NUTRIÇÃO E CANCRO
Nutrição e Dietética 2009
ESQUEMA
Breve abordagem ao Cancro
Relação Nutrição/Cancro
A nutrigenética
Alimentos preventivos
Alimentos potencialmente patogénicos
Nutrição e dietética no tratamento do Cancro
Conclusões
CANCRO
Definição: Doença na qual se perde o controlo normal da divisão celular, de tal maneira que uma célula se multiplica inapropriadamente levando à formação de um tumor e posterior invasão de outros tecidos e órgãos.
A designação cancro compreende cerca de 100 doenças que envolvem uma divisão descontrolada das células.
Apesar de afectar vários tecidos – e tomar, por isso, várias designações – o processo de desenvolvimento de um cancro é seme semelh lhan ante te para todas as formas da doença.
CANCRO Desenvolvimento de um Cancro
Processo de vários estádios, que pode durar vários anos, muito devido à fase de latência – latência – entre a iniciação e a promoção. Iniciação: Ocorre quando há uma alteração na estrutura genética da célula, “preparando‐ “preparando‐a” para o seu funcionamento anormal Promoção: Ocorre quando a célula se torna activa, devido à actuação de um factor promotor, diferente do primeiro. Fase reversível
Progressão: Ocorre quando células da fase anterior se multiplicam e invadem células e tecidos adjacentes
CANCRO Desenvolvimento de um Cancro Metastização – passagem das células tumorais para locais diferentes do local de formação do tumor original.
Quando há metastização, encontram‐se células tumorais nos gânglios linfáticos, o que é um prenúncio da invasão a outros órgãos como o fígado, cérebro ou tecido ósseo.
Adapatdo de: http://www.mdsaude.com/2009/02/cancer‐cancro ‐sintomas.html
CANCRO Tipos de Tumor Tumor Benigno
Tumor Maligno
Não é considerado cancro
Cancro propriamente dito
Normalmente podem ser Podem ser removidos, voltando, removidos e, na maioria dos no entanto, a crescer em alguns casos não voltam a crescer casos. Não proliferam tecidos Não causam morte
para
outros
Células dividem‐se sem controlo e podem invadir outros tecidos, originando as metástases. Uma das principais causas de morte
CANCRO Factores de Risco
O cancro é uma doença com um desenvolvimento lento, resultando de vários factores:
Estilo de vida
Genéticos (hereditários)
Ambientais
Factores que aumentam o risco da doença:
Não dietéticos
Ambientais
Não ambientais
Alimentares
Genéticos
CANCRO Factores de Risco
Factores Genéticos:
Factores Alimentares
Mutações
• Álcool
Polimorfismos
• Alimentação desequilibrada • Toxinas alimentares (aflatoxina,
Factores Não Dietéticos
Tabaco
Exposição a Radiação UV
Exposição a carcinogénes
Factores Hormonais
Infecções Bacterianas e Virais
nitrosaminas)
NUTRIÇÃO E CANCRO “The National Cancer Institute estimates that at least 35% of all cancers have a nutritional connection”
O que comemos influencia os nossos níveis energéticos, o humor e até a própria auto‐estima.
Se escolhermos comer alimentos com propriedades protectoras, como as frutas e os vegetais, contribuímos para o nosso bem estar.
NUTRIÇÃO E CANCRO
Apesar de se estimar que cerca de 30 % dos cancros se deve a uma alimentação desequilibrada e pouca actividade física, o papel da nutrição e dietética no cancro é complexo e ainda por explicar:
Alguns factores são promotores, outros funcionam como protectores
As escolhas da alimentação são influenciadas por outros factores que afectam o risco para a doença.
NUTRIÇÃO E CANCRO Desenvolvimento da Nutrigenética
A Nutrigenética é uma ciência que analisa as variações genéticas que causam diferenças na resposta fenotípica às moléculas introduzidas na dieta
O objectivo é avaliar o risco e o benefício para o individuo como ser único de determinados componentes da dieta.
Com o desenvolvimento continuo desta ciência, tornar‐se‐á possível a realização de dietas específicas para o tratamento e prevenção do cancro, de acordo com as características genéticas do mesmo!
