Ronaldo Antonio Linares Diamantino Fernandes Trindade
MEMÓRIAS DA UMBA UMBANDA NDA DO BRASIL BRASIL Colaboradores Alex de Oxóssi Gilberto Angelotti Renato Henrique Guimarães Dias
Coordenação Editorial Diamantino Fernandes Trindade 1ª edição Brasil – 2011
© Copyright 2011 Ícone Editora Ltda.
C Richard Veiga R Marsely De Marco Dantas Juliana Biggi C Diamantino Fernandes Trindade Trindade Proibida a reprodução total ou parcial desta obra, obr a, de qualquer forma ou meio eletrônico, mecânico, inclusive por meio de processos xerográficos, sem permissão expressa do editor (Lei nº 9.610/98). Todos os direitos reservados à: ÍCONE EDITORA LTDA. Rua Anhanguera, 56 – Barra Funda CEP 01135-000 – São Paulo – SP Tel./Fax.: (11) 3392-7771 www.iconeeditora.com.br
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Dedicamos esta obra ao médium do Caboclo das Sete Encruzilhadas, Zélio Fernandino de Moraes, e a suas filhas Zélia de Moraes Lacerda e Zilmeia de Moraes Cunha. A Leal de Souza, primeiro escritor da Umbanda. A todos os umbandistas que levam ao mundo inteiro a Bandeira de Oxalá.
A Umbanda, esteira esteira de luz a iluminar os filhos de Deus nos caminhos das trevas, chama a si todas as doutrinas evolucionistas que proclamam o Amor Universal, a imortalidade da alma e a vida futura, consagrando-se como verdadeira religião de caráter nacional. J A O 1
A Umbanda é universalista un iversalista e não possui codificação. Além disso, nasceu nesta abençoada terra onde a diversificação de cultura é grandiosa e pacífica. Essa riqueza toda contribuiu também para que fosse escolhida a “a terra do Evangelho” como berço da Umbanda. O Caboclo das Sete Encruzilhadas, quando se apresentou através de seu médium, determinou como seria essa nova religião em seus fundamentos e apresentação no plano material, mas ele mesmo sabia que seria impossível padronizar cada templo. É importante que se cumpra sempre, mesmo na diversidade de culto, a essência da Umbanda, que é a caridade. Que se promova a Lei do Amor e que cada filho de fé que adentrar o templo umbandista possa se melhorar, respeitando a vida de todos os seres que caminham com ele. Isso é o que a unifica. V V B2
Este autor escreveu dois importantes livros para o Movimento Umbandista. Umbandista. A obra O Evan gelho na Umbanda Umbanda, publicada em 1970, apresenta aspectos doutrinários baseada em observações, estudos e práticas, interpretadas à luz do Evangelho de Jesus. Em 1985 publicou o livro Umbanda Cristã e Brasileira, que traz um primeiro ensaio sobre a História da Umbanda, contando as origens da religião com o médium Zélio Fernandino de Moraes e o Caboclo das Sete Encruzilhadas. 2. Texto da obra Enquanto dormes, psicografada por Leni W. Saviscki e publicado pela Editora do Conhecimento em 2010. 1.
