MANUAL BÍBLICO SBB
M i s s ã o d a S o c i e d a d e Bíblica d o Brasil: D i f u n d i r a Bíblia c sua m e n s a g e m a todas as pessoas e a t o d o s os g r u p o s sociais c o m o i n s t r u m e n t o d e t r a n s f o r m a ç ã o e s p i r i t u a l , d e f o r t a l e c i m e n t o d e v a l o r e s éticos e m o r a i s e d e d e s e n v o l v i m e n t o c u l t u r a l e social.
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M a n u a l Bíblico S B B ; t r a d u ç ã o d e L a i l a h d e N o r o n h a . B a r u e r i , S P : S o c i e d a d e Bíblica d o Brasil, 2 0 0 8 . 816 p. : il. ; 24,5 c m . T e x t o s bíblicos: A l m e i d a R e v i s t a e A t u a l i z a d a , 2 . e d . © 1 9 9 3 c N o v a T r a d u ç ã o n a L i n g u a g e m d e h o j e , © 2 0 0 0 , S o c i e d a d e Bíblica d o B r a s i l . T í t u l o e m inglês: T h e N e w L i o n H a n d b o o k t o t h e Bible. 978-85-311-1118-1 1. Bíblia S a g r a d a 2. M a n u a i s Bíblicos 3. H i s t ó r i a d a Bíblia 4. T e r r a s Bíblicas I. S o c i e d a d e Bíblica d o B r a s i l I I . N o r o n h a , L a y l a d e C D D - 220.9
C o p y r i g h t d o t e x t o © 1999 Pat e D a v i d A l e x a n d e r E d i ç ã o originalmente p u b l i c a d a e m inglês c o m o n o m e T h e N e w L i o n H a n d b o o k t o t h e Bible T r a d u z i d o para o p o r t u g u ê s a p a r t i r d a terceira e d i ç ã o e m inglês C o p y r i g h t d a edição inglesa © 1999 L i o n I I t i d s o n pie C o p y r i g h t desta t r a d u ç ã o 2008 S o c i e d a d e Bíblica d o B r a s i l C o n s u l t o r e s : Rev. Dr. G . M i k e B u t t e r w o r t , Dr. D a v i d I n s t o n e - B r e w e r , Rev. Dr. R . T . F r a n c e , Dr. S u e G i l l i n g h a m , A l a n R. Millard, Rt. Rev. J o h n B. T a y l o r , Dr. S t e p h e n T r a v i s , Dr. B e n W i t h e r i n g t o n
O s direitos morais dos a u t o r e s f o r a m a s s e g u r a d o s P u b l i c a d o n o Brasil p o r S o c i e d a d e Bíblica d o Brasil A v . Ceci, 706 - T a m b o r é B a r u e r i , SP - C E P 06460-120 C a i x a Postal 330 - C E P 0 6 4 5 3 - 9 7 0 w w w . s b b . o r g . b r - 0800-727-8888 T r a d u ç ã o : Lailah d e N o r o n h a e S o c i e d a d e Bíblica d o Brasil R e v i s ã o , edição e d i a g r a m a ç ã o : S o c i e d a d e Bíblica d o Brasil O s textos bíblicos c i t a d o s f o r a m e x t r a í d o s d a t r a d u ç ã o d e J o ã o F e r r e i r a d e A l m e i d a , R e v i s t a e A t u a l i z a d a , 2a edição © 1993 S o c i e d a d e B í b l i c a d o B r a s i l , e d a N o v a T r a d u ç ã o n a L i n g u a g e m d e H o j e , © 2 0 0 0 S o c i e d a d e Bíblica d o Brasil Muitos dos t e x t o s s ã o a s s i n a d o s e r e p r e s e n t a m o p o n t o d e v i s t a d o s a u t o r e s . O c o n t e ú d o d o s textos é d e i n t e i r a r e s p o n s a b i l i d a d e d o s a u t o r e s e n ã o r e f l e t e , n e c e s s a r i a m e n t e , a p o s i ç ã o d a Sociedade Bíblica d o B r a s i l , q u e p u b l i c a a p r e s e n t e e d i ç ã o n o i n t u i t o d e s e r v i r o S e n h o r J e s u s Cristo e ajudar o l e i t o r a c o n h e c e r m e l h o r o L i v r o S a g r a d o .
Impresso e e n c a d e r n a d o na E s l o v é n i a E A 9 7 3 M B - 12.000 - 2008 - S B B
MANUAL BÍBLICO SBB Editado por PAT E DAVID A L E X A N D E R
Sociedade Bíblica do Brasil
Lista de abreviaturas usadas
Prefácio
Abreviaturas gerais d.C. a.C. cf. cap., caps, p. ex. etc.
depois de Cristo antes de Cristo conferir capítulo(s) por exemplo et cetera
5., ss. NT AT v., vs. P-
seguinte(s) Novo Testamento Antigo Testamento versiculo(s) pagina
Livros bíblicos Gn Êx Lv Nm Dl Js Jz Rt ISm 2Sm 1RS 2Rs lCr 2Cr Ed Ne Et Jó SI Pv Ec Ct Is Jr Lm Ez Dn Os Jl
Am Ob Jn Mq
Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronômio Josué Juizes Rute lSamuel 2Samuel IReis 2Reis 1 Crônicas 2Crônicas Esdras Neemias Ester Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cântico dos Cânticos Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel Oséias Jool Amos Obadias Jonas Miquéias
Ma
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MI Mr Le Jo At Rm Ko 2Co Gl Ef Fp CI ITs 2Ts ITm 2Tm Tt Fm Hb Tg IPe 2Pe 1Jo 2Jo 3Jo Id
Ap
Naum Habacuque Sofonias Ageu Zacarias Malaquias Mateus Marcos Lucas João Atos Romanos ICoríntios 2Corintios Gálatas Efésios Filipenses Colossenses ITessalonicenses 2Tessalonicenses ITimóteo 2Timóteo Tito Filemon Hebreus Tiago 1 Pedro 2Pedro Uoão 2João 3João Judas Apocalipse
A Bíblia é o livro mais distribuído e lido d o m u n d o . A l g u n s a l ê e m p o r curiosidade, alguns c o m o parte d e u m a busca espiritual, outros p o r causa d o seu rico l e g a d o cultural. Este Manual foi criado para ser u s a d o c o m a Bíblia; para estar j u n t o dela. N ã o é apenas para referência, falando a o leitor sobre a Bíblia. A intenção é reunir informação q u e antes só p o d i a ser encontrada e m vários livros d e referência d i f e r e n tes. Isto é feito tanto visualmente c o m o pela palavra escrita. As ilustrações, os mapas e diagramas são incluídos, n ã o para e m b e l e z a r o t e x t o , mas para esclarecer seu significado. O Manual p o d e ser usado c o m qualquer v e r s ã o o u tradução da Bíblia. ' A l é m d e ser u m livro para ser u s a d o c o m a Bíblia, o Manual t a m b é m estará j u n t o a o leitor, convidativo e acessível. A o editar o Manual tínham o s e m m e n t e as pessoas q u e estão c o m e ç a n d o a estudar a Bíblia. Assim, n e n h u m c o n h e c i m e n t o prévio é necessário. Os vários colaboradores especializados c o m u n i c a m d e f o r m a simples — n ã o simplista. T e r m o s técnicos são usados o m í n i m o possível. Q u a n d o são usados, são explicados. O o b j e t i v o principal é ajudar o s leitores a e n t e n d e r o próprio t e x t o da Bíblia. As seções-guia — Parte 2 sobre o A n t i g o T e s t a m e n t o e Parte 3 sobre o N o v o — analisam cada livro, parte p o r parte, r e s u m i n d o e f a z e n d o a n o t a ç õ e s o n d e e x p l i c a ç õ e s s ã o necessárias. P e q u e n o s a r t i g o s d e destaque, escritos p o r especialistas, p e r m i t e m q u e interesses específicos sejam investigados e m maior detalhe. O s passos seguintes são interpretar o q u e é lido e apreciar o q u e a Bíblia p o d e nos dizer hoje. Isto significa descobrir se u m d e t e r m i n a d o livro é escrito c o m o poesia o u prosa, história o u carta — e seu c o n t e x t o histórico. O s diagramas e artigos na Parte 1 foram projetados para ajudar nesta parte. E a Parte 4, o Auxílio Rápido, facilita e agiliza a localização d e informação sobre p e r s o n a g e n s , lugares, assuntos e ilustrações. Abrir a Bíblia e m Gênesis e ler direto até A p o calipse g e r a l m e n t e n ã o é a m e l h o r m a n e i r a d e começar! " C o m o Ler a Bíblia" (na Parte 1) o f e r e ce várias alternativas úteis. O Manual p o d e estar s e m p r e à mão, qualquer q u e seja o p o n t o d e partida d o leitor: u m livro da Bíblia, u m p e r s o n a g e m
bíblico, uma questão específica, arqueologia bíblica, cultura, literatura. A l g u m a s pessoas p r e f e r e m uma leitura mais superficial; outras g o s t a m d e ir a fundo.
Por que uma edição completamente nova? 0 Manual foi publicado pela primeira v e z e m 1973. E m 1983 foi revisado l e v a n d o e m consideração as novas traduções importantes q u e haviam surgido naquele p e r í o d o . E m 25 anos, as v e n d a s atingiram a marca d o s três milhões e o Manual já foi publicado e m 28 línguas e m t o d o o m u n d o . Nas palavras d e u m editor asiático, ele se t o r n o u uma "obra seminal". 0 p r o p ó s i t o desta revisão mais a m p l a é servir os leitores n o n o v o m i l ê n i o . S e n t i m o - n o s estimulados a reescrever o texto e reformular a o b r a c o m o u m t o d o . T e m o s muitas f o t o g r a fias novas para ajudar a imaginar o passado e o livro t e m mapas e diagramas n o v o s . O m a n u a l levou e m consideração as n o v i d a d e s na área d a pesquisa bíblica e coloca a Bíblia b e m d e n t r o de seu c o n t e x t o histórico. Ele t a m b é m reflete as preocupações mais recentes d o s leitores. C o n v i damos m u i t o s c o l a b o r a d o r e s n o v o s , h o m e n s e mulheres, para c o m p a r t i l h a r seu c o n h e c i m e n t o . Um poeta fala s o b r e Salmos, u m a autora t a l e n tosa c o m muitos anos d e e x p e r i ê n c i a n o O r i e n t e Médio e s c r e v e u e s t u d o s s o b r e as m u l h e r e s d a Bíblia. L e v a m o s e m conta os interesses tias pessoas — n o c u i d a d o c o m a criação, nas histórias (que t ê m u m papel t ã o i m p o r t a n t e na narrativa da Bíblia), na justiça, n o papel d a mulher, n u m a sociedade multirreligiosa, n o lugar d a Bíblia n o mundo atual... C o m o nas edições anteriores, o t e x t o bíblico foi considerado assim c o m o ele aparece e m nossas Bíblias, l e v a n d o e m conta seus tipos diferentes de literatura. A maior p r e o c u p a ç ã o é c o m o c o n teúdo e significado d a Bíblia, n ã o c o m questões de interesse m e r a m e n t e técnico. Nos assuntos e m que há controvérsias, tentamos mostrar isso, s e m necessariamente entrar n o debate. Somos gratos aos eruditos por compartilharem os frutos d o seu trabalho c o m u m público mais amplo. A s obras d e referência clássicas n o nível mais acadêmico f o r a m fonte vital d e informação.
A g r a d e c e m o s a todos q u e c o n t r i b u í r a m c o m este livro direta o u indiretamente, c o m p a r t i l h a n d o seu discernimento s o b r e o e n s i n a m e n t o bíblico, disp o n i b i l i z a n d o s e u p r ó p r i o material, o u simplesm e n t e p o r seu entusiasmo n o e s t u d o da Bíblia e sua convicção d e sua relevância e seu p o d e r para transformar vidas. T a m b é m s o m o s m u i t o gratos àqueles q u e ajud a r a m d e tantas outras formas. A l g u n s são m e n cionados e m "Agradecimentos", e m b o r a isto n ã o faça j u s a o valiosíssimo auxílio v i n d o d e várias fontes — d e s d e diretores d e m u s e u s e coleções àqueles q u e d e r a m h o s p e d a g e m , ajuda, informação e acima d e t u d o incentivo. Pessoalmente, n e n h u m o u t r o livro t e v e u m p a p e l tão significante e m nossas vidas q u a n t o a Bíblia. E s p e r a m o s q u e o Manual na sua n o v a forma ajude futuras gerações d e leitores a e n t e n der a Bíblia e m t o d a a sua atualidade.
Pat e David Oxford
Alexander
Conteúdo
INTRODUÇÃO O ANTIGO À BÍBLIA TESTAMENTO Veja o índice completo a página 11
Veja o índice completo à página 97 Introdução 98
•••••• C O M E Ç A N D O A ESTUDAR A BÍBLIA 12
OS "CINCO LIVROS" Gênesis a Deuteronômio 108
A BIBLIA N O SEU C O N T E X T O 24
A HISTÓRIA DE ISRAEL Josué a Ester 220
E N T E N D E N D O A BIBLIA 44
POESIA E SABEDORIA Jó a Cântico dos Cânticos 344
TRANSMITINDO A HISTORIA 60
OS PROFETAS Isaías a Malaquias 408
A BIBLIA H O J E 78
O NOVO TESTAMENTO
AUXÍLIO RÁPIDO
Veja o índice completo à página 525
Página 779
Introdução 527
OS E V A N G E L H O S E A T O S Mateus a Atos 538 AS EPÍSTOLAS Romanos a Apocalipse
REFERÊNCIA RÁPIDA A MAPAS E DIAGRAMAS • Os livros da Bíblia 14 • Fazendo associações — a Bíblia e a história do mundo 26 • A Bíblia no seu tempo 28 • Entendendo a Bíblia 50 • A história do Antigo Testamento 100 • Israel nos tempos do Antigo Testamento 104 • Reis de Israel e Judá 306 • Os profetas no seu contexto 414 • Israel nos tempos do Novo Testamento 526 • A história do Novo Testamento 536
Rev. Dr. Gerald LBray, John H. Eaton, ex-Professor de Paula Gooder, Professora de Autores e C o l a b o r a d o r e s Professoranglicano de Divindade, Antigo Testamento, Universidade Estudos Bíblicos, Faculdade
Dr. Philip Johnston, Professor de Antigo Testamento, Wycliffe Hall, Oxford: • PosiçõesdoAntigo Testamento com relação ao pós-morte
David ePat Alexander, editores do Manual original; até 1994 respectivamente Diretor e Editora Chefe de Lion Publishing, Oxford: • Todos o$ íoiografíos (exceto aquelas descritas em Agradecimentos) íorom tirados especialmente por David Alexander • Esboço da Bíblia nas Panes 2 ei, com anotações eartigos por Pol Alexander, exceto aqueles atribuídos a outrem
Rev. F. D. Kidner, ex-Diretor de TyndaleHouse and Library for Biblical Research, Cambridge: • Poesia e sabedoria
Escola de Divindade de Beeson, Universidade de Samfotd, Alabama; autor de Biblical interpretation, past and present: • Interpretando a Bíblia através dos séculos Rev. Dr. Richard A. Burridge, Deão do King's College, Londres, e Professor Honorário deTeologia; autor de What are the Gospels?, Four Gospels, One Jesus? eJohn na série People's Bible Commentary: • Estudando os evangelhos
Rev. Dr. Mike Butterworth, Diretor de St Albans e Oxford Ministry Course; especialista Rev. David Barton, Chefe em história do Antigo de Serviços de Informação, Diocese das Escolas de Oxford: Testamento e Profetas: • Os Profetas • laco, iosé, Davi, Retrato deleremias George Cansdale (in memorian), Rev. Dr.Craig Superintendente, Sociedade Bartholomew. . p s q u i s a d o i da Escola de Teologia e Estudos Zoológica de Londres: Religiosos, Escola Superior de • As codornizes, Pescando ChetenhameGloucester: no Lago da Galileia • 0 texto e a mensagem Rev. Colin Chapman, Professor de Estudos Islâmicos, Dr. Richard Bauckham, Professor de Estudos do Novo Escola de Teologia do Oriente Próximo, Beirute; escritor Testamento, Universidade sobre conflitos entre árabes de St Andrews: • Uma história do ponto de vista e israelenses e relações entre cristãos e muçulmanos: feminino (Bufe), Perspectivas • A terra prometida, "Guerra de mulheres nos Evangelhos, Santa" Entendendo o Apocalipse ;,
R.J.Berry, Professor de Genética, Universidade de Londres: • Comentários de um geneticistafsobre nascimento virginal)
Rabino Dan Cohn-Sherbok, Professor de Judaísmo, Departamento deTeologia e Estudos Religiosos, Universidade de Wales, Lampeter: • A Bíblia Hebraica
Dr. John Bimson, Diretor de Estudos e Professor de Antigo Testamento, FaculdadeTrinity, Bristol; autor de The World of theOld Testament; consultor, lllustrated Encyclopedia olBible Places: • Recriando o passado, Vida Nômade, Vida Sedentária
Rev. A. E. Cundall, ex-diretor, Faculdade Bíblica de Vitória, Austrália; autor de vários livros e estudos relacionados com o Antigo Testamento: • Examinando a cronologia dos reis
Dra. Katharine Dell, Professora de Divindade, Universidade de Cambridge; E.M.BIaiklockijn memorian) Professor Emérito Professora e Diretora de dos Clássicos, Universidade de Estudos na Faculdade St Catherine; especialista em Jó Auckland, Nova Zelândia: e literatura de sabedoria: • A família Herodes, Um historiadorovalia o Movo • Entendendo ló, Sabedoria Testamento em Provérbios eló
de Birmingham; autor de estudos Ripon, Cuddesdon, Oxford; sobre Salmoseos Profetas: estudos especializados: • Os Salmos em seu contexto evidência para crença no misticismojudaico no Novo Dr. Mark Elliot, Professor de Testamento, teologia feminista, Teologia Histórica e Sistemática, interpretação bíblica: Universidade de Nottingham: • Entendendo Cotossenses com Dr.StephenTravis: M Lista Aprovada Rev. Dr. Michael Green, o cânon das Escrituras, Estudioso do Novo Testamento, Livros deuterocanónicos autor e professor; Consultor de Evangelismo para os Arcebispos Dra. Grace I. Emmerson, de Canterbury e York: ex-membro do Departamento • "Boas Novas!"-dos primeiros deTeologia, Universidade cristãos, Dons espirituais de Birmingham: Rev.GeoffreyW.Grogan. • Entendendo Oséias ex-diretor, Instituto de Mary J. Evans, Diretor do Curso Treinamento Bíblico, Glasgow: de Vida e Ministério Cristãos e • 0 Espírito Santo em Atos Professora de Antigo Testamento, Faculdade Bíblica de Londres: Dr. P. DerynGuest, Professor de Bíblia Hebraica, • Profetas e profecia Universidade de Birmingham, Rev. David Field, exFaculdade Westhill: vice-presidente, Faculdade • Entendendo luízes Teológica de Oak Hill, Londres: Michele Guiness, Jornalista • 0 reino de Deus e escritora freelance judaicoRev. Dr. R. T. (Dick) France, cristã: ex-diretor de Wycliffe Hall, • Páscoa e a Última Ceia Oxford; estudioso do Novo Dr. Donald Guthrie Testamento e escritor: • Religião judaica no período (in memorian), Vice-diretor, Faculdade Bíblica de Londres: do Novo Testamento, Jesus • As Cartas (revisado para eo Antigo Testamento, "Deus esta edição pelo Rev. Dr. conosco" - a encarnação, StephenMotyer) 0 Antigo Testamento no Novo Testamento, A Dispersão judaica Richard S. Hess, Professor de Antigo Testamento, Seminário Frances Fuller, autora, editora e ex-diretora de Baptist de Denver, Colorado; Publicatioits, Beirute; residente do especialista em Bíblia e Oriente Médio por muitosanos: Oriente Próximo antigo: • Nomes de pessoas em • Sara, Agar, Retrato de Rute, Gnl—11 Ana, Retrato de Ester, Maria, Marta e Maria, Maria Madalena Colin Humphreys, Professor Dr. David Gill, Professor sênior de Ciência de Materiais, de História Antiga, Universidade Universidade de Cambridge: m A estrela de Belém, deWales, Swansea: 0 recenseamento • A provinda romana da ludéia, A cidade de Atenas, Dr. David historie Brewer, Governo romano, Cultura grega, Pesquisador, TyndaleHouse A cidade de Roma, A cidade de and Library for Biblical Corinto, A cidade de Éfeso Research, Cambridge: • lesus e dinheiro, iesus e as Dr. John Goldingay. cidades, lesus e as mulheres Professor de Antigo Testamento, Seminário Rev. Philip Jenson, Professor Teológico Fuller, Pasadena, de Antigo Testamento, Califórnia; autor de Models FaculdadeTrinity, Bristol: for Scripture e Models for • Um estilo de vida: Os Dez Interpretation of Scripture: Mandamentos, Sacerdócio no • Dicas para entender la Bíblia) Antigo Testamento
Dr.K.A. Kitchen, ex-Professor de Egípcio e Copta, Escola de Arqueologia e Estudos Orientais, Universidade de Liverpool: • Egito Dr. Nobuyoshi Kiuchi, Professor de Antigo Testamento, Universidade Cristã de Tóquio: • Sacrifício Dr. Todd E. Klutz, Seminário Teológico de Dallas e Faculdade de Wheaton; doutorado em demonologia antiga e exorcismo, Universidade de Sheffield; Professor de Novo Testamento, Universidade de Manchester: m Magia no Antigo Testamento J. Nelson Kraybill, Presidente do Seminário Bíblico Menonita.Elkhart, Indiana; autor de Imperial Cult and Commercein John s Apocalypse: • Adoração do imperador eApocalipse Dra. Melba Padilla Maggay, Presidente do Instituto de Estudos sobre Igreja e Cultura Asiáticas, Manila, Filipinas: • Perspectivas culturais: OrienteeOcidente Dr. I. Howard Marshall, Professor de Exegese do Novo Testamento, Universidade de Aberdeen; estudos especializados - Lucas-Atos, as Cartas de João e as Cartas Pastorais (Timóteo eTito): • Os Evangelhos e Jesus Cristo, Os milagres do Novo Testamento Rev. Dr. Andrew McGowan, Diretor, Instituto Teológico Highland, Elgin: • Os doze discípulos de Jesus
Alan R. Miilard, Professor de Hebraico e Línguas Semíticas, Universidade de Liverpool; Membro da Sociedade de Antiquários e palestrante internacional sobre arqueologia bíblica: • 0Antigo Testamento e o Antigo Oriente Próximo, Histórias da criação, Histórias do dilúvio, Abraão, Onde ficavam Sodoma e Gomorra?, Moisés, (idades da conquista, Cananeus e filisteus, A arca perdida, 0 templo de Salomão e suas reconstruções, 0 escriba, Os assírios, Os babilónios, Os persas Evelyn Miranda Feliciano, escritora e Professora, Instituto de Estudossobrea Igreja e Cultura Asiáticas, Manila, Filipinas: m A justiça e os pobres Rev. J. A. Motyer, ex-Professor de Antigo Testamento: • Os nomes de Deus, A importância do tabernáculo. Os Profetas (com Dr. Mike Butterworth) Rev. Dr. Stephen Motyer, Professor de Novo Testamento e Hermenêutica, London Bible College: • As cartas, Paulo Rev. Dr. Stephen Motyer, Professor de Novo Testamento e Hermenêutica, London Bible College: • As Cartas, Paulo Rev. Dr. Michael Nazir-Ali, Bispo de Rochester, ex-diretor da Church Mission Society e exbispo de Raiwind, Paquistão: mO Cordoe a Biblia Dr. Stephen Noli, Professor de Estudos Bíblicos na Escola Ministerial Episcopal deTrinity, Amridge, Pensilvânia; autor de AnjosdeLuz, Poderes das Trevas: Pensando biblicamente sobre anjos, Satanás e principados: • Anjos no Bíblia Meie Pearse, Chefe de Departamento, Faculdade Bíblica de Londres; Professor convidado de História da Igreja, Seminário Teológico Evangélico, Osijek, Croácia: • Nosso mundo—o mundo deles
Rev. Dr. John Polkinghorne, ex-professor de Física Matemática, Universidade de Cambridge; Membro da Sociedade Real: • A Bíblia do ponto de vista de um cientista
Dr. Stephen Travis, Vice-reitor e diretor de Pesquisa, Faculdade de St lohn, Nottingham; especialista em Novo Testamento: • Lendo a Bíblia; comDr.MarkEIliot: • Lista aprovada o "cânon" das Escrituras, Livros deuterocanónicos
Claire Powell, Professora de Novo Testamento, Grego, Cristologia, Hermenêutica e Gênero na Faculdade Cristã de Todas as Nações, Ware, Herts: Steve Turner, poeta, • Mulheres de fé, A Bíblia do jornalista e autor de vários ponto de vista feminino livros de poesia e biografia: • Salmos do ponto de vista Professor Sir Ghillean de um poeta Prance, Diretor do Jardim Botânico Real, Kew, Inglaterra: Rev. Dr. Peter Walker, • Pessoas como Professor de Novo Testamento, Wycliffe Hall, Oxford; autor administradoras de Deus de lesus and the Holy City: Dr.Vinoth • lerusalém no período Ramachandra, Secretário do Novo Testamento Regional da Associação Sul Asiática Dr. Steve Walton, de Estudantes Evangélicos, Professor de Novo Colombo, Sri Lanka; autor Testamento, Faculdade de Recovery ofMissions, Gods de St John, Nottingham; thatfail: especialista em Lucas-Atos. • lesus numa sociedade pluralista • 0 que é a Bíblia?, Divulgando a palavra - a tarefa Dr. Harolcl Rowdon da tradução Ex-professoreinstrutor residente, Faculdade Bíblica Walter WangerinJr., de Londres; editor-chefe Ocupante da cátedra e secretário internacional Jochum da Universidade de de Partnership, uma rede Valparaíso, Indiana; professor de igrejas independentes: de Literatura e Redação; • Soldados romanos no Novo teólogo e escritor; autor de 0 Livro de Deus: A Bíblia Testamento, Pilatos Romanceada: Rev. J. A. Simpson, Deão • A Bíblia como uma história de Canterbury: • 0 nascimento virginal Rev. Dr.JoBailey Wells. Deã, Faculdade Clare, Reva.VeraSinton, Cambridge: Ex-diretora de Estudos • Contadores de histórias Pastorais, Wycliffe Hall, a tradição oral, Os escribas, Oxford: O trabalho dos editores • Questões sexuais na igreja de Corinto Dr. Gordon Wenham, Professor de Estudos do Antigo Rev. John B.Taylor, Testamento, Escola Superior de Estudioso do Antigo Cheltenham e Gloucester; Testamento e ex-bispo de St • Alianças e tratados Albans: no Oriente Próximo • Introdução ao Antigo Testamento, Os "Cinco Livros" Rev. David Wheaton, História de Israel Cónego emérito da Catedral de St Alban; Dra. JoyTetley, Diretor ex-diretor da Faculdade do Curso Anglicano de Teológica Oak Hill, Londres; Treinamento Ministerial, Capelão honorário de Sua Cambridge: Majestade, A Rainha: • Entendendo Hebreus • A ressurreição de Jesus
Rev.Dr.D.Wilkinson. Professor de Apologética Cristã e diretor do Centro de Comunicação Cristã, Faculdade de St John, Universidade de Durham; astrofísico teórico e Membro da Sociedade Astronômica Real; palestrante e radialista sobre questões relacionadas com ciência e religião; autor lieGod.theBigBangand Stephen Hawking eAlone in the Universe? • Deus e o universo HughG.M.Williamson, Ocupante da cátedra Regius de hebraico, Universidade de Oxford: • Entendendo Isaías RobertWilloughby, Professor de Novo Testamento, Faculdade Bíblica de Londres, especialista em Evangelhos e teologia política: MA paz de Deus, Amor
Introdução à Bíblia COMEÇANDO A ESTUDAR A BÍBLIA 14 18 22
Os livros da Bíblia 0 que é a Bíblia? Lendo a Bíblia
A BÍBLIA NO SEU CONTEXTO 26
28 30 36 38 40 42
Fazendo associações — a Bíblia e a história do mundo A Bíblia no seu tempo Recriando o passado A terra de Israel Animais e aves Arvores e planias 0 calendário de Israel
ENTENDENDO A BÍBLIA
46 yj 52 53 58
TRANSMITINDO A HISTÓRIA
Dicas para entender 62 Entendendo a Bíblia 64 A Bíblia como uma história 66 68 Interpretando a Bíblia através dos séculos 70 0 Texto e a mensagem 74
Contadores de histórias — a tradição oral Os escribas 0 trabalho dos editores A Bíblia Hebraica Uma lista aprovada — o "cânon" das Escrituras Divulgando a palavra — a tarefa da tradução
A BÍBLIA H O J E
80 83 86 89 92 95
Perspectivas culturais — Oriente e Ocidente lesus numa sociedade pluralista 0 Corão e a Bíblia A Bíblia do ponto de vista feminino A Bíblia do ponto de vista de um cientista Nosso mundo — o mundo deles
COMEÇANDO A ESTUDAR A BÍBLIA
Introdução à Bíblia
livros da Bíblia ANTIGO TESTAMENTO (39 livros)
OS "CINCO LIVROS"
Gênesis Êxodo Levítico Números Deuteronõmio
Estes livros c o n t ê m histórias sobre a criação do m u n d o , o g r a n d e d i l ú v i o e o s pais ( c m ã e s ! ) d a nação d e Israel (Gênesis); a escravidão no Egito c o êxodo (Êxodo): e os 4 0 anos de p e r e g r i n a ç ã o n o "deserto" do Sinai (Números; Deuteronõmio). Eles t a m b é m r e g i s t r a m o d o m d a lei d e D e u s p a r a s e u p o v o r e s u m i d o nos D e z M a n d a m e n t o s ( Ê x o d o ; Deuteronõmio) e regras detalhadas para sacrifício e a d o r a ç ã o , c e n trados no tabernáculo ( t e n d a especial d e D e u s ) (Êxodo; Levítico). Horus, simbolizado por este olho. era u m d o s deuses d o Egito, onde os israelitas foram escravizados.
Começando a estudar a Bíblia
POESIA ESABEDORIA
HISTORIA DE ISRAEL
Josué Juízes Rute 1 e 2Samuel 1 e2Reis 1 e 2Crônlcas Esdras Neemias Ester
OS PROFETAS
Jó Salmos Provérbios Eclesiastes Cântico dos Cânticos
• • • • •
Isaías Jeremias Lamentações Ezequiel Daniel
O shqfar, feito de chifre j de carneiro, era roçado para chamar os israelitas à batalha.
C o m e ç a n d o c o m a conquista da terra p r o m e t i d a ( J o s u é ) , estes l i v r o s dão continuidade à história da nação, de seus heróis e daqueles que falhar a m para c o m a nação a o desviá-la de Deus. O período de liderança dos "juízes" (Gideão, S a n s ã o e o u t r o s ) t e r m i n a com S a m u e l , q u e u n g i u os primeiros reis de Israel. D e p o i s d o s reis S a u l , Davi e Salomão (1 e 2 S a m u e l ; I R e i s ) , as dez tribos d o N o r t e se separaram e f o r m a r a m o R e i n o de Israel, e n q u a n to a l i n h a g e m de D a v i c o n t i n u o u e m Judá. A q u e d a d e S a m a r i a nas mãos da Assíria m a r c o u o f i m de Israel. Mas u m remanescente d c J u d á s o b r e v i v e u à destruição de J e r u s a l é m e r e t o r n o u do exílio n a Babilônia. R e n o v a n d o sua obediência à lei de D e u s , reconstruír a m o T e m p l o e as m u r a l h a s da cidade (Esdras; Neemias).
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Estes livros c o n t ê m a m a i o r parte d a poesia da Bíblia e a "sabedor i a " ( g r a n d e parte c m f o r m a de provérbios: Provérbios, Eclesiastes) q u e e r a b a s t a n t e p o p u l a r no Oriente Próximo antigo por volta da época d o Rei S a l o m ã o . J ó é u m a dramatização poética sobre o sofrimento. Salmos é u m livro de hinos. Cântico dos Cânticos é poesia r o m â n t i c a lírica.
•
12 "profetas menores": Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias
O s profetas t r a z i a m a palavra de Deus a seu povo: advertindo sobre o julgamento ( q u a n d o o p o v o se desviava de Deus) incentivando c o m esperança e promessas (nos m o m e n t o s difíceis). A m a i o r i a v i v e u nos séculos 8 e 7 a . C , q u a n d o a nação estava sob ameaça, prim e i r o dos assírios e depois dos babilônios. A m ó s falou pela justiça a favor dos O povo de Israel mulras vezes pobres. A l g u n s p e r t e n c e m trocou o Deus ao p e r í o d o d o retorno do verdadeiro por ídolos. Esta é e x í l i o . V á r i a s profecias (as uma imagem de m a i s c o n h e c i d a s estão e m Baal, deus dos cananeus. Isaías) p r e v ê e m a v i n d a do "Messias", que D e u s e n v i a r i a p a r a l i b e r t a r seu p o v o e r e i n a r c o m justiça e p a z . m
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Introdução à Bíblia
LIVROS DEUTEROCANÔNICOS/APÓCRIFOS
NOVO TESTAMENTO (27 livros)
Incenso foi uni dos presentes que os magos trouxeram ^ p a r a o menino esus.
OS EVANGELHOSE ATOS
O mais antigo • fragmento do v,p-. Evangelho de João K ^ J / V W>íá data de 125-130 . .,d.i.. • r ***lKt:V;;.iK • w
Tobias Judite Adições a Ester Sabedoria de Salomão Eclesiástico Baruque 1 e2Esdras Carta de Jeremias
Oração d e Azarias/Cântico dos três jovens Susana Bel e o D r a g ã o 1,2,3, e4Macabeus O r a ç ã o de Manasses
G r a n d e parte deste material adic i o n a l , i n c l u í d o n a s Bíblias C a t ó l i c a s , mas, e m g e r a l , ausente nas edições protestantes, v e m da tradução g r e g a (Septuaginta) da Bíblia h e b r a i c a . Macabeus relata a luta j u d a i c a pela i n d e p e n d ê n c i a n a é p o c a " e n t r e os Testamentos". Veja t a m b é m "Livros deuterocanônicos".
Canetas, tinta e estojo d o período d o NT.
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'lorloi":
Mateus Marcos Lucas João Atos
A Judeia estava sob domínio romano n o período do NT.
p Evangelho de João registra como Jesus transformou em vinho a água de jarros como este.
Póncio Pilatos o governador romano que mandou cunhar esta moeda, autorizou a crucificação de Jesus.
O Códice Sinaítico, que data d o século 4 d . C , contém todo o N T ,
Os quatro evangelhos registram a vida de Jesus, principalmente seus três a n o s c o m o p r e g a d o r itiner a n t e , e a s e m a n a f i n a l e m q u e foi crucificado. Sua ressurreição é considerada confirmação de sua reivindicação de ser o Messias/"Filho de Deus" prometido. Todos se b a s e i a m n a e v i d ê n c i a de testemunhas oculares dentre seus seguidores mais chegados: cada autor tem seu próprio propósito e m contar a história. Atos é a continuação do Evangel h o d e L u c a s , a h i s t ó r i a d e c o m o os primeiros cristãos, principalmente P e d r o e P a u l o , d i f u n d i r a m as " b o a s novas" de Jesus entre judeus e gentios, c h e g a n d o até a p r ó p r i a R o m a .
Começando a estudar a Bíblia
AS CARTAS E APOCALIPSE
• Romanos • 1 e 2Coríntios a ::
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• • a
Gálatas Efésios Filipenses Colossenses 1 e2Tessalonicenses 1 e 2Timóteo Tito Filemom Hebreus
• • • •
•
Tiago 1 e 2Pedro 1,2e3João Judas Apocalipse
A s 13 primeiras cartas — escritas para "novas igrejas" recém-formadas — l i d a m c o m situações específicas, questões q u e os cristãos e s t a v a m levantando, e as necessidades d c líderes. Todas são d e autoria d e Paulo, o "apóstolo dos gentios", cuja conversão dramática é registrada e m Atos. Hebreus (mais parecido c o m u m sermão do que u m a carta) é u m livro a n ô n i m o . A s outras, cartas "gerais", d i r i g e m se a grupos mais amplos d e cristãos. Apocalipse, embora u m a carta circular, é o ú n i c o e x e m p l o n o N o v o Testamento d e u m a o b r a "apocalíptica". Escrita para cristãos perseguidos, ela lhes assegura q u e os propósitos d e Deus estão s e n d o e serão realizados, até a história c h e g a r a o f i m , o m a l ser finalmente destruído, e o p o v o d e Deus g o z a r p a r a s e m p r e d a sua p r e sença nos " n o v o s céus e n o v a terra".
