MARAVILHAS D A C I ÊN C I A i
ÍNDICE A pequena esfera de aço de uma esferográfica, a descolagem de um Jumbo, a identificação das impressões digitais de um criminoso, a construção de uma torre com mais de 500 m de altura, a habilidade de tirar um coelho do chapéu. sãoEsperamos, algumas dasporém, maravilhas curiosidades que esta obra lheEstas revela. que aoefolhear este livro encontre muitos outros assuntos que lhe
despertem o seu interesse e a sua admiração.
MILAGRES DO DIA-A-DIA
Pp. 9-30
Desenhos em néon Iluminação controlada pelo Sol A resistência das lâmpadas As pilhas Como se "mete" o bico num lápis Esferográfica Supercolas Os post-it Pondo perfume num papel Fotografias em pontinhos As máquinas de moedas Vclcro
10 11
11 12 13 14
15 16 Itj 17 18 19
Fecho de correr Parar um elevador em qu ed a Testes de chei ro no gás natural As fib ras do s saq uin hos de chá Fósforos aos mil hõe s C om o adere a pelí cula aderente? Panelas antieslurro Co mo cozinha m as microondas C om o os fri gorí ficos "fazem frio " Panelas de pressã o Eliminando o calcário das panelas "Girinos" na má qu ina de lava r Pasta de de nte s - de giz e algas 0 fio das lâmin as de barbea r Aç o inoxidável
20
20 21 21 22 23 23 24 25 26 26 27 28 29 30
GRANDES PROEZAS DE ORGANIZAÇÃO Pp. 31-72
Pormenor do vekro 1
Multidões nos aeroportos Evitando colisões aérea s A selecção dos controladores aéreos A caça aos terror istas Jumbo Refeições a bordo de um 0 m un do da Bolsa Dinheiro para que ima r C om o se constrói um automóv el A previsão meteo rológica Abastecimento de água a uma cidade Tra tam ento de lixos C om bat e a incênd ios na flo rest a O proble ma do trânsi to Um dia nos cui dad os intensivos Fotografi as aére as para m ap as Um a carta atravessa o M undo
32 33 34 35 37 38 41 11 44 46 47 40 50 52 54 5(5
Um serviço mundial de mensageiros 56
O controle do tráfego citadino
Notícias de todo o M undo Elab oraçã o de um dicionário Abastecimento de um exército em gue rra l ni dia nu m hotel de luxo Um dia nu m transatlântico Co mo se organiza m as Olimpíada s C om o se faz um filme Pôr em cena uma comédia musical Equipas de socorro de mo nta nha
57 58 513 61 62 64 66 68 71
TÉCNICAS DE LOGRO
E Pp.DETECÇÃO 73-100 0 avião "invisível" Camuflagem Scramblers
Códigos e cifras () mundo das "toupeiras" Dispositivos de escuta Tintas invisíveis
74 76 77 78 79 80 81
As drogas da verdade Fotografias que mentem Detectores de mentiras A busca das causas de um incêndio Descobrindo pinturas ocultas
81 82 87
Seda: fabricada por borboletas Vestuário de fibras sintéticas Tecidos com padrões Produção de vestuário cm massa
Defesa contra torpedos e mísseis Como guiar mísseis até ao alvo Como um soldado vê na escuridão Porque vai uma bala a direito Construindo armas nucleares Raios de laser no espaço Extinguir um incêndio nuclear Velejar contra o vento O restauro de uma obra de arte A pintura da Capela Sistina
89 90
154 156 157 157 158 159 160 161 161 162
A EXPLORAÇÃO DO UNIVERSO Pp. 165-186 A força que impele o foguete
Dos fios de algodão ao tecido
Fotografias ' men t irosas' Impressões digitais A "dacliloscopia" genética Como se produz um retrato-robô Análise ria caligrafia Detecção de droga Desmascarando traficantes A investigação de desastres aéreos
92 94 95 95 97 98 99
IDEIAS PRATICAS E SOLUÇÕES ENGENHOSAS Pp. 101-164 Como se obtêm os melais puros Como se transforma areia em vidro Das árvores ao papel Converter plantas em gasolina Conversão de carvão em petróleo Captando a fragrância das flores Tecido feito de fibras naturais
102 104 106 108 108 108 110
Como se obtém água doce do mar Transformar lixo em energia A reciclagem do lixo Electricidade a partir do urânio Armazenagem de resíduos nucleares Electricidade a partir das marés Electricidade a partir do vento Rochas quentes: fonte de energia A srcem das chuvas ácidas Captando a luz do Sol Fotografias de alta velocidade Captar em filme a Natureza Plástico que se autodestrói A "revolução do plástico" Como se extrai petróleo Prospecção de petróleo Limpar derrames de petróleo Fogo num poço de petróleo Como se mede uma montanha Tesouros no fundo do mar O escafandro autónomo Reparação dos cabos submarinos Diamantes sintéticos Como diamantes O cortesedocortam diamante Cullinan A técnica dos vedores Como se faz chover Construindo os aviões do futuro Aeroplanos accionados pelo homem Aterragem em porta aviões lançamento de aviões de um navio Tácticas dos pilotos de caça "Ver" com o radar
167
1 •j 117 118 119 121 122 123 124 125 126 127 128 129 130 131 132 133 134 135 138 138 140 141 142 143 144 146 146 146 149 150 151 151 154
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Deslocação no espaço Navegação no espaço Refeições numa nave espacial ("orno os satélites giram em órbita O controle das sondas espaciais
168 169 170 172
Fotografias por satélite Receber fotografias de satélites Einstein e a relatividade Medindo o Universo Os espelhos dos telescópios Como se contam as estrelas? Como acabará o Universo? Em busca dos limites do Universo "Vendo" o invisível buraco negro A serpente que voltou do espaço Descobrindo planetas Em busca de vida no espaço
174 175 176 178 180 182 183 183 183 184 185 186
ÍNDICE MARAVILHAS DA CIÊNCIA Pp. 187-210 Clones de plantas e ani mai s 188 Os segredos das célu las 189 Criação de novas es péc ies 190 Como se iriam novos medicamentos 191 Comunicar co m .mun ais 192 Os mamu tes voltar ão a existir' 193 Reconstituir ser es pre-hist orieos 194 Km In isca da máquina pensadora 196 Como é que um computador traduz? 196 Comp utad ores que falam 197 Co mo se cin dem os átomos? 198 Explo rand o o interior do átomo 199 Ver os át om os 200 M edind o a velo cidade da luz 201 M edindo a velocidade do som 201 Chuc k Yeager e a barreira do som 202 A previsão de sismos 201 Perf uran do a crusta terrestre 206 A deriva dos continentes 207
Dndc <>s ctuUttwntes se separam A idade da Terra O centro da Terra
209 210
COMO FUNCIONA? Pp. 211-274 (i teletl me A radio A televisão Controle remoto
6
212 2 IS 218 220
O vídeo Gravaçã o em fila O gira disc os .Sons de dua s direcçõ es Edison e a lu/ eléctrica CDs: música com um raio de laser Os sintetizadores Fibras ópticas Hologramas Fax fotocópias pelo telefone O "bip" que nos cha ma Fotocopiadoras A câ ma ra fotográfica «'•'miaras de focag em auto mát ica 0 cristal de silício
220 221 222 223 224 226 227 228 229 230 231 231 232 237 238
MARAVILHAS DA MEDICINA Pp. 275-298 A criaçã o de um bebé-prov eta O exa me oftalmológic o
276 277
Quando a cida auneçu numa panela
As utilizações de um micmchip Os computadores Como as calculadoras fazem somas Os cofres dos bancos Dinheiro de plástico O código de barras Relógios de quartzo Relógios atóm icos - a perfeição O microscópio electrónico Os robôs O motor de um automóvel Travões antibloqueio O cinto de segurança Porque se usam pneus lisos Testes de alcoolemia Como funciona um aerossol Os herbicidas selectivos Os pesticidas selectivos Metais com memoria Relógio de fumoladrões Alarmes contra A máquina de costura Porque flutuam os navios de aço Submerso durante semanas Como se navega uni submarino Cabinas pressurizadas George Stephenson e os comboios A descolagem de um Jumbo o helicóptero o hydrofoil: 'Voando" na água o hot ercrafi
239 211 2-12 212 2 13 211 211 2 IS 246 248 2S0 230 251 2S1 251 252 253 254 254 254 255 256 257 259 259 260 262 268 272 271
Como os óculos agu çam a vista Como se fazem lentes de conta cto Corno lêem os cegos Co mo se me de a inteligência o que e ,i memória? O qu e e a hipno se? Como se treinam os atletas "Vendo"' o interior do cor po Antibióticos A microcirurgia Marie Curie e o rádio Oper ar com um feixe de luz Com o a anestesia elimina a dor Para que ser\e o pacemaker A cirurgia de trans plant e Eliminar as rugas da face O primeiro transpl ante cardíac o Co mo trabalha um rim artificial? Co mo se reduz, a calvície Sobreviver a um raio
27,s 278 280 281 282 2.82 283 287 288 289 290 292 292 293 291 295 296 298 298 298
CONSTRUÇÃO
E Pp.DEMOLIÇÃO 299-316 Constr uir um arranha céus A mais alta cons truç ão do M undo Como o cimento faz presa na tigiia Betão (ire esfo rçado A demolição de um arranha-céus Demoli ndo um a central nuclear Cabos que poderiam atar o Mundo
300 .502 .303 303 301 305 306
Como se represamgrandesrios? Construç ões resistentes ao ven to Montagem de gruas gigantes Soldar deba ixo de água Construir túneis deba ixo de água
308 311 312 314 316
Os cosméticos primit ivos Como os Gregos mediram a Terra Decifrando línguas esquecidas Travessia aérea se m escala
367 367 368 370
Pp. 395-437
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS Como os túneis se encontram
COMO FOI FEITO Pp. 317-372 A Grande Pirâmi de As doenças dos anti gos egípcios Os rostos do passado Ferram entas na Id ade da Pedra •\s está tuas da lha i da Páscoa A Cirande Muralhada China Um exército de barro As par edes de pedr a dos Incas A construção de Stonehe nge Datação de vestígios antigos 0 passado em grãos de pólen Como Aníbal atravessou os Alpes Pão e cervejana Idade daPedra Desenhos com pedras Os artistas das cavernas Os Jo gos Romano s Cerco a um castel o medieval A navegação \UÍ Antiguidade Colombo descobre o "Novo Mundo''
Co mo serrar uma mulher ao meio Mm coelho no chapéu Morte de um apan hador de balas Levitação O truq ue da cord a indi ano Homen s que "lê em" o pensamento Os venlr íloqu os Hou din i: o mestre da evasão
Pp. 373-394
Domar a Natureza
319 324 325 327 328 333 335 33(3
338 341 343 344 346 347 347 350 352 355 356
A pêra den tro da garrafa Rodelas de ananástodas iguais Co mo se faz o luro no macar rão Co mo se recheia uma azeitona Rechear chocol ates Bolachas com pedaços de choco late Filetes pro nto s a fritar Batatas fritas aos milh ões Camarões descascados à máquina Ervilhascongeladas Alimen tos tratado s co m radiações A liofilizaçáo Café insta ntân eo Sabores artificiais Escolher feijões Transformar feij ões em "car ne" Conserva ção do leite Algas nos gel.idos Maionese l.ouis Pasteur Assar um boi Comida para animais de estimação A coca -cola Co mo se Faz o vin ho O sabor do vin ho As bolhíis do cham panh e
de l.ady Liberty do monte Rushmore roman a Idade da Pedra
359 362 365 366
376 376 377 377 378 378 379 380 380 381 381 381 385 385 386 388 388 38!) 390 392 393
De onde vêm as bolhas Como se fax cerveja
396 397 398 399 400 401 401 402
571 375 375 375 376
1'iiuuru nu kludc clu PedrQ A construção O memorial A hidráulica Medicina na
PURO DIVERTIMENTO
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r
Porque é que náo caem'' O truq ue das três cartas Mont anha russa Espelhos que enga nam "Nevo eiro" no teatro e cinema Os eleitos especiais no cine ma Os duplo s O hom em que "embru lha" paisagens Pleitos gráf icos na televisã o Anim ais qu e são estrelas de TV Conc urs os de televisão Roleta Preparando palavras cruzadas Computadores campeõe s de xadrez Aprisionar um dente de leão Um barc o dent ro de uma garraf a Crono metrar os atletas olímpic os JutZ de linha electr ónico Curvar um a bola no ar As cov inh as nas bol as de golfe
404 405 406 406 406 414 118 120 425 426 427 427 427 428 I2!> 429 430 431 132
Porque volta O bume rang ue Anda r sobr e o fogo Mergulhos "em seco" Saltos de esqu i Saltosde pára-quedas Surf
432 433 434 434 435 436
ÍNDICE
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AGRADECIMENTOS
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Redactores e consultores da edição inglesa Nigel Hawkes • Nigel Henbest Graham Jones • Robin Kerrod • Terry Kirby Theodore Rowland-Entwistle John H. Stephens • Nigel West Neil Ardley • John Brosnan • Dr. John R. Bullen Prof. Geoffrey Campbell-Platt • Mike Clifford Jean Cooke • Mike Groushko • Ned Halley • Commander D. A. Hobbs Richard Holliss • W. F. A. Horner • Dr. Robert Ilson Man •• Michael John ManD.• Ranken Dr. J. R.• Mitchell Prof. Dominic Frank Paine Nigel Rodgers Dr. David A. Rosie • Andrew Wilbey
Consultores da edição portuguesa Dr. Alfredo Barreto • Prof. António de Vallêra • Dr. António Dias Diogo Eng. António Pratt • Dr. Augusto Maldonado Simões • Dr. Carlos Santos Ferreira Dr.a Dulce Mota • Eurico da Fonseca • Filipe La Féria • Eng. Francisco Chumbinho 1 Eng. Francisco Tudella • Dr.* Gabriela Iriarte • Eng. Gonçalo Borges de Castro d Dr.a Graça Vieira • Dr. Helena Paveia • Henrique Sampaio Soares • Dr. Horácio Novais a Dr. Isabel Barros Ferreira • Dr. João Matela • Arq. José António Abreu Valente Dr. José António Pestana • Dr. José de Matos Cruz • Eng. José Eduardo Noronha a José Soudo • Liselotte Correia • Dr. Lúcia Garcia Marques • Manuel Gorjão Henriques a Dr. Ricardo Schedel • Prof Teresa Mira Azevedo • Dr. Vasco Rivoti Victor Milheirão • Vítor Neto
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Milagres do dia-a-dia Todos os dias, e quase sem pensar, nos servimos dos mais extraordinários instrumentos e materiais - fornos de microondas, pasta dentífrica às riscas, máquinas de barbear descartáveis. Mas como sõo feitos, como funcionam e como foram concebidos todos estes ingredientes maravilhosos da vida moderna?
Como se fazem anúncios aromáticos, p. 16 Como se forma uma bola de sabão, p. 2
Néon: desenhos luminosos Por todo o Mundo se vêem anúncios luiui nosos. formando figuras coloridas ou de senhando os nomes de marcas comer ciais. Esla variedade na forma e na cor, im possível de obter com as convencionais lâmpadas d€ filamento incandescente, deve-se às lâmpadas de descarga eléctrica em gas. Estas são Formadas por simples tubos de vidro, a que pode dar-se a forma pretendida, no interior dos quais existe um gás a baixa pressão. Normalmente, os ga ses não condn/.em fac iliiicnlc a electrici dade — são bons isoladores —, mas pas sam ii la/è lo se se lhes baixar a pressão e se lhes aplicar uma tensão eléctrica (volta gem) elevada. A descarga através do gás fa lo brilhar com a luminosidade caracterís lica. Nos finais do século xix e princípios do XX, os cientistas que investigavam o com portamento das descargas eléctricas atra vés do gás raro néon a baixa pressão obser varam pela primeira vez a admirável lumi nosidade vermelho-alaranjada que o gás emite. Ainda hoje as lâmpadas de néon são das mais usadas nos anúncios luminosos. Quando experimentaram outros gases,
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As noites de néon. O cowboydo Pioneei Club, com <> seu cigarro bamboleante, do mino o caleidoscópio de néon de Las Vegas
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(à esquerda). A figura data de 1951. Tam bem em Hong Kong a noite se enche de luzes (em cima). Algumas, como este dra gâo, são o pesadelo dos mestres vidreiros.
MILAGRES DO DIA-A-DIA verificaram que luziam com cores diferen tes. Por exemplo, a lux emilicla pelo hélio é vermelho-dourada, e a do críplon, violctapálido. Outros gases, como o árgon e o
Porque as lâmpadas são tão fortes
mercúrio, emitem sobretudo radiação ul
Iravioleta, invisível para os nossos olhos, mas que tem a propriedade de provocar a fluorescência de muitas substâncias. Fsles gases usam se nas chamadas lâmpadas de "luz negra*', vulgares nas discotecas, ou nas de ultravioletas para tratamento ou bronzeamento, mas também, e sobretu do, nas chamadas lâmpadas fluorescen tes: o tubo de vidro é coberto com urna tinta que fluoresce fortemente com os ul Iravioletas emitidos pela descarga no gás. As cores das lâmpadas sáo determina das pela mistura gasosa com que se enche o tubo, por vezes em combinação com a utilização de vidro colorido.
Como é que o Sol liga e desliga a iluminação pública? Na sua maioria, os candeeiros da ilumina ção pública sáo controlados por interrup tores temporizados que interruptores comandam toda uma área. Os primeiros esta vam equipados com um mecanismo de relógio, pelo que era necessário dar-lhes corda e acerlá-los todas as semanas. Muitos dos interruptores temporizados actuais possuem um relógio eléctrico com um mostrador rotativo munido de ressal tos, que acendem ou apagam as luzes a horas predeterminadas. Como as horas do nascer e pôr do .Sol valam ao longo do ano, os candeeiros da iluminação pública precisam igualmente de acender-se e apagar-se a horas diferen tes, pelo que aqueles mostradores permi tem alterar também o respectivo horário de acordo com as épocas do ano. Para tal, dispõem de um dispositivo mecânico que ajusta todos os meses os ressaltos deon c Ó/f, que ligam e desligam o interruptor por forma a seguirem as modificações verifica das nas horas de luz natural. Recentemente, surgiu um sistema de controle fotoelectrónico que comanda o interruptor que liga ou desliga as luzes. Ksle sistema inclui uma célula foloeléctrica que contém um composto sensível à luz, como o sulfureto de cádmio ou o silício. De madrugada, a luz que incide na célula provoca um fluxo de electrões entre os áto mos, conduzindo electricidade até ao in terruptor e desligando-o. Quando escure ce, os electrões imobilizam-se, a corrente interrompe se e as luzes acendem se
O vidro de uma lâmpada eléctrica não é muito mais espesso que esta folha de pa pel, e, no entanto, suporta uma pressão forte quando enroscamos a lâmpada no suporte. A explicação reside principal mente na forma da lâmpada, que segue o princípio da casca do ovo.
lâmpadas a partir de uma fita de vidro A manufactura de lâmpadas é um proces so industrial complicado e altamente auto matizado, em que aquelas adquirem a sua forma em moldes a partir de uma fita conti nua de vidro em fusão.
dos tempos, a Natureza resol vcuNoo início problema de impedir que os ovos fossem esmagados pelo peso da ave en quanto eram chocados. A solução foi a for ma característica do ovo, que lhe propor Ciona resistência estrutural, permitindo -lhe suportar pressões surpreendente mente elevadas. (Se a casca fosse demasia do grossa, o pinto não conseguiria quebrála para sair.) As lâmpadas tal como os ovos pOS suem um perfil arredondado convexo cm toda a sua superfície: quando as seguramos ou apertamos, a forca que aplicamos Irans mite-se em Uxlas as direcções a partir da área de contacto, devido à curvatura do vidro. A pressão é de facto sujxirtada |>or todo o ob jecto, sem concentração das tensões em ponto algum. E por esta razão que o colapso de uma lâmpada ou ovo, uma vez ultra|)as.sado o seu limite de resistência, é catastrófico,
Um dosé componentes essenciais lâmpada o filamento, uma espiral da de lio de tungsténio com a espessura de um cen tésimo de milímetro. A lâmpada dá luz quando um filamento, ao ser atravessado por unia corrente eléc trica, fica incandescente. Para evitar a sua oxidação e rápida destruição, lodo o ar da lâmpada é extraído e substituído por uma mistura inerte de árgon e azoto. A lâmpada é então rolada, e só depois lhe é colocado o casquilho.
fitando todo o objecto destruído.
Lâmpadas que zumbem Por que razão algumas lâmpadas fazem um zumbido antes de se fundirem'' Na verdade, o filamento quebra se enquan to a lâmpada está acesa, mas esta conti nua a dar luz porque se produz um arco voltaico entre as extremidades do fio par tido. F. este arco que emite o zumbido característico.
FABRICO DE LÂMPADAS ELÉCTRICAS
2. A base da ampola, ao rubro, é soldada à fiaste de vidro ÇU€ SU
porta o filamento em espiral.
1. As ampolas de vidro passam cm frente de urna chama para aquecer e amolecer o "gargalo", que em seguida é ajustado à medida do casquilho e aparado.
3. Os contactos na base da am pola são soldados aos fios que conduzem ao filamento. II
MILAGRES DO DIA-A-DIA
A PILHA ALCALINA Nesta pilha de longa duração, um electrólito alcalino (potassa cáustica) está misturado com zinco em pó. Uma manga porosa separa esta mistura de um revestimen to de dióxido de manganésio. Um "prego" metálico,
Pilhas electricidade portátil
Foram experiências no campo da anato mia na década de 1780 que levaram à in venção da pilha: Luigi Galvani, professor capta electrões do zin de Anatomia da Universidade de Bolonha, co e transmite os ao ter reparou que as pernas de rãs mortas se minai negatioo. Os elec contraíam quando eram penduradas de trões dirigem-se, atra ganchos num varão. Pensou (erradamen vés da lâmpada da lan te) que esse facto se devia a qualquer tipo terna, para o invólucro de electricidade animal. de aço, no terminal po Allessandro Volta, da Universidade de sitioo, e dai pura o dióxi Pavia, apercebeu-se de que a electricidade do de manganésio, para o resultava do contacto entre os ganchos de compensar dos electrões que cobre e o varão de ferro em que as rãs eram perdera paru o electrólito. penduradas - as pernas destas faziam apenas parte do circuito. Esta observação deu lugar, em 1800, à pilha de Volta, precur tortas actua como colector da corrente, ça electromotriz de 1,5 V enquanto nova, sora de todas as pilhas actuais. A pilha de transferindo electrões do terminal positivo mas a tensão eléctrica entre os seus eléc Volta era constituída por placas alternadas para o manganésio. trodos diminui com o uso, à medida que se de zinco e cobre, separadas por discos de Uma pilha seca deste tipo tem uma for vão formando bolhas de hidrogénio na vapapel, e "empilhadas" umas sobre as ou tras (de onde a designação de pilha). O QUE É A ELECTRICIDADE? Numa pilha, a corrente eléctrica é pro duzida pelas reacções entre dois eléctro Uma corrente eléctrica é um fluxo de Um circuito eléctrico é constituído por dos (condutores eléctricos) e um electróli electrões — partículas minúsculas de car um fio, geralmente de cobre, partindo de to (um líquido ou uma pasta condutora de ga negativa que existem em toda a maté uma fonte de energia eléctrica e regres electricidade). Cada eléctrodo está ligado a ria. Mesmo uma corrente fraquíssima sando a ela um dos terminais metálicos da pilha. precisa de um fluxo de biliões de elec Por isso, as tomadas em nossas casas Quando a neste pilha éumintegrada num circuito, trões. têm dois tenninais. Quando ligamos, por produz-se fluxo contínuo de Toda a matéria é composta por peque exemplo, um candeeiro, estamos a com electrões entre um terminal (o negativo) e pletar (fechar) o circuito eléctrico, permi níssimas partículas chamadas átomos, o outro (o positivo). constituídos por um núcleo central com tindo a passagem de corrente através dos condutores de cobre e do filamento das carga eléctrica positiva e por electrões A produção deste fluxo deve-se ao facto que orbitam em torno dele, dispostos em lâmpadas. de o material de um dos eléctrodos come camadas, em número exactamente sufi çar a dissolver-se parcialmente no electróOs geradores que abastecem a rede de ciente para, com as suas cargas negati lito — isto é, os seus átomos começarem a distribuição pública não são pilhas, mas vas, compensarem a carga positiva do nú migrar para o electrólito sob a forma de grandes máquinas eléctricas chamadas cleo — os átomos são assim electricaiões positivos, deixando electrões a mais alternadores. Ao contrário das pilhas, nas mente neutros. no eléctrodo; estes podem partir para o quais um dos terminais tem sempre um circuito através do terminal negativo. excesso de electrões (o negativo) e o ou Um fio condutor só é percorrido por uma corrente eléctrica se houver excesso tro deficiência (o positivo), cada terminal O outro eléctrodo é geralmente de um de um alternador tem sucessivamente ex (ou deficiência) de electrões numa das material diferente e que não se dissolve suas extremidades relativamente à outra. cesso e deficiência de electrões, alternan da mesma forma no electrólito. Pelo con do portanto entre ser o positivo ou o ne Essa diferença é designada por diferença trário, perde electrões para os iões positi de potencial, ou tensão eléctrica, e é me gativo. Um circuito alimentado por um vos do electrólito, tornando-se deficiente alternador é percorrido por uma corrente dida em volts. em electrões — que vai buscar ao condu num sentido e no opos tor que fecha o circuito para compensar No caso das pilheis, é gerada uma defi- sucessivamente to: é uma corrente alternada. (A corrente esta deficiência. O fluxo contínuo de ciência de electrões num dos eléctrodos gerada por uma pilha sempre no mesmo electrões que assim se estabelece de um e um excesso no outro, de forma que, se sentido é uma corrente contínua.) eléctrodo para o outro é que forma a cor ligarmos um voltímetro entre os seus rente As eléctrica. chamadas pilhas secas não contêm electrólito líquido livre. A caixa metálica da pilha é de zinco e forma um dos eléctrodos da pilha. Nela está contida uma mistura de cloreto de amónio, que constitui o electrn lito, e dióxido de manganésio. O manganésio é, na realidade, o outro eléctrodo, pois perde electrões para o cloreto de amó nio. Uma vareta central de carvão-das-re
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dois terminais, mediremos umachama dife rença de potencial - também da força electromotriz da pilha. Se agora unirmos os terminais da pilha por meio de condutores eléctricos (por exemplo, o filamento de uma lâmpada), fechan do o circuito eléctrico, estes serão per corridos por uma corrente (a lâmpada acender-se-á).
queConvencionalmente, a corrente eléctricaconsidera-se flui do terminal positivo para o negativo. Esta convenção foi estabelecida antes da descoberta do electráo, ao qual, de acordo com ela, teve de ser atribuída uma carga negativa. O fluxo de electrões é portanto no sentido contrário do sentido convencional da corrente eléctrica.
MILAGRES DO DIA A DIA reta de carvão, o que reduz a área da super fície do eléctrodo. As baterias de automóvel são baterias de acumuladores, assim chamadas porque podem ser recarregadas - isto é, as suas reacções químicas são reversíveis. O tipo mais comum de bateria possui seis pilhas primárias (elementos) ligadas entre si. Cada elemento possui vários eléctro dos, as placas, alternadamente positivos e negativos, separados por folhas isolantes para evitar eurtos-circuitos e suspensos num electrólito de ácido sulfúrico. As pla cas são constituídas por grades de espon chum bo, contendo as negativas chumbo joso e as positivas dióxido de chumbo. As reacções químicas que produzem a electricidade fazem com que tanto as pla cas negativas como as positivas se transfor mem gradualmente em sulfato de chum bo e o electrólito em água. Sc este processo cliega a completar-se, a bateria fica descar regada. Mas enquanto o motor do carro trabalha, a corrente do gerador carrega a bateria, invertendo as reacções químicas. As placas de chumbo são deste modo re convertidas na sua substância primitiva e a potência do ácido sulfúrico é restaurada.
Átomo neutro. O núcleo do átomo tem carga positioa. e os electrões, carga nega liva. Assim, o átorno ê neutro.
Ião po sitivo. A perda de um electrão re sulta num átomo de carga positiva. Torna então o nome de ião positivo.
Ião negativo. Se o átomo ganha um ou mais electrões, a carga passa a ser negati va e ele torna o nome de ião negativo.
Como se " mete " o bico num lápis Os antigos egípcios, gregos e romanos uti lizavam pequenos discos de chumbo para traçar linhas nas folhas de papiro antes de nelas escreverem com pincel e tinta. No século xiv, os artistas europeus usavam va retas de chumbo, zinco ou prata para faze rem os seus desenhos cinzento claros, de nominados a ponta-de-prala. E no século xv o suíço Gesner, Zurique,uma des creveu no Conrad seu Tratado dosdeFósseis vareta de escrever contida num invólucro de madeira. O chumbo deixou de constituir um ma terial de escrita quando em Borrowdale, no Norte de Inglaterra, se descobriu em 1564 a grafite pura — nasceu então o lápis moderno. A grafite é uma forma de carbono e um dos minerais mais macios. Quando é fric cionada contra o papel, a grafite deixa nele delgados flocos que formam uma marca escura. Alguma da melhor grafite para o fabrico de lápis vem de Sonora, no México: é pulve rulenta e extremamente negra. A parte ex terior do lápis, de madeira, tem de ser bas tante macia para que possa ser afiada com facilidade à medida que o bico se gasta. O bico é constituído por uma mistura de grafite fina e argila, cortada em varetas e cozida forno. Avulgar, grafitepois não apode moída num moinho sua ser es trutura em camadas faz dela um lubrifican te natural. Recorre-se, por isso, a um pro cesso diferente, em que se lançam, uns de encontro aos outros, jactos de ar compri mido contendo partículas de grafite, que, colidindo, se pulverizam. Estas partículas minúsculas são mistu radas com caulino puro e água, formando uma pasta. Esta é introduzida num cilindro e forçada através de um furo na sua extre midade, de onde sai em filete contínuo e com o diâmetro pretendido. O filete é cortado em varetas do tama nho dos lápis, que são levadas a secar num forno antes de serem cozidas a uma tem peratura de cerca de 1200°C. São depois tratadas com cera para assegurar um traço suave e seladas para evitar que deslizem no invólucro de madeira. Para fabricar este invólucro, a madeira é serrada em tabuinhas com o comprimen to de um lápis, a largura de sete lápis e a espessura de meio lápis. Fazem-se os sul cos, introduzem-se os bicos e cola-se por cima uma segunda tabuinha igualmente com sulcos. Estas "sanduíches" são leva das à máquina, que as corta em sete lápis e dá a cada um uma secção hexagonal ou cilíndrica. Em seguida, os lápis são pintados com um verniz não tóxico.
Risco ampliado. A grafite utilizada nos lá pis tern uma estrutura em carnudas. Quan do a grafite e friccionada contra o papel, soltam-se facilmente pequenas escamas que formam uma marca negra. DURO OU MOLE? DEPENDE DA ARGILA No fabrico dos bicos de lápis, a grafite é misturada com uma argila fina rio lipo utilizado nas melhores loiças e porcelanas. Os dois ingredientes sáo misturados em proporções diversas, consoante os graus de dureza e ne grura de traço pretendidos, O tipo de lápis mais largamente utili zado é o HB (hard and black, "duro e preto"). Os bicos mais macios e mais negros (B e BB, de black) possuem maior teor de grafite, e os mais duros - graduados de H (hard) a 10H - têm argila em proporções crescentes. Os bicos dos lápis de cor e os lápis de cera não contêm grafite, mas argila pura, cera e pigmentos.
I:Í
MILAGRES DO DIA ADIA
Como se coloca a esfera numa esferográfica A parle principal de uma esferográfica é unia esfera de metal que transfere para o papel uma tinta a base de óleo e que tem a particularidade de ser de secagem muito rápida. A esfera é geralmente de aço médio ou inoxidável, com cerca de 1 mm de diâme tro, e. para que se adapte perfeitamente ao encaixe, é acabada com um rigor de centé siuiDs milésimos de milímetro. Bode tam bém ser constituída por um composto cie tungsténio e carbono, quase Ião duro A esfera. De aço. a esfera (ampliado 80 vezes) reifhe um acabamento rigoroso, como o diamante. Por vezes, a esfera 0 ás pêra para conseguir melhor atrito na su perfície de escrita. A esfera é aplicada num encaixe cie aço ou latão desenhado por forma a permitir que a esfera rode perfeitamente em todas as direc ções. O bordo do encaixe é de|>ois inclinado para dentro para que a esfera não caia A tinta corre do reservatório para <> en caixe da éster,i através de um tubo estreito. <) reservatório deve ser aberto ao ar ou ter um orifício, pois de outro modo criai .se ia um vácuo parcial a medida que o nível da tinta tosse que pordo a impedir de baixando, correr Salioênci asacabaria no interior encaixe distribuem homogeneamente a unta em redor d.i esfera para que. quando aplicada sobre uma superfície, ela rode e desenhe um traço.
• Biro e a esferográfica •
U
ma pena cie ave com a haste afiada foi O instrumento de es cuia durante mais de 1000 .mos. .m tes da invenção da caneta de tinta permanente, em 1884, Na década de .5(1. o artista e jornalista húngaro Ladislao Biro inventou em Budapeste a canela esferográfica. Biro fugiu com a eclosão da II (iuerra Mundial, fixan do se na Argentina. Com .i .ijud.i de seu irmão Georg. químico de formação, aperfeiçoou a caneta e fabricou-a em Buenos Aires
O encaixe. Saliências no seu interior luzem com que a tinia se distribua por toda a esfera
durante guerra. Km vendeu os seus .iinteresses no1944. invento a um - seus financiadores, que passou a fabricar a caneta Biro para as torças aéreas aliadas, dado não ser afectada . i las ilt< raçi ies na pressão almosfé rica. Ladislao Biro desapareceu no obscurantismo, embora o seu inven to se tenha tornado um objecto utili zado em todo o Mundo. A esfera colocada. 0.s bordos do encaixe suo dobrados pena ilcutio puni a segurarem.
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Canetas e marcadores. 0 invento de Ladislao Biro foi aplicado no fabrico de novos modelos que produzem urna diversidade de traços de irrita sobre diversas superfícies, desde o metal ao vidro e ao plástico. A excepção da esferográfica, a tinia ê levada para a ponta através cie tubos finíssimos por acção da capilaridade. Ponta de feltro. O bico é de lã natura! ou sintética
Ponta de fibra. Fibras ligadas por resina dururri mais que as pontas de feltro
Esferográfica. A tinta e levada ao bico pela acção rotativa da esfera.
Ponta de plástico. A tinia, que cone livremente, alimenta uma por na de plástico de grande resistência
desgastt
Porque aderem tão bem as colas modernas Ale há KXI anos, as colas eram gomas vege lais ou obtinham se fervendo peles e ossos de animais; demoravam muito tempo a colar v o sen poder de união não era parti
cularmente forte, utilizavam se principal mente nos trabalhos de carpintaria: o gru IfqUÍdOligando penetrava poros da da madeira edesecava, entrenos si as peças obra. Hoje, as colas são, na sua maioria, total mente sintéticas. Secam rapidamente e formam uniões muito fortes. As mais rápi das são chamadas supercolas, ou colas instantâneas, e secam em segundos. Exis tem também resinas epoxídicas, que con sistem em dois componentes que são mis turados e fazem presa em 10a 30 minu tos. A supercola é uma resina acríli ca Fabricada a partir de produtos pe troquímicos. Quando exposta ao mí
nimo de humidade, as suas pequenas mo léculas ligam se, formando moléculas maiores — processo químico denomina do polimerização. Dentro do tubo, a cola é impedida de polimerizar por meio de um estabilizador aofdiCO. Quando a rola é aplicada a uma superfície, a mais diminuta quantidade de humidade supera a acção do estabilizador e a resina polimeriza instantaneamente É a presenç,a dos iões da água grupos de átomos dotados de carga eléctrica - que desencadeia o processo de polimerização, Os iões estão presentes
em praticamente todas as superfícies ex postas ao ar, pois este contém sempre ai guina humidade. As supercolas aderem bem a pele, dado esta ser húmida. Por este motivo, tem havi do muitos casos de pessoas com Ioda a natureza de objectos colados a pele, desde chávenas a maçanetas de portas. O remé dio é mergulhar a parte afectada cm água morna e descolar suavemente o objecto. Em cirurgia, têm sido utilizadas super colas em aerossol para fechar uma ferida e reduzir a hemorragia. A força da cola. Neste painel publicitário, o carto amarelo esta fixo por cola de resina epowlicu. O cairo encarnado assenta no tejadilho do outro demonstrando a força da cola.
XzM
MILAGRK5 DO DIA-A-DIA
O PROCESSO QUE FAZ COLAR A SUPERCOLA
A supercoio contém um estabilizador aa' dico (vermelho) que mantém a cola lí quida.
O estabilizador acidico ê neutralizado em contado com a humidade (azul) da super íiae que se pretende colar
Neutralizado o estabilizador, as mole cuias adesivas juntam se em cadeias hm gOS, ((instituindo nina união tenaz.
Uma descoberta acidental que deixou a sua marca no Mundo No princípio da década de 80. começaram a aparecer nos escritórios uns papelinhos amarelos. Vinham geralmente colados aos documentos com pequenas mensa gens trocadas entre os executivos e tinham a grande vantagem de, depois cie lidos, po derem ser descolados com facilidade. Com o passar dos anos, estes pa pelinhos auto aderentes, cha mados post-it. estende ram-se as esa rias e depois às nossas casas. Os estudantes os investigadores começarame a usá-los para marcar textos de ititeresse nos livros; e os maridos e mulheres, ao saírem para o tra balho, deixavam uns aos outros re cados apressados colados no frigorí fico.
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Estes autocolantes nasceram de uma descoberta acidental num laboratório de St. Paul, no Minnesota, quando se procura va produzir uma supercola, em 1968. O re sultado fora uma cola tao fraca que a em presa 3M a rejeitara por inútil. Mas um dos empregados, um químico chamado Art Fry, cantava num coro e utili zou aquela cola fraca para marcar o seu Pode fazer se publicidade a perfumes im livro com papelinhos que podiam retirar pregnando um prospecto com o respecti •se sem estragar o livro. vo aroma, que é libertado quando se raspa a superfície do papel. 0 método é designa Fry tentou persuadir a empresa de que estava a deitar fora urna ideia que podia ter do por microfragrância. os mais variados usos. Mas só em 19X0 a O perfume está contido em pequeninas 3M começou a vender, para Utili2açâ0 nos cápsulas de plástico, aplicadas ao papel escritórios, blocos de lolhas para notas num revestimento resinoso. 0 plástico com uma faixa adesiva num dos bordos quebra ao ser raspado ou esfregado, liber que podem ser descoladas e recoladas. tando os óleos essenciais do perfume do Vista ao microscópio, a superfície adesi seu interior. A técnica, denominada micro va de um post-it apresenta se coberta por encapsulação, foi iniciada pela empresa minúsculas bolhas de resina de ureia for americana 3M na década de 60. maldefdo que contém a substância adesi Para 0 enchimento das capsulas, o óleo va. As bolhas rebentam sob a pressão dos é misturado com água e agitado, a fim de dedos, mas não Iodas simultaneamente, se desintegrar em gotas minúsculas pelo que as folhas são reutilizáveis. como acontece com o azeite e o vinagre no
Pondo perfume num papel
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CHEIROS NUMERADOS Em 1984, foi produzido na América um filme jocoso de couiboys que li nha como atracção adicional aromas microencapsulados. Cada especta dor recebia um pequeno cartão com uma meia dúzia de números. De vez em quando, no decorrer do filme, aparecia um número no canto ÚOécran - o número que os especta dores deviam raspar nos seus cartões. Podiam assim sentir o cheiro adequa do à cena em curso — o encanto de um perfume, o cheiro a pólvora quei mada, etc.
O cheiro a maças. Nesta microfotografia (em cima) oèem-se as microcápsulas que contêm o perfume num autocolante. Quan do se raspam as cápsulas, o perfume é liber lado. 0 autocolante deste quarto de maçã é típico dos que aparecem nas revistas. A área no interior do tracejado conteria mi crocápsulas para lembrar aos leitores o de licioso cheiro da maçã. tempero da salada. As gotas sáo depois es palhadas sobre uma superfície e cobertas por urna camada de resina plástica. Deixam-se secar (por vezes são aqueci das) antes de serem aplicadas sobre o pa
pel por meio de outra resina. Algumas ve zes utilizam-se como um revestimento adesivo na dobra de um folheio publicitá rio, e o aroma é libertado quando o revesti mento se quebra ao desdobrar-se o folheto.
Actualmente, alguns cosméticos con têm microcápsulas de óleos nutrientes da pele, que apenas são libertados quando o preparado é aplicado, o que garante a sua frescura até à utilização.
Fotografias nos jornais: milhares de pontinhos Se se observar de perlo uma fotografia num jornal, verifica-se que a gama das to nalidades nos é dada por combinações de pontinhos negros. Nas zonas escuras, os pontos são maiores e fundem-se entre si, de modo que quase não se vê o papel bran co. Nas zonas mais claras, os pontos sáo más pequenos e estão rodeados por gran des porções de branco. As diversas tonali dades da fotografia são convertidas num padrão de pontos com diferentes dimen sões recorrendo a urna retícula, ou trama. A fotografia a ser reproduzida é fotografada através de uma retícula posta em contacto com o filme, retícula que consiste num pa drão de linhas diagonais sobre uma pelí cula transparente. A maioria dos jornais utiliza uma retí cula de malha relativamente larga para a reprodução de fotografias em papel nor mal A retícula tem cerca de 20 a 35 linhas por centímetro, produzindo, quando im pressa, o mesmo número de pontos por centímetro. A luz reflectida da fotografia passa atra vés da retícula e é decomposta em zonas de intensidade luminosa variável captadas em película fotográfica de alto contraste, que, ao ser revelada, produz um padrão de pontos em imagem negativa. A continua ção do processo de revelação produz uma imagem positiva.
Imagem desportiva. Fotografia a preto e branco, tal corno aparece num jornal (em cima). A ampliação mostra que a imagem se compõe de uma série de pontos pretos entre meados de espaços brancos. A densidade de pontos utilizados determina a qualidade da r e produção da fotografia na página impressa.
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As fotografias a cores são lambem repro duzidas como padrões de pontos. Estes são de Ires rore s diferentes amarel o, magenta e azu\cyan (azul esverdeado). Vistas a distância, as combinações de pon tos destas cores, com dimensões diferen tes. fundem-se por forma a simular lodo o espectro das emes. A impressão a cores
baseia se no principio de que todas as co res podem ser produzidas através de com lunações destas três cores primárias.
IMAGENS A CORES Uma impressão a cores e feita a partir de combinações destas três cores
primárias. amarelo, magenta e azul-cvm.
Fotografia com filtros
A imagem impressa a
0 primeiro passo na reprodução é a "selec çao" (Lis cores, tirando fotografias através de filtros. As três imagens, uma de cada cor, são depois fotografadas através de uma re
três cores segue se a impressão do prelo para acentuar a profundidade,
tícula de meio tom. como n.i impressão ..
a
prelo e branco, a fim de se produzir um padrão pontilhado. Faz se uma chapa de impressão para cada cor e, para aumentar ii pormenor, iunta.se ainda uma chapa a preto, pelo que " processo toma <> nome de quadricromia. Esta é hoje feita, normal mente, por scanners electrónicos, em vez das máquinas fotográficas tradicionais.
f o i ontraste.
defi/itaio
Finalmente, <> olha humano mistura os pontos coloridos e vê t
Como funcionam as máquinas de moedas Com 11111,1 moeda que se introduz numa ranhura, as máquinas Fornecem-nos des de bilhetes de comboio a chamadas lelelo nicas, bebidas, maços de cigarros e ale juckpols de moedas. Mas, antes de entregarem o seu produ lo. as máquinas analisam cada moeda. submetendo-a a uma série de exames, co meçando por rejeitai as de valor diferente, as estrangeiras, as falsas e as anilhas. Cada tipo de moeda no Mundo tem as suas características próprias. São diferentes no diâmetro, na espessura, no peso e até na composição química. Nas máquinas de moedas, todas estas propriedades são in vestigadas, e só quando a moeda entra no percurso correcto da máquina é que é dis parado o mecanismo de funcionamento. A máquina de moedas típica funciona ilo seguinte modo: o sistema de verifica çao começa pela própria ranhura, impe
dindo a entrada de moedas demasiado grandes, espessas ou deformadas As moedas que entram podem ser exa minadas por uma sonda, que verifica se elas são luradas, detectando assim as ani lhas. As genuínas caem soba- um balan cim rigorosamente equilibrado: quando o seu peso é suficiente, a moeda faz tombar ii balancim e é dirigida para .1 calha [ou ranipae quando é insuficiente, o balancim não oscila e a moeda cai no rejeitado!.
A moeda que foi aprovada percorre a
Percursos das moedas rejeitadas
Lâmina de contacto
Balancim Magneto Calha, ou tampa
Verdadeira ou falsa Esta máquina de moedas
destinada a moedas francesas tem unta ranhura igual ao tamanho de ama moeda de 10 francos. Uma moeda mais leve não consegue bascular o balancim e é desviada Separador
para o rejeilador.
! ma moeda de metal diferente é desviada pelo magneto. atinge o deflector c passa pelo lado eirado do separador Rejeilador (moedas rejeitadas)
calha e passa polo magneto. Ao atravessar o campo magnético deste último, ê descar regada uma pequena corrente eléctrica no seu interior, fazendo a rodar mais ou me nos lentamente devido à força magnética provocada pelo campo magnético. Ima moeda com a composição correc ta abranda exactamente o necessário para. ao cair da rampa, percorrer uma trajectória que evita o obstáculo seguinte, o deflector. Acerta então no separador por baixo des te, a um ângulo de incidência lai que a faz dirigir se para o canal "aceite", As moedas com peso demasiado e as menos afecta das pelo magneto atingem o defleclor e
Voltou para casa com umas ervas agarradas às meias e ao pêlo do cão e decidiu investi gar por que razão aquelas se pegam Ião bem á lá. Ao microscópio, observou que minúsculos ganchos nas pontas dessas er vas ficavam presos às argolas da lã. Mestral imaginou rapidamente uma for ma de reproduzir em tecido de nylon o esquema de ganchos e argolas e deu ao produto o nome de velcro - contracção de uelours e CfOChet, palavras francesas que significam "veludo" e "gancho". A patente srcinal de protecção ao vel cro expirou em 1978, e existem actual men te muitas imitações, mas o nome mantém-
são encaminhadas pelo lado errado do se parador para o rejeitador.
se0como velcromarca é feitoregistada tecendo fio denylon de modo a produzir um tecido com urna grande densidade de minúsculas argolas. A face dos ganchos obtém-se cortando as argolas noutra porção de tecido — de modo que cada meia argola passe a cons tituir um gancho. Por meio de aquecimen to, argolas e ganchos tomam a sua forma definitiva. 0 tecido é depois tingido, colado ao suporte adequado e cortado à medida. O velcro pode fechar-se e abrir se milha res de vezes, e provavelmente durará mais do que O tecido a que foi aplicado. E feito de modo a poder ser aberto à mão com um estorço relativamente pequeno. No entan to, possui enorme resistência transversal. Alguns tipos de velcro têm tanta resistência que uma peça quadrada de 12 cm de lado consegue suportar uma carga de 1 t.
Máquinas de moedas electrónicas A ultima geração destas máquinas confere as moedas electronicamente, Assim que a moeda é introduzida, a sua condutibilida de capacidade para deixar passar unia corrente eléctrica - é verificada. As moedas aceitáveis num primeiro exame atravessam depois uma "cancela", percorrendo a rampa e passando entre dois magnetos. Também neste caso, a ve locidade com que deixam os magnetos depende da composição das moedas. Conjuntos de díodos emissores de luz e de fotossensores medem a velocidade da moeda. Sc os valores obtidos coincidirem com os da memória da máquina, abre-se nova cancela para aceitar a moeda. Se não, esta é rejeitada. Algumas máquinas po dem ser programadas para tratar até oito tipos de moedas Podem tambémdiferentes. ser programadas para dar trocos, Quando a moeda atravessa o sistema de verificação. 0 respectivo valor é identificado. Quando chega ao fim do per curso, um microchip liberta o troco certo.
Velcro: como as ervas que se agarram às meias Os fechos de velcro. pequenas almofadas crespas formadas de ganchos e ilhós de plástico, têm encontrado aplicações a to dos os níveis. Na indústria de vestuário, substituem as molas e os fechos de correr. No vaivém espacial, OS astronautas usam fita velcro para agarrar tabuleiros, embalagens de ali mentos, equipamento científico, e ate cies próprios, a uma superfície tixa. para evitar que flutuem desordenadamente no espa ço na ausência da força da gravidade. O engenheiro suíço Georgcs de Mestral concebeu a ideia que deu srcem ao velcro depois de um passeio pelo canipo em 1948.
Como as ervas se agarram. As minúscu las vagens da aparína possuem ganchos que se ugurram ao vestuário de lã e aos pêlos dos ailimais Copiando a Natureza. .4 fotografia do oelCfO QO microscópio moslru como esíe copio a Natureza. Os minúsculos ganchos de nylonnuma peca de i elcro agarram as argo las da outra peca exat tumente do mesmo modo que terias plantas como a aparinu se agarram às meias de la (mundo passeamos no meio das ervas. Uma peca de velcro com 5 x 2 cm contém cerca de 750 ganchos. com 12 500 argolas na lace oposta.
Como a Marinha dos EUA lançou o fecho de correr A Marinha dos EUA foi a pioneira no uso dos fechos de correr quando, em 1918, en comendou 10 000 unidades para aplicar em fatos de voo. 0 fecho de correr fora inventado pelo engenheiro americano Whitcomb Judson em 1893. Lste desenhara um fecho com posto de carreiras de colchetes machos e
tiras de tecido com dentes de metal ou plástico ao longo das bordas. Os dentes das duas fitas são desen contrados para pode rem encaixar entre si: num dos lados têm
fêmeasdecomo de apertar as botas cano método alto. Masrápido este fecho, que utili zava um cursor para ligar os colchetes ma chos e fêmeas, revelou se pouco prático. O passo decisivo para o aparecimento do moderno fecho de correr deu-se cerca de 20 anos depois, quando o engenheiro sueco Gideon Sundback foi admitido por Judson para aperfeiçoar o seu fecho. Sund back desenhou o chamado Hookless 2, quase igual ao moderno fecho rie correr, e criou a maquinaria que permitiu o fabrico dos dentes e a sua fixação a uma fita. Km 1918, a Marinha Americana fez a sua encomenda, e o fecho de correr estava lan çado. O fecho de correr consiste ern duas
uma saliência e no ou tro uma concavidade, por forma que, quando forçados a juntar-se, as saliências encaixem nas concavidades. Ao fechar, as duas fiadas de dentes entram obliqua mente no cursor que as junta, engatando os dentes. Quando se puxa o cursor para abrir o fecho, dá-se o contrário, os dentes en tram pelo fundo do cur sor e separam-se.
Separador
Cursor
Fita
Fiadas de dentes
Dentes que engatam. A mecâ nica do fecho de correr é muito simples. Um cursor move-se num ou noutro sentido sobre duas fiadas de dentes presos a fitas, engatando-os ou desenga ÍB tando-os.
Como se faz parar um elev ador em queda O mais alto edifício de escritórios do Mun do, a Sears Tower, em Chicago, com 443 m, tem 103 elevadores para transportar passa geiros entre os seus 110 andares a velocida des que chegam aos 550 m por minuto Mas o que aconteceria se um cabo se partisse quando um dos elevadores se en contrasse no topo de tão alto edifício? Teo ricamente, um corpo que caísse do último andar da Sears Tower esmagar-se-ia no solo a 820 km/h. Para evitar estes aciden tes, os elevadores são dotados de dispositi vos de segurança. O moderno elevador de passageiros leve as suas srcens em 1854, quando o engenheiro americano Klisha Graves Otis introduziu o primeiro dispositivo de segu rança para a elevação de cargas na Exposi ção do Palácio de Cristal, em Nova Iorque. Otis demonstrou a segurança do seu processo por forma espectacular. A carga foi guindada até uma altura de 8 ou 10 m com Otis também sobre a plataforma. Or denou então que cortassem o cabo de sus pensão. Num elevador normal, as conse quências teriam sido desastrosas, mas o mecanismo de segurança de Otis resul tou - e a queda foi interrompida depois de cortado o cabo. O segredo do sucesso da experiência residiu numa mola em fornia de arco fixa
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da ao topo da plataforma. O cabo de sus pensão estava ligado à mola, e quando a plataforma era puxada para cima, o seu peso iria arquear a mola, de modo que as suas extremidades não tocassem nos enta lhes das duas calhas dentadas de guiamento, situadas de um e outro lado da platafor ma. Mas quando o cabo de suspensão foi cortado, a mola abriu c as suas exlremida des encaixaram nos entalhes das calhas, impedindo a queda da plataforma. Olis instalou o primeiro elevador de pas sageiros cm Nova Iorque em 1857, no esta belecimento V. Haughwout & Co., com cinco pisos. A invenção do elevador de se gurança foi um factor decisivo na evolução do arranha-céus, pois libertou os arquitec tos das restrições na altura. O moderno elevador é constituído por uma cabina içada por cabos de aço entre duas calhas laterais de guiamento e possui um dispositivo de segurança que trava de encontro às calhas no caso de os cabos se partirem. Os cabos fixos ao topo da cabina
Subida rápida. A Sears Tower, edifício de IK) andares em Chicago, dispõe de eleou dores rápidos que se deslocam a 32 km/h. Os elevadores estão equipados com dispo sitiuos de segurança para o caso de quebra dos cabos.
sobem alé um mecanismo de roldanas no cimo da caixa do elevador. A roldana é ac cionada por um motor eléctrico, e os ca bos sustentam na outra extremidade um contrapeso que corre igualmente em ca lhas de guiamento.
Limitador do excesso de velocidade Este é outro componente fundamental da segurança do elevador. Parle dele um cabo que corre para cima e para baixo na caixa do elevador e está ligado ao mecanismo de segurança montado sob a cabina. 0 limitador do excesso de velocidade baseia-se num sistema mecânico de pe sos, que são impelidos para fora devido à força centrífuga. Acima de uma velocidade preestabelecida, os pesos accionam um interruptor de segurança que desliga a cor rente eléctrica do motor. A roldana pára automaticamente e o elevador imobiliza-se sem que tenha de ser activado o dispo sitivo de segurança. Se, contudo, a cabina continuar a acele rar, o limitador centrífugo prende o respec tivo cabo com força suficiente para dispa rar o mecanismo de segurança. Existem outros mecanismos de segu rança, como o de compressão de roleles ou de excêntricos de bordos serrilhados con tra as calhas de guiamento, ou o de cunhas, que reduz a velocidade por meio de fricção.
Testes de cheiro no gás natural Numa indústria de alta tecnologia como a do gás natural, o teste final de segurança é, curiosamente, o nariz humano. O gás na tural, ao contrário do gás de hulha, não tem cheiro próprio, pelo que uma fuga nas tubagens poderia passar facilmente des percebida e causar uma explosão. No en tanto, pode juntar-se-lhe um odorizante. Assim, peritos empregados pela sua capa cidade olfacliva muito sensível asseguram que, numa emergência, o gás emita o chei ro certo para fazer disparar o alarme men tal de "fuga de gás!" Esses peritos cheiram o gás para terem a certeza de que a sofisticada aparelhagem de análise está a funcionar correctamente. O gás natural encontra-se no solo ou sob o fundo do mar. O seu componente principal é o metano, gás que nos pânta nos pode ser visto em bolhas emanando dos lodos orgânicos. O cheiro intenso que acompanha o metano nos pântanos deve-se à matéria vegetal em decomposição, pois o gás em si é inodoro. O gás natural comercial começou a ser utilizado comercialmente nos Estados Unidos nos anos 20 c na Europa na década
de 60. Como era necessário que tivesse cheiro, foram ensaiadas como odorizantes diversas combinações de compostos orgânicos de enxofre. O odorizante ideal tinha de ter um cheiro forte e muito carac terístico, náo devia ser absorvido pelo solo para que as fugas subterrâneas pudessem ser detectadas e tinha de ser inócuo e náo-corrosivo. Acabou por descobrir se a fór mula correcta. Esse odorizante, sob a for ma líquida, é pulverizado no gás quando este deixa o complexo de produção. A quantidade de odorizante é medida rigo rosamente por computador. Tem um aro ma tão intenso que apenas é necessário 1,5 kg por cada 100 000 rrí*. Apesar dos odorizantes, as fugas de gás nas tubagens subterrâneas podem ainda passar despercebidas. Por isso, os técnicos seguem frequentemente os percursos das tubagens com instrumentos extremamen te sensíveis. Contudo, estes detectam o gás, e náo o cheiro. As sondas são coloca das junto ao solo e o ar que captam é intro duzido num aparelho que detecta gás em concentrações de apenas algumas parles num milhão.
As fibras que conferem resistência aos saquinhos de chá Diariamente, fazem-se milhões de cháve nas de chá a partir de saquinhos. O papel de filtro rendilhado, que constitui o saco, tem orifícios de tamanho suficiente para deixar passar a água a ferver sem deixar fugir as folhas do chá. É também suficien temente forte para náo se rasgar nas má quinas de empacotamento ou durante a manipulação — esteja seco ou molhado. Nenhum papel vulgar podia satisfazer estas exigências. O papel dos saquinhos de chã é fabricado com duas fibras fortes: cânhamo-de-manila, fibra natural longa utili zada no fabrico de cordas para conferir re sistência, e fibras termoplásticas, para fe char os saquinhos. As duas fibras náo são tecidas em conjunto, mas assentes, sob a forma de mistura aquosa, em duas cama das separadas. Forma se o papel quando a água se escoa e o emaranhado de fibras é apertado em rolos para secar. Este proces so confere ao papel uma estrutura irregu lar, com poros de diversas dimensões. O papel passa pela máquina de embala gem do chá sob a forma de duas tiras e a máquina vai colocando as doses de chá sobre a tira inferior. Dá-se forma aos sacos vedando os bordos por meio de calor. As fibras termoplásticas são derretidas para se ligarem fortemente entre si, mantendo a
sua resistência quando, ao arrefecerem, so lidificam novamente. O seu ponto de fusão é superior a 100°C para que o saquinho náo se desmanche na água a ferver.
Orifícios filtrantes. Ampliando 60 vezes um saquinho de chá, vêem-se bem OS orifícios filtrantes. Estes deixam passar a água, mas sem deixarem sair as folhas de chá. 2\
Fósforos aos milhões Se riscarmos um fósforo de segurança (amorfo) em qualquer superfície que não seja a lixa da caixa, ele não se acende. Se lhe batermos com um martelo, nada acon tece. Antigamente, porém, os fósforos acendiam-se ao serem riscados em qual quer superfície rugosa, e se lhes batêsse mos com um martelo, explodiriam. No caso dos fósforos de segurança, é a reacção entre os produtos químicos da ca beça do fósforo e da lixa da caixa que os incendeia. A reacção é desencadeada pelo riscar do fósforo, que gera calor devido à fricção. Se a cabeça e a lixa não estiverem em contacto, não se dá a ignição. O antepassado do fósforo actual foi pro duzido pelo químico inglês John Walker em 1827. Os seus fósforos acendiam-se em
E
qualquer superfície e não eram de grande confiança. Km 1830, Charles Suria, em França, inventou um fósforo muito mais eficaz, utilizando fósforo branco. Os fósfo ros deste tipo mantiveram-se em uso até finais do século xix e, embora eficientes, tinham uma grande desvantagem: po diam matar - e fizcram-no muitas vezes O fósforo branco liberta fumos tóxicos que provocam, cm casos de exposição prolongada, uma doença deformante — e eventualmente fatal — em que ocorre a decomposição dos maxilares. Os opera rios das fábricas de fósforos eram os mais afectados; assim, no início deste século, foi proibido o uso de fósforo branco, tendo passado a utilizar se o sesquissulfureto de fósforo.
Contra o imposto
m 1801, a firma Bryant & May pro duziu o seu primeiro fósforo de segurança numa fábrica em Londres. Ao fim de um ano, a fábrica produzia 1 800 000 fósforos por semana. A procura era tanta que, em 1871, o chanceler do Tesouro propôs uma taxa de 1 penny por caixa. A proposta srcinou protestos no Parlamento e na imprensa - e milha
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res de operários da indústria fosforeira protestaram contra aquilo que viam como uma ameaça ao seu ganha-pão. Seguiram-se manifestações e tumultos e o Parlamento aboliu o imposto. Por todo o Mundo, as técnicas do fa brico de fósforos foram sendo aperfei coadas, e actualmente podem produzir-se mais de 800 caixas por minuto.
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Em movimento. I m tapeie rolante de aço transporta os palitos de madeira - já com as cabeças tingidas de vermelho ao en contro das caixas, que se movem numa tela transportadora perpendicularmente ao percurso dos fósforos. Estes são automati camente expulsos do tapete, por fornia a caírem dentro das caiwis nus quantidades certas.
Na década de 1850, o sueco John LundsIrom foi pioneiro dos fósforos de seguran ça (amorfos) ao separar o elemento fósfo ro dos outros ingredientes combustíveis: pós fósforo vermelho, não tóxico, na lixa e os outros ingredientes na cabeça. Actualmente, os fósforos são fabricados por máquinas automáticas que chegam a produzir 2 milhões de unidades por hora. O vulgar fósforo de madeira começa por um toro que é cortado em fasquias de cer ca de 2.r> mm de espessura. Estas são de pois cortadas em palitos que são embebi dos numa soluçáo de fosfato de amónio retardador de ignição que evita que os pali tos continuem a deitar fumo. Os palitos são depois introduzidos auto maticamente nos orifícios de um tapete ro lante de aço que mergulha as pontas num banho de parafina aquecida. Esta vai im pregnar as fibras da madeira e anulará a fazer passar a chama da cabeça para o palito. Os palitos são cm seguida mergulhados na mistura que constituirá a cabeça. Nos fósforos de segurança, essa mistura con tem enxofre, e por vexes carvão, para pro duzir a chama e clorato de potássio para fornecer o oxigénio necessário á combus tão. Quando as cabeças secam, os fósforos sao empurrados do tapete rolante para
dentro das caixas de fósforos que correm numa tela transportadora. As tampas das caixas correm noutra tela em movimento paralelo, A intervalos de alguns segundos, as telas param e .is caixas sao metidas nas respectivas tampas. As ta ces laterais destas aplica se a lixa, uma tira rui>osa impregnada de fósforo vermelho. que constitui o produto combustível.
Como adere a película aderente? Esta película adere por duas razões: quan do esticada, a sua elasticidade leva a a reto mar as dimensões iniciais; e a electricidade estática que possui cria uma forma de atracção a muitas outras coisas. O segredo da elasticidade esta na estru tura molecular da película. Os plásticos são formados por moléculas longas cente nas cie milhares de unidades repetitivas de
um átomo de carbono e dois de hidrogénio numa molécula de polietileno, por exem pio. A maioria das substâncias comuns é constituída por moléculas pequenas a molécula de agua contém apenas dois álo mos de hidrogénio e um de oxigénio As moléculas longas da película aderen
te. ou adesiva, encontram se enroladas c dobradas como as libras da la. Quando .• película é esticada, as moléculas ordenam se Mas, lai como as fibras da lá ou como um elástico . elas procuram reto mar a sua forma inicial O poder de aderência desta película
ocorre naturalmente na maioria das pelí cuias plásticas, que aderem porque adqui rem uma carga eléctrica estática. A película aderente pode. por exemplo, adquirir uma << que carga eléctrica negativa por fricção, faz deslocar electrões d
positiva, o que leva a que as duas superfí cies se unam por atracção electrostática. A película aderente podo ser fabricada num destes plásticos: PVC 'cloreto de poli
vinilo) ou polietileno. O PVC. normalmen te duro. toma se- macio c flexível pela adi cão de certos produtos químicos, os plasli ficanles. o polietileno é macio por nature za, pelo que não necessita de plastificantes. A película de PVC e mais transparente que a de polietileno, mas ê mais sujeita a fadiga Com eleito. 24 horas depois de utili zada perdeu já mais de dois lerços da sua elasticidade, enquanto o polietileno per deu apenas um lerço
Um material escorregadio como o gelo o revestimento interior náo-aderente dos modernos tachos e frigideiras e omaleri.il mais escorregadio que ri tecnologia co nhece. Tendo quase o mesmo coeficiente de atrito que o gelo. se cohrisseinos as ruas
com ele. torná-las-íamos intransitáveis. () PTFE e um dos mais notáveis produ tos artificiais, e a náo-aderencia não é a sua Superfície revestida. Para lazer uma (ri gideira náo-aderente. mistura-se PTFE cm
pó com seca se aii.ua puberiza-se o sen interiot e
Válvula cardíaca. O anel desta válvula está coberto com um tecido revestido de PTFE. O PTFE é quimicamente inerte, pelo que não há o risco de causar infecção. Sol e espaço. A cúpula plástica deste estádio japonês está revestida de PTFE para reduzir o calor dos raios do Sol. Os fatos de pressão dos astronautas possuem diversas camadas de material, incluindo uma de tecido revestido a teflon, incombustível e resistente à abrasão. única qualidade invulgar. K considerável a sua resistência a temperaturas, tanto mui to altas como muito baixas, e ao ataque químico; é ainda um mau condutor de electricidade. PTFE é a abreviatura de politetrafluoroetileno, material que foi descoberto quase por acaso em 1938 pelo americano Dr. Roy Plunkett quando ensaiava para a Du Pont um produto químico utilizado para refrige ração. A Du Pont deu à descoberta o nome comercial de teflon. O PTFE é um material difícil de manu sear, e só se lhe descobriu utilidade em larga escala quando o engenheiro francês Marc Gregoire se apercebeu das possibili dades da sua aplicação em utensílios do mésticos. Assim, nos meados da década de 50, Gregoire comercializou com a marca Tefal os primeiros tachos não-aderentes. No entanto, já desde o início dos anos 40 se vinha desenvolvendo uma grande varie dade de aplicações industriais para o PTFE. A sua não aderência foi utilizada nas chu maceiras - componentes de máquinas que suportam veios rotativos. As chuma ceiras de PTFE são consideradas autolubrificantes, pois não precisam de qualquer lubrificação além da sua própria natureza deslizante. Para lhes aumentar a resistên cia, são geralmente reforçadas com outros materiais, como a fibra de vidro e a grafite.
A resistência ao ataque dos ácidos O PTFE não é afectado por nenhuma subs tância química vulgar, incluindo os ácidos e os álcalis a ferver. Mesmo a água-régia (mistura de ácidos clorídrico e nítrico) deixa-o incólume. As únicas substâncias que o atacam são o sódio em fusão, o cálcio em fusão e o flúor muito quente. O facto de ser quimicamente inerte sig nifica que o PTFE não contamina os ali mentos nele cozinhados. Na realidade, ele não produz efeitos sobre qualquer matéria
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orgânica, inclusive o tecido humano. Estas características permitem ainda a sua utili zação em próteses cirúrgicas, particular mente nas articulações artificiais; o seu re duzidíssimo coeficiente de atrito constitui uma vantagem adicional. Também já tem sido utilizado, sob a forma de fibras entre tecidas e impregnadas de carbono, na re construção dos ossos da face. Outra propriedade importante do PTFE é a sua resistência à electricidade, o que o torna excelente para o revestimento de fios. Possui ainda a grande vantagem de manter a flexibilidade a temperaturas que váo dos — 270°C (poucos graus acima de zero absoluto) até aos 260°C. Este conjunto único de propriedades re sulta da estrutura química do PITE. Corn efeito, a sua molécula consiste numa "es pinha dorsal" formada por uma cadeia longa de átomos de carbono, cada um dos quais ligado a dois átomos de flúor. As liga ções químicas entre os átomos de carbono e de flúor são extremamente fortes, razão pela qual o PTFE náo reage com outras substâncias químicas. As fortes ligações carbono-flúor verificam-se também entre as moléculas adja centes, de modo que se atraem mutua mente mais do que atraem as moléculas de outras substâncias. Este o motivo por que nada se lhe adere. Esta forte atracção intermolecular signi fica igualmente que o PTFE não funde, mesmo a temperaturas elevadas. A fusão dá-se quando as moléculas obtêm sufi ciente energia por aquecimento e se sepa ram umas das outras. No PTFE, a atracção molecular é tão forte que as moléculas têm grande dificuldade em separar-se.
Como se fabrica o PTFE O PTFE é produzido a partir do fréon 22 (diclorodífluorometano), refrigerante lí quido largamente utilizado em frigoríficos.
O engenheiro americano Dr. Roy Plunkett descobriu que o aquecimento do fréon produz o gás tetrafluoroeteno. A urna pres são de cerca de 45 a 50 atmosferas e na presença de um catalisador, o gás sofre uma alteração química da qual resulta o PTFE sob a forma de resina pulverulenta. Como náo chega propriamente a fun dir, o PTFE é misturado com um aglutinan te adequado e enformado num molde. É depois sujeito a pressão e temperatura ele vadas, e as partículas da resina fundem, formando uma massa sólida. Para os reci pientes de cozinha não-aderentes, o pó de PTFE é suspenso em água para formar um acabamento não-aderente que éedepois pulverizado sobre a superfície seco.
Como as microondas cozinham sem aquecer os pratos Ao ligarmos um forno de microondas, criamos no seu interior um poderoso cam po electromagnético que oscila na mesma banda de frequência que as emissões de televisão por satélite e o radar. As microon das utilizam-se na cozedura rápida de ali mentos, pois fazem vibrar as moléculas de água contida naqueles. A vibração absorve energia do campo electromagnético e aquece os alimentos. Como toda a energia é absorvida pelos alimentos sem se desperdiçar no aqueci mento do ar ambiente nem do próprio for no, e como as microondas penetram nos alimentos, aquecendo-os directamente por dentro (ao contrário dos fornos con vencionais, nos quais só a superfície é di rectamente aquecida), o processo é muito mais rápido e económico do que os méto dos tradicionais de cozinhar. A energia das microondas náo aquece os utensílios no forno, porque os materiais de que são feitos - louça e vidro - não absor vem energia do campo electromagnético (os recipientes não saem frios do forno, por que são aquecidos pelos alimentos).
Utensílios de cozinha especiais Além da louça e do vidro, muitos outros materiais - como o plástico, o papel e a cartolina — podem ser usados num forno de microondas. Os recipientes de metal não devem ser usados, porque o meta] não transmite as microondas, reflecte-as. Por este motivo, os alimentos náo devem ser cobertos com folha de alumínio. As ondas longas da rádio têm compri mentos de onda de milhares de metros. As microondas utilizadas nos fornos têm um
comprimento de onda de cerca de 12 cm. Uma onda electromagnética é uma vi bração de campos eléctricos e magnéticos que alternam constantemente, dirigidos ora no sentido positivo, ora no negativo. Os fornos de microondas funcionam com on das que vibram 2450 milhões de vezes por segundo — uma frequência de 2450 MH/.
Como os frigoríficos «fazem frio»
Quando ligamos uma torradeira ou um ferro eléctrico, obtemos calor. Porque é então que um frigorífico ou um congela dor -lazem frio» quando OS ligamos0 (megahertz), ou 2,45 GHz (gigahertz). Assim acontece porque estes aparelhos As moléculas da água tem um pólo de carga positiva e um pólo de carga negativa. utilizam dois princípios científicos. O pri meiro é o de que, quando um líquido se As microondas em vibração positiva nega evapora, absorve calor do ambiente que o tiva interagem com as moléculas polares cerca: o liquido precisa de energia para se da água, atraindo e repelindo os seus pó los, fazendo-as rcxlar ora num sentido, ora transformar em vapor e vai buscá-la sob a no outro. Este movimento acontece tam forma de calor. O segundo é o de que um bém 2450 milhões de vezes por segundo. líquido evapora-se a uma temperatura O componente mais importante do for mais baixa quando a pressão é, por sua no de microondas é o magnetrão, o dispo vez, mais baixa. Qualquer líquido que se sitivo que gera as microondas. Foi criado evapore facilmente a temperaturas baixas em 1940 em Inglaterra, mas foi a Raytheon é um refrigerante, ou agente de arrefeci mento, em potencia. E é possível fazê-lo Company, dos EUA, que, no princípio dos vaporizar-se e liquefazer-se alternadamen anos 50, se apercebeu das aplicações do te, obrigando-o a circular numa tubagem mestiças que este invento poderia ter e pa tenteou um "aparelho de aquecimento die em que a pressão seja variável. Na maioria léctrico de alta frequência". Os pequenos dos frigoríficos domésticos, o refrigerante é um dos compostos artificiais, denomina modelos domésticos foram aperfeiçoados dos clorofluorocarbonos (CFCs). na América em finais da década de 60. Os tubos no interior do frigorífico são largos, a pressão é baixa e o refrigerante Ferver até transbordar. Quando se vaporiza-se. Oeste modo, o tubo mantémaquece agua num copo num forno de mi se frio c retira o calor aos alimentos. croondas, a temperatura pode subir ulé I Im motor eléctrico aspira o gás frio da ]10"C sem que a água (ema. Isto acontece tubagem do interior do frigorífico, compri porque as microondas aquecem a água no me o - o que o aquece - e envia-o à centro sem aquecerem o copo. peto que u tubagem exterior, na parte de trás do trigo água em contacto com o vidro está abaixo rífico. 0 ar em torno destes tubos absorvedo ponto de ebulição. Como as bolhas de oapor na água a ferver se formam principal -lhes o calor, fazendo com que o gás se condense novamente em líquido, ainda a mente sobre as irregularidades do recipien uma pressão elevada. te, não se dá a ebulição. Mas se deitarmos café solúvel na água, formam se bolhas em Depois, um tubo de diâmetro muito pe redor dos grânulos, e o liquido borbulha e queno, o tubo capilar, reconduz o líquido transborda. sob pressão para o interior do frigorífico;
COMO SE CONSERVAM OS ALIMENTOS O arrefecimento dos alimentos no fri gorífico retarda a acção de dois dos principais causadores da sua deteriora ção: o desenvolvimento de bolores e bactérias e a decomposição química. Num frigorífico doméstico, a tempe ratura é mantida entre 1 e5°C — tempe ratura suficientemente baixa para man ter frescos durante uma semana a maioria dos alimentos que utilizamos. O crescimento dos organismos causa dores decomposição é retardado, mas asdatemperaturas baixas não cies troem esses organismos. A decomposi ção química é também retardada de modo idêntico, mas não completa mente anulada. A temperatura do congelador do mestiço ronda os - lo"C. o que preser va os alimentos até um ano.
aqui o tubo alarga e o gás vaporiza se nova mente, reiniciando-se o ciclo. A refrigeração desenvolveu se no século estimulada pela necessidade de se ob terem fornecimentos de carne das grandes pastagens da Austrália, Nova Zelândia, América do Sul e Oeste Norte-Ainericano para os principais mercados da Europa e do Leste da América do Norte. lima das primeiras pessoas a descobrir e aplicar o princípio da refrigeração foi um tipógrafo, James Harrison. Ao limpar OS caracteres de metal com éter. verificou o efeito refrescante que este tinha sobre o metal - o éter é um líquido com ponto de ebulição muito baixo que se evapora fácil mente. Harrison deu aplicação prática á sua descoberta no edifício de uma fábrica de cerveja em Bendigo, Vitória, em 1851, fazendo circular éter numa canalização própria para refrescar o ambiente. A ideia de Harrison levou á primeira via gem coroada de êxito com um equipa mento frigorífico a partir da Austrália: a do navio Strathleven, com um carregamento de carne para Londres em 1880 - viagem que demorava dois meses. O primeiro frigorífico doméstico foi cria do em 1879, quando o engenheiro alemão Karl von Linde modificou um modelo in dustrial que desenhara seis anos antes (> refrigerante era o amoníaco que circulava por acção de uma pequena bomba a va por. Os pioneiros dos frigoríficos eléctricos foram os engenheiros suecos Balzer von Platen e Cari Munters, com o seu modelo Eiectrolux de 1923, que utilizava um motor eléctrico para accionar o compressor.
COMO FUNCIONA LM FRIGORÍFICO O CFC vaporiz a-se no tub o largo
T ubo capi lar
O CFC liqufifaz-S6 \ -, sob pressão ~~""'* ' •/ elevada
O ar quente no interior do frigorifico sobe e é arrefecido à medida que o calor lhe é reti rodo pelo refrigerante contido na secção larga da tubagem. O refrigerante transporta o calor, que é depois radiado para 0 um biente na serpentina por trás do frigorífico 25
Porque se cozinha tão depressa numa panela de pressão Quando cozemos batatas numa panela vulgar, o tempo de cozedura c de 20 a 30 minutos. Mas numa panela de pressão ti carão cozidas em 4-5 minutos. Porquê? Na panela vulgar, a água ferve a 100"C, e por muito que a aqueçamos, a temperalu ra da agua nunca subirá - apenas produ zirá mais vapor. Mas a panela de pressão tem uma lampa que veda hermeticamen te; assim, o vapor que se produz quando a agua ferve acumula se no seu interior, au mentando a pressão e aumentando por tanto 0 ponto de ebulição da água. Com uma temperatura de cozimento mais ele vada, o tempo de cozedura é reduzido. Na
tampa, existe um respiradouro sobre o qual é colocado um peso. Esle tapa o respi radouro, mas levanta quando o vapor no interior atinge a pressão desejada. Existe também na tampa uma válvula de segu rança que liberta a pressão se o peso do respiradouro não subir quando ê atingida a pressão pretendida. A panela de pressão doméstica evoluiu a partir de um "digestor a vapor" paten teado em Inglaterra pelo físico francês De nis Papin em 1679. A panela actual trabalha à pressão de I kg/cm2, cerca do dobro da pressa.» atmosférica normal, e, por este motivo, ,i água ferve a 122°C.
IMPOSSÍVEL UM BOM CHA NO IOPO DO EVERESTE ...
A água ferve quando começa a Iransfor mar-se em vapor. As bolhas são causa das pelo vapor que sobe d») fundo do recipiente para a superfície. A temperatura de 100°C que é dada como o ponto de ebulição da água só é correcta ao nível do mar. A medida que subimos, a pressão atmosférica desce, provocando igualmente a descida do ponto de ebulição da água. Tanto na pa nela vulgar como na de pressão, o tem po de cozedura aumenta.
E isto responde á pergunta: por que razão não se consegue beber um bom chá no topo do F.vereste? O cume do monte Evereste encontra se- a quase 9000 m de altitude, e a prés são atmosférica é aí menor que um terço da pressão ao nível do mar. A água ferve a 70°C apenas: esta temperatura não é suficiente para extrair das folhas do chá a sua melhor fragrância, pelo que o resultado nunca poderá ser um bom chá.
Remédio para o calcário das panelas As pessoas que têm em casa água canali zada, que e calcaria por provir de regiões em que o solo possui rochas calcárias, aca bani com parle destas rochas depositada nas suas panelas e cafeleiras. Quando a água da chuva é filtrada atra vés de um terreno calcário, dissolve se nela uma parte desse mineral. Ao ferver se a água, o calcário e separado da solução e deposita-se na panela. I Ima água calcária faz-se ainda sentir de outra forma: o sabão não produz muita espuma. Em vez de dissolver o sabão e fa zer espuma, a água reage com os COITlpO nentes químicos do sabão agua e forma flocos insolúveis. K a chamada "dura". Aparecem igualmente manchas de cal cario nas banheiras e lavatórios e em redor das bicas das torneiras. Os depósitos de calcário nos recipientes podem ser removidos pelo vulgar vinagre ou por produtos comerciais adequados, contendo, por exemplo, uma solução concentrada de ácido fórmico, O ácido dis 26
solve o calcário, fazendo-o fervilhar en quanto liberta dióxido de carbono. Em algumas caldeiras e sistemas de aque ci ment o d e águas, a dureza da água pode ser mais do que um simples incómodo: o calcá rio deposita-se nas paredes interiores dos canos e reduz o débito da água. Nas caldeiras, forma nina barreira que impede a transferência efi ciente do calor, enca recendo muito o aquecimento. Por isso, a água leni de ser "amaciada" antes de entrar nos circuitos de aquecimento. Nas estações do abastecimento de água ê possível diminuir lhe a dureza por pro cessos químicos, tratando-a, por exemplo, com cal apagada e carbonato de séxlio.
Flor de pedra. Cristais de carbonato de cálcio em fornia de flor (em cima) ligam as 'pétalas", formando o deposito calcário no interior das panelas e caldeiras. De compo siçãa química idêntica são as estalactites (ao alto) que pendem do tecto das grutas calcarias.
Os "girinos" na sua máquina de lavar O segredo de Iodos os pós de lavar é um produto químico que torna a água mais '"molhada". Curiosamente, a água por si só não é muito eficiente em "molhar" as coi sas devido à sua tensão superficial, que lhe confere uma espécie de pele e é causada pela atracção das moléculas do interior da água sol ire as da ca ma da superficial. A adição de um detergente à água enfra quece as forças intermoleculares e reduz a tensão superficial, o que permite à água espalhar-sc mais facilmente e molhar me lhor as coisas. A água de lavagem, mais "molhada", consegue penetrar mais facil mente nas libras dos tecidos e retirar delas as sujidades e gorduras. 0 ingrediente activo dos detergentes que não contém sabão é um derivado do petróleo, um alquilbenzeno, tratado com ácido sulfúrico e soda cáustica. Podemos imaginar as moléculas do de tergente como pequenos girinos, com uma cabeça e uma cauda. As cabeças são atraídas pelas moléculas da água — sáo hidrófilas, isto é, gostam da água. porque as moléculas da água têm uma pequena carga positiva, ao passo que as "cabeças" de detergente sáo eleetricamente negati vas. As caudas, por seu lado, são hidrófo bas (não gostam da água). Quando se mergulha a roupa suja numa solução de detergente, as caudas das moléculas agarram se á sujidade gor durosa das fibras, pois são quimicamente semelhantes a gorduras. Alem disso, pene iram entre as libras, soltando a sujidade. Por outro lado, as partículas de sujidade, ao atraírem as caudas, ficam totalmente revestidas por uma camada de cabeças hi drófilas - tal como minúsculos balões — e flutuam na água. A agitação da roupa ajuda assim a libertar a sujidade. Os pós de lavagem sáo uma mistura de até 10 ou mais ingredientes, entre quais o detergente básico e um branqueador. Os pós de lavagem biológicos diferem dos outros detergentes por conterem enzi mas, um tipo de proteínas produzidas pe las plantas e animais. Os enzimas actuam comopara catalisadores, ou activadores quími cos, ajudar a decompor as nódoas que contém proteínas, lais como sangue, transpiração e molhos de carne. Os enzi mas provocam a decomposição química das outras proteínas, enquanto os deter gentes normais actuam fisicamente. Dado que as nódoas de proteínas sáo derivadas de seres vivos, os detergentes que. actuam sobre elas são chamados biológicos.
ÁGUA MAIS 'MOLHADA" PARA LAVAR A ROUPA A água nào molha bem os objec tos porque as suas moléculas se juntam, produzindo tensão su perficial. Os alfaiates conseguem assim "andai" sobre a água. Ao juntar um detergente a uma gota de água, esta perde a forma este rica (a esquerda), deuiao à redu çôo da tensão superficial. Os detergentes rernouem as gor duras porque as ajudas das suas moléculas se ligam às partículas de gordura. As cabeças das molé culas sao atraídas pela água, e\ pulsando as partículas gordas do tecido tiuando se agita a roupa. As fracas cargas eléctricas do de tergente impedem as partículas de gordura de se unirem Tecido (ú esquerdai com partículas de gor dura entre as fibras. Durante a lavagem,
Pasta de de nt es — de giz e algas As pessoas que lavavam os dentes nos meados do século xix usavam provável mente pós dentífrtcos contendo coral moí do, osso de choco, casca de ovo queimada ou porcelana. Por vezes, esles pós conti nham ainda um corante vermelho obtido dos corpos das cochonilhas. As pastas dentffricas actuais — brancas, de cor ou às riscas — contem dez ou mais
ingredientes. Uns deslinam-se â limpeza
ou à protecção dos dentes, outros confe rem o sabor à pasta, outros fazem a ligação da massa, outros ainda facilitam a sua saí da do tubo
0 ingrediente principal da parte branca
da pasta é giz finamente moído (carbonato de cálcio) ou outro pó mineral como o óxido de alumínio. Estes pós são ligeira mente abrasivos e ajudam a remover a pla ca dentária, película que se forma constan temente sobre os dentes e que é composta por muco, partículas de alimentos e bacté rias. Ás vezes, para tor nar a pasta mais bran ca, junta-se também > um pouco de óxido de titânio em pó.
As pastas de gel
transparente ob têm as suas caracte rísticas abrasivas por meio de com postos transparen tes de sílica, a que frequentemente se adiciona um co rante. Os ingredientes de limpeza e poli mento são combi nados com água, formando uma pasta espessa gra ças à adição de um agente de ligação e espessamento
como o alginato,
substância extraída das algas marinhas.
Enchimento dos tubos. Os tubos oazios são enchidos mecanicamente: recebem quantidades exaCtOS da pasta, depois do que são vedados na extremidade
Pasta às riscas. As riscas de cor contêm flúor ou elixir.
dois processos A introdução dasnariscas. de pôr as riscas pasta. NoIlãrecipiente grande (ã esquerda), a pasta branca e a colorida são introduzidas separadamente e combinam-se quando se espremem para o exterior. No tubo tradicional (ã direita;, a pasta de cor encontra-se num anel perto da extremidade e sai através de orifícios. fazendo assim riscas na pasta branca.
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"Pasta dentífrica branca Pasta dentífrica de cor
Junla-se ainda um pouco de detergente para criar espuma e contribuir também para o processo de limpeza. Para que fique agradável ao paladar, a pasta é geralmente adoçada com óleo de hortelá-pimenta e mentol. Inclui se também um humectante como a glicerina, a fim de evitar que a pasta seque. Além disso, na maioria, as pastas clenlífricas actuais contém flúor, que ajuda a fortalecer o esmalte dos dentes, e por vezes o bactericida formaldeído.
Como se fazem as riscas
Algumas pastas dentífricas apresentam o flúor ou o elixir sob a forma de riscas. A iiiislura de limpeza é normalmente branca, enquanto o flúor ou o elixir são frequentemente um gel transparente azul ou vermelho. As duas pastas são prepara das separadamente. Os tubos são enchi dos, como sempre, pela parle larga, que depois c dobrada e vedada. As duas pastas contêm cores que não se misturam, e as respectivas massas também não se mistu ram, de modo que. ao espremer se o tubo. sai a pasta branca com riscas de cor.
Como se dá o fio às lâminas de barbear Todas as 24 horas. 25 000 pêlos crescem até cerca de meio milímetro na face do lio mem adulto. A moderna lâmina de barbear. perfeitamente afiada, permite um barbear escanhoado, suave; e seguro. Há milhares de anos que o homem se barbeia, lendo usado para isso lascas de sílex, depois lâminas cie bronze e finalmen te de ferro. As primeiras navalhas de bar bear com fio de aço foram feitas em Sheffield em 1680. Mas a actual lâmina descar tável surgiu apenas em 1901, com King Camp Gillette e William Nickerson. A lamina de barbear inicia a sua vida como um rolo de fita de aço contínua, com uma espessura aproximada da do pêlo que irá cortar. O aço é uma liga com cerca de 13"» de crómio, que lhe confere maior dureza e resistência à corrosão. A dureza é ainda aumentada com o aquecimento do aço e a sua imersão num líquido de arrefecimento. O fio de corte é produzido por afiação. A fita de aço passa por três conjuntos de ro das de afiar, cada uni deles afiando mais que o anterior. As rodas estão montadas em ângulos diferentes, a fim de produzi rem a secção de fio chamada de arco góti co (curva), forma mais forte que a de uma cunha de rampas direitas. O índice de afia mento da lâmina exprime-se como o raio
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Gillette e a máquina de barbear
e não fosse a invenção do amorica no King Camp Gillette (1855-1932), é possível que, ainda hoje, os homens se barbeassem todas as manhãs com as velhas navalhas de barba. Caixeiro-viajante de ferragens no Centro Oeste Americano, Gillette barbeava-se certa manhã, em 1895, quando achou que a sua navalha não era eficien te nem segura. Reparou que só uma pequena parte da lâmina era utilizada v como era pe rigoso tal instrumento -
cabo e cabeça regulável. As lâminas de aço ao carbono tinham a garantia de se manterem afiadas por 20 barbas e eram vendidas em pacotes de 12. Gillette criou a Safety Razor Company e-patenteou a sua máquina de barbear em 1901. As primeiras máquinas surgi iam nos Estados Unidos em 1904. Vendi das em ourivesarias, farmácias e lojas de ferragens, bem como nos novos armazéns de retalho, a máqui na c as lâminas apresenta vam se em conjunto den
que podia, literalmente, cortar a garganta de um homem. Homem ocupado, Gillette não gostava de desperdi çar o seu tempo a amolar a navalha. Porque não criar uma lâmina que nunca tivesse do ser afiada, que tivesse o tamanho certo para barbear a cara de um homem o que fosse suficientemente barata para ser deitada fora quando já não cor tasse7 Gillette lembrou se ainda das pa lavras do seu antigo patrão, Wil liam Painter, um inventor e homem de negó cios que pensava que, se se produzisse um artigo que as pessoas
citaria em jornais e re vistas para homens nos EUA e na Europa para dar f^ a conhecer ao público o novo invento. Km 190(5, as ven das atingiam as 90 000 máquinas e os 12 milhões de lâminas. Gillette tornou-se rico e famoso. Ain da hoje. o seu rosto é conhecido de mui
pudessem deitar fora depois de usar, elas procurá-lo-iam
tos, pois,nasatéembalagens há pouco, das o seulâminas. retrato figurou
Gillette e o mecânico William Nic kerson aperfeiçoaram a lâmina de bar bear de segurança de dois gumes, que se aplicava num suporte especial, com
O desenho da chamada "gilete" e da sua lâmina não sofreu praticamente al terações desde o início; actualmente, muitas máquinas de barbear são de plástico e elas próprias descartáveis.
sempre.
Corte em molhado e a seco. Um pêlo da barba cortado por uma lâmina em mo lhado (à esquerda) apresenta uni coife muito mais regular que o feito por uma máquina eléctrica (à direita). Cm pêlo seco é tão difícil de cortar como um fio de cobre da mesma espessura.
trodas de um estojo. Os cabos primeiras máqui nas levavam um ba nho de prata, e os dos modelos mais caros, mi banho de ouro. Mas as vendas iniciais revelaram-se desan ima doras. e a empresa promoveu uma
campanha publi
da curva do fio visto em secção: cerca de cinco centésimos milésimos de milímetro Depois de afiado, o fio e polido por ro das de couro. Mas, à escala microscópica, o fio é ainda áspero e. devido â fricção, poderá repuxar os pêlos e provocar cies conforto. Para proteger o fio e reduzir a fricção, a lâmina recebe três banhos suces sivos: um de crómio, outro de cerâmica e outro de PTFE, substância mais conhecida corno revestimento não aderente de pane las e frigideiras. O crómio confere resistem cia â corrosão, a cerâmica reduz o desgaste o o PTFE produz a lubrificação. Cada um destes revestimentos tem uma espessura inferior a um centésimo milési mo de milímetro. A lâmina aplica-se num suporte com um cabo, cómodo de manusear, e com uma cabeça que pode ser ajustável e abre para receber a lâmina. 29
Como o aço inoxidável foi descoberto por acidente O aço inoxidável foi descoberto por aciden te em 1913 pelo metalúrgico britânico liam Brearley. Este Fazia ensaios com ligas de aço que pudessem ser utilizadas nos canos de espingarda. Mais tarde, verificou que, en quanto a maioria das ligas que rejeitara ti nham enlerrujado, o mesmo não aconle cera .1 ama liga que continha 14% de cro mio. Esta descobe rta levou â criação do açi > inoxidável. O aço vulgar enferruja porque
reage com o oxigénio do ar. produzindo óxidos de ferro avermelhados. Outros me tais, como o alumínio, o níquel e o crómio, reagem também de forma idêntica, mas os respectivos óxidos formam uma camada .superficial impermeável, impedindo que o oxigénio reaja com o metal no seu interior. Na liga de Brearley, o crómio formou uma placa semelhante protegendo o metal da oxidação. Hoje. fabrica-se uma diversidade
de aços inoxidáveis, lima das ligas mais vulgares contém 18% de crómio o 8% de
níquel
pelo qu e é conh ecida por 18:8 —
e é utilizada «MM lava-louças. por exemplo. As taças de cozinha são fabricadas com uni aço contendo |.'j"n de crómio. Juntando uma pequena percentagem do metal mo libdénio, obtém se uma liga ainda mais re SÍStente à corrosão que é utilizada no revés timento de edifícios.
Poria para o Oeste. (> mau» ano do Mundo é 0 monumento à expansão americana para oeste, em St Louis, Missuri. Tem \S2 m de alttiiu e 192 m de Uáo. Uma tal construção SÓ podia ser feita de aco iuoxiduicl.
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Grandes proezas de organização
Desde a regulação do trânsito num a cidade até à organização dos Jog Olímpicos ou à montagem de automóveis — há tantas coisas que
achamos naturais e que nos parecem simples... até descobrirmos o que se passa nos bastidores.
Como lidam os aeroportos com milhões de passageiros? Um aeroporto é um organismo vivo com urna função principal: manter o sangue que o alimenta — os seus passageiros fluindo livremente através das suas veias e artérias. 0 número desses passageiros é astronómico e cresce rapidamente. Em 1986, os 37 aeroportos mais movimenta dos do Mundo foram utilizados, no seu conjunto, por um total de 740 milhões de pessoas. Em todo o Mundo, os aeroportos gastam anualmente 750 milhões de con tos para que os seus passageiras se sintam satisfeitos.
Os "Jumbos" Veja-se o aeroporto mais movimentado do Mundo, o 0'Hare, em Chicago, utilizado por 50 companhias aéreas. Passam por ele 55 milhões de pessoas por ano, o que re presenta 6700 passageiros por hora. Cerca de 2200 aviões utilizam diariamente o 0'Hare. Quando diversos Jumbos aterram a minutos uns dos outros, milhares de pes soas saem deles quase simultaneamente, provocando congestionamentos que afec tam os planos e as disposições dos passa geiros, destroem a confiança e minam os lucros do aeroporto. As avarias e as greves produzem os mesmos efeitos. Quando uma greve de controladores aé reos em Espanha coincidiu com o início das férias grandes em França, em Junho de 1988, dezenas de milhares de passageiros ficaram retidos em aeroportos por toda a Europa. Só em Manchester, 16 000 turistas em férias tiveram atrasos de até sete ho ras — e um grupo de pessoas que se dirigia para a Grécia partiu finalmente depois de uma espera de 21 horas. Foram chamados palhaços e malabaristas para entreter mi lhares de crianças. As bagagens são uma questão impor tante na organização dos aeroportos. Se guem separadamente dos passageiros, em parte por razões de segurança, em parte porque são alojadas noutra secção do aparelho. A missão do chamado pes soal de handling é assegurar que as ma las tenham o mesmo destino que os res pectivos donos. No terminal da United Airways em 0'Hare, as etiquetas de baga gem, codificadas por computador, são li das por laser, e os distribuidores automá ticos processam 480 peças de bagagem por minuto, contra as 7õ que poderiam ser processadas à mão. A zona de distri buição da bagagem tem a área de seis campos do futebol. Esperando ordens. Cada Jumbo que aterra no Aeroporto J. F. Kennedy. de Nova Iorque, chega a desembarcar 500 passagei ros. Segue-se a espera para o próximo LHX).
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Prontos para o embarque. Jactos de passageiros encostam às fontes do terminal do Aeroporto de Frankfurt — o principal da Alemanha e um dos 37 mais movimentados do Mundo, que, no seu conjunto, processam 740 milhões de passageiros por ano.
Com as crescentes dimensões e com plexidade dos aeroportos, os problemas multiplícam-se. Quanto mais pessoas pas sam por um aeroporto, mais espaço é pre ciso, tudo leva mais tempo e mais frustra dos se sentem os passageiros. Com a ex pansão dos parques para automóveis, por exemplo, tem de se proporcionar aos pas sageiros meios adicionais de transporte para os levar dos seus carros até aos termi nais do aeroporto. Mais aviões exigem mais portas de embarque e mais terminais e mais quilómetros de corredores. As dimensões dos aeroportos tornam -se assustadoras. Enquanto uma grande
localiza um deles, podem ter que andar a pé uma enorme distância para chegar até lá, No maior terminal do Mundo - o do Aero porto de Hartsfield Atlanta, na Geórgia, EUA —, a área coberta atinge mais de 24 ha. Cada terminal acaba por assemelhar se a uma pequena cidade, com o seu exército próprio de bagageiros, de pessoal de lim peza, de enfermagem e administrativo, empregados das lojas, dos restaurantes e da manutenção. O Terminal 3 do Aeropor to de Heathrow, em Londres, que movi menta a maioria dos voos de longo curso, tem 3000 empregados. Mas para se manterem activos, todos os
estação de ferroamericano, cobre cerca de 3,5 ha,deo caminho maior aeroporto o de Dallas-Fort Worth, cobre 7000 ha. Em 1988, os seus quatro terminais movimen taram mais de 44 milhões de passageiros. Mas mesmo este enorme aeroporto pa rece pequeno se comparado com o maior do Mundo, o Aeroporto Internacional do Rei Khalid, na Arábia Saudita, com os seus 23 (iOO ha, mais de quatro vezes a área da Bermuda. Ao chegarem a um aeroporto, os passa geiros encontram á sua disposição uma vasta gama de serviços que, por vezes, os confunde, e, quando descobrem onde se
terminais acabam por teraodeterminal ser moderni zados, como aconteceu 3 de Heathrow entre 1987 e 1990. A sua remode lação teve de ser planeada por forma a cau sar o mínimo de transtorno ao pessoal e aos seus 0 milhões de passageiros anuais. Contudo, novas tecnologias permitirão atender mais pessoas com as instalações existentes. Tapetes rolantes para passagei ros, tratamento computorizado das baga gens, comboios automáticos para trans porte das pessoas desde os parques de au tomóveis — todas estas inovações sedesti nam a tornar mais aprazíveis as viagens aéreas.
A vigília constante para evitar que os aviões choquem Apesar da acumulação crescente de aviões no espaço aéreo mundial, a viagem por ar está a lornar-se efectivamente mais segura Nos EUA, o número de viajantes por ar subiu de 315 para 460 milhões entre 1980 e 1987. No mundo ocidental, o tráfego aéreo cresce cerca de 20% por ano. aumentar as Parece assim que deveriam probabilidades de colisões no ar, mas em cada ano o índice destes acidentes di minui. Nos EUA, houve 1,72 mortes por 100 000 horas de voo em 1978 e 0,92 ern 1986. Por outras palavras, um avião teria de voar 24 horas por dia durante quase 12 anos para que morresse uma pessoa. Contudo, o sistema revela sinais de can saço. Em 1987, os quase acidentes nos EUA ocorreram à razão de três por dia - o do bro dos de 1984. Em 8 de Julho de 1987, por exemplo, dois Jambos americanos am bos a caminho dos EUA com um total de quase 000 pessoas a bordo — passaram a menos de 30 m um do outro por sobre o Atlântico. Os números correspondentes na Europa mantêm-se estacionários, mas alguns peritos temem que o quadro ameri cano se repita aqui à medida que o tráfego aumenta. A responsabilidade de assegurar que os aviões não colidam no ar pesa inteiramen te sobre os ombros dos controladores de tráfego aéreo. E com o aumento do núme ro de voos, aumenta constantemente o vo lume do trabalho. Nos EUA, a federal Aviation Administralion emprega 15 500 con troladores aéreos - quase exactamente o mesmo número que em 1980. Os principais locais de perigo são os próprios aeroportos, pois 90% de todas as colisões e quase colisões entre aviões dáose quando estes sobem depois da desço lagem, descem para aterrar ou circulam aguardando autorização para aterrar.
As regras do ar As regras do tráfego aéreo há muito que se encontram estabelecidas. O espaço aéreo está dividido em zonas de controlo (fír's) em que existem corredores aéreos, nos quais cada avião voa no interior de um pa ralelepípedo teórico. Nos corredores entre Nova Iorque e Londres, por exemplo, os aviões estão separados por espaços de 2000 pés (610 m) na vertical e 60 milhas marítimas (110 km) na horizontal. Os controladores têm de assegurar que, durante o voo, cada avião seja entregue de uma zona de controle à outra, mesmo so brevoando o oceano.
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Antes de descolar, cada avião entrega um plano de voo, que é actualizado em prínl outs do computador durante o voo. Os controladores de tráfego monitorizam a viagem a partir destes printouts. Cada avião emite um sinal identificativo que é visto no radar. Quando um aparelho se aproxima de um aeroporto movimentado com inten ção de aterrar, é dirigido para um ponto de referência por sobre um radiofarol, em ge ral a várias milhas de distância. E lhe então atribuída uma rota de voo própria que o conduz à pista. Contudo, durante perío dos de ponta pode acontecer que o núme
to com os centros de controle de tráfego serão monitorizados por satélite. Todos os planos de voo e ajustamentos de horários serão actualizados automaticamente. O sa télite dará também informações sobre as hipóteses de congestionamento. Um computador a bordo detectará ou tros aviões na vizinhança e dará ao piloto,
ro dos àquele aviões que que oquerem aterrar é su perior aeroporto comporta. Em certos países, os aviões recebem or dons para voarem em círculos concêntricos - mas a diferentes altitudes — sobre o ponto de referência, num padrão de espe ra. Os controladores fazem então aterrar os que voam a altitudes mais baixas, determi nando em simultâneo que os restantes aviões diminuam a sua altitude de voo à medida que os outros vão aterrando. Nou tros países, os aviões não são autorizados a iniciar o seu voo antes de terem garantido o respectivo espaço de aterragem. Nos EUA, alguns aeroportos retiram lu cros destas esperas, permitindo que os aviões de companhias que pagam mais passem à frente dos das outras. Teoricamente, o controle (\o tráfego aé reo é um sistema de fiabilidade comprova da. Mas, à medida que as exigências se acu mulam, os problemas multiplicam-se. Na sua maioria, os sistemas computorizados actuais estão obsoletos, e os controladores de tráfego, dirigindo dezenas de voos, tra balhain sob pressão crescente. 0 relatório sobre o desastre de um avião durante uma trovoada no Aeroporto Dallas-Forl Worth, no Texas, em 1985, demonstrou que os controladores de tráfego aéreo recebiam uma chamada em cada quatro segundos. Esta carga de trabalho foi, no entanto, des crita como moderada. Através da Europa, os sistemas compu torizados de cada país são frequentemente incompatíveis entre si. Aumenta assim a probabilidade de os erros surgirem e pas sarem despercebidos. A forma de preservar e aumentar a segu rança é recorrendo à computorizaçào. A Federal Aviation Administration, dos EUA. está a planear uma revolução no controle do tráfego aéreo, com um custo de perto de 20 000 milhões de dólares. O novo sistema quadruplicará a capacidade pela utilização de computadores, cuja capacidade é qua tro vezes superior â dos anteriores e que são oito vezes mais rápidos. O sistema sugerirá aos aviões manobras de escape sempre que verificar que dois aparelhos se encon tram em rota de colisão. Os visores de radar serão a cores e terão informações sobre o estado do tempo. Os aviões fora do contac
Controlar o tráfego aéreo é como jogar xa drez a três dimensões. Se se tiver cuidado e mantiver a calma e a lucidez, nada acnnte cera. As acções constam todas dos ma nuais e instruções de procedimentos, e há computadores que ajudam a planear cada uma delas e a prever as suas consequên cias. Nada devia correr mal. Só que, às ve zes, corre. Km 2G de Novembro de 1976, um con trolador de tráfego aéreo em Cleveland, Ohio, acabara de entrar de serviço. Obser vava o seu radar havia apenas 55 segundos quando se apercebeu de que estava em presença de um desastre iminente. Um DC 10 da American Airlines, proce dente de Chicago e voando para leste com 194 pessoas a bordo, subia para a posição que lhe fora atribuída, a 37 000 pés. Um Jumbo da TWA, dirigindo-se para oeste com 114 pessoas, voava a 35 000 pés. O controladorseapercebeu-se que rota os dois aparelhos encontravam de numa de colisão, colisão essa que ocorreria dentro de poucos segundos.
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em voz sintetizada, instruções para não-colisão. Outro computador tratará as subi tas alterações na direcção do vento, que podem provocar desastres quando o avião desce para aterrar. Assim, o céu pode vir a tornar se mais congestionado, mas será mais seguro pelo menos por uma ou duas décadas.
Como são escolhidos os controladores de tráfego aéreo
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Reagindo imediatamente, fez uma cha mada urgente para o DC-10: "AA 182, Cle veland, qual é a sua altitude?" A resposta do avião foi: "Atravessando os 34,7 (34 700 pés) neste momento. Con seguimos ver estrelas por cima, mas ainda estamos na zona das nuvens." Controlador: "AA 182, desça imediata mente para 33.0 CS.i 000 pés).» No cockpit do DC 10, O comandante Guy Eby reagiu instintivamente, empur rando para a frente a alavanca dos coman dos. O avião picou com um movimento de
revolver os estômagos, e os passageiros,
sem cintos de segurança, as hospedeiras e os carrinhos com os tabuleiros de comida "voaram" quando o chão lhes fugiu debai xo dos pés. Durante um breve instante, o comandante Eby viu o seu pára brisas ta pado com o Jumbo da TWA, passando mesmo por cima dele a uma velocidade combinada de 1600depois km hora. de voo mostraram que 0OsDCregistos 10 es lava a 14 m da altitude doJumbo quando mergulhou para se pôr a salvo.
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Controlando os caminhos aéreos. Sentados defronte dos visores de radar, os controlado res de tráfego aéreo no Aeroporto 0'Hare. de Chicago, seguem atentamente os aviões que aterram e levantam na área e estão em constante comunicação com os pilotos.
O incidente ilustrou as qualidades.
ideais de um controlador de tráfego aéreo: concentração, paciência, rapidez de decisão e unia aulori dade em que os pilotos possam confiar instantaneamente. Os candidatos a este lugar tem de ler uma boa forma física, boa visão, expressão verbal clara e habilitações que in cluam o inglês, a língua in ternacional da aviação. Durante <> curso, os futuros controladores de tráfego aprendem leis da aviação e teoria de meteorologia e ra diocomunicação, além das formalidades de comunica ção com os pilotos. Estudam em salas de aula e em simuladores, com sessões práticas em centros de controle e aeroportos. São depois colocados num aeroporto ou num centro de controle para fazerem um estágio sob orientação superior Quan do finalmente são considerados aptos, estão preparados para analisar e agir com base no enorme conjunto de informações em constante alteração nos visores de radar e de computadores. Um grande aeroporto como o de Frank furt trata uma média de 805 voos por dia
- um por minuto nas horas de ponta — ,e o
visor de radar do controlador pode apre sentar 25 imagens simultâneas, todas em
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Rastreio por nú meros. 0 oisor na sala de radares do Aeroporto Nacional de Wash ington atribui um número de voo a cada avião no seu espaço aéreo para que os res pectiuOS movimentos possam ser vistos e seguidos pelo radar. movimento e todas com pilotos aguardan do instruções. Mas não há capacidades intelectuais nem conhecimentos técnicos que dêem
controlador as características de per sonalidade necessárias para de sempenhar cabalmente a sua mis são. Assim, além de um tempera mento calmo e equilibrado, uma atenção viva e reacções rápidas, a dedicação e auto disciplina são também ca racterísticas indispensáveis, pois lrata-se muitas vezes de uma ocupação solitária envolvendo trabalho em turnos durante a noite. Em bora nos aeroportos peque nos os controladores consi gam ver os aviões a manobrar, nos grandes muitos deles estão permanentemente sentados em salas com iluminação difusa de fronte dos seus radares. Nunca vêem o avião e podem ler muito pouco contacto com outras pessoas. A conversa durante as horas de trabalho restringe-se muitas vezes as instruções da das nas frases formais necessárias para ga rantir clareza e rigor: "Roger. seven three
-two. Descend to three thousand feet on QNII one-zero two four." ('"Entendido, sele três-dois. Desça para três mil pés no QNII. um zero dois quatro".) Não se pode dizer que seja divertido. Mas o desafio, a responsabilidade e o salá rio compensador garantem que não haja falta de candidatos a controladores.
A caça permanente aos terroristas Ann Murphy, empregada doméstica irlan desa, de 32 anos, chegou ao controle de passageiros da El Al no Aeroporto de Healhrovv. em Londres, em 17 de Abril de 1986. Preparava se para voar para Israel, na convicção de que iria conhecer a mãe do seu noivo jordano antes de casar. Estava grávida de cinco meses. O noivo, Nezar Hindawi, disse-lhe que seguiria noutro voo, pois adquirira um bilhete através da empresa em que trabalhava. Ann Murphy entrou na bicha com os outros passageiros para embarcarwoJum
bo, que transportaria 375 pessoas para Te lavive. Um empregado da segurança fez lhe al gumas perguntas de rotina e passou a sua mala pela máquina de raios X, que nada mostrou de anormal. Depois despejou a mala e achou-a 'muito pesada para uma mala vazia". Aler tado por esle peso suspeito, puxou pelo fundo da mala e descobriu um comparti mento secreto contendo 1,5 kg de explosi vo plástico. Uma calculadora de bolso no meio das roupas de Ann continha um relõ
Convite para a mort e. Sem o saber, a irlan desa Ann Murphy (em cima. à esquerda) linha na mala uma bomba de relógio. Fora colocada pelo seu noivo jordano, Nezar Hindawi (em cima, à direita), que mais lar/te foi condenado o 45 anos de prisão por tentar fazer explodir o avião com os seus 375 DOS
saleiros Entre as provas apresentadas a julgamento (à esquerda), figuravam uma pistola, balas, um saco. um passaporte e uma calculadora para detonar o explosivo. 35
nhias aéreas poderão introduzir a "etique tagem oculta" o tratamento dos unifor mes, dos veículos e dos passes com um produto químico detectável apenas por equipamento especial de leitura. Radiografia das bagagens As máquinas de raios X de baixa intensida de, vulgares na década de 70, têm sido aperfeiçoadas com circuitos transistorizados a fim de fornecerem imagens suficien temente nítidas para poderem detectar fios eléctricos mais finos que um cabelo hu mano. Mas as verificações por raios X são ape
nas tão aeficientes os guardas que as fazem: maioria quanto das pessoas aperceber-se-ia de uma pistola vista de lado - mas vista de frente será mais difícil de reconhe cer. O explosivo plástico — como o Semtex checoslovaco — é invisível aos raios X. A pilha, os detonadores e os fios utilizados para a explosão podem ser facilmente in corporados numa calculadora, como no caso da El Al, ou num aparelho de rádio, como no desastre da Pan Am. Olho perscrutador. Nos aeroportos de todo o Mundo oerificam-se as bagagens por meio de raios X. Nesta fotografia, um monitor de raios X reoeta que a mala inspeccionada, além de óculos de sol e uma tesoura, contém uma pistola.
gio c um detonador que teriam feito expio dir a bomba às 13 horas, quando o avião voasse a 39 000 pés sobre a Áustria. Nezar Hindawi dera-lhe a mala — já contendo o explosivo sob o pretexto de que a dela era muito pesada e colocara
passageiros e tripulantes e II residentes da pequena cidade. Os crimes no ar, em particular os assal tos e a sabotagem, datam de 1930. quando pela primeira vez um avião foi assaltado — um avião das Linhas Aéreas Peruanas pira
Detectores de metais As máquinas que criam campos magnéti cos têm sido largamente utilizadas desde o princípio dos anos 70 na detecção de ob jectos de metal dentro das bagagens. Entre 1973 e 1980, só nos EUA descobriram 20 000 armas de fogo. Mas, para evitar que os alarmes dispa rem desnecessariamente, os operadores
nelaamigo. a calculadora, dizendo que era para um A caminho do aeroporto, Hin dawi pusera uma pilha na calculadora para armar a bomba. Terrorista palestiniano apoiado pelos Serviços Secretos Sírios, Hindawi foi apa nhado e condenado a 45 anos de prisão. Ann Murphy - que deu à luz a filha de ambos atites do julgamento foi descrita no tribunal como a vítima de "u m dos mais insensíveis actos de iodos os tempos!" 0 avião teria sido destruído no ar com todos os passageiros e tripulantes se não fosse a atenção vigilante do empregado da segurança e a perfeição do sistema de veri ficação de passageiros e bagagens da Kl Al. A El Al, a companhia de aviação israelita, tem fama de ser, no Mundo, a mais preo cupada com a segurança. Os passageiros têm de apresentar-se cerca de três horas antes da partiria e submeler-se a urna revis ta completa das suas pessoas. Toda a baga
teadodeno(iOO Peru. Desde então registaram-se mais incidentes, 90% dos quais de pois de 1968. Os piratas do ar pedem geralmente di nheiro, publicidade ou acção política. E os terroristas tratam as companhias aéreas como um símbolo da nação a cuja política
dessas baixam-lhes frequente mente amáquinas sensibilidade, aumentando assim o risco de deixar passar pequenas armas. Por outro lado, os detectores de metais podem vir a tomar-se obsoletos: os peritos em segurança temem que um dia seja pos sível construir armas de plástico.
Cada uma destas tragédias provoca nos aeroportos uma segurança mais apertada, mas a segurança terá sempre as suas limi tações. Enquanto novas ideias e novos pro gressos técnicos se sucedem, os responsá veis da segurança mantêm com os terroris tas um permanente jogo do gato e do rato. E há sempre um conflito entre a necessida de de segurança e a necessidade de pro cessar rapidamente o movimento dos pas sageiros. Embora as companhias não gostem de revelar pormenores, existem diversos ti pos de segurança nos aeroportos.
Etiquetagem de explosivos Alguns fabricantes de explosivos incluem "etiquetas" nos seus produtos - mi núsculos pedaços de plástico, de cores co dificadas, que revelam o local de srcem e a data de compra, permitindo assim ras trear os que os adquirem. Embora estas eti quetas apenas se tomem úteis após a ex plosão, a sua inclusão poderá dissuadir os terroristas ao tornar mais garantida a res pectiva detecção. Os acordos internacio nais poderão alargar o uso desta etiqueta gem.
gem é examinaria à mão. O pesadelo de um acto terrorista num avião lotado pende constantemente sobre todos os responsáveis pela segurança aé rea. É um pesadelo que às vezes se toma medonhamente real, como no caso rio Jumbo da Pan American que explodiu no ar sobre a cidade escocesa de Lockcrbie em 21 de Dezembro de 1988, matando 259
Fiscalização do pessoal Um aeroporto é uma área enorme que emprega milhares de pessoas e tem mui tos pontos vulneráveis. O pessoal de abas tecimento e de limpeza, por exemplo, já tem introduzido nos aviões armas e explo sivos. Para apertar a segurança, as compa
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se opõem.
Revista aos passageiros Quase todos os aeroportos revistam ac tualmente alguns dos passageiros e a sua bagagem. A El Al revisla-os a todos. Mas os responsáveis pelos aeroportos dizem que seria demasiado caro e demorado se cada companhia verificasse todas as pessoas e todas as peças de bagagem. As pessoas revistadas são habitualmente escolhidas
GRANDES PROEZAS DE ORGANIZAÇÃO ao acaso, a não ser que haja razões para suspeitar de determinado voo ou passagei ro. As revistas são agora apoiadas, como rotina, por questionários que incluem per guntas sobre quem fez as malas dos passa geiros e se alguém lhes pediu que trans portassem alguma coisa.
Percepção à distância Utilizam-se cães com faro educado para detectar explosivos, liem como diversos tipos de sensores de gases (v. p, 97). Nenhuma máquina ou animal, por muito sensível, consegue detectar explosivos ino doros ou hermeticamente fechados. Contu do, estão em progresso diversas técnicas. Uma delas é a radiografia por raiosgama, que atravessa as bagagens com radiações mode radamente radioactivas. Gerias frequências são parcialmente absorvidas pelo conteúdo, dando ao feixe de raios uma '"assinatura" que identifica os explosivos.
Outro dispositivo é o aparelho de análi se por neutrões térmicos, que bombardeia as bagagens com neutrões (partículas su batómicas) que reagem com 0 azoto utili zado na maioria dos explosivos, libertan do um gás detectável. As máquinas eslão a ser instaladas em certos grandes aeropor tos, especialmente para detectar explosi vos plásticos. Até que novos aparelhos sejam inventa dos ou aperfeiçoados, a melhor defesa contra os terroristas é a vigilância eficiente, mas feita com lacto, pois as buscas muito complelas conseguem tornar hostis até os passageiros mais pacientes. Foi o sentido de vigilância que levou os homens da segurança a descobrir a bom ba na mala de Anu Murphy, salvando as sim centenas de vidas inocentes. No futuro imediato, o melhor aliado do terrorista é o inspector de segurança abor recido e descuidado.
Refeições a bordo de um "Jumbo" Com uma lotação que pode ir até 400 luga res, uni Jumbo acomoda tantas pessoas como um hotel ou um hospital de tama nho médio. .Num voo intercontinental típi co, serve-se aos passageiros uma refeição de três pratos (com o prato principal à es colha), além do pequeno-almoço ou do lanche. Na maioria, as grandes companhias de aviação preparam os pratos em centrais de caleriny dos aeroporlos das suas cidades de srcem. O enorme centro de prepara ção e fornecimento de refeições da British Airways, cm Heathrow, Londres, tem no
seu quadro centena s de pessoas in Cluindo 80 cozinheiras — que preparam cer ca de 160 000 refeições por semana. Num dia típico, o centro abastece 30 voos de Jumbo. que poderão transportar quase 12 000 pessoas. As ementas são planeadas com três me ses de antecedência, mas há pedidos cons tantes de dietas especiais por razões de saúde, religiosas ou culturais. Podem Iam bém ser encomendadas refeições espe ciais para crianças até 24 horas antes da partida. Em Heathrow, a British Airways possui
SERVIÇO A BORDO No dia da partida, as necessidades de finitivas de refeições constam do ASPIC, o sistema automático do centro da Brilish Airways para o conlrolc da produção do fornecimento de comi da a bordo. Cerca de quatro horas e meia antes da hora da partida, o centro começa a preparar os tabuleiros. Os compo nentes, incluindo acepipes e sobre mesa preparados de fresco, pão, ta lheres e condimentos, são entregues a partir dos respectivos locais no edifí cio de quase 5 ha. Os processos de preparação dos pratos quentes variam conforme as companhias aéreas. Umas cozinham previamente os alimentos para serem reaquecidos na estufa ou em fornos de microondas a bordo. Nos voos da British Airways, as refeições são par cialmente cozinhadas e rapidamente congeladas para poderem ser depois terminadas nos fornos do avião e ser vidas logo que acabadas de cozinhar. Quando os tabuleiros estão prepa rados, são colocados 30 em cada um dos conhecidos carrinhos de trans porte com a largura da coxia e levados juntamente com os carrinhos de be bidas com as louças e talheres e ou tros artigos. O número total dos arti gos de cateríng de um Jumbo eleva se a 35 000. Todos eles têm de estar verificados e prontos para embarque duas horas e meia antes da parlida, para dar tempo a serem transportados para o avião. Falta agora uma hora para a par tida. Qualquer artigo de última hora — uma refeição es|)ecial para um passa geiro diabético inesperado, uni bolo de anos requisitado à pressa - é en tregue por camiào-frigorífico. A bordo, os três conjuntos de refei ções para as três classes são armaze nados nas respectivas cozinhas — ge ralmente, seis. No ar, a refeição é servi da conforme o fuso horário local. Os 15 elementos do pessoal de cabina tentam pôr os tabuleiros em movi mento imediatamente a seguir a estar pronto o principal prato quente. Recolhidos tabuleirostudo c colocados novamente nososcarrinhos, fica pronto para ser descarregado, no desti no, para os veículos docalering local.
Refeições a bordo. As refeições nos aviões, especialmente nas viagens de lon go curso, procuram ter o nível de um bom restaurante. O pessoal do centro de forneci mento de refeições da British Airwoys em Heathrow expõe o comida que vai ser servi da aos passageiros de um Jumbo.
também um centro de lavagem do equi pamenlo cie serviço utilizado a bordo, que é recolhido dos aviões logo que estes aterram. Este centro emprega lf>0 pes soas — mas apenas 130 na cozinha —, apesar da enorme automatização. Há um aparelho que pega nos talheres
- 90 000 peças por dia — por meio de
um íman.
No local de destino do avião, o ciclo rei nicia-se. No curto espaço de tempo em que O avião está pousado, é embarcada uma carga de ;},"> 000 artigos. Quando o voo tem duas ou mais escalas - Londres-
Abu Dabi-Singapura Sydney, por exem plo —. a companhia procura fornecer ementas diferentes para cada classe no percurso entre cada escala. A 800(1 m acima do solo, a mudança de ementa é a única coisa que distingue um
percurso do outro.
O mundo especial e arriscado do mercado de títulos Assim que se extinguiu o ruído dos ca nhões no campo de batalha de Waterloo,
levando sucessivamente a cada bolsa a sua hora de abrir, a onda varreu o Glo
cm a notícia da vitória aliados sobre1815. Napoleão foi levada por dos estafetas até ao banqueiro Nalhan Rothschild, em Ixin dres. Este financeiro, um dos fundadores da dinastia Rothschild, recebeu a notícia mais de 24 horas antes do primeiro-ministro britânico, Lord Liverpool. Rothschild sabia que o preço dos títulos do Governo Inglês subiria em flecha quan do a notícia fosse conhecida. Comprou por isso grandes quantidades desses títu los. 0 preço subiu durante os quatro dias seguintes, e Rothschild viu aumentar a sua já considerável fortuna. Hoje em dia, as organizações financei ras de todo o Mundo estão interligadas por comunica ções electrónicas, e os acon tecimentos são conhecidos em toda a parte quase ime diatamente. Os mercados de títulos do Mundo agem qua se uníssono, um de lesem reagindo semcada demora às notícias que recebe dos outros. Exemplo dramático foi a quebra verificada no merca do de títulos na segunda-feira li) de Outubro de 1987, que se transmitiu como uma onda de choque à volta do Mundo, à medida que cada bolsa ia abrindo para um novo dia de trabalho. A Bolsa de Nova Iorque sofrera uma queda brusca na sexta (eira anterior, seguindo-se um fim-de-semana efervescente de pânico financeiro. A Bolsa de Sydney abriu as portas na manhã de segunda-feira en quanto grande parte do Mundo dormia ainda. Os
bo — Hong Kong, Singapura, as bolsas da Kuropa, e Nova Iorque outra vez. Os valo res das empresas americanas desceram mais de 500 biliões de dólares antes de o dia terminar. A "Segunda-Feira Negra" veio chamar a atenção para o mercado de títulos de pes sejas que normalmente nem reparam que ele existe. Como podiam dar se perdas tão volumosas?, perguntavam. Como d que funcionam as bolsas de valores? Há três séculos ou mais que as bolsas têm sido a praça aonde as empresas — e também alguns governos - se dirigem para obterem parte do capital de que pre-
res das bolsas está agora a ceder o lugar ao ruído surdo da alta tecnologia, â me dida computori zam. que Mas os os corretores princípios se básicos náo se alteram. A bolsa é o local para a compra e venda de valores — designação genéri ca para os fundos do Estado, as acções, as obrigações e títulos similares. Todos eles representam um investimento para a pessoa que os compra e uma forma de obter fundos para a organização que os emite. A bolsa de valores determina, pelo pro cesso do mercado livre da oferta e procura, o valor de cada título para a pessoa que o possui em qualquer momento. As empresas que necessitam de di nheiro extra para financiar as suas actividades têm, nas economias de mercado li vre, duas maneiras princi pais de o obter: ou o pedem emprestado a um banco por um prazo fixo, ou o ob têmpróprias, vendendosobuma parte de si a forma de títulos, a alguém que os pre tenda comprar. O segundo processo leni vantagens para a empresa, porque o dinheiro obtido não tem necessariamente de ser devolvido, caso os empreendimentos da com panhia falhem por comple to. Os compradores dos tí tulos, por seu lado, ficam com direito a parte dos lu cros se a empresa prospe rar, e os seus títulos aumen tarão de valor. Esperam ob ter desse investimento um rendimento melhor do que aquele que conseguiriam dando ao sen dinheiro uma outra aplicação menos ar
corretores inundados por ordensforam de venda, e os va Scgunda-Feira Negra. Os semblantes preocupados dos corretores de riscada. Estar cotada na bolsa dá lores das acções baixaram títulos londrinos refleclerti a consternação provocada peio crash mundial prestígio ã empresa, o que, milhares de dólares. As co dos mercados de títulos na "Segunda-Feira Negra" do Outono de 1987. por sua vez. a ajuda nos iniinicações por satélite leva seus esforços de criar fun ram imediatamente a notícia à Bolsa de dos. Através da bolsa, a empresa tem cisam para financiar os seus empreendi Tóquio, onde se deu uma venda em larga igualmente acesso ao conjunto mais im mentos. escala. portante de investidores potenciais — e O tradicional frenesim de compras e ao seu dinheiro. Enquanto a Terra rodava no seu eixo. vendas, ao jeito de leilões, nos corredo
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Passo acelerado. Corretores da Bolsa de Tóquio rodopiando na
zona central (à esquerda, em baixo). A fotografia mais aproximada mostraos em compenetrado colóquio. "CRASH" POR COMPUTADOR? A utilização de computadores por al guns investidores no mercado de títu los criou um processo chamado "ven da stop-hss", que poderá ameaçar a
Uma empresa não é automaticamente admitida na bolsa. Há regras para garantir que as empresas cotadas dèern aos investi dores informações completas e rigorosas acerca dos seus negócios e os tratem com honestidade e dentro da lei. E caro e complicado para as empresas conseguirem cotação nos grandes mer cados, como os de Nova Iorque, Tóquio ou Londres. Km Nova Iorque, por exem plo, uma companhia cotada tem de ter um activo de pelo menos 16 milhões de dólares. Muitos países criaram mercados secun dários para as empresas de menores di mensões que pretendem oferecer ao pú blico os seus títulos. Estes mercados im põem condições menos rigorosas que as dos grandes mercados, mas obedecem, mesmo assim, a regras estritas. Em Portugal há o chamado "mercado não-oficial", onde são cotadas as empresas que não preenchem as condições impos tas para a cotação oficial. Prevê-se ainda para breve a criação de dois "terceiros mer cados" regionais (Lisboa e Porto).
Quem administra as bolsas? Como templos do mercado livre, as bolsas do mercado têm sido tradicionalmente ad ministradas precisamente por aqueles que lhes deram srcem. Assemclham-se a clu bes privados muito exclusivos. Em muitos países, a qualidade de membro pode ser comprada, desde que os outros membros concordem com a admissão e exista uma vaga. 0 preço é elevado - chega a cerca de 375 000 dólares em Nova Iorque e a 6,6 milhões de dólares em Tóquio. Em outros países, como a Grá-Bretanha, os membros náo estão sujeitos a um número preesta
belecido de vagas e a bolsa é aberta a qual quer empresa que preencha os requisitos de admissão. São os sócios que elaboram as regras da bolsa, e estas têm de obedecer às leis do país. Em alguns países, foi criada uma enti dade independente, como a Comissão de Títulos e da Bolsa, nos Estados Unidos, para vigiar a actividade diária das bolsas em representação do público.
"Market makers" e corretores O privilégio máximo concedido pelas bol sas aos seus associados é o direito de se rem market makers em títulos — isto é, de serem o ponto central através do qual os valores são comprados e vendidos. O segundo privilégio, igualmente im portante, é serem corretores — as pessoas que têm acesso directo aos market makers para comprarem ou venderem em nome dos investidores. Em Londres, o market maker é a figura principal. Na Bolsa de Va lores de Nova Iorque, o "especialista" de sempenha um papel idêntico. A cada es pecialista é atribuído o direito exclusivo de negociar em determinados títulos, que pode comprar ou vender a corretores que o contactem, ou que pode comprar ou vender por sua própria conta. O negócio assume a forma de um lei lão livre tores, com na sala instruções da bolsa, dosnoseus qualclientes, os corre se juntam em volta do especialista, gri tando os preços por que eslão dispostos a comprar determinados títulos (o bid) ou a vendê-los (o ask). O especialista concilia compradores e vendedores da melhor maneira, utilizando a sua carteira de títulos pessoal para corrigir desequilí brios.
estabilidade dos mercados nacionais e até internacionais. Os proprietários de valores dão ins truções aos corretores para progra marem os seus computadores com determinado preço para cada título. Se o preço desce abaixo do progra mado, os títulos são vendidos para mi nimizar as perdas dos proprietários. Mesmo nas bolsas mais automati zadas, o processo ainda náo é intei ramente automático: o corretor tem ainda de falar com o market maker para fazer negócios importantes. Mas, com o aparecimento dos siste mas computadora computador, o mundo financeiro arrisca-se a um crash dirigido pelos computadores. Uma ligeira tendência baixista no mercado de títulos poderá desenca dear umas quantas vendas stop•loss, provocando um consequente novo abaixamento. por sua vez, desencadeará outros,Este, e assim suces sivamente, srcinando um crash di fícil de controlar.
O «floor». Corretores da Bolsa de Honsf Kon# sentam-se em frente dos compu tadores e dos telefones, comprando e ven dendo títulos públicos, acções e obrigações. 39
Locais de pânico. Os corretores vagueiam
consternados com a grande quebra da Bolsa
de Nova Iorque em Outubro de 1987 (em cima) Há momentos de tensão fã esquerda) quando perscrutam nos seus computadores os últimos movimentos do mercado.
Na Bolsa de Tóquio, o equivalente aos especialistas de Nova Iorque são os dia mados saitori, que operam de forma se melhante, à excepção de não serem au torizados a comprar ou vender títulos por conta própria: são meramente inter mediários nas transacções da sala da bolsa. Os market makers obtêm o seu rendi mento do spread das suas transacções — a diferença entre os valores de compra e venda. Os corretores trabalham geralmente à comissão, ligada ao valor dos títulos que compram ou vendem por conta dos seus clientes. Em Portugal, a função demarket maker é desempenhada pelas sociedades finan ceiras de corretagem (dealers), e a função de corretor, pelas sociedades corretoras
(brokers).
O preço do s títulos Os títulos cotados oficialmente são ini cialmente emitidos um valor nomi nal ou facial. Uma com empresa que preten da, por exemplo, angariar 100 milhões de escudos pode pôr à venda através da Ciência de computador. Desde a compuíorizaçâo da Bolsa de Valores de Lon dres, em 1987. os corretores trabalham a punir dos seus próprios escritórios. Os mo nitores mostram a situação do mercado.
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bolsa 50 000 acções com o valor nomi nal de 2000$ cada uma. No entanto, uma vez que aqueles títulos comecem a ser negociados, o seu preço de mercado pode revelar-se superior ou inferior ao valor nominativo. Quando há mais pes soas a comprar do que a vender, o preço sobe. Quando há mais a vender, o preço baixa. Num mercado altista, as pessoas com pram títulos na esperança de que o seu valor aumente e venham a poder vendêlos com lucro. Num mercado baixista, os preços dos títulos estão a cair, e os espe culadores podem ainda fazer dinheiro concordando em vender, a um preço fixo, títulos que nessa altura ainda não tenham
ORIGEM DAS BOLSAS As cerca de 130 bolsas de valores do Mundo têm as suas srcens na Fran ça e Países Baixos (Bélgica e I lolan da) do século xin. Os negociantes vendiam letras de câmbio - decla rações de dívida emitidas pelos mer cadores em troca de empréstimos. Se o portador de uma letra precisava de dinheiro antes do respectivo vencimento, podia vendê-la a um terceiro Mas só no século xvn as bolsas co meçaram a evoluir para a sua forma actual. A Bolsa de Valores de Amster dão reclama-se como a mais antiga, fundada por volta de 1611. Em 1697, foi introduzido em Inglaterra um primei ro sistema de regulamentação dos corretores. Até ao princípio do século xix, as bolsas de valores, na maioria, eram ajuntamentos informais de corretores nos bairros mercantis das cidades. Em Londres, o negócio centrava-se em cafés. Em Nova Iorque, os correto res encontravam se ao ar livre, debai xo de uma árvore, naquilo que mais tarde foi a famosa Wall Street. Mas o desenvolvimento industrial do século xix e a explosão da oferta de acções e outros títulos criou a necessidade de instalações permanentes. A Bolsa de Valores de Nova Iorque é o maior centro de transacções, repre sentando 60% do negócio mundial de títulos, com cerca de 1500 empresas coladas. A Bolsa de Valores de Tóquio ocu pa o segundo lugar mundial, com quase tantas empresas como Nova Iorque, mas com um valor de transac ções inferior a metade daquele.
pago: esperam que, quando tiverem que o fazer, o preço lenha caído ainda mais, de modo que irão pagar menos do que aquilo que receberão. O valor de mercado dos lítulos é regido pelo comportamento da empresa que os emite e pela situação económica e política do país e do mercado. Os acontecimentos nacionais que afec tam os valores comerciais dos títulos são fáceis de identificar, mas o seu impacte é difícil de prever. Entre eles, podem contar-se mudanças de governo, previsões de surtos ou quebras económicas ou aumen tos súbitos no custo de matérias-primas essenciais. As empresas de corretagem interna cionais e os grandes investidores, como, por exemplo, as companhias de seguros, têm orçamentos cada vez mais elevados
para os seus departamentos de previsão. O valor dos títulos está em constante variação, à medida que se processam as compras e as vendas. Mas é conveniente "congelá-los" periodicamente para se po der comparar, entre dois períodos sucessi vos, o comportamento desses títulos o dos títulos do mercado em geral. Todos os dias é publicado nos jornais o preço do fecho de cada título, referente ao dia anterior. E o progresso global do mercado é medido através de índices compostos por diversos tít u los-ehave. Os índices mais conhecidos incluem o Dow Jones Industrial Average (Nova Ior que), o Financial Times/Stock Exchange 100 (Londres) c o Nikkei 225 Stock Average (Tóquio). Os índices são dados a conhecer a todo o Mundo duas ou mesmo mais ve zes por dia.
AS FRAUDES NA BOLSA
"Inside trader". O financeiro nova-iorquino Ivan Boesky (ao centro) deixando o Tribu nal. Depois de admitir ter utilizado informações confidenciais sobre fusões de empresas, foi multado em 100 milhões de dólares e condenado a três anos de prisão. Desde os primeiros tempos das bolsas houve sempre tentativas de burla. Por volta de 1720, o chanceler do Tesouro Britânico, John Aislabie, foi preso por "corrupção infame": enchera os bolsos durante a venda ao público de acções da South Sea Company, empreendimento que arruinou muitos investidores. Todas os países têm as suas leis próprias
das, acerca de uma empresa para se ob ter lucro com os seus títulos. O inside trader tem de comprar as acções imedia tamente antes de a companhia anunciar um aumento dos lucros ou de as vender antes de se anunciarem prejuízos. Em 1986, um eminente financeiro nova-iorquino, Ivan Boesky, foi acusado de investir em acções utilizando informa
para evitarcomo as burlas, e alguns &possuem agências, a US Securities Exchan ge Commission (Comissão de Títulos e das Bolsas rios Estados Unidos), para asse gurar o cumprimento dessas leis. Um dos crimes mais notórios, e um dos mais difíceis de suster, éinside o trad ing, ou insider dealing, que consiste no uso de informações internas, privilegia
ções presas. confidenciais Pagara quantias sobreenormes fusões de porem es S3S informações: só de uma vez entrega ra 700 000 dólares em notas usadas a um banqueiro numa ruela da Wall Street. Boesky fez uma confissão pormeno rizada, que resultou na prisão de ban queiros e empresários. Foi condenado a três anos de prisão.
Dinheiro para queimar Os cínicos afirmam muitas vezes que os governos parecem ter dinheiro para quei mar. E é verdade: os governos de todo o Mundo queimam em cada semana tonela das de notas velhas. As moedas em circulação podem durar dezenas de anos, até que a imagem se gas te ou a denominação se altere, mas as no tas detanta pequeno valor de mãos com rapidez quemudam se inutilizam em poucos meses. Mesmo as notas "grandes" não duram mais que dois ou três anos. O Banco de Portugal não foge à regra de ter de queimar as notas em mau estado retiradas da circulação. São mais de 150 milhões de notas destruídas anualmente. Este quantitativo põe ao banco alguns pro blemas, nomeadamente os relativos à se gurança e poluição. A operação de escolha das notas usadas e entradas no banco selecciona as notas incapazes de circular, que são depois total mente desfeitas em equipamento apro priado com a garantia ria máxima eficiên cia, sendo os resíduos aglutinados em brikettes destinados a ser utilizados como combustível industrial. Não se vislumbra ainda um substituto do papel-moeda, não obstante os Australianos já lerem posto a circular notas de plástico. A facilidade e comodidade de utilização do papel-moeda confere-lhe características tais que mesmo o recente aparecimento e desenvolvimento de meios de pagamento automáticos não tem provocado uma dimi nuição do papel-moeda em circulação.
Como se constrói um automóvel Os filmes de desenhos animados mostram fábricas de automóveis em que, por um lado, entra ferro em bruto e saem, pelo ou tro, carros reluzentes já a andar. Claro que se trata de uma falsa imagem: os automó veis não são totalmente construídos no mesmo sítio. Mas a realidade não é muito menos notável, pois o processo pode en volver fábricas de todo o Mundo para a construção de um único carro. Em Saragoça, Espanha, onde a empresa americana General Motors possui uma enorme linha de montagem, o aço para a carroçaria pode vir da própria Espanha, o motor de Inglaterra, a suspensão, caixa de velocidades e sistema de injecção do com bustível da Alemanha, os pneus de França II
ou de Itália, o rádio da Holanda ou do Ja pão, com contribuições até da Austráliao da Coreia. Noutros tempos, era tudo muito mais simples. No princípio do século, os primei ros automóveis eram produzidos de ma neira semelhante à das carruagens de ca valos com os operários andando de um lado para o outro, martelando com vagar, e com elevados custos, os painéis de metal nas estruturas de madeira. Embora os prin cípios da produção em série há muito se encontrassem estabelecidos para artigos como roldanas para barcos e armas de fogo, foi preciso um génio de organização para aplicar princípio à indústria auto móvel: Henryo Ford.
A primeira linha de montagem Em 1903, Ford começou a fabricar auto móveis em Detroit, e em três anos transfor mou se no maior construtor de automó veis da América. Ao fim de cinco anos, con centrava as suas atenções num único mo delo - o Ford T - para aproveitar ao má ximo as peças normalizadas. Depois, em 1913, introduziu a ideia que iria revolucionar a produção automóvel, a linha de montagem. Inverteu-se assim a relação operário/produ to, pois agora era este que pas sava por uma linha de operá rios, a cada um dos quais com petia uma tarefa específica. Quando pela primeira vez foi aplicado à produção de magne tos, reduziu o tempo de monta gem de 20 para 5 minutos. wrf Entusiasmado, Ford alargou •• o princípio à const rução de Sr ^V chassis. Uma corda puxava os chassis ao longo de um trilho, ao lado do qual se encontravam 50 operários, cada um deles fixan do ao chassis, quando este pas sava, a peça que lhe competia. O tempo de montagem para os chassis desceu de 12 para fi horas e, com a introdução do transpor tador movido por correntes, fi cou reduzido a hora e meia. Comercialmente, os resulta dos foram espantosos. Em me nos de 10 anos, o preço do Ford T desceu de 850 para 250 dólares, e Ford vendeu 1,8 milhões de carros. A Ford Motors foi nova mente pioneira em 1951 ao utilizar equipa mento automático na produção de blocos de motor. Em 500 operações distintas, 40 máquinas reduzem o tempo de produção, por motor, de algumas horas para 15 minu tos. O mundo dos robôs O desejo de poupar trabalho tem conti nuado a inspirar novos processos, com ro bôs a substituírem operários, eliminando tarefas monótonas e garantindo maior
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Montagem manual. Em 19/3, Henry Ford introduziu linhas de montagem na sua fá brica. Tapetes rolantes passavam as pe ças em frente dos mecânicos e transporta oam os motores até aos montadores (em cima). Em 1915, em cada minuto e meio saía da tinha de montagem um Ford T. precisão. No Fiat Uno. só 30 das 2700 ope rações de soldadura são feitas à mão. Ape nas as tarefas especializadas, como a insta lação dos fios eléctricos, se mantém hoje nas mãos do homem. Numa cadeia de montagem típica dos anos 80 - como as fábricas rio Fiat Uno em Mirafiori ou Rivai ta, Itália, que produzem 3000 carros por dia —, a primeira fase consiste na chegada da chapa de aço ao sector de prensagem. Aqui, em áreas do tamanho de três cam pos de futebol, gruas robôs entregam folhas de aço a máquinas de estampagem gigantes, que moldam e cortam as peças de metal para a construção da carroçaria.
Depois, robôs constroem a parte infe rior desta, o chão do carro, procedendo a inúmeras soldaduras e criando uma forma complexa com espaços para o encaixe das rodas, para a mala e para a roda sobresse lente. Na fase seguinte, figs, ou gabarits, de grandes dimensões mantêm em posição as ilhargas e o tejadilho para serem auto maticamente soldados no seu lugar. En tretanto, as portas foram construídas em linhas de montagem paralelas, num pro cesso que envolve diversas prensagens para a criação de um corpo exterior rebi tado a uma moldura interior.
Finalmente, nas linhas de montagem final todas as carroçarias são verificadas por laser para se detectarem as mínimas distorções ou irregularidades. O acabamento A pintura de um carro é um processo im portante - protege o contra a corrosão e dá-lhe um acabamento bonito e brilhan te. 0 carro, quase completamente mon tado, é desengordurado, lavado e cober to com fosfato para o tornar mais recepti vo à pintura. Após novas lavagens, são-Ihe aplicadas eleetrostalieamenle diver sas deinãos de primário, utilizando um campo magnético para atrair a tinta. As últimas demãos — habitualmente três — são de tinta acrílica brilhante. A pintura da maioria dos carros de série tem a es pessara de 0,1 mm. UmRolls-Royce rece be 22 demãos, que produzem uma es pessura de 0,2 mm. A seguir, injecta-se em todas as sec ções ocas, como os pilares e as longari nas, uma cera especial para protecção
contra a água, a gravilha, a neve e o sal. A fase seguinte são os acabamentos do interior. O carro recebe os seus "ner vos" — o sistema eléctrico. Os forros de feltro, as alcatifas, os assentos e outros acabamentos são aplicados por robôs. Muitas fábricas utilizam transportadores - robôs para movimentar as peças —, reduzindo assim a possibilidade de da nos e a necessidade de mão-de-obra. Os pára-brisas e outras janelas fixas são frequentemente colados à carroçaria para melhor ajustamento e redução da resistência ao vento e dos ruídos. Robôs aplicam a cola aos bordos dos vidros e colocam estes nos seus lugares por meio de braços com dispositivos de sucção.
Na última fase, o carro recebe o seu coração. O carro é içado numa grua, e o motor, completo com a embraiagem e a caixa de velocidades, é colocado por um sistema de elevação. O depósito de com bustfvel é montado na parte traseira do carro. Vêm depois a suspensão, a direc ção, o radiador e a bateria e finalmente as jantes e os pneus. Depois de abastecido de água, anticongelante, óleo e combus tível, o carro está completo e pronto para andar. À saída é inspeccionado antes de ser submetido aos últimos testes - espe cialmente ao "teste de estrada" para veri ficação do seu comportamento. Quando recebe seu ostand passe final, o carro está pronto opara
Montagem robotizada. Robôs contro lados por computadores executam os tra balhos de produção na fábrica do Fiat Tipo em Cassino, Itália. Os robôs pintam, calafetam, pulem, soldam e montam os carros com precisão rigorosa. À direita, um carro recebe uma de cerca de 2000 soldaduras automáticas.
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Meteorologistas: sentinelas contra os desastres naturais Durante centenas de anos, até o clima local era frequentemente desconcertante na sua imprevisibilidade. Apenas se podia re zar ou inventar provérbios baseados na ex periência: céu pedrento — chuva, vento ou qualquer outro tempo. A previsão meteorológica local deu um passo em frente em 1643, quando o físico italiano Torricelli inventou o barómetro para medir a pressão atmosférica. Depres sa se verificou que as subidas e descidas da pressão de ar correspondiam a alterações no tempo e que uma queda frequente mente prenunciava uma tempestade. Mas só depois da invenção do telégrafo, em 1840, foi possível recolher informações de estações afastadas, permitindo a previ são de mudanças iminentes com razoável segurança. No princípio do século xx, a rádio permitiu outro importante passo em frente. Na década de 60, os enormes pro gressos técnicos na recolha de informa ções e na análise de dados por meio de computadores fizeram pensar que a me teorologia poderia vir um dia a ser uma ciência exacta, capaz de prever o tempo com semanas ou meses de antecedência. A quantidade de informações actual mente ao dispor dos meteorologistas é es pantosa. A Organização Meteorológica Mundial recebe relatórios de 9000 postos e
7500 navios. Estações operadas por pes soal fazem observações várias vezes por dia, às vezes de hora a hora, em condições normalizadas (a velocidade do vento, por exemplo, é medida a 10 m do solo). Além disso, balões meteorológicos lar gados de 950 estações por todo o Mundo recolhem dados da atmosfera até uma alti tude de 30 km. Cerca de 600 aviões voando sobre os oceanos enviam diariamente os seus comunicados. Sele satélites meteoro lógicos perscrutam a Terra a partir do espa ço, observando a atmosfera até uma altitu de de 80 km. Todas estas observações fornecem cm conjunto uma enorme riqueza de infor mações — velocidade e direcção dos ven tos, temperatura, nebulosidade, precipita ção, humidade, pressão atmosférica. Em cada dia, estas informações produzem 80 milhões de dígitos binários de dados de computador — equivalentes ao conteúdo de vários milhares de livros. Estas informa ções são fornecidas a uma rede de 17 esta ções espalhadas pelo Mundo, que, em conjunto, formam o Sistema Mundial de Telecomunicações. Dois centros — o Cen tro Meteorológico Nacional de Washing ton, nos Estados Unidos, e o Departamen to de Meteorologia, situado em Bracknell,
de previsão de zona para a aviação civil, que, por uma questão de segurança, repe tem as operações um do outro. Compu tadores com a capacidade de 3500 mi lhões de cálculos por segundo tratam os dados para elaborar as previsões. Saber hoje qual será o tempo de ama nhã é fundamental para o ocidente indus trializado. Só no controle do tráfego aéreo, as previsões globais que permitem aos aviões aproveitar os ventos de popa ou al terar as horas de aterragem para evitarem as condições adversas poupam anual mente milhares de contos de combustível. Indústrias inteiras — como a construção, a navegação e a agricultura — dependem crucialmente de previsões de hora a hora e dia a dia. Os acontecimentos que mais põem à prova os meteorologistas são os ciclones tropicais — enormes tempestades de con figuração circular que se formam sobre os mares dos trópicos, afastando se do equa dor e enfraquecendo quando atingem ter ra. No Atlântico chamam se furacões, no Pacífico tomam o nome de tufões. Os fura cões duram habitualmente cerca de uma semana, recebendo energia do ar quente e húmido sobre os oceanos tropicais. À me dida que se eleva no centro do ciclone, o na Grã-Bretanha — são centros mundiais vapor de água contido no ar condensa-se em nuvens, libertando calor e atraindo mais ar húmido para o sistema. Os fura cões enfraquecem habitualmente quando chegam a terra por se verem privados de humidade. Durante a estação dos fura coes, de Junho a Novembro, formam se ao largo da costa de África mais de 100 tempestades, seis das quais se transfor mam cm furacões. Quando as nuvens em espiral, caracte rísticas de uma tempestade tropical, são avistadas, em geral por um satélite, o Cen tro Nacional de Furacões dos Estados Uni dos, em Miami, entra em acção. O seu pes soal analisa uma imensidade de dados for necidos por satélites, sistemas de radar, bóias automáticas e aviões, a fim de prever a sua trajectória — particularmente, o ponto da sua penetração na costa. No princípio de Setembro de 1988, uma depressão ao largo da costa africana intensificou-se de forma progressiva, até que no
Balão-sonda. Os balões meteorológicos levam para o ar radiossondas - grupos de instru mentos que registam a humidade, a pressão atmosférica e a temperatura. São largados regularmente por 950 estações em todo o Mundo. II
sábadosobre 10 de Setembro, quando se encon trava o Leste do mar das Antilhas, foi classificada de furacão e recebeu o nome de Gilbert. Dois dias depois, o Gilbert atin giu a Jamaica com força devastadora. Sob um céu de ardósia, os ventos destroçaram a ilha, deixando sem casa um quinto dos seus 2,5 milhões de habitantes e destruin do quase todas as colheitas de que depen de a sua econo mia banan as, cocos,
Chicoteada pelos ventos.Os furacões deslocam-se sobre o oceano por acção do ar quente e húmido. Este.
Carol. assolou a zona de
Narraganselt Bay, Rhod e Island, EUA, em 1954.
café, açúcar e vegetais. 0 primeiro-ministro, Edward Seaga, chainou-lhe "o maior desas tre natural da nossa história moderna". Depois, à medida que rodopiava, afãs tando-se da ilha, o Gilbert quase duplicou a sua força, produzindo ventos com veloci dade de 280 kirv íi — a mais poderosa tem pestade que assolou o hemisfério ociden tal neste século. Com a sua trajectória pre vista, o Gilbert abateu-sc sobre a península do Iucatão, no México, na madrugada de quarla-feira, deixando 30 000 pessoas sem lar. Podia ter sido muito pior: em 1979, o furacão David matara 1100 pessoas, e o Flo ra, em 1963, vitimara 7200. O número rela tivamente pequeno de mortes causadas pelo Gilbert, cerca de 300, representou um tributo aos benefícios de uma correcta pre visão meteorológica. Mas os meteorologistas não puderam ainda prever exactamente o que iria acon
continente norte-americano, estava já em dissipação. Trouxe ventos fortes, marés al tas e muita chuva, mas pouca destruição. Não houve mais vítimas. A morte inesperada do Gilbert ilustra bem o grande problema das previsões me teorológicas, que é a sua falta de certezas absolutas. Apesar dos computadores ca ríssimos e das suas fontes de informação a nível mundial, os meteorologistas lidam apenas com probabilidades. Os sistemas meteorológicos são impre visíveis no seu pormenor. Os números que descrevem factores variáveis como a velo cidade do vento e a temperatura são verda deiros apenas momentaneamente. No se gundo seguinte, esses números não pas sam de uma aproximação, e, por muito pequenos que sejam os desvios, realidade e previsões depressa se afastam entre si. Os cientistas aceitam o facto de aconte
tecer. Com a trajectória do Gilbert para do norte, puseram-se em alerta as costas Texas, da Luisiana e do Mississipi. Houve uma corrida aos géneros nos supermerca dos e 100 000 pessoas fugiram para o inte rior, enchendo as estradas e deixando para trás as suas casas fechadas e reforçadas com protecções. Neste caso, os alertas revelaram-se des necessários: quando o Gilbert chegou ao
cimentos poucoenormes. relevantes poderem ter consequências Referem-se jo cosamente a esta verdade desagradável chamando lhe o "efeito da borboleta" - a ideia de uma borboleta batendo as asas em Pequim afectar, por exemplo, o estado do tempo em Nova Iorque. Por esta razão, o limite actual das previsões úteis não passa de alguns dias. Muitas vezes, a experiência que o me
teorologista tem do mundo real é melhor guia para o futuro imediato do que qual quer modelo computorizado. Por exem plo, o ar que se desloca do mar do Norte para os países europeus que o cercam pode formar uma delgada camada de nu vens que ou faz chover sobre a terra no dia seguinte ou se evapora com o calor do Sol. O resultado pode depender de uma dife rença de temperatura de apenas alguns dé cimos de grau. Mas os efeitos podem ser
Imagem de satélite. Instrumentos de de tecção fornecem elementos a um compu tador que constrói imagens das nuvens por meio de códigos de cor num monitor de TV. li .
substancialmente diferentes - um dia frio e enevoado ou quente e soalheiro. Mesmo com o auxílio dos melhores compu tadores e a mais eficiente recolha de infor mações, não é provável que as previsões venham alguma vez a ser correctas com mais de duas semanas de antecedência. As previsões a médio prazo têm melho rado com as inovações técnicas. Previsões a três dias para a Europa, realizadas no Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo, de Reading, Inglaterra, são agora tão correctas como as que eram fei tas a um dia há 10 anos. Por outro lado, a previsão a longo prazo (mais de 10 dias) não se tem revelado de confiança. Há, de certo modo, uma esperança. Os cientistas pensam que existe uma relação entre a alteração nas temperaturas do mar e certas condições meteorológicas. Por exemplo, em períodos que vão de três a sete anos, na altura do Natal, uma corrente quente denominada El Nino peneira as águas muito frias ao largo da costa ociden tal da América do Sul. Além de ter conse quências sérias no clima, vida animal e in dústrias locais, El Nino provoca também invernos ou mais suaves ou mais frios nos EUA Ainda ninguém sabe porquê — mas talvez um dia os efeitos desta corrente se jam previsíveis.
Como se abastece grande de águacidade uma Diariamente, as cataratas do Niága/a vêem passar pela sua crista 72 milhões de metros cúbicos de água. Mas seriam precisos 17 dias para essa catarata tonitroante encher os 21 reservatórios principais que servem a cidade de Nova Iorque: 1210 milhões de metros cúbicos. Só o maior deles, o Pepacton, contém água suficiente para inundar Manhattan até uma altura de 12 m. Todos os dias, Nova Iorque consome 5,4 milhões de melros cúbicos de água, incluindo a utilizada pelas fábricas e escri tórios, o que representa cerca de 750 I por habitante. A rede de distribuição da cidade leva a água ao consumidor através de mais de 9000 km de canalizações. Na Grã-Bretanha, as necessidades diá rias, exclusivamente para uso doméstico, da zona do Tamisa, que inclui Londres e Oxford, são superiores a 3 milhões de me tros cúbicos. A água que é fornecida às cidades pro vém geralmente de rios - Nova Iorque, por exemplo, recolhe a maior parte da água que utiliza das bacias do Hudson e do Delaware. Mais de metade da água canalizada for 46
O abastecimento de ág ua a Londres. Nesta fotografia de Londres, tirada por satélite, o rio Tamisa è a linha preta que serpenteia a meio da fotografia. Os reservatórios são as manchas pretas à esquerda e em cima; as áreas verdes são vegetação. necida na zona do Tamisa é obtida do pró prio rio, provindo a restante de reservató rios e rios subterrâneos através de furos artesianos ou de poços. A água é canaliza da até às estações de filtragem e bomba gem, nas quais os filtros a libertam dos de tritos principais e as bombas a elevam para reservatórios de armazenagem. Como a água nos reservatórios está imó vel, os sólidos descem para o fundo. Ao mesmo tempo, o oxigénio do ar neutraliza outras impurezas químicas ou orgânicas. Um sistema de comportas leva a água dos reservatórios de armazenagem até a uma estação de tratamento, onde se pro cessa nova purificação. O método habitual envolve a filtragem da água, por duas ve zes, através de leitos de areia que são lim pos diariamente. No primeiro leito, a água
infiltra-se na areia grossa, que capta as im purezas maiores. O processo repete-se através de areias sucessivamente mais fi nas. A água é tratada quimicamente pelo cloro num tanque fechado para destruir as bactérias e desclorada em seguida para eli minação do sabor que lhe confere o pro duto. É depois bombeada sob pressão para os ramais principais da rede - tuba gens largas acima ou abaixo do solo —, que a transportam até aos consumidores. A água tratada introduzida na rede pode ser usada imediatamente ou desviada para armazenagem temporária nos reservató rios. Estes estão habitualmente situados cm pontos elevados, embora alguns reser vatórios de serviço sejam subterrâneos, por baixo de zonas públicas como os par ques, por exemplo.
Como uma cidade se liberta dos seus detritos Em Junho de 1858, condições atmosféri cas invulgarmente quentes e secas provo caram uma queda brutal no nível das águas do Tamisa em Londres. 0 mau chei ro que emanava da maré vazia era tão terrí vel que os Londrinos apenas podiam aproximar-se das margens pontes com lenços cobrindo a bocaou e odas nariz. 0 tráfego no rio foi suspenso. Esta situação foi o resultado de séculos de incúria nos despejos. Os Londrinos, como os habitantes de outras cidades po pulosas em todo o Mundo, tinham-se acostumado a tratar lodos os cursos de água que tinham à mão - frequente mente, a sua única fonte de água para beber - como grandes esgotos abertos. Com o crescimento das populações e dos resíduos da industrialização durante o século xix, a Natureza e o homem grita ram "Basta!". Desenvolveram-se em Inglaterra, e fo ram copiados e aperfeiçoados na Europa Ocidental e nos Estados Unidos, proces sos de tratamento dos esgotos antes da res pectiva descarga. No entanto, paralelamente à maior efi ciência dos processos de eliminação dos excrementos e de ooutros detritosdas líquidos (as águas negras), crescimento cida des modernas aumentou a produção dos detritos sólidos (lixos). Uma família americana média produz quase 25 kg de lixo por semana; em Fran ça, o número correspondente aproxima -se dos 17 kg. Num único ano, o habitante médio da cidade de Nova Iorque deita fora em lixo oito ou nove vezes o seu próprio peso.
Os esgotos 0 tratamento básico das águas negras em cidades como Londres ou Washington di fere pouco dos processos criados nos meados do século xix, conquanto o seu volume aumente constantemente. Em Washington, a capacidade inicial da esta ção de tratamento de esgotos em Blue Plains passou de 490 milhões de litros diá rios na década de 30 para perto de 1100 milhões nos anos 70, e já foi aumentada desde então. Uma rede de esgotos, geralmente sub terrânea, transporta as águas negras, por gravidade ou por bombagem, desde as ca sas e os escritórios até às estações de trata mento. Originariamente, e ainda hoje em muitas cidades, os esgotos drenavam tam bém as águas pluviais (rede unitária), pelo
que eram inundados até à saturação pelas grandes chuvadas. Hoje, sempre que pos sível, tenta-se criar sistemas de escoamen to independentes (rede separativa). Na estação de tratamento, as águas são passadas por redes de crivos que retêm os objectos maiores, como trapos e pedaços de madeira, os quais ou são triturados me canicamente e reintroduzidos no proces so de tratamento, ou retirados e queima dos ou enterrados noutro local. As águas são seguidamente bombeadas através de canais para eliminação das areias, que são precipitadas no fundo juntamente com pequenas pedras. Estes detritos são draga
ções de tratamento secundárias, onde em cerca de oito horas determinadas bactérias destroem as matérias que o lí quido ainda contém. Este passa em se guida por uma última sedimentação, al tura em que as próprias bactérias são se paradas para reutilização A água resul tante está suficientemente limpa para ser lançada no rio. Entretanto, as lamas são bombeadas para tanques de decomposição, onde, du rante três ou quatro semanas, bactérias convertem parte das lamas num gás que contém metano, o qual é canalizado e utili zado como combustível de accionamento
dos e lavados e posteriormente em obras de construção civil. utilizados As águas resultantes passam por tan ques preliminares de sedimentação, onde as matérias sólidas mais finas se de positam no fundo, tomando a designa ção de lamas. Estas e o líquido delas sepa rado seguem depois trajectórias diferen tes. O líquido é encaminhado para esta
dasEm estações de retira-se tratamento. seguida, ainda água das lamas antes de serem vendidas como fertilizante agrícola. Em Blue Mountain, na Pensilvânia, EUA, por exemplo, as la mas dos esgotos têm ajudado a reflores tar terras destruídas pela extracção de zinco. As sobras de lamas são lançadas ao mar.
Estação de tratamento. Embora pareça uma fotografia de micróbios, a imagem é no verdade uma Dista aérea de uma estação de tratamento de esgotos a norte de Baton Rouge, no rio Mississipi, EUA
tornam um risco para a saúde pública, têm de ser encerradas e aterradas (aterro sani tário). Desde 1960, Nova Iorque encerrou 14, e não é fácil encontrar novos locais. Se distam muito da cidade que servem, o custo dos transportes torna-se demasiado alto para os orçamentos municipais. Em muitos países, como a Suécia, a Ale manha e o Japão, há muito tempo que se emprega a incineração em vez da acumu lação em lixeiras. Mas nos EUA, o processo representava, nos meados dos anos 80, menos de 5% da eliminação dos detritos sólidos. A vantagem da incineração é redu zir em dois terços o volume dos lixos, além de o calor podeouserfornecer aprovei tadoque para gerarproduzido electricidade
aquecimento. Como inconvenientes, as
Leitos de filtragem. Esta fotografia aérea mostra leitos de filtragem de esgotos numa estação de tratamento de Baltimore, no Maryland, EUA. Uma vez drenada a água, as lamas secas são vendidas como fertilizante. As lamas não utilizadas na terra são lançadas ao mar. Detritos sólidos Em cada dia, a cidade de Nova Iorque pro duz entre 24 000 e 25 000 t de detritos sóli dos — a maior parte constituída por lixos domésticos, recolhidos pelo Município duas vezes por semana. Praticamente, toda esta montanha de lixo é transferida para um único lugar, Fresh Kills, em Staten Island, onde é despejada naquilo que co meçou como uma cratera no chão e é ago ra o maior depósito de lixo do Mundo, co brindo 1215 ha. Este tipo de lixeira é, do ponto de vista
mundial, a mais utilizada e mais barata for ma de libertar a sociedade dos seus sub produtos indesejáveis que não podem ser lançados nas redes de esgotos. Mas, à me dida que o volume de detritos aumenta, as lixeiras como a de Fresh Kills passam a ter menos capacidade de lidar com eles. A fal ta de espaço srcina problemas de polui ção. As infiltrações do lixo em decomposi ção contaminam a água de superfície e subterrânea, a não ser que a lixeira esteja especialmente equipada para o tratar. Quando as lixeiras estão cheias ou se
cinzas residuais podem conter produtos tóxicos que se concentraram durante a in cineração, pelo que nem sempre podem ser lançadas com segurança em lixeiras normais. Outras substâncias tóxicas, como o ácido clorídrico e a dioxina, po dem libertar-se para a atmosfera durante a incineração se não se utilizar um equipa mento adequado para a limpeza dos ga ses. Em Los Angeles, os cidadãos, temen do a poluição atmosférica, proibiram a construção de incineradores. Outro facto negativo na incineração dos lixos é o custo. Nos EUA, o custo do enter ramento pode chegar a 60 dólares a tone lada; o da incineração pode atingir três ve zes mais. Risco para a saúde. O depósito incontro lado de lixos na terra pnxluz riscos para a saúde. Na maioria dos países ocidentais, as novas leis restringem o despejo dos lixos.
maram quase I 200 000 ha. Em Portugal, onde todos os verões ocorrem fogos, a área florestal afectada foi de 22 435 ha em 1988 e de 103 908 ha em 1989. Os números não oficiais obtidos até ao início de Setem Visto de perlo, um incêndio na floresta c 0 óleo de eucalipto, fazendo arder árvores bro de 1990 apontam para uma área flores tal destruída na ordem dos 108 106 ha. um espectáculo aterrador. Mas é um es inteiras em explosões de gás. pectáculo que se repete milhares de vezes As destruições podem ser enormes. Em As chamas podem alastrar pelos arbus por ano nas florestas temperadas de todo o 1949, a França perdeu 156 000 ha de flores tos secos a velocidades que excedem os Mundo. Estas são presas fáceis de um fós tas em 350 fogos. Em 1971, os incêndios no 140 km/h. Ocasionalmente, a combustão foro, da luz do Sol ampliada por um vidro Wisconsin e no Michigan queimaram provoca um remoinho de fogo, uma cha de garrafa ou de um raio. Na Austrália, o 1 700 000 ha e mataram 1500 pessoas. Em miné de ar quente causada pelos ventos calor de um incêndio consegue vaporizar 1985. através dos EUA, 81 662 fogos quei que penetram na floresta, em que conse gue arrancar árvores e atirá-las ao ar, dando srcem a fogos a centenas de metros de distância. Em Setembro de 1987, quando incên dios queimaram uma enorme área da Cali fórnia, do Oregon e do Idaho, uma noite de combate em apenas uma zona — a Stanislaus National Forest — reuniu 376 carros de bomba e autotanques de água, 94 bull dozers, 16 helicópteros, 13 aviões-tanques e 4500 bombeiros. A informação é talvez a maior arma de fensiva contra os incêndios nas florestas. Os satélites, os aviões de vigilância noc turna com câmaras de infravermelhos e a coordenação computorizada permitem prever as condições favoráveis aos incên dios e o controle dos fogos quando se de claram. No combate a um fogo, os bom beiros empregam uma combinação de duas estratégias básicas: o arrefecimento e a contenção. Deitar água sobre um fogo não serve apenas para o arrefecer: em grandes quan tidades, a água afecta também os materiais combustíveis e, ao tornar-se em vapor, re duz a quantidade de oxigénio de ar que alimenta o fogo. Mas, por si só, a água pode não chegar. O fogo pode alastrar insidiosamente por baixo de musgos e líquenes e conseguir sobreviver dentro dos montículos de terra
Combate a incêndios na floresta
Espuma contra o fogo. Alguns incêndios
florestais -- combalem como este se perto Valência. Espanha maisdefacilmente com agentes produtores de espuma. Um avião anfíbio de combate aos fogos (em cima) derrama espuma sobre as chamas. Água contra o fogo. Um avião de comba te ao fogo recolhe água de um lago Os aviões podern recolher atê 6400 I de água em 10 segundos ~ e fazer 200 voos por dia. 19
Bombeiro-pára-quedista. Descendo cru pára-quedas, um smoke-jumper entra em acção contra um incêndio provocado por lava no monte Adams, EUA. em Junho de 1987. e dos velhos cepos de árvores para se rea cender dias depois. Para reduzir estes "pontos quentes", misturam-se com a água produtos químicos denominados agentes molhantes, que ajudam o poder de penetração daquela. Podem ainda juntar-se corantes para mostrar quais as áreas da floresta já tratadas. As equipas de terra podem criar quebra-fogos para conter o incêndio, enquanto os aviões-tanques chegam a despejar 20 000 1 de água e produtos químicos. Nal guns países, existem corporações de bombeiros-pára-quedistas que atingem locais remotos ou de difícil acesso por terra, lançando-se em pára-quedas. Nos EUA, os bombeiros saltam de pára-quedas para combater incêndios desde 1941. O objecti vo é isolarem os pequenos fogos antes que alastrem. Com o fogo em baixo, as corren tes atmosféricas são imprevisíveis, a visibi lidade é má e os riscos são elevados. Uma vez aterrados em segurança, os bombeiros-pára-quedistas {smoke-jumpers, como se designam em inglês) abrem uma clareira em redor do fogo e derrubam as árvores secas, com vista a circunscrever o fogo até que ele se extinga por si ou que cheguem as forças terrestres de combate. .-,()
Km 1968, o Serviço de Parques dos EUA começou a empregar fogos controlados para evitar posteriores incêndios, maiores e mais incontrolados. Frequentemente, o serviço permite que fogos naturais sigam o seu curso, combatendo-os apenas para proteger vidas, gado e propriedades. Os bombeiros reconhecem também que as suas possibilidades têm limites, como se provou pelos incêndios que varreram os estados de Vitória e de Austrália do Sul em 16 de Fevereiro de 1983, Quarta-Feira de Cinzas. Durante dias, as temperaturas tinham rondado os 40"C e os campos estavam res sequidos. Nessa tarde, declararam-se in cêndios a 72 km a noroeste de Melburne e perto de Adelaide, 660 km para oeste. Den tro de duas horas, havia 20 grandes fogos num arco de 960 km, fustigados por ventos de 110 km/h que lançavam tufos de erva cm chamas pelo ar e sugavam as paredes das casas. Cerca de 21 500 voluntários comba tiam os fogos, com 800 carros de bomba e 200 bulldozers para abrirem quebra-fogos. Chamas com 36 m de altura varriam os estados, empurradas por ventos quen tíssimos. Quando se extinguiriam, 10 dias depois, os incêndios tinham causado a morte de 74 pessoas, destruído quase 400 000 ha e 280 000 cabeças de gado e causado pre juízos elevadíssimos. Nestas condições, pouco se pode fazer. O comandante da corporação de bombeiros de Vitória, Graham Simpson, comentava que um grande incêndio florestal era "um cataclis mo que cria os seus próprios ventos e o seu próprio clima, um demónio com espírito próprio".
Bombeiro de floresto. Um bombeiro vo luntário ajuda a combater um incêndio em Grose Valley, Austrália. O calor é tão intenso que a água se eoapora sem produzir qual quer efeito sobre as chamas.
O problema do trânsito nas cidades Após quase um século de melhoria na ve locidade dos automóveis nas estradas e ruas e no controle do tráfego, leva-se hoje tanto tempo a atravessar o centro de uma grande cidade como em 1900. Nessa altu ra, a velocidade média das carruagens de cavalos era osapenas de cerca 13 km/h. Em 1988, automóveis nãodeconseguiam andar mais depressa. Por exemplo, em 1988, em Copenhaga, a velocidade era de 14,5 km/h; em Nova Iorque e Brisbane, de 16 km/h; em Paris, de 17 km/h, e em Estocolmo, de 18 km/h. O problema reside na densidade do trá fego, que cria um círculo vicioso: o aumen to do tráfego leva à construção de estradas melhores e melhores sistemas de controle, o que, por sua vez, leva a um aumento do tráfego. O resultado é angústia e desespe ro. Os veículos parados e em marcha lenta desperdiçam anualmente somas elevadís simas em tempo, combustível e outros en cargos. Em Nova Iorque e outras cidades em que as ruas são paralelas cortadas por paralelas, as aglomerações das horas de ponta já têm produzido engarrafamentos em grelha, com áreas inteiras de trânsito impossibilitado de se movimentar durante horas.
Os princípios do controle Através da História, tem-se tentado arran jar soluções para o problema do trânsito, de forma a mantê-lo em movimento. No século i a. C, Júlio César baniu a circulação de carros em Roma durante o dia. O maior progresso dos tempos moder nos foram os semáforos, utilizados pela primeira vez em Cleveland, Ohio, em 1914. Pouco depois, os semáforos eram sincro nizados por sectores para melhorar o flu xo. O período de tempo em que se manti nham verdes podia ainda ser controlado pelo número de carros que passassem so bre placas de comando. Muitas cidades ensaiam outras manei ras de facilitar o fluxo do tráfego, aumen tando, por exemplo, as multas de estacio namento, encorajando a partilha dos car ros particulares e introduzindo nas ruas fai xas para transportes públicos (bus). Os sis temas computorizados, que surgiram na década de 60, permitem regular o trânsito numa secção interna de uma cidade. Mas todas estas medidas não têm resol vido os problemas postos pelo constante aumento de tráfego. Quando, na Venezue la, se insistiu em que os automóveis em Caracas só poderiam circular em certos
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Engarrafamento de trânsito. Aparente mente sem qualquer ordem, o trânsito bio queia urna rua da cidade comercial de Me dan. na Samarra do Norte. Fluxo de tráfego. Muntendo-se nos seus corredores, os veículos atravessam em bi cha a ponte de Oakland, em S. Francisco.
Hora de ponta. Ónibus puxados por cavalos, carroças, carruagens, um carro funerário e um rebanho engarrafam Fleet Street e Ludgate Hill, em Londres, numa gravura do século xix de Gustave Doré. dias da semana — conforme o último alga rismo da respectiva matrícula —, milhares de pessoas compraram segundos carros. Mantiveram-se os engarrafamentos - ain da agravados pelos carros estacionados. Em Singapura, quando os condutores eram multados se entrassem na cidade às
mais complexa que permita aos controla dores guiarem o tráfego como se fosse água, utilizando os semáforos como com portas. Com o carregar de um botão, os semáforos podem desviar o trânsito de um acidente, de trabalhos na rua. da multidão de espectadores que sai de um estádio de
horas de no ponta sem, pelo menos, dois pas sageiros carro, milhares de crianças ofereceram-se como "passageiros" a troco de umas moedas. Em 1987, havia no Mundo mais de 500 milhões de veículos motorizados em acti vidade, número este anualmente acresci do de 40 milhões. A única solução para as cidades parece residir numa computorização cada vez
futebol. Cada cidade tem os seus problemas. Km Manhattan, a complexidade é aterradora: a hora do dia, a actividade comercial local, a largura da rua, o tempo que faz, a época do ano - todas estas variantes afectam cada bairro, e cada bairro afecta os outros. E toda esta massa efervescente é ainda com plicada pela necessidade de atravessar os rios que cercam Manhattan, levando o trá
fego a comprimir-se nas pontes e nos tú neis. Na tentativa de dominar a situação, os computadores recebem informações dos cruzamentos principais, onde sensores subterrâneos monitorizam a velocidade e o volume do tráfego. Os resultados podem ser notórios: nos bairros periféricos de Nova Iorque a computorização reduziu o número de paragens de cada veículo em 70%. Em tudo isto o condutor individual é passivo. A verdadeira revolução no contro le do tráfego reside na navegação incorpo rada no veículo. O carro teria o seu próprio computador, contendo mapas pormenorizados e capaz de receber um fluxo permanente de infor•>1
COMO EVITAR ENGARRAFAMENTOS POR MEIO UM DE COMPUTADOR
1. Num ensaio de um sistema electrónico de orientação do trânsito em Berlim, em 1988, os condutores introduziram no computador o local aonde pretendiam dirigir-se.
2. O destino era introduzido pelo transceiverdo carro no semáforo mais próximo, situado num dos 240 cruzamentos da cidade. A in formação era enviada a um centro de comandos computorizado.
3. O centro de comandos enuiaoa ao semáforo indicações sobre o caminho mais rápido. E o semáforo transmitia ao condutor, através do transceiver,um mapa desse caminho.
4. Finalmente, o computador do carro traduzia a informação em conselhos claros e simples no respectivo mostrador: o melhor ca minho era indicado por setas, e a distância a percorrer, por dígitos.
mações sobre a situação do trânsito nas estradas de todo o pais. 0 condutor marca ria o código do ponto de destino c partiria. Quase imediatamente, o carro passaria um semáforo à beira da estrada, através do qual o computador obteria do centro de informações as condições que o espera vam na sua rota. Começariam então a apa recer instruções, traduzidas por uma seta num mostrador do tablier indicando o ca minho que o condutor deveria tomar para chegar mais depressa ao seu destino. Nos ensaios feitos em Berlim e em Londres, o computador dava ainda instruções verbais e avisos de nevoeiro, trabalhos na estrada, alterações da faixa de rodagem e desvios em voz sintetizada. A tecnologia para a introdução de um sistema deste tipo existe já. O custo de ins talação no carro seria idêntico ao de um telefone. Mas o problema maior seria a ins talação de milhares de semáforos para co brir o pais.
Controle central. Um oficial do Centro de Controle do Tráfego em P aris observa ima gens dos locais em que se começam a notar engarrafamentos. Em média, um veiculo não atravessa Paris a mais de 17 km/h - e os monitores computorizados ajudam a lo calizar os pontos nevrálgicos.
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O caso de Ana Ferreira, vítima de acidente na estrada "Bom dia. Fala da Unidade de Cuidados Intensivos Polivalentes (UCIP). Posso aju da lo?" A enfermeira-chefe Margarida San tos recebe a primeira chamada telefónica do dia na UCIP onde está colocada. A resposta é "sim". 1 louve um grave aci dente de viação numa estrada perto do hospital. Três pessoas — um motorista de táxi, a sua jovem passageira e um motoci clista — ficaram feridos numa colisão con tra uma camioneta. E de madrugada, num dia enevoado de Novembro, e urna ambulância com a sire ne a tocar transporta velozmente as víti mas para o hospital. Quando há que salvar vidas, a primeira hora após o acidente c decisiva. E para o pessoal da ambulância ê obvio que a rapa riga — uma secretária de 20 anos, Ana Fer reira, é a ferida mais grave Está inconscien-
te, tem muita dificuldade em respirar, san gra do tórax e pareço ter graves ferimentos internos. A chegada ao hospital, Ana é encami nhada rapidamente para o sector de ur gências e emergências, onde lhe são trata das as feridas superficiais, c os exames ra diológicos revelam a existência de fractu ras rias costelas e da bacia. A violência da colisão provocou-lhe rupturas no sistema circulatório e derrame do respectivo fluido e a ulterior acumulação nos pulmões pelo que é imediatamente conduzida à UCIP, no segundo andar. Na enfermaria de cuidados intensivos,
introduz-se-lhe na boca até à traqueia uma delgada cânula de plástico, que por sua vez está conectada a um ventilador. Este apa relho respira pelo doente, enviando lhe in termitentemente aos pulmões uma mistu ra de ar e oxigénio. Vigilância de 24 horas Em breve, a parte superior do corpo de Ana fica ligada a toda uma bateria de tubos e fios que vão ajudá-la a viver. Entre eles, contam -se um electrocardiógrafo, que fornece in formações permanentes sobre o ritmo e a frequência cardíacos; um cateter introduzi do numa veia do pescoço, através do qual
A respiração, a tensão arterial e as pulsa ções serão verificadas periodicamente, e os respectivos dados registados. A enfer meira que tem Ana a seu cargo raramente sai de ao pé da cama e anota quaisquer alterações no seu estado. Se necessário, pedirá conselhos ou ajuda — que imedia tamente lhe serão dados. Logo que a respiração de Ana estabili zou, inicia-se a fase seguinte do tratamen to. Uma delgada sonda de aspiração c-lhe introduzida pelo nariz até ao estômago para drenagem dos fluidos gástricos acumulados, ficando aí colocada enquan to for precisa. Uma outra sonda de aspira
onde o espaço aberto e as paredes cor-de-rosa tornam o ambiente mais acolhedor, a doente é colocada numa cama articulada e com rodas. A equipa de enfermagem e médicos rodeiam-na imediatamente. Devido às fracturas das costelas, é-lhe extremamente doloroso respirar. Por isso,
são repostos os fluidos perdidos, incluindoe o sangue, a uma determinada frequência; um outro cateter introduzido numa artéria do punho, que monitoriza a pressão arte rial. Enquanto estiver nessa unidade, Ana será observada e vigiada de perlo em cada minuto do dia e da noite.
ção depois introduzida pelo é"aparelho respiratório"periodicamente para se pode rem extrair as secreções dos brônquios e pulmões. Paralelamente, lem lugar a rotina mati nal da UCIP. Às 8 menos um quarto, os médicos fazem a "visita" da enfermaria,
Mundo fecha do. Desde que um doente entra numa unidade de cuidados intensivos polioalentes. passa a ser vigiado 24 horas por dia. As enfermeiras raramente se afastam da sua cama e verificam constantemente a bateria de fios e tubos ligados ao seu como. A UClf de um hospital é um mundo fechado funcionando com uma equipa polivalente de médicos, enfermeiras e técnicos especializados.
avaliando o estado dos doentes. Saem, mas mantém-se urna actividade e os ruí dos constantes: o zumbido surdo das máquinas, o sirvo abafado dos telefones e a conversa animada do pessoal de enfer magem. Embora os doentes aqui instalados se encontrem em estado grave, o ambiente é reconfortante e alegre. As 8 e meia, chega a fisioterapeuta para a primeira das suas duas sessões diárias: José Silva, funcioná rio público local, na casa dos 40, com frac tura do baço e outras lesões internas em consequência de uma queda grave, e Isa bel Marques, uma avó de cabelo branco que uma operação ao estô magorecupera feita nadevéspera.
conforta-nos e dá nos o tipo de apoio mo ral e espiritual de que precisamos de vez em quando." Um pouco antes do meio-dia, os pais de Ana chegam c são levados para a sala de espera dos familiares, em frente do gabine te do especialista da UCIP. A sala de espera tem um aspecto acolhe dor e aconchegado. Tem dois maples c dois sofàs-camas para o caso de um paren te ou amigo desejar passar a noite! Maria, a empregada de serviço auxiliar da unidade, mete a cabeça nos guardaventos que dão para a enfermaria: «Se nhora Enfermeira estão aqui os pais da Ana!"
Para remover as secreções dos pul mões, a terapeuta insiste com os doentes para que respirem fundo e tussam. Para que os músculos mantenham o seu tónus e as articulações não fiquem "presas", ela ajuda os doentes a mobilizar os membros. José - que já passou cinco dias nos cuidados intensivos - é deitado de lado. "Estamos a virá-lo, José, para lhe ajudar a limpar o tórax", explica a terapeuta. "Não demora depois voltamos a pô-lo con fortável ." Às 9, os tubos ligados aos ventiladores de cada doente são substituídos para evitar a proliferação de bactérias no equipamen to; e às 9 e meia chega um cirurgião para falar com Isabel. "A sua operação correu muito bem", diz-lhe com um ar bem-disposlo. 'Estamos muito contentes consigo." O relógio da enfermaria marca 10 horas Um gerador móvel de raios X é utilizado, e um técnico radiografista lira radiografias aos três doentes. Como sempre, tudo o que se faz é lhes explicado. "Só para ver se houve qualquer alteração aí por dentro", diz o radiografista aos doentes enquanto vai de uma cama para a outra. Passa mais meia hora, e as enfermeiras revezam-se para tomarem um chá com torradas na sala contígua, cujos muples e a televisão foram presente de um antigo doente reconhecido. As refeições — es sencialmente café e sanduíches - são igualmente tomadas aí. O refeitório do hospital fica no andar de baixo, e o pessoal de serviço não pode estar tão longe e afas tado — em tempo e distância — dos doen tes a seu cargo. As 11 tioras, o capelão do hospital apare ce. Embora a sua primeira preocupação
Livre de perigo A enfermeira-chefe Santos corre a dizer ao casal ferreira que a filha se encontra agora perfeitamente consciente e que, se o seu estado se mantiver estacionário, ficará livre de perigo. As fracturas da bacia e das coste las de Ana, acrescenta a enfermeira, conso lidarão a seu tempo. Mas. acima de tudo, ela prepara os pais para o choque que te rão ao verem Ana cheia de fios e tubos que a fazem parecer ainda mais doente do que está realmente. Pálidos e apreensivos, os pais de Ana são conduzidos à enfermaria e junto da cama. Passam a hora seguinte junto da fi lha, faiando-lhe da família, do tempo e dizendo-lhe que ela está nas melhores mãos e recebe os melhores cuidados. Impossibilitada de falar devido a estar ligada ao ventilador, Ana abre os olhos de vez em quando para lhes mostrar que está consciente e percebe o que lhe dizem. Fi nalmente, já nada mais há para contar e os pais Ferreira levantam-se para sair. "Volta remos amanhã para te ver, querida", mur mura a mãe. "Nessa altura, já deves estar muito melhor.» Às 13 horas, a enfermeira-chefe Santos e a sua equipa são rendidas para o almoço pelo turno da tarde, composto por uma enfermeira-chefe e três enfermeiras, que tomarào conta dos doentes durante as próximas oito horas. Se não houver novas admissões de doentes - dout ra enfermaria ou doutro hospital —, a unidade poderá contar com uma tarde calma, embora activa. Só o soar do alarme de um dos sistemas de controle e tratamento das funções vitais que ultra passe o respectivo limite de tolerância virá perturbar a tranquilidade existente en
Os cartógrafos actuais recorrem a um pro cesso utilizado pelos seus antecessores mais antigos: sobem a um ponto elevado para terem uma visão geral da área que querem cartografar. Nos tempos antigos, o cartógrafo subiria ao cimo de um monte com os seus instrumentos e equipamento; hoje, são fotógrafos que sobem num avião. As primeiras fotografias aéreas destina das a mapas foram tiradas em 1851 pelo francês Aimé Laussedat, que sobrevoou os campos num balão de ar quente. Fotogra fias tiradas de aviões militares foram utiliza das para os mapas das trincheiras durante a I Guerra Mundial. Para a cartografia aérea, o avião voa à altitude mais adequada à escala média da fotografia que se pretende para o mapa. Se a escala for de 1:50 000 e a lente tiver uma distância focal de 150 mm, a altitude de voo tem de ser de 7500 ni. As fotografias são tiradas na vertical, com o avião voando alternadamente num sentido e em sentido inverso ao longo de
sejam os doentes, às vezes próprias enfermeiras quem são mais precisaasdos seus conselhos. "Sempre que um doente morre, é para nós um golpe terrível", afirma a enfermei ra-chefe Santos. ''Especialmente se for uma criança. Precisamos de falar disso com alguém que conheça e compreenda os nossos problemas, mas que não seja uma de nós. E aqui que entra o capelão. Ele
quanto não chega o turno da noite. Poderoso "cocktail" Se tudo continuar a evoluir sem complica ções, Ana será transferida para uma enfer maria cerca de uma semana após ter dado entrada na UCIP. Como quase todos os doentes destas unidades, lembrar-se-á pouco ou nada do tempo que aí passou. O choque inicial e o poderoso cocktail de
faixascartografar. contíguas sobre o terreno se de seja Na mesma faixaque cada loto grafia deve sobrepor-se à anterior em cerca de 60%, devendo faixas adjacentes sobre por-se em cerca de 30%. Garante-se assim que todas as áreas parciais do solo serão fotografadas pelo menos duas vezes. Um avião voando a 25 000 pés (7500 m) teria de tirar pelo menos 12 700 fotografias para cobrir a superfície da França.
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analgésicos e sedativos que lhe foram ad ministrados garantirão que assim seja. Há alguns anos — antes de existirem unidades de cuidados intensivos poliva lentes —, Ana poderia ter morrido sem a vigilância, a atenção e os níveis de cuida dos ai' prestados minuto a minuto. Aproximain-se as 6 horas da tarde e o médico intensivista faz a última visita de rotina do dia — certificando se de que tudo corre bem e de que pode regressar a casa descansado. Entretanto, junto da cama de um dos doentes um rádio toca suavemente música ligeira. As enfermeiras esperam que a noite seja calma para que se concentrar nos doentes que jáo ali possam se encontram. Até que, subitamente, telefone da secretária volta a tocar. "UCIP, boa noite", diz a enfermeira de serviço. "Posso ajudá-lo?"
Como se utilizam as fotografias aéreas na elaboração de mapas
Por cada faixa, obscrvam-se pa res de fotografias seguidas através de um eslereorrestituidor, que mostra uma imagem de terreno em três dimensões, a qual é ajustada a uma rede de pontos cuja exacta po sição no solo é conhecida. Pode en tão operar-se o eslereorrestituidor por forma a medir, registar e definir a posição e a altura dos pormeno res da carta na escala desejada. Os pontos fixos, denominados
terreno, por forma a minimizar a< distorções, tendo em atenção a fi nalidade específica do mapa sempre à custa de rigor em certo< aspectos menos importantes par* cada caso. A Projecção de Merca tor. por exemplo, é utilizada par? traçar rumos de navegação, ma? distorce a escala, de modo que a.1 terras muito distantes do equadoí parecem ter uma área muiti maior que a real. Uma projecção destinada a re pontos fotogramétricos, podem presentar os países com áreas e po ter sido definidos anteriormente siçòes relativas tão próximas quan ou criados para este caso. Estes pontos — como quaisquer outros to possível das reais distorce as dis tâncias e as direcções e não pod( sobre a Terra — lém uma latitude ser utilizada na navegação. (distância angular para norte ou para sul do equador) e uma longi Kscolhida a projecção, o mapat tude (distância angular para lesto traçado por desenhadores ou po ou oeste do meridiano de Green computadores. Os traçados à mãe wich), e devem poder ser perfeita são desenhados em películas so mente identificados nas fotogra brepostas, figurando em cada umi fias aéreas. os diferentes elementos, como es tradas, rios, curvas de nível e zona Para "captar" os pormenores do de cor. Pode haver mais de 20 pe terreno, 0 operador do estereorreslículas que são assentes em con tituidor aponta um foco luminoso junto e combinadas fotográfica sobre cada característica importan mente, produzindo uma películi te da fotografia, registando automa por cada uma das quatro a seis CO ticamente a informação em algaris res geralmente utilizadas na im mos sobre fita magnética. Os por pressão das cartas. Alguns mapa: menores "capturados" podem ser desenhados por computador pro simultaneamente mostrados num duzem directamente a películi monitor vídeo ou num restiluidor para a impressão. (plotter) para verificação. Outros mapas, elaborados po As informações gravadas são in computador, nunca chegam a se troduzidas num computador com outros elementos indispensáveis, imprimidos, sendo transmitido: como a área que o mapa irá abran Vista aérea e mapa. Uma fotografia aérea de urna praceta electronicamente aos aviões ou na ger, o estilo deste e a sua escala. Má com as suas casas e jardins (em cima) foi utilizada para vios para navegação através do: monitores de computador. quinas de desenho comandadas elaborar um mapa pormenorizado da área (em baixo). pelo computador produzem não No futuro, os mapas poderão dis só mapas preliminares para verificação pensar o sistema actual de aerofotograme das por círculos ou quadrados. Finalmen como mapas acabados para impressão. tria. topografia no solo e impressão con te, nos mapas de continentes inteiros ou de vencional. Satélites em órbita do planei, Todas as informações recolhidas e anali todo o Mundo só as grandes cidades po poderão enviar as imagens directamente ; sadas acabarão por transformar-se num dem ser indicadas, marcadas por pontos. um computador, que imprimirá os mapa mapa traçado para determinado fim A altitude do terreno é habitualmente ou os transmitirá, sob a forma de sinai: um mapa de .estradas para motorista ou representada por curvas de nível, linhas electrónicos, aos monitores dos aviões um mapa agrológico mostrando as áreas que unem os pontos com a mesma altitu dos navios ou dos automóveis. urbanas, as agrícolas, as florestadas e as de. Quanto mais próximas estão entre si pantanosas. estas linhas (cotadas em pés ou em me tros), mais pronunciado é o declive. As cur A escala de um mapa A área a incluir num mapa pode ser em vas de nível podem ser combinadas com escala muito grande — cobrindo apenas Um dos factores mais importantes na elabo cores - processo denominado contour uma pequena zona do terreno apresenta ração e na leitura dos mapas é a escala. Un layer tinting — a fim de se indicar a varia da em grande pormenor. Os mapas deste mapa pode ser feito à escala de 1:250 000 tipo são usados pelos urbanistas para, por ção desde o nível do mar (geralmente ver significando que cada unidade (centí de) até às altas montanhas (geralmente exemplo, planearem novas estradas. metro, milímetro ou polegada) represent; castanho ou roxo). O sombreamento das 250 000 dessas unidades no terreno. Po Para traçar um rnapa numa escala me elevações dá ao mapa um efeito tridimen isso, aquela escala podia igualmente se nor (e mostrar umanum superfície maior), o sional. Pode usar-se sozinho ou como expressa em I cm = 2,5 km, ou 1" = 4 milhas cartógrafo aglutina só alguns dos ma complemento de contour layer tinting. Um mapa do Mundo num atlas pode ter < pas em escala maior. Mas, à medida que a escala de 1 :60 000 000 (I cm = 600 km). escala se reduz, tem igualmente de se dimi A representação da superfície curva da nuir o pormenor e passar a utilizar símbo Terra num mapa plano é impossível de Utilizam-se diferentes escalas, conform» los. Por exemplo, uma aldeia ou vila que conseguir sem alguma distorção. A solu aquilo que se pretende do mapa. Seria im começou como um conjunto de edifícios ção é utilizar uma das muitas projecções possível planear uma viagem de aulomòve é amalgamada numa única forma. à escala de um planisfério — e um planisfé cartográficas de conceito matemático, rio à escala de 1250 000 teria cerca de200 n que dispõem os meridianos e os parale Numa escala ainda mais reduzida, as al de largura. los, bem como outros pormenores do deias são omitidas e as cidades representa
:,:
respondência, com 330 kg, destinada a França. Na tarde de quinta-feira, um voo interna cional de Toronto leva a caria para O Aero porto Charles de Gaulle, em Paris, aonde chega na madrugada de sexta feira. A carta está agora no quinto dia da sua jornada. As cartas provenientes do Canadá se guem para Paris, onde se juntam aos 50 Os serviços postais mundiais conjugam-se milhões de objectos tratados diariamente para formar um cérebro à escala da Terra e pelo sistema altamente mecanizado ria França. O código postal da casa da avó de de uma complexidade fenomenal. Pierre é lido por uma máquina codificado A quantidade de correspondência ma ra, que lhe acrescenta um código de barras nipulada pelas 654 000 estações de cor indicando o ponto a partir do qual a carta reios do Mundo é impressionante. Num só dia passam pelo sistema postal internacio terá a sua distribuição final. Esta máquina trata 40 000 cartas por hora. nal 1000 milhões de artigos. Uma segunda máquina agrupa as cartas A movimentação física de uma carta (em vez da transmissão elect ró nica do seu em pilhas correspondentes às divisões ad ministrativas. Uma tela transportadora conteúdo) é uma operação lenta que exi ge trabalho intenso e representa um desa leva as da máquina para sacos que, por sua vez. são transportados para os ca fio constante para os milhões de pessoas miões e comboios que percorrem o país que trabalham para os 169 Estados inem com as suas 3000 t diárias de correio. A bros da União Postal Internacional. estação dos Correios utiliza um Airbus para levar a correspondência para Marse De Peace River para Nice Todo e qualquer objecto posto no correio lha e Nice, e a carta de Pierre embarca no passa a fazer parte desta actividade épica. voo de sexta à tarde. Imaginemos, por exemplo, que Pierre, jo A noite, em Nice, são executadas as ope vem engenheiro francês recentemente rações de recolha e triagem no sentido in destacado para Peace River, na província de verso. A estação divide a correspondência Alberta, no Canadá, escreve uma carta à em várias subzonas para distribuição local. avó, que vive perto de Nice, no Sul de No sábado, de manhã cedo, uma carrinha França leva a correspondência desde a estação de Em Peace River, Pierre deita a caria no escolha para a estação central. correio na segunda feira de manhã. Esta coloca a carta de Pierre num dos 70 000 circuitos postais nacionais, e a avó A seguir à recolha nessa tarde, a caria junta se a milhares de outras na estação lê as suas notícias ao pequeno almoço, no sexto dia da viagem desde Peace River local dos Correios. Os funcionários sepa ram a correspondência local da destinada Pelo menos, assim seria num mundo ideal. Mas surgem inevitavelmente compli a outras regiões do Canadá. Separam tam cações: como os fins-de semana e os dias bém a correspondência internacional em dois grupos — um que irá para oeste, atra feriados; como toneladas de embrulhos mal feitos e sobrescritos ilegíveis: como vessando o Pacífico, outro para todos os destinos de leste, incluindo a Europa. À tar greves; como avarias, e como as acumula de, os sacos do correio, excluindo a corres ções do Natal. Mas, embora esles factores pondência local para Peace River, viajam muitas vezes se conjuguem, obrigando a de camião para a cidade de Grande Prairie. atrasos, cada entrega representa um pe Aí, os sacos de correio internacional jun- queno tributo ao empenho e à coopera ção humanos. tam-sc a outros provenientes de cidades vizinhas. Na manhã seguinte, terça-feira, um segundo carregamento transporta a correspondência para a capital da provín cia, Edmonton, 480 km a sueste. O volume de correio internacional aumenta nova mente antes de ser transportado da Estação de Correios de Edmonton para o aeroporto. Neste ponto, as duas cargas iniciam ca minhos separados - os sacos para traves sia do Pacífico seguem para oeste, para Vancouver, os outros para leste, para To São 5 horas de uma tarde de quinta-feira ronto, aonde chegam ao fim do dia de ter num activo gabinete de estudos e projec ça feira. tos do centro de Frankfurt, Alemanha 0 Em Toronto, as cartas são separadas por pessoal prepara as especificações de uma nova ferramenta de lapidação de diaman países e, nalguns casos, por zonas dentro tes que criou e da qual um protótipo está de cada país, Esle processo ocupa quase embalado para ser entregue em Quito, ca inteiramente a quarta e quinta-feiras, e a pitai do Equador. Esle protótipo tem de carta de Pierre junta se a pilha de cor
Como o correio atravessa o Mundo
Um serviço mundial de mensageiros
Hl.
estar nesta cidade na manhã de terça feira. enquanto o documento rias especifica ções tem de estar na sede da empresa, em Nova Orleães, na sexta-feira. Um serviço internacional deCOurier aé reo foi contratado para assegurar a entrega de ambos os artigos. A chamaria para os escritórios locais desse serviço foi feita às 4.30; um mensageiro estava no gabinete de estudos meia hora depois, com uma carrinha para transportar os artigos. Um terminal de computador na carrinha indi ca ao condutor o caminho mais rápido. O mensageiro recebe o envelope com as especificações e o embrulho com a má quina de lapidação e dirigese para o cen tro de distribuição da sua empresa, próxi mo do Aeroporto Internacional de Frank furt Ali. uma máquina delaser lê o sobres crito e 0 pacote, introduzindo os dados num computador central para que os res pectivos percursos possam ser monitori zados, Esses mesmos dados são utilizados na preparação dos documentos de expor tacão e importação e na elaboração da fac tura para o gabinete de estudos. Uma leia transportadora leva o pacote para um saco com a etiqueta "América do Sul" e o sobrescrito para o saco dos EUA Cada saco será colocado no primeiro voo disponível com partida de Frankfurt. Neste caso, os sacos são colocados no voo da noite para Nova Iorque, com chegada na madrugada de sexta-feira. Alguém rio escritório ria empresa de ser viços, de COurier em Nova Iorque põe o saco destinado aos EUA num voo para o escritório cenlral da distribuição, onde o sobrescrito é colocado num saco para Nova Orleães e enviado no voo de ligação seguinte. A chegada, c entregue em mão na sexta-feira à tarde. Entretanto, o saco para a América do Sul é novamente triado em Nova Iorque, e o pacote para Quito é colocado num voo da tarde que faz escala primeiro em Bogotá, na Colômbia, e depois em Guaiaquil, antes de aterrar em Quito na sexta à noite. A Alfândega de Quito está fechada até segunda-feira, mas o representante da em presa de courier prepara a documentação para desalfandegar o pacote na segunda de manhã. Uma carrinha entrega-o no lo cal do destino à hora do almoço. Os serviços internacionais de cou/iei surgiram no fim da década de (i(), porque as empresas de todo o Mundo que podiam enviar um empregado a quase qualquer ponto do Globo em 24 horas por avião desejavam assegurar a mesma eficiência no envio de cartas e encomendas impor tantes. Os correios não eram bastante rápidos, porque os sistemas postais se preocupa vam com entregas volumosas em peque na velocidade, e os serviços de courier conseguiam garantir entregas rápidas, urn sistema poslal personalizado, pessoal
próprio e as mais recentes tecnologias. Hoje, num esforço de modernização c indo ao encontro das necessidades do mundo empresarial, os Correios criaram os seus serviços de courier, oferecendo as sim a rapidez e segurança desejadas. As empresas de courier gastam anual mente milhares de contos com as reservas de espaço nos voos regulares de carga e passageiros e todas mantêm informações computorizadas sobre os horários de voo de todo o Mundo. Muitas firmas possuem os seus próprios aviões e helicópteros e quase todas tem frotas de carrinhas e
motos para as recolhas e entregas porta a porta. Em 1980, a DHL, o maior serviço interna cional em termos do número de entregas, tratava 30 000 artigos em cada noite da se mana. Na Europa, as grandes empresas de courier e as administrações postais prome tem entregas de um dia para o outro nos destinos europeus e prazos de dois dias para qualquer parte do Mundo. Dm outro campo em crescimento competitivo é o remailing, em que a correspondência in ternacional é enviada do país por serviço
de courier e metida no correio no estran geiro, curto circuitando assim, em parte, os serviços postais. No entanto, o retnuiling é uma actividade considerada ilegal, pelo que vários organismos internacionais e principalmente a CEE estão a tentar regu lar esta actividade. O mercado para as entregas expresso, que duplicou em cada dois ou três anos na década de 70, atingia os 4000 milhões de dólares em 1988. Parece provável que os serviços de courier expresso continuem a expandir se para ir ao encontro das exigên cias das empresas.
Do outro lado do M undo — rep ort age m pa ra um jor nal É um dia especial para os apreciadores de ténis na Africa do Sul — particularmente para os que vivem em Joanesburgo ou suas proximidades. Um jovem da zona chegou às finais do campeonato italiano em singulares homens, a decorrer em Roma, e o seu sucesso ou o seu desaire serão notícia em ambos os países. A noti cia ocupará provavelmente as primeiras páginas dos matutinos sul-africanos. O di rector terá de escolher a forma de fazer a cobertura da partida: apoiar se nos despa chos e fotografias das agencias noticiosas ou mandar o seu próprio redactor despor tivo e um repórter fotográfico para fazerem a reportagem em primeira mão. Em virtu de do grande interesse local, decide enviar uma equipa própria. 0 redactor e o repórter fotográfico che gam a Roma a tempo da conferência de imprensa, na véspera do jogo. O redactor pode assim escrever um artigo sobre o am biente geral e as expectativas que rodeiam
a partida juntamente com as impres sões de ambos os finalistas. O jogador sul-africano é um adolescen te que não ganhou ainda um grande cam peonato ou torneio; o seu adversário é um escandinavo mais velho e muito mais ex periente, actual detentor do titulo Trata se, como diz o jornalista, de um encontro clás sico entre "um jovem pretendente e um rei entronizado". O começo da partida está previsto para as 14 horas e pode durar toda a tarde. Por isso, na África do Sul, que tem a mesma hora de Roma, o resultado deve ser conhe cido pelas 18 horas. Os jornalistas não te rão dificuldade em mandar os seus artigos e as suas fotografias a tempo da primeira edição do dia seguinte. Na cabina da imprensa, o redactor pode escrever a reportagem no seu processador de texto portátil, que é um terminal remoto do computador central do jornal. Quando termina a sua história, o redaclor limita-se
Tecnologia a duas mãos. Com um leleío ne em cuciu mõo, um jornalista recolhe ele mentos paru urna nova reportagem. a ligar o adaptador ao telefone mais próxi mo e a marcar o número do jornal, e o texto é transmitido directamente para o computador, a 8850 km de distância. Um artigo de 1000 palavras leva cerca de um minuto a ser transmitido. O jogo termina com uma brilhante vitó ria do jovem tenista sul-africano. A acres eentar ao relalo dosseta. já introduzido no seu processador de texto, o redactor vai agora entrevistar ambos os finalistas. Entretanto, o repórter fotográfico recor re a uma agência noticiosa internacional de cujo equipamento de transmissão fotográfica necessita. Revela os seus filmes e introduz num transmissor os melhores ne gativos. 0 transmissor envia as imagens através de uma linha telefónica e cl,is aparecem rapidamente, como reprodu ções de negativos de alta qualidade, no re ceptor do editor de fotografia em Joanes burgo.
Equipa da imprensa. Nenhum aconteci mento desportivo passa sem os repórteres fotográficos, cujas fotografias podem ser enviadas por transmissores especiais 57
Montagem da página. Os patinadores (à direita) cortam as provas e colam-nas em folhas do (amanho das páginas do jornal. Retoques. Quaisquer espaços em branco encontrados num negativo depois de mon tada a página são retocados com uma ca neta preta especial (em baixo).
Depois de entrevistar os jogadores, o re dactor prepara a reportagem definitiva, ajustando e corrigindo o texto que escre veu e que visualiza no écran da sua máqui na. Às 20 horas, pede uma linha à telefonis ta do hotel e transmite a sua reportagem com mais pormenores de fundo e mais colorido que as notícias de primeira mão da televisão e ria rádio.
bem corno todos os outros textos, transita então para um equipamento rie fotocom posição de alta velocidade. O artigo, de 1000 palavras, fica pronto em menos de 30 segundos. Da fotocomposição sai uma prova em papel fotográfico para ser mon tada em página de acordo com a maqueta previamente feita. Embora a paginação possa ser feita di rectamente no computador, muitos jor nais preferem ainda cortar as provas e colálas em folhas do tamanho da página método rápido quando executado por paginadores experientes. O chefe de redac çáo-adjunto certifica-se de que todos os artigos cabem nos espaços que lhes foram atribuídos e que náo surgiram enos antes ou durante a fotocomposição.
Com todos os textos, títulos, fotografias e filetes, a página completa é fotografada,
obtendo-se em minutos um negativo a preto e branco a partir do qual vão ser feitas as chapas de impressão. Fazem-se primeiro fotocópias das pági nas para serem aprovadas pelo editor de desporto, pelo chefe de redacção e, even tualmente, pelo director. Urna vez verifica das e aprovadas pelos revisores, as páginas são levadas à secção de impressão. A meia-noite, as páginas estão prontas para serem transferirias fotograficamente para chapas de impressão de zinco ou alu mínio revestidas a plástico. As chapas, à passagem ria tinta, imprimem o papel. A velocidade, aqui como em todas as fases do processo, é fundamental, pois os jornais têm à sua espera as 80 carrinhas que os distribuirão pelos postos de venda. Quanto mais perto do centro de impres são se encontram os revendedores, tanto mais recentes são as edições que recebem. Estas últimas edições podem ser radical mente diferentes das primeiras, pois, com frequência, reportagens de última hora re clamam espaço na primeira página, rele gando alguns artigos da primeira página para uma página interior. O leitor satisfeito Deste modo, enquanto toma o seu pequeno-almoço, o leitor de Joanesburgo inte ressado em desporto lê o relato da vitória do seu jovem concidadão. O redactor, en tretanto, está a acordar em Roma. Para ele, tudo isto são notícias rie ontem.
Notícia de primeira página Por volta das 21 horas, o editor rie desporto chama a reportagem do ténis ao seu moni tor. Conforme acordado na reunião de edi tores, a reportagem constituirá o artigo principal das páginas de desporto Por ou tro lado, o resultado rio tenista dá noticia de primeira página, escrita a partir da reporta gem do enviado e que o chefe de redacção poderá ler no monitor. A reportagem principal é depois lida e corrigida por um chefe de redacção-adjunto por forma que ela se encaixe no espaço que lhe atribuiu o editor rias páginas de desporto. O chefe de redacção-adjunto pode chamar ao seu monitor uma ima gem da página inteira tal como agora se encontra, com todos os outros artigos, títu los e fotografias — e anúncios, se os hou ver - já paginados. Depois de o editor de fotografia e o edi tor de desporto lerem escolhido a fotografia que ilustrará a reportagem, o chefe de
Quando Samuel Johnson escreveu o seu dicionário de inglês no século xvm, esse trabalho demorou sete anos. Nesse perío do ele teve rie escrever o significado de 40 000 palavras. O primeiro Oxford English Dklionary, completado em 1928, levou 50 anos, com os seus 12 volumes e 252 259 vocábulos. Na Alemanha, o Deutsches Wõrter huch, com 16 volumes, iniciado pelos ir mãos Grirnm em 1838, apenas foi termina do em 1961 — passados 123 anos criuas guerras mundiais. A maioria dos dicionários exige consi deravelmente menos esforço e tempo, náo
o faz (o lexicógrafo) precisa de ter uma ideia, ou conceito, do tipo de dicionário que pretende, um critério definido sobre a forma de pôr essa ideia em prática e os exemplos e citações relacionados com os vocábulos a incluir e com aquilo que pre tende dizer acerca deles.
redacção-adjunto saberá qual editado o espaço que dispõe. O artigo é então no de monitor, de forma a preencher esse espa ço, e faz-se um título que chame a atenção c se ajuste à história e ao espaço disponí vel. O chefe rie redacção-adjunto introduz a legenda da fotografia. São quase 22 ho ras, e nesta altura todos os textos para a primeira edição têm de ser compostos. O artigo sobre o campeonato de Roma,
só sãoosmenos extensos como tam bémporque porque seus compiladores podem utilizar dicionários anteriores como fontes de informação. Urna nova edição de um "dicionário portátil" com nome já feito pode levar cerca de dois anos. Um peque no dicion ário especializado co mo um dicionário de abreviaturas — pode ser es crito apenas por uma pessoa. Para escrever um dicionário, aquele que
trada (grafia, pronúncia,gramatical, etimologia,sinó signi ficado, comportamento nimos e antónimos) ou apenas alguns ti pos de informação (grafia e pronúncia, por exemplo). Pode incluir ilustrações e exemplos rio uso das palavras. Pode ser monolingue (com os significados das palavras portu guesas dados em português) ou bilingue (com os significados das palavras portu-
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A elaboração de um dicionário: trabalho que pode durar uma vida
Primeiro, a ideia O dicionário pode incluir vocábulos de to dos os tipos ou unicamente termos espe cializados (como num dicionário de quí mica). Pode incluir ou não os nomes de personalidades e de lugares. Pode dar mui tos tipos rie informação acerca de cada en
guesas dados, por exemplo, em francês, e os das francesas dados em português).
O critério Uma vez decidido o objectivo do dicioná rio, têm de se estabelecer critérios para a sua elaboração. Quando é que um vocábu lo deve constituir uma entrada principal ou uma subentrada? Deverá saca-rolhas, por exemplo, constituir uma entrada principal (como sacar e como rolba) ou unia suben trada — e neste caso dentro do verbete «sacar» ou dentro do verbete «rolha»? Capitáo-tenente será provavelmente uma entrada principal mas virá em capi tão ou em tenente? Cabo (promontório, fim, extremidade), cabo (chefe, caudilho; graduação militar), cabo (do martelo, da vassoura) e cabo (corda) farão parte de um único verbete porque se escrevem do mesmo modo? Ou haverá quatro verbetes, um para cada significado? Ou ainda entra rão os dois primeiros num único verbete por terem o mesmo étimo (latim caput, "cabeça", "extremidade") e terão os outros dois (respectivamente de copio, "'agarrar*' e de capulum, "corda") cada um o seu ver bete próprio? E azul, substantivo, c azul, adjectivo (qualidade daquilo que tem a cor azul), como devem ser tratados? E se uma palavra aparece mais de uma vez como entrada principal, que ordem dar às entradas: a mais antiga antes da mais recente, a mais frequente antes da mais rara ou o adjectivo antes do substantivo'.' Ainda quando uma palavra tem mais de um significado, em que ordem devem apa recer esses significados: o mais antigo an tes do mais recente, o mais frequente antes do menos frequente, o literal antes do figu rado, o geral antes do técnico?
soas vulgares sobre as suas predilecções e as suas reacções quanto à forma como as palavras são usadas. Mas lerá de interpretar com muito cui dado todos estes dados. Determinados vo cábulos podem ser facilmente tabelados de "obsoletos" ou "arcaicos", por exem plo, porque não são usados nas zonas do pais com que o lexicógrafo está mais fami liarizado — mas antes de os classificar como tais ele terá de saber se certas regiões os não utilizam ainda na sua fala normal.
A organização do projecto Embora seja possível alguns dicionários serem obra de uma só pessoa, a maioria representa esforços conjuntos. Os lexicógrafos que têm a sorte de pos suir citações utilizam-nas na elaboração dos verbetes e organizam o seu trabalho por forma que. por exemplo, os verbetes para anabolismo, catabolismo e metabo lismo façam referências cruzadas entre si apesar de terem letras iniciais diferentes. É possível que uma entrada seja produ to do trabalho de um único lexicógrafo, mas o mais provável é que o seja de vários especialistas: um para o significado, outro para a pronúncia, um terceiro para a eti mologia (a srcem e a evolução do vocá bulo ou da expressão). Material complementar, como fotogra fias ou mapas, pode ainda ser preparado por outros especialistas. E tudo tem de ser verificado quanto ao sou rigor, clareza e solidez. Actualmente, grande parte do trabalho pode ser realizado por computadores, que conseguem tratar grande quantidade de elementos, facilitar a revisão (fazendo lis tas de artigos previamente assinalados para potencial eliminação, a fim de darem lugar a novos vocábulos e significados) e garantir um tratamento homogéneo (mas não o rigor nem a clareza).
nho e sala de jantar, ou ainda casa de ba nho e casa de jantar, e decidir se todas estas locuções terão de constituir entradas no dicionário. Na elaboração das definições, o léxico grafo deve tentar encontrar o equilíbrio en tre a clareza e o esclarecimento ou a infor mação. Se dissermos que um camarão é um animal "com 10 patas". Ioda a gente perceberá; se o classificarmos como um "decápode". muitas pessoas lerão de pro curar a definição de decápode. Mas, ao fazê-lo, encontrarão provavelmente outras
informações úteis, como o facto de os ca
marôes estarem relacionados com as la gostas podes. e os caranguejos, também eles decá
Uma solução será chamar ao camarão "um animal decápode (com 10 patas)". Mas isso exige mais espaço, que pode refleclirse na dimensão do dicionário, dimi nuindo o número de entradas possíveis. Têm igualmente de ser sopesadas con siderações sobre o espaço e sobre o tipo de utilizadores da obra, ao decidir-se quanto à quantidade de informações a incluir: deve rá a definição de água incluir a sua fórmula química (H^O) e os seus pontos cie conge lação e ebulição ao nível do mar-5
A importância dos dicionários Apesar de lodos os problemas, o lexicógra fo pode consolar se com a ideia de que um dicionário pode ser um dos mais impor tantes instrumentos de auto-educaçâo. São uma espécie de memória arquivada da cultura em que são produzidos, bem como um meio de acesso a essa cultura Há alguns anos, em Inglaterra, uma mu lher que ficou parcialmente incapacitada devido a uma intervenção cirúrgica deci diu pedir uma indemnização. Antes de o fazer, estudou durante seis meses dicioná rios de medicina para não ser enganada pela terminologia médica que seria utiliza da no tribunal. E ganhou a acção.
Exemplos e citações 0 ponto de partida para decidir aquilo que vá ser incluído são os conhecimentos do lexicógrafo acerca da língua e o modo corno a entende. Será ideal também que possua um vasto repositório de exemplos do emprego real dos vocábulos e das frases, recolhidos de escritos publicados c talvez de manuscritos e até discursos gravados. Esta colectânea pode ser tão representativa do espectro da língua quanto o lexicógrafo o pretenda. Assim, podem mesmo ser re colhidos exemplos em trabalhos científi cos e até em revistas humorísticas. Pode fazer-se uma lista alfabética, por meio de computador, de todos os exem
A elaboração do dicionário Num dicionário alfabético normal, os vo cábulos relacionados entre si, como chão, sobrado, soalho e pavimento, poderáo aparecer muito distanciados. Mas os ver betes podem ser escritos ao mesmo tem po para garantir que os respectivos signifi cados sejam devidamente comparados e que não faltem as referências cruzadas. Um dicionário geral incluirá palavras re centes (como sida) e novos significados de palavras antigas (como monitor), e referirá
Entre Janeiro e Maio de 1942, 5500 solda dos alemães estiveram isolados pelo exér
plos de cada palavraAssegurar-se-ia nos textos escolhidos para investigação. assim que não se perderiam empregos impor tantes das palavras pelo simples facto de serem demasiado vulgares para despertar a atenção do lexicógrafo. Este reportar se á ainda a outros dicio nários e outras obras e a artigos acerca da linguagem. Pode ainda consultar os peri tos sobre palavras especializadas e as pes
vocábulos antigos,técnicos como boleeiro. Alguns termos podem ser mais fáceis de explicar do que muitas palavras do dia-a-dia. É mais fácil, por exemplo, dis tinguir uma estalactite (que aponta para baixo) de uma estalagrnite (que aponta para cima) do que um quarto de uma sala. E, tendo conseguido definir distintamente quarto e sala. ele terá eventualmente que saber explicar porque se diz quarto de ba
cito Moscovo russoeperlo Leninegrado. da cidadeFora de Kholm, o pior Inver entre no desde há 100 anos. Com -30°C, os sol dados alemães, enregelados, amontoavam-se nos abrigos subterrâneos e reza vam para que viessem os socorros. Subitamente, ouviram o som distante de motores, que se transformou num rugi do quando 20 aviões de transporte Jun kers Ju 52. escoltados por duas esquaríri-
Como se alimenta e abastece um exército na guerra
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Força aerotransportada. Num exercício. os US Army Ra ngers trei nam-se no salto e/n
páraquedus por detrás das linhas inimigas, transportando apenas provisões básicas. lhas de caças Messerschmitt. lhes passa ram por cima. O céu encheu-se com riú zias rie pára-quedas com caixotes de ali mentos, munições e medicamentos. Estes voos de abastecimento continua ram por mais de três meses, permitindo aos alemães sitiados repelir os ataques do Exército Vermelho. Km Maio, os tanques alemães conseguiram abrir caminho até aos sitiados. A Bolsa de Kholm sobrevivera graças a um bom apoio logístico. A logística - a capacidade de abastecer uma força de combate com alimentos,
muniçõ es e equi pame nto foi sempre um elemento essencial das artes bélicas. E na guerra moderna um ataque ou uma de fesa eficazes dependem cada vez mais de um reabastecimento rápido e continuado. Uma divisão pesada moderna com cer ca de lfi 000 homens e 1000 veículos empe nhados em combate consome pelo me nos 5000 t de munições e 2700 t de com bustíveis por dia. Sem esse fluxo vital, um exército morre. A frase de Napoleão "Um exército marcha sobre o seu estômago" é tão verdadeira agora como era então. A incapacidade do Exército Vermelho para suster a invasão de Hitlerdeemreabastecimentos 1941 deveu se em parte a umAssis tema inadequado. tropas das linhas da frente eram obrigadas a ir à retaguarda reabastecer-sc. Estaline extinguiu esse sistema em 1943. Os Japoneses não conseguiram tomar Imphal c Kohima, na fronteira indo -birma nesa, em 1944. em parte por não terem reabastecimentos. Quando os Ingleses e os Indianos avançaram, encontraram ca dáveres de japoneses com ervas na boca.
