COORDENAÇÃO: Esdras Borges Costa | Márcio Rodrigues Alves | Marcos da Cunha Ribeiro Ribeiro
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O NEO-FUNDAMENTALISMO PROTESTANTE NA PÓS-MODERNIDADE Ronaldo Cavalcante
Doutor em Teologia Dogmática pela Universidade Ponticia de Sala manca; é professor de Filosoa Medieval e Filosoa da Educação na
Universidade Presbiteriana Mackenzie e especialista em História do Pensamento Cristão na Idade Média; há vários anos pesquisa acerca
do fenômeno da Espiritualidade, tendo publicado em 2007, pela editora Paulinas, o primeiro volume de uma trilogia sobre o tema: A Espiritualidade Cristã na História; do ínicio a Santo Agostinho.
A apresentação aqui disponibilizada é de autoria do próprio palestrante, tendo sido gentilmente cedida à Igreja Presbiteriana do Butantã para ns de divlgação. O mesmo cede o direito de cópia, mas não de alteração do material, devendo ser contactado para qualquer outro uso que não o pessoal.
O NEO-FUNDAMENTALISMO PROTESTANTE NA PÓS-MODERNIDADE I. Post tenebras lux – persona et libertas - “LUZES” A luz que emana da Reforma estabeleceu duas CONQUISTAS: 1. O conceito de PESSOA – sujeito/indivíduo/subjetividade 2. O princípio de LIBERDADE – consciência/exame/expressão Possibilitando o surgimento de novos PARADIGMAS a. Redescoberta do texto bíblico – as línguas originais b.Renovaçãodateologia–solagratia-solade-solascriptura
c. Inserção na sociedade – saída do claustro
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d.Dignicaçãodotrabalho–valorizaçãodaatividademundana
e. Separação entre Igreja e Estado f. Desenvolvimento do parlamentarismo e do espírito democrático g. Avanço da ciência moderna (XVII) – Racionalismo e Empirismo JohnMilton–“ParaísoPerdido”/////DanteAlighieri–“DivinaComédia”
Síntese da contribuição protestante * Luta por uma visão correta do Sagrado * Construção de uma religião cidadã/teologia pública
II. Post lux tenebras – intolerantia et exclusione
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“SOM-
BRAS” ENTRETANTO,oquesevêhoje,emtermosdereligiosidadeprotestante,estábem maispróximoda precariedade,edo absurdo.Estaconstatação,a priori,justica-se, nãoapenaspelaevidenteenotóriacelebraçãodobizarro,emumapartesignicativa dofenômenopentecostal/neopentecostal,mastambémpelapresençadeumpseudoprotestantismoreformado,umavertentemutante,com“aparênciadesabedoria”,in -
tolerante e excludente – na verdade, apenas um ruidoso movimento neo-fundamentalistaqueacusaemseudiscursoumaherançaracionalista,quedeformasimultânea,
neuroticamente rejeita e nesta rejeição elabora uma vertente supostamente intelectual, consumando comoverdadeum –uma “teologia pelas metades”, recheadade“receitasprontas”,estereótiposeclichêsconsagradosna“vastidãogeográca”dogueto,na
imensidão de um claustro secularizado. E o pior, nota-se, com espanto, a crescente aceitaçãotácita eacríticadeste modeloporumaparcelasignicativada igrejaevangélicanoBrasil,comoseforaumredutosegurocontraos“ventosdedoutrina”.Meu objetivoaquiétratardestasegundavariantedoprotestantismo,quenosacostumamos aclassicardefundamentalista,masqueagora,apartirdeumaobservaçãomaisprecisa,euagregooprexoneo.
II.1. Intolerância – conhecimento e domínio da verdade Aatitudeobscurantista,apósailuminaçãonãoéincomumnosambientesreligiosos.
