sentimental% e o seu grande drama interior toma corpo. 0o final% despre'ado pela mulher *ue ama% surrado pelo feitor Lo(o Kala% "á muito doente% embarca para (o 4aulo numa carruagem *ue learia o seu cadáer. 6m dos *uatro amigos da rep)blica% o mais pobre entre eles. Quando a noela inicia% ele é considerado morto pelos companheiros% mas logo aparece% doente e em farrapos% como um dos retirantes da &aguna. &eopoldo partira para a @uerra do 4araguai como oluntário. 0(o tendo interesse pela medicina% *uis ier a aentura maior da*ueles dias: seguir para os eampos de luta. 3epauperado pela c,lera-morbo% é internado num hospital% ficando sob os cuidados do 3r. André% pai de Augusto. +ntre os dois% o médico e o doente% surge logo uma real ami'ade. 3i'-lhe &eopoldo *ue% durante a guerra e sua enfermidade% tiera tempo de sobra para pensar% terminando por encontrar um ideal para a ida. 4retendia abandonar a medicina e ingressar no "ornalismo% para assim participar da campanha em prol da aboli$(o e da rep)blica. T um rapa' sério% atormentado pelos problemas e ma'elas de sua época. eopoldo
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4
4or sugest(o de ilipe% &eopoldo é leado para a casa de sua a,% em 4a*uetá% a fim de recuperar-se. 0ecessitaa% inclusie% de tempo para med;tar no rumo *ue daria a seu destino% na troca do certo pelo incerto. 0a ilha% &eopoldo f;ca conhecendo duas primas de ilipe% Loana e Quininha% filhas de m(e i\a% "oem ainda e abastada. A princ;pio% Loana se interessa iamente por ele. Como mo$a dominadora e possessia *ue é% tenta modelar &eopoldo = sua maneira% como sempre tentaa fa'er com seus admiradores. 9as% em rela$(o a &eopoldo% encontra um obstáculo: ele n(o se sentia inclinado a tornar-se um marido eemplar% oltado para o lar e para a fam;lia. A seguran$a burguesa n(o era a sua meta. /odaia% sua irm( mais mo$a% Quininha% sente-se atra;da por a*uele rapa' t(o diferente dos muitos *ue "á conhecera nos saraus de menina rica. 0(o a sedu'em as idéias pol;tieas de &eopoldo% mas seu lado aenturesco. Loana% no entanto% n(o *uer admitir a derrota e% recuando a*ui c ali% entra em franca competi$(o com a irm(% num obsessio "ogo dc personalidade. ecupcrado% &copoldo olta para o io% abandona a medieina e% como plane"ara% ingressa no "ornalismo. Aproimando-se cada e' mais de seu médico c amigo 3r. André% entra para a &o"a 9a$1nica do @rande #riente% participando das lutas subterrGneas pela aboli$(o e rep\blica. eu amor por Quininha logo se eidencia% mas em primeiro plano coloea sempre seus ideais pol;ticos. 4ara salar o negro im(o% *ue simboli'a na noela todos os horrores da escraid(o% arrisca a ida consecutias e'cs% demonstrando sempre incomparáel coragem. 0os )ltimos cap;tulos% ecessiamentc enredado nas malhas das conspira$es% acaba perseguido e martiri'ado% sem *ue sua amada e seu mentor% 3r. André% figura eponencial da ma$onaria% possam fa'er nada por ele. >a"r;cio abr;cio é um dos personagens mais fascinantes da noela. T ele o comediante% o eon*uistador% o grande alienado. +studante abastado% procura etrair da ida tudo o *ue ela oferece de bom e supérfluo. eus romances s(o curtos% acidentados e bemsucedidos. 9as é "ustamente o aludido alienamento% a futilidade de suas a$es% *ue o lea a complicar-se com a aboli$(o% a"udando os colegas a salar o negro im(o de seus perseguidores. a' por brincadeira o *ue os
outr os fa'e m a séri o. + n(o com men os cor age m e hab ilid ade. 4or ém% *ua ndo a abo li$( o é o tem a em disc uss(o% ele se mo stra % par ado al me nte% um anti abo
licionista. #riundo de fam;lia rica% n(o crê *ue o pa;s possa prescindir dos negros para seu progresso. 3efende a escraid(o com palaras c duida da iabilidade da rep)blica. T um iedor% e é com o interesse de namorar *ue se re)ne com os amigos em 4a*uetá% onde a a, de ilipe comemora% no dia de antana% o seu aniersário. 0a ilha% as mo$as% "á cientes de * uem era abr;cio% principalment e Loana% *ue o conhecia% resolem n(o ceder aos seus encantos% torturando-o com 5n(os5 sucessios. abr;cio% posto = margem% cai em si% e% mudando de tática% decide 5pa*uerar5 uma s, ao inés de todas. A escolhida é Carolina% a 9oreninha% o *ue o coloca como rial de seu amigo Augusto. 9as acontece o inesperado: abr;cio% cansado de ser o clichê gasto de con*uistador% apaiona-se realmente por Carolina% o *ue% para seu tormento% ninguém acredita. 0o io% abr;cio ie simultaneamente uma grande aentura amorosa com a edete-mo r do Alca'ar% a bela Aimée% a mulher mais corte"ada em toda a cidade na*ueles anos. T porém um amor secreto% pois a francesa é a hipn,tica pai(o de um amigo seu% "á bal'a*uiano% chamado por todos de Kelo enhor% *ue ie com ela um romance de aparências% n(o correspondido% mas *ue satisfa' sua aidade de transeunte da ua do #ui dor. abr;cio chega a namorar a 9oreninha% a pedi-Ia em casamento e *uase a casar-se com ela% desafirmando todas as pragas "á proferidas contra as unies indissol)eis. 9as Carolina iia = procura do seu namorado da infGncia% *ue lhe deiara um bree% espécie de rel;*uia religiosa% como lembran$a e abr;cio n(o era esse homem. +mbora perdendo no amor% esse Lac! &emmon do século passado n(o perde no "ogo da ida. Acaba bem a sua est,ria com um casamento de coneniência *ue o aproima ainda mais do sonho de ser proprietário de um hospital e n(o simples médico. 3r. André% médico% é pai de Augusto. omem atuali'ado% passou alguns anos na +uropa% onde se familiari'ou com as teorias e eperiências de 4asteur e tomou contato com as inen$es de sua década. 9as% em seu regresso% afasta-se um pouco da profiss(o% sem eplica$es is;eis para o fato. eu filho imagina *ue o pai% i)o% possui alguma pai(o *ue insiste em man3r. André