Movimento maciço de tropas norte-americanas Os problemas ligados ao reabastecimento são enormíssimos, como se revelou em Setembro de 1987 durante as manobras militares Reforger 87. O exercício envolveu a mais vasta movi mentação ultramarina de forças norte-
americanas em tempo de paz. Os 35 000 homens do III Corpo blindado, estaciona do em Fort I lood, no Texas, iriam ser en viados para a Alemanha Ocidental, como se constituíssem reforços aos seus colegas aliados no início de uma invasão soviética da Europa Ocidental Soldados e equipamento encontravam-se espalhados por mais de 30 estados
Rações de combate. Soldados de infanta ria recolhem embalagens de refeições du rante um exercício militar.
[.ançainento de um tanque. Um tanque Shcridan de IS t é retirado de um aoiâo Herculespor pára quedas gigantes Esta técnica, extracção por pára quedas a baixa altitude, permite a entrega de cargas pesadas na zona de combale sem que o avião lenha de aterrar.
americanos. As (ropas foram conduzidas para os aeroportos americanos, de onde voaram para a Europa. Dos aeroportos eu ropeus foram levadas, por estrada ou ca minho de ferro, para entrepostos onde lhes foram fornecidos equipamentos da NATO ou para portos onde receberam equipamento pesado que chegara de bar co através do Atlântico. 0 transporte em navios rápidos através do Atlântico leva mais quatro dias do que por ar, por isso foi necessário ter material pré-armazenario para as primeiras tropas. 0 Corpo Blindado deslocou-se então para a sua zona do acção, perto de Miinster
não dormem: a frenética actividade organi zada de ontem limita-se a dar lugar a uma curta noite de preparação para amanhã. Assim acontece no Milton, lorre de 25 andares de betão e vidro no sopé do Vic.toria Peak. Enquanto os cerca de 1250 empre gados - do direclor-geral para baixo — descansam, os cerca de 50 funcionários da noite preparam o hotel para o novo dia E esta a vida do hotel que os hóspedes não vêem.
euma Osnabruck. doisedias depois, cada das duas Daí, divisões as respectivas bri gadas de apoio dirígiram-se a uma zona táctica de concentração ali próxima para reabastecimento de combustíveis e provi sões (em situação de guerra, o reabasteci mento incluiria igualmente munições). Desde a altura em que foram convocados ate àquela em que se encontraram em po sição de combate, as tropas não demora ram mais de uma semana. Os exércitos modernos são cada vez mais complexos, e é cada vez maior a ne cessidade de rapidez. Os computadores transmitem os pedidos instantaneamente. Os abastecimentos urgentes podem ser transportados por helicóptero ou por apa relhos STOL (short-take-off-and-landing. "de aterragem e levantamento em curto espaço"). No futuro, navios-lanques gi gantes, cargueiros movidos a energia nu clear, submarinos de carga e até grandes
Um dia num hotel de luxo
nadas cerca 3750o refeições durante as próximas 24 de horas, pão e a pastelaria para os pequenos-almoços estão a ser c.o zidos desde a meia noite. Ao todo, quase 550 pessoas trabalham na preparação c no serviço das comidas e bebidas no hotel. A equipa de limpeza nocturna lava e lim pa o equipamento da cozinha e areia os serviços do pequeno-almoço. Os empre gados do serviço do quartos preparam os pedidos para o dia seguinte e estão atentos aos pedidos ocasionais dos que não con seguem dormir e que querem um compri mido para as dores de cabeça, um copo de whisky ou uma ceia inteira para si próprios e para os seus amigos. Na cave, a equipa que trata da manuten ção dos sistemas vitais do hotel ar condi cionado, refrigeração, luz eléctrica e força motriz, água quente - está empenhada nas suas tarefas nocturnas. Ao lodo, num dia de ponta gastam se 820 000 I de água e recolhem-se cerca de 4,5 t de lixo. Na rouparia, enchem-se os últimos ces tos com as mudas de roupa de cama e as toalhas para os quartos. Os 43 porteiros e mandaretes já verifica ram os seus registos de saídas e entradas. Distribuem se os jornais da manhã para entrega nos quartos e afixam-se no átrio principal os avisos sobre os acontecimen tos do dia no hotel. O pessoal de limpeza limpa as zonas de circulação e arranja as salas necessárias para funcionar durante a manhã, em reu niões de trabalho e negócios.
Quando se aproxima a I hora de uma ma drugada abafada de Hong Kong, a maioria dos cerca de 1000 hóspedes do Hotel Mil ton já está recolhida. Os sete restaurantes c dois bares do hotel fecharam, e a zona de lojas, a sauna, o ginásio, os campos de té nis e a piscina encontram-se desertos. Os empregados dos sectores administrativos há muito que terminaram o seu serviço. Na zona da entrada, onde chegam a tra balhar durante o dia 75 funcionários, só ficaram os empregados da noite e uns quantos recepcionistas. As luzes das zonas de convívio e dos corredores baixaram de intensidade. No entanto, os grandes hotéis
Das 7 às 9 da manhã: tudo em acção O hotel está agora bem acordado — como o estão muitos dos hóspedes, ansiosos pelo pequeno-almoço c por mais um novo dia. Na recepção, os funcionários do turno da noite, cansados, são substituídos pelos da equipa de dia. São organizadas as entradas e saídas, marcados os quartos, distribuído o correio. Fazem-se as reservas, verificam-sc as horas do chegadas e parti das. Os empregados de serviço às salas de reuniões confirmam que estas foram con venientemente limpas. O pessoal de noite do serviço de quartos retira se e entra o de dia; dá-so então início à limpeza e arruma çáo dos 750 quartos de cama.
aviões poderão aumentarpor os ar reaprovisio namentos convencionais e por mar. Estrategicamente, contudo, nada mu dou, e, como disse o marechal Rokossovsky, famoso comandante da II Guerra Mundial: "Não compete às tropas preocuparein-se com a retaguarda, mas à re taguarda preocupar se com as tropas."
Da 1 às 7 da manhã: cozinhas e limpezas Nas cozinhas, onde têm de ser confeccio
O turno da noite da manutenção é suhs tituído pelo da manhã, a quem entrega uma lista de trabalhos a fazer. A mudança é marcada pelo ajustamento do volume suave do sistema sonoro de comunica ções para um nível que possa ser ouvido por sobre os ruídos do dia.
Das 9 ao meio-dia: chegam os administrativos Quando diminui a azáfama das saídas da manhã e já foram servidos os últimos pe quenos-almoços, os serviços adminislrati vos do hotel começam os seus trabalhos. No serviço de aprovisionamento, os empregados de existências defazem últimauma horaverificação para se assegu rarem de que têm todos os alimentos e bebidas para o dia. Os contabilistas sentam se em frente das suas calculadoras e computadores para examinar as finanças do hotel. Os res pousáveis pelo pessoal preparam-se para um dia que pode incluir admissões ou des pedimentos ou ficar se pela atençào dada às boas condições de trabalho dos empre gados. Os directores de vendas reúnem-se para decidir sobre estratégias e tácticas para o melhor aproveitamento do hoiel e das suas instalações não só o alojamento nocturno como exposições, conferências, recepções e banquetes. Complementan do esse trabalho, a equipa de relações pú blicas, com cinco elementos, estuda a me lhor forma de fazer publicidade ao hotel. Entretanto, os 62 técnicos da manuten ção fazem a sua inspecção diária completa, procedendo a reparações e conservações de rotina, incluindo a verificação da piscina e do equipamento da sauna e do ginásio — onde uma equipa de oito pessoas toma conta da sauna, rio banho turco e das insta lações de massagem. O chefe do pessoal das limpezas dá os loques finais aos arran jos para as funções especiais do dia. As cerca de 60 lojas, a farmácia e o cabe leireiro estão já abertos. Atrás do iobby do rés-rio-chão, o Busi ness Centre também já abriu as portas: põe à disposição dos clientes um serviço de secretariado, de telegramas,fax e telex durante 24 horas, fotocópias, serviços in ternacionais de entrega de documentos e uma biblioteca de livros de referência.
Do meio-dia às 3: horas de almoço Nas cozinhas, desapareceram já os últi mos '"vestígios" dos pequenos-almoços. A preparação dos almoços vai avançada, embora, por volta da 1 hora, venha a ser necessário o reabastecimento dos bufetes. Nos restaurantes, as mesas estão postas e as reservas verificadas. Uma totalidade de 200 cozinheiros, ajudantes de cozinha e empregados-de-mesa estarão envolvidos em preparar e servir as refeições. Entretan to, o serviço de quartos prepara os tabulei •
i l
ros e os carrinhos para os hóspedes que preferem almoçar no quarto. Na recepção, apresentam-se os novos hóspedes. Os mandaretes pegam nas ba gagens e acompanham os hóspedes aos respectivos quartos, abrindo-lhes as por ias com cartões de segurança computori zados, em vez das chaves tradicionais, que podem ser roubadas e copiadas.
Das 3 às 6 da tarde: o chá A medida que se esvaziam os restaurantes e os bares, os hóspedes começam a tomar o chá, as empregadas de quarto enchem os baldes de gelo nos quartos, os empregados-de-mesa e osaobormen para a reabertura fim da preparam tarde e. natudo cozi nha, o jantar já está a fazer-se. Uma vez por semana, por volta das 3 da tarde, o turno de dia do pessoal de manu tenção ensaia o alarme de incêndio, os ele vadores e o sistema de comunicação sono ra. E, pelas 4 horas, as 72 empregadas de serviço aos quartos e os 14 empregados de limpeza das zonas de circulação e salas já completaram os respectivos serviços. Entretanto, o pessoal da recepção exa mina os relatórios diários do departamen to de quartos — o segundo maior do hotel, depois do de alimentos e bebidas, com 217 empregados. Qualquer coisa que tenha corrido mal nos quartos é, assim, rapida mente corrigida. A lavandaria, que lava dia riamente, entre outros artigos, 10 000 toa lhas e 500 camisas, prepara-se para fechar.
Das 6 às 8 da noite: os "cocktails" Para a maioria do pessoal administrativo, o dia de trabalho termina por volta das (i ho ras, quando muitos hóspedes começam a pensar nos cocktails e no jantar. Nos bares, os 17 guardas de segurança do llilton au
mentam discretamente a sua vigilância.
Das 8 à meia-noite: o serviço de jantares A maioria dos 1500 hóspedes e visitantes que comem no hotel está a jantar. No Res tauranle Ninho de Águia, no 25." andar, a orquestra inicia o seu trabalho e na cozi nha pensa se já nas encomendas de ali mentos do dia que se aproxima. Na recepção, os empregados preparam as fichas de registo para o dia seguinte. Pe las 11 horas, a lista de chegadas para ama nhã estará já pronta. Meia-noite: começa a noite de trabalho Chegou ao fim mais um dia. A medida que os hóspedes se vão recolhendo, o hotel ajusta se gradualmente ao seu ritmo noc turno. 0 pessoal do serviço de quartos retira das portas as encomendas para os peque nos almoços. Alguns dos 90 contabilistas do hotel apuram a receita do dia anterior, cerca de 23 000 contos, t está já em anda mento mais uma noite de preparativos. 1.2
U m dia na vida de um transatl ântico O sol da tarde banha o porto de Southampton, enquanto gmpos de trabalhadores das docas começam a carregar alimentos fres cos e outras provisões a bordo do Queeit EBzabeth 2 o maior navio da Cunard Line e o único navio de passageiros que atraves sa regularmente o Atlântico. Atracou à 1 hora da tarde e partirá para a viagem de regresso a .Nova Iorque sete horas depois. Não há tempo a perder, e a maioria das
rou uma área de alcatifas equivalente a 142 campos de ténis, os 1000 tripulantes estão nos respectivos postos e a maioria dos cer ca de 1800 passageiros já embarcou. Sáo-Ihes dadas as boas vindas por uma banda de jazz tocando músicas conhecidas, e sào encaminhados para os seus camaro tes por quase 80 criados e criadas. Tudo foi preparado para o bem-estar e o conforto dos passageiros - desde saunas
provisões — incluindo frutas e vegetais, ali mentos enlatados e carne e peixe congela dos — é transportada em tapetes rolantes para 0 interior, através de quatro estreitas pranchas de embarque. Entretanto, a maioria dos vinhos, bebi das alcoólicas e refrescos, embalados em contentores metálicos, é içada cuidadosa mente para bordo por gruas. K 30 000 I de cerveja são bombeados directamente dos camióes-cisternas estacionados no cais para enormes depósitos de aço inoxidá vel que estão ligados por tubagens aos sete bares francos do navio. Os alimentos e bebidas serão suficien tes para a travessia transatlântica de cinco dias. Pelas 7 da tarde, as provisões já foram embarcadas, 0 pessoal de limpeza já aspi
ejacuzzis filmes e umaprender centro decoisas com putadores,atéonde poderão novas como processamento de texto. Cada um dos 10 decks, OU pavimentos, de passageiros possui a sua própria cozi nha com despensa, o que permite aos cria dos e criadas de bordo preparar e servir desde chávenas de chá ou café pela manhã até complicadas ceias à noite. Uma vez no mar, os 14 padeiros come çam a sua longa jornada de trabalho nas três cozinhas principais, às 5 horas da ma nhã, a fim de prepararem os mais de 3000 pãezinhos e croissants servidos ao peque no-almoçp. Ao mesmo tempo, os pastelei ros de bordo produzem os 6000 bolos ne cessários para o lanche e os 5000 petits •fours para o buffet.
As 7 da manhã, chegam os primeiros cozinheiros para preparar os ingredientes para as sopas e os estufados do dia. Os 75 me.stres-cozinheiros - lodos homens, in cluindo um de cozinha kosher, começam a preparar os 2800 almoços e jantares, en quanto a maioria dos passageiros termina os seus pequenos-almoços. Os cerca de 60 ajudantes de cozinha chegam a trabalhar 12 horas por dia nas cozinhas abafadas e sem janelas. Sentem -se frequentemente fatigados e com sau dades de casa - e, às vezes, alguns deles abandonam o trabalho assim que atra cam. Para a maioria, contudo, trata se de uma forma cie ver o Mundo. Nas despensas, conservam-se centenas de produtos alimentares, e os enormes ar mários frigoríficos das carnes estendem-so a quase toda a largura do navio 32 m. No seu interior, a temperatura de -10°C mataria quem quer que ai' ficasse fechado mais de 12 horas. Para evitar tais acidentes, existe uma campainha de alarme dentro do cada armário-frigorífico, para o caso de as portas serem fechadas por engano. Os motores gigantescos do QE2 estão instalados na casa das máquinas — diver sas e extensas áreas de enorme pé direito,
Mexendo o caldeirão. .4 preparação da sopa começa às 7 da manhã.
Pratos frio». Um cozinheiro, ladeado por uma águia de gelo. serve os convivas.
Cruzeiro nos fiordes. Além de navegar no Atlântico, o QE2, de vez em quando, faz cruzeiros nos fiordes noruegueses.
Chamada ao palco. NOS seus camarins, as bailarinos preparam-se para a exibição
Trabalhos de reparação. Na oficina, um carpinteiro começa a consertar uma cama.
Planeame nto antecipad o. Na ponte, um navegador marca a próxima rota
abrangendo a altura de dois decks. Cada um dos nove motores tem o tamanho de um autocarro de dois andares. Geram 130 000 cavalos e conseguem fazer parar completamente o navio, a partir de uma velocidade de 32,5 nós (60 km/h), em 3 minutos e 39 segundos, numa distância de cerca de 1,25 milhas (2 km). A casa das máquinas contem ainda uma aparelhagem de dessalinização e purifica ção da água, que recolhe água do mar e a transforma em água potável. São tratadas diariamente cerca de 480 t — o bastante para se encherem sete piscinas idênticas às do navio. Alem disso, quatro vaporizado res produzem 250 I de água por dia. aA vácuo verificação dos diversos depósitos de água, na parte mais inferior do navio, é da responsabilidade dos carpinteiros de bor do. Alguns destes depósitos destinam se a servir de lastro para regular o caimento do navio, outros contêm a água para bet>er e a utilizada na lavagem da roupa. Se, por qualquer motivo, se utilizou mais água de um dos lados do navio que do outro, este começa a inclinar-se. Para corrigir esta situação, a água é rapidamen te redistribuída pelos outros depósitos. Numa pequena divisão, a equipa de ti pógrafos desempenha o seu papel na vida diária do navio. Ao fim de cada noite, é entregue em todos os camarotes um pro grama impresso dos acontecimentos do dia seguinte. De manha cedo, são entre gues as folhas noticiosas, com notícias de todo o Mundo recebidas a bordo, todos os dias, via satélite. Centro nervoso O centro nervoso do transatlântico é a pon te de comando. Por razões de segurança. existe apenas uma escada que leva à pon te — e uma única porta de entrada que apetias pode ser aberta por dentro. A pon te exibe o mais recente equipamento de navegação, incluindo o piloto automático. Mas a roda do leme continua a ser habitual mente usada quando o tráfego é intenso ou quando o navio entra ou sai do porto. Existe, além disso, um sistema de preven ção de colisões, que mostra em cada mo mento o rumo, a velocidade e a direcção de até 20 navios. Existe também um siste ma de navegação por satélite, o primeiro que se instalou num navio de passageiros, em contacto com vários satélites cm órbita à volta da Terra. Kste instrumento assinala a posição do QE2 a intervalos de 35 até 100 minutos. O rigor i\n leitura é inferior a
100 m. Como sede dos comandos do barco, a ponte está em comunicação íntima com a casa das máquinas — por telefone direc to — e com outras zonas vitais. Para redu zir ao mínimo os erros e as más interpreta ções, as instruções importantes são trans mitidas à casa das máquinas por meio de um painel de teclas etiquetadas: quando 63
uma das teclas é pressionada na ponte, a tecla equivalente da secção de controle principal da casa das maquinas acende-se - e o maquinista sabe exactamente o que é que se lhe pede. Os motores podem também ser comandados directamente a parlir da ponte. Entre a tripulação, contam-se seis baila rinas. E todos, do capitão para baixo, são submetidos a exames médicos periódi cos Quem tiver excesso de peso é enviado para terra até emagrecer. O hospital de bordo fica situado a meia nau, próximo da linha de água. onde o ba lanço do barco, com os seus 292 m de comprimento, mal se sente. O pessoal hospital é constituído por dois médicos,do três enfermeiras e três paramédicos, que podem tratar de tudo, desde um dente até uma operação ao apêndice, na sala de operações, perfeitamente equipada. Quando a noite começa a cair sobre Southampton, já todos os passageiros em barcaram e tudo se encontra a postos para uma nova travessia. E assim, às 8 da noite, o Queen Elizubetfi 2 sai majestosamente do porto e dirige-se para o Atlântico.
Comendo e bebendo Grande actividade espera a tripulação. Os empregados-de-mesa preparam se para servir o jantar nos quatro restaurantes do navio. A ementa apresenta salmão fumado, ca viar, lagosta e ostras — além de outros pra tos requintados. Quando chegarem a Nova Iorque, os criados terão servido 5600 kg de vaca, de fnita fresca, 350 kg de dela gosta,5000 20 kgkg úepàté de foie-gras — além cerca de 4800 potes de comp ota s e 100 garrafas de molhos epickles. Além disso, eles e osbarrnen terão aber to 000 garrafas de vinho c 500 de champa nhe, 500 de whisky, 300 de gin e 120 de brandy. Nos bares propriamente ditos, o pessoal terá aberto 6000 garrafas de cerveja e tirado 13 6501 de cerveja a copo. Usaram-se 25 000 copos, 32 000 artigos de loiça, 18 000 talheres e lavaram-se e pu seram-se nas mesas quase 3000 toalhas. Depois do jantar, os 60 animadores de bordo — músicos, croupiers. bailarinas e cantores - proporcionam aos passageiros uma escolha variada de entretenimentos. A vida nocturna prolonga-se até de ma drugada - pouco antes da primeira série de pequenos-almoços, quando os criados já voltaram ao serviço e oferecem aos passa geiros o luxo do pequeno almoço na cama. Seja a que hora for e em qualquer parte do navio, há sempre trabalho para a tripu lação. Desde a ponte que funciona 24 horas por dia - até à câmara escura, onde o fotógrafo revela as fotografias tiradas em acontecimentos como o cocktail do co mandante, a azáfama regressa ao começar um novo dia a bordo do mais luxuoso tran satlánlico do Mundo.
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Como se organiza o maior festival desportivo do Mundo Na manhã de 6 de Setembro de 1972, Avery Brundage, presidente do Comité Olímpico Internacional, dirigiu-se a 75 000 pessoas reunidas no Estádio Olímpico de Muni que. No dia anterior, de manhã cedo, oito terroristas palestinianos tinham penetrado na Aldeia Olímpica, tomando como reféns nove atletas israelitas e matando outros
rou totalmente o conceito de segurança, que, por essa razão, foi uma das grandes prioridades nos Jogos de Montreal ..." O número de tropas armadas e polícias superou os 6189 atletas c estabeleceu o cri tério para os Jogos futuros como os de .Seul, Coreia do Sul, em 1988, em que, nas semanas que antecederam os Jogos, as
dois. especiais alemães ram aAtiradores salvar os reféns, mas os noveacorre foram mortos no tiroteio que se seguiu e em que cinco dos terroristas também morreram. Nas 34 horas seguintes, os Jogos foram suspensos e o seu destino manteve-se in certo. Mas depois, numa cerimónia de ho menagem celebrada ao ar livre c presen ciada na televisão por 1000 milhões de espectadores, Avery Brundage, então com 84 anos, afirmou: "Os Jogos têm de conti nuar — e nós temos de prosseguir no nos so esforço de os tornar claros e honestos e tentar alargar a outras áreas o espírito des portivo dos campos de atletismo." Não fora pela determinação de Avery Brundage, os Jogos Olímpicos de 1972 po deriam ter sido suspensos e o futuro das Olimpíadas posto em questão. Cada edi ção dos Jogos Olímpicos demora seis anos a planear e organizar e já estavam em cur so os preparativos para as Olimpíadas em
forças de homens, segurançativeram e antiterroristas, 100 000 de dominarcom ban dos de estudantes desordeiros. Em número de competidores, os Jogos de Seul foram os maiores até à data — com mais de 9400 homens e mulheres, em re presentação de 160 países, competindo em 237 provas que abrangeram 23 modali dades. Como Iodas as Olimpíadas moder nas, o acontecimento foi da responsabili dade do Comité Olímpico Internacional (COI), com sede em Lausana, Suíça. O COI escolhe o lugar dos Jogos e decide quais os desportos a incluir.
Montreal, Canadá, em 1976. O presidente do Comité Olímpico Inter nacional era o irlandês Lord Killanin, que escreveria mais tarde: "O horror dos assas sínios na Aldeia Olímpica de Munique alte
A escolha da cidade Unicamente cidades — e não países podem candidalar-se a organizar os Jogos, o que se destina a eliminar, tanto quanto possível, a influência dos governos. Antes de escolhida a cidade, o comité olímpico do país assegura se de que ela é capaz depara providenciar tododos o pessoal ins talações o desenrolar Jogos. Eenomeia-se uru comité organizador para pla near e supervisar toda a operação — fazen do relatórios periódicos para o COI.
Paisagem olímpica. Uma zona de arrozais perto de Seul iransforruada num complexo desportivo de 55 ha para as Olimpíadas de 1988. Além do 'Estádio Olímpico (primeiro plano), havia um estúdio de basebol (atrás) e edifícios com ringues e campos (à direita).
Apresentação das bandeiras. Na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos de Seul. em )98B, milhares de voluntários sul coreanos formaram as bandeiras dos 160 países representados. Enquanto se ouvia o hino de cada país, os participantes, cujos movimentos estavam sincronizados com o ritmo da música, erguiam cartões de diferentes cores para, no seu conjunto, formarem a respectiva bandeira. Contudo, muitos dos 100 000 visitantes Organizar os Jogos Olímpicos implica inevitavelmente a melhoria, a moderniza dos Jogos de Roma - que chegavam ao ção e, por vezes, a alteração do aspecto da Aeroporto de Fiumicino, recentemente construído, ã razão de 6000 por dia — não cidade candidata. Para os Jogos de Tóquio, em 1964, foi foram tão felizes. Tiveram de dormir em conventos, mosteiros e dormitórios de co propositadamente construído um troço de monocarril entre o Aeroporto Hareda e légios ou acampar nos parques e zonas o Estádio Nacional, que é o maior troço de verdes da cidade. Instalou-se mesmo um
Mas o número de cozinheiros (300 nos Jogos de Tóquio, em 1964, por exemplo, recrutados nos melhores hotéis japone ses) é grandemente ultrapassado pelo nú mero de guias-intérpretes necessários para os Jogos. Quase 1000 intérpretes, co nhecedores da terminologia desportiva, acompanharam os atletas de Tóquio. Nas
monocarril do Mundo. Auio-cstradas, tú neis e quilómetros de esgotos foram rapi damente construídos — e 22 artérias prin cipais em mau estado foram alargadas e denominadas "estradas olímpicas". Houve uma situação parecida em Seul, onde em 19 meses milhares de hectares de campos de arroz foram transformados numa minicidade de betão que incluía o Parque e a Aldeia Olímpica. Construíram•se também um novo terminal aéreo, uma estrada de acesso, a Avenida Olímpica, bem como apartamentos e casas para al bergar 35 000 atletas, jornalistas - da im prensa, rádio e televisão — e funcionários. Além destes, 200 000 visitantes tiveram de ser alojados em hotéis ou apartamentos. Os empreiteiros privados aproveitaram a oportunidade para construir 178 blocos de apartamentos de luxo próximo dos dois centros olímpicos principais. Os preços de venda dos apartamentos atingiram o equi
uilla parque de campismo da Tivoli. do imperador Adriano,nos tia jardins colina do Mas as aldeias olímpicas são mais de que quartos de dormir e instalações de trei no, pois incluem também cabeleireiros, ci nemas, discotecas, lojas, estações de cor reios, igrejas e sapateiros — que fazem bom negócio consertando os sapatos de corrida dos atletas.
5200 calorias por dia A alimentação dos atletas constitui outra grande responsabilidade dos comités or ganizadores. Km Montreal, em 1976, por exemplo, um quadro de 1400 funcionários serviu, durante o período olímpico de 16 dias, um total de 1135 t de carne, peixe e legumes, o que representou uma média diária de 3,5 kg e 5200 calorias por atida — servidas numa cafeteria aberta 24 horas por dia e maior que dois campos de futebol. K nas Olimpíadas de Los Angeles, em
Olimpíadas Seul,tarefas, havia 5000 intérpre tes. Entre asdesuas incluía-se servi rem de tradutores para os comités olímpi cos nacionais, para as centenas de diplo matas e para os mais de 1000 jornalistas. Palavam-se mais de 30 línguas, incluindo as duas línguas oficiais do COI — francês e inglês. Além dos funcionários, quase 30 000 sul-coreanos ofereceram-se para, sem qualquer remuneração, servirem de guias, arrumadores e vendedores de bilhetes. Um milhar de habitantes que falavam in glês recebia os visitantes estrangeiros no moderno Aeroporto de Seul - muitos dos quais foram hóspedes destes voluntários durante os Jogos. O clima desempenha frequentemente um papel importante. Em Los Angeles, em 1984. por exemplo, uma ou outra prova esteve ocasionalmente prestes a não po der ser realizada devido ao nevoeiro cerra
a perto de 25 000alugaram-nos contos cada um, evalente os novos proprietários para os Jogos e só depois os foram habitar. O espaço vital era precioso nas Olimpía das de Roma, em 1960, quando a Aldeia Olímpica foi construída numa área de 30 ha perto de um meandro do Tibre. Incluía um complexo de apartamentos com 4500 quar tos destinados a alojar 8000 atletas.
1984, diariamente urna equipa cerca de 135decozinheiros pre parou 60 000 refei ções. Os alimentos frescos eram entregues diariamente por mais de 100 fornecedores e incluíam 20 400 kg de carne todos os dias. Para os atletas judeus, prepara se comida kosher, e são muçulmanos que se encarre gam das cozinhas que fornecem alimen tos aos atletas de religião muçulmana.
do (smog); e em Helsínquia, na Finlândia, em 1952 - quando a União Soviét ica pela primeira vez tomou parte nos Jogos —, teve de contar-se com a ameaça do frio e da neve. Por isso, em todos os Jogos Olímpi cos Lima equipa internacional de meteoro logistas emite diariamente boletins - que chegam a 20 por dia. Assim, certas provas têm de mudar à pressa de horário, em geti5
ral para evitar que sejam afectadas por tem porais, aguaceiros ou granizo. Igualmente importantes são os "bole tins desportivos", ou serviços computori zados de resultados, que dão a conhecer as classificações e os tempos. No Estádio de Tóquio o quadro electrónico de resultados podia mostrar até 500 caracteres lumino sos simultaneamente. E o instrumento medidor dos tempos para as corridas esta va ajustado ao milésimo de segundo. Contudo, por muito bem que os Jogos estejam organizados, há sempre qualquer coisa que corre mal. Montreal foi um exemplo notório. O Es
Os ingredientes de um filme de Hollywood: dinheiro, poder, conhecimentos e magia As grandes metragens de Hollywood nas cem no caos da criatividade individual e vivem ou morrem ao capricho do público. Só durante a produção, quando o filme está nas mãos dos técnicos, é que existem regras definidas.
acordos de Hollywood. Com os seus "ele mentos" - a ideia (ou, por vezes, o argu mento), um ou dois actores e o realiza dor —, o produtor vende o conjunto a um grande estúdio para obter os fundos (à vol ta de 100 000 dólares) para o arranque da
tádio Olímpico - em do 1976, a maior estruturaprincipal pré fabricada Mun do — revelou-se um problema importan te. Querelas políticas e a complexidade do desenho atrasaram o início da montagem dos 11 770 elementos de betão armado do estádio. Depois, três meses de greves sindi cais, de greves de zelo e de absentismo quase fizeram parar os trabalhos. Tempestades de neve e temperaturas baixíssimas - a conjugação vcnto-temperatura atingiu os 53°C negativos - contri buíram também para que o trabalho fosse frequentemente interrompido. Alguns dos 355(1 trabalhadores tiveram de lutar contra rajadas de 100 km/h, e pelo menos 12 ho mens perderam a vida em acidentes. Por tudo isso, ainda se colocava relva no está dio na manhã da cerimónia inaugural. Uma vez terminados os Jogos, começa a tarefa de desmontar as aldeias ou de con vertê-las para outros fins proveitosos. Em
acordo, produção. o produtor Conseguida pode a viabilidade pelo menosdoco brir as suas despesas - das quais a criação ou a compra do argumento é uma das mais importantes. O conceito A ideia fundamental, ou conceito, de um Nesta fase, os projectos podem ser apro filme provém muitas vezes de um livro, vados, arquivados ou rejeitados pelo estú mas pode ser apenas uma ideia expressa dio, caso em que voltam a ser oferecidos ao por um título ou pouco mais. mercado. Se o estúdio aprovar o argumen Diz o autor-realizador Steven Spielberg; to, entra-se na produção. Só então o pro dutor que recebe grande parte dos ho "Se urna pessoa consegue iransmitir-nie uma ideia em vinte e cinco palavras ou me norários qua ndo se inicia a rodagem começa a fazer dinheiro. nos, ela irá dar urn bom filme." Geralmente, o conceito é apresentado O argumento-basc mantém o esqueleto por escrito e descreve, em poucas páginas, do filme. Como peça literária, é pouco deu o enredo, as personagens e o interesse da so — cerca de 135 páginas é mais ou me história. nos o habitual -, contendo pouco mais que 0 diálogo e instruções simples para Certas ideias avançam com espantosa facilidade. Quando, em 1976, Dirio de Lau- sugerir o carácter do filme e o ambiente. rentiis decidiu fazer nova versão do King As imagens apresentadas pelo argu Kong de 1933, deu luz verde ao argumen mento apenas tomam vida quando lha dá tista Lorenzo Semple Jr. em 10 minutos. o realizador — a pessoa que escolhe os
Munique, por exemplo, Aldeia Olímpica estava dividida em dois asectores, urn para homens, outro para mulheres. O sector dos homens foi vendido ou arrendado para ha bitação, e o das mulheres é utilizado como bloco residencial para estudantes. A montagem dos Jogos é uma tarefa al tamente dispendiosa — custou 8000 mi lhões de dólares a dos Jogos Olímpicos de Moscovo, em 1980, e "apenas" 850 mi lhões a dos de Seul, oito anos depois. Mui to do dinheiro provém dos governos inte ressados e de patrocinadores privados, de donativos de empresas locais e das contri buições dos habitantes das cidades.
Em contrapartida, o escritor Goldman recolheu dados para Butch W, Cassidy and the Sundance Kid (Dois Homens e Urn Destino) (1969) durante oito anos antes de começar a escrever o argumento.
Direitos de televisão Mas as compensações são igualmente im pressionantes. Os jogos de Seul tiveram um lucro recorde de quase 500 milhões de dólares — mais do dobro do apurado em Los Angeles em 1984. A grande parte dos ganhos Seul -proveio da venda de direi tos de tede levisão só os EUA pagaram 325 milhões de dólares. Os Jogos Olímpicos da era moderna ti veram início em Atenas em 1896, quando o seu fundador, o francês barão Pierre de Coubertin, criou a máxima "Não para ga nhar, mas para participar", que é citada na cerimónia de abertura de todos os Jogos. 66
processo,fases no seu todo, decompõe se nasOseguintes principais: concepção, pré-produção, produção e pós-produção.
queforma dirigeartística. os actores eângulos que dádaaofotografia, filme a sua O argumento, em geral, é grandemente mo dificado uma vez conhecidos o elenco, o realizador, o orçamento e os exteriores K, com frequência, vai-se alterando com as filmagens até à sua forma definitiva. Pré-produçáo O período de pré-produçáo pode durar Anteriormente, os artistas estavam total anos, durante os quais se discutem os con mente dependentes dos estúdios, que uti tratos e se contactam os artistas e os reali lizavam contratos de exclusividade para os zadores. Seguem-se meses de correcções obrigar àquilo que pretendiam, inclusiva do argumento, de procura de exteriores, mente aditamentos ou prorrogações do de elaboração de orçamentos, de desenho contrato. Hoje em dia, as grandes estrelas dos cenários, de ensaios e de marcações detêm um enorme poder e há sempre uns das datas dos transportes e das filmagens. 15 actores importantes que Ioda a gente A primeira coisa essencial é "o acordo". pretende. Como acarretam enormes ren dimentos para os filmes, são pagos em Há dezenas de anos, os grandes estúdios conformidade. Robert Redford, que rece cinematográficos, como a Paramount, a MGM e a Twentieth Century-Fox, controla beu 500 dólares pelo seu primeiro filme, Wur Hunt, em 1961, ganhou 100 000 dóla vam as ideias, a produção, os artistas e os res por dia em A Bridge 7òo Far (lima Pon orçamentos. Agora, concentram-se no fi te Longe Demais) (1977). nanciamento e na distribuição, e todos os outros elementos tem de ser coordenados pelo acordo. Como investimento, um filme é um jogo. Os que dominam o acesso aos finan ciamentos de filmes — como os agentes e os managers — adquiriram enorme in fluência. Os agentes transformam-se fre quentemente em produtores independen tes, que são as forças por detrás de alguns
As negociações podem durar meses, com propostas e contrapropostas na casa dos mi lhões. Muitas estrelas dependem da sua pró pria imagem e recusam-se a ser contratadas quando consideram que o papel não lhes é adequado. Robert Redford, Steve McQueen, Paul Newman, James Caan c Warren Beatty todos recusaram 4 milhões de dólares para representar o Superman (1978).
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Os exteriores de "Lord Jlm". A longa metragem Lord Jim, de 1964, foi filmado em cenários exteriores no Extremo Oriente. Vê-se aqui a estrela do filme. PeterOToole - de boné preto -, por baixo da "girafa" (para captação do som), enquanto a acção se desenrola e a câmara filma. Atrás, está um grupo de operadores de câmara e técnicos de som. e no topo do escadote, um elemento da equipa de iluminação. Os realizadores são também parte do chamadostar syslem. Quando George Lu cas fezAmerican Gralfiti (Nova Geração) em 1973, o seu estúdio, a Universal, descre veu o filme como "uma desgraça" e quase decidiu não o lançar. MasGralfiti foi um êxito e ele aproveitou a sua nova posição para fazer um filme com a Twenlielh Century-Fox,A Guerra das Estrelas (1977). Os orçamentos das grandes metragens são uma constante fonte de fascínio, tanto para os produtores corno para o público. Náo há dois iguais. Os custosbehtv lhe Une - os directamente relacionados com o ofício de fazer filmes, lais como os cená rios e os técnicos — são calculados a partir do argumento. Os custosabone the Une - produlor, realizador,arlislas e escritor — são abertos a negociação. Mas ambos atin
gem os milhões. Um dos mais caros filmes de todos os tempos foi Cleópatra (1963), que custou 44 milhões de dólares em 1962 e perdeu dinheiro nas bilheteiras. Depois de os elementos estarem defini dos c o acordo assente cm princípio, redigem-se os contratos, operação já de si épi ca. As negociações são tão complicadas que dariam para um livro ou um filme. Mesmo filmes relativamente simples e já definidos podem levar anos a serem concretizados. The Dogs of V/ar (Cães de Guerra), tirado do best seller de Frederick Korsyth de 1974, esteve seis anos em pré -produção. Teve dois argumentistas e dois produtores antes de John Irvin ser contra tado como realizador. Um terceiro argu mento serviu de base à procura dos locais para exteriores. O produtor, Larry de Waay,
conseguira, em colaboração com o presi dente do pais, James Mancham, que as fil magens fossem nas Seychelles. Mas Man cham foi deposto por um golpe de Estado antes de iniciados os trabalhos. De Waay decidiu-se finalmente por Belize, na Amé rica Central. As filmagens realizaram-se, e o filme foi lançado em 1980.
Produção Um filme de longa metragem exige um pequeno exército de departamentos espe cializados: som, câmaras, iluminação, arte, caracterização, cabeleireiros e guarda-roupa, publicidade e argumento. Conforme os filmes, estas especializa ções têm a sua importância própria. O de partamento de design de 2001: Odisseia no Espaço (1968), de Stanley Kubrick, ti-
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nha três delineadores de produção e um cenógrafo-decorador para os cenários. En contros Imediatos do Terceiro Grau (1977) precisou de 60 projeclores de arco voltaico suspensos 24 m acima do solo. A Esfinge (1981), de Franklin Schaffner, necessitou de dezenas de morcegos vivos. A realização já foi comparada à guer ra - horas de tédio interrompidas de vez em quando por momentos de puro terror. A rodagem de uma cena de batalha num filme de guerra pode custar milhões. Pro vavelmente, o orçamento não permitirá a repetição da cena, e o realizador pode estar obrigado por contraio a pagar as despesas
urna ocupação perigosa e muito bem paga. Em liighpoint (1984), Dar Robinson recebeu 100 000 dólares para saltar da Tor re CN em Toronto, de 553 m, amortecendo a queda com um "cabo de desaceleração". Em Steel (Homens de Aço) (1979), A. .1. Bakunas saltou de um edifício de 107 m para cima de uma enorme almofada de ar; a força da queda rebentou a almofada e Bakunas morreu. Uma questão particularmente contro versa é a filmagem de cenas que provo quem danos em animais. Na primeira ver são de Ben Hur (1925) morreram 100 cava los. Em consequência deste e de excessos
metragens lograram dinheiro - o que mos tra a inconstância do gosto do público.Os Salteadores da Arca Perdida (1982), um dos filmes com mais êxito de sempre, foi rejeitado por todos os grandes estúdios, com excepção da Paramount. A Columbia analisou o ET (O Extraterrestre) (1982), concluiu que não teria público e rejeitou o. Porquê? Como escreve William Gold man no seu livro Aventuras no Mundo do Cinema, "o facto mais importante de toda a indústria cinematográfica" é:
queLima excedam referido orçamento. grandeo fonte destress para o reali zador é o facto de muitas das pessoas sob as suas ordens tanto poderem fazer como destruir o filme, facto esse que é especial mente verdadeiro em relação ao operador de imagem. Por exemplo, Apocalypse Now (1979), de Francis Ford Coppola, de pendia cnicialmente da capacidade de Vittorio Storaro em controlar simultânea mente até 10 câmaras, O departamento de arte pode ter de re solver exigências como a de Franklin Schaffner para A Esfinge: apresentar um sarcófago egípcio com 800 a 900 peças de joalharia. O Tubarão, de 1975, exigiu um tubarão automático com 7,6 m. Os responsáveis pela escolha de exterio res têm um papel igualmente vital. Para Apocalypse Now, o Vietname foi recriado nas Filipinas; mas as dificuldades inerentes aumentaram para 31 milhões de dólares o
semelhantes, começou a haver um con trole mais rigoroso.
querer no ano seguinte. sabem realmente como seOs fazcineastas um filmenão de sucesso: sabem apenas que certos filmes tiveram êxito, e esperam que o futuro seja como o passado.
NINGUÉM SABE NADA ou seja nada daquilo que o público vai
Pós-produçáo A mont agem fase cm que se cort a a película para articular os planos e as se quências - pode criar ou destruir o filme. As cenas terão sido filmadas de muitas for mas diferentes para permitir uma escolha o mais ampla possível. Stanley Kubrick im pressionou mais de 300 km de película para The Shining (1980), de que apenas foi utilizado cerca de 1%. O índice normal dê aproveitamento situa-se entre os 10 e os 5%. Falta ainda acrescentar um elemento fundamental: a música, que só pode ser escrita quando estiver praticamente com pleta a montagem do filme. Devido aos li mites de tempo, o compositor trabalha ha bitualmente com assistentes, que lhe preen chem os esquemas musicais, escrevendo as orquestrações exigidas.
A sala obscurece-se, o burburinho cessa e os espectadores recostam-se nas suas ca deiras. Depois, o pano sobe para uma noi
Os efeitos especiais e os duplos Os efeitos especiais constituem um campo de trabalho particularmente exigente. Em 1966, em One Million Years BC (Quando o Mundo Nasceu), o técnico inglês de efeitos especiais Les Bowie criou o Mundo em seis dias por 1200 libras, fazendo lava com papa de aveia. Mas os efeitos especiais de
A seguir montagem, em acção outra grandeà máquina - entra a promoção —, que engloba a publicidade, as cópias e a distribuição. Com Alien (O 8." Passageiro) (1979), por exemplo, a Fox despendeu mais de 18 milhões de dólares nos chama dos ouerheads - 15 milhões em publici dade e 3 milhões em exemplares do filmeanúncio para apresentação em mais de 2000 cinemas. Só então o filme propriamente dito fica pronto para exibir ao público. Só então o exército de pessoas envolvidas na sua fei tura sabem se produziram algo de desas troso ou pura magia. Uma das razões pelas quais as negocia ções são tão difíceis — e o dinheiro neces sário à preparação do filme pode atingir montan tes tão elevados é os estúdios serem notoriamente lentos a pagar aos ar tistas, aos escritores, aos produtores e aos realizadores qualquer parte dos seus lu
te deémúsica, e canções. Mas o que preciso luz, paradanças que uma peça musical chegue a ser apresentada? Nenhuma outra forma de espectáculo exige uma tão complexa mistura de capa cidades de criação e execução Iodas as noi tes, às vezes durante anos a fio. As capacidades e a competência neces sárias para lançar uma peça de teatro do princípio ao fim desde o financiamento da produção ao ensaio dos artistas - são inerentes também à peça musical, mas esta tem muito mais dificuldades que lhe são específicas. Há a música que precisa de ser composta, orquestrada e integrada no en redo. I lá a dança, que tem de ser coreogra fada. Há o guarda roupa e os cenários, fre quentemente mais ricos que numa peça convencional. É preciso encontrar actores que saibam dançar e cantar. O próprio tea tro tem de ser espaçoso e de natureza a acomodar o espectáculo — com boa acús
hoje em Em dia 1988, requerem tecnologia (v. p. 406). uma alta sequência que mos trava asteróides em The Empire Strikes Back (O Império Contra-Alaca) necessi tou de 40 captações, algumas delas com 28 efeitos ópticos, num total de 100 fragmen tos de filme. Os duplos são importantes para os pro dulores de filmes (v. p. 414). Ser duplo é
cros.que Rccusam-se a declarar lucros, do os rendimentos foram para dizen fazer face aos ouerheads. Um motivo de peso para a mentalidade dos "sem-lucros" é que os filmes não só custam muitíssimo e rendem muitíssi mo com o dão muitíssimo prejuízo, e isto mais vezes do que suscitam ganhos. Na década de 80, só três em cada sete longas
ticaTudo e lugar a orquestra. isto para faz das grandes peças musi cais a forma mais dispendiosa de produ ção teatral. O Fantasma da Ópera, de Andrew JJoyd Webber, custou perto de 2 mi lhões de libras a montar em Londres, e o Ziegfeld, 3,2 milhões. Na Broadway, em Nova Iorque, o preço inicial de uma peça musical é de cerca de 7 milhões de dólares.
orçamento inicial de as 13quantidades milhões. imen Após a rodagem, sas de película têm de ser cuidadosamente reveladas. A perda de uma só das centenas de bobinas pode ser fatal para o filme. Por exemplo, em Agosto de 1978, homens mascarados roubaram de um estúdio de Boston 15 bobinas, ainda não montadas, de The Brinks Job (A Grande Jogada) (1978) e pediram um resgate de 600 000 dólares (o resgate não foi pago: o filme foi montado sem aquelas bobinas e os prejuí zos ascenderam a 9 milhões de dólares).
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Os risc os e as compensações de pôr em cena uma comédia musical
Para não perder dinheiro, uma grande peça musical deverá ter casas cheias du rante um ano, contra cerca de três meses no caso de uma peça de teatro declamado. Mas as compensações pelo êxito podem ser fenomenais. Cats, de Lloyd Webber, deu 250 milhões de libras em três anos na década de 80. As exibições foram simultâ neas em Inglaterra, na América e em mais oito países. O álbum musical vendeu-se aos milhões, e outras recordações, como T-shirts, contribuíram para os lucros. 0 fracasso pode ser igualmente especta cular, particularmente na Broadway.Car rie, da Royal Shakespeare Company, fe
Eliot.Olioer, Les Misérables e Man from La Mancha foram adaptados de romances de Dickens, Victor Hugo e Cervantes. Com um argumento já existente, os au tores e os compositores têm em mãos um conceito que o produtor pode apreender facilmente, e sabem à partida que o enredo já provou ter interesse para o público. A génese de O Fantasma da Ópera é um exemplo de como as diversas linhas de evolução de uma peça musical acabam por juntar-se. O romance srcinal foi escri to pelo jornalista francês Gaston Lcroux em 1911. Foi adaptado a filme três vezes. Esteve no Thealre Royal de Stratford, Lon
chou de umadesemana preJ. juízo ao de fim 7 milhões dólares.com Atéum Alan Lerner, cujaMy Fair Lady figura entre os espectáculos musicais de maior êxito de sempre, viu o seuDance a Little Closer sair da cena antes da terceira noite.
dres, peça do teatro, em 1984, com músicacomo de Verdi e Offenbach. Andrew Lloyd Webber lembrou-se de fazer uma versão para o West End. Pensou também aproveitar música já composta, mas depois decidiu escrevê-la. O projecto encontrava-se ainda em fase de concepção quando Lloyd Webber con tactou Cameron Mackintosh e, assim, os produtores estiveram envolvidos no es pectáculo desde o início.
O homem do meio 0 risco e a responsabilidade de montar uma peça musical assentam no produtor. É ele quem selecciona o espectáculo, ar ranja os fundos e superintende a produ ção. Há dois tipos de produtor - o empre sário e o director. O empresário opera com a sua organi zação de produção própria. Tem ampla li berdade de levar à cena aquilo que desejar, onde e quando quiser. As verdadeiras res trições são de ordem financeira. O empre sário tem de ser capaz de obter os fundos necessários, e o seu projecto lerá de de monstrar boa promessa de rendimentos
A equipa criativa Em qualquer produção teatral, o director é uma figura-chave: é ele o responsável pela distribuição dos papéis, pelos aspectos técnicos e artísticos da produção e pelo ensaio dos artistas e dos técnicos encarre gados do som, das luzes e dos cenários. Lloyd Webber escolheu liai Prince, en tre cujos êxitos musicais se contam Um Violino no Telhado e Evita, e nomeou ce
para que os financeiros o apoiem. nógrafo-figurinista Maria Bjõrnson, que O director é em geral um empregado no meado pela administração de determinado teatro para as suas próprias produções. O teatro pode ser privado ou do Estado. Devido às grandes somas de dinheiro que implicam, as peças musicais de gran de espectáculo são geralmente domínio dos empresários. Já têm também surgido formas de co-produção — tanto Cais como O Fantasma da Ópera foram apre sentadas conjuntamente pelo empresário londrino Cameron Mackintosh e pelo gru po de Andrew Lloyd Webber, The Really Useful Thealre Company.
trabalhara já para a English National Opera e a Royal Shakespeare Company. Para escrever as leiras das canções, no mearam um jovem desconhecido, Charles Harl, depois de ouvirem trabalhos seus num concurso. E o diálogo, ou libreto, era de Lloyd Webber e Richard Slilgoe - que também escreveu letras para as canções.
A atribuição dos papéis Nas produções importantes, os papéis principais são atribuídos com um ano ou mais de antecedência. Os actores princi pais permanecem geralmente num papel entre seis meses e um ano. Mas igualmente importante é a existência de um compromisso por parte de um grande intérprete, pois torna-se assim mais fácil obter os fun dos indispensáveis para iniciar a produ ção. Por esta razão, o produtor lem voz decisiva sobre quem desempenha os pa péis principais, embora aceite a opinião do director. Christine, o principal papel feminino de O Fantasma da Ópera, foi escrito por Lloyd Webber para a soprano Sarah Brightman, que era então sua mulher e que não era ainda uma estrela de primeira grandeza. No entanto, depois de ouvidas outras artistas, o papel foi lho entregue. O actor principal, Michael Crawford, era um nome muito conhecido em Inglaterra,
Maqueta. As maquetas de Maria Bjõrnson para O Fantasmaincluíam um dos seus efei tos mais dramáticos - o assassínio de um trabalhador dos bastidores, cujo corpo apa rece subitamente pendurado sobre o palco.
A escolha do espectáculo Uma peça musical envolve três linhas de desenvolvimento separadas - a letra, o diálogo e a música. Raramente estão todas prontas quando o produtor começa a to mar decisões, porque em geral são criadas por, pelo menos, três pessoas diferentes. Para simplificar o problema, muitos es pectáculos musicais vão buscar o enredo a obras existentes sob outra forma.Kiss Me Kate e West Side Story inspiraram-se em obras de Shakespeare, My Fair Lady derivou da peça teatral Pigmalião, de Beniard Shaw, por sua vez tirada de uma antiga lendagrega. Cats teve srcem em poemas ligeiros de T. S. 69
Ao encontro do Feiticeiro. 0 Espantalho, o Leão, o Homem de Lala e Dorothy ensaiam uma cena de 0 Feiticeiro cie Oz.No ensaio geral (em baixo), mar cham pelo caminho de ladrilhos amarelos ao encontro do Feiti ceiro.
com enorme êxito na comédia musical Barnum. que permaneceu muito tempo em cena no West End.
A angariação de fundos Enquanto o director reúne Iodas as com ponentes de uma produção, o produtor dá os toques finais nas questões financei ras. 0 seu orçamento discrimina todos os custos principais. Algumas despesas são fixadas desde o princípio — por exemplo, os cenários e o guarda-roupa, que serão necessários por todo o tempo que durar a exibição. Outras, como o ancndamenlo do leatro e os salá rios aos elementos de segunda linha da empresa, são apenas parcialmente fixa das - deixarão de constituir custos quan do o espectáculo encerrar. Algumas despesas estão ligadas aos ren dimentos da produção como percenta gens fixas. O actor ou actriz principal po dem receber um honorário básico durante os ensaios, mais talvez uns 20% do rendi mento da bilheteira até o espectáculo pa gar o investimento e 12,5% depois disso. Outros elementos-chave, como o cenó grafo e o director musical, trabalham com percentagens menores — cerca de 2%. O mesmo acontece com os libretistas e o compositor. Quanto menos fundos o produtor ne cessitar de obter de fontes exteriores, tanto mais lucros pode arrecadar. Mas poucos empresários desejam tomar os riscos ex clusivamente sobre os próprios ombros, fazendo-o em percentagens que vão dos 10 aos 70%, seja em dinheiro, seja em garantias pessoais aos financiadores. As fontes habituais para o restante da
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cobertura são empresas ou particulares, ber e o autor de letras Tim Rice — que traba que investem num espectáculo como po lharam juntos cm Jesus Cristo, Supersíar c cliam investir em títulos na Bolsa. Muitos Eoita - foram pioneiros das técnicas de edi produtores têm listas de empresas e indiví tarem discossingles, álbuns e vídeos antes da duos — conhecidos por "anjos" — que estreia da peça - o que lhes pennitiu desper são potenciais investidores. Os "anjos" não tarem a atenção do público, analisarem a sua começam a ser reembolsados antes de es reacção e angariarem fundos. tarem pagas as despesas iniciais. Uma das prioridades do produtor será Os produtores têm outras formas de obter reservar um teatro e marcar a noite da es fundos — por exemplo, interessando uma treia. Conforme a natureza do espectáculo, editora discográfica nos direitos dos álbuns a estreia oficial pode ser daí a um ano ou da peça e autorizando o comércio de artigos mais. Alguns produtores fazem uma expe com ela relacionados. Andrew Lloyd Web- riência na província antes de trazerem a peça para um centro importan te — para verificarem e corrigi rem eventuais falhas antes da es treia de gala. Outros fazem ante-estreias perante convidados. Em qualquer dos casos, todas estas datas têm de estar previstas no calendário da produção. As pessoas ligadas à produção dividem-se em dois grupos. O produtor e os seus associados concentrai n-se nas questões eco nómicas, incluindo a publicidade e os anúncios. Muito do seu esfor ço dirige-se às vendas adiantadas de bilhetes.O Fantasma da ope ro, por exemplo, abriu em Nova Iorque com uma bilheteira pre viamente garantida de 19 milhões de dólares — o que lhe assegura va um êxito financeiro. Todos os outros aspectos da produção ficam sob o controle Coordenadora da produção. Durante a representa do director. Primeiro, terá de assegurar-se de que o texto do ar ção de O Fantasma da Opera,a directora de cena-adjun ta, Anni Partridge, coordena no seu painel electrónico as gumento se encontra próximo da sua forma definitiva. Por luzes, o som, os panos e os efeitos especiais.
vezes, fazem-se alterações até à noite da estreia ou mesmo depois dela. A música é da responsabilidade do di rector musical, que pode montá-la com a ajuda do compositor, supervisar os arran jos para orquestra e prepará-la para o es pectáculo. Simultaneamente, o cenógrafo e o figurinista trabalham nos cenários e no guarda-roupa. Os cenários poderão começar como maquetas pormenorizadas ou como desenhos e têm de ser aprovados nas várias fases pelo produtor e pelo direc tor. Com o cenógrafo podem trabalhar al guns especialistas — para criarem a ilumi nação ou estudarem uma caracterização especial, por exemplo. Um mestre carpin teiro e os seus assistentes trabalharão final mente com o cenógrafo na montagem dos cenários. A chefe do guarda-roupa orienta a preparação dos trajes. E um outro técni co tem a seu cargo a obtenção de artigos, tais como as mobílias de cena. Entretanto, o director começa os seus trabalhos com o elenco. Tem de assegurar-se de que tem substitutos para os primei ros papéis, bem como para os secundá rios, caso surja alguma emergência.
A per igo sa tarefa de uma equipa de socorristas de montanha Aguilhoados por chuvas geladas, chicotea dos por ventos fortíssimos e com pedaços de neve caindo-lhes em cima de minuto a minuto, dois jovens montanhistas, Philip pe Berclaz e Philippe Héritier, tinham pas sado quatro dias encurralados numa mi núscula plataforma rochosa a mais de 3000 m de altitude nos Alpes Suíços. Os dois Philippes treinavam-se para guias profissionais de montanha e tinham partido, em Agosto de 1975, à escalada da vertente nordeste, quase vertical, do Piz Badile, montanha que se ergue a 3300 m, como uma lâmina gigante, na fronteira da Suíça com a Itália. Os montanhistas ti nham chegado a 150 m do cume quando o céu se cobriu de nuvens e eles se viram no moio de uma tempestade de neve. Impossibilitados de prosseguir até ao cume ou de voltar para baixo, desceram 40 m pelo cabo até a uma estreita platafor ma rochosa sobre um precipício de 670 m a pique. Prenderam-se à face do granito com cordas e pitões e passaram assim os dois primeiros dias sob um frio agonizan te. De tempos a tempos, gritavam por so corro, mas o vento desviava os seus gritos. Na tarde do terceiro dia, o temporal amainou, e os grilos e assobios desespera dos foram ouvidos no vale de Bergell. A notícia da sua situação foi dada aos Serviços de Socorros Aéreos em Zurique, que se ocupa de salvamentos na monta nha. Caía já a noite e o nevoeiro esconde ra o Piz Badile. Nessa noite, seria impos-
Salvamento por maca. Uma equipa de salvamento no Bcn Neois - o mais alto pico da Grã-Bretanha — salua um monta nhista ferido, descendo o de maca. sível qualquer tentativa de salvamento. Na madrugada do dia seguinte, a briga da de socorros aéreos entrou em acção: telefonaram a Beal Perren, chefe da Air Zermatt, um serviço comercial de helicópte ros, e contrataram-no para tratar do salva mento. Dentro de minutos, ele e o seu pilo to, o alemão Siegfried Stangier, voavam os 160 km até Piz Badile num potente helicóp tero Lama equipado com um guincho. Chegaram à montanha em uma hora e viram os dois montanhistas em apuros, agarrando se como moscas à parede branca da vertente nordeste. Fortes rajadas de vento ameaçavam lançar o helicóptero de encontro à montanha. Siegfried Stan gier não conseguiu chegar tão perto dos dois homens quanto pretendia. Por isso, largou um cabo com 45 m até à plataforma. Na extremidade daquele ia urn saco contendo um walkie-talkie, vestuário quente, termos com chá, carne seca e rebu çados com vitaminas e os montanhistas em breve se encontravam em contacto via rádio com os socorristas. Mas nuvens e ventos atrasaram os trabalhos de salvamento até às 6 da tarde, quando as condições melhora ram subitamente. Só podia ser içado um ho mem de cada vez, e combinou-se que seria Philippe Berclaz o pri meiro. Cuidadosa mente, Stangier mano brou o helicóptero até as pás do rotor ficarem
0 ensaio dos actores Os actores começam a familiarizar-se com os textos do argumento. Antes de começa rem propriamente os ensaios, o director, por vezes, organiza leituras com toda a compa nhia, indicando a cada um como pretende ver desempenhado o respectivo papel. Kstas leituras podem fazer-se em qualquer local, mas na fase seguinte, em que os actores se movimentam segundo as instruções de cena, é necessária uma sala de ensaios ou um palco. Como em geral não há cenários, as posições destes são indicadas no chão com fitas de cores diversas. Os primeiros ensaios decorrem tanto com todo o conjunto da companhia como com alguns actores isolados ou grupos que precisem de instruções especiais para os seus papéis. O director musical orienta os cantores e os músicos; o coreógrafo, ou mestre de dança, os bailarinos. Gradualmente, os diversos elementos váo-se conjugando e torna-se essencial passar ao palco onde irá decorrer a repre sentação. Enquanto se montam os cená rios, os trabalhadores do palco vão adqui rindo prática na mudança das cenas. Ensaiam-se as luzes e os efeitos. As canções, as danças e outras passagens especiais váo-se integrando nos ensaios. A fase final — talvez uma semana antes da primeira representação em público — ê o chamado ensaio geral. Os actores estão vestidos e caracterizados, os cenários nos seus lugares e a iluminação pronta a fundo nar. A orquestra está completa. Resta ape nas fazer pequeníssimas alterações antes de o teatro abrir as suas portas e o público e Salvamento de avalanchas. Socorristas de montanha utilios críticos dizerem de sua justiça. zum sondas paru hn alizar vítimas soterradas na neoe.
a 7,5 m da face do pe nhasco. Berclaz des
prendeu-se da parede e agarrou-se com força à volta da cintura de I léritier, que ainda estava seguro à parede de 71
Salvamento tom cães. Cães treinados, como os pastoresalemães, podem ser des cidos de um helicóptero paru localizarem pessoas perdidas na neve. granito. Héritier agarrou o cabo com os dedos dormentes e enregelados e engatou o fecho no cinto de segurança do amigo. De repente, Berclaz foi levantado ao ar. arrastando o amigo para fora da platafor ma. Desamparado, Héritier ficou balou çando, suspenso do cabo e do pitão. Mas depois, chamando a si as últimas réstias de força e determinação, conseguiu içar se novamente para a plataforma. Entretanto, Berclaz foi conduzido a um abrigo de pe dras no planalto por sobre a aldeia de Bon do, onde auxiliares o guiaram até ao solo. Mais tarde, Héritier, lutando contra o vento gelado, conseguiu amarrar-se ao cabo de socorro à quarta tentativa, e, em breve, balouçava a caminho da salvação
No Monte Branco, por exemplo, equi pas de socorro terrestre participam em mais de 400 salvamentos por ano. O Monte Branco, o pico mais alto da Europa Ocidental, cleva-se a quase 4800 m nas fronteiras da França e da Itália. Atrai anualmente mais de 1 milhão de visitantes, muitos dos quais querem trepar até ao cume. Em 1987, morreram nele 44 pessoas e quase 300 ficaram feridas. Quase todas as regiões montanhosas têm o seu serviço de socorros, mas as es tâncias mais visitadas — os Alpes, as Terras Altas da Escócia, as Montanhas Rochosas, na América do Norte possuem equipas profissionais altamente treinadas, com sofisticadas redes de coordenação de ope rações. As organizações de socorros de monta nha trabalham em conjunto com as forças amuadas, a polícia local, a Cruz Vermelha e outros serviços médicos e com diversos especialistas de salvamentos, como a Guarda Costeira e as brigadas de cães. Uma equipa de socorros de montanha é constituída por um chefe de equipa, ou controlador, que dirige as operações de uma base fora da montanha; por um chefe de brigada, que dirige a equipa durante as buscas e os socorros, e por tantos elemen tos quantos os necessários, conforme a or dem de grandeza do acidente. Os elementos da equipa são quase sem pre peritos montanhistas da zona conhe cedores do terreno e das condições clima téricas locais. São treinados para trabalhar na neve. no gelo, nas rochas e nas piores condições de tempo. Recebem instrução de primeiros socorros, embora as equipas maiores incluam médicos ou enfermeiros. As comunicações processam-se pela rádio ou por telefones portáteis. Conforme o terreno e o tempo, a equipa pode subir a pé OU com raquetas ou es quis: pode deslocar-se a cavalo ou em veículos motorizados: pode usar trenós ou trenós motorizados, ou ser transportada
de helicóptero. As equipas de salvamento empregam
Os meios terrestres Os helicópteros têm demonstrado ser o mé todo mais eficaz para localizar as vítimas dos acidentes de montanha e de as transportar — e aos seus salvadores - até lugar seguro A capacidade de manobra e a velocidade do helicóptero são essenciais no transporte dos feridos graves para o hospital. Mas não são a solução perfeita. São ca ros e não conseguem operar com ventos muito fortes, neves abundantes e nuvens
habitualmente cães treinados para locali zar as vítimas que se perderam c para aju dar a libertar as que se encontram soterra das por avalanchas. Um cão, com o seu olfacto apuradíssimo, consegue fazer bus cas numa determinada área no mesmo tempo que 20 homens levariam a íazê lo. Os cães — em geral, pastores-alemães,labradores e collies são ensinai los ri pro
densasdesencadear — além de que o ruído dos pode avalanchas. São rotores mais apropriados para salvamentos alpinos ar riscados, e não para missões prolongadas e distantes, em que o reabastecimento de combustível pode ser um problema. Por isso se empregam ainda os meios terrestres tradicionais no salvamento de pessoas presas nas montanhas ou soterra das por avalanchas,
curar questão qualquer (os são-bemardos. pessoa perdida tradicional na área em mente associados aos salvamentos aipi nos, são considerados demasiado volu mosos para trabalhar em terreno difícil). Em Março de 1985. um grupo de mari nheiros ingleses, incluindo uma jovem do Wbmen's Royal Navy Service, fazia monta nhismo no Pais de Gales quando ficou en curralado numa plataforma escorregadia a
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150 m do cume do Glyder Favvr. pico com 1000 m de altitude. As 9 e meia dessa noite, o grupo não regressara ainda, pelo que foi dado como desaparecido.
"Uma boa botija de água quente" Duas brigadas locais de socorros de mon tanha partiram para Glyder Fawr, bem como Philip Benbow, membro da SARDA (Search and Rescue Dog Association Associação de Buscas e Socorros com Cães). Com .lei, o seuiabrador preto, Ben bow lançou-se através da escuridão gela da. De repente, Jet disparou por uma en costa íngreme, seguido pelo dono — que era guiado por uma luzinha verde na capa do cão, il O Jet já ia muito ã minha frente quando percebi pelo seu ladrar que tinha encon trado o grupo", disse Benbow mais tarde "A mais gelada era a jovem, pelo que a meti com Jet num saco cama para a aquecer. Os cães têm uma temperatura do corpo superior à do homem, pelo que são uma boa 'botija'.» Benbow contactou pelo seu rádio a equipa de socorros de montanha, e em breve os seus elementos chegavam com sacos próprios para aquecer os monta nhistas enregelados. Chegou o dia, e com ele um helicóptero da RAF que içou para bordo o grupo — incluindo Benbow e Jet -, levando o para lugar seguro. Salvamento por cordas. Um monianhis la nos Alpes SUÍÇOS desce por uma corda
para fenda chegardoagelo. uma vitima encurralada numa
Técnicas de logro e detecção Na guerra como na paz, fazem-se esforços incessantes para se obter vantagem por meio do logro e se descobrir a verdade
escondida sob as aparências. / /
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'" Como «e escrevem cartas com tinta Invisível, p. 81
Como funciona a camuflagem, p. 76
abateram um U2, com o auxílio de um novo equipamento de radar pertencente aos mísseis terra-arSA-2. E, mesmo assim, o U2 não foi directamente atingido: urn míssil explodiu suficientemente perto para o lan Nos finais dos anos 50, por ordem da Central 24 000 m de altitude para se manterem fora çar num mergulho descontrolado, e o pilo to, Gaiy Powers, teve de ejectar-se. Intelligence Agency, dos Estados Unidos, os do alcance da artilharia antiaérea, mas des cobriu-se que o radar não os detectava "aviões-espiões"Lockheed U2 começaram a O êxito dos U2 levou a um programa de sobrevoar a União Soviética para obterem Estes aviões extraordinários, construídos investigação altamente secreto nas EUA - o de plástico e contraplacado, pouco mais Stealth — para a criação de um avião mil itar informações fotográficas. OsU2 voavam a eraiTi do que planadores equipados com indetectável pelo radar. Bombardeiro "Stealt h". Tinia absorven motores a jacto. A descolagem, largavam as O U2 levou tanto tempo a ser detectado te do sinal de radar aplicada TtO bordo de pequenas rodas estabilizadoras que se pro por ser construído com materiais não-mela ataque do bombardeiro americano de jectavam das extremidades das asas - e ater licos que absorvem os sinas de radar, cm vez grande altitude B-2 Stealthpermite torna lo ravam com o trem principal de rodas retrác- de os reflectirem para as estações de radar em
O avião militar "invisível" ao radar
praticamente aoreflectem radar inimigo. As suas asas em invisível leque não pratica mente os sinais de radar.
teisSóque meio da fuselagem. cm tinham Maio dea 1960, depois de mais de quatro anos de sobrevoos, é que os Russos
terra, como normalmente acontece. O programa Stealth tinha como objecti vo a criação de aviões militares incor-
porando, entre outras vantagens, um mínimo
Alvos-chave
Para ajudar a conseguir a invisibilidade no radar, o bordo de ataque do avião era revesti do com uma tinta absorvente dos sinais emi tidos pelo radar. Uma tecnologia semelhante c utilizada de baixo de água para evitar a detecção por sonar. Os submarinos modernos são cobertos com uma espessa camada de uma resina altamente secreta, que absorve eficazmente os sons e apenas reflecte uma parte ínfima da energia transmitida pelos detectores de sonar.
Desenvolvido no maior segredo, o bombar deiroB-2 Slealth, de alta tecnologia, foi reve lado a convidados e jornalistas na fábrica de montagem da empresa Northrop, em Palmdale, Califórnia, em Novembro de 1988. A A "confusão" no radar assistência foi mantida a distância deste Outra técnica usada pelos aviões para evita avião, criado para penetrar nas defesas de rem ser detectados pelo radar é voarem a radar inimigas sem ser detectado, largando altitudes muito baixas, onde existe uma depois até 16 bombas nucleares sobre alvos grande quantidade de ecos de radar emiti •chave. dos por edifícios e outros objectos que vão
criar uma confusão nos écrans tios radares. No entanto, os sistemas de defesa ao nível do .solo mais recentes e sofisticados conse guem distinguir entre essa confusão de ecos e os aviões inimigos. Além disso, essa coníu são pode ser parcialmente evitada pelo em prego de sistemas de radar montados em aviões e que detectam outros voando abai xo deles.
"Blackbird". A forma do avião es pião americano SR71,utilizado nos anos 60, foi de pois aproveita da e melhora da no Slealth
Camuflagem: como se esconde um navio de guerra? Durante a Guerra de Independência Ame rieana, nos finais do século xvm, alguns re gimentos ingleses começaram a usar casa cos de pele de gamo em vez das tradicio nais casacas vermelhas. Tinham descober to que o vermelho constituía um bom alvo
para os atiradores americanos, ao passo
que o pardo da pele de gamo não era facil mente visível. 0 emprego deste género de camufla gem foi aperfeiçoado durante a Guerra do Afeganistão (1880). Adoptou se o uso ge neralizado de uma cor conhecida por ca qui (que significa pó na língua urduj, a fim de tornar os movimentos de tropas menos visíveis para os nativos. Os veteranos das lutas na índia - que, utilizando chá, ti nham tingido de castanho os seus capace tes brancos sabiam que o não ser visto era uni faclor-chave para a sobrevivência. Quando, em 1914, rebentou a I Guerra Mundial, as cores neutras como o caqui e o cinzento tomaram-se as cores habituais dos fardamentos, permitindo aos solda dos de ambos os lados confundirem-se com o ambiente de combate. Mesmo as sim, o emprego de aviões de reconheci mento deixou as tropas no solo perigosa mente expostas. Por isso se introduziram pouco a pouco as redes de camuflagem e a pintura de riscas nos equipamentos. Durante urnas manobras militares na Salisbury Plain, o comandante de uma di visão do exército inglês - um sobreviven te da Guerra dos Bóeres — disse aos seus homens para atarem ramos com folhas aos capacetes, disfarçarem os veículos com redes pardacentas e aproveitarem a Ilusão no deserto. Pintado para se confun dir com o terreno e não ser visto do alto, um
Messerschmitt Rf 109E
alemão faz um voo
rasante sobre o deserto da Líbia em 1941.
JX 76
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Operação encandeamento. As riscas traçadas no casco deste torpedeiro americano duo a ilusão de o barco ter várias proas. Foram pintadas durante a II Guerra Mundial para enganar o inimigo quanto ao verdadeiro rumo do navio. cobertura vegetal para se es cimentos a um ponto de con conderem da aviação centração de blinda F.ste artifício teve dos. A linha possuía tanto êxito que a inclusivamente um divisão se tor comboio falso, nou indistinta completo com da paisagem furgões e va que a rodea gões de carga va A ideia de e uma loco uma unidade motiva con inteira se po vincente, com der "diluir" na um velho fogão paisagem foi de campanha fu considerada de megando por uma tanto interesse pelos lamine de cartão. comandos militares Este logro desviava a que a camuflagem atenção do posto de passou a ser gradual abastecimentos verda mente aceite como uma deiro, utilizado para arma importante nos ar Disfarce natural. O tigre é qua apoiar a ofensiva do gene senais modernos. se invisível para a sua presa ral Auchinleck contra Tb Durante a 11 Guerra quando as suas riscas se confun bruk em Novembro de 1911. As suas forças mais Mundial, a camuflagem dem com O capim fulvo e alto. É importantes e os respecti foi largamente emprega uma lição sobre a arte da camu vos depostos de combus da como técnica de disfar ttagem. tive! estavam tão liem es ce. Corno na I Guerra condidos que o inimigo nunca os encontrou. Mundial, as instalações vulneráveis, como A camuflagem é também utilizada para depósitos de combustíveis e paióis de muni tornar menos visíveis aviões c navios. ções, eram cobertas com redes para que, pelo menos do ar, se confundissem com o Quando a parte inferior de um bombar ambiente. Mais afastadas, colocavam se deli beradamente negaças para atraírem o fogo com deiro oé céu pintada de azul-claro, confunde-se durante o dia; se pintada de inimigo. Zonas de água como os canais, utili preto, confunde-se com o céu durante a zados pelos navegadores dos bombardeiras noite. Alguns aviões são pintados por cima como pontos de referência durante a noite, para se confundirem com o solo quando eram regadas com pó de carvão para evitar vistos do alto. Da mesma forma, o perfil que brilhassem ao luar. Durante a campanha beiíi conhecido de um barco de guerra do Norte de África de 1940-1943, construiu- pode ser distorcido com pinturas hábeis -se uma linha de caminho de ferro fictícia que lhe reduzem a silhueta e lhe dão até para dar a ideia de um novo ramal de abaste um aspecto menos ameaçador, talvez o de
Atirador camuflado. Coberto por folhagem artificial, um atirador do Carpo de Fuzileiros Americano rasteja pelo mulo ulé uo seu alvo. escapando se depois sem ser tíiStO. Na Escola de Atiradores, os irtstruendos são ensinados a confundirem-se com o fundo ambien te por forma semelhante à de muitos animais um cargueiro inofensivo. Uma onda de proa pintada no casco de um navio de guerra pode enganar o comandante do um submarino quanto à velocidade do seu alvo, e uma linha de água falsa pode fazer errar o cálculo da distância. As técnicas de camuflagem têm igual mente sido utilizadas para confundir o re conhecimento aéreo. Duranle a campa nha das Malvinas, em l!>82. os comandos britânicos foram avisados de que as forças argentinas sitiadas não podiam ser reabas tecidas porque o único aeroporlo de Por! Stanley fora danificado pelas bombas da RAF. As fotografias de reconhecimento
Quando um funcionário governamental pretende fazer um telefonema confiden cial para, por exemplo, uma embaixada no estrangeiro, serve-se de um scrambler de voz. Ao percorrer a linha entre os dois telefones, a conversa não passa de um ruí
que tinham de trocar informações melin drosas através de linhas telefónicas que po deriam estar sob escuta inimiga. Actual mente, mais fáceis do obter, são frequente mente utilizadas por empresários interna cionais desejosos de proteger de concor
mostravam o que parecia uma funda cratera atravessando a pistaserprincipal. Na realidade, todos os dias até à rendição aterraram ali, a coberto da noite, aviões ar gentinos carregados. Só mais tarde se desco briu que todas as manhãs um grupo de recru tas, equipados apenas com pás e carros de mão, deixava na pista um monte de terra circular. Visto do ar, osso monto do torra pare cia a cratera do uma bomba.
do para alguém que efective umaininteligível escuta. Na sua maioria, os scramblers são dis positivos electrónicos de cifra que mistu ram e invertem as frequências da voz huma na, tornando-a ininteligível. Outros escon dom a voz no meio de um fundo de ruído contínuo. Km tempos, os scramblers apenas eram fornecidos aos altos comandos militares
rentes sem escrúpulos os moderna seus segredos comerciais. A tecnologia reduziu as dimensões desses aparelhos às de uma caixa de fósforos.
«Scramblers» de voz: o envio de palavras ininteligíveis através de uma linha de telefones públicos
Dispositivo duplo Os scramblers são constituídos por duas unidades, um emissor e um receptor. O primeiro converte a voz do quem fala numa versão incompreensível e envia a através
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de uma linha telefónica normal. O recep tor inverte o processo para que a fala seja inteligível na outra extremidade do fio. Os aparelhos de escuta colocados na linha captam um ruído distorcido que mal se reconhece como fala humana. A maior parte dos scramblers funciona cortando o espectro da voz em cinco ban
das de frequência, que depois são mistura das por meio de um complicado processo electrónico que as desloca e inverte. Ern teoria, existem cerca de 3840 combina ções possíveis, mas os misturadores nor mais utilizam 512 permutações. Os scramblers de voz não são de uma segurança absoluta no caso de técnicos de
escutas competentes, pois as conversas podem acabar por ser descodificadas. Mas o método é demasiado moroso, exigindo o emprego de processadores de dados es pecialmente programados e de operado res extremamente bem preparados, pelo que os misturadores proporcionam real mente uma protecção de curto prazo.
Como se transmitem segredos por códigos e cifras Na véspera do ataque japonês a Pearl Harbor, em Dezembro de 1941, uma previsão meteorológica aparentemente inocente, "Quadrante leste chuvoso, quadrante nor te nublado, quadrante oeste limpo", avi sou os diplomatas japoneses em todo o Mundo de que a guerra estava iminente. Esta mensagem era uma das mais sim ples formas de código — uma mensagem preestabelecida com um significado espe cial para aqueles que a recebessem. Mensagens semelhantes foram transmiti das pela BBC para a Resistência Francesa durante a II Guerra Mundial. Os primeiros versos de um poema de Paul Verlaine ("Os longos soluços dos violinos do Outono") in formaram a Resistência de que os desembar ques do Dia D iriam começar. Códigos mais complexos substituem palavras ou frases por outras palavras ou frases. Ou podem utilizar-se grupos de le trás desconexas para criar todo um dicio nário de palavras e frases. Longos relato rios militares podem ser transmitidos em grupos de cinco letras - apenas inteligí veis para aqueles que possam verificá-los no livro de código adequado. No entanto, se um livro de código cai nas mãos do inimigo, informações vitais podem ser interceptadas sem conheci mento daquele que as emitiu. Na I Guerra Mundial, o livro de código naval alemão foi recuperado do cruzador ligeiro Magdeburg, que fora afundado. Em consequên cia disto, muitas das instruções mais me lindrosas da Esquadra Alemã de Alto Mar foram lidas pelos Ingleses. Mesmo deixjis de o Almirantado Alemão ter descoberto a sua perda, demorou semanas até dotar cada na vio germânico com um novo código. Um outro método de se transmitirem in formações secretas é por meio de cifras. Uma cifra substitui as letras do alfabeto por outras letras, números ou símbolos. O alfabeto Morse é, na umadecifra quebreves traduze as letras porrealidade, combinações sinais longos que podem ser transmitidas por "bips" de rádio, por telégrafo ou por lâmpa das de sinais. A letra E, por exemplo, é um único ponto, enquanto o Q é representado por traço traço-ponto-traço ( ). Outra forma de cifra utiliza uma grelha denominada chave. A mensagem "Tropas inimigas embarcam no sábado" pode ser 78
Bloco para uma só vez. Os espiões usam minúsculos blocos de
cifras para descodificar
as mensagens secretas dos seus chefes. As
instruções em código transmitidas pela rádio referem se a gnjfx>s de
números de cinco algarismos de uma página determinada do bloco. Uma vez recebida e descodificada a
mensagem, o recebedor e o emissário rasgam a página correspondente dos respectivos blocos. escrita numa grelha de, por exemplo, seis colunas, escrevendo-a alternadamente cia es
querda para a direita e
da direita para a es querda. As letras vol tam depois a ser escri tas em grupos de cin co, seguindo um per curso em diagonal ao longo da grelha:
Assim, o criptograma a transmitir será: SA1AN POIBR OCMMR TIEAD AMSGA NBAOS. A pessoa que o recebe utiliza uma chave semelhante para o decifrar. Um ponto fraco deste sistema é o facto
cadas, utilizando letras e números. Durante a II Guerra Mundial, o Governo Alemão utilizou uma máquina de cifra de nominada Enigma. Por muitas vezes que fosse marcada determinada letra, a letra que lhe correspondia na cifra nunca era repetida. Todos os dias era estabelecida uma grelha diferente, segundo um calen dário conhecido apenas dos Alemães. Mas uma equipa de matemáticos e lin guistas ingleses acabou por deslindar as cifras da Enigma em 1940. O seu trabalho desempenhou um papel importante na vi tória ao fornecer ao Quartel General Alia
de a de frequência letras eque das na combina ções letras serdas a mesma lingua gem normal. O A, por exemplo, c a letra mais usada na língua portuguesa. Por isso, alguém que queira quebrar a cifra pode partir do princípio de que a letra que ocor re mais frequentemente representa um A, e assim sucessivamente. Por isso, têm sido criadas pelos ma temáticos cifras imensamente compli
bre informações do os planos alemães semprepara actualizadas a campanha so do Norte de África e a guerra aérea. Com o advento dos computadores, os códigos têm se tomado muito mais com plicados e difíceis de decifrar. Os seus pro gramas complexos utilizam milhares de cálculos, e sem se conhecer a sequência das respectivas instruções levariam milha res de anos a descodificar.
TROPAS G I M I N I A S E M B A O N M A C R SÁBADO
TROPAS G i M I N 1 A S E M B A O N M A C R SÁBADO
O mundo subterrâneo das "toupeiras" Em Novembro de 1979, a primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, anunciou à Câmara dos Comuns que um dos ho mens mais respeitados no mundo da arte inglês, Sir Anlhony Blunt, conservador dos quadros da rainha, linha trabalhado como espião a favor dos Russos. Blunt tomara se comunista nos anos 30 e trabalhara para os Serviços de Segurança Britânicos (MIS) durante a II Guerra, trans mitindo segredos a Moscovo, Em 1951, aju dara dois outros espiões ingleses, Guy Burgess e Donald Maclean, a fugirem para a Rússia quando se tornaram suspeitos. Blunt era um exemplo do tipo de espião conhecido por "toupeira" — agentes pre parados para esperarem anos, construin do a sua cobertura, até conseguirem aces so a informações vitais. Contrariamente ao espião mais conven cional, recrutado pelo seu próprio país para desempenhar determinada missão no estrangeiro, a toupeira é habitualmente alguém que, por motivos ideológicos, de cidiu trabalhar para uma causa alheia, To mada essa decisão, consegue infiltrar-.se numa posição em que produz os maiores estragos - e durante todo esse tempo age como se se tratasse de um patriota. Algumas toupeiras são recrutadas por especialistas dos serviços de informação. Outras "recrutam-se" a si próprias, ofere cendo os seus préstimos. 0 caso mais famoso desde a II Guerra Mundial é talvez o dos quatro espiões in gleses Blunt, Burgess, Maclean e Kim Philby, que decidiram, quando frequenta vam ainda a Universidade de Cambridge nos anos 30, trabalhar secretamente para a União Soviética. Começaram por ser recomendados por "caçadores de talentos", que passaram cada um deles a um especialista dos Servi ços Secretos Soviéticos, o qual lhes ensi nou os rudimentos da espionagem e lhes recomendou que desistissem da sua filia ção em grupos políticos radicais: tinham de tornar-se tanto quanto possível agradá veis aos olhos das organizações oficiais.
Philby nos Serviços Secretos (MHi) e Blunt no Serviço de Contra-Espionagem (MI5). Uma vez instalados nas organizações que escolheram, os quatro homens pro grediram até aos mais sensíveis níveis go vernamentais, ganhando acesso as infor mações mais secretas. Maclean, Burgess c Philby fugiram para Moscovo, onde acabaram por morrer. Blunt fez uma confissão completa aos Ser viços de Segurança Ingleses e não foi pro cessado. Morreu em 1983. Uma toupeira que espiou contra o seu próprio país, unicamente por dinheiro, foi Heinz Felfe, antigo oficial das SS alemãs, que atingiu uma posição de relevo na Agência Federal de Informação da Alema nha Ocidental durante os anos 50. Família de espiões. Du rante 17 anos, John Walj ker (d( barba), antigo ofi ciai da Marinha America na. espiou para os Rus sos. Em 1986, foi condena
do a prisão perpétua por dirigir uma associação fa miliar de espionagem.
Em 1951, quando procurava emprego, aceitou trabalhar para os Serviços Secretos Soviéticos (posteriormente. KGB) por um salário de 1500 marcos mensais. Simulta neamente, foi admitido na Agência federal de Informação. Durante a década seguinte trabalhou como agente duplo, fornecen do aos Alemães "desinformação-' sobre o KGB e, em troca, dando a este informações acerca da rede de espionagem alemã para lá da Cortina de Ferro Finalmente, tornou se suspeito quando comprou uma casa demasiado cara para quem vivia de um único salário. Quando foi preso, em 1961, descobriu-se que as suas actividades tinham custado aos Ale mães Ocidentais 94 contactos para lá da Cortina de Ferro, incluindo 46 agentes em actividade. Km 1963, Felfe foi condenado a 14 anos de prisão. Outro espião que operou nos EUA ate meados dos anos 80 foi John Walker, antigo of ciai da Marinha. Os seus chefes russos pagavam-Ihe 1000 dólares por se mana para que dirigisse uma associação famiiar de espionagem, Traidor. Quando pri meiro-secretário na Em baixada Britânica nos EUA. Maclean (de laço) forneceu à URSS segre dos americanos.
um deles cultivou deliberadamen te Cada amizades com pessoas em posições de influência que, em sua opinião, pudessem ajuda los a encontrar um emprego útil. Burgess e Maclean conseguiram ser admi tidos no Ministério dos Estrangeiros, Falsa imagem.
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oador dos quadros da rainha e espião enganou todos com a sua posição social.
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ricanos de srcem polaca, eram um casal deste tipo. Aparentemente, ele era negocian te de livros antigos que, com a mulher, levava uma vida confortável em Ruislip. na zona oeste de Ixtndres. Na verdade, eles operavam com um emissor clandestino de rádio ligado ao KGB em Moscovo até serem presos. Rena te e Lothar l.ut/e eram toupeiras alemãs orientais actuando na Alemanha Ocidental até serem presos Nascida em Brandeburgo, Alemanha Oriental, em 1940, Renate Ubclacker — seu nome de solteira arranjou lugar corno secretária no Ministério da Defesa da Ale manha federal em Bona o seu trabalho implicava lidar com documentos altamen te secretos, incluindo planos da NATO. Em Setembro de 1972. casou com Lothar Lutze, nessa altura espião por conta do Ministério para a Segurança do listado na Alemanha Oriental. Renate conseguiu arranjar-lhe Livre e s orridente. A secretária e espia ale um emprego no Ministério da Defesa. mã Renate Lutze na época em que operava Durante os quatro anos seguintes, o ca para os Alemães Orientais. Desmascarada e. sal forneceu informações vitais aos Ale detida em 1976, seria libertada em 1981. mães Orientais, controlados pelos Soviéti composta por seu irmão Artliur, graduado cos. Foram desmascarados e presos cm da Marinha na reforma, e seu filho Michael, Junho de 1976. Depois de passar três anos em prisão preventiva, Renate Lutze foi con marinheiro a bordo do porta-aviões USS Nimitz. As suas actividades permitiram aos denada a seis anos por espionagem, e o marido, a 12 anos. Ela foi libertada em Se Soviéticos decifrar inúmeras comunica tembro de 1981. ções altamente secretas e receber mais de 1500 documentos secretos. As toupeiras mais eficientes são aquelas Um tipo de toupeira diferente é aquele de quem ninguém suspeitaria. Burgess que entra num país estrangeiro com do fora educado em Elon; o pai de Maclean cumentos falsos e se infiltra profundamente fora ministro do Estado; Philby entrara no tecido da sua sociedade adoptiva. para o M16 vindo do jornal The Times, e, na Peter e I lelen Kroger, cidadãos norte-ame- altura em que foi descoberto. Anthony
Blunl fora nomeado conservador dos qua dros da rainha no Palácio de Buckingham e recebera o título de sir.
Algumas toupeiras recebem um peno
do de instrução antes de entrarem em ac ção. Em Camp Peary, na Virgínia, a CIA opera uma grande base de instrução sob o disfarce de instalações militares; os France ses mantêm uma escola numa região iso lada dos Alpes Marítimos, no Sueste do país, e o KGB possui centros de treino per to de Leninegrado. Mas ás vezes a toupeira não lem possibi lidade de ser treinada e pode ter de apren der as técnicas fundamentais enquanto vai actuando. Oleg Penkovsky, um tenente-coronel russo, ofereceu se aos Ingleses, como es pião, em 1960. Quando, no ano seguinte, fez parte de uma missão comercial soviéti ca em uma das raras visitas ao Ocidente, ensinaram-no a utilizar uma câmara mi niatura e deram lhe noções sobre sistemas criptográficos. Em vez de se escapar do seu
grupo, Penkovsky fingiu simplesmente que queria deitar-se cedo. Sucedeu que os Ingleses e os Americanos tinham alugado todo o andar por cima do quarto do hotel de Londres onde Penkovsky se alojava e nele haviam instalado o equipamento ne cessário para as sessões de treino. Tudo funcionou perfeitamente, c, quando re gressou a Moscovo, Penkovsky era já um agente conhecedor do seu ofício. Mas a sua carreira de espião foi curta; o KGB prendeu o no ano seguinte e conde nou-o à morte.
Dispositivos de escuta: ouvir sem ser visto Actualmente, nenhuma conversa no escri tório ou em casa está a salvo das escutas. Estas concretizam-se geralmente pela ins talação disfarçada numa divisão de um mi croíone pequeno mas sensível. Um tipo de dispositivo de escuta utiliza um transmissor de rádio de baixa potência ligado a um microfone para enviar os si nais desle a um receptor a alguns metros de distância. Noutro tipo, a ligação do mi crofone ao receptor é feita por um cabo. Embora o sistema dotado de cabo exija que este seja cuidadosamente escondido, ele tem a vantagem de não emitir sinais de rádio, facilmente detectáveis. E a maioria
geral, utiliza se um cabo existente, como uma linha telefónica desocupada, para a transmissão das vozes. Uma das razões pelas quais os edifícios diplomáticos são tão apertadamente vigia dos durante a construção é o receio de que uma agência de espionagem estrangeira consiga incorporar na estrutura tubos para passagem de cabos. Assim aconteceu em Moscovo em 1987. quando se descobriu que as vigas de aço fornecidas para a cons trução da Embaixada dos EUA eram ocas. Quando não se consegue acesso a uma divisão, pode colocar se no exterior de uma das paredes um estetoscópio,
todos OS sons na divisão do outro lado. A instalação de um dispositivo de escuta numa divisão é difícil se os respectivos oeu pantes souberem que poderão ser espia dos. Por esse motivo, começaram a explorar-se as capacidades do laser. Foca se um raio de laser sobre o vidro de uma janela. Quando ocorre uma conversa uo interior da sala, o vidro vibra com as ondas sonoras das vozes, e estes movimentos microscó picos podem ser detectados medindo as minúsculas variações no comprimento do raio de laser fixo. Estas informações são depois reconvertidas electronicamente em versão inteligível.
das salas ouque dosmais gabinetes já tem tantos fios instalados um passará desperee bido. O microfone pode ser disfarçado sob a forma de um artigo vulgar, como uma lâmpada, uma televisão ou um telefone. Desde que um posto de escuta possa ser instalado dentro de um raio razoável cerca de 1.500 m , todas as palavras pronunciadas no compartimento sob ob servação serão transmitidas por fios. Em
que consiste simples microfone preso por umanum ventosa à parede e ligado a um amplificador ou furar-se a parede a partir do exterior com um furo que na parte interior não seja maior que um bico de alfinete. Neste orifício coloca-sc um tubo com um microfone ligado a um gravador no exterior. Este sistema tem uma variante que apenas penetra parte da parede, mas. apesar disso, capta
Existe ainda um dispositivo que é talvez o dispositivo ideal, poissem nãofios necessita de pilhas nem de manutenção. Consiste numa cápsula com cerca de 25 mm de largu ra contendo uma antena muito sensível e um diafragma. E activado por um sinal de rádio Que lhe é dirigido do exterior; a cápsula trans forma-se então num transmissor de rádio que capta os sons da divisão, permitindo que se ouçam as conversas.
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era uma solução rie nitrato rie chumbo e
água, e o reagente, uma pequena quanti
Tintas invisíveis para mensagens espionagem em Inglaterra. Desde 1975, transmitira cerca de 200 mensagens secre tas aos seus chefes em Praga — muitas em tinta invisível. As informações incluíam da dos sobre firmas britânicas que trabalha vam para o sistema defensivo americano Guerra rias Estrelas. A maioria das tintas invisíveis químicas precisa de um segundo líquido — o cha mado reagente para as tornar visíveis. Uma das tintas mais vulgares é o sulfato rie cobre diluído em água. Quando o papel é depois imerso numa solução fraca de carDonato de sódio e água ou de amoníaco e água, a escrita aparece a azul. Uma tinta química particularmente sen sível usada pelos espiões alemães durante a II Guerra Mundial empregava produtos químicos utilizados em fotografia. A tinta
Uma forma moderna da tinta invisível é um tipo especial de papel químico. 0 espião coloca o papel químico sobre outra folha de papel e escreve a sua mensagem. A es crita é transferida para O papel rie baixo, mas só é revelada depois de tratada quimi camente. É assim possível transmitir men sagens pelo correio, "escritas", por exem plo, nas páginas de uma revista. Este processo foi utilizado pelo espião checoslovaco F.rwin van Haarlem, que em 1989 foi condenado a 10 anos de prisão por
Palavras aquecidas. Quando este recibo de uma consignação de arroz foi aquecido, surgiu uma mensagem secreta escrita com sumo de limão. A mensagem, em letra miú da, relata as actividades dos realistas em Paris durante a Revolução Francesa.
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dade de sulfureto rie sódio dissolvido em água. 0 resultado é uma tinta negra.
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A procura da droga da verdade perfeita O objectivo de uma droga da verdade é descontrair o espírito rie uma pessoa para que esta forneça respostas verdadeiras a todas as perguntas que lhe façam - mes mo que isso signifique trair o seu pais. Os estudos sobre as chamadas drogas da verdade iniciaram se no princípio da década de 50, na sequência rie relatos acer ca rie processos de interrogatórios com "lavagem ao cérebro" levados a cabo pelos Norte Coreanos e pelos Chineses em pri sioneiros de guerra. A Força Aérea rios F.UA encetou um projecto de procura de um "soro da verdade" para que os pilotos ame ricanos pudessem tomá-lo e treinarem se a resistir às lavagens ao cérebro. Fizeram-se experiências com barbitúri cos, anfetaminas, álcool e heroína, mas a maioria destas drogas limitou se a ajudar as pessoas a mentir com mais habilidade.
Processos de depuração
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O manifestara-se medo das técnicas pela primeira rie controle vezdaaquando mente dos célebres processos rie depuração de José Estaline na União Soviética e nos pai' ses do Bloco de Leste durante as décadas de 30 e 40. Os réus apareciam em tribunal em estado de aparente confusão, de olhos vidrados, confessando crimes que não ti nham hipótese de ter cometido. O penlolal rie sódio, barbitúrico usado pelos anestesistas para descontrair os doentes antes de uma operação, é frequen temente designado por soro da verdade. Neste contexto, é utilizado para promover a criação de um estado rie desorientação no qual a percepção rio ambiente por parte do indivíduo pode ser manipulada. AdminiStra-se uma dose potente da dro ga, que toma a pessoa inconsciente. Dá se -lhe depois uma injecção do estimulante benzedlina para a reanimar, mas apenas parcialmente. Com a pessoa semieons ciente, um psiquiatra empregar nicas hipnóticas para pode modificar a suatéc per cepção daquilo que se passa em seu redor. Quando este método foi utilizado num soviético suspeito de espionagem na Ale manha Ocidental em 1955, a sua mente foi reconduziria a uma fase em que ele pensa va estar a falar com a mulher em casa, o que o fez ciar, sem constrangimento, uni relato rias suas actividades secretas.
BI
Como as câmaras fotográficas podem enganar a visão Desde o dia em que as pessoas aprenderam a fotografar e a revelar as suas fotografias, aprenderam também a falsificá-las. Quan do se viu pela primeira vez numa chapa fotográfica uma exposição dupla - prova velmente acidental —, ficou demonstrada a possibilidade de se adicionarem imagens sobre imagens.
"Fotografias" de espíritos dos mortos, de objectos e pessoas em levitação, de ov nis e até de fadas têm enganado, ainda que temporariamente, tanto os leigos como os peritos. Os fotógrafos sabem que podem fazer a fotografia de um objecto e sobrepor-lhe outro, expondo de novo a mesma película.
Quando se desconhece o modo como as fotografias acontecem, é mais fácil acre ditarmos ou fazermos crer que tudo o que se vê nas imagens pode ter acontecido. Com a fotografia cada vez mais na era dos computadores, mais sofisticadas se têm tornado as técnicas para fazerem as câmaras fotográficas "mentirem".
Fotografia do céu
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Aviáo em miniatura
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Paisagem
Vedação em primeiro plano
Seis fotografias numa só Esla cena rural, poluída por imagens amea çadoras - caças a jacto e uma sebe de arame farpado -, n ão existe tal como a vemos. A fotografia é urna imagem múlti pla, uma combinação de diversas fotogra fias. Foi imaginada e criada para a Quaker Peace Foundation pelo fotógrafo londrino Chris Morris para a capa de um disco. Os dois aviões são fotografias de uma mesma miniatura feitas em estúdio de ân
gulos ligeiramente diferentes, sobrepostas à fotografia do céu e colocadas com esta entre dois vidros para serem reproduzidas. Juntou-se-lhes outra fotografia do céu para se obter a faixa mais clara junlo ao horizonte. A imagem principal, da mu lher e da criança no prado, é uma vulgar fotografia a cores. As imagens do primei ro plano - uma de árvores e um portão, outra de uma vedação de arame foram sobrepostas em conjunto e reproduzidas numa película de grande formato a preto e branco.
Na última fase, o céu e os jactos, as figu ras e o campo, as árvores e a vedação foram colocados uns sobre os outros e reprodu zidos como uma só fotografia.
Capa de disco. Combinando fotografias (página anterior) e reproduzindo-as, o foto
grafo londrino Chris Morris criou urna cena
sugerindo a ameaça militar. "Mas a cena nunca existiu como a vemos", explica. A imagem foi composta por sobreposições diversas para a capa de um disco para a Quaker Feace Foundation.
Encaixe perfeito "Super-realidade" foi o nomo dado pelo seu criador a esta imagem da Abadia de West minster, em Londres - pois, embora a colorida janela do vi tral seja autêntica, ela apenas se vê neste esplendor quando é iluminada pela luz do dia que entra na abadia. 0 fotógrafo Chris Morris co meçou por fotografar a fachada da abadia por fora. Mediu a dis tância entre a câmara e odistân edifí cio e marcou a mesma cia no interior. Depois, fotogra fou a luz do Sol atravessando os vitrais da janela do lado oeste. "Fiz apenas um ligeiro ajus tamento no tripé", diz, "para compensar o nível um pouco mais baixo do chão da abadia." Devido ao cuidado posto nas medições, a fotografia inte rior da janela encaixou perfei tamente na outra quando ele as sobrepôs para as reproduzir em conjunto. "Qualquer pequenina dife rença no ajustamento foi dis farçada pela aura luminosa em volta da janela", acrescenta, 'efeito este que criei durante a sobreposição." Efeito luminoso. Esta fotogra fia da Abadia de Westminster dá-nos a ideia de que irradia dela urna luz interior. Na reali dade, este efeito apenas é visí vel no interior, onde a imagem foi fotografada, sendo depois sobreposta a uma fotografia da fachada.
Simulação de voo Esta fotografia do primeiro voo de Santos-Dumont na Europa é uma falsificação. Mas a verda de é que o brasileiro efectuou em Paris, em 23 de Outubro de 1906, um voo de 61 m. O avião de Santos-Dumont foi fotogra fado quando este o suspendeu de um cabo para verificar o equilíbrio. Depois, recortou-se uma cópia, que foi montada sobre uma outra de pessoas que observavam um balão — fazendo se em seguida uma reprodução da montagem.
Falso voo. As árvores teriam impedido a descolagem. ,S4
Menina fantasma Durante cerca de 60 anos, di versos livros e revistas publica ram esta fotografia de uma me nina segurando um ramo de flores e um sobrescrito, de pé em frente de um homem sen tado à secretária. Era apresen tada como prova de que a "fo tografia de espíritos" era genuí na. Apareceu pela primeira vez em 1919 e foi feila por um curandeiro e médium espírita, omingham, Dr. T. d'Aute que Hooper, afirmou de queBir um dos seus pacientes, que ti nha como hóspede, lhe pedira para fazer a fotografia, pois sentia uma presença invisível. "Peguei na câmara fotográfi ca e, antes de expor a chapa, disse-lhe que via ao pé dele uma linda criança", escreveu o Dr. Hooper. "O próprio ho mem levou a chapa para a câmara-escura e revelou-a, sur gindo então a linda forma de Sobreposição. Um anúncio dos finais do século xtx foi utilizado numa suposta "fotografia de espírito". uma menina ... A exclamação do senhor foi: 'Céus! É a minha filha, que do sabonete Pears' no início do século. pelos chamados "fotógrafos de espíritos". morreu há trinta anos'.» Hooper preparara antecipadamente Mas por que razão o paciente de Hooper uma chapa em que fotografara o quadro da manifestara logo a impressão de que a me Só quando, na década de 80, ressurgiu o menina, apagando-lhe o fundo. Quando o nina era a sua filha que tinha morrido? interesse pela fotografia de espíritos, al seu paciente revelou a fotografia que Hoo guns investigadores "reconheceram" a Diz o investigador de fenómenos inexmenina da fotografia: ela aparecera num per lhe tirara com a mesma chapa, esta plicados Arthur C. Clarke: "Talvez ele, na segunda fotografia fornecera o novo fundo. quadro chamado Para Ti, pintado em 1879 sua dor e agarrando-se às mais pequenas por Charles T. Garland e usado no anúncio Era uma técnica comummente utilizada coisas, tenha sido vítima de uma ilusão."
Fotografia falsa de um ovni Ao princípio, os peritos fotográ ficos convenceram-se de que a fotografia, à direita, de um su posto objecto voador não iden tificado era genuína. Foi feila por um piloto de avião comer cial sobre a Venezuela em 1905. Mas quando o Dr. B. Roy Frieden, da Universidade do Arizo na, examinou a fotografia em 1971, fez notar que os contor nos do "disco voador" estavam demasiado nítidos para se tra tar de um objecto distante — e suspeitou de que a sombra no chão tinha sido acrescentada. Um engenheiro de Caracas admitiu então ter sido o falsifi cador. Confessou que o ovni era a fotografia de um botão sobreposta à fotografia aérea e fotografada de novo.
Botão '^voador".Este "ovni" quase convenceu os peritos.
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Sonho de um dia de Verão Durante quase 70 anos, duas primas guardaram o seu segredo das fadas que diziam ter fotografado num vale arboriza do de Cottingley, no Yorkshire. Durante esse tempo, as suas fotografias controver sas ganharam fama internacional e des concertaram especialistas fotográficos e
chegaram ao conhecimento de Conan Doyle através da Sociedade Teosófica, onde Doris, a mãe de Elsie, se lhes referiu numa reunião em 1919. Conan Doyle, espírita empenhado, in cumbiu Kdward Gardner, fotógrafo e teosofista notável, de analisar as fotografias. Acabou por convencer-se da autenticida de destas; e em Novembro de 1920, Conan Doyle publicou as fotografias na revista The Strand. Fantasia. Recortes de um Hum Ao longo dos anos, as duas raparigas tornaram-se "fadas" mantiveram a sua história. Mas havia quem duvidasse dela. Em 1978, o prestidi investigadores psíquicos de gitador americano James Randi chamou a todo o Mundo - incluindo Sir Arthur Conan Doyle, o criador atenção para a semelhança entre as figuras de uma das fotografias e um desenho de do mais famoso detective da fic fadas no Princess Mary's Gift Book, publi ção, Sherlock Holmes. Foi em Julho de 1917 que Elsie cado dois anos antes de as fotografias se rem feitas. Wright, então com 15 anos, e a sua Só em 1983 Elsie e Francês, nessa altura prima Francês Griffiths, de 10 anos, viúvas c idosas, confessaram. Elsie dese pediram emprestada ao pai de Elnhara e pintara as farias em cartolina e sie, Arthur Wright, uma câmara fo tográfica de "caixote" — e foram brincar prendera-as nos ramos com alfinetes de chapéu. Elsie revelou ainda que o logro perto de um regato no vale. Quando as fotografias que fizeram nesse dia e nos se fora inicialmente planeado para que Fran cês não fosse castigada por ter caído no guintes foram reveladas, mostravam uma regato. Francês morreu em 1986, com 79 ou outra das duas raparigas juntamente com imagens daquilo que pareciam fadas anos. Elsie, que morreu dois anos depois, com 87, disse ao Times de Londres: "A dançando, saltando e pousadas nos ra brincadeira devia durar duas horas e durou mos. Numa delas, via-se Elsie com um setenta anos." gnomo alado que dançava. As fotografias
Malabarismos com a realidade: o arranjo de fotografias em computador Quando foi conjugada com a tecnologia dos computadores, a fotografia atingiu quase proporções de magia. Graças ao processamento computorizado de ima gens, qualquer componente de uma foto grafia — um navio, até uma pessoa — pode desaparecer electronicamente. O es paço em branco pode ser então preenchi do. Também podem adicionar-se novas imagens. A técnica implica o registo dos mais diminutos elementos da fotografia e a sua redisposição ou recomposição.
No anúncio de uma revista, por exem plo, o automóvel do último modelo para do à beira do Grand Canyon pode nunca ter saído do stand onde foi fotografado. O processamento computorizado pode transplantar a sua imagem para um diapo sitivo do Canyon. E, através da redisposi ção dos elementos da fotografia(pixels), o carro pode ser transformado de um mode lo de quatro portas num modelo de duas. Os efeitos da sombra na pintura podem fazer-se condizer com os do Canyon.
Por este processo pode "apagar-se" um barco de um cais (cm baixo). O scanner electrónico percorre a fotografia e regista cada pixei, que decompõe nos respectivos elementos básicos: vermelho, verde, azul e preto. Cada pixel é arquivado no compu tador sob a forma digital. A fotografia pode então ser copiada com os pixels dispostos na ordem desejada. No caso do barco que desaparece, os pixels deste são removidos e substituídos por outros idênticos aos do empedrado.
Barco que se desvanece. O processamento computorizado de imagens pode eliminar ou acrescentar qualquer elemento fotográfico.
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Detecção de mentiras por meio de uma máquina No princípio da década de 80, pelo menos 1 milháo de pessoas nos EUA (a maioria, candidatas a empregos) eram submetidas anualmente a testes de detecção de menti ras. Mas esses testes levaram certas pes soas a serem falsamente acusadas de deso nestidade. Uma dessas vítimas foi a estu dante universitária Shama llolleman, re cusada uma loja de Nova Iorque por o seu testepor indicar que ela poderia ser vende
COMO LUDIBRIAR O DETECTOR DE MENTIRAS Peritos médicos dos EUA e da Grá-Bretanha dizem ser perfeitamente possível unia pessoa suspeita ludibriar o detec tor de mentiras. O truque é fazer com que as respostas às perguntas de con trole se pareçam tanto quanto possível com as respostas às perguntas verda deiras. Para que uma resposta seja clas sificada como sendo uma mentira, tem de ser registada com uma intensidade muito maior que as respostas de con trole. O Dr. David Thoreson Lykken, pro fessor de Psicologia e Psiquiatria na Es cola Médica da Universidade do Minne sota, escreve no seu livroUma Tremura no Sangue que o entrevistado poderia identificar as perguntas de controle du rante a entrevista anterior ao teste. Po deria depois fazer qualquer coisa para identificar a sua resposta às perguntas de controle durante o teste - qualquer coisa sempre diferente, para não levan tar suspeitas. "Após a primeira pergunta de con trole, eu poderia suspender a respira ção por uns segundos, depois inspirar profundamente e suspirar. Quando fos se feita a segunda pergunta de controle, poderia trincar a língua com força, res pirando rapidamente pelo nariz. Du rante a terceira pergunta de controle, podia fazer força com o braço direito contra o braço ria cadeira ou contrair os músculos das nádegas. Uma tacha de desenho dentro da meia pode ser utili zada disfarçadamente para produzir uma boa reacção no polígrafo." 0 Dr. Archibald Levey, do Conselho de Investigação Médica Inglês, que ela borou um relatório sobre detectores de mentiras para o Governo Inglês em 1988, diz ainda que podem utilizar-se técnicas de meditação para conseguir o efeito oposto baixando a intensida de de todas as respostas.
dora de droga e já ter estado presa. Ambas as acusações eram falsas. Desde então, as empresas americanas foram proibidas de utilizar estes testes nos exames de candidatos. Um grande utilizador dos detectores de mentiras são as forças policiais. Mas, passa dos mais de 60 anos sobre a invenção do detector de mentiras, o seu uso mantém-se controverso. O aparelho funciona com base no prin cípio de que a pessoa que mente fica sob stress emocional, o qual acelera os ritmos da pulsação e da respiração e provoca transpiração. Estes efeitos podem ser de tectados por instrumentos sensíveis. A primeira pessoa a usar aparelhos para detectar o stress através das variações do ritmo da pulsação e da tensão arterial foi o criminologista italiano Cesare Lombroso, na década de 1890. Em 1921, foi criado o primeiro detector de mentiras moderno com monitorização contínua pelo estudante de Medicina John
A. Larson, da Universidade da Califórnia, em colaboração com a polícia local. A máquina de Larson registava simulta neamente a tensão arterial do indivíduo e os seus ritmos respiratório e da pulsação. Os resultados eram registados por três ca netas sobre um rolo de papel contínuo. Denominada polígrafo, a máquina em bre ve foi alcunhada de detector de mentiras. Mais tarde, o polígrafo transformou-se no aparelho actual pela adição de uma quarta medição - a da condutibilidade eléctrica da pele, que varia conforme a quantidade de transpiração. Os testes de detecção de mentiras de vem conduzidosAem condições mentesercontroladas. pessoa testadaestrita é liga da à máquina e faz-se-lhe uma série de per guntas inocentes como: "O seu nome é José da Silva?" (que pode ou não ser), a fim de se obter uma resposta que proporcione curvas de referência no polígrafo. Se a pessoa mente, o aparelho deve ser capaz de detectar as alterações causadas pelo stress da mentira e de as registar. Um inconveniente é o de certas pessoas ficarem tão nervosas que parecem estar a mentir ainda que digam a verdade. Outras podem ter tanto domínio das suas emoções que coasigam mentir sem afectar as curvas do polígrafo. Mas estas são a excepção.
COMO UM DETECTOR DE MENTIRAS TRAÇA O SEU VEREDICTO O segundo instrumento, o cardiosfigO detector de mentiras é um conjunto de mómetro, detecta as variações na tensão três instrumentos diferentes, cujas infor arterial e no ritmo da pulsação. As informa mações são transmitidas separadamente ao detector e registadas como curvas inde ções são captadas por uma manga de bor pendentes num gráfico. racha aplicada ao braço. O terceiro instru mento é o galvanómetro, que mede a pas Um dos instrumentos, o pneumógrafo, regista os padrões da respiração. Ata-se ao sagem de uma corrente eléctrica muito fra ca através da pele. Esta conduz melhor a peito da pessoa um tubo de borracha e os instrumentos medem as flutuações do vo electricidade quando está húmida com a lume de ar no interior desse tubo provoca transpiração. Os eléctrodos aplicam-se ge ralmente sobre as mãos com adesivo. das pelas variações da respiração. Verdade
Mentira
Verdade
Mentira
Um processo controverso. As verdades e as mentiras sao registadas como variações gráficas dos ritmos cardíaco e respiratório e da transpiração do indivíduo durante os testes.
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Em busca das causas de um incêndio Em 1966, na véspera cio Ano Novo, um in cêndio malou 97 pessoas num hotel de Porto Rico. Os empregados do hotel, o Du pont Plaza, em San Juan, estavam furiosos pela falia de um acordo salarial, e dois de les usaram álcool desnaturado para incen diar urnas caixas de cartão e outro lixo numa sala de baile vazia. Em 15 minutos, as chamas tinham inva dido todo o rés-do-châo e encurralado os hóspedes no último piso do edifício de 21 andares. Muitos dos 1400 ocupantes tive ram de ser salvos por helicópteros. Além dos 97 mortos, houve 140 feridos. Quando, posteriormente, examinaram os restos calcinados do mobiliário da sala de baile, os investigadores descobriram vestígios do álcool desnaturado e concluí ram que se tratara de fogo posto. Chamou -se então o FBI para interrogar o pessoal do hotel. No fim, foram presos três emprega dos, que foram condenados a penas de prisão entre os 75 e os 99 anos. Os peritos em incêndios são das primei ras pessoas a chegarem ao local depois de extinto um fogo. A sua primeira tarefa é preservar e tomar nola dos materiais quei mados. Por vezes, é evidente tratar-se de fogo posto quando se verificarem diver sos focos simultâneos ou ai guém foi visto a fugir do local mesmo antes de se detectarem as chamas. A segunda tarefa é localizar o ponto ou os pontos onde o fogo se declarou e onde ele foi mais intenso. É também ne cessário traçar o caminho per corrido pelo fogo. Pode dedu zir-se muito da observação dos vestígios do fumo e dos estra gos causados aos materiais. Um varão de metal torce-se ou derrete-se conforme a proximidade a que está da parte mais quente do fogo. A densidade das rachas num vidro corresponde habitualmente à intensidade do calor. A dilatação dos metais também pode ser reveladora: uma viga de aço com 10 m aquecida a 500"C dilata-se 7 cm. A altura de madeira ou alcatifa calcinada dá igualmen te indicações sobre a temperatura ou a du ração de um incêndio. Por outro lado, há que ter em conta os
FOGO NO METROPOLITANO Depois do fogo do metropolitano de Lon dres, demonstrou se como um fósforo ace so p
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factores que ajudam o fogo a alastrar. Cai xas de elevadores, chaminés de ventilação e caixas de escadas produzem 0 chamado "efeito de chaminé", transmitindo os gases aquecidos às partes superiores do edifício e criando novos focos de incêndio. O investi gador pode ser confundido por fogos pro vocados por ruptura de tubos do gás ou combustíveis armazenados. Latas de ae rossol que explodem podem srcinar bolas de fogo com mais de 1 m de diâmetro. Depois de encontrar o foco do incêndio, 0 investigador procurará indícios das cau-
Inferno nas alturas. O fogo consumiu quatro dos 62 andares da First Interstate Tower, de Los Angeles, em Maio de 1988. lima pessoa morreu e 40 ficaram feridas neste incêndio.
sas — uma lata vazia de gasolina deixada pelo incendiário, fios queimados que indi quem uma ligação eléctrica defeituosa, até 0 fragmento de um fósforo que descuida damente se deitou fora. Os peritos forenses são especialistas no exame dos fragmentos dos materiais quei mados. Depois de um dos maiores incên dios ocorridos em Itália, o do Cinema Sta,vt
tuto, de Turim, em 13 de Fevereiro de 1983, em que morreram 64 jovens, descobriram-se fragmentos de fios velhos que ti nham estado na srcem do fogo. No exame forense, os peritos verifica ram que tinha havido desrespeito pelos re gulamentos italianos de segurança. 0 pro prietário do cinema, o supervisor dos tra balhos de decoração e dois bombeiros lo cais, que tinham afirmado que o cinema era seguro, foram condenados a penas de prisão entre os quatro e os oito anos. Não havendo causa aparente do incên
dio, o investigador pode, por exemplo, veri ficar que um dos cadáveres foi vítima de assassínio, indicando que o incêndio terá sido ateado para encobrir o crime. Um cor po humano é muito difícil de queimar com pletamente, e os seus restos podem dizer muito aos investigadores: o corpo pode ter ardido mais intensamente que os objectos em redor, sugerindo que foi incendiado pri meiro, ou podem verificar-se indícios de asfixia no tecido pulmonar, o que significa que a pessoa foi estrangulada. O incêndio que vitimou 31 pessoas na
Estação de King's Cross do metropolitano de Londres, em Novembro de 1987, inicial mente tomado como fogo posto, declarou-se numa escada rolante e foi alimenta do pela corrente do ar proveniente dos tú neis. Os investigadores concluíram que ele tivera srcem no cotão e no óleo acumula dos por debaixo da escada, quase certa mente incendiados por um fósforo deita do fora. Era proibido fumar nos comboios do metropolitano desde 1984, mas muitas pessoas acendiam os cigarros na escada rolante quando se dirigiam para a saída.
Como descobrir pinturas antigas sob novas pinturas Quando o quadro de Jean François Millet O Cativeiro dos Judeus na Babilónia foi apresentado no final da década de 1840, tanto o público como a crítica foram muito duros nas suas apreciações. Os críticos parisienses acharam que a superfície do quadro tinha uma camada de tinta muito espessa, e um deles queixou-se da selvajaria desmesurada da cena. "Os soldados empurram as mulheres ju dias com uma violência excessiva." O quadro desapareceu e os peritos de arte concluíram que Millet o destruíra. Mas em 1983, restauradores de arte do Museu de Belas-Artes de Boston, Massachusetts, utilizaram raios X para revelar a presença de outra pintura por baixo da superfície do retrato de A Jovem Pastora, de Millet. A radiografia mostrava a imagem do "desaparecido" e controverso Cativeiro, de Millet. Pensa-se agora que Millet reutili zou a tela mais de 20 anos depois, quando escasseava o material artístico, durante a Guerra Franco-Prussiana de 1870-71.
Como se radiografa um quadro A radiografia é o método mais usado para descobrir pinturas ocultas. O comprimen to de ondas dos raios X é utilizado, pois estes são facilmente absorvidos pelas tin tas. O grau de absorção depende do tipo de pigmentos: as tintas à base de chumbo e de cádmio, por exemplo, são mais absor ventes do que as que contêm crómio ou cobalto. E as camadas mais espessas ab sorvem mais do que as delgadas. Para radiografar um quadro, coloca-se por detrás dele uma película fotográfica e aplicam-se os raios X pela frente. Quando a películadaé pintura revelada,anterior. aparece a imagem es batida No princípio da década de 80, por exem plo, dois restauradores de arte de Glasgow - ambos técnicos de raios X num hospital local — radiografaramO Homem da Arma dura, de Rembrandt, e descobriram o que parecia ser uma pluma branca inclinada na direcção errada a partir do topo do elmo. Ao voltarem a radiografia, verificaram 90
que a "pluma" era parte de um trabalho abandonado por Rembrandt: uma dama com um vestido branco e um toucado. De forma semelhante, num quadro do pintor quinhentista italiano Paris Bordone - S. Jerónimo e Santo António Abade (0 Eremita, o Grande) Louvando Um Benfei tor — verificou-se aos raios X que tinha dois benfeitores, um deles pintado por um artista desconhecido. Este quadro está também na Galeria de Glasgow. Os raios X são também utilizados para estudar o pentimento — as alterações que o artista faz enquanto produz uma obra. Alterações da composição, mudanças na inclinação da cabeça umpara braço, são reveladas pelos raios Xoue de úteis os histo riadores e restauradores de arte. (A palavra "pentimento" vem do italiano pentersi, "arrepender-se", sugerindo uma mudança de ideias por parte do artista.)
Imagem tripla. Três cabeças foram reveladas pelas radiografias do Retrato de l IH Jovem,de Karel du Jardin. Os peritos colheram amostras da tinta e fotografaram nas ao microscópio. Verificou-se assim que o corte da linha do maxilar marcada com um a continha sete camadas de tinta:do1.primeiro Base ocre vermelho-acastanhada Primário 5.cinzento. 3. Carnaduru pálida, retrato. 4. Segundo primário2.cinzento. Curnadura do segundofeminina, retrato. 6. Terceiro primário cinzento. 7. Sombra do maxilar do homem.
Traços de carváo A luz infravermelha também é utilizada para se descobrirem pinturas sob outras pinturas. Quando se fazem incidir raios in fravermelhos sobre a pintura, eles pene tram as tintas da superfície e são reflecti dos. O reflexo é fixado por uma máquina fotográfica. 0 efeito deste processo é tor nar transparentes as camadas delgadas c superficiais da tinia, revelando os traços de carvão do desenho preliminar do artista. A técnica tem sido utilizada pelo Museu Me tropolitano de Nova Iorque para estudar os quadros da Renascença Flamenga. Em alguns casos, revela pormenores não visíveis na pintura final e ajuda a com preender a técnica do artista.
O retrato perdido. Quando o retrato de Dona Isabel de Porcel (à direita), pintado por Goya. foi observado aos ratos X, desco briu se. por baixo, o retrato de um homem desconhecido fã esquerda). 0 uso de outra técnica, a fotografia por infravermelhos, mostra o olho direito do homem (em cima).
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As impressões digitais e os criminosos
A Polícia pode querer lirar as impressões digitais de uma pessoa porque suspeita dela como criminosa ou porque quer identificar as impressões "inocentes". Como cada indivíduo possui o seu conjun to único de impressões digitais, a técnica constitui um importante auxiliar na luta contra o crime. O processo consiste em colocar as pon tas dos dedos sobre uma almofada de tinta, fazendo pressão, e depois de encontro a um papel, por forma a registar o desenho dos padrões da pele. Estes são depois com parados com as impressões deixadas na superfície dos objectos na cena do crime.
Plásticos e tintas As impressões digitais consistem em mi núsculas quantidades de humidade, que, numa superfície, produzem padrões iguais aos "sulcos" e "cristas" existentes nos de dos e noutras zonas da mão. Nos materiais nào-absorventes, como os plásticos e as superfícies pintadas, as impressões são mais nítidas que nos absorventes, como os tecidos. As impressões são normalmente invisíveis, excepto se produzidas por tinta ou sangue. Por este motivo, o perito policial em dactiloscopia utiliza um pó muito fino (muitas vezes alumínio em pó) para cobrir as superfícies em que poderão existir im pressões digitais. As partículas do pó ade rem aos tractos de humidade, tomando-os visíveis. Uma fita gomada é então aplicada à marca, recebendo uma impressão que pode ser levada para fotografar. A tecnologia moderna auxilia agora a Polícia a conseguir impressões de superfí cies das quais antigamente nada se obti nha, como sacos de plástico. 0 processo, denominado metalização no vácuo, consiste em colocar a superfície a examinar dentro de um recipiente ao qual se extrai o ar, criando o vácuo. Vapori za-se por sobre a superfície primeiro uma 92
>V Padrões indiciadores. A fotografia grande, a azul, rnostra-nos a impressão do polegar de um adulto. As fotografias pequenas apresentam, da esquerda para a direita, quatro padrões de arcos, presilhas, oertkilos e compostos. Comparados entre si. os padrões podem ajudar a estabelecer a inocência ou a culpabilidade de um suspeito. camada de ouro, depois uma de zinco. O ouro deposita se uniformemente, mas é absorvido pelas cristas de humidade que formam o padrão dactiloscópico. 0 zinco só se condensa sobre outro metal, pelo que adere às áreas cobertas de ouro, tornando-as mais contrastantes com as hn pressões não recobertas e permitindo que sejam fotografadas. Uma vez obtida a fotografia, esta é com parada com as impressões digitais dos cri minosos. Os padrões dactiloscópicos são decompostos em traços característicos "forquilhas", "lagos", "esporões" e "ilhas" Para que uma identificação possa ser apresentada em tribunal, é preciso que um certo número de características reconhecí veis das impressões de um único dedo cor respondam ao mesmo número de caracte rísticas da impressão em arquivo. Este nú mero varia conforme os países, mas pode chegar a 17. Se as impressões forem de mais que um dedo, o tribunal aceita me nos características por dedo. A maioria dos especialistas considera que a existência de mais de oito características é suficiente para confirmar uma identidade: embora tal não possa ser apresentado em tribunal.
é o bastante para se concentrar a investiga ção sobre determinado suspeito.
Impressões de luvas As luvas fornecem impressões distintas de modo muito semelhante à pele humana, devido à gordura que se acumula na sua superfície. As impressões de luvas podem igualmente ser reveladas por uma camada de pó e, se coincidem com as de uma luva encontrada em poder de um suspeito, constituirão uma prova importante. A comparação das impressões A comparação das impressões digitais re quer boa vista e concentração intensa. 0 processo assemelha-se àqueles pas satempos em que têm de descobrir se as diferenças entre dois desenhos aparente mente iguais. Com a identificação das im pressões digitais sucede o inverso: o perito tem de procurar as semelhanças. As impressões digitais sáo normalmen te arquivadas por nomes. Na maioria dos países, só se conservam as impressões dos criminosos condenados e as não identifi cadas recolhidas em casos ainda por resol ver. Alguns países mantêm um arquivo na-
cional de impressões digilais, mas, devido ao tempo que as buscas podem demorar, é considerado simplesmente como instru mento de recurso para utilização quando não se consegue identificar localmente uma marca. Mantém-se também arquivos dos crimi nosos com especialidades conhecidas, como os ladrões de automóveis ou os carteiristas. As polícias secretas e as organiza ções de contra espionagem possuem igualmente os seus ficheiros com os indiví duos que consideram revolucionários ou agentes inimigos. 0 perito dactiloscopisla começa por
a pena debruçar-se sobre os passadores de cheques falsos, por exemplo. Os peritos dactiloscopistas comparam ainda as impressões digitais de criminosos presos recentemente com marcas não identificadas obtidas durante a investiga ção de outros crimes, na esperança de re solverem casos em suspenso. Comparam igualmente as marcas não identificadas com as marcas novas para verem se deter minados crimes constituem uma série in terligada. Fazem diariamente dezenas de comparações, mas podem trabalhar du rante dias sem conseguirem uma identifi cação positiva.
examinar marcas reveladas no localEme decorar asasrespectivas características. seguida, compara-as com as impressões digitais de pessoas inocentes que possam ter deixado marcas na cena do crime membros da família ou polícias, por exem plo. Todas as marcas que coincidam com as impressões inocentes são postas de lado. O perito retira então do ficheiro to das as impressões dos suspeitos possíveis, cujos nomes lhe foram indicados pelos detectives que investigam o caso. Se estas não coincidem, terá de fazer uma busca mais alargada e laboriosa. Se procura um ladrão, começará por reler to dos os casos de furto na localidade, seguin do depois para os das redondezas. Dependendo do tempo superiormente estabelecido para se dedicar às buscas, po derá prossegui las nos departamentos de dactiloscopia de outras forças policiais. A procura do arrombador de uma casa pode
A maior parte deste trabalho é manual extremamente laborioso. No início da dée cada de 80, criaram-se processos electró nicos destinados a acelerá-lo. As impres sões podem hoje ser arquivadas e procura das em sistemas de indexação electrónica, por forma que o premir um botão pode, por exemplo, apresentar-nos todas as im pressões dos ladrões de automóveis co nhecidos que vivam em determinada área e tenham menos de 30 anos. Estes siste mas podem ser ligados a sistemas idênti cos de forças de investigação vizinhas ou mesmo aos arquivos nacionais para au mentar o potencial das buscas. A compa ração visual, contudo, continua a ter de ser feita pelo perito dactiloscopista. Cientistas de lodo o Mundo procuram desenvolver sistemas computorizados para arquivar e — o mais importante — comparar as impressões digitais e as mar cas recolhidas. Alguns processos, que che
alargar-se a outros tipos potenciais minosos, como os arrombadores de de cocri fres, mas o perito pode achar que não vale
gam a fazer se gundo, estão 60 já a000 ser comparações utilizados porpor certos departamentos policiais de alguns países.
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Marcas e impressões digitais. A marca deixada no local do crime (à esquerda) foi recolhi da por um perito policial. Foi seguidamente comparada com a impressão digital do suspeito, feita com tinta, verificando-se correspondência entre 12 características.
O CASO ESPANTOSO DE QUATRO IRMÃOS A prova por impressões digitais condu ziu, provavelmente, ao único caso em que dois irmãos, condenados junta mente por assassínio, foram executa dos por outros dois irmãos. Em 1905, Alfred e Albert Stratton foram acusados do assassínio de um casal idoso, espancado até à morte, no andar por cima da sua loja, em Londres. No chão, junto aos corpos, foi en contrado, vazio, o pequeno cofre em que casal guardava as suas econoos mias.o No tabuleiro de metal do cofre, peritos recolheram a impressão de um polegar suado ou sujo de óleo que não condizia com o dos mortos — nem com o do primeiro agente da Polícia que chegou ao local. A suspeita recaiu sobre os Strattons, ambos assaltantes conhecidos. Foram presos e julgados. A impres são do polegar constituiu a prova principal. Foram os dois considerados culpa dos e condenados à morte, sendo en forcados pelos irmãos John e William Billington, executores públicos, em 23 de Maio de 1905.
"Mr. Flngertipa", ou o "Senhor Pontas-dos-Dedos" A primeira identificação de um homi cida pela comparação das impressões digitais noem local do com crimeasfoidedadas feita nadeixadas Argentina, 1891, graças aos trabalhos do dactilos copista João Vucetich. Anteriormente, o método habitual de registo dos caracteres dos crimino sos baseava-se no sistema antropomé Irico, criado pelo criminologista fran cês Alphonse Bertillon, e implicava a medição dos braços e pernas do crimi noso, bem como fotografias de frente e de perfil. O inglês Edward Henry interessou-se pelas impressões digitais na década de 1890, quando foi inspector-geral da Polícia de Bengala, na índia. As suas ideias despertaram interesse em Ingla terra, e, em 1901, Edward Henry foi no meado responsável pelo Departa mento de Investigação Criminal ria Scotland Yard. Aí criou a primeira Sec ção de Impressões Digitais, que em seis meses procedeu a mais de 100 identificações bem-sucedidas. Henry foi posteriormente comissá rio da Polícia Metropolitana. Refor mou se o recebeu um título nobiliár quico em 1918 — mas ficou sempre conhecido por "Mr. Fingertips" ("Sr. Pontas-dos-Dedos").
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A "dactiloscopia" genética: processo de identificação que não falha A "dactiloscopia" genética alterou o curso da investigação criminal: é o método até hojeindividuo. mais rigoroso para a pode identificação de um O processo igualmen te provar a paternidade de uma criança e controlar a criação de animais raros. 0 inglês Alec Jeffreys, geneticista da Uni versidade de Leicester, descobriu a dacti loscopia genética em 1984. Fazia investiga ções sobre o ácido desoxirribonudeico (ADN), 0 composto químico que, no inte rior de todas as células vivas, determina as características de cada indivíduo, como a cor dos olhos c do cabelo. A estrutura do ADN é diferente de pessoa para pessoa, excepto nos gémeos idênticos. 0 Prol. Jeffreys descobriu que no inte rior da molécula de ADN existe uma se quência de informações genéticas que se repete muitas vezes ao longo da respectiva estrutura, formando uma dupla espiral. 0 comprimento da sequência, o nume ro de vezes que ela se repete e a sua locali zação precisa dentro da cadeia do ADN são únicos emdecada indivíduo. Criou-se um processo passagem destas sequências a registos visíveis. A imagem final, a "im pressão digital" genética, consiste numa série de barras sobre uma película de raios X, semelhante aos códigos de barras utili zados nas embalagens dos produtos. Para obter um espécime de ADN o cien tista precisa apenas de uma amostra bioló gica contendo algumas células humanas - em geral, sangue, sémen ou cabelo em quantidades mínimas. A "dactiloscopia" genética é tão impor tante no estabelecimento da inocência como da culpa. O ladrão que parte uma janela pode deixar no vidro vestígios de sangue que servem para a criação de uma impressão genética. Quando a Polícia prende um suspeito, extrai-lhe um pouco de sangue e compara a impressão genéti ca com o que possui; se ela condiz, trata-se do ladrão; se não, o preso está inocente. uma impressão ca,Quando mas nãopossui um suspeito, a Políciagenéti pode obter impressões de um grupo de pessoas fazendo colheitas de sangue. A primeira recolha de impressões genéticas de um número considerável de pessoas foi feita no Leicestershire em 1987, quando se ex traíram amostras de 5500 homens que vi viam nos arredores de uma aldeia em que 94
O ADN indica o culpado. O padrõo de ADN (ao meio) obtido de uma mancha de sangue encontrada no local do crime é comparado com os de se/e suspeitos. Só o padrão imediata mente à esquerda condiz exactamente Os outros são semelhantes, mas nâo idênticos Pode assim determinar-se a culpabilidade de uma pessoa e a inocência de outras seis. duas jovens tinham sido violadas e mortas. O criminoso foi encontrado quando um homem disse a alguém que um seu compa nheiro de trabalho lhe pedira que tomasse o seu lugar quando fossem feitas as recolhas. Um outro homem, anteriormente acusado de um dos crimes, foi libertado porque a sua impressão genética não se ajustava às provas obtidas na cena do crime. A "dactiloscopia" genética pode tam bém servir para resolver disputas de pater nidade. Um filamento de ADN é igualmen te constituído pelas características de am bos os progenitores. Comparando as im pressões genéticas da mãe e do filho, o cientista pode afirmar com toda a seguran ça que os elementos da impressão genéti
ca do filho que não condizem com os da mãe provêm do seu verdadeiro pai. Outra utilização é nos transplantes de medula óssea. Os médicos verificam se a impressão genética do paciente após o transplante condiz com a do dador. Na afir mativa, o transplante teve êxito e está a pro duzir leucócitos sãos. Não coincidindo, o transplante não deu resultado. Os zoólogos podem utilizar a "dactilos copia" genética para controlar a criação de animais raros e a conservação de certas espécies. Comparam as impressões gene ticas obtidas de animais para assegurar que o cruzamento consanguíneo nas es pécies ameaçadas - que produz animais enfraquecidos — seja evitado.
Como se produz um retrato-robô de um criminoso Em Fevereiro de 1959, um ladrão armado assaltou uma loja no Sul da Califórnia e fugiu com o produto do roubo. Não teria passado do típico crime menor, excepto por um facto: o proprietário do armazém forneceu ao xerife Peter Pitchess, da Polícia do Condado de Los Angeles, uma descri ção pormenorizada do ladrão, o que per mitiu à Polícia fazer um retrato muito pare cido do homem que procurava Esselevou retrato foi posto a circular o que à identificação e prisãona dozona, lara pio - o primeiro criminoso do Mundo a ser apanhado graças a um retrato-robô. 0 processo fora concebido na década de 40 principalmente por Hugh C. McDo nald, funcionário policial do Departamen lo de Identificação de Los Angeles. Munin dose de cerca de 50 000 fotografias de ros tos de pessoas, cortou-as em 12 secções principais, que utilizou como a base do que chamou ldentikit (à letra, "estojo de identidade") — o que entre nós permite fazer o chamado retrato-robô. O ldentikit era formado por quase 400 pares de olhos, lábios, narizes, queixos, li nhas de cabelo, sobrancelhas, barbas, bi godés, etc, todos diferentes entre si. Para se construir um retrato, as diversas feições eram desenhadas em folhas de plástico transparente que se faziam combinar até se obter um retrato composto que se ajus tasseque às descrições testemunhais do indiví duo se procurava. O emprego de fotografias ou de esboços desenhados para identificar e prender cri minosos começou cm França na década de 1880, altura em que o criminologista Alphonse Bertillon criou um processo que chamou portrait parle (retrato falado). Este processo utilizava fotografias de cri minosos tiradas de frente e de perfil, corta das em secções e montadas por forma que certas feições — um nariz aquilino, um queixo proeminente, orelhas salientes pudessem ser estudadas. Tornava-se as sim mais fácil para os agentes reconhecer na rua os criminosos que procuravam. Nos meados da década de 70, surgiu na América do Norte um novo sistema de re trato-robô. Foi aperfeiçoado por Pai Dun leavy, funcionário da Real Polícia Montada do Canadá, e serve-se de folhas de plástico com fotografias autênticas das diversas fei ções do rosto. No Reino Unido, desde 1970 que a Poli cia utiliza um sistema denominado Photo-FIT(facial Identification technique — téc nica de identificação facial). O sistema em prega também fotografias autênticas de pessoas "vulgares" montadas sobre delga das folhas de plástico. O conjunto básico, em cinco secções, compõe-se de 195 li-
Quer se utilize o Photo-FIT, quer o Idenlikit, os detectives começam por pedir às testemunhas que recordem os pormeno res do crime em si, passando depois à des crição genérica do suspeito ou suspeitos. Eram baixos e atarracados ou magros e altos? Que tipo de vestuário usavam? E que fizeram na verdade no local do crime? Só
então as testemunhas são interrogadas acerca dos pormenores do rosto. Fo
Polícia assassino. Em consequência da montagem de um retrato-robô em França, o assassino foi identificado como um dos pO lícias que colaboravam nas investigações. nhãs de cabelo, 99 olhos o sobrancelhas, 89 narizes, 105 bocas o 74 queixos e fa ces — o que permite biliões de combina ções possíveis. Além disso, podem ainda acreseentar-se barba, bigodes ou óculos. As componentes são cortadas por forma que o comprimento e a largura de uma face composta possa ser montada numa moldura que as mantém no lugar. O kit básico é de rostos de raça branca, havendo kits suplementares para os Ame ríndios, Indianos e Afro-Caribes Ainda não se criou um kit para os Orientais, que são habitualmente desenhados por artistas. As testemunhas dos crimes são entrevistadas pela Polícia logo que possível, pois a capacidade recordar começa a dimi nuir ao fim de de uma semana
lheiam "atlas dedePhoto-FIT feições", con tendo asálbuns, diversasoufolhas ou ldentikit, fazendo as suas escolhas. A face é montada folha a folha ou tira a tira. Depois, muitas vezes, pede se a um de senhador da Polícia que retoque a ima gem: sobrepõe-se a esta urna folha de plás tico transparente, sobre a qual se acresceu Iam os pormenores, como as sombras do cabelo, as manchas da pele, cicatrizes, a forma das sobrancelhas. O desenho é de pois coberto por um fixador e assinado pela testemunha. Recentemente, tem sido utilizada a tec nologia dos computadoras para realçar es tes retratos. Ela permite que faces com as pecto extrcmamenle verdadeiro sejam de senhadas no écran segundo as descrições das testemunhas e que se lhes apliquem as mínimas alterações. Obtém-se assim uma imagem que parece uma fotografia. Além disso, as fotografias de criminosos capturados arquivar-se em ascom putador. Sãopodem codificadas segundo ca racterísticas físicas, e o computador pode apresentar uma escolha das que mais se ajustem à descrição das testemunhas.
Como os peritos em escrita apanham um criminoso
Rosto por computador. ;Vo mais recente processo computorizado de identificação, O E-FTT, Q descrição inicial da pessoa (1) pode alterar-se pela aplicação de um bigode (2), depois pela mudança do feitio do rosto (3) e peta colocação de uma cicatriz (4).
Na tarde de 4 de Julho de 195G, depois de um passeio, Mrs. Beatricc Weinbcrger re gressou à sua casa de Westbury, em Long Island, EUA, com o filho, Peter, de um mês. Deixou o caninho no pátio e correu a bus car uma fralda. Quando voltou momentos depois, o carrinho estava vazio — e no lu gar de Peter havia uma nota escrita. A nota dizia: "Atenção. Lamento que isto tivesse de acontecer, mas preciso mui to de dinheiro e não podia arranjá-lo de outra maneira. Não fale nisto a ninguém nem vá à Polícia, porque eu observo-a de perto. Estou aterrorizado e mato o bebé se 95
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Prova escr ita. A caligrafia nu nota de resgate coincidia com a de La Marca num impresso de liberdade condiciono!. você fizer alguma coisa errada. Ponha
segunda nota assinada "o seu baby-sittef'.
2000 dólares eme notas pequenas so brescrito pardo coloque-0 juntonum ao .se máforo na esquina da Albemarle Koad com Park Avenue exactamente às 10 horas da manhã de amanhã (quinta leira). Se tudo correr bem, deixarei o belx? na mesma esquina, 'São e Salvo', exactamen te ao meio dia. Não há desculpas, não pos so esperar! O seu baby-sitler." Apesar do aviso rio raptor, Mr. c Mrs. Weinbcrger, preocupados, contactaram a Polícia. Um sobrescrito com papel de jor nal cortado em pedaços foi colocado no local na manhã seguinte. Mas o raptor não apareceu. Faltou a dois "encontros" poste riores com os Weinbcrgcrs e deixou uma
Nessa altura, estaria morto.a Polícia achou que o bebé já Foi chamado o FBI, cujos peritos em aná lise de escrita manual começaram a tentar encontrar a pista do criminoso. Em ambas as notas de resgate notou-se nos yy uma primeira perna invulgar em forma dez. Tendo começado pelo registo automó vel da cidade de Nova Iorque, os peritos passaram as seis semanas seguintes pers crutando os ficheiros locais na Polícia, nos escritórios, nas fábricas, nos clubes e nas escolas Ao lodo foram examinadas visual mente e comparadas com as notas de resgaste mais de 2 milhões de assinaturas e de amostras de caligrafia.
Até que em meados de Agosto estas pe nosas tentativas trouxeram resultados. A caligrafia de Angelo John La Marca, de Plainview, Long Island, condizia com a do raptor especialmente no traçado pe culiar dos yy. Algum tempo antes, La Marca fora pos to em liberdade condicional pelo fabrico ilegal de álcool. Ao ser confrontado com as amostras de escrita, confessou o rapto rie Peter. Afirmou ter agido num impulso rie momento para minorar as suas dificulda des financeiras. Disse à Polícia que deixara o bebé vivo e são num parque próximo no dia a seguir ao rapto. Mas quando os agen tes acorreram ao local, encontraram ape nas o cadáver ria criança. La Marca foi mais tarde executado na Prisão de Sing Sing. Mesmo que tivesse tentado disfarçar a letra, é provável que l.a Marca tivesse sido apanhado. Por muito que se tente disfarçar as peculiaridades e as características da es crita ou adoptar a caligrafia de outra pes soa, a "individualidade" de quem escreve vem sempre à superfície. O ângulo com que a pessoa segura a caneta, a maneira como cruza os // ou põe o ponto nos ii. a altura e o tamanho rias letras maiús cuias c minúsculas, o espaço entre as pala vras, o uso ou abuso da pontuação tudo isto identifica uma pessoa.
I
QUANDO UM NOVO EMPREGO DEPENDE DA SUA CALIGRAFIA Os candidatos ao lugar de assistente rio sar do seu estatuto social e profissional, decidir se se pode confiar numa pessoa. director rio pessoal de uma companhia era inseguro e rígido. Por isso, o lugar foi Nos EUA onde as empresas perdem de computadores ficado reduzi dado ao primeiro candidato. algo como 40a 000 milhões rie dólares por dos a dois jovens tinham com experiência, ca ano devido empregados desonestos Os grafólogos afirmam que a caligra pacidade e qualificações idênticas. Apa fia é uma espécie de "escrita do cérebro" , a grafologia tomou o lugar rio polí rentemente, nada havia que fizesse pre em que a mente inconsciente é conduzi grafo, ou detector de mentiras, cujos tes ferir qualquer deles - pelo que os en da aos dedos e se revela no papel. tes já não são autorizados por lei. trevistadores convocaram um grafólo Nos EUA, um grande número rie em A selecção por polígrafo revelou-se go para avaliar o carácter e as potencia presas emprega grafólogos para anali de validade pouco segura. E os que criti lidades de cada um. sar as candidaturas a emprego, os pedi cam a grafologia acusam do mesmo os dos de promoção e as sugestões recebi grafólogos - muitos deles autodidacA caligrafia do primeiro candidato das pelo correio. Na Alemanha, 80% das tas e cujas apreciações frequentemente era grande, fluida e arredondaria; a do grandes empresas utilizam grafólogos se contradizem. segundo era pequena, brusca e angulo na escolha do pessoal e esta prática sa. Segundo o grafólogo, a primeira le No entanto, a maioria dos grafólogos está a espalhar-se pelo Mundo. tra rienotava uma pessoa autoconfianconcorda em certos conceitos básicos te, flexível e de bom contado. A segun Os apologistas do exame grafológico corno a importância da apreciação da, no entanto, era de alguém que, ape afirmam tratar-se de uma forma eficaz rie rio carácter através ria conjugação rie TAMANHO
INCLINAÇÃO
LARGURA
Escrita grande. Denota ambição ou es pirito largo. Encontra-se muitas vezes na caligrafia das pessoas do espectáculo.
\\VJAOJUU. - M. çr\ Wu) t) er\ Inclinação para a esquerda. Pode de notar um indioiduo reservado e tímido, com tendência para esconder as suas emoções e manter uma atitude passiua.
Estreita. Os indivíduos com caligrafia estreita são habitualmente disciplina dos mas inibidos. Podem ser igualmente mesquinhos e de vistas estreitas.
Escrita pequena. l3ode indicar modés tia e sentimentos de inferioridade, em bora o autor possa ser objectivo e de espirito cientifico.
Inclinação para a direita. Sugere uma personalidade expansiva. O seu autor gosta de se dar com as pessoas.
l.arga. Os que escrevem com letra larga são normalmente desinibidos e gostam de viajar. P
(icjt nado Qusuuo —-—
9(1
Em 1983, Gary Herbertsoii, chefe da sec ção de documentos do laboratório do FBI, afirmou: "Sempre que se tenta modificar a caligrafia, fazem-sc coisas que não pare cem naturais. A escrita de um falsificador não tem a velocidade, a fluência, a suavidade, da escrita natural. Notam-se fins e prin cípios dos traços bruscos ou embotados, curvas mal desenhadas, interrupções ina propriadas, ligeiros tremores. Duas letras podem ter a mesma forma, mas, mesmo assim, é possível dizer se uma foi a escrita rapidamente e a outra cuidadosamente desenhada." Além rios seus conhecimentos, os peri
referência ao ataque dos Russos a Berlim em Abril de 1945, quando Hitler, no seu esconderijo, supostamente escrevera: "Começou a ofensiva há muito esperada. Que Deus esteja do nosso lado." Os 60 diários foram comprados pela re vista alemã Stem, diz-se que por 6 milhões de marcos. A Stem vendeu depois direitos subsidiários em França, Espanha, Bélgica, Holanda, Itália, Noruega e Inglaterra. A publicação na Alemanha começou na Primavera de 1983 E dois dos diários— um de 1932, antes de Hitler ser ditador, outro de 1945, ano em que se suicidou — foram enviados à revista americana Newsweek,
Utilizando um poderoso microscópio e exemplares autênticos da caligrafia de Hi tler, comparou os dois conjuntos escritos — especialmente as letras E, H e K — e encontrou grandes discrepâncias e dissemelhanças entre eles — o que convenceu Rendcll de que os diários eram falsifica ções. Além disso, provou se que a tinta era moderna; e Hitler, ao tomar notas e apon tamentos no princípio dos anos 30, utiliza ra unicamente papel da melhor qualidade, pelo que não era crível que tivesse recorri do ao papel ordinário, pautado, em que estavam escritos os diários falsos. Em resultado desta denúncia, um cri
tos em análise de escuta utilizamsofisti no seu trabalho instrumentos e aparelhos cados, que incluem scanners de infravermolhos e ultravioletas com os quais exami nam rasuras e emendas; equipamento de écran duplo para comparação entre do cumentos verdadeiros e duvidosos e instru mentos de grande ampliação da caligrafia para comparação entre as diversas formas de ligação das leiras. O mais nolável caso dos últimos tempos diz respeito ã falsificação, no princípio da dê cada de 80, dos "diários" de Adolf Hitler — nos quais o chefe nazi supostamente es crcvera os seus pensamentos mais íntimos numa caligrafia antiquada. Incluíam uma
também interessada sua reputado publicação. Esta revista convocouna um peri to em análise ric escrita, Kenneth Rendei!, de Boston, Massachusells, que imediata mente se mostrou desconfiado. "Mesmo à primeira vista", afirmou, "tudo parecia errado."
minoso já váriasfoivezes - Konraalemão d Paul Kujau maiscondenado tarde preso com dois cúmplices e julgado por falsifica ção dos diários. Em Julho de 1985, foi con siderado culpado por um tribunal de Ham burgo e condenado a uma pena de prisão de quatro anos e meio.
certos factores fundamentais, e não de uma qualquer característica peculiar. Em geral, os grafólogos dividem a calie grafia em três "zonas": a zona superior a inferior, formarias pelas partes supe riores e inferiores das maiúsculas e de outras letras, como ob, odcog, ea zona intermédia, contendo as restantes leiras minúsculas. Serão as dimensões relati vas das três zonas que revelarão a verda deira personalidade do indivíduo. Uma zona superior grande, por exem plo, indica uma pessoa aberta e alegre; uma zona inferior pequena sugere su perficialidade, e uma zona intermédia de tamanho médio denota uma perso nalidade metódica e prática.
ESPAÇAMENTO Grandes espaços. As pessoas que se
param muito as palavras não se dão bem
na companhia dos outros Podem ser re servadas e solitárias.
([j6 wduLMCÂQt Jnf^làJoa.c^r^
Espaços apertados. Pequenos espa cos entre as palavras denotam uma pes soa gregária, mas que escolhe indiscrimi nadamente os amigos.
Como os cães e as máquinas farejam drogas e explosivos Quando cinco mulheres de Bogotá, na Co lômbia, levantaram suspeitas no Aeropor to de Heathrow, em Londres, em 1988, trouxeram-se cães especialmente treina dos para examinar as respectivas baga gens. Os cães conduziram os homens da Alfândega a 20 discos LP em cada uma rias malasas das mulheres. Quando se separa ram camadas de vinilo dos discos, descobriu-se cocaína escondida entre as duas metades. No total, foram encontrados 16 kg ria droga nos discos e em sobrecapas de livras. As mulheres foram todas conde nadas a 14 anos de prisão. Estes cães são utilizados pelas polícias e alfândegas de todo o Mundo para de tectar drogas e explosivos. Os cães treinados para este tra balho incluem os cães de caça como os labradores, os colhes c osspaniels. O cão tem um senti do de olfacto muito superior ao do homem, porque os receptores olfactivos que possui são 100 vezes mais longos que os do homem. O treino de um destes cães dura habi tualmente cerca de 12 semanas. 0 cão co meça por ser ensinado a reconhecer deter minada droga ou explosivo. Para isso, o treinador esconde uma amostra to dentro de qualquer coisa que o do cãoprodu consi ga agarrar com a boca — um jornal enrola do, um pedaço de cano, um trapo Ordena-se ao cão que entregue esse objecto ao treinador e dá-se-lhe uma recompensa. Esta pode ser qualquer coisa que esse cão goste de fazer — uma luta amigável com o dono ou um jogo de escondidas.
Verificação de um saco. Este detector portátil de explosivos, sensível aos vapores, é hoje utilizado nos principais aeroportos do Mundo. O cão aprende a reconhecer o cheiro do objecto de Ireino, que é na realidade o cheiro da droga ou do explosivo. O objecto utilizado no Ireino é mudado periodica mente, mas o cheiro mantérn-se o mesmo. Ao princípio, esse objecto é colocado à vista do cão, depois passa a ser escondido. 97
Processos antigos e modernos de levar a melhor sobre os traficantes
Cáo que fareja. Uma funcionária adua neira do Aeroporto internacional de Miami dá instruções uo seu câo na incessante pro cura de drogas. Cheiros como os do perfumes, que coi tos traficantes espalham para disfarçar o cheiro cias drogas, são igualmente utiliza dos para que o cão se habitue a elos. Um cão podo ser treinado a reagir a 12 tipos diferentes do explosivos e a •'! lipos diferentes de drogas - em geral, cannabis (haxixe), cocaína, heroína o aiiíetaminas. Quando se leva um cão para procurar drogas numa carrinha ou num armazém. veste-se-lhe um "colete" especial - sinal de que deve começar a trabalhar. Quando localiza um cheiro que sabe lhe trará uma recompensa, o cão fica agitado o excitado. Nossa altura, entram os funcionários da Alfândega ou da Polícia.
Amostras de ar As máquinas,utilizadas na detecção do drogas e explosivos aspiram ar por um tubo que pode sor introduzido em espaços escusos, como depósitos de gasolina, for ros dos automóveis ou intervalos onlre pa redes. Recolhem-se também amostras de ar de contentores c camiões onde se sus peita que possam estar escondidas drogas e matérias explosivas. As amostras do ar são analisadas por um aparelho, o espectrómetro de massa, que as decompõe nos seus componentes quí micos o identifica os mais pequenos vesti gios de substâncias usadas nos explosivos ou nas drogas. Afirma se que podem ser identificados vestígios Ião diminutos como um Irilionésimo de grama. Movimento de electrões Kmincluindo alguns aeroportos internacionais o de Seul antes dos Jogos Olím picos de 1988 -. foram instaladas máqui nas "farejadoras", através das quais podem transitar pessoas. Estas máquinas detec tam dinamite ou nitroglicerina, que enn tem um vapor que atrai electrões. Uma corrente eléctrica que atravessa a máquina detecta o movimento dos electrões.
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Os funcionários aduaneiros de Southamp lon estavam muito desconfiados de parte de um carregamento procedente da Co lômbia - importante centro produtor do droga - com destino à Holanda, pois os cadeados de um contentor cheio de ladri lhos cerâmicos pareciam ler sido forcados. Baseando-so apenas neste facto e na sua
veis, fibras ópticas no interior do tubo trans poriam a imagem até uma pequena ocular. Certas máquinas especiais de raios X fornecem imagens a coros o detectam o que quer que se encontre escondido don tro de um recipiente. Mostram, por exem pio, as dimensões o posições relativas dos objectos dentro do um saco.
intuição, os funcionários decidiram invés ligar. O carregamento fora descido de um na vio para se proceder a uma nova arruma Cão da carga, pelo que os funcionários tive ram de agir depressa e cm segredo. Remo veram o contentor para o examinar e dopa raram com um compartimento escondi do, de aço, com uma profundidade de 10 cru a todo o comprimento da parte superior. Abríram-no com maçaricos de oxiaceti leno o descobriram uo seu interior 210 kg
dosfuncionários aparelhos mais úteis usados porUm estes é lambem um dos mais simples: a balança. Os funcionários sabem quanto posa uma mala media quando cheia. Por isso. pesam as baga gens dos passageiros suspeitos e revistam nas se as acharem com poso a mais. Po dem ainda esvaziar uma mala o pesá-la: se pesar mais do que o valor dado pelo fabri cante, poderá ser revistada cm busca de drogas, diamantes, ouro ou outro contra bando que esteja escondido em comparti mentos dentro do forro.
de cocaína em 263 pequenos pacotes, va
lendo mais de 13 milhões de contos. O contentor foi novamente selado — lo vanrío sacos do grãos do cereais em vez da droga — o voltado a colocar a bordo sem que ninguém disso se apercebesse. O navio continuou a sua viagem e o contentor foi descar regado no porto holan
Doce subterfúgio. Em i')SH. no Aeroporto de Heathrow, em Londres, descobriu se lie roina escondida em paneis de caramelos.
dés para de Roterdão. Foi do leva do um parque caravanas, onde um gru po de oito homens CO nieçou a cortar o tecto. Nossa altura, a Polícia Holandesa apareceu o prendeu os traficantes, que foram julgados o condenados, com penas de até sois anos, por trá fico do cocaína.
Óculos escuros Todo o passageiro que chega do estrange ro e se mostra nervoso desperta a atenção do pessoal das alfândegas. Este está atonto a quem quer que se mostre demasiado agi tado que pisque os olhos mais vezes que as habituais; que uso óculos escuros para esconder estes sinais denunciadores; que transpire exageradamente (particular mente os homens, nas costas das mãos), ou cuja respiração seja acelerada. Despertada a suspeita, os funcionários aduaneiros servem-se de equipamento es pecial para aprofundar a busca. Com um espoei roscou i o— tubo comprido e delga do com uma lente na extremidade - . con seguem ver o interior dos depósitos de ga solina ou os forros das portas dos automó
Olho que espreita. Um funcionário adua neiro utiliza um espectroscópiò para obser uar um depósito de gasolina em busca de cannabis que ali possa estar escondida
O ESTRANHO CASO DOS CARACÓIS PORTADORES DE DROGA Em Julho de 1988, um funcionário adua totalizando cerca de G00 g de droga. O traficante foi preso, e os funcioná neiro do Aeroporto de Hanôver, na Ale rios aduaneiros de Hanôver transmiti manha, suspeitou de um passageiro ram o caso aos seus colegas por toda a que transportava um saco em mau esta Alemanha. A partir de então, dedicou-se do e acabara de chegar. 0 saco foi aberto, verificando-se que especial atenção aos passageiros vindos da Nigéria. continha um saco de plástico cheio de caracóis comestíveis vivos da espécie Duas semanas depois, foi apanhado no Aeroporto de Hanôver outro nigeria Achalina fálica, cuja casca é do tama nho de um punho. Partindo uma das no que tentava passar uma porção de cascas, o funcionário descobriu no seu heroína ligeiramente maior, também es interior diversas pequenas embalagens, condida em conchas de caracóis Achali contendo cada uma cerca de 30 g de na. Graças à atenção de um funcionário, heroína. Embalagens semelhantes fo ram encontradas nos outros caracóis,
forafazer frustrado um engenhoso meio de tráficomais de droga.
Às vezes, uma peça de bagagem desem barcada de um avião pode ser "apontada" por uma máquina de raios X ou um cão treinado. Os funcionários aduaneiros aguardam que ela seja levantada pelo dono - e detêm no à passagem pelo pos to de controle. Os funcionários das alfândegas estão atentos aos passageiros provenientes de países conhecidos como exportadores de droga. Em particular, estão atentos aos correios que transportam as drogas, principalmente cocaína e heroína, den tro de preservativos, que engolem - re-
cuperando-os depois por ríefecação ou vómito — ou os introduzem nos orifícios do corpo. Nos portos de ferry-boats e nas frontei ras terrestres, os condutores ou passagei ros sem explicação adequada para a sua viagem, os que se mostrem tensos ou hesi tantes ou uma pessoa mal vestida condu zindo um automóvel de luxo podem ser sujeitos a revista. Muitas capturas resultam de suspeitas surgidas no momento, mas muitas mais são devidas a horas de penoso trabalho de investigação.
Reconstituindo os últimos momentos de um desastre de avião O avião é normalmente um meio de trans porte extremamente seguro. As estalísti cas mostram que, anualmente, cerca de 1100 pessoas morrem no Mundo em aci dentes aéreos só- contra 40 000 em aciden tes de viação nos EUA. No entanto, desde os primórdios da aviação que os acidentes se verificam. 0 primeiro a ser registado deu-se em 1908. Thomas C. Selfridge, tenente do Exército Americano, morreu quando o avião de Orville Wright caiu em Kort Myer, Virgínia, após se ter partido uma hélice de madeira. Wright, um dos pioneiros dos voos pilota dos, partiu uma perna. Selfridge, seu pas sageiro, morreu quase instantaneamente. Actualmente, quando um avião se des penha — seja um pequeno avião de dois passageiros, seja um Jumbo transportan do mais de 500 pessoas —, procede-so sempre a uma investigação cuidadosa so bre as causas do acidente para delas se po-
Tragédia no espectáculo aéreo. Três pessoas morreram num Airbus francês que caiu quando tomava parte num espectáculo aéreo perlo de Multtouse, no Leste de França, em Junho de 1988. A queda verificouse quando o avião entrou por uma mata com áwores de 12 m de altura. Miraculosamente, 133 outros passageiros do Airbus sobreviveram à queda, embora o avião tivesse ficado quase totalmente destruído. A descida docaixa aparelho foirevelaram aparentemente amortecida pelas árvores que aterrou. O piloto foi que despedido pela Air Frunce quando os registos de voo da negra que ele não obedecera a avisossobre sonoros dos controles para aumentasse a altitude.
derem tirar lições que evitem futuras trage dias. Quer a causa suspeita seja uma bomba ou uma peça defeituosa, os princípios da investigação são os mesmos. Os primeiros passos incluem a recuperação dos destro ços, estejam numa montanha ou no fundo do mar. Os investigadores de acidentes aé reos dirigem se ao local. Fazem um mapa da área em que se encontram os destroços, o que pode revelar a sequência da queda, e recolhem amostras de todos os destroços para o caso de alguma delas poder fornecer algum indício. Os metais fendem ou fun dem de maneira diferente, conforme os ti pos cie calor, de pressão ou de explosão. A recolha e exame dos corpos orienta dos por peritos médicos podem determi nar a altura e a causa da morte e contribuir assim para descobrir a srcem do desastre. 0 ano mais fatídico em desastres de avia ção foi o de 1985, em que mais de 800 pes soas morreram em dois desastres com Jambos Boeing 7-17. A princípio, julgou-se que os acidentes tinham sido causados por talhas mecânicas dos aviões, mas ficou pro vado que esta ideia não linha fundamento. O primeiro acidente deu-se com um 747 da Air índia que se dirigia a Deli, procedeu te de Vancouver, via Londres. A cerca de 31 000 pés (9500 m.) sobre o Atlântico Nor le. a oeste de Shannon, na Irlanda, o avião desintegrou se e mergulhou no mar. Os 32!) ocupantes morreram. Embora mais de 130 corpos e alguns destroços tenham sido rapidamente re cuperados, levou três meses a localizar e traçar um mapa do resto do avião. A maior parte encontrava-se no fundo do mar. a 2000 m de profundidade. Foi localizado pelo emprego de equipamento de sonar e mini submarinos, a partir de barcos de re cuperação trabalhando à superfície. Os primeiros e mais importantes destro ços a serem recuperados foram o aparelho de registo de voo e o gravador de vozes do cockpit (cabina de pilotagem). Estes apa relhos são frequentemente apelidados de "caixas negras" mas, na realidade, são habitualmente cor de laranja ou verme lhos para serem vistos mais facilmente.
AS MAQUINAS QUE REPRODUZEM A TRAGÉDIA
Investigadores examinam o aparelho de registo de ooo de um avião da Air Florida que se despenhou no rio Potomac, Washington DC. em Fevereiro de 1982. O gravador de vozes do cockpil (ã direita) registou as conversas da tripulação durante o ooo. Os destroços que mais importa recupe rar são os dois aparelhos de registo transportados a bordo dos aviões civis. 0 aparelho de registo de voo fornece uma cravação dos movimentos dos ins trumentos principais, como os indica dores de velocidade e de altitude e as posições dos lemes e dos aHerons. As informações são registadas sob a forma de impulsos electrónicos numa fita. Quando esta é passada, fornece um grá fico computorizado dos movimentos do avião. Pode igualmente programar•se um visor de computador para que reproduza o mostrador dos instrumen tos principais, dando uma imagem mais
Os aparelhos de registo de vozes do cockpil gravam as conversas e outros sons da tripulação. Funcionam em fita continua, que dura 30 minutos, pelo que, em qualquer altura, apenas estão gravados os últimos 30 minutos. No en tanto, este sistema tem um ponto fraco: se com a queda o gravador não parar, este continuará a funcionar, apagando a parte vital da informação. Estes aparelhos de registo estão insta lados na cauda do avião — a zona de maior probabilidade de sobrevivência à queda - numa caixa de paredes duplas de aço inoxidável, contendo entre elas um material termoisolante. Devem ser
realista. Os voo aparelhos registoatéde200 ele mentos de podemdegravar horas de tempo de voo.
capazes de de suportar danos30uma temperatura 1I00"Csem durante mi nutos.
Bomba terrorista Quando o gravador de vozes da cabina - que regista em fita gravada OS sons no in terior do cockpit foi posto a funcionar, pareceu aos investigadores terem ouvido c> som de uma explosão gravado no último milissegiindo de fita antes da desintegra
recuperados tinham estado sentados e es tabeleceram os padrões de diferentes tipos de ferimentos, o que apoiou a teoria de que 0 avião explodira no ar. Outro indicativo surgiu quando investi gadores canadianos descobriram que na carga figurava urna mala de um passageiro indiano que não embarcara Um conjunto de circunstâncias seme Ihanles rodeou a explosão de uma mala no Aeroporto de Narita, em Tóquio, que ma tou dois bagageiros, quase à mesma hora em que ocorria o desastre do avião da Air índia. Ambas as inalas foram identificadas como pertencentes a um mesmo homem de Vancouver, e pensa se que as explosões foram obra de terroristas sikhs.
de todos os instrumentos. A tripulação lu tou durante 32 minutos para manter o avião no ar, até que este se despenhou, desintegrando se quase completamente. Os quatro sobreviventes ocupavam, jun tos, quatro lugares no centro do aparelho. A gravação das conversas entre a tripula ção e os controladores de tráfego aéreo revelou-se de pouco valor. Mas a história do avião mostrou que este fora reparado pelos fabricantes, a Boeing, depois de uma má aterragem em Osaka em 1978, na qual a parte de trás do avião raspara na pista O exame dos destroços revelou que os mecânicos que procederam à reparação tinham deixado um pequeno espaço entre as chapas de reforço de uma junção rebita
çâo do de avião. não houvesse prova directa umaEmbora bomba terrorista, os destro ços apresentavam sinais bastantes para a tornarem plausível. Os assentos estavam queimados por baixo e a porta de carga de vante parecia ter sido atirada para fora, en quanto outras se mantiveram intactas. Os peritos conseguiram também apon tar exactamente os sítios onde os corpos
Doisummeses depois do Aéreas desastre da Air índia, 747 das Linhas Japonesas que voava entre Tóquio e Osaka despe nhou se contra o monte Osutaka, 113 km a norte de Tóquio. Apenas A dos 528 passa geiros se salvaram. Alguns minutos depois de levantar voo, ouviu-se um grande estampido na parte de trás da cabina, seguido pela falha completa
da num dos tabiques Este valo expusera a juntadivisórios. a pressões queinter te riam levado ã sua ruptura, permitindo a passagem de ar da cabina para o sector da cauda. Como consequência os cabos de controle hidráulico tinham rebentado, ar rançando o leme de direcção e os de pro fundidade, o que tornara impossível o do rnínio do avião.
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Ideias práticas e soluções engenhosas Fotografar uma bala em movimento, converter o vento em energia
eléctrica e transformar fibras em linha de coser — o homem descobr
a resposta a numerosos problemas fascinantes.
Como se obtêm os metais puros
Ferro. A hematite, um minério de ferro, deve o nome à sua semelhança com sangue seco.
São poucos os melais que emergem da terra perfeitos e brilhantes. Às vezes, des cobrem-se pepitas de ouro: em 1869, foi encontrada em Vitória, na Austrália, uma pepita de ouro puro pesando quase 70 kg. Mas outros metais aparecem sob disfar ces pouco vistosos, combinados com oxi génio, enxofre, carbono e outros elemen tos e formando minérios que, no seu as
pecto, pouco diferem de rochas ou terra. O primeiro passo na obtenção do metal puro é separar o minério da terra e das pedras que com ele são escavadas. Caria metal exige o seu processo próprio. As companhias mineiras de chumbo e cobre juntam os minérios a uni líquido so bre o qual se formou espuma por meio de borbulhamento por ar; este líquido contém
ainda um produto químico que se designa por colector e que faz com que as partículas minerais adiram à superfície das bolhas de ar, en quanto o restante material se depo •,* sita no fundo. Os materiais valiosos são transportados pela espuma para se rem recolhidos e secos. Para extrair o metal puro do minério, utiliza-se muitas vezes o calor num proces so de fusão. 0 homem primitivo descobriu que, ao aquecer minérios num fogo de car vão, obtinha uma massa esponjosa que podia martelar para fabricar utensílios. 0 cobre era fundido por este processo no antigo Egipto e, mais tarde, foi utilizado o mesmo método para a produção de um metal más útil, o ferro. Na época medieval, descobriu-se que o emprego de fornalhas com foles para insuflar o ar aumentava a temperatura do fogo, obtendo-se não um pedaço informe de metal, mas ferro líqui do que podia ser vazado em moldes. 0 minério de ferro é constituído por óxi do de ferro, porque o metal, no estado natu ral, se encontra combinado com oxigénio. No processo de fusão, o óxido de ferro rea ge com o carbono obtido pela conversão da madeira em carvão. Os átomos de oxigé nio desprendem-se do ferro e juntam-se ao carbono, produzindo um gás, óxido de car bono, o qual por sua vez se liberta, deixan-
De minério a ferro.O minério é transfor mado em ferro num alto-forno, onde reage com coque e calcário a uma temperatura de I600"C. A gusa (ferro fundido) é vazada em lingotes (em cima).
Ouro. Os de pósitos de ouro, chamados filões, encontram-seern
oeios de
do corno -^ ^• k* ! depósito o ^ i l , T ' ' ferro. A versão moderna deste proces so utiliza o co que, em vez do carvão de madeira, como fonte de carbono e tem lugar em enormes altos-fomos com capacidade para produzir diariamente milhares de toneladas de ferro. O ferro assim produzido, a gusa, possui demasiado carbono para a maioria das uti lizações, pelo que tem de ser convertido em aço pela remoção do carbono. O aço é a forma mais importante do ferro. 0 alumínio ocorre em combinação com o oxigénio no minério bauxite. Em bora seja de todos o metal mais abundan te, apenas começou a ser produzido em quantidades significativas no final do sé culo xix, por requerer grande quantidade de energia para ser separado do oxigénio. O processo utilizado é a electrólise. Faz-se passar uma corrente eléctrica por um banho de óxido de alumínio fundido, o que vai retirar o oxigénio e deixar um de pósito de alumínio líquido. A maior dificul dade reside no ponto de fusão extrema mente alto do óxido de alumínio — mais de 2000°C, comparados com os 1600"C do ferro. O problema resolve-se misturando o óxido de alumínio com um fundente, nes te caso um mineral chamado criolite (fluo reto duplo de sódio e alumínio), que baixa o ponto de fusão para 1000°C. O ouro ocorre frequentemente sob a forma de escamas ou pequenos grãos no leito dos rios. 0 problema consiste em se parar as diminutas quantidades de metal da massa de matérias inúteis (ganga). Os pesquisadores extraíam-no por uma operação puramente mecânica, para o qiie utilizavam bateias (espécie de pratos grandes). Mergulhando as bateias no rio e agitando as em seguida, conseguiam se parar as escamas de ouro das areias, que, sendo menos densas, eram levadas pelas águas, deixando depositado o ouro, mais denso. Actualmente, usa-se um produto quí mico. O minério, triturado, é misturado com uma solução de cianeto de potássio,
Granulação d Gotas de ouro derretido são lançadas em águt fria (em cima). Os grãc que então se formam (à direita, em tama nho natural) podem ser pesados com preci são quando adquiridos por um joalheiro. que dissolve o ouro. A solução já conten do o ouro é filtrada para remoção das im purezas não dissolvidas, e o ouro é final mente separado por precipitação. Uma tonelada de minério produz cerca de 10 g de ouro.
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Como se transforma areia em vidro Há 5000 anos, nalguma praia do Médio Oriente, alguém terá feito uma fogueira e encontrado depois, sobre a areia, peque nos glóbulos transparentes brilhando como jóias. Como é que estas curiosida des se transformaram num dos mais im portante s materiai s do sécu lo xx o vidro 9 A matéria prima para o fabrico do vi dro é a sílica, que, sob a forma de quartzo — sílica cristalizada —, é o mais abun dante de todos os minerais da Terra. Ge ralmente transparente ou de cor branco•leitosa, encontra-se em muitas rochas, designadamente no granito. E como to das as praias do Mundo foram formadas VIDRO DURO - PLÁSTICO MOLE
0 vidro é duro, mas frágil, porque nele cada átomo está unido aos outros por ligações químicas muito rígidas, que, submetidas a uma força suficiente, se quebram. Os plásticos transparentes são polímeros formados por molé culas muito grandes. Estas são enor mes cadeias flexíveis constituídas por milhões de átomos. As ligações entre estes são muito fortes, mas as ligações entre cadeias sáo fracas, o que torna os plásticos flexíveis.
por rochas que o mar desfez em minús culas partículas, a areia é a principal fonte de sílica. Na próxima vez que for à praia, examine um punhado de areia. Os grãos semitransparentes — e não pretos, vermelhos, ama relos ou de outra cor bem definida — são grãos de quartzo. A areia contém outros minerais, mas o quartzo é o seu compo nente principal, porque c duro, insolúvel e não se decompõe, e por isso dura mais. A sílica pura tem um ponto de fusão Ião elevado que o fogo de uma fogueira vulgar não a converte em vidro. Por isso, os pri meíros vidreiros do Médio Oriente devem ter feito a sua fogueira sobre areia impreg nada de soda (carbonato de sódio) deixa da pela evaporação da água de um lago ou do mar. A soda actua corno fundente, bai xando o ponto de fusão da sílica. Actualmente, coinbinam-se cal e soda com a sílica para produzir o vidro utilizado no fabrico de garrafas, vidraças e copos baratos. Quando arrefece c solidifica, o vi dro não retoma uma estrutura cristalina como a do quartzo, mantém uma estrutu ra desordenada, como que a do líquido congelada - é um material amorfo muit o transparente. Por arrefecimento lento ou tratamento térmico posterior, o vidro pode começar a cristalizar, tornando se translú cido, de um branco leitoso.
Vidros de ir ao forno e cristal de chumbo Outros materiais podem ser adicionados para dar cor ou melhorar a qualidade do vidro acabado. O vidro com 10 a 15% de ácido bórico, resistente a aquecimento ou arrefecimento súbitos, é utilizado em pe ças de ir ao forno. A incorporação de óxido de chumbo produz um vidro pesado e bri lhante o cristal de chumbo. A moderna chapa de vidro obtém se aquecendo os ingredientes em tanques compridos. A mistura contém sempre vi-
Vidro à prova de bala. As janelas dos au tomóveis dos diplomatas podem ser feitas de vidro reforçado com folhas de plástico endurecido. A janela absorve a energia da bala, e o plástico evita os estilhaços.
FABRICO DE VIDRO NUM BANHO DE ESTANHO FUNDIDO Tremonha de ,_ Tremonha da frita estilhaços de vidro
Vidro por flutuação. As mate rias primas são fundidas ern for nos enormes.
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Os ingredientes. A frita, mistura de areia, soda e cal, é combinada com estilhaços de oidro c sulfato de sódio impuro para ser aquecida no forno.
Fornos de fusáo. Jactos de chama sáo projecta dos dus paredes do forno, que atinge a temperatu ra de I590"C, para fundir os ingredientes.
dro partido, que funde a temperatura infe rior à dos outros materiais e os ajuda a combinarem-se mais completamente. Enquanto a chapa acabada sai de uma das extremidades do tanque, na outra ex tremidade entram as matérias-primas, de forma a manter constante o nível do tan que. Mais forte que o aço Pensa-se que o vidro é um material fraco, mas na verdade ele é muito forte. Uma fibra de vidro sem fissuras submetida a tracção longitudinal é cinco vezes mais resistente que o melhor aço. Fibras de vidro ligadas com um material tente plástico e elásticoproduzem — o plástico reforçadoresis com fibra de vidro, utilizado em cascos de barcos e carroçarias de automóveis. 0 vidro de segurança obtém-se por dois processos: por têmpera e por laminaçáo. Na têmpera, o vidro é aquecido até exacta mente abaixo do seu ponto de fusão e de pois arrefecido rapidamente com jactos de ar. Ao arrefecer e contrair-se antes da parte interior, a superfície do vidro fica comprimi da. Como só depois de superada esta com pressão o vidro se quebrará, o vidro tempe rado suporta melhor a flexão e a percussão. Além disso, quando se parte, desintegra se em fragmentos, em vez dos estilhaços peri gosos do vidro vulgar. Outro tipo de vidro de segurança é uma "sanduíche" de duas placas de vidro unidas por uma folha de plástico. Embora esta últi ma possa ser muito delgada, é resistente. Uma pancada pode estilhaçar o vidro, mas
Fabrico de vidraças à antiga
A
técnica de fabricação de vidros para janelas foi aperfeiçoada no século xiv na Normandia, em França. Cada peça deste vidro, conhecido como vidro coroa (crown glass), era in dividualmente soprada por um artesão. Um soprador experimentado fazia ape nas cerca de 12 vidraças por dia. Este processo de fabrico consistia em soprar o vidro por um tubo até formar um grande balão. Este era depois achatado e ligado a uma haste de ferro chamada pontel, que o operário fazia girar o mais
rapidamente O balão de possível. vidro, achatado, ia se alar gando até formar um círculo de 1 a 2 m de diâmetro, conforme o tamanho do balão inicial e a perícia do artesão. As chapas circulares de vidro redon das e planas eram então cortadas para formar pequenas vidraças, especial mente destinadas às igrejas. A parte central do disco, contendo a zona de fixação ao pontel, de grande espessura e rodeada por estrias circulares, era a menos transparente, mas aproveitava-se dado o seu elevado preço. este continua a aderir ao plástico, não sol tando os estilhaços, o que o torna apropria do para os pára-brisas de automóveis. Os pára-brisas de avião têm de ser capa zes de suportar altas pressões, temperatu ras extremas e impactes de aves em voo. São
Vidro coroa. Um soprador de vidro gira urna chapa de vidro num pontel. formados por três ou quatro placas de vidro intercaladas com placas de polivinilo e são capazes de resistir ao choque de uma ave grande com o avião voando até 650 kuVh. Este mesmo vidro protege os pilotos de aviões militares contra as balas.
CÂMARA DE TEMPERATURA CONTROLADA
BANHO DE ESTANHO FUNDIDO
I Elementos de aquecimento Regulador de temperatura Rolos de transporte da fita de vidro
Queimador a gás *
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Estanho líquido.O vidro fundido escorre sobre a superfície de um . Chapas de vidro. Depois de arrefecido, o vidro sai do banho, desli banho de estanho em fusão. A medida que avança, flutuando, o vidro za em cilindros, é cortado em chapas e lavado com jactos de água. O arrefece até 600"C e solidifica, ficando com uma superfície mais plana. vidro por flutuação tem espessura uniforme e é liso dos dois lados. 105
A
Vitrais medievais
estrutura do vidro, apesar de forte, contém muitos espaços vazios porque os seus átomos estão aglomera dos ao acaso, como um monte de lijo los, e não alinhados ordenadamente, como os tijolos numa parede. Lsles espaços podem ser ocupados por átomos de metais que afectam a forma como a luz é transmitida através do vidro. Metais diferentes absorvem luz de diferentes frequências, dando ao vidro que os contém uma cor caracte rística.
nio, amarelo, e o manganês, púrpura. Vidros do tamanho aproximado deste livro eram fabricados em diferentes co res e depois cortados com as formas requeridas. Finalmente, eram monta dos para formarem janelas completas. As variações da espessura do vidro, inevitáveis na tecnologia medieval, real çavam a beleza das janelas, proporcio nando subtis variações de tonalidade. Quando se aperfeiçoaram as técnicas do fabrico de vidro, perdeu se muila desta subtileza.
princípio estádanacatedral srcem de uma dasEste magnificências medie vai, o vitral. Quando adicionado ao vidro fundi do, o cobre torna-o vermelho-rubi; o cobalto, azul; o ferro, verde; 0 antimó
Cores intensas. Este vitral de urna igre ja em França represento a coroação da Virgem. A diversidade dos azuis deoe-se às diferenças de espessura das peças de vidro.
Como se faz papel a partir das árvores? Foi uni funcionário ligado ã corte imperial chinesa. Tsai Lun, quem, por volta do ano 105, descobriu o processo de fazer papel. Até então, a maioria dos documentos fora escrita em pergaminho, leito da pele de carneiros ou cabras, ou em velino, leito de pele antigos tinham usadodeo vilela. papiro,Osfeito com egípcios fibras interiores do caule do papiro prensadas e setas, mas não se tratava de verdadeiro papel, fabrica do com fibras transformadas em pasta. Ts'ai Lun fabricou o seu papel com li bras de amoreira, redes de pesca, trapos e refugos de cânhamo. Quase qualquer ma terial fibroso pode ser utilizado no fabrico de papel. É triturado com água até ficar em pasta, branqueado, tratado com uma cola para impedir demasiada absorção de tinta e finalmente prensado em folhas. Até 1850. a matéria prima básica eram
AS MARCAS DE AGUA NO PAPEL E NAS NOTAS DE BANCO Chama se marca de água a um sinal feito na própria contextura do papel cujo desenho só é visível em contraluz. A primeira marca de água apare ceu por acaso na fábrica de papel Fabriano, na República de Pádua, em Itália, onde se produz papel desde 1260. A peça que estava a ser usada para espremer a água do papel mo lhado tinha um pequeno arame sa liente. O papel ficou mais delgado no sítio em que o arame penetrou nele, fazendo uma linha que podia ver-se colocando o papel contra a luz. Surgiu a ideia de se fazer um dese nho completo de arame, criando uma marca de água decorativa. R em 1282 nasceu a primeira marca deliberada — uma simples cruz. O método actual é praticamente o mesmo. O papel molhado é prensado por um rolo com um desenho em re levo que produz a marca de água. As marcas de água são usadas des de há séculos para identificar os fabri cantes de bom papel de carta. Para dificultar a falsificação das notas de banco, usam-se marcas mais comple xas, representando as efígies de che fes de Estado ou de heróis nacionais. Também na filatelia as marcas de água tem um papel importante.
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Papel Bond. Este papel de Qlta qualidade incorpora habitualmente unia parle de pasta de trapos. É normalmente tratado com caseína, um derivado do leite.
Papel de jornal. Este papel de textura ás pera utiliza uma pasta de qualidade inferior tratada mecanicamente e amarelece em poucos dias se exposto ao sol.
Papel «tissue». Fibras achatadas e entre teadus sem compactação duo Hw textura macia e a pasta de madeira tratada com resinas vegetais temiam no mais absorvente.
os trapos de linho e algodão, que produ ziam um papel excelente. Mas a procura crescia tão rapidamente que era necessá ria nova matéria prima — e a resposta foi a polpa de madeira, geralmente de arvores de madeira macia, como as coníferas. A madeira é em grande parte constituí da por celulose, matéria orgânica formada por fibras resistentes com cerca de 2.5 mm de comprimento. As árvores abatidas são partidas em lascas, constituindo a estilha de madeira. Esta é introduzida em enor mes recipientes os digestores on de é misturada com produtos químicos (habi tualmente, sulfato de sódio) e sujeita a temperatura e pressão elevadas. As fibras separam-se, formando a pasta de papel. As impurezas, com o a resina e o pez, são removidas, e a pasta é branqueada e mistu rada com produtos que lhe dão a cor pre tendida ou a tornam mais branca ou com agentes ligantes que unem melhor as fi bras. A mistura sai então de um grande reservatório, através de uma ranhura estrei ta, para uma rede em movimento que per mite que a água escorra, mas que retém a maioria das fibras. A fita de pasta é prensada para se extrair mais água e secada ao passar por uma série de rolos aquecidos por va por. Por fim, o papel pode ser revestido com uma mistura de pigmentos, de carbonato de cálcio, caulinos ou dióxido de titânio para lhe melhorar a superfície. Fábricaxvu de mostra-nos papel. Estauma gravura alemã do século fábrica de pu pel da época. Uma roda de azenha de ma deira acciona as hastes que trituram os Ira pos com a água numa grande celha. O pro duto é medido e comprimido em tolhas, que depois se penduram em uarões de ma deira para a secagem. As folhas secas suo atadas em resmas e. finalmente, transpor ludas em burros até aos tipógrafos. 11)7
POR QUE RAZÃO OS LIVROS E DOCUMENTOS ANTIGOS DURAM MAIS QUE OS MODERNOS?
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Papel que envelhece. A Bíblia de Gutenberg (à esquerda), impressa no século xv em papel pergaminho fino, ainda em excelente estado. O livro de receitas de 1914 (à direita), em papel de pasta de madeira, que contém ácidos, está já a ficar amurelo. A descoberta de que podia fabricar-se papel a partir da madeira tornou possí vel a comercialização maciça de livros e jornais. Mas, contrariamente ao perga minho, ao velino ou aos papéis à base de trapos, o papel fabricado com pasta de madeira tem uma vida limitada. Os bi bliotecários começam a aperceber-se de que os livros modernos se deterio ram rapidamente. O problema está em que eles contêm produtos químicos, incluindo ácidos do processo de branqueamento, que os corroem. Para a maioria dos leitores, este problema pouco importa, porque já leram os livros muito antes de se tor nar evidente o seu envelhecimento. Mas
para os arquivistas e bibliotecários signi fica que, potencialmente, lodos os livros que se publicaram depois de 1850 pode rão estar a autodestruir-se lentamente. Os bibliotecários estão agora a pro curar uma forma económica de tratar as suas enormes existências de livros. Pre sentemente, o único processo é arrancar-lhes a encadernação e tratar as pági nas uma a uma para eliminar os ácidos. No entanto, embora esle procedimento possa juslificar-se no caso de algumas primeiras edições valiosas, é impraticá vel para a totalidade dos livros. Contudo, alguns fabricantes já estão a produzir pa
por ano. A produção anual ultrapassa os II 000 milhões de litros e terá rie subir mais 2000 milhões para satisfazer a prtxjura. Nos EUA, o álcool à base de milho é também produzido comercialmente e é ha bitualmente misturado à gasolina normal como antidetonante, evitando o emprego de produtos que contêm chumbo.
Será o carvão a resposta a uma crise de petróleo? Na Africa rio Sul, onde o carvão é abundan te e de baixo preço, a empresa Sasol foi a pioneira de um processo de conversão do carvão em petróleo. O carvão é colocado em grandes reci pientes, acendido e submetido durante al guns minutos a um jacto de vapor de água e oxigénio a alta pressão. O carvão, ao ar der, produz grandes quantidades de gás rico em hidrogénio e carbono — elemen tos a partir dos quais se pode produzir pe tróleo. Como esle tem aproximadamente o dobro dos átomos de hidrogénio do car vão, tem de se adicionar hidrogénio ao gás de carvão. Este é fornecido pelo vapor de água. O carvão em combustão gera ener gia suficiente para decompor as moléculas de água do vapor em átomos de hidrogé nio e de oxigénio. O hidrogénio assim pro
pel com auma prolonga vida.colagem neutra que lhe
duzido ao gás eo oequilíbrio tre este dá elemento carbono. correcto en Este gás tem de ser lavado com metanol para o libertar do enxofre o rie cianetos. É depois transferido para reactores, onde uni tratamento químico ulterior determina o produto final. Os reactores podem produ zir gasolina, óleos, ceras, gases de petróleo liquefeitos e outras substâncias químicas, lico — semelhante ao vinho ou à cerveja. lais como álcoois, aldeídos e cetonas, mas o processo é muito dispendioso. Para combustível, usa-se álcool puro. pelo que é necessário concentrar a mistura por destilação - aquecimento rio líquido até à vaporização do álcool e condensação do vapor de forma a extrair o álcool e dei xar a água. Esta última fase, a produção de álcool anidro, requer grande quantidade de energia e tem srcinado críticas no sen tido de que a produção de combustível por esta forma pode consumir mais energia do que a que fornece. O Departamento de Energia rios EUA verificou que, quando se Os aromas frescos de um jardim no Verão usa milho para produzir álcool, são neces ou as fragrâncias tropicais de uma floresta sárias 109 unidades de energia para se ob equatorial são causados por minúsculas terem 100 de combustível. gotículas de líquidos oleosos produzidos pelas plantas. São estes óleos essenciais Mesmo assim, a produção de álcool no naturais, juntamente com aromas produ Brasil tem prosperado: mais de 80% dos zidos sinteticamente, que formam a base automóveis vendidos no país consomem álcool puro ou com uma mistura de gasoli da indústria rios perfumes. na, e os custos do petróleo importado des Não se sabe ao certo porque é que as ceram cerca rie 2000 milhões de dólares plantas produzem óleos aromáticos. Uns
Converter plantas em gasolina Um dos mais antigos passatempos do ho mem é produzir bebidas alcoólicas com plantas fermentadas. Actualmente, com o petróleo a esgotar-se e o seu preço a subir, o álcool feito a partir de plantas está a ter uma nova utilização — a de combustível para veículos. O maior produtor mundial de álcool ve getal para combustível é o Brasil. Dois anos depois da crise do petróleo de 1973, o Bra sil lançou o seu programa rio álcool como reacção à subida dos custos rie importa çáo daquele produto. Este país utiliza uma matéria-prima de baixo valor comercial que produz em abundância — a cana-de -açúcar. Inicialmente, o processo é o mesmo, quer o produto final seja uma aguardente de qualidade ou um combustível para auto móveis: o açúcar não refinado é misturado com água e levedura e fermentado em cu bas até se transformar num líquido alcoó 108
Captando a fragrância das flores
I
poderão atrair os insectos; outros podem destinar se a afastar parasitas ou animais daninhos. Dos muitos milhares de plantas do Mundo, apenas cerca de 200 produzem a diversidade de óleos essenciais utilizados pela indústria de perfumaria. Alguns perfumes chegam a conter 100 essências diferentes; outros, apenas algu mas. Mas todos eles têm três elementos em comum: uma 'nota alta", formada pe los ingredientes mais voláteis e que criam 0 efeito imediato; uma "nota média", que modifica a impressão inicial e se destina a dar corpo ao perfume, e uma "nota de base", mais duradoura e persistente. Os antigos gregos e romanos faziam un guentos perfumados imergindo flores, fo lhas e raízes em óleos gordos, que lhes extraíam os aromas. Quando Cleópatra saiu a cumprimentar Marco António, en sopou com perfume as velas púrpuras da sua barca para o impressionar. S. Lucas conta nos a história de uma mu lher, identificada como Maria Madalena
por alguns estudiosos, que deitou unguen tos sobre os pés de Jesus em casa de um fariseu. Esses unguentos continham quase de certeza nardo, óleo aromático extraído da valcriana-da índia, ou esficanardo Foram OS Árabes quem primeiro utili zou a técnica da destilação para extrair os óleos essenciais, e ainda hoje se utiliza um processo semelhante. As flores ou as fo lhas da planta aromática são esmagadas ou cortadas em pequenos pedaços, de pois aquecidas com vapor de água para obrigar os óleos voláteis a evaporarem se. O vapor percorre um tubo de vidro arrefe cido que provoca a condensação dos óleos. As quantidades assim obtidas da maioria das plantas são mínimas, usual mente inferiores a um milésimo de todo o material colhido. Mas a sua fragrância é Ião intensa que, mesmo numa solução de 100 para 1, se mantém poderosíssima. A destilação nem sempre pode ser usa da, porque há certas fragrâncias que se de terioraram com o calor. Em Grasse, cenlro
perfumeiro da Provença, no Sul de frança, ainda se emprega para estes óleos delica dos o método chamado enfleurage; as fio res são colocadas sobre camadas de sebo e banha altamente purificados. Deixadas num local fresco e escuro durante um a três dias, as gorduras absorvem as essên cias das flores, produzindo o que se chama uma pomada. As essências separam se da gordura pela adição de álcool, que forma com aquelas uma solução alcoólica pron ta a ser misturada As essências são muitas vezes produzi das em regiões remotas por empresas fa miliares cujos métodos se mantêm desde há centenas de anos. A Bulgária é ainda responsável por 70% da produção mun dial de essência de rosas. Nos vales inferio res dos Balcãs, os cultivadores de rosas diri gem-se para os campos ainda de noite, pois as pétalas têm de ser apanhadas antes da aurora para que mantenham a íragrán cia. São precisas mais de 2000 pétalas para cada grama do seu precioso óleo. Certos óleos são produzidos ao ritmo de apenas algumas toneladas por ano. Os óleos são comprados por corretores, que os vendem aos exportadores e estes aos perfumistas, que compõem as suas pró prias fragrâncias, uma arte difícil e delicada Alguns perfumes leni características flo rais dominadas por aromas como a rosa OU a gardénia Outros são orientais, de er vas ou especiarias, contendo óleos de ca nela da China, Birmânia e Sri Lanka ou de noz-moscada da Indonésia e das índias Ocidentais. As loções para depois de bar bear contêm frequentemente aromas de especiarias, de madeiras ou de couros. Para aumentar a persistência dos perfu mes, usam-se fixadores. Inicialmente, es tes provinham de produtos animais exóti cos - O âmbar cinzento, dos intestinos do cachalote; o almíscar, de uma glândula do almiscareiro macho; o civete, secreção do gato de-algália, o eastórico. de uma glân dula do castor. Actualmente, contudo, os fixadores são sintetizados quimicamente.
Uma vez composta determinada fra grância, esta é vendida sob uma variedade de fornias. A água-dc-colónia, ou de toilet te. contém habitualmente de 2 a 6% de essências dissolvidas em álcool. Os perfu mes são mais intensos, com 10 a 25% de essências também em solução alcoólica. Nem todos os perfumes são fabricados por métodos tradicionais. As substâncias que produzem os aromas podem ser re criadas sinteticamente e os produtos obli dos utilizados nos casos em que um perfu me convencional seria demasiado dispen dioso - em ceras, desodorizantes do am biente, desinfectantes ou champôs. Campos aromáticos. Flores de alfazema prontas u serem colhidas. O óleo obtido pela sua destilação e usado como ingre dienle em perfumes à base de flores. Ui "
Como se transformam produtos naturais em tecido A lã foi provavelmente a primeira fibra a ser transformada com êxito em tecido dnran te o Neolítico, há cerca de 7000 anos. O homem conseguiu assim a primeira alter nativa ao vestuário de peles de animais. As fibras de linho e de algodão também eram conhecidas no mundo antigo. No Egipto - onde a lã era considerada "impu ra" -, encontraram-se múmias de 3400 a. C. embrulhadas em lençóis de li nho com LÍ00 m de comprimento. O algo dão já se usava na índia em 3000 a. C, e foram encontrados no Peru tecidos de al godão datando de 2000 a. C. Para transformar em tecido fibras como a lã, o linho e o algodão, são precisos dois processos: o primeiro é a fiação, pela qual as fibras são torcidas em conjunto para for marem o fio; o segundo é a tecelagem, em que dois fios são entrelaçados em ângulo recto para formar o tecido. A fiação era tradicionalmente uma tare fa feminina, e a tecelagem, uma tarefa mas culina. Antes da Revolução Industrial, quando a fiação era toda manual, necessitava-se da produção de cinco a oito mulhe res para ocupar um tecelão. Em um dia, uma mulher conseguia fiar cerca de 500 m de fio de lã. A mais importante rias fibras animais é a
lá de ovelha. A maioria das fibras de lá mede de 2.5 a 20 cm de comprimento. O linho é uma fibra que se obtém do caule da planta com o mesmo nome. Extrai-se abrindo o caule e mergulhando o em água para separar as fibras da matéria resinosa que as aglutina. As fibras têm de 15 cm a 1 m de comprimento. As fibras de algodão desenvolvem-se nas cápsulas do algodoeiro. São muito mais curtas que as do linh o, form ando fitas achatadas e retorcidas de 0,3 a 0,5 cm de comprimento. As fibras têm de ser retira das da cápsula e separadas das sementes, processo efectuado mecanicamente pelos descaroçadores. Kntre outras fibras vegelais, contam-sc a juta, utilizada no fabrico de sacas e forros de tapetes, e o cânhamo, fabricado da cunnabis e utilizado nos panos de velas, nas lonas e nos oleados. Como das fibras se produz fio Tal como existem, nenhuma destas fibras, animais ou vegetais, é suficientemente longa para ser transformada em tecido. A fim de produzir um fio utilizável, as fibras têm de ser postas lado a lado e torcidas, um processo denominado fiação. Originariamente, este trabalho era feito
num fuso, pequeno pau com uma extre midade pesada, suspenso das próprias fi bras que a ele estavam presas. Ao ser gira do entre o polegar e um dos outros dedos, o luso fazia torcer as fibras, que iam sendo retiradas de um outro pau, a roca. As máquinas de liar obtêm mecanica mente o mesmo resultado. A primeira roda de fiar - que simplesmente fazia >i irar o fuso — foi introduzida na Europa, provavelmente a partir da índia, nos princí pios do século xiv. Só em 1707 o tecelão inglês James Hargreaves construiu a fian deira rotativa de oito fusos, criando na in dústria a possibilidade de produção em massa. Durante a Revolução Industrial, as máquinas de fiar foram sendo aperfeiçoa das, e em 1828 surgiu na América a ante passada de muitas das modernas máqui nas de fiar a fiad oura de anéis. Uma fiadoura moderna pode chegar a ter 500 fusos, cada um com mais de 0000 m de fio. Como trabalha uma máquina de fiar Os princípios da fiação são hoje exacta mente os mesmos que quando o trabalho era processado manualmente. As fibras são primeiramente "cardadas" — dispôs tas paralelamente entre si —, Irabalhando-as entre duas superfícies paralelas em mo vimento dotadas de bicos aguçados. Em seguida, são penteadas para retirar as fiFardos de algodão. AigtxJao aguardando embarque no Arizona, EUA. Depois de co lhido, o algodão é comprimido em fardos de 180 kg.
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bras cúrias, depois passam a máquinas providas de cilindros que repuxam as li bras. tornando o fio mais fino c dando-lhes uma torcedura que as mantém unidas. Os fios podem lambem ser torcidos em conjunto para produzirem um fio nuílli pio, mais forte e espesso como na lã de tricotar de dois fios ou de três fios. Os fios de fibras mistas resultam da fiação conjun to cie fibras de diferentes srcens, como, por exemplo, lã e poliéster, a fim de se ob ter uma combinação mais perfeita de ca pacidade de aquecimento, resistência e faciliciado de lavagem. Finalmente, o fio aca bado é enrolado em bobinas, ou canelas.
COMO E ÇjUE UMA CAMISOLA DE LÃ NOS MANTÉM QUENTES NUM DIA FRIO?
Para nos mantermos quentes num clima frio, é indis pensável um isolamento eficaz que impeça que o ca lor do corpo se escape. Os mamíferos possuem pêlos ou camadas de gordura como isoladores do corpo, mas o homem não possui gorduras suficientes e tem poucos pêlos; tem assim de recorrer ao vestuário. Os mamíferos, em geral, têm o corpo revestido por duas espécies de pêlos. Os da camada superior, mais compridos e rígidos, tornam se erectos quando o ani mal eslá assustado ou zangado. Por baixo destes encontra-se uma camada densa de pêlos macios, que
retêm o ar junto â pele. O ar é mau condutor de calor, pelo que uma camada de ar retida nos pêlos conserva Como se produz tecido a partir do fio o calor do corpo e mantém o animal quente em tem Os povos primitivos teciam panos exacta po frio. Quando chove ou o animal entra na água, os mente como ainda hoje o taxemos. Na ai pêlos mais compridos formam uma camada imper tura em que morreu o jovem faraó Tutankmeável que impede que a pele e os pêlos da camada hamon, no século xiv a. C, já se fabricavam inferior se molhem e percam as suas propriedades tecidos muito complexos com padrões de isolantes. Depois, uma simples sacudidela expele a cores diversas. Não restam exemplares de água dos pêlos exteriores. tecidos gregos antigos, mas a decoração de um vaso do século vi a. C. representa Aproveitando as qualidades da lá, o homem imita o fiandeiros e tecelões. O tear, com cerca de comportamento dos animais. A roupa junto à pele 1,5 m de altura, é do mesmo tipo que o retém ar que se mantém quente pelo calor do corpo, utilizado por Penélope enquanto aguarda formando uma camada térmica em redor desle. Um Fio
0 algodão apresenta fi bras finas mas de forma irre gular.
A estrutura áspera de linho é produzida pelas fibras espes sas e grosseiras da planta.
As fibras de juta sáo duras e espessas, com uma textura muito aberta.
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Linho tecido . 0 linho é fiado e depois teci do. Aqui. a estruturo mais simples, a tafetá. cada fio da trama passa alternadamente por cima c por baixo dos fios da teia. No entanto, os tecidos podem ter mui tos outros tipos de estrutura: a estrutura
cetim, por exemplo, oblóm-se quando a teia c entrelaçada apenas por cada quarto OU quinto fio da trama. Dado que no direito do tecido predominam os chamados fios saltados (os que não foram entrelaçados pelo fio da trama), o tecido apresenta um brilho característico. 0 damasco apresen ta uma estrutura que é uma variante da estrutura cetim. Conseguem-se subtis va riações de cores pela alternância da área com a teia ou a trama à superfície. Outros tipos de estrutura incluem a sarja — utilizada na gabardina e nas sarjas pro priamente ditas — e as estruturas com pêlo utilizadas no fabrico de bomba/.inas, peluche e veludos. O "pêlo" espesso do veludo forma-se aparando os fios da super fície depois de tecidos.
Seda: fibra fabricada por borboletas Durante milhares de anos, a seda foi vendi da pelo Oriente ao Ocidente, e ainda hoje é o tecido mais precioso por unidade de peso. É uma fibra produzida pelo bicho-da- seda, Bombyx mori, para formar um casu lo dentro do qual se transformará em bor boleta. Cada casulo é constituído por um único filamento que chega a atingir 1,5 km de comprimento. São precisos 110 casulos para fazer uma gravata, 030 para uma blu sa e 3000 para um quimono. seda Segundo deu se aem tradição, 2640 a.a C, descoberta nos jardins da do imperador lluang Ti. Diz a lenda que
Huang Ti pediu à esposa, Xi Lingshi, que descobrisse o que é que andava a comer as suas amoreiras: a imperatriz verificou tratar-se de umas lagartas brancas que teciam uns casulos lustrosos. Deixando cair um destes casulos acidentalmente em água quente, ela viu que era possível puxar um Ho finíssimo e enrolá-lo cm carrinhos. Ti nha descoberto o processo de obter a seda, processo esse que se manteve um bem guardado segredo chinês durante os 2000 anos seguintes. Com efeito, as leis imperiais estabeleceram mesmo que quem quer que revelasse o segredo seria torturado até à morte.
A manufactura da soda tem quatro fa ses: o cultivo das amoreiras, a criação do bicho-da-seda, a obtenção das fibras da seda a partir dos casulos e a tecelagem do pano. Os bichos-da-seda comem as folhas de uma diversidade de árvores —uma espó cie alimenta se de folhas de carvalho — , mas as folhas da amoreira são as que pro duzem a seda mais fina. Na China, as amoreiras são cultivadas em arbusto para que as folhas para alimen tação dos bichos possam ser facilmente colhidas. Os bichos-da-seda criam se na Trimave
DO CASULO ATE AO BORDADO AO MODO TRADICIONAL DA CHINA
Selecção do s casulos. Mulheres escolhem os ca sulos, retirando os que estiverem danificados. Cada casulo produz cerca de 1,5 km de fio. 112
Dobagem do fio. Dobar a seda implica o aquecimento dos casulos já lanados e depois o puxar do fio. Os fios de cores diferentes, causadas por compostos químicos segregados pelos bichos da-seda, são férvidos até ficarem brancos.
Casulos de seda. Casulos do bicho-da-seda em tamanho natural. Produzirão cerca de 18 km de fio, que dará para um
quadrado de tecido de seda um pouco menor que esta fotografia.
ra, durante dois meses de acti vidade inten sa. Os ovos, guardados em lugar fres co desde o ano anterior, são incubados assim que as amoreiras começam a ler fo lhas. Levam cerca de oito dias a chocar, depois do que as lagartas se ali mentam continuamente de folhas de amo reira durante um mês. Neste período de quatro semanas, o seu peso aumenta 10 000 vezes. Nem mesmo a respiração in terfere com a alimentação, visto respira rem através de orifícios que têm no corpo. Para serem produtivos, os bichos-da-seda têm de ser mimados. Na China, dizia-se que gostavam de calor e detestavam o frio, gostavam de secura e detestavam a humidade, gostavam de limpeza e detesta vam a sujidade. Dizia-se também que não gostavam de barulho, do cheiro a peixe
Fibras de seda. Esta micro fotografia mos tra Q forma e a proximidade das fibras.
Captando a luz. A estrutura de fios múlti pios faz brilhar o tecido.
frito, de lágrimas, de gritos, nem de mulhe res grávidas ou que tinham acabado de dar à luz. Ainda hoje, na província chinesa de Zhejiang, as mulheres que cuidam dos bi chos-da-seda estão proibidas de fumar, pintar-se ou comer alho. Depois da quarta muda de pele, as lagar tas iniciam o fabrico dos casulos. As duas glândulas seriagenas que têm ao longo do corpo começam então a segregar uma mistura semilíquida que emerge como um fio único formado pelos dois filamen tos juntos. Primeiro, os bichos-da-seda fazem uma fina rede. Depois, deslocando a cabeça num movimento em forma de oito, cons troem lentamente um casulo impermeável que os envolve completamente. A constru ção de um casulo demora aproximada mente três dias, durante os quais a lagarta moveu a cabeça cerca de 300 000 vezes. Se não houver qualquer interferência, a
pôr os ovos, que irão dar srcem a novos bichos-da-seda. Na prática, só assim acon tece com alguns dos bichos; os restantes são mortos, Evitando se que o casulo seja estragado pela borboleta que dele sai, consegue-se obter um fio contínuo. O processo de obtenção deste fio chama-se dobagem. K levado a cabo mergu lhando os casulos em água quente, pro curando a ponta do fio e enrolando-o numa dobadoura. Km geral, dobam-se no mesmo aparelho os fios de vários casulos, entre cinco e oito, para formar um fio de espessura suficiente.\ loje, a maioria do tra balho é feita em dobadouras automáticas. Quando se juntam dois bichos-da-seda, estes constroem casulos gémeos. A seda que deles se retira é chamada dupion. Tem "nós" ao longo do fio e é empregada no fabrico de tecidos com variações de lexlura. A produção mundial de seda é cerca de 50 000 t por ano, apenas 0,2% da produção
lagartadelransforma-se emsegrega borboleta cerca duas semanas, um em enzi ma que enfraquece o casulo e emerge para
total de fibras A sua textura brilhan te deve-se às têxteis. suas fibras triangulares, que, portanto, reflectem a luz.
Fabrico do fio. Os fios de cinco e oito casulos sào torcidos em conjunto para formarem um fio de espessura suficiente; este é depois enrolado em meadas. Os tradicionais aparelhos de madeira, como este. têrn sido substituídos por máquinas.
Bordado de seda. As meadas de seda sâo tingidas e utilizadas no fabrico de tecidos ou em bordados. Esta mulher borda um desenho de flores com linha de seda. 113
O
Como os segredos da seda foram trazidos da China
s dois monges insisliam muito: tinham de ver o impera dor. Afirmavam querer transmitir lhe um segredo valio so, tendo viajado desde a China até Constantinopla (actual Istambul) para o revelar à corte. Estava-se à volta do ano 550, e o imperador Justiniano I era o senhor do Império Romano do Oriente. O segredo dos monges merecia bem a atenção de Justiniano: eles ofereciam-se para lhe ensinar o processo de fabricar seda à maneira dos Chineses. Algum deste magnífico tecido era então fabricado na peque na ilha grega de Cós, a partir de bichos-da-seda selvagens que se alimentavam de folhas de carvalho. Mas não se comparava com a seda chinesa, obtida de bichos-da-seda que se alimentavam das folhas da ainoreira-branca. Os romanos do Oriente com pravam mais esta seda chinesa que a transportavam durante de 4800 km aaomercadores longo da perigosa Rota da Seda, através da Ásia Central, desde Luoyang, no rio Amarelo, até ao Mediterrâneo Oriental. A viagem demorava oito meses. Ao chegar à Kuropa, a seda valia literalmente o seu peso em ouro. Era cada vez mais cara e difícil de obter, pois a Rota da Seria atravessava terras devastarias pela guerra, e Justiniano
estava a tentar importá-la através dos mercadores etíopes, que negociavam com a China por mar. Os monges eram persas que tinham pregado o cristianismo na China durante muitos anos e lá aprendido os segredos da sericicultura. Faziam agora uma proposta a Justiniano: era im possível manter vivos os bichos-da-seda durante tão longa jor nada, mas já não sucedia o mesmo com os minúsculos ovos. Cerca de 30 g desses ovos bastariam para produzir 36 000 bichos-da-seria. Justiniano encheu os monges de presentes e prome teu lhes consideráveis recompensas. Os dois homens voltaram à China e adquiriram uma quantidade de ovos; depois, apoiando-se em fortes bastões de bambu, percorreram o longo cami nho de regresso ao Ocidente com os preciosos ovos escondidos nos bastões. Ao chegarem, os utilizados romanos do criar os bichos-da-seda, os ensinaram quais foram no Oriente fabrico adas primeiras serias finas da Europa. Alguns foram reservados para criação, iniciando-se assim uma indústria da seda. Mas, apesar dos esforços destes monges, as lagartas da seda preferem ainda as folhas da amoreira-branca chinesa, e a Europa continua a importar da China uma parte ria sua seda crua.
(luziu uma fibra muito resistente e elástica. Carothers sofria de depressão havia muitos anos, e em 29 de Abril de 1937, 20 dias após ler requerido a patente para o seu invento, suicidou-se. Nunca soube que a sua descoberta viria a chamar-se nylon e provavelmente nunca sonhou que iniciara uma "revolução dos materiais'*. A técnica de produção rias fibras sintéticas tem-se mantido quase inalterada. Os polímeros em es Foi em 1935 que o americano Wallace Ca- tado líquido são exlrudidos através de uma fieira, e o fino rothers inventou o nylon. As meias cie nylon surgiram em 1938 e depressa tive jacto solidifica quase instanta neamente, formando uma fibra ram enorme procura. Os fabricantes di com um quarto da espessura ziam que a nova fibra era "forte como o de um cabelo humano. As fi aço e delicada como uma teia de aranha". bras são esticadas, o que alinha Carothers, professor de Química Orgâ nica, fora convidado em 1927 para chefiar as moléculas longas ao compri um grupo de investigação na K. I. du Pont mento da fibra e dá ao nylon o seu brilho e transparência. O nylon Nemours and Company, em Wilmington, Delaware, a fim de inventar um novo mate pode ser esticado até cerca de cinco vezes o seu compri rial sintético. O projecto tomou quase II mento srcinal antes de as anos e custou 27 milhões de dólares. moléculas se alinharem e se Carothers acreditava que se podia obter um novo material por meio da polimeriza interligarem resistindo a posteriores distensões. Obção (combinação de moléculas pequenas têm-se assim fios resistentes para a formação de novos compostos com que são transformados em moléculas grandes). A sua ideia era criar tecido. Os tecidos produzi um polímero com a estrutura da seda e dos com fibras artificiais que pudesse ser fabricado em massa. Em 1931, Carothers descobriu uma fibra conseguem já recriar a mais fina e mais resistente que a seda. Mis maioria das propriedades das fibras naturais. O acríli turando ácido adípico e hexametilenodia co, com as suas fibras pemina,o produziu composto nugentas e finas, usa-se com qual era um possível obter viscoso uma fibra no fabrico de tecidos fel delgada. No entanto, as primeiras fibras pudos ou de peles sintéti que produziu ou fundiam a temperaturas cas. Com a sua estrutura baixas ou eram muito fracas, e foram ne molecular forte mas cessários mais quatro anos para aperfei coar o "polímero 66". Descobriu, entretanto, elástica, o poliéster tem a capj que o processo de polimerização era inibi acidade &^Lú do por gotículas de água contidas no com de retomar a sua ^ r *\ forma inich posto; evaporando a água, Carothers pro-
Como se transformam produtos químicos em vestuário
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o que evita que o vestuário se enrugue. As fibras artificiais podem ser combina das com as naturais, pelo que os tecidos que não precisam de ser passados a ferro podem mesmo assim parecer naturais. Os tecidos artificiais são mais fáceis de produzir em massa que a lã ou o algodão, e ainda bem - cada par de meias de nylon é feito com um único filamento de nylon com perlo de 6,5 km, entre laçado em 3 milhões de malhas.
Betty Grable vendeuAasactriz suas Meias de "nylon". meias para a campanha destinada a obter fun dos para a guerra Em baixo, pormenor das malhas, que tornam as meias de nylon macias e elas ricas.
Do líquido ao tecido. As fibras de nylon são obtidas forçando o polímero liquido através de orifícios, o qual solidifica em fios.
Como se fazem tecidos com padrões Por volta do ano do nascimento de Cristo, a mulher de um nobre chinês, Ho Kuang, deu a outra, Shunyu Yen, "vinte e quatro rolos de brocado de seda com desenhos de uvas e vinte e cinco rolos de seda fina com um padrão entretecido de flores sol tas". Os Chineses foram mestres na arle da tecelagem, utilizando fios de seda de mui tas cores e estruturas complicadas para produzir brocados e tapeçarias. Com os teares primitivos, a inclusão de desenhos na tecelagem exigia habilidade e paciência consideráveis. Mesmo depois rios inventos do século xviii, o tecelão tinha de saber que fios da teia (os que correm ao comprimento do tear) tinham de ser levantados para produ zir determinado desenho. Só os fios levan tados eram tecidos no desenho quando a lançadeira que transportava a trama (os fios atravessados no tear) era passada de um lado para o outro através da cala. Só no princípio do século xix o tecelão francês Joseph Jacquard descobriu uma maneira de fazer padrões minuciosos sem o auxílio de tecelões especializados. Prendia-se uma série de cartões perfurados a um bloco rotativo por cima do tear. Só onde havia furos é que os fios podiam ser apanhados por pequenos ganchos e ser tecidos. Depois de cada cartão ser usado
na feitura de uma pequena área de dese nho, dava-se um quarto de volta ao bloco, trazendo ao seu lugar o cartão seguinte. Foram precisos 24 000 cartões para tecer em seda um retrato de Jacquard, tão perfei to que mal se distinguia de um retrato a
óleo. Os cartões unidos formavam uma longa tira que passava lentamente por so bre o tear. Os teares Jacquard ainda hoje se utilizam no fabrico de tecidos luxuosos. Muitos panos com padrões podem ser tecidos em máquinas mais simples. Os clássicos padrões do tweed são ainda teci dos em teares manuais. A impressão directa de desenhos nos tecidos teve srcem na índia, e as primeiras chitas estampadas foram trazidas para a
Tecido estampado. Este tecido de algodão moderno foi estampado com um desenho do final do século xix. A ampliação mostra os pequenos espaços entre as diferentes cores, destinados a evitar que as tintas se misturassem umas com as outras. 115
Europa no século xvi. Do vocábulo indiano tchàll veio o chintz, palavra que ainda hoje usamos para designar tecidos estampados a que se dá um ligeiro brilho. A moderna estamparia têxtil emprega cilindros de metal em que está gravado o desenho, sendo cada cor aplicada por um cilindro diferente. Os cilindros passam por um banho de cor enquanto rodam, trans ferindo depois a tinta para o tecido. Podem chegar a usar-se 16 cilindros num só pano. Para garantir que cada cilindro ajusta o seu desenho ao desenho anterior, recorre -se a sistemas de controle electrónico. Quando o tecido sai do último cilindro, pas sa por urna estufa de secagem. As moder nas máquinas podem estampar a 16 cores à velocidade de 180 m de tecido por minuto.
