Gr a m á t i c a d a L ín í n g u a Po Po r t u g u e s a I
a i c n â t s i
Bra sília -D -DF F, 201 0. Direito Reservado ao PosEAD.
D a o ã ç a u d a r G s ó P
1
Elaboração:
Marcelo Whately Paiva Produção:
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
2
Sumário
Apresentação........................................................................................................................................
04
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa ................................................................................
05
Organização da Disciplina ...................................................................................................................
06
Introdução ...........................................................................................................................................
08
Unidade I – Introdução à Língua Portuguesa ....................................................................................
09
Capítulo 1 – História da Língua Portuguesa .................................................................................
09
Capítulo 2 – Novo Acordo Ortográfico .........................................................................................
12
Capítulo 3 – Acentuação Gráfica .................................................................................................
20
Capítulo 4 – Classes de Palavras .................................................................................................
25
Unidade II – Aspectos Gramaticais e Semânticos ............................................................................
43
Capítulo 5 – Emprego do Acento Indicativo de Crase ...................................................................
43
Capítulo 6 – Processo de Formação de Palavras ..........................................................................
49
Capítulo 7 – Semântica I .............................................................................................................
55
Capítulo 8 – Semântica II ............................................................................................................
66
Referências ...........................................................................................................................................
69
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
3
Apresentação
Caro aluno, Bem-vindo ao estudo do módulo complementar Gramática da Lingua Portuguesa I. Este é o nosso Caderno de Estudos e Pesquisa, material elaborado com o objetivo de contribuir para a realização e o desenvolvimento de seus estudos, assim como para a ampliação de seus conhecimentos. Para que você se informe sobre o conteúdo a ser estudado nas próximas semanas, conheça os objetivos da disciplina, a organização dos temas e o número aproximado de horas de estudo que devem ser dedicadas a cada unidade. A carga horária desta disciplina é de 40 (quarenta) horas, cabendo a você administrar o tempo conforme a sua disponibilidade. Mas, lembre-se, há um prazo para a conclusão da disciplina, incluindo a apresentação ao seu tutor das atividades avaliativas indicadas. Os conteúdos foram organizados em unidades de estudo, subdivididas em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, que farão parte das atividades avaliativas do curso; serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares. Desejamos a você um trabalho proveitoso sobre os temas abordados nesta disciplina. Lembre-se de que, apesar de distantes, podemos estar muito próximos.
A Coordenação do PosEAD
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
4
Organização do Caderno de Estudos e Pesq uisa
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Apresentação: Mensagem da Coordenação do PosEAD. Organização da Disciplina: Apresentação dos objetivos e carga horária das unidades. Introdução: Contextualização do estudo a ser desenvolvido pelo aluno na disciplina, indicando a importância desta para a sua formação acadêmica. Ícones utilizados no material didático: Provocação: Pensamentos inseridos no material didático para provocar a reflexão sobre sua prática e seus sentimentos ao desenvolver os estudos em cada disciplina. Para refletir: Questões inseridas durante o estudo da disciplina, para estimulá-lo a pensar a respeito do assunto proposto. Registre aqui a sua visão, sem se preocupar com o conteúdo do texto. O importante é verificar seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. É fundamental que você reflita sobre as questões propostas. Elas são o ponto de partida de nosso trabalho. Textos para leitura complementar: Novos textos, trechos de textos referenciais, conceitos de dicionários, exemplos e sugestões, para apresentar novas visões sobre o tema abordado no texto básico. Sintetizando e enriquecendo nossas informações: Espaço para você fazer uma síntese dos textos e enriquecê-los com a sua contribuição pessoal. Sugestão de leituras, filmes, sites e pesquisas: Aprofundamento das discussões. Praticando: Atividades sugeridas, no decorrer das leituras, com o objetivo pedagógico de fortalecer o processo de aprendizagem. Para (não) finalizar: Texto, ao final do Caderno, com a intenção de instigá-lo a prosseguir na reflexão. Referências: Bibliografia citada na elaboração da disciplina.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
5
Organização da Disciplina
Ementa: Conhecimentos normatizados aplicados aos aspectos morfossintáticos da Língua Portuguesa no âmbito da gramática normatizada e suas variações. Ênfase na parte morfológica (substantivo, adjetivo, pronome, numeral, verbo, artigo, preposição, conjunção, advérbio) e sua importância no uso adequado do idioma.
Objetivos: • Conhecer a história e a importância da Língua Portuguesa. • Aprender as reformas que o novo acordo ortográfico promoverá no idioma. • Introduzir os principais conceitos morfológicos e semânticos da Língua Portuguesa e sua importância para a perfeita comunicação. • Desenvolver a capacidade de usar a linguagem adequadamente.
Unidade I – Introdução à Língua Portuguesa Carga horária: 20 horas Conteúdo História da Língua Portuguesa Novo Acordo Ortográfico Acentuação Gráfica Classes de Palavras
Capítulo 1 2 3 4
Unidade II – Aspectos Gramaticais e Semânticos Carga horária: 20 horas Conteúdo Emprego do Acento Indicativo de Crase Processos de Formação de Palavras Semântica I Semântica II
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
6
Capítulo 5 6 7 8
Introdução
O estudo profundo da gramática da Língua Portuguesa é componente essencial e base de todo o programa do curso que você faz. Optamos por organizar um conhecimento de conteúdos que visem à prática da disciplina. Pesquisas em diversas universidades e fundações brasileiras e portuguesas indicam que Faculdades de Pedagogia, Letras, Comunicação, Direito e tantas outras que dependem do uso adequado do idioma não preparam o básico: o domínio seguro de nossa Gramática. Nosso objetivo é justamente que você tenha um suporte amplo e profundo de forma dinâmica e prática. A teoria será usada para capacitar você a saber usar corretamente as regras gramaticais em atividades acadêmicas e profissionais. A antropóloga Eunice Durham, uma das maiores especialistas em ensino superior brasileiro, afirma que a causa da ineficiência e insegurança dos graduados é o excesso de teoria na sala de aula e pouca prática. Supervaloriza-se a ideologia da linguagem e ensina-se muito pouco o que realmente o estudante necessitará. As aulas neste curso serão extremamente voltadas para a sua necessidade imediata. Há espaço para divergências, comentários, embasamentos teóricos de diversas linhas de pensamento. Porém, o formando deve sair do curso sabendo as regras gramaticais com segurança seja para ensinar, interpretar, produzir ou revisar um texto. Esse é o nosso principal objetivo. Na disciplina “Gramática da Língua Portuguesa I”, o enfoque será nos aspectos morfológicos, ortográficos e semânticos. Na continuidade, “Gramática da Língua Portuguesa II”, a ênfase será nos aspectos morfossintáticos e semânticos. Marcelo Paiva
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
7
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
8
Unidade I
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Introdução à Língua Portuguesa Capítulo 1 – História da Língua Portuguesa
A formação do povo brasileiro é caracterizada pela presença de três povos: branco, índio e negro. No entanto, afirmamos que o nosso idioma é o Português. Vamos refletir sobre o assunto, pois quero a sua opinião. Temos regras morfossintáticas semelhantes às de Portugal. Ao visitarmos Portugal, apesar de um pequeno esforço no cuidado dos termos, conseguimos nos comunicar sem problema. Sob esse aspecto, nosso idioma é o mesmo. Por outro lado, o Brasil é a única ex-colônia portuguesa que não apresenta o sotaque lusitano. E isto se deve à influência das línguas indígenas e africanas. Estudos indicam que um terço de nosso vocabulário tem origem em palavras indígenas ou africanas.
Erro de português Quando o português chegou Debaixo duma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de sol O índio tinha despido O português Oswald de Andrade
O Português é o idioma nativo de aproximadamente 200 milhões de pessoas em todo o mundo. É o idioma oficial de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Guiné Equatorial, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste. Outras regiões da Índia portuguesa ainda o usam como segunda língua: Goa, Damão, Diu e Dadrá e Nagar-Aveli. Devido ao crescimento econômico do Brasil e sua importância política cada vez mais marcante no mundo globalizado, a Língua Portuguesa ganha destaque e interesse em diversos países. O Português é considerado a última flor do Lácio, por ser a última língua formada do latim. Assim como o castelhano, o catalão, o italiano, o francês, romeno e outros idiomas ocidentais, nossa origem é românica e a evolução histórica moldou nosso idioma de forma única.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
9
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Origem A primeira fase do idioma surgiu na região norte de Portugal (Galícia) inicialmente com o nome de galaico-português ou galego-português. Geograficamente, o local é a última região ocidental europeia latina e, durante séculos, recebeu habitantes de outras regiões, que ali formaram vilas. Com a chegada dos soldados romanos, o latim vulgar se misturou ao idioma local e formou uma língua com características próprias. Ainda hoje resistem marcas profundas dessa influência galega ao norte da penísula ibérica lusa. É uma fase totalmente oral, pois não há registros escritos importantes que possam assegurar o emprego fonético ou sintático da época. A segunda fase do Português ocorre com a queda do Império Romano, durante as invasões bárbaras no século V. Nesse momento, passamos a ter textos escritos e documentados no novo idioma. Percebem-se alterações fonéticas e lexicais em relação a outros idiomas latinos. No século IX, o Português passa a ser registrado formalmente em diversos documentos e cresce como língua organizada por várias vilas. Durante o período, revela-se uma literatura bastante rica e diversificada em sua expressão. A independência de Portugal, em 1143, dinamizou a língua antiga por toda a região. Em 1290, o rei Dom Dinis cria, em Lisboa, a primeira universidade em território português e decreta que o idioma passe a receber o nome de Português e seja usado em comunicações oficiais. Mesmo assim, ele continua a ser conhecido como galego-português. Portugal, na época dos grandes navegações, levou o idioma a diversos continentes: Ásia, África e América. A língua, na época, era o português arcaico e se espalhou rapidamente por novos países que se formavam. Em cada lugar, a fusão entre o idioma português e o nativo alteravam muito a fonética, o léxico e a sintaxe original. Pode-se dizer que o Português moderno nasce simbolicamente com a publicação da obra “Cancioneiro Geral”, de Garcia de Resende, em 1516. Desde então, o idioma cresceu muito em número de vocábulos, principalmente com o Renascimento. O povo português sempre viajou muito e acrescentava à língua novos termos constantemente.
O Português no Brasil A descoberta do Brasil não garantiu o uso do idioma português de imediato. Até a metade do século XVIII, as línguas indígenas ocupavam a maior parte das comunicações entre os viajantes pela colônia. O Português era falado entre os lusos. No entanto, estes acabavam por aprender línguas indígenas para se comunicar com a população nativa, que se recusava a aprender o idioma europeu. O problema tornou-se tão sério que o Marquês de Pombal obriga o uso do Português na colônia e reprime o uso de outro idioma, sobretudo o Tupi, nas comunicações. A questão foi totalmente política.
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
10
Esta revolução cultural não foi tarefa fácil nem pacífica. Chegou-se a considerar em documentos oficiais o Tupi como uma língua do diabo. A repressão foi tamanha que aprender a língua portuguesa se tornou questão de sobrevivência na colônia. A independência brasileira, em 1822, trouxe milhares de imigrantes europeus, que se instalaram principalmente no centro e no sul do novo país que se formava. O idioma sofre nova influência. Isso explica certas modalidades de pronúncia e algumas mudanças superficiais de léxico que existem entre as regiões do Brasil, que variam de acordo com o fluxo migratório que cada uma recebeu. A manutenção de um idioma único em todo o território foi uma vitória da unidade do país como um todo. Todas essas influências contribuíram para que o idioma usado no Brasil se distanciasse cada vez mais do europeu. A literatura brasileira se tornou forte e expressiva. O país foi crescendo e construindo características próprias, inclusive no idioma. O recente acordo ortográfico auxilia no uso único de um idioma em sua ortografia. No entanto, Brasil e Portugal possuem uma única língua com variações linguísticas imensas de fonética e sintaxe.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Português, a língua oficial do Brasil O idioma português chegou ao território brasileiro a bordo das naus portuguesas, no Século XVI, para se juntar à família linguística tupi-guarani, em especial o Tupinambá, um dos dialetos Tupi. Os índios, subjugados ou aculturados, ensinaram o dialeto aos europeus que, mais tarde, passaram a se comunicar nessa “língua geral” – o Tupinambá. Em 1694, a língua geral reinava na então colônia portuguesa, com características de língua literária, pois os missionários traduziam peças sacras, orações e hinos, na catequese. Com a chegada do idioma iorubá (Nigéria) e do quimbundo (Angola), por meio dos escravos trazidos da África, e com novos colonizadores, a Corte Portuguesa quis garantir uma maior presença política. Uma das primeiras medidas que adotou, então, foi obrigar o ensino da Língua Portuguesa aos índios. Lei do Diretório Em seguida, o Marques de Pombal promulgou a Lei do Diretório (1757) que abrangia a área compreendida pelos estados do Pará e do Maranhão, um terço do território brasileiro de então. Essa lei considerava a língua geral uma “invenção verdadeiramente abominável e diabólica” e proibia às crianças, filhos de portugueses, e aos indígenas aprenderem outro idioma que não o português. Em 1759, um alvará ampliou a Lei do Diretório: tornou obrigatório o uso da língua portuguesa como idioma oficial em todo o território nacional. Portanto, ao longo de dois séculos, o Brasil possuiu dois idiomas: a língua geral ou tupinambá e o português. http://www.medio.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=804&Itemid=39
Para saber mais sobre o assunto, leia: História da Língua Portuguesa Amini Boainain Hauy Ática Editora História e Estrutura da Língua Portuguesa Nilce S. Martins Ática Editora História Viva José Honório Rodrigues Editora Global Universitária História da Língua Portuguesa Serafim da Silva Neto Livros de Portugal Para navegar e aprender mais sobre o assunto, acesse: http://www.colegiosaofrancisco.com.br/alfa/brasil/idioma-do-brasil.php http://www.scielo.br/pdf/tem/v12n23/v12n23a03.pdf http://www.camaraportuguesa.com.br/default.asp?pag=noticias &id_noticia=14333
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
11
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Capítulo 2 – Novo Acordo Ortográfico
A gramatização do português brasileiro, mais do que um processo de construção de um saber sobre a língua nacional, tem como consequência algo mais substancial e definidor: a constituição de um sujeito nacional, um cidadão brasileiro com sua língua própria, visível na gramática. São processos de individualização que são desencadeados: individualiza-se o país, individualiza-se o seu saber, individualiza-se seu sujeito político e social. Euni Puccinelli Orlandi
“Quanto mais depressa for aplicado, mais depressa é possível desenvolver a política internacional da Língua Portuguesa.” José António Pinto Ribeiro
“É impossível continuar a viver esta língua sem um novo Acordo.“ Gilberto Gil
“Os escritores continuarão a escrever como lhes apetece, mas, do ponto de vista estratégico e político, reconheço que há alguma necessidade de oficilizar uma ortografia única.” Francisco José Viegas
“Queria que os meus tremas ficassem onde estão.” João Ubaldo Ribeiro
Leia o capítulo e dê a sua opinião
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
12
O Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa é um documento internacional entre os países lusófonos com objetivo de unificar a ortografia para o idioma. Foi assinado por representantes oficiais de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe em Lisboa, em 16 de dezembro de 1990, ao fim de uma negociação entre a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras iniciada em 1980. Timor-Leste aderiu ao Acordo em 2004. O Acordo visa à padronização e à simplificação do sistema ortográfico. Vários aspectos são enumerados como fundamentais para a reforma, pois a existência de duas ortografias oficiais é prejudicial ao idioma em um mundo globalizado. A padronização unificará a expressão da Língua em termos científicos e jurídicos internacionalmente, no estudo do idioma por instituições educacionais em todos os continentes, na linguagem de trabalho por organismos internacionais. Além disso, o governo brasileiro e o português esperam que o idioma, finalmente torne-se uma das línguas oficiais da Organização das Nações Unidas (ONU).
