0 Exame da Crítica da Razão Prática Mário Ferreira dos Santos
O tema fundamental desta obra famosa de Kant é a da liberdade, dedicando-se ao esforço de evitar a antinomia que oferece esse conceito, quando examinado pela razão pura. Resolvido esse problema, facilmente serão todos os outros que examinou em suas obras anteriores. Escreve Kant que o conceito de liberdade nos é asse!urado por uma lei apod"tica #necess$ria% da razão pr$tica, forma a clé de voute& de todo edif"cio do sistema da 'Razão (ura, e todos os outros conceitos #os de )eus e da imortalidade%, imortalidade%, que, enquanto puras idéias, são seu apoio na razão especulativa, li!am-se a esse es se conceito e recebem r ecebem com ele e por ele a consist*ncia e a realidade ob+etiva que le faltam(ref$cio%. omo é sempre o conecimento da Razão (ura que serve de princ"pio ao uso pr$tico, a divisão !eral da r"tica da d a Razão (r$tica dever$ estar de acordo com a da r"tica da Razão Especulativa&. /ão as se!uintes' 0% 1 anal"tica, anal"tica, que que estuda os princ"pios princ"pios da Razão ou a idéia do do 2em3 4% 1 )ialética )ialética que que trata do do conceito conceito do 2em 2em elevado elevado ao absoluto3 absoluto3 5% 1 6et 6etodol odolo! o!iia, cu+ cu+o ob+ ob+eto eto é pesq pesqui uisa sarr o con+ con+un unto to do doss meios eios a sere serem m empre!ados para abrir 7s leis da Razão pura pr$tica um acesso 7 alma umana&. 8 na 1nal"tica que Kant concluir$ da ob+etividade do 2em 7 realidade ob+etiva do livre-arb"tri livre-arb"trio. o. 9a )ialética concluir$, concluir$, partindo partindo do conceito conceito ob+etivo ob+etivo do /oberano 2em a exist*ncia de )eus e a imortalidade da alma. Analítica da Razão Prática1
:r*s são os pontos de estudo desta parte da obras' 0% Os prin princ" c"pi pios os33 4% O ob ob+eto3 5% Os m;v m;vei eiss da Razã Razãoo pr$ti pr$tica. ca. ndica essa re!ra que é ela necess$ria para atin!ir um fim, cu+o fim posso 0
O 1utor não corri!iu esta parte.
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não quer* quer*-l -lo. o. Est$ Est$,, port portan anto to,, essa essa re!ra re!ra subo subordi rdinad nadaa a uma uma condi condiçã ção. o. 8, pois, pois, um imperativo condicional ou ipotético. ontudo, a re!ra de nunca mentir é uma condição necess$ria para atin!ir um fim. Ela me é impo impost staa em qual qualqu quer er caso, caso, é uma uma ordem ordem inco incond ndic icio ional nal,, um princ princ"p "pio, io, po porqu rquee universal, é um imperativo cate!;rico. 1 lei moral não pode ser determinada a priori senão pela sua forma #a obri!ação e a universalidade% e não por sua matéria #o 2em%. Esta doutrina de Kant merecer$ nossa cr"tica oportunamente. O que d$ a exist*ncia 7 lei moral é o seu car$ter racional. E essa exist*ncia é independente de todo ob+eto exterior. 1 ob+etividade da lei moral não se funda nos ob+etos da experi*ncia e não precisa ser deduzida como os conceitos da razão especulativa que necessi necessitam tam fundar fundar-se -se nos ob+eto ob+etoss da experi* experi*nci ncia. a. 1s minas minas aç?es aç?es racionai racionaiss em seu princ"pio t*m por matéria os fen@menos, por isso a lei moral pode referir-se r eferir-se ao mundo dos d os fen@menos. (odemos (odemos,, por isso, aplica aplicarr aos nossos atos as cate!or cate!orias, ias, com aux aux"li "lioo das quais conecemos os ob+etos sens"veis. :emos assim a diferenciação que se d$ entre nossos atos se!undo a quantidade, e serão m$ximas particulares ou princ"pios universais. /ob a relação da qualidade diferem no ordenar a ação ou a emissão ou a exceção. (odem ser relativas relativas a uma pessoa ou a uma relação relação rec"proca entre diversas pessoas. E se!undo se!undo a modali modalidade dade podem nos impuls impulsion ionar ar a coisas coisas l"cit l"citas as ou il"cit il"citas, as, a cumpri cumprir r deveres perfeitos ou imperfeitos. 8 um !rave problema a aplicação da lei moral, que é um fato de razão, um nAmeno, aos atos que são fen@menos. 1 ação de uma causa que atua num mundo inteli!"vel, num mundo transcendental, exercer ação sobre o mundo das coisas re!uladas se!undo o tempo e o espaço é um problema que se afi!ura porque nos levaria a per!untar se $ um tipo moral dos fen@menos. Kant responde pela afirmativa' a compreensão de um mundo que um omem raciocinante possa querer fazer parte dele, pois não !ostaria B responde B de fazer parte de um mundo em que reinasse a mentira e em que os omens s; procurassem satisfazer satisfazer seus interesses interesses pessoais. :al :al mundo é contr$rio ao tipo moral da natureza. natureza. )a" a forma Cantiana que pode servir de critério para +ul!ar cada um de nossos atos' 1tua de tal
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não quer* quer*-l -lo. o. Est$ Est$,, port portan anto to,, essa essa re!ra re!ra subo subordi rdinad nadaa a uma uma condi condiçã ção. o. 8, pois, pois, um imperativo condicional ou ipotético. ontudo, a re!ra de nunca mentir é uma condição necess$ria para atin!ir um fim. Ela me é impo impost staa em qual qualqu quer er caso, caso, é uma uma ordem ordem inco incond ndic icio ional nal,, um princ princ"p "pio, io, po porqu rquee universal, é um imperativo cate!;rico. 1 lei moral não pode ser determinada a priori senão pela sua forma #a obri!ação e a universalidade% e não por sua matéria #o 2em%. Esta doutrina de Kant merecer$ nossa cr"tica oportunamente. O que d$ a exist*ncia 7 lei moral é o seu car$ter racional. E essa exist*ncia é independente de todo ob+eto exterior. 1 ob+etividade da lei moral não se funda nos ob+etos da experi*ncia e não precisa ser deduzida como os conceitos da razão especulativa que necessi necessitam tam fundar fundar-se -se nos ob+eto ob+etoss da experi* experi*nci ncia. a. 1s minas minas aç?es aç?es racionai racionaiss em seu princ"pio t*m por matéria os fen@menos, por isso a lei moral pode referir-se r eferir-se ao mundo dos d os fen@menos. (odemos (odemos,, por isso, aplica aplicarr aos nossos atos as cate!or cate!orias, ias, com aux aux"li "lioo das quais conecemos os ob+etos sens"veis. :emos assim a diferenciação que se d$ entre nossos atos se!undo a quantidade, e serão m$ximas particulares ou princ"pios universais. /ob a relação da qualidade diferem no ordenar a ação ou a emissão ou a exceção. (odem ser relativas relativas a uma pessoa ou a uma relação relação rec"proca entre diversas pessoas. E se!undo se!undo a modali modalidade dade podem nos impuls impulsion ionar ar a coisas coisas l"cit l"citas as ou il"cit il"citas, as, a cumpri cumprir r deveres perfeitos ou imperfeitos. 8 um !rave problema a aplicação da lei moral, que é um fato de razão, um nAmeno, aos atos que são fen@menos. 1 ação de uma causa que atua num mundo inteli!"vel, num mundo transcendental, exercer ação sobre o mundo das coisas re!uladas se!undo o tempo e o espaço é um problema que se afi!ura porque nos levaria a per!untar se $ um tipo moral dos fen@menos. Kant responde pela afirmativa' a compreensão de um mundo que um omem raciocinante possa querer fazer parte dele, pois não !ostaria B responde B de fazer parte de um mundo em que reinasse a mentira e em que os omens s; procurassem satisfazer satisfazer seus interesses interesses pessoais. :al :al mundo é contr$rio ao tipo moral da natureza. natureza. )a" a forma Cantiana que pode servir de critério para +ul!ar cada um de nossos atos' 1tua de tal
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modo que possas querer fazer parte de um mundo em que cada um a!ir$ como tu& e esta re!ra funda-se na anterior 1 re!ra de nossos deve poder ser eri!ida em lei universal&. 1quela re!ra porém é superior de certo modo a esta por considerar apenas os efeitos produzidos por nossas vontades, vontades , pondo de lado o mundo. Entre os excessos do empirismo que ola apenas os efeitos de nossos atos e não as suas leis e o do misticismo, que apenas visualiza o 2em, sem considerar o mundo e os omens, essa re!ra constitui o verdadeiro meio termo entre tais extremos. 6as o valor de nossos atos depende dos m;veis que me fizeram a!ir. O car$ter essencial de toda determinação moral é que a vontade se+a determinada unicamente pela lei moral... sem o concurso de atrativos sens"veis&. /ão o amor ao pr;prio bem estar e a presunção os Anicos m;veis sens"veis que destroem o valor moral de um ato. 1 lei moral é dura em relação ao amor do bem estar e sobretudo o é contra a presunção que ela umila, sobretudo ao nos mostrar que a estima de n;s mesmos não tem nenuma razão de ser, salvo quando fundada na obedi*ncia ou na submissão aos mandamentos absolutos da razão pr$tica. )evemos cumprir a lei moral não apenas pelo prazer que nos causa o 2em, mas sobre sobretu tudo do pela pela con consc sci* i*nc ncia ia de dep depen end* d*nci nciaa 7 auto autori ridad dadee mora moral. l. Esse Esse respe respeit itoo é o reconecimento de al!uma coisa superior a n;s. 8 por não querermos pa!ar o tributo de nosso respeito aos outros omens que nos leva a critic$-los, sobretudo quando nos sentimos pequenos e imperfeitos ante a imponente ma+estade dos que nos superam. /e !ostamos de rebaix$-la até ao ponto de uma inclinação familiar, se nos esforçamos em transformar num preceito de interesse bem entendido, não é por nos livrar desse terr"vel preceito que nos lembra tão severamente nossa pr;pria indi!nidade. ontudo +unto ao respeito e a pena que nos causa a pr$tica de tais atos, $ um !ozo verdadeiro que é o da admiração, que nos eleva acima de n;s mesmos, perdendo de vista nossa fr$!il natureza. 9ão devemos substituir o dever moral pelo simples amor do 2em. :al não é verdadeira m$xima moral, a que nos convém a n;s omens. 9ão procedamos como soldados soldados que querem por or!ulo p@r-se p@r-se acima da idéia do dever e pretendam pretendam a!ir por seu pr;prio impulso sem necessidade de nenuma ordem. o rdem. /; a )eus cabe atuar, realizar o 2em por amor, porque s; ele possui a santidade. 1o omem s; pode caber a virtude. /e nos é
ordenado o amor a )eus e ao pr;ximo, pr;ximo, não se trata de um amor sens"vel, mas de um amor pr$tico. 1mar a )eus é obedec*-lo3 amar ao pr;ximo é cumprir seus deveres para com ele. (or se submeter 7 lei e por sua liberdade que o omem é uma pessoa, t"tulo sa!rado e inviol$vel como o é a lei moral da qual faz parte. )eve o omem ser considerado pelo omem omem como um fim e não como um meio. )eve respeit respeitar ar a mim mesmo mesmo como como dev devoo respeitar os outros. 9ada é mais de temer ao omem moral do que a pr$tica de um ato baixo que o umile ante si mesmo, porque não pode suportar ante seus pr;prios olos a indi!nidade de sua vida&. Dma m$xima não pode ser conecida a priori, porque s; a experi*ncia me pode mostrar sua conveni*ncia ou não. 1 Razão pura s; pode estabelecer re!ras a priori, v$lidas para todo ser raciocinante e livre. 1 vontade é uma faculdade de dese+ar, mas de um dese+ar superior, pois s; a idéia do 2em universal pode determin$-la, enquanto a faculdade de dese+ar inferior é determinada apenas pelos m;veis emp"ricos, pela idéia de felicidade. /alienta Kant seu espanto em verificar que não fizeram os fil;sofos a distinção entre esses dois modos de dese+ar, o superior e o inferior. Dm busca os prazeres intelectuais, o outro o prazer dos sentidos. 6as o prazer intelectual, por puro que se+a, é apenas um motivo emp"rico. )ar os prazeres do esp"rito por m;veis diferentes dos m;veis que v*m dos sentidos... é fazer como esses i!norantes que, tentando fazer metaf"sica, subtilizam a matéria a ponto de se empol!arem numa verti!em, e cr*em que assim constr;em a idéia de um ser espiritual e contudo extenso. /e se admite com Epicuro que a virtude s; determina a vontade pelo prazer que ela promete, não sentem o direito de acusar aqueles que tomam esse prazer como semelante aos dos sentidos&. O princ"pio da felicidade pessoal, se+a qual o for o uso que dele faça o entendimento e a razão, não poderia conter outros princ"pios de determinação para a vontade que os que são pr;prios 7 faculdade de dese+ar inferior3 por conse!uinte, ou não $ faculdade de dese+ar superior, ou a razão pura deve poder ser pr$tica por si s;, quer dizer, sem supor qualquer sentimento,... nenuma representação do a!rad$vel ou do desa!rad$vel, ela deve determinar a vontade pela Anica forma da re!ra pr$tica&. )evem os princ"pios absolutos da razão, por pertencerem 7 razão pura e não 7 experi*ncia quatro caracteres principais, que são os se!uintes'
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0% 1 universalidade, ou se+a uma validez para todos, para todas as vontades, sem oposição. Dma re!ra como busca teu interesse& seria uma m$xima não v$lida porque poderia por em risco os interesses dos outros. 9ão, porém, esta re!ras' 1tua de tal modo que a m$xima de tua vontade possa sempre ser considerada como um princ"pio de le!islação universal&. 4% 1 autonomia. 1utonomia é a capacidade de ordenar independentemente de outro, ou se+a por si mesmo. 1s leis da razão devem ser aut@nomas, independentes da natureza dos ob+etos dese+ados e da natureza dos meus dese+os. )o contr$rio, como poderia ser universalF Dma vontade que se re!ula desse modo é uma vontade livre. E como se poderia ce!ar 7 liberdade, conceb*-la, se apenas ouvesse uma lei da natureza a re!ular os nossos atosF 1 mina liberdade é provada pela razão, corroborada pela experi*ncia que teno. /e eu disser a um omem' Renuncia ao teu dese+o, ou ser$s enforcado imediatamente&, é natural que se abstena de um ato por temor da morte, pois o motivo mais forte impedir$ a ação do mais fraco. 6as se se le disser' (resta um falso testemuno ou ser$s morto imediatamente&, revela a nossa consci*ncia que qualquer omem é livre para resistir a uma tal ameaça. Essa independ*ncia dos m;veis sens"veis que se revela na nossa vontade testemuna e atesta a sua liberdade. 8 ela que constitui a sua autonomia. /e a nossa vontade se!ue a lei da natureza, se!ue uma lei que não é a sua, uma lei eteronoma. 6as se!uir a lei feita para n;s é se!uir uma lei aut@noma. Essa lei se nos liberta também nos domina, porque nos leva a dominar nossos impulsos e nossas tend*ncias. Estamos, portanto, ante ela numa relação de depend*ncia. )e nossa submissão ou de nossa revolta é que decorre o mérito ou o demérito de nossa atitude. onfundir a lei moral com o sentido moral ou se+a o prazer ou o des!osto que nos causam nossas aç?es seria esquecer essa relação de depend*ncia. O prazer da boa consci*ncia e o remorso sup?em a idéia da obri!ação moral e, consequentemente, não poderiam ser o fundamento dessa obri!ação. (ode-se concluir, dizendo que o que em definitiva distin!ue os princ"pios da razão das m$ximas do interesse e da prud*ncia é saber sempre o que se deve fazer. 6uitas coisas, s; ap;s lon!as experi*ncias, sabemos se nos são vanta+osas ou não. ontudo, pode-se sempre cumprir com o nosso dever porque basta o nosso querer para tanto. 1o contr$rio,
nem sempre podemos fazer o que a experi*ncia nos revela como a!rad$vel ou desa!rad$vel. 1lém daqueles dois caracteres' a universalidade e a autonomia pertencem ainda 7 lei moral' 5% a possibilidade de ser sempre conecida3 % a possibilidade de ser sempre praticada. :ais caracteres não são notados nas leis emp"ricas, como se verificam nas m$ximas' se!ue teus instintos f"sicos& #Epicuro%, ou se!ue teus instintos morais& #Hutceson%. ita ainda Kant outros dois princ"pios que for+am propostos, como o de Iolf Realiza em ti a perfeição&, que é uma m$xima dos est;icos e conforma-te 7 vontade de )eus& de rusius. Repele essas re!ras como princ"pios, porque a primeira tem de admitir a exist*ncia de )eus, pois, sem ele, como admitir a exist*ncia da perfeição e a se!unda por que sem saber a exist*ncia de )eus nada podemos saber quanto 7 sua vontade. Esses princ"pios são materiais e não formais, diz Kant, porque p?em a re!ra de nossas aç?es num ob+eto exterior e não na forma de nosso conceito moral, ou se+a numa idéia de uma le!islação universal e aplicada a toda vontade universal. 1 liberdade é um nAmeno que tem realidade ob+etiva. Errava Hume quando afirmava que não conec"amos nenuma causa. 1 mina liberdade é causa de meus atos. 8 da ob+etividade e da realidade, portanto, da liberdade, que decorrem outros conceitos transcendentais e a idéias da razão. 6as é mister que a+a entre esses conceitos e essas idéias uma relação necess$ria com a liberdade. (rovada a liberdade, resta determinar seu ob+eto e seus m;veis. O ob+eto do dese+o inferior é o a!rad$vel que nem sempre pode ser atin!ido3 o ob+eto do dese+o superior é o 2em que pode ser atin!ido porque reside apenas na intenção. O 2em é bom por si mesmo, é, portanto, um fim absoluto3 o a!rad$vel é bom para n;s, em relação a n;s, tem, pois, um fim relativo. 6ostra-nos Kant que em v$rias l"n!uas $ apenas uma mesma palavra para indicar essas idéias que se distin!uem, como o termo bonum, em latim. ontudo, no alemão essa dificuldade não existe, porque Juta trata-se do bem moral e Iol do bem f"sico, como 2ose do mal moral e Ie do mal f"sico.
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(oder-se-ia perfeitamente rir do est;ico que exclamava no meio dos mais vivos sofrimentos' )or, podes me tormentar, eu não afirmarei nunca que se+as um mal. Ele tina contudo razão. O que sentia era um mal f"sico #Dbel%, e seus !ritos o atestavam3 mas por que avia ele concedido que fosse um mal absoluto 2oseF om efeito, a dor não diminu"a de modo al!um o valor de sua pessoa3 ela não diminu"a nada mais que seu bem estar. Dma s; mentira que tivesse a acusar-se teria sido suficiente para abater seu or!ulo3 mas a dor não era para ele mais que uma ocasião de a fazer a parecer&. #1nal"tica, cap. >>%. /e não ouvesse no omem a distinção entre o bem f"sico e o bem moral o omem não se distin!uiria dos animais cu+o Anico fim é o a!rad$vel. O ob+eto pr;prio do omem é o 2em absoluto, o 2em moral. Kant não se satisfaz apenas em distin!uir o bem moral do bem f"sico3 procura ainda o que constitui a ess*ncia de ambos. (ara ele o 2em nada mais é que a submissão 7 obri!ação da lei moral. 9ão é por ser boa que uma coisa é obri!at;ria, mas por ser obri!at;ria é que é boa. E por que é o omem ante seus olos o fim da vida moralF (orque é ele o su+eito da lei moral e por conseqL*ncia do que é santo em si e do que apenas pode dar a al!uma coisa o car$ter de santo&. 1 moral de Kant é uma moral de liberdade, mas também de submissão e de depend*ncia. 9ão $ contudo a" contradição. (orque é a liberdade que se submete voluntariamente ao cumprimento do dever. :omada essa posição a idéia de )eus se imp?e. E é da" que Kant empreende a demonstração da exist*ncia de )eus. 1o contr$rio da r"tica da Razão (ura, os princ"pios da razão pr$tica não decorrem dos conceitos, são os conceitos que decorrem dos princ"pios, conecidos de antemão. 1ssim o conceito de bem e de mal se deduzem dos princ"pios da ação moral. Os princ"pios precedem aos conceitos. 1 estética moral s; pode sobrevir do estudo do conceito moral, por isso na 1nal"tica estuda Kant em primeiro lu!ar os princ"pios, depois o ob+eto da lei moral e, finalmente, os m;veis da vontade, subdivididos em motivos e!o"stas, sens"veis e os verdadeiramente morais. (or isso a razão pr$tica se!ue o método racional, meramente dedutivo e se!ue do mais !eral para o mais particular.
O silo!ismo da razão pr$tica parte da lei !eral, do qual o ato conforme ou não a lei é a menor. 1quele que se pode convencer da verdade das proposiç?es contidas na 1nal"tica deve amar essas comparaç?es3 pois elas fazem +ustamente esperar poder um dia aperceber a unidade da razão pura inte!ralmente #da razão te;rica e da razão pr$tica% e tudo derivar de um s; princ"pio, o que é a inevit$vel necessidade da razão umana, a qual não encontra uma inte!ral satisfação senão numa unidade perfeitamente sistem$tica de seus conecimentos&. :odo edif"cio da moral Cantiana funda-se assim na liberdade. 6as como admitir a sua possibilidadeF 9ossos atos psicol;!icos dão-se no tempo e tudo quanto se d$ no tempo é determinado por uma causa anterior, o que exclui a liberdade. 6as liberdade não é pura espontaneidade, como o +ul!ara Neibnitz. Kant procura resolver o problema de outro modo. 1 fatalidade reina no mundo dos fen@menos e re!e nossos atos como fen@menos, pois eles se realizam no tempo. 6as a mina liberdade e a mina razão atuam fora do tempo, por isso não podem ser determinada por um fen@meno. )esse modo, supondo que coneçamos todos os m;veis que podem determinar um ato, poder"amos calcular a conduta futura de um omem com certeza i!ual ao de um eclipse da lua ou do sol continuando a cam$-lo livre&. Esta doutrina é, para Kant, a Anica que pode salvar a liberdade. (ois, se a mina liberdade estivesse no tempo e se os fen@menos acontecem no tempo fossem al!uma coisa de real, todos esses fen@menos e entre eles a mina liberdade seriam determinadas pela vontade de )eus. 9este caso )eus e a liberdade seriam incompat"veis, quando, ao contr$rio, a liberdade e a lei moral sup?em )eus. 1 demonstração de tais afirmativas ele a far$ na )ialética da Razão (r$tica. Dialética da Razão Prática
:em a razão pr$tica um ideal, o soberano bem, cu+a ob+etividade pode ser demonstrada ou não. ontudo, antes de empreender a demonstração, cabe saber que se entende por soberano bem. 1 resposta de Kant é que é o acordo perfeito da virtude e da felicidade. 9ão se deve praticar o bem moral em vista da felicidade, porque então o motivo destruiria todo mérito da vontade. O que é +usto e portanto bom é que a felicidade decorre do estado moral da vontade.
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/e a virtude e a felicidade fossem id*nticas a afirmação de sua união decorreria de um +u"zo anal"tico. 1ssim, erradamente, faziam-no os est;icos e os epicAreos, que punam a virtude apenas na busca da felicidade. 1o contr$rio eles se limitam mutamente e se combatem no mesmo su+eito&. omo uma não é efeito da outra, s; podemos afirm$-la por um +u"zo sintético. 1 dificuldade de alcançar esse +u"zo decorre da antinomia em que nos encontramos3 ou a felicidade #o dese+o da felicidade% é causa da mina virtude, e então não é ela virtude, porque é interessada, ou é a virtude que é causa da felicidade. E tal não pode ser porque mina felicidade depende das leis da natureza e não das minas intenç?es. )e qualquer forma, em ambos casos, a união da virtude e da felicidade é imposs"vel de ser demonstrada. 6as essa antinomia é apenas aparente. O dese+o de felicidade não é de modo al!um causa da virtude.
