Cultura brasileira ou cultura republicana? *
Carlos Guilherme Mota
per manece uma matriz da História, e essa matriz dominante "... e em cada país permanece marca a consciência coletiva de cada sociedade ."
Marc Ferro, 1981 "... a principal conseqüência cultural do prolongado domínio do patronato do estamento burocrático é a frustração do aparecimento da genuína cultura brasileira."
Raymundo Faoro, 1958
Para uma demarcação histórica Distante do cenário europeu, o Brasil do século XX assiste ! sua independncia de #ortu$al %18&&', entrando para o sistema mundial de dependncias so( a tutela in$lesa. )o lon$o desse século, articula*se um comple+o sistema oli$áruico* imperial %18&&*1889'. -os anos 8, a a(oli/0o da escraatura escraatura %1888' e a proclama/0o da Rep2(lica %1889' criam as condi/3es para uma ordem capitalista moderna, estimulada pela imi$ra/0o européia e pelo tra(al4o assalariado. nica monaruia da )mérica do 6ul, no Brasil tropical oitocentista plasmou*se uma sociedade aristocrática de cun4o pesadamente escraista. 7scraismo 7scraismo ue penetrará undo nas institui/3es e, so(retudo, nas mentalidades 4arles Dar:in, o pai do eolucionismo, e olucionismo, c4e$aria a demonstrar, demonstrar, em con4ecida pá$ina de seu diário de ia$em, proundo desencanto com os costumes $erados pelo escraismo, esperando n0o mais ter ue pisar estas terras. Mas o ima$inário ue se a(rica nesse per;odo é e+tremamente rico. r ico. -o plano social, a insurrei/0o da onedera/0o do 7uador %18&<', a repu(licanista =uerra dos Farrapos Farrapos e a (rutal =uerra do #ara$uai marcam as conscincias mais ias. -o plano cultural, ressaltam as presen/as européias de um sem*n2mero de pintores, ne$ociantes, militares, aruitetos e diplomatas ue escreeram cr>nicas e desen4aram $rauras do mais alto alor memorial;stico? no plano econ>mico, representantes de interesses in$leses, ranceses, (el$as, alem0es, etc. deiniram com suas a/3es noos padr3es de or$ani@a/0o da produ/0o? no plano propriamente intelectual, assiste*se ao
sur$imento da i$ura maior da literatura Aá especiicamente (rasileira o mulato carioca Mac4ado de )ssis. 6o( aparente placide@ da ida imperial, entretanto, esconde*se a erdadeira isionomia da nova !ação independente ) noa oli$aruia, $erada pela economia caeeira, ao lon$o do per;odo, mostrará seu poderio, mas tam(ém sua raue@a. ) Rep2(lica de 1889 nascerá de um $olpe militar, n0o acol4endo as or/as mais pro$ressistas dessa sociedade ue n0o se uer mais escraista. C escritor ne$ro ima Barreto poderá, tale@, ser pensado como conscincia*limite da noa ordem. Cu mel4or, mar$inal em rela/0o ! noa %Eel4a' Rep2(lica %1889*19'. Resta, no ar, a idéia do mpério liberal e pac;ico, a mais orte a(rica/0o ideolG$ica de nossa 4istGria, n0o o(stante terem sido soterrados al$uns dos proAetos mais aan/ados de sociedade moderna como os de Frei aneca, da Rep2(lica Farroupil4a, de Mauá, opes Hro0o, Raul #ompéia e o de nossos i@in4os para$uaios I entre tantos outros encidos. ) Rep2(lica (rasileira oscilaria, desde o in;cio, entre dois pGlos num, as oli$aruias, $eradas no 6e$undo mpério e impulsionadas pela economia a$roe+portadora? no outro pGlo, a caserna, inlada pela ascens0o das classes médias. ) monta$em de uma r;$ida ordem oli$áruica %#rimeira Rep2(lica, 1889* 19', estri(ada na pol;tica do caé*com*leite, e+plica a política dos governadores, de 60o #aulo e Minas. ) ordem sociopol;tica da Eel4a Rep2(lica assiste !s contesta/3es tenentistas %19&&, 19&<, 19&J', aos moimentos do mundo do tra(al4o %$rees de 191K, unda/0o do #artido omunista em 19&&' e a um sem* n2mero de maniesta/3es pol;ticas e culturais. Dentre estas, aulta a 6emana de )rte Moderna %19&&', em ue ra/3es da (ur$uesia e+ercitam noas ormas de e+press0o em (usca de nossa modernidade 7ssa r;$ida ordem estamental* oli$áruica sG seria a(alada I mas n0o desarticulada I com a c4amada Reolu/0o de 19, de eeitos limitados, em ue emer$e a i$ura do $a2c4o =et2lio Ear$as, ue dominará a cena pol;tica (rasileira até 195<, uando se suicida. Durante o 7stado -oo %19K*19<5' consolida*se nos aparel4os ideolG$icos do 7stado I e ora deles I uma concep/0o nacionalista de ultura Brasileira no ensino, na rede de (i(liotecas, nas interpreta/3es de ideGlo$os do porte de Fernando de )@eedo, 6ér$io Buarue de Lolanda, =il(erto Freyre e )onso )rinos, na concep/0o de #atrim>nio ListGrico e )rt;stico -acional, etc. ) 6e$unda =uerra Mundial I uando Ear$as acila entre o apoio ao 7i+o na@i*ascista e a ades0o aos )liados, optando inalmente por estes I mostrou a desatuali@a/0o técnico*militar do pa;s em rela/0o !s tropas dos pa;ses 4e$em>nicos. -o plano econ>mico, dominaa a improisa/0o, num momento em ue os 7stados nidos iiam, so( o $oerno do presidente Rooseelt, os resultados positios do !e" #eal . C Brasil, do per;odo de entre$uerras ao im dos anos 5, transitou de uma conscincia amena de pa;s atrasado para a conscincia trá$ica de pa;s subdesenvolvido %)nt>nio Nndido'. Cs noos alin4amentos pol;ticos do pGs*$uerra deinem uma série de alian/as automáticas do Brasil com os 7stados nidos. ) presen/a dos norte*americanos passou a ser ort;ssima na reormula/0o do ima$inário desta provincia$ultramarina, n0o somente pelos ilmes e 4istorias em uadrin4os, mas so(retudo na concep/0o de pol;tica, de sociedade %o american "a% of life' e de cultura. mperaa a cultura de seleç&es, ormada na leitura da reista "6ele/3es" do 'eader(s #igest, em lar$os se$mentos das classes medias. Cs principáis educadores e pol;ticos iiam com os ol4os oltados para o 4emisério norte, uando modernos, lendo Oo4n De:ey. 7ra um tempo em ue, em 60o #aulo, encontraam*se Braudel e Pilliam FaulQner para, com Ro$er Bastide, Florestan
Fernandes e #aulo Duarte, discutirem as "resistncias ! moderni@a/0o". 7nuanto m2sicos (rasileiros n0o 4esitaam em adotar nomes norte*americani@ados como Bill Farr, Oo4nny )l e DicQ Farney. Mas a modernização %termo dos anos 5' eetia do pa;s dar*se*ia no $oerno de Ouscelino %195J*19J1'. 7+press0o desse per;odo, o #lano de Metas redunda num intenso crescimento industrial. onstrGi*se Bras;lia e o pa;s entra numa era de reormismo desenolimentista e populista. C $olpe ciil*militar de 19J< encerra a mais lon$a e+perincia li(eral*democrática do pa;s, iniciada com a onstitui/0o de 19
mica e cultural. -a se$unda metade dos anos 8, a d;ida e+terna mais alta da 4istGria da Rep2(lica, a inla/0o aassaladora, o (ai+o ;ndice de escolaridade e a ra$ilidade institucional leantam $raes interro$a/3es so(re o Brasil da -oa Rep2(lica, país do futuro ) matriz cultural republicana dos anos S< ue a(ri$ou a no/0o luso*tropical de ultura Brasileira está es$otada. 7ncerrado tam(ém o ciclo militar %19J<*198<', imp3e*se ao pa;s a (usca de sua identidade. -em #ara;so Herreal, como son4aam protestantes ranceses no século XE, nem nerno, como ima$inaa Frei Eicente do 6alador, no XE. -em moderno, como propun4am os modernistas de 19&&. -esse pa;s ima$inário, "o uturo Aá era", comentaa em 198K o compositor )nt>nio arlos Oo(im. Hrata*se, Aá a$ora, de se enrentar a ListGria ontemporNnea. #ara tanto, imp3e*se uma reis0o cr;tica dessa ultura.