ter em seg red o. e u \n ico ;nti mo par ece ser seu esc ra o lib ert o% o elho Ke n"a mi m. 9a is tar de% &e op old o pas sa a ser um dos seu s rar os e dil cto s
amigos% e ineplicaelmente também o boêmio Kelo enhor. A inc,gnita% porém% é logo reelada ao telespectador. André oltara da +uropa com noas idéias% *ue eram a aboli$(o e a rep)blica. +% para dar curso aos seus ideais% participa efetiamente% mas com a discri$(o eigi da na época% das reunies da &o"a 9a$1nica do @rande #riente% na ua do iachuelo. Apesar de diidida% agora a ma$onaria oltaa a atuar com desassombro. Afinal% fora ela a maior art;fice da independência do pa;s. # ?lan *ue Losé Konifácio lhe dera% antes c depois de 3. 4edro I, retomaa com igual ardor. 3r. André em bree escalou ários graus% tornando-se o' atia na lo"a. 9as n(o sc limitaa a ser apenas um diulgador de idéias. >ai mais além. /ransforma-se num salador de negros fu"es. &igado a t='endeiros e proprietários abolicionistas% condu' os negros fora-da-lei a lugares seguros onde possam ier em liberdade. 6m erdadeiro 4impinela +scarlate% camuflado e atio% e totalmente insuspeito para a maioria. entimentalmente% o 3r. André *uase se deia enredar em sua isita a 4a*uetá% onde ai prestar assistência a &eopoldo. &á fica conhecendo 3a. &u;sa% m(e de Loana e Quininha% primas de ilipe% i\a de um rico homem do comércio e etremamente apegada a seus bens. &u;sa pro;be Quin inha de alimentar iluses em &eopoldo% deido =s idéias perigosas% e sem o saber acaba se enamorando do mentor do estudante% crendo tratar-se de um aburguesado médico da anta Casa. 3r. André% figura definida de *uem sabe o *ue *uer% capa' de ren\ncias% afasta-se de 3a. &u;sa% elimina a possibilidade de um casamento feli'% mesmo *uando% ap,s o mart;rio de &eopoldo% chega a duidar do sucesso de suas lutas. André representa na noela a persistência dum ideal% a etrema consciência duma posi$(o pol;tica% e é o retrato de muitos homens *ue% na*uele tempo% anteciparam-se em pugnar por a*uilo *ue para a maiori a ainda era indiferente. 3a. Ana é a a, de ilipe e Carolina% de Loana e Quininha. >ie em 4a*uetá onde resole reunir parentes e amigos no fim de semana de seu aniersário. 4erto dos setenta% mantém fascinante lucide' e simpatia. Isolou-se em 4a*uetá por n(o suportar mais o trGnsito de coches na Corte e% o *ue era pior% os bonDa. Ana
VZ.
des puados a burro sobre trilhos da Kotanic @arden ail oad CompanE. Apesar de seu esp;rito liberto% ia com muita desconfian$a as inen$es da época% a maioria ainda em pro"eto. Acha% por eemplo% *ue as noas condu$es e o eleador% "á anunciado na +uropa% "untamente com a má*uina de escreer% tornariam o homem demasiadamente pregui$oso. Quanto aos modernos lampies a gás% temia *ue pudessem enenenar a popula$(o. +m suma% 3a. Ana é a pr,pria preis(o do futuro% embora seu ocabulário desconhe$a a palara polui$(o. 3as noidades do seu tempo% a mais aceitáel é o sorete. oi das primeiras senhoras a tomar sorete nas confeitarias da #uidor% isso *uando o gelo inha ainda do lago 4otomac. 0(o é r an'in'a mas ir1nica% diertida. 3e resto% é generosa% alegre e capa' de penetrar a alma das pessoas. +m matéria de literatura% está em dia com os autores europeus% principalmente Kal'ac% e entre os nacionais menciona sempre 9anuel Ant1nio de Almeida% deido =s suas lembran$as dos meirinhos. Quanto a Castro Ales% fa' restri$es por causa dos seus amores escandalosos. #uida sempre pelos parentes% fala com ra'oáel sabedoria% e seus conselhos s(o mais aceitos *ue temidos. 3a. Ana é% mais *ue *ual*uer personagem da noela% a is(o cr;tica da época% com sua ironia e ceticismo. 0(o morre de amores pelo imperador% n(o chega a ser uma beata. + acha ilus,ria a impress(o de *ue a má*uina salaria o homem. 0o tocante = aboli$(o% é no contato com o 3IJ. André *ue passa a defendê-Ia% participando das manobras para esconder o negro im(o. 9as reconhece tardia a sua participa$(o% tanto *ue sua maior preocupa$(o continua a ser os netos. É *uem mais sofre com os insucessos de ilipe e a mais solidária com Augusto em seu amor por Carolina.
o Belo !en$or
# Kelo enhor é um boêmio hist,rico do io de Laneiro% descrito por 9anuel de 9acedo em seu liro Memrias !a ua !a +uvi!ar. 9as ele ieu em época muito anterior% em plenos dias da deassa *ue perseguiu os 4nconfidentes no io. oi ele amante da 4erpétua 9ineira% *ue teria escondido /iradentes em seu ateliê de costura. empre bem estido. 4orém sem dinheiro% gostaa de imitar assinaturas alheias% fa'endo do estelionato um esporte e uma prática para fre*8entar as lo"as com falsas cartas de apresenta$(o. 4ara ligar duas obras de 9acedo%
:.%Y
e ciente de *ue em todas as épocas e em todas as cidades há um Kelo enhor% situei-o em
3a. lal e Cafael
3a. &alá é a proprietária da pens(o +strela% no largo do ossio% onde% além das *uatro "oens mo$as da noela% moram outros estudantes de a$(o epis,dica. A t1nica de sua personalidade é sua pai(o desenfreada e caricata pelo Kelo enhor% com *uem sonha fre*8entar o Alca'ar. + é ela *ue lhe empresta dinheiro *ue ele torra "ustamente com sua famosa rial. # Kelo enhor faria bom neg,cio se casasse com ela% mas suas ambi$es s(o mais altas e mundanas. 4or amor ao seu in*uilino% &alá também se enole com o feitor Lo(o Kala% sempre fare"ando o rastro de im(o. # gesto mais tresloucado dessa e-pacata senhora é agredir Aimée em pleno passeio% *uando tenta desnudá-Ia aos olhos de todos. 9as% *uando seu amado é preso% ela o perdoa e fa' o poss;el para resgatar sua d;ida. 9ais importante *ue ela% tale'% se"a sua pens(o% onde os estudantes iem em alga'arra e comentam os fatos do dia. É o "ornal da noela% o cenário onde se informa o *ue acontecia em
WP.