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moral implica a imortalidade da alma, implica )eus, sem o qual não poderia realizar por mim mesmo o /oberano 2em que me ordenado querer realizar. Essa prova da exist*ncia de )eus, realiza simultaneamente a prova da sua perfeição. /e apenas me fundasse nas obras da natureza, ce!aria apenas a concluir que )eus é bom e poderoso, não porém que ele é a infinita perfeição. 6as considerando que ele realiza o soberano 2em, encontro na an$lise desse conceito a perfeição absoluta. E concluo mais ainda' concluo a sua (ersonalidade, porque a pessoa consiste na vontade e o soberano 2em é a lei e a vontade. )eduzo a onisci*ncia porque reparte em proporção exata a virtude nos coraç?es umanos3 deduzo a eternidade, porque Qustiça deve existir sempre. onclui Kant que por tais racioc"nios conclui não apenas que )eus existe, mas também que é capaz de realizar um conceito perfeitamente determinado desse ser perfeito&. O que fora problem$tico na r"tica da Razão (ura passa a ser demonstrado a!ora na r"tica da Razão (r$tica' a exist*ncia de )eus e a imortalidade da alma. /; os atributos morais de )eus podemos demonstrar. Os outros atributos metaf"sicos se nos escapam. 9ão é a ci*ncia, mas a fé que nos demonstra Ba em suam a exist*ncia de )eus. Metodologia da Razão Prática
2asta apenas a visão da virtude pura para impulsionar o coração umano, conclui Kant. (eda!o!icamente, aconsela que o melor meio de ensinar essas liç?es 7s crianças consiste em faze-las apreciar os fatos da ist;ria e aconsel$-las a +ul!ar os atos umanos se!undo o valor dos motivos que tinam, se interesseiros ou de fins elevados. 8 mister despertar na criança o respeito pela lei e o amor 7 lei, bem como a admiração pela lei moral, despertando nos +ovens um intenso amor. )uas coisas encem a alma de uma admiração e de um respeito sempre renascentes e que crescem 7 medida que o pensamento a eles retorne constantemente e a eles se aplica com cuidado' O céu estrelado acima de n;s e a lei moral dentro de n;s&. /e na r"tica da Razão (ura conclui Kant que é imposs"vel ao omem provar um +u"zo sintético a priori, na r"tica da Razão (r$tica conclui como le!"tima a proposição' o omem é obri!ado a obedecer a lei da razão. Estamos aqui em face de um +u"zo sintético a priori.
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1 idéia do 2em leva 7 idéia do 2elo e consequentemente 7 idéia de destinação e de finalidade, que estão compreendidas naquelas. E este é o ob+eto da sua famosa r"tica do Qu"zo, que passaremos a expor. Crítica Final
)epois da cr"tica que fez da razão pura e da impossibilidade de demonstrar ela os +u"zos sintéticos a priori que anuncia, as conclus?es a que ce!a Kant em sua r"tica da Razão (r$tica deixam perplexos o seu leitor e sobretudo aquele que estuda a sua obra. 1firma a exist*ncia do 2em e a de uma lei moral. omo conseqL*ncia conclui a exist*ncia de um le!islador aplicando, assim, simplesmente o princ"pio de causalidade, que antes ne!ara seu valor. 1 afirmação da exist*ncia da vontade de um ser perfeito é a afirmação, além da causalidade, da substSncia. 1firma a exist*ncia de seres fora do mundo sens"vel, mas de seres absolutos, cu+a absolutuidade antes ne!ara. /e o princ"pio de causalidade não é fundado por que não existir uma lei sem le!islador, uma perfeição absoluta sem o ser perfeitoF 1dmitir a necessidade da causa pela postulação do efeito é admitir o princ"pio de causalidade. Em suma, Kant termina por afirmar o valor da metaf"sica que ele avia anulado. )o cepticismo da 'r"tica da Razão (ura cai no do!matismo da r"tica da Razão (r$tica. onclui Kant que o 2em reside na conformidade de uma vontade a uma lei que ordena. 6as esse 2em é o do omem, não o que se poderia atribuir a )eus, que não pode ser obri!ado por uma lei. Análise da Crítica do Jízo
)o mundo da natureza nada conecemos senão as representaç?es eu constru"mos e que é re!ida por leis imprescrit"veis e fatais. 9ada sabemos sobre a sua ess*ncia, sobre a sua ori!em e, pelo pensamento, desconecemos seu autor, pois não sa"mos da cadeia dos fen@menos. 6as diferente é o que se d$ com o mundo da liberdade, que nos é revelado pela lei moral. E como esta nos é dado pela nossa mente, não sa"mos também dela, +$ que suas leis são as pr;prias leis da nossa razão. E por elas alcançamos a )eus, sem o qual a moral não teria sentido e seria uma impossibilidade.
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O mundo dos fen@menos é o ob+eto da razão especulativa. E esta perde seu valor ao querer afirmar a realidade do mesmo. Q$ o mundo da liberdade é o mundo da razão pr$tica cu+a realidade é revelada pelo mandamento indubit$vel da lei moral. Este é o resultado que ce!a em sua r"tica da Razão (r$tica. 6as que prop?e realizar Kant em sua r"tica do Qu"zoF H$ em n;s um +u"zo reflexivo sobre o 2elo e sobre o conceito de finalidade. Essa faculdade é intermedi$ria entre a razão especulativa e a razão pr$tica. 8 nas coisas que comp?em o ob+eto da razão especulativa, as coisas do mundo, que encontramos o 2elo que tem uma analo!ia com o 2em, participando, assim, do mundo inteli!"vel. 1 pr;pria idéia de finalidade é uma forma da noção de Ordem. O mundo sens"vel nos revela uma conveni*ncia e uma armonia #2em%. Essas tr*s faculdades são faculdades de conecer a priori, pois as outras não pertencem ao estudo das r"ticas. 1 razão pura tem a faculdade de conecer os princ"pios puros, os princ"pios a priori que entram como formas do conecimento sens"vel. O conecimento dos ob+etos sens"veis pertence 7 psicolo!ia. :ambém a faculdade de querer não é a razão pr$tica. Esta é propriamente a faculdade que concebe princ"pios a priori imprescind"veis para servirem de re!ra 7 faculdade de querer. :ambém o +u"zo não é a faculdade de perceber o belo, porque a percepção pertence 7 faculdade de sentir, mas a faculdade de conceber princ"pios a priori que constituem princ"pios racionais na percepção do 2elo, no exerc"cio dessa faculdade de sentir. 9ão se deve confundir este com a mera sensibilidade, o prazer que essa nos possa dar, mas o prazer intelectual, racional, que decorre da armonia que capta o nosso esp"rito nos ob+etos suprasens"veis, que é o sentimento do 2elo. :em por si mesmo o +u"zo princ"pios a prioriF /ão tais princ"pios constitutivos ou simplesmente re!uladoresF )$ ele a priori uma re!ra ao sentimento do prazer ou do desprazer, como um meio termo entre a faculdade de conecer e a faculdade de querer #da mesma forma que o entendimento prescreve a priori leis 7 primeira, e a razão 7 se!unda%F Eis do que se ocupa a r"tica do Qu"zo&, escreve Kant no pref$cio desta obra. )istin!ue Kant o +u"zo determinante de o +u"zo de reflexão. 1o entendimento pertencem os +u"zos determinantes, que consistem na aplicação das cate!orias aos ob+etos,
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porque s; por meio dessas determinaç?es pode o nosso esp"rito formar uma idéia de um ob+eto. Exemplifica com o +u"zo um fen@meno tem uma causa que é um determinante, pois sem a cate!oria de causa a um fen@meno não posso formar dele nenuma idéia. onecido um ob+eto por meio de um +u"zo determinante, a reflexão nos faz descobrir entre a natureza de um ob+eto e a do nosso esp"rito uma misteriosa armonia, cu+a afirmação é um +u"zo que nada acrescenta nem retira da natureza do ob+eto. :al +u"zo de reflexão não é um +u"zo determinante, pois a idéia que form$vamos das propriedades e da ess*ncia do ob+eto permanece a mesma que antes da reflexão. Essa reflexão afirma apenas o prazer que nos causa a armonia percebida ou pressentida entre as leis do nosso pensamento e as leis da natureza. :anto o +u"zo determinante como o +u"zo de reflexão nos fazem conceber o particular como contido no !eral, com a diferença, porém, que através de o determinante o !eral, a lei, o princ"pio, a re!ra, nos é dado antes que o esp"rito capta o particular que pertence a essa re!ra. )este modo, o princ"pio de causalidade nos é dado antes do fen@meno ao captar a intuição do fen@meno a esse princ"pio que ce!amos a formular o +u"zo determinante' :odo fen@meno tem uma causa&. Q$ o mesmo não se verifica com o +u"zo de reflexão, pois este me d$ o particular de antemão e, depois, pela reflexão, relacionamos esse fato particular a uma lei !eral. (ercebemos primeiramente o fen@meno e depois procuramos qual a sua colocação na ordem do mundo. Enquanto os +u"zos determinantes precedem aos fen@menos, os de reflexão #embora também a priori% sucedem 7 experi*ncia e a completam conexionando pelo pensamento as intuiç?es a uma idéia diretriz, a uma razão de ser. 1ssim formula Kant essa idéia diretriz do +u"zo de reflexão' onsiderar a natureza se!undo uma unidade tal como a estabeleceria um entendimento, se a natureza fosse realmente o efeito de uma causa inteli!ente&. 8 a idéia de finalidade um princ"pio re!ulador de +u"zo e isso se d$ em virtude de nosso esp"rito que procura a unidade na variedade. Esse conceito transcendental de uma finalidade da natureza não é nem um conceito da natureza nem um conceito de liberdade3 pois não atribui nada ao ob+eto #7 natureza%3 nada mais faz que representar a Anica maneira que devemos proceder em nossa reflexão sobre os ob+etos da natureza, para ce!ar a uma experi*ncia perfeitamente li!ada em todas as suas partes&. 1 reflexão tem como finalidade resolver esse !rande problema que est$ a priori em nosso
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entendimento' com as percepç?es dadas por uma natureza que contém uma variedade infinita de lei emp"ricas fazer um sistema coerente&. /em esta unidade que supomos na natureza, o racioc"nio por analo!ia seria imposs"vel&. Ora, a analo!ia é o fundamento de todas as classificaç?es que estabelecemos para conexionar entre si as leis da natureza ou se suas diferentes partes, que se tornaria a ci*ncia, se o +u"zo de reflexão não desse uma re!ra e uma direção 7s pesquisas do f"sico e do naturalistaF& 1tribui assim Kant ao +u"zo de finalidade a mesma função que atribu"a 7s idéias transcendentais na r"tica da Razão (ura. /ão de duas espécie os +u"zos de finalidade, que são os +u"zos de finalidade propriamente ditos ou teleol;!icos e os +u"zos estéticos.
(ara decidir se uma coisa é bela ou não, não relacionamos sua representação ao seu ob+eto e em vista de um conecimento, mas ao su+eito e ao sentimento de prazer ou de desa!rado, por meio da ima!inação... O +u"zo de !osto não é pois um +u"zo de conecimento3 nem é tampouco por conseqL*ncia l;!ico, mas estético. 8, pois, um +u"zo sens"vel, por pertencer 7 sensibilidade ou dele depender. 8 pois um +u"zo estético um +u"zo puramente sub+etivo, não fundando-se nas representaç?es dos ob+etos, mas em sua relação ao sentimento de prazer ou de desa!rado, relação que desi!na nada do ob+eto, mas simplesmente o estado no qual se encontra o su+eito afetado pela representação&.
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(elo entendimento representamos um ob+eto, mas o +u"zo de !osto diz apenas a maneira como as minas faculdades são afetadas por ele e nada sobre a sua natureza. 9ão estuda Kant na 1nal"tica quais as caracter"sticas do 2elo no ob+eto, mas quais os caracteres do prazer que o 2elo produz. /empre interessa a Kant em suas r"ticas o exame das condiç?es sub+etivas do nosso conecimento. 9a r"tica do Qu"zo prosse!ue na mesma orientação, interessando-se pelas relaç?es do 2elo e do 2em, a armonia dos princ"pios do +u"zo com os princ"pios da lei moral. 1 ob+etividade que dar$ a eles vir$ a seu tempo. /ubdivide-se a 1nal"tica em 1nal"tica do 2elo e 1nal"tica do /ublime. H$ uma analo!ia entre ambos, mas o 2elo relaciona-se mais 7 sensibilidade, enquanto o /ublime mais 7 razão. O prazer, que produz o 2elo, além de racional, é sens"vel, e distin!ue-se todos os outros !ozos por quatro caracteres principais que le emprestam um papel superiormente elevado em relação a todos os outros fen@menos da sensibilidade. 8 um sentimento de natureza superior e que s; pode existir num ser racional e moral. 0%O primeiro car$ter do 2elo é produzir uma satisfação pura #isenta% de todo interesse. (odemos acar belo um edif"cio sem o menor dese+o de possui-lo. 9em o interesse dos sentidos, nem o interesse moral entram como elementos do +u"zo de !osto, porque não +ul!arei do belo de uma coisa por ter sido ela constru"da por um omem indi!no ou nobre. TDm +u"zo sobre a beleza no qual se mistura o mais leve interesse é parcial e não é um puro +u"zo de !osto&. O belo não é o a!rad$vel. Dm ob+eto a!rad$vel dese+a possui-lo, dele !ozar, enquanto um ob+eto belo dese+a apenas contempl$-lo. O a!rad$vel é ob+eto de dese+o, enquanto o 2elo é apenas ob+eto de uma aprovação e o Anico dese+o que nos anima é aprov$-lo. 9ão é também o Atil, o 2elo. O Atil é dese+ado em função de um fim, enquanto o belo o ama em si mesmo, sem preocupação em saber para o que serve. 9em tampouco o 2elo é id*ntico ao 2em, porque nos interessa, e muito, tudo o que é moralmente bom. /eria reduzir o 2em identific$-lo com o 2elo, seria como identificar a ele!Sncia dos costumes com a virtude, a polidez com a benevol*ncia. 4%O car$ter do desinteresse e de impessoalidade d$ aos +u"zos de !osto o direito ao assentimento universal.
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/ão os nossos prazeres e os nossos interesses que são vari$veis. O 2elo sentimento do 2elo, embora universal, não est$ li!ado a nenum dos conceitos do entendimento. 1o +ul!ar belo um ob+eto nada afirmo em relação 7 quantidade, 7 realidade, 7 ne!ação, 7 causalidade, 7 necessidade ou 7 contin!*ncia. (er!unta Kant como um +u"zo sem conceito poderia ser universal. /implesmente porque as leis sub+etivas do pensamento são as mesmas em todos os omens. O que difere são os fen@menos sub+etivos da sensibilidade. )ependendo o +u"zo do 2elo das leis do nosso pensamento, Kant explica do se!uinte modo' ao percepção de um ob+eto belo p?e em funcionamento ao mesmo tempo a nossa ima!inação e o nosso entendimento. 1 primeira reAne os elementos da intuição, enquanto a /e!unda d$ a unidade a essa intuição composta de partes diversas. E como o entendimento, para conceber essa unidade, não est$ su+eito a nenum conceito determinado, sente-se livre, +o!a livremente com a ima!inação, que é a mais livre das nossas faculdades, parecendo-le se!uir sem constran!imentos a sua direção a!rad$vel e f$cil ao mesmo tempo que razo$vel. 1 consci*ncia desse +o!o produz um sentimento de prazer que é o +u"zo do 2elo. 8 esse estado de esp"rito um fen@meno sub+etivo sem dAvida, mas pode-se afirmar que deve poder ser universalmente partilado&, !raças 7s leis universais do esp"rito entre as quais estão as que re!ulam a ima!inação e o entendimento. )a" sur!e a se!unda definição do 2elo' O 2elo é o que a!rada universalmente sem conceito&. 5%9ão tem o +u"zo de !osto um fim determinado que se refira a um su+eito pensante, nenuma finalidade sub+etiva. 1demais não implica o conecimento da destinação do ob+eto belo, ou se+a a finalidade ob+etiva. 6as o 2elo implica uma finalidade, mas indeterminado, distinta da finalidade ob+etiva e da finalidade sub+etiva determinada. O 2elo, em suma, encerra a forma da finalidade mas sem a matéria. (ara Kant a forma é a disposição !eral do esp"rito a perceber as coisas e a matéria é o ob+eto particular percebido. 1o perceber o 2elo não percebemos uma relação particular, determinado, que possa :er o ob+eto com a nossa utilidade. 9essa relação consiste a finalidade sub+etiva determinada. 9em percebemos tampouco a aptidão das partes do ob+eto a uma certa
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destinação, que constituiria a finalidade ob+etiva. ontudo, percebemos uma certa armonia. 6as de que é essa armonia não sabemos, ou como diz Kant o artista i!nora. 6as o fil;sofo responde' é uma armonia entre as tend*ncias !erais da ima!inação e as tend*ncias do entendimento, ou se+a uma armonia entre as formas de nossas diversas faculdades intelectuais. H$ um não sei que que capta o nosso entendimento que est$ em relação com sua pr;pria natureza na representação captada pela ima!inação. Essa adequação é uma finalidade, mas formal e não material. (orque ela é invari$vel se!undo a natureza particular dos ob+etos belos. 1 terceira definição é a se!uinte' o belo é a forma da finalidade de um ob+eto enquanto ela é nele percebida sem representação de fim. O ob+eto belo é aquele que parece :er sido feito não com o fim de ser Atil a tal ou qual fim nem corresponder a um certo tipo ori!inal de perfeição intr"nseca, mas com o intuito de nos a!radar sem que nos se+a f$cil compreender a razão desse prazer. 1o ver um edif"cio um poder$ dizer que viu o edif"cio, mas o arquiteto poder$ admirar a solidez da construção, o primeiro ouviu do ponto de vista da finalidade sub+etiva, o se!undo da finalidade ob+etiva. Outros poderão v*-lo sobre o aspecto da sua beleza, e em todos pode aver um +u"zo do belo, mas o artista captar$ a si!nificação das suas linas, da sua simb;lica e s; ele experimentar$ o sentimento do belo. %1 universalidade dos +u"zos de !osto sup?e a sua necessidade. Essa necessidade s; pode decorrer do sentido do belo que é comum a todos os omens inerente a forma do nosso esp"rito, da" construir ele a quarta definição' o belo é o que reconecido sem conceito, como o ob+eto de uma satisfação necess$ria. 1s quatro definiç?es que Kant nos deu corresponde as quatro cate!orias pois a aus*ncia de interesse é uma qualidade, a universalidade se relaciona a quantidade, a finalidade a relação e a necessidade a modalidade. Reconece Kant que $ diversidade de !ostos, mas esta decorre de procurarem uns nos ob+etos a beleza aderente e outros a beleza livre. Dma casa mal constru"da pode a!radar aos olos e ser por isso elo!iada embora possa ser despreciada por não convir a abitação. 1s quatro definiç?es do belo podem ser resumidas numa' o belo é o que oferece necessariamente em todos os omens uma satisfação fundada unicamente sobre o livre +o!o da ima!inação e do entendimento. Kant nos explica em que consiste este livre +o!o entre a
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ima!inação e o entendimento. 1 ima!inação de que ele fala não é a reprodutora, que é uma faculdade li!ada as leis !erais da mem;ria e da associação das idéias cu+as operaç?es não tem nenuma liberdade. 1 ima!inação de que ele fala é a produtora, criadora que é causa livre das formas arbitr$rias de intuiç?es poss"veis. 1 armonia livre dessas duas faculdades sup?e o caprico sem desordem e a ordem sem simetria matem$tica. 1 simetria de uma planta tem uma razão de utilidade, não uma razão de !osto e a beleza que dela resulta é apenas uma beleza aderente e não uma beleza livre, a natureza realiza a beleza livre sem admitir a desordem nem a simetria, o canto dos p$ssaros que não podemos relacionar a nenuma re!ra musical nos a!rada por sua liberdade. /em a liberdade que a nossa ima!inação encontra, na mobilidade e diversidade das coisas, desapareceriam o sentimento do belo, mas sem a armonia, a liberdade de ima!inação produziria apenas monstros. (ortanto a produção do problema do belo est$ no acordo do entendimento com a ima!inação. /; nessa acordSncia, $ armonia com liberdade. Analítica do s"lime
1ssim como o belo, é o sublime ob+eto de um +u"zo de reflexão. :ambém é este +u"zo a priori e não sup?e conceito, contudo não se deve confundir com o sentimento do belo com o do sublime apesar das analo!ias que apresentam. Enquanto o espet$culo do belo nos faz perceber uma lina de armonia entre o entendimento e a ima!inação, do sublime nasce do desacordo dessas faculdades e da viol*ncia sofrida pela nossa ima!inação pelo va!o tan!er do infinito. O oceano, a tempestade, fazem nascer em n;s o sentimento do sublime porque nos faz em pensar no infinito. 1s coisas que nos apontam o infinito são sublimes. Enquanto o belo reside numa forma, o sublime é procurado nos ob+etos cu+a forma nos escapa e cu+os limites não podem ser atin!idos pela nossa ima!inação. 1 satisfação do belo contém o sentimento duma excitação direta das forças vitais, e por essa razão não é incompat"vel com os encantos que atraem a sensibilidade. Enquanto que a satisfação produzida no sentimento do sublime é um prazer que não se produz senão indiretamente, quer dizer que é excitado apenas pelo sentimento de uma suspensão momentSnea das forças vitais e da efusão que dela decorrem... também o sentimento do sublime é incompat"vel com toda espécie de encanto e como o esp"rito dele não se sente apenas atra"do pelo ob+eto, mas também repelido, esta satisfação é menos um prazer positivo do que um sentimento de admiração e de respeito&.
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9o sublime $ uma viol*ncia feita a ima!inação e ao entendimento. Este é a faculdade do finito, e $ nele uma armonia entre a razão, que é a faculdade do infinito, e os ob+etos que incitam a ima!inação a ultrapassar os limites do seu pr;prio império ou se+a o mundo dos fen@menos. )a" aver no sentimento do sublime simultaneamente um prazer e uma m$!oa. 1 m$!oa nasce da desproporção sentida pela ima!inação entre a !randeza estética e a !randeza racional. O prazer sur!e da acordSncia entre dois +u"zos e do mesmo esp"rito em que um afirma a mina impot*ncia de pela ima!inação sair do mundo sens"vel e o outro me afirma a exist*ncia de um mundo supra sens"vel que embora inima!in$vel é contudo concebido. 1 consci*ncia de mina impot*ncia em ima!inar é a consci*ncia de conceber al!uma realidade além do que eu ima!ino. (orque sofro ao ver as coisas do mundo sens"vel senão por ter consci*ncia de que não posso delas me libertar. )este modo o sublime me revela a
realidade do infinito ao mesmo tempo o
sofrimento que experimento por não poder penetrar nele por meio das minas faculdades. (ode o sublime ser produzido pelo espet$culo de uma !randeza inima!in$vel e temos o sublime matem$tico ou pelo poder que parece querer esmi!alar-me e eis o sublime dinSmico. amamos sublime as coisas que ultrapassam a nossa intuição e nos faz pensar no mundo supra-sens"vel o sublime é o que não pode ser concebido sem revelar uma qualidade de esp"rito que ultrapassa toda a medida dos sentidos&. 1 natureza s; é +ul!ada sublime não quando ela é terr"vel, mas quando ela leva a força que somos a considerar esta pot*ncia da natureza como não tendo nenum império sobre nossa personalidade desde que se trata de nossos princ"pios supremos&. (ode-se aplicar ao /ublime a terceira definição do 2elo. 1s outras conv*m também ao /ublime, mas em sentido diferente. omo o sentimento do 2elo, o do /ublime é desinteressado, é universal, embora sem conceito, é necess$rio. 6as enquanto o 2elo é ao mesmo tempo independente de todo interesse sens"vel e todo interesse moral, o /ublime não é estrano ao interesse moral, enquanto é totalmente estrano ao interesse sens"vel, pois le é contr$rio e o violenta. Enquanto o 2elo é ao mesmo tempo independente de todo conceito do entendimento e de toda idéia da razão, o /ublime é apenas independente dos conceitos, não, porém, das idéias, pois ele faz nascer a idéia do supra-sens"vel.
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/e o sentimento do 2elo é comum a todos os indiv"duos, o do /ublime apenas é capaz de se tornar tal, pois é mais pr;prio dos que tem um sentimento moral mais desenvolvido. O omem vul!ar v* nos espet$culos sublimes apenas o peri!o, sente a viol*ncia e não a superioridade da natureza sobre a razão. ontudo, a educação não nos far$ capazes de sentir o sublime se não tivermos aptidão para ele. H$, portanto, um sentido comum do /ublime e, portanto, os +u"zos do sublime podem pretender o assentimento de todos os omens, como os +u"zos do 2elo. (retende a escola sensualista que tais sentimento são apenas fen@menos fisiol;!icos, em que o sentimento do 2elo produz um relaxamento das fibras do corpo enquanto o /ublime uma tensão dos nervos. /e fossem tais sentimentos emp"ricos, afirma Kant, como poderiam os omens se entenderem quando falam do 2elo e do /ublime, quando a variança seria imensa. 1 acordSncia entre a ima!inação e entendimento é submetida 7s mesmas leis em todos os omens. #eoria das !elas$Artes
1 arte, se!undo Kant, tem a finalidade de realizar o 2elo e não propriamente o /ublime. ontudo é na 1nal"tica do /ublime onde Kant vai estudar as 2elas-1rtes. >nicia por fazer uma distinção entre as artes liberais e as artes mecSnicas. Estas tem um fim Atil ou a!rad$vel, enquanto aquelas tendem para a produção do 2elo. 1 arte tem seu fim em si mesmo 1 escola sensualista do séc. UV>>> reduzia a arte a uma imitação da natureza. Kant não se!ue essa orientação. (ara ele a arte é uma criação do !*nio e não uma imitação. 8 mister& que a obra de arte não traia a forma da escola e não a lembre, de qualquer maneira que a re!ra este+a sob os olos do artista e que ela encante as faculdades do seu esp"rito. Os ob+etos sublimes são aqueles nos quais não podemos alcançar a forma, porque nos ultrapassam. 6as é a forma a ess*ncia da obra de arte.