NUTRIÇÃO E CANCRO Nutrition and Physical Activity Guidelines for Cancer Prevention
American Cancer Society 1. Ingerir alimentos saudáveis e variados:
Comer 5 ou mais refeições com vegetais e fruta por dia
Escolher cereais naturais em vez dos refinados
Limitar o consumo de carnes vermelhas
Escolher alimentos que contribuam para a manutenção do peso ideal
2. Adoptar um estilo de vida activo:
Pelo menos 30 min de exercício físico por dia para adultos e 60 min para crianças
3. Manter o peso saudável
Equilibrar o intake calórico com a actividade física
Perder peso (no caso de pessoas com excesso de peso)
4. Limitar o consumo de bebidas alcoólicas
Beber o máximo de dois copos por dia, no caso do homem, e de um, no caso da mulher
NUTRIÇÃO E CANCRO
A Organização Mundial de Saúde suporta as recomendações anteriores e acrescenta mais algumas: 1.
Reduzir o consumo de peixe salgado e fermentado do estilo Chinês, comida preservada com sal e sal;
2.
Minimizar a exposição à aflatoxina;
3.
Reduzir o consumo de carne conservada (nitritos, que por reacções químicas originam nitrosaminas);
4.
Evitar o consumo de alimentos e bebidas quando muito quentes.
ALIMENTOS PREVENTIVOS
Cereais
Importantes fontes de hidratos de carbono e fibras.
Fontes de vitaminas e minerais.
Podem fornecer quantidades apreciáveis de proteínas.
São especialmente ricos em nutrientes com efeitos anti‐carcinogénicos.
Frutas e Vegetais
Alimentos muito variados e complexos em termos nutricionais.
Compostos de interesse na prevenção do cancro: • Vitaminas; • Sais minerais; • Fibras; • Fitoquímicos específicos (flavonóides, carotenóides fenólicos).
e
alguns
compostos
Fibras Alimentares
Essenciais para um cólon saudável • Contracção muscular; • Inibição
de
substâncias
perigosas
ou
patogénicas; • Flora bacteriana.
Estudo de 1992 (Howe, 1992) demonstra uma diminuição da incidência de cancro do cólon em indivíduos com dietas ricas em fibras ( +/‐ 27g/dia)
• Pão integral, bolachas, verduras, feijões vermelhos, casca de fruta, trigo, outros cereais • DDR: 30 a 35 g
– para metade.
Apesar de não completamente provada, a importância das fibras numa dieta saudável é inegável.
Fibras Alimentares
Mecanismo de acção bem conhecido: • Formação de ácidos gordos de cadeia curta ; • Efeito protector das próprias fibras actuando como agentes anti‐carcinogéneos.
Importantes em diferentes tipos de cancro:
Cancro do cólon
Mama
Ovários
Estômago
Anti‐oxidantes • Couve‐galega, morangos espinafres, ameixa, brócolos, beterraba, laranja, uvas, frutas vermelhas e até chocolate preto
Presentes principalmente na fruta e nos vegetais.
Função protectora contra o cancro (especialmente no
cancro
rectal): • Células intestinais; • Radicais livres; • Danos oxidativos.
cólon‐
Vitaminas
Pró‐Vitamina A (β‐carotenos)
Sistema imunitário;
TNF;
Bloqueio do crescimento de algumas células
• Cenoura, bróculos, abóbora, espinafres, batata doce, manga, papaia. • DDR: 6 mg ‐ ♂ 4,8mg ♀
cancerosas;
Radicais livres e moléculas muito reactivas.
Vitamina C (Ácido Ascórbico) • Nitrosaminas + Nitritos → Ác. Nítrico + Di‐ hidroascorbato • Síntese de interferão; • Retenção de radicais livres.
• Citrinos, morangos, kiwi, tomates, pimentos. • DDR: 60 a 100mg
Vitaminas
Vitamina E
Bloqueia a formação de Nitrosaminas;
Sistema imunitário;
Inibição da oxidação dos lípidos;
Melhora a circulação.
Ácido Fólico • Dieta pobre = aumento do risco de cancro; • Baixa concentração de folatos pode aumentar a carcinogénese.
• Pão de trigo integral e cereais, óleos vegetais, nozes, vegetais de folhas verdes. • DDR: 20 mg
Cálcio e Vitamina D
O cálcio controla a multiplicação das células epiteliais do revestimento do cólon;
Ca2+ vs. ácidos biliares;
A vitamina D possui uma função protectora do Cálcio.
• Leite, iogurte, queijo, espinafres, amêndoas, feijões. • DDR: 800 mg
Outros sais minerais
Selénio:
Acção protectora em cancros como o do pulmão, o colo‐rectal e o da próstata;
Está presente no sítio activo de várias enzimas;
Sistema imunitário (células NK).
NOTA: O risco associado a muitos tipos de cancro pode assim ser minimizado com o consumo de vitaminas e sais minerais que provêm de frutas e vegetais – estudos apontam para reduções significativas em tipos de cancro como o do estômago ou do esófago.