Lo(o Kala é o il(o da noela. 3escendente de capit(es-de-mato e feitores de escraos% seu trabalho é a ca$a ao negro fugitio% o *ue fa' com indiscut;el 'elo. 9as% no caso do negro im(o% apenas um escrao um pouco mais rebelde *ue os outros% Lo(o Kala% sem esperar% se epe a uma derrota p)blica% comentada diertidamente pelos "ornais. # insucesso de Lo(o Kala chega a tomar as propor$es da *ueda da pr,pria escraid(o. +le% *ue era capa' de lear de'enas de negros fu"es de olta ao catieiro% de repente n(o consegue o mesmo êito com um ao menos% embora a"udado pelo seu fiel Ler1nimo --- .Ier1. # *ue acontece é *ue espontaneamente% sem nenhum plano% todos decidem esconder im(o% salá-Io das garras de Lo(o Kala. + muitos% por motios pessoais% n(o ligados = luta pela aboli$(o. 0a realidade% apenas duas pessoas lutam contra Kala como se lutassem contra a escraid(o: 3r. André e &eopoldo. Apenas estes dois eram abolicionistas conscientes% *ue defenderiam im(o como *ual*uer outro negro. #s outros têm ra'es particulares e até secretas para isso. Augusto interessa-se por im(o% por*ue o iu perseguido e surrado na praiaH Luca% o taberneiro% por*ue im(o se escondeu em seu estabelecimento e tinha pressa de lirar-se deleH abr;cio% por esp;rito de aenturaH ilipe% por solidariedade aos amigosH &alá% por amor ao Kelo enhorH Quininha% para afirmar sua identidade com &eopoldoH 3a. Ana% para se entrosar com o esp;rito da épocaH Carolina% por ami'ade a ilipe. # certo é *ue todos% mediante a$es isoladas ou con"untas% lutam contra Kala% tramam% enganam% ocultam% despistam% usando todas as armas sutis da ast)cia. Kala é uma repeti$(o do >idigal do Sar$ento !e MilPcias, embora ainda mais cruel e igilante. ua ca$a a im(o torna-se uma luta de ida e morte% incansáel% obsessia% "aertiana. T% em suma% a luta de todos os *ue sempre se opuseram = liberdade e ao progresso. A ignorGncia armada contra a inteligência de bra$os atados. A lei% dos opressores% desafiada pelos oprimidos. Doão Bala e Der9
Duca Luca é o proprietário da /aberna do Luca% um bar com ioleiros ocasionais% *ue sere a desagradáel cere"a marca barbante. Lá eistia% na ocasi(o% a cere"a de tampinha% mas a outra ainda persistia% fechada com rolha e amarrada com barbante. Luca é um homem comum e simpático% amigo dos estudantes. /udo ai bem
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123
NA TEÊ
em seu boteco até o dia em *ue im(o se esconde lá% dentro dum tonel a'io de inho. A; come$a seu triste enolimento no drama do negro foragido. Luca é s ol id ár io com im(o% mas lhe falta fib ra para participar da lu ta % al iás como = maioria das pessoas na*ueles dias. eria capa' de fa'er tudo por im(o% se n(o corresse perigo. 0em ele nem sua taberna% seu )nico bem. 9as Lo(o Kala n (o ta rd a a descobrir isso. Amea$ando destruir a taberna% intimida Luca% *ue acaba cedendo. Assim% Kala consegue um a li ad o. 0em todos s(o her,is nesta est,ria. á um
traidor% e esse traidor é Luca. 0(o% porém% um ilério dos eis. Luca trai por medo% trai por*ue seu sistema neroso n(o ag8enta muitos impactos. &ogo em seguida% Luca% *uerido de todos% come$a a ier o drama do remorso% mais grae *ue o do paor antigo. /orna-se o responsáel pela pris(o do negro im(o. A comemora$(o é feita em seu pr,prio estabelecimento. 0(o resiste. uicida-se. # Alca'ar foi o primeiro teatro burlesco do io de Laneiro. Inaugurado em Moreninha para a teê. +u é *ue n(o o perd1o por n(o ter escrito mais% com informa$es minuciosas% sobre essa figura catiante do io mundano% *ue a teê ai ressuscitar nesse trabalho. Aimée
W<.
Eiolante e Fe"lerc
3a. Ana% a simpática aniersariante de 4a*uetá% tem dois escraos: /obias e 3uda. /obias é um negrinho muito bem estido e metido a falar bem. Cobra todos os faores *ue fa' pelo dcse"o de mais tarde comprar sua carta dc alforria. 0o fim% acaba recebendo a carta dc prcscnte% das m(os de 3a. Ana. +la% porém% lhe pede um faor em tro ca: *ue permane$a na ilha% t='endo-Ihe companhia. /obias se comoe% mas n(o lhe di' sim. É *ue "á escolhera seu destino. Queria ir para o io. a'er o *ue lá? er ator% pois sabia cantar% dan$ar e imitar pessoas. 5+ é capa' também de fa'er chorar5% acrescenta 3a. Ana% endo-o partir. 3uda é a bela escraa *ue recebe im(o% *uando este chega = ilha% estido de mulher. # *ue acontece cntre os dois é o amor imediato de dois saudáeis eemplares de seos opostos. 9ais tarde% 3uda é hospedada na casa do 3r. André% para onde% logo em seguida% im(o é leado para trocar de esconderi"o. # romance entre os dois continua a;% agora dramati'ado pela amea$a duma separa$(o imediata e definitia. 3uda n(o acila em p1r sua ida em risco para salar im(o% iendo os dois% nessa casa% acossados por Lo(o Kala% alguns dos cap;tulos mais pungentes da noela. >iolante é um dos poucos personagens *ue mantêm na noela a linha *ue lhe deu 9acedo: a da i)a espeitada. Assim foi conserada na adapta$(o teatral e cinematográfica. +ncarrega-se de muitas das inhetas 11>mor;sticas da noela% sempre em sua inten$(o de coletar clogios dos mais "oens para se fa'er amada por Beblerc. 7o"ias e 3uda
Beblerc é um bebedor de cere"a. Chegou ao io disposto a criar uma ind)stria% mas acabou fascinado pelo para;so de 4a*uetá e seus ,cios. 0o entanto% n(o se interessaria por >iolante% se os rapa'es n(o recorressem a um tru*ue: cada um por seu turno chega-se a Beblerc e confessa seu amor por >iolante. abr;cio ai mais longe e fala em suic;dio. 3epois dessa farsa bem montada% Beblerc cede terreno e atira-se% apaionado% cheirando a cere"a% aos pés da i)a. >iolante% porém% ao saber das confisses% acredita *ue realmente os rapa'es estaam apaionados por ela% e *ue s, n(o se declaraam de pena do alem(o ...