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cama-se estéticos porque o artista não é capaz de express$-las senão empre!ando uma forma acess"vel aos sentidos. 1ssim o artista representa os seres que não pertencem ao mundo sens"vel, com elementos destes, dando-le atributos e perfeiç?es que não possui o mundo real, modo a nos fazer pensar pela visão do sens"vel as coisas supra-sens"veis. Os raios que os poetas p?em nas mãos da )ivindade, nos faz pensar na pot*ncia infinita que não poderia nenuma ima!em representar. (or meio de uma forma nos faz sentir o que não tem forma. E a !randeza !enial do artista est$ precisamente em saber usar meios capazes de nos provocar a intuição do que ultrapassa os nossos sentidos. ontudo as artes, embora tenam em comum o que devem expressar pela forma, diferem pela diversidade das formas que empre!am para expressão da idéia. Dns expressam pela palavra, outros pelas atitudes, outros sons. :emos, assim, tr*s espécies de arte' a arte falante, a arte fi!urativa e a arte do +o!o das sensaç?es. 1 arte falante é a mais nobre, na qual se realiza o melor acordo entre o entendimento e a ima!inação, cu+o acordo consiste na eloqu*ncia que d$ 7 severa razão uma forma que encanta a ima!inação, e na poesia que d$ aos +o!os da ima!inação uma forma re!ular capaz de satisfazer a razão. 1 arte do +o!o das sensaç?es como a mAsica, é ao contr$rio, a Altima, porque se nos comove mais que a arte fi!urativa e mais que a arte falante diri!e-se contudo mais 7 sensibilidade e a inteli!*ncia. Entre elas est$ a arte fi!urativa #as artes fi!urativas%. H$ ainda as artes a!rad$veis, meros +o!os do esp"rito, que Kant coloca em Altima lu!ar, embora sem desprez$-las, pois a arte de fazer rir pode revelar um verdadeiro talento c@mico. E prefere esta 7 dos sonadores que quebram a cabeça&, a dos !*nios que quebram o pescoço& e dos romancistas sentimentais que partem o coração&. Dialética do Jízo Estético
(ara Kant, )ialética é a discussão de uma idéia considerada como absoluta. O 2elo é absoluto r revela-o a sua universalidade. 9este caso, $ lu!ar para uma dialética do Qu"zo Estético. /endo o absoluto um ser transcendental $ raz?es i!uais tanto para afirmar como para ne!ar a sua exist*ncia, ou se+a cabe-le uma antinomia. E esta é que apresenta o Qu"zo estético' :ese' O +u"zo de !osto não se funda sobre conceitos. 1nt"tese' > +u"zo de !osto é universal, não precisando, pois, fundar-se em conceitos.
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ontudo é poss"vel a solução dessa antinomia. O +u"zo de !osto não se funda em conceitos, ou se+a em cate!orias, mas se funda sobre um conceito indeterminado e esse conceitos é o se!uinte' o do substratum supra sens"vel dos fen@menos. O ob+eto que nos é capaz de fazer sentir, ou dar sur!imento ao va!o sentimento do supra-sens"vel é camado belo. :ermina a dialética pelo nome das relaç?es entre o belo e o bem. O sentimento do belo nos faz conceber va!amente o supra-sens"vel através das representaç?es materiais adivinamos, reconecemos o que permanece além da nossa sensibilidade. 1s formas que nos fazem pensar os ob+etos invis"veis são belas. 1lcançar o supra-sens"vel por intermédio do sens"vel é a função do belo que nos permite !ozar das coisas do mundo inteli!"vel. O belo para Kant é portanto o s"mbolo do bem.
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os seres dotados de razão esta se compra nas analo!ias que a elevam acima dos sentidos é o inteli!"vel que o !osto tem em vista... é para ele que conspiram nossas faculdades superiores de conecer&. )este modo o belo é um s"mbolo da razão e est$ submetido as leis desta. O !osto é aut@nomo seria eter@nimo se a sua re!ra fosse extra"da da experi*ncia eis porque a verdadeira proped*utica do !osto é o desenvolvimento das idéias morais e a cultura do sentimento moral3 pois é somente sob a condição que a sensibilidade este+a adequada ao sentimento que o verdadeiro !osto pode receber uma forma determinada e imut$vel&. Analítica do %ízo teleol&gico
9a cr"tica do +u"zo estético Kant analisou o belo que reside na forma da finalidade. 9a cr"tica do +u"zo eleol;!ico prop?e-se a estudar a finalidade quanto a sua matéria, ou se+a, a armonia existente entre as partes componentes de uma coisa. 1ssim como o entendimento concebe a natureza como produto de uma causalidade mecSnica, a razão pr$tica concebe-a como de uma causalidade livre de uma vontade. O +u"zo que empreste a causalidade mecSnica do universo enfim livremente escolido, participa tanto do entendimento como da razão. )este modo a finalidade é um conceito leve entre o de natureza e o de liberdade. H$ finalidade quando $ apropriação intencional e que esta se+a a contin!ente, não explicada portanto nem pela necessidade matem$tica, nem pela necessidade mecSnica. Dma m$quina nos revela a intencionalidade na disposição de suas peças. 8 f$cil reconecer a finalidade nas obras de arte, não porém nos produtos da natureza. >mp?e-se um critério que nos permita distin!uir a causalidade intencional da causalidade mecSnica, e este critério é a reciprocidade da causa e do efeito. 9uma $rvore esta reciprocidade é evidente porque ela é causa e efeito de si mesma, pois cada uma das partes conserva e é conservada pelas outras. Essa finalidade é pr;pria dos seres or!anizados. ontudo observa Kant que na matéria inor!Snica $ certas disposiç?es que indicam um fim proposto pela natureza, mas este fim é um meio em vista de um fim superior, a vida doa seres or!anizados. 8 o que se cama finalidade exterior. H$ ainda nos or!anismos uma finalidade interna que consiste na que tem cada uma das suas partes diri!idas para as outras partes. WDm ser or!anizado é pois muito mais do que uma simples m$quina3 ele é dotado, além da força motriz de uma virtude formatriz&. onclui Kant que a crença na finalidade da natureza viva é necess$ria universal
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consequentemente sub+etiva. /e a finalidade estivesse na natureza, o esp"rito não a descobriria a priori e ele s; a capta a posteriori nos ob+etos. Este ar!umento de Kant realmente é surpreendente, inconceb"vel, porque não explica a razão pela qual a ordem não pode ser realizada fora do nosso esp"rito. /e a ordem é uma exi!*ncia do nosso esp"rito, como compreender que somos capazes de perceber a desordem nas coisas, neste caso ter"amos a ordem em tudo. 8 verdade que Kant recusa a ob+etividade, a idéia das causas finais apenas provisoriamente, pois considera esta idéia de utilidade moral, sem a qual não poder"amos suportar as coisas desa!rad$veis e é ela que nos a+uda a visualizar o lado bom das coisas, é o que vamos examinar na metodolo!ia. Dialética do %ízo teteol&gico
H$ aqui também uma antinomia. :ese B :oda a produção de coisas materiais e de suas formas deve ser +ul!ada poss"vel pelas leis mecSnicas. Este princ"pio é o que fundamenta a f"sica em todas as ci*ncias da natureza. 1nt"tese B 1l!umas produç?es da natureza #seres or!anizados% não podem ser +ul!ados poss"veis apenas pelas leis de mecSnica. Xoi o que se verificou na anal"tica. Kant resolve a antinomia da se!uinte maneira' nem a tese nem a ant"tese são princ"pios sub+etivos, mas simples m$ximas sub+etivas, princ"pios re!uladores. 1 tese é uma lei do entendimento, uma lei do +u"zo determinante, ant"tese é uma lei do +u"zo de reflexão.
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insuficiente porque a unidade ontol;!ica, a unidade da substSncia não é a mesma coisa senão a unidade de plano, de conveni*ncia, que nosso esp"rito encontra na natureza. Outros t*m apelado para o ilozoismo, para uma natureza viva e são refutados pela inércia da matéria. Xinalmente $ uma quarta maneira de conceber o mundo que admite que a unidade e a armonia do mesmo é devido a uma inteli!*ncia distinta dela, um riador que deu uma direção a certas forças mecSnicas e calculou com toda precisão pr;pria de uma sabedoria infinita infinita os efeitos efeitos e as combinaç?es combinaç?es as resultantes resultantes dessas forças. Eis uma ip;tese ip;tese sublime que que não não apre aprese sent ntaa as cont contra radi diç? ç?es es dos dos outr outros os sist sistem emas as,, mas mas é uma uma conc concep epçã çãoo transcendenta transcendental,l, que s; se +ustificari +ustificariaa se fosse demonstrado demonstrado que o mecanismo é insuficient insuficientee para a explicação da formação do mundo. 8 absolutamente certo que não podemos aprender a conecer nada de maneira suficiente e com maior razão nos explicar os seres or!anizados... por princ"pios puramente mecSnicos da natureza3 é absurdo para os omens, tentar qualquer coisa de semelante e esperar que um dia al!um novo 9eYton vena explicar a produção de um fio de erva pelas leis naturais as quais nenum desi!no presidiu.
4 Metodologia do Jízo teleol&gico
8 permitido ao arque;lo!o da natureza natureza servir-se dos vest"!ios vest"!ios ainda subsistentes subsistentes de suas mais anti!as produç?es, para procurar, em todo o mecanismo que conece e que suspeita, o princ"pio dessa !rande fam"lia de criaturas... ele pode fazer sair do seio da terra, que é por sua vez sa"da do caos #como um !rande animal%, criaturas nas quais o são encontradas um pouco de finalidade, mas que produzem outras por sua vez, melor apropriadas em lu!ar de seu nascimento e de suas relaç?es rec"procas, até o momento em que essa matriz se envelece, se ossifica, e limita seus partos a espécies que não devem mais de!enerar, e onde subsiste a variedade daquelas que ela produziu, como se essa pot*ncia formadora e fecunda fosse enfim satisfeita. 6as é mister sempre, em definitiva, atribuir a essa mãe universal uma or!anização que tena por fim todas essas criaturas&. H$ realmente na natureza o sinal de uma finalidade, como se v* na transmissão dos caracteres benéficos ao interesse da espécie que são transmitidos de pais e filos, e não, propriamente, aqueles secund$rios que variam se!undo os indiv"duos.
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m$quina. Kant cita um treco de 2lumenbac, que reproduzimos, em favor da doutrina da epi!*nese' /e a matéria bruta se tivesse formado a si mesmo ori!inariamente se!undo leis mecSnicas, se a vida tivesse podido sair da natureza morta, e a matéria tivesse podido tomar espontaneamente a forma de uma finalidade que se conserva a sai mesma, é o que 2lumbac considera um +u"zo absurdo&. 9ão se pode explicar essa ação da natureza sem as causas finais. )esse modo a natureza revela que é um sistema de fins, porque não podemos explic$la senão pela ação de uma causa inteli!ente. /e as partes que comp?em os seres vivos, or!anizados, tem por fim o con+unto, a vida desse ser tem por fim a utilidade de um ser superior. (ara que os ve!etaisF (ara servir de alimento aos animais. E para que os animaisF (ara servir ao omem. E o omem por sua vezF :em naturalmente um fim mais elevado. 8 a lei moral, que a lei suprema do omem. 8 para cumprir a lei moral que todo o universo foi realizado. realizado. :udo, em suma, foi feito para o omem. ontudo nem todas as coisas foram feitas para o bem do omem, pois $ muitas que le são pre+udiciais. Os obst$culos servem para experimentar a nossa cora!em cora !em e dão 7 nossa liberdade ocasião de d e se elevar na luta. /e pois as coisas deste mundo, enquanto seres condicionais, exi!em uma causa suprema a!indo se!undo fins, o omem é a meta final da criação' senão a cadeia dos fins, subordinados uns aos outros, não teria princ"pio3 e é somente no omem considerado como su+eito da moralidade, que se encontra essa le!islação incondicional, relativamente aos fins, que que o torna ornam m o Anic Anicoo capa capazz de ser ser meta eta fina finall 7 qu qual al toda toda a natu nature reza za deve deve ser ser teleolo!icamente subordinada&. Dma inteli!*ncia presidiu a ordem f"sica e a prova teleol;!ica vem corroborar aprova f"sio-teleol;!ica exposta em r"tica da 'Razão (ura. 1 ordem moral sup?e um autor que possui em si a plenitude do 2e,. Dm )eus perfeito, e a perfeição sup?e a unidade, +$ que qu e a pot*ncia pode ser repartida não, porém, a perfeição. Esse )eus é :odo-(oderoso para poder proporcionar uma vida futura na qual a felicidade se+a dada a quem o merece. :em de ser um ante eterno e imenso e sobretudo um )eus bom, mas também terr"vel. 8 o )eus do cristianismo que além de tudo é amor e ao qual se er!uem os altares. Os seres onestos onestos devem merecer merecer ser felizes, a natureza, natureza, que não se interessa por essa consideração, os exp?e, como os outros animais da terra, a todos os males, até que um
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vasto tAmulo os arrebata e os repila, eles que podiam crer que a meta final da criação, no abism abismoo da maté matéri riaa ce!a ce!a de ond ondee eram eram sa"do sa"dos. s. 1ssim 1ssim esse esse o ome mem m de bem dever deveria ia abandonar, como absolutamente imposs"vel, essa meta que tina e que devia ter em vista do cumprimento de leis morais3 ou... precisaria que no fim pr$tico, quer dizer para se fazer um conceito ao mesmos da possibilidade da meta final que le é prescrito, reconece a exist*ncia de uma causa moral do mundo, quer dizer )eus.& onclui que nosso conecimento sobre )eus reduz-se ao que nos foi mostrado na r"tica da Razão (r$tica, ou se+a s; sabemos sobre )eus os atributos morais que tem e não os atributos metaf"sicos, como se+a o da sua exist*ncia fora do espaço, a sua inteli!*ncia intuitiva, que nada mais são que ip;teses cu+a realidade não podemos afirmar. E esses atributos morais o são apenas em analo!ia aos nossos atributos. 1 fé convém melor aqui que o conecimento. /e nos ma!oa não poder nossa razão penetrar mais lon!e, lembremo-nos que a sabedoria impenetr$vel pela qual existimos não é menos di!na de veneração pelo que ela nos recusou do que pelo que ela nos deu em partila&. O omem, pela razão especulativa, conece os fen@menos e as idéias absolutas incondicionais são os princ"pios re!uladores da experi*ncia. (ela razão pr$tica o omem conece con ece a Ordem Ordem como como indepen independent dentee dos fen@men fen@menos. os. Xinalm Xinalment ente, e, pelo pelo racioc racioc"ni "nioo de reflexão capta a ordem nos fen@menos, nos ob+etos materiais. Essa faculdade intermédia entre o mundo dos sentidos e o mundo da razão apresenta dois !raus' um pr;ximo ao mundo sens"vel e outro pr;ximo ao mundo racional.
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o +u"zo moral. 8 desinteressado, porque o bem vem da satisfação das nossas faculdades intelectuais e não da satisfação dos nossos sentidos. O 2elo revela a armonia pois realiza a armonia em nossas faculdades e essa armonia nos lembra a que deve aver entre nossa vontade e a lei moral. 1 lei moral é pois a razão de ser do +u"zo estético. )eve aver uma intenção na natureza para produzir o 2elo, pois se o bem moral é o fim de toda coisa e se a natureza nada faz senão para nos preparar a conceb*-lo, não teria ela posto nas coisas o que constitui o s"mbolo do 2em. Reconece Kant no 2elo um car$ter simb;lico do 2em. Reconece assim na natureza uma finalidade que ele anteriormente combatido. 9esse caso o 2em não é mais sub+etivo, mas ob+etivo e que as coisas t*m a aptidão de produzir em n;s o sentimento estético. )esse modo a arte tem como finalidade exibir as idéias estéticas, ou se+a produzir representaç?es que nos apontem as coisas inteli!"veis. (or isso a !randeza da arte e o seu fim moral. E é /ublime o que nos faz antever o infinito, tornando-o de certo modo inteli!"vel. Kant afasta-se aqui do cepticismo que o dominou. /e o omem nada sabe de )eus pela razão especulativa, sabe pela razão (r$tica que ele é bom, perfeito, eternamente perfeito. 6as esse conecimento não é ci*ncia, mas fé. Dma fé pr$tica. Kant mantém contudo sua posição quanto 7 6etaf"sica3 esta não é apta a dar ao omem o conecimento a que ele aspira' conecer )eus.
/; $ ci*ncia onde os +u"zos se tornam universalmente v$lidos e onde os postulados são demonstrados apoditicamente. Onde reina a opinião, onde as asserç?es são v$rias e o postular desordenado, a confusão nas idéias e nos prop;sitos é a mais v$ria e a ci*ncia, propriamente dita, se ausenta totalmente. O observarmos o espet$culo das idéias modernas, o ambiente v$rio, tumultu$rio e disperso das teses estéticas, a variSncia nas opini?es nos demonstram, de modo claro e definitivo, que se palmila um terreno de confusão e de desordem cient"ficas. 6as esse espet$culo ainda não é o que nos escandaliza. O que realmente provoca escSndalo é a submissão da inteli!*ncia umana sofisticamente servir de instrumento para
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defesa das idéias mais arbitr$rias, mais infundadas e prestar-se aos mais entusi$sticos discursos em defesa das idéias mais abstrusas e mais inconseqLentes. E alcança tal ponto a desordem e até certo ponto a prostituição da inteli!*ncia que muitos preferem em vez de ar!umentação s;lida na exposição de suas doutrinas, imp@-las pela força e pela viol*ncia não trepidando até ce!ar 7 liquidação pura e simples de seus advers$rios, buscando uma unanimidade falsa e imposta, como se v* no terreno das relaç?es sociais, no campo da pol"tica que alcança essa monstruosidade que é a ne!ação da pr;pria inteli!*ncia que é o totalitarismo se+a de que cor ou matiz que se apresente. (retendeu Kant com a sua r"tica do Qu"zo oferecer uma solução, embora não definitiva, mas pelo menos altamente elo!i$vel, dentro de uma ordem de idéias e de ar!umentos, fundada nas suas doutrinas, que servissem de ponto de partida para a especulação estética e evitasse o que não pode evitar, a desordem das opini?es e o rid"culo espet$culo das mais desencontradas doutrinas estéticas que brilam intermitentemente, como fo!os f$tuos, por entre os cad$veres de tantas doutrinas, que +azem no campo de batala das maiores excresc*ncias que a inteli!*ncia umana +$ foi capaz de criar. Kant considerou entendimento a capacidade de conceber cate!orias e de formar +u"zos determinantes ao aplic$-las 7 experi*ncia. amou de razão a faculdade de pensar o >deal, o >nfinito, noção cu+a ob+etividade s; pode ser demonstrada pela lei moral. O +u"zo de reflexão é o meio para alcançar duas noç?es, o do 2elo e a de finalidade, noç?es aplic$veis 7 experi*ncia, que, contudo, pode realizar-se em elas, porque as precede. Elas s; sur!em no ob+eto concebido pelo entendimento. H$ fundamento em considerar o entendimento como distinto da razão, e se $ que espécie de distinção se pode atribuir-lesF Ora, o entendimento implica sempre a razão nas suas operaç?es. (ortanto... O tema do 2elo, com exceção de (latão e /anto 1!ostino, ficara entre!ue 7s especulaç?es emp"ricas por parte dos fil;sofos. Kant realmente abre um novo camino para a Estética. 9ão se preocupa com os fen@menos psicol;!icos que o 2elo provoca, mas busca o seu conteAdo. 6as, na verdade, é imposs"vel um estudo devido do 2elo sem considerar os efeitos psicol;!icos que uma obra bela provoca em seu espectador. Kant ne!a o belo-em-si para afirmar apenas o belo que s; existe para o esp"rito umano como um s"mbolo do 2em. 8 o que se depreende de suas definiç?es que nada nos
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dizem do 2elo mas apenas do 2elo em n;s. 1 distinção que faz entre o 2elo e o /ublime é realmente extraordin$ria, pois nin!uém, até então, realizara uma exposição tão profunda e se!ura de tal tema. O /ublime existe apenas em n;s. 6as o ar!umento de Kant é de que s; existe em n;s porque o /ublime é o >nfinito e este não existe na natureza. Realmente a natureza não pode ser infinita, mas ela tem uma analo!ia com a infinitude.
