Muitas pessoas pensam que o debate entre calvinistas e arminianos é inútil e infrutífero, gerando apenas divergências divergências entre os irmãos e divisões na igreja de Cristo. Eu entendo a preocupação desses irmãos e me uno a eles na reprovação da perda de tempo com discussões tolas e estéreis que só engendra engendram m contendas. Na verdade, sou o inimigo número um de discussões assim, especialmente quando desembocam em ofensas e linguagem agressiva. agressiva. Nesse aspecto em particular, creio que uma discussão assim não combina com a magnitude e a nobreza dos temas doutrinários cristãos. Pegando emprestada parte da figura de Provérbios 11.22, penso que o debate teológico na boca do homem de língua ferina e indecorosa é como um colar de diamantes no pescoço de um porco. Contudo, devo dizer que, no tocante à questão calvinismo x arminianismo, arminianismo, o debate está bem longe de ser irrelevante do ponto de vista prático. Se esse debate fosse meramente teórico, sem desdobramentos vivenciais ou sem nenhum impacto para a eclesiologia aplicada, eu já o teria abandonado há muito tempo. Teria feito isso porque sou, antes de tudo, um pastor plenamente envolvido no trabalho eclesiástico eclesiástico e isso há cerca de trinta anos. Não sou um teólogo de gabinete sem contato com o mundo real ou sem qualquer envolvimento com o drama do povo de Deus. Por isso, se me debruço sobre um tema teológico e o defendo, faço isso porque sei do seu impacto para a minha vida e para a vida das pessoas que o Senhor me confiou. De fato, eu não me daria ao luxo de ficar elocubrando conceitos estéreis, por simples prazer intelectual. A esta altura, alguém já deve estar pensando: "OK, OK... Já entendi. Mas se você pensa assim, porque se envolve na defesa do calvinismo que parece ser tão teórico?". Bom, mais uma vez insisto em dizer que esse debate não é meramente teórico. Na minha opinião (e oro para que isso não fira nenhum irmão precioso), todo o quadro horrível que caracteriza a igreja dos nossos dias se deve, primordialmente, à preponderância de ideias arminianas no meio evangélico. Mais especificamente, creio que o impacto danoso do arminianismo atual é sentido tanto na liturgia cristã como no evangelismo. Para entender isso, basta acompanha acompanharr meu reciocínio. Notem bem: crendo que, pelo livre-arbítrio ou pela graça preveniente, todo homem é capaz de tomar uma decisão de si mesmo por Cristo, a igreja passa a realizar um culto voltado para o homem, tentando "apertar os botões certos" para convencê-lo convencê-lo a aceitar Jesus. A partir daí, quase tudo é permitido, desde apelos com artifícios emocionais até a inserção de práticas mundanas na liturgia com o fim de atrair os descrentes, agradáagradálos e, enfim, "ganhá-los". Entendo, pois, que a visão neo-arminiana está na raiz dos cultos "divertidos", das baladas gospel, dos shows de funk evangélico evangélicos, s, das escolas de samba eclesiásticas e de todas as práticas absurdas que vemos nas igrejas emergentes e pós-modernas. Segundo seus líderes de orientação neo-arminiana, a ordem é: "Não faça ou diga nada que espante os incrédulos, pois isso pode fazer com que eles jamais tomem a decisão de aceitar a Cristo. Cantar hinos tradicionais, pregar por mais de quinze minutos, falar sobre a perdição eterna, mencionar a realidade do pecado... Tudo isso são erros estratégicos que atrapalham o trabalho de 'ganhar almas'. Faça, portanto, tudo girar em torno das expectativas e gostos dos descrentes. Assim eles não serão afugentad afugentados os e poderemo poderemos, s, aos poucos, convencê-los a usar seu livre-arbítrio de forma correta. Afinal de contas, a conversão deles depende tão somente da decisão deles próprios e temos que, com jeitinho, como bons bons vendedores vendedores da fé, induzi-los induzi-los a dar o passo certo".
No fim de tudo, o que se vê é o que está por aí afora: igrejas mundanizadas, cultos profanos, comunidades cristãs formadas quase que somente por incrédulos, pregações que jamais condenam o pecado, reuniões "cristãs" centradas no homem e não em Deus e músicas que não passam de poesias rasas falando de auto-estima. Mais uma vez, na raiz disso tudo há uma crença: a crença arminiana moderna de que a fé depende do homem e que a igreja precisa ter boas estratégias de marketing pra vender o peixe da salvação. É assim que, ironicamente, aqueles que acusam falsamente os calvinistas de ter uma doutrina que prejudica o evangelismo, acabam por, eles próprios, prejudicar a tarefa missionária do povo de Deus, envolvendo-a e transformando-a numa forma barata de marketing e numa justificativa para tornar a santa igreja do Senhor numa mera casa de shows, diversão e exaltação do ego. Esse é, a meu ver, um dos prejuízos mais dramáticos do arminianismo em sua forma atual. Há outros, mas aqui quero destacar apenas esse. E se alguém, ao considerar essas coisas, ainda acreditar que o debate calvinismo x arminianismo é irrelevante, então eu não saberei definir a palavra "relevante" de acordo com a perspectiva dessa pessoa.