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Introdução à Bíblia
O que é a Bíblia? Steve
Walton
Para muitas pessoas a Bíblia é u m livro desconhecido. O que ela contém? D o que se trata? É m e l h o r v e r a Bíblia c o m o u m t o d o para não nos perdermos e m meios aos detalhes. A s duas maneiras mais eficazes de analisar a Bíblia são: considerá-la u m a história; e ouvi-la c o m o u m a t e s t e m u n h a .
A grande história A Bíblia é u m m a g n í f i c o l i v r o de histórias, c h e i o d e n a r r a t i v a s m u i t o b e m escritas. M a s e l a é m a i s q u e
u m a coleção de histórias — h á u m a grande história contada pelo conj u n t o d e relatos i n d i v i d u a i s . N o c e n t r o d a g r a n d e h i s t ó r i a está D e u s e o q u e ele está f a z e n d o c o m o m u n d o e a humanidade. A Bíblia começa c o m D e u s c r i a n d o os céus e a t e r r a , e conta a história da sua relação c o m a h u m a n i d a d e até o d i a f u t u r o e m q u e as g u e r r a s , as d o e n ç a s , a m o r t e , e a d o r d e i x a r ã o de existir. Esta g r a n d e história t e m seis partes principais.
1. Criação Deus criou o universo do nada, pela sua simples p a l a v r a . G n 1 r e g i s t r a seis o c a s i õ e s e m q u e D e u s falou e acrescenta: " E assim acont e c e u . " D e u s f i c o u satisfeito c o m o u n i v e r s o q u e c r i o u , e o c h a m o u de " m u i t o b o m " ( G n 1.31). E l e c o l o c o u pessoas n o seu m u n d o para cuid a r dele e usar todo o seu potencial, dando-lhes responsabilidade pelos animais, pássaros, á r v o r e s e plantas.
2. Queda
D e u s d e u às p r i m e i r a s pessoas l i b e r d a d e p a r a e x p l o r a r o j a r d i m e m q u e as c o l o c o u , m a s proibiu-as d e c o m e r o f r u t o de uma determinada árvore (Gn 2.15-17). I n f l u e n c i a d o s p o r t i m a s e r p e n t e f a l a n t e (a p e r sonificação d o m a l ) , elas d e c i d i r a m n ã o f a z e r a v o n t a d e de D e u s ( G n 3.1-7) e D e u s r e a g i u expulsando-as do j a r d i m (Gn 3.22-24). E s t a h i s t ó r i a ( g e r a l mente c h a m a d a de "queda da h u m a n i d a d e " ) é vital para compreendermos grande p a r t e d a B í b l i a , pois e x p l i c a q u e a r a ç a h u m a n a está d e relações cortadas c o m D e u s — e t o d a a criação foi afetada pelo r o m p i m e n t o deste relacionamento.
Começando a estudar a Biblia 3. Israel
Os mandamentos também diziam como o povo de Deus devia
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4 . Jesus
viver (Êx 2 0 . 3 - 1 7 ) .
Em seguida vem o período de Israel. Deus escolheu um homem, e seus descendentes, para ser o meio de reparar o estrago que a rebelião humana contra Deus causara — um homem chamado Abr(a)ão que vivia na cidade de Ur. Deus deu a Abraão uma promessa tripla: uma descendência; uma terra que Deus daria a seus descendentes; e que por meio da descendência de Abraão Deus abençoaria toda a humanidade (Gn 12.1-3). Após escolher esta nação, Deus a protegeu e cuidou dela. Eles se tornaram escravos no Egito, mas Deus agiu para livrá-los por intermédio de Moisés, tirándoos do Egito, conduzindo-os numa peregrinação de 4 0 anos pelos desertos da Península do Sinai, até introduzi-los na terra onde Abraão tinha vivido antes deles. Este ato maravilhoso, chamado de êxodo, tornou-se um momento marcante para a nação de Israel, pois, daí em diante, eles se lembrariam desse episódio como o momento em que Deus os tinha salvado e os adotado. Até hoje, o povo judeu celebra o êxodo na festa anual da Páscoa. Enquanto estavam no deserto, Deus fez outra coisa que seria muito importante para a vida da nação: deu-lhes sua lei. A nação era sua por causa da sua bondade em tirá-la do Egito: logo, os "Dez Mandamentos", um resumo da idéia central da lei, começam assim: "Eu sou o SENHOR, teu Deus, que te
tirei da terra do Egito, da casa da servidão" (Ex 2 0 . 2 ) .
O povo, no entanto, não conseguia viver consistentemente como Deus queria, e então outra parte crucial da lei era o sistema sacrificial. Quando o povo desobedecia à lei, a maneira de "cobrir" seu erro e restaurar o relacionamento com Deus era o sacrifício de um animal no lugar da pessoa que desobedecera a lei. A pessoa colocava uma das mãos na cabeça do animal, para demonstrar que este estava sendo sacrificado por ela, para que Deus perdoasse sua desobediência. Tratava-se de um procedimento caro, pois animais eram um grande sinal de riqueza na sociedade rural da Antiguidade. Posteriormente, os sacrifícios passaram a ser oferecidos no Templo de Jerusalém, a capital da nação. A vida de Israel continuou com muitos altos e baixos por mais de 1 0 0 0 anos. A nação se dividiu após a morte do rei Salomão, e a parte norte do reino (Israel) caiu nas mãos dos assírios no século 8 a.C, porque abandonara sua fé cm Deus dando lugar a outras religiões. O povo do reino do sul (Judá) foi levado ao exílio na Babilônia cerca de 150 anos mais tarde, por razões semelhantes. Mas Deus não desistira do seu povo. Ele restaurou o povo de Judá na sua própria terra cerca de meio século depois. Profetas — que transmitiam a palavra de Deus ao povo — interpretaram este retorno como um "novo êxodo" (veja, por exemplo, Is 40.3-5; 43.1-7). Os profetas também anunciaram um salvador vindouro, que Deus enviaria para libertar seu povo, uma pessoa que os judeus chamavam de "Messias". Diversos grupos de judeus tinham crenças diferentes com relação ao Messias, mas todos esperavam que ele trouxesse o reino de justiça da parte de Deus.
Os profetas prometeram mais que um simples retorno à terra. Eles falaram de outras coisas boas que Deus faria para seu povo, inclusive liberdade para adorar e viver como povo de Deus e a oportunidade de envelhecer sem medo. Isto ficou ainda mais difícil quando o povo se tornou prisioneiro cm sua própria terra c foi oprimido por povos pagãos. No século 1 d.C, eles se sentiam como se ainda estivessem no exílio, sendo castigados por Deus, embora estivessem fisicamente na sua terra. Os romanos os governavam e eles não tinham liberdade para viver como o povo de Deus devia viver. Mas as histórias centrais que os definiam como povo de Deus eram histórias de Deus agindo para resgatá-los — Ele fizera isto no êxodo e no retorno da Babilônia, e por isso eles criam que Deus o faria novamente. Nesse contexto aparece Jesus, um mestre judeu que curava e falava do "reino" de Deus — afirmando que Deus ainda estava no controle, apesar de seu povo estar sofrendo e sendo oprimido. Durante três anos Jesus ensinou, curou e libertou pessoas de forças opressivas, anunciando que o poder de Deus podia ser visto no que Ele fazia e dizia (Lc 11.16-20). Jesus se importava com os pobres e excluídos da sociedade — Ele ajudou até estrangeiros desprezados que o procuravam (p. ex. Mt 8.5-13). Jesus dizia oferecer renovação para a nação, trazendo boas novas do perdão de Deus. Ele falava
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Introdução à Bíblia
a respeito do Templo de uma forma que sugeria que este seria destruído e substituído de certa maneira por sua própria pessoa (Jo 2.1822; Mc 13.1-2). Esta mensagem não foi bem aceita pelos líderes judeus, cuja vida dependia da existência do Templo. Muitos deles estavam colaborando com os governantes romanos e não queriam a instabilidade que Jesus aparentemente trazia. Isto levou a uma trama para matar Jesus (Jo 11.47-53). Surpreendentemente, Jesus não resistiu a isto. Ele parecia saber o que estava se passando e falava disso por meio de parábolas (Mc 12.1-12). Além disso, Jesus considerava sua morte a realização daquilo que os sacrifícios representavam: perdão e renovação para o povo. Na noite em cjue foi preso e julgado, ele passou tempo com Seus amigos, celebrando a Páscoa que comemorava o êxodo do Egito. Jesus deu àquela refeição um novo significado. Ele deu ao pão e ao vinho da refeição um novo significado. Ele interpretou o pão e o vinho da refeição como símbolos do seu corpo e sangue, entregues na morte (Lc 22.14-20). Pouco depois Jesus foi preso, julgado e condenado à morte pelos líderes judeus, e depois pelos romanos (pois os judeus não podiam fazer execuções naquela época). Ele foi executado por crucificação. Trevas cobriram a terra enquanto ele estava pendurado na cruz. Jesus morreu. Três dias depois Seus seguidores ficaram totalmente maravilhados e alegres em vê-lo vivo novamente: a morte não fora capaz de derrotá-lo. Ele era o mesmo Jesus que conheciam há três anos, mas que agora estava mais vivo que nunca. Ele realmente era o Messias!
5. O s s e g u i d o r e s d e Cristo
prias necessidades. Além disso, eles tinham de estar prontos para sofrer pela sua fé em Jesus — muitos foram excluídos socialmente, outros morreram porque se comprometeram a segui-lo.
6 . 0 fim dos tempos
Após a sua ressurreição, Jesus deu a seus seguidores a responsabilidade de contar aos outros sobre ele. Antes de voltar para Deus, ele prometeu dar-lhes poder para realizar esta grande tarefa. Na festa judaica de Pentecostes, pouco tempo mais tarde, os seguidores de Jesus foram surpreendidos pelo envio do Espírito Santo, quando receberam a capacidade dc falar em novas línguas, dc forma que uma grande multidão foi atraída para ouvi-los falar sobre Jesus. Aquele pequeno grupo rapidamente espalhou a mensagem sobre Jesus por todos os países ao redor do mar Mediterrâneo. Pequenos grupos de cristãos começaram a formar-se, inicialmente entre o povo judeu, mas depois também entre não-judeus: a promessa feita a Abraão de que toda a humanidade seria abençoada por meio da sua descendência começava a se cumprir! Estes grupos reuniam-se na casa de algum membro do grupo. E os primeiros grupos cristãos tinham seus problemas! As cartas dos primeiros líderes cristãos demonstram os tipos de dificuldades que tinham, ajustando-se a um novo modo de vida que derrubava barreiras entre as pessoas — barreiras de gênero, condição social e raça (Gl 3.28). Eles tiveram de aprender o que significava ser seguidor de Jesus: não era mais possível viver do jeito que se quisesse. Cuidar dos outros, principalmente de outros cristãos, era mais importante que suas pró-
Como os primeiros cristãos lidavam com este sofrimento? Como entendiam o que Deus estava fazendo agora que Jesus deixara a terra? O último livro da Bíblia, Apocalipse, mostra que Deus tem o controle dos processos da história, algo que elevaria os espíritos dos cristãos perseguidos à presença do grande Deus que serviam. Mais que isso, os primeiros cristãos aguardavam um dia em que Jesus voltaria à terra para completar, finalmente, a obra que começara na Sua vida, morte e ressurreição. Nesse dia, os cristãos esperam a renovação e restauração de todo o universo de volta ao plano original de Deus na criação (Ap 21.1-8). Será também um dia em que o mal e o pecado serão removidos do mundo, um dia no qual aqueles que rejeitam a Deus serão julgados e aqueles que confiam em Jesus verão o Senhor face a face.
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A Bíblia como testemunha A Bíblia não conta esta história dc forma distante, como um historiador faria. Ela é escrita para convidar aqueles que ouvem sua mensagem a confiar em Jesus também. E escrita para convencer seus leitores a se tornarem seguidores de Jesus, e ajudá-los a entender como segui-lo com outras pessoas. Ler a Bíblia é como receber um convite para uma festa — ela busca nossa resposta!
Este grupo de jovens cristãos da Ásia representa os milhões que ao longo dos séculos ouviram a história da Bíblia c sc tornaram seguidores de Jesus.
Traduções da Bíblia A Bíblia ou, pelo menos, uma parte dela já guagem arcaica, e preferem uma tradução mais atual, foi traduzida para mais de 2400 línguas. No Brasil,como a Nova Tradução na Linguagem de Hoje. a Bíblia completa já foi traduzida, além do porTer mais de uma tradução na mesma língua, tuguês, para línguas minoritárias como, waiwai, longe de ser um problema, é uma bênção. Em guajajara e guarani-mbyá. geral, as diferentes traduções se complementam, Em português, assim como em outras línguasou seja, uma ajuda a entender a outra. Além disso, majoritárias, existem várias traduções. Algumas permitem uma leitura comparativa e uma melhor compreensão da mensagem da Bíblia. são mais antigas; outras, mais recentes. Alguns leitores preferem uma tradução mais Para maiores detalhes sobre diferentes traantiga como, por exemplo, a edição Revista e Corri- duções, veja p. 77. gida de Almeida. Outros têm dificuldade com a lin-
Capítulos e versículos Em edições modernas da Bíblia, o texto costuma ser disposto em parágrafos e seções. E o caso, por exemplo, da Nova Tradução na Linguagem de Hoje. Um sistema mais antigo, ciiado em grande parte para localizar textos bíblicos, é a divisão do texto em capítulos e versículos. Os números dos capítulos começaram a ser inseridos no texto bíblico no século 13 d.C. Os números dos versículos foram acrescentados posteriormente, no século 16. Cada livro da Bíblia tem um nome. Sempre que se faz referência a uma passagem, este nome, em geral abreviado, aparece em primeiro lugar. Logo em seguida aparece o número do capítulo. Um ponto separa o capítulo do versículo, que aparece por último. Assim, uma referência bíblica normalmente tem a seguinte estrutura: livro, capítulo, versículo(s). Por exemplo: Gn 12.1-3 significa "livro de Gênesis, capítulo 12, versículos uma três". Rm.3.21-26 significa "carta aos Romanos, capítulo três, versículos 21 a 26" (veja uma lista de abreviaturas no início do livro). Este sistema permite localizar facilmente qualquer texto bíblico. Por mais útil que seja o sistema de capítulos e versículos, não deveria ser determinante na hora de ler o texto. Afinal, essa divisão na faz parte do original; foi acrescentada posteriormente, ÀS vezes, a divisão do capítulo ocorre no meio da história e o versículo termina com vírgula! Portanto, recomenda-se ler trechos mais longos, e completos. Em outras palavras, é melhor ler parágrafos e seções do que ler versículos e capítulos.
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Introdução à Bíblia
Lendo a Bíblia
Stephen Travis
Ler a Bíblia pode ser uma tarefa difícil. Às vezes é emocionante, renovador. Mas às vezes ficamos perplexos. Como podemos começar e continuar lendo? É útil saber exatamente porque estamos lendo. As pessoas lêem a Bíblia por várias razões diferentes. • Você pode lê-la como literatura. Os Salmos, por exemplo, e o livro de Isaías são considerados dois dos melhores livros do mundo. • Você pode lê-la para descobrir a história do mundo antigo. • Você pode ler a Bíblia para estudar a base da fé e dos padrões éticos judaicos e cristãos. • Ou você pode ler a Bíblia para descobrir os temas e histórias que inspiraram a obra de vários artistas, músicos e escritores do mundo. Todas estas são razões positivas para estudar a Bíblia. Mas só chegaremos ao cerne da questão se perguntarmos por que os livros bíblicos foram escritos.
O que motivou as pessoas que contaram as histórias, compuseram os salmos, escreveram as cartas, profetizaram o futuro? Como elas viam Deus atuando na vida das pessoas? Podemos resumir seu propósito em quatro categorias. "Quando... um indivíduo humildemente toma este livro escrito por pessoas comuns e que traz bem evidenciadas as marcas do tempo e as dificuldades causadas peio processo de transmissão, o Espírito Santo começa a agir e transmite Cristo por meio dele para a mente e o coração e a consciência do leitor." Donald Coggan
História Em primeiro lugar, elas contam a história de como Deus convidou um grupo específico de pessoas para conhecê-lo, de forma que no final o mundo inteiro aprendesse a conhecê-lo e amá-lo. Apesar da variedade de livros na Bíblia e da grande extensão de tempo durante a qual foi escrita, há uma linha de raciocínio em toda a obra que dá sentido às diversas partes.
Relacionamento Em segundo lugar, elas contam a história do nosso relacionamento com Deus. Há histórias sobre o povo tentando obedecer a Deus, mensagens de profetas e apóstolos incentivando o povo a redescobrir o caminho de Deus, orações de pessoas que anseiam receber a bênção de Deus. Comunidade Em terceiro lugar, cias falam sobre nosso relacionamento com o povo de Deus, a igreja. Os livros da Bíblia foram escritos em grande parte para uma comunidade, não para indivíduos. Então veremos que sua mensagem se dirige a nós mais claramente quando estudamos a Bíblia com outras pessoas do que quando o fazemos sozinhos. Sociedade Em quarto lugar, elas falam — principalmente no Antigo Testamento — sobre nosso relacionamento com a sociedade e o mundo. A Bíblia não é um livro sobre uma religião que só se preocupa comigo como pessoa. Ela mostra como o povo de Deus devia refletir em suas próprias vidas o caráter de Deus e seu interesse por todo o mundo. Ela dá milhares de exemplos do significado de "ame o SENHOR, O
A Bíblia é como uma bússola, dando direção a nossas vidas.
seu Deus... e ame o seu próximo como você ama a você mesmo". Então, se quisermos ouvir a mensagem da Bíblia, como devemos lê-la? • Reconheça a variedade q u e h á n a B í b l i a . Há histórias e parábolas, orações e poesias, profecias e provérbios, visões do céu e conselhos práticos para o dia a dia.
Começando a estudar a Bíblia
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Nossa vida encerra vários aspectos diferentes e Deus se interessa por cada um deles. Por isso, geralmente não é uma boa idéia tentar ler a Bíblia direto de Gênesis até o fim. É melhor, por exemplo, variar de vez em quando entre o Antigo e o Novo Testamento. Um bom plano c começar com um F.vangelho, depois ler alguns salmos, depois uma das cartas mais curtas do Novo Testamento, e depois um trecho de Gênesis (capítulos 1—11).
•
Pergunte: "Que tipo de l i v r o e s t o u l e n d o ? " Não l e m o s um l i v r o de história como lemos o manual de m a n u t e n ç ã o d o c a r r o . Da mesma forma, os vários tipos de livros bíblicos precisam de abordagens diferentes. Quando leio o Sermão do Monte (Mt 5 — 7 ) faço uma pausa a cada frase, porque todas as palavras de Jesus são informações vitais para a vida cristã. Quando leio o livro de Eclesiastes no Antigo Testamento, tenho uma abordagem mais descontraída e me divirto com sua maneira estranha de ver a natureza humana. • Tente, de vez e m q u a n d o , ler trechos mais longos de uma só vez, especialmente se estiver estudando um livro narrativo. Não lemos apenas duas páginas de um romance e depois o colocamos de lado até o dia seguinte. Leia um F.vangelho inteiro c você perceberá coisas sobre Jesus que jamais notara antes. Leia toda a história de Davi em 1 c 2Samuel e terá uma noção melhor do envolvimento de Deus em todos os altos e baixos da vida dessa pessoa, algo que você jamais compreenderia se lesse apenas alguns versículos de cada vez. • À medida q u e lê, pergunte que ensinamento a passagem oferece sobre os quatro aspectos do propósito da Bíblia
descritos acima: o que aprendo sobre o plano de Deus para o mundo; sobre meu relacionamento com Deus, com o povo de Deus, e com a sociedade c o mundo? É claro que nem toda passagem ensinará algo sobre cada uma destas quatro áreas da nossa vida. Mas sempre há algo para ajudar você a refletir sobre sua vida com Deus. • Precisamos também permitir q u e a B í b l i a n o s f a ç a p e r g u n t a s — deixar que ela questione nossos pressupostos, nosso comportamento e nossas prioridades. Ouviremos sua mensagem se a abordarmos com a reverencia adequada — não uma reverência pelo que está impresso no papel, mas pelo Deus que fala conosco por meio da Bíblia. • N ã o d e s a n i m e se sentir que precisa fazer um curso intensivo de interpretação bíblica para poder começar a ler. Ninguém aprende a jogar futebol ou qualquer outro esporte sentado na poltrona, lendo livros de educação física! Use os guias disponíveis, começando com este Manual. Mas não deixe que estes impeçam você de entrar em campo!
Ler a Bíblia em pequenos grupos pode ser uma maneira estimulante de cslodn-la, pois os membros d o grupo podem compartilhar sua compreensão da mesma.
•
A Bíblia não é um livro de c u l i n á r i a com uma receita para cada circunstância da vida moderna. Ela é parecida com uma bússola para nos guiar na direção certa, e não tanto com um mapa que traz todos os detalhes anotados. A mensagem da Bíblia gradualmente transforma as pessoas no que elas deveriam ser. A Bíblia faz o cristão c o cristão reage a Deus e às questões da vida como Cristo reagiria.
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introdução à Bíblia
Fazendo associações — a Bíblia e a história do mundo 2000 a.C. —2000 d.C.
Judaísmo
Criação das sinagogas Revolta dos macabeus
Primeira rebelião judaica | Templo de Jerusalém deffl Josefo, historiador judeu I Segunda rebelião judaita sot> Bar Kochba
Septuagínta ou tradução grega da Biblia hebraica
Jesus
Mfe': Cristianismo
0 período bíblico desde Abraão se sobre- profetas de Israel. A mensagem de Jesus apapõe a cerca de metade de nossa história até os receu numa época singular, quando o sistema dias de hoje. Como os acontecimentos bíblicos de comunicações do mundo romano e a língua se relacionam com o que se passava no resto grega possibilitaram sua rápida propagação no do mundo? Fazer ligações pode ser fascinante. Império Romano e no Oriente. Este diagrama traz Será que os israelitas levaram o monoteísmo ao apenas alguns dos personagens, acontecimentos Egito, tendo sido mais tarde suprimido? As novas e ideologias que ajudam a mostrar o desenvolreligiões na Ásia surgiram na mesma época dos vimento das idéias desde 2000 a.C.
Budismo, hinduísmo, religiões asiáticas
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iemita: Igrejas fundadas no Impéiic fita. ena índia ImperadorConstaniinoadola o Cristianismo HiWi Domingo setoma dia doSstafc Concilio de llicéia esta&eíeteovrJFJ^ CantodehinosdesenvorvKjo | por Ambrósio
SicldhariliaGautama.Bi!da Rígveda, updnishads: poesia e ensinamentos hindus Jainrsmofjndadona India Con ludo na China Taotsmo
1 Ideologias, crenças, idéias Politeísmo, religíõesétnicas. religiões primitivas Slonehenge, Inglaterra:quebrar
Períododeadoracaoitionoleistado sol no Egito
! Era do Bronze
Era do Ferro Irtiliíaçãoeiíuíca
Dispersão do povo celta pela Europa (entrai eocidental Império Assírio
Hititasem Anatólia
Primeiros jocoso ímpícsrecjistfàdoi
Hamuiábi dos códigos babilónicos
Cananeus
Império Babilónico
chinesa Cultura mínoica em Creta
Neoplatonismo, filosofia gre$>
Estoicismo Epicuroefilosofia "epicurista"
Ésquilo, Sófocles. Heródoto, Eurípedes
Mesopotâmia Sele primeiros períodos da I iteratu ra
Filosofia grega: Aristóteles. Platão
Sócrates, filósofomoral
Civilizações, pessoas, acontecimentos Egilo antigo
PaganisnwdáwiconaGiécia La o-Tsé. filósofo chinês Religião pantefsta se desenvolve na índia coroasiio.fundador da religião persa
Império Persa
Alexandre, o Grande, (enquista aPérsiaeinvadeaíndia Grande Muralha daChina Grécia sob controle romano ; Império Romano Pompeu (aplura Jerusalém
Civilização grega
: Júlio César
Ilíada e Odisséia de Homero
i Navios chineses chegam à índia
Construção da Acrópole em Atenas
; Horácio, Ovídio, Séneca
Adoção da democracia em Atenas Início do Império Indiano
Polinésios estabelecem colori): no Pacífico Civil Governo romano, cultura helírií! t'.ií Imperador Constantino reúne:; Pin impérios ocidentaleorienlil P sendoacapital Constantin;^ Aial HunosinvademaEuropa
Jt :V,i;
A Bíblia no seu contexto
Judeusinstalanvsena Alemanha, desenvolvem a ling uâ lldlthe 110
11
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Ibn Eira, estudioso
27
Holocausto judeu Estado judeu de Israel
Maimónides. filósofo Misticismo
gostinho remitas do deserto loiustiosmo V' •:.!,! •: da ctCerr tendi Irra •SSÒttcetanal•; Herra üí*w9. prene-to porta crtsiào I hglès
Divisão eniiekjrejas romana e oriental se torna permanente
fundação da ordem dominicana
Construção de catedrais na Europa leotoçü escolástica
JohnVíytliffe, reformador ingle's iariHiß. reformador na Botona Aoabatistas
Bernardo de Clarara L auto* dehn»
Seforau (Uteio, Catrinoi WiBiamTyndale traduzo NI
Valdemes Francisco de Assis e os franciscanos Albigenses
Islamismo Mioñé Império muçulmano da LspanhaáChina
Tomás de Aquino, teólogo
para o inglés Inácio de Loyolaeos jesuítas
Biblia do Rei Tiago ÍKincj lames Version) Fundações de sociedades missiona rias e bíblicas Presbiterianos e puritanos Inicio da escola dominical Puritanospartem no navio Mayflower Pernéeosla! ismo para a Amirica Primeira Coocfco do Vaticano Con? egacoru listas eaiffalifc*dade papal 5.111; i is - • -1* 11 igreja Reamamento nos EUA: em Londres Moody eSankey Pietistas Critkada Biola
Movimento ecuménico pa raunir igrejas
lohn Wesley eos metodistas
Movimento carismático
Publicação de "Os Fundamentos" nos EUA. criando a palavra 'ftníarwntalisü' : iisrenciaiis-Tic rva teoloçjia y (Vahan, evaocjefcsu Segunda Concilio do Vat k ano, reformas catõltcas
Concilio de liento: Contra • reforma da Igreja Católica Romana
Mñbíossufistas Primeira unívrisidaot do mundo em Cairo DeverrvoNimenlodaShaiia,
Mjrwnc^rtasr^comtradasoolrá inpe>toolànii(OBa(»*à em Império Otomana
irnpaciodacGkura e lei ocidentais em vanas arras til;j
Islãracos proroorem estados rr*ulmanos
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leiíslàmica
RanjitSingheos sikhs
Propagação do império
Rarnakrishna, mestre hindu
e das obw hindus Primeiros santuários shintoistas noJapão
liadouiadadocotihedri
Renascença na a rir e no saber Nascea ciência; fundação de sociedades cientificas Copérnico afirma quea torra giraem torno do sol
DesenvoU'imrntoda dent ia: Pasteur, Faraday Oiluminismo:rationallsmo,humanismo Filósofos: Hoboes, Descartes. Spinoza, Charles Darwin,"AOrigemdasEspécies Loifce. Hume, Rousseau, Kant por Seleção llatural' Boyle. Newton. Linnaeus, cientistas Marxeingels, Man ifesto Comunista Nietzsche, filósofo
Psicologia IFreud, Jung) AlbertEinsteinearelatividadr Comunismo Teoria quântica na fiwa Positivismo lóg k o Existencialismo Feminrsno Mkrobwkrçia, geriet« Monrnento ambienialrtU Movimento Mova Era
i OttofundaoSacioImpéiiollomannGermánico
Civilizaçãoraaia,México Era dourada da aitebuantina Prir*if3JC'nalinip(fivo
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Rembrandt, artista
Romantismo
Fusão do átomo
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Eradas ferrovias
Invenção da tele-máo
Classicismo w leairo. m arquiteturas
Exploração e colonialismo
Segunda Guerra Mundial
Movineatos abolioontsus
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Telefone, eieinodaôe
Maröa Luther King
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Lançamento da Coca Cola
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Epidemia de AID
Fu ndaçáo do im p ério Otom ano ry-}.-
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LeonardodaVnõ Uesopctànuiigiio, Jerusalém InketasCriuaias Evangelhos dei ncisfamf
Primeira Guerra Mundial
Período barroco
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; Revolução Industrial
Mongóis invadem a Asia c a Eu ropa
Gistcwáa Calcaba pane paia o Movo Mundo William Shakespeare
na Iteraiva Mozart. BeMba*« .erurucadisska
4
Automóveis
internet
Introdução à Bíblia
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A Bíblia no seu tempo 2500 » C
2250
Reino Unido Êxodo e conquista Os patriarcas
Exílio
Reino Dividido
Israel no Egito Reino de Israel no Norte
Rei Davi faz de Jerusalém sua capital
Abraão José
Rei Acabe Moisés
fiei Salomão constrói o Templo
Profeta Elias Profeta Eliseu
Dez Mandamentos/ Lei de Deus dada no Sinai
Samaria conquistada pelo Assíria 722/1 Preparação do Tabernáculo/Tenda de Deus
Batalha de Jericó
Reino deJudá no Sul
Jeru pela doT
Profeta Isaías Juizes Sansão
Rei Ezequias Profeta Jeremii
Samuel
I Construção das pirâmides do Egito I Criação de sepulturas reais em Ur I Primeiras bibliotecas do mundo, na Mesopotâmia
nul Prainha
Primeiros Jogos Olímpicos | registrados c. 776
de ouro, d e Ur.
Rómulo, primeiro rei * de Roma
( m
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Império Assírio M ~\C I Civilização minóica em Creta
Tutancámon I do Egito (morto eme. 13381
Inicio da construçãotk Acrópole em Atena
-
30
Introdução à Bíblia
Recriando o passado John Bimson
"A arqueologia prova que a Bíblia é verdadeira?" Esta é uma pergunta feita freqüentemente a arqueólogos que também trabalham com a Bíblia. O indagador geralmente quer saber se há evidência arqueológica de que eventos específicos aconteceram. Na realidade a arqueologia raramente dá evidência deste tipo. Na maioria dos casos ela dá um contexto no qual a Bíblia pode ser mais bem compreendida. Novas abordagens Atualmente, a arqueologia envolve muito mais que a escavação de t e l h (sítios arqueológicos). Levantamentos regionais podem nos ajudar a ver como cidades, vilas e acampamentos nômades estavam relacionados, e a entender o clima, a produção de alimentos e os padrões mutantes de assentamento da antiguidade. Estas abordagens aparentemente não estão relacionadas com a Bíblia (c alguns arqueólogos não gostam do termo "arqueologia bíblica"), mas, se elas nos capacitam a entender como a sociedade funcionava nos tempos bíblicos, podem indiretamente esclarecer a Bíblia para o leitor moderno.
O reíl (monte formado por ruínas) da cidade bíblica de Laquis.
No detalhe: instrumentos
DESENTERRANDO CIDADES ANTIGAS Ate recentemente grande parte da arqueologia bíblica envolvia a escavação d e tells, m o n t e s f e i t o s d e r u í n a s d e c i d a d e s antigas. A s cidades nos t e m p o s da Bíblia geralmente eram reconstruídas várias vezes no m e s m o local, muitas vezes após a d e s t r u i ç ã o p o r i n i m i g o s , i n c ê n d i o s o u terremotos. Uma cidade que é freqüentemente r e c o n s t r u í d a s o b r e s u a s p r ó p r i a s r u í n a s acabará f o r m a n d o um monte d e t a m a n h o c o n s i d e r á v e l e t a l m o n t e c u m tell e m á r a b e
{ o u lei e m h e b r a i c o ) . E s c a v a r u m tell significa c a v a r p o r várias c a m a d a s ( o u estratos), s e n d o q u e c a d a c a m a d a r e p r e s e n t a u m p e r í o d o d e ocupação. Escavação e registro cuidadosos capacitam arqueólogos a comp o r a história d e u m a cidade, a v e r mudança n o s e u s t a t u s e na s u a c u l t u r a .
I HISTORIA DE ADVERTÊNCIA As primeiras tentativas d e ligar descobertas a r q u e o l ó g i c a s à Bíblia l e v a r a m a algumas conclusões enganosas. A descoberta d e u m a série d e longas construções retangulares e m M e g i d o e m 1928 ( a c i m a ) foi i n t e r p r e t a d a c o m o se f o s s e m e s t á b u l o s e foi d a t a d a d o p e r í o d o d e S a l o m ã o . A d e s c o b e r t a l o g o foi l i g a d a a u m a r e f e r ê n c i a , feita cm I R s 9.15, d e q u e S a l o m ã o reconstruiu M e g i d o e a s " c i d a d e s o n d e f i c a v a m o s seus carros d e guerra" mencionadas três versículos depois. Subseqüentemente as construções foram datadas d o reinado d c A c a b e , um século depois d e S a l o m ã o . A g o r a se sugere q u e estas c o n s t r u ç õ e s s ã o a i n d a m a i s recentes e alguns arqueólogos duvidam q u e s e q u e r sejam estábulos. Isto d e v e n o s advertir contra estabelecer conexões precipitadas. A evidencia arqueológica n e m semp r e é fácil d e i n t e r p r e t a r .
CERÂMICA AUXILIA A DATAÇÃO A s d a t a s d o s e s t r a t o s d e u m tell g e r a l m e n t e s ã o e s t a b e l e c i d a s p o r sua c e r â m i c a . Estilos d e c e r â m i c a e s t a v a m s e m p r e m u d a n do; assim, f r a g m e n t o s d e c e r â m i c a ( s e m p r e abundantes c m c a m a d a s d e o c u p a ç ã o ) são u m a b o a pista p a r a a d a t a e m q u e d e t e r m i n a d o estrato era uma cidade próspera. E m última análise, as d a t a s d a c e r â m i c a d e p e n d e m d e ligações c o m o Egito ou a Mesopotâmia, regiões nas quais l o n g o s p e r í o d o s de h i s t ó r i a a n t i g o s f o r a m r e c o n s t r u í d o s a partir d e listas d e r e i s .
A Bíblia no seu contexto Esclarecendo o Antigo Testamento Era g e r a l a a r q u e o l o g i a e s c l a r e c e o contexto cultural, ao invés do contexto histórico d e u m e v e n t o da B í b l i a , c o m o demonstrado por estes exemplos do A n t i g o Testamento.
TEMPLO DE SALOMÃO A planta d o T e m p l o d e S a l o m ã o , c o m sua d i v i s ã o t r i p l a , t e m s e m e l h a n ç a s c o m t e m p l o s c a n a n e u s d o f i n a l d a Gra do Bronze e c o m um templo p o s t e r i o r d o n o r t e da Síria. Em seu i n t e r i o r , o T e m p l o d e S a l o m ã o tinha painéis d e madeira entalhados com querubins, palmeiras, cabaças e flores. Placas de marfim entalhado c m estilo fenício, encontradas e m Samaria (figura d e palmeiras à esquerd a ) e na S í r i a e A s s í r i a , são semelhantes a essas decorações do Templo de Salomão.
H p;-.
A Pedra dc Roseta foi encontrada por soldados de Napoleão perto de Roseta, junto ao rio Nilo. Ela registra um decreto do rei Ptolomeu V do Egito, em grego (parte inferior), escrita demótien egípcia (no meio), e hieróglifos (parte superior). Ela foi a chave para decifrar a escrita egípcia antiga.
A prática de Salomao de revestir grand e p a r t e da d e c o r a ç ã o interior d o Templo com o u r o p o d e ser ilustrada por templos egípcios.
INSCRIÇÕES Há, hoje, várias evidências arqueológicas d e que certo nível de alfabetizaç ã o era comum no Israel antiEste anel, dos g o , c o m o a Bíblia s u g e r e ( v e j a , p o r séculos 8-7 a . C , traz e x e m p l o , J z 8 . 1 4 , o nome de seu dono I s 1 0 . 1 9 ) . I n s c r i - em hebraico. ções e m cerâmica e vasos d e pedra, e m túmulos, pesos, marfins e selos f o r a m d e s c o b e r t a s e m diversas localidades. A l g u n s nos e s c l a r e c e m indiretam e n t e acerca da sociedade israelita. U m a c o l e ç ã o d e óstracos (fragmentos de cerâmica c o m i n s c r i ç õ e s ) d a Samaria, que data d o século 8 a . C , registra o p a g a m e n t o de impostos e m espécie (vinho e ó l e o ) aos a r m a z é n s d a c i d a d e . Eles r e v e l a m que alguns indivíduos supriam em grandes q u a n t i d a d e s — u m sinal d e q u e e r a m prop r i e t á r i o s d c g r a n d e s f a z e n d a s . A concentraç ã o d e t e r r a s nas m ã o s d o s r i c o s foi m u i t o c o n d e n a d a p e l o s p r o f e t a s d o s é c u l o 8, p o i s isto o c o r r i a g e r a l m e n t e às custas d o s pobres ( A m 8.4; M q 2 . 2 ; Is 5 . 8 ) .