Em busca de uma cultura -0o se trata, aui, apenas de procurar os modelos 4istGricos ue, no mundo europeu ou no -oo Mundo, inspiraram a orma/0o repu(licana (rasileira. Mas so(retudo de inda$ar ual a especiicidade desse sistema cultural centenário, ou, mais propriamente, de dia$nosticar a nature@a dos processos ideolG$ico*culturais ue, na escala do século, undamentaram uma certa is0o de sociedade (rasileira, de -a/0o, de poo, de cultura e, enim, de Rep2(lica. ) diiculdade mesma de enrai@amento nessa orma/0o sociocultural de no/3es como sociedade ciil, representa/0o, cidadania e res publica su$ere a necessidade de uma rota/0o de perspectias I em (usca de um noo Nn$ulo para as pesuisas so(re a uest0o da cultura no Brasil repu(licano. -essa medida, n0o sG permanece atual a d2ida de Ferreira =ullar, o autor de "Ean$uarda e 6u(desenolimento" %19J9', so(re a e+istncia para os pa;ses su(desenolidos de um Nn$ulo particular donde se a ListGria, como a prGpria e+istncia de uma ultura Brasileira passa a ser uestionada. De ato, o pensamento cr;tico mais recente no Brasil tende a p>r em +eue a no/0o mesma de ultura Brasileira, ue ao lon$o do 2ltimo século sempre estee muito distante dos parNmetros do repu(licanismo contemporNneo mais aan/ado nos $randes centros mundiais. 7ste é o sentido do comentário do sociGlo$o Florestan Fernandes %198J,
p. 18', para uem "nosso padr0o de ida cultural oi moldado numa sociedade sen4orial", motio pelo ual nossos escritores raramente se desli$aram de uma concep/0o estamental do mundo. ) cr;tica 4istGrica a esse padr0o n0o é recente, pois, Aá em 1958, o $a2c4o Raymundo Faoro, em seu estudo clássico "Cs Donos do #oder" I t;tulo su$erido pelo romancista Trico Eer;ssimo ao liro n0o por acaso pouco con4ecido e discutido I conclu;a de modo radical a lon$a ia$em por seis séculos de uma ListGria ue remonta ao #ortu$al da Reolu/0o de )is como alar de ultura Brasileira se "a le$alidade teGrica apresenta conte2do e estrutura dierentes dos costumes e tradi/3es popularesU". ) sociedade I a -a/0o I e o 7stado se moimentam "em realidades diersas, opostas, ue mutuamente se descon4ecem"... Dessa cisão deria a orienta/0o dos nossos le$isladores e pol;ticos de teimar em "construir a realidade a $olpe de leis" %F)CRC, 1958, p. &J8'. om eeito, o 7stado (rasileiro se unda e se airma, desde 18&&, a partir I e contra I dos moimentos sociais populares ue aproundaram a descoloni@a/0o. ) paz imperial produ@iu um li(eralismo miti$ado para cimentar a 4armonia entre estamentos e castas %sen4oriato, 4omens lires, escraos', adotando desde meados do século passado a metodolo$ia da oncilia/0o como ilosoia de 7stado. i(eralismo conserador ue seria ultrapassado pelo positiismo dos repu(licanos militaristas, no primeiro momento da Rep2(lica. C poo, ue assistira ! proclama/0o de 15 de noem(ro at>nito, bestializado, ai ressur$ir na i$ura do persona$em classe média #olicarpo Vuaresma, nas pá$inas ir>nicas do escritor ne$ro ima Barreto %1881*19&&' com sotaue nacionalista, admirando o $eneral*presidente centrali@ador Floriano #ei+oto. Mas essas camadas médias, com mentalidade suburbana, tm sua 4istGria (em demarcada o estamento lo$ra impor suas re$ras de desmo(ili@a/0o até a c4amada Reolu/0o de 19, uando um a(alo se produ@ nas oli$aruias dominantes %60o #aulo e Minas, em particular'. -a década de , per;odo de redesco(erta de uma outra 4istGria I a 4istGria mestiça, com Freyre? a 4istGria das lutas de classes, com aio #rado Or.? a 4istGria das mentalidades, com Buarue I assiste*se, a um sG tempo, ! ruptura com a lin4a$em positiista e com a is0o estamental*escraista. ma noa memGria é (uscada por esses netos da oli$aruia, ue se misturar0o lo$o mais, nos anos <, nos aparel4os de 7stado, com Aoens intelectuais representantes do pensamento radical de classe média. -o 7stado -oo, $esta*se ent0o a plataorma para o Brasil moderno I ue lo$o se desco(re subdesenvolvido Mas a questão nacional torna*se o oco de um outro momento na ListGria da ultura no Brasil, na passa$em dos anos 5 aos J, com a produ/0o de um conAunto notáel de estudos e ensaios inoadores I Faoro, )nt>nio Nndido, Florestan, Furtado, Panderley =uil4erme, encerrando*se, na ertente mar+ista, com a "Reolu/0o Brasileira" %19JJ', de aio #rado Or. ) temática da cultura dependente estaa posta. -ote*se ue a compa$ina/0o, no Nm(ito de outras orma/3es culturais no mundo latino* americano, dos dierentes re$istros ideolG$icos pode ser acompan4ada ao lon$o desse percurso, desde a 4ora positiista I "Crdem e #ro$resso", no Brasil? ")mor, Crden y #ro$resso" no Mé+ico I !s idéias cepalinas dos anos 5SJ . laro ue os aan/os democrati@antes ocorreram de modo desi$ual na )mérica atina no per;odo considerado %188*19'. -o Mé+ico, prealece a ia reolucionária, enuanto a democrati@a/0o pac;ica e os partidos populares