Como se faz vestuário que sirva a quase todos 0 alfaiate tradicional toma em considera ção uns braços compridos ou uma cintura grossa e consegue um falo que se ajusta bem. Mas o vestuário feito por medida tem um preço cada vez mais elevado, e a mo derna indústria de confecções tem de pro
Tecido Jacquard. Os tecidos de deco ração com desenhos complicados são ainda feitos nos teares Jac quard, inventado em França no século x/x. Este tear usa cartões perfurados para guiar os fios da trama (ho rizontais), conduzidos pela lançadeira através dos fios da teia (verti cais) estendidos na moldura do tear. Para tecer este padrão floral,
terão sido precisos cerca
depliação 10 000 cartões. A am (à esquerda) mostra as variações na tex tura e na espessura dos fios. Este tecido é fabricado com fio de algodão, mas qual quer fibra ou combinação de fi bras podem ser tecidas. Alguns tea res Jacquard são controlados electroni camente, e não por cartões. 116
grandes duzír fatos alterações prontos àa maioria vestir que dassirvam pessoas. sem Um dos primeiros levantamentos das medidas das pessoas foi levado a cabo por ordem do Governo dos FAJÃ durante a 1 Guerra Mundial. Em Inglaterra, no princí pio da década de 50, foram medidas 5000 mulheres com alguns resultados inespera dos. As tabelas de tamanhos que existiam baseavam se na altura média, para as mu lheres, de 1,68 m - mas o levantamento revelou que essa altura média era de 1,60 rn. Hoje, nas grandes empresas de vestuá rio um molde feito por um desenhador ser ve de base para um computador produzir uma gama de tamanhos que abranjam as variações normais da população. Pessoas invulgarmente grandes ou pequenas queixam-se de nunca encontrar nada que lhes sirva, e têm razão: economicamente, não fazia sentido para os fabricantes produzi rem o número limitado de peças de vestuá rioOque conseguiriam vender. os moldes passo seguinte é utilizar para cortar o tecido para o vestuário. As peças de tecido são dispostas mecanica mente para que fiquem perfeitamente pia nas. Centenas de camadas são estendidas umas sobre as outras para se poder cortar um grande número de peças de uma só vez. Computadores estudam o plano de corte, isto é, a disposição dos moldes sobre
Moldes por computador. Utilizam se computadores para, a partir de um único desenho, traçar moldes paro todos os ta manhos normais. Cada contorno colori do (à esquerda) representa uma perna de calça de tamanho diferente. Os compu tadores ajudam também a planear, em vi sor, o melhor aproveitamento do tecido (em cima). o tecido, de modo a haver o mínimo de desperdício. 0 desenho em papel desses moldes é colocado sobre as camadas de tecido prontas para o corte.
cortadas. Muitas operações, como a aber tura de casas, são feitas automaticamente. Uma costureira faz, em média, 20 pon tos por minuto — a maquinaria moderna pode chegar aos 7000 no mesmo intervalo nas0 guiadas corte do de tecido cimaéou efectuado por raioslaser por lâmi co de tempo. Certos artigos não são cosidos da forma tradicional, mas colados a calor. mandados por computador. 0 laser, um raio de luz intenso, faz um corte limpo mui As peças de vestuário são então passa to mais rigoroso que o de qualquer lâmina. das a ferro para se lhes dar a forma adequa Em seguida, cosem-se as diversas peças da e se marcarem os vincos ou as pregas. DOIS PROCESSOS DE CORTAR TECIDO
Corte com lâmina. A faca eléctrica de alta velocidade corta camadas de tecidos de três cores para fazer mangas de blusas.
Corle com "laser". Cortadores a laser co mandados por computador produzem cor tes limpos, cujas beiras não desfiam.
Como se obtém água doce do mar O Mundo encontra-se perante uma cres cente escassez de água e, em certas zonas de baixa pluviosidade, o suprimento natu ral de água é insuficiente. Uma das solu ções é a dessalinização, processo pelo qual se retira o sal à água do mar. No século iv a. C, Aristóteles fez notar que, ao ferver-se água salgada, o vapor que se forma não transporta o sal, pelo que, ao condensar-se, se transforma em água doce. A central de dessalinização mais simples é um alambique em que a água é fervida e o vapor condensado. Pode fazer-se um alam bique solar rudimentar colocando uma campânula de vidro sobre uma poça de água salgada. A água é aquecida pelo sol, vaporiza se e depois condensa-se no vidro, escorrendo até se acumular em canais em redor dos bordos. Um alambique destes com de 1 doce m^ deverá ca deuma 4,5 1área de água por dia.produzir cer Para produzir quantidades significativas de água doce, torna-se necessário um sis tema de destilação muito maior. A água é aquecida acima do seu ponto atmosférico de ebulição, mas num recipiente sob pres são, para que não ferva. E depois conduzi da para uma câmara que se encontra a uma pressão inferior, onde parte da água
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DESSALINIZAÇAO POR SISTEMA DE CAMARÁS MÚLTIPLAS
proveniente da central térmica O vapor aquece a água salgada dentro do tubo
Água salgada do mar
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Depósito de água doce
Na primeira câmara, o vapor produzido pela água em ebulição sobe e atravessa um desenevoador que lhe retira todas as goticulas de água salgada. Depois, o vapor condensa-se em contacto com o tubo condensador e pinga para uma tina.
A água do mar, agora ligeiramente mais fria, passa para a segunda câmara, onde a pressáo é menor e onde parte da água se vaporiza instantaneamente, produzindo mais vapor.
O processo repete-se em 10 ou mais câmaras, cada uma delas a pressáo sucessivamente inferior.
A água dessalinizada é bombeada para um depósito e está pronta a ser bebida.
A água do mar pode ser transformada em água potável pelo sistema de dessalinização em câmaras múltiplas, aprooeilando o calor desperdiçado por uma centrai térmica. O sistema baseia-se no princípio de que a água feroe a uma temperatura inferior à normal quando o pressão atmosférica for também inferior à que se verifica ao nível do mar. A água aquecida passa através de uma série de câmaras que se encontram a pressão cada vez menor. A água ferve em cada uma das câmaras, e o vapor condensase em água doce. se transforma instantaneamente em va por. Este é seguidamente condensado por contacto com os tubos adutores da água fria do mar. A água salgada quente que não ferveu na primeira câmara passa para uma segunda câmara também com pressão li geiramente inferior, onde uma nova parte se evapora c condensa. Um sistema de dessalinizacão mais mo
derno, usando o princípio da chamada os mose inversa, é mais rendível que o do des tilação acima descrito. Utiliza membranas de plástico com orifícios minúsculos que deixam passar as moléculas de água, mas não o sal. Estas membranas formam um tubo no interior do qual se introduz água salgada sob pressão. Das paredes exterio res do tubo escorre água doce.
Uma das maiores centrais de osmose inversa no Mundo foi construída no Barém, com uma produção diária de água doce superior a 54 milhões de litros. Em 1988, estavam em laboração mais de 2200 centrais. Mas o custo desta água é elevado, o que significa que a sua produção só se justifica para beber, para a indústria ou para sementeiras de alta rendibilidade.
lixo que se transforma em electricidade e calor Os toneladas Americanos de de deitam detritosfora por 250 ano. milhões Calcula-se que os lixos da América poderiam gerar tanta energia como 100 milhões de tonela das de carvão. Contudo, ria sua maioria, são enterrados e nunca utilizados. Cerca de metade do desperdício do mestiço mundial é papel, enquanto os res tos de cozinha representam um quarto e os plásticos menos de um décimo. Apenas
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um quinto é combustível, mas deste a maior partenão é reciclável. A Europa Ocidental possui mais de 200 centrais de queima de detritos para produ ção de electricidade. A Central de Edinonton, em Londres, que abriu em 1974, quei ma cerca de 400 000 t de desperdícios por ano. A combustão dos lixos aquece água, e o vapor produzido acciona geradores eléctricos. Em 10 anos, a fábrica econo
mizou 1 milhão de ser toneladas de carvão. Os lixos podem queimados nas fá bricas em substituição do carvão ou de fuel, mas têm de ser tratados. Começam por ser peneirados através de uma rede vibratória para separar as partículas orgâ nicas mais pequenas, as quais serão trans formadas cm adubos para a agricultura. A seguir, as componentes mais pesadas do lixo, principalmente melais, têm de ser
retiradas, ficando papéis e têxteis — os PRODUÇÃO DE BIOGAS NA ÍNDIA quais são prensados sob a forma de cilin dros e vendidos como combustível. Até os lixos despejados na terra podem ser utilizados como fonte de combustível. Quando começam a decompor-se, os de tritos libertam metano - idêntico ao gás natural armazenado cm bolsas sob a crus ta terrestre. Uma tonelada de detritos pode 3 produzir cerca de 230 m de metano, que pode ser canalizado com muilo baixo custo e utilizado na produção de calor ou elec No Terceiro Mundo produz-se gás com es Queimadores de gás feitos com argila são tricidade. Há mais de 140 projectos deste (rume e água armazenados em depósitos. ligados a um tubo proveniente do depósito. tipo em laboração em 15 países, economi zando um total de pelo menos 82õ 0001 de carvão por ano. Outras instalações utilizam o gás no pró prio local para gerar electricidade, queimando-o em motores a gás simples. As sim, todo o gás pode ser utilizado, em vez de tentar ajustar-se a sua produção às exi gências variáveis de uma fábrica. No futuro, a produção de gás nos depósi tos de lixo poderá ser aperfeiçoada, "se meando" neles certas estirpes de bactérias. Introduzindo a melhor combinação de bac térias para determinado tipo de detritos, obter-se-ia uma quantidade máxima de gás.
Lixo para queimar.Lixos domésticos são retirados de enormes depósitos em Lon dres para serem queimados numa centro! termoeléctrica.
O gás metano — chamado biogás — é a principal fonte de combustível pura cozinha em zonas rurais da índia, onde se aproveita o estrume dos gados.
aNovos partir bens do lixo A reciclagem dos lixos não só faz sentido do ponto de vista económico, como lam bem é benéfica para o ambiente: reduz a poluição criada pelos detritos ou pela sua queima e economiza recursos valiosos O plástico é uma das substâncias de mais difícil reciclagem, dado apresentar-se sob inúmeras formas. Uma garrafa deketchup feita de plástico, por exemplo, é constituída por seis camadas de plásticos diferentes, cada uma das quais destinada a conferir à garrafa determinadas qualida des — forma, resistência, flexibilidade, ele. E, por enquanto, não existe nenhuma ma neira fácil de transformar uma garrafa ve lha numa nova. Os plásticos só podem ser transforma dos em produtos de qualidade inferior uma garrafa de plástico poderia ser limpa,cortada em pequenos pedaços e usada para encher almofadas ou isolar sacos-camas. Uma mistura de detritos plásticos pode ser reciclada em "paus" plásticos e utilizada em vedações de longa duração. Mas muitos desperdícios de plásticos ain da têm de ser deitados fora, dado o seu baixo valor como material reutilizável. 19
RECICLAGEM DO OURO DOS COMPUTADORES
Reciclagem de latas. Na primeira fase da re ciclagem, us latas são prensadas e enfarda das. Nos EUA, cerca de metade das latas de be bidas, de alumínio, são fundidas. Seis semanas depois, estão de uolta às prateleiras dos su permercados, cheias e com novas etiquetas. Com os melais é diferente. Cada auto móvel que hoje anda na estrada é parcial mente constituído por carros antigos ven didos como sucata e reciclados em novos aços e outros materiais. Quanto mais valioso o metal — como o ouro e a prata -, tanto mais compensado ra se torna a sua reciclagem. No caso do alumínio, vale a pena recicla lo porque a sua extracção da bauxite consome enor mes quantidades de electricidade. Graças principalmente aos programas de recicla gem, a energia utilizada no fabrico rio alu mínio diminuiu de um quarto desde o princípio da década de 70. Nos EUA, vendem-se anualmente mais de 70 000 milhões de bebidas em latas fei tas de alumínio. Cerca de metade é refundi ria depois de usada, e, no espaço de seis semanas, está de volta às prateleiras dos supermercados. Também vale a pena recuperar o vidro. O métorio mais sensato consiste em reuti lizarMuitos as garrafas vezesnormas quanto de possí vel. paísestantas têm hoje de pósitos de vasilhame obrigatórios para le var os consumidores a devolverem as gar rafas às lojas. Quando uma lei destas foi promulgada no estado de Nova Iorque em 1983, calculou-se que em dois anos se teriam poupado 50 milhões de dólares em despe sas de recolha de lixos e cerca de 75 mi lhões em custos de energia. O vidro partido pode igualmente ser re ciclado, e muitos países possuem "vidrões" em que podem ser deitadas as gar rafas usadas. Este sistema de recupera ção do vidro apoia-se na boa vontade das pessoas, c o seu êxito varia grandemente conforme os países. Por exemplo, os Suí ços e os Holandeses recuperam 50% do seu vidro. O vidro deve separar-se confor me as cores, pois o de cores misturadas só serve para fabricar vidro verde, O vidro partido pode ser refundido em fornos
O Ouro impuro é refinado e depois novamente vazado em barras. 120
ejectos. facilmente transformado noutros ob Metade dos lixos do Mundo é papel. Muitos países importam desperdício de papel em vez de pasta para as suas fábricas. Este desperdício é transformado em pasta e em novo papel pelo mesmo processo que a pasta de madeira ou os trapos. O Japão fabrica agora metade do aei\ papel por reciclagem.
chamada reacção em cadeia, que permite que o processo de desintegração do urâ nio, uma vez iniciado, possa prosseguir quase indefinidamente até à exaustão dos átomos cindíveis. A energia da cisão nuclear pode ser li bertada lentamente, de forma controlada, num reactor nuclear e ser utilizada para aquecer água cujo vapor acciona um gera dor que produz electricidade. E este o prin cípio das centrais nucleares.
Electricidade a partir do urânio Uma pequena mancheia de urânio forne ce tanta energia eléctrica como 70 l de car vão ou 390 barris de petróleo. 0 urânio é um dos elementos mais den sos, e cada um dos seus átomos "balouça" à beira da instabilidade. O coração do áto mo-o núcleo — necessita apetias de um minúsculo "empurrão" para que se dê a sua divisão — a chamada cisão ou fissão nuclear. E quando um núcleo se divide, liberta uma enorme quantidade de ener gia. 0 "empurrão" pode ser dado por neutrões, minúsculas partículas muito mono res que o átomo e que, ao colidirem com o núcleo, o levam a dividir-se. No processo da cisão, além dos dois nú cleos formados, cada um com cerca de metade da massa do núcleo inicial, liber tam-se novos neutroes, que podem, por sua vez, provocar a cisão de novos núcleos de urânio, e assim sucessivamente — é a
Elementos de combustível Os elementos de combustível — os com ponentes essenciais do núcleo de um reac tor — sáo constituídos por pequenas pas tilhas de dióxido de urânio carregadas em varelas, agrupadas em feixes verticais sus tentados por uma grelha. Uma vez colocado no reactor, um ele mento de combustível pode aí permane cer até três anos, sem que seja consumido todo o urânio. Contudo, começam a acumular-se subprodutos - gases como o crípton, sólidos como o césio, o estrôncio e o plutónio. Antes de estes se acumula rem demasiado e de a água corroer as vare tas, os elementos de combustível sáo reti rados. O combustível usado é levado para uma instalação especial onde é reproecssado, a fim de ser recuperado o urânio não "queimado" e o plutónio por separação química dos outros produtos residuais. Es tes são altamente radioactivos, não poden do ser dispersos no ambiente, sob pena de envenenamento maciço da biosfera. O plutónio pode ser usado como com bustível em centrais de produção de ener gia, porque, como o urânio, os seus nú cleos podem cindir-se e libertar energia. Mas é também o elemento mais venenoso
Reactor experimental. Elemento de combustível a ser retirado da água no reac tor de alto fluxo para produção de radioisó topos em Ouk Ridge, Tennessee, EUA. É uti lizado na investigação de substâncias artifi ciais que poderão fornecer mais energia que o urânio. conhecido e o componente mais usado no fabrico de bombas nucleares. O urânio ocorre sob diversas formas quimicamente idênticas, mas cujos áto mos possuem núcleos com massas dife rentes. Destas formas diversas, chamadas isótopos, uma é o urânio-235, cujo nome se deve às 235 partículas (protões e neutrões) que compõem o seu núcleo. Ape nas sete de cada 1000 átomos de urânio que ocorrem na Natureza são de U-235, Os restantes sáo quase todos de urânio-238. Quando o U-238 é bombardeado por neutrões, não se cinde com tanla facilida-
Centraide energia nuclear. Este reactor de água pressurizada em Biblis, Alemanha, fornece electricidade às indústrias do vale do Reno. 121
PRODUÇÃO DE ELECTRICIDADE NUM REACTOR DE AGUA PRESSURIZADA
i Os reactores de água pressurizada são os que existem em maior número no Mundo. O reactor é refrigerado a água a alia prés suo, que por isso não ferve apesar de aque cida muito acima de 10O"C. A água passa por um permutador de calor, onde fornece calor a um segundo circuito de água. Neste circuito, a pressão mais baixa, a água ferve, produzindo vapor que vai accionar gerado res que produzem electricidade.
Armazenagem de resíduos nucleares A água pressurizada é aquecida no reactor e provoca a ebulição da água não pressurizada no gerador de vapor
Os resíduos altamente radioactivos são le tais e mantêm-se perigosos durante milha res de anos. Felizmente, o volume de resí duos nucleares de alta actividade é reduzido. Uma central típica que produza 1000 MW de electricidade srcina cerca de 2 m- 1 de resíduos por ano.
de como o U 235, mas pode ser convertido num elemento completamente novo, o plutónio-239, por absorção de um neutrão. Por isso, se um reactor é concebido para utilizar urânio natural, o perigo é ha ver uma absorção exagerada de neutrões pelo U-238 antes de estes atingirem o U-235 e provocarem a reacção em cadeia. Nesse caso, o reactor nunca funcionará. Há duas formas de contornar o proble ma: uma é "enriquecer" o urânio, isto é, aumentar a fracção de U-235 no combustí vel do reactor de 7 para .30-40 átomos em cada 1000. O processo mais usado actual mente para este enriquecimento usa o princípio da centrifugação: o urânio, sob a forma de um composto gasoso, á introdu zido em tambores que giram a altíssima velocidade; o gás junto às paredes acumu la U-238, mais pesado, enquanto o volume central se enriquece em U-235.
é moderar a velocidade dos neutrões. A maioria dos reactores modernos utili za simultaneamente combustível enrique cido e moderadores. Alguns são modera dos por água (que evidentemente contém hidrogénio), enquanto outros são mode rados por carbono sob a forma de grafite o material que constitui o bico dos lápis vulgares. Um tipo importante de reactores, no entanto, não usa moderador, pois são os neutrões rápidos, não moderados, que não só mantêm a reacção em cadeia como transformam com grande eficiência U-238 em plutónio, produzindo de facto mais combustível cindível do que o que gas tam - daí o nome de reprodutores por que são conhecidos. As reacções de cisão no núcleo de um reactor produzem grande quantidade de energia, que tem de ser retirada e transpor tada por um alto fluxo de refrigerante. Se
segunda os forma é aproveitar da me lhorA maneira neutrões disponíveis no interior do reactor, diminuindo-lhes a ve locidade, o que lhes aumenta a probabili dade de provocarem cisões. O processo de desacelerar os neutrões consiste em fazê-los ricochetear em átomos leves de um elemento como o hidrogénio ou o carbono. Os elementos leves actuam co mo "moderadores" a sua função
esle for temperatura do nú cleo podeinsuficiente, elevar-se, adestruindo o reactor. Alguns reactores usam água pura simul taneamente como moderador e refrige rante. A água pesada na qual o hidrogé nio normal é substituído por um isótopo mais pesado, o deulério — é usada cm reactores-reprodulores canadianos, en quanto a França utiliza sódio líquido como refrigerante nos seus reprodutores.
resíduos sãodeguardados emAlguns depósitos de açotratados inoxidável paredes duplas envolvidas por um revestimento de betão com 1 m de espessura. Mas a maior parte é mergulhada em tanques especiais junto às instalações nucleares dentro das próprias varetas usadas e com as suas bai nhas srcinais. Mas esta solução não é váli da a longo prazo. Os lixos armazenados no estado líquido em depósitos de aço geram calor à medida que os átomos radioactivos se desintegram. Para que o líquido não en tre em ebulição, provocando uma fuga ra dioactiva, bombeia-se água fria através de serpentinas no interior dos tanques. Utili zados há 40 anos, estes depósitos consti tuem uma solução provisória. A melhor solução neste momento é fundir os resí duos, formando cilindros de vidro que se rão enterrados a grande profundidade. Uma instalação em Marcoule, na França, utiliza este processo desde 1978. Os lixos radioactivos são secados e reduzidos a um resíduo sólido por aquecimento dentro de um tambor rotativo. São depois misturados com sílica, boro e outros ingredientes utili zados no fabrico de vidro, despejados numa câmara vertical e aquecidos a 1500°G Emerge então do fundo uma cor rente de vidro fundido, que será vazada em recipientes de aço inoxidável. Uma central de 1000 MW produz resíduos que encherão
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Resíduos vitrificados. Os resíduos radio aaiixis de alta actividade podem ser u Uri fi cados e armazenados em contentores de aço inoxidável cujas tampas são soldadas. 15 destes tambores por ano. Depois de o vidro solidificar, as tampas são soldadas. Os contentores são guardados em "po ços" especiais num edifício vizinho em Mar coule. Cada contentor produz 1,5 kW de calor e é refrigerado a ar. Os resíduos estarão seguros enquanto forem controlados, mas seria conveniente e desejável que pudes sem ser guardados em locais que deixas sem de exigir a intervenção do homem. Uma das propostas prevê rodear os con tentores com um invólucro de ferro ou co bre fundido e armazená-los em cavernas subterrâneas, em covas ou valas e cober los com betão ou uma argila, a bentonite, que absorve os materiais radioactivos. Os recipientes devem durar pelo menos 1000 anos antes de serem corroídos e dei xarem escapar radioactividade. Após 500 anos, esta terá baixado para um nível pró ximo do minério de urânio srcinal. Os es pecialistas pensam que, se as cavernas esti verem bem situarias e à profundidade sufi ciente - a diversas centenas de metros demoraria 1 milhão de anos até que algum material conseguisse infiltrar-se até à su perfície, e nessa altura já praticamenle todo o lixo radioactivo se teria desintegra do. As zonas escolhidas para os "despejos" nào deveriam conter minerais valiosos, para que nenhuma civilização futura, ao
Vazamento dos resíduos. Vidro fundido contendo lixos nucleares é vazado de um cadinho de platina para um molde de aço inoxidável a uma temperatura de cerca de 590" C. Depo is de solidificado, o vidro é cotocodo num contentor
Como as marés podem produzir electricidade
No século xviii, a costa da Europa encon trava-se semeada de moinhos de marés, nos quais a água, ao subir, passava por comportas abertas e entrava num reserva tório — a "caldeira". Na preia-mar, as com portas eram fechadas, e a única forma de a água se escoar com a vazante era accio nando urna roda de pás, fornecendo assim força motriz. Em Portugal, no estuário do Tejo, existem ainda vários moinhos de maré, um dos quais, o de Corroios, man dado construir em 1403 por Nuno Alvares Pereira, se mantém em funcionamento. Este princípio foi também utilizado numa central eléctrica construída em França. Construiu-se uma barragem no es tuário do rio Rance, em St. Maio, na Breta nha, com 24 turbinas que podiam funcionar tanto na enchente como na vazante. Quando a maré enche, deixa-se a água subir junto da barragem até haver uma di ferença de 1,5 m enlre a altura da água de extrair esses minerais, viesse a "tropeçar" um lado e do outro. Depois, a eágua passa nos resíduos. As cavernas poderiam ser se pelas turbinas, accionando-as gerando ladas e esquecidas. Os resíduos ficariam electricidade. Quando a maré começa a isolados por detrás de tantas barreiras que descer, as pás das turbinas são invertidas e não seria possível a sua fuga dentro de a água volta a produzir electricidade. qualquer período de tempo significativo. A quantidade de electricidade produzi A dificuldade consiste em encontrar lo da depende da "queda" de água — a dife rença entre os níveis da água a montante e cais cujos habitantes concordem em ar a jusante das turbinas. Quanto maior a mazenar resíduos nucleares.
queda, maior a pressão da água, que assim acciona as turbinas com mais força. Na maré cheia, as comportas são fecha das e bombeia-se água do mar para o es tuário. O nível da água deste fica acima da marca da preia-mar e, quando o mar volta a baixar, a amplitude da maré foi aumenta da. Uma vez descargada a água para o mar através das turbinas, bombeia-se ainda mais água para fora do estuário, tomando o nível deste artificialmente baixo. Quando a maré volta a encher, as pás das turbinas são novamente invertidas, a água entra no estuário e o ciclo reinicia-se. A bombagem consome electricidade, mas a água bombeada gera bastante mais ener gia do que a consumiria pelas bombas. O projecto de La Rance tem tido poucos seguidores, dado o enorme custo da cons tmçáo das barragens e a escassez de locais adequados. A baía de Fundy, na Nova Escó cia, tem a maior amplitude rie marés do Mundo, 18 emdadebaixa-mar. diferença entre os podendo níveis da atingir preia-mar Em 1984, foi construída uma cenlral-piloto numa reentrância dessa baía em Annapolis Royal. Se a energia das marés em toda a extensão ria baia pudesse ser apro veitada, produziria 10 vezes mais electrici dade rio que a capacidade de consumo local.
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Como se obtém electricidade do vento O potencial de utilização do vento para produzir electricidade é enorme. Um estu do recentemente feito para a Comunidade Económica Europeia concluiu que exis tem locais suficientes na Europa para cer ca de 400 000 grandes geradores - o bas tante para suprir o triplo das actuais neces sidades do continente. Os modernos geradores eólicos são muito diferentes dos antigos moinhos de vento. Parecem-se mais com hélices gigan les com duas ou três pás - os rotores — montadas no topo de altas torres de aço ou belão. Os rotores fazem girar um veio que acciona um gerador eléctrico. A dimensão das pás e a altura da torre determinam a quantidade de electricidade que a máquina é capaz de produzir. Em geral, o vento é mais forte à medida que a altura aumenta, e a potência que é obtida é proporcional à área percorrida pelas pás. Se duplicarmos o comprimento destas, a potência quadruplica. Mais importante
ainda, é a velocidade do vento, pois a po tência que se pode obter aumenta com o cubo dessa velocidade - se esta for duas vezes maior, a potência obtida é oito vezes maior. Contudo, os geradores eólicos não precisam de temporais. A maioria das má quinas destina-se a operar a velocidades do vento entre a força 3 e a força 10 da escala de Beaufort — de 20 a um pouco menos de 100 km/h. Acima da força 10, as máquinas fecham-se automaticamente para evitar serem destruídas. Na sua maioria, estas máquinas estão previstas para produzirem uma potência eléctrica quase constante ao longo de toda a sua zona de trabalho, com as pás "fe chando" automaticamente se o vento au menta, de forma a não haver uma acelera ção exagerada. E melhor conseguir-se urna produção uniforme com um largo es pectro de condições do vento do que aproveitarem-se as poucas rajadas verdadeira mente fortes.
Turbinas Darreius. Estas máquinas têm lâminas em forma de arco ligadas a uma hQSte. 0 vento laz rodar todo o conjunto. Os geradores eólicos têm de estar orien tados na direcção correcta, seja directa mente contra o vento, seja directamente a favor. Por esta razão, o rotor está montado sobre uma plataforma giratória comanda da por um motor eléctrico ligado a senso res que determinam a orientação. Este problema da direcção do vento pode ser completamente evitado se as pás
Quinta eólica. Em 1988, a Culifomiu possuiu Ib 000 turbinas eólicas. Esta e uma Quinta eólica perto de S. Francisco.
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COMO AS TURBINAS E OS GERADORES PRODUZEM ENERGIA ELÉCTRICA
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Turbogerador. Um técnico inspec ciona as enormes pás de um dos turbo
geradores de 660 MW numa central termoeléctrica do Yorkshire, na Grã•Bretanha. As turbinas são constituídas por várias rodas de pás, alternadamente fixas e móveis. As pás móveis estão monta das num veio que, ao rodar, acciona um gerador. A posição e a forma das pás fixas é tal que o vapor sob pressão é dirigido para as pás móveis com a máxima força possível. Na extremidade do veio encontra-se um grande magneto, rodeado por uma bobina fixa no interior do gera dor. Ao rodar, o magneto provoca a passagem de uma corrente eléctrica através do fio da bobina.
Outra forma de aproveitar a energia geotérmica. Banhistas diuertem-se na quente lagoa Azul, cujas águas provém da Central Geotérmica de Svartsengi, na Islândia.
Rochas quentes: uma fonte natural de energia
forem montadas num eixo vertical e não horizontal: neste caso, não importa a di recção do vento. Quanto mais nos aproximamos do centro Estas máquinas verticais, denominadas da Terra, mais elevada é a temperatura. turbinas de Darreius, têm outras vanta Reacções nucleares de decomposição de gens. Os pesados geradores que conver materiais radioactivos mantêm a 4000°C o tem a energia do vento em energia eléctri núcleo em fusão. Ê por causa desta energia ca podem ser colocados no solo em vez de geotérmica que a temperatura no fundo no cimo de uma torre. O rotor fica sujeito a de uma mina é alguns graus mais elevada menos esforços do que nos geradores de do que à superfície. eixo horizontal. Um inconveniente é ne Nalguns locais, as rochas quentes encessitarem frequentemente de um impul contram-se bastante perto da superfície, so auxiliar - manual ou eléctrico - para dando srcem a fontes termais, géiseres ou arrancarem. Um dos problemas principais vapor de água que se escapa do solo. Nes do emprego de geradores eólicos é am tes casos, é fácil aproveitá-las para produzir biental. Embora as pessoas gostem da energia eléctrica. ideia desle tipo de energia não poluente, A primeira central eléctrica geotérmica não apreciam ver geradores eólicos semea foi construída em 1904 em Lardcrello, no dos no topo de cada colina. Norte de Itália, onde o vapor se escapava A hipótese de colocar os geradores no do solo a temperaturas entre 140 e 260°C. O vapor foi directamente canalizado para alto mar foi já encarada seriamente. No en tanto, haveria os problemas da fixação e da turbinas que accionam geradores. transmissão da energia para terra. Os habi Na Nova Zelândia, nas Filipinas, na Cali tantes da Fair Isle, ao largo da costa seten fórnia e no México têm sido construídas trional da Escócia, já fazem uso da energia centrais eléctricas em locais onde o calor do vento. Instalaram um pequeno gerador da Terra chega naturalmente à superfície. eólico no princípio dos anos 80, o que di Mas, na maioria dos casos, a energia geo minuiu em mais de três quartos os custos térmica tem de ser captada por perfuração. da electricidade produzida pelos motores Nalguns casos, como, por exemplo, nos a diesel. granitos da Comualha, pode não haver
água presente, apenas rochas quentes, cujo calor só pode ser utilizado se lhes in jectarmos água, recuperando-a à superfí cie sob a forma de vapor — que é então usado para accionar turbinas e gerar elec tricidade. Em Portugal, duas zonas de boas poten cialidades geotérmicas são as ilhas vulcâni cas dos Açores e a região transmontana de Chaves. Nos Açores, a exploração geotérmica iniciou-se em meados da década de 70; uma central no vulcão de Agua de Pau. na ilha de S. Miguel, produz 500 kW de ener gia eléctrica. No campo da lagoa do Fogo, também nesta ilha, foi feito em 1988 um furo com 2 km de profundidade, atingindo temperaturas de 240°C, que se espera ve nha a produzir 3 MW de energia eléctrica. Estudos gravimétricos e magnetotelúricos concluem que este campo terá provável mente capacidade para satisfazer as neces sidades energéticas totais da ilha de S. Mi guel. Na região transmontana de Chaves, es tão em curso estudos do aproveitamento de fontes termais artesianas com tempera turas superiores a 70°C. Pensa-se neste caso prioritariamente na sua utilização para o aquecimento de estufas e instala ções de secagem. Cada vez mais países procuram a ener gia geotérmica como alternativa aos com bustíveis fósseis. Arrancou já uma grande central eléctrica no Novo México, e, perto de Estrasburgo, está em execução um pro jecto conjunto franco-alemão.
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Como os cientistas descobrem a srcem de uma chuva ácida Quando uma chuvada se abateu sobre Pitlochry, na Escócia, em 10 de Abril de 197-1, ela bateu o recorde do Mundo - não de volume, mas de acidez. A chuva que caiu nesse dia era quase sumo de limão e mais ácida do que vinagre. Embora os valores em Pillochry fossem excepcionalmente elevados, em muitas localidades da Europa e América do Norte a chuva que cai é cente nas de vezes mais ácida do que deveria ser. A chuva ácida corrói os edifícios, danifica os solos, mata os peixes nos lagos e contribui
para a destruição de árvores. Nem mesmo o Árctico está livre da poluição atmosférica que srcina as chuvas ácidas. De onde provém esta acidez? Não res tam dúvidas de que a maior parte provém das actividades do homem — dos auto móveis, das fábricas e das centrais termoeléctricas. Sempre houve alguma acidez na água das chuvas devido à actividade nos vulcões, nos pântanos e do plâncton marí timo, mas a acidez tem aumentado abrup tamente nos últimos 200 anos. Mediu-se o
grau de acidez em gelos formados antes da Revolução Industrial e aprisionados nos glaciares e verificou-se que eram apenas moderadamente ácidos, em concordân cia com as suas srcens naturais. A chuva torna-se ácida principalmente devido a dois elementos, o enxofre e o azo to. O enxofre encontra-se no carvão e no petróleo. Ao ser queimado, transforma-se em dióxido de enxofre, que se combina com as gotas de água das nuvens, produ zindo ácido sulfúrico. O azoto, que existe
UMA DAS CAUSAS DAS CHUVAS ACIDAS E DOIS DOS SEUS EFEITOS
A atrofia cio crescimento de um abeto da Floresta Negra revela-se
na variação da espessura dos anéis do tronco. Os exteriores, mais finos, formados nos últimos 20 anos, contrastam com os do centro, regulares e espessos, an teriores às chuvas mais ácidas.
Chaminés altas enviam a poluição para muito longe. 126
As velhas cantarias e outros ar na mentos de pedra são corroí dos pelo ácido criado pelo dióxi do de enxofre libertado por com bustíveis fósseis como o petró leo e o carvão. O gás mistura-se com a água. produzindo ácido sulfúrico.
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Carro solar. Com um painel de células so lares como fonte de energia, oemQuiet atravessou 1984,Achiever cobrindo 4800 km aemAustrália 20 dias
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Aplicação de cal. Na Europa, as florestas são por vezes pulverizadas com cal, a fim de neutralizar a acidez do solo e ajudar o crescimento das árvores. no ar e nos próprios combustíveis, é trans formado, por combustão, em óxido de azoto, reagindo depois com as moléculas da água para formar ácido nítrico.Uma par te destes ácidos cai localmente com as chu vas, mas a restante pode ser transportada a milhares de quilómetros de distância. A partir da década de 50, começaram a construir-se chaminés com 150 m de altura para afastar a poluição das áreas urbanas; no o efeito que tiveram da entanto, com menor densidade, masfoiemespalha maior área. Este facto, aliado ao grande aumento no volume da poluição, especialmente das centrais térmicas, nas últimas décadas, teve como resultado que regiões como a Escan dinávia fossem afectadas pela poluição proveniente de fábricas em países a milha res de quilómetros de distância. Os cientis tas suecos estimam que 70% do enxofre da atmosfera sobre a Suécia provém da quei ma de combustível e que, na maior parte,
tem srcem fora da Suécia, partieularmen te na Europa Oriental. Para descobrirem se parte destas chuvas provinha da Inglaterra, cientistas britânicos colheram amostras de ar por avião e analisaram-nas. Num dos voos, verificou-se que o ar que chegava à costa ocidental da GrãBretanha, transportado pelo ventos domi nantes do Atlântico, continha menos de metade do enxofre e um quarto dos nitratos
A energia que atinge a Terra sob a forma de luz solar é enormíssima mais de 12 000 vezes o consumo mundial de combustí veis. Mas captar e armazenar esta abundante provisão cie energia gratuita é difícil e caro. Embora a energia total seja colossal, a ener gia por unidade de área é bastante baixa pelo que qualquer utilização da radiação solar de potência razoável tem de cobrir uma grande área, o que a encarece. Outro problema é a irregularidade do seu fome
que aoa Inglaterra, longo da costa oriental: ao soprar sobre captara os poluentes que depois transportava para a Escandinávia. Foi mesmo possível marcar as trajectó rias da poluição srcinada cm determina da central térmica, libertando das respecti vas chaminés um produto químico, o hexafluorcto de enxofe. Instrumenlos colo cados a bordo do avião iam medindo o teor daquele composto na atmosfera, de tectando com precisão a posição e evolu ção do "penacho" de gás marcado.
COMO SE MEDE A ACIDEZ Os ácidos corroem gradualmente e des LIQUIDO troem quase tudo o que tocam. São to dos solúveis em água. e a sua concentra Ácido sulfúrico ção é medida pelo seu pH (potência em concentrado hidrogénio). Sumo de limáo A escala de pll vai de I a 14. Um é Chuva extremamente ácido, 7 é neutro e 14é de Pitlochry muito alcalino (o contrário de ácido). Vinagre 0 pH de um líquido é medido por meio de um aparelho especial ou com Chuva papel indicador, como o de tomassol. nas regiões Um ácido forte torna este papel verme industriais lho, um líquido neutro lorna-o verde. Os Chuva normal líquidos altamente alcalinos tornam-no Água destilada púrpura.
COR DO INDICADOR
ÍNDICE DE pH
Vermelho
1,0
Vermelho
2,3
Rosa
3,0
Rosa
3,3
Rosa
4, 3
Laranja
5,0 a 5,6
Verde
7,0
Células fotovoltaicas. Estas células po dem produzir grandes quantidades de energia eléctrica a partir da luz solar. Este modelo, construído nos EUA. usa lentes
para concentrarem a radiação solar nas cé
lulas montadas nos cilindros.
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^ u -^ , ^ ^ ^ 'U %A "S>.-^ V» ' ^ . _^ ' „„ ii 11 n » \T* v >* . _ ^ <*• .w^ ^ ->Espelhos produzem electricidade para 20 000 pessoas. Um vasto círculo de espelhos capta os raios do Sol e reflecte-os para urna torre geradora de energia, com a altura de 20 andares, situada no centro do círculo (à direita). 0 calor produz vapor para gerar electricida de, que é suficiente para satisfazer as necessidades de uma pequena cidade. cimento: dia e noite, céu limpo e encober to, sol alto ou baixo levama enormes varia ções da quantidade de energia disponível, o que complica a sua aplicação na Torra. Os sistemas domésticos de aquecimen to de água à base de energia solar usam colectores (painéis) solares montados nos telhados e voltados para o Sol. Estes são simples caixas com uma cobertura de vi dro ou plástico, dentro das quais uma cha pa de metal pintada de negro absorve a radiação solar e aquece a água que circula. A água aquecida passa para um depósito ter micamente bem isolado. Para obtenção de temperaturas muito superiores à da ebulição da água, a luz do Sol é concentra da por meio de espelhos dispostos em se micírculo que reflectem a luz em direcção a uma "torre geradora de energia" de be tão. A luz concentrada do Sol, ao incidir sobre um receptor no cimo da torre, aque ce um fluido que circula numa canaliza ção. Se esse fluido for água, produz vapor a alta pressão, que é utilizado para accionar geradores de electricidade. Mais interessante que a geração de ener gia eléctrica pela via térmica é a sua gera ção por acção directa da luz solar sobre dispositivos conhecidos pelo nome de cé lulas solares foto voltaicas. Desde 1085, data do lançamento do sa télite americano Vanguard, quase todas as naves espaciais e todos os satélites usam células solares para obter energia eléctrica. As células fotovoltaicas são constituídas por uma delgada lâmina de semicondutor, frequentemente de silício cristalino, com 128
grelhas de contactos eléctricos metálicos que conduzem a dois terminais, um positi vo e o outro negativo. Quando a lâmina é iluminada, a luz cria no semicondutor car gas eléctricas que são colectadas pelas gre lhas, funcionando a célula, do ponto de vista do utilizador, como uma simples2 pi lha. Urn módulo de células com 1 m de área, exposto à luz directa do Sol, produz tipicamente 100 W de energia eléctrica — quase sem manutenção, sem peças que se gastem e, sobretudo, sem poluição. Porque não se usam então células foto voltaicas para produção de energia eléctri ca em larga escala? Basicamente, porque as células são ainda demasiado caras. Embora o silício seja o elemento mais abundante da crusta terrestre depois do oxigénio — é o constituinte básico da areia e da maior parte das rochas — e de baixo preço, a sua purifi cação e o processamento para se transfor mar em células fotovoltaicas sào, pela técni ca actual, demasiado dispendiosos para se rem competitivos. O esforço de investiga ção nos últimos 20 anos levou a uma me lhoria notável das células e a um abai xamento do custo da energia por elas pro duzida de um factor superior a 20; estima-se que um abaixamento, relativamente ao custo actual, de um factor de 2 a 4 seria suficiente para tomar competitiva a energia fotovoltaica para produção de energia para a rede, o que provocaria uma verdadeira revolução, com incalculáveis repercussões em áreas tão diferentes como o efeito de estufa, a chuva ácida ou o preço da gasolina. Entretanto, a energia solar fotovoltaica
tem-se implantado em áreas em que é já competitiva — satélites, estações retransmissoras de telecomunicações em zonas isoladas, electrificação rural e bombea mento de água e pequenas aplicações, como nos relógios de pulso e nas calcula doras. A primeira central—helieléclrica de dimensões significativas com urna pro dução de 1 MW - foi construída perto de Victorville, Califórnia, em 1982.
Como se tiram fotografias de alta velocidade Para "parar" o bater de uma asa de insecto, necessita-se de um tempo de exposição muito menor do que o de uma máquina vulgar: mesmo a 1/1000 de segundo, as asas não passam de uma mancha. São precisas exposições 10 ou 20 vezes mais curtas. Já em 1851 o pioneiro da fotografia Fox Talbot conseguiu fazer uma fotografia de alta velocidade: prendeu um exemplar do jornal The Times a uma roda, fê-la girar rapidamente e conseguiu tirar uma foto grafia nítida iluminando a roda com uma faísca intensa que durou apenas 1/100 000 de segundo. Utilizando uma câmara-escura, o diafragma da máquina pode deixar-se aberto e a película é exposta unicamente enquanto dura a faísca.
Captar em filme a Natureza Os fotógrafos da Natureza conseguem captar a língua rapidíssima do camaleão que apanha um insecto ou acompanhar o crescimento de uma planta. A fotografia a intervalos faz com que uma planta pareça nascer do solo, flores cer e morrer em poucos segundos: fixa-se a máquina fotográfica em posição e programa-se tirar uma série deoufotografias isoladas apara intervalos de minutos de ho ras. A película é depois projectada à veloci dade normal para cinema, de 24 imagens por segundo, apresentando a acção milha res de vezes mais rápida do que é na reali dade. Pode levar semanas para se conse guir apenas uma porção boa de filme no último minuto, e a sequência pode ficar completamente estragada se qualquer coisa obscurecer o objecto a ser filmado. Este tipo de fotografia exige uma prepara ção extremamente cuidada e equipamen to muito fiável. No outro extremo, encontramos a fil
"PARANDO" UM PINGO DE AGUA A fotografia de alia velocidade regista o percurso dos pingos da água caindo so bre a superfície do liquido. Uma sequên cia rápida de flashes conseguiu fotografar o pingo a cair, a tocar a superfície e a mer gulhar, levantando uma coluna de água. A dificuldade consiste em fazer disparar o flasli exactamente quando o objecto es tiver na posição certa. Muitas vezes, a solu ção é fazer o próprio objecto — como a bala que atravessa uma maçã disparar o obturador ou o flash ou ambos, inter rompendo, por exemplo, um fino raio in fravermelho ou de luz focado sobre uma célula de reacção. Pode utilizar-se uma sé rie de flashes avançando o filme nos inter valos. Esta técnica foi iniciada por um ame ricano, Harold Edgerton, nos anos 30. Usando 10flashes por segundo e sobre pondo todas as imagens na mesma pelícu la, conseguiu fotografar o impacte de uma gota de leite caindo numa tigela.
A Natureza ao microscópio. Para foto grafar plantas e animais minúsculos, como este plâncton. acopla-se uma máquina fo tográfica a um microscópio especial. magem de alta velocidade, que afrouxa o desenrolar de uma acção rápida demais para os olhos humanos. As mais rápidas máquinas de filmar actuais fotografam 11 000 imagens por segundo, comparadas com as 24 da projecção normal. O filme passa diante da lente a quase 320 km/h, com a respectiva bobina a fazer 33 000 ro tações por minuto. Se algo corre mal, numa fracção de segundo a máquina fica encravada e o filme inutilizado. Habitualmente, bastam velocidades muito menores: para mostrar os batimen-
AMBIENTE NATURAL EM ESTÚDIO Esta fotografia de uma rã levou menos de um segundo a tirar, mas o cenário do es túdio levou horas a construir. Corno é di fícil fotografar animais no seu habitat, cons troem se cenários que parecem naturais (à direita). A rã é colocada nu pedra (foto grafia inserida) e fotografada. Neste caso, a máquina foi disparada por uma célula fotoeléctrica, activada pela rã quando saltou, o que interrompeu momentânea mente o raio de luz que incidia na objectiva. O produto final é tão natural que é impoSSÍvel descobrir que foi feito em estúdio.
Fotografia subaquática. Um fotógrafo utiliza uma es pécie de periscópio inverti do pura fotografar uma carauela-portuguesa (ú direi ta). Estes animais, que ui vem em águas quentes, possuem tentúculos urticantes que podem atingir os 9 m de comprimento.
Plástico que se autodestrói Uma das vantagens do plástico é não enfer rujar nem se decompor. Mas esta vanta gem pode constituir um problema: copos, sacos e recipientes de plástico atulham o campo o as praias de todo o Mundo e, se não forem recolhidos, continuarão a acumular-se ano após ano. Para ultrapassar este problema, têm sido estudadas diver
tos de asa das aves, dos morcegos e insec tos, são suficientes 500 imagens por se gundo, o mesmo acontecendo para uma rã que salta; mas já são precisas 1000 ima gens por segundo para captar o salto de uma pulga. As maiores velocidades são ne cessárias para acompanhar um pingo de água desintegrando-se sobre uma superfí cie, uma bala a atravessar um vidro ou um
nhos com janelas transparentes que per mitem filmar as suas vidas privadas. Quan do o filme è montado e combinado com filme tirado no exterior, o espectador nun ca se apercebe de que uma parte foi tirada no estúdio. Alguns dos problemas mais difíceis relaeionam-se com a filmagem de formas de vida demasiado pequenas para serem visí
sas consiste formas deemplástico degradável. segre do incorporar-lhe um Oproduto químico atacável pela luz, pelas bactérias ou por substâncias químicas. Os plásticos biodegradáveis podem conseguir-se pela adição de amido: se os plásticos foram enterrados, as bactérias que se alimentam de amido irão decompondo-os gradualmente em fragmentos que desaparecerão sem dano no solo. Os plásticos degradáveis quimicamente podem ser decompostos pulverizando-os com uma solução que provoca a sua disso lução em substâncias inócuas que podem ser despejadas para o esgoto. Uma das utilizações dos plásticos degra dáveis que teve maior êxito foi na cirurgia, onde actualmente as costuras são feitas com plásticos que se dissolvem lentamen te nos fluidos orgânicos. Também os me dicamentos são muitas vezes embalados em cápsulas plásticas que se dissolvem
golfista bater a no bola. Filmaraoanimais estado selvagem é um mundo de problemas. Por vezes, os fotógrafos têm de servir-se de truques. Por exemplo, os filmes que mostram raposas caçando de noite são, na verdade, frequen temente tirados de madrugada ou ao anoi tecer, quando a luz natural é suficiente. 0 filme é depois tratado com filtros que nos dão a ideia de ser muito mais escuro. Por vezes, os animais são fotografados a noite, mas, mesmo com intensificadores de ima gem que os torna mais fáceis de ver, os resultados não são muito bons. Muitos filmes de animais "selvagens" são feitos com animais semiamansados ou mesmo treinados. Alguns fotógrafos cuidam de aves desde o momento em que saem do ovo, e estas passam a segui-los para onde quer que vão. Montando a má quina numa camioneta ou num barco rá pido, conseguem filmar de muito perto as
veis a minúsculos. olho nu, como os insectos seres Estes têm de ou seroutros filma dos através do microscópio, o que reduz muito a luz que impressiona o filme. As sim, é necessária uma iluminação adicio nal, mas há que tomar cuidado para que o calor em excesso não afecte os animais. Outro problema inerente à filmagem destes seres são as vibrações. O mais pe quenino movimento entre a objectiva e o objecto prejudica a focagem. Esta difieuldade é ultrapassada recorrendo a um "banco óptico" - plataforma com a má quina rigidamente fixada numa das extre midades e o objecto da fotografia na outra. Se um camião que passa provoca vibra ções, a câmara e o objecto vibram em unís sono e a focagem não é afectada. Alguns dos filmes mais interessantes conseguem-se utilizando um aparelho que parece um periscópio invertido e que permite filmar, por exemplo, um insecto
lentamente, libertando o medicamento para o sangue a um determinado ritmo. Os plásticos foto de gradáveis contêm substâncias químicas que se desintegram lentamente quando expostas ã luz. Em França, usam-se no campo tiras de plástico fotodegradável com cerca de 1 m de largu ra para reter o calor no solo e produzir co lheitas têmporas. Duram entre um e Ires anos antes de se decomporem e se integra rem no solo. No entanto, só podem ser usados num país com uma insolação re gular, para que se decomponham a um ritmo previsível. Nos EUA, cerca de um quarto das juntas que seguram as lalas de cerveja nas embalagens de seis são feitas de um plástico chamado ecofyte, que é fotodegradável. Mas, para que não se de componham cedo demais, estas embala gens têm de ser armazenadas ao abrigo da luz solar directa, o que pode representar um inconveniente para o retalhista.
aves que voam atrás Muitos animais sãodeles. filmados em estú dio: alguns não podem ser treinados, e não é prático filmá-los na Natureza. Ohabitat de uma truta que desova num riacho de montanha, por exemplo, pode imitar-se num tanque de vidro. Cenas de pequenos animais dando à luz e criando os filhos conseguem-se construindo no estúdio ni
enquanto percorre o chão quando da floresta. O animal pode ser seguido desapa rece por detrás de uma folha ou mergulha na água. O periscópio é suspenso de uma câmara montada sobre carris num cavale te por cima da cabeça do operador para poder ser focada enquanto é rodada, incli nada ou movimentada para trás e para diante.
O plástico degradável outros pro blemas. Por exemplo, nãotem pode ser reci clado porque não há processo de medir facilmente a sua vida residual. A maior desvantagem tem sido o seu custo de produção, mas os cientistas japoneses pensam conseguir um plástico biodegra dável para diversos fins a custo muito mais baixo.
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Como o petróleo deu lugar à "revolução do plástico"
PLÁSTICOS: OS MATERIAIS MAIS VERSÁTEIS Desde que os plásticos foram inventados nos finais do século xix que em lodo o Mundo ocorreu uma revolução de materiais. Hoje em dia, a maioria dos brinquedos e dos artigos de desporto e muitos artigos domésticos contêm pelo menos um material plástico. Uma vez que sáo à prova de água e não se decompõem, os plásticos são ideais para urtigos de exterior, como tubagens de esgotos ou vasos de plantas. Têm também a vantagem de poderem ser moldados praticamente na forma que se quiser, rapidamente e corri pouco custo — a caixa amarela para a viola, as cadeiras, o tabuleiro do gelo e o resistente capacete de protecção são apenas alguns exemplos.
Se retirássemos das nossas casas tudo7 aquilo que contém plástico, que restaria Muitas cozinhas ficariam quase nuas, a maioria das carpetas e tapetes desaparece riam, assim como muitas roupas e, possi velmente, as cortinas. Deixaria com certe za de haver telefone, alta fidelidade e televi são, cartões de crédito, neve artificial e arti culações protésicas.
O termo "plásticos" abrange uma exten sa gama de materiais fabricados pelo ho mem a partir de dois elementos básicos: o carbono e o hidrogénio. Adicionando-seIhes outros elementos ou produtos quími cos, os plásticos adquirem propriedades especiais, como maior rigidez, resistência ao calor, poder deslizante e flexibilidade. Os plásticos são constituídos por molé culas grandes denominadas polímeros, por sua vez formadas por moléculas mais pequenas unidas entre si em cadeias lon gas. Estas enredam-se, dando aos plásticos a sua resistência. Quando a maioria dos plásticos — os
termoplásti cos - são aquecidos a cerca de 200"C, as cadeias mantêm-se intactas, mas separam-se o suficiente para desliza rem umas sobre as outras. Esta característi ca permite que os termoplásticos sejam repetidamente aquecidos e moldados em novas formas. Uma vez arrefecido, o plásti co conserva a nova forma e mantém a sua resistência. Há, contudo, outros plásticos que, uma vez moldados, se mantêm duros e conservam a fornia ainda que reaqueci dos: são os duroplásticos. O processo de ligação das moléculas pe quenas para formação das moléculas gran des, a polimerização, difere de plástico para l >; 1
INDUSTRIA DE BILIÕES O NASCIMENTO DE UMA A moderna indústria dos plásticos nas O celulóide não é uma substância in ceu na América na década de 1860, com teiramente sintética, porque a sua matéum concurso para se encontrar uma ria-prima é a celulose que se encontra bola de bilhar de melhor qualidade. Ofe- nas plantas. Leo Baekeland, químico bel recia-se um prémio de 10 000 dólares ga a trabalhar na América, criou o primei para quem descobrisse um substituto ro material inteiramente sintético em de baixo preço para as bolas de marfim. 1907 combinando fenol (ácido carbóliO vencedor foi John Wesley Hyalt, que co) com o gás formaldeído e produzindo fez uma bola de uma substância a que um plástico a que chamou baquelite. chamou celulóide. Na esteira desta descoberta de Baeke Depressa se descobriram novos usos land, foram inventados muitos outros para o celulóide - armações para ócu plásticos. Mas ele próprio teria ficado ad los, cabos de faca, pára-brisas para os mirado com o desenvolvimento da in primeirosSem automóveis e apelículas gráficas. o celulóide, indústriafoto cine matográfica nunca poderia ter nascido.
dústria, que, uma só nos Estados bruta Unidos, tem actualmente produção supe rior a 100 biliões de dólares.
plástico. Mas envolve frequentemente pressões elevadas e o emprego de agentes especiais, os catalisadores, que fomentam a ligação das moléculas pequenas. Os átomos de carbono e de hidrogénio que constituem a base de todos os plásti cos provêm do petróleo bruto. O petróleo
é constituído por hidrocarbonetos — átomos de carbono e de hidrogénio ligados entre si. Os hidrocarbonetos vão desde moléculas simples como o me tano (gás formado por um átomo de carbono combinado com quatro átomos de hidrogénio) até aos alcatrões e asfal
tos, que podem ter centenas de átomos. No processo da refinação rio petróleo bruto obtêm-se, como subprodutos, mui tos hidrocarbonetos diferentes. Um deles é o etano (dois átomos de carbono e seis de hidrogénio), gás que pode ser convertido num outro, o etileno, e depois polimeriza do para fabricar polietileno. De forma se melhante, o gás propano transforma-se em polipropileno. Estes dois plásticos são usados para fabricar garrafas, tubos e sa cos de plástico. O PVC — cloreto de polivinilo — é qui micamente semelhante ao polietileno, mas um dos átomos de hidrogénio foi substituído por um de cloro. Esta pequena alteração torna o PVC "retardador do fogo", pelo que é mais seguro para usar em casa. Se em vez do átomo de cloro forem usados quatro átomos de flúor, obtém-se o politetrafluoretileno, ou PTFE. Este produ to, conhecido por íefíon, é usado nas frigi deiras não-aderenles e em chumaceiras. Muitos polímeros têm sido fabricados em laboratório, mas só os de propriedades mais úteis, como o poliestireno, o PTFE e o nylon, são produzidos industrialmente.
Como se extrai petróleo do solo Como é que efectivamente se extrai petró leo do fundo do mar ou do solo? Os poços de petróleo são perfurados com brocas de perfuração, que, rodando, vão desintegrando a rocha. A broca de aço, ou de aço com ponta de diamante, é colo cada na extremidade de um forte tubo de aço chamado vara de perfuração, que roda accionaria por uni motor à superfície ou por uma turbina no interior do furo. Os fragmentos áe rocha são trazidos para a superfície pelo retorno da chamada "lama de perfuração", que é injectada pelo interior da vara de perfuração. Não é real mente lama, mas uma combinação de substâncias químicas e água que impele os fragmentos para a superfície e evita o sobreaquecimento da broca por fricção. À medida que o furo se torna mais pro fundo, têm de acreseeniar-se novos seg mentos de vara, em geral com 9 m de com primento. Na extremidade superior da vara fica o kelly, que se ajusta a uma placa giratória no chão da torre de perfuração. Para acrescentar um novo segmento à vara, esta é içada o suficiente para remoção do kelly, o novo segmento é ligado à extre midade superior da vara antes de se repor o kelly — e a perfuração continua.
Fonte dupla. Duas torres de perfuração de petróleo flanqueadas por guindastes. De cada lado, chaminés de descarga quei marn os excessos de gás proveniente do depósito petrolífero submarino.
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Periodicamente, torna-se necessário substituir a broca. Então, a vara tem de ser totalmente içada para o exterior e separada em stands de 27 m (cada um com três seg mentos), que são amimados verticalmen te na torre. Quando finalmente a broca apa
rece e é substituída por uma nova, a vara toma a ser montada e descida pelo poço. O processo pode demorar até 10 horas. Para que os lados do furo não se desmo ronem, este é revestido por pesados tubos de aço que são descidos à medida que a
perfuração prossegue e fixados por betão. 0 revestimento vai-se estreitando gradual mente com a profundidade do poço. Um poço de 4500 m pode ler um tubo de reves timento com um diâmetro de 76 cm à su perfície, diâmetro este que diminui escalonadamente até 18 cm no fundo. Se a broca encontra petróleo, o peso da lama assegura que este não se escape; mas existe um dispositivo de segurança adicio nal, constituído por uma válvula especial fixada no topo do tubo de revestimento. 0 ritmo de perfuração de um poço de pende da natureza da rocha. Pode demo rar tanto como 30 cm/h na rocha imper meável como e compacta abóbada ou ser tão rápido 60 m/hdanos arenitos. Quando se encontra petróleo, é preciso perfurar uma série de poços de produção para o trazer à superfície. No mar e em terrenos difíceis, o primeiro passo é abrir diversos poços destinados a cobrir toda a extensão da jazida. A abertura destes poços pode fazer-se de uma única torre ou plata forma, dirigindo os furos para diversas par tes do campo petrolífero. Num campo mui to vasto terão de usar-se várias torres de perfuração, cada uma delas perfurando direccionalmenie segundo um plano prévio, para que toda a área seja explorada. Depois de perfurados e revestidos os po ços de produção, desce-se por eles um ca nhão de perfuração para impelir cargas ex plosivas até à rocha através da tubagem c cimento do revestimento, a fim de abrir fissuras na rocha e permitir que o petróleo entre nos poços. produto injectando-se é extraído, aágua pres sãoEnquanto pode seromantida ou gás para empurrar o petróleo para os poços de produção. Mais tarde, podem empregar-se bombas eléctricas ou mecâ nicas. Mas, mesmo com o auxílio destas técnicas, raramente é possível extrair mais do que 30 a 50% do petróleo de um campo.
Perfuração por computador. Compu tadores fornecem o traçado de linhas de perfuração altematioas (representadas corno traços coloridos atravessando as di ferentes camadas rochosas) depois de se ter procedido a testes sísmicos.
Como se sabe onde procurar petróleo
Por volta do ano 2020, as reservas de petró leo conhecidas devem estar esgotadas. Da qui ale lá, será necessário encontrar novos campos petrolíferos, provavelmente em lu gares cada vez mais inacessíveis. São preci sas três condições para que se forme uma jazida de petróleo: o tipo certo de rocha sedimentar paraporosa criar opara petróleo; uma cae mada de rocha o armazenar, uma "tampa" de rocha impermeável para o reter. As rochas sedimentares formam-se ao longo de milhões de anos a partir de sedimentos que contêm peixes, conchas, plâncton e plantas. Quando estas matérias orgânicas se decompõem, produzem pe tróleo e gás. Havendo uma camada de ra cha porosa, ela impregna se de petróleo como uma esponja. Uma camada de rocha impermeável sobre o petróleo irá retê-lo, desde que a tampa tenha a forma adequada — idealmente, a de uma abóbada. Para se encontrarem bacias sedimenta res em que poderá ter ocorrido a formação de petróleo, fazem-se frequentemente es tudos de magnetismo e de gravidade. To das as rochas são magnéticas, mas o mag netismo varia ligeiramente de rocha para rocha, dando aos geólogos indicações so bre a estrutura e o tipo das rochas que se encontram sob o densidades solo. Outrasdiversas indicações são dadas pelas das rochas. Na prospecção magnética, recorre-se a um avião que reboca sobre a zona um magnetómetro que mede o campo magnético. As variações do campo mag nético ajudam a construir uma imagem da estrutura do solo sobrevoado. A prospecção gravimétrica baseia se na
Testes sísmicos. ;Vo oasto deserto da Ara bia, prospectores pesquisam petróleo P/O uocam explosões e medem as ondas de choque a fim de elaborarem uma carta das formações rochosas subterrâneas. Podem assim saber se é ou não prouável encontrar -se petróleo num dado local. medição do campo gravítico para inferir conclusões quanto às densidades das ro chas abaixo da superfície. Um aparelho chamado gravírnetro consegue medir va riações da aceleração da gravidade terres tre de uma parte em 100 milhões. Há uma versão deste instrumento, estabilizada por um giroscópio, para fazer leituras no mar. As informações colhidas são processa das em computador e interpretadas por geólogos. Se os resultados forem promete dores, as pesquisas prosseguem agora por meio da prospecção sísmica. Esta envia ao
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solo ondas de choque provocadas por ex plosões ou vibrações à superfície. As on das viajam a velocidades diversas, confor me o tipo de rocha em que se propagam. Quando atingem a interface entre duas ro chas de natureza diferente, as ondas são reflectidas e voltam à superfície, onde são captadas por microfones e registadas. Po dem então usar se computadores para cal cular as posições das camadas de rocha, com base no tempo entre a emissão das ondas e o seu retorno, e desenhar um corte pormenorizado da zona. Mas os geólogos nunca podem ler a cer teza da existência de petróleo em determi nado local, mesmo que os dados obtidos o indiquem. Umatodos das razões prin cipais é que os lençóis petrolíferos podem infiltrar se através de rochas porosas.
A limpez a de um grande derrame de petróleo 0 petróleo é o maior poluente dos ocea nos e estuários da Terra - e os petroleiros gigantes, os maiores culpados. Quase 10 anos depois de o Amoco Cadiz, petroleiro líbio, ter nau fragado ao largo da Breta nha, em Março de 1978, os cientistas revelaram que na queleainda sectornãoda secosta os pei xes reprodu ziam como anteriormente. A solha apresentava órgãos reprodutores anormais c defeituosos, e as ostras en contravam-se contamina das. Em 1989, uma mancha gigante de petróleo no golfo do Príncipe William, no Alasca, contaminou as zo nas de reprodução de focas, leões-marinhos c aves. Derramaram-se 45 milhões de litros de petróleo quando o Exxon Valdez, navio de 216 000 t, encalhou num recife. Ninguém sabe precisamente quanto petróleo é derramado acidentalmente e quanto é lançado deliberadamente ao mar em deslastragens de rotina.
estragos na vida marinha. A desintegração pode ser acelerada regando-se o petróleo com agentes químicos de dispersão, que são, basicamente, detergentes. Mas também estes podem ter efeitos in desejáveis, destruindo os óleos naturais
extremidades do dique são presas a na vios, que o arrastam devagar sobre a água, capturando o petróleo. Um destes navios bombeia o produto, através de uma con duta flutuante, para um navio-lanque pró ximo. Este sistema pode recolher diaria
A contaminação dá-se muitas quando os petroleiros lavam comvezes água do mar os reservatórios vazios depois de uma entrega. Os resíduos que são bombeados para o mar podem ser consideráveis. Se não forem tomadas quaisquer medi das, um derrame de petróleo acaba por se dispersar, desintegrando-se em resíduos inócuos — depois de ter causado enormes
nas penas das capacidade aves marinhas ríiminuindo-lhes a sua de eflutuação. O ideal será circunscrever a mancha de óleo antes que alastre e depois remove la da superfície do mar por meio de bombas. Para esse efeito, coloca-se em volta da mancha um grande dique flutuante de tu bos cheios de ar. Como o petróleo flutua na água, o dique evita que ele alastre. As
mente 15 já 000criados t de mistura Foram diversospetróleo outros água. siste mas e dispositivos para aspirar o petróleo depois de circunscrito, entre os quais as escumadeiras de absorção e as escumadeiras de barragem. As escumadeiras de absorção empre gam cilindros, correias ou esfregões, com as superfícies tratadas por compostos quí-
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Costa contaminada. As praias negras da Bretanha (em cimo) depois de o petroleiro líbio Amo co Cadiz ler naufragado, em 1!)78. Um enorme dique pneu mático flutuante (à esquerda! foi utilizado para tentar represar a mancha de petróleo ao largo. As operações de limpeza junto à costa são frequentemente exe cutadas por uoluntários usando simplesmente pás e baldes
Os problemas tinham começado em Novembro de 1961, quando o gás do poço irrompera, ejectando a vara de perfuração. O gás saía para o ar em quantidades que teriam chegado para satisfazer as necessi dades energéticas de uma cidade como Paris. Ainda náo havia chamas - unica mente um fortíssimo jacto de gás. Mas a ameaça que pairava no espírito de todos os observadores era que bastaria uma sim ples faísca para fazer eclodir um inferno. Os franceses proprietários do poço pe diram ao "bombeiro" número um dos po ços de petróleo e dos campos de gás, o texano Red Adair, que acorresse à emer
micos sintéticos aos quais o petróleo adere e a água não. O cilindro ou a correia rodam sobre a mancha, apanhando o petróleo da superfície do mar. Uma lâmina semelhan te a um limpa-pára-brisas vai raspando
continuamente o petróleo, limpando a
correia ou cilindro para dentro de um con tentor.
As escumadeiras de barragem colocam um dique um pouco abaixo da superfície, de modo que o petróleo passa sobre ele. O nível do outro lado é mantido um pouco abaixo por bombagem; o petróleo assim escumado vai sendo transferido para um reservatório. A forma mais simplificada deste proces so utiliza tambores de óleo sem tampa, las trados com pedras e colocados em água tão pouco profunda que os bordos eslão imediatamente abaixo da superfície. O pe tróleo flutuante entra nos tambores e pode ser bombeado para o exterior. Os derrames em terra ou o petróleo que o mar lançou à costa sáo difíceis de limpar. Às vezes, emprega-se maquinaria de re moção de terras ou cavam-se valas de dre nagem. Palha, serradura ou turfa podem ser utilizadas para a limpeza final.
gência mandou Ocupadoimediatamente com um fogodois no México, Adair dos seus assistentes principais para o campo petrolífero de Gassi Touil, no deserto, a sueste de Argel, a capital argelina. Durante sete dias, a equipa de Adair bombeou lama para dentro do poço para tentar bloquear o gás que saía Até que, ao meio-dia de 13 de Novembro, se deu uma violenta explosão e a coluna de gás, até então quase invisível, se incendiou. A ori gem esteve provavelmente numa faísca de electricidade estática criada pela areia que era constantemente ejectada. O trabalho agora era para o próprio Red Adair. Com 47 anos, havia 24 que combatia fogos desta natureza. Ao chegar ao local, apercebeu-se de que o fogo, se náo fosse dominado, poderia arder sem cessar du rante 100 anos. Para o apagar — "matá-lo", na gíria dos campos petrolíferos —, tinha de o privar de oxigénio, para o que detonaria junto à cha ma uma poderosa carga explosiva. Levou cinco meses a juntar todo o equi pamento de que precisava, a transportá-lo pelo ar para a Argélia e daí para o deserto. Só em Abril de 1962 ele e a sua equipa se consideraram prontos para iniciar o traba lho. A população inicial de 30 homens do campo crescera para se transformar num acampamento de 500 pessoas. Diaria mente, chegavam camiões com bulido zers, bombas e secções de tubagem. 0 Isqueiro do Diabo - como foi apelidado Nessa época, a Argélia encontrava-se o fogo no poço de petróleo — ardia há em plena guerra para se tornar indepen quase seis meses nas areias do interior do dente da França. Além de contratar um in Sara. térprete francês, Adair rodeou se também Revoluteando e torcendo-se, as chamas de guardas armados de metralhadora para vermelho-aJaranjadas elevavam-se a 140 m o protegerem e aos seus homens. Mas a de altura, fazendo um penacho a que os tarefa que linha em mãos era a sua preo ventos do deserto davam as mais fantásti cupação principal. cas formas. O penacho era visível a mais de Antes de mais, precisava de água, que 150 km no céu da Argélia Central, e foi visto obteve por meio de furos, criando um re do espaço pelo astronauta americano servatório que podia ser utilizado para re John Glenn quando orbitava a Terra, em gar as chamas sempre que necessário. De Fevereiro de 1962. pois, a torre de perfuração de sete andares - que o fogo reduzira a 600 t de aço torci O gás irrompia de um tubo de 33 cm de do — foi retirada do local, arrastada por diâmetro com uma velocidade superior à uma enorme grua arrefecida a água e por do som, tão rapidamente, na verdade, que um "ancinho" gigantesco. as chamas só começavam a quase 10 m de altura. O ruído era um trovejar incessante. O O passo seguinte - montar e detonar o solo do deserto tremia e a areia crepitava. explosivo — era muito mais complicado e
Como se apaga um fogo num poço de petróleo
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perigoso. A única maneira de trabalhar com um mínimo de segurança era debai xo de toneladas de água jorrando inces santemente de oito grandes agulhetas. Pouco depois das 8 horas de uma ma nhã de sábado, Adair - envergando um fato-macaco vermelho, capacete de segu rança também vermelho e botas de borra cha vermelhas — estava pronto. Tinha pre parado um tractor de lagartas com uma lança de 15 m a cuja extremidade estava soldado um tambor de ferro preto envolvi do em alumínio e amianto. Observado por uma multidão de traba lhadores do campo petrolífero, de bom beiros, de polícias e de enfermeiros - e com dois helicópteros em alerta para leva rem alguém ao hospital se algo corresse mal —, começou a carregar o tambor com 250 kg de dinamite. Ligou depois os deto nadores e o fio eléctrico ao tambor. O fio conduzia a uma trincheira a 180 m do fogo, de onde seria provocada a explosão. O sol estava já ardente quando, pelas 9 horas, Adair e o seu assistente subiram para o tractor. Adair tomou os comandos e a máquina avançou como um monstro pré-histórico de longo pescoço, entrando debaixo do chuveiro das oito agulhetas.
O Isqueiro do Diabo Quando o tractor se aproximou do fogo, o assistente saltou para o chão e guiou Adair fazendo sinais com as mãos. Lentamente, a lança conduziu o tambor de explosivo até uns centímetros do ponto onde a colu na de gás se transformava em chama. Depois, o assistente correu a abrigar-se na trincheira. Adair saltou do tractor e cor reu atrás dele. Assim que os dois chegaram à trincheira, o assistente carregou no con tador - e o rugido do fogo foi afogado pelo som de um poderoso "brrrrum". Um espesso fumo negro cobriu a cena. O trovejar do fogo foi substituído por um ruído agudo e sibilante do gás que se esca pava. O Isqueiro do Diabo fora apagado. A seguir, veio a tarefa de tapar o poço com um bloco de aço com 3 m de altura e o peso de 8 t, chamado cabeça de controle. Mas Adair decidiu esperar até à segunda-feira seguinte. Primeiro, havia uma série de pequenos fogos dispersos em volta da boca do poço que tinham de ser apaga dos; depois, era preciso ter a certeza de que o tubo do poço estava intacto. Com todos os fogos extintos e o poço arrefecido por um dilúvio constante de água, Adair sentiu-se aliviado ao verificar que o tubo estava intacto. Por isso, na segunda-feira, de manhã cedo, preparou se para corta lo e aplicar-lhe a cabeça de controle contra a fortíssima pressão ascendente do gás. Durante os dois dias seguintes, Adair e a sua equipa trabalharam numa nuvem de gás altamente explosivo que em qual quer momento se podia incendiar e quei ma los vivos. Usando um cabo de aço 136
RED ADAIR: O HOMEM E A LENDA
0 primeiro trabalho de Paul Neal Adair — alcunhado de Red (ver melho, ruivo) devido à cor flame jante do seu cabelo — foi servir de fogueiro na forja do pai, ferrei ro de Houston, no Texas. Em 1938, aos 23 anos, trabalhava como operá rio num poço de petróleo quando uma válvula re bentou e ele foi atirado a 15 m. Enquanto todos corriam a abrigar-se, Red — embora magoado e abalado — repôs calma mente a válvula em posição A sua coragem foi notada pelo pioneiro nos combates aos fogos de petróleo Myron Kinley, que pediu ao jovem Adair que o ajudasse num acidente em Alice, Texas. Os dois homens tra balharam juntos até os Estados Unidos entrarem na II Guerra Mundial, em 1941. Adair, que prestou serviço no Pacífico, tor nou-se especialista em desacti var bombas, mas voltou a tra balhar com Kinley desde o fim da guerra até 1959, Neste ano, criou a sua própria empresa, a Companhia Red Adair de Controle de Fogos e Explosões em Poços de desfiado com 3000 m de comprimento, cortaram a parle do tubo que saía do solo. Para apagar quaisquer faíscas, a zona de trabalho era continuamente inundada de água. Em seguida, a grande cabeça de controle — um complicado conjunto de válvulas, flanges e tornei ras - foi levada para o local. Uma vez colocada, a grande cabeça iria desviar o jacto de gás da área de perigo para um tubo transversal com 365 m de comprimento. Este seria aceso nas extre midades e o poço ficaria sob controle. Devido ao perigo que a utilização de uma grua poderia representar - pois po dia fazer faíscas enquanto trabalhava —, foi um grupo de 20 operários que içou a cabeça com cordas e a colocou sobre o poço. Enquanto a cabeça estava a ser descida, solina caía sobre condensada os operários do gás uma e que chuva se espa de ga lhava num círculo a partir do poço. Adair e a sua equipa entraram em acção c coloca ram os rebites com martelos de latão (me nos propensos que os de aço a fazer faís cas). Lançou-se então fogo ao gás que saía das duas extremidades do tubo transversal e o maior incêndio que até então lavrara num campo petrolífero foi abafado.
Petróleo, com a divisa: 'A todas as horas, em todo o Mundo." Três anos depois, o êxito em Gassi Touil foi notícia no Mundo inteiro e a sua fama cresceu rapidamente. Mas alguns dos feitos mais dramá ticos de Adair estavam ainda para chegar, pois ele apagou fo, gos desde o golfo do México . até ao mar do Norte. Multimilionário e avó, Red Adair trabalha a partir de um escritório em Houston, que — como o seu automóvel e o seu barco a motor — é encarnado como um carro de bombeiros. Nos seus cinquen ta e tal anos de combate ao fogo, lidou com mais de 1000 incêndios e explosões em po ços de petróleo. "1 lá duas coisas de que real mente gosto no meu trabalho", disse uma vez numa entrevista. "Nunca saber para onde vou quan do toca o telefone — e não ser inco modado por angariadores de segu ros de vida!"
Bombeiro dos poços de petró leo. Red Adair, em 1968. Nunca dei xou de apagar um fogo — alguns em seis meses, outros em segundos. Piper Alpha: bola de fogo assassina Em 6 de Julho de 1988, a plataforma petrolí fera Piper Alpha, a 190 km ao largo da costa escocesa, no mar do Norte, sofreu o maior desastre da história do petróleo. Duas imensas explosões envolveram a platafor ma numa bola de fogo, matando 167 ho mens. Depois de recolhidos os 63 sobrevi ventes, as atenções centraram-se na extin ção do fogo nos cinco poços em chamas. A plataforma retorcida estava coberta de petróleo escorregadio e de destroços, al guns com mais de 20 t. Antes de se tentar extinguir qualquer dos poços, havia que retirar os destroços — mas a plataforma atingia uma temperatura muito acima dos 1000tJC e estava inclinada a 45°. Havia o perigo de se desmoronar completamente e de os poços incendiados explodirem. Red Adair chegou da América de avião. Felizmente, encontrava-se perto da plata forma o Tharos, navio de emergência de 30 000 I, equipado com aparelhagem de combate aos fogos. Desenhado por Adair, o navio tinha uma tripulação de 135 ho mens, três gruas, um sino de mergulho e uma câmara de descompressão, uma lan ça telescópica e 16 canhões de água. Alguns destes foram usados para criar uma cortina de água para proteger oTha-
ros, que se deteve a 25 m da plataforma. Os restantes foram apontados aos fogos. A lança do Tharos é um braço mecânico telescópico que pode ser movimentado para baixo e para cima ou para os lados, podendo estender-se quase 20 m para fora do barco. A grua principal levantava os des troços da plataforma. Enquanto a plataforma era limpa, os ca nhões regavam-na com milhões de litros de água do mar, e os fogos acabaram por extinguir-se. Mas as bocas dos poços conti nuavam a jorrar petróleo. Assim que a plataforma arrefeceu o sufi ciente, bombeou-se água do mar para dentro dos poços, sob pressão muito ele vada, sustendo-se assim a saída do petró leo. Imediatamente se injectou betão em cada poço, vcdando-os definitivamente. Red Adair e a sua equipa limparam todos os destroços e dominaram os fogos dos poços em apenas 36 dias. Cada fogo em poços de petróleo tem problemas próprios, mas os processos de o extinguir são basicamente os mes mos. 0 mais simples é impedir se o fluxo de petróleo ou de gás pelo fecho das válvu las. Mas depois de uma explosão, estas vál
vulas ficam frequentemente inutilizadas. Depois de uma explosão na plataforma Ekofisk em 1977, o petróleo jorrou de um dos poços com uma enorme pressão e a uma temperatura de quase 100°. A força do jacto de petróleo era demasiada para ser dominada pela bombagem de água do mar. Red Adair tentou utilizar dois maca cos hidráulicos para comprimir dois semidiscos para cobrir o topo do poço, mas ajustá-los nessas condições não era fácil. Uma simples faísca e o petróleo incendiar-se-ia. Após cinco tentativas, tiveram êxito. Outro processo consiste em perfurar poços de diversão para desviar o petróleo de um poço ou de um tubo, reduzindo-se assim o volume e a pressão no poço princi pal. Esta medida fora já prevista para o caso de o plano inicial para dominar a explosão da Pi per Alpha ter falhado: o aparelho de perfuração semi-submersível Kingsnorth começara já a perfurar outro poço até uma profundidade de 2600 m abaixo do fundo do mar. A ideia era vedar o poço com ci mento a partir do fundo para impedir o fluxo do petróleo, mas tal não chegou a ser necessário. A equipa de Red Adair conse guiu tapar todos os poços.
Homem de acção. Red Adair. nesta foto grafia, dirige as operações para dominar uma fuga de metano perto de Franenthal, Alemanha, em 1980.
Inferno no mar do Norte. O desastre na plataforma petrolífera Piper Alpha em 1988 foi o mais grave de sempre, corri 167 mortos. Canhões de água (pormenor em cima, à esquerda) regaram os fogos que deflagraram após duas explosões que abalaram a plataforma. 137
Como se mede uma montanha? Em 1749, o 'levantamento topográfico da índia" feito pelos Ingleses identificou um pico muito elevado nas montanhas dos Hi malaias. Foi designado por Pico XV, mas só em 1849 outra missão topográfica decidiu medir a sua altitude. Quando o levanta mento terminou, em 1852, confirmou-se que o Pico XV era o mais alto do Mundo. Foram sugeridos diversos nomes para este pico, incluindo Devadhunga (Trono dos Deuses) e Guarishankar (A Esplendo rosa Noiva Branca de Xiva). Mas o nome aprovado foi o sugerido por Andrew Waugh, topógrafo-geral da índia, que achou que o monte devia ter o nome do seu antecessor. Sir George Everesl. Para calcular a altitude do Evereste, empregaram-se os métodos clássicos de to pografia. No solo e a uma altitude conheci da, mediu-se uma linha de base com vários quilómetros O cume da montanha era vi sível dos dois extremos dessa linha, e fizeram-se leituras para o cume com tcodoli los - aparelhos que medem ângulos. Conhecendo-se dois ângulos e o com primento de um dos lados de um triângu lo, podem calcular-se os comprimentos dos outros lados - obtendo-se a distância da linha de base ao cume. Cálculos subse quentes dáo-nos então a altura (v. diagra ma). Os topógrafos mediram o Evereste a partir de seis pontos diferentes — o que produziu números 990 edava 29 026 pésseis (8836 e 8847entre m). A28média exactamente 29 000 pés (8839 m), mas, dado que esta medida parecia tratar se de uma aproximação, somaram-lhe 2 pés (0,6 m) e emitiram a sua opinião abaliza da: 29 002 pés, ou sejam 8840 m.
A posição do Evereste como a monta nha mais alta do Mundo náo foi posta em causa até 1986, quando George WallerStein, da Universidade de Washington, uti lizando um método diferente, afirmou que uma outra montanha dos Himalaias, a K-2, poderia ter mais 11 m do que o Evereste. Esta afirmação era tão perturbadora que uma expedição italiana que se encon trava nos Himalaias em 1987 decidiu verifi cá-la. Colocaram-se receptores nas encos tas do Evereste e do K-2 e empregaram-se sinais de Navstar (navegação electrónica por estrelas) para determinar as respecti vas alturas e posições Esta medição era decisiva, pois as discrepâncias nas altitu des das montanhas devem-se habitual mente a erros na altitude da linha de base sobre que se fundamentam os cálculos. A equipa do geólogo Ardito Desio calculou então as alturas das duas montanhas utili zando teodolitos colocados nos locais em que se encontravam os receptores. A sua conclusão foi de que a altitude do Evereste era de 8872 m, 256 ui superior à do K-2.
Obrigando o mar a devolver os seus tesouros
No fundo do Atlântico, a 4 km de profundi dade, o l)r. Robert Bailará viu à sua frente o vulto do navio de passageirosTitanic. Ele e a restante tripulação do mini-submarino Aloin foram os primeiros homens a pôr a vista no gigante dos mares desde que esle foi afundado por um icebergue há quase 75 anos. "Mesmo à nossa frente, erguia-se do fundo uma chapa de aço negro, aparente mente interminável — o casco maciço do Tita nic", escreveu. De um segundo mer gulho — um dos nove efectuados pelo Aloin O que faz o topógrafo. Mede se urna tinha de base entre dois pontos (A Bj à mesma altitude O topógrafo coloca-se em Julho de 1986 - oDr. Ballard recorda: "Ali es em A e aponta o teodolito, primeiro para o cume C, depois tava eu no fundo do para B, obtendo o ângulo x. Faz o mesmo a partir de B para oceano, olhando objec obter o ângulo y. Calcula então a distância ao ponto D, na tos que eu reconhecia, perpendicular do cume e à altitude da linha de base. Ainda criados e construídos em B, determina o ângulo z com um instrumento de nível, pelo homem para um Com a distância BD e sabendo que o triângulo BCD é rec outro mundo. Olhava tângulo, calcula o comprimento de h, que soma â altitude através de janelas pelas da linha de base para obter a altitude total da montanha. 138
Apetrechos de um archeiro. Cinco dus 4000 setas recuperadas do Mary Rose 01contrauam-se num suporte de cabedal ao lado de uma braçadeira e de uma bainha de cabedal. quais já tinham olhado pessoas, para decks ao longo dos quais elas tinham pas seado, para quartos onde tinham dormi do, brincado, amado. Era como descer na superfície de Marte apenas para encontrar os restos de uma antiga civilização seme lhante à nossa." O Titanic afundou se a cerca de 720 km ao sul da Terra Nova no dia 15 de Abril de 1912. Das 2200 pessoas a bordo salvaram-se apenas 705. Era a viagem inaugural do navio. Mas só em 1 de Setembro de 1985 — graças às moder nas tecnologias o barco foi localizado por uma expedição conjunta franco-americana, encabeçada pelo Dr. Ballard.
Artigos pessoais. Um conjunto de muni cura, um sapato, pentes e outros objectos indicam a presença de uma mulher.
Estojo de cirurgião-barbeiro. Encontra rum se. uma tigela de sangria e uma serin ga, um almofariz, um frasco de remédios e caixas - para uso de um cirurgião.
O "Mary Rose".Esta reconstituição artísti ca mostra o Mary Roseantes de se virar, em 1545. 0 orgulho da frota naval de He.nri que VIII tinha 40 m de comprimento. 91 ca nhões e 415 tripulantes.
Tempo de lazer. Sobre um tabuleiro de jogos de madeira vêem-se uma capa cie ti vro, uma bolsa de couro, uma flauta, moe das de troca e marcas de jogo. dois dados e o esporão de um galo de combate.
0 primeiro passopara se encontrar um navio naufragado perdido implica buscas meticulosas nos arquivos históricos, por forma a determinar com o possível rigor onde é que o navio se afundou - o que, por vezes, 6 bastante simples.
amarras e rolaram, atravessando o convés, fazendo mais peso a estibordo. O Mary
Rose,denavio 0 Mary VIII almirante do rei em Henrique Inglaterra, afundou-se 1545 no Solenl com um mar relativamente
calmo - à vista de centenas de pessoas
em terra, incluindo o próprio rei. Quando se fazia de vela com uma frota de mais Sfl navios para enfrentar uma es quadra invasora francesa, adernou com o vento e a água entrou pelas janelas de tiro de estibordo. Os canhões partiram as
Canhão de bronze. Este. canhão fazia par te da artilharia de reforço do Mary Rose. 0 peso extra deve ter contribuído pura que o barco se virasse.
Rose virou-se, 650mas homens. sua posição eraafogando conhecida, depois A foi perdida ou esquecida. L só mais de 400 anos depois o navio pôde ser levantado. Um dos achados mais ricos foi o de uma flolilha de 10 barcos espanhóis ao largo da Florida. Estes barcos partiram de Havana, Cuba, de regresso à pátria, carregados de ouro, esmeraldas, pérolas e 2300 arcas de moedas acabadas de cunhar na Cidade do 139
Tesouro espanhol. Uma arca contendo moedas de prata fazia parte do tesouro des coberto perto dos destroços de um galeão espanhol afundado em 1622 ao largo da costa da Florida. México — tesouro que valeria pelo menos 50 milhões de dólares ao valor actual. Os navios foram apanhados por um tufão e afundaram-se a sul de Cabo Canaveral. Na década de 50, Kip Wagner, "caçador de tesouros" nas praias, encontrou algu mas moedas de prata na baía de Sebastian, 64 km a sul de Cabo Canaveral. Investigan do a sua srcem, leu algo acerca da esqua dra e convenceu-se de que tinha encontra do parte do seu tesouro. Mandou uma moeda para a Smithsonian Institution em Washington, mas disseram-lhe que ela não podia pertencer àquela flotilha, que se tinha afundado 240 km mais a sul. Não convencido, Wagner e um amigo, o Dr. Kip Kelso, continuaram a investigar por sua conta e descobriram que Bernard Romans, cartógrafo inglês, descrevera em 1775 o local onde a frota se afundara e che gara a desenhar um mapa. Equipado com um detector de minas comprado em se
gunda mão, Wagner fez buscas nas praias próximas da zona descrita — e encontrou um enorme tesouro de objectos valiosos, incluindo urna corrente de ouro com pin gente, leiloada por 50 000 dólares, e um anel de brilhantes que valia 20 000. Wagner fez-se ao mar e começou a mer gulhar para encontrar os despojos. O te souro que acabou por recolher valeu mais de 5 milhões de dólares. O emprego do detector de minas por Wagner foi o começo da aplicação das mo dernas tecnologias à busca de barcos nau fragados. Em 1970, o inglês Rex Cowan decidiu procurar o Hollandia. que fizera a rota das Índias Orientais I lolandesas e se perdera ao largo das ilhas Scilly em 1743. Sabia, por relatos da época, a posição aproximada do naufrágio, mas os mergu lhadores não encontravam quaisquer ves tígios. Cowan usou então um magnetometro — aparelho que se reboca de um barco e que detecta alterações do campo magnético provocadas por objectos de fer ro, como canhões. Depois de, durante meses, ter percorri do a zona provável em todas as direcções, Cowan e a sua equipa tiveram finalmente uma indicação alguns dias apenas antes de terminar a estação de mergulho, no mês de Setembro, depois do qual as condições meteorológicas são geralmente desfavorá veis. Mergulharam, nada encontraram, mas voltaram no dia seguinte - e desco briram canhões com o monograma da de pendência em Amsterdão da Companhia Holandesa das índias Orientais. No dia se guinte, descobriram uma colher de prata com o brasão de uma família holandesa, a
dos Imhoff Bentinck, um de cujos mem bros se sabia ter estado a bordo do Hollan dia, confirmando a respectiva srcem. Fo ram ainda encontradas mais de 35 000 moedas de prata com o valor de cerca de I milhão de libras. Os magnetómetros revelaram-se, po rém, infrutíferos na descoberta do Mary Rose. Embora este tivesse naufragado a poucas centenas de metros da costa, esta va coberto de lodo e areia quando se inicia ram as buscas. A solução veio de outro invento moder no—o sonar. Criado para a guena subma rina, o sonar emite sinais sonoros e regista os ecos reflectidos por objectos sólidos. Um tipo de sonar que detecta objectos afundados no lodo ou na areia produziu sinais que poderiam indicar a presença de uma elevação no fundo do mar — e algo de sólido no seu interior. Três anos depois, as marés tinham retirado parte dos sedi mentos do lado de bombordo do navio afundado e podiam verse algumas madei ras. Começou então a histórica recupera çáo — uma "cápsula do tempo" da vida a bordo de um navio de guerra do século xvi. Mas a redescoberta do Titanic deve considerar-se o mais notável achado do mar alto. Encontra-se a uma profundidade ex cessiva para mergulhadores, e descobri lo na imensidade do Atlântico Norte com apenas uma ideia vaga da sua localização exigia capacidades especiais. A equipa conjunta franco-americana utilizou um aparelho de sonar para grandes profundi dades para esquadrinhar o fundo do mar e encontrar o navio naufragado — e uma máquina fotográfica submarina de co mando remoto para colher as primeiras imagens. Um ano depois, de bordo do submarino Alvin, para três tripulantes, o Dr. Ballard, geólogo oceanográfico do Ins tituto Oceanográfico de Woods Hole, no Massachusetts, via o barco com os seus próprios olhos. O submarino pousou na proa e na ponte. Uma câmara-robô sub marina de controle remoto, a Jason Júnior. desceu a Grande Escadaria, fotografando lustres ainda pendurados, relógios, pratas e os interiores dos camarotes.
Como funciona o escafandro autónomo? Imagens de sonar de um navio naufragado no Árctico. O navio Breadalbaneperdeu-se em 1853 na Passagem do Noroeste, no Canadá, quando procurava sobreviventes da expedi ção Franklin. Foi detectado em 1980 com o auxílio de rastreio por sonar. As imagens mostra ram o navio, a 104 m de profundidade sob o gelo. com as velas ainda nos mastros. I In
Desde o século xix que os cientistas vi nham tentando inventar um aparelho de respiração eficaz e autónomo para os mer gulhadores. Em 1943, Jacques Yves Cousteau e Emile Gagnan aperfeiçoaram o es cafandro autónomo, inventado em 1865 por Roquayrol e Denayrouse. Cousteau
utilizou este escafandro para descer até 60 m de profundidade. Os pulmões humanos não são suíicien temente poderosos para se expandirem contra a pressão da água abaixo de cerca de 45 cm. A pressão aumenta rapidamente com a profundidade, e a 10 m atinge já 2 2 atmosferas - cerca de 2 kg/cm . Para respirar debaixo de água, o mergu lhador tem de receber ar à mesma pressão que a da água que o rodeia. No escafandro autónomo, o ar está armazenado a alta pressão - alé 200 atmosferas — em cilin dros atados às costas do mergulhador e ligados à boca por um tubo e um bocal. O ar chega ao mergulhador através de um regulador de dois andares. No primeiro, a pressão é reduzida a cerca de 10 atmosfe ras acima da da água envolvente. O segun do, no bocal, fornece ao mergulhador ar à mesma pressão que a da água que o rodeia. Uma membrana elástica no bocal está em contacto com água num dos lados e com uma câmara-de-ar no outro. Quando o mergulhador inspira, a membrana é puxa da para dentro e empurra uma alavanca na câmara; esta alavanca faz abrir uma válvula que deixa entrar o ar do tubo, o qual diminui de pressão quando entra. Quando o mergulhador pára de inspi rar, o ar que entra na câmara empurra a membrana elástica, fechando a válvula e cortando o fluxo de ar. Mesmo quando o mergulhador não esla a inspirar, um aumento da pressão da água quando ele mergulha empurra a membrana para diante, a fim de abrir a válvula e deixar penetrar o ar do tubo. Por isso, o ar na câmara do bocal está sempre à mesma pressão que a da água envolvente.
Respirar debaixo de água. O ar que esta mergu lhadora respira do cilindro do seu escafandro aula no mo está regulado para igualar a pressão da água sobre o seu corpo. Quando ela inspira, uma membra na elástica no bocal cria uma depressão na câma ra, abrindo uma válvula e deixando entrar o ar. Este baixa de pressão para igualar a que a água exerce sobre a face exterior da membrana. Quando ins piração termina, o ara que entra empurra a membro na, fechando a válvula e, portanto, o fluxo de ar. O ar expirado sai por válvulas de escape, deixando um rasto de bolhas. O botão de purga do bocal pode ser ac cionado para deixar entrar ar ou expulsar água.
v—1=
Membrana elástica Alavanca Câmara-de-ar Regulador do bocal
•*
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A—^~
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Agua Botão de purga Válvula
Membrana | ^ -
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*
^_
» Válvula de escape Ar "expirado
Expiração
Como sáo reparados os cabos de telefone submarinos? Um grande número de conversações tele fónicas internacionais continua a ser feito através de cabos assentes no fundo do mar e que ligam entre si os continentes. Os saté lites de comunicações ainda não elimina ram a necessidade destes cabos submari nos - até a "linha quente" entre Washing ton e Moscovo os utiliza. Mas que acontece quando um cabo se avaria? 0 primeiro cabo telegráfico transatlânti co, assente em 1858, avariou-se poucas se manas depois. Hoje, o risco de avaria foi muito reduzido pelo emprego de um isola mento de polietileno e pela escolha de per cursos que evitam as zonas de actividade vulcânica, correntes fortes ou os bancos de pesca. Nas zonas pouco profundas, os cabos são frequentemente enterrados. Apesar destas precauções, ainda se dão avarias. As grandes empresas de tclecomu nicaçóes possuem navios de manutenção em serviço permanente para efectuar as
reparações. O trabalho é feito por submer síveis de comando à distância com o tama nho de uma furgoneta, que são descidos do navio de manutenção, mergulham até ao fundo do mar, localizam a avaria e prendem linhas ao cabo avariado. Kste é então puxa do até à superfície e reparado a bordo. O CIRRU5 (Cable Installation, Recovery and Repair Underwater Subrnersible) e o seu sucessor, ainda mais sofisticado, o ROV128, são comandados através de um cabo "umbilical" do navio e accionados por propulsores hidráulicos. O primeiro trabalho de um submersível consiste em localizar a avaria. O submersí vel segue o percurso do cabo no fundo do mar, captando os fracos sinais de baixa fre quência transmitidos através dele pela es tação terminal em terra. Se um cabo estiver partido, a água provoca um curto-circuito que irá estabelecer a ligação entre os fios que compõem o cabo. Quando o sinal de
saparece, o submersível pousa no fundo do oceano e põe a visla o cabo avariado por meio de um poderoso jacto de água que expulsa a camada de areia e lodo. O CIRRUS eslá equipado com luzes po derosas e câmaras de televisão, a cores e a preto e branco, que permitem aos opera dores a bordo do navio de manutenção observar todos os pormenores do terreno. Usando as imagens como guia, os opera dores estendem poderosos braços arti culados que agarram o cabo. O CIRRUS usa uma lâmina especial para cortar o cabo avariado e deixa no fundo do mar um «bip-bip» acústico para marcar o local. Depois, sobe à superfície, pega num cabo de aço forte, leva-o para o fundo e liga-o a uma extremidade do cabo telefóni co, que é então içado para a superfície. Usa-se o mesmo processo para a outra ex tremidade do cabo. Uma vez reparado, o cabo é descido de novo para O fundo. Ill
rior de cilindros de metal resistente, a fim de produzirem pressões que podiam atingir as 100 000 atmosferas (103 500 kg/cm2). No interior da câmara de pressão, foi construí do um forno eléctrico capaz de gerar uma temperatura de 2500"C. No entanto, depois de experiências metódicas, nenhum dia mante se formou. Faltava um catalisador para acelerar a reacção. Durante três anos, os cientistas
A equipa preocupava-se agora em saber se os seus diamantes seriam tão bons como os naturais para o corte e a perfura ção industriais. O departamento da Gene ral Electric que produzia ferramentas de corte fabricadas com um dos metais mais duros, o carboneto de tungsténio, pediu para ensaiar um exemplar de 25 quilates. A equipa dos diamantes podia unicamente fornecer-lhe um de 22 quilates, que já era suficiente para fazer uma roda de amolar. Os técnicos daquele departamento utili zaram esta roda para cortar e afiar as suas ferramentas. Ficaram encantados - os dia mantes artificiais cortavam melhor que os
fizeram ensaios comsucesso. muitos Até catalisadores diferentes, mas sem que, em 15 de Dezembro de 1954, um técnico do laboratório reparou, num teste de rotina, que algumas amostras produzidas pelo fí sico Herbert Strong tinham danificado a sua roda de polir. Telefonou a Strong para se queixar — e este, com a sua equipa, acorreu ao laboratório e começou a exa minar as amostras. Tracy Hall, um dos quí micos, verificou que a amostra que riscara a roda continha dois diamantes. O problema que agora se punha à equi pa era como duplicar o processo que cria ra os diamantes. Strong usara metais e ligas ferrosas como catalisadores, mas durante vários dias e noites os cientistas não conse guiram fazer mais diamantes. Quase desesperado, Tracy Hall utilizou o seu aparelho à pressão máxima, com o ponteiro a indicar perto de 100 000 atmos feras — e finalmente conseguiu. As expe riências por anteriores tinham provavelmente falhado ter havido a combinação erra da de pressão, temperatura e condições químicas.
naturais e eramElectric pelo menos ros. A General acaboutão porduradou inventar o melhor catalisador e, em 1957, começou a comercializar diamantes sintéticos. Até hoje, já se fabricaram mais diaman tes sintéticos do que lodos os naturais ex traídos ao longo de milhares de anos mais de 1000 t. Os diamantes artificiais po dem ser feitos por encomenda e à medida, o que os torna ideais para a indústria. O seu preço tem descido com o aperfei çoamento dos processos de fabrico; em 1957, era 6 dólares por quilate; hoje, é ape nas cerca de 50 cêntimos para o mesmo tipo de diamante - a comparar com mi lhares de dólares por quilate por um bom diamante natural com qualidade de pedra preciosa. O maior desafio para os cientistas é, hoje, conseguirem uma forma acessível de fabri car diamantes sintéticos de qualidade. A General Electric já os produz nas cores azul, branca e amarelo-canário, mas o seu preço é tão elevado como o dos verdadeiros por que são necessárias mais de duas semanas para obter um carate de boa qualidade.
Fabrico de diamantes em laboratório
Dois tipos de carbono. O brilho dos dia mantes è realçado pelo cinzento da grafite dos bicos lápis. Ambos sâo feitos de car bono, masdecom estruturas diferentes. Os diamantes naturais formam se a partir da grafite a mesma substância que é utilizada nos bicos dos lápis. Tanto os bi cos de lápis como os diamantes são for mas de carbono, mas, no caso do diaman te, o carbono foi submetido debaixo da crusta terrestre a temperaturas e pressões de tal modo elevadas que os seus átomos se rearranjaram, formando uma nova es trutura cristalina mais compacta. O dia mante, a substância de ocorrência natural mais dura que existe, é 55% mais denso que a grafite. A ideia de diamantes artificiais tem um atractivo evidente, não só pelo seu valor e fascínio como pedra preciosa, mas tam bém porque tem muitas utilizações indus triais. Assim, os inventores há muito que tentam reproduzir as condições que criam os diamantes no interior da Terra. Entre as companhias que se têm dedica do a esta investigação, destaca-se a General Electric Company, que, no princípio dos anos 50, formou uma equipa de cientistas para trabalharem num laboratório de Schenectady, Nova Iorque. Usando grafite como material de base, os investigadores uti lizaram dois pistões trabalhando no inte-
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PORQUE BRILHAM OS DIAMANTES parte superior e 25 na inferior, oculta. Os ângulos são calculados rigorosamente para que a luz que entra no diamante seja reflectida internamente e saia nova mente por cima. Uma lapidação de qua lidade menor estraga este efeito. Quando, em 1850, a rainha Vitória foi presenteada com o diamante Koh-i-Nor, de 186,5 quilates, ficou desapontada com a sua falta de brilho e mandou tor nar a lapidá-lo, ficando reduzido a 108.93 quilates. O alto índice de refracção do diaman te—a medida em que ele desvia a trajec tória de um raio da luz que o penetra faz com que, com uma lapidação cor Lapidação em brilhante. O brilho e as recta, toda a luz seja reflectida. cores de um diamante bem lapidado. O brilho do diamante é igualmente No final do século xvn, o joalheiro italia devido ao facto de a luz que o penetra ser no Vincenti Peruzziot inventou a "lapi decomposta nas cores do espectro, pro dação em brilhante", ainda hoje utiliza duzindo reflexos multicores. Devido à extrema dureza do diamante, as facetas da. O diamante lapidado em brilhante é que lhe dão o lustre nunca se gastam. de contorno redondo, com 33 facetas na
CLIVAGEM DE UM DIAMANTE Só um perito consegue distinguir um dia mante artificial de um natural. Um novo método, desenvolvido por cientistas no Instituto de Investigação Quí mica em Kharkov, evita o uso de temperatu ras e pressões extremas. Produz-se um feixe de iões de carbono que se faz incidir sobre uma superfície. Os iões são átomos que ganharam ou perderam electrões. Como possuem carga eléctrica, os iões podem ser A pedra em bruto parece um pedaço de vi acelerados até grandes velocidades por dro. A primeira operação consiste em mar campos eléctricos. A energia com que eles cor na pedra a direcção de clivagem colidem com a superfície é suficiente para os ligar entre si e formar diamante. 0 resultado não é um único cristal de diamante, mas um material quepara se asse melha ao vidro. Já foi utilizado tornar mais rijos os gumes das peças de corte das máquinas-ferramentas e os diafragmas de altifalantes dehi-fí, e já foi sugerido que podia ser usado no fabrico de lâminas de barba que nunca perderiam o gume.
Como se cortam os diam ant es à mão e à má qu in a Um diamante não lapidado, por muito grande que seja, é tão pouco impressio nante como um pedaço amorfo de vidro baço. Assim, para que mostre o seu fulgor e o seu brilho ele tem de ser cortado e facetado comtrabalho rigor micrométrico. A perí lapi dação é um que exige muita cia e paciência, pois o diamante é a .subs tância natural mais dura que se conhece. No caso de uma pedra grande, o primei ro passo consiste em fracturá-la ao longo dos planos naturais de clivagem da sua es trutura cristalina; esta parte é a mais arris cada de toda a operação. Antes de clivar com êxito o enorme diamante Cullinan, em Amsterdão, em 1908 (v. p. 144), Joseph Asscher estudou a pedra durante várias se manas. Um pequeno deslize e tê-la-ia transformado num monte de fragmentos. 0 lapidador calcula, a partir da forma da pedra, a direcção correcta para o corte. A sequência fotográfica à direita mostra como o lapidador marca na pedra, com tin la-da-china, a posição do corte. Com urn diamante mais pequeno, faz-se um sulco ao longo dessa marca. Sobre este sulco, coloca-se uma lâmina forte de aço, que se batebem, com ouma pancada seca. Se tudo cor rer diamante fracciona-se em dois. Se não, pode desfazer-se em pedaços. Uma vez clivada a pedra, utiliza-se uma serra para levar a cabo o resto do processo. A pedra é fixada em maxilas almofadadas ou num suporte de gesso; é depois baixa da até aos bordos de um disco finíssimo de fósforo-bronze, uma liga metálica muito
Um diamante lapidado brilhante ge ralmente serrado por umem delgado discoé me tálico com pó de diamante no bordo.
A pedra é fixa numa haste e faz-se um sulco ao longo da marca com um fragmento de diamante. Para tornar a pedra circular, esta é fixada num tomo de bruting e rodada a alta oeloci dade de encontro a outro diamante
Sobre o sulco coloca-se uma lâmina de aço. Uma pancada seca e o diamante fende-se ao longo do plano de clivagem.
Para desgastar e polir as facetas, o diaman te, preso num grampo com um dado ângu lo, é encostado a um disco em rotação.
dura e resistente. O disco roda entre 4000 e 6000 vezes por minuto e o seu bordo é revestido de uma mistura de pó de dia mante e óleo, que serra lentamente o dia mante. Um diamante com o peso de um quilate (um quinto de grama) levará entre quatro e oito horas a cortar. Seguidamente, tem de arredondar-se ou desgastar-se a pedra com outro dia mante, num processo chamado bruting. Fixa-se um dos diamantes num torno e encosta-se, contra ele, outro diamante. Os minúsculos fragmentos de pó de diaman te que saltam são cuidadosamente recolhi dos para depois serrarem e polirem as pe-
dras. A forma definitiva da pedra preciosa depende da sua forma srcinal, mas perdese muito material porque o diamante tem de ser cortado de determinada maneira. A pedra final pesa geralmente um pouco menos de metade que a pedra srcinal. A última fase ao é odiamante corte e polimento das facetas que dão o seu brilho. A pedra é montaria numa haste e depois encostada a um disco de ferro imbuído de pó de diamante e óleo. O disco gira a cerca de 2500 rotações por minuto, desgastando e polindo uma faceta de cada vez. O dia mante é finalmente mergulhado em ácido sulfúrico em ebulição, para o limpar. 143
Joseph Asscher: o corte do diamante Cullinan Na tarde de 10 de Fevereiro de 1908, o lapi dador Joseph Asscher preparou-se para cortar o maior e mais famoso diamante em bruto do Mundo, o Cullinan. A pedra, branco-azulada, pertencia ao rei Eduar do Vil de Inglaterra - e naquela tarde deci siva Asscher era observado por represen tantes do rei, membros da imprensa e um grupo da sua própria empresa. O diaman te foi fixado num suporte, que, por sua vez,
Tamanho natural. O dia rnante em bruto — com 10 cm de comprimento e 6,5 cm de altura — tinha o tamanho aproximado URR de um punho de senho ra. Quando o viu pela primeira vez, Frederick Wells, superin tendente da mina,
foi colocado numa abertura na parte Ass da frente da caixa de clivagem. Joseph cher apoiou uma lâmina de aço nào afiada no sulco que fizera no diamante, levantou a vara de metal e desceu-a com força sobre a lâmina. Os presentes sobressaltaram-se quan do a lâmina de aço quebrou e o diamante ficou intacto. Limpando a testa, Asscher pediu outra lâmina. A pedra partiu-se em duas e - dizem os boatos — Joseph Ass cher desmaiou de alívio. Mais tarde, ne-
julgou vítima de umaser partida — e que a gran de pedra era feita de vi dro. gou-o veementemente, afirmando que, longe de desmaiar, ele festejara o aconteci mento bebendo champanhe com os seus quatro irmãos e co directores da Joseph Asscher e Companhia de Amsterdão.
Joseph Asscher. lapidador de Amsterdão, e os seus sócios estudaram o diamante Culli nan — para decidirem se o clivaoam ou o serravam em dois. Em qualquer das hipóte ses, havia o risco de a pedra se estilhaçar em fragmentos re
A missão seguinte dos Asschers foi a rie (ornar a cortar e polir os dois pedaços, por forma que os diamantes por eles produzi dos pudessem vir a fazer parte das jóias da Coroa de Inglaterra. Entretanto, os jornais de todo o Mundo contavam aos leitores a história do que até ali se passara. A pedra fora vista pela primeira vez quan do um operário que trabalhava tia Premier Mine, perto de Pretória, capital do Transval, reparou em qualquer coisa "grande e bri lhante" numa das paredes. Chamou o su perintendente da mina, Frederick Wells, e este retirou o «vidro» da parede com um canivete Mas breve se convenceu de que a
lativamente valiosos. Após meses pouco de deliberação, tendo em conta a forma invul gar e a estrutura da pedra, Asscher decidiu cortá-la. Fas sou duas semanas à sua mesa de trabalho, abrindo um sulco na pedra com peda ços aguçados de diamante pois só o diamante corta o diamante. Até que, no dia da 'grande pancada", escreveu uma página na história do corte de diamantes.
eracerca autêntica. de 680 g epedra media de 10 Pesava cm de cerca comprimento, 6,5 cm de altura e 12,7 cm de largura. Foi colocada no cofre da mina e levada mais tarde em cano de mulas até à sede da em presa, em Joanesburgo, a 80 km de distân cia, juntamente com os restantes diaman tes extraídos nessa semana. Aí foi-lhe dado o nome do presidente da companhia, Thomas Cullinan. Este, po rém, não ficou muito contente por possuir a pedra preciosa. Com um peso bruto de 3106 quilates, o Cullinan valia mais de três vezes o até então maior diamante
A PREPARAÇÃO DA "GRANDE PANCADA"
O PROGRESSO DO CULUNAN DESDE PEDRA BRUTA A JÓIAS DA COROA
Os primeiro» cortes. A pedra foi cortada em três peças.
"^•Jfr/ir-V Os pedaços maiores, foto fotografia mostra as sete pecas maiores em que seguidamente a pedra foi cortada. Apesar do seu tamanho, pensava-se que o diamante era apenas uma parte de uma pedra muito maior. Marcas numa das suas faces sugeriam que ela fora "partida peia Natureza". A família Asscher espera que um dia a "parte que falta" desta maravilhosa Jóia seja encontrada numa mina sul-africana. Cullinan com vista a polirem o diamante. Após breve inspecção, os Asschers dis seram ao rei que o que ele pretendia era impossível: o diamante era imperfeito de vido a uma grande mancha negra que se reflectiria através de todas as suas facetas. O Cullinan teria de ir a Amsterdão para ser clivado e libertado da mancha. O rei con cordou, e a imprensa foi informada de que o diamante seria levado para a Holanda a bordo de um contratorpedeiro poderosa Duas pedras preciosas gigantes. Gra mente guardado. dualmente, as duas pedras principais fo Na realidade, um dos irmãos Asschers ram sendo lapidadas e polidas at é assumi — Abraham — limi rem a sua forma definitiva. tou-se a meter a pe dra na algibeira no do Mundo, o Excelsior — descoberto noutra mina sul-africana, a Jagersfontein, em 1893. Palácio de Bucking* ham e levá-la para Dado o risco que o seu corte implicava, o casa por comboio e sindicato londrino que possuía o Excelsior ferry-boat. não conseguira vendê-lo em bruto. Thomas r Cullinan temia que, dado o seu tamanho Uma vez o diasem precedentes, o seu diamante fosse ainda mais difícil de vender. Acabou por ser comprado pelo Governo do Transval por 150 000 libras, por su gestão do primeiro-ministro, o general Louis Botha - que o deu de presente a Eduardo VII quando este fez 66 anos, em 9 de Novembro de 1907. O presente foi considerado como um gesto de reconciliação definitiva a seguir à der rota dos colonos holandeses pelos Ingleses na Guerra dos Bóeres de 1899-1902 e o estabelecimento do Transval como colónia da Co roa Britânica. 0 diamante embarcou para In glaterra no meio de grande publicidade, incluindo boatos de que se enviava uma imitação para afastar eventuais ladrões e Glória régia. Em 1908, a menor das de que a pedra verdadeira viria mais tarde. duas pedras, o Cullinan 11, foi incrustada No ano seguinte, o rei Eduardo convidou na Coroa Imperial do Estado Inglês, abai os irmãos Asschers — que em 1903 tinham xo do rubi Príncipe Negro. Dois anos de com êxito cortado e polido o diamante Ex pois, o diamante maior, o Cullinan I, foi celsior - a irem a Londres examinar o montado no Ceptro com a Cruz.
mante a salvo na sede da companhia, os Asschers dedicaram-se ao estudo da gran de pedra. Decidiram que ela se integrava na categoria mais elevada de uma escala de nove cores que vai do branco-azulado no topo até ao amarelo. A parte a mancha negra, era absolutamente pura. Quando o corte histórico foi executado, as duas partes do diamante foram nova mente clivadas e divididas em 7 grandes pedras preciosas e 98 menores lapidadas em brilhante. Vinha a seguir a tarefa delica da de polir os diamantes. A maior das pedras aca badas — o Cullinan I, ou Primeira Estrela de África, em forma de pêra, pesan do 530,2 quilates e com 74 facetas - foi colocada no Ceptro com a Cruz. Esta pedra é ainda o maior diamante lapidado do Mundo. O segundo em tamanho - o Cullinan II, ou Segunda Estrela de África, oval, com 317,4 iuilates e 66 face tas — foi incrustado na Coroa Imperial do Estado. Os dia mantes fazem parte das jóias da Coroa. Os restantes dia mantes Cullinan vie ram a ser adquiridos para a rainha Mary, muler de Jorge V, filho de Eduardo Vil. Duas das jóias foram aplicadas na própria coroa da rainha Mary. As outras entraram na herança da família real e são carinho sãmente apelidadas de "as pedrinhas da avó" por Isabel II, neta da rainha Mary.
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Como é que um vedo r enco ntra água ou minerais subterrâneos apenas com auxílio de uma vara?
perar-se que as gotas de água congelassem facilmente. Mas a água pode estar alguns graus abaixo desse ponto (sobrearrefeci da) sem chegar a gelar. Este fenómeno deve-se ao facto de a água das nuvens ser absolutamente pura, sem poeiras ou outros contaminantes que iriam constituir o centro de um cristal de gelo. Se se lhe juntarem minúsculas partí culas, as gotas de água gelam e aumentam rapidamente de volume até o seu tamanho as fazer cair, fundindo-se depois devido à temperatura mais elevada e chegando ao solo sob a forma de chuva. Schaefer e Longmuir provaram que pe
Uma pintura rupestre com 8000 anos nas montanhas do Atlas, no Norte de África, representa um ser humano usando aquilo que parece ser uma vara de vedor. Mas os primeiros vedores de que há notícia foram os mineiros medievais alemães dos cam
plano, a distância de cada um dos pontos exteriores ao centro representa a profundi dade a que deve encontrar-se a água. Algumas empresas de engenharia civil recorrem a vedores para a localização de tubagens ou cabos subterrâneos quando
pos carboníferos da Saxónia. mineralogista alemão Agrícola (GeorgeOBauer) des crevia no século xvi a forma como os minei ros se serviam de ramos de arvore em for quilha para localizar veios ocultos. A bara nesa de Beausoleil, de Nice, França, foi a primeira pessoa que se sabe ter utilizado este sistema para pesquisar água, pois descreveu-o num estudo que data do século xvii. Tradicionalmente, o vedor usa um pau em forquilha - em geral, um galho de sabugueiro ou salgueiro em forma de Y. A ideia do galho é amplificar o movimento involuntário dos músculos da mão quan do o vedor descobre água. A forquilha é segura sob tensão, com um braço do Y em cada mão virado para cima e a haste apon tada para diante. Muitos vedores actuais preferem usar dois varões de metal dobra dos em L, um em cada mão, seguros como pistolas apontadas para a frente. Quando o "alvo" é atingido, os varões rodam e cruzam-se. O vedor avança lentamente, até o galho ou os varões começarem a torcer-so, a dobrar, a puxar para baixo ou até a saltarem-lhe das mãos. Estes movimentos indi cam o local onde se deve cavar para encon trar aquilo que se procurava Um bom vedor calculará a profundida de a que se encontra a nascente marcando o sítio onde o sinal foi mais forte e irradian do dai' em várias direcções, assinalando os sítios onde sentiu novos sinais. Em terreno
fazem levantamentos dos locais dasvaras obras.do querias partículas, habitualmente iodeFrequentemente, acham que as to de prata, adicionadas a nuvens de sobrear vedor são de maior confiança do que os modernos instrumentos de detecção.
refecidas podem criar cristais de gelo que crescem rapidamente Estas partículas têm sido lançadas de aviões, transportadas por Cientistas na União Soviética há anos foguetes ou mesmo libertadas ao nível do que têm vindo a utilizar o processo na pes solo para que as correntes de ar que sobem quisa de jazigos de minérios e petróleo, as levem para cima. Desde que as nuvens bem como de cursos de água subterrâ estejam sobrearrefecidas, a técnica funcio neos, designado por método dos efeitos na — aumentando a pluviosidade até um biofísicos. Ninguém consegue explicar cabalmen quinto. Mas, uma vez que é impossível sa ber quanta chuva teria caído naturalmente, te como o fenómeno actua, e muitos enca ainda há muitas interrogações quanto à via ram os resultados com cepticismo. No en bilidade económica do processo. tanto, muitos vedores fazem descobertas que não podem ser unicamente atribuídas ao acaso. Einstein admitia que a explica ção residisse no electromagnetismo, e os estudos feitos por diversos cientistas suge rem que assim possa ser. Assim como se
pensa que as aves em migração se orien
tam pelo campo magnético da Terra, as sim os músculos do vedor podem reagir quando ele, inconscientemente, se sinto niza com minúsculas flutuações provoca das pela água ou minerais subterrâneos. Um investigador, o Prof. Yves Rocard, da Escola Normal de Paris, diz que um bom vedor tem menos resistência eléctrica en tre as palmas das mãos do que um mau vedor. Robert Ashford, vedor inglês, des creveu em 1977 como sentia choques eléc tricos por todo o corpo quando se encon trava próximo de água subterrânea.
Como e que se consegue fazer chover? Enquanto os Hopi, índios do Sudoeste Americano, ainda hoje tentam fazer cho ver sacrificando animais, outros adopta ram caminhos mais científicos.
milímetro ou mais, é que elas se precipi tam sob a forma de chuva miudinha. As gotículas mais pequenas evaporam-se an tes de tocar o solo.
Longmuir Em 1946, iniciaram Vincenttrabalhos Schaefernos e Irving Labora tórios de Investigação da General Electric em Schenectady, Nova Iorque, que prova ram que as nuvens apropriadas podiam ser artificialmente levadas a produzir agua ceiros. As nuvens são formadas por biliões de partículas de água, demasiado peque nas para caírem sob a forma de chuva. Só quando essas gotas atingem um quarto de
das maneiras de congelação, as gotas aumenta remUma de tamanho é pela o que leva à formação de partículas de gelo. Numa nuvem que contenha partículas de gelo e gotas de água, as partículas de gelo aumentam rapidamente de volume à me dida que as gotas se evaporam e o vapor é transferido para o gelo. Uma vez que a tem peratura das nuvens está frequentemente abaixo do ponto de congelação, podia es-
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Como se construirão os
aviões do futuro? Em 1903, em Kittyhawk, na Carolina do
Norte, o primeiro aeroplano do Mundo voou a apenas alguns metros do solo e à velocidade de um cavalo de corrida. Me nos de 100 anos passados, os aviões de hoje viajam comummente a mais de 16 km de altitude e podem atingir a velocidade de uma bala de carabina. Hoje, as companhias que constroem aviões têm por objectivo produzir apare lhos ainda mais rápidos, mais fiáveis e mais económicos. Por isso, procuram formas que reduzam o atrito, materiais que (or nem o avião mais leve sem prejuízo da re sistência e sem afectar os custos e motores que sejam de confiança e de manutenção fácil, mas produzam maior propulsão com menor dispêndio de combustível.
Pensando na as velocidade A medida que velocidades aumentam, a forma toma-se uma característica cada vez mais importante. Os desenhadores de aviões ensaiam as formas que idealizam em computadores que simulam os fluxos do ar em volta do aparelho; depois, usam um modelo à escala num túnel de vento, em que o ar é sugado e passa pelo modelo
como se este estivesse a voar.
Estes ensaios proporcionam uma ideia do comportamento do avião verdadeiro. Todas as partes do protótipo são testa das em terra quanto às respectivas reac ções ao calor, ao ruído e aos esforços. Os testes têm lugar em fornos, em câmaras acústicas e em estruturas de ensaio de car ga em que as pressões são aplicadas hidraulicamente. Depois, o avião é experi mentado em voo. Os ensaios no túnel aerodinâmico têm levado os desenhadores a criar novas for mas para os aviões de alta velocidade. As asas inclinadas para trás foram inventadas para retardar a formação das ondas de cho que que afectam de asas diculares quando os se aviões aproximam da perpen veloci dade do som. O choque é provocado pelo facto de o ar que passa na parte de cima das asas - mais rápido do que o que passa sob as asas - atingir a velocidade do som, isto é, cerca de 1200 km/h ao nível do mar.
Rumo aos céus.
As asas de geome
iria oariáoel dào ao Panavia
Tornado uma forma convencional,
com um consumo racional de combustível a baixas velocidades (ã esquerda) e o perfil de uma seta (em cima), com as asas puxa das para trás para voos supersónicos. raio de acção A34Q/330, previstos para en trada em serviço em 1992. Estes jactos terão também asas com pe quenas saliências triangulares nas extremi dades por cima e por baixo da ponta da asa. Aqui, o ar a alta pressão que vem da parte de baixo da asa provoca turbulência ao subir. As saliências abrandam a velocidade do fluxo de ar e reduzem a resistência.
Superaerodinamismo Os jactos do futuro terão provavelmente uma espécie de estrias de secção triangu lar ao longo da fuselagem, uma ideia retira da da Natureza. São estrias como estas que contribuem para que os tubarões nadem com rapidez, porque reduzem a fricção entre a água e a pele, destruindo pequeni nas correntes revessas que aumentariam a resistência ao movimento. O iate america no que ganhou a Amcrica's Cup em 1987, o Stars and Stripes, tinha um revestimento com estrias deste tipo ao longo do fundo.
Nos aviões, a resistência é causada por pequenos remoinhos que se formam quando o ar passa pelas superfícies da fu selagem, pelo que a NASA ensaiou em tú neis aerodinâmicos a ideia das estrias apli cadas a aviões. Verificaram que estas redu ziam a resistência do ar em 8% desde que mantidas dentro de limites bem definidos de tamanho, ângulo e espaçamento. Cada 1% da resistência que diminui representa 1% de combustível poupado. A Airbus In dustrie está a ensaiar as estrias em condi ções de voo na sua série de jactos de longo
Aliviando a carga Por cada quilograma poupado no peso de um grande avião comercial, poupam-se cerca de 150 I de combustível durante um ano de voo. Se um Jumbo Boeing 747 pe sasse menos 10%, os custos operacionais durante os seus 20 anos de vida baixariam cerca de 4 milhões de dólares. Materiais mais leves, como a fibra de car bono, estão por isso a entrar na constniçáo aeronáutica. Estes materiais foram criados para serem leves e resistentes, mas sufi cientemente rígidos para náo vergarem com tis tensões do voo nem se deforma rem quando sujeitos a compressão. Lm avião experimental alemão ociden tal, o Egrett, foi criado para voar na estratosfera - entre 15 e 50 km de altitude. Por que as asas compridas e estreitas são mais sujeitas a esforço que as curtas e largas, as do Egrett são feitas de carbono e fibra de vidro, combinação que lhes permite terem um comprimento 20 vezes superior à lar gura. As asas de um avião convencional feitas de uma liga de alumínio não podem
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ler um comprimento que exceda cerca de
oito vezes a largura
Materiais leves mas rígidos, como a fibra de vidro, tornaram possível a criação do avião de rotor basculante — o aparelho que poderá substituir o helicóptero—, cujos motores e hélices se situam na extremida de das asas curtas, pelo que estas tem de ser muito rígidas. 0 Bell-Boeing V22 Osprey. avião ameri cano de rotor basculante cm serviço desde 1988, levanta com as suas hélices com três pás de 12 m rodando horizontalmente, como o rotor de um helicóptero. Quando a força de sustentação já é suficiente, as hélices diante para da rem ínclinam-se a propulsão 90" para para a frente, idêntica a de urn avião convencional. A velocidade de cruzeiro do Osprey é assim de 576 km/h, quase o dobro da de um helicóptero. O metal mais leve que se conhece c o lítio. Combinado com o alumínio, produz uma liga 8% mais leve que as outras ligas de alumínio. I lm novo avião de passageiros, o Boeing 7J7. economizará no peso devido ao emprego, na construção, da liga de alu mínio-lítio e de fibra de carbono.
Novos comandos Outro aperfeiçoamento de concepção que poupou peso e espaço foi a tecnologia de comando por computador, que garante também que os comandos do aparelho não sejam forçados a operar para além dos limites da sua capacidade. As tubagens e depósitos que até aqui têm alimentado o
sistema hidráulico de co mandos foram eliminados. Em sua substituição, as su perfícies de comando, como os ílups e os aiierons, possuem pequenos activadores hidráulicos ligados electricamente a um com putador e comandados por sinais electrónicos. Este tipo de sistema de transmis são foi utilizado pela primei ra vez nos aviões europeus de transporte Airbus da sé rie A.Í00. O regresso. Cientistas Potência e hélices da NASA utilizaram estas Os motores representam 20 hélices paru aumentar Q a 30% do custo de um avião potência de um motor u Embora os motores a jacto jacto. Um diagrama de tenham sido aperfeiçoados compa/ador assinalou 0 para serem mais seguros e fluxo do ar. mostrando as menos ruidosos do que os áreas de baixa pressão de há 10 anos, a hélice está em azul e as de alta em agora a regressar. Fabricas castanho. A hélice pode americanas como a Gene rá i 'olrar aos jactos ca ral Electric e a McDonnell merciais nos anos 90. Douglas ensaiaram já a utili zação de hélices curtas e largas ligadas á Velocidade, som e espaço parte posterior de um motor a jacto. As pás O focinho aguçado e as asas triangulares, da hélice aceleram o ar que passa em volta inclinadas para trás. do avião de passagei do motor, aumentando assim a propulsão ros anglo-francês Concorde tornam-no ca do avião. Estes motores propfun demons paz de viajar a velocidades superiores à do traram produzir mais potência e gastar me som. Mas para evitar o ruído inaceitável da nos 40% de combustível do que os moto explosão sónica, a velocidade de voo so res a jacto convencionais. bre terra firme tem de ser inferior á do som, e o avião e antiecouómico a baixas veloci dades. A 800 km/h, o Concorde gasta oito vezes mais combustível do que alguns aviões convencionais. Uma das soluções para o problema da forma adequada tanto para baixas como para altas vel
podem tomar uma posição praticamente
perpendicular à fuselagem durante os voos a pequena velocidade ou inclinar-se para trás para as altas velocidades; assim, o avião pode cruzar a menos de 320 km/h ou acelerar para Mach2 cerca de 2250 km/h, ou seja 0 dobro da velocidade do som. Os aviões projectados para os anos 90 escaparão ao problema da explosão sóni ca, atravessando a atmosfera e entrando em órbita durante parte da viagem - voan do a 25 vezes a velocidade do som. Os EIA têm em estudo um destes aviões. As asas tia fama. O Voyager,de concepção americana, no seu histórico OOO a volta da Mundo, sem escala nem reabastecimento, em Dezembro de 1986. A sua estrutura de fibra de carbono permitiu-lhe carregar qua se cinco vezes o próprio peso em combustí vel, A viagem dai ou nove dias. t
conhecido por avião espacial, ou X30. Este avião é capaz de levantar e aterrar em qualquer aeroporlo, mas também de transportar rapidamente passa geiros de Nova Iorque para Tó quio cm 2 horas em vez das ac tuais 14. O combustível dos seus motores a jacto será provavel mente o hidrogénio, e a propul são no espaço será feita por fo guetes.
A volta ao Mundo sem reabastecimento Um voo de nove dias sem escala à volta do Mundo, efectuado por dois aviadores americanos em 1986, foi possível graças à leveza do seu avião de fibra de carbo no. Esle avião de fuselagem tri pla, o Voyager, tinha uma enver gadura superior à do Boeing 727, mas pesava menos de I t, pelo que pôde carregar cinco vezes o próprio peso em com bustível - cerca de 5600 I. Os pilotos deste primeiro voo à volta do Mundo sem reabaste cimento foram Dick Rutan e Joa na Yeager. O cockpil na fusela gem central tinha aproximada Recriando a lenda. Kaneilopoulos pedala no seu aeroplano a distância recorde de 120 km entre Creta e mente o tamanho de uma cabi Santorini, recriando a lenda de Dédalo, que fugiu de Creta com o auxílio de umas asas. na telefónica. A maioria do espa ço no avião era ocupada pelos seus 17 tusiasta de ciclismo e de asa-delta Bryan Paul MacCready, engenheiro aeronáuti depósitos de combustível. O peso era um Allen, de 24 anos. co e campeão de voo em planador, cons factorJeana de talYeager modo importante do voo, cortou os que, seus antes cabelos compridos, poupando assim meio quilo. O avião linha dois motores, um em cada extremidade da fuselagem central. O da frente, arrefecido a ar, foi parado ao fim de três dias: tinha cumprido a sua missão de fornecer potência adicional para a desco lagem e enquanto o avião estava ainda muito pesado devido ao combustível. O da popa, arrefecido a líquido, trabalhou qua se 250 horas - quase 10 vezes o tempo que um motor convencional funciona sem manutenção.
Como é que voa um aeroplano accionado pelo homem? São milhares as histórias fabulosas de ho mens voadores, mas a proeza real data apenas de 1977. As anteriores tentativas de voo falharam porque os materiais eram demasiado pesados para serem impulsio nados pela força muscular do homem.
truiu um29aeroplano com 9 m edeapenas compri mento, m de envergadura 32 kg de peso, o Gossamer Condor. Mac Cready estava decidido a ganhar o Prémio Kremer, instituído em 1949 pelo industrial inglês 1 lenry Kremer para o primeiro aero plano accionado pelo homem que percor resse um dado circuito. Para o ganhar, o Gossamer Condor tinha de fazer um oito entre duas colunas distanciadas de 800 m, sobrevoando uma barreira com 3 m de al tura à partida e à chegada. MacCready construiu o aparelho com enormes asas para obler a máxima força de sustentação a muito baixa velocida de — cerca de 15 km/h. O Gossamer Con dor foi construído com tubos de alumínio ligados com cordas de piano. Os outros materiais foram a balsa, o cartão canelado (que formava os bordos de alaque das asas), espuma de plástico e folha de plásti co para fechar a cabina e forrar as superfí
Em 23percorreu de Agosto de de 1977, Condor 9 m pistaoGossamer do aero porto do condado de Kern, em Shafter, Ca lifórnia, e levantou voo. Passou pela barrei ra dos 3 m e fez o percurso de 2 km em 7 minutos e 22,5 segundos, ganhando o avultado prémio. MacCready resolveu construir um aero plano mais sofisticado, o Gossamer Alba tross, para voar os 37 km do canal da Man cha. O avião tinha aproximadamente o ta manho do seu predecessor, mas era cons truído com materiais mais resistentes. As asas e a fuselagem eram de plástico, refor çadas com fibra de carbono e revestidas com uma película de poliéster. Possuía um mecanismo de comando mais aperfeiçoa do e era manobrado por um par de asas pequenas, munidas de ailerons ajustáveis, adiantadas em relação às asas principais. Em 12 de Junho de 1979, pilotado por Bryan Allen, atravessou o Canal à altitude
cies voo. O de aparelho era ligada accionado por uma decorrente bicicleta a uma grande hélice por detrás da cabina e co mandado por uma alavanca que torcia as asas. MacCready calculou que, para voar em linha recta, precisaria de uma potência de cerca de um terço de cavalo-vapor próximo do limite que um homem conse gue produzir mesmo durante poucos mi nutos. O aeroplano seria pilotado pelo en
média de apenas 75 horas. cm, levando um pou co menos que três Em Abril de 1988, num voo ainda mais espantoso, Kanellos Kaneilopoulos, por 14 vezes campeão grego de ciclismo, re constituiu a história de Dédalo. Segundo uma lenda grega, Dédalo e seu filho ícaro fugiram do labirinto do rei Minos, na ilha de Creta, voando com asas feitas de cera e penas. Ícaro aproximou-so demasiado do 149
trarn a diferentes altitudes e distâncias da mãe. O primeiro avião é intro duzido no controle de radar e dirigido para o sistema de aproximação, comandado pelo porta aviões. Recebe rá instruções para descer para 1500 pés (460 m), onde há ainda nuvens, chuva e turbulência. Ordena-se ao piloto que faça as suas verifi cações prévias com o auxí lio do controlador aéreo no porta aviões, que lhe dá in formações sobre as condi ções do tempo à superfície.
Recolha A mãe aponta entáo ao ven to e começa a "recolha". O avião, controlado pelo ra dar, entra numa descida de aproximação de 3°. Esta é a faixa de aproximação ideal, e o controlador avisa o pilo to caso ele se desvie dela. A 800 m do navio, o piloto re cebe instruções para voar à vista até aterrar. O piloto tem agora corno pontos de referência as lu zes de tombadilho ria mãe e Aterragem no mar. Um jacto F-4 Phantomaterra no porta aviões Ark Royal,da Marinha Britânica. 0 avião a mira de projectores — sé estaca no espaço de 90 a 135 m, quando o gancho da cauda se prende nos cabos de aço do convés. rie de luzes no porta-aviões que indicam a posição rio avião em relação Sol, as asas derreteram-se e ele caiu e mor à descida de aproximação ideal por meio reu. Dédalo conseguiu chegar à ilha de Sanlorini, 120 km a norte de Creia. de luzes verdes, vermelhas e amarelas. Co locado junto à mira de projectores, está O aeroplano de Kanellopoulos, oDéda um oficial de segurança de alerragem, que lo, foi projectado pelo Massachusetts Insliobserva a aproximação e transmite ao pilo tute of Technology c pelo Museu Nacional to: "Ligeiramente alio, um pouco para a do Ar e do Espaço, em Washington, e Ka esquerda. Mais potência. Continuar." Estas nellopoulos foi apoiado por 36 cientistas, correcções dão ao piloto do avião informa engenheiros e meteorologistas. O custo lo ções vitais, além de uma sensação de segu tai foi de 1 milhão de dólares. rança. Com uma envergadura de 34 m (maior que a do Concorde), o Dédalo pesava ape Imagine se um porta-aviões balançando nas 32 kg, sendo construído em fibra de num mar bravo. As nuvens o a chuva redu A salvo de volta à máe carbono e em keuiar, um material sintético zem a visibilidade. Um caça monolugar Desde que o piloto acate as correcções vi cinco vezes mais forte que o aço e mais voa a 300 km de distância já com pouco suais e verbais, o gancho da cauda do seu leve que a fibra de vidro. Kanellopoulos, de combustível, pelo que tem de regressar à avião prender-se á num dos quatro cabos 30 anos, treinou-se durante meses para o «mãe» (porta-aviões). de aço que atravessam o tombadilho. Estes voo, que os cientistas equipararam ao es O caça sobe para utilizar o combustível cabos, colocados longe da popa para que forço de duas maratonas. os efeitos do balanço do tombadilho se do modo mais eficiente e marca o rumo jam menos intensos, detêm o avião num As condições meteorológicas atrasaram para a posição em que foi informado estar espaço notavelmente curto: os aviões ater o voo por 25 dias, mas em 23 de Abril a mãe. O rumo é acertado por sinais de ram a cerca de 250 km/h e estacam ao fim estavam perfeitas. Kanellopoulos voou a radar emitidos pelo porta-aviões ou por de 90 a 135 m. Nesta altura, a tripulação do cerca de 6 m acima do mar, à rnédia de um avião avisador avançado, enviado por 30 km/h, com vento a favor. O voo não teve aquele em patrulha. Quando o piloto che tombadilho entra em acção o o controla problemas até ele ter de virar o aparelho ga a 190 km da mãe, obtém a posição rigo dor começa a orientar a descida do avião seguinte, pois o seu objectivo é fazer aler contra o vento para aterrar em Sanlorini: as rosa desta pelo radar do avião ou por um rar um avião por minuto. Como seria peri velas e a cauda partiram-se e o avião caiu auxiliar da navegação por rádio, como o goso manobrar o avião num tombadilho no mar a poucos melros da costa. Após TACAN (tactical air nauigation, ou nave quase quatro horas de esforço, Kanel gação aérea táctica). O piloto desce e entra molhado c balouçante, o avião é rebocado por um tractor especial para o estaciona lopoulos conseguiu arrombar a cabina e numa órbita, a "espera", a uma distância mento, onde lhe são travadas as rodas e nadar para terra. Voara 120 km, batendo o de cerca de 25 km do porta aviões. Outros passados cabos que o prendem ao convés. recorde da distância de voo impulsionado aviões podem estar nessa altura a enirar Fim de manobra. pelo homem. noutras esperas, mas todas estas se encon
Como os aviões pousam num porta-aviões com mau tempo
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Catapultas a vapor: lançamento de aviões de um navio Sem as catapultas a vapor, a maioria dos aviões modernos não conseguiria desco lar dos navios que os transportam. Em operação, avião dirige-se à sua po sição, onde umao argola, chamada holdback, faz a ligação entre a cauda do apare lho e um ponlo fixo do convés; a argola tem no meio um elo fraco. Uma barra de reboque perto da roda da frente do avião é descida até uma "lançadeira", que prende o avião à catapulta com um mecanismo de engate. É a única parle da catapulta visível acima do tombadilho de voo. Dois cilindros paralelos, com pelo me nos 45 m de comprimento, estão coloca dos debaixo do tombadilho, à frente do avião. No seu interior, funcionam dois pis tões presos à lançadeira. O vapor é forneci do aos cilindros pelas caldeiras do navio através de um acumulador de pressão. Esta pressão varia conforme o peso do avião a lançar. Para descolar, o piloto põe os motores
Descolagem por catapulta. Um jacto F-4 Phantom preparase para levantar voo. Uma barra de reboque prende a frente do aoião ao mecanismo da catapulta a vapor. do avião à máxima potência. 0 avião mantém-se imobilizado pelo holdback, mas quando a catapulta é disparada, as forças combinadas da pressão do vapor e dos motores do avião rompem o elo fraco; o avião é então atirado para a frente, atingin do a velocidade de 250 km/h em 45 m. No final do percurso, o aparelho solta-se da lançadeira. Sondas no topo dos pistões vão de encontro a um depósito de água, fazendo-os parar num pequeno espaço. A
lançadeira volta depois à posição inicial para novo lançamento — um porta-aviões pode assim lançar um avião em cada dois minutos. Os porta-aviões americanos po dem ter até quatro catapultas, lançando as sim uni avião em cada 30 segundos. A catapulta a vapor foi inventada por C. C. Mitchell, da Marinha Britânica, e instalada para ensaios em 1949. Depois de a Marinha Americana a adoptar em 1954, os portaaviões de todo o Mundo começaram a usá-la.
As tácticas dos modernos pilotos de caça O piloto de umSopwith Camel voando a cerca de 160 km/h na I Guerra Mundial po dia virar em pouco mais de 70 m para esca par às metralhadoras de um triplano ale mão Fokker. Em 1953, um caça americano Sabre F-86 voando a 960 km/h na Guerra da Coreia precisava de mais de 2,5 km para fazer manobra idêntica. Os actuais caças a jacto voam a mais de 2400 km/h, e os seus círculos de viragem são tão largos — perto de 25 km — que é difícil aos pilotos de ambos os lados chega
rem sequer a verse. De cada cinco pilotos abatidos, quatro não chegam a ver os seus atacantes. O problema para todos os pilotos de caça rnantém-se o que era nos primeiros dias dos combat es aéreo s localizar e destruir o inimigo, conservando-se vivo. Ser o primeiro a localizar o inimigo, usual mente delectando-o pelo radar, é a primei ra prioridade. Por isso, os modernos caças fazem parte de um complexo sistema de defesa que utiliza o radar (v. p. 154) como
Guerra computorizada. Imagens computorizadas aparecem na linha de visão do piloto. As imagens permitem-lhe fixar o seu rumo sobre um aoião inimigo e abatê-lo.
primeiro alerta do um ataque seja radar instalado no solo, seja instalado a bordo de outros aviões. Um tipo de avião de primeiro alerta é o subsónico americano E-2C Hawkeye. Na invasão israelita do Líbano em 1982, este avião foi tão eficaz na localização do inimi go (às vezes ainda antes de este descolar) que os Israelitas destruíram mais de 80 aparelhos sírios, sofrendo apenas uma perda, embora ambos os lados utilizassem jactos supersónicos com velocidades de ponta semelhantes. Os AWACS (designação por que são co nhecidos os aviões do Airborne Warning and Control System, ou Sistema Aéreo de Alerta e Controle) da NATO podem voar sem reabastecimento durante 10 horas, enviando sinais de radar sua km. baseO em terra até distâncias de para quasea 400 radar do avião tem um alcance até 640 km, dependendo da altitude de voo. Os com putadores do avião podem detectar simul taneamente 500 aviões inimigos e transmi tir instantaneamente informações às bases de comando em Inglaterra. Para evitarem a detecção pelos radares instalados em terra, os pilotos voam a rasar
Disparo de foguetes. Chamas brilham sob as asas deste jacto de descolagem vertical, o Harrier, quando ele dispara foguetes SNEB, bombardeando um alvo inimigo em terra. O Harrierpode transportar mais de 41 de armamento - bombas, mísseis, foguetes —. pelo que não só é muito V&sálll em combate aéreo, como também pode destruir aviões inimigos ainda no chão e dar apoio a forcas terrestres.
o solo. A este nível, a curvatura da Terra, os montes e os edifícios escondem o apare lho dos sinais de radar Durante os treinos em tempo de paz, os pilotos aprendem estas tácticas voando a 75 m para evitar o
A técnica hoje ensinada pelas forças aé reas é a de atacar o inimigo tão rapidamen te quanto possível. Assim que o avião ini migo é avistado, o atacante tenta aproximar-se dele o suficiente para captar na sua
diminuir a velocidade, o que evita que ul trapasse o avião inimigo no final da picada. Esta manobra é frequentemente executa da em pares, sendo o "chefe" protegido por um "asa", que se coloca em posição de
incómodopara, do ruído, têm voarem de estaropre parados numamas guerra, mais baixo possível. Se tiverem de entrar em combate, tomam então altura para ob ter espaço de manobra. Voar em formação cerrada — em que, às vezes, os aparelhos estão separados por escassos metros — confunde também o radar inimigo, que não consegue distin guir o número de aviões da esquadrilha.
mira a oparte maisdurante vulnerável do outro avião, cockpit, apenas meio se gundo — quanto basta para o abater. Ainda hoje são ensinadas nalgumas for ças aéreas tácticas de combate usadas na Guerra da Coreia. Uma destas é o ioiô a alta velocidade. 0 piloto atacante sobe quase a pique para uma posição acima do seu ad versário e pica sobre ele vindo da direcção do Sol. Depois, executa um tonneau para
o caso de o inimigo sobreviver eataque voltarpara ao combate. Se dois adversários se perseguem em círculo aproximadamente à mesma velo cidade, o agressor pode usar a táctica do ioiô baixo para se aproximar. Pica para o centro do círculo e sobe por baixo do ad versário enquanto este continua a dar a volta. Ao eliminar um sector do círculo de voo, ele consegue aproximar-se o suficien-
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Manobra defensiva de um "Harrier". Procedendo a uma mano bra sem par, um Harrier (rosto azul) abale um caça inimigo mais rápido (rasto laranja). 1. O I larrierdetecta o avião inimigo atrás de si. 2. 0 inimigo está em posição de
nase um ahx> fácil.
guns segundos é-lhe possível reduzir a veocidade horária em 320 km, continuando com os motores à potência máxima. Os mais recentes jactos de combate, como o F-16 Fighting Falcon americano, caça polivalente com uma velocidade má xima de 2145 km/h, são construídos tendo em vista uma grande capacidade de mano bra. A concepção revolucionária do Falcon
te para disparar um canhão ou um míssil térmico. Na maior parle, os aviões inimi gos são destruídos em combate por mís seis que buscam o calor, como o Sidewinder, que persegue o calor do escape do inimigo e pode ser disparado a uma distân cia de 18 km. Quando um piloto se aperce be de que um míssel foi lançado contra ele, inicia um percurso em ziguezague ou lan ça foguetes para atrair e desviar o míssil. As reacções rápidas, a experiência e a capacidade de decisão do piloto são ainda mais importantes que a electrónica do avião. Em geral, a vitória cabe ao avião mais rápido, mas nem sempre assim acon tece, como no caso doHarrier, avião subsónico com uma impressionante capaci dade de manobra. Este avião pode aterrar e descolar na vertical, e o piloto pode alterar, durante o voo, o ângulo de impulso dos motores, orientando as respectivas tubei
proporciona-lhe um centro de gravidade tão recuado que o avião está sempre pesa do de cauda e, no solo, parece estar na posição de descolagem. Pode ser colocado muito rapidamente em subida apertada, mas precisa de um computador integrado para controlar as superfícies de comando de voo — os flaps, os ailerons e os lemes de direcção e de profundidade. O computador está continuamente a ajustar esses coman dos com movimentos tão pequenos e rápi dos que nenhum piloto conseguiria fazê-los por si. O manche, sensível a alterações mínimas da pressão dos dedos do piloto, envia mensagens electrónicas aos compu tadores, que por sua vez as transmitem ao sistema hidráulico que controla as superfí cies de comando de voo. Este sistema é conhecido por fly-by-wire (pilotagem por sinais eléctricos), pelo que os pilotos do F-16 deram a esle avião a alcunha de o Jacto Eléctrico. Sem os seus computadores, ele
ras de escape. Deste modo, em apenas al
não conseguiria erguer-se do solo.
disparar.3. O Harrier apon ta para baixo as lubeiras
dos seus jactos, perden do subitamente veloci dade e forçando o inimi
go a ultrapassá-lo. 4. O outro caça. agora na frente, tor-
Um princípio semelhante é usado no F/A-18 Hornet da Marinha Americana - velocidade máxima, 1915 km/h -, avião cujos computadores se sobrepõem ao piloto caso este cometa um erro, como subir a pique com pouca velocidade. Os computadores são também a chave do êxito nos combates a velocidades supersónicas. O piloto utiliza-os para obter informações de pormenor sobre a altitude, direcção e velocidade de aproximação do seu alvo. Os pormenores são apresenta dos na sua linha de visão num HUD (head up display), com écran transparente colo cado à sua frente, permitindo lhe ler as in formações sem desviar os olhos. As ver soes mais recentes projectam as informa ções sobre a viseira do capacete do piloto, que actua igualmente como mira. O piloto olha para o alvo ao longo da mira, fixando-se depois nele ao premir um botão. O ra dar e outros sensores localizam o alvo, po dendo então ser feito um disparo, seja au tomaticamente, seja pelo piloto.
Ataque e defesa. O piloto de um Tornado F-3 (à esquerda) demonstra uma táctica de combate aéreo utilizada desde a I Guerra Mundial. Ele sobe rapidamen te acima do avião inimigo, depois pica sobre este vindo da direcção do Sol para que o piloto inimigo fique encadeado. Ameaçado por um atacante (em cima), o piloto de um F-16 Fighting Falconamericano dispara foguetes para desviar mísseis lerrnoguiados. Os mísseis inimigos são atraídos pelo calor dos foguetes.
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IDEIAS PRÁTICAS E SOLUÇÕES ENGENHOSAS
Como os aviões e os navios "vêem" com o radar Os morcegos voam emitindo sons agudos que são reflectidos para os seus ouvidos quando encontram qualquer obstáculo. O radar funciona de modo semelhante, mas Utiliza sinais de rádio reflectidos para de tectar objectos até 3200 km de distância. Sem ele, o complicado controle de tráfego aéreo e os sistemas avançados de alerta de mísseis seriam impossíveis de operar,e os navios no alto mar arriscar-se-iam a coli sões em tempo de nevoeiro ou à noite. 0 radar deriva o seu nome deradio detection and ranging (detecção e telemetria por rádio). Surgiu na Europa e na América durante os anos 30, depois de o engenhei ro italiano Guglielmo Marconi (o pioneiro da rádio) ter sugerido a ideia em 1922. O navio francês de passageiros Normandie — que em 1935 estabeleceu o recorde da travessia do Atlântico em pouco mais de quatro dias - foi equipado com radar em 1936 para a detecção de icebergues. O moderno radar é suficientemente sensível para localizar todos os aviões que se aproximam de um aeroporto movi mentado, permitindo aos controladores do tráfego aéreo mantê-los a altitudes dife rentes enquanto organizam as rotas de aterragem. Os aviões de carreira equipados com um radar-farol, ouestão iransponder (transmissor-respondedor), na parte inferior. Este emite os seus sinais de radar para o solo e recebe-os reflectidos, o que permite ao piloto conhecer a altitude a que voa. O radar-farol reflecte ainda os si nais dos dois sistemas de radar do aeropor to: o primário, que avisa da aproximação e distância do avião, e o secundário, que en via sinais em código ao transponder, o qual informa o aeroporto da identidade e altitude do avião. Os sinais de radar podem igualmente ser reflectidos pelas gotas de chuva. Os meteo
rologistas utilizam redes de radar para localizar as nu vens de chuva ou de neve. Os aviões de carreira estão equipados no nariz com pesquisadores de radar que dão ao piloto um mapa do tempo que faz até 320 km à sua frente, para que ele pos sa evitar as tempestades. Em casos de necessidade, o piloto pode inclinar o pes quisador para obter um ma pa do terreno a sobrevoar. As naves espaciais e os satélites em órbita à volta Navios a vante. Num petroleira, um écran de radar contra da Terra empregam feixes colisões mostra os outros navios com pontos e a direcção com de radar para obter infor pequenas rectas. A linha maior indica o rumo do petroleiro mações sobre a superfície do planeta destinadas aos cartógrafos, aos nésimos de segundo). Medindo-se o tem geólogos e aos oceanógrafos. O radar é po que um sinal demora a voltar, torna-se igualmente utilizado para recolher dados possível calcular a distância ao alvo. sobre a superfície de outros planetas. Se o objecto está em movimento, o sinal de retorno tem uma frequência ligeira Como funciona o radar mente diferente do de saída. Esta mudança na frequência é conhecida por efeito de O equipamento básico do radar consiste Doppler e é causada pela acumulação das num emissor para gerar os sinais de rádio, ondas de rádio quando um objecto se num pesquisador giratório — a antena que envia e recebe os sinais — e num écran no qual são exibidos os sinais reflec tidos. Os sinais de rádio são transmitidos por impulsos (disparos curtos) na fre quência das microondas, entre 1000 e 35 000 ciclos por segundo. Em compara ção, as ondas sonoras dos sinais do morce go têm frequências de 30 a 120 000 ciclos por segundo. Os impulsos do radar estão sincronizadas por forma que um sinal atin ja o alvo e regresse à fonte antes da emissão do sinal seguinte. Como as ondas de rádio se propagam à velocidade da luz, cerca de 300 000 km/s, os intervalos das pulsações são medidos em microssegundos (milio-
VENDO ATRAVÉS DA AGUA POR MEIO DE ECOS SONOROS bem como na investigação e na carto O naufrágio do navio de passageiros grafia dos fundos. Pulsações sonoras, Tííanlc, em 1912, devido à sua colisão geradas electronicamente, são emitidas com um icebergue, levou os cientistas através da água e reflectidas para o navio a procurarem uma forma de detectar por qualquer obstáculo até uma distân obstáculos submersos. O moderno sonar [sound detection and ranging, ou cia de 10 km. Os sinais reflectidos sáo apresentados num écran. detecção e telemetria por meio do som), que usa os ecos dos sons emiti O som propaga-se na água a cerca de dos, foi criado pelo cientista francês 1500 m/s - cerca de quatro vezes mais Paul Langevin. rápido que no ar. Como acontece com o radar, a distância ao obstáculo é calcula Actualmente, o processo é utilizado da a partir do tempo de retorno do eco, e na navegação marítima para determinar o efeito de Doppler das ondas sonoras a profundidade da água e pelos barcos indica se o objecto está em movimento. de pesca para localizar os cardumes,
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aproxima ou peloPorseu espaçamento quan do ele se afasta. este efeito, os operado res de radar conseguem distinguir um ob jecto que se move de um objecto estado nário (como uma montanha) e calcular a direcção em que ele se desloca. Pela ampli tude do efeito podem igualmente calcular a velocidade. Os feixes de microondas de radar emitidos pelas naves ou satélites em órbita respondem diferentemente às situa ções que encontram - florestas densas ou campos cultivados, por exemplo. Com putadores analisam as diferentes intensi dades dos sinais de retorno e constroem uma imagem da superfície.
Defesa contra torpedos e mísseis Em Maio de 1987, dois mísseisExocet atin giram a fragata americana Slark no golfo Pérsico, matando 38 homens. O piloto ira quiano que disparou os mísseis nunca chegou a ver o alvo. a não ser no seu écran de radar - estava a cerca de 50 km quando os lançou. Por seu lado, a tripulação do Stark só se apercebeu rios mísseis poucos segundos antes de ser atingida. A primeira fornia de defesa contra ataques
Como os mísseis sã o guia dos at é ao alvo
Teste de um míssil de cruzeiro. Lançado de um submarino a 640 km de distância e guiado por uni computador que monitoriza o terreno que sobrevoa, um míssil de cruzeiro americano Tomahawk atinge uma edificação na ilha de San Clemente, na Califórnia Os fogueies alemães V-2, utilizados no fi nal da II Guerra Mundial, possuíam um sis tema de orientação bastante primitivo e eram pouco certeiros. Desde os anos 40, foram criados muitos sistemas de orien tação de precisão para todos os lipos de míssil. 0 sistema de orientação mais simples é o olho humano. Os mísseis anticarros, comosoviético, o Milan,ou franco-alemáo, oAT-3 Sag ger, o Swingfire, inglês, pos suem um fio delgado que os liga ao joyStick miniatura manejado pelo apontador. A ligação por fio é simples e, ao contrário de um sinal de rádio, não sofre interíerên cias. No entanto, a necessidade de o ter restringe o alcance do míssil e, em certa medida, a sua velocidade, pois a rapidez com que o fio pode desenrolar-se tem limi tes. Os mísseis guiados por fio são apenas eficazes contra tanques ou outros alvos re lativamente lentos que podem manter-se visíveis durante todo o trajecto da arma. Para atacar aviões é necessário um siste
ma de orientação diferente. A resposta consiste num míssil autoguiado equipado com um computador que substitui o ope rador humano. Esles mísseis têm um al cance de cerca de 50 km. A sua fornia de orientação pode ser activa ou passiva. Outras armas que empregam orienta ção activa são os mísseis terra-ar (SAMs),
Dirigidos por fios. Ligado por fio ao lan çador c guiado por um operador humano, um míssil antkarro Milan procura o aluo.
como o Rapier, inglês, ou oRoland, francoalemão, que usam radar no solo ou siste mas ópticos para detectar o alvo e seguir o míssil depois de lançado. Computadores enviam depois instruções por rádio até ao míssil, dirigindo o até ao alvo. O Rapier tem um alcance de cerca de 6,5 km, en quanto o do Roland é de 6 krn. Na orientação passiva, o míssil é guiado por sinais vindos do próprio alvo —Osemmís geral, sinais de radar ou térmicos. seis americanos Sidewinder ar-ar c Stinger terra-ar detectam as radiações infraverme lhas do escape dos aviões. São conduzidos por um computador integrado que accio na pequenas aletas na parle da frente e, uma vez lançados, o operador nada mais lem a fazer; são mísseis de "lançar-e-esquecer". Os mísseis antinavios, como o Exocet criado pelos Franceses, são apontados au tomaticamente pela inlroduçáo da posi ção do alvo num computador de lança mento. Os mísseis estão munidos de siste mas de navegação por inércia, que apu ram constantemente a posição exacta do míssil, detectando todas as alterações da direcção e velocidade desde o momento do lançamento. Todas estas alterações são monitorizadas por um computador exis tente no míssil, o qual, se verifica que este se afasta alvo devido ventos fortes por oulrosdomotivos, ajustaa pequenas aletasou que o devolvem ao rumo correcto. Quan
Mísseis antinavios. Um míssil Exocet lun çado de um auião dirige se ao alvo, rosan do a água a cerca de 2,5 m. Um radiultinie tro a bordo do míssil mede e controla a sua passagem por cima das ondas.
do o computador de bordo calcula que o míssil está a 15 km do alvo, põe em funcio namento um scanner de radar que detecta o navio. O computador calcula então o ca minho percorrido pelo alvo desde que o Exocel foi lançado e ajusta o novo rumo. Os mísseis de cruzeiro de longo alcance utilizam o mais sofisticado de todos os sis temas de orientação, o TERCOM {terrain contourmatching ou comparação topo gráfica). Nos computadores de bordo do míssil existe um modelo tridimensional do terreno que ele sobrevoará. Cada ponto do solo é registado segundo um conjunto de números indicando a sua posição e a altu
Mesmo numa noite que a maioria das pessoas classificaria de escura como breu, há alguma luz, ainda que só a das estrelas. Nessas condições, um soldado consegue apontar correctamente a um alvo a mais de 350 m, Versões mais potentes, com o alcance de I km, são usadas em peças de artilharia, tanques, helicópteros e aviões. Não havendo o mínimo de luz _^^ das estrelas, utiliza-se um aparelho diferente uma câmara de infravermelhos, que detecta o ca
ra a que o míssil o sobrevoa. Estes mísseis voam a alturas entre 15 e 90 m. À mediria que o míssil avança, os seus altímetros me dem rigorosamente os contornos do terre no em baixo, comparando-os com as in formações contidas no computador, a fim de manter o rumo do míssil. Os instrumen tos localizam lambem o alvo e fixam nele o seu rumo. Depois de um voo de mais de 2500 km, o míssil atinge o alvo com uma margem de erro de 15 m. Em comparação com estes, os mísseis balísticos intercontinentais são relativa mente pouco certeiros. Ao serem lança dos. utilizam o seu sistema de navegação por inércia a fim de estabelecerem o rumo, mas depois voam como um dardo — cain do no solo num local determinado pela sua velocidade inicial, direcção e elevação. Os mais certeiros mísseis americanos, os Minuteman III, têm uma margem de erro de 220 m do seu alvo, o que, dada a enor me potência dasperto. suas ogivas nucleares, é suficientemente
lor em vezque ria luz. Objectos ge ram calor - aviões, escapes de mísseis, fogueiras de acam pamentos, por exem pio - podem ser de tectados de urna distân cia de vários quilóme tros. Estas miras são utili zadas como rotina nas operações de reconheci mento As câmaras de infra vermelhos detectam igual mente o calor do corpo de um soldado inimigo. Quando a nightsight fizer parte do equipamento de todos os soldados, tanques e aviões, será possível combater durante 24 horas por dia.
Como um soldado consegue "ver" na escuridão A nightsight (mira de visão nocturna) transforma, para um soldado, a noite em dia, o que significa que a escuridão deixou de ser um refúgio para as tropas inimigas. Com uma nightsight, os seus movimentos são facilmente detectáveis, expondo-os a fogo seguro. A nightsight assemelha-se a uma mira telescópica grande e permite ao soldado ver claramente em qualquer noite (excep to as demasiado escuras), pois amplifica a luz do luar e das estrelas. Primeiro, uma célula fotoeléctrica de grande sensibilida de converte a imagem num sinal eléctrico, corno numa câmara de televisão. Depois, esse sinal eléctrico é ampliado por circui tos semelhantes aos de um amplificador de som e, finalmente, transformado numa imagem e apresentado num écran.
Visão nocturna. Aproveitando a iluminação de rua e a luz geral da cidade, a nightsight de um soldado detecta um terrorista a 80 rn de distância (em cima). Mesmo numa noi te sem Lua e dentro de um bosque, a luz das estrelas ilumina esle alvo a 30 m.
Porque que umarectilíneo? bala de carabina faz um épercurso Os antigos mosquetes e espingardas eram pouco certeiros. Disparavam bolas de chumbo que eram carregadas pela boca do cano. Mesmo que uma dessas bolas estivesse bem apontada ao alvo, ao sair do cano riesviava-se frequentemente. I loje em dia, a bala vai em linha recta — mas como é que isso foi conseguido? As bolas de mosquete entravam à vonta de no cano, que era liso. Ao serem dispara das, batiam de um lado e outro no interior do cilindro, de onde saíam com uma direc ção imprevisível. Além disso, qualquer ir regularidade de forma fazia-as oscilar em voo. Já em 1500 surgiu uma solução para estes problemas: primeiro, as bolas passa ram a ajustar-se bem aos canos para evitar o efeito de ressalto; depois, passaram a fa zer se entalhes em espiral no interior do cano, as estrias, que obrigavam a bola a girar ao longo do percurso. Lima bola que gira mantém a sua trajectória no ar, pois qualquer tendência para se desviar num sentido é contrabalançada quando a bola gira e tenta desviar-se no sentido oposto. Por volta de 1840, as bolas tinham se já
transformado na bala com a forma que é hoje vulgar alongada com ponta cóni ca. O seu melhor aerodinamismo aumentou-lhes o alcance e a precisão, mas ainda eram difíceis de carregar. Em 1847, Claudc-Eticnne Minié, capitão do Exército Francês, inventou uma bala de chumbo com a base ligeiramente côncava Quando a bala era disparada, a base de chumbo macio expandia-se para se ajustar à estria. Estas balas podiam ser introduzi das no cano fácil e rapidamente, tornando prático o uso de armas estriadas na guerra Foram pela primeira vez usadas em lar ga escala na Guerra da Crimeia (1853-56) e na Guerra Civil Americana (1861-65). Na década de 1870, a criação de invólu cros de metal para conter a carga rietonan te levou às espingardas rie carregamento pela culatra, em substituição das de carre gar pela boca. Balas revestidas de bronze ou de bronze maciço foram produzidas para as armas de carregamento pela cula tra em 1886. Tinham uma penetração con siderável, atravessando blindagens que te riam detido as balas de chumbo macio. 157
sões; a reacção auto-extingue-se — não há possibilidade de explosão. A massa de material tal que uma gera ção de neutrões dá srcem, em média, a um número igual de neutrões na geração seguinte chama-se massa crítica. (Os com plicados controles de um reactor nuclear destinam-se a mantê-lo exactamente críti co; a energia libertada é então constante ao longo do tempo, e a reacção em cadeia diz-sc controlada.) A massa crítica de plutónio ou de urânio-235 corresponde a uma esfera do ta manho de uma toranja; qualquer massa superior à crítica pode sustentar uma reac
Mesmo a meio. Voando a 3383 hmih, uma bala de calibre .30 rasga uma carta Sào ciara mente visíveis na bala as marcas feitas pelas estrias do interior do cano. Por essa altura, também as cargas deto nantes "sem fumo" substituíram as de pól vora negra. Além de reduzirem a sujidade do cano, eram mais potentes: a velocidade da bala passou de 1600 para 2600 km/h. Durante o século xx, as balas tornaram -se muito mais pontiagudas. Há igualmen te tendência para que as balas sejam me nores do que antigamente. Uma bala pe quena e leve vai mais longe c mais depres sa do que uma grande disparada por carga
A cisão, ou fissão, é o processo pelo qual um núcleo atómico se divide e constitui a base da bomba nuclear de cisão, vulgar mente conhecida pelo nome de bomba atómica, ou bomba A. A fusão é o opôs to a combinação de dois núcleos atómi cos para formarem um núcleo maior. Este processo liberta quantidades de energia ainda maiores que a cisão, e está na base da bomba de hidrogénio, ou bomba H, também conhecida por bomba termo
idêntica, uma menor, carga mais voca um trecuo o quepequena torna o pro tiro mais preciso. As modernas carabinas de guerra dispa ram balas a cerca de 3600 km/h e conse guem acertar repetidamente num alvo de 10 cm de uma distância de 90 m, o que é adequado à maioria dos objectivos milita res. Aquela distância, as melhores carabi nas de tiro de precisão acertam num alvo de 6 mm.
nuclear. A fusão nuclear é também a fon te da energia do Sol. A maioria das armas nucleares modernas utiliza os dois pro cesso s. As bombas de cisão têm de possuir um de dois ingredientes - o urânio ou o plu tónio. A que foi largada sobre Hiroshima em 6 rie Agosto de 1945 usou urânio; Nagasaki foi desunida em 9 de Agosto por uma bomba de plutónio. Tanto o urânio como o plutónio são elementos cindíveis — os seus núcleos podem ser fragmentados por partículas subatómicas denominadas neutrões. Quando um núcleo destes se cinde, são libertados pelo menos dois novos neu trões. Estes tem a possibilidade de, cho cando com dois outros núcleos, provoca rem duas novas cisões, srcinando quatro neutrões, e assim sucessivamente: é uma reacção em cadeia. Como cada neulrâo libertado leva apenas cerca de um centési mo milionésimo de segundo a provocar nova cisão, rapidamente se atinge uma taxa de cisões catastrófica, com uma liber tacão brutal de energia uma explosão nuclear. Se, no entanto, tivermos apenas uma pequena porção de material cindível, os neutrões, na sua maioria, perder se ão ino fensivamente no ar sem provocar novas ci
Como se constroem as armas nucleares? As armas nucleares tem mantido o Mundo num equilíbrio instável entre a paz e o ter ror desde que as duas únicas até agora utili zadas forçaram a rendição do Japão, em 2 de Setembro de 1945, terminando a II Guerra Mundial O poder terrível destas ar mas provém da libertação de quantidades imensas de energia pelos núcleos dos áto mos durante reacções de cisão ou de fusão. 158
ção emacadeia crescentenuclear. — e portanto dar srcem uma explosão Há que garantir que a explosão não ocorra acidentalmente, tendo o cuidado de nunca se juntar uma massa crítica antes do momento da explosão. Na bomba de Hiroshima foi empregada uma carga ex plosiva convencional para impelir unia porção de urânio ao longo de um tubo até outra porção de urânio. Separadas, nem uma nem outra eram suficientemente grandes para explodirem; mas, em con junto, ultrapassaram a massa crítica e ex plodiram co m a potência de 12 a 13 0001 de TNT. A bomba de Nagasaki aproveitou o facto de a massa crítica poder reduzir-sc se o
A bomba A de Hiroshima. A "Little Boy" ("O Menino"), bomba nuclear que {leras toa litroshima em 1945, pesava 4100 kg. mas linha a potência de 12 a 13 0001 de TNT.
Carga mortal. As cinco ogivas nucleares do míssil intercontinental americano MX •'Peacekeepcr" estão programadas para atingir simultaneamente alvos diferentes.
material cindível (neste caso, o plutónio) for comprimido para aumentar a sua den sidade. Rodcou-se urna massa suberítica de plutónio com cargas explosivas con vencionais. Quando estas foram detona das, comprimiram o plutónio, que se tor nou supererítieo e produziu uma explosão idêntica à de 22 000 t de TNT. Cerca de metade da energia libertada numa explosão nuclear típica é gasta na onda de choque — uma bomba equiva lente a 20 000 t de TNT destrói edifícios num raio de 800 m. Um pouco mais de um terço da energia toma a forma de calor, tão intenso que incendeia todas as matérias
O destruidor invisível. Num ensaio experimental, um míssil Titan I (ú esquerda! foi o aluo
combustíveis raio de km. A de ener gia restante énum libertada sob6,5a forma ra de um laser químico. Segundos depois de o laser ser activado, deslruiu o míssil (ã direita! diações energéticas — sobretudo raios gama c raios X. Após uma explosão nu clear, milhões de pequenas partículas ra dioactivas caem para o solo, constituindo a chamada chuva nuclear (fallout, em inglês).
Armas termonucleares Para fabricar bombas ainda mais potentes, é necessário recorrer à fusão nuclear. A primeira bomba termonuclear - ou de hidrogénio — foi construída nos EUA Ti nha a potência de cerca de 10 milhões de toneladas de TNT (10 MD e foi detonada no atol de Eniwetak. no Pacífico, em Novem bro de 1952. Nas bombas de fusão empregam-se duas formas de hidrogénio - o deutério e o trítio. Quando os núcleos destes elemen tos se combinam, dá-se uma enorme liber tação Mas para que se dêcom a sua fusão,desãoenergia. necessárias temperaturas paráveis à do centro do Sol — 14 milhões de graus centígrados. A única forma de se conseguir esta temperatura á por meio de uma bomba de cisão nuclear. Assim, as bombas de hidrogénio baseiam-se simul taneamenle nas reacções de fusão e deci são. A bomba de maior potência que jamais se fez explodir foi detonada em Nova Zernbla, grande ilha ao largo da costa norte da Rússia, em 30 de Outubro de 1961. Os cálculos situam a sua potência entre os 57 e os 90 milhões de toneladas de TNT, e a sua onda de choque deu três voltas à Terra. As armas práticas são, no entanto, mui to menos potentes. A mais pequena bom ba nuclear do arsenal dos EUA é aW-54. com uma potência de 250 t, e a maior é de 2 milhões de toneladas. As primeiras armas nucleares eram vo lumosas. A "Fat Man" ("Homem Gor do") de Nagasaki tinha 3,6 m de compri mento e pesava 4900 kg. Actualmente, as bombas com este peso têm uma potên cia 600 vezes superior. A bomba nuclear mais pequena, a W-54, destinada à des truição de pontes e outras estruturas, pode ser transportada às costas de um soldado.
Investigação do programa SDI, ou "Guerra das Estrelas". Dois raios de laser químicos convergentes são apor/lados a um aluo de ouro 00 tamanho de um ponto final, a hm de se avaliar a sua precisão e. capacidade destrutiva. Todas as armas americanas (das soviéti cas pouco se sabe) contêm instrumentos de segurança que impedem a sua detona ção não autorizada ou acidental. Nas primeiras armas, as medidas de se gurança eram relativamente simples, resumindo-se a um selo de arame, um in terruptor e um lecho. As modernas têm dispositivos de armação e detonação controlados por código, o que torna im possível detona las sem se conhecerem complexos códigos que todos os dias são alterados. Se se introduzirem diversas ve zes números errados, a arma trava-se e neutraliza-sc a si própria, de tal modo que só poderá ser disparada depois de uma reparação. Se um avião que transportasse uma bomba nuclear caísse e se incendiasse, não haveria perigo de uma explosão nu clear, pois a bomba não estaria armada: só os explosivos químicos usados para disparar a bomba nuclear poderiam ex plodir.
Como se poderiam usar os raios de "laser" no espaço Se um ataque nuclear fosse lançado contra a América, envolveria possivelmente cen tenas de mísseis transportando milhares de ogivas nucleares, cada um viajando a velocidades de até 6,5 km/s a caminho dos alvos, que atingiriam 30 minutos depois do lançamento. Para se protegerem, os Ame ricanos têm vindo a desenvolver o seu pro grama de Iniciativa de Defesa Estratégica (SDl) ou ''Guerra das Estreias". Uma parte importante deste programa consiste no aperfeiçoamento de lasers (v. p. 229) que destruam os mísseis inimigos nos cinco minutos após o lançamento. De pois desse período, a defesa torna-se mui159
lo mais difícil, dado que cada míssil chega a largar 10 ogivas e muilas negaças, au mentando grandemente o número de al vos que têm de ser atingidos. O mais simples processo de destruição consiste em focar sobre o míssil um feixe de radiações infravermelhas que abra um orifício na blindagem, provocando fuga de combustível ou destruindo o sistema elec trónico de orientação. Os Americanos estão a estudar umlaser químico que usa a reacção do flúor com o hidrogénio para srcinar uma poderosa emissão de raios infravermelhos. Olaser é focado e apontado por meio de prismas e
Desde os primórdios da indústria nuclear, em meados da década de 50, houve três acidentes importantes. O reactor que so breaqueceu em Three Mile Island, Filadél fia, em Março de 1979, nunca chegou a pegar fogo, mas registaram-se incêndios
espelhos. químico de potência sufi ciente (25Um MWlaser ou mais) poderá destruir um míssil à distância de quase 3200 km. Os lasers atacariam os seus alvos a partir de estações militares espaciais a algumas centenas de quilómetros da Terra Contudo, seriam precisas cem dessas estações para conferir à América uma protecção completa e pô-las em Órbita seria uma tarefa que toma ria insignificante qualquer dos projectos es paciais até aqui levados a cabo. Só o flúor e o hidrogénio necessários para alimentar os la sers pesariam perto de 2000 t. Uma alternativa seria ter oslasers basea dos em terra, mas, neste caso, haveria o inconveniente de a atmosfera dispersar o feixe. Apenas um décimo da potência do laser atingiria o alvo, pelo que os lasers baseados em terra teriam de ser realmente muito potentes: cerca de 400 MW cada um — potência idêntica à do consumo da electricidade de uma cidade de tamanho
graves no Chernobyl, Noroeste denaIn glaterra,ememWindscale, 1957, e em Ucrânia, em Abril de 1986. Estes dois in cêndios foram extintos, mas por processos diferentes. Quando um reactor nuclear se incen deia, não explode como uma bomba nu clear, mas urna série de explosões meno res ou o próprio incêndio podem destruir o reactor e libertar para a atmosfera enor mes quantidades de materiais radioactivos altamente perigosos. Durante todo o tem po em que se combateram os fogos de Chernobyl e Windscale, houve fuga de radioactividade, tornando aquele trabalho extremamente perigoso. O reactor de Windscale foi construído para produzir plutónio para as armas nu cleares britânicas. Irrompeu em chamas quando um operador cometeu um erro, o que permitiu que a temperatura do núcleo subisse excessivamente. O resultado foi
médiohoje e 1000 vezes Os superior à deteriam qualquer laser existente. espelhos de manter o laser apontado durante vários segundos para o míssil antes de este ser destruído. Mesmo que tal se conseguisse, o inimigo poderia ainda derrotar o laser montando um escudo térmico em volta do míssil ou imprimindo um movimento de rotação ao míssil para que o feixe não esti vesse focado sobre o mesmo ponto o tem po suficiente para abrir um orifício. O Programa Guerra das Estrelas tem igualmente vindo a desenvolverlasers que emitem raios X em vez de um feixe de lux. Estes raios são emitidos numa única pulsa ção em vez de num feixe contínuo. A fonte dos raios X é urna pequena explosão nu clear. Dado que os raios X são rapidamente absorvidos pela atmosfera, tinham tam bém de ser disparados do espaço, quando lanto o laser como o míssil que aquele atacaria tivessem subido acima da atmos fera — pelo menos a 80 km da Terra. A ideia não é estacionar permanentemente os lasers no espaço, mas lançá-los unica mente quando as observações por satélite revelassem que estava já em progresso um ataque inimigo. Oslasers de raios X seriam lançados de submarinos e então rápida mente colocados em órbita, de onde se riam automaticamente disparados.
um incêndio ser dominado.que durou quase dois dias até
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Como se extingue um letal incêndio nuclear?
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A sepultura da unidade 4. Uma espessa muralha de betão, iniciada em 1986 (ao alto), foi construída para conter a saída das radiações do reactor destruído em Cher nobyl (em cima). Os bombeiros, com fatos que os prote giam da radioactividade, começaram por pulverizar o fogo com dióxido de carbono, esperando abafá-lo por falta de oxigénio, mas o processo falhou. Não tinham queri-
O centro do calor. Umu fotografia ao acidente de Chernobyl tirada pelo satélite americano Landsat revelou duas fontes de calor (as pequenas manchas azuis), o que sugeriu a alguns observadores americanos que um segundo reactor nuclear estava à beira de se fundir hipótese que de facto não se confirmou.
do utilizar água, temendo que esta reagisse com a grafite em combustão, produzindo
hidrogénio que poderia explodir e destruir completamente o reactor. No entanto, acabaram por decidir arris car e, com o auxílio de mangueiras, inun daram o reactor com uma enorme quanti dade de água. Resultou e o fogo apagou-se, embora depois de se terem escapado quantidades substanciais de radioactiviriade. 0 reactor inutilizado foi depois enchido com betão e abandonado. 0 incêndio de Chernobyl foi muito mais grave. Teve início depois de os operadores terem "passado por cima" de uma série de sistemas de tempo segurança a fim decontinua verificarem por quanto as turbinas riam a gerar electricidade depois de a fonte de vapor ter sido fechada. A dada altura, perderam o controle do reactor, e, depois de duas fortes explosões, este começou a arder violentamente. A cobertura do reac tor foi destruída, expondo-o ao ar livre. Par tículas ao rubro branco de combustível ra dioactivo começaram a ser projectadas, in cendiando o edifício da central eléctrica c ameaçando um reactor próximo.
sarcófago de betão com 1 m de espessura, sepultando o para sempre. O desastre de Chernobyl foi o pior de sempre na indústria nuclear, matando 31 pessoas, incluindo 6 bombeiros. Muitas outras poderão vir a morrer de cancro no futur o, devido à exposição a elevados nívei s de radiação. Quatro anos após o acidente, ainda muitos habitantes <\à região não po diam regressar às suas casas por os níveis de radiação serem ainda demasiado altos.
Velejar contra o vento
Os primeiros a chegar ao local foram os bombeiros locais, que, com imensa cora gem e sem vestuário protector, assaltaram aquele inferno e extinguiram quanto pu deram do incêndio com o auxílio de man gueiras vulgares. Embora muitos destes homens tenham morrido, a sua acção quase certamente salvou o reactor vizinho e evitou um desastre ainda maior. Mas os Russos encontravam-se ainda
Se o vento é a única força que impele um barco á vela, como pode este navegar con tra cle ? Por extraordinário que pareça, a força mais importante que faz um barco andai contra o vento é a sucção. A vela de um barco assemelha-se à asa de um avião em posição vertical. Na face exteri or — de sotavento —, o vent o tem de contornar a vela, criando um poderoso efeito de sucç ão — isto é, pu xan do a vela para si. O efeito de sucção c um dos fenó menos da aerodinâmica: o ar que é desvia do por uma vela curva comprime se para poder passar. Quando um fluxo de ar é comprimido, a sua velocidade aumenta a corrente de ar por baixo de uma porta pode ser surpreendentemente forte por este motivo. E quando a velocidade do ven
perante um pr obl ema terrível - um rea ctor destruído e sem cobertura, incandescente e expelindo para o ar quantidades imensas de substâncias radioactivas.
to aumenta, dá-se uma diminuição da pressão — porque, quanto mais rapida mente o ar se move, menos moléculas existem por unidade rio volume.
Bombardeamento por helicópteros Para combater o fogo foi utilizado um pro cesso inédito. Com o auxilio de uma es quadrilha de helicópteros, lançaram-se so bre o rea ctor mais de 5000 t de argila seca e areia para tentar abafar o fogo. Adicionouse ainda carboneto de boro para absorver
neutrões e impedir que o reactor explodis se novamente. Dcitou-se ainda chumbo para absorver calor ao fundir e para selar o reactor quando arrefecesse e solidificasse. Despejou-se também cal em pó para pro duzir dióxido de carbono, que, envolven do o núcleo do reactor, evitaria que o fogo irrompesse de novo. foram precisas duas semanas de voos quase contínuos, mas o processo resul tou - o incêndio mortífero de Chernobyl foi extinto e detida a libertação de ra
diação. Ironicamente, o método utilizado na ex tinção do incêndio só foi possível porque 0 acidente fora suficientemente grave para destruir a cobertura do reactor. Quando os índices de radiação finalmente diminuí rain, foi construído em volta do reactor um
Assim, a baixa pressão no lado de sota vento suga a vela para si com o dobro da força co m que na outr a face de barla vento - o ven to a emp urr a no mesmo sentido. Por este motivo, o vento força o barco a andar de lado. Contudo, a quilha — ou o patilhã o do barc o contra ria este mov i mento lateral. A força do vento é assim de composta numa força que faz o barco an dar para a frente e noutra que o faz inclinar-se para sotavento — força esta que o tripu lante tenta vencer projectando se para fora da borda do lado contrário. Nenhum barco navega directamente co ntr a o ve nto - um iate da classe "12 metros", por exemplo, não consegue um ângulo melhor que 10 a 15". Para avançar para a direcção da qual o vento sopra, o barco tem de navegar numa série de zigue zagues, ou bordos. Quanto mais apertada mente o barco anda contra o vento, menor será a sua velocidade. O timoneiro pode andar mais depressa fazendo ziguezagues a um ângulo mais aberto em relação ao vento mas o trajecto percor rido passa a ser maior.
Regateando contra o vento, lales luzem um bordo contra um vento forte
Movimento para diante
Direcção do vento
Quilha
Vela A maior velocidade do vento redui a pressão
Força lateral
A força do vento. Corno o vento pussu mais rapidamente ao longo da a ima exte rior da vela, cria uma forçu de suecuo une forca o barco para o lado Mas a quilha con traria este movimento, convertendo parte da suecuo em movimento para diunle.
O restauro de uma obra de arte A Ultima Ceia, de Leonardo da Vinci, uma das grandes obras de arte do mundo oci dental, sofreu provavelmente mais danos do que qualquer outro grande trabalho. O mural, com 3,60 m de altura, foi terminado no fim da década de 1490, e 20 anos depois a tinta estava já a solt ar-se. Em 1587. a pint u ra foi considerada "meio arruinada". Em 1652, os frades dominicanos de San ta Maria delle Grazie, em Milão, em cujo refeitório Leonardo pintara a sua obra pri ma, decidiram ampliar uma porta - o que implicou o corte dos pés de Cristo No século XVIII, puseram uma cortina em frente do mural. A humidade, impedi da de se evaporar, escorria pela parede. Outros estragos ocorreram em 1796, quando as tropas de Napoleão usaram o refeitório como arsenal. Os soldados ape drejavam os Apóstolos e chefiavam a subir as escadas para lhes raspar OS olhos. E em 1943 uma bomba dos Aliados esteve a l ou 2 m de completar a destruição. Agora, a pintura mural está a ser restau rada, e não pela primeira vez. Esta é a séti ma tentativa desde 1726, quando um pin tor de nome Michelangelo Bellotli foi con tratado para restaurar totalmente o qua dro. Km Ião incompetente que se pagou a outro pintor, Giuseppe Mazza, para rasp.tr Continuo nop. 16-t
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Miguel Ângelo: a pintura da Capela Sistina Sentado na parte mais alta do andaime de madeira, com a cabeça e os ombros incli nados para trás, com dores no pescoço, a tinta escorrendo lhe pela face e os olhos a arder, Miguel Ângelo trabalhava de sol a sol nos seus frescos para o tecto da Capela Sistina do Vaticano, em Roma. Às vezes, trabalhava 30 dias seguidos. Sentia-se mal com dores, a cabeça andava-lhe à roda e temia cegar. Em 1510, a meio
de encontro ao teclo e passava carvão em pó através dos orifícios para registar o de senho no preparo húmido. Depois, pinta va a partir do desenho, às vezes improvi sando e compondo à medida que a con fiança aumentava. As nove cenas da criação do Universo sucediam-se alinhadas sobre a sua cabeça. Iam desde a Separação da Luz e das Tre vas (a Criação), por cima do altar, até à
caminho ciclópica, "Estou da no sua lugartarefa errado — e nãoescreveu: sou um pintor!" Na verdade, Miguel Ângelo (Michelangelo Buonarroti) considerava-se, antes de mais, um escultor de mármore — e não tinha boa opinião das suas faculdades como pintor. Nascido em 1475 — filho do presidente do Município de Caprese (hoje, Caprese Michelangelo), a sueste de Floren ça —, tinha 33 anos quando o papa Júlio II o chamou a Roma e lhe deu o encargo de repintar o tecto da Capela Sistina. Esta capela recebera o nome do tio de Júlio II, o papa Sisto IV, para quem fora construída entre 1473 e 1481. As suas pare des estavam cobertas por quadros magní ficos de mestres como Botticelli e Perugi no, mas no tecto havia uma pintura relati vamente insignificante de um céu estrela do, por Piermatteo d'Amelia. A princípio, o papa Júlio pretendia que Miguel Ângelo -—decorasse que aceitara o encargo com relutância o tecto abo badado com retratos dos 12 Apóstolos. Mas o artista considerava o tema bastante pobre e decidiu cobrir a superfície com a sua concepção da criação do Universo. Para alcançar o tecto, muito alto, dese nhou um andaime de madeira móvel que lhe permitia pintar de pé se quisesse e ain da andar de um lado para o outro. Mesmo assim, ao longo de quatro anos e meio, ele achou-o dolorosamente limitativo — es pecialmente depois de ter acrescentado uma rampa à plataforma superior para po der trabalhar nos pormenores, com os olhos a poucos centímetros do tecto. Miguel Ângelo começou a trabalhar no Verão de 1508 com a ajuda de seis assisten tes — que lhe misturavam as tintas, prepa ravam a argamassa e às vezes colabora vam mesmo na pintura. O seu projecto era cobrir a abóbada com frescos - pintura a água sobredea argamassa ainda rapidamente, fresca —, o que tinha ser feito muito enquanto o preparo estava húmido. Qual quer erro significava inutilizar a argamassa e recomeçar do princípio. Miguel Ângelo só teve de o fazer uma vez. Primeiro, desenhava as figuras numa fo lha de papel e perfurava os contornos com um estilete. Em seguida, colocava o papel
Embriaguez de Noé (mostrando o ho mem distanciado de Deus), por sobre a entrada. Em volta, e por entre os grandes frescos, pintou profetas, sibilas (antigas profetisas), os antepassados de Cristo, os nus masculinos (/ Nudi, que exaltam a per feição da beleza humana) e cenas repre sentando a salvação da Humanidade. Ao todo, criou cerca de 300 figuras do Velho e do Novo Testamento - cada uma com as suas próprias feições, expressões e 2 atitudes -, mais de 1000 m de área pintada. Gradualmente, à medida que o trabalho progredia, despediu quase todos os assis tentes, afirmando que lhes faltava inspira ção. 1 lomem vigoroso, de ombros largos e meão na altura, suportou resolutamente os rigores do inverno romano — quando o frio vento de norte soprava pela capela c a chuva entrava pelo tecto, criando man chas de bolor nas pinturas. Comia enquanto trabalhava - quase
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Génio solitário. Feito em 1565, este busto de bronze de Miguel Ângelo, obra do seu amigo Daniele da Volterra, mostra a solidão de um homem cuja vida foi inteiramente dedicada ao seu trabalho. estiver pronto!" E erguendo a bengala, fu rioso, bateu com ela no ombro do artista. Posteriormente, os dois homens fize ram as pazes e Miguel Ângelo voltou ao trabalho até ao Outono, altura em que, mais uma vez, faltou o dinheiro para conti nuar o trabalho; só em Fevereiro de 1511 pôde prosseguir a obra. Por essa altura, as pessoas que trabalha
sempre pedaços de pão no — estúdio e a noite dor mia, vestido e calçado, anexo. Sofria física e mentalmente, e em Janeiro de 1509 escreveu ao pai, dizendo: "Nada peço ao papa, pois não acho que o meu trabalho prossiga de forma a merecê-lo. Isto não só pela dificuldade da tarefa corno também por não se tratar da minha profis são. Perco infrutiferamente o meu tempo. Que Deus me ajude." O papa partilhava das apreensões de Mi guel Ângelo e visitava periodicamente a ca pela, subindo a escada até ao cimo do an daime para inspeccionar as pinturas. Che garam mesmo a trocar palavras azedas. No Verão de 1510, por exemplo, quando o tra balho já ia a meio, o papa Júlio quis saber quando estaria terminado o resto do tecto. "Quando ele me satisfizer como artista", respondeu Miguel Ângelo. O papa franziu o sobrolho e disse lhe acerbamente: "E nós queremos que nos satisfaças, termi-
vam no Vaticano já se tinham acostumado à estranha figura de Miguel Ângelo. O ca belo e a barba estavam sujos de tintas; os fatos, rotos e cheios de argamassa; andava de cabeça baixa porque a luz do exterior lhe feria os olhos. Nas ruas, muitos julga vam-no "louco" e troçavam dele quando passava. Trabalhando sozinho e sem interrup çáo, completou a sua extensa obra no Ou tono de 1512 — quase quatro anos e meio depois de ter assinado o contrato com o papa. O andaime e as coberturas foram retirados, e Júlio II e a sua corte viram o tecto em 31 de Outubro, véspera do Dia de Todos os Santos. No dia seguinte, a capela foi oficialmente reaberta para a consagra ção pelo papa. Miguel Ângelo não assistiu às cerimónias: estava ansioso por regres sar às suas esculturas, e escreveu ao pai: "Terminei a capela que estava a pintar... O papa ficou muito satisfeito ..."
nando-o rapidamente!" Noutra ocasião, o papa, com 66 anos, ameaçou mandar atirar o artista do andai me abaixo se não trabalhasse mais depres sa. "Quando é que tudo estará pronto?", perguntou Júlio II. "Quando estiver pron to", replicou laconicamente Miguel Ânge lo. O papa enrubesceu-se, zangado, e imitou-o: "Quando estiver pronto! Quando
As obras de Deus e do homem. A criação do Universo por Deus é apresentada por Miguel Ângelo numa série de nove painéis no tecto da Capela Sistina do Vaticano. Al guns andaimes (na fotografia em baixo, à esquerda) dão uma ideia das dimensões da capela, cujo tecto se eleva a 21 me mede 40 m de comprimento por 13 de largura.
«i4 Última Ceia». O restauro da pintura murai de Leonardo da Vinci em Milão, criada há 500 anos. tem sido um processo tento. Demora uma semana a limpar uma área do tamanho de um selo, e foram necessários seis anos para restaurar a quarta parle, situada à direita. tudo o que BelloUi fizera. Mas esta raspa gem foi mais prejudicial que benéfica. O restauro mais recente iniciou-se em 1977 e ainda continua. A restauradora, a Dr." Pinin Brambilla Barcilon, passou três anos a examinar o quadro e a parede em que ele foi pintado, a fim de adquirir um conhecimento pormenorizado dos pro blemas existentes. Estuda uma pequena
tra, facilmente removível. Deixará para fu turas gerações a responsabilidade de re pintarem essas áreas e tentarem captar a visão srcinal de Leonardo. Outro restauro igualmente importante está a ser levado a cabo em Roma o do tecto da Capela Sistina do Vaticano, pinta do entre 1508 e 1512 por Miguel Ângelo. O tecto encontrasse em muito melhor
o tornarem visível, de tão escuro que se tornara. O tecto restaurado é agora fácil mente visível à luz normal. Cada vez se utilizam técnicas mais sofis ticadas no restauro de quadros. Alguns pe ritos usam reflectografia infravermelha para "espreitar" por debaixo da superfície das pinturas e revelar os desenhos feitos pelo artista antes de pintar o quadro. Para
área cadauma vez,ampliação examinando-a ao vezes. micros cópiodecom de 40 A primeira tareia era limpar a sujidade de 500 anos, bem como os vernizes e ca madas de tinta dos restauros anteriores. A Dr.a Brambilla aplicava um diluente prepa rado para o efeito, depois enxugava-o an tes que ele atingisse e danificasse as cores srcinais de Leonardo. Este processo tinha de ser repetido diversas vezes, a fim de le vantar as camadas de sujidade e verniz. A pouco e pouco, foram aparecendo pormenores delicados — uma imagem anteriormente obscura provou ser o refle xo de uma rodela de limão num prato de estanho. As cores vivas que Leonardo usa va começam lentamente a ser reveladas à medida que as pinturas sobrepostas e es curecidas vão sendo retiradas. Alguns dos restauradores alteraram consideravelmente o trabalho srcinal. Os peritos pensam, por exemplo, que Judas
eslado que 4 Última Ceia. e a tarefa princi pal é a sua limpeza. Ao longo de quase 500 anos, o fresco enegreceu gradualmente pelo arder das velas e das braseiras de car vão usadas pelos padres para iluminar e aquecer a capela. A empresa química italiana Montedison inventou uma espécie de cataplasma para limpar frescos. A pasta, espessa e de cheiro desagradável, é aplicada em tiras de papel poroso que se comprimem sobre o fresco, se deixam ficar durante cerca de 10 minu tos e se retiram depois como um penso adesivo, levando consigo a sujidade. Na Capela Sistina tem sido utilizada uma técnica semelhante, embora o agente de limpeza fique no tecto durante apenas três minutos até ser removido. O processo é repetido 24 horas depois. Mas, o restauro do tecto tem dado azo a controvérsia. As cores muito vivas que emergem não são as que Miguel Angelo
realçar as imagens,porutilizam-se mé todos, recorrendo, exemplo, outros a máqui nas iguais às que a NASA emprega para melhorar as fotografias do espaço. Usam-se computadores para calcular o grau de alteração sofrido pelos pigmentos de uma pintura e produzir uma imagem do quadra com as cores corrigidas. O com putador considera muitos factores, por que certas cores alteram-se rnuito mais ra pidamente que outras e certos pigmentos podem ter sido afectados pelo verniz.
recebeu um aspecto muito mais sinistro do que Leonardo pretendia. Na verdade, muito pouco de A Ultima Ceia tinha verda deiras semelhanças com o srcinal de Leo nardo antes de a Dr.'1 Brambilla ter come çado o seu trabalho. Grande parte do quadro está irremedia velmente perdida, e a Dr.d Brambilla preen che as áreas vazias com uma aguada neu-
pretendia, dizem críticos, acham que o restauro vaios retirar todasque as pequenas áreas de tinta que o artista acrescentou a seco (depois de a argamassa secar) e que a parte do tecto já limpa tem um aspecto duro e pouco subtil. Muitos outros peritos não são desta opi nião. O tecto, tal como estava, precisava de 30 000 W de lâmpadas do halogéneo para
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Túmulo com 3200 anos. Um técnico de restauro trabalhando no túmulo da rainha Nefertite. em Tebas, cola o suporte solto in jectando uma emulsão de resina acrílica.
A exploração do Universo Enquanto os astronautas tentam os seus primeiros passos
na imensidão do espaço, os astrónomos criam instrumentos potentes que lhes permitem procurar os limites do Universo.
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A força que impele um foguete Em 12 de Abril de 1981, o primeiro vaivém espacial, o Columbia, subiu de Cabo Cana veral. Era accionado por três motores de combustível líquido e um par de foguetes auxiliares de lançamento de propulsanle sólido e comandado por cinco compu tadores sofisticados interligados. Mas, ape sar da aparente complexidade do vaivém, oo mesmo princípiodebásico do seu um balão que funcionamento dispara pelo ar é quando lhe abrimos o pipo: é o princípio da acção e reacção. No século XVII, Newton resumiu uma das regras fundamentais do Universo na frase "A cada acção opõe-se uma reacção igual de sentido contrário": por exemplo, quando se larga o pipo de um balão cheio e o ar é expelido pela abertura, é a reacção igual e oposta ao jacto de ar que se escapa que empurra o balão para a frente. Ao contrário do balão, o foguete não contém um gás comprimido, mas fabrica gás, queimando propulsanles. Contudo, uma vez produzido o gás, o princípio é o mesmo. Quando os gases quentes do esca pe são expelidos pela sua parte posterior, o foguete c impelido para diante pela reacção igual e de sentido oposto ao dos gases liber tados. Mas, contrariamente ao balão que voa em todas as direcções, o fogueie é dese nhado para manter um rumo estável. Os três motores de propulsante líquido do Columbia, que consomem, em con junto, 100 t de combustível por minuto, produzem uma corrente descendente de gases que provoca uma força oposta, as cendente, de 640 t - uma "reacção". Os gases dos dois foguetes auxiliares de com bustível sólido produzem uma reacção de 2400 t - pelo que a reacção ascendente global do vaivém é superior a 30001. Como a nave completamente carregada de com bustível pesa apenas 2000 t, a reacção é suficiente para a elevar do solo e a acelerar cm direcção ao espaço. Uma vez no espa ço, o vaivém entra na sua órbita preestabe lecida em torno da Terra.
A primeira nave espacial reutilizável Expelindo chamas € nuvens de fumo. o vai vém espado! Columbia sobe para o espaço
numa das suasauxiliares muitas uiagens. Os seus dois foguetes de lançamento, presos ao grande depósito de combustível, separam se da tiave ao fim de dois minutos e coitam à Terra por meio de pára quedas, a fim de serem reutilizados. O depósito grande é largado seis minutos depois e de sintegra se na sua queda atraias da atmos fera. O vaivém regressa, aterrando numa pista de aviação
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Como os astronautas navegam no espaço Em Janeiro de 1986, a nave não tripulada Voyager 2 passou ao lado de Urano, foto grafando osle planeta gigante e as suas luas. A fim de obterem as melhores loto grafias possíveis, os controladores da mis são em terra tinham de saber exactamente onde se encontrava a Voyager - e conse guiram computar a sua posição com uma margem de erro de 100 km, mesmo depois de a nave ter percorrido 4954 milhões de quilómetros. Os engenheiros espaciais tem muitas maneiras de conseguir estas proezas de navegação. Por exemplo, os foguetes lan çados para o espaço transportam um sisto ma de navegação por inércia que funciona independentemente de sinais exteriores ao aparelho. Este sistema contém dois ins Irumentos: um é um conjunto de giroscópios que permite monitorizar o rumo efec tivo do foguete. O outro é um conjunto de acelerómelros que medem a sua acelera ção ou desaceleração. Um computador a bordo regista continuamente todas as alto rac,ões na direcção e na velocidade do fo guete, podendo assim calcular, em cada instante e com rigor, a distância percorri da, a direcção real c a velocidade. Durante os voos daApollo à Lua, os con troladores de terra seguiam também o per curso da nave por meio do sistema de co municações com os astronautas. A partir dos sinais de rádio quo captavam, os radio telescópios na Terra computavam exacta mente a direcção da nave. Além disso, estes sinais permitiam aos controladores cal cular a distância da TerraixApulh. Mediam o tempo que os sinais de rádio demoravam a chegar à Apollo o a regressar à Terra e dividiam-no pela velocidade tio sinal(igual à da luz, 300 000 km/s). Conhecendo a direcção e a distância à nave, os controladores cal CUlavam a posição em que se encontrava. Um estudo dos sinais revelava-lhes tain bém a velocidade da nave. Se uma fonte de ondas de rádio se encontra em moviuien to, as frequências c o comprimento dessas ondas são alterados em certa medida, de pendendo da velocidade da fonte emisso ra. É um exemplo do efeito de Doppler. A frequência das ondas aumenta ou diminui conforme a nave espacial se aproxima ou se afasia da Terra. Quanto mais rapida mente a nave se desloca, tanto maior a alte ração nos comprimentos de onda. A alte ração na frequência daApollo era de cerca de 0,01% da velocidade da luz. 168
Pessoal de manutenção. Paru reparar o satélite de comunicações Westar VI,o astronauta americano Gardner (à esquerda) saiu do ixtioém Discoverypara o espaço com o auxílio de uma "mochila" a jacto — uma MMU fmanncd manoeuvering unit.ou unidade tripulada de manobra). Agarrando se ao satélite, Gardner accionou os jactos da MMIJ para parar o Weslar.Entretanto, o seu companheiro Allen deslocou-se até ao satélite apoiado num IMJÇO•robô extensível. Este recolheu os astronautas e o satélite e trouxe os para o vaiuém. Antes de cada voo. eram calculados o percurso e a velocidade que os astronautas da Apollo deveriam cumprir. Se os sinais de rádio e a navegação por inércia mostras sem que havia ligeiros desvios, os controla dores de terra davam instruções aos astro nautas para accionarem pequenos moto res a jacto para alterar a velocidade da nave e a recolocar na rota correcta. As últimas naves tripuladas americanas, os vaivéns, seguem órbitas mais próximas da Terra do que a Apollo. Quando a sua direcção precisa de ser alterada, compu tadores em terra dão instruções ao próprio computador da nave para ligar os foguetes
de impulsão para corrigir a órbita da nave. As sondas espaciais não tripuladas pos suem auxiliares de navegação incorpora dos. Para navegar no espaço, uma sonda espacial tem de fixar a sua posição em três eixos diferentes. No caso dasVoyagers. um dos eixos é a direcção em relação à Terra As duas outras referências consistem em fotossensores. Um deles capta a direcção do Sol, o outro "fixa-se" numa estrela bri lhante — a Regulus, no caso daVoyager I; a Canopus, no da Voyager 2. Outra sonda espacial que exigiu a mar cação de uma rota exacta foi aGiottO, da Agência F.spacial Europeia. Esta sonda foi
semana antes da Giotto. Passando pelo co meta à distância rie 8000 km, obtiveram as primeiras, ainda que longínquas, fotogra fias do seu núcleo, que mostraram a posi cão do núcleo em relação às duas naves Vega. Utilizando radiolelescópios espalhados por todo o Mundo, os cientistas america nos sintonizaram as rariiotransmissões so viéticas a fim de calcularem exactamente onde estavam as Vega A partir destas posi ções e das fotografias dasVega, os Soviéti cos puderam determinar com rigor qual a
posição do núcleo rio cometa. Ksla infor mação permitiu aos Europeus guiarem a Giotto até à distância correcta do núcleo. Quando este passou pela nave a 605 km de distância, a Giotto conseguiu tirar fotogra fias que surpreenderam os astrónomos. 0 núcleo do cometa de Halley ia sua parte interior densa, formada de partículas de gelo c rochas) revelou se um objecto negro corno carvão, em forma de batata, com 16 km de comprimento e 8 de largura, que emitia géiseres de gases e vapores de uni branco -brilhante até à distância de 1G00 km.
Refeições numa nave espacial Durante os primeiros voos espaciais, nos anos 60, os astronautas alimentavam se com pastas de aspecto pouco apetecível, que espremiam para a boca por meio de bisnagas como as das pastas de dentes. Na era do vaivém espacial, contudo, po dem já desfrutar de refeições apetitosas, que incluem ovos mexidos, bifes, espar gos e pudins de caramelo — tudo comido com talheres e servido em tabuleiros. Antes de Yuri Gagarin, que se tornou o primeiro astronauta em 12 de Abril de 1961, ninguém sabia em que medida o ser hu mano suportaria os rigores do voo no es paço. Poderia o seu corpo resistir às forças esmagadoras criadas pelo foguete rie lan çamento — forças que tornavam 0 ho mem seis vezes mais pesado? Poderia o seu corpo adaptar se imediatamente a se guir ao estado de gravidade zero? K seriam os astronautas capazes de comer e beber sem a gravidade para lhes "puxar" os ali mentos e bebidas para o tubo digestivo? Hoje, a resposta a estas perguntas é, com certas reservas, afirmativa. No espaço, os astronautas vivem encerrados numa at mosfera de azoto e oxigénio à pressão nor mal do nível do mar c numa temperatura agradável, fornecida pelo sistema rie apoio programada para se encontrar com o co meta rio Halley em Março de 1986 e enviar vital da sua nave. O ar viciado e os odores são eliminados pela circulação rio ar atra para a Terra fotografias pormenorizarias vós de absorvedores rie dióxido de carbo do núcleo sólido no centro do corneta. A no e de filtros rie carvão, c a humidade é Gioíto possuía sensores referenciados à Terra e ao Sol, mas não podia fixar se em cuidadosamente regulada. O azoto para o sistema de pressurização de ar é fornecido determinaria estrela para o seu terceiro por depósitos à pressão. O oxigénio é obti eixo, porque fora concebida para girar do de reservatórios rie oxigénio líquido continuamente. Km vez riisso, aGiotto ti transportados a bordo. nha um sistema que computava as posi çòes de todas as estrelas mais brilhantes. A maneira de comer e beber no espaço Se a trajectória aparente de uma estrela é diferente da na Terra. A comida tem de ser estava incorrecta, os controladores de terra colocada na boca com cuidado: uma vez davam instruções aos foguetes de impul na boca, a falta de peso não tem significa são de bordo para corrigir a orientação da rio, pois o reflexo da deglutição encarregaGiotto. A navegação correcta riaGiotto era -se de empurrar a comida para baixo simples; localizar o núcleo rio cometa embora "baixo" não seja a palavra ade era uma tarefa mais difícil. Mas. neste caso, quada, uma vez que no espaço não há houve urna notável colaboração interna "baixo" nem "cima". dona). Duas sondas soviéticas de nome .lá o beber apresenta problemas: não se Vega chegaram ao cometa cerca de uma pode encher um copo rie sumo rie laranja,
porque o sumo não sai rio recipiente. Po deria sacudir-sc o sumo para dentro do cop o só que o líquido saltaria, espa lhando se em glóbulos por toda a parle. Por isso, as bebidas têm de ser esguicha das para dentro da boca por meio de uma espécie rie pistola de água ou ser sugadas do frasco com uma palhinha. O sugar fun ciona tão bem no espaço como na Terra, porque se serve da pressão do ar para ele var o líquido na palhinha.
3000 calorias por dia O leque de alimentos oferecidos aos astro nautas do vaivém é amplo, e existe a maior preocupação em que sejam apetecíveis à vista e ao olfacto. As refeições são planeadas para fornecer aos astronautas uma média rie 3000 calo rias riiárias, o que parece muito para a vida num ambiente fechado em que não há gravidade Mas os astronautas despendem grandes quantidades de energia na exe cução rias tarefas mais simples. Se, por exemplo, tentam rociar um manipulo, ro dam eles também. Se se dobram para atar um sapato, começam às cambalhotas. 0 encontrar formas invulgares de executar essas simples tarefas gasta o excesso de calorias. A dieta espacial é francamente diferente da terrestre, pois tenta compensar as alte rações que se dão no organismo durante o voo espacial Estas alterações inícia m-se assim que os astronautas entram no espa ço e são bem notórias logo ao fim de uma semana. Quanto mais demorado o voo, mais o corpo é afectado. Entre as alterações mais graves, figura a
perda de cálcio, que provoca uma diminui
çáo marcada ria massa e resistência dos ossos. Dá-se ainda uma perda progressiva rios glóbulos vermelhos do sangue. Não se sabe o que provoca estes efeitos, mas a resposta terá rie ser conhecida para que as viagens espaciais de longa duração se pos sam considerar realmente seguras. Os músculos do coração, sem gravida de contra a qual lutar, começam a atrofiar líi1)
"voem" descontrolados. Comer com faca, garfo c colher apresenta poucas dificulda des, uma vez que os alimentos também se agarram aos talheres. Mas os astronautas têm de comer devagar e evitando movi mentos bruscos para não "soltar" a comi da, que, então, flutuaria por toda a cabina.
A eliminação das excreções do organismo Durante os primeiros dias de um voo espa cial, quase 50% dos astronautas sofrem de enjoo do espaço. Sentem náuseas e dores de cabeça, transpiram e vomitam. E uma forma aguda do enjoo de movimento de que certas pessoas sofrem na Terra, e é causada pela falta de peso. que confunde os órgãos do equilíbrio no ouvido interno. A eliminação dos sacos de vomitado tem de ser feita higienicamente, pois os germes poderiam propagar-se rapida mente no espaço fechado cm que se vive. A eliminação das excreções do organis mo em condições de ausência de peso é Bola de sumo de laranja. A ausência de peso pode srcinar refeições divertidas. No um problema: uma vez que não existe gra espaço, normalmente, a tensão superficial de um líquido mantém no no seu recipiente, e ele vidade, essas excreções ficam a boiar no pode ser bebido por uma palhinha. Mas se o liquido, como este sumo de laranja, for sacudi espaço quando deixam o corpo. do, flutua no ar com a forma de uma bola. Nas primeiras naves espaciais, os astro nautas fixavam sacos às partes apropria -se. O mesmo acontece aos músculos cias nados, pudim de caramelo e ponche tropi pernas, uma vez que o caminhar é impos cal (sem álcool). Existem a bordo alimen das do COipo. Mas era uma operação desa gradável. Mas no vaivém eles dispõem de sível em órbita, onde não há nada que tos alternativos suficientes para fornecer uma retrete com autoclismo que fun mantenha os pés no chão. ementas diferentes durante seis dias suces ciona com ar—, existindo um tubo separa sivos. Uma dieta rica em minerais ajuda a re do para a remoção da urina. A sanita está Para manter os alimentos apetecíveis, duzir a extensão destas alterações, mas equipada com alças para os pés e um "cin têm sido usadas as mais recentes técnicas não tanto quanto os médicos do espaço to de segurança". desejariam. 0 exercício contribui também de conservação. Tal como muitos alimen para contrariar a atrofia dos músculos o é tos, o ovo mexido é desidratado A desidra O tubo para a urina é flexível e possui vital cm voos prolongados como as mis tação ajuda a reduzir o peso, factor funda um adaptador que permite a sua utilização mental em todas as naves espaciais. Os ali por pessoas de ambos os sexos. A urina é soes de G a 12 meses nas estações espaciais mentos desidratados têm de ser mistura russas Salyut e Mir. retirada pelo tubo por meio de sucção de dos com água antes de se poderem consu ar e armazenada num reservatório com mir. Curiosamente, não há falta de água a outras águas de despejos. Periodicamente, Cultivar alimentos numa viagem bordo do vaivém, pois esta é subproduto o conteúdo é lançado para o exterior, onde para Marte? se evapora. Os detritos sólidos são condu Ainda ninguém conhece os limites da ca abundante das pilhas de combustível que fornecem electricidade à nave. zidos para um contentor por uma corrente pacidade de resistência humana no espa de ar que sai logo abaixo do assento e são ÇO. Se os astronautas puderem suportar 0 bife é pré-cozinhado e vem apresenta secos quando o contentor é depois ex[K>s mais de dois anos de gravidade zero per do em embalagens estanques. O pudim de to ao vácuo do espaço. Em seguida, são manente, então o homem poderá visitar caramelo encontra se em latas. Os moran trazidos de volta à Terra. outros planetas nas primeiras décadas do gos são secos por congelação, o que lhes próximo século. preserva a forma e a textura. Podem ser novamente hidratados com água ou na Tanto os Americanos como os Russos boca com saliva. O pão é cortado em fatias estão a fazer planos para uma missão tri pulada a Marte, que, incluindo a viagem de e conservado por irradiação. ida e volta, demoraria cerca de dois anos. As refeições do vaivém são embaladas individualmente e preparadas pelo "cozi Alimentar a tripulação numa missão nheiro de serviço" na cozinha de bordo, como esta constitui um enorme problema. Uma das soluções seria os tripulantes culti equipada com forno, despensa e bica de água. O cozinheiro re-hidrata os alimentos varem os alimentos em estufas a bordo.
Como os satélites giram em órbita em torno da Terra
A ementa diária da tripulação de um vaivém A ementa típica de um dia para os astro nautas do vaivém seria: Pequeno-almoço: pêssegos, farelos, ovos mexidos e cacau. Almoço: carne de conserva com espargos, morangos e uma barra de chocolate e amêndoa. Jantar: cocktail de camarão, bife, brócolos grati
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têm de ser aquecidos introduzaqueles palhinhas que o exijam, põe noe forno que Em \ de Outubro de 1957. um foguete so nos recipientes de bebidas. Coloca depois viético lançou para o espaço o Spulnik I. os pratos em tabuleiros individuais com o Aparentemente desafiando a gravidade, o auxilio de imanes, fechos velcro ou fita go satélite manteve-se perto da Terra. Três mada para os manter no lugar. meses depois, ardeu. Os astronautas seguram os tabuleiros à Apesar das aparências, os satélites não mesa de refeição portátil ou a qualquer sí desafiam realmente a gravidade: de facto, tio conveniente. Em geral, comem em pé, estão continuamente a cair em direcção à com os pés em estribos para evitar que Terra, tal como a maçã que Newton viu cair
laboratório espacial gigante. Lm órbita a 435 km da Terra, a estação espacial Skylab levou a cabo experiências de fisiologia e física. 0 atrito da atmosfera fé la desacelerar, e. na sua 34 981." órbita, a estacão caiu e ardeu sobre a Austrália Ocidental. e que o levou à descoberta das leis da gravi dade. A diferença fundamental entre a maça e o satélite é que esle desloca se a cerca de 30 000 knVh c a muito maior altitu de. Assim embora o satélite caia em direc ção à Terra, a superfície do planeia afasta-sc dele pela sua curvatura — pelo que ele nun ca chega realmente a aproximar se. Imagine-se numa da montanha a 150 km acima da superfície Terra. Se pegar numa maçã e a largar, ela cai na vertical. Suponha agora que atira a maçã em direc ção ao horizonte: ela cairá, mas segundo uma trajectória curva. Se ela for lançada com velocidade suficientemente grande, a
Lançamento de satélites a partir do espaço. Em Agosto de 1985, o vaivém Discovcrylançou no espaço um satélite de cornai li cações. Trata-se de um satélite geoestacionário que mantém em órbita coordenadas permanentes em relação à Tetra
trajectória descendente da sua queda será paralela à curva da superfície da Terra. Km bora a maçã esteja continuamente em que da, a superfície curva da Terra foge lhe de debaixo no mesmo ritmo: assim, a maçã não se aproxima da Terra - está em órbita. Quando um foguete lança um satélite, tem, portanto, que lhe imprimir suficiente velocidade horizontal para que a sua Ira jectória de queda nunca toque na Terra. Escolhendo a combinação adequada de impulsão de baixo para cima e na hori zonlal, os controladores de missão podem colocar um satélite numa órbita de quais quer dimensões e forma, desde a circular à
Reparação de satélites. Em Abril de 1984, o astronuuta George Nelson — na sua unidade tripulada de manobra (em baixo, ã direitaj - saiu do ixâoém Challengera fim de recuperar o Solar Max. lançado em 1980 para observação do Sol. Os astronautas, que repararam o satélite, intitularam se. humoristicamente, a Companhia Ás de Reparações de Satélites.
elíptica muito excênlrica. Quanto mais for te a impulsão vertical, maior a órbita; quanto mais forte a impulsão horizontal, mais elíptica será a órbita. Para colocar um satélite em órbita elípti ca, este é lançado da Terra com velocidade suficiente para contrariar a força da gravi dade. Consequentemente, ele afasta se da curvatura da Terra. Mas a gravidade do nos so planeta nunca deixa de se exercer sobre o satélite, pelo que este acaba por desace lerar e começar a cair em direcção à Terra. A força cinética do satélite no sentido hori zonlal faz com que ele não "acerte" na Ter ra. K na queda ele adquire novamente velo cidade, pelo que, ao completar uma órbita, a sua velocidade é novamente bastante para o tornar a afastar da Terra e iniciar uma segunda órbita elíptica. Quase todos os satélites de comunica coes. que recebem ou retransmilem men sagens telefónicas e de televisão, percor rem órbitas circulares sobre o equador a uma altitude de 35 800 km. Um satélite nes ta órbita desloca-se à mesma velocidade que a Terra, pelo que as suas coordenadas se mantêm fixas em relação ao solo. As empresas de comunicação preferem estes satélites "geocstacionários", porque podem usar antenas fixas para enviar si nais alvos de e para em vez segui rem que os se satélites movimentam no de espaço. Embora em teoria um satélite em órbita devesse permanecei eternamente m i es paço, tal não acontece frequentemente. Se a sua órbita o faz aproximar ate algumas centenas de quilómetros da Terra, a atmos fera que ainda existe a essa altitude provo ca atrito no satélite, levando o a perder ve locidade. cair na atmosfera e arder.
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Como são controladas as sondas espaciais Os astrónomos têm hoje muitos conheci mentos acerca do sistema solar graças às informações colhidas por naves espaciais não tripuladas comandadas da Terra. Sob muitos aspectos, comandar uma destas naves é como dirigir um robô por controle remoto. A única forma de mandar sinais através do espaço é por rádio, mas a distân cias Ião grandes os sinais de rádio tornam•se demasiado fracos. Assim, para se enviarem instruções às sondas espaciais, montaram-se à volta do Mundo enormes antenas e pratos pa rabólicos. Entre eles, contam se três construídos pela Agência Espacial NortcAmericana, a NASA. Cada prato da sua Deep Space Network, a DSN (Rede de Co municação do Espaço Distante), tem um diâmetro de 64 m. Situam-sc na Califór nia, Espanha e Austrália, por forma que permanentemente pelo menos uma an tena possa estar em contacto com uma sonda espacial. A sala de comandos das sondas ameri canas fica no Jet Propulsion Laboratory (Laboratório de Propulsão a .lado), em Pa sadena, Califórnia Daqui, os controlado-
Saturno. Realçando as fotografias tiradas pela Voyagercom cores falsas, os cientistas conseguem observar mais facilmente as faixas da atmosfera que rodeiam o planeta. A Voyagerfotografou também a superfície
coberta de gretas e crateras de Enceladus (à
direita), uma das muitas luas de Saturno, de uma distância de 118 400 km.
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A "Voyager 2" visita os planetas. Desde o seu lançamento eni 20 de Agosto de 1977. a Voyager 2já passou por Júpiter. Saturno. Urano c Neptuno, colhendo dados científicos e fotografias que transmitiu para a Terra. Nu imagem, o circulo interior representa a Temi. o segundo. Júpiter, o terceiro. Saturno e o ú/timo. Urano. O próximo planeta será Neptuno. res enviam instruções, via rádio, ao prato conveniente da DSN. Um potente trans missor remete depois essa mensagem à sonda espacial, que a capta por meio da sua antena parabólica. Para poderem receber com clareza as instruções da Terra, estas antenas das son
das são tão grandes que pode até dizer-se que algumas sondas são construídas so bre o dorso das antenas. Os pratos das Pioneers têm 2,70 m de diâmetro, c os das Voyagers, 3,70 m. O prato transmite o sinal a um computador a bordo da sonda, onde é descodificado. O computador dá então as instruções necessárias, que tanto po dem ser ordens para que um jacto auxiliar comece a funcionar a fim de alterar o rumo
OS GERADORES DE ENERGIA DAS "VOYAGERS" Cada sonda Voyager recebe a sua ener gia eléctrica de um gerador nuclear mi niatura formado por três cilindros metá licos, cada um com 43 cm de compri mento por 33 de largura, ligados pelas extremidades e contendo dióxido de plutónio, uma substância radioactiva O núcleo de cada cilindro é envolvi do por centenas de termopares -cir cuitos eléctricos em miniatura consis tindo numa peça de silício e outra de germânio. Uma das extremidades de cada lermopar é aquecida pelo plutó nio em desintegração; a outra aponta para o exterior, para o espaço frio. A diferença de temperatura entre as duas extremidades dos termopares ori gina a passagem de uma corrente eléc trica. Quando os electrões do silício são perturbados pelo aquecimento, os elec trões livres deslocam-se em direcção ao gennânio, gerando uma corrente. Quando as duas sondas Voyager fo ram lançadas em lí)77, os cilindros produziam, em conjunto, 475 W de energia eléctrica. Mas com a desinte gração do plutónio, esta energia dimi nui 7 W por ano.