8 ine!$vel a influ*ncia que exerceu a filosofia de Kant na filosofia posterior alemã e também em todo o desenvolvimento da filosofia européia até nossos dias. 2asta que
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rememoremos os nomes de Xicte, /cellin!, Qacobi, He!el, /copenauer, para citar apenas os mais famosos, para que a nossa asserção se+a perfeitamente +ustificada. om exceção apenas de /copenauer, que levou o cepticismo Cantiano 7s suas Altimas conseqL*ncias, alcançando o niilismo, todos os outros recuaram e dispuseram-se a criticar a obra do pensador de Koeni!sber! com um vi!or e uma pu+ança ine!$veis. 8 verdade que muitos dos ar!umentos contra o Cantismo, que não s; foram formulados pelos autores acima citados, mas também por outros de todos os quadrantes da filosofia, $, contudo, al!uns que por seu car$ter espec"fico, pois são correspondentes 7s diversas posiç?es tomadas pelos fil;sofos acima, n;s não compendiamos na parte cr"tica que fizemos 7 obra Cantiana. 8 precisamente sobre esses ar!umentos que dese+am os a!ora tratar, na medida em que são Ateis para melor desenvolvimento de nossas idéias e na proporção que oferecem elementos para um exame mais em profundidade da doutrina cr"tica. Dma das primeiras per!untas que podem desde lo!o sur!ir é como é poss"vel explicar que fil;sofos que tiveram seus pontos de partida nas mesmas premissas de Kant ce!aram a conclus?es completamente inversas. 9ão $ a" nenuma contradição, pois de premissas verdadeiras pode-se tirar conclus?es falsas, como se v* na N;!ica. 6as o que na verdade $ é que as premissas de Kant não eram verdadeiras, mas sim falsas. O sistema Cantiano destr;i a si mesmo se levado com ri!or l;!ico a an$lise das premissas e das conclus?es. 1 sua obra est$ eivada de incoer*ncias, de contradiç?es e defici*ncias de tal monta que arruinam totalmente suas pretens?es. 9ão se pode, contudo, ne!ar que o poder de su!estão que oferece a mentes desprevenidas é enorme e é o que nos explica porque encontrou tantos se!uidores e pode exercer tão !rande influ*ncia sobretudo numa época de transiç?es como é a nossa, em face das promessas de destruição dos valores filos;ficos do passado que a sua obra prometia. 1lém dos ar!umentos que oferecemos que reAnem o que mais se!uro se tem apresentado em oposição ao pensamento Cantiano, é mister não esquecer os outros que Herbart, Qacobi e He!el ofereceram, que passaremos, por sua vez, a compendiar. Dma tese cara a Kant é a de que todo o nosso conecimento é sub+etivo. Ora essa afirmativa levou 7 per!unta se não avia elementos fundamentais ob+etivos em favor do conecimento. /e o omem não conece nada mais que suas idéias como pode :er ele qualquer conecimento
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de um mundo transcendental, como pode ele investi!ar al!o sobre esse mundo, que pode ser um puro nada. (or outro lado como seria poss"vel asse!urar a exist*ncia do mundo exterior se toda nossa experi*ncia se fundamenta apenas em formas sub+etivas e todo fundamento do conecimento que parte da experi*ncia é meramente sub+etivoF Kant fez esforços consider$veis para escapar do solipsismo de 2erCele\, mas na verdade não conse!uiu, senão através das afirmaç?es da r"tica da Razão (r$tica que podem muito bem valer por uma concessão em face do pensamento dominante que não se atreveu a combater definitivamente, como a censura seu mais perfeito continuador que é /copenauer. Xicte, por exemplo, em face dos ar!umentos Cantianos e sentindo-se impotente para desfaze-los, prefere aceitar fideistamente a exist*ncia do não-eu, elementos apenas de fé. /cellin! para salvar a realidade do mundo exterior identifica a natureza com o nosso esp"rito. )este modo natureza e esp"rito são apenas duas manifestaç?es de uma mesma substSncia, o 1bsoluto. /i!amos, contudo, uma ordem. No!o que Kant exp@s suas doutrinas teve diversos disc"pulos que adotaram as suas idéias sem reservas, como Reinold, 6ellin, 2ecC, enquanto outra parte de seus disc"pulos op@s-le tenaz resist*ncia e os quais conclu"ram que o pensamento Cantiano levado 7s Altimas conseqL*ncias teria de desembocar no ceticismo e da" no niilismo, o que ali$s se deu com /copenauer. Entre os disc"pulos que se opuseram 7s suas idéias, podemos salientar /culze e 6aimon. O primeiro em seu 1enisedemus afirma que Kant não pode acreditar na exist*ncia do mundo exterior, pois se s; conecemos os fen@menos e os nAmenos nos são desconecidos, sob que fundamento podemos afirmar que existamF (odem perfeitamente não existir e reduzir-se toda realidade apenas aos fen@menos. 6aimon vai mais lon!e. e!a a ne!ar até as leis do su+eito pensante. Recusa a Kant o direito de afirmar que o tempo e o espaço se+am formas de nossa sensibilidade e que os conceitos a priori tenam le!itimidade em sua aplicação 7 experi*ncia. Esses disc"pulos levaram o pensamento de Kant até 7s suas Altimas conseqL*ncias e mostraram que um pensamento coerente, fundado nas premissas do mestre de Koeni!sber! não poderia ce!ar a outras conseqL*ncias que as que eles apontavam. Qacobi p@s-se, contudo, a combater os fundamentos do pensamento Cantiano. 9ão s; se p@s
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a combater o idealismo transcendental de Kant, como o idealismo céptico de Hume e o idealismo pante"sta de /cellin!. 1 realidade em que se funda Qacobi é a conseqL*ncia psicol;!ica. 1 consci*ncia moral que Kant nada mais é que a consci*ncia psicol;!ica. Essas faculdades são id*nticas. Kant se separou por uma abstração. 9;s temos em n;s um sentido "ntimo do Verdadeiro, um sentimento invenc"vel e indiscut"vel, tão sa!rado como o sentido do 2em. 1cusa Kant de ter desconecido as leis do esp"rito umano. 8 desconecer a natureza do esp"rito afirmar o su+eito pensante e p@r em dAvida a realidade da verdade pensada, afirmar a sensação e duvidar da realidade do ob+eto sentido. 8 num mesmo fato de consci*ncia que captamos o su+eito que sente e o ob+eto sentido, o su+eito que pensa e o ob+eto pensado. /eparar o su+eito do ob+eto é um abstracionismo inaceit$vel. 1firma Qacobi, atacando assim a tese fundamental do pensamento de Kant, que o conecimento do ob+eto precede a idéia. Os ob+etos são distintos e anteriores 7 idéia que deles formamos. 1 atividade e a causalidade são fatos de consci*ncia e não abstraç?es. 9a causalidade não $ uma relação de sucessão, mas de simultaneidade. /em a idéia e causa toda experi*ncia é imposs"vel, afirma Qacobi. 1s coisas s; nos são conecidas pela resist*ncia que elas nos oferecem, pelo +ecto que se coloca ob, a n;s, o que nos revela a dupla causalidade, a das coisas e a nossa. 1s ob+eç?es de Qacobi a Kant podem ser resumidas da se!uinte forma, como o foram por )esdouits' 0% Kant procurou as leis do esp"rito nas suas idéias e não nos +u"zos, esquecendo que o +u"zo ou a afirmação precede a idéia ou concepção abstrata da coisa. )a" sobrevem a sua per!unta se temos o direito de afirmar a realidade, a ob+etividade de nossas idéias3 não viu que esse direito provem de que antes de formar por abstração a idéia do ob+eto, n;s o percebemos e o conecemos de antemão o ob+eto como real. 4% Kant não vai até ne!ar a fé natural, pois afirma a exist*ncia do mundo3 mas é uma inconseqL*ncia, pois declara ao mesmo tempo que nossas percepç?es não atin!em a realidade. 5% Kant não viu no ser, a causa, a sucessão, a extensão senão como cate!orias abstratas do entendimento ou formas da sensibilidade. 9ão notou que antes de reduzir essas noç?es ao estado de abstraç?es, eu comecei por perceber em mim
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uma causa real, uma sucessão real e, n resist*ncia do ob+eto a mim, uma extensão real. % 1 razão não é uma faculdade destinada a conceber um ideal ima!inativo3 ele tem um ob+eto real, a saber )eus, que eu percebo num fato de consci*ncia, no fato da mina contin!*ncia e da depend*ncia em que estou de )eus. Os ar!umentos de Qacobi são realmente concludentes. (ode-se, contudo, ob+etar-se que a sua identificação de razão e consci*ncia é contest$vel. 6as o que vale no pensamento de Qacobi sobretudo é que a mina contin!*ncia sup?e analiticamente a necessidade de um /er /upremo. (odemos não perceber )eus, nem poderia ele ser ob+eto de percepção, mas a depend*ncia que dele estamos é que +ustifica a nossa exist*ncia. 8 o mesmo ar!umento de Qacobi quanto ao espaço, pois se não percebemos o espaço, percebemos ao menos que os corpos estão no espaço. >mensamente importante é, porém, a cr"tica de He!el ao pensamento Cantiano. O ponto de partida é a ob+etividade da razão, que He!el procura demonstrar. Dm dos pontos fundamentais da filosofia cr"tica é que antes de se elevar ao conecimento de )eus e da ess*ncia das coisas, é preciso investi!ar se nossa faculdade de conecer pode nos conduzir a ele... Este ponto de vista pareceu pleno de +ustificação, e excitou a admiração... e afastou o esp"rito do ob+eto do conecimento, para encerr$-lo no estudo de si mesmo e dos elementos formais do pensamento. Ora, toda pesquisa relativa ao conecimento não pode ser feita senão conecendo3 levar suas pesquisas sobre esse pretenso instrumento do conecimento, é conecer. Ora, querer conecer antes de conecer é tão absurdo como a s$bia precaução desse aluno que queria aprender a nadar antes de arriscar n $!ua&.
omo saber o alcance de nosso conecimento senão pela an$lise do mesmo conecimento por meio do pr;prio conecimento. O ar!umento de He!el é o mesmo que o de Qacobi, mas vai além.
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coisas reside a contradição, da" defender ele as antinomias de Kant que são verdadeiras para He!el. omo não nos interessa senão a doutrina Cantiana, deixamos de discutir esta posição de He!el. 9osso conecimento, se!undo Kant, é limitado 7s coisas finitas. 6as, responde He!el, conecer um limite não é :er al!uma noção do que le fica alémF 9ão se sente uma falta, um limite senão quando se vai além desse limite3 o conecimento não é limitado e imperfeito senão se compara com a ci*ncia universal e perfeita. )esi!nar um ob+eto como finito e limitado é fornecer a prova da presença real do infinito e do ilimitado, pois não se pode assinalar um limite senão quando trazemos na consci*ncia o ilimitado. Herbart nos mostra que o erro principal de Kant consistiu em iniciar suas pesquisas pela cr"tica de nossas faculdades. Dma tal cr"tica é imposs"vel, pois nossas faculdades não podem +ul!ar sobre si mesmas. /copenauer, verdadeiro disc"pulo de Kant, leva sua doutrina 7s Altimas conseqL*ncias. O mundo é apenas representação e vontade. 6as vontade não é senão uma força fatal da natureza que ela, no omem, identifica com o instinto, com o princ"pio vital dos animais e plantas. (roclama o ate"smo e ne!a as teses da r"tica da Razão (r$tica para blasfemar contra )eus e afirmar que tudo é mal&, a vida é um mal e tudo o que a perpetua e a favorece é um mal. O bem s; poderia ser o total aniquilamento. )o cepticismo metaf"sico cai no cepticismo moral. Era a conseqL*ncia final do pensamento de Kant.
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esse filosofar é o que realizamos com a filosofia concreta. )ia ainda vir$ em que se $ de compreender que era a Anica sa"da que nos restava, e também a Anica possibilidade que oferecia condiç?es fundamentalmente se!uras. 1 divisão entre fen@menos percebidos pelos sentidos, e noumenos, concebidos pela razão torna-se o ponto de partida da sua filosofia da r"tica da Razão (ura. Os fen@menos não nos permitem conecer a ess*ncia das coisas. 1 sensação é a matéria da percepção e a forma é a relação sob a qual consideramos, com o intuito de coordenar, as percepç?es de nossos sentidos. Essa forma é apenas na realidade, o esboço #esquema%, a determinação da fi!ura e das qualidades do ob+eto3 ela é apenas uma lei inerente 7 natureza do nosso esp"rito, se!undo a qual coordenamos as impress?es fornecidas pela sensibilidade&. /ão o tempo e o espaço essa forma, a relação que concebemos entre os ob+etos para coorden$-los. O esp"rito não pode conceber os fen@menos senão sucessivos e +ustapostos uns aos outros. 1 sucessividade e a simultaneidade dos fen@menos !eram os conceitos de tempo e espaço que s; t*m uma exist*ncia ideal e não real-real. /ão intuiç?es puras, são condiç?es a priori, porque puro é sin@nimo de priori, ou se+a anteriores a toda experi*ncia, a toda intuição sens"vel. /ão verdadeiros, porém, mas de uma verdade relativa, condiç?es simples de conecimento sens"vel. (ara admitir a verdade da intuição sens"vel é imprescind"vel aceitar o tempo e o espaço, condiç?es de todos os fen@menos. 6as a percepção s; nos faz conecer as coisas se!undo elas nos aparecem e não como elas o são. 1 natureza tem uma realidade inacess"vel aos nossos meios de conecer e diferente dos fen@menos, do que se manifesta aos nossos sentidos. )esse modo +ul!ava ele evitar o idealismo de que seria fatalmente acusado. Kant ne!ava o que sent"amos para afirmar a realidade do que não sent"amos. 1 sua doutrina era, assim, paradoxal para muitos. 6as Kant procura uma solução e para alcanç$-la avia que estabelecer um método. E esse método é o cr"tico, a an$lise das intuiç?es puras, das idéias a priori. Essa ci*ncia anal"tica quer ele construi-la com a sua r"tica da Razão (ura. 9ão podia, contudo, Kant evitar o cepticismo, embora não dese+asse cair em suas malas, quando partia da tomada de posição que consistia em p@r em dAvida a veracidade da razão. /em dAvida era patente a influ*ncia de Hume, apesar de ter querido combat*-lo. Kant caia vencido ante o seu anta!onista e acontecia com ele o que é freqLente na ist;ria do pensamento umano' o vencedor terminar por adquirir os $bitos do vencido e continuar até a obra do que +ul!ava
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:er destru"do. 9a verdade, Kant sofria do preconceito dominante em sua época' o orror 7 metaf"sica. /ua r"tica da Razão (r$tica, como veremos, era o fundamento poss"vel de uma demonstração da exist*ncia de )eus, no qual se examinar a prova ontol;!ica #por n;s examinada em O Homem perante o >nfinito& renovava-o pelo conceito do poss"vel, pois se não existir um ser necess$rio nada teria sido poss"vel, o que para ele, então, era uma prova concludente. )o que existe se conclui que $ uma causa suficiente para produzir o mundo, do contr$rio, como poderia este ter sur!idoF E como a série dos poss"veis nos revela !raus de perfeição, a primeira causa teria de ser fatalmente a mais perfeita de todas, ou se+a infinitamente perfeita. O exame dessa prova é por n;s feita oportunamente. 6as essa confiança de Kant não durou muito, pois em 0M publicou /onos de um vision$rio explicados pelos sonos da metaf"sica&, em cu+a obra renuncia elevar-se acima do mundo material e proclama que a razão est$ fadada a permanecer num mundo quimérico e ima!in$rio. 1lém da nossa experi*ncia sens"vel est$ um mundo para o qual não estamos suficientemente preparados com meios de conecimento. 6as, em Kant, o metaf"sico não cansa de impulsion$-lo e ele mesmo confessa' &1 metaf"sica da qual meu destino me fez amoroso... oferece suas duas vanta!ens. 1 primeira consiste em responder 7s quest?es que prop?e o esp"rito umano quando busca por meio da razão as qualidades ocultas das coisas3 infelizmente, o resultado en!ana muitas vezes o esp"rito. 1 se!unda vanta!em da metaf"sica consiste em nos mostrar se a questão de que se trata diri!e-se ao que se pode saber, e qual é sua relação com a experi*ncia sobre a qual devem se apoiar nossos +u"zos. 9este sentido, a metaf"sica é a ci*ncia dos limites da razão umana, e como um pequeno pa"s tem sempre suas fronteiras, e que é prefer"vel conecer a !arantir suas posses do que aventurar-se a fazer conquistas incertas, esta vanta!em é a mais precisa e a que aprendemos estimar mais tarde& #da obra citada, 4a. parte, cap. >>%. Estas palavras não são de um desesperado, mas de quem ainda admite a possibilidade de conse!uir al!uma coisa. O cepticismo de Kant vai ter sua expressão acabada em r"tica da Razão (ura. ontudo, +$ em )e mundi sensibilis atque intelli!ibilis forma et principiis&, tese realizada em 0MM, era céptico quanto ao conecimento do mundo sens"vel e o tempo e o espaço +$
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sur!iam como simples formas da sensibilidade, o, na obra anterior, eram apresentados como reais, com exist*ncia absoluta. 9a r"tica da Razão (ura o espaço não é mais um ser necess$rios para que se d*em os fen@menos, mas uma idéia necess$ria, indispens$vel, sem a qual é imposs"vel pensar os representativos desse per"odo procuraram p@r no rid"culo as verdades até então aceitas, não eximindo dessa atividade )escartes e Neibnitz. Em todas as épocas $ sempre fil;sofos que lutam contra as verdades aceitas apresentando ob+eç?es que muitas vezes são renovadas embora al!umas se revistam de aparente novidade. Os sofistas sempre existiram e é poss"vel que sempre existirão e não é de admirar que nal!uns momentos a vit;ria se coloque do lado do erro bem como a verdade não possua defensores a altura do seu valor. 9a época de Kant o fil;sofo que !ozava de !rande celebridade era Iolf, usava este de lin!ua!em escol$stica para expressar uma metaf"sica sombria e confusa. Kant, que fora seu disc"pulo +ul!ava que a escol$stica exposta por Iolf fosse realmente o pensamento mais fiel do processo filos;fico medieval. 9este per"odo os materialistas estavam em ascensão enquanto o espiritualismo representado por fil;sofos menores não encontrava omens a altura das suas finalidades, pois apelava-se mais ao sentimento do que a razão. )os fil;sofos que mais influ*ncia exerceram sobre Kant tem que destacar-se Hume, um dialético poderoso, que buscou por todos os meios derruir o princ"pio de causalidade, reduzindo-se a uma simples relação experimental, a de sucessão, um dos sofismas mais sérios que a filosofia conece e que exerceu !rande poder de su!estão a muitos fil;sofos menores. O intuito de Hume era destruir a base fundamental dos ar!umentos em favor da exist*ncia de )eus que aviam sido usados até então pelos medievalistas. )esde que se destru"sse o laço que li!ava os fen@menos era imposs"vel alcançar-se a )eus. :ende Hume a levar a filosofia a apenas interessar-se pelos fen@menos que se davam no tempo e no espaço, fazendo subsistir apenas puros fen@menos e sensaç?es que não podem representar nenum ob+eto e idéias. 8 pois ine!$vel que o cepticismo de Kant sofria influ*ncia do seu século. )e in"cio acreditava firmemente que se podia alcançar a metaf"sica através da especulação da razão. Em seu :ratado da Evid*ncia nas ci*ncias metaf"sicas& afirmava ser poss"vel alcançar a verdade, embora a certeza fosse dif"cil de ser atin!ida. (ropuna que em vez de partir-se de
definiç?es, iniciasse-se pela an$lise de um +u"zo até alcançar-se a noção metaf"sica, decomp@-la, ap;s, !raças a um minucioso exame até atin!ir a uma lista de axiomas cu+a comparação daria verdadeiros axiomas que seriam, afinal, o fundamento de uma filosofia cient"fica. Examinava as provas a priori da exist*ncia de )eus, como o fez em seu )o 4 .................................................................................................................................... /abem todos que a filosofia de Kant trouxe novos ar!umentos em favor do cepticismo. 1 refutação deste se fazia apenas por meio dos princ"pios da razão. Ora, destru"dos tais princ"pios pelo cepticismo, toda cr"tica estaria condenada ao malo!ro. 9a verdade, porém, não se pode considerar Kant um céptico no sentido pirr@nico do termo, pois ele não re+eita em absoluto todo e qualquer princ"pio, pois os afirma, como veremos. E é fundado em tais princ"pios por ele aceitos e fundamentados que muitos partem para refutar a pr;pria doutrina de Kant. Em sua r"tica da Razão (ura, como veremos, conclui pela sub+etividade das idéias da razão, o que ele fundamenta como uma conseqL*ncia do fato psicol;!ico, ou se+a a universalidade de nossas idéias, e sua necessidade a priori, ou se+a, independentemente da experi*ncia. E é precisamente demonstrando que a universalidade e a necessidade das idéias implicam a ob+etividade e que, o por ele camado sub+etivo na verdade é relativo condicional, e que as nossas idéias são absolutas incondicionais eternas a metaf"sica idealista e céptica de Kant derrui-se completamente. Kant aceita o princ"pio de contradição, o qual implica para ele todos os outros axiomas da razão. Ora, muitos dos seus advers$rios ale!am que desde o momento que se admite uma s; das proposiç?es da razão é preciso admitir todas, pois elas estão li!adas entre si por laços indissolAveis como mane+aram tais ar!umentos os que se op?em a posição de Kant ser$ matéria da qual oportunamente trataremos. )izem al!uns com muito fundamento que o cepticismo de Kant não é uma doutrina, mas um método, nesse caso teria um meio e não um fim. 8 contudo verdade que certas passa!ens da r"tica da Razão (ura nos levam a concluir que Kant adota um cepticismo
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O manuscrito apresenta uma fala no texto.
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absoluto, mas noutras nota-se que se afasta ele dessa posição para tomar uma que p?e em xeque o seu cepticismo. 1firmam outros que Kant aproveitou-se do cepticismo apenas com o intuito de sacrificar a metaf"sica em benef"cio da moral. 6as esta afirmativa é improcedente porque em outras obras notamos que ele cr* na possibilidade de alcançar a verdade por meio da razão especulativa tendo contudo renunciado a esse fim em face do pro!resso que o cepticismo alcançava nos dias de sua vida. aracteriza o século dezoito o cepticismo e os omens mais .........................................procurar alcançar com a mais onestidade o pensamento que se dese+a expor, evitando tanto quanto umanamente é poss"vel a i!noratio elenci, a falsificação, amoeda falsa que tanto mal tem provocado para a filosofia e que é um dos fatores mais poderosos do estado de confusão em que +az atualmente o pensamento filos;fico no mundo, na verdade, o+e, num momento de refluxo ante a preponderSncia de verdadeiras mediocridades que ocupam as c$tedras alcançam ao mundo as idéias mais abstrusas e a falsificação mais ver!onosa e indecorosa que +$ assistiu a ist;ria do pensamento umano. 9ão se pode ne!ar, no tocante ao famoso fil;sofo de Koeni!sber!, que as suas tr*s cr"ticas #r"tica da Razão (ura, r"tica da Razão (r$tica e a r"tica do Qu"zo% t*m sido as obras sobre as quais mais se t*m demorado os estudiosos, sem que por essa nossa afirmação, queiramos menosprezar outros trabalos seus, sobre os quais dedicaremos muito de nosso tempo, pois são imprescind"veis para se obter uma visão n"tida do seu pensamento. 9ão é de admirar que o leitor da obra de Kant encontra-se perplexo ante as suas doutrinas quando assiste de um lado espiritualistas afirmarem que em sua obra estão os mais s;lidos fundamentos e as provas mais irretorqu"veis em favor da sua posição e, de outro lado, pante"stas e positivistas afirmam que é nessa mesma obra que encontram os mais s;lidos ar!umentos em favor também da sua posição. Ponto de )artida da (iloso(ia *antiana
1 realidade do mundo est$ para Kant no mundo das idéias, nos noumenos # de 9ous, em !re!o, esp"rito% e a natureza, o mundo fen@meno # de paos, luz, do que aparece% não é mais que a sua manifestação sens"vel.
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(arte, assim, da distinção entre fen@menos e noumenos. )este modo se compreende que o positivo, valorizando apenas os primeiros, considere que toda investi!ação deve diri!ir-se apenas aqueles e que é inAtil toda pesquisa em torno dos se!undos, visto :er Kant demonstrado que são eles inacess"veis ao conecimento umano. O positivismo atualizando apenas o fen@meno, tomou da doutrina Cantiana, o aspecto ne!ativo. (ara essa posição filos;fica o conecimento dos fen@menos, a sua sucessão, a sua natureza, as suas correlaç?es constituem o verdadeiro campo da ci*ncia, considerando inAtil, quimérico e improducente a pesquisa em torno da natureza dos noumenos, que permanecem sendo apenas o campo de atividade da metaf"sica e da reli!ião. )esse modo o positivismo modifica totalmente a definição cl$ssica da filosofia. Esta que tina por ob+eto a pesquisa das primeiras e Altimas causas das coisas passa a orientar-se em não mais procur............... 1pesar dos muitos erros que se encontram sua filosofia, ine!avelmente Kant foi dos fil;sofos modernos o que maior influ*ncia exerceu no século dezenove e ainda neste, e sua obra é um manancial constante de su!est?es para a filosofia de nossos dias, ora para aproveitar-se dos seus postulados, ao fundar outros novos, ora para combate-los nem sempre com a +ustiça e o exame que merecem. ontudo, nin!uém pode discutir o valor eminente de tão !rande fil;sofo, mesmo aqueles que se colocam em campo oposto aos das suas idéias. /e Kant pode ser acusado de menosprezar os estudos medievalistas e de desconecer a obra dos mais insi!nes escritores desse per"odo extraordin$rio da filosofia, nem por isso pode-se ne!ar a pu+ança de sua cerebração e a !randeza insofism$vel de sua obra filos;fica. Em vez de uma entre!a incondicional 7 sua filosofia ou do desprezo sistem$tico de sua obra, dever-se-ia, palmilando com cuidado o que realizou, examinar-se sua obra, sem paixão e sem pomadas prévias de posição, 7 luz dos mais se!uros postulados da filosofia, para não s; aquilatar o seu valor como, sobretudo, fazer-le +ustiça na exposição mais fiel quão poss"vel, e sobretudo onesta, do seu pensamento. Este livro que ora damos 7 publicidade tem apenas uma finalidade' oferecer ao leitor bem intencionado os meios suficientes e fundamentais para o exame mais detido de sua obra, pois é mister dar ao leitor os meios mais capazes de uma visão sintética do seu pensamento para que possa, depois, analisar com se!urança suas obras capitais e estar assim apto a formular um +u"zo se!uro da posição filos;fica que ele ofereceu, sem cair nos
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parcialismos que tanto mal t*m feito 7 filosofia, setor onde, mais que em qualquer outro, tanto se tem falsificado o pensamento umano, apresentando falsamente os fundamentos de uma cosmovisão, tornando-a, assim, f$cil para que com al!uns !olpes simples se possa reduzir ao absurdo o que nem sempre est$ dele eivado. 9ão somos partid$rios da filosofia de Kant nem seus advers$rios. 9ossa posição filos;fica +$ foi bastas vezes descritas. 1 filosofia concreta que é a nossa, que procuramos dar corpo e nitidez, não nos permite tomadas prévias de posição e nos livra, desde lo!o, de todo sectarismo. 8 para n;s da di!nidade do fil;sofo examinar com isenção de Snimo e com +ustiça o pensamento aleios e proclamação da vit;ria da razão pr$tica sobre a razão te;rica. Em seu século o pensamento c"nico dominava muitas inteli!*ncias que proclamavam o primado dos instintos. 8 ine!$vel que Rousseau exerceu !rande influ*ncia sobre ele. E este, para quem a inteli!*ncia era também instinto, proclama aver no omem um instinto divino que se opuna aos instintos meramente animais, sem deixar de ser tão natural quanto estes. O sentimento moral era mais poderoso e impelia o omem 7 crença na divindade. /e a razão especulativa era pobre e fala para alcançar a divindade, não o era a razão pr$tica. Z impot*ncia da especulação te;rica se!uia-se a salvação pelo poder da razão pr$tica. 6as, na verdade, o intuito de Kant malo!rou, apesar dos seus intuitos, porque foi a r"tica da Razão (ura que influiu em seus disc"pulos e se!uidores, foi ela que ofereceu frutos ao filosofar, e esses frutos foram os sistemas pante"stas, idealistas, cépticos e positivistas que sur!iram ap;s ele. (assemos, pois, a expor em suas linas !erais, com a cr"tica que se faz mister, as tr*s obras mais famosas do pensador de Koeni!sber!, se!uindo a sua sucessão cronol;!ica. Dm ponto importante a ser examinado é o que se entende por metaf"sica. 8 mister, de antemão, dizer-se o que se pensava na época de Kant sobre o conceito de metaf"sica e o que ele, sobretudo, +ul!ava ser metaf"sico, para finalmente, estabelecer-se o verdadeiro conceito dessa disciplina. )a an$lise desse conceito, istoricamente, feito, poder-se-$ compreender nitidamente o que levou Kant 7s atitudes tomadas, sobretudo numa época em que o termo metaf"sico& era pe+orativo e soava até como uma palavra de escSndalo e de irrisão.