Q
Clcmentina% na noela sobrinha de >iolante% n(o chega a ser a il( da est,ria% mas é a *ue ai concentrar os rancorcs do p)blico. # amor = primeira ista *ue desperta n o frágil ilipe é correspondido por um despre'o = primeira ista. /ale' por um problema epidérmico% Clementina repele o "oem poeta em todas as suas inestidas romGnticas. 0ega-se% inclusie% a lhe conceder o diálogo. Quando ilipe é agredido por Lo(o Kala% Clementina n(o ai ê-I o no seu leito de acidentado. ilipe escreelhe ersos. Clementina n(o os lê. +ssa indiferen$a por seu irm(o desperta o ,dio de Carolina. Aulta entre as duas uma inimi'ade irreconciliáel% agraada pelo interesse de Clcmentina por Augusto. + como Carolina n(o se decide% ligada ao seu romance "uenil% CIcmentina consegue ganhar terreno e influencia Augusto. Com seu atio despre'o% Clementina arranca ilipe do *ue poderia ser o seu destino. ua prNpria inspira$(o seca. +le se torna um in)til. É um despre'o *ue mata. +lementina
ilhas de 3a. &u;sa% netas de 3a. Ana% Loana e Quininha representam o tipo de mo$as da classe abastada da época% *ue debutaam nos saraus familim5es. Loana é a de personalidade mais forte% habituada a 5dobrar5 seus namorados. eu interesse por &eopoldo é normal até *ue ela sente a impossibilidade de a"ustá-lo a seus interesses. Ao eontrário dela% sua irm(% mais modesta% mais feminina% mais d,cil% aceita o homem *ue ama como é. #rgulha-se mesmo dos ideais de &eopoldo. >ê o 5namorado secreto5 eomo um her,i% um tipo completamente dierso dos rapa'es *ue "á conheccra. 9as é feita duma tênue matéria% e *uando &eopoldo caminha para seu mart;rio% *uando ela ê *ue seus ideais têm o gosto de sangue c *uc podem condu'ir = morte% ela se apaora e procura regressar% acoardada% a seu destino burguês. uinin$a e Doana
u;sa É a i)a sedutora% uma bal'a*uiana = 9achado de Assis% solidamente plantada numa situa$(o financeira e disposta a responder pelo nome e tradi$(o da fam;lia. 4rocura guiar o destino das filhas e pro;be-as de se aproimarem de &eopoldo% por*ue ê ne-
W2. le mais um estr,ina *ue um idealista. 9antém-se superior aos erros e e*u;ocos humanos% embora no peito pulse um cora$(o insatisfeito. 0a ilha de 4a*uetá conhece o 3r. André e por ele se interessa com discri$(o. &entamente surge entre os dois um amor *ue ai se intensificando com o tempo% até *ue ela descobre as liga$es de André com &eopoldo e com a ma$onaria. /enta recuar% mas é tarde% e é apanhS< da na armadilha duma incoerência *ue amea$a destruir sua pr,pria personalidade. *arina obrinha de Beblerc% 9arina é a mo$a simples *ue age com o cora$(o% um tanto alheia =s complica$es da ida. # *ue fa' na est,ria é amar ilipe sem ser amada% mas sem drama e sem s)plicas. Aceita a sua derrota como um fato normal% nada indagando. +la poderia salar ilipe se ele o permitisse. + dar-lhe a m(o para retirá-lo do abismo é o *ue ela fa' o tempo todo. 0a realidade% ela e il ipe s(o os )nicos personagens romGnticos da est,ria% os )nicos integrados na sua época. #s *ue amam sem nada eigir como paga ou troca. 9esmo assim% a aproima$(o é imposs;el. A )nica diferen$a entre ambos é *ue ilipe ai perecer WX. e 9arina% mais forte *ue ele% ai subsistir... Ben0amim É o escrao liberto do 3r. André% participante das lutas da aboli$(o. omem idoso% mas n(o al*uebrado. raco% mas capa' de ficar forte *uando a situa$(o eige. +stá a par de todas as manipula$es pol;ticas de seu patr(o e dos seus problemas sentimentais. 9ais *ue um ouinte% é =s e'es um conselheiro. !imão im(o% o negro fugitio duma sen'ala% é o personagem *ue enfeia toda a noela% motio permanente de suspense e a*uele *ue for$a com sua fuga a defini$(o dos demais. 0inguém é indiferente ao drama de im(o% e% tomando partido ou reagindo de *ual*uer forma% eles nada mais fa'em do *ue reelar sua identidade mais profunda. #nde im(o chega% chega "unto o interesse maior da est,ria% com suas tramas% surpresas e amarguras. +le é o homcm *ue optou pela liberdade ou morte% como tantos "á fi'eram nos per;odos da hist,ria esmagados pela opress(o. im(o n(o é um personagem real% é um
pcrsonagem simb,lico% uma s;ntese de muitos iguais a ele% cu"os nomes n(o constam dos "ornais e dos liros.