Mercúrio. Em 197:3. a Mariner 10 tirou uma sequência de mais de 200 fotografias de Mercúrio, que depois foram reunidas num mo saico para dar a imagem comple to. EstQ fotografia revelou que a superfície do planeta, o menor do sistema solar, se assemelha à da Lua. o que sugere que os dois le nham aproximadamente a mes ma idade peio menos 4000 mi lhões de anos. da .sonda espacial como para que a câma ra inicie uma série de fotografias. A sonda também envia sinais para a Ter ra. Alguns são simples "recados" que infor mam os controladores de que todos os sis temas da nave estão a funcionar correcta mente. Outros transportam dados científi cos, tais como fotografias do planeta.
A medida que a sonda espacial se afasta. O seu sinal vai-se tornando cada vez mais fraco. Nesta altura, a Voyager I está para além do planeta Plutão, a cerca de 4800 milhões de quilóme tros da Terra Apesai das enormes dimensões de uma antena DSN, a energia total que ela consegue cap tar da Voyager é apenas de alguns milioné sirnos de milionésimo daquela que faz funcionar um relógio de pulso electrónico. Mas, ampliando os sinais, a antena conse gue que eles sejam recebidos corri nitidez no Jet Propulsion Laboratory. A sonda, contudo, possui urna quanti dade limitada de energia para transmitir os seus sinais. Se está destinada a passar per to do Sol, estará equipada com painéis so lares que convertem a energia solar em electricidade. Mas uma sonda cuja rola seja muito distante do Sol necessita de pe quenos geradores nucleares (v. caixa).
Jiipiler e as suas luas. Em 1979. a Voyager 2 fotografou o planeta Júpiter e algumas das suas luas. O pequeno disco sobre a superfície do planeia é Europa, e a gravura pequena (em baixo) mostra o satélite fo.
Outro problema nas comunicações com as sondas distantes é o tempo que os sinais de rádio emitidos da Terra demoram a atin gi las. Quando a Voyager2 passou por Ura no em Janeiro de 1986, por exemplo, esta va a cerca de 4800 milhões de quilómetros de distância. Mesmo pro pagando -se a ve locidade da luz, os sinais de televisão da Voyager levaram duas tioras e meia a che gar à Terra, sendo preciso o mesmo tempo para um sinal ir da Terra ã sonda. Esta de mora de cinco horas significa que Iodas as instruções tiveram que ser programadas meses antes do encontro com Urano, sen do depois transmitidas antecipadamente â Voyager, que as guardou nos seus dois computadores. Quando a sonda passou então por Urano, os controladores da mis são puderam apenas esperar e fazer figas. Felizmente, todos os sistemas funciona ram de acordo com o planeado, e a Vaya ger enviou para a Terra 700 fotografias por menorizadas de Urano e dos seus satélites.
Marte. Em 1976. um pequeno módulo de aterragem destacado da Viking 1 recolheu porções do solo rochoso avermelhado de Marte e procurou nele vestígios de organis mos vivos. Nenhum foi encontrado.
IV:Í
Fotografias por satélite para prever as secas ou descobrir petróleo Na década de 70, um grupo de cientistas americanos identificou 25 tipos de cultura em quase 9000 campos do Imperial Vallcv, da Califórnia, sem sequer se terem aproxi mado deste vate. O que tornou possível a identificação das culturas foram as fotogra fias tiradas por um satélite que passara so bre o vale à altitude de 920 km. Diversos satélites, entro eles os ria série americana Landsal e o francês SPOT. fo ram lançados com a única finalidade de fotografar a Terra. A fotografia à luz normal do .Sol é boa para determinados fins — por exemplo, para ajudar os cartógrafos a faze rem mapas mais rigorosos. Os primeiros LandSatS descobriram que as cartas rio Pa cífico tinham marcadas certas pequenas ilhas com erros até 16 km das suas posições reais. Mas os cientistas conseguem obter mui to mais informações quando tiram foto grafias sob um largo espectro de compri mento de onda. O Landsal tira fotografias
rio solo com sete comprimentos de onda diferentes. Três são visíveis: azul, verde e vermelho; os outros quatro são as ondas infravermelhas ou quase infravermelhas, invisíveis aos olhos humanos. Estas dife rentes faixas de cor permitem aos cientis tas distinguir entre diversos terrenos ou co berturas vegetais. Dentro de certa medida, é possível fazê-lo à vista desarmada: as fo lhas de uma conífera, por exemplo, têm um verde mais azulado que as de uma caducifólia. Mas esta comparação envolve apenas os comprimentos de onda azul e verde. Quando os cientistas do Landsal observam todas as faixas de cores, conse guem detectar uma "impressão digital" distinta para cada tipo de planta, que é mais vívida se se observar sob certos com primentos de onda e mais escura se sob outros. Os contrastes entre os diferentes tipos de vegetação são mais destacados com raios infravermelhos rio que com as fre
Culturas de algodão codificadas por cores. A fim de se conhecer a distribuição dos campos de algodão no oaie de San .loa quin. ria Califórnia (em cima), em 1975. um satéliteLandsalfotografouo vaie utilizando
diferentes comprimentos de ondao de luz. O vermelho representa o algodão, amarelo, 0 açafrão-bústardo. o verde é reslol/io c 0 azul são terrenos de pousio. Floresta tropical em regressão. A ima gem à direita, obtida pelo Landsalem 1981, regista a desflorestaçâo ocorrida na selva amazónica. A clareira (a azul) resulta da penetração progressiva das culturas.
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quências visíveis. As cores das fotografias são, por consequência, alteradas para que a radiação infravermelha, normalmente in visível, seja apresentada como uma cor vi sível. 0 esquema habitual é colorir de en carnado a imagem infravermelha, de verde a imagem normalmente vermelha e de azul a imagem verde. Uma vez colorida uma imagem com es tas cores falsas, a vegetação apresenta se vermelha, porque as Colhas das plantas são boas reflectoras dos infravermelhos. Os tons rio vermelho em cada campo ou piau tacão correspondem às diferentes formas por que as diversas plantas reflectem as radiações infravermelhas, o que permite aos cientistas identificarem com rigor as diversas espécies vegetais. Os satélites que utilizam a fotografia por infravermelhos ajudam também a identifi car o grau de secura de uma região. A quantidade de água nas folhas de uma planta determina a quantidade de radiação infravermelha que a planta reflecte. Os cientistas podem assim verificar se as plan tas sofrem de falta de água, permitindo aos lavradores controlar as regas e prever as secas. Também os geólogos utilizam as ima gens do Landsal para prever onde pode-
ráo sor encontrados petróleo e minérios. Numa fotografia a cores reais, a cor das rochas descobertas pode dar uma indi cação sobre a sua composição: as gre das e o calcário são brancos, os granitos são geralmente claros, os basaltos es curos. Mas, lai como a vegetação, os dife rentes tipos de rocha têm "impressões digitais'* distintas quando observados sob a radiação infravermelha. Torna se assim possível identificar os tipos de ro cha que contêm, por exemplo, manga nés ou crómio. As fotografias por satélite revelam falhas nas rochas, além de abóbadas e inclina ções nos estratos rochosos, que poderão não ser evidentes a observadores no solo. Fazendo mapas destas características, os geólogos podem concluir a localização provável de veios de minério ou jazidas de petróleo. Os geólogos soviéticos têm obtido inú meras informações de câmaras instaladas nas suas estações espaciais tripuladas das séries Salyut e Mir. listas máquinas tiram seis fotografias simultâneas nas frequên cias visíveis e infravermelhas, e os resulta dos já conduziram à descoberta de novos campos gasíferos e petrolíferos. Os satélites futuros levarão mais longe estas possibilidades. Cientistas do labora tório de Propulsão a Jacto da NASA, em Pasadena, Califórnia, têm aperfeiçoado instrumentos capazes de pesquisar o solo a muito mais numerosas frequências que as câmaras soviéticas em simultâneo. O espectrómetro gráfico aerotransportado mede 128 faixas na banda dos infraverme lhos, e o seu sucessor abrangerá 224. Estes novos instrumentos serão capazes de dis tinguir plantas que tenham absorvido do solo elementos não habituais. Desta for ma, estudos pormenorizados das plantas serão indispensáveis para os pesquisado res de minério.
Espião aére o. Em U)84, um satélite americano tirou esta fotografia do Estaleiro de Nikolaiev, na URSS. onde estúOQ em construção o primeiro porta-aviões nuclear russo. O navio está em duas partes, vendo-se a proa e a popa, lado a lado. sol) o pórtico.
No espaço, câmaras fotográficas gigantes
das por satélites. Os geólogos e os econo mistas analisam fotografias tiradas do es paço que mostram as rochas c as culturas do solo. E os astrónomos observam as es trelas e galáxias distantes sem serem afec tadas pela atmosfera terrestre. Mas como é que estas imagens chegam até nós? O processo mais vulgar da transmissão de fotografias a partir do espaço é utilizar as ondas de rádio e emitir as imagens para a Terra do mesmo modo que se faz com a televisão. A qualidade dos pormenores que conseguem distinguir se depende do espaçamento entre as linhas que formam a imagem: quanto mais linhas, mais por menores se obtêm. O satélite mais avançado do Mundo para pesquisas do solo, o SPOT francês,
que orbitam a Terra no solo objectos comconseguem apenas 30 distinguir cm de diâmetro, listão instaladas em satélites do tamanho de um autocarro de 15 m de com primento e ocupam metade da sua área. Os comandos militares utilizam-nas como "espiões aéreos". Mas a fotografia por satélite tem outros fins. Todos os dias o boletim meteorológi co da televisão nos mostra fotografias tira-
transmite nifica que.G000 numa linhas imagem por imagem. que abranja Isto sig uma área de 100 km- tirada de 920 km de altitude, se conseguem ver objectos com 10 m. Numa fotografia de toda a cidade de Paris, por exemplo, conseguir-se-ia distin guir o Arco do Triunfo. Os peritos de informações militares pre tendem geralmente distinguir pormeno res ainda mais diminutos. Ao acompanha
Como é que as fotografias por satélite chegam à Terra?
rem uma guerra, precisam de fotografias detalhadas que lhes permitam conhecer o número de soldados num campo de bata lha ou identificar aviões ou navios. Os mais recentes "satélites-espiões" americanos, os da série KH 11, transmitem as suas fotografias por meio das técnicas de televisão. Mas as imagens televisivas não são tão nítidas como as registadas em filme de 16 mm ou de 35 mm. Quando se utilizam filmes ou películas, estes lêm de ser envia dos fisicamente para a Terra. Se as fotogra fias são tiradas de uma nave espacial tripu lada, os cosmonautas, ao regressarem, transportam os filmes consigo, o que é ob viamente impossível no caso de naves não tripuladas. Por isso, os Americanos e os Russos — e mais recentemente os Chine ses — já construíram satélites que devol vem automaticamente os filmes à Terra. Os satélites americanos Big Bird aperfei çoaram esta técnica. O filme exposto é co locado numa de seis cápsulas de reentra da, que depois é ejectada e penetra na at mosfera terrestre. Quando cai, de páraquedas, a cápsula é recolhida, ou "laça da", por um laço de arame rebocado por um avião de transporte C-130 Hercules.
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Albert Einstein: "Deus n áo joga aos dados com o Universo" Em 2 de Agosto de 1939, o físico Albert Einstein enviou ao presidente dos Es tados Unidos, Franklin D. Roosevelt, aquilo que chamou "uma carta de consciência". Alarmado com a as censão da Alemanha nazi - e temendo que Hitler viesse em breve a possuir a bomba atómi ca —, Einstein renunciou ao pacifismo em que até aí vivera. "Certos aspectos da situa ção que agora se vive exigem que a Administração esteja atenta e, se necessário, tome ac ções imediatas", escreveu Ein stein com um grupo de outros cientistas. "No decurso dos últi mos quatro meses, criaram-se to das as condições ... para se conse guir provocar uma reacção nuclear em cadeia numa grande massa de urâ nio, o que geraria enormíssimas quanti dades de energia e novos ele mentos semelhantes ao rádio." Alertou para o facto de no vas bombas "extremamente potentes" poderem em breve ser fabricadas pelos físicos ale Einstein em Berlim. Em 19/6, Einstein trabalhava na mães. "Uma única bomba des Academia das Ciências de Berlim. Nesse ano sugeriu te tipo, transportada de barco e que a gravidade não era uma força directa, mas a conse deflagrada num porto, podia quência de uma curvatura do espaço. perfeitamente destruir a totali dade do porto e parte do território em re Einstein nasceu na cidade industrial de dor", afirmou. Ulm, na Alemanha, em 14 de Março de Ao receber a carta, Roosevelt criou ime 1879. No ano seguinte, a família mudou-se diatamente uma Comissão Consultiva do para Munique, onde o pai e um tio abriram Urânio. Mas a decisão de se fabricar uma uma pequena oficina de mecânica e elec bomba atómica americana só foi tomada tricidade. O interesse de Albert pelo mun em Dezembro de 1941, pouco depois do do da física despertou nele aos 4 anos, ataque japonês à base naval americana de quando estava doente na cama. O pai dera Pearl Harbor, no Havai, que lançou a Améri -lhe uma bússola para brincar, e ele sentica na II Guerra Mundial. Depois do seu aviso ra-se fascinado pelo facto de a agulha inicial, Einstein não tomou qualquer parte apontar sempre para o norte, por muito na criação da bomba, que foi ensaiada com que virasse a bússola. Tinha 6 anos quan êxito em Julho de 1945. No mês seguinte, do a mãe o iniciou na música, e tomou-se foram lançadas, com efeitos devastadores, mais tarde um violinista entusiástico, com bombas atómicas sobre as cidades japone especial atracção por Mozart. Era muito sas de Hiroshima e Nagasaki. Estes bom bom em matemática, e pelos 11 anos estu: bardeamentos obrigaram o Japão a render dava física ao nível universitário. Estudou se. Mas quando Einstein soube das mortes também latim, grego e francês, mas era e destruições maciças, ficou desesperado. surpreendentemente fraco nesta última disciplina — o que posteriormente deu Em 1905 — comde26aspecto anos —, srcem à lenda de que fora mau aluno. divulgou a fórmula, tãoEinstein sim 2 ples, E=mc (em que E é a energia, m a Em 1895 — aos 16 anos —, o seu mau massa ec a velocidade da luz), mostrando francês fez com que reprovasse no exame que uma pequena massa podia ser con de admissão ao afamado Instituto Técnico vertida numa enorme quantidade de ener Federal de Zurique. Contudo, como a ida gia. Entre outras consequências, levou à de normal de admissão era aos 18 anos, foi invenção da bomba atómica, facto que aconselhado a continuar a estudar noutro atormentou a consciência de Einstein du local e tomar a candidatar-se dali a cerca de rante os últimos 20 anos da sua vida. um ano. Munido de um diploma geral, ob176
Einsteln na velhice. Morreu aos 76 anos, e na velhice mostrou náo ter "respeito" pelas pessoas — especialmente por aquelas que O fotografavam nos seus dias de anos.
teve então entrada automática no instituto, onde passou os quatro anos seguintes es tudando matemática e física. Após um cur to período como professor de Matemática em Zurique, tornou-se cidadão suíço e, em 1902, (oi admitido pelo Departamento de Patentes Suíço, em Berna, como "técnico estagiário de terceira". Em 1905, enquanto ali trabalhava, publicou quatro importan tes estudos - incluindo a primeira parte da sua revolucionária teoria da relativida de, a teoria restrita (v. caixa). Deduziu também matematicamente que massa e energia são intermutáveis, ex primindo esta noção na sua fórmula E=mc2. Além de abrir o caminho para a bomba atómica, esta teoria revelou o se gredo do Sol. Ambos os processos consis tem em reacções nucleares, nas quais quantidades diminutas de massa nuclear são libertadas sob a forma de luz e calor (energia). Em 1909, Einstein demitiu se do Departamento de Patentes e passou ai guns anos ensinando Física Teórica nas Universidades de Berna, Zurique e Praga e, finalmente, em 1914, na de Berlim. Dois anos depois, a meio da I Guerra Mundial, publicou a segunda parte da sua teoria da relatividade - a teoria geral. Em 1921, Einstein foi galardoado com o Prémio Nobel da Física - devido aos seus trabalhos sobre o efeito fotoeléctrico, que demonstrou que a luz não se propaga num fluxo contínuo, mas em "corpúsculos on dulatórios" denominados fotões. A sua teoria da relatividade tinha-se reve lado demasiado controversa para a comis são do Prémio Nobel, e ele decidiu divulgar os seus trabalhos. Passou os anos seguin tes viajando pelo Mundo, "a assobiar a mi nha música da relatividade". Andou nas parangonas dos jornais ao afirmar: "Deus náo joga aos dados com o Universo" — manei-
ra curiosa de dizer que o Universo tem pa drões, a questão é descobri-los. Em 1933, enquanto Einstein se encon trava nos Estados Unidos, Hitler subiu ao poder na Alemanha. O Fúhrer não podia acreditar que "um mero judeu" pudesse ter elaborado a teoria da relatividade. Afir mou ate que Einstein roubara a ideia de uns papéis encontrados no cadáver de um oficial alemão morto na I Guerra Mundial. Os nazis também detestavam Einstein de
vido ao seu muit o apregoado apoio ao sio nismo, movimento que procurava instau rar na Palestina um estado judaico de go verno independente. Na ausência de Einstein, tropas de assal to queimaram-lhe os livros, pilharam a sua casa à beira do rio, perto de Berlim (onde se dedicava a andar de barco à vela), e confiscaram-lhe a conta bancária e o conteú do do cofre da sua mulher, Elsa. Mas no final desse ano, Einstein decidiu
OS PARADOXOS EINSTEINIANOS DO TEMPO E DO Na sua teoria restrita da relatividade, uma minúscula fracção — o tempo pas Einstein afirmou que todo o movimento sara mais devagar a bordo do satélite. do Universo é relativo, pois que, no vazio A fórmula de Einstein E = me2 signi do espaço, nada existe em referência fica que a massa de um objecto pode ao qual ele possa ser medido. Afirmou efectivamente ser. convertida em energia. igualmente que a velocidade da luz Chegou a esta fórmula partindo da afir — cerca de 300 000 km/s — é constante mação de que a massa de um objecto em relação a um observador, qualquer aumenta com a velocidade - seguindoque seja o movimento deste. Queria com -se daí que a sua energia tem igualmente isto significar que a luz emanada de uma de aumentar, pois um objecto mais pesa estrela situada à frente da Terra é recebida do contém mais energia que um outro nesta ao mesmo tempo que a de uma mais leve viajando à mesma velocidade. outra estrela situada atrás da Terra, ainda A energia adicional é igual ao aumento da que esta se aproxime de uma estrela e se massa rrfultiplicado pelo quadrado da ve afaste da outra a 29 000 km/h. locidade da luz. Concluiu que a velocidade da luz é a Na sua teoria geral, Einstein afirmou única propriedade física constante no que um raio de luz seria deflectido pela Universo; as outras propriedades físicas gravidade ao passar por uma estrela. O devem ser diferentes para pessoas que campo gravitacional da estrela forçaria viajem em diferentes direcções e a veloci o raio de luz a curvar-se para "dentro" — dades diferentes. e, em certo sentido, curvaria o pró prio espaço. Por isso, a distância mais Calculou que o tempo passaria mais lentamente numa nave espacial viajando a uma velocidade aproximada da da luz do que para uma pessoa que se mantives se estacionária em relação à nave. Esta ÍU também pareceria mais curta vista pelo observador estacionário, e a sua massa aumentaria. À velocidade da luz, a sua massa seria infinita, pelo que nenhum objecto pode atingir essa velocidade, pois, para o fazer, necessitaria de uma for ça infinita A teoria restrita conduz ao "pa radoxo dos gémeos". Se urn dos gémeos viaja no espaço a uma velocidade apro ximada da da luz, não se sentirá diferen te do outro gémeo que ficou na Terra. Contudo, o tempo a bordo da sua nave poderá passar, por exemplo, duas vezes mais lentamente do que na Terra. Por isso, se o astronauta estiver longe da Ter ra durante, digamos, 10 anos, quando regressar será apenas cinco anos mais velho — enquanto o seu gémeo terá en velhecido 10 anos.
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fixar-se nos EUA Tomou-se cidadão ame ricano em 1941, e 11 anos depois recusou a presidência de Israel, afirmando ser "mui to ingénuo" para político. Morreu em Princeton, Nova Jérsia, em Abril de 1955, e até ao fim da vida abominou o terrível meio de aniquilação que os físicos nucleares ti nham posto à solta no Mundo. "Se tivesse sabido que as minhas teorias levariam a tais destruições", afirmou uma vez, "antes queria ter sido um fabricante de relógios." ESPAÇO curta entre dois pontos seria uma linha curva Em 1919, a sua teoria foi comprovada por uma equipa de astrónomos britâni cos que fotografaram um eclipse total do Sol — altura em que é possível fotografar estrelas perto do Sol. As fotografias foram comparadas com outras das mesmas es trelas quando o Sol não se encontrava perto delas. As posições diferentes das es trelas nas duas fotografias mostraram que a luz emitida por elas fora deflectida pelo Sol segundo o ângulo previsto por Einstein.
Notas de uma palestra. Estes cálculos foram feitos por Einstein num quadro pre to durante uma palestra na Universidade de Oxford, quando, em 1931, o físico ali esteve como professor visitante. Dois anos depois, quando Hitler se tornou chanceler, trocou a Alemanha pelos EUA
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A teoria do tempo de Einstein foi com provada em Julho de 1977, quando se co locaram num satélite americano e se pu seram em órbita relógios atómicos extre mamente precisos. No regresso, os reló gios foram comparados com outro reló gio semelhante e verificou-se que os relógios do satélite se tinham atrasado
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Uma fita métrica sobre o Universo
Uma vista de olhos sobre o imenso vazio. .4 galáxia de Andrómeda pode ser vista a olho nu como uma ténue mancha no céu, apesar de distar de nos 22 milhões de anos-luz. Estu distância representa cerca de um vigésimo milésimo do diâmetro do unioerso risível.
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Um observador no hemisfério norte que olhe para o céu numa noite dos últimos meses do ano conseguirá distinguir uma ténue mancha de luz na constelação de Andrómeda. Esta mancha é, na realidade. um aglomerado de estrelas, a galáxia de Andrómeda o mais distante objecto que se consegue ver a olho n u: a sua luz demo ra 2.2 milhões do anos a chegar até nós. Os cientistas exprimem as distâncias no espaço com base no que de mais rápido existe no Universo a lux Um raio de luz propaga se a 94ri0 biliões de quilómetros num ano. Por isso. podemos definir as dis tancias referenciando as ao tempo que a luzleva de unia estrela ou de Estas outro distâncias corpo ceiessão te a chegar à Torra. expressas em anos luz. A Lua A Lua ó o objecto do Universo mais pró ximo da Terra, à distância média de 384 -100 km, Esta distância varia ligeira mente, porque a sua órbita é elíptica. Quando os astronautas da missão Apollo visitaram a Lua. entre 1969 c 1972. deixa ram no planeia pequenos "retrorreílcctores", semelhantes aos que existem na par te traseira de um automóvel. Os astróno mos, na Terra, dirigem a estes relrorreíloctores um potente feixe do raios laser, e cerca de dois segundos e meio depois os seus telescópios captam um ligeiro clarão quando o feixe regressa â Terra. Multipli cam então o tempo de ida o volta do raio pela velocidade da luz e dividem o resulta do por dois para achar a distância da Terra
à Lua. As medições desta distância têm uma margem de erro de apenas alguns centímetros. Verificando as constante mente, os cientistas descobriram que a Lua está agora cerca de 30 cm mais distan te da Terra do que quando os astronautas da Apollo a visitaram A Lua e a Torra estão a afastar se porque a fricção entro o fundo dos oceanos e a água que se acumula com as marés está a afrouxar gradualmente a rotação da Terra, fazendo a perder energia, e a acumulação de água das marés oceânicas puxa a Lua para diante na sua órbita, fazendo-a ga nhar energia. Por isso, a Lua está gradual mente a afastar-se da Terra, descrevendo uma órbita alargada. Os planetas No caso dos planetas do sistema solar, os astrónomos não possuem reflectores que lhes devolvam os raios de luz, pelo que empregam o radar. Antes de este existir, utilizavam a velocidade da luz e o método da paralaxe para calcular as distâncias aos planetas. Hoje, contudo, emitem ondas rá dio em direcção ao planeta e aguardam que o sou eco débil regresse à fonte depois de reflectidas as ondas pela superfície ro chosa do planeta. As ondas de rádio propa gam-se à velocidade da luz. pelo que o
cálculo é idêntico ao efectuado com a me dição da distância â Lua. Os radioastrónomos conseguiram refle xos de radar de todos os planetas rochosos Mercúrio, Vénus e Marte -, mas não podem receber um oco de radar de Satur no ou de Júpiter, pois estes são formados por gases, que não reflectem o radar.
DF/TERMINAÇÃO DF. DISTAMCIAS PF.I.A PARALAXE
O Sol O radar também não pode sor utilizado para se calcular a distância ao Sol. porque este não é sólido. Assim, os astrónomos baseiam os seus cálculos na lei do movi mento planetário a terceira lei exposta pelo astrónomo Kopler em 1618. Diz essa lei que o quadrado do tempo da revolução orbital de um planeta em torno do Sol é directamente proporcional ao cubo da res pectiva distância média ao Sol. Utilizando esta loi, os astrónomos pu deram computar a distância media da Ter ra ao Sol, que se sabe hoje ser de 149 597 870 km. A distância Terra-Sol é definida como uma unidade a que se cha mou unidade astronómica, ou LIA. Os as trónomos utilizam esta unidade na deter minaçáo das distâncias dos outros plane tas ao Sol. Para o fazerem, têm primeiro que conhecer a distância da Terra ao pla neta, para o que utilizam o método da pa ralaxe ou o radar. Por meio do radar, c possível saber que a distância de Vénus à Terra quando os dois se encontram mais próximos entre si é de 42 milhões de quilómetros. Mas os astro nomos sabem lambem que Vénus demo ra 224,7 dias (0.615 do ano) a completar uma revolução em forno do Sol. Então, segundo a lei de Keplcr, a distância de Vé nus ao Sol é do 0,72 UA (pois que 0,615 de um ano é igual ao cubo do 0,72 UA).
As estrelas próximas As estrelas situam-se a distâncias milhões do vozes superiores à do Sol, por isso os asfrónomos utilizam técnicas diferentes para as calcular. A mais importante é o mé todo da paralaxe, que envolve a medição do ângulo entre duas direcções do posi ções aparentes do uma estrela e o seu rela cionamento com a órbita da Terra. Para o compreender, levante um dedo em frente da cara. feche um olho e marque a posição do dedo cru relação a um fundo. Agora, abra esse olho o feche o outro: o dedo pároco ter-se movido, e tanto mais quanto mais perto estiver da cara. Em astronomia, o dedo é a estrela mais próxima, cuja distância está a ser medida. Os astrónomos registam a sua posição, ob servada de dois pontos diferentes da órbita terrestre, em relação a estrelas muito longfnquas. Medindo o ângulo do movimen to aparente da estrela entre estas duas posi ções, chamado o ângulo de paralaxe, e co nhecendo o diâmetro da órbita da Terra, os asfrónomos calculam a distância.
Como os astrónomos não podem utilizar o radar pura calcular a distância de uma estre la. sen em se do método du paralaxe. Ti ram-se fotografias do céu, sempre do mes mo loculdu Terra, durante lodo O ano. Estas mostram que certas estrelas se mantém "li xas" enquanto outras parecem "mooer-se". As que aparentam movimento risível estão mais Terra do de queama as outras. Para próximas acharem da a distância estrela que se "move", os astrónomos examinam duas fotografias tiradas do mesmo observa tório com o intervalo de seis meses (A). Utili zando como linha de base o diâmetro da órbitu terrestre (li), tracam-se duas linhas entre a estrela e os extremos desta linha de base (C). A intersecção das duas linhas é o vértice do ângulo do movimento aparente (D), que é medido em segundos de arco Conhecendo o diâmetro da órbita da Terra e a medida do ângulo do movimento, os as trónomos podem calcular a distunaa à es trela recorrendo à trigonometria O ângulo do paralaxe é medido em se gundos de arco. Um segundo de arco é 1/3600 de um grau no firmamento, ou cer ca de 1/2000 do diâmetro da Lua. A distân cia a uma estrela, em anos-luz. é 3,20 divi dido pelo sou ângulo de paralaxe. O resul tado é-nos dado em parsecs. unidade do distância que corresponde à paralaxe de um segundo de arco, ou 3,20 anos luz. Usando este método, os astrónomos en contraram já as distâncias de centenas das estrelas mais próximas. A estrela mais per to do Sol, por exemplo, é uma estrela pou co luminosa chamada Próxima Centauri, que fica a 4,22 anos luz, ou 1,2 parsecs. A 179
QUAL O TAMANHO DO UNIVERSO? Muitos astrónomos pensam que ele é ilimitado, pelo que o seu tamanho real não pode ser medido. Mas é possível calcular a distância entre os objectos mais afastados que se co nhecem em todas as direcções — por outras palavras, medir o diâme tro do universo observável. A luz das galáxias mais distantes levou 15 a 20 milhões de milhões de anos para chegar à Terra. Por isso, o diâmetro do Universo, até onde podemos ob servar, é de anos-luz, ou 40 385milhões milhõesdedemilhões mi lhões de triliões de quilómetros. estrela mais brilhante do céu, Silius, está a 8,6 anos-luz de distância, ou 2,64 parsecs.
Estrelas distantes Para estrelas situadas a distâncias superio res a 300 anos-luz, os astrónomos preci sam de técnicas diferentes. Uma delas im plica conhecer a direcção em que a estrela está a deslocar-se e a que velocidade. Para se determinar a direcção, é muito mais fácil trabalhar-.se com um aglomc rado de estrelas do que com uma estrela só. Muitas estrelas pertencem a aglome rados, ou "cúmulos estelares", formados por milhares de estrelas movendo se no espaço. A perspectiva faz com que as es trelas de cada aglomerado pareçam con vergir. O ângulo aparentes de convergência suas trajectórias traduz adas direc ção em que os aglomerados se movem no espa ço — em direcção à Terra, afas tando se da Terra, a um ângulo de 45", e assim por diante. A velocidade de uma estrela deduz-se da sua luz. O movimento da estrela, aproximando-a ou afastando a da Terra, altera os comprimentos da onda da luz que aquela emite — a luz torna se mais azul se a estre la se aproxima, mais vermelha se ela se afasta —, o chamado efeito de Doppler. Combinando o ritmo da alteração no espectro da estrela com a direcção de des locação do aglomerado, os astrónomos podem calcular a sua velocidade real atra vés do espaço e portanto calcular a distân cia da Terra ao aglomerado. As estrelas mais longínquas Para calcular a distância a estrelas ainda mais longínquas, os astrónomos servem -se de elementos como a temperatura e o brilho. A medição da temperatura de uma estrela é muito fácil: uma estrela azulada é quente, com cerca de 20 000nC; uma estre la branca ou amarela tem uma temperatu ra média; as estrelas alaranjadas ou verme lhas são "frias" - cerca de 3000"C. Quanto mais quente é uma estrela, 180
maior é o seu brilho. Uma estrela com a temperatura de 10 000"C, por exemplo, é 40 vezes mais brilhante que o Sol (cuja temperatura é de 5500''O. Assim, se se en contrai uma estrela com 10 000"C, mas muito pouco brilhante, ela deverá estar a uma distância muito grande. Antes de utili zarem este método relativamente simples, os astrónomos têm de conhecer a relação entre o brilho e a temperatura e a distância à Terra. É por isso que, primeiramente, uti lizam métodos como o da paralaxe, no caso de estrelas próximas. Depois de medi rem o brilho dessas estrelas, podem então servir-se dos dados que já conhecem para apurar relativo de estrelas mais dis tantes. oAbrilho medição do brilho das estrelas permite aos astrónomos medir a distância a qualquer estrela da Via Láctea, algumas delas a 100 000 anos-luz da Terra.
Galáxias próximas Há um tipo de estrelas que funciona como padrão de medição das distâncias a que se encontram as galáxias mais próximas: são as chamadas "variáveis cefeides", cujo bri lho se altera de modo regular. Os astrónomos medem o tempo que uma cefeide leva na pulsação, do brilho máximo ao brilho mínimo e o regresso ao máximo. Kste intervalo denomina-se o pe ríodo. As cefeides mais brilhantes pulsam mais lentamente que as de menor brilho, pelo que, uma vez determinado o período de uma cefeide, pode deduzir se a sua lu minosidade. Se uma cefeide tem, por exemplo, um período de duas semanas, os astrónomos poderão que dizero que é 4000 vezes mais brilhante Sol. ela Estudando o aparente brilho ténue de cefeides em ga láxias distantes, eles podem determinar a distância a que estas se encontram.
Os limites do Universo Na década de 20, o astrónomo americano Hubble fez uma espantosa descoberta acerca das galáxias: elas afastam-se iodas da Terra a velocidades que dependem das respectivas distâncias — quanto mais dis tantes, mais rapidamente se afastam. É a chamada lei de Hubble, e o fenómeno dá-se porque o Universo está em expansão, o que significa que todas as galáxias se afas tam rapidamente umas das outras. E possível medir a velocidade de uma galáxia observando o seu espectro de luz e verificando a alteração do comprimento de onda das riscas espectrais de acordo com o efeito de Doppler. A lei de Hubble permite calcular a distân cia com aos baseastrónomos na velocidade. Assim, se uma galáxia distante se afasta, digamos, a 3,2 milhões de quilómetros por hora, multipli cando a constante de Hubble (12,5, se tra balharmos em quilómetros/hora anos-luz) pela velocidade da galáxia, eles po dem calcular que ela se encontra a 40 mi lhões de anos-luz.
Espelho gigante para explorar os céus Para obter uma imagem bem focada de urna estrela ou de um planeta, os espelhos dos telescópios têm de ter a forma correc ta e manté-la. Um dos grandes proble mas a enfrentar é a variação de temperatu ra durante a noite. Todos os materiais
comummente utilizados, incluindo o vi dro vulgar, expandem-se ou contraem-se com as variações da temperatura Como a espessura do espelho de um telescópio é menor no centro, esta zona arrefece mais depressa e contrai-se mais do que a coroa exterior, o que distorce a forma do espelho e a imagem que elo reflecte. Até há pouco tempo, os espelhos dos telescópios eram feitos de vidro vulgar. Mas os astrónomos pediam espelhos cada vez maiores, o que significava maior grau de distorção. Com a invenção do vidro pyrex, que se expande e contrai apenas um terço do vidro vulgar, lornou-se possí
vel construir, em 1948. o maior telescópio de então — o do monte Paloma/, no Sul da Califórnia, com um espelho de 5 m feito de
pyrex.
Actualmente, na maioria, os espelhos de telescópio são fabricados com uma mistura de vidro e cerâmica que quase náo se expande. A superfície é revestida por uma camada de alumínio reflector. Par.', fazer um vulgar espelho de telescó pio, o fabricante funde a matéria -prima de vidro o cerâmica num molde circular ligei ramente côncavo, de diâmetro adequado ao telescópio, Depois, a peça-base do es pelho é arrefecida com extrema lentidão
ao longo de semanas, o que assegura a não-criaçáo de tensões que mais tarde iriam distorcer o espelho. A peça é depois afeiçoada até ã sua forma final, num pro cesso controlado por computador, para que a curvatura parabólica seja a correcta. Para lazer o espelho, a superfície da Um olho sobre o Universo. 0 telescópio Wiltiam Herschel, em La Palma, nas ilhas Canárias, é um dos maiores do Mundo Com o seu espelho de -12 m. seria capaz de detectar u chama de uma vela a 160 000 km de distância ou quasares a milhões de anos luz.
peça-base é então revestida pela camada reflectora: coloca-se numa câmara de vá cuo, onde fio de alumínio e vaporizado por calor, o o metal condensa se em tina cama da sobre a lace da peça-base. Estas técnicas de fabrico têm resultado, mas os engenheiros estão agora a projec tar ( i construção de telescópios muito maiores, cujos espelhos seriam extrema mente pesados se produzidos ã maneira tradicional. Também o resto do telescópio teria de ser proporcionalmente maior, difi cultando a respectiva mecânica e encare cendo todo o projecto. Por exemplo, um espelho de 8 m para um telescópio de con cepção idêntica do monte (que mede 5 m) ao pesaria quatro Palomar vezes mais. Uma oficina do Tucson, no Arizona. EUA. criou um forno rotativo tendo em mente espelhos grandes mas leves. Antes de se deitarem os pedaços de vidro, colo cam se dentro do molde blocos hexago nais de cimento. Quando o vidro funde, escorre por entre os blocos, formando uma rede de paredes finas muito semelhantes ã estrutura de cera dos favos das colmeias. A estrutura de vidro resultante compôe-se de 'células" hexagonais tapadas em cima e em baixo por uma placa de vidro. A placa inferior é perfurada para que, quando todo o conjunto tiver arrefecido, se possa varrer o cimento quebradiço (o "mel") com jac tos de água. deixando um conjunto de fa vos de vidro vazio. Este espelho em favo tem apenas um quarto do peso de um espelho maciço da mesma dimensão. Mas como pode uma estrutura em favo ser esmerilada para se tornar curva? Não 0 é: se fizermos girar rapidamente um balde de líquido segundo um eixo vertical, o lí quido é empurrado para a periferia e sobe pela parede do balde. Em resultado disso, a superfície torna-se côncava. Telescópios de espelhos múltiplos Os astrónomos que estão a construir o te lescópio Keck, de 10 m, a ser colocado numa montanha do Havai, pensam que será demasiado difícil construir um único espelho com esse diâmetro. Assim, estão a construir uma grande superfície reflectora constituída por 36 espelhos hexagonais mais pequenos, que se juntarão entre si como ladrilhos para formarem a superfí cie. Para que esta mantenha a sua forma correcta, os construtores montam entre os espelhos 168 sensores que informam sem pre que os lados adjacentes de dois espe lhos se desalinham — quando o telescó pio é inclinado, por exemplo. \ow com putadores verificam os sinais emitidos pe los sensores c enviam instruções a 108 pa rafusos de precisão ligados â face posterior dos segmentos. Os parafusos rociam em resposta às ordens recebidas, realinhando a sequência dos espelhos. Os astrónomos europeus empenhados na construção do maior telescópio do
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PORQUE OS TELESCÓPIOS USAM ESPELHOS EM VEZ DE LENTES No século xvii, o físico inglês Sir Isaac Newton apercebeu-se de que o tradicio nal telescópio de refracção, que utilizava lentes de vidro para focar a luz das estre las, trazia certos problemas. Com efeito, as lentes produziam fran jas de cores falsas em torno das estrelas. Este fenómeno ocorre porque, quando um feixe de luz é desviado ao atravessar o vidro, as respectivas ondas, porque têm diferentes comprimentos, são des viadas segundo ângulos diferentes. A luz azul, por exemplo, que tem ondas cur tas. é desviada (ou retractada) em ângu Mundo, o Véry l.arge Telescope (Telescó pio Muito Grande), atacam o problema de outra maneira: o telescópio - destinado ao projecto do Observatório Astral Euro peu (ESO), organização a que Portugal acaba de aderir (1990) - situar-seá em La Silla, no Chile, para obter as melhores ima gens do céu meridional e será formado por quatro telescópios adjacentes, cada um
lo mais agudo que a luz vermelha, com maior comprimento de onda. Assim, Newton desenhou um teles cópio de reflexão que captava e focava a luz por meio de dois espelhos (feitos de uma liga de estanho e cobre conhecida por metal speculum). A face dos espe lhos que recebia a luz era côncava como um espelho da barba, e por isso fixava a luz como uma lente. Os telescópios mo dernos utilizam também espelhos para captar a luz. embora em tamanho já nada tenham a ver com o de Newton, que media 2,5 cm de diâmetro. dos quais com um espelho de 8 m de diâ metro. Pequenos espelhos farão convergir a luz dos quatro telescópios sobre o mes mo foco, trabalhando assim em conjunto
como uma única óptica, equivalente a um telescópio de 16 m de diâmetro. Quando estiver completado, o Very Large Telesco pe será 10 vezes mais potente que o mais potente dos telescópios actuais.
Como se contam as estrelas? listas. Mas, em vez de as contarem olhando por um telescópio, os astrónomos tiram fotografias através do telescópio e obser vam as posições das estrelas nas chapai fotográficas. Cada fotografia apresenta mais de 1 milhão de imagens, e um astro nomo levaria meses a registar a posição das estrelas de uma só dessas fotografias. Neste caso, oslasers e os computadores são auxiliares preciosos para acelerar con sideravelmente o processo. O astrónomo inglês Edward Kibblewhite construiu om Cambridge uni sistema fotográfico de re gisto automático que "lê'" uma lotografia em uma hora. 0 aparelho de Kibblewhite foca um fei xe de raios laser de hélio-néon sobre a cha pa fotográfica, estreitando o feixe até um círculo muito diminuto que varre toda a chapa. nos ver estrelas muito menos brilhantes, Como a chapa é um negativo fotográfi Na década de 1860, e com o auxilio de co, as estrelas aparecem como pontos ne um telescópio com uma lente de 7,"> cm, 0 gros contra um fundo claro. Quando 0 raio astrónomo prussiano Friedrich Argelan laser passa pela imagem escura de uma der registou a posição das estrelas que con estrela, a sua luminosidade diminui. 0 seguia observar de Bona. A sua lista conti computador vai registando estas mudan nha 458 000 estrelas. Astrónomos argenti ças de luminosidade do lasei e tomando nos registaram as estrelas demasiado a sul nota da posição exacta de cada estrela, bem para poderem ser vistas da Alemanha e como do respectivo brilho. Todas estas in quase triplicaram a lista para 1 072 000 es formações são registadas em fita magnéti trelas. ca. Nos meados da década de 90, quando a máquina tiver analisado as fotografias de Os maiores telescópios actuais eonse todo o céu, a informação acumulada refe guem revelar 1000 estrelas menos brilhan rir se á a mais de 1000 milhões de estrelas. tes por cada uma das registadas naquelas Olhe para o céu numa noite límpida, e a sensação que tem é de que vê milhões de estrelas. Na verdade, o que os nossos olhos nos mostram não são mais que cerca de 6000. Hoje. tirando fotografias com gran des telescópios, os astrónomos conse guem contar milhões de estrelas. Mas os astrónomos não se limitam a contá-las - pretendem saber exactamen te qual a posição de cada estrela no céu para poder regista la num catálogo de es trelas. Ainda antes da invenção do telescó pio, por volta de 1(360, já os astrónomos tinham registado as posições de todas as estrelas visíveis, servindo se de simples mi ras, como as de uma espingarda. Um telescópio não só amplia cada ob jecto que vemos no céu. como capta mais luz do que a vista desarmada; assim, além de mostrar muito mais estrelas, permite-
Como acabará o Universo? Há 15 000 milhões de anos, o Universo co meçou subitamente a sua existência por meio de urna tremenda explosão — o Big Bang. Os gases que se expandiram do cen tro da explosão acabaram por transformar-se em galáxias, estrelas e planetas, incluin do a estrela Sol e o planeta Terra. Mas como se pode calcular quando tudo se deu? Nos anos 20, o astrónomo americano Edwin Hubble descobriu que as galáxias se afastam umas das outras e que as mais distantes se deslocam a velocidades maio res que as mais próximas, como se consti tuíssem os estilhaços de uma explosão cósmica gigante. Dividindo as distâncias a que se encontravam pelas respectivas ve locidades, Hubble pôde calcular quando teve lugar esta explosão. A resposta (se gundo as mais recentes e rigorosas obser vações) é: há 15 000 milhões de anos. Para confirmarem este resultado, os as trónomos têm medido as idades dos cúmulos estelares. As estrelas mudam de cor e dimensão à medida que envelhecem, transformando-se em gigantes vermelhas, depois em anãs brancas. Estrelas de dife rentes massas evoluem a ritmos diferentes, por isso, mesmo que todas as estrelas de um mesmo cúmulo (aglomerado) te nham nascido ao mesmo tempo, algumas "envelheceram" mais rapidamente que outras. Dentro de cada cúmulo, os astró nomos procuram as estrelas vulgares mais volumosas que estejam prestes a transformar-se em gigantes vermelhas. Sabem, em teoria, o tempo que uma estrela vive antes dessa transformação: o Sol, por exemplo, viverá 10 000 milhões de anos, ao passo que uma estrela de uma massa 20 vezes maior se transformará numa gigante ver melha daqui a apenas 20 milhões de anos. Pelas massas das estrelas que estão prestes a transformar-se em gigantes vermelhas, os astrónomos calculam a idade de todo o cúmulo. Alguns cúmulos estelares são bastante jovens à escala cósmica - cerca de 70 mi lhões de anos. (O Sol, em comparação, tem 5000 milhões de anos.) Muitos são muito mais velhos, em particular os cúmu los globulares. Este tipo de aglomerado é como que um enxame gigante de cerca de 1 milhão de estrelas. Os astrónomos des cobriram que as estrelas que compõem estes cúmulos são muito antigas - 12 000 a 14 000 milhões de anos. Koram talvez as primeiras estrelas a formar-se a partir dos gases do Big Bang, o que sugere que este tenha ocorrido há 15 000 milhões de anos Há ainda um elemento de prova, muito persuasivo, de que existiu um Big Bang,
mas que, no entanto, não nos revela quan do ocorreu. Os radiotelescópios captam um ligeiro ruído de fundo em todo o Univer so. A explicação mais provável é que se deva a ondas electromagnéticas emanadas dos gases quentes do Big Bang e que ainda hoje pulsam através do Universo. Conquanto os astrónomos estejam de acordo no que se refere ao nascimento do Universo, não o estão quanto à forma como ele acabará. Há duas possibilidades. A energia do Big Bang pode ser suficiente para manter as galáxias indefinidamente em movimento. As estrelas de cada galáxia chegarão ao fim das respectivas vidas sob a forma de buracos negrosanãs ou objectos dos e escuros chamados negras, ousóli estrelas de neutrões. Num futuro de 1 mi lhão de milhões de anos, o Universo aca bará por morrer simplesmente. Por outro lado, a força da gravidade en tre as galáxias poderá afrouxar o ímpeto do Bing Bang e começar novamente a fazer aproximar entre si as galáxias. O Universo começará então a contrair-se. Esta teoria é, de momento, menos aceite, mas alguns astrónomos calculam as suas consequên cias se ela for verdadeira. Dentro de cerca de 100 000 milhões de anos, as galáxias chocarão entre si e esmagar-se-ão conjun tamente num ponto, num fenómeno a que dão o nome de Big Crunch. O que acontecerá a seguir é menos certo. A maté ria concentrada poderá explodir nova mente como um Big Bang, produzindo o nascimento de outro universo.
Em busca dos limites do Universo
visão da teoria de Einstein - que o Univer so não tem limites. A teoria afirma, na reali dade, que existem duas possibilidades para o Universo. Uma é a de que ele se encurva em redor de si próprio, como a superfície de um planeta: embora não tenha limites, é finito. Um viajante espacial que partisse numa determinada direcção e nunca alte rasse o seu rumo regressaria ao ponto de partida É um universo "fechado". A outra teoria é a de o Universo ser infini to, O espaço prolongar-se infinitamente em todas as direcções. Neste Universo "aber to", por muito longe que viajássemos, en contraríamos sempre novas regiões. Qual das duas hipóteses é a correcta de pende da quantidade de matéria que com põe o Universo Se existir matéria suficien te, a sua gravidade fará encurvar o espaço, e o Universo será fechado. Neste caso, a gravidade será suficientemente forte para, finalmente, fazer parar a expansão do Uni verso e aproximar entre si as galáxias no Big Crunch. Os cálculos mais recentes so bre a quantidade de matéria indicam que esta não é suficiente para "fechar" o Uni verso. Assim, este será, provavelmente, de dimensões infinitas, sem limite, e conti nuará para sempre a expandir-se.
«Vendo» o invisível buraco negro
Quando uma estrela morre, pode deixar atrás de si o objecto mais escuro e mais destrutivo do Universo — um buraco ne gro. Este não emite luz nem qualquer outra radiação, pelo cjue não pode ser observa do por qualquer espécie de telescópio. O buraco negro são os restos colapsados de uma estrela velha. Uma parle da matéria Os astrónomos europeus estão empenha dos na construção de um telescópio 10 ve que anteriormente constituía a estrela comprime-se pela sua própria gravidade zes mais potente que qualquer dos exis até um volume ínfimo, inferior ao do nú tentes: o Very Large Telescope. Esperam, cleo de um simples átomo e denominado por meio dele, ver mais do Universo do uma singularidade. Devido à sua enorme que jamais foi visto, mas, mesmo assim, ninguém espera ver os limites do Universo. compressão, a gravidade desta matéria é imensamente forte. Na zona que circunda Os estudos modernos sobre o Universo baseiam-se na teoria geral da relatividade. imediatamente a singularidade, a gravida de é absolutamente irresistível. Esta zona, de Einstein. Esta teoria diz que a matéria possui um campo gravitacional que distor com o diâmetro de alguns quilómetros, constitui o buraco negro. Desde que um ce o espaço c o tempo — o espaço encurobjecto se aproxime de um buraco negro, va-se e o tempo passa mais depressa ou mais devagar. Além disso, a gravidade da ele será inexoravelmente puxado para o seu interior e esmagado na singularidade. matéria deflecte a luz. Ao testarem os efeitos da teoria geral, os Se os buracos negros não podem ser vis cientistas verificaram que ela explica o mo tos, corno sabemos que existem? Um dos vimento rios planetas em volta do Sol e das processos apoia-se na detecção dos seus estrelas girando em tomo de outras estrelas. efeitos sobre as estrelas próximas. Na sua maioria, as estrelas possuem uma compa Aceitando que a teoria possa ser aplica nheira (o Sol faz parte da minoria) e as duas da ao Universo como um todo, os cosmólogos aceitam igualmente uma última pre estrelas giram em torno uma da outra Se 183
que procuram os buracos negros come çam por percorrer o céu com telescópios de raios X em busca desses raios. Km 1971. o satélite de raios X americano Uhuru conseguiu localizar uma poderosa fonte de raios X na constelação do Cisne. Os astrónomos descobriram então que essa fonte, Cisne X-l, era uma estrela cha mada HDE 226 868, que se encontra a (iOOO anos-luz da Terra. Quando investiga ram esta estrela, descobriram que ela des crevia uma órbita de seis dias em torno de uma companheira invisível. Cs raios X ti nham de provir de gases que se dirigiam em vórtice para a companheira invisível.
O coraçãozinho negro. Na constelação da Virgem encontra-se u radioguluxiu M-87. As estrelas que circundam o centro da galáxia estão tão juntas e deslocam se tão rapidamente em direcção ao centro que se pensa que ali exista um buraco negro O jacto azul emitido do centro
negro da galáxia é um feixe de electrões resultante da energia produzitla pelo buraco negro. As cores desta fotografia indicam a crescente acumulação de estrelas da periferia para o centro.
uma delas morro e colapsa, o buraco negro que dela resulta e a estrela companheira continuam a girar em torno um do outro. À medida que a companheira envelhe ce, aumenta de volume para se tornar uma estrela gigante ou supergigante, centenas de vezes maior que 0 Sol. As regiões exte riores desta estrela que aumentou aproximarn-se perigosamente do buraco negro.
que começa a atrair os gases periféricos. Estes acabam por entrar no buraco negro, mas não caem ali directamente: eles co meçam por girar à superfície do buraco, o
A serpente que
que os tornaque extremamente quentes, com temperaturas atingem o milhar de mi
voltou do espaço
lhões de graus centígrados. Um gás a esta temperatura produz abundantes quanti dades de raios X. Assim, os astrónomos
COMO OS ASTRÓNOMOSPESAM AS ESTRELAS As estrelas de um sistema binário, corno se a sua companheira invisível, o buraco a Cisne X-l e a I IDE 226 8(i8, giram em negro Cisne X-l, tem metade dessa torno do seu centro de gravidade co massa, deve "pesar" tanto como 10 sóis. mum. Se a massa das estrelas é igual, O Sol "pesa" 0 equivalente a 300 000 esse centro de gravidade fica a meia dis Terras, ou seja 1989 milhões de milhões tância entre as duas. Se não, fica mais de milhões de milhões de toneladas. perto da estrela com maior massa. As Esle número é calculado com base na sim, um sistema binário forma um equi teoria da gravitação. Experiências em la líbrio natural que permite aos astróno boratório demonstraram qual a atrac mos "pesar" as estrelas. Estudando o ção gravitacional entre duas grandes es movimento da estrela HDE 226 868, feras de chumbo de massas conhecidas. aqueles descobriram que o centro de Esta força depende cm parte da massa gravidade ficava tão próximo desta que a das esferas c cm parle da distância que sua companheira deveria ter metade as separa. Esta experiência pode ser ex massa daquela estrela. A HDE 226 868daé trapolada proporcionalmente, por for uma estrela do tipo supergigante azul. ma que a distância entre as esferas passe Tem um diâmetro de 32 milhões de qui a ser a da Terra ao Sol. Pode então dedulómetros, e o seu brilho é 50 000 vezes o zir-se qual a massa que o Sol tem de ter do Sol. Uma supergigante azul é cerca para exercer a atracção gravitacional ne de 20 vezes mais "pesada" que o Sol. Isto cessária para manter em órbita a Terra e é, tem 20 vezes a massa do Sol. Por isso. os outros planetas do sistema.
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Logo se suspeitou de que esta última seria um buraco negro. Mas os astróno mos tinham primeiro que investigar a hi pótesc de se tratar de uma estrela de neuIroes. Estas estrelas são Ião pouco lumino sas que não podem ser vistas quando pró ximas de uma outra como a 1 IDE 226 8(>8. Uma forma de afastar a possibilidade de uma estrela de neutroes é verificar o seu peso. Os astrónomos usam o Sol como peso -padrão. Descobriram que Cisne X-l pesava tanto como 10 sóis, o que é muito para uma estrela de neutroes. Quando uma estrela de neutroes se torna mais pe sada que três sóis, colapsa e lorna-se num buraco negro, logo Cisne X-l deve ser um buraco negro.
Em 16 de Outubro de 1982, na Califórnia, os astrónomos assestaram o maior teles copio do Mundo sobre determinado pon to da constelação do Cão Menor. Estavam na pista de um objecto que não era visto havia mais de 70 anos e se previa que fizes se nova visita ao sistema solar interior - o cometa de Hallev. Ao observarem oécran de televisão que transmitia a imagem cap tada através do telescópio do monte Palornar, os astrónomos viram subitamente um pequenino ponto luminoso; o cometa de Hallev estava na sua rola prevista. Data de 240 a. C. o mais antigo registo da observação deste cometa, que recebeu o nome do cientista britânico do século xvn Edmond Hallev Este cientista, que provou que os cometas percorrem órbitas que po dem ser calculadas, observou o cometa em 1682 e previu que ele regressaria cm 1758. A observarão dos cometas deu ori gem, no passado, a um sem número de receios. Pensava se que eles eram horri veis visitantes da Terra, serpentes sequio sas de sangue enviadas para devorar os ho mens e mensageiros de doenças, O aparecimento de um cometa deve se ao tacto de estes astros se deslocarem em
Cadeia de colinas Mancha luminosa .
Vale
Colina
Eixo de rotação Limite dia-noite Sol
O núcleo do cometa. O núcleo do cometa de Halley tem a forma de um amendoim e mede 16x8x8 km. Tem montes e depres sões e expele jactos de gás e poeira. efeitos de lodos os planetas sobre o come ta de 1911 até meados da década de 80. Em 1986, o cometa de Halley passou pelo Sol com um erro de poucas horas sobre o pre visto por Yeomans — depois de ter estado escondido durante sete décadas.
Um cometa visto de perto. Enfrentando uma furiosa tempestade de poeira que ameaçaoa destrui-la, a sonda espacial Giotto passou a algumas centenas de quilómetros do cometa de Halley e fotografou o núcleo. Este é formado por gelo, rochas e pedras e por um composto orgânico desconhecido resistente ao calor. A maior parte da sua superfície é coberta por uma crusta espessa e escura de composição desconhecida. Passou a 150 milhões de quilómetros da Terra em 15 de Março de 1986. Foi mais claramente oisioel na Austrália, onde esta fotografia
Descobrindo planetas Os planeias Mercúrio, Vénus, Marte, Júpi
foi tirada. volta do Sol em órbitas governadas pela gravidade. Enquanto a órbita de um plane ta em tomo do Sol é relativamente circular, os cometas seguem percursos alongados. Quando o cometa de Halley se encontra no ponto mais afastado da sua órbita, está 35 vezes mais afastado do Sol do que a Terra. Nessa altura, é invisível, mesmo para o maior telescópio. Mas no ponto mais próximo do Sol o cometa passa por dentro da órbita da Terra. Quando o Sol o aquece e o núcleo gelado fica rodeado por uma enorme nuvem de gases e poeiras, ele pode lornar-se — durante uns meses — um objecto brilhante nos nossos céus. 0 período orbital do cometa de Halley é de 76 anos. Esperar-se-ia, portanto, vê-lo reaparecer regularmente, traçando o mes mo percurso em volta do Sol. Seria assim se ele sofresse unicamente a influência gravi-
ley durou apenas 74,5 anos. Depois de este corneta passar pelo Sol em Novembro de 1835, os planetas provocaram um aumen to da sua velocidade, pelo que ele regres sou em Abril de 1910. Mas as observações da sua órbita entre os anos 451 e 530, regis tadas por astrónomos chineses e japone ses, revelam que ele levou 79 anos a com pletar uma órbita, o que sugere que os pla netas o tenham feito afrouxar. Como os astrónomos conhecem as po sições e a força gravitacional de cada pia neta, podem calcular o efeito que elas te rão sobre os cometas. Mas os cálculos são muito longos e fastidiosos. Quando três matemáticos franceses predisseram o re gresso do cometa de Halley em 1759, tive ram de o calcular à mão, por meio de ex tensas divisões e multiplicações, levando seis meses a completar o trabalho. Actual
ter e Saturno são da Ião sua luminosos que há os as trónomos sabem existência mi lhares de anos. Mas durante os últimos 20(1 anos eles descobriram outros três, mais distantes e menos luminosos: Urano, Nep tuno e Plutão. E existem indicações de um décimo planeta para além de Plutão. Até 1781 ninguém suspeitava da exis tência de planetas para além de Saturno, pelo que, na realidade, ninguém os pro curava Até que, em 13 de Março desse ano, o astrónomo amador William Herschel, ao tentar encontrar estrelas duplas, desco briu Urano. Sabia não se tratar de uma es trela por ter um disco visível, tal corno o da Lua quando cheia. E, ao registarem os seus movimentos, os astrónomos concluíram que tinha de ser um planeta. Depois desta descoberta, totalmente acidental, os astrónomos começaram a pensar se poderia existir um outro planeta ainda mais distante. Esta suspeita foi refor
tacional doafectados Sol. No entanto, os cometas são também pelos planetas do siste ma solar, especialmente pelos gigantes ,lií piter e Saturno. Quando um planeta está aproximadamente na frente de um come ta, a sua gravidade puxa o cometa para diante e acelera-o. Sc o cometa se afasia rio planeta, a força gravitacional deste puxá-lo-á para trás, afrouxando lhe a velocidade. A órbita mais rápida do cometa de Hal
mente,em tudo pode ser feitominutos. por um compu tador apenas alguns Na década de 70, Donald Yeomans, do Laboratório de Propulsão a Jacto, na Cali fórnia, começou a coligir todas as observa ções sobre o cometa cie Halley. Obteve as sim informações sobre a forma como o cometa se deslocava, até à fotografia mais recente, de 15 de Junho de 1911. Depois, utilizou uni computador para calcular os
çada de terem que Uranopelo não facto percorria a sua descoberto órbita em redor do Sol a ritmo constante: parecia que so fria o efeito da força de gravitação de um planeta mais distante e desconhecido. Dois matemáticos — Coueh Adams, de Cambridge, e o francês Urbain Leverrier — calcularam, separadamente, a hipotética posição do novo planeta. Em 31 de Agosto de 1846, Leverrier enviou os seus cálculos 185
ao Observatório de Berlim, onde os astro nomos identificaram uma "estrela" como sendo esse novo planeta, hoje conhecido por Neptuno. Nos finais do século passado, suspeitou-se de que tanto Urano como Neptuno sofriam influências da gravidade de outro planeta ainda mais distante. Desta vez foi um astrónomo americano, Percival Lowell, quem calculou onde deveria encontrar-se esse "Planeta X". Em 1930, Clyde Tombaugh, que trabalhava no observató rio fundado por Lowell, detectou um pe quenino ponto luminoso que mudava de posição todas as noites. Tratava se efectiva mente de um de brilho muitoo mais ténue doplaneta, que estemas previra. Recebeu nome de Plutão. No entanto, muitos astrónomos consi deram Plutão demasiado pequeno para afectar os gigantes Urano e Neptuno. Km 1978, os astrónomos do Observatório Na val dos Kstados Unidos descobriram um satélite em torno de Plutão. 0 movimento desta lua revelou a gravidade de Plutão demasiado fraca para exercer qualquer efeito sobre Urano e Neptuno.
Em bus ca de vida no espaço Sempre houve pessoas que acreditaram existir vida inteligente em outros mundos do espaço. Os astrónomos sabem hoje que não existe vida nos outros planetas do sistema solar, mas muitos pensam que. as sim como se verificaram na Terra as condi ções adequadas para a evolução de vida avançada, o mesmo pode ter ocorrido em milhões de outros planetas com condi ções semelhantes.
Mas como poderemos nós, na Terra, contactar com outros seres que vivam cm outro qualquer lugar na vastidão do Uni verso? Na realidade, algumas mensagens idas da Terra estão agora a caminho, na esperança de encontrar quaisquer seres inteligentes que possa haver "por lá". Em 1972 e 1973. os Americanos lança ram duas sondas espaciais, a Pioneer 10 e a Pioneer II. programadas para passarem por Júpiter (e também Saturno, no caso da Pioneer II) e tirarem fotografias. A sua via Existirá um Planeta 10? gem continuará para além do sistema so Os astrónomos interrogam se agora so lar. Cada Pioneer tem um "cartão-de-visibre o que poderá estar a atrair Urano e ta" da Humanidade fixado à sua blinda Neptuno, e a resposta parece ser um gem, para o caso de serem encontradas grande planeta situado nos limites do sis por uma civilização extraterrestre. As men tema solar. sagens consistem numa chapa de ouro Bob Harrington, do Observatório Naval com 15x23 cm que tem gravado um mapa dos Kstados Unidos, calculou que este pia com a localização do sistema solar em re neta se encontra actualmente na parte me ridional do céu, onde poucas pessoas pro lação a pulsares próximos (os pulsares são curaram planetas. Com intervalos de algu emissores naturais de feixes de rádio que mas semanas, um telescópio na Nova Ze OS futuros viajantes do espaço poderão uti lizar como faróis cósmicos). Há também lândia tira fotografias a esta parte do céu Nas suas investigações, Harrington con um desenho da nave e de um homem e de ta com as sondas espaciais. Sc o Planeta 10 uma mulher. O homem tem o braço levan exerce influência sobre Urano e Neptuno, tado num gesto de saudação. deverá igualmente afectar os percursos Cinco anos mais tarde, os cientistas dos três veículos espaciais Pioneer 10, americanos lançaram outras duas naves Pioneer II e Voyager I —. que nesta altura espaciais que irão para além do sistema estão prestes a deixar 0 sistema solar. Os solar a Voyager I e a Voyager 2. Em vez cientistas estão a seguir os movimentos da placa, cada nave leva consigo um disco dessas sondas para verificarem se o Plane de longa duração, completo com agulha e ta 10 estará a desvia las das suas rotas. com símbolos indicando a forma de O to car. Este LP dos "sons da Terra" inclui mú Outros astrónomos não estão convenci sica, desde Bach a Chuck Berry, saudações dos com os cálculos já efectuados: pen sam que 0 Planeta 10 poderia situar se em em dezenas de línguas e cantos de baleias. qualquer posição do céu, e assim atacam o Algumas das estrias são imagens codifica das em ondas sonoras, mostrando ima problema por outra forma. Os planetas omitem grandes quantidades de radiações gens da Terra, que vão cie um pôr de: sol até infravermelhas. Em 1983, o Infrared Astro a um supermercado. nómica! Satellite (Satélite Astronómico de Infravermelhos) pesquisou a totalidade do minúsculas E muito pouco destas naves provável espaciaisque sejauma alguma céu em busca de objectos do Universo vez encontrada na imensidão do espaço. emissores de radiações infravermelhas.Se Mesmo que o fos.se, o "cartão de visita" o Planeta 10 existir, o satélite té lo á prova apenas poderia ser respondido se se pro velmente detectado. Os resultados deste curasse a Terra. Para se estabelecer uma levantamento foram registados em 100 km conversa com outra civilização, torna-se de fita de computador, e os astrónomos necessário outro meio de comunicação. debruçam-se sobre esta vasta colectânea A resposta, provavelmente, é simples — de dados. 0 rádio. As ondas de rádio viajam livremen 186
te pelo espaço e qualquer ser com um apa relho receptor sensível poderá captar pro gramas de rádio e TV emitidos pela Terra. Em 16 de Novembro de 1974, os astróno mos enviaram a primeira mensagem de rádio do Observatório Radioastronómico de Arccibo, em Porto Rico, para um cúmu lo estelar, o Messier 13. Este aglomerado contém 300 000 estrelas e é provável que tenha também inúmeros planetas. A mensagem de Arecibo consiste numa série de 1679 pulsações de rádio que lem bram o alfabeto Morse. Se um extraterres tre dispusesse os sinais num rectângulo de 23 por 73 pulsações, emergiria dos pontos e traços determinado que revelaria os elementos químicospadrão que compõem a vida. a forma e tamanho de um ser huma no médio, a população da Terra e a posi ção desta dentro do sistema solar. Infelizmente, é muito improvável a re cepção de uma mensagem como esta, por muito sofisticada que seja: caso existam em Messier 13 seres inteligentes com um receptor de rádio sensível, eles teriam de o ter apontado à Terra no preciso momento em que as pulsações eram emitidas. Te riam, além disso, de estar sintonizados nu comprimento de onda correcto. Existe ou tro problema: Messier 13 está tão distante que a mensagem demorará 25 000 anos a chegar. Se um ser a captar e enviar uma resposta, esta levará o mesmo lempo a chegar a Terra pelo que temos de espe rar 50 000 anos para a receber.
A busca de mensagens do espaço Em vez de esperarem, alguns astrónomos perscrutam já os céus para ver se outras civilizações estarão a enviar mensagens à Terra. A primeira busca iniciou-se em 1960, e desde então muitas outras têm sido con duzidas na procura de sinais inteligentes vindos do espaço, Actualmente, existem dois radiotelescópios norte americanos, no Ohfcj e no Massachusetts, que perscru tam permanentemente o espaço em bus ca de mensagens de rádio. Com fundos cedidos por Sleven Spíel berg, realizador do filmeET, investigado res do SETI (Search for Extraterrestrial Intelligence, ou Pesquisa de Inteligência Extraterrestre) no Observatório de Oak Ridge. no Massachusetts, construíram um dispositivo que consegue sintonizar simul taneamente 8 milhões de frequências dife rentes. Computadores monitorizam todas estas frequências para procurarem sinais que não lhes pareçam naturais. Apesar de todos estes esforços, ainda nenhuma mensagem foi captada. Mas. como cada vez há mais astrónomos coo perando com o SETI. esses esforços au mentam constantemente. E pouco prova vel que descubram outra raça inteligente no Universo, mas. se isso acontecesse, se ria um dos mais importantes aconteci mentos na história da Humanidade.
Maravilhas da ciência Quando os cientistas cindiram o átomo, o Mundo penetrou no desconhecido. Agora, prevemos uma época em que talvez seja possível recriar criaturas extintas e produzir máquinas que pensam.
Como os cientistas tentam orever os terramotos, p. 204
#JS35S-
Como se obtêm clones de plantas e animais De cada vez que os jardineiros cortam uma estaca de uma planta e a colocam cm terra para que se desenvolva uma nova planta, estão a produzir uma cópia geneticamente
idêntica
um clone.
Às modernas técnicas cienti ficas aumentaram muito o âm bito da clonagem. Hoje em dia. é possível fazerque cópias espé cies de plantas não de pegam de estaca. Os animais podem igualmente ser clonados, sendo a descendência réplica exacta
de um único progenitor.
tos brancos globulares designados por embrióides. Em devido tempo, estes de senvolvem raízes ou produzem rebentos e começam a parecer-se com pequeninas plantas. Transplantadas cuida dosamente para a mistura apro priada, as plântulas crescerão como cópias exactas da planlaPara sedenominado atingir esle cultu estado, 0-mãe. processo, ra de tecidos, pode demorar até 18 meses. Quando plantados simulta ncamenle, lodos os clones re bentam e crescem ao mesmo ritmo, produzindo, na mesma altura, óleo da mesma qualida de e em quantidade idêntica. A
Quando se fazem clones a partir de plantas, o objectivo é copiar milhares de vezes uma variedade que seja mais produ tiva ou decorativa. O processo inicia-se com um pequeno frag mento da planta escolhida, frag mento esse que pode ser retira do de qualquer parte da planta, pois todas as suas células contém a infor mação genética a partir da qual se pode reconstruir uma planta completa. Esse fragmento é colocado num meio de cultura, um caldo de nutrientes quími cos que lhe fornece lodos os elementos necessários. O meio inclui hormonas do
sua produtividade é 30% mais elevada que a das plantas produzidas a partir da sémen le, que apresentam grandes variações nas suas características. Por este processo podem também con trolar-se doenças virais das plantas que, em geral, são transmitidas de geração em gera
crescimento divisão das células, o queque levaestimulam â formaçãoa de uma mas sa de células vegetais que duplica de lama nho aproximadamente de seis em seis se manas (callus). Em determinada altura, esta massa de células começa a produzir pequenos pon
cão Dina sã podeatravés utilizardas se sementes. na produção de planta milhares de clones igualmente sãos. Nos animais, o processo é mais comple xo e de uso ainda não generalizado. Mas a sua viabilidade foi comprovada em ratos, em carneiros e em vitelos. O processo po
Plantas-proveta. A cultura de tecidos produz plantas a partir de urna célula única.
Criação de supcrvacas. Os tubos de ensaio coloridos (à direita, em cima) contêm, cada um, um embrião de vaca. Com o auxilio de um miuoruanipuiador. os embriões são divididos numa fase precoce do seu desenvolvimento (à direilu. em baixo). Os embriões divididos são depois implantados, obtendo se vitelas gémeas idênticas (em baixo i.
dera vir a ser utilizado brevemente na pro dução de manadas de vacas em que todas atinjam elevados níveis de produção de lei te ou carne de sabor e textura uniformes. Uma técnica designada por transferên cia nuclear permite a produção simultânea de até 32 clones. Com o auxílio de mi núsculos instrumentos cirúrgicos, um em brião que já se desenvolveu até à fase das 32 células é dividido em 32 células intlivi duais. Para que estas se desenvolvam com êxi to, é preciso combina las com embriões unicelulares da mesma espécie aos quais foi retirado o núcleo. O núcleo de uma cé lula a informação genética a partircontem da qualtoda o organismo se desenvolve. Quando o núcleo é retirado, o embrião não possui nenhum património genético. No entanto, é possível loriiecer-lhe um pa trimónio novo, fundindo a célula anuclea da com uma das 32 retiradas do embrião em desenvolvimento. Se todas as 32 forem usadas da mesma forma, obter st? ão 32 embriões com informação genética idênti ca. Cada um deles pode ser implantado no útero de uma mãe "de empréstimo" para produzir 32 indivíduos idênticos.
Para a obtenção de quantidades verda deiramente significativas, contudo, os embriões produzidos por este processo teriam eles próprios de ser repetidamen te clonados. Poderiam então ser congela dos para armazenagem e finalmente im plantados no útero de mães de emprés timo.
0 processo poderia ser particularmente importante no de países em desen volvimento, poiscaso embriões criados nou tros países seriam congelados e transpor tados para depois serem implantados. Se ria assim possível encurtar o demorado processo de aperfeiçoamento de raças de gado por reprodução selectiva.
1500 vezes. Com os microscópios electró nicos descobriram-se estruturas minúscu las da célula. As funções de alguns dos componentes celulares podem ser inferidas da sua apa rência, mas o seu estudo detalhado obriga à separação das diferentes cstniluras. Uma das formas de o conseguir consiste em ho mogeneizar as células num misturador se Todos os seres vivos são formados por uni melhante aos que se usam na cozinha e depois separar os componentes por cen dades microscópicas chamadas células, trifugação: os mais pesados precipitam no cujas dimensões são, em média, de um fundo do tubo que gira a grande velocida centésimo de milímetro. As formas mais simples, como as bactérias, são unicelula de e formam um sedimento sob um líqui do transparente. O sedimento pode então res. 0 corpo humano possui mais de 50 ser estudado. milhões de milhões de células. Centrifugando este líquido a velocida A célula foi descoberta em 1665 por Rodes ainda maiores, conseguem separar se bert Hooke, que observava ao microscó os componentes de peso cada vez menor. pio lâminas de cortiça e descobriu uma série de pequenos compartimentos que Pouco a pouco, utilizando técnicas se comparou às celas de um convento. melhantes, têm sido identificadas as activi dades de todos os componentes da célula. Posteriormente, os biólogos descobri ram que as células eram as unidades bási Um dos mais importantes é o núcleo, por cas da vida. Cada célula tem funções espe tador da informação genética, que permite à célula funcionar bem e reproduzir se. cializadas e colabora no funcionamento de todo o organismo: é uma unidade viva A natureza química do núcleo foi estu em miniatura. Alirnenta-se, "respira" e re- dada pela primeira vez em 1869 pelo bio produz-se; reage a mensagens das outras químico suíço Friedrich Micscher, que, ao células e transmite-lhes mensagens. dissolver células em pepsina (um enzima Existem células de tipos muito diferen digestivo), descobriu que o núcleo conti nha fósforo, além de outros elementos tes, mas todas estão envolvidas por uma mais comuns, como carbono e oxigénio. membrana e têm um núcleo central ro Mais tarde, os cientistas descobriram que deado por um fluido denominado cito plasma. As células podem ser visualizadas um dos principais constituintes do núcleo é o ácido nucleico. Posteriormente, verificom mais pormenor com o emprego de cou-se não se tratar de um ácido, mas de um microscópio electrónico que, em vez dois, o ácido ribonucleico (ARN) e o ácido de luz, utiliza um feixe de electrões. Este
Esta fotografia mostra o interior de uma cé lula vegetal. Todas as células possuem um
tipo superior de microscópio uma amplia ção a 500 000permite vezes, enquanto os microscópios ópticos têm um limite de
núcleo rodeado de um mas a célula vegetal temfluido ainda(citoplasma), uma parede bem definida, aqui representada a amarelo.
INTERIOR DE UMA CÉLULA
Descobrindo os segred os das células
DIVISÃO DE UMA CÉLULA ANIMAL As células vegetais e algumas animais re produzem-se por um processo chamado mitose, ou divisão celular. Estas fotografias mostram uma célula dividindo se em duas. Na profase (à direita), os cromossomas, já duplicados, encontram se aglomerados no centro. Na metafase (em baixo, a esquer da), os cromossomas encontram-se no cen tro, formando a placa equatorial. Na anafa se (em baixo, ao centro), os cromossomas separam se, formando dois grupos idênti cos, cada um dos quais se torna o núcleo das duas novas células, que já são perfeitamen te visíveis na interfase (em baixo, à direita).
desoxirribonucleico Este contém informação genética (ADN). que transmite os ca a racteres hereditários de pais para filhos.
^vftgsre
Núcleo contendo "cromossomas
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Criação de "geeps" e outros animais e plantas Todas as raças de cães do Mundo derivam srcinariamente do lobo. Ao seleccionar as características desejáveis e ao fazer cria ções para as conseguir, o homem produ ziu centenas de raças de cães. As plantas lêm sido manipuladas com igual êxito no sentido de se obterem pro duções elevadas de cereais, frulose verdu ras, além de plantas decorativas mais bom tas que as do mundo natural.
As características de uma dada espécie sào transportadas, em código, em mole cuias longas e sinuosas de ADN (ácido de soxirribonucleico}, que se encontra no nú cleo de Iodas as células vivas. As cadeias de ADN são formadas por apenas quatro uni dades básicas, os nucloótidos. E a ordem destes nucleótidos ao longo da cadeia que constitui a informação necessária para as células funcionarem e se reproduzirem.
No entanto, elas foram transformadas em fábricas ambulantes de medicamentos pela reprogramação do seu código geuéli co, de forma a, além de leite, produzirem um factor de coagulação encontrado uni camente. até então, no sangue humano normal. E o chamado factor VIII, cuja au séneia no sangue de certos indivíduos pro voei a hemofilia, situação patológica em que o sangue não coagula.
As técnicas tradicionais de plantas e animais implicamdeo criação cruzamento de variedades diferentes, na esperança de se combinarem as melhores característi cas do cada uma - elevada produtividade de um progenitor, elevada resistência à doença do outro, por exemplo. Mas estes programas de apuramento desenrolam se ao longo de várias gerações e apenas po dom ser efectuados entre variedades da mesma espécie: não conseguimos criar uma nova super-hortaliça cruzando, pelos meios convencionais, uma cenoura com uma couve. A ciência desenvolveu técnicas de cria ção revolucionárias. Uma delas, fusão ce lular. produziu o geep, nascido em Cam bridge em 1982 em resultado do cruza mento de cabras (goat) com carneiros (slieepj. Na fusão celular retiram se as mem branas exteriores do espermatozóide e do
que cor tamUtilizando a cadeia enzimas de ADNdeemreslrição sequências nucleotídicas determinadas, podem isolar-se segmentos responsáveis por determinada função (genes), que são depois reinserido.s no ADN de outra espécie — planta, animal ou mesmo bactéria. Um dos primeiros exemplos foi o isola mento da parle do ADN responsável pela produção de insulina no pâncreas humano c a sua inserção numa bactéria. O gene foi separado por meio de um enzima de restri-
cientistas isolaram o gene velOspela produção do factor VIIIresponsá em seres humanos normais, removeram-no e inseriram-no no local correcto entre os genes do um embrião de ovelha. Esta cresceu e produziu leite contendo o factor VIII, o qual pode ser extraído e utilizado no tratamento dos hemofílicos.
óvulo Aquelas com o auxílio determinados en/.i mas. ficam deassim unicamente protegidas por uma delicada membrana interna. As células nestas condições são denominadas protoplastos; postos em contacto, consegue-se por vozes fazê los lundir-se, habitualmente com o auxilio de compostos químicos ou de vírus. O resultado pode ser a criação do um novo organismo que recebe característi cas de ambos os progenitores No caso do geep, as células combinadas foram im plantadas no útero de uma ovelha e assim nasceu uma combinação das duas espé cies — um animal com chifres o o corpo revestido de lá de ovelha c pêlo de cabra. Embora os geeps possam procriar nor malmente entre si, os filhos são sempre ou ovelhas ou cabras, consoante as células que formaram os órgãos reprodutores, e nunca semelhantes aos pais.
des quantidades fertilizanà tes azotados. Se. de recorrendo engenharia genética, se conse guisse conferir esta qualidade aos cereais utilizados na ali mentação, poupar se-iam anualmente enormes quanti dades de dinheiro e reduzir-so ia a poluição dos rios e ribei ros pelos nitratos. Existe já um processo do tor nar as plantas resistentes a cer Plantas mais fortes. A fotografia mostra os núcleos tas doenças. Cientistas que tra unidos de duas células de folha de tabaco. Usou-se um balham para a firma Monsanto composto químico para destruir a parede celular, pro utilizaram a haclériaAg/obacmovendo a fusão, a fim de se criar uma planta híbrida. teriam lumefaàens, que nor ção, que foi também utilizado para cortar o malmente provoca tumores nas plantas, retiraram-lhe os genes causadores dos tu ADN de uma bactéria,Escherichia coli. nas mores e substituíram-nos por genes úteis. mesmas sequências, e o fragmento de As plantas infectadas com a bactéria assim gene humano loi inserido no ADN bactéria no. Ao multiplicar se, a bactéria, além dos modificada podem adquirir genes úteis. Em 1983, foram produzidos desta forma seus produtos normais, produz insulina
Engenharia Outra técnicagenética consiste em reprogramar o material genético, que dita a forma como se desenvolverá cada parte da planta ou do animal. A espécie modificada produzirá então melhores frutos, leite mais rico ou até algum produto inteiramente estranho à sua natureza normal. Esta modificação é feita recorrendo à engenharia genética.
humana, que pode que ser extraída. Desde 1982 que os dialxíticos. não são capazes do produzir insulina suficiente, são tratados com insulina assim produzida. Aplicada a plantas e a animais, a técnica está já a ter resultados extraordinários. No Instituto de Fisiologia Animal o Investiga ção Genética, perlo de Kdimburgo, na Es cócia, pastam ovelhas de aspecto normal.
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Melhoramento de plantas e animais para alimentação Aplicada as plantas, a engenharia genética oferece enormes possibilida des. Um grande progresso se ria os cereais, como o trigo, a cevada e o arroz, poderem uli lizar o azolo do ar. Algumas plantas, como o feijão e o Ire vo, possuem esla capacidade, que se traduz na possibilidade de se desenvolverem com êxi to sem necessitarem de gran
tomateiros ao ancilóstomo tabaco, umaresistentes praga comum, e ao vírus do mosaico do tabaco, uma doença que re duz a produção. Nestas experiências, a produção de tomate subiu de 20 para 30N Em seguida, introduziram um outro gene que tornou os lomaleiros resistentes a um dos herbicidas da própria Monsanto, o Roundup. Assim, as ervas daninhas que
Ensaios de segurança Os químicos têm meios de produzir uma enorme quantidade de compostos orgâni cos. Ensaiados em animais, estes compos tos, na sua maioria, ou não produzem quaisquer efeitos ou apresentam uma tal toxicidade que deixam de poder ser consi derados medicamentos. Fazem-se ainda ensaios mais apurados com doses meno res em animais jovens, a fim de se ter a certeza de que a substância não prejudica o seu crescimento, e em fêmeas grávidas, para se verificar se as crias não são afecta das. Noutros animais observa-se com atenção a ocorrência de erupções cutâ neas ou de comportamentos anormais. çoar uma estirpe ao sal,de duzidos que contêm peloscarbono químicos- que e experimentá-los têm sido pro Apesar de lodos estes ensaios, os resul transferindo para oresistente trigo células em animais, na esperança de descobrir tados ainda podem conduzir a conclusões uma gramínea que cresce nas areias um com propriedades úteis. incorrectas. As substâncias químicas nem salgadas. sempre afectam da mesma forma os ani A quarta maneira consiste em tentar Esta gramínea tolera solos salgados mais e os homens. A penicilina, que tem compreender o funcionamento do orga porque discrimina diversos produtos salvo milhões de vidas humanas, poderia nismo humano e criar medicamentos a químicos, absorvendo menos sódio nunca ter sido comercializada se tivesse partir de princípios científicos. do sal do que as outras plantas. Esta característica é transmitida ao trigo hí Todos estes processos têm tido os seus sido inicialmente ensaiada em cobaias, pois basta uma pequena dose para as ma brido pela transferência dos genes. êxitos. O primeiro medicamento sintético foi produzido pelo alemão Paul Ehrlich em tar. Os ensaios de toxicidade são altamente 1910. Ehrlich pretendia uma "bala mágica" complexos e demoram, com frequência, crescem em redor das plantas podem ser que fosse capaz de destruir as bactérias res mais de dois anos a completar. ponsáveis por doenças como a tuberculo O passo seguinte é testar essas substân destruídas pulverizando-as com Rounse e a difteria, mas deixasse incólumes as cias em voluntários humanos saudáveis dup. sem prejudicar os tomateiros. restantes células do doente. com vista a detectar possíveis efeitos se Em 1982, cientistas americanos inseri cundários. Se a substância em estudo não Começou por examinar os reagentes de ram em ratos o gene que produz a hormo produz, aparentemente, efeitos secundá na de crescimento das ratazanas. O resulta coloração das bactérias que não coram as rios perniciosos, o grupo de voluntários é do foi uma raça a que deram o nome de outras células, raciocinando que um pro duto que reagisse mais fortemente com as alargado. Na América, observam-se habi "super rato", pois cresceram muito mais tualmente entre 5000 e 15 000 pessoas an bactérias do que com as outras células po que o normal. Em 1986, nos EUA, o proces tes de se enviar os resultados rios testes so foi adaptado à pecuária. Criaram porcos deria também eliminá-las. Ehrlich desco TRIGO QUE CRESCE COM SAL A engenharia genética eslá a ser utili zada para criar uma variedade de trigo que cresça em solos salgados. Vastas áreas das terras irrigadas no Mundo tomaram-se salgadas, porque a água dos rios utilizada na sua irrigação dei xa vestígios de sal que se acumulam de ano para ano. No vale do Indo, no Paquistão, algu mas terras aráveis tornaram-se tão sal gadas que actualmente náo podem ser utilizadas para a cultura do trigo. Cientistas ingleses estão a aperfei
com que leva humana à produção monaodegene crescimento paradaos hor tor nar maiores e a sua carne menos gorda. Eram de facto grandes, e a carne continha 5% de gordura em vez dos habituais 25%, mas sofriam de artrite. O gene estranho fizera algo mais que aumentar-lhes o ta manho. As futuras experiências terão de contornar este problema, pois não seria ético e, em certas circunstâncias, legal pro duzir artificialmente uma espécie que se ria forçada a viver em sofrimento apenas para produzir mais carne. No futuro, poderão ser inseridos nos animais úteis ao homem genes responsa veis por toda uma série de características, desde a resistência às doenças até ao nú mero de crias das ninhadas.
Como se criam novos medicamentos? Muitos dos triunfos da medicina moderna são resultado não de melhores técnicas médicas, mas de melhores medicamen
tos. Por exemplo, o êxito dos antibióticos (v. p. 288), que têm salvo milhões de vidas, encorajou os laboratórios de produtos far macêuticos a investirem grandemente na investigação, na esperança de encontrar outros produtos igualmente eficazes. Há quatro maneiras principais de abor dar o problema. A primeira é isolar ou imi tar compostos naturais que se sabe possuí rem propriedades medicinais. A segunda é copiar um medicamento já existente, modificando-o ligeiramente, na esperança de o tornar mais eficaz. A terceira é escolher ao acaso entre os milhões de compostos orgânicos - os
briu assim um corante, ao vermelho qual posterior mente foi dado o nome de de triparto, que destruía os tripanossomas, organismos responsáveis pela doença do sono. Contudo, esta substância não era cli nicamente satisfatória por ser muito pe queria a margem entre uma dose curativa e uma dose perigosa. Ehrlich dedicou-se então à investigação das possibilidades dos compostos de arsé nico. Produziu uma grande quantidade de derivados arsenicais do vermelho de tripano e começou a ensaiá-los. Em 1909, um discípulo japonês de Ehrlich, Sahachiro Hata, descobriu que o composto 606, que não tinha qualquer efeito contra os tripa nossomas, era fatal para a bactéria causa dora da sífilis. Este composto, a que poste riormente foi dado o nome de Salvarsan, foi o primeiro medicamento eficaz contra uma doença que até então era incurável. O êxito de Ehrlich baseou-se na sua in
de paralicenças a entidade de comercialização. encarregada da concessão 0 laboratório farmacêutico faz o relató rio das suas verificações, e se este é aprova do, o medicamento é então sujeito a en saios clínicos em doentes para avaliação da sua eficácia. Muitos medicamentos no vos são submetidos a ensaios com "oculta ção dupla": metade dos doentes toma um placebo (produto que não contém a subs tância activa) de aspecto idêntico, e nem estes nem os médicos são informados de quem tomou o quê, a fim de tornar mais objectiva a avaliação clínica da eficácia. Os resultados têm de ser suficientemen te convincentes para que o medicamento passe nos ensaios clínicos. Náo pode haver dúvidas de que foi o próprio medicamen to, e náo as resistências naturais do doente, que promoveu a cura deste. Durante os ensaios clínicos, os médicos continuam atentos a quaisquer efeitos secundários
tuição,naque o levou no campo certo, ideia de quea ainvestigar modificação de um produto podia aumentar a respectiva eficá cia e na verificação minuciosa dos efeitos dos produtos não só sobre a doença em que estava interessado, como sobre ou tras. Ainda hoje, os cientistas envolvidos na pesquisa de novos medicamentos proce dem mais ou menos da mesma forma.
náoMesmo aparentes nos de testes depois um anteriores. medicamento passar nos testes clínicos e ser comerciali zado, continua em observação. Assim, os médicos que o receitam e o restante pes soai de saúde a quem os doentes se quei xam devem informar as autoridades medi cas e farmacêuticas de quaisquer reacções adversas manifestadas pelos seus doentes. 191
Como se ensinam os animais a comunicar com as pessoas 0 entendimento que se pode criar entre as pessoas e os animais é, muitas vezes, qua se misterioso. 0 cão interpreta Ião liem os desejos do dono que por vezes parece pos suir um sexto sentido, Também o cavalo
pode reagir às indicações mais subtis, como 0 demonstram os complexos movi mentos da dressage. Mas será algum dia
possível às pessoas comunicarem com animais através da linguagem normal? Desde há alguns anos que se fazem grandes Estes esforços para comunicar finhos. mamíferos possuemcom céregol bros de tamanho semelhante ao do cere bro humano e parecem muito inteligen tes. São ainda capazes de emitir uma gran de variedade de sons, incluindo chios, ge midos, diques, latidos e assobios, indi cando alarme, ameaça e reconhecimento. As tentativas de interpretação desta lin guagem não têm sido bem sucedidas Mas os cientistas demonstraram que estes ani mais, tal como as otárias, são capazes de compreender linguagem gestual e reagir
correctamente.
Rocky, uma otária de 13 anos do Long Marine Laboratory, em Santa Cru/, Califór nia, foi treinada para identificar objectos, sendo recompensada quando agia correc lamente. Hoje. consegue retirar do seu tan que apenas o objecto que lhe for pedido. O seu instrutor, Ron Scliustennan, da Univer sidade da Califórnia, espalha pela piscina até uma dúzia de brinqu edos - bolas, dis
cos, garrafas, etc. Um assistente sentado na borda da piscina faz sinais a Rocky, pedindo-lhe que recolha determinado brinque do, e a otária acerta 5)5% das vezes. Além disso, foi-lhe ensinado o significa do de ordens muito mais complexas, como "Leva a bola ao disco'* ou "Leva o disco preto pequeno à garrafa". O índice de osêxito das suas respostas a estas instruções é de apenas 40%.
Linguagem de sinais para os chimpanzés Têm se feito experiências semelhantes com chimpanzés, orangolangos e outros macacos. Como não possuem as mesmas cordas vocais que o homem, os macacos não poderão, propriamente, falar. Por isso, Allen e Beatrice Gardner. da Universidade do Nevada, lembraram se de ensinar a um deles a linguagem dos sinais. Em 1967. con seguiram um chimpanzé fêmea com um ano, chamado Washoe, e até 1071 ensina ram lhe a Linguagem de Sinais Americana, o método utilizado pelos surdos nos Esta dos Unidos. Mostravam lhe os sinais repeti damente e recompensavam-na com uma festa ou com comida quando ela respondia correctamente. Washoe aprendeu depres sa, e em breve conhecia um grande número de palavras. Chegou a saber usar 150 gestos. Passeando uma vez junto a um lago, o dono apontou para um pato e perguntou lhe em linguagem de sinais: "O que é
aquilo?" "Pássaro água", respondeu Wa shoe, inventando o seu termo próprio para "pato". Encorajados por este lacto, outros cientistas americanos começaram a trei nar chimpanzés, utilizando urna série de diferentes métodos de comunicação. Al gnns implicavam a identificação de formas de plástico que simbolizavam, entre outras coisas, objectos como maçãs ou o nome do instrutor. Outros métodos implicavam o premir de diferentes teclas num compu tador para transmitir palavras ou frases. Os resultados pareceram demonstrar que os chimpanzés conseguiam, na verdade, do minar um a "linguagem", pois, além de res pond erem a ordens simples, usavam na para pedir coisas. Mais tarde, o Prof. Ilerbert Terrace, da Universidade de Colúmbia, Nova Iorque., lançou um balde de água Iria sobre estes resultados. Quando analisou todas as fra ses de duas palavras de Washoe, descobriu que a ordem das palavras era fortuita:
O psicólogo A aprendizagem He Lucy. Dr. Roger Fouts ensina a linguagem de si nais a Lucy. uma chimpunzé de seis anos e um dos membros da colónia de primatas da Universidade de ()klaho/na. Lucy olha atentamente quando De olhos baixos. Lucy Olhar queixoso. faz o sinal de dedos-à boca que o Dr. Fouts lhe ensinou para Doer".
Washoe poderia, com a mesma facilidade, ler dito "água pássaro". Terrace descobriu ainda que, contrariamente aos bebés hu manos quando aprendem a falar, os chim panzés não aumentavam gradualmente a complexidade das suas "frases". Mais recentemente, um chimpanzé pig meu, Kanzi, veio reavivar o interesse por estes estudos. Kanzi vive no Centro de Es ludos de Linguagem, perto de Atlanta, na Geórgia. A sua habilidade para captar os elementos da linguagem parece demons trar que os chimpanzés pigmeus têm um potencial intelectual superior ao dos gori las, orangotangos e chimpanzés vulgares. Kanzi tem um teclado ligado a um com putador. Cada tecla está marcada com um símbolo geométrico que representa uma palavra. Ainda bebé, Kanzi brincava no la boratório enquanto a mãe era ensinada a usar o teclado, e parece ter aprendido ao observá-la. Para surpresa dos cientistas, Kanzi começou a usar correctamente os símbolos aos dois anos e meio, e aos três tinha adquirido aptidões que os chimpan zés vulgares não tinham aos sete anos.
Comunicando a solidão Os instrutores de Kanzi não afirmam que ele construa frases gramaticais, mas a ver dade é que produz asserções de duas e três palavras que parecem espontâneas, co menta as suas acções c descreve aos instru tores aquelas que tenciona executar. Utili za o teclado para comunicar com outros chimpanzés pigmeus que são objecto do mesmo — dizendo a um, As porsuas exem pio, quetreino faça cócegas ao outro. frases representam também a sua reacção a uma situação. Por exemplo, ao ser priva do da companhia de oulro chimpanzé chamado Austin, Kanzi senliu-se aparen temente sozinho, sem a habitual visita do amigo à hora de deitar. Depois de algumas noites, marcou no seu teclado os símbolos de "Austin" e de '"IV", e mostraram-lhe um vídeo em que aparecia Austin. Depois dis so, Kanzi adormeceu contente.
O poder das palavras. As mãos juntos indicam u palavra "livro". Alguns macacos adquiriram vocabulários extensos.
Os mamutes voltarão a existir? O mamute lanudo, o dodó, ave que não voava, e a cuaga, uma espécie de zebra, eslão extintos. Mas as modernas técnicas de engenharia genética tornaram possível estudar a sua estmtura genética — ou até pôr a hipótese de lhes dar vida de novo. Para o conseguirem, os cientistas teriam de obter uma amostra de material conten do a informação genética necessária para se recriar um animal completo. Esta infor mação está contida no ácido desoxirribonucleico (ADN) das células do animal mas só pode ser obtida de um tecido que, de qualquer modo, tenha sido preservado desde que o animal se extinguiu. lima vez que da maioria das espécies extintas apenas restam fósseis, não exis tem quaisquer vestígios de tecido preser vado. Mas alguns animais como o mamute - um parente peludo do elefante que se extinguiu há cerca de 12 000 anos - fica ram congelados nos solos da Sibéria, do Alasca e do Norte do Canadá. Ao serem desenterrados, a sua carne ainda continha vestígios de ADN. O primeiro passo para se reproduzir um espécime vivo seria extrair o ADN e copiá-lo, o que já foi feito com algumas espécies extintas, incluindo o ma mute e a cuaga. A finalidade destas expe riências não era reconstituir os animais, mas estudar o ADN* e tentar obter novos
ções selvagens de zebras das-planícies. Esta ideia levou a uma tentativa de recons tituição da cuaga através de criação selecti va. Reinhold Rau, do South African Mu seum, na Cidade do Cabo, reuniu um gru po de pessoas empenhadas em conserva cão das espécies, grupo esse que se dirigiu à Reserva Natural de Ktosha, tia actual Na míbia, onde capturou oito zebras com poucas riscas nos quartos traseiros como a cuaga. Durante os próximos 10 anos, os cientistas procederão à reprodu ção selectiva destas zebras, tentando igua lar os padrões encontrados nas peles das cuagas conservadas no Museu de Mainz. Foram também estudadas amostras de ADN de uma múmia egípcia conservada há mais de 2400 anos e de um bretão que viveu há cerca de 2000 anos e cujo corpo foi encontrado em bom estado de conser vaçáo numa turfeira do Cheshire em 198-1.
conhecimentos através dele. Metade zebra, metade cavalo Pedaços de pele de cuaga conservados no Museu de História Natural de Mainz, Ale manha, forneceram ADN para a clonagem feita por dois cientistas da Califórnia, o Dr. Oliver Kyder, do Jardim Zoológico de San Diego, e o Dr. Russell I luguchi, da Universi dade da Califórnia, em Berkeley. A cuaga, descrita pelos primeiros viajantes da pro víncia do Cabo, na Africa do Sul, como "metade zebra, metade cavalo", entrou em declínio quando os colonos começaram a vedar lhe o território e a introduzir o seu próprio gado. A caça incontrolada matou os últimos exemplares em estado selva gem, embora a cuaga tenha perdurado nalguns jardins zoológicos, até que o últi mo espécime morreu de morte natural no Zoo de Amsterdão em 1893. Os laxidennis las que embalsamaram o exemplar de Mainz deixaram na pele fragmentos de músculo e gordura, dos quais foi possível extrair porções do ADN da cuaga. Inserido no ADN de uma bactéria, o ADN do animal extinto pôde ser copiado, pois passou a fazer parte do material genético daquela. O ADN revelou que a cuaga era real mente uma subespécie da zebra e veio criar a ideia de que as suas características talvez pudessem ainda existir em popula
êxito, em 1985, ADN extraído. fragmento de ADN era dela apenas cerca deMas um o vigésimo do ADN total que uma pessoa possui. Reconstituir qualquer ser a partir de tão pequena amostra é impossível. No entanto, estes trabalhos poderão vir a res ponder a algumas perguntas acerca dos antigos egípcios: se, por exemplo, sofriam de doenças genéticas ou se manifestavam sinais de casamentos consanguíneos. Será possível, um dia, reconstituir um animal completo? Suponhamos que se conseguia recuperar a informação genéti ca total de um mamute preservado no permafrosl, cloná-la e inseri-la depois no em brião de um elefante. Se o embrião fosse recolocado no útero da mãe elefante, esta daria à luz um mamute. Igualmente — pelo menos em teoria - poderia fazer-se o mesmo com os genes da cuaga, do dodó ou até dos antigos egípcios. Trala-se ainda de uma possibilidade teó rica. Os fragmentos do ADN recuperados têm fornecido uma fracção insuficiente da informação genética total, e reconstituir o restante parece impossível. E nem mesmo esta ínfima possibilidade se verifica para animais que apenas existem sob a forma de fósseis. Assim, a hipótese de os dinos sauros virem um dia novamente a pisar a Terra permanecerá, muito provavelmente, no campo da ficção científica.
Múmia de um bebé A múmia — a de um bebé do sexo mas culino que contava menos de um ano quando morreu - faz parte da colecção do Museu Egípcio de Berlim, Alemanha. O cientista sueco Svante Paibo, do Laborató rio Wallenberg, da Universidade de Upsa la, extraiu uma pequena amostra da parte inferior da perna esquerda e clonou com
m
Reconstituir um ser pré-histórico a partir de alguns ossos Quando o primeiro exemplar do homem de Neandertal foi descoberto no vale do rio Neânder, na Alemanha, em 1856, o seu es queleto fossilizado sugeria que ele cami nhava inclinado para a frente, com os joe lhos dobrados e os nós dos dedos das mãos quase tocando o solo. E em breve esta figura trôpega e carrancuda foi aceite como protó tipo do homem primitivo. Contudo, esta
noceronte e assim, na reconstituição, foi colocado sobre o nariz do animal. Em 1854, foi feito um modelo em tamanho natural deste pesado quadrúpede e colocado nos jardins do Palácio de Cristal, inaugurado em Londres em 1851. Só passados mais de 20 anos, quando no fundo de uma mina de carvão em Bemissart, na Bélgica, foi encon trada uma manada inteira destes animais,
puma de poliuretano. Uma vez desemba lados, os ossos podem ser montados numa estrutura metálica. Trata-se de um trabalho especializado. Os cientistas têm de detectar as minúsculas irregularidades a que se encontravam srcinariamente ligados os músculos e os ligamentos e comparar depois a estrutura com a dos esqueletos dos animais de hoje
ideia pouca estavasorte totalmente errada. Devido a uma extraordinária, o primeiro esqueleto completo descoberto em Nean dertal foi o de urn homem que sofrera de osteoartrite grave, que lhe deformara as costas e lhe dera o andar inclinado. Na verdade, e conforme revelaram des cobertas posteriores, os homens de Nean dertal andavam tão direitos como os de hoje e possuíam um cérebro até um pou co maior que o nosso. A reconstituição de uma espécie extinta é um trabalho difícil. Ocasionalmente, são encontrados espécimes pré-históricos in tactos, como os mamutes preservados por congelação no permafrost siberiano e in sectos extintos há milhões de anos que não sofreram qualquer deterioração no in terior de gotas de resina vegetal fossilizada. Mas, frequentemente, os paleontologistas são confrontados com uma confusão de ossos lascados, espalhados e incom
se os iguanoriontes eram nalverificou herbívoroque s gigantes de duas pernas e 5 afi m de altura. O que fora tomado por um chifre verificou-se ser um espigão, semelhante a uni polegar, na pata dianteira, que serviria para defesa ou para arrancar as plantas de que o iguanodonte se alimentava. Pensa-se que estes gigantes vaguearam por aqueles campos há cerca de 120 milhões de anos. Quanto mais ossos existirem num acha do, maior é a exactidão com que o animal pode ser reconstituído. Os diversos exem plares de esqueleto do diplodoco, por exemplo, permitiram aos cientistas sabe rem exactamente o lugar de cada um dos ossos deste gigante de 9 m. O segredo de uma reconstituição cor recta é tomar notas rigorosas das posições dos ossos na altura em que são descober tos. Cada fragmento é numerado e etique tado. Depois, tudo é cuidadosamente em balado, frequentemen
— répteis, no caso dos dinossauros para se certificarem de que os ossos— são colocados na posição correcta. Uma vez completado o esqueleto, resta ainda um problema: como cobrir esse es queleto com "carne". Também aqui é mui to útil o conhecimento pormenorizado da anatomia dos animais actuais. Por seu lado, a pele pode ser deduzida de impres sões fossilizadas que se formaram no caso de dinossauros que morreram no lodo. Mas uma coisa ficará para sempre na dúvida: a cor da pele do dinossauro. Resta-nos compará-la com a dos répteis actuais, que pode ser pardacenta para proporcio nar camuflagem, viva para atrair os com panheiras ou afugentar os predadores, ou até variável como a do camaleão. A reconstituição do homem primitivo continua a suscitar muita discussão, não só porque os restos fósseis são escassos, mas também porque os cientistas os inter
pletos. OsEm erros de reconstituição comuns. Inglaterra, em 1822,são num monte de pedras à beira de um caminho no Sussex, a senhora Mary Ann Mantell encontrou os primeiros vestígios daquilo que seu marido, o Dr. Gideon Mantell, cha mou um iguanodonte. Um dos dentes daquele animal gigante assemelhava-se ao de um lagar to actual, de onde a designa ção iguanodonte ("iguana-dente"). Mas qual o seu aspecto? Provavel mente, andaria sobre as quatro patas, como as iguanas actuais. Um osso que pare cia proporcionar uma ideia mais clara do seu aspecto as semelhava-se a
te em gesso ou em es
pretam de forma diferente.
um chifre de ri
Imagem errónea. A ideia de que os iguanodontes eram quadrúpe des com um chifre, como surge nestes modelos (em cima), revelou se errada. Uma descoberta de esqueletos na Bélgica, em 1877, permitiu uma reconstituição mais rigorosa (à esquerda) 194
O vale de Orno, na Etiópia, é o local onde foram descoberlos mais fósseis de ho mens primitivos, mas mesmo assim calcula-se que por cada milhão de pessoas que ali viveram só três fossilizaram. É raro aparecer um esqueleto completo ou mes mo parcial. Aqueles que estudam o ho mem primitivo lançam frequentemente teorias com base em metade de um maxi lar - com consequentes discussões sobre o curso preciso da evolução humana.
Dinossauro chinês. O esqueleto reconsti tuído de um tuojiangossauro esta seguro por meio de uma estrutura de metal e plásti co. Com 7 m de comprimento, o animal vi veu na China há 150 milhões de anos.
CONSTRUÇÃO DE UM MODELO 0 primeiro passo na construção de um dinossauro em miniatura é a medição dos ossos (em cima, à esquerda). Dese nha-se então o esqueleto à escala (cen tro), mostrando a postura do animal De pois, faz se um modelo com arame e bar ro, do qual se tira o molde. A partir deste, obtém-se um modelo em fibra de vidro la minada, pronto para ser pintado. Embora se tenham descoberto impressões fossili zadas em lodos, constituindo de certo modo um guia para a textura da pele, as cores poderão ter sido pardas, vivas, varie gadas ou até variáveis. O animal aqui mo delado, um galimimo, viveu na Mongólia, na Ásia Central, há 70 milhões de anos.
Baltimore, o Dr. Terrence Sejnowski cons truiu, nos anos 80, uma rede neural capaz de pronunciar correctamente palavras in glesas que eram escritas no teclado. Esta rede neural aprendeu exactamente como que é utilizado no ensino de uma criança. uma criança, com as suas tentativas a se O Prof. Igor Aleksander, do Imperial Col- rem corrigidas até saírem correctas. lege de Londres, criou em 1981 uma rede A organização emissora japonesa NHK neural chamada Wisard que conseguia re tem urna rede neural que consegue identi conhecer um sorriso humano — uma das ficar caracteres japoneses escritos à mão primeiras coisas que um bebé aprende. Foi com 95% de rigor, independentemente do ensinada por meio da apresentação de respectivo tamanho, posição e alterações uma série de fotografias, umas com sorri na escala. sos, outras sem. A partir daqui, era capaz As redes neurais estão ainda num esta de olhar para caras que nunca lhe tinham do muito incipiente, mas, se algum com sido apresentadas e informar, noécran, se putador vier algum dia a ser verdadeira elas estavam ou não a sorrir. mente inteligente, os cientistas pensam Na Universidade Johns Hopkins, em que é esta a forma de o conseguir.
Em busca da máquina pensadora Hoje em dia, os computadores já jogam xadrez, produzem novas demonstrações de problemas matemáticos, lêem e tradu zem. Mas nenhuma máquina, por muito complexa, está perto de conseguir abran ger o campo vastíssimo do pensamento humano. Ainda ninguém construiu uma máqui na que seja capaz de aprender uma lín gua - algo que uma criança domina nos seus primeiros anos de vida. Os cientistas que trabalham nesta área pensam que um dia o funcionamento do cérebro será compreendido em toda a sua extensão, podendo então ser duplicado por meios electrónicos. Uma das dificuldades é a organização diferente do cérebro e do computador. O cérebro consiste numa rede de células chamadas neurónios. Contém entre 10 e 100 biliões de neurónios, cada um deles ligado com cerca de outros 10 000, e todos funcionando ao mesmo tempo. Os computadores, por seu lado, pos suem milhões de circuitos lógicos indivi duais, cada um deles ligado a apenas um outro e funcionando em sequência. As in formações que fluem através do compu tador percorrem um caminho único em vez de serem distribuídas por todo ele, como no cérebro. Os circuitos do computador trabalham muito mais depressa do que os neurónios, e, em certas tarefas, o computador é supe rior - nos cálculos matemáticos extensos e complexos, por exemplo. No entanto, o cérebro, com os seus neurónios relativa mente lentos, é muito superior no reco nhecimento de padrões e na aprendiza gem - processo que pode ter algoa ver com o aumento da densidade de cone xões entre os neurónios enquanto essa aprendizagem tem lugar. Actualmente, um número cada vez maior de cientistas no Japão, nos EUA e na Europa trabalha em computadores que procuram copiar a arquitectura do cére bro. Estes computadores tomam o nome de redes neurais. Os seus elementos-base são circuitos electrónicos exactamente como os dos computadores vulgares, rnas estão ligados de forma diferente, com mui tas interconexões, como acontece entre os
É fácil para um computador traduzir pala vras isoladas ou pequenas frases, mas não tão fácil traduzir textos. A tradução é muito mais que uma simples substituição de pa lavras: a maioria das línguas contém inú meras ambiguidades e termos que só são compreendidos no respectivo contexto. Dezenas de palavras têm dois ou três significados, e a construção de uma frase pode, além disso, ser ambígua. Termos co loquiais ou técnicos dificultam ainda mais a questão. Imagine-se a confusão de um engenheiro cujo manual falassecoke ern plant "plan ta de coca" como tradução de (fábrica de carvão de coque)! Em I9S4, a IBM apresentou o primeiro programa de tradução, que convertia em inglês frases russas simples, como "a gaso lina é produzida por processos químicos a partir do petróleo bmto". Mas fazia muitos erros e transformava frases correntes em expressões sem nexo. Apesar destas dificuldades, os progra mas de tradução por computador há já algum tempo que são usados nas empre sas. Possuem na memória extensos dicio nários das línguas que traduzem — até 100 000 palavras e frases nos sistemas mais avançados. São usados para procurar e aplicar a palavra que mais se aproxima do termo correcto da outra língua. Mas a sim ples substituição de palavras conduz a muitos erros, e os textos necessitam de cui dadosas revisões por tradutores profissio
zem-sc termos técnicos no programa e o computador verifica os significados ambí guos e escolhe a palavra correcta. Foi tam bém aumentada a rapidez da tradução. Os computadores já conseguem tradu zir com rapidez — é essa a sua principal vantagem. Se uma empresa pretende apresentar uma proposta, tem de agir rapi damente, mas a proposta pode ter cente nas de páginas. Por muito pouco elegante que seja a linguagem, um computador consegue traduzi-la mais depressa que uma pessoa. Esta pode demorar meio dia para traduzir 1000 palavras de uma língua europeia para outra; um computador po deria fazer essa tradução e imprimi-la em cerca de 20 minutos. A Força Aérea Americana, pretendendo conhecer as emissões russas referentes ao programa espacial, criou em 1970 o tradu tor Systran, que foi posteriormente adapta do a outras línguas europeias. O Systran traduz 360 000 palavras numa hora, com um rigor de 80%. Um tradutor profissional faz depois a revisão para aper feiçoar o texto. O Systran é utilizado pela General Motors e pela Aerospatiale para traduzir os manuais de instruções. O Servi ço Meteorológico Canadiano uliliza-o na tradução das informações meteorológicas para francês. O sistema de tradução mecânica mais avançado do mundo é o Eurotra, destina do a auxiliar a Comunidade Europeia no
neurónios do cérebro.não são programa Os computadores dos da maneira habitual pela introdução de um conjunto de instruções: sofrem um processo de aprendizagem no qual as in formações lhes são introduzidas junta mente com exemplos das conclusões a que o computador deveria chegar ou com feedback sobre a qualidade do respectivo progresso. O processo é semelhante ao
nais, que que tempo este trabalho visão levaafirmam quase tanto como de umare tradução do texto a partir do srcinal. Contudo, em 1988 já tinham sido cria dos sistemas com 96% dos lermos correc tos — urna taxa de erras de 4% —, o que foi conseguido tornando o computador mais apto a fazer remissões entre as palavras e traduzindo frases inteiras, além das pala vras isoladas. Quando necessário, inlrodu
Luxemburgo e em Bruxelas a traduzir qua se 1 milhão de páginas por ano. A British Telecom está a aperfeiçoar um sistema de tradução automática pelo tele fone em cinco línguas: inglês, francês, sue co, alemão e espanhol. O computador transforma o que o seu interlocutor diz nas palavras apropriadas da outra língua. De pois, um sintetizador de voz passa ao ou vinte a mensagem na língua própria deste.
196
Como é que um computador traduz?
MAKAVlLHAà UA UfclNUA
to jovem, de 4 anos, por exemplo, deve computorizada que responderá às nossas possuir um vocabulário adequadamente buscas com o número correcto. restrito; a criança escolhe as palavras que 0 computador falante introduzido nos quer, utilizando umjoystick para indicar as sistemas de horne banking foi criado pela respectivas imagens. British Telecom e entrou em fase de expe riências no princípio de 1988. O cliente te Uma criança mais velha ou um adulto lefona para um número especial, atendido dactilografam as frases num teclado, sen pelo computador, e diz-lhe o seu nome, do estas depois articuladas pelo sintetiza código pessoal e uma palavra senha. O dor. Nos paralíticos, um sensor ligado à sobrancelha actua como ojoystick. Outro Conversar com um computador — fazen- computador faz urna "impressão vocal" dos padrões da fala que funciona como processo consiste no emprego de um sen do-lhe perguntas e obtendo as respos sor electrónico que detecta os movimen tas — já não é urna fantasia da Ficção cientí uma assinatura, impedindo outra pessoa de ligar o mesmo número e usar a conta tos do olho para introduzir as instruções. fica: é já uma realidade. 0 primeiro passo para se conseguir que O potencial dos computadores falantes Quando o computador aceita a chama um computador fale é introduzir na sua da e identifica a pessoa, reconhecerá de é grande, e trabalha-se já na criação de sis memória os sons comuns da fala - os temas rápidos com vocabulários extensos. pois uma série de instruções verbais às fonemas. Estes são armazenados sob for quais responderá em inglês. Ele pode, por Eles são já utilizados em trabalhos de tra ma digital, como combinações de 0 e 1, dução, em serviços de informações, corno exemplo, fornecer pormenores sobre o úl cada uma das quais representa um som os de compra e venda do mercado de títu timo movimento, dar o saldo da conta, pa diferente. O computador está programado gar facturas e confirmar requisições de li los, nas reservas de passagens aéreas e na para agrupar os fonemas em palavras ou segurança e prevenção de acesso a edifí vros de cheques ou de extractos de conta. frases — sintetizar — e utiliza um altifalan Nos EUA, já foram construídos sintetiza cios e a Ficheiros de computador. te para nos "dizer" o que queremos saber. No futuro, aparelhos portáteis permiti dores de fala computorizados destinados Os computadores que "ouvem" são rão provavelmente a uma pessoa que fala a dar voz a algumas crianças que a não programados com um sistema semelhan inglês fazer perguntas simples que serão possuem. São programados com uma voz te para permitir que um receptor reconhe tanto quanto possível natural, baseada em traduzidas num écran para japonês, por ça os fonemas. A maioria dos compu geral, na de um innão ou irmã da criança. exemplo. Para responder, o japonês utili tadores apenas interpreta certas palavras, zará uma máquina semelhante. Um sintetizador para uma criança mui enunciadas segundo uma or O SINTETIZADOR - COMPUTADOR QUE GRAVA E RECONSTRÓI A FALA dem predeterminada ou por uma voz previamente introdu zida, mas os sistemas mais avançados conseguem hoje re conhecer e responder a qual quer voz humana, e alguns compreendem até mais do que uma língua. No entanto, o computador não pensa, pelo que não sustenta uma conver sa propriamente dita. A voz emitida pelo computador não soa como a voz humana: os computadores que falam emi tem sons sacudidos e mecâni cos porque pronunciam cada som ria fala de uma forma idên tica e neutra, sem as entoações diversas ria fala humana. Inves tigadores holandeses têm ten tado resolver este problema combinando os sons da fala em fragmentos menores e agrupando-os de modo a pro duzirem palavras com entoa ções mais humanas.
Computadores que nos ouvem e falam connosco
Muitos dos sistemas de com putadores falantes são utiliza dos as compa nhiasnos de telefones. telefones Nos usamEUA, uma voz compu torizada quando precisam de dizer às pes soas que o número que marcaram foi alte rado. A voz diz então qual é o novo número. Estes computadores não podem "ouvir" uma pergunta e respondem sim plesmente aos números incorrectamente marcados. Estudos em curso nos EUA e em França têm por objectivo criar uma lista telefónica
A impressão da ooz de uma mulher "baby" que pronunciavocal a palavra é reproduzi da por um sintetizador e apresentada num écran. O teclado e o uisor de um sintetiza dor da fala (à direita) estão ligados a um
computador que reconhece e interpre ta a fala humana 0 sistema é utiliza dono estudo da fala e para fazer os computadores "conversar". E também utilizado em sistemas C*«W -Harmr*r de segurança de edifícios.
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Como se cindem os átomos? Já no séculov a. C. os filósofos gregos avan çaram a teoria de que toda a matéria era constituída por partículas indi visíveis. 0 seu conceito do áto mo como o mais pequeno componente existente na Natu reza foi aceite durante mais de 2000 anos. Até que, empela 1919, átomo foi fragmentado prio meira vez num laboratório da Universidade de Manchester. Este acontecimento, que nos lançou na era nuclear, culmi nou as experiências de Ernest Rutherford, que vinha investi gando as velozes partículas alfa libertadas pelo elemento radio activo rádio. Pela extremidade de um tubo com cerca de 20 cm de compri mento, Rutherford introduziu uma haste em cuja ponta havia um disco de latão revestido de rádio. O outro extremo do tubo foi vedado com um delgado disco de me tal por detrás do qual havia um écran de sulfureto de zinco. O tubo podia ser enchi do com diversos gases. 0 disco de metal fino barrava o caminh o da maioria das partículas alfa emitidas pelo rádio. Mas quaisquer partículas de alta ener gia (longo alcance) que se formassem pela acção das partículas alfa sobre os átomos de gás no interior do tubo atravessariam o disco. Quando uma destas partículas em batia no sulfureto de zinco, este emitia uma centelha de luz esverdeada - o que permi tia contá-las. Quando o gás no tubo era oxigénio ou dióxido de carbono, a frequência das cen telhas era baixa, o que era explicável pela capacidade da folha de metal c destes ga ses de pararem as partículas alfa. Mas quando se utilizava ar, o número de cintila ções aumentava inexplicavelmente - só poderia dever-se à presença do azoto. Para o confirmar, Rutherford empregou azoto puro. Concluiu que as partículas alfa desintegravam os átomos de azoto, com produção de núcleos de hidrogénio de alta energia que atravessavam o disco metálico. Rutherford veio a chamá-los protões. "Temos de concluir", escreveu, "que o átomo de azoto é desintegrado." Experiências posteriores confirmaram as conclusões de Rutherford. Uma partí cula alfa, ao colidir com um núcleo de azo to, combina-se com ele; o novo núcleo é instável, desintegrando-se logo a seguir, com emissão de um protão. Eram estes protões que Rutherford via no seu écran. Os
m
núcleos resultantes desta desintegração são de um elemento totalmente diferente, o oxigénio. Rutherford transmutara um ele mento, o azoto, noutro, o oxigénio. Em breve se descobriram processos mais eficazes para cindir os átomos. Em 1928, em Cambridge, Cockcroft e Walton substituíram as partículas alfa por protões. Usaram um aparelho chamado multipli
cador de voltagem, que amplia enorme mente a tensão eléctrica, para acelerarem estas partículas, comunicando-lhes uma grande energia. Em 1932, quando dispara ram estes protões acelerados sobre ato mos de lítio, obtiveram dois átomos de hé lio por cada átomo deste metal. Este êxito levou a uma série de experiências em que se usaram vários tipos de partículas para bombardear diversos "alvos". Em Janeiro de 1939, Otto Hahn e Lise Meitner, da Universidade de McGill, em To ronto, concluíram que um átomo de urâ nio - o mais pesado dos elementos natu rais —, ao ser bombardeado por um neutráo (partícula semelhante ao protão, mas sem carga eléctrica), se dividia em dois átomos, cada um com cerca de metade da massa rio de urânio, libertando uma enor me quantidade de energia c dois ou mais neutrões que poderiam, por sua vez, pro vocar a cisão de outros átomos: era o prin cípio da reacção em cadeia, base da bom ba atómica e dos reactores nucleares. Quebra-átomos. Neste tubo, Rutherford demonstrou peia primeira vez a possi bilidade de os átomos se "partirem". O srcinal está no Museu Cuoendish. em Cambridge.
RUTHERFORD CINDE O ÁTOMO Folha de metal
_E nt /saídas de 08869M
Disco revestido com rádio
Haste Partículas alfa emitidas
O rádio emitia partículas alta, das quais muito poucas — só as mais energéticas - deveriam atingir o alvo: quando o tubo continha ar, observava-se um excesso de cintilações Folha de meta
Disco revestido com rádio ndro
As cintilações diminuem-
Hasle
Os átomos do gás ajudam a parar as partículas
ntrodução de oxigénio ou dióxido de carbono
Quando, em vez de ar, o tubo continha oxigénio ou dióxido de carbono, contavam se de (acto muito menos cintilações. Folha de meta As cintilações aumentam porque os protões penetram a folha
Disco revestido com rádio
Haste
Partículas alfa desintegram átomos de azoto
Quando o tubo continha azoto puro. o número de cintilações era maior: Rutherford concluiu que da colisão das particulus alfa com os átomos de azoto resultavam protões com alta energia, responsáveis pelo excesso de cintilações. Desintegrara o átomo de azoto.
IVI/MYAVVIL.I l/ V) Lír t «_IClNV_lrt
Explorando o interior do átomo Os cientistas que exploram a estrutura do zida, o vapor de água condensava-se, for átomo defronlam-se imediatamente com mando uma névoa. O processo de conden um problema: os átomos são demasiado sação podia ser desencadeado pela passa pequenos para que os seus pormenores gem de partículas subatómicas com cargas possam ser vistos por qualquer microscó eléctricas: tal como os aviões voando alto pio. O diâmetro de um átomo típico é de na atmosfera deixam rastos de gotículas de cerca de 20 milionésimos de milímetro vapor condensado, assim as partículas dei e quase todo o seu volume é espaço vazio. xavam rastos na câmara de Wilson. No centro do átomo encontra-se o Blackett registou efectivamente a desin seu denso núcleo, que ocupa menos de tegração do núcleo por colisão com uma 1/100 000 do volume total. Em redor dele partícula alfa na sua câmara. Para o conse orbitam electrões - partículas su bato mi guir, tirou 23 000 fotografias que mostravam cas muito mais leves que o nú cleo e com carga eléctrica nega tiva que contrabalançam a car ga positiva do núcleo. Ainda mais extraordinário é que é possível estudar a estrutu ra de cada um dos componen tes atómicos e, por exemplo, de monstrar que os núcleos são formados por partículas ainda menores. Mas como podem os dentis tas saber tudo isto se não conse guem ver as partículas? Os fac tos são o resultado de uma lon ga série de experiências nas quais gerações de cientistas fragmentaram átomos com o auxilio de aparelhos complexos chamados aceleradores de par tículas. O conceito inicial de átomo era o de uma partícula dura, só lida e uniforme. Mas em Cam bridge, Inglaterra, em 1897, o fí Electrão em espiral. Trajectória em espiral de um elec sico Joseph John Thomson des trão no CQmpQ magnético de uma câmara de bolhas. Fo cobriu o minúsculo electrão. tografada no Laboratório Lawrence Berkeley. Califórnia.
Primeira* prova». Trajectória de urna par tícula alfa ao colidir com átomos, registada pelo físico inglês C T R. Wilson na câmara que inventou e que recebeu o seu nome.
Trajectória de colisão. Os traços sâo as trajectórias de partículas em hidrogénio lí quido numa câmara de bolhas.
Como a cabeça de um alfinete Por volta de 1911, o físico neozelandês Ernest Rutherford tinha já demonstrado, por observação do ricochete de partículas alfa ao colidirem com os átomos, que pratica mente toda a massa atómica se encontrava concentrada num núcleo pequeníssimo, e não dispersada pelo volume atómico. Se um átomo fosse, por exemplo, do tama nho de uma casa, o núcleo não passaria de uma cabeça de alfinete. Inicialmente, todos estes dados foram
400 000 trajectórias de partículas alfa Só em 1925, seis anos após ter iniciado os traba lhos, conseguiu ter registadas oito trajectó rias ramificadas, mostrando a desintegra ção de um núcleo atómico. A câmara de Wilson e, posteriormente, a câmara de bo lhas, na qual as partículas deixam num meio líquido um rasto de bolhas, têm sido, desde então, instrumentos fundamentais para os físicos das partículas. Colisões a alta energia
que colidem produz novos dados que têm de ser explicados. Mas para atingir estas energias mais elevadas, houve que criar aceleradores cada vez maiores, com no mes como ciclotrão e sincrotrão. O maior de todos será construído na ci dade de Waxahachie, no Texas. Será um anel tubular gigante com o perímetro de 85 km. Dois feixes de protões circularão no seu interior em sentidos opostos. Electroímanes superpotentes guiarão os feixes de protões enquanto são acelerados por cam
aceites em teoria, pois não individualmente. havia processo de observar as partículas Mas pouco tempo depois, o físico britânico Patrick Blackett, que começou as suas in vestigações por volta de 1919, tirava as pri meiras fotografias de colisões de partículas que srcinavam transmutações. Utilizou um aparelho chamado câmara de nevoei ro, ou de Wilson um recipiente de vidro contendo ar húmido. Quando a pressão no interior do recipiente era subitamente redu-
A medida que as eram velocidades das partí culas em colisão aumentadas por máquinas cada vez mais potentes, foram sendo descobertas mais partículas subató micas. Verificou-se que os átomos simples imaginados por J. J. Thomson e Ernest Ru therford eram na realidade muito comple xos. Em 1950, conheciam-se pelo menos 14 partículas elementares, e em 1964 esse total aumentara para mais de 80. Cada aumento da energia das partículas
pos eléctricos até quaseEspera-se atingirem que a veloci dade da luz e colidirem. seja confirmada a existência de uma série de partículas hipotéticas com nomes como o bosão de Higg ou o top quark, que se pen sa tenham existido apenas momentanea mente durante o nascimento do Universo. Este acelerador, o Super Collider, será construído em túneis subterrâneos. Ocu pará 405 ha e custará 4400 milhões de dó lares Deverá estar pronto em 1996. \\)\)
MARAVILHAS DA ULNCIA
Ver os átomos As primeiras imagens de átomos, os cons tituintes básicos de toda a matéria, foram produzidas cm 1956 pelo físico Krwin W1 lhem Mueller. da Universidade Estadual da Pensilvânia, ao fim de 20 anos de experiências com microscópios especiais. Mueller injectou hélio numa câmara de vácuo onde havia uma ponta metálica extrema mente fina. Os átomos de hélio, que, por acaso, tocavam na ponta - à qual eslava aplicada uma elevada tensão eléctrica po sitiva -, perdiam uma parte da s ua "nu vem" de electrões: transformavam-se em iões de hélio positivos (um ião é um átomo com carga eléctrica). Os iões eram aceleraAtomos em formatura. A primeiro imo gem visual de como os átomos eslão dis postos numa molécula de benzeno foi obti da por investigadores em Zurique. As molé culas de benzeno da imagem encontramse adsorvidas na superfície de um crista! daí a suo arrumação regular.
ESCREVER NUM MUNDO MICROSCÓPICO A armazenagem miniaturizada de informações será uma be nesse para instituições como as bibliotecas, que têm de guardar grandes quantidades de volumosos livros, jornais e relatórios. Por exemplo, eslima-se que o Museu Britânico acrescenta às prateleiras da sua biblioteca 13 km de livros anualmente. Cientis tas do Laboratório Cavendish, em Cambridge, utilizaram um feixe de electrões para produzir padrões de pontos formando imagens e escrita microscópicas em fluoreto de alumínio. Por este processo conseguem reduzir a escrita a uma densidade de 10 milhões de palavras por milímetro quadrado.
Padrão de pontos. Utilizou-se um feixe de electrões para reduzir o tipo escrito até 10 milhões de palavras por milímetro quadrado.
O mais pequeno cartão. Este desenho de um pisco foi produzi do por um feixe electrónico que faz padrões de furos. Tem cerca de um milionésimo do tamanho normal.
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Dimensões quase atómicas. O furo cavado por um feixe de electrões em fluoreto de alumínio mede pouco mais que a distân cia entre dois átomos. As linhas são fiadas de átomos.
ivmrmviuiAO UM CILICIA
dos segundo trajectórias rectilíneas — atraídos por um écran fluorescente com carga negativa. Ao chocarem com oécran, produziam uma imagem rigorosa da pon ta metálica ampliada 5 milhões de vezes. As posições dos átomos apareciam como pontinhos brilhantes. Durante os anos 80, foram produzidas imagens de átomos muito mais especta culares com o microscópio de efeito de túnel (STM -SCarming (unnelling microscope), inventado era 1981 nos laboratórios da IBM em Zurique. O aparelho produz a imagem da superfície de uma amostra como mapa dedos curvas de nível, mos trando um as posições átomos individuais. Uma agulha, aguçada quimicamente por forma que na sua ponta haja um único átomo, é colocada a aiguns átomos de dis tância da superfície da amostra a estudar. Uma diferença de potencial entre a ponta e a amostra produz uma corrente eléctrica. Quando se corre a ponta paralelamente à superfície, a resistência ã corrente varia ao passar sobre sucessivos áloinos. As medi ções das variações de resistência utilizam •se para desenhar um mapa de curvas de nível, revelando átomos individuais ou os sítios onde faltam átomos (lacunas) e quaisquer defeitos na estrutura cristalina. O resultado é uma imagem extraordiná ria, mostrando os átomos ligados entre si como num modelo de laboratório. O STM tem a vantagem de, contrariamente ao mi croscópio electrónico, não danificar a amostra em estudo. Deve vir a revelar-se valiosíssimo na criação de novos dispositi vos microelectrónicos, cujo comporta mento é determinado pelo rigor na coloca ção de camadas de átomos diferentes.
Como foi medida a velocidade da luz? Nos meados do século xix, Jean Foucault, físico do Observatório de Paris, mediu a velocidade da luz com uma aproximação notável, utilizando dois espelhos afastados 20 m entre si. Um dos espelhos era fixo, o outro girava a 800 rotações por segundo. Se um raio de luz atingia o espelho quando este se en contrava exactamente no ângulo certo, era reflectido para o espelho fixo, voltava a rc flcclir-.separa o rotativo e deste para a fonte (v. diagrama). No tempo que levava a viagem de ida e volta entre os espelhos, o espelho rotativo tinha rodado um pequeno ângulo, de modo que o raio que era devolvido à fonte
se desviava ligeiramente da sua trajectória inicial. Servindo se do desvio do raio para me dir o ângulo de que o espelho se deslocara e conhecendo a velocidade de rotação, Foucault pôde calcular o tempo que a luz levara no seu percurso e a sua velocidade. O resultado final apresentado por Koucault em 1862 foi de 300 900 km/s. O método utilizado por Koucault foi aper feiçoado na década de 1920 pelo físico ame ricano Alberl Michelson, que enviou a luz ao longo de um tubo evacuado com 1,6 km de comprimento para eliminar os efeitos do ar sobre a sua velocidade. As medições mais recentes conduziram a 299 793 km/s.
A EXPERIÊNCIA DE FOUCAULT Cilindro rotativo Pequeno ângulo percorrido pelo espelho rotativo
Fisco do Observatório de Paris, Jean Foucault (1X196H) passou 12 anos nas suas experiências sobre A velocidade de um espelho rotativo e o seu movimento angular a velocidade da luz. entre as reflexões eram vitais para os cálculos de Foucault.
Como foi medida a velocidade do som? Conforme notam todos aqueles que obser vam um estaleiro de construção a certa dis tância, o som de um bate estacas chega dos atrasado em relação à respectiva ima gem: o som é comparativamente lento. O trovão ouve-se quase sempre alguns segundos depois do relâmpago que o pro vocou: numa tempestade a I km de distân cia, o intervalo é de cerca de três segundos. A velocidade exacta de propagação do som confundiu os cientistas até há cerca de 100 anos. Uma maneira óbvia de medir a velocida de do som é verificar o tempo que ele leva a percorrer uma distância conhecida — por exemplo, provocando uma explosão numa colina distante, pondo o cronome tro a trabalhar quando se vê o clarão e pa rando-o quando se ouve o som. Mas o resultado seria apenas uma apro ximação, dependente da rapidez da reac ção humana. E há 100 anos nenhum relógio
conseguia medir centésimos de segundo. A fim de ultrapassar estes problemas, o químico e físico francês llenri Victor Reg nault imaginou em 1864 um aparelho que fazia as medições automaticamente. Tratava se de um cilindro rotativo revés tido a papel, no qual uma pena desenhava um traço. A pena, ligada a um dispositivo eléctrico, tinha duas posições possíveis de contacto com o cilindro — uma com a corrente ligada, outra com a corrente desli gada. Era comandada por dois circuitos, um defronte da boca de um canhão a uma distância considerável, outro através de um diafragma sensível ao som junto ao ci lindro. No início da experiência, ligava-se a corrente. O cilindro rodava e a pena traçava uma linha. Quando o canhão disparava, cortava o primeiro circuito, obrigando a pena a saltar para a segunda posição. Um ou dois segundos depois, o som do tiro chegava ao diafragma, que voltava a fechar
o circuito, fazendo com que a pena voltas se à sua posição inicial. Como a velocidade de rotação do cilin dro era conhecida, o salto na linha regista va o tempo que 0 som levara entre o ca nhão e o diafragma. Resultado: o som do tiro propagava se a cerca de 1200 km/h, ou seja 340 m/s. Desde o tempo de Regnault, os cientis tas demonstraram que o som se propaga na água a cerca de quatro vezes a sua velo cidade no ar e a mais de dez vezes através de um sólido..Pode efectuar se uma expe riência relativamente simples que prova esta afirmação: pegue-se numa barra ou varão de ferro comprido e direito, encostese-lhe o ouvido c peça-se a alguém que, a certa distância, lhe bata com um martelo. Ouvir-se-áo dois sons distintos: o ouvido encostado ao ferro ouvirá o som uma frac ção de segundo antes do outro ouvido, que recebe o som através do ar. 201
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• "Chuck" Yeager: o homem que passou a barreira do som
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Dois dias antes da sua tentativa de passar a barreira do som, Charles "Chuck" Yeager, de 24 anos, capitão da Força Aérea dos EUA, partiu duas costelas num acidente quando corria a cavalo, com a sua mulher, no deserto do Mojave. Na manhã seguinte, um médico local ligou-lhe tronco, mas, mesmo assim, "Chuck" não oconseguia me xer o braço direito devido às dores. Sabia que, se houvesse notícias do seu estado, as entidades superiores adiariam a tentativa, projectada secretamente para 14 de Outu bro de 1947. O avião Bell X-l, accionado por fogue tes e pintado de cor de laranja, seria larga do do compartimento das bombas de um Boeing B-29 e, depois de uma curta planagem sem motor, começaria a subir quan do Yeager pusesse a funcionar em rápida sequência os quatro foguetes. Para passar do B-29 para o minúsculo cockpit do X-l (também conhecido por XS-1), Yeager tinha de descer por uma pe quena escada. A porta do cockpit tinha en tão de ser baixada por um cabo a partir do compartimento das bombas. Uma vez colocada a porta, Yeager tinha de a fechar pelo lado direito — coisa sim ples quando não se tem duas costelas par tidas e o braço direito imobilizado. Então, o seu mecânico de voo, Jack Ridley, teve uma ideia brilhante: o piloto poderia ma nobrar um pau com a rnão esquerda para levantar o manipulo da porta e fechá-la. "Procurámos pelo hangar e encontrá mos uma vassoura", recordou depois Yea ger. "Jack serrou-lhe 25 cm do cabo, que se ajustava perfeitamente ao manipulo. De pois, entrei no X-l e fizemos uma expe' riência. Ele encostou a porta ao caixilho e eu, levantando o manipulo com o pau da vassoura, consegui fechá-la." Por volta das 8 da manhã de 14 de Outu bro, o B-29 largou da Base Aérea de Muroc, no deserto do Mojave. Yeager viajava por enquanto no bombardeiro — que levava o X-l encaixado na barriga. Apesar das dores que sentia, Yeager estava optimista. Fizera já uma série de voos de ensaio no avião com propulsão por foguetes e tinha como objec tivo ser o primeiro homem a ultrapassar a velocidade do som — cerca de 1220 km/h ao nível do mar (quanto maior é a altitude, mais lentamente o som se propaga). Na sua tentativa, Yeager planeava voar a cerca de 700 milhas/hora (1126 km/h) a uma altitude de cerca de 40 000 pés (12 200 m) acima do nível do mar.' A velocidade de um avião comparada com a de propagação do som no meio vizinho é conhecida como o número de
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Avião mais rápido que o som. Recorte de jornal com a notícia (ao alto'). "Chuck" Yeager (à esquerda) deu ao avião o nome da sua mulher, Glennis (à direita). Mach - nome do físico Emst Mach (18381916). Um avião que se desloca à velocida de do som diz-se que vai a Mach 1. Se um avião não é desenhado para o -voo supersónico, fortes ondas de choque atingcm-lhe as asas e a fuselagem quando ele se aproxima de Mach 1. O fluxo do ar em redor do aparelho torna-se instável, causando intensas vibrações irregulares que provocam perda do domínio de voo. Teoricamente, o X-l, com o seu nariz ae rodinâmico e as suas linhas suaves, não seria afectado. Contudo, tinha o mau cos tume de sacudir o piloto dentro do aperta do cockpit com tanta força que o poderia fazer perder os sentidos. Para se proteger, Yeager usava um grande capacete de râ guebi, de couro, por cima do seu capacete de voo. Quando o B-29 se aproximou dos 7000 pés (2100 m), Yeager avançou para o com partimento das bombas, a partir do qual desciam uns carris até ao X-l. Empurrou a escada de alumínio pelos carris c deixou-se escorregar para dentro do cockpit do X-l. "Descer o diabo da escada fez-me doer", recordava depois. "Peguei no cabo da vas soura e o manipulo rodou para a posição de fechado. Funcionou perfeitamente." Depois, teve de haver-se com o ambien te gelado do cockpit. "A tremer", lembrava, "bate-se as palmas com as mãos enluvadas e coloca-se a máscara de oxigénio no avião mais frio que jamais voou. Está-se a ser enregelado pelas centenas de litros de oxi-
Passagem da barreira. Ò Bell X-1 tinha apenas 9,5 m de comprimento e 8,5 m de envergadura. Pilotado pelo capitão "Chuck" Yeager, o avião a foguetes passou a barreira do som a 1126 km/h.
génio líquido armazenados no tanque de combustível directamente por trás do as sento, a 182vC negativos. Durante os próxi mos 15 minutos, só há que bater os den tes ... é como tentar concentrarmo-nos no trabalho dentro de um frigorífico." Durante os voos de ensaio, a transpira ção de Yeager acrescentara mais uma ca-
ca de um interruptor de ignição e espalhar os meus pedaços por uma série de conda dos". Mas tudo correu de acordo com os planos. O X-l subiu ã velocidade de Mach 0,88 e começou a oscilar violentamente. Yeager puxou imediatamente o botão do estabilizador, e o avião endireitou-se a 36 000 pés (11 000 m). Desligou duas das câmaras de fogue tes - e a 40 000 pés (12 200 m) estava a subir a Mach 0,92. De novo voltou à horizontal - des ta vez a 42 000 pés (12 800 m). Voltou a acender o foguete à boleia. Para conservar a sua carga de combustível de 2700 I de oxigénio liquido e álcool, o X-1 foi transportado no compartimento das bombas de uma
superiortaleza B-29 até aos Ç000 m de altitude. Para iniciar o seu voo, o X-1 foi largado como uma bomba. mada de gelo ao vidro da frente. Para con trariar este efeito, o mecânico-chefe tinha posto um pouco de champô para o cabelo no vidro. "Por qualquer razão desconheci da", afirmou Yeager, "aquilo funcionou como um eficaz dispositivo ahticongelante, e continuámos a usá-lo mesmo depois de o Governo ter comprado um produto químico especial a 18 dólares por garrafa." Os dois aviões, ainda engatados um no outro, voavam a cerca de 15 000 pés (4570 m) e continuavam a subir. Aos
20 000 pés (6100 m) o piloto do B-29, ma jor Bob Cardenas, iniciou a contagem de crescente "... cinco ... quatro ... três ... dois ... um ... LARGA!" Premiu o botão e, com um sacão, o X-1 estava entregue a si próprio e caindo pelo espaço, de nariz para cima A queda durou cerca de 150 m, enquanto Yeager lutava desesperadamen te com os comandos. Finalmente, baixou o nariz do avião e acendeu as quatro câma ras dos foguetes. Ele sabia que o combustí vel podia "explodir com uma pequena faís
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n.°3 e instantaneamente gou a—Mach 0,96 e continuouche a acelerar. "Estávamos a andar mais depressa que o som!", afir mou. "E o voo era tão suave como a pele de um bebé: a minha avó podia ir ali sentada e a beber limo nada Levantei em seguida o nariz do avião para o afrouxar. Depois de todas, as ansiedades, vi que ultrapassar a baneira do som era como andar numa pista perfeitamente alcatroada." Para eliminar o risco de explosão quan do o X-1 aterrasse, Yeager largou o resto do combustível e sete minutos depois o avião pousava em segurança. "E assim, na quele dia f fui um herói", disse com simpli cidade. "Como de costume, os bombeiros acorreram e apanhei boleia até ao hangar.
O sol quente do deserto sabia-me maravi lhosamente."
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MAKAVILHAS DA CIÊNCIA
Como os cientistas tentam prever os sismos Em 4 de Fevereiro de 1975, funcionários da província chinesa de Liaoning, na Man chúria, emitiram um aviso urgente de que estava prestes a ocorrer um tremor de ter ra. Urna série rie pequenos abalos nessa manhã parecia avisar da iminência de uma catástrofe. As pessoas foram aconselhadas a pennanecer fora de casa, ainda que fosse Inverno e estivesse muito frio. No mesmo dia, pouco passava das 7.30 da tarde, verificou-se um forte sismo. Cen tenas de casas ruíram, mas, como a popu lação se tinha mantido ao ar livre, poucas pessoas ficaram feridas. Este foi um dos primeiros casos conhe cidos em que um terramoto foi correcta mente previsto, e resultou de um progra ma iniciado pelo Governo Chinês em 1965 para tentar diminuir a terrível mortalidade provocada por abalos sísmicos. Mas os métodos utilizados falharam pos teriormente na previsão de terramotos mais graves - como o catastrófico que, no ano seguinte, matou mais de 240 000 pes soas em Tangshan, na China Oriental. Por outro lado, algumas previsões têm dado srcem a falsos alarmes. Contudo, aquele êxito tornou evidente o valor que poderá ter a previsão correcta dos tremores de terra. Actualmente, e de um ponto de vista empírico, consideram-se como indícios de um sismo iminente: ocorrência de pe quenos sismos (premonitórios) durante horas, dias ou meses (embora ocorram grandes terramotos sem abalos prelimina res e outras vezes os pequenos abalos não tenham sequência); abaixamento do nível da água nos poços e subida da sua tempe ratura; comportamento anómalo dos ani mais. Com efeito, foi a observação destes indícios nos EUA em 1974 e na China em 1975 e 1976 que permitiu minorar as con sequências de fortes abalos que se verifica ram pela adopção de medidas preventivas adequadas. Os modernos esforços científicos para a previsão sísmica concentram se na obser vação de uma série de modificações verifi cadas na crusta terrestre antes de um gran de sismo. Assim, embora não exista qual quer indicador único de confiança, os sismólogos procuram aperfeiçoar as suas previsões com base em quatro indicadores principais: o primeiro é a velocidade a que as ondas de choque se propagam através da crusta. Quando as tensões subterrâneas se acumulam, as pressões exercidas sobre as rochas alteram a forma de propagação das ondas de choque. A velocidade destas
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parece diminuir, para voltar a aumentar imediatamente antes de um abalo Peque nas explosões e abalos preliminares po dem ser analisados para revelar essas alte rações. O segundo indicador envolve alte rações no nível da superfície topográfica, que se eleva muito ligeiramente com o au mento da pressão no interior. Uma zona da região da falha de Santo André, na Cali fórnia, subiu 40 cm em 20 anos. O terceiro é a emissão de maiores quantidades de rádon, gás inerte, radioactivo, que se liber ta permanentemente através do solo, mas cuja concentração parece aumentar antes de um terramoto. E o quarto são as mu danças no comportamento eléctrico ou magnético das rochas nos momentos em que elas se aproximam do seu ponto de fractura antes do abalo. Estas medições já permitiram, de certo modo, uma previsão. Em Novembro de 1974, cientistas americanos detectaram al terações magnéticas, inclinações do solo e
Linha de falha. A falho de Santo André — uma das fracturas mais importantes da crusta terrestre - atrauessa o Sul da Califór nia e a península de S. Francisco no sem ido noroeste-sudeste. mudanças de velocidade das ondas de choque perto de Hollister, no Centro da Califórnia. Um deles, John Healy, do US
MAKAVILhA.^ UA UtINUA Mudança de curso. A falha de Santo An dré resulta do movimento de duas das maiores placas crustais da Terra - a do Pacifico e a da América do Norte. Este movi mento alterou o curso de um rio (topo direi to da fotografia) que em tempos atravessa va a falha. O rio percorre agora uma parte desta e retoma o seu curso do outro lado, no seu leito srcinal (em baixo, à esquerda). Geológica] Survey, argumentava que os si nais eram suficientemente claros para se emitir um aviso, mas os colegas discorda ram, pelo que nada se fez. No dia seguinte, um sismo de magnitude 5 abalou Hollister. Empresas e pessoas podem fazer segu ros contra sismos, mas não contra as conse quências de um alarme falso que provoque a evacuação, em pânico, de cidades intei ras. Um único rebate falso poderia levar a que uma previsão genuína fosse ignorada, garantindo assim a ocorrência da catástrofe que, em princípio, a previsão evitaria.
Desalinhadas. Em 1940, a actividade sís mica no Imperial Valley, na Califórnia, fez desalinhar filas de árvores deste pomar, plantado sobre o percurso de uma falha
OS GRANDES TERRAMOTOS DO SÉCULO XX DATA
LOCAL
MAGNITUDE
1906 1908 1920 1923 1927 1931 1932 1935 1952 1962 1964 1968
S. Francisco, EUA Itália China Japão China Nova Zelândia China Paquistão Califórnia, EUA Chile Alasca Irão
8,3 7,5 8,6 8,3 8,3 7,9 Desconh. 7,5 7,7 8,5 8,5 7,4
MORTOS
MAGNITUDE
MORTOS
DATA
LOCAL
700 83 000 180 000 99 000 200 000 255 70 000
1970 1976 1978 1979 1980 1980 1981
Peru China Irão Equador Argélia Itália Irão
7,7 7,8 7,7 7,9 7,7 7,2 7,3
50-70 000 242 000 15 000 600 35 000 3000 2500
20-60 000 11 4-5 000 178 12 000
1983 1985 1985 1988
Japão Turquia Chile México URSS (Arménia)
7,7 7,1 7,4 8,1 7,0
58 1 300 177 4 287 25 000
Medindo a intensidade das ondas de choque de um sismo, os a 'ntistas determinam a sua magnitude » - a quantidade de energia libertada no foco, ou hipocentro. E, 'ta é medida na escala de Richte r — d e 1 a 10, criada pelo sismóiogo c aliforniano Charles Richter em 1935. A escala é logarítmica: um a balo de magnitude 8 é 10 vezes maior que um de magnitude 7, 100 i ezes maior que um de 6, etc.
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IDEIAS PRATICAS E SOLUÇÕES ENGENHOSAS desta natureza é o domínio do ar propor cionado por aviões — com base em porta-aviões - constantemente em patrulha na intenção de evitar que a aviação inimiga se aproxime o suficiente para lançar os seus mísseis. Mas este tipo de defesa é difícil no caso do míssil soviético SS-N-3 "Shaddock", que pode ser lançado a mais de 400 km do alvo. Os aviões de defesa podem transportar mísseis antimísseis como o Phoenix americano, mas não podem ga rantir a destruição de um míssil em voo. Quando os aviões de apoio a uma es quadra nãolém conseguem um próprias ataque, os navios de recorrerevitar às suas defesas. Estas são constituídas por mísseis antimísseis como o Aegis, que defende os navios dos EUA; os contratorpedeiros por ta-helicópteros canadianos da classe "City" possuem osSea Sparrows, e os na vios soviéticos têm os sistemas SA-N-3 (Goblet) e SA-N-4. As ondas do mar provocam frequente mente interferências no radar do navio, per mitindo aos mísseis de voo rasante aproximarem-se muito do seu alvo antes de serem detectados. Durante a Guerra das Malvinas, em 1982, por exemplo, o contratorpcdeiro britânico Sheffield foi atingido em 4 de Maio por um míssil Exocet. O avião argentino atacante, umSuper Elendard. não foi detec Alvo atingido. A fragata americana Stark,atingida nas águas do golfo Pérsico por dois tado pelo radar do navio por voar muito mísseis Exocet iraquianos disparados de um avião Mirage FI-EQS. perto da água e disparar de mais de 30 km de distância. Quando os mísseis ata
do
cantes barreiras, escapam aa todas as outras protecção de último recurso do navio é-lhe dada pelos seus ca nhões, que podem disparar uma cortina de fogo tão den sa que alguns dos projécteis atingirão, com certeza, o míssil que se aproxima. As peças americanas Phalanx disparam projécteis de 20 mm ao ritmo de 3000 por minuto. Estes projécteis de chum bo com núcleo de urâ nio são suficientemente pe Mísseis antimísseis. Um pona-aoiôes lança aviões portasados para deterem qual mísseis para se defender dos ataques inimigos. Dois F18 de quer míssil que atinjam. combale e ataque aguardam, prontos, no tombadilho. Outras nações utilizam projécteis maiores - o sistema germano/ vezes, o navio consegue esgueirar-se ou holandês Goalkeeper utiliza canhõesMaumesmo escapar-se de um torpedo, mas as ser de 30 mm, capazes de disparar 300 pro únicas defesas eficazes são submarinos jécteis por minuto. As peças são de uma que perseguem e torpedeiam os submari precisão considerável, pois o tiro é coman nos inimigos ou helicópteros equipados dado pelo radar. com sonar, operando em conjunto com Mesmo que a artilharia falhe, o sistema navios à superfície. Os helicópteros rebo de radar do míssil (ou do avião que o lan cam detectores sonar dentro de água para ça) pode ser anulado pelo disparo de pe localizarem os submarinos inimigos, que depois são atacados por mísseis ar-superfíças Chaff, que criam nuvens de fitas de alu cie ou por cargas de profundidade. mínio que produzem centenas de ima gens ("neve"), tornando impossível distin Os porta aviões são alvos fáceis para os guir o alvo. torpedos. A forma de os proteger é com um anel de navios de guerra que detectem Não existem sistemas semelhantes para a destruição de torpedos submarinos. Por e destruam os submarinos inimigos.
Submarino caça-submarinos. Os na vios de guerra obtêm alguma protecção de submarinos como o Sturgeon americano.
O último recurso. .Sc os mísseis penetram as defesas de um navio, podem ser destruí dos por canhões como o Phalanx
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MARAVILHAS DA CIÊNCIA
IRES FORMAS DE DETECTAR SISMOS
Esta casa abriga um laser e instrumentos electrónicos que registam os sismos da falha de Santo André. Situa-se em Parkfield, Califórnia.
Um furo para atravessar a crusta terrestre Os geólogos sabem mais acerca das ro chas da superfície da Lua do que das que se situam 15 km abaixo dos seus pés. A crusta, camada dura e rugosa que constitui toda a superfície da Terra, é pro porcionalmente tão fina como a casca de uma maçã. Variando entre 10 e 65 km de
Um tensímetro — instrumento que regista a expansão e 0 contracção das rochas — é verificado por um cientista de Parkfield. 206
Um creepmeter é formado por um arame esticado que atravessa urna falha e por um instrumento que mede a sua tensão.
profundidade, é menos espessa no espes leito profundos dos oceanos mais e mais sa nos continentes. A primeira tentativa para perfurar a crus ta terrestre foi lançada no final da década de 50 com o projecto Mohole, que tinha por objectivo penetrar para além do ponto em que a crusta contacta com o manto, fronteira denominada descontinuidade de Mohorovicic (v. p. 210). No entanto, depois de se terem realizado alguns furos prelimi-
MARAVILHAS DA CIÊNCIA nares a partir de um navio ao largo da costa da Califórnia cm 1960, o projecto foi aban donado devido ao seu elevado custo. Em 1970, os Russos iniciaram os traba lhos de execução do mais profundo furo do Mundo para estudo da geologia da crusta terrestre, perfurando as rochas da penínsu la de Kola, no interior do círculo árctico, a leste da Finlândia. Nos finais da década de 80 já tinha 13 km de profundidade e foi o primeiro furo a atingir a crusta inferior. Mas com o seu objectivo de atingir 15 km ficará ainda a meio caminho do manto, situado neste local à profundidade de cerca de 30 km. Para atingir a sua profundidade re corde, utilizaram-se, no poço de Kola, técni cas especiais aperfeiçoadas pela indústria petrolífera. A perfuração convencional utili za um motor à superfície para fazer rodar o tubo de perfuração, com a respectiva broca na extremidade. Mas, para além dos 8 km,
as tensões na extremidade superior do tubo tornam-se demasiado fortes devido ao peso dos tubos de perfuração, que, além disso, têm de rodar rapidamente. Por este motivo, no poço de Kola a broca é rodada por uma turbina fixada ao tubo de perfuração próximo do fundo do furo. A turbina é accionada por lamas bombeadas para o interior do furo sob grande pressão e faz rodar a broca por meio de uma caixa de velocidades. Uma vez que o tubo de perfuração não tem de transmitir forças de rotação, pode ser fabricado com ligas leves de alumínio em vez de aço, diminuindo para metade o peso que tem de ser suportado pelo derrick (torre de sondagem), que atinge a altu ra de um edifício de 30 andares. Quando a broca é içada para substitui ção, podem retirar-se para estudo amos tras de rocha. Os cientistas russos desco
briram veios com ouro, ferro, cobalto e zin co, provavelmente formados a partir de elementos transportados por fluidos pro fundos através das fissuras da rocha. Verificaram também um aumento de temperatura inesperadamente rápido. À profundidade de 10 km a rocha estava à temperatura de 180°C, e não a 100°, como se pensava. Os processos russos poderiam, em princípio, tornar possível atravessar, pela primeira vez, a crusta terrestre. Mas as tem peraturas criariam um problema: as ligas utilizadas no tubo de perfuração enfraque cem a temperaturas superiores a 230°C, pelo que seria necessário um material muito caro, como o titânio. Por outro lado, para se encontrar a zona da crusta menos espessa, a perfuração leria de ser feita no oceano profundo, o que aumentaria ainda mais as dificuldades.
Como se prova a deriva dos continentes? Já em 1620 o filósofo inglês Francis Bacon se referia aos contornos das costas da América do Sul e da África, os quais suge riam que elas teriam estado juntas no pas sado, tendo-se depois afastado. Em 1912, o meteorologista alemão Alfred Wegener ar gumentou em favor dessa teoria. Mas ela só foi comprovada satisfatoriamente para a maioria dos geólogos na década de 60. A ajustabilidade entre os dois continen
tes é bastante perfeita, principalmente no limite das plataformas continentais — me lhor do que nas linhas de costa, cuja forma é continuamente modificada pela erosão marinha. Mas o contorno dos continentes a uma profundidade de cerca de 900 m mostra que a faixa de ma justaposição não ultrapassa em média os 80 km. Entre outras provas de que os continen tes já estiveram ligados, figuram caracterís
ticas geológicas comuns, tais como rochas de tipo e idades semelhantes, ou também muitas plantas e animais que parecem ter srcem comum. Por exemplo, muitos pei xes de água doce da América do Sul são parentes próximos de espécies africanas, e é difícil aceitar que tenham atravessado o oceano Atlântico. Mas foram provas de natureza mais prá tica que convenceram os cépticos. Amos
Um "puzzle". Disposição ac tual dos continentes (ã esquer
da). pudessem Juntar-se, a costaSe ocidental da África ajustar-
-se-ia à costa oriental da América
A Terra em transformação. Há cerca de 250 milhões de anos, os continentes forma vam um único supercontinenie, a Pangeia ("todas as terras ) (em cima). Há 100 mi lhões de anos os continentes estavam já separados (em baixo).
do Sul. Outras provas da deriva dos continentes são-nos dadas por fósseis como o mesassauro, encontrado em ambos os conti nentes. Animal de água doce que viveu há 280 milhões de anos. nunca poderia ter atraves sado o oceano.
207
PLANETA EM ACTIVIDADE Placas crustais
Dorsal média atlântica
A rocha em fusão sobe, empurrando as placas lateralmente.
A deriva dos fundos oceânicos . As cristas oceânicas forniam-se quando a rocha em fusão sobe à superfície. Ajrefece e conslitui nooa crusta e os continentes .suo afastados. _'(»*
Iras da crusta terrestre retiradas do fundo do mar por um navio hidrográfico americano, o Glornar Chaltenger. no fim dos anos f>0, revelaram um padrão curioso. Os geólogos colheram as amostras perfurando o leito do oceano até à profundidade de 5,5 km. Quando as rochas arrefecem, "con gelam" em si a orientação do campo mag nético da Terra: as minúsculas partículas ferromagnéticas de rocha orientam a sua magnetização segundo o campo terrestre na altura da sua formação — e esta orienta ção permanecerá fixa para sempre, desde que a rocha não volte a ser aquecida a alias temperaturas. As amostras de rochas colhidas no fun do do Atlântico revelaram que em muitas épocas do passado o campo magnético se tinha invertido, tornando-sc o norte em sul, e vice-versa. De ambos os lados de uma crista que se alonga a meio do Atlântico — a dorsal mé
CALCULO DA VELOCIDADE DE DERIVA DOS CONTINENTES Uma vez aceite a ideia da deriva dos con tinentes, na década de 60, os cientistas começaram a especular sobre a veloci dade da sua deslocação. Em certo sentido, os cálculos são sim ples: conhecendo-se a largura do Atlânti co, por exemplo, e o tempo que levou a formar-se, é fácil calcular essa velocida de. Deduz-se daí que a Europa e a Améri ca se afastaram à média de 20 km em cada milhão de anos, o que dá uma mé dia cm por as ano. Mas na com que veloci 7 dadedese2movem placas actualidade A medição de tão imperceptíveis mo vimentos só se tomou possível nos anos 80, quando os dentistas aperfeiçoaram uma técnica sofisticada baseada em es tranhos corpos celestes distanciados da Terra muitos milhões de anos-luz. Estes corpos — os quasares, ou "fontes de on das de rádio quase estelares" - parecenvse com estrelas, mas emitem mais energia do que as galáxias. Os quasares situam-se a uma tal dis tância que podem ser tratados corno pontos fixos, possibilitando a sua utiliza ção num sistema de triangulação sofísti cado idêntico ao empregado pelos to pógrafos, que tiram coordenadas angu lares de um ponto a partir de dois outros fixos para calcularem as respectivas dis tâncias. Neste caso, utilizam-se radiotelescópios em vários continentes, dois (ou mais) dos quais apontam para um quasar e gravam os seus sinais em fita magnética. Embora os telescópios rece
A Terra em conv ulsão. .4 Islândia faz par te da dorsal média atlântica onde esta se ergue acima da superfície oceânica. Um uulcanólogo estuda uma erupção do Kra fia, um dos seus oulcôes. dia atlântica — foram identificados os mes mos padrões de inversão, o que sugere que o fundo do mar estava a expandir se a partir do centro. A medida que novas ro chas se formavam, elas adoptavam o cam po magnético queuma se verificava na altura, registando, como fila de gravação geológica, o processo das inversões perió dicas. 0 padrão das inversões para leste da dorsal média atlântica é a imagem simétri ca do padrão para oeste. A crista situa-se justamente a meio do oceano Atlântico Norte e Sul, que separam a Europa da América do Norte e a África da América do Sul. Só uma explicação se ajustava a estes
factos: novas rochas eram continuamente produzidas por baixo da linha média do fundo do oceano e, ao forçarem o seu ca minho para a superfície, empurravam late ralmente as mais antigas. Ao expandir se lateralmente em ambos os sentidos, o fun do do mar transportou consigo os qua tro continentes à velocidade de cerca de 2,5 cm por ano. Esta velocidade pode pa recer muito reduzida, mas foi suficiente para criar todo o oceano Atlântico numa era geológica comparativamente recente. O Atlântico começou a formar-se há 165 milhões de anos, e, passados os primeiros 40 milhões, o Atlântico Norle tinha 3600 m de profundidade e 050 km de largura En tão, começou a formar se o Atlântico Sul à medida que a América do Sul se separava da África, afastando se lentamente até for mar o oceano hoje existente.
Origem dos sismos Os cientistas concluíram que as jazidas de petróleo do Alasca e os depósitos de carvão do Norte da Europa se formaram nos trópicos, tendo sido deslocados pos teriormonle pela deriva continental para
Raios reflectidos. Raios laser apontados de dois continentes diferentes são reflecti
dos por um satélite, fornecendo as coorde nadas que possibilitam medir a distância entre eles. Verificações periódicas revela rào quaisquer alterações dessas posições. bam o mesmo sinal, não o gravam da mesma forma devido à distância que os separa. Quando se comparam os sinais registados, pode medir-se a distância en tre os telescópios. Comparações poste riores detectam quaisquer ligeiras alte rações nas posições dos telescópios o método de triangulação é tão sensível que consegue detectar diferenças de apenas 13 mm. Outro processo de medição contí nua, de grande precisão, utiliza raiosla ser. Dois observatórios em continentes diferentes apontam lasers ao mesmo sa télite reflector. Os raios reflectidos são usados para calcular, por triangulação, a distância entre os observatórios. Verifi cações periódicas detectam quaisquer movimentos das massas continentais. as suas actuais posições setentrionais. As cadeias montanhosas são formadas quando as placas em que os continentes "flutuam" se comprimem umas contra as outras, o que é também a srcem dos sismos.
Como se calcula a idade da Terra? Só com a descoberta da radioactividade pelo físico francês Antoine Henri Becquerel, em da 1896, se tornou possível uma noção exacta idade da Terra. Os cientistas aceitam agora que a crusta terrestre solidificou há cerca de 4700 mi lhões de anos. Este cálculo foi possível através do estudo da desintegração de vá rios minerais radioactivos. Quando as rochas se formam, pelo anc feciuienlo e solidificação da lava vulcânica, ficam retidos no seu interior elementos ra dioactivos. Estes elementos decompõem209
ivirti\MV IL.J irto ut\ v^itiiiv^in
-se a um ritmo preciso, medido pelo cha mado "período de semitransformação", ou semivida, ao fim do qual se desintegrou já metade rios átomos radioactivos inicial mente presentes. Estudos detalhados permitiram deter minar os períodos de semitransformação dos diferentes elementos. Medindo a quantidade de um determinado elemento radioactivo numa amostra de rocha, o pro cesso de desintegração pode ser usado como se fosse um relógio que tivesse ini-
ciario a contagem quando a rocha se for mou. O que importa não é a quantidade precisa do elemento radioactivo que ficou, porque essa depende da quantidade que havia srcinalmente. O que é importante é a relação entre a quantidade de matéria radioactiva e o elemento no qual esta se transforma por desintegração. Quanto mais antiga for a rocha, tanto menos maté ria radioactiva contém e maior será a pro porção dos produtos resultantes da sua de sintegração.
Podem utilizar-se diversos sistemas de datação. Um deles é a desintegração do elemento radioactivo potássio-40, cujo pe ríodo de semitransformação é de 11 900 milhões de anos. A transmutação de urâ nio em chumbo (período de semitransfor mação, 4500 milhões de anos) é também utilizada. No caso da Terra, cerca de meta de do seu urânio srcinal transformou-se já em chumbo — por isso a idade do planeta é aproximadamente a mesma que o perío do de semitransformação do urânio.
Como os cientistas imaginam o centro da Terra 0 mais profundo furo feito pelo homem gam por milhares de quilómetros através penetra mais de 13 km através da gelada do interior do planeta. Estas vibrações, ou península de Kola, na Lapónia (v. p. 207). ondas sísmicas, são de dois tipos: ondas de compressão, semelhantes às ondas sono Por muito fundo que nos pareça, não passa de uma picada de alfinete na superfí ras, que provocam a vibração longitudinal cie da Terra: para atingir o centro do planeta, das rochas e que, por serem as primeiras a teria de se continuar por cerca de 6377 km. atingir a superfície terrestre, se conhecem por ondas P (primae), e ondas transver No entanto, os geólogos conseguem fa zer uma ideia de como é o inte PLANETA DE MUITAS CAMADAS rior da Terra. Pensam que o seu núcleo, com um diâmetro de 2100 km, é essencialmente for mado por ferro e níquel aqueci dos a 3800"C. Mesmo no cen tro, ou núcleo interno, com 1350 km de diâmetro, o ferro e o níquel são mantidos no estado sólido pela enorme pressão da Terra em seu redor. Estenamode lo assenta parcialmente rela ção entre a massa aparente da Terra e o seu tamanho. As primeiras estimativas da massa da Terra foram efectua das por Henry Cavendish em 1798. Ele descobrira o valor da constante de gravitação, a força com que os corpos celestes se atraem mutuamente. Pelo es tudo da órbita da Lua, pode cal cular a massa da Terra servindo-se daquela constante. Para sua surpresa, concluiu que ela pesava o dobro do que se espe raria com base na densidade das rochas da superfície. A Terra tem muitas camadas. P or baixo da crusta ficam A massa da Terra é de 6595 os mantos superior e inferior e. para atém destes, os milhões de milhões de mi núcleos exterior e interior, constituídos por ferro e níquel. lhões de toneladas (6,595x 24 xlO kg) e a sua densidade média é 5,522 vezes a da água. Mas a densidade das ro sais, querecto ângulo provocam com a direcção vibraçõesdoformando movimen chas superficiais é apenas 2,8 vezes a da to da onda — ondas S (secundae). Estes água. A discrepância pode ser explicada se dois tipos de ondas interiores, ao chega supusermos que uma grande parte do rem à superfície, geram as ondas superfi centro é formada por ferro, suficientemen ciais, ou ondas L (longae), que são as cau te denso para compensar a diferença e que sadoras das maiores destruições num sis é também encontrado nos meteoritos. mo de grande intensidade. Os estudos do interior da Terra só come As ondas de compressão (ondas P) proçaram após a descoberta de que as vibra pagam-se igualmente nos sólidos e líqui ções provocadas pelos sismos se propados, enquanto as ondas transversais ape-
210
nas se propagam através dos sólidos. A ve locidade das ondas depende da densidade do meio em que se propagam. Em 1906, o geólogo britânico R. D. Oldham descobriu que as ondas P afrouxam a partir de certa profundidade e que, a essa mesma profundidade, as ondas S desapa recem ou são reflectidas para a superfície. Sugeriu que esta profundidade assinalava a fronteira entre um manto sólido (região exterior) e um núcleo líquido (desconti nuidade de Gutenberg). Três anos depois, o sismólogo jugosla vo Andrija Mohorovicic descobriu uma se gunda fronteira, cerca de 32 km abaixo da superfície, onde a densidade e, possível mente, a natureza das rochas mudavam abruptamente. Concluiu que esta frontei ra, agora chamada descontinuidade de Mohorovicic, constituía a separação entre
o manto e a crusta terrestres. Trabalhos posteriores sugeriram que o núcleo central da Terra era sólido. Assim, os geólogos concluíram que a Terra possui uma pequena região sólida no centro ro deada por um núcleo líquido, por um manto denso c, finalmente, pelas rochas mais leves da crusta. Uma sismologia mais sofisticada acres centou pormenores a esta imagem, divi dindo a crusta em pelo menos duas cama das e o manto em três. Mas na década de 80 os computadores analisaram as ondas sísmicas e produzi ram uma imagem muito mais clara. Deter minaram, por exemplo, que não só o man to como também o núcleo variam de es pessura de região para região, como acon tece com a crusta. Mostraram também que os continentes têm "raízes" frias profun das, penetrando 200 km no manto. No entanto, muito está por conhecer acerca da Terra. Sabe-se que o centro é quente devido ao calor que dele constante mente se liberta. Dos vulcões irrompe lava em fusão, e as minas são mais quentes no fundo que à superfície. Calcula-se que a temperatura do núcleo interior seja de cer ca de 3850°C, mas desconhece-se a fonte desse calor.
Como funciona? Como é que um raio laser produz música? Como é que um cartão nos paga as contas? Porque é tão preciso um relógio atómico? Os últimos anos do século xx estão repletos de exemplos
espantosos de tecnologia em funcionamento.
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* Como os robôs estão a substituir as pessoas, p. 246
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'm . Como um disco produz música, p. 222
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•4 &jmà*mAWmi
Como o microscópio electrónico perscruta o espaço Interior, p. 245
Como é possível telefonar para o outro lado do Mundo Existem mais de 500 milhões de telefones em serviço em todo o Mundo. Em pouco mais de 100 anos — desde que o escocês Alexander Graham o pri re meiro telefone, em Bell 1876patenteou —, o telefone volucionou as comunicações mundiais. Hoje, as redes telefónicas transmitem não só vozes como imagens e informa ções escritas por cabos subterrâneos, aé reos e submarinos, e através do ar por fei xes hertzianos de microondas, isto é, on das de rádio de frequências extremamente altas (v. p. 216). As chamadas interconti nentais podem fazer-se com menos de um segundo de demora na ligação e sem difi culdades de escuta. As companhias multi nacionais podem, inclusivamente, fazer reuniões em que os executivos em várias partes do Mundo conversam entre si atra vés de écrans de televisão.
Satélites, microelectrónica e "lasers" Entre os modernos inventos que possibili taram esta revolução, incluem-se os satéli tes artificiais, os circuitos integrados e os lasers. Early Bird, o primeiro satélite co mercial, foi lançado em 1965 pela Interna tional Telecommunications Satellite Organisation (INTELSAT). Hoje, estão em órbi ta cerca de 130 satélites, Iransmitindo men sagens em microondas entre as diversas estações terrestres. As suas órbitas situam-se a cerca de 36 000 km acima do equador e completam-se em 24 horas, pelo que os satélites parecem estar imóveis (são os chamados satélites geoestacionários). A partir das estações terrestres com as suas enormes antenas parabólicas, algu mas com 30 m de diâmetro, são enviadas para os satélites as microondas portadoras das mensagens. Estas antenas são coman dadas por computador para estarem por manentemente apontadas ao satélite. As microondas não servem unicamente as li gações via satélite - antenas parabólicas enviam igualmente mensagens à superfí cie da Terra, em linha recta, entre torres localizadas, de forma a assegurar trajectó rias livres de obstáculos. Ligações à escala mundial. Estas enor mes antenas parabólicas em Raisting, Ale manha, pertencem a uma das muitas estu ções terrestres da rede internacional de co municações via satélite e estabelecem liga ções entre todas as partes do Mundo a qual quer hora do dia ou da noite. 212
LUMU rUINV-IUINAÍ
L,UJVIU r UINV-IUINA:
BOCAL
COMO FUNCIONA UM TELEFONE
Baixa
Onda son
AUSCULTADOR
0 "auscultador" do telefone incorpora um emissor (tradicionalmente, um microfone de carvão) no bocal e um receptor (ultila lante) no auscultador. Apoia-se num inter ruptor de descanso ligado à central. Quando se levanta o auscultador, uma corrente eléctrica passa pelos grânulos de carvão ou pelos electroímanes do micro fone (os telefones modernos já não utili zam microfones de carvão). Alta
Onda sonora
4lMJM|r^ ,4^ AI1.1
Corrente eléctrica
MICROFONE Baixa
Quando o diafragma vibra, a corrente que atravessa o microfone varia, porque quanto mais comprimido s são os grânu los, mais cor rente deixam passar. A corrente copia portan
to o padrão das ondas de pressão do som. CENTRAL TELEFÓNICA
As ondas sonoras da voz fazem vibrar um delgado diafragma de metal no microfone e é precisamente esta vibração que pres siona com mais ou menos força os grânu los de carvão. Nos satélites, os sinais transmitidos são ampliados por circuitos microelectróniCOS. Estes colaboram também na obten ção de comunicações mais claras e velozes ao permitirem as rápidas comutações eléctricas necessárias ao envio de mensa gens telefónicas por transmissão digital. E os lasers tornaram possível o emprego de cabos de fibras ópticas — fios de vidro que transportam mensagens digitais à veloci dade da luz com uma tal capacidade que milhares de conversas telefónicas podem ser transmitidas simultaneamente por uma só fibra. Entre os serviços de telecomunicações actualmente disponíveis, contam-se o fax, os bieepers, os telefones sem cabo, os tele fones para automóvel e até para avião, que permitem aos passageiros fazer chamadas durante o voo.
O transporte da corrente Para completar o circuito entre o transmis sor e o receptor telefónicos, é necessário 214
Cada telefone está ligado a uma central te lefónica local por um par de fios, e as cen trais estão ligadas entre si através de cabos. Os circuitos são independentes da rede eléctrica nacional, e a corrente que neles flui é muito mais fraca
0$ sinais recebidos alimentam um electro íman junto a um diafragma. A corrente faz corn que o iman atraia ou solte o diafragma, e as vibrações deste produzem ondas sono ras idênticas às que entraram no microfone.
um par de fios, ou condutores. Certos ca bos têm milhares de pares de fios. Se cada chamada precisasse de um par de fios para a sua transmissão através da rede telefónica, a transmissão simultânea de milhares de chamadas de uma central para outra seria impraticável. Um par de fios de cobre vulgar consegue transmitir apenas um número limitado de chamadas simultâneas, pois os cabos destinam-se a correntes de baixa frequência. As frequên cias mais altas permitiriam maior número de chamadas simultâneas e portanto maior capacidade do cabo, mas, se não se usar um tipo diferente de cabo, o sinal dispersa-se e perde a intensidade. Na maioria, as linhas entre as centrais telefónicas são hoje constituídas por cabos coaxiais, nos quais o sinal é confinado a fim de impedir perdas de intensidade e in terferências. Em vez de um par de fios, cada cabo coaxial tem um fio de cobre central, um isolador que o cobre e um co n dutor de cobre exterior que envolve o con-
junto como uma manga. Amplificadores incorporados ampliam os sinais a interva los aproximados de 2 km. O cabo coaxial permite o uso de altas frequências e o transporte de milhares de chamadas si multâneas. As operações que permitem juntar vá rios sinais numa só linha dizem-se de multiflexagem; na recepção, tem de haver uma desruultiflexagem, que canaliza cada sinal para o receptor correcto. Utilizando a téc nica da multiflexagem em frequência, os sinais eléctricos correspondentes às ondas sonoras da fala são modulados — isto é, combinados com uma onda portadora electromagnética, tal como na rádio. Atra vés de um mesmo par de condutores, é depois enviada uma série de ondas porta doras de diferentes frequências. Na central receptora, as diversas porta doras são separadas e os sinais são separa dos das portadoras por um processo cha mado desmodulaçáo e depois filtrados para os respectivos receptores.
COMO FUNCIONA?
Transmissão de vozes por meio de números Até à década de 70, a maioria das chama das telefónicas era transmitida sob a forma de sinais eléctricos que .seguem as vibra ções da voz. São os chamados sinais analó gicos, por serem de estrutura semelhante à do som. A transmissão dos sinais sob esta forma é sensível a interferências eléctricas, que introduzem ruído que pode afectar a compreensão das vozes. Após os anos 70, o sistema analógico começou a ser substituído por um siste ma digital que elimina a maior parte das interferências e da distorção. Os sinais eléctricos analógicos provenientes do microfone são convertidos em números binários (v. p. 241) nos circuitos electró nicos da central e transmitidos numa for ma codificada. Para tal, o valor do sinal eléctrico analó gico gerado pelo microfone é medido mi lhares de vezes em cada segundo. Cada medida é expressa por um número biná rio uma sequência dos algarismos 1 e 0 representada por uma série de impul sos —, passagem da corrente para um 1, interrupção da corrente para cada 0. É a chamada modulação por impulsos (puise-code rnodulation, ou PCM). Como cada impulso é muito curto, os impulsos de uma chamada podem ser intercalados com os impulsos de outras. Esta técnica de multiplexagem no tempo que se usa para sinais digitais permite a transmissão simul tânea de 32 chamadas por um único par de condutores ou de milhares de mensagens ao longo de um cabo coaxial. Telefonar em viagem Os telefones móveis instalados nos carros são, na realidade, rádios ligados à rede tele fónica normal. A rede de radiotelefones é operada num sistema de células o terri tório abrangido é dividido em pequenas áreas, ou células, com cerca de 5 km de diâmetro. Cada célula tem o seu transmis sor central de baixa potência ligado à rede telefónica. Um conjunto de células constitui um grupo, e cada célula de um grupo tem uma frequência diferente. Pode utilizar-se num grupo adjacente o mesmo con junto de frequências sem causar interfe rências, porque o alcance de cada trans missor é restrito. Os transmissores das células eslão liga dos por cabo adeum computador que transfere uma célula paracentral, outra a informação da posição do carro à medida que este anda. Quando se faz uma chama da telefónica para um carro, o compu tador comuta a ligação do telefone para o transmissor celular mais próximo, a fim de se obter a melhor recepção. Quando a cha mada é feita do carro, a antena da célula mais próxima capta os respectivos sinais c encaminha a chamada.
A rádi o: transmi ssão de son s à velocidade da luz Quando escutamos um concerto ao vivo através da rádio, ouvimos a música antes de algumas pessoas presentes na sala do concerto. Este fenómeno espantoso deve-se ao facto de as ondas de rádio transpor tarem o som até nossa casa à velocidade da luz. As ondas sonoras (devidas à vibração das vozes e instrumentos) levam mais tem po a atravessar a sala.
De sons a sinais eléctricos Quando um som entra no microfone, as ondas sonoras provocam a vibração de um diafragma. As vibrações são converti das em sinais eléctricos, que são amplia dos e introduzidos num modulador — aparelho que os usa para "modular", isto é, alterar a amplitude ou a frequência de uma onda de alta frequência gerada por
O
4
Emissáo histórica. Eduardo VIU de
Inglaterra abdica, em 1936, para casar com "a mulher que ama" — a americana Wallis Simpson.
A emlssáo rios sinais através rio ar As antenas emissoras de radiodifusão são constituídas por uma espira ou por um va rão de metal com uma dimensão que de pende da frequência a ser transmitida. A corrente oscila rapidamente na antena ra diando ondas electromagnéticas como o filamento de uma lâmpada radia luz eléc trica. Estas antenas, de difusão para toda uma área, não são direccionais: as ondas, que transportam os sinais, propagam-se em todas as direcções a partir da torre.
Da galena ao transístor
físico alemão Heinrich Hertz de monstrou, em 1888, que era pos sível transmitir energia eléctrica através do ar. Entre 1894 e 18%, o cientista Gu glielmo Marconi aperfeiçoou um pro cesso de utilizar as ondas hertzianas no envio de sinais em código Morse — mé todo que ficou conhecido por telegrafia sem fios. Em 1901, já Marconi aperfei çoara por tal forma o seu sistema que conseguiu enviar sinais de telegrafia sem fios através do Atlântico, desde a Cornualha até S. João da Terra Nova Dm engenheiro canadiano fez a pri meira emissão radiofónica pública do Mundo do Massachusetts, nos EUA, ouvida por navios a 100 milhas (160 km) de distância — na véspera de Natal de 1906. Era Reginald Aubrey Fessenden, que descobrira a maneira de combinar os sinais de um microfone corn uma onda electromagnética. O processo tomou o nome de "rádio". Ao princípio, os ouvintes tinham aus cultadores ligados aos receptores, que utiliza vam cristais de galena para captar as ondas de dar rádio. lugar Estes aosvieram apare-a
um oscilador, a chamada onda portadora. Esta onda modulada é enviada por cabo para uma antena, que a emite sob a forma de uma onda de rádio, onda electromag nética, que se propaga pelo espaço ã velo cidade da luz.
lhos com altifalante, válvulas diódicas e circuitos electrónicos mais potentes, de pois da invenção do thodo pelo america no Lee de Korest em 1907. Com as primei ras válvulas (que serviam para ampliar os sinais), os aparelhos tinham de ser liga dos, para aquecerem, cinco minutos an tes de o programa começar. As radioemissões regulares começa ram em 1920, a partir de emissoras em Pittsburgh e Detroit. Edwin II. Armstrong aperfeiçoou o receptor em 1924, e no final dos anos 50 já os pequenos Iransístores substi tuíam as volumosas válvulas.
Telefonia antiga. Muitos terão ouvido os primeiros programas de rádio num receptor deste tipo.
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COMO FUNCIONA' A captação dos sinais No espaço à nossa volta, entrecruzam-se as ondas de milhares de radioemissões si multâneas. Cada uma delas tem, no entan to, uma frequência de onda portadora úni ca, diferente de todas as outras. A antena de um receptor, que capta estas ondas, está ligada a um sintonizador, circuito electró nico que aceita apenas uma frequência: sintonizar um receptor é ajustar exacta mente a frequência que ele aceita à fre quência da emissora pretendida. 0 sinal assim seleccionado é amplifica do, separado da portadora por um desmodulador, novamente amplificado (regula do pelo botão de "volume") e conduzido aos altifalantes. Estes têm a função inversa da dos microfones: transformam um sinal eléctrico em ondas sonoras, reproduzindo o mesmo som que foi captado pelo micro fone da estação emissora.
MODULAÇÃO DE UMA ONDA PORTADORA DE RÁDIO
Portadora. Onda gerada por um osci lador eléctrico.
Sinal de áudio. Corrente eléctrica saí da de um microfone de forma variável.
AMe FM A onda portadora oscila com uma fre quência e uma amplitude constantes. O sinal vai modificá-la - modulá-l a - de forma a ser transportado com ela. Há duas formas de o fazer: a modulação de ampli tude (AM) e a modulação de frequência (KM). Em AM, a amplitude de oscilação da portadora é amplificada ou reduzida de um factor proporcional ao próprio sinal. Em FM, a amplitude de oscilação penna nece constante; é a própria frequência do oscilador que gera a portadora, que varia de acordo com o sinal (v. quadro).
Modulação de amplitude. A ampli tude da oscilação da portadora é am plificada ou reduzida
Modulação de frequência. A fre quência do oscilador gera a onda por tadora, que é feita variar de acordo com o sinal.
A modulação de amplitude é normal mente utilizada nas três bandas de mais baixa frequência (maior comprimento de onda): na banda das ondas longas (com primentos de onda de 2000 a 1000 m), na das ondas médias (677 a 187 m) e na das ondas curtas (100 a 10 rn). As ondas destas bandas destinam se à difusão radiofónica para regiões muito grandes, aproveitando o seu enorme alcance, devido ao facto de serem reflectidas tanto pelo solo como pe las camadas ionizadas da atmosfera supe rior, situadas a altitudes de mais de 100 km, que constituem a chamada ionosfera; reflcctindo-se sucessivamente e na Terra, dão facilmente a voltano aocéu Globo. As bandas de KM são normalmente em VIIF (uery high frequeney. ou frequência muito alta), com frequências de 87 a 108 MHz (v. à direita). Estas altas frequências não são já reflectidas pela ionosfera, de for ma que um emissor só é captado se direc tamente "visível" pela antena receptora Destinam-se portanto a emissões locais. A banda de VHF é também a utilizada pela Polícia, pelos táxis e pelos radioama dores. O topo desta banda pode também ser usado para emissões de televisão, mas actualmente quase todos os canais de tele visão europeus usam a banda de UHF [ul tra high frequeney, ou frequência ultra alta), dos 450 aos 855 MHz. As ondas de rádio de comprimento inferior a 300 mm são as mi croondas. Os radares e as comunicações por satélite utilizam as microondas nas fre quências superaltas de 3 a 30 GHz.
AS ONDAS DpCÇfiPECTRO ELEC As fontes naOrais orenergia radi te, cornOjOrSol, cmiteui ondas o ^comprjwÊntos de ondavdesde Ojíis
FREQUÊNCIAS 1 milhão de ciclos por segundo
1000 milhões de ciclos por segundo
10 000 milhões de ciclos por segundo
100 biliões de ciclos por segundo
-'Umx Infravermel Televisão. Os sinais de Radar. Os barcos remoto. As ondas 7V são transportados navegam com emissão Rádio. Muitos programas de de rádio transportam sinais por ondas de frequência de sinais na banda das rádio são emitidos em ondas para o comando â distância longas e médias. Orson Welles microondas. Os obstáculos ultra-alta. Os astronautas por exemplo, de modelos transmite A Guerra dos Mundos, reflectem os sinais, eos na Lua em 1969 foram de cairos ou aviões. ecos surgem num écran. vistos por milhões. de II G. Wells, em 1938. Controle
216
A intensidade da radiação t pode ser traia
computador: grafias detetíi ui trites ou canc
COMO FUNCIONA?
AS ONDAS QUE NOS CHEGAM PROVENIENTES DO ESPAÇO Quando vemos um arco-íris, estamos a pagam à velocidade da luz, 300 000 km/s. rnonstrou que os sinais eléctricos po ver as diferentes ondas electromagnéticas Chamam-se electromagnéticas porque diam ser enviados através do ar. Hertz fez da banda visível emitidas pelo Sol. Este são formadas por campos eléctricos e saltar uma faísca entre duas esferas de emite simultaneamente em todas as fre campos magnéticos que vibram perpen metal ligadas por uma espira de arame e quências desta banda, produzindo na dicularmente entre si. Os campos propaverificou que isto induzia, num dispositi nossa retina a impressão a que chama gam-se um pouco como no movimento vo semelhante colocado a certa distância, mos "luz branca". Quando a luz do Sol de uma corda cuja extremidade é sacudi uma tensão eléctrica suficiente para pro incide em gotículas na atmosfera, os seus da, mas à velocidade da luz. duzir também uma pequena faísca. As raios são desviados - refractados —, por frequências elevadas das ondas de rádio A altura da onda — metade da distar] que na água se propagam a uma veloci cia entre a crista e o mínimo - é chama são geralmente expressas em kilo-hertz dade menor que no ar. Ondas de diferen da amplitude. Outra característica muito (kHz, milhares de hertz), mega-hertz tes frequências sofrem desvios e chegam, importante de uma onda é a sua frequên (MHz, milhões de hertz) ou giga-hertz portanto, aos nossos olhos de direcções (GHz, milhares de milhões de hertz). As cia, isto é, o número de cristas que passa um pouco diferentes - num arco-íris, a por dado ponto em um segundo. O valor radiações visíveis (a luz) têm frequên J luz branca aparece nos decomposta nas cias extremamente elevadas. A de me do comprimento de onda - a distância ;Suas ondas de diferentes frequências. O entre duas cristas consecutivas — obtcm- nor frequência, a vermelha, vibra a cerca 'olho humano atribui às frequências mais se dividindo a velocidade da onda (a da de 400 milhões de mega-hertz, a que • baixas a cor vermelha e às mais altas a cor luz) pela sua frequência. Portanto, quan corresponde um comprimento de onda [violeta. inferior a um milésimo de milímetro. to maior o comprimento da onda, tanto Mas as ondas de rádio utilizadas nas co menor a frequência. As ondas de luz constituem apenas municações vão desde cerca de 1 mm uma parcela das ondas electromagnéti As frequências medem-se em ciclos até aos 30 km, com frequências entre cas que nos chegam vindas do Sol c. de por segundo, ou hertz, do nome do ale 30 GHz e 10 kl Iz. I outros corpos celestes. As ondas sono mão Heinrich Hertz, que, em 1888, deras são ondas de pressão, não electro magnéticas. As ondas de rádio geradas Comprimento de onda. Distância entre duas cristãs (máximos) consecutivas. electricamente para transmitir os sons sob a forma de sinais são semelhantes Amplitude. Metade da diferença entre o máximo e o mínimo da oscilação. em estrutura às ondas de rádio que ocorrem na Natureza. Frequência. Número de cristas que passam Medir o comprimento de onda Todas as ondas electromagnéticas se pro
1000 biliões de ciclos por segundo
Wfe
1 trilião de ciclos por segundo
100 triliões de ciclos por segundo
por um ponto em cada segundo.
Velocidade. Distância percorrida por uma dada crista num segundo.
10 000 triliões de ciclos por segundo
Luz do Sol. A luz é composta
por uma banda de frequências diferentes - as sete cores
do arco-íris.
Radiação ultravioleta.Os raios UVda luz do Sol são uma fonte de
oitamina D. A exposição excessiva ao sol pode causar cancro da pele.
Raios X. Como a luz, estas ondas podem produzir fotografias. Atravessam rnais facilmente a carne que os ossos ou os metais. Raios gama. Durante a sua desintegração, os átomos radioactivos emitem raios gama.
Raios cósmicos. Estas ondas de srcem ainda misteriosa
provêm do espaço exterior, talvez de supernovas que exf>lodirarn.
A televisão: imagens ao vivo transmitidas por ondas de rádio Quando ligamos o aparelho de televisão, a imagem que vemos é criada por um pa drão de luz formado por sinais eléctricos. A câmara de televisão converte a imagem que capta em sinais eléctricos, que são transmitidos por ondas de rádio à velocida de da luz. Um jogo de futebol, por exem plo, aparece-nos no écran praticamente na mesma altura em que decorre a acção. As cores de um écran de televisão são
lê-se uma intensidade luminosa — Obtém-se um sinal eléctrico proporcional ao flu xo luminoso no ponto. Até há poucos anos, a conversão da imagem era feita quase exclusivamente em tubos especiais de raios catódicos. A imagem é focada num écran que reveste o vidro do tubo do lado interior. Este écran é feito de uma substância fotocondulora, isto é, que se deixa atravessar por correntes
linhas ímpares, depois nas linhas pares. Este "entrelaçamento" produz uma ima gem completa em 1/25 de segundo. 0 olho humano retém cada imagem durante esse espaço de tempo, pelo que uma série de imagens passadas a essa velocidade apa renta ser uma imagem contínua. Se fossem passadas mais lentamente, notar-se-ia um acender e apagar da imagem no écran, e a acção seria sacudida. O varrimento é feito
produzidas pela mistura de diferentes pro porções de luz de apenas três cores. As cores da luz não se misturam como as Un tas. Em televisão, as trás cores primárias - aquelas com que se formam todas as outras - são o vermelho, o verde e o azul. Quase todas as tonalidades se obtêm pela sua mistura em proporções diversas. A câmara de televisão decompõe a luz proveniente da cena nas três cores primá rias e dirige cada uma destas para um dis positivo que converte as imagens em se quências de sinais eléctricos. 0 princípio é muito simples: a imagem "lê-se" como a página de um livro, linha a linha; em cada ponto de uma linha, em vez de uma letra.
eléctricas tanto mais quanto mais iluminada; deste facilmente modo, surge à sua superfície um padrão de cargas eléctricas que reproduz a imagem. Esse padrão é "lido" sequencialmente por um feixe foca do de electrões (raios catódicos) que varre o écran linha a linha. Os feixes de electrões fazem o varrimen to da imagem em 625 ou 525 linhas, con forme o sistema utilizado; 625 dão melhor definição e c o sistema da Europa, de gr an de parte da Ásia e da Austrália. 0 sistema de 525 linhas é usado na maior parle das Américas do Norte e do Sul e no Japão. O varrimento faz-se de cada vez em me tade do "campo" — isto é, primeiro nas
em etapas, porque hásódificuldades técniduas cas em explorar de uma vez, à velo cidade referida, a totalidade do campo. Há alguns anos, surgiu um novo disposi tivo de captação da imagem. E o CCD (charge coupled devicej, uma simples bolacha de silício dividida em centenas de milhares de minúsculos dispositivos pelas técnicas da microelectrónica, ligados em filas — as linhas. Quando a luz de um ponto da ima gem incide num destes dispositivos, cria nele uma carga eléctrica proporcional â in tensidade luminosa, que é acumulada num minúsculo "poço de potencial". Esta carga é em seguida passada ao longo de uma fila, de dispositivo em dispositivo, tal
COMO A IMAGEM DE TELEVISÃO VIAJA DESDE A CAMARÁ AO "ÉCRAN' CAMARÁ DE TELEVISÃO
RECEPTOR DE TELEVISÃO Emissor Antena de TV doméstica
Canhões de electrões •Os sinais de TV sáo emitidos por uma antena sob a forma de ondas de rádio de ultra-alta frequência (UHF)
Amarelo
Vermelho
A lente de uma câmara a cores foca a imagem que está a captar através de um separador de diri co res — prismas de vidro que gem a luz de cada uma das três cores primárias para um tubo electrónico diferente. Em cada tubo, a luz cria minúsculas cor gas eléctricas. Feixes de elec trões traduzem as cargas em si nais eléctricos, que são envia dos para um posto emissor. 218
As cores num écran de TV são pnxlu zidas pelas misturas de sinais de luz verdes, vermelhos e azuis. Mistura dos aos pares, o verde e o azul dão ciano, o azul e o vermelho dão ma genta e o vermelho e o verde dão amarelo. Todas as cores misturadas produzem branco.
Revestimento fluorescente no écran de TV
i
_ Um feixe de electrões varre a parte de trás do écran de cima para baixo — segundo linhas, primeiro as impares, depois as pares - , produzindo uma imagem completa em cada 1/25 de segundo.
Os sinais incidem sobre um revestimento químico na parte de trás do écran (amplia ção à direita). Uma pequena parte da ima gem é mostrada ã esquerda em tamanha natural.
l
LUMU l-UINUUINA.'
A marcha do tempo. A pintura (em baixo) representa o naufrágio do Titanic,em 1912. Os destroços foram en contractos a 4000 m de profundidade em 1985 por uma expedição, que depois (irou fotografias por meio de um robô guiado a partir de um submarino. Imagens corno as da proa (à esq.) foram apresentadas na televisão.
como uma cadeia de bombeiros passando baldes de água mais ou menos cheios; na saída do circuito, obtém-se um sinal eléctri co proporcional à carga gerada ponto a ponto. Os CCD's são de baixo preço e têm alta sensibilidade, pelo que invadiram rapi damente o mercado rias câmaras de vídeo; de facto, foi o seu baixo custo que abriu o mercado das câmaras para amadores. 0 sinal de vídeo gerado pela câmara é usado para modular uma onda portadora, normalmente na banda de UHF (ou das microondas, no caso dos satélites) e radiodifundido a partir de uma antena emissora. A estas altas frequências, os sinais não são reflectidos, de modo que as antenas receptoras têm de estar apontadas directa mente à estação emissora, sem obstáculos pelo caminho. Para antenas emissoras ter restres, isto limita o seu raio de acção a cerca de 65 km, pelo que se utiliza uma rede de emissores. Em países com popula ções dispersas ou com montanhas e edifí cios que interfiram na recepção, estas re des apresentam problemas; por isso, as empresas de televisão cada vez se voltam mais para os satélites de comunicação, utilizando-os como relés dos sinais.
Recepção de imagem Quando premimos o botão do canal que pretendemos, fechamos um circuito do mecanismo selector, o que sintoniza electricamente o receptor para a frequência correcta para a recepção. Os sinais da emissão são captados do espaço pela nos sa antena de televisão. Os sinais provenientes da antena são muito fracos e têm de ser ampliados. De pois, são desmodulados (separados da portadora) e conduzidos ao tubo de raios catódicos para reprodução da imagem. Este tem a função inversa da de uma câmara, convertendo os sinais eléctricos num padrão de luz colorida. Numa das ex tremidades estão três canhões electróni cos, na outra o écran. Cada canhão elec trónico destina se a reproduzir uma cor primária e dispara um feixe de electrões. A face interior do écran está revestida com faixas verticais de materiais fluorescentes (isto é, que emitem luz quando bombar deados pelos electrões), alternando as co res vermelha, verde e azul. Por detrás do écran, uma grelha com frestas verticais ali nhada com as faixas permite que o feixe de uma cor incida unicamente sobre o mate rial que fluoresce com essa mesma cor. Os feixes de electrões varrem o écran linha a linha, exactamente como a imagem na câ mara foi "lida". Os sinais de vídeo são aplicados a um eléctrodo dos canhões de electrões, fazen do variar a intensidade dos feixes emitidos e, portanto, a luminosidade do material fluorescente - daí resultando a reprodu ção, no écran, da imagem srcinal captada pela câmara.
A
Dos discos giratórios aos satélites espaciais
s primeiras ideias sobre a transmis são de imagens à distância surgi ram a seguirá introdução do telefone; se podiam ser enviadas vozes a grandes distâncias, porque não também ima gens? Cedo se compreendeu que as imagens não podiam ser transmitidas como um todo, e a forma de decompor uma imagem e reconstituí-la depois foi sugerida por Paul Nipkowem 1884. Nipkow utilizou discos giratórios perfura dos para dissecar e em seguida recom por uma imagem a preto e branco. Em 1906, o cientista russo Boris Ho sing conjugou o princípio de varrimen to do disco de Nipkow e as possibilida des de formar imagens do tubo de raios catódicos - inventado por Kerdinandi Braun em 1897 — e criou o primeiro, e rudimentar, sistema de televisão. O tubo de raios catódicos é ainda hoje 0 componente fundamental da televisão. As emissões experimentais começa ram na América em 1928, mas o primei ro sistema prático foi instalado em 1-ondres pelo escocês John Logic Baird, que abriu1929 o primeiro estúdio em e utilizou discosdedetelevisão Nipkow para o varrimento, tanto no emissor como no receptor. Poucos anos depois, o sistema de Baird, de varrimento me cânico por disco, foi ultrapassado pela câmara electrónica, inventada pelo rus so Vladimir Zworykin, que produziu, em 1931, o primeiro modelo prático. O primeiro serviço regular (três dias
por semana) de televisão começou em Berlim em 1985, operado pela Fernseh, empresa alemã por que Baird se inte ressara. A BBC Britânica inaugurou o primeiro serviço público de alta defini çáo em 1936, e a RCA iniciou as trans missões na América em 1939. As emis sões a cores começaram experimental mente nos EUA em 1951. A televisão por cabo surgiu nos Esta dos Unidos nos anos 50, com empresas comerciais enviando os seus progra mas aos subscritores através de cabos. Este sistema permite a existência de mais canais que a transmissão por rá dio. Na Europa, a televisão por cabo só apareceu na década de 80. Às vezes, a televisão por cabo é tam bém, parcialmente, televisão por satéli te, sendo os programas retransmilidos por satélite até às antenas parabólicas das empresas numa estação central e daí, por cabo. para o telespectador. En toe outros sistemas televisivos introduzi dos ou em estudo final no fim da déca da de 80, conta-se a televisão por micro ondas, com capacidade de até 60 canais para curtas distâncias, a televisão de alta definição (HDTV). que utiliza mais de 1200 linhas de varrimento, e a emissão directa por satélite (DBS) para peque nas antenas parabólicas. As empresas emissoras codificam os sinais de forma que possam ser recebidos unicamente pelos assinantes com telerreceptores munidos de descodificadores.
219
tUMU rUNVIUINAÍ
Controle remoto: a operação de comutadores à distância O advento do computador e a exploração do espaço criaram a necessidade de co mandos operados à distância. Esta neces sidade conduziu à actual era da microelec trónica, iniciada nos anos 50 co m o transíslor e o chip de silício — pequeno cristal de silício obtido por divisão de uma "bola cha", no qual são formados os circuitos microelectrónicos. É um chip de silício que
números binários (v. p. 241), é sobreposto ao feixe tal como um sinal de rádio é sobre posto à onda portadora. No televisor, o feixe codificado é rece bido por um dispositivo sensível às ondas infravermelhas. Os sinais são recebidos, amplificados e introduzidos noutro chip de silício, que identifica o código. Aquele remete então o sinal a um comutador
portas, pelo que hoje se usa mais o radiocomando. Um radiocomando portátil é um emissor em miniatura que, de qual quer ponto nas imediações, pode abrir portas de garagem munidas de um re ceptor. O sinal de rádio liga o molor que acciona as portas. O sistema de radiocontrole dos mode los de aviões c barcos é mais complexo.
constitui o coração do aparelho de coman do dos vulgares televisores. Quando premimos um botão no con trole remoto, o chip activa a emissão de um feixe de infravermelhos (v. p. 216). O feixe transporta um sinal codificado, variando o código conforme o botão que se prime ligar, mudar de canais ou aumentar o volu me, por exemplo. O código, baseado em
electrónico que executa a instrução dada. Para abrir e fechar portas de garagem, utilizam-se os telecomandos ultra-sónicos, que emitem ondas sonoras de alta frequência dirigidas a um microfone re ceptor. Este, por sua vez, envia sinais a um motor eléctrico que opera as portas. E têm de funcionar em linha recta com as
O emissor manual emite sinais de rádio codificados. Um receptor no modelo descodifica os sinais. Esles são introduzi dos em motores eléctricos, os servomecanismos. Estes abrem e fecham a válvu la reguladora do motor, levantam e bai xam o trem de aterragem e accionam as superfícies de coma ndo com o os a/terons e o leme.
O vídeo: gravação de imagens em fita magnética Um gravador de vídeo capta sinais eléctri Gravação e reprodução Os sinais de imagem são gravados na zona cos da estação de televisão ao mesmo tem central como uma série de pislas inclina Ao carregar no botão de gravar, a máquina po que o nosso televisor. Mas, em vez de das, e os sinais sonoros que os acompa puxa uma alça de fita de entre as duas bobi converter esses sinais directamente em nham são gravados como pistas longitudi nas da cassete e passa-a em volta de um imagens, o vídeo armazena-as em fita nais ao longo de um dos bordos da fita. lambor rotativo accionado por um molor magnética, da mesma forma que um gra A reprodução é a inversão do processo eléctrico. As cabeças de gravação da ima vador de som armazena sinais sonoros. de gravação. Quando a fita está gravada e gem, duas em geral, estão montadas no Como a transmissão de imagens exige lambor, voltadas para fora, e imprimem os rebobinada e se carrega no botão de play, uma quantidade de sinais muito maior os sinais armazenados na fita magnélica sinais na fita enquanto vão rodando com o que o som, a fita de vídeo é geralmente produzem sinais eléctricos na cabeça de tambor. As cabeças são pequenos electroímais larga e é passada com mais velocida reprodução. Isto introduz os sinais de ima manes e funcionam do mesmo modo que de que uma fita de cassete para som. gem e de som no televisor, em cujo écran a na gravação da fita sonora. gravação é recriada. Como o gravador de vídeo está directa: A fita passa pelo lambor obliquamente. mcnle ligado à antena, capta COMO O VÍDEO GRAVA IMAGENS DE TV emissões de televisão quando está em funcionamento, quer a A fita de vídeo é magnética Cada cabeça de gravação é um electroi man que magnetiza as partículas metálicas da fita segundo o padrão determinado pelos televisão o esteja ou não. Podem sinais de TV. Quando a fita é passada em frente das cabeças de gravação, cada os dois estar sintonizados para uma destas grava nela os sinais que recebe através da corrente. captarem simultaneamente pro gramas diferentes. Os dois principais sistemas de videocassetes existentes são o Betamax, introduzido pela em presa japonesa Sony em 1975, e o VHS (vídeo horne system, ou sis Quando se carrega na tecla tema de vídeo doméstico), de "gravar", uma cabeça de apaga e que foi precursora a JVC (Japan Televisão mento anula tudo o que estiver gravador de vídeo Victor Company) em 1976. Tanto gravado na fita da cassete. cassetes como gravadores são di O gravador de vídeo está ligado Cabeças de gravação ferentes nos dois sistemas. O Be à antena deTVe capta o progra da imagem tamax produz imagens de quali ma que decorre no canal para o dade ligeiramente superior, mas qual foi sintonizado. Quando se as fitas VHS gravam mais tempo - introduz a cassete e se carrega até quatro horas. O VHS aca na tecla de gravação, a máquina bou por se tomar o mais difundi de vídeo puxa uma alça da fita do dos dois sistemas, e o novo de entre as duas bobinas da cas Os sinais de imagem são grava como uma série de pistas oblí- _| Super VHS tem imagens de me sete. A fita passa depois em volta dos de quas. Os sinais de som são grava magem lhor qualidade que qualquer dos de um tambor rotativo que con dos longitudinalmente num dos bordos da fita. dois sistemas normais. Fita magnética tém as cabeças de gravação
220
*_A_*IVH_/ lUilV.IV^IIrt:
Gravação em fita: armazenar sons como padrões magnéticos Muitos de nós desenhámos padrões com limalha de ferro sobre uma folha de papel fazendo deslocar um íman debaixo dela. Os gravadores em fita funcionam de ma neira semelhante — marcam sobre uma fita coberta de minúsculas partículas mag netizadas um padrão que corresponde aos sons que estão a ser gravados. A fita é cons tituída por uma fina camada de partículas
seu padrão magnético induz uma corrente eléctrica na cabeça de leitura. A corrente vai alimentar um amplificador e seguida mente os altifalantes, os quais produzem ondas c pressão que fazem vibrar os tím panos do ouvido como o som srcinal. Eliminação dos ruídos de fundo Um dos problemas da reprodução de som
do à magnetização residual sempre pre sente numa distribuição aleatória de parti cuias. Para o eliminar, usa-se o sistema Dolby (do nome do seu inventor). Nas passagens silenciosas, circuitos electrónicos reforçam os sinais antes de estes atingirem a cabeça de gravação; na reprodução, os sinais são reduzidos até à sua intensidade normal antes da entrada
magnéticas pó (em geral,numa óxi por fita éasopassagens silvo de fundo, mais notório nos altifalantes.e 0toma silvoseé reduzido dos de ferrofinas e decomo crómio) aplicada ma proporção inaudível.na mes durante silenciosas — devi fita de poliéster. A cabeça de gra vação que cria os padrões é um GRAVAÇÃO DE SONS NUMA FITA MAGNÉTICA A gravação e a reprodução são feitas minúsculo electroíman. por um me sm o electroím an - porção Para gravar seja o que for, des de substância ferromagnética com um enrolamento de fio eléctrico (bobina). de um cantor até uma orques tra, o som é dirigido a um micro Corrente fone, onde as suas ondas de eléctrica pressão são convertidas em fra sinal cos sinais eléctricos variáveis. Estes passam por um amplifica dor, que lhes aumenta a intensi dade, antes de actuarem na ca beça de gravação. Aqui, passam pelo enrola mento do electroíman, produ zindo um campo magnético. Cada partícula da fita é um mi núsculo íman cuja magnetiza ção tende a alinhar-se segundo a direcção do campo magnético como um iman atrai limalha aplicado - náo por movimen Assim ferro através de um papel, os electação das partículas, que estão de troímanes orientam a magnetização fixas, mas por reorientação da das partículas da fita de gravação. sua magnetização. Quando a fita passa pela cabeça de grava ção, o campo magnético alinhará a magnetização das partículas A fita grava apenas uma face Por consoante a sua intensidade, for As partíc ulas da f ta magnética são Fita de gravação pequenos imanes que se orientam cada "lado" são gravadas duas mando assim como que um códi segundo padrões impostos pelos pistas — a esquerda e a direita do go magnético do som srcinal. pólos da cabeça de gravação. som estereofónico. Os sinais eléctricos utilizados na formação do padrão podem provir de MAGNETISMO E ELECTRICIDADE um microfone ou de um rádio, de um girano entanto, a influência de um campo discos ou de um gravador de fita. As fitas. Os átomos de muitos metais são imanes magnético, como o que resulta da hoje em dia, são gravadas em estéreo (v. p. minúsculos que em certas substancias, aproximação de um íman ou da pas 223). No sistema DAT (digital áudio lapej, conhecidas pelo nome de ferromagnéti sagem de corrente eléctrica por uma os sinais eléctricos do microfone são con cas, alinham os seus pólos magnéticos bobina, para o ferro se tornar forte vertidos em números binários (v. p. 241). todos na mesma direcção. Daí pode re mente magnetizado. Com uma cor Este sistema é mais preciso e produz uma sultar um íman, com os seus pólos norte rente eléctrica forte, consegue-se um gravação mais fiel. e sul resultando da cooperação dos mi alinhamento total dos átomos de fer núsculos pólos atómicos. Na maioria, os gravadores modernos ro, daí resultando um íman muito utilizam a mesma cabeça para a gravação e Mas pode resultar também uma subs a reprodução. Para ser gravada, a fita tem tância como o ferro, na qual não se nota mais poderoso que os naturais — e com a vantagem de se poder ligar ou de ser limpa de todos os padrões anterio magnetismo. 0 que se passa é que no desligar. Também quando se desloca res antes de chegar à cabeça de gravação, o ferro os imanes atómicos estão de facto um íman junto a uma bobina, surge que é efectuado por uma cabeça de apaga alinhados entre si, mas apenas em pe nesta uma corrente eléctrica, que dura mento, electroíman alimentado por uma quenas extensões chamadas domínios; enquanto durar o movimento do corrente de alta frequência. Esta cabeça é de domínio para domínio, a direcção da íman. Foi assim que, em 1831, foi cons ligada automaticamente quando se carre magnetização é diferente, pelo que, em truído o primeiro gerador eléctrico ga na tecla de gravação. média, as suas acções se compensam e por Michael Faraday. não se notam pólos à superfície. Basta, Para reproduzir uma gravação, basta in verter o processo; quando a fita passa, o 221
V-.WIYIW i ui iv -i wi ir t:
A fabricação de um disco-matriz Na fabricação de um disco-matriz para re produção, o som é captado por uma série de microfones, e os sinais eléctricos são registados em pistas separadas (de 2 a 48) em fita magnética. A fita é então montada num complicado misturador electrónico, o que permite que o técnico de gravação modifique a qualida
nais eléctricos provenientes da fita-matriz. No aparelho de gravação do disco, um estilete em forma de buril vibra e escava um sulco ondulado na superfície de grava cão (em geral, uma camada de massa vir gem sobre um disco plano de alumínio) segundo uma espiral a partir do bordo para o centro. O disco é rodado a precisa mente 33 '/j rotações por minuto (rpm) para produzir um disco de longa duração, ou a 45 rpm para um pequeno single, mas a velocidade da cabeça de gravação em direcção ao centro varia de acordo com a intensidade do sinal, sendo maior quando
de tonal epode a intensidade de cadao pista. produtor desejar aumentar volu 0 me de determinado instrumento, por crofone são intensificados por um amplifi exemplo. Desta forma, as gravações em multipistas são misturadas para produzi cador, gravados em fita e passados a um rem uma fita-matriz de duas pistas em buril de gravação que produz um disco-matriz. Quando tocamos um disco (répli que os sons foram misturados e equili ca do disco-matriz), as vibrações do estile- brados de modo a produzirem os melho res efeitos nos canais estereofónicos es te (agulha) reproduzem os sinais eléctri querdo e direito (página seguinte). 0 dis cos, e os altifalantes reconvertem nos nos co-matriz é então gravado por meio de si sons srcinais.
o som é maisestereofónicos forte. Os sinais obrigam a agu lha a vibrar de forma a gravar em cada pare de do sulco em V um padrão diferente. As paredes do sulco estão a 45° em relação à superfície do disco e a 90" uma da outra. Pode chegar a haver 140 sulcos por centí metro — o seu número varia com a veloci dade da cabeça de gravação, e uma passa gem com som mais forte precisa de
Como a agu lha de gira -dis cos lê o so m O processo de armazenagem inicia-se quando a música entra num microfone e faz com que o seu diafragma vibre exacta mente como uni tímpano humano. As vi brações são convertidas em fracos sinais eléctricos variáveis. Todos os microfones possuem um diafragma que funciona se gundo o mesmo principio que o do boca] do telefone (v. p. 214), mas existem diver sos outrosem dispositivos para converter as vibrações corrente eléctrica.
Os sinais eléctricos produzidos pelo mi
O que é o fonógrafo
O
s primeiros sons foram registados e reproduzidos por Thornas Alva Edison em 1877, numa "maquineta" que depois aperfeiçoou e comercializou com o nome de fonógrafo ("escrevedor de sons"). Utilizava uma corneta com um diafrag ma na abertura mais estreita, servindo simultaneamente de microfone e de altifalante. Quando alguém falava para a corne ta, o diafragma — c uma agulha de aço que lhe estava ligada — vibrava para cima e para baixo. O registo fazia-se sobre urna folha de estanho enrolada num tambor com um sulco em espiral na superfície. Para a gravação, o tambor era rodado por uma manivela, e os sons que entravam pela corneta faziam vibrar a agulha, que indentava a folha de estanho à medida que r
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se deslocava ao longo do sulco em espiral. Na reprodução, o tambor era rodado novamente e a agulha, ao seguir os altos e baixos feitos na folha de estanho, fazia vibrar o diafragma, pro duzindo sons que saíam pela corneta. O alemão Emile Berliner, trabalhando nos EUA deu um passo decisivo na gravação de sons ao introduzir o disco em 1888. O disco era tocado numa placa giratória, empregan do o mesmo tipo de corneta e de agulha que o fonógrafo. Quatro anos depois, foi o pioneiro da cópia de discos pelos processos de electroplastia e estampagem. Anteriormente, os discos ou cilindros tinham de ser gravados um a um. O dis co de 78 rpm de Berliner era feito de goma-laca.
Sessã o ao vivo . No principio do século, a tecnologia da fa bricação de discos-matrizes estava na infância. O meca
nismo do prato giratório tinha
de ser accionado à mão para cada disco que se graoaoa. Quando a agulha era pousa da no disco, os executantes, dispostos em redor da corne ta. começavam a locar. O equipamento pura a grava ção estava montado sobre um bloco de betão isolado para que outras vibrações - além das ondas sonoras provenien tes da execução - não fos sem afectar a agulha durante as gravações. Estas utiliza vam um cilindro de cera (em cima) e Unham de ser produzi das individualmente.
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COMO A AGULHA REPRODUZ O SOM A agulha é uma safira ou diamante artificiai com urna ponta arredou dada ou elíptica. Os sulcos (aqui ampliados 1000 uezes) têm pare des de feitio diferente — uma para os sinais estereofónicos da direita, outra para os da esquerda. A agulha vibra enquanto per corre estas paredes irregulares, provocando sinais eléctricos na cabeça de captação. Os sinais são ampliados e depois convertidos em sons por por cones (diafragmas) vibrados electroímanes nos altifalantes Numa cabeça de captação (pick-up) de magnete móvel, a agulha está ligada a um íman. Quando a agulha vibra, os movimentos do íman. ou magnete, induzem correntes eléctricas em dois enrolamentos de fio, criando os sinais que alimentam os dois altifalantes.
Altifalante esquerdo Altifalante direito
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Sinais para o altifalante esquerdo
)) Sinal na parede rior
Sulco no disco Parede interior do sulco
Sinais para o altifalante direito 0 magnete. { induz corrente ^ na bobina direita
Parede exteri or do sulco
0 magnete móvel induz sinais diferentes em cada enrolamento (bobi na). Se só a parede exterior contém sinais, só a bobina correspondente ao altifalante direito produzirá corrente; se só a parede interior contém sinais, só o altifalante esquerdo receberá corrente.
O gira-discos e os altifalantes
Habitualmente, o transdutor é magnéti co — a agulha, ao fazer o seu percurso, movimenta um íman no interior de bobi nas de fio condutor, induzindo neste uma corrente eléctrica. Usam se duas bobinas, cada uma delas sentindo as vibrações de cada pista este reofónica e produzindo corrente para os sinais de saída esquerdos ou direitos. Estes sinais são réplicas daqueles que fizeram funcionar o estilele durante a gravação do disco-matriz. Os sinais gerados pela cabeça de capta ção (pick-up) são muito fracos, pelo que têm de ser amplificados nos circuitos elec trónicos de um amplificador. Uns destes circuitos controla o volume, outros a tonalidade e outros o equilíbrio (ba lance) entre os canais esquerdo e direito. A partir do amplificador, os sinais inten
O som estereofónico proporciona uma sensação de direcção e de profundidade à audição de rádio ou de gravações. Quando se ouve uma orquestra a tocar através da rádio, por exemplo, pode saber-se onde estão os diversos instrumentos. Muitos programas de rádio em VIIF são actualmente transmitidos em som estereo fónico. 0 programa é gravado com o em prego de uma série de microfones, e os sons misturados de forma a produzirem-se em pistas separadas os sons da esquer da e da direita do estúdio de emissão.