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
O castelhano deve ser citado como exemplo do objetivo esperado. Embora o idioma apresente variação na pronúncia e no vocabulário entre a Espanha e a América hispânica, sua ortografia é única e regulada pela Associação de Academias da Língua Espanhola. Também o inglês, o Francês e diversos outros idiomas possuem ortografia única. As diferenças no uso da linguagem existem, mas as normas ortográficas são padronizadas. Das grandes línguas ocidentais, apenas o Português mantinha-se dividido. Outra razão diz respeito ao próprio valor histórico e dinâmico da língua. Apesar das diferenças semânticas e fonéticas, o idioma é um só com características diferentes por seus falantes. É certo que existem inúmeras diversidades entre o idioma no Brasil e em Portugal. No entanto, a base linguística é a mesma e muitos são os pontos convergentes. O Acordo busca ampliar o vocabulário e as regras de forma a possibilitar diferentes formas de expressão. Não se busca um retrocesso, mas um avanço. Assim como no Brasil há diversidades fonéticas e vocabulares imensas entre suas regiões, também o português reflete diversidades entre os países lusófonos. Isso não impede a uniformidade ortográfica no Brasil. Também não deve impedir a padronização entre nações. A crítica de que os idiomas são diferentes não é correta. O uso do vocabulário e de construções sintáticas é amplo e permite diferentes formas de expressão.
Principais alterações O novo alfabeto As letras “k”, “w” e “y” passarão a ser oficialmente incorporadas ao alfabeto da língua portuguesa. Os dicionários já registram há muito essas letras, que figuram em palavras como kafkiano, wagneriano, hollywoodesco etc. e os países africanos possuem muitas palavras escritas com elas, como kizomba. Assim, o alfabeto da língua portuguesa passa legalmente a ser formado por vinte e seis letras: A, B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, X, Y, Z. Trema Outra regra consiste na completa eliminação da diérese (mais conhecida por trema) em palavras formadas por qü e gü em que o u é pronunciado de forma átona, como em freqüência e lingüiça. Passa-se a escrever frequência e linguiça respectivamente. Portugal já havia retirado o sinal. A mudança afeta a ortografia no Brasil. Acentuação gráfica Poucos idiomas no mundo fazem uso de regras tão complexas na acentuação gráfica de suas palavras como o português. As divergências entre Brasil e Portugal eram muitas. As reformas de 1971 (Brasil) e 1973 (Portugal) avançaram bastante, mas não unificaram as regras de acentuação. Optou-se, no novo acordo, por aceitar dupla grafia em alguns casos e eliminar o acento em outros. Palavras com diferenças de pronúncia Algumas palavras são pronunciadas em Portugal com o som tônico aberto e recebem ace nto agudo. No Brasil, a pronúncia é fechada e o acento é o circunflexo. O Acordo passa a permitir as duas grafias como corretas no idioma. Portugal cómodo fenómeno tónico génio bebé António Académico Amazónia
Brasil cômodo fenômeno tônico gênio bebê Antônio Acadêmico Amazônia
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
13
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Acentuação gráfica por outros motivos Com relação à acentuação gráfica das palavras, o Novo Acordo estabelece regras de acentuação com base na posição da sílaba tônica (oxítonas, paroxítonas, proparoxítonas, considerando oxítonos os monossílabos tônicos). O Acordo reduz o número de palavras acentuadas e só modifica as regras de palavras paroxítonas. Modificação 1: o acento gráfico nos ditongos abertos tônicos “éu”, “ói” e “éi” nas palavras paroxítonas desaparece. Nos vocábulos oxítonas, ele se mantém. Antes idéia jibóia heróico
Acordo ideia jiboia heroico
Modificação 2: o hiato “oo(s)” das palavras paroxítonas deixa de receber acento circunflexo. Antes abençôo enjôo vôo
Acordo abençoo enjoo voo
Modificação 3: o hiato “eem” das formas verbais dos verbos crer, dar, ler, ver (e seus derivados) deixa de receber acento circunflexo. Antes crêem dêem descrêem lêem prevêem relêem vêem
Acordo creem deem descreem leem preveem releem veem
Observação: os acentos nas formas “têm”, “vêm” e termos derivados “mantém”, “mantêm” não sofrem alteração alguma. Apenas as formas verbais que dobram o “e”. Modificação 4: os hiatos tônicos formados por “i” e “u” deixam de receber acento após ditongo quando paroxítonas. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
14
Antes feiúra baiúca
Acordo feiura baiuca
Observação: quando oxítonas, a regra continua a mesma: Piauí. Modificação 5: não se acentua mais a vogal “u” tônica dos encontros gue, gui, que, qui. Antes apazigúe averigúe
Acordo apazigue averigue
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Modificação 6: não se coloca mais acento diferencial nas palavras homógrafas heterofônicas. No entanto, o Acordo prevê dois acentos diferenciais obrigatórios (pôde e pôr) e dois facultativos (fôrma e dêmos). Antes pára pólo pêra côa
Acordo para polo pera coa
Alterações ortográficas devido à fonética O Novo Acordo privilegia o critério fonético sobre o critério etimológico. É o que ocorre com a supressão, do lado lusoafricano, das chamadas consoantes mudas em palavras como ato (e não acto), direção (e não direcção), ótimo (e não óptimo). Esta supressão, há muito consagrada do lado brasileiro, facilita a aprendizagem e o ensino da ortografia nas escolas. Estudos indicam que haverá, em Portugal, alteração de aproximadamente 0,54% dos vocábulos. Embora a quantidade possa parecer pequena, muitas dessas palavras são de uso frequente no dia a dia lusitano. Antes accionamento coleccionador leccionar acção colecção fracção acta
Acordo acionamento colecionador lecionar ação coleção fração ata
Mantêm-se inalterados vocábulos em que a pronúncia da consoante for percebida: ficcional, perfeccionismo, convicção, sucção, bactéria, néctar, núpcias, corrupção, opção, adepto, inepto, erupção, rapto, opcional, egípcio. De forma a contemplar as diferenças fonéticas, existem abundantes casos de exceções previstas no Acordo. Admite-se, assim, a dupla grafia em muitas palavras: facto-fato, secção-seção, aspeto-aspecto, amnistia-anistia, dicção-dição, sector-se tor, caraterística-característica, intersecção-interseção, olfacto-olfato, concepção-conceção, académico-acadêmico, bónus-bônus, ingénuo-ingênuo, abdómen-abdômen. Hífen A convenção anterior revelava dificuldade extrema na aplicação das regras de uso do hífen. O Acordo simplifica as regras. Modificação 1: elimina-se o hífen nas formações por prefixação e recomposição em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por “r” ou “s”, dobrando-se as consoantes. Antes auto-realização auto-retrato auto-serviço auto-suficiência auto-sustentável co-réu co-redator co-responsabilidade co-seno co-signatário
Acordo autorrealização autorretrato autosserviço autossuficiência autossustentável corréu corredator corresponsabilidade cosseno cossignatário
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
15
Introdução à Língua Portuguesa
anti-racional anti-roubo anti-social semi-real semi-reta semi-secular supra-realizado supra-sumo mega-sena ultra-som ultra-rápido
Unidade I
antirracional antirroubo antissocial semirreal semirreta semissecular suprarrealizado suprassumo megassena ultrassom ultrarrápido
Modificação 2: elimina-se o emprego do hífen nas formações por prefixação e recomposição em que o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por vogal diferente daquela. Emprega-se, no entanto, o hífen sempre que, nas formações por prefixação ou recomposição, o prefixo ou pseudoprefixo termina em vogal e o elemento seguinte começa por vogal igual àquela, exceto o prefixo “co-“, que ocorre em geral aglutinado, mesmo quando o elemento seguinte começa por “o”: anti-ibérico, contra-almirante, micro-ondas, cooperação, semi-interno, intra-arterial, arqui-inimigo. Antes Agro-industrial Anti-aéreo Auto-estrada Co-autor Co-avalista Extra-escolar Extra-oficial Auto-atendimento Auto-ajuda Auto-estima Contra-indicação Contra-oferta Contra-almirante Microondas
Acordo agroindustrial antiaéreo autoestrada coautor coavalista extraescolar extraoficial autoatendimento autoajuda autoestima contraindicação contraoferta contra-almirante micro-ondas
Modificação 3: palavras compostas que designam espécies na área da botânica e da zoologia, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento, escrevem-se sempre com hífen: couve-flor, erva-doce, feijão-verde, bem-me-quer, formiga-branca.
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
16
Modificação 4: ligações da preposição “de” com as formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo “haver” não recebem hífen: hei de, hás de, há de, hão de. Uso de minúscula O Novo Acordo sistematiza a utilização de minúscula em início de palavra. Assim, e como já acontece nos nomes dos dias das semana, escrevem-se com inicial minúscula: a) meses do ano: janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro. b) pontos cardeais e colaterais: norte, sul, este, oeste, nordeste, noroeste, sudeste, sudoeste, és-nordeste, és-sudeste, nor-noroeste, nor-nordeste, oés-noroeste, oés-sudoeste, su-sudeste, su-sudoeste.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Observação: mantém-se inicial maiúscula nas abreviaturas dos pontos cardeais e colaterais, assim como na designação de regiões com os mesmos pontos: O avião virou-se para N. O Sul está em festa. c) designações usadas para mencionar alguém cujo nome se desconhece ou não se quer mencionar e que são sinônimas de sujeito, pessoas, indivíduo: fulano, beltrano, sicrano. Uso de maiúscula ou minúscula O Novo Acordo prevê o emprego opcional de maiúscula ou minúscula em início de palavra nos seguintes casos: a) títulos de livros ou obras equiparadas, devendo o primeiro elemento ser sempre grafado com maiúscula inicial, assim como os nomes próprios aí existentes: As pupilas do senhor reitor ou As Pupilas do Senhor Reitor; A ilustre casa de Ramires ou A Ilustre Casa de Ramires. b) formas de tratamento, expressões que exprimem reverência, hierarquia, cortesia: Senhor Professor ou senhor professor; Vossa Senhoria ou vossa senhoria. c) nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas escolares: Português ou português; Língua e Cultura Portuguesa ou língua e cultura portuguesa. d) logradouros públicos, templos ou edifícios: Avenida da Liberdade ou avenida da liberdade. Uso do “h” O idioma, por força da etimologia ou adoção convencional, possui inúmeras palavras com “h” inicial: haver, hélice, hoje, hora, homem, humor, hã, hum. No entanto, deixam de existir em alguns termos: Antes Herva Húmido
Depois erva úmido
Observação: algumas formas eruditas mantêm-se com “h”: herbáceo, herbanário, herboso.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
17
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
“Alguns países entenderam que as novas normas seriam ruins para suas identidades nacionais, por isso a demora na ratificação”, disse a professora Stella Maris Bortoni-Ricardo, linguista e membro da Comissão de Língua Portuguesa (COLIP) no ministério da Educação (MEC), que, juntamente com o ministério das Relações Exteriores e da Cultura, lidou com a questão da reforma ortográfica no Brasil. “Mas é importante lembrar que a questão não é a liderança de qualquer um dos países na imposição de regras, mas uma postura de colaboração”, disse a Stella, lembrando o fato de muitos portugueses acreditarem que o acordo foi uma imposição de regras brasileiras, devido ao fato de o País ter a maioria dos falantes da língua (segundo a professora de cada três pessoas que falam português, uma é brasileira). Essa colaboração é de extrema importância se os países lusófonos quiserem que a Língua Portuguesa ganhe destaque mundial, acrescentou a professora. Atualmente, a sétima língua mais falada do mundo ainda não conseguiu entrar para o rol das línguas oficiais de órgãos internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU). Isso por que, todos os documentos publicados em português têm que ser disponibilizados em duas vias: português brasileiro e português de Portugal. “Essa é uma medida de política de idioma que, além de dar importância para a Língua Portuguesa, facilitaria a difusão e troca de publicações entre países lusófonos, favorecendo, inclusive, os países mais pobres, no recebimento de reforço de material didático”, disse Stella. “Essa reforma é de extrema importância porque é a primeira feita pela Comunidade dos países de Língua Portuguesa (COLP) em conjunto, e não individualmente”, acrescentou. Quanto à adaptação às mudanças, a professora acredita que será feita de maneira fácil, pois o acordo muda menos de 1% do percentual falado da língua. Ela ressaltou, ainda, o papel da mídia na difusão das novas normas de ortografia. Vale lembrar que Portugal estabeleceu um prazo de seis anos para esse processo, enquanto o Brasil optou pela metade. Isso quer dizer que, se entrar em vigor a partir de janeiro de 2009, as escolas brasileiras terão até 2011 para cobrarem as mudanças. “Com os professores brasileiros nas condições em que estão – mal-pagos, mal-formados –, essa mudança pode gerar alguma dificuldade de adaptação.” É o que acredita a professora Eleonora Cavalcante Albano da Unicamp. “Essa mudança vai fazer muito pouca diferença na facilidade de comunicação entre países”, acrescentou.
Diferenças Como fica claro, não foi só em Portugal que o novo acordo dividiu opiniões. Segundo Sírio Possenti, professor do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp, do ponto de vista linguístico e da educação, a preocupação com a unificação de regras gramaticais é “uma bobagem absoluta.” “O valor dessa mudança é muito mais simbólico que prático. Na prática, não são necessárias leis que normatizem a gramática e a ortografia”, disse. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
18
Segundo o professor, é mais importante garantir que alguém entenda textos e saiba relacioná-los do que uma ortografia perfeita. “Variações de ortografia mudam muito pouco a compreensão de um texto, escrever diferente não é um problema linguístico em nenhum país”, acrescentou o professor. É o que pensa também a professora de linguística da Unicamp Maria Irma Hadler Coudry que, embora ache interessante que os países lusófonos comunguem de uma familiaridade, acredita que cada um tem sua especificidade cultural. “Não é preciso que se escreva exatamente igual para que haja entendimento mútuo e não é porque se estabeleceu uma regra comum que se falará perfeitamente igual e m todos os países.” Segundo Maria Irma, do ponto de vista político, essa é uma má política linguística. “É importante respeitar as diferenças no modo como as pessoas falam.” (O Estado de São Paulo, 16 de maio de 2008)
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Para saber mais sobre o assunto, leia: Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa Marcelo Whately Paiva Editora Domus Acordo Ortográfico Guia Prático Porto Editora Para navegar e aprender mais sobre o assunto, acesse: http://www.priberam.pt/docs/AcOrtog90.pdf http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6583.htm www.marcelopaiva.com.br
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
19
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Capítulo 3 – Acentuação Gráfica
As alterações na regra de acentuação ocorrem por motivos políticos e técnicos. No primeiro caso, a intenção é unificar o português para facilitar a comunicação em todo o mundo. No segundo, simplificar, pois alguns acentos são realmente desnecessários. Quero saber sua opinião a respeito.
Segundo a ONU, existem no mundo mais de 6.000 idiomas. Pouco mais de 100 possuem acentuação gráfica. Isso representa em torno de 2% de todos os idiomas. Poucas línguas no mundo fazem uso de acento gráfico. O Português tem necessidade desse sinal por dois motivos principais: identificar a sílaba tônica e a sonoridade (aberta, fechada ou nasal) da vogal. Os acentos podem ser os seguintes: Agudo (´): para indicar a vogal tônica em algumas palavras. Grave (`): exclusivamente para indicar a ocorrência de crase. Circunflexo (^): para marcar a tonicidade da vogal a nasal (lâmpada, câncer, espontâneo), das vogais fechadas e ou o (gênero, tênue, bônus, robô). Til (~): para indicar a nasalidade em a e o (cristã, cristão, pães, cãibra; corações, põe(s), põem).