aan/am no one 6ul %)r$entina, 4ile e ru$uai'? nas outras re$i3es, porém, o(sera*se a oscila/0o entre republicanismo militarista e republicanismo oligárquico 7m ualuer 4ipGtese, na ertente me+icana, reolucionária, o resultado se perce(e pela e+istncia, ao lon$o do tempo, de mais civilidades, como o(serou Cctaio #a@. C mito da -a/0o I "isto é", deine #a@, "auela parcela do pa;s ue assumiu a responsa(ilidade e o usuruto da me+icanidade"%#)W, 198<, p. 15' I se cristali@a com maior nitide@ nauele pa;s, tanto mais orte lá em ra@0o do conronto etno4istGrico multissecular. om a Reolu/0o, plasma*se uma cultura nacional, n0o se podendo re$redir ao catolicismo ou ao li(eralismo. ") inteli$ncia me+icana n0o sG seriu ao seu pa;s deendeu*o" %id. i(id., p. 1<&'. -uma cultura como a me+icana, sua identidade se airma pois pela negação do passado. -o Brasil, a rele+0o cultural oscilou na Rep2(lica Eel4a do autoritarismo ao oli$anAuismo o pensamento mais cr;tico será desmo(ili@ado %#ompéia, ima Barreto'. 6omente apGs 19 maniesta*se a conscincia ne$adora do passado, com a o(ra de aio #rado Or. em particular os moimentos populares assumem o primeiro plano na e+plica/0o de nossa ListGria, saindo das notas de rodapé. Mas altou*l4e uma Reolu/0o popular. "Meu aristocratismo me puniu" , dirá Mário de )ndrade em 19<&, na sua conerncia*ruptura, no im do 7stado -oo, !s ésperas de sua morte. omo alar pois em ultura Brasileira, como a@iam os ideGlo$os do 7stado -oo %19K*19<5' empen4ados em a(ricar uma -a/0o, um poo, um "caráter nacional (rasileiro"U -os anos 5, o ensa;sta Faoro, procurando desendar os labirintos da ima$inada cultura (rasileira adertirá, em notáel pá$ina de conclus0o de um liro e de uma época ") ciili@a/0o (rasileira, como o persona$em de Mac4ado de )ssis, c4ama*se Eeleidade, som(ra coada entre som(ras, ser e n0o ser, ir e n0o ir, a indeini/0o das ormas e da ontade criadora" %F)CRC, 1958'. ) no/0o de ultura Brasileira sur$iu assim 4istoricamente no discurso ideolG$ico de se$mentos altamente eliti@ados da popula/0o, para dissoler as contradi/3es reais da sociedade o 7stado incorpora esses ideGlo$os, ue ela(oram uma no/0o a(ran$ente e 4armoniosa de cultura? "n0o e+iste uma ultura Brasileira no plano ontolG$ico, mas na esera das orma/3es de se$mentos altamente eliti@ados, tendo atuado ideolo$icamente como ator dissolente das contradi/3es reais" %MCH), 1985, p. &8K'. 7nim, uma no/0o plástica, ampla, ue a(arcasse as disparidades sociais, econ>micas, étnicas e colocasse o Brasil no concerto das -a/3es. 6omente apGs a a(oli/0o dos escraos %1888', a proclama/0o da Rep2(lica, os moimentos populares %anudos, ontestado, 191K, 19&&, 19&<, 19&J e 19', é ue se sistemati@a e se cristali@a essa idéia de !ação e de *ultura +rasileira, incorporando muito do pensamento positiista do pa;s da Rep2(lica e dos "tenentes" reormistas. Depois de 19, o 7stado a(sore as análises dos eplications do Brasil. ) noa etapa pode ser surpreendida Aá nos acordes do "Lino da Reolu/0o de 19", de Leitor Eilla*o(os, mas so(retudo na constru/0o de um ponto de vista brasileiro, na unidade essencial da cultura e até na proposta de um "Departamento -acional de ultura para estudo e interpreta/0o do 4omem e da ultura Brasileira", conorme propun4a =il(erto Freyre %19<9' ao presidente Ear$as e ao ministro apanema em 19<1 e 19<&
"-Gs somos, dos $randes poos da )mérica do 6ul, e, ao lado do Mé+ico, o menos europeu e, essencialmente, o menos colonial na sua cultura e, por conse$uinte, em posi/0o de ser o pioneiro de uma nova cultura americana, na ual se alori@em, em e@ de se su(estimarem, os elementos n0o*europeus". Mas nem tudo oi ela(orado a partir de dentro da diusa -a/0o. Oá em 19<, uando da cria/0o da niersidade de 60o #aulo, miss3es européias para cá se diri$iram, no esor/o de aAudar as elites locais a articularem centros prGprios de ciência brasileira %=. Dumas'. )traso consideráel ora detectado, por e+emplo, em 19< por #ierre Deontaines no campo da $eo$raia. #or seu lado, =eor$es Dumas, um dos art;ices das miss3es rancesas, notaa a a(undNncia de autodidatas em contraste com o peueno n2mero de "tra(al4adores ormados nos métodos de pesuisa e de cr;tica", "a condi/0o essencial para a produ/0o". 7screendo ao ministro apanema, Dumas %apud 6LP)RWHM)- et alii, 198<, p. 1J*&&' adertia "Hudo isto é para di@er*l4e ue, se deseAamos ue o Brasil ten4a o lu$ar ue l4e ca(e entre as na/3es produtoras de alores intelectuais, é necessário criar t0o cedo uanto poss;el estas aculdades de ilosoia, cincias e letras ue ser0o a alma de sua uniersidade nacional ". itando o "lirismo inerente ! ra/a", Dumas propun4a diplomaticamente a modera/0o com "o(ras da ra@0o", produ@idas por "unda/3es uniersitárias". 6G assim os proessores se acostumariam a "pensar por si mesmos"... %id. i(id., p. &5*&9'.