Nosé bons sistemas de alta fidelidade, pra to pesado e geralmente accionadoopor correia de transmissão a fim de o isolar das vibrações do motor. A agulha tem a ponta arredondada e é habitualmente feita de safira ou diamante sintéticos. Está aplicada a uma cabeça de captação na qual um transdutor electromecânico converte as vibrações da agulha — causadas pela sua deslocação ao longo da espira do disco — em sinais eléctricos.
sificados alimentarfaz os vibrar altifalantes, onde um vão electroíman um dia fragma em forma de cone a fim de conver ter novamente os sinais em ondas sonoras Um altifalante simples possui um único cone, mas os dos sistemas de alta fidelida de têm dois ou três, separados e de tama nhos diferentes, pois cada tamanho é ade quado à reprodução de uma gama de sons (ou frequências — quanto mais alto o som, maior a frequência da vibração).
envia para ar dois conjun tos0deemissor sinais de rádio: umotransporta a saí da conjunta dos microfones para que pos sa ser captado pelos receptores mono; o outro transporta sinais codificados para um receptor estéreo. Este possui um des codificador que separa o conjunto codifi cado em sinais do canal esquerdo e sinais do canal direito, os quais são amplificados separadamente e vão alimentar cada um dos altifalantes esquerdo e direito.
mais espaço porque a agulha vibra mais, pelo que produz sulcos mais separados e portanto em menor número. Depois de o sulco ter sido gravado na massa virgem, o disco-matriz é niquelado electroliticamente e processado para dar um disco de níquel muito delgado e de imagem negativa, denominado a matriz, que é o molde para a produção dos dis cos para venda. Os discos que se compram são molda dos em PVC (cloreto de polivinilo). Grânu los de PVC são simultaneamente prensa dos e aquecidos entre duas matrizes grava das em separado — uma para cada lado do disco — e depois arrefecidos. Cada prensagem de um disco de longa duração demora cerca de 25 segundos.
Sons de duas direcções
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MARAVILHAS DA CIÊNCIA
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"Chuck" Yeager: o hom em que passou a barreira do som
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ples equando se tem duasado. costelas tidas o braçonão direito imobiliz Então,par o seu mecânico de voo, Jack Ridley, teve uma ideia brilhante: o piloto poderia ma nobrar um pau com a mão esquerda para levantar o manipulo da porta e fechá-la. "Procurámos pelo hangar e encontrá mos uma vassoura", recordou depois Yea ger. "Jack serrou-lhe 25 cm do cabo, que se ajustava perfeitamente ao manipulo. De pois, entrei no X-l e fizemos uma expe-' riência. Ele encostou a porta ao caixilho e eu, levantando o manipulo com o pau da vassoura, consegui fechá-la." Por volta das 8 da manhã de 14 de Outu bro, o B-29 largou da Base Aérea de Muroc, no deserto do Mojave. Yeager viajava por enquanto no bombardeiro - que levava o X-l encaixado na barriga. Apesar das dores que sentia, Yeager estava optimista. Fizera já uma série de voos de ensaio no avião com propulsão por foguetes e tinha como objec tivo ser o primeiro homem a ultrapassar a velocidade do som — cerca de 1220 km/h ao nível do mar (quanto maior é a altitude, mais lentamente o som se propaga). Na sua tentativa, Yeager planeava voar a cerca de 700 milhas/hora (1126 km/h) a uma altitude de cerca de 40 000 pés (12 200 m) acima do nível do mar. A velocidade de um avião comparada com a de propagação do som no meio vizinho é conhecida como o número de
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Dois dias antes da sua tentativa de passar a barreira do som, Charles "Chuck" Yeager, de 24 anos, capitão da Força Aérea dos EUA, partiu duas costelas num acidente quando corria a cavalo, com a sua mulher, no deserto do Mojave. Na manhã seguinte, um médico local ligou-lhe tronco, mas, mesmo assim, "Chuck" nãooconseguia me xer o braço direito devido as dores. Sabia que, se houvesse notícias do seu estado, as entidades superiores adiariam a tentativa, projectada secretamente para 14 de Outu bro de 1947. O avião Bell X-l, accionado por fogue tes e pintado de cor de laranja, seria larga do do compartimento das bombas de um Boeing B-29 e, depois de uma curta planagem sem motor, começaria a subir quan do Yeager pusesse a funcionar em rápida sequência os quatro foguetes. Para passar do B-29 para o minúsculo cockpit do X-l (também conhecido por XS-I), Yeager tinha de descer por uma pe quena escada. A porta doçockpit tinha en tão de ser baixada por um cabo a partir do compartimento das bombas. Uma vez colocada a porta, Yeager tinha de a fechar pelo lado direito — coisa sim
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Aviáo mais rápido que o som. Recorte de jornal com a notícia (ao alto'). •'Chuck" Yeager (à esquerda) deu ao avião o nome da sua mulher, Clennis (à direita). Mach - norne do físico Ernst Mach (18381916). Um avião que se desloca à velocida de do som diz-se que vai a Mach 1. Se um avião não é desenhado para o • voo supersónico, fortes ondas de choque atingem-lhe as asas e a fuselagem quando ele se aproxima de Mach 1. O fluxo do ar em redor do aparelho torna-se instável, causando intensas irregulares que provocam perdavibrações do domínio de voo. Teoricamente, o X-l, com o seu nariz ae rodinâmico e as suas linhas suaves, não seria afectado. Contudo, tinha o mau cos tume de sacudir o piloto dentro do aperta do cockpit com tanta força que o poderia fazer perder os sentidos Para se proteger, Yeager usava um grande capacete de râ guebi, de couro, por cima do seu capacete de voo. SB Quando o B-29 se aproximou dos 7000 pés (2100 m), Yeager avançou para o com partimento das bombas, a partir do qual desciam uns carris até aoX-l. Empurrou a escada de alumínio pelos carris e deixou-se escorregar para dentro do cockpit do X-l. "Descer o diabo da escada fez-me doer", recordava depois. "Peguei no cabo da vas soura e o manipulo rodou para a posição de fechado. Funcionou perfeitamente." Depois, teve de haver-se com o ambien te gelado do cockpit "A tremer", lembrava, "bate-se as palmas com as mãos enluvadas e coloca-se a máscara de oxigénio no aviáo mais frio que jamais voou. Está-se a ser enregelado pelas centenas de litros de oxiPassagem da barreira. O Bell X-l tinha apenas 9,5 m de comprimento e 8,5 m de envergadura. Pilotado pelo capitão "Chuck" Yeager, o avião a foguetes passou a barreira do som a 1126 km/fr.
génio líquido armazenados no tanque de combustível directamente por trás do as sento, a 182íJC negativos. Durante os próxi mos 15 minutos, só há que bater os den tes ... é como tentar concentrarmo-nos no trabalho dentro de um frigorífico." Durante os voos de ensaio, a transpira ção de Yeager acrescentara mais uma ca-
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Thomas Edison: o "feiticeiro" que iluminou o Mundo Precisamente às 3 horas da tarde de 4 de Setembro de 1882, o inventor Thomas Alva Edison, então com 35 anos, lançou-se na quilo a que chamou "a maior aventura da minha vida". Foi ligada a energia na primei ra central geradora de Nova Iorque, na Pearl Street - e 85 casas, lojas e escritórios da zona resplandeceram com a luz de 400 lâmpadas incandescentes.
política de inventar apenas coisas que as pessoas pudessem querer e que viessem a facilitar-lhes a vida. Pusera em prática este princípio em Maio de 1876, quando, junta mente com 20 "amigos e colegas de traba lho" escolhidos, abrira um novo laborató rio — ou "fábrica de inventos" — na peque na povoação de Menlo Park, Nova Jérsia. A fábrica era urn edifício de madeira de
Nascido em Milan, Ohio, em 11 de Feve reiro de 1847, Thomas Alva Edison linha 7 anos quando a família se mudou para nor te, para Port Huron, no Michigan. A sua educação oficial terminou ao fim de três meses, quando o mestre-escola da aldeia o expulsou como atrasado mental. Na reali dade, a criança sofria de surdez parcial resultante de ter tido escarlatina.
EdisonLight e os Company outros directores da juntado Edison Electric tinham-se no escritório de um dos seus principais apoiantes, o milionário J. Pierpont Mor gan, na Wall Street. O escritório de Morgan figurava entre os que seriam iluminados naquela tarde de Outono. E pelas 7 horas, quando começou a escurecer, a luz eléctri ca fez o seu impacte nos escritórios do New York Times, ali próximo. Nos meses precedentes, Edison tinha superintendido o início da conversão da iluminação de Nova Iorque de gás para electricidade. Escolhera o local para a cen tral perto do East River, por ser a zona fi nanceira da cidade e ele querer impressio nar potenciais patrocinadores. Organizara um levantamento da zona, casa a casa, e tratara da instalação da rede, das caixas de derivação, dos quadros, dos contadores, dos fusíveis e dos candeeiros. Em Agosto de 1883, mais de 430 edifí cios da cidade estavam a ser iluminados por 10 000 lâmpadas. Os trabalhos de Edison sobre a electricidade demonstravam a sua
dois andares situadoefectivamente em ricos terrenos cultivo, e tornou-se o pride meiro laboratório de investigação indus trial do Mundo. Estava equipado com uma máquina a vapor, uma forja, baterias de acumuladores, material fotográfico, fio de cobre, bobinas de indução e aparelhos de medida, como um electrómetro e um gal vanómetro. Ao tempo, o inventor e o seu grupo ten tavam aperfeiçoar a lâmpada de incandes cência — na qual vinham a trabalhar des de a década de 1830. Em 1878, Edison for mou a Edison Electric Light Company, mas foi só no fim do ano seguinte que, após laboriosas tentativas, produziu finalmente uma lâmpada eléctrica prática. Edison apresentou a sua invenção ao público na véspera de Natal de 1879, ilumi nando a estrada, o laboratório e a bibliote ca de Menlo Park com o emprego de um dínamo e de aproximadamente 40 lâmpa
Foicrescente a Sr/' Edison quem pelas encorajou o inte resse do jovem ciências, designadamente pelas máquinas a vapor e pelas forças mecânicas. Tom instalou um pequeno laboratório de química na cave da casa dos Edisons, onde produzia a sua corrente eléctrica própria a partir de pilhas voltaicas e operava um telégrafo primitivo. Pouco tempo depois, trabalhando como distribuidor de jornais e vendedor de rebuçados no comboio entre Port Hu ron e Michigan, Ohio, construiu um labo ratório modesto num vagão de bagagens. Instalou igualmente uma prensa de tipo grafia em segunda mão, na qual editava um semanário, o Grund Trunk Herald, para ser vendido no comboio.
de 3000 espectadores adas. estaCerca demonstração de génio doassistiram chama do '"feiticeiro de Menlo Park".
O nascimento da luz eléctrica. O gerador de Edison está ligado por correias e roldanas ao seu dinamómetro — que media a potência fornecida peias máquinas a vapor. A gravura mostra a sua "fábrica de inventos" de Menlo Park em 1879 — ano em que produziu a sua lâmpada de incandescência (à direita). 224
Telegrafista vagabundo Entre os 1G e 21 anos, trabalhou como "te legrafista vagabundo", segundo as suas próprias palavras, através dos estados do Centro-Oeste e do Sul. Em 1809, estava em Nova Iorque, dor mindo numa cave na Wall Street. Um dia, encontrava-se por acaso nos escritórios da Gold Indicator Company, ali próximo, quando o indicador telegráfico dos preços do ouro se avariou. Reparou-o ali mesmo e foi admitido na empresa. Criou depois a Edison Universal Stock Printer, de maior fiabilidade — que vendeu à Western Union por 40 000 dólares. Edison utilizou este dinheiro para abrir e equipar a sua primeira oficina verdadeira — em Newark, Nova Jérsia - , onde fabri cou o primeiro telégrafo impressor de fita, nos princípios da década de 1870. Em 1876, mudou-se para a referida povoação de Menlo Park, onde se dedicou à sua vida de inventor-a-tempo-inteiro. No ano seguinte, criou um novo micro fone para o telefone de Alexander Graham Bell No aparelho de Bell, as vibrações so noras da voz humana eram convertidas di rectamente em impulsos eléctricos. Mas a reprodução dos sons era débil, especial mente a grandes distâncias, em que quase desaparecia. O microfone de Edison utilizava pedaços de carvão para conseguir um contacto cuja resistência era modificada pela pressão das ondas sonoras. Isto controlava a
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y Cinco dias sem dormir. Edi son afirmou Kr trabalhado cinco dias sem dormir no modelo aperfeiçoado do seu fonógrafo (à esquerda). Era quase madru gada do dia !6 de Junho de 1888, e mais tarde, nesse mesmo dia, ele foi fotografado com elemen tos da sua equipa (em baixo) e um ar menos despenteado.
acabadas, e serão imediatamente destaca dos para o trabalho tantos trabalhadores quantos o possam ser em benefício da obra, e deste modo o protótipo funcional será produzido em muito pouco tempo." Depois, faziam-se aperfeiçoamentos, preparavam-se desenhos de execução e criavam-se os moldes necessários. Em se guida, era construída c ensaiada a máqui na ou aparelho completo, em tamanho definitivo. Finalmente, e desde que fosse ao encontro rias expectativas de Edison, ela era levada para outra oficina para ser reproduzida. "Serão lançadas...invenções de magnitu de suficiente para constituírem as bases de indústrias independentes", concluía o artigo. Entre estas, figu rou, em 1889, o kinetoscópio, ou máquina de imagens em movi mento, que. afirmou Edison, iria trazer ao homem e mulher da rua os mundos da política, da arte e do desporto. O seu kinetoscópio fornecia a ilu são de movimento ao projec tar uma série de fotografias sobre um écran. Depois dos filmes curiós so bre bailarinos e boxeurs. Edison dedicou se aos filmes de grande metragem - enlre os quais O Grande Roubo do Comboio, produ zido nos estúdios de Edison, em West Orange, em 15)03. Com um tempo de exibi çáo de 10 minutos, este foi um dos mais longos filmes feitos até então e constituiu o seu último grande triunfo.
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corrente proveniente de uma bateria c per mitia a emissão de sinais eléctricos muito mais fortes rio que os do telefone de Bell. A voz do interlocutor podia ser ouvida a mui to maior distância. No telefone rie Bell, o bocal servia tam bém de auscultador, pelo que quem o utili zava tinha de falar c escutar alternadamente da mesma campânula. Edison separou o emissor do receptor, tomando muito mais fácil o uso do telefone. Depois de aperfei coar o "telefone que falava alto", Edison dedicou-se à invenção do fonógrafo — an tepassado do gramofone e do moderno gira-discos. Em Dezembro de 1877, fez uma demonstração da máquina aos seus em pregados de Menlo Park. Enquanto o tam bor do fonógrafo rodava lentamente, ou viu se a sua voz, longínqua e em tons agu dos, recitaritso fleeee poemaasinfantil hari ...a little lamb. white «Mary as snow» Patenteou o fonógrafo em Fevereiro de 1878, e nove anos depois mudou-se para uma nova casa, espaçosa e dotada de labo ratório de investigação, em West Orange, Nova Jérsia. Nessa altura, já tinha ganho com os seus inventos uma soma que se calcula em 1 milhão de dólares (ao todo, obteve 1093 patentes de invenção, desde
uma caneta eléctrica até casas de baixo custo em betão moldado). Chegou a em pregar 5000 trabalhadores. Edison descreveu uma vez os seus mé todos de trabalho a uni redactor do Sàentifie American: "Desenhos rudimentares se rão fornecidos aos fabricantes de mode los, que se servirão das vastas existências de materiais para fazerem protótipos das peças necessárias, ou mesmo das peças Imagens em movimento. 0 kinetoscópio de Edison projectava num écran uma série de fotografias de uma fita de película continua - dando assim a ilusão de imagens em movimento. As fo tografias eram observadas através de um visor no topo da máquina que funcio nava por moedas Os "filmes" dura vam apenas 15 segun dos.
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CDs: música com um raio "laser" Um disco compacto tem apenas 12 cm de diâmetro, mas contém 5 km de pista de música e loca durante perto de uma hora. Os CDs (compact discs) são tocados numa só face e não se riscam nem se gas tam ao tocar, porque não existe qualquer agulha em contacto com a sua superfície. Kmum vezlaser dela,deumbaixa feixepotência de luz proveniente de lê o disco pela parte de baixo, interpretando as mi núsculas covas e áreas planas da pista de gravação, que evolui em espiral a partir do centro. Estas constituem um código bina rio que é interpretado sob a forma de som. Os códigos binários são padrões de ape nas dois dígitos - o 0 e o I. Com eles é possível compilar um código que repre senta uma diversidade infinita de padrões e de sons. Todo o som incluído no âmbito do ouvido humano é fielmente reproduzi do ao ser descodificado. Quando o raio laser varre o disco que roda, reflecle-se di ferentemente conforme incide sobre uma cova ou uma área plana. A luz reflectida vai incidir sobre um dispositivo fotossensível chamado fotodíodo, que a converte em sinais eléctricos. Estes sinais são descodifi cados electronicamente, resultando numa corrente eléctrica variável, e seguidamente tes, os quais reproduzem amplificados e introduzidos ondas nossonoras altifalan idênticas às que, no início da cadeia, leva ram à criação das covas e dos planos.
Gravação do código no disco 0 processo que leva a um disco compac to inicia-se quando um microfone con verte as ondas sonoras em sinais eléctri cos. A voltagem desses sinais ó medida dezenas de milhares de vezes por segun do e codificada electronicamente sob a forma de números binários (v. p. 241). Estes são novamente codificados a fim de se juntarem os dois canais estereofóni cos numa via de impulsos única e prevê nir os danos causados aos sinais por ris cos ou dedadas que podem ocorrer du rante o manuseamento. Enquanto um disco de vidro, virgem, re vestido de uma resina fotossensível,c gira do sob um raio laser, os sinais codificados são fornecidos a este sob a forma de impul sos eléctricos. O laser emite-os como im pulsos de luz que produzem o padrão de covas no revestimento padrão que apare ce quando o revestimento é revelado qui micamente. O disco-matriz fornece um molde para reprodução. Cada disco é re vestido com uma fina camada de alumínio que o torna altamente reflector e seguida mente com uma camada protectora.
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Música compacta As covas e áreas planas
quesom formam o código do de um disco compacto vêem-se, com uma ampliação de 930 vezes, na fotografia ampliada de um disco (à direita), com a sua cobertura de plástico repuxada para trás. Pista codificada. Um feixe de laser varre as covas e os planos; a luz reflectida é lida como "ligada'' ou "desligada".
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Sinais codificados. 0 padrão da luz reflectida forma uma cadeia de impulsos eléctricos. Esta corrente eléctrica
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representa os dígitos binários (á direita, em cima) que vão servir para sintetizar uma corrente eléctrica analógica
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5
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6
1101
6
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4
1000
2
1
ou seja com uma forma contínua análoga à das ondas sonoras
Sinais descodificados. Cada valor numérico é uma medida da intensidade da corrente, feita durante a gravação 44 100 vezes em cada segundo, e representa rigorosamente os sons srcinais. O código binário permite 65 535 níveis possíveis de som em cada medida.
Altifalante Corrente eléctrica
O som. Quando a corrente eléctrica variável é amplificada e introduzida no altifalante, é transformada em ondas de som que reproduzem a gravação
Onda sonora
1010
2
Como o sintetizador produz música electrónica Quando um violino, um oboé e uma trom beta locam a mesma nota, todos eles pro duzem uma vibração fundamental da mes ma frequência. O que lorna diferentes os sons dos instrumentos são os sons harmó nicos - OS sons com frequência múltipla da fundamental. Por exemplo, uma corda
Som visível. As notas de um trecho de música são aqui representadas por
de violino ao longo de todo o compri mento paravibra produzir o tom fundamental, mas cada metade e cada quarto da corda vibram também, produzindo os sons har mónicos. Os instrumentos dão nos dife rentes misturas de sons harmónicos se gundo as respectivas formas e materiais de que são feitos e o modo co mo as vibrações ressoam no corpo do instnimento, criando a qualidade que o distingue. Um sintetizador electrónico produz música ao gerar uma corrente eléctrica so bre um largo espectro de frequências. Quando a corrente vai alimentar um altifa lante, são simulados os sons fundamentais e os harmónicos de qualquer tipo de insIrumenlo, além de muitos outros efeitos sonoros. Como um sintetizador raramen te consegue simular todos os sons harmó nicos, em constante mutação, de um ins trumento tocado convencionalmente, fal ta lhe habitualmente a mesma riqueza de
mais regular depode som fundamental verse por baixo dos harmónicos irregulares. a microfones e a outros sintetizadores ou tocados por um gravador de fita ou um computador. Alguns podem ser alimenta dos por patches (discos ou placas com programas de computador) que criam sons diferentes. Alguns sintetizadores digi tais têm computadores incorporados e conseguem produzir sons harmónicos complexos. Alguns usam síntese de FM (frequência modulada), processo seme lhante à modulação de ondas de rádio. Nos sintetizadores que utilizam um sis tema de ligação ao computador chamado MIDI (musical instrumenl digital interfa ce), o tocador pode introduzir sons de di versos instrumentos ou de outro compu
qualidade — mas os modelos modernos aproximam-se bastante. Os sintetizadores são utilizados pelos músicos pop em conjunto com instru mentos convencionais para fazerem músi ca electrónica "ao vivo". IY>dem ser ligados
tador oudesintetizador paraumobter uma diver sidade efeitos. Com aparelho elec trónico digital chamado sampler, podem introduzir-se sons que são reproduzidos em qualquer tonalidade no teclado. Os sintetizadores são também utiliza-
A
siri ais electrónicos
verdes vibrando nurn écran. A onda
O progresso do som electrónico
primeira pessoa que tentou obter sons electronicamente foi o in ventor americano Thaddeus Cahill. Km 1906, ele inventou um instrumento cha mado telarmónio, que utilizava moto res eléctricos e receptores de telefone para prcxluzir sons, mas sem muito su cesso. Km 1920, o cientista russo Leon Theremin produziu sons electrónicos utilizando dois osciladores de ondas de rádio; a "música" era locada movendo as mãos em torno das antenas, o que alterava a sintonização dos circuitos e produzia sons variáveis segundo a posição das mãos- — emitidos pelos alti falantes. O instrumento chamava-se
theremin,
O antepassado dos sintetizadores modernos foi construído em 1955 pela Radio Corporation of America (RCA) em Princeton, Nova Jérsia, para estudos de acústica. Kra alimentado por fila
perfurada, cujo código de furos accio nava os geradores de sons, os filtros e os amplificadores. A música era gravada em fita. Como utilizava válvulas termiónicas — tubos de vácuo electrónicos -, era tão volumoso que enchia uma sala. Nos anos GO, o físico americano Robert Moog criou o sintetizador Moog com circuitos à base de transístores. O de senvolvimento posterior no campo da electrónica permitiu o moderno sinteti zador portátil. A síntese em TM, base dos sintetiza dores digitais da década de 80, foi inven tada pelo Dr. John M. Chowning, da Universidade de Stanford, na Califórnia. A ideia da amostragem, na qual se ba seia a maioria dos modernos sintetiza dores, foi introduzida pelos australia nos Peter Vogel, Kim Ryrie e Tony Furse, com o seu fairlighl computer musical instrumenl (CMI).
dos na composição de música electrónica. Ilerberl Kimcrt c Karlheinz Stockhausen instalaram o primeiro estúdio de música electrónica em Colónia, na Alemanha, em 1953, e Stockhausen é um dos primeiros compositores de música electrónica. Entre outros, contam se os americanos Milton Babbit e Morton Subolnik. A banda sonora do filme Koyaanisqatsi (1982) incluía mú sica electrónica de Philip Glass.
A modelação do» sons electrónicos Há três fases principais na produção de música electrónica — gerar a corrente, fil trá-la e amplificá-la. No gerador, um apare lho denominado oscilador dá à corrente a sua forma(adefrequência) onda vibratória. O ritmofade vibração é comandado zendo variar a voltagem dos circuitos gera dores. Para um som puro, usa-se uma on dulaçáo regular - uma onda sinusoidal. Entre outras formas de onda geradas, con tam-se as ondas quadradas e as ondas em dente de serra, que produzem os sons fun damentais e muitos harmónicos Utilizam se diversos circuitos filtrantes para modelar melhor as ondas de vibra ção. Os Filtros deixam passar unicamente determinadas frequências e bloqueiam as restantes. Alteram a qualidade cio som e criam diferenles efeitos. A amplificação dos sons obtém-se pelo aumento da volta gem nos circuitos dos altifalantes. O sintetizador tem um teclado como o do piano, mas as teclas limitam se a alterar a voltagem da corrente enviada ao circuito gerador, produzindo assim sons de altura diferente. Outros botões, interruptores e cursores comandam os percursos através dos diversos circuitos. Para alterar a intensidade e a persistên cia de um som, o tocador acciona um co mando chamado envelope generator, que altera a forma por que a voltagem é aplicada a diversos circuitos simultanea mente. Um som pode ser introduzido subi tamente e por pouco tempo ou feito apare cer e desaparecer gradualmente.
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Fibras ópticas: o transporte de sons por raios de luz Fios do mais puro vidro, alguns deles 10 vezes mais finos que um cabelo humano, estão a tomar o lugar do fio de cobre nos cabos utilizados na transmissão de sinais de telefone e de televisão. Estes cabos de fibras ópticas podem transportar mais informações que os fios de cobre, transmitindo-as sob a forma de impulsos de luz — e ocupam apenas cerca
Há dois tipos principais de fi bras: as mais finas, as monómo das, transmitem a luz sob a forma de uma única onda ou modo -, e os sinais luminosos podem "via jar" quase 200 km sem serem reinten sifícados. Nas fibras mais espessas, as multímodas, podem ser transmitidos, a diferentes intervalos, até 1000 pa
de um Sons, décimoimagens do espaço dos caboscom de cobre. e informações putorizadas podem ser transmitidos pelo mesmo cabo, e os sinais não se atenuam tão rapidamente como no fio de cobre, polo que 0 cabo precisa de menos amplifi cadores de sinais intermédios. Quando se faz incidir luz sobre uma ex tremidade da fibra, ela é reflectida interna mente muitas vezes cerca de 15 000 ve zes por metro. Como cada fibra possui um núcleo interior que canaliza a luz ao longo dela e um revestimento exterior que a re flecte novamente para o núcleo, quase não há perda de luz através das paredes.
drões ondas (modos) dife rentes,demas perde-se sempre um pouco de luz, e os sinais têm de ser reintensificados a intervalos de 15 km.
A REVOLUÇÃO DAS FIBRAS ÓPTICAS A quantidade de informação actual mente transmitida - telex, fax e da dos de computadores, além das cha madas telefónicas vinha esforçan do até aos limites o—sistema baseado no cabo de cobre. Os cabos de fibras ópticas, de elevada capacidade, pe quenas dimensões e ausência de in terferências eléctricas, são a chave para um novo desenvolvimento. A primeira utilização das fibras ópti cas deu-se em 1955 no campo da me dicina, para iluminar o interior do or ganismo. A perda de luz através das fibras era inicialmente demasiado grande para quaisquer outros usos. Mas em 1966 os Drs. Charles Kao e George Hockham, que trabalhavam em Inglaterra nos Standard Telecommunications Laboratories, descobri ram que tais perdas se deviam às im purezas do vidro. Em 1970, a empresa americana Corning Glass produzia já fibras ópticas de qualidade suficiente para transmitir sinais telefónicos. Os cabos de fibras ópticas estão a substituir gradualmente os de cobre entre as centrais. O primeiro cabo de fibras ópticas transatlântico, o TAT-8, iniciou o serviço em 1988. A sua capa cidade de perto de 40 000 chamadas telefónicas simultâneas é tripla da dos sete cabos de cobre hoje existentes em conjunto.
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Como sáo transmitidas as mensagens Num sistema telefónico de fibras ópticas, a corrente eléctrica produzida pelo telefone em resposta às vibrações da voz começa por ser intro duzida num codificador. Este mede a intensidade da corrente cerca de 8000 vezes por segundo. O valor de cada medida, em código binário, é uma série de uns e zeros a que corresponde uma série de impulsos de corrente — um sinal digital. A luz c gerada por lasers. O tipo usado na transmissão por fibras ópticas é um la ser de semicondutor que produz luz infra
te. Pelo menos 2400 milhões de bits (dígi tos binários) podem Iransmitir-se por se gundo através de uma só fibra. Como há intervalos entre os sinais de uma chamada, enviam se em conjunto muitas chamadas, encaixadas umas nas outras. Isto é o que se chama mulliplexagem (no tempo). Na extremidade receptora do cabo de
vermelha invisível. fre quência muito maisEsta, alta tendo que a uma corrente eléctrica, pode transportar muito mais in formação. Os sinais eléctricos acendem e apagam rapidamente o laser, produzindo impul sos de luz codificados digitalmente que pe netram na fibra óptica através de uma len
fibras, os impulsosque da os luz reconverte são captados um fotodetector, em por si nais eléctricos e os introduz num descodi ficador que reconstitui o padrão da corren te eléctrica saída pelo bocal do telefone. Os emissores c os receptores caberiam ambos numa caixa de fósforos, e os lasers não são maiores do que grãos de sal.
Código
S
~
\f Impulsos / -"'L de luz
I
0
1
|o I 1
1
_
J
I Tempo correspondente a uma das 8000 medidas por segundo
Fibra óptica reflectindo raios luminosos
0
1
1
0
<
luminosa
I" I
<
Mensagens a alta velocidade As mensagens telefónicas são transmitidas pelos cabos de fibras Ópticos como séries de uns e zeros (código digital), representados pela luz acesa (ON) para o I e apagada (OFF) para o 0. Como p
Ver em linha curva. Um 'guia de imagens" de fibras ópticas é semelhante ao olho de uma abelha, que oê uma imagem inteira atraués de cerca de9000 minúsculas lentes. O guia é um cabo com cerca de 27 000 fibras
de vidro, cada uma delas mais fina que um cabelo humano. Os médicos empre gam os "guias de imagens" em sondas para exa mes internos ou na cirurgia, e os engenhei ros para verem O interior dos motores.
pontos de vista (os dois olhos), pequenos movimentos da cabeça e um complexo processamento da informação pelo cere bro que inclui experiências anteriores de outros sentidos, como o tacto. A imagem num só olho, tal como uma fotografia, é essencialmente bidimensional. No entanto, a luz, ao reflectir-se de um objecto, contém mais informação que a cor e o contraste claro escuro que os nos sos olhos ou a fotografia captam. O padrão de referência das ondas luminosas,- a for ma como se sobrepõem e reforçam ou anulam mutuamente dependem do espa
A luz do laser, no segundo holograma, é dirigida ao objecto através de uma ra nhura horizontal, o que limita as frentes de ondas, proporcionando a vista do ob jecto a partir de uma "latitude" fixa, mas permitindo uma visão total na horizon tal. Lsta limitação facilita a visão da ima gem tridimensional com luz normal. O holograma gravado, ou holograma arco íris, visto à luz normal reflecte a luz bran ca segundo as cores que a compõem — como se tivesse passado através de um prisma. A imagem final é diferente se ob servada de posições horizontais diferen
ço por elas percorrido. ao A holografia capta também a profundidade medir a distân cia que a luz percorreu desde o objecto.
tes, masosproduz um observador efeito de arco-íris quando olhos do se movi menlam no sentido vertical.
Como se faz um holograma
Hologramas: imagens tridimensionais
Um dos tipos mais simples de holograma é obtido dividindo o feixe de laser em dois com um vidro parcialmente espelhado. Um feixe, o feixe do objecto, ilumina o objecto, e as ondas de luz reflectidas inci dem sobre uma chapa fotográfica placa de vidro com uma face revestida por uma emulsão fotossensível. O outro feixe, o fei xe de referência, é feito incidir directamen te sobre a chapa fotográfica. Os dois feixes coincidem, criando um padrão de interfe rência, que é registado na chapa fotográfi ca. Se esta, depois de revelada, for exami nada ao microscópio, apresentará uma confusão de linhas sem significado, que é o padrão de interferência. Quando se projecta luz de laser através do holograma já feixe revelado sob o mesmo ângulo que o do de referência inicial, mas no sentido oposto, o padrão dispersa a luz, criando uma imagem projectada do objecto em três dimensões suspensa no espaço como um fantasma.
A holografia é um processo de produzir imagens a três dimensões. O holograma é usado nos cartões de crédito e nas eti quetas de vestuário como instrumento Gravação em relevo de imagens 3-D de segurança, pois é quase impossível de Para as reproduções tridimensionais que falsificar. vemos diariamente, usa-se a imagem "fan É também utilizado no ensaio de pnxlutasma'1 corno objecto de um segundo ho los como os pneus de avião. Fazem-se ho lograma. Para este, a chapa fotográfica tem logramas dos pneus novos antes e depois um revestimento que, ao ser processado, de os submeterem a esforços: a sobreposi dá uma superfície em relevo, ultrafina, da ção dos dois revela as mínimas ralhas. imagem adequada à gravação em relevo. 0 Prof. Dennis Gabor. inventor da holo grafia, derivou o nome das pala vras gregas holos e gramma, que significam "mensagem to tal", porque num holograma pode verse o objecto de qual quer ângulo. No entanto, só em 1961 dois cientistas americanos — Emmet Leith e Júris Upatnieks — produziram o tipo de hologra ma do qual evoluiu a moderna holografia. Utilizaram um laser, que lhes fornecia a luz intensa e pura que era requerida. Vemos os objectos em três di Ciência ilustrada. Este holograma projecta um mode mensões por um processo mis lo do futuro Museu da Ciência e Tecnologia da cidade de to, que inclui a visão de dois Paris.
QUE E UM «LASER»? A palavra "laser" é formada pelas ini ciais das palavras que descrevem o seu processo: light amplification by slimulated emission of radiation, ou amplificação da luz pela emissão esti mulada de radiação. Um dos primei ros tipos de laser foi o de rubi, cujo meio activo é um cristal cilíndrico de rubi artificial. Os átomos de crómio no rubi eram estimulados e emitiam um feixe de luz de laser. Uma lâmpada tubular de flash elec trónico montada em espiral em redor do cilindro emite intensas pulsações de luz que excitam os átomos de cró mio de um estado de energia baixo para ummilésimos estado dedeenergia alto.osApós alguns segundo, áto mos regressam ao seu estado normal, emitindo espontaneamente um paco te de energia denominado fotáo. Quando um fotáo encontra outro áto mo de crómio ainda no estado de ener gia elevado, eslimula-o a emitir novo fotâo idêntico. Os dois fotões idênticos deslocam-se na mesma direcção e exactamente à mesma cadência, e à medida que se propagam pelo cristal mais e mais fotões idênticos se lhes juntam por estimulação. 0 caminho é artificialmente alongado por espelhos nas extremidades do rubi, um deles só parcialmente espelhado; é por este que sai o feixe de laser, um impulso com triliões de fotões vermelhos em uníssono, durando um milissegundo. Outros lasers emitem urn feixe contí nuo em vez de pulsado. O poder do laser reside na sua con centração. O feixe é perfeitamente rec tilíneo, e os fotões todos com o mes mo comprimento de onda - podem ser focados num ponto de uma mes ma superfície. Os mais pequenos la sers actualmente em uso são os lasers de semicondutor, que emitem um fei xe infravermelho invisível.
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tUMU hUNUUNAf
"Fax": fotocópias pelo telefone Com uma máquina de fax ligada à rede telefónica, pode mandar-se através do Mundo, em poucos segundos, a cópia exacta de um documento ou de uma foto grafia. 0 fax (abreviatura de transmissão em fac-símile) é hoje utilizado em toda a parte. As transmissões por fax são debitadas ao mesmo preço que as das chamadas te lefónicas normais, mas o material pode ser enviado com muito mais rapidez do que se fosse ditado. As máquinas automáticas re cebem mensagens a qualquer hora e po dem ser programadas para emitir do cumentação depois do escritório fechado, aproveitando as tarifas telefónicas mais baixas. Em certos aparelhos, o mesmo do cumento pode ser enviado sucessivamen te a muitos terminais diferentes — a cha mada transmissão sequencial. Para transmitir um documento ou uma imagem, o utilizador coloca-o na máquina e marca o número no teclado. A máquina encarrega-se do resto e dá sinal quando a sua missão foi cumprida. 0 documento ou imagem a transmitir é passado em frente de uma fonte de luz, em geral uma lâmpada fluorescente. A luz re flectida pelo documento é dirigida por es pelhos e através de uma lente para um dis positivo chamado CCD (charged coupled device, semelhante mas mais simples que os das câmaras de vídeo — v. Televisão, p. 218), que converte a imagem recebida
ponto a ponto numa corrente eléctrica. Esta é digitalizada, ou seja convertida numa série de impulsos eléctricos repre sentando uns ou zeros. Estes sinais digitais vão alimentar um modem (modulador/ desmodulador) que os combina com uma onda portadora, a fim de os transmitir ao longo das linhas telefónicas. 0 modem verifica também a qualidade da linha telefónica antes de enviar os si nais. Se a qualidade não for suficientemen te boa, o aparelho não faz a transmissão, pois a informação sairia confusa. Assim, dá um sinal que informa o utilizador de que deve tornar a enviar o documento. Os apa relhos mais recentes retransmitem ele mentos em mau estado até que a transmis são deixe de conter erros: é o chamado ECM {error correctíng mode, ou modo de correcção de erros). Quando os sinais chegam ao receptor telefónico, são desmodulados —separa dos da onda portadora- e introduzidos numa impressora, que recria o documen to em cadeias horizontais de pontinhos li nha a linha. A maioria das máquinas de fax utiliza a impressão térmica, possuindo uma cabe ça de impressão térmica constituída por centenas de pontas metálicas aquecidas que funcionam em padrões de conjunto. Imprimem em papel térmico, o qual pos sui um revestimento químico que enegre ce quando atacado pelo calor. Certos aparelhos imprimem em papel normal, vantajoso porque permite uma ar mazenagem mais demorada sem se estra gar. Podem utilizar uma impressora a laser ou utilizar a transferência térmica, em que uma folha de tinta é interposta entre a ca beça da impressão térmica e o papel nor
Em segundos. Após a erupção do monte. St. He lens, nos EUA, este oficial de uma equipa de soco/ ro foi fotografado. As ampliações mostram o facsímile. constituído por pontinhos minúsculos, que são codificados sob a forma de sinais digitais e en viados por telefone.
mal. Os aquecedores fundem a tinta da folha e esta adere ao papel normal, produ zindo uma imagem a prelo que seca ime diatamente. O «FAX» TORNA-SE MAIS RÁPIDO Os jornais utilizam máquinas de facsírnile para o envio de fotografias (telefotos) desde 1907, data em que uma fotografia foi transmitida por fios de Paris para o Daily Mirrar, em Londres. Em 1959, o jornal japonêsAsahi Shimbun (Sol da Manhã) mandava pági nas inteiras da sua sede, em Tóquio, para uma tipografia em Sapporo, a 960 km de distância. Actualmente, en via diariamente para Londres, via saté lite, um exemplar completo, que ali é impresso para venda na Europa. Os progressos tecnológicos têm dado srcem a máquinas de menor preço, mas capazes de reproduções de boa qualidade. Os jornais não são os únicos utilizadores: também as po lícias transmitem entre si cópias de impressões digitais e retratos-robõs. As primeiras máquinas de fax de moravam cerca de seis minutos a transmitir um documento em A-4. Mais tarde, o tempo foi reduzido a me tade, e as máquinas modernas levam menos de 30 segundos. Codificam a informação digitalmente, embora ela seja transmitida por sinais analógicos. Os aparelhos disponíveis na década de 90 codificarão e transmitirão digi talmente, diminuindo para quatro ou cinco segundos o tempo de transmis são de uma folha A-4.
l.UMU
O "bip" que nos chama Os executivos e os técnicos atarefados po dem usar consigo o seu sinal eléctrico pes soal — como se fosse uma campainha de algibeira— que os avisa de que alguém os está a procurar. Os médicos durante as suas visitas num hospital, por exemplo, podem ser chamados a determinada en fermaria, bem como os bombeiros em ser viço podem receber um alarme de fogo. 0 avisador de algibeira, ou "bip-bip", como é conhecido devido ao som que emite, é um radiorreceptor em miniatura alimentado por pilhas e sintonizado com uma estação. O "bip" é dado por um pe quenino cristal que vibra e produz som quando atravessado por sinais eléctricos. Estes são gerados nos circuitos electróni cos do aparelho e desencadeados por um sinal de rádio activado pelo carregar de um botão na unidade central. 0 "bip-bip" mais simples pode emitir vários sinais diferentes, corno os pontos e
traços do alfabeto Morse. Quatro "bips" prolongados, por exemplo, poderão signi ficar "fale para o escritório". Os tipos mais sofisticados podem dar pequenos recados ou arquivar mensagens. 0 sistema é conhecido por radio paging. Uma rede pequena pode chamar até 100 receptores, seja separadamente, seja simultaneamente, em grupo. Cada recep tor tem um número, e o controlador faz o contacto transmitindo esse número segui do da mensagem desejada. Os serviços de paging a longa distância são operados por empresas comerciais que transmitem mensagens aos "bipbips" dos seus assinantes a partir de uma sala de comando. Todos os sistemas têm de ser autorizados, sendo-lhes atribuída uma frequência, em geral ao redor da ban da dos 27 MHz. 0 raio de acção varia con forme a potência do emissor, mas situa se, em geral, entre os 50 e os 65 km.
Fotocopiadoras — imprimir sem tinta Até à década de 40, fazer cópias de um documento ou de um desenho envolvia a fotografia ou a preparação de uma matriz em estêncil destinada a um copiador mu nido de uma almofada de tinta. As modernas fotocopiadoras utilizam a electricidade estática - sem o emprego de tintas. Podem produzir até 135 cópias a preto e branco por minuto, bem como có
pias reduzidas ou ampliadas, e mais es curas ou mais claras que o srcinal. Com a pressão de uma tecla que comanda um microprocessador electrónico, podem fa zer cópias de ambos os lados da folha. As copiadoras electrostáticas actuais descendem de uma máquina inventada em 1938. Carlson chamou ao seu processo xerografia, do grego "escrita a seco".
COMO FUNCIONA UMA FOTOCOPIADORA
lUm.lUINA.'
Nas copiadoras antigas, aplicava-se o es têncil em volta de um tambor rotativo. A maioria das actuais fotocopiadoras utiliza também um tambor rotativo, mas é a ima gem do documento a copiar que é projec tada neste por meio de espelhos e lentes. É este sistema óptico que permite a alteração das dimensões da imagem. O tambor tem um fino revestimento de semicondutor que conduz a electricidade quando ilumi nado (fotocondutor) e que é inicialmente carregado com electricidade estática. Os espaços em branco do srcinal reflectem a luz para o tambor, pelo que a carga eléctrica éreflectem retirada. aAs pretasassim do srcinal nãoso luz,áreas deixando a carga bre o tambor. Estas áreas carregadas atraem um fino pó negro, otoner. que vai formar a imagem sobre o papel da cópia. Numa copiadora a cores, o srcinal é "varrido" três vezes e exposto sobre o tam bor através de três filtros que o separam nas três intensidades diferentes das três co res primárias da luz — vermelho, azul e verde. As cores são recriadas na cópia pelo emprego de loners das três cores secundá rias - magenta, anil e amarelo - e do preto. Como sucede na impressão a cores, a imagem é impressa em quatro fases — primeiro as áreas com amarelo, depois as áreas com magenta, a seguir as áreas com anil e finalmente as áreas com negro. As mais recentes copiadoras a laser con seguem uma reprodução a cores mais pre cisa. A imagem srcinal, varrida três vezes, é projectada sobre um painel de elementos fotossensíveis, chamado CCD (charge•coupled deuices), que a converte em si nais eléctricos. Os sinais vão alimentar um laser que os transmite como sinais lumino sos e constrói a imagem linha a linha sobre um tambor fotocondutor electrificado.
Onqinjl
Original Tambor
Tambor
Cópia —
A luz de uma lâmpada flúores cente ou de halogéneo varre o srcinal por meio de. um espe lho que se desloca, projectando a imagem sobre um tambor ro tativo carregado com electrici dade estática. O tambor está re vestido de uma substância que conduz electricidade quando sobre ela incide luz.
O\s tambor carregado As pretas O sobre O\Jpapel, IUIUUUI cê iu(/t u u xu f%o áreas uivu.i jjrctux uu da \s toner limei projectado //H/J^Í.IUUÍJ .tíjuicr fmuvi, carregado ct/»»l' com electricidade imagem sobre o tambor o tambor é atraído pelas electricamente OKtAtífn nn nnw/ir não lAm I119 noln niie cimv /irc/iv mrroanrin^ ntrni n Innpr ri íttJO têm luz. pelo que suas áreas carregadas, atrai o que toner, estática ao passar
numaltasensibilizador de voltagem. Sensibilizador
Tambor
a carga se mantém. Luz reflectida, do srcinal
que correspondem às é fundido sobre ele por áreas negras do srcinal, um rolo aquecido Toner
:
^fc
ff Sensibilizador
231
CUMU KUNUUNAY
Como a câmara fotográfica regista o instante fugidio
Máquina gigante..4 Chicago Railmay Company, dos EUA, utilizou esta câmara para fotografar uni comboio de luxo em IÍMX) - era a única forma possível de o registar por inteiro. Esta câmara fotográfica linha 4 m de comprimento e registaua fotografias do tamanho de uma porta. A Iconologia eliminou grande parte do ele menlo "incerteza" no momento de foto grafar. Existem, hoje em dia, câmaras auto máticas computorizadas que focam por si, ajustam os próprios comandos e fazem avançar o filme depois de cada disparo. Todas as câmaras fotográficas funcio nam segundo o mesmo princípio, o da comera obscura: quando pressionamos o disparador, accionam-se as cortinas, ou lamelas, do obturador durante um mo mento muito breve e a luz passa através da objectiva para o interior da camera obs cura até chegar à película. Os raios lumino sos, ao atravessarem a lente, invertem-se e produzem uma imagem da cena real que fotografámos, imprimindo se sobre a pelícuia fotossensível, que obviamente se en contra na parte posterior da câmara foto gráfica, ou seja do lado oposto à objectiva. 0 processamento químico da película completa as reacções físico químicas que se iniciaram quando da incidência dos raios luminosos sobre ela, transformando a imagem latente em imagem visível. A impressão sobre papel completa o ci clo que nos permite obter a fotografia
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A câmara fotográfica A objectiva de vidro é o olho da máquina. Quando os raios de luz atravessam o vidro, afrouxam porque o vidro 6 mais denso que o ar, e todos esses raios (menos os que incidem no vidro a 90") são desviados, ou refractados. Nas objectivas fotográficas, as lentes que as constituem têm uma forma tal que raios lurni nosos paralelos reflectidos
pelo assunto
que fotogra fámos vão convergir para um pla no - o pia no de foco.
*_\_>jvn_/ rui'i\-.ivjiirt:
Ao prepararmos uma fotografia, deve mos estar à distância certa do objecto para que os raios luminosos que penetram na nossa câmara se foquem sobre a película, dando uma imagem nítida. A distância adequada depende da objectiva utilizada. A maioria das câmaras manuais possui um regulador de focagem que desloca a objectiva para permitir fotografar objectos a distâncias diferentes. A câmara tem, em geral, um indicador de distâncias, ou telé metro. Algumas câmaras automáticas focam-se a si próprias, ou seja autofocam-se. Em função do diafragma escolhido, pode
50 mm, e o respectivo "ângulo de cobertura" é de cerca de 45°. Muitas câmaras permi tem acoplar objectivas intermutáveis com diferentes distâncias focais ou então objec tivas "zoom" com distância focal ajustável pelo fotógrafo (variável), por exemplo de 35 até 70 mm ou de 28 até 150 mm, etc. Para que uma fotografia não fique nem "clara" nem "escura", a película deve sofrer uma exposição adequada à luz. A exposi ção adequada é encontrada através do foto metro e controlada em simultâneo pela re lação diafragma e obturador. O diafragma encontra-se dentro das objectivas e geral
do número / anterior, conforme se avança ou recua na escala por exemplo, a luz que passa através de #5,6 corresponde ao dobro da que passaria através de f/S; e a que passa através def/U corresponderia a metade da que passaria através def/S. O obturador, que se abre para deixar chegar a luz a película, fica entre a objecti va e a película. Nalguns modelos de câma ras, fica situado na própria objectiva logo atrás do diafragma, noutros modelos fica situado junto à película. 0 lapso de tempo em que se mantém aberto ehama-se tem po de obturação ou de exposição, e pode ir
mos nitidez para obter cá do mais planoou quemenos optámos por para focar:láé e o que se chama profundidade de campo. As câmaras modernas têm objectivas compostas — conjuntos de lentes de vi dros e formas diferentes - que elim ina m as distorções inevitavelmente verificadas numa objectiva de lente única. Na câmara comum de 35 mm — que corresponde à largura da película —, a distância focal da objectiva chamada "normal" ronda os
mente com elas uma e é constituí do por concêntrico lâminas, produzindo abertura maior ou menor. O diâmetro da abertura é regulado por um anel exterior na objectiva, no qual os seus valores são indicados pelos chamados números /. O número f é tanlo maior quanto menor é a abertura. Nas objectivas mais usuais, geralmente a escala de números f varia entre f/22,16,11, 8, 5,6, 4, 2,8,2 e 1,4. Cada abertura permite a passagem de metade ou rio dobro da luz
desde rápidas 1/4000 as de obturações segundo atémuito às lentas, de de segun dos, minutos ou mais. Os tempos de expo sição rápidos são indispensáveis nas foto grafias de acção rápida, a fim de podermos "congelar" o movimento para que a ima gem não fique "tremida". Usam se pelícu las rápidas (de grande sensibilidade à luz) em conjunto com as exposições muito rá pidas para se aproveitar ao máximo a pou ca quantidade de luz que entra na câmara.
COMO A CAMARÁ UTILIZA A LUZ
Visot
Quando se faz uma fotografia, o objecto que se vê através do visor é registado na película durante o breve momento em que o obturador se abre e deixa passar luz atra vés da objectiva. A película está revestida por uma emulsão que é quimicamente afectada pela luz. As películas "rápidas" são mais sensíveis à luz do que as "lentas", pelo que podem ser utilizadas em condi ções de menor iluminação. A rapidez da película vem indicada na caixa e no rolo pelo seu valor ISO. Quanto mais alto esse número, maior a sensibilidade da película.
Objectiva
Película
Objecto
A objectiva da máquina faz con vergir a luz emitida pelo objecto a fotografar e projecta a sua ima gem invertida sobre a película (na parte de trás da câmara).
Pequena abertura (do diafragma)
Grande abertura (do diafragma)
O diafragma possui lâminas sobreponioeis que formam uma abertura de tamanho regulável em íris. Uma abertura maior deixa entrar mais luz na câmara.
m
Um obturador comum é constituído por duas "corti nas" que se abrem, forman do uma fenda que expõe a película. Quanto menor for a fenda, mais rápido o tempo de exposição. Número de exposições Sensibilid ade ^ — da película (norm a ISO)
j ^
Largura da película
133
Os tempos de exposição ou ob luração mais lentos são adequados à fotografia de cenas pouco ilumi nadas em que não haja movimen lo. No enlanto, o contrário de tudo o que foi dito também pode ser válido. Por exemplo, imagine-se a foto grafia de um objec to em movimento com a câmara a
acompanhar o movimento do mesmo, mas com um tempo de obturação relativa mente longo. Algumas câmaras têm uma posição B no obturador para exposições prolongadas, geralmente superiores ao se gundo, em que o obturador pode ser fixa do na abertura desejada durante quanto tempo se quiser. As vezes, escolhem-se tempos de exposição longos para "tre mer" deliberadamente objectos em movi men to, transf ormand o-os em "forma s
Abertura do diafragma. As três secções deste nc gativo foram expostas a f/5.6, VII e í/22, cada posi çâo deixando entrar menos luz.
Tempo de exposição. Este negativo foi exposto durante 1/15, 1/60 e 1/250 de segundo, dando cada vez menos tempo para a luz actuar na película.
Resultado final. Com as aberturas e os tempos de obturarão mostrados ã esquerda, obteve se uma fotografia com três exposições diferentes, desde a sobrexposiçào à Subexposiçâo. 0 melhor resultado foi obtido com 1/60 de segundo e Vil.
Efeitos do obturador. Um tempo efe obturação lento forneceu luz suficiente paru registar a cena nocturna ern cima. Os faróis dos auto móveis apresentam se como longas fitas brancas. À direita, um salta dor à vara foi congelado" em seis posições, muntendo-se o obtura dor aberto durante o solto e i/umiriando-o seis vezes com um flash estroboscópico de alta velocidade de reciclagem.
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LUMU KUNUUNA? abstractas". Obtêm-se as mesmas exposi ções, ou seja a mesma quantidade de luz a chegar à película, com diferentes combi nações de valores de diafragma e de obtu rador Por exemplo: como o r75,6 deixa en trar o dobro da luz do f/H, usar a abertura /?5,6à velocidade de 1/250 de segundo é o mesmo que usarf/S a 1/125 de segundo. A fotografia feita com 1/250 e /'5,G ficará mais "congelada", no entanto a sua profundida de de campo será menor. A maioria das câmaras tem medidores de exposição incorporados, os fotóme tros, que nos dão as combinações correc tas de diafragma e obturador possíveis de utilizar em relação à sensibilidade da pelí cula e à reflexão lumínica do assunto a fo tografar.
Por vezes, devido à pouca luz existente ou à pouca sensibilidade das películas que estamos a usar ou porque pretendemos determinados resultados mesmo com luz ambiente .suficiente, necessitamos de utili zar o flash electrónico. Algumas câmaras têm o flash incorporado, noutras existe uma sapata de aplicação para umflash in dependente, outras ainda permitem o uso do flash separado da câmara por meio de cabo conector. O relâmpago do flash tem de ser sincronizado com a abertura do ob turador Na maioria das câmaras, essa sin cronização faz-se a 1/60 de segundo, nou tras a 1/125 ou 1/250 e nas câmaras com obturador do tipo "central" qualquer ob turação está sincronizada com o flash. Como reage e funciona a película A película que regista os raios luminosos é mais uma fita transparente de poliéster ou triacetato coberta por um revestimento fo tossensível de sais de prata ou halogenetos microscópicos numa suspensão gelatino sa A exposição à luz provoca uma reacção latente nos halogenetos, que no processa mento químico se decompõem, transfor mando se em prata, tanto mais escura quanto mais luz tenham recebido. Para se obter o melhor resultado, tem de se regular a quantidade de luz conforme a indicação do fotómelro, senão: luz a me nos resulta em subexposição sem porme nores, porque a fotografia — ou o diaposi tivo — fica demasiado escura; luz a mais
resulta numa sobrexposição, também
com perda de pormenores por a fotografia ficar clara demais. As películas com grão maior (mais sen
sível à luz) são mais rápidas a reagir e são conhecidas por películas rápidas; as pelí culas lentas têm o grão pequeno e necessi tam de mais luz para uma mesma exposi ção correcta. A sensibilidade das películas está geralmente indicada nas normas ISO (valor de sensibilidade da International Standards Organisation, ou Organização Internacional de Normalização). Quanto maior for o número ISO, mais sensível a película.
PROPRIEDADES DA LUZ QUE DÃO UMA COPIA A CORES
A luz solar é composta pelas três cores primárias, ou principais: azul, verde e vermelho (à esquerda). Todas as cores podem obter-se a partir de diferentes misturas daquelas. As cores primárias, duas a duas, produzem as cores secun dárias: magenta (azul e vermelho), ama relo (verde e vermelho) e ciano (verde e azul). Juntando aos pares as cores se cundárias, voltam a reproduzir-se as co res primárias (à esquerda, em baixo): Composição da luz. A luz "branca" na tural contém três cores primarias oer melho. verde e azul. Combinadas duas a duas, produzem as cores secundárias magenta, amarelo e ciano. Combinando purés de secundárias (em butxo), obtêm se novamente as primárias. As cores que se opõem chamam se complementares.
Registo da luz sobre papel I
Camada • sensível
magenta amarelo dá vermelho, ciano maismais amarelo dá verde, ciano mais magenta dá azul, o azul e o amarelo são "complementares", como o são o verde e o magenta, ou seja qualquer cor adi cionada à sua oposta produz o branco ou neutro. A película a cores tem três camadas, cada uma delas sensível a uma cor pri mária. Quando se faz uma fotografia, cada camada reage a uma cor primária e forma a imagem em tinta da cor comple mentar, a qual é sensível; por exemplo, um objecto azul é registado pela cama da sensível ao azul em linta amarela O negativo é então impresso na câ mara escura sobre um papel que con tém camadas fotossensíveis semelhan tes. Quando a luz normal atravessa o ob jecto azul do negativo, a tinta amarela bloqueia os raios azuis, mas deixa pas sar os vermelhos e os verdes. 0 papel regista o vermelho e o verde como tintas ciano e magenta. Ao olharmos para a fotografia, a combinação de ciano e ma genta aparece azul. KODAK 5095
O negativo. As coies emitidas pelo objecto aungem a película.
" mn"iun ninii"iuii A copia. Ao passar I.I.através do negativo até ao papel •-••ri cima], as tintas do negativo bloqueiam as cores complementares.
Camadas Camada expostas sensível ao .-i,-,ii Camadas não expostas
As camadas não expostas são fixadas e lavadas. As tintas nas camadas expostas recriam as cores srcinais
Tinta amarela
• « HHPUUI
Mudança de cores. O negativo a cores, em cima, com as imagens nas cores com plementares das reais, produz a cópia em baixo.
Vista ampla. Uma objectioa com grande ângulo de cobertura abarca um campo mais alargado do que a percepção do olho humano. Esta vista do Sunset Bouleuard (à direita) foi feita com uma objectioa tipo grande angular de 24 mm de distância fo cal, com um ângulo de visão de 84". O ân gulo grande faz com que a estátua e os edifí cios distantes pareçam mais pequenos do que se estivéssemos a ver a cena à vista desarmada. Uma das utilizações da objectiva grande-angular poderá ser a fotografia de inte rior em que a objectiva "normal" não CO briria totalosque pretendemos regis tar —a cena embora assuntos fotografados de muito perto apareçam distorcidos. As grandes-angulares sáo frequen temente usadas na obtenção de efeitos especiais.
180 mm
50 mm
'2>\ mm
Sunset Boulevard. A avenida principal de Hollywood foi foto grafada de cerca de 65 m. utili zando-se diferentes lentes. A fo tografia de cima foi feita com uma teleobjectiva com 180 mm de distância focal. A teleobjecti va tem urn campo de visão mui to estreito (esta cobre apenas 14°), mas produz uma imagem aproximada. A fotografia do cen tro representa a mesma cena fei la com uma objectioa de 50 mm de distância focal. O ângulo de visão é de 45", apraximadamen te o da percepção do olho huma no, o que cobre uma parte maior da cena. As teleobjectivas podem ter dl versas distâncias focais e ângu los de visão, permitindo-nos in cluir, a partir de um único ponto, diferentes porções da mesma cena. 236 •
Revelação a preto e branco A primeira fase do processamento da película, a chamada revelação, aumenta as reacções químicas iniciadas com a inci dência da luz, transformando a imagem latente inicial em imagem visível por de composição e transformação dos sais de prata em prata negra, tanto mais negra quanto mais luz tenham recebido. Antes de a película revelada poder ser manipulada à luz, tem de ser estabilizada, ou "fixada", isto é, têm de ser removidos os sais de prata não expostos e, consequente mente, não transformados em prata; para tal, introduz-se a película num composto, como o hipossulfito de sódio ou equiva lente, geralmente designado por fixador. Entre o revelador e o fixador, qualquer ma terial fotossensível que se esteja a proces sar deverá passar por um banbo ácido, co nhecido por banho de paragem. Para se transfomiar o negativo em cópia positiva da cena srcinal, coloca-se o mes mo num ampliador, focando o sobre pa pel fotográfico, revestido também com haiogenetos de prata. O ampliador projecta a imagem negativa sobre o papel, amplian do a para as dimensões por nós desejadas, e expõe o papel à luz. O papel retém a imagem da mesma forma que a película, mas como as áreas mais escuras do negati vo deixaram passar menos luz, o padrão de luz srcinal é agora recriado. Após a exposição, a cópia é revelada, parada e fi xada, lavada e seca.
Fotografia a cores
As películas a cores seguem um processo semelhante. Existem em dois tipos dife rentes, conforme o seu tipo. A transparên cia (diapositivo, ou slide) dá-nos a imagem directa e positiva para ser projectada num écran ou vista num visor. As do tipo cópias a cores, em papel, resultam de duas fases: primeiro obtemos um negativo a cores, que depois é impresso em papel (v. caixa). Dois tipos de câmara Duas das câmaras fotográficas mais utiliza das são a compacta e a SLR {single-lens reflex, ou câmara da reflexão por lente úni ca). Ambas usam película de 35 mm, eonA DATAÇÃO DA FOTOGRAFIA É fácil esquecermo-nos de quando fi zemos determinada fotografia, mas uma câmara dotada de uma peça es pecial marca automaticamente a data nas fotografias. A peça tem um relógio incorporado que mostra a data atra vés de um LED (díodo emissor de luz), o qual pode ser simultaneamente fo tografado na película ou nela impres so por meio de um pequenino flash interno, ficando gravado no negativo ou no slide.
quanto algumas SLRs, entre elas a Hassel blad, usem rolos 120 - com 60 mm de largura -, qu e precisarão de menor am pliação, logo dando maior definição. Os dois tipos de câmara diferem princi palmente em dois aspectos. Primeiro, a maioria das compactas possui apenas uma única objectiva incorporada, en quanto na SLR se pode aplicar uma diversi dade de objectivas intermutáveis. Depois, a compacta tem um visor geralmente inde pendente da objectiva, ao passo que a SLR tem um visor com reflector por espelho que "lê" através da objectiva da máquina.
taprisma inverte a imagem do espelho e aprosenta-a "direita" no visor. Quando se carrega no botão disparador, o espelho sobe, permitindo que a luz da imagem in cida sobre a película. A compacta é geralmente mais peque ua que a SLR e é mais "fácil" de manejar. Os modelos mais caros podem ter focagem automática, exposição automática, uma objectiva "zoom" e um motor para avan çar e rebobinar a película. As câmaras SLR podem ser programadas para exposição auto mát ica de diversas formas - por exemplo, para um tempo de exposição es
Com o visor independente, a vista do fotógrafo não coincide exactamente com a da objectiva, pelo que, nas fotografias a curta distância, é preciso compensar este erro de visão. Com o visor por reflexão, o fotógrafo "vê" exactamente a imagem que irá impressionar a película, porque a luz que atravessa a objectiva da câmara é re flectida por um espelho para um pentaprisma até chegar à ocular do visor. O pen-
colhido manualmente a abertura do dia fragma "correcta" é feita automaticamen te. Frequentemente, o fotómetro tem um indicador no visor que mostra as combina ções de abertura e tempo de exposição que podem ser usadas. Os modelos mais recentes de SLR têm microprocessadores incorporados que comandam a autofocagem, a auto-exposição e o enrolamento automático da película.
Câmaras de focagem automática Na fracção de segundo entre o premir do botão do obturador e a sua abertura, a câ mara automática rnede a distância entre a objectiva e o assunto e regula a objectiva para se obter uma focagem nítida. A maioria das câmaras compactas tem um pequeno motor eléctrico para accio nar um emissor de radiação infravermelha. O emissor está ligado à objectiva, que se desloca para a frente ou para Irás quando o leixe explora a posição do alvo. O feixe de raios infravermelhos c reflectido do objec to até à câmara, onde um sensor pára o emissor quando o sinal mais forte lhe indi ca que a lente está focada. O obturador é então accionado automaticamente. Algumas câmaras possuem focagem por ultra-sons — um disco revestido a ouro
(o transdutor) emite "chilreios" demasia do altos para serem ouvidos pelo homem com a duração de 1/1000 de segundo cada um. O disco recebe os ecos do chilreio pro venientes do objecto, e um microcompu tador incorporado mede o tempo que cada a ir eaovoltar. A partir daqui,chilreio calculademora a distância objecto. As máquinas SLR com autofocagem usam um sistema electrónico de detecção de fase, no qual a luz que entra na objectiva é separada em duas imagens. Um sensor mede a distância entre as duas imagens, que se encontram separadas por determi nada distância quando a objectiva está lo cada. Se a distância não está correcta, o sensor faz com que um motor desloque a objectiva para trás ou para a frente. "'' r J»
^
Sensor de infravermelhos
Emissor de infravermelhos Obiecto
Feixe reflectido de infraA objectiva vermelhos move-se até se ajustar a focagem
Varrimento por infravermelhos. Em certas câmaras, quando se acciona o balão disparador, urn feixe de infruvermelhos reflecte se no objecto e acciona o obturador quan do a objectiva se encontra na posição correcta 237
O cristal de silício Do tamanho de um botão cie camisa, um quadradinho de silício chega a conter 450 000 componentes electrónicos. Esse cristal de silício - microchip - é o fruto das técnicas da microelectrónica, que pro duzem circuitos integrados com uma den sidade de componentes crescente. Electronicamente, os circuitos que constituem um microchip não são espe cialmente — aos é osina seuis tamanho minúsculo complexos que permite através sarem-nos à velocidade do relâmpago: por isso, conseguem fazer até 250 milhões de cálculos por segundo. A maioria dos circuitos integrados são feitos de silício, mas alguns são de arsenieto de gálio.
"Chips" para tudo Há vários tipos de circuitos integrados. Um microprocessador pode ser um compu tador ou o centro nervoso de um compu tador maior. Os de memória armazenam informa ções nos computadores em conjuntos de circuitos idênticos - permanente ou tem porariamente. Os de interface traduzem os sinais que chegam ao microprocessador do exterior em código binário (v. p. 241), de forma que os circuitos electrónicos pos sam trata los. Traduzem igualmente os si nais de saída em números ou palavras para o écran do monitor. Os circuitos integra dos de relógio fornecem a cronometria ne cessária para que todos os circuitos do computador processem os sinais eléctri cos na sequência correcta. Cada um deles está ligado a um cristal de quartzo que vi bra a uma frequência precisa.
Como o silício conduz a electricidade 0 silício é um semicond utor conduz electricidade melhor que os isoladores, mas pior que os condutores Quando puro, é praticamente um isolador, porque con tém muito poucos portadores de carga eléctrica livres. No entanto, basta que lhe acrescentemos pequeníssimas quantida des de certas impurezas, chamadas dopai ites, para que se torne um bom condutor. A razão disto é que cada átomo da impu reza vai soltar na rede cristalina do silício um electrão livre — se se tratar de uma impureza pentavalente como o fósforo. Estes electrões livres a corren te eléctrica; como têmtransportam carga negativa, ao silício "dopado" com fósforo chama-se si lício do tipo n (negativo). Se, em vez do fósforo, se incorporar no silício um pouco de boro, dopante trivalente, cada átomo desta impureza dá à rede cristalina três electrões, um a menos que os quatro do átomo de silício que substitui; esta "falta de um electrão", chamada "buraco", com238
Rastreio de uma abelha. As "abelhas assassinas" do Brasil, que destroem as ubelhas domésticas, estão sob a vigilância de um laboratório americano. Aplica-se a abelhas captura das. que depois se soltam, um microchip comum emissor de infravermelhos. Cientistas captam as transmissões e estudam os movimentos das abelhas, tentando controlar a migração. porla-se cm tudo como um portador com carga positiva. Por isso, o silício com mui tos buracos diz-se do tipop (positivo). O número e o tipo de portadores (elec trões ou buracos) podem ser também alte rados por potenciais eléctricos; assim, um semicondutor do tipo o pode passar a iso lador ou mesmo a tipo n por aplicação de um sinal eléctrico positivo. Percebe se, portanto, como é que os semicondutores (e nunca os metais) puderam permitir o delicado controle da corrente essencial aos dispositivos electrónicos, dos transístores aos microprocessadores - desde que se começou a dominar as técnicas de crescimento de cristais puros e perfeitos e da sua dopagem. Um chip é um cristal per feito de silício, no qual são introduzidos dopantes dos dois tipos; são as áreas de diferente dopagem do cristal, juntamente com camadas de óxido isolador e pistas de
Um tipo de transístor utilizado é consti tuído por duas ilhas de semicondutor n numa base maior do tipo p. Enquanto o transístor está "desligado", os electrões li vres das camadas n não conseguem passar através da camada/). O transístor é "ligado" quando se aplica uma voltagem de um cir cuito separado de baixa potência a uma porta de alumínio por cima da base/). Esta diferença de potencial atrai os electrões li vres da basep para a poria, formando uma fina região tipo //. Os electrões formam en tão uma ponte entre as duas ilhas /7. forne cendo uma passagem para a corrente atra vés do circuito em que o interruptor está a operar. O transístor é "desligado" quando se retira a voltagem da porta. Sem a ponte entre as ilhas, a conente não pode passar.
metal, que fazem formamfuncionar os dispositivos nicos que desde oselectró com putadores às câmaras de vídeo (v. p, 218).
(wafer) (vida vez sobre uma bolacha de cristal de silício artificial ultrapuro e ultraperfeito, com uma espessura de décimos de milímetro. Os diagramas dos circuitos são preparados em computador, depois reduzidos à escala dochip e aplicados lado a lado sobre uma chapa de vidro chamada a máscara. Como os dispositivos como os transístores são construídos em camadas sucessivas do chip. faz-se uma máscara
Como funciona um transístor Os transístores. os componentes mais vul gares de um circuito integrado, são princi palmente usados como interruptores, dei xando passar a corrente para representar o binário 1 ou interrompendo-a para o 0.
O fabrico de um "microchip" Os chips são produzidos às centenas de
Desenhando um
de "chip". Para senhar o plano de todos os árcui
tos electrónicos, utiliza-se um computador Um dese nhador altera a imagem no écran por meio de uma "caneta" de luz (em cima) e verifica o plano global num print-out (à direita, em cima). As máscaras para cobertura das áreas não funcionais cm coda camada do chip são feitas com o emprego de um ne gativo mestre (à direita, em baixo) cerca de 250 ve zes maior que o chip. 0ne gativo é reduzido fotografi camente e depois impres so sobre o silício. para cada operação. As máscaras, que ta pam as partes não desejadas, são feitas em tamanho muito maior que o dochip e re duzidas depois fotograficamente. Os chips são construídos pela formação de cada camada — camadas tipo p ou tipo n ou camadas isoladoras de dióxido de silí cio - o dissolução química das partes não desejadas. Isto execula-se tratando a ca mada com um revestimento sensível às ra diações ultravioletas e expondo-a aos raios ultravioletas através da máscara. Certas partes, como os contactos de alu mínio, são depositadas por condensação de vapor do metal. O alumínio é depois sujeito ao processo acima descrito, termi nando com a sua dissolução nas zonas em que não deve existir, ficando apenas nas regiões onde forma pistas de interligação dos circuitos e nas sapatas de contado nos bordos do chip. Todos os circuitos integrados formados em cada chip de uma bolacha são testa dos. Após os ensaios, a bolacha é cortada ao microscópio em chips individuais. Os chips bons são montados numa base que se encapsula em plástico. As sapatas de contacto sào ligadas a terminais de metal por fios de ouro e os terminais são ligados a pernas de contacto salientes, que fazem a ligação ao circuito externo.
i ; ^ Linhas de mem óri a. Os interruptores electrónicos e condutores que ^JL—ãã aqui se mostram estão ampliados 4000 vezes. Fazem parte de um circui to integrado de memória capaz de armazenar 256 000 dígitos binários.
Computadores: máquinas com memória Os computadores começaram por ser má quinas de somar, mas actualmente, com os progressos da ciência, possuem memó rias capazes de armazenar quantidades in críveis de informação e podem ser progra mados para "pensar". O computador "pensa", ou "raciocina", ao escolher continuamente entre duas al ternativas para chegar a uma decisão logica. Embora apenas possa raciocinar den tro dos limites do seu programa, consegue apreciar enormes quantidades de infor mações com muito mais rapidez que o cé rebro humano. 0 computador canaliza as informações fazendo passar correntes eléctricas por di versos circuitos. Antes do advento do chip de silício, na década de 70, estas máquinas eram muito maiores e mais lentas, porque os seus interruptores eram milhares de vál vulas volumosas, mais parecidas com lâm padas eléctricas. Os modernos compu tadores são do tamanho de uma pequena mala e executam milhões de operações por segundo. Outro factor que contribuiu para a rapi
dez de operação dos computadores foi a utilização dos números binários (v. p. 241).
Funcionamento do computador O computador pessoal típico parece um aparelho de televisão com um teclado por baixo do écran. O programa, que é uma lista de instruções ao computador por cada tarefa a cumprir, está habitualmente contido hum disco magnético que é intro duzido na máquina. As informações são depois introduzidas através do teclado. Os programas são denominados soft ware (literalmente, "artigos macios"). O te clado, o écran e as partes funcionais do computador são designados por hardwa re ("artigos duros"). Os programas são es critos em diversas linguagens de compu tador, como o BASIC (Beginner's Ali pur pose Instruction Code , ou Código de Ins truções Polivalentes para o Principiante), o COBOL (Cornmon Business Oriented Language, ou Linguagem Vulgar de Aplicação Comercial) e o FORTRAN (FORmula TRANslation, ou Tradução de Fórmulas), usadas nos problemas científicos e mate 239
máticos. As linguagens consistem
em palavras c abreviaturas simples e têm de ser compatíveis com o código do computador em que são utilizadas (página seguinte). O coração do computador é um chip microprocessador que comanda as operações da memó ria e a unidade de aritmética e lógi ca que processa a informação. Um chip de relógio sincroniza todas as operações e um outro chip interfa ce converte os números binários em números ou letras normais para serem lidos no écran. As informações processadas podem ser impressas em papel, cm geral por uma impressora li near, que possui uma roda ou uma corrente que imprime os caracte res sobre o papel linha a linha ao ritmo de cerca de 2000 caracteres por minuto. A memória O computador tem duas memórias incor poradas, ambas forma das por micfochips. A memória principal ar mazena temporaria mente aquilo que eslá a ser processado e é de signada por RAM (Random Access Memory, ou Memória de Acesso
Aviáo garrido. Esta imagem codificada a cores no écran de um supercomputador Cray mostra a pressão do ar sobre um vai vém espacial. Foi utilizada para cálculo das pressões ã superfície.
Nãoum Sequencial). sui comando Pos leitu ra/escrita que permite ao utilizador não só ler as informações como alterá-las. Esta memória é apagada uma vez exe cutado o trabalho e des ligado o computador. A segunda memória é a ROM (Read Only Me mory, ou Memória Somen te de Leitura), que constitui o armazém do computador e cujo conteúdo não se perde {[liando aquele é desligado. As infor mações da memória ROM, tais como a lin guagem da máquina e os programas incor porados, não podem ser alteradas. Kmbora não seja maior que um botão de camisa, o chip de memória contém cer ca de 450 000 peças electrónicas ligadas
Mais de 200 000 microchips funcionam no pro cessador do supercom putador (em cima). Levou 20 horas a tra tar os dados para o lançamento do vai vém (ao alto). O ritmo de trabalho de um bilião de operações por segundo é tal que gera calor suficiente para derreter a má quina. Por isso, esta é regada com um
são díodos aparelhos dos — semicondutores que permitem a denomina passagem da correme num único sentido. Krn ambas as memórias os escaninhos estão agrupa dos para armazenagem de bytes — unida des de dígitos binários, tipicamente deS ou 1C. Quando o computador recebe as suas instruções, envia uma mensagem ao esca ninho adequado. Os bits (sinais eléctricos) deixam a memória e dirigem-se à unidade de processamento por um sistema de transferência denominado data bus. Os computadores possuem também uma armazenagem de apoio (back-up)
por circuitos Ião finos seriam urna precisos quase 24 milhões para que preencher es pessura de 1 cm. Kxístem actualmente chips que podem armazenar até 1 048 576 dígitos binários {bits. de binary digits). Na gíria dos computadores, a sua capacidade será de 1024-K - K significa quilo e repre senta 1024. A memória apresenta se mais ou menos como um dos velhos armários de separação do correio, com fileiras e íilei-
liquido refrigerante enquanto trabalha. Supersimulador. Os supercom putadores com processadores (à direita) podem executar biliões de cálculos com suficiente rapi dez para construir as imagens das condições atmosféricas em alteração que sáo necessárias pura as previsões meteorológicas
240
ras de escaninhos. Cada escaninho da me mória RAM é um interruptor de transístor e um capacitador que contém uma carga de sinal único. Na memória ROM, contudo, os escani nhos onde as cargas estão armazenadas
Trabalho quente.
LUIVIU rUIN^IUINA.'
QUE SÃO NÚMEROS BINÁRIOS? É natural que o computador conte em conjuntos de dois, uma vez que tem de decidir entre sim e não para cada passo dos seus processamentos. Nos números de todos os dias, os dígitos de 0 a 9 são lidos da esquerda para a direita e baseiam-se nas potên cias de 10. O número 110, por exem plo, é a soma de uma centena mais uma dezena mais zero unidades. O sistema binário usa apenas dois dígitos — o 0 e o 1. Os números são lidos da direita para a esquerda e ba seiam-se nas potências de 2. Partindo da direita, cada dígito dobra de valor: 1, 2, 4, 8, 16, e assim por diante. Por isso, no sistema binário os dígitos 1-1-0 equivalem a 6 (0+2+4), e o nú mero 110 é como se mostra em baixo. Número decimal 110 em sistema binário Valores binários 128 64 | 32 | 16 | 8 | 4 | 2 | 1 |
Como as calculadoras fazem somas As espantosas capacidades da calculadora dependem de um chip de silício com 6 mm de lado capaz de processar cerca de meio milhão de sinais electrónicos que re presentam os números envolvidos nos cálculos. São possíveis até 400 000 opera ções por segundo, reguladas por um reló gio de cristal de quartzo que c ligado ao mesmo tempo que a calculadora.
com que os circuitos de comando en viem os sinais que representam os nume ros a unidade aritmética e lógica, que procede aos cálculos, tsta envia os nú meros através dos seus circuitos por meio de interruptores, designados por portas lógicas, que "ligam" para 1 e "des ligam" para 0. Estas portas funcionam de acordo com a álgebra de Boole, criada
Quando se carrega numa tecla marca da com um dos dígitos entre 0 e 9, os circuitos convertem-no automaticamen te em números binários. As teclas dos nú meros enviam impulsos electrónicos a uma parte do chip chamada registo para armazenagem temporária. Quando se pressiona uma tecla de função, como a "mais", esta envia um sinal aos circuitos de comando noutra parte do chip. Carre gar na tecla "igual", para a resposta, faz
pelo Georges na década 1840.inglês As suas noçõesBoole essenciais são adede que toda a afirmação ou é verdadeira ou é falsa e a de que, quando duas afirmações se combinam, ou as duas são verdadeiras ou uma ou ambas são falsas. A calculadora utiliza três tipos funda mentais de porta lógica para avaliar cada passo dos seus cálculos como I ou como 0 equivalente ao "verdadeiro" ou "falso". Duas das portas, a porta K e a porta OU,
COMO AS PORTAS IOGICAS SOMAM 3 COM 2
Dígitos binários | 0 I 1 | 1
0
o
Cálculo 64 + 32 + 0 + 8 + 4 + 2 + 0 = 110
No computador, as palavras são ar mazenadas sob a forma de números binários. Km linguagem BASIC, a pa lavra poderia LOAD ("carregue" ou "armaze ne") ser processada assim: BASIC L 0 A D
Número binário
100 1 100 1001111 1000001 1000 100
para infonnações extras. Como os progra mas, ela é habitualmente contida em dis cos magnéticos que são introduzidos na máquina. As informações codificam-sc se gundo um padrão magnético, e o compu tador lê o disco ou escreve nele por meio de uma cabeça electromagnética. Há dois tipos de discos — os discos du ros (hard disc), feitos de metal, e os discos moles (floppy discs), feitos de plástico. Os discos duros têm 10 a 30 vezes mais capacidade de armazenagem de informa ção que os outros e respondem cerca de 100 vezes mais rapidamente, mas são de preço mais elevado. A fita magnética também pode ser uti lizada como grande armazém de dados de computador, mas as informações obtêm-se mais lentamente. Se quere mos a informação contida no fim da fita, temos de a percorrer toda desde o prin cipio.
Somar 3 mais 2 em números binários pode demonstrar-se no papel como segue: Valor do dig ito Nú me ro bin ári o Nú me ro bin ári o Res ult ado etc .
8 4 3 0 0 2 0 0 (51 0 1
Dígitos a serem somados
2 1 11 (2+1 ) 10 (2+0 ) 0 1 (4+1)
H
Em qualquer soma binária há quatro resul tados possíveis: 0 0 1 1
+ + + +
0 1 0 1
= = = =
0 1 1 0
(e vai nada) (e vai nada) (e vai nada) (e vai 1)
Por isso, na coluna dois da soma acima, 1 + + 1=0, porque representa 2 + 2 em núme ros de todos os dias, e o resultado, 4, é transportado para a terceira coluna.
H ^ Bit de "vai um"
NÃO
H 7^z.
Porta E Entram 0.0 sai 0 Entram 0.1 sai 0 Entram 1.1 sai 1 Porta OU Entram 0.0 sai 0 Entram 0.1 sai Entram 1.1 sai Porta NÃO Entra 1 sai 0 Entra 0 sai 1
•\ Resultadc
"Half adder". Cada par de dígitos, pura serem somados, passa pelas portas lógicas E, OU e NÃO com destino a uma porta E. A primeira porta E produz o bit de "uai um".
1 0
3+ 2
Segundos -, half adders e portas OU adicionais
1 =5
«Fuli adders». São constituídos por dois half adders e uma porta OU adicional que transpor ta os dígitos para a coluna seguinte. O segundo half adder recebe o bit de "uai um" e o resultado do primeiro half adder, os quais sâo processados como no primeiro half adder. 241
COMO FUNCIONA? recebem cada uma dois dígitos e transmi tem um. A porta F. só deixa passar 1 se receber dois uns, a porta OU deixa passar 1 se houver um I no par recebido. A terceira, a porta NÂO, só recebe um dígito, que faz passar invertido. Estas três portas em conjunto são capa zes de fazer somas, que são a base de todos os cálculos — a subtracção é uma soma negativa, a multiplicação é uma soma re pelida e a divisão é uma subtracção repeti da. As portas lógicas estão em unidades chamadas half udders, ligadas em Conjun to para formarfull udders. Processando os sinais através destasadders, a calculadora é capaz das mais complicadas somas.
— De seixos a "chips" —
0
ábaco, provavelmente apare cido na China há milhares de anos, foi a primeira calculadora. A contagem é feita pela movimenta ção de contas ao longo de uma ar mação de arame. 0 nome deriva de abax, que significa "laje" em grego, provavelmente porque contar se fa zia em tempos com seixos coloca dos em concavidades sobre uma laje ou no chão. A régua de cálculo, inventada por volta de 1620 pelo matemático inglês William Oughtred, utiliza os logarit mos que tinham sido inventados por John Napier anteriormente, mas já no século xvii. O francês Blaise Pascal patenteou a primeira calculadora mecânica em 1647, quando tinha apenas 24 anos. Tinha um sistema de engrenagens de rodas dentadas. Ootlfried l.eibniz, alemão, aperfei çoou esta máquina em 1673. A mais perfeita máquina de cal cular seria o engenho analítico de Charles Babbage, projectado na dé cada de 1830, mas nunca construído. A sua máquina poderia, teoricamen te, executar qualquer tipo de cálculo matemático, e, em 1843, Lady Ada Lovelace publicou programas para a sua utilização. Seria a precursora dos computadores actuais. Fazendo as contas. Esta gravura do século m mostro um cambista utili zando um ábaco
dobrável.
Como os bancos guardam o dinheiro em segurança
•
1p ^
M\ A vida está cada vez mais dura para os arrombadores, pois os cofres modernos es tão preparados para resislir-lhes. O corpo do cofre é formado por uma "sanduíche" resistente com espessuras até 12 cm, constituída por chapas de duro aço liga soldadas entre si, com um enchimento de materiais cerâmicos ou betão especial. Pode ainda haver camadas de material re sistente ao fogo ligadas à parte interior das chapas de aço, e o enchimento pode ser reforçado com rede de arame de aço ao carbono. Contém ainda, por vezes, blocos de um material cerâmico muito duro desti nado a embolar as brocas. A porta do cofre não é apenas fechada à chave, mas possui fortes ferrolhos de aço que penetram nos quatro lados da moldu ra da porta. Esles ferrolhos são corridos por meio de urn manipulo que só funcio na quando a porta não está fechada à cha ve. Alguns cofres estão ainda equipados com um mecanismo que desliga os ferroIhos do manipulo assim que a porta é fe chada à chave. Muitos cofres têm um dispositivo antiex plosivos. Se alguém tenta abri-los por meio de explosão, esse dispositivo dispara ime diatamente um mecanismo que bloqueia os ferrolhos por forma que não possam ser retirados. Há dois tipos de dispositivos: um tem de ser armado de cada vez que a porta é fechada; o outro não — só funciona por explosão ou calor. Com chave e fechadura Os cofres são geralmente fechados com fe chaduras de segredo porque as chaves são fáceis de duplicar e as fechaduras de chave são mais fáceis de abrir com gazua. Além disso, os buracos de fechadura são bons sí tios para colocar explosivos. Alguns cofres têm fechaduras de chave e de segredo. A maioria tem um segredo de quatro rodas com 100 números em cada roda. A marcação dos números correctos no con junto das rodas faz alinhar reentrâncias que permitem que o ferrolho corra na fe chadura. O número do segredo pode ser mudado à vontade e escolhido entre os 100 milhões de comhinações possíveis. As casas-fortes dos bancos possuem ge ralmenle fechaduras de segredo com um sistema de abertura programada: nem mesmo a combinação certa abre a por t a — a não ser às horas marcadas na fecha dura de relógio.
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Missáo quase impossível. Esta pesada porta de aço inoxidáoel guarda importantes valores. Os ferrolhos que correm para o inte rior da moldura da porta são perfeitamente visíveis. A grade por detrás da porta destina -se a proteger o pessoal que trabalha na casa-forte quando a porta está aberta.
Como os cartões de plástico dão dinheiro e crédito Quando se introduz o cartão de plástico numa caixa automática, um dispositivo de pesquisa — uma cabeça electromagnética de gravação e apagamento - verifica a tar ja castanho-escura da parte de trás do car tão. Esta tarja é uma fita magnética seme lhante à utilizada nos gravadores de som e contém três pistas que podem armazenar até 226 leiras ou algarismos. Uma pista tem o número da conta, outra o limite de crédito e a terceira verifica se o PIN (personal Identification number), o código pes soal secreto, está certo. Quando se marca nas teclas o código pessoal correcto, a máquina, que está liga da ao computador do banco, verifica se o limite de crédito não foi excedido, se a con ta tem provisão e se não há indicações de o cartão ler sido perdido ou roubado. Se tudo estiver em ordem, subtrai ao saldo existente o montante pedido e inscreve o novo saldo antes de entregar o dinheiro. Os cartões "credifone" trabalham de for-
ma qu ne aní se esti do se dades Trani Os CÍ nome prazo sado mite ladoí que •
CUMU rum.iuiNttí
ma quase idêntica —umscanner no telefo ne analisa as pistas do cartão para verificar se este possui unidades por utilizar. Quan do se faz uma chamada, são apagadas uni dades na quantidade correspondente.
Transferência electrónica de fundos Os cartões de crédito modernos têm o nome do utente, o número da conta e o prazo de validade. Quando o cartão c pas sado na máquina do vendedor, esta trans mite os respectivos elementos ao compu tador da instituição do cartão de crédito, que demora cerca de 15 segundos a verifi car se não houve queixa de perda ou roubo do cartão e se o limite de crédito foi respei lado. Se tudo estiver em ordem, o compu tador autoriza a transacção e a máquina apresenta um recibo para ser assinado pelo utente. Este processamento por meio de car toes de crédito é designado por EftPos {electronk funds transfer ai poirtí of sale, ou seja transferência electrónica de fundos no local da venda). Estes sistemas aceitam também cartões de débito — cartões ban cários que podem ser utilizados em paga mentos cm vez de cheques e que debitam instantaneamente a conta bancária do utente. Antes de existir a transferência elec Irónica, os elementos dos cartões de crédi to tinham de ser verificados por telefone sempre que as compras excedessem certo limite. 0 sistema da transferência electró nica diminui o número de fraudes com car tões de crédito, pois o computador pode
cancelar futuras transacções imediata mente após o anúncio da perda de um cartão, e não aceita um cartão falsificado. No entanto. OS cartões de tarja magnética estão a ceder o lugar aos chamados car tões "inteligentes" (smart cards). Estes cartões incorporam cérebros electrónicos miniaturizados. Foram inven tados em 1974 por um francês. Rolaiid Mo remo. O cérebro do cartão inteligente é um minúsculo chip de silício ullrafino (v. p. 238) que contém um registo do limite de crédito do utente e pormenores sobre transacções anteriores. Quando se faz um pagamento com o cartão, o retalhista fá-lo passar por um ler minai existente no balcão e o cérebro do cartão procede às suas próprias verifica ções — não precisa de se servir do compu tador da empresa emissora do cartão. O terminal do balcão tem registos dos car toes perdidos e roubados; por isso, se um cartão dessa lista é introduzido como pa gamento, a transacção é automaticamente cancelada e o cartão inutilizado para que não possa servir novamente. O terminal do balcão transmite ao computador da em presa informações sobre a transacção. Embora estes cartões contenham todos os elementos sobre as transacções do titu lar, este não tem forma de os consultar, excepto numa máquina especial. O cartão supersmart ultrapassa esta dificuldade — ele tem um pequeno visor e um teclado no qual o utente pode verificar as transacções e o saldo da sua conta.
SAÚDE - E DO QUE SE QUISER CARTÕES COM REGISTOS DA NOSSA a ser usado ainda na presente década. A era do cartão de crédito alvoreceu em 1950 com a introdução do cartão do DiExistem ainda os cartões laser, cria ners Club pelo empresário americano dos na Califórnia, EUA. Não são tão "in Prank McNamara. A ideia surgiu-lhe ao teligentes" (smart) como os cartões descobrir, depois de jantar num restau smart, mas podem conter muito maior rante de Nova Iorque, que tinha perdido quantidade de informações pessoais a carteira. O cartão do Diners Club não é sob a fonna de minúsculos furos - com estritamente um cartão de crédito, por o diâmetro de apenas um milésimo de que o total da conta tem de ser pago milímetro —sobre uma tarja fotossensíquando se recebe a factura — grande vel. Os furos, como as concavidades e os parte dos outros cartões permitem que planos de um disco compacto, podem o utente mantenha um saldo devedor. ser lidos por um scanner de laser num Hoje em dia, há milhares de milhões terminal especial. O cartão pode arquivar pormenores de cartões de crédito em uso no Mundo. de identificação codificados, incluindo No fim da década de 80, certas autori impressões digitais, assinatura, impres dades médicas da Europa, dos EUA e do Japão começaram a experimentar a uti são vocal e mesmo uma fotografia, além de diversos códigos de segurança secre lização de cartões de identidade médi tos que o tomam praticamente impossí cos - cartões smart (inteligentes) con tendo a história clínica do titular. Estes vel de falsificar. O seu espaço de armaze nagem de informações é tão vasto que cartões poupam tempo e burocracia, pois podem ser consultados pelos médi sobra ainda muito para contas bancá cos e pelos farmacêuticos nos terminais rias, história clínica e habilitações literá rias. As informações são arquivadas no de computador actualizados de cada vez que o paciente é examinado. Os pro cartão sob códigos de acesso separa dos, de modo que o banco, por exem gramas de ensaio europeus têm como plo, só pode ler dados financeiros, e o objectivo um cartão smart normalizado dentro da CEE, para assistência e saúde, médico, dados clínicos.
Como as caixas dos supermercados lêem os códigos de barras Todo o lojista tem de saber quais OS artigos que estão a vender-se bem o quais os que saem com lentidão para poder gerir as suas existências. Nas lojas pequenas, urna contabilidade cuidada e um olhar às prate leiras podem chegar para colher todas as informações necessárias. Mas os super mercados e outras grandes lojas precisam de registos rápidos e seguros de um fluxo de mercadorias muito maior. É por isso que utilizam os códigos de barras que se encontram impressos nas embalagens. O código de barras é lido por umscan ner de laser, que o transmite a um compu tador. Este fornece os pormenores e o pre ço dos artigos, apura o total das contas e envia estas informações à caixa registado ra, que imprime um recibo. O computador regista ainda a venda para efeito de gestão de stocks. Os códigos de barras mais vulgares são o EAN (Kuropcan Article Numbers, ou seja números de artigos europeus), baseado num número com 13 algarismos, e o UPC (Universal Product Code, ou Código Uni versal de Produtos), baseado num número de 12 algarismos. Cada algarismo é repre sentado por uma série de segmentos de recta paralelos e de espaços brancos. O scanner de laser traduz a informação em sinais dígitos binários (p. 241), que intro duz no computador. O código dá ao fabricante pormenores sobre o produto e o tamanho da embala gem e inclui um código de segurança que evita que alguém o altere ou que oscanner o leia erradamente. O computador dá o preço a partir da tabela respectiva, pelo que a única maneira de alterar o preço de um artigo é alterá-lo no computador. O laser lê o código de barras por meio de um feixe de luz que o varre de um lado ao outro. É sensível para ler da esquerda para a direita ou vice-versa. Embora os códigos de barras sejam geralmente impressos em preto sobre fundo branco, este pode ser de qualquer cor clara ou pastel, e olaser pode ler um código impresso em qualquer cor escura menos o vermelho. O sistema de códigos de barras é mais rápido e seguro do que os outros. O erro humano é limitado porque o pessoal não tem de marcar o preço em cada artigo, e os caixas não têm de os marcar nos seus te clados.
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Como funciona o relógio de quartzo avance os números lambem um segundo. Muitos relógios de quartzo mostram as horas em dígitos num mostrador de cristal líquido. Este está contido entre duas placas cie vidro, uma camada inferior reflectora e uma camada superior de vidro polariza dor, e dividido em segmentos por condu tores eléctricos transparentes. Cada alga rismo é constituído por segmentos — em geral sete, sendo os sete utilizados na for marão do número 8. Os cristais líquidos dispõem as suas mo léculas conforme o estado eléctrico em que se encontram. Nos condutores cm que não há carga, a luz que incide no mostrador é novamente reflectida para o exterior - o mostrador fica TUDO POR MEIO DE CRISTAIS em claro. Quando os condu tores estão carregados devi do ao impulso eléctrico, as moléculas dos segmentos afectados realinham-se, fa zendo com que os segmen tos apareçam escuros.
Um cristal de quartzo vibra a uma frequên cia inalterável quando é atravessado por uma corrente eléctrica. Os cristais de quartzo artificiais utilizados nos relógios são fabricados para vibrar 32 768 vezes por segundo ao serem excitados pela cor rente de uma pilha. Estas vibrações produ zem impulsos eléctricos cujo ritm o à medida que eles percorrem os circuitos electrónicos do microchip é sucessiva mente reduzido a metade ao longo do uma série de 15 passos, terminando no ritmo de um impulso por segundo. Cada im pulso de um segundo provoca no chip o envio de sinais ao mostrador digital para que
Circuito electrónico de redução do ritmo - Pilha
0 cristal de quartzo afará por acçõú de urna corrente eléc trica fornecida por uma pi lha. Um microchip converte as vibrações em impulsos de um segundo que fazem avançar a hora num mostra dor de cristal líquido.
Relógios atómicos — a perfeição Segundo parece, nenhum relógio conse gue ser o cronometro perfeito. Os melho res relógios mecânicos adiantam se ou atrasam-sc cerca de quatro segundos por ano, c até os modernos relógios de quart zo não conseguem margem de erro infe rior a um segundo em 10 anos. Mas ealcula-se que um relógio atómico seja exacto até um segundo em pelo menos 1000 anos. Qualquer relógio mede o tempo con tando as vibrações regulares de alguma coisa. Os primeiros utilizavam o movimen lo de um pêndulo, e os relógios de pulso ou de bolso, a oscilação de uma roda de balanço. Os relógios de quart/.o tem cris
como a temperatura e o atrito, os relógios atómicos são praticamente "imunes" às condições externas. Não possuem qual quer espécie de mostrador em que possa mos ver as horas a sua função é regular relógios de quartzo, mai lendo-os altamente precisos. A parte principal de um re lógio de césio é um tubo de vácuo com um pequeno for no eléctrico numa extremida de, no qual uma porção de césio é fundida c transformada em va por. 0 césio é um metal hranco-pra teado semelhante ao sódio, com um
tais que vibram â frequência da ordem de 11)0 000 ciclos por segundo quando se lhes aplica uma corrente eléctrica. Os relógios atómicos registam o tempo pelas vibrações dos seus átomos - mais de 9000 milhões de vibrações por segundo nos de tipo mais utilizado, os de átomo de césio. E. contrariamente aos relógios me cânicos, que são afectados por factores
ponto fusão de com 28,5"C, baixíssi mo se de comparado os I535°C do ferro.
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Peça de museu. O relógio atómico de césio usado no Observatório de Green wich até 1962 era exacto a menos de um segundo em .'iOO anos. Hoje. encontra•se no Museu da Ciência, em Londres.
QUANTO DURA UM SEGUNDO? Desde 19(>7 que a definição internacional normalizada de um segundo, estalxileci da pelo Sistema Internacional de Unida des (Sistema SI), se baseia na frequência da radiação de um átomo de césio - ou seja 9 192 631 770 Hz (ciclos por segun do). Esta frequência é medida por um relógio de césio que regula um relógio de quartzo. Os relógios atómicos-padrão de cada país são aferidos e sincronizados através do Departamento Internacional do Tempo, de Paris.
Como todos os átomos, o do césio é constituído por um núcleo e por electrões que formam uma nuvem cm tomo daquele. Estes electrões podem absorver energia electromagnética, ficando num estado ex citado, ou de alta energia; ao desexcitarem-se, radiam este excesso de energia sob a forma de uma onda electromagnéti ca com uma frequência absolutamente constante. O césio vaporizado é submetido a um campo electromagnético no interior de um ressoador, srcinando vibrações com unia frequência precisa de 9 192 631 770 Hz (ciclos por segundo), exactamente a fre quência a que os átomos mudam o seu estado de energia. O relógio de quartzo é utilizado para manter o ressoador vibran do a esta frequência, sendo a frequência normal do seu quartzo, de 100 000 Hz, multiplicada electronicamente. Desde que 0 relógio de quartzo esteja exacto, os átomos de césio ressoam todos uniformemente. São focados sobre um sensor que detecta qualquer alteração da respectiva concentração de energia. Se houver uma alteração, este sensor envia ao relógio de quartzo, através do circuito, um sinal de "erro". Com este feedback, o reló gio de quartzo é ajustado electronicamen te para corrigir as vibrações do ressoador.
UUMU KUNUUNA? Para que se utilizam os relógios atómicos Os relógios atómicos são utilizados para acertar outros relógios e para investiga ções cientificas em observatórios e labora tórios espaciais e também nos aviões de alta velocidade para sincronização com os sinais de navegação de radiofrequência.
Nos relógios atómicos podem empre gar se outras substâncias além do césio. No primeiro relógio atómico, construído em 1947 no National Bureau of Standards, EUA, do Washington, DC, foi utilizado o amoníaco. Os relógios atómicos mais precisos usam actualmente o hidrogénio, cuja fre
quência de radiação é superior a 1420 mi lhares de milhões de hertz. Diz-se que a sua margem de erro é de cerca de um se gunrio em 2 milhões de anos. F. os cientis tas americanos têm em estudo um relógio atómico de mercúrio cuja margem de erro será, assim o esperam, inferior a um segun do em 10 000 milhões de anos!
O microscópio utilizado na exploração do espaço interior 0 microscópio vulgar, ou microscópio óp servação de células cance tico, amplia graças à refracção dos raios rosas e fibras de vestuário. luminosos por meio de lentes. Mas o mi Dada a sua grande profundi croscópio óptico não consegue distinguir dade de campo, este micros pormenores distanciados menos de meta copio consegue "observar" de rio comprime nto da onda da luz — isto em três dimensões. é, cerca de 0,00 025 mm. Os melhores mi Um feixe de electrões não croscópios ópticos não ampliam mais de é visível aos olhos humanos, 2500 vezes, o que é insuficiente para deter mas a imagem é projectaria minados estudos científicos. sobre um visor fluorescente, semelhante a um écran de O microscópio electrónico pode am televisão, que brilha nos pliar um objecto até 1 milhão de vezes, per pontos em que é atingido mitindo aos cientistas estudar as próprias pelos electrões. A imagem moléculas que constituem o Universo. produzida pode ser regista Funciona pela emissão de um feixe de da em película fotográfica. electrões a partir de um canhão de elec trões. Os electrões são acele rados através de um potente Vendo o invisível. Os espécimes observa campo eléctrico (vários mi dos pelo microscópio electrónico podem Ihões de volts nos microscó ser fotografados quando aparecem no vi pios mais aperfeiçoados) e fo sor. Os dois espécimes aqui apresentados cados num feixe por meio de foram codificados por meio de cores falsas enrolamentos magnéticos, para facilitar a sua observação. Um gorgu denominados lentes magné lho emergindo de um grão de trigo (à direi ticas. O feixe tem de viajar ta) é visto através de um microscópio elec através do vácuo, pois as mo trónico com uma ampliação de cerca de 32 léculas do ar provocar lhevezes. Uma pequena porção da bainha de iam interferências. um nervo humano (em baixo) foi observa Há dois tipos de microscó da através de um microscópio electrónico de transmissão e tem uma ampliação de pio electrónico. O TEM (iransmission elecíron mi- 250 000 vezes. croscope, ou microscópio electrónico de transmissão) transmite o feixe através de uma delgada lâmina rio mate rial em estudo. Este tipo, usa do em trabalhos como a ob servação de cortes de células ou tecidos, pode ampliar até 1 milhão de vezes. No SEM (scanning elec íron microscope, ou micros cópio electrónico de varri mento),istoo é, feixe de electrões varre, percorre toda a superfície do objecto em ob servação ponto por ponto. A imagem é construída ponto por ponto, mais clara ou mais escura conforme mais ou menos electrões são reflecti rios. Pode ampliar até cerca de 200 000 vezes, e entre as suas utilizações figuram a ob 245
^UIVIVJ rUINVIWIN/V'
Como funcionam os cérebros electrónicos dos robôs? A noção mais corrente de robô é a de uma máquina que age como um ser humano e se parece com ele. Mas os robôs actuais quase nada têm de humano. Os robôs que manipulam pistolas de soldar nas linhas de produção das fábricas de automóveis assemelham-se a guindas tes. Os robôs portáteis usados pelos pique tes de desarmadilhagem de bombas no
construídos — podem consistir apenas numa pinça de duas ou três garras, num dispositivo de sucção ou num íman. Há duas tormas de dar instruções a um rolxi para que faça determi nado trabalho: uma é planear os movimentos exac tamente necessá rios e escrevê-
Exército parecem carros de mão sobre car ris. E um robô portátil utilizado nas escolas para ensinar programação de compu tadores a crianças já foi comparado por algumas a um enorme rebuçado. Os robôs, contudo, assemelham-sc real mente a seres humanos na versatilidade das funções que desempenham. Em vez de repetirem continuamente uma única acção, como as máquinas automáticas, os robôs podem executar uma série de ac ções diferentes. Os seus movimentos são controlados hidraulicamente ou pneuma ticamente (por pressão de óleo ou de ar) ou por um motor eléctrico. O seu cérebro c um pequeno computador que comanda os seus movimentos. A memória do computador contém instruções para o desempenho de uma tarefa - pegar em cho col ate s de um reci piente e colocá-los no sítio certo de uma caixa, por exemplo. Alterando o progra
los de sob progra a for ma ma de compu tador; a outra é moslrar-lhe o que tem a fazer: o me cânico guia os Ficção e fac to. O robô co nhecido por Robby (à direito), que apareceu no Planeta Proibido. /// me americano de 1956, concretiza a ideia mais generaliza da de robô. A verdade é geralmente menos lea Irai. mas mais impressio nante, corno as mãos e bra ços em baixo, criados para servir
ma, é possível fazer com que o robô altere essa tarefa ou desempenhe outra diferente dentro dos limites para que foi concebido. A maioria dos robôs consiste num bra ço que pode movimentar-se em várias di recções e numa mão que agarra coisas. Mas as mãos dos robôs são normalmente muito mais simples que a mão humana e - conforme o objectivo para que foram
bebidas a pessoas deficientes. Cerlos robôs são utilizados na desarmadilhagem de bombas, outros para ensi nar geometria na escola. Outros ainda lêem música, e. no futuro, poderá haver robôs que obedeçam a ordens ver bais.
^ T m^
24(i
COMO FUNCIONA? braços do robô em todos os movi mentos que pretende que ele faça - como pintar à pistola uma zona de uma carroçaria de auto móvel -, enquanto o cérebro computorizado do robô memo riza a acção. Em seguida, o rotó já consegue repetir continuamente os movimentos exactos.
118 000 cm utilização já no ano de 1987). como se divertem com eles. Os homens de negócios ja poneses compram robôs como brinquedos para executivos, e as crianças podem ver no Museu da Ciência e Tecnologia de Tó quio robôs que cantam e lalam. O Prof. Ichiro Kalo, da Univer sidade de Waseda, no Japão, criou um robô humanóide que Robôs que vêem lê música o toca órgão e outro Certos robôs podem ser equi que anda em duas pernas, além pados com aparelhagem de vi de um outro, parecido com uma são, o que aumenta ainda as suas capacidades. Na soldadu aranha, que sobe escadas. Mas estes robôs não são apenas para ra, por exemplo, um robô que dive rtimento - são experiên não vê necessita que as peças Sortido escolhido. Adepl One, robô americano controlado por lhe sejam sempre colocadas na computador, reconhece os bombons apresentados no écran da TV e cias que podem conduzir a apli cações práticas. A aranha, por posição correcta. O robô que vê escolhe OS correctos para serem embalados. exemplo, pode ser adaptada â verifica a posição dessas peças utilização na indústria da construção, e o e guia o seu braço de acordo com ela. a dar instruções ao rolx"> para que actue em robô que anda constituiu sem dúvida algu Foi em Inglaterra que surgiu, em 1970, o conformidade e ainda porque certas tare primeiro robô com visão, mas a ideia seria fas são executadas com mais rapidez e eco ma um passo no desenvolvimento de uma perna artificial, com um computador para retomada e comercializada na América. O nomia por pessoas Também o reconheci lhe dirigir os movimentos. equipamento de visão é ainda limitado, mento dos objectos é mais imperfeito que mas os investigadores de todo o Mundo o efectuado pelos olhos humanos, embora Também as crianças podem aprender continuam a aperfeiçoá-lo. 0 robô está li os investigadores estejam a utilizar técnicas programação de computadores por meio gado a uma câmara de televisão que segue avançadas de computação no desenvolvi de brinquedos robóticos, como a Turtle o trabalho por meio de dois computadores. mento de métodos aperfeiçoados da iden (tartaruga) inglesa, de comando remoto, Um destes avalia as informações da câmara tificação de formas. que lambem ensina geometria, e o Roae transmite-as ao outro, que comanda o mer (o rebuçado gigante), que possui um robô. Mas estes sistemas são dispendiosos Robôs para divertimento microprocessador incorporado e pode ser e o seu emprego é limitado devido ao tem programado para andar e produzir música Os Japoneses não só são os líderes mun po que demora a analisar as informações e electrónica diais da tecnologia dos robôs (tinham
Competidores ou servidores?
0
escritor checo Karel Capek criou a palavra "robô" no princípio da década de 20. Escreveu uma peça intitulada Os Robôs Universais de Rossum, na qual um "exército" de robôs industriais se tornou tão inteligente que conquistou 0 Mundo. Capek derivou a palavra "robô" do checorobota. que significa escravatura, trabalho. Desde então, os homens têm-se preocupado, não tanto com que os robôs tomem conta do Mundo, mas que lhes tirem os empregos. E, na verdade, os robôs têm tomado conta de algumas tare fas—maçadoras, mecânicas, rotineiras. Economizam custos porque não necessitam de trabalhar por turnos, não se cansam nem perdem a concentração, não adoecem e não fazem greve. Mas. apesar de os investigadores terem já produzido mãos robótícas de quatro dedos, capazes de colher uma flor, os ro bôs ainda estão muito longe de ter a percepção, a destreza ou a flexibilidade do homem. Mas é aceite que o uso responsável de robôs na indústria é benéfico porque evita que as pessoas laçam certos trabalhos monótonos ou perigosos. Foram utilizados robôs na limpeza dos detritos radioactivos depois do acidente de Three Mile Is-
land, anainspecção para América,e em a montagem 1979. Eslão de instalações também a ser nucleares, aperfeiçoados para o combate aos incêndios, para o abate de árvores e para servi ços de segurança. Em 1986. na construção do molhe de protec ção da baía de Tóquio, no Japão, foi utilizado um robô com quatro pernas e 72 t de peso para fazer rolar grandes blocos de pedra - poupando a 50 mergulhadores essa arriscada arefa. t Estão igualmente em curso experiências com robôs que ajudem os doentes e os inválidos. Estudam se robôs que res pondam a instruções verbais: serão capazes de executar tare
fas como lavar os dentes, servir a sopa, carregar um compu tador e abrir armários.
Exame sem perigo. Robin, robô americano ambulante para inspecção das instalações em centrais nucleares, poupará Í/ÍÍ seu operador a entrada numa área perigosamente radio
activa.
cuiviu ruiNciuiNA:
Como é que o motor de um automóvel faz andar as rodas? Antes rie fazer andar o automóvel, o motor tem de converter o movimento rie vaivém dos pistões, resultante ria combustão ria gasolina, no movimento giratório de um veio que faça mover as rodas. A criação da força motriz No motor mais usado, o de 4 cilindros, cria-se força motriz quando a mistura de gaso
lina e ar é compri mida e inflamada no inte rior dos cilindros do motor. Quando esta mistura explode, os gases quentes produ zidos obrigam o pistão a descer no cilin dro. Os cilindros estão regulados para que as explosões sejam cm sequência, propor cionando assim rotação contínua. Os pistões estão ligados pelas bielas ao veio principal do motor, a cambota, e, quan do descem, obrigam-na a rodar. A cambota tem numa das extremidades um pesado volante para estabilizar a rotação e suavizar o movimento dos pistões. Este volante liga, além riisso, o motor à transmissão. Transmissão da potência 1 lá dois tipos principais de siste mas de tracção. O tradicional tem o motor na frente do auto móvel e acciona as duas rodas de trás. No sistema cada vez mais comum de tracção dianteira, o motor está colocado na frente e acciona as rodas dianteiras. Al guns vaculos têm motor à reta guarda com tracção às rodas de trás e outros podem ter tracção às quatro rodas. Em condições normais, são accionadas apenas as rodas traseiras, mas a tracção pode fazer se também às da fren te por meio de uma alavanca ou electronicamente por meio de um interruptor. Num veículo de motor à frente e tracção traseira, a força motriz é transmitida por meio da embraiagem, caixa de velo cidades, veio de transmissão, diferencial e semieixo. Um veículo de tracção dian teira não tem veio de transmis são porque o motor fica perto das rodas motrizes. A embraia gem, a caixa de velocidades e o diferencial estão incorporados num conjunto único. A embraiagem está incorpo rada no volante rio motor, aco plado à cambota, e permite uma tomada suave e gradual do movimento giratório desta, através da caixa de velocida des, até ao veio de transmissão
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••«•••••••• Prova automóvel dura. Ao completar deste já fizeram3200 maiskm dede2 condução milhões deagressiva, uoltas e as os rodas seus pistões subiram e desceram mais de 8 milhões de vezes.
O MOVIMENTO
0,33 ms
* 0,67 ms
1 ms
*j^-2 1,33 ms
2 ms
Devido à expansão dos gases produzidos pela combustão de ar/gasolina, o pistão é em purrado para baixo para fazer Cilindro rodar a cambota. A gasolina e o ar são misturados no carbu rador. Essa mistura entra no cilindro através da uáluula de admissão e é inflamada por uma faísca através da vela de ignição no topo do cilindro. A Pistão sequência de operações do motor faz-se em quatro tempos, ou movimen tos, de cada pistão no seu cilindro. Um movi mento descendente para admissão do com bustível: um movimen to ascendente para compressão da mistu ra; um movimento para baixo resultante da ex plosão da mistura e consequente expansão 0 movimento do pistão faz rodar a cam dos gases, e por fim um bota por meio de bielas. Um pistão pode movimento para cima chegar a subir e descer 6000 vezes por para escape dos gases. minuto à velocidade máxima do motor.
CUMU
Tracção traseira. Num automóvel tradi cional, o motor, à frente, tem um oeio de transmissão que passa o movimento às ro das traseiras.
Tracçáo dianteira. Nos automóveis com motor à frente, que acciona as rodas dian leiras, o movimento - alinhado com os eixos - é transmitido directamente.
Tracçáo às quatro rodas. O movimento do motor pode ser transmitido às quatro rodas para proporcionar maior aderência em más condições de terreno. A energia transmite-se em ângulo recto.
quando o automóvel começa a andar. Uma embraiagem normal consiste es sencialmente num disco de transmissão e num prato de pressão. Na transmissão nor mal, o disco de transmissão está apertado contra o volante do motor por acção do prato de pressão. Quando o condutor car rega no pedal da embraiagem, o prato de pressão é afastado por molas do disco de transmissão, que deixa de estar em contac to com o volante do motor, pelo que cessa a transmissão à caixa de velocidades. Quando o condutor solta o pedal da em braiagem, restabclecc-se a transmissão através da caixa. A embraiagem é acciona da mecanicamente por meio de um cabo ou hidraulicamente por pressão de óleo. Num automóvel com mudanças ma nuais, a embraiagem funciona como uma espécie de interruptor, pennitindo ao con dutor desligar o motor do resto da trans missão quando muda de "velocidade". A caixa de velocidades é necessária para desmultiplicar a rotação do motor, usando
rui^iuivft.'
assim mais força quando necessário. Os motores de automóvel desenvolvem a for ça (potência) máxima quando a cambota atinge um certo número de rotações por minuto. Este número não c iguaJ para to dos os veículos: assim, um veículo conce bido para altas velocidades (automóveis de competição) desenvolve a sua potência máxima a um número mais elevado de ro tações, enquanto o concebido para ter mais força (camiões, etc.) tem a potência máxima a uma rotação mais baixa. Em qualquer veículo, é necessário maior esforço para o pôr em movimento
No interior da caixa, a mudança de velo cidades entre os dois veios é conseguida pela engrenagem de carretos de diâmetros diferentes. Se, por exemplo, se engrena um carreto noutro com o dobro do nume ro de dentes, o carreto mais pequeno faz duas voltas enquanto o maior faz uma. Numa caixa manual, o condutor selec ciona a mudança por meio de uma alavan ca. Na caixa automática, as mudanças são engrenadas automaticamente, controla das por pressão de óleo. Esta é regulada pelas válvulas de comando das mudanças, que funcionam devido à força exercida no
do que para manter esse movimento, uma vez que ele já tenha adquirido velocidade. Em primeira velocidade, o veio de trans missão roda a cerca de um terço da veloci dade do motor, em segunda a cerca de me tade e em terceira um pouco mais devagar. Esta relação dá mais força ao motor, por que a mesma potência aplicada mais lenta mente tem mais força — da mesma forma, para levantar um balde pesado do poço exige-se mais esforço e um enrolar mais lento da corda do que para um balde mais leve. Quando se engata a marcha atrás, o veio de transmissão roda a cerca de um quarto da velocidade do motor. A diferença exacta entre as relações de velocidade de rotação do motor e do veio de transmissão depende do automóvel e chama-se desmultiplicação. Em quarta ve locidade (directa), o veio de transmissão roda à mesma velocidade que o motor, pelo que a desmultiplicação é nula e a rela ção é de 1:1. Assim acontece porque, na altura em que o condutor engrena em quarta, o motor está perto da sua potência máxima e o automóvel já adquiriu veloci dade suficiente para se tornar desnecessá rio um esforço adicional.
pedal do acelerador e por um mecanismo regulador que está também ligado ao veio de transmissão para actuar de acordo com a velocidade do automóvel.
COMO FUNCIONAM AS VELOCIDADES Ligação ao motor
I
4
Ligação ao veio de transmissão
& Primeira
^ ** ^
4
Segunda • f*». ,u* «>. *fi ** •^.
à,J Terceira
As velocidades relacionam a ve locidade de rota ção do motor com a do veio de transmissão ao engrenarem um carreto noutro. A velocidade lenta tem um carreto de 12 dentes que acciona outro com 27, pelo que o maior é 2,25 vezes mais lento. Na velocida de alta, os car retos giram à mesma oelocidade.
A transmissão da potência às rodas A caixa de velocidades e o eixo traseiro de um veículo de motor à frente e tracção tra seira estão separados quase pelo compri mento do veículo, pelo que precisam de ser ligados por um veio de transmissão, que passa o movimento do motor ao eixo traseiro. O veio é de aço e tem em cada extremidade dispositivos flexíveis de liga ção chamados cardans. Estes permitem que o veio altere a inclinação em relação ao eixo — por exemplo, nas lombas - , conti nuando a transmitir a energia proveniente do motor. O veio de transmissão termina no dife rencial, complicado conjunto de engrena gens a meio do eixo traseiro. O diferencial conduz o movimento giratório do veio de transmissão através de um ângulo de 90", fazendo rodar os semieixos ligados às ro das traseiras. Este desvio é feito por meio do pinhão de ataque do veio de transmissão e da roda de coroa, ambos com dentes heli coidais. A roda de coroa tem um diâmetro muito maior, pelo que gira mais lentamen te que o pinhão, reduzindo assim a veloci dade das rodas. Devido ao seu diâmetro maior, as rodas fazem apenas uma rotação por cada três até seis rotações do motor. Mas a principal função do diferencial é permitir que as rodas traseiras girem a velo cidades diferentes uma da outra quando o automóvel descreve uma curva. Se ambas rodassem à mesma velocidade, a roda inte rior patinaria em todas as viragens, visto a circunferência ser menor. Em cada semieixo existe urna roda cóni ca dentada (o planetário) que engrena com dois pinhões no interior da roda de coroa, um em cima e outro em baixo (os satélites). Enquanto o automóvel anda em linha recta, a força exercida sobre cada pi nhão é igual. Se uma das rodas do automó vel começa a andar mais lentamente, a en grenagem cónica do seu semieixo (o pla netário) vai andar mais devagar, fazendo os satélites rodar mais depressa o planetá rio do outro semieixo e aumentando a ve locidade da outra roda
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CUMU rUNUOINA'.'
O que são travões antibloqueio? A maioria dos condutores já teve a expe riência assustadora de sentir as rodas bio queadas e o carro a deslizar incontrolada mente direilo ao da frente. Os escorrega mentos e as derrapagens acontecem por que o comportamento do carro se altera bruscamente quando as rodas bloqueiam. Até certa altura, o carregar mais no pedal dos travões produz maior desacelera
Travagem em curva. Estas fo tografias mostram o que acoit tece quando as rocias de um carro ficam bloqueadas numa curva (à direita) As rodas blo queadas fazem o automóvel deslizar sem controle quando o piso está molhado. Os travões antibloqueio evitam a perdu de
ção - mas, assim que as rodas ficam blo queadas, perdem a aderência à estrada, começam a escorregar em vez de rodar e o condutor deixa de poder controlar a direc ção do carro. Scguc-sc o pânico, e a reac ção natural é carregar no travão ainda com mais força, o que só piora a situação. Em casos como este, o aconselhável é fazer uma travagem cadenciada, isto é, bombear o pedal do travão em rápidos gol pes sucessivos para assegurar que as rodas não cheguem a bloquear. Mas, na prática, poucos condutores têm presença de espí rito ou experiência suficiente para proce derem assim numa emergência. Os travões antibloqueio destinam se a tornar automática a travagem cadenciada, retirando ao condutor a responsabilidade de a fazer e passando a para um conjunto de mecanismos electrónicos e hidráulicos. São constituídos por duas parles: um sen sor electrónico que detecta o ritmo de de saceleração das rodas e um sistema que controla automaticamente a pressão hi dráulica nos travões por forma a conseguir a melhor desaceleração e, ao mesmo tem po, a mais segura. O sensor é formado por um disco perfu rado ou dentado ligado ao eixo da roda. Quando o eixo gira, os dentes do disco e respectivos intervalos passam perto de um monitor e geram corrente, que varia con forme a velocidade de rotação do disco. Os sinais são enviados para os circuitos electrónicos, que determinam não só a ve locidade do disco como o seu índice de desaceleração. Se o disco desacelera mui to rapidamente e está prestes a bloquear, os circuitos ordenam aos comandos hi dráulicos que reduzam a pressão nos tra vões, evitando uma derrapagem. Como o condutor continua a carregar no travão, a pressão volta a subir e o sistema repete a operação ate o veículo parar ou o condutor largar o pedal. O sistema pode produzir, se necessário, até 45 cadências por segundo. A forma de utilizar os sinais electrónicos para controlar a pressão nos travões de pende das marcas. Alguns dos primeiros travões antibloqueio. da década de 60, fo ram aplicados em camiões cujos travões são accionados por ar comprimido. Nes tes sistemas é relativamente simples liber tar um pouco do ar por meio de uma válvu-
controle, permitindo ao condu tor descrever suavemente a curva (em baixo), enquanto travam 45 oezes por segundo.
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la, a fim de reduzir a pressão. 0 ar perdido é facilmente substituído pelo ar comprimi do num reservatório. Este esquema simples não pode ser apli cado a automóveis, visto utilizarem um sis tema de travões hidráulico. Uma alternativa será reduzir a pressão hidráulica ao aumen tar momentaneamente a capacidaríeVolume do sistema hidráulico com um es quema de pistões, por exemplo - e depois
voltar a estabelecer a pressão. Entre os siste mas que têm sido mais aperfeiçoados, há alguns que até permitem fazer curvas aper tadas, enquanto se trava com força. Embora, a princípio, os travões antiblo queio só existissem nos automóveis das gamas mais elevadas, acl uai mente estão cada vez mais a tomar-se equipamento de fábrica ou opcional em quase todos os modelos.
Como o cinto de segurança protege Quando em andamento, nós c o automó vel dcslocamo nos à mesrna velocidade. Se o automóvel pára repentinamente, o
em redor do qual se enrola o cinto. O cinto de segurança, assim preso, impede o nos so corpo de ser lançado para a frente.
nosso corpo a mover-se diante. É um continua exemplo de inércia dopara movi mento. Um cinto de segurança com carre to de inércia funciona segundo o mesmo princípio. O seu mecanismo inclui um pêndulo que, em condições de condução normais, pende verticalmente. Mas se o carro trava subitamente, esse pêndulo ba lança para diante e uma alavanca que nele se apoiava solta se. A alavanca engata numa roda dentada que vai travar o veio
Quando cinto, este rola-se do apertamos seu carretoo contra uma desenligeira tensão de uma mola. Em condições nor mais, ele mantém-se esticado, mas permi (indo que o condutor se incline para diante quando necessário. Contudo, se puxar mos o cinto repentinamente enquanto o desenrolamos, o mecanismo de travagem engata, apesar da acção da mola. Aliviando a tensão no cinto, a mola soltará a alavanca do mecanismo, destravando-o.
I UMU rUINUUINA.'
Porque se usam pneus lisos 0 desenho do piso do pneu ó constituído por ranhuras na borracha (as lamelas) para absorver a água da superfície e sulcos em ziguezague para expelir a água para trás quando o carro anda. Numa estrada molharia, o pneu tem de expelir mais de 5 I de água por segundo da sua trajectória para assegurar uma boa aderência. Numa estrada seca, as ranhuras não são
necessárias: um pneu liso proporciona maior área possível de contacto com a es a trada. Mas se se usarem pneus lisos com piso molhado, a película de água sobre a estrada acumula-se à frente e por baixo rios pneus, fazcndo-os perder o contacto com a estrada — é o chamado aquap/a Aderência. Um pneu de corrida paru pista nhg (planar sobre água). Quando tal ocor seca é completamente liso. Os pneus uulgare o condutor perde o controle do veículo. res têm de rodar sob todas as condições de Como os automóveis têm de circular tempo, pelo que possuem ranhuras para com qualquer tempo, necessitam de absorver e expelir a água (em baixo). pneus com desenho, ao con trário dos carros de competi ção, que usam pneus específi cos consoante as condições cli matéricas. Se a pista está seca, correm com pneus lisos, cha mados slicks, para conseguir a melhor aderência possível. Os pneus e rodas extralargos pro porcionam lhes também mais l aderência. Com tempo molha slicks do, porém, ospor têm com de ser substituídos pneus desenho.
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Testes de alcoolemia Quando se faz um teste de alcoolemia, so prando para dentro de um saco, o álcool que existe no ar que se expira é transforma do em ácido acético (vinagre). Esta reac ção química altera a cor rios cristais exis tentes no tubo ligado ao bocal. Quantos mais cristais mudarem de cor, tanto mais álcool se encontra no organismo. 0 primeiro aparelho de detecção de ál cool foi criado por um médico americano, e o seu uso foi introduzido pela Polícia de Indianapolis em 1939. Na década de GO,
Pedia se ao condutor que enchesse o ba lão, e, se os cristais mudassem de cor até uma determinaria marca no tubo, o con dutor tinha provavelmente 'excedido o li mite" e precisava de testes subsequentes. Os cristais utilizados eram uma mistura amarelo-alaranjada de ácido sulfúrico e bicromato de potássio, que transformavam o álcool em ácido acético (vinagre) e, ao fazê lo, se transformavam elos próprios em sulfato de potássio incolor e sulfato de crómio verde azulado.
começaram aparelhos semelhantes a ser largamente pela Polícia utilizados de muitos países, como forma de determinar se um automobilista estava cm condições de guiar, pois uma elevada ingestão de ál cool embota o sistema nervoso e a coorde nação. Ao princípio, o tipo mais comum de aparelho usado nestes testes era um saco de plástico, semelhante a um balão, com os cristais no tubo pelo qual se soprava.
aparelhos usadose actualmente são, emOs geral, electrónicos muito mais rigoro sos que OS do tipo balão. Utilizam o álcool soprado pelo tubo como combustível para produzir uma corrente eléctrica. Quanto mais álcool a respiração contém, mais forte a corrente. Se se acende uma luz verde, o condutor está abaixo do índice legal. Uma luz amarela significa que o índi ce de alcoolemia está próximo do limite, e uma encarnada que está acima do limite.
Este tipo de aparelho contém uma pi lha de combustível que funciona como uma pilha eléctrica. 0 ar expirado pelo tubo penetra na pilha através de uma vál vula e vai atingir um ânodo de platina (eléctrodo positivo) que está em contac to com um disco esponjoso impregnado de ácido sulfúrico. A platina provoca a oxidação do álcool contido no ar expirado, formando ácido acético — isto é, as suas moléculas perdem alguns rios respectivos electrões. Gera-se assim uma corrente eléctrica que se dirige para um cátodo (eléctrodo negativo) colo cado do outro lado rio disco.
Como funciona um aerossol Quando se faz pressão sobre o botão de uma lata de aerossol, provoca-se a aber tura de uma válvula na parte de cima do tubo, a qual se encontra fechada por meio de uma mola helicoidal. O abrir ria válvula permite que a pressão rie gás no interior da lata force a subida do con teúdo líquido e a sua saída para o exle rior.
Na fábrica, a lata de aerossol é parcial mente cheia com uma forma concentrada do produto a pulverizar e depois pressuri zada com um gás propulsor. Os propulso res mais utilizados são hidrocarbonetos, como o butano. Estas substâncias têm um ponto rie ebulição baixo e mudam com facilidade de líquido para vapor e vice-versa. Na lata, o propulsor está principalmen te sob a forma líquida e actua como diluen te ou veículo.
Aerossol. Ao premir o botão, abre-se uma válvula, 0 que permite que a pressão do gás force a saída do líquido para o exterior.
no tubo.
• propuls or.
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LUMU MJNUUIW
clorofluorocarbonetos subirem para as al tas camadas da atmosfera, onde a luz do Sol provoca a sua decomposição, libertando átomos de cloro. Estes átomos, por sua vez, decompõem as moléculas de ozono da camada de ozono em oxigénio. Em Outubro de 1987, delectou-se na camada de ozono sobre a Antárctida um buraco do tamanho dos Estados Unidos; um adelgaçamento dessa ca mada foi detectado em 1989 sobre o Árctico. O ozono absorve parte da peri
Quando o conleúdo da lata sai para o exterior, a pequena quantidade do propul sor líquido da mistura evapora-se, por que a pressão atmosférica é inferior à pressão no interior da lata. O produ to dispersa-se assim sob a forma de urn vapor fino a que se dã o nome de aerossol —partículas líquidas ou sólidas suspensas num gás. Após a pulverização, a pressão tio interior da lata baixa, pelo que o gás começa a libertar se do pro pulsor líquido remanescente, res tabelecendo-se a pressão.
gosa radiação ultravioletaaumento prove niente do Sol. Qualquer da radiação ultravioleta pode pro vocar cancro na pele e cataratas. Afecta, além disso, as plantas, que po derão produzir menos sementes.
A destruição da camada de ozono Um grupo de compostos designa dos por clorofluorocarbonetos, com postos orgânicos que contêm cloro c flúor, foi largamente utilizado em aeros sóis entre as décadas de 50 e HO, mas está agora a deixar de ser usado para este fim. Na base desta decisão está o facto de os
Buraco no ozono . Esta fotografia por saté lite revela, a rosa, preto e roxo, o buraco na camada de ozono sobre a Antárctida.
Como actuam os herbicidas selectivos As ervas daninhas são plantas que nascem no sítio errado. Os agricultores e os jardi neiros têm de as eliminar porque elas com pelem pelo espaço, pela luz e pelos sais minerais do solo com as plantas de cultivo, afectando o crescimento destas. Nos fins do século xix, os agricultores começaram a deixar os métodos tradicio
nais de combate às ervas daninhas, como a monda ou a rotação de sementeiras, pas sando a empregar herbicidas químicos método iniciado em França em 1896. Pul verizava se sobre as plantas dos cereais um veneno como o sulfato de cobre, a fim de matar a prolífica mostarda-dos-campos, erva daninha de flores amarelas comum
nas searas. 0 veneno era selectivo, porque tinha pouco efeito sobre as folhas estreitas e erectas do cereal, que desviavam a maior parte das gotículas, enquanto as folhas lar gas e horizontais da mostarda recebiam uma dose maior e murchavam. Os herbicidas químicos actuais destroem as ervas daninhas explorando o seu pró-
Tratainento de searas. Malmequeres num campo de cevada que foi tratado com um herbicida. As searas são habitualmente pulverizadas por tractores num movimento de vaivém. Esta faixa de terreno escapou à pulverização. 252
«.AJIVR.» ruiNcivyi^irt:
prio sistema de crescimento. Assim, em podem, portanto, ser utilizados para despregam compostos que simulam as hor tniir as ervas que os afectam. Por isso cria monas naturais de crescimento da erva em ram-se compostos que se transformam questão, desencadeando nela um cresci em MCPA e 2,4-D no interior das plantas mento tão rápido que a planta cm breve se da folha larga - mas não nas ervilhas e nos esgota e morre. feijões. Estes herbicidas são conhecidos Estes herbicidas à base de hormonas vêm por MCPB e 2,4-DB. O B indica que eles contêm ácido butírico, que é convertido sendo aperfeiçoados desde 1945, e dois dos mais usadas são o MCPA e o 2,4-D, cujos no em herbicida activo no interior de plantas. A aveia-brava numa seara não pode ser mes são siglas dos produtos que os com põem. Estes dois são selectivos, porque são destruída por nenhum dos dois tipos de eficazes contra plantas de folhas largas, mas herbicidas hormonais, porque as suas hor não têm efeito sobre as gramíneas, que pos monas são semelhantes às do cereal culti vado. Por este motivo, os cientistas criaram suem hormonas diferentes.
bravas e das plantas cultivadas a partir de sementes. Este herbicida, o PCP, é lançado na camada superior do solo depois da se menteira. A aveia-brava desponta cedo e penetra a camada envenenada enquanto está no máximo da toxicidade. O herbicida ataca o rebento e deslrói-o. O cereal culti vado só mais tarde atinge a zona envene nada, depois de a plantinha ter adquirido urna bainha protectora e de o herbicida se ter tornado menos tóxico. Investigando a estrutura e o crescimen lo das plantas, os cientistas já produziram centenas de herbicidas que são selectivos
Maslarga, as ervilhas e osofeijões urn herbicida aproveita asdas diferenças as formasque de crescimento plantas folha pelo que MCPAsão e oplantas 2,4-1) de não entre
entre plantas não apenas entre as de diversas folha larga e as- gramíneas.
O pesticida contra os pulgõ es que po up a as abelhas 0 pulgão é um dos vários tipos de afídios que se alimentam de seiva e frequentemente se aglomeram aos milhares sobre as roseiras. No Verão, as fêmeas dos afídios reproduzern-se sem intervenção dos machos. Com tempo quente, uma única fêmea pode multi plicar se e dar srcem a uma praga de 100 000 no espaço de um mês.
Há muitos insecticidas eficazes contra os afídios, mas, se não forem usados com cuidado, destroem também os insectos que se alimentam dos afídios e matam as abelhas em polinização. Mas há um insecticida contra os afídios que foi estudado para poupar as joani nhãs, as abelhas e as ensopas. Trata-se de
um composto sintético complexo chama do pirimicarb. Quando é pulverizado e permeia a pele do pulgão, as suas molé culas ajustam-sc como uma luva às de um enzima vital do afídio, o acetilcolinesterase. Este enzima decompõe substâncias tó xicas produzidas pelo sistema nervoso do insecto, pelo que o bloqueio da sua acção
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Destruição selectiva de insectos. Afídios alimentando-se numa planta e joaninhas alimentando-se dos afídios. O pirimicarb mala os afídios, mas não as joaninhas, que desempenham uma função útil no controle das pragas.
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provoca rapidamente a morte. As ensopas e as joaninhas de estrutura diferente têm menos probabilidades de ser afectadas. O pirímicarb não só mata os afídios por contacto, como atravessa as folhas, indo destruir igualmente os que se encontram por baixo, além de libertar fumos que os envenenam. E, mais importante, é tam bém um pesticida sistémico, isto é, penetra na seiva das plantas e mala os afídios que dela se alimentam; o seu efeito mantém-se até duas semanas depois da pulverização. 0 pirímicarb pode ter efeitos adversos nas pessoas, animais e aves. Tem de ser
café ou abrir as janelas de estufas quando está calor e fecha las quando está frio A maioria dos metais é constituída por cristais (arranjos ordenados de átomos). Cer tos metais ou ligas metálicas mudam de es trutura cristalina quando se modificam as condições a que se encontram submetidos. Algumas ligas, se são rapidamente arre fecidas, sofrem uma mudança abrupta para um alinhamento diferente dos seus cristais a determinada temperatura. Esta temperatura de transição varia com a constituição da liga. A estrutura diferente que ela provoca é designada por martensi
usado rigorosamente as instru ções daseguindo embalagem.
te, do nome do metalúrgico alemão Adolph Martens, que a identificou. Se uma destas ligas é levada a feitio por tratamento pelo calor de modo que se tor ne martensite a, por exemplo, 50"C, ela mudará de forma a essa temperatura martensítica, mas voltará à primitiva a uma temperatura diferente.
Como se fabricam metais com memória?
Formado para dar forma Uma empresa japonesa descobriu um em prego pouco vulgar para os melais memo rizantes — como armação de arame super Quando, em 1984, uma faísca caiu sobre a Abadia de York, catedral medieval inglesa, elástica em soutiens. Outro emprego deste provocou um incêndio no espaço entre o arame é em tratamentos de ortodõncia. Os tecto e o telhado de madeira. Os bombei aparelhos convencionais de aço inox têm de ser periodicamente apertados, mas os ros não puderam peneirar nesse espaço, e arames da liga superclástica exercem uma o incêndio destruiu a cobertura pressão suave e contínua, ideal para levar Se uma faísca caísse uma segunda vez sobre a catedral, a ciência impediria que se os dentes à sua posição conecta. repetisse o mesmo tipo de danos. A nova cobertura lem alçapões para deixar esca par o calor permitir a entrada bom beiros e quee estão equipados comdos fechos accionados por molas feitas com metais memorizamos, que abrirão automatica mente se os fechos aquecerem. Os metais memorizantes conseguem ''lembrar se" de duas formas diferentes e mudam de uma para a outra em determi nadas condições. As molas dos alçapões Quando o radiodespertador começa a to da Abadia de York estão preparadas para car música logo de manhã, o interruptor se lembrarem de uma certa temperatura, à foi provavelmente accionado por um reló qual se expandirão, retirando o ferrolho e gio digital. No interior do interruptor existe abrindo a porta. um cristal de quartzo que vibra com uma frequência fixa sempre que ligado a uma Uma das primeiras aplicações dos me tais memorizantes foi nas uniões das tuba fonte de energia eléctrica — pilha ou toma da. As suas vibrações produzem impulsos gens hidráulicas dos aviões, que começa eléctricos regulares, que percorrem circui ram a utilizar-se em 1971. As uniões são tos num microchip, activando os segmen feitas demasiado pequenas para, a uma certa temperatura, se ajustarem, sendo de tos que formam os algarismos do relógio. pois arrefecidas a temperatura muito mais 0 interruptor possui também uma me baixa que o ambiente e distendidas para se mória que regista as horas a que o rádio, o adaptarem ao tubo. Ao aquecerem, vol forno ou o sistema de aquecimento central tando à temperatura do ambiente em forma que têm de ser ligados. irão funcionar, encolhem até à sua Quando chega a hora marcada para a inicial, constituindo uma união justa. Esta ligação, o microprocessador emite um si mesma ideia é utilizada em cirurgia em nal electrónico de baixa voltagem. Este uniões para ligação dos ossos fracturados. sinal é amplificado por um circuito tran O calor do corpo mantém nas ajustadas. sistorizado e passa por um relê, aparelho electrónico em que uma pequena cor Os melais que mudam de forma sob ac rente provoca a deslocação de um con ção do calor têm hoje inúmeras utiliza tacto metálico, fazendo a ligação à cor ções, lais como accionar interruptores e rente eléctrica. válvulas em máquinas automáticas para
Como é que um relógio digital acende o forno?
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Como é que os alarmes detectam os ladrões? As casas de hoje podem possuir inúmeras defesas contra ladrões. Entre os aparelhos de defesa modernos, figuram os projecto res e os alarmes, que são disparados quan do o intruso perturba um circuito coman
microchips escon dado didos por ou magnetes por raios ou invisíveis. Alarmes exteriores O ladrão moderno pode ter primeiramen te de haver se com um detector de infraver melhos estrategicamente colocado, que é afectado por alterações de temperatura provocadas pelo calor do corpo. Quando alguém se aproxima da casa, um sensor do detector acende os projectores. Se for um visitante, as luzes mostram-lhe o caminho, mas quem vier com a intenção de assaltar a casa sentir-se-á demasiado exposto e é pouco provável que prossiga. O sensor é feito de um material cerâmi co como a turmalina, que, ao ser aqueci do, gera uma voltagem no seu interior. 0 sistema está concebido para que o sensor reaja a uma alteração de temperatura cau sada pelo calor do corpo humano. O ladrão que consegue escapar à barrei ra dos projectores de "en frentar" uma porta pode ligadaentão a um ter alarme so noro. Este sistema é geralmente constituí do por um interruptor magnético coloca do entre a porta e a ombreira. Quando a porta está fechada, dois contactos man têm fechado o circuito do interruptor. Se a porta é aberta, o circuito do interruptor é quebrado e o circuito do alarme dispara o sinal sonoro. Mas um ladrão resoluto, fora da vista dos passantes, poderá atacar a porta com urn formão ou uma broca. Este tipo de arrom bamento pode ser contrariado por um de tector de vibrações, aplicado à porta. Tratase de um aparelho em que uma bola é perturbada por vibrações. A bola assenta em pontas metálicas aguçadas ligadas a um microchip programado para aceitar determinadas vibrações como normais as do vento ou do tráfego. Se a bola que se mexe sobre as pontas provoca vibrações que mais,não fazestejam dispararprogramadas o alarme. como nor Alarmes interiores Entre os alarmes interiores, contam-se al mofadas de pressão colocadas debaixo dos tapetes e ligadas a um circuito de alarme. São constituídas por duas chapas ou folhas metálicas separadas por urna camada de plástico esponjoso. As duas chapas são
V^V^IVIV^ I IJI1V IV/INAV'
postas em contado se alguém as pisar, o que nados por transdutores. Estes emitem as faz disparar o alarme. Qualquer pessoa que ondas a determinada frequência (um ande por dentro da casa pode ser apanhada dado número de ondas por segundo), sen por um "olho mágico" — célula fotoeléctrica do estas reflectidas para o aparelho pelos com um raio infravermelho invisível que inci objectos no interior da sala. Quando ai de sobre ela. Quando o feixe é interrompido, guém se desloca na divisão, as ondas re a célula faz funcionar o alarme, flectidas sofrem uma aglomeração ou uma separação, pelo que a sua frequência é al Outros tipos de detector inferior ulili zam ondas ulfra-sónicas (demasiado alfas terada. 0 sensor detecta a alteração da fre para serem percebidas pelo ouvido huma quência e envia sinais a ummicrochip. que avalia a velocidade e o volume do intruso. no) ou microondas (ondas rádio de alta frequência) emitidas por aparelhos desig Qualquer coisa avaliada como sendo do
tamanho de um homem dispara o alarme. No detector de infravermelhos existe um espelho multifacetado ou uma lente especial que cria uma série de zonas sensí veis. Se alguma coisa que se desloca para dentro ou para fora destas zonas se encon tra a urna temperatura diferente da da divi são, gera uma voltagem. 0 detector moni toriza electronicamente a voltagem e dis para o alarme se o aumento da temperatu ra tiver a probabilidade de ser causado por calor do corpo humano.
A máqui na de cos tur a — du as linhas pa ra fazer um po nt o 0 alfaiate francês Barthélémy Thimmonier construiu a primeira máquina de costura prática em 1830 e vendeu a respectiva pa tente em 1848 a uma empresa de Manches ter. Esta máquina fazia ponto de cadeia — série de argolas entrelaçadas formadas com um só fio. Em 1833, um inventor ame ricano, Walter llunt, inventou uma máqui na que executava pontos com dois fios. Esta foi a antecessora da máquina de pe dal, inventada por outro americano, Isaac Menitt Singer, em 1851. A máquina de Sin ger foi um êxito imediato e decisivo. As máquinas domésticas actuais apre sentam as mesmas características funda mentais da máquina de Singer. A agulha tem um orifício perto do bico e usa a linha de um carrinho colocado na parte de cima da máquina. A outra linha provém de uma bobina, ou canela, colocada na parte de
baixo da máquina. O fio da bobina esten que desloca o tecido para diante e para trás de-se ao longo da camada inferior de teci enquanto a agulha faz o ponto. do e é continuamente entrelaçado nas la As máquinas de costura domésticas ac çadas da linha superior trazidas pela agu tuais aumentaram a velocidade inicial de lha através do tecido. 20 pontos por minuto para 800 a 1000. Mas nas fábricas prefere-se o velho ponto de As máquinas modernas são accionadas cadeia de Thimmonier, porque a costura é por um motor eléctrico que é comandado por um pedal. As mais sofisticadas são pro mais rápida - cerca de 7000 pontos por minuto. gramadas por chips de silício e podem co ser botões, rematar costuras, pregar fechos de correr e bordar, cerzir ou fazer refegos, utilizando 20 ou mais tipos de pontos. Existem três tipos de pontos básicos — o Linha ponto a direito, o ponto de ziguezague e o superior ponto flexível. O ponto de ziguezague é feito por uma agulha que se move de um lado para o outro em diagonal de cada vez que penetra no tecido. O ponto flexível re sulta dae acçáo coordenada da agulha do impelente, O mecanismo básico O tecido é*apertado entre o pé cakúdor e o impelente da máquina e avança entre eles pelo movimento do impelente, que o agarra com os seus dentes. A agulha movimentuse através de uma tenda na chapa da agulha e fornece a linha superior. A linha inferior provém da bobina. COMO SE EXECUTA UM PONTO
Arte à máquina. As máquinas de costura podem bordar. Neste trabalho, a direcção dos pontos pôde ser variada ã vontade, de sengatando-se o impelente. A alteração da tensão produziu pontos muito soltos.
A agulha atravessa o tecido para leixir a linha superior à bobina (]). Quando sobe, a agulha deixa uma laçada de linha (2). O gancho rotativo que rodeia a bobina faz passar a laçada por trás e à volta da linha da bobina (3). Quando o gancho atinge uma certa posição, a laçada solta se (4). A agulha continua a subir e estica a linha (5).
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C.UMU rUINUUINA'
Forque flutuam os navios de aço? Arquimedes, que viveu há cerca de 2200 anos, entrava um dia no banho quando descobriu o princípio da flutuação, princí pio osso que explica a razão pela qual na vios de aço pesando milhares de toneladas não se afundam. Reparou, ao meter-se na banheira cheia, que a água deslocada pelo seu corpo Iransbordava pelos lados e apercebeu-se num repente de que havia uma
não ó tão densa como 0 ouro. Comparan do o volume da coroa (medido pela quan tidade de água que ela deslocava) com os volumes de iguais pesos de ouro e de prata, foi capaz de dizer ao rei que a sua coroa não era de ouro puro.
O princípio da flutuação Arquimedes formulou então o princípio relação entreFicou o seu Ião pesoexcitado e o volume água da que diz que um corpo, to deslocado. quedecorreu tal flutuação ou parcialmente mergulhado num flui nu para a rua gritando "Eureka!" ("Desço do, sofre uma impulsão igual ao peso do bri!") — pelo menos assim se conta. volume do fluido deslocado. Mas Arquimedes, nessa altura, não esta A flutuação de um navio de aço depen va preocupado com navios. Aquilo que de da forma como o seu peso é distribuído. descobrira fora a resposta a um problema Assim, um bloco sólido de aço posto na difícil posto pelo rei Hierão II de Siracusa, superfície de um tanque afunda-se. mas o onde Arquimedes vivia. Situada na Sicília, mesmo peso de aço transformado numa Siracusa faz agora parte da Itália, mas era tigela flutua isto acon tece porq ue o grega na Antiguidade. O rei queria saber se peso da tigela está distribuído por uma a sua coroa nova era de ouro puro ou conti área maior, permitindo lhe deslocar o seu nha também prata. Arquimedes sabia que, próprio peso de água antes que submerja. se a coroa fosse parcialmente de prata, Um navio de aço, tal como a tigela, flutua ocuparia mais espaço que uma coroa de porque é oco, e por isso o seu peso c larga ouro puro do mesmo peso. porque a prata mente distribuído sobre a água. A profun didade da quilha abaixo da linha de água é chamada o calado. Os navios possuem marcas do bordo livre (hucltines) que in dicam o máximo calado permitido
^f^Para que w o navio flu tue, é preciso jue desloque um Jme de água com a mesma massa que o navio.
Deslocação. Arquimedes foi O primeiro a compreender qualquer coisa desde que a suaque forma desloque a suaflutua mas sa em água antes de atingir o ponto em que irá submergir. Nível do convés
Marcas do bordo livre. Estas marcas m dicam o calado máximo que o navio pode almgir sem submergir e sáo atribuídas pe las autoridades nacionais ou por sociedu des de classificação como o Uoyds Register ofShipping. Em cima. vê se uma marca atri buída pelo Uoya"s (LR). O diâmetro do círculo está alinhado com a linha de Verão (S = summer. Verão) no costado do navio.
O PESO DOS NAVIOS Os maiores porta-aviões rio Mundo, ria classe "Nimitz" da Marinha Norte Americana, têm 333 m cie comprimento e uma "tonelagem de deslocamento" de quase 91 500 t. Este número exprime o peso total rio navio e inclui o que ele carrega. Só os navios da Marinha de Guerra são medidos nesta unidade: as dimensões dos navios de carga e de passageiros são expressas diferentemente. O maior navio de carga seca do Mundo, o norueguês Berge Stahl, por exemplo, com 343 m de compri mento, c descrito como tendo acima de 364 700 t de porte. Esta tonelagem refere se à capacidade de carga, não tomando em conta o peso do próprio navio. 0 maior navio de passageiros do Mundo, o Sovereign of the Seas. c descrito como tendo 73 200 t de arqueação bruta, que não representa o poso rio barco, mas o volume de quase todo o espaço interior, atribuindo-.se l t ao espaço do I00 pés cúbicos (2,83 m3).
O comprimento do Berge Stahl excede a altura da Tone Eiffel em quase 40 m. Gigante dos mares. O Berge Stahlera o maior navio de carga do Mundo quando foi lançado u água, em 1986. Tem 343 m de compri mento e uma capacidade de carga superior a 360 000 t.
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Como um submarino fica submerso durante semanas
Quase 160 anos separam o primeiro sub marino Nautilus, inventado em 1800, e o primeiro submarino nuclear, oUSS Nauti lus. O primeiro linha uma tripulação de três homens e podia submergir durante quatro horas. O seu homónimo nuclear, com mais de 100 pessoas a bordo, podia ficar submerso durante semanas. Na II Guerra Mundial, os U-Boote ale mães que atacavam os comboios no Atlân tico eram accionados à superfície por mo tores a diesel — que precisam de ar para funcionar - e por motores eléctricos a ba teria quando submersos. O mais avançado submarino alemão da época, o Tipo XXI, podia submergir durante dois dias à veloci dade de 6 nós (11 km/h) ou durante quatro, se se deslocasse mais lentamente. Tinha
depois de emergir e activar os motores a diesel para recarregar as baterias. Em 1944, os Alemães começaram a utilizar oschnorkei, que aspirava ar ria superfície, permitin do usar os motores a diesel e aumentando assim o tempo de submersão. O desenvolvimento da propulsão nuclear mudou tudo. O reactor nuclear não precisa de ar e exige pequeníssima quantidade de combustível. O USS Nautilus entrou ao ser viço em Janeiro de 1955 e podia deslocar-se debaixo de água a 20 nós (37 km/h). Como os seus sucessores, tinha um pequeno reactor a água pressurizada, cujo reabasteci mento se fazia removendo o núcleo de urâ nio e substituindo o por um novo. Cada núcleo fornece energia suficiente para cer ca de 10 dias de operação.
O submarino - antigamente e agora. O IISS Whale irrompe do gelo ao vir à super fície no Pólo Norte em 1969 (em cima). Este navio de propulsão nuclear pode ficar sub merso durante semanas, contrariamente 00 submarino a vapor de 1879 (fotografia inserida), que apenas podia mergulhar cer ca de uma hora e viajar algumas milhas. O calor do reactor fornece vapor para a propulsão e para gerar electricidade; a água potável é destilada a partir da água do mar. O ar que a tripulação respira é constantemen te purificado por máquinas, e o conteúdo de oxigénio é reposto pela água do mar — fazendo passar nela uma corrente eléctrica a fim de separar os seus átomos de oxigénio e de hidrogénio.
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A VIAGEM SUBMARINA DO "TRITON" Entre Feuereiro e Maio de 1960, O submarino nu clear (JSS Tritoncircum-navegou a Terra por baixo de água. Seguiu praticamente a mes ma rota que a da expedição comandada pelo navegador português Fernão de Magalhães, ao serviço do rei de Es panha, no principio do século xvt, a primeira viagem de circum-navegação do Globo. O Triton, pri meiro submarino nuclear de dois reactores, demorou três meses a percorrer as 41 500 milhas (66 786 km), contra
- • - HO TA DO TRITON ROTA DE FERNÃO DE MAGALHÃES
os três anos da viagem dos navios de Magalhães. Du rante aquelas semanas, o submarino nunca nave gou à superfície, mas emergiu parcialmente por duas vezes, uma das quais para desembarcar um tripulante doente. Em I de Abril, o Triton passou na ilha onde Fernão de Maga Ihães foi morto, a ilha de Mactan, nas Filipinas, e emergiu parcialmente em Cádis em 2 de Maio, em honra do navegador português. O submarino transportava 175 tri pulantes e 8 cientistas, que fizeram ex periências com a pressão do ar, o controle do oxigénio e problemas associados a uma longa submersão. Médicos e psicólogos obser vavam os tripulantes, procurando indícios de ou fadiga menta!em quetão poderiam depois dedoença tanto tempo fechados pequenosurgir espaço.
O INTERIOR DE UM SUBMARINO NUCLEAR Os submarinos nucleares actuais têm um comprimen to de cerca de 90 m. A sua tripulação é de perto de 140 homens, trabalhando em turnos. Há espaço para arma zenar alimentos para vários meses, e a cantina serve também de sala de jogos ou de cinema.
Veio do hélice
eléctrico
Energia. O calor do reactor nuclear, cujo combustível é urânio, gera vapor que faz mover as turbinas ligadas ao veio do hé lice.
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Armas nucleares. Nalguns submarinos guardam-se em tubos verticais mísseis de longo alcance que são dispa rados de debaixo de água.
Sala de comando. A navega ção e o disparo das armas são controlados a partir desta sala. Dois pilotos "vão âo leme" em frente do quadro de instrumentos.
Mísseis. Torpedos com cerca de 6 m são lançados pelos tu bos da proa sobre alvos den tro de água. A pontaria é con trolada por computador. Os mísseis que flutuam até á su perfície e depois se lançam no ar são disparados através dos mesmos tubos,
Como se navega um submarino debaixo de água Os submarinos navegam submersos mui tas vezes durante semanas. Os sistemas de navegação permitem-lhes saber onde es tão com um erro inferior a 100 m. Estes sistemas, conhecidos por siste mas de navegação por inércia, são contro lados por computador, que em cada sub marino existem normalmente em número de dois, funcionando independentemen
nar a profundidade da água por baixo do navio, a fim de se evitar que encalhe. Os sistemas de inércia são, de um modo geral, precisos, mas os pequenos erros que ainda cometem vão-se acumulando. Assim, têm de ser periodicamente reajus tados, o que se faz através da captação de sinais rádio dos satélites espaciais, que fa zem parte do Sistema de Posicionamento
Na década de 90, serão colocados em órbita os últimos dos 18 satélites de sistema GPS a uma altitude de 20 000 km, circun dando a Terra a intervalos de 12 horas. Eles garantem assim que, em qualquer altura, pelo menos quatro satélites estarão dispo níveis para que os navegadores calculem a posição dos seus navios com um erro má ximo de 500 m.
te. São uma versão moderna de navegação estimada - isto é, de determinação da po sição através de um registo contínuo da distancia navegada e do rumo. O sistema de navegação por inércia é mantido absolutamente na horizontal e apontado numa direcção fixa por giroscó pios, seja qual for o comportamento do submarino. No início da viagem, introduz-se nos ins trumentos a posição exacta do submarino. Depois, um acelerómetro mede o movi mento em todas as direcções e o compu tador calcula a distância percorrida e a di recção em que se navegou, determinando assim a posição presente. Utiliza-se o sonar (p. 154) para determi
Global esses (GPS)sinais, americano Navstar. captar o submarino temPara de emergir parcialmente. Os satélites transmitem uma mensa gem por rádio que contém pormenores rigorosos acerca da sua órbita e um sinal horário controlado por um relógio atómi co. Na verdade, esse sinal diz: "São agora X horas." O submarino utiliza o seu relógio de bordo para calcular quanto tempo o sinal demora a chegar. Como as ondas rá dio se propagam a 300 000 knvs, os nave gadores podem calcular a distância entre o submarino e o satélite pelo tempo que o sinal demora. Calculando as distâncias a três satélites GPS, pode marcar-se exacta mente numa carta a posição do navio.
sistema GPS substituiu praticamente os Oanteriores métodos de navegação sub marina, como o sistema OMEGA, mas os submarinos ainda mantém este como apoio. O OMEGA detecta sinais rádio emi tidos de oito estações espalhadas pela su perfície da Terra - no Japão, Havai, Aus trália, Argentina, Dakola do Norte (EDA), Noruega, Libéria e ilha da Reunião. Estes postos transmitem em comprimentos de onda muito longos, pelo que os seus sinais se propagam em volta do Mundo. Os sinais são sincronizados e, medindo as diferen ças de tempo da respectiva recepção, a po sição de um submarino pode ser calculada com uma margem de erro de aproximada mente 3 km.
Cabinas pressurizadas — ar precioso acima das nuvens Se subíssemos de baJão até grande altura e sem qualquer protecção, começaríamos a sentir dores de cabeça e dificuldades de respiração quando o balão atingisse cerca de 3000 m de altitude. Estes sintomas se riam provocados pela diminuição da pres são atmosférica à medida que se sobe. Pelos 5500 m, a dor de cabeça seria for tíssima e a respiração muito mais difícil. Aos 7500 m, seria quase impossível respi rar e provavelmente começariam a sair ga ses do sangue. Acima dos 9000 m, a carên cia de oxigénio no ar provocar-nos-ia per da da consciência. Contudo, se tivéssemos levado connosco um suprimento de oxi génio, poderíamos chegar aos 12 000 m antes de tal acontecer. Se o balão continuasse a subir, acabaría mos por atingir o ponto — aos 19 000 m em que a pressão do ar seria tão baixa que o ponto de ebulição da água baixaria para 37"C, que é a temperatura normal do cor po. Nessa altura, o nosso sangue ferveria. Como é, então, que os aviões a jacto transportam constantemente passageiros a altitudes de 35 000 pés (10 500 m) sem que as pessoas sejam incomodadas? Os aviões voam a estas altitudes para evitar o mau tempo a altitudes inferiores e porque os motores a jacto funcionam mais eficientemente com ar pouco denso.
No entanto, as pessoas estão acostuma das a respirar o ar à pressão aproximada de 1 kg/cm2. A essa pressão, o oxigénio é ab sorvido pelo sangue e transportado a to das as células para que o organismo fun cione devidamente. A medida que se sobe mais acima do nível do mar, o ar vai-se tornando menos denso e a pressão diminui. Há menos oxi génio presente e menos pressão para o introduzir no sangue. Por este motivo, o organismo começa a ressentir-se da falta de oxigénio. Assim, as cabinas dos aviões são pressurizadas, isto é, nelas o ar é manti do sob pressão para que os passageiros possam respirar facilmente. As cabinas são estanques e suficientemente fortes para suportar a diferença de pressão entre o in terior (alta) e o exterior (baixa). Para limi tar os esforços sobre a fuselagem, o ar da cabina não é mantido à pressão ao nível do mar, mas pressão de 8000 pés à(2400 m).equivalente A pressão aé cerca gradual mente reduzida até este nível após a desco lagem e reposta à pressão do nível do mar imediatamente antes da aterragem. O fornecimento de ar para se obter a pressão da cabina é feito pelos compresso res dos motores a jacto. O ar é arrefecido por urn sistema de refrigeração e a sua pressão regulada por válvulas antes de ser
introduzido na cabina. Depois de circular pelo avião, o ar é gradualmente escoado para a atmosfera através de outras válvulas e continuamente substituído por ar prove niente dos compressores. Se o avião se despressurizar subitamen te, máscaras de oxigénio de emergência caem em frente dos passageiros, que po dem usá-las para respirar enquanto o avião não tiver descido até uma altitude segura. Nas profundezas O problema nos submarinos e noutros submersíveis é inverso — a pressão no ex terior é maior que no seu interior. A pressão da água aumenta aproxima damente de uma atmosfera por cada 10 m que se desce. A pressão a 30 m, por exem plo, é de quatro atmosferas. Os submersíveis destinados a navega rem a grande profundidade são construí dos com um casco capaz de suportar a pressão, que de outra forma os esmagaria, e o ar no seu interior é geralmente mantido à pressão do ar ao nível do mar. O oxigénio é fornecido por garrafas pressurizadas e o ar é constantemente filtrado por hidróxido do lítio, que absorve o dióxido de carbono exalado pelos tripulantes. Os submarinos nucleares têm um sistema de ar condicio nado muito mais sofisticado (v. p. 257). 259
George Stephenson: o homem que pôs os comboios em marcha Vieram de quilómetros ern redor - a pé, a cavalo e em carroças de burros — para assistir à inauguração do primeiro com boio a vapor destinado ao público. "A exci tação de muitos espíritos passou a desa pontamento", escreveu um historiador dos caminhos de ferro, "ao verificarem que
tes com cavalos estavam contados e alvo recia a era do comboio. Nascido na aldeia mineira de Wylam, perto de Newcastle upon Tyne, no Northumberland, em 9 de Junho de 1781, Geor ge Stephenson era o filho autodidacta de um mecânico de minas de carvão. O seu
atarlocomotiva não fora construída para seimi um verdadeito quadrúpede ... não assemelhava a um cavalo automático mar chando nas quatro patas." Mesmo assim, os espectadores ficaram bastante admirados com o aspecto — e o ruído - da máquina a vapor de George Stephenson, a pioneira Locomotion. Em bora transportasse passageiros, a linha destinava-se a transportar carvão das mi nas do interior para os cais de Stockton-on-Tees. 0 inventor da locomotiva estava aos co mandos na manhã de 27 de Setembro de 1825, quando o comboio — com os seus 32 vagões abertos transportando mais de 300 passageiros e mais 12 de carvão com pessoas empoleiradas — iniciou o seu per curso de 32 km, desde a mina de Shildon até Darlington, e da/ para Stockton. A princípio, eram precedidos por cava leiros com bandeiras para avisar da aproxi mação locomotiva. Gradualmente, quanto da o comboio atingia velocidades en de 24 km/h, os cavaleiros afastaram-se e fo ram deixados para trás. O seu lugar foi to mado por caçadores de casacas encarna das, também a cavalo, e por uma carrua gem puxada a duas parelhas, que foi igual mente ultrapassada. Na altura em que a Locomotion chegou a Stockton — onde se tinham juntado mais de 40 000 pessoas e uma banda toca va o hino nacional —, os dias dos transpor-
encanto pelo vapor começou em da 1813, quando — como mecânico-chefe mina de Killingworth, no Northumberland — examinou uma das "caldeiras a vapor so bre rodas" inventadas por um director de minas, John Blenkinsop, e utilizadas para transportar carvão em várias minas do Nordeste. No ano seguinte, Stephenson construiu a sua própria locomotiva a vapor, a Blúcher, do nome do marechal-de-campo prussiano que desempenhara papel cru cial nas Guerras Napoleónicas. Contrariamente à máquina de Blenkin sop, que linha rodas dentadas que engala-
Figura discreta. Reservado e discreto, George Stephenson recusou a maior parte das honrarias que lhe foram oferecidas nu velhice — entre elas um grau de cavaleiro e um lugar no Parlamento. vani em dentes nos lados dos carris, a Blii cher tinha rodas de verdugo que rolavam sobre carris lisos, permitindo uma marcha mais rápida e suave. A Blúcher começou a
A vapor. Esta réplica (à direita) da máqui na a vapor Locomotion, de Stephenson, de 1825, percorre os carris no Museu ao Ar Li vre, em Beamish, no condado de Durham
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funcionar em Killingworth em 1814, mas linha avarias constantes. Durante meses, George Stephenson modificou e aperfeiçoou a sua máquina, até que inventou um sistema em que o vapor rio escape era dirigido para dentro da chaminé através de um estreito tubo. Criava-se assim uma corrente que aurnen tava a tiragem na fornalha, proporcionan do por isso mais potência e velocidade. 0 sucesso que teve posteriormente com a Locomotion levou a que, em 1826, fosse nomeado engenheiro responsável de um projecto de ligação entre Liverpool e Manchester para passageiros e carga. Para este efeito, ele e seu filho Robert desenha ram c construíram na sua oficina de Newcastle uma nova máquina revolucionária, a Rocket. Estava equipada com uma cal deira multitubular em que a água passava a vapor em contacto com 25 tubos de cobre - de 7,5 cm de diâmetro cada um — aquecidos pela fornalha. O Liverpool and Manchester Raifway foi inaugurado em 15 de Setembro de 1830, quando mais de 50 000 espectadores se juntaram no ponto de partida, o estaleiro das máquinas em Liverpool. Foi disparado um canhão, e oito locomotivas - incluin do a Rocket — lançaram-se a todo ovapor. À frente ia a Northumbrian, o mais recente e mais potente "cavalo de ferro", conduzi da pelo próprio George Stephenson. Viajando nas carruagens da Northum brian iam o primeiro-ministro e herói de Waterloo, o duque de Wellington; o em baixador da Áustria, o príncipe Paulo Esterhazy. e um dos mais dedicados apoian tes do caminho de ferro, William Huskisson, deputado conservador por Liverpool. O cortejo prosseguiu sem incidentes até a Northumbrian parar em Parkside, a cer ca de 30 km de Liverpool, para meter car vão e água. Dois dos comboios seguintes, o North Slar e o Phoenix, apanharam e ultrapassaram a Northumbrian numa li nha paralela. O príncipe Esterhazy e o esgalgado Mr.
Primeira a chegar. Conduzida pelo pró prio Stephenson (em baixo), a locomotiva Rocket foi a mais rápida e mais potente nas experiências leuadas a cabo em Rainhill, perto de Liverpool em 1829.
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Huskisson saíram para desentorpecer as pernas ao lado do comboio. O duque de Wellington acenou ao deputado e abriu a porta da sua carruagem com panejamentos dourados e carmins. Huskisson avan çou para Wellington, apertaram as mãos, e estavam a conversar quando a Rocket sur giu como um trovão na outra linha. O príncipe Esterhazy, pequeno e franzi no, foi içado para uma das carrugens. Mas Huskisson, com 60 anos, parcialmente pa ralisado de um dos lados, foi menos ágil. Numa tentativa para alcançar um lugar se guro, tropeçou e caiu no caminho da loco motiva que se aproximava. tra var a tempo, a Rocket passouIncapaz sobre a de coxa de Huskisson, esmagando-a. "Vou mor rer!", grilava a vítima em agonia. Um dos convidados aplicou rapida mente um torniquete, feito com um lenço, para tentar es tancar a hemorragia. Com grande presença de espírito, Ge orge Stephenson mandou desatrelar Iodas as carruagens da Northumbrian menos a primei ra. Meteu nesta Huskisson, vol tou aos comandos da máquina e dirigiu-se a toda a velocidade para a vila de Eccles, a 24 km dali, nos arredores de Manches ter. Chegou no tempo recorde de 25 minutos, mas Huskisson morreu nessa noite na residên cia paroquial o primeiro pas sageiro vitima de um acidente de comboio. Na manhã seguinte, os pri meiros 130 passageiros que pa garam bilhete partiram de Li verpool para Manchester. Em 1840, a rede brilânica de cami nhos de ferro já atingia cerca de
Sobrevivente acarinhado
Os restos modificados da re volucionária Rocket, de Ste phenson, com a charni né srcinul em posição diferente depois dos ensaios de Rainhill, encontram-se hoje no Museu da Ciên cia, em Londres.
2500 km; e na década de 1890 já havia comboios por todo o Mundo, levando o progresso a zonas inexploradas nas duas Américas, na Austrália e na África Austral. Conhecido como o "Pai dos Com boios", Stephenson trabalhou como con selheiro e consultor em numerosos pro jectos de caminhos de ferro na Grã-Bretanha, na Bélgica e em oulros países euro peus.
Bilhetes de passagem. A parte de um bi lhete de 1832 (em baixo) que ficava na pos se do passageiro. Para alguns hauia iam bém passagens gratuitas (ao fundo).
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Como é qu e um avião de pass ag eiro s levanta voo? Um Junibo Boeing 747, completamente carregado de combustível e com cerca de 500 passageiros, pesa mais de 350 t e, con tudo, consegue ir para o ar e voar. Corno consegue ele esta proeza? O segredo está no contorno do perfil transversal das asas, que é arredondado à frente, mais ou menos plano em baixo, curvo em cima e afilado na parte de trás. É este perfil que permite ao
velocidade. Em consequência do aumento de velocidade do ar, a sua pressão baixa e as asas têm tendência para levantar. A sustentação e o peso são as duas gran des forças opostas que se exercem sobre um aeroplano em voo. As outras duas são a propulsão — a força para diante, produzi da pelos motores — e a resistência ao avanço — a resistência do ar que o avião
aumenta também a sustentação. Por isso, os aviões de baixa velocidade precisam de asas grandes e curvas para gerarem susten tação suficiente. Os de grande velocidade precisam de asas mais pequenas com ape nas uma ligeira curvatura. A sustentação é também influenciada pelo ângulo com que as asas atacam o flu xo do ar. Os aviões são desenhados por
avião descolar: as aasas atacam o arao quando se deslocam para frente, e este, passar pela superfície superior curva, aumenta de
encontra. A sustentação criada do porar.uma asa aumenta com a velocidade Au mentando a superfície e a curvatura da asa,
forma que as asas tenham pequeno ângulo de inclinação quandoum voam na ho rizontal - chamado o ângulo de ataque.
UUMU FUNUUNA7 Sustentação
AS FORÇAS DO VOO Para que um avião voe, a sus tentação e a propulsão têm de ser superiores ao seu peso e à resistência ao avanço.
Quando a velocidade do avião diminui, a sua altitude pode ser mantida levantando o nariz e aumentando cada vez mais o ângu lo de ataque. Mas se este for aumentado para além dos 15°, o escoamento laminar do ar por cima das asas é destruído, perdendo-se sustentação, e o aparelho entra "em perda". A velocidade a que este fe-
Descolagem de um "Jumbo". Para se elevar no ar, o avião tem de deslocar-se a grande velocidade no solo, acelerando até que a sustentação criada pelas asas se tor ne superior ao seu peso. Urn Boeing 747 muito o que sede vêcerca em bai xo, temcarregado, de atingir como a velocidade de 300 kmlh antes de poder descolar.
Peso Contorno de perfil aerodinâmico
Sustentação Pressão baixa •# •
Maior velocidade
Quando um perfil se desloca peto ar, criam-se pressões no escoamento do superfície ar que SÕO diferentes na superior e na inferior
Ptessáo alta
Na superfície superior, curva, o ar move-se mais depressa a sua pressão baixa e a asa sobe.
Quanto maior a velocidade, menor a pressão. O avião levanta pressão na partequando inferioru da asa é maior que na parte superior.
COMO FUNCIONA''
COMO FUNCIONA UM MOTOR A JACTO
O ar é admitido no
motor c comprimido pelo tuftfO
ventilador e compressor antes de entrar
na câmara de combustão. E então pulverizado com combustível e inflamado, criando um jacto de gases quentes. No turbofan,um ventilador faz passar uma corrente de ar para maior eficiência
e menos
ruído do motor.
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Gases de escape 1 iiiliiiu
Câmara de combustão Combustível inflamado Admissão de ar
Ventila dor
nómeno ocorro chama-se velocidade de perda. Como o peso de um avião se opõe direc tamente à sua sustentação, é fundamental que seja o mais leve possível, sem no en tanto sacrificar a resistência da estrutura. Consegue-se urna estrutura leve mas resis tente construindo-a com ligas de alumínio e materiais à base de fibras de carbono.
Desenvolvendo a propulsão A maioria dos aviões actuais possui moto res a jacto, que geram um impulso quei mando querosene e ejectando, a alta velo cidade, os gases quentes provenientes da combustão. Quando o jacto de gases é ejectado para trás, o avião é impelido para diante por reacção. Estão em utilização dois tipos principais de motor a jaclo — o turborreactor e o turbofan. ou turbina com ventilador. No turborreactor, o ar é admitido e comprimi do por um compressor. O combustível é então pulverizado no ar comprimido e a mistura inflamada. Os gases quentes pro duzidos accionam as palhetas de uma tur bina antes de se escaparem pela retaguar da através da tubeira de escape. A turbina é accionada pelo compressor. O motor tur bofan funciona com base no mesmo prin cípio, mas possui um grande ventilador em frente rio compressor. Kste faz movi mentar o ar em redor rio motor, mas tam bém através dele. Um motor deste tipo faz passar mais ar a menor velocidade que no turborreactor. F. mais eficiente para aviões mais lentos, como os de passageiros. 264
Ar comprimido -Compressor
Alguns aviões ainda utilizam hélices na propulsão. A hélice possui um certo número de pás que, tal como as asas, têm um contorno de perfil aerodinâmico. As hélices modernas são de passo variável: o ângulo com que atacam o ar é alterado automaticamente, conforme as condi ções rio voo. À descolagem, as pás preci sam de um ângulo pequeno para conse guirem a máxima propulsão a baixa ve locidade, como um automóvel em pri meira. Em voo, o ângulo é maior para dar ao avião o máximo possível de movi mento para diante por cada rotação das pás. Muitos aviões a hélice são accionados por motores a gasolina que funcionam de forma semelhante aos automóveis. Outros são accionados por turbopropulsores.
Aerodínamismo e estabilidade A resistência ao avanço devo manter-se no mínimo para que o voo seja económi co. Assim, todas as superfícies rio avião são Ião lisas quanto possível para que não haja irregularidades que obstruam o escoamento do ar. O avião é ainda aorodin amiz ado a forma da fuselagem destina-se a criar o mínimo de resistência ao ar. Para um voo estável, o avião precisa de uma cauda. A cauda tem duas partes — a empenagem vertical e a empenagem ho rizontal. A primeira corrige a tendência do avião para guinar ou girar enquanto se desloca no ar. A segunda corrige a sua
Os gases quentes são expeli dos para trás a alta vekxidade e a reacção impele o avião em sentido oposto.
tendência para picar ou oscilar. Chamase frequentemente a estas duas superfí cies os estabilizadores vertical e hori zontal. O avião tem ainda uma tendência para "enrolar" na horizontal, o que é de certo modo contrabalançado pela colocação rias asas om ângulo diedro - inclinarias ligeiramente para cima ric modo que fa çam um V muito aberto quando vistas de frente ou de trás. Esta forma é particular mente notória em aviões ligeiros de pe quena velocidade. As asas de um avião são flexíveis para abanarem ligeiramente para cima c para baixo em resposta à tur bulência do ar - o que as impede de se partirem quando sujeitas a esforço.
Como o piloto comanda o avião Para subir, descer ou virar, o piloto acciona os planos de comando nos bordos poste riores, ou de fuga, das asas e da cauda. Os planos de comando são painéis articula dos que podem ser movimentados por meio do manche em forma de alavanca ou guiador c dos pedais. Nas asas, os principais planos de co mando são os ailerons — um em cada asa. Movimentando-se o manche para a direita, lovanta-se o aileron da direita e baixa-se o da esquerda, o que faz com que a asa direi ta desça e a esquerda suba, manobra de nominada pranchamento. A deslocação do manche para a esquerda faz o avião inclinar-se para a esquerda. Para virar o nariz do avião para a esquer da ou para a direita, 0 piloto movimenta o
leme de direcção, plano articulado na empenagcm vcrlical, utilizando os pedais. Pressionando o pedal da esquerda, vira o leme para a esquerda, pelo que o nariz vira também para a esquerda. Pressionando o pedal da direita, vira o leme para a direita e o nariz igualmente para a direita. O leme de direcção, só por si, não faz o avião virar — apenas muda a sua posição no ar: devido à sua tendência para se manter a direito, o avião "derrapa". Para virar sem derrapa gem, o piloto utiliza uma combinarão dos ailerons o do leme de direcção, mano bra chamada pranchar e rodar. Para colocar o nariz do avião para cima ou para baixo, o piloto faz funcionar os planos de coman do da empenagem horizontal, chamados
Senhores do céu. A acrobacia em grupo e o ooo em formação em jactos de alta velocidade exigem grande precisão e coordenação. Em cima, exibição dos Red Arrows (Setas Vermelhas), da Royal Air Force.
lemes de profundidade.
Puxar o manche do avião faz rodar para cima os lemes de profundidade, provocando a subida do nariz. Levá-lo à frente faz os lemes rodar para baixo e descer o nariz. Mas para fa zer o aviãodesubir ou descer,o ace tem igualmente se manobrar lerador do motor. Para subir, o pi loto abre o estrangulador para admitir mais combustível no motor o aumentar a velocidade e levanta ao mesmo tempo os lemes de profundidade. Maior velocida de significa maior sustentação, por isso, com o nariz apontando para cima, o avião sobe. Para descer, os lemes de pro-
Leme para a esquerda Aileron para cima A asa esquerda baixa
Comando de um avião Para mudar de direcção, o pi loto serve-se do manche e dos pedais para alterar a posição dos planos móveis das asas e da cauda.
COMO KUNUUNA7 fundidade são baixados enquanto o es trangulador se vai fechando. Menor velo cidade significa menor sustentação, por isso o avião perde altitude.
Comandos assistidos Nos aviões modernos, os comandos são assistidos, funcionando por pressão hi dráulica. Obtém-se assim a força necessá ria para mover os planos de comando con tra o fluxo do ar a altas velocidades. A maio ria dos aviões modernos voa quase todo o tempo com piloto automático — sistema comandado por computador a partir de informações introduzidas por aparelhos de medição que detectam as alterações das condições de voo, como a velocidade do vento e os desvios na horizontal e na vertical.
Descolagem e aterragem São as duas manobras de voo mais críti cas, pois o avião tem de se deslocar mais lentamente e, portanto, as asas produ zem uma sustentação menor.
Quando o avião aterra, a questão não está em aumentar a sustentação, mas em eliminá-la. Para tal, recorre-se aos spoilers (ou freios aerodinâmicos) — planos articulados habitualmente situados à Para aumentar a sustentação a veloci frente dos flaps. São abertos imediata dades baixas, as asas estão equipadas mente após a aterragem e viram-se para cima, formando ângulo recto com a asa. com outros planos de comando — flaps Deste modo, aumenta-se a resistência ao atrás e bordos de ataque avançados à avanço, perturbando o fluxo do ar sobre frente. Os flaps deslizam para fora e para as asas, de modo que estas perdem toda a baixo em calhas, aumentando a super sua sustentação. As primeiras travagens fície da asa e exagerando a sua curvatura, são efectuadas por inversão do jacto — o para se obter uma maior sustentação. Os motor a jacto possui um mecanismo que bordos de ataque avançados aplicados ao bordo de ataque das asas são super permite inverter o sentido dos gases de escape, deflectindo-os para a frente. fícies curvas móveis. Quando abrem, Logo que o avião role suficientemente melhoram o escoamento do ar em torno devagar, o piloto aplica os travões das da asa, aumentando também a susten rodas. tação.
Flap exterior Spoiler interior Flap interior
O
|
*
homem sempre
quis voar como
os pássaros. Ao longo dos tempos, muitos o tentaram atando asas aos braços e batcndo-as. Mas os nossos músculos dos braços e do peito não são suficientemente fortes. Quando finalmente o homem aprendeu a voar, em 1783, fê-lo em balões cheios com ar quente ou hidrogénio. Mas a fascinação polo voo persistia. Em 1738, o cientista suíço Daniel Ber noulli tinha lançado o princípio funda mental da dinâmica dos fluidos (gases e ar),
O planador de Cayley. Sir George Cayley (na fotografia) criou em 180-1. um pla nador em modelo reduzido. Em 1853. o cocheiro de Cayiey OOOU 460 m num pla nador verdadeiro.
Pioneiros. O americano Oruilte Wright pilotou o primeiro aeroplano do Mundo (em cima) em Kittyhawk, na Carolina do Norte, em 1903. Cerca de 420 unos antes, o pintor e inventor italiano Leonardo da Vinci produzira o primeiro desenho de sempre para um avião. 0 seu ornitóptero teve por modelo as asas de uma ave e previa um mecanismo para o piloto bater as asas usando os braços e as pernas Mas o aparelho seria demasiadamente pesado para voar.
relacionado com a respectiva pressão, que iria levar ao desenho da asa; e no último ano do século xvm, pelo menos um ho mem começara a avaliar as forças impli cadas no voo de objectos mais pesados que o ar. Tratava-se do inglês George Cay ley, que desenhou essas forças num dis co de prata em 1799. No reverso do disco fez o desenho de um pla nador, e cinco anos depois construiu um modelo do mesmo. No entan to, só em 1853 cons truiu um planador em tamí] nho natural que consegui efectivamente voar e transportar o peso de um homem. Otto Lilienthal, na Alemanha, e Octave Chanute e os irmãos Wright (Orville e Wilbur), nos EUA, fizeram progredir, por seu lado, a ciência do voo. Foram os irmãos Wright que deram o passo seguinte, lógico, apli cando a um dos seus planadores um motor leve a gasolina. Em 17 de Dezem
bro de 1903, em Kittyhawk, na Carqlina do Norte, Orville voou pela primeira vez num avião com motor, o Flyer. O aeroplano dos irmãos Wright atin giu a custo a velocidade de 50 km/h, ergueu-sc apenas a alguns pés acima do solo e manteve-se no ar somente uns segundos, percorrendo cer ca de 37 m. Praticamente, a totalidade deste voo teria cabido na fuselagem de um moderno Jumbo. No entanto, meio século depois, os voos de muitas horas eram já ro tina, e hoje os aviões de passageiros supersóni cos voam ao dobro da altitude do Evereste e transportam centenas de passageiros à velocidade de uma bala de carabina. Asa voadora. Na década de 1890, Li lienthal já voava em planadores, que construía com ouras de salgueiro e pano de algodão encerado. Lançando se de uma colina, subiu até 230 m.
267
I
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O helicóptero: aeronave com asas rotativas As pás rotativas rio helicóplero não só o elevam no ar como constituem o seu meio de propulsão — funcionando como asa e hélice. Além disso, se o motor falhar, as pás podem manter-se em rotação para que o aparelho plane até ao solo (auto rotação). Cada uma destas pás, compridas e dei gadas — o seu número varia de duas a
do rotor
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Sustentação ,..h Veio do rotor
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Bordo d e
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sustentação através da variação de passo das pás. Esta pode ser efectuada colectiva mente pela alavanca de variação colectiva de passo, ou separadamente pela coluna de variação cíclica de passo. A alavanca de variação colectiva de pas so dá a mesma inclinação simultânea a to das as pás. É utilizaria pelo piloto nas subi das e descidas verticais. A mediria que o
rior, provocando uma força ascensional. Quando a sustentação nas pás é maior que o peso do helicóplero, este ergue-se no ar. Uma vez no ar, o voo é comandado p elo ajustamento da quantidade e direcção da
passo éo aumentado e sedogera maisé susten tação, estrangulador motor aberto, em geral automaticamente, para propor cionar a necessária força motriz adicional. A coluna de variação cíclica de passo
1 Propulsão
Perfil aerodinâmico. Aumentar o passo da pá dá mais sustentação. a,a ue
seis —, tem um perfil aerodinâmico, como uma asa rie avião (v. p. 263), e o bordo de ataque (o da frente) inclinado para cima. Para fazer o aparelho levantar, fazem se rodar as pás e aumenta se-lhes gradual mente o passo o ângulo com que ata cam o fluxo de ar. Como resultado, a prés são do ar diminui na superfície superior de caria pá e aumenta na sua superfície infe
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COMO AS PAS CRIAM SUSTENTAÇÃO
Prato oscilante. Um anel articulado que permite a inclinação do rotor em qualquer direcção.
As pás do helicóptero têm perfil ac rodinâmico, como as asas de avião. Quando giram e o seu passo é gra dualmente aumentado, a pressão de ar diminui na sua face superior e au menta na inferior - criando susten tacão no helicóptero.
Coluna de variação cíclica de passo
Rotor da cauda. Um pequeno rotor de que cauda, vertical, mpede a fuselagem do helicóptero rode. Pedais do rotol,i ciiudíi
Alavanca de variação colectiva e estrangulador
COMO SE MANOBRA UM HELICÓPTERO A coluna de variação cíclica de passo altera o passo das pás, individual e sucessivamente, à medida que rodam. Cria-se assim mais sustentação de um lado que do outro, fazendo inclinar o rotor. O aparelho é impelido na direcção em que se inclina o rotor.
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pela alavanca de variação colectiva de passo, ou individualmente pela coluna de variação cíclica de passo, causando a inclinação do rotor como um todo — o que impele o aparelho nessa direcção.
Descolagem. Para aumentar a sus tentação, o passo de todas as pós é aumentado pela alavanca de varia ção colectiva. Habitualmente, o es trangulador abre-se automaticamen te para fornecer a potência necessária para a descolagem.
Comandos. Dois pedais comandam o rotor da cauda. Uma alavanca comanda a variação colectiva de pas outra comanda a variação cíclica.
Ganhando altura. A aplicação de maior potência aumenta a variação colectiva de passo das pás e o aparelho sobe. Para avan çar, o rotor é inclinado por meio da coluna de variação cíclica de passo. Esles movimentos são coordenados para que a transição para o voo de translação seja suave.
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Estabilidade. Usam -se rotores duplos para evitar que a fuselagem ande à roda. No Chinook (em cima), um
jogo de engrenagens
impede que as pás que se interpenetram Choquem entre si. O Mil Mi-26russo (à esquerda) tem dois rotores em eixos concêntricos rtxiando em sentidos opostos. 0 maior helicópiero do Mundo é o Mil Mi-12,de 1001 (em cima, à direita). A envergadura total dos seus rotores é apenas um pouco inferior à de um Jumbo.
< Marcha para diante. Empurrando para diante a coluna de variação cíclica, produz -se maior sustentação sobre a cauda do helicóptero. 0 rotor inclina-se e impele o aparelho paru diante a uma altitude constante.
Pairamento. Para pairar, o piloto ajusta o passo das pás por meio da alavanca de va riação colectiva, até que a sustentação seja ligeiramente superior ao peso do helicóptero.
Voo lateral. O piloto empurra a coluna de variação cíclica para a direcção em que quer seguir, o que faz com que as fxis dêem mais sustentação de um lado que do outro. 0 rotor inclina se e impele o helicóptero na direcção escolhida.
Marcha atrás. Puxando para trás a coluna de variação cíclica, dá-se mais sustentação às pás quando estas passam sobre a frente do aparelho do que quando passam sobre a cauda, pelo que o rotor se inclina para trás, permitindo que o helicóptero recue.
269
v,v..mi\..> r u i i ^ i u i i n :
Operação arriscada. Na guerra, os helicópteros são frequentemente o meio de transporte mais seguro para homens e reabastecimentos. Vemos aqui um helicóptero do Exército Russo em operação no Afeganistão. Para proteger o aparelho de mísseis termossensíoeis, lançou-se um fogueie que actua corno chamariz témiico, atraindo sobre si os mísseis inimigos.
Salvamento no mar. Urn hornem doente é içado para bordo de um helicóptero equipa do por forma a prestar-the os primeiros socor
ros no trajecto para o hospital. 270
ajusta individual e sucessivamente o passo de cada pá à medida que esta roda. Se a coluna é empurrada para diante, o passo de cada pá é aumentado quando esta passa sobre a cauda e diminuído quando passa sobre o nariz do helicóptero. Deste modo, gera-se maior sustentação sobre a retaguar da do que sobre a frente do aparelho, o que faz com que todo o rotor se incline para diante O helicóptero é impelido para a di recçáo em que o rotor se inclina: se este se inclina para diante, ele anda para a frente. Para mudar de direcção quando em voo es tacionário, ou "de pairamento", o piloto ac ciona dois pedais que alteram a propulsão do rotor da cauda, fazendo-a desviar-sc nou tro sentido. O rotor da cauda proporciona controlo direccional a baixas velocidades e em auto-rotação e, quando o helicóptero está em voo estacionário, contraria a tendência da fuselagem para se deslocar na direcção oposta à das pás - a chamada reacção de torque. Nos helicópteros de um só motor é
essencial o rotor de cauda para eliminar esta reacção. Alguns helicópteros eliminam-na utilizando rotores duplos girando em senti dos opostos. Os rotores duplos podem eombinar-se por diversas fonnas. NoKamou KA-25 Horrnone, russo, e no Wagner Sky-Trac, ale mão, eles rodam em tomo de eixos concên tricos. No Boeing/Vertol CH-47 Chinook, americano, estão instalados um à frente e outro atrás. NoMil Mi-12 Homer, russo, estão montados nas extremidades de asas rudi mentares que se projectam da fuselagem. Os aparelhos de salvamento da Korça Aérea dos EUAKaman HH43 Huskies têm rotores duplos aos lados, cujas pás se interpene tram. Versátil, mas não rápido A velocidade máxima que um helicóptero pode atingir é de cerca de 400 km/h. Isto porque a essa velocidade as pás do rotor no seu hemiciclo de avanço atingem quase a velocidade do som (cerca de 1200 km/h),
velocidade à qual todos os aviões normais encontram problemas de resistência ao avanço e sustentação. As pás que retroce dem, porém, deslocam-se a menos que a velocidade de translação do aparelho e mal conseguem gerar sustentação.
Na sua maioria, os helicópteros estão equipados com turbomotores, accionan do os rotores a velocidade constante. Em bora o motor tenha potência bastante, a maior parte desta é utilizada na sustenta ção. Um avião com um motor semelhante
Do brinquedo à máquina
E
mbora o helicóptero, na sua forma presente, tenha apenas cerca de 50 anos, o princípio da asa giratória é conhecido há séculos. Os Chineses utilizaram-no há aproximadamente 2500 anos no seu pião voador — uma vareta com pás semelhantes a uma hélice numa extremidade; fazendo girar a vareta, o brinque do levantava voo. Leonardo da Vinci desenhou um helicóptero em 1483. Mas o primeiro helicóptero que transportou um homem e se elevou um pouco no ar só foi construído em 1907 - pelo francês Paul Comu, em Lisieux. Problemas de estabilidade e outros fizeram com que o helicóp tero fosse abandonado por quase 30 anos em favor dos aviões. Muitos dos problemas de concepção foram, contudo, resolvidos pelo inventor espanhol do autogiro, Juan de la Cierva, em 1919. Este aparelho estava equipado com um grande rotor que não era accionado pelo motor, mas girava livremente pelo fluxo de ar criado pelo movimento do aparelho para a frente. Não podia des colar na vertical - tinha de correr na pista para que o rotor gir asse o suficiente para ganhar sustentação. Só em 1936 o professor alemão Heinrich Focke, da Companhia Focke-Wulf, criou um helicóptero funcional com dois rotores. Três anos depois, nos EUA, um engenheiro natural da Rússia, Igor Sikorsky, inventou um helicóptero de rotor único - o VS-300. Foi este o verdadeiro antecessor do moderno helicóptero — a mais versátil das aeronaves. O aperfeiçoamento do motor a jacto na década de 50 conduziu à adopção dos turbomotores, que aumentaram consideravelmen te as possibilidades de raio de acção e de velocidade. Hoje em di a, o helicóptero é inestimável não só como transporte militar, avião de patrulha de todo-o-terreno e grua aérea, como também para salvar pessoas em locais de difícil acesso.
poderia fazer um percurso muito mais lon go e mais rápido com o mesmo consumo
de combustível.
Por este motivo, o futuro aponta para um aparelho híbrido .- meio helicóptero, meio avião —, o avião de rotor basculante.
COMO FUNCIONA 7
O "hydrofoil": 'Voando" na água Comparados com outros meios de trans porte, os navios e a maioria dos barcos são muito lentos. Mesmo os mais rápidos na vios de passageiros conseguem pouco mais de 30 nós — 56 km/h —, e a maioria dos cargueiros arrasla-se a menos de 20 nós (37 km/h). Oshydrofoiis são, de longe, os barcos mais rápidos que existem: mal roçam a água, apoiados em "asas'" sub mersas, a 50 ou 60 nós (96-113 knvti). A velocidade de um navio é baixa, por que o casco está, em grande parte, sub merso e, portanto, sujeito a considerável resistência - primeiro, devido ao atrito entre o costado e a água; depois, por cau sa da sua resistência às ondas. Quanto maior for a velocidade, maior será a resis tência. O hydrofoil deve o nome às suas asas submarinas, denominadas hydrofoiis, ou muitas vezes apenas foils, ou planos. As asas têm um perfil aerodinâmico - espes so à frente, encurvado extradorso, quase plano no intradorso e afilado atrás. Tal como a asa do avião cria uma força ascensional, denominada sustentação, quando se move através do ar, assim o hydrofoil se comporta quando atravessa a água. Devido ao perfil aerodinâmico dos foils, a água passa por eles mais rapida mente no extradorso do perfil que no intra dorso, provocando um diferença de pres são. A maior pressão no intradorso obriga o foil a subir através da água. Num barco hydrofoil, o casco possui foils montados à proa e à popa. Parado, o casco flutua na água como um barco nor mal. Mas, à medida que o barco avança, os foils váo criando sustentação, fazendo sair o casco da água. A sustentação aumenta com a velocidade, fazendo levantar cada vez mais o casco até que ele fica completa mente fora de água e livre da maior parte da resistência que lhe reduzia a velocidade. Como a sustentação aumenta também com a densidade de fluido e a água é mais de 800 vezes mais densa que o ar, os foils são mais pequenos que as asas de avião, mas têm de ser muito mais resistentes. Utilizam-se dois tipos principais defoils: foils em V e foils totalmente submersos. Alguns barcos estão equipados com ambos os ti pos - um foil em V à proa e um de sub mersão total à popa. A propulsão da maio ria dos hydrofoiis é feita por hélices. O foil de mais larga utilização é ofoil em V, que tem a particularidade de emergir parcialmente da água. A flutuação é auto-ajustada, porque, se os foils submergem mais na água, mais sustentação geram, o que os leva a vir novamente à superfície. Se aflorarem demais, geram menos sustenta ção e submergem de novo.
272
COMO FUNCIONA?
Os barcos com foil em V operam me lhor em águas calmas: as águas agitadas produzem demasiados balanços, pelo que o seu uso se restringe praticamente às águas junto às costas e de lagos ou rios. Os barcos com foils totalmente submer sos proporcionam uma marcha muito
mais suave, mas precisam de um complica do sistema de comandos. Não são autoajustáveis e obtém sustentação pela varia ção do ângulo do foil em relação ao lluxo de água - a sustentação aumenta com o au mento de ângulo de ataque. Para manter a estabilidade, o ângulo de ataque do foil tem
COMO OS "FOILS" EM V E OS "JETFOILS" OBTÊM SUSTENTAÇÃO
O foil em V, à proa, emerge parcialmente da água. Se o foil mergulha na água, gera •se sustentação que levanta novamente o barco
O jetfoillança jactos de água a alta oetoci dade por injectores na popa do barco, o que o impele para diante. O barco aspira a água e envia-a para bombas nos foils.
de ser ajustado às variações da marcha e à altura do casco acima da água. As medições são feitas por sonar e utilizam-se sinais electrónicos para controlar os foils. O jetfoil funciona por meio de jactos de água a alta velocidade que são lançados por injectores na popa que impelem o bar co através da água. O barco é impelido para diante pela força da reacção. O barco aspira a própria água em que navega através de uma entrada a meio dos suportes dos foils da popa. Bombas poten tes, accionadas por turbomolores, aumen tam a pressão dá água antes de a descar regarem. pertomanter de 110 000 1Precisam de água de porbombear minuto para uma velocidade de cruzeiro de 80 km/h. Embora os hydrofoils sejam os barcos mais rápidos que existem, nunca serão por isso mesmo os maiores. Por exemplo, o peso de um navio de passageiros é tal que os foils necessários para o sustentarem te riam de ser incrivelmente pesados - isto porque o peso de um foil triplica de cada vez que 0 seu tamanho duplica.
273
V.A./IVIW i" ui iv - iw ii r t:
O "hovercraft": barco que voa sobre ar Embora opere sobre a água, o houercruft náo é realmente um barco. E embora voe através do ar, também náo é realmente um aviáo. E um veículo anfíbio que se desloca sobre uma almofada de ar comprimido e consegue andar facilmente(veículo sobre aque terra sobre a água. Hovercraft paie ra) é o seu nome inglês, mas é também conhecido por ACV (air-cushion uehkle. ou veiculo de almofada de ar). 0 ar que eleva o houercraft é aspirado pelas sua poderosas ventoinhas, que o comprimem e dirigem para baixo. Em muitos houercrafls, o ar comprimido é conduzido inicialmente para uma bolsa insuflável — a "saia" — fixada em volta do bordo inferior da estrutura, que pode che gar a medir 5 m à proa. A saia ó feita de tela revestida de borra cha, e o ar comprimido escoa-se por orifí cios na sua parede interior, de modo a for mar uma almofada de ar. Esta, embora com a pressão de cerca de 1/60 da de um pneu normal de automóvel, eleva o veí culo. Segmentos flexíveis independentes - o s "dedos" - pendem dos bordos exte riores dos orifícios alé tocarem a superfí cie, impedindo eficientemente a saída do ar.
U
Conseguindo a pressão
ma experiência com duas latas, uma balança e um insuflador de ar industrial levou Christopher Cockerell a criar o houercraft em 1954. Enge nheiro electrónico inglês que se tor nara projectista naval, Cockerell procurava a forma de re duzir o atrito entre o casco dos barcos e a água. A ideia da almofada de ar já fora ex plorada na década de 1870, mas nunca passara da fase
de experiência. Cockerell pensou que uma almofada de ar se for maria com mais facilidade se o ar, em vez de ser bombeado directa mente para o seu interior fosse bombeado debaixo do casco a partir de urna estreita fenda em redor do bordo e dirigi do para o interior. Ex perimentou esta ideia soprando ar contra
uma balança de cozinha, primeiro através de uma lata sem tampa (como se se soprasse directamente sobre a almofada), depois através do intervalo
entre duas latas, uma dentro da
outra (como se se soprasse em redor rio perímetro ria almofada). O segundo processo produziu mais força. Apenas um ano depois, paten teava o projecto do hovercraft, e o SRN-I, de 4 t, o primeiro ho uercraft eminauguração tamanho natural, fazia a sua em Cowes em 1959. Atravessou pela primeira vez o canal da Mancha em 25 de Julho desse ano, no dia do cinquentenário da primeira travessia aérea, feita pelo aviador francês Louis Blériot.
A experiência. Um insuflador força ar para 0 intervalo entre duas latas, uma dentro da outra, e contra o prato de uma balança. Cockerell verificou assim que seria capaz de erguer um veículo sobre uma almofada de ar insufla da com ar bombeado por jactos.
O maior houercraft civil é o SRN-4 Mark III, de 305 t, que transporta mais de 400 passageiros e 60 carros e opera no canal da Mancha. Tem quatro ventoinhas com 3,5 m de diâmetro cada uma, accionadas por turbomotores. No SRN-4, os mesmos
Anfíbio. O hovercraft pode andar sobre a terra ou a água. O ar comprimido sobre o qual assenta permite-fhe passar sobre so los irregulares ou ondas no mar.
motores accionam as quatro hélices que impelem o veículo para a frente. As hélices estão montadas em torres na parte superior do casco. No SRN-4 Mark III, as pás das hélices medem 6,40 m de extremo a extremo. O hovercraft é impeli do para diante por reacção — as hélices aceleram o fluxo de ar que passa por eles para trás, o que impele o veículo para a frente. As hélices são de passo variável, o que significa que o passo, ou ângulo de ataque, das pás pode ser alterado. Embora as hélices girem a velocidades mais ou me nos constantes, a velocidade do fluxo de ar, e portanto do hovercraft, é alterada pela variação de passo das hélices. Este sistema confere aoSRN-4 uma veloci dade máxima de mais de 65 nós (120 km/li), quase o dobro da do mais rápido navio de passageiros. O comandante dirige o veículo de modo semelhante ao de um piloto de avião. O leme é o bordo posterior articulado dos planos verticais, colocados a jusante da corrente de ar das hélices. Sustentação. O hovercraft deslo case sobre uma almofada de ar comprimido, conduzido por ventoi nhãs através de uma "saia" flexível. A ventoinha aspira o ar Saia flexível Almofada de ar
^^aaamsBam
:, 'rvr-rr- T.
Maravilhas da medicina Brás a // Guerra Mundial, o progresso da ciência médica tem modificado
drasticamente o tratamento das doenças e realizado curas nunca antes
sonhadas. Os cirurgiões trabalham com raios de lasere com o auxílio de microscópios. As próteses de órgãosfora permitem umamaterno. vida renovada. E os bebés podem ser concebidos do corpo
Como os antibióticos destroem bactérias altamente nocivas, p. 288.
Como são concebidos os "bebés-proveta", p. 276. Como conseguem os médicos observar o interior do corpo humano, p. 287.
MARAVILHAS DA MEDICINA
A criação de um bebé-proveta Em 25 de Julho do 1978, a Sr." Lesley Brown, uma inglesa de 30 anos, deu à luz a primeira criança gerada fora do corpo hu mano — um bebé-proveta. A sua filha, Louise, foi concebida num laboratório em Oldham, no Lancashire, com o auxilio dos investigadores pioneiros Drs. Patrick Steptoe e Robert Edwards. Só dois anos mais tarde o seu notável feito foi repetido — desta vez por cientistas austra lianos, quando Candice Reed nasceu no Royal WomerVs Hospital, de Melbume, em 23 de Junho de 1980. Na realidade, nenhuma das crianças foi produzida numa provela: a concepção, hoje designada com mais rigor por "fertili zação in oilro" (FIV), tem lugar numa placa de vidro de laboratório. A técnica de fertilização de um óvulo humano no exterior do corpo permite às mulheres incapazes de engravidar — por que o espermatozóide masculino não consegue chegar ao óvulo feminino — da rem à luz os seus bebés. Lesley Brown não podia ficar grávida porque as suas trompas de Falópio, que o óvulo tem de atravessar para chegar ao útero, estavam bloquea das. A FIV só funciona nas mulheres cuja infertilidade se deve ao bloqueio das trompas de Falópio e cujo útero é, sob todos os aspectos, saudável, for este motivo, antes de considerarem a hipótese da FIV, os casais estéreis devem submeter-se a exames rigorosos para determinar se essa é a solu ção adequada para o seu caso. 0 primeiro passo na FIV é a determinação do momento preciso do ciclo menstrual da mulher, em que o óvulo c liber tado pelo ovário. A mulher fica então à espera desse mo mento para, imediatamente antes, ser submetida a uma pequena ope ração. Como preparação, terá Incubação. Antes da fertilização, os óvulos são guarda provavelmente feito um trata dos nurna substância rica em nutrientes dentro de urna mento com hormonas para au incubadora. Aqui, uma técnica de laboratório retira-os mentar a libertação de diversos da incubadora para os preparar para a f
matozóides, é colocada solução lina que os mantém nas numa melhores condisa ções e aptos para iniciarem o processo de fertilização. Os óvulos são então retirados da in cubadora c misturados com a solução salina que contém o sémen. No espaço de 24 horas, um único espermatozóide deve unir-se a um óvulo para iniciar o processo de gestação de um ser humano. Uma vez fertilizado, o óvulo torna se ro
União do espermatozóide com o óvu lo. Realçada com cores artificiais e amplia da 6750 vezes, esta fotografia por microscó pio electrónico apresenta um espermato zóide penetrando a membrana externo (zona pelluciday de um óvulo humano. De pois de isto se dar, a membrana espessa se para impedir Aa penetração de outros espero malozóides. fertilização ocorre quando núcleo da cabeça do espermatozóide se funde com o núcleo do óvulo.
sistentc à penetração de outros esperma tozóides. O óvulo recentemente fertilizado inicia então um processo de divisão e multiplica ção celular enquanto se vai transformando no embrião. Quando, muitas horas depois,
MARAVILHAS DA MEDICINA
Início da vida. Con
cretizada a fusão dos núcleos masculino e fe minino (à esquerdo), o ovo fecundado divide-se, criando novas células que se diferenciarão e formarão uma criança. Louise Brown foi o primeiro bebé-proveta
rer normalmente é apenas de 1 para 5 — pelo que, se for implantado no útero mais do que um embrião, é maior a probabilida de de a mãe dar à luz um bebé saudável nove meses depois.
O exame oftalmológico
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se dividiu em cerca de oito células indivi duais, é transferido para o útero materno. Com um potente microscópio, o gine cologista identifica os óvulos que foram fertilizados e aspira-os por um tubo delga do, que é cnlâo introduzido na vagina, sen do oscontinuarão embriões depositados no útero, onde o seu desenvolvimento. Para se evitar o risco de partos múltiplos, só se implanta um número limitado de óvulos fertilizados - geralmente três. Á partir deste momento, o processo de gestão é exactamente igual ao de gravidez normal. O embrião tem dê se fixar na pare de do útero materno para dele obter os necessários nutrientes para sobreviver e se desenvolver. A probabilidade de tudo cor
O exame oftalmológico pode fornecer in formações particularmente valiosas acer ca do estado geral de saúde dos doentes, para lá das informações sobre a capacida de funcional da visão de cada um. Assim, os primeiros sinais de doenças graves, muitas vezes ainda assintomáticos, podem ser colhidos através do exame of talmológico, como sucede, por exemplo, nos tumores cerebrais e na diabetes. A primeira parte de um exame oftalmo lógico é ainda — 120 anos depois da sua introdução pelo médico oftalmologista holandês Dr. Hermann Snellen - a conhe cida escala optométrica, perante a qual o doente determina exactamente o que con segue e o que não consegue ver com cada olho. As letras estão colocadas deliberada mente de modo a poderem confundir-se - estão ao pé umas das outras e são de forma semelhante, como o P e o F, para que seja efectivamente posta à prova a acuidade visual, que permite distinguir as diferentes letras e os respectivos intervalos. O quadro de Snellen dá apenas uma ideia rudimentar acerca da acuidade vi sual. Noutros exames, que podem ser tão simples como o seguir se com os olhos um objecto em movimento, é verificado o tónus dos músculos do globo ocular e a correcta coordenação funcional de ambos os olhos Examinam se ainda os reflexos pupilares - o modo com o as pupilas rea-
gem à luz - e se existe um bom campo global de visão (campimetria). Na sua maioria, os testes são efectuados com o auxilio de uma armação de ensaio; esta é constituída por uma pesada arma ção de óculos, que pode ser ajustada ao intervalo exacto dos olhos de cada doente e na qual se vão colocando as diferentes combinações de lentes. É um processo muito rigoroso, em que todas as deficiên cias são identificadas por sucessiva elimi nação. Um tabuleiro com cerca de 200 len tes diferentes, cada uma das quais com a sua função e graduação próprias, permite milharescom de combinações, de de modo contrar um grande grau rigora aen combinação perfeita para cada situação. Um outro exame, o exame do fundo do olho, ou fundoscopia, é feito com um equipamento manual chamado oftaluios copio, que faz incidir um raio de luz, atra vês da pupila, sobre a retina, na parte pos terior do olho. A retina contém células es peciais, denominadas receptores, que convertem as ondas luminosas em impul sos nervosos. Um globo ocular demasiado longo no sentido longitudinal produz mio pia, ou vista curta: um demasiado estreito produz hipermetropia, ou vista ao longe. Se a córnea, a superfície externa e transpa rente do olho. não tiver uma curvatura per feita, pode causar distorção das imagens (astigmatismo) Se o feixe de luz não con seguir atingir a retina, existe provavelmen te qualquer obstáculo, como, por exem pio, a opacificaçáo do cristalino, conheci da por catarata. Com o auxílio do oftalmoscópio, instru mento que faz incidir um feixe de luz no fundo do olho e dispõe de uma série de diferentes lentes que vão sendo ajustadas através da manipulação de uma roda do instrumento, torna se possível focar dife rentes partes do globo ocular. Se este esti ver saudável, ver se á um círculo transpa rente rosa-alaranjado atravessado por uma rede de tecido nervoso e vasos san guíneos (o exame dos fundos oculares da nos uma infonnaçáo muito valiosa acerca dos sistemas nervoso e circulatório). As próprias alterações devidas à idade são igualmente diagnosticadas, como, por exemplo, o eventual bloqueamento do sis lema de circulação interior dos fluidos do globo ocular. A extensão de um eventual bloqueio dos fluidos do globo ocular é avaliada pela medição da tensão ocular através de um tonómetro. Este intra instrumento é coloca do ao de leve sobre o globo ocular e indica a pressão em milímetros de mercúrio. Um outro tipo de tonómetro emite um sopro de ar: a velocidade com que o ar é reflecti do indica o valor da pressão. Um dos primeiros indícios de glaucoma pode ser observado por meio do micros copio de lâmpada-de fenda, que permite ampliações até 50 vezes e funciona em 27<
MARAVILHAS DA MEDICINA
Como os óculos aguçam a vista Quando possuímos uma visão perfeita, os raios luminosos que atravessam a pupila dos nossos olhos convergem exactamente sobre a retina, na parte posterior daqueles, e a imagem assim focada com nitidez é transmitida ao cérebro. Na maioria das pessoas, o máximo da acuidade visual ocorre por volta do ano de idade. Os pro blemas surgem frequentemente Í\Ó puber dade: o globo ocular cresce de mais -ouou de menos — no sentido longitudinal deforma-se. São estas as três razões princi pais da necessidade da utilização de ócu los para conigir a distância focal dos olhos. No princípio da vida, os problemas po tenciais da visão poderão ser compensa dos pela acção potente dos músculos cilia res ligados à íris do cristalino. Esles mús culos aumentam ou diminuem a curvatu ra da lente para permitir a focagem da vista
sobre objectos próximos ou longínquos. Mas se os músculos ciliares enfraque cem, como frequentemente acontece na meia-idade, o cristalino deixa de ter a cur vatura suficiente para se focar sobre objec tos próximos, como as letras pequenas de uma página impressa. As três causas principais da vista desfo cada são a hipermetropia (vista longa), a miopia (vista curta) e o astigmatismo, para cuja correcção se usam óculos de diferen tes tipos (v. à direita). As lentes de cor são úteis para as pessoas cujos olhos são sensí veis à luz ou para eliminar os reflexos das lentes transparentes. Pode também usar-se um potente anti-reflexo para revestir as lentes e melhorar a acuidade visual. As lentes dos óculos são feitas de vidro ou de plástico. O vidro é mais pesado, mas mais resistente à abrasão.
Como se fazem lentes de contacto pouco pronunciada corrige a miopia, uma curva acentuada corrige e hipermetropia e uma curva irregular corrige o astigmatis mo. A lente rígida, a mais comum até final dos anos 70 e usada actualmente por cerca de 10% dos doentes, é polida à mão até atingir as dimensões e forma exigidas a partir de blocos sólidos deperspex. São as lentes mais duradouras e de mais fácil ma nutenção, mas podem causar secura e irri tação. Para contornar este problema, labri cam-se agora lentes rígidas em que ao perspex se misturam fluorocarbonetos e silício, tornando o material mais poroso: são as chamadas lentes porosas (ao oxigé nio e ao dióxido de carbono), nas quais o oxigénio é filtrado até à superfície do olho e os gases nocivos se escapam para o exte
combinação com uma lâmpada que emi te um estreito feixe de luz através de uma
Leonardo da Vinci expôs em 1508 o princí pio da aplicação de uma lente artificial di rectamente sobre a superfície do globo ocular. Perto de 400 anos depois, em 1888, um oftalmologista alemão, o Dr. Adolf Fick, tirou moldes em gesso dos olhos de cadáveres para a execução das primeiras lentes de contacto de vidro. As lentes de contacto actuais são peque nos discos transparentes de plástico que flutuam no meio líquido que reveste a su perfície frontal do olho. Praticamente invi síveis quando utilizadas, estas lentes movi mentam se com os olhos, proporcionan do uma visão muito mais natural do que a obtida com óculos. A semelhança de uma receita para ócu los, uma receita para lentes de contacto visa naturalmente corrigir os defeitos de visão presentes (v. O exame oftalmológi co, p. 277). No caso de lentes de contacto, são feitas medições pormenorizadas da superfície externa do olho por meio de um ceratómetro, aparelho que regista uma imagem luminosa do olho (um pouco como os reflexos nas bolas das árvores do
pequena fenda. Estedamicroscópio é indisdo pensável no exame superfície frontal olho, podendo ver-se claramente o ângulo entre a íris (a parte colorida do olho) e a córnea. É aqui que podem ser detectados os primeiros sinais de bloqueio dos fluidos do globo ocular. Podem ainda ser detecta das lesões causadas pelas lentes de contac to, bem como antigas cicatrizes ou lesões na córnea, na íris ou no cristalino provoca das por corpos estranhos.
eNatal), que calcula permitindo a curvatura medições do globo até 0,01 ocular. mm, As lentes de contacto actuais são feitas de plástico em vez de vidro e podem ser rígidas ou flexíveis. O material recomenda do depende da sensibilidade do globo ocular do doente, das suas reacções alérgi cas e das suas exigências ou actividade par ticulares. O defeito de visão é corrigido pela forma da superfície frontal da lente - uma curva
polida. Os arrefece e se diferentes solidifica, tipos a lente não variam é retirada muie to de indivíduo para indivíduo, e um leque de apenas cinco tipos diferentes abrange cerca de 80% dos doentes. Por vezes, utiliza-se plástico colorido para que a pessoa encontre as lentes com mais facilidade depois de as tirar para redu zir a sensibilidade à luz ou por razões de natureza cosmética — por exemplo, para transformar em azuis olhos cinzentos.
Exame do fundo ocular. Quando exami na o globo ocular através de um oftalmoscopio (em cima), o oftalmologista vê a reti na no fundo do olho (ao meio) e podem identificar-se quaisquer lesões ou sequelas de doenças que afectam os sistemas ar culatório e/ou nervoso. Em baixo, as man chas vermelho escuras e as zonas amare Iodaras são hemorragias e cicatrizes cau sadas pela diabetes.
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rior.
As lentes moles, ou hidrófilas ("amigas da água"), são ainda mais permeáveis — e confortáveis de usar. São feitas de um plás tico quase gelatinoso com um conteúdo aquoso entre 38 e 85%. Enche se um mol de do tamanho prescrito com a mistura fundida de plástico e água, e, quando esta
Miopia. Os míopes não oéern ao longe, porque o globo ocular é demasiado alongado e os raios luminosos convergem antes da reli na. Lentes côncavas alongam a distância focai.
Hipermetropia. A visão só é nítida para o longe porque o globo ocular é muito curto e os raios luminosos atingem a retina antes de convergirem. As lentes convexas encurtam a distância focal.
Astigmatismo. A visão está desfocada no plano horizontal, ou no vertical, porque o globo ocular é irregular. O astigmatismo é corrigi do com lentes com uma secção longitudinal semelhante a um tubo
Visão normal. Uma pessoa com visão normal consegue focar tanto ao longe como ao perto. O globo ocular tem a forma correcta para que os raios luminosos convirjam exactamente na retina. 279
MARAVILHAI IJA MLUR UNA
Como é qu e os cegos ap re nde m a ler e a escrev er? Em 1829, o censo populacional francês re gistava Louis Braille, aluno de 15 anos do Instituto Parisiense para Jovens Cegos, como "incapaz de ler ou escrever". No en tanto, nesse mesmo ano o jovem Braille publicava uma nova "linguagem" que for necia aos cegos a chave da leitura e da es crita. Inventou um alfabeto novo — um códi go de pontos em relevo (muito mais fáceis de identificar do que uma linha contínua). Os pontos estão dispostos em combina ções semelhantes às marcas do dominó, formando caracteres correspondentes às letras do alfabeto, aos sinais de pontuação e a palavras como e, o, a. A "linguagem" braille é lida pelo tacto, correndo as pontas de um ou dois dedos sobre o texto em relevo.