Crítica da Razão Pra Análise
Examinando o pro!resso que se verificava +$ na ci*ncia, inicia Kant assinalando que o mesmo, contudo, não tem verificado quanto 7 metaf"sica, cu+os resultados continuam duvidosos e a verdade ainda tão distante quanto estivera. 8 ele que escreve' Houve um tempo em que ela foi a raina das ci*ncias. /e tomamos a intenção pelo fato, é mister convir que a !rande importSncia de seu ob+eto bem le merecia esse t"tulo3 mas o esp"rito de nosso século, alcançando o desprezo, levou-a ao abandono, 7 aversão, reduzindo-a a lamentar-se como Hécula' 6odo maxima rerum :ot !eneris natisque potens... 9unc traor exsul, inops #0%...& Realmente esse era o estado em que se encontrava a metaf"sica na época de Kant, como salientamos em p$!inas anteriores. 1s tentativas feitas para resolver a problem$tica e as aporias correspondentes, que a metaf"sica oferecia, pareciam :er malo!rado, não alcançando as metas dese+adas. Era esse o preconceito da época, em face do refluxo que se verificava na escol$stica, e em que se +ul!ava como realmente verdadeiro que todo o passado avia malo!rado definitivamente. ontudo, não se pode ne!ar que no tempo de Kant os fil;sofos tanto da >!re+a como fora dela não estavam 7 altura dos que aviam antecedido, onde a obra de !i!antes do porte de /anto 1!ostino, /anto 1nselmo, /ão 2oaventura, )uns /cot e /uarez estavam quase totalmente esquecida, ou se!uida por fil;sofos expositores de menor porte. ontudo Kant per!untava' (ara que proclamar a indiferença pelas buscas cu+o ob+eto não é indiferente 7 natureza umanaF :ambém tais pretendidos indiferentes... não querem de antemão pensar sobre qualquer coisa, +$ que recaem inevitavelmente nas proposiç?es metaf"sicas pelas quais, contudo, professam um tão !rande desprezo. :alvez todo o erro estivesse no se!uir as vias +$ percorridas. 6as, acaso, não aver$ outra via, mais se!ura, melor condizente aos termos dese+adosF
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8 mister descobrir essa via. E como conse!ui-lo, sem realizar uma an$lise através das outras ci*ncias, para perscrutar nessa quais provid*ncias empre!aram para conse!uir esse bom camino, essa via, em suma, seu método. 2asta que se ole o que obteve 1rist;teles com a l;!ica, o que obtiveram :ales e (it$!oras com a matem$tica. :ambém era ine!$vel a se!urança que obtivera a ci*ncia !raças aos trabalos de 2acon. Essas ci*ncias revelam uma estrutura ri!orosa em que as demonstraç?es podem ser apoditicamente realizadas, sem necessidade de uma busca infrene, de uma especulação constante, revertendo dos resultados aos antecedentes, constantemente e su+eitas a depararem inesperadamente com contradiç?es e aporias insolAveis. E por que tal se d$ com essas ci*ncias e não se d$ com a metaf"sicaF olocada essa per!unta, Kant responde' o que caracteriza tais ci*ncias é que elas não procuram saber o que são os ob+etos em si mesmo, mas c[sim como o são em nossa mente, no nosso pensamento. 1" est$ a razão da exatidão de tais ci*ncias. 1 l;!ica, por exemplo, seu ob+eto é apenas' expor completamente e demonstrar estritamente as re!ras formais de todo pensamento&. Ele não tende a demonstrar nem a conecer o que se d$ real e entitativamente nos ob+etos, mas apenas o que se d$ em nosso pensamento. Esta cr"tica de Kant é, contudo, falsa sob v$rios aspectos como teremos ocasião de demonstrar oportunamente, quando façamos a cr"tica de sua cr"tica. )o mesmo modo que a l;!ica, também a matem$tica não se dedica ao exame do que são as coisas corp;reas, mas apenas, por meio de axiomas, que se fundam nas leis primitivas de nosso esp"rito, o que o mesmo afirma das coisas.
8 o esp"rito umano !uiado por uma idéia a priori, se!undo a qual ele concebe inclusive a experi*ncia cient"fica. 8 o esp"rito umano que coloca as per!untas e é ele que as responde, se!undo, sempre, uma idéia a priori. 8 nosso esp"rito que d$ a forma aos fatos da natureza e, na verdade, o cientista nada mais faz que classificar e ordenar o mundo se!undo a natureza não deste, mas de seu pr;prio esp"rito, dando ao mundo as leis que previamente +$ estão contidas no nosso pensamento. 2acon não fez outra coisa, afirma Kant. 6as essa afirmação é improcedente, porque 2acon inau!ura o método que parte da observação e da experimentação, pelo qual nossas idéias são submetidas 7 natureza e não esta 7s nossas idéias. 8 o que veremos oportunamente. (ara obter na metaf"sica a mesma exatidão, prop?e Kant, porque não aplicamos o mesmo método que empre!amos naquelas ci*nciasF Experimentemos se não seremos mais felizes no exame dos problemas metaf"sicos supondo que devem ele re!ularem-se se!undo o nosso conecimento&. Esse método é pr;prio da metaf"sica, porque esta ci*ncia estabelece as idéias a priori que penetram em nossos conecimentos. Ora, uma idéia a priori não vem do ob+eto mas do su+eito. /e viesse do ob+eto seria uma idéia a posteriori. 1quela, portanto, vem do su+eito pensante. 1 faculdade pela qual se conece al!uma coisa antes da experi*ncia, que estabelece as leis se!undo as quais se pensa e se!undo as quais é re!ulada a experi*ncia é a razão pura, tomando esse termo puro no sentido de a priori, do independente de toda experi*ncia. )essa forma conclui Kant que nosso esp"rito apenas conece dos ob+etos o que constitui as formas !erais do nosso pensar. E por ser essencialmente sub+etiva é que toda concepção metaf"sica é pura, a priori, independente, portanto, da experi*ncia., Eis aqui o fundamento principal e todo cepticismo transcendental de Kant. Ele instaura o abismo entre o conecimento e o mundo conecido, entre o co!noscens e o co!nitum. >nstaurado o abismo Kant tentar$ em vão vade$-lo. 1 sua concepção não oferece nenuma solução senão levar avante sua cr"tica, que, afinal, ser$ aniquilada pela an$lise que, com se!urança, se far$ de sua obra, como veremos na cr"tica concreta 7 cr"tica Cantiana, sem que se deixe de considerar o papel importante que ele representa na filosofia e também a conveni*ncia que $ de estud$-lo, pois, realmente, realizou obra monumental que exerce influ*ncia sobre muitos esp"ritos e tem dado frutos $cidos que precisam ser destru"dos em benef"cio da pr;pria filosofia.
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)istin!ue ele as noç?es a priori de duas maneiras' 0%temos conceitos que aplicamos aos ob+etos como o são os de substSncia, causa, efeito, etc.3 4%idéias 7s quais nada corresponde no mundo da experi*ncia, como se+am o de absoluto, o de ')eus. 9ão temos nenuma !arantia de que os atributos que são dados 7s coisas existam realmente nelas. 9ão sabemos se realmente são substSncias, causas, etc. 8 nosso esp"rito que les empresta tais atributos não a nossa experi*ncia. 9ão encontramos nenuma prova de que nossas idéias correspondam realmente 7s coisas quanto 7 sua realidade. O infinito existe em nosso pensamento, e talvez s; nele exista, sem que nada possamos afirmar de certo quanto a si mesmo, nem se realmente existe fora de nossa mente. )essa forma admite Kant que possamos pensar em nada, sem qualquer conteAdo, um pensamento de nada, cu+o Anico conteAdo é uma ilusão nossa. Dma conclusão é inevit$vel da postulação Cantiana' /abemos apenas que pensamos e como pensamos, nada, porém, do que se+am as coisas fora do nosso pensamento. 1 posição de Kant é irremediavelmente céptica. 6as procura evit$la. E como o fazF )a se!uinte maneira' 9ão sabemos o que as coisas são em si mesmas, mas estamos certos que elas existem, embora não se+am como nos aparecem. 9osso pensamento conclui que $ al!uma coisa de real, mas desconecida. 9ão temos, fora da nossa experi*ncia, mais al!uma para verificar a ob+etividade, em suma, a realidade das coisas que são por n;s pensadas. omo conseqL*ncia dessa posição, Kant termina por postular, quer queira quer não que' 9ão $ possibilidade de fundamentar a metaf"sica que est$ ipso facto ne!ada. 8 o que ele conclui. 9o campo da filosofia especulativa, a metaf"sica não encontra mais fundamentos. ontudo, encontra-os no campo da filosofia moral. 1 razão é impotente para alcançar a )eus, tanto para afirmar a sua exist*ncia como para ne!$-la. 1 posição aqui é a!n;stica. E como decorr*ncia dessa impossibilidade os postulados da filosofia moral, fundada na razão pr$tica, sobre a exist*ncia de )eus não podem ser afirmados nem ne!ados, pois não $ validez nem para a firmação nem para a
ne!ação. )esse modo, quer ele mostrar que nem a posição te"sta nem a ate"sta encontram fundamentos suficientes. E desse modo +ustifica ele sua posição' a razão é mais uma inimi!a que uma auxiliar das crenças morais e reli!iosas. omo ela se cin!e a conceber os entes dentro do tempo e do espaço, não pode ela nos revelar o eterno e infinito. (ara a razão é imposs"vel alcançar o ser absoluto, eterno e infinito, como le é imposs"vel alcançar a liberdade, pois ordenando o mundo se!undo suas leis este é re!ido pela necessidade. /e a razão especulativa é impotente para alcançar o que est$ além do mundo do tempo e do espaço, a crença num ser independente deles é contudo al!o que se d$, al!o que os omens t*m. onsidera Kant transcendental tudo quanto ultrapassa a experi*ncia. 1 razão sendo impotente para alcançar o que fica além da experi*ncia, o que é transcendental é, portanto, desconecido para ela. :ambém empre!a Kant esse termo para expressar al!umas vezes o que é sub+etivo e nesse caso quando fala de idéias transcendentais refere-se a forma do nosso esp"rito, pois que, para eles, essas formas são a priori, independentes, portanto, da experi*ncia. 1 razão
não pode
alcançar
aos
transcendentais
no
primeiro sentido.
onsequentemente te"stas e ateus e pante"stas não encontram na razão provas suficientes para afirmar ou ne!ar a exist*ncia de )eus. Erra, contudo, Kant, como ainda veremos, quando for oportuno. omo ne!ar a fé que anima os coraç?es umanos. Ele não a ne!a, mas apenas que a razão se+a capaz de dar uma certeza. :odas as demonstraç?es racionais da exist*ncia de )eus malo!raram, afirma ele. ontudo, $ em n;s al!o que impulsiona 7 crença, 7 convicção da imortalidade de nossa alma, a certeza, pois, de uma vida futura. O dever prova a nossa liberdade e o universo pela ordem que revela aponta a uma inteli!*ncia criadora. :ermina, então, por concluir que essa fé é mais s;lida que a certeza adquirida através das demonstraç?es e que, ademais, resiste melor 7s controvérsias filos;ficas porque se funda em nossos mais profundos sentimentos. /ão esses os postulados que ele apresenta no pref$cio que fez a 4a. edição de r"tica da Razão (ura& e também, em parte, no pref$cio da primeira edição. :emos a" esboçada a intenção da obra de Kant e o roteiro traçado de que ir$ procurar demonstrar no decorrer de sua obra tão famosa.
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E assim prosse!ue ele' O principal intu"do de sua obra consiste em dese+ar provar quanto 7s idéias a priori que $ +u"zos sintéticos a priori. /eus pontos de partida são' 0%que $ idéias a priori3 4%que não tendo essas idéias ob+etos pr;prios não constituem elas conecimentos. 8 ele quem escreve' Embora comecem nossos conecimentos com a experi*ncia, nem todos procedem dela&, +$ que nunca d$ seus +u"zos como estritamente universais... pois $ nos conecimentos umanos +u"zos necess$rios, universais, e por conse!uinte, +u"zos puros a priori #p$!.5%. Ora, Hume avia procurado demonstrar que os +u"zos matem$ticos e o princ"pio de causalidade, que é um princ"pio de necessidades absoluta, provinam se uma associação abitual entre as nossas percepç?es. 6as esse simples fato, como o demonstra Kant, por ser contin!ente não prova que tal princ"pio se+a contin!ente. /e o captamos contin!entemente, pois poder"amos não capt$-lo, tal não quer dizer que se+a ele contin!ente, tomado em si mesmo. (oder"amos aproveitar uma tese da filosofia concreta para corroborar a cr"tica de Kant' o anterior tem prioridade de certa ordem ao posterior, pois, necessariamente, se dizemos que al!o é anterior, dizemos necessariamente que tem prioridade a outro, que le é posterior. ontudo, poder"amos +amais ter alcançado esse enunciado, pois poderia o omem não alcanç$-lo. 8 contin!ente esse saber umano, enquanto saber do omem não, porém, contin!ente o enunciado do axioma. O fato de ser contin!ente o nosso conecimento não implica que o conteAdo do mesmo se+a contin!ente. 1" é que est$ o erro de Hume que Kant aponta. /e 7 experi*ncia não se pode atribuir +u"zos necess$rios, pode-se, contudo, concluir que ela seria imposs"vel a não ser por meio deles. Kant conclui depois de ar!umentar da se!uinte maneira' como seria poss"vel dar a experi*ncia uma certeza se todas as re!ras da qual ela procede fossem apenas emp"ricas. 8 ele quem per!unta' como seria inteli!"vel a experi*ncia sem noç?es a priori. omo a experi*ncia nos poderia conceder al!uma coisa sem a noção de espaço e de substSnciaF
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formulamos sobre os resultados da experi*ncia. H$ idéias que a experi*ncia +amais nos oferece, pois não poderemos deles :er uma intuição sens"vel, como )eus, a alma, a imortalidade, que são ob+etos que pertencem 7 Razão (ura, inconstat$veis pela experi*ncia. 6as $ fundamentos s;lidos sobre os quais se possam apoiar tais conceitosF Ora, tais fundamentos são a priori, pois não se fundam nem são revelados pela experi*ncia, mas antecedem-na. E sur!e aqui para Kant um problema que exi!e uma solução3 ou se+a' os +u"zos que a razão constr;i sobre tais princ"pios estão de acordo com a natureza das coisas ou apenas de acordo com a natureza do nosso esp"ritoF Ora tal per!unta não era inédita na filosofia, pois o omem +$ a formulara todas 7s vexes que especulava sobre o pr;prio conecimento. 1 incid*ncia constante de erros de apreciação e de ilus?es e erros não poderia permitir que depositasse em seus meios de conecimento toda a confiança. 1o contr$rio, sobretudo nos per"odos de decad*ncia, a duvida assalta ao ser umano para interro!$-la, exi!entemente, sobre o valor dos seus conecimentos. (ara Kant esta per!unta ponta o problema fundamental da metaf"sica. E é sobre ela que pretende dedicar seu maior e mais completo exame. 6as, para coloc$-lo é mister usar conceitos que a razão tem constru"do. E como poderia a razão duvidar de si mesma, de sua pr;pria veracidade senão usando a si mesmaF 8 o que sucede com o cepticismo e todas as variantes que o mesmo apresenta' o c"rculo vicioso de onde o cepticismo não pode sair. onfiantes ce!amente no valor dos +u"zos a priori empreenderam os fil;sofos lon!as especulaç?es sobre os mais variados terrenos sem contudo terem meditado devidamente sobre os princ"pios desses +u"zos. E se, prosse!ue Kant voltar atr$s al!umas vezes é porque a experi*ncia contradiz suas afirmativas' 1 r$pida pomba, quando com o v@o r$pido e livre rompe o ar do qual ela sente a resist*ncia, poderia acreditar que voaria melor no v$cuo. 8 assim que (latão, desdenando o mundo sens"vel que mantém a razão em seus limites tão estreitos, aventura-se, por ela, sobre as asas das idéias, no espaço vazio do entendimento puro. Ele não percebe que não pro!ride apesar de seus esforços, pois le falta um ponto de apoio necess$rio para sustentar-se. Este pondo de apoio da razão são +u"zos a priori. (ara Kant o fil;sofo não tem procurado discutir o valor de tais +u"zos que são o ponto de apoio de toda sua especulação, mas que na verdade é um ponto m;vel e
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sobre o qual não pode ele apoiar-se devidamente para reaprender a pesquisa nas re!i?es ideais, o problema portanto que se apresenta é o de investi!ar o valor desses +u"zos, examinar sua ori!em e buscar sua validez ou não. :raça assim, Kant, um pro!rama que orientar$ a sua famosa cr"tica. 9este como em muitos outros pontos as afirmaç?es do famoso fil;sofo estão eivadas de uma improced*ncia capital. 8 um erro +ul!ar que antes dele este problema não tivesse sur!ido exi!ente de uma solução aos olos dos fil;sofos de valor. )esconecia Kant muito do processo filos;fico que o antecedeu e é uma in!enuidade imperdo$vel no fil;sofo +ul!ar, e sem fundamento que os fil;sofos não tivessem suspeitado do valor das construç?es eidético-noético e não tivessem examinado a proced*ncia ou não dos nossos +u"zos mais s;lidos. 1 n"tida distinção entre o +u"zo l;!ico e o +u"zo ontol;!ico evitava uma série de erros. /e realmente o fil;sofo se cin!isse apenas a especulação l;!ica poderia ele cair em erros, pois nem sempre somos suficientemente aptos a uma an$lise cuidados das conceituaç?es e das operaç?es l;!icas. 1ssim sabemos que $ verdades l;!icas sem que esta verdade implique uma verdade ontol;!ica e @ntica. O +u"zo )eus existe é um +u"zo lo!icamente verdadeiro porque o conceito de )eus implica o predicado da exist*ncia, pois )eus não poderia ser não existente. Ontolo!icamente é verdadeiro porque o lo!os da divindade implica necessariamente a exist*ncia pois sem existir não averia divindade, sem que a exist*ncia se+a a razão de ser da divindade. ontudo onticamente não se provou ainda que realmente a divindade existe ou se+a que existe a divindade. )a verdade l;!ica e da verdade ontol;!ica não se pode imediatamente concluir a verdade @ntica. Ora isto sabiam-no os anti!os. 1 validez l;!ica e ontol;!ica dos princ"pios cu+os +u"zos servem de fundamento a especulação filos;fica não era suficiente senão les assistissem fundamentos @nticos, cu+a pesquisa é realmente de !rande valor para o filosofar !enuinamente concreto. Kant +ul!ava que a validez dos +u"zos fundamentais era apenas a dada pela sua lo!icidade e ontolo!icidade. )a" empreender ele sua obra, esta cr"tica cu+o valor é imenso na filosofia e merece meditação e estudo, mas também o cuidado em evitar o erro parcial do qual ele incorreu, qual se+a o de +ul!ar que toda e qualquer filosofia não se tena debruçado a investi!ar a validez desse +u"zo. 8 o que mostraremos no decorrer desta cr"tica que fazemos 7 cr"tica Cantiana. Os +u"zos a priori são por Kant classificados em anal"ticos ou sintéticos. 1nal"ticos são aqueles em que o atributo est$ implicado na pr;pria idéia do su+eito e sintéticos aqueles
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em que o atributo acrescenta uma idéia nova 7quela que o su+eito expressa. Os +u"zos matem$ticos, os metaf"sicos e al!uns +u"zos da f"sica em !eral são ao mesmo tempo sintéticos e a priori como por exemplo este que ele cita' em toda mutação, a quantidade de matéria permanece invariavelmente a mesma. Este duplo car$ter é que o leva a p@r sobre a mesa o problema da verdade ob+etiva de tais +u"zos. Os +u"zos anal"ticos t*m a sua le!itimidade demonstrada pela impossibilidade de sup@-los falsos sem admitir uma proposição contradit;ria, sim porque sendo o atributo implicado na idéia do su+eito a sua ne!ação implicaria a contradição, pois estar"amos numa relação de privação e de posse. Os que são con+untamente a priori e sintéticos escapam a toda demonstração experimental e não trazem em si mesmos a prova de sua le!itimidade. E o fundamento est$ no se!uinte' como poder"amos afirmar a priori um certo atributo a um su+eito que poderia estar privado dele sem que tal privação incidisse em contradição. 9o exame, por exemplo do +u"zo f"sico, citado por Kant, dentro dos quadros da filosofia concreta e an$lise de processaria se!uindo as re!ras fundamentais do nossos filosofar. (ara a filosofia concreta, que é a nossa, nenum +u"zo é fundamental enquanto não estiver revestido da apoditicidade concreta. Ora, a apoditicidade que dese+amos é aquela que implica a necessidade. 8 a impossibilidade de ser de outro modo senão ao que é enunciado pelo mesmo +u"zo. Ora, no +u"zo em questão, a quantidade sendo um acidente da matéria a sua invariSncia não é necess$ria. 9ão se poderia dizer que necessariamente em toda a mutação a quantidade de matéria permanece invariavelmente a mesma. O que é necess$rio a ser um é o que pertence 7 sua ess*ncia. 1 quantidade sendo um acidente não é da ess*ncia de uma coisa. 9ão se pode afirmar que a ess*ncia da matéria da matéria é a quantidade. O +u"zo citado por não ter apoditicidade dese+ada é aplicado a priori pelas raz?es se!uintes' não conecemos #ou não conec"amos no tempo de Kant% nenuma manifestação da matéria que não fosse quantitativa. 1 quantitatividade poderia ser dada, como o foi pela f"sica, como uma propriedade da matéria. onsequentemente onde $ matéria $ quantidade, pelo menos. O que muda é o su+eito da mutação e como este é material sua mutação se d$ conservando a quantidade.