Regras para indicar a sílaba tônica Quanto à Tonicidade 1. Proparoxítonas: todas as palavras proparoxítonas recebem acento:
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
20
Sábado, ônibus, câmara, Chácara, árabe, cáustico, Cleópatra, esquálido, exército, hidráulico, líquido, míope, músico, plástico, público, rústico, último. Observações: a) seguem essa regra as proparoxítonas eventuais, ou seja, as terminadas em ditongo crescente: ministério, ofício, previdência, homogêneo, ambíguo, Ásia, Rondônia. b) o novo acordo ortográfico passa a aceitar acento agudo ou circunflexo nas palavras proparoxítonas, reais ou aparentes, cujas vogais e ou o seguidas de consoantes nasais grafadas m ou n, conforme o seu timbre aberto ou fechado nas pronúncias: académico/acadêmico, anatómico/anatômico, cénico/cênico, cómodo/cômodo, fenómeno/ fenômeno, género/gênero, topónimo/topônimo; Amazónia/Amazônia, António/Antônio, blasfémia/ blasfêmia, fémea/fêmea, gémeo/gêmeo, génio/gênio, ténue/tênue.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
2. Paroxítonas: Paroxítonas: são acentuadas quando terminam em: i(s): us: ã(s), -ão(s): om, -ons: um, -uns: l: n: r: x: ps:
júri(s), táxi(s), lápis, tênis; bônus, vírus, Vênus; órfã, ímã, órfãs, órgão, órgãos, bênção, bênçãos; rádom (ou radônio), iâmdom, nêutron, elétron, nêutrons; fórum, álbum, fóruns, álbuns; estável, estéril, difícil, cônsul, útil; hífen, pólen, líquen; açúcar, éter, mártir, fêmur; látex, fênix, sílex, tórax; bíceps, fórceps.
Observações: a) A regra de acentuar paroxítonas terminadas em i ou r não se aplica aos prefixos terminados nessas letras: anti-, semi-, hemi-, arqui-, super-, hiper-, alter, inter- etc. b) Atente para o fato de que a regra das paroxítonas terminadas em -en não se aplica ao plural dessas palavras nem a outras com a terminação -ens: liquens, hifens, itens, homens, nuvens etc. 3. Oxítonas: Oxítonas: são acentuadas quando terminadas em: a(s): e(s): o(s): em, -ens:
guaraná, atrás, Amapá, Pará; tevê, clichê, cortês, português, pajé, convés; complô, robô, avô, avós, após; armazém, armazéns, também, (ele) provém (eles) detêm .
Observação: As palavras tônicas que possuem apenas uma sílaba (monossílabos) terminadas em a, e e o seguem também essa regra: pá, pé pó, (tu) dás, três, mês, (ele) pôs, má, más; assim também os monossílabos verbais seguidos de pronome: dá-la, tê-lo, pô-la etc.
Quanto aos Encontros Vocálicos 1. Regra dos ditongos Ditongos abertos tônicos: os ditongos ei, eu, oi têm a primeira vogal acentuada ac entuada graficamente quando forem abertos: papéis, réis, mausoléu, céus, corrói, heróis. her óis. Com o acordo ortográfico, deixam de ser acentuadas as palavras paroxítonas paro xítonas com esse ditongo na sílaba tônica. Antes idéia jibóia heróico
Acordo ideia jiboia heroico
2. Regra dos hiatos i e u tônicos, com ou sem s, levam acento agudo quando não forem seguidos de nh, não repetirem a) Hiatos em a vogal e não formarem sílaba com consoante que não seja o “s”: ensaísta, saída, juízes, país, baú(s), saúde,
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
21
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
reúne, amiúde, viúvo. No entanto, rainha (precede “nh”), xiita (repetição de vogal) e juiz (forma sílaba com consoante que não seja o “s”) não recebem acento. b) O O acordo ortográfico retira o acento dos hiatos tônicos paroxítonos após ditongo: feiura, baiuca. Se o termo não for paroxítono, o acento se mantém: Piauí. c) O acordo ortográfico retira o acento dos hiatos -eem e -oo(s). Antes vôo enjôo crêem lêem
Acordo voo enjoo creem leem
d) O acordo ortográfico não permite mais o acento na vogal “u” tônica dos encontros gue, gui, que, qui. Antes apazigúe averigúe
Acordo apazigue averigue
Regra do acento diferencial O acordo ortográfico altera significativamente a regra do acento diferencial. Antes do acordo, a regra valia para os seguintes casos: • têm (eles) para distingui-lo de tem (ele), e vêm (eles), distinto de vem (ele); (vale nos derivados: eles detêm, provêm, distinto de detém, provém (ele); • pôde (pretérito perfeito) distinto de pode (presente); • fôrma (substantivo) distinto de forma (verbo formar); • vocábulos tônicos (abertos ´/fechados ^) que têm homógrafos homógrafos átonos: tônicos
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
22
côa, côas (v. coar) pára (v. parar) péla, pélas (v. pelar e s.f.) pélo (v. pelar), pêlo, pêlos péra, péras (pedra), pêra pêro, Pêro póra(s) (surra); pôla(s) (broto vegetal) pólo(s) (eixo, jogo); pôlo(s) (filhote de gavião) pôr (verbo) átonos coa, coas (com a, com as) para (preposição) pela, pelas (por a(s) pelo, pelos (por o(s) pera (forma arcaica de para) pero (forma arcaica de mas)
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
pola(s) (forma arcaica de por a(s)) polo(s) (forma arcaica de por o(s)) por (preposição). O acordo mantém apenas os seguintes casos obrigatórios: • têm (eles) para distingui-lo de tem (ele), e vêm (eles), distinto de vem (ele); (vale nos derivados: eles detêm, provêm, distinto de detém, provém (ele); • pôde (pretérito perfeito) distinto de pode (presente); • pôr (verbo) para diferenciar da preposição por. Dois casos facultativos: fôrma e dêmos (usado em Portugal).
Praticando Acentue as palavras e justifique a regra. 1. Porem, Pore m, jacare, sofa, pele, alguem, parabens, pa, pe, po, vovo, refens, refe ns, te-lo, casa-lo. Justificativa: __________ ______________________ _______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________ 2. Carater, lapis, juri, facil, facil, tonus, fenix, medium, ima, orfã, biceps. Justificativa: __________ ______________________ _______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________ 3. Estupido, onibus, vendessemos, politico, macula, nivea, ligia. Justificativa: __________ ______________________ _______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________ 4. Bau, saida, saistes, esgoista, juizo, Luisa, construi-lo. Justificativa: __________ ______________________ _______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________ 5. Ceu, escarceu, reu, papeis, heroi. Justificativa: __________ ______________________ _______________________ ______________________ ______________________ ______________________ ___________ Acentue as palavras quando necessário. 6. Quem conhece seus defeitos esta muito proximo de corrigi-los. 7. A virtude e comunicavel, porem o vicio e contagioso. 8. Saude ou inteligencia, eis duas recompensas da vida. 9. A historia glorifica os herois, a vida santifica os martires. 10. Este plano de emprestimo nao nos convem. 11. Poucas pessoas detem o poder na gloria.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
23
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
12. Esta caixa contem alguns episodios da historia. 13. Os professores reveem as provas. 14. Ela vem à reuniao. 15. Elas vem a reuniões. 16. Ele rele a obra. 17. Eles releem a obra. 18. Os refens veem os soldados como criminosos. 19. Todas as palavras estão corretas em: a) raiz, raízes, saí, apóio, Grajau; b) carretéis, funis, índio, hifens, atrás; c) juriti, ápto, âmbar, difícil, almoço; d) órfã, afável, cândido, caráter, Cristovão; e) chapéu, rainha, Bangu, fossil, conteúdo. 20. Há um vocábulo incorreto em: a) elétrodo, biótipo, biquini; b) dúplex, ravióli, soror; c) bávaro, íbero, azíago; d) ruím, reptil, pólens; e) necropsia, récorde, púdico.
http://www.portrasdasletras.com.br/pdtl2/sub.php?op=gramatica/ docs/acentuacao I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
24
www.marcelopaiva.com.br
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Capítulo 4 – Classes de Palavras
Muitos reclamam ao estudar morfologia. No entanto, sem o conhecimento das classes gramaticais, não se pode ter certeza da concordância, pontuação e, muitas vezes, do elemento de coesão adequado. Ao se dizer “Cerveja é bom”, o último vocábulo é advérbio ou adjetivo? Você saberia responder por que a concordância não foi feita com “cerveja”?
O domínio de um idioma faz-se com base em suas estruturas fundamentais. A morfologia é a base de uma língua ao lado de seu vocabulário.
Substantivo É o nome de todos os seres que existem ou supomos existir: janela, muro, trabalho, Deus, alma. Tipos de substantivo Comum: refere-se a todos os seres da mesma espécie: país, aluno, cidade. Próprio: refere-se a um ser específico: Brasil, Marta, Brasília. Simples: possui apenas um radical: amor. Composto: possui mais de um radical: amor-perfeito. Primitivo: é o termo que dá origem a outros: amor. Derivado: origina-se de outro termo: amizade. Concreto: ser de existência independente: casa, vaca, homem. Abstrato: termo que depende de outro para existir: amor, alegria. Observações: 1. Deus, alma, fada, bruxa são substantivos concretos. 2. São substantivos abstratos aqueles que indicam ações (trabalho, casamento, ameaça) e estado ou qualidade (riqueza, sonho, morte, inteligência, esperteza). 3. Os substantivos coletivos são classificados como comuns.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
25
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Gênero dos substantivos Os substantivos podem ser divididos em dois gêneros: masculino e feminino. A flexão de gênero ocorre de forma uniforme ou biforme. • Uniforme: Epicenos (macho-fêmea): a cobra, o tatu, a onça. Comuns de dois (o-a): cliente, colega, dentista, jornalista, jovem. Sobrecomuns (sem flexão do artigo): a criança, a vítima, o cônjuge, o ídolo. • Biforme: Flexão na desinência: amigo-amiga, barão-baronesa. Heterônimos: cavalheiro-dama, cavalo-égua. Observações: 1. Cólera é nome feminino em qualquer sentido: ira ou doença. 2. Personagem e usucapião são nomes femininos pela origem, porém já se encontram também como masculinos em diversos dicionários. 3. As siglas que se usam como nomes próprios têm o gênero do nome inicial da locução. Assim Detran (Departamento de Trânsito) é palavra masculina e Cica (Companhia Industrial de Conservas Alimentícias) é palavra feminina. 4. Milhão é nome masculino: um milhão de pessoas; muitos milhões de ações. Plural dos substantivos Quanto à flexão de número, os substantivos podem estar no singular ou no plural. Regral geral: substantivos terminados em vogal ou ditongo fazem o plural acrescentando-se –s ao singular: sala-salas, amigo-amigos, pai-pais, lei-leis. Incluem-se na regra geral os substantivos terminados em vogal nasal representada pela letra -m. Muda-se o –m por –n e acrescenta-se o –s: bem-bens, flautim-flautins, som-sons. Regras especiais: 1. Os substantivos terminados em –ão formam o plural de três formas: a) a maioria altera a terminação –ão em –ões: coração-corações, leão-leões. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
26
b) Alguns poucos substantivos alteram a terminação –ão em –ães: alemão-alemães. c) Todos os substantivos paroxítonos terminados em –ão e alguns oxítonos com a mesma terminação simplesmente acrescentam o –s: bênção-bênçãos, órgão-órgãos, irmão-irmãos. Observações: 1. Os monossílabos tônicos chão, grão, mão e vão fazem o plural com o –s. 2. Alguns substantivos finalizados em –ão aceitam diferentes formas: ermitão (ermitães, ermitãos ou ermitões), vilão (vilãos ou vilões) etc.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
2. Plural com alteração de timbre da vogal tônica. Alguns substantivos cuja vogal tônica é “o” fechado, além de receberem o –s no plural, alteram também o “o” fechado para aberto: corpo, fogo, imposto, jogo, tijolo etc. Isso recebe o nome de metafonia. 3. Substantivos terminados em consoantes. a) Os substantivos terminados em –r, –z e –n formam o plural acrescentando –es ao termo singular: marmares, reitor-reitores, rapaz-rapazes, raiz-raízes, dólmen-dólmenes. Observação: o plural de caráter é caracteres, com deslocamento da vogal tônica. Também alteram a vogal tônica no plural os termos espécimem, Júpiter e Lúcifer: especímenes, Jupíteres e Lucíferes. b) Os substantivos oxítonos terminados em -s formam o plural acrescentando –es. Os demais substantivos terminados em –s são invariáveis: o país – os países, o lápis – os lápis. Os paroxítonos terminados em –x também são invariáveis: os tórax. c) Os substantivos terminados em –al, –el, –ol e –ul alteram no plural o –l por –is: animal-animais, papel-papéis, álcool-álcoois. Excetuam-se os termos mal e cônsul: males e cônsules. Também o termo real constitui uma ex ceção, mas atualmente aplicamos a regra geral: réis ou reais. d) Os substantivos terminados em –il alteram o –l em –s: funil-funis, ardil-ardis. e) Os substantivos paroxítonos terminados em –il alteram a terminação por –eis: fóssil-fósseis, réptil-répteis. 4. Plural nos diminutivos formados com o sufixo –Zinho(a) ou zito(a). Tanto o substantivo primitivo como o sufixo vão para o plural: balãozinho – balõezinhos, florzinha – florezinhas. 5. Substantivos de um só número. Existem substantivos que são empregados apenas no plural: anais, fezes, primícias, óculos. 6. Substantivos compostos. a) Quando o substantivo composto é formado por palavras que se unem sem o auxílio do hífen, forma o plural como se fosse uma palavra só: pontapé-pontapés, vaivém-vaivéns. b) Quando os termos se unem por hífen e são termos variáveis, os dois seguem para o plural: obra-prima – obras-primas, couve-flor – couves-flores. c) Quando o primeiro termo do composto é verbo ou palavra invariável e o segundo é palavra variável, apenas o segundo aceita o plural: guarda-chuva – guarda-chuvas, bate-boca – bate-bocas. d) Quando os termos se ligam por preposição, só o primeiro aceita o plural: pé-de-moleque – pés-de-moleque. e) Quando o segundo termo da expressão é um substantivo que funciona como determinante específico, apenas o primeiro pode variar (mais culto) ou os dois sofrem variações (coloquial): salário-família – salários-família ou salários-famílias.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
27
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
f) Nas onomatopeias, apenas o último elemento sobre variação: o reco-reco – os reco-recos, o tique-taque – os tique-taques. Observações: a) No passado, usava-se apenas parabém. Hoje, empregamos no plural: parabéns. b) Existem substantivos que possuem uma só forma para singular ou plural: conta-gota, ourives, pires, porta-aviões, oásis etc. c) As siglas fazem o plural mediante o acréscimo de –s, sem o emprego de apóstrofo: IPVAs, CPIs.
Adjetivo É a palavra que indica qualidade, defeito, estado, característica ou origem de um substantivo. Tipos de adjetivo Uniforme: uma só forma para os dois gêneros: jovem, alegre, feliz. Biforme: uma forma para cada gênero: bom, boa. Simples: possui apenas um radical: estudioso Composto: possui mais de um radical: anglo-germânico. Variações do adjetivo Gênero: masculino (bom) ou feminino (boa). Número: singular (bom) ou plural (bons). Grau: comparativo de igualdade: Ele é tão alto quanto eu. comparativo de superioridade: Ele é mais alto do que eu. comparativo de inferioridade: Ele é menos alto do que eu. superlativo absoluto analítico: Ele é muito esperto. superlativo absoluto sintético: Ele é espertíssimo. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
28
superlativo relativo de superioridade: Ele é o mais esperto. superlativo relativo de inferioridade: Ele é o menos esperto. Observações: a) Os adjetivos compostos fazem o feminino com variação apenas do último termo: acordo luso-brasileiro, festa luso-brasileira. b) Os adjetivos compostos fazem o plural com variação apenas do último termo: política social-democrata, políticas social-democratas.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
c) Os adjetivos compostos indicadores de cor não variam quando um dos elementos é substantivo: carro cor-de-rosa, carros cor-de-rosa. Da mesma forma, não ocorre variação com o termo simples: camisa cinza, camisas cinza. d) O plural de surdo-mudo é surdos-mudos. e) Alguns adjetivos compostos não sofrem qualquer variação no plural: azul-marinho, azul-celeste, furta-cor e sem-sal. f) Adjetivos terminados em –eio fazem o superlativo com dois “ii”: sério-seriíssimo. g) É comum usar-se o adjetivo com valor de substantivo. Basta incluir um artigo antes dele: A bonita chegou.