SUMÁRIO
Iconografia, 15 Sobre os autores e colaboradores, 19 Apresentação, 23 A umbanda de nosso tempo, 27 Ronaldo Antonio Linares
Umbanda na mídia, 29 Diamantino Fernandes Trindade
A pesquisa na história da Umbanda, 65 Diamantino Fernandes Trindade
Revendo a história do início da Umbanda, 69 Renato Henrique Guimarães Dias
Oferendas e obrigações à Yemanjá: pontos a ponderar, 79 Ronaldo Antonio Linares
O uso indevido dos pontos cantados de Umbanda, 85 Diamantino Fernandes Trindade
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Aspectos históricos sobre o hino da Umbanda, Umbanda, 91 Diamantino Fernandes Trindade
Banhos de descarga e defumadores – um olhar da década de 1940, 95 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
O batuque na Umbanda, 101 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Umbanda: origens e rituais, 103 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Umbanda em revista, 105 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Umbanda não faz o santo nem feitura de cabeça, 113 11 3 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Ronaldo Antonio Linares e Diamantino Fernandes trindade no Diário do Grande ABC, 117 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Macaia, 121 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Antes da codificação, a renúncia, 125 Lilia Ribeiro
Testemunho para a posteridade, 129 Lilia Ribeiro
Que país é este?, 131 Diamantino Fernandes Trindade
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Poema ao Caboclo das Sete Encruzilhadas, 135 Atamã
Mãe Zilmeia Moraes Cunha partiu para para a Aruanda, 137 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
A numerologia da Lei de Umbanda, 141 W. Wilson da Matta e Silva (da Tenda Umbandista Oriental)
O que deve ser oculto?, 145 Diamantino Fernandes Trindade
Imagens da Umbanda – túnel do tempo, 147 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Pontos de força de um terreiro, 161 Gilberto Angelotti
O marafo, 177 Dr. Adalberto Pernambuco
Mediunidade esclarecida – considerações aos médiuns de Umbanda sobre obsessão, animismo e mistificação, 181 Alex de Oxóssi
O espiritismo da Umbanda, 207 Carlos de Azevedo
Em Vila Isabel, 211 João de Freitas
Nelson Braga Moreira – um general a serviço da Umbanda, 219 Diamantino Fernandes Trindade e Ronaldo Antonio Linares
Leal de Souza – a história continua, 223 Diamantino Fernandes Trindade
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ICONOGRAFIA
F 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17
L P Casamento na Tenda Mirim 30 Níquel Náusea 30 Jovem ogan cantando e tocando tam tambor 32 Médium dium cantando e da dançando para o Santo 32 33 Médiu dium fazendo obrigação na cachoeira 35 Capa do do primeiro número da Re Revista Planeta Capa da Revista Visão, número 40, de 3 de outubro de 1993 38 Pretos Velhos incorporados em Diamantino Fernandes 38 Trindade e Edison Cardoso de Oliveira Capa da Revista Realidade, número 31, de outubro de 1968 43 Manchete, de 24 de agosto de 1929, do Jornal Gazeta de 45
São Gonçalo
Foto de Zélio de Moraes na Gazeta de São Gonçalo Capa do do primeiro núme úmero da Re Revista Umbanda Verdade Capa do segundo número da Revista sta Umbanda Verdade Moças Áttila Nunes no Jornal das Moças Primeira pá página do do nú número 1 do do Bo Boletim A Caridade Prim Primei eira ra págin áginaa do núme número ro 2 do Bole Boleti tim m A Caridade Procissão durante a festa de Yemanjá na Praia Grande, em São Paulo, 1978
46 47 47 49 57 58 83
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F L P Festa de Yemanjá Yemanjá em Santos – SP, Imagem publicada pelo 18 83 jornal A Tribuna, em 12 de agosto de 1972 94 19 Partit titura do do Hi Hino da da Um Umban banda (198 1984) 20 Capa do livro O Batuque na Umbanda 102 21 Capa da Revista Umbanda – origens e rituais 103 22 Capa do número 79 de Umbanda em Revista 106 23 Capa do número 80 de Umbanda em Revista 106 107 24 Capa do número 82 de Umbanda em Revista 107 25 Capa do número 84 de Umbanda em Revista 26 Capa do número 87 de Umbanda em Revista 108 27 Capa do número 117 de Umbanda em Revista 108 Ronaldo e Diamantino durante a entrevista no Diário do 120 28 Grande ABC
29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40