Parece ser que, os indivíduos e grupos iluminados, são passíveis de desenvolverem sentimentos de abjeção e intransigência em relação àqueles que não pensam nem se expressam exatamente como eles. Parece ser que exatamente aqui está a gênese malditadeumareligiãoquesegregaeconspiracontraavidahumana. Portanto,nesseorescimentodoradicalismoreligioso,nutre-seumaformadesoberba
espiritual, um sentimento de superioridade em relação aos demais. Aliás, no cristianismo primitivo já se podia perceber algo disso. O apóstolo Paulo, por exemplo, enfrentou, emváriasocasiões,situaçõessemelhantesondefoiobrigadoaintervir,admoestando, exortando oucorrigindo,umavez que, posturasradicais,inltrando-se,ameaçavam aestabilidadedacomunidade.Naépocapatrística,ninguémmenosquesantoAgostinho,enfrentariaigualmenteoradicalismodefendidopelomovimentodonatistaquese mostrouintransigentediantedoslapsi=“caídos”–aquelesqueduranteagrandeperseguiçãodeDiocleciano(303-305),haviamfugidoouentregueasEscrituraseobjetos sagradosdoculto.Estesnãoestavamsendoaceitosàcomunhãodaigreja.AparticipaçãoteológicadeAgostinho,jánoiníciodoséculoV,seriaentãofundamentalparao desfechodosacontecimentos.Porconseguinte,percebe-secomrelativafacilidadeque abasereligiosadaintolerânciaéacertezadogmática.Eudiria:umdogmatismoneofundamentalista– queapartirdeumaleituraredutorado mistério dafé,conseguiu chegaràsfórmulasteológicas“perfeitas”,denindoesintetizandoaessênciadocristia nismoempalavras;emumateologiaarmativa,positiva.Eque,denindo,convence-
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se da posse da verdade e de poder manipulá-la ao bel prazer. Temos ai um Deus sem nenhummistério,experimentadonointeriorda“coisicação”religiosa.
Não,denitivamenteacoisicaçãoreligiosaemercadológicadafénãoéumpatrimô-
nio apenas da bizarrice carismática que arremata em pregão as benesses e graças divinas e compra nas gôndolas do mercado eclesiástico o produto que necessita, ela está no cardápio requintado do neo-fundamentalismo dogmático, do pseudo-protestantismo moralistaenauseante.Enm,talpostura,fazdeDeus,umserdomesticado,“engaiola do”–simulacrodaverdadeobjetivada.ApesquisadoraMariaBraga,pontua:“Simular éngirteroquenãosetem”.Elaconstataqueaausênciaestáimplícita.Noentanto, aprofunda:“quemsimulaumadoençaproduzemsimesmoalgunsdossintomas”.Para ela,asimulação“ameaçaadiferençaentreorealeofalso,entreorealeoimaginário, namedidaemqueoimagináriopodetornar-sereale/ouimpor-sesobreesteatravés doestadodesimulacro”.Assim,progressivamenteaverdadevaisendosubstituídapor umarepresentação.JosédeSouzaMartins,professortitulardeSociologiadaUSP,em recenteartigo–“Osrótulosdamodernidade”–esclareceque:“Fundamentalmente,na pós-modernidade,paraqueacreditememnós,precisamosmentir,ngir,representar. Somosoqueparecemosserenãooquesomosdefato.Asociedadepós-modernaéum jogo,emquengirémaisimportantedoqueser.Umasociedadeemquenãobastaser honesto:éprecisongirqueseéhonestoparaqueacreditememnossahonestidade”.
Exatamentenohúmusdiluídoevolátildacondiçãopós-moderna,seapresentaosectarismoneo-fundamentalista,mediadoporumdiscursoeumapráxis;umaespéciede agenteparasitário,sinalizandoumnovoethossalvador;insinua-senabrechaentrea catástrofeeomessianismo,entreososmoretóricoeafalácia;entreaarticialidadeeooportunismo.Nestevácuopós-modernoacontecemasmudançasde“rotas”no
protestantismo brasileiro e que podem ser percebidas nas decisões de convenções, nos concíliosnacionais,regionaiselocais,noâmbito,portanto,dosdocumentosemanados deautarquias,comissões,juntas,sínodosepresbitérios;especialmentedosórgãosque
regulam a formação teológica dos futuros pastores, bem como, da práxis eclesial vericadaemdiversasigrejaslocais.
