O Império Universal Romano - Cristão. A Igreja e a transmissão do legado político-cultural clássico. 1. O Império Universal Romano Romano - Cristão
380 – Teodósio impõe o Cristianismo como religião oficial do Império.
Origem, características e difusão do Cristianismo
Os hebreus, povo da Palestina, Palestina, eram eram monoteístas e acreditavam na vinda de um messias. Na época do imperador Octávio César Augusto nasceu em Belém Jesus Cristo, considerado por alguns hebreus como o Messias, aquele que os viria libertar do domínio romano.
Este homem, que mudaria o curso da História no Ocidente deu Cristianismo. início a uma nova religião, o Cristianismo. Esta corrente religiosas deu a conhecer aos seguidores um novo conjunto de valores pelos quais os seres humanos deveriam reger as suas vidas, defendendo a:
Igualdade dos homens perante Deus Fraternidade Universal Caridade Humildade Condenação de todo e qualquer tipo de opressão, injustiça e violência Paz Oposição entre o reino celestial e o reino terreno Recusa do culto a Roma e ao Imperador
O Cristianismo teve uma rápida difusão por todo o Império Romano.
A expansão desta religião deveu-se a um conjunto de cinco factores:: factores 1. A rede de estradas e a unidade linguística romanas, romanas, que facilitaram a circulação dos ideais cristãos; 2. A existência de comunidades judaicas, judaicas, um pouco por todo o Império, que acolhiam bem esta religião por ser também monoteísta; 3. O descontentamento e a insatisfação da população romana devido às desigualdades sociais existentes; existentes; 4. Os valores defendidos pelo Cristianismo eram sinónimos oprimidos; de esperança para os povos oprimidos; 5. O “apostolado” de S. Paulo e de S. Pedro
No entanto, o Cristianismo começou a ser fortemente perseguido pelo poder político romano devido :
Ao seu sentido totalitário e universalidade da sua doutrina,, que defendia a existência de um Deus Único e em doutrina que todos eram considerados iguais, independentemente do sexo, raça ou classe;
messiânico, isto é, anunciador de Ao carácter exclusivista e messiânico, uma nova ordem espiritual, em que todos tinham de ser seus crentes;
À tendência para a não-integração social das suas comunidades de fiéis; fiéis;
À recusa total quanto a prestar culto a qualquer outra divindade,, incluindo o culto ao Estado (Roma) e ao divindade Imperador.
A partir do séc. II, as perseguições aos cristãos atingiram grande violência. violência.
As catacumbas eram o único local de refúgio dos cristãos. Aí praticavam as cerimónias de culto e de enterramento dos mortos.
O triunfo do Cristianismo o
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O número de seguidores do Cristianismo foi aumentando e atingindo pessoas das camadas sociais superiores. Consciente desta situação, o Imperador Constantino publicou, no ano 313, o Édito de Milão, Milão, que decretava a liberdade religiosa em todo o de 313, Império, igualdade de direitos para os cristãos e restituição dos bens anteriormente confiscados às Igrejas.
No entanto, ainda na época do Imperador Constantino, iniciou-se uma polémica em torno das questões doutrinais do Cristianismo. As principais heresias o arianismo e o donatismo punham em causa a unidade do cristianismo. Constantino, receando uma ruptura entre Cristãos no Império e iniciando o cesaropapismo , convocou em 325, o I Concílio Ecuménico (Concílio de Niceia) Niceia) em que o Arianismo foi condenado tendo sido definido o Credo da Fé Cristã. O carácter católico ou universal do Cristianismo (a comunidade de Cristo éa humanidade) e a estrutura hierarquizada da Igreja Cristã entendida como depositária da Doutrina da Salvação. Constantino favoreceu e enriqueceu a Igreja, fez transcrever para a legislação imperial os princípios da moral cristã e fez-se baptizar baptizar antes de morrer. Em 380, 380, Teodósio I através do Édito de Tessalónica, Tessalónica, impôs o Cristianismo como religião oficial e única do Estado Romano. Romano.