o dilogo na televisão
o
diálogo na teleis(o foi uma das piores heran$as deiadas pelo rádio. alo% certamente% do diálogo das telenoelas% originárias das radionoelas% *ue durante uns trinta anos deliciaram e deslustraram de'enas de milhes de latino-americanos. 9as a radionoela n(o criou obras de arte como seu aoengo% o folhetim. 0(o nos deu um Kal'ac% um 3ostoiés!i% um ^ola. # seu +erest foi a noela cubana # !ireito !e nascer, cu"o engenho consistiu em reunir todos os lugares-comuns "á catalogados num s, trabalho. 0(o criaa% repetia tudo% numa erdadcira maratona *ue se prolongou por centenas de cap;tulos. # !ireito !e nascer n(o foi a mclhor noela de rádio% mas foi a maior e a *ue continha todos os seus chaes. e alguém% no futuro% *uiser pes*uisar o *ue foi a telenoela latino-americana% bastará ler pacientemente # !ireito !e nascer e terá a mais perfeita is(o panorGmica do gênero etinto. #s teleautores de noela herdaram dos radioautores a técnica% os ;cios% a resistência f;sica e principalmente o diálogo. 0a maioria inham todos do rádio% e = primeira conoca$(o abriram seus poeirentos ba)s e adaptaram para o ;deo o *ue haiam escrito para o dial. 0(o se importaam com imagem% cortes% fuses% c2oses e planos gerais. a'iam uma teleis(o para ser ouida. Lamais es*uecendo-se% no entanto% dos ganchos de final de cap;tulo% *ue seguram e escrai'am o telespectador. A linguagem colo*uial% intimista% n(o eistia no rádio antigo. As primeiras eperiências nesse sentido foram feitas na ádio +celsior de (o 4aulo% por olta de
@7.
.
tatia de inoar no gênero% no tocante = linguagem c = técnica% era demasiadamente prematura. 0(o deu certo. #s pr,prios artistas estranhaam *ue os personagens usassem uma linguagem corrente no pa;s% inclusie com palaras da g;ria atual. omos t(o criticados por tentar uma inoa$(o% *ue chegamos a proocar a irrita$(o geral dos colegas de outras emissoras. 5A noela5% di'iam% 5era "ustamente a*uilo *ue o poo gostaa% n(o o *ue n,s gostáamos5. + *uando as agências de publicidade nos negaram apoio% retiramo-nos da luta% impotentes para competir com a enurrada de dramalhes *ue inundaa as emissoras. 0o in;cio das t elenoelas% portanto% a linguagem% os diálo gos% eram os mesmos do rádio. A noela > mo*a 'ue veio !e lon$e é um eemplo disso. #s enredos remontaam ao mais saudoso romantismo e os personagens falaam empoladamente% *uando n(o chegaam ao absurdo de pensar 5em o' alta5. #s autores "amais se ocupaam da moimenta$(o dos personagens em cena% como o cinema ensinaa. 9as% aos poucos% foi nascendo uma linguagem de teê% e os diálogos% do *ue estamos tratando% acabaram se atuali'ando% embora constituam ainda matéria em discuss(o. @eralmente *uando se aborda o assunto% a pergunta *ue se fa' é se os personagens das teleno elas deem falar como os perso nagens do cinema% isto é% com a maior economia poss;cl de palaras e usando o diálogo apenas como complementa$(o da imagem. 3urante alguns anos permaneci nesse erro. É *ue adotar o diálog.o cinematográfico "á era um progresso. 9elhor frases secas% rápidas% telegráficas do *ue o eagero erbal% dos dramalhes. omcnte algum tempo depois% reestudando o assunto% é *ue conclu;% por obserar e eperimentar% *ue o parentesco entre o cinema c a teleis(o n(o "ustifica a mesma linguagem por uma série de motios. # cinema é elo' e espetacular deido =s pr,prias dimenses da tela. É as-
sistido no escuro% de forma compenetrada% tendo como )nico empecilho casual a m(o da namorada. eu teto tem *ue ser tradu';el para todos os idiomas da /erra. 0o decorrer de seus noenta minutos% um filme% para n(o cair na monotonia% precisa ter no min;mo cento e cin*8enta cenas ou se*8ências diididas em seiscentos takes ou muito mais. Quase sempre% o filme é uma obra de condensa$(o: contos% pe$as teatrais% romances. #s pr,prios roteiros originais s(o uma est,ria redu'ida. 0a telenoela o *ue acontece é o oposto. A aten$(o total do telespectador n(o é eigida. +le pode fumar% tomar café% ir ao banheiro% atender o telefone% comer uma sobremesa e comentar com os presentes fatos relacionados ou n(o com o *ue ai surgindo no ;deo. É um espetáculo caseiro% de ritmo doméstico% repousante. A mulher pode ir até o etremo da casa para aisar o marido ou *uem *uer *ue se"a de *uc a*uela cena ansiosamente aguardada ai come$ar ou "á está come$ando. aros s(o os momentos de telenoela *ue obrigam a fam;lia a se conccntrar num silêncio total. +% como espetáculo gratuito *ue é% uma cena perdida n(o dá ao espectador a impress(o de *ue gastou dinheiro em (o. endo esse o ritmo da teê% o tcleautor n(o pode usar nos diálogos a mesma secura de +rnest emingDaE% nem pretender a precis(o dum Lames Cain% dum orace 9cCoE% nem recorrer =s meias frases dum Lohn #Jara. A linguagem desses autores funciona no cinema% como funcionou na literatura% porém na teleis(o formaria grandes ácuos *ue a imagem lenta do ;deo dificilmente preencheria. # diálogo dos personagens das telenoelas somente chega ao p\blico enolendo-o paulatinamente. É preciso ter um tom intimis ta% confessional% de familiar sinceridade% como se o telespectador estiesse assistindo a algo *ue lhe fosse pessoalmente destinado. 0(o a linguagem telegráfica do cinema% mas a de sua casa% do escrit,rio% da fábrica% das lo"as% da rua. As frases ter(o sempre *ue tra'er o sabor do improiso% da cria$(o espontGnea. As indecises ocabulares% a repeti$(o de palaras% as frases soltas% os modismos% o uso discreto de g;ria% certos lugares-comuns% um palar(o n(o pronunciado% um ad"etio acilante leam o personagem = intimidade do lar% eplicam seu caráter e comportamento% e separam% de forma inconfund;el% o *ue é certo em matéria de diálogo na teleis(o do *ue é certo no cinema. +m suma% *uando se escree para cinema pensa-se no p)blico% *uando se escree para a teleis(o pensa-se no espectador. # diálogo no cinema tem *ue serir para todos. 0a teleis(o é s, para a pessoa *ue se sentou diante do aparelho. +ssas concluses tendem a parecer ,bias demais. 9as s(o erdades *ue o profissional sempre es*uece *uando se lan$a ao trabalho. # *ue% no entanto% parece fora de d)ida é *ue se fe' neste terreno um grande progresso. Lá estamos distantes da linguagem dos dramalhes e também distantes da dialoga$(o moderninha *ue surgiu logo ap,s% *uando o autor *ue usasse e abusasse da g;ria corrente era imediatamente apontado como inoador% pioneiro% *uando n(o um gênio. Alguns desses falsos alores% *ue escreeram para uma )nica faia etária e numa determinada época% n(o tardaram a reelar o a'io de suas
WU. idéias e *uase todos "á foram enterrados "untamente com sua pr,pria pedra fundamental . Isso em demonstrar *ue o 5"á5 e o 5agora5% mesmo num gênero t(o percc;el como o da tclenoela% enelhccem =s e'es muito antes de *ue ela chegue ao )ltimo cap;tulo.