Dessa forma, nega-se a singular contribuição protestante à cultura em geral, que fora precisamente a articulação e legitimação da tensão existencial de se estar referido ao Sagradoinominávele “totalmenteoutro”– Deus– por umlado; e, por outro, àindividualidadehumanacomoexpressãodaimagemdoserdivino.Desconsideraresta
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tensão seria, pois, o reductio ad absurdum, a negação mesma da identidade protestante.Seriaainstauraçãonaldeumatavismomedievalsemprecedentesnahistória docristianismoocidentalcontemporâneo,umdescompassodiacrônicofunestoparaa memóriaprotestantebrasileira,enm,umaletraescarlateinapagávelemnossahistóriajátãomanchadaequeteríamosquecarregarcomosendoanossavergonhadiante
da sociedade brasileira.
II.2. Exclusão – “o outro é o demônio” A presença atual desta ideologia neo-fundamentalista no protestantismo brasileiro, especialmente em denominações históricas, elabora uma ortodoxia excludente dos
elementos que não se enquadram em sua cosmovisão. Apela para uma suposta sã doutrina, convenientemente idealizada: pré-moderna, hermética e intocávelà crítica,e que,emseumodusoperandi,escamoteiaedisfarça,porumafenomenologiaestética
piegas, suas verdadeiras intenções: a busca do poder desmedido como instrumento de forjadasnovasconsciênciasecomvistasàformataçãodeumprotestantismoasséptico epuricado.Portanto,umpoderquebuscaaperpetuaçãodestaespécieeamanutençãodostatusquoraticadordeumaposiçãopolarizadaereacionária,trazidaaoBrasil
como sendo a única e legítima interpretação da tradição protestante calvinista. Querdizer,apossibilidadeconcretadetermosrecebidocomoherançateológica,nãoo
pensamento de Calvino, propriamente dito, mas de um calvinismo vinculado ao líder e teólogo, Teodoro de Beza (1519-1605), que assume a liderança dos protestantes em Genebra,apósamortedeCalvinoem1564etambémadireçãodaAcademiadeGenebra,
tornando-se o principal responsável pela teologia genebrina na segunda metade do séculoXVI,inuenciandodemaneiraquasehegemônicaocalvinismonoséculoXVII. Assim,teriamocorridomudançassignicativasnateologiadeCalvino,porobraegraçadeTeodorodeBeza,queemsuaformaçãoforaexpostoaopensamentoaristotélico
italiano da escola de Pádua. Em1997,Mendonçaescreveuque:“AsIgrejasprotestanteshistóricas,quesempreti veramgrandediculdadeemrelacionar-secomasociedademaisampla,voltaram-se
ainda mais para dentro de si mesmas buscando sustentar-se no fundamentalismo ou nomisticismo”.Finalmente,elearremata:
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Nãoseriademaisacrescentaraquiopapelqueofundamentalismotemdesempenhado
no protestantismo nos últimos cinquenta anos. Seu apego à letra da Bíblia ao mesmo tempo que a interpreta dogmaticamente, tem engessado o protestantismo no cipoal daortodoxiamaisfriaquepodeexistir.Ofundamentalismo,alémdeviolarosagrado princípiodaReformaqueéolivreexameporter-seespecializadoempublicarBíblias
com notas e referências, que são verdadeiros tratados teológicos, voltou a submeter o protestantismoaumsimplessistemadecrençasaoqualoelsesubmeteintelectual-
mente. Nocasoespecícodocalvinismo,semdúvida,merecedestaqueomovimentopuritano
original. Que, a partir de uma ênfase na leitura da Bíblia e na prática da oração, como caminhosdesanticaçãopessoal,semprebuscoualiberdadereligiosaeaindependên -
cia de culto em relação ao Estado, bem como, juntamente com outros grupos protestantes,revelou-seexímionaartedasinvençõescientícas,tendoumaparticipaçãono távelnasdiversasáreasdasciências,apartirdoséculoXVII,naInglaterra,mormente naRoyalSociety(1660emdiante)eigualmentenaAméricadoNorte.