Pronome É a classe de palavra que substitui ou acompanha um substantivo. Ao substituir o substantivo, recebe o nome de pronome substantivo. Ao substituir o adjetivo, recebe o nome de pronome adjetivo. Pronome pessoal Definição: como o próprio nome esclarece, este pronome está relacionado, geralmente, a pessoas. No entanto, designa também coisas. Observe o quadro abaixo: Oblíquos
Retos eu tu ele, ela nós vós eles, elas
Átonos me te o, a, lhe, se nos vos os, as, lhes, se
Tônicos mim, comigo ti, contigo si, consigo nós, conosco vós, convosco si, consigo
Características: 1. Os pronomes pessoais do caso reto exercem a função sintática de sujeito. Ele saiu. Nós voltamos. Elas chegaram.
2. Os pronomes pessoais do caso oblíquo exercem a função sintática de complemento. Maria encontrou-nos. O prefeito nos convidou.
3. A língua culta prefere “entre si” a “entre eles”, sempre que for possível a posposição do pronomemesmos. Caso o sujeito da construção não esteja na terceira pessoa do plural, usa-se “entre eles”. Os amigos conversavam entre si . (entre si mesmos.) Nada ocorreu entre eles.
4. O pronome oblíquo “o”, “a” e suas variações adquirem a forma “lo”, “la” e suas variações, quando posposto a formas verbais terminadas em “r”, “s” e “z”.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
29
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Encontrar + o = encontrá-lo. Fizemos + o = fizemo-la. Fez + as = fê-las.
5. Se a forma verbal termina em som nasal, o pronome se transforma em “no” e suas variações, sem omissão de letra. Encontraram + o = encontraram-no.
6. Os pronomes tônicos “com nós” e “com vós” se usam apenas quando precedem palavra de ênfase. O prefeito deseja falar conosco. O prefeito deseja falar com nós (inadequado). O prefeito deseja falar com nós mesmos (adequado).
7. Embora o pronome pessoal de caso reto exerça a função de sujeito, pode aparecer na função de complemento, quando ao lado do pronome “todo” em construção na ordem indireta. Encontrei-os no quarto chorando. Todos eles encontrei no quarto chorando.
8. Os verbos pronominais não devem ser empregados com o pronome “se” indicando sujeito indeterminado. Não se deve arrepender pelo que se fez (inadequado). Ninguém deve arrepender-se pelo que fez (adequado).
9. Quando um mesmo pronome oblíquo está relacionado a dois ou mais verbos, deve-se usar o complemento apenas junto ao primeiro. Nós o encontramos e o abraçamos (inadequado). Nós o encontramos e abraçamos (adequado).
10. Quando o pronome átono está na função de objeto direto e é seguido por aposto, este deve ser preposicionado. Encontrei-o, ao verdadeiro ladrão, na casa da namorada.
11. O pronome “nós” assume o papel de singular em duas situações: plural majestático ou plural de modéstia. Nós seremos maiores do que tudo, disse o rei (plural majestático). Nós somos agradecidos a você, disse o rapaz (plural de modéstia). I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
30
12. A contração de dois pronomes pessoais oblíquos em funções sintáticas diferentes pode ocorrer da seguinte maneira: Não enviaram a revista a ele. = Não lha enviaram. Não enviaram o livro a ela. = Não lho enviaram. Alguém disse os assuntos aos jornalistas. = Alguém lhos disse.
A mesma regra vale para os pronomes “me”, “te”, “nos” e “vos”. Pronome possessivo Definição: é o pronome que apresenta ideia de posse: meu, teu, seu, nosso, vosso, seus e variações.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Características: 1. os pronomes possessivos concordam em gênero e número com seus referentes. 2. os pronomes oblíquos átonos “me”, “te”, “nos”, “vos”, “lhe” (e variações) podem indicar posse, quando ligados a substantivo e podem ser substituídos por pronome possessivo. Posso beijar-lhe o rosto. = Posso beijar o seu rosto. Quebraram-me o estojo. = Quebraram o meu estojo.
3. Antes de nomes que indicam partes do corpo, peças de vestuário e estados da razão não há necessidade de possessivo quando se referem à própria pessoa a que se faz referência. Machuquei o dedo (adequado). Machuquei o meu dedo (inadequado). Ela perdeu o juízo (adequado). Ela perdeu o seu juízo (inadequado).
4. É facultativo o uso do artigo antes do pronome possessivo. Encontrei a minha namorada ou Encontrei minha namorada.
5. O uso do artigo antes do possessivo pode alterar o sentido da construção. Aquela casa é minha (induz-se a pensar que tenho outras casas também). Aquela casa é a minha (induz-se a pensar que é a minha única casa)
Pronomes demonstrativos Definição: o pronome demonstrativo (este, esse, aquele – e variações) tem diversas funções dentro da construção: pode indicar a pessoa do discurso, a relação a tempo, o referente adequado, retomar ou antecipar ideia presente no texto etc. Características: 1. em relação à pessoa do discurso, deve-se empregar o pronome demonstrativo da seguinte forma: este, esta, isto: refere-se à pessoa que fala ou escreve (apresenta a ideia do aqui). esse, essa, isso: refere-se à pessoa que ouve ou lê (apresenta a ideia do aí). aquele, aquela, aquilo: refere-se à pessoa que se encontra distante (apresenta a ideia do lá). Este relatório que seguro. Esse relatório que você segura. Aquele relatório que se encontra na outra sala.
2. em relação à posição da ideia a que se refere, deve-se empregar da seguinte forma: este, esta, isto: em relação a uma ideia que ainda aparecerá no texto (termo catafórico). Quero lhe pedir isto: não volte mais aqui.
esse, essa, isso: em relação a uma ideia que já apareceu no texto (termo anafórico). Não volte mais aqui. Era isso que eu queria lhe pedir.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
31
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
3. em relação a tempo, deve-se empregar da seguinte forma: a) em referência a um momento atual, usa-se “este, esta ou isto”: Este dia está maravilhoso (dia atual). Esta semana está maravilhosa (semana atual). Este mês está maravilhoso (mês atual) Este ano está maravilhoso (ano atual). Este assunto que conversamos (assunto atual).
b) em relação a momento futuro próximo,usa-se também “este, esta ou isto”: Agora pela manhã chove, mas esta noite promete ser bonita (próxima noite). Esta reunião de hoje à tarde será interessante (a reunião está próxima de ocorrer). Hoje é quinta-feira e neste fim de semana viajarei. (próximo fim de semana).
c) em relação a momento futuro distante, usa-se “esse, essa ou isso”: Um dia você será capaz de entender o que ocorreu. Nesse dia, você me perdoará .
d) em relação a momento passado recente, usa-se “esse, essa ou isso”: Nesse fim de semana, fui a São Paulo (último fim de semana). . Nessa reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu recentemente)
e) em relação a tempo passado muito distante, usa-se “aquele, aquela ou aquilo”: Aquele fim de semana foi maravilhoso (fim de semana distante). Naquela reunião, fiquei feliz (reunião que ocorreu há muito tempo).
4. para diferenciar referentes citados anteriormente, usa-se “este, esta ou isto” para indicar o mais próximo ao pronome e usa-se “aquele, aquela e aquilo” para indicar o mais distante. O processo e o parecer já chegaram. Este (o parecer) está ótimo, mas aquele (o processo) ainda está incompleto.
5. Outros usos estilísticos: a) ao iniciar uma oração, desacompanhado de substantivo, que retoma ideia anterior e pode ser substituído por “isso”, pode-se empregar “este, esse ou aquele”: Não estudei o necessário. Este (ou “esse”) foi meu pecado. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
32
b) podem-se colocar os pronomes “este” ou “esse” e suas variações após o substantivo para indicar ênfase: Encontrei uma linda e inteligente mulher há alguns anos em Brasília, mulher esta (ou “essa”) que se tornou minha esposa.
c) os pronomes “este, esse ou aquele – e variações”, quando contraídos com a preposição “de” e pospostos a substantivos, devem ser empregados sempre no plural: Ele resolveu problema daqueles.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
d) as palavras “o”, “próprio”, “semelhante” e “tal” – e variações – podem assumir papel de pronome “mesmo”, demonstrativo. Comprei o que você pediu. Lúcia mesma fez o trabalho.
Pronome indefinido São aqueles que se referem a pessoas ou coisas de maneira imprecisa ou indefinida. Invariáveis: algo, alguém, nada, ninguém, tudo, cada, outrem, que, quem. Variáveis: algum, nenhum, todo, muito, pouco, certo, diverso, vário, outro, quanto, tanto, qual, qualquer, um (quando isolado). São locuções pronominais indefinidas: todo o mundo, cada um, cada qual, qualquer um, todo aquele que, seja qual for, seja quem for, um ou outro, um e outro etc. Características: 1. o pronome “cada” funciona sempre como adjetivo, não devendo ser usado como pronome substantivo. Comprei dois livros a R$ 15,00 cada (inadequado). Comprei dois livros a R$ 15,00 cada um (adequado).
2. embora muito empregado, é inadequado, segundo a norma culta, o uso de uma palavra negativa e os pronomes indefinidos. Não tenho problema nenhum (inadequado). Não tenho problema algum (adequado).
3. o plural “todos” e variações, quando aparecem antes de um nome, devem sempre estar acompanhados de artigo. A regra não vale quando antecede outro pronome. Todos os relatórios já chegaram (adequado). Todos relatórios já chegaram (inadequado). Todas essas coisas me fazem bem (adequado).
Pronome relativo Definição: são aqueles que se relacionam com um termo que o antecede. O livro que comprei é bom.
que = equivale a livro. A casa onde moro é bonita. Onde = equivale a casa. Inariáveis: que, quem, onde, quando. Variáveis: o qual, cujo, quanto (após os indefinidos tudo, todo e tanto).
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
33
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Características: 1. o pronome “que” pode se relacionar a coisa ou pessoa, mas só pode ocorrer quando precedido de preposição monossilábica: O processo que você leu está interessante (adequado). O processo de que você precisa está interessante (adequado). O processo sobre que você comentou está interessante (inadequado). O processo sobre o qual você comentou está interessante (adequado).
2. A preposição “sem” e “sob” devem ser usadas com o pronome “o qual” e suas variações. O juiz perdeu a caneta sem a qual não conseguia escrever coisa alguma. O sol sob o qual estamos está forte.
3. Quando ocorrerem dois termos anteriores ao pronome relativo e este produzir ambiguidade em relação a qual referente está ligado, deve-se usar o pronome “que” para indicar o mais próximo e “o qual” – e suas variações – para indicar o mais distante. O amigo do deputado que está em Brasília é alto (“que” se refere a “deputado”). O amigo do deputado o qual está em Brasília é alto (“o qual” se refere a “amigo”). O filho do deputado que tem cinco anos está em Brasília (“que” se refere a “filho” pois não existe ambiguidade). O filho do deputado o qual tem cinco anos está em Brasília (“o qual” se refere a “filho” pois não existe ambiguidade).
4. o pronome “quem” deve ser usado apenas relacionado a pessoas e antecedido por preposição. Ela é a namorada a quem dedico toda a atenção de minha vida. Ele é o promotor de quem preciso.
5. é chamado de “relativo indefinido” o pronome que aparece sem nome antecedente. Quem não estuda não entende o assunto.
6. o pronome relativo que exprime posse e se relaciona tanto com o termo anterior quanto com o posterior deve ser representado por “cujo” e suas variações. Não existe “cujo o”, “cuja a” e “o cujo”. A única possibilidade de ocorrer “a cuja” é quando se tratar de um “a” preposição. O carro cujo dono está trabalhando é grande. O artigo cuja editora é nova ficou bom. O prédio cujos moradores saíram é branco. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
34
7. o pronome relativo “onde” só pode ser usado para indicar lugar. A escola onde estudei fechou (adequado). A situação onde me encontro é terrível (inadequado). A situação em que me encontro é terrível (adequado).
8. “quando” funciona como pronome relativo sempre que antecedido por uma ideia de tempo e equivale a “em que”. Chegará o momento quando resolveremos o problema.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Praticando 1. Assinale a opção que completa adequadamente as lacunas da frase seguinte: Os pesquisadores e o Governo frequentemente assumem posições distintas ante os problemas nacionais: _______________ se preocupam com a fundamentação científica, enquanto ____________ se guia mais pelos interesses políticos. a) aqueles, este b) esses, aquele c) estes, esse d) estes, aquele e) aqueles, aquele 2. Usando os pronomes demonstrativos adequados, complete as lacunas do texto: Por favor, passe ____________ caneta que está aí perto de você; _________ aqui não serve para ___________ desenhar. a) aquela-esta-mim. b) esta-esta-mim. c) essa-esta-eu. d) essa-essa-mim. e) aquela-esta-eu. 3. Aponte a opção em que muito é pronome indefinido: a) O soldado amarelo falava muito bem. b) Havia muito bichinho ruim. c) Fabiano era muito desconfiado. d) Fabiano vacilava muito para tomar decisão. e) Muito eficiente era o soldado amarelo. 4. Na frase: “Chegou Pedro, Maria e o seu filho dela”, o pronome possessivo está reforçado para: a) ênfase b) elegância e estilo c) figura de harmonia d) clareza e) n.d.a
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
35
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
5. Assinale a opção que apresenta o emprego correto do pronome, de acordo com a norma culta: a) O diretor mandou eu entrar na sala. b) Preciso falar consigo o mais rápido possível. c) Cumprimentei-lhe assim que cheguei. d) Ele só sabe elogiar a si mesmo. e) Após a prova, os candidatos conversaram entre eles. 6. Assinale a opção em que houve erro no emprego do pronome pessoal: a) Ele entregou um texto para mim corrigir. b) Para mim, a leitura está fácil. c) Isto é para eu fazer agora. d) Não saia sem mim. e) Entre mim e ele há uma grande diferença. 7. Pronome empregado incorretamente: a) Nada existe entre eu e você. b) Deixaram-me fazer o serviço. c) Fez tudo para eu viajar. d) Hoje, Maria irá sem mim. e) Meus conselhos fizeram-no refletir. 8. “Se é para ....... dizer o que penso, creio que a escolha se dará entre ....... .” a) mim, eu e tu
d) eu, mim e tu
b) mim, mim e ti
e) eu, eu e ti
c) eu, mim e ti I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
36
9. A única frase em que há erro no emprego do pronome oblíquo é: a) Eu o conheço muito bem. b) Devemos preveni-lo do perigo. c) Faltava-lhe experiência. d) A mãe amava-a muito. e) Farei tudo para livrar-lhe desta situação.
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
10. Assinale a opção em que o pronome pessoal está empregado corretamente: a) Este é um problema para mim resolver. b) Entre eu e tu não há mais nada. c) A questão deve ser resolvida por eu e você. d) Para mim, viajar de avião é um suplício. e) Quanto voltei a si, não sabia onde me encontrava. 11. Assinale o item em que há erro quanto ao emprego dos pronomes se, si ou consigo: a) Feriu-se quando brincava com o revólver e o virou para si. b) Ele só cuidava de si. c) Quando V.a vier, S traga consigo a informação pedida. d) Ele se arroga o direito de vetar tais artigos. e) Espere um momento, pois tenho de falar consigo. 12. Marque a opção em que houve substituição incorreta do termo sublinhado. a) Daria a eles uma resposta adequada. Dar-lhes-ia uma resposta adequada. b) Enviamos o presente aos nossos amigos. Enviamos-lhes o presente. c) Mandamos as crianças saírem. Mandamos-as saírem. d) Não pediria isso a você em hipótese alguma. Não lho pediria em hipótese alguma.