o
dilogo " de #orenin ha Como se falaa% no Krasil% na época em *ue se desenrola > Moreninha( 0(o sei. # *ue se sabe é como se falaa nos
romances da época% *ue tale' n(o fosse a erdadeira linguagem% a dos lares% a das ruas. 3uido *ue as pessoas se comunicassem em tom t(o cerimonioso% como se todas participassem dum baile na Corte. #s romGnticos n(o fa'iam concesses ao realismo. A intimidade era sinal de mau gosto. As pessoas "á nasciam 5senhoras5 e 5senhores5. 9acedo sempre se refere = sua hero;na como 3a. Carolina. 3a. Carolina no seu romance tinha *uin'e anos.
A noela n(o decorre em ocê5% como tratamento% "á era usual. # respeito reseraa-se mais para as pessoas desconhecidas e mais elhas. 4egaria mal% na adapta$(o% dois namorados se tratarem por 5senhora5 e 5senhor5. Aboli totalmente esse formalismo entre os "oens. 9as procurei manter uma linguagem da época% seguindo a certa distGncia alguns modelos do romantismo e usando palaras e epresses ent(o em oga% inclusie alguma g;ria como 5cor de burro *uando foge5% 5do tempo do on$a5 e raras outras. # cuidado foi mais de n(o di'er nada *ue n(o se di'ia do *ue adotar uma discut;el fidel idade. 9ais importante era n(o errar do *ue acertar. A n(o ser *ue os atores resolam improisar% o *ue n(o acontecerá% nenhum personagem dirá palaras ou epresses *ue ent(o n(o se usaam. É rid;culo um personagem de
sele$(o de imagens% cenografia% guarda-roupa% decora$(o% sonoplastia _=s e'es com m)sicas especiaisR% ma*uilagem% montagem% edi$(o e n(o sei o *ue mais. 0o ritmo industrial em *ue se trabalha% n(o é poss;el sair tudo bem. É muita coisa em pouco tempo. , o cr;tico conta com tempo integral para encontrar defeitos% embora geralmente lhe escapem as solu$es. Cesumo de " #oreninha +ste é apenas um resumo sumário da noela. /udo o *uc se disse até a*ui "á bastou para dar uma idéia do *ue ela é. 9ais importante do *ue o enredo% foi esclarecermos o critério adotado% a ra'(o de transferirmos a a$(o para inte e *uatro anos depois e a rela$(o dos personagen s com seu recheio psicol,gico e seus problemas. esta acrescentar *ue% deido ao aspecto cultural *ue a noela acabou ad*uirindo% no tocante =s informa$es hist,ricas% sugeri e foi aceito pela ede @lobo de /eleis(o *ue em cada cap;tulo fosse feito um apelo ao telespectador% dirigido principalmente ao estudante: +Q+0/+ A KIK&I#/+CA 960ICI4A& 3+ 6A CI3A3+. 0(o pretende% portanto% a @lobo% apenas diulgar obras literárias nacionais% mas também incrementar o amor = literatura e estimular o confronto entre os originais e as adapta$es. A a$(o da noela se inicia com a fuga de im(o% em plena praia% "á perseguido por Lo(o Kala e .Ier1nimo. Kala consegue deter im(o% mas% n(o se contentando com isso% come$a a surrá-Io. 0esse instante passaam por ali dois estudantes de medicina% Augusto e abr;cio. +mbora desaconselhado por abr;cio% Augusto interém para impedir o massacre. aorecido pela interen$(o% im(o olta a fugir% desaparecendo. ome$a a; o ,dio de Lo(o Kala pelos estudantes e o acidental interesse de Augusto pela sorte de im(o. 9ais tarde% Augusto se dirige = /aberna do Luca% lugar fre*8entado pelos estudantes% onde .se tomaa inho e a desagradáel cere"a marca barbante% fechada com rolha. Augusto ai encontrar seu proprietário% o Luca% bastante aloro$ado. Algo teria acontecido com ele% *ue Luca n(o *uer contar% mas acaba contando. 3entro duma pipa a'ia da taberna estaa um negro fu"(o% um escrao *ue por muitas e'es "á tentara a fuga. 9al .Iuca conclui sua reela$(o% entram na taberna Kala e Ler1. Alguém informara *ue im(o estaria ali. #s dois reistam o estabelecimento% inutilmente. Kala senta-se sobre a tampa da
do: ensaio e marca$(o de atores%
WV. ,11
I
II
pipa e interroga Luca% *ue nada confessa. Quando os dois feitores saem% Luca cai em pGnico. 0(o poderia manter im(o ali% no interior duma pipa. 9ais cedo ou mais tarde% seria descoberto. Augusto promete a"udá-Io% leando im(o para outro lugar: a pens(o dos estudantes. ` noitc% Augusto olta = taberna% leando um amigo% o Kclo enhor% homem de meia-idade% simpático boêmio *uc moraa com os estudantes. 9as Augusto n(o lhe conta sua inten$(o. 3i' *ue *ueria lear a pipa para seu *uarto% por*ue tencionaa ofereeer o inho eomo presente = a, de seu eolega ilipe% *ue aniersariaa em 4a*uetá% e *ue haia conidado os estudantes para um sarau. # pr,prio ilipe n(o podia saber. A pipa teria *ue fiear no *uarto do Kelo enhor% o )nieo *ue moraa s,. # Kelo enhor% eu"o nome era @ustao% a"uda Augusto a transportar a barrica% passando por .Lo(o Kala% *ue igiaa a 4ra$a do ossio. Ao ehegarem = pens(o% a pipa entra pela "anela% para *ue a dona da rep)blica% 3a. &alá% n(o implieasse com a entrada de tanto inho em sua casa. Quando a opera$(o é feita% Augusto é for$ado a contar a erdade. 