Contudo, como detecta Mendonça, este segmento assume feições fundamentalistas e abandona seu passado de vanguarda social após ser transplantado e se estabelecido no novo mundo. Com o passar do tempo os movimentos fundamentalistas protestantes, agora presentesna AméricaLatina,deixampratráso estigmadaminoriaheréticae cismáticaqueosmarcouevãoganhandofôlegoeocupandooespaçoreligiosonanova geograa.Inicialmentesãomaisfacilmenteidenticadosentreosgrupospentecostais, emseguida,comapresençapíaeaestagnaçãonuméricadoprotestantismohistórico,
este se vê vulnerável à mensagem fundamentalista, uma vez que o diagnóstico está dado:oliberalismoteológicoéa causaimediatadaderrocadaprotestante;ascausas sociológicas,econômicas,aestratégiapolítica,etc.,sãodescartadasaprioricomoex plicaçãopossíveleodiscursopersuasivodedelidadeàpalavradeDeusedefesadafé, tornam-seosinstrumentosdepuricação.
De qualquer maneira, existe uma relação, no mínimo ambígua, entre fundamentalismo emodernidade,comobemdisseColeman:“osfundamentalistasqueprocuramrecriar dentrodomundoreligiosooquejánãoémaisviávelnomundoexteriormantém,tipicamente,umaatitudeambíguadiantedamodernidade”;eeudiria:agora,opanorama
mudou, existe uma relação incestuosa entre neofundamentalismo e pós-modernidade, umacoabitaçãodeirmãs.Comonumexamederessonânciamagnética,estabelece-se
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um diagnóstico pelo contraste. A inexistência de absolutos, de meta-narrativas e utopias, favorece de forma privilegiada o discurso neofundamentalista. O dito por Moltmann acerca do fundamentalismo vale para o neofundamentalismo, de forma maximizada:“Nãosetrataapenasdomedodaidentidade,apocalipticamenteexagerado,mas doperversodesejodemorteedavontademacabradequeaconteçaom.Nadaémais funestodoqueaexpectativadadesgraça.Omedodacatástrofeatuacatastrocamente porqueantecipaacatástrofe,aoinvésdeevitá-la”.
Conforme já dissemos acima, a catástrofe sócio-cultural possibilita o surgimento das mensagenssalvacionistase messiânicas;o cenáriocaótico eapocalípticofaz proliferaremultiplicarosespertalhõesneofundamentalistas,carreiristasbemposicionados, militantesdamiséria,coletoresdodespojo,prossionaisestrategicamentecolocados namanutençãodoestablishmenteclesiásticoburguês.OdiagnósticodeWeber,aprin cípiosdoséculopassado,ésucienteparanosesclareceradinamicidadeinternade algunsgruposprotestantes,dizele:“Asseitaspuritanascolocamointeresseindividual
mais poderoso de autoconsideração social a serviço desse tipo de traço. Daí serem tam bémosmotivosindividuaiseosinteressespessoaiscolocadosaserviçodamanutenção epropagaçãodaéticapuritana“burguesa”,comtodasassuasramicações”.
Umasociedadeanômicaestátambémanêmicaeporissomesmoexpostaaostrata mentos“alternativos”queinoculamsentimentosreligiososde segregaçãoe exclusão noneoprotestantismoquesorrateiramentevaisurgindonocenárioevangélicobrasi -
leiro. Não deixa de ser curioso, para não dizer trágico, que aqueles que aviltam ad tedium a desgraça espiritual do suposto liberalismo teológico protestante, são os mesmos que prescrevem o tratamento radical. Quiçá estejam aí as atitudes mais parasitáriasehediondasdetodasas queatéagoranosreferimos–1) Ainserçãoteatralna doralheia,pretextandopiedadeeespiritualidadecristãs;2)Apilhagemespiritualdas verdadeirasmemóriasdaexperiênciacomDeuscomoque,sugandoatéaúltimagota daingenuidadeeboafédosmaissimples–erasóoquenosfaltava:umvampirismo
neo-fundamentalista!!!