A 24 de Novembro de 380 , fazia-se público o édito nos seguintes termos:
Édito dos imperadores Graciano (Imperador do Ocidente 375-383) , Valentiniano (II) , ( futuro Imperador do Ocidente, 383-392) e Teodósio Augusto (Imperador do Oriente 378- 392, Imperador Romano 392-395), ao povo da cidade de Constantinopla.
Queremos que todos os povos governados pela administração da nossa clemência professem a religião que o divino apóstolo Pedro deu aos romanos, que até hoje foi pregada como a pregou ele próprio, e que é evidente que professam o pontífice Dâmaso e o bispo de Alexandria, Pedro, homem de santidade apostólica. Isto é, segundo a doutrina apostólica e a doutrina evangélica cremos na divindade única do Pai, do Filho e do Espírito Santo sob o conceito de igual majestade e da piedosa Trindade. Ordenamos que tenham o nome de cristãos católicos quem siga esta norma, enquanto os demais os julgamos dementes e loucos sobre os quais pesará a infâmia da heresia. Os seus locais de reunião não receberão o nome de igrejas e serão objecto, primeiro da vingança divina, e depois serão castigados pela nossa própria iniciativa que adotaremos seguindo a vontade celestial. Dado o terceiro dia das Calendas de Março em Tessalónica, no quinto consulado de Graciano Augusto e primeiro de Teodósio Augusto.
Com este édito, o Império Romano na íntegra passava a ter uma nova religião oficial depois de 67 anos de liberdade de culto. O Panteão Romano fora complementado ao longo de muitos séculos com os deuses, deidades e lares domésticos, com o culto aos próprios antepassados e até mesmo com divindades pré-romanas que foram assimiladas durante o processo de romanização em muitos lugares do Império. Tudo isto devia ser agora abandonado para abraçar o culto a uma religião monoteísta e as normas morais que a acompanhavam. Apesar disso, Teodósio protegeu na medida das suas possibilidades os agora semi-clandestinos pagãos da persecução e do acosso dos cristãos. o
No primeiro Concílio de Constantinopla, em 381 procedeu-se à organização eclesiástica determinando a proeminência das diversas
dioceses (Antioquia, Alexandria, Cesareia e Éfeso), o primado do Bispo de Roma sobre todo o mundo cristão e o segundo lugar entre todos do Bispo de Constantinopla. Foi ainda eliminado o arianismo e colocado o braço secular ao serviço da Fé.
2. A Igreja Igr eja e a transmissão do legado político-cultural político- cultural clássico.
Ultrapassados os problemas de unidade dogmática causados pelas heresias e estando reforçada e estabelecida a autoridade e a organização da Igreja desenvolve-se uma intensa actividade intelectual doutrinária (Patrística (Patrística)) tendo em vista a definição clara da doutrina cristã face ao judaísmo, aos cultos pagãos e às concepções filosóficas greco-romanas.
A literatura e a filosofia clássica vai merecer por parte de alguns Padres da Igreja uma especial atenção já que consideravam que esta poderia fornecer os instrumentos lógicos e conceptuais para o ensino da verdade revelada (Lactâncio, Sto. Ambrósio, S. Jerónimo e Sto. Agostinho).
Para além da filosofia helénica o estudo e o conhecimento do Direito Romano revelou-se muito importante na defesa das suas ideias sobre questões de natureza política e social. social.
O ensino ministrado por mestres cristãos vai também permitir a manutenção do legado clássico através da retórica, dos panegíricos, dos discursos e de escritos de natureza política já que segundo a tradição romana os mestres deveriam ser os conselheiros dos príncipes.
A Igreja romano-cristã assume-se após a queda de Roma como a única força organizada capaz de defender a unidade da Fé Cristã, afirmar a sua vocação universal (católica) e assegurar a transmissão de grande parte do legado cultural clássico.