Verbo É a palavra de forma variável que exprime ação, estado, fenômeno. Flexão de número : singular ou plural. Flexão de pessoa: indica a pessoa do discurso (primeira, segunda ou terceira). Flexão de modo: indica a maneira como o fato se realiza: indicativo, subjuntivo ou imperativo. Flexão de tempo: indica o momento em que se realiza o fato: presente, pretérito ou futuro.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
37
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Classificação dos verbos Regular: não sofrem modificação no radical durante a conjugação. Observe a conjugação dos verbos amar, vender e partir. Irregular: sofrem alguma modificação no radical na conjugação. Defectivos: não possuem todas as conjugações. Abundantes: possuem mais de uma conjugação. Auxiliares: acompanham a conjugação do verbo principal. Pessoais: possuem sujeito. Impessoais: não possuem sujeito. Tempo verbal Quanto ao tempo verbal, eles apresentam os seguintes valores: 1. presente do indicativo: indica um fato real situado no momento ou época em que se fala; 2. presente do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético situado no momento ou época em que se fala; 3. pretérito perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada e concluída no passado; 4. pretérito imperfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação foi iniciada no passado, mas não foi concluída ou era uma ação costumeira no passado; 5. pretérito imperfeito do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso ou hipotético c uja ação foi iniciada mas não concluída no passado; 6. pretérito mais-que-perfeito do indicativo: indica um fato real cuja ação é anterior a outra ação já passada; 7. futuro do presente do indicativo: indica um fato real situado em momento ou época vindoura; 8. futuro do pretérito do indicativo: indica um fato possível, hipotético, situado num momento futuro, mas ligado a um momento passado; 9. futuro do subjuntivo: indica um fato provável, duvidoso, hipotético, situado num momento ou época futura; I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
38
Formação dos tempos Os chamados tempos simples podem ser primitivos (presente e pretérito perfeito do indicativo e o infinitivo impessoal) e derivados: São derivados do presente do indicativo: pretérito imperfeito do indicativo: TEMA do presente + VA (1ª conj.) ou IA (2ª e 3ª conj.) + Desinência número pessoal (DNP); presente do subjuntivo: RAD da 1ª pessoa singular do presente + E (1ª conj.) ou A (2ª e 3ª conj.) + DNP;
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Os verbos em -ear têm duplo “e” em vez de “ei” na 1ª pessoa do plural (passeio, mas passeemos). imperativo negativo (todo derivado do presente do subjuntivo) e imperativo afirmativo (as 2ª pessoas vêm do presente do indicativo sem S, as demais também vêm do presente do subjuntivo). Voz verbal É a relação entre o sujeito e o verbo. São três as vozes verbais: Voz ativa: o sujeito é agente em relação ao verbo. Lucas comprou o livro. Voz passiva: o sujeito é paciente em relação ao verbo. Divide-se em analítica e sintética. Analítica (possui locução verbal): O livro foi comprado por Lucas. Sintética (possui partícula apassivadora): Comprou-se o livro. Voz reflexiva: o sujeito é agente e paciente. Lucas cortou-se. Observações: a) A voz recíproca pertence à voz reflexiva. Ocorre quando um sujeito faz ação para outro sujeito: Lucas e Isabela beijaram-se. b) Alguns verbos usados em sentido denotativo (nascer, morrer, viver, dormir, acordar, sonhar etc) não possuem voz verbal, porque não há relação de agente ou paciente com o verbo. c) Algumas construções podem confundir o estudante. Em “João levou uma surra”, temos um verbo com sentido passivo, mas não existe no caso voz passiva. Voz passiva não aceita objeto direto. No caso, o sujeito é classificado como “em passividade”. d) Apenas verbos com objeto direto na ativa aceitam a transformação da oração em voz passiva. A voz passiva não aceita objeto direto, mas obrigatoriamente pede um verbo transitivo direto na ativa. Locução verbal É o conjunto verbo auxiliar + verbo principal (no gerúndio ou no infinitivo). Em análise sintática, a locução verbal corresponde a apenas um verbo. Vou sair = locução verbal. Ela está cantando = locução verbal. Ela está a cantar = locução verbal. Quando o infinitivo pode ser transformado em uma oração, não temos aí locução verbal. Observe: Roberto finge aprender o assunto. = Roberto finge que aprende o assunto. Penso estar feliz. = Penso que estou feliz. Ela acredita entender tudo. = Ela acredita que entende tudo. Em tais casos, temos período composto, com duas orações.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
39
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Locução verbal e tempo composto O tempo composto traz sempre um verbo principal e um verbo no particípio. A locução verbal tem o verbo principal no gerúndio ou no infinitivo. Formas rizotônicas e arrizotônicas Formas rizotônicas são aquelas com a vogal tônica no radical. Formas arrizotônicas são aquelas com a vogal tônica fora do radical. Amo = rizotônica.
Amemos = arrizotônica.
Praticando 1. A forma correta do verbo submeter-se, na primeira pessoa do plural do imperativo afirmativo é: a) submetamo-nos b) submeta-se c) submete-te d) submetei-vos 2. __________ mesmo que és capaz de vencer; __________ e não __________ . a) Mostra a ti – decide-te – desanime b) Mostre a ti – decida-te – desanimes c) Mostra a ti – decida-te – desanimes d) Mostra a ti – decide-te – desanimes 3. Depois que o sol se __________, haverão de __________ as atividades. a) pôr – suspender b) por – suspenderem c) puser – suspender I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
40
d) puser – suspenderem 4. Não se deixe dominar pela solidão. __________ a vida que há nas formas da natureza, __________ atenção à transbordante linguagem das coisas e __________ o mundo pelo qual transita distraído. a) Descobre – presta – vê b) Descubra – presta – vê c) Descubra – preste – veja d) Descubra – presta – veja
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
5. Se __________ a interferência do Ministro nos programas de televisão e se ele __________, não ocorreriam certos abusos. a) requerêssemos – interviesse b) requiséssemos – interviesse c) requerêssemos – intervisse d) requizéssemos – interviesse 6. Se __________ o livro, não __________ com ele; __________ onde combinamos. a) reouveres – fiques – põe-no b) reouveres – fiques – põe-lo c) reaveres – fica – ponha-o d) reaveres fique – ponha-o 7. Se eles __________ suas razões e __________ suas teses, não os __________ . a) expuserem – mantiverem – censura b) expuserem – mantiverem – censures c) exporem – manterem – censures d) exporem – manterem – censura 8. Se o __________ por perto, _________; ele _________ o esforço construtivo de qualquer pessoa. a) veres – precavenha-se – obstrue b) vires – precavém-te – obstrui c) veres – acautela-te – obstrui d) vires – acautela-te – obstrui 9. Se ele se __________ em sua exposição, __________ bem. Não te __________. a) deter – ouça-lhe – precipites b) deter – ouve-lhe – precipita c) detiver – ouve-o – precipita d) detiver – ouve-o – precipites 10. Os habitantes da ilha acreditam que, quando Jesus __________ e __________ todos em paz, haverá de abençoá-los. a) vier – os ver b) vir – os ver c) vier – os vir d) vier – lhes vir
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
41
Introdução à Língua Portuguesa
Unidade I
Significado das palavras por meio dos elementos mórficos Pode-se identificar o significado de algumas palavras por meio de seus elementos estruturadores. Assim, o conhecimento de palavras cognatas auxilia não só na delimitação dos elementos mórficos, mas também na descoberta do significado de um vocábulo desconhecido. Aqui seguem algumas palavras com seus elementos formadores e sua significação. Entretanto, a quantidade de prefixos, sufixos e radicais é grande e seus significados também múltiplos, merecendo um estudo mais aprofundado. Veja alguns exemplo com prefixos retirados do site: http://www.graudez.com.br/portugues/ ch03s02.html. Ambi bene/bem/ben Cis De Justa Ob Per Pro Sesqui vice/vis Anfi arqui/arc/arque/arce Catá Dis endo/end Epi eu/ev Hipó sin/sim/si
Duplicidade bem, muito bom do lado de cá, aquém de cima para baixo ao lado em frente movimento através para frente, em lugar de um e meio no lugar de, inferior a em torno, duplicidade Superioridade de cima para baixo dificuldade, mau estado interior, movimento para dentro superior, posterioridade bem, bom inferior, escassez simultaneidade, companhia
ambíguo, ambidestro beneficente, benfeitor Cisplatino decrescer, declive Justaposição Obstáculo perfurar, percorrer progresso, pronome, prólogo Sesquicentenário vice-presidente, visconde anfiteatro, anfíbio arcebispo, arcanjo, arqueduque Catálogo disenteria, dispneia Endovenoso epiderme, epitáfio, epílogo eufonia, evangelho, eufemismo hipocrisia, hipodérmico sinfonia, sílaba
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/classes-de-palavras I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
42
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/oficinas/lportuguesa/index.html http://www.filologia.org.br/viiicnlf/resumos/modernaperspectiva.htm
Unidade II
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Aspectos Gramaticais e Semânticos Capítulo 5 – Emprego do Acento Indicativo de Crase
Uma deputada brasileira apresentou projeto de lei para retirar o acento grave (crase) de nosso idioma. Infelizmente, isso não é possível. Se você tivesse o poder de alterar algo, o que você modificaria em nossa língua?
A semântica é a primeira parte do idioma a sofrer modificações por influência de fatores culturais, políticos, sociais. Isso ocorre por conta dos neologismos, estrangeirismos e tantos outros ismos que invadem o Português. Alguns estudiosos criticam tal dinamismo. Outros afirmam que se trata do mecanismo de atualização da própria língua. Como você analisa a situação? Crase é a fusão de duas vogais em uma só. Embora exista na versificação literária a crase poética, nosso interesse será apenas a contração indicada pelo acento grave. Casos em que ocorre a fusão da preposição “a” com: 1. O artigo feminino “a” ou “as”. a = Fiz àreferência Fiz referência a +revista revista. prep.+ art. 2. Locuções adverbiais, prepositivas ou conjuntivas femininas. Encontro você às dez horas. Todos estavam à vontade em casa. Estou à disposição. Às vezes, ele me encontra em casa. O amante saiu às pressas da casa. Quem vive à espera de facilidades, encontra falsidades. Amo mais você à medida que a conheço.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
43
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Observações: a) Em alguns casos, o acento grave evita ambiguidade na construção. Observe: O rapaz cheirava a bebida. (aspirava o cheiro da bebida) O rapaz cheirava à bebida. (exalava o cheiro da bebida) Encontrou a prima a tia. (construção com ambiguidade). Encontrou a prima à tia. (construção sem ambiguidade). A presença do acento grave indica que “a tia” é objeto direto preposicionado. b) Em relação à crase nas locuções adverbiais, há divergência entre alguns gramáticos; porem há consenso nos casos em que possa haver ambiguidade: Fique a vontade na sala. É sujeito ou adj. Adv. modo? 3) o pronome demonstrativo “aquela”, “aquele”, “as” Fiz referência a + aquele rapaz. = Fiz referência àquele rapaz. Fiz referência a + aquela menina. = Fiz referência àquela menina. Fiz referência a + aquilo. = Fiz referência àquilo. Fiz referência a + a que saiu. = Fiz referência à que saiu. Fiz referência a + as que saíram. = Fiz referência às que saíram. Observação: É comum o aluno encontrar certa dúvida no uso do acento grave antes de “que”. Procure substituir a expressão por “a aquela que” ou “a aquelas que”. Esta caneta é igual à que comprei. (Esta caneta é igual a aquela que comprei). Casos que merecem atenção redobrada. 1. Antes da expressão “a moda de”, expressa ou subentendida. Ele se veste à Caetano Veloso. Ele se veste à moda de Caetano Veloso. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
44
Ela fez uma comida à mineira. Ela fez comida à moda mineira. 2. Antes de “a qual” e “as quais”. Observe bem cada caso abaixo para entender quando existe o acento grave ou não. O livro o qual comprei sumiu. O livro ao qual me refiro sumiu. A revista a qual comprei sumiu. A revista à qual me refiro sumiu.
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
3. Crase antes de nomes de lugares Ocorrerá crase e, portanto, acento grave, se houver necessidade do artigo “a” para a localidade. Vou a Brasília. Venho de Brasília. Observe que não ocorreu crase, pois “Brasília” não pede o artigo “a”. Vou à Bahia. Venho da Bahia. Ocorreu crase, pois “Bahia” pede o artigo “a”. 4. Com a palavra “casa” A ocorrência do acento grave dependerá se a palavra, no contexto, solicitará ou não a presença do artigo “a”. Vou a casa. Venho de casa. Observe que no exemplo acima não ocorreu crase. Vou à casa de meu melhor amigo. Venho da casa de meu melhor amigo. No último exemplo, no entanto, observa-se a necessidade do artigo “a”. 5. com a palavra “terra” A palavra “terra” em nossa língua pode representar, dependendo do contexto, sentidos diversos: terra firme (oposto de água); determinado lugar; o planeta; e, finalmente, o solo. Nos três últimos casos, a regra a ser observada é a geral. No primeiro caso, no entanto, não ocorre crase pois o vocábulo não pede o artigo “a”. Os marinheiros foram a terra visitar a família. 6. com a palavra “distância” A locução adverbial “a distância” não recebe o acento grave quando não estiver determinada. Fique a distância de mim. (sem determinação.) Fique à distância de dois metros. (com determinação.) Observação: Não recebe acento grave quando aparece na construção a seguir: Fique a dois metros de distância. Crase facultativa 1. Nomes de mulheres. Falei o assunto a/à Denise. Refiro-me a/à Paula.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
45
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Observações: a) Quando o nome aparecer determinado por uma qualidade ou característica, o artigo será obrigatório. Falei o assunto à Denise, minha irmã. Refiro-me à Paula, minha esposa. b) Quando o nome aparecer determinado por sobrenome, o artigo não ocorrerá. Falei o assunto a Denise Moura. Refiro-me a Rosa Paula Rodrigues. 2. Pronomes possessivos adjetivos. Falei a/à minha secretária. Refiro-me a/à minha secretária. 3. Expressão “até” Observe a expressão “até” seguido de palavra masculina. Vou até o teatro. Vou até ao teatro. Como se observa, o uso da preposição “a” não é obrigatório. Vou até a esquina. Vou até à esquina.
Praticando Escolha a opção correta para completar as lacunas. 1. Ela estava ..... disposição e pediu ...... todos que ....... ouvissem com atenção.