Em 1932. mais de 100 anos passados so bre a primeira pu-
Loui.s Braille Inventou o alfabe to braille em 1829.
blicação do sistema, o braille foi adoptado como a linguagem normalizada para os cegos no mundo de expressão inglesa. O sistema srcinal de letra a letra, com G3 ca racteres, transformou-se depois numa for ma mais avançada e concentrada em que os símbolos de pontos representam com binações frequentes de letras tais como ão, ou, ar, de palavras ou grupos de palavras, tornando rápidaActualmente, a leitura e a existem escrita e poupandomais espaços. adaptações do braille a todas as grandes línguas mundiais e ainda ã música, mate mática e ciências. O braille pode ser "escrito à mão" por meio de um estilete que pressiona os ca racteres pontilhados por cima de uma fo lha de papel colocada sobre uma placa de metal. O escritor trabalha no verso da fo lha, da direita para a esquerda, de modo que, quando o papel é voltado, os pontos aparecem em relevo e lêem-se da esquer da para a direita na forma habitual. Máquinas de escrever e computadores com teclados em braille são hoje comum mente usados, e as mais recentes máqui
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Música em braille. A música ptxle ser transcrita para brail le por computador. Não há pautas como na música escrita, e as notas são representadas por tetras — mas não segundo a notação alfabética tradicional - que vão do D ao J para as notas dó a si. As diferenças de notação, como as semínimas e as colchetas, são indicadas por um sistema de pontos. 280
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nas tipográficas de escrita cm relevo conse guem imprimir ambos os lados de uma mesma folha sem que os caracteres de uma face colidam com os da outra. O braille é principalmente utilizado pe las pessoas que nasceram cegas ou que perderam a visão muito cedo. Mas muitas pessoas ficam cegas aos 60 anos e mais, depois de muitos anos passados a ler letra convencional — e podem também, devi do à idade, à diabetes ou ao artritismo, ter sofrido diminuição de sensibilidade nos dedos. Para estas pessoas, a adaptação à leitura por tacto de símbolos pontilhados pode ser difícil. Algumas delas dependem totalmente de livros audiogravados, outras aprendem o sistema alternativo de letras em relevo — cujos perfis bem marcados e simples são os das letras normais. Inventado em Inglaterra em 1847 pelo Dr, William Moon, de Brighton, ronoon é um sistema de letra a letra com nove ca racteres básicos, cuja interpretação depen de do lado para que elas estão virados. O moon é utilizado exclusivamente no mun do de língua inglesa.
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MARAVILHAS DA MEDICINA
Como se pode medir a nossa inteligência Embora os especialistas não estejam de acordo quanto à definição de inteligência, tem havido tentativas de a medir. A inteligência é-nos medida cm todos os estádios da militar vida —ou na admissão ao serviço atéescola, quandonanos candi datamos a um emprego. Os primeiros testes de inteligência fo ram criados em 1905 por Alfred Binet, a pedido do Governo Francês, que pretendia identificar as crianças com dificuldades de aprendizagem, a fim de poderem ser-lhes ministradas aulas suplementares. Em 1916, o psicólogo americano Lew Terman, da Stanford University, da Califór nia, adaptou os testes de Binet e inventou o termo "quociente de inteligência", ou QI. Estes exames passaram a ser conhecidos por testes de Stanford-Binet. Os testes srcinais faziam uma série de perguntas relacionadas com números, pa lavras e objectos a fim de determinar a ida de mental do examinando (por oposição à sua idade real). Os testes eram dados si multaneamente a um grande número de pessoas da mesma idade. O número mé dio de representava respostas correctas se obti nham a idadeque mental média desse grupo, e cada membro do grupo era julgado em relação à sua média. A idade mental da pessoa era depois di vidida pela sua idade real e multiplicada por 100, calculando-se assim o QI. Assim, se a idade mental de um indivíduo eram 16 anos e a sua idade real 15, o seu QI seria de 106. Estes testes eram dados a jovens até aos 18 anos. Depois dos 15 anos, o ritmo de desenvolvimento das faculdades afrouxa, pelo que a comparação da idade mental com a idade real toma-se menos relevante. Têm sido criados novos testes posterior mente aos de Stanford-Binet, permitindo medir com mais rigor a inteligência das populações, mas o seu funcionamento ba seia se ainda nos princípios dos testes ori ginais. A pontuação média é 100. Cinquen ta por cento das pessoas examinadas têm um QI entre 90 e 110. Se o QI é superior a 100,ésignifica que, segundo testes, pes soa mais inteligente que a os média. Naaver dade, porém, esla pontuação apenas reve la o modo como a pessoa resolve os testes de inteligência. Diferentes testes de QI produzem, além disso, diferentes resultados para a mesma pessoa. Por exemplo, um teste da capaci dade verbal (leitura e linguagem) pode dar resultados totalmente diferentes dos de um teste de raciocínio ou de matemática.
TESTE DE INTELIGÊNCIA
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Os testes de inteligência medem as aptidões das pes soas na resolução de problemas em diversos campos, como matemática, lógica, linguagem e percepção es pacial. Mas, uma vez que as aptidões de cada pessoa residem predominantemente em certa área, com prejuízo de outras, e que alguns testes têm influências culturais, estes não podem determinar o índice geral da inteligência do indivídua Apresentam-se exem plos de problemas que se colocam nestes testes.
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I. Números cruzados. Os dois primeiros algarismos de uma li nha ou coluna produzem, por operação, o terceiro. Qual falta?
2. Letras desemparelhadas. Um recado escrito por uma menina para sua mãe - de forma pouco vulgar — foi acidentalmente rasgado em quatro pedaços. Consegue descobrir a mensagem recompondo entre si esses fragmentos?
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3. Peças novas. Em cada linha marque as peças iguais à primeira peça da linha. Neste tipo de teste, que não depende de matérias aprendidas, o indivíduo inculto tem a mesma probabi lidade de acertar que o indivíduo culto.
\ 4. Percepção espacial. Qual dos quatro padrões resultará do desdobramento do cubo'y
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MARAVILHAS DA MEDICINA Kmbora seja decisiva a aptidão de concreti zação na vida real, há muitas outras in fluências em jogo. Estudos mostram que o ambiente cultu ral, a motivação (ou a falta dela), as diferen ças sociais, as alterações da estrutura fami liar, e até o tipo de comunicação entre o examinando e a pessoa que conduz o tes te, afectam a pontuação final obtida no Ql. Os testes de inteligência aqui apresenta dos são uma medida de comparação comparam a pessoa que é examinada com uma amostra estandardizada. Indiví duos com aptidões muito altas ou muito baixas estão "fora da escala". Não existem padrões para medir as suas aptidões por que nunca foA analisada nenhuma amosVra suYK\en\emende \a\a nessas apVioões. Por isso, relatórios referidos a crianças com Qls de 170 ou 220 não passam de avaliações. Binet eslava convencido de que a inteli gência da pessoa varia ao longo da sua vida, mas há muitos que acham que ela é herdada e invariável. Novos testes Slanford-Binet estão agora a ser utilizados em conjunção com uma diversidade de ou tros. Estes sistemas estão especialmente concebidos para adultos (onde a idade não é necessariamente tomada em consi deração) e crianças em idade escolar e pré-escolar, ao passo que os Stanford-Binet foram testes criados especialmente para as crianças em idade escolar. Há sistemas di ferentes do Stanford-Binet destinados a uma avaliação mais precisa das maiorias culturais cujas pontuações foram inferio res às que deviam obler-se com os testes Stanford-Binet, orientados para crianças brancas e de raiz cultural ocidental. vascular cerebral afectam a parte interior do cérebro, provocando perda de memó ria, a vítima consegue recordar os aconte cimentos até ao momento dessa perda, porque fazem parte da sua memória de longa duração, mas não consegue memo rizar acontecimentos recentes. Os psicólogos sabem que a memória Na Birmânia, em 1974, Bhandanta Vicitsara recitou de cor 16 000 páginas de textos está ligada aos cinco sentidos. Durante a budistas. Este tipo de memória é fenome fase de aprendizagem, a criança que che gou aos 6 anos possui um vocabulário de nal, mas quase toda a gente consegue lem6000 palavras. Ao longo da restante parte brar-se de informações em quantidades da sua vida, a pessoa comum adquire ape surpreendentes. Apesar dislo, esquece mos facilmente um novo número de tele nas mais 14 000. Mas as bases foram lança das antes de a pessoa saber ler, pelo que esta fone quase a seguir a termo-lo ligado. Esta aparente contradição resulta do fac aprenrien aqueles sons pelo seu significa
O que é a memória?
to deA asmemória pessoasde terem tipos retém de memó ria. curtadois duração ape nas cinco ou seis artigos durante um minu to; a de longa duração retém informações muito mais complexas durante anos. Descobriu-se que as memórias de curta e de longa duração estão localizadas em diferentes zonas do cérebro. A primeira situa-se na parte interior do cérebro, a se gunda na sua porção exterior. E por isso que, quando uma doença ou um acidente
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do,Quando ritmo eastonalidade e por informações sãoassociação. retidas na memória de longa duração, elas são prova velmente traduzidas em determinado tipo de imagem e armazenadas nas células ner vosas da parte externa do cérebro. Existem mais de 100 000 milhões destas células, cada uma delas com 10 000 ligações a ou tras células, constituindo uma rede incri velmente complexa. As informações são provavelmente armazenadas nas células
por compostos químicos que alteram a forma de funcionamento daquelas e a for ma como estão ligadas entre si. Uma informação armazenada na me mória de curta duração pode ser transferi da para a memória de longa duração atra vés da repetição ou do estudo. A informa ção é de facto transmitida por mensageiros químicos — moléculas que se deslocam de uma célula cerebral para outra. Cada molécula produz a sua acção específica, "transmitindo" assim a mensagem.
O que é a hipnose? A hipnose, actualmente, é raras vezes reali zada no palco, porque o seu emprego como entretenimento foi restringido pela lei. Na maioria, os hipnotizadores são efec tivamente médicos ou hipnoterapeutas que tratam a ansiedade c perturbações psi cossomáticas, como a asma ou eczemas induzidos pelo stress, ou determinados há bitos, como o tabagismo ou o alcoolismo.
MAKAVILHAS DA MEDICINA
Os armazéns da memória. Ampliadas 1000 vezes, as células nervosas da parle ex terna do cérebro são aqui claramente visí veis. É nestas células que se armazena a memória de longa duração.
O hipnotizador poderá começar a sua sessão por pedir ao doente, por exemplo, que conte para trás a partir de 300, en quanto olha fixamente determinado ponto. A ideia é concentrar a mente do doente e induzir nele uma sensação de relaxe para que ele reaja bem às suges tões. O hipnotizador poderá então repetir ins truções simples e persuasivas numa voz suave e ritmada. Gradualmente, o paciente entra num estado de sonolência que lhe permite receber a influência do hipnotiza dor. Começa a entrar em transe. A sua tem peratura desce, o ritmo cardíaco diminui e a tensão arterial baixa. Pode haver sinais de movimentos rápidos dos olhos. Ao deseontrair-se, o doente pode falar das ansie dades cuja manifestação tem vindo a repri mir e pode então descobrir-se a causa sub jacente ao problema. O doente volta sempre ao estado vígil. Se não se consegue retirá-lo do seu transe, simplesmente adormecerá naturalmente, acordando mais tarde. Para que a hipnose funcione, tem de ha ver um sentimento de confiança entre o
se cientifica da técnica de execução, psico logia desportiva, dietas e mais competi ções traduzem-se hoje em atletas mais for tes, mais rápidos e mais ágeis que os seus predecessores de há 30 anos.
Treino científico Para além de um excelente estado geral, os atletas de alta competição aperfeiçoam a sua resposta ao esforço até excepcionais níveis de perfeição, como se de uma má quina se tratasse, com vista a poderem su perar os recordes da especialidade despor tiva. Nos centros de treino de todo o Mun do, médicos especializados analisam a técnica dos atletas segundo os princípios da engenharia mecânica. Consideram os músculos como alavancas e roldanas su jeitas às mesmas leis da física. Tornando mais eficiente a execução das técnicas di rectamente envolvidas, conseguem obter níveis de perfeição muito elevados. Uma das técnicas consiste em colocar eléctrodos no corpo, ligados a um apare lho que emite um ruído quando o atleta se contrai. Assim, este torna-se consciente dessa tendência e passa a relaxar essa área. Os atletas treinam-se igualmente com eléctrodos que emitem luzes. Estas são captadas por uma câmara ligada a um computador, o qual analisa à exaustão a técnica do atleta e apresenta imediatamen te os resultados num écran. O atleta recebe uma retroinformação imediata sohre a efi ciência dos seus movimentos e, conse quentemente, sobre as áreas possíveis de aperfeiçoamento. Os médicos que trabalham nestes labo ratórios de treino descobriram que para certos desportos, como o tiro com arco, é importante que o lado intuitivo do cérebro (o lado direito) tome o comando, enquan to para outros desportos, como o remo, é o lado analítico (o esquerdo) que é funda mental. Estão em curso investigações so bre as formas de estimular e reduzir a activi dade eléctrica do cérebro para que, no mo mento crucial, predomine o lado mais adequado à modalidade em causa. Os atletas aprendem também a optimi zar as suas necessidades de oxigénio. Cor rendo sobre um tapete rolante, é-lhes mo nitorizada a sua absorção máxima de oxi génio. O homem médio absorve 40 a 50 ml de oxigénio por quilo de peso e por minu to; um corredor ou esquiador de fundo do sexo masculino pode chegar aos 85 ml em cada minuto. Por isso, os corredores, por exemplo, aprendem a identificar o ponto O halterofilista russo Vasily Alekseyev con em que a sua reserva de oxigénio se torna quistou um lugar no historial da especiali insuficiente para as exigências e a coorde nar o seu ritmo por forma a correrem tão dade ao bater 80 recordes do Mundo e rei perto quanto possível do seu consumo nar durante oito anos como campeão do máximo de oxigénio. Mundo, de 1970 a 1977. Como é que os seus recordes — aparentemente impossí veis quando foram estabelecidos estão Dietas que derrubam recordes agora a ser regularmente batidos? Uma das maneiras de o atleta assegurar Melhores possibilidades de treino, análi- uma forma física perfeita é seguir uma diedoente e o terapeuta. É quase impossível hipnotizar alguém contra sua vontade, e ninguém que esteja em transe pode ser obrigado a fazer alguma coisa que consi dere errada. Mesmo assim, cerca de 80% das pessoas conseguem ser hipnotizadas até atingirem o transe ligeiro necessário para grande parte da hipnoterapia. Antes de os anestésicos se terem vulga rizado nos meados do século xix, a hipno se foi utilizada em Paris, França, pelo médi co austríaco Dr. Franz Mesmer (17341815), que ali procedeu à sua primeira ope ração com o emprego da hipnose em 1778. Um cirurgião inglês, John Elliotson (1791-1868), introduziu a hipnose cm Lon dres em 1837. Operou com êxito centenas de doentes, que adormeceu por meio de hipnose, mas foi renegado pela instituição médica, perdendo o cargo de professor no ano seguinte. O seu colega John Esdaile, contudo, não encontrou objecções ao emprego da hip nose enquanto oficial médico da Compa nhia das índias Orientais. Executou cente nas de operações graves, incluindo ampu tações, em doentes em transe hipnótico e milhares de operações menores sem dor e com poucos casos fatais. Na América de hoje, a hipnose está cada vez mais vulgarizada na cirurgia como al ternativa aos anestésicos, que podem ter efeitos desagradáveis ou perigosos. É fre quentemente usada nos tratamentos den tários e para minorar o sofrimento dos queimados. A técnica está também a ser cada vez mais utilizada para atenuar as do res do parto. Algumas clínicas oferecem aulas de auto-hipnotização, ensinando a futura mãe a adormecer partes do seu cor po através dos seus próprios poderes de sugestão mental.
Como se treinam os atletas para bater recordes
283
ALTURA
O "flop". Desde OS primeiros saltos em altura registados de 1854 a 1988, os homens aumentaram 76 cm a sua altura de salto. Além de melhores dietas e treinos, esta melhoria deve se sobretudo a alterações da técnica. A fasquia era transposta por meio de um salto rolado ou em passada, até que, em meados da década de 60, Dick Fosbury inventou o chamado Fosbury Flop, método de sallo em altura que implica passar a fasquia de costas e dobrar as pernas para cima em conjunto, como última fase do movimento.
RECORDES DO MUNDO DESDE1854 NOME
1.675 m
John Gilles (GB)
DATA 7/9:1854
1,97 m
Michael Sweeney (EUA)
2,01 m
Edward Beeson (EUA)
2,03 m
Harold Osborn (EUA)
27/5/1924
2,09 m
Mclvin Walkor (EUA)
12/8/1937
2,11 m
Lester Steers (EUA)
17/6/1941
2,16 m
Yuriy Stepanov (URSS)
13/7/1957
2,28 m
Valeriy Brumel (URSS)
21/7/1963
2,34 m
RudoH Povarnitsin (URSS)
16/6/1978
2,43 m
Javier Sotomayor (Cuba) •
8/9/1988
21/9/1895 2/5/1914
ta adequada. Tudo aponta hoje para que uma dieta rica em frutas e vegetais crus e hidratos de carbono não refinados (pão,
de ingestão de proteínas para terem mais resistência e força muscular. Apesar de esta ideia ter sido desmentida cientifica
rem por dia. Tem-se igualmente verificado que uma sobrecarga de hidratos de carto no durante um curlo período antes de
massas arroz integrais bre em egorduras, açúcar oe legumes) sal possa emepo lhorar os níveis de performance cm mais de 5%. As frutas frescas e os vegetais au inenlam a absorção de oxigénio pelas cé lulas musculares, ao passo que o esforço para processar o açúcar, as gorduras e o sal priva o organismo dos nutrientes de que necessita. Um mito cm que os atletas têm tendeu cia para acreditar é a necessidade de gran
mente no princípio século, sódesportivas no início da década de 80 as do instituições aceitaram como benéficas as dietas po bres em proteínas. Existem provas seguras de que podem conseguir-se mais altos níveis de perfor manos ingerindo até 50 g diários de proteí nas (o equivalente a 150 g de bife grelha do) — o que é drasticamente diferente dos 200 g ou mais de proteínas (cerca de 550 g de bife grelhado) que alguns atletas inge
uma prova aumenta os níveis de energia. Psicologia desportiva Boa saúde e treinos regulares são uma roti na dos bons atletas, o que não significa necessariamente que batam recordes. Para isso é também preciso uma atitude mental de ganhador. Há psicólogos que se especializam em mentalizar os atletas para que consigam os seus objectivos. Isto in clui íazé-los ouvir gravações que os enco-
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V1AKAV 1U IA. -» UJ\ iVir.UIUINA
rajaiTi a perseverar e a melhorar a sua con centração, a descontrair-se e a "visualizar". Esta última implica que o atleta se descon traia e imagine, passo a passo, uma prova que vai ganhar. Desta forma, a estratégia vitoriosa torna-se automática. As recompensas financeiras do sucesso atlético podem ser elevadas, e alguns atle tas são tentados a aumentar a sua capaci dade muscular e a melhorar as suas perfor mances tomando medicamentos corno os esteróides anabolisantes. Mas os efeitos secundários do doping são tão prejudiciais - por exemplo, aumentam o risco de doen ça cardíaca — que o seu uso é proibido. Mas qual o limite' Alguns médicos pen sam que os atletas que se especializam em modalidades que requerem níveis de energia pouco duradouras estão próximos de atingir os limites cia sua execução; mas os recordes em provas de resistência, como a maratona, continuarão a melhorar à medida que o cor po humano for aprendendo a adaptar-se.
HIDRATOS DE CARBONO E MAIOR ENERGIA I lá um regime dietético que tem provado menos e continua com refeições com aumentar significativamente os níveis de baixo teor de hidratos de carbono. energia dos atletas. É conhecido como Nos dias três e dois, toma uma dieta "carga de hidratos de carbono" e au rica em hidratos de carbono e continua menta o nível de glicogénio nos mus a diminuir os treinos. culas. O glicogénio é uma forma de glicose No dia um, é novamente aumentada que, ao decompor-se, liberta energia. a ingestão de hidratos de carbono, e o Acumulando uma quantidade de glico atleta descansa, em preparação para a génio superior àquela que habitualmen prova do dia seguinte. te contêm, os músculos podem traba O princípio subjacente a este pro lhar mais demoradamente em esforço. grama é o de que, ao ser introduzido O programa começa habitualmente nos músculos com baixo teor de glico génio um nível elevado de hidratos de uma semana antes da competição. No sétimo dia antes da prova, de preferência carbono, os músculos sobrecompensam-se, absorvendo níveis de glicogé ao fim da tarde, o atleta executa uma rotina de treino vigoroso para esgotar o nio superiores aos normais durante um curto período. É a estas reservas glicogénio armazenado nos seus armazenadas que o atleta vai buscar músculos e toma uma refeição pobre energia durante a prova e que lhe dão em hidratos de carbono. maior resistência. Durante os três dias seguintes, treina
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Como podem os médicos ter acesso às zonas mais profundas do corpo Sem ter que recorrer a meios invasivos, como o bisturi, os médicos que hoje examinam um doente conseguem visualizar a mais ínfima fenda num osso, dizer se um tumor é malig no ou benigno e até mesmo identificar deter minados produtos químicos no cérebro. Este processo iniciou-se com a descoberta
de raios X num dos lados e detectores opostos a elas. A medida que ele gira, as lâmpadas de raios X emitem finos feixes de raios através do corpo do doente, cujos te cidos absorvem pequenas quantidades dos mesmos. Quando os feixes saem pelo outro lado do corpo, atingem os detecto
por emissão de positrões). Este processo implica a administração prévia de um isó topo radioactivo ao doente. 0 produto é absorvido selectivamente por certos ór gãos do corpo humano e emite electrões positivos (positrões) que colidem com os electrões negativos das células, srcinando a libertação de raios gama, que são regista dos num computador. Certas zonas doentes dos órgãos não absorvem o produto, o que é aparente na imagem produzida pelo computador, per mitindo o diagnóstico do local exacto de doenças como o cancro. O PET pode ain
dos raios X —pelo feitafísico por acaso emWilhelm 8 deNovem res, que os convertem em sinaisque electróni da para detectar a acumula bro de 1895 alemão Rónt- cos. A quantidade de radiação foi ab çãoser de utilizado certos produtos no cérebro que in gen. Chamou-lhes raios X porque nem sabia sorvida é analisada em computador e codi diciam doenças mentais, como a síndro o que eram nem compreendia as suas pro ficada em cores que indicam a densidade ma maníaco-depressiva ou a epilepsia. priedades. Os cientistas sabem hoje tratar se relativa do tecido — quanto mais denso Uma forma ainda mais avançada de se de ondas electromagnéticas, como as de luz este for, maior quantidade de radiação terá obter imagens das estruturas mais profun e as de rádio, mas de comprimento de onda sido absorvida. Esta imagem colorida — a das do corpo huma no é a NMRI — nuclear inferior. tomografia - é projectada num écran. magnetic resonance imaging, ou imagem Os raios X atravessam ob jectos ou materiais de peque na densidade, mas não os de maior densidade ou peso. As sim, ao passo que a pele e os músculos são atravessados por eles, já o osso, sólido, reflecte-os. Alguns meses de pois da descoberta de Rõntgen, as radiografias eram utili zadas como auxiliares de diagnóstico e das fracturas dos ossos, de tumores e de cáries. Os negativos fotográficos obtêm-se dirigindo os raios X, através do corpo, sobre uma chapa negativa. Os raios apa recem no negativo como áreas em branco, mostrando doenças ou defeitos estrutu rais dos ossos. Os radiologis tas, médicos especializados na utilização e interpretação das imagens por raios X, con seguem mesmo localizar doenças extra-ósseas, como a acumulação de líquido nos Imageologia. No exemplo a esquerda utilizaram se raios X para localizar no estômago do doente um pulmões. Mas as radiografias relógio de pulso engolido acidentalmenle. Na tomografia por emissão de positrões (PET) utiliza-se um apenas mostram o organis isótopo radioactivo para se examinar um tumor cerebral ( zonas pretas e vermelhas). mo em duas dimensões. A TAC fotografa uma "fatia" do cérebro por ressonância magnética nuclear. O pro Em 1973, foi introduzida urna nova técni em cinco segundos. Uma máquina seme cesso envolve grandes imanes que emi ca de imageologia que produzia uma ima lhante, o reconstrutor espacial dinâmico, tem energia através do corpo do doente, gem tridimensional dos órgãos: a TAC, que que fotografa um órgão num écran de provocando a ressonância dos respectivos significa tomografia axial computorizada. vídeo, pode produzir no mesmo tempo átomos de hidrogénio. Isto liberta energia Este sistema apresenta-nos secções, ou 75 000 imagens de cortes, o que permite sob a forma de pequeninos sinais eléctri "fatias", do corpo num écran. Por meio de uma série destas imagens, pode construirao médico observar um órgão em movi cos. Um computador ligado ao scanner mento e reagindo a estímulos, a fim de detecta estes sinais, que variam segundo -se uma imagem tridimensional do corpo verificar se está a funcionar normalmente. as diversas partes do corpo humano e se humano ou de uma parte dele. gundo o respectivo estado de saúde, pro Um outro tipo de aparelho de scanning Quando se tira uma TAC, deita-se o duzindo uma imagem num écran Como produz imagens semelhantes de fatias ho doente numa marquesa rodeada por um O processo não envolve radiações, pode rizontais através do corpo — é o PET (posianel cilíndrico de metal que gira em torno ser com frequência utilizado nos casos em tron emission tomography, ou tomografia do seu corpo. O scanner possui lâmpadas que os raios X seriam perigosos. Vida antes do nascimento. O ultra-scanreflecte ondas sonoras de tecidos, ondas que são A ecotomografia por ultra sons pode ser empregada no controle da gravidez, para convertidas em imagens pelo computador, como a deste feto de sete meses íà esquerda). 287
acompanhar a evolução do feto, e utiliza ondas sonoras de alta frequência para alem do nível de audihilidade (ultra-sons), as quais são reflectidas pelas estruturas situa das a diferentes profundidades no interior do corpo humano — e um computador converte os sinais em imagens. Por esta forma, podem verificar se factores como o crescimento ou qualquer malformação. Existem ainda certas situações, como a úlcera gástrica, que nenhum destes tipos de scanner revela adequadamente — utili za-se nestes casos um endoscópio Trata-
•se de um tubo flexível que é introduzido
no interior do corpo humano e através do qual passam dois tubos de fibras ópticas que transmitem ondas luminosas, permi tindo ao médico ver directamente o inte rior do organismo. Uma das fibras é utiliza da para conduzir um feixe de luz pelo inte rior do tubo, a outra está fixada a uma câ mara fotográfica ou a uma ocular. A luz transmite se em linha não recta, pelo que o médico consegue ver por detrás de curvas e voltas. Entre outros processos de examinar ór gãos profundos, figuram os scuns por efei to de Doppler, que Utilizam ondas sonoras para pesquisar coágulos sanguíneos; a ecocardiografia, que diagnostica doenças e a função do coração, e a electroeardiogralia (F.CG), em que eléctrodos aplicados sobre a pele registam a actividade eléctrica do coração, que pode, por sua vez, revelar sinais de ataques cardíacos.
Como é que os antibióticos destroem as bactérias Entre os medicamentos mais receitados em todo o Mundo, encontrain-se os anti bióticos. Sáo usados no tratamento de in fecções e curam doenças que ainda há 50 anos matavam dezenas de milhares de pessoas por ano. Durante a I Guerra Mundial, muitos sol dados morriam porque os seus ferimentos infectavam ou porque ficavam debilitados devido a disenterias. Quando a guerra co meçou, existia apenas uma droga que combatia as bactérias - o salvarsan. Os antibióticos foram descobertos em 1929, quando Alexander Fleming notou que as bactérias que cultivava no seu labo ratório deixaram de crescer por este ter sido contaminado acidentalmente por um bolor, o Penicilliurn. Ensaiou o em diver sas bactérias e reconheceu o seu potencial, mas não conseguiu reproduzido. Ernst Chain, bioquímico alemão, e I lo-
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Morte de uma bactéria. Esta fotografia por microscópio mostra como a membrana exterior de uma bactéria é destruída (em cima, à direita) pelos antibióticos, perdendo a sua estrutura celular interna. A bactéria maior ainda está completa e nao atingida pelos antibióticos. warri Florey, patologista australiano, que trabalhavam em Oxford, retomaram a des coberta de Fleming em 1938, e, dois anos mais tarde, produziam o primeiro antibió tico, a penicilina. O seu primeiro doente, um polícia com uma grave infecção bacte riana, teve uma recuperação espantosa mente rápida — com apenas cinco dias de tratamento, melhorou imensamente. Mas não fora produzida quantidade suficiente de antibióticos para manter o tratamento, e o doente morreu passado um mês. Em 1940, quando a invasão da Grã-Bretanha pelos Alemães parecia iminente, Florey e Chain besuntaram o interior dos casacos com um pouco da cultura de Penicilliurn para que, se fossem forçados a sair do país, pudessem noutro lado conti nuar as suas investigações. A II Guerra Mundial impulsionou a pro dução da penicilina em larga escala. Em
1943, já havia quantidades suficientes para tratar os feridos da guerra, e em 1950 a pro dução satisfazia já as necessidades mun diais. Entre as doenças em cujo tratamento se aplicava com êxito, contavam-se a pneu monia, a difteria, a sífilis e a meningite. Existe actualmente uma ampla gama de antibióticos que continua a expandir-se — ainda na década de 80 estavam a ser intro duzidas as chamadas quinolonas, antibió ticos sintéticos aplicados no tratamento das infecções no tórax e da bexiga e que tem ainda a vantagem de, aparentemente, as bactérias não conseguirem desenvol ver-lhes resistências. Os antibióticos ac tuam matando as bactérias no organismo da pessoa doente. Uma infecção só conse gue instalar-se quando se permite que as bactérias que a provocam se reproduzam: é a reprodução em massa das bactérias que causa os sintomas da infecção.
A penicilina interfere com a estrutura das membranas das células bacterianas enquanto estas se estão a reproduzir, pelo que o conteúdo da célula se perde e esta morre. Outros antibióticos interferem com os locais da bactéria onde são fabricadas as proteínas de que esta necessita para a re produção, enquanto outros antibióticos interferem com o código genético que per mite a multiplicação da bactéria. Os cien tistas, om simultâneo, têm de assegurar-se de que os antibióticos não danificam as células humanas para além das bacteriais. Se o fazem, ocomo doentediarreia é afectado por efeitos secundários, ou tonturas. E embora os antibióticos sejam criados para serem selectivos quanto às bactérias que destroem, alguns deles destroem si multaneamente bactérias úteis de que o organismo necessita para manter afasta dos os microrganismos nocivos. Conse quentemente, pode sobrevir uma segunda infecção. Mas o problema mais difícil que os cien tistas têm de enfrentar é as bactérias evoluí rem continuamente e desenvolverem no vas fornias de resistência. Por este motivo, não poderá parar a investigação para se conseguirem novos e melhores produtos desta natureza.
Como é que os executam amédicos microcirurgia? Na véspera do Natal de 1986, Beatricc Ra mos atirou-se, com seu filho Vladimir, de 13 meses, para debaixo de um comboio metropolitano de Nova Iorque. O pé direi to e a perna esquerda de Vladimir ficaram com lesões sem hipótese de recuperação. Mas, para o pouparem à utilização de duas pernas artificiais, os cirurgiões do Bellevue Hospital procederam a uma operação pio neira na qual ligaram o pé. esquerdo da criança à sua perna direita. Apenas 10 anos antes uma operação destas teria sido considerada impossível.
Em simultâneo. Microscópios com duas ou três oculares permitem a vários cirurgiões a observação simultânea das áreas a operar. Os médicos operam em equipas que se substi tuem, pois a cirurgia das fibras nervosas e dos minúsculos oasos sanguíneos leva horas.
Hoje, são muito mais frequentes as opera ções destinadas a salvar membros. A microcimrgia implica intervenções ao nível das mais pequeninas estruturas do organismo humano, como é o caso das fibras nervosas, as veias e as artérias mais delgadas. Ao suturar uma parte que se sepa rou do corpo, não basta cosê-la: sem se
Ao ligar dois vasos sanguíneos, o cirur gião utiliza normalmente o método cha mado de triangulação: fazem-se três costu ras separadas de 120° nas extremidades dos vasos, e depois o cirurgião cose a toda a volta da respectiva circunferência, um terço de cada vez. A sutura de duas veias pode levar 15 a 30 minutos, enquanto a
ligarem os parte morreria porvasos falta sanguíneos, de oxigénio, essa e sem se ligarem os nervos, ela não teria estimulação nervosa e seria, por consequência, inútil. Como as estruturas em questão são muito delicadas — a artéria de um dedo tem cerca de 1 a 2 mm de diâmetro e urna fibra nervosa varia de 0,002 a 0,02 mm —, a microcirurgia só é possível recorrendo a microscópios potentes. Estes instrumen tos têm um poder de ampliação desde 6 até 40 veze>, o que permite aos cirurgiões observarem as minúsculas estruturas que necessitam de ser ligadas. Têm sido cria dos microscópios com duas ou três ocula res para permitir a vários cirurgiões traba lharem ao mesmo tempo.
reimplantação de uma mão pode demorar 19 horas. As vezes, consegue-se anaslomosar va sos sanguíneos sem suturas: servindo-se de sondas eléctricas para aquecer as extre midades separadas, os cirurgiões podem, literalmente, soldá-las entre si. Depois da operação, é essencial a fisio terapia, a fim de devolver ao membro im plantado a sua capacidade de funciona mento. Numa mão reimplantada são pre cisos cerca de 200 dias para que se regene rern os tecidos nervosos e os vasos circula tórios. Mas é preciso mais tempo para que a mão funcione normalmente. As técnicas da microcirurgia são utiliza das numa quantidade de outros proble mas, para além da reparação de lesões. As operações aos olhos, por exemplo, utilizam-na. Os neurocirurgiões servem-se de mi croscópios operatórios para manipular os seus instrumentos com precisão acresci da, aumentando assim as possibilidades de êxito na remoção de tumores. Os mi croscópios permitem que os cirurgiões fa çam a ressecçáo do tumor sem lesar o teci do cerebral saudável circundante.
Ao suturarem nervos, os cinirgiões têm de ter a certeza de que jun tam feixes corresponden tes, os quais são habitual mente identificados antes da operação. O cirurgião trabalha com uma agulha com a espessura de apenas 50 míerones (0,05 mm) e linha de nylon de 18 míero nes (0,02 mm).
Trabalho de precisão. A agulha curva e ultrafina que os médicos utilizam na microcirurgia é um pouco mais fina que os dois cabelos humanos mostra dos na fotografia. A linha é muito mais delgada que um cabelo.
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Marie Curie: um milagre num armazém Foi num barracão de madeira, próximo da sua casa, em Paris, que numa noite de Se lembro de 1902 Marie e Pierre Cume final mente descobriram o elemento radioacti vo a que chamariam radium - do latim radius, "raio". Este elemento proporcionou o primeiro tratamento eficaz para certos tipos de can cro, na medida em que destruía as células
histórico filtrando medidas de pechblenda purificada, as últimas de cerca de 6000 ba cias. Marie Curie estava convencida de que este minério negro continha um elemento novo e dinâmico cuja radiação poderia des truir tecidos orgânicos doentes. Filtrando e refiltrando constantemente a pechblenda, esperava que aquele elemento misterioso acabasse por cristalizar nas bacias.
humanas doentes, que eram bombardea das com partículas radioactivas. 0 casal Curie tinha passado aquele dia
Quando nessaainda noite casa, o milagre nãoregressavam se dera. Até aque, mesmo antes de se deitarem, Marie deci diu ir ver mais uma vez as partículas nas bacias. Ela e Pierre percorreram apressa damente as ruas mal iluminadas. Entraram no barracão às escuras, com as suas filas de mesas de madeira cheias de material de laboratório, e Marie pediu a
Galardoada. Marie Curie
recebeu dois prémios Nobel.
Pierre que não acendesse as luzes. Avança ram cuidadosamente, e a toda a sua volta viram raios de luz saindo do interior das pequenas bacias cobertas de vidro. Marie virou-se para o marido e disse lhe calma mente: "Lembraste do dia em que me dis seste: 'Gostava que o radium tivesse uma bonita cor?'. Olha ... Olha!" Das bacias que enchiam as mesas e as prateleiras das paredes saía uma luminosi dade suave azul-arroxeada. Comovida de mais para falar, Marie observava os raios que não tremiam. "Lembrar-se-ia para sempre desta noite de pirilampos, desta magia", escreveu mais tarde a sua filhaem Eve. Os Curies linham-se conhecido 1894, qua ndo Marie - que nascera em Varsóvia em 7 de Novembro de 1867 com o nom e de Marya Sklodowska - estudava na Sorbonne, em Paris. Vivia com dificul dades e numa dada ocasião desmaiou de fraqueza na sala de conferências. Mesmo assim, foi das melhores do seu curso, com classificações distintas em Física e Mate mática. Não podendo manter um labora tório seu, foi convidada por Pierre — cien tista na Escola de Física e Química respeita do, mas de poucos recursos — para com partilhar o dele. Casaram em Julho de 1895, iniciando assim a sua curta, mas fru tuosa, colaboração científica. Inspiraram se na obra do eminente físi co francês Henri Becquerel, que, em 1896, descobrira radiações de natureza desco nhecida emitidas espontaneamente pelo urânio. Marie ficou fascinada pela emissão de radiações semelhantes pela pechblen da, que eram quatro vezes mais intensas que as emitidas pelo urânio contido no mi nério. Achou que elas só podiam ser expli cadas pela presença, no minério, de uma
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Os ano s mais felizes. Marie e Pierre Curie procedem a uma experiência no seu lubo ralario improvisado num barracão uelho (em cima), dominado por uma salarnan dra de ferro fundido. "Foi neste uelho bana cão que passámos os melhores e mais íeli zes anos das nossas uidas, devotados intei ramente evo trabalho", recordava ela.
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Aparelho de medição. Entre o equipa mento dos Curies, figuraua este complexo aparelho de metal e madeira para medir a intensidade das radiações. substância até aí desconhecida e que ela estava decidida a descobrir. Graças à intervenção de Pierre, foi-lhe cedido um barracão velho com uma clara bóia que pingava e um chão de terra batida. "Não tínhamos dinheiro nem um labo ratório decente para levarmos a cabo a nossa importante e difícil tarefa", escreveu mais tarde. "Era como criar algo a partir do nada. Às vezes, passava um dia inteiro a mexer uma massa fervente com um varão de ferro quase do meu tamanho. Chegava à noite morta de cansaço." Durante as investigações, os Curies tinham-se apercebido de que a pechblenda — formada essencialmente por óxido de urânio radioactivo - queimava os dedos de Marie, provocando lhes feridas verme irritantes. Estas saravam olhas quee levou Marie a pensar que,lentamente, se a radia ção destruía células saudáveis sem efeitos perniciosos duradouros, talvez pudesse ser
utilizada para erradicar células malignas. Em 1898, anunciou que raios espontâ neos, que descreveu como "radioactivos" - isto é, emitindo radiação atómica - , eram igualmente emitidos pelo metal tó rio. Sentiu que estava na pista do misterio so elemento radioactivo contido na pech blenda. Para ter escapado tanto tempo à detecção científica, tinha de existir em quantidades extremamente diminuías — constituindo provavelmente não mais que uma milionésima parte do minério. Na Europa, a maioria da pechblenda provinha de minas na Checoslováquia, onde saisfabrico de urânio dela extraídos eram usadososno do vidro. Os resíduos eram despejados num pinhal próximo — e, com o auxílio do Governo Austríaco, 1 t desses resíduos fora mandada de com boio para o casal Curie. Este tinha agora à sua frente a tarefa mais difícil de todas: a refinação e separa ção de minério nos seus diversos elemen tos. Pierre ocupou-se do delicado trabalho de laboratório, traduzido no estudo das substâncias radioactivas, entre elas o urâ nio e o polónio (que Marie descobrira nes se ano e assim o denominara em honra da Polónia, sua pátria). Entretanto, Marie tra balhava no pátio, mexendo grandes panelões de pechblenda e vigiando para que o lume se mantivesse aceso dia e noite. Os trabalhos continuaram por mais quatro anos — até que o sucesso surgiu finalmente naquela noite de Outono de 1902, cm que Marie viu pela primeira vez os seus "mágicos pirilampos azuis". Uma vez isolado o rádio, Pierre expôs deliberadamente um braço às suas radia ções. Para seu deleite científico, surgiu .
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uma queimadura. Quase oito semanas de pois a queimadura não passava de uma minúscula mancha cinzenta - e então ele repetiu a experiência em animais. O rádio actuou da mesma forma, e também ele se convenceu de que, ao destruir as células doentes, as poderosas radiações pode riam curar os tumores malignos. Em 1903, os Curies partilharam o Pré mio Nobel da Física, pela descoberta da radioactividade, com Henri Becquerel. Dois anos mais tarde, o rádio era comercia lizado para utilização no tratamento do cancro. Os Curies estavam em situação de fazer uma fortuna coma apatenteá-la. sua descoberta, mas Marie recusou-se "Se a nossa descoberta tem futuro co mercial", disse, "isso é um acidente do qual não devemos aproveitar-nos. O rádio vai ser útil no tratamento das doenças, e parece-me impossível tirar proveito disso." Mas o trabalho conjunto dos Curies não durou muito mais: cm Abril de 1906, em Paris, Pierre foi atropelado por uma carro ça de cavalos e morreu. Cinco anos depois, Marie recebia o Prémio Nobel da Química pela descoberta do rádio e do polónio e por ter conseguido isolar o rádio puro. Morceu em 4 de Julho de 1934 - em parte devido a anos de exposição às radiações.
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Radiações de rádio. Exemplo espectacular da radioactividade do rádio. Coiacou-se um grão de um sal de rádio sobre uma emul são numa chapa fotográfica. Fei ta a revelação, a emulsão mosIrou os rastos das partículas ato micas emitidas pelo rádio. Separação do rádio. Até á des coberta do rádio, em 1902, os Curies trabalhavam sozinhos com Marie fazendo a sua quota de "trabalho de homem". Mais tarde, ela empregou assistentes masculinos para a árdua tarefa de separar o rádio da pechblen da contida em grandes cubas. 291
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Como os cirurgiões operam com um feixe de luz
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Com «laser». Utilizando um microscópio (em cirna), o cirurgião com um raio de laseruai perfurar os ossos do ouvido interno (à esquerda) para compensar a obstru ção provocada por um crés cimento ósseo anómalo que impede as ondas sonoras de atingirem o ouvido interno. Anles da invenção da cirurgia por laser, em 1963, quem sofresse de um tumor ou de uma catarata tinha de ser submetido a uma operação de grande cirurgia. Hoje, utili-
lizados para fazer incisões muito precisas nos tecidos, como uma espécie de "bisturi de laser". Estas incisões de precisão são utilizadas na cirurgia da córnea para corri
vido pela hemoglobina. Os raios árgon po dem, assim, ser usados tanto nos casos de índices elevados de hemoglobina, como nos sinais vasculares congénitos.
zam-se laserdor eme operações sem incisões,raios com de menos maior segurança. Numa operação porlaser para remoção de um tumor na garganta, por exemplo, faz-se passar pela laringe do paciente, sob anestesia local, um pequeno tubo, o endOSCÓpio. Dirige se pelo interior do tubo, ao longo de uma fibra óptica, um feixe de raio de laser que é focado sobre o tumor. Toda a cirurgia por laser assenta neste princípio de transmissão da luz ao longo de uma fibra óptica. O feixe é uma forma de luz que transporta uma grande quanti dade de energia. Esta é absorvida pelos te cidos do tumor - ou pelos tecidos da pele que têm de ser ressecados —, que aque cem. Pelo controle da intensidade do calor, os médicos queimam — literalmente, va porizam — as células indesejáveis. Outro emprego dos raios de laser é no aquecimento dos tecidos para que pos sam ser "soldados" por exemp lo, para
gir defeitos de visão ou na ressecção de tumores da garganta. Os lasers que utilizam uma substância química de base metálica, o neodítnio, produzem radiações que são absorvidas por tecidos a maior profundidade, o que os torna úteis na destruição de cancros. Os que usam o gás árgon produzem um raio característico verde-azulado, que é absor-
Os raios de laser também as aos médicos atingir áreaspermitem cuja localização tornava difíceis de serem atingidas com o bisturi e, assim, executarem operações an teriormente impraticáveis: libertar artérias das oclusões e/ou estenoses devidas a de pósitos gordos; abrir um orifício através de uma catarata do cristalino, restaurando a visão, e curar o cancro do colo do útero.
Há menos de 150 anos, as operações fa ziam-se sem qualquer anestésico. Os cirur giões chegavam a embebedarem os doen tes com álcool, a baterem para que ficas sem inconscientes ou a gelarem a zona a ser operada. A primeira vez que se usou um anestési
óxido nitroso estava a ser usado como anestésico, por inalação, na cirurgia den tal. Na Grã-Bretanha, procedia-se a estu dos sobre o clorofórmio, particularmente para aliviar as dores do parto. Mas como é que os anestésicos permi tem que a pessoa mergulhe num mundo
conter pode a hemorragia vaso. Estaque ope ração efectuar de seum num doente sofra, por exemplo, de uma hemorragia por úlcera gástrica. O comprimento de onda do raio de la ser determina a fornia como os tecidos lhe reagem. Os lasers de dióxido de carbono produzem feixes de luz que são absorvidos pelos tecidos á profundidade de apenas 0,1 mm, o que significa que podem ser uti
co foiGeórgia, ern 30 de de Unidos, 1842, cm Jeffer sou, nosMarço Estados quando o Dr. Crawford Long extirpou um tumor do pescoço de James Venable, que primeiro inalara éter. Mas só depois da demonstra ção pública, feita por William Morton em Boston, da extracção de um dente sob a influência do éter, em 18-16, este produto passou a ser utilizado como anestésico. Por volta dessa altura, também nos EUA, o
emAnestesia que a dorderiva não existe? do grego que significa "falia de sensibilidade". Todos os anestési cos provocam este estado, bloqueando o caminho percorrido pelos sinais da dor até ao cérebro. Os anestésicos têm duas for mas: os gerais, que põem o doente "a dor mir", e os locais, que apenas afectam uma parte do corpo, A perda de sensibilidade, ou analgesia,
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Como a anestesia elimina a dor?
MARAVILHAS DA MEDICINA pode ser produzida pelo óxido nitroso, mas este composto não põe o paciente a dormir. Pode até causar excitação física ou mental. O sono é geralmente induzido por injecção de um barbitúrico. Os músculos são então descontraídos por um neuroblo queante, ou relaxante muscular, como o curare. Durante a operação, o doente c cui dadosamente monitorizado para que pos sam imediatamente ser tratadas quaisquer alterações de circulação, de respiração ou da função renal eventualmente provoca das pelo anestésico. Os anestésicos locais são administrados por injecção com o fim de eliminar qual quer sensação numa área localizada. O doente mantém-se consciente e pode co laborar com 0 cirurgião. Os anestésicos lo cais têm três utilizações principais. Os anestésicos tópicos retiram a sensibilidade às terminações nervosas das membranas mucosas, como as do olho, do nariz ou da boca. São utilizados, por exemplo, na re moção de um objecto estranho alojado num olho. Os anestésicos reurobloqueantes são injectados num nervo para anestesiar uma zona pouco extensa por exemplo, para permitir a extracção de um dente. Outros anestésicos são injectados num conjunto, ou plexo, de nervos a fim de anestesiarem áreas maiores do corpo humano, corno, por exemplo, um braço. Átomos que transmitem a dor Uma indicação sobre o modo de actuação dos anestésicos gerais provém do estudo sobre os anestésicos locais. Sabe-se que estes interferem com a forma como os im pulsos nervosos são transmitidos ao longo das fibras nervosas. Os átomos de sódio c potássio desempenham um papel impor lante na condução destes impulsos ao cé rebro. Se batermos com um dedo do pé, por exemplo, os átomos de sódio c potás sio atravessam em sentidos opostos a membrana da célula nervosa, fazendo com que a célula seguinte proceda do mesmo modo, e assim sucessivamente, até que o sinal atinge o cérebro, altura em que sentimos a dor. Mas os anestésicos lo cais impedem os átomos de passar para dentro e para fora da célula nervosa, e por isso nenhum sinal de dor chega à espinal medula. Os cientistas pensam que os anestési cos gerais provocam a perda de conscién cia pela supressão da actividade de certos enzimas das células nervosas ou pela alte ração das propriedades das membranas das células nervosas ou até pela interacção com moléculas de água do cérebro, for mando pequenos cristais que afectam o percurso de um sinal ao longo da célula nervosa. Continua por conhecer o mecanismo exacto, mas o certo é que, sem os anestési cos, muita da cirurgia actual nunca pode ria ser executada.
Para que serve o "pacemaker"? O coração humano bate 3000 milhões de vezes durante uma vida média, bombear do o equivalente a 218 milhões de litros de sangue circulante no organismo. O ritmo cardíaco regular normal (ritmo sinusalj - em média. 72 pulsações por minu to é control ado pelo nódul o sinoaurícular, pequena estrutura arredon
Todos os pacemakers. internos ou ex ternos. Funcionam do mesmo modo. Um eléctrodo na extremidade de um fio, a son da condutora, que é colocado na parede da cavidade do ventrículo direito do cora ção, seja directamente através do tórax numa emergência (pacemaker provisó rio), seja através de uma veia[pacemaker
dada situada na superior esquerda da superfície do porção coração. K o pacemaker natural do coração que envia os impulsos eléctricos aos diferentes tecidos cardíacos. O coração eontrai-.se (sístole) e relaxa se (diástole) em resposta a estes estímulos, produzindo as chamadas pulsações, ou ba timentos. Por vezes, o sistema clcctrico-condulor específico do coração está comprometido por doenças, como a angina ou um ataque cardíaco. Quando assim acontece, o cora ção pode ter que ser estimulado electricamente por pacemakers artificiais, que são implantados pelos médicos, a fim de conti nuar a bater com regularidade. Se 0 coração pára, pode,por vezes, voltar a bater através da descarga de um choque eléc trico produzido por um equi pamento de rcssuscitaçâo, o desfibrilador. Se a pulsação normal não for restabelecida
definitivo). eléctrodo recebe energia um gerador 0miniatnrizado, accionado por de pilhas de lítio. As modernas pilhas para/w cemaker duram pelo menos 5 anos, che gando algumas a 12 anos. Com a energia do gerador, o eléctrodo emite impulsos eléctricos que estimulam 0 músculo cardíaco e fazem 0 coração ba ter. 0 pacemaker é regulado para manter os intervalos dos impulsos a um ritmo c cr to, habitualmente de uma pulsação por se gundo, ligeiramente mais lento que o rit mo natural médio. Mas o pacemaker só funciona quando 0 coração não está a pro duzir os seus próprios impulsos eléctricos ao ritmo correcto. K suficientemente sensí vel para detectar estas demoras e preen cher as falhas, mantendo assim o ritmo
imediatamente, pode,pacema às ve zes, aplicar-se um ker provisório no exterior do corpo - habitualmente ata do à cintura. Nas pessoas que sofrem de outras irregularida des do ritmo cardíaco, opace maker é implantado cirurgi camente no interior do cor po, nos tecidos moles do tórax. O pequeno sobresselente do coração. Uma radiogra fia do tórax do doente mostra o gerador e a sonda de um pacemaker colocado à es querda do coração. Fabrica do com lítio leve, o pacemaker cabe facilmente na palma da mão (em baixo). A pilha pode durar a tê 12 anos.
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MARAVILHAS DA MLDK/INA
cintura. O conjunto tinha o (amanho de um maço de cigarros. Embora o sistema
O gerador do pacemaker interno mais frequentemente aplicado tem o tamanho aproximado de uma caixa de fósforos, é feito de titânio leve e pesa cerca de 25 g. É implantado no corpo, em geral sob a pele da parede torácica, numa posição que per mita conectá-lo á sonda introduzida atra vés de uma veia, que, por sua vez, vai de sembocar no coração direito. A implanta ção do pacemaker é feita habitualmente com o doente sob anestesia local. 0 orga nismo não rejeita os pacemakers por não se tratar de matéria viva
tores magnéticos nos aeroportos ou bi bliotecas. Novas tecnologias electrónicas podem vir a produzir pacemakers ainda mais pe quenos que, embora ainda accionados por pilhas, possam ser colocados directa mente sobre a parede do coração, elimi nando fios e volumosas pilhas. Outro progresso é o pacemaker que reage ao ritmo e é sensível à actividade do doente. Em vez de provocar um impulso em cada segundo, ele acelera as pulsações durante a actividade do paciente e afrouxa-
fosse pordas nãopilhas, requerer cirurgiano para aprático mudança o orifício tórax para a passagem do fio infectava fre quentemente. Os pacemakers externos são agora utilizados somente nos proble mas cardíacos temporários ou provisoria mente, até que se possa instalar um interno.
doente que usacontrolado o pacemaker de serOfrequentemente pelotem médi co para se ter a certeza de que o aparelho funciona perfeitamente. Alguns portado res de pacemakers têm de tomar cuidado para que estes não sejam afectados por certos circuitos eléctricos, corno os detec-
as durante seu descanso acon tece com o opacemaker natural como do coração. Desde que foi criado com êxito o primei ro pacemaker. mais de 5 milhões de pes soas com doenças graves do coração têm podido levar uma vida mais confortável e activa.
normal. Alguns modelos incorporam um emissor-receptor de rádio, o que permite ao médico introduzir o ritmo dopacema ker a partir do exterior do corpo. Os primeiros pacemakers eficazes fo ram aplicados pelo Dr. Walter Lillchei, um cardiologista da Universidade do Minneso ta, EUA, nos finais dos anos 50. Consistiam num eléctrodo com um fio ligado ao cora ção através do tórax e recebiam energia de
um conjunto de pilhas atadas em volta da
A cirurgia de transplante de órgãos No Little Company of Mary Hospital, de Chicago, o dia 17 de Junho de 1950 entrou na História quando o Dr. Kichard H. Lawler executou com êxito a primeira operação de transplante de um órgão. Tratava-se de um rim, e o doente era Ruth Tucker, de 49 anos. A dadora, uma mulher com o mesmo gru po sanguíneo, idade e biótipo físico que a Sr.a Tucker, morrera momentos antes de uma doença crónica. morreu cinco anos depois, comRutli umaTucker trombose co ronária. Mais de 10 anos passados, o Dr. Christiaan Barnard procedeu ao primeiro transplante de um coração (p. 296). Actualmente, os transplantes de rins e coração são tão vulgares e têm sido tão bem-sucedidos que muitos outros órgãos têm vindo igualmente a ser substituídos, incluindo o fígado, os pulmões, o pân creas e a córnea. Até a medula óssea é já transplantada no combate a doenças como a leucemia, e porções de tecido ce rebral são enxertadas no tratamento de si tuações como a doença de Parkinson. A remoção de um órgão vivo e a sua colocação noutra pessoa é uma operação plena de dificuldades. O primeiro proble ma a vencer é a rejeição dos tecidos estra nhos pelo doente receptor. O sistema imu nológico do corpo humano ataca tudo o que é "estranho", uma vez introduzido na circulação sanguínea, quer sejam tecidos, bactérias ou vírus. Os leucócitos do sangue rodeiam os tecidos estranhos e impedem -nos de funcionar. Se o sistema de defesa do organismo rejeita - ou ataca — os teci dos de um órgão, este morre. Para ultrapassar esla dificuldade, os ór gãos são obtidos de dadores compatí veis — pessoas com o mesmo tipo de teci do do doente receptor. Os órgãos de dado res compatíveis possuem propriedades 294
químicas tão semelhantes às do receptor que o sistema de defesa deste último é en ganado e pensa que o órgão não c "estra nho" Os órgãos do dador têm de ser saudá veis e de preferência jovens. A lista de doentes necessitados de trans plante é introduzida em computador e ar mazenada sob a forma de banco de dados. Os registos incluem elementos sobre os tecidossedos doentes para que, quandovezes, um dador torna disponível — muitas a seguir a um acidente mortal -, esses elementos possam ser coordenados pelo computador. Existe na Holanda um computador cen tral, o Eurotransplant, que cobre a totalida de da Europa e é administrado conjunta mente por várias agências de saúde. Quan do morre uma pessoa que manifestara a sua disposição de doar os seus órgãos, os elementos sobre o seu tecido são imediata mente introduzidos no computador, que localiza um receptor adequado e desenca deia a acção das equipas de transplantação. A primeira tarefa é a remoção, tão cedo quanto possível, do órgão do dador — ele torna-se inútil passados 30 minutos. Os ci rurgiões retiram o órgão e bombeiam o sangue através dele para manter funcionais os vasos sanguíneos e evitar que se formem coágulos. O órgão é então colocado num saco de polietileno contendo gelo e guarda do em congelador a 5°C. Entretanto, o computador escolhe um re ceptor, que é localizado e inslniído para con tactar imediatamente o hospital. O órgão tem de ser transplantado quanto antes porque só sobreviverá por algumas horas — um cora ção pode ser guardado 3 a 5 horas, um fígado 10, um rim entre 24 e 48 horas. Quando o receptor se encontra na sala de operações, os cirurgiões removem lhe
o órgão doente e preparam-no para rece ber o novo. As operações de transplante são bastante demoradas - pelo menos quatro horas nas mais simples.
Os transplantes da córnea são dos mais
fáceis. Executam-se para reparar lesões na superfície do olho e recuperar a visão. Es-
A TRANSPLANTAÇÃO DE LM CORAÇÃO Quando um coração se toma disponí vel, loealiza-se rapidamente um re ceptor adequado, que é instruído para se dirigir imediatamente ao hos pital. Ao mesmo tempo, polícia, am bulâncias e helicópteros levam ao hospital, com a maior rapidez, o ór gão doado. Um coração pode viajar centenas de quilómetros desde o da dor ao receptor, às vezes atravessando fronteiras. Mas, para poupar tempo, o sistema europeu computorizado, o Eurotransplant, tenta localizar recep tores que vivam o mais próximo pos sível do dador. Para preparar um doente para uma transplantação do coração, o cirur gião faz uma incisão no tórax e sutura os vasos sanguíneos que entram e saem do coração do receptor. A cir culação sanguínea do receptor é en tão feita passar pela máquina coraçáo-pulmão, que substitui na altura a função do coração e dos pulmões do paciente. O coração deficiente é retira do e substituído pelo novo órgão, que é então ligado às veias e artérias princi pais. A circulação é restabelecida atra vés do novo coração, o cirurgião cose o tórax e a operação terminou.
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Transformação. Em 1988, a ac triz Molly Parkin deu entrada numa clínica a fim de .se subme ter a uma operação plástica para lhe dar novo aspecto. Três dias depois, apôs uma blefam plastia e a cirurgia das sobrance lhas, do pescoço e da face, pare cia outra (à direita). A pele fláci da das pálpebras e os papos de baixo dos olhos tinham desapa recido. O lábio superior estava mais cheio devido a um enxerto de pele, e a gordura do maxilar fora removida por sucção. Ião relativamente livres de complicações porque a córnea não tem sangue, pelo que não é afectada pelos mecanismos de defe sa do organismo. Uma vez terminada a operação de trans plantação, o seu êxito depende ainda da perfeita compatibilidade dos tecidos, pois mesmo assim o sistema de defesa do orga nismo ainda pode rejeitar o órgão doado. Para evitar essa rejeição, ulilizam-sc drogas que reduzem a eficácia daquele sistema, mas que têm o defeito de tomar os doentes pacientes mais sujeitos a infecções. Alguns doentes têm de tomar drogas de anti rejeição durante toda a vida, pelo que os médicos estão sempre atentos a sinais de infecção. Apesar das suas dificuldades, a cirurgia de transplantação tem dado a muitas pes soas novas possibilidades de vida. Mais de 70% dos doentes que receberam trans plantes de fígado vivem mais do que um ano; e 80% dos que receberam um novo coração sobrevivem um ano à sua opera ção, enquanto há 10 anos isso só acontecia com 66%. Entre 91 e 96% das transplanta
Com o envelhecimento da pele, dissolve-se parte da gordura subcutânea que a supor tava e a almofadava. E um dos seus princi pais constituintes, o colagénio, perde a sua capacidade de retenção da humidade, tor nando a pele menos elástica o mais seca. O resultado final é a pele flácida e as rugas. A maioria das pessoas aceita as rugas corno parte do seu processo natura] de en velhecimento, mas para outras o envelhe cimento da pele é um problema. A única solução é a cirurgia plástica. A cirurgia plástica facial não se resume a um face lipt — que consiste no repuxar, ou esticamento, da pele da face, cujos efei tos se restringem quase unicamente ao queixo e pescoço. As rugas em redor dos olhos, lados do nariz e na testa têm de ser
para cima pela parte de trás. A linha de incisão segue depois horizontalmente para a parte posterior da cabeça, ficando a maior parte da incisão na zona coberta por cabelo para ocultar as cicatrizes. Uma vez terminada a incisão, o cirur gião separa cuidadosamente a pele, abai xo da linha de corte, do tecido gordo sub cutâneo. Depois, puxa-a, para a soltar, da frente para trás. A delgada camada de teci do muscular do pescoço é puxada para cima e esticada. A pele em excesso é corta da e a incisão suturada. Demora duas a três semanas o período de recuperação da ligeira inflamação na face causada pela operação. As cicatrizes, que podem ser disfarçadas pela maquilha gem, desaparecem com o tempo.
ções de os rinscirurgiões, e córnea têm êxito. reside Para o problema em encontrar suficientes dadores de ór gãos para satisfazer a procura. Estão já a fazer experiências com a transplantação de órgãos de animais, como corações de babuínos e rins de porco. Mas o problema principal reside no fado de os tecidos hu manos rejeitarem os tecidos animais. Por este motivo, fazem-se também estudos so bre o uso de órgãos sintéticos.
tratadas roplastiaem é aoperações remoção separadas. do excessoAdeblefapele das pálpebras superior e inferior. As pe quenas intervenções são feitas sob aneste sia local, mas o esticar da pele da face é uma operação demorada e feita sob anes tesia geral. O cirurgião começa por fazer uma incisão na pele em redor de ambas as orelhas, ao nível da linha de inserção do cabelo por cima da orelha, continuando em torno da parte inferior desta e voltando
cinirgia plástica da face retar da Nenhuma permanentemente o envelhecimento: este processo continua no ritmo normal após a operação. Podem fazer-se mais in tervenções deste tipo fia mesma pessoa, mas há sempre um limite, porque de cada vez o cirurgião tira mais pele. Quando esta foi esticada até ao seu máximo sem preju dicar as funções normais, como o sorrir, já não há excesso disponível e tornam-se im possíveis mais operações.
Como os cirurgiões plásticos eliminam as rugas da face
295
MARAVILHAS DA MEDICINA
Christiaan Barnard: o cirurgião que realizou o primeiro transplante A chamada telefónica que viria a ficar histó rica no mundo da medicina teve lugar quando o Dr. Christiaan Barnard dormitava após o jantar, na sua casa da Cidade do Cabo, na República da África do Sul. Quem telefonou uma freira do Groote Schuur Hospital — dísse-lhe que uma mulher jo vem,nesse vitimada por um acidente vel dia, tinha acabado de de darautomó entrada sofrendo de lesões cerebrais irreversíveis. Se morresse, o seu ov açã o poderia ser utili zado na primeira operação de transplante cardíaco do Mundo. O seu grupo sanguí neo era o apropriado, e o pai estava dispos to a dar a respectiva autorização. "Rezo sempre antes de uma operação importante", escreveria depois o Dr. BarA dadora. O coração de Denise Daroall deu vida nova a Louis Washkansky. Foi atropelada por um carro enquanto fazia compras com a mãe, ficando mortalmente ferida.
nard, "habitualmente no carro a caminho do hospital, que é quando estou sozinho. E nessa altura, enquanto guiava na noite, sentia mais que nunca a necessidade de o fazer. Mas não consegui: sempre que co meçava, os meus pensamentos assaltavam-me ..." Ate1 aí, o cirurgião apenas transplantara corações de cães no laboratório de cirurgia experimental. Mas nessa noite - sábado, 2 de Dezembro de 1967 - ele iria trans plantar o coração de um ser humano para outro. 0 dador era uma mulher de 25 anos, Denise Darvall, de Tamboers Kloof, na Cidade do Cabo. 0 receptor era Louis Washkansky, armazenista de mercearia, de 53 anos, cujo "coração despedaçado e arruina do", como Barnard o des creveu, lhe daria
apenas, na melhor hipótese, mais umas quantas semanas de vida. Washkansky sobrevivera já a diversos ataques cardíacos, mas estava numa situa ção terminal: com dificuldades de respira ção, os rins e o fígado começavam a falhar, as pernas estavam muito edemaciadas e sofria de diabetes. Ele náo devia ingerir doces, mas con vencia a mulher, Ann, a dar-lhe limonadas e licores. Parecia mais interessado em ler livros de cowboys e de aventuras do que em concentrar-se na sua própria situação. Mas mostrou coragem quando Barnard lhe falou na possibilidade de lhe salvar a vida. Encolheu os ombros e disse: "Se as sim é, vamos para a frente." Por volta das 9 horas dessa noite, o Dr. Barnard observava a morena Miss Darvall. Do ponto de vista clínico, já não vivia,
O cirurgião. Preocupado mus calmamente confian te, o Dr. Barnard deu à operação k cardíaca de Washkansky uma probabilidade de ^\
li
êxito de 80%.
OaiW,
O receptor. Louis Washkansky sen tado ao lado da mulher, Ann. elegante nas suas pias e peles, numa festa so cial na Cidade do Cabo.
mas o seu coração ainda estava saudável. Barnard não perdeu mais tempo. Um aju dante começou a rapar os pêlos do tórax de Washkansky, enquanto um dos enfer meiros accionava a máquina coração-pulmáo. Essa máquina - que iria substituir o coração e os pulmões de Washkansky para possibilitar a transplantação - fora trazida dos EUA pelo Dr. Barnard depois de seu estágio de cirurgia na Universidade do Minnesota, em Minneapolis. 0 cirurgião iniciou a desinfecção das mãos, introduziu nas narinas pomada
mantida "viva" por um ventilador. Barnard correu até lá e desligou a máquina. Os seus dedos estavam já engrossados pela artrite, que lhe iria trazer um fim prematuro ao seu trabalho de cirurgião. Mas pouco tempo levou para que fizesse uma incisão no tó rax de Denise e lhe retirasse o coração. Colocou-o numa bacia com uma solução sa lina refrigerada e transportou-o para a sala de operações principal — onde foi ligado a uma pequena bomba que fazia circular o sangue da máquina coração-pulmão de Washkansky.
Para o fazer contrair ritmicamente, foi necessário recorrer ao desfibrilador, verificando-se que o corpo inconsciente de Washkansky se contorcera com as descar gas eléctricas, enquanto Barnard e a sua equipa médica de 20 pessoas observavam ansiosamente. Finalmente, o coração co meçou a contrair-se cadenciadamente. A máquina coração-pulmão foi retirada, e, mais de oito horas depois de iniciada a operação, Washkansky - com o corpo repleto de 18 linhas, através das quais parâ metros vitais eram mantidos por meio de
anti-séptica e vestiu bata, um barrete uma máscara facialuma esterilizados - aléme de botas de borracha igualmente esteriliza das. Entrou na sala de operações, onde Washkansky já se encontrava na marque sa. Washkansky olhou para o médico e apesar de mal ter fôlego para falar - disse a brincar: "Sai velho, entra novo. Ó tempo, não voltes para trás!" Pouco depois, Washkansky estava anestesiado, e à meia noite iniciou-se a re volucionária operação. Sob a orientação experiente de Barnard, o seu primeiro as sistente, Rodney Hewilson, abriu o tórax do doente. "O coração de Louis Washkansky estava todo à vista", escreveu depois Barnard, "batendo no seu ritmo próprio como um mar zangado e amarelo devido aos tempo rais de meio século, mas sulcado por cor rentes azuis profundas — veias azuis va gueando através do deserto e das ruínas
seguir, hipertrofiado Barnard removeu o volumo so Acoração de Wash kansky, deixando apenas um pequeno segmento para ser suturado ao coração da dadora. 0 "novo" coração foi então colocado no tórax vazio de Washkansky e Barnard olhou-o com temor: o coração da mulher é habitualmente 20% mais pe queno que o do homem, e a cavidade no tórax de Washkansky era o dobro do ta manho normal. Com o fio de seda da sutura e duas agu lhas, começou então a delicada tarefa de suturar o coração da dadora. A bomba que fornecia sangue ao coração foi fechada e quase imediatamente o órgão perdeu a sua cor-de-rosa saudável e começou a ficar azul. Barnard continuava com a sua sutura — primeiro para um lado, depois para o outro - e deu uma espreitadela ao relógio do bloco ciniryico. Eram 5.30 da manhã e o coração fora privado de sangue e oxigé
pulsantes de um coração di reita, a aurícula arroxeadadevastado. deslizavaÀpara trás e para diante a cada contracção." Entretanto, noutra sala de operações uns metros adiante, Denise Darvall era
nio havia 15 lentamente. minutos. Quatro minutos pas saram ainda Foi suturado o último ponto e deixou-se entrar o sangue; o coração começou a contrair-se desorde nadamente.
ligações umafoidiversidade máquinasa — conduzido de atéaparelhos ao seu e quarto esterilizado e colocado debaixo de uma tenda de plástico. Começava agora a luta contra as infec ções pós-operatórias e a rejeição do novo coração pelo organismo - que o conside rava um objecto estranho que era preciso destruir. Washkansky tomou drogas anti -rejeição e, uma vez passado o período ini ciai de perigo, gozou.de cinco maravilho sos dias de boa saúde. Até que, a 15 de Dezembro, 12 dias após a operação, uma radiografia revelou que ele parecia estar um pouco constipado; e, de fado, surgira uma pneumonia. Irónica mente, as drogas anti-rejeiçáo que ele to mava tinham enfraquecido o seu sistema imunológico, e Washkansky não tinha de fesas contra os germes que lhe invadiram os pulmões. Apesar de tudo o que Barnard e os seus colegas tentaram, Louis Washkansky mor reu de pneumonia no fim da madrugada de 21 de Dezembro. 0 seu novo coração — implantado 18 dias antes — trabalhara perfeitamente até ao fim.
Controle pós-operatório imediato. A primeira radiografia do novo coração de Washkansky. O ponteiro indica o coração.
Grandes esperanças. Louis Washkunsky, alegre e sorridente no meio dus suas enhrmeiras, após a operação Disse que nunca na vida se tinha sentido melhor — contudo, IS dias depois morria com uma pneumonia. 297
MARAVL AS DA MED U NA
Como trabalha um rim artificial? Os produtos de eliminação residuais pro duzidos pela decomposição dos alimen tos no organismo são normalmente remo vidos da circulação pelos rins, os quais re gulam, além disso, a quantidade de líqui dos e sais (equilíbrio hidroelectrolítico) do corpo humano. Se os rins trabalham no mal, esses produtos finais acumulam-se sangue, o que acaba por provocar a uremia, que é uma doença que mala anual mente milhares de pessoas. A insuficiência renal, às vezes, não apre senta sinais, mas a situação mais vulgar é a chamada "insuficiência renal crónica", em que os rins se deterioram gradualmente. A única maneira de enfrentar com êxito a insuficiência renal é a transplantação de um rim saudável (p. 294) ou a remoção artificial dos produtos residuais. Esta é feita por uma máquina de diálise, que actua como um rim artificial, filtrando os resíduos contidos no sangue. O proces so é muitas vezes executado em casa pelos doentes devidamente treinados no uso desse equipamento. Um dos processos, a hemodiálise, implica a introdução de duas agulhas no braço ou na perna do doen te - uma numa artéria, outra numa veia. Ambos osdevasos estão ligadas por tubos à máquina diálise. 0 sangue corre da artéria do doente para a máquina, onde é misturado com um medicamento, a heparina, que o impe de de coagular. Passa depois através de um tubo helicoidal de celofane semipermeável, que está imerso num banho químico aquecido. Os orifícios do celofane são sufi cientemente largos para que as pequenas moléculas dos resíduos passem através deles, mas as células sanguíneas, que são maiores, ficam retidas no tubo. Uma vez filtrados os resíduos tóxicos, o sangue pu rificado é misturado com um agente que contraria o efeito da heparina e é rebornbeado para a circulação do doente através da agulha colocada na veia.
Três sessões por semana A pessoa que precisa desle processo me cânico de renovação do sangue tem de submeter-se a uma média de três sessões semanais de oito horas. Um outro sistema de filtragem, a diálise peritoneal, não necessita da máquina usa ria na hemodiálise. O peritoneu é um gran de saco protector de tecido flexível que en volve os órgãos abdominais. Estes órgãos são muito irrigados e, por lhes estar contí guo, o peritoneu está convenientemente situado para actuar como filtro das molé culas indesejáveis. 298
Na diálise peritoneal, introduz se um pequeno segmento de tubo introduzido no peritoneu através da parede abdomi nal. Um líquido especial, o dialisato, é en tão lançado na cavidade abdominal atra vés do tubo. O líquido atrai os produtos residuais do sangue dos órgãos abdomi nais e é depois aspirado para o exterior. 0 processo pode levar 12 horas e é efectuado de duas a quatro vezes por semana.
Nos piores casos, são necessárias mais de 250. O tempo que leva a operação depende da quantidade de cabelo a ser transplanta da. Habitualmente, são necessárias diver sas sessões, pois só se fazem de cada vez até 20 enxertos. Este processo demora en tre uma hora e hora e meia. Os pequenos orifícios deixados pela excisão das placas levam umas duas sema nas a cicatrizar, ficando no final pratica mente sem sinais. Os cabelos que lhes fi cam por cima depressa os escondem.
Como vezes se curapor a calvície?
Os enxertos de os couro plantados perdem seuscabeludo cabelos aim se guir à implantação, e estes só voltam a crescer depois de três a seis meses. Com o tempo, porém, os folículos transplanta dos podem, por sua vez, ser afectados pelos androgénios, de modo que o trans plante não é necessariamente uma solu ção definitiva.
Mais de 90% dos homens sofrem de graus diferentes de calvície. E o mesmo ocorre em algumas mulheres, particularmente depois ria menopausa. O problema é intei ramente de ordem genética — pais calvos terão filhos que provavelmente virão a se lo. E não afecta unicamente os seres hu manos: por exemplo, os macacos tam bém ficam carecas. O código genético exacto que provoca a calvície e a rarefacção rio cabelo ainda não é conhecido dos cientistas, mas estes sa bem que ele tem algo a ver com os anrirogénios, as hormonas sexuais masculinas. Estas hormonas suprimem a actividade de certos folículos capilares do couro cabelu do, pelo que o tempo de vida rios cabelos que deles é reduzido. mente, um nascem cabelo que se deixaNormal crescer sem cortar dura de dois a seis anos. Mas, à medida que a calvície se instala, os cabelos em certas áreas da cabeça caem com mais frequência. O efeito global é o cabelo nes sas áreas tornar-se mais ralo e mais curto, até que fica reduzido a uma penugem. Os homens têm mais androgénios que as mulheres, pelo que são mais afectados pela calvície. Uma solução para a calvície é a transplantação capilar, executada por um cirurgião plástico. Mas este tratamento apenas é apropriado em certas pessoas: a calvície tem de ser estável, isto é, não piorar todos os anos, e deve ocorrer principal mente na frente e no alto do couro cabelu do. O cabelo restante deve ser escuro para esconder os efeitos da cirurgia. Tem ainda de ser saudável e abundante, porque é este cabelo que irá ser transplantado. Na trans plantação capilar não há dadores: é o ca belo no próprio que é, simples mente,existente redistribuído. Primeiro, o cabelo é cortado à escovi nha. Depois, sob anestesia local, são remo vidas placas circulares de couro cabeludo, dos lados ou na parte posterior da cabeça. Estas placas têm 4 mm de diâmetro e con tém de 12 a 18 raízes capilares e são reim plantadas nas zonas calvas. 0 número de placas circulares neces sárias varia com a natureza ria calvície.
Como sobrevivem as pessoas a um raio? Diz-se que um guarda florestal americano, Roy Sullivan, foi atingido por raios mais ve zes do que qualquer outra pessoa no Mun Foi atingido pela primeiraemvez cdo.recebeu a sétima descarga 25 em de 1942 Ju nho de 1977. De todas as vezes, Sullivan sofreu lesões. Começou por perder uma unha do pé, depois sofreu queimaduras diversas rias sobrancelhas, um ombro, ca belo e pernas. Mas sobreviveu. Uma faísca percorre entre 160 e 1600 km/s e a temperatura que produz pode atingir os 30 000°C, seis vezes mais quente que a superfície do Sol. Por isso, o que espanta é que tantas das pessoas atin gidas por esta força terrível não morram, embora, por regra, sofram queimaduras de bastante gravidarie. A faísca é uma descarga eléctrica causa da pela diferença de energia entre as nu vens e o ar que as rodeia ou o solo. No trajecto nuvem solo, a energia procura o caminho mais curto até à terra, que pode ser uma pessoa no campo. Este caminho mais curto pode ser atra vés do ombro, ao longo de um dos lados do tronco e ao longo ria perna, até ao solo. No seu percurso, provoca dores e queima duras, mas a parte principal da sua energia é descarregaria para o solo. Desde que o raio não atravesse o coração ou a espinal medula, a vítima provavelmente não mor rerá. Mas se atravessar o coração, há um grande risco de que este seja gravemente lesado ou pare, provocando a morte ime diata.
Construção e demolição Enormes barragens, pontes que atravessam grandes estuários e túneis debaixo do mar — todos são milagres da construção moderna. Igualmente espectacular é a demolição de arranha-céus e centrais
nucleares quando chegam ao fim das suas vidas.
Como se constrói uma ponte gigantesca, p. 306
Como se faz a demolição de um arranha-céus, p. 304
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Construir um arranha-céus no meio de uma cidade O Hong Kong and Shanghai Bank, com 47 pisos, foi construído numa das cidades mais densamente povoadas do Mundo. 0 local da construção estava rodeado por prédios de 20 pisos e por um dos edifícios históricos de Hong Kong - o Palácio da Justiça. As condições para a construção em altu
que compreendia 30 m de cascalho e entu lho saturados de água sobre um leito de rocha firme. Era preciso encontrar forma de drenar o solo sem perturbar a toalha de água subterrânea da área vizinha. Mesmo que os edifícios adjacentes as sentassem apenas 5 cm, apareceriam grandes fendas nos rebocos e resultariam
pá de dragar com duas maxilas articula das) para escavar uma vala curta e estreita, com largura apenas suficiente para o seu próprio trabalho. Durante a escavação, manteve se a vala cheia com uma densa lama de argila para evitar que abatesse. Usou-se uma argila do tipo especial, a
ra variam de cidade para cidade, depen dendo do solo de fundação, das condições climáticas predominantes, das redes de infra-estruluras existentes e fundamental mente da largura dos arruamentos. No caso de Hong Kong. O novo banco teve de ser construído em solos conquista dos ao mar, saturados do água. Mas, se se tivesse drenado a área, ter-se-ia provocado assentamentos graves e o desmorona mento dos edifícios e arruamentos vizi nhos. O banco foi construído num local
provavelmente danos estruturais. Como é que a graves firma do engenharia de es truturas Ove Arup conseguiu erguer Ião grande edifício sem causar prejuízos?
quanto mexida, mas quePor se este tornamotivo, espes sa se seé deixa repousar. fazia-se circular a lama continuamente, mas alguma que ficou estagnada em re cessos e cm fendas contribuiu para refor çar as paredes da vala. A pá de dragagens era içada com a sua carga de cascalho através da lama despeja da e novamente mergulhada na lama até a vala atingir a profundidade máxima de 'ò(j m. Baixou-se depois um tubo até ao fundo da vala e deitou se betão através dele. O betão ia deslocando para cima as lamas, cujo lugar passava a ocupar. Mais valas foram escavadas e enchidas até a zona ficar completamente fechada por uma enorme parede subterrânea de betão com a altura de um edifício de 12 pisos. Para evitar qualquer passagem das águas subterrâneas, aplicou-se um vedan te na base das paredes, no ponto em que assentavam no leito de rocha granítica
Um enorme fosso estanque Primeiro, o espaço que as caves iriam ocu par tinha de ser impermeabilizado por pa redes de betão penetrando até à rocha fir me. Como o solo era macio, as paredes tiveram de ser construídas por secções. Utilizou se uma draga de garras (grande
benlonite, que se conserva líquida en
Construção das caves — de cima para baixo Podiam agora ser construídos os quatro pisos de caves que iriam alojar as casaslortes e os cofres. Para se suster a parte superior das paredes subterrâneas quan do se retirasse o solo rio seu interior, as caves foram construídas de cima para bai xo. Construiu-se primeiro o pavimento em betão do andar logo abaixo do nível da rua. Deixaram-se aberturas no chão a fim de permitir aos operários e às escavadoras mecânicas escavarem e construírem o pa vimento imediatamente abaixo. Esto processo foi repelido até estar completo o últi mo pavimento subterrâneo. Mesmo com estas precauções, era inevi tável certo movimento de terras. Dois edifí cios de 20 pisos, o Bank of China e o Chartered Bank Building, ficavam apenas a 10 m da nova construção. Ambos sofre ram um assentamento diferencial de 1.3 mm, inclinando-se muito ligeiramente na direcção do local ria escavação, mas não houve sinal cie danos. Acima rio solo, o edifício é suportado Construção em altura. Em cidades popu losas como Hong Kong, a solução é cons (ruir cm altura. Mas as condições locais — o clima, o solo, a fundação e as redes de infru -estruturas — são sempre diferentes.
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO por oito pilares de aço gigantes, formado cada um por quatro tubos de aço c interli gados por vigas ao nível de cada andar. Para fixar os pilares, foram perfurados no leito de rocha, abaixo das caves, quatro po ços que se encheram de betão. Esles po ços tinham cerca de 3 m de largura e S m d c profundidade e foram abertos a dinamite no granito.
Montagem da superstrutura 0 edifício eleva se a 180 m acima do nível do solo. Cada um dos oito pilares do aço pesava de 1000 t. Foram feitos com por secções mais chamadas •'árvores de Natal" aço de 10 cm de espessura, constituídas por segmentos dos quatro lubos com 7.80 m de altura ligados por vigas transver sais. Foram especialmente treinados 50 operários chineses para as soldarem entre si, formando assim, pouco a pouco, os pila res. As árvores de Natal foram revestidas com uma mistura de cimento e borracha para evitar a corrosão e em seguida com fibra cerâmica como protecção contra o fogo. Segundo o costume local, receberam ainda outra fornia de protecção — queima ram-se pauzinhos aromáticos para garantir boa sorte ao prédio. Finalmente, recebe ram um delgado revestimento do alumínio por uma questão de estética.
Todos os pavimentos do edifício estão suspensos de vigas gigantes que se esten dem a cinco níveis entre os pilares. Cada viga é em treliça dupla com a altura de dois pisos e possui "pendurais" aos quais estão ligados os pavimentos. Enquanto se eri giam os pilares, iam se construindo os pa vimentos — apoiados em suportes provi sórios —, o que poupou tempo precioso. Logo que as vigas estavam colocadas, liga vam-sc os pendurais aos pavimentos aca bados e os suportes eram subidos para apoiar a construção doutro pavimento.
tros componentes vieram da Alemanha, e os módulos integrados das centrais de ar condicionado, bem como as instalações sanitárias, do Japão. Foram especialmente desenhadas gruas para elevar os elemen tos prefabricados de aço e os módulos até aos respectivos lugares. Vestiários e insta lações sanitárias para todo um pavimento vinham em módulos que chegavam a pe sar 40 t e as paredes exteriores dos módii los vinham iá com o acabamento final.
A maior paredesde exteriores do banco é de parte vidro das temperado 13 mm de espessura. O resto do edifício está revesti do com painéis de alumínio.
Secções vindas de todo o Mundo Depois de quatro anos de construção, o edifício ficou concluído em 1985. A fim de se apressar o trabalho e minimizar os inconve nientes causados às pessoas que trabalha vam em escritórios perto do local, uma grande parte do edifício foi pré fabricada. Num triunfo de coordenação interna cional, secções acabadas foram enviadas de todo o Mundo. As árvores de Natal to ram construídas em Ravenseraig, na Escó cia, as janelas na Áustria e o revestimento rias paredes exteriores veio dos EUA. OuOs pilares. Oito colunas, cada urna com quatro tubos, são OS apoios princi pais do Hong Kong and Shanghai Bank fã esquerda).
Suportes dos pavimentos. Eram consti luídos por vigas em trelica dupla, integra dos na estrutura darwúe a construção.
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
A mais alta construção do Mundo
CONSTRUÇÃO DA CN TOWER
A maneira mais rápida de se erigirem cons truções muito altas de betão é a chamada cofragem deslizante, muito utilizada em si los, chaminés e plataformas de petróleo
offshores. Mas opor exemplo maisdeslizante espectacular de construção cofragem éa CN Tower, em Toronto, Canadá a mais alta torre autoportante, com 552 m. A maneira habitual de construir uma pa rede alta em betão é despejar este dentro de um molde, chamado "cofragem", e com pactá-lo. Depois de o betão fazer presa, a cofragem é retirada e tomada a montar no topo da nova secção de parede, deitando -se-lhe dentro nova camada de betão. Na cofragem deslizante, os panos, ou painéis, da cofragem não são desmonta dos, mas deslizam continuamente à medi da que a parede sobe, apoiando se em va rões de aço verticais. Utiliza-se o cimento de presa rápida, que depressa se torna sufi cientemente resistente para suportar os panos da cofragem enquando estes so bem. Nos varões são fixados macacos hi dráulicos, que levantam a cofragem em passos frequentes e curtos (2,5 cm de cada vez). A CNdeTower foi construída à velocida de média 6 m por dia. A cofragem deslizante só pode ser utili zada ern edifícios cuja forma seja adequa da: as paredes circulares são as mais sim ples. 0 betão tem de ser de fabrico cuida do, colocado uniformemente e imediata mente compactado. Dado que é difícil ini ciar o movimento deslizante uma vez começado, o trabalho prossegue de dia e de noite até a construção terminar. O betão leva dias a adquirir resistência. Embora su porte o peso da cofragem e da nova cama da de betão, está ainda nessa altura pouco resistente. Neste caso, teve como resultado a CN Tower ficar torcida pela força de rota ção da Terra, pelo que os engenheiros tive ram de utilizar cabos de aço para a puxar 6o até à sua forma correcta. Outro processo de construção contínua com o emprego de macacos é o sistema jackblock. Primeiro, constrói-se o pavi mento superior, que é içado por macacos, permitindo que por baixo dele se construa o pavimento seguinte. Os macacos levan tam então os dois pavimentos terminados, construinrio-se por baixo deles o outro an dar, e assim sucessivamente.
A CN Tower, em Toronto.Esta impressio nante construção executada por cofragem deslizante é o rnaior edifício autoportante do Mundo.
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Em 19t5, dois anos e meio após o inicio da torre, o Andar Espacial (em cima) foi construído 446 m acima das ruas de Toronto.
Os materiais foram elevados por gruas até aos 350 m (em cima), a este níuel completou-se a cofragem deslizante A construção subiu ao ritmo de 2,5 cm de betão ern cada minuto, e a base da torre ficou concluída em três meses (em baixo).
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Como o cimento faz presa na água? Para a maioria dos cimentos fazer presa,i, tem de se lhe juntar uma quantidade dee água bem determinada. Como é, então, ), que o cimento Portland "seca" debaixo dee água quando é usado na construção de e uma barragem ou de uma ponte? O cimento faz presa não porque a águaa que se lhe junta se evapora, mas devidoa a
com argila (silicato de alumínio) e aque-!ceu-os até se combinarem, criando duass formas de silicato de cálcio. Uma destas, o silicato tricálcico, reage com a água comn bastan te rapidez. A outra, o sil icat o bicál ci i co, reage mais lentamente, consolidando-)se completamente ao fim de um mês ouu mais. Quando a água reage com a partee
uma química O rír ciímentoreacção PorIfunil que é com usadoa água. debaixo p água, controla efectivamente a quantidade : de água que pode reagir com ele devido ià forma de constituição do seu granulado, por isso não importa a quantidade de água i que se lhe junta. Foi patenteado em 1824 pelo engenheiro inglês Joscph Aspdin. Este misturou cal (carbonato de cálcio)
exterior dos grãos cimento, oque silicato trieáieico forma uno do revestimento íimi-3íta a quantidade de água que pode ser ab sorvida por eles, evitando que o cimento se! torne demasiado diluído, As qualidades de solidez e resistência ã água do cimento Portland são ainda hoje aproveitadas nas fundações de betão da maioria das estruturas subaquáticas.
O QUE TORNA O BETÃO TÃO RESISTENTE? Ao juntar água ao cimento, esta reage com a superfície dos grãos do cimento, produzindo um material gelalino so que aglutina os grãos. Três ou quatro horas depois, o gel começa a pro jectar gavinhas que irradiam de cada um dos grãos do cimento . As gavinhãs de grãos vizinhos entrelaçam-se e capturam Ioda a areia ou saibro que se encontrem misturados no cimento. No espaço de dias, asosgavinhas en J àurecem — prendendo grãos entre si de tal forma que o betão fica quase impossível de esmagar. Contudo, as gavinhas são muito fáceis de separar e, devido a esta fraqueza, o betão c geral mente reforçado — "armado" — com varões de aço.
Comprimir o betão para construir edifícios elegantes Muitos dos mais elegantes edifícios mo dernos foram construídos com um mate rial que tem o nome pouco romântico de betão pré-esforçado. Arranha-céus, pon tes, barragens, até a Opera de Sydney, to dos têm por base a sua resistência enorme. 0 betão pré-esforçado tem incorpora
a esforço antes da presa do betão, e o betão pós-tensado, tensionado depois da presa. Na construção de pontes fazem-se pas sar cabos de aço através de orifícios já fei tos em blocos de betão pré-moldados. Os cabos são depois estirados e ancorados por meio de tacos cónicos nos blocos de
Despeja-se betão sobre cabos de aço esti rados que são mantidos sob tensão. Uma vez consolidado o betão, cortam-se os ca bos em ambas as extremidades do bloco de betão, e os cabos, ao contraírem-se, vão comprimir o betão. Utiliza-se este proces so no fabrico de vigas com vãos até 45 m.
dos caboshidráulicos. de aço que Ao foram esticados macacos tentarem con-por trair-se alé ao seu comprimento srcinal, os cabos puxam para dentro — compri mindo o betão. A ideia do betão pré-esforçado foi utili zada pela primeira vez com exilo em 1928 pelo engenheiro civil francês Kugène Freyssinet, que criou dois tipos — o betão pré-tensado. no qual os cabos são sujeitos
cada aextremidade ponte para manto rem sua tensão. Odaprincípio é o verificado quando pegamos num lote de livros, aper tando os das pontas. Os livros formam uma "viga", e quanto maior a força com que apertamos, mais resistente a viga se torna. E, em certa medida, quanto mais comprimidos estiverem os blocos de be tão da ponte, mais resistente esta será. 0 betão pré-tensado é feito em estaleiro.
A demolição de uma estruturae feita com betão pré-esforçado é perigosa bastante imprevisível. Quando a edificação começa a desmoronar se, as forças e tensões conti das nos cabos atiram frequentemente esti lhaços em todas as direcções. A elegância do betão. As formos du Opera de Sydney mostram bem a graciosidade do betão pré esforçado.
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
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A demolição de um arranha-céus A Van Eck Housc, arranha-céus de 20 pisos construído em 1937, foi durante muitos anos o edifício mais alto da Africa do Sul, erguendo-se no horizonte de Joanesbur go. Em 1983, foi demolida em lfi segundos. Embora se situasse no centro da cidade, nenhum outro edifício prejuízos até as montras de vidrosofreu do outro lado da rua ficaram incólumes. A demolição de um edifício por forma que se desmorone totalmente dentro das suas próprias paredes é denominada "im plosão". A primeira tarefa neste processo é estudar a estrutura do edifício e avaliar o seu estado. Pode então planear se o modo de colocar as cargas explosivas que irão destruir os pontos vitais de apoio da estru tura. Antes da implosão da Van Eck House, houve dois meses de preparativos. Retira ram se as divisórias internas e outros com ponentes não-estruturais que pudessem obstruir a queda do edifício. E foi também preciso ler a certeza de que as vibrações provocadas pelas explosões e pelo tombar do edifício no solo não danificariam os edi fícios vizinhos. Perkin, o engenheiro encar regado da demolição, coordenou a deto das cargas explosivas modo que onação cascalho provocado pelas de primeiras ex plosões na base do edifício pudesse amor tecer a queda dos restantes materiais. A sua equipa fez perto de 2000 furos com profundidades entre 10 e 75 cm para alojar as cargas e estendeu 10 km de fios. A maioria das cargas foi colocada em gru pos de cinco furos executados nas pare des ou nos pilares de suporte. Em cada andar foram precisas 50 cargas para as paredes da caixa do elevador e 60 para uma outra caixa interior. As cargas nos pilares tinham o dobro da força das desti nadas a demolir as paredes menos resis tentes. As cargas foram de tonadas eleclricamente. A série de explosões iniciou-se quando Per kin empurrou o êmbo lo para baixo, enviando corrente eléctrica aos detonadores fulmi nantes de explosivo po tente colocados em to dos os cartuchos. Estes explodiram imediata mente ou nos tempos preestabelecidos, en viando uma onda de explosões através dos 20 pisos do edifício.
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CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
O fim de um m arco. A Van Eck HOUSC, de 20 pisos, foi reduzida a escombros em 16 segundos. Na primeira fotografia da es querda, o edifício condenado antes do iní cio da demolição; em seguida, o edifício co meça a desmoronar se quando as primei ras cargas explodem nas paredes interiores
dos pisos de baixo. lima fracção de segun do depois, os pilares adjacentes àquelas
são despedaçados, retirando todo o supor te interno ao edifício a partir do centro para o exterior. A cadeia de explosões continuo de baixo para cima, piso por piso. Desimpe didas de obstruções, as paredes exteriores inclinam se para dentro devido ao abater dos pavimentos. A coordenação das explosões tem de ser rigorosa. Intervalos de uma fracção de se
gundo até vários segundos garantem que cada porção do edifício cairá livremente. A
Vun Eck House era construída em betão ar
mado. As cargas tinham de actuar através dos verões da armadura embebidos na es trutura para que a fractura fosse perfeita. De outro modo. leria ficado uma amálgama confusa de varões de aço aguentando gran des pedaços de betão.
O demorado trabalho de demolição de uma central nuclear A demolição de uma central nuclear pode demorar um século ou mais, devido ao pe rigo da radioactividade. Quando uma cen tral de energia nuclear é encerrada, o pri melro passo é retirar-lhe todo o combustí vel nuclear. Este é retirado do reactor pelas mesmas máquinas utilizadas durante toda a sua vida de laboração na substituição do combustível velho por novo. Este equipa mento de comando remoto coloca o com bustível usado em contentores especiais que o levam para uma fábrica de reprocessamento, onde é transformado em com bustível enriquecido para utilização nou tros reactores. São também produzidos e
dade - nas caldeiras, por exemplo e levará mais cinco a sete anos a completar. A fase final é a mais controversa, e o seu esquema varia de país para país. I labitualmente, deixa-se ficar um reactor durante 100 anos ou mais para que, no seu interior, a radioactividade vá diminuindo. Embora já exista equipamento robótico para de molir o reactor de dentro para fora, seriam precisos outras robôs para auxiliarem e fa zerem a manutenção dos primeiros. Ao fim de 100 anos, a radioactividade será sufi cientemente baixa para que equipas de manutenção humanas possam cuidar dos robôs no interior do reactor. Por isso, na
armazenados resíduos (v. p. 122). Como um reactor contém entre 23 000 e 43 000 barras de combustível altamente radioactivas, e cada uma tem de ser retira da separadamente, esta fase do trabalho pode demorar até cinco anos. Mas, retira do o combustível, o local fica liberto de 99% do seu conteúdo radioactivo. A fase seguinte é a remoção do restante equipamento e a demolição dos edifícios da central, o que envolve certa radioactivi
maioria casos,como o reactor ficará seu "túmulo"dos de betão se fosse umno anti go monumento com 50 m de altura. Os especialistas nucleares franceses contentam-se em deixar os seus reactores "a dormir" para serem tratados por uma futura geração dispondo de técnicas mais avançadas. Os Ingleses estão levando a cabo um projecto de demonstração para provar que um reactor pode ser desmante lado mais rapidamente. Em Sellafield, no
condado de Cúmbria, o reactor arrefecido a gás de Windscalc está previsto regressar ao estado de "campo verde" em 1996. Os trabalhos começaram em 1982. O des mantelamento está a processar-se no Inte rior da cúpula de aço sob pressão inferior à atmosférica para que o gás radioactivo não escape. Um manipulador comandado à distância será baixado para o interior do reactor para o cortar em pedaços corn cer ca de I t cada um, recorrendo a equipa mento de corte a oxipropano. As opera ções serão acompanhadas por televisão em circuito fechado. Cada pedaço é pesado e medida a res pectiva radioactividade. Em seguida, é bai xado para o interior de um caixão de betão armado, cujos espaços vazios serão preen chidos com mais betão para formarem um cubo com 50 t. Cerca de 1900 t de resíduos radioactivos terão de ser tratadas por este processo. Os cubos serão armazenados num edifício da central até que se construa um repositório para os mesmos. Estão ain da a ser ensaiados métodos para quebrar, á distância, a protecção de betão. 305
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Os cabos qu e poderiam atar o Mundo A ponle do Humber tem o maior vão do Mundo - 1410 m. Está suspensa de dois cabos gigantes, cada um com quase 2,30 km de comprimento c pesando 5500 t. Os cabos são constituídos por um total de 70 000 km de arame de aço, que dariam mais de uma vez e meia a volta ao Mundo. A ponle, que galga o estuário do Hum ber, no Nordeste de Inglaterra, é suportada por dois pilares com 155 m — a altura de um prédio de 50 pisos. Estão tão separados e são tão altos que a curvatura da Terra faz com que a distância entre os respectivos topos seja maior que entre as bases. A ponte do Humber foi aberta ao tráfego em 1981, após 7 milhões de homens/hora de trabalho. Como é que os engenheiros se lançaram na construção de tão enorme estrutura 9 A primeira fase foi a construção das fun dações para os pilares e as duas ancoragens, às quais seriam presos os cabos nos dois extremos da ponte. Os pilares, de betão armado, foram construídos pelo processo de cofragem deslizante p. 302). lhando 24 (v. horas por diaOsemoperários, turnos detraba 12 horas, completaram o pilar sul em apenas 10 semanas. Cavaletes de aço com 45 l fo ram içados até ao cimo de cada pilar, a fim de receberem a carga dos cabos e a espa lharem uniformemente pelo pilar. A ancoragem dos cabos é feita em enor mes blocos de belão enterrados profunda mente no solo. O bloco de ancoragem no extremo norte da ponte está assente sobre um leito de greda e pesa 190 0001. No extre mo sul, a greda está coberta por terrenos de aluvião e um leito de argila, pelo que a ancoragem teve de ser maior e mais pesa da pesa 300 000 t. Peças de aço fundido foram aplicadas em cada bloco - prontas para ancorar os 37 cordões que iriam constituir os grossos cabos da ponte. Elevar os cabos terminados para o seu lugar aquela altura acima da água teria sido impossível, pelo que eles foram construí-
Ponte sobre o estuário. Com 14K) m. a ponte do Humber leni o maior uão central do Mundo. Está suspensa de dois enormes cabos de aço ancorados em cada extremi dade a maciços blocos de betão embebidos profundamente no solo. Os trabalhos para a construção dos pilares de betão que sus tentam OS cabos decorreram dia e noite em turnos de 12 horas. A ponte pode suportar um máximo de cerca de 5000 carros. 306
dos no local. Antes de se iniciar este pro cesso, usaram-se cabos de aço para puxar o topo de cada pilar em direcção às mar gens do rio, separando-os um do outro numa medida calculada. Mais tarde, o peso do tabuleiro da ponte puxá-los-ia no vamente até à vertical. A primeira ligação entre os dois pilares foi feita por duas passadeiras provisórias feitas com rede e cabos de aço. Estes foram puxados por cabrestantes e pendurados nos topos dos pilares, seguindo a curva que os cabos de suspensão da ponte iriam tomar. Por cima das passadeiras montou -se um fio de tracção para puxar os arames
ao longo da ponte - construindo assim, gradualmente, os cabos. Cada cabo é constituído por 14 948 ara mes de aço galvanizado - 404 arames por cada um dos 37 cordões. Os arames não são torcidos nem entretecidos, mas cor rem paralelos entre si. De cada vez que se assentava um arame, a sua flecha era cui dadosamente verificada — pois cada um deles tinha de arcar com a sua parte na sustentação da carga. Cada arame tem o diâmetro de 5 mm e pode suportar uma tensão de 3 t, mas, na prática, o peso da ponle exerce uma carga de cerca de I I apenas sobre cada arame.
O pr da pás; rios m grande destes me tin este el ciai extreu
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO O processo cie puxar o arame ao longo da passadeira pelo fio de tracção levou vá rios meses. O arame vinha enrolado em grandes tambores, e de cada vez que um destes se esgotava, a extremidade do ara me tinha de ser unida ao seguinte. Para este efeito, utilizou se uma 'uni ão" espe ciai — uma peça que é aplicada nas duas extremidades dos arames com uma pren
sa hidráulica, produzindo urna junta mais forte que o próprio arame. Os cabos completos têm 70 cm de diâ metr o Foram abraçados poi chapas de aço para receber as extremidades dos pen durais que suportam o tabuleiro da ponte. Os componentes do tabuleiro de aço com 16 500 t. foram construído'- em mui tos locais da (irá Bretanha. Foram trans Ligação. Um operário (à esquerda • apa nha uru arame que Iara parte de uru r/o.sAt cordoes, cada um com 4U-I arames, que constituirão cada cabo. Em baixo, coloca ção de uma das 124 secções do tabuleiro.
portados por caminho de ferro até uma estação de triagem abandonada, a jusante da ponte, e aí feita a respectiva montagem. As secções, com 18 m de comprimento 2\> de largura, foram transportadas em barcaças puxadas por rebocadores. Foram construídas quatro gruas móveis con rodas (jue assentavam nos cabos par., poderen i sei deslocadas ai»longo da pon te. Trabalhando u partir do meio do vão para as extremidades, estas gruas coloca ram em posição as 12 i secções do tabulei ro, que foram então ligadas aos respectivos pendurais. Quando foram colocadas as primeiras
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CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
secções do tabuleiro, os cabos derain de si tnais 10 m. A medida que se acrescenta vam novas secções, o perfil dos cabos ia mudando até ao traçado final. Só quando todas as secções ficaram no lugar e se con seguiu o alinhamento final é que o tabulei ro pôde ser soldado definitivamente. Os cabos foram então pintados com tinta ver melha à base de chumbo e envolvidos em arame galvanizado para evitar a oxidação. Uma vez completado o tabuleiro de aço, o pavimento foi coberto com 3500 t de mástique asfáltico, que é resistente, imper meável e estirávcl rodoviária tem de sem ser flexível, ruptura. Aporque superfície os ventos fortes podem fazer a ponte torcer e balançar transversalmente até 4,5 m. O tabuleiro foi construído para que o vento o percorra suavemente tanto por cima como por baixo. A ponte prevê uma carga de tráfego de 4750 t ou cerca de 5000 carros, que a faria flectir mais 3,20 m. Ele vações na temperatura podem aumentar o comprimento dos cabos, mas todos estes movimentos não implicam qualquer peri go. Em cada extremidade do vão central existe uma junta de dilatação que funciona como um tampo de correr. Uma pequena secção de tabuleiro pavimentado prolon ga-se por baixo da rodovia, e, quando a ponte flecte, esta sobreposição é puxada para fora. Quando a carga diminui, volta ao seu lugar.
ALPINISMO De dois em dois anos,NA sãoPONTE convocados peritos para inspeccionar os pilares e os cabos da ponte do Humber. Um elevador no pilar leva os até uma plata forma perto do cimo - subindo de pois o resto por escada. Os homens deslocam-se ao longo dos cabos, veri ficando se há falhas estruturais e efec tuando trabalhos de manutenção nos cabos. Hoje, esta manutenção é feita com recurso a um carrinho que se mo vimenta sobre o cabo a inspeccionar Manutenção. Equipados com cintos de segurança, os técnicos fazem esca ladas sobre o rio Humber para proce der a trabalhos de manutenção.
Como se represam os grandes rios? As barragens permitem o armazenamento da água em reservatórios - as albufeiras - , pelo que o seu fornecimento pode ser con trolado ao longo do ano. A água das albu feiras pode ser utilizada no accionamento de turbinas que produzem electricidade, que. por sua vez, pode ser aproveitada para bombear água para uma cidade distante. As barragens têm de suportar maior solici tação que qualquer outra estrutura cons truída pelo homem. No século xx, a sua construção representa o máximo da capa cidade e da imaginação no domínio da en genharia.
Barragens de gravidade Na barragem de gravidade é o seu peso que resiste ao impulso horizontal que a água exerce sobre ela. Antigamente, eram construídas com pedra, mas hoje em dia constroem se fundamentalmente em be tão. O impulso da água tem tendência para fazer tombar a barragem, levanlando-lhe a base, se ela não for suficientemente pesa da. O betão suporta grandes compressões, mas tem menor resistência à tracção. As barragens são construídas por forma a mi nimizar quaisquer tensões de tracção, as segurando que o impulso da água e o peso da barragem, combinados, exerçam uma força que se concentre no terço central da sua base, o núcleo central. Barragens ocas O peso de uma barragem de gravidade pode ser aproveitado mais eficazmente mudando a forma daquela c deixando es paços vazios no interior das suas paredes. Pode assim poupar se até um terço do be tão usado numa barragem de gravidade normal. A barragem principal de Itaipu (pp. 310-311) é uma barragem de gravida de oca. Barragens de contrafortes Outra forma de economizar na quantida de de betão é construir a barragem como uma série de contrafortes interligados, como a "'barragem da ala direita", em Itai pu, Para constmir neste local barragens de gravidade maciças, em vez de barragens ocas e de contrafortes, teria sido necessá rio mais 50% de betão. Barragens em abóbada, ou arco Em vales fundos de margens íngremes de rocha firme pode conseguir-se ainda maior economia de material se se cons truírem barragens em abóbada, que trans ferem o impulso da água para as margens do vale. A Barragem de Cabora Bassa, no rio Zambeze, em Moçambique, tem 160 m de altura e gastou apenas um pouco mais
de 1 milhão de toneladas de betão, o que representa cerca de um quarto daquilo que necessitaria uma barragem de gravi dade no mesmo local.
Barragens em cúpula A forma que utiliza menos betão é a barra gem em cúpula, que usa um arco tridi mensional, como o nome indica. A Barra gem Coolidge, construída no Arizona em 1929, é um exemplo de barragem de "cúpulas múltiplas" - três cúpulas par ciais separadas por contrafortes. Barragens de terra e enrocamento O moderno equipamento de movimenta ção de terras facilitou muito a remoção de grandes volumes de materiais. Fazer um aterro de milhões de toneladas de rochas e terra é frequentemente mais económico do que construir uma abóbada delgada em betão. Em 1980, foi completada no rio Vakhsh, no Tajiquistáo, URSS. a mais alta barragem de terra do Mundo, a Barragem de Nurek, com 317 m de altura. Barragem em arco-gravidade. A Barra gem Hoover, no rio Colorado, tem 176 m de altura e, devido ao seu peso (gravidade) c à
sua forma em arco. pode represar 38 milha res de milhões de toneladas de água.
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
Barragem eira. Fm 1985, as paredes da barragem principal de ílaipu. na América do Sul (páginas seguintes), aproximavam se da sua altura definitioa - ISO m. ílaipu é a maior barragem de betão do Mundo. Embora no seu interior coubesse um hangar de aviação gigante, o peso da barragem conse gue resistir à enorme pressão do rio Paraná, o quinto maior do Mundo.
Barragem cie lerra. A Barragem Pantabangan, no r/o Pampanga, nas Filipinas, nasceu da construção de um enor me aterro revestido de pedra e belâo. A sua albufeira obrigou a que uma cidade inteira fosse desalojada. Fornece agora água a castas extensões de terra arável.
CONSTRUÇÃO F. DEMOLIÇÃO
Construção da maior barragem de betão do Mundo
COMO FOI DESVIADO O RIO PARANÁ Ensecadeira
Em Outubro de 1988, comple tava-se o maior projecto hidro eléctrico mundial, após 14 anos de trabalho, empregando 40 000 homens. Foi preciso, para tal, represar o quinto maior rio do Mundo, o Paraná, onde este forma a fronteira en tre o Brasil e o Paraguai. Na construção da Barragem de Itaipu quase 8 km de com primento e 180 m de altura foram utilizados 28 milhões de toneladas de betão. Antes de se começar a cons trução da barragem, o rio Para ná teve de ser desviado do seu leito natural. Os diagramas à di reita mostram as fases do pro cesso. Escavação de um novo leito 1. Escavou se um canal de des vio paralelo ao rio no lado brasi leiro. Tinha 2100 m de compri mento. 149 m de largura e 91 m de profundidade. Em 32 meses,
foram escavados aproximada
O rio começa a desviar-se Barragem de controle Dique em construção
mente 51) milhões de toneladas de rocha. Duas ensecadeiras de betão (.barragens provisórias para re Lscavou-se um canal de des ter a água enquanto os traba vio corri urna ensecadeira cm lhos estavam a decorrer) foram cada extremidade. Entre elas. constmírias uma em cada extre construiu se uma barragem de midade do canal de desvio. controle. Os dois diques des 2. Enquanto o rio continuava a viaram a água para o canal. correr pelo seu leito srcinal, foi construída no novo canal a pri meira secção de barragem definitiva (a bar "Barragem da ala ragem de controle), com 12 comportas de em construção 6,70 m de largura e 22 m de altura. Escavaram se as margens do rio para trazer a água até às duas ensecadeiras. Estas Barragem de terra foram depois destruídas com explosivos, e a água passou a correr pelo canal de desvio o através das comportas.
Desvio da corrente 3.0 passo seguinte foi a operação gigantes ca de represar a corrente do rio no seu leito natural para se poder construir secção principal da barragem. Foi umaacorrida contra o tempo para fechar o rio antes da estação das cheias. Trabalhando 24 horas por dia durante 10 dias, 100dumpers e 20 tractores lançaram no rio materiais suficientes para formar dois diques de rochas entre as duas margens. Estes diques constituíram as fundações para mais duas ensecadeiras, uma a mon tante e outra a jusante do local da bar-
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Quase completa. A Barragem de Itaipu estende se por quase 8 km. O descarregador de superfície, com as suas rampas gigan tes, vê-se à esquerda, e a "barragem da ala direita", cm curva, fica no centro À direita, a barragem principal assenta no leito do rio vazio, enquanto o rio Paraná corre pelo canal de desoio. CONSTRUÇÃO DAS BARRAGENS PRINCIPAIS
Descarregador de superfície em constr
Uma ocz completadas as barragens, o descarregador de superfície e a central hidroeléctrica, as ensecadeiras foram destruídas e fechadas as comporias da barragem de controle. Durante 40 dias. o rio ficou bloqueado forman do uma albufeira que cobriu 1550 km~'. Finalmente, a água correu pelas turbi nas. gerando electricidade.
— Rio totalmente desvia do Ensecadeira Barragem principal em construção Dique
ddeirii
Ao fim de cinco anos. o Paraná fora desviado e miciaram-se os trabalhos da barragem princi pal, bem como os da "barra gem da ala direita" e do descar regador de superfície. Central hidroeléctrica
ragem principal. 0 rio em cheia teria arras lado estes materiais mais rapidamente do que eles poderiam ser colocados. Os materiais lançados obrigaram a água a passar através do canal de desvio, deixan do rochas. um lagoAs estagnado entre os dois diques de duas ensecadeiras foram ter minadas em segurança e a água foi bom beada para o exierior. 4. A barragem principal e a central hidro eléctrica foram construídas ao abrigo das duas ensecadeiras. Todo o hetáo foi fome eido por três centrais expressamente cons truídas próximo da barragem. Foi construído um grande descarrega dor de superfície para dar vazão a qualquer água em excesso, o qual foi ligado à barra gem principal por uma barragem curva de betão do tipo de contrafortes — a "barra gem da ala direita".
A albufeira gigante 5. Quando se concluíram as estruturas principais, baixaram-se as comportas do canal de desvio a fim de deter o fluxo da corrente. Nos 40 dias seguintes, a água foi se acumulando por detrás da barragem,
or
so
formando uma montante albufeira da quebarragem, se estendeu 1G0 km para ocu pando uma área de 1550 km2. Itaipu possui 18 geradores com uma ca pacidade de 12 600 MW, aptos a abastecer a totalidade do Paraguai e as grandes cida des brasileiras de S. Paulo e Rio de Janeiro. O canal de desvio linha cumprido a sua missão, e as 12 comportas foram tapadas com betão. Qualquer água em excesso correrá pelo descarregador de superfície.
Como se constrói para resistir ao vento Km 1940, Mundo, ema Tacoma terceira Narrows, maior ponte no pênsil estado do nerável Quanto é urna estrutura, vul elamaior se torna ao vento. Mas,mais utilizan de Washington, KUA, desmoronou se. do tecnologias e materiais modernos, os Nos qualro meses apôs a abertura da pon engenheiros vêm construindo arranhate, até os ventos fracos vinham provocando -céus mais altos e pontes mais compridas oscilações e ondulações no tabuleiro. Aca que resistem aos mais ferozes temporais, bou por se desmoronar com ventos de balançando com eles. (i8 km/h. Felizmente, não houve mortos. Alguns edifícios prevêem maiores osci-
Salvo por pouco. Desde a sua abertura que a ponte de Tacoma Nurrows ondulava e oscilava muito. F.rn 1940. desmoronou se com ventos de apenus 68 km/h. O carro que se vê sobre a ponte pertencia a um jornalista que escapou, rastejando 150 m.
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO laçóes do que outros. O cimo da torre de televisão de Moscovo, de betão, com 537 m de altura, oscila quase 6 m com ven tos fortes. Mas a Torre Sears, de Chicago, tem uma estrutura de aço mais rígida, que não pode oscilar mais de I m. Com muito vento, as pessoas colocadas junto à base de um arranha-céus conse guem vê-lo mover se, e as que se encon tram nos andares superiores provavel mente sentirão esse movimento. Antes de se construir um arranha-céus, ensaiam-se ern túneis de vento modelos à escala do edifício e das imediações para verificar o seu comportamento em termos de oscilações ao vento, lltilizam-se com putadores para simular centenas de en saios com ventos de intensidades diferen tes e provenientes de todas as direcções. Os computadores analisam ainda os esfor ços prováveis suportados pelo edifício. Em Hong Kong, ocorrem habitualmen te três tufões por ano, e, apesar disso, mais de metade da população vive acima do nono piso. Não é de estranhar que a cidade possua um regulamento muito rigoroso para a construção de edifícios em altura o Código de Ventos de Hong Kong. Em 1980, modelos do Hong Kong and Shanghai Bank, com 47 pisos, foram sub metidos aos testes mais completos jamais levados a cabo. Revelaram que as rajadas fortes seriam canalizadas através de um es paço vazio na base da construção, pelo que se incorporaram no projecto janelas de vidro, a fim de evitar que o vento passas se por esse espaço. As janelas, bem como os painéis exteriores, foram fixadas com colas flexíveis para evitar que saltassem quando o edifício oscilasse. Muitos dos grandes edifícios estão pro jectados para suportar ventos que ocor rem na zona apenas uma vez em 1000 anos. Na maioria dos locais da América do Norte e da Europa, os ventos mais fortes não excedem geralmente os 190 km/h, mas noutras parles do Mundo já foram re gistados ventos de 320 km/n. As constru ções têm também um "estado limite". No caso da Torre Sears, esta representa 1,8 ve zes o estado de utilização — o equivalente a suportar ventos com a probabilidade de ocorrerem uma vez em cada 10 000 anos. Se o estado limite for quase atingido, o edi fício provavelmente sofrerá danos irrepa ráveis, mas a sua estrutura ficará intacta. A estrutura aligeirada e a localização ex posta das pontes pênseis, ou suspensas, tornam-nas particularmente susceptíveis aos efeitos do vento. O tabuleiro da ponte pode elevar-se ou baixar com uma força terrível: na verdade, a solicitação imposta pelo vento pode ser muito maior do que a resultante do peso do tráfego. A engenharia reduziu os efeitos do ven to desenhando tabuleiros de ponte de sec ção aerodinâmica para que ofereçam o mí nimo de resistência possível ao vento. 312
Como são erguidas as gruas gigantes?
Como podem as gruas gigantes ser cons truídas sem o auxílio de outras da mesma dimensão? A resposta é que, na sua maio ria, elas se constroem por si próprias a par tir de determinada altura, e algumas conse guem içar-se a si mesmas. As gruas-torres, autoportantes, são ge ralmente fixadas a grandes suportes angu lares de aço profundamente embebidos em betão. A torre é construída em secções de aço com cerca de 6 m de altura que são fixadas entre si. Utiliza-se uma pequena grua móvel para colocar as primeiras secções umas sobre as outras antes de a grua poder começar a autoconstruir-se. Quando a grua móvel já não consegue içar as secções a uma altura suficiente, a grua-torre substitui-a, utilizan do uma secção especial, uma estrutura "tre padora". Esta montada junto ao cimo da torre - é ligeiramente maior que uma sec ção normal e tem um dos lados abertos para receber cada nova secção.
Fase 1. Uma grua móvel monta as primeiras secções de uma grua autoportante (em baixo). Uma estrutura "trepadora" com um lado aberto está pronta a receber noLias secções.
Para aumentar a altura da grua quando a lança e o gancho estão já ligados ao topo da torre, a grua iça uma nova secção, de modo a encaixá-la na estrutura trepadora. Um macaco hi dráulico na base desta em purra então a nova secção até ela se encaixar em cirna, na sua posição própria. Ou-
*
Vista cio alto. Esta grua gigante ergue se bem alto sobre Wasliington. DC. num espaço para escritórios com 93 000 m-, iniciado em 1982.
313
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO ira secção é depois introduzida na estrutu ra trepadora, nesta altura vazia, e colocada na posição devida. A estrutura trepadora sobe então por fora da secção que acabou de levantar e volta a empurrá-la para cima juntamente com o resto da cabeça da grua. Fica nova
mente vazia para receber uma nova sec ção, repetindo se a totalidade do processo. As vezes, pode levar um dia inteiro a acres centar três secções a uma grua. Quando esta atinge a altura pretendida, a estrutura trepadora c geralmente retirada da torre. Outras vezes, a grua funciona
com a estrutura montada. E se a altura da grua precisar de ser alterada periódica mente, a estrutura pode manter-se na torre indefinidamente. Para desmontar a grua, o processo inverte-se — a estrutura trepadora é utilizada para descer as secções em vez de as içar.
Como se soldam metais debaixo de água? A soldadura é actualmente o método mais rápido e económico de se fazer uma repa ração debaixo de água. Anteriormente, as plataformas ou tubagens de petróleo dani ficadas tinham de ser trazidas à superfície para serem reparadas; hoje, um mergulha dor consegue soldar à profundidade de 300 m, mas O trabalho é arriscado e difícil. A soldadura actua pela produção de ca lor suficientemente intenso para fundir dois metais, ligando-os. Há diversos meios de fornecer esse calor, mas só um deles - a soldadura por arco eléctrico - pode ser utilizado debaixo de água. Utilizando uma corrente eléctrica inten sa, pode fazer se saltar num pequeno inter valo entre dois eléctrodos uma pequena descarga, ou arco. No caso da soldadura, a carga vai de um eléctrodo na extremidade de um fio para o metal que necessita de ser reparado e que é, com efeito, o segundo eléctrodo. O calor produzido pela carga tem de ser suficiente para fundir o metal. Desde 1802, quando o cientista britâni co Sir Humphry Uavy descobriu que uma carga eléctrica podia fazer arco dentro de água, que se sabe da possibilidade de sol dar debaixo de água. Mas embora este mé todo tenha sido utilizado temporariamen te na reparação de navios durante a II Guer ra, ele só passou a ser usado em larga esca la a partir dos anos 70, quando aumentou a necessidade de reparações submarinas em plataformas e tubagens de petróleo. I lá duas espécies de soldadura na água. A mais simples é a soldadura "a água mo lhada", na qual um gerador à superfície fornece uma corrente de cerca de 500 A que é conduzida por um cabo isolado até ao mergulhador que faz a soldadura. Para evitar que a corrente se "escape" para a água e enfraqueça, os eléctrodos são reves tidos com cera ou tinta à prova de água. O principal problema com este tipo de soldadura resulta do facto de a água arrefe cer muitotornando rapidamente o metal dura, que vai ser soldado, a soldadura mas também muito quebradiça. O oxigénio e o hidrogénio produzidos pela água devido ao calor da soldadura penetram a solda enquanto esta está quente, o que mais a enfraquece. Outra limitação da soldadura a água molhada é não poder ser efectua da a mais de 90 m de profundidade, dado que a pressão da água se torna demasiada
314
para que a carga eléctrica produza arco. O segundo processo de soldadura subaquática — a soldadura "em câmara seca" pod e ser utilizado a maior pro fundidade e produz soldaduras de melhor qualidade; torna-se, porém, dispendioso. Primeiro, a área a reparar c rodeada por um saco ou caixa de plástico resistente e transparente. Depois, para que a área a sol dar fique seca, introduz-se ar comprimido na caixa, o que expulsa a água nela existen te e impede a entrada de mais água. O fun do da câmara é aberto para que o mergu Ifiador possa, através dele, usar o maçarico de soldar. Por vezes, o mergulhador tem dificuldade em ver como decorre o traba lho, porque o fumo e o vapor de água gera dos lhe obscurecem a vista. Soldaduras mais ambiciosas podem ser efectuadas com uma câmara de alta pres são suficientemente grande para alojar também o mergulhador. Obtêm-se assim melhor es resultados comparáveis aos da soldadura fora de água - , mas o custo é elevado, pois as câmaras têm habitual mente de ser desenhadas especialmente para se adaptarem à área do pipeline ou da junta que necessita de reparação, e têm de fazer-se impermeabilizações muito dis
pendiosas. É necessário pelo menos um navio de apoio, bem como uma grua flu tuante, para descer e içar a câmara. Algumas das câmaras maiores têm es paço para diversos mergulhadores traba lharem e até descansarem entre dois tur nos. Têm sido usadas a profundidades de 300 m ou mais. Com as companhias petrolíferas explo rando cada vez mais fundo, há necessida de de proceder a soldaduras subaquáticas até aos 600 m de profundidade. Os enge nheiros pensam que brevemente será pos sível fazé-lo com o emprego da técnica de câmara seca. Mas para soldar a tão grandes profundidades, é provável que os mergu lhadores venham a ser substituídos por ro bôs de comando à distância.
Como se corta metal debaixo de água Quando mergulhadores cortaram partes da plataforma Magnus, da British Petro leum, num dos locais mais profundos do mar do Norte, estavam mais longe, em tempo, da superfície da Terra do que os astronautas na Lua. Estavam a fazer repara ções em profundidades até 200 m, e, para evitar "a doença dos mergulhadores", tive ram de passar mais de oito dias em des Fogo no fundo do mar. Desde a década de 70 que se têm
construído plataformas de petróleo gigantescas, como esta em Camp Brent. no mar do Norte (à direita). Elas criaram uma nova raça de mergulhadores capazes de soldar e. cortar metais debaixo de água
(à esquerda). Equipas de
mergulhadores podem trabalhar
em conjunto no interior de câmaras de alta pressão a
profundidades de 300 m. Para evitar a "doença do
mergulhador"
situação
dolorosíssima que pcxfe fazer o
sangue ferver . têm de passar oito ou mais dias em
descompressão antes de poderem volíur novamente ao ar livre.
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO
CONSTRUÇÃO E DEMOLIÇÃO compressão antes de poderem voltar à su perfície. O corte subaquático é muitas ve zes necessário para construir ou reparar plataformas ou tubagens de petróleo. Um pipeline danificado, por exemplo, tem de ser cortado com precisão antes de se lhe soldar uma nova secção, pois doutra ma neira a solda não agarra.
Ilá dois métodos básicos de corte suba quático — um deles é o de oxiarco, o outro utiliza explosivos. O primeiro é semelhante à soldadura por arco eléctrico, mas serve-se de uma fonte de oxigénio e de uma corren te eléctrica mais intensa para cortar através do metal, e não apenas para o derreter. Para cortar através de grandes peças de metal,
como a perna de uma plataforma de petró leo que se está a desmontar, utiliza-se o processo de oxiarco para cavar sulcos no metal, nos quais se colocam explosivos plásticos. Desde que se use a quantidade certa de explosivo e que este seja correcta mente posicionado, não haverá prejuízos para a perna além de um corte bem feito.
Os riscos de construir um túnel debaixo de água Fazer um túnel debaixo de água era consi derado impossível até o engenheiro fran cês Marc Brunei e seu filho Isambard lerem construído o túnel sob o Tamisa entre Rotherhilhe c Wapping em 1841. Nos novo anos que levou a completá-lo, o túnel sofreu inundações cinco vezes e morreram pelo menos 12 homens. A água infiltrava -se através do leito do rio e entrava no túnel quando 0 tecto abatia. Os Brunels só conseguiram ter êxito quando inventaram o escudo de avanço, estrutura móvel que suportava a cabeça do túnel e as terras imediatamente a seguir. Os operários escavavam uns metros de túnel e depois forçavam o escudo, por meio de macacos, contra a nova cabeça. A parte recentemente exposta era revestida com tijolos, e o processo repetia-se até a obra terminar. Revestir um túnel até ao escudo signifi cava, pelo menos em teoria, que a única área onde se podia dar uma entrada de água era pela cabeça. E os escudos eram desenhados para serem estanques e pode rem represar uma inundação se ocorresse Na prática, continuou a haver mortes. Em 1908, a primeira tentativa para abrir o túnel de Lotschberg através dos Alpes Suíços, por baixo do rio Kandcr, revelou-se desastrosa. Os geólogos tinham previsto que o túnel passaria por rocha firme e se gura, mas o tecto abriu junto à cabeça e o túnel encheu se rapidamente de terra e água, matando 25. homens. O traçado foi desviado e completado com êxito a mon tante, onde a rocha se mostrou mais sólida. Fazer túneis debaixo de água é ainda uma das proezas mais difíceis e perigosas da engenharia. Têm sido usadas diversas técnicas para reduzir os riscos de inunda ção. Enchendo o túnel com ar comprimi do, o curso da água pode ser contido até
Como muitos outros, o túnel anglo-francês do canal da Mancha foi perfurado a partir de ambas as extremidades. Mas se
qualquer erro traduz ir-se-ia na orientação da toupeira na direcção errada. Habitual mente, é colocado perto da parte de cima
se umadesviado das máquinas do trajecto de perfuração planeado, se ainda tives que fosse I" apenas, ao fim de 25 km teria falhado a outra metade do túnel por mais de 400 m. Para manter as máquinas alinhadas, foi instalado de ambos os lados do túnel do Canal um sistema de guia porlaser. É en viado um delgado "fio" de laser ao longo do túnel, cujo alvo é a parte posterior da máquina perfuradora. O sistema de guia possui um computador destinado a medir a distância já percorrida pela máquina, se ela subiu ou desceu, se se inclinou e se se desviou para a esquerda ou direita. Todas as máquinas de perfuração de tú neis, ou "toupeiras", têm tendência para se desviar num ou noutro sentido. Assim que o computador regista qualquer desvio da linha traçada, guia novamente a máquina para o curso certo, enviando sinais às "sa patas" de direcção — que controlam hi-
do perturbado túnel, onde pelasé menos nuvens provável de poeiraquecalcá seja ria causadas pela perfuração. Antigamente, os engenheiros tinham de apoiar-se nos métodos convencionais de topografia. Ainda hoje se usam teodolitos para medir ângulos horizontais e verticais. Assemelham-se a um pequeno telescópio montado numa base firme, O topógrafo olha pelo teodolito e aponta para um alvo o mais longe possível dentro do túnel, po dendo assim calcular em que medida este está a subir, a descer ou a virar e proceder às necessárias correcções. Uma das mais convincentes provas da eficiência destes processos tradicionais são os dois túneis perfurados pela Canadian Pacific Railroad, através das Monta nhãs Rochosas, entre 1907 e 1909. O propósito dos dois túneis era evitar o mais íngreme trecho de linha férrea da América do Norte, o Big Hill, entre o Kic
haver tempo mento. Se a pressão para se no construir interiorodorevesti túnel igualar a da água no exterior, não entra água nenhuma — como na campânula de imersão. Este método foi utilizado em mui tos dos túneis construídos no século xix, mas tem inconvenientes. E preciso uma grande instalação de compressão com equipamento sempre pronto para preca ver perdas de pressão. Pode também pro duzir nos trabalhadores a "doença do mer-
draulicamente direcçãonos a seguir peladomá quina, fazendoapressão extremos revestimento do túnel. Os sinais transmiti dos a cada sapata ajustam a direcção da toupeira sempre que o túnel tenha de ser construído em curva em inclinação ou na horizontal, conforme o projecto. Como o laser só funciona em linha rec ta, tem de ser deslocado sempre que o tú nel mude de direcção. A sua posição tem de ser definida com grande rigor, pois
king Horsea Pass Mount Stephen, ime diatamente oesteedao fronteira entre Alber ta e a Colômbia Britânica. O problema foi resolvido perfurando na montanha dois túneis em espiral de pequeno ângulo de inclinação. Estes túneis curvavam constan te e lentamente, subindo mais de 900 m, e ambos foram construídos por perfuração a partir das extremidades. Quando as duas metades do primeiro túnel se encontra ram, o seu desvio era de 5 cm apenas.
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gulhador" quando regressam à pressão at mosférica normal. À pressão de três atmosferas (3,1 kg/ cm 2 ), um homem consegue trabalhar apenas uma hora por dia e tem de passar seis horas numa câmara de descompres são. Todas as ferramentas e materiais têm de ser passados através de um complicado sistema de comportas atmosféricas. A perfuração de túneis sob alta pressão é evitada sempre que possível usando se outras técnicas. O solo adiante do túnel é
frequentemente consolidado antes ria per furação, injectando se uma argamassa flui da que, além disso, aumenta a resistência do solo, preenchendo pequenas fissuras. Actualmente, o melhor auxiliar para a abertura de túneis é a "toupeira" grande máquina que não só perfura o solo como protege os trabalhadores, actuando como escudo; pode, além disso, rebocar uma lança que levanta segmentos de betão pré- moldados utilizados no revestimento da maioria dos túneis.
Como os túneis se encontram ao centro
Como foi feito? Muitas das grandes proezas do mundo antigo ficaram durante século
sem explicação. Hoje, os arqueólogos sewem-se de técnicas computorizadas para reconstituir os métodos de trabalho, as culturas e até o aspecto físico dos povos que viveram antes de Cristo.
Como os arqueólogos descobrem as doenças que afectavam os Egípcios, p. 324
Como foram colocadas as estátuas gigantes da Ilha da Páscoa, p. 328
COMO FOI FEITO?
Como foi construída a Grande Pirâmide 1 lá mais de 4000 anos que as Pirâmides de Gize são consideradas uma das maravilhas do Mundo. Mas talvez a maior maravilha seja o modo como os seus construtores conseguiram erigi-las apenas com ferra mentas das mais primárias - sem sequer a roda, que chegou ao Egipto vários sé culos depois de completadas as Pirâmides. Nesta localidade próxima do Cairo, exis tem três pirâmides principais, construídas para sepultura de três faraós egípcios, que possuíam o estatuto de deuses na Terra. A primeira e maior, conhecida por Grande Pirâmide, era o monumento do faraó Khufu (Quéops para os Gregos), que reinou entre 2590 e 2567 a. C. A Grande Pirâmide tem 146 m de altura. A sua base cobre cerca de 5,30 ha, num quadrado com 229 m de lado. Foi construída com cerca de 2 300 000 blocos de pedra, pesando em média mais de 2,5 t cada um. Alguns pe sam mais de 151; as lajes de granito do tecto da câmara mortuária de Khufu pesam 50 t. Até recentemente, antes de se chegar ã conclusão de que estavam a ocorrer dema siados acidentes com turistas, os visitantes eram autorizados a subir por uma das ares tas da Grande Pirâmide até ao cimo. Era este, mais que qualquer outro, o processo de melhor dar a ideia das enormes dimen soes das pedras. Elas formam uma escada gigantesca que nos primeiros tempos não era visível, pois as pirâmides estavam re vestidas por uma deslumbrante cobertura de pedra calcária, que posteriormente foi tirada e usada em outras construções. As pirâmides estão edificadas sobre fun dações de rocha firme. Um afloramento rochoso ali próximo constitui a parle infe rior da Grande Esfinge. I loje, os arrabaldes da cidade do Cairo atingem praticamente as pirâmides, mas quando estas foram construídas o local ficava no meio do de serto. A acomodação dos trabalhadores tinha de ser feita no próprio local, e lodos os seus abastecimentos eram transportados às costas de homens ou burros ou arrastados em trenós. Nesse tempo não se utilizavam no Egipto nem camelos nem cavalos. A ideia da construção de pirâmides não era inédita na altura em que foram erigidos
eram excepcionais - de tal modo que Diodoro Sículo, historiador grego do sé culo i a. C, dizia: "As Pirâmides, ... pela imensidão do trabalho e a técnica da cons trução, causam espanto e respeito àqueles que as contemplam."
Unia morada eterna Os antigos egípcios acreditavam firme mente que, depois da morte, os seus espí ritos permaneceriam vivos, e fizeram os maiores esforços para assegurar que a vida do além lhes fosse benéfica. Quanto mais importante era a pessoa, maiores cuida dos lhe eram dispensados - e as prepara çôes rnais elaboradas para a vida do além eram naturalmente as dos faraós. O primeiro acto de cada novo faraó era encomendar o seu túmulo, cujos traba lhos podiam prolongar se até ao dia da sua morte. Assim se explica por que razão ten tos túmulos reais no Egipto estão incom pletos; os trabalhos cessavam quando o faraó morria, com excepção dos necessá rios para preparar o sarcófago para rece ber o seu corpo. A sepultura seria uma habitação para o seu Ka, espírito, que era um duplicado invi sível do seu corpo vivo. Os Egípcios pensa vam que a sobrevivência do Ka dependia da preservação do corpo, e por esta razão embalsamavam os corpos dos mortos para os conservar. Na vida do além, o Ka precisava também dos objectos que a pessoa usara em vida — as oferendas de
alimentos tiram particularmente impor tantes.
os trêsantiga grandes monumentos a mais pirâmide egípcia de for,]Gize: construí da cm Sakara por volta de 2660 a. C. e a primeira pirâmide verdadeira, de faces li sas, fora mandada erigir pelo pai de Khufu em Darfur Norte. Mas as Pirâmides de Gize As Pirâmides de Gize. Erguendo-se do deserto do Sara. oêem se os monumentos a Khaf-Re, a Khufu (o rnais alto de todos) e a Men Kan Re.
O corte da pedra. Sulcos mostram como os trabalhadores se serviam de grandes cu nhãs de madeira para soltar os enormes blocos de granito na pedreira de Assuão. 319
COMO FOI FEITO?
ANTES DA RODA dos blocos. Os Egípcios conhe As Pirâmides de Gize figuciam apenas dois metais — o ram ainda entre as ouro e o cobre. O pri maiores edificações do meiro ora demasia Mundo. Altas como ar do macio e precioso ranha-céus, foram para cortar pedra, construídas centenas pelo que os trabalha de anos antes da inven dores se serviam de ção da roda. Os Egíp ferramentas de co cios possuíam apenas bre ou de uma pedra ferramentas primitivas para extrair os grandes Os escopros utilizados pura muito dura, o doleri- tíÈL blocos de rocha e os talhar a pedra eram de cobre, to. Dezenas de meta ^k • lúr gico s faziam o ^ o únicopara melai de que dispu afiavam serras, sejado. cortar no Rebocar tamanho os blo de nham ferramentas. escopros e bro cos, alguns com 50 I, cas de cobre. Os cabos das fer desde as pedreiras e colocá-los em po ramentas eram de madeira for sição tinha de ser feito com bois e gru te e seca. Os instrumentos de ni pos de homens com nomes como Gru po do Barco, Grupo Vigoroso e Grupo velaçáo e medida eram geralmente feitos de corda ou de tiras de couro pre do Norte. Estes nomes estão ainda sas a hastes de madeira. marcados a ocre vermelho em alguns Maço de madeira. Usava-se para percutir os escopros de cobre, bem como para introduzir cunhas de madeira ou cobre no granito pura o separar do leito da rocha. Serrote Utilizaoam-se
serrotes de cobre para cortar blocos de pedra macia. Com eles, os carpinteiros também grandes postes decortavam madeira os usados como alavanca para colocar no lugar os blocos de pedra.
Hastes e balanceiros Para verificar se as faces dos blocos estavam planas, usavam-se bastes de madeira ligadas por cordéis. No
Enxó. Os carpinteiros serviam-se das enxós com lâmina de cobre como de uma plaina. Os objectos de madeira podiam assim ser alisados e afeiçoados.
estaleiro, os blocos eram colocados em balanceiros de madeira
por forma a serem deslocados para os respectivos lugares com
maior facilidade (em baixo).
Broca. As brocas
de cobre eram feitas girar por um cordel atado a um travessão movido para trás e para diante
como o arco de um violino.
Usavam se para fazer mobílias
e ferramentas de madeira.
320
Pilões. Podem ainda
verse as marcas
feilas pelas bolas de dolerilo na extracção do granito.
COMO FOI FEITO^
NIVELAMENTO POR AGUA Os Egípcios sabiam que a água se nivela na horizontal e por isso escavaram uma rede de canais no locai de construção das pirâmides e encheram-nos de água (I). Depois, marcaram 0 nível da água nas paredes dos canais (2). Em seguida, drenaram a água, cortaram as paredes até às marcas (3) e encheram os canais com cascalho (4).
A principal função do túmulo ora prote ger o corpo c os bens no seu interior contra os ladrões de sepulturas. Mas as pirâmides eram também construídas para demons trar o poder e a riqueza dos seus ocupan tes. Os faraós foram enviados para o além acompanhados de tesouros fabulosos. Os nobres também possuíam riquezas no seu túmulo, e mesmo as pessoas relativa mente pobres eram enterradas com al guns recipientes de comida. Um «exército» de camponeses Por muitas coisas que lhes faltassem, havia duas que os faraós tinham a seu favor: tem po e uma mão de obra praticamente ilimi tada. 0 historiador grego I leródoto diz que na tarefa foram utilizados 100 000 homens, trabalhando três meses de cada vez. Ileró doto transmitia o que lhe fora dito pelos sacerdotes egípcios do seu tempo (c. 450 a. C), e as suas afirmações têm fundamen to: todos os anos, durante três meses, o Nilo inundava as terras aráveis e os ho mens do campo não podiam cultivá-las, pelo que, durante esse período, havia dis ponível uma vasta reserva de homens. Heródoto afirma que a construção da Grande Pirâmide durou 20 anos, além dos 10 de preparação do local e da construção de dois templos funerários e de um passa diço que os ligava e que também foi utiliza do no transporte de pedras desde o Nilo. Em qualquer dado momento estavam em pregados no local da construção provável mente cerca de 4000 operários especiali zados, mas muitos outros haveria nas pe dreiras e no transporte das pedras até Gize. O trabalho de construção das pirâmides iniciou se pela extracção dos blocos de pe dra e pelo seu afeiçoamento até às medi das exactas. A principal pedra utilizada foi omocalcário. Algum foi extraído do estaleiro dadeste constnição, mas ospróxi cal cários finos utilizados na cobertura exte rior das pirâmides veio de pedreiras situa das em Tura, à distância de cerca de 13 km, na outra margem do Nilo. No reveslimento das câmaras interiores usou-se o granito proveniente de pedreiras em Assuão, 960 km a montante. O calcário é uma rocha sedimentar que tende a fracturar segundo os seus planos
de sedimentação, ou camadas horizon tais, tendendo igualmente a formar fissu ras verticais. Ambas estas características auxiliavam a extracção. O granito é uma rocha ígnea que não possui o mesmo tipo de clivagem natural que o calcário. Na sua superfície acen d iam se fogueiras e, quando a pedra estava bastante aquecida, deitava se lhe água por cima. O arrefecimento brusco provocava a quebra da superfície irregular, revelando por baixo granito de melhor qualidade. Cada bloco tinha de ser cortado nos qua tro lados, batendo-lhe com bolas de dolerito, uma rocha ainda mais dura que o grani to. A seguir, o lado inferior dos blocos era libertado da rocha. Os pedreiros abriam fendas ao longo da linha da base e introdu ziam nelas grandes cunhas de madeira Es tas eram então ensopadas em água para fazer a madeira inchar e quebrar a rocha. O talhe e o afeiçoameiito posteriores do calcário e rio granito eram feitos com o auxilio de escopros de cobre, que rápida mente se embotavam, e também com bo las de dolerito. Algumas destas bolas foram encontradas nas pedreiras de Assuão. O trabalho mais tosco seria feito nas pe dreiras, mas os acabamentos executavamse no local da construção, onde trabalha vam os pedreiros especializados. Os enor
mes blocos de pedra eram montados em balanceiros de madeira e basculados até à sua posição no estaleiro. Enquanto as pedras eram extraí das, o local da construção tinha de ser preparado. A sua terraplenagem lerá sido feita do mesmo modo que a extrac ção da pedra, primeiro com pilões de dole rito, depois com escopros de cobre, e foi provavelmente executada por pedreiros especializados. Os Egípcios não possuíam níveis de bo lha de ar, mas sabiam que a superfície da água se nivela na horizontal. Assim, fize ram uma vala em redor da colina em que assentam as pirâmides, alimentada com água do Nilo trazida por um canal escava do para o efeito. I leródoto diz que a água transformou a colina numa ilha. O local da pirâmide propriamente dito pode então ser fechado com muros de lama e enchido com água, que era elevada do canal alimentado pelo Nilo por meio de shadufs — as "cegonhas" de balde e con trapeso, ainda hoje usadas em vários pai ses do Mundo. Os trabalhadores abriram depois uma série de canais no local, escavando até ao nível da água, por forma que todo o terreno pudesse ser nivelado. Na realidade, no caso da Grande Pirâmide, não se preo cuparam em nivelar a totalidade da área: deixaram no meio uma parte da colina c construíram a pirâmide em seu redor. Há um pequeno erro no nivelamento ria plataforma na base da Grande Pirâmide: ela está muito ligeiramente inclinada para cima do vértice noroeste para o vértice sudeste. Tem sido aventado que este erro terá ficado a deverse ao facto de ler sopra do um vento forte no dia em que foram determinados os pontos de nível — o que terá feito subir a água nos canais. Houve o maior cuidado na orientação das pirâmides. Particularmente a Grande
COMO FORAM LEVADOS OS BLOCOS Os blocos foram arrastados A rampa crescia ao mesmo tempo que por uma grande rampa a pirâmide — camada a camada - e de lama, tijolos _.— • íp . ia ficando mais estreita. Não se suba ao cerfo e cascalho. ^L."^ Quantas rampas foram usadas — talvez só uma ou talvez quatro, uma ^,0V para cada lado. '.Via
*ÊSÊ£-
A rampa foi desmontada à medida que foi sendo colocado o revestimento da pirâmide - de cima pura baixo. .^<8®§
:52i
COMO FOI FEITO? Pirâmide, está colocada de modo que as suas faces estejam voltadas quase exacta mente a norte, sul, leste e oeste. Os astró nomos egípcios possuíam conhecimen tos consideráveis e, obviamente, alinha ram o local com uma estrela de certa im portância. Pensa-se actualmente que terá sido a Alfa do Dragão, que então se encon trava próxima do pólo norte celeste. Estabelecer ângulos rectos nos vértices das pirâmides não terá sido problema para os Egípcios, que já conheciam o facto de que um triângulo com lados de três, quatro e cinco unidades forma automaticamente
ção das enormes pedras desde a pedreira até ao local da construção teve de ser exe cutada à custa da força de homens. Pintu ras murais do Egipto mostram que se utili zavam grandes equipas de homens na mo vimentação das grandes cargas ou no alar das barcaças ao longo das margens do rio. Grupos de homens puxavam as pedras ao longo de calçadas, sobre trenós de ma deira, desde as pedreiras até ao Nilo, que corria próximo. Na sua maioria, os blocos foram provavelmente transportados en quanto o Nilo estava em cheia, para que grande parte da jornada pudesse fazer-se
um recto. para Possuiriam aindaseme esqua drosângulo de madeira construção, lhantes aos utilizados actualmente pelos construtores e pedreiros, fios-de-prumo e cordéis para verificar as linhas rectas. Tão bem trabalharam os topógrafos de Khufu que os lados da Grande Pirâmide não têm diferenças superiores a 18 cm nos seus 230 m de comprimento. A altura srcinal da Grande Pirâmide era de 146,60 m. Perdeu já as fiadas superio res, bem como o respectivo revestimento, e tem agora 137 m, com uma plataforma quadrada no topo em vez de um vértice. Antes de se ter começado a erguer a es trutura, foi escavada na rocha, abaixo da base, uma câmara funerária: trata-se, pro vavelmente, de uma precaução para a eventualidade de a morte de Khufu ocorrer antes de completada a pirâmide. Tendo à disposição apenas alguns bur ros e possivelmente alguns bois, a desloca
por cordasem e alavancas, as pe dras água. eram Com carregadas barcos ou janga das, sendo depois transportadas pelo rio até ao início da calçada que conduzia ao local da construção. Utilizava-se areia ou fragmentos de ro cha dura para polir as pedras, de modo que se ajustassem perfeitamente: as juntas en tre elas atingiam um rigor inferior a 5 mm, não apenas nos bordos, mas numa área de 3,25 m2. As juntas entre os blocos de calcá rio do revestimento eram ainda mais rigo rosas: não cabe nelas uma folha de papel. Os blocos eram arrastados em trenós, subindo rampas provisórias, até aos seus lugares na pirâmide. Para depois colocar e acertar os blocos de cima sobre os de bai xo, utilizou-se provavelmente como lubri ficante uma argamassa fina entre as duas superfícies. Disseram a Heródoto que as pirâmides tinham sido terminadas de cima para bai-
COMO FOI SEPULTADO O FARAÓ Quando Khufu morreu, em 2567 a.C.o seu para o corredor ascendente, agora bloquea corpo foi embalsamado e envolvido em li do pelos blocos de granito. Depois de os gaduras. Depois de muitos rituais, que se sacerdotes e operários terem saído do corre prolongaram por várias semanas, o seu dor ascendente — a única entrada para a corpo foi trazido para a Grande Pirâmide. pirâmide —, este foi fechado com uma porta O caixão de madeira foi transportado pe de pedra que foi rodada até à sua posição (9). los sacerdotes ao longo do baixo e estreito Ajustava-se de tal maneira ao vão que era corredor (l), através da Grande Galeria (2), quase impossível descobri-la. Como última até à Câmara Funerária (3), onde foi colo barreira contra ladrões, a entrada foi coberta cado no sarcófago de pedra (4). com a pedra de revestimento. Quando as últimas cerimónias termina Mas houve sempre ladrões altamente ram, os sacerdotes, ou trabalhadores sob eficientes. Em certa altura, provavelmente as suas ordens, começaram a fechar o tú não muito depois do funeral de Khufu, es mulo para evitar que os ladrões chegassem ses ladrões conseguiram penetrar na pirâ ao faraó e aos seus bens. Primeiro, deita mide. Quando exploradores europeus aí ram abaixo os apoios que suportavam três entraram no século xvi, apenas encontra grandes portas corrediças de pedra (5) à ram o sarcófago vazio. Tudo o resto fora entrada da Câmara Funerária, encerrandoretirado, incluindo a múmia do rei e a tam -a. Depois, desmontaram os andaimes da pa do sarcófago. Relatos árabes contam Grande Galeria, e mais três enormes blocos que alguns despojos foram encontrados na de granito deslizaram pelo corredor até a Câmara da Rainha, mas tratava-se quase um ponto em que este estreitava. Ali se deli certamente de funerais posteriores. veram, bloqueado a entrada (6). As outras duas pirâmides foram também saqueadas na Antiguidade. Exploradores Os sacerdotes e os operários terão então do século xix descobriram apenas um sar saído, descendo por uma chaminé vertical cófago no túmulo de Menkau-Re, neto de (7) que liga a Grande Galeria à galeria des Khufu, juntamente com algumas ossadas. cendente que conduz à primeira Câmara Perto encontrava-se parte de uma tampa Funerária. Bloqueada a entrada da chaminé de caixão com uma inscrição que a identifi com uma laje de pedra, percorreram a gale cava como sendo de Menkau-Re. ria descendente (8), passando da entrada 322
xo. Tendo a rampa atingido o topo, foi co locada a pedra de fecho, e os pedreiros começaram a polir o revestimento de fino calcário branco. À medida que o trabalho avançava, a rampa ia sendo gradualmente desmanchada.
Construção da câmara funerária Quando a pirâmide atingiu uma dada altu ra, foi construída uma segunda câmara fu nerária um pouco acima do nível do solo. Foi também uma precaução para o caso de Khufu morrer prematuramente, pois esta não era ainda a câmara funerária defi nitiva: essa42foimconstruída coração da pirâmide, acima do no nível do solo. A entrada para a Grande Pirâmide foi tão bem disfarçada que durante muito tempo desafiou os exploradores e os arqueólogos; situa-se na face norte, a cerca de 16,75 m de altura. Começa com um corredor que des ce com uma inclinação de cerca de 26° e que vai desembocar na primeira câmara funerária, não utilizada. Na sua parte inicial, ao nível do solo, uma passagem em tempos escondida com uma porta de pedra ergue-se com grande inclinação. É tão baixa que as pessoas têm de dobrar -se ao meio para conseguirem per corrê-la. Na extremidade, um corredor horizontal leva à câ mara funerária n." 2, hoje er radamente chamada Câ mara da Rainha: jamais alguma aí esteve sepul tada.
COMO FOI FEITO? A passagem ascendente continua até à chamada Grande Galeria, que mede 46 m de comprimento e 8,5 m de altura e tem um banco a todo o comprimento de um e outro lado. A Grande Galeria foi utilizada para guardar, em andaimes erguidos aci ma dos bancos, três enormes blocos de granito destinados a selar a entrada. Na sua extremidade fica a câmara fune rária definitiva, sala simples com 5 x 10 m aproximadamente e um tecto a 6 m de altura feito com nove enormes blocos de pedra. Para aliviar parte do peso dos blo cos do tecto, existem sobre ele cinco com partimentos de suporte, encimados por um tecto de duas águas. Duas pequenas chaminés conduzem ao exterior, dirigidas uma ao norte, a outra ao sul. Tinham provavelmente uma ori gem ritual - talvez fossem entradas e saí das para o Ka do rei. A câmara contém um grande sar\ cófago de pedra, grande demais para ter sido trazido através da passagem de entrada. Tal como \ Nas pedras que echam f a Grande Galeria, deve ter sido co locado no seu lugar en quanto se construía a pirâmide.
COMO FOI FEITO?
Doenças dos antigos egípcios reveladas aos raio s X 0 termo "múmia" deriva da palavra árabe "murniya", que significa "belume", pois os egípcios de língua árabe de tempos mais recentes pensavam que os corpos eram embebidos em betume para serem preser vados. Embora isso não seja assim, as ra diografias mostram que algumas das liga duras de linho utilizadas eram embebidas numa mistura contendo belume. Os corpos mumificados dos antigos reis e nobres egípcios eram sepultados em tú mulos — por vezes pirâmides (p. 319) repletos de objectos domésticos e alimen tos, pois os Egípcios acreditavam que o corpo tinha de ser conservado para que o espírito nele pudesse reentrar na vida do além. As múmias têm sido úteis para a in vestigação científica da evolução humana. Os estudos baseados em radiografias têm contribuído para aumentar os conheci mentos sobre os métodos de mumifica ção, além de fornecerem informações so bre a saúde em geral, no antigo Egipto. Cientistas americanos munidos de apa relhos portáteis radiografaram as múmias reais do Museu Egípcio do Cairo entre 1967 e 1978, mas como as múmias não podiam ser deslocadas, tiveram de ser radiografa das através dos caixões de madeira. As 17 múmias do Museu de Manchester, em Inglaterra, foram radiografadas em me lhores condições em 1975. Uma das mú mias foi, além disso, desenfaixada.
Na marquesa. Com equipamento espe ciai. as múmias foram radiografadas sob todos os ângulos e as radiografias apresen tadas em écrans.
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As radiografias dos faraós do Novo Im pério (c. de 1600 a 1000 a. C.) do Museu Egípcio forneceram resultados que puse ram em questão algumas rias iriades e pa rentescos das dinastias reais alé então acei tes. A idade da morte avaliada pelas altera ções no esqueleto mostrou que, na sua
maioria, os faraós morreram mais novos do que se pensava. Análises computoriza rias das medirias cranianas revelaram dife renças notáveis entre faraós que se supu nha serem parentes — sugerindo que não pertenciam à mesma família. As radiogra fias mostraram também que muitos faraós e suas mulheres sofriam de artrite.
Dores de dentes egípcias Embora os antigos egípcios não sofres sem, de forma geral, de cárie dentária, ti nham muitos outras problemas de dentes e maxilares. As radiografias mostraram que os dentes rias múmias estavam muito gastos, o que deveria certamente causar mal eslar, além de inflamações ou doen ças crónicas rias gengivas. Há lambem ves tígios cie abcessos, e muitas múmias apre sentam anomalias do maxilar. Os Egípcios comiam muito pão, mas não era só a aspereza rios cereais que pro vocava problemas dentários: era também a quantidade de areia que comiam com o pão e que era soprada pelo vento para o cercal em todas as fases ria colheita e da preparação da farinha e introduzida nos moinhos manuais para auxiliar a moa gern. A areia provocava ainda outros pro blemas: o tecido pulmonar de uma mú mia do Museu de Manchester, examinado ao microscópio electrónico, revelou uma doença pulmonar por inalação de areia.
Sob as ligaduras. As radiografias de uma múmia desenfaixada em 1975 revelaram tratar se de uma menina de cerca de 14 anos. Faltavam-lhe as partes inferiores de ambas as pernas, substituídas por mem bros artificiais (em baixo). Os ossos mos tram que as pernas foram amputadas ime diatamente antes ou a seguir à morte — por motivos que se mantêm misteriosos
COMO FOI FEITO?
A PREPARAÇÃO DE UMA Ml MIA 0 estudo das múmias de várias épo cas revelou que as técnicas e o grau de perícia utilizados variaram ao longo do período em que se praticou a mumificação — desde cerca de 2800 a. C. até à invasão árabe, por volta de 640 da nossa era. A técnica teve o seu apogeu por volta de 1000-950 a. C, quando os sumos sacerdotes de Amon (o rei dos deuses) eram todo-poderosos — na altura em que Salomão e David ocuparam o trono de Israel. processo, segundo a descrição do Ohistoriador grego Heródoto, que escreveu por volta de 450 a. C, levava 70 dias. Havia, segundo ele, três cate gorias e três preços. Na mais dispen diosa, o cérebro era extraído pelas na rinas, c o conteúdo do tórax, em geral, com a excepção do coração, era re movido através de uma incisão feita num lado com uma faca de sílex. De pois, o corpo era posto a secar. No processo mais barato, os órgãos inter nos não eram retirados, e o corpo era injectado com óleo de cedro antes de secar. No mais barato de todos, o cor po era simplesmente secado. Heródoto escreveu numa época em que esta técnica estava em declí nio. Em geral, nas épocas anteriores, removiam-se os órgãos internos e o cérebro, e o corpo era enchido com uma mistura que incluía serradura, li nho e lama. A secagem levava cerca de 40 dias, cobrindo-se o corpo com natrão se co - composto salino de ocorrência natural semelhante a carbonato de soda Durante os restantes dias, o corpo era banhado com óleos, adornado, en faixado e submetido aos ritos religiosos. As ligaduras exteriores eram impreg nadas com cera de abelhas e coladas com uma gelatina. Os órgãos internos eram igualmen te secados com natrão antes de serem guardados junto ao corpo em quatro vasos selados, os vasos canopos. Mas noutra época os órgãos eram embru lhados e utilizados como parte do en chimento do corpo. Sobre a múmia era colocada uma máscara da face e tórax, feita de uma cartonagem fabricada com linho e gesso, a qual podia ser dourada e dota da de olhos e sobrancelhas. A múmia podia ser colocada num caixão de ma deira moldado ao corpo, depois num caixào de madeira rectangular e final mente num caixão exterior, o sarcófa go, frequentemente talhado em pedra A decoração dos caixões incluía poe mas rituais destinados a proteger o es pírito na sua viagem.
Como os cientistas reconstituem os rostos do passado Tendo apenas um crânio como base do seu trabalho, os cientistas servem-se dos seus conhecimentos de anatomia para re constituírem a cabeça e a face de pessoas que viveram há séculos.
Em 1977, na aldeia grega de Vergina, per to de Salonica, os arqueólogos descobri rarn um túmulo que há muito procura vam. Ali próximo havia as ruínas do que se acreditava ter sido a capital, há muito per
RECONSTITUIÇÃO DE UMAem Ml 1975, MIA a sua face foi Depois de a múmia de uma adolescenteDA ter FACE sido examinada "ressuscitada" a partir do crânio reconstituído. Nunca se saberá quem ela era, m;is ambas as pernas tinham-lhe sido am putadas. Gozava de pouca saúde — os dentes mostravam que se alimen tava quase só de líquidos.
Ponto de partida. 0 crânio da adoles cente tinha apenas os ossos faciais intac tos. Os pedaços foram moldados em plástico e us partes que faltavam preen chidas com cera.
Adolescente egípcia. O
rosto foi construído em barro (em cima) sobre um molde de gesso do crânio reconsti tuído. Colocou-se-lhe um lá bio superior curto, muitas ve zes associado à constrição nasal, porque era óboio que tinha respirado principal mente através da boca. Tam bém a corrosão do osso em torno dos dentes superiores da frente se devia provável mente às gengivas inflama das, resultado da constante respiração pela boca. O mo delo final em argila foi molda do em cera, e a cabeça pinta da e dotada de olhos e cabelo para nos mostrar (à direita) um rosto de há cerca de 2000 anos.
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COMO FOI FEITW
O ROSTO DE FILIPE DA MACEDÓNIA
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A carne e os músculos foram modelados com argila ate à altura marcada ern cavilhas de referência.
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Moldes de gesso de pedaços de um crânio encontrado numa sepultura grega em 1977 foram montados por cientistas britânicos, que procuravam provar tratar-se do crânio de Filipe II, rei da Macedónia em 250 a. C. e pai de Alexandre, o Grande.
As zonas mais escuras no crânio são panes que fal tavam e se preencheram com barro. A órbita direita revelava ferimentos.
elida, dos reis macedónios, dos quais o mais famoso fora Alexandre, o Grande. O Prof. Manolis Andronicos, que chefiava a equipa de arqueólogos, estava convenci do, em face das riquezas contidas no túmu lo, de que o seu ocupante era o pai de Alexandre, Filipe II da Macedónia, extraor dinário guerreiro e estadista que fora assas sinado no casamento da filha, em 336 a. C,
começou a construir um modelo ria carne. Primeiro, fixou pequenas cavilhas de ma rieira no crânio modelo ern 23 pontos, nos quais se conhece a espessura média de carne nos crânios actuais. Seguidamente, Neave modelou em argila os músculos da cabeça e os outros tecidos moles. Introdu ziu um olho de vidro na cavidade orbital esquerda e modelou o olho lesionado se
aos Durante o seu 23 anos.46eleanos. não só acabara comreinado as lutasde inter nas na sua Macedónia natal, como domi nara toda a Grécia, lançando, além disso, as bases para as conquistas de seu filho. 0 problema era provar que os restos mal cremados no caixão de ouro maciço pertenciam a Filipe. Entre eles, encontrava-se o crânio em pedaços, e a partir dele um grupo de cientistas ingleses, no princí pio da década de 80, provou que os restos eram, de facto, de Filipe ria Macedónia. O anatomista do grupo, o Dr. Jonathan Musgrave, da Universidade de Bristol, achou que os danos causados pelo fogo durante a cremação não tinham afectado gravemente os contornos do crânio, e Ri chard Neave, da Universidade de Man chester, lançou-se ao trabalho de reconsti tuição da face, começando por tirar mol des de gesso dos pedaços do crânio. Intrigou-o uma grave deformação em redor da cavidade ocular direita, mas cirur giões plásticos disseram lhe que a sua re constituição do crânio estava correcta. A deformação devia-se a um terrível ferimen to que lhe causara a perda de um olho. O arqueólogo rio grupo, o Dr. John Prag, do Museu de Manchester, confirmou que Fili pe perdera um olho em 354 a. C. devido ao ferimento de uma seta. Uma vez reconstituído o crânio, Neave
gundo aparência da cicatriz de machado um feri mento aparecido — um golpe de sofrido por um lenhador. O modelo acabado foi copiado em cera e pintado. Havia poucas ou nenhumas in dicações quanto à cor da pele de Filipe: os
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A cabeça acabada mostra a ci catriz do olho direito. escritores da Antiguidade apenas o descre viam como tendo barba, pelo que lhe foi dada a cor típica de um europeu meridio nal de meia-idade. O fado é que o modelo se assemelha muito às efígies nas meda lhas e moedas e a uma miniatura de mar fim encontrada no túmulo. Richard Neave e os seus colegas recons tituíram também a face do homem de Lindow — um homem da Idade do Ferro cujo corpo, preservado mas deformado, foi en contrado numa lurfeira no Norte de Ingla terra. Aqui, a técnica foi ligeiramente dife rente, pois todo o corpo se conservara, In cluindo os tecidos moles. Mas porque a
RECONSTITUIÇÃO DO HOMEM DE LINDOW
Em 1984. foi encontrado um corpo deforma do em Lindou) Moss, turfeira no Norte de Inglaterra. Era o de um homem com cerca de 25 anos aparentemente estrangulado na época celta, há 2000 anos.
A partir de radiografias e de fotografias dos despojos do homem, fez-se um modelo do seu crânio.
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COMO FOI FEITO?
Como se fabricavam ferramentas e armas na Idade da Pedra
Um molde em cera colorida revela a face do
rei Filipe, assassinado em 336 a. C. cabeça c a face estavam deformadas pelo longo enterramento, as feições encontravam-sc quase irreconhecíveis. Fez-se um modelo do crânio com o au xilio de fotografias e radiografias. O lado direito do crânio eslava terrivelmente de formado e teve de ser reconstituído a partir rio lado esquerdo. Os olhose foram reconstituídos com de as dimensões a cor que teriam os olhos um celta daquela época — semelhantes aos de uma pessoa actual, com as íris cinzento-azuladas. 0 resultado foi um ho mem com o aspecto, segundo Neave, "muito parecido com o que teria pouco antes de morrer". Media cerca de 1,70 m de altura e pensa-se que foi estrangulado, pro vavelmente numa execução ritual.
Os segredos do crânio A partir rio crânio, um perito consegue cal cular a idarie de uma pessoa — um adulto tem os dentes gastos e os ossos sólidos completamente soldados. O sexo é geral mente determinado porque a mulher tem o crânio menor e o maxilar mais delicado que o homem. O"feitio rio crânio indica a raça. Um dos pioneiros rias técnicas utiliza das por Richard Neave foi o cientista russo Mikhail os Gerasimov, que morreu em30, 1970. Iniciou seus trabalhos nos anos e entre as cabeças que reconstituiu incluem -se as de Tamerláo e de Ivan, o Terrível. Os cientistas forenses estão agora a en saiar um processo de reconstituição de fa ces pela medição do crânio com raios de laser. Precisam de um crânio completo para poderem trabalhar, mas conseguem em poucos dias uma imagem tridimensio nal num écran de computador.
0 homem utilizava utensílios de pedra 2 milhões e meio de anos antes de o metal ser usado pela primeira vez, há uns 8000 anos, no Médio Oriente. As pedras eram transformadas em facas, raspadores, ma chados, serras, foices, martelos c pontas de armas. Ainda agora, a pedra é o único ou o mais adequado material disponível para o fabri co de ferramentas em muitas regiões. A sobrevivência dos trabalhos em pedra, ou talhe, entre os aborígenes australianos, por exemplo, e o fabrico de pederneiras para espingardas na Europa dão aos ar queólogos conhecimentos muito úteis so bre as técnicas utilizarias há milhares de anos. Desde os tempos mais remotos, a maté-
Fabrico de uma lança de pedra Esta ponta de
Lascando a pedra. Com uma pedra separaoa-se uma lasca para a ponta de lança.
Afeiçoamento. Retiravam se lascas mais pequenas com um macete de osso.
lança pedra foi feitadepelo método anti go (à direi ta).
Acabamento. Com um ponteiro de mudei ra obtinha se uma ponlu delgada.
Lança terminada. A afiada ponta de sílex era atada, ou colada com resina, a um cabo comprido de madeira.
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COMO FOI FEITO? ria-prima para o fabrico de ferramentas de pedra era exlraída de rochas expostas ou dos leitos dos rios. Em muilas regiões, as únicas pedras disponíveis eram rochas ás peras ou cristalinas, como o basalto ou o quartzo, muito difíceis de trabalhar, mas mesmo há 2 milhões de anos os artesãos conseguiam fazer com elas ferramentas úteis. As rochas de grão fino, como o sílex, a cornalina e a obsidiaria, são ideais para o fabrico de ferramentas, porque a sua frac lura é regular. Os Egípcios extraíam a cor nalina para o fabrico de ferramentas há 30 000 anos, e na Kuropa, há uns 4000 a 6000 anos, os agricultores primitivos abriam poços no calcário para extracção da rocha ao longo dos veios de sílex.
As primeiras ferramentas Os povos primitivos aprenderam a lascar um bloco de pedra martelando-a próximo de uma aresta com outra pedra. É a cha mada lascagem. A parte principal da pedra podia ser trabalhada de forma a fabricar uma ferramenta pesada como um cutelo,
e as lascas dela tiradas transformadas em ferramentas leves como raspadores. Para lascar uma pedra, segurava se nela com uma das mãos ou contra a coxa, ou por vezes assentava-se numa pedra-bigorna. Depois, balia se-lhe com uma pedra -martelo para fazer saltar uma lasca. Segui damertte, virava-se a parte principal para tirar uma lasca da outra face. Os bordos eram aguçados tirando-se-lhes pequenas lascas com um martelo macio de osso, haste de animal ou madeira e às vezes por lascagem por pressão — pressionando as lascas com urna ponta de madeira ou osso, técnica usada no fabrico de delgadas pontas de lança e de seta. Lascando a pe dra com cuidado, os artesãos conseguiam separar lascas do tamanho e formato que quisessem. Este processo é usado desde há cerca de 30 000 a 90 000 anos. Durante mais de 2 milhões de anos, as ferramentas de pedra foram agarradas com a mão. Só há uns 200 000 anos come çaram a ser dotadas de cabos, e as lanças com ponta de pedra só se vulgarizaram na
Europa há cerca de 35 000 anos. As pedras que se introduziam nos cabos eram fixa das com fibras ou resinas vegetais, estas últimas por vezes misturadas com cera de abelhas ou betume. No fabrico de setas, lanças e arpões utilizavam-se pequenas farpas de pedra, afia das e finamente trabalhadas. Estas peque ninas lascas, ou micrólitos, eram utilizadas como facas ou senas, montadas como den tes de uma sena ao longo de um pau. Este método de fabrico de ferramentas apare ceu pela primeira vez na Kuropa há cerca de 14 000 anos, mas achados arqueológicos no Sri Lanka em 1988 confirmam que os caçadores da região o usavam há uns 30 000 anos, aproximadamente na mesma altura que os caçadores da Africa Austral. 1 lá cerca de 8000 anos, os agricultores primitivos começaram a usar novas técni cas de abrasão e polimento para dar às ferramentas um fio de corte mais eficiente. A pedra de amolar era uma rocha dura que se molhava, e usavam se grãos de areia como abrasivo.
Como foram feitas as estátuas da ilha da Páscoa? Centenas de estátuas gigantes dominam uma longínqua ilha do Pacífico com ape nas 100 km2 de superfície e cerca de 1600 habitantes. A ilha é conhecida por ilha da peus no desde Páscoa, Domingo que foi de Páscoa descoberta do ano por euro de 1722. Embora se vejam algumas estátuas, chamadas moai pelos Polinésios, ao longo de estradas antigas, elas foram esculpidas para adornar altares costeiros, conhecidos por ahu. Até hoje, foram registados 239 ahu. Trata-se de plataformas feitas de enor
mes blocos de pedra que chegam a atingir 00 m de comprimento. Nalgumas foram encontradas sepulturas: os corpos eram colocados nos ahu até ficarem em esque letos, e os ossos eram depois enterrados em criptas por baixo deles. Existem perto de 1000 estátuas gigantes na ilha da Páscoa. Têm alturas entre 1 e 21 m e representam provavelmente chefes fa mosos ou antepassados remotos dos ilhéus que as ergueram. A maior estátua alguma vez erigida so bre um ahu media 9,80 m de altura. Jaz
agora partida no chão — intencionalmen te afastada do ahu ninguém sabe porquê, Calcula-se que um grupo de 90 homens teria levado 18 meses a esculpi-la e a pó la em posição. Desde que o mundo ocidental conhece a ilha da Páscoa, nunca a sua população excedeu 4000 pessoas, mas em tempos mais recuados esse número era muito maior. As estátuas não apresentam marcas que pudessem ter sido causadas pelo seu transporte, o que sugere que tenham sido utilizadas grades protectoras de madeira Hoje, a ilha praticamente não possui árvo res, embora esteja agora provado que foi em tempos densamente florestada. Assim, haveria madeira suficiente para a constru ção de trenós para o transporte. As estátuas foram esculpidas em tufo, rocha composta por cinzas vulcânicas comprimidas do Rano Raraku, modesto pico vulcânico no Leste da ilha. Algumas das estátuas têm "chapéus" no alto da ca beça, esculpidos numa pedra chamada es cória vermelha. O maior chapéu mede 2,40 m de diâmetro, 1,80 m de altura e pesa menor. 11,5 t, Foram mas a maioria extraídosé de consideravelmente pedreiras no Punapau, pico vulcânico pouco elevado no Sudoeste da ilha. Nas pedreiras de Rano Raraku ainda po dem encontrar-se ferramentas abandona das. Designadas por tofti na línguarapa nui
Nascimento de um «moai». Estátuas parcialmente esculpidas enconíram-se ain da no seu leito de rocha vulcânica. 328
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COMO KOI FEITO? de centenas de anos, que terminou cerca de 200 anos antes da chegada dos primei ros europeus, no século xvm. Perto do cimo da pedreira vêem se pa res de buracos com cerca de 1 m de profun didade abertos na rocha. Estão ligados no fundo por meio de um canal e parece te rem sido usados para passar cordas. Perto dos buracos há marcas, obviamente feitas por cordas que chegavam a 10 cm de es pessura e que eram provavelmente entran çadas de fibras de plantas como o hibisco. Vigas de madeira horizontais colocadas em canais de pedra serviam para atar as cordas, como acontecia também com abi tas talhadas em saliências de rocha. Com o auxilio das cordas, as estátuas eram lentamente descidas pelas encostas de pedra e cascalho do Rano Raraku. Há 103 estátuas em pé nas encostas mais bai xas do Rano Raraku, muitas delas enterra das quase até ao pescoço. As escavações mostram que elas eram feitas deslizar para dentro de covas para ficarem direitas, a fim de poder efectuar-se o trabalho de acaba mento das costas.
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O transporte das estátuas O falecido Prof. William Mulloy, da Univer sidade do Wyoming, aventou nos anos 70 que as estátuas viajavam até ao seu destino deitadas de borco e atadas a urna espécie de berço ou trenó feito de madeiras encurvadas. Pensava que a forma bojuda dos moai condizia com esta ideia, e berços
da ilha da Páscoa, Irata-se de enxós, ferra
serem deslocadas, apoiadas unicamente
assim sido Os feitos avançardaen tre doispoderiam grandes ter postes. trabalhos Dr." Van Tilburg, contudo, mostram que a forma da maioria das estátuas teria toma do impossível aquele processo. Qualquer processo de transporte depen dia de duas coisas: uma mão-de-obra abun dante e madeira em quantidade. Vieram recentemente a lume novas provas de que ambos os factores estavam presentes quando se transportaram as estátuas. Os arqueólogos encontraram as fundações em pedra de muitas casas e aldeias com vestígios de terem sido erguidas sobre elas estruturas de madeira. Calcula-se que entre 1000 e 1500 da nossa era, na altura em que foram feitas as estátuas e osanu, a popula ção poderá ter chegado às 10 000 pessoas O primeiro dado esclarecedor do misté rio das madeiras veio do lago de cratera do próprio Rano Karaku. John Flenley, cientis ta britânico da Universidade de Hull, reti
mentas parecidas com machados feilos de basalto. Na pedreira existem 394 estátuas em di versas fases de acabamento. Umas estão apenas delineadas na superfície da rocha, outras estão quase completas, precisando apenas de mais uns golpes de enxó para se separarem do rochedo. Algumas estão dei tadas de costas, outras de lado em reen trâncias do rochedo, como corpos numa catacumba. Umas estão quase prontas a
emApedras Dr.a Joarredondadas. Anne Van Tilburg, arqueóloga americana, registou e descreveu 823 está tuas da ilha da Páscoa. Os seus estudos confirmam que em toda a ilha, e de uma maneira geral, quanto mais recente é a es tátua, maior é o seu tamanho. A de maiores dimensões — ainda na pedreira e apenas parcialmente acabada — teria 21 m de allu ra e pesaria 200 t. Aparentemente, as está tuas foram criadas ao longo de um período
rou leito do lago amostras que fornece ram do grandes quantidades de pólen fossili zado que aí se tinha acumulado ao longo de muitos séculos. O pólen revelou que a ilha da Páscoa albergara em tempos uma vida vegetal rica. As árvores da ilha foram provavelmente destruídas para obtenção de terras aráveis para a população crescen te — e a competição pelo espaço vital pode ter dado srcem a guerras que mataram grande número de habitantes.
Viagem interrompida. Semienterrado na encosta sudoeste do Rano Raraku, este moai, como muitos outros, nunca chegou a um altar no litoral. Depois de esculpido, foi descido pela encosta até uma COVO para o acabamento das costas e ali ficou para sempre.
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COMO FOI FEITO? Outra teoria sobre a deslocação das es tátuas foi a avançada pelo Prof. Charles Love, que acha que elas foram transporta das em pé. Para verificar se o método fun cionaria, fez uma réplica de uma das está tuas em betão e tentou movê-la sobre um trenó de madeira que se deslocava sobre rolos também de madeira. Voluntários puxavam por cordas para arrastar a estátua ou mantinham a tensão noutras cordas que evitavam que aquela tombasse. O processo funcionou com a
réplica, embora só algumas das estátuas verdadeiras possuam bases suficiente mente grandes para este tipo de transporte. A Dr.1 Van Tilburg, que estudou 47 está tuas deitadas ao longo de caminhos entre o Rano Raraku e os ahu costeiros, sugere que o método básico de transporte tenha sido na horizontal, Possivelmente, a está tua era parcialmente coberta para protec ção antes de ser colocada no trenó de ma deira, que se deslocava sobre rolos com o auxilio de alavancas e cordas fortes. Este
processo lerá sido suficiente para deslocar a estátua média, com 4 a 5 m. As maiores, com perto de 10 m, não alcançaram distân cias superiores a 1,5 km da pedreira. Pôr uma destas enormes estátuas em pé no seu pedestal era um trabalho difícil. Na década de 60, o Prof. Mulloy e um grupo de ilhéus reergueram sete estátuas de 16 t em Ahu Akivi, no Ocidente da ilha, o que o levou a sugerir o modo como a maior está tua da ilha teria sido erguida na costa norte (v. em baixo).
o peso de 11AI, PEDREIRA teria rolado 13 kmAdesde a pedreira de Punapau. A maior estátua da ilha da UMA Páscoa, conhecidaGIGANTE por Paro, jaz agora ESTATUA E DESLOCADA DESDE ATE COSTA Em 1970, Mulloy sugeriu que a Paro tinha sido colocada com a partida em frente do seu ahu. Mede 9,80 m e pesa provavelmente face para baixo sobre um Irenó de madeira em forquilha pesan 82 t. O Prof. Mulloy calculou que tivessem sido necessários do cerca de 5 t e "andado" para a frente por meio de dois postes 30 homens trabalhando durante um ano para a esculpir, em ângulo. Mas os especialistas sugerem actualmente que, na 90 homens para a transportar durante os cerca de 6 km que maioria, as estátuas foram provavelmente deslocadas em trenós separam a pedreira da costa e 90 homens trabalhando durante sobre rolos. três meses para a colocar de pé. O chapéu, com 1,80 m de altura e
k Na pedreira. Esculpida de costas, a estátua ficou segura por uma quilha.
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Transporte. Atou -se-lhe um trenó emformudeY.
Escorregou paru uniu Cortada a quilha, deslizou encosta abaixo, cova, onde foi erguida segura por cordas. com cordas e alavancas.
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A estátua em pé ficou pronta para ser colocada num trenó.
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Retirou-se a terra para deitar a estátua de borco.
Colocação da estátua. O "chapéu " foi preso por traves atadas à cabeça.
A estátua foi pendurada em dois postes.
Foi-se levantando a estátua com alavancas e metendo pedras por baixo como suporte.
Com a estátua quase de pc. as a lai-ancas
foram aplicadas e apoiadas sobre uma trave transversal atada sob o queixo.
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Os escultores puderam então retirar a quilha nas costas da estátua.
Com uma corda, puxaram-se os postes inclinados para trás.
Quando se puxavam os postes, a estátua avançava.
No final, recolocavam se os postes.
De cada lado construíram-se As ulai ancas entravam em patamares para os homens que entalhes nas traves da cabeça e no manejavam oito alavancas com 6 m. trenó e metiarn-se mais pedras.
Usaramse cordas para endireitar a estátua. O trenó, desatado e soterrado nas pedras, ajudou a manter a estátua em pé.
Com a estátua já no pedestal, retiraram se as traves da cabeça, bem como o monte de pedras.
Guardas do altar. Estátuas de 251 olham a ilha no seu ahu na costa norte da ilha da Páscoa. Depois de colocarem as estátuas em pé, os trabalhadores terão utilizado andaimes para lhes esculpirem as cavidades oculares. Em seguida, aplicaram-lhes os olhos (eitos de coral branco e escória vermelha. Os "chapéus" poderão representar cabelos atados em nó no alto da cabeça. 331
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COMO KOI FEITO?
A Gra nde Muralha: monumento ai milhão de trabalhadores Nas montanhas a norte de Beijing, a Gran de Muralha da China serpenteia de cumea da em cumeada, quilómetros atrás de qui lómetros. Atravessando terras de pastagem, vales de rios edesertos, montanhas arbo rizadas, a muralha chega ao rio Yalu, na fronteira com a Coreia, eslendendo-se por cerca de 3200 km através da China Seten trional. Mas se forem incluídas as ramifica Coes da muralha principal, o comprimen to total ronda os 6500 km.
Como se iniciou a muralha Há cerca de 3000 anos, os inúmeros Esta dos guerreiros do Norte da China construí ram muralhas defensivas em redor dos res pectivos territórios. Em 221 a C, o príncipe de Qin, um desses Estados, anexou seis outros Estados e intitulou-se o primeiro imperador da China, Qin Shi I luang. Des truiu todas as muralhas, à excepção das do Norte, que ligou entre si para proteger o seu território dos Hunos e de outras tribos nómadas do Norte. Outros governantes reconstruíram e au mentaram a muralha, particularmente du rante as dinastias Han (206 a. C - 220 d. C.) e Ming (1368-1644). Trabalhos forçados e obras de arte de engenharia O general Meng Tian, a quem Quin Shi Huang encarregara da construção da mu ralha, tinha à sua disposição 300 000 solda dos para o trabalho. Cada secção tinha como responsável um subcomandante, obrigado a utilizar na construção materiais l
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COMO FOI FEITO 7
Embora Meng Tian tivesse construído uma estrada como via de abastecimento para as guarnições e os trabalhadores, os alimentos, frequentemente, não chega vam aos postos mais distantes, pois eram vendidos ou comidos no caminho pelos carregadores. Morreram milhares de ho mens, que foram sepultados nas funda ções da muralha. Embora nos terrenos planos ou pouco inclinados se pudessem usar carros de bois ou carrinhos de mão, nas zonas mon tanhosas, onde a muralha era construída ao longo dos topos de rochedos íngremes, as pedras tinham de ser acarretadas às cos tas pelos operários, ou em cestos pendura dos em varas, em cargas de cerca de 50 kg por homem. Nos caminhos estreitos, as cargas eram passadas de mão ern mão ao longo de uma cadeia humana. As pedras maiores eram elevadas por grupos de tra balhadores que as faziam rolar sobre tron cos e arduamente as deslocavam por meio de alavancas encosta acima. Em regiões onde não havia pedras a mu ralha foi construída em camadas de terra batida vazada e calcada entre tábuas. Nas zonas arenosas do deserto do Gobi, fa ziam-se camadas de 20 cm de areia e ca
lhaus que aliernavam com camadas de 5 cm de erva do deserto e galhos de tarnargueira atados em molhos compridos. Dada a dificuldade de transporte de ali mentos, Qin Shi Huang lançou uma políti ca de cultivo de cereais nos terrenos bal dios junto à muralha, política esta conti nuada pelas sucessivas dinastias que repa raram ou reconstruíram a muralha. Os camponeses que acabaram por se fixar nessas áreas tornaram-se agricultores e soldados, fazendo sentinela ou combaten do, conforme as necessidades. Aos solda dos da guarnição eram também atribuídos pequenos lotes de terra.
alem da muralha. Grande parte desta sec ção da muralha é formada por uma parede maciça de pedra e tijolo, cujo troço mais impressionante se estende entre a passa gem de Juyongguan, a nort e de Beijing, e a de Shanhaiguan. perto da costa oriental, A construção de cada secção foi organi zada a partir de cada uma de 11 cidades fortificadas, desde Liaodong, a leste, até Zhangye, na província de Gansu, a oeste. A guarnição total atingia quase I milhão de homens e um número ainda maior de tra balhadores recrutados. Os soldados que guardavam a muralha usavam placas de identificação, e as ordens eram gravadas
Entre os vários projectos levados a cabo para irrigação das áreas cultivadas, destaca-se o canal de Han Qu, alimentado pelo rio Amarelo, perto de Yinchuan, na zona central da muralha.
em discos ou varas transportados por esta fetas de um a outro subcomandante. Os tijolos e a ca l para a construção eram fabrica-
A muralha Ming A maior parte da actual Grande Muralha foi construída entre 300 e 600 anos atrás, durante a dinastia Ming principalmente como defesa contra os exércitos dispersos da dinastia mongol Yua n, a qua l, der rubada pelos Ming, fugiu para
O PERCURSO DA GRANDE MURALHA A maior parte da muralha que ainda hoje se conserva foi construída durante a dinastia Ming (1368-1644). Existem diversas muralhas, e se todas fossem postas de enfiada, estenderse-iarn por 6400 km. ou seja um sexto do
comprimento do equador.
A Grande Murulha da dinastia Ming
COMO FOI FF.ITO? dos em fornos montados junto aos estalei ros, mas tinham ainda de ser carregados até aos cimos — principalmente por ho mens, embora de vez em quando se usas sem jumentos. Usaram-se também enormes lajes de pedra, algumas delas pesando à volta de 1 t. Ninguém sabe como foram transportadas para cima. Algumas poderão ler sido iça das por cabrestante - uma corda enrola da num tambor com uma alavanca. As pe dras angulares eram por vezes fixas em po sição por meio de respigas, despejando-se o ferro derretido em entalhes feitos nas pe dras. Em quase todas as secções da muralha estão inscritos os nomes dos engenhei ros e encarregados da construção. Mas para os muitos homens que morreram na obra a muralha é o seu único monu mento.
Porta oriental e fortaleza ocidental A passagem de Shanhaiguan é a porta en tre o Nordeste Chinês e as planícies cen trais. A torre de entrada da Grande Mura lha, com três andares, tem 9 m de altura, e numa lápide sobre o portal lê-se: "Primeira Passagem Debaixo do Céu." Trata-se de uma cópia da inscrição srcinal, guardada no interior, feita em 1472 por Xiao Xian, o estudante que maior êxito teve nos exa mes imperiais daquele ano. A passagem de Jiayuguan controla o corredor que atravessa a província de Gansu a noroeste, a maior parte da qual é cons tituída por loess (solo argiloso amarelado) e deserto. A fortaleza, construída em 1372 para guardar o desfiladeiro, é feita ern terra compactada e tern paredes com 9 m de altura, (5,70 m de espessura na base e um pouco mais de 1,80 m de largura no cimo. A altura e a largura da muralha são variá
veis. Na secção de Badaling, ao norte de Beijing, tem cerca de 8 m de altura, 6,70 m de espessura na base e perto de 6 m no topo. Na passagem de Jiaoshanguan, nas montanhas de Yan Shan, de onde se podo avistar o mar, a muralha tem, em alguns pontos, apenas 40 cm de largura. Nas partes mais largas, a muralha é enci mada de ambos os lados por ameias de 1,80 m de altura e possui torres a intervalos de, aproximadamente, dois tiros de flecha, ou 180 m. Plataformas-faro is para sinais de fogo situavam-sc a intervalos de cerca de 15 km, permitindo enviar mensagens de um lado ao outro do país em 24 horas. Os sinais dos faróis eram feitos com fumo durante o dia e com fogueiras à noi te. Uma coluna significava que a área esta va a ser atacada por uma pequena força. Se se tratava de um grande exército, faziam se quatro sinais separados.
Um exército de ba rr o par a pr otege r o Tigre de Qi n Durante mais de 2000 anos, um exército secreto de soldados de barro protegeu o túmulo escondido do primeiro imperador da China, Qin Shi líuang. Até 1974, nin guém sabia da sua existência; agora, os arqueólogos chineses estão pouco a pou co a desvendar o mistério. Em 274 a. C, o Tigre de Qin subiu ao
trono no Noroeste da China, com 13 anos apenas. Em 221 a. C, tinha conquistado toda a China e fundado a dinastia Qin. Pro curou unificar o país e ordenou a constru ção da Grande Muralha para proteger o seu recente império. Já tinha passado o tempo em que os escravos e os cortesãos eram sepultados
vivos com o seu rei. Mas o imperador orde nou que se fizesse um exércit o de mais de 7000 soldados de barro em tamanho naCavalo e cavaleiro. Um cavaleiro de barro com 1,80 m de. altura segura o seu cavalo aparelhado. O freio e bridão de bronze ser viriam num cavalo verdadeiro.
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dos com pernas maciças e tronco oco. As cabeças e as mãos foram cozidas separada mente nos fomos montados no local e de pois ligadas aos corpos por finas tiras de argila. Depois dos retoques finais, executa dos por artistas especializados que utiliza vam uma argila mais fina, os soldados eram pintados. Um dos esquemas de cores con província de Shaanxi, na China Central. sistia cm calças azul-escuras, sapatos pre tos com atacadores encarnados e túnicas Muitas das maravilhas do túmulo foram descritas pelo historiador chinês Sima verdes com botões de ouro e cordões púr pura. Mesmo as fivelas dos cintos c a sola Qian, que escreveu menos de um século após a morte do primeiro imperador. Fala dos sapatos dos soldados ajoelhados fo ram meticulosamente reproduzidas. va de jóias raras e de um mapa dos rios da China cujos cursos eram feitos de mercú rio Mas Sima Qian nunca mencionou o Armas roubadas exército de terracota, que foi descoberto Os soldados estavam armados com espa em 1974, quando se abriam uns poços. das de bronze, lanças e arcos e flechas. Mas São os pormenores deste exército que o pouco depois do enterro, houve uma revo tornam tão precioso. Os soldados não fo lução na China e os rebeldes arrombaram ram feitos em série a partir de moldes; cada a cripta para roubar as armas. um deles foi moldado individualmente em Todos os soldados em pé estavam fixos barro local. As esculturas traduzem um ní a bases de barro que assentavam no chão vel de perícia que os peritos julgavam muito ladrilhado da cripta, listavam dispostos para além da capacidade dos artífices da em formação de batalha, com 600 cavalos dinastia Qin. Os homens foram construí de barro e 100 carros de combate de ma lurai para o guardarem na vida do além. 0 seu túmulo é um complexo funerário que mede cerca de 5 km e cuja construção exigiu o recnilamento de 700 000 homens. Trouxeram-se os melhores artistas de to das as parles da China, que esculpiram um grandioso palácio para o imperador sob o monte Li, nas colinas do Cavalo Negro, na
Oficial de infantaria.Cada figura de terracota é única, retratando possivelmente um rncrn bro do exército do imperador. P arecem todas extraordinariamente reais, com feições, cabelo e barba de aspecto natural e dobras nos trajes, que pendem como tecido.
doira em tamanho natural e funcionais. Os arqueólogos chineses têm sido meti culosos e pacientes no seu trabalho. O tú mulo principal, onde está o imperador, ainda não foi aberto, e espera se que esteja intacto. Diz-sc que foi revestido interior mente com cobre derretido, vertido à me dida que se procedia à selagem da cripta. O túmulo pode conter alguns segredos chocantes: relatos da época dizem que as concubinas do primeiro imperador que não lhe deram filhos foram mortas e sepul tadas com ele. Diz-se lambem que os artífi ces que decoraram os túmulos foram em paredados no sou os interior que não pudessem revelar seus para segredos.
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Os arqueólogos que vierem a entrar no túmulo terão de proceder com cuidado: Qin Shi Huang deixou instruções para que nele fossem instaladas bestas mecânicas, preparadas para matar os ladrões que se aproximem da sua pessoa sagrada.
Como é que os Incas talhavam os grandes blocos de pedra para que se ajustassem perfeitamente?
Quando um terramoto abalou a cidade de Cuzco, no Sul do Peru, em 21 de Maio de 1950, aquela antiga povoação no coração dos Andes ficou devastada. Mas as funda ções de pedra sem argamassa em que a cidade assentava ficaram inladas. Eram as paredes inferiores dos antigos templos e palácios constmídos pelos Incas — os se nhores do Peru antes da conquista espa nhola. Tão inteligente e habilmente tinham os Incas construído os muros - os grandes blocos ajustavam-se em junções exactas sem argamassa — que as suas estruturas eram suficientemente pesadas para se manterem firmes, mas suficientemente flexíveis para aguentarem o choque, pelo que ficaram incólumes.
Afeiçoando ajustando Garcilaso as pedrasde La Em 1609, o ehistoriador Vega, natural do Peru, e cuja mãe era uma princesa inca, escrevia que os Incas traba Miavam a pedra batendo-a com "umas pe dras pretas" em vez de a cortarem. Estas afirmações foram confirmadas pe las experiências de Jean-Pierre Protzen, professor de Arquitectura na Universidade da Califórnia, que começou em 1982 a in vestigar este tipo de cantaria. Trabalhando
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COMO FOI KKITO?
Baluartes do Diabo. Os conquistadores espanhóis pensaram que as muralhas da Fortale za de Sacsahuaman, perto de. Cuzco, eram obra do Diabo. Algumas das pedras pesaoam cerca de 1001 e mediam 4.5 x 2,5 x 1,5 m.
numa antiga pedreira inca perlo de Cuzco, conseguiu lavrar algumas pedras abando nadas servindo-se de martelos de pedra encontra dos no local pedras co mo o quart/.ito, não oriundas da pedreira, mas obviamente retiradas das margens de um rio próximo. Protzen descobriu que os Incas utiliza vam martelos de três tamanhos diferentes para lavrar e ajustar as pedras: martelos grandes, de 8 a 9 kg, para dar aos blocos a sua forma geral; martelos de tamanho mé dio, com 2 a 5 kg, para alisar as faces, c martelos pequenos, com menos de 1 kg, para talhar as arestas. Protzen levou cerca de hora e meia para lavrar três faces e cinco arestas de um bloco com 25x25x30 cm. 0 martelo médio, de alisar, era seguro ao de leve nas duas mãos, a um ângulo de 15 a 20" da vertical, para tirar pequeninas lascas. Torcendo se os pulsos mesmo an tes do impacte, o ângulo era mais ou me nos duplicado, proporcionando um corte melhor. Depois de cada pancada, o marte lo ressaltava uns 15 a 25 cm, pelo que o trabalho não exigia grande esforço. O martelo mais pequeno — demasiada mente pequeno para ressaltar - linha de ser bem apertado na mão e batido com
força para aparar as margens de cada ares ta. Era necessário fazer isto antes de alisar a face adjacente com o martelo grande para evitar que a pedra lascasse nas arestas. As junções impenetráveis obtinham-se através de pacientes afeiçoamentos e en saios até ficarem perfeitas. O bloco de cima tinha de ser colocado no lugar várias vezes até que o ajustamen to fosse perfeito. Provavelmente, o pó srci nado pelo martelar da pedra inferior servia de guia ao corte: o desenho nele deixado pela superfície irregular da pedra de cima mostrava os pontos onde era preciso cor tar mais aqueles em que o pó estivesse comprimido. Os lados de cada pedra eram cortados da mesma forma, por afeiçoamento e comparação constantes. O que as pedras não contam O processo utilizado pelos Incas para des locar os enormes blocos de pedra até aos locais de construção, às vezes a quilóme tros de distância, continua a ser um misté rio. Alguns blocos apresentam vestígios de terem sido arrastados, mas teria sido ne cessário um grande número de homens para os puxar pelas estreitas rampas de acesso ainda visíveis nalguns locais.
Perfeitamente afeiçoadas. Os blocos de pedra usados pelos Incas raramente eram quadrados ou de tamanho uniforme, mas cada aresta ajustaixi se perfeitamente à da pedra adjacente. As protuberâncias e as reentrâncias na base destinavam se prova oeimente à manipulação das pedras durem te a construção Tinham dois feitios princi pais: um para atar cordas, o outro para apoiar alavancas.
Protzen calculou que teriam sido neces sários 2400 homens para puxar o bloco
maior de Ollantaytambo pela rampa: ele
pesa 138 t. 0 modo como os homens eram arreados ao bloco, conseguindo espaço para puxar, pode nunca vir a ser conhecido. Pedras da pedreira de Rumigolga, a 'su doeste de Cuzco, eram talhadas na ori gem - pode m ainda verse pedras nu m antigo poço da pedreira. Não há indícios de que as pedras provenientes desta pedreira tenham sido arrastadas até ao local da cons trução. Se foram utilizados rolos e platafor mas de madeira, poucos traços deles nos restam. Provavelmente, os blocos escorre gavam livremente pelas encostas abaixo. 337
COMO FOI FEITO
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Stonehenge: a construção de um misterioso monumento
COMO KOI FEITO? Durante mais de 800 anos, os habitantes pré-históricos do Sul de Inglaterra usaram aquele lugar da planície de Salisbúria, no
Wiltshire - hoje conhecido por Stone-
henge —, como local para os seus rituais. Ào longo desses oito séculos, construíram dois taludes circulares de terra e ergueram dois círculos incompletos com pedras. Mas, por volta de 2000 a. C, a tarefa mais difícil estava ainda por fazer. Foi nessa altu ra que começaram a ser erigidas as maio res estruturas de Stonehenge — os cinco trilitos dispostos em ferradura no centro do círculo, cada um deles formado por dois megálitos verticais com cerca de 6 m de altura e 50 t, sobre os quais assenta um terceiro, de 7 I. Para erguerem o primeiro megálito, os homens cavavam um buraco com 2,5 m de fundo de um dos lados em declive, servindo-se de chifres de veado corno picare tas e de omoplatas de boi como pás. A seguir, arrastavam a pedra, de 50 t, até que uma das extremidades ficasse pendente sobre a parede inclinada da cova A outra extremidade era erguida com o esforço de dezenas de homens. Servindo-se de tron cos como alavanca, metiam-nos por baixo da pedra para a apoiarem e servirem de fulcro das alavancas. À medida que se iam introduzindo mais troncos por baixo da pedra, esta ia levan tando, até deslizar sobre os troncos e es corregar pelo lado inclinado da cova. A enorme pedra deve ter ressoado ao bater com força tremenda no lado oposto da cova, revestido de estacas de madeira para que não aluísse. Para puxar a pedra alé à vertical, usavam-se cordas feitas de peles de animais e fibras vegetais — que não tinham resistên cia uniforme e se devem ter partido com frequência, pelo que, para não cair nova mente até ao chão, a pedra era sustentada por suportes de madeira ajustados a "rodi lhas" de corda atadas à volta da parte supe rior da pedra. Logo que a pedra se encon trava na vertical, os homens calcavam ter ra, troncos e pedras cm torno da base. Os pedreiros deixavam pequenas protube râncias nos topos achatados destes pilares. Estas eram destinadas a encaixar nos bura cos cavados no lintel (a pedra transversal), a fim de criar uma junção de caixa e espiga. Levantar cada lintel de 71 a uma altura de cerca de ti m para o colocar sobre os dois pilares foi provavelmente a parte mais peri gosa e difícil da construção de Stonehen ge. O mais natural é cada lintel ter sido er guido sobre uma cama de troncos, levantando-se alternadamente cada extremida de por meio de alavancas e metendo-se-Ihe por baixo mais troncos. Construía-se assim uma torre de madeira sob o lintel até que este ficasse ao nível das pedras verti cais e pudesse ser colocado na sua posição Vista aérea. Visto do ar. debaixo de neve, o desenho de Stonehenge surge com nitidez. Cercando as pedras, vêem-se os taludes e o fosso. Por trás fica a Heel Stone e a Avenida, cortada pela estrada.
Gigante tombado. Um grande lintel tom bado jaz em frente do maior sarsen — com 6,5 m de altura e pesando mais de 45 t. Notam se bem as junções de caixa e espiga que uniam as duas pedras.
final. Devem ter sido precisos para a cons trução da torre pelo menos 250 troncos com 6 m de comprimento. As três fases de Stonehenge Stonehenge foi construído em três fases distintas ao longo de um período de cerca de 1700 anos. O Prof. Gerald Hawkins, que fez parte do Smithsonian Astrophysical Observatory, Massachusetts, EUA, cal culou que, na sua totalidade, o monumento deve ter levado cerca de 1 500 000 dias de trabalho a construir, com um efectivo que chegou a atingir cerca de 1000 homens. A primeira etapa, que começou por vol ta de 2750 a. C, quase 200 anos antes de os Egípcios iniciarem os trabalhos da Grande Pirâmide, consiste num círculo de uns 115 m de diâmetro formado por um talude baixo, exterior, que rodeia um fosso, den tro do qual existe outro talude de cerca de 1,80 m de altura. No talude interior, os bre tões da Idade da Pedra cavaram 5fi covas a intervalos iguais, as chamadas Covas de Aubrey, em memória do antiquário seis centista John Aubrey, que primeiro as ob servou. Ninguém sabe para que serviam. Há urna entrada a nordeste do círculo, e no seu exterior ergue-se um enorme bloco de arenito com 5 m de a ara, conhecido hoje por Heel Stone (Pedra do Calcanhar). Do centro do círculo pode verse o Sol elevar-se sobre ele no solstício de Verão. A segunda fase da construção iniciou-se cerca de 2100 a. C. e foi levada a cabo pelo Povo dos Topos, assim chamado devido à forma das suas cerâmicas. Ergueram 80 :;:-;; >
COMO FOI FEITO? grandes pedras azuladas, conhecidas pelas pedras azuis, formando dois anéis incompletos no centro do monumento. Construíram igualmente uma estrada lar ga, a Avenida, que se dirige para o rio Avon, a nordeste, a cerca de 3 km de distância. As pedras azuis vieram dos montes Preseli, no Sudoeste do País de Gales, a 209 km de distância, e provavelmente fizeram a maior parle do percurso por água — colo cadas sobre jangadas em Milford Haven e enviadas pelo estuário do rio Sevem. Apro veitando os cursos de água, só era necessá rio fazer por terra um curto percurso, de Amesbury até Stonehenge. Esta teoria foi apoiada em 1988, quando se descobriu um bloco de pedra azul no leito do rio Daugleddau, em Llangwn, no Dyfed. E de tamanho semelhante ao usado em Stonehenge, e a sua posição sugere
que pode ler se afundado durante o trajec to por rio ate ao mar. A Altar Stone (Pedra do Altar), verde-pálida e quebrada, hoje caída no meio dos Irílilos centrais, veio das costas de Milford Haven, provavelmente também por água. A terceira fase, que durou aproximada mente de 2000 a 1100 a. C, foi realizada por povos dos inícios da Idade do Bronze. Re moveram o círculo das pedras azuis e erigi ram um anel de cerca de 30 pilares de are nito (com o peso médio de 30 I), ligados por lintéis de pedra. A altura do anel é de 5 m, e no seu interior ergueram os cinco trílitos, ainda maiores. Finalmente, voltaram a erguer as pedras azuis em dois grupos. Os arenitos, ou sarsens, vieram dos Marlborough Downs, a 32 km de distância. Devem ter sido transportados em platafor mas sobre troncos de carvalho puxadas
por homens. O Prof. Hawkins calcula que lerão sido precisos 800 homens para rebo car um sarsen de 5 t e mais 200 para abrir caminho e deslocar continuamente os pe sados troncos de carvalho da parte de trás da pedra para a frente. Os sarsens verticais foram talhados com uma pequena convexidade no meio para parecerem direitos quando vislos de baixo. O círculo de sarsens — com um diâmetro de 30 m é tão perfeito que o cimo da coroa está perfeitamente nivelado. Os lin téis foram cortados cm curva para forma rem um círculo quando justapostos. As pedras foram talhadas lascando a sua superfície com outras pedras. Para partir pedaços maiores, as pedras foram prova velmente aquecidas ao longo de linhas cui dadosamente marcadas, deitando-se lhes por cima água fria e depois perculindo-as.
Gigante em pé. As maiores estruturas de Stonehenge, os trílitos (em baixo), erguem-se no centro do círculo. Começaram por ser cinco, medindo o mais alto 6 m. Actualmente, estão de pé apenas três. Cada trtlito é formado por duas enormes pedras verticais que sustentam um lintel horizontal, também de pedra. \,
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Movimentando as enormes pedras Para erguer os trílitos gigantes, escaoavam-se coixis fundas no solo gredOSO. Depois, enterrava-se urna fiada de escoras para evi tar o aluimento das terras. Em seguida, as pedras eram leixmtadas por meio de alavan cas e cordas, até deslizarem para dentro das COVOS. Homens puxavam as pedras a prumo por meio de cordas. Os lintéis de pedra eram levantados com alavancas sobre camadas de troncos. Finalmente, os lintéis eram colo cados na sua posição definitiva.
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COMO FOI FEITO?
Vestígios antigos: como os cientistas descobrem a sua idade Só desde os últimos 50 anos é que os ar queólogos dispõem de meios seguros para datar os adiados que utilizam no es tudo da história dos povos antigos. Desde 1955, o principal processo de datação dos restos orgânicos, como o osso, as conchas e as plantas, tem sido o do radiocarbono, desenvolvido pelo físico americano Willard F. Libby, Prémio Nobel da Química em 1960. Radiocarbono é outra designação de um isótopo radioactivo do elemento car bono, presente em lodos os organismos vivos. Cada elemento é constituído por uma pequena variedade de átomos com
massas diferentes; cada tipo de átomos é chamado um isótopo. O carbono é quase todo formado por átomos com massa 12, mas contem também um isótopo radioac tivo de massa 14 o carhono-14, ou C-14. As plantas e os animais absorvem dióxi do de carbono do ar enquanto vivem, à razão de um átomo de C-14 por cada mi lhão de milhões de C-12. Quando morrem, os seus átomos de C-14 vão-se desintegran do, mas os de C-12 não. Como o ritmo de desintegração do C-14 é conhecido e não é afectado por factores externos, a idade dos restos pode ser calculada pela contagem do número total de átomos de carbono e
pela relação entre os átomos de C-14 e os de C-12. Para contar os átomos, aquece-se num forno uma pequena amostra dos restos para a converter em gás dióxido de carbo no. O gás é passado por uma máquina de nominada espectómetro de massa, na qual um feixe de electrões ioniza os áto mos - isto é, converte-os em iões (áto mos electricamente carregados). Os iões percorrem uma série de campos magnéti cos, o que os separa segundo a razão entre a sua carga e a sua massa atómica, c os isótopos C-14 são dirigidos para uma placa detectora onde são contados.
HISTÓRIA POR BAIXO DAS RUAS DE LONDRES
Este corte imaginário mostra os níveis de construções que têm sido encontrados em Londres. E um exemplo da datação pelo método da estratificação desde o saibro (I) e argila (2) até ao pavimento do século xix (26). Os vestígios humanos mais antigos são as covas do século i (3 e 4) cavadas para extracção de argila para construção. Restos romanos do século i são o esgoto (5), a parede (6) e o pavimento de ladrilho (7) coberto por uma camada de saibro do século n (8) e resíduos queimados (9) denunciando um fogo. O vestígio seguinte de construção é uma superfície medieval (10). mas um buraco de
pOSte (II) significa que aí pode ter existido uma construção em madeira Uma fossa do século xm (12) está coberta por uma casa do século xv com parede (13) e chão (14) de calcário. Um enchi mento superficial do século xvi (15) é cortado por um alinhamen to de pedras calcárias (16), com um pavimento do século xvn (17) e resíduos do Grande Incêndio de 1666 (18) por cima. Restos dos séculos xvn e xvm são pedras de calçada (19), a pilha de tijolos (20) e o poço (21). Construtores do século xix acres centaram um pavimento (22). o dreno (23), a fundação (24) e a parede (25). i (24)
I ;1 4
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COMO KOI FEITO:»
DATAÇÃO DE MADEIRA PELA LEITURA DOS PADRÕES DOS ANÉIS DE CRESCIMENTO DAS ÁRVORES As datas dos anéis foram definidas como 1444.1445 e 1475. ao compararem-se as tábuas com um padráo-çjuia de árvores da região
Vèem-se, de perfil, duas tábuas de soalho tiradas da mesma casa
Anel estreito de uma época de fraco crescimento
O calendário do carbono radioactivo 0 tempo necessário para metade dos áto mos de uma amostra de isótopo radioacti vo se desintegrar chama-se a semivida des se isótopo. O carbono-14 tem uma semivida de 5700 anos. Após duas semividas (c. de II 400), resta apenas um quarto do C—14, e depois de três (c. de 17 100 anos), apenas um oitavo. A detecção de quantidades cada vez menores torna se difícil, por isso a datação pelo radiocarbono não pode ser usada para restos com muito mais de 35 000 anos. Uma criação recente é o espectrómetro de massa acelerada, que separa e detecta partículas atómicas de massas diferentes. Consegue estabelecer datas com maior ri gor através de uma amostra muito menor A VIDA NA ANTIGUIDADE
Uma lareira encontrada num abrigo num penhasco de uma zona remota do Nordeste Brasileiro por arqueólo gos franceses em Junho de 1986 for neceu carvão que foi analisado pelo radiocarbono. O exame revelou que ali viviam pessoas há uns 32 000 anos, ou seja 21 000 anos antes da data acei te para os primeiros povos do Novo Mundo. Testes por radiocarbono num bar co de 1,80 m encontrado em Korshavn, Dinamarca, em Abril de 1987, indicaram que ele tinha 7000 anos o mais antigo barco da Idade da Pedra descoberto na Dinamarca. Turfa retirada da base de uma pega da pré-histórica encontrada no estuá rio do Severn, em Inglaterra, em De zembro de 1986, foi analisada por ra diocarbono. Descobriu-se que a pe gada fora feita há 7000 anos.
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Anel largo de uma época de bom crescimento
do que nos métodos anteriores de datação pelo carbono. A espectrometria de massa acelerada foi utilizada em 1988 para datar o Santo Sudário, relíquia guardada na Catedral de Turim, Itália, e que se pensava ser o lençol em que Cristo fora embrulhado após a crucificação. O pano apresenta de am bos os lados uma impressão débil - quase como um negativo fotográfico — de um homem de barba e cabelo comprido com ferimentos semelhantes aos sofridos por Cristo. Três fragmentos do sudário foram testados por independentemente radio carbono laboratórios empelo Inglaterra, nos EUA e na Suíça. Todos eles fornece ram datas entre os anos 1260 e 1390 da nossa era, provando que o lençol tinha srcem medieval e não podia ter sido o de Cristo.
Datação pelos anéis das árvores A idade de uma árvore pode calcular-se pela contagem dos seus anéis de cresci mento — um por cada ano de vida —, que variam de espessura conforme o tempo e o clima no ano respectivo: anéis estreitos, por exemplo, indicam crescimento restri to em condições muito secas ou frias. Os padrões de crescimento são semelhantes na mesma espécie de árvores existentes numa extensão relativamente grande, e têm sido compilados padrões-guia para di versas áreas que incluem árvores derruba das em datas conhecidas. Este processo denomina-se dendrocronologia e pode ser utilizado para datar madeiras antigas, desde que se possa obter uma amostra su ficientemente grande das mesmas. Os anéis de crescimento são comparados com o padrão-guia para se determinar o ano do derrube. Até 1989, a única maneira de contar o número de anéis de crescimento e fazer as respectivas comparações era manual
Juntas, as tábuas mostram anéis de crescimento concordantes
mente. Agora, os cientistas dinamarque ses inventaram um scanner, semelhante ao olho eléctrico que lê os códigos de barras, para contar os anéis. A informa ção fica armazenada num computador e é analisada automaticamente. Enquanto um investigador conseguia estudar três secções num dia, o scanner lê 30 amos tras.
Datação pela formação de gás A formação de certas rochas com mais de 100 000 anos pode ser datada pela medi ção da quantidade do gás raro e radioacti vo árgon que elas contêm. Este método, conhecido por datação pelo potássio-árgon, foi utilizado para datar a relíquia humanóide mais antiga que se conhece, um maxilar com 5,5 milhões de anos encon trado perto do lago Baringo, no Quénia. em 1984. O potássio é o sétimo elemento mais abundante na crusta terrestre, e o seu isó topo radioactivo (K-40) transforma se no gás raio árgon-40 (AMO) quando se desin tegra. Em rochas formadas por lava em fu são, o gás produzido antes de a lava solidifi car ter-se-á escapado: qualquer quantida de do gás capturado na estrutura rochosa acumulou-se depois da sua formação. A semivida do K-40 é de cerca de 1300 mi lhões de anos, e assim a comparação da quantidade de K-40 com a de Ar-40 captu rado estabelece a data de formação da ro cha, assim como a de quaisquer fósseis nela contidos. Datação pela emissão de luz As rochas, expostas à radiação natural, vão acumulando pequenos defeitos energéti cos na sua rede cristalina. Quando aqueci das, a energia acumulada nesses defeitos é libertada sob a forma de luz — é a chama da termoluminescência. A quantidade de luz libertada é uma medida da dose de ra-
COMO KOI FEITO?
Lendo o passado em grãos de pólen
Estas tábuas de soalho de uma casa do Yorkshire do século vi foram datadas pela comparação entre os padrões de crescimento de árvores inglesas. Técnicas modernas, computorizadas, utilizam um scanner para contar os anéis de crescimento, o que signi fica que se podem fazer testes rápidos para datar as madeiras encontradas em antigos edifícios ou estações arqueológicas. diação sorrida desde a formação da rocha e, portanto, da sua idade.
Esta técnica aplica se especialmente
aos objectos de cerâmica. A argila, ao ser cozida para fabricação, por exemplo, de um vaso cerâmico, refaz a sua estrutura cristalina: o relógio é posto no zero. Quan do o vaso é agora reaquecido a temperatu ras de 300 a 600"C, liberta a quantidade de luz correspondente à dose de radiação que recebeu desde a sua cozedura. Os cientis tas podem calcular a idade do vaso com uma margem de erro de cerca de 10%. A termoluminescência pode ser utilizada na peritagem de antiguidades falsas — cerâ mica ou bronzes (que tenham um núcleo argiloso).
Datação pelo campo magnético A agulha da bússola aponta para o norte magnético, e não para o norte verdadei ro. Mas o campo magnético da Terra muda de tempos a tempos, e estas mu danças não apresentam um esquema fixo. Por exemplo, o desvio magnético de há 1500 anos era 50% superior ao de hoje. Há 5500 anos era apenas cerca de 40% superior. As partículas de óxido de ferro nas ro chas ígneas e nas argilas estão alinhadas com o campo magnético da Tena, e, quan do a rocha solidifica ou a argila é aquecida num forno, as partículas fixam-se na orien tação que tinham na altura do aquecimen to. cientistas medem as direcções comde um Os magnetómetro. Isto levou à técnica datação denominada magnetismo termorremanescente. O campo magnético de uma rocha pode então ser comparado com uma tabela em que estão datadas as alterações do campo magnético da Terra. A tabela foi compilada a partir de compara ções com jazidas de data conhecida e da datação das rochas pelo método do potássio-árgon.
Grãos microscópicos de pólen têm ajuda do os cientistas a reconstituírem o passado. Esses grãos minúsculos podem explicar o modo como o homem alterou o ambiente e o clima variava há milhares de anos. Um carvalho liberta anualmente mais de 100 milhões de grãos de pólen, e a vul gar azeda, que cresce nos caminhos, o nú mero incrível de 400 milhões. A maior parte do pólen transportado pelo vento acaba no chão e apodrece no solo em contacto com o oxigénio. Mas ou tra parte cai em lagos ou pântanos, onde é
uma amostra interior de um depósito or gânico, como uma turfeira. Depois tiram-se amostras a intervalos regulares, no sen tido da profundidade do depósito, e datam-se pelo carbono radioactivo. As amostras examinadas vão dos 20 000 grãos por centímetro cúbico para os depó sitos efectuados há 11 000 anos até aos 650 000 grãos por centímetro cúbico nos mais recentes, de alguns milhares de anos. Destas enormes quantidades são anali sadas amostras e calculam-se as propor ções correspondentes às diversas plantas. preservada porque os depósitos de turfa e Os cientistas podem, por exemplo, ver a os sedimentos no fundo dos lagos não forma corno as plantas colonizaram as ter contêm oxigénio. Alguns desses grãos ras setentrionais a seguir à última época conservam-se por muitos milhares de glaciaria, há cerca de 12 000 anos. LI ma das anos e fossilizam-se. As novas camadas de primeiras árvores encontradas foi o junípe sedimentos que se vão formando captu ro, que se dá em climas frios. A medida que ram o pólen das plantas que existiam ao o clima aqueceu, aquele foi substituído tempo de sua formação. Este pólen fossili pelo vidoeiro, depois pelo carvalho e pelo zado fornece um "livro" que permite aos ulmeiro. Ema mudança para um clima paleobotânicos — cientistas que estudam mais húmido trouxe consigo o amieiro. a vida vegetal antiga — reconstituírem um É também possível ver como os povos panorama da vegetação, e portanto do cli influenciaram a vegetação ao cortarem fio ma, dos últimos milhares de anos. restas para fazer sementeiras. Análises de pólen realizadas em 1987 sobre sedimen O diâmetro dos grãos de pólen varia en tre os 15 e os 50 milésimos de milímetro, e tos do mar da Galileia (lago Kinnereth), no Norte de Israel, revelaram que há cerca de as suas estruturas individuais diferem de planta para planta e podem ser identifica 5000 anos foram desbastadas florestas de das ao microscópio. As rijas paredes exte carvalhos para dar lugar às oliveiras, culti riores dos grãos são preservadas porque vadas pelo seu fruto e pelo azeite. No sé culo IH, o número de oliveiras declinou contêm uma proteína resistente à pulre facção. O pólen fóssil é contado retirando quando os Judeus deixaram a Palestina.
POLENES VIVOS E FOSSILIZADOS Cada planta produz grãos de pólen de tamanho e feitio distintos, que podem fossilizar-se fornecendo elementos sobre a vegetação e o clima de uma região na Antiguidade.
Estes grãos de pólen fossiliza do do carvalho vulgar (em
cima) são anteriores a 3000 a. C, quando as florestas de car
Phleum pratense
Carvalho vulgar
valhos da Palestina foram desbastadas para dar lugar às oliveiras.
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COMO FOI FRITO''
Como Aníbal atravessou os Alpes com os seus elefantes Ao conduzir um exército com 37 elefantes através dos Alpes para invadir Roma há 2200 anos, Aníbal criou uma fama de ou sadia que ainda hoje perdura. Levaram 15 dias a percorrer 212 km atra vés de terrenos difíceis e montes nevados — era Outubro e o Inverno aproximava -se , ao mesmo temp o que eram hostili zados por tribos inimigas. A sua velocida de média de 14 km por dia numa subida até mais de 2750 m foi uma proeza notável. Mas a Iravcssia dos Alpes foi apenas uma parte da marcha de 2400 km que aquele exército fez durante cinco meses para atacar Roma pela retaguarda — a A rota dos Alpes. Aníbal conduziu os seus homens através de um dos maisatiospassos
dos Alpes, o Cot de la Traversette. para atacar Roma, ao fim de uma marcha de cinco meses desde Cartagena, em Espanha.
caminho mais fácil, ao longo da costa, pois onde agora c Marselha existia uma colónia grega aliada de Roma.