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Capa do número 41, de abril de 1971, do Boletim Macaia, da Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade (TULEF), dirigido por Lilia Ribeiro Mãe Zi Zilmeia ddee Mo Moraes, ao aos 93 93 an anos Tenda enda Sã Sãoo Jor Jorgge ain ainda da na Rua Dom Dom Ger Gerar ardo do Tenda Sã São Jo Jorge na na ddéécada de 119960 Tenda Sã São Jorge na na década de 19 1990 Benj Benjam amim im Figu Figuei eire redo do inco incorp rpor orad adoo com com Pret Pretoo Vel Velho ho Dona Zilmeia de Moraes, incorporada com o Caboclo Branca Lua, firmando o ponto do Caboclo das 7 Encruzilhadas Detalhe do Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo da Umbanda, em 1941, no Rio de Janeiro Médium incorporada com Exu. Imagem da Revista Manchete, número 50, de março de 1953 Inic Inicia iaçã çãoo de sac sacer erdo dote tess na Ten Tenda da de de Umb Umban anda da Ori Orien enta tall W. W. da Matta e Silva faz preleção preleç ão em dia de Gira de Caridade na T.U.O. em Itacuruçá Cong Congáá ddoo Tem Templ ploo de Umban mbanda da Ori Orien enta tall em em Ita Itacu curu ruçá çá
123 139 147 148 148 149 149 150 150 151 151 152
F L P Da esquerda para a direita: Pai Jairo, Pai Matta, Mãe Salete 41 152 e Mãe Marielza 153 42 A Vel Velha ha Umban mbanda da (ima (imaggem da dé déca cada da de 1950 1950)) 43 Demétrio Do Domingues 153 44 Leal de Souza em 1913 154 Pai Diamantino F. Trindade e Mãe Esmeralda Salvestro 45 Perusso durante batismo (Obrigação à Oxalá), Barco 13, 154 na Casa de Pai Benedito, em 1985 Pai Ronaldo, Mãe Dirce e Pai Diamantino na solenidade de entrega dos barajás aos sacerdotes da Federação Umban46 155 dista do Grande ABC – Barco 26, na Casa de Pai Benedito, em 17 de julho de 2010 47 Zélio de Moraes em 1971 155 Ronaldo Linares, Zélio de Moraes e Dona Isabel, esposa 156 48 de Zélio, em 1972 49 Átti Áttila la Nunes unes na comp compan anhi hiaa de de dua duass méd médiu iuns ns 156 50 Bambi ambin na Buc Bucci ci,, esp espos osaa de Átti Áttila la Nunes unes 157 157 51 Ati Atila Nunes Fi Filho e He Henriqu riquee Landi Atila Ati la Nunes Nune s Filho Filh o e Atila Ati la Nunes Nune s Neto com um grupo gru po 52 158 ecumênico Imagens tradicionais de Preto Velho e Preta Velha pre53 158 sentes, por décadas, em diversos terreiros de Umbanda Pilão do século XIX – Casa de Pai Benedito de Aruanda 159 54 (F.U.G.A.B.C.) Nossa Senhora da Piedade, padroeira na primeira Tenda 55 de Umbanda Pietá 1599-1600; Annibale Carracci Museo 159 Nazionale di Capodimonte, Nápoles 56 General Ne Nelson Br Braga Mo Moreira 222
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SOBRE OS AUTORES E COLABORADORES
Ronaldo Antonio Linares • Filho de Fé do famoso Babalaô Joãozinho da Gomeia, a quem conheceu muito jovem quando dava seus primeiros passos no Candomblé, nos subúrbios do Rio de Janeiro. • Babalaô da Roça de Candomblé Candomblé Obá – Ilê (digina (digina do autor). • Radialista especializado especializado em programas programas de divulgação da Umbanda e do Candomblé na Rádio Cacique de São Caetano do Sul, participando dos seguintes programas: Yemanjá dentro da noite, Ronaldo fala de Umbanda Umbanda e, por quase dezoito anos consecutivos Umbanda em Marcha, além da programação diária Momento de Prece Prece. • Foi o primeiro primeiro a mencionar a figura de Zélio Zélio de Moraes em em jornais de grande circulação em São Paulo: Diário do Grande ABC e Notícias Populares. • Colunista do jornal A Gazeta do Grande Grande ABC . • Na televisão, participou durante quase quatro anos do programa Xênia e você na TV Bandeirantes. Participou como produtor e apresentador durante seis meses do programa Domingos Barroso no
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Folclore, na Umbanda e no Candomblé , programa dominical com
duas horas de duração, na TV Gazeta. • Porta-voz Porta-voz oficial do Superior Órgão de Umbanda do do Estado de São Paulo (SOUESP), título que lhe foi concedido pelo General Nelson Braga Moreira. • Diretor-presidente Diretor-presiden te da Federação Umbandista do Grande ABC desde novembro de 1974. • Criador do primeiro primeiro Santuário Umbandista do Brasil, Brasil, o Santuário Nacional da Umbanda no Parque do Pedroso em Santo André, SP, com 640.000 m². • Membro permanente da diretoria do SOUESP desde 1970. • Cavaleiro de Ogum; honraria que lhe foi concedida pelo Círculo Umbandista do Brasil. • Autor dos livros: Iniciação à Umbanda, Os Orixás na Umbanda e no Candomblé , Jogo de Búzios e outros. • Ronaldo Antonio Linares considera considera a maior honraria de sua vida, haver conhecido em vida e compartilhado da amizade do senhor Zélio Fernandino de Moraes, Pai da Umbanda, considerando-se filho espiritual de sua filha Zilmeia de Moraes Cunha.