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
46
a) a – a – à b) à – à – à d) a – à – a c) à – a – a e) à – a – à 2. O presidente retorna ...... Brasília daqui ...... pouco. a) a – a b) há – há c) a – há d) à – há e) há – a
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
3. Diga ..... elas que estejam daqui ..... pouco ..... entrada principal. a) à – há – a b) à – a – a c) a – há – à d) a – a – à e) a – a – a 4. Peço ..... Vossa Senhoria ..... solução ...... respeito do problema ocorrido. a) à – a – à b) à – a – a c) a – a- à d) a – a – a e) à – à – a 5. Informe ..... todos que o diretor não autorizou ....... medida, pois não foi encaminhada corretamente ..... diretoria. a) a – a – a b) à – à – a c) a – à – a d) à – a – à e) a – a – à 6. Informe ..... secretaria que o relatório chegou e solicite ..... encarregada o código do arquivo ..... que se deve juntar. a) a – a – a b) a – à – à c) à – a – à d) à – à – à e) à – à – a 7. Assinale a frase incorreta. a) Trata-se de uma tradição há muito inserida nas práticas legislativas do País e que não deve estar condicionada à deliberação do plenário. b) A publicação constitui a forma pela qual se dá ciência da promulgação da lei à sociedade c) O presidente vai à sala de reuniões às oito horas dar as informações à todos. d) Com respeito às questões operacionais colocadas pela necessidade de divulgação das leis, é preciso avaliar os custos de implantação de novos parques gráficos. e) Andava à toa pelas ruas, à procura de fictícios amigos. 8. Não se empregará a crase na frase: a) Referiu-se a pessoas que não cheguei a conhecer. b) Fui visitá-lo as quinze horas, mas não o encontrei. c) Compareci a festa em que se coroou a rainha Sissi. d) Dirigiram-se a Policlínica para uma visita a doentes. e) A tarde, iremos a casa de meus pais.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
47
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
9. Assinale a alternativa correta. a) O ministro não se prendia à nenhuma dificuldade burocrática. b) O Presidente ia a pé, mas a guarda oficial ia à cavalo. c) Ouviu-se uma voz igual à que nos chamara antes. d) Peço à V. aEx . que considere os fatos em questão. e) Não insista em ir à terra agora: o próximo porto está próximo. 10. Afeito ..... solidão, esquivava-se ..... comparecer ..... comemorações sociais. a) b) c) d) e)
à–a–a à–à–a à–a–à a–à–a a–a–à
http://www.brasilescola.com/gramatica/crase.htm http://pt.wikipedia.org/wiki/Crase
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
48
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Capítulo 6 – Processo de Formação de Palavras
As línguas mudam constantemente. O novo acordo ortográfico é prova disso. No entanto, as principais alterações ocorrem no dia a dia. Palavras nascem e morrem diariamente na Língua Portuguesa. O estudo da etimologia nos revela significados peculiares de cada termo. Por exemplo, você sabe o significado dos vocábulos “entusiasmo”, “adoração”, “professor”, “educação”?
Ao conhecermos uma pessoa, geralmente a chamamos, no início, pelo nome. Com o tempo, pode-se usar um apelido. No caso de companheiros ou companheiras, criamos vocábulos próprios: mor, mô, vida e tantos outros. Tente identificar quais termos são característicos em sua relação amorosa ou familiar.
O vocabulário da língua sofre constante influência de outras línguas e da criatividade do próprio povo. Assim, nosso idioma reflete o dinamismo presente e importante. Novas palavras nascem a todo momento. É impossível imaginar a comunicação diária sem os vocábulos apartamento, assassinato, avenida, bicicleta, chance, elite, envelope, restaurante (de origem francesa) ou bar, bife, clube, esporte, futebol, lanche, pudim, repórter, revólver, teste (origem inglesa). Outras são frutos da imaginação e do sentido figurado: mensalão, arrastão etc.
A estrutura da palavra Os elementos que compõem uma palavra chamam-se morfemas ou elementos mórficos. Esses morfemas podem ser lexicais ou gramaticais. Os lexicais contêm o sentido básico da palavra e os gramaticais indicam noções puramente gramaticais, isto é, gênero, número, pessoa, modo, tempo. Assim, em “bela” o morfema lexical é bel-. O “a” é morfema gramatical, já que designa o gênero. As palavras que apresentam o mesmo morfema lexical (radical) são chamadas cognatas e pertencem à mesma família etimológica. Os elementos mórficos são os seguintes: Radical: é o elemento básico da palavra, responsável por sua significação primária. A ele podem ser acrescidos outros elementos mórficos. Exemplos: legalizar (radical: legal); alto (radical: alt-). Vogal temática: é vogal que acrescenta ao radical para formar o tema. Serve de base para o acréscimo de desinências. Aparece em nomes (substantivos e adjetivos), em pronomes e em verbos. Exemplos: rosa (vogal temática: a); amas (vogal temática: a).
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
49
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Nos verbos, a vogal temática indica a que conjunção pertence o verbo: – vogal temática -a (1a conjugação) cantar – vogal temática -e (2a conjugação) vender – vogal temática -i (3a conjugação) partir O verbo “pôr” e seus derivados não apresentam esse elemento. Antigamente a forma do verbo “pôr” era “poer”, por isso pertence à 2a conjugação. Em algumas formas (põe, pões, põem), ainda pode ser encontrada a vogal temática. Nos nomes, aparece em derivados de verbos (por exemplo: pensamento) e em substantivos e adjetivos terminados em -a, -e, -o átonos (casa, dente, livro). Os nomes terminados em vogal tônica não apresentam vogal temática (sofá, urubu, dendê). Nos nomes terminados em consoante, ela aparece apenas no plural (mares). Tema: é o radical acrescido da vogal temática. Exemplos: pedra (radical: pedr; vogal temática: a); amar (radical: am-; vogal temática: a; tema: ama). Desinência: são elementos de valor gramatical que aparecem no final da palavra. As desinências podem ser: Nominais: indicam o gênero (-a) e o número (-s) dos substantivos e adjetivos.
Exemplos: menina (a é desinência de gênero); cafés (s é desinência de número) Verbais: indicam modo, tempo, número e pessoa nas formas verbais.
Exemplos: amas (-s é desinência de número-pessoal); amava (-va é desinência modo-temporal). Afixos: são elementos de valor gramatical que se juntam ao radical, modificando seu significado. Podem ser prefixos (aparecem antes do radical) ou sufixos (ocorrem depois do radical). Exemplos: infeliz (prefixo in-); desleal (prefixo des-); lealdade (sufixo –dade); utilizar (sufixo –izar). Vogais e consoantes de ligação: são fonemas que não têm valor significativo, apenas facilitam a pronúncia das palavras. Exemplos: gasômetro (vogal de ligação: ô); cafezinho (consoante de ligação: z).
Processos de formação das palavras I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
50
Palavras novas surgem diariamente em nossa língua. Os principais processos de formação de palavras são: derivação, composição, onomatopeia, abreviação, híbridismo e neologismo. Derivação É a formação de uma palavra nova a partir de um outro vocábulo. Divide-se em: 1. Prefixal: inclusão de um prefixo: infeliz, retornar, contrapor, desleal, intrometer. 2. Sufixal: inclusão de um sufixo: jornaleiro, algodoal, sulista, civilizar, guerrear. 3. Parassintética: inclusão simultânea de prefixo e sufixo: anoitecer, espernear, empobrecer, despedaçar, desalmado, subterrâneo.
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
4. Regressiva: como o nome afirma, é a redação de uma palavra. Ocorre principalmente com substantivos abstratos derivados de verbo: luta (lutar), atraso (atrasar), venda (vender), combate (combater), ataque (atacar), desprezo (desprezar). Existem alguns casos em que o substantivo concreto deriva regressivamente de outro substantivo: boteco (botequim), sarampo (sarampão), burro (burrico), aço (aceiro), bença (bênção), malandro (malandrim), espora (esporão), transa (transação). 5. Imprópria: consiste na mudança da classe gramatical da palavra: Foi um comício monstro (o substantivo passa a adjetivo). O viver é difícil (o verbo passa a substantivo). Eles falavam alto (o adjetivo passa a advérbio). Misericórdia! (o substantivo passa a interjeição). 6. Prefixal e sufixal: é feita com o emprego de prefixo e sufixo, mas a inclusão não é simultânea: deslealdade, infelizmente, ilegalidade, desconhecimento, desanimado. Alguns gramáticos a consideram também com o nome de progressiva. Cuidado para não confundir com a parassintética. Na progressiva, sempre se consegue retirar ou o prefixo ou o sufixo. Na parassintética, não. Composição É a união de duas ou mais palavras que formam uma nova. Divide-se em: 1. Justaposição: unem-se palavras sem qualquer alteração no som original: beija-flor, guarda-chuva, amorperfeito, madrepérola, pontapé, passatempo. 2. Aglutinação: unem-se palavras com alteração no som original: planalto (plano + alto), embora (em boa hora), carroça (carro da roça), outrora (outra + hora), aguardente (água + ardente), fidalgo (filho de algo). Onomatopeia É a palavra que reproduz ou procura reproduzir sons: reco-reco, tique-taque, bem-te-vi, tlintlim, pingue-pongue, tilintar. Abreviação É a redução de uma palavra desde que não interfira na compreensão: moto (motocicleta), pneu (pneumático), foto (fotografia), auto (automóvel), cine (cinema/cinematógrafo). Hibridismo É a união de palavras cujos radicais provêm de línguas diferentes: automóvel (Grego + Latim), televisão (Grego + Português), burocracia (Francês + Grego), alcoômetro (Árabe + Grego), zincografia (Alemão + Grego).
Praticando 1. A sequência de vocábulos em que se observa o mesmo processo de formação de EUROPEIA, REFAZER e MALMEQUER, respectivamente, é: a) b) c) d) e)
desventura/vice-rei/tragicômico histórica/auriverde/supra-renal prosaico/corpulento/contrapeso inquisitorial/emigrar/pernilongo esforço/reavaliar/sempre-viva
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
51
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
2. Assinale a opção em que se faz a análise CORRETA dos elementos mórficos, em maiúsculo: a) sentimentos, emancipação: -MENTO, -ÇÃO: sufixos formadores de substantivos a partir de adjetivos; b) minuciosa, empresarial: -OSA, -AL: sufixos formadores de adjetivos a partir de substantivos; c) irreversível, desprotegidas: -I, -DES: prefixos expressando afastamento, separação; d) pesquisa, americana: -A: desinência de gênero feminino; e) psicanalista, masculinizar: vocábulos formados por dois radicais. 3. Observe os termos em maiúsculo das frases a seguir: I. É bom lembrar que os CÉSARES contemporâneos vêm efetivamente tentando impor uma ruptura conservadora diante de grave impasse socioeconômico. II. Os críticos, mesmo os mais autorizados, refugiam-se, superficialmente, em considerações de moral política (FISIOLOGISMO, oportunismo, narcisismo, ilegitimidade...). III. A laranja ajuda a regular o metabolismo e a combater a anemia. Muita gente DESCONFIA do valor nutritivo do suco pronto para beber em comparação com a laranja espremida na hora. IV. Sabemos que Minas, Paraná e São Paulo, os Estados que levaram mais a sério o DESAFIO de melhorar suas escolas primárias, são justamente aqueles que estão disparando na frente. Os vocábulos destacados são formados pelos processos: a) b) c) d) e)
I. sufixação; II. aglutinação; III. sufixação; IV. derivação imprópria. I. sufixação; II. justaposição; III. parassíntese; IV. prefixação. I. derivação imprópria; II. sufixação; III. sufixação; IV. derivação regressiva. I. derivação imprópria; II. sufixação; III. prefixação; IV. derivação regressiva. I. sufixação; II. justaposição; III. sufixação; IV. prefixação.
4. Foram-se embora. EMBORA (em + boa + hora) – processo de formação de palavra: a) b) c) d) e)
composição por justaposição composição por aglutinação derivação prefixial derivação sufixial parassintetismo
5. Ao crítico deu ele o RONROM. O processo pela qual se formou a palavra grifada:
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
52
a) b) c) d) e)
derivação prefixial derivação parassintética derivação regressiva composição por aglutinação onomatopeia
6. Assinale a alternativa em que NEM TODAS as palavras apresentem sufixo de grau diminutivo: a) b) c) d) e)
poemeto, maleta rapazola, bandeirola viela, ruela lugarejo, vilarejo menininho, carinho
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
7. O valor semântico de DES-NÃO coincide com o do par centralização/ DEScentralização apenas em: a) Despregar o prego foi mais difícil do que pregá-lo. b) “Belo, belo, que vou para o Céu...” – e se soltou, para voar: descaiu foi lá de riba, no chão muito se machucou. c) Enquanto isso ele ficava ali em Casa, em certo repouso, até a saúde de tudo se desameaçar. d) A despoluição do rio Tietê é um repto urgente aos políticos e à população de São Paulo. e) O governo de Israel decidiu desbloquear metade da renda de arrecadação fiscal que Israel devia à Autoridade Nacional Palestina. 8. Assinale a alternativa em que foi corretamente utilizada a palavra da mesma família ou de PRESCRIÇÕES, ou de PROSCRITO. a) Repousei, tomei os remédios que o médico PROSCREVEU, e logo minha obediência foi recompensada: recebi alta e pude voltar ao futebolzinho no quintal. b) A lei PRESCREVE a pena de morte para o delito de que eu o incriminei; espero que seja cumprida, pois assim me apossarei de toda a sua fortuna. c) A volta do PRESCRITO agitou a pequena cidadezinha do velho oeste; quereria ele vingar-se dos seus inimigos? d) A PROSCRIÇÃO do padre confessor me apavorou: eu teria de rezar mil pais-nossos, mil ave-marias e quinhentos credos, além de acender uma vela para cada vez que estivera com a vizinha. e) O casamento não está de todo PRESCRITO de nossa tribo, mas é inegável que ele contraria o que ordena nosso guru: “Amem fisicamente a todos que puderem”. 9. As palavras molheira, saleiro e sujeira são formadas pela adição de um mesmo sufixo ao radical. Assinale a alternativa que NÃO apresenta o mesmo sufixo. a) b) c) d) e)
Roupeiro Queira Mosquiteiro Fofoqueira Lixeira
10. Assinale a alternativa em que o prefixo da palavra indica DUPLICIDADE. a. b. c. d. e.
circunlóquio ambivalência contradizer adjacente transporte
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
53
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
A arte de adivinhar o passado à luz da etimologia Gabriel Perissé
O passado é aquilo que não passa. É aquilo que permanece registrado pelas palavras e, sobretudo, no corpo das palavras. A etimologia, ciência auxiliar da filosofia e da reflexão literária, mostra-nos a consistência de cada palavra e nos ajuda, como diria Clarice Lispector, a espanar a poeira que se acumula sobre a linguagem, e a desvirtua. O uso banalizador da linguagem torna-a opaca, anêmica, vazia, insossa, inútil convenção a que obedecemos sem refletir. Mas quando a estudamos etimologicamente, vislumbramos coincidências e explicações. As palavras se rejuvenescem e brilham diante de nós. Lendo a sua história, descobrimos se o que as palavras dizem é de fato o que desejamos dizer, e aprendemos como é necessário limpar nossos olhos para vê-las de novo, percorrer o caminho que nos leva às suas origens, adivinhar (adivinhar é dom divino...) como tudo começou. Muitas das nossas desorientações se devem ao fato de não procurarmos o oriente, lugar onde nasce o sol da verdade, o étimo da palavra. Seríamos mais originais se nos guiássemos pelo sentido primeiro das expressões cotidianas. Lemos o jornal, ouvimos notícias, mas as palavras lidas e ouvidas permanecem neutralizadas pela rotina ou por nossa cegueira. Daí a importância do colírio etimológico! A etimologia revê a palavra em sua radicalidade, denunciando falsas interpretações, desempoeirando séculos de mal-entendidos. “Candidato”, por exemplo, é uma palavra que, desgastada pelo uso, traz em si uma verdade que vale a pena recuperar. Vem do latim candidatus, isto é, vestido de branco (candidus). Na antiguidade, aquele que disputava um cargo público e precisava angariar votos, vestia-se de branco para simbolizar sua pureza. É lógico, portanto, que exijamos de um candidato ou candidata que a sua vida, e não apenas as suas roupas, estejam limpas! Outra palavra do âmbito político: demagogo. Dêmós, em grego, é povo. Demografia é o estudo estatístico das populações. Já a partícula agogós significa “aquele que conduz”. A função do pedagogo, por exemplo, era levar o aluno à escola. Chamava-se demagogo, portanto, quem conduzia o povo. Demagogo era o líder popular em quem se depositavam as esperanças de uma nação. Com o tempo (e com os abusos), a palavra adquiriu conotação negativa, mas o certo mesmo seria votarmos em nossos mais competentes demagogos! A etimologia é luz no túnel do tempo. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
54
http://latim.blogspot.com/2005/02/importncia-da-etimologia.html http://www.etymonline.com/index.php?l=a www.marcelopaiva.com.br
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Capítulo 7 – Semântica I
Semântica é significado. Um vocábulo pode ter um determinado sentido em uma região e outro completamente diferente em outra região. Entre países, a diferença pode ser maior ainda. Por exemplo, bicha, no Brasil, é sinônimo de “gay”. Em Portugal, é simplesmente fila. Além dessa diferença de sentido, a semântica se relaciona diretamente com a intenção do discurso. Você já percebeu como a escolha das palavras e o sentido delas estão presentes em nosso dia a dia? O estudo do sentido exato de termos auxilia em muito nossa comunicação.