E s t e s e x e m p l o s nos ajudam a imaginar o Templo de Jerusalém. Eles t a m b é m m o s t r a m que os detalhes da descrição são completamente plausíveis no seu d e v i d o c o n t e x t o .
As vitórias do Faraó Mcmcptá (cerca de 1208 a.C.) foram registradas nesta estela (mais dc 2 m de altura). Ela contém a referência mais antiga, além da Bíblia, a um povo chamado Israel.
Na antigüidade, era comum usar fragmentos de cerâmica, que sempre estavam a mâo. para fazer breves registros e escrever cartas.
—v-V-
PRODUÇÂO DE AZEITE DE OLIVA O azeite d e o l i v a era u m dos produtos mais i m p o r t a n t e s d o s t e m p o s b í b l i c o s ( O s 2.8, e t c ) . Era u s a d o na c o z i n h a , na i l u m i nação d a s c a s a s , na f a b r i c a ç ã o d c c o s m é t i cos e c m v á r i o s r i t u a i s . E s c a v a ç õ e s e m E c r o m ( T e l M i q n e , na planície litorânea a o e s t e d e J e r u s a l é m ) t è m esclarecido a produção d e ó l e o d e oliva d o século sete a.C. Bacias r e t a n g u l a r e s e c o m p r e s s o r e s d e pedra e r a m usados para a m a s s a r as a z e i t o nas e cada bacia tinha a seu l a d o d o i s t o n é i s para prensar a polpa a fim d e p r o d u z i r l í q u i d o ( 2 0 - 3 0 % d e ó l e o ) . V á r i o s pesos d e p e d r a s d e 77 quilos e r a m usados n o p r o c e s s o d c prensagem. Calcula-se q u e as 115 prensas d e ó l e o d e Ecrom p o d i a m p r o d u z i r 5 0 0 toneladas, o u 652.500 litros por a n o .
As duas fotos acima mostram métodos diferentes dc extrair óleo de oliva: o mais antigo era a viga e o peso; depois veio o pesado rolo de pedra; e, finalmente, a prensa. à direito: Estes jarros eram usados para armazenar óleo de oliva.
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Introdução à Bíblia
Esclarecendo o Novo Testamento
Os rolos do mar Morto foram armazenados em jarros como estes e escondidos cm cavernas da região pela comunidade de Qumran quando esta foi destruída pelos romanos durante a revolta judaica.
VIDA RELIGIOSA A descoberta dos Manuscritos d o M a r M o r t o c m 1 9 4 7 t r a n s f o r m o u nossa v i s ã o d o m u n d o d e Jesus. Os rolos nos r e v e l a r a m uma seita d o judaísmo (provavelmente a dos essênios) que tinha muitas características distintas c a b r i r a m o s nossos o l h o s p a r a o f a t o d e q u e o j u d a í s m o d o p r i m e i r o século não era uma fé uniforme e estática: ela estava m u d a n d o c continha g r a n d e v a r i e d a d e e m seu m e i o .
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Escavações em Qumran descobriram o
saiptoritim,
isro é, a sala em que os rolos foram escritos.
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,,. vl...,-.,,:.-. .--^v...'j T
;
A Bíblia no seu contexto AS CONSTRUÇÕES DO REI HERODES Em v á r i o s a s p e c t o s o m u n d o q u e J e s u s conheceu fora m o l d a d o por H e r o d e s o Grande ( 3 7 - 4 a . C ) . H e r o d e s foi responsável por muitas construções q u e alteraram o panorama d e Jerusalém c d e outras cidad e s d o seu r e i n o , t a i s c o m o H e b r o m , J e r i có e Samaria ( r e n o m e a d a Sebaste, nome grego c m honra a A u g u s t o C é s a r ) . Em Cesaréia ( t a m b é m n o m e a d a e m honra a o i m p e r a d o r ) , H e r o d e s f e z d e u m pequeno ancoradouro um p o r t o importante, o r d e n a n d o a seus e n g e n h e i r o s q u e c r i a s s e m u m p o r t o a r t i f i c i a l g r a n d e o suficiente para o s m a i o r e s n a v i o s m e r c a n t e s da é p o c a .
À cidade foi construída e m escala, c o m teatro, anfiteatro, b a n h o s públicos, estádio e um t e m p l o c m honra a o I m p e r a d o r Augusto.
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Parte d e um m o n u m e n t o c o m o nome e título d e P i l a t o s foi d e s c o b e r t o c m Cesaréia e m 1961 (veja "Os j u d e u s s o b o g o v e r n o romano: a p r o v í n c i a da J u d e i a " ) .
O palácio d o p r ó p r i o H e r o d e s e m Cesaréia mais tarde tornou-se residência d o s g o v e r n a d o r e s r o m a n o s da Judeia, inclusive P ô n c i o Pilatos. O teatro d o rei Herodes, cm Cesaréia.
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Introdução à Bíblia
A JERUSALÉM DO PRIMEIRO SÉCULO Escavações no setor j u d a i c o d e Jerusalém d u r a n t e a d é c a d a d e 1970 r e v e l a r a m exemplos d e mansões, ocupadas pela elite ( p o s s i v e l m e n t e s a c e r d o t e s ) no s é c u l o u m d a era c r i s t ã . Uma delas, agora conhecida simplesm e n t e c o m o a mansão, foi c o n s t r u í d a e m d o i s n í v e i s n u m t e r r e n o i n c l i n a d o . A s prin-
cipais áreas d c estar f i c a v a m no t é r r e o , e no p o r ã o h a v i a c i s t e r n a s e b a n h e i r a s p a r a a purificação ritual. U m a d a s salas d o t é r r e o tinha um s e g u n d o andar. As paredes tinham r e b o c o d o s dois lados e os interiores t i n h a m o r n a m e n t a ç ã o rica em d e t a l h e s . A l g u n s d o s p i s o s e r a m d e c o rados c o m mosaicos. V i d r o s e cerâmica d e luxo b e m c o m o mesas d e pedra d e alta qualidade foram encontrados nessas casas, q u e foram destruídas e m 70 d . C , q u a n d o Jerus a l é m foi t o m a d a p e l o e x é r c i t o r o m a n o . Estas d e s c o b e r t a s d ã o u m a i d é i a d a v i d a d e s f r u t a d a p e l o s r i c o s na é p o c a d e J e s u s , tais c o m o o l í d e r j u d e u q u e é m e n c i o n a d o em Lc 18.18-23.
CAFARNAUM Em c o m p a r a ç ã o , g r u p o s d e c a s a s e s c a v a d a s e m C a f a r n a u m i l u s t r a m as casas b e m mais simples das pessoas que v i v i a m nas províncias. A s p a r e d e s e r a m f e i t a s d e p e d r a s basálticas i r r e g u l a r e s , c o m p e d r a s m e n o r e s e argamassa para preencher os espaços. A l g u n s pisos e r a m d e pedra e p e q u e n o s objetos p o d a m ser facilmente perdidos e n t r e as p e d r a s , c o m o na p a r á b o l a d a m o e d a perd i d a q u e Jesus c o n t o u ( L c 1 5 . 8 ) . A l g u m a s casas tinham s e g u n d o andar. O s telhados e r a m f e i t o s d e v i g a s q u e s u s t e n t a v a m galhos ou juncos, cobertos c o m argila.
Salas e objetos descobertos em escavações na Cidade Alta, cm Jerusalém, em frente ao Templo de Herodes. Essas casas foram queimadas quando os romanos tomaram Jerusalém em 70 d . C , após a revolta judaica.
A Bíblia no seu contexto
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O COTIDIANO N o c l i m a e x t r e m a m e n t e s e c o da bacia do M a r M o r t o , sandálias, cestos, esteiras c roupas s o b r e v i v e r a m d e s d e os séculos 1 e 2 nas l o c a l i d a d e s d e M a s s a d a e E n - G e d i . Estes o b j e t o s i l u s t r a m d e f o r m a i o d a e s p e c i a l o c o t i d i a n o na J u d é i a a n t i g a .
Jarros- pratos e objetos domésticos de bronze encontrados em Massada.
Para mais informações sobre a vida diária veja:
198 Vida nômade 242 Vida sedentária
Reconsirução parcial de uma das casas de Jerusalém dcsiruídas em 70 d.C. Seus móveis e piso em mosaico dão uma idéia do estilo de vida dos ricos, apenas 40 anos após a morte de Jesus.
iVo detalhe: As vezes, síío encontrados artefatos que revelam a habilidade de quem os fez. Um exemplo é este vaso de vidro, que data de época próxima à de Jesus. Um poço reconstruído nos ajuda a entender um aspecto importante do cotidiano nos tempos bíblicos.
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Introdução à Bíblia
A terra de Israel Israel jamais foi um país grande ou muito poderoso. A distância de Dã, no Norte, a Berseba, no Sul, não chega a 230 quilômetros. Mas sua posição na estreita faixa de terra entre o mar e o deserto na parte oriental do Mar Mediterrâneo lhe confere importância especial. Desde a antiguidade até hoje a terra e seu povo têm sofrido com uma série de lutas. Nos tempos bíblicos, essas lutas eram travadas geralmente entre as grandes civilizações da Mesopotâmia, a Nordeste, e do Egito, ao Sul. Agricultura e geografia Israel produz uma extensa variedade de alimentos. Cereais e grãos, legumes, uvas, figos, romãs, azeitonas e tâmaras são cultivados desde os tempos bíblicos. Desde a época de Abraão e mesmo antes disso, ovelhas e cabras são criadas naquela região acidentada e pedregosa, provendo leite, carne e lã. Pastos mais verdes possibilitam a criação de gado. Peixes são abundantes no Lago da Galileia. O Mar Morto fornece sal e minérios. Mais ao Sul, é extraído cobre e o deserto é rico em minérios.
Para mais intormações veja:
38 Animais eaves 40 Árvores e plantas
Asdode
+42 m DIAGRAMA DA TERRA A s regiões g e o g r á f i c a s d e Israel estendem-se d e N o r t e a Sul, paralelas à costa. Dcslocando-sc para o interior, a planície litorânea dá lugar a u m a cadeia d e pequenas c o l i n a s , s e g u i d a d a r e g i ã o m o n t a n h o s a central, q u e forma a "espinha dorsal" de t o d o o país. Passando essas m o n t a n h a s , a altitude cai drasticamente até se c h e g a r ã o vale d o Jordão, sendo que existem mais cadeias d e montanhas a leste.
A PLANÍCIE LITORÂNEA
A REGIÃO MONTANHOSA CENTRAL
A e x t r e m i d a d e sul d a p l a n í c i e l i t o r â n e a foi n o p a s s a d o a t e r r a d o s f i l i s t e u s . P e r t o de Haifa, ao Norte, a planície é interrompida p e l a s e r r a d o C a r m e l o , cujas c o l i n a s s e e s t e n d e m p a r a o i n t e r i o r a t é se u n i r e m à região montanhosa central.
Os montes de Samaria e os montes da Judeia, mais a o Sul, são parte desta "espinha dorsal" d c montes acidencados e rochosos.
A Bíblia no seu contexto índice pluviométtico
CHUVAS Israel t e m d u a s estações: o i n v e r n o , frio e úmido: o verão, quente e seco. A t e m p e r a t u r a v a r i a bastante d e uma r e g i ã o para o u t r a . N o i n v e r n o , pode nevar c m Jerusalém c cair c h u v a g e l a d a na G a l i leia, e n q u a n t o a t e m p e r a tura m é d i a e m J e r i c ó n ã o baixa d e 15"C. N o v e r ã o , a t e m p e r a t u r a m é d i a n o litoral e na r e g i ã o m o n t a n h o s a é d e 2 2 - 2 5 ° C ; na r e g i ã o d o Mar M o r t o s e m a n t é m u m a temperatura constante de 4 0 ° C d u r a n t e o d i a . A s chuvas c o m e ç a m e m o u t u b r o , são mais f o r t e s e m d e z e m bro/janeiro e terminam por v o l t a d e a b r i l .
37
Regiões de Israel
Monte Heimm
Mar Mediterrâneo
GALILEIA MtlLUA
rlANALIO ORIENTAL
:S .-..>-<, logo, , Haifa-\ da Galileia MomeCotmeb • ra Nazaré' " \ Ptaakie ; í / delezréâ^A v
!
Moptêsr-.: i ; de Somaria
Jerusalém /
Mor Morto
Gaza
-
=
0
DCUORDÃO
Berseba Belém 1 . /
.'_ .-
Monie Hebo
PLANÍCIE COSTEIRA \tAar -
Morte Belém +760 m
Berseba Mat Morto
Monte Nebo
-390 m
+833 m +1000 m
DESERTO DONEGUEBE
+500 m Nivél do mar -500 m -lOOOm
0 VALE DO JORDÃO
GALILEIA
0 DESERTO
O Jordão c o m e ç a perco d o sopé d o monte Hermom e c o r r e para o Sul, d e s c e n d o cerca d e mil m e t r o s a l é c h e g a r a o m a r M o r t o (a m e n o r a l t i t u d e d o m u n d o n o seu p o n t o mais b a i x o , o u seja, m a i s d e 8 0 0 m a b a i x o d o n í v e l d o m a r ) . O v a l e é. u m a d e p r e s s ã o profunda, q u e foi c r i a d a p o r f a l h a s g e o l ó gicas nessa á r e a i n s t á v e l . P o s s u i u m c l i m a quente e ú m i d o b e m c a r a c t e r í s t i c o .
Ao norte d o monte C a r m e l o , o território se a b r e numa a m p l a c fértil p l a n í c i e , o vale de Esdraelom ou de Jezreel. A l é m d e l a e s t ã o os m o n t e s e vales q u e c e r c a m o l a g o da Galileia. A c i d a d e d e Dã e o monte H e r m o m , que é coberto de neve ( 2 8 4 0 m d e altura), m a r c a m a fronteira ao norte d o país.
A o sul d e B e r s e b a está o d e s e r t o d o N e g u e b e . Aqui o índice pluviométrico é b a i x o , e t u d o q u e se v ê s ã o p e q u e n a s m a n chas d e v e g e t a ç ã o e uma eventual acácia e n t r e o s m o n t e s á r i d o s . Estes ficam m a i s altos, acidentados e imponentes à medida q u e s e v a i na d i r e ç ã o d o S i n a i , a o Sul.
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Introdução à Bíblia
Animais e aves Animais Antes da época de Abraão, ovelhas e cabras já pastavam nos montes acidentados e rochosos de Israel, fornecendo leite, queijo e carne. A lã, usada para fazer vestimentas, sempre foi valiosa.
Os campos mais férteis de Gileade e Basã, a leste do rio Jordão, fizeram com que essas regiões ficassem famosas por seu gado. Camelos e jumentos são animais de carga e transporte de pessoas nos países do Oriente Médio desde os primórdios. Mulas são uma cruza de jumento e cavalo. Havia cavalos no Egito na época de José. Eles puxavam carruagens e eram montados por soldados na frente de batalha. Um número bem maior de animais selvagens habitava a terra de Israel nos tempos bíblicos do que acontece atualmente — lobos, leões e ursos, raposas e chacais, o jumento selvagem (onagro), o íbex, veados e
gazelas, camundongos, ratos e outras criaturas pequenas, bem como o tímido hiracoídeo que se esconde entre as rochas. Havia muitas cobras, a maioria delas inofensiva, mas algumas que podiam ser letais, inclusive víboras, que foram, possivelmente, as que picaram os israelitas durante a jornada pelo deserto. Havia também gafanhotos e ocasionalmente nuvens destruidoras de gafanhotos do deserto. No lago da Galileia havia uma grande variedade de peixes (veja "A pesca no mar da Galileia"). Cobras cxisletn em todas as regiões de Israel. Não é fiícil identificar as que são mencionadas na Bíblia. A serpente mortífera de Nrn 21 provavelmente í- a víbora, semelhante à víbora dc chifres (acima). Muitas, como a cobra de Clifford (abaixo), são inofensivas.
Camelos são muito importantes em regiões dentro c ao redor do deserto. Os tnklianitas atacaram Israel montados cm camelos (.1/. n.S). A rainha dc Sabá utilizou-os para transportar cargas ( l l t s 10.2).
faamhfmeinfonmaxsveja:
Ovelhas e cabras 144,269, etc. Gafanhotos 165,489
Codornizes 196
Há mais de 40 tipos dc lagartos em [ m e l . B t c é o lagarto Dabb.
Jumentos 248,259, etc.
Corvos 291 Arganazes 383 Pombos 405,599
Gazelas 405
Deus disse que Ismael, o filho de Abraão e Agar. seria como o jumento selvagem (foto), lutando contra iodos (<;n 16.12).
A Bíblia no seu contexto Nos tempos bíblicos, a maioria das pessoas simples usava jumentos para se locomover e fazer o transporte de cargas. Jesus entrou em Jerusalém montado
O raio do deserto è um dos vários roedores encontrados em diferentes habitais de Israel.
0 "bode selvagem" mencionado em versões mais amigas da Bíblia é o íbex núbk>. Embora nesta foto apareça em terreno plano, o Ibcx é um animal montês, podendo ser visto ainda hoje nas arcas rochosas perto de En-Gcdi.
Pássaros Uma variedade de habitats, do semitropical ao árido, contribui para a riqueza de pássaros que podem ser encontrados em Israel. Além dos que são nativos, muitos pássaros passam pela região na primavera e no outono, numa im portante rota migratória da África para a Europa e a Ásia Ocidental. A Bíblia menciona muitos pássaros que não podemos identificar claramente. Dentre os que podemos estão a águia, o abutre, a coruja, a cegonha, a garça, a andorinha, o pardal, a codorniz, a perdiz, a rolinha, a pomba, a gralha e o corvo.
v»V O órix ( d o deserto) estaria extinto, se não fosse criado em cativeiro.
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Introdução à Bíblia
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Arvores e plantas Árvores Embora seja provável que Israel jamais tenha tido florestas densas, algumas áreas atualmente descampadas eram regiões de floresta nos tempos bíblicos. A árvore do deserto é a acácia, usada pelos israelitas para construir a arca da aliança e partes do tabernáculo. Carvalhos, abetos, ciprestes e pinheiros cresciam nos montes. Álamos, salgueiros, tamargueiras e loureiros formavam densas moitas ao longo das margens do rio Jordão. As mais importantes eram as árvores frutíferas: vinhas e oliveiras, figueiras, pés de romã, tamareiras e amendoeiras. O cedro usado para o palácio do rei Davi e o Templo de Salomão foi importado do Líbano.
As uvas amadurecem na vinha.
ísta palmeira cresce i subtropical.
tamarjmeira em flor.
As olivas são um produto importante em Israel. Figos crescem numa arvore que faz sombra perto de uma casa.
Para mais fotos e informações veja:
Acácia do deserto 174 Papoulas 391 Romãs 405 Videiras427,638 Figueira 623 i'
h
r , fl A n £ O O
A Bíblia no seu contexto Plantas e ervas Os contrastes de clima resultam numa variedade incomum de plantas e flores silvestres. Uma exuberância de flores do campo adorna os montes da Galileia na primavera — os "lírios do campo" de que fala Jesus — açafrão, anémona, narcisos, ciclamens, papoulas, margaridas amarelas e muitas outras. Ervas e especiarias sempre foram valiosas, algumas por seu uso medicinal, outras pelo sabor que acrescentavam a uma dieta um tanto insossa. Entre as ervas comuns estão cominho, endro, alho, anis, hissopo, arruda, menta e mostarda. Há também mais de 120 tipos de ervas daninhas e espinheiros em Israel!
A Bíblia usa mais de 20 palavras para referir-se a espinheiro ;! 1
A mais vivaz das flores da primavera é a anémona vermelha.
O crisantemo amarelo pode ser um dos "lirios do campo" de c|ue Jesus falou.
As papoulas florescem até nos lugares mais
A íris amarela é uma planta do brejo.
Na antiguidade, o papel era feito do caule do papiro.
pnliey.i IMIS.
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Introdução à Bíblia
O calendário de Israel O calendário é uma daquelas coisas essenciais à qual nem sempre se dá o devido valor. Os mais antigos calendários, inclusive os do Israel antigo, foram elaborados em função das estações do ano agrícola e dos ritos religiosos associados a essas estações. Por causa disto, e porque era tudo tão complexo, os sacerdotes se tornaram especialistas na administração do calendário. O comércio e o governo também exigiam datação precisa. Assim, os grandes impérios da Mesopotâmia e do vale do Nilo
desenvolveram seus próprios sistemas com grande índice de precisão. Sabemos pouco sobre o calendário israelita antigo, com exceção das festas. Mas o Mishnah (a coleção de leis judaicas feita no final do século 2 da era cristã) faz uma descrição completa do sistema que os judeus criaram sob influência babilónica. Ele continuou a ser usado junto com o calendário romano. Este, que foi tão bem reformado por Júlio César, sobrevive quase intacto ainda hoje, dois mil anos depois.
MARÇO
MAIO
Quando os israelitas chegaram a Canaã, eles usaram os antigos nomes cananeus para designar os meses. Durante o exílio, esses nomes foram subsiiniídos pelos nomes babilónicos que aparecem nas colunas abaixo.
AGOSTO
JULHO
JUNHO
NISA
LAR
SIVÃ
Mês 1
Mês 2
Mês 3
Mês 4
Mês 5
Colheita de grãos
Cultivo das videiras
Colheita de frutas de verão
nome antigo: Abibe
nome antigo.Zive
Colheita de linho
Colheita de linho e cevada
Festas: 14-21 Páscoa e Pães sem Fermento
Festas: Colheita/Semanas (Pentecostes)
T A M U Z
A B E
Colheita O de uvas e olira de uv
>mbe "obeniác
A Bíblia no seu contexto
43
Paro mais iníormupes veja:
UM PROBLEMA
NO NOVO TESTAMENTO
O sábado (dia dc descanso) semanal a p r e s e n t a v a seus p r ó p r i o s p r o b l e m a s , p o i s o ano não contém um número inteiro de semanas, n e m um número inteiro d e meses. Na a n t i g u i d a d e o s á b a d o p o s s i v e l m e n t e e r a a j u s t a d o p a r a c o i n c i d i r c o m as testas principais o u a t é m e s m o c o m o s d i a s d e lua n o v a ( v e j a l.v 2 3 ) . D e p o i s d o e x í l i o , o s á b a d o d e sete c m s e t e d i a s passou a ser o b s e r v a d o com maior rigor e tornou-se independente d o c a l e n d á r i o l u n i s o l a r , d c m o d o q u e o s judeus ortodoxos vieram a ler problemas com a relação e n t r e s á b a d o s e festas.
A maioria dos autores d o N o v o Testam e n t o relaciona certos acontecimentos c o m o calendário judaico c m uso naquele tempo. Ocasionalmente eles identificam datas fazendo referência a governantes nãojudeus. Lucas, por e x e m p l o , refere-sc ao i m p e r a d o r r o m a n o T i b é r i o e m seu E v a n g e lho. Os relatos eslão repletos d e referências às g r a n d e s festas a n u a i s : P á s c o a , T a b e r n á culos, Pentecostes. Mas até nisto não havia uniformidade absoluta. Havia pequenas diferenças entre o calendário seguido pelos fariseus c o c a l e n d á r i o d o s saduceus.
190 As grandes testas religiosas
i: \ : A foto mostra uni auxilio simples para lembiat as estações d o ano agrícola. As anotações, em hebraico, foram gravadas sobre pedra calcária por volta de 900 a.C. Encontrado em Gezer, este artefato <• conhecido <»i«<>
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sn
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o "Calendário de Gezer".
OUTUBRO
NOVEMBRO
DEZEMBRO
Tisri
Marquesvã
Quisleu
Mês 7
Mês 8
Mês 9
fit anrigo: Etanim
nome antigo: Bui
Colheita de uvas e olivas
Lavragem e plantio
Lavragem e plantio
Chuvas de outono
Chuvas de outono Festas: Luzes (Dedicação do Templo)
feras;
kmUuis (Ano Novo) imóculos (Bairacas)
JANEIRO
Tebete Mês
10
Lavragem e plantio
FEVEREIRO Sebate Mês
11
MARÇO Adar Mês
12
Cultivo tardio
Cultivo tardio
Chuvas da primavera
Chuvas da primavera Festas: Purim
ENTENDENDO A BÍBLIA
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Introdução à Bíblia
Dicas para entender John Goldingay
A Bíblia não é o que a maioria de nós espera de um livro religioso ou texto sagrado. Em primeiro lugar, ela é mais uma biblioteca que um único volume. Ela abrange histórias, parábolas, leis, orações, poemas, cartas, visões, profecias e outros tipos de literatura. Estas não são obra de um único autor, mas de uma variedade de autores humanos que escreveram em mais de um continente, viveram em mais de um milênio e falaram em mais de uma língua. Assim, esta "mensagem de Deus" é diferente do que algumas outras religiões acreditam ter. A maior parte da Bíblia não afirma ter sido "ditada" por Deus. Ela nem sempre é Deus falando para o povo. Pode ser o povo falando com Deus, como nos Salmos. Ou pode ser pessoas falando para pessoas, como nas cartas do Novo Testamento escritas por Paulo. Deus fala através de pessoas Em toda a Bíblia Deus fala por intermédio de pessoas. Isto significa que entender as pessoas pode nos ajudar a entender a Bíblia. Sc, por exemplo, você sabe o que significa sentir dor, ficar com raiva, estar deprimido, ter alegria, amar, prestar culto, entenderá e poderá sc identificar com muitos dos salmos. Se você puder se colocar na situação de um líder de igreja que se preocupa com a sua congregação, ou de um membro da igreja que é repreendido pelo pastor, isto o ajudará a compreender as cartas do Novo Testamento, que foram dirigidas às primeiras igrejas cristãs. Que tipo de livro é esse? Para entender determinado livro da Bíblia, precisamos descobrir que tipo de material estamos lendo.
Entretanto, mais da metade da Bíblia é história, e então é por aí que vamos começar.
Quando abrimos a Bíblia, devemos perguntar o que eslamos lendo, tode ser uma hislória, como pode ser unia cana.
"Acima de tudo, o cristianismo é uma religião narrativa, eéa narrativa que faz dela uma religião sólida. As histórias são eloqüentes. Até mesmo nãocristãos e ateus reconhecem que elas penetram nosso ser." Jim C r a c c
Se recebermos quatro correspondências, leremos cada uma à luz do que é — uma propaganda, uma conta, uma carta de amor ou uma carta contendo uma oração. Se as correspondências vêm da nossa própria cultura, sabemos instintivamente como lê-las. Se vêm de outra cultura, é mais provável que as entendamos mal. Podemos até acreditar na propaganda quando lemos: "esta é uma oferta especial feita só para você!" Os livros da Bíblia vêm de culturas diferentes da nossa. Assim sendo, como podemos entendê-los? Normas diferentes se aplicam a tipos diferentes de literatura.
A natureza da história bíblica Precisamos ter três coisas cm mente para entendermos os livros históricos da Bíblia. • Em primeiro lugar, a maioria deles tem u m interesse pelos fatos. Isto os aproxima bem mais da história do que da ficção. A fé cristã é fundamentalmente um "evangelho" — uma mensagem de "boas novas" da parte de Deus. Ela diz às pessoas, por meio da história de Israel e dos relatos da vida de Jesus, o que Deus fez por elas, na convicção de que estas coisas são decisivas para a maneira como as pessoas se relacionam com Deus. Se Deus jamais houvesse feito algo em benefício de Israel ou cm Jesus, não haveria evangelho. Assim, os fatos são essenciais para que se entenda a Bíblia. Mas não devemos impor à Bíblia nossas próprias expectativas quanto à sua natureza histórica. A história bíblica é uma combinação divinamente inspirada de fatos e criatividade literária. O fato de que a história da Bíblia está ligada à natureza da fé cristã como "evangelho" tem outra implicação. As pessoas são, muitas vezes, tentadas a ler a história da Bíblia principalmente para tirar exemplos de como devem viver. Mas se o objetivo da história bíblica fosse simplesmente inspirar-nos dessa maneira, ela teria sido outro tipo de histó-
Entendendo a Bíblia ria. Muitas vezes, parece que os personagens da Bíblia nos mostram os dois lados: como se leva uma vida fiel e dedicada a Deus, e como não se deve ser povo de Deus. Isto em si reflete o fato de que a história da Bíblia tem mais a ver com o que Deus fez com as pessoas do que com aquilo que as pessoas fizeram. Os eventos ocorrem apesar das pessoas tanto quanto por intermédio delas. Assim, ao lermos a história da Bíblia, devemos ter uma pergunta em mente: "O que Deus está fazendo aqui, e como, e por quê?" Uma segunda característica das histórias bíblicas, como de qualquer história, é que ela é escrita p a r a um público. Por exemplo, os livros de Samuel e Reis, de um lado, e Crônicas, de outro, nos dão duas versões da história de Israel no período dos reis. São versões diferentes da mesma história, porque elas foram escritas para públicos em situações diferentes: - Israel sob o castigo de Deus após a queda de Jerusalém - e Israel um século mais tarde, quando de certa forma Deus o havia restaurado. Essas duas comunidades precisavam que lhes fossem apresentadas perspectivas diferentes da mesma história. Se entendermos para quem o livro foi escrito, apreciaremos o motivo pelo qual a história é contada daquela maneira e entenderemos melhor o que cie procura transmitir. Uma terceira característica de uma história bíblica é que ela é história, com todas as características de uma boa história. Tem começo, meio e fim e um enredo cheio de surpresas (a história de José ou de Jesus, por exemplo).
4.7
Os livros d o NT foram escritos para públicos diferentes, usando palavras e conceitos conhecidos por eles:
Pessoas "no mercado", à medida que as histórias sobre Jesus c a m e n s a g e m cristã sc difundiam. Judeus religiosos, representados pelos dois h o m e n s l e n d o a Tora j u n t o a o M u r o d a s Lamentações, em Jerusalém. Romanos, como os que aparecem neste relevo, lendo rolos.
Pessoas de fala grega no mundo helenista que havia colonizado grande parte daquela região - como a cidade de Jerash, na atual Jordânia.
Pensadores c filósofos, como aqueles que debateram com Paulo em Atenas.
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Introdução à Bíblia Ela tem personagens: alguns personagens são tão complexos quanto nós mesmos e outras pessoas que conhecemos, ao passo que outros personagens menos expressivos não chegamos a conhecer tão bem (a história de Rute é um exemplo). A história tem um tema (Juízes, por exemplo, fala sobre ligação entre o sexo e a violência). Uma história interessante pode ter mais que um tema (a dc Jonas é sobre como não ser um profeta, e também sobre como Deus se preocupa com os gentios, e possivelmente também fala sobre como Deus chama Israel ao arrependimento). Assim, ela precisa ser apreciada e compreendida como uma história. Isto implica várias coisas: Uma história precisa ser lida como um todo, não apenas em pequenos episódios, como geralmente acontece nos cultos e nas leituras diárias. Devemos nos deixar levar para dentro da história. Interpretar a Bíblia requer o exercício da nossa imaginação. Isto não significa que devemos impor à Bíblia nossas próprias idéias, embora façamos isto inconscientemente. Às vezes isto não importa; a história pode até nos convidar a fazer isto. Afinal, um contador de histórias não conta (nem consegue contar) tudo, e sabe que aprendemos quando nos identificamos com a história. Mas é importante que não interpretemos a história com um significado que ela, em si, não tem. Ler na companhia de outras pessoas ajuda a evitar estas coisas e também é útil de outras maneiras. Quando lemos a Bíblia com um grupo de pessoas e a discutimos com elas, ficamos mais próximos daqui-
Cirande parte da Biblia I lebraica. a Torá que este rabino está lendo, é instrução, ou seja, as regras pelas quais Deus protege a liberdade do seu povo.
"Uma palavra de verdade pesa mais que o mundo inteiro." A l e x a n d e r Sob.henitsyn
lo que seus autores tinham em mente, pois a prática da leitura e do estudo silencioso e individual é algo típico dos tempos modernos. O que fazer e o que não fazer Nas grandes histórias do Antigo e do Novo Testamento há longas seções de instrução sobre como viver. Nem o Antigo nem o Novo Testamento estão interessados em obediência cega, assim que precisamos entender os motivos dessas instruções. Na verdade, a Bíblia geralmente dá essas instruções, embora sejam vistas como algo natural ou que não precisa de muita explicação. Isto porque seriam facilmente compreendidas na cultura da qual procedem (por exemplo, o motivo pelo qual os israelitas do Antigo Testamento não deviam cozinhar um cabrito no leite de sua mãe, ou pelo qual as mulheres de Corinto no Novo Testamento deviam pôr um véu na cabeça quando estavam na igreja).
Precisamos nos esforçar para entender as questões que estão por trás dessas instruções, para entender como devemos tomar a atitude equivalente no nosso próprio contexto. Podemos perguntar, por exemplo, qual era o objetivo dessas instruções. Que situação elas pressupunham? Que problema tentavam solucionar, ou que perigo queriam evitar? Que convicções teológicas e morais tinham como base? Então podemos tentar descobrir se há problemas e perigos equivalentes que precisamos abordar dc maneiras equivalentes. No antigo Israel, por exemplo, as pessoas tinham que construir uma mureta ao redor do telhado (plano) das casas para que as pessoas não caíssem de lá. Em certas áreas das grandes cidades de hoje, lombadas eletrônicas ou redutores de velocidade podem ser uma forma semelhante de proteger a vida das pessoas. Outro tipo de questão surge dos padrões diferentes das instruções que aparecem nas várias partes da Bíblia. Algumas parecem dar liberdade a mulheres e escravos, por exemplo; outras parecem aceitar sua opressão. Aqui podemos ver os ideais de Deus em conflito com situações reais de forma bem prática. Jesus, ao falar sobre casamento e divórcio, falou da tensão entre o que Deus queria na criação e o que Moisés permitiu por causa da teimosia do povo (Mc 10). Sua posição com relação a este problema específico pode ser aplicada de forma mais ampla. Portanto, a questão é: qual é o equivalente mais próximo do ideal de Deus, levando em consideração a teimosia humana neste contexto com relação a este problema?
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Introdução à Bíblia
Entendendo a Bíblia A Bíblia foi escrita há muito tempo para pessoas que viviam numa cultura diferente da nossa. ..• ;-R--;_r. r^._ ASSASSE •.
Os estágios de compreensão e aplicação que aparecem nestas páginas nos ajudam a evitar erros como: • tirar um trecho do contexto. A Bíblia nõoé uma caixinha mágica! • fundamentar uma doutrina num versículo que foi mal interpretado — como acontece freqüentemente com seitas e movimentos heréticos. • dizer que ela é muito distante e difícil para os leigos: não é! • lê-la apenas como literatura ou geografia ou história: ela é isto, mas também é mais do que isso: é a mensagem mais importante de todas. • lê-la como mágica, ou fábulas, ou contos de fadas... a Bíblia foi escrita por pessoas em situações reais conforme eram inspiradas por Deus.
ANTIGO TESTAMENTO
DE Q U E T I P O D E E S C R I T O SE TRATA?
NOVO TESTAMENTO
DE Q U E T I P O D E ESCRITO SE TRATA?
-
DE Q U E PARTE D A BÍBLIA F O I TIRADO?
SoHhhHíIIIHI^HHHÍ
Entendendo a Bíblia
LEI
É uma lei moral, válida para todas as épocas? Ou uma questão de lei social ou cerimonial? No segundo caso, que idéia ou princípio geral é expressado?
HISTÓRIA
O que aconteceu? Onde? Com quem? Por que essa história foi contada? Qual é o moral da história?
POESIA/ SABEDORIA
Não leia poesia como se fosse prosa! Espere encontrar simbolismo e linguagem figurada. Em vez de usar rimas, a poesia hebraica dizia a mesma coisa duas vezes com palavras diferentes.
PROFECIA
Qual é o contexto histórico por trás da passagem? Seu estilo é poético, simbólico? Qual era o propósito original da profecia? 0 Q U E ESSA PASSAGEM SIGNIFICAVA PARA O S PRIMEIROS LEITORES O U OUVINTES?
EVANGELHO
Quatro relatos dos ensinamentos e acontecimentos da vida de Jesus. A passagem é narrativa ou se trata de uma história com moral?
HISTÓRIA (ATOS)
O que aconteceu? A história foi incluída para transmitir uma lição?
EPÍSTOLA
Quem estava escrevendo a quem — e por quê? (Veja, p. ex., o início da epístola.) Qual é o tema ou argumento principal da epístola como um todo? Como a passagem se encaixa nisso?