3entro da*uela pipa haia um homem% o negro im(o. # Kelo enhor assusta-se% mas se assustaria ainda mais *uando bateriam = porta. +ra 3a. &alá% *ue ira a barrica passar pela "anela. # Kelo enhor% sempre capa' de dominar uma situa$(o e ciente de *ue 3a. &alá tinha por ele uma incontroláel afei$(o% eplica *ue o inho n(o era para ser bebido ali% mas seria um presente para uma elha senhora *ue aniersariaa. + fa' mais: consegue *ue ela lhe prometa n(o falar a ninguém da*uela pipa% para *ue a oferta n(o perdesse seu sabor de surpresa. A; tem in;cio uma série de incidentes% todos relacionados com o noo esconderi"o do negro im(o. +n*uanto isso% os personagens (o sendo apresentados. ala-se da festa *ue haeria em 4a*uetá% motio de entusiasmo para o frágil ilipe% *ue ali encontraria Clementina% uma "oem pela *ual se apaionara ardentemente. #utra preocupa$(o dos estudantes é &eopoldo% colega deles% *ue tinha abandonado os estudos para lutar no 4araguai% e pelo *ue se sabia -participara da desastrosa retirada da &aguna. &ogo nos primeiros cap;tulos% &eopoldo reaparece% com um grupo de soldados% maltrapilho% doente% irreconhec;el. É leado para a anta Casa% onde o pai de Augusto% 3r. André% incumbe-se de curar o amigo de seu filho. +ntre os dois logo nasceria uma grande ami'ade% baseada nos mesmos ideais pol;ticos% *ue &eopoldo ad*uirira na guerra% e André trouera de sua iagem = +uropa. +sses ideais% *uase secre-
tos% eram a aboli$(o e a rep)blica% *ue dali por diante norteariam o destino de ambos. im(o continua escondido no *uarto do Kelo enhor% na rep)blica. # primeiro a descobrir *ue haia uma pessoa dentro da pipa é o negrinho afael. 9as bastam algumas moedas para comprar o seu silêncio. 3epois% "á pensando em ter *ue tirar im(o da rep)blica% num futuro pr,imo% Augusto reela seu segredo a ilipe. Quanto ao Kelo enhor% embora com um negro fu"(o no *uarto% continua preocupado com sua ida mundana% apaionado *ue estaa pela bela Aimée% edete francesa% *ue pontificaa no Alca'ar% teatro burlesco *ue há *uatro anos fora inaugurado na ua 6ruguaiana. &ogo mais% &eopoldo recobra parcialmente a sa)de e olta = pens(o% porém é conidado por ilipe a ier algum tempo em 4a*uetá% onde% com sossego e boa alimenta$(o% seu restabelecimento seria mais rápido. &eopoldo aceita o conite% necessitado *ue estaa também de algum tempo para pensar nos ousados passos *ue daria dali por diante. Assim% os *uatro amigos de outros tempos oltam a reunir-se. 9as o *ue Augusto ignora é *ue Kala n(o desistiria da captura de im(o. >oltando = taberna e espremendo Luca% consegue assustar o taberneiro. +ste% porém% n(o cede. >endo uma pipa% o feitor r esole colocar .Luca dentro dela% rodando-a por todo o ossio. # pobre .Luca n(o ag8enta e acaba confessando *uc o negro im(o estaa refugiado na pens(o dos estudantes. abr;cio% presente = tortura% fica sabendo dc tudo% ele *ue nem sabia onde se achaa im(o. /odos os estudantes unem-se% ent(o% para salar im(o das m(os de .Lo(o Kala. #s feitores leam a efeito uma batida na rep)blica% mas im(o% gra$as a um tru*ue do Kelo enhor% n(o é encontrado. Kala retira-se% mas crente de *ue fora hidibriado. 4assa a igiar a pens(o dia e noite. 3etendo o garoto afael% *ue ia fa'er compras% obriga-o a falar. Atemori'ado% afael di' *ue im(o ainda estaa lá. Agora% parece imposs;el im(o escapar. # cerco = pens(o fora redobrado e a inas(o seria imediata. 9as os estudantes bolam um plano: o Kelo enhor e abr;cio saem p ela porta do fundo da pens(o rodando uma pipa. Kala e seus homens saem atrás% detêm os fugitios e abrem a pipa. im(o% porém% "á n(o estaa lá. >estido de mulher% com ilipe e &eopoldo% é leado ao cais das barcas% rumo a 4a*uetá. A est,ria em 4a*uetá toma impulso. ica-se conhecendo a a, de ilipe% 3a. Ana% a aniersariante% 3a. &u;sa% sua filha% Loana e Quininha% filhas de &u;sa% a caricata i) a 3a. >iolante e sua
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# #/+II/A 4#II#0A& - /> + CI0+9A
sobrinha Clementina% o alem(o Beblerc% residente da ilha% e sua so brinha 9arina% os escraos /obias c 3udu% e Carolina% a 9oreninha% ,rf(% irm( de ilipe% neta de 3a. Ana. É no ambiente de preparatios duma grande festa *ue im(o aparece% estido de mulher% como escraa de &eopoldo. 4recisa dum *uarto% e o *uarto *ue lhe d(o é i'inho do *uarto de 3uda. 9ulher tinha *ue morar com mulher. Certamente% 3uda é a primeira pessoa na ilha a saber *ue im(o é um homem% um negro fugitio. A segunda é a pr,pria Carolina% pois os estudantes precisaam duma aliada de confian$a. 0a ilha desenolem-se diersos conflitos amorosos. Clcmentina apaiona-se por Augusto e despre'a ilipe% 9arina aproima-se de ilipe% *ue n(o aceita o prêmio de consola$(o. Loana tenta atrair &eopoldo% mas é por Quininha *ue ele se interessa. + >iolante% conhecendo Beblere% ê chegar ao fim seu tormentoso celibato inoluntário. 