Diamantino Fernandes Fer nandes Trindade Trindade • Professor de História da Ciência e Epistemologia do Ensino do Instituto Federal de Educação Tecnológica de São Paulo. • Pesquisador CNPQ. • Pesquisador do Grupo Grupo de Estudos e Pesquisa em InterdisciplinariInterdisciplinaridade (GEPI) da PUC-SP. • Mestre em Educação pela pela Universidade Cidade Cidade de São Paulo. Paulo. • Master Master Science in Education Education Science Science pela City University Los Angeles. • Doutor em Educação pela PUC-SP PUC-SP.. • Pós-Doutor em Educação Educaç ão pelo GEPI-PUCSP. GEPI-PUCSP.
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• Autor de livros sobre Educação e Ciências: A História da História da Ciência, Temas Especiais de Educação e Ciências, O Ponto de Mutação no Ensino das Ciências, Os Caminhos da Educação e da Ciência no Brasil, Leituras Especiais sobre Ciências e Educação, Química Básica Teórica, Química Básica Experimental e outros. • Autor de livros sobre Umbanda: Umbanda e sua história, Umbanda Brasileira – um século de história, Umbanda – um ensaio de ecletismo, Iniciação à Umbanda, Os Orixás na Umbanda e no Candomblé, Manual do Médium de Umbanda, A construção histórica da literatura umbandista, Antônio Eliezer Leal de Souza – o primeiro escritor da Umbanda e outros.
• Filho de fé do Babalaô Ronaldo Antonio Linares. • Venerável Mestre da Loja Maçônica Cavaleiros Cavaleiros de São Jorge (Grande (Grande Oriente do Brasil). • Foi médium do Templo Templo de Umbanda Ogum Beira-Mar, Beira-Mar, dirigido por Edison Cardoso de Oliveira, entre 1981 e 1989. • Vice-Presidente da Federação Umbandista do Grande ABC entre 1985 e 1989 e Membro do Conselho Consultivo do Superior Órgão de Umbanda do Estado de São Paulo no mesmo período. • Relator do do Fórum Fórum de Debates: A Umbanda Umbanda e a Constitui Constituinte nte, realizado na Assembleia Legislativa de São Paulo, em 1988. • Foi colunista do Jornal Jornal Notícias Populares, em 1989, escrevendo aos domingos sobre a história e os ritos da Umbanda. • Pesquisou a Umbanda e os cultos cultos afro-brasileiros afro-brasileiros em vários vários terreiros brasileiros, visitando várias vezes a Tenda Tenda Nossa Senhora da Piedade e a Cabana de Pai Antonio onde conviveu com Zélia de Moraes e Zilmeia de Moraes. • Durante sete anos dirigiu o Templo da Confraria da Estrela Dourada do Caboclo Sete Lanças. • Atualmente é sacerdote da da Cabana de Pai Benguela e da Federação Federação Umbandista do Grande ABC. • Discípulo dos Babás Adisa Salawu Salawu e Adekunle Ogunjimi Ogunjimi no Culto de Orunmila-Ifá, Orunmila-Ifá, dos quais recebeu o nome iniciático de Ifasoya.