Ficaram para trás cerca de 7000 homens. O primeiro verdadeiro obstáculo no ca minho de Aníbal era o rio Ródano. Os his toriadores não estão de acordo sobre o lo cal da travessia, mas o historiador grego 1'olíbio sugere, à volta de 150 a. C, que Aní bal terá escolhido um local entre Fourques, na margem oeste, e Aries, na mar gem leste, onde o rio é pouco profundo e
Foi em Maio de 218 a. C. que Aníbal, co m 29 anos, deixou Cartagena, na cosia sudes te de F.spanha. Iniciou a sua marcha com perto de GO 000 homens, mas parte deste exército rebelou-se ao chegar aos Pire néus, apercebendo se do que a esperava.
vagaroso, embora largo - cerca de 800 m. Com a tribo gálica dos Volcas concentrada na margem oriental para lhe impedir a traves sia, Aníbal enviou uma pequena força de infantaria, sob o comando de seu inuáo Hanão, para atravessar o rio mais acima
mais brilhante campanha da II Guerra Pú nica, parle da prolongada luta pela supre macia entre Roma e Cartago. Roma já ani quilara a armada cartaginesa, pelo que uma invasão por mar eslava fora de quês
tão. E Aníbal não podia também tomar o
Uns 20 000 homens rncnreram devido ao frio. aos desabamentos de terras e aos ataques tribais, mas os elefantes so breviveram
Turim
FRANÇA
Cot de la Traversette. Ponto mais alto da marcha
Alóbrogos
Col de Grirrione. O exército entra nos Alpes
Avin
Nice O exército atravessa o Ródano. Batalha com os Volcas
'*tíg_ C? O' MAR
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MEDITERRÂNEO
COMO FOI FEITO? e flanquear o inimigo. Em seguida, Aníbal requisitou barcos e mandou construir jangadas, e quando a primeira vaga dos seus homens chegou ao fim da travessia, os Volcas, apanhados entre duas forças, dispersaram e fugiram. Aníbal voltou-se então para a tarefa de fazer atravessar o grosso do seu exército. Para os elefantes, os Carta gineses construíram esporões que penetravam 60 m no rio e cobriram-nos com terra. Depois, amarraram nas extremidades dos esporões grandes jan gadas lambem cobertas de lerra para enga nar elefantes. Primeiro, measosforam conduzidos atéosàselefantes jangadas,fêc os machos scguiram-nos. Alguns animais entraram em pânico e caíram à água, mas o rio era suficientemente raso para que pu dessem chegar até à margem.
PORQUE DECIDIU ANÍBAL LEVAR ELEFANTES? chega a comer MO kg de vegetação por Os elefantes eram utilizados dia — era uma desvantagem. Com o na guerra principalmente exército sempre a subir e a neve a tomar como força de choque — não impossível a pastagem, os elefantes so só para assustar os inimigos, freram gravemente com a fome. mas lambem, como os tan Os elefantes de Aníbal não eram mui ques, para os afastar. Além to grandes, medindo provavelmente disso, podiam transportar no uns 2,5 m de altura no garrote. Aníbal dorso pequenas torres de capturou-OS nos contrafortes do Atlas, onde os atiradores arremes no Norte de África, onde este animal, a savam lanças ou setas — em partir de então, se extinguiu. bora não haja provas de que os elefanles de Aníbal as carregassem. Nas Os elefanles eram muito apreciados longas revelavampelos Cartagineses, como torna evi -se úteismarchas, animais os de elefantes carga, com uma ca dente em algumas das suassemoedas de pacidade 10 vezes superior à dos cava prata, que os apresentam no verso. Os los. Contudo, a quantidade de alimentos anversos representavam deuses e perso de que necessitavam — um elefante nagens importantes, incluindo Aníbal.
COMO FOI FEITO? O exército marchou para norte ao longo da margem oriental do Ródano até ao rio Drôme, e depois para leste até aos contra fortes dos Alpes. Não se conhece a sua rota exacta através dos Alpes, mas indicações de antigos escritores sugerem que ela se iniciou no Col de Grimone e prosseguiu através do Col de la Traversette até ao vale do Pó, em Itália. Logo no início da travessia, o exército teve de repelir um ataque da tribo gálica dos Alóbrogos, tendo perdido muitos ho mens e cavalos. Nesse mesmo dia, Aníbal capturou uma cidade onde conseguiu al guns e se abasteceu. Para comple tar a cavalos sua alimentação, os soldados tinham de viver de produtos da terra, e à medida que subiam c a neve cobria as zonas de pastagem, a alimentação dos animais tornou-se um problema. Muitas vezes, tiveram de viajar ao lon go de estreitos caminhos, com precipí cios íngremes de um dos lados. Durante a caminhada, houve escaramuças com tribos hostis. Em certo lugar (provável mente no Combe de Queyras), os ata cantes fizeram rolar do alto pesadas pe dras, e no sétimo dia Aníbal teve de esta cionar parte das suas forças num pene do nu sobranceiro ao desfiladeiro a fim de proteger os animais de carga, que es corregavam durante a noite. O frio e os desabamentos de terras causaram mais vítimas do que os ataques, e muitos sol dados e animais de carga escorregaram para os precipícios. O exército atingiu o cirno ao nono dia, depois de se ter perdido diversas vezes, e descansou durante dois dias antes de des cer. Também na descida surgiram proble mas. No décimo segundo dia, um desaba mento de terras bloqueou completamen te o caminho, e este teve de ser desimpedi do para que os elefantes e os cavalos pu dessem prosseguir. No décimo quinto dia, os Cartagine ses chegaram à planície do rio Pó. Aní bal perdera pelo menos 20 000 homens, mas tinha ainda todos os seus elefantes (apenas um não morreria depois, du rante o Inverno rigoroso). E derrotou o exército romano que, comandado por Cipião, se tinha concentrado nas planí cies junto ao rio Ticino. Aníbal continuou a combater os Ro manos cm Itália durante 15 anos, ven cendo três importantes batalhas e mui embora tas outrascontasse de menor comimportância muitos aliados mas. entre as tribos italianas, nunca teve tro pas suficientes para quebrar o poderio de Roma. Em 203 a. C, foi chamado de regresso a Cartago, que estava a ser ata cada por Cipião. Cartago foi destruída por Roma cerca de 50 anos depois. Nes sa altura, já Aníbal morrera - por suas próprias mãos, em 183 a. C, para evitar ser capturado.
Pão e cerveja na Idade da Pedra Tanto o pão como a cerveja provêm de cereais. Na Idade da Pedra, o pão era feito de trigo e cevada bravos. O fabrico de cer veja pode ter surgido como subproduto deste primitivo fabrico do pão. Almofarizes, pilões e mós descobertos em estações arqueológicas indicam que os povos do Médio Oriente fabricavam com gráo-bravo certo tipo de pão não fer mentado ou papas antes de saberem fazer cerâmica. No grão-bravo, não é fácil separar a se mente comestível do folhelho — a sua pelí cula externa. Os arqueólogos pensam que os povos primitivos aprenderam a separar O folhelho crestando o grão sobre pedras quentes enquanto o malhavam. A mistura do grão crestado com água teria produzi do uma papa comestível. As sementes não queimadas poderão ter sido humedecidas e deixadas germinar como rebentos de fei jão. Os enzimas naturais poderão ter fer mentado o líquido proveniente desta ger minação, transformando-o em cerveja. Os primeiros povos que se sabe terem cultivado os seus próprios cereais foram os Nalufenses, que viveram em redor do monte Carmelo, no Norte de Israel actual. As investigações realizadas em 1988 revela ram que eles se serviam de foices de sílex para segar o trigo e a cevada que cultiva vam já há 13 000 anos. Foram encontradas foices com riscos provocados por areias, o
Cozedura e fermentação. Figwus de um túmulo egípcio mostram a cozedura do pão
v u fermentação da cerveja há 3000 anos. que demonstra que as plantas eram ceifa das em terreno previamente limpo, e não no meio da vegetação natural, onde a co bertura vegetal do solo não deixa misturar as areias. Os Sumérios, que viveram no Sul da Me sopotâmia há uns 5000 anos, utilizavam cerca de 40% da sua colheita de cereais para fabricar cerveja com oito sabores dife rentes. Por volta de 1750 a. C, o rei Hamurábi, da Babilónia, na Mesopotâmia Meridio nal, publicou leis que regulavam a qualida de da cerveja à venda nas tabernas. Os antigos egípcios foram o primeiro povo que se sabe ter fabricado pão leveda do por volta de 2600 a. C. Usavam farinha de trigo para manterem uma provisão de uma massa azeda, fermentada, que era acrescentada à massa do pão, a fim de a fazer levedar. Este fermento pode ter sido descoberto por acaso, quando fermentos transportados pelo vento penetraram na massa que tinha sido amassada e posta a descansar antes da cozedura.
Técnica antiga. Estes modelos de padei ros egípcios datam de cerca de 1900 a. C. Nessa altura, já fabricaoam pão levedado há 700 anos.
Desenhos com pedras Só do ar é visível esle desenho de um maca co no deserto da costa pacífica do Peru. Abrange uma área de quase 2 ha, e uma das mãos tem mais de 12 m. O macaco é um de entre muitos dese nhos feitos no deserto pelo povo nazea en tre 3000 e 4500 a. C. As linhas de Nazca, como são chamadas, apenas foram desco bertas em 1926, e o seu conjunto total — que se estende por 500 km-' — só foi visível em 1941, quando a Força Aérea Peruana foto grafou o deserto. Para fazerem os desenhos, os Nazeas limi taram se a deslocar as pedras castanhas do deserto, expondo o subsolo amarelo, e empilharam-nas de lado em montículos. Por que razão o fizeram e como consegui ram estes resultados ninguém sabe.
••".'VVS
Obras de arte à luz da candeia na Idade da Pedra Quando os artistas da Idade da Pedra, de há 12 000 a 30 000 anos atrás, desenha vam nas paredes, tinham de trabalhar numa escuridão quase total, mesmo du
luzentes das candeias. Têm sido encontra das algumas destas candeias, e as paredes, e até as pinturas, mostram traços de fumo provenientes de muitas mais.
de musgo ou líquenes secos. Na gruta de Lascaux, perto de Montignac, no Sudoeste de Krança, usavam-se também como torci das raminhos de junípero.
rante dia. Algumas muitoodistanciadas da das luz pinturas do dia: aficam sala grande da gruta de Niaux, em Ariège, Fran ça, fica a mais de 800 m da entrada. Para pintar, os artistas das cavernas pos suíam apenas a luz fraca de chamas treme-
As candeias são pedraspara chatas ou ca lhaus, com concavidades o combus tível, feito de gordura animal, e uma torcida
Para pintar, os principalmente nosartistas animaisinspiravam-se de que de pendiam para a sua alimentação e matérias-primas. Muitas das pintu ras são contornos desenhados numa cor única, outras são pin tadas a cheio Os contornos po diam ser gravados com sílexes aguçados ou pintados a preto. As cores eram obtidas a par tir de pigmentos naturais, como o óxido de ferro e ocre
Instrumentos e tinias. Um instrumento de gravação, com ocre endurecido ainda agurrudo à aresta, colocado entre dois cin zéis de escultor e alguns pedcjços de ocre e manganês. Estes artefactos foram usados por artistas da Idade da Pedra em França.
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Gama de cores. Estes 12 pig mentos, que vão do amarelo fxili do ao negro, são semelhantes aos usados em Lascaux e consistem em minerais pulverizados.
Luz primitiva. Candeias de pedra, como esta, alumiavam os pintores da Idade da Pedra O combustível era sebo de animal.
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COMO FOI FEITO? vermelho e amarelo (para os vermelhos e amarelos), o óxido de manganês (preto), a hematite (caslanho-encarniçada) e o cau lino (branco). Em Lascaux, os vestígios mostram que OS pintores moíam os mine rais com pilões e almofarizes, misturando depois as cores em paletas de pedra para produzirem as diversas tonalidades. No processo de mistura usavam-se materiais como o carvão e o quartzo. As tintas eram provavelmente misturadas com gordura para ficarem à prova de água; as de Lascaux foram misturadas com água da gruta, rica em carbonato de cálcio, o que as tornou Erampêlos aplicadas com ou pincéis duradouras. feitos de penas, de animais paus e com almofadas de musgo. Além de trabalharem com pouca luz nas câmaras interiores e nos recantos pro fundos das grutas, muitos destes artistas rupestres devem ter trabalhado de forma muito incómoda. Algumas pinturas ficam em recantos afastados com menos de 1 m de altura, c para as executar o artista teria que se acocorar desconfortavelmente. Ou trás ficam a alturas que só podem ter sido alcançadas com andaimes, que eram fei tos de madeira. Almoços durante o trabalho Numa parte da gruta de Lascaux, os ar queólogos descobriram vestígios de an daimes — alguns dos quais devem ter atin gido 5 m de altura. De ambos os lados de uma passagem, vêem se na rocha buracos com a profundidade de 10 cm à altura de cerca de 2 m, que eram muito provavel mente apoios para uma plataforma. Isto teria permitido que os artistas chegassem ao tecto. I lá também vestígios de "almo ços durante o trabalho" — ossos de rena espalhados pelo chão.
Grutas de Lascaux. Os artistas usaram as paredes e o tecto da Sala dos Touros para as suas pinturas de animais. Entre estes, con tam se um cavalo castanho (em cima), um touro amarelo (à direita, em cima) e três veados (à direita, em baixo).
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COMO FOI FEITO?
Jogos Romanos: os selvagens espectáculos do Coliseu Do alvorecer ao anoitecer, o Coliseu de Roma ressoava com o clamor da multidão que se divertia com os Jogos - espectá culo de carnificina e derramamento de sangue que podia durar meses. O ponto alto rios Jogos eram osmunera, os comba tes de gladiadores, em que homens arma dos combatiam dois a dois - frequente mente até à morte. Mais de 2000 homens podiam combater numcomo únicopequenos dia de jogos. Os Jogos nasceram es pectáculos organizados pelos nobres ro manos, habitualmente para assinalar um funeral - o primeiro foi em 264 a. C. Acrcditava-se que as almas dos mortos podiam ser apaziguadas pelo derramamento de sangue humano. Os jogos oficiais, organi zados pelos cônsules romanos, iniciaram-se em 105 a. C.
Monumento sinistro O Coliseu, completado em 80 da nossa era, é uma das mais belas edificações ria Roma antiga que ainda perduram. O gran de anfiteatro de pedra, de quatro andares, comportava 50 000 espectadores. Os priviMorte no est ádio . Satisfazendo a ânsia de sangue de dezenas de milhares de roma nos, homens armados combatiam animais selvagens (em baixo) ou lutavam entre si. Gladiadores como os Samnitas, protegidos por escudos e elmos, dirigiam a sua força e perícia nu manejo da espada contra as re des e as forquilhas de três dentes dos retiarii íein baixo, à direita).
legiados — entidades oficiais, sacerdotes, vestais — sentavam-se no nível inferior (o podium) dos assentos, dispostos em de graus íngremes; os mais pobres, na última fila. A arena tinha aproximadamente o ta manho de um campo de futebol.
rança de prémios em dinheiro. Mas mes mo os homens livres tinham de jurar sub missão durante o prazo dos seus contra tos, concordando em ser "queimados com fogo, agrilhoados com correntes, chi coteados com varas e mortos pelo aço". Havia escolas bem organizadas para Animais na arena gladiadores. Os principiantes aprendiam a Leões, tigres, touros, ursos, elefantes e búfa usar as armas e eram bem alimentados los eram usados em combates ou em caça com uma dieta especial para fortalecer os das na arena. Às vezes, eram atiçados contra músculos - a cevada, considerada saudá homens, outras vezes entre si. Nas celebra vel, era um alimento sempre presente. ções da inauguração do Coliseu, em 80, fo Cada gladiador era treinado a lutar com ram mortos num só dia 5000 animais. determinadas armas. Os Samnitas usavam uma espada curta, um escudo grande e Eram guardados por baixo do anfitea tro, e as jaulas içadas até ao túnel da entra oblongo, um elmo com viseira, uma cane leira na perna esquerda e uma manga de da por meio de rampas e guinchos. Uma metal ou couro no braço direito. Osretiarii grade de metal com 4 m de altura em redor (ou homens da rede) vestiam apenas uma da arena protegia os espectadores. túnica ou avental curtos c empunhavam Os homens que combatiam os animais, uma rede, um tridente e um punhal. O com arco e flecha, lança ou punhal, eram retiarius era habitualmente confrontado chamados bestiarii. Criminosos ou prisio neiros eram por vezes atirados às feras sem com o secutor (perseguidor), que tinha um elmo e um escudo e estava armado meios de defesa. Existia uma vasta actividade de captura com uma espada e um pau guarnecido de chumbo, para afastar a rede com que o de animais em todas as partes do império, retiarius tentava embaraçá-lo. e algumas espécies, como o elefante do Norte de Africa, exlinguiram-se. As vezes, lançava-se ummirmillo — ar mado como um secutor, mas com uma Os combatentes cimeira em forma de peixe no elmo contra um retiarius ou contra um trácio Os gladiadores eram recrutados entre os escravos, criminosos e prisioneiros de armado de um pequeno escudo redondo e espada curva. Os bestiarii não eram con guerra. Outros eram homens desespera dos ou falidos que se juntavam de livre von siderados gladiadores. tade às suas fileiras durante um prazo acor Na noite antes rio combate, servia-se aos dado por uma soma contratada e na espe gladiadores escalados para o dia seguinte
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Capacete protector Alguns gladiadores usavam elmos de bronze como este, decorado com cenas do saque de Tróia.
As ruínas do Coliseu. Completado em 80 pelo imperador Tito, o Coliseu ressoou du rante quatro séculos com o clamor de 50 000 espectadores 0 pavimento da arena oval (87,5 x 54.8 mj já aluiu, deixando ver as passagens subterrâneas onde os ani mais e os prisioneiros eram guardados antes de serem içados em jaulas até ao túnel de entrada para enfrentarem a morte. um generoso banquete. Muitos passavam a noite — quiçá a derradeira - festejando e bebendo. Os gladiadores iam das casernas para o anfiteatro em carros e entravam para a arena por uma das 80 arcadas. Uns usavam elmos trabalhados e capas cor de púrpura e pos suíam escravos para lhos transportar as ar mas. Parandonopuluinar. onde se sentavam o imperador e a sua comitiva, estendiam o braço direito e entoavam: "Ave, César e impe rador, os que vão morrer saúdam-te." O programa iniciava-se em geral com combates entre animais ou caçadas. Antes de começarem as lutas de gladiadores, as armas e o equipamento eram verificados por magistrados. Depois de combates de aquecimento com armas de madeira, os lutadores para cada combate eram esco lhidos à sorte. A seguir, ao som de clarins,
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gaitas, cornetas e hidraulos [instru mentos de sopro), começava o pri meiro combate — talvez samníta con tra trácio ou mirmillo contra retiarius, ge ralmente em combates singulares, mas às vezes em grupos. Enquanto a multidão gritava, encora jando ou escarnecendo, ou apostava nos favoritos, os instrutores incitavam os seus homens com palavras ou com chicotadas, aplicadas pelos lorarii (flagcladores). Por vezes, os combatentes relutantes eram aguilhoados com ferros em brasa. Quando um gladiador era ferido, a mul tidão gritava "Hoc habet!" ("Já apa nhou!"). Um gladiador desarmado, ferido ou derrotado levantava um dedo da mão esquerda — ou o braço esquerdo se esti vesse no solo —, apelando para o público, que lhe concedia misericórdia com o polé
gar para cima ou o abanar de um lenço — ou o votava à morte com o polegar para baixo. Mas era o imperador quem decidia do destino do homem. Alguns combates eram antecipada mente combinados como sendo até a morte e continuavam até que um dos luta dores fosse morto. 0 vencido era arrastado para o spoliarium (câmara mortuária) e,
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BATALHAS NAVAIS A FINGIR
Quando foi construído, o Coliseu ti nha na sua área subterrânea um siste ma de águas com o qual se podia inundar a arena, como cenário para uma naumachia — a representação de um combate naval. O Coliseu foi usado para nuurnachiae pelo menos duas vezes, mas posteriormente a área subterrânea passou a ser usada para enjaular animais. Os gladiadores eram treinados para combater tanto no mar como em terra. O imperador Augusto man dou construir um enorme lago para naumachiae na margem direita do rio Tibre em 2 a. C. O lago tinha 200 000 m- e era alimentado por um aqueduto de 32 km de extensão, des de o lago Alsietina. Uma das primeiras naumachiae ali apresentadas repre sentava uma batalha entre os Atenien ses e os Persas. Em 52, uma nauma chia organizada pelo imperador Cláu dio envolveu 100 navios e 19 000 homens. se ainda estivesse vivo, os serventes matavam-no. No fim do dia, a lista dos gladia dores era marrada com P, V ou M, indicando os que tinham perecido, os que tinham ven eido e os missi (perdedores), a quem era pemiitido viver até outro combate. Breves dias de ouro e glória Os gladiadores eram as estrelas da antiga Roma. Os favoritos do público eram os ve teranos cujos nomes asseguravam uma casa cheia e que eram louvados nos graffiti O vencedor de uma competição era pre miado com presentes e moedas de ouro, que poderia gozar até ao combate seguin te. Mas poucos sobreviviam o suficiente para ganhar a rudis (espada de madeira), dada a um gladiador proeminente junta mente com a sua liberdade. Alguns nobres tomavam parte cm com petições de gladiadores, atraídos pela po pularidade c pelas emoções. O excêntrico imperador Cómodo, assassinado em 192 (estrangulado pelo seu parceiro de luta), tomou parte em vários combates de gla diadores, matando adversários desarma dos ou munidos com armas embotadas. Algumas mulheres — por vezes perten centes à nobreza — tornaram-se ras, o que foi proibido em 200 pelogladiadoimpera dor Septímio Severo. O cristianismo pôs fim à era dos gladia dores. Em 326, Constantino, o Grande, proibiu que os criminosos fossem conde nados à arena, e os combates de gladiado res foram finalmente ilegalizados em 404 — depois de o monge Almáquio, que ten tara separar dois gladiadores, ter sido ape drejado até à morte pelos espectadores.
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Cerco a um castelo medieval As muralhas maciças dos caslelos medie vais constituíam formidáveis barreiras de fensivas. Antes de a pólvora entrar em uso no Ocidente, no século xiv, sitiar um caste lo era tarefa difícil e demorada. Quando o tempo não constituía problema, a forma mais simples de tomar um castelo era cer cá-lo e submeter a guarnição pela fome. Mas as guarnições eram frequentemen te pequenas 20 homens conseguiam defender um—castelo de tamanho razoá vel , pelo que as provisões podiam durar muito tempo. Havendo água, o cerco po deria prolongar-se por meses e resultar dis pendioso - o exército sitiante, composto em grande parte por mercenários, tinha de ser alimentado e pago. As alternativas eram o assalto ou o subterfúgio. lançamento de um assalto O castelo medieval típico tinha um grande pátio exterior rodeado por uma muralha defensiva. Outra muralha cercava o pátio interior, mais pequeno. Até ao século xm o principal ponto forte era a torre de mena gem, situada no pátio interior. Alterações feitas desde então no desenho dos castelos diminuíram gradualmente a importância da torre de menagem. O castelo era fre quentemente construído sobre uma coli na ou um rochedo para ter vista sobrancei ra às redondezas e dificultar o assalto. Se possível, era protegido por um rio ou fosso. Alguns eram edificados em ilhas. Dado que os pontos vulneráveis do cas telo eram as entradas, estas eram bem de fendidas. A principal era protegida por uma barbacã construç ão exterior for mada geralmente por uma estreita passa
gem descoberta de onde os intrusos po diam ser atacados de cima A porta estava em geral protegida por uma "porta sarra cena" — pesada grade de ferro com bicos que podia ser baixada em frente daquela. Se o castelo tinha fosso, havia uma pon te levadiça que podia ser levantada, for mando não só uma outra barreira, mas deixando um espaço entre atacantes e de fensores. Frequentemente, havia ainda uma porta traseira — pequena saída de emergência que em Portugal se chamou "porta da traição". Era também utilizada como abertura de surtida para se fazerem contra ataques. Os defensores que apareciam nas mu ralhas eram alvo dos atiradores de arco e besta, embora as ameias lhes dessem certa cobertura. A besta disparava virotes (também chamados quadrelos), tinha maior alcance — mais de 275 m — e era mais fácil de usar, embora mais demora da porque tinha que ser recarregada me canicamente. Os archeiros precisavam de ser muito hábeis, mas eram mais rápi dos - um bom archeiro conseguia dis parar 12 setas por minuto até pelo menos 200 m e as vezes até quase ao dobro desta distância. Para abrir brechas nas muralhas, os ala cantes usavam máquinas de guerra. Estas armas de longo alcance tinham variadíssi mos nomes, mas, na sua maioria, eram efectivamente catapultas gigantes. Qual quer pedra adequada era usada como mu nição, mas era habitual afeiçoar as pedras para que ficassem aproximadamente este ricas e, assim, voassem melhor. Tinham, em média, 40 a 50 cm de diâmetro.
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Estas máquinas eram igualmente utili zarias para lançar projécteis incendiários com enxofre e pez, mas o material mais eficaz era o fogo grego, utilizado pelos Gre gos na defesa de Constantinopla em 673. A sua composição ó desconhecida, mas era provavelmente à base de petróleo.
A entrada em combate No assalto directo, os atacantes tinham de conseguir chegar à base das muralhas. Se havia um fosso, tinham de construir uma ponte de barcas ou de o encher com pe dras para formar um passadiço. O ataque para o corpo a corpo era tarefa perigosa.
Bombardeando os baluartes. Esta ilus Iração de finais do século xv representa o cerco inglês ao Castelo de Mortagnesur-Gironde, na costa sudoeste de França. Entre as armas usadas, vêem-se arcos de flecha, bestas, calumbretas e canhões. Os defensores podiam despejar sobre os atacantes pedras e água a ferver através de aberturas - os bueiros, ladroneiras ou mata-cães — existentes nos varandins das muralhas. Os assaltantes eram igualmente alvejados pelos archeiros sitiados. Por isso, aqueles actuavam ao abrigo de um telheiro, ou mantelete, construído em madeira forte e montado sobre rodas. Era conhecido por "tartaruga", ou tesludo, em latim, devido à cobertura e à lentidão com que se deslocava. Com esta protecção, eles podiam martelar as muralhas ou a porta com um aríete enorme tronco de ma deira movimentado para trás e para diante pelos soldados, às vezes com o auxílio de
Fortaleza dos cruzados. O Crac dos Ca valeiros, na Síria, foi construído por cruza dos, antes de 1142, num afloramento com declives íngremes em três lados. A base das muralhas foi fortificada com um talude - massa inclinada de terra e calhaus — para a proteger da minagem.
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ARMAS MORTÍFERAS USADAS NOS CERCOS MEDIEVAIS Para enfraquecer ou abrir brechas nas mu ralhas dos castelos, os atacantes utilizavam não só armas de curto raio de acção, como artilharia de longo alcance. As máquinas de guerra do longo alcance eram na verda de catapultas gigantes. Qualquer pedra po dia ser usada como munição, mas era habitual afeiçoar as pedras até ficarem es féricas para voarem melhor. Estas máqui nas eram também utilizadas no arremesso de projécteis incendiários. No ataque de mais perto usavam-se aríetes, aríetes de es pigão e torres móveis. • Trabuquete Um peso colocado na extremidade de um braço comprido provoca va neste uma sacudidela para cima quando era solto do cabrestante, arremessando o projéctil.
Plataformas. Estas "varandas" de madeira nas muralhas eram co bertas e tinham pavimentos de tá buas através dos quais podiam despejar se líquidos em ebulição ou projécteis sobre os atacantes em baixo. 0 seu principal inconve niente era poderem ser incendia das ou destruídas por projécteis. Manganela. Um cordão de crina de cavalo, de corda ou de tendão mantinha sob tensão um bruço comprido mu nido de uma cavidade ou de uma funda onde era carrega da uma pedra. Quando se soltava o cordão, o braço saltava, arremessando a pedra. Torre móvel. Uma alta torre de madeira era empurrada até às muralhas do castelo, í os atacantes atiravam do seu interior sobre os sitiados. Podiam então assaltar o castelo através de uma ponte leoadiça no cimo da torre.
Aríete. Uma 'barraca sobre rodas pro tegia os atucantes dos projécteis. Suspenso no interior havia um tronco com uma extremidade de ferro, chama da aríete ou canteiro, que os atacantes balançavam, a fim de abrir um buraco na muralha OU na poria do castelo. Minagem. Se o castelo não era rodeado por um fosso ou construído sobre rocha, os ata cantes podiam abrir um túnel escorado com estacas de ma deira até uma muralha OU tor re de canto do castelo. Podiam então enfraquecer as funda ções e fazer uma fogueira na base da muralha. 0 calor fazia estalar as pedras. OS suportes ardiam e a muralha caiu.
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Batista. Esta enor me besta mantinha os dois braços do ar CO sob tensão, e a corda era operada por um cabrestante. Quando este era solto, projectava pedras ou setas de ferro. Tal como a manganela. foi inventada pelos Gregos.
Poste com espigão. Antes de se usar o aríete, a alvenaria era enfraquecida com um poste com um espigão de metal, que era percutido contra a argamassa
COMO KOI PEITO? estropos montados sob a tartaruga. A ca beça do anelo, ou carneiro, tinha um capa cete de ferro, muitas vezes pontiagudo. As versões mais antigas apresentavam uma cabeça de carneiro na extremidade per cutora, srcem do nome da arma. Oulro processo de ataque a coberto da tartaruga era com um tronco de árvore com um espigão na ponta com o qual os assaltantes batiam contra a argamassa para soltar as pedras. Homens munidos de picaretas e pés-de-cabra destruíam também a argamassa para remover as pedras. Usavam-se escadas de assalto para fazer passar os homens por cima das muralhas. Os soldados atacantes subiam-nas a co berto do "fogo" dos archeiros, que assola vam os defensores com setas para os im pedir de empurrarem as escadas. Muitas vezes, os sitiantes construíam uma torre móvel em madeira para que os seus archeiros pudessem atirar sobre os defensores ao nível das ameias, ou mesmo de mais alto. A torre tinha várias platafor mas e uma ponte levadiça no cimo. Se os atacantes conseguissem levá-la até junto das paredes, a ponte era utilizada para su bir para as muralhas.
Minas e explosivos Se o castelo não tinha fosso e não assenta va sobre rocha maciça, os atacantes abriam frequentemente urna passagem por baixo das muralhas. Quando já tinham minado urna secção de muralha suficien temente grande e a haviam escorado com estacas de madeira, faziam uma fogueira à roda das estacas — e, quando estas ar diam, a muralha desmoronava-se. 0 advento da pólvora e dos canhões (no século xv) facilitou a tarefa dos sitiantes, embora durante muitos anos aqueles fos sem pouco mais eficientes que as velhas máquinas de guerra. Uma das primeiras utilizações da pólvo ra foi no petardo, pequeno recipiente de ferro contendo explosivos, que era infla niado e depois atirado à mão, ou previa mente atado a uma porta ou outro ponto fraco para nele abrir urna brecha. Mas a pessoa que inflamava o petardo corria também sérios riscos, pois podia não che gar a local seguro antes da explosão.
A queda de uma poderosa fortaleza Quando foi construído, em 1196-98, por Ricardo, Coração de Leão, Inglater ra, o Châleau Gaillard, cm rei LesdeAndelys, perlo de Rouen, em França, era conside rado uma das mais poderosas fortalezas da Europa. Assentava sobre íngremes ro chedos com DO m de altura, sobranceiros ao rio Sena, e só podia ser alcançado por sueste. Com a morte de Ricardo, passou para o rei João de Inglaterra. Em 1203, Filipe Augusto, rei de França, atacou a for taleza.
por um rochedo saliente que fora deixado como parte de uma ponte sobre o fosso. O castelo acabou por cair nas mãos dos Fran ceses em Março de 1204, depois de um cerco que durara cerca de cinco meses.
Depois de tomar a margem oposta e destruir a ponte sobre o rio, o exército de Filipe cavou trincheiras e cercou o castelo. O rei João enviou um exército e uma força naval, mas foram derrotados. Roger de Lacy, o comandante inglês do Châleau Gaillard, calculou ter comida sufi ciente para alimentar um forte punhado de soldados durante um ano. Os restantes, juntamente com habitantes locais que se tinham abrigado no castelo, foram postos fora. Com os portões fechados pela reta guarda e as tropas francesas pela frente, centenas de pessoas foram abandonadas à sua sorte entre os dois exércitos. Mas Pili pe, ao fazer uma visita de inspecção às suas tropas, permitiu finalmente que lhes des sem de comer e as deixassem passar. Filipe decidiu atacar na Primavera e os seus homens acabaram por conseguir dei tar abaixo parte da muralha do pátio exte rior com o auxilio de Lima mina e do fogo. Os defensores incendiaram então o resto das defesas exteriores e retiraram-se, dei xando os atacantes tentarem encontrar ca minho para a impenetrável zona interior, com mais dois fossos e pátios. Conseguiram-no quando um grupo de seis soldados subiu por um esgoto de latri na e alcançou uma janela na cripta de uma capela (edificada já pelo rei João) no pátio intermédio. Os soldados conseguiram bai xar a ponte levadiça. Seguiram se duros combates, mas o último bastião, o pátio interior, caiu quando os atacantes logra
Guerra bacteriológica medieval As máquinas de guerra não serviam exclu sivamente para lançar projécteis — outra aplicação era catapultar carcaças por cima das muralhas de animais já em decompo sição. Lançavam-se para o interior de um castelo sitiado animais mortos para espa lhar doenças entre os defensores. Um destes incidentes teve consequên cias desastrosas e de longo alcance. No In verno de VMti-47, a peste bubónica declarou-se num exército tártaro que cercava o porto fortificado de Caffa (a moderna Feodósia, na Crimeia). Os Tártaros tinham provavelmente contraído a peste de gentes recém-cliegadas da Ásia Central, onde a doença era endémica. Os sitiantes pensaram apressar o cerco arremessando os cadáveres de algumas das vítimas da peste por cima das mura lhas. Mas a doença espalhou-sc rapida mente entre defensores e atacantes, e os Tártaros tiveram de abandonar o cerco. F.ntre os defensores, encontrava se um grupo de mercadores italianos que se ti nham refugiado dos Tártaros. Aqueles que sobreviveram embarcaram para Génova e a doença, a Peste Negra, espalhou-se por Ioda a Europa, matando pelo menos um
ram enfraquecer as muralhas abrigados
quarto da população.
Como os antigos marinheiros exploravam os mares Muito antes de a agulha magnética come çar a ser usada pelos marinheiros euro peus no século xii, já os povos antigos na vegavam no mar alto. Por volta do século v a. C, os Fenícios, que habitavam o que é hoje o Líbano, levavam as suas galeras de boca larga para além do estreito de Gibral tar e atravessavam o golfo da Biscaia, a fim de obterem estanho na Grã-Bretanha.
No oceano Pacífico, durante o 1." milé nio da nossa era, os antigos polinésios percorriam milhares de milhas no mar em pirogas e colonizaram muitas ilhas na área abrangida pelo triângulo formado pelo Havai, ilha da Páscoa e Nova Zelân dia.
Mercadores primitivos. Os antigos fenícios aven turaram se para além do estreito de Gibraltar e já cinco séculos antes de Cristo iam buscar estanho à Grã-Bretanha. Este baixo relevo de pedra representa um dos seus navios.
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Sondando as águas costeiras Desde tempos primitivos que os marinhei ros usam sondas para navegar em águas costeiras. Nesse tempo, manlinham-se ge ralmente à vista de terra e ficavam de capa ou desembarcavam durante a noite. A son da era basicamente um fio-de-prumo em que o prumo, muitas vezes de chumbo, tinha uma concavidade com sebo. 0 cabo do prumo media a profundida de até ao fundo do mar e o sebo revelava a constituição do fundo pela areia, calhaus ou lama que trazia agarrados. Se o sebo vinha limpo, o navio encontrava-se por cima de rocha. Para medir a profundidade, o cabo era marcado a intervalos regula res — geralmente a distância entre as extre midades dos braços abertos de um ho mem. Ainda se usa muito no mar a medi ção em "braças". Navegando pelas estrelas No mar aberto, durante o dia e com bom tempo, os marinheiros marcavam o seu rumo médio a partir da posição do Sol. A noite, serviam-se das estrelas. Os antigos fenícios guiavam-se pela constelação da Ursa Menor, pois sabiam que ela estava sempre no Norte. Também os antigos poli nésios se guiavam pelas estrelas. As vezes, abasteciam as suas pirogas de 18 m para viagens de mais de 3000 km, que duravam várias semanas. Conheciam a latitude de diversas ilhas pelas estrelas que sobre elas tinham o seu zénite e sabiam marcar o rumo por uma estrela próxima do hori zonte à hora do nascer ou do ocaso.
De onde sopram os ventos Os Gregos e os Fenícios sabiam em que direcção sopravam os ventos predomi nantes do Mediterrâneo e serviam-se deles como guias de orientação. Estes ventos eram assinalados num diagrama chama do rosa-dos-vcntos. Os navegadores calcula vam a direcção dos ventos em relação ao Sol e comparavam na com a rosa-dos-ven tos. Além disso, distinguiam um vento pela respectiva intensidade, temperatura e grau de secura ou humidade. A rosa-dos-ven tos continuou a ser usa da pelos marinheiros de épocas posterio res. Os Italianos deram nomes aos ventos nela marcados conforme as áreas de onde sopravam, como o greco (nordeste), o le vante (leste) e o siroco (sueste). Lendo os sinais do mar Os antigos navegadores polinésios não se limitavam a servir-se das estrelas, mas liam o oceano tão bem como os batedores ín dios norte-americanos liam os sinais no chão. Os marinheiros experimentados e há beis podiam guiar se pelos seus senti dos — sentindo a ondulação do mar e as mais ligeiras correntes através dos cascos do barco e usando-as como guias. Sabiam quando uma corrente os poderia desviar das suas rotas, e alteravam o rumo de açor do com isso. Pelo aspecto da ondulação, sabiam se navegavam direitos a um mar quebrado por ilhas ou se estavam em mar aberto. Percebiam igualmente se determi nadas nuvens estavam por cima de uma
Navio de guerra grego. Os antigos gregos seruiam-se dos uentos predominantes corno guias de direcção. Este desenho numa laça ateniense do século vi a. C. representa uma birreme — navio de guerra com duas ordens de bancadas de remadores. A sua proa em esporão era usada para abalnxjr navios inimigos.
ilha pelo modo como elas se acumulavam e pelas cores nelas reflectidas pelo que fica va em baixo. Uma forma de reconhecerem a direcção da terra nas noites encobertas era pelos 'relâmpagos submarinos" — traços de luz verde-azulada emitidos por muitas espécies de criaturas marinhas, como os camarões. Estes traços irradiam de uma ilha em todas as direcções num círculo de até cerca de 150 km de raio.
Primeiros cartógrafos Um astrónomo grego de nome Píteas, que viveu no século iv a. C, foi o primeiro ho mem que se sabe ter usado o Sol para mar car a latilude - a distância para norte ou para sul do equador - dos lugares que visitava Em 310 a. C, navegou em volta da costa europeia desde o Sul de Espanha até às Ilhas Britânicas. Píteas fixou a latitude da sua Massília natal (actualmente Marselha, na altura uma colónia grega), e esta foi utili zada pelo astrónomo e geógrafo greco-egípcio Ptolomeu ao desenhar um mapa•múndi no século n da nossa era. Ptolomeu serviu-se também do trabalho de um fení cio do século i, Marino de Tiro, que preco nizou a ideia de uma grelha de linhas para lelas nas cartas de navegação.
Como Colombo descobriu o "Novo M undo" Antes de 1492, nenhum europeu sabia exactamente o que ficava para além das ilhas Canárias e dos Açores. Ao navegar para oeste, Cristóvão Colombo procurava um caminho marítimo para a Ásia Orien tal — as índias. Em vez disso, descobriu um novo continepte, o Novo Mundo. Colombo chegou às ilhas das Caraíbas, não à América do Norte. A sua importan tíssima descoberta resultou de um grande erro, de que ele nunca se apercebeu, pois até ao fim dos seus dias insistiu que tinha chegado às "índias". E por isso que se cha mam assim as índias Ocidentais e que os habitantes da América do Norte ficaram conhecidos como índios americanos. No século xv, os Portugueses tentavam encontrar um caminho marítimo para as índias, com de as quais havia pedras um ricoprecio comer cio terrestre especiarias, sas e sedas. Os seus navegadores explora vam a rota para leste em torno da ponta meridional de África. A partir dos seus estudos da Bíblia, da literatura antiga e dos poucos livros cientí ficos que conseguia obter, Colombo convenceu-se de que seria mais rápido atingir as índias por oeste. Existem ainda os seus exemplares anotados da Descrição do
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Mapa do Velho Mundo. Seis anos antes de Colombo descobrir o Novo Mundo, foi publica do em Ulm, na Alemanha, este mapa do Velho Mundo. Provém de uma edição, ilustrada com mapas, da Geografia de Ptolomeu (c 90-168) 0 seu trabalho inspirou Colombo nos seus esforços para descobrir um caminho para a Ásia pelo Ocidente.
Para oeste! Colombo navegou para oeste para encontrar o Extremo Oriente, e nunca se apercebeu de que tinha descoberto o novo continente da América.
Mundo, de Marco Polo, e da Imago Mundi, do cardeal Pierre d'Ailly. Na Imago Mundi, escrita por volta de
1410, lê-se numa passagem que "Aristóte les diz que o mar entre a ponta mais longín qua da Espanha, a lesle, e a mais próxima da índia, a oeste, é pouco extenso". Marco Polo afirmava que o Japão ficava 2400 km a leste do Cataio (a China), fazendo-o pare cer muito mais perto da Espanha do que na realidade é. Colombo foi enganado pe los escritos de d'Ailly e Polo e por uma alir mação do Segundo Livro Apócrifo de Es dras, que dizia que a Terra consistia em seis partes de terra e uma de mar, em vez da proporção real, que é de uma parte de terra para três de mar. Para piorar as coisas, fez os cálculos em milhas italianas, desconhecendo que elas eram mais curtas que as milhas árabes constantes de muitos mapas da época. Por isso, concluiu que as Índias ficavam só a cerca de 3900 milhas (6300 km) a oeste das Canárias. Se tivesse usado as medi das árabes, o seu cálculo não teria ficado muito longe da realida de — cerca de 5200 milhas (8320 km). Colombo tentou inte ressar o rei D. JoãoII de
Apontando para o norte. Esta bússola italiana, com estojo e tampa, é uni exemplo das utilizadas no tempo de Colombo. Tem uma flor-de-lis a indicar o norte.
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Portugal no seu projecto de um empreen ram mais de três semanas. Colombo acal dimento para oeste, mas este rejeitou a mou a sua impaciência aproveitando a /
oportunidade para alterar o aparelho da Nifia. Finalmente, na quinta feira 6 de Se tembro, já reabastecida, a pequena frota voltou a rumar para oeste. Com a ajuda de um quadrante (para medição da altura dos astros) c de uma bússola, Colombo conseguia navegar para oeste segundo uma linha mais ou menos recta, calculando as posições por estimativa. A velocidade era medida deitandose pela borda, junto à proa, um bo cado de madeira e contando o tempo que levava a popa a passar por ela. Colombo 24 lombo, na Nina. mas aAlguns maioriaeram era genle amigos da de Andalu Co deve ter levado ampulhetas para medição do tempo, pois elas eram largamente usa zia. Outros eram condenados cuja pena fora remida por troca com a viagem. Co das na Europa medieval. lombo comandava a Santa Maria, e Martin Passadas que foram três semanas sem Alonso Pínzón, a Pinta, com seu irmão sinais de terra, muitos dos homens come Francisco Pinzón como navegador. Outro çaram a inquietar se e a murmurar entre si. irmão, Vicente, capitaneava a Nina. Acreditavam que o vento — agora pela popa — vinha sempre de leste, e se não Os navios partiram do pequeno porto, hoje assoreado, de Paios de La Frontera, fio encontrassem terra, a viagem de volta, .Sul de Espanha, a 3 de Agosto de 1492, e contra o vento, levaria tanto tempo que rumaram em direcção às ilhas Canárias. A ficariam sem comida nem água. Várias ve viagem durou nove dias, durante os quais a zes houve ameaças de motim. Pinta perdeu o leme. As reparações leva Finalmente, mais de cinco semanas deideia cm 1182. Colombo acabou por ser apoiado pelos Reis Católicos, Fernando de Aragão c Isabel de Castela, exactamente 10 anos depois 1492. Deram lhe três navios para a viagem: a nau Mariegalante, cujo nome foi mudado para Santo Maria, e duas caravelas meno res, a Nina, de 50 t e apenas 20 m de com primento, com três ou quatro mastros, e a Pinta, de 60 t. As tripulações eram pequenas - 40 ho mens a bordo da Santa Maria, 26 na Pinta e
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pois da partida das Canárias, ouviu-se às 2 horas da manhã de 12 de Outubro o grito bem-vindo de terra à vista. A luz da Lua, o vigia a bordo da Pinta lobrigara a costa, 10 km adiante. Não o sabiam, mas tinham chegado às Baamas. Ao alvorecer, Colombo desembarcou e reclamou a terra para a Espanha, chaman do lhe San Salvador. Verificou tratar-se de uma ilha, que descreveu no diário de bor do como "bastante grande e plana, com árvores muito verdes e um enorme lago no meio, sem qualquer montanha". Colom bo e os seus homens ficaram encantados com o povo e a ilha que visitaram. Mas depois de a Santa Maria ter encalhado e ter de ser abandonada, Colombo tomou o co mando da Nina e rumou para Espanha, desembarcando em Paios a 15 de Março de 1493. Foi nomeado "almirante do Mar Oceano e vice rei das índias", Colombo efectuou mais três viagens ao Novo Mundo. Desembarcou no continen te sul-americano na sua terceira viagem, mas em 1500 regressou a Espanha acor rentado, acusado de malbaratar as terras que descobrira. Foi perdoado, mas perdeu o favor dos reis.
Onde desembarcou Colombo?
consideração a velocidade dos ventos, as correntes e as varia ilha onde Colombo desembarcou em 1492 era chamada Ouanahani pelos índios que a habitavam. Porém, não se ções magnéticas. Concluíram que Guanahani só podia ter sido uma de duas sabe exactamente de que ilha se tratava. Até à década de 80, a ilha de Watling, nas Baamas, rebaptiza- ilhas — a ilha de Watling ou a de Samaria Cay, 100 km para da Sari Salvador em 1926, era a hipótese favorita. Depois, um sudoeste. Afirmam ainda que a paisagem e outras característi grupo de peritos reexaminou provas. Marcaram a rota através cas que de Samana Cay semas ajustam melhor à descrição de Colombo do San Salvador, a controvérsia mantém-se. do Atlântico, servindo se de as computadores para tomarem em
.!.-»«
A construção de Lady Liberty
Em Paris. A ESlátUQ da Liberdade foi cons truída e erigida em Haris antes de ser em barcada para a América cm 1886. A Estátua da Liberdade ergue se a mais de 93 m acima das águas do porto de Nova Iorque, onde, nas palavras do seu criador, "as pessoas vêem pela primeira vez o Novo Mundo".e É a maior de metal do Mundo levou mais estátua de 15 anos a ser cons truída numa oficina de Paris antes de ser transportada para a América. As pregas elegantes das vestes de Lady Liberty não dão ideia da gigantesca estru tura que lhes fica no interior c que inclui uma escada de 171 degraus que se eleva em espiral dentro do seu corpo até uma plataforma escondida no rebordo da co roa, de onde se avista um vasto panorama da cidade e do mar. Cada um dos olhos da estátua tem o comprimento de um braço de homem, o nariz mede 1,40 m, e o seu dedo indicador, 2,40 m. Tem a altura de 4(> m, assenta num pedestal e base com aproximadamente a mesma altura e mede 10,5 m de cintura. Para construir, há mais de 100 anos, uma estátua de tão grandes dimensões, foi pre cisa a visão artística de um jovem e inspira do escultor e a capacidade técnica inova dora de Gustave Eiffel. O escultor Frédéric Augusle Bartholdi jantava em casa de um distinto historiador francês no Verão de 1865 quando nasceu a ideia de um presente do povo francês aos Americanos. Uma estátua de "A Liberdade iluminando o Mundo" (o seu título oficial) Em Nova Iorque. As torres gémeas do World Trado Conter constituem um magní fico pano de fundo para Lady Liberty. 350
Escultura de cobre. As pla cas de cobre que formam a mão e a tábua gigantes vêem-se claramente na fotografia de pormenor em baixo. Ao todo, foram moldadas e mar teladas à mão cerca de 300 placas. Abraçadeiras provisó rias euitaram que as placas se deformassem — até serem fei tos furos para os rebites que as
juntariam numa única e gran diosa figura.
Modelo de gess o. A Estátua da Liberdade foi criada numa oficina de Paris (em cima). Pequenos ao pé da mão direi ta da estátua, os operá rios revestem de gesso a
estrutura de madeira. O escultor Bartholdi (em baixo, à direita, sem cha péu) supervisou a operação.
assinalaria o centenário da independência america na, que os homens e as ar mas de França tinham ajudado a conquistar, e constituiria um símbolo duradouro da amizade e da comunhão de ideais entre as duas grandes nações. Inspirado no lendário Colosso de Rodes - gigantesca está tua de bronze de Hélio, deus grego do Sol, uma das Sete Maravilhas do Mundo Anti go, que se erguia à entrada do porto de Rodes no século m a. C. —, Bartholdi de senhou e construiu um modelo de gesso com II m de altura. A sua estátua definitiva leria mais de quatro vezes essa altura e precisava de ser suficientemente forte para resistir aos efeitos dos anos e do clima, mas suficientemente leve para ser transportada para a América. A solução foi construir uma está tua oca com um revestimento ex k terior assente sobre uma arma^ ção interior — a mesma técni^ ca que fora usada para o Coosso de Rodes. Mas enuanto este tinha uma
Simplicidade O criador da Estátua da Liberdade, Frédénc Bartholdi, falava da simplicidade da sua aparência. "Os pormenores não devem prender a vista."
cobertura exterior de bronze fundido, Bar tholdi decidiu usar folhas delgadas de cobre, material leve e flexível. Em vez de moldar o cobre, propôs-se usar um processo deno minado repoussé, isto é, "rebatido", que enforma o metal, batendo-o em moldes de madeira esculpida. Esta casca exterior de cobre ficaria "pendurada" sobre uma ar mação de ferro interior em forma de torre.
Danos internos. Trabalhos de renovação no interior da estátua nos anos 80 mostra ram que a armadura de ligação das placas de cobre à estrutura estava gravemente cor roída. Todo o conjunto, incluindo os rebites, foi renovado com materiais modernos.
•IÕES DE DE DÓLARES DÓLARES "UFTING" DE 69 ^4ILHOES dosamente preservada, pois constitui um No princípio da década de 80, a Estátua revestimento eficaz contra a corrosão. Na da Liberdade foi objecto de um exame superfície interior, sete camadas de tinta completo e descobriu-se que estava a develha que estavam a reter a humidade nas sintegrar-se. juntas tiveram de ser congeladas e estala Mais de um século de exposição aos elementos — e à condensação da respira das com aspersões de azoto líquido arre ção de milhões de visitantes no interior — fecido a 163°C negativos. As camadas de alcatrão por baixo da tinta foram destruí tinha provocado grave corrosão. A está das com jactos de uma solução de bicar tua sempre sofrera infiltrações; nos últi bonato de soda. mos anos, alguns dos rebites que segura vam a "casca" de cobre deram de si, per Fizeram-se cópias exactas de aço inoxi mitindo que mais humidade entrasse dável de cada uma das barras enferruja para a vulnerável estrutura de ferro. Muito das da armadura. Este trabalho teve de ser do isolamento srcinal de Eiffel, de feito secção por secção — não podiam amianto, que separava a casca de cobre retirar-se mais de 12 barras em cada perío do esqueleto de ferro, tinha-se gasto e do de 24 horas sem pôr em perigo a esta quase metade da armadura estava enfer bilidade da estátua. rujada. O facho estava em perigo de cair, e o ombro do braço que o segurava preci Duas tecnologias sava de ser reforçado. A fim de se evitar a formação de conden sação no interior, a caixa de escada, reno vada, tem corrimãos mais largos e instaAngariação de fundos Foi necessário reunir peritos e fundos de lou-se um elevador hidráulico fechado de vidro. E para aqueles que não conseguem ambos os lados do Atlântico para a res enfrentar a subida até ao topo televisões tauração, que durou três anos e meio e em circuito fechado transmitem imagens custou 69 milhões de dólares. Os France do interior da estátua, mostrando exacta Trabalhos em altura. ses deram início à campanha de angaria Os andaimes ção de fundos e forneceram arquitectos e mente como ela foi construída e bene montados para as obras de beneficiação ficiada. operários. eram mais altos que a própria estátua. A estátua foi envolvida por aquilo que provavelmente constituía a maior estru tura de andaimes de todos os tempos, e todos os dados vitais foram introduzidos em computador com o fimArtífices de se criarem novos planos estruturais. france ses reconstituíram o facho, copiado do desenho srcinal de Bartholdi, por meio da técnica do repoussé, e mestres artífi ces de Paris revestiram a chama com fo lha de ouro de 24 quilates, para que bri lhasse quando fosse iluminada por pro jectores. A casca propriamente dita ficou em boas condições uma vez substituídos os rebites. Ao longo dos anos, o cobre per dera a sua cor srcinal e adquirira uma patina natural verde-pálida. Quando a es tátua foi limpa, a patina teve de ser cuida-
Chama velha. Em 1916, a chama foi trans formada numa lanterna de cobre com vi dros cor de âmbar. Mas ficou mal calafeta da e deixava entrar água.
culosas antes de fazer uma réplica de ges so de cada secção em tamanho natural. Foram depois talhados moldes de madeira
Bartholdi cortou o modelo em secções e procedeu a milhares de medições meti
da Liberdade não é suporta-carga e "paira" sobre a sua armação. Uma armação de costelas de ferro irradia horizontalmente de uma coluna central de quatro vigas verticais que vão da base da
O braço poderoso que empunha o facho da Liberdade foi terminado a tempo do cen tenário da América, em 1876, mas só em Junho de 1884 — quase 20 anos depois de nascida a ideia — a Estátua da Liberdade foi
exactamente iguais secções ampliadas. A "casca" final foi às obtida martelando pelo interior contra os moldes 300 folhas delga das de cobre. Entretanto, Alexandre Guslave Eiffel, en genheiro afamado pelas suas pontes, tra balhava na estnitura interna, que viria a ser a mais alta estrutura de suporte de metal até então construída. O seu desenho foi precursor dos modernos arranha-céus: como estes, a "casca" exterior da Estátua
estátua até àcom nuca.barras Ligada esta, está a arma dura, feita dea ferro semelhantes a molas, encurvadas e torcidas para acom panharem a forma da estátua, como as fas quias de urn manequim de costureira. A fim de minimizar o contacto directo e poten cialmente corrosivo do cobre com o ferro, as secções de cobre estão penduradas nes te esqueleto interior através de consolas de cobre revestido de um material isolador que mantém separados os dois metais.
finalmente terminada. da e triunfante, as ruas Percorreu, de Paris e apruma foi formal mente apresentada ao embaixador da América em França no Dia da Independên cia, 4 de Julho. Seis anos mais tarde, a estátua foi desmantelada e acondicionada, com as secções numeradas, em mais de 200 enor mes grades, para ser transportada para a América no navio de carga francês Isère. 361
COMO FOI FEITO?
Como foi esculpido o memorial do monte Rushmore Qualro cabeças gigantescas olham da en costa de uma montanha nas Black Hills, no Dakota do Sul, EUA, talhadas no cume de granito. Se o resto dos corpos tivesse sido igualmente esculpido na montanha, cada figura teria cerca de 140 m de altura. As rabecas são as de quatro presidentes dos EUA, talhadas no cimo do monte Rush
namarquesa, John Gulzon Borglum. A gi gantesca operação levou 14 anos. A escultura da montanha c um memorial nacional, e os quatro presidentes — es colhidos para representar o nascimento e os ideais da nação — são Georgc Wash ington, o primeiro presidente, Thomas Jefferson, o terceiro; Abraham Lincoln, o 16.",
morehomens com brocas pneumáticas dinamite por suspensos da bordae dos ro chedos. Os trabalhos foram dirigidos por um escultor americano de ascendência di
c Theodore 26." Memorial O Mount Koosevelt. Rushmore oNational foi esculpido entre 1927 e 1941, com um custo de 990 000 dólares, angariados prin
cipalmente de fundos federais, mas tam bém, em parte, provenientes de doações particulares. A escultura propriamente dita demorou cerca de seis anos e meio, mas o trabalho foi lento devido a dificulda des de dinheiro nos primeiros anos e a pe ríodos de condições atmosféricas desfavo ráveis. Na maioria, os homens que traba lharam na escultura eram mineiros ou pe dreiros da região. Durante os 14 anos da obra ali trabalharam, em grupos de .10, eer ca de 360 operários.
COMO FOI FEITO? DO FSTUDIO PARA A MONTANHA
0 escultor John Gutzon Borglum construiu os seus modelos de atelier à escala de 1:12 - de modo que I cm no modelo equii-alkj a 12 cm no monte Rushrnore. Seu filho Lincoln (em cimu. à esquerda) mede o modelo de Jefferson para ser transferido para a montanha. Uma vez sobre a montanha (em cima. a direita). Lincoln Borglum (à direita) ajuda a manejar um aparelho para medir e marcar OS pontos a esculpir. para o topo da cabeça de Washington, foi instalado um aparelho semelhante, doze vezes maior, para transferir as medidas do monte Rushrnore, com 1745 m, por causamodelo para a montanha. Borglum cha Projecto e "apontamento" das cabeças Borglum escolheu para o memorial o
do seu granito de grão fino. Mesmo assim, para se pôr à vista rocha tiveram de ser retiradas toneladas de pedra fendida o alte rada pelo te mp o para a cabeça de Washington, tiveram de escavar cerca de 9 m, e para a de Roosevelt, a mais recuada do grupo, cerca de 37 m. Durante os traba lhos de escultura, foram cortadas aproxi maciamente 450 000 t de rocha. Borglum decidiu esculpir uma cabeça de cada vez para poder combiná-la com a contígua e com as áreas adjacentes. A de Washington foi a primeira. Começou por fazer um modelo em ges so com um duodécimo do tamanho natu ral, isto é, com 1,5 m de altura. No cimo da cabeça, Borglum fixou-lhe uma chapa marcada com graus de arco, em cujo centro girava uma barra de aço horizontal (marcada em polegadas) com 30" (76 cm). Um fio-de-prumo corrediço, também marcado em polegadas, estava suspenso da barra. Fazendo girar a barra c deslizar o fio-de-prumo até qualquer pon 10, podiam efectuar se as medições. No cimo do rochedo, no local escolhido Chefes de Estado. As cabeças de quatro presidentes dos EUA (da esquerda para a direita) George Washington. Thomas Jefferson. Theodore Roosevelt e Abraham Lincoln - foram talhadas no monte Rush more. no Dakota do Sul.
mouosaohomens aparelho máquina de apona tar; queuma mediam e marcavam pedra eram os apontadores. O corte da rocha Depois de escolhidos os pontos, a rocha era perfurada até à profundidade indicada pelo apontador, a fim de se fazerem furos para cargas de dinamite. A perfuração tinha de ser muito rigorosa, porque uma brocagem demasiado profunda tiraria pedra a mais, que náO poderia ser recolocada. Cada perfurador eslava preso a um as sento-arnês forrado de couro e suspenso por cabo de um cabrestante, com a sua broca de 39 kg suspensa do mesmo cabo. O homem do cabrestante estava demasia do recuado no topo do rochedo para po der ver o perfurador, que tinha de içar de ponto para ponto. Por este motivo, havia um mensageiro num arnês de segurança sentado à borda do rochedo que transiui lia os recados entre ambos. Manejar uma broca pneumática balou çando suspenso a 75 m do topo do roche do era difícil. Para exercerem pressão sufi ciente na abertura de furos horizontais profundos, os homens tinham primeiro que amarrar uma corrente ao rochedo a fim de poderem firmar as cosias do assen to contra ela. Seguravam ria em cavilhas de aço introduzidas em furos verticais abertos na face do rochedo. 363
COMO FOI FEITO? À medida que os perfuradores se deslo cavam de ponto para ponto, os homens da pólvora iam introduzindo dinamite nos fu ros. Instalavam 60 ou 70 cargas muito fra cas da cada vez. A detonação das cargas fazia-se duas vezes por dia — à hora do almoço, quando os homens deixavam o trabalho, e no final do dia. Para cortarem a superfície tosca até às dimensões definitivas, os perfuradores fa ziam tia rocha fiadas de furos curtos e pou co espaçados, para que a última camada pudesse ser feita saltar com cunhas de aço e martelos. A superfície era então alisada com brocas especiais. Os problemas com a cabeça de Jefferson A cabeça de Washington foi inaugurada em 1930, e em seguida começou-se a tra balhar na de Jefferson. Foi iniciada à es querda da de Washington (do ponto de vista do espectador), mas, em 1934, a rná qualidade da rocha fez com que se tivesse de a fazer explodir, decidindo-se pela sua colocação à direita da de Washington. A nova rocha apresentava fissuras consi deráveis e teve de desbastar-se até à profun didade de 18 m para se encontrar uma su perfície adequada, deixando uma espes sura mínima entre a face do rochedo e o canyon na parte de trás. Mesmo assim, uma comprida fenda onde iria ser talhado o nariz obrigou Borglum a orientar a cabe ça noutro ângulo. Outras fendas menores foram preenchidas com uma mistura de óleo de linhaça, branco de chumbo e gra nito em pó. A cabeça de Jefferson tem também o único remendo de todo o trabalho. Uma pequena bolsa de feldspato que não podia ser talhada revelou-se durante os trabalhos no lábio superior. Foi por isso extraída dei xando um buraco com cerca de GO cm de comprimento por 25 de largura e de pro fundidade. Aplicaram-se duas cavilhas de aço na base da cavidade para segurarem um remendo de granito que foi colado com enxofre derretido. O toque do mestre As quatro cabeças têm, cada uma, 18 m de altura. Em média, o nariz mede 6 m, a boca 5,5 m e cada olho 3,40 m. A esta escala, para se dar carácter e expressão às cabeças esculpidas, era preciso o toque do mestre. Borglum deu aos olhos um brilho de
vida, deixando em cada uma coluna de granito compupila cercaescavada de 56 cm de altura, como se fosse um reflexo de luz. A luz do Sol destaca a coluna da sombra da concavidade. Borglum morreu em 6 de Março de 1941, com a idade de 73 anos, pouco antes de terminado o memorial. Os acabamentos foram orientados por seu filho Lincoln, que, aos 15 anos, trabalhara como aponta dor no início do projecto.
TRÊS FASES DA CONSTRUÇÃO DA CABEÇA DE UNCOLN Um perfurador prepara o sítio para a cabeça (em cima, à esquerda). Mais tarde, um outro produz um "favo" (em cima, à direita) que permitirá extrair as últimas camadas de pedra. A barba foi formada por sulcos verticais irregulares (em baixo)
COMO FOI FEITO?
Hidráulica romana: o abastecimento de água A antiga Roma era abastecida diariamente com quase 150 milhões de litros de água, destinada principalmente aos fontanários, reservatórios, banhos e latrinas públicas. Parte da água era fornecida directamente às casas, mas a maioria tinha de ir buscar a sua água aos fontanários ou às cisternas do rés-do-cháo. Havia também carregado res profissionais de água, osàquarii (agua deiros). Pelo menos 40 cidades do Império Ro mano possuíam abastecimentos de água semelhantes, e podem ainda ver-se os res tos de cerca de 200 aquedutos, entre os quais o assombroso Pont du Gard, com três andares de arcos, que abastecia Nimes, em Franc.a, e o aqueduto de Segóvia, em Espa nha, com dois andares e 36 m de altura.
Canalização da água O abastecimento de água de Roma fazia-se por uma rede de 420 km de canais ou tuba gens. Em geral, o fluxo da água não podia ser fechado e corria continuamente para os esgotos. Algumas oillae tinham tornei ras formadas por um tubo cilíndrico intro duzido transversalmente no cano princi pal. O cilindro apresentava um orifício e podia ser rodado para fechar ou abrir o abastecimento. A água percorria a rede de abastecimen to por gravidade, por isso o seu curso tinha de seguir os declives de terreno para que a
corrente fluísse uniformemente para bai xo. Os canais (aquedutos) eram de tijolo ou pedra, com um revestimento imper meável de cimento no interior, e tinham, em média, 90 cm de largura por 1,80 m de profundidade. Alguns eram subterrâneos e possuíam chaminés de respiração de 70 em 70 m aproximadamente para prevenir as oclusões por bolha de ar. O canal era coberto por lajes de pedra para evitar que a água fosse contaminada por poeiras e detritos. O primeiro canal a abastecer Roma foi Aqua Appia, construí do por volta de 312 a. C. Tinha cerca de 16 km de comprimento, na sua maior par te debaixo de terra, desde uma nascente numa propriedade particular. Quando não se conseguia fazer passar um canal à volta de um vale, geralmente tinha de ser construído sobre uma série de arcos suficientemente altos para deixarem passar por baixo, no vale, a estrada ou o rio. Aqua Mareia, construído em 144 a. C, percorria 91 km para levar água potável até Roma, desde as nascentes no vale do Anio, a 37 km de distância. Era um canal subter râneo em quase toda a sua extensão, mas estava conslmído sobre arcos nos últimos 11 km antes de chegar a Roma. O imperador Trajano edificou o Aqua Trajaria em 109 da nossa era para abastecer a zona comercial e industrial na margem leste do rio Tibre. Este aqueduto tinha mais
Água corrente. Construído por Trojano 198-1)7), este aqueduto romano cm Segáoia. Espanha, ainda se encontra em uso. Traz água para a cidade de uma distância de 19 km. As pedras das suas duas ordens de arcos graníticos foram assentes sem cal nem cimento.
de 30 m de altura em alguns locais e chegava a alimentar tanques de peixes no quinto andar do Fórum - uma praça comercial. Por volta de 350 da nossa era, havia 11 grandes aquedutos que abasteciam Roma. Quando a água chegava à cidade, era armazenada em reservatórios ou Ian ques — perlo de 250, dispersos por vários pontos da cidade de Roma. Embora a água não fosse tratada, havia a preocupação de verificar se as nascentes eram boas. Um dos exames consistia em ver se a água deixava manchas quando se salpicava sobre um vaso de bronze. Outro
Poço e reservatório. O antigo porto africa no de Cartago recebia água por aquedutos trazida de 80 km de distância. A água era armazenada num poço - completo com canalizações de barro cozido (ao alto, à es querda da fotografia) - e depois conduzida até ao depósito, ou cisterna. Para retirar água. as pessoas desciam os seus cântaros através da abertura no tecto (em cima).
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COMO FOI FEITO? era ver se podia ser fervida e decantada sem deixar lamas, e ainda um se cozia ve gelais com rapidez Certas águas não eram consideradas su ficientemente boas para beber. 0 Aqua Anio Vetus, por exemplo, construído em 272 a. C, transportava água durante 69 km, que era utilizada unicamente para regar jardins ou lavar roupas. A rede de águas era administrada por um comissário e dois assistentes, que diri giam equipas de escriturários, pedreiros, canalizadores e encarregados dos depósi tos. Os canais exigiam inspecções e repa rações constantes, pois as fugas danifica vam as estruturas e desperdiçavam água. Os banhos públicos de Roma eram dos melhores que jamais se construíram. Os primeiros datavam do século n a. C. e ti nham sido construídos por benfeitores pú blicos ou com finalidades lucrativas. Mais tarde, foram mandados construir por vá rios imperadores. Existem ainda as ruínas dos banhos de Caracala (217 d. C), que se estendiam por 11 ha, e dos de Diocleciano (306 d. C.)i abrangendo 13 ha.
Os banhos eram aquecidos por fornos no subsolo (hipocaustos) que faziam cir cular vapor e ar quente. I lavia em geral (rês balneários principais: ofrigidarium, frio, o tepidarium, morno, e o caldarium, quente Era habitua] os banhistas serem massa jados com óleos e participarem em des portos ou exercícios físicos antes de entra rem no banho quente. Dirigiam-sc depois à sala de vapor, onde os óleos e a transpira ção eram limpos com um raspador de me tal (o estrígilj. Depois, passavam pelotepi darium antes de entrarem na piscina fria. Homens e mulheres banhavam se se paradamente, embora os banhos mistos fossem comuns no século i da nossa era. Eram, no entanto, mal vistos por muitos. O imperador Adriano proibiu-os em 138, e como nem sempre havia balneários sepa rados para as mulheres, foram estabeleci dos horários diferentes para os dois sexos.
Sifões em canos de chumbo Em geral, a água atravessava os vales em aquedutos, mas em algumas partes do im pério usavam-se canos de chumbo ou bar
ro, que desciam uma das encostas do vale e subiam a outra até uma altura ligeira mente inferior. A pressão da queda do lado mais alto obrigava a água a percorrer a par te horizontal e a subir o lado oposto. A água que abastecia Lyon, em França, era conduzida deste modo através dos vales dos rios Carona, Beaunant e Brevenne, onde para construir os canos foram utiliza dos cerca de 12 000 I fie chumbo. Os esgotos romanos Um complexo sistema de esgotos trans portava as águas residuais da cidade, des carregando mente, no mar. as noOsTibre esgotos e, consequente menores de sembocavam num muito grande, a Cloaca Máxima, que se estendia desde o Fórum e penetrava no rio sob uma arcada com 5 m, junto à Ponte Rotto. Ainda se encontra em uso, 2500 anos após a sua constnição. Os esgotos de Roma foram construídos muito antes da rede de águas. A constru ção iniciou se no século vi a. C. para drenar os pântanos. Os esgotos estavam taml)ém ligados a latrinas ao nível térreo.
Medicina primitiva: operações ao cérebro na Idade da Pedra As operações ao cérebro não são uma téc nica moderna — já eram feitas pelo ho mem da Idade da Pedra há cerca de 12 000 anos. Crânios antigos com orifícios têm
Outro processo às vezes utilizado era fa zer uma série de pequenos furos dispostos em círculo. Isto é evidenciado pelos pe quenos recortes circulares em torno
Crânio e instrumentos. Este crânio com 2000 unos fã esquerda) apresenta cicatri zes de duas trepanações. Na década de 30, um médico inglês. Wilson
sido descobertos mente em França),nana Europa Africa e(principal na América do Sul. Muitos destes crânios apresentam novo tecido ósseo em redor do orifício, o que mostra que os pacientes sobreviveram algum tempo às operações.
Purry, executou operações utilizando instrumentos de pedra. Os dois instru mentos sem cabo (em baixo) são lâminas de faca neolíticas. As três lâminas com cabo de
Fracturas cranianas A primitiva cirurgia do cérebro era ainda praticada nas ilhas do Pacífico no século xix. Operações de trepanação — para ali viar as pressões de fracturas cranianas foram detalhadamente descritas na revista The Medicai Times por dois missionários britânicos em 1874. Descreveram como, com o doente in consciente, o osso era raspado e cortado com uma concha marinha dura ou uma lasca de obsidiaria, fazendo-se uma aber tura com cerca de 2,5 cm de diâmetro que expunha o cérebro. Depois de se recolocar o couro cabeludo, o ferimento era ligado
da abertura grande. Provavel mente, fazia-se girar, por meio de arco e cordel, um sílex de ponta aguçada aplicado num pau. Os arcos-de-pua primitivos eram construídos fazen do-se passar uma volta de cordel do arco em tomo de um pau ou de uma seta, que girava quando se dava ao arco um movimento de vaivém. Os pacientes da Idade da Pedra na Euro pa (Polónia c Portugal), na América do Sul (Peru) e na América do Norte (Alasca) in cluíam homens, mulheres e crianças dos 6 aos 60 anos vitimas de acidentes cranianos graves no decurso das suas actividades quotidianas. À medida que a Idade da Pedra cedeu o lugar às Idades do Bronze e do Ferro, a superstição sobrepõe se à cura como mo
com faixasdedeantigos fibra de bananeira. Estudos crânios trepanados e experiências feitas por cientistas revelam que os cirurgiões da Idade da Pedra devem ter trabalhado lodos de maneira seme lhante: servindo-se de lascas afiadas de sílex ou obsidiana para perfurar o osso. Al guns crânios peruanos têm aberluras rec tangulares que parecem ter sido feitas por serras de sílex.
tivo para a cirurgia craniana. E os crânios eram trepanados habitualmente depois da morte — para que os discos de osso deles retirados pudessem ser usados como amuletos. Cientistas modernos que se serviram de simples instrumentos de pedra para pro cederem a experiências de trepanação têm geralmente conseguido fazer uma abertura regular em cerca de meia hora.
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madeira foram fabrica
das por Pany.
Tintas, pós e venenos os primitivos cosméticos A sombra para os olhos era usada pelos antigos egípcios há mais de 5000 anos, não só como adorno, mas lambem por razões de ordem A pintura pálpebras e em redorprática. dos olhos ajudavanas a protegê-los do brilho do Sol. A tinta usada era uma pasta espessa de malaquile - sais de co bre de um verde-brilhante. No século i a. C, Cleópatra usava sombra azul feita de lápis-lazúli moído nas pálpe bras superiores e malaquile nas inferiores. Escurecia as sobrancelhas e as pestanas com kohl — pó fino de sulfureto de chum bo misturado com gordura de ovelha. Ocre vermelho (argila contaminada por ferro) fornecia-lhe obáton para a boca e o rouge para as faces, e as palmas das mãos eram pintadas com hena para ficarem com uma tonalidade rósea de juventude. A hena, tintura castanho-averrnelhada feita de ligustro-do-egiplo, era também usada pelas mulheres egípcias como ver niz das unhas. Era engrossada com cau chu — substância rica em tanino prove niente da madeira, casca ou fruto de várias árvores, como a acácia. Os homens egíp cios usavam hena no cabelo e na barba. Na Grécia antiga, há mais de 2000 anos, um rosto pálido era considerado mais atraente, por isso as mulheres usavam alvaiade - carbonato de chum bo misturado com cera, banha, azeite ou clara de ovo — para pintar a cara. Isso dava-lhes certamen te uma palidez bonita, mas o efeito a longo prazo era o envenenamento. O chumbo, absorvido alravés da pele, provocava falta de apetite, males de estômago, tonturas, respiração ofegante, paralisia das pernas, cefaleias e, às vezes, a cegueira e a morte. Os romanos ricos usavam também alvaiade e um rouge feito de zarcão. O impe rador Nero e a sua segunda mulher, Popeia, usaram ambos pinturas faciais com chumbo no século i a. C, mas usavam tam bém um emplastro de massa de farinha e leite de burra durante a noite para contra riar os efeitos da pintura sobre a pele. Com esse fim, levavam sempre consigo, para onde quer que viajassem, uma recua de burras. Um outro tipo de veneno veio a usar-se como adorno na Europa renascentista no século xv ou xvi: a beladona, suco da plan ta mortífera com este nome aplicado como pingos oftálmicos. O nome significa em italiano "mulher bela", pois foi em Itália que primeiro se usou o produto para dila-
Perfumadas. Mulheres com cones de perfume na cabeça num banquete em Tebas. Os cones de cera - perfumados com essência de ervas — derretiam-se sobre as cabeleiras, exalando um cheiro agradável. (Mural egípcio de c. MOO a. C.) lar as pupilas e dar brilho aos olhos. Mas a beladona contém o alcalóide atropina, que, se usado em excesso, deforma o glo bo ocular e provoca a cegueira. As mulheres da Europa renascentista usavam bâton escarlate de cochonilha, lei to com as fêmeas destes insectos apanha das no México e nas Antilhas. A tintura era
ligada com clara de ovo e alúmen e enfor mada em lápis para os lábios com gesso ou alabastro moído. Um ingrediente do rouge usado no século xvii para eliminar as sardas era o cloreto de mercúrio, veneno tão mortífero que I g podia causar a morte. Absorvido pela pele, mata os tecidos e aca ba por destruir o sistema nervoso.
Como os Gregos mediram a Terra Os cientistas mais sábios da antiga Grécia não concordavam com a ideia dos seus antepassados de que a Terra era uma placa circular sustentada por quatro elefantes sobre uma grande tartaruga marinha. Já tinham chegado à conclusão de que se tra tava de uma esfera. A ideia foi debatida por volta de 500 a. C. por discípulos de Pitágo ras, que viam na esfera a forma perfeita. O primeiro homem a quem se atribui a medição do perímetro da Terra foi o astró nomo grego Eratóstenes em 230 a. C. Se a Terra era urna esfera, pensou, então a linha que unia dois quaisquer lugares era sem pre o arco de um círculo máximo. Se ele conseguisse medir a distância, tanto em linha recta como em fracção de 360° (círculo completo), obteria um arco a par tir do qual conseguiria calcular o períme tro total da ciicunferência. Tinha sido notado que ao meio-dia do solstício de Verão (cerca de 21 de Junho) o Sol se encontrava exactamente a pino so bre Syene (a moderna Assuão), no Alto Egipto, pois iluminava verticalmente um poço profundo. Então, nessa mesma altu ra do ano cm Alexandria, muitos quilóme tros a noroeste de Syene, Eratóstenes me diu o ângulo do Sol a partir da vertical e
descobriu que era de um cinquenta avos de um a circunferênc ia com ple ta - exac tamente 7,2" segundo a medição actual. Precisava depois de saber a distância em linha recta entre Syene e Alexandria. Uma das formas por que terá podido chegar a este valor era pelo tempo de jornada dos camelos: um camelo carregado fazia cerca de 100 est ádi os por dia — um estádio é hoje considerado como medindo aproxi madamente 185 m. Como uma caravana de camelos levava 50 dias a ir de Alexandria a Syene, Eratóstenes calculou a distância em 5000 estádios - 925 km. Ist o produziu para a circunferência da Terra o valor de 250 000 estádios, ou 46 250 km. Tendo em conta a sua falta de equipa mento e as suas medições empíricas, é no tável uma que margem tenha chegado umexcesso númeroin com de erroapor ferior a 15% em relação às medições mo dernas. Tivesse ele conhecido a distância exacta em linha recta entre Syene e Alexan dria — 847 km — e a sua conclusão teria sido um pouco inferior a 230 000 estádios, ou 42 550 km, erro de apenas 6%. Hoje, sabemos que a Terra é achatada nos Pólos Norte e Sul e que a circunferên cia no equador é de cerca de 40 075 km 3(57
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A pedr, dossegredo. A M, , ^i^^f^^ Sempre que os investigadores tentaram ,•"^t ffff^^& H H lS S r S jls f c t 'T * S l 5 decifrar a escrita de uma língua mortade Roseta, encontradanoEgipto a 0p - que já ninguémfala ou compreende em 1799, contém inscrições TÍJS®SJSES5Tlfi!fi33j!!í^^^^ r 40Pid &L - procuraram, por regra, dois auxiliares e hieróglifos numa "ÍTÍTSMÍSC/«»«i m oi^— wtf/ £^\j ¥V YI V£^=W . 2| principais:um é um exemplar bili ngue, escrita cursiva cha em que um texto da língua desconhecidamada é demótico -JfiS acompanhado pelo mesmo texto numae em grego " „* língua conhecida; o outro são os nomes antigo. próprios— os de reis e deuses, por exem
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plo, que esão sà vezes conheci dos noutras o línguas constituem frequentemente primeiro passo para a decifração.
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Os hieróglifos dos faraós Durante centenas de anos, os investigado res sentiram-se fascinados com os hieró glifos - escrita pictórica - inscritos ou pintados nas paredes interiores dos monu mentos egípcios antigos. Mas o conheci mento do significado da escrita utilizada pelos Egípci os durante mais de 3000 anos morrera na época romana. A descoberta da Pe dra de Rose ta, em 1799, foi a chave que permitiu decifrar os hieróglifos.A pedra tinha inscriçõe s em três escritas diferentes: em hieróglif os, noutra escrita egípcia desconhecida chamada demótico e em grego. A parte grega que os investigadores percebiam afirmava que os três textos eram o mesmo decreto em hon ra de Ptolomeu V, datado de 1% a. C. Os primeiros investigadores que tenta ram decifrar os textos egípcios concentraram-se na secção em demóti co e começa ram por localizar os nomes próprios com parando o demótico com o grego. Mas avançaram pouco na sua transliteração. O primeiro passo deu-se em 18 16, quando Thomas Young se apercebeu de que a escri ta demótica tinha evoluído a partir dos hie róglifos e que, pelo menos na escrita dos nomes, os hieróglifos tinham valor fonético e não erampenas a símbolos . Jean-François Champollion teve final mente êxit o em 18 22 aodemonstr ar que os hieróglifos tinham valor fonético. Era co nhecedor tanto do grego como do copta - a fase final daantiga língua egípcia, da tando do séculoda II nossa ra e e escritaem grego com alguns caracteres demóticos. Ao com parar os 14 19 hieróglifos da pe dra com o texto grego de apenas 0 pala f>0 vras, Champollion notou que havia so mente 66 hieróglifos diferentes e que al guns deles eram frequentemente repeti dos. Concluiu que os hieróglifos eram foné ticos, representando sinais e sílabas O declfrador. O francês Jean François Champollion decifrou a Pedra de Roseta, chaoe para o entendimento dos hieróglifos egípcios.
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Nomes de reis. Os inoestigadores partiram do princípio de que as carreias ovais, ou "cartuchos", na escrita hieroglffica continham um nome real - Ptolomeu. Cham\ pollion comparou os sim bolos com outros de um cartucho de Cleópatra encontrado num obe lisco de Phihe e iden / ^pkft >M-«.cffc>»K'f-OÍWW^ÍÍ-VJJ \ \ tiíicou o P o O e o L. Depois disso, dedu ziu o valor fonéti co dos restantes ,
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alfabéticas falarias e que havia diversas al ternativas para o mesmo sorn, como no português c e ç. Champollion trabalhou durante 14 anos na compilação de uma gramática c de um dicionário egípcios.
A descoberta da
Pedra de Roseta
Quando Napoleão Bonaparte ocupou o Egipto com o seu exército em 1798, era acompanhado por um grupo de eruditos e cientistas cuja tarefa era estudar e recupe rar vestígios arqueológicos. Mas foi por acaso que, no decurso da campanha de dois anos, um tenente de engenharia de nome Bouchard descobriu a Pedra de Roseta. Eucontrava-se a orientar fortificações em Roshiri (Roseta), na mar gem ocidental rio delta rio Nilo, quando notou a pedra de basalto negro fazendo parte de uma muralha bastante recente e meio enterrada na lama. Quando se aper cebeu da importância das inscrições, a pe dra — com 1,15 m de altura por 0,72 m de largura — foi levada para o Cairo e depois para Alexandria. As forças francesas renderam-se ao exército britânico em 1801, e a pedra encontra-se actualmente no British Museum.
A escrita da Pérsia antiga
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A escrita cuneiforme é formada por símbo los em forma de cunha por vezes gravados em pedra, mas principalmente impressos em placas de argila com um instrumento aguçado, o estilete. Esta escrita era usada na Pérsia (agora o Irão) há mais de 2000 anos. Um embaixador espanhol na Pérsia no século xvn, Garcia Silva Figueroa, descreveu-a em 1618. Identificou as ruínas per to de Shiraz, onde viu a escrita, como sen do da Persépolis do século vi a. C. (antiga capital de Dário, o Grande). Mas só mais de 200 anos depois a es crita cuneiforme persa foi decifrada, em grande parte por dois homens traba lhando independentemente: o profes sor alemão Christian Lassen e o major inglês Henry Creswicke Rawlinson. Ambos foram auxiliados pelo tra balho anterior de um professor holandês, Georg Friedrich Grotefenri, de Gõttingen, que deci frara os nomes e títulos dos reis Dário e Xerxes. O Prof. Lassen, estudioso de línguas, trabalhou sobre a pequena quantidade de tex tos disponíveis, comparando-os com outras línguas, entre as quais o sánscrito e os hieróglifos do Egipto. O major Rawlinson estu dou a enorme inscrição gra vada na face de um rochedo a 60 m acima do solo nos montes Zagros, próximo de Bisotun, no Oeste do Irão. A sua tradução rios dois primeiros parágrafos, completada
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ta na antiga capital assíria de Kuhlu (actual Nimrud, no Iraque). A cabeça de carneiro é um ornato de uma cadeira. em 1837 após vários anos de trabalho, con cordou com a de Lassen, publicada em 1836. A decifração da escrita cuneiforme per sa abriu caminho para o entendimento de pelo menos seis línguas antigas, incluindo o babilónio. A escrita da Grécia antiga Quando o arqueólogo britânico Sír Arlhur Evans encontrou umas tábuas de argila com inscrições em Cnossos, Creta, no princípio do século xx, ninguém sabia ao certo que linguagem representavam. Pensou-se que fosse a do povo minóico da Creta antiga, datando de entre os séculos xiv e xii a. C. Após terem sido descobertas mais pla cas nesse mesmo e noutros sítios, com uma escrita diferente mas relacionada com aquela, a escrita recebeu o nome de Linear B. A segunda, e mais antiga, foi cha maria Linear A. Só em 1952 a Linear B foi decifrada por um arquitecto britânico de 30 anos, Michael Ventris, que beneficiou de trabalhos anterio res da americana Alice Kober, a qual, na dé cada de 40, criara um método rudimentar para determinar as relações entre sinais atra vés da tentativa de comparação entre prefi xos e terminações de palavras. Ventris decidiu analisar a escrita co mo se se tratasse de um código, ajustando-a a um quadro que mostrava a frequência de sinais interrelacionados e as modificações apa rentes nas terminações de palavras. A luz fez-se quando Ventris compreendeu que a língua utilizada era o grego e conseguiu identificar nomes de cidades. O seu traba lho de decifração da Linear B constitui a base para a maioria dos estudos posterio res sobre aquela escrita. Mas a Linear A mantém-se quase totalmente indecifrada.
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COMO FOI FEITO?
A primeira travessia aérea do Atlântico sem escala —
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A primeira Iravessia aérea do Atlântico sem escala teve lugar apenas 16 anos depois de os irmãos Wright terem dado o seu primei ro salto de 37 m por cima das areias de Kittyhawk, na Carolina do Norte, EUA. Foi realizada por dois britânicos, o capi tão John Alcock, de 27 anos, piloto, e o tenentenavegador. Arthur Whitten Brown, de 33 anos, Em 1919, cinco equipas inglesas concor reram a um prémio de 10 000 libras ofereci do pelo jornal Daily Mail. A primeira tenta tiva foi no sentido leste-oeste, mas o avião caiu no mar ao largo da Irlanda. As outras equipas decidiram partir da Terra Nova para a Irlanda aproveitando os ventos pre dominantes de oeste. Um dos aviões caiu ao levantar; urn segundo sofreu avarias no motor a 950 km de terra, e a sua tripulação teve de ser socorrida por um navio que passava. O terceiro era um bombardeiro Vickers Vimy, biplano equipado com dois
do por Alcock e Brown. Apesar das más condições atmosféri cas, Alcock decidiu descolar a 14 de Junho. Soubera que um hidroavião americano fi zera a primeira travessia do Atlântico, em bora com escala: interrompera a viagem nos Açores e passara 57 horas e 16 minutos
no ar.o Alcock Brown calcularam que fa riam percursoe em 16 horas. Durante várias horas, os dois homens esperaram que ventos laterais abrandas sem suficientemente, depois levantaram voo contra um vento de 65 knVh. O avião, muito carregado, quase não conseguiu erguer-se de uma "pista" cheia de altos e bai xos num local designado por Monday's Pool, perto de St. John's. Alcock e Brown sentavam-se lado a lado num habitáculo aberto protegido unica mente por um pára-brisas. Brown descreveu-o como "um quarto isolado, mas de modo algum tristonho". Usavam vestuário
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aquecido a pilhas para se protegerem do frio. Enquanto avançavam por cima do oceano, Brown fazia rapidamente quantas observações do mar, do horizonte e do Sol. Mas podia em breve um grande banco de nevoeiro escondeu o mar e uma camada de nuvens obscureceu o Sol. O primeiro problema surgiu uma hora após a descola gem: uma pequena hélice na asa, que ac cionava um gerador para o transmissor de rádio, caiu. A partir daí, Brown podia ouvir mensagens, mas não transmiti-las. A segunda crise deu-se uma hora de pois, quando o motor direito começou a fazer um barulho devido a um tubo de es cape partido, que acabou por cair. Os dois homens tinham um telefone com auscultadores através do qual comu-
nicavam entre si, mas devido ao roncar dos motores preferiam não o usar. Durante a maior parte do voo, comunicaram por gestos e notas escritas. Quando a noite chegou, Brown serviu-se de uma lâmpada eléctrica para estudar o mapa e espreitar o comportamento dos motores. Ao nascer do Sol, o Vimy entrou numa nuvem tão densa que não deixava ver as pontas das asas nem o nariz do avião. Pior ainda, perderam todo o sentido da ho rizontalidade. O aparelho começou a ba lançar, e Alcock calculou mais tarde que em determinada altura tinham voado de cabeça para baixo. Depois, entrou em per da e picou, e a tripulação verificou pelas voltas da bússola que desciam em espiral. Subitamente, o avião saiu da nuvem. Vi ram o mar, aparentemente em pé, de um dos lados. Rapidamente, Alcock endirei
tou o avião. Este encontrava-se então ape nas 15 m acima dos carneirinhos brancos das ondas e voando em direcção à Améri ca. Alcock deu a volta e rumou novamente para leste. Mal se tinham recomposto quando o avião entrou numa tempestade de neve. Esta acumulou-se sobre o indicador do ní vel de combustível, fixado a um suporte no exterior do habitáculo, obscurecendo-o totalmente. A intervalos frequentes, Brown
tinha de sair do seu lugar e ajoelhar na fuse lagem para limpar o indicador Como se tudo isto não chegasse, o gelo cobriu os conta-rotações montados em cada motor, bloqueou as entradas dos tu bos que faziam funcionar o indicador de velocidade do ar e obstruiu as entradas de ar dos carburadores. Para os desentupir, Brown teve de rastejar ao longo das asas. De tempos a tempos, os dois homens comiam sanduíches e bebiam cale. Alcock não conseguia sair dos comandos, com os pés pressionando permanentemente a barra do leme e uma mão no manche. Com os tanques de combustível da retaguarda a esvaziarem-se, o aparelho tinha tendência para picar, e Alcock era obrigado a puxar constan temente o manche. Descolagem para a fama John Alcock e Arthur Whitten Brown (à direita, na fotografia inserida) levantaram de um campo na Terra Nova (em bai xo) para a sua travessia do Atlântico sem escala
COMO FOI FEITO?
I: TS3T
O percurso do voo. Brown trocou uma tinha recta entre a Terra Nova e a Irlanda, marcando a rota pretendida Numa Viagem de cerca de 3000 km podiam ter-se desviado a ponto de não encontrarem as Ilhas Britânicas. COMO VOARAM EM LINHA RECTA ATRAVÉS DO OCEANO 0 navegador de um pequeno avião, com a sua bússola em constante vi bração, tem apenas de cometer o erro de 1" para sofrer um desvio de 1,5 km ao fim de cerca de 100 km. O voo de Alcock e Brown cobriu perto de 3000 km sobre um oceano sem pontos de referência, e qualquer erro da bússola poderia ter sido agra vado pelos ventos laterais. Aterrar na Irlanda com um desvio de apenas 16 km constitui um feito notável. Para voarem segundo a linha que tinham marcado entre a Terra Nova e a Irlanda, Brown serviu-se da navega ção estimada e da observação nómica, comparando uma comastro a ou tra. Na navegação estimada, utilizava constantemente a bússola para asse gurar que voariam na direcção correc ta. O seu indicador de velocidade do ar dizia-lhe a velocidade aparente, mas ele tinha de entrar em conta com o efeito do vento, que podia aumentar a velocidade ou reduzir o avanço do avião. Um indicador de deriva dizialhe ainda a que distância estavam da linha de rumo. Pelo relógio podia cal cular quanto e em que direcção preci sa tinham voado desde a última toma da de posição. Podia então comuni car a Alcock qualquer necessidade de alteração de rumo e marcar no mapa a sua posição no momento. Como não havia pontos de referên cia, confirmava as suas estimativas fa zendo leituras com o sextante. Este instrumento mede o ângulo de um corpo celeste acima do horizonte. Me dindo as "alturas" de três estrelas co nhecidas e anotando a hora exacta de cada leitura, consultava depois as ta belas de navegação e traçava três li nhas no mapa. O ponto onde as linhas se encontravam indicava a posição do avião.
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Até que, através da bruma, apareceram no mar dois pontinhos minúsculos: eram as ilhas de F.ashal e Tirbol, ao largo da costa da Irlanda. Dez minutos depois, às 8.25 da manhã, o Virny atravessava a costa da Irlan da, e em breve surgiram diante de si, difusos na névoa, os mas tros de TSF ria aldeia de Chifden. no County Galway. Perto da estação de rádio, via-se um campo que parecia adequado para a aterragem. Alcock apontou o avião para uma aterragem perfeita — mas o campo era afinal um pânta no. Com um loque sobre a lama, o avião afocinhou, mer gulhando o nariz na lama. Ga solinaseproveniente de umo tubo que partiu inundou habi táculo, mas Alcock já tinha desligado a corrente eléctrica, pelo que não houve incêndio. Aproximaram-se a correr funcionários da estação de rá dio. "Está alguém ferido?", per guntaram, e depois: "De onde são vocês?" A resposta foi aco-
O ruído dos motores. Devido ao roncar dos motores. Brown e Alcock comunicavam escre vendo num bloco (à direita).
Curiosidades de alimentos e bebidas Bolhas no champanhe, o furo no macarrão, algas nos sorvetes - os
alimentos e as bebidas que consumimos são ricos em factos estranhos
que os tornam fascinantes, além de nutritivos.
Como se fazem as massas - com e sem furos, p. 375
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Como se mete uma pêra numa garrafa de aguardente? Entramos numa loja de vinhos à procura de qualquer coisa "diferente". Nas pratelei ras há aguardentes, licores e vinhos de to das as cores e graduações. Examinamos rótulos atrás de rótulos. Mas, ao ver esta garrafa, não é o rótulo que atrai — é o con teúdo. Uma pêra, com pé e tudo, num ba nho de líquido transparente. Como entrou ali? Foi a garrafa moldada eu» redor da pêra.' Não pode ser: o calor do fogo destruí la ia. Talvez a garrafa seja feita em duas metades ... mas não há sinal de costura. Terá a pêra sido mirrada e nova mente expandida?
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Não trata se de uma bebida tradicio nal, e a garrafa provém de um pequeno pomar no Sul de Franca. A pêra cresceu mesmo dentro da garrafa. Provavelmente, começou a desenvolver-se em Maio, era ainda uma miniatura de fruto com menos de 2 cm. O cultivador, assegurando se de que se tratava de um exemplar perfeito, limpou-o cuidadosa mente e introduziu-o pelo gargalo de uma garrafa colocada de boca para baixo. Depois, suspendeu a garrafa numa rede atada, por cima, a um ramo. Protegida as sim dos pássaros e da chuva, a pêra ama
dureceu bem na sua estufa em miniatura. Fm Setembro, o cultivador desatou cuida dosamente a garrafa e colheu o fruto, já maduro, do seu ramo, com pé e tudo. Faltava só dar uma lavagem à garrafa com a pêra e juntar o sumo da pêra fer mentado e destilado, et voilà' — Eau de Vie de Poire, com uma pêra verdadeira.
Colheita de garrafas. Estas peras france sus. que cresceram nas garrafas, estão prontas para ser colhidas. As garrafas foram colocadas sobre os frutos ainda pequenos, mal acabados de formar.
CURIOSIDADES DF ALIMENTOS F BFBIDAS urna máquina de cortar, que produz as ro delas cortadas a rigor. Os embaladorcs inspeccionam as rode las e metem-nas nas latas. As rodelas parti das são utilizadas para sumo ou para se rem vendidas em latas com pedaços de ananás. Cada lata de rodelas á enchida com cal da ou sumo de ananás, fechada mecânica mente e selada no vácuo. K depois cozi nhada em panelas de pressão. Finalmente, as latas de fruto esterilizadas são arrefeci das por meio de água ou ar. etiquetadas c encaixotadas. Ao longo de um período de três anos, o ananaseiro produz dois frutos, cada um pesando cerca de 2 kg. Por vezes, para sim plificar a colheita, faz-se florescer as piar
Como é que se recheia uma azeitona? As azeitonas recheadas são habitualmente descaroçadas e recheadas à máquina. O recheio é constituído por pimento morro ne ou por uma pasta resultante da mistura
do As pimento comsão umalinhadas agente gelificante. azeitonas em filas numa tela transportadora perfurada, e os caroços são-lhes extraídos por uma má quina automática. Um injector espreme tas simultaneamente, regando-as com um então a pasta de pimento para o orifício regulador de crescimento, como o etheque ficou na azeitona. phon. Assim, os frutos amadurecem ao Certas azeitonas recheadas com ancho mesmo tempo. vas, salmão fumado ou amêndoa moída são descaroçadas com uma colher ma
Como se faz o furo no macarrão Fios redondos de esparguete, macarrão com furo, fitas de tagfíatelli - todos eles são massas alimentícias fabricadas com uma farinha de trigo grosseiramente moí da, a sêmola, misturada com água até
EstQ aguardente «Eau de com Vie de francesa umaPoire.» pêra inteira dentro da garrafa é preparada desde o século xvn.
constituir umahámassa Em Itália, quemdura. faça a massa em casa, mas habitualmente ela é feita em fá bricas em grandes misturadores mecâni cos. Dá-se-lhe seguidamente o feitio dese jado. Em casa pode simplesmente ser ten d ida e cortada com a faca em fitasúetagliatelti ou passada através de uma máquina que lembra a máquina de picar carne para fazer esparguete. Nas prensas industriais, as massas são comprimidas por um parafuso — como o que existe na máquina de picar — c em purradas a elevada pressão através de um molde perfurado. Sc cortarmos um ananás fresco na tábua Fora do molde, uma faca corta os fios de da cozinha, as rodelas têm iodas tamanhos massa à medida que emergem. Quando a diferentes, devido ao feitio irregular do fru faca se movimenta com pouca frequência, to. Mas se comprarmos uma lata de ananás obtêm-se fios compridos; quando se mo de conserva, as rodelas têm todas o mes vimenta mais depressa, obtêm se peças mo diâmetro. Isto deve se ao facto de os curtas, e a grande velocidade produzem-se ananases serem submetidos a um proces latias delgadas.
Como se fazem rodelas de ananás do mesmo tamanho
so quase inteiramente ajustarem às latas. mecânico para se Existe um tipo de máquina que proces sa alé 120 ananases por minuto. Corta um cilindro da polpa sumarenta do fnito, reti ra lhe a casca dura exterior c o coração. Os cilindros de polpa são inspecciona dos num tapete rolante por grupos de apa radores, operários que retiram os últimos Fragmentos da casca e quaisquer man chas. Os cilindros são depois conduzidos a
A forma dos furosfuros do molde determina forma da massa redondos para oa esparguete, furos estrelados para estreli nhas, etc. Para o macarrão, o furo tem de ser mais complexo: o molde tem um centro maci ço ligado à periferia por raios muito finos. A massa, pegajosa, atravessa o molde sob pressão elevada, deixando no meio o orifí cio do macarrão, mas os cortes deixados pelos raios voltam depois a fechar-se.
Recheio duplo. As azeitonas foram desça roçadas à máquina, depois recheadas por outra máquina com meia amêndoa e um pedaço de pimento. A colocação nos boiões é igualmente feita ú máquina. 375
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS nual e recheadas também manualmente. As máquinas de rechear a2eitonas po dem processar 1800 frutos por minuto. Ma nualmente, um trabalhador com prática recheia em média apenas 18 por minuto. As azeitonas provêm da bacia mediter rânica, do Peru, Chile, Califórnia e Colôm bia Britânica. A variedade verde é preferível para rechear, dada a sua contextura firme. Antes do processo de recheio, as azeito-
nas são mergulhadas numa solução de hi dróxido de sódio (soda cáustica) que lhes atenua o sabor ácido. Em seguida, depois de lavadas em água, são mergulhadas em salmoura temperada com ácido láctico a fim de neutralizar quaisquer resíduos alca linos e deixam-se fermentar — o que esti mula o crescimento de bactérias inofensi vas e de fermentos que lhes dão o seu gos to e textura característicos.
Colocação do recheio nos chocolates Chocolates recheados. Numa fabrica de bombons, cobre se primeiro o recheio endureci do com chocolate derretido. Quando este solidifica, os recheios são amolecidos e ficam cremosos graças a enzimas que decompõem o açúcar. 0 segredo dos recheios cremosos nos chocolates é que os recheios são enforma dos em sólido, depois cobertos com cho colate derretido e finalmente amolecidos já dentro da cobertura de chocolate. Os chocolates recheados com creme contêm fondant, uma mistura de açúcar com um quarto do seu peso em água que é aquecida lentamente até o açúcar dissolver, fervendo a seguir até aos I15°C. A mis tura, quente, pegajosa e transparente, é seguidamente vertida sobre a pedra da mesa - tradicionalmente uma pedra-már more - e deixada arrefecer até aos 38°C, temperatura à qual se transforma numa massa de minúsculos cristais de açúcar. O fondant é reaquecido até aos 43°C, ficando assim suficientemente maleável para ser misturado e amassado com co rantes e essências naturais ou artificiais. Ao mesmo tempo, junta-se-lhe outro ingre diente, a invertase - um enzima (substân cia que acelera as reacções químicas) ex traído de fermentos. O passo seguinte é modelar ofondant já amassado nos feitios desejados, reaque cendo-o o suficiente para poder ser vertido em formas. Em seguida, os núcleos defon dant são transferidos para uma tela trans portadora. Esta fâ-los passar por um banho de cho colate derretido, que os cobre. Depois de o chocolate endurecer, os bombons cober tos são aquecidos a 30°C, o que não é sufi ciente para derreter o chocolate, mas acti va a invertase. Esta decompõe o açúcar do fondant nos seus dois principais compo nentes — glucose e frutose -, mais solú veis que o açúcar e que, ao combinarem-se com a água do fondant, amolecem os núcleos e os tornam cremosos. Este pro cesso dura alguns dias. O processo para fazer bombons de licor
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é um pouco diferente. Misturam-se bebi das alcoólicas com a calda defondant, que é então vertido directamente sobre as for mas. Quando o xarope com licor arrefece, o açúcar forma cristais que ficam no fundo do molde, criando uma crosta dura. As for mas são viradas sobre uma camada plana de farinha, fonnando-se segunda crosta do outro lado. O núcleo líquido fica assim confinado por um invólucro de açúcar en durecido, que é coberto com chocolate do mesmo modo que nos fondants.
Colocação de pedacinhos de chocolate nas bolachas Embora as bolachas com pedacinhos de chocolate sejam cozidas a temperaturas de 175 a 200°C - muito para além do pon to de fusão do chocolate —, os pedacinhos não alastram pelas bolachas. Porquê? As bolachas são feitas com uma mistura de gordura e açúcar com ovos e farinha. O chocolate — cacau, açúcar e leite em pó misturados com manteiga de cacau — c acrescentado em pedacinhos. Enquanto as bolachas cozem no forno, o chocolate derrete-se, mas ao mesmo tempo a farinha e os ovos endurecem. A massa da bolacha é demasiado sólida para que os pedaços de chocolate, derretidos, possam escapar-se c misturar se com ela. Assim, quando as bolachas arrefecem, os pedacinhos de chocolate solidificam de novo no seu feitio srcinal.
Pedacinhos de chocolate. Embora o chocolate derreta no forno, a massa da bo lacha ao seu redor endurece, prendendo-o.
Filetes prontos a fritar Os palitos de peixe conhecidos por fish fíngers são o resultado de uma invenção de Clarence Birdseye, em 1929, na América — o congelador de placas, o primeiro conge lador rápido que existiu. Esta invenção deu srcem a uma nova indústria alimentar, pois a comida submetida a congelação rá pida mantém muito melhor a sua textura do que na congelação lenta. 0 congelador de placas intercalava os alimentos entre duas placas ocas conten do um produto refrigerante. Para se asse gurar um bom contacto - e, consequen temente, uma rápida congelação -, os ali mentos tinham de estar preparados em la drilhos rectangulares delgados. Km Inglaterra, durante os anos 50, a grande quantidade de arenque pescado era, na maior parte, conservada em pickles e exportada para os países do Norte da Europa. Mas houve quem pensasse que um alimento tão barato e tão nutritivo tal vez pudesse tornar-sc mais atraente para o mercado interno se fosse apresentado sob uma forma diferente. Passaram então a fa zer se palitos de arenque, que foram sub metidos a um teste de mercado contra um produto de palitos de bacalhau vendidos sob o nome de fish fíngers. Os consumido res de Southampton c da Gales do Sul, onde foi efectuado o teste, baralharam as expectativas ao revelarem urna preferência esmagadora pelo bacalhau em relação ao arenque. E assim foram introduzidos em Inglater ra, em Setembro de 1955, osfish fingers de
CURIOSIDADES l)K ALIMENTOS E BEBIDAS
FILETES DE PEIXE EM BLOCOS
Verificou-se que a fase mais complexa da preparação dos palitos de peixe (também chamados físh fingers) era juntar os filetes (lombos do peixe) em blocos para serem congelados e ser rados. Como é que se consegue juntar pedaços de peixe sem deixar espaços vazios entre eles? A simples prensagem dos lombos dos peixes em blocos gelados não foi, de início, bem-sucedida - partiam -se quando os blocos eram serrados. O problema foi solucionado pela utili zação, como picado, das pontas em V cortadas dos lombos. O picado é mis turado com estes numa máquina gi gante de aço inox semelhante a uma betoneira, e a mistura é comprimida em blocos sem o perigo de ficarem bolsas de ar. Inicialmente, mislurava-se com o picado um soluto fosfatado que ac tuava como plastificador e transfor mava aquele num fluido espesso ideal para fazer a aglutinação dos fi letes. Mas certos fabricantes ganan ciosos utilizaram fosfatos em exces so a fim de reter nos seus produtos água a mais. E os fosfatos - junta mente com muitos aditivos alimen tares - são hoje olhados com des confiança pelos consumidores. Por esta razão, os fabricantes de físh fin gers de categoria não os usam, mas isto significa que, durante o fabrico, se quebram mais unidades, o que se traduz num aumento de preço do produto final. bacalhau, que se tornaram extremamente populares depois das campanhas publici tárias na televisão iniciadas em 1958. Tão grande era a procura que tiveram de cons truir-se novas fábricas e de se encomendar uma nova frola de barcos de pesca para trazerem o bacalhau.
Desde o filete até ao "fish finger" Nas modernas linhas de produção processa-se o peixe sem cabeça numa máquina com duas serras circulares que retiram um filete de cada lado da espinha dorsal (os lombos). Os filetes passam depois por umacarne. roda Mas e umao lâmina que separa a pele da filetamento mecânico dei xa no filete algumas espinhas muito finas, e por isso a parte da carne que contém as espinhas — uma cunha em V na zona mais grossa — é cortada à mão. Os filetes são enformados em blocos congelados e armazenados a temperatura muito baixa, entre —20 a —25°C Antes de poderem ser serrados em palitos, têm de voltar à temperatura de -8°C, pois qual
quer coisa mais fria que isso embota com demasiada rapidez as lâminas da serra. Os palitos já serrados têm normalmente 8 cm do comprimento. 2 cm de largura e 1 cm de altura. Cada bloco dá mais de 500. Alguns destes partem-se durante o processamen to e os restos são usados noutros produtos, como bolinhas de peixe. Uma tela transportadora leva-os a atra vessar uma cortina de polme e urna ava lancha de pão ralado, e esta cobertura du plica a espessura do palito. Depois, são to dos passados por um banho quente de óleo vegetal durante cerca de um minuto.
A cobertura fica assim consolidada e o óleo absorvido faz com que o palito de peixe possa ser convenientemente grelha do ou frito. Finalmente, os palitos são transportados num percurso em espiral através de um sopro de ar frio a —30°C, que baixa a temperatura do interior para — 20"C, e, depois de embalados, são ar mazenados a -28°C, prontos para distri buição. Uma vez nas lojas, osfísh fingers,guar dados a uma temperatura inferior a — 15°C, devem conservar-se durante três meses.
Como se fabricam milhões de batatas fritas em palitos iguais Em 1987, uma só cadeia de alimentos rápi dos — a McDonalds Hamburgers — ven deu no Mundo inteiro mais de 200 000 mi lhões de batatas fritas em palitos. Para garantir que as suas batatas fritas tenham um sabor constante e estejam prontas ao mesmo tempo que os hambur gers, as cadeias de alimentos rápidos fa zem passar todas as batatas pelo mesmo processo de preparação. Ainda antes de as batatas serem planta das, a empresa contrata com o produtor comprar-lhe toda a sua colheita, especifi cando o tipo do produto e as condições de crescimento, tais como o tratamento do solo e os fertilizantes. Kscolhem-se as va riedades das batatas — de acordo com a sua capacidade de conservação, pois elas vão ser precisas durante todo o ano. As batatas grandes e redondas são as preferi rias por serem fáceis de descascar e limpar e deixarem poucos desperdícios. Uma vez colhidas, as batatas são arma zenadas em silos ou em grandes caixas e guardadas no escuro, a uma temperatura constante de 9 a 10°C, que retarda as modi ficações orgânicas que produziriam a sua deterioração. São periodicamente inspec cionadas, retirando se todos os lotes que revelem qualquer sinal de apodrecimento.
Na fábrica, as batatas voltam a ser ins peccionadas e pesadas para se verificar a sua densidade, o que revela se elas se tor naram moles e farinhenlas. São passadas por peneiras, a fim de se lhes tirarem as poeiras e as pequenas pedras, e por ima nes detectores electrónicos que as liber tam de quaisquer partículas metálicas. De pois de serem lavadas, a pele é amolecida com um álcali e retirada por vapor. Em seguida, são cortadas em palitos de secção quadrada. Os palitos mais finos fri tam mais depressa, mas tomam-se duros se se fritam demais. A espessura ideal para os palitos destinados a estabelecimentos de venda de alimentos é de cerca de 0,5 cm. Os palitos já cortados são branqueados numa tela transportadora de rede de ara me que os faz passar por um tanque de água quente ou um soluto diluído de fosfa to ou citrato, o que evita a descoloração. Os palitos são seguidamente congela dos, embalados em polietileno, metidos em caixas de cartão e conservados a — 20"C até serem levantados para distri buição em camionetas frigoríficas aos ter minais das cadeias de alimentos rápidos. Minutos depois de ter sido retirado rio congelador do restaurante, o conteúdo de um saco pode ser frito e servido.
Descascar camarões mecanicamente Todos os anos se pescam cm todo o Mun do e se vendem nos restaurantes e super mercados 1 milháo de toneladas de gam bás e camarões. Alé ao fim da década de 50, altura em que foram fabricadas máqui nas de descascar camarões, esta tarefa era feita à mão, o que tornava os camarões num alimento de luxo. Actualmente, são quase todos descascados mecanicamen te, tendo-se tornado um produto de preço
mais acessível. Enquanto uma pessoa há bil consegue descascar 25 kg de camarões por hora, uma máquina descasca 400 kg. Grande parte do que um pescador de gambás pesca é desperdiçada, e só cerca de um sexto consiste em gambás e cama rões. A "cabeça" das gambás, na verdade o estômago, o tórax e a cabeça, é habitual mente retirada à mão ainda no mar, ime
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CURIOSIDADES DE AUMENTOS E BEBIDAS diatamente após a escolha do pescado. Tem de ser removida logo que possível, porque os enzimas e bactérias causam-lhe manchas negras. Os pescadores são peri tos na remoção das cabeças de duas gam bás de cada vez, unia em cada mão. Sem a cabeça, as gambás e camarões podem ser guardados em gelo até quatro dias. Uma vez desembarcados são rapida mente levados para a fábrica. As gambás são inspeccionadas para ve rificação de qualidade e separadas por ta manhos numa máquina com rolos fazen do ângulo entre si. A medida que o interva lo entre os rolos vai aumentando, gambás cada vez maiores vão caindo sobre diferen tes telas transportadoras. São depois conduzidas a máquinas que foram ajustadas de fornia que cada uma des casca gambás de determinado tamanho. As gambás deslizam até umas fendas onde são
pressionadas sobre uma lâmina que corta a casca e a carne até à "tripa" a todo o compri mento da cauda. Passam depois para uma "cama" de rolos com espaços muito estreitos entre si. Rolos adjacentes giram em sentidos opostos, fazendo com que as cascas passem pelos intervalos c deixando ficar a carne, que neles não cabe. Finalmente, tem de se tirar a tripa. Esta é, na realidade, o intestino da gamba, cheio de alimentos e areia. As gambás sem tripa são mais valiosas e conservam-se melhor. A tripa já deverá estar solta desde a fase de corte, e, quando a gamba passa por um cilindro com superfície rugosa que vai ro dando, a tripa fica presa nas rugosidades e c removida por água corrente. As gambás são cozidas em água a ferver, mergulhadas em salmoura gelada e con geladas por congelação rápida uma a uma, embaladas c distribuídas.
Ervilhas congeladas — uma corr ida contra o tempo
Colheita de dia e de noite As ervilhas ficam prontas a ser colhidas em
chegada, retira se uma amostra, que é en saiada num aparelho especial que verifica o grau de maturação do lote. São seleccio nadas apenas as ervilhas tenras as mais duras são separadas para enlatar. As ervilhas são limpas por ventoinhas e lavadas, habitualmente numa mistura fra ca de óleo, detergente e água. As de melhor qualidade afundam-se, enquanto as peles ou as matérias estranhas flutuam e são reli radas. As ervilhas são novamente lavadas por aspersores de água limpa e branquea das para tornar inactivos quaisquer enzi mas que possam provocar a deterioração da cor ou do sabor, mesmo às temperatu ras de congelação. 0 branqueamento consiste na passa gem das ervilhas sobre uma rede de arame, através de um túnel de água a ferver, duran te um minuto, ou através de vapor de água por dois a três minutos. São depois arrefe cidas rapidamente até uma temperatura inferior a 20°C e passadas por uma solução salgada na qual as ervilhas demasiada mente maduras se afundam e são retiradas para serem enlatarias. As ervilhas de boa qualidade são nova mente lavadas em água limpa e transporta
alturas diferentes, a época dae o plantação, o tipo deconforme solo, a temperatura clima. Máquinas móveis de colheita traba lham dia e noite. As vagens são cortadas e abertas por meio de um tambor rotativo, c as ervilhas descascadas são depositadas num camião ou num reboque que acom panha a máquina de colher. Para se obter ervilhas congeladas de boa qualidade, estas têm de ser entregues na fábrica o mais rapidamente possível. A
das num tapete rolante ao local de inspec ção. São depois rapidamente congeladas leva cerca de meia hora a congelar meia to nelada de ervilhas. Estas são embaladas em grandes sacos ou contentores e transferidas para armazenamento a frio a — ÍB^C. Po dem ficar guardadas durante semanas ou meses antes de serem retiradas, novamente inspeccionadas, separadas por tamanhos e empacotadas para distribuição em veículos frigoríficos até aos retalhistas.
As ervilhas congeladas são mais frescas do que as que se compram no 'lugar" da hor taliça na época própria. Porquê? Porque são congeladas duas a três horas depois de serem colhidas. As tradicionais ervilhas na vagem são enviadas de noite para os mer cados, depois distribuídas às lojas, deterio rando-sc constantemente, endurecendo, ferindo se e perdendo sabor antes de se rem compradas e cozinhadas, horas ou mesmo dias depois de apanhadas. Quando amadurecem, os seus açúca res naturais transformam-se em amido, produzindo uma textura mais rija e um sa bor menos doce. A altura da colheita é de cisiva As ervilhas devem estar na fábrica e ser branqueadas duas a três horas após a colheita. 0 conjunto das operações, desde a plantação à colheita, ao tratamento indus trial e à embalagem, é cuidadosamente programado. O industrial contrata em geral com os agricultores próximos da fábri ca a plantação de uma determinada área de terra com ervilhas.
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Como se utiliza a radiação para preservar alimentos Em muitos hospitais servem se alimentos bombardeados por radiações a pacientes submetidos a transplante de órgãos e a doentes nas unidades de cuidados intensi vos. Os astronautas americanos e russos consumiram alimentos assim tratados du rante as suas missões espaciais. A irradiação dos alimentos destina-se a
destruir as bactérias que provocam os en venenamentos alimentares — ameaça
particularmente perigosa para os doentes hospitalizados, enfraquecidos, ou para os astronautas, impossibilitados de recebe rem cuidados médicos. A radiação ajuda também a evitar que os alimentos se estra guem enquant o estão guardados em bora nas baixas doses recomendadas não proporcione preservação indefinida. O processo c conhecido desde 1921, quando um cientista americano desco briu que os raios X matavam o parasita Trichinella spiralis, que pode contaminar a carne de porco. Actualmente, a radiaçãoprocessa-.seex pondo os alimentos, colocados sobre um tapete rolante, aos isótopos radioactivos césio-137 ou cobalto-60 numa câmara protegida por chumbo, com paredes de 1,5 m de espessura. Os isótopos emitem radiação electromagnética ionisante sob a forma de raios gama. Outros métodos utili zam raios X ou raios beta, outros tipos de radiação (p. 216).
As doses de radiação O efeito da irradiação é medido em unida des chamadas Grays (Gy). Doses inferiores a 1 kGy utilizam-se para matar os parasitas da carne. As doses baixas usam se ainda para matar ou esterilizar insectos nos ce reais, nos grãos de cacau e noutras colhei tas. Impedem que produtos armazenados. como as batatas e as cebolas, germinem e atrasem a maturação de certos frutos. As doses médias — de I a 10 kGy — aumentam o tempo de conservação dos alimentos preparados, reduzindo nismos nocivos na carne, no peixe,osnaorga fnita e nos legumes. Matam também as bacté rias que envenenam os alimentos, corno as salmonelas, nas aves e nos mariscos. Cerca de metade da criação vendida con tém salmonelas vivas, que habitualmente morrem durante a cozedura. A irradiação dos alimentos é regulada por acordo internacional através de agên cias rias Nações Unidas.
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Preservação de alimentos por liofilização Quem já alguma vez acampou rio alto de um monle apreciou as vantagens dos "ali mentos instantâneos" liofilizados. Pesam a quarta parte dos alimentos frescos, mantêrn-se saborosos durante anos em emba lagens seladas e, juntando-se-lhes água a ferver, podem ser consumidos quentes. O processo foi utilizado pela primeira vez na década de 50, quando o Governo Americano patrocinou um projecto para fornecer rações leves embaladas a astro nautas, exploradores e às forças armadas. A liofilização conserva os alimentos por congelação rápida, seguida de desidrata ção total para extracção de toda a húmida de. Os alimentos são colocados numa câ mara hermética entre pratos ocos conten do um líquido refrigerante, que congela o alimento enquanto uma bomba potente faz o vácuo. Quando o alimento já está completamente congelado e a bomba já
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removeu quase todo o ar, o líquido refrige rante dos pratos ocos é substituído por um gás aquecido. O gelo nos alimentos é as sim convertido directamente em vapor sem ter passado pelo estado líquido. Para conservar os seus nutrientes, gosto e aparência, o alimento tem de ser congela do o mais rapidamente possível, mas o pro cesso de secagem é bastante demorado. 0 "vapor" imediatamente removido bomba deé vácuo, mas o alimento levapela perto de 20 horas a ser desidratado. A seguir, é embalado para protecção do conteúdo du rante 0 manuseamento e para impedir a entrada de oxigénio e de humidade.
0 processo de liofilização dá aos ali mentos uma textura porosa, e se absor vem qualquer porção de oxigénio, as gor duras ficam rançosas. Se absorvem humi dade, as bactérias existentes nos alimentos desenvolvem se e estes apodrecem como qualquer alimento fresco. Como o alimento tem de ser congelado rapidamente, os melhores resultados oh têmmoídos. se com Pode alimentos cortados às carne, fatias ou liolllizar-.sepeixe, legumes e fruta, mas o café e as refeições compostas de ingredientes cortados em pedaços são particularmente adequados.
Congelados e secos. Mais de 600 alimen tos diferentes podem ser liofilizados e utili zados depois na confecção de uma diversi dade de refeições. Os melhores resultados obtêm-se com alimentos pequenos, como as bagas e os camarões, ou com ingredien tes cariados ou moídos.
AMORAS
ERVILHAS
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CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
quando o Exército Americano o incluiu nas suas rações para a infantaria, durante a I Grande Guerra. O fabrico do café instantâneo implica fazer café a uma escala gigantesca. O café é tâneo nos finais do século xix falharam de entregue ao fabricante já torrado, lotado e vido à pobreza do aroma. Até que em 190f> moído. Depois, é coado — o processo em que se faz passar água quente pelo café o engenheiro George Washington, nasci moído — em lotes de até 900 kg de cada do na Bélgica de pais ingleses, ao visitar vez. Alguma da água é evaporada, do que uma região montanhosa da Guatemala, resulta um líquido altamente concentrado notou um depósito castanho no exterior Este líquido passa por um grande cilindro de uma cafeteira que fervera até deitar por fora. Experimentou-o e achou-lhe o gosto no qual é exposto a ar quente, que evapora agradável — deduzindo que o facto se de a água restante, e o café em pó fica pronto a via à pressão atmosférica, inferior nas gran ser embalado. des altitudes: o ponto de ebulição da água, O café instantâneo granulado é fabrica mais baixo naquela grande altitude, con do por liofilização. Congela-se o concen cluiu, permitia que a água se evaporasse trado, que depois é partido em grânulos. sem que o calor diminuísse muito o sabor Estes são em seguida aquecidos modera do café dissolvido. damente no interior de uma câmara de vácuo. Como a água no vácuo ferve a tem Passados três anos, inaugurava em Bro oklyn, Nova Iorque, a G. Washington Cof- peratura baixa, a humidade restante pode fee Refiniiig Company. O êxito imediato do ser evaporada sem submeter o café a gran de calor, o que lhe prejudicaria o aroma. seu café instantâneo foi ainda aumentado
Café instantâneo numa cafeteira gigante O escritor francês Honoré de Balzac bebia café preto, frio e espesso corno sopa, para se manter acordado enquanto escrevia pela noite dentro. Diz-se que bebeu 50 000 chávenas durante a vida. Calcula.se que o filósofo francês Voltaire tenha bebido 72 chávenas por dia, e diz-se que Beethoven usava 60 grãos para cada chávena. Actualmente, usa-se em muitos países café instantâneo — o que resta depois de se fazer café com os grãos moídos e se fazer evaporar a água. No Japáo e na Grã-Bretanha, cerca de 90% do café que se bebe é instantâneo. Nos EUA, contudo, ele representa apenas um quarto de todo o café bebido, enquanto quase todos os es candinavos e italianos preferem tomar café acabado de moer. As tentativas para se fabricar café instan
Como se introduzem nos alimentos sabores artificiais Quando um jovem casal galês teve a ideia de vender batatas fritas com sabor a ouri ço-cacheiro, deparou com o problema de ignorar ao que sabia um ouriço-cacheiro. Sem quererem apanhar um e cozinhá-lo, aproximaram-se de um gmpo de ciganos, para quem ouriço-cacheiro assado sobre barro é um prato tradicional. A descrição dos ciganos, de um sabor "a fumo e a car ne de vaca", foi transmitida a um especia lista na criação de sabores artificiais. Este conseguiu um complexo de sabores, apro vado pelos ciganos, que foi salpicado so bre as batatinhas quentes logo após serem cozinhadas. As batatinhas entraram no mercado e revelaram se urn precursor de outros sabores invulgares, entre eles vina gre, cidra e iogurte com pepino. O sabor de qualquer substância resulta de uma complexa combinação de produ tos químicos — já foram identificados pelo menos 4300 aromas diferentes e pensa-se que existem muitos mais. Num único ali mento natural podem estar presentes cen tenas ou até milhares destes produtos bási cadosNo800 cos. café, compostos por exemplo, que seforam combinam identifi para lhe dar o seu gosto característico. Ao bebermos um café quente, as subs tâncias que compõem o seu aroma estimulam-nos os nervos da língua e do na riz, permitindo-nos identificá-lo com café. A língua consegue sentir apenas quatro sabores distintos — azedo, salga do, amargo e doce. Os nervos do nariz sáo muito mais sensíveis e conseguem distin
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guir uma variedade infinita de aromas.
Em teoria, os cientistas podem descobrir os componentes químicos que produzem o sabor de qualquer alimento vaporizando ou liquefazendo uma amostra e analisando-a depois com um aparelho cha mado cromatógrafo. Por rneio de outras aná lises é possível determi nar a forma como as moléculas se combi nam, pois configu rações diferentes produzem sabores diferentes. Servindo-se des tas informações, o especialista de sabo res consegue criar um produto sintético qua se idêntico ao sabor natu ral. Na prática, contudo, é impossível copiar exactamente um sabor natural, pois os mecanismos que controlam o paladar são muito subtis para que uma máquina os possa duplicar. O processo básico de fabrico de com postos aromatizantes consiste em concen trar extractos — pela fervura do produto natural; ou isolar produtos químicos pre sentes em plantas — como criar mentol a partir da hortelã, por exemplo. Os aromas ou sabores feitos por estes processos po dem designar-se por "naturais", embora não se apresentem sob a forma por que aparecem ria Natureza. Os aromas total-
De peixe para ca ranguejo. Moem -se peixes bara tos. acrescentam-se-Ihes aromas artili ciais e moldam-se em cordões "de carangue jo" (em cima). A pasta com sabor a caranguejo pode ain da ser moldada para fingir as dis pendiosas patas do animal (à esquerda).
mente sintéticos são fabricados por cópia da estrutura química de moléculas que ocorrem na Natureza. Os compostos isola dos nos alimentos podem ser utilizados para criar novos sabores. Existem mais de 800 aromas sintéticos à disposição dos fa bricantes de alimentos. Os sabores são ensaiados para se ver se são aceitáveis, primeiro por pessoas espe cialmente treinadas, depois por consumi dores potenciais.
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Escolher feijões cozidos com a rapidez do relâmpago Feijões brancos e brilhantes, todos desti nados a serern enlatados, passam em fila indiana entre dois finos feixes de luz. A luz é refleelida de cada feijão para um "olho mágico" de cada lado da fila, o qual se certifica de que a brancura é a desejá vel. Sc um feijão apresenta bolor, sujida de ou descoloração (mesmo que só de um lado), ou se na fila passa uma pedra ou uma semente, o olho mágico acusa um reflexo mais baço. Nessa altura, um computador emite um pequeno jacto de ar sincronizado de forma a empurrar para trás o feijão defeituoso, deixando passar os bons sem serem perturbados. Cada máquina selecciona até 3 t/h em 12 pistas paralelas - mais de 200 feijões por segundo em cada pista — à velocidade do relâmpago. Uma grande fábrica pode ter 20 máquinas e inspeccionar 60 000 feijões por segundo. Os feijões seleccionados são branquea dos em vapor para amolecer a pele, reduzir um pouco o sabor a "feijão" e diminuir a probabilidade de se criarem na lata sabo res desagradáveis. Depois, passam num
transportador, através de um forno com prido, para cozerem. Algumas empresas acham que a dife rença de gosto trazida pela cozedura não justifica esta operação adicional, e o que vendem são "feijões em molho de tomate*' ou qualquer coisa parecida. O molho para os feijões é habitualmen te feito de puré rie tomate diluído, açúcar. sal, especiarias, espessantes, cebola e alho. Depois é transportado para a linha de enlatagem, onde também chegam os fei jões e as latas sem a tampa. Caria lata rece be um número exacto de feijões, é enchida com molho e enviada para outra máquina, que lhe aplica a tampa. Esta tampa de me tal é colocada na extremidade aberta ria lata, e uma série de rolos aperta e enrola conjuntamente os bordos da tampa e os da lata. Uma fina junta de borracha garante a impermeabilidade total da junta. Nas grandes fábricas, as latas são enchidas e vedadas à razão de 13 por segundo. Finalmente, as latas vedarias são esterili zadas em autoclave, etiquetadas e embala das para distribuição.
mesmo a produzir "frangos prontos a co mer" com ossos de plástico — mas que não tiveram êxito comercial. Recentemente, popularizou se entre os fabricantes um outro método rie produzir uma "carne" alternativa. Este tipo de soja é seco e poroso como uma esponja. Mas fica mole e com textura de borracha quando molhado e parece carne cozinhada. É utili zado em produtos instantâneos para refei ções rápidas, massas e caris - que apenas requerem a adição de água a ferver para se transformarem numa refeição. Também ele é produzido numa máqui na adaptada da indústria de plásticos — a máquina de extrusáo. O resíduo de soja é empurrado ao longo de um cano sob pres são e a temperaturas crescentes. O resíduo transforma-se numa massa quente e plásti ca que, quando obrigaria a sair por um orifí cio na extremidade do cano, se expande devido à súbita libertação da pressão. Isto provoca a evaporação da água nela conti da, deixando o produto seco e poroso.
Formas de conservação do leite
O homem consome o leite de animais há milhares de anos. Mas como o leite coalha rapidamente, especialmente nos climas quentes, o queijo e o iogurte depressa de vem ter surgido como formas de conservar o leite por mais tempo. A manteiga foi tal vez descoberta por acidente, ao transpor tar-se o leite em recipientes: o movimento sob pressão através rie pequeninos orifí cios num aparelho chamado fieira. Os del terá feito com que as natas coagulassem. gados filamentos que saem solidificam em Os efeitos benéficos rie se ferver o leite contacto com o ar. são há muito conhecirios - em 1824, William Dewes, ria Universidade da Pensilvâ Da mesma forma, o xarope de proteína da soja foi forçado através dos orifícios de nia, recomendava que se aquecesse o leite quase até à fervura e depois se arrefecesse uma fieira para dentro de um soluto de ácido fosfórico e sal, que provocou a sua para alimentar os bebés. Pasteur (v. p. 386) descobriu a utilidade rio aquecimento mo coagulação em fibras longas e delgadas. Ao serem juntas em feixes, as fibras forma derado para controlar a fermentação do vinho na década de 1860. Este facto foi ram um molho com a espessura de cerca de 6 mm. Este foi depois esticado até um aproveitado por outros no tratamento rio leite para destruir as bactérias causadoras quinto da espessura srcinal, lavado em água para tirar o ácido e o sal e revestido de da tuberculose, doença em tempos mortal clara de ovo para ligar as fibras entre si. As e muito espalhada. Nos processos moder nos, o leite é aquecido pelo menos a 72"C fibras foram cortadas em segmentos de durante IS segundos e depois arrefecido comprimento uniforme, secadas ao ar, embaladas e armazenadas. até abaixo dos 5"C. Este processo usa-se também para atrasar a acidificação. Posteriormente, misturando-as com água, óleo vegetal, corantes e agentes aro O leite é o alimento natural mais nutritivo. matizantes, as fibras foram utilizadas para É formado por minúsculos glóbulos de gor imitarem carnes diversas e até a de aves de dura dispersos numa solução aquosa que criação. Fez-se um substituto do presunto contém proteínas, açúcar e sais minerais. ligando camadas alternarias de fibras de soja vermelhas e incolores para imitar as A desnatação porções magras e gordas. Como os glóbulos gordos do leite são me Os fabricantes americanos chegaram nos densos e mais leves que o resto do
Como se transformam feijões em "carne" Quer o saibam, quer não, muitas pessoas cornem carne artificial, que frequente mente substitui até 25% da carne servida sob diversas formas — pudins, salsichas, assados, guisados — em refeitórios escola res, cantinas de escritórios e fábricas. O ingrediente principal da carne artifi cial é o altamente nutritivo feijão de soja, cultivado na China desde há séculos e ac tualmente por causa rio seu óleo. Quando, na década de 60, um número crescente de pessoas começou a preo cupar-se com uma alimentação saudável, diversas empresas americanas começa rem a produzir sucedâneos da carne — e utilizaram o resíduo da soja. rico em proteí nas, deixado depois da extracção do óleo. O primeiro passo rio processo era con verter esse resíduo em fibras e nisso ajudou a experiência no fabrico das fibras artificiais, como onylon e o rayon. Os resí duos ria soja eram tratados com um álcali (soda cáustica), que extraía deles a proteí na concentrada sob a forma de um xarope viscoso. Na manufactura de fibras artificiais, o nylon ou o rayon fundido são bombeados
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CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Fabrico de manteiga à antiga. Uma lavradeira da Normandia serve-se de uma batedeira de madeira para fabricar manteiga (em bai xo). As natas são colocadas na cuba. que é depois balouçada por meio das rodas, como um berço, para bater as natas e obter a mantei ga. A manteiga normanda não contém habitualmente sal. pelo que rança depressa.
vados os grânulos de manteiga, junta selhes sal — que não só melhora o sabor com o actua com o conserv ante , e a manteiga é comprimida em blocos. A manteiga deve ter pelo menos 8096 de gor dura e não mais de 16% de água. Nas fábricas de lacticínios, a nata é pas sada por um aquecedor que lhe eleva a temperatura para cerca de 12"C e vai segui damente para uma batedeira que a agita vigorosamente. Dccompóe-se então em pequenos grânulos que passam a uma se gunda câmara, onde são revolvidos, for mando grãos do tamanho aproximado dos de arroz. 0 soro é drenado e os grãos são comprimidos em blocos. Pode juntar -se sal. Uma única máquina de fabricar manteiga pode produzir mais de 5 I por hora.
Leite em pó O leite em pó prepara se, em geral, a partir do leite desnatado. É pasteurizado e de pois concentrado pela evaporação da maior parte da água. O leite concentrado é depois lançado num cilindro de aço com 10 m de altura, através do qual se faz passar ar aquecido a 200"C. A esta temperatura a água restante evapora se, deixando o leite sob a forma de um pó muito fino. Produção do iogurte O iogurte é o leito coagulado por meio de bactérias. O tipo primitivo, consumido no Médio Oriente, era simplesmente leite de cabra coalhado. Actualmente, existe uma grande diversidade de tipos, desde o iogur te magro obtido do leite desnatado até aos tipos com alto teor de gorduras feitos com leite integral. O leite de vaca contém pou cas proteínas para se obter um iogurte com boa contextura; assim, é concentra do por evaporação ou pela adição de leite em pó. Uma cultura contendo as bactérias do iogurte é adicionada ao leite, que é conser vado a /12"C enquanto coalha o assenta. Podem ainda juntar-sc aromas ou frutos em pedaços.
líquido, sobem à superfície, onde formam uma camada cremosa, a nata.
aquecidas a mais de I40°C durante pelo menos dois segundos, sendo em seguida
Queijo — mais de 2000 variedades Há três categorias principais de queijo; mole, duro e amadurecido com bolores. Mas a diversidade dos processos rio seu fabrico resulta em mais de 2000 tipos dife rentes. Para fabricar um queijo duro, arrefece-
Antigamente, separarse aa nata os an tigos lavradores para limitavam retirá-la da superfície. Actualmente, o leite é lançado em grandes centrifugadoras que giram a enorme velocidade, expulsando para a pe riferia o leite desnatado. As natas podem eonservar-so por mais tempo se forem esterilizadas. O processo mais vulgarizado é o UHT (ultrahigh tem perature, ou temperatura ultra-elevada). As natas começam por ser rapidamente
arrefecidas. Fabrico de manteiga Quando as natas são batidas, os glóbulos de gordura colidem entre si e aglomeram-se, formando a manteiga. O processo desenrola-se mais rapidamente a lemperatu ras entre 10 e 14"C. Nas quintas, as natas são agitadas em batedeiras. O soro que fica depois de a gordura se ler aglomerado é drenado e dado aos porcos. Depois de la
-se leite até 30"C e verte-se para umapasteurizado cuba. Bactérias seleccionadas (lactococci), cultivadas em leite ou soro, são adicionadas ao leite para o fermentar, convertendo a sua lactose (açúcar) em áci do láctico, que é simultaneamente um conservante e um condimento. Deixa-se o leite repousar durante 30 a 60 minutos para permitir que as bactérias se multipli quem. Junta se lhe coalho — uma mistu ra de enzimas extraídos rio estômago de
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CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS bovinos ou produzidos sinteticamente. Um dos enzimas decompõe parte da pro teína do leite, fazendo com que este coa lhe. A matéria sólida resultante, a coalha da, é cortada com instrumentos adequa dos (liras) para a dividir em grãos mais ou menos finos. Aquece-se lentamente e, ao fim de cerca de uma hora, deixa se a coa lhada assentar e o soro é escoado. A coalhada aglomora-se e é cortada em blocos, que são empilhados, voltados e tomados a empilhar para os comprimir llr
memenle. K depois cortada em pedaços pequenos, juntando-se-lhe sal para evitar o desenvolvimento de bactérias nocivas, e comprimida em moldes (cinchos ou for mas) para fazer os queijos. Estes são guar dados a temperaturas entre 6 e 10"C duran te pelo menos dois meses para adquirirem urn sabor agradável, c até 12 meses para produzirem uma variedade curada. Durante a armazenagem, os enzimas do coalho e das bactérias produzem a de composição lenta das proteínas do leite e,
em menor medida, das gorduras. Estas ai terações causam o desenvolvimento dos sabores característicos dos queijos. No fabrico dos queijos moles não se aquece a coalhada depois de cortada e pouca ou nenhuma pressão lhe é aplicada nas formas. Perde-se menos humidade, pelo que o queijo é mais mole.
Gelados - alimento de luxo Originariamente um alimento sofisticado, os gelados tornaram-se muilo conhecidos
COMO E FABRICADO O QUEIJO AZUL - COM BOLORES E AGULHAS
Queijos Roquefort em maturação sobre prateleiras de carvalho em caoes no Sul de França Os queijos azuis são resultantes de bolores que produzem pigmen tos dessa cor. Originariamente, os queijos devem ter sido contami nados acidentalmente por bolores naturais flutuando no ar sob a forma de esporos. Uma vez crescido, o bolor colonizaria as caves ou gmtas de armazenagem dos queijos, e todos os queijos aí guar dados seriam igualmente contaminados.
molde que se pratica na produção de outros tipos de queijo é evitada. Os queijos escorrem lentamente e são relativamente moles. Por este motivo, têm de ser voltados todos os dias para não perderem a forma. As condições de temperatura e humidade variam segundo o
moderna de queijo azul as probabilida desA de o bolorprodução não se desenvolver. Ouminimiza se junta ao leite uma suspensão de esporos do bolor, ou esta é pulverizada ou injecta da em pedaços da coalhada já libertos do componente líquido do leite, o soro. O bolor utilizado no fabrico do queijo azul é o chamado PenicilHum roqueíortii, do nome da cidade de Roquefort, França, onde é fabricado o queijo deste tipo de maior fama. O queijo tem de ser poroso, pois o bolor carece de oxigénio e de espaço para se desenvolver; assim, a prensagem da coalhada no
e a idadededo90 queijo. EmHumidade geral, a temperatura dos 5aosoI5°C e atipo humidade a 95%. demasiadavai promove cresci mento excessivo de fermentos e bactérias; com humidade a me nos, o queijo seca e estala. A medida que o queijo amadurece, o fornecimento de oxigénio ao bolor que se desenvolve nos poros pode ser aumentado, furan do o queijo com agulhas de aço inoxidável. Ao desenvotver-se, o bolor produz não só a cor azul como também enzimas. Estes decompõem as gorduras e as proteínas, produzindo o sabor carac terístico e tomando o queijo mais macio.
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CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
FABRICO ARTESANAL DE QUEIJO DURO
0 leite é primeiramente aquecido na cuba, juntandose-lhe depois o coalho. Cerca de uma hora de pois, a coalhada e 0 som são se parados. Para esse efeito, utiliza•se um instrumento adequado de signado por lira (em cima).
A coalhada ê cortada em blocos rectangulares; estes são virados frequentemente durante pelo menos meia hora para aumen tar a acidez e melhorar o sabor do queijo. O soro já foi escoado e será dado aos porcos.
Os blocos de coalhada são de pois esfarelados e espalhados na cuba, salgando-se ern segui da. O sal contribui para realçar o sabor do queijo, além de actuar como conservante e retardar a acidificação.
A coalhada é transferida para formas ou cubas forradas com musselina. A forma, que contém e enforma o queijo, pode ser de aço ou madeira, desde que seja suficientemente resistente para suportar a prensagem.
Os queijos são depois submeti dos à operação de prensagem
Durante a operação de prensa gem, os queijos são virados dia
A cura está concluída após oito semanas. Durante este período,
o queijo. A prensagem pode ser mais ou menos enérgica ou de morada, consoante o tipo de quei jo. Neste caso, dura cinco dias.
da. Quando termina a prensa gem, o último pano deve ficar completamente seco, pois toda a água terá sido expulsa.
Cada queijo é embrulhado numa faixa de musselina embe bida numa pasta de farinha e água. Evita-se assim que o quei jo alastre, seque ou abra fendas enquanto amadurece e seja da nificado no transporte.
que expulsa o liquido e consolida riamente e a musselina é muda
os queijos são virados tOdOS OS
dias. 0 processo de amadureci mento é indispensável em todos os queijos duros, e em alguns chega a demorar dois anos.
res - desde 13% de açúcar na Escandiná e apreciados por toda a Europa e EUA no século xvn e princípios do XVIII gradas a ven via a 15% nos EUA.
e que as proteínas e os estabilizadores ab sorvam a água.
dedores italianos percorriam pais cidades com que os seus carrinhosasdeprinci co res vivas. Em meados do século xvn produ ziam urna forma primitiva de gelado, mis turando gelo das montanhas com leite adoçado. Actualmente, os processos de fabrico e os ingredientes variam de país para país. Na maioria, aceita-se um teor de 10% de gordura de leite. A doçura varia conforme os gostos dos consumido
Depois ademistura se juntarem os earomas e os corantes, é batida congelada. Podem incorporar-se fnitas e nozes depois da congelação. Para a armazenagem ou o "endurecimento", o sorvete tem de ser ar refecido a menos de I8°C negativos. Para armazenagem prolongada, a tem peratura deverá ser inferior a -25"C. Quanto mais baixa a temperatura de arma zenagem, mais longamente o gelado se conserva.
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Junta-se leite em pó a leite ou água. A mistura é aquecida, adicionando-se-lhe açúcar, um emulsionante e um estabiliza dor -geralmente, gelatina e gema de ovo e depois nata ou manteiga. A mistura é aquecida para pasteurização e mantida a 66°C durante 30 minutos. Mexe-se depois vigorosamente c arrefece-se rapidamente, de preferência até abai xo de 5"(", pelo menos durante duas horas, permitindo que a gordura do leite cristalize
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Porque se põem algas nos gelados Já há 5000 anos se usavam algas marinhas na China como alimento e remédio. E ain da hoje se comem em lodo o Mundo. Eneontram-se no prato japonês SUShi, com peixe e arroz, no pâo de algas galês (algas fritas com farinha de aveia) — e no s gelados. Certas algas fornecem substâncias se melhantes à gelatina que são utilizadas nos gelados comoforme estabilizadores, paracon que o gelado não "grumos" no gelador. Quando se faz gelado, a maior parte da água nele contida congela em pequenís simos cristais com cerca de 50 míerones
(1 míeron é um milésimo de milímetro). Quando o termostato do congelador liga e desliga a refrigeração, a temperatura do congelador oscila. Quando a temperatura sobe, os cristais mais pequenos derretemse em água. Depois, quando a temperatu ra volta a descer, a água gela sobre os cris tais que ficaram, aumentando o seu tama nho e tornando áspera a contextura do gelado. Os estabilizadores dificultam a forma ção dos cristais de gelo, criando à volta de les uma camada protectora, e assim o gela do retém por mais tempo a sua textura cremosa.
Primeiramente, as algas são secas. Em seguida, para extrair os estabilizadores, as algas secas são imersas em água quente. O extracto, uma substância gelatinosa, é pu rificado e moído para formar um pó fino de cor creme. Antes de serem utilizadas nos gelados, estas substâncias gelatinosas sáo habitual mente misturadas com outros compostos, tais como goma de guar (extraída da se mente da planta com este nome, da índia e Paquistão) e goma de alfarroba (extraída das sementes da alfarrobeira, que cresce na região mediterrânica), para formarem misturas mais eficazes do que um estabili zador isolado, Os estabilizadores são utilizados nos ge lados a cerca de 0,2% do peso, de modo que 1 1 de gelado contém menos de 1 g do extracto de algas.
Maionese: como se mistura azeite com água Para se fazer maionese, misturam-se ge mas de ovo com azeite. Uma pitada de sal e o sumo de um limão melhoram o sabor, e um pouco de água a ferver evita que a maionese talhe. Ao fazer maionese, poucas pessoas se apercebem do que está a acontecer. Como é que gemas, vinagre e azeite se transfor mam num molho espesso e cremoso? O que é que evita que o azeite se separe do vinagre e como é que é absorvido tanto azeite? A maionese é uma emulsão formada por gordura e água, que não se dissolvem uma na outra. Às vezes, gotas de água encontram-sc suspensas no azeite ou na gordura, como na margarina ou na manteiga, outras vezes gotas de gordura encontram-se sus pensas em água, como no leite. Habitual mente, as gotas ocupam apenas uma pe quena proporção da emulsão. A maionese é invulgar, na medida em que as gotas de azeite representam 80% do peso do produto. O vinagre só consegue "receber" tanto azeite com a ajuda rias propriedades emul sionantes das gemas de ovo. Um emulsionante é uma substância formada por mo
léculas em que uma das extremidades pre fere dissolver-se em água, ao passo que a outra prefere dissolver-se em óleo. Na reali dade, as gemas de ovo contêm diversos emulsionantes naturais, dos quais a leciti na é o mais conhecido. Mergulhando uma das extremidades de Iodas as suas moléculas em azeite e a outra em água, as gemas de ovo forniam um invólucro protector em redor da gola de azeite. A medida que o azeite vai sendo decomposto em gotículas ao ser continua mente mexido, essas gotículas são impedi das de se aglutinarem - mesmo quando colidem, elas ressaltam e separam-se. O sumo de limão impede que as bacté rias se reproduzam rapidamente e provoca nas proteínas do ovo alterações que en grossam a mistura. Nas maioneses à venda no mercado, que contêm menos gemas de ovo e menos azeite que as feitas em casa, a mistura é engrossada com amido gelatinado ou com gomas naturais obtidas da alfarroba ou de algas. Muitas emulsões alimentares são ho mogeneizadas. Este processo torna as go tas mais pequenas e mais uniformes. As
Gotículas de azeite.
Ao microscópio
oêem-se OS gotículas de azeite de diferentes
tamanhos densamente aglomeradas.
gotas mais pequenas demoram mais tem po do que as maiores a aglulinar-se e a subir à superfície. Por esta razão, o leite é homogeneizado para tentar evitar que toda a nata suba ao cimo da garrafa. Uma maionese boa com alta proporção de azei te não deve ser homogeneizada, porque a única forma de todo o azeite ser integrado na mistura é mantê-lo em gotículas de di versos tamanhos para que possam aglomerar-se num espaço menor. A srcem da maionese é incerta. Uma teoria diz que Richelieu ficou tão impres sionado com um molho que provou numa visita a Minorca em 1750 que man dou o seu cozinheiro-chefe aprender a pre pará-lo. Chamou-lhe mahonnaise, do nome da capital da ilha, Mahon. Uma ex plicação mais provável é que a palavra deri va da antiga palavra francesa que designa va ovo — moyeu - de onde moyeunaise. Máquina separadora. Uma separadora de ovos numa fábrica francesa de maione se parte os ooos com muito cuidado para manter as gemas inteiras.
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CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
O imperador Napoleão III encarregou Pasteur de investigar os germes que esta vam a arruinar a qualidade de um dos prin cipais produtos do país - o vinho. Pasteur visitou dezenas de vinhas. Interrogou os trabalhadores, colheu amostras dos seus As suas descobertas conduziram à eli No Outono do 1860, o químico francês produtos e levou consigo espécimes de vi Louis Pasteur fez uma subida aos Alpes per minação dos germes no leite, no vinho e na nhos imaturos, maduros e deteriorados. to de Chamonix. Levava consigo mais de 30 cerveja. Fora o resultado de anos de estudo frascos fechados contendo extracto líquido sobre as "doenças" de diversos líquidos, Os testes revelaram que os micróbios cau sadores das doenças podiam ser destruí causadas, afirmava Pasteur, por bactérias de fermentos e açúcar que, como demons dos à temperatura de 55°C sem afectar o da atmosfera inferior que afectavam a saú trara, ficava contaminado quando exposto vinho. O processo, mais tarde designado ao ar saturado de poeiras. Chegado a 1500 m de da matéria viva. "No campo da experi por "pasteurização", foi aplicado por Pas mentação", escreveu, "a sorte só favorece de altitude, Pasteur abriu os frascos para teur também ao leite para o tomar livre de a mente que se preparou." que neles entrasse o ar puro e asem germes A sua mente estava preparada desde o doenças. e voltou vedá-los. final da década de 1840, quando fora no Na realidade, as bactérias tinham sido Mais tarde, de novo meado professor de Química na Academia observadas pela primeira vez há cerca de no laboratório, mos das Ciências de Estrasburgo, no Leste de 200 anos. Nessa altura, pensou-se errada trou que o líquido não França. Em 1851, dizia numa carta a um mente que os microrganismos eram os tinha fermentado amigo: "Estou na fronteira de mistérios, e o efeitos da putrefacção e não a sua causa. nem deteriorado. véu que os cobre cada vez é mais ténue!" Pasteur foi o primeiro a corrigir esta noção. Seis anos depois, analisava o processo de Pouco tempo depois, procurava uma fermentação do álcool e constatava que cura para diversas doenças e lançava o organismos microscópicos, que posterior conceito revolucionário de que os germes mente designou por "mi não "surgiam misteriosamente do nada", cróbios", deterioravam mas tinham uma srcem bem definida: a alguns líquidos, como o sujidade e o pó. H vinho e o vinagre. Louis Pasteur nasceu próximo de Dijon em 27 de Dezembro de 1822 e era filho do dono de uma fábrica de curtumes. Não seguiu, no entanto, as pegadas do pai, e na altura da sua histórica subida aos Alpes passara já de estudante a professor de Quí mica e depois a director dos Estudos Cien tíficos na École Normale Supérieure, a co nhecida Escola de Magistério de Paris. Quatro anos depois, em 1864, fez uma palestra sobre os seus trabalhos na Sorbonne - sede das faculdades de letras e ciências da Universidade de Paris. Mos Ataque do ar. As experiências de Pasteur trando determinado líquido num recipien mostraram que a fermentação é causada te vedado, disse: "Mantém-se puro desde por organismos existentes no ar. Na ima as experiências que iniciei há vários gem, esteriliza-se um líquido fervendo o anos - puro, porque o isolei dos germes numa retorta. O gargalo é depois fechado, e que flutuam no ar." só quando se deixa entrar ar é que ocorre fermentação. Esta ilustração apareceu num Passou grande parte dos 17 anos seguin manual alemão publicado em 1889. tes trabalhando numa vacina contra a có lera do aviário e o antraz — os furúnculos Trabalho de uma vida. Louis malignos e fatais mais comuns nas ovelhas Pasteur passou anos a desco e vacas, mas que podem ser transmitidos brir a forma de eliminar bacté ao homem. Verificou que os animais do rias do vinho, cerveja e leite — mésticos que recuperavam dessas doen tornando-os seguros para be ças não voltavam a tê-las. Por isso, injectan ber. A pasteurização foi inoenta do os animais com uma fornia enfraqueci da para proteger o oinho, a pe da do germe, dava-lhes protecção para dido de Napoleão III toda a vida. "Em termos simples", disse, "o meu processo consiste em pôr os micro bios em guerra uns com os outros para que acabem por se matar." A seguir, interessou-se pela possível cura e prevenção da raiva — e em Dezem Estudos de fermentação bro de 1880 um amigo veterinário deu-lhe Num livro publicado em 1876, dois cães raivosos para trabalhar. As pes Pasteur exemplificou diversos soas que eram mordidas por estes animais casos de substâncias fermenta habitualmente não revelavam sintomas das: I, uinho tinto; 2, leite azedo; antes de 3 a 12 semanas. Depois, surgiam 3, manteiga rançosa; 4, vinho convulsões, delírio e um temor de engolir com filamentos (coagulado); 5, líquidos. Alguns dias depois, a vítima morvinagre.
Louis Pasteur: guerra aos germes
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS ria. O tratamento consistia em cauterizar as mordeduras com ácido carbólico ou ferros em brasa. Muitas vezes era a própria "cura" que matava os doentes, e Pasteur preo cupado em encontrar um processo mais humano - isolou-se no bosque de Meudon, onde mantinha em gaiolas 50 cães raivosos. Por meio de análises, verificou que os germes da raiva se alojavam na sali va e no sistema nervoso dos animais. Na Primavera de 1884 — após dezenas de ex periências em cáes o coelhos -, cultivou
Em Julho de 1885, foi apresentado a Pas teur o caso de um rapazinho de 9 anos, Joseph Meister. A criança fora atacada por um cão raivoso na sua aldeia da Alsácia no Nordeste de França O médico local já não tinha esperanças que ele sobrevivesse e mandou-o a Paris para ser visto pelo grande químico. Pasteur fi cou horrorizado com as denta das profundas nas mãos, pernas e coxas do pequeno pastor. Nesse mesmo dia, um colega de Pasteur, o Dr. Jacques Gran cher, inoculou em Joseph um líquido extraído da espinal me dula de um coelho que morre ra com raiva duas semanas antes. Joseph — que estava acompa nhado pela mãe — foi levado
uma vacina contendo uma forma atenua da do vírus da raiva Além de lhe proporcionar a forma de combater a raiva, os trabalhos de Pasteur sobre a vacinação abriram caminho ao ramo da medicina chamado imunologia. E hoje cerca de 30 doenças potencialmen te incapacitantes ou mortais - entre elas o sarampo, a poliomielite e a difteria — po dem ser evitadas por meio de vacinas. Em 1888, foi inaugurado em Paris o Insti tuto Pasteur, em parte destinado a conti
A CURA DE JOSEPH MEISTER para um alojamento que Pasteur arranja ra, e ali começou uma longa e ansiosa espera — enquanto recebia cada dia uma injecção mais potente. "Nos últimos dias do tratamento", es creveu posteriormente Pas teur, "inoculei Jos eph Meister com o mais po tente vírus da raiva que consegui obter, o de um cão, reforçado pela pas sagem através de uma longa sequência de coelhos ... A minha jus tificação para proceder assim foi a experiência que tinha com os meus cinquenta cães raivosos.
Curado da raiva. Joseph Meister parecia condenado depois de ter sido mordido por um cão raivoso. Foi a Paris, onde Pasteur lhe salvou a vida com uma série de inoculações.
nuar as investigações para a prevenção e tratamento da raiva Apesar de um aciden te vascular cerebral que o deixou semiparalisado, aquele químico, então já mun dialmente famoso, dirigiu o instituto até à sua morte, em 28 de Setembro de 1895. Foi sepultado dentro do instituto. Ele próprio fornecera o seu epitáfio ao escrever: "A lei da qual somos os instrumentos - a lei da paz, do trabalho e da saúde - procura criar novos meios de libertar o homem dos flagelos que o assaltam."
Uma vez atingida a imunidade, pode injectar-se sem efeitos prejudiciais qual quer quantidade do mais potente vírus." Quase duas semanas depois — com o destino de Joseph ainda incerto -, Pas teur não suportou mais a pressão da es pera em Paris e tirou uns dias de férias na região vinhateira da Borgonha. "Todos os dias", dizia mais tarde, "vivia no terror de receber um telegrama anunciando-me que o pior acontecera — e que o pequeno Joseph morrera!" Mas o telegrama não veio — e Pasteur voltou a Paris para encontrar o rapaz completamente curado. Durante os 18 meses seguintes, cerca de 2500 pessoas — homens, mulheres e crianças de toda a Europa — foram tratadas por ele do mes mo modo após terem sido mordidas por animais raivosos. Sobreviveram todas menos dez.
Gratidão. Joseph Meister leva a filha a visitar o busto de Pasteur em Paris. Portei ro do Instituto Pasteur, Meister suicidou-se em 1940 para não abrir o túmulo de Pas teur aos Alemães.
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CURIOSIDADES I)K AUMENTOS E BEBIDAS
Carne assada para 1000 pessoas Como é que se cozinha uma peça de carne que chega para alimentar cerca de 1000 pessoas? Assar no espeto um boi inteiro ao ar livre é actualmente obra de profissionais com equipamento adequado - e restringe-se às grandes celebrações e íeslas. Uma car caça com cerca de 250 kg pode demorar 24 horas a assar. antecedência O talhante para precisa guardar de serumavisado animalcom in teiro (a carcaça da vaca é geralmente corta da ao meio ou em quartos para facilitar a manipulação) e para o pendurar durante 10 dias. A combinação ideal de sabor, matieza e tamanho encontra-se em animais entre os 14 e 18 meses. Retiram-se a cabeça, a pele, os cascos e o rabo e atam-se as patas da frente uma à outra, dobradas para Irás para não balou çarem grotescamente quando o animal for rodado no espeto. Mais importante ainda, a cintura pélvica, que é partida ao meio no talhe normal, tern de deixar-se intacta, pois desempenha papel fundamental no segu rar da carcaça ao espeto. Um peso destes precisa de ser levantado por dois ou três adultos fortes em cada ex tremo e de um espeto feito de pmmos de andaimes para o suportar durante a assa dura. O espeto em si, de aço ou ferro galva nizado, tem deapoiado ter peloemmenos cmdede espessura e ser fortes6,5 tripés ferro em cada ponta. É espetado pela cintu-
Comida para animais de estimação Os cães e os gatos poderão ser "esquisitos" quanto aos alimentos que comem, mas os seus donos — que têm de os pagar - sãr> -no ainda mais. E o mercado criado pelas suas preferências é enorme. Nos EUA, em 1987 havia 58 milhões de gatos domésticos e 49 milhões de cães, em cuja alimentação os donos gastaram 5G00 milhões de dóla res. Os habitantes da Comunidade Europeia possuem 28 milhões de cães e 25 milhões de gatos, que comem por ano mais de 4500 milhões de latas de comida — o que representa 13 milhões de latas por dia, sem contar com os alimentos secos. Uma das maiores fábricas de enlatados da Europa, que fabrica diariamente vários milhões de latas, produz precisamente co midas para animais de estimação. Uma 388
ra pélvica do boi e sai pelo pescoço, se guindo quanto possível a coluna vertebral. Grampos de melai muito fortes segu ram a coluna ao espeto. Para maior segu rança, a carcaça é atravessada por vare tas de metal com o comprimento de até 90 cm, que fazem fixe no espeto. O espeto é feito por forma a poder apro ximar ou afastar a carne do lume para con trole do calor que recebe. É fundamental que se mantenha uma temperatura de 190 a 200°C e a carne fio ponto de crepitação: uma temperatura demasiado elevada queima completamente o exterior do boi; se demasiado baixa, a car- .K: ne do meio pode estragar-se.
de carvão. O lume é aceso numa vala com cerca de 60 cm de profundidade umas ho ras antes de se começar a cozinhar, para que se gere bastante calor. Uma antepara feita com terra tirada da vala e tijolos refrac tários reflecte o calor para a carcaça. O espeto instala-se frequentemente ao lado do lume e não directamente sobre ele. Assim, a gordura pinga sobre tabuleiros colocados no chão, em vez de para dentro do fogo. O boi tem de rodar devagar no espeto - no máximo, cerca de 10 rotações por hora -, com a carne a ser regadaconstan temente. Quando os sucos da carne saem transpa rentes, pode começar-se a trinr' —. char, Corta-se primeiro a camada exterior já assada, enquanto o resto continua a assar.
te toda a assadura, são preci sos cerca de 500 kg
Assar um boi. Uma grauura setecentista alemã representa o cozinheiro vigiando a assadura. das suas linhas de produção tem um débito superior a 1000 lalas por minuto. Dado que um animal de estimação pode alimentar-se toda a vida com um úni co tipo de comida, a fidelidade à marca é fundamental para os fabricantes, que de fendem a sua quota no mercado, produ zindo uma extraordinária gama de alimen tos a partir de uma igualmente extraordi nária gama de matérias-primas. A maioria dos alimentos para animais de estimação é feita com carne que não é usada para consumo do homem, mistura da com soja, proteínas do leite e cereais, a que se juntam vitaminas e minerais para assegurar um bom equilíbrio nutritivo. Na maioria dos enlatados, a carne é con servada numa geleia, fabricada com ex tractosc de algas marinhas. Ao serem cidas arrefecidas, as soluções dos aque extrac tos de algas solidificam, aglomerando to dos os ingredientes. A gelatina vulgar é afectada pelo calor, mas os geles de algas são estáveis as elevadas temperaturas ne cessárias para cozinhar os alimentos e des truir as bactérias. Outro tipo de alimento enlatado consis te em carne em pó, seja sob a forma de
uma mistura espessa ligada por um agluti nante de cereais, seja sob a forma de peda ços de carne em molho. Os pedaços são muitas vezes formados aproveitando-se a capacidade de as proteínas criarem uma geleia quando aquecidas. As instalações de preparação de alimen tos para animais de estimação são fábricas grandes e sofisticadas. A carne é-lhes entre gue em blocos congelados, que são esma gados e misturados automaticamente com os outros ingredientes. Depois de enchidas e vedadas as latas, o seu conteúdo é cozi nhado e esterilizado em vapor sob pressão. Para se fabricarem os alimentos secos, misturam-se farinha de trigo, soja, osso moído, vitaminas, minerais e gorduras e passa-se a mistura — sob elevada tempera tura — por uma seme lhantee pressão a uma máquina de máquina picar caseira. Quando a mistura sai, a maior parte da água que contém evapora-se rapidamente, dan do àquela uma textura porosa. A massa é depois cortada em pedaços c seca. Nos alimentos para animais semi-húmidos, a deterioração é impedida primeiro por uma secagem parcial, depois pelo uso de humectantes.
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Os misteriosos ingredientes da coca-cola Numa casa-forte da Trust Company of Geórgia, EUA, guarda se o segredo de uma das bebidas não-alcoólicas mais aprecia das do Mundo - a coca-cola. Embora numerosos mercados pos suam uma licença para engarrafar ou enla tar e distribuir a coca-cola, nenhum conhe ce os ingredientes exactos: são simples mente abastecidos com xaropes e outros ingredientes pela Coca-Cola Company e rnisturam-nos com água carbonatada. Muitos concorrentes têm tentado desço brir a fórmula secreta que dá o sabor carac terístico à coca-cola. Mas nenhum ainda o conseguiu. No entanto, o escritor americano William Poundstone procedeu a laboriosa in vestigação, que publicou em 1983 no seu livro Grandes Segredos. Aventa que os in
gredientes básicos da coca-cola numerados de 1 a 9 e designa dos por "mercadorias" - são os seguintes: 1. Açúcar; 2. Carame lo; 3. Cafeína (embora exista uma versão descafeinada); 4. Aci do fosfórico; 5. Extracto de folha de coca (removido o seu conteú do em cocaína) o uma pequena quantidade de extracto de noz de coca; 6. Ácido cítrico e citrato de sódio; 7X. Óleos de limão, laranja, lima, cássia (espécie de canela), noz-moscada e provavelmente outros; 8. Glicerina; 9. Baunilha. Embora as proporções de al guns destes ingredientes - to- f dos misturados com água car bonatada — possam ser des&
A BEBIDA QUE TODOS CONHECEM A fórmula srcinal da coca cola foi cria soas conhecessem os ingre da pelo Dr. John S. Pemberton, farma dientes, Candler reviu nova mente a fórmula, tomou para cêutico em Atlanta, Geórgia, EUA, há sócio Frank Robinson e em mais de um século. Em 1885, ele inven 1892 a Coca-Cola Company tou a sua versão de uma popular bebida da época, o Vin Mariani. A fórmula de era legalizada. Até 1903, só Candler e Pemberton consistia simplesmente em Robinson procediam à adicionar a vinho tinto folhas do arbus mistura do xarope — to dac coca, Sul contém queo cresce estimulante na América cocaína.do por detrás das portas fe chadas do laboratório. Desiludido com a escassez das ven Retiravam as etiquetas das, no ano seguinte reviu a fórmula, dos ingredientes for deixando o vinho e juntando a noz da cola africana, que contém o estimulante necidos pelas diver sas empresas quími cafeína. Para diminuir o paladar amar cas. Só Candler tra go, Pemberton adicionou açúcar e aro tava do correio da matizantes. 0 seu sócio, Frank M. Rocompanhia, pagava binson, desenhou o actualmente famo as contas para que so logótipo da coca-cola, escrevendo o os contabilistas não nome na escrita cursiva, então em uso. soubessem os ingre A bebida passou então a vender-se nas farmácias locais como "um tónico cere dientes e guardava a única chave do arqui bral", que podia ser tomado puro ou di vo das facturas. luído em água. No início, vendia-se à média constante de cerca de 13 copos Com a ^expansão da por dia. companhia, Candler e Robinson deixaram Em 1887, Pemberton vendeu a fór de poder, sozinhos, mula a Willis E. Venable e George S. preparar todo o xarope I.owndes, que por sua vez a revende necessário, por isso ram, cinco meses depois, a Woolfolk Walker Mrs. aM.Asa C. Dozier, e estes, pas sado ume ano, G. Candler. Nesse ano, Pemberton morreu - e Candler misturou o xarope com água carbona tada. Porá o primeiro a reconhecer o po tencial da coca-cola como bebida nãoalcoólica de grande consumo - além da necessidade de se criar uma mística, mantendo a fórmula em segredo. Em bora nessa altura pelo menos sete pes
mente a numerar passaram simplesos ingredientes de 1 a 9. E os directores das delegações apren diam unicamente as proporções ade quadas e o processo de mistura. Em 1909, o Gover
cobertas por análise química, o mais importante e mais misterioso é a mis tura dos óleos essenciais na "Mercado ria 7X". (0 uso do X nunca foi explica do.) O sabor desta mistura não é simples mente a soma dos óleos, porque estes reagem entre si, criando outros sabores. Quem quisesse reproduzir a mistura te ria de saber os ingredientes exactos — di fíceis de analisar com segurança - e as suas proporções rigorosas, que até aqui têm desafiado a análise. A questão do conteúdo em coca já foi, inclusivamente, levada a tribunal (v. ern baixo).
Garrafa de coca-cola. A famosa garrafa de coca cola foi criada em W/6, e o logótipo, na década de 1880
no Federal Norte-Americano confiscou 40 banis grandes e 20 pequenos de coca-cola — e acusou a empresa de violação da Lei da Pureza dos Alimenos, porque o ingrediente "coca" implicava a presença de cocaína, droga ilegal. Mas, durante o julgamento — vários recursos foram interpostos em quase 10 anos —, nenhum dos analistas consultados conseguiu encontrar vestígios de cocaína sob a fornia de extrac to de coca, nem cola. Contudo, uma teste munha representante ria empresa que for necia o ingrediente n." 5 da coca cola des creveu como este era feito a partir das folhas de coca, após a extrac ção da cocaína e de ex tracto de noz de cola. Foi certamente o sa bor que atraiu o general Eisenhower durante a II Guerra. Como chefe das Forças Aliadas no Norte de África, ele pediu ma quinaria para três insta lações de enchimento, capazes de encher 6 milhões de garrafas por mês. Só em 1955,a coca-cola passou a ser embalada em latas.
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CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Como se transformam uvas em vinho A fermentação c um dos processos natu rais de preservação de alimentos que há mais tempo se conhece. Em cada ano crescem em todo o Mundo mais de 70 milhões de toneladas de uvas. Mas as uvas não se conservam frescas por muito tempo. Umas são preservadas por seca
gem produzindo sultanas, passas e co rintos. A maioria, contudo, é fermentada para o fabrico de vinho, de que se produ zem anualmente 300 milhões de hectoli tros. Durante o desenvolvimento das uvas, depositam-se nelas fermentos naturais.
Depois de serem colhidas, extrai-se-lhes o sumo geralmente com o auxílio de prensas. A matéria sólida, como o enga ço e as grainhas, é separada por moio de desengaçadores. As vezes, o mosto é aquecido para des truir microrganismos indesejáveis. Na maioria dos casos, junta-se anidrido sul furoso para controlar os referidos micror ganismos. O mosto fermenta naturalmente devi do à actividade das leveduras que conver tem em álcool o açúcar natural das uvas. O vinho tinto, feito com uvas tintas, fer menta 21 e 29°CAdurante de uma a entre duas semanas. sua corcerca deve-se ao pigmento da pele, a antocianina. O vinho branco fermenta entre 10 e 15°C. A estas temperaturas são necessários pe ríodos mais longos para uma fermenta ção adequada. O vinho rose pode ser feito por três processos diferentes, conforme a retjião de produção e o tipo de produto preten dido. O método mais correcto é o da fer mentação de mosto de uvas tintas junta mente com as peles durante determina do espaço de tempo, separando-o de pois destas. Outro é pela fermentação de uvas vermelho-rosadas com a pele. O ter ceiro processo é separar simplesmente vinho tinto e vinho branco, obtendo se assim uma cor rosada.
Prensa para uvas. Para os melhores vi nhos brancos, as uvas têm de ser prensadas no dia em que são colhidas. Depois do enga ço ter sido retirado mecunicamente, as uvas são colocadas numa prensa À medida que são esmagadas, o mosto escorre para uma cuba e é depois bombeado paru um depósi to onde as leveduras que se encontravam nas peles dão início à fermentação.
Cestos cheios. Uvas brancas apanhadas à mão enchem os cestos, ou poceiros. São precisos cerca de 1,5 kg de uvas para fazer uma única garrafa de vinho branco. 390
FERMENTAÇÃO: O QUE FAZ O VINHO E A CERVEJA Pela fermentação, um processo natu ral e espontâneo, o sumo das uvas transforma-se em vinho. Leveduras — fungos microscópicos que se de senvolvem naturalmente sobre os ba gos — convertem o açúcar contido no mosto em álcool e dióxido de car bono, que se liberta em bolhas. Foi Pasteur quem descobriu que as leveduras tinham um papel activo na transformação do açúcar dos frutos. 0 açúcar e o álcool são formados pelos mesmos três elementos — carbono, hidrogénio e oxigénio -, mas segun do diferentes combinações. A acçáo da levedura converte o açúcar em ál cool por meio de uma série complexa de reacções. No fabrico da cerveja, a levedura é adicionada a uma mistura de água com malte de cevada, o qual fornece o açúcar que há-de ser convertido em álcool. No champanhe, o vinho é fermen tado duas vezes e o dióxido de carbo no produzido pela segunda fermenta ção fica retido no líquido, produzindo as bolhas.
Provando o vinho . Durante o seu estágio nos barris, vão-se retirando amostras para ver se o vinho está pronto a ser engarrafado. Envelhecimento. Garrafas de vinho armazenadas numa cave portuguesa. Nelas, o vinho tinto uai se afinando durante vários anos.
Fermentação em carvalho. O Chardonnav da Califórnia fermenta em cascos de carvalho O tubo de vidro em forma de S permite a saída do dióxido de carbono produzido durante a fermentação sem deixar entrar o ar.
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
OS MAIS VELHOS VINHOS A arte de fabricar vinho já era conheci da no Egipto em 4000 a. C. O vinho fermentava em potes de barro, as ân foras, que não eram fechadas. Poste riormente, os ceramistas gregos pro grediram, produzindo ânforas que podiam ser vedadas hermeticamente, o que permitiu que os vinhos pudes sem evoluir antes de serem bebidos. Os Romanos usavam barris de ma deira para armazenar os seus vinhos.
As misterios as alterações que dáo o sabor a um bom vinho O vinho é a bebida resultante da fermenta ção alcoólica, total ou parcial, de uvas fres cas ou do tecnológicos seu mosto ouapropriados. sumo, segundo processos Mas o segredo do flavour (ou bouquet) de um bom vinho reside nas misteriosas altera ções que ocorrem enquanto ele afina nos cascos e nas garrafas. Primeiro que tudo, para se obter um vi nho de qualidade têm de se cultivar castas de uvas apropriadas em encostas soalhei ras de solo adequado. As leveduras que se encontram na pele das uvas contribuem também para a criação de aromas subtis, fazendo com que o mosto fermente e pro duza álcool. Mas a parte mais importante — o bou quet - é produzida nos anos que se se guem: o álcool reage com os ácidos do vinho, formando compostos aromáticos, os ésteres. O vinho branco é habitualmente esta giado durante um ou dois anos (actual mente, em grandes depósitos de aço inoxi dável). Um bom vinho tinto é estagiado em cas cos de madeira durante dois ou mais anos e, se for de grande qualidade, continuará a melhorar depois de engarrafado durante um espaço de tempo dependente do tipo
Boas uvas. Os vinhos bons começam por uvas de boa qualidade. Estas uuas Sangiovese, onde se nota o "véu" das leveduras, é uma das variedades mais largamente plan tadas na Itália e é utilizada no Chianti e nou tros vinhos tintos de vinho. A formação de ésteres, com os seus aromas característicos, é ajudada pela lenta passagem de oxigénio atravcs da madeira dos cascos. Como o nariz é muito mais sensível que as papilas gustativas, os aromas de um vi nho são ainda mais importantes que o seu sabor. Os provadores profissionais apre ciam um vinho pelo olfacto, enquanto o aquecem entre as mãos para que liberte os compostos voláteis. Os bons vinhos são estagiados em caves
Como anão madeira é permeável ao ar,du os vinhos podiam ser guardados rante muito tempo. Só por volta de 1750, com o aparecimento da garrafa cilíndrica com rolha de cortiça imper meável, foi possível envelhecer vinhos em grandes quantidades. O mais elevado preço pago por uma simples garrafa foi de 105 000 dó lares, no ano de 1985, em Londres — uma garrafa de Château Lafite de 1787 que pertencera ao terceiro presidente americano, Thomas Jefferson. Mas verificou-se que o vinho estava impró prio para beber. Em 1989, um comer ciante ofereceu por outra garrafa da garrafeira de Jefferson 519 000 dóla res. Mas a garrafa foi acidentalmente partida antes do leilão - e o vinho declarado apenas bebível.
a temperaturas constantes entre 11 e 15"C.deApreferência temperaturas superiores, o vinho evolui mais rapidamente, mas as alterações do bouquet serão diferentes. As características e o valor dos vinhos podem também variar de ano para ano.
Envelhecendo nas caves. A região de Riojú, em Espanha, produz bons vinhos lin tos há mais de 200 anos. Milhares de garra fas são armazenadas em caves durante pe riodos que vão até 10 anos (em cima). Prova de vinho. Enquanto evolui, o vinho é frequentemente provado para se contra lar o seu progresso. 392
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS E BEBIDAS
Pondo as bolhas no champanhe As bolhas que se formam na cerveja, no champanhe e nas bebidas gaseificadas são provocadas pelo gás dióxido de car bono - subproduto dos processos de fa bricação da cerveja e do vinho. Uma propriedade importanle do dióxi do de carbono nas bebidas é o facto de ser 50 vezes mais solúvel na água do que no ar. À temperatura ambiente, uma garrafa de água pode absorver o seu próprio volume em dióxido de carbono. A solubilidade deste gás diminui com o aumento da temperatura. Por isso, à medida que uma bebida vai aquecendo no copo, as bolhas do dióxido de carbo no sobem através do líquido c escapam -se pela superfície. A solubilidade decres ce também com a diminuição da prés são, o que explica a grande quantidade de bolhas que sobem à superfície quan do se abre uma garrafa de champanhe ou de uma bebida gaseificada. Por esta mes ma razão, as bebidas continuam a liber
tar bolhas mesmo a temperaturas baixas como resultado de terem sido engarrafa das sob pressão. Os vinhos efervescentes, como o cham panhe, começam por ser fabricados como os outros vinhos e depois são sujeitos a uma segunda fermentação em garrafa pro vocada pela adição de leveduras e de cerca de 17 a 20 g de açúcar. A fermentação dá-se à temperatura ambiente. Durante a primeira fermentação, o dió xido de carbono liberta-se para a atmosfe ra. Como a segunda fermentação se dá já na garrafa, o dióxido de carbono não se pode escapar, pelo que a pressão no inte rior daquela aumenta e o vinho toma-se efervescente. As garrafas, após a fermentação e um período de repouso mais ou menos longo, são colocadas em suportes especiais onde são progressivamente inclinadas com o gargalo para baixo para depositar o sedi mento junto à rolha. O gargalo da garrafa é
congelado, a rolha é retirada e a pressão de dióxido de carbono produzido então pela fermentação expele o tampão de levedu ras sólidas. A garrafa é atestada com vinho e uma solução de açúcar e depois nova mente rolhada.
As bolhas nas bebidas gaseificadas As bebidas são gaseificadas por carbonatação directa: o dióxido de carbono é bombeado sob pressão para dentro do líquido quando este é engarrafado, pelo que as garrafas têm de ser suficientemen te fortes para não explodirem com a pres são do gás. O vidro é espesso e denso e o fundo da garrafa é habitualmente ondu lado para distribuir a pressão. Nas bebi das gaseificadas usam-se também latas de alumínio e garrafas de plástico com bases reforçadas. Na preparação da cerveja, as leveduras que se adicionam desdobram o wott em álcool e dióxido de carbono. O excesso do gás é muitas vezes recolhido em reservató rios especiais e pode ser utilizado pelas empresas que fabricam e engarrafam re frescos.
COMO SE PRODUZEM AS BOLHAS DO CHAMPANHE
Quando as leveduras assentam sobre a rolha, os gargalos são congelados e as rolhas retira das, por oezes, à mão. A pressão do gás expele as leveduras O champanhe é feito com uvas cultivadas nas vinhas mais ao Norte de França, e o vinho tem de ser engarrafado nessa região para ser classificado como champanhe. Em devido tempo e depois de colocadas em cavaletes especiais, as garrafas são roda das e agitadas para que os sedimentos das leveduras assentem sobre as rolhas. O melhor champanhe é estagiado por um período que pode ir até 15 anos sem ser perturbado (à direita). Como o vinho está sob pressão, às vezes as rolhas saltam e as garrafas chegam a exj)lodir, como a que se vê no centro da fotografia. Quando o vinho está pronto para distribuição, tiram se as garrafas, lavam-se e etiquetam-se.
Paru champanhes mais bara tos, as rolhas são extraídas por grandes máquinas. As garrafas recebem depois uma nova ro lha, segura por arames.
CURIOSIDADES DE ALIMENTOS H BEBIDAS
Aquénios de lúpulo. 0 lúpulo é uma tre padeira vioaz. Os aquénios verdes são utíli zados nalgumas cervejas.
Campos de cereal. Cevada pronta a ser colhida. Dos 220 milhões de toneladas culti vados anualmente, 96% são transformados em cerveja.
Cevada em malte. De cima para baixo: a cevada é demolhada, secada, deixada ger minar por cinco dias e depois tostada para produzir malte.
A cevada é a sexta colheita alimentar do Mundo - mas quase nenhuma é comida. Mas que acontece aos 220 milhões de to neladas da cevada cultivada anualmente? A resposta é: bebem-se. A cevada é a prin cipal matéria-prima da cerveja, de que se bebem anualmente 700 milhões de hecto litros. Para se transformar a cevada em cerveja, os grãos são humedecidos com água, dei xando-se germinar até grelarem. A cevada germinada toma o nome de malte e é seca da para ser usada mais tarde. A maioria das fábricas de cerveja com pram o malte já preparado. Demolham-no em água morna e depois exlraem-lhe o líquido, designado por mosto. O mosto líquido é fervido com lúpulo, que dá à cerveja o seu sabor característico. É depois arrefecido, juntando-se-lhe estir pes seleccionadas de fermentos. Como a maioria das plantas, o fermento desenvolve-se mais rapidamente em ambientes quentes. Para a cerveja fraca, do tipo da cerveja inglesa (ale), a mistura é fermenta da a 20-27"C durante dois a seis dias. No fabrico da cerveja mais forte, como a por tuguesa e a alemã(lager), usam-se tempe raturas mais baixas, de 10 a 15°C, com um tempo de fermentação de 8-10 dias. No fim da fermentação, a cerveja é fil trada ou centrifugada para extracção das células do fermento. Pode seguidamente ser pasteurizada por aquecimento para lhe dar maior longevidade, e é frequente mente metida em cascos, engarrafada ou enlatada e envelhecida antes de ser bebi da. A palavra "lager" vem do alemão que significa "cerveja armazenada ou enve lhecida".
A cerveja contem 85 a 93% de água. Pode conter ainda uma pequena percenta gem de açúcar, entre 2 e 10% de álcool e alguns minerais e vitamina B. As cervejas turvas, não filtradas, com o as que se produzem a partir de outros cereais, como o milho e o sorgo, em Africa, con têm níveis mais altos de vitamina B. Podem evitar que pessoas com dietas alimentares pobres contraiam doenças por malnutrição, como a pelagra.
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Tanque de fermentação. Uma prepara ção de malte, lúpulo, fermento, açúcar e água é misturada num tanque aberto.
Ferment o espumoso. Após cerca de cin co dias, o fermento veio à superfície em es puma. A cerveja está pronta a ser filtrada.
Malte moído. Depois de a cevada ter sido processada e tostada em grandes fornos para produzir malte, este é moído e mistu rado com água, produzindo mosto, o líqui do utilizado no fabrico da cerveja.
Barris de cerveja. Além das garrafas e la tas, a cerveja é também distribuída em bar ris para ser "tirada" sob pressão
Puro divertimento Saltadores de esqui e pára-quedistas em queda livre. Nas montanhas-russas, os passageiros rodopiam em espirais apertadas. Um mágico serra uma mulher ao meio. A vida é cheia de momentos divertidos.
Como as montanhas-russas mantêm as pessoas agarradas aos seus lugares, p. 405. Como os pára-quedistas fazem proezas espectaculares em queda livre, p. 435.
PURO DIVERTIMENTO
Como ser ra r uma mulhe r ao meio — e voltar a "arranjá-la"
O seg redo da serra cir cular. Usando uma serra circular, o mágico americano Harry Blackstone Jr. parece cortar ao meio a sua assistente, elegantemente vestida. Na realidade, a rapariga arqueou as costas para dentro de um espaço oco da mesa. Um dos mais conhecidos e espectaculares números da magia moderna — serrar uma mulher ao meio - foi criado em 1920 pelo mágico britânico P. T. Selbit, no qual uma linda assistente era colocada dentro de uma caixa de madeira comprida e aí apa
vista, saindo por buracos nos topos e nos lados da caixa. Contudo, o mágico não era assistido por uma rapariga, mas por duas. Goldin "hipnotizava" uma delas e ordenava-lhe que se deitasse dentro da caixa, assente sobre uma grossa mesa de madei
xa. Quando a placa giratória parava o pú blico via a cabeça e as mãos da primeira rapariga e os pés da segunda. A seguir, com a ajuda de um assistente, Goldin cortava a caixa ao meio com urna enorme serra. Assim que esta era retirada,
rentemente serrada emvez duas. Momentos depois, aparecia outra "inteira". Durante o número apenas se via a cabe ça da rapariga emergindo de uma abertura num dos topos da caixa. E ela tinha apenas que dobrar as pernas por baixo do queixo enquanto se procedia à serragem. Um má gico americano, Horace Goldin, apresen tou uma versão aperfeiçoada do truque em Nova Iorque em 1921. A cabeça, as mãos e os pés da rapariga ficavam bem à
ra. Uma vez fazia fechada a tampa dos, Goldin girar a caixacom e acadea mesa sobre uma placa giratória, escondendo por momentos da vista dos espectadores os pés da rapariga. Esta puxava imediata mente as pernas para cima. Simultanea mente, a segunda rapariga — escondida dentro do tampo oco da mesa - passava as pernas por dois alçapões: um no tampo da mesa, outro na caixa. Depois, enfiava os pés pelos buracos da extremidade da cai
introduziam-se placaslado de do metal emO duas calhas, urnaduas de cada corte. mágico separava as duas metades da cai xa - e as placas de metal impediam que o público visse o seu interior. A "vítima", apa rentemente serrada ao meio, sorria e agita va as mãos e os pés. Depois, Goldin voltava a unir as duas metades da caixa, removia as placas e abria os cadeados. Acordava a pri meira rapariga do seu "transe", e esta saía da caixa sã e salva. Mais tarde, viria a utilizar
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PURO DIVERTIMENTO uma serra circular para "serrar a mulher ao meio". O mágico americano llarry Blackslone aperfeiçoou o truque da serra circular com uma única rapariga. Esta é "hipnotizada" e instruída a deitar se de bruços sobre uma mesa plana com uma cavidade da forma aproximada do torso, com 76 cm de com primento por 38 de largura e 20 de profun didade. Por baixo do vestido elástico ela usa um "corpo" feito com tiras de metal que inclui uma faixa de "costas" de cartão cor de carne. Enquanto o mágico se dirige ao público, a rapariga abre os fechos da estrutura cavidade. de metal e deixa cair o tronco na Em seguida, o mágico passa "por bai xo" da rapariga (na realidade, por cima das suas costas) uma pesada peça de madeira para provar que a serra é autêntica. Esla, com (30 cm de diâmetro, é ligada e, por meio de uma manivela, faz-se passar a mesa por baixo da lâmina rotativa. Parece que o corpo da rapariga conti nua esticado sobre a mesa e está a ser cor tado ao meio pela serra juntamente com a madeira. Quando se acaba de cortar o ves tido, a estrutura de metal e a madeira, o mágico mostra esta, serrada, ao público. Com um estalo dos dedos, acorda a rapari ga do seu "transe", e esta desce da mesa inteira, fazendo a sua vénia.
Espectáculo de televisão A mais recente versão do tnique é a "serra gem do modelo magrinho", executada pelo mágico americano Doug Henning num espectáculo televisivo em 1982. A as sistente entra numa caixa com apenas 30 cm de profundidade, quando o mode lo srcinal tinha uns 50 cm. O topo da caixa tem uma porta articulada à qual estão liga dos dois pés de borracha com comando à distância. A caixa — construída em duas partes ligadas por dobradiças — é colocada so bre uma mesa. A rapariga entra nela, dei xando de fora os pés e a cabeça. Depois, a caixa é voltada de modo que a cabeça fi que virada para o público enquanto a rapa riga é "hipnotizada". Ao mesmo tempo, ela puxa os pés para dentro da caixa e, com um pontapé, empurra a poria com os pés falsos, que ficam a sair dos buracos - e vira-se de lado com os joelhos junto ao queixo. A mesa é virada de lado e começa-se a serrar Para a "autenticidade", o má gico abreaumentar um pequeno alçapão no lado da primeira caixa, mostrando o braço da ra pariga, enquanto um alçapão idêntico na segunda caixa c aberto para mostrar uma perna, que é de borracha. Puxando por um cordão escondido, a rapariga agita os pés falsos, que são articulados. O processo pode ser invertido numa questão de se gundos — e a rapariga "serrada ao meio" volta a aparecer em pé.
O SEGREDO DO SACO
Como se tira um coelho de dentro de um chapéu O mestre ilusionista Houdini achava que tirar um coelho de dentro de um chapéu era o mais impressionante de todos os Iru quês de magia. "Parece impossível", dizia, "e no entanto o coelho aparece!" Numa das versões mais utilizadas, o má gico coloca se por detrás de uma mesa co berta com um grande pano de feltro e con vida para o palco um membro da assistên cia, a quem pede que inspeccione um cha péu alto colocado de boca para cima sobre a mesa entre ambos - e que se assegure de que está vazio. A seguir, enquanto o voluntário pega no chapéu pela aba, o má gico introduz nele ambas as mãos e retira de lá um coelhinho branco vivo. O truque é executado por prestidigita ção e exige acção rápida e muita atenção aos ângulos de visão. Quando o voluntário sobe para o palco, o mágico agarra com a mão direita a aba do chapéu. Com a es querda agarra, por urna abertura no pano da mesa. um saco de feltro preto pendura do pelo cordão de um prego sem cabeça na parte de trás da mesa. Traz o saco (contendo o coelho) para cima, por detrás do chapéu, assegurando-se de que ele não se encontra na linha de visão do público nem do voluntário. De pois de este examinar o chapéu, o mágico roda o com a mão direita por forma que a copa fique virada para o público. Ao mes mo tempo, com a mão esquerda, atira ra pidamente o saco para dentro do chapéu. Assim que o saco entra no chapéu, agar ra com a mão esquerda a aba e a parle de cima do saco e larga a mão direita. Com a copa ainda virada para a assistência, apon ta com a mão direita para o chapéu e mos tra que não há nada escondido à volta do chapéu nem na aba.
"Cada vez mais pesado" Entretanto, o mágico olha directamente para o voluntário e conversa animada mente com ele - desviando-lhe a atenção do chapéu. Levantando este com as duas mãos acima do nível dos olhos, pede ao voluntário que segure na aba em pontos opostos. Lentamente, vai largando o cha péu, dizendo: "E agora o chapéu vazio cada vez está mais pesado!" Quando o chapéu já está só nas mãos do voluntário, o mágico lança lhe súbita mente ambas as mãos, abre o saco, puxan do 0 cordão através das ilhós, e retira o coelho com a mão direita. Entretanto, com a esquerda certifica-se de que o saco está bem escondido dentro do chapéu.
O mágico fecha O saco que contém o coelho puxando um cordão passado por ilhós de metal.
O saco é pendurado da borda da mesa, por trás e por baixo do chapéu alto, fora da
vista do público.
O chapéu alto vazio é mostrado ao público, com o saco escondido por trás.
O mágico vira a copa do chapéu para a assistência. Rápido, com a outra mão, atira o saco para dentro do chapéu.
Enquanto um voluntário pega no chapéu, o mágico abre secretamente o saco e solta o coelho. Depois, pega no chapéu e mostra o coelho ao público atónito.
Morte de um apanhador de balas Na noile de sábado 23 de Março de 1918, o público apinhado no Wood Green Ernpi re, no Norle de Londres, aguardava o clí max do número de magia de Chung Ling Soo — no qual este "apanhava" entre os dentes duas balas disparadas, que depois cuspia para um prato de louça Fez-se silêncio quando dois assistentes carregaram as carabinas com balas cilíndri cas de chumbo marcadas por dois mem bros da assistência. Fizeram pontaria, dis parara m e em vez do som das balas caindo sobre o prato, uma delas acertou no peito de Chung Ling Soo. O mágico recuou, vacilante, e caiu nos bastidores. Foi trans portado a um hospital próximo, onde mor reu no dia seguinte, com 58 anos. Soo - que era na verdade um nova iorquino, William Ellsworth Robinson — executara com êxito o seu número de ilu 398
sionismo de "Apanhar as Balas" centenas de vezes de ambos os lados do Atlântico. As suas carabinas de carregar pela boca tinham um lubo de aço por baixo do cano onde se alojava a vareta quando não em uso. Era este tubo da vareta, carregado com pólvora seca, que era de facto dispara do, não o cano verdadeiro. O truque das balas marcadas era ainda mais engenhoso. Levando num copo duas balas não marcadas, uma assistente diri gia-se à assistência e pedia a duas pessoas que as marcassem com incisões. 0 copo tinha um fundo falso contendo outro par de balas previamente marcadas por Chung Ling Soo. Eram estas que eram car regadas nas carabinas por dois outros ele mentos do público no palco. As outras duas balas marcadas ficavam no copo. O mágico tinha um terceiro par de balas, igualmente marcadas, escondidas na boca. Quando se disparavam as espingar das, ele cuspia estas duas balas para o pra t o — e mostrava-as aos elemen tos da assis
tência que estavam no palco, que confir mavam que as balas possuíam marcas, embora, evidentemente, ignorassem quem as fizera. A rapariga punha as balas no copo e voltava à plateia. Accionando pela segunda vez o fundo falso, mostrava aos dois primeiros voluntários as balas que estes tinham marcado e que nunca ha viam saído do copo. A habilidade parecia infalível. Mas na noite fatal o fulminante de uma das espin gardas, ao explodir, inflamou a pólvora seca no tubo da vareta e o cartucho carre gado dentro do cano. O uso danificara o interior da arma e a fina pólvora seca do tubo da vareta infiltrara-se no cano. A culpa foi de Chung Ling Soo, que, não querendo revelar o seu segredo a um armeiro, cuidava ele próprio das armas.
PURO DIVERTIMENTO
Levitação: como o mágico faz uma rapariga flut uar n o ar Fazendo gestos misteriosos e falando numa voz tranquilizadora, o mágico põe a sua assistente em transe profundo. Obedientemente, ela deila-se sobre uma tábua coberta com uma toalha e as sente sobre dois pedestais. Logo atrás da mesa há uma vela fingida, de contraplaca do, com luz eléctrica, que ilumina a rapari ga imóvel como para mostrar que nada de "esquisito" se passa. Atravessando rapidamente o palco, o mágico retira um pedestal, depois o outro. Uma vez isto feito, vê-se a rapariga a flutuar no ar sobre a tábua, aparentemente sem qualquer apoio. Depois, o mágico desloca-se para trás da rapariga e, com um gesto floreado, pas sa em torno do seu corpo adormecido um grande arco. Voltam-se a colocar os pedes tais, a rapariga é acordada com um estalar de dedos do mágico e junta-se a este para agradecer os aplausos do público.
O truque do arco O número - um de entre várias "suspen sões" ou "levitações" semelhantes — é uma ilusão bem imaginada. A tábua é sus
tentada a meio por uma barra de ferro verti cal escondida do público pela vela de ma deira. 0 mágico passa o arco em volta da rapariga, como se mostra no desenho em baixo. Com um manejo cauteloso, parece que o arco passou completamente em vol ta da rapariga. Numa versão inteligente mas arriscada de executar este truque climina-se a vela ou outro instrumento semelhante: o mági co esconde a barra vertical, ficando em pé à sua frente. Este moderno número de suspensão nasceu nos teatros do século xix como a arte da levitação - na qual alguém ou al guma coisa aparentemente se ergue e flu tua no ar. Foi introduzido pelo mágico fran cês "Professor" Alexander Herrmann com o seu número "A Ilusão de Trilby", no qual fingia hipnotizar uma linda rapariga, fazendo-a obedecer à sua vontade — como faz Svengali, o sinistro hipnotizador da novela Trilby, de George du Maurier (1894). Herrmann montava a cena apoiando uma tábua comprida sobre as costas de duas cadeiras. Entrava então a sua Trilby com um ramo de rosas. Subindo a um banquinho, ela deitava se na tábua e pou sava o ramo sobre o abdómen. Herrmann, no papel de Svengali, passeava em redor dela, arranjando as cortinas por detrás da tábua - corno para se certificar de que se juntavam a meio da cena. Fazia depois uns passes de hipno tismo sobre a rapari ga e retirava as cadei ras, uma de cada vez,
e a rapariga parecia flutuar sem qualquer apoio. Reagindo a mais uns gestos, Trilby, ain da deitada na tábua, erguia-se no ar. De pois, a um comando, voltava à posição ini cial. Herrmann recolocava as cadeiras e agitava as mãos por cima de Trilby, açor dando-a do transe. Pegando no seu ramo, Trilby descia, as cadeiras eram retiradas e, para mostrar que nada havia de estranho na tábua, I lerrmann atirava-a ao chão. O trabalho do assistente de cena O truque da levitação era executado por meio de uma forte armação montada atrás das cortinas. A armação incluía um cursor que podia ser subido ou descido por um assistente por meio de roldanas. A este cur sor estava ligada uma barra horizontal de aço com um encaixe em forquilha numa das extremidades e uma manivela na ou tra. Assim que a rapariga se deitava na tá bua, a extremidade com a forquilha era enfiada pelo intervalo das cortinas. Enquanto "compunha" estas, o mágico guiava a forquilha — escondida pelo ramo de flores - até ela se encaixar na tábua. Quando se retiravam as cadeiras, a rapari ga e a tábua pareciam flutuar no ar. Rodan do a manivela, o assistente levantava ou baixava a tábua e com ela a rapariga "hip notizada".
A PASSAGEM DO ARCO Uma barra de metal recurvada é fixada à tábua de forma que o público não a veja.
O vestido da assistente ajuda a esconder a barra.
O mágico passa o arco ao ongo da tábua até ao interior da curva da barra de metal e roda-o em torno dos pés.
No final, o mágico passa um arco em redor da rapa riga. Mas trata-se de um truque conseguido por meio de uma curvo na barra de suporte.
Ei-la a flutuar! Esta versão do número de levitação é executada num palco utilizando as cortinas. A tábua em que a rapariga está deitada è sustentada por uma barra de ferro que passa pelo intervalo das cortinas.
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PURO DIVERTIMENTO
Glória e q ue da do truq ue d a co rd a indiano Quando o cre púsculo se es tende ao longo de um estreito vale da índia, um faquir prepara-se para executar o tru que da corda. Agru pados por baixo de um círculo de lantor nas, os espectadores observam o faquir li rar de um cesto de ver ga uma corda de câ nhamo e atirá-la ao ar, repelindo a acção vá rias vezes para mostrar que nada há de esquisi to na corda. Depois, atira-a mais uma vez e a corda sobe como que por milagre alé a ex tremidade superior se perder de vista na escuridão crescente. Se guidamente, o compa nheiro do faquir — um ra pazinho franzino de uns 8 anos — trepa pela corda e, aparentemente, desapa rece no ar.
jando, o faquir puxa de uma faca de aspecto mortífero, coloca a entre os dentes c sobe a corda em perseguição do rapaz. Também ele desaparece, ouvindo se então gritos ar repiantes - e os membros decepados do rapaz são atirados ao chão, imediatamente seguidos do tronco cheio de sangue e da cabeça degolada. O faquir desce apressadamente a corda, junta se aos seus assistentes, e no meio de grandes lamentos formam um círculo cm redor dos restos do me nin o que são então guardados no cesto. Quando as la mentações atingem o auge, o rapaz salta do cesto - são e salvo. Segundo a tradição, é islo que o público vê no truq ue da corda No seu livro Jadoo (1958), John A. Keel dá-nos uma explicação do truque Na déca da de 50 linha ele 25 anos -, Keel conhe ceu perto da cidade de Hiderabade um ve lho faquir que lhe contou ler executado o truque da corda. Um cabo delgado feito de cabelo preto entrançado é estendido atra vés de um vale a uns 15 m do solo. O cabo é praticamente invisível contra o fundo do céu e dos montes que vão escurecendo. Passa se por cima deste cabo um outro ainda mais fino — uma das extremidades
do qual é segura por um assistente coloca do bem longe, fora da vista do público. A outra extremidade, com um pequeno gan cho, pende mesmo ao lado do faquir. Desviando a atenção dos espectadores com a sua conversa, o faquir faz uma quan tidade preestabelecida de "lançamentos de ensaio" da corda. Depois, prende sub repli CJamente o gancho num orifício de uma pequena mas pesada bola de madeira liga da à extremidade da corda. Seguidamente, lança esta o mais alto qu e pode em direcção ao cabo horizontal. Ao mesmo tempo, o assistente escondido puxa pelo cabo até a corda ficar erecta com a bola de madeira enganchada no cabo. Depois, o rapazinho sobe a corda. Chegado ao topo, tira um gancho do bolso e prende a bola ao cabo horizontal. E seguido pelo faquir, e ambos ficam ali, segurando-se ao cabo. Esforçando-se por ver na escuridão o ofuscados pelas lanternas, os espectadores estão perfeitamente iludidos. Os membros e o tronco decepados, retirados das vestes do faquir e atirados ao chão, são de um macaco morto vestido com roupas iguais às do menino. O "sangue" é tinta encarna da, e a cabeça decapitada é de madeira.
ENCENAÇÃO DO TRUQUE DA CORDA AO CAIR DA NOITE
O faquir manda-o descer e recebe uma resposta malcriada. Fu rioso e prague
No alto. O mágico inglês "Karachi" e seu filho "Kyder", de li anos. executam o tnique da corda em 1935. 400
Um cubo delgado estica do a boa altura por SO bre O oale vagamente iluminado seroe de su porte à corda do mági co. Escondido a certa distância, atrás de um arbusto, um assistente segura um cubo que aju da a manter erecta a cor da enquanto o rapaz a sobe. Os espectadores, ofuscados pelas lanler nas. não oêem o cabo nem o assistente escon dido.
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PURO DIVERTIMENTO
0 rapaz mete então os braços e as pernas num arnês escondido pelas amplas vestes do íaquir, sendo transportado até ao chão. Aqui, enquanto o faquir e os seus assisten tes fazem as suas lamentações, o rapaz es gueira se do arnês e — escondido pelos assistentes do faquir — mete-se no cesto. Pouco tempo depois, em Deli, Keel as sistiu a uma versão grosseira rio truque da corria executado à luz do dia numa grande praça em frente de uma mesquita. O mágico, de nome Babu, erigiu um es trado quadrado com uns 1,80 m de lado, por detrás do qual pendurou um pano de fundo pouco alto de lona. Fez em seguida passar pelos espectadores uma corda com uns 3 m, que, depois de examinada por aqueles, deitou para um cesto de verga, começando a tocar um pífaro nativo. Enquanto a estranha música perpassa va entre os espectadores, a corda ergueu -se, rígida, do cesto, subindo até mais alto que o pano de fundo. Um rapazinho subiu ao estrado, puxou um grande capuz ver melho que o tapou completamente e tre pou corda acima. Babu bateu as palmas três vezes. O capuz caiu em cima do palco, vazio. E uns segundos depois o rapaz rea pareceu, vindo de trás do público. Keel descobriu imediatamente o tru que, e Babu confirmou lho mais tarde. Ha via um pequeno buraco no fundo do ces to, directamente sobre um buraco idêntico no estrado. Numa cova por baixo deste acocorava-se um assistente segurando uma grande vara de bambu revestida de cânhamo. Depois de a corda verdadeira ter sido deitada no cesto, o assistente empur rava a vara pelos buracos e o rapaz subia pela vara. O capuz do rapaz também tinha um tru que: no seu interior havia uma armação de arame, articulada e dobrável, com o feitio do seu corpo. Ao chegar ao topo da vara, o rapaz pendurava o capuz num gancho preso ao bambu. Enquanto Babu distraía os espectadores com um palavreado "mís tico", o miúdo desabotoava o capuz e sal lava para o chão atrás do pano de fundo. Para os espectadores era como se o ra paz ainda estivesse dentro do capuz. Babu batia então as palmas, puxando disfarça damente um cordão que dobrava a arma ção - e o capuz caía, vazio, no chão. "Apesar de muito imperfeita", escreveu Keel, "a demonstração iludiu os especta dores nativos, que se foram embora con vencidos que tinham o verdadeiro truque dadecorda. Os seusvisto comentários so bre a experiência ajudaram provavelmen te a consolidar as lendas sobre o truque." A explicação mais vulgarmente apre sentada para o truque é a do hipnotismo colectivo — diz-se que o faquir põe o seu público em transe e o faz ver coisas que não existem. Mais frequentemente, contu do, o truque é considerado como uma his tória de viajantes.
Os homens que "lêem" o pensamento De olhos vendados e com as mãos sobre a fronte, o homem que lê o pensamento prepara-se para fazer uma demonstração dos seus poderes. A sua assistente, com um sorriso, entrevista um elemento do públi co — por exemplo, uma senhora de aspec to próspero —, e o mágico passa a revelar toda a espécie de factos pessoais acerca dela Respondendo às perguntas bem expli citadas da assistente, ele afirma que o pri meiro nome da senhora é Betty. E casada e de nacionalidade americana. O objecto que a assistente segura na mão erguida para que todos vejam — e que ele, eviden temente, não vê — é o relógio de pulso da senhora, um Rolex com diamantes em cujo fundo estão gravadas as palavras "Do Robert, com lodo o meu amor".
Código bipartido O segredo das pessoas que lêem o pensa mento é um código bipartido, transmitido por meio das perguntas aparentemente inocentes que lhes fazem as suas assisten les. Uma parte do código transpõe as letras do alfabeto, usando-as depois para formar palavras. Assim, para transmitir o nome Betty, a assistente começa cada uma das suas frases com a inicial apropriada. A segunda parte do código consiste em tabelas que abrangem tudo, desde o con teúdo das algibeiras das pessoas até às suas comidas preferidas. A quantidade de tabe-
las é limitada unicamente pela capacidade da memória do mágico e da sua assistente. Caria uma contém cerca de uma dúzia de alternativas, e o mágico é informado de qual a tabela que vai ser utilizada pela per gunta inicial da assistente. O estado civil de Betty, a sua nacionalidade e a descrição do seu relógio de pulso são transmitidos por meio das tabelas.
Artigos de uso pessoal Por exemplo, quando a assistente pergun ta "Que tipo de objecto é este?", o adivinho sabe que, ao servir-se desta pergunta espe Cuíca, ela se refere à tabela que trata de artigos pessoais caros. A pergunta seguinte, "Diga me o que te nho na mão", começa com a quarta letra do alfabeto — e o quarto artigo da tabela é um relógio de pulso. O facto de se tratar de um Rolex de brilhantes é transmitido se melhantemente por meio de uma ou mais tabelas. Até a inscrição na parte de trás pode ser transmitida usando uma tabela para a mensagem e outra para o nome. Se, contudo, o primeiro nome do mari do fosse invulgar — e não constasse de nenhuma tabela —, a assistente, simples mente, ignorava o. A leitura da mente por meio de códigos foi inventada em meados do século xix pelo mágico francês Robcrt Houdin, cujas habilidades inspiraram o ilusionista ameri cano lloudini.
Como o ventríloquo projecta a voz Com um sorriso aberto — e conversando com um boneco que tem sentado no joe lho , O ventrflOQUO pratica a sua arte por meio do domínio da respiração e dos mo vimentos da língua. Para projectar a voz e fazer parecer que o boneco é que fala, ele respira fundo e for ma as palavras da maneira habitual. Con tudo, retrai a língua, o que eleva e aperta a laringe (o órgão das vias respiratórias onde se encontram as corrias vocais), estreita a glote e faz pressão nas cordas. Como resul tado, produz um som abafado e difuso que parece provir de outra direcção. Entretanto, o ventríloquo distrai a assis tência fazendo mexer os olhos e a cabeça do boneco por meio de cordas e alavancas escondidas e movimentando a boca em sincronia com as palavras. O seu sorriso largo que parece responder à "conver sa" do boneco — permite lhe falar com facilidade sem movimentar os lábios de forma perceptível.
As vogais podem facilmente pronunciar-se sem mexer os lábios. Mas as con soantes especialmente o b, op e o m são muito mais difíceis de pronunciar. E por este motivo que os ventríloquos se ser vem de bonecos representando animais ou crianças, pois é fácil aceitar que as suas 'VO2PS" não sejam claras e as palavras se jam mal pronunciadas. Para dar a ideia de uma voz vindo de uma certa distância, o ventríloquo compri me a língua contra o céu da boca, deixan do escapar mesma posição, um som faz fraco. uma voz Comfunda a língua e rou na ca para fingir que vem, por exemplo, do interior de uma caixa e uma voz aguda e estridente para parecer que provém do tec to ou do telhado. A palavra "ventríloquo" deriva de dois vocábulos latinos: venter, que significa "ventre", e loqui, que significa "falar". Os Romanos pensavam que os sons vocais provinham ria barriga.
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PURO DIVERTIMENTO
adeados
Houdini: o mestre da evasão A neve fustigava as águas geladas do rio Detroit, enquanto o mestre da evasão, Harry Houdini, algemado e de pernas e tronco acorrentados, se preparava para o "Mergulho da Morte". Pouco depois do meio-dia de 27 de No vembro de 1906, Houdini saltou da ponte ^^^^ de Belle Isle, próximo do ^k |^ centro da cidade, e desa^^^/jw por umaberto buraco W l * pareceu especialmente no á ^ n £ . gel , Comos * min uto s a passarem sem que Houdini reapareces se, os espectadores - in cluindo repórteres, foto grafos e polícias — come çaram a recear o pior. Na realidade, o forte e atarracado Houdini libertara-se das suas algemas sem qualquer dificuldade: leva va na boca chaves mestras com que abrira as algemas das mãos e os ferros das per nas, e quanto às correntes, esta va acostumado a escapar-se delas contorcerido-se como uma enguia. Contudo - con tou mais tarde -, a corrente Segredos corpo.escon Com chavesno mestras didas no seu corpo, Houdini conseguia libertar se das alge mas e dos ferros que o prendiam
A FUGA DO CAIXOTE SUBMERSO
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A FUGA DA VASILHA DE LEITE
Haoia um forro interior, sem fun do, que se ajustava à vasilha ex terior. Houdini levantava-a sem dificuldade.
Houdini realizou pela primeira oez esta fuga em St. Louis. Missuri, em 1908. Era anunciada como "Um Misterioso Desafio à Mor te", e o público era avisado de que Houdini enfrentava um sepul cro de água. levara-o rio abaixo, e ele vira-se pressiona do de encontro a uma placa de gelo que parecia infindável. Até que se apercebeu de que havia "bo lhai de ar prateadas" presas entre o gelo e a água. Virando a cabeça de lado, conseguiu inalá-las e manter se consciente. Nadou em círculos cada vez mais largos até en
reanzou-as em diversos rios, desde o lludson, em Nova Iorque, até ao Mersey, em Li verpool, algemado e acorren tado, enfiado em caixotes selados, trans
contrar buraco onde entrara por onde foio içado dapor água gelada, oitoe minu tos depois do mergulho. A partir de então, as fugas debaixo de água passaram a figurar entre as habilida des mais espectaculares de Houdini, e ele
portado o largo em rebocadores e baixado para à água por meio de guindastes. Houdini — nascido em 1874 e cujo nome era Ehrich Weiss - inspirou se, na escolha do seu nome artístico, no do co nhecido mágico francês do século xix Ro bert-Houdin. A família emigrara da Hun gria para os EUA quando ele era criança.
PURO DIVERTIMENTO Aos 6 anos já fazia magias e truques de cartas, e aos 11 já era perito em abrir fecha duras e desatar nós. Passou a adolescência em tournées pela América em circos e feiras. Depressa se cansou das algemas de pal co, que se abriam pela pressão de uma mola secreta, e deu o seu primeiro mergu lho num rio preso com algemas da Polícia em Dresden, na Alemanha, em 1901. Cinco anos depois, era cabeça de cartaz em espectáculos de variedades na Europa e na América. Aceitava desafios de bancos, da Polícia e dos fabricantes de fechaduras; e ganhava-os usando truques ultra-rápidos e escondendo os seus movimentos por detrás de armários de cortinas e de biombos. Um dos números mais aplaudidos era sair de um cofre de banco de aço à prova de roubo — previamente examinado por au toridades para se certificarem de que não havia nenhuma chave escondida. Vestido com um fato de banho, Houdini era exa minado no palco por um médico, que confirmava que ele não tinha qualquer chave escondida no corpo. Houdini aper tava as mãos ao médico e ao árbitro - que "por acaso" era um dos seus parceiros mais chegados. Este passava-lhe uma chave para a mão e o público olhava com expectativa enquanto Houdini entrava no cofre e se corriam cortinas à frente dele. Passavam 30 ... 40 ... 45 minutos. Entre tanto, a orquestra do teatro tocava música animada — mas de Houdini não havia nem sinais. Vindos do público, ouviarn-se pedidos para que a direcção soltasse o ho mem que "estava a morrer". Mas o sinal de aflição de Houdini — uma série de pança das — ainda não fora dado. Até que, quan do já havia mulheres a gritar, as cortinas abriam-se e Houdini aparecia à frente do cofre fechado. Na realidade, ele saíra do cofre poucos
A FUGA DA CELA DE TORTURA CHINESA PELA ÁGUA Houdini apresentou a sua "Fuga da Cela de Tortura Chinesa pela Água" na Alemanha em 1912 Era um maláo de madeira, forrado de metal, com uma das paredes de vidro e cheio de água. Com os pés no cepo, Houdini era içado e depois metido de cabeça para baixo na cela. O cepo era preso com cadeados ao topo da estru tura, que de[X)is era tapada com uma cortina. Contorcendo-se, Houdini levantava a cabeça até ao topo da cela, depois carregava numa mola secreta que fazia deslizar a parte de trás do cepo, libertando lhe os pés e deixando-Ihe espaço suficiente para sair -
O que fazia em três minutos e meio. minutos depois de nele entrar - e passa ra o resto do tempo sentado numa cadei ra a ler. O segredo era que o cofre fora entregue a Houdini umas horas antes da subida do pano. A sua equipa de mecâni cos trocava a fechadura por outra que po dia ser aberta por dentro por meio da chave escondida. Quando o cofre era de volvido aos proprietários, a fechadura srcinal já fora reposta. Ambiente semelhante de suspense ro deava a sua fuga de uma vasilha de leite cheia de água até ao cimo. Houdini pedia voluntários para fecharem os quatro cadea dos na tampa do recipiente. Acocorado no interior da vasilha, parecia impossível que ele lhes chegasse pela parte de fora. Corriam-se as cortinas em redor do recinto, e a orquestra tocava alegremente. E, uma vez mais, Houdini fazia o "impossível" e apare cia, pingando água, à assistência estupe facta. Tábua do meio Lados pregados horizontalmente
Tjrcués
Depois de amarrado, Houdini entrava no caixote, que era fechado com pregos. 0 caixote submergia quando a água entrava por um buraco no fundo. Molas secretas libertavam-no das algemas, e ele cortava os pregos de uma tábua da tampa com uma turquês escondida. Segundos depois, saía do caixote e aparecia à superfície.
A explicação estava em que a vasilha ti nha uma secção interior separada, sem fundo, que se lhe ajustava perfeitamen te - e dentro da qual o mágico se metia A tampa e os cadeados eram aplicados unicamente à parte de cima da secção in terior, onde estavam presos rebites falsos - apenas metades — que pareciam segu rar firmemente a tampa. Houdini fazia ro dar esta até soltar a lingueta que a manti nha em posição, empurrava-a para cima e ficava livre. A fama de Houdini assentou, em grande parte, em outras duas habilidades de pal co: "Atravessar Uma Parede de Tijolo" e "Escapar da Cela de Tortura Chinesa pela Agua". A parede de tijolo era construída dentro de uma armação de aço com cerca de 3,5 m de comprimento por 3 m de altura, monta da sobre rodas e empurrada para um palco completamente atapetado. A parede era colocada perpendicularmente à assistên cia, que apenas via um dos topos. Colocavam-se dois biombos com 1,80 m de altu ra, um de cada lado da parede. Depois de a cena ser inspeccionada por dois voluntá rios, Houdini punha-se atrás de um dos biombos, agitava as mãos por cima dele e gritava "Cá vou eu!" Momentos depois, saía de trás do biombo do oulro lado da parede, gritando "Apareci!" Longe de atravessar a parede, ele rasteja ra por dela através um alçapão que lhebaixo ficava mesmo pordebaixo. Quando abria o alçapão, a alcatifa de uma só peça, abatia com o próprio peso o suficiente para que ele pudesse esgueirar-se por bai xo da parede. Em Outubro de 1926, Houdini sofre uma apendicite, seguida de perilonite. Dois dias depois, morre em Detroit, cenário do seu sensacional mergulho no rio, 20 anos antes. 403
PURO DIVERTIMENTO
Como se esconde a vermelhinha no truque das três cartas "Venha, amigo! Venha, amigo!", diz o "operador" ao desdobrar a sua mesa na feira. "Diga onde está a vermelhinha e ga nhe umamagote fortuna!"deE curiosos, em breve alguns fica rodeado por um deles ansiosos por tentarem a sua sorte. Falando constantemente, o operador pega em três cartas — duas pretas e uma vermelha — e põe-nas de face para baixo sobre a mesa, com a vermelhinha no meio. As cartas estão ligeiramente dobradas ao meio, permitindo que o operador as apa nhe facilmente, o que ele faz por diversas vezes, mostrando-as de frente para o públi co e baralhando-as, mas mantendo a ver meirin ha no meio e sempre pelo mes mo esquema.
Baralhar rapidamente
Pega na carta preta do seu lado esquerdo com a mão esquerda e na carta preta do lado direito mais a vermelhinha com a di reita - a vermelha debaixo da preta Lan ça a vermelha, de face para baixo, à sua frente, depois a preta da mão direita para a esquerda da vermelha o a preta da mão esquerda para o lado direito da vermelha. Depois, baralha as cartas e aumenta a confiança dos possíveis jogadores, mostrando-lhes a vermelhinha onde eles espe ram que ela esteja. Após deitar as cartas uma última vez, convida as pessoas a após lar em qual é a vermelhinha. Qu em vencer ganha o "monte". Continua a parecer que a vermelhinha está no meio — e nisso aposta uma quantidade de espectadores. Com um largo sorriso, o operador volta as cartas para cima, revelando que a vermelhinha mudou de lugar e está agora à direita ou à esquerda da caria do meio. Por muitas vezes que o tru que seja executado, é sempre o público que perde e o opera dor que ganha. 0 truque é qua se sempre feito por uma equi pa—o operador e dois compar sas. Estes apostam e ganham para encorajar outros a jogar. As vezes, deixa-se que estes ganhem umas quantas apos tas pequenas. Mas quando o monte já é grande, perdem invaria velmente. O segredo do sucesso deste tru que reside no último lançamento, o "lançamento falso". 404
O operador pega nas cartas como ante riormente — uma preta na mão esquerda, a vermelhinha e a outra preta na mão direi ta, com a vermelhinha por baixo. Mas em vez de deitar com a mão direita a carta de baixo, deita a de cima. Quando vai fazer o lançamento, dobra o dedo anular em frente da vermelhinha e abre o dedo do meio da preta, fazendo com que seja esta a cair. Depois, deita a outra carta da mão direita para o lado es querdo, e a preta da mão esquerda para o lado direito. Por isso, a vermelhinha já não está no meio, mas à esquerda do operador. Apostadores crédulos O truque é feito com tanta rapidez e destre za que passa completamente despercebi do dos apostadores ingénuos, que pen sam que a vermelhinha continua no meio. Variantes deste truque são executadas nas ruas das áreas comerciais e nos campos de corridas de todo o Mundo. Só acabam quando os papalvos perderam já bastan te ou um polícia aparece em cena, ptonto a prender o batoteiro.