9ais tarde% chega André para cuidar da sa\de de &eopoldo e fica conhecendo 3a. &u;sa% e se esbo$a entre ambos um discreto romance. Antes de embarcar% porém% André% entrando em conbto com o Kelo enhor% conida-o para ingressar na ma$onaria. A sociedade secreta precisaa duma personalidade insuspeita como ele% para obter informa$es. # Kelo enhor concorda. em desistir de procurar im(o% Kala descobre% depois de mil inestiga$es% *ue ele s, poderia estar em 4a*uetá. É para onde parte com Lernimo. ua presen$a na ilha causa erdadeiro transtorno. im(o tem *ue se manter dentro do *uarto% pretetando doen$a. 3a. Ana é interrogada% ela *ue nada sabe. /oda a popula$(o da ilha fica sobressaltada. Quando pressente *ue seu *uarto ai ser inadido% im(o nada para a ilha de Kroeoi,. &á% por falta de sorte% uma cobra enenosa o pica. Kala e Ler1nimo concluem *ue im(o% n(o estando na ilha% s, poderia estar em Krocoi, _mencionada na noela como a 5ilha i'inha5R% e (o isitá-Ia. im(o% = distGncia% ê o bote se aproimar. Algum tempo depois% entra na água e aos poucos ai empurrando o bote mar adentro até oltar a 4a*uetá. +ra o momento de fugir% mas a febre prooeada pela picada de cobra o impede. Kala e Ler1% sem o bote% n(o podem oltar% o *ue s, conseguem no dia seguinte% gra$as a um pescador. 4ara despistarem Kala% *uando ele olta% Augusto retoma = Corte leando uma mulher negra. Acontece *ue de fato se trataa duma mulher negra: 3uda. Ao receber essa informa$(o% Kala retoma também ao io% crente de *ue a mulher era im(o. 9as parte s,% na
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ilha fica Ler 1% *ue con tinu aria na pro cur a. +n *ua nto no con tine nte Kal a des cob re *ue for a ludi bria do% por *ue a mul her era mul her me smo% o *ue con stat a na cas
a do 3r. André% Lcr1% seu comparsa% decide entrar inopinadamente no *uarto de im(o. + topa cara a cara com ele. A busca parecia ter chegado ao fim. 4orém &eopoldo e abr;cio entram e dominam Lcr1nimo% *ue é amarrado. Agora% com todos da casa sabendo *uc im(o está na ilha% e Lcr1nimo amarrado e amorda$ado% o escrao tcm *uc mudar dc escondcri"o. _Y preciso leá-Io = casa do 3r. André% no io. 9as seu disfarce de mulher "á é conhecido no porto. im(o% porém% mais uma c'% burla a igilGncia% transformado num negro elho. Kala% dois dias dcpois% está noamente em 4a*uetá. Agindo segundo um plano% o 3r. André ai a scu encontro c 5denuncia5 os estudantes. + mostra-lhe onde está Ler1nimo. A rcpresenta$(o é feli'% e por algum tempo o feitor supe tcr conscguido um aliado. 9as n(o ai pcrcorrer as demais ilhas da ba;a% como o médico lhe aconselha. >olta rápido para o io. A;% ai = taberna% pois Luca sempre estaa a par de tudo. a' amea$as ao taberneiro. 3estruiria seu estabelecimcnto se ele n(o lhc dissesse onde im(o se refugiara. Com receio de perder seu \nico bem% Luca acaba cedendo: im(o estaa na casa do 3r. André. Lo(o Kala e Lcr1 se dirigem imediatamente para lá. Inadem a casa. + arrombam a porta do *uarto de im(o. + é neste "usto momento *ue a noela come$a a es*uentar ... 9ais ainda. +enrios 1. Co'inha 2. ala de refei$es X. Quarto do Kelo enhor O. Quarto de Augusto e ilipe . Quarto de abr;cio e &eopoldo _na rep)blica de estudantesR U. /aberna do Luca V. ala da casa do 3r. André W. Camarim de Aimée Z. ala da casa de 3a. Ana em 4a*uetá
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1& 3oca"ulário cr0tico
>r$umento: resumo de uma hist,ria% para roteiri'a$(o dum filme% *ue pode ser origina ou adaptado de obra literária. /ratando-se de telenoela chama-se sinopse. 0(o confundir com story-line, *ue é o resumo resumido. >u!io: a parte sonora de filmes e programas de teê. 0os roteiros ocupa o lado direito da página. A$(o é ;deo% diálogo é áudio. Cena: todo o roteiro é diidido em cenas% unidades dramáticas de a$(o cont;nua. T o degrau duma escada *ue lea ao cl;ma. 0umere-as. Cla'uete: *uadro onde se registra o nome do roteiro e n)meros de cenas e tomadas. Clichê: a repeti$(o enfadonha de diálogos e solu$es cênicas em *ual*uer tipo de produ$(o art;stica. ClPma: a se*8ência mais dramática e decisia dum roteiro. Clo.se-up: detalhe focali'ado em cGmera cheia% aproimando-o do espectador. Co.rte: passagem direta de uma cena para outra% sem escurecimento% desfo*ue ou outros recursos. Cr?!ito.s: letreiros no in;cio ou fina de filme ou programa de teê em *ue aparecem t;tulo% personagens e agradecimento a pessoas ou empresas *ue contribu;ram para sua reali'a$(o. 3spelho.: página de abertura dum roteiro *ue tra' informa$es sobre caracter;sticas de personagens% enumera e descree cenários e ePca$es eternas.
Flashback: cena ou cenas *ue remetem ao passado% para lembrá-Io% situar ou desendar enigmas. Fus%o: *uando uma imagem se sobrepe a outra para mudar de cena ou enfati'ar a liga$(o eistente entre elas. Gancho: palara usada na teê% relatia ao suspense *u e dee h aer no final dos blocos e no final dos cap;tulos das telenoelas para prender o telcspectador. Insert: imagem bree e *uase sempre inesperada *uc lembra momentaneamente o passado ou antecipa algum acontecimento. #s inserts podem ser ariados ou repetidos% est es serindo% =s e'es% de plot, o n)cleo dramático% ou algo *ue o simboli'e. )ocali1a*%o: onde a hist,ria acontece% informa$(o sempre acompanhada da época. &ocali'a$(o: ran$a. Tpoca:
ZP.
Biografia do autor 9arcos eE _+dmundo 3onatoR nasceu em (o 4aulo em
.
'BCA! 3' A?7'C
$ara o p%blico a&ulto
6m gato no triGngulo% romance%
0(o era uma e'%
4roclama$(o da rep)blica% paradidático%