Considerações fnais De todas as formas, e por mais que entendamos os mecanismos internos do fundamentalismoedesuavertenteatual,jamaispoderemosignoraroprudenteconselhodo
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historiadordalibertaçãoEduardoHoornaert:“Ofundamentalismoéumadecorrência
do monoteísmo e persiste por todos esses tempos no seio das três religiões que atualmentepredominamnaculturaocidental”.CarlG.Jung,nasuaobraPsicologiadoInconsciente,éprecisosobreesseponto,quandodiz:“Aspessoas,quandoeducadaspara
enxergarem claramente o lado sombrio de sua própria natureza, aprendem ao mesmo tempoacompreendereamarseussemelhantes;pelomenosassimseespera.Umadiminuiçãodahipocrisiaeumaumentodoautoconhecimentosópodemresultarnuma
maior consideração para com o próximo, pois somos facilmente levados a transferir paranossossemelhantesafaltaderespeitoeviolênciaquepraticamoscontranossa próprianatureza”.
Aúnicasaída,pois,éoesforçoauto-críticoparanãocairmosnoradicalismofanático.
E, por isso mesmo, não nos cansamos de desejar para o nosso país uma teologia brasileira que seja, antes de tudo iluminadora, portadora do soli Deo gloria da reforma e simultaneamente do kerigma da preservação e centralidade da vida em nossa casa planetária,reetindoassimosdoismaioresmandamentosdonossoSenhor.Oquefazer: 1)LUTARsemprepelas“luzes”deumateologiacidadã,pública,secularmundana,are jadaporoutrastradiçõescristãsepelasconquistashumanistasdalosoa;iluminada eiluminadoradaconsciênciahumana.2)MANIFESTARcomrespeitoermeza,contraas“sombras” dateologiacativae obscura,infelizmentepresenteno protestantismohistóricobrasileiro.Paratanto,sinceramentecreioque,apartirdojárecebidoda
teologia da libertação e que podemos assimilar criticamente, uma vez que ela mesma faz isso recorrentemente; a academia protestante deveria entabular um diálogo com o protestantismo de corte evangelical que poderá auxiliar grandemente nesse momento, o que de fato já vem acontecendo isoladamente, uma vez que diversos pesquisadores acadêmicosprocedemdomeioevangelical.Porém,issoéassuntoparaumoutromo -
mento. Acabodelembrardoprincipalpoetaromânticoabolicionistabrasileiro,CastroAlves, queemseuclamorreligiosocontraainfâmiadaescravidão,noépico,NavioNegreiro
escreve: Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus! Se é loucura... se é verdade Tanto horror perante os céus...
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Ó mar! por que não apagas Co’a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?... Astros! noites! tempestades! Rolai das imensidades! Varrei os mares, tufão! E, parafraseando nosso poeta condoreiro, oramos: “Senhor Deus dos desgraçados”, dos-não-eleitos, como disse outro baiano (de coração): não “insulta os céus”, esta loucura travestida de verdade? “Senhor Deus dos desgraçados”, dos-não-eleitos, dos que estão excluídos da diminuta expiação, “apaga este borrão” de intolerância discriminadora, de exclusão estigmatizante que macula o teu “manto” durante décadas na igreja evangélica brasileira, particularmente no protestantismo histórico. Senhor Deus dos desgraçados, dos-não-eleitos livra-nos dessa sombra fundamentalista de ontem que nos minou e poluiu as bases reformadas. Desta sombra neofundamentalista que hoje nos assola e em seita nos transforma, ausentando-nos dos nossos pares e nos isola e aliena em nosso próprio chão,Te imploramos, Senhor Deus dos desgraçados, dos-não-eleitos, escória da teologia, venha a nós das tuas “imensidades” e nos dê novamente o Brasil e sua rica cultura para sermos eleitos e agraciados. Amém!
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