“Uns, com os olhos postos no passado, veem o que não veem; outros, fitos os mesmos olhos no futuro, vêem o que não pode ver-se” Fernando Pessoa
Semântica é o estudo do sentido das palavras. Divide-se em: Sinonímia: relação de significados iguais ou semelhantes entre termos de nosso idioma: próximo e perto; bonito e lindo, cômico e engraçado. Dentro de uma contexto, deve-se observar se a alteração de vocábulos altera ou não o sentido do texto original. Antonímia: relação de significados opostos, contrários: perto e longe; bonito e feio; bom e ruim. Homonímia: palavras que possuem som e(ou) grafia idênticos. Dividem-se em: • Homógrafas: palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) – gosto / (1a pessoa singular presente indicativo do verbo gostar) / conserto (substantivo) – conserto (1a pessoa singular presente indicativo do verbo consertar); • Homófonas: palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) – sela (verbo)/ cessão (substantivo) – sessão (substantivo)/cerrar (verbo) – serrar (verbo); • Perfeitas: palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) – cura (substantivo)/verão (verbo) – verão (substantivo)/cedo (verbo) – cedo (advérbio); Paronímia: palavras parecidas, mas com significados diferentes: absolver e absorver; comprimento e cumprimento; despercebido (não notado) e desapercebido (desacautelado); descrição e discrição. Polissemia: palavras que possem diferentes significados dependendo do contexto: manga, vara, carteira. Denotação: palavra empregada em seu sentido de dicionário: comprei uma joia para minha namorada.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
55
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Conotação: palavra empregada em senitdo figurado: você é joia. Neologismo: palavras novas na língua: mensalão, valerioduto, sexonhei. Arcaísmo: palavras em desuso na língua.
Dúvidas comuns A cerca de/acerca de/há cerca de A cerca de significa a uma distância de: Belo Horizonte fica a cerca de setecentos quilômetros de Brasília. Acerca de significa sobre, a respeito de: Falavam acerca do processo. Há cerca de significa faz aproximadamente: Há cerca de duas semanas, o processo foi protocolado. A fim de/afim de A fim de é locução prepositiva. Indica finalidade e equivale a para: Estamos aqui a fim de trabalhar. Afim/afins são adjetivos e referem-se ao que apresenta afinidade, parentesco: Ele se tornou inelegível por ser parente afim do prefeito. À medida que/na medida em que À medida que é locução proporcional e significa à proporção que, ao passo que, conforme: A opinião popular mudava à medida que se aproximava a eleição. Na medida em que é locução causal e significa porque, porquanto, uma vez que, pelo fato de que: Na medida em que foi constatada a sua inconstitucionalidade, o projeto foi arquivado. São incorretas as formas à medida em que e na medida que. A partir de Emprega-se no sentido de a começar, a datar de: Esta lei entra em vigora partir da data de sua publicação. No sentido de com base em, prefira considerando, baseando-se em, tomando-se por base: Os estudos foram feitos considerando as leis vigentes. A princípio – em princípio A princípio tem o sentido de “inicialmente”, “no começo”. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
56
Em princípio tem o sentido de ‘em tese”, “teoricamente”. A princípio não gostei da cidade, porém com o tempo passei a me adaptar muito bem. Ela a princípio não gostava do namorado. O campeonato ainda não terminou. Em princípio o São Paulo será campeão novamente. A princípio, ele agiu sem maldade. = No início, ele agiu sem maldade. Em princípio, ele agiu sem maldade. = Teoricamente, ele agiu sem maldade.
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Abaixo-assinado/abaixo assinado Abaixo-assinado refere-se a documento particular assinado por várias pessoas, contendo reivindicação, pedido, manifestação de protesto ou de solidariedade: Sugeriu um abaixo-assinado para solicitar a permanência do diretor no cargo. Abaixo assinado refere-se a pessoa que assina abaixo: O candidato, abaixo assinado, requer... Ao encontro de/de encontro a Ao encontro de significa em busca de, em favor de, encontrar-se com, corresponder ao desejo de: Houve entendimento, pois a opinião da maior parte dos estudantes ia ao encontro das propostas da direção. De encontro a significa oposição, contra, em contradição: Houve divergência, pois a opinião da maior parte dos estudantes ia de encontro às propostas da direção. Ao invés de/em vez de Ao invés de significa ao contrário de e encerra a ideia de oposição: Os juros, ao invés de baixarem, sobem. Em vez de significa em lugar de, e encerra a ideia de substituição: Estudou Direito Penal em vez de Direito Constitucional. Em caso de dúvida, use em vez de. Ao nível de/em nível (de) No sentido de nessa instância, usa-se em nível (de): Isto ocorreu em nível ministerial ou em nível de ministério. Ao nível de é usado no sentido de à mesma altura: A cidade de Santos está ao nível do mar. A expressão a nível de constitui modismo e não deve ser usada. Através de/por meio de No sentido de meio ou instrumento, use por, mediante, por meio de, por intermédio de: O réu pronunciou-se por meio de advogado. A locução prepositiva através de deve ser usada como significado de um lado para outro, de lado a lado, por entre, no decurso de: Via as pessoas na rua através da janela. Demais/de mais Demais é advérbio e significa em demasia ou excesso: Trabalhou demais. Está bom demais. Pode ser ainda pronome indefinido: Os demais permaneceram sentados. De mais opõe-se a de menos: Ganhou dinheiro de mais. Demais pode também ser conjunção explicativa e significa além disso . Nesse sentido também se empregam as formas ademais, ao demais, de mais a mais e demais disso: Demais disso, espera-se o uso correto da urna eletrônica. Dentre/entre Dentre é a combinação das preposições de e entre e significa do meio de. Emprega-se quando há exigência das duas preposições, o que ocorre com verbos como tirar, sair, surgir : Dentre os processos, tirou apenas um. Dentre os candidatos, saiu vitorioso o mais comunicativo. Mais uma irregularidade surgiu dentre as inúmeras já constatadas. Nos demais casos, empregue entre: Entre as autoridades estava o presidente da República. Ele é o mais carismático entre os líderes.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
57
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Eminente/iminente Eminente significa elevado, nobre, sublime: O eminente líder apresentou sua defesa. Iminente significa próximo, imediato: O perigo era iminente e inevitável. Enquanto Emprega-se a conjunção enquanto nos seguintes sentidos: a) quando, no tempo em que, durante o tempo que: Permaneci naquele emprego enquanto era útil à empresa; Enquanto se apuravam os votos, a vitória ficava mais certa; b) à medida que, à proporção que: c) ao passo que: Você se saiu bem nos exames, enquanto eu me saí mal. O emprego da partícula que seguida à conjunção enquanto torna-se excessivo, por isso deve ser evitado. Face a/em face de A expressão face a, embora muito comum, não é dicionarizada. Assim sendo, empregueem face de, que significa perante, defronte, em frente de, diante de, em virtude de: Adoto este parecer em face da jurisprudência. Não se admite também o emprego da expressão em face a, entretanto existe fazer face a, significando opor-se, custear, suprir : Trabalhou muito para fazer face às despesas do curso. Há/a Há (verbo haver) significa existir, fazer (= tempo decorrido), realizar-se, acontecer : Voto em Brasília há (faz) dois anos. Há (existem) muitos eleitores nesta seção eleitoral. Há (realizam-se) reuniões semanais. A é preposição: Daqui a dois meses encerra-se o prazo para as inscrições. Haja vista A expressão haja vista é invariável e significa veja: Haja vista os exemplos já mencionados. Insipiente/incipiente Insipiente significa ignorante, insensato, imprudente: O homem insipiente não conhece os seus próprios direitos. Incipiente significa que está no começo, principiante: Lançada a semente, a terra revolvida facilita a vida incipiente das plantas. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
58
Junto a A locução junto a deve ser empregada no sentido de ao lado de, perto de, adido a: O segurança posicionou-se junto ao réu. O embaixador brasileiro junto a Portugal será homenageado. Nos demais empregos, usa-se a preposição que o verbo pedir: O sindicato mantém as negociações com (e não junto a) a diretoria. Solicitou providências do (e não junto ao) ministério. Entrou com recurso no (e não junto ao) TSE. Mais bem/mais mal Empregam-se as formas mais bem e mais mal antes de particípio: O processo estava mais bem instruído do que se esperava. Este parecer está mais mal redigido que o outro.
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Melhor e pior empregam-se como formas comparativas dos advérbios bem e mal e dos adjetivos bom e mau: Escreve melhor (advérbio) do que fala. O melhor (adjetivo) currículo será escolhido. Mandato/mandado Mandato significa procuração, delegação, missão, ordem de superior para inferior, poderes políticos outorgados pelo povo a alguém para governar nação, estado ou município ou representá-lo no Legislativo: O deputado não concluiu o seu mandato. Mandado, como substantivo, quer dizer incumbência, mandamento, ordem emanada de autoridade judicial ou administrativa: O oficial de justiça apresentou-lhe o mandado de prisão. Mesmo(s)/mesma(s) Mesmo pode ser empregado como: a) pronome demonstrativo, quando tem o sentido de idêntico, em pessoa: Tinha omesmo jeito de sempre. Ela mesma foi à delegacia; b) substantivo, apenas no sentido de a mesma coisa: Ele dissemesmo o ao juiz; c) advérbio, equivalendo a exatamente, justamente, até, ainda, realmente, verdadeiramente: Mesmo os advogados discordaram da sentença. Trabalhou muito mesmo. Constitui erro o uso do demonstrativo mesmo em substituição a outro tipo de pronome ou a um substantivo: a) O ministro pediu vista do processo, poismesmo o precisava analisar melhor a questão. (Neste caso, omita o mesmo.) b) Vou ao gabinete do chefe e commesmo o tratarei desse assunto. (Neste caso, substitua o mesmo por ele.) c) O processo foi analisado por dois juristasose mesmos conhecem profundamente o assunto. (Neste caso, substitua e os mesmos por que.) Onde/aonde/donde Onde, como advérbio interrogativo, significa em que lugar, em qual lugar . Usa-se em referência a situação estática: O eleitor vota onde? O eleitor vota na zona eleitoral. Aonde (a+onde) significa a que lugar, lugar a que ou ao qual . Usa-se em referência a situação dinâmica e com verbos que pedem a preposição a, como ir a, chegar a: Ele foi aonde? Ele foi ao tribunal. Donde (de+onde) significa de qual lugar, de que lugar, daí . É usado para indicar situações de procedência, origem, causa, conclusão. A forma de onde também é correta: As reclamações vieram donde? (ou de onde?) Por que/por quê/ porque/porquê 1. Emprega-se por que: a) em frases interrogativas diretas e indiretas, poisque o é pronome interrogativo equivalente a qual, qual razão, qual motivo e flexões: Por que (por qual) maneira o identificaram? Por que (por qual) motivo não houve votação?; b) quando equivale a pelo qual e suas variações: Esse é o motivo por que (pelo qual) foi advertido. Desconhecemos as razões por que (pelas quais) o processo foi arquivado;
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
59
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
c) em construções em que o por é regido por verbo, substantivo ou adjetivo e o que é conjunção integrante, equivalendo a para que: Ansiavam por que houvesse melhoria salarial. Estávamos esperançosos por que a reforma fosse logo promulgada. 2. Emprega-se por quê no final de frases: A sessão não se realizou, por quê? Está alegre e não sabe por quê. porque quando conjunção: Prepare-seporqueas eleições estão chegando. O processo foi arquivado 3. Emprega-se porque não havia provas. 4. Emprega-se porquê quando substantivado e equivalente a causa, motivo, razão: Sabendo umporquê do caso, saberemos todos os porquês. Se não/senão Emprega-se: a) se não quando se é conjunção e inicia oração subordinada condicional, equivalendo a caso não, quando não: O acusado, se não (caso não) comparecer, será prejudicado. São problemas que,se não (quando não) resolvidos, complicam a situação; b) senão quando esta palavra equivale a exceto, salvo, a não ser, de outro modo, do contrário, mas, mas sim, mas também: Esta eficácia não se opera unicamente em favor do eleitor, senão (a não ser) também dos partidos. Confessa, senão (do contrário) serás preso. Tampouco/tão pouco Tampouco é advérbio de sentido negativo e significa também não, nem sequer . Por isso dispensa o acompanhamento da partícula nem: Não compareceu à sessão eleitoral, tampouco se justificou. Em tão pouco, o advérbio tão modifica a palavra pouco, que pode ser advérbio ou pronome indefinido: Argumentou tão pouco (advérbio) que não convenceu os eleitores. Revelou tão pouco (pronome indefinido) interesse pelo assunto. Como pronome indefinido, pouco flexiona-se concordando com o substantivo a que se refere: Tomou tão poucas decisões. Vultosa/vultuosa Vultosa é da família etimológica de vulto (volume) e significa volumosa, grande, robusta: Vendeu o terreno por vultosa soma. Vultuosa é da família de vultuosidade (estado de inchação do rosto, particularmente dos lábios e dos olhos): A face vultuosa do homem chamava a atenção das pessoas. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
60
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Praticando Indique a opção destacada correta (algumas opções podem apresentar as duas corretas). 1. À medida que/Na medida em que estudo, mais aprendo. a partir dos/com base nos argumentos apresentados. 2. O juiz proferiu a sentença 3. A princípio/Em princípio não gostei da cidade, porém com o tempo passei a me adaptar muito bem. 4. A princípio/Em princípio todos são inocentes. 5. Ela me viu através/por meio da janela de vidro. 6. O sangue corre através/por meio das veias. 7. Ela foi me conhecendo melhor através/por meio dos anos. através/por meio de novas leis. 8. O projeto será regulamentado enquanto/na condição de ministro da Fazenda. 9. Não gostava dele 10.Face o/Em face do ocorrido, os argumentos não se sustentam. 11.O relatório não ficou pronto, haja visto/haja vista o prazo curto solicitado. 12.O trabalho foi melhor/mais bem elaborado. 13.Deixarei o processo junto ao/no protocolo. 14.O parecer chegou e o mesmo/ele apresenta erros de conteúdo. 15.A meu ver/ao meu ver, o processo está encerrado. 16.O réu gastou uma soma vultosa/vultuosa. 17.Devido ao mau/mal tempo, não poderei viajar hoje. 18.Mandei imprimir a propaganda a cores/em cores. 19.Tenho bastante/bastantes assuntos para conversar com você. 20.Os candidatos não sabiam por que/porque estavam ali. 21.O campeonato carioca já não é mais organizado tão pouco/tampouco honesto. 22.Todos estão ao par/a par dos últimos acontecimentos. 23.Face à/Em face de nova legislação, não haverá mais feriado.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
61
Aspectos Gramaticais e Semânticos
24.Não concordo. As ideias vêm de encontro aos/ao encontro dos meus interesses. 25.O local se situa ao lado do prédio, onde/aonde trabalha o senador. 26.O local se situa ao lado do prédio onde/aonde você foi ontem. 27.Tudo foi concluído no prazo, haja visto/haja vista o esforço de todos. 28.Você sabe que é proibido entrada/ a entrada de estranhos ao colégio. 29.Solicitamos (diretoria) a esta/essa presidência que nos apresente a solução. 30.Informei-lhe de que/que não receberia visitas hoje. 31.Ficou clara/claro, pela interpretação do texto, a arrogância da personagem. 32.Ele deve voltar, uma vez que haviam/havia dúvidas sobre o caso. 33.A princípio/Em princípio, ele não gostou do livro, mas depois adorou. 34.Em relação ao assunto acerca/a cerca dos últimos resultados. 35.O jogador do Botafogo joga muito mau/mal. 36.Todos sabem que você realizou um mau/mal negócio naquele dia. 37.Minha irmã não sabe falar inglês, tampouco/tão pouco meu irmão. 38.Tenho tão pouco/tampouco interesse no livro. 39.Em face do/Face ao ocorrido, não viajarei no feriado. 40.Ela concordou. Sua opinião veio de encontro à/ao encontro da minha. 41.Por quê/Por que a prova foi difícil? 42.Segue o termo de recisão/rescisão do contrato. 43.Para saudar/saldar a dívida, você precisará trabalhar muito. 44.O rádio informou ser eminente/iminente a ocorrência de chuvas na região. 45.O eminente/iminente professor retornou à sua rotina. I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
62
46.Os trabalhadores que infligirem/infringirem as regras serão punidos. 47.Já houveram/houve rumores sobre você. 48.A prova foi difícil por quê/por que? 49.Ela soube agir com muita descrição/discrição. 50.Em princípio/A princípio não haverá reunião amanhã. 51.Não sei porque/por que ela não entendeu o assunto.