APOCALIPSE
No contexto da perseguição romana, João usou o estilo literário apocalíptico: figuras tiradas do AT e simbolismo poético. Leia com imaginação e emoção para ter a perspectiva mais ampla.
C O M O A MESMA M E N S A G E M SE APLICA A NÓS HOJE?
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52
Introdução à BMia
A Bíblia como uma história Walter Wangerin Jr.
A Bíblia é, no fundo, uma narrativa. A criação nos é apresentada como uma narrativa. Os acontecimentos que envolveram o povo de Israel — seus ancestrais, sua história, os juízes, reis e profetas — aparecem na forma de uma crônica histórica. E Jesus Cristo é revelado, não tanto em proposições de natureza sistemática, mas muito mais numa comovente narrativa. O problema da narrativa é sua ambigüidade. Ao contrário da doutrina, ela não confina as pessoas num único pensamento explicável, definindo unanimidade e não deixando que o indivíduo siga o seu próprio caminho. Ela admite tantas variedades dc interpretação quantos forem os seus leitores. Os pregadores — quando usam uma unidade narrativa — geralmente a usam para seus próprios fins. Ela se torna uma ilustração, algo inferior àquilo que querem ensinar. O que os pregadores geralmente não fazem com uma história é, simplesmente, contá-la — dar-lhe vida c expressão. A "verdade santa", que é o objetivo de qualquer religião, é uma coisa viva. Ela quer um relacionamento com as pessoas que buscam um relacionamento com ela. E a narrativa é o ponto dc encontro no qual os relacionamentos começam, amadurecem, podem ser completamente conhecidos, designados, lembrados c vividos. Existem e já existiram religiões sem teologias. Mas nunca existiu uma religião sem uma narrativa. E uma narrativa ou história não é uma história enquanto não for contada. E esse contar da história é um dever crucial dos líderes da religião. Quais são as histórias que os líderes da fé cristã precisam narrar? Em quais narrativas se oferecem oportunidades de um encontro com Deus?
"(A história da criação) é ao mesmo tempo a mais conhecida e a menos conhecida de todas as histórias do Antigo Testamento. O que a maioria das pessoas conhece não é o texto, mas a vasta estrutura de doutrina que teólogos construíram sobre o texto. A história está escondida no alicerce, mas tudo que vemos é o que foi construído em cima dele." T r c v o r Dcnnis
"Encontro" em si implica ação dramática. Personagens com personagens entram num relacionamento no qual certos acontecimentos se destacam por serem significantes e expressivos. Estes são momentos da mais intensa interação, quando a presença de Deus, a nosso favor ou contra nós, é sentida de maneira tão forte que todos os outros objetos, detalhes e gestos, são definidos por essa presença. Esses momentos, reunidos, formam a história da religião; e são lembrados e contados como narrativas, pois foram, a princípio, acontecimentos. São significantes; testificam, cada vez que são narrados, um relacionamento atemporal com Deus. Mas estas mesmas histórias fundamentais também dão significado às experiências pelas quais as pessoas passam nos dias de hoje, naquilo que elas têm em comum. Elas descrevem e contêm uma quantidade enorme de sentimentos imediatos, impulsos involuntários, relacionamentos humanos instáveis, anseios espirituais. Não é que a vida das pessoas lhes tenha sido explicada intelectualmente e elas conseguiram entender, mas é como se um pai amoroso e poderoso viesse e as abraçasse e confortasse.
A narrativa cria ordem onde só havia o caos. Pelo fato de a forma narrativa apresentar um ordenamento, pelo fato de ela reconhecer e usar os elementos desta existência como elementos próprios e convidar o ouvinte a que entre no mundo dela, cia consola esse ouvinte com todo sofrimento que ele tem, num mundo organizado e significante. A narrativa consola. O ensino pode envolver a nossa mente; mas uma narrativa toma conta de todo o nosso ser — corpo, sentidos, razão, emoção, memória, riso e lágrimas. Além disso, a narrativa insere as pessoas numa comunidade — no tempo presente e através dos tempos. É isto que acontece quando judeus recontam e revivem a história do êxodo na Páscoa, quando cristãos recontam e revivem a história da paixão de Cristo na Santa Ceia, quando Martin Ltither King declama uma história para milhares dc pessoas engajadas no movimento contra a discriminação dos negros — "Eu estive no topo da montanha! Olhei e vi a Terra Prometida! Talvez não chegue lá com vocês" — evocando a imagem do velho Moisés no monte Nebo enquanto todo Israel, nas campinas de Moabe, aguardava, pronto, a hora de fazer a travessia. É isto que acontece: pessoas fragmentadas são restauradas outra vez de modo comovente, simplesmente ao ouvirem uma narração da história que lhes é comum. As narrativas são tão antigas quanto a própria religião, porque é da natureza das religiões fazer uma narrativa acerca do mundo.
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Introdução à Bíblia
Declínio e renovação Durante a Idade Média, este lipu de interpretação entrou em declínio, em boa parte porque poucas pessoas sabiam ler grego ou hebraico. Mas ela não desapareceu, c por muito tempo a igreja insistiu eme sua doutrina devia ser baseada em afirmações claras das Escrituras. Isto ajudou a manter uma noção da importância do significado histórico-literário do texto na mente das pessoas e as incentivou a estudá-lo com mais cuidado. A partir de 1200, aproximadamente, houve um ressurgimento do interesse pelo texto e alguns monges até aprenderam hebraico para poderem comentar o Antigo Testamento com mais precisão. O grande avivamento do estudo que ocorreu nos séculos 15 c 16 colocou essa abordagem em evidência outra vez. Martinho Lutero (1483-1546) insistiu que este era o único método de interpretação confiável para transmitir a "Palavra de Deus" a nós, embora, na prática, ele nem sempre seguisse esse princípio. João Calvino (1509-1564) adotou as posições de Lutero e as sistematizou numa série de comentários que continuam sendo clássicos do gênero. Não raras vezes a Itíblia foi usada como "livro mágico", sendo que textos eram tirados de seu contexto para assustar os leitores ou para dar sustentação a religiões misteriosas compreendidas apenas por seus membros.
Calvino acreditava que um texto deve sei lido no seu contexto histórico e como uma narrativa interligada. Ele também deu grande ênfase ao significado real das palavras c censurou as tentativas de alterar isto simplesmente para ajudar a estabelecer este ou aquele ponto doutrinário ou teológico. Interpretação "pactuai" Com base nesta convicção, desenvolveu-se um estudo bem mais profundo das partes históricas da Bíblia, que acabaria no que veio a ser conhecido como interpretação "pactuai". Aqui a Bíblia é vista como registro histórico do relacionamento salvador de Deus com o seu povo, cristalizado na "aliança" ou "pacto" que Deus fez com eles. Este relacionamento cresceu c se desenvolveu com o passar do tempo, até ser cumprido em Cristo. A interpretação pactuai (ou aliancista) é uma maneira muito boa de demonstrar como o Antigo Testamento continua sendo a "Palavra de Deus" embora partes dele não se apliquem mais a nós atualmente. ("Testamento" é o mesmo que "aliança" tanto no hebraico quanto no grego.) As leis relativas a alimentos que aparecem em Levítico, por exemAo lado ila ênfase escolástica na doutrina existe a tradição de literatura devocional. Esta ilustração é tirada de uma edição de 1689 dos "Kxcrclcios Espirituais" de Inicio de Loyola. 'IVatn dos Sete Pecados Mortais, citando Jó 2 c Ap 9.
pio, foram dadas como parte da aliança que Deus tez com Israel através de Moisés. Mas quando Cristo veio, elas deixaram de ser relevantes e, assim, puderam ser descartadas. Isto não significa que essas leis não tenham vindo de Deus. Mas, como as circunstâncias passaram a ser outras, fez-se necessária uma nova aplicação desse antigo ensinamento, Esta aplicação foi fornecida por Jesus, que reinterpretou a aliança de maneira radical. Pensamento histórico-crítico A interpretação histórica do tipo pactuai continuou a dominar o campo da teologia bíblica até o início do século 19, quando foi suplementada e parcialmente substituída pelo que hoje chamamos de pensamento "histórico-crítico". Ele adota a ênfase histórica de Calvino, mas vê a Bíblia essencialmente como registro da comunidade da aliança c sua visão de Deus, não como a revelação de Deus para ela. Esta abordagem detectou muitas opiniões teológicas diferentes na Bíblia, o que dificultou a tarefa de lê-la como unidade ou um só livro. Interpretação canónica Mais recentemente, houve uma reação contra este tipo de análise e
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uma nova proposta, "interpretação canónica", foi apresentada. Ela concorda que a Bíblia pode ter várias fontes diferentes, mas diz que o que importa é o fato de que elas chegaram a nós como mensagem única num só livro. Portanto, o que une a Bíblia é mais importante que aquilo que nos lembra das origens diversas de parte do material que ela contém. No mundo moderno pode-se dizer que quase todos os intérpretes da Bíblia inseridos no contexto acadêmico adotam uma forma de interpretação histórico-literária, e que a maioria deles pode ser classificada como "críticos históricos".
Significado espiritual Sempre existiram aqueles que achavam que a Bíblia não é uma mensagem direta de Deus, mas um enigma que deve ser decifrado, geralmente de forma altamente complexa e misteriosa. Um código secreto de números? Por exemplo, no hebraico e no grego cada letra representa também um número, e, em função disso, surgiram teorias segundo as quais a Bíblia seria um código numérico secreto. A numerologia, que é como se chama isso, era prática bastante comum em certos grupos judeus, e, de tempos em tempos, reaparece entre os cristãos, embora atualmente nenhum estudioso ou teólogo respeitável leve tal prática a sério. Alegoria? Na época de Jesus, Filo de Alexandria (falecido em 50 d.C.) desenvolveu a teoria que o Antigo Testamento era em grande parte
Intendendo a Bíblia
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uma alegoria de coisas divinas. Alegoria é uma forma literária na qual uma coisa representa outra, mesmo sem que haja ligação real entre as duas. Alegorização é o uso sistemático de alegoria como forma de interpretar um texto. Ela se tornou popular como forma de interpretar o Cântico dos Cânticos, que muitos crentes viam como ilustração do relacionamento entre Cristo e sua noiva, a igreja, ou entre Cristo e o crente individual. Como método de interpretação, a alegorização entrou na igreja cristã por intermédio de Clemente de Alexandria (falecido por volta de 215 d.C), que seguiu a linha de Filo. Orígcnes (cerca de 185-254 d.C), que foi discípulo de Clemente, a transformou numa forma sistemática de interpretação bíblica. Segundo Orígenes, havia três níveis de significado nas Escrituras: o literal, o moral e o espiritual. Estes correspondiam às três "partes" do ser humano: corpo, alma e O erudito holandês Desidério Erasmo 04*6-1536) aplicou seu conhecimento dc hebraico e grego à interpretação da Bíblia. William Tyndale (1494-1536) foi outro que se voltou às línguas originais para fazer sua tradução pioneira para o inglês. A tradução de Tyndale foi a base para a Versão do Rei
Tiago (King James Version), que trouxe o significado simples das Escrituras a todos. Com a prensa de Gutenberg, a Bíblia saiu das bibliotecas e alcançou os mercados.
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espírito. Mais tarde, no século 4, o monge João Cassiano acrescentou outro sentido espiritual, o "anagógico", que é semelhante ao espiritual, mas focaliza a vida futura do cristão no céu. A alegorização era muito popular na Idade Média, especialmente entre os monges, embora estudiosos sérios tenham feito o possível para mantê-la sob controle. Porém, ela parecia oferecer uma maneira muito atraente de interpretar o Antigo Testamento, que não precisava mais ser interpretado literalmente. Os acontecimentos que descreve — a matança dos amalequitas, por exemplo — não deviam ser entendidos como modelos para a conduta cristã, mas sim como sinais, indicando que devemos fazer morrer o pecado que se manifesta em nossa vida. As pessoas que adotaram esta abordagem geralmente acusavam os judeus de serem "literalistas" na sua leitura do Antigo Testamento,
o que ei a considerado o motivo pelo qual não viam Jesus nele. Na melhor das hipóteses, a alegorização foi um meio de encontrar referências ao Salvador em lugares que à primeira vista pareciam muito improváveis (como no exemplo de Cântico dos Cânticos), e de aplicar passagens bíblicas obscuras ao cotidiano. Após a Reforma, a alegorização cessou entre os intérpretes do mundo acadêmico, mas continuou sondo popular em outros lugares. Muitos hinos usam a peregrinação do povo de Israel no deserto para representar a vida cristã. Este é um dos temas alegóricos favoritos da antiguidade. Os chamados "negro spirituals", nos quais o rio Jordão representa a morte, a Terra Prometida, o céu, c assim por diante, fazem uso freqüente de alegorias. No século 19, principalmente, os pregadores gostavam muito de usar alegorias.
Níveis diferentes de significado Em anos recentes, o crescente interesse dos estudiosos pelos gêneros literários usados na Bíblia levou muitas pessoas a perceber diferentes níveis de significado no texto, o que, por sua vez, está trazendo de volta a antiga interpretação espiritual. Grande parte das interpretações alegóricas é grosseira ou indubitavelmente errônea, mas pelo menos a alegorização mostra que uma passagem pode ter um significado mais profundo do que, à primeira vista, parece ter. Algumas teorias modernas têm muito em comum com a alegorização e muitos esforços no sentido de tornar a Bíblia "relevante" para mulheres, para pessoas dc países subdesenvolvidos e para outros assuntos contemporâneos precisam sem dúvida, ir além do que as palavras em si estão dizendo.
Juntamente com a interpretação histórico literaria, o uso espiritual e devocional da Bíblia teve continuidade, por exemplo, entre os pietistas. O compositor
Personagens importantes para o retomo à interpretação hislórico-literárin da lllblia foram Martinho Lutero (1483-1546) e João Calvino (1509-1564).
O desenvolvimento do método científico produziu varias abordagens de interpretação da Biblia. Alguns, como Blaise Pascal (1623-1662). usaram as "provas" cientificas de maneira positiva, mostrando, por exemplo, como as profecias do AT se cumpriram no NT. Outros cientistas, principalmente no século 19. usaram a abordagem "reducionista" (se a ciência demonstra que as origens humanas são evolutivas, o relato da Bíblia tem de estar errado). Mais recentemente, à medida que as pessoas começam a apreciar as diferentes formas dc literatura na Bíblia, muitos passaram a considerai o relato bíblico e a posição científica complementares. São maneiras diferentes de ver a mesma coisa e responder perguntas diferentes.
Entendendo a Bíblia Aqueles que estudam a Bíblia não precisam escolher entre os dois tipos de interpretação: podem emprestar idéias de ambos. Mas é melhor dar preferência à interpretação histórico-litcrária direta. Os cristãos acreditam que a aliança do Antigo Testamento entre Deus e seu povo se cumpre c, portanto, tem seu significado verdadeiro em Cristo. Isto deve ser levado em consideração quando tentamos aplicar uma passagem específica do Antigo Testamento aos dias atuais. A vinda de Cristo alterou as condições em que um determinado texto do Antigo Testamento era aplicado originalmente? Neste caso, é provável que este texto deva ser usado de forma diferente hoje. Por exemplo, aquilo que o Antigo Testamento diz sobre os sacrifícios que, em tempos antigos, eram oferecidos no Templo (que não são mais realizados) pode esclarecer o signi-
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ficado da morte de Cristo na cruz, como sacrifício em nosso lugar. Mesmo no Novo Testamento, é importante distinguir o que o texto ensina como princípio teológico permanente daquilo que ele simplesmente registra como fato histórico (as duas coisas não são idênticas). Por exemplo, os cristãos são chamados para seguir o exemplo — para imitar — tanto Cristo quanto o apóstolo Paulo. Isto significa compartilhar suas atitudes e convicções, e viver da forma que eles aprovariam — não se tornar carpinteiro ou fazedor de tendas! A Bíblia é o 1 ivro ma is importante na história da civilização ocidental. Ela foi acolhida em muitas culturas e comunidades, influenciando a fé e a prática. E crucial que seja lida de maneira que leve em conta os diversos tipos de literatura que ela contém (veja também, "Chaves que abrem o entendimento").
N o século 20. a preocupação com a justiça para os pobres na América Latina produziu a teologia da libertação. Em outros lugares, houve uma ênfase à teologia feminista ou à teologia negra. Cada uma aplica as Escrituras a áreas diferentes da vida. O perigo está em reinterpretar as Escrituras para adequá-las à causa. Significados podem ser impostos à Bíblia que não estão de acordo com o texto original.
Um coral de Soweto. Africa d o Sul. Canções populares fazem uso de uma rica tradição de imagens e figuras bíblicas para expressar a esperança c os temores de cristãos face às duras realidades da vida.
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O sol se põe". I loje em día ninguém acredita que estas palavras descrevem o que realmente acontece. Elas simplesmente descrevem o que o observador vê. Da mesma forma, a linguagem poética não deve ser interpretada
literalmente. Isto, porém, não a torna menos "verdadeira". Um dos desafios da nossa época é usar nosso conhecimento das diferentes formas de literatura na Bíblia para determinar se o texto deve ser interpretado "literalmente" ou não.
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Introdução à Bíblia
O texto e a mensagem Craig Bartholomew
O estudo acadêmico da Bíblia ("crítica bíblica") tem sido dominado por várias ênfases diferentes que se revezam na posição de destaque. A primeira é a ênfase histórica. O método hislórico-crítico, desenvolvido na Alemanha no século 19, foi adotado por estudiosos da Inglaterra e dos Estados Unidos no início do século vinte. Este método era crítico, porque lia e avaliava o texto bíblico do ponto de vista da cosmovisão moderna. Era histórico, porque usava ferramentas históricas desenvolvidas pela filosofia moderna da história. Também era histórico no seu interesse, não tanto pelo texto na sua forma atual quanto pela história do texto e dos acontecimentos a que se refere. Os principais tipos de análise dos textos bíblicos que surgiram desta abordagem foram: • Crítica textual — Tem como objetivo definir os textos hebraicos e gregos mais confiáveis do Antigo e do Novo Testamento. • Crítica d a s fontes — Preocupa-se com as fontes por trás do texto. • Crítica da forma — Preocupase com a forma ou o gênero dc pequenas unidades de texto e a origem do seu gênero na vida comunitária de Israel. • Crítica da tradição, — Preocupa-se com a origem e o desenvolvimento dos temas bíblicos na vida de Israel. • Crítica da r e d a ç ã o (do alemão redaktor, que significa editor) — Preocupa-se com a maneira em que o texto foi editado na sua forma final. Um grave problema do método histórico-crítico é sua incapacidade de focalizar os livros da Bíblia na sua forma atual.
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Os estudiosos analisam o rexto de várias maneirai, paia ajudar as pessoas entenderem e interpretarem a mensagem. a
Não é de admirar que, na década dc 1970, tenha surgido, cm reação a esse problema, uma ênfase literária. Essa nova ênfase focalizava os livros bíblicos como textos literários e os explorou deste ângulo. A forma narrativa que caracteriza a maior parte da Bíblia recebeu uma atenção renovada e novos assuntos, tais como o papel do narrador, a forma do enredo, e a descrição e o desenvolvimento dos personagens, passaram a ser explorados. No final da década de 1970 algumas novas tendências radicais começaram a aparecer no campo da teoria literária. Movimentos como o "pós-estruturalismo" e o "desconstrutivismo" levantaram questões como: "Os textos possuem significados que podemos descobrir, ou os leitores constroem estes significados, de forma que há tantos significados quantos forem os leitores?" Por causa da ênfase literária presente na área da pesquisa bíbli-
ca, era inevitável que estes novos movimentos na teoria da literatura logo se manifestariam também no campo da teologia bíblica. E nos últimos anos estas novas questões foram aplicadas à Bíblia. Pelo fato de representarem uma reação a teorias modernas, estas novas abordagens geralmente são conhecidas como pós-modernismo. O pós-modernismo levantou questões complexas sobre textos, autores, leitores e o mundo, sugerindo que os textos não têm significados únicos e que seu significado depende em grande parte do(s) leitor(es). Sob a categoria geral de pósmodernismo tornou-se comum os estudiosos fazerem leituras desconstrutivistas, feministas, etc., dos textos bíblicos. Uma leitura desconstrutivista irá, por exemplo, procurar lugares num texto nos quais há tensão entre a mensagem geral e aquilo que um pequeno trecho do texto pode estar dizendo. Desta forma o desconstrutivismo expõe contradições que procura localizar e espera encontrar em todos os textos. Uma leitura feminista examinará como as mulheres são ou não são retratadas nos textos bíblicos. O efeito do pós-modernismo sobre os estudos bíblicos foi minar a crítica histórica dominante, sem deixar nenhum método principal em seu lugar. A impressão que se tem atualmente é de uma variedade de abordagens interpretativas dentre as quais podemos escolher, simplesmente por questão de preferência pessoal. Na comunidade acadêmica mais ampla não há consenso com relação à maneira correta de ler a Bíblia ou de prosseguir nos estudos bíblicos. A interpretação bíblica está em crise!
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Introdução à Bíblia
Contadores de histórias a tradição oral Jo Bailey Wells
A história do povo de Deus no Antigo Testamento começa com Abraão em Gn 12. Porém as histórias sobre Abraão e os outros patriarcas que o seguiram — Isaque e Jacó — são contadas em Gênesis como uma retrospectiva. Lemos sobre o chamado de Abraão para pôr-se a caminho da terra prometida pela fé a partir da posição fixa da chegada de Israel na terra prometida. As histórias são contadas como se — através dos olhos de Moisés — Israel estivesse relembrando sua pré-história. Isto levanta a questão de como Moisés — ou a pessoa que escreveu Gênesis — sabia sobre os eventos que aconteceram pelo menos 600 anos antes da sua época. Sem negar que Moisés tenha sido inspirado por Deus, podemos imaginar que ele possuía algumas fontes escritas a partir das quais formulou o registro. No entanto, não temos evidência delas. Na realidade, é improvável que um povo nômade se preocupasse com leitura, escrita e preservação de registros. A questão da sobrevivência era mais imediata. Agora se reconhece, mais apropriadamente, que as histórias em Gênesis
vêm de fontes orais que circulavam entre o povo, isto é, histórias sobre os patriarcas foram transmitidas verbalmente de uma geração a outra, por meio de contos populares, até o ponto em que esta tradição viva também se desenvolveu em uma tradição escrita. Estudiosos da área da crítica da forma (veja "O texto e a mensagem") identificaram a influência da tradição oral que subjaz a várias partes da Bíblia. No Antigo Testamento estas incluem principalmente os livros de Gênesis, Êxodo, Josué e os livros de Samuel. No Novo Testamento, a tradição oral influenciou especialmente os Evangelhos. Histórias de viajantes As histórias que foram escritas a partir de fontes orais têm uma característica particular e é importante levar isso em conta quando se trata de interpretar essas histórias. • Não podemos saber onde e quando elas se originaram. A forma e o conteúdo de uma história podem mudar à medida que
é contada e recontada. Portanto, estas narrativas não são material adequado para reconstruir uma história detalhada e precisa. • A s histórias s ã o adaptadas p a r a as necessidades ou situação d o s ouvintes. As narrativas relacionadas com os patriarcas preocupam-se com as promessas da terra, rivalidades entre famílias, o anseio por descendentes e a correspondente necessidade de proteger a mulher do patriarca — preocupações importantes para um povo migratório. Portanto, é relevante perguntar: "Como esta história pode ser adaptada à minha situação?", que pode ser bem diferente. • As histórias s ã o contadas p a r a e n s i n a r u m a lição. Em geral, uma lição moral, para avivar ou inspirar. Por exemplo, a história da obediência de Abraão, quando foi solicitado a oferecer Isaque em sacrifício (Gn 22), é contada de forma a inspirar o povo de Israel a ter, cm relação a Deus, a mesma dedicação e fidelidade que caracterizaram o patriarca. • Os t e m a s d a s h i s t ó r i a s orais seguem padrões e temas típicos. Assim como cada cultura tem gêneros característicos de narrativas populares (os brasileiros contam piadas sobre portugueses e vice-versa, os alemães narram romances entre príncipes e moças pobres, Um judeu ortodoxo cm Jerusalém, seguindo a instrução de Deus, transmite a história para seus filhos, enquanto otttervam um modelo do Templo. Páginas anteriores: Esta pintura de Tony lludson mostra um contador de histórias africano e o fascínio dos seus ouvintes.
63 os quenianos explicam como o leopardo ficou malhado), existem também gêneros específicos de narrativas bíblicas. Um tema recorrente é o do herói que deixa seu lar e mais tarde retorna com uma fortuna: Jacó foge de seu irmão Esaú e retorna com esposas e riqueza (Gn 27—35) José é banido pelos seus irmãos, porém mais tarde reina sobre eles (Gn 37—45). A importância destas histórias não esta no tema em si, mas na maneira sutil em que o tema é usado e adaptado para ensinar uma lição. Para Jacó, era difícil retomar porque primeiro ele precisava fazer as pazes com Esaú. Na história de José, aconteceu o inverso, com os irmãos inadvertidamente encontrando José.
rico que se vestia de púrpura e um pobre chamado Lázaro — Lc 16.19-20) — tem grande significado. • D i s c u r s o direto — O enredo de uma parábola freqüentemente se desenrola por meio A arte do contador de histórias do uso do discurso direto. Na parábola da viúva persistente As histórias que são conta(também conhecida como parádas (parábolas, por exemplo) são bola do juiz iníquo), ouvimos diferentes das histórias que são não só os apelos da viúva, mas escritas para serem lidas (tais também os resmungos secretos como romances). Para terem efeido juiz iníquo (Lc 18.1-8). to, elas devem prender a atenção dos ouvintes. Podemos identificar • L i n g u a g e m — Para que as algumas técnicas de narração nas histórias causem impacto, sua parábolas de Jesus: linguagem deve ser vívida e concreta, chegando até ao exa• Inversão — O tema do herói gero. A intenção não é necesdeixando o lar e retornando sariamente que esses detalhes com uma fortuna é invertido sejam levados ao pé da letra. na parábola do filho pródigo Considere o tamanho da dívi(Lc 15.11-32). Isto ocasiona da na parábola do empregado um final surpreendente. que não queria perdoar (Mt • R e p e t i ç ã o — Na parábola 18.21-35). Dez mil talentos são dos lavradores maus (Lc 20.9uma quantia inimaginável de 16), o dono da vinha manda dinheiro para enfatizar alcance três empregados para receber a ilimitado do perdão de Deus. sua parte. Isto ajuda a aumentar a tensão e antecipar o clímax quando — finalmente — o Podemos confiar na tradição dono envia seu filho. oral? • Concisão — O detalhe narEntender as origens prováveis rativo de uma história oral é do material bíblico nos ajuda a serconciso, dando asas à imagina- mos sábios no modo de lê-lo e usáção dos ouvintes. Diante disso, lo. Por exemplo, embora possa ser aquilo que é narrado — o imprudente tentar reconstruir a nome de um personagem ou a história primitiva de Israel a parcor de uma roupa (o homem tir das histórias em Gênesis, é alta-
Muilas das histórias da Bíblia foram contadas oralmente antes de serem escritas para serem lidas. Aqui, um contador de histórias no atual Irã reconta a seus ouvintes as façanhas de Alexandre, o Grande.
mente adequado usar as mesmas histórias como exemplos de fidelidade (e infidelidade). Elas exprimem verdades que provaram ser reveladoras e instrutivas para inúmeras gerações que as seguiram, valorizaram e passaram adiante. Além disso, pessoas que fazem parte de culturas onde predomina a oralidade têm uma memória mais confiável do que nós, que dependemos de arquivos e computadores. Os israelitas, principalmente, empenhavam-se na preservação de histórias. Eles valorizavam o dom da memória — desenvolvendo técnicas sofisticadas de memorização — e assumiram a tarefa de recontar às novas gerações as histórias a respeito daquilo que o Deus fiel havia feito no passado: "Portanto, tenham cuidado e sejam fiéis para que nunca esqueçam as coisas que viram. E contem aos seus filhos e netos" (Dt 4.9; veja também 5.1; 6.7, e assim por diante).
Introdução à Bíblia
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Os escribas Jo Bailey Wells
O Israel antigo vivia num mundo que não dependia apenas da tradição oral. Se somos herdeiros da Bíblia, em particular do Antigo Testamento, isso se deve unicamente ao fato de terem existido gerações de escribas judeus que copiaram e recopiaram partes das Escrituras durante mais de 1.500 anos. O alfabeto já existia na terra de Canaã quando os israelitas se tornaram uma nação. Isso lhes possibilitou uma forma simples de fazer o registro de revelações divinas, tradições orais e acontecimentos históricos. Os textos hebraicos mais antigos já encontrados datam do século 9 a.C, embora seja bastante provável que gerações anteriores de escribas israelitas também escreviam usando o alfabeto. A palavra escrita Embora muito tenha sido contado verbalmente e passado adiante de
geração a geração através do relato oral (por exemplo, Ex 13.14-15), a existência da escrita significava que havia algo que permitia que se conferisse o que estava sendo contado. Considere, por exemplo, o recebimento da lei no monte Sinai. E altamente significativa a afirmação de que Moisés recebeu os mandamentos, não apenas verbalmente, mas também de forma escrita em tábuas de pedra. De acordo com os relatos em Êxodo e Deuteronômio, Moisés desceu do monte carregando estas tábuas e as colocou na arca, onde seriam guardadas (Dt 10.4-5). A escrita tem um impacto significante numa cultura predominantemente oral: • Ela confere autoridade — A escrita dá poder às palavras de uma forma que as torna diferentes da palavra falada. Uma vez escrita, a lei podia ser preservada e continuar inalte-
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d " 3 rvan No período pró-exilio, o hebraico compartilhava uma escrita com os cananeus e fenícios, baseada num alfabeto de 22 letras. Isto tornava a leitura e escrita relativamente simples, comparada com os sistemas de escrita cuneiforme da Mesopotâmia e no Egito. Após o exilio, por influência da escrita arantaica, o hebraico passou a ser escrito com len-as mais cheias, a assim chamada escrita "quadrática" que aparece acima.
•
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rada durante séculos. Assim, ela se tornou uma fonte com autoridade. Ela d á acessibilidade — Um trecho escrito pode ser copiado inúmeras vezes, e até colocado nos batentes das portas da casa (Dt 6.9; 11.20). Enquanto os textos originais da lei eram
mantidos em segurança na arca (e, mais tarde, no santuário do Templo em Jerusalém), era possível fazer cópias que podiam ser consultadas por pessoas que tinham perguntas ou dúvidas. • Ela p o s s i b i l i t a p r e c i s ã o — As palavras de um profeta podiam ser escritas no dia em que foram pronunciadas, e guardadas para verificação posterior (veja Dt 18.22). Registros sobre reis, seus programas de ação e acontecimentos relacionados com os mesmos podiam ser mantidos e atualizados, e mais tarde usados como fontes pelos historiadores bíblicos (por exemplo, lRs 11.41; 2Rs 23.28). Escribas como escritores Literalmente, um escriba — no hebraico, sopher — é qualquer pessoa que escreve. Embora qualquer pessoa com força de vontade pudesse aprender a ler e até mesmo escrever hebraico sem muito esforço, o termo normalmente é usado para descrever um grupo designado de pessoas que cumpriam a tarefa especial de escrever — e copiar — os registros históricos e sagrados de Israel. Antes do exílio, essas pessoas provavelmente formavam centros administrativos na corte real. Mais tarde, por volta do segundo século a.C, "os escribas" se tornaram um partido político distinto formado por uma classe de pessoas aliamentc instruídas, afiliadas aos fariseus. Esdras é descrito como o modelo de escriba (veja também "O escriba"). Ou seja, ele era membro de uma classe de pessoas instruídas que se dedicavam a copiar, guardar e interpretar a lei. Este trabalho exigia cuidado c treinamento durante
Transmitindo a História vários anos (veja SI 45.1; Ed 7.6) e era muito respeitado (Jr 8.8). Ele estava intimamente ligado ao sacerdócio. Segundo a tradição, Esdras tinha vários papéis a desempenhar. Estes provavelmente aparecem de forma idealizada no livro de Eclesiástico (Eclesiástico 38.24—39.11): • Pregador: reunir o povo a cada ano para ler a lei, explicá-la e incentivar o povo a colocá-la em prática • Juiz: ouvir aqueles que tinham queixas e julgar questões específicas da lei judaica. • Instrutor: administrar escolas de escrita e treinar aprendizes de escribas. • Acadêmico: estudar a lei e produzir obras c teorias em resposta. Copiar A tarefa do copista era reproduzir o texto com o máximo de precisão possível. Assim, não importa quantas vezes um trecho do Antigo Testamento tenha sido copiado, desde que a cópia tenha sido bem feita. Podemos apenas identificar as ocasiões em que foram cometidos erros, com base nas variações entre os textos ou manuscritos. As diferenças entre textos ou manuscritos podem ser atribuídas a: • omissão ou adição de uma palavra • erros de ortografia, que mais tarde resultamemerros de interpretação • inclusão no texto principal de uma nota explicativa originalmente incluída na margem • danos causados a um rolo, não deixando alternativa senão especular quais seriam as palavras ilegíveis ou ausentes • alteração de um escriba, feita para suavizar idéias consideradas ofensivas. Embora os copistas tenham cometido pequenos erros que entraram no texto escrito, o processo de cópia incluía revisão e correção cuidadosa.
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A descrição d o escriba exemplar, conforme Eclesiástico 39 Ele aprende de cor os ensinamentos de homens famosos e procura descobrir o que querem dizer as comparações. Explica também o significado escondido dos provérbios e emende os segredos das comparações. Presta serviços a pessoas importantes e é visto na companhia das autoridades... E, se for da vontade do Senhor TodoPoderoso, ele ficará cheio do espírito de conhecimento... Ele terá conhecimento e saberá julgar com justiça e meditará nos mistérios de Deus. Mostrará como é sábia a instrução que ele recebeu e se sentirá orgulhoso por causa da Lei da aliança do Senhor.
É impressionante o grau de semelhança que existe entre diferentes cópias do texto, cópias essas que surgiram em eras diferentes, foram transmitidas por diferentes meios e até foram recebidas em línguas diferentes A descoberta dos Rolos do Mar Morto cm 1947 — sendo que foram descobertos manuscritos 1.000 anos mais antigos que quaisquer outros conhecidos anteriormente — deixou bem claro que a transmissão do texto se deu com uma precisão extraordinária.
Antes da invenção da imprensa, os escribas hebreus fatiam cópias das Escrituras com um cuidado e uma precisão que nos impressionam, cies que viviam num mundo que geralmente não se importava tanto com a verdade. Ainda hoje os escribas judeus trabalham com a mesma atenção escrupulosa cm relação aos detalhes.
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Introdução à Bíblia
O trabalho dos editores
Jo Bailey Wells
As Escrituras hebraicas, como as conhecemos, provaveimentesurgiram gradativamente. As fontes originais compõem a matéria-prima, a partir da qual acredita-se que gerações de editores trabalharam para compilar estes "ingredientes" até os livros atingirem sua forma final no "cânon" (a lista oficial). Este processo de edição ou "redação", para usar o termo técnico provavelmente ocorreu de algum ponto antes do exílio até o século II a.C. O Novo Testamento se tornou "fixo" muito mais rapidamente, e o trabalho de editores é menos significativo. A importância dos editores O estudo do trabalho dos editores é conhecido como "crítica da redação" (veja "O texto e a mensagem"). Esta procura descobrir os propósitos teológicos por trás da organização do material num livro, já que a forma dos livros como os temos reflete o trabalho dos editores assim como dos autores e tradutores. Se pudermos entender como um livro veio a ser escrito da forma como o conhecemos hoje, é provável que tenhamos maiores chances de entender sua perspectiva e o caráter singular de sua mensagem. Por exemplo: • Nos livros de Samuel, o Cântico de Ana é inserido no início da história. Isto diz ao leitor alerta, bem no início da narrativa, que a história vai enfatizar a identificação de um "rei", ou "ungido" cm Israel (ISm 2.10), e a fidelidade de Deus para com ele. A disposição de textos num livro afeta a compreensão ampla do significado do livro como um todo. • Em Reis e Crônicas há descri-
ções diferentes do rei Manasses. De acordo com o editor de Reis, julgamento e exílio caíram sobre Judá por causa do acúmulo de pecado, especialmente o de Manasses (2Rs 23.26). Em comparação, o Cronista fala do arrependimento de Manasses, para mostrar como Deus está sempre disposto a atender o pedido do penitente (2Cr 33.12-17). Nos livros históricos, principalmente, os editores selecionaram suas histórias para destacar uma determinada interpretação dos acontecimentos.
Sem o trabalho dos editores que reuniram e organizaram os materiais, não haveria Bíblia. Estes rolos das Escrituras numa sinagoga de Tsefnl, no norte de Israel, são testemunho de seus esforços.