A VERMELHINHA MUDA DE LUGAR
Lançamento normal. No esquema normal, o operador começa por deitar a carta de baixo
(a vermelhinha) da nua mão direita.
Lançamento falso. Para intrujar os após (adores, O operador solta a carta de cima (a preta), segurando a de baixo com o seu dedo anular.
O antigo truque da ervilha trocada
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truque dos dedais e da ervilha — no qual uma ervilha desapare ce e volta a aparecer debaixo de um de três dedais — era executado no Egipto há uns 5000 anos com taças e bolas. Mágicos viajantes levarain-no depois para as feiras e mercados da Ásiac da Europa, incitando as pessoas a apostar debaixo de que taça a bola se encontrava O esquema ainda hoje c basicamen te o mesmo. O mágico coloca três de dais — por exemplo, um vermelho, um azul e um amarelo - de boca para bai xo sobre uma mesa. Põe uma ervilha debaixo do dedal vermelho e, servindo
-se de ambas as mãos, movimenta os três dedais rapidamente em pequenos círculos. Depois pergunta aos especta dores em que dedal está a ervilha. "O vermelho!", é a resposta. Sorrindo, prepara-se para levantar o dedal. Assenta sobre a mesa, à direita do dedal, as pon tas dos dedos anular e médio. Pegando no dedal entre as pontas do polegar e rio indicador da mesma mão, move o em semicírculo no sentido contrário ao dos ponteiros de um relógio. A meio do semicírculo, levanta o de dal apenas o bastante para que a ervilha saia e, instantaneamente, agarra-a com as pontas do anular e do dedo médio, escondendo-a do público. Depois, le vanta o dedal, mostrando não ser ali que está a ervilha. Sem que os espectadores soubes sem, ele tinha já encaixado oulra ervilha no fundo estreito de cada um dos ou tros dedais. Em seguida, solta uma de las, pressionando, por exemplo, o fundo do dedal azul. A ervilha cai na mesa quando ele levanta o de dal. O truque — e as suas varian tes é às vezes executado em ruas e nas feiras como forma de intrujar jogadores crédulos. Façam as vossas apos tas! Este desenho dos princípios do século xv mostra um mágico alemão de taças e bolas em acção.
PURO DIVERTIMENTO
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Porque não se cai quando a montanha-russa faz um "looping" O fenómeno que manlém as pessoas nos seus assentos numa montanha-russa é o
ça que existem só entrariam em acçào se os carros andassem demasiado devagar.
mesmo andamos que mantém numMas balde quando com aeleágua à roda. qual é ele exactamente, e como acontece? Nas viagens da montanha-russa, a inér cia que se cria é mais forte que a gravidade. por isso, mesmo que as pessoas estejam de cabeça para baixo, não há hipótese de caírem. Para aqueles suficientemente co rajosos para ficarem com os olhos abertos é como se o Mundo, e não eles, estivesse virado ao contrário. Os cintos de seguran
A velocidade e a inércia permitem igual mente que os motociclistas se agarrem às paredes do Poço da Morte. Diz uma lei da física que um objecto que foi posto em
movimento pela aplicação de uma força continuará a deslocar-se em linha recta até ser parado ou desviado por outra força. A relutância do objecto para alterar o seu movimento chama-se inércia. Se um comboio pára subitamente, os passageiros são impelidos para diante por-
V •'
De pernas para o ar. Os passageiros dão uma volta nesta montanha-russa em espi ral c de alta velocidade no Seaworld, em Queensland, EUA que a inércia lhes manlém o movimento que traziam. De modo semelhante, os pas sageiros de um automóvel são atirados para o lado quando ele faz uma curva aper tada: direcção do empurra-os carro mudou, a inérciaa dos corpos na mas mesma direcção em que vinham. De igual forma, uma criança que salta de uni carrocei será impelida segundo uma linha recta: embo ra o movimento do carrocei seja circular, uma circunferência pode ser considerada como um número infinito de segmentos de recta que se sobrepõem, e cada um de les realinha a direcção do percurso da
criança.
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PURO DIVERTIMENTO Um espelho funciona reflectindo para os nossos olhos os raios luminosos emiti dos pelo nosso corpo. Um espelho plano reflecte-os uniformemente, mas um espe lho irregular reflecte-os segundo os mais estranhos ângulos. Urna superfície saliente - convexa — faz as coisas parecerem mais pequenas. O espelho retrovisor dos automóveis c mui tas vezes ligeiramente convexo para cobrir um ângulo maior. Uma superfície côncava — que curva para dentro — riá-nos uma imagem ampliada. Um exemplo é um es pelho de barbear. Um espelho convexo faz os raios diver girem, pelo que a nossa imagem parece menor. Num espelho côncavo, os raios convergem e a imagem parece maior.
O "nevoeiro" no teatro e no cinema
Imagem deformada. As saliências, con cavidades e curvas do espelho reflectem os raios luminosos para os olhos do observa dor segundo ângulos estranhos
Espelhos que enganam A ilusão criada pelos espelhos que distor cem as imagens vai rio divertido ao horro roso. Esses espelhos apresentam diversas irregularidades - saliências, concavida des e curvas -, e como cada parte da pes soa é reflectida por diferentes secções do espelho, as pernas podem ser compridas e magras, o estômago baixo e largo, en quanto outras parles podem até verse de pernas para o ar. 406
Uma das formas mais simples de criar "ne voeiro" ou "névoa" é com gelo seco — dióxido de carbono (CO;,) sólido. O dióxi do de carbono é um gás que se liquefaz quando arrefecido sob pressão. Se se retira a pressão, mas se mantém a temperatura baixa, o C0 2 solidifica em cristais semeIhanles aos da neve, que podem ser com pactados em bolas de gelo seco. Quando se retira do contentor refrigera do e se mergulha cm água quente uma porção desta substância, ela Iransforma-se rapidamente em nevoeiro. O processo de produção de nevoeiro pode ser controlado de maneira mais eficaz por meio de uma máquina de gelo seco; esta consiste num depósito fechado com uma abertura por onde se escapa o vapor. Para dirigir o "ne voeiro", usa-se uma mangueira ligada à aberfura. Para um nevoeiro mais ligeiro, que fica rá a pairar, vaporiza-se um óleo não-tóxico por meio de um elemento de aquecimen to aplicado à máquina própria. O nevoeiro produzido com óleo tende a pairar por mais tempo do que o de gelo seco.
Relâmpagos no palco O processo tradicional de criar relâmpa gos artificiais é com o flash de magnésio: uma pequena carga de pó contendo o me tal magnésio é inflamada num recipiente por meio de uma faísca eléctrica. Como alternativa, podem usar-se lâm padas de flash para fotografia ou lâmpadas de arco de carvão. As faíscas de uma trovoada podem ser simuladas projectando-se um diapositivo de um raio sobre um cenário de céu. Na maioria, os efeitos de flash sobre o palco são condicionados pelos regula mentos de incêndios.
Efeitos especiais no cinema A imagem parada, a transparência otravei Uns matte, o controle de movimento, são apenas alguns dos truques utilizados na rea lização de filmes. Uns são espantosamente simples, outros altamente técnicos.
PURO DIVERTIMENTO
A transparência: combinando a bela com o monstro O macaco gigante King Kong encontra a sua vítima sacrificial amarrada entre duas colunas, solta-a, pega nela e afasta-se, segurando-a na sua mão gigante. Na realida de, durante a maior parte desta cena do filme King Kong (1933), o "monstro" era um modelo com 45 cm de altura.
O efeito foi obtido por meio da transpa renda, em que se projectou um filme do macaco e do cenário de fundo sobre a par te de trás de uma tela translúcida, enquan to a actriz Fay Wray desempenhava o seu papel na parte da frente. O inconveniente principal é que a ima gem projectada nas costas da tela aparece com menor definição e menos luz que a acção da frente, pois a quantidade da luz que penetra na tela é inferior à que ilumina a acção em primeiro plano.
0 sistema foi aperfeiçoado na década de 40 com a criação do processo de cabeça tripla, em que um projector incidia directa mente sobre a parte posterior da tela e dois outros, um de cada lado, reflectiam ima gens idênticas de espelhos, de modo a so breporem-se rigorosamente. Esta técnica produziu uma imagem com maior brilho.
King Kong. O macaco gigante nâo passa va de um modelo — projectado ix>r transpa rência sobre urna tela.
Sobreimpressão: fazendo voar o Super-Homem Quando o repórter Clark Kenl se transfor mou no Homem de Aço em Superman (1!)78), voou pelos céus de Mctrópolis — por meio de uma técnica designada por sobreimpressão, ou projecção frontal. Trata-se do inverso da transparência. A cena de fundo é projectada sob re uma tela por detrás do actor, mas a partir da frente. Um projector faz reflectir de um espe lho uma imagem de fundo de fraca inten sidade, que assim não se vê no actor. O espelho faz um ângulo entre o projector e a câmara. A imagem é reflectida para a câmara a partir de uma tela cuja superfí cie é composta por contas de vidro, que intensificam a imagem. Como a luz re flectida da tela se propaga em linha recta, a sombra do actor fica escondida pelo seu corpo. Nas sequências de voo em Superman, o actor Christopher Reeve era sustentado por um braço hidráulico que emergia da tela. Tal como a sua sombra, o braço estava escondido da câmara pelo seu corpo. Lentes de zoom ("transfocadoras") na câmara e no projector davam a ilusão de movimento e perspectiva. Um dos primeiros realizadores a utilizar eficazmente a sobreimpressão foi Stanley Kubrick em 2001: Odisseia no Espaço (1968).
Simulando o voo. O braço hidráulico que sustenta o Super Homem está escondido pelo seu corpo. A cena de cidade, ao fundo. é projectada por sobreimpressão. A CONCRETIZAÇÃO DE UM VOO FANTÁSTICO
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Cena de fundo projectada na tela
Espelho duplo
A câmara fotografa 0 Super-Homem e o fundo
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Câmara
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Proiector
Em voo. A cumaru e o projector estão sincronizados. Não é o Super-Homem que se mooe, mas o fundo.
Espelho
No filme pronto oè-se o Super -Homem voando no céu de Melrópolis.
— Projector
Magia com espelhos. As cenas de fundo, antecipadamente filmadas, reflectemse de dois espelhos, um deles de dupla face, so bre uma tela por detrás do Super Homem Uma câmara filma utraoes do espelho du plo, sobreimprimindo ambas as imagens.
Câmara
S +
r „ ^ Proiector
"Close-up". A câmara transfoca o ac tor, aproximando-o, enquanto a cena de fundo se afasta, criando perspectiva.
Os edifícios da cidade parecem recuar enquanto ele se aproxima. São dois efeitos de zoom.
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PURO DIVERTIMENTO
Movimento controlado: a câmara cria o movimento As cenas de acção em Guerra das Estrelas (1977) foram obtidas usando a técnica de signada por movimento controlado. O supervisor de efeitos John Dykstra quis evitar o processo utilizado em 2001: Odisseia no Espaço, no qual a câmara se mantinha estática enquanto os modelos eram movimentados à sua frente. Numa cena em que a nave Discovery se desloca através do espaço, foi necessário filmar o modelo muitas vezes para que pudessem ser incorporados outros elementos, como os membros da tripulação vistos através das vigias ou o fundo de estrelas. O modelo tinha 16,5 m de comprimento, e cada pas sagem da câmara na sua calha de 45,5 m levava quatro horas e meia. Dykslra montou as suas naves-modelo em suportes rígidos pintados de azul para não serem vistos de encontro à leia de fun do azul. A câmara, montada numa grua, deslocava-se ao longo de uma calha. A lan ça da grua movia-se para cima ou para bai xo e rodava, e a câmara podia ser inclinada, tirar vistas panorâmicas em equatorial (panning) e perseguir qualquer objecto (tracking) em todas as direcções. Era co mandada por computador para que cada movimento pudesse ser rigorosamente
duplicado, a fim de registar diferentes ima gens em cada passagem, usando sempre o mesmo filme. Assim, os disparos de laser, o clarão dos escapes, as explosões e o fun do de estrelas integraram-se todos no filme e nas alturas próprias.
Movimento imagem por imagem: modelos com movimento natural Em 1922, o escritor Sir Arthur Conan Doyle - criador de Sherlock Holmes - apre sentou na Sociedade dos Mágicos Ameri canos um filme de animação com mode los de dinossauros, que figurou em parangonas no The Nem York Times: DINOS SAUROS FAZEM CABRIOLAS PARA DOY LE NUM FILME. Conan Doyle não esclareceu a assistên cia admirada de que o filme fora feito usan do uma técnica que já tinha sido utilizada de forma pouco convincente noutros fil mes "mudos". Tratava-se de uma sequên cia do filme de 1925 extraído da obra de Conan Doyle O Mundo Perdido. Faz-se movimentar os modelos expon do fotograma a fotograma e ajustando o modelo à sua nova posição a seguir a cada disparo. Quando 0 filme é projectado à ve locidade normal, o modelo parece movimentar-se naturalmente.
Câmara s voadora s. Tal como os modelos de naves espaciais em Guerra das Estrelas, o caça supersónico soviético em Firefox (1982) não voava. 0 modelo, com cerca de 1.5 m. eslava montado num braço de supor te comandado por computador, invisível no filme. As câmaras deslizavam sobre ca lhas para dar a ilusão de movimento — téc nica denominada movimento controlado. Clint Eastioood, que dirigiu o filme, repre sentava um americano enviado a Moscovo para roubar o avião.
Modelos. A técnica de imagem por ima gem tem sido realisticamente utilizada para fazer interactuarem commodelos actores humanos. Para obter esta cena de Clash of The Titans (1981). Harry Hamlin, represen tando o herói Perseu, brandiu a sua espada contra inimigos imaginários. Os modelos de escorpião foram fotografados imagem por imagem e os seus movimentos ajusta dos aos de Hamlin. que eram projectados numa tela ao mesmo tempo que o cenário de fundo.
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Pintura "matte": juntando o cenário à acção Uma linha de horizonte ou uma paisagem extraterrestre podem ser acrescentadas ao fundo de uni filme pelo processo de pintu ra malte — técnica que se desenvolveu a partir da pintura cm vidro e que é utilizada para mascarar parte de uma cena que será acrescentada posteriormente. Fundo não P" desejado
Obra de arte. Interior de um armazém pinta do para Os Salteadores da Arca Perdida. A ac ção foi acrescentada numa área deixada em branco na pintura, poupando construção de um cenário dispen dioso. Pintava-se urna cena numa placa de vi dro colocada defronte ria câmara por for ma que combinasse com a acção que esta va a ser filmada. Posteriormente, utilizou -se o malte in (he-camera ("pela câma ra"), que implicava a filmagem da acção real com parte da cena obliterada (matted outj por tinta preta sobre uma placa de vidro defronte da câmara. As duas partes cenário pintado e ac ção ao vivo — eram depois combinadas por meio de uma "impressora óptica -' es pecial inventada por volta de 1930. É uma espécie de máquina copiadora de filme ca paz de sobrepor e combinar diferentes por ções de filme, criando uma diversidade de efeitos. Entre estes, figuram uma cena que parece diluir-se noutra (dissolver), a toma da de vista que desaparece da cena para ser simultaneamente substituída por outra (wipe), a pausa na acção de uma cena (freeze frames) e a combinação de diversas sequências fotografadas em separado. Efeito de máscara. A câmara fotografa através de um vidro pintado, eliminando o fundo não desejado.
"Traveiling matte": fantasia tornada realizável No filme da ficção científica 77» Incredible Shrinking Man (1957). o actor Grant Wil liams tinha de parecer encolher diária mente de tamanho. Partes do filme foram conseguidas com a construção de cená rios cm escala gigantesca, completos com maples e mesas. Mas nalgumas cenas, como naquela em que Williams era perse guido polo seu gato - gigantesco em comparação com ele -, foi utilizado o processo designado por traveiling matte. De modo semelhante à técnica da pintu ra matte. estacionária, o traveiling matte implica a criação de um "buraco" no cená rio de fundo do filme para poderem sobre por-se filmagens das diferentes acções re gistadas em separado. Mas o "buraco" do traveiling matte tem de mudar de posição ou de dimensões cm cada fotograma, ajuslando-se à área em que se pretende que se movimentem os actores ou os veículos. O método mais vulgarmente utilizado é o processo do blue screen ("tela azul").
PURO DIVERTIMENTO
O processo da tela azul. Pri meiro, o assunto é filmado contra uma tela azul. Cria-se assim um "buraco" de travelling matte que muda de posi ção com os actores. Fases des te processo durante a rodagem de Os Salteadores da Arca Per dida mostram a filmagem em estúdio, utilizando uma tela de fundo azul (à esquerda) e (em baixo) os actores, depois de acrescentada uma cena de ex terior.
Actores, miniaturas ou outros objectos são filmados em frente de uma tela azul, após o que o negativo a cores é impresso numa matriz a prelo e branco, que apenas regista a zona a azul. 0 resultado é um filme em que o fundo está limpo enquanto a acção de primeiro plano aparece em silhueta. O traoelling matte é depois passado numa câmara óptica para mascarar o pri meiro plano não desejado enquanto o fil me do fundo é revelado.
Fina linha azul 0 processo é depois invertido para masca rar primeiro o fundo plano quandoaosenegativo. acrescenta a acção de O filme pas sa então a conter em cada fotograma filma gens de primeiro plano e de fundo. As ve zes, Uca a verse em redor do perfil do aclor ou do modelo uma delgada linha ou franja azul. Mas os modernos técnicos de efeitos ópticos conseguem eliminar essa linha, que é causada por luz reflectida pela tela azul de fundo. Outro método - ainda mais trabalho so — de criar um traoelling matte. foi utili zado por Stanley Kubrick no seu especta cular filme2001: Odisseia no Espaço. Sobrepor o filme das naves espaciais ao do fundo de estrelas teria tido corno resul tado que estas mostrariam as imagens das naves. Para resolver o problema, Kubrick precisava de abrir espaços com o feitio das naves nos fundos estrelados. Recorreu-se ao mais antigo, mais demo rado e mais caro método de criação de
traoelling pintar naves espaciais em silhuetamattes: em centenas de fotogramas.
Bonecos: segredos de "Alien - O 8.° Passageiro" e do "ET" No filme de ficção científicaAlien - O 8." Passageiro (1979), o actor John llurt sofre um súbito ataque de tosse violenta — e um
horrível "bebé" exlraterrestre sai-lhe do tó rax ensanguentado. A ilusão foi criada pelo técnico de efeitos especiais Roger Dicken, que empurrou um boneco através de um buraco num fal so tronco humano. Os bonecos popularizaram se junto dos realizadores de filmes qué pretendem criar criaturas aterradoras. Muitos deles são complicadas peças de engenharia. Para O Tubarão (1975) foram construí dos três tubarões com 7,5 m de compri mento. Um era rebocado na água sobre uma espécie de trenó, com mergulhado res a guiá-lo e a accionar-lhe as barbatanas e a cauda. Os outros dois modelos eram apenas os lados esquerdo e direito de um tubarão lado. Corriam para serem sobre filmados um carrilsósubmerso de um e mergulhavam ou vinham à superfície por meio de um braço articulado escondido. O mais querido de lodos os extraterres três, ET (1982), eram, na verdade, diversos ETs diferentes três modelos em tama nho natural, uma cabeça e tronco separa dos para os grandes planos e um actor anão vestido com um falo que lhe dava o
aspecto do ET.
Miniaturas e modelos: pequenos mas eficientes As miniaturas são, em geral, mais fáceis de construir, de manejar e de filmar do que os objectos reais. As miniaturas em movimento são habi tualmente filmadas com câmaras de alta velocidade para que, quando o filme for exibido à velocidade normal, o movimen to pareça mais real. O movimento dos mo delos de barcos em tanques, ou piscinas, de água, por exemplo, é difícil de captar com realismo, e o mesmo se aplica às es teiras dos navios à silhueta das ondas de mar. Afrouxar a velocidade do filme cm projecção contribui para que os modelos pareçam mais volumosos, pesados c reais. "Miniaturas suspensas" são modelos em suspensão perto da câmara para dar a ilusão de que são de tamanho real, mas fotografados à distância No filme de James Bond O Homem da Pistola Dourada (1974), o carro de vilão que voava por pro pulsão a jacto era, quando fotografado à distância, um modelo com cerca de 1,5 m de comprimento com uma envergadura de asa de cerca de 3 m. Muitas das cenas de exterior em Encontros Imediatos do Ter ceiro Grau (1977), como urna paisagem do estado de Indiana sobre a qual apareciam ovnis sobrepostos, eram miniaturas meti culosamente construídas, com casas de menos de 2,5 cm de altura. Redução com realismo. As "miniaturas" utilizadas nos filmes não são necessaria mente pequenas. Este barco, um modelo relativamente grande, foi utilizado em A Vida Privada de Sherlock Holmcs(1970).
Explosão no gelo . Para esta cena de Risco Imediato(1987), o duplo francês Joe Cott conduzia o carro de James Bondde encontro a um abrigo de barcos. Em seguida, libertaua-se atravessando o abrigo. Segundos depois, este explodia.
Explosões em segurança As explosões cm cena são de muitos lama nhos desde o rebentar de modelos até à destruição de edifícios verdadeiros. As mais vulgares nos filmes de guerra são as bombas e as granadas simuladas. Uma vez que,actores habitualmente, estão éenvolvidos tan to como duplos, fundamental que as explosões sejam executadas com segurança. Um dos maiores trabalhos de explosão do técnico de efeitos especiais Cliff Richardson foi durante a produção deA Ba talha de Inglaterra (1969), em que ele e a sua equipa tiveram de fazer explodir um grande e resistente hangar de aviões. "No interior do hangar demolimos as paredes divisórias para enfranquecer a es trutura, de modo que a cobertura ficou sustentaria por 30 pilares de tijolo", disse Richardson. Nestes abriram-se 150 furos para aí se colocarem os cartuchos de ex plosivos, que foram todos ligados entre si com rastilho de detonação Cordtex. "Foi necessário acrescentar uma série de efeitos extras para tornar a filmagem espectacular. Entre eles, figuravam duas 'cargas de fornilho', espécie de morleirus feitos, comserbarris de petróleo de 200neste I quecaso, podem inflamados hori zontal ou verticalmente. Utilizei um verti calmente para criar o efeito de bola de fogo através do tecto do hangar. Nas portas do hangar tinha também sido aplicado Cordtex e lá dentro, logo por Irás, estava suspenso um caça Spitfire fingido. Foi então colocado um fornilho horizontal para produzir a cortina de fogo que atirava com o Spilfire e as portas 412
despedaçadas para o outro lado da rua." Nos filmes de ficção científica, convocam-se muitas vezes os homens dos efei los para explodir planeias inteiros — como na Guerra das Estrelas e no Super man. Suspende-se do teclo do estúdio de filmagem um modelo do planeta, e a câ mara filma de baixo. Quando a carga defla gra, os pedaços caem em direcção à câma ra, criando a ilusão de uma explosão no espaço.
Tempestades no mar Quer envolvam galeras ou navios de combate da II Guerra Mundial, as cenas navais são habitualmente filmadas numa piscina de estúdio. A dos estúdios da 20th Ccntury Fox cm Hollywood, por exem pio, é um quadrado com 110 m de lado. Foi utilizada para as sequências de Pear] Harbor em Tora! Tora! Tora!, e o supervi sor dos efeitos especiais, L. B. Abbott, ga nhou um Oscar pelo seu trabalho. F.xplicou: "Para criar a sequência em que se vê a frota japonesa lutando conlra um violento temporal a caminho de Pearl Harbor, utilizámos todas as ventoinhas que conseguimos reunir. Para criar a espu ma detergentes das ondas de temporal foi preciso jun tar à água. A forma convencional de impelir os mo delos numa piscina é prendê-los a cabos submersos. No caso de Tora!, os modelos tinham motores adaptados de carrinhos de golfe. Funcionaram satisfatoriamente em certas cenas, mas não serviam para as sequências de temporal mais violento, porque os motores náo tinham potencia suficiente para impelir os modelos na água
agitada, e tivemos de recorrer novamente aos cabos." O grande navio de passageiros que foi virado por uma onda enorme em A Aven tura do Poseidon (1972) era um modelo. Mas para as cenas caóticas que se segui ram na sala de jantar do paquete teve de ser construído um enorme cenário, que podia oscilar 30°, enquanto câmaras clináveis completavam a ilusãolambem de queino navio se virara.
PURO DIVERTIMENTO
Balas e sangue Nos primeiros tempos, as balas que acerta vam nas paredes, nas garrafas ou nas veda ções eram realmente disparadas por um atirador que usava munições autênticas. Mas os riscos eram grandes e tiveram de criar-se novas técnicas. Para balas que estilhaçavam uma pare de de madeira, introduziam-se nesta fulmi nantes que se detonavam em sincroniza ção com o tiro. Para balas que acertavam em pessoas, aplicava-se um fulminante se melhante numa chapa de metal que o ac tor usava debaixo do fato e era detonado electricamente. Assim, os especialistas em efeitos cria ram o squib, pequena carga explosiva, não-metálica, sem fumo, detonada por pe quenas pilhas presas ao actor por fios liga dos a um comando ou por radiocomando. Para a sua "morte" em Bonnie e Clyde (1967), Faye Dunaway tinha dúzias de squibs escondidos debaixo do vestido. O técnico de efeitos Danny Lee dispô-los em sequências e ligou-os a uma pilha exterior à câmara, que os detonava também em sequências. O carro no qual Bonnie foi me tralhada foi previamente esburacado, co locados squibs nos orifícios e depois re pintado. O corpo de Faye Dunaway foi sa cudido por convulsões pelas balas que lhe acertavam. A cena foi filmada em grande velocidade, o que deu ao assassínio uma lentidão ilusória quando foi passado à ve locidade normal. A Quadrilha Selvagem (1969) utilizou
De pernas para o ar. Para criar as cenas de confusão quando o paquete de A Aventura do Poseidon se virou, o cenário iriteiro da sala de jantar (à esquerda) -36 m de comprimento. 18 m de largu ra por 6 m de altura - foi vol tado ao contrário. As cenas de exterior foram filmadas num tanque de estúdio, utilizando um modelo do navio à escala de 1:4. Vento e ondas. A sequência do temporal na versão de 1962 de Revolta na Bountyfoi produzida num tanque quadrado com 90 m de lado dos estúdios da MGM, utilizando uma réplica do navio (à direita). Esta estava montada sobre carris que a ba lançavam para trás e para dian te. Máquinas de vento e de on das fustigavam o mar, e despejaram-se litros de água de enor mes tanques de descarga. Vários duplos ficaram feridos quando caíram ao "mar" durante a fil magem.
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Tiroteio no Oest e. Quando Yul Brynner é "alvejado" num duelo de bar, um squib explosivo é detonado por baixo da sua cami.su. rebentando um saco de "sangue". grande quantidade de sangue fingido. 0 técnico dos efeitos, Bud Hulburd, prendeu aos squibs sacos de "sangue" em látex, que foram enchidos com um líquido ver melho à base de gelatina. Quando os squibs rebentaram os sacos, o "sangue" jorrou. Para criar o efeito de uma lança ou de
uma faca que atinge uma pessoa, a técnica mais vulgar é disparar o projéctil, que é oco, ao longo de um arame, partindo de um dispositivo de ar comprimido. O ara me está ligado a uma placa de metal presa ao corpo do actor por baixo do fato. A lan ça voa ao longo do arame e embate numa almofada de cortiça fixa à placa.
PURO DIVERTIMENTO
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O "Blitz" de Londres. Foram usados 50 queimadores de propano liquido para reconstituir os bombardeamentos de Londres no filme A Batalha de Inglaterra.O perito Cliff Kichardson e o seu filho John criaram posteriormente a máquina Dante para incêndios
Incêndios em filmes: a máquina Dante Como as chamas vulgares aparecem nor malmente transparentes na película, nos incêndios do cinema juntam-se-lhes pro dutos químicos para as realçar. Na década de 70, o perito inglês em efeitos especiais Cliff Richardson e seu filho John criaram a máquina de incêndios Dante, que lhes permitiu produzirem fogos controlados. Um motor de automóvel sobre um carro de duas rodas acciona uma bomba que pode expelir o conteúdo de dois tambores de 200 I de misturas combustíveis. Detonadores de jacto inflamam a mistura, e a máquina pode criar uma cortina defogo com 18 m de largura.
"Incêndio" da Câmara Municipal Máquinas Dante foram utilizadas no filme de James Bond Aluo em Movimento (1985), em que John Richardson teve de incendiar a Câmara Municipal de S. Fran cisco — sem causar quaisquer prejuízos. Tornou o tecto ã prova de fogo por meio de placas isolantes, chapa ondulada e areia. Tornou igualmente à prova de fogo as jane las através das quais as unidades Dante lan çariam chamas para dar a impressão de haver no interior um fogo violento. Richardson "pegou fogo" à câmara 25 vezes durante três noites de filmagens, com os bombeiros sempre presentes. 414
O Departamento de Bombeiros de Los Angeles manteve-se também alerta duran te as sequências do incêndio em A Torre do Inferno (1974). As autoridades insistiram em que cada foco de incêndio — criado por propano bombeado por mangueiras controladas por válvulas durasse ape nas 20 a 30 segundos. Construíram-se 57 cenários, incluindo uma secção de cinco andares da torre em tamanho natural, e um modelo do edifício completo com 33 m de altura. Quatro equipas de imagem filmaram em apenas 70 dias, e ninguém se feriu, para além de um chefe de bombeiros que cortou a mão num vidro partido Os bombeiros de Londres estavam pre sentes quando Cliff Richardson montou num armazém abandonado à beira do Ta misa .50 queimadores do propano líquido a fim de recriar uma cena do ataque aéreo alemão para A Batalha de Inglaterra. A ilusão de uma cidade inteira a arder foi criada para o filme San Francisco (1936), com Clark Gable, que exibia também um realístico sismo, para o qual foi montado sobre uma plataforma vibratória urn cená rio inteiro. A plataforma abanava para cirna c para baixo e para trás e para diante a uma amplitude de I m. Ru iram paredes e casas, ruas abriram fendas e despedaçaram-se mobílias num abalo que durou 20 minutos. Dos 400 figurantes que se encontravam nas varandas que tombaram ao premir de um botão, nenhum se feriu.
Os duplos: os acrobatas do cinema Por detrás de quase todas as espectacula res quedas de cavalo, saltos de rochedos, arrepiantes choques de automóvel ou fu riosas cenas de pugilato, está sempre uma raça de especialistas os duplos. Apesar do seu perigoso trabalho, mui tos mantêm-se na obscuridade e ignora dos. Outros ganham fama e tornam se es trelas.
Cavalgando para a fama e para o perigo "Yakima" Canult tornou se um dos mais famosos duplos de Hollywood. Iniciou a sua carreira na época do cinema mudo, altura em que os estúdios gostavam que o público pensasse que eram as estrelas que faziam as cenas arriscadas. A proeza mais célebre de Canutt foi na Cavalgada Heróica, de John Kord (1939), em que ele saltou do seu cavalo de guerra para um dos seis cavalos que puxavam a diligência. Alvejado pelo herói, John Way-
PURO DIVERTIMENTO
Filmando lutas — com punhos, vidros e móveis *
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mm*** ne, Canutt caiu entre os cavalos e foi arras tado, até finalmente se soltar. A diligência rolou por cima com as rodas de cada lado de Canutt, que finalmente conseguiu pôr-se de pé, provando não se tratar de uma trucagem. Canutt ganhou um Oscar pelas proezas que executou e pelos aparelhos de protecção que criou para os duplos. Mesmo as acrobacias a cavalo mais bem planeadas incorporam um elemento de perigo. O veterano Bob Simmons descrê veu como o seu amigo Jack Keoly morreu durante a rodagem do filmeZarak (1956): "Tudo parecia sem problemas, e ambos os nossos cavalos caíram lindamente. Veio a ordem: 'Corta!', e depois o familiar Tudo bem?'. Procurei Jack em redor. Vi que ele tinha caído mesmo antes do fosso da câ mara. Não se levantou: estava lá deitado, sem um movimento. O cavalo caíra sobre ele e quebrara-lhe a coluna." Treina-se um cavalo a cair atando-lhe uma das patas dianteiras para que ele fique apenas sobre três pernas e depois puxan do as rédeas para o lado oposto.
Cavalo em queda. Em Cavalgada Heróica (1939), faz-se cair um caoalo prendendo-lhe as patas da frente com arame. Era montado por "Yakima" Canutt (também na fotografia inserida). Falso murro. Pai Roche reage a um "direc to" simuiado de Harrison Ford em Os Saltea dores da Arca Perdida (1981). Mus o ângulo da câmara fá-lo parecer um soco verdadeiro.
As lulas com armas ou com os punhos são cuidadosamente preparadas. Os socos são dados com uma técnica aperfeiçoada para o cinema por Yakima Canutt (à esquer da) - e o som do impacte entre o punho e o queixo ou o tronco é acrescentado pos teriormente. Às vezes, é necessário acol ehoamento de protecção para as canelas, os ombros, as costas ou os cotovelos. Contudo, ocorrem acidentes. Christopher Lee, que começou a sua carreira cine matográfica como duplo, descreve um deslize durante uma sequência de esgrima com Krrol Flynn na filmagem de O Príncipe Negro em 1954: "O realizador, Henry Levin, contratou-me como perito para garantir que nenhuma das suas vedetas, particular mente Flynn, ficasse ferida. Numa cena, fiz primeiro de duplo de Flynn, e quando este se aproximava para os grandes planos, passei a dobrar o adversário. Combati du rante horas. Na filmagem final quase não conseguia levantar o braço e, quando o fiz, Flynn espetou nele a sua espada, mes mo acima do cotovelo." Em cenas em que pessoas são atingidas na cabeça por garrafas ou projectadas da janela, o "vidro" é uma resina que parece vidro e se parte como ele, mas que é inó cua. 0 seu fabrico é dispendioso, pelo que, em casos que implicam grandes quantida des — como montras de loja -, faz-se nor malmente uma só filmagem. A princípio, o vidro falso era feilo com açúcar. Os móveis e outros acessórios — os break-uivays, frequentemente feitos de bal sa — são senados quase até ao fim para se estilhaçarem com o impacte.
animal, desequilibrado, cai. Depois de Orepetições constantes, o cavalo cai quando lhe c ordenado c sente o bridão a ser puxado para um lado. A técnica é desig nada por queda "ao bridão". Nos primeiros tempos do cinema, usavam-se arames atados às patas dianteiras do cavalo e com a outra extremidade fir memenle presa. Mas esta técnica foi bani da, pois podia lesionar a coluna ou o pes coço do animal, que teria de ser abatido.
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PURO DIVERTIMENTO
Amortecendo as quedas
Aterrando depois de uma explosão
Nas quedas de locais altos usam-se, para amortecer o cho que, sacos de ar gigantescos de nylon - do tamanho de uma sala quando cheios —, como aconteceu no mergulho a pique de Jeny Hewiti (à direita) de um teleférico que explodiu em O Soldado (1982). Antes de se começar a utilizar os sacos ar, de emcartão 1971,cober eram pilhas de de caixas tas com colchões, depois envolvidas em lona e atadas com cor das para não rebentarem que serviam o mesmo fim. O proce dimento era, por norma, uma camada de caixas por cada 3 m de queda. Quando o medalha de ouro olímpico de natação Johnny Weissmuller — o popular Tarzan dos filmes dos anos 40 — pareceu mergulhar da ponte de Brooklyn em Tarzan em Nova Iorque (1942), constou que o actor tinha de facto saltado de 33 m de altura. Mas tratava-se de um Imque. Weiss muller saltava para um tanque de água depois o filme era enxertado com a cena de um boneco mergulhando da ponte. Em Dois Homens e Um Destino (1969), um salto para a liberdade, de um rochedo para uma torrente impetuosa, era também fingido. Os actores Paul Nevvman e Robert Redford limitaram-se a saltar para uma pe quena plataforma um pouco abaixo da borda do rochedo. Depois, filmaram-se dois duplos saltando de 22 m para um lago da Califórnia. Até cerca de 1960,18 m era o máximo que os duplos faziam em queda livre. Hoje, caem mais de 300 m — servindo-se de pára-quedas ultraleves e de fios descendentes. O duplo americano Dar Robinson especializou-se em quedas especta culares. Aperfeiçoou uma técni ca de fazer quedas de cabeça de edifícios altos com um arame delgado - um "cabo de desace leração" — ligado a um arnês colocado por baixo das roupas. Um cabrestante afrouxava a queda quando ele se aproxima va do solo, fazendo-o parar de cabeça para baixo a poucos me tros do chão. Em Highpoint (1984), Robin son, como duplo de Christopher Plum mer, caiu da CN Tower de Toronto, edifício com 553 m de altura. Mergulhou o equiva lente a 120 andares antes de fazer uma des cida retardada em pára-quedas. Robinson morreu sete anos depois, com 39 anos, ao dirigir se para casa de motocicleta.
As cenas de alguém a ser projectado pelo ar devido a urna explosão são habitual mente realizadas pelo duplo saltando de um trampolim oculto ou de poderosas pranchas de saltos accionadas por ar com primido; os duplos aterram geralmente em caixas de areia ou de turfa. Em O Pirata Negro (1926), Douglas Fair banks escorregava pela vela de um navio, aparentemente sustentado apenas por um punhal que oiacabo fendendo "punhal" era apenas ligadoa avela. um Ocontrapeso por detrás da vela, que lhe conferia estabili dade, enquanto a vela tinha uma costura que a fazia rasgar a direito.
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A ar de r — mas incólume Nas acrobacias envolvendo fogo, que são das mais perigosas, tomam se grandes precauções. O vestuário exterior do duplo é esfregado com um gel, habitualmente à base de álcool, que produz uma barreira de vapor entre o tecido e as chamas — o álcool arde acima do tecido, mal queiman do o material. O duplo veste um fato à pro va de fogo por baixo do vestuário exterior e por baixo daquele roupa de lã, que não arde com facilidade. Quando há necessidade de mergulhar totalmente no fogo, vestem se fatos mais sofisticados, com capacetes e fontes de ar incorporadas. Além disso, estão sempre a postos funcionários do estúdio munidos de extintores.
Homem a arder. Esfregado com um gel próprio, este duplo vestiu um fato de protec ção em O Emissário do Diabo(1975).
Aterragem suave. O herói de O Soldado (1982) tinha de fazer uma queda de 23 m de um teleférico que explodira por acção de terroristas. O duplo americano Jeny Hewiti fez efectivamente a queda de cutH^cu para baixo, que foi amortecida por um grande saco de nylon cheio de ar.
PURO DIVERTIMENTO
'Estampando" um carro de forma segura
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Os automóveis destinados a chocar ou a virarem-sc e rolarem cm cenas especta culares são reforçados por dentro. O duplo usa, além disso, um arnês de segurança, acolchoamento e um capacete anticho que — desde que não seja visto. Quando um carro tem de rolar, ou sobe
uma por rampa foraum dobraço alcance da câmara tem baixo hidráulico queouo impulsiona c faz virar-sc. Alguns dos cho ques mais espectaculares são tão perigo sos que o próprio duplo é substituído por um boneco. Nestas cenas, o carro pode ser catapultado por um canhão de ar compri mido agregado à parle de trás. Monta-se uma câmara por detrás do volante, e a ilu são era completada pelas mãos do boneco presas àquele.
O filme de Acrobacia O I lomem da Pistola Dourada James Bondcomputorizada. (1374) foi o primeiro a incluir uma acrobacia cie automóvel planeada por compu tador. 0 duplo Bumps Willard pôde assim fazer um salto de saca-rolhas enquanto o seu carro voava por cima do vazio numa ponte "destruída'' cuidadosamente cons truída e aterrava com segurança do outro lado. Na perspectiva do público, quem con duzia era o próprio Bond (Roger Moore).
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PURO DIVERTIMENTO
Christo Javacheff: por que razão "embrulha" paisagens A 17 de Setembro de 1985, ao crepúsculo, Christo, o Artista F.mbrulhador, preparava -se para oferecer aos cidadãos de Paris um presente há muito esperado: a sua "recria ção" de uma das mais queridas pontes da cidade, a Pont-Neuf, embrulhada em pa pel de prenda. De cada lado da histórica ponte juntadoentusiasticamente uma multidão an siosa etinha que se aplaudiu quando gigantescos lençóis pregueados, de um belo amarelo cor de mel, foram pu xados por cordas ligadas a uma pequena frota de barcaças. A hora fora bem escolhida, pois o tecido pareceu ficar iluminado pelos raios do sol-poente. Durante as 12 horas seguintes o resto da cobertura foi puxado por sobre as balaustradas daquela ponte dos princípios do século xvii. Na manhã seguinte, para as pessoas que iam para o trabalho passando pela ponte, o presente de Christo revelava-se em toda a sua glória. Com excepção da faixa rodoviária ao meio e da estátua de bronze de Henrique IV, que a tinha manda do construir, toda a extensão da Pont-Neuf se encontrava coberta de nylon dourado. Sob o sol brilhante do Outono, o tecido
reverberava e cintilava E à noite, quando se acenderam as lanternas ornamentais, es tas brilhavam através das pregas como fa róis dourados. Este necu-look da ponte era a mais re cente criação do artista Christo Javacheff, nascido na Bulgária em 1935 e estabeleci do Elagalerias traduziae otrazé-la seu de sejoem de Nova tirar aIorque. arte das para a rua, para que pudesse ser apreciada por todos no seu dia-a-dia. Afirmava ele que diariamente centenas de milhares de parisienses atravessavam ou passavam perto da ponte - mas quan tos deles a viam realmente e paravam para a apreciar? Não muitos, dizia. Christo planeava mudar essa situação com o seu embrulho de nylon colorido, que daria à ponte uma nova dimensão, de tal modo que, muito depois de retirado o tecido, as pessoas sentiriam um profundo e duradouro amor por aquelas pedras. Christo fizera o seu primeiro impacte em Paris em 1962, ao bloquear ilegalmente uma rua estreita do Quartier Latin com a sua "cortina de ferro" — uma parede de A m de altura feita com tambores de óleo vazios, satirizando o Muro de Berlim.
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Sonhos cor-de- rosa. Em 1983, Christo criou as suas Ilhas De bruadas na Biscayne Bay, de Miami. Seruiu-se de um mapa da zona (extrema direita) e pin tou o seu projecto (ao centro); finalmente, nxleou as ilhas com tecido cor-de-rosa (em cima).
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Dois anos depois, mudou-se para os EUA, onde lançou uma série de "aconteci mentos artísticos" insólitos, entre os quais Store Fronts, em Nova Iorque (1964), e Packed Museum of Contemporary Art, em Chicago (1969). O primeiro consistia em réplicas de fachadas comerciais em tama nho natural e com as montras cobertas; o \5Mt*.
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Grande sebe. Em 1976, a Running Fence, de Christo — de tecido de nylon cosido —, serpenteava ao longo de quase 40 km. des de o Norte da Califórnia até ao oceano Paci fico. A sebe, com 5,5 m de altura, era susten tada por rnais de 2000 postes de aço. segundo implicou a cobertura do museu com 62 secções de lona castanha atada com 3,20 km de corda também castanha. Em 1972, criou Valley Curtain, em Grand Hogback, Rifle, Colorado, ligando dois pi cos montanhosos afastados de quase 400 m com uma cortina de nylon cor de laranja berrante. O seu projecto mais ambicioso surgiu entre 1980 e 1983: II ilhas da Biscayne Bay, em Miami, Florida, foram debruadas com 60 400 m- de tecido cor-de-rosa. Vistas do ar, pareciam enormes flores tropicais flu tuando num mar azul-esverdeado. Os que dizem mal de Christo afirmam que o seu trabalho é demasiadamente grande e de muito pouca duração para ter valor artístico ou estético real. Mencionam ainda o custo das suas criações, que, na maioria dos casos, atingem as centenas de milhares de dólares. Christo riposta que é ele quem paga tudo com a venda de uma infinidade de desenhos, esboços, modelos à escala e litografias aos museus e colec cionadores particulares. Em 1985, surgiu a "Pont-Neuf embru lhada". Mas a ideia nascera pela primeira vez 10 anos antes, quando começou a fazer um estudo pormenorizado do lo cal. Desde a sua inauguração, em 1606, a Pont-Neuf constituía um ponto de en conlro favorito dos namorados, uma visi ta obrigatória para os turistas e uma arte ria extremamente concorrida sobre o Sena.
Ponte dourada. Toda a Paris veio ver a Pont-Neuf no Outono de 1985, depois de Christo a ter embrulhado em 42 000 m-' de tecido dourado.
Christo obteve fotografias da ponte,
A autorização para cobrir a ponte teve de ser dada por meia dúzia de entidades. Christo levou seis anos a obter a aprovação do maire de Paris, Jacques Chirac. O presi dente François Mitterrand só deu o seu consentimento em Julho de 1985 - dois meses antes da data prevista para que a ponte fosse apresentada ao público nas suas novas vestes. Tecnicamente, o embrulhar da Pont-Neuf foi um feito triunfal. A parte inferior do tecido foi presa por mergulhadores profissionais a cabos colo cados a I m abaixo da superfície do Sena. Outros trabalhadores seguraram os len çóis com grandes pesos às valetas da faixa de rodagem. Além disso, os panos foram atados a blocos de betão, armações espe ciais e protecções escondidas. Todo o con
com os seus 12 elegantes arcos, Desenhou tiradas de dezenas de ângulos diferentes. depois sobre elas com tintas e monlou-as conjuntamente cm colagens para ver que efeito teriam diversas variações de cober turas o de cores. Estudou os projectos e a história da ponte - dando especial aten ção aos barcos e barcaças que lhe passa vam por baixo e aos milhares de motoris tas, ciclistas e peões que lodos os dias a atravessavam.
do junto porfoi cabos amarrado de aço.com cordas e sustenta As pessoas vieram aos milhões para olhar e pasmar, para gozar e admirar e, nalguns casos, para troçar e maldizer. A ponte ficou "embrulhada" durante duas semanas. O tecido de nylon foi depois re movido - mas não sem que tivessem sido dadas 750 000 amostras gratuitas aos que queriam recordar a Pont-Neuf no seu dou rado e efémero esplendor.
Criador de imagens. Embrulhando em tecidos e cores contrastantes elementos na lurais ou humanos da paisagem, Christo pretende sensibilizar as pessoas para a be leza que as rodeia.
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PURO DIVERTIMENTO
Como se conseguem os efeitos gráficos na televisão? Formas abstractas e estranhas que se trans formam em letras a três dimensões; ima gens que rodopiam ou fogem; actores em paisagens fantásticas de outros mundos — são apenas alguns dos efeitos visuais cria dos pelos designers da televisão. Mais de 130 países em todo o Mundo têm redes de televisão e todas elas se servem de designers. Desde o início das emissões televisivas, há mais de 50 anos, que se vêm inventando técnicas cada vez mais sofisticadas para tornar mais especta cular a apresentação dos programas. I loje em dia, os designers servem-se de compu tadores para conseguir efeitos aparente mente impossíveis — e, literalmente, par? "pintar" com a luz.
"Névoa electrónica" Uma névoa fantástica começou a rodopiar pelos écrans da televisão britânica em 1963. Os seus padrões simétricos pare ciam o negativo de um borrão de tinta em movimento. As formas mutáveis, acompa nhadas por música electrónica pulsante, iam-se transformando em letras confusas que por fim se definiam como duas pala vras: DOCTOR WHO. A BBC Television es tava a lançar a sua nova série infantil de ficção científica sobre as aventuras de um misterioso viajante do tempo.
Efeito fantástico. Para O titulo da série in fantil da BBC DOCTOR WHO (à direita), a câmara de vídeo estava apontada ao écran do monitor (em cima), criando um circuito de realimentaçào. (Ima segunda câmara introduzia o titulo, e o sinal percorria o cir cuito sem parar, produzindo a invulgar "névoa", que acabava por transformar-se no nome do herói da série.
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A invulgar sequência do título foi criada pelodesigner Bernard Lodge, que, com um grupo de técnicos, aproveitou um fenó meno electrónico conhecido por vídeo fioiui round. Aponta se uma câmara de ví deo ao écran de um monitor ao qual aquela está a transmitir uma imagem ... do próprio écran. Se a câmara e o monitor estiverem estáveis, nada aconte ce. Mas qualquer sinal que se in troduza, como o reflexo de uma lanterna sobre 0 ('crart, produz urna realimentaçào (feedback) electrónica entre o monitor e a câmara e novamente o monitor. Qualquer alteração aos coman dos do monitor intensidade luminosa ou contraste ou à posição da câmara será apanha da no circuito de realimentaçào, criando padrões abstractos, No caso do DOCTOR WHO, uma segunda câmara transmi tia o logótipo do título do pro grama ao monitor para desen cadear o efeito. Um misturador electrónico simetrizava a ima gem e adicionava as letras da se gunda câmara.
"Explosão" do rosto da Estátua da Liberdade
O clímax da sequência de aber tura da série documental Crirne Inc, de 1984, era uma imagem do rosto da Estátua da Liberdade a explodir. O designer Lester Halhead queria simbolizar "a destruição completa da socie dade americana". Para obter o efeito pretendi do, imprimiu-sc uma imagem da face da estátua em placas de vidro de açúcar. Como o seu nome indica, este vidro é feito de açúcar, parte-se com facilidade e não fere, sendo por isso fre quentemente utilizado em cine ma e televisão. O vidro, com pe quenas cargas explosivas por trás, foi colocado numa moldu ra de madeira e pendurado hori zontalmente do tecto do estú dio. A imagem nele impressa re flectia se num espelho por bai xo, inclinado a 45". Uma câmara de alta velocidade filmou a ima gem reflectida. Quando as car gas foram detonadas, o vidro de açúcar estilhaçou-se e caiu em direcção ao espelho. Quando o filme era passado à velocidade normal, a imagem parecia ex plodir lentamente em direcção a câmara e mesmo ultrapassá-la.
PURO DIVERTIMENTO
Desintegração. £s/
^C
ir Imagem em vidro de açúcar a partir-se
de vídeo, manejando os minúsculos ele mentos da imagem (pixels) - pontos de luz colorida que formam a imagem apre sentada num écran de 'IV. Podem juntar-se dois quaisquer pixels para formar uma linha; podem juntar-se outros para constituir formas geométricas ou letras. ser reduzida, Umaampliada vez criada, ou uma repetida formaquan pode
tas vezes se quiser. Cada pixel é depois ar mazenado na memória do computador sob a forma de números. A manipulação das imagens é efectuada por meio de um teclado, através do qual o operador pode chamar qualquer imagem para ser projectada no écran do monitor. Depois, servindo-sc de um aparelho elec trónico designado por caixa de tintas
Câmara
Explosão. A série documental Crime IrtC, de 1984, abria com a dramática oisão do rosto da Estátua da Liberdade a explodir e depois "implodir'' para formar o título Para isso penduravam se as imagens, pintodas sobre frágeis oidros de açúcar, sobre um espelho. A câmara filmava a imagem reflec tida quando o açúcar se estilhaçava. A se gunda parte da sequência era passada de trás para a frente. Para completar a sequência, um proces so semelhante foi repetido com o logótipo de título do programa impresso em vidro de açúcar. Quando o filme foi composto, a sequência do título foi passada de Irás para a frente, pelorecompor-se que a estátua expio dir e depois no parecia título. Man ei ias de sangue fingido sobrepostas na par to inferior esquerda do título davam o to que dramático final.
Animação por computador Os computadores permitem criar imagens a partir do zero ou acrescentar ou retirar imagens de filmes ou fotografias que lhes sejam introduzidos a partir de uma câmara
Mistura de meios. A sequência de abertura do show Wired de música pop utilizava filmes de céus, modelos de edifícios e figuras desenhadas e com movimento. As figuras, represen tando músicos de rua. eram aramadas por um sistema computorizado
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PURO DIVERTIMENTO
Título móvel. As palavras ABC SPORT foram desenhadas e depois transformadas por computador adquirindo aspecto sólido e metálico. Cada uma das 750 imagens da sequência de 7 segundos exigiu 15 a 20 minutos de trabalho. A letra 0 foi concebida para se assemelfiar a um estádio com as bancadas cheias de espectadores. 422
PURO DIVERTIMENTO (paini box), o operador movimenla sobre um painel uma canela electrónica ligada ao sistema. Esta não faz marcas no painel, mas todos os seus movimentos são elec tronicamente traduzidos em efeitos artísti cos no écran do monitor. A variedade de efeitos conseguidos é notável. Qualquer imagem a cores pode ser reduzida, ampliada, invertida como num espelho, repetida ou transformada num molde que pode ser movimentado para onde se queira e de que tamanho se queira sobre o écran. Os diferentes tipos de meios usados pelos artistas convencionais - aguarela, pastel, óleo e outros — po dem ser imitados. Perspectivas, luzes e sombras, tonalidades e movimento po dem aplicar se a uma imagem existente ou ser acrescentados ou subtraídos de uma sequência pré-filmada. A sequência de abertura do designer Matt Forrest para o programa televisivoWired de música pop apresentava músicos animados por computador formados por segmentos de figuras geométricas, que apareciam, com modelos de edifícios, numa paisagem desértica sob um céu de tempestade. A sequência de 40 segundos levou três meses a realizar num sistema computorizado. No final da sequência, uma série de baquetas de tambor estiliza das subiam ao ar, revoluteando e forman do as letras do título do programa. As imagens eram desenhadas à mão e depois introduzidas num computador, co
de televisão, RAI, encomendou uma complicada sequência de animação. Foram necessários três meses de trabalho com um potente computador e uma cai xa de tintas para produzir o oideotape de 90 segundos. Viam-se bolas de futebol aparente mente flutuando no espaço, como planetas. Uma delas aproximava-se em grande plano, e, ao afastar-se novamente, viam se impressas sobre a sua super fície as palavras "The World Cup" em leiras douradas. Uma das primeiras redes de televisão a usar animação com putorizada em grande escala foi a estação brasileira TV Globo. Um designer austríaco, Hans Jurgen Donner, residente no Rio de Janeiro, persuadiu a estação a servir-se de instalações nos EUA para criar um logótipo, ou marca. A estação emite também um programa de notícias cujo título tem uma apresentação gráfica característica. Mostra-nos um globo arroxeado de aspecto me tálico, segmentado corno uma tangerina, que se transforma por fim na primeira letra O da terceira palavra de JORNAL DA GLOBO. Quando o complicado
loridas, dotadas de de promoção textura e animadas, A sequência desportiva da Australian Broadcasting Corporation, ABC SPORT, apresenta letras tridimensio nais que parecem sólidas e metálicas. Fo ram concebidas pela artista .lulian Eddy depois "desenhadas" num sistema de pin tura digital. Um computador deu-lhes for ma, cor e textura Seguidamente, foram manipuladas também por computador. Na sequência definitiva, o O da palavra SPORT surge em grande plano, deitado de lado. O seu bor do interior representa a oval de um estádio desportivo repleto de espectadores. Este efeito, criado num aparelho chamado Mirage, resulta da criação de milhares e mi lhares de pontos de luz colorida, que, vis tos num écran de televisão, dão a impres são de uma multidão. A medida que a cã mara parecia recuar, as letras rodavam para a posição vertical também por meio
logótipo animado 4 da televisão inglesa do foi canal concebido por uma empresa londrina em 1982, nenhuma firma britânica de computadores possuía equi pamento suficientemente sofis ticado para criar o efeito preten dido. Por isso, a tarefa de cons truir os seus componentes, fazendo-os parecer tridimensio nais e de textura colorida, foi entregue a uma empresa de Los Angeles. Os componentes fo ram depois enviados para Lon dres, onde foi feila a animação.
de um- efeito produzido porABC compu tador formando o título SPORT. A palavra present ("apresenta") foi acres centada depois, escrita à mão no sistema de pintura digitai. Para apresentação do Campeonato do Mundo de Futebol de 1986, a rede italiana
Combinação de imagens de TV
Figura voadora. Os componentes do lo gótipo do canal -i da televisão inglesa foram coloridos e animados em computador.
A imagem final consistia numa quantidade de segmen tos multicores e sólidos que sur giam de longe. Rodopiavam uns à volta dos outros — até se junta rem para formar o número 4.
Um apresentador de notícias scnla-se á secretária em frente das câmaras. Enquanto lê uma notícia, uma imagem de vídeo ao fundo ajuda a ilustrar a histó ria. Na realidade, porém, por de trás do apresentador existe ape nas uma parede azul nua. O fundo filmado está na reali 423
PURO DIVERTIMENTO dade a ser passado numa segunda câmara, enquanto um aparelho chamado Chro makey, ou Colour Separation Overlay (CSO), integra automaticamente as duas imagens. Estes sistemas de computador podem ser utilizados para combinar acto res, filmados contra um fundo azul seme lhante com paisagens fantásticas pintadas, com cenários em maqueta ou com cenas fotográficas. Foi assim que se misturaram actores verdadeiros, animais vivos e aces sórios com fundos bíblicos baseados em pinturas ao estilo da Renascença para a produção da oratória LEntunce du Christ, do compositor francês Hector Berlioz, para a Thames Television.
Arquivos "Instantâneos" de fotografias O equipamento digital de vídeo permite que as estações de TV arquivem milhares de fotografias em discos de computador. O sistema, conhecido por ESS (Electronic Stills Stores, ou Armazenagem Electrónica de Diapositivos), requer pouco espaço, e o produtor de um programa pode inserir um diapositivo quase instantaneamente. Assim, o locutor pode estar a ler uma notícia, digamos, sobre um incidente em Nova Orleães ou cm Moscovo e ser acom panhado na própria emissão pela projec ção de uma fotografia do local. Milagres do Mirage Podem também usar-se diapositivos foto gráficos para criar efeitos aparentemente mágicos. O sistema computorizado desig nado por Mirage, concebido na Grã Brelanha e lançado em 1982, pode fazer com que as imagens pareçam dobrar-se, voltar -se ou transformar-se numa diversidade de formas geométricas. O computador é progra^^ mado com a informação de como uma folha de papel seria vista , quando dobrada de diversas
formas. Servindo-se desta informação ma temática, pode então sobrepor qualquer imagem que lhe seja introduzida a uma imagem em movimento que tem toda a aparência e perspectiva de um objecto tri dimensional. O sistema é usado frequentemente na mudança de uma secção de um programa para oulra. A imagem final de uma secção pode, por exemplo, ser "encaixada" numa-
Cenários da Terra Santa. Para uma produção de UEnfance du Christ, em vez dos cenários dispendiosos, a acção ao VÍDO foi misturada por um processo cha mado Ultimai te com panos de fundo pin tados. O resultado foi tão "natural" que enganava totalmente o espectador.
pirâmide, dar uma volta e afastar se para longe como um objecto em queda. Podem ser criadas por esla forma sequências bre ves de ligação entre pro gramas ou pausas para anúncios.
Magia geométrica. O aparelho Quantel Mirage pode transformar ima gens planas em formas tridimensionais e fazê-las "voar" pelo écran.
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MAGIA A PRETO E BRANCO Linhas de um branco puro deslocam se num écran de cinema totalmente preto. A música de fundo é um tema de jazz rouco e ameaçador do compositor Elmer Bernstein. As linhas juntam-se finalmente, for mando o contorno estilizado de um antebraço e de uma mão. O filme é 0 Homem do Braço de Ouro, um filme sobre a droga, com Frank Sinatra, de 1956. Saul Bass, que criou a sequência, disse: "Até então, os títulos quase se limitavam a listas enfadonhas de colaboradores e técnicos que ninguém lia." O traba lho de Bass não só alterou os critérios dos produtores acerca dos títulos, como influenciou gerações de de signers de televisão. Os seus títulos eram realizados simplesmente lo tografando, uma por uma, imagens pintadas. Estas eram colocadas numa moldura, uma de cada vez, enquanto uma câmara fixa, montada sobre uma ar mação, tirava as fotografias. Quando o filme era pro jectado ao ritmo normal de 24 imagens por segundo, as imagens pareciam mover-se. Bass estava a trabalhar com o realizador de cinema Otto Preminger quando criou os títulos. Segundo contou depois, em certa altura olharam um para o outro e disseram: "Porque não pô-los a mexer?" Já há algum tempo, acrescentou Bass, que achava que "o envolvimento do público com o filme devia come çar com a primeira imagem ... para criar ambiente para a história que iria decorrer".
PURO DIVERTIMENTO
Segredos sobre os animais estrelas de televisão Foi preciso um mês para ensi nar Merrill, um boi da raça Longhorn, a comportar-se numa loja de louças. Todos os dias o animal, com três anos, era alimentado à mão para se tomar mais dócil, c era depois conduzido pacientemente por um amontoado de caixotes e de fardos representando os es caparates de uma boutique de luxo. Finalmente, ficou pronto para enfrentar as câmarase estrear-se no seu primeiro anún cio de televisão, durante o qual passeava pelo interior de uma loja por entre AO 000 dólares de louças Wedgwood e vidros Baccarat. As filma gens demoraram 16 horas, sem que Merrill tivesse partido ou estragado uma única peça. Tratava se de um anúncio da prestigiosa firma internacional de investimentos Mer rill Lynch cujo lema publicitário para 1980 era "Merrill Lynch, além de grande, é ágil e inteligente". Natural do Sul da Califórnia, Merrill foi treinado por duas das melhores treinado ras de animais da América: Joan Kdwards e Stevie Myers. asNoduas seumulheres rancho em San Fer nanrí Valley, já treinaram toda a espécie de animais — gansos, gali nhas, ovelhas, cães, coelhos e cavalos — para entrarem em filmes. O seu segredo — principalmente com animais grandes e potencialmente perigosos como Merrill — consiste em trabalhar incansavelmente e com uma paciência inesgotável. Cobram elevados honorários das agências publici tárias e certificam se de que os animais re cebem a alimentação e conforto necessá rios. "Cada louro ou cada cavalo é tratado como um membro da família", diz Joan Edwards. Encontram-se por lodo o Mundo esta belecimentos similares para treino de ani mais, e alguns dos cães, galos, ursos e pás saros utilizados nos anúncios tornaram-se tão conhecidos como os produtos que pu blicitam.
Aparecimento em nos público O cão que aparece anúncios das tintas Dulux na televisão inglesa está constante mente a ser requisitado para inaugurar su permercados e lojas de tintas. Mas quem aparece em público é habitualmente um sósia, pois o cão da Dulux actua principal mente nos estúdios de televisão. Em 1986, decidiu-se ensinar ao cão um novo número — fazê-lo rolar de costas du rante o anúncio. Foram testados para este
Amigos à lareira. O buldogue Mut theiv, o gato Syluester e o rato Mickey foram, em 1989. as "estrelas" de urna campanha televisiva que encorajava
odoméstico. uso do carvão aquecimento Depoispara de ambientados ao estúdio, os animais começaram a aprender os seus papéis. Apenas Syluester revelou "nervos de palco " e pareceu aterrado com Mickey, tendo de ser atraído até ao fogão por uma fila de camarões. Ali chegado, contu do, acomodou-se. satisfeito com Mic key e M(jttfieu). defronte do carvão em brasa
PURO DIVERTIMENTO papel oito cães-pastores e o que ga nhou trabalhou com o instrutor oito horas por dia durante três semanas, ate aperfei çoar a habilidade. Philip Rowley, criador de cães do Surrey e dono de Duke, o cão srcinal da Dulux, atribuía o sucesso do seu treino à persistência e aos rebuçados: "O Duke é capaz de qualquer coisa por duas pastilhas de mentol", afirmou. O cachorrinho que brinca com um apa rentemente infindável rolo de papel higié nico num anúncio da televisão, não é um cão, mas 20. Os vários cachorros, quase iguais com cerca de seis semanas -, são filmados separadamente, juntando-se depois as diversas secções de filme. Os taíques fotográficos e a ilusão são a essência de muitos anúncios da lelevi são - que nem por isso parecem menos reais. Um dos mais notáveis e de maior êxito foi feilo em França em 1985 para uma empresa de aluguer de automóveis: um bando de abutres que "devorava" um au tomóvel co m a mensagem de que tal
não aconteceria se nos dirigíssemos a uma empresa de confiança. O treinador das aves, Pierre Cadeac, começou por colocar grandes nacos de carne em cima de um automóvel, fazendo com que os abutres os comessem. Gradualmen to, começou a reduzir o tamanho dos pedaços e a escondê-los em volta do automóvel. Os abutres, tenazes, descobriam e comiam a carne. Finalmente, substituiu por pedaços de carne os limpa-pára-brisas e a borracha em redor do pára-brisas. Depois de três meses de treino, os abu tres sobre o automóvel, fo ram lançavam-se filmados "banqueteando se" com eele. O tigre que salta na neve nos anúncios internacionais da Esso não está realmente na neve: esta é, na verdade, gesso, O anúncio foi filmado sob o calor do White Sands National Monumenl, no Novo México, EUA, usando três tigres. Quando um dos animais começava a maçar-se — tornando-se imprevisível —, era substituído por outro. Foram contratados
Ires tratadores: o primeiro soltava um dos tigres, o segundo fazia com que ele avan çasse rapidamente oferecendo lhe urna pazada de carne e o terceiro destinava-se a proteger a equipa de filmagem. Na Grã Bretanha, um dos mais conheci dos galos da televisão tem sido o belo e branco Arthur, das rações para gatos Kal torneai. Arthur tornou se uma estrela devi do ao seu costume de tirar a comida da lata com a pata, o que fazia naturalmente. Os únicos elementos falsos eram o seu sexo e o seu nome, pois Arthur era na realidade uma fêmea de nome Samanlha, que foi rebaptizada porque o gato do anúncio ori ginal se chamava Arthur. Além de um salário diário e remunera ções por trabalhos no estúdio e apareci mentos "pessoais", os animais recebem tratamento de estrelas. São transportados à ida e à volta em limusinas com motorista, comem os seus alimentos preferidos, são tralados segundo regras rígidas e há sem pre um cirurgiào-velerinário no estúdio.
O que é preciso para entrar num concurso de televisão Todas as semanas, no Mundo inteiro, mui tas pessoas concorrem aos concursos da televisão. Em média, só um em cada 150 candidatos é escolhido para participar no espectáculo.
principalmente em estimular os seus ad versários. Os candidatos a certos concursos têm de submeler-se a um extenso teste de cul tura geral. Os que são aprovados têm se
Depois de cinco respostas negativas, cheguei a admitir a hi|x>tese de fugir. Final mente, lá consegui dar umas respostas cer tas — reconheci um verso da "Ode a Um Rouxinol", de Keats. Mas não fiquei surpre
"Quando se trata dedeescolher concor rentes, os concursos televisãoossão mui to selectivos", afirma a escritora americana Maxene Fabe no seu livro Concursos na TV. "Procuram gente com quem os espec tadores se sintam à vontade, gente que par ticipe nos jogos com entusiasmo ... Não escolhem concorrentes por crité rios de simples simpatia, de mérito, nem sequer de necessidade, mas aqueles que lhes aumentem os índices de audiência." Qualquer pessoa maior de 18 anos pode concorrer ao concurso que lhe aprouver e normalmente tem de preencher um bole tim de inscrição que contém diversas per guntas acerca do candidato: ocupação, es tado civil, ambições (reais e fantasiosas), interesses e hobbies. alcunhas, animais domésticos e preferências acerca de pes soas, lugares e coisas. Pode ainda ser ne cessário enviar uma fotografia recente (em que o candidato pareça bem disposto) e
gnidamente de pôr-se em pé e contar história divertida ou embaraçosa sobreuma si próprios. Depois, os que passam esta fase competem num ensaio geral do concurso, até serem finalmente escolhidos os mais adequados. Em certos programas designada mente o Mastermind britânico, de tendên cia intelectual , os competidores podem escolher os temas da sua especialidade, e estes têm variado desde "A arte e a arqueo logia da Creta minóica de 2000 a 1450 a. C." até às "Histórias de espionagem de John le Carré". Já entraram no concurso um con dutor de camioneta, um monge benediti no e um embaixador reformado. Um médico de família que se cândida tou sem êxito ao programa descreveu mais tarde a entrevista com o produtor. Come çou por explicar quais eram os assuntos em que se considerava especializado c de pois fizeram-lhe urnas quantas perguntas
endido ao receber duas semanas depoisa uma carta muito bem-educada a rejeitar minha candidatura." Em alguns países, o fisco não perde de vista os participantes nestes concursos e
dona de casa e ex-professora primária de Charlotle, Carolina do Norte, participou na Roda da Fortuna, em Los Angeles, em 1085. Ganhou artigos no valor de 27 000 dólares — incluindo uma réplica de um carro descapotável MG-TD de 1952 e uma viagem ao México para duas pessoas. O marido e alguns parentes encontravam-se entre a assistência e saltaram para o palco para a felicitar. "Todos saltavam e pulavam e gritavam e choravam", escreveu depois Ginny. "Quando saiamos rio palco, fomos condu zidos a uma mesa, onde urna senhora sor ridente nos entregou uma nota de débito do eslado da Califórnia para pagamento
indicar o nome jornal que A maioria dasdoestações da lê. TV contrata especialistas para examinarem as candida turas e apresentarem uma lista com os candidatos mais adequados. Depois, se guem-se as entrevistas e os testes no estú dio, durante os quais os produtores estão atentos aos concorrentes de sorriso aberto e personalidade dinâmica, capazes de se rirem de si como se riem dos outros, e que não temam mostrar o seu interesse -
de "O cultura geral.foi extraordinariamente produtor simpático e assegurou-me que as pergun tas do concurso seriam mais fáceis do que estas. Fiquei-lhe grato por aquela miga lha de conforto enquanto murmurava: 'Passo ... Passo ... Não faço ideia ... Descul pe ... Náo sei.' O que significa esurino? Foi esta a primeira pergunta, e eu nunca ouvi ra semelhante palavra. (A resposta é: que provoca fome.)
de imposto de 1300 e in formou nos no quevalor receberia os dólares, meus pré mios três meses depois de pagar esse im posto." Somando este aos impostos fede rais, Ginny teve de pagar mais de 6000 dó lares sobre os seus ganhos. O invulgar e o inesperado também ocorrem nos concursos, mas talvez nem sempre de forma tão insólita como no The Neiv Neivlyioed Game (O Jotfo dos Novos HecémCasadosJ, nos EUA — no qual ca-
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os respectivos ganhos. Ginny Swinson.
PURO DIVERTIMENTO sais acabados de casar respondem a per guntas sobre os respectivos cônjuges. De terminado noivo não conseguiu lembrar-se das "estatísticas vitais" da noiva e deu, em vez delas, a combinação do seu cofre. Noutra ocasião notável, uma espectadora viu no palco o marido que lhe fugira — juntamente com a nova "esposa".
Roleta: como se que os evita jogadores rebentem a banca Em 1891, um jogador de roleta, o inglês Charles de Ville Wells, "rebentou com a banca" no Casino do Mónaco, não uma vez, mas seis em três dias. Dobrando a sua aposta de cada vez que perdia e ganhando a seguir, transformou os seus 10 000 fran cos srcinais em 1 milhão. Morreu sem um tostão em 1926, mas inspirou uma canção popular, O Homem que Rebentou o Ban ca em Monte Carto, e um poderoso mito: o de que é possível criar um sistema capaz de bater a roda da roleta. A roleta tem, sem dúvida, uma sedução especial. É fácil de jogar. Envolve a uma aura de sofisticação e espeetacularidade. E às vezes surgem sequências espantosas de números vencedores — o número 10 saiu seis vezes seguidas no Hotel El San .luan, de Porto Rico, em 9 de Julho de 1959. A roleta incute no jogador o sentimento de que a firmeza c a inteligência têm de ser recompensadas desde que ele consiga In ventar um sistema adequado. Habitual mente, todos os sistemas implicam o des cobrir se um padrão. Na sua forma mais simples, a teoria é esta: em 100 lançamen tos, uma moeda tem a probabilidade de sair "caras" 50 vezes. Se saem coroas 20 vezes nas primeiras 20 jogadas - diz a teo ria -, então existe uma probabilidade maior de ela se "corrigir", saindo caras na próxima jogada. Todas as mesas de roleta tem os seus observadores ansiosos em descobrir lhe uma tendência - como a saída de números pretos diversas vezes se guidas — para poderem apostar contra ela. As vezes, os jogadores chamam a isto "a lei do equilíbrio" ou a "doutrina de ma turação das probabilidades". Na realidade, tal lei não existe. Uma de signação mais apropriada é "a falácia de Monte Cario". As probabilidades mantém -se as mesmas cm cada lançamento, inde pendentemente do resultado dos lança mentos anteriores. A verdade é que. por diversas razões, não é possível bater legal mente a casa. Primeira, a própria roleta tem incorpo
rada uma vantagem: todas as apostas são feitas sobre um ou mais dos 36 números ou numa diversidade de combinações en tre elas — par ou ímpar, prelo ou verme lho, alto ou baixo. Os pagamentos são cal culados como se a probabilidade de a bola sair num desses números fosse de 35:1. Mas existem na realidade uma ou duas casas adicionais — o 0 nas tabelas euro peias, o 0 e o 00 nas roletas americanas. Isto dá à banca uma vantagem de 1,76 até 7,89%, conforme a roleta utilizada e as apostas feitas. Mesmo o sistema da "martingala" - do brar a aposta de cada vez que se perde — adoptado pelo Sr. Wells acabará por ser derrotado por esta vantagem intrín seca. Mas a casa tem outras vantagens. Num jogo de apostas entre adversários iguais sob lodos os outros aspectos, o que tem mais dinheiro vence quase sempre o ou tro, simplesmente porque pode continuar a apostar durante mais tempo. A casa pode sempre mandar buscar mais dinheiro, ao passo que a maioria dos jogadores, a certa altura, decide desistir. Além disso, há re gras da casa segundo as quais o croupier paga uma pequena fracção a menos do que aquilo que ditam as probabilidades — por exemplo, arredondando os trocos a favor da casa. O próprio jogador faz erros com fre quência, por muito bem que conheça as probabilidades ou o seu próprio sistema. Uma vezasque há 12 combinando maneiras diferentes colocar apostas, o preto de ou o vermelho, os pares ou os ímpares, os números individuais e qualquer quantida de de números até 12, é fácil ficar confuso. Em teoria, devia ser possível inventar um sistema computorizado que previsse a posiçáo em que a bola iria parar. Já há anos que existe tecnologia para "sentir" o movi mento da bola, o seu movimento giratório e a sua velocidade e aplicar-lhes comple xos princípios matemáticos para prever a sua posição final. Os jogadores americanos têm tentado melhorar as suas probabilidades utilizan do computadores para análise estatística de jogo, prendendo-os ao corpo ou até es condendo-os nos sapatos. Contudo, os guardas de segurança dos casinos desconfiam das pessoas que co municam por rádio ou das que suspeitam terem escondido equipamento informáti co. Embora esteostipo de sistemasão nãoenco seja ilegal nos EUA, participantes rajados a abandonar o casino e a não vol tar lá. Para evitar o regresso de jogadores inde sejados, alguns casinos europeus empre gam fisionomislas, pessoas com memó rias fotográficas para caras e nomes. Pes soas conhecidas como grandes ganhado res, seja qual for o seu sistema, podem ver recusada a sua entrada no casino.
Como se preparam as palavras cruzadas Para preparar um problema de palavras cruzadas desenham se primeiramente as grelhas. Para as preencher começa-se pe las palavras mais compridas, tentando-se que nas casas onde as palavras se cruzam caiam vogais ou as consoantes mais fre quentes. Um Z, por exemplo, numa dessas posições pode tornar demasiadamente fá dl a resolução do problema. A pessoa que prepara as palavras cruzadas deve cingir-se, tanto quanto possível, a palavras de uso corrente e às grafias aceites. Deve ain da ter em mente que algumas palavras têm tendência para ocorrer com demasiada frequência e que em relação a outras não é fácil inventar pistas. Urna vez completa a grelha, passa-se à fase de elaborar as pistas para as palavras. I lá duas espécies de pistas, as directas e as crípticas. As primeiras pouco mais são do que definições ou sinónimos, susceptíveis de ser encontradas nos dicionários e que, de uma forma mais ou menos global, ser vem para testar a extensão do vocabulário de quem vai resolver o problema. Nas críp ticas, o significado das palavras está ardilo samente disfarçado, embora nas palavras cruzadas realmente bem feitas a pista "di recta" também possa estar incluída. Nas cripto-cruzadas, ou problemas de palavras cruzadas em que as pistas são crípticas, vale quase tudo: anagramas, cita ções, uso deliberadamente incorrecto de palavras com mais de um significado e até mesmo lermos insólitos. A própria posi ção da palavra, na horizontal ou na verti cal, pode ser utilizada para confundir as pessoas que tentam resolver o problema.
Como os computadores conseguem bater os campeões de xadrez O mundo do xadrez foi abalado por um jogo que teve lugar num hotel de Long Heach, Califórnia, em Novembro de 1988. Um programa de computador bateu um grão-mestre internacional pela primeira vez num torneio. O programa, denominado Deep 427
PURO DIVKRT1MFNTO Thoughl (Pensamento Profundo) foi con cebido por cinco alunos bacharelados da Carncgic Mellon Universily, em Pittsburgh. 0 grão mestre era o dinamarquês Bent Larsen, um dos maiores jogadores do Mundo e anterior candidato ao título mun dial. Após o seu triunfo sobre Larsen, o Deep Thoughl chegou ao primeiro lugar,ex aequo, com o antigo gráo-mestre britânico Tony Miles. Como, segundo as regras do torneio, os computadores não são autori zados a ganhar o dinheiro dos prémios, o prémio de 10 000 dólares reverleu inteira mente a favor de Miles. Mas o Deep Thought foi compensado ao receber o Prémio Fredkin, também de 10 000 dólares, por ser o primeiro compu tador a atingir o nível de grão-mestre. Classificou-se igualmente como um dos 30 melhores jogadores dos EUA. "Isto torna cada vez mais provável a hi pótese de um computador campeão do Mundo de xadrez no final do século", se gundo Vince McCambridge, da Federação
em torneios). Um principiante tem cerca de 1200 pontos; um perito, 2000. Depois do torneio de Long Beach, o Deep Thought atingiu a pontuação espantosa mente elevada de 2550. Os programadores do Deep Thought são totalmente incapazes de bater a sua criação. Nenhum dos cinco é jogador de xadrez de primeira categoria. O melhor, Murray Campbell, é classificado rie "peri to", o que não é muito em termos de com petição.
Depois de ganhar o seu Prémio Fred kin, de 10 000 dólares, a equipa pode ago ra trabalhar para um de 100 000, que será atribuído à primeira máquina a derrotar o campeão do Mundo. Um prémio ante rior de 5000 dólares — oferecido pelo Prof. Fredkin, do Massachusetts Institute of Technology foi ganho em 1983 por dois cientistas dos Laboratórios Bell que elaboraram o primeiro programa de computador a atingir o grau de mestre.
Como aprisionar um "novelo" de dente-de-leão
de Xadrez dos EUA,
McCambridge levara Deep Thought a um empate durante o torneio, e durante algum tempo chegara a dispor de uma cer ta vantagem. Mas, como afirmou, "descontraí-me enquanto estava a ganhar Mas ele nunca se cansa e nunca desiste" O sucesso do Deep Thought reside nos seus dois microprocessadores com as suas impressionantes memórias. O ser hu mano, ao jogar mesmo xadrez, os jogamaiores principalmen te por instinto; jogado res não conseguem prever mais que algu mas jogadas de avanço e apoiam-se princi palmente no seu conhecimento da evolu ção rios jogos para planearem a sua estratégia. Os computadores não têm instinto, mas conseguem prever todas as jogadas possí veis a partir de determinadas posições, de pois todas as respostas possíveis do adver sário e em seguida ainda as suas próprias réplicas, até cerca de 15 ou 20 jogadas de avanço em alguns casos. Quando bateu Bent Larsen, o Deep Thoughl estava a veri ficar 700 000 posições por segundo. Na sua memória, o Deep Thought arma zenava os pormenores de 900 jogos enlre grão-mestres que lhe tinham sido introdu zidos pelos seus criadores. Apesar da sua incrível capacidade, foi demasiado lento, em 1988, para bater o
O novelo de um d e n t e - d e -leão, tão delicado que o sopro de urna criança o faz ir pelos ares em dezenas de minúsculos "pára-quedas", pode ser aprisionado numa bola sólida de plástico. Artistas que trabalham com resinas de poliéster conseguem captar em pisa-papéis a frescura de flores acabadas de co lher, sementes ou folhas secas.
campeão certo do Mundo, que, segundo estudo,Gary é o Kasparov, maior jogador de xadrez de todos os tempos. O chefe da equipa do computador, Feng-Hsiung Hsu, disse que o programa teria de ser de 100 a 1000 vezes mais rápido para vencer Kaspa rov, o que "não estaria fora de questão" alguns anos mais tarde. No mundo do xadrez, Kasparov tem uma pontuação de 2775 (os pontos são atribuídos com base no comportamento
No casocom de objectos delicados, há Pri que proceder um cuidado extremo. meiro, despeja-se num molde um pouco de resina para formar uma camada delga da. Tapando a para a proteger rie poeiras, rieixa-se assentar, sem solidificar, durante três a quatro horas. Depois, coloca se so bre ela a flor. Acrescenta-se resina camada a camada — o que ajuda a evitar bolhas até encher o molde. Depois de completa mente solidificado, retira-se do molde.
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Novelo de dente-de-leão. Neste pisa papéis (em cima), um novelo de dente-deleão ficou preservado para sempre em plástico A técnica para fazer estes pisa papéis implica a aplicação de muitas ca madas delgadas de resina num molde (em baixo), deixando que cada uma consolide um pouco antes de se lhe juntar a seguinte
PURO DIVERTIMENTO
Como se mete um barco numa garrafa dos c empurrados para dentro da plastici na depois de o casco estar bem preso. As pontas desnecessárias cortam-se com urna lâmina de cabo fino.
Navegando no vidro. Primeiro prenda se ao casco com dobradiças os mastros e as velas. 0 modelo deoe passar ã justa peio gargalo (à esquerda). Desenrolam-se as ve ias quando o modelo já está colocado no seu «mar" de plasticina, acrescentando se então lodos os retoques finais. Depois, ro lha se a garrafa para evitar entrada de pó (em baixo).
0 segredo de meter um navio numa garra fa é simples; os mastros são articulados e deitam se sobre o convés quando se passa o barco através do gargalo. Uma vez lá den tro, são puxados para cima por fios que se cortam no gargalo ou se colam ao "mar" de plasticina. O primeiro passo desta arte, que se de senvolveu a bordo dos grandes veleiros do século xix, é esculpir o casco em madeira dura. O navio é montado no exterior da garra fa. Depois, dobram-se os mastros para trás e retiram-se as poças do convés, como a roda do leme e os salva-vidas, para que aqueles fiquem completamente deitados. Uma vez introduzido 0 modelo na garrafa e levantados os mastros, utiliza-se um ara me comprido para colocar nos seus luga res as outras peças, que já levam, cada uma delas, um pingo de cola para a sua fixação. As velas de pano ou papel - são apenas parcialmente presas antes de o na vio entrar na garrafa para que possam ser
Nas Olimpíadas de Seul, em 1988, o nada dor britânico Adriau Moorhouse ganhou os 100 m bruços ao húngaro Karoly Guttler por apenas um centésimo de segundo, o equivalente a 1,60 cm. Mas os cronómetros computorizados teriam conseguido dis tinguir uma diferença de um décimo da quela diferença, ou seja 1,60 mm. Durante séculos, ninguém se importou com os tempos nas corridas de curta dis tância. Só importava o vencedor, e o olho
fazerem largadas em falso. Só na década de 80 foi possível eliminar o erro humano com cronómetros que registam milésimos de segundo por métodos de medição total mente objectivos. Os sistemas modernos são completa mente computorizados. A pistola de parti da está ligada a um sensor que põe imedia tamente a funcionar um cronometro com putorizado e que transmite também um sinal, por meio de fios, a altifalantes coloca
enroladas. Em naviosrectangulares), de panos "redon dos" (na realidade, as ver gas que suportam as velas têm de rodar de modo a ficarem paralelas ao casco ao in troduzir-se o barco na garrafa. Mas antes de colocar o barco, o constru tor dos modelos faz um mar de plasticina azul que calca no seu lugar com hastes compridas de aço. Quando o modelo está quase em posi ção, puxam se com cuidado os fios que
humano suficiente para xix o determinar Mas em era meados do século a invenção do cronometro veio alterar tudo, e os atle tas passaram a ter de lutar contra o tempo. Contudo, até os melhores cronómetros dependiam de numerosas variáveis: a reacção dos cronometristas da partida e da chegada, a distância do atleta à pistola que dava 0 tiro da partida (os mais afastados ouviam o tiro uma fracção de segundo mais tarde) e a tendência dos atletas para
dos exactamente atrás de cada no atleta, porde forma a eliminar as diferenças tempo percepção resultantes da distância percor rida pelo som. Sensores nos calços de partida permi tem ao computador medir o intervalo en tre o tiro da pistola e a reacção do corredor de encontro àqueles. Pensa se que a reac çáo do atleta não pode ser inferior a cerca de um décimo de segundo: se o compu tador acusa uma reacção mais rápida ou
armam os mastros para que estes fiquem de pé. Também com o maior cuidado de senrolam pequeninos se pingos as velas,deque cola se na prendem ponta com de um pauzinho. O fio de gurupés é igual mente preso com uma gota de cola. Os fios que passam por baixo do casco são estica-
Cronometragem dos atletas olímpicos
42!)
mesmo uma que ante ceda o tiro, regista uma partida em falso e dá ao fiscal da partida um alarme sonoro; aquele chama os atletas e toma nota do trans gressor. Na chegada, os sis temas para corredo res e nadadores são diferentes. Na nata ção, o computador está ligado directa mente a sensores tácteis nos extremos da
computorizado que mede até milésimos de segundo. Não se trata, porém, de uma fotografia normal. É 0 registo não de uma grande área durante uma fracção míni ma de segundo, mas de uma área peque níssima — a linha de chegada ao lon go de um período lato de tempo, o neces sário para a chegada de todos os corre dores. A imagem é impressa numa fita que não está, como é normal, dividida em fotogra mas. A fita passa por urna fenda com a largura de um décimo de milímetro. À me
)iscina, acima e abaixo da linha imediatamente de água. No final de uma corrida de pista, os corredores passam em frente de uma câmara fotográfica alinhada com a meta (ptiolo-íinisfi). Quando os atletas cortam a meta, a câmara regista a respec tiva imagem contra um cronometro
dida que movimento cada corredor passa pela fita em fotografa cadalenda, seg a mento em sequência. Num milésimo de segundo, umsprinter recordista do Mundo percorre 10 mm distância suficiente para se ver numa ima gem de photo-finish.
Cronometragem. A pis to tu da punida (ú esquer da) e os blocos (em bai xo, u esquerda) eslão li gados a um computador Uma CÔmcm de pholo fi nish registou a vitória de Florence Griffíth-Joyner nos 100 m (em baixo).
Juiz de linha electrónico no ténis Quando, ao servir, um jogador profissional de ténis bate a bola, esta atinge mais de 200 km/h — rápido demais para que os olhos humanos a distingam com clareza. Durante o percurso da bola, o olho vê ape nas urna mancha alongada — uma ilusão de óptica. Depois de bater no chão e afrou xar, a mancha torna-se subitamente mais densa e, portanto, mais facilmente visível. Como é então que o árbitro e os juízes de linha podem afirmar com certeza que um
principais de Flushing Meadow, em Nova Iorque. O Cyclops emite um série de raios infra vermelhos invisíveis que atravessam o COWt muito perto do chão. Se a bola inter cepta um dos raios, dispara um sinal. A linha de serviço está monitorizada por um "raio principal'*. Quando uma bola toca no chão em qualquer parte da linha de servi ço, incluindo o seu bordo exterior, acendese uma luz amarela, indicando ao árbitro
determinado — ou que"fora"? foi posto em que a bola foi "dentro". dúvida — foiserviço "dentro" Outros raios os "raios de faltas" monitorizam a área imediatamente exte A resposta é: já não podem pelo me rior à linha de serviço. Quando uma bola nos só com os olhos. Actualmente, recor acerta nesta área, acende-se urna luz ver rem a um pequeno aparelho electrónico melha acompanhada de um "bip-bip" denominado Cyclops, inventado em Malta em 1978 por uma senhora da ilha, Marga- avisando que a bola foi "fora". ret Parmis Kngland. e um engenheiro bri 0 raio principal está normalmente colo tânico, Bill Carlton, e que é agora utilizado cado a cerca de 1.5 cm acima da linha e nos courts de todo o Mundo, incluindo o entre 6,5 e !) cm do seu bordo exterior. Centre Court, em Wimbledon, c oscourts Uma bola lançada corta a antes de locar
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na linha. O raio de faltas mais próximo está colocado paralelamente à linha de serviço e a cerca de 12 cm desta. 0 Cyclops tem sido largamente utiliza do desde 1980, mas já foi criticado — entre outros, pelo antigo número 1 do ranking mundial, John McEnroe. Entretanto, foi criado um outro sistema, o Accu-Call, pelo inventor americano John Van Auken. 0 Accu-Call promete dispensar total mente os juízes de linha. Km seu lugar, urna malha de circuitos electrónicos em bebidos no campo e na rede "lê" a posição da bola sempre que esta toca no chão ou na rede. As "leituras" são desencadeadas por fios entretecidos na cobertura da bola que circuitos que afecham bola toca quatroeléctricos ou cinco sempre fios da malha dos circuitos electrónicos. Uma pequena consola de controle em frente do árbitro "mostra lhe" cada "bola" em dúvida sob a forma de sons variáveis ou de luzes de cores diferentes, revelando-lhe se a bola caiu dentro ou fora do campo. O Accu-Call náo é apropriado para os courts de relva, pois a humidade desta po deria interferir com o sistema electrónico.
PURO DIVERTIMENTO
Como conseguem os desportistas que uma bola curve no ar? Os desportistas que compelem em jogos de bola sabem muito bem o que é mu spin (movimento de rotação da bola), Utilízan doo não só para fazer a bola mudar de direcção ao bater no chão, como também para a fazer curvar em voo. No ténis, no futebol, no golfe, e na verdade em muitos outros caso s isto conseg ue se com o s/)in.
parte do lee a mais de 1(50 km/h com um back spin de cerca de 50 rotações por se gundo (rps). Inicialmente, ospin contraria a acção da gravidade, por isso a bola voa em linha recta, e não segundo uma trajec tória curva. Com ferros de números mais altos, que praiuzem um spin maior, pode, inclusivamente, verse a bola a subir. Se a pancada é mal dada, com a cabeça do taco
razão de uma bola percor rerAuma trajectória curvaem no rotação ar foi explica da há 100 anos pelo físico britânico Lord Rayieigh, que lhe chamou o eleito Magnus, em honra do investigador alemão Hein rich Gustav Magnus. Quando uma bola em rotação percorre o espaço, tende a arrastar ar em tomo de si no sentido da rotação. Por isso, o ar que passa pela bola acelera de um lado e afrou xa do outro. Como o ar que se move mais rapidamente também exerce menos prés são, o ar do outro lado da bola está a uma pressão relativamente maior. Desta dife rença de pressões resulta a força que faz a bola curvar. Este efeito de spin é óbvio em muitos desportos. Muitos bons jogadores de ténis, por exemplo, conseguem um balão com top-spin, que parece cair fora da linha, mas acaba por cair abruptamente dentro do campo. 0 golfista, ao fazer o seudrioc, confere automaticamente ã bola um spin - ela
inclinada, aa gol mesma força por — como todo- o aspirante fista acaba descobrir desvia a bola para o lado, e ela acaba por cair no rough. No râguebi e no futebol americano, este efeito pode ser utilizado com grande subti leza. A bola, que é alongada, batida por forma a rodar em tomo do seu eixo maior, voa a direito enquanto se mantiver na di recção desse eixo. Só quando começa a cair e a direcção do eixo de rotação passa a ser diferente da direcção da trajectória (que é nessa altura para baixo) é que co meça a desviar se. Um jogador hábil consegue dar um pontapé na bola paralelamente à linha la teral, sabendo que. ao cair, ela tocará no chão e, devido ao efeito que ele lhe impri miu, rolará para fora do campo, fazendo o jogo avançar no terreno. No cricket, a curva - ou swing — pode ser conseguida sem spin por um lançador médio rápido em que relevo aproveite judiciosa mente aa costura da bola. A cos
tura provoca uma ligeira turbulência, fa zendo com que o ar passe mais rápida mente por um dos lados da bola. Como se disse, correntes de ar de velocidades dife rentes nos dois lados produzem uma dife rença de pressões, gerando a força que curva a trajectória da bola. Muitos lançadores de cricket conse guem aumentar a diferença de aspereza entre lados da bola polindo um deles os nasdois calças.
Bolas em curva. Bob Ojeda lança uma bola em curva (em cima). O jogador de. ténis Stefan Edberg (fotografia inserida) ciirna a bola imprimindo lhe um movi mento de rotação de cima para baixo (top baixo). spin) (/uando ela deixa a raqueta (em
PURO DIVERTIMENTO
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Como as covinhas criaram o golfe moderno Padrão de covinhas. As covinhas podem chegar a ter 0.25 mm de pro fundidade. Uma bola tem entre 300 e 500 eo
oas. agrupadas segun do um de seis padrões Num deles. 480 covinhas formam 20 triângulos equi láteros.
Limitando a resistência do ar. Depois da pancada, o ar agarra se à superfície da bola. P ara minimizar o efeito retardador, o ar devia ficar preso até Ião atrás quanto possível, reduzindo a largura da esteira. Quando se começou a jogar golfe na lio landa e na Escócia, no século xv, usavam-se bolas lisas de couro recheadas com penas. No século xix, foram introduzidas bolas de uma substância elástica, a gutapercha, que alcançavam distâncias maiores depois de mareadas com as pan cadas dos tacos. Os fabricantes das bolas começaram a produzir bolas com sulcos entrecruzados, até que, em 1906, surgiu a primeira bola com covinhas. Uma mo derna bola de golfe bem batida pode atin gir os 275 m. Se fosse lisa, não passaria de uns 65 in. Por que razão as covinhas ajudam a bola a ir tão longe 9 Quando urna bola vai no ar, uma fina camada de ar agarra-se-Ihe à superfície pela parle da frente. Quando o ar passa por cima da bola, separa-se da superfície, produzindo turbu lência na parle de trás O ar em turbulên cia retira energia à bola, fazendo-a afrou xar. As covinhas fazem com que o ar se agarre à superfície até ficar bem para trás da bola. Quando finalmente o ar se sepa ra da bola, cria-se uma zona de turbulên cia mais estreita, com menor eleito retar dador que numa bola lisa. As covinhas têm ainda outra finalidade. Como a bola de golfe roda para trás quan do recebe a pancada, as covinhas transpor tam ar para cima sobre a parte superior. O ar que passa por cima tem de viajar mais rapidamente que o que passa por baixo devido a esta rotação - e isto cria menor pressão em cima do que em baixo, dando à bola uma força ascensional que a man tém mais tempo no ar.
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O que faz com que um bumerangue re tor ne a quem o lançou? Os aborígenes australianos usam bume rangues há 10 000 anos para a caça. Os pesados bumerangues de caça voam direi tos à presa e atingem na com uma panca da que a mata ou atordoa, caindo ao chão. Só os bumerangues mais pequenos e mais leves, utilizados pelos aborígenes como desporto, se destinam a voltar ao atirador.
O
O mais longo lançamento de bumeran gue oficialmente medido foi feito em No vembro de 1981 em Albury, Nova Gales do Sul. No campeonato australiano de bume rangue, Bob Durvvell engenheiro de ra diocomunicações de Brisbane — lançou um bumerangue que vou 111 m antes de iniciar o percurso de regresso.
Parecidos com "espadas de madeira"
primeiro homem branco a des crever um bumerangue aboríge ne foi Sir Joseph Banks, que fez parte do grupo que desembarcou com o capitão Cook no Sueste da Austrália em 29 de Abril de 1770. No "comité de recepção" de Botany Bay, dois nativos olhavam os exploradores com desconfiança. "Cada um deles empunhava uma arma de ma deira com cerca de 7G cm de compri mento, se assemelhando forma a muito uma cimitarra", escreveunaSirsuaJo seph. "As lâminas estavam lambuzadas com o mesmo pigmento branco com que pintavam o corpo." Para os exploradores, tais armas não passavam de "espadas de madeira", nas palavras do capitão Cook. Mais tarde, no princípio da década de 1830, o tenente
W. II. Breton fez o primeiro registo de um lançamento de um desses objectos com feitio de banana por um aborígene. Des locou se segundo "uma curva muito considerável", afirmou, "para, final mente, lhe cair aos pés". Os bumerangues são feitos de madei ras pesadas, como a acácia-negra e o sândalo. Às vezes, são pintados com ocre vermelho e, para usos rituais, são decorados a vermelho, amarelo e branco. Os aborígenes utilizam-nos não só para a caça como para limpar clareiras para as fogueiras, para abrir covas para cozinhar e para desenterrar formigas melíferas. Usavam-nos também para acender fogueiras, e, balendo-os uns contra os outros, serviam para marcar o ritmo de uma dança.
PURO DIVERTIMENTO O formato tradicional do bumerangue, em forma de banana, não é essencial para que ele retorne, pois bumerangues com feitio das letras T, V, X e Y têm um compor tamento semelhante. Duas réguas de ma deira atadas em ângulo recto produzem igualmente um bumerangue eficaz. O elemento essencial do desenho é que cada braço, visto em corte transversal, te nha o perfil de uma asa de avião, curvado por cima e mais achatado por baixo. Ao ser lançado, o bumerangue voa a cerca de MH) km/h e gira a cerca de 10 rotações por segundo. Quando isto acontece, cada bra ço cria força ascensional, produzindo um zumbido peculiar. Empunhado quase na vertical e lançado com força para a frente por um dexlríma no (se o lançador for esquerdino, o padrão de voo inverte se), o bumerangue sobe quase na vertical. Curva para a esquerda, depois pica para a direita e volta a subir num largo arco circular que termina numa queda regular até ao atirador, que poderá aprender a apanhá-lo. A trajectória pode prolongar-se num arco duplo, descreven do um 8. O comportamento destes bumeran gues é um problema complexo de princí pios de aerodinâmica e de física. Em essên cia, um bumerangue em rotação é simulta neamente uma asa e um giroscópio. Enquanto asa, o bumerangue em rota ção é instável. O braço que se move na direcção do voo passa mais tarde a moverse na direcção contrária. À medida que avança, o braço direito do bumerangue viaja muito mais depressa em relação ao ar do que o esquerdo e tem maior força as censional. Por isso, as forças aerodinâmi cas tentam constantemente incliná-lo para a esquerda. Esta instabilidade c contraria da por um efeito de giroscópio que tende a manter o bumerangue na horizontal (o efeito que mantém estável um pião que gira). Uma vez impelido para fora do seu rumo "verdadeiro" pelas forças aerodinâ micas, o bumerangue reage, começando
Formatos diver sos. Os bumeran gues podem apresen tar muitas formas, con forme a madeira de que
àssãomãos feitos. do Os atirador que voltam che. ggm a ter 76 cm de compri mento e 250 g de peso. Os bumerangues de caça são em geral mais compridos e muito mais pesados. Am bos os tipos só podem ser pintados de uermelho, branco e amarelo.
%
Voo nocturno. A característica trajectória de um bumerangue munido de uma lâmpada. por vir à horizontal, depois inclinando se lentamente para a direita e por fim descre vendo um arco característico. Se o voo for suficientemente longo, ele desvia-se então no sentido contrário e descreve um 8.
Os bumerangues de caça fazem um ân gulo pouco pronunciado e não têm muita curva na face superior que lhes dê força ascensional. Com uma trajectória de voo plana, cobrem cerca de 90 m até caírem.
Caminhar descalço sobre pedras incandescentes Em silêncio, a fila de homens e rapazes descalços — o mais velho com quase 60 anos, o mais novo com 8 saiu da cabana e dirigiu-sc para uma cova cheia de pedras, onde um fogo de lenha ardera há muitas horas. As brasas tinham sido retiradas, mas uma névoa de calor tremeluzia ainda so bre a cova. Sem parar, o grupo atravessou calmamente a cova caminhando sobre as pedras. A temperatura na cova rondava os 650°C, mas os pés deles ficaram ilesos. Trata-se de uma proeza frequente na ilha de Mbcngga, nas Fiji, cujos "caminha-
dental preparatn-se geralmente por meio de treino mental, afirmando que determi nado estado de espírito é a chave para se ficar incólume e consideram que os aspi rantes que sofrem queimaduras não estão espiritualmente preparados. Nas Fiji, a pre paração implica evitar a companhia de mulheres durante os dias precedentes, e nenhum caminhador deve tentar a proeza se a sua mulher estiver grávida. Os cientistas tendem afastar a teoria do "domínio do espírito sobre a matéria". Su gerem que marcha prévia sobre erva mo
doressesobre são famosos. e no cam rituaisbrasas" semelhantes na índiaPrati Sri Lanka e na seita grega de Anastenaria. Foram também registados na América do Sul e na ilha de Rarotonga, no Pacífico. No Havai utiliza-se lava quente em vez de pe dras ou carvão. O ritual também já tem sido visto rios EUA e na Europa. Nas Fiji, índia, Sri Lanka e Grécia, ele está associado a cerimónias religiosas. Os ca minhadores sobre brasas do mundo oci
lhada, o que alguns fazem, confere uma protecção temporária e invocam o lapso de tempo que uma gola de água se man tém sobre uma chapa quente antes de se evaporar. O fundo da gota evapora-se e, durante uns instantes, o vapor actua como isolamento entre a gota e a chapa. Alem disso, os cientistas pensam que as pedras utilizadas nas Fiji e os carvões no Ocidente transmitem calor com relativa lentidão.
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PURO DIVERTIMENTO
Os mergulhadores da torre da ilha de Pentecostes Numa clareira da selva, um homem equilibra-se precariamente sobre duas tábuas que se projectam do topo de uma frágil torre de madeira com 30 m de altura. Subi tamente, o homem atira ao ar um punha do de folhas. Enquanto estas rodopiam até ao chão, ele inclina se lentamente para a frente e mergulha atrás delas. Mas no mo mento exacto em que parece que a cabeça vai bater no chão, o homem é sacudido para o ar num arco que o deposita, são e salvo, no solo, pois tem os tornozelos pre sos a lianas resistentes trepadeiras da selva — atadas ao cimo da torre. Este mergulho é o momento alto de uma cerimónia anual chamaria Naghol, ou Gol, levada a cabo na ilha de Pentecos tes, uma das 80 da república de Vanuatu - até 1980, as Novas Hébridas , no Pací fico. Neste ritual, muitos mergulhadores saltam de plataformas cada vez mais altas e a mais baixa está a cerca de 12 m do chão. Por que razão os nativos de Pentecostes arriscam a viria de forma tão perigosa? A srcem do Gol é desconhecida, mas os par ticipantes encaram-na como uma prova de coragem quanto mais perlo do solo chegarem, maior a sua bravura. A taxa de êxito dos saltos é bastante ele vada, mas às vezes as coisas correm mal. Em 1974, as lianas partiram-se ao serem esticadas, e o mergulhador morreu. Assis tiam à cerimónia a rainha e outros mem bros da família real inglesa. A torre é uma estrutura flexível de tron cos de palmeira e bambus, construída em torno de uma árvore à qual se cortou a maioria dos ramos. Quanto às lianas que prendem o mergulhador, têm de ter a ida de e o diâmetro apropriados e são cortadas dois dias antes da cerimónia: se o fossem mais cedo, poderiam tornar-se quebradi ças e perder a elasticidade. São ainda cui dadosamente cortadas para se ajustarem à altura do salto previsto, e o corte é feito por uma pessoa que sabe avaliar a elasticidade das trepadeiras. Embora se desconheça a srcem do Gol,uma o primeiro a lenda, foi mulher. mergulhador, O marido, aodiz descobrir que ela lhe era infiel, perseguiu-a para lhe bater. Ela subiu a uma palmeira alta, mas ele trepou atrás dela. No cimo, quis saber por que razão ela lhe era infiel. Ela apodou-o de cobarde e desafiou o a saltar da árvo re abaixo. Ele concordou e saltaram. O ho mem morreu, mas ela, sub-repticiamente, atara uma liana a um tornozelo para lhe amortecer a queda.
AM
Desafiando a morte. Um natural da ilha de Pentecostes salta de 30 m de altura.
Como um esquiador aprende a "voar" Quando, em 1936, o austríaco Sepp Bradl, de 18 anos, saltou mais de 100 m em esquis, foi a primeira pessoa a fazê-lo. O engenhei ro que projectara a rampa em Planica, na Jugoslávia — gritou: "Isso não foi saltar, foi voar de esquis!" Era verdade. Nascera um novo despor to, para o qual os esquiadores tiveram de desenvolver uma técnica totalmente nova, transformando-se em «asas». En quanto desliza no ar, o esquiador inclinase para a frente com o corpo ligeiramen te em curva. As mesmas forças aerodinâ micas que mantêm um aeroplano em voo permitem ao esquiador manter-se mais tempo no ar e percorrer uma distân cia maior. O ar passa por cima rias suas costas curvadas mais depressa que sob o corpo, criando um vácuo parcial que produz força ascensional. Desde o salto de 100 m de Bradl, o recor
de do Mundo já quase duplicou, com 180 m em 1989. A aprendizagem desta disciplina pode começar quase em qualquer idade. Pri meiro, aprenrie-se a ganhar velocidade numa pista normal de esqui. Para descer, o esquiador agacha-se numa posição que minimize a resistência do ar, com os bra ços para trás. Os esquiadores de nível mundial largam a velocidades de até 100 km/h. Antes de executar o seu primeiro salto real, o esquiador tem de aprender a aterrar, tocando no solo com um dos pés ligeira mente à frente do outro e com os joelhos dobrados. Os esquiadores adquirem práti ca fazendo pequenos saltos de taludes ou plataformas baixas, e aprendem por expe riência própria que, saltando numa posi çáo incorrecta, o vento fá-los-á dar uma cambalhota. O primeiro salto do princi piante leva lo á provavelmente a 10 m. E só na adolescência a maioria rias crianças será capaz de dar saltos de 40 m, tendo então que adoptar a correcta posição de asa. O voo propriamente dito é uma opera ção complexa. À medida que perde a velo cidade na horizontal, o esquiador contrai um pouco o corpo para se preparar para o embate contra a pista. Ao cair, perde velo cidade, mas dobrando-se para a frente, pode assim, com perícia, prolongar o voo.
Voo em esquis . Um esquiador sai do tram polim nas Olimpíadas de Surajevo, em 1984 (em baixo). Curuando-se em forma de asa. o esquiador prolonga o IHH> (em cimaj.
'UKO DIVERTIMENTO
Pára-quedismo em queda livre: flutuando no espaço 1
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O avião chega ao ponto do salto, o pára •quedista lança se no espaço, com os bra ços c as pernas abertos, o corpo ligeira mente arqueado para trás e a cabeça ergui da. A sua velocidade aumenta durante uns oito segundos ate atingir a velocidade má xima de queda de um corpo cerca de 190 km/h, a chamada "velocidade limite". O altímetro diz-lhe a altitude a que se encontra, segundo a segundo, enquanto mergulha em direcção ã terra; ele sabe que para conseguir a aterragem em segurança terá de abrir o pára quedas antes de atingir os 2000 pés (610 m). Assim, a queda livre demorará menos de um minuto - breve intervalo de flutuação durante o qual o pára-quedista executa as acrobacias que são a verdadeira finalidade do salto. De pois, abre o pára-quedas e dirige se para o ponto de aterragem, manobrando os dois cabos de comando. Os pára quedislas usam muitos tipos di ferentes de pára-quedas, mas os princípios são essencialmente os mesmos. Os princi piantes utilizam o familiar pára-quedas em forma de cogumelo, com duas aberturas em L na parte de trás. O ar que passa por estas aberturas pro duz um impulso para a frente que permite ao pára quedista chegar até ao local de aterragem: de outro modo, seria arrastado pelo vento. Com atmosfera calma, atinge uma velocidade na horizontal que em ter ra se chamaria de passo rápido. Seja qual for o tipo de pára-quedas - re dondo ou rectangular -, o pára que dista está suspenso por um arnês úc nylon. Quatro fitas de nylon, os suspensórios, li
Queda livre. Uma equipa de. para quedis tas salta de cabeça para baixo (à esquerda). O número recorde de pára-quedistas empi lhados é de 24 homens (à direita). Os pára-que distas juntaoam se à pi lha a partir de baixo, en quanto em queda livre, abrindo O pára quedas quando já alinhados. O primeiro homem a sal tar foi o último a juntarse à pilha e também o primeiro a aterrar. gani o arnês aos cor dões de suspensão do pára quedas. Os dois cabos de comando permitem, quando pu xados, dirigir o páraquedas para a esquer da ou a direita. O pára-quedista pos sui ainda um pára-que das de emergência para o caso de o primei ro não funcionar. Na maioria dos saltos, utiliza se um pe queno avião de asas superiores, como o Cessna 172, de três passageiros. Sc vários pára-quedistas vão saltar em conjunto, é preciso um avião maior, como o Sky Van, da Short, que pode transportar 16 pes soas. Quando o avião sobrevoa o local esco lhido, um pára-quedista experiente salta pela porta aberta. 0 tempo de queda livre
depende da altitude no uiouien to do salto e pode ir de oito se gundos a um minuto. As primeiras acrobacias aé reas executadas pelos princi piantes são simples cambalho tas e voltas no ar. A medida que adquirem experiência, progri dem para quedas em formação, juntando se uns aos outros para formarem uma série de padrões em rápida mutação. E o que se chama trabalho relativo. Estas exibições exigem muita perícia, pois os pára-quedistas caem a grande velocidade e têm de "andar" para os lados, a fim de se juntarem uns aos outros. Para o conseguir, têm de estar quase na vertical, com o corpo formando uma ligeira curva. Os braços têm de se encontrar en costados ao corpo, e as pernas juntas e estendidas. A força ascensional criada pelo ar ao passar pelo corpo curvado do pára quedista faz com que este avance para a frente ao mesmo tempo que para baixo. O movimento para diante pode ser suficientemen te rápido para lesionar dois pára-quedistas que choquem. Assim, para diminuir a veloci dade, o pára-quedista levanta os braços, apresentando maior área de exposição à passagem de ar, o que lhe afrouxa a queda. Esta técnica tem de ser perfeitamente dominada antes de ele participar em saltos em formação O dtxking controlado — junção - com outros pára-quedistas é cuidadosamente planeado. Depois da queda livre em for mação, os homens separam se durante uns segundos antes de abrirem os páraquedas, para que estes não se enredem uns nos outros.
PURO DIVERTIMENTO
Como é que os surfistas andam numa parede de água? 0 surf tem hoje milhões de adeptos em todo o Mundo, todos cios procurando a "onda perfeita". Um dos melhores locais para a prática do surf é o Havai, onde as ondas resullan les de temporais no Pacífico, a vários mi lhares de quilómetros de distância, atin gem os 9-10 m de altura antes de se abate rem fragorosamente sobre as praias. 0 objectivo de todo o surfista é deslizar ao longo da face dessa parede de água pa ralelamente à praia, enquanto a crista da onda rebenta acima da sua cabeça. Duran te vários segundos, pode conseguir man ter se dentro de um túnel de água. Se per der a sua corrida contra a rebentação da onda, o surfista pode seriviped out, isto é, atirado contra o fundo pelo peso da água que lhe cai em cima. Remando com as mãos, O surfista con duz a prancha, ou tábua, para lá da zona de rebentação. Depois, espera que uma onda adequada se aproxime. Ao vê-la, começa a reinar em direcção à praia, quase à veloci dade da onda. Quando a onda o atinge, a prancha levanta e acelera rapidamente, até correr tão rápida como a onda. O surfista pôe-se então em pé assim que a tábua co meça a descer a onda. Servindo-se da gra vidade como fonte de energia, ele desce depois a parede de água mais depressa do que a onda — a uns 15 km/h. Ao descer a onda, procura o sítio onde esta começa a rebentar e, nessa altura, vira a prancha para correr paralelo a ela(bot tom (um), mantendo-se imediatamente à frente da crista que vai rebentando. A corrida termina quando o surfista se inclina para trás para diminuir a velocidade da prancha e dá um salto por cima da parte da onda que ainda não rebentou, passando para a água calma por detrás da onda, ou quando perde o controle da prancha ou ainda é apanhado pela crista que quebrou. Os surfistas experimentados fazem ma nobras ao correr com a onda. Deslocando o seue peso prancha, conseguem virar subirsobre até aoa cimo da onda e fazer uma segunda e uma terceira descidas. Na maioria, as pranchas de surf actuais têm menos de 2 m de comprimento e pe sam pouco mais de 'i kg.
A "onda perfeita". Quando os surfistas apanham a onda certa, podem correr com ela durante oários minutos listas ondas são no Havai, na Austrália e em Bati. 436
PURO DIVERTIMENTO
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ÍNDICE Os números de página anegro referem-se às ilustrações.
A Ábaco. 242, 242 Abbott, L B., -112 Abelhas, 253 Aborígenes australianos, 432 Accu-Call, 430 Acelerímelros, 168 Acidentes aéreos, 33-34 de automóvel, 52-54 Acidez, 126-127,127 medição de, 127 Aço
flutuação d*- navios e, 256 inoxidável, 30, 30
nas lâminas de barbear. 29 Açores, ilhas dos, 125. 356 Acrílico, 114 Acrobacias, 265, -134. 435 Actores, 66-71 Adair, Paul Neal V.Adair. Red Adair, Red, 135-137,1 36, 137 Adams. Couch, 185 ADN, 189 190 dactiloscopia genética e, 94, 94
em espécies extintas, 193
Adriano, imperador. 65, 366
Alfândegas, 98-99 Alfazema. 109 Algas nos gelados, 385 pasta de dentes e, 28-29 Algodão, 110,110, 115.174 Alimentos, 25. 37-38, 169. 378 380. 385 Allen . Bryan, 149 Almíscar. 109 Alpes, travessia dos, 344 346.3 44, 345 Alquibenzeno, 27 Alternadores, 12 Altifalantes. 223 Alumínio combinado com lítio. 148 obtenção de. 103 reciclagem de, 120 Âmbar, 109 Amélia, Piermatteo d'. 162 Américas, descoberta das, 356-358, 357, 358 Amido, plásticos biodegradáveis e.
130 Amon, 325 Amoreiras. 112-113. 114 Amorfos V. Fósforos Análise por neutrões térmicos, 37 Ananás, 375 Anãs brancas - V.Estrelas Anãs negras — V.Estrelas Androgénios, calvície e, 298
Andrómeda, 178, 179
Andronicos, Prof. Manolis, 325 Anestesia. 292-293 Aníbal, 341 346. 344, 345 Animação, 421-423 Animais clones de, 188 comunicação com, 192 193
Aeroplano, criação de, e, 190 Aeroportos 149 dactiloscopia 94 organização dos, 32-33, 32 de estimação, comida para, 388 terrorismo nos. 35-37 em pinturas rupestres, 347 348, Aerossol, 251 252, 251 347, 348 Afeganistão, Guerra do, 76,2 70 em televisão, 425-426,425 Afídeos, 253-254,253 fotografia de. 129, 130 Agentes secretos. 79-80 pré-históricos, reconstrução de. Agua 193-194.195 aquecida pelo sol, 137-138 previsão de sismos e. 204 barragens e, 308-311 Anos-luz, 178, 179 combate a incêndios com, 49 Antenas parabólicas. 212, 219 Antibióticos, 191, 288-289. 288 cozedura a baixa pressão, 26 Anúncios COZedUra no microondas, 25 doce, dessaliniza ção de -. 117-118, luminosos, 10-11, 10 118 na televisão, 425-126,425 fornecimento de — às cidades, Apoilo. 168. 179 46, 46 Aquedutos, 365 Romanos e, 365-366,365 Ar
tensão superficial de. 27 tratamento de, 46 47
vedores e, 146
Água-rie colónia, 109 Água de Pau. vulcão de, 125 Aguardente, 374 Agua régia, 21 Ailly. Pierre d', 357 Aislabie, John, 41 Alambique. 117 Alarmes, 254-255 Alcock, John, 370-372, 371 Álcool. 292 gasolina de. 108 Alcoolemia, testes de, 251 Aleksander, Rrof. Igor, 196 Alekseyev. Vasily, 283 Alexandre, o Grande, 326 Alfa do Dragão, estrela. 322
438
condicionado, 257, 259
resistência ao, 264 Arco íris, 217 Arcos de flecha,353, 355 Areia, 10-1 Argebonder, Friedrich, 182 Aríete. 353, 354, 355 Aristóteles, 117. 357 Armas carabinas, 157-158 da Idade da Pedra, 327-328 medievais. 352-353. 353, 354 nucleares, 158 160 termonucleares, 159-160
Armstrong, Edwin H., 215
Arnoco Cadiz. 134. 134 Arqueologia, centros de Cuzco, 336 337 datação, 311-313, 341-342
exército de barro, 335 336 linhas de Nazca, 347 pirâmides, 319-322 Stonehenge, 338-340 Arquimedes, 256. 256 Arranha-céus, 20 construção de, 300-301. 301 demolição de. 304-305 resistência ao vento, 312 Arfe, obras de. 161 164. 418 419 V. também fintaras Árvores, 106 108 chuva ácida e, 106 datação cias, 342.3 42, 343
salvamento no mar. 271 tubagens hidráulicas de, 254 voo de. 262 267 Avisador de algibeira, 231 AWATS, 151 Azeitonas recheadas. 375 376, 375
B
Ashford, Robert, 146
Babbage, Charles. 242 Babbit, Milton, 227 Babu, 401
145, 145 Assírios. 369 Assurbanípal li,
Bacon. Francis, 207 Bactérias, 288-289,288 liaekeland, Leo, 132 Bagagem
Aspdin, Joseph, 303 Asscher, Joseph, 143. 144. 144,
36 9
Astigmatismo, 277, 278. 279 Astronautas eliminação de excreções, 170
enjoo, 170
falta de peso no espaço, 169, 169 navegação por, 168 169 refeições de, 169-170 reparações no espaço,171 Aterro sanitário, 48 Atlântico, travessia do. 370 372 Atletas. 64-66, 283-286,285 Átomos, 12-13. 13 cisão dos, 198 estrutura dos. 199 fotografia de, 200-201, 200 transmissores de dor, 293 Aubrey, John, 339 Auchinleck, general, 76 Augusto, imperador. 352 Auken. John Van, 430 A Ultima 164 Ceia. restauro di', 161, 164, Aulogiro. 271 Automóvel acidentes de - em filmes, 417, 417 baterias de, 12 cintos de segurança nos, 250 construção de, 41 43
pneus de, 251
solar. 127 telefones nos, 215 transmissão dos motores rios. 248-249 travões antibloqneio. 250 Avalanchas,71 , 72 Aves, televisão e. 426 Aviões, 262-267
acidentes d e, 99-1 00, 99-100
a jacto. 147.151, 152. 152 aterragem em porta aviões. 150 caças, 150-153 camuflagem, 76-77 construção dos — cio futuro, 146 149 -espiões, 74 75 e travessia do Atlântico, 370-372 helicópteros, 268-271 lançamento de - por catapultas a vapor, 151 modelos de, 220 motores a jacto, 264-265 navegação e, 372 passagem da barreira do som, 202-203 pressão de ar nos, 259 prevenção de colisão de, 33-34 refeições a bordo de, 37 38,3 7
na organização de aeroportos, 32-33 verificação da. 36, 99 Baia de Fundy, central da, 123 Baird, John Logie, 219 Balas, 157-158.158 apanhador de, 398 em filmes. 413 vidro â prova de. 104 Ralista, 354 Ballarri, Dr. Robert. 138, 140 Balões meteorológicos. 44, 44 -sonda, 44
Banco
cofres de, 242 destruição de notas e, 41 marcas de água nas notas de, 106 Banhos públicos, 366 Banks, Sir Joseph, 432 Baquelite. 1321'iuin Brainhilla. 164 Barcilon, Dr.' Barcos. 314 315 à vela. 161. 161 dentro de garrafa. 429
hydrotoils, 272-273, 273 modelo de, 220 Barnard, Dr.Christíaan,294,
296-297, 296, 29 7 Barómetro, 44 Barragens, 308 311, 308-310 Barras, código de, 56, 242 Barlholdi, Fréderic Auguste, 359-360. 36 0 Bass, Saul, 424 Batatas fritas. 377 Búloti primitivo. 367 Bauer, George, 146 Bauxite, 103. 120 Beausoleil. baronesa de. 146 Bebé-proveta, 276-277, 277 Becquerel, Anloine Henri, 209, 290, 291 Beladona, 367 Bell, Alexander Granam, 212, 224-225 Belloti. Michelangelo. 161. 164 Benbow, Philip. 72 Benzedrina, 81 Berclaz, Phllippe, 71-72 Berge Stahl, 256 Berliner, Emile, 222 Bernoulli, Daniel, 267 Bertillou, Aiphonse. 93, 95 Besta. 352 Betão, 300 302, 303. 305. 306, 308 Bicho da seda, 112 114,113 Bico de lápis, 13, 142
ÍNDICE Big Bang, 183 Biii Bird, satélite, 175 Big Crunch, 183 BiDinglon, John e William, 93 Binet, Alfred, 281-282 Biogás, 119 "Bip-hip" - V. Avisador de algibeira Birdseye, Qarence, 376 Biro, Ladislao, 14, 15 Bjõrson, Maria. 69, 69 Blackbird. avião-espião, 75 Blackett, Patrfck, 199 Blackstone, Hany, 396 Blefaroplastia, 295, 29 5 Blenkinsop, John, 2(30 Blériot. Louis, 274 Bkie screen V. Tela azul Blunt, Sir Anthony, 79. 79 Bóeres. Guerra dos, 76, 145 Boesky. Ivan, 41, 41 Bolhas, câmara de, 199, 199 Bolsa de Valores V Mercado de tfluhs Bombardeiros-espiões, 71 75 75 Bombas
atómicas, 158. 158, 176
sensores de, 254
detecção de, 97-98 nucleares. 121, 158-159. 176
terroristas e. 36. 100 Bombeiros pára quedistas, 50, Bonecos em filmes, 411 Boole, George, 241
Borboletas, 112-111 Bordone. Paris, 91 Borglum, John Gutzon, 362-364, 3 63 Bolha, Louis, 14." Botticelli, 162 Bowie. Les, 68 Bradl, Sepp, 434 Braille, Branco. Louis, Monle,28U, 72 2 80 Braun. 1'erdinand, 219 tircudulbane. 140 Brearley. Harry, 30 Brightman, Sarar), 69 British felecom computadores falantes. 197 tradução por, 196 Brocados, 115 Brown, Arthur Whitten, 370 372, 371, 3 72 Brovvn, Louise. 276. 2 77 Brundage, Avery, 64 Brunei, Mau- e Isambard, 316 Ifrutmg. 143 Bryanl and May, 22 Biibónica, peste, 355 Buchner, 260-261 Bumerangue, 432 Buracos negros, 183-184, 184 Burgess, Guy, 79 Burlas, 41. 41 Burwel). Bob, 432 Bússola. 343, 3 5 7
r* i ^^^W
v>
Caan. James, 66 Cabelo, transplante de. 298 Cabinas pressurizadas, 259 Cabora Bassa, Barragem de, 308 C.llM)S
coaxiais, 314 de pontes. 306-308,
307, 308
reparação de debaix o de água. 141 televisão por. 219 Caça (avião), 150-153 Cadeac, Pierre. 426 Cães comida para. 388 para detectar drogas. 36. 97 98, 97 para detectar explosivos, 37, 97 98. 97-98 salvamento co m nas montanhas, 72, 72 Café instantâneo, 380 Cagnan, Lmile. 140 Cahill, Thaddeus, 227 "Caixas negras", 100 Cal, 104 para neutralizar a acidez, 127 Calcário nas panelas, 26 Cálcio cristais ele carbonato de. 26 perda de no espaço, 169 Calculadoras. 241-242, 24 1 Calor extraído do lixo, 118-11!) geotérmico. 125
50
solar. 128 Calvície, 298 Câmaras de bolhas, 199, 199 de descompressão, 316 de focagem automática, 237, 23 7 de infravermelhos, 157 de movimento controlado, 409, 4 09 de nevoeiro, ou de Wilson. 199, 199 de televisão, 218-219 eleitos gráficos e, 420-424 fotográficas, 82-86, 8 2 , 129. 129, 175. 232-237. 2 32 objectiva s de - V. Lentes Camarões, 377 378 Campimetria, 277 Campo magnético, datação por, 343 Camuflagem animais pré históricos e. 194 na guerra. 76-77, 76 Cana-de-açúcar. 108 Candler, Asa C, 389 Canetas, 15 Canhões de navios. 155 medievais. 353, 355 Canutt, "Yakima", 414-415, 41 5 Cão Menor, constelação do, 184 Capeie Karel, 247 Caqui, 76 Carabina, 157 158 Caracala, termas de, 366
Carbono 11. datação por. 311-312, 3 42 dióxido de. 406 hidrato s de - para atletas. 285 Cardenas. May Bob, 203 Cardiospigmómelro. 87 Carison, Chester, 231 Carlton, BUI, 430 Carne artificial, 381 assada. 388 Carothers. Wallace, 114 Cartagineses, 344-346 Cartas, 56 separação das. 56
truques de, 404, 40 4 Cartões de crédito, 242 243 Cartografia antiga, 356 por fotografia aérea. 54-55 por satélite, 174 Carvão, 103. 118 crise do petróleo e. 108 Casas-fortes, 242 Castelo medieval, 3S2-355 Castórico. 109 Catapultas, 352-353 a vapor, 151. 151 Cavendish, Henry, 210 Caxemira, 111 Cayley. Sir George. 267, 26 7 Cegueira, 280 Células, 189, 189, 193 anestesia e — nervosas, 293 fotovoltaicas. 128, 128 microcirurgia e - nervosas, 289 Celuloide, 132 Celulose. 107 Cenários. 410-411. 41 3 Central nuclear, demolição de, 305 Cérebro células da memória e, 282 do homem pré histórico, 194 cirurgia. 366, 3 6 6 hipnose e, 282-283 Cerveja fabrico de, 394. 39 4 na Idade
Cevada, 391
Chain. F.rnst. 288 Challenger. 171
Champollion. Jean-François, 368-369 Chanute, Octave, 267 Château Gaillard, 355 Cheiro, testes no gás natural, 21 Chernobyl, 160 161, 160 Chimpanzés. 192, 192, 193 China exército de barro, 335-336, 33 5 Grande Muralha da, 333-335. 333, 334 Chinoob. helicóptero, 269 Chintz, 116 Chocolates, 376, 3 7 6 Chowning, Dr. John M., 227 Chumaceiras, 24 Chumbo cristal de, 104 105 nos lápis. 13 obtenção do, 102-103 Chuva ácida. 126-127. 126-127
fazedores de. 146 Ciclones. 4 1 Ciclotráo. 199 Cierva, Juan de la. 271 Cifras, segredos por, 78 Cimento, 302-305 Cinema - V. Filme Cinto de segurança, 250, 405 Cipião, 346 Circuitos Integrados, 238 comunicações e 212-214 C1RRUS, 141 Cirurgia anestesia na. 292-293 laser em. 292 na Idade da Pedra. 366. 36 6 plástica, 295, 29 5 transplanlc de órgãos e, 294-297
utilização cie plásticos degradáveis em, 130 Cisão nuclear, 121, 158 Cisne, constelação do. 181 Civete. 109 Clark. Arthur C„ 85 Cláudio, imperador, 352 Cleópatra, 109. 367, 3 6 9 Clones, 188 para animais extintos. 193 Cloreto de polivinilo película adesiva e. 23 plásticos e, 132 Cluroíluorocarbonelos, 2.~>2 Clorofluorocarbonos frigoríficos e, 25 Clorofórmio. 292 CN Tovver, 302. 3 02 Cobre, 12. 103 herbicida de sulfato de, &.'>2 tinta de sulfato de, 81 Coca cola, 389 Cochonilha, 367 Cockcroft, John, 198 Cockerell, Clinstnpher. 274, 27 4 Código bipartido, 401 de barras. 56, 242 postal, 56 segredos por. 7879 Cofragem, 302, 302, 306 Cofres, 242 Colagénio, 295 Colas, 15. 15 Colectores solares, 128 Coliseu. 350 352, 35 1 Colombo. Cristóvão. 356-358, 357, 35 8 Columbia, 107, 166-167 Columbrelas, 353. 35 3 Combale, lácticas de. 151-153
Comboios, 2 61 poluição Combustíveis 260 fósseis,
e, 126, 127 Comédi a musical - V. Filmes Cometas, 184 185 llalley. 169. 184 185. 185 Cómodo, imperador, 352 Co/npacl discs (CD) - V. Distas ('impactos
Compostos químicos, 253 Computadores. 239-241 animação por, 421-423, 42 2 caças e, 153 cartografia e, 54 55 circuitos de, 196 controle do trânsito e, 51 52 controle remoto, 220 cronometragem dos Jogos Olímpicos e, 429 430 dicionários por, 59 efeitos gráficos e, 420-421. 42 1 estrelas e, 182 inteligentes, 196, 197 linguagens de, 239-241 mercado de títulos. 39. 40 microchips de. 238-239. 2 3 9 mísseis guiados por, 156-157 moldes feitos por, 117, 117 perfuração, 133 previsão do tempo e, 44 processamento de imagens em 86. 8 6 reciclagem do ouro dos, 120 restauro de pinturas e. 164 robôs, 246 submarinos e, 259 super, 2 4 0 tradução por, 196
439
ÍNDICE xadrez, 427-428 Comunicação com animais, 192-193 com outros planeias. 186 com sondas espaciais, 173 por rádio, 186 satélites de. 171, 212-213 Comutadores. 220 Concorde, aviáo, 148 Concursos, 426 427 Congelação r de alimentos, 2. >, 376
de ervilhas, 378 Constantino, o Grande, 3S2 Constantinopla, ;ÍT>3 Continentes, deriva dos, 207-209,
207, 208 Contratorpedeiros, 155
Cordoar luyer liriling, 55 Controle fotoeléctrico. sistema de, 11 remoto, 220 Coolldge, Barragem, 308 Cor em fotografias de jornais, 18 fotocópias a, 231 fotografias a, 235, 237 televisão a. 218 Coração pacemaker e, 293-294, 293 pulsação do, 2(J3 transplante de, 294, 296 297 Coreia. Guerra da, 152 Cornu, Paul, 271 Correio, 56-57 Corretores, 38-41, 38, 39, 109 Cosméticos microcápsulas nos, 17 primitivos, 367, 36 7 Costura máquina de, 255 pontos de, 255, 255 Cott, Joe. 412 Coubertin, Pierre de, 66 Courier, serviço de, 56 57 Cousteau, Jacques-Yves, 140-141 Cowan, Rex, 140 Crac dos Cavaleiros.3 53 Crânio, reconstrução da face de, 325-327, 325, 326 Crawford, Mirhacl, 69 Credifone. cartões. 242-243 Creeprrieter,2 06
Criação controle genético por dactiloscopia, 94, 94 genética, 190 191 Critkel, 431 Crime dactiloscopia genética e, 94 escrita e, 95 96,96 identificação facial e, 95 impressões digitais e, 92 retratos-robõs e, 95, 95 Crimeia. Guerra da, 158 Criolite, 103 Cristal de chumbo, 104-105
de silício. 238 239,238 Crómio, 30 Cronometras, 429-430, 430 Crusta terrestre, perfuração da, 206-207 Cruzados, 352-355. 353 draga, 193 Cullinan. diamante, 143, 144.1 44, 145, 145 Cúmulos estelares, 180, 183 CuneJforme, escrita, 369
Curie. Mane e Pierre, 290 291,2 90, 291 CuZCO, 336 337,337 Cyclops, aparelho electrónico, 430
D Dactiloscopia, 92-93 genética, 94 Damasco, 112 Dança, 68-69 Dante, máquina cie filmar, 414 Darreius. turbinas, 124
Darvall, 296 297.296
Datação, sistemas de, 210, 314 343 Davy, Sir Humpliiy, 314
Dédalo, 149-150
Documentos papel envelhecido e, 108,108 transmissão de - porfax, 230 Dolby, sistema, 221 Donner, llans Jurgen, 423 Doping, 285 Doppler. efeito de, 154. 168, 180, 288 Dor, 292 293 Dorsal média atlântica, 208, 209, 209 Doyle, Sir Arthur Conan, 86, 109 Droga Cães detectores de, 36, 97-98,
97,98
da verdade, 81 detector de mentiras e, 87
traficantesde, 98-99
Dunleavy, Pct, 95 Dupton, 113 Duplos, 68, 412, 412, 414-415, 417 Dykstra. John, 409
eólica, 124 125,124 extraída do lixo, 118 119 geotérmica, 125. 125 hidratos de carbono e, 285 microondas e, 24 nuclear, 121 122. 158 159 produzida pelas marés, 123 Enfíeurage, 109 Engenharia genética, 190-191, 193 Enigma, 78 Enxofre, 126 hexaduoreto de, 127 Enzimas, 27, 376 Eratóstenes, 267 Ervilhas, 378, 404 Escafandro autónomo, 140 111, 141 Escala optométrica, 277 Escrita, 95-97,96 , 280, 368-369 Eseu madeiras de absorção 134-135 de barragem, 135 Esdaile. John, 283 Esferográfica, 14,14 Esgotos, 47-48,47, 48, 366 Espaço aviões (30) do, 149 enjoo no, 170 falta de peso no, 169,170 sondas V. Sondas espaciais vida no, 186 Espectóraetros, 341 342 de massa, 98 Espectro electromagnético, ondas de, 216-217,216 Espelhos de telescópios. 180-182 distorção da imagem por, 406. 406 electricidade produzida por, 128 Espingardas, 157 Espiões, 79-80
Deep Thought, 427-428 Demolição, 303 305 Dendrocronologia, 342 Dente de-leão, 428, 428 Desastres aéreos. 99-100,99, 100 em poços de petróleo, 136 137 fogos em reactores nucleares, 160 161, 160 naturais, meteorologia e, 44-46 Descompressão, câmara de, 316 Desfibrilador, 293, 297 Desio, Ardito, 138 Desporto cronometragem no, 429 430 curvatura de bola no ar, 431 treino para, 283, 284 Dessalinização, 117 118,118 Destilação de água, 117-118 de óleos essenciais, 109
Eau de Vie de Pofre, 375 Ecofyte, 130 Ecos sonoros, 154 Ecotomografia, 288 Edgerton, llarold, 129 Edifícios arranha-céus, 300 301, 302 implosão. 304 resistência ao vento, 311-312 Edison, Thomas Alva, 222. 224-225 Eduardo VII, rei, 144, 145 Eduardo VIII. 2IS Edwards, Dr. Robert, 276
Detector de mentiras, 87, 87 de metais, 36 Detergentes, 27, 27, 29 para derrames de petróleo, 134 Detritos incineração de, 48 nucleares, 122-123 sólidos, 48 transformação de - em energia. 118 119,1 19 tratamento de, 47-48 Deutério, 159 Dewes. William. 381 Diálise, 298 Diamantes, 14 artificiais, 142-143 brilho de, 142 lapidação de, 142-145,143 Dicionário, 58-59 Didcen, Roger, 411 Dieta no espaço, 169-170,1 70 para atletas, 283-285 Dinamite, 159
Efeitos de Doppler, 154, 168, 288 especiais no cinema, 68, 406 415 fotoeléct ricos, 12 gráficos, 420-424 Magnus, 431 E-Fti.95 LftPos, sistema. 243 Egípcios, antigos. 319-325. 320, 324, 328, 339, 346.346 Egrell, avião, 147 Ehrlich. Paul. 191 Eiffel, Alexandre Gustave, 359, 361 Eimert, llerbert, 227 Einstein, Albert, 146, 159, 176-177. 176, 177,183 Electricidade, 224-225 a partir do urânio. 121-122.122 captada do sol, 127 128.128 extraída do lixo, 118-119 fornecida por pilhas, 12-13,1 2 geotérmica. 125 produzida pelas marés, 123 produzida pelo vento, 124 125, 124
Espionagem códigos e cifras em, 78-79 dispositivos de escuta e, 80 droga da verdade e, 81 por aviões. 74 75 tintas invisíveis em, 81 "toupeiras", 79 Espuma, combate a incêndios com, 49 Estabilizador acídico, 15, 16 Estátuas da ilha da Páscoa, 328 331.3 28, 330, 331 da liberdade, 359-361. 359-361, 120, 421 Estereorrestituidor, 55 Esterhazy, príncipe Paulo, 261 Estradas, controle de trânsito nas,
Dinheiro cartões de crédito e, 242-243 destruição de, 41 transferência electrónica de, 243 Dinossauros. 193, 194, 195 Diocleciano, 366 Diodoro Sículo, 319 Diplodoco, 194 Discos, 222-223 compactos, 226, 226 magnéticos, 241 Discooery, 171 Dispositivos de escuta, 80
Electrocardiografia Electrões, 11. 12,12,(ECG), 23, 199288 feixes de, 218 Electrólise, 103 Elefantes, 344 346,345 Elevadores, 20-21, 20 FJliotson. John, 283 Embraiagem, 248-249 Embrióides, 188 Emulsionantes, 385 Endoscópio, 288 Energia captada do sol, 127-128
deflecçáo das, da luz distância 179das, 180177 gigantes vermelhas, 183 morte das, 183-184 navegação pelas, 356 supergigantes azuis, 184 Etano. 132 Éter, 292 Etileno, 132 Eurotra, tradutor, 196 Evans, Sir Arthur, 369 Evasão. 402-403 Kverest, Sir George, 138
E
50-52 Estrelas anãs brancas, 183 buracos negros, 183 cálculo do nascimento do Universo a partir das, 183 contagem de, 182
ÍNDICE Evereste, monte. 26. 138 Fixadores. 109 Gardner. Edward, 86 Excreções do organismo, Fleming. Alexander, 288 Garland, Charles T, 85 eliminação das, 170 Flenley, John. 329 Garrafas Exército, abastecimento em guerra, Flores, óleos essenciais de, 108-109, barcos dentro de, 429 109 peras em, 374-375 59-61, 60 Florestas Exocel, 154-157,156 Gás Explosivos. eiri regressão, 174 datação pela formação de, 342 detecção de. 36, 97-98,97 incêndios nas, 49 50,49 natural, testes de cheiro no, 21 terrorismo e, 36, 37 Florey, Howard, 288 propulsão de foguetes e, 167 Extraterrestres. 186 Flutuação, principio de, 256 Gasolina Fty-by-ivire, 153 de plantas, 108 Ftx-kc, Heinrich. 271 V. também Fóssil, Gás; Petróleo Fogo Gatos, 324 em poços de petróleo. 135 137 Gee/ts, 190 nuclear, extinção de, 160-161, Géiscres. 125 160 Gelados, 383-385 Facetiít. 295 posto. 89 General Electric, 142, 148 Foguete. 167 Factor VIII, produção do, 190 General Motors. 414 Fonógrafo, 222, 225 Fala. 192-193, 197. 197 Genes, 188-191 Fontes termais. 125 Falópio, trompas de. 276 Geologia Força clectromotriz, 12 Faraday, Michael, 221 da crusta terrestre, 206-207 Ford. Henry, 42,42 Faraós, 319-324 fotografia do espaço e, 174-175 Forenses, cientistas. 89-90. 327 Foi Man. bomba. 160 Geradores, 12, 125.125 Forest. Lee de, 215 Fax, 228. 230. 230 eólicos, 124 Forno, relógio digital e, 254 Fechaduras, 242 Gerasimov, Mikhail, 327 Fosbury, Dick,284 Fechos Gesner, Conrad. 13 Fósforos de correr, 19, 20.20 Gigantes vermelhas V. Estrelas de velem, 19 Giílette, King Camp, 29 impostos e, 22 Feijões. 381 Ciotto, sonda espacial, 168 169 produção de, 22-23. 22, 23 Felbe, Heinz. 79 Gira discos, 222-223. 225 Fosseis. 207 Fenícios, 355-356,355 Giroscópio. 168 de grãos de pólen, 343.343 Fernando de Aragão, 358 Giz. 28 espécies extintas, 193 194.195 Ferramentas, 327 328,327 Gize, Pirâmides de, 319 322,319, Fotocopiadores, 231,231 Ferro. 102, 103 Fotocópias, 230 320, 339 Fotografia(s), 232 235, 232 Fertilizaçãoin obro, 276-277,276 Gladiadores. 350-352,350 Fessenden, Reginald Aubrey, 2lf> a cores. 48, 235, 237 Glaucoma, 277 Fiação, 110-112 Glenn. John, 135 aéreas, 54 55, 55 Fibras, Glicogénio, 285 a intervalos, 129 animais, 111 Glyder Fawr, 72 arquivos instantâneos de, 424 Goldin, Horace, 396 naturais. 110 112 câmaras para. 232-237 Goldman. W., 66 de alta velocidade, 128-129, 129 no s saquinhos de chá, 21
F
ópticas, 228-229. sintéticas, 114 229 termoplásticas, 21 vegetais, III Fick. Dr. Adolf. 278
Fighting Fakon. avião, 153.153 Figueroa, Garcia Silva, 369 Filamentos de tungsténio. 11.11 Filetes, 376-377 Filipe Augusto, rei. 355 Filipe da Macedónia, 326,326, 327 Filmes balas e sangue em, 413, 413
de 85 da espíritos, Natureza,85, 129-130 em movimento, 225
imagens múltiplas, 82-86
microscópica, 130, 200 201, 200
nos jornais, 17 18.17, 57, 58
subaquática,
13 0
transmissão de, 57, 230 Foucault, Jean. 201,201 Fouts, Dr. Roger.192 Fox TallM>t, VV. H., 128 Frescos, restauro de, 164 Freyssinet, Eugène, 303 bonecos em. 411 Frieden, Ur. li. Ray, 85 cenários em, 410-411,4 13 Frigoríficos, 24,24 Fry, Art, 16 comédias musicais. 68-71 Fundoscopia, 277 com microlragráncia, 16 Furacões, 44, 45, 45 duplos em, 68, 414-415 efeitos especiais em, 68, 406 415 Furse, Tony, 227 Fusão, 158 efeitos gráficos em, 420-424 Fuso. Ill) explosões em. 412.412 incêndios em, 414 miniaturas e modelos em, 411. 412
tempestades produção de, no 66 mar 68 em. 412. 413 títulos em, 424 Filtragem de esgotos, 47,48 Filtros, 18. 130 Finanças comédias musicais e, 68-69 filmes e, 66-68 mercado de títulos e, 38-41 Fish fínger - V. Fiteles Fisioterapia, 289 Fissão, 158
G
Gabor, Proí. Dennis, 229 Gagarin. Yuri. 169 Galáxias,178, 179. 180, 183 Galena. 215 Galimino, 195 Galvaiii. I.uigi. 12 Galvanómetro, 87 Gama, raios, 37,217 Gardner, Allen e Beatrice. 192 Gardner. Dale,168
Golfe. 431,comunicação 432 Golfinhos, com, 192 Gomas. 15 Gossamer Albatross. 149 Gossamer Condor. 149 Goya, 91 Grable, Betty,114 Grafite,13, Í3, 142 Grafologia, 96 97.96 . Gramofone. 225 Grande Esfinge, 319 (Jrande Muralha. 333-335,333,
33 4
Grande Pirâmide V. Gize, Pirâmides de Grande Roubo do Comboio. O, 225 Grandes angulares V. Lentes Gravadores em fita, 221,221 Gravidade, satélites e. 170 171, 171 Gregoire, Marc, 24 Gregos fogo, 253 língua dos antigos, 369 navegação pelos, 356,356 Griffilhs, Francês, 86 Grotefend, Gruas, 312-314, Georg 369 312,Friedrich, 313 Grudes, 15 Guerra abastecimento de exércitos em, 59-61, 60 aérea, 151 153 camuflagem em. 76 77 medieval. 352 355 «Guerra das Estrelas», programa.
159 Gusa, 103 Gutenberg, 108
H Haarlem, Erwiu vou, 81 Hahn Otto, 198 Hall. Tra
Haia, Sanachiro, 191 Hatvkeye, avião, 151
Hawkins, Prof. Gerald, 339
HDE 226 868, 184 Healv. John, 204 Hélices, 148,148, 264, 268-271, 274 Helicópteros. 161, 268 271,268 e socorristas de montanha, 7172 Hélio, 10, 198 Helsínquia, Jogos Olímpicos de, 65 I lemalite — V. Ferro Hemodiálise. 298
Hena, 367 Henning, Doug. 396 Henrique VIII, rei, 139 Henry, Edward, 93 Herbertson, Gary, 97
Herbicidas, 252 253, 252 Hermann, Alexander, 399 Heródoto, 321. 325 Herschel, William, 185 Hérticr, Phillipe. 71 72 Hertz, Heinrich, 215, 217 Hewitt. Jerry, 416
Hidrocarbonetos. 132 Hidrogénio, 12. 108. 131 Hidroplanador, 272 I lierao II, rei. 256 Hieróglifos, 368 369 Hindawi Nezar, 35-36.35 Hipermelropia, 277, 278,279 Hipnose. 282-283 Hiroshima, 158 159.158, 176 Hitler, Adolf. 97, 176
Hockham, Dr. George, 228 Ho Kuang, 115 Hollandia, 140 Holleman, Shama, 87 Hollywood, filmes de. 66 68
Hologramas, 229, 229 Homem primitivo. 194,195 Hooke, Robert, 189 llooper. Dr. T d Ante, 85
Hoover, Barragem, 308 Hopi, índios, 146 Hormonas de crescimento, 191 de herbicidas selectivos, 253 produzidas por atletas, 283 liomet. avião, 153 Hospitais, 52 54. 53 Hotel, organização um, 61-62 I loudini, Harrv, 402de403, 402, 403 Hovercrafí, 274, 274 Huang Ti, 112
Hubble, Edwin, 180, 183 lluguehi. Dr. Russd, 193 lluiburd, Buri, 413
Humber, ponte rio, 306-308.307, 308 Hunl, Waller, 255 lluskisson, William, 261 Hyatt. John Wesley, 132 Hydrofnit. 272 273,272, 273
441
ÍNDICE
I lates. 161 Identificação facial, técnica de, 95 fdenlikà - V. Remto-robó Iguadonte, 194, 194
Iluminação anúncios luminosos, 10-11, 10 pública. II Imagem hologramas, 229 movimento imagem por, 409 por ressonância magnética nuclear (NMR1), 2X7 transmissão de, 57, 230 Imageologia, 287, 28 7 Implosão. 304-305, 30 5 Impostos, fósforos e, 22 Imprensa, 57-58, 57
a cores, 18 fotografias nos. 17-18, 17, 58 transmissão de 230 Jornalistas, 57-58, 58 Judson, Whitcomb, 20 Júlio César, 50 Júlio II, papa Jumbos, 32. 3 2, 33. 35. 36, 147 refeições a bordo de, 37 38 voos dos. 262-264, 2 63 Júpiter, 172, 173, 179. 185 Justiniano I. imperador, 114
K
359361
Impressões
Ka, 319 Kanellopoulos, Kanellos. 149-150, 149 Kao, Charles. 228 Kasparov, Gaiy, 428
de luvas, 92 digitais, 92-93, 92-93 Imunologia, 294, 297 Incas, 336 337 Incêndios em filmes, 414 investigando as causas de. 89 90, 89 nas florestas. 49-50, 49 Incineração de detritos. 48 Inércia montanha-russa, 405 sistemas de naveg.tçáo por. 259 Infravermelhos alarmes e, 2o4 câmaras de, L r>7 feixes de, 217, 220
Kato. Dr. Ichiro, 247 Keck, telescópio, 182 Keel, John A.. 400 401 Keelv, Jack, 415 Kelso, Dr. Kip, 140 Kepler. Johanncs, 179 KH II, satélite-espião, 175 Khufu, faraó, 319, 322 Kibblewhite, Edward, 182 Killanin, Lord, 64 Kinatoscópio, 225. 22 5 King"s Cross. incêndio em. 89, 90 Kober. Alice, 309 Koh-i-Nor, 142 KoM, 367 Kola, península de, 207, 210 Kremer, Henry, 149 Kroger. Peler e Helen. 80
na descoberta de pinturas antigas, 91 Insecticidas, 253-254 41 tnside Dwding, Inteligência, 281-282. 281 INTELSAT, 212 Iões. 12, 13 Iogurte. 382 Irvin. John, 67 Isabel a Católica, 358 Itaipu, barragem, 309, 310. 310, 311 Ivan, o Terrível, 327
Kubrik, Stanley, 67, 68. 408, 411
J Jackbloçtt. sistema. 302 Jacquard, Joseph. 115 padrões. 115 teares, 115. 116 tecidos. 116 Jacto, aviões a, 151-153, 152, 264-265 .lardin, Karel du, 91 Javacheft. ChristO, 418-419, 418, 41 9 lefferson, Thomas, 362, 363, 364 Jeffreys, Alec. 94 Jetfoit. 273. 27 3 João II, D., rei. 357 358 Johnson, Cornelius, 28 4
Johnson, Samuel, 58
Jorge V. rei, 145 Jornais. 57 58, 57-58
442
Kujau, Konrad Paul. 97
L Lã, 110, 111,1 11 Lacy, Roger de, 355
Ladrões, 254 255 La Marca, Angelo John, 90, 96 Lâminas de barbear, 29 Lâmpadas invenção das. 224 produção das, 10-12, II, 12 Landsal. satélite. 174-175, 174 Lapidação, 142-145. 143 Lápis, 13, 13 Lápis lazúli. 367 La Rance, Estação de. 123
Larsen, Bent, 428 Larson, John A., 87
ljscagem, 328 Lascaux, grutas de, 347-348.
Leite, 381 384 Leith. Emmet. 229 Lentes ângulo de abertura das, 23 6 de contado, 277, 278 de máquinas fotográficas, 233 237. 233, 236 de óculos, 277, 278 de telescópio, 182 Lerner, Alan I, 69 Leroux, Gaston. 69 Leverrier, Urbain, 185 Levey, Dr. Archibald, 87 Levitação. 399 l.exicógrafos, 58-59 Libby, Wiltard F., 341 Liberdade, Estátua da, 359-361.
348
Laser cartões e, 243 cirurgia e, 292. 29 2 compact (lises e. 226-227, 2 2 6 comunicações e, 212-213 hologramas e, 229 leitura do código de barras e. 243 para detectar sismos. 20 6 Lassen. Christian, 369 Laussedat, Aimê, 54 Lawter, Dr. Rfchard H . 291 Lee. Christopher. 415
Uebniz, (iottfried, 242 Lilienthal. Otto. 267. 26 7 Lillehei. Dr. Walter. 294 Limitador do excesso de velocidade, 21 Lincoln. Abraham. 362, 363, 36 4 Lindbergh, Charles. 372 Linde. Karl von. 25 Lindow. homem de. 326-327, 32 6 Linear A e Linear B, 367 Linhas de montagem, 41 43. 42 Linho. 110 LiofilizaçãO, 379 Lítio. 148. 198, 257 -Little Boy". bomba, 158 Livros, papel envelhecido e, 108, 108 Lixeiras, 49 Lixo energia extraída do, 118-119 reciclagem do, 119-120
Loadfínes — V. Marcas do bordo livre Locomotion. 260-261 Locomotivas a vapor. 260-261 Lodge, Bernard, 420 Logaritmos, 242 Logística. 60 Lombroso, Cesare, 87 Londres, arqueologia em, 34 1 Long, Dr. Crawford. 292 Longa metragem, filmes de - V. filme Longmuir, Irving, 146 Looping, 40 5 Lord Liverpool. 38 Los Angeles. Jogos Olímpicos ile, 65, 66 l.otscherg, túnel de, 316 Love. Prof. Charles, 330 Lovelace, Lady Ada. 242 Lowell. Percival. 180 Lowndes, George S.. 389 Lua. 168, 179 Lundstrom. John. 23 Lutas, filmagem de. 415 Lutze, Renate e Lothar,80 . 80 Luz anúncios luminosos e, 10-11 datação por emissão de, 342 343 eléctrica. 224 fibras ópticas e raios cie. 228
lâmpadas e, 11. 224 ondas, 217 ultravioleta. 10 velocidade da. 177, 179, 215 medição de, 201 Lykken, Dr. David Thoreson, 87
M Macarrão. 375 MacCready, Paul, 149 MacKintosh, Cameron, 89 Madean, Donald, 79, 79 Madeira, polpa de, 107 Magalhães. Pernão de. 25 7 Magia apanhador de balas. 398
corda indiana, 400 401
evasão, 402 403 leitura do pensamento, 401 levitação, 399
serrar uma mulher ao meio. 396 tirar um coelho do chapéu, 396-397 truques de cartas, 404 Magnetómetro, 343 Magnus, Meinrich Gustav, 131 Maionese. 385 Malvinas. Guerra das. 77, 155 Mamute, 193. 194 Mancham. James, 67 Manganela, 3 54 Manteiga, 382, 38 2 Manlelí, Mary Anti. 194 Mapas fotografias aéreas na elaboração de. 54-55, 55 por satélites, 174 Máquinas
Dante, 414 de análise 298 de costura. 255 de liar, 110 de lavar, 27 Marde moedas, 18-19, 18 dessalinização da água do, 117-118. 118 navegadores primitivos e. 356 pressão do, 259 surfistas e, 136. 43 7 tempestades em filmes. 4I2. 413 tesouros no fundo do. 138 140, 138 Marcadores, 15 Marcas de água, 106 Marcas do bordo livre, 256, 25 6 Marco António. 109 Marconi. Guglielmo, 215 Marco Polo, 357 Mares. 123 moinhos de, 123 Mariner. sonda espacial, 173 Marftet rnakers, 39, 40 Marle, 170, 173, 179. 185 Martens, Adolph, 254 Martensite, 254 Mary Rose. 138, 139. 139 Mazza, Giuseppe, 161 McCambridge, Vince, 428 McDonald, llugh C, 95 McDonnell Douglas. 148 VlcNamara, Frank. 243 MCPA, 253 MCP13, 253 Medicamentos, 191 Medula óssea, transplante de. 94 Meio-tom. 17. 18 Meister, Joseph. 387. 38 7 Meitner, Lise, 198 Memoria, 282, 28 3
ÍNDICt Meng Tiiin, general, 333 334 Men-kau-Re, faraó, 322
Mensagens secretas. 78-79, 78 tintas invisíveis para. Hl transmissão de, 228-229, 228 Mercado de títulos, 38-41 Mercúrio. 10
Mercúrio (planeta). 173, 179, 185
Mergulhadores, escafandro autónomo e, 140-141.141 Mesmer, Franz, 283 Mesossauro, 207 Messier, 13, 186 Mestra), Metais deorges de, 19 com memória, 254 obtenção de, 102-103,102, 103
soldagem debaixo de água,
314-316,314, 315 Metalização no vácuo, 92 Metano no gás natural, 21 produzido a partir de detritos. 119 Meteorologia, 44-46 Mkhebon, Albert, 201 Microcápsulas, 16-17,17 Microchip, li) Microcirurgia, 289
Microencapsulaçáo, 16, 17 Microfones, 215, 224
como dispositivos de escuta,
80 Microfragrânoa, 16-17 Microondas, alarmes e, 255 comunicação por 212
cozinhar 25, 37 com forno de, 24-25. Microscópio, 200-201, 201 electrónico, 245, 245 escrita. 200 fotografia ao.129, 130 microcirurgia e, 289,289 Miescher, Friedrich,189 Miguel Ângelo, 162,162 Miles, Tony, 128 Milho, álcool à base de, 108 Millet. JeanFrançob,90 Minagem, 354, 355 Minerais, detecção de. 146 Minérios. 102-103 Ming, muralha, 334-335 Minie. Claude Etienne, 157 Miopia, 278,279 Mira de visão nocturna, 157,157 Mirage, sistema. 424 Mísseis, 74
antimtsseis, 155, 155
arar, I5f> de cmzeiro. 156, 157
defesa contra, 154 155
guiados, 156-157 que perseguem o calor, 153
Mitchell. C. ('.. 151 Mod, 328 331. 32 8 Modelos em filmes, 109-112
Moedas, máquinas de, 18-19,18 Mohorovicic, Andrija. 210 descontinuidade de, 206, 210 M-HT. 184 Montanha medição de altura de, 138 socorristas de, 71-72,271 Montanha-russa, 405, 405
Monte Palomar, telescópio do, 181-182. 184 Montreal, Jogos Olímpicos de,65, 66 Moog, Robert, 227 Moon, Dr. William, 280 Moremo. Roland, 243 Morgan. J. Pierpont, 224 Morris, Chris, 83 84,83 Morse, alfabeto, 78, 186, 215. 231 Morton, William, 292 Moscovo, Jogos Olímpicos de, 66 Mosquetes, 157 Motor
a jacto. 148, 264-265 transmissão. 218 249,248, 249 Mueller, ErwinWilliam, Wilhelm,329-330 200 Mulloy, Prof. Múmias. 193, 324-325,324, 325 Munique, Jogos Olímpicos de, 64 Munters, Cari, 25 Murpliy. Anu, 35,35, 36, 37 Musgrave. Dr. Jonathan. 32(5 Música, 68 compacta, 226, 226 electrónica, 227. 227
N Nagasaki, 138. 159, 160. 176 Napier, John, 242 Natureza, captação da — em filmes, 129 130,129 Naufrágios, 138-140 Naulilus, 257 Navegação
O Obturadores. 233. 233, 231. 234 Óculos. 277, 278 Odorizonte, 21 Oftalmologistas, 277.277 Oftalmoscópio, 277 Oldham. R D.. 210 Óleos essenciais naturais, 108-109 Olhos, 277-279.278, 279, 367 Olímpicos, Jogos cronometragem dos, 429-130 organização dos. 64 66 Ondas de choque, 20-1,205 de luz. 217 electromagnéticas. 287 sísmicas, 210 surfistas e, 436,437 ultra sísmicas. 255 Ornitóptero, 267 Ortodôncia,metal usado em, 254 Oscilador, 227 Osmose inversa, 118 Osprey, avião. 148 Ossos, reconstrução de. 194 195 Otis, Elisha Craves, 20 Oughtred. William, 242 (hiro
impressões digitais e, 92 obtenção de, 102-103, 103 reciclagem de, 120 Ovni. 85, 85 Ovos. força dos, 11 Ozono, camada de, 252
aérea. 372
antiga, 355 356 debaixo de água. 259 em, Naves espaciais, refeições 169-170 Navios camuflagem de, 76 77. 76 defesa contra mísseis e torpedos, 154-155 flutuação de. 256,256 hydrofoits, 272 273 maiores, 256 radar e, 1-54 transatlânticos, organização de, 62 64 Navstar, sinais de, 138 Nazca, linhas de, 347 Neandertal. homem de, 194 Neave, Richard, 326-327 Neferthe, 164 Nelson. George. 171 Néon - V.Anúncios luminoso.'; Neptuno, 172, 185, 186 Nero. imperador. 367 Neurónios, 196 Neutrões, estrelas de, 184 Nevoeiro. 406 Newton, Isaac, 167. 170. 182 Niaux, gruta de, 347 Nickerson, William, 29 Nighlsight — V. Mira de visão nocturna Nipkow, Paul, 211» Nítrico, ácido, 127 Números,
hinários, 215, 220, 226, 239, 239, 241, 243 transmissão de voz por. 215 Nurek, Barragem de, 308 Nylon, 114
P
Paabo, Svante, 193 Pacemaker. 293 291 293 P.iinler.William, 29
Palavras cruzadas, 427 fanuvia Tornado, 147, 148 Panelas, calcário nas, 26 de pressão. 26
Paxigeia,207 Pantabangan, Barragem, 309 Pão, 346, 346 Papel de jornal. 107
fabrico do, 106 108 perfume no. 16-17
químico para mensagens secretas. 81 reciclagem, 120 lissue, 107 Papin. Denis. 26 Paradoxo dos gémeos, 177 Paralaxe, método de. 179,179, 180 Pára-quedistas, 435 Parkin, Molly,295 Pariy, Wilson.366 Pascal, Blaise, 242 Páscoa, ilha da, 328-331,331, 3.55 Pasta de dentes. 28-29,28 Pasteur. Louis. 381, 385 387 Paternidade, disputas de, 94 PCP. 253 Peacekeeper, míssil. 158 Pechblenda, 291 Pedra, blocos de em Stoneheiíge 339 340
incas 336-337 na Cirande Muralha da China. 334
nas pirâmides. 319 322 Pedra. Idade da armas de, 327-328
cirurgia na. 366. 366 ferramentas de. 327 328 pão e cerveja na. 341, 34 6 pintura na, 347 348. 347, 348 Película
aderente, 23 fotográfica. 232 237,233 Pemberton, Dr. John S., 389 Penicilina, 191, 288-289 Penkovsky, oieg, 80 Pentecostes, ilha, 434 Pentimento, 91 Pentotal de sódio, Hl Peras, 374, 375 Pereira. Nuno Alvares. 123 Perfumes, 108 109 no papel, 16-17 Perfuração V,Petróleo Pergaminho, 106. 108 Periscópio. 130 Peritoneu, 298 Pcrrcii. Beat, 71 Perugino, 162 Peruzziot, Vincenti, 142 Peste Negra - V.Bubóniea, peste Pesticidas, 253 254 PFT, 287. 287 Petróleo carvão e, 108 descoberta de - por fotografias por satélite. 174 175 extracção de. 132-134 fogos em poços de, 135-137. 137 limpeza de um derrame de, 134-135.134 plástico Pez. 107 e, 131 132.131 pi 1. medição de, 127 Fhantom. avião a jacto, 151 Philby, Kim, 79 Photo-fh - V. Identificação íuciui Pilhas, 12.12 força electromotriz de. 12 PIN, 242 Pinturas antigas sob novas. 90-91,91 malte, lio411, 410 rupestres, 146, 347 348,347, 348 Pinzón, Martin Alonso, 358 Pkmeers, 172 Piper Alpha, incêndio de, 136-137. 137 Pirâmides. 319-323,320, 321 Pirimicarb, 253254 Pilágoras. 367 Pilchess, Pc-tcr, 95 Píteas, 356 1'ixels, 86. 421 Piz Baclile, 71 Planadores. 74, 149.267 Planetas descoberta de, 185 186 distância dos. 172, 179 Plantas clones de, 188 criação de. 190 fotografia espacial de. 171 gasolina de. 108 óleos essenciais de, 108-109 -proveta, 188
Plástico
biodegradável, 130
443
ÍNDICE lentes de contado de, 278 película aderente e. 23 reciclagem de. 119-120 Plataformas continentais, 21)7 Platen. Baker von, 25 Phintett, Dr. Roy. 24 Plutão, 173. 185. 186 Plutónio. 172 em bombas nucleares, 158 151)
energia extraída do, 121 Pneumógraib, 87 Pneus, 251 Pólen, 343, 343 Poliéster, 114 Polietileno. 23. Ml Polígrafo. 87. 96
Polimerização, 114, 131-132
Polímeros, 131, 132 Polinésios, 328-331, 355-356 Polónio, 291 Poluição chuva ácida e, 12(5-127 detritos sólidos e, 48 reciclagem de detritos e, 119-120 Pólvora, 157, 352, 355 Pontes betão pré-tensado na construção de. 303 cabos de. 306 308. 307, 308 resistência ao vento, 311-312,311 Pont-Neuf. 418- 419, 419 Pontos fotogramétricos, 55 forcei, D. Isabel de,91 Porta aviões. 150. 155,256 Portas lógicas, 241-242,241 Portugueses, 355-358 Past-H, if>. 16 Potássio 40, datação por, 210 Pounstone, Williain, 389 Powers, Gary, 74 1'rag, Dr. John, 326
Quintas eólicas, 124 Quociente de inteligência, 281-282
R Radar, 154,2 16
anulação do sistema, 153 invisibilidade ao, 74-75 no controle do tráfego aéreo, 34 35 . 34 para detectai o inimigo, 151 para medir distâncias, 179 Radiação. 290-291,291, 378 Radio. 44, 215-217 comunicações, 186 éstereofonia em, 223 ondas. 175, 179, 212, 215 para controle remoto. 220
para satélite, 259 para televisão. 218 Radioactividade, 305 armazenagem de resíduos nucleares e, 122-123.123 fogos nucleares e, 160 161 Radiocarbonn, datação por, 341-343. 342, 343 Radio Corporation of America (RCA). 227 Radiotelescópio, 169, 183. 209 Radium, 290-291 Raio, sobrevivência ao, 298 Rak» X, 216.217, 287 na descoberta de pinturas antigas. 90-91,91 no espaço, 184 no tratamento de múmias, 324, 324
Praia, 146 Pressão120, atmosférica, 41 Prince, Hal. 69 Profundidade, medição de, 356 Projecção de Mercator, 55 em mapas, 55 Propulsão, 264 Prospecção, I33134, 133 sísmica, 133-134,133 Protões, 198 Protótipos. 147 Protzen, Jean-Pierre, 336-337 Próxima Centauri, 179 Psicologia desportiva, 284 285 PTFE, 23 24,23, 24, 29, 132 Ptolomeu, 356, 357, 368 Pulgões, 253 Pulsares, 186 PVC V,Cloreto tlc poUninilo Pyrex, 181
verificação nos aeroportos, 36, 36 Raiva, 386-387 Ramos. Beatrice e Vladimir, 289 Randi, James, 86 Rano Raraku, vulcão. 328 330.329 Rapier, míssil, 156 Rau, Runhold, 193 Rawlinson, Henry Creswicke, 369 Rayleigh, l.ord. 431 Reactores nucleares, 160, 257 Recordes. 283-286 Redes neurais, 196 Redisposiçáo, 86 Reed. Candice, 276 Regnault, Henri Victor, 201 Régua de cálculo, 242 Relâmpagos artificiais, 406 Relatividade, teoria da, 176-177, 183 Relógios atómicos, 244 245, 245 de césio, 244 de quartzo. 244, 244 digitais, 254 microchips de, 238
Q
Remaiting, Rembrandt.5790-91 Rendell, Keimeth. 97 Resíduos nucleares. 122-123,123, 305 Resina, 15. 17. 107, 428, 428 Restauro de obras de arte, 161 164 Retina, 277. 278
Qin Shi Huang, príncipe. 333-336. 335 Quartzo. 103, 104 relógios de, 244, 244 Quasares, 209 Quedas, fingindo, 416 Queen Elizabeth II. 62-64, 63 Queijo. 382-384 azul. 383 Quéops. Faraó — V.Khufu, faraó Quiuolainas. 288
444
Retrato-robô, 95
Revestimento interior não aderente, 23-24. 23, 24 Rhodes, Colosso de. 360 Ricardo, Coração de Leão, 355
Rice, Tim, 70
Rkhardson, Cliff e John, 412, 414. 414 Richter, escala de,205 Ridlev. Jack, 202 Rins artificiais, 298 transplante de, 294 Rios, 308-311 Robinson, Dar, 68, 416 Robinson, Frank M., 389 Robinson, William Kllsworth. 398 Robôs, 246-247 na montagem de automóveis, 42-43, 43 Rocard. Yvcs, 146 Rocha como fonte de energia, 125 datação das 342-343 do monte Ruslimore, 362 364 Rolantt, míssil, 156 Roleta. 427 Roma, Jogos Olímpicos de, 65 Romanos abastecimento de água pelos, 365 366, 365 antigos. 367 Jogos. 350-352. 350, 351 Romans, Bernard. 140 Rõntgen, Wilhelm. 287 Roosevelt, Franklin D.. 176 Roosevelt, Theodore, 362.363 Roquefort, (|iieijo. 383.383 Rosa-dos-ventos, 356 Rosas, essência de, 109 Roseta. Pedra de, 368-369369 Rosing, Boris, 219 Rota da Seda, 114 Rothschild, Nathan, 38 ROV 128, 141 Rowley, Philip, 426 Rugas, 295 monte. 362-364,363, Rnsliniore. 364 Rutan, Dfck, 149
Rutherford, Ernest, 198. 198, 199 Ryder, Dr. Oliver, 193 Ryrie, Kim, 227
S Sabão, bolas de. 27, 27 Sabores artificiais. 380 Sacsahuaman, Fortaleza de,337
Scanners, 18, 81, 287-288 Schaefer, Vincent. 146 Schaffner, Franklin, 68 Scramblers de voz. 77 78 Sears Tower, 20.20, 312 Secas, predição de, 174-175 Sede, 112-114,113
Segunda-FeJra Negra, 38, 38, 40 Segurança, 34. 35
Scjiiowski, Dr Terrence, 196 Selbit, P. T, 396 Selfridge, Tliomas C, 99 .Semáforos. 50 51,52 Semple, Lorenzo, 66 Seul, Jogos Olímpicos de, 64 65, 64 65, 429 Shanghai Bank de Hong Kong, 300-301, 301, 312 Shunyu Yen, 115 Sidewinder, míssil, 153 Sikorsky. Igor, 271.271 Sílex, 328 Sílica, 104 Silício. 238 239,238, 255 controle remoto e, 230 em calculadoras, 241 Simmons, Bob, 415 Simpson, Granam, 50 Sincotrão. 199 Singer. Isaac Merrill, 255 Sintetizador. 197, 227, 227 Sirius. 180 Sismos. 210 detecção de. 206 srcem dos. 209 previsão dos, 204 205 Sistema de controle folocléctrico, 11 Sistina, Capela, 162.162, 164 SistO IV. p.ipa, 162 Sjoberg, Patnk,284 Skylab, 171 Smokejumprrs - V Bombeiros pára-Quedistos
Snellcn, Dr. Hermann, 277 Sobreimpressáo, 408 Soda, 104 Sol, 11 distância do, 179 energia captada do, 127-128 peso do, 184 Solar Max, 171 Soldadura, 314 316 Som estereofónico, 223-224
Sakara, pirâmide de, 319 Salvarscn, 191 Sangue, no cinema, 413,413 Santo André, falha de, 204, 204-205 Santos-Dumond, Alberto, 84 Santo Sudário, 342 Saquinhos de chá, 21,21
medição da velocidade do. 201 ondas de, 215 conversão de, 226 passagem da barreira do. 202-203 transporte do - |X)r raios de luz, 228-229. 228 Sonar, 140. 154 detecção por, 75. 155 Sondas espaciais, 168, 172-173. 172, 173
Satélites, Sarja. 112 de comunicação. 170-171 212213 de televisão, 219 -espiões, 175 fotografias por, 174-175, 174 geoestacionários, 170, 171 meteorológicos, 44, 45 ÓrbHa de - em torno da Terra, 170-171 para a navegação. 259 Saturno. 172, 179. 185
Soutiens, Soo, Chung arame Ling, em,398, 254 398 Sooereig/t oí lhe Seos, 256 Speculum, 182 SPOT, satélite, 174, 175 Sputnik I. 170 Stanford Binei, testes, 281-282 Stangier. Siegfried, 71 Steulth, bombardeiros, 74-75,74 Slephenson, George, 260-261,260 Steptoe, Dr. Patrkk, 276 Stilgoe, Richard, 69 Si. Louis, Arco de, 30
Saitori,40
INDICK St. Mdlo, central eléctrica, 123 Stockhauscn. Karlheinz, 227 Stonehenge. 338-340, 339, 340 Storero. Vittorio, 68 Stratton, Alfred e Albert, 93 Strong, Herbert. 142 Submarinos, 15, 257-258, 258 caça-submarinos, 155 detecção de, 155 nucleares, 257,258 navegação de, 259 Submersível, Hl Subotnik, Morlon, 227 Sullivan. Roy. 298 Sumérios, 346 Sundback, Gideon, 2(1
Terra cálculo da idade da. 209-210 centro da, 210 densidade da. 210 medição da. 3(37 órbita em torno da, 170-171
Supercolas, 15,16 Super-llomem, 408. 408, 412 Supermercados, 242 Surfistas, 436, 437 Suria, Charles, 22 Sydnéy, Ópera de, 303,303 Systran, tradutor, 190
Tilburg, Ur.- lo Anne Van, 329-330 Tinta invisível para mensagens, 81.8 1 na Idade da Pedra. 347-348,347 Tiro, Marino de. 356 Tissue, 107 Tkank. 140.219, 154 exploração do, 138-139 Tilo, imperador, 351 Títulos, 40-41 Tombaugh, Clyde. 186 Tomografia, 287, 28 7 Tonómetro, 277 Topografia, 138. 138 Tóquio, Jogos Olímpicos de, 65. 66 Torpedos, defesa contra. 154-155 Torre móvel, 354, 355 Torncelli. Evangelista, 44 "Toupeiras", 79-80
T TAC, 287 TACAN, 150 Tacoma Narrows, ponte de, 311, 311 Tanques, mísseis contra, 156 Tapeçarias, HS "Tartaruga", máquina de guerra, 353, 355 Taxidermistas, 193 Teatro comédias musicais, 68-71 efeitos especiais no, 406 Tecelagem, 110-112 Tecido, 110-112 com padrões, 115 116, 115 corte do, 116 117,1 17 Tefton. 23-24 Teia, 111, 115 Tela azul, 410 411, 411 Telarmónio. 227 Telecom a ridos, 220
Telefone, 212-215, 230
cabos de fibras ópticas e. 228 reparação de cabos submarinos de, 141 s&ambters de voz no, 77-78 transmissores de, 224-225 Telefotos, 230 Telégrafo, 44, 78 cabo transatlântico, 141 Telescópios, 179, 180-182
espelhos, 180-182 Televisão
animais na, 425-426, 425 anúncios na, 425-426 concursos de, 426-427 controle remoto, 220 efeitos gráficos em. 420-424 Jogos Olímpicos e. 66 por cabo, 219
vídeo e, 220, 220 Telex, 228
Tempestades no mar em filmes, 412 Ténis, 430, 431.431 Tensão superficial. 21 Tensímetro, 206 TRRCOM. 157 Terman, Lew, 281 Termolumiriescéncia, 342 343
perfuração da crusta da, 206-207
Terrace, Herbert, 192-193 Terramoto - V, Sismos Terrorismo bombas, 100 nos aeroportos, 35-37 Theremin. Leon, 227 Thimmonier. Barthélémy. 255 Thomas, John, 284 Thomson, Joseph John, 199
Trabuquete, 354
Tradução por computador, 196 Tráfego controladores de aéreo, 32-35, 100 controle do V. Trânsito Traficantes. 98-99 Trajano. imperador, 365. 365 Trama, 111-112 Transatlântico, 62 64. 63 Transdutores, 255 Transístor, 215 Trânsito, acidentes de, 52-54 controle do, 50-52 engarrafamentos de, 51-52, 51 semáforos de, 50 51 Transparência, 407 malte, 410 411, 411 Transplante de órgãos, 294 295 Trauelling marte, 406, 410-411 Travões. antibloqueio. 250. 250 Trepanação, 366, 366 Trílio. 159 Tríodo, 215 Triton, 258 Ts'an l.un, 106 Tubagens hidráulicas. 254 Tuberculose, 381 Tucker, Ruth, 294 Tufões, 44, 312
Túnel aerodinâmico, ensaios num. 147 construção de — subaquático, 316 encontro ao centro, 316 Tungsténio, 14 filamentos de, 11, II Tuogiangossauri), 195 Turbinas, 125 Darreius, 124, 125
Tutankhamon, 111 Tivecd, 115
u
UA V. Unidade astronómica Uhuru. satélite. 184 Unidade astronómica, 179 Universo, limites do, 180, 183 medição do, 178-180 morte do, 183 nascimento do, 183 Upatnieks, Júris, 229 Urânio, 123 Cisão do átomo do, 198 electricidade a partir do, 121-122, 122 em bombas nucleares, 158 159 Urano. 168. 172, 173. 185, 186
V
pneus, 251
travões antibloqueio em, 250 Velas, 161 Velem, 19 Velino. 108 Veludo, 112 Vcnablc, James. 292 Venable. Willis E., 389 Veneno, 367 Vento, 44, 45 energia produzida pelo. 124-125, 124 resistência ao, 311-312 velejar contra O, 161 Ventriloquismo, 401 Ventris, Michael, 369 Vénus, 179. 185 Verlaine, Paul, 78 Vermelhinha, 404, 404 Vestuário, 114
feito por medida, 116-117 medidas para, 116 Vii ilsara. Qhandenta, 282 Vídeo, 219. 220.220, 230, 420 Vidraças, 105 Vidro à prova de bala,104
coroa, 105, 105
de ir ao forno, 104 105 de lâmpadas, 10-12
fabrico de, 104 105.
por flutuação, 104
10 4
reciclagem do. 120 Vmci, Leonardo da, 161. 164,1 64,
267, 271. 278
Voyager,
nave
navegação, 168
visita a planetas, 172, 173 Voz scramblers de, 77 78 ventriloquismo e, 401
w
Vucetich. João, 93
Waay, Larry de, 67
Vacas, clones de.188 Vaivém espacial, 167, 169 Van K.ckHou.se, 304 305, 305 Vapor catapultas a, 151 máquinas a, 260-261 Variáveis eefeides, 180 Vasos sanguíneos, microcirurgia e, 289 Vedores, 146 Vega, 169 Vega, Garcilaso de La, 336 Veículos a energia solar,127 cintos de segurança nos. 248-249 montagem de. 42-43
pyrex, 181
Virgem, constelação da, 184 Visão correcção da, 277 278 defeitos da, 278, 279 Vitória, rainha. 142 Vitrais. 106. 106 VogeJ, Peter. 227 Volta. Allessandro, 12 Voltímetros, 12 Voyager. avião, 148, 149
Wagner, Kip. 140 Waiker, John. 22 Walker, John, espiáo, 79, 79
Wallerstein, George, 138
VValton. Emest, 198 Washington, George, 362, 363. 363, 364 vVashkansky, Louis, 296-297. 296, 297 vVaugh, Andrew, 138 Webber. Andrew, Lloyd, 68, 69, 70 Wegener, Allerd, 207 Weinberger. Mrs. Heatrice, 95-96 Wellington, duque de, 261 Wells, Charles de Ville, 427 Westminster, Abadia de. 84, 84 Willard, Bumps, 417 William Herscliel, telescópio, 181 Wilson, CTR, 199
câmara de, 199
Windscale, reactor de, 160-161, 305 Wray, l'av, 107 Wright. Klsie, 86 Wright, Orville e Willwr, 99, 267, 267. 370
XYZ Xadrez, 427 428 Xi Lingshi. 112 Yeager, Chudt, 202-203,202 Yeager, .leana. 149 Veomans, Donakl, 185 Zworykín, Vladimir. 219
Agradecimentos Os editores agradecem ás pessoas e entidades a seguir referidas pelo auxílio prestado na compilarão e verificação das informações contidas nesta obra. Access, Canil Andrews, Audi Volkswagen, Austin Rover, Automatic Verxttng Assoriation ol Britain. Tony Bacon, Bank ofEngland, Berol l.tri, Bic Bbo Ltd,
Library. CD Science Photo Library NASA 25 Quesada/Burke, New York, 1'inel Kos lai. 26 CD Oxford Snenlific FilinsT. Mitldleton. BD Science Photo LibraryUr Jeremy Burgess, 27 Precishn Wustrathn, CM Rruce ColemauKim Taylor, ME MD Science Photo Library, Hl) Science Photo Library/Dr Jeremy Burgess. 28 CD RjchardsonBMT Kiiiid Mechanks Ltd, The Boots ("nmpany pie, Bosdk Lld. Ur Brian Bowers,•Vfcks Ltd, BE Martin Cameron. BD Mkk Gillah. 29 M, MD Gilette UK Ltd. BD, BE Nicholas Brandi, Professor Krith Branigan, Dr Warwick Bray, British Aerosol ManuScience Photo Library/Dr Jeremy Burgess 30 Picturepoint Ltd. 31 C Frank Spooner facturers Associalion, British Aerospace, Britisti Airports Authority, British Airways, E. Sander/liaison/GAMMA, BE Frank Srjooner/Tar cy/PeninVGAMMA, BD John Ilillel son/Georg Gerster. 32, 33 Thelmage B.uik 34 Enrico Ferorelli 35 C Roberl Ral he; British Computer Society. British tias. British Nuclear Fuels. Britisli Parachule Asso Fuliii Inc, BM, BD The Press Assadation lXd.BE Rex Features Lld. 36 British Telecom < i.ilion. British Petroleum. British Plastics Pederatkm, British Ski Federalioii, British Overseas Uivision. 37 British Airways 38 Poppi-rfotoHeuler. 39 CE Art Dírectors Sub-Aqua Club, British Telecom, P. R. B, Brooks, Sarai i Brown. Bryaiit and May, Mrs Photo Library, CM Frank Spooner- Moriuioto, BD The Photo Souice/G. Freston. 40 CE Hilda Butler. Cabte and Wireiess (Marine) Lld, Canada Post, Canon UK Ltd, ciothing and Allied Products [ndustry Training Board, Bill Cariton, John Cárter. Central Eledrieity Generating Board, Chrístopher ChippindaJe, Civil Aviadon Authority, Henry Clot her. Dr Noel Coley, Mrs I I I Col ins, Com ité International Olympiq ue, L>r Jill Cook, Courtauld Institute of Art, Susan Cowies, Ur James Cox, Cunard Une Lld. Ur Rosale David, Dr John Davies. Department tf Transport, UHL International (HK) Ltd. D. 5. Colour International. Du Pont (UK) Ltd, DuraceD. Fiai HK Ltd, Dr David Fishcr, Fisons I lortkrulture. John Flewítt G E Siiperabravises, El ida Gibbs, Vai Gilbert, Gbs gow Art Gallery & Museum. Goodyear (GB) Ltd, Stan Greenberg. Peter Harrison, Andrew Healey, HM Customs and Extise, Bruce Hogg. Hong Knng llilton. HovercraR Cônsultants l.td. Tom Hutchinson. ICI (iarden Products, Institute ofFood Science & Techno logy (UK).Institute of Physics. International Stock Exchange. Laura Jacobus, JCA Marketing Services l.td. Dr Peter Jonas, Martin Jones. Nigcl Kent Lemon. Gillian Kcrmode. Micbael Langford, La Poste, Lever Brothers Ltd. D; ArchJbaU Levey, David Levy, Liou Laboratories l.td, l.loyds Register ofShipping, Loctíte UK, London Waste RegulaUon Authority, Lutou & Dunstable Hospital Intensive Therapy linit. Dl John McCann, Alan McKenzie, Gordon MacKerron, Murdoch MacLennan, Marconi Radar Systems Ltd, Meteorological Office, Brian Miller. Ministry of Defence, A. Monnickendam Ltd, Mountam ReSCue Conimittee. Moiiul Kuslunore National Memorial, The Moving Picture Company, .lane Murray. Andrew Nnhum, National Association of Waste Disposal Conlractors, National Maritime Museum, NCR. Omega Electronics Ltd, Optilon l.td, Otis Elevator pie:. Pan Britannica Industries Ltd. Fred Pearce, Nicholas Phillips, PUkington pie, Dr John Pimlott, Jane Portal. Premier Brands UK Ltd. Fay Presto, Magidan íWho Does Not lise Animais In Her Act), Harry Puckering, Racal (iuardal l. The Really llsefu l Compan y Ltd, Francis Re id, Ur Erank Rosi llo-Calle, I W, Rowlands, RAF Museum, Royal Society For The Prcvention of Accidents, Royce Thompson Electric Ltd, John Russell. Sasol Ltd, Sclectus Ltd. Skkknore, Owings and Merrill. James Smith, Society of Motor Maniifacturers & Traders, Stainless Steel Advisory Centre, .Standard Telephones Cables pk, Simon Slokoe,BolPatrick Stone, John Stott, Tony Stnart and Jones Thaines Watcr Slephens. Aut hority ,EA Thoinas ton & Johnson l.td, 3M (UK) Ltd, Transport and Road Research Laboratory. Frank Unde rdow n. John A. Vau Auken, Ur Ju Anne Vau Tilb urg, Vauxhall Motors Bill vVaddefl, C. A. WaJkcr. Ur Helen Walhs OBE. Derek Ware. Warren Springs Laborato ries. Licutcnanl Couiinander D. VV. Waters, Western Riverside Waste Authority, Tom Westgate, West London Waste Authority. Charles Wighl, Wilkinson Sword Ltd, Ur Trevo» Williams, Dr L. H. Wise. John Wood, Wreckers (l*ty) Ltd. Obras consulta das: One Ule. de Christiaan Barnard (© 1970 Christiaan Uarnard: reimpresso com
autorizaçáo de Curtis Brown l.td, NY).77te Diacooery ofthe Tkonk, de Dr Robert Ballard (Peter Elek). The Shell Book of Firsts. de Patrick Robertson (Michael Joseph.Londonj. Passenger Ship, de Hatmah JaCObS (Hamish Hamilton. London). Yeoger, de Chucfc Yeager e Leo Janos (C 1985 Chuck Yeager; reim pres so com autorização de International Creative Management Inc, Mi). TV Game Shows, de Maxine Fabe CDoiphirt/Bantam US). A Tremor In lhe Blood. de David Thoreson Lykken (McGraw Hillj. Ris, SecretS, de William Poundstone (com autorização de Quill Books, da Willia m Morrovv & Co, Inc). Os artigos sobre Tira r um coelho do chapéu", "Levitação" e "Serrar uma mulher ao meio" foram adaptados de Tarhell Course in Magic, de Harry Lorayne (D. Robbins & Co. Inc.. 70 Washington Street, Bnxi kly n, NY 11201) Il us tr aç ões . A proveniência d as ilustrações em Maravilhas da Ciência é indicada a seguir. Os nomes em itálico referem se a ilustrações, cujo copyright pertence at> Rcadcrs Digest. C = em cima; M = ao meio; li = em baixo; E = à esquerda; D = â direita 4 ME Science Photo Library/Dr Jeremy Burgess, M Frank
Spooner/E. Sander/Liaison/GAMMA,MD Noel Chanan/Privale Collection. 5ME Science Photo Library/Dr Tony Brain & David Parker, M Science Photo Library/NASA.
MD Katia & Maurice Kraíft. C 6 D Science Library/Lowell Geórgia, M Science Photo Library Petit FonnafCSl. BD ZEFAA Wetzel. 7 CE Martin Manetta Energy Systems Inc,Science M The Photo ImageLibraryDr BankKobert Phillips, CF. Science PhotoPhoto Library/.lonalhan 9 M Jeremy Burgess, HF Science Library, HOWatts. Science Photo LibraryJohn Hestletme. 10 'F. CoiuriíicvMan (Tifton, HE ZEFA, Kl) I helmage BaukHarald Sund. II Mark Edwards. 12 Paud Kostat, Martin Cameron. 13 Kuo Kang Chen, CD Martin Cameron, MD Science Photo Library/Dr Tony Brain. 14 Science Photo Library/Dr Tony Brain, co m agradecimentos à Bcrol pelo sen apoio 15 C Martin Cameron. com agradecimentos a Berol pelo seu apoio. HM Ciba-Gcigy Pias lies 16 Makohn McGregor, MD Science Photo Library. 17 CE Science Photo Library. CD 3M , HM. BD Colorsport 18 Precision fíiustratíon, CD Reader's Digest. 19 CD Science Photo Library/Dr Anthony Burgess, CE Science Photo Library. 20 CE Martin Cameron, fí Susan Criggs/Di milri 1 lie-. 21 HM Science Photo LibraryR. E. I.ilchfield, BD Martin Cameron 22 CE. CM. BE Hackncy Archives DeparluieiiLamavelmente cedi do por Bryanl and May. 22,23 Maittn Cameron 24 CE Du Pont, CM Science Photo
446
Frank ME Rex Features l.td, BD Phillips Drew. 41 The 44 Associated 43 C FordSpooner. Motor Company, B amavelmente cedida &por Fiat Spa. TdegraphPress Colour Ubrary/Alhtar Hussein. 45 C Science Photo Library/Dan Farber.BO NOAA 46 Scien ce Photo l.ibrarv. Nigel Press Associates. 47 John Hillelsondeorg Gerster 48 CE Black Star, New YohVS Jun PickeriJI 1986, BM Frank Spooner. 49 CE, HD Caiiadair Inc 50 CE Photri, BM Jeffery ('utting, 51 CE The Mansdl Collection, CU Art Directo» Photo Library, BD ZEFA/Pho to Researchers. 52 C (toda s) C SNV, BE lerncanWeiss. 53 Susan Ciriggs.'lan Bradshaw. 55 Photography and Survey by (lyde Surveys Ltd, Maidenhead, 57 CD Network, BE Rex Features Ltd. 58 CE. CM Tetegrapri Colour Library. 80 C E Colorifkrficture Group/Jack McKigney, MD Photri,BM Military Arcliive & Research Service s/UxJcheed/Geo rgia Company. 82 , 63 Tony Stone Phot o Library, London. 63 Chris Eairclough. 64 ColorificPeterJatissoti/Lehtikuva 65 Colorsport,
67 The Ronald Grani Arcbive. amavelmente cedida poi Cokimbia Pictures Industries Inc 69 David Crossthwaita 70 CE, CD, BM Clive Barda, London 71 CD, flWJohn Cleare/Mountain Camera. 72 CE Frank Spooner/Figaro/GAMMA , HD John Geare Mountain Camera. 73 ME com autorização ria British Library. MD Noel Chanati Pnvate Collection, HD Rex Features Ltd 74, 75 Aviation WeekWilliam G. Hartens tein/Renphot. 75 Amavelmente cedida pela Lockheed Acronaulical Systems Com pany. 76 CD Imperial War Museum. MD Phot o Researchers Inc Sla n Wayman C 1072, RE Mililary Archive & Research Services. 77 CE, ME Brian K.WollL 78 The Huiton Picture Company. 79 (Walker) Wide World Photos. M Popperfoto, BD The Hukon Picture Company, 80 lllstein. 81 Com autorização da British Library, Add 8056.184. 82, 83 Chris Morris. 84 CD Chris Morris, BE The Hiillon Picture Company. 85 CM Mcrvin I lanis, CD Noel Chanan/Private Collection. BD Janet & Colin Bord. 86tí NdlHoèTteS, CE. CM Melvin Ilarris, 88 Wide World Photos. 89 CD, MD, BM Health & Safety F.xecntive,BD HarwtJI 90 , 91 The National GaJkry, London. 92, 93 Metropoli tau Police. 94 ("ellmark Diagnostics. 95 CM The New StienUst, London. BM Eleclronic Ltd.9896CE CE Federal ol Investigatinns 97 Rex BrilisliFeatures TelecomLtd. Ovei SeasGraphks Division. Color itic.PwBurcau ti ire Group Stev e Slarr, MD BD ImpacVAIain le Garsmeur. 99 Rex Features Lld,SIPA'( lande Vesl 100 CM Rambow llank Morgan. CD W(Kxlfin Camp/Sepp Seitc. 101 CD Science Photo Library Dr C.ar\ S. Settlesand Sleph en S. McIn ryre.fiCS dence Photo Lbiaiy/Dav id Parker, BD Science Photo Ubrary. 102 CF. Dorling Kindersley, BM ZEFA 102, 103 ZEFA 103 CM Dortlng Kindersley, CD, BD Johnson Matthey. IM. MD Frank Spooner/GAMMA/J. Sloan, BE, BM. BD Pilkmgton pk 104,105 Freàsion lllusiraiion. 105 CD. BE BD PUkington pfc 106 Sónia Halliday 107 C (fvtoyralius/ Martin Cameron.fmkrafotografias) Science Photo Library, BD Anu Ronan Picture Library, 108 CE The Bodleian Ubrary Arch. Bb.10 Folio 292v-293l voll. CM Martin Cameron 109 Bruce Coteman/Eric Crichtoa 110 CD Science Photo Library. 111 CM Science Photo UbfàtyXmkrofotografias)
British Textae Technology Group. 112 BE. BD ZEFA 112, 113 ZEFA. 113 CM British
Textile Technology Group. CD Science Photo Library. BE. BD ZEFA 114 /{/) Du Pont, (pormenor) Science Photo Library. 115 CM ICI Fibres. BD Martin Cameron. 116
Martin Cameron. 117 Lectra Systems Lld, 118 fiável Knstal/WeirWestgarúi Urf119
CM, CD. MD Aspect/Mike Wells, BE North London Waste Authority 120 AspeclGeoll Tompkinsom. 120, 121 Coiorlfic/John Moss. 121 CD Science Photo Librarv/CS De partment of Energy, BM ZEFA/H. Adam 122 Mkk Gillah. 123 CF. United Kingdom Alomic Energy Authority, CD Science Photo l.ibrary/US Lk-pt ol Energy. 124. CD Planei Earth Pictures/Ken Lucas, fl ZEFA 125 Ct" Central Electricity Generating Board CD Science Pho to Lib rary Sim on Fraser. 126 MD Science Photo l.ibrarv. Adam Harl -Uavis, BE NHPASilvestris, BD Science Photo Library; Andrew McCIenaghan, 127 CF VisuinWõllgang Steche CD Ford Motor Company of Austrália, BD Sandia National Laboratories. 128 CE ZEFA, CD Science Photo Library/Lowell Geórgia, HD NHPA Slephen Dalton. 129 E Science Photo LibraryMartiii Dolim, CD Oxford Scientific Fflms/Peter Parks, MD (e pormenor) NHPA/Stephen Dalton. 130 CE Oxford Scientific Firns/David Shale, CM Oxford Scientific Fims/Petet Parks. 131 Martin Cameron. com agradecimentos extensivos a: Lillywhiles (artigos de desporto), l.in Pac Plastics (capacete e cadeiras). Amber Plastics (caixa de guitarra). Hepworth Building Pro ducts (tubagens]. 132 ZEFA/B. Bmgel. 133 CD, M Susan Griggs/Anthony llovvarlli. BE Science Photo Library/Preci.sion VisualsTeleco DrflUng Tech Inc 134, 135 Susan GriggsMartin Rogers. 136 Popperfoto, 137 CD The Associated Press, ME. BD Frank Spooner. 138 Precishn Wustrotion, CD. BD Susan Griggs/Adam Woolfitt, MD Adam WboWlt 139 CD. BM. BD Adam Woolfitt. MD Susan Griggs/Adam WoolFitt. 140 CE Planei EarthPictures/FHp Schulke, BE. BD Science Photo Librar\:Klcin Associates Inc.
141 Makotn McGregor, CD Planei Earth Pictures/Carol Roesslèr. 142 CE GE Corpo
rate Research and Deveiopment, HM De Beers ConsoBdated Mines 143 CM De Beers Consolidated Mines, (outras) Martin Cameron. 144, 145 A excepção da fotografia das Jóias da Coroa, todas pertencem ao álbum da família Josepli Asscher, amável
AGRADECIMENTOS mente emprestado poi A. Monnickendam Lid. 145 BE BD Crown Copyright, com autorização do Controller of Iler Majesty's Stationery Office 147 CD. ME Photri. 148 CD. BE Quadram, MD PhotrL 149 Frank Spooner. 150 Richard Cooke. 151 CD Richard Cooke, BE GEC Avionics Limited 152 Richard Cooke. 153 Molcolrn McGregor, BE Richard Cooke, ISO Jererny Flack/Aviation Ptiotographs International. 154 Science Plioto Library/David Parker. 155 CD, ME. BD Photri. MD TRH Pictures. 156 CE. CD Aspect. M Military Archive & Research Services, BE Acrospatiale.CEV. 157 CD, M Pilkington P. E. Ltd. 158 CE Science Photo Library,Professor Harold Edgerton, MD TRH Pictures/DOD/US Air Force, BD Photri. 159 CE. CD Science Photo LibrarvUS
Depamnent ol Defense, BM Science Photo Ubraiy/Alexander Tsiaras. 160 CD. MD TASS,BD Frank Spooner. 161 Mick Gillah. CD Beken oí Cowes Ltd. 162,163 Scala. 164 CM Superintendem, Radiographic Laboratoiy of Monumenls & Fine Arts, Milan, BD Aramoi WorldTor Eigeland 165 Science Photo Ubrary/NASA 166, 167 AspoctKen Novak. 168, 169 Science Photo LibraryNASA. 170 NASA. 171 CE Aspect/NASA. CD. BE Science Photo Library,'NASA. 172 CD Science Photo l.ibrary/Julian Ralm, BE Planet F.arth PiclnresFlip Schulke/NASA. BM Aspect/NASA. 173 CM, BD Science Photo LibraryNASA, BE (e pormenor) Aspect NASA. 174 ME AspectNASA. BD Science Photo Ubrary NASA. 175 The Associated Press. 176 CE The Hiillon Picture Company, CD Topham Picture Library. 176, 177 (fundo) Museum of the History of Science. Oxford. 177 Museum of thc History of Science. Oxford. 178 Science Photo Ubrary/NASA, 180, 181 Aspect/G eofl Tompkinson . 184 Science Photo Library/Dr Jean Lorre. 185 CE Max Planck Insiitute/Amavelmenle cedida por H. U. Keller. CD
CM Magnum/Harrnon, BE Frank SpooiíerSander-LiaisoiiCAMMA. 27 1 M Smilhso nian Institute, RD Frank Spooner.T-aurant Maous/CAMMA 27 2 CM Dick Kenny RelationvBoemg, BM ZEFA 272, 273 ColorsportE Zurini 27 3 Mick Gilkih 274 CD Sunday Times, M.BF. Photri. 275 ME Science Photo Library/Dr R. Clarice & M.R. Coff. MD Science Photo Library/CNRI, BD Science Photo l.ibrary/Petit FormalCSI. 276C.V/ Science Photo Library/Martin Dorhn/IVF Unit, Cromwell Hospital, London, M Scien ce Photo Ubrary/Hank Morgan. 276, 277 Science Plioto Ljbrary/Petil Format/CSI. 27 7 CM Science Photo Library/PetitFormat/CSI. M Rex Features Ltd 27 8 CE Martin Cameron. oftalmoscópio emprestado por Carleton Optical Equipment Co Ltd, ME Science Photo Library/Don Wong. BE Science Photo Library/Argentum. 27 9 Jonat han Green. 28 0 ME Ullstein, M Royal National Institute for the BSná/Mamn Cameron 281 CCharadas reproduzidas por amabilidade da Mensa, B Max MenikoH, com base em desenhos reproduzidos de Introductbn to Psychalogy, 7- edição de F.rnest R Hilgard. Richard ('. Alkinson, e Rita L. Alkin.son, C 197!) de Harcourt Brace Jovanovich, Inc com autorização do editor. 282, 283 Science Photo Library CNRI. 28 4 CS, CD All-Sport (UK), M All-Sporl (l.'K),Tony Duffy. 28 5 John Hillelson.l) Kirklan.f SYGMA 28 6 Science Photo Library/CNRI. 28 7 M Science Photo l.ibr,irv,'Ja[nes Sle-
Krafft, BE Science Photo Library, Lawrence Berkley L aboralory, BD John S. Shelton. 188 CM Science Photo Libraiy/Philippe Plailly, MD, BE. BD Ãspect/Ceoff Tompkin soo. 189 Makolm McGregor, CD Science Photo Library/Dr Jererny Burgess, M. BE. BM. BD Science Photo Library F.ric Crave. 190 Science Photo Library/Dr Jererny Burgess 192 ColorilkvftinaLeerVlJfe O Time Inc 1972, 194 BE Patrick Oxenham. BD Michael Freeman. 195 Trustees of lhe British Museum (Natural History). 197 C Science Photo Library Hank Morgan. B Science Photo Library Dk k Luria. 198 Mui cotm McGregor, M The Cavcndish Museum. Cambridge. 199 CD Science Photo l.ihraryC T.R Wils on. M, MD Science PhotoLibraryLawrencc Berkley Laboralory. 20 0 CD IBM, MD. BE. BD .lackl larris/Sleve Berger. Dennis McMulleti andJohn Macaulay. 20 1 CE Jean-Loup Charmet, CD Malcolm McGregor 20 2 CM John Frost Histori cal Newspaper Service/Times Newspaper. M, MD iCMCom autorização de Chuck e ÍJlennis Yeager. 202, 203 Ivan I.cipper. 20 3 CE. M Reli Aircraft Corporation. 20 4 BD Susan Griggs/George Hall. 204, 205 Colorific.Black Star/Jim Ralog. 20 5 MD John S. Shelton 20 6 CM Colorific/Black Slar/Jiin Balog. BE Art Directora Photo Library, BM John S. Shelton 20 7 CE. BE, BM Science Photo Library/Dr Steve GulLDr John Fieldeu Dr Alan Smith, CD Trustees ol lhe British Museum (Natural History). 20 8 Precision IHustration 208, 209 Kaúa & Maurice Krafft. 20 9 Science Photo LibraryNASA. 210 Gcuy Hincks 211 ME Martin Marietta Energy Systems Inc. MD Science Photo Library Hank Morgan, BE Science Photo Library/Dr Jererny Burgess, BD Science Photo Library/Dr Brad Amos. 212, 213 Speclrum Colour Library. 214 Precision IHustration.
venson, MD Science Photo Library,Philippe Plailly. 28 8 Science Photo Library/CNRI. 28 9 CD Frank Spooner C.AMMA. BE Science Photo Library Etliicun Ltd. 29 0 CE Topham Picture Library. BE Ullstein, BD Colecção particular 290, 291 Science Photo Library (fundo) C. Powell, P. Euwler & D. Perkins 291 O?Topham Picture Library, MD Science Photo Library.C. Powell, P. Fowier & D. Perkins. BE Ann Ronan Picture Library. 29 2 CE. CD Science Ptioto Library/Alexander Tsiaras 29 3 BM Colorific/Voav Lcvy. RD National Medicai Slide Bank. 29 5 John I imbers. 29 6 CD Popperfoto, /(/•: John Frost Historical Newspaper Service.The Daily Mirror, BD Topham Picture Li brary. 296,297 (fundo) Topham Picture Library 29 7 RE Topham Picture Library, BD Popperfoto. 29 9 CF. David Lee. MD Science Plioto [Jbrary/LoweU, Geórgia, BM Rex Features Ltd. 30 0 Susan Griggs/RobinLaurance. 30 1 CD The Image Bank/Romilry l/x-kyer, RE Robert Harding Picture Library, BM Aspecl/Geolf Tompkinson, RD Rex Features Ltd 30 2 E Bruce ColemaaTNo rman Tom alin, CD, MD. BD CN Tower. 303 Aspect/Alex Langley. 304, 305 Thc Image Bankl^wrence Hughes. 30 6 DonaM Irmes/rvor Innes. 306, 307 ArcaidRidiard BryanL 30 7 CE.CM David Lee 30 8 lligh Ris»: Services Ltd. 308, 309 Susan Griggs/George Hall. 30 9 CE South Am erica Pie 'lu res, CD lhe Image Bank Joseph P. Rrignolo Bank/Josep P. Bngnolo 310 Makolm McGregor, com agradecimentos a Morrison-Knudson Inc San Francisco, pelo seu apoio 310, 311 South America Pictures 311 LPI/Bettmann NewsphotOS. 312 Malcotm McGregor 31 3 Susan GriggS/Adam WooifitL 314 Planet F.arth Pictures Peter Scoones, 315 Planet Earlh Plctures/Ken Vaughan 317 CD ZEFA/A. Wetz el, ME Robert Harding Picture LibraryJofin Ross, BD ZEFA, 318, 319 Susan GriggsJohn G. Ross. 319 William MacQuitty. 32 0 Malcolm McGregor. CE Com autorização do British Museum, CD William MacQuitty. M Gwil Owen 321 Malcolm McGregor 322, 323 Geratd Eueno. 32 4 CM. RM. BD Profl. Isherwood. Dept of Diagnoslic Radiology, l.niversily of Maneilester^tD, BE The Manchester Mumiuy Project'Manchester Mu seum. 32 5 CF Manchester University, Dept of Medicai IHustration, CD The Manches
215 MD The Martin ScienceCameron. Museum, (Orson London,Welles) BD Popperfoto. The Hulton (na Picture (automóvel) lua) Company. Aspect/NASA, 21 6 (radar) Science Photo Library/David Parker, (termograrna) Science Photo Library/ Geofl Williams & Howard Metcalf. 217 (praia) Susan GriggsRobert Frerock, (radio grafia) Science Photo Library, (bomba H) Aspect. (nebulosa) Speclrum Colour Library. 218 Pretísion lltustrution. MD Science Photo LibraryVaughan Fleming, BD Science Photo Library/Robin Scagell. 219 CE t Worxls Hole Oceanographic Institu tion. BD Mary Evans Picture Library. 220 Precision IHustration, com agradeci mentos à JVC pelo seu apoio (TV e video) Amstrad 221 Precision IHustration. Science Photo Library. 22 2 MD Mkhael HolfordScience Museum, [.ondon, BE Roger ViollelBoyer Arlist Precision IHustration, CD Science Photo Ubrary/Jeremy Burgess. 22 4 BE An n Ronan Picture Library, BD Michael Holford. 224, 225 fiando) Mary Evans Picture library. 225 CF, ME e película I IS Departmenl of the Interior. National Park Service, BD The Science Museum, Londoii, 22 6 Kuo Kang Chen. CM Science Photo Library, David Parker, M Science Photo Library/Dr Jereiny Burgess. 22 7 Paul Brierley. 22 8 Kuo Kang Chen. 228, 229 Schott-UK. 22 9 BM Science Phoiol.ibrary/Philippe Plailly. 23 0 BE, BM. BD Popperfoto, UPI. 23 1 Mick GiHah. 23 2 C The Anthony Rlake Photo LJxary/Lee Boltin, BD Martin Cameron. 23 3 Precision IHustration. BD Martin Came ron. 23 4 (película) Martin Cameron, BE Art Directors Photo Library, BD Science Photo Library/Prof Harold Edgerton, 23 5 BD Martin Cameron. 23 6 Michael Free man 23 8 Martin Marietta Energy Systems Inc. 23 9 CfT Science Photo Libraryllank Morgan. CM Science Photo Library/Paul Shambroom. CD Science Photo Library/ David Scharf. BE Science Photo l.ibrary.Ray Ellis. 24 0 CD NASA, M Science Photo LibraryUale Boyer, BD Science Photo Library; Jerry Mason. 24 2 CD John Tann l.ld, BE The Ancienl Art & Arcluteclure CoOection. 24 4 BD Michael Holford.Science Mu seum, London. 24 5 BM Science Photo Library/CNRI, RD Science Photo Library.' Biophoto Associates 24 6 BE Science Photo LibraryTadanori Salto, D The Kobal
ter Mummy32Project/Manchester Museum, RD The Manchester ProjectrSean Edwards, do British Museum, (outras)Murnrny Mane besler Univer 6 BM Com autorização sity, Dept of Medicai IHustration, 32 7 D Martin Burke, demonstração do trabalho com sílex po r John Lord. CE Manchester University, Dept of Medicai llluslralion 328 Soulli America Picturcs/David T. Horwcil. 32 9 Isabella Tree. 33 0 Malcolm McGregor se gundo: Will iam Mulloy 'Technic|iies of erecting Easl er Island statues" Archaeology ele ofOceania, vol V, No 1, A(»ril 1970. 331 South America PkliiresDavid T Horweíl 332, 333 John HiilelsoivGeorg Gerster. 33 4 Makolm Portar. 335, 336 Metropolitan Museum of Art 33 7 CM South America Pictures/M arrion Morrison, CD South Ameri ca Pictures/Hilary Bradt 338, 339 English Heritage 34 0 Mkhael UolíonUííWí Lup per. 34 1 Malcolm McGregor, segundo um srcinal em The Museum of London 342, 34 3 Dr Ruth Morgan. 34 3 CE Science Photo Library/Dr Jererny Burgess. CM Science Photo Ubrary/R-E. LitctineU, CD Biophoto Associates. BE. BM Science Plioto Library,' Dr Jeremy Burgess. 344, 345 Makolm Porter. 34 5 CE Mkhael Holford. 34 6 CD, BD Michael Holford/British Museum. 34 7 CD South America Pictures. M Fotografado por José Oster/Collection Arlette Leroi-Gourhan. RE Sisse Rrimberg/National Ceo graphical Society, BD The Science Museum. London 348, 349 (todas excepto CE) Cotorphoto Hans Ilinz. 34 9 RE Rapho.De Sazo, 350, 351 (todas excepto CE) Scala 35 1 CE Sónia Halliday 352, 353 AspeelLarry Burrows. 35 3 Com autorização da British Library. Roy. 1-1 E. IV 23 35 4 Stanley Paine 35 5 Michael Hollord/British Museum. 35 6 Michael Holford . 35 7 CE Michael Holford, RE Metropolitan Museum of Art, Oferecido por J. Pierpont Morgan. 1900 (00.182). BD Michael HolfordNational Marilime Museum. 35 9 CE Susan CriggsAdam Woolfill. CD Edunedia 36 0 M l.lls tein. 360, 361 (todas excepto M) Dan Cornish,i:.STO 362, 363 Susan Gnggs/A J. Hartman. 36 3 CE 00 National Park Service. 36 4 National Park Service. 36 5 BE John HillelsouBrian Brake. MD, BD Michael Holford 36 6 CE Angelo Hornak. BD Werncr Forman Archive/Cenlennial Museum, Vancouvcr, Canada 36 7 Michael Holford.
CoDectJon. CM Science o Library, Morgan 248 CD Colorsport. 24 ME7 Shell ResearchPhot Limited. RD Sheila Inkive/ITerry. Design.BD25Hank 0 BMW. 251 Precision IHustration. CM Goodyear Great Britain Ltd, M DunlopSP Tyies UK Limited 252 CM Science Photo Library/NASA, RM Holt Studios LtdD. Smith. 25 3 Science Photo l.ibraryDr Jererny Burgess. 25 5 Orafts CoiinciLJ Poulton, Precision IHustration RD Precision llhistratiou 25 6 Precision IHustration. BE Fotoflilc 25 7 Photri, (fotografia inserida) The Science Museum, London. 26 0 CD The Mansell CoOection, MD Chris KapoIkaf.F D. Wlietmalh. 260, 261 Eileen Tiveedy. (fundo) The Mansell Collec tion. 261 MD The Mansell Collection. BD The Science Museum. London 262, 263 Quadrant. 264, 265 Precision IHustration. 26 5 Tony Slone Photo Library. London/ Jean Pragen 26 6 Precision IHustration. M The ImageBank/Aram Gesar, 26 7 (meda Ibao) The Mansell Collection, Mick Gillah. ME lhe Hayward Gallerv. BE The Science Museum. London. 26 8 Precision IHustration 26 9 CE Photri, ME. RD M. J Hooks, 27 0
36 8 RM Lnuvre, ParisM368, 369Ccj/w»rorj/Royal Michael Holford 36 9 CD MichaelLondon. Holford. 370, 371Mnsee Viekersdupie 37 2 CM, Martin Air Force Museum. RD Viekers pie 37 3 D Science Photo Library. Jonathan Watts, AfEJacojui Hurst. RE AspectMichellc;(jarrett. 37 4 Malcolm Cowen LtdJ. Rertrand 37 5 Martin Cameron 37 6 Martin Cameron. 37 9 Martin Cameron. produtos congelados amavelmente fornecidos por The Coriuiiercial Freeze Drying Co Ltd, Preston 38 0 00 Time Magazi ne/Doug Wilson 38 2 Cfi Jacqui Hurst, M Ãnnllughes Gilbey. 38 3 Jerrican/Beren guier. 38 4 Colin Motyneux. 38 5 MD Science Photo LibrarvDr Jererny Burgess, BE Jerricanrlabat. 38 6 GE ME Ttie Hulton Picture Company. MD, BD Ann Ronan Picture Library. 386, 387 frundbj Ann Ronan Picture Library. 38 7 BE. BD Archives Photo graphiques Musée Pasteur. 38 8 Man- Evans Picture Library. 38 9 M Martin Cameron, CD, MD The Mansell Collection. 39 0 BE Jerricau-Berenguier, BD Ccphas Picture Library.Mick Rock. 391 CD Ann Hughes-Gilbey, RE. RD Cephas Picture Library-Mnk
Pauel Kostai, M Tdegraph Colour LJbrary/Space Frontiers. 187 M Katia& Maurice
W
AGRADECIMENTOS
Rock. 392 CM John Sims, BE ZRFAStock MarketJ. Miller.BD Cephas Picture l.ibrary/ Mick Kock.39 3 ME Jerrican/lvaldi,M, MD. BD Anu Hughes Gilbey.3 9 4 CE. CD ZFFA, CM The Brewers" Soáety, London, (uniras) The Anlhony Blakc Photo Library/Gerril Buntrock. 39 5 ME The Image BankJohn Kelly, BE Tony Stone Pholo Ubrary, I.nndorvPeter l.amberti, BD The Image Bank-Robert Phillips. 39 6 Ken Haward. 39 7 Matcobn MeGregor, de uma demonstração por Fay Presto que e contra a utilização de animais verdadeiros em truques de prestidigitação, 398 loon l.apper. MD Topham Picture Library/F.dwin A Davves Collection. 39 9 Makolnt MeGregor, BD George Johnstone. 40 0 Mary Evans Picture Ubrary/Harry Price Collection, University of Londoii, luatl Lopper. 40 2 CM Mary Evans Picture Library/I larry Price Collection,
UniversJty of London, M E Libraiy of Congress, MD, HM. BD, Colecção Particular, BE Culver Pfctures,402, 403 (fundo) Rrown Brothers. 40 3 CD The Rayinoiíd Mander & Joe Mitchenson Theatre Collection, BM Brown Brothers. 40 4 Tubingen University I jhrary, Malcolm MeGregor, 40 5 Tlie Pholo l.ibrary of Austrália. 406 CM Colorilic Cari Purcell. 406, 407 The Kobal Colledion/RKO.AWMukulm MeGregor, The Kobal CoDectiorVSupermari II 0 iyno Kilm Exporl A. 0. 409 CE Alan McKenzie/FirefOK 0 1982 Warner Bros Inc.Hf) Alan McKenzie/IJnitcd Artists.410 CE. MD Lucasfilm l.ld.
The Kobal Co0ection/20th Cenluiy Fox. 413 CD John Brosnan!Initetl Artists. BD The Kobal Collection-United Artists.4 14 The Kobal ColleclionUnilcd Artists. 415 CTThe Kobal Collerlionf/ofo/jra/íainserida) The Museum of Modem Ari/Stills Archive,RD The Kobal Colleclioií/Lucasfilin Ltd.4 16 E Frank Spooner/GAMMA.BD The Konald Grani Archive. 417 Alan Mdvenzie/UIP 418 BE c Christo1980-3/CVJ CorpAV olfqang Vote, BD 6 Christo 1983/Wolfgaiig Volz. 418, 419 G Christo 1972-6/Gianí ranço Gorgoni. 419 CE Q Christo I97fi,CD 9 Christo I98&CVJ Corp/Wolgang Volz.M D Yolfgang Vob. 42 0 Bemard LxJgc. 421 C Tliames Television pIc.tfD Digital Pictures. 422 Australian Broadcasfing Auttionty. 42 3 Channel Four Television424 CD. M. MD Thames Television pkvRicnard Wailing, BE Quantel 42 5 Saatchi & Saatchi/Solid Fuel Advisory Service.4 28 Muriin Cameron. 429 CE D United Náutica! Publishers SA. Basileia, Suiça/Joop vau Schouten, CD ZF.FA.4 3 0 CE, ME All-Sport (UK),BE Omega Sports Timirig. 431 CD (e fotografia inserida) Colorsport, BE Split Second. 432 Cf Split Second/Iundt/Ruszniewski, Mulculm MeGregor. 43 3 CD Frank.Spooner, HF. Axel Poignant Archive, BM Spectrum Colour Ubrary. 434 CM Camará Press/Mark Woolley, MD Split Second/Leo Mason, BD Colorsport. 43 5 CE Ali Sport (UK); Vandysiadt. CAÍ Simon Ward 43 6 The Image r BD Frank SpOOneryS. Ward/GAMMA.
411 CEM Lucasfilm Ltd.BD John Brosnan. 412 CM The RonaJd Grani Arcrnve/UIP,BD
Bank/Uon King 436, 437 Ali Sport 43 7 The Image BankUon King.
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