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permanecia sendo matéria, permanecendo, portanto, sua quantidade. 1ssim, na alteração qualitativa, um ser poderia perder sua cor para adquirir outra, sem deixar de ser o que é3 na mutação substancial, poderia deixar de ser o que formalmente era para ser formalmente outra coisa, mas a matéria permanecia sendo matéria, conservando a quantidade invari$vel. (ara que essa lei dada a priori e a posteriori se tornasse uma lei apod"tica, se!undo a filosofia concreta, é mister demonstrar-se #e não se esqueça que se exi!e a demonstração%, que a quantidade é essencial 7 matéria. 1 an$lise Cantiana tem seu fundamento, pois nesses +u"zos verifica-se que o predicado pode ser recusado ao su+eito sem incidir em contradição, pois poder"amos recusar 7 matéria a quantidade sem que a matéria deixasse de ser matéria, ou se+a a recusa da quantidade 7 matéria não implica necessariamente a aniquilação da mesma. Ora, tais +u"zos são poss"veis. Os fundamentos da matem$tica são de tal espécie que provam aver +u"zos sintéticos a priori. 8 verdade que Hume os ne!a, embora reconeça que somente o princ"pio de causalidade possui esse duplo car$ter. 6as este é produto de uma ilusão. 9o entanto, bastaria que se meditasse sobre os +u"zos matem$ticos para que ele verificasse a proced*ncia, pois são a priori e não podem ser reduzidos a proposiç?es meramente anal"ticas. O exemplo que Kant oferece é o se!uinte' 1 lina reta é o menor camino de um ponto a outro&. O su+eito, lina reta, tem uma qualidade simples a retitude que é da sua natureza a priori. O predicado que se le atribui é uma quantidade a brevidade, que não est$ contida na primeira, que le é acrescentada, o que caracteriza o +u"zo sintético. )emonstraremos mais adiante que os +u"zos anal"ticos implicam +u"zos sintéticos, o que por ora não fazemos para que melor penetremos no clima da obra Cantiana. :emos, então, caracterizada o ob+eto da r"tica da Razão (ura. Esta ci*ncia dedica-se ao estudo da ori!em e do valor dos +u"zos sintéticos a priori. E como ela se dedica ao estudos dos conceitos transcendentais tomou também o nome de r"tica transcendental. Os conceitos transcendentais são aqueles que transcendem #ultrapassam% a experi*ncia. O fim dessa ci*ncia não é discutir o valor dos sistemas filos;ficos, mas o valor da faculdade que é apta a conceber os sistemas. omo toda ci*ncia tem uma parte te;rica e uma parte pr$tica, a r"tica da Razão (ura inclui uma teoria elementar da razão pura e a uma metodolo!ia desta. 1ssim como a primeira se dedica ao exame da natureza e do valor dos nossos +u"zos a priori, a se!unda se
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dedica a procurar o método que deve ser se!uido para atin!ir essa finalidade, que, para Kant s; é conecido !raças ao conecimento da lei moral, como ainda veremos. 1 teoria elementar da razão pura se divide em estética transcendental e em l;!ica transcendental. 1s duas fontes do nosso conecimento, diz Kant, são a sensibilidade e o entendimento. Os ob+etos nos são dados pela sensibilidade e são pensados ou concebidos pelo entendimento. 1 sensibilidade não pode como também não o pode o entendimento sobreviver sem os princ"pios a priori3 o estudo desses princ"pios puros necess$rios ao conecimento emp"rico é o ob+eto da estética transcendental3 o estudo dos princ"pios puros necess$rios aos +u"zos e 7s concepç?es do entendimento constitui a l;!ica transcendental. (or sua vez a l;!ica transcendental se subdividir$ em anal"tica e dialética. 1 anal"tica enumerar$ tanto os conceitos como os +u"zos a priori, e concluir$ que a sua le!itimidade est$ na proporção de sua adequação aos ob+etos da experi*ncia. 1 dialética, por sua vez, examinar$ as idéias que não tem essa correspond*ncia no mundo sens"vel, tais como os conceitos de absoluto, de infinito, de perfeição, concluindo, afinal, pela impossibilidade de afirmar a ob+etividade fundada apenas na especulação filos;fica. Estabelecida essa classificação da obra de Kant, podemos a!ora estudar cada parte em especial, deixando nossa cr"tica para os lu!ares que melor se corresponderem. Análise da Estética #ranscendental
9o exame dos fen@menos verifica-se desde lo!o que estes são sucessivos e os ob+etos são extensos. 9enuma experi*ncia dos fen@menos seria poss"vel sem duas noç?es a priori' a do tempo #sucessão% e a do espaço #extensão%. Ora tais idéias não provém da experi*ncia porque não captamos o tempo puro nem o espaço puro, pois não $ intuição sens"vel fenom*nica de nenum dos dois. 9ão prov*m eles da experi*ncia, pois são representaç?es necess$rias da experi*ncia, pois sem elas essa seria imposs"vel. Ora, a experi*ncia s; nos d$ o contin!ente. (odemos, acrescenta ele, conceber o espaço vazio de ob+etos, e também não se dado eles no tempo, mas tanto como espaço como o tempo não podemos supor como aniquilados. :oda representação apresenta duas facetas' a matéria e a forma. 1 matéria é o que varia se!undo os ob+etos representados e a forma o que é invari$vel. Os fen@menos são a matéria da sensibilidade e estes são percebidos ou no espaço ou no tempo ou em ambos. O espaço e o tempo são, portanto, invari$veis. onsequentemente
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são a forma do conecimento sens"vel. )este modo o tempo é a forma do sentido interno e o espaço a forma do sentido externo. 1s representaç?es que fazemos do tempo e do espaço são por Kant camadas de intuiç?es puras. /ão mais intuiç?es que idéias, porque correspondem 7s coisas que conecemos e são puras porque não v*m da experi*ncia e são, ao contr$rio, imprescind"veis para que se d* esta. /ervem elas para que +$ se possa analisar a possibilidade dos +u"zos sintéticos a priori. 8 a intuição do tempo e a do espaço que permite a li!ação do atributo ao su+eito. /ão essas intuiç?es que permitem dar unidade ao con+unto diverso das impress?es sens"veis, permitindo fazer a s"ntese, dando-le a unidade sem a qual seria imposs"vel o conecimento. 1 lina reta é o camino mais curto entre dois pontos, nos é dado pela intuição do espaço e pela intuição do tempo nos é poss"vel conceber o laço de necessidade entre o fen@meno e a sua causa. E por serem essas intuiç?es que dão validez aos +u"zos a validez destes relativamente 7s coisas colocadas no espaço e no tempo é dado por essas intuiç?es. 1 posição de Kant não evita o cepticismo, porque leva fatalmente a ne!ar a validez dese+ada a toda e qualquer idéia que não tena fundamento nessas intuiç?es, como a idéia de )eus. (odemos pensar sobre o absoluto e sobre o infinito mas sem le creditar qualquer validez, pois essa s; é dada por tais intuiç?es. 6as Kant conclui que do mesmo modo que é imposs"vel afirmar a validez da exist*ncia do ser infinito também não é v$lida a sua ne!ação.
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nosso pensamento, sem :er qualquer correspond*ncia fora do nosso pensamento. Dma outra espécie de inteli!*ncia que não a nossa poderia ver os ob+etos fora do espaço. E continuando em sua an$lise diz que se o tempo e o espaço fossem al!o real fora da nossa mente seriam ambos infinitos. E como poderiam ser ambos infinitos se em ambos $ car*ncia de ser, porque o tempo, em si mesmo, é nada, como o espaço em si mesmo seria nada. /e são substanciais como poderiam conter os seresF /e são infinitos abarcarão todas as coisas e até )eus estaria submetido 7s leis da duração, o que é contr$rio ao car$ter de sbsolutuidade do ser supremo. Kant ne!a que possamos conecer a priori uma relação entre realidades contin!entes, cu+o conecimento é dado a posteriori. 9o entanto, na matem$tica v*-se que não é assim, porque tr*s $rvores mais seis $rvores são necessariamente seis $rvores. 1ceita a ob+etividade do tempo e do espaço as contradiç?es são inevit$veis. (or isso s; $ um camino a se!uir' reconecer que não passam de simples formas do nosso conecimento sens"vel. 6as se não existe o tempo, nada $ de sucessivo, podem ob+etar. E tal afirmação levaria a ne!ar até o su+eito pensante, porque o especular da inteli!*ncia obedece a uma sucessão, os pensamentos são sucessivos. /e o espaço é nada, nada $ no espaço e o mundo exterior como existiriaF 2erCele\ concluiu afinal que o mundo exterior é uma idéia pura e nada mais. 6as Kant responde a essas ob+eç?es. O eu, como su+eito pensante est$ no tempo como fen@meno, como ele a aparece a si mesmo, mas tal como é pode existir fora do tempo.& /e eu mesmo pudesse me perceber ou ser percebido por um outro ser sem essa condição da sensibilidade& #que é o tempo% as mesmas determinaç?es que representamos atualmente como mutaç?es, dariam um conecimento no qual a representação do tempo, e por conse!uinte também a da mutação, não averia lu!ar. O tempo pertence 7 percepção que o su+eito #o eu% tem de si mesmo e não ao eu como ob+eto. O eu su+eito percebe no tempo o eu ob+eto que não est$ no tempo. Essa é a resposta de Kant. Ele prosse!ue' se a idealidade do tempo não implica a ne!ação do eu, a idealidade do espaço não implica a ne!ação do mundo exterior. (elo simples fato de os ob+etos não estarem no espaço realmente não se conclui que eles não existam, mas somente que eles não são como eles nos parecem ser. (ara que eles me apareçam diferentes do que na realidade são é mister que existam realmente, pois é mister
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que a+a al!uma coisa real para que sur+a uma apar*ncia falsa. Q$ aqui nessa resposta Kant subentende o princ"pio de causalidade ao qual depois ele pretende tirar todo valor ob+etivo. )esse modo Kant afasta-se da posição de 2erCele\ e conclui ele por afirmar que a sua posição é a Anica que nos evita de cair totalmente no idealismo. /e o tempo e o espaço t*m uma realidade ob+etiva, o mundo estaria contido neles como um conteAdo num continente. E se quisermos ob+etivar o espaço teremos que conceb*-lo como um vazio de tudo, um nada afinal, ne!ando-le assim qualquer conteAdo real. 9ão podemos B prosse!ue ele B admoestar 2erCele\ de ter reduzido os corpos a uma pura apar*ncia. 9ossa pr;pria exist*ncia, se ela dependessem assim da realidade subsistente em si de um não-ser, tal como tempo, não seria tanto como ele, senão uma vã apar*ncia&. Ora isso seria um absurdo insustent$vel. 1credita Kant que a ne!ação da ob+etividade do espaço e do tempo não levam ao cepticismo. 1o contr$rio, liberta o eu e o mundo da dAvida que poderia sur!ir. Dma doutrina que d$ o tempo e o espaço como fundamentos da ob+etividade do eu e do mundo é que levaria a situaç?es insustent$veis. Reconecer que o tempo e o espaço não são reais ob+etivamente p?em-nos ao abri!o das contradiç?es inevit$veis Os axiomas da intuição e as antecipaç?es da percepção são princ"pios matem$ticos, enquanto as analo!ias e os postulados são princ"pios dinSmico a priori, ou se+am os princ"pios de onde decorrem da f"sica pura. Os axiomas da intuição são reduzidos a esse princ"pio Anico' :odos os fen@menos são, quanto 7 sua intuição, quantidades extensivas&. Dma quantidade extensiva é a na qual a representação das partes precede necessariamente 7 do todo e a torna poss"vel&. 1ssim a lina é precedida pela atividade do esp"rito em p@r os pontos sucessivamente. O mesmo se d$ quanto 7 extensão' Eu não penso senão na pro!ressão sucessiva de um instante a outro, e da" resulta, afinal, por meio de todas as partes do tempo e de sua adição, uma quantidade de tempo determinado&. onsequentemente, sendo todo ob+eto necessariamente percebido no tempo e no espaço ter$ que, além também de ser captado em sua duração e extensão, como quantidade extensiva que é apreendida pela s"ntese sucessiva de parte a parte. 8 sobre esta s"ntese sucessiva da ima!inação produtiva na criação das fi!uras que se funda a !eometria com seus axiomas& oncluindo, Kant que os ob+etos não podem aparecer de outro modo que
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não se+a a ordem em que a nossa ima!inação reAne as diversas intuiç?es. Ora, como as construç?es !eométricas resultam das mesmas leis da nossa ima!inação, as matem$ticas, por que expressam apenas essas leis do pensamento, são elas aplic$veis 7 experi*ncia e esta de modo al!um poder$ desmenti-las. :oda essa ar!umentação de Kant não é satisfat;ria e lo!o veremos que o que tem de verdade é apenas parcial. amava ele de antecipaç?es da percepção os +u"zos que constru"mos a priori sobre as nossas percepç?es. 1ntes de experimentar uma sensação sabemos de antemão que ela tem uma quantidade intensiva. 1 quantidade intensiva é para Kant aquela que é capaz de aumento ou de diminuição. :oda sensação é mais ou menos forte, manifesta uma !radação que pode ser medida e que nada tem em comum com a extensão que é composta de partes +ustapostas, enquanto a intensidade é em si mesma. 1 sensação que um ob+eto composto de partes produz em mim é um todo simples e indivis"vel. ontudo, se não pode aumentar ou diminuir por adição ou subtração, pode contudo enfraquecer-se até desvanecer-se. Kant examina a diferença entre a extensão e a intensidade, mostrado que a ima!inação para fi!urar uma extensão começa por representar as partes e ce!a 7 concepção do todo apenas pela adição, enquanto uma sensação pode ser percebida com uma intensidade qualquer antes de aver passado para os !raus inferiores. Reduzida até zero a intensidade de uma sensação essa se desvanece totalmente para o su+eito. 6as a aniquilação da sensação não implica ainda a não exist*ncia de al!um ob+eto no mundo exterior nem que o espaço se+a vazio. 9a aus*ncia da sensação não sabemos se $ ob+etos, o que mostra que o conecimento do mundo exterior depende da intensidade das sensaç?es e não da extensão das intuiç?es. Kant considera este princ"pio a lei de toda experi*ncia e é uma verdadeira antecipação, porque o !rau de intensidade de uma sensação é dada apenas pela experi*ncia, mas a !radação #a !radatividade% de que é suscept"vel toda sensação é conecida a priori. 1s antecipaç?es da percepção nos fazem conecer a priori a intensidade das sensaç?es, mas $ ainda necessidade de al!o que se relacione, que se conexione para que se tornem um conecimento. :r*s são os princ"pios a priori que realizam essa relação entre os fen@menos, relação exi!ida pelo nosso esp"rito. Kant denomina-as de analo!ias da experi*ncia.
GP Princí)io de s"st+ncia
0a. analo!ia B 1 substSncia é permanente em toda vicissitude fenomenal, e sua quantidade não aumenta nem diminui na natureza. 4a. analo!ia B(rinc"pio de 'ausalidade B :odas as mutaç?es sucedem se!uindo a lei de li!ação de causa e efeito&. #8 a relação de sucessão%. 5a. analo!ia B :odas as substSncias, enquanto podem elas ser percebidas ao mesmo tempo no espaço, estão numa relação rec"proca universal&. 1ntes de examinarmos essas analo!ias convém que saibamos porque Kant as camou assim. O termo analo!ia, em !re!o, si!nifica relação, proporção, como é usado pelos !e@metras. 9a Xilosofia é tomado como s"ntese de semelança e de diferença. 1ssim, ao conecer a relação entre um efeito e sua causa, posso estabelecer analo!icamente a relação entre um efeito diverso e sua causa que também deve ser, sob certo aspecto, diversa, mas proporcionada ao efeito, como este é proporcionado 7 causa. 1 analo!ia serve de método para o exame da experi*ncia e seria imposs"vel a especulação filos;fica e sobretudo o conecimento cient"fico se não a us$ssemos como método para pesquisar. (ara Kant elas não v*m da experi*ncia. /ão elas, contudo, que permitem tornar a experi*ncia poss"vel, pois que semelas a experi*ncia daria apenas fen@menos isolados e seria imposs"vel coordenar os fen@menos, dando-les uma ordem. Ora, o esp"rito umano é essencialmente sintético e é de sua natureza apreender um fen@meno no tempo, o que leva a relacion$-los no tempo. O tempo apresenta-se apenas sob tr*s modos' perman*ncia, sucessão e simultaneidade. onsequentemente $ apenas tr*s analo!ias' 0%a que concebe a substSncia na perman*ncia3 4%mostra-nos a causalidade na sucessão3 5%afirma a reciprocidade dos fen@menos simultSneos. /em esses tr*s princ"pios' substSncia permanente, causa e reciprocidade não poder"amos construir nenum +u"zo dinSmico sobre a natureza. /e concebemos a mutação sem a perman*ncia, como essa se daria num instante s; perceber"amos as coisas em seu acabar, a sensação se daria num tempo zero, ou, em outras palavras, não averia sensação nenuma, o que é contr$rio 7s leis do esp"rito umano. (ara conecer no tempo é necess$rio al!o que dure, um substractum permanente, uma substSncia que perdura por entre a variSncia dos acidentes. 1 perman*ncia da substSncia é evidente por
entre as mutaç?es que são observ$veis. :udo se transforma e nada perece, mas apenas se mutaciona. :irai o peso da cinza do peso da madeira e tereis o peso da fumaça&, diz Kant. :ambém seria ininteli!"vel a seqL*ncia dos fen@menos sem o princ"pio da causalidade. Esse princ"pio, exp?e Kant, é a afirmação de uma re!ra que determina e explica a sucessão. omo poderia correlacionar os fen@menos se não considerar a produção de uns pelos outros. O princ"pio de substSncia apenas me daria uma visão indeterminada, sem explicar porque o fen@meno 2 sucede ao 1. 1 determinação de um fen@meno posterior por um fen@meno anterior se considerado como um mero acaso tornaria os fen@menos ininteli!"veis. Ora os fen@menos apenas me dão a sucessão e não a razão dessa sucessão. onsequentemente, essa razão é dada a priori. ontudo, a causalidade oferece a Kant uma dificuldade, porque entre causa e efeito $ uma simultaneidade. Kant explica da se!uinte maneira, !raças a uma distinção. 8 mister distin!uir a ordem do tempo do curso do tempo. 1 causa é anterior na ordem do tempo, embora não o se+a no curso do tempo, pois pode aver simultaneidade entre a causa que produz o efeito e este. 1 causalidade est$ li!ada 7 noção de ação, de força e, consequentemente, 7 noção de substSncia. E é na substSncia que se deve procurar o princ"pio de toda causa' 1s aç?es são sempre o primeiro fundamento de toda vicissitude dos fen@menos, e não pode, por conse!uinte, encontrar-se em nenum su+eito que muda em si mesmo&. (ortanto, o Altimo su+eito #do que muda% é o permanente, como substratum de toda vicissitude, quer dizer, a substSncia&. :oda causa sup?e uma substSncia. 8 este o criterium emp"rico da realidade da substSncia, mas da substSncia como fen@meno&, apressa-se ele em anotar, pois mais adiante, na )ialética :ranscendental, procurar$ afirmar com *nfase que nada nos autoriza a afirmar uma causa primeira, uma substSncia supra-sens"vel para explicar os fen@menos sens"veis. 8 a idéia da força que li!a o princ"pio da substSncia ao princ"pio da causalidade, o que conexiona não al!uns fen@menos, mas todos os fen@menos coexistentes. )esse modo o princ"pio de reciprocidade decorre dos dois primeira, é uma conseqL*ncia deles, o que permite conceber a natureza como um todo. 8 pelo princ"pio de reciprocidade que os
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fen@menos me aparecem li!ados no mesmo tempo, enquanto pelo princ"pio de causalidade me aparecem apenas li!ados no tempo. /em este princ"pio seria fala a experi*ncia, pois para perceber é mister perceber as coisas como compostas. 6as a composição não é apenas uma mera +ustaposição das partes no espaço. Essas partes t*m uma relação dinSmica, sem a qual seria imposs"vel conceb*-las em sua mutualidade. 6as essa relação dinSmica não é dada pela percepção, que nos d$ apenas os ob+etos. (ortanto, a unidade é dada a priori, o laço que une as coisas e as suas leis. /em essa unidade seria imposs"vel o conecimentos dinSmico. :rata Kant a se!uir dos postulados do pensamento emp"rico, que são as definiç?es da possibilidade, da exist*ncia e da necessidade. 1ssim como as analo!ias são necess$rias 7 experi*ncia, também o são os postulados. Observa-se o se!uinte' 0%que se admite a priori certos fen@menos como poss"veis3 4%reconece-se que $ princ"pios a partir dos quais podemos a priori distin!uir a simples possibilidade de a realidade3 5%que se pode estabelecer a priori certas relaç?es necess$rias entre os fen@menos e as formas do nosso pensamento. Esses princ"pios são tr*s' 0%8 poss"vel tudo que se conforma com as condiç?es formais da experi*ncia, ou se+a tudo quanto pode ser representado por uma intuição e assumido por um esquema a um conceito. 4%8 real o que se li!a 7s condiç?es materiais da experi*ncia, ou se+a o que pode ser ob+eto de uma sensação. 5%Existe necessariamente o que, conexionado com o real, é determinado se!undo as condiç?es !erais da experi*ncia. 1 necessidade de um fen@meno resulta da realidade de outro, ao qual est$ li!ado pela lei da causalidade. )este modo, a possibilidade, a realidade, a necessidade são limitadas 7 filosoficamente demonstrar a sua exist*ncia, pois nosso conecimento não conse!ue ir além dos limites da experi*ncia. /ão tr*s as idéias transcendentais da razão especulativa. Essas idéias são o princ"pio primeiro de todo racioc"nio, o fundamento indemonstr$vel de todas as demonstraç?es #as maiores de todas as maiores poss"veis%.
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H$ apenas tr*s formas de silo!ismos3 tr*s maneiras de alcançar a uma proposição condicionada, a uma maior que é dela a condição3 o silo!ismo cate!;rico, o silo!ismo ipotético e o silo!ismo dis+untivo. O silo!ismo cate!;rico afirma que o atributo é inerente 7 substSncia3 O silo!ismo ipotético afirma que sendo dada a causa é dado o efeito, permitindo, por sua vez, que, do efeito se remonte a causa que é a condição daquele3 O silo!ismo dis+untivo afirma a diversidade das partes de um todo, e ao mesmo tempo sua relação com o todo. )a" sur!em tr*s idéias' 0% a de substSncia absoluta, que serve de fundamento a toda e qualquer outra substSncia e consequentemente a todo e qualquer +u"zo, a todo silo!ismo cate!;rico3 4% a idéia da série total das condiç?es e por conse!uinte de uma causa primeira, que é fundamento de todas as causas supostas nos silo!ismos ipotéticos, que Kant cama de idéia de uma suposição que não sup?e mais nada 3 5% a idéia de um ser que reuna em si tudo quanto $ de real nos ob+etos diversos e dos quais dependem todas as suas relaç?es, incluso as rec"procas. Essa é a idéia do ser perfeito, ao qual nada falta. Esse absoluto da s"ntese do diverso corresponde 7 cate!oria de comunidade, como as idéias precedentes correspondem 7 cate!oria de substSncia e a de causa. 1 idéia de substSncia absoluta implica a de substSncia simples, por ser ela incondicionada, +$ que uma substSncia composta dependeria de outros. 8 a idéia do eu a primeira idéia de um su+eito simples. 8 a primeira das idéias transcendentais, de uma substSncia absoluta. 1 idéia da série total das condiç?es dos fen@menos é a idéia de natureza, que é con+unto de todas as causas e de todos os efeitos. 1 idéia do ser perfeito é por sua vez a idéia de )eus. Esta idéia é necess$ria porque não se pode conceber nada que não tena um atributo e nenum atributo é conceb"vel senão em )eus. 6as, porque o su+eito absoluto #o eu% é transcendentalF (orque a experi*ncia série inferior careceria de um fundamento. Esse primeiro fundamento é incondicionado. O +u"zo
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que conclui pela proposição fundamental, do incondicionado, não é um +u"zo anal"tico, mas sintético. omo para Kant os +u"zos sintéticos a priori não são v$lidos senão em relação 7 experi*ncia, não se pode concluir a realidade ob+etiva do incondicionado, da causa primeira. 1 idéia do absoluto não é imanente ao ob+eto do conecimento, mas transcendente, e funda-se na natureza do su+eito pensante. onclui Kant que essa necessidade que revela a razão em conceber o absoluto sur!e de uma imposição de economia, por um lado, e por outro pela impossibilidade de uma re!ressão in infinitum. (ara ele é uma das nossas ilus?es, ilusão que teve (latão, que reduziu nossa razão a esses princ"pios, como o de 1rist;teles foi o reduzir a inteli!*ncia apenas aos conceitos do entendimento. 6as reconece aver al!uma verdade nesses dois sistemas. E comenta deste modo' (latão notou muito bem que nossa faculdade de pensar experimenta uma necessidade mais elevada que a de descascar os fen@menos se!undo a unidade sintética para poder l*-los como experi*ncia, e que nossa razão se eleva naturalmente a conecimentos, tão altos para que um ob+eto dado pela experi*ncia possa +amais les convir, mas que, contudo, tem sua realidade e não são puras ficç?es&. 6as se não são puras ficç?es nem por isso t*m um ob+eto real, pois comenta e prosse!ue sempre ne!ando-les realidade. 1 nossa experi*ncia s; nos pode oferecer re!ras relativas, mut$veis, amb"!uas. E exemplifica com o omem virtuoso, que podemos considerar mais ou menos virtuoso sem +amais ter a noção clara e definitiva do que se+a o virtuoso em sua absolutuidade, ou se+a o arquétipo do omem virtuoso, se!undo o qual poderia conformar a sua conduta. ontudo, reconece, que se pode, aqui, realizar a imitação desse ideal por um pro!resso indefinido de perfeição. Examina a atitude dos que mofaram de (latão por dese+ar confiar o !overno do Estado a um rei fil;sofo, um rei que participa das idéias #formas%, mas sem razão, porque a conduta do rei deve conformar-se, na pr$tica, ao ideal de +ustiça e aos princ"pios filos;ficos da le!islação. /endo a idéia do bem a re!ra de nossas aç?es são os arquétipos das coisas que nos explicam a natureza. (or isso (latão considerava-os as pr;prias causas das coisas. 6as, afirma Kant, o esp"rito umano é impotente para provar a exist*ncia de tais arquétipos, e consequentemente é prudente não tentar fi.........