67 Coletando e organizando asseções d o Antigo
Testamento
0 Pentateuco: Gênesis a Deuteronômio
A história deuteronomista: Josué, Juízes, 1 e 2Samuel, 1 e 2Reis
Histórias posteriores: Crônicas — Esdras — Neemias
Os primeiros cinco livros da Bíblia aparecem como história única e coerente — como se produzida por um único autor sem necessidade de um editor. Porém há muitos estilos diferentes de escrita, e algumas histórias são repetidas de perspectivas diferentes. Em geral acredita-se, portanto, que isto representa o trabalho final de compiladores que reuniram várias fontes. Wellhausen, um estudioso alemão do século 19, sugeriu que havia quatro fontes, conhecidas como J, E, D e P, que teriam se originado em períodos e locais diferentes. Cada uma tratava as origens de Israel de forma distinta. Se isto for verdadeiro (e continua sendo uma teoria), a história que agora temos representa não só o trabalho de "reunião de fontes" feita pelos editores finais durante ou depois do exílio mas também o trabalho de "subeditores" anteriores sobre cada uma das fontes individuais.
Esta seção recebe seu título de Deuteronômio, o livro que a precede, pois dá continuação aos mesmos temas e teologia da aliança. Sua composição é complicada, pois contém tradições do período primitivo de Israel como organização tribal na terra prometida, assim como as histórias de administrações reais desde a época de Davi até o exílio. Assim sendo, os livros desta seção reúnem trabalho feito por várias gerações de historiadores. O relato de acontecimentos passados também é feito em retrospectiva: os editores refletem sobre o passado à luz de acontecimentos atuais (por volta da época do exílio). Esses "editores" eram, portanto, estudiosos e escritores sofisticados.
Quer estes livros tenham ou não sido escritos pelo mesmo autor, ou por diferentes autores, eles foram reunidos por um editor (conhecido como "o Cronista") para formar uma narrativa contínua, enfatizada pela repetição no início de Esdras dos dois últimos versículos de 2Crônicas. Esta narrativa, datada de 400 a.C. aproximadamente (embora às vezes se atribua uma data mais recente), é feita para encorajar a pequena comunidade restaurada a acreditar que eles realmente são herdeiros das antigas promessas que Deus fez a Israel. É possível que "o Cronista" tenha tido uma grande influência sobre a reunião e disposição de outros livros do Antigo Testamento para formar o cânon.
Os Salmos
Os Profetas: Isaías, Jeremias, Ezequiel, os 12 "profetas menores"
Estes derivam da adoração do Israel antigo. É provável que estes "hinos" foram reunidos durante o exílio, quando o povo foi privado da adoração normal no Templo. O processo de edição reuniu a coleção para criar um livro para estudo (o SI 1 estabelece esta idéia desde o início). Assim, os salmos são ordenados em cinco "livros", que incluem coleções menores como unidades inteiras (p, ex., os Salmos de Asafe, SI 73—83; os "cânticos dos degraus", SI 120—134). Além disso, cada salmo recebe um título para auxiliar a meditação (veja, p. ex, SI 51).
É possível que Jeremias tenha sido responsável pela formação do livro que leva seu nome (veja Jr 36.32). Mas, em geral, é provável que os registros dos profetas anteriores ao exílio e do período do exílio foram preservados durante este período e editados posteriormente. Como no caso da história deuteronomista, o material foi reavaliado à luz da experiência atual e livros pósexílicos (Ageu, Zacarias e Malaquias) foram acrescentados.
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Introdução à Bíblia
A Bíblia Hebraica Dan Cohn-Sherbok
A base da fé judaica é a Bíblia. Para os judeus, as Escrituras são chamadas de Tanak. Este termo é um acrônimo formado com a letra inicial das palavras que designam as três divisões da Bíblia hebraica: Torá (instrução); Neviim (profetas); Ketuvim (escritos). Uma lista aprovada de livros A Torá consiste nos Cinco Livros de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico. Números e Deuteronômio. De acordo com a tradição, estes livros foram revelados por Deus a Moisés no monte Sinai. A segunda divisão da Bíblia hebraica — Profetas — se divide em duas partes. • Profetas Anteriores - contém os livros de Josué, Juízes, 1 e 2Samuel e l e 2Reis. • Profetas Posteriores — é composta dos profetas maiores (Isaías, Jeremias e Ezequiel) c dos profetas menores (Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias). A terceira divisão é feita de uma variedade de livros divinamente inspirados: Salmos, Provérbios, Jó, Cântico dos Cânticos, Rute, Lamentações, Eclesiastes, Ester, Daniel, Esdras, Neemias e 1 e 2Crônicas. Durante o período do Segundo Templo (depois da volta do exílio na Babilônia), os judeus escreveram vários outros livros cm hebraico, aramaico e grego, mas que não foram incluídos na lista oficial ou cânon das Escrituras. No entanto, estes textos conquistaram status oficial na Igreja Católica Romana e nas igrejas ortodoxas orientais. Conhecidos como livros deuterocanônicos ou apócrifos, eles tiveram considerável impacto sobre o pensamento
cristão. O mais substancial desses livros se chama A Sabedoria de Jesus, filho de Siraque (também conhecido como Sirácida ou Eclesiástico). Entre as outras obras se incluem: a Sabedoria de Salomão, 1 e 2Macabcus, Tobias e Judite. Outras obras literárias do período do Segundo Templo sao conhecidas como os pseudepígrafos. Entre estes livros não-canônicos se encontram o Testamento dos Doze Patriarcas, 1 e 2Enoqite e Jubileus. Nas fontes rabínicas, faz-se uma distinção entre a revelação do Pentateuco (Torá no sentido restrito) e as escrituras proféticas. Em geral sc diz que a Torá foi dada diretamente por Deus, enquanto os livros jjroféticos foram dados por meio de profecia. Os livros restantes das Escrituras — os Hagiógrafos — foram transmitidos por intermédio do Espírito Santo ao invés de profecia. Porém todas estas obras constituem o cânon das Escrituras. Interpretação De acordo com os rabinos, também as exposições e elaborações da lei escrita foram reveladas por Deus a Moisés no monte Sinai. Posteriormente, essas exposições foram transmitidas de geração em geração e por meio deste processo uma legislação adicional foi incorporada à lei. Assim, o judaísmo tradicional afirma que a revelação de Deus é dupla e está em vigor para sempre. Na Idade Média esta crença tradicional foi afirmada sempre de novo. Por exemplo, o filósofo judeu Moisés Maimônides declarou, no século 12, que a crença na Torá MiSin.ii I 'Torá do Sinai) é uma crença fundamental no judaísmo:
"A Torá foi revelada do céu. Isto implica nossa crença de que toda a Torá que temos em nossas mãos hoje é a Torá que foi entregue por Deus a Moisés, e que ela é totalmente de origem divina. Com isto quero dizer que toda a Torá chegou a ele, vinda de Deus, por meio do que é metaforicamente chamado de 'fala'; mas a natureza real desta comunicação é desconhecida a todos exceto a Moisés a quem foi dada." A exemplo de Maimônides, o filósofo Namânides, do século 13, no seu Comentário do Pentateuco, argumentou que Deus ditou a Moisés e este escreveu os Cinco Livros de Moisés. É provável, argumentou ele, que Moisés tenha escrito Gênesis e parte de Êxodo quando desceu do monte Sinai. No fim dos 40 anos no deserto ele teria completado o restante do Pentateuco. Namânides observou que esta teoria segue a tradição rabínica de que a Torá foi dada rolo por rolo. Para Namânides, Moisés foi como um escriba que copiou uma obra mais antiga. Por trás deste conceito está a idéia mística dc uma Torá primordial que contém as palavras que descrevem eventos muito antes de eles acontecerem. Todo este registro estava no céu antes da criação do mundo. Além disso, Namânides afirmava que os segredos da Torá foram revelados a Moisés e são sugeridos na Torá pelo uso de letras especiais, os valores numéricos de palavras e letras e os adornos dos caracteres hebraicos. Análoga à interpretação mística da Torá proposta por Namânides, a obra mística medieval conhecida como o Zohar afirma que a Torá contém mistérios que vão além da compreensão humana. Como o Zohar explica:
Transmitindo a História "Disse R. Simeão: 'Ai do homem que considera a Torá um livro de simples lendas e questões do cotidiano! Se fosse, até nós poderíamos compor uma Torá sobre assuntos cotidianos, uma obra de excelente qualidade. Sim, até os príncipes do mundo possuem livros de maior valor que poderíamos usar como modelo para compor tal Torá. A Torá, no entanto, contém em todas as suas palavras verdades sobrenaturais e mistérios sublimes ... Logo, se a Torá não tivesse colocado vestes deste mundo, o mundo não poderia resistir a ela. Portanto, as histórias da Torá são apenas suas vestes exteriores, e quem olha para esta veste como sendo a Torá em si, ai dele — este não terá lugar no mundo vindouro.'" O impacto da pesquisa moderna Na era moderna, porém, tornou-se cada vez mais difícil sustentar o conceito tradicional judaico de revelação divina à luz da investigação e descoberta acadêmica. Já no século 16, os estudiosos indicaram que os Cinco Livros de Moisés parecer ser compostos de fontes diferentes. Na metade do século 19, dois estudiosos alemães, Karl Heinrich Graf e Julius Wellhausen, concluíram que os Cinco Livros de Moisés são compostos de quatro documentos principais que existiram separadamente mas depois foram reunidos por uma série de editores ou "redatores". Outros estudiosos rejeitaram a teoria de fontes distintas; ao invés disso afirmam que tradições orais foram modificadas durante a história do Israel antigo e que só ao final desse processo é que foram compiladas para formar uma única narrativa. A despeito dessas teorias diferentes, há um consenso entre os críticos bíblicos modernos, inclusive judeus reformados, conservadores e reconstrucionistas que o Pentateuco não foi escrito por
Um rolo da Bíblia hebraica 6 erguido numa sinagoga judaica. A lei é honrada como dom de Deus ao seu povo.
Moisés. Pelo contrário, agora ele é visto como coleção de tradições originadas em períodos diferentes no Israel antigo. Para os judeus ortodoxos, no entanto, tal posição moderna é irrelevante. O judaísmo ortodoxo permanece dedicado à teoria de que a Torá escrita e a oral foram transmitidas por Deus a Moisés no monte Sinai. Este ato de revelação serve como base para todo o sistema legal assim como para as crenças doutrinárias sobre Deus. Entre os judeus não ortodoxos, por outro lado, há uma aceitação geral das descobertas da pesquisa acadêmica moderna. Tal abordagem não fundamentalista, que considera as novidades acadêmicas recentes no campo dos estudos bíblicos, elimina a crença tradicional da infalibilidade das Escrituras e, portanto, fornece uma base racional para a alteração da lei e a reinterpretação da teologia das escrituras hebraicas à luz do conhecimento contemporâneo. No período moderno, conseqüentemente, houve um afasta-
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mento do fundamentalismo do passado. Mesmo assim, tanto os judeus ortodoxos quanto os não ortodoxos continuam a pensar que a Bíblia judaica é fundamental para a fé.
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Introdução à Bíblia
Uma lista aprovada — o "cânon" das Escrituras Stephen Travis e Mark Elliott
A Bíblia consiste em 66 livros. Mas por que estes livros específicos? Por que um livro judaico como a Sabedoria de Salomão não foi incluído no Antigo Testamento? Por que foram incluídos quatro Evangelhos, e não mais nem menos? E por que as comunidades judaicas e cristãs dão tanta importância a esses livros? Estas são questões sobre o "cânon". No grego, a palavra "cânon" significava uma vara ou régua, portanto um padrão ou regra. Os cristãos passaram a usar essa palavra em referência a uma lista de livros inspirados por Deus que eles reconhecem como Escrituras com autoridade divina. As escrituras judaicas Na época de Jesus, os judeus já haviam categorizado suas escrituras em três partes — a Lei, os Profetas e os Escritos. Estas três coleções foram reunidas cm estágios. • A Lei ou Torá (Gênesis a Deuteronômio) foi a primeira a ser reconhecida como documento fundamental de Israel por causa da sua associação a Moisés. No quinto século a.C-, Esdras a trouxe de volta cm sua forma escrita da Babilônia para Jerusalém, c toda a comunidade a reconheceu como "o Livro da Lei de Moisés" (Ne 8.1). • O s P r o f e t a s é a seção que inclui os Profetas Anteriores (a seqüência narrativa de Josué a 2Reis, que interpretava a história do ponto de vista profético) e os Profetas Posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e os 12 "profetas menores", conhecidos pelos judeus como "o
Livro dos Doze" e agrupados num único rolo). É provável que estes também eram uma coleção reconhecida na época de Esdras ou pouco depois. Certamente Eclesiástico 44—49 (século 2 a.C.) demonstra familiaridade com a Lei e os Profetas como os conhecemos. Os escritores do Novo Testamento usam a frase "a Lei e os Profetas" como designação dessas escrituras (Mt 5.17; Jo 1.45; At 13.15; Rm 3.21). • O s E s c r i t o s consistiam em grande parte de documentos posteriores e sua aceitação geral como coleção definitiva provavelmente se deu no primeiro século da era cristã. Duzentos anos antes, todavia, o prólogo de Eclesiástico já falava sobre "a Lei, os livros dos Profetas e os outros livros". E os Rolos do Mar Morto incluem cópias ou pelo menos fragmentos de todos os livros da Bíblia judaica exceto Ester, indicando que a comunidade que produziu esses manuscritos (entre cerca de 150 a.C. e 68 d.C.) valorizava todos esses livros. Outros livros escritos no período de 300 a.C. a 100 d.C. eram valorizados por diversos grupos de judeus. A tradução grega das Escrituras hebraicas, conhecida como Scptuaginta, incluiu vários desses livros (veja "Livros deuterocanônicos"). Mas após a catástrofe da destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C, os judeus, sob a liderança dos fariseus, optaram por um cânon mais enxuto de 24 livros. Excluíram a literatura con-
siderada muito recente ou arriscada em sua teologia ou que estava associada a grupos dentro do judaísmo e não a toda a comunidade judaica. A lista resultante é idêntica aos 39 livros que os cristãos chamam de Antigo Testamento. O método judaico de contagem considera 1 e 2Samuel como um livro só, e o mesmo se aplica a l e 2Reis, 1 e 2Crônicas, Esdras — Neemias. Os 12 profetas menores também são vistos como um único livro. Os cristãos aceitaram o cânon definido pelos judeus do primeiro século de nossa era principalmente porque Jesus e os escritores do Novo Testamento se referem a uma grande variedade de livros do Antigo Testamento como tendo autoridade divina. Citações são freqüentemente introduzidas com frases como "Está escrito" ou até "Diz o Senhor". De acordo com Lc 24.44, Jesus, depois de sua ressurreição, disse: "Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei dc Moisés, nos Profetas e nos Salmos." "Salmos" aqui pode referir-se aos Escritos como um todo, pois nesta divisão da Bíblia hebraica os Salmos geralmente vêm em primeiro lugar. Provavelmente o primeiro cristão a analisar criticamente que documentos judaicos deviam ser considerados como escrituras sagradas foi Melito, bispo de Sardes, por volta de 170 d.C. Sua lista era idêntica aos 24 livros do cânon hebraico, que ele chamava de "livros da antiga aliança" (Eusébio, História Eclesiástica 4.26.13-14).
Transmitindo o História O Novo Testamento A história do cânon do Novo '['estamento é mais a história de uma coleção de coleções que de uma coleção de documentos individuais. • Os p r i m e i r o s d o c u m e n t o s a serem reunidos foram as c a r t a s d e P a u l o . O herege Marcião nos informa que antes de sua época (cerca de 140 d.C.) já havia uma coleção fixa das dez cartas principais de Paulo. Por volta do ano 200 havia coleções que também incluíam 1 e 2Timóteo e Tito. Os autores cristãos deste período os citavam freqüentemente como tendo a autoridade das Escrituras. Embora houvesse dúvidas freqüentes sobre a autoria da
carta aos Hebreus, já em 200 d.C. cristãos egípcios a incluíam em sua coleção das cartas dc Paulo. Mas ela só teve maior aceitação na igreja ocidental a partir do quarto século. • O s E v a n g e l h o s À medida que os cristãos se familiarizavam com mais de um Evangelho, perceberam que cada um trazia uma perspectiva diferente da história dc Jesus. Como acreditavam firmemente que havia uma única mensagem evangélica coerente, isto passou a ser um problema. Mas as vantagens de afirmar as contribuições distintas dos quatro Evangelhos acabaram prevalecendo. Por volta de 150 d.C, Justino já descrevia como os cristãos
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reunidos para adoração liam as "memórias" dos apóstolos "que são chamadas Evangelhos" (Apologia 1.66). O Evangelho de João demorou mais para ser aceito, em comparação com os outros três — talvez porque era usado pelos gnósticos para promover sua própria versão da fé cristã, ou talvez apenas porque era tão diferente dos outros. Mas antes do ano 200 Irineu argumentava que é tão natural haver quatro Evangelhos quanto há quatro ventos e quatro cantos da terra (Contra as heresias 3.11.8). Outros documentos semelhantes a evangelhos como o Evangelho de Pedro e o Evangelho dos Egípcios continuaram a ser usados nas igrejas orientais,
Do rolo ao livro Os documentos que entraram no cânone da Bíblia Hebraica foram colecionados, originalmente, num "livro" em formato de um rolo. No início, os rolos eram feitos de folhas de papiro. Cada folha tinha cerca de 30 cm de altura e 20 cm de largura. As folhas eram coladas umas nas outras, formando rolos de comprimento variado, embora fosse pouco comum um rolo com mais de 20 folhas. 0 Rolo do Templo (o
maior dos rolos do mar Morto) tem 8 m e 20 começou a substituir o rolo durante o segundo cm de comprimento. Rolos também podiam ser século d.C. Mais tarde, passou-se a adicionar as feitos de pergaminho (couro). capas, para proteger o livro. Num rolo, o texto era escrito e lido em colunas. Os cilindros nas duas pontas permitiam ao leitor desenrolar e enrolar o texto à medida que ia lendo. No tempo do NT, a maioria dos rolos (incluindo os documentos do NT) era feita de 53 papiro, e não de pergaminho. Mas os rolos eram . - : ; • ' " ' ' - •' £ ' = S ¡ = - ' i :;R.difíceis de manusear e transportar. Tudo indica :sr.. que os cristãos íoram pioneiros no desenvolffii"-.-.v.fc,. S . S ^ . '•'•'.' .'.'••"" vimento do "códice", isto é, na fabricação do ftilF livro assim como o conhecemos hoje. Neste W^Mi J { ; l | Í ' P : f | caso, as páginas são dobradas e fixadas numa extremidade (a lombada). Esta forma do livro
à esquerda: Um rolo escrito em hebraico. A direita: Uma página cio Códice Sinaífico. a manuscrito atais antigo dc todo o NT (mais uma parte do A T ) de que hoje dispomos. Escrito em grego sobre pergaminho, ele foi descoberto no século 19 no Mosteiro de Santa Catarina, no sopé do monte Sinai. Esse códice data do século -I d.C.
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Introdução à Bíblia I
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O Códice Alexandrino foi dado de presente pelo Patriarca de Constantinopla (que parece té-lo encontrado em Alexandria, no F.gito) ao rei da Inglaterra (quando o presente chegou, em 1627, o rei era Charles 1). Escrito à mão, em grego, no período entre 400 e 450 d . C , este códice é uma das cópias mais antigas da Bíblia.
mas com o passar do tempo caíram em desuso porque expressavam doutrinas que tinham mais em comum com a heresia gnóstica que com a tradição recebida pela igreja. • As Cartas Católicas (Tiago até Judas) formaram a última coleção a ser reunida. Pelo fato de não haver reconhecimento claro da sua autoria apostólica, todas, exceto IPedro e Uoão, foram pouco usadas antes do quarto século. Um pouco
depois do ano 300 d.C, Eusébio fez referência a uma coleção de sete "cartas católicas". Provavelmente a coleção surgiu do desejo de sc ter um testemunho comum dos apóstolos "tidos como colunas" (Gl 2.9) ao lado das cartas de Paulo. • A t o s e A p o c a l i p s e ficaram fora destas três coleções. Embora d o mesmo autor do Evangelho de Lucas, Atos foi separado dele em data bem antiga e não é citado por autores cristãos antes do tempo de Justino. Mas por volta do ano 200 sua importância foi reconhecida como evidência de que Paulo e os outros apóstolos pregavam o mesmo evangelho, ao contrário dos esforços de Marcião e outros hereges de reivindicar Paulo para si e rejeitar os outros apóstolos. O livro de Apocalipse foi aceito mais rapidamente no O c i d e n t e que no O r i e n t e , mas até no Ocidente esteve sob suspeita por causa do seu uso pelos montañistas com seu entusiasmo excessivo por especulações quanto ao fim do mundo. No quarto século seu status como escritura foi reconhecido no Oriente — com a compreensão de que o milênio de Ap 20 não devia ser interpretado literalmente. Após três séculos de uso, as igrejas começaram a confirmar formalmente quais livros mereciam autoridade para determinar suas vidas e seus ensinamentos. Listas de livros autorizados foram feitos em várias partes do mundo cristão. Entre estas, particularmente interessante é a classificação dos documentos em três grupos feita por Eusébio: • os livros aceitos nas igrejas sem qualquer restrição — quatro Evangelhos, Atos, 14 cartas de Paulo, Uoão, IPedro e também Apocalipse "se desejável"
•
livros contestados, i.e., aqueles que ainda não eram universalmente aceitos — Tiago, Judas, 2Pedro, 2 e 3João, os Atos de Paulo, o Pastor de Hermas, o Apocalipse de Pedro, a Carta de Barnabé e o üidaquê • os firmemente rejeitados, inclusive os Evangelhos de Pedro, de Tomé e de Matias e os Atos de André e de João. Na sua carta de páscoa de 367 d.C, Atanásio apresentou pela primeira vez uma lista de livros autorizados idêntica ao Novo Testamento que conhecemos e esta foi amplamente aprovada no Oriente. A mesma conclusão foi endossada no Ocidente por uma declaração papal cm 405 c no norte da África nos Sínodos de Hipona (393) e Cartago (397). A extensão do cânon, no entanto, jamais foi formalmente definida por um concílio ecumênico da igreja inteira. Assim, ainda hoje, embora as igrejas ortodoxa, católica romana e protestante compartilhem o mesmo cânon do Novo Testamento, a igreja etíope tem um cânon de 38 livros. Se revisarmos os critérios pelos quais os 27 livros alcançaram status canónico, podemos ver que quatro perguntas fundamentais foram feitas sobre cada documento em consideração. • Ele é apostólico? Em vários casos esta era simplesmente uma questão de autoria. As cartas de Paulo, por exemplo, foram rapidamente aceitas com base nisto, enquanto Hebreus permaneceu em dúvida por mais tempo porque sua autoria era incerta. Outros documentos foram incluídos porque vieram de uma pessoa diretamente relacionada c o m um apóstolo se não do próprio apóstolo. Assim, os Evangelhos dc Marcos e Lucas foram reconhecidos como tendo autoridade ao lado de Mateus e João.
Transmitindo a História Era crucial saber que cada documento provinha do período mais antigo da história da igreja. No entanto, o teste de apostolicidadc não foi aplicado de forma rígida. Por exemplo, apesar da dúvida com relação à autoria de Hebreus, ele foi aceito porque atendia aos critérios seguintes. • É ortodoxo? O livro combina com a compreensão da fé cristã que recebemos por meio da tradição viva da igreja? Com base nisto m u i t o s documentos com títulos aparentemente autênticos como o Evangelho de Tomé e os Atos de João foram rejeitados, porque seu ensinamento era de caráter gnóstico. • E católico? 0 livro comunica a palavra dc Deus à igreja em geral, não apenas a um grupo seleto? Cartas originalmente dirigidas a uma igreja específica foram aceitas se sua mensagem pudesse ser comunicada a um público mais amplo. Assim, até uma carta como 2João que, aparentemente, não tem maior significado tornou-se canónica por causa da sua ênfase na defesa da verdade contra "enganadores ... que não confessam Jesus Cristo vindo em carne" (vs. 7-11). • O livro alentou a vida das igrejas ao longo do tempo? No final das contas, o teste mais importante que podia ser aplicado a um documento era se ele havia demonstrado seu valor divino através de sua habilidade de renovar, sustentar e guiar a igreja. Não devemos imaginar que o processo dc definição do cânon foi obra dc comissões que se reuniram para julgar os escritos cristãos e decidir se podiam fazer parte do cânon ou não. Seria mais exato dizer que os documentos que acabaram entrando no cânon demonstra-
ram sua autoridade intrínseca por meio do uso constante na igreja. Nos tempos modernos já houve quem sugerisse, aqui e ali, que o conteúdo do cânon deveria ser revisado. Alguns sugeriram que o ceticismo que reina cm círculos acadêmicos quanto à autoria apostólica dc certos livros deveria levar a um questionamento de sua canonicidade. Outros perguntaram por que o cânon do Novo Testamento deveria se limitar estritamente a esses 27 livros. Por que não incluir outros documentos cristãos antigos tais como o Evangelho de Tomé ou os Atos de Paulo? Mas, como vimos, dúvidas sobre autoria não são razão suficiente para excluir um documento. Os livros em questão provaram há muito tempo seu valor na vida cristã. E embora alguém possa se beneficiar da leitura de outros livros que foram escritos nos primeiros tempos da igreja cristã, a verdade é que os documentos do Novo Testamento continuam sendo especiais. Provavelmente nenhum dos documentos que ocasionalmente são propostos para inclusão no cânon seja tão antigo quanto os documentos que integram o Novo Testamento. Sua mensagem é derivada — e às vezes se des-
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Não demorou muito e os lideres da Igreja tiveram dc decidir quais dos escritos em circulação eram genuínos e seriam benéficos para toda a Igreja. Os quatro Evangelhos que aparecem no inicio do NT se destacavam do restante. Kstas páginas de um evangelho desconhecido são bastante antigas, ou seja, da primeira metade do século 2.
via — do manancial que é o Novo Testamento. Os livros do cânon do Novo Testamento se distinguem por darem testemunho em primeira mão da história de Jesus Cristo e do impacto que ele teve no período formativo da vida da igreja. O cânon é um caso de sobrevivência dos mais aptos.
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Introdução à Bíblia
Divulgando a palavra a tarefa da tradução A maioria das pessoas não lê a do, pois a maioria das pessoas falaBíblia em si, mas versões da Bíblia na va aramaico ao invés de hebraico e sua própria língua, pois os livros da assim não entendia muito do AntiBíblia foram escritos em três línguas go Testamento lido em hebraico. O antigas: hebraico, aramaico e grego. "Targum" era uma versão aramaica A maior parte do Antigo Testamen- do Antigo Testamento usada antes to foi escrita em hebraico, a língua dos de e durante a época de Jesus — israelitas. Algumas partes do Antigo uma versão bastante expandida e Testamento estão em aramaico, a lín- parafraseada do original hebraico. gua que era usada em Israel na época de Jesus e que está relacionada com o As primeiras traduções do hebraico. Novo Testamento O Novo Testamento foi escrito em Essas versões do Antigo Testagrego "comum" — a língua falada por mento foram feitas principalmenmuitas pessoas em todo o Império te para ajudar aqueles que já eram Romano na época de Jesus. judeus a entender sua fé. Nos priOs autores dos livros bíblicos escreviam para comunicar e, por isso, usavam a linguagem de seu público-alvo. Não demorou muito, no entanto, para que a mensagem começasse a ser levada a pessoas que não conheciam as línguas bíblicas. Isto tornou necessário o trabalho de tradução das Escrituras — uma tarefa que foi iniciada ainda antes do tempo de Jesus.
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O Antigo Testamento em grego O povo judeu do século 3 a.C. produziu uma versão do Antigo Testamento em grego conhecida corno Septuaginta. A Septuaginta era usada para leitura em voz alia nas sinagogas localizadas em cidades do Império Romano onde se falava grego, cidades como Corinto, Antioquia e Roma. Os judeus que moravam nessas cidades muitas vezes não entendiam o Antigo Testamento em hebraico e então precisavam da Bíblia na língua que eles podiam compreender. Algo semelhante acontecia em Israel por volta do mesmo perío-
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Umn das primeiras línguas que recebeu uma tradução do N T foi o copta (no Kgito), no século 3 d . C Está c urna página do Evangelho de João.
meiros 300 anos após a morte de Jesus, os cristãos produziram ver-1 soes do Novo Testamento numa variedade de línguas — para que pessoas que não sabiam grego pudessem ler sobre Jesus e crer nele. Eles começaram com o latim, a língua dos romanos (por volta de 150-220 d . C ) , o siríaco, falado na Síria antiga (por volta de 160 d.C.) e o copta, uma língua do Egito (por volta do terceiro século d.C), e depois passaram a traduzir para as línguas do Oriente Médio, do Norte da África e da Europa. Estas primeiras traduções foram motivadas por dois fatores: eles acreditavam que os livros do Novo Testamento eram inspirados por Deus, e assimilaram o chamado de Jesus de "fazer discípulos de todas as nações" (Mt 28.19). Estas duas convicções os motivaram a tornar os livros do Novo Testamento acessíveis ao maior número possível de pessoas na língua que essas pessoas falavam — para que a vida delas também pudesse ser transformada pela mensagem de Jesus. Neste ponto o cristianismo contrasta de forma interessante com o islamismo, pois os muçulmanos falam sobre a produção de comentários do Corão e interpretações do mesmo, mas não de traduções, pois entendem que o original (em árabe) é estritamente intraduzível. Pelo fato do cristianismo ser uma fé missionária, dedicada a ajudar os outros a encontrarem Deus por intermédio de Jesus Cristo, o Novo Testamento foi escrito originalmente na língua comum daquele tempo e depois traduzido para as línguas de muitos povos.
Transmitindo a História O aumento do número de traduções No século 16, na Europa, houve um grande renascimento das traduções da Bíblia, à medida que os cristãos se deram conta outra vez da importância dc levar a mensagem dc Jesus aos outros, especialmente àqueles que não conheciam latim, a língua das pessoas cultas. 0 estudioso holandês Erasmo escreveu: "Cristo quer que seus mistérios sejam amplamente divulgados... Eu gostaria que fossem traduzidos para todas as línguas de todo o povo cristão, para que pudessem ser lidos e conhecidos, não apenas pelos escoceses e irlandeses, mas também pelos turcos e sarracenos. Gostaria Das 6.071 línguas conhecidas que o lavrador pudesse cantar parte mundialmente apenas 5% têm a deles enquanto vai arando o solo, Bíblia completa, outros 13% têm que o tecelão possa recitar esses tex-o Novo ou o Antigo Testamento e tos enquanto tece, que o viajante ainda outros 14% têm pelo menos possa, com suas narrativas, espan-um livro da Bíblia traduzido. Juntar o cansaço da jornada." tos, estes números significam que Durante um tempo, esta con- mais de 95% da população munvicção foi combatida por setores dial têm pelo menos uma parte tradicionalistas da igreja daquela da Bíblia numa língua conhecida. época, pois havia o temor de que Mas ainda existe muito por fazer! as pessoas formulariam suas próprias interpretações da Bíblia, caso Como se faz uma tradução pudessem ler o texto em sua próVersões modernas da Bíblia pria língua. Isto significaria que a geralmente são resultado do traigreja perderia o controle daquilo balho dc um grupo ou de uma em que as pessoas criam. equipe de tradução e passam por Mas aqueles que queriam colo- quatro estágios antes de serem car a Bíblia na linguagem das pes- publicadas. soas simples não achavam que isto • Um rascunho de cada livro levaria à anarquia. Queriam apeé produzido, sendo que cada nas que o poder que a Bíblia tem tradutor trabalha com deterde transformar vidas estivesse minado número de livros. Esse acessível a todos, não apenas aos rascunho de tradução c levado eruditos. a uma discussão com o grupo de tradutores. Algumas línguas A invenção da imprensa um não têm forma escrita, ou seja, pouco antes desse tempo propiexistem apenas na forma oral. ciou um meio barato de tornar Assim, antes de se poder fazer essas novas traduções disponíveis uma tradução, são necessários a muitas pessoas. muitos anos de trabalho árduo Atualmente, as Sociedades para reduzir a língua à escrita. Bíblicas Unidas e a Associação Este trabalho é feito em conWycliffc de Tradutores Bíblicos junto com falantes nativos. continuam o trabalho de produzir versões da Bíblia em línguas Este passo envolve uma decidiferentes. são sobre quais textos gregos,
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O uso de computadores facilitou muito a tarefa dos tradutores em todo o mundo.
hebraicos e aramaicos serão usados. Não temos os manuscritos originais dos livros bíblicos escritos pelos primeiros autores; temos uma grande quantidade de cópias antigas dos textos bíblicos (mais de 5.000 apenas do Novo Testamento), mas as cópias nem sempre concordam entre si. Nenhum item essencial da fé cristã depende de uma diferença entre essas cópias antigas, mas a tradução de uma passagem específica pode depender de qual cópia antiga está mais próxima do original. A ciência da crítica textual (veja "O texto e a mensagem") é usada para decidir qual cópia está mais próxima do original. Essa ciência leva em conta a idade das diferentes cópias e a disseminação de determinada formulação ou palavra no conjunto das cópias. • Um grupo de especialistas (consultores) dá orientações a respeito de certos assuntos, incluindo crítica textual, questões relacionadas com as línguas originais, assuntos ligados à arqueologia, ou simplesmente
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introdução à Bíblia
o estilo e a maneira de expressar o sentido do texto na língua alvo. • Pessoas que representam a igreja e outras entidades farão uma revisão do rascunho da tradução, às vezes usando o texto em grupos de estudo bíblico para testar trechos ou livros inteiros que foram traduzidos. • Finalmente, os tradutores originais "arrematam" o rascunho, preparando uma versão final
os tradutores focalizam ou privilegiam a língua original (ou língua-fonte), produzem uma versão literal (ou palavra por palavra) em que o texto da tradução se orienta pela maneira como a língua-fonte organiza palavras e sentenças. Isto pode parecer um pouco estranho ou artificial para alguém que não conhece a língua original — mas pode ser uma vantagem, por exemplo, na
Boas notícias devem set compartilhadas. "Ide poi lodo o mundo e pregai o evangelho a toda a criatura", disse Jesus aos seus discípulos, lista tem sido a tarefa dos cristãos desde o princípio até agota: traduzir o evangelho para línguas locais, pela palavra falada, através de gestos de amor c dc ainda, e pela palavra escrita. A alegria dessa boa nova se tomou real na sida desta mãe africana e de seu filho. Hoje essa boa nova alcança pessoas cm todos os continentes.
hora de traduzir a poesia hebraica (tal como aparece nos Salmos), pois permite ao leitor ver como o original foi estruturado. • Foco n a l í n g u a - a l v o Por outro lado, se os tradutores focalizarem a língua-alvo, o que resulta é uma versão de leitura fácil, mas que não é literalmente exata. No ponto extremo desta abordagem se encontram as paráfrases, que são uma reformulação bastante livre do original na língua-alvo, geralmente com o uso de formulações surpreendentes ou interessantes. Na prática a maioria das versões fica entre os extremos do muito literal e da paráfrase. • Foco n o p ú b l i c o alvo Um segundo fator que ajuda a explicar a variedade de versões é o público-alvo.
para publicação. Nesse processo, às vezes eles tornam a consultar os especialistas para tirar dúvidas quanto a uma ou outra questão. Versões diferentes Grupos diferentes de tradutores produzem versões diferentes — às vezes bem diferentes umas das outras. Por que são tão diferentes? • Foco na língua original Em primeiro lugar, a língua focalizada pode ser diferente. Se
Por exemplo, se uma versão é produzida tendo em mente as crianças, sua linguagem será mais simples c as frases mais curtas, em comparação com uma versão feita para adultos. Se a versão é feita para pessoas para as quais a língua-alvo não é a língua materna, os tradutores evitarão palavras mais raras ou frases peculiares. Uma versão para uso de pessoas eruditas e estudantes pode ser mais técnica. No caso de algumas versões modernas em certas línguas, é importante usar linguagem "inclusiva". Em português, por exemplo, isso significaria usar a palavra "pessoas" ao invés de "homens" quando o original claramente inclui também as mulheres nessa referência. Outras línguas não têm este problema, já que nelas existe um termo para "homens e mulheres" usado para grupos mistos. Tudo isto significa que é útil tere usar mais de uma versão da Bíblia. Versões diferentes darão nuances diferentes do origina], e, para quem não lê hebraico, aramaico e grego, isto enriquecerá sua compreensão da mensagem da Bíblia. E haverá situações em que determinada versão será mais útil ou mais adequada do que as outras, como, por exemplo, quando se fizer uma leitura em voz alta na igreja, quando se estiver fazendo um estudo em particular, quando se estiver dirigindo uma discussão em grupo, ou quando se estiver ensinando a fé cristã às crianças.