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Alex de Oxóssi • Assessor contábil e tributário; tributário; diretor de administração tributária; tributária; criador e responsável pelo Povo de Aruanda, um dos mais importantes sites umbandistas. A página para acesso é http://povodearuanda. wordpress.com.
Gilberto Angelotti • Médium, Ogan do Templo Templo de Umbanda Vovó Vovó Maria, em São Paulo, há mais de duas décadas, tem 32 anos de atuação atu ação dentro da religião. Estudioso de povos e religiões africanas, atualmente ministra cursos e atua como Sacerdote do Culto de Orunmilá-Ifá, Orunmilá-Ifá, reconhecido como Awo Alawode, discípulo dos Babás Adisa Salawu e Adekunle Ogunjimi. Em 2010, completou o ciclo de iniciações, passando a carregar o cargo máximo para um sacerdote.
Renato Henrique Guimarães Dias • Engenheiro de telecomunicações graduado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), com Especialização em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ). É, atualmente, Capitão do Exército Brasileiro. Brasileiro. Autor do livro Sincretismos Religiosos Brasileiros e coautor do importante blog Registros de Umbanda. Faz parte da terceira geração de médiuns de Umbanda da sua família. Frequentou, de 1979 a 1997, o Centro Espírita Caminheiros da Verdade Verdade e a Cabana de Oxum, esta última dirigida pela senhora Fornarina de Almeida Farias. Farias. É médium, desde outubro de 1999, do Centro Espírita Santo Antônio de Pádua, o qual é dirigido pela senhora Arylda Rodrigues Pereira. Pereira. É estudioso do tema religião desde 1991. A página para o acesso ao blog é http://registrosdeumbanda.wordpress.com.
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APP RES A ESEN ENTTAÇ AÇÃO ÃO
P rezados leitores! Ao longo de três décadas temos procurado resgatar a memória da Umbanda por meio de diversas obras 3 e em nosso blog. 4 A história da Umbanda é uma grande pesquisa em construção, por isso sempre que novos documentos se apresentam, procuramos fazer a sua s ua divulgação para que cada vez mais os umbandistas conheçam conheç am as origens e o desenvolvimento histórico da sua religião. Nesta obra, resgatamos alguns desses documentos e abordamos alguns temas que, ao longo da história, têm sido motivo de muitos estudos e polêmicas. Contamos com as preciosas colaborações dos nossos irmãos Alex de Oxóssi, Gilberto Angelotti e Renato Henrique Guimarães Dias. Por dever de ofício, e com muita alegria, damos voz a importantes figuras do Movimento Umbandista, por meio de textos e mensagens: Jota Alves de Oliveira, Vovó Benta, Lilia Ribeiro, Atamã, W. W. da Matta e Silva, Dr. Adalberto Pernambuco, Carlos de Azevedo, General Nelson Braga Moreira, João de Freitas, Deputado Atila Nunes Filho, Eurico Lagden Moerbeck, Demétrio Domingues, Zélio de
3. Iniciação à Umbanda; Umbanda Brasileira: um século de história ; Antônio Antônio Eliezer Eliezer Leal Leal de Souza: Souza:
o primeiro escritor da Umbanda e a construção histórica da literatura umbandista. 4.