Longe da Revolução ! Rep"blica e a ordem neocolonial -a )mérica do 6ul, teria sido 4istoricamente o Brasil de ato "menos europeu" e o "menos colonial" dos pa;ses, nessa is0o reyreanaU -os anos 188, em ampla perspectia, dois mundos estaam deinidos. m, aan/ado, composto de 7stados so(eranos e aut>nomos, impulsionado pelos desenolimentos econ>micos nacionais, com certa 4omo$eneidade territorial, institui/3es li(erais a(ri$ando a representatiidade enim, um mundo composto por cidad0os, com seus direitos pol;ticos (em deinidos em suas rela/3es com o 7stado. ) idéia moderna de pro$resso li$aa*se a esse modelo li(eral*constitucional de 7stado*-a/0o, e n0o se restrin$ia ao mundo subdesenvolvido )o menos teoricamente, esse modelo de or$ani@a/0o do 7stado I seAa na ertente ederalista americana ou na ariante centralista rancesa I marcaa o cenário latino* americano, com suas de@essete rep2(licas e um império, o (rasileiro, ue aliás n0o so(reieria aos anos 8. C outro mundo, n0o*desenolido, estaa lon$e dessas caracter;sticas eram col>nias ou possess3es européias, ou impérios em decomposi/0o. ) ri$or, se$undo Lo(s(a:m, apenas a 6u;/a, a Fran/a e os 7stados nidos e tale@ a Dinamarca (aseaam*se nas ranuias democráticas. -o tocante !s rep2(licas da )mérica
atina, "imposs;el descre*las como democráticas, em ualuer sentido da palara" &. 7sse o uadro $eral em(ora muito diundida, a idéia de cidadania estaa lon$e de ser implantada. ) sociedade (ur$uesa proclamaa seus poderosos princ;pios, assentada nos legal free and equal individuals ) serid0o le$al Aá n0o e+istia na 7uropa, e tam(ém a escraid0o le$al I a(olida nas áreas de inluncia européia I persistia apenas em u(a e no Brasil. Mas n0o so(reieria ! década de 8. "i(erdade le$al e i$ualdade", conclui Lo(s(a:m, "estaam lon$e de ser incompat;eis com a desi$ualdade eetia". 7is a encru@il4ada em ue oram desmo(ili@ados e Ao$ados para ora da ListGria os a(olicionistas mais aan/ados e radicais como Raul #ompéia %18J*1895', marcado por Flau(ert e pelos =oncourt, para uem "todas as iolncias em prol da li(erdade iolentamente aca(run4ada deem ser saudadas como inditas santas". 7 mais ") maior triste@a dos a(olicionistas é ue estas iolncias n0o seAam reYentes e a conla$ra/0o n0o seAa $eral"... ) lin4a itoriosa, mais moderada, representada por Ooauim -a(uco %18<9*191', marcado por Renan e Haine na mocidade, a@ia notar ue a propa$anda a(olicionista n0o deia se diri$ir aos escraos ") propa$anda a(olicionista n0o se diri$e, com eeito, aos escraos. 6eria uma coardia inepta e criminosa, e, além disso, um suic;dio pol;tico para o partido a(olicionista, incitar ! insurrei/0o ou ao crime 4omens sem deesa e ue a lei de inc4 ou a Austi/a p2(lica imediatamente 4aeria de esma$ar... 6uic;dio pol;tico porue a na/0o inteira I endo uma classe, e essa a mais inluente e poderosa do 7stado, e+posta ! in$an/a (ár(ara e sela$em de uma popula/0o mantida até 4oAe ao n;el dos animais... I pensaria ue a necessidade ur$ente era salar a sociedade a todo custo por um e+emplo tremendo e este seria o sinal da morte do )(olicionismo". ) considerar, inalmente, ue na década em ue nasce a Rep2(lica (rasileira, os inestimentos europeus na )mérica atina alcan/aram seu ápice. C moimento imi$ratGrio no Brasil e na )r$entina re$istrou cerca de & mil pessoas por ano, li$ando*se ! ur(ani@a/0o, ! amplia/0o da rede erroiária, etc. -0o se pode di@er, portanto, ue seAa ela, a Rep2(lica, il4a da =rande Depress0o...
Matri#es ideológicas ) Rep2(lica nasceu so( a é$ide do #ositiismo. Mas, como precisa Faoro, "isto uer di@er ue ela nada tem com o do$ma meta;sico da so(erania popular como di@ia omte, pai espiritual de muitos I na primeira 4ora os mais inluentes I repu(licanos. C surá$io uniersal, em conseYncia, era uma doença social, em(ora de recon4ecida utilidade proisGria, apesar de seus male;cios conta$iosos. Hale@ esteAa nessa paternidade, ue se imp>s nas escolas militares, o descrédito de tudo o ue em do poo, ue tem c4eiro de poo, triste@a de poo" %F)CRC, 1989, p.<5'.
) desnecessidade do oto, utilidade do ato c;ico, marcaa a Rep2(lica erticalista autoritária, atrasada. C maimalista ima Barreto, uma das conscincias*limite do per;odo notaa em contrapartida "essa atonia da nossa popula/0o, essa espécie de desNnimo doentio, de indieren/a niranesca por tudo e todas as coisas, cercam de uma cali$em de triste@a desesperada a nossa ro/a e tira*l4e o encanto, a poesia e o i/o sedutor de plena nature@a. #arece ue nem um dos $randes pa;ses oprimidos, a #ol>nia, a rlanda, a ;ndia apresentará o aspecto cataléptico do nosso interior. Hudo a; dorme, coc4ila, parece morto? naueles 4á reolta, 4á u$a para o son4o? no nosso...C4Z...dorme* se..." %B)RR7HC, 19K5'.
) Rep2(lica de 89 tra@ a marca autoritária de nascen/a estampada em sua isionomia. 7m erdade, a aparente am(i$Yidade ideolG$ica do i(eralismo remonta ao nascimento da -a/0o, uando o li(eral LipGlito Oosé da osta prop>s ue as reormas ossem eitas pelo $oerno I "o $oerno as dee a@er enuanto é tempo, para ue se eite serem eitas pelo poo" %6CBR-LC, 19KK' -0o oi na conincia dos li(erais com a escraid0o, como (em analisou Faoro, ue residiu sua
am(i$Yidade, mas na nase ue seus a$entes deram ao sistema constitucional Cu seAa, no 7stado e n0o no indi;duo. Demais, n0o era no modelo da Reolu/0o Francesa, nem nos da 7span4ola e da #ortu$uesa ue se inspiraram nossos constitucionalistas monaruistas, mas sim no onstitucionalismo da restaura/0o de u;s XE. Da; o prest;$io das idéias de BenAamin onstant ao lon$o do século? e+cluindo a amea/a democrática, apa$a*se Montesuieu e Rousseau de nosso panorama pol;tico institucional e se inenta um uarto poder I o #oder Moderador, o da arta de 18&<. C modelo soi$disant li(eral, desmo(ili@ador, na erdade é *onstitutionalista a(solutista*reormista e em seu nome se desclassiicam os li(erais radicais a passa$em está a(erta ao pensamento da ontra*reolu/0o I asse$urando a dius0o das o(ras de Oosep4 de Maistre e De Bonald em particular<. 7ssa a corrente (anida, o "elo perdido" indicado por Faoro I e ue poderia ter reelado, se n0o desualiicada, uma classe %responsáel tale@ pela emancipa/0o da ind2stria nacional'. lasse ue dissiparia a " néoa estamental" ue torna di;cil até 4oAe a compreens0o da ida pol;tico*ideolG$ica do Brasil. C i(eralismo restaurador, ao mascarar o )(solutismo do Bra$an/a e ao apresentar o onstitucionalismo como sin>nimo do i(eralismo, desmo(ili@ou os li(erais "Cs li(erais do ciclo emancipador oram (anidos da 4istGria das li(erdades". om eeito, durante todo o per;odo, o poder central aprimorou seus mecanismos de domina/0o, desualiicando iniciatias reormistas ue ampliariam a participa/0o popular, temendo o reormismo ue articularia uma sociedade civil nestes trGpicos. Mudaa*se assim a legitimidade da representação- temia*se so(retudo as elei/3es diretas so( ale$a/0o de " alta de suiciente educa/0o popular". -esse sentido, tomam*se os consel4os de D. #edro ! Re$ente D. sa(el, Aá em 18KJ "nstam al$uns pelas diretas, com maior ou menor ranue@a? porém nada 4á de mais $rae do ue uma reorma constitucional, sem a ual n0o se poderá a@er essa mudan/a do sistema das elei/3es, em(ora conserem os eleitores indiretos a par dos diretos. -ada 4á contudo de imutáel entre os 4omens, e a constitui/0o preiu sa(iamente a possi(ilidade da reorma de al$umas de suas disposi/3es. )lém disto, se (astante educação popular n0o 4aerá elei/3es como todos, e so(retudo o imperador, primeiro representante da na/0o, e, por isso, primeiro interessado em ue ela seAa le$itimamente representada, deemos uerer e não convém arriscar uma reforma, para assim dizer definitiva, como a das eleiç&es diretas, ! inluncia t0o deletéria da alta de suiciente educa/0o popular".