Traduções da Bíblia em português Eis um breve histórico da tradução da Bíblia para o português. Tradução de Almeida - 0 primeiro a
traduzir o Novo Testamento para o português a partir do original grego foi João Ferreira de Almeida, missionário protestante na Ásia (especialmente na cidade de Batávtá, na liba de Java). Traduziu o Novo Testamento, lançado em 1681, e parte do Antigo Testamento (quando faleceu em 1691, a tradução estava em Ez 48.21). 0 trabalho foi concluído por Jacobus op den Akker, colega de Almeida. A Bíblia toda só foi publicada em 1753. * Versão de Figueiredo - Tradução do
Padre Antônio Pereira de Figueiredo a partir da Vulgata, entre os anos de 1772 e 1790. Foi a primeira Bíblia completa publicada no Brasil, em 1864. Almeida Revista e Corrigida (ARC) - A
tradução de Almeida foi trazida para o Brasil pela Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira e entregue a uma comissão de tradutores brasileiros, que foram incumbidos de dar ao texto uma feição mais brasileira. Tradução Brasileira (TB) - A primeira
Bíblia completa traduzida inteiramente no Brasil. 0 trabalho foi feito entre 1902 e 1917 e teve Rui Barbosa como um de seus consultores lingüísticos. Era uma tradução bastante literal.
Página de rosto d o Novo Testamento de João Ferreira d e Almeida, publicado em 1693.
Tradução
do Padre Matos
sete editoras católicas brasileiras, baseia-se nos textos originais hebraicos, aramaicos e gregos, comparados com a Nova Vulgata. Ela se destina, entre outros propósitos, à citação em documentos da Igreja Católica e à preparação de edições litúrgicas.
Soares
- Tradução datada de 1932, feita a partir da Vulgata. Editada originalmente em Portugal, foi várias vezes reimpressa no Brasil. Até há pouco tempo, era a versão mais difundida entre os católicos. Almeida Revista e Atualizada (ARA)
Nova Versão Internacional (íWI) - Publica-
-
Fiel aos princípios de tradução de equivalência formal, que caracterizam o texto de Almeida, a edição Revista e Atualizada surgiu no Brasil após o trabalho de mais de uma década. A Comissão tratou de atualizar a linguagem, mas também levou em conta os últimos avanços da arqueologia e exegese bíblicas. A Bíblia completa foi lançada em 1959.
da no Brasil em 2001. Define-se como tradução evangélica, fiel e contemporânea. Segue a filosofia de tradução da New International Version. A Boa Nova - Tradução em Português
Corrente - Lançada pela Sociedade Bíblica de Portugal em 1993. Foi preparada porbiblistas protestantes e católicos e sua linguagem é próxima à usada pela maioria dos portugueses.
Bíblia de Jerusalém (BJ) - Edição preparada por uma equipe de exegetas católicos e protestantes. A Bíblia completa foi publicada em 1981. Uma edição revista e ampliada foi publicada em 2002.
Nova Tradução na linguagem de Hoje
(NTLH) - Em 1988, a SBB lançou a Bíblia na Linguagem de Hoje (BLH), a primeira tradução completa da Bíblia feita por iniciativa da SBB. Em 2000, foi lançada a Nova Tradução na Lingua-
Tradução Ecumênica da Bíblia (TEB)
- Publicada em 1994 e reeditada em 2002. Os livros bíblicos foram traduzidos, introduzidos e anotados por uma equipe de estudiosos católicos, protestantes e judeus. Bíblia Sagrada - Tradução da CNBB
- Publicada em 2002 por um consórcio de
I
gem de Hoje (NTLH), uma segunda edição do texto da BLH, com alterações no texto do Antigo Testamento e uma revisão mais aprofundada da tradução do Novo Testamento. Orientada pelos princípios de tradução dinâmica, a NTLH emprega uma linguagem que é acessível às pessoas menos instruídas e, ao mesmo tempo, aceitável às pessoas mais eruditas.
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Introdução à Bíblia
Perspectivas culturais Oriente e Ocidente Melba Maggay
Até recentemente, as pessoas do Ocidente envolvidas diretamente na transmissão da mensagem cristã para outras culturas em geral não estavam cientes das pressuposições culturais por trás da sua própria leitura das Escrituras. Elas pressupunham que sua leitura do evangelho registrada na Bíblia era relativamente objetiva. Assim, o mesmo "pacote" é levado de cultura a cultura, sem levar em consideração se o contexto social é do Terceiro ou Primeiro Mundo, e se o público está imerso numa visão de mundo animista, budista ou hindu. Em reação, vozes cristãs do Terceiro Mundo levantaram a questão do contexto, desafiando teologías e métodos de comunicação tipicamente ocidentais e chamando a atenção para a importância da cultura no ato de ler e ensinar a Bíblia. A tradição teológica ocidental é parte importante da herança da igreja em todo o mundo, mas c apenas uma das possíveis leituras, e o que uma cultura considera essencial pode certamente ser diferente do que outra cultura considera importante. Os filipinos, em sua cultura, ainda se impressionam com "o poder... que pode ser claramente percebido... por meio das coisas que foram criadas". Porém o cristianismo ocidental se dirige a eles como se houvessem há muito passado a idade do misticismo e precisassem ser arduamente convencidos da existência dc um Deus sobrenatural. Nosso povo ainda não conhece a natureza "desmitificada", desprovida do maravilhoso e do mágico. Mas o Ocidente
defende a Bíblia na nossa cultura como se fôssemos todos racionalistas de uma era científica. O que está errado? Muitos estudiosos perceberam que o cristianismo como foi teologicamente desenvolvido no Ocidente focalizou as idéias complexas que envolvem o pecado e a culpa. A questão que mais preocupa a "consciência introspectiva do Ocidente" é se podemos ter certeza de que realmente iremos ao céu. Esta pergunta, embora não seja completamente irrelevante, é pouco importante para os filipinos, para os quais o que importa mais é acesso ao centro do poder que governa sua vida e o universo. Cada cultura tem um senso interno do que considera "errado", ocasionando certa introspecção ou reflexão. Nas Filipinas, o rompimento da harmonia no nosso relacionamento com a sociedade ou com o cosmos é uma falha considerável. O Ocidente, que tende a individualizar e personalizar o "pecado", considerando-o, antes de tudo, uma questão de traição e mentira e sexo ilícito, ou de coisas gerais relacionadas com violação da integridade interior c usurpação dos direitos de outras pessoas, precisa aprender a levar em conta a dimensão social e cósmica do pecado. Dupla personalidade O holismo filipino opõe-se à tendência ocidental de compartimentar a realidade. Os filipinos não fazem distinção rígida entre o natural e o sobrenatural, o sagra-
do e o secular, o público e o particular. Eles consideram a realidade uma unidade. As culturas ocidentais baseadas na cultura grega tendem a dividir a pessoa em corpo e alma, diferenciando o "espírito" e a "matéria". A noção ocidental de que a religião está relacionada com o "espírito" e não com as coisas materiais, como comida e bebida, levou a uma rígida separação entre espiritualidade e envolvimento com o mundo. A divisão entre "salvar as almas" e "alimentar os corpos" está longe da justiça e das dimensões nacionalistas dos movimentos religiosos nativos. Pensando e sentindo As pessoas numa sociedade amplamente oral como a filipina vêem a vida como realidade primária — eventos passados guardados na memória e reinterpretados com o passar do tempo; disso vem o senso de que o mundo não é fixo, c sim um sistema interpessoal dinâmico dc encontros com pessoas e outros seres. Pensamento e expressão são geralmente altamente organizados, mas de maneiras imaginativas e intuitivas ao invés de analíticas e abstratas. Experiências humanas concretas são destiladas em provérbios, enigmas, mitos e parábolas, o que explica a preferência por histórias ao invés de proposições, pelo poder das imagens ao invés de palavras abstratas. Aqui, na cultura filipina préespanhola, a escrita era usada principalmente como forma dc comunicação social, não como
A Bíblia hoje
forma dc acumular sabedoria e tradições antigas.
ao intelectualismo abstrato, supondo que o que Deus estiver fazendo, estará fazendo em sua mente. Expressões de fé Conseqüentemente, a fé passa a A ênfase do protestantismo nas ser, em grande parte, definida em expressões cognitivas, proposicio- termos de aquisição de informação nais e verbais de fé em contraste bíblica, ao invés de discipulado; com a ênfase católica na emoção, como habilidade dc demonstrar no ritual e na imagem, data da aceitação de certas fórmulas de ligação histórica entre a Reforma fé, ao invés da capacidade de aplie a invenção da imprensa. car tal conhecimento no cotidiaA invenção dc Gutenberg tor- no. Este etos fica muito distante nou possível a impressão e distri- da cultura nativa que valoriza a buição de Bíblias, democratizando sabedoria ou a habilidade de intea leitura das Escrituras, que por grar vida e conhecimento, dizeres sua vez levou a uma ampla alfabe- sábios e relacionamentos eficazes tização. O centro litúrgico passou com pessoas e situações. do altar para o púlpito, da Imagem para a Palavra. Uma questão de tempo Após 400 anos dc alfabetizaO tempo como valor dominante ção, o Ocidente evoluiu para uma na organização da vida nas sociecultura religiosa fortemente ligada dades ocidentais é outro exemplo
Somos todos condicionados pela nossa cultura. Tanto o Oriente quanto o Ocidente podem contribuir para a compreensão da Bíblia e de sua mensagem. Esta cena no mercado é de Manila, nas Filipinas, que é o contexto cultural da au deste artigo.
dc conflito entre culturas. A noção de tempo como sendo linear — um tempo único e absoluto que pode ser medido pelo relógio, no qual uma hora tem sempre 60 minutos na hora que podem ser perdidos ou ganhos, ou podem receber valor monetário — é muito diferente da noção nativa de tempo como algo orgânico, ligado às estações e aos movimentos lunares. O agricultor acorda com o nascer do sol para trabalhar c pára quando o sol está muito quente. O pescador observa a maré c espera por noites de lua nova. As festas acontecem nas estações de colheita e
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Introdução à Bíblia
ritual, e medições de tempo variam dos ciclos climáticos ao período de tempo que se leva para fumar um cigarro. Pelo fato de o tempo nesta cultura estar ligado ao fluxo dos eventos ao invés do relógio, as coisas começam quando estão prontas e terminam quando estão completas. O que chamamos de "horário filipino" é na verdade sincronia com o fluxo de eventos à medida que acontecem. Isto pode ser visto no fato de eventos começarem somente quando os lugares na sala estão preenchidos e os próprios organizadores estarem prontos, ou no fato de que um alvoroço de preparativos acontece em cima da hora porque o evento está prestes a começar. O filipino está interessado, não no horário em que algo acontece, mas se uma ação já terminou ou pertence ao "ainda não". Isto está, de certa forma,
mais próximo do sentido hebraico de tempo como "determinado" ou "oportuno"; um momento amadurece até o tempo designado de construir ou plantar, ou arrancar e destruir. As pessoas discernem as estações e determinam se é tempo kairos (oportuno) ou apenas tempo chronos (que passa) c agem de acordo. A ênfase ao tempo como presente vivo foi mal interpretada como o hábito de se deixar para amanhã o que se poderia fazer hoje, mas é mais correto entendê-la como uma falta de futurismo ou de ansiedade com relação ao amanhã. "Basta a cada dia o seu próprio mal", diz Jesus. Não adianta preocupar-se com um amanhã que não podemos controlar, ao contrário da ilusão ocidental de que por mero planejamento e administração podemos nos proteger das incertezas do futuro. Embora haja um sentido cm que
o tempo é linear — a Bíblia fala do tempo como tendo um princípio e um fim, da história com um propósito não um ciclo interminável de nascimento e morte, da ascensão e queda de impérios — há um sentido em que vivemos o tempo como um ciclo. Estes, é claro, não são os únicos exemplos das diferenças entre o pensamento ocidental e oriental. É realmente difícil comunicar-se através de barreiras culturais. Mas estar ciente do nosso condicionamento cultural e reconhecê-lo é um progresso. Então começamos a nos abrir para outros discernimentos culturais. E as perspectivas combi nadas de Oriente e Ocidente trarão uma compreensão mais rica da Bíblia e de sua mensagem.
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Jesus numa sociedade pluralista Vinoih Ramachandra Os autores bíblicos viviam num ambiente social tão pluralista quanto o nosso em matéria de religião. Israel foi chamado para andar nos caminhos do Senhor sob o olhar atento de outras nações. A singularidade do etos social de Israel vinha da revelação única que Deus confiara a Israel. Deus, como criador e soberano do mundo, estava agindo na história de todas as nações e culturas. Mas em nenhuma nação além de Israel Deus agiu por amor a todas as nações. Sempre que os israelitas pensavam que Deus era apenas mais uma divindade tribal ou tentavam adorar a Deus à maneira dos ritos de fertilidade comuns entre os cananeus, eles estavam traindo a sua vocação no mundo. Segundo os autores dos Evangelhos, a história de Israel alcança a sua verdadeira plenitude em Jesus de Nazaré. Ele incorpora os propósitos dc Deus para as nações ao viver como o Filho que é fiel a Deus. Ele é aquele sobre quem Moisés havia escrito, aquele que fez com que Abraão ficasse alegre, ao ver o tempo da vinda dele, aquele que é Senhor até de Davi. Nele converge o conjunto de imagens do Antigo Testamento, tanto do "Servo de Deus" de Isaías, suportando a ira de Deus para curar as nações, quanto do "Filho do Homem" de Daniel, recebendo um reino eterno que abrange todos os povos. Mas Jesus também traz a história de Deus a seu verdadeiro clímax. Desde o início, a igreja cristã, que também vivia num mundo religiosamente pluralista, considerou adequado falar dc Jesus na linguagem usada para Deus nas
"A reivindicação não é tanto que Jesus é como Deus, mas (pie Deus é como Jesus." escrituras hebraicas. Eles adoravam ou prestavam culto a Jesus. Algumas das primeiras "cristologias" eram expressas em hinos de adoração coletiva. Um fragmento de um destes hinos primitivos provavelmente encontra-se nas palavras seguintes, escritas cerca de 25 anos após a crucificação. E parte de uma carta que Paulo, líder cristão de origem judaica, escreveu para uma das igrejas que fundara na colônia romana de Filipos. Ele escreve sobre "Cristo Jesus" (Fp 2.6-11): "o qual, embora estando na forma de Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo de que ele deveria tirar vantagem; mas a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens. E, sendo encontrado em forma humana, a si mesmo se humilhou e foi obediente até a morte, e morte de cruz! Por isso também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho... e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai." Nesta passagem, "o nome que está acima de todo nome" é uma alusão clara a Is 45.22-24 na
Bíblia hebraica, uma passagem na qual Deus declara ser o único Salvador universal. Ele convoca todas as nações da terra a dobrarem os joelhos diante dele. Mas aqui, é ao nome de Jesus que, no final da história humana, todo joelho se dobrará. O mundo inteiro reconhecerá que Jesus é o Senhor verdadeiro. E esta reivindicação surpreendente é feita sobre um criminoso judeu que fora recentemente executado! Igualmente surpreendente é o contexto literário em que isto aparece — uma exortação para imitar esse Cristo em sua mentalidade humilde e atitude dc servo! Na Palestina do icnipo dc Jesus, a sociedade era diversificada, mais ou menos como a nossa. Em Cesaréia de Filipe, onde Pedro confessou que Jesus era o Messias enviado por Deus, havia um templo dedicado ao deus grego Pan. Nichos escavados na rocha para abrigar estátuas dc deuses podem ser vistos ainda hoje.
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Introdução à Bíblia
Aqui novamente, como no Israel antigo, o povo da aliança de Deus (neste caso, a igreja de judeus e gentios) proclama a singularidade de Deus/Cristo andando como Deus/Cristo andou. Esta visão elevada de Jesus certamente veio da maneira como o próprio Jesus via sua relação com Deus e Israel. Tanto o ensino de Jesus quanto seu estilo de vida implicam uma profunda autocompreensão. Para Jesus, o "reino de Deus" — a grande esperança de Israel quanto à presença salvadora
de Deus — estava irrompendo no mundo, e tomando forma em e por meio de suas palavras e ações. Na sua presença, homens e mulheres recebiam perdão incondicional de seu pecado. Pessoas que haviam fracassado moralmente e não tinham vez na sociedade recebiam uma nova identidade e eram inseridos em novos relaeionamentos. Ao declarar tal perdão Jesus deixava de lado o Templo com seu sacerdócio divinamente instituído e seu sistema sacrificiai. Como o Templo em Jerusalém
representava a própria identidade de Israel como nação, a ação de | Jesus era realmente radical, Jesus apresentou-se também como aquele a quem todas as nações prestarão contas no fim da . história. Na história extraordinária do julgamento final em Mt 25.31- | 46, a base do julgamento será ares- I posta das nações a ele — expressas na sua resposta àqueles com quem cie se identificou. A forma positiva como Jesus muitas vezes assumia direitos e prerrogativas de Deus escandalizou seus contemporâneos
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A Bíblia hoje Meninos posam ao lado das ruínas de uma antiga igreja em Gadara, uma das Dez Cidades (gregas) que, na época de Jesus, ficavam nas imediações da Galileia. Jesus fez a afirmação de que ele é o único caminho que leva a Deus num mundo semelhante ao nosso, ou seja, um mundo em que diferentes religiões disputavam a preferência das pessoas.
nova ordem mundial. Esta linguagem foi aplicada a Jesus após a sua ressurreição porque deu significado a suas palavras e obras anteriores à crucificação. Por intermédio de Jesus, o Deus Criador tiraria sua criação da sujeição ao mal e à morte e a elevaria para compartilhar sua própria vida.
"É ao nome de Jesus que, no final da história humana, todo joelho se dobrará."
A esperança judaica de ressurreição agora se torna fé em Jesus que, em Jo 11.25, afirma ser "a ressurreição e a vida". Ao ressuscitar Jesus, Deus lhe deu seu próprio poder de levantar os mortos. Ele é o "Autor da vida" (At 3.15), "aquele que vive" (Ap 1.18; comparar com o uso desta expressão como título divino em Dt 5.26; Js 3.10; SI 42.2, e t c ) , o "espírito vivificante" (ICo 15.45), aquele a quem o Pai concedeu "ter vida em si mesmo" para que também possa dar vida a outros (Jo 5.21-26). Ao falarem de Jesus, Espírito e Deus ao mesmo tempo, os apóstolos não só fazem declarações extraore provocou a indignação das auto- dinárias sobre Jesus, mas também fazem declarações surpreendentes ridade religiosas. No centro da fé e da pregação sobre Deus. A reivindicação não é dos primeiros discípulos estava a tanto que Jesus é como Deus, mas afirmação de que Jesus havia sido que Deus é como Jesus. Jesus, e ressuscitado por Deus: que durante especialmente Jesus na sua crucifium período de 40 dias após sua cru- cação, é de certa forma a plenitude cificação ele apareceu a eles num da divindade numa personalidade corpo físico e depois continuou a humana. Com esta convicção os comunicar-se com eles, a "habitar" primeiros cristãos se negavam a neles e capacitá-los por meio de considerar-se apenas membros de uma "religião" entre várias: eles uma nova atuação do Espírito. Na crença judaica daquele eram testemunhas entre as nações tempo, "ressurreição" representava do que Deus, em Jesus, fizera por a derrota do mal, a vinda de uma toda a humanidade.
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O Corão e a Bíblia
Michael Nazir-A!i
O livro sagrado dos muçulmanos, o Corão, alega repetidamente ser a continuação da revelação dada na tradição judaico-cristã e é considerado pelos muçulmanos a última de uma linhagem de escrituras dada aos profetas: "Cremos emAláeaquiloquedecima foi enviado sobre nós, sobre Abraão, Ismael, Isaque, Jacó e as tribos de Israel e o que foi outorgado a Moisés e a Jesus e o que foi dado a todos os profetas vindo do seu Senhor. Não fazemos distinção entre todos eles, porque foi a Alá que nos submetemos" (Sura 2.136). As outras escrituras são mencionadas com freqüência, especialmente o Tawrat (ou Torá), o Zalnir (Salmos) e o Injil (Evangelho). Judeus e cristãos são exortados, além disso, a viver segundo a vontade dc Deus como foi revelado nos seus livros: "Que o povo do Evangelho julgue de acordo com aquilo que Alá revelou nele c quem não julga pelo que Alá revelou é rebelde" (QS.50). Alguns versículos antes, os judeus também são desafiados a viver segundo a luz e orientação da Torá. No que Corão e a Bíblia diferem No entanto, já na época em que o Profeta do Islã ainda era vivo começava a ficar claro que as Escrituras dos judeus c cristãos eram bem diferentes da revelação que o Profeta alegava ter recebido. Como explicar isto, se todos eram a Palavra de Deus? Esta dificuldade é contornada de maneiras diferentes, mas principalmente pela alegação dc que o Corão "cumpre" as outras revelações mais parciais: que, cm certos casos, "lemUm imnnic se dirige ¿1 um grupo de pessoas numa mesquita de Istambul.
bra" seus leitores do que foi esquecido e que "abranda" ou ab-roga certas partes das escrituras mais antigas: "As revelações que ab-rogamos ou fazemos cair no esquecimento, nós as substituímos por outras, iguais ou melhores" (2.106). Este versículo foi muitas vezes
usado não só para avaliar as outras escrituras em relação ao Corão mas também para determinar como certas passagens fundamentais no Corão se relacionam com outras partes do livro. No que diz respeito à lei mosaica, a posição do Corão é que pelo
f menos algumas de suas cláusulas foram decretadas corno castigo por rebelião. Jesus supostamente revogou algumas delas e o Profeta do Islã abrandou outras (3.50; 4.160; 5.90). Assim o Corão, na visão muçulmana, é a revelação final e definitiva que "cumpre" as outras escrituras e, naquilo que estas contradizem o Corão, são ab-rogadas. Um texto corrompido? Outra maneira pela qual o islamismo procura fazer fren-
te às discrepâncias entre suas escrituras e as dos judeus e cristãos é a acusação do Tahrif. É a crença que o "Povo do Livro" que viveu em período anterior mudaram ou corromperam seus livros de tal forma que estes não mais concordam com o Corão. O "Povo do Livro" é acusado de alterar as escrituras para seus próprios propósitos (2.75-79; 4.46; 5.14). Pode ser, todavia, que os cristãos não sejam acusados, pelo menos no Corão, de alterar as escrituras,
A Bíblia hoje
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mas apenas de "esquecer" o que receberam (cf. 5.15). Os primeiros comentaristas muçulmanos, tais como Tabari e Razi, eram da opinião que a alteração era tahrif bi'l ma'ni, uma corrupção do significado do texto sem necessariamente envolver corrupção do texto em si. Gradativamente, porém, surgiu um consenso de que "o Povo do Livro" era culpado de tahrif bi'l lafz, a corrupção do próprio texto. O teólogo espanhol Ibn Hazm e o mestre itinerante na índia, o cientista Al-Biruni, foram os principais propagadores desta teoria. Muitos estudiosos, no entanto, continuam a defender que o Corão não afirma corrupção geral das escrituras judaico-cristãs, mas apenas que os textos foram mal usados e certas passagens, ocultadas. Uso da Bíblia Embora os muçulmanos acreditem que o conteúdo do seu livro sagrado tenha sido recebido diretamente de Deus e, portanto, não depende de qualquer outro documento literário ou histórico, muitos estudiosos muçulmanos referem-se à Bíblia quando tentam comentar o significado do Corão. Estes estudiosos não são apenas os que integram uma escola mais "liberal" de pensamento. Os conservadores também usam a Bíblia extensivamente como contexto histórico para o estudo do seu próprio livro. Ao fazerem isto, precisam definir até que ponto houve alteração do texto, independentemente das interpretações a que foi submetido por judeus e cristãos. Muitos chegam a conclusões surpreendentes: concordam, por exemplo, que narrativa e comentário na Bíblia podem sofrer alteração, mas que isto não se aplica às palavras inspiradas dos próprios profetas. Isto, é claro, deixa intacta a integridade de extensos trechos da Bíblia!
Como os muçulmanos entendem a revelação Para que cristãos entendam a visão muçulmana da Bíblia, é crucial que tenham alguma noção de como os muçulmanos vêem a revelação. A idéia de uma obra predeterminada descendo do céu, para a qual o profeta apenas serve de meio ou instrumento, não condiz com o conceito dc revelação para a maioria dos cristãos. Em diálogo com muçulmanos, é muito importante explicar como os cristãos entendem que a revelação é mediada, não só por meio das limitações de cultura c língua, mas também por meio dc um processo dc acréscimo nas tradições, de reflexão e edição por parte de comunidades e indivíduos. A maneira em que a evidência manuscrita é tratada nas duas tradições é um exemplo disto. Todas as edições atuais do Corão são derivadas de uma única recensão (sendo que as variantes foram destruídas no decorrer da história). Para os muçulmanos, isto é um sinal da integridade e confiabilidade do livro.
No que tange às escrituras judaico-cristãs, por outro lado, há um grande número de manuscritos, às vezes em línguas diferentes, que são usados para elaborar a edição crítica de um texto. A confiabilidade é atingida não pela dependência de uma única linha dc evidência manuscrita, mas pela comparação de tradições manuscritas diferentes. Estas são as formas diferentes de chegar àquilo que a comunidade considera um texto confiável. Livros fora do "cânon" oficial Ocasionalmente os muçulmanos produzem livros semelhantes ao assim chamado Evangelho de Barnabé que, segundo eles, é o Evangelho autêntico. No entanto, nem o próprio Corão, nem a tradição muçulmana mais antiga, faz qualquer referência a tais obras. "Barnabé" é, na realidade, uma obra relativamente moderna, escrita na Espanha muçulmana, que discorda do Corão em certos aspectos importantes!
Tentativas de produzir tais obras demonstram, noentanto, quão grande é a dificuldade que os muçulmanos tem com a noção cristã de como livros diferentes da Bíblia foram escritos e como a lista aprovada surgiu na sua forma atual. Entendimento mútuo O diálogo paciente entre muçulmanos e cristãos sobre as escrituras dc cada fé tem, na verdade, aprofundado a compreensão da posição do outro lado. Os cristãos compreendem a extensão da continuidade que existe entre o Corão e as escrituras que eles usam, enquanto os muçulmanos passam a apreciar algumas das escrituras às quais o Corão se refere. Isto é muito bem-vindo, pois só pode levar a uma melhor compreensão do que se tem em comum e ao estabelecimento de uma base a partir da qual se pode lidar com as sérias diferenças que permanecem.
A Bíblia hoje
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A Bíblia do ponto de vista feminino Claire Powell
O século 20 testemunhou grandes mudanças nas atitudes com relação ao status e papel das mulheres. A educação das mulheres foi uma das chaves para abrir novas oportunidades no mercado de trabalho, e para dar maior respeito ao trabalho tradicionalmente feito por mulheres. Uma mudança de perspectiva da Bíblia também era necessária, não porque as mulheres se relacionem com Deus ou vêem a Bíblia de forma diferente dos homens, ou porque todas as mulheres pensem da mesma forma, mas porque, até recentemente, quase toda interpretação bíblica era feita por homens. Na cultura secular c na igreja, a masculinidade se tornou a norma do que significa ser humano e era fácil marginalizar, mesmo que inconscientemente, a contribuição e importância das mulheres. Teólogos focalizaram principalmente a maneira como Deus lida com os homens, considerando mais importante na teologia e na história cristã as coisas que os homens fazem, enquanto as mulheres, os papéis que elas exercem, a fé, a experiência e os interesses delas ficavam em segundo plano. Tanto homens quanto mulheres acostumaram-se a aprender sobre fé a partir de exemplos bíblicos de homens como Pedro, enquanto o exemplo de mulheres como Maria eram subconscientemente vistos como "apenas para as mulheres"! Portanto, toda a igreja, mulheres e homens, se beneficia com a valorização da experiência de fé por intermédio das mulheres nas Escrituras, com a recuperação da importância esquecida das mulheres na história da missão da igreja
Antigo Testamento sobre a situação das mulheres, mas os homens prevalecem, assumem o poder até na vida religiosa e as mulheres parecem ser raramente vistas ou ouvidas. O que está registrado aparece, na maioria das vezes, na forma de Parceiros iguais Gênesis começa com o fato de narrativa descritiva. A questão que que homens e mulheres foram isto levanta é se a narrativa afirma criados iguais à vista de Deus e a vontade de Deus para os papéis na presença um do outro. A cria- e status de homens e mulheres ção de ambos é considerada muito em todas as culturas em todos os boa (Gn 1.31). A mulher é cria- tempos, ou se simplesmente desda a partir do homem, não para creve o que estava acontecendo na mostrar subordinação, mas para época (da mesma forma que, por mostrar que ela é semelhante a exemplo, apresenta a poligamia e ele, em contraste com os outros a escravidão), para que possamos seres criados, e para demonstrar aprender, imitando o que é bom e a interdependência que Paulo, em corrigindo o que não é. As EscriICo 11.11-12, diz ser eternamente turas registram muitas coisas que característica da raça humana: "No não defendem! entanto, no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o Deus e a Bíblia homem é independente da mulher. são preconceituosos? Porque assim como a mulher foi Será que a Bíblia como tal favofeita do homem, também o homem rece os homens em detrimennasce da mulher." to das mulheres? E o patriarcado (no sentido mais amplo, o sistema de homens no poder) é justiRivalidade e competição Os problemas entre homem e ficado pelo próprio texto? Estaria mulher só começaram depois que Deus tratando as mulheres dessa a desobediência causou a "queda" forma? É bem mais provável que da humanidade em Gn 3. Então, aquilo que encontramos descrito aí ao invés da mutualidade e com- está para ilustrar como o status, a plementaridade do Eden, tiveram função e a experiência das mulheinício a rivalidade e a competição. res ficam longe do ideal divino de Dc Gn 4 em diante, isto acontece igualdade. Há indicações suficiencomo cumprimento da previsão de tes disto no texto em si. que o homem dominaria a mulher Embora grande parte da his(Gn 3.16). Este não era o ideal dc tória focalize as atividades dos Deus, mas parte das conseqüên- homens, as mulheres estão precias inevitáveis da queda. sentes e têm papéis importantes. A Se Gênesis estabelece o cenário, liderança não c restrita a homens. o drama se desenrola na história Tanto Débora, ajuíza (Jz 4), quanda salvação no restante da Bíblia. to Hulda, a profetisa (2Rs 22), Não há uma palavra inequívoca no assumem papéis responsáveis de e com a retificação do desequilíbrio no qual mulheres e o sexo feminino foram marginalizados nas traduções da Bíblia, na teologia e na igreja.
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Introdução à Bíblia
liderança que não são descritos no texto como algo excepcional. Pelo contrário, elas são respeitadas. Do Antigo ao Novo O fato de a maioria dos líderes serem homens representa a cultura patriarcal desenvolvida na época. Não há mandato divino para tal. As mulheres foram excluídas do sacerdócio do Antigo Testamento, mas muitos homens também foram! E o Novo Testamento nos apresenta um sacerdócio de todos os crentes, homens e mulheres! No Antigo Testamento, a circuncisão era o sinal de que se pertencia ao povo da aliança de Deus — um sinal que, fisicamente, só podia ser colocado no corpo de homens. Mas com o nascimento da igreja surgiu um novo sinal. O batismo incluía fisicamente homens e mulheres, judeus e gentios. Nas cartas do Novo Testamento há várias indicações de que quaisquer restrições sobre mulheres se aplicam dentro da cultura e
do contexto específicos. Nos casos em que há diferença entre detalhes de uma situação do primeiro século e do presente, o princípio do ensinamento é que deve ser seguido. Logo, quando Paulo indica em lTm 2 que as mulheres não devem ensinar ou ter autoridade sobre homens, ele está se dirigindo a um problema específico de ensinamento falso e autoridade injusta em Éfeso. Em tal contexto as mulheres deviam parar o que estavam fazendo de errado. O princípio permanente para hoje é que as mulheres são proibidas de ensinar o que é errado, mas não por isso proibidas de ensinar o que é correto! Nisto elas podem servir de exemplo de conduta para os homens, assim como os exemplos dos homens geralmente são aplicados a mulheres. Sabemos, com base em Atos e nas epístolas, cjue mulheres eram proeminentes entre os líderes em quase todas as primeiras igrejas que se reuniam nos lares. Lídia era
km Taçtoban, nas Filipinas, um grupo de mulheres se reúne para estudara liíhlia.
líder em Filipos; Febe era diaconisa em Cencréia (Rm 16.1); Júnia (a evidência da maioria dos manuscritos indica que Júnia era uma mulher) era apóstola (Rm 16.7). Os crentes são recomendados por Paulo a ensinarem uns aos outros (p. ex. Cl 3.16) e nenhuma exceção aqui impede mulheres de ensinar homens. Há registro de Priscila ensinando Apolo (At 18.26). As listas dc dons no Novo Testamento (p. ex. Rm 12; ICo 12; Ef 4) não especificam sexo. Dada a cultura patriarcal da época, não é de admirar que os líderes homens fossem mais numerosos que as mulheres, mas está é uma descrição, não um padrão. Uma indicação disto pode sei vista em lTm 3.2, que diz que, para alguém ser candidato ao episcopado, precisa ser "marido dc uma só mulher". Isto poderia indicara necessidade de ser casado e mono-
A Bíblia hoje gâmico ou, mais provavelmente, ter pureza e fidelidade no casamento. Num contexto em que era provável que a maioria dos líderes fossem homens e, quase com certeza, casados, isto serve de regra para a situação de Éfeso naquela época, não sendo uma proibição futura para todos os homens solteiros ou para as mulheres! lTm 3.12 faz a mesma exigência no caso dos diáconos, mas isto não pode significar que todos os diáconos elevem ser homens, já que Paulo chama Febe de diaconisa em Rm 16.1. A liderança e responsabilidade bíblica na igreja devem ser baseadas no caráter, chamado e compromisso cristão, não em questões de gênero ou sexo. Deus masculino ou feminino? Muitas pessoas têm uma imagem mental de Deus como sendo homem, ou pelo menos mais masculino que feminino. Isto se deve em grande parte às imagens de Deus na arte primitiva, e à descrição de Deus como "ele" ou "pai". Dt 4.15-16 lembra Israel de que Deus não tem forma ou aparência. Eles não deviam fazer imagens de escultura (ou supostamente formar imagens mentais) de Deus como homem ou mulher. Masculino c feminino são diferenças biológicas na humanidade criada. Ambos os sexos refletem igualmente uma imagem do Criador.
Nas línguas que não têm um pronome inclusivo, o masculino ou o feminino deve ser usado para refletir o fato de que a natureza de Deus é pessoal, não impessoal. "Aquilo" não serve. O uso de "ele" para Deus indica que Deus é uma pessoa. Não está relacionado com o sexo (àquilo que é biologicamente determinado) ou gênero (aquilo que c socialmente determinado). Ultimamente as imagens femininas de Deus nas Escrituras (tais como dar a luz ou prover alimento) foram redescobertas. O mesmo aconteceu com o uso de termos femininos com relação a Deus, p. ex. o Espírito Santo e a sabedoria no Antigo Testamento. Classificações gramaticais masculinas e femininas são usadas, mas elas não transmitem necessariamente o ser ou a essência. Também houve progresso no reconhecimento da valorização social do masculino que é inerente a muitas línguas e a conseqüente marginalização das mulheres — colocando-as dc lado, ignorando-as ou considerando-as atípicas no que tange à experiência humana. Esta não é a visão bíblica. No passado, quando Deus era considerado masculino, o erro estava em considerar a masculinidade como sendo mais semelhante a Deus. O exemplo de Jesus Jesus não introduziu um movimento revolucionário para derru-
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bar a cultura judaica de dominação masculina da sua época. Porém ele claramente quebrou as regras do seu tempo. Ele ensinou mulheres; discutiu teologia com elas; aceitou adoração delas; elevou sua posição em discussões sobre divórcio; e tocou mulheres ritualmente "impuras". Tais ações não parecem grande coisa pelos padrões atuais, mas foram atos notáveis na época e iam além do que era aceitável. Isto abriu caminho para seus seguidores fazerem o mesmo. No passado, o fato de Jesus ter nascido como homem era considerado vantajoso para os homens. Se encarnação significa que "Deus se fez um homem", então a redenção das mulheres fica em cheque ou pelo menos é secundária, e Jesus é mais bem representado no sacerdócio por homens que por mulheres. Mas a Bíblia jamais usa a masculinidade de Jesus como instrumento de comparação; usa apenas sua humanidade, que é comum a homens e mulheres. E o Novo Testamento ensina nitidamente o sacerdócio de todos os crentes; todos podem chegar a Jesus e todos podem rcprcscntá-lo na terra. Na encarnação Jesus representa um modelo de humanidade, não de masculinidade. As mulheres, assim como os homens, podem encontrar seu padrão nele e seguir seu exemplo em todos os aspectos.