1s noç?es de tempo e de espaço, que são dadas a priori, são necess$rias 7 percepção3 as de quantidade, qualidade, relação e modalidade são necess$rias a todos os +u"zos. 6as s; são poss"veis essas noç?es, que são relativas, de serem concebidas em relação com o absoluto ou o infinito, pois sem a idéia da unidade absoluta é imposs"vel o conceito de quantidade, como sem a idéia de perfeição é imposs"vel a de qualidade. (or sua vez o +u"zo de causalidade implica uma causa primeira e a possibilidade, a contin!*ncia das coisas finitas, é imposs"vel de ser alcançada sem a idéia de um ser necess$rio, incondicionado. 8 a razão a faculdade que concebe essas idéias de absoluto, de infinito e de incondicionado. /em os conceitos do entendimento é imposs"vel compreender os dados da sensação, como sem os princ"pios da razão é imposs"vel compreender os conceitos do entendimento. 1ssim como o entendimento reduz a diversidade de percepç?es 7 unidade da idéia !eral, a razão reduz as idéias !erais 7 idéia universal. O entendimento é a faculdade das re!ras3 a razão a faculdade dos princ"pios. 1 idéia de infinito contém todas as quantidades e todas as qualidades. 1s idéias absolutamente universais abarcam a totalidade dos conceitos poss"veis. (or isso, para Kant, a razão é a faculdade da unidade das leis do entendimento fundada em princ"pios. 1 razão tem, assim, duas funç?es' um uso l;!ico e um uso puro. O uso l;!ico é o racioc"nio, que de uma verdade !eral deduz uma proposição particular. E o racioc"nio consiste, pois, em estabelecer uma relação entre o condicionado e sua condição, porque a proposição particular é condicionada, enquanto a proposição !eral é a condição. /endo a
proposição !eral condição #ma+or na lin!ua!em l;!ica% em relação 7
conclusão, ela decorre, por sua vez, de uma maior mais !eral e assim sucessivamente, de uma proposição universal, que é por sua vez incondicionada e consequentemente necess$ria. )este modo, o racioc"nio é uma pro!ressão revers"vel através de proposiç?es !erais até alcançar o princ"pio, ou se+a até alcançar uma verdade necess$ria. )este modo todo uso da l;!ica implica o absoluto, sem o qual toda........... mundo sens"velF
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:ambém a doutrina de Neibnitz sobre o tempo e o espaço é fundada numa anfibolia dos conceitos de modalidade. (ara o entendimento o conceito de um corpo s; é poss"vel num espaço necess$rio. )a" concluir ele que é o espaço é uma condição necess$ria entre as realidades, enquanto na verdade nada mais é que uma relação entre nossas percepç?es e não entre os ob+etos percebidos. onclui Kant que, na verdade, não sabemos o que são as coisas nem pela percepção que apenas nos mostra os fen@menos e não o ob+eto, nem pelo conceito que nada mais é que uma forma do entendimento e não a expressão da ess*ncia das coisas. O que apenas sabemos é que $ ob+etos fora do eu e os conceitos revelam que $ um su+eito pensante, esse eu. (odemos saber que o mundo existe e que o su+eito existe, sem nada mais sabermos o que esse mundo é nem o que é esse su+eito. E assim como é parco nosso conecimento do mundo da nossa experi*ncia sens"vel, mais parco ainda ser$ o do mundo das coisas supra-sens"veis, o mundo do absoluto. 1 razão especulativa é impotente para provar a exist*ncia ou a não exist*ncia da alma, da liberdade, de )eus. 6as ser$ assim também a razão pr$ticaF )o mesmo modo que é imposs"vel provar que esse conceito do absoluto corresponde a uma realidade, também é imposs"vel provar que não corresponde a nenuma. E essa impot*ncia é o ob+eto da sua )ialética :ranscendental, como veremos.......... como é o caso de )eus. mp?e-se, assim, para evitar tais erros, recorrer 7 reflexão transcendental. 1 reflexão é o ato do esp"rito pelo qual captamos as relaç?es dos conceitos entre si. /e $ uma relação de conveni*ncia ou de desconveni*ncia estamos na reflexão l;!ica. 6as se tratamos de comparar a ori!em dos conceitos e buscar qual a faculdade que no-los d$, ao examinar se tal noção provém da sensibilidade ou do entendimento, estamos na reflexão transcendental. 1 reflexão transcendental permite-nos evitar que consideremos as relaç?es l;!icas como relaç?es reais. 1 relação l;!ica est$ submetida 7 ordem do nosso entendimento. /; a percepção que nos d$ a sensibilidade poder$ provar a exist*ncia. 1ssim dois triSn!ulos são dois para a sensibilidade, embora, enquanto triSn!ulos, se+am um s; para o entendimento.
Enquanto dois conceitos contradit;rios se excluem, as contradiç?es podem suceder nas coisas, como sucede a oposição. (elo entendimento a parte antecede ao todo, mas, na experi*ncia sens"vel, é o contr$rio. )o mesmo modo a matéria antecede 7s forma no entendimento, não, porém na experi*ncia sens"vel. )a" fazer ele a cr"tica de NocCe e de Neibnitz. O primeiro sensualiza os ob+etos do entendimento, enquanto o se!undo intelectualiza a natureza, pois Neibnitz +ul!a suas leis e os ob+etos por sua idéia e não por sua experi*ncia. 1cusa-o de anfibolia. O famoso princ"pio dos indiscern"veis proposto por ele é insustent$vel. Neibnitz afirma que se dois ob+etos tivessem absolutamente os mesmos atributos eles não se distin!uiriam e seriam um s;. 9o entanto, esquece que poderiam :er uma situação diferente no espaço, apressa-se Kant em afirmar. O princ"pio dos indiscern"veis é correspondente ao conceito de quantidade, enquanto seu otimismo funda-se no conceito de qualidade. onclui Neibnitz, pelo fato de não se exclu"rem os conceitos qualitativos opostos, que todas as perfeiç?es estão reunidas num ser real, que é )eus. omo o conceito de )eus exclui o de mal, a realidade de )eus e a do mal não podem ser admitidas simultaneamente. E porque )eus existe, o mal não existe #este é o otimismo de Neibnitz%. 8 por uma anfibolia dos conceitos de relação, de substSncia, de causa e de reciprocidade que Neibnitz termina por construir a sua concepção das m@nadas. 9o entendimento o simples antecede ao composto. 6as como afirm$-lo também quanto ao da experi*ncia externa, pois a simples consci*ncia de mina exist*ncia prova a exist*ncia de ob+etos fora de mim&. 1s modificaç?es que experimenta o nosso eu são representaç?es. 6as, para que a+a representaç?es é mister que al!o se+a representando. 9ão se ale!ue com as alucinaç?es e o del"rio, porque estes se dão com a composição de representaç?es +$ experimentadas, fundadas em ob+etos reais. /e nada existisse fora de mim, seria imposs"vel perceber qualquer coisa. Kant teme cair no idealismo. /eu esforço é imenso. Ele afirma com ener!ia a exist*ncia de um mundo exterior. E por que existe e por que os fatos se conexionam necessariamente, $ leis. /em essas leis a natureza nos seria ininteli!"vel. Essas leis reduzem-se a duas' a causalidade e a continuidade #>n mundo non datur casus, fatum, iatus, saltus%.
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Os fen@menos não são dados ao acaso, sem li!ação, porque do contr$rio como conceber o mundoF E como conceb*-lo se ouvesse o vazio +$ que o vazio não pode ser percebidoF O mundo para ser concebido é mister que se+a encadeado numa seqL*ncia de causas e efeitos. /em essa concepção seria imposs"vel a concepção do mundo. /em esses princ"pios seria imposs"vel o conecimento e a le!itimidade da experi*ncia prova a dos princ"pios do entendimento. (or isso são eles aplicados apenas aos ob+etos do mundo sens"vel. 8 o que ele concluir$ mais adiante. (ercebemos a realidade das coisas como fen@menos. 6as, em si mesmas, como são elasF O que elas são em si mesmas escapa-se 7 nossa percepção. O que são em si mesmas é apenas ob+eto de pensamento. E como o termo nous, em !re!o, si!nifica esp"rito, noumeno é o conteAdo de um pensamento, não de uma percepção. /erão os ob+etos em si mesmos realmente substancias e aver$ realmente causas. Ora, o nAmeno #noumeno% não é ob+eto de percepção e s; aplicamos as leis aos ob+etos da percepção. /; podemos ter do nAmeno uma intuição intelectual e s; o que sabemos dele é que escapa aos limites do nosso conecimento. )istin!ue Kant o nAmeno ne!ativo de o nAmeno positivo. Os ob+etos sens"veis são nAmenos ne!ativos dois quais afirmamos sua exist*ncia sem nada saber de seus atributos reais. Os ob+etos supra-sens"veis são nAmenos positivos, porque em seu conceito implicamse atributos determinados. ontudo, não podemos provar que existam, porque seu conceito não corresponde a nenuma intuição. )o nAmero ne!ativo nada podemos dizer senão que é3 enquanto de nAmeno positivo podemos dizer tudo sem poder dizer, no entanto, que existe experi*ncia. 1 possibilidade nada mais é que a possibilidade f"sica, a exist*ncia é a realidade material e a necessidade é a determinação f"sica. 8 poss"vel todo ob+eto cu+o conceito não é contradit;rio. H$ contudo coisas imposs"veis sem serem contradit;rias. Kant exemplifica com a impossibilidade de duas retas encerrarem um espaço. :al é imposs"vel, porque repu!na 7s leis de nossa intuição. )este modo para afirmar que uma coisa é poss"vel basta que se acorde com as leis do entendimento e com as da sensibilidade. Esta se!unda condição não se pode realizar nos ob+etos que escapam 7 nossa intuição. /er$ isso suficiente razão para consider$-los imposs"veisF 1 resposta que d$ é que não é imposs"vel, mas i!noramos quais possam ser as
condiç?es de sua possibilidade. 1 não contradição apenas pode determinar a possibilidade de um pensamento, não, porém, a sua exist*ncia. O fato de al!o não ser contradit;rio não é razão suficiente para afirmar a sua exist*ncia. Em linas !erais este pensamento é verdadeiro. ontudo, nos estudos teol;!icos alcança-se a um ponto que toda possibilidade é necessariamente existente. 1dmitida a exist*ncia do /er /upremo tudo quanto é poss"vel nele e por ele é nele e por ele necessariamente existente, porque, do contr$rio, seria uma possibilidade que le escaparia. 1 possibilidade não pode ser um mero nada. 8 uma entidade menor, fraca, sem dAvida, mas é al!uma coisa. /e não est$ nele seria um ser, uma entidade que le escaparia, o que levaria ao pluralismo. 9o processo filos;fico, v*-se, como o mostramos por nossa dialética concreta, que $ afirmaç?es inevit$veis em face de teses +$ demonstradas. H$ conclus?es que decorrem necessariamente da apoditicidade de certas teses. 9o tocante 7s coisas sens"veis a possibilidade não afirma necessariamente a exist*ncia, mas apenas a possibilidade. 9o tocante, porém, 7s coisas divinas, aceita a exist*ncia do /er /upremo Anico e fonte e ori!em de todas as coisas a possibilidade é de certo modo necessariamente existente nele. 8 o que mostramos em nossa Xilosofia 'oncreta&. 1 possibilidade de uma coisa é provada pela possibilidade de sua intuição, mas a realidade é provada pela sensação, se!undo Kant. 6as a sensação vai além, pois ademais de provar a realidade prova ainda a da causa que a produz. 8 esse postulado pelo qual conclu"mos a realidade da causa que é fundamento da crença no mundo exterior. Kant analisa o pensamento de 3)escartes e mostra que este não admitia outra certeza que a experi*ncia interna. 6as conclui que admitir a certeza da experi*ncia interna é afirmar a certeza da experi*ncia apenas nos oferece os fen@menos do que não a sua substSncia. :ambém é transcendental a idéia da natureza porque a experi*ncia apenas nos d$ a conecer parte dos fen@menos e não a totalidade. Essas tr*s idéias são os ob+etos de tr*s ci*ncias' a psicolo!ia transcendental #o eu%, a cosmolo!ia transcendental #o mundo, o cosmos% e a teolo!ia transcendental #)eus%. (or serem transcendentais essas ci*ncias não podem provar a realidade dos seus ob+etos. 8 um paralo!ismo, afirma, que do eu experimental concluamos a exist*ncia de um simples, de uma substSncia espiritual.
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E cama de antinomias da Razão pura as contradiç?es que inevitavelmente ca"mos quando dese+amos realizar a natureza, a série total dos fen@menos.
1 série total dos fen@menos existentes realmente #que para Kant é a natureza que nada mais é que a totalidade dos fen@menos e suas condiç?es% leva fatalmente a contradiç?es inevit$veis, que ele cama de antinomias, que são quatro, correspondentes 7s cate!orias da quantidade, da qualidade, da relação e da modalidade. 1a, antinomia
:ese' 8 necess$rio, por um lado, que o mundo tena tido um começo, e que tena limites. Raz?es téticas' /e o mundo é eterno #Kant empre!a o termo eterno no sentido do que tem durado sempre% uma série infinito #em nAmero, portanto% +$ teria atualmente decorrido. Ora, tal é absurdo porque uma série de tal espécie não poderia :er atualmente terminado e como tal não se deu tem ainda que percorrer o que é contradit;rio 7 sua infinitude, pois averia um infinito a parte ante e, neste momento, tal infinito ainda poderia :er um
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acrescentamento, o que leva ao absurdo. /e fosse infinito no espaço, a soma de suas partes, que são finitas, formariam um nAmero infinito, o que é imposs"vel, pois +amais a soma de coisas finitas poderia dar uma totalidade infinita. :ais raz?es apoiam a tese. Raz?es antitéticas' ontudo é imposs"vel que o mundo tena tido um começo e que tena limites no espaço. /e começou, ouve antes um tempo vazio. Ora, um tempo vazio não encerra coisa al!uma que possa determinar al!o a sur!ir, o que leva consequentemente a concluir que não pode sur!ir em tais condiç?es. /e o mundo, por sua vez, tem limites, é ele limitado por um espaço vazio. Ora, um espaço vazio é um puro nada, o que é por sua vez contradit;rio. onsequentemente o mundo é eterno e infinito, o que comprova a ant"tese. -a,antinomia
:E/E' O mundo é composto de partes simples. Raz?es téticas' 1 composição nada mais é que a relação acidental das substSncias, portanto implica, necessariamente, a simplicidade como elementar. Raz?es antitéticas' (artes simples não ocupariam nenum espaço, pois do contr$rio teriam partes. E coisas não especiais não poderiam formar uma extensão. )este modo é imposs"vel que o mundo se+a composto de partes simples. .a,antinomia
:E/E' 8 necess$rio admitir uma causalidade livre para explicar a causalidade natural. Raz?es téticas' /e todas as causas fossem determinadas por outros que as antecedem e não ouvesse uma primeira livre que as determinasse não averia começo al!um o que é contradit;rio. Raz?es antitéticas' também é contradit;rio, contudo, que uma causa possa a!ir sem ser determinada a tal por um fen@meno anterior. O que leva a concluir que não $ causa primeira, causa livre. 1demais uma causa livre perturbaria a ordem das leis da natureza. /a, antinomia
:E/E' (ara explicar o universo é mister supor um /er necess$rio, distinto daquele, e que não faz parte dele. Raz?es téticas' 1 série dos fen@menos naturais é contin!ente e todo condicionado exi!e por condição um primeiro incondicionado.
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Raz?es antitéticas' ontudo, é imposs"vel existir no mundo um ser necess$rio, como é imposs"vel existir fora do mundo e que se+a a sua causa. E as raz?es são as se!uintes' um ser necess$rio não podia fazer parte do mundo, que é contin!ente. /e est$ fora do mundo, est$ fora do tempo. E se tal se d$ não poderia a!ir no tempo e consequentemente não poderia produzir o mundo que est$ no tempo. E comenta porque o termo su+eito tem na maior uma si!nificação diferente do que tem na menor, pois na maior si!nifica uma coisa em !eral, capaz de atributos enquanto, na menor, si!nifica o ato de pensar, consequentemente a conclusão é deduzida per sopiam fi!urae distionia. #9ão sabemos que filosofia de enver!adura usaria tal silo!ismo, tão elementar em seu erro que qualquer estudante de l;!ica evitaria. 9enum l;!ico, que realmente merecesse tal nome, diria a maior' todo su+eito é uma substSncia, porque su+eito, em l;!ica, é apenas o que é apto a receber um atributo #positivo sem dAvida%, mas, substSncia é o que é portador de acidentes, ou se+a, o que perdura enquanto le acontece al!uma coisa. /e su+eito é tomado lo!icamente, substancia seria tomado apenas no sentido l;!ico-!ramatical e não no sentido @ntico, de al!o existencial. 9a menor, o que pensa realiza uma ação e como poderia realizar uma ação o que não é em atoF O silo!ismo seria diferente' tudo quanto é em ato existe3 ora, pensar é um ato, lo!o, quem pensa existe. 1 maior se provaria porque existir é estar fora de suas causas, no exerc"cio de seu ser. (ensar é exercer uma ação, é estar no exerc"cio de seu ser, fora de suas causas. 9este caso, o silo!ismo +$ não seria sof"stico, pelo menos não poderia le ser atribu"do o sofisma que le aponta Kant%. 1firma a se!uir Kant que não $ nenuma prova especulativa em favor da imortalidade do eu, porque essa prova seria deduzida do silo!ismo sof"stico. 1cusa 6endelsson de um erro na prova da imortalidade da alma, porque seu ar!umento é o se!uinte' o que é simples não pode ser decomposto&, portanto não pode perecer por decomposição. 6as se não pode deperecer de tal modo, por deperecer por extinção. 6endelsson tenta demonstrar que uma substSncia simples não pode perecer nem por decomposição nem por extinção. E a razão que apresenta é a se!uinte' para que al!o pereça por extinção teria que perder !radualmente suas partes. /endo simples não tem partes para perder. 6as esquece 6endelsson que a alma tem qualidades e que ela poderia perd*-las !radativamente até desvanecer-se completamente a consci*ncia e por conse!uinte o eu, +$
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que não é talvez nada mais que a consci*ncia de mim mesmo. onclui, afinal, que não se pode nem provar especulativamente a imortalidade da alma nem que ela pereça com o corpo. /; o poder$ fazer a razão pr$tica, como o mostrar$ mais adiante. #
/abemos que pensamentos e que nosso pensamento é um #tem unidade%. :odo pensamento sup?e a capacidade, a faculdade de pensar. 1tribu"mos a esse eu atributos que le pertencem sinteticamente, não analiticamente. Ora, os +u"zos sintéticos são paralo!ismos para Kant, e consequentemente sof"sticos porque nos faltam as intuiç?es. dentidade da faculdade de pensar por si s; não é uma prova da identidade e da perman*ncia da mina pessoa. E o demonstra afirmando que uma função pode ser
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permanente e sempre id*ntica a si mesma sem que o su+eito dessa função se+a id*ntico. #6as, poder-se-ia per!untar se Kant acreditaria que seu eu fosse apenas uma função%. 1demais qual é a certeza de que meu eu mantém relaç?es com os ob+etos exteriores, com o meu corpoF
(ode-se também descobrir o laço que correlaciona todos os nossos conecimentos a uma ci*ncia Anica da qual todas as outras são ramos. 1 fonte comum de todos nossos conecimentos é a razão e o fim comum de todas as coisas é o fim supremo da razão. 1 ci*ncia primitiva fundamental é pois a ci*ncia da razão que é a filosofia e é ela que d$ unidade a todos os nossos conecimentos considerados do Sn!ulo dos fins. onsiderar todas as coisas assim é apontar-les leis. 9;s conecemos apenas dois ob+etos' a natureza e a liberdade. H$ uma ordem que é que corresponde ao estudo das leis f"sicas, e uma ordem que deve ser que corresponde ao estudo das leis morais. 1 f"sica deve camar-se metaf"sica da natureza e o estudo das leis morais de metaf"sica dos costumes. 1 metaf"sica da natureza subdivide-se em filosofia transcendental e fisiolo!ia racional, que é a f"sica. 1 primeira estuda as leis do su+eito pensante e a /e!unda examina os ob+etos. omo $ certos ob+etos que são apenas pensados pela razão a fisiolo!ia racional se subdivide em fisiolo!ia imanente e fisiolo!ia transcendente. 1 primeira considera os ob+etos da experi*ncia e compreende a f"sica racional e a psicolo!ia racional estas ci*ncias apenas tratam do que sabemos a priori sobre os ob+etos sens"veis. Kant também a cama de f"sica pura e de psicolo!ia pura. 1 f"sica transcendente subdivide-se em cosmolo!ia que trata da natureza considerado como ser real, como substratum transcendental dos fen@menos e :eolo!ia que
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busca a causa primeira do mundo. om exceção da metaf"sica dos costumes todas estas ci*ncias reduzem-se a conecer simples conceitos dos ob+etos e não ob+etos reais. 1 metaf"sica serve de fundamento a possibilidade de certas ci*ncias e ao uso de todas&. 1 prova moral demonstra ser onipotente, pois é preciso saber tudo para apreciar o valor de todos os atos umanos e todo poder para recompens$-los no seu +usto valor. )emonstra ademais um )eus Anico, pois como encontrar"amos, nas vontades diferentes, uma perfeita unidade de intenç?es e de fins,... uma causa capaz de produzir efeitos sempre de acordo com a lei moral&. Reconecido )eus como autor da armonia no mundo moral é reconecido como autor no mundo da natureza, pois a armonia do universo não poderia ser senão o efeito de sua sabedoria, de sua bondade e do seu poder. :udo tem portanto um fim na natureza. H$ verdadeiramente no mundo um sistema de fins subordinados uns aos outros e todos subordinados a um fim superior, a possibilidade da exist*ncia terrestre de um ser indicado para praticar a lei moral. )esse modo a f"sica se li!a a teolo!ia e o mundo da natureza e o da !raça são feitos um para o outro encontrando ele sua unidade num supremo des"!nio e é a consideração dessa unidade o fio condutor de nossas pesquisas sobre a natureza ao mesmo tempo que ela são santificadas. 2ist&ria da Razão Pra
Em face da 6etaf"sica os fil;sofos dividiram-se em duas escolas. Dns como Epicuro ne!aram esta ci*ncia e s; admitiram as idéias provindas dos sentidos, são os sensualistas. Outros como (latão conceberam que as idéias constru"das pela razão tem um ob+eto real e consideraram a metaf"sica como a ci*ncia dos seres, quando na verdade ela nada mais é do que a ci*ncia das formas da razão, são os intelectualistas. Entre os intelectualistas distin!uem-se os noolo!istas que relacionaram a razão como faculdade a priori as noç?es supra sens"veis e os empiristas como 1rist;teles que por uma estrana inconseqL*ncia derivam-nas dos sentidos ao mesmo tempo que reconecem que elas ultrapassam os mesmos. /e todas nossas idéias vem da experi*ncia é inAtil pretender demonstrar a exist*ncia de )eus e a imortalidade. 9o entanto, 1rist;teles tentou provar. Estas duas escolas revelam que uma não soube usar a metaf"sica enquanto a outra dela abusou. H$ assim dois métodos, um naturalista e um cient"fico. O primeiro é uma
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verdadeira misolo!ia, o método cient"fico é ora do!m$tico como em Iolf, ora céptico como em Hume. Entre estes dois excessos resta um camino' o método cr"tico. (ara Kant o Anico que pode levar depois de vinte séculos a um bom resultado satisfazer completamente a razão umana numa matéria em que ela constantemente se ocupou com ardor até aqui, mas também sempre inutilmente C+none da Razão Pra
)o abismo céptico em que Kant nos colocou até aqui, vai sur!ir uma luz. Reconece Kant que tem a razão uma tend*ncia irresist"vel para o infinito, um "mpeto para alcançar uma verdade transcendental, para sair dos limites da experi*ncia. Esse "mpeto seria inAtil, e contrariaria a pr;pria natureza se não ouvesse um meio de vencer as nossas limitaç?es. /e a razão pura é importante para alcanç$-lo precisamos ver se o podemos pela razão pr$tica, pois de outro modo, a que causa se deveria relacionar este dese+o, que não podemos abafar, de por em al!um lu!ar o pé firme além da experi*nciaF 1 razão presente coisas que tem para ela um !rande interesse3 ela entra no camino da especulação para aproximar-se mais perto desses ob+etos, mas eles se afastam. /em dAvida ela tem de esperar melor *xito no Anico camino que le resta, o do uso pr$tico. 8 pr$tico tudo que é poss"vel pela liberdade&. Ora é certo que $ coisas pr$ticas, coisas que podem e devem ser feitas3 portanto o omem é livre. (ela mina liberdade posso tentar alcançar a felicidade. Este é um fim emp"rico mas também concebo um fim racional que consiste não apenas em ser feliz, mas em tornar-me di!no de ser. Este fim é obri!at;rio, incondicionado, pois posso renunciar a felicidade, não porém a virtude. E contudo é incondicionado este nAmero que eu camo a lei moral, o qual pode e deve :er uma influ*ncia sobre o mundo sens"vel, pois deve determinar meus atos que pertence ao mundo dos fen@menos. /into a presença real do bem ao sentir a obri!ação, ao sofrer a ordem que ele me imp?e. omo posso, pois, duvidar da sua realidade ob+etivaF /e o bem existe é mister que a+a uma adequação perfeita entre a virtude e a felicidade, pois um desacordo cont"nuo entre estas duas coisas seria uma desordem absoluta, a ne!ação absoluta do bem. Ora essa acordSncia não existe nessa via3 portanto $ uma outra. Essa acordSncia s; pode ser realizada por uma pot*ncia infinitamente perfeita que ordena se!undo leis morais e demonstrada a exist*ncia dessa pot*ncia devo reconece-la como causa do mundo, portanto, )eus e uma vida a vir são suposiç?es insepar$veis da obri!ação