http://mandaladosorixas.blogspot.com
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Moraes, Caboclo das Sete Encruzilhadas, Martinho Mendes Ferreira, Floriano Manoel da Fonseca e Leal de Souza. Iniciamos com uma breve explanação de Ronaldo Antonio Linares sobre as conquistas dos umbandistas. Em seguida, temos o capítulo Umbanda na Mídia, uma série de nove matérias publicadas em 2009 e 2010, no Jornal de Umbanda Sagrada (JUS), editado pelo nosso querido irmão Alexandre Cumino. Na sequência, Diamantino Diaman tino Fernandes Trindade apresenta a sua visão sobre a metodologia utilizada na pesquisa histórica da Umbanda. Renato Henrique Guimarães Dias contribui com um texto muito interessante em que faz uma revisão do início da História da Umbanda. O tema Oferendas e obrigações à Yemanjá é tratado à luz da razão por Ronaldo Antonio Linares. Os dois capítulos seguintes abordam o uso indevido dos pontos cantados de Umbanda e os aspectos históricos do Hino da Umbanda. Um tema recorrente no dia a dia dos terreiros são os banhos e defumações recomendadas pelas Entidades Espirituais que nem sempre são consultadas no sentido de explicarem o fundamento dessas práticas. Mostramos um estudo apresentado pela Tenda Tenda Espírita Fé e Humildade, na reunião de 22 de outubro de 1941, por intermédio do Senhor Eurico Lagden Moerbeck, no Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo da Umbanda. É muito interessante notar a brilhante explicação sobre a atuação dos espíritos obsessores no corpo astral e no corpo físico da pessoa obsidiada, além da apresentação de uma síntese histórica sobre a ancestralidade do uso dos banhos e defumações. Em seguida, fazemos um resgate histórico sobre um livro e duas revistas que muito contribuíram para a divulgação divulgaç ão da Umbanda: O batuque na Umbanda, a Revista Umbanda: Origens e Rituais e Umbanda em Revista. Resgatamos também matérias publicadas nos jornais Notícias Populares (Umbanda não faz o santo nem feitura de cabeça ) 5 e Diário do Grande ABC . Macaia era o noticiário da Tenda de Umbanda Luz, Esperança, Fraternidade (T.U.L.E.F.), dirigida por Lilia Ribeiro e situada na Rua Mariz e Barros, 658, 1º andar, no antigo Estado da Guanabara. Apresentamos o texto Nosso Aniversário, da edição de abril de 1972, assinada 5.
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Nesta matéria temos depoimentos e uma bela mensagem de Zélio de Moraes.
pelo Deputado Átila Nunes Filho. Desse mesmo periódico apresentamos a matéria de Lilia Ribeiro Testemunho para a posteridade , publicada algum tempo depois do desencarne de Zélio de Moraes. Lilia Ribeiro era jornalista e foi uma das pioneiras no resgate da História da Umbanda. Apresentamos uma de suas brilhantes matérias: Antes da codificação, a renúncia, publicada na coluna Gira de Umbanda, no jornal Gazeta de Notícias , do Rio de Janeiro, em janeiro de 1977. No capítulo seguinte, Diamantino escreve sobre a intolerância religiosa e Atamã (1970) nos presenteia com um belíssimo poema ao Caboclo das Sete Encruzilhadas. A numerologi numerologiaa também também está presente presente nos textos textos de Umbanda. Umbanda. Mostramos um artigo sobre s obre o assunto assun to escrito por W.W. W.W. da Matta e Silva no Jornal de Umbanda em 1955. O próximo tema é O que deve ser oculto? Muitos estão velando algo que não conhecem, pois o verdadeiro conhecimento hermético da natureza, e não das coisas esotéricas, revelado pelos três Hermes, há muito está perdido e não mais será recuperado. Logo após, faremos uma viagem no túnel do tempo, mostrando fotos que nos trazem muita saudade de tempos idos da Umbanda e também dos tempos atuais. Figuras importantes para o Movimento Umbandista aparecem nesta viagem: a família famíli a Áttila Nunes (responsável pela criação do programa mais antigo do rádio brasileiro: Melodias de Terreiro), Terreiro), W.W. W.W. da Matta e Silva, Silva , Ronaldo Linares, L inares, Zélio Z élio de Moraes, Zilmeia de Moraes, Leal de Souza, Demétrio Domingues (fundador da Associação Paulista de Umbanda), a Tenda Tenda Espírita São Jorge (uma das sete tendas mestras criadas pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas), Benjamim Figueiredo, o Primeiro Congresso Brasileiro do Espiritismo da Umbanda, etc. 6 Ao longo da História um tema que tem sido muito muito discutido, pela sua abrangência, são os pontos de força de um terreiro . Nosso irmão Gilberto Angelotti faz uma interessante abordagem sobre o tema. Da mesma forma, Alex de Oxóssi escreve com maestria sobre esse tema e também sobre os obsessores, o animismo e a mistificação nos terreiros de Umbanda. O saudoso Dr. Adalberto Pernambuco faz uma interessante explanação sobre o marafo. 6. A maior parte das imagens deste livro pode também também ser encontrada em nosso blog.