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Introdução à Bíblia
A Bíblia do ponto de vista de um cientista John Polkinghorne
A busca pela verdade religiosa é semelhante ã busca pela verdade científica. Se queremos saber como Deus é, temos que descobrir o que ele fez e como ele tem se manifestado. Para nos ajudar nessa busca pela verdade, o registro mais importante de que dispomos e que trata de experiências religiosas é a Bíblia. A Bíblia como fonte de evidência A Bíblia hebraica — aquilo que os cristãos chamam de Antigo Testamento — trata de como Deus se revelou a alguns pastores nômades, como Abraão; como Deus libertou os descendentes dessa gente da escravidão no Egito; como Deus estava envolvido com a história do povo de Israel, tanto em situações de juízo como dc salvação. No Novo Testamento lemos como Deus agiu para revelar-se de maneira nova e mais clara. Os Evangelhos falam sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus, enquanto as outras obras (como as cartas de Paulo) — muitas das quais são anteriores aos evangelhos — contam como os primeiros cristãos estavam maravilhados com a nova vida que encontraram cm Cristo. Quando lemos a Bíblia como um registro de experiências religiosas das quais podemos aprender sobre a relação de Deus com a humanidade — como evidência na nossa busca pela verdade — estamos necessariamente sujeitando-a, até certo ponto, a nosso julgamento. Devemos decidir se estamos lendo um relato histórico ou uma simples narrativa, se o que é dito reflete a vontade de Deus ou as tradições humanas.
"Jamais poderemos confinar Deus dentro de nossas definições."
Creio que precisamos lera Bíblia desta forma, mas certamente precisamos lê-la também de outras maneiras. De modo especial, não devemos apenas julgá-la, mas também deixar que ela nos julgue. A abordagem de um cientista Não importa o que façamos, as experiências que temos afetam nossos pensamentos e influenciam nosso modo de pensar. Passei 30 anos da minha vida trabalhando como físico teórico, tentando usar a matemática para entender alguns dos padrões incríveis bem como a ordem que existe no mundo físico. Seja num sentido positivo ou negativo (e sem dúvida, por ambos ao mesmo tempo), isto afeta a maneira como penso sobre todo tipo de coisas. Gosto de começar com os fenômenos, com coisas que aconteceram, e depois tentar criar uma explicação a partir disto. Meu lema é este: "Comece com casos específicos e só então tente entender o que está acontecendo em geral". Este tipo de pensamento indutivo é natural no caso do cientista, e isto por duas razões. • Estamos procurando idéias que têm razões que as sustentem; essas razões vão estar na evidência que estamos considerando, os eventos que motivam nossa crença. • Aprendemos que o mundo é cheio de surpresas. Isto signifi-
ca que c muito difícil prever de antemão quais serão as idéias gerais corretas. Somente a experiência pode nos mostrar isto. Na realidade, esse elemento de surpresa é uma das coisas que torna a pesquisa científica tão compensadora e interessante. Nunca se sabe o que se vai descobrir no momento seguinte. Por exemplo, todos os dias da minha vida como físico teórico usei as idéias da mecânica quântica. Esta teoria descreve como as coisas se comportam numa escala bem reduzida do tamanho de átomos ou menor ainda. No final das contas, o comportamento daquilo que é muito pequeno é totalmente diferente da maneira como nós experimentamos o mundo na escala "normal" de nosso dia a dia. Parece que vivemos num mundo que é previsível e que pode ser descrito. Sabemos onde as coisas estão e o que estão fazendo. Tudo isto muda quando vamos ao nível dos átomos. O elétron, por exemplo, é uma das partes que compõem o átomo. Se você sabe onde ele está, não pode saber o que está fazendo; se sabe o que está fazendo, não pode saber onde ele está! (Isto se chama princípio da incerteza de Heisenberg). O mundo quântico é indefinido e indescritível. Não podemos imaginar em termos cotidianos como ele é. No entanto, podemos entendê-lo, usando a matemática e o conjunto especial de idéias quânticas que aprendemos a partir de Um pesquisador científico fazendo seu trabalho ao microscópio de elétrons.
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Introdução à Bíblia
uma abordagem indutiva dos fenômenos atômicos. Ninguém podia imaginar anteriormente que a matéria se comportava desta maneira tão estranha quando observada subatómicamente. Na realidade, pessoas extremamente inteligentes levaram 25 anos para entender o que estava acontecendo. Para entender a natureza, é preciso deixar o mundo físico mostrar como ela é. Você deve começar por baixo, com a maneira como as coisas se comportam, e a partir daí ir avançando na formulação de uma teoria adequada. A maneira de pensar ditada pelo bom senso não será adequada para nos dizer, por si mesma, como Deus é. Teremos que tentar ciescobrir com base no que ele realmente revelou a respeito de si mesmo. Ver a Bíblia como fonte de evidência sobre como Deus tem agido na história e, acima de tudo, em Jesus Cristo, é uma estratégia natural a ser seguida por um pensador indutivo. Na verdade, vejo que há muito em comum entre a maneira em
que busco a verdade na ciência e a maneira em que busco a verdade na religião. As pessoas às vezes se surpreendem pelo fato de eu ser cientista e pastor. Pensam que é uma combinação estranha, ou talvez desonesta. Sua surpresa ocorre porque não percebem que a verdade é tão importante na religião quanto na ciência. Acredita-se em geral que a fé é uma questão de fechar os olhos e fazer força para acreditar no impossível porque alguma autoridade que não pode ser questionada manda que você creia. Muito pelo contrário! O salto de fé é um salto para a luz não para a escuridão. Envolve compromisso com o que entendemos para que possamos aprender e entender mais. E preciso fazer isto na ciência. E preciso confiar que o mundo físico faz sentido e que a teoria que você aceita hoje lhe dá alguma noção dc como ele é, para que se possa progredir e obter maior conhecimento e formular uma teoria melhor. Se não
se arriscar, nunca conseguirá enxergar nada.! O mesmo é necessário na busca religiosa da verdade. Jamais poderemos confinar Deus dentro de nossas definições. Ele sempre excederá nossas expectativas e mostrará que é um Deus dc surpresas. Sempre há mais para aprender. Cuidado, leitor! No entanto, há uma diferença importante entre crença científica e fé religiosa. Esta última é muito mais exigente e perigosa. Creio plenamente na teoria quântica, mas esta crença não ameaça mudar a minha vida dc forma significante. Porém não posso acreditar em Deus sem saber que devo obedecer à sua vontade para mim à medida que esta me é revelada. Deus não existe apenas para satisfazer minha curiosidade intelectual; ele deve ser honrado e respeitado e amado como meu Criador e Salvador. Então cuidado! Ler a Bíblia pode mudar sua vida.
Bíblia hoje
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Nosso mundo — o mundo deles
Meie Pearse
Dizer que a Bíblia é uma coleção de documentos históricos é afirmar o óbvio. Mas podemos facilmente ignorar as implicações disto ao tentarmos entender o que estamos lendo. A "bagagem" que carregamos Precisamos estar cientes cie que, quer sejamos cristãos quer não, temos todo tipo de idéias sobre o mundo e sobre a própria Bíblia antes mesmo dc começarmos a ler o texto. Além disso, há 2.000 anos de reflexão, teologia e desenvolvimento de doutrina entre o Novo Testamento e nossa época. Podemos facilmente chegar à Bíblia supondo que ela simplesmente refletirá as idéias que absorvemos na nossa própria época ou dentro de nossa tradição eclesiástica. Aqueles que abordam a Bíblia confiantes de que ela apoiará suas próprias opiniões políticas, entre outras, podem aprender uma lição salutar com pessoas no passado que (equivocadamente) também pensaram assim! O próprio fundamento da cosmovisão ocidental — objetividade e subjetividade, direitos humanos, feminismo, economia livre, socialismo — não significaria nada para pessoas nos tempos bíblicos (ou mesmo para pessoas que viveram antes do século 18). Precisamos permitir que a Bíblia fale para nossa situação — mas nos termos dela. Não entenderemos a Bíblia adequadamente se impusermos nossas idéias modernas à mente de Abraão — ou de Rute, ou Amós, ou dos presbíteros da igreja de Jerusalém.
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KÉjflT .
Um estilo de vida diferente Na Bíblia nos deparamos com pessoas e culturas totalmente diferentes das culturas dos países "desenvolvidos" modernos: era uma sociedade em grande parte agrícola e hierárquica, na qual a mortalidade infantil, a constante ameaça da fome por causa de colheitas frustradas e a probabilidade de uma morte relativamente precoce para a maior parte do povo podiam ser consideradas normais. Em resumo, eles viviam como a maioria das pessoas na história humana tem vivido, exceto algumas gerações do mundo moderno ocidental. Elas aceitavam casamentos arranjados e até a escravidão. A palavra "liberdade" significava, não um princípio moral, mas uma condição de não ser escravo ou, talvez, de não passar fome ou necessidade. Uma mentalidade diferente Raramente pensavam em Deus (ou, no caso das nações pagãs, em deuses), anjos e forças malignas como seres cuja existência podia ser questionada. Pelo contrário, eram as maiores realidades a serem encaradas, influenciando toda a vida. Em resumo, as pessoas da Bíblia pensavam como a maioria das pessoas na história humana tem pen-
UMKI multidão multirracial numa via urbana; este é o mundo de muitos leitores da Bíblia hoje. Esta é uma realidade bem distante daquela que era vivida nos tempos bíblicos, ilustrada por uma mulher beduína junto a um poço nas proximidades de Belém. Há fronteiras a serem transpostas na compreensão da mensagem atemporal da Bíblia.
sado, exceção feita a algumas gerações do mundo moderno. Fica claro, então, que para ler a Bíblia muitos de nós precisamos de um esforço mental considerável para sairmos de nossa própria cultura e entendermos as pessoas da Bíblia como elas realmente são. Mas o esforço compensa! No mínimo, permitirá que compreendamos o restante da raça humana. Na melhor das hipóteses, tocaremos, ou, melhor, ou seremos tocados, não pelo deus desta era, mas pelo Deus de todas as eras.
O ANTIGO TESTAMENTO PENTATEUCO
Gênesis a Deuteronõmio
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Introdução ao Antigo Testamento A história do Antigo Testamento Mapa: Israel nos tempos do Antigo Testamento 0 Antigo Testamento e o Antigo Oriente Próximo
A HISTORIA DE ISRAEL
Isaias a Malaquias
108 Introdução
220 Introdução
344 Introdução
115
225 Josué
349
408 Introdução 414 Os profetas no seu contexto
Génesis
117 Histórias da criação 228 119 Pessoas como 231 administradoras de 238 Deus 234 121 Nomes de pessoas em 242 Gênesis 1—11 247 123 Histórias sobre 251 dilúvios 252 131 Agar 254 132 Abraão 136 Onde situavam-se 255 Sodoma e Gomorra? 257 138 Sara 265 143 Mulheres de fé 144 Jacó 269 149 José 276 154 Egito 279
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;l
PROFETAS
Jó a Cântico dos Cânticos
Êxodo
162 Os nomes de Deus 283 170 Um estilo de vida: os Dez Mandamentos 287 176 A importância do tabernáculo 296
muitas dificuldades para cumprir promessa de adorar somente o Deus verdadeiro.
OS
Josué a Ester
159
Durante todo o período do AT — desde o tempo do êxodo, <|u,indn o povo persuadiu Arão a fazer um bezerro semelhante aos que representavam o deus Ápis. do Egito, até a época dos profetas — o povo de Israel teve
POESIA E SABEDORIA
Levitico
301
Cidades da conquista Cananeus e filisteus
Deuteronõmio
334
352 Entendendo Jó 359
Salmos
363 Os Salmos no seu "Guerra Santa" contexto Vida sedentária 367 Salmos do ponto de Entendendo Juizes vista de um poeta Rute 379 Deus e o universo Retrato de Rute 382 Autojustificação, Uma história do ponto maldição e vingança de vista feminino nos Salmos 1 e 2Samuel 388 Cristo nos Salmos Ana 393 Provérbios Magia no Antigo 395 Sabedoria em Testamento Provérbios e Jó Davi 397 Temas importantes 1 e 2Reis em Provérbios 0 Templo de Salomão 10—31 e suas reconstruções 400 Eclesiastes As cidades fortificadas 403 Cântico do rei Salomão dos Cânticos Examinando a cronologia dos reis 0 Obelisco Negro 0 Prisma de Senaqueribe 0 sítio de Laquis A arca perdida Reis de Israel e Judá Juízes
182 Sacrifícios 185 Sacerdócio no Antigo 302 Testamento 305 190 As grandes festas 306 religiosas 308 1 e 2Crõnicas 193 Números 325 0 canal de Ezequias 196 As codornizes 328 Esdras 198 Vida nômade 332 0 escriba 205
Jó
Neemias
206 Moisés 340 Ester 210 Alianças e tratados no 341 Retrato de Ester Oriente Próximo 214 A terra prometida
417
Isaías
420 Entendendo Isaías 423 Profetas e profecia 432 Os assírios 439
Jeremias
441 Retrato de Jeremias 456 Os babilónios 459
Lamentações
461
Ezequiel
473
Daniel
478 Posições do Antigo Testamento com relação ao pós-morte 480 Os persas 483
Oséias
486 Entendendo Oséias 488
Joel
490
Amós
491 A justiça e os pobres 495
Obadias
496
Jonas
498
Miquéias
500
Naum
502
Habacuque
504
Sofonlas
505
Ageu
507
Zacarias
512
Malaquias
515
Os livros
deuterocanônlcos
521 Os gregos
Introdução ao Antigo Testamento
Os escribas copiavam o AT à mão. Escreviam coluna após coluna em pedaços de pergaminho que, como esic rolo, eram enrolados e guardados nas sinagogas.
Os cristãos já se acostumaram a chamar a primeira parte da Bíblia, de Gênesis a Malaquias, de Antigo Testamento. Mas ele data de antes da época de Cristo e antes mesmo de haver um Novo Testamento. Por isso, é importante lembrar que antes ele era independente, e que era, e ainda é, a Bíblia completa do povo judeu. Não é de admirar que os judeus não gostem do nome 'Antigo Testamento" pois isto implica que é incompleto sem o "Novo Testamento" cristão. Para os judeus, ele é a revelação completa de Deus, a Bíblia Hebraica, que eles tratam com grande reverência e respeito. Eles o chamam de Tanak, que é um acrônimo formado a partir da letra inicial das palavras que designam cada uma das três partes: • a Torá ou Lei de Moisés • os Neviim, ou seja, os profetas • e os Ketuvim, ou os Escritos. Na Bíblia hebraica a ordem dos 39 livros é um pouco diferente daquela que é familiar aos cristãos, mas é aqui que devemos começar.
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A Torá A Lei, os Cinco Livros de Moisés — Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio — é a pedra fundamental das Escrituras hebraicas, a parte mais importante. Freqüentemente toda a Bíblia é descrita por judeus como "A Torá" Os Neviim Esta é uma palavra no plural que significa Profetas. Nada menos que 21 livros estão incluídos na segunda parte do Tanak, e para simplificar são divididos em Profetas Anteriores e Profetas Posteriores.
Os Profetas Anteriores são o que nós chamaríamos de histórias: Josué, Juízes, 1 e 2Samuel e l e 2Reis. Veja "Introdução aos Livros Históricos" para entender melhor porque são descritos como Profetas. Em síntese, é porque estes livros não são história pura e factual nem anais enfadonhos. Pelo contrário, contam as histórias do desenvolvimento da vida de Israel como uma espécie de desdobramento da palavra e das promessas de Deus por intermédio de Abraão, Moisés e Davi. São mais que apenas história, pois apontam para o Deus de Israel e ilustram sua palavra e seu modo de agir. Os Profetas Posteriores são mais conhecidos: Isaías, Jeremias, Ezequiel e o "Livro dos Doze" ou "Profetas Menores": dc Oséias a Malaquias. O s Escritos Os Ketuvim incluem todo o restante na seguinte ordem: Salmos, Jó, Provérbios, os Cinco Megilot (veja abaixo), Daniel, Esdras, Neemias, 1 e 2Crônicas. E interessante observar que Daniel não está incluído nos Profetas, que é onde se encontra em nosso Antigo Testamento. Isto está correto, de certa forma, porque Daniel é uma obra de estilo diferente, de cunho mais apocalíptico (veja Apocalipse, introdução e características) do que profético. Além disso, Esdras e Neemias aparecem antes de 1 e 2Crônicas que historicamente os precedem. O Antigo Testamento, com razão, inverte a ordem. No entanto, a Bíblia hebraica pode refletir a seqüência em que os diversos livros foram aceitos no cânon das Escrituras autorizadas. Resta mencionar os Cinco Megilot (literalmente, "pequenos rolos"), os livros de Rute, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes, Lamentações e Ester. Estes foram reunidos e usados em conexão com cinco festas judaicas: a festa das Semanas (Rute), da Páscoa (Cântico dos Cânticos), dos Tabernáculos (Eclesiastes), o jejum comemorando a queda de Jerusalém em 587 a.C. (Lamentações) e Purim (Ester).
Introdução ao Antigo Testamento
Estas são as três subdivisões da Bíblia Hebraica. Elas remontam à antiguidade, certamente ao primeiro século da era cristã, e indícios delas são encontrados no ensino de Jesus. Por exemplo, já comentamos que os judeus freqüentemente se referiam às suas escrituras como a Torá, a lei. Mas também havia ocasiões em que eram chamadas "a lei e os profetas", refletindo as duas primeiras subdivisões principais do Tanak. Jesus referiu-se muitas vezes ao Antigo Testamento dessa maneira. A referência mais interessante é Lucas 24.44 quando, após ter ressuscitado dos mortos, Jesus disse a seus discípulos no cenáculo que "era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos". Para mostrar que todas as Escrituras hebraicas apontavam para ele como Messias de Israel, Jesus mencionou especificamente as três seções âoTanak. Isto justifica plenamente o novo nome que os cristãos deram à Bíblia hebraica, a saber, "Antigo Testamento" — preparando o caminho para o Novo Testamento que ainda viria. • Veja também "A Bíblia Hebraica" e 'Jesus e o Antigo Testamento".
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O povo dc Deus aprendeu duras lições durante a peregrinação no deserto, onde as condições adversas ressaltavam que eles dependiam de Deus até para as necessidades básicas da vida.
O Antigo Testamento
A historia d oA n t i g o T e s t a m e n t o
ISRAEL
Israel no
T e m p o d o s patriarcas
Abraão
Jacó
Isaque
Abraão parte de Ur
ANTIGO ORIENTE PROXIMO Reino Médio — segunda ¡•^ grande era da cultura egípcia 2134-1786 culture Uma adaga e sua bainha
^
Influência de Ur restringida pelos invasores
feitas de ouro revelam a atte refinada dos antigos ourives
Fundação do Império Hitita
Código de Hamurábida Babilónia
Hicsos governam o ^ Egito 1710-1570
Introdução ao Antigo Testamento
101
0 período de cada livro da Bíblia indica seu contexto histórico, não a data de autoria.
Êxodo Levítico I Números | Deuteronômio j Josué Juízes
Ramesses
Peregrinação J u í z e s
Moisés
Escravidão no Egito
Josué
Oêxodo do Egito
Faraó colocou feitores sobre os israelitas e fotçouos a trabalhar,
Queda de Jericó: início da conquista de Canaã
construindo as cidades de Pitome Ramessés
r
k k . Códigos ' deleishititas Início do Reino Novo— o melhor período do Egito
w
Colapso do Império Hitita
Filisteus e outros povos ' do mar se instalam no leste do Mediterrâneo 1300-1200 Dinastia) 9 no Egito — grande programa de construção no delta dos Faraós Seti I e Ramsés II
102
O Antigo Testamento
Juízes Rute ISamuel 2Samuel 1 Reis
2Reis Krónicas
2Crônicas
Livros poéticos ed e sabedoria
Salmos, Provérbios, Cântico dos Cânticos, Eclesiastes O s P r o f e t a s Veja gráfico dos profetas j
ISRAEL Reino do Norte
Primeiros reis de Israel
Gideão
Rei Saul
Jeroboão II Acabe
Construção do Templo em Jerusalém
Profetas Elias 722/1 a.C. Queda de
e Eliseu
Samaria. Israelitas levados à Assíria
Rei Salomão
fro dourada de Israel
filisteus e outros povos do mar se instalam no leste do Mediterrâneo
Colapso do Império Hitita
Era dourada de Tiro (Fenícia) Damasco começa U a ter poder"
Surgimento ¡ da Assíria
Derrota de Damasco para Tiglate-Pileset da Assíria
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Israel nos tempos do Antigo Testamento
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Introdução ao Antigo Testamento
105
O Antigo Testamento e o Antigo Oriente Próximo Alan Millard
A Bíblia é um texto antigo, um relato histórico. Assim sendo, é importante que se estude esse texto à luz do conhecimento que temos a respeito do mundo em que ele foi escrito. Isto é importante, porque a fé cristã se baseia em acontecimentos históricos, fatos que realmente aconteceram.
Testando, testando... Os acontecimentos registrados e explicados na Bíblia podem ser comparados com outros acontecimentos que são conhecidos de outras fontes históricas. A própria Bíblia é feita de documentos tão antigos e tão sujeitos à análise histórica quanto esses outros textos daquele tempo. A precisão do relato bíblico pode, também, ser conferida à luz de outras fontes históricas conhecidas. No entanto, isto nem sempre é tão simples quanto poderia parecer. Muitas vezes os documentos são fragmentários. E, em muitos casos, a evidência arqueológica se presta a mais de uma interpretação. Temos em mãos só um pequeno número de escritos antigos que descrevem os mesmos acontecimentos que aparecem na Bíblia. E, quando temos dois relatos, ainda é preciso levar em conta que muito raramente dois observadores descreverão o mesmo acontecimento sob um mesmo ponto de vista. Os hebreus eram um povo relativamente insignificante. A história deles não causou maior impacto sobre as grandes potências daquela época, cujos registros históricos chegaram até nós. São raríssimos os personagens bíblicos que aparecem em outros escritos, ficando as exceções por conta de alguns dos últimos reis de Israel e Judá. Não obstante, sempre que é possível fazer uma comparação, a precisão do relato bíblico é impressionante. Embora raramente encontremos relatos paralelos sobre o
mesmo acontecimento, muitas vezes temos exemplos de costumes e fenômenos bastante semelhantes aos que são descritos no AT, mesmo que não exista conexão direta entre eles. É claro que uma semelhança superficial pode ser aparente, o que requer cuidado da parte de quem quer estabelecer o paralelo. Mesmo que não nos dê evidência direta ou circunstancial da fidedignidade histórica da Bíblia, o conhecimento a respeito do Antigo Oriente Próximo ajuda a entender a Bíblia, pois o estudo dos costumes, da cultura, da literatura e da história dos vizinhos de Israel nos dá uma idéia do que podemos esperar no caso dos próprios israelitas. Precisamos considerar três tipos de evidência que podem ajudar a entender a Bíblia: a evidências direta; a evidência circunstancial; e a evidência da analogia.
Evidência direta
boão II e Uzias fortaleceu o reino de Judá, Tiglate-Pileser III (745-727 a.C.) restabeleceu o controle assírio na Síria e na Palestina. O rei assírio registra o tributo que lhe foi pago por Menaém, de Samaria, e afirma ter sido responsável pela substituição de Peca por Oséias (2Rs 15.19-20,30). Em 2Rs 15.19 (veja também ICr 5.26), Tiglate-Pileser é chamado de Pui. Este nome era conhecido também dos cronistas babilônios do século 6 a.C, época em que, se acredita, os livros de 1 e 2Reis receberam sua redação final. Depois disso, o dominio assírio na Samaria fez de Judá um estado vassalo. No entanto, os reis de Judá preferiam lutar por independência, buscando, para tanto, a ajuda do Egito. Assim, Ezequias se rebelou, e Senaqueribe invadiu Judá e sitiou Jerusalém. O rei assírio fala sobre isso em várias inscrições. Relata que Ezequias enviou tributo a Nínive (a quantia parece não ser exatamente a mesma que aparece em 2Rs 18.14-16), mas em momento algum afirma ter tomado Jerusalém. Também não menciona — fato compreensível — o que aconteceu com o seu exército! A Crônica Babilónica registra a primeira tomada de Jerusalém por Nabucodonosor (2Rs 24.8-17), datando-a precisamente de 15 ou 16 de março de 597 a.C.
Como vimos, referências diretas a Israel são raras e quase que restritas a nomes de reis. Entre os relatos que temos se encontra um sobre a invasão de Sisaque, que foi rei do Egito de 945 a 924 a.C. (1Rs 14.25-26). Uma inscrição em Tebas, que se encontra em péssimo estado de conservação, lista uma série de cidades conquistadas na Palestina, o que é uma clara evidência Evidência circunstancial de que houve a tal invasão. A maioria das descobertas que Israel entrou em contato com os aparecem em livros de arqueologia assírios, pela primeira vez, por volta bíblica se inscreve no item "evidência de 853 a.C, quando forças de "Acabe, circunstancial". Trata-se de questões o israelita", em aliança com Damasco que não têm relação direta com acone outras cidades, enfrentaram as tro- tecimentos bíblicos, mas nos fornecem pas de Salmaneser III (858-824 a.C). exemplos de práticas ou registram inciE, alguns anos depois, "Jeú, filho de dentes que, aparentemente, são comOnri", pagou tributo ao mesmo rei paráveis com textos bíblicos. assírio. Assim, aprendemos que o casaDepois de algumas décadas de mento de Abraão com a escrava enfraquecimento, durante as quais Agar — motivado pela esterilidade Israel chegou a prosperar sob Jero- de Sara — e a subseqüente recusa do ^ W .
106
O Antigo Testamento
k.^. patriarca em mandá-la embora (só mudou de idéia por orientação divina) concordam com os ditames das Leis de Hamurábi, da Babilônia, que vigoravam no tempo de Abraão. Os nomes dos patriarcas de Israel também concordam com nomes geralmente usados na primeira metade do segundo milênio antes de Cristo, como revelaram milhares de documentos daquele tempo que chegaram até nós. A glória de Salomão é confirmada por fontes egípcias. Segundo 1 Rs 9.16, ele casou com a filha do Faraó. Isso teria sido impossível dois ou três séculos antes, durante o apogeu egípcio. Naquele tempo, as princesas do Egito não deixavam a corte, e os pedidos de reis estrangeiros que quisessem casar com uma princesa egípcia eram indeferidos. No entanto, no século 10 a.C, quando o Egito era governado pela enfraquecida 21 dinastia (e pela que viria depois desta), essa regra foi quebrada. E foi assim que Salomão casou com a filha do Faraó! Para revestir o interior do Templo (IRs 6.21-22), Salomão fez uso de grande quantidade de ouro. Isto condiz com a esplêndida decoração dos interiores de templos egípcios, babilônios e assírios. Um pouco antes da época de Salomão, Gideão pediu a um moço, aparentemente alguém que estava ali à disposição, que lhe desse por escrito os nomes dos líderes de Sucote (Jz 8.14). Hoje, sabe-se que nomes podiam ser facilmente escritos e lidos naquela época. Nas imediações de Belém e em outros lugares foram encontradas pontas de flechas feitas de cobre e que traziam o nome dos seus donos. Esses artefatos são dos séculos 12 e 11 a.C. e mostram que escrever e ler eram fenômenos comuns naquele tempo. a
A evidência da analogia Afora o AT, não temos praticamente nenhum relato escrito sobre a vida, o pensamento e a história dos antigos
dido por qualquer pessoa interessada. Isto fez com que a escrita fosse mais comum em Israel, mesmo que os escribas profissionais ainda tivessem um importante papel a desempenhar. A evidência que nos vem de vários documentos escritos menos importantes mostra que isso era de fato assim no Israel antigo. Se as pessoas se utilizavam da escrita na vida diária, é fácil concluir que poderia ser usada também para produzir obras de literatura. A palavra escrita era tratada com respeito. Livros antigos de grande valor eram copiados com muito cuidado. Podiam ser revisados ou editados, mas raramente se consegue detectar como isso era feito, a menos que se tenha acesso a cópias antigas para fazer a comparação. Os egípcios, assírios, babilônios, hititas e cananeus — todos tinham ritos religiosos, sacrifícios e ordens sacerdotais bem estruturados. Seus templos eram bem construídos e luxuosamente decorados, em especial Uma pintura encontrada num túmulo egípcio por reis bem sucedidos. Tivessem os mostra a fabricação de tijolos e nos ajuda a visualizar o trabalho dos escravos israelitas no israelitas sido diferentes neste partiEgito. cular, teriam sido os únicos excêntricos naquele contexto. Mas este não Sempre que itens como esses foi o caso. As analogias mostram que foram preservados em culturas vizi- o tabernáculo, o templo de Salomão e nhas, pode-se, por vezes, afirmar a legislação levítica eram o equivalenque algo semelhante era conhecido te israelita ao que se podia encontrar também no Israel antigo. Cada caso entre os povos vizinhos. precisa ser examinado com cuidado, Além disso, a exemplo do que se para que se tenha certeza de que as passava nas nações vizinhas, a maiocircunstâncias são de fato paralelas, ria da população tinha que trabalhar mas alguns deles são suficientemente duro e sofria para satisfazer as exiclaros e nos ajudam a entender o AT. gências do rei, que vivia no luxo e Nenhuma literatura das cidades israe- na fartura. litas chegou até nós, mas não se pode Seria de se esperar que em Israel, duvidar de sua existência. O próprio que era uma nação em meio a outras AT dá testemunho disso, por mais que nações, houvesse formas de pensaos eruditos ainda discutam a antigui- mento e de expressão semelhantes dade de sua forma escrita. às das nações vizinhas. Quando, no No Egito e na Babilônia, os siste- exame da literatura babilónica ou mas de escrita eram complicados, o egípcia, encontramos detalhes que que resultava num monopólio dos soam estranhos aos nossos ouvidos escribas. Em Israel (e estados vizi- modernos, nos esforçamos ao máxinhos), o descomplicado alfabeto de mo para entendê-los. Procuramos 22 letras podia ser facilmente apren- explicar inconsistências, paradoxos
hebreus. Isto significa que não temos acesso a muitos aspectos da vida deles. O processo natural de decomposição dos materiais levou ã destruição de todos os documentos em papiro ou pergaminho que porventura tenham sido soterrados em cidades e lugares da Palestina. O mesmo se aplica a móveis e peças de vestuário.
Introdução ao Antigo Testamento
107
e aparentes contradições, sem colocar em dúvida a fidedignidade dos textos que são nossa única fonte de informações (a menos que tenhamos razões objetivas bem fundamentadas para fazê-lo). É de esperar que a literatura de Israel tenha características semelhantes àquelas, e também estas deveriam ser tratadas com respeito. Algumas delas são claras, como, por exemplo, a narração dos acontecimentos fora de ordem cronológica ou a inserção de dados que não têm uma conexão óbvia com o contexto.
Semelhanças e diferenças Esses exemplos já bastam para mostrar o valor da coleta, do estudo e da aplicação de tudo que o antigo Oriente Próximo nos fornece em termos de pano de fundo da Bíblia. Existe uma impressionante convergência entre essa evidência direta e indireta e o AT, a ponto de se poder classificar como suspeita qualquer tentativa de questionar o quadro que o AT pinta da cultura e da história de Israel. Não se conseguiu mostrar que qualquer dessas descobertas contradiga os relatos da Bíblia hebraica. Pode haver discrepâncias, incertezas, questões por responder. Isto é inevitável diante do caráter incompleto da evidência disponível. Novas descobertas solucionam problemas antigos, revelando, muitas vezes, as premissas falsas em que se baseiam algumas teorias modernas. Ao mesmo tempo, podem levantar novas questões e servem de estímulo a um estudo mais aprofundado, à busca de novos enfoques e uma melhor compreensão. Se a maior contribuição da arqueologia bíblica tem sido na área das semelhanças entre Israel e as nações vizinhas, isto não significa que se podem ignorar as diferenças. O AT proclama que essas diferenças são intransponíveis. Embora tivesse muito em comum com os povos vizinhos em termos de língua e cultura, Israel era bem diferente em termos de fé. É difí-
cil de encontrar evidência material da fé monoteísta de Israel, do culto sem o emprego de imagens, da centralização do templo. Os vizinhos dos israelitas, sem se darem conta da singularidade do Deus de Israel, pensavam que não passava de um deus nacional ou local como os seus deuses (Quemos, no caso dos moabitas; Milcom, no caso dos amonitas). Para complicar a situação, os israelitas nunca foram totalmente fiéis a Deus. Assim, artefatos religiosos pagãos são encontrados em ruínas das cidades israelitas. As diferenças aparecem de forma mais nítida quando se compara o ensino bíblico com outros textos daquela época. Alguns aspectos não têm nada que lhes seja semelhante no contexto ao redor de Israel, como, por exemplo, as exigências absolutas dos Dez Mandamentos, a dedicação exclusiva do povo ao Deus que os havia escolhido, a igualdade dos indivíduos em equilíbrio com a responsabilidade corporativa, e o altruísmo dos profetas. Embora alguns pensem que é impossível crer neles, o fato é que possuímos manuscritos que lhes garantem uma antiguidade de mais de 2 mil anos. Embora alguns os considerem inaceitáveis, o fato é que, apesar da sua antiguidade, eles ainda fazem sentido em nosso mundo de hoje.
Uma placa cananéia de marfim, encontrada em Medido, mostra o tipo de harpa que Davi tocava. O trono de Salomão e .1 mobília no palácio do rei Acabe haviam sido ricamente decorados com marfim entalhado.
Se os aspectos históricos e culturais estão em harmonia com nosso conhecimento dos tempos antigos, como de fato é o caso, as diferenças de natureza religiosa e ética requerem explicação. O AT tem uma explicação: Deus falou.
Os Cinco Livros GÊNESIS A DEUTERONÔMIO John Taylor
O nome dado aos cinco primeiros livros da Bíblia é "Pentateuco". Vem de duas palavras gregas que significam "cinco rolos". Mas é melhor considerar o Pentateuco um só livro dividido em cinco partes, ao invés de cinco livros reunidos num só rolo. Desta forma respeita-se sua origem hebraica — os judeus o chamam de "Torá" (Lei) ou "Cinco quintos de Moisés" — e também a própria unidade que lhe é inerente. Isto não quer dizer que o Pentateuco é uma extensa narrativa colocada numa ordem cronológica rígida. Logo fica óbvio ao leitor que ele contém uma grande variedade de material literário — narrativas, leis, instruções rituais, sermões, genealogias, poesia — que foram reunidas de fontes diferentes. No entanto, significa que o material foi cuidadosamente inserido numa estrutura narrativa, com um propósito definido em mente e com objetivos identificáveis por parte do autor ou editor.
O Prólogo A história começa com o chamado de Abraão em Gn 1 2 , mas primeiro há um Prólogo feito de antigos registros e tradições que se destina não só a introduzir os temas principais da narrativa como também para relacioná-los com os propósitos de Deus neste mundo de seres humanos caídos, de nações divididas e de uma ordem criada que era originalmente boa. Estes capítulos ainda deixam muitos leitores modernos perplexos, graças a sua linguagem pré-científica, à estupenda longevidade de seus personagens e à grande dificuldade de colocá-los num contexto histórico identificável. E, é claro, diferem muito das descrições científicas das origens do universo e da vida que são atualmente ensinados nas escolas. Gn 1—11 contém material escrito numa variedade de estilos, que muitos estudiosos atribuem a fontes diferentes reunidas num só documento por um autor ou editor. Não obs-
Introdução tante, seu foco principal não é fornecer um tratado científico de como as coisas começaram e como a vida se originou, mas oferecer ao leitor o contexto religioso, social e geográfico da história que começa com Gn 12. Parte do material foi descrito como "mito", mas este pode ser um termo enganoso, mesmo quando "mito" é considerado no seu sentido técnico de um "texto religioso criado para explicar uma tradição, instituição ou outro fenômeno". Ele dá a impressão de que aquilo que está escrito não é nem histórico nem verdadeiro. Mas na verdade estes primeiros capítulos de Gênesis dão testemunho das seguintes realidades religiosas • que o mundo que conhecemos foi criado pela vontade de Deus • que homens e mulheres foram criados à imagem de Deus • que o pecado entrou na vida humana por meio de uma desobediência moral • e que toda a raça humana está sofrendo as conseqüências do pecado. Inevitavelmente há muita linguagem e expressão simbólica usada para descrever estas características e eventos, mas elas contêm algumas das verdades mais profundas de toda a Bíblia e não devem ser facilmente descartadas por uma apreciação inadequada do que os textos estão dizendo.