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que nos imp?e a razão. /ubstitui assim Kant a prova especulativa por uma prova pr$tica que afirma ele pode determinar melor os atributos de )eus. O ar!umento das causas finais elevam-nos ao pensamento de uma causa inteli!ente do mundo, mas não prova que se+a Anica nem onipotente. a exist*ncia de )eus e a imortalidade como poss"veis. ne!avelmente Kant é um céptico, contudo não se deve confundi-lo com um céptico comum, pois procura demonstrar sua posição ao ne!ar as verdades da razão especulativa. (retende substituir os anti!os processos por novos como se v* na razão pr$tica +$ distinta da razão pura. 9a 6etodolo!ia prop?e ele quest?es que exi!em um exame especial. )ivide esta parte da obra em )isciplina da Razão (ura., Snone da Razão (ura, 1rquitet@nica da Razão (ura e finalmente Hist;ria da Razão (ura. Examinemos a primeira 1firma Kant que o conecimento pelas idéias é imposs"vel porque le falta a matéria, a metodolo!ia tem que se aplicar apenas a forma. 9a 1nal"tica afirmou que não temos o direito de raciocinar sobre coisas que ultrapassam a experi*ncia. Reconece que $ uma exceção nas matem$ticas, pois estas podem dar demonstraç?es concludentes que ultrapassam os limites da experi*ncia. 1
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filosofia, contudo não pode oferecer o mesmo camino e essa diferença sur!e de que os nossos conceitos na 6atem$tica aplicam-se as intuiç?es, não a intuiç?es propriamente sens"veis, mas a intuição pura do espaço e do tempo. Xora da matem$tica os conceitos da razão são vazios de intuiç?es puras e também de intuiç?es sens"veis. (or isso é imposs"vel na filosofia um +u"zo sintético a priori. 1demais para raciocinar são exi!"veis axiomas, demonstraç?es, e este método s; o pode ser empre!ado na matem$tica. Dm !e@metra pode definir um conceito porque ele o constr;i, na verdade ele não define um triSn!ulo, mas o processo de seu esp"rito ao construir um triSn!ulo. omo não $ em sua fi!ura senão aquilo que ele p@s ao construir, ele pode definir por todos os seus caracteres, e a sua definição é portanto completa e perfeita. O mesmo +$ não acontece com a filosofia, cu+os conceitos merecem definiç?es va!as e incertas. :ambém é imposs"vel na filosofia axiomas. Dm axioma é um +u"zo sintético a priori e que sup?e portanto uma intuição pura do tempo e do espaço. )este modo s; $ axioma na matem$tica. /em axiomas e sem definiç?es é imposs"vel demonstraç?es. 1 filosofia não tem matemas #proposiç?es demonstr$veis%, mas apenas do!mas #proposiç?es sintéticas por conceitos e sem intuiç?es que não tem valor apod"tico%. (or isso na filosofia se pode demonstrar com a mesma força teses contr$rias, como não se demonstra a exist*ncia de )eus também não se demonstra o ate"smo e o pante"smo. (er!unta-se se poderia a filosofia fundar o esquema do conecimento do mundo. /em ela, s; conecer"amos fatos isolados, leis isoladas. 1 idéia de uma inteli!*ncia ordenadora é o esquema que nos diri!e ao estudo dos seres or!anizados, pois é somente pela admissão de um fim que podemos e buscamos a função dos ;r!ãos. )esde o momento que esquecemos que tais idéias são apenas princ"pios re!uladores e os transformamos em princ"pios constitutivos deixamos de procurar o exame dos fatos, pois consideramos ter alcançado o fim de nossas pesquisas. Essa afirmativa de Kant é contudo desmentida pela atuação dos estudiosos como 9eYton, que, embora crendo em )eus, não desinteressou-se pela pesquisa cient"fica. 1s idéias da alma e a de )eus nada t*m de contradit;rio, enquanto a idéia da natureza leva a antinomias das quais s; nos salvamos ne!ando a fenomenalidade do mundo. onclui, contudo, que é imposs"vel afirmar ou ne!ar a exist*ncia da alma e de )eus e que tais idéias são Ateis como re!uladoras de nossos conecimentos e, finalmente, que $ mais verossimilitude em favor da retidão da nossa razão que em favor de sua
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falsidade. 8 uma presunção, a qual passa a examinar em sua obra na 6etodolo!ia, que resume a r"tica da Razão (r$tica. Sol3ão o(erecida )or 4ant ao )ro"lema das antinomias
Essas são as conseqL*ncias a que ce!a a nossa razão ao tentar especular sobre a ori!em do mundo. 6as $ possibilidade de conciliação entre as teses e ant"teses e Kant prop?e uma solução. 1 posição tética é pr;pria do do!matismo e da moral que a fundamenta com a fé, enquanto que a ascensão perpétua e sem fim do condicionado 7 condição, ela permanece sempre com um pé no ar e não pode encontrar nenuma satisfação&. O empirismo sustenta a posição antitética, que encontra base na ci*ncia, pois aceitada a série como ilimitada impulsiona a pesquisa constante da natureza. (ara Kant, ambas posiç?es são Ateis uma 7 moral e a outra 7 ci*ncia. ontudo de onde sur!em as contradiç?esF Estas sur!em, se!undo Kant, de um erro de racioc"nio consistente em se aver tomado os fen@menos como nAmenos. )esaparecem as contradiç?es desde o momento em que se destr;i essa anfibolo!ia. Ve+amos a maneira como Kant examina a primeira antinomia. O mundo é o con+unto dos fen@menos. 6as as leis dos fen@menos nada mais são que leis do nosso pensamento. E essas leis não nos permitem que permaneçamos na concepção sucessiva do mundo. 1lém de um tempo e de um espaço quaisquer concebemos sempre al!um fen@meno, um ob+eto material. onsequentemente não é finita a nossa concepção do mundo. 9este caso, a ant"tese é verdadeira se entendemos o mundo, como devemos faz*-lo, do modo que realmente o fazemos. 9ossa mente, por sua vez, nunca atin!e o infinito, a eternidade, a imensidade. (ortanto, não nos é poss"vel conceber o universo como infinito, o que tomado por esse lado, torna verdadeira a tese. :omados em si os fen@menos são nada. 9ão são, portanto, nem finitos nem infinitos. 6as re!redindo nosso esp"rito 7 ori!em das coisas e em direção aos seus limites, é indefinida, não sendo, portanto, em si mesma, nem finita nem infinita. )esse modo a tese e a ant"tese não são contradit;rias. 1mbas são verdadeiras e a antinomia é apenas aparente. /e os fen@menos fossem reais seriam ou finitos ou infinitos. O indefinido s; existe na ordem do pensamento. 1 solução da se!unda antinomia obedece 7 mesma ordem. 1 ordem dos fen@menos não é composta de partes simples, nem tampouco é divis"vel ao infinito. E tal decorre
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porque em si mesmos são nada. 6as a re!ressão de nosso pensamento do composto ao simples, a divisão mental das partes da matéria é sem limite. 9ossa mente não alcança ao simples, o que torna a ant"tese verdadeira. 1 divisão, contudo, tende ao infinito sem alcanç$-la e nesse sentido a tese é verdadeira. 9a verdade, a soma das partes do mundo existe apenas em nosso pensamento e seu nAmero é i!ual ao das nossas divis?es mentais. E como o nosso pensamento não pode atin!ir o infinito nem deter-se no finito, o nAmero de nossas divis?es mentais é indefinido. onsequentemente não $ contradição entre a tese e a ant"tese. 1 divisão s; pode deter-se no simples, mas, na verdade, não atin!e nunca o simples. E essa é a razão porque as duas proposiç?es são verdadeiras e se conciliam. /eria absurda essa solução se os fen@menos fossem al!uma coisa, porque então o elemento simples que procuramos constantemente existiria antes da composição e com mais razão ainda antes da decomposição. 9o pensamento, a divisão pode preceder ao elemento. 6as o ponto de partida é o composto e o simples é apenas o ponto de ce!ada, que é apenas ideal e +amais atin!"vel. 9as suas primeiras antinomias são verdadeiras tanto a tese como a antinomia. 6as apenas se!undo um ponto de vista, porque se!undo outro são ambas falsas. /ão falsas se consideradas como asserç?es relativas 7 natureza das coisas, verdadeiras se reduzidas a simples asserç?es obedientes apenas 7s nossas leis do pensamento.
ação que a precedeu imediatamente. V*-se desse modo que o incondicionado proposto aos fen@menos não perturba a série. 9ão quebra a cadeia porque não é ele o anel dessa cadeia. )este modo os fen@menos podem encadear-se indefinidamente se!undo leis necess$rias sem que a causa inteli!"vel este+a submetida a essa determinação. 1ssim o que se produz no tempo é efeito determinado necessariamente pelo fen@meno interior o que torna verdadeira a ant"tese, mas a causa inteli!"vel de tais fen@menos, estando fora do tempo, não est$ submetida a essa lei, o que torna a tese também verdadeira. 1ssim a razão que sup?e uma causa livre é +ustificada e por sua vez o entendimento que sup?e uma série infinita de causas se!undas não contradiz a razão. 1 liberdade entendida e concebida pelo entendimento como o imposs"vel s; existe onde o entendimento não pode penetrar que é o mundo dos nAmeros. /ur!e aqui uma per!unta' pode o fen@meno ter uma causa em al!o que não é fen@menoF Responde Kant que a razão experi*ncia interna o demonstra porque a razão e a causa inteli!"vel imp?e os deveres imperativos sendo ela portanto causa das nossas aç?es. 9ão sendo ela no tempo determina-nos a a!ir no tempo. O ato é poss"vel pelas condiç?es f"sicas que o precede mas estas condiç?es não concerne a determinação do livre arb"trio, elas não se referem senão visualizam seu efeito no fen@meno. (or numerosas que possam ser as raz?es f"sicas que me levam a querer, por numerosos que possam ser os motivos sens"veis, não podem eles produzir o dever, mas um querer sempre condicionado ao qual o dever, proclamado pela razão, op?e uma medida e um termo, uma defesa, uma proibição e uma autoridade&. H$ assim para Kant duas casualidades' uma se!undo a natureza, outra se!undo a liberdade. 1 razão é a causa inteli!"vel dos meus atos livres o que demonstra que eles tem sua causa no mundo dos fen@menos, pois o omem é um fen@meno&. 9ão $ nenuma quaisquer condiç?es que determinem o omem se!undo o car$ter emp"rico que não este+a compreendida na série dos efeitos naturais, que não se+a causada por um fen@meno anterior. 6as não se pode dizer a razão senão antes do estado na qual ela determina o arb"trio, ou um outro estado precede no qual este mesmo estado é determinado&. Em suma os atos umanos são determinados enquanto fen@menos, ou se+a, enquanto os percebemos no tempo e no espaço, mas são livres enquanto referidos a razão, a lei moral. O ato realizado pelo omem é um fato, pois tem lu!ar no tempo e é determinado por um fato anterior, como por exemplo uma mentira que é determinada pela m$ educação, pela leviandade, pela falta de
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sentimento de onra, mas essa mentira é uma violação das leis da razão, e como tal é um ato inteli!"vel. 1 razão poderia determinar o omem a não mentir. (ortanto ela é uma causa livre da sua mentira. (or esse ponto de vista, nossos atos tem uma causa fora do mundo e independente da determinação f"sica. E esta causa livre coexistente da determinação de nossos atos como fen@menos constitui a liberdade transcendental. E essa liberdade é real porque nossa razão pr$tica nos obri!a a aceit$-la +$ que ela não existe no mundo sens"vel. Reconece Kant que é dif"cil compreendermos como nossos atos podem :er duas causas' uma livre que nos torna livres e outra não livre que nos impede de ser livres, mas o absurdo desaparece quando considerando essa se!unda causa é um fen@menoF E como tal não tem nenuma realidade. Ora uma determinação fenomenal sendo consequentemente ilus;ria não é incompat"vel com a liberdade real. (ara resolver a quarta antinomia basta considerar pelo mundo dos fen@menos que é o que se d$ no tempo tudo é condicionado, mas fora do tempo pode existir um ser necess$rio as duas proposiç?es contradit;rias podem ser ambas verdadeiras ao mesmo tempo sob diferentes aspectos, de tal forma que todas as coisas do mundo sens"vel se+am absolutamente contin!entes e não tenam senão uma exist*ncia empiricamente condicionada, embora a+a também para toda série uma condição não emp"rica, quer dizer, um ser incondicionalmente ou absolutamente necess$rio. Este ser enquanto condição inteli!"vel, não faria parte da série como um de seus anéis #9em sequer como o mais elevado%. 1ssim não $ no mundo sens"vel uma necessidade incondicionada, não $ nenum membro da série das condiç?es em que não se deva sempre esperar e procurar tão lon!e quanto poss"vel a condição emp"rica, mas não se deve ne!ar por isso que toda série não possa ter sua razão de ser num ser inteli!"vel que consequentemente é livre de toda condição emp"rica, e contém ao contr$rio o princ"pio da possibilidade dos fen@menos&. 1 contradição é portanto aparente, +$ que se pode explicar por um lado os fen@menos por uma causa necess$ria e admitir por outro lado que a série total de suas causas é contin!ente. Os fen@menos s; existem no nosso pensamento e a impossibilidade do nosso esp"rito alcançar ao infinito na re!ressão das causas contin!entes é apenas uma lei do nosso esp"rito. 9essa re!ressão, a nossa razão não pode que um fen@meno conti!ente passando para outro anterior também contin!ente alcançar o ser necess$rio, o que d$ validez a ant"tese.
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1o tentar solucionar as antinomias, ce!a Kant a concluir que é poss"vel a causa primeira do /er necess$rio. ontudo, rele!a-a para o nAmeno, mundo onde apenas podemos construir +u"zos de probabilidade. 1 exist*ncia do /er necess$rio é, assim, para ele problem$tica apara a razão especulativa, porque s; podemos concluir de um conceito a sua exist*ncia se podemos acrescentar ao que é concebido pelo entendimento a percepção pela experi*ncia, o que, afirma, não temos do /er 9ecess$rio, pois essa idéia coloca-se acima de toda experi*ncia tornando-se imposs"vel uma intuição sens"vel da mesma, pois não seria o ser necess$rio se fosse capaz de ser apreendido por uma intuição sens"vel. 8 necess$rio apenas ao pensamento. ontudo, mesmo inexistente tem este ideal um valor pr$tico. 1 razão umana contém desses ideais, que não t*m como os de (latão uma virtude criadora, mas que t*m, contudo, uma verdade pr$tica e servem de fundamento 7 possibilidade de certas aç?es& #as aç?es morais, no caso%. Embora não existente fora do pensamento é adequada ao conceito da perfeita sabedoria' :ais idéias dão uma unidade de medida indispens$vel 7 razão que tem necessidade do conceito do que é perfeito para poder apreciar o !rau ou o defeito da imperfeição&. >ne!avelmente, concorda, que a idéia de imperfeição implica a perfeição. 6as dessa implica necess$ria dos conceitos não conclui a sua exist*ncia, a sua ob+etividade. E como a!e então em nosso esp"ritoF /ur!e por uma necessidade da natureza do nosso esp"rito. 1 especulação metaf"sica não pode concluir pela realidade desse ideal fora da nossa mente. 1tribu"mos a esse ideal a posse de todos os atributos poss"veis positivos e não os ne!ativos. onsequentemente, tudo quanto existe possui al!um dos atributos de )eus. 9enum poss"vel pode ser concebido por n;s sem ele, como não podemos conceber nenuma coisa extensa sem o espaço. )eus é concebido como plenitude de ser e ao mesmo tempo como Anico, pessoal. /ua perfeição não est$ repartida em outros seres, porque então nenum seria perfeito e uma soma de seres imperfeitos não realizaria uma perfeição. )eus é simples, pois não é composto de partes, pois se o fosse cada parte constituiria a possibilidade de sua exist*ncia, o que é contradit;rio, pois é ele a condição de toda possibilidade. 1 tese pante"sta é falsa porque faz de )eus uma soma das qualidades das partes. Os atributos de )eus são infinitos e os seres finitos deles participam imperfeitamente. 8 )eus a totalidade das perfeiç?es poss"veis, mas essas não são
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partiladas pelas coisas, mas apenas imitadas por estas, por uma espécie de assimilação imperfeita. O real não contém nada mais que o simplesmente poss"vel. em escudos reais não contém absolutamente nada mais que cem escudos poss"veis&. (ortanto, não é necess$rio que esse ser, que é o fundamento da possibilidade das coisas, que se+a ele real para que as mesmas coisas possam existir. 9ão podemos provar nada mais que )eus é apenas uma concepção simples do nosso esp"rito. E isso decorre da necessidade de explicar o condicionado pela incondicionado, porque não encontramos este, por mais que o procuremos, nas coisas imperfeitas. >mp?e-se, assim, o ser perfeito. Ora, os fen@menos s; existem em nosso pensamento, afirma Kant, por conse!uinte sua condição não tem mais realidade que esses mesmos pensamentos. 9uma série, conclui-se por um princ"pio da mesma. 6as se a série não existe, não existe também o primeiro elo. 1 conclusão a que ce!a é que )eus é necess$rio ao nosso pensamento, não, porém, que sua exist*ncia se+a a condição das coisas. E tanto é assim, que os fil;sofos procuram incessantemente demonstrar a sua exist*ncia. :odas essas demonstraç?es reduzem-se a tr*s. Ou parte-se da experi*ncia para alcançar-se o /er 9ecess$rio, ou do simples conceito da sua exist*ncia. /e se parte do simples conceito, temos o ar!umento ontol;!ico. /e se parte de uma experi*ncia indeterminada #da exist*ncia do mundo%, temos o ar!umento a contin!entia mundi3 se se parte de uma experi*ncia determinada, como das qualidades e da armonia do mundo, temos de inferir a exist*ncia de uma inteli!*ncia que a produziu, e temos a prova fisicoteol;!ica ou prova das causas finais. :odas essas provas são para ele insuficientes, porque todas elas consistem em afastar-se da experi*ncia para fundar-se na razão, em seus conceitos, que para Kant são sem valor. (assa Kant a discutir as provas e inicia pela an$lise da prova ontol;!ica de /anto 1nselmo. Este conclui da idéia do perfeito a sua exist*ncia. /e le faltasse a exist*ncia, faltar-le-ia uma perfeição e não seria perfeito, pois averia contradição dizer-se' o ser perfeito não existe. Ora, uma proposição ne!ativa s; é contradit;ria se a proposição afirmativa correspondente é anal"tica. 6as a proposição o ser perfeito existe é sintética, pois o predicado exist*ncia não est$ incluso no su+eito perfeição. E mesmo que pudéssemos reduzir a um ar!umento anal"tico a exist*ncia de )eus não estaria demonstrada. 1ssim da proposição o triSn!ulo tem tr*s Sn!ulos& não se pode concluir a sua exist*ncia. Dm ser
perfeito existe é uma proposição que, na qual a causa primeira de todas as coisas, causa inteli!ente e suprema, soberana provid*ncia. E quando for provada, se é poss"vel provar a sua exist*ncia, +$ sabemos de antemão como ser$. 1 prova moral evita-nos cair no antropomorfismo e nas m$s concepç?es sobre a natureza de )eus. )iz Kant que todas as nossas faculdades devem :er sua razão de ser3 elas devem estar apropriadas a um fim&. (or não poder nosso esp"rito alcançar o termo de suas buscas sobre o contin!ente, estabelece ele a idéia de absoluto. 1s idéias t*m por efeito dar a unidade aos conceitos do entendimento, como os conceitos dão a unidade aos conecimentos experimentais. 9ão são eles constitutivos ao conecimento, mas apenas re!uladores, e diri!em o esp"rito para certo vim, que nada mais é que a concepção da ci*ncia como uma, considerando todos os nossos conecimentos como decorrentes de uma unidade. 9ossos conecimentos são assim sistematizados, encadeando uns conecimentos em outros. 6as esse laço que os une pode ser ima!in$rio. ontudo, na verdade, é a condição da unidade de nosso conecimento. Exemplifica Kant com o se!uinte' suponamos diversas linas que conver!em sobre o orizonte. 9ão sabemos se essas linas vão além dos limites da nossa visão, mas, pelo pensamento, concebemos um foco ima!in$rio. Esse foco ima!in$rio é a idéia e as linas os nossos conecimentos. Essa idéia é a do 1bsoluto, para onde conver!em todas as outras e, por isso, as ci*ncias tornam-se a ci*ncia. /em esse plano Anico, que coordena todos os conecimentos dispersos, não averia uma ci*ncia da natureza. Essa a razão porque centralizamos os conecimentos dispersos numa unidade, representamos os diversos !*neros como li!ados entre si por transiç?es insens"veis, e conclu"mos que $ na natureza uma continuidade de formas. 6as essa lei da continuidade s; existe no nosso esp"rito e não na natureza, como o afirmou Neibnitz, pois se essa continuidade fosse real, averia entre duas espécies vizinas não apenas al!uns intermedi$rios mas uma infinidade de intermedi$rios. )este modo, a idéia representa um papel an$lo!o ao que o esquema tem em nossos conecimentos sens"veis. O esquema não é uma ima!em determinada, mas a representação de um processo !eral, um método para representar a diversidade sob a unidade. 1 idéia não é um conceito, mas um método !eral para dar unidade aos conceitos. 8 uma re!ra, um princ"pio da unidade sistem$tica em todo uso intelectual&. 1ssim a idéia de substSncia
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simples é o esquema do conecimento psicol;!ico. 1 idéia da natureza concebida como um Anico ob+eto é o esquema ................................... ....................retiramos o su+eito ser perfeito a exist*ncia desaparece. (ortanto, )eus existe se )eus existe. (oder-se-ia ar!umentar que $ su+eitos absolutamente necess$rios aos quais é imposs"vel afirmar que não existem. Entre tais su+eitos est$ )eus. 9este caso, afirma Kant, sup?e-se o que se busca provar' a necessidade da exist*ncia de )eus. 1le!am outros que é contradit;rio afirmar a não exist*ncia de um ser necess$rio. Responde Kant que tal afirma funda-se em admitir que tal ser é poss"vel. E como podemos saber que é poss"velF No!icamente, est$ certo. 6as implica a possibilidade l;!ica uma possibilidade de exist*ncia. (or tais raz?es é imposs"vel provar a priori a exist*ncia de )eus. /; a experi*ncia permite, por um +u"zo sintético, a+untar o atributo de exist*ncia a alma coisa. Xoi por essa razão que os fil;sofos procuraram fundar na experi*ncia as provas da exist*ncia de )eus. Examina ele tais provas, enunciando a prova cosmol;!ica da se!uinte maneira' /e al!uma coisa existe, um ser absolutamente necess$rio deve existir3 ora, existe al!uma coisa3 portanto, $ um ser necess$rio, cu+o ser é perfeito&, mas esse ar!umento reduz-se ao primeiro, embora pareça ser fundado na experi*ncia. omo se pode concluir que o ser necess$rio se+a perfeitoF 8 preciso afirmar a priori a identidade de ambos conceitos, o que é retornar 7 prova ontol;!ica, por Kant condenada. oncluir dos seres contin!entes a exist*ncia de um ser necess$rio é recorrer ao princ"pio de causalidade, que s; é v$lido no mundo sens"vel. omo se pode saber se o mundo tem realmente uma causaF :ambém é improcedente a prova das causas finais. (artir das coisas da experi*ncia para )eus é realizar um racioc"nio transcendental, portanto sem valor. 1 exist*ncia do mundo poderia quanto muito afirmar que tem ele um construtor, poderos"ssimo, não porém que se+a perfeito. /e assim se procede cai-se, outra vez, na prova ontol;!ica. oncluindo pela inefici*ncia dessas provas, afirma que toda procura especulativa da razão, no tocante 7 teolo!ia, é de nenum valor quanto 7 natureza interna dessa ci*ncia, e, consequentemente, se não se coloca de in"cio as leis morais, para delas servirmo-nos como de um fio condutor, não se pode alcançar nenuma teolo!ia natural&. ontudo, apesar de serem as provas especulativas sem valor, elas servem para fundar a prova moral. E esta consiste no se!uinte' se não sabemos o que )eus é pelas