7sse o missing lin. da ListGria do Brasil? nas conclus3es de Faoro "C socialismo, numa ase mais recente, partiria de um patamar democrático, de (ase li(erai, como alor permanente e n0o meramente instrumental. C uadro seria, em outra paisa$em, o de n;el europeu, sem ue uma reiindica/0o, por m;nima ue seAa, a(ale toda a estrutura de poder ..." %F)CRC, 198K, p.55'. Mas o desenlace do processo oi ulminante ao enrentar a =uerra do #ara$uai, o império liberal se e+auriu. C $a(inete li(eral I rompido com o marec4al a+ias I cai, distancia*se da oroa e cede passo ao onseradorismo. Cs li(erais tentam limitar o poder imperial mas ultrapassam seu o(Aetio, criticando o re$ime. a+ias, por seu lado, (ra/o armado da oroa, representa uma $era/0o militar no ocaso. ) $era/0o militar mais noa encontrará na ideolo$ia positivista a alaanca
para a cr;tica ao modelo de e+clus0o pol;tica adotada pela orte, undamentado na orma/0o da Aurisprudncia estamental e n0o nas noas cincias e+atas e sociais. #ermanece a is0o autoritária, mas Aá a$ora progressista %"Crdem e #ro$resso", o lema positiista' e 4umanitarista, deensora da a(oli/0o da escraatura. -esse republicanismo militar, encontram*se atores Aoens e distanciados da classe pol;tica imperial, aliás pouco renoada. Mas o 7+ército associou*se !s elites pol;ticas das oli$aruias dos centros caeeiros, ue se (eneiciaram da mudan/a institucional I enim, uma rep/blica forte que consolida na região a ordem neocolonial 0 terminolo$ia de H2lio Lalperin Don$4i. Rep2(lica democrática no nome, porém aristocrática de facto C implacáel sistema adotado se (aseará até 19 no #artido Repu(licano. -o campo, os coronéis1 nas cidades, as oli$aruias controlando as elei/3es. -o meio do percurso, as $rees operárias %de 191K, em particular', a 6emana de )rte Moderna e a unda/0o do # %19&&', o leante dos "tenentes" em 19&<, (uscando amplia/0o do re$ime, da idéia de -a/0o e de cultura. ) reolu/0o li(eral de 19, contra as el4as oli$aruias pol;ticas, encerra o per;odo.
! Rep"blica em busca de uma $cultura$ -o primeiro momento de sua 4istGria, marcado pelo repu(licanismo oli$áruico, a "-a/0o" se de(ate em (usca da modernidade. ) 6emana de )rte Moderna de 19&& sinali@ará, no limite, a tentatia de ruptura com o Brasil parnasiano "Vueremos lu@, ar, entiladores, aeroplanos, reiindica/3es o(reiras, idealismos, motores, c4aminés de á(ricas, san$ue, elocidade, son4o, na nossa )rte". #ara "uma arte $enuinamente (rasileira"... %Mário de )ndrade'. C per;odo se deine pela 4e$emonia dos proprietários rurais, so(retudo os de 60o #aulo e Minas =erais. De modo $eral, a intelligentsia progressista, (rasileira, esor/ando*se para entrar no compasso dos pa;ses centrais, dei+ara*se penetrar I so(retudo nos anos ue medeiam o Maniesto Repu(licano de 18K1 ! promul$a/0o da onstitui/0o de 1891 I pelas ormula/3es do #ositiismo e do 7olucionismo. omte, Haine, Dar:in, LaecQel e 6pencer impre$nam os estudos de ideGlo$os como Ho(ias Barreto, 6ilio Romero, apistrano de )(reu, 7uclides da un4a, =ra/a )ran4a. ontra essa 4e$emonia oli$áruica, noos estratos médios e proletari@ados, impulsionados pela ur(ani@a/0o, imi$ra/0o e industriali@a/0o, op3em suas is3es de mundo, indicando a dissocia/0o entre o Brasil real e o Brasil oicial. Hal ruptura Aá ora, aliás, islum(rada por Mac4ado de )ssis %189*198' em 18J1 "C pa;s real, esse é (om, reela os mel4ores instintos? mas o pa;s oicial, esse é caricato e (urlesco. ) sátira de 6:i nas suas en$en4osas ia$ens ca(e*nos pereitamente". 6ilio Romero %1851*191<' %apud BC6, 1981, p. 18<', comentando o a(alo mental ue se ieu no Brasil no 2ltimo per;odo da monaruia, com a =uerra do #ara$uai,
a cr;tica ao catolicismo, ! institui/0o seril, ao monaruismo, ao romantismo, ao ecletismo, ao centralismo e ao atraso 2orroroso, anotou "#ositiismo, eolucionismo, dar:inismo, cr;tica reli$iosa, naturalismo, cientiicismo na poesia e no romance, olclore, noos processos de cr;tica e de 4istGria literária, transorma/0o da institui/0o do Direito e da pol;tica, tudo ent0o se a$itou e o (rado de alarma partiu da 7scola de Recie". C romantismo cede ! or/a da o(Aetiidade realista I inspirada em Flau(ert, Maupassant, Wola, )natole, enuanto uma noa concep/0o de ListGria unda*se em omte, Haine e Renán. )s ontes da ertente do -aturalismo, da ual o autor de " C orti/o", )lu;@io de )@eedo %185K*191', é o representante má+imo, encontram* se em 7mile Wola e 7/a de VueirGs. Mais ue as idéias, entretanto, os conlitos sociais dilaceram a #rimeira Rep2(lica, com a crescente presen/a ordenadora do 7+ército. -ote*se ue se trataa de um e+ército sem compromissos com a propriedade territorial, da ual n0o sa;am seus uadros. Oá aastado da monaruia %o lu(e Militar ora undado em 188K', a(ri$aa uma tropa cuAa dire/0o se ne$ara a cumprir o papel de capit0es*do*mato I como adertira -a(uco I na repress0o ! re(eli0o das sen@alas. C