Unidade II
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
52.Ele foi considerado melhor preparado/ mais bem preparado para a função. 53.Comprei oitocentas/oitocentos gramas de queijo. 54.A casa já foi quitada a/há cinco anos. 55.O jogador foi punido afim de/a fim de servir de exemplo. 56.O diretor não quer mais porquês/por quês. 57.Essas são as razões por que/porque não o visitei. 58.As mudanças ainda não foram absolvidas/absorvidas pelos alunos. 59.Ele está ao ponto de/a ponto de sofrer punições. 60.Devemos condenar toda descriminação/discriminação racial e religiosa. 61.Concordo com tudo, pois vem de encontro ao/ao encontro do que defendo. 62.Sempre tive dúvidas acerca de/a cerca de seus atos. 63.Ao invés de/Em vez de ir nadar, estudou. 64.A menina viu tudo através da/por meio da porta de vidro. 65.Temos de agir com cautela e muita descrição/discrição. 66.A princípio/Em princípio, todos irão a festa amanhã. 67.Não se preocupem, pois já estou ao par/a par de tudo. 68.Ele cometeu o crime a cerca de/há cerca de dois anos. 69.Deve-se infringir/infligir penas aos infratores contumazes. 70.A empresa impetrou um mandato/mandado de segurança. 71.Estou fazendo a prova sozinho, a fim/afim de mostrar o que sei. 72.Andávamos à tua procura há cerca de/a cerca de vinte minutos. 73.Ontem, a Assembleia realizou duas seções/sessões extraordinárias. 74.Os ladrões abandonaram uma vultuosa/vultosa soma no carro. 75.O mandado/mandato de prisão deve conter a assinatura do juiz. 76.O juiz infligiu/infringiu dura pena ao réu. 77.Ele mora onde/aonde você foi ontem. 78.A nível de/Em nível de Brasília, a qualidade de vida é boa. 79.Senão/Se não voltar cedo, não conseguirá estudar.
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
63
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Contextualização na Língua Portuguesa Célia Maria de Paula Barros
A palavra “Semântica” reporta-se fundamentalmente ao verbo grego semaíno, cujo o valor é significar, seria, pois a ciência das significações. As primeiras discussões sobre o significado remontam aos gregos. Já antes de Platão, os gregos discutiam os problemas da relação entre a palavra e o ser, entre os signos e o universo. Uma primeira doutrina elaborada de semântica e lógica se encontra nos escritos de Aristóteles. Mas as fontes continuam firmes em seus princípios históricos. A significação do processo associa um objeto, um ser, uma coisa, uma noção ou um acontecimento a um signo capaz de os evocar. Na verdade, há várias semânticas, mas a que é mais pesquisada é a semântica linguística. Saussure chegou a conceber “um estudo geral dos signos simbólicos” – a Semiologia. Bréal (1897), define-a como a ciência das significações. É para ele uma ciência das leis da significação. Antes de Bréal, aqui no Brasil, Pacheco Jr. (1842-1899), usou a palavra Semântica (1883). O livro de Pacheco Jr., entretanto, só veio a ser editado em 1903, posterior a sua morte. Do Século XIX ao Século XX, como diz Kurt Baldinger, a evolução linguística, não se levando em conta outros aspectos novos, caracterizou-se por duas tendências essenciais: deslocou-se do som para a palavra (da fonética histórica à lexicologia histórica) e, ao mesmo tempo, a maneira de considerar os problemas, inicialmente isolante-unidimensional tornou-se estrutural ou Unidimensional. Não se pode falar de semântica sem que previamente se fale do signo. E, fundamentalmente, não se pode deixar de falar de Saussure. Saussure, de origem genebraica, nasceu em 1857, por imposição paterna, a contra gosto, iniciou os estudos de física e química, contudo, não perdera seu referencial originário, a afeição pela filosofia e línguas. No inverno de 1876/1877, ao se mudar para Leipzig, ocasião em que estudou com o grego, George Curtis, doutorou-se (1880), desenvolvendo um trabalho no campo da sintaxe, referente ao emprego do genitivo absoluto em sânscrito (grupo de línguas ou dialetos indo-árico antigos do Norte da Índia, sendo o védico e o sânscrito clássico os mais conhecidos). I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
64
Em Paris, contando 24 anos (1881), por dez anos, ocupou o cargo de conferencista de École de Hautes Études. Segundo Saussure, o signo que nos interessa é produzido pelo homem, mais do que isso: o signo verbal te m por objeto comunicar alguma coisa a alguém de alguma coisa. Mas não é por aí que devemos defini-lo. É importante conhecer a sua natureza. Platão, no brático, já chamava a atenção para isso. O emprego dos signos é a primeira manifestação da mente que surge tão cedo na história biológica quanto o conhecido reflexo condicionado.
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Quando se refere a signo verbal, vem-nos à mente a palavra como a mínima unidade fônica e semântica da linguagem. Saussure faz uma comparação entre signo verbal e uma folha de papel, um lado da qual é a imagem fônica e o outro, o conteúdo conceptual. Usou os termos significante e significado, considerando o signo linguístico uma entidade psíquica composta de uma imagem fônica e um conceito. Para Saussure, a um significante corresponde um significado. O significante provoca uma imagem mental. Segundo, Damaso Alonso, o fenômeno entre significante e significado não é tão simples como Saussure apresenta. Vê os significantes transmitidos como conceitos, mas também complexos e funcionais. Um significante é produzido no falante com uma carga psíquica do tipo complexo, formada normalmente por um conceito e ainda acrescido por outros aspectos no psiquismo do ouvinte. Um significado é sempre complexo e que dentro dele se pode distinguir uma série de significados parciais. Damaso com sua posição se enquadra num enfoque de semântica da frase. Bernard Pottier, no seu livro Linguística Geral, ressalta que as pessoas emitem mensagens em certas circunstâncias, destacando os aspectos socioculturais, idade, sexo, classe, acarre tando a escolha de registros, formas de tratamento de fraseologia, como também a atitude frente a frente de interlocutores.
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/h00002.htm
http://www.brasilescola.com/portugues/semantica.htm
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
65
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Capítulo 8 – Semântica II
As Piadas Eliana Maria Borges Sonia Maria Pereira Freitas
Se você diz a alguém que estuda piadas, o primeiro efeito que produz ainda é o riso. É uma pena que seja assim, porque as piadas são, de fato, um tipo de material altamente interessante, por várias razões (POSSENTI: 1995). Realmente, as piadas por veicularem, com bastante frequência, uma visão sintetizada dos problemas, podem tornar-se mais fáceis de serem compreendidas por interlocutores não especializados. Segundo Possenti, há fortes razões para que elas se tornem objeto de análise. As piadas são interessantes, por exemplo, porque grande parte delas versam sobre sexo, política, racismo, instituições (Igreja, escola, casamento, maternidade, línguas), loucura, morte, desgraças, sofrimento, defeitos físicos – para o humor, a velhice, a calvície, a obesidade, órgãos genitais pequenos ou grandes, são defeitos – ou seja, temas socialmente controversos. Dessa forma, elas servem de excelente corpus para que estudiosos possam reconhecer ou confirmar manifestações culturais e ideológicas. Outra razão que justifica a análise de piadas é que, como elas funcionam, em grande parte, na base de estereótipos, fornecem um bom material para pesquisas sobre representações sociais. Por exemplo, nas piadas, judeu só pensa em dinheiro, português é burro, inglesas são frias, japonês tem sexo pequeno, baiano é preguiçoso, nordestino é o mais potente etc. Finalmente, as piadas são interessantes porque, quase sempre, veiculam discursos proibidos, subterrâneos, não oficiais, que, provavelmente, não se manifestariam em uma entrevista, por exemplo. As piadas interessam como peças textuais para os estudiosos de discurso por mostrarem um domínio linguístico que, de alguma forma, é complexo. Para ilustrar hipóteses ou princípios de análise linguística, esses especialistas poderiam escolher uma piada e, com isso, teriam um exemplo original, envolveriam os interlocutores em verdadeiros problemas de interpretação e, mesmo, procederiam às abstrações necessárias para exemplificar um mecanismo linguístico qualquer.
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
66
As piadas, geralmente, acionam mais de um mecanismo linguístico. Apresentaremos alguns exemplos, nos quais nos propomos a analisar os mecanismos linguísticos (fonológico, lexical, morfológico, sintático etc) envolvidos na produção do humor, utilizando como referencial teórico, a Análise do Discurso que entende o texto enquanto espaço de negociação de sentidos. Mostraremos também como o locutor se posiciona frente à realidade, a imagem que faz de si e do outro, sempre partindo daquilo que enunciou ou deixou de enunciar. O humor, no tipo de texto analisado, opera em vários níveis simultâneos, portanto, a divisão que será feita aqui é apenas para facilitar a análise.
Análise de algumas piadas Conhecimento Prévio E Eva disse a Adão: – Adão, você me ama? E ele em sua infinita sabedoria: – E eu lá tenho escolha?
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
Ao ler esse texto, ativa-se na memória o conhecimento de outro texto. Tal conhecimento pode não ser essencial para a compreensão, contudo, seu conhecimento atribui à leitura um efeito de sentido diverso. A intertextualidade, aqui definida como a ligação entre textos orais ou escritos, é um aspecto relevante do conhecimento prévio. A construção dessa piada leva em conta um intertexto: a história bíblica de Adão e Eva no paraíso. Se esse conhecimento não for ativado na memória do leitor, a compreensão que se fará não será a adequada para esse texto. A pergunta que Eva faz a Adão é óbvia entre casais, mas sem o ativamento do intertexto, a leitura produzida mostraria que na resposta não há sentido lógico para o leitor. A partir do momento em que se percebe tratar-se do casal considerado a gênese da humanidade, a compreensão é bem diversa. Adão, de fato, não poderia ter outra opção. Essa leitura parece a mais apropriada, porque é a que provoca o riso. Nível Morfológico Perguntaram ao português: – O que é um homossexual? Ele respondeu: – É um sabão para lavar as partes.
Na piada citada, no nível morfológico, de acordo com a separação feita na cadeia, temos mais ou menos palavras em questão, e isso é um problema de morfologia. Basta pôr em primeiro plano a formação de uma das sequências (homo + sexual) ao lado de outra (homo + sexo + al) para que se evidencie o que foi exposto. Nível Sintático Duas pessoas caminham lendo lápides em um cemitério, quando se deparam com os seguintes dizeres: AQUI JAZ UM POLÍTICO E UM HOMEM HONESTO. – Nossa, que povo pão-duro! – disse uma delas – Enterrou duas pessoas em um mesmo caixão. O cerne da questão nessa piada decorre do fato de se ler a inscrição como um período simples ou composto. Quem fez a homenagem ao morto afirmou que ele, além de político, era honesto. A ideia de adição ocorreu com as qualificações de um mesmo ser. O que está escrito na lápide constitui um período simples. A leitura feita leva em conta a ideia de adição entre duas orações. Assim, temos coordenadas aditivas com a elipse do verbo na segunda: Jaz um político e (jaz) um homem honesto. Não se pode deixar de assinalar que, ao mesmo tempo, que há essa questão sintática, existe também a concepção corrente de que todo político é corrupto. Rir dessa piada significa que a compreendemos, porque compartilhamos desse conhecimento, mesmo que concordemos com ele ou não. Nível Semântico Numa festa o secretário do presidente fila um cigarro. O presidente comenta: – Não sabia que você fumava. – Eu fumo, mas não trago. – Pois devia trazer.
O humor nessa piada constrói-se a partir da coincidência entre as duas formas verbais que provêm de verbos distintos: tragar e trazer. A forma trago (presente do indicativo) provém do verbo regular tragar e é do mesmo campo semântico de fumar e cigarro; mas o presidente compreende trago como o presente do verbo irregular trazer e censura o secretário por ser fumante e não estar portando cigarros (quem sabe por não
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
67
Aspectos Gramaticais e Semânticos
Unidade II
querer ceder os seus?!). Seria mais coerente o interlocutor compreender a forma trago com a possibilidade de estabelecer uma relação com a ação de fumar (fumar equivale a fumo, tragar equivale a trago). O que provoca o riso é o “equívoco” provocado pela língua que gera uma coincidência que é mais relevante do que o fato de o presidente não censurar o secretário pelo vício de fumar.
http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/h00002.htm
http://www.brasilescola.com/portugues/semantica.htm
I a s e u g u t r o P a u g n í L a d a c i t á m a r G
68
Referências
BASÍLIO, M. Estruturas lexicais do português: uma abordagem gerativa. Petrópolis, RJ: Vozes: 1980. ____. Teoria lexical. São Paulo: Ática, 2002. CAMARA JÚNIOR, M. J. Estrutura da língua portuguesa. Petrópolis, RJ: Vozes, 1970. ____ História e estrutura da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Padrão, 1976. CARVALHO, J. G. H. História da linguagem. Tomo II. Coimbra: Atlântica, 1974. FERREIRA, M. A. S. C. Estrutura e formação de palavras: teoria e prática. São Paulo: Atual, 1988. ILARI, R. (Org.) Gramática do Português falado. Vol. II. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1993. KEHDI, V. Morfemas do português. São Paulo: Ática, 1992. KEHDI, V. Formação de palavras em português. São Paulo: Ática, 1992. KOCH, I. G. V. (Org.) Gramática do português falado. Vol. VI. Campinas, SP: Editora da UNICAMP/FAPESP, 1996. LARORA, M. N. Manual de morfologia do português. Campinas, SP: Pontes, 1994. NEVES, M. H. M. Gramática dos usos do português. São Paulo: UNESP, 2000. RIBEIRO, M. G. C. Uma abordagem semântico-discursiva de estruturas nominais em – mente em interações orais dialogadas. Tese de Doutorado, UFPE, 2003. ROCHA, L. C. A. Estruturas morfológicas do português. Belo Horizonte, MG: UFMG, 1998. SAID ALI, M. Gramática secundária da língua portuguesa. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1971. SILVA, M. C. S.; KOCH, I. V. Linguística aplicada ao português. Morfologia. São Paulo: Cortez, 1985.
Sites de pesquisa: www.marcelopaiva.com.br www.português.com.br www.linguaportuguesa.com.br www.academia.org.br
a i c n â t s i
D a o ã ç a u d a r G s ó P
69