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Em seguida, temos um importante discurso do General Nelson Braga Moreira, em 1965, durante as comemorações do 5º aniversário do Primado de Umbanda do Estado de São Paulo, e um texto de Carlos de Azevedo que mostra o anacrônico preconceito dos kardecistas em relação à Umbanda. João de Freitas, tal como tinha feito Leal de Souza, relata diversas visitas a terreiros do Rio de Janeiro no livro Umbanda, na década de 1940. Em uma dessas reportagens aborda a polêmica e a campanha movida pela imprensa e pela medicina contra cont ra o Espiritismo e a Umbanda. Esclarece, ainda, uma dúvida muito comum que é o fato de diversos médiuns incorporarem “a mesma entidade”. Encerramos com a ampliação da pesquisa sobre o nosso querido Leal de Souza, pois após a publicação do livro Antônio Eliezer Leal de Souza: o primeiro sobree o poeta, ensaísta e jorescritor da Umbanda, muitos documentos sobr nalista nos foram apresentados e não podíamos ignorá-los em virtude da importância do brilhante escritor da primeira metade do século XX. A pesquisa pesquisa sobre a História História da Umbanda Umbanda está em constante constante construconstrução. Esta obra, assim como as anteriores, é uma pequena contribuição aos milhões de umbandistas que diariamente frequentam os terreiros no Brasil e em outros países. Os novos tempos da Umbanda já chegaram para aqueles que abraçam a doutrina com amor, dedicação e sem preconceitos. Estamos sempre à disposição dos leitores para eventuais esclarecimentos e colaborações. O nosso saravá 7 profundo! O
O escravo banto, quando chegou ao Brasil, precisou adaptar a sua língua ao Português. Era difícil pronunciar a letra L. Acabava dobrando a vogal. Então a palavra SALVE tornou-se SALAVE e depois SALAVA, o que acabou gerando SARAVÁ. 7.
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A UM UMBA BAND NDAA DE NO NOSS SSOO TE TEMP MPOO por Ronaldo Antonio Linares
J
dissemos centenas de vezes, e milhares de irmãos já sentiram na pele as dificuldades de ser umbandista. Nestes cem anos de Umbanda, devido a muita coragem, trabalho e amor aos Orixás, a comunidade umbandista, pouco a pouco, foi conseguindo seu espaço com respeito. Lentamente foi desmistificando a religião e mostrando às pessoas que Umbanda não é uma seita que atende a qualquer tipo de necessidade das pessoas, incluindo inc luindo o mal a seus inimigos. Ao contrário disso, mostrou ser uma religião que recebe aqueles que necessitam de cura, de amparo, de conforto e de amor. O umbandista era chamado ch amado de macumbeiro, a oferenda de macumba e uma reunião de umbandistas era coisa a se temer. á
Com satisfação vemos que isso é coisa cois a do passado. Hoje a Umbanda é vista com respeito e seus praticantes não têm mais que se esconder. Conseguimos nosso próprio espaço na sociedade e fazemos festas e cerimônias em locais públicos, sendo bem recebidos e, não raro, somos efusivamente parabenizados pelos funcionários de apoio dessas instituições públicas obrigados a assistir por conta de suas funções: operadores de som, vigias, administradores, etc., que acabam admirados pela qualidade do evento, organização e pelo nível das pessoas que os frequentam. Esses são os novos tempos da Umbanda!
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