pa;s I a Rep2(lica inconstitu;da I nascia pois malormado, com uma ta+a de K9[ de anala(etos. 7 a Aoem Rep2(lica manteria o anala(eto na mesma situa/0o, $arantindo as itGrias das oli$aruias pela restri/0o constitucional ao direito ao oto n0o por acaso, a onstitui/0o de 1891 n0o incluiu nos direitos o da instru/0o primária $ratuita... -0o se trata pois de simples retGrica o céle(re comentário de )ristides o(o, so(re a proclama/0o de 15 de noem(ro %"C poo assistiu auilo (estiali@ado, at>nito, sem con4ecer o ue si$niicaa"'. C 7+ército se articulara contra a desa$re$a/0o anáruica do pa;s, opondo*se !s oli$aruias estaduais e ao coronelismo no campo, mas se reelara sintoni@ado com a inuieta/0o das camadas médias ur(anas I o Aaco(inismo e, mais tarde, o tenentismo e+pressariam essa tendncia. Hal desa$re$a/0o se maniesta na Reolta Federalista %189&*95', a Reolta da )rmada, u@ilamentos e de$olas no #araná e em 6anta atarina, em anudos %189*189K', nas su(iea/3es de Mato =rosso %189&*19J', na reolta contra a acina o(ri$atGria %19<' no Rio de Oaneiro e na Ba4ia, com deporta/3es para o )cre, nas interen/3es ederais no Rio de Oaneiro, #ernam(uco e Ba4ia %191* 191&', na Reolta dos Marin4eiros %191', no ontestado %191&*1915', nas lutas sertaneAas no eará %191' e em todo o -ordeste. ")s a$ita/3es s0o uase permanentes no sert0o (rasileiro", anota Oosé Lonorio Rodri$ues. ) questão nacional sur$iu assim so( árias ormas no caso do ontestado, Rui Bar(osa indicaa a " $ermani@a/0o e desnacionali@a/0o" de parte do territGrio nacional. omo ! época escreeu o capit0o de 7+ército, Matos osta, ainal trataa* se "apenas de uma insurrei/0o de sertaneAos espoliados nas suas terras, nos seus direitos e na sua se$uran/a" %RCDR=76, 19J5, p.K8'. Cu como se col4e no relato de um Aa$un/o "-Gis n0o tem direito de terra, tudo é para as $entes da Cropa" %id. i(id.'. -otáel é pois o desencontro entre as importa/3es de idéias e o império da realidade. -a o(ra má+ima desse per;odo, "Cs 6ert3es" %19&', de 7uclides da un4a, so(re a reolta de anudos %"a nossa Eendéia"', sua inspira/0o
eolucionista n0o o impede de alar dos "esti$mas de uma ra/a inerior" %") mesti/a$em e+tremada é um retrocesso"'. Mas depois de discutir teoricamente o espin4oso pro(lema da misci$ena/0o, sua descri/0o da luta e a resistncia dos Aa$un/os, ue em seus 5 mil case(res n0o se renderam, demolem a suposta incapacidade dos mesti/os "C sertaneAo é, antes de tudo, um orte." Destru;a*se o mito imperial do 4erGi da ra/a (ranca, cultiado no nstituto ListGrico e =eo$ráico do mpério? dos anos & aos anos , a(riam*se as portas para o redesco(rimento do Brasil, com Mário de )ndrade, =il(erto Freyre, aio #rado Or., 6ér$io Buarue de Lolanda, 6ér$io Milliet, Ro(erto 6imonsen I entre tantos outros. C sistema cultural da 'ep/blica assim se plasmou e se enriAeceu até 19&&, tournant dessa 4istGria. Ccorreram, por certo, rea/3es ! força armada, como a campan4a de Rui Bar(osa %199*191'? mas ela permaneceria $uardi0 dos interesses nacionais, " discretamente nacionalista, so(retudo moderni@adora. Moderni@adora, n0o no sentido do el4o estamento portu$ués*colonial e imperial, mas com o acento na independncia real do pa;s I com e+press0o ualitatiamente diersa no seu conte2do, ue (em se aAusta ao autonomismo cultural ue se irradia no pa;s a partir de 19&&" %F)CRC, 19K5,p.551'. #adas as disparidades socioculturais %anudos, $rees no 6ul, etc.', a idéia de !ação se reforça Mais a despeito de, ue por causa de 6e, no -ordeste, re$ride*
se para solu/3es arcaicas, no estado de 60o #aulo uma noa classe operária se de(ate na nascente sociedade industrial. -o campo militar, as insurrei/3es de 19&&, de 19&< e a oluna #restes de 19&5 es(o/am a traAetGria do reormismo ue desem(oca na c4amada Reolu/0o de 19. omo analisou )lredo Bosi, oi num n;el sociocultural (em determinado de 60o #aulo e do Rio ue os contatos com a 7uropa dinami@ariam as posi/3es tomadas, dando*l4es ei/0o peculiar. -esses centros, l*se os uturistas italianos, os dada;stas e os surrealistas ranceses, oue*se De(ussy e Mil4aud, assiste*se a #irandello no teatro e a 4aplin no cinema. #icasso, o e+pressionismo alem0o, o primitiismo da 7scola de #aris, Freud, 7instein ermentam a ima$ina/0o noa I além dos impactos 4istGricos ue tieram no Brasil a #rimeira =uerra Mundial, a Reolu/0o Russa, a escalada do ascismo italiano. -a fase 2eróica, do Modernismo %19&&*19', locali@a*se a tens0o ue iria marcar a rele+0o, a 4istGria e a cr;tica da cultura no Brasil nas décadas posteriores "-essa ase tentou*se, com mais ;mpeto ue coerncia, uma s;ntese de correntes opostas a centrípeta, de olta ao Brasil real, ue in4a do 7uclides sertaneAo, do o(ato rural e do ima Barreto ur(ano? e a centrífuga, o el4o transoceanismo, ue continuaa selando a nossa condi/0o de pa;s periérico a alori@ar atalmente tudo o ue c4e$aa da 7uropa" %BC6, 1981, p. <<'.