Fitoesteróis
Fitoquímicos específicos como os carotenóides e os flavonóides:
Promotores da diminuição do nível de colesterol;
Propriedades anti‐carcinogénicas – vias de transdução.
Peixe
Ácidos Gordos polinsaturados (como o Ácido Linolénico);
Ómega‐3.
Suprimem o crescimento das células pré‐cancerígenas.
Existem outros tipos de gorduras com propriedades anti‐carcinogénicas (muito relevantes na prevenção do cancro da mama e da próstata, por exemplo): ‐
Óleo de linho contém o fitonutriente anti‐cancerígeno lignans;
‐
Azeite e óleo de cânola possuem elevada quantidade de gorduras mono‐insaturadas;
‐
Gorduras insaturadas em vegetais.
ALIMENTOS POTENCIALMENTE CARCINOGÉNICOS
Gorduras
Uma dieta rica em gorduras pode aumentar o nível de ácidos biliares secundários potencialmente patogénicos no lúmen do intestino grosso.
Esta dieta também tende a ser mais rica em calorias, contribuindo para a obesidade, que está por sua vez associada a um risco maior para certos tipos de cancro. Assim, uma elevada ingestão de gordura total e gordura saturada ou animal ‐ de carnes vermelhas (vaca, porco) e carnes processadas (bacon, salsicha) ‐ está relacionada com um risco maior dos seguintes cancros: • Colo‐rectal • Próstata • Mama • Endométrio • Pulmão
Carne
O desenvolvimento do tumor é intensificado por níveis de proteína duas a três vezes superiores à quantidade necessária.
A grande ingestão de carne está associada a uma maior incidência dos seguintes cancros:
Colo‐rectal
Próstata
Pâncreas
Carne
Durante a confecção da carne a altas temperaturas, há formação de hidrocarbonetos aromáticos policíclicos e de aminas heterocíclicas mutagénicos;
Os nitritos e outros compostos presentes em carnes fumadas, salgadas e processadas
podem
ser
convertidos
em
compostos
N‐nitrosos
carcinogénicos no cólon aumento do risco de cancro do colo‐rectal.
Elevadas concentrações de ferro no cólon podem aumentar a formação de radicais livres mutagénicos.
Carne
O consumo elevado de carnes vermelhas provoca o aumento de sais biliares no intestino (metabolizados pela microflora intestinal), e a formação de sais biliares modificados: Ácido litococólico e Ácido deoxicólico
Colaboram na conversão de células intestinais em cancerígenas, por activação da proteína cinase C e a estimulação de vários factores de transcrição.
Compostos N‐nitrosos o N‐nitrosação Nitratos
Redução
Nitritos (ácido nitroso)
Bactérias (boca)
+ substratos alimentares (aminas e amidas)
Compostos N‐nitrosos: ‐ Nitrosamidas ‐ Nitrosaminas (mais estáveis)
No fígado: conversão em compostos altamente reactivos, que reagem com o DNA (formam‐ se aductos) e proteínas
CANCERÍGENOS
Estômago, cólon e bexiga
Compostos N‐nitrosos
Nitrosaminas e Nitrosamidas estão associadas ao risco de desenvolvimento de cancro no Esófago, Estômago, Cólon e Bexiga. • Legumes (beterraba, rabanete, espinafre, aipo, alface)
Fontes de Nitratos
• Conservas de carne, peixe e picles • Alimentos salgados e fumados • Água potável • Tabaco • Produtos fumados
Fontes de Nitrosaminas
• Cogumelos • Cerveja e Whisky • Conservantes (E250)
Aflatoxinas
Família de micotoxinas produzida pelo fungo Aspergillus flavus, que cresce nos amendoins, milho, cereais e trigo, que são armazenados em condições quentes e quentes.
Há 13 tipos de Aflatoxinas:
B1 é a mais tóxica metabolizada num 8,9‐epóxido no fígado, que pode formar aductos com o DNA (os seus níveis na comida são monitorizados pela Comunidade Europeia, devem ser < 2μg/kg) Cancro do Fígado
Aflatoxina
Alimento contaminado
Danos no organismo
Patulina
Sumo de maçã
Hemorragia hepática
Ocratoxina A
Cereais e café
Danos renais
Tricotenos
Cereais contaminados
Danos na medula óssea
Zearalenona
Milho
Esfeitos estrogénicos
Aditivos alimentares Substâncias adicionadas intencionalmente durante o fabrico, transformação, preparação, tratamento, acondicionamento de um produto alimentar, que pode ter ou não valor nutritivo, não sendo normalmente consumidos isoladamente como alimentos, nem como ingredientes típicos destes.
o
O uso de aditivos alimentares na produção
dos alimentos está dependente da rigorosa avaliação por instituições científicas, sem a qual os aditivos não são autorizados para consumo alimentar.