É a estes capítulos que nos voltamos quando buscamos orientação bíblica sobre questões fundamentais relativas a Deus, à humanidade e ao mundo. Em cada estágio Deus está presente — não apenas pressuposto, mas agindo constante e ativamente. Este mundo é o mundo de Deus. A história humana é um desdobramento do plano de Deus. Ele é totalmente responsável pelo mundo e tudo que nele há. Todos os povos são criação de Deus, feitos à sua imagem, com capacidades espirituais para bondade, adoração e comunhão com Deus. Não há lugar nenhum para outros deuses. Gn 1 é totalmente abrangente: sol, lua e estrelas são obra de Deus, com funções a desempenhar num universo ordenado, e até os monstros marinhos (os tanninim da mitologia antiga) foram criados por Deus (Gn
1.21).
Os seres humanos formam o clímax da criação, superiores a todas as outras criaturas, mas subordinados a seu Criador. Só que quando buscaram uma posição superior e quiseram ser como Deus, caíram a uma posição inferior e descobriram que todos os seus relacionamentos se deterioraram. • Ao invés de ser uma relação boa, amigável, livre de vergonha, o sexo passou a ser secreto, luxurioso e anômalo. • O parto se tornou doloroso e perigoso.
• O cuidado pela terra se tornou penoso. • Até a própria terra foi afetada c, ao invés de produzir alimento em abundância, precisa ser dominada e manuseada e trabalhada. Não há nada que o pecado não tenha arruinado. Sua corrupção atinge a vida familiar, na qual a religião logo gera rivalidade, o amor fraternal se transforma em assassinato e a justiça deteriora-se em vingança (Gn 4 ) . A resposta de Deus ao pecado é, de forma consistente, uma mistura de julgamento e misericórdia. Começando com a provisão de roupas para Adão c Eva, passando pela vigilância da árvore da vida, e chegando à confusão das línguas em Babel, Deus abranda sua justiça com generosidade. Para além do castigo imediato de expulsar Adão do jardim do Eden e de expulsar Caim da sociedade humana; para além da destruição causada pelo dilúvio e da dispersão das nações, sempre existe a intenção última dc Deus que é trazer bemestar e bênção para a humanidade. Logo, num mundo de desordem c corrupção, condiz inteiramente com a natureza de Deus que ele chame um homem, Abraão, e, por intermédio dele, seus descendentes, os judeus, para serem o canal da graça e da revelação para todo o mundo. É esta história que o Pentateuco conta. A história é dividida em duas partes: • A primeira parte (Gn 12—50) é dominada pelas quatro gerações dos patriarcas — Abraão, Isaque, Jacó c José. • A segunda parte (Êxodo — Deuteronômio) é dominada pela figura altaneira de Moisés. • Embora seja extremamente difícil saber com certeza as datas nesse estágio inicial da história de Israel, uma estimativa razoável permite um período de cerca de 600 anos para estes eventos, isto é, de 1900 a.C. a 1250 a.C. aproximadamente. Antes de lermos a história contada nos Cinco Livros, devemos observar os quatro temas principais. O p o v o escolhido de Deus O Antigo Testamento foi escrito para o povo de Israel — o povo que via em Jacó (=Israel) seu ancestral comum e Abraão como fundador da sua nação. Os cristãos, igualmente, consideram Abraão o pai de todos aqueles que dependem de Deus pela fé c não de si mesmos (veja Rm 4.16). Portanto, lemos a história em que Deus chamou Abraão para se tornar pai
do povo escolhido de Deus, não apenas como um acontecimento num passado distante, mas como algo importante para todos hoje. A idéia da escolha (eleição) divina especial de indivíduos traz consigo duas características subsidiárias: promessa e responsabilidade. Gn 12—22 está repleto de promessas que Deus fez a Abraão. • Abraão recebe a promessa de uma descendência tão numerosa como as estrelas do céu. • Ele recebe a terra de Canaã como herança para seus filhos. • Ele recebe promessa de um grande nome no futuro. E o favor especial do Senhor Deus seria demonstrado não só a Abraão c sua família, mas a todas as pessoas por intermédio dele. Assim, as promessas de Deus a Abraão não foram apenas para o proveito egoísta de poucos escolhidos. Elas deviam ser usadas com responsabilidade para que outros pudessem compartilhar dos benefícios. No cerne da escolha de Israel por Deus há um propósito missionário. A história de Israel deve ser lida como a longa história das tentativas desse povo de cumprir suas responsabilidades — com alguns sucessos, mas com muitos fracassos bem evidentes. A aliança de Deus A palavra "aliança" sugere restrições legais, documentos selados, e coisas do gênero. Mas segundo a mentalidade hebraica a idéia de aliança abrangia todo tipo dc relacionamento humano. Era o vínculo que unia pessoas em obrigações recíprocas, seja por meio de um contrato de casamento, um empreendimento comercial ou um compromisso verbal. Era natural que o relacionamento do povo com Deus também fosse expresso cm termos de uma aliança. No Pentateuco, essa terminologia de aliança é usada em três ocasiões diferentes: • quando Deus promete a Noé que não mais destruirá a terra por águas dc dilúvio (Gn 9.9-11). • quando Deus faz suas promessas a Abraão (Gn 15.18; 17.4). • quando a aliança do Sinai é estabelecida com Moisés e resumida no "livro da aliança" (Êx24.7). Embora no cotidiano as alianças fossem feitas entre semelhantes, no uso religioso esse termo sempre se referia a um relacionamento
111 entre um participante superior e outro inferior. A forma da aliança entre Deus e Israel em Éxodo e Dcutcronômio foi esclarecida pelas descobertas de tratados hititas de suserania feitos entre um rei e seu vassalo. Esses tratados consistiam em • uma introdução histórica • uma lista de estipulações • maldições e bênçãos invocadas sobre as duas partes • um juramento solene • e uma cerimónia religiosa para ratificar a aliança. A maior parte destas características pode ser encontrada no modelo de alianças do Antigo Testamento. (Veja "Alianças e tratados no Oriente Próximo".) Mais importante que a forma da aliança, porém, era seu significado teológico. Baseava-se n a iniciativa d e D e u s . Deus agiu cm misericórdia e soberania, fazendo uma promessa incondicional dc jamais castigar a humanidade com outro dilúvio (Gn 9.11). Deus escolheu Abraão e seus descendentes para serem os canais da sua misericórdia a um mundo caído. Ele firmou esta escolha ao comprometer-se com a nação israelita com as seguintes palavras: "Farei com que vocês sejam o meu povo c cu serei o Deus de voces" (Êx 6.7). Implicava u m a nova r e v e l a ç ã o d e Deus. Deus apareceu a Abraão como seu escudo (Gn 15.1) e como o Deus Tõdo-Podcroso ("El Shaddai", Gn 17.1). Apareceu a Moises como "Yahwch" ("Eu Sou o que Sou", Ex 3.14), e mais tarde como "Yahwch, o teu Deus, que tc tirei da terra do Egito") (Êx 20.2). (Veja "Os nomes de Deus"). Fazia exigências m o r a i s e rituais ao povo. As estipulações da aliança incluíam essas duas características. O ritual era representado pelo costume da circuncisão dado a Abraão (Gênesis 17.10), pelo sábado, o dia de descanso (Êxodo 20.8-11), e por todas as exigências relativas à adoração e ao sacrifício encontradas no Pentateuco. Ao mesmo tempo as exigências éticas foram apresentadas nos Dez Mandamentos e outras leis. Apesar dc parecer, à primeira vista, que essas duas exigências não têm nada em
Os Cinco Livros ( o Pentateuco) relíiram a criação do mundo e a entrega da Lei. O tecelão (na foto, trabalhando com um tear vertical) revela o dom da criatividade e nos lembra que a Lei de Deus está relacionada com o cotidiano.
comum, elas convergem na idéia da santidade dc Deus. Um Deus santo exige que seu povo reflita seu caráter tanto na adoração quanto no comportamento. A Lei d e D e u s A idéia de lei é central aos Cinco Livros e, como vimos, deu seu nome (Torá) ao livro como um todo. Na forma mais simples, abrangia os Dez Mandamentos (Êx 20; Dt 5), mas ligados a estes havia várias coleções de leis que foram classificadas como: • o livro da aliança (Êx 21—23) • o código de santidade (Lv 17—26) • a lei de Deuteronômio (Dt 12—26). Comparações feitas com outros códigos legais do antigo Oriente Próximo, especialmente o Código de Hamurábi, revelaram vários pontos de contato. Isto era de se esperar, pois Israel fazia parte da cultura mediterrânea oriental e compartilhava as idéias e experiências dos seus vizinhos. O que é mais significativo não são as semelhanças, mas as diferenças que dão um caráter todo especial às leis de Israel. Estas podem ser resumidas como: • seu monoteísmo rígido (tudo está relacionado com um só Deus) • sua preocupação notável com os desfavorecidos: escravos, estrangeiros, mulheres e órfãos
Deus para o seu povo que ele tirou do Egito. Não se tratava de coisas genéricas, mas de ordens específicas para situações específicas: adoração, trabalho, vida familiar, casamento, respeito pela vida e propriedade, justiça elementar e o âmbito pessoal da vontade. Para todas estas áreas da vida humana Deus tinha um mandamento que era explícito e inevitável. Cristo não o destruiu: antes, o cumpriu e ampliou.
O êxodo narra o resgate do povo de Deus: eomo Deus tirou o seu povo do £gito e o guiou pelo "deserto" inóspito do Sinai para unia nova terra.
• seu espírito de comunidade, baseado no relacionamento de aliança compartilhado por todo Israel com o Senhor Deus. Também se notou que as leis no Antigo Testamento são expressas de duas formas: "não matarás..." / "não furtarás..." (lei apodíctica) e "se alguém... / aquele que..., terá que..." (lei casuística). Como a maioria dos antigos códigos dc lei era do tipo casuístico, é possível que a legislação apodíctica fosse uma forma peculiarmente israelita, e neste caso os Dez Mandamentos eram algo peculiar a Israel. Jesus rejeitou a Lei? Alguns cristãos acreditam equivocadamente que, no Sermão do Monte, Jesus rejeitou a lei judaica dando preferência a sua nova lei do amor. Mas as críticas de Jesus não foram dirigidas contras as leis, mas contra a maneira em que os rabinos as interpretavam. ("Vocês ouviram o que foi dito" era a frase rabínica tradicional para introduzir sua interpretação). Ele estava revelando a motivação interna por trás dos mandamentos, que os intérpretes não conseguiram detectar e valorizar. U m a lista d e "nãos"? Algumas pessoas também criticam os Dez Mandamentos por serem negativos. Mas eles seguem uma afirmação positiva: "Eu sou o SENHOR, o teu Deus..." Aqueles que testemunharam a libertação que Deus operou e que vivem sob a soberania de Deus, devem demonstrar isto através de um comportamento distinto. Os Dez Mandamentos, portanto, começaram como a constituição de
E as outras regras? Grande parte de Levítico e outras partes do Pcntateuco são compostas de leis cerimoniais e rituais. O propósito destas leis era dar instruções para a administração cotidiana da comunidade israelita e também ensinar como um Deus santo devia ser adorado por um povo santo. Assim, além de instruções relativas ao culto ou à adoração (festas, sacrifícios, e t c ) , foram dadas instruções detalhadas com vistas à preservação da pureza ritual. O povo israelita devia permanecer livre de contaminação de fontes externas, principalmente a influência depravadora da religião dos cananeus. Eles deviam aproximar-se de Deus devidamente cientes da sua distinção moral e ritual. Estas regras não se aplicam mais à igreja cristã, embora os princípios subjacentes ainda tenham muito a nos ensinar. E o elaborado sistema de sacrifícios cumpriu-se no sacrifício único de Cristo, o cordeiro perfeito de Deus, por intermédio de quem os pecados são perdoados e foi feita a expiação em favor dc todos para sempre (veja Hb 10.1-18). Ê x o d o : D e u s sai e m s o c o r r o O quarto tema principal encontrado nos Cinco Livros e recorrente em toda a Bíblia é o êxodo do Egito, descrito em Êx 1—12. Para todos os judeus este foi e é o grande ato salvador dc Deus, que gerações futuras lembram com gratidão. • Foi uma intervenção milagrosa de Deus em resposta ao clamor de seu povo escravizado (Êx 3.7) • Foi essencialmente o ato de Deus — "com mão poderosa e braço estendido". • Foi uma grande vitória sobre os deuses do Egito que demonstrou a supremacia total de Deus. • Foi um momento na história lembrado e recontado anualmente na Festa da Páscoa.
Introdução Com freqüência lembrava-se às gerações finuras que houve um tempo em que eram membros de uma comunidade escrava que Deus, em sua misericórdia, havia redimido da escravidão. Elas eram incentivadas a sc lembrarem do passado e advertidas contra o perigo de esquecer o que Deus fizera por elas (p. ex„ Dt 6.12). Como evento histórico o êxodo foi definitivo. O fato de que Deus fizera isto antes significava que poderia fazê-lo novamente. Quando Israel estava no exílio na Babilônia, a nação esperava por um segundo êxodo (Is 51.9-11). E quando Cristo veio, sua obra de libertação foi descrita com a linguagem do êxodo (p. ex., Lc 9.31). Estes, portanto, são os quatro temas que estão sempre próximos da superfície, como constante preocupação destes cinco livros. O
único outro tema que se repete com regularidade desanimadora é o pecado persistente do povo de Israel. Este demorou a aceitar Moisés como seu libertador. Reclamou das dificuldades da viagem. Até tiveram saudades da vida que tinham levado no Egito (devidamente romanceada, Nm 11.5). Intimidaram-sc diante da possibilidade de entrar na terra de Canaã e peregrinaram durante 40 anos no deserto da indecisão. Nem Moisés estava imune e foi castigado, sendo impedido de conduzir o povo para dentro da terra prometida. Mas o pecado não era novidade. Os capítulos introdutórios de Gn 1—11 deixaram isto claro, como vimos anteriormente. De forma notável, em sua soberana providência, Deus conseguiu lidar com a desobediência humana e encontrar um caminho através dela e para alem dela.
113
115 RESUMO
A criação do mundo e sua deterioração. O chamado e a promessa de Deus a Abraão e seus descendentes.
GÊNESIS Gênesis é uma epopéia, uma coleção de histórias grandiosas. O título significa "princípio" e este éo livro dos começos na Bíblia — o princípio do mundo e o princípio de uma nação. É importante analisar os primeiros capítulos especialmente como uma narrativa: uma história preocupada com a verdade e o significado no sentido mais profundo, uma história cujo narrador tem prazer em pintar quadros e mostrar padrões. Uma narrativa deve ser considerada no seu todo, não em pedaços. Se levarmos em conta a natureza do material, muitos "problemas" simplesmente desaparecerão.
A formação d o livro Gênesis não tem um autor ou data de autoria definidos. Suas histórias foram contadas oralmente muito antes de serem reunidas e escritas. Muitos estudiosos acreditam que as primeiras coleções do material do AT provavelmente foram feitas na época do rei Davi ou do rei Salomão, com a possibilidade de que ainda houve algum trabalho editorial até 400 a.C. Muitos povos antigos tinham suas próprias histórias da criação e podemos imaginar estas histórias sendo contadas e recontadas de geração em geração. Será que Moisés, com sua formação na corte egípcia, começou a escrevê-las? Uma antiga tradição associa seu nome aos cinco primeiros livros da Bíblia. Como estes livros atingiram sua forma atual pode ser questão de debate, mas não há dúvida de que estas histórias expressam as convicções mais profundas do povo de Deus de que este mundo é obra de um Deus Criador, que é totalmente bom, e que ama e se importa com sua criação. O povo de Deus não precisava defender a existência de Deus: eles o conheciam por experiência própria.
capítulos terminam Caps, i — Jí com o erro de Babel: as A criação nações são divididas e A queda humana dispersas. O grande dilúvio No cap. 12, deixase de lado o cenário Caps. 12—50 mais amplo da história Histórias de Abraão, humana e a atenção Isaque, Jacó e José se volta para um único indivíduo, Abraão, e seus descendentes. O mundo não melhorou depois de Noé, mas Deus não irá destruí-lo. Ao invés disso, Deus começa, por intermédio de uma pessoa e nação específica, a executar seu plano de "redimir" o mundo e recuperar relacionamentos rompidos. Gênesis leva adiante essa narrativa, passando por Isaque e Jacó e culminando com a morte de José no Egito. E ainda assim a história do grandioso propósito de Deus para a humanidade mal começou. Ela continua através das páginas da Bíblia até as últimas palavras do livro de Apocalipse.
G n 1.1—2.3
Uma boa criação O grande drama do princípio de todas as coisas começa com Deus. A linguagem é simples, mas vívida. Ela evoca a maravilha c variedade da criação, começando com o que era sem forma e vazio e culminando numa exuberância de vida. Mais do que isso, esse relato nos dá a chave que abre o entendimento a respeito de nós mesmos e do mundo à nossa volta. A história, ordenada e moldada num padrão lógico, Conteúdo 0 "prólogo" (caps. 1—11) passa rapidamente deixa claro que do mundo como Deus o criou para o mundo • a origem do mundo e da vida não foram acidentais; há um Criador, a saber. Deus; assim como o conhecemos. A boa criação de Deus deteriora-se progressivamente como resul- • Deus fez tudo que existe; tado do pecado humano de rejeitar o Criador e • tudo que Deus fez era bom; ignorar suas advertências. Desde o início, as pes- • em meio a toda a criação maravilhosa de Deus, os seres humanos são especiais: só soas decidiram seguir seu próprio caminho, com eles foram feitos à "semelhança" de Deus resultados desastrosos. e receberam autoridade sobre as demais Em seguida, ocorreu o grande dilúvio, descriaturas; truindo tudo. Deus age para julgamento e também para salvação. Noé e sua família são • os seis "dias" de atividade criativa de Deus, seguidos de um "dia" de descanso. resgatados. Há um novo começo. Porém estes
"Alo princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra eslava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo... Então Deus disse: 'Haja luz'." Gn
1.1-3
Pentateuco estabelecem o padrão para a vida de trabalho dos seres humanos. A criação é descrita como tendo acontecido em seis dias. Oito vezes Deus fala e algo novo é criado: Dia 1 A luz é separada das trevas: há dia e noite Dia 2 A separação dos "céus" (atmosfera da terra) Dia 3 Há separação entre terra e mares e começa a "produção" ou "formação": plantas e árvores Dia 4 Sol, lua e estrelas Dia 5 Criaturas marinhas e aves Dia 6 Animais que vivem na terra Pessoas Dia 7 A criação está completa. Deus descansa Este não é um registro cronológico. As "separações" dos três primeiros dias criam os "espaços" que Deus preenche em seguida. Não nos é dito quando a criação ocorreu. Nem temos detalhes de como Deus fez surgir a terra e a vida — nem quanto tempo isto levou. O contador de histórias não compartilha as preocupações de uma era científica. Ele se preocupa com coisas mais importantes. • Dias Estes são mais bem entendidos como um padrão escolhido como meio mais vívido de expressar a energia criativa e satisfação de Deus, a organização e majestade simples da maneira pela qual cie criou todas as coisas. São usados para ensinar uma lição: 2.3. • A " i m a g e m " o u " s e m e l h a n ç a " d e D e u s (1.27) De toda a criação, apenas o homem e a mulher são descritos como sendo criados à semelhança de Deus. E uma afirmação que separa as pessoas dos animais, colocando-as num relacionamento especial com Deus. Ele lhes dá controle sobre o mundo recém-formado e todas as suas criaturas. A "semelhança" é tão básica à natureza humana que até a posterior decadência da humanidade — a "Queda" — não a destruiu. O pecado certamente a deteriorou e manchou, mas as pessoas ainda são racionais, moralmente responsáveis e criativas de maneira que os animais não são: podemos imaginar, sonhar, planejar e moldar nosso futuro. Podemos ser responsáveis pelo nosso ambiente e cuidar dele de forma adequada. Podemos desfrutar de uma variedade de relacionamentos. Também temos liberdade para escolher, embora esta liberdade agora tenha uma inclinação enganosa.
G n 2.4—3.24 A
degradação
Gn 2.4-25: H o m e m e m u l h e r Se o mundo que Deus fez era bom, como ficou do jeito que é agora? Esta segunda história, após a criação, explica tanto as coisas ruins como as boas no nossi mundo. Destaca os dois seres humanos e seu relacionamento com Deus. E significativo que agora Deus tem um nome diferente. Na primeira história era Elohim, Deus o Criador, o Altíssimo. Agora ele é Yahweh Elohim [SF.NHOR Deus] o nome pessoal pelo qual cie pode ser conhecido (veja "Os nomes de Deus"). Em hebraico, "Adão" é tanto um nome pessoal quanto uma palavra que significa "humanidade". Deus forma o primeiro ser humano e planta para ele um jardim no Eden, no Oriente. Mas nem pássaros nem animais fornecem o companheirismo de que o homem precisa, e ele não foi criado para levar uma vida solitária e auto-suficiente. Então Deus cria a mulher, que compartilha a própria natureza do homem. Aqui está a parceira ideal. "Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne" exclamou Adão com alegria, dando-nos os primeiros versos de poesia da Bíblia. Esses dois foram literalmente "feitos um para o outro". Estavam nus, em perfeita transparência de um para o outro. E tudo era perfeito. Nunca mais seria assim. Em 2.24, o escritor reforça a idéia: o verdadeiro casamento é um relacionamento todo especial e exclusivo. • A s d u a s á r v o r e s O que será que significam essas imagens tão poderosas? Será que uma árvore representa a vida e a outra, o conhecimento proibido? Será que a locução "do bem e do mal" é uma expressão idiomática hebraica que significa "tudo" — todo conhecimento? Ou será que a importância real das árvores está na oportunidade que apresentam ao homem e à mulher de dizer "sim" ou "não" a Deus? Sua escolha fatal os separou da "árvore da vida". Eles serão afastados da presença de Deus. Verão a morte. Mas ainda resta uma esperança. No último livro da Bíblia, a árvore da vida aparece às margens do rio na "nova Jerusalém", onde Deus e seu povo viverão juntos novamente — e as folhas dessa árvore servem para "curar as nações" (Ap 22.2). • U m rio (2.10) Este é um lugar real e geográfico. Embora Pisoni e Giom não sejam conhecidos, os rios Tigre e Eufrates desaguam no Golfo Pérsico.
Histórias da criação Alan Millard
Como o mundo começou? Esta é uma pergunta que a maioria das pessoas faz. E muitos povos em diferentes partes do mundo têm suas próprias histórias de criação, contadas e recontadas ao longo dos anos, na tentativa de dar uma resposta. Significa isto que as histórias do Gênesis são apenas mais uma versão, adaptada às crenças dos hebreus?
Entretanto, idéias comuns não derivam necessariamente de uma fonte comum. É enganoso reduzir histórias diferentes trazidas das várias partes do mundo aos fatores que têm em comum para afirmar que todas têm uma fonte comum. É improvável que todas essas diferentes histórias, ou uma grande parte delas, tenham uma fonte única.
Fonte c o m u m a todas Em Gn 1—2 temos um relato mais amplo da criação dos céus e da terra, seguido de uma descrição mais detalhada da criação do ser humano. Estes relatos têm vários pontos em comum com outras histórias da criação do cosmos e do homem: • uma divindade pré-existente; • a criação como resultado de uma ordem divina; • o ser humano como o ponto alto da criação, formado do pó da terra como se molda um vaso, mas também de certa forma um reflexo da divindade. Quase todas as religiões politeístas têm árvores genealógicas de seus deuses, sendo que estes podem fazer parte de suas histórias de criação. Um casal original ou até mesmo um só deus que se criou a si mesmo e se auto-propagou chefia a família divina, cujos membros representam ou controlam elementos ou forças naturais. Na visão de alguns povos, o universo físico ou um elemento fundamental como a água ou a terra sempre existiu, e os deuses tiveram sua origem a partir disso. Para outros, o universo é obra de um deus ou deuses. Estes são conceitos simples, baseados em observação e lógica elementar. Por exemplo, o conceito do ser humano como "pó" pode ser facilmente deduzido do ciclo de morte e corrupção.
Muito antes de histórias como aquelas nos primeiros capítulos de Gênesis serem registradas por escrito cias eram contadas e recontadas ao redor de fogueiras nos acampamentos de povos nômades e no seio das famílias.
0 Gênesis Babilónico 0 famoso Gênesis Babilónico, geralmente relacionado com a história bíblica da criação, é uma história entre várias, e não era nem a mais antiga nem a mais popular. Escrito ao final do segundo milênio antes de Cristo em honra de Marduque, deus dos babilónios, que é o herói dessa história, o relato começa com Tiamat, uma figura materna das águas, que dá origem aos deuses. (0 nome "Tiamat" tem alguma relação com a palavra hebraica para "abismo" que aparece em Gn 1.2. Isto se deve a conexões lingüísticas pré-históricas entre as línguas babilónica e hebraica.) Tiamat foi morta por Marduque numa batalha entre ela e seus filhos, cujo barulho a deixara irritada, e do cadáver dela foi formado o mundo. As pessoas foram criadas para aliviar os deuses do trabalho de manter a terra em ordem, e, assim, os deuses têm descanso.
Há indícios claros de que essa história foi formulada a partir de relatos anteriores. De fato, foram encontradas narrativas mais antigas que contêm alguns desses elementos. Só um tema reaparece com freqüência, a saber, a criação da humanidade com uma centelha divina para que os deuses ficassem livres de seus trabalhos. A luta entre os deuses, que aparece no Gênesis Babilónico, não tem equivalente no AT, apesar das tentativas de muitos eruditos no sentido de descobrirem referências implícitas a essa luta no texto de Gn 1.2 e em outras passagens que falam do poder de Deus sobre as águas.
Nesta tahuinha de argila está inscrita uma parte do relato babilónico da criação. Foi copiado por volta do século 7 a . C , mas se baseia em outras histórias que remontam ao terceiro milênio a.C.
18
Pentateuco
Gênesis e outros relatos do antigo Oriente Próximo É mais interessante, e mais correto, colocar o relato do Gênesis ao lado de outros relatos do antigo Oriente Próximo, que é o mundo do AT, Ao fazermos isso, notamos que são poucas as antigas histórias de criação que têm mais do que um ou dois conceitos básicos em comum, como a separação entre céus e terra e a criação do homem a partir do barro. Porém as histórias dos babilônios têm algumas notáveis semelhanças com o relato hebraico. Desde que o primeiro dos relatos babilónicos foi traduzido para línguas modernas, ao longo do último século, afirmava-se, com freqüência, que os relatos babilónicos eram a fonte mais remota da crença dos hebreus. Todavia, recentemente, com a descoberta de
mais textos e a reavaliação dos mais antigos, ficou claro que muitas das supostas semelhanças são, de fato, aparentes ou ilusórias. Por exemplo, não existe qualquer relação entre os sete dias da criação no Gênesis e o fato de a história babilónica da criação aparecer em sete tabuinhas de argila. A segmentação da história dos babilônios não tem nada a ver com o seu conteúdo ou com fases ou estágios no poema em si. Essas semelhanças quanto aos fatos mencionados servem apenas para enfatizar a vasta diferença de perspectiva moral e espiritual entre o Gênesis bíblico e as narrativas análogas que mais se aproximam dele. Não se pode afirmar, como alguns o fazem, que o Gênesis foi derivado dessas outras histórias. As diferenças de ponto de vista e de conteúdo são,
na verdade, tão acentuadas que ajudam a destacar o caráter de "revelação" do Gênesis, que o distingue tão claramente de narrativas folclóricas.
A Epopéia de Atrakhasis Um poema babilónico em particular • Toda a raça humana acabaria sendo dessugere uma comparação com o relato do truída num dilúvio, exceção feita a uma Gênesis. Trata-se da Epopéia de Atrakhasis, família. que se relaciona com os primórdios da humaPor outro lado, em Atrakhasis as pessoas nidade e o começo da vida em sociedade, têm trabalho árduo a realizar desde o início, fazendo alusão à ordem existente no mundo não existe um "Adão" único, e nada se diz sem descrever a sua criação. No começo da sobre uma formação separada da mulher, narrativa, os deuses inferiores trabalham na um jardim chamado Eden, e uma queda em irrigação da terra e decidem se rebelar conpecado. Na verdade, não existe ensino moral tra a sua sorte. Para aliviar esses deuses de nenhum. Ao contrário, o significado é que sua estafante tarefa, foram criados os seres esta é a origem de nossa sorte e cabe-nos humanos. Estes são uma solução satisfatória aceitá-la. até o momento em que o barulho que fazem Uma versão suméria menciona cinco irrita os deuses, levando-os a destruí-los no importantes cidades que existiram no períodilúvio. do pré-diluviano, e esses nomes se conectam Em geral, Atrakhasis (conhecido a parcom listas de reis pré-diluvianos, preservadas tir de cópias feitas por volta de 1600 a.C.) em relatos separados. A idade desses reis tem algumas semelhanças com trechos de ultrapassa em muito a dos patriarcas que Gn 2—8: aparecem em Gn 5. Os escritores babilóni• Os seres humanos são feitos de barro e cos consideravam o dilúvio uma importante de um elemento divino (o "sopro" em interrupção ocorrida na história de seu pais. Gênesis; a carne e o sangue de um deus, (Veja "Histórias sobre dilúvios".) em Atrakhasis). Portanto, na cobertura ampla dos fatos, • A tarefa dos seres humanos é manter a terra Gênesis e a tradição que aparece em Alrokhosis em ordem (trabalho árduo em Atrakhasis; se referem aos mesmos acontecimentos. guarda de um paraíso em Génesis). Alguns dos temas que aparecem na v
história babilónica — em especial a condição dos seres humanos como substitutos dos deuses no que diz respeito ao trabalho — remontam a um poema sumeriano, Enki e NinmakJ), escrito no período anterior ao ano 2000 a.C.
J19
O nome Cuxc (descendente de Noé) está ligado a Babilônia em 10.8,10. Assim, a descrição pode ser de quatro rios, todos correndo na direção do golfo, com o "Éden" em algum lugar acima dele. Gn 3: U m a e s c o l h a fatal Entra em cena a serpente — criatura de Deus, porém rebelde. De onde vem o mal
neste mundo bom? A narrativa não explica. Mas claramente Deus assumiu um risco enorme ao dar a suas criaturas a liberdade de escolher. O que ocorre em seguida é um impressionante discernimento da psicologia da tentação e do pecado: a tentativa dc passar adiante a culpa c, no final, a vergonha. A serpente questiona aquilo que Deus disse, depois o chama de mentiroso. A mulher
Pessoas como administradoras de Deus Chulean Prance
0 relato do Gênesis deixa bem daro que os seres humanos foram criados para cuidarem da Terra, e não para destrui-la. Em meio à terrível destruição do meio ambiente, à poluição e ao extermínio de espécies que se verificam em nossos dias, é bom voltar ao Gênesis e ver como as coisas eram no princípio: "Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar" (Gn 2.15). 0 verbo hebraico abad, traduzido por "cultivar", também pode significar "servir", e o verbo shamar, traduzido por "guardar", dá a idéia de observar ou preservar. A instrução dada às primeiras pessoas foi no sentido de servir e preservar o solo. Deus deu à humanidade domínio sobre o resto da criação, para cuidar dela, e não para destrui-la. Segue-se que cuidar da criação é uma responsabilidade cristã em nossos dias, pois aqueles que conhecem o Criador deveriam ser os primeiros a tomarem a dianteira na proteção daquilo que ele criou. Gn 2.9 diz: "Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento". É significativo que, neste texto, o aspecto utilitário não aparece em primeiro lugar. O propósito das árvores era, em primeiro lugar, estético, pois elas deviam ser agradáveis à vista.
Hoje, parece que não somos afetados pelo fato de hectares e mais hectares de floresta tropical serem derrubados a cada dia que passa. No entanto, o texto também indica que as árvores se destinavam à alimentação, e nisto podemos, com certeza, incluir a madeira, o látex e muitos outros produtos que elas nos fornecem. Não devemos fazer uso exagerado ou além da conta desses recursos, mas também deixar árvores de pé para que formem uma paisagem bonita e nos dêem sombra. A responsabilidade que a humanidade tem por todas as criaturas foi re-enfatizada na aliança que Deus fez com Noé após o dilúvio. Este pacto não foi feito apenas entre seres humanos e Deus, mas incluía "todos os seres viventes que estão convosco, para perpétuas gera-
ções" (Gn 9.12). "Eis que estabeleço a minha aliança convosco, e com a vossa descendência.e com todos os seres viventes que estão convosco: tanto as aves, os animais domésticos e os animais selváticos que saíram da arca como todos os animais da terra" (Gn 9.9-10). Visto que esta aliança foi feita com todas as criaturas, temos a responsabilidade de zelar por elas, tratando de evitar que espécies sejam extintas por abuso ou destruição de seu habitat. Temos de cuidar da criação porque ela pertence a Deus, não a nós. "Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se contém": assim começa o SI 24. Devemos, igualmente, cuidar da criação porque Cristo é "o primogênito de toda a criação" (Cl 1.15) e "nele, foram criadas todas as coisas, nos céus e sobre a terra... Tudo foi criado por meio dele e para ele". Somos, hoje, conclamados a sermos seus curadores ou mordomos de sua criação — até que ele venha.
Estii samambaia gigante, em Piji. é apenas um exemplo do crescimento exuberante c extraordinário das plantas desde o inicio da criação.
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Pentateuco
Mm
(•A
O jardim do Éden A história do jardim do Éden está ambientada nos vales bem irrigados da antiga Mesopotámta.
precisa contrapor ao claro mandamento de Deus o fruto tentador, o desejo de ter conhecimento como o dc Deus. Eva exagera ao falar da rigidez da proibição divina e aproxima perigosamente da tentação. Será que ela quer simplesmente conhecer assim como Deus conhece ou será que pretende ser igual a Deus (em contraste com o Filho de Deus, disposto a se humilhar: Fp 2.6-8)? A decisão c deliberada e fatal. Adão, em silencio, não protesta. Também ele come do fruto. O homem e a mulher decidiram seguir seu próprio caminho, ignorar o Deus que lhes havia dado a vida. Mas a bondade de Deus c o pecado humano são como óleo c água. A separação c inevitável. O relacionamento de Deus com as pessoas e das pessoas umas com as outras é arruinado. O homem e a mulher não ficam mais à vontade juntos. A serpente agora é inimiga dos seres humanos. A mulher sofrerá no parto, que é o processo humano mais fundamental. O desejo e a dominação prejudicarão o relacionamento entre os sexos. O trabalho de Adão será marcado por suor e fadiga. Por causa de sua transgressão voluntária, o acesso à "árvore da vida" agora lhes é vedado. Eles devem deixar o jardim para sempre. Estão sozinhos, separados de Deus. Estão vivos, porém apenas pela metade, na medida em que estão sem Deus. A morte é apenas uma questão de tempo. Deus havia falado a verdade. Mas ele ainda é bondoso e tem para com eles um cuidado paterno (3.21). • A d ã o No restante do AT essa palavra significa humanidade. Também é muito parecida com a palavra hebraica para "solo" (um jogo de palavras semelhante a "humano" e "húmus"). No NT, Adão é nosso ancestral, o fundador da raça à qual todos nós pertencemos. Paulo
estabelece um contraste entre Adão e Cristo: como descendentes de Adão todos morremos, separados dc Deus; Cristo, por outro lado, nos restaura à vida eterna, conectando-nos outra vez com Deus (Rm 5; ICo 1 5 ) . • A d ã o e E v a Competição e dominação surgem no momento da queda em pecado. No início os dois foram criados igualmente "à imagem de Deus". Eram independentes e co-dependentes, juntamente responsáveis pelo bem-estar do mundo c dos seusfilhos.A maldição de Gn 3.161 9 é uma descrição de como o relacionamento humano mais íntimo foi arruinado por causa da desobediência a Deus: vemos isto no relacionamento entre homens c mulheres no restante das Escrituras e na história do mundo desde aquele tempo até os nossos dias. Segundo Gn I. Adan c F.va foram criados juntos, Em Gn2, Adão foi criado primeiro, mas isto não se reveste de nenhum significado especial. Eva é descrita como "auxiliadora" dc Adão em relacionamento compatível c casamento, não no sentido de inferioridade, visto que, no AT, essa mesma palavra ("ajudador") é usada, na maioria das vezes, quando se está falando sobre Deus.
Gn4—5 De Adão
a Noé
Gn 4: C a i m e Abel Após sua expulsão do jardim, Adão e Eva tiveram dois filhos: Caim, o lavrador, e Abel, o pastor. No momento adequado cada um deles trouxe sua oferta a Deus. A dc Abel foi aceita, mas não a de Caim. Não foi o que Abel ofereceu, mas sua fé (Hb 11.4) que tornou sua oferta aceitável. O ressentimento amargurado de Caim demonstra uma atitude bastante diferente. Como os profetas dirão sempre de novo: Deus não pode ser comprado por sacrifícios. Eli' quer que o ofertante também faça "o que é certo" (v. 7). A fé verdadeira não pode ser separada do comportamento correto. Caim matou Abel (não se precisa muito para passar da rebelião ao assassinato) e Deus o