Mas, a essa altura, a identidade da -a/0o Aá come/a a ser precisada, ampliando*se a conscincia do 4iato entre a realidade concreta do pa;s e a precariedade da resposta pol;tica e intelectual dos setores da an$uarda pensante. Cu seAa, entre o nacionalismo e o uniersalismo. omo sinteti@a Bosi, "entre a sedu/0o da cultura ocidental e as e+i$ncias de seu poo, m2ltiplo nas ra;@es 4istGricas e na dispers0o $eo$ráica" %id. i(id., p. <5'. Hal conscincia diidida caracteri@a o citado impacto de &&, com a 6emana, com os "tenentes", com a cria/0o do #. Mas, no momento se$uinte, um conAunto de produ/3es maduras deinirá os rumos da ultura Brasileira, ainda não formulada em sistema, na seYncia das o(ras de Mário de )ndrade, =il(erto Freyre, aio #rado Or. e 6ér$io Buarue de Lolanda I enim, a (usca de um povo étnica, pol;tica e mentalmente caracteri@ado para compor uma -a/0o. -essa transi/0o de uma época a outra I separadas pela crise de 19&9 I um documento indica o osso ue se a(rira entre dois uadros mentais a carta de #aulo da 6ila #rado %18J9*19<' a seu il4o #aulo aio, este residindo nos 7stados nidos. C paulista, autor do clássico "Retrato do Brasil" %19&8', escreia
"Eoc pertence ao $rupo Brasil primeiro pa;s do mundo. Bloco $oernamental ue ai leando o Brasil ! ru;na e ao esacelamento, d(un coeur léger %...' Eoc está em(ria$ado por certos aspectos da ida americana. Lá muito mais coisas no mundo ue Pall 6treet, Fordismo, e din4eiro. eia, de e@ em uando, a !ation, e os arti$os do MencQen, e a sua 3mericana Lá tam(ém pessimistas nos 7stados nidos" %#R)DC, 19K&'. 7ra o adeus de uma época para outra. 7 a den2ncia de um pa;s ue teimaa em permanecer na amena conscincia de atraso nos tristes trópicos
! %ação em busca de um povo &'()+,-. 7m 19, o Brasil, com seus K,J mil43es de 4a(itantes, enrentaa a crise mundial. ) Reolu/0o, se n0o oi suicientemente lon$e para romper com as ormas de or$ani@a/0o social da Rep2(lica Eel4a, ao menos a(alou as lin4as de interpreta/0o da ida (rasileira. )s concep/3es de ListGria e de cultura da elite oli$áruica 0o ser contestadas por um conAunto de autores ue representar0o o ponto de partida para o esta(elecimento de noos parNmetros no con4ecimento do Brasil e de seu passado. 7sse momento é marcado pelo sur$imento das o(ras de aio #rado Or. %19', =il(erto Freyre %19' e 6ér$io Buarue de Lolanda %19J'. Oá Mário de )ndrade dessacrali@ara com "Macuna;ma" %19&8' toda a mitolo$ia ue se constru;ra em torno do "caráter nacional (rasileiro" I o mutante Macuna;ma é o "4erGi sem nen4um caráter", nascido na sela ama@>nica ue termina na $rande metrGpole, misto de primitivo e moderno. ma noa memGria, um outro passado se desendaa. ) o(ra ue certamente representa o in;cio do redescobrimento do Brasil é a de aio #rado Or., "7olu/0o #ol;tica no Brasil %19'", anunciando um método relativamente novo, dado pela interpreta/0o materialista. Cr$ani@a ele as inorma/3es de maneira a n0o incidir e es$otar o enoue "na super;cie dos acontecimentos I e+pedi/3es sertanistas, entradas e (andeiras? su(stitui/3es de $oernos e $oernantes? inas3es ou $uerras". #ara o autor, esses acontecimentos constituem apenas um refleo e+terior dauilo ue se passa no ;ntimo da ListGria. Redeiniu a periodi@a/0o corrente, alori@ando os moimentos sociais como a a(anada, Balaiada e nsurrei/0o #raieira e demonstrando ue "os 4erGis e os $randes eitos n0o s0o 4erGis e $randes sen0o na medida em ue acordam com os interesses das classes diri$entes em cuAo (ene;cio se a@ a ListGria oicial". ) preocupa/0o em e+plicar as rela/3es sociais a partir das (ases materiais, apontando a 4istoricidade do ato social e do ato econ>mico, colocaa em +eue a is0o mitolG$ica de Brasil ue impre$naa a e+plica/0o 4istGrica dominante. T o in;cio da cr;tica ! is0o monol;tica do conAunto social, $erada no per;odo oli$áruico da recém*derru(ada Rep2(lica Eel4a com as interpreta/3es de aio #rado Or., as classes emer$em pela primeira e@ nos 4ori@ontes de e+plica/0o da realidade social I enuanto cate$oria anal;tica. Mais diul$ada e comentada, a o(ra de =il(erto Freyre, "asa =rande e 6en@ala" %19' atin$iu ampla popularidade pelo estilo corrente e anticonencional? pelas teses eiculadas so(re rela/3es raciais, se+uais e amiliares? pela a(orda$em
inspirada na antropolo$ia cultural norte*americana e pelo uso de ontes até ent0o n0o consideradas. 6e, antes, Clieira Eianna consideraa de orma ne$atia a mesti/a$em, Freyre a$ora a considera de orma positia. Demais, operando com no/3es como eu$enia, (ranuid0o, morenidade, passou a ela(orar teses so(re a adapta/0o adeuada de "nossa" cultura aos trGpicos, o Brasil representando um pa;s com poucas (arreiras ! ascens0o de indi;duos pertencentes a classes ou $rupos ineriores. -esse sentido, ele é o $rande ideGlo$o da ultura Brasileira. 6ua o(ra representou, nada o(stante, uma ruptura com a a(orda$em cronolG$ica clássica, com as concep/3es imo(ilistas da ida social do passado e do presente. ) o(ra de Freyre tee o peso de uma den2ncia do atraso intelectual, teGrico e metodolG$ico ue caracteri@aa os estudos sociais e 4istGricos no Brasil. ) terceira $rande o(ra desse momento, "Ra;@es do Brasil" %19J', de 6ér$io Buarue de Lolanda, transormou*se num clássico, em(ora de menor repercuss0o na época. Hra@ia em seu (oAo a cr;tica %tale@ demasiado erudita e metaGrica para o incipiente e a(aado am(iente cultural e pol;tico da época' ao autoritarismo e !s perspectias 4ieráruicas sempre presentes nas e+plica/3es do Brasil. em(re*se, neste passo, ue o Brasil transitaa para o ec4amento da cr;tica nas estruturas do 7stado -oo %19K*19<5' e ue o de(ate intelectual estaa polari@ado por reistas de direita. )té mesmo a e+trema*direita inte$ralista Aá se impun4a no de(ate, proocando desalento nos uadros do li(eralismo oli$áruico. "Ra;@es do Brasil" , cuAo si$niicado oi estudado (ril4antemente por )ntonio andido no preácio ! edi/0o de 19JK, orneceu aos Aoens "indica/3es importantes para compreenderem o sentido de certas posi/3es pol;ticas dauele momento, dominado pela descren/a no li(eralismo tradicional e a (usca de solu/3es noas". ) inspira/0o teGrica culturalista alem0 era temperada pelos aan/os da metodolo$ia rancesa no plano da ListGria 6ocial. m dos maiores estilistas (rasileiros, 6ér$io Buarue, se nota(ili@aa pelo "ritmo despreocupado e !s e@es sutilmente di$ressio" ue, ainda na Austa aalia/0o de ). Nndido, representou "um erdadeiro corretio ! a(undNncia nacional", cuAa retGrica (ac4arelesca marcaa a produ/0o pol;tica, literária e interpretatia da época. ) crise da ordem oli$áruica, com a Reolu/0o de 19, proocou a ela(ora/0o do conAunto de rele+3es ue atin$iria seus pontos mais altos nas o(ras de Freyre e Buarue de Lolanda. -oas ormas de percep/0o e aAustamento ! ordem i$ente oram ela(oradas I e n0o será di;cil encontrar o saudosismo aristocrático perpassando as rele+3es de am(os. -0o parece o caso de aio #rado Or., ue ultrapassou o momento. C momento era o da desco(erta lampedusiana das oli$aruias, em sua ida social, pol;tica, psicolG$ica, ;ntima. ) mesti/a$em passaa a ser alori@ada, numa erudita procura de coner$ncia racial cordial. 7m contraposi/0o, o liro de aio #rado Or. I ue se aproundaria com "Forma/0o do Brasil ontemporNneo" %19<&', o(ra de maioridade dos estudos 4istGricos entre nGs I procuraa desendar as (ases materiais e sociais da coloni@a/0o, com istas ! aali@a/0o de suas persistências na ida (rasileira. onsolidaa*se a ideologia da ultura Brasileira, mas tam(ém se deinia sua crítica