Aditivos alimentares
União Europeia só autoriza os que foram laboratorialmente estudados, quais os seus efeitos secundários e os limites máximos de tolerância a estas substâncias Doses superiores às recomendadas podem tornar‐se cancerígenas !
Álcool
Associado a diversos tipos de cancro:
Boca e do Esófago
Faringe e da Laringe
Pulmão
Fígado
Colo‐rectal
Mama
O álcool também pode influenciar o aparecimento de cancro por aumento da absorção dos agentes carcinogénicos, tornando as células mais susceptíveis aos mesmos.
Álcool
Parece ter um efeito maior sobre os tecidos directamente expostos a ele durante o seu consumo e tende a actuar sinergicamente com o tabaco.
A correlação entre a ingestão de álcool e o risco de cancro da mama está associada a:
Aumento
dos
níveis
de
estrogénio
endógeno
induzidos pelo álcool ‐ Redução do ácido fólico
Efeito directo do álcool ou dos seus metabolitos no tecido mamário.
Álcool
O seu consumo excessivo pode causar cirrose hepática, sendo o principal factor de risco relacionado com a dieta para o Cancro do Fígado, nos países ocidentais.
Aumenta a mutagenicidade dos compostos nitrosos, reforçando o seu papel de activadores de fracções do DNA anteriormente inactivas.
Nutrição no Tratamento do Cancro
Caquexia
Cancro Perda de peso Fraqueza Anorexia
Caquexia
Alterações alimentares
Subnutrição
Consequências do Cancro Causa
Efeito
Efeitos locais do tumor
Dificuldade na deglutição, obstrução intestinal, saciedade precoce, má absorção
Factores psico‐sociais
Depressão, ansiedade, aversão a alguns alimentos
Cirurgia
Radioterapia
Quimioterapia
Alterações na mastigação e deglutição, complicações pós‐ cirúrgicas Náuseas, vómito, disguesia (alterações no paladar e olfacto), estomatite e mucosite (feridas na boca e mucosa) e diarreia Náuseas, vómito, disfagia (dificuldade para engolir), xerostomia (boca seca), estomatite e mucosite
Nutrição no Tratamento do Cancro
Nutrição oral
Nutrição entérica
Nutrição parentérica
Diagnóstico Risco Nutricional
Nutrição no Tratamento do Cancro
Aversão a alimentos
Escolher e preparar refeições que lhe sejam agradáveis
Evitar alimentos com sabores/odores fortes
Utilizar alimentos à temperatura ambiente
Não forçar a ingestão
Dores na boca e garganta
Cozinhar bem os alimentos
Misturar alimentos secos com molhos manteiga, natas, iogurte
Cortar ou triturar os alimentos
Alimentos frios ou à temperatura ambiente
Preferir alimentos de consistência mole
Aumentar a ingestão de líquidos
Nutrição no Tratamento do Cancro
Xerostomia
Evitar álcool
Beber líquidos ao longo do dia
Usar rebuçados s/ açúcar
Humedecer os alimentos
Usar saliva artificial
Alteração do paladar
Usar alimentos com sabores intensos / agradáveis
Aromatizar com especiarias suaves
Utilizar marinadas
Confeccionar pratos agradáveis
Nutrição no Tratamento do Cancro
Diminuição do apetite
Refeições pequenas e frequentes
Utilizar alimentos favoritos / preferidos
Utilizar alimentos de alto valor energético
Experimentar pratos novos
Nutrição no Tratamento do Cancro QUANDO ULTRAPASSADA A DOENÇA: 1. Reduzir o risco de recorrência:
Aplicar medidas preventivas.
2. Reconstruir e melhorar o sistema imune:
Assegurar a ingestão de micronutrientes importantes para o sistema imune.
Prevenir a perda de peso.
Preservar a massa não gorda.
3. Eliminar a fadiga:
Preservar a massa não gorda.
Ingestão adequada de ferro, cobre, magnésio e vitaminas do complexo B.
Conclusão
A nutrição relaciona‐se com o cancro devido à sua importância natural para a manutenção de estado de saúde.
A dieta pode ser um importante factor preventivo ou uma possível componente da causa da doença.
O que fazer?
Ingerir quantidades adequadas de fruta, hortícolas e cereais pouco processados
Praticar exercício físico
Ingerir alimentos pobres em gordura
Manter‐se afastado do tabaco