Conclusão/ da Cultura 0rasileira 1 moderna cultura republicana Muito tempo deerá ainda transcorrer para ue se sedimente um uadro compreens;el das transorma/3es ideolG$ico*culturais ocorridas no Brasil repu(licano. ) passa$em do sistema cultural do 6e$undo mpério escraista %18<* 1889' ao da #rimeira Rep2(lica positiista e oli$áruica %1889*19', o criticismo das noas interpreta/3es do Brasil apGs a Reolu/0o de 19 %Freyre, #rado, Buarue', o 7stadonoismo criando a ultura Brasileira, a emer$ncia de um pensamento radical de classe média no (oAo da 6e$unda =uerra Mundial, a interpreta/0o dualista %am(ert, 7# )' e a luta contra o su(desenolimento nos anos 5 e J, a cr;tica ao 7stado patrimonialista e ao capitalismo dependente %Faoro, Florestan', a monta$em do modelo autocrático*(ur$us com seus mecanismos de e+clus0o pol;tica e cultural, a lenta desmonta$em desse modelo e o sur$imento de proAetos culturais indicando a emer$encia de urna nova sociedade ciil nos anos 8, tudo su$ere um percurso comple+o, n0o*isento de contradi/3es, recuos e aan/os. #ercurso em ue as no/3es de -a/0o, poo, cidadania, cultura soreram árias metamoroses, desde o momento de unda/0o, em 1889, de um modelo oli$áruico de Rep2(lica. -o arco do tempo, se nos anos e < ideGlo$os como Freyre e )@eedo lo$raram ormular para o sistema ideolG$ico da Rep2(lica uma no/0o de ultura Brasileira, Aá no 2ltimo per;odo %19K5*1989' tal idéia de rai@ estamental em sendo demolida, com a emer$ncia da nova sociedade civil )inal, esse conceito %de ultura Brasileira', o ue a(arca e nielaU )o lon$o do per;odo, a cultura republicana,, (aseada na idéia de cidadania plena, mostrou*se assim precária em ista das ormas renoadas de coronelismo, de patrona$em, do aor e do priilé$io I cultura sempre desmo(ili@ada pelo contuma@ patrimonialismo de rai@ i(érica e pela el4a metodolo$ia da oncilia/0o, remanescente do Brasil oli$áruico. -essa perspectia, a no/0o de ultura Brasileira sur$e como uma a(rica/0o 4istGrica dos ideGlo$os ue, so(retudo ! época do 7stado -oo, orAaram um conceito*c4ae suicientemente amplo, plástico e soisticado para denominar o todo sociocultural e incluir o Brasil no concerto da sociedade dos 7stados*-a/0o, conerindo*l4e identidade $eopol;tica. -0o por acaso nesse momento o 7stado assumiu a deini/0o do "patrim>nio 4istGrico, art;stico e cultural" do pa;s %com Rodri$o de Mello Franco, Mário de )ndrade, Buarue de Lolanda, Oosé Lonorio Rodri$ues, Freyre'? da compendia/0o da ultura Brasileira %F. )@eedo' por meio do B=7 %nstituto Brasileiro de =eo$raia e 7stat;stica'? da comunica/0o social %") o@ do Brasil"', musical inclusie %L. Eilla*o(os' e da deini/0o $eopol;tica. -o campo militar, ressalta a inluncia da obra liberal de Freyre5 , aplicada porém so(re uma sGlida estrutura de orma/0o positiista o principal atlas 4istGrico e $eo$ráico (rasileiro oi ela(orado nesses anos por Del$ado de aral4o, positiista a uem o $eneral =ol(ery do outo e 6ila I o ideGlo$o estrate$ista do Brasil* #otncia %anos 5 a K' I dedicaria seu liro "=eopol;tica do Brasil." Ham(ém o $eneral indi$enista Nndido RondGn I um dos inspiradores aliás de Darcy Ri(eiro I marcou*se pela ideolo$ia positiista, nessa a(rica/0o de -a/0o. *ultura republicana, nesta perspectia, em sentido moderno, sG come/a a se deinir
mais precisamente nos dois 2ltimos lustros. ) partir da cr;tica ao patrimonialismo, da den2ncia e lenta desestrutura/0o do modelo autocrático*(ur$us, da cr;tica ao
populismo e ! ideolo$ia da oncilia/0o maneAada pelas elites. om o sur$imento, enim, de uma nova sociedade civil 7m conclus0o, as discuss3es so(re a moderna cultura republicana, (aseada na idéia de cidadania plena I e em institui/3es democráticas ue a asse$urem I sG recentemente come/aram a alcan/ar resultados palpáeis %na onstituinte, nos moimentos de (ase, na cria/0o de noos partidos, etc.'. Hal conceito mo(ili@ador emer$e das cin@as da ideolo$ia da ultura Brasileira I desmo(ili@adora, com seu corteAo de valores brasileiros %"democracia racial", "4omem cordial", ideolo$ia do aor, etc.'. Hrata*se, é claro, de transi/0o comple+a apGs a demoli/0o da sociedade de estamentos e castas, procura*se implantar a moderna sociedade de classes, ou de contrato ) (usca do nacional e popular, deerá suceder a$ora o encontro do internacional e popular
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arlos =uil4erme Mota, proessor de ListGria ontemporNnea da 6# e mem(ro do onsel4o Diretor do 7). ) no/0o de ultura Brasileira sur$iu assim 4istoricamente no discurso ideolG$ico de se$mentos altamente eliti@ados da popula/0o, para dissoler as contradi/3es reais da sociedade. ^ onerncia proerida no olGuio "em anos de Rep2(lica no Brasil idéias e e+perincias", reali@ado em Aaneiro de 199 na niersit_ de #aris E I 6or(onne, coordenado pelos pros. `atia M. de VueirGs Mattoso e Francois rou@et. %1' 6o(re a maturidade e crise da ordem neocolonial c. Don$4i, H. L. "ListGria contemporNnea da )mérica atina", cap;tulos 5 e J. Eer MCH) - )-H-76, 198J. %&' . neste passo o estudo notáel de Lo(s(a:m, 7. O. "H4e )$e o 7mpire" , -e: ]orQ, #ant4eon BooQs, p. &&. %' itado por Faoro, R. "7+iste um pensamento pol;tico (rasileiroU" 7studos )an/ados. niersidade de 60o #aulo, outSde@, 1%1' 5,198K. %<' C desli@amento ideolG$ico para a direita é notáel em 1855, o $eneral das massas, )(reu e ima, pu(licou "C 6ocialismo". com uma apolo$ia das %...' "idéias de 6ié$_s". %5' -0o sG "asa =rande e 6en@ala" mas tam(ém suas conerncias, como a citada "-a/0o e 7+ército" . -ote*se ue Fernand Braudel I ue tam(ém a@ia conerncias para o 7stado*Maior * e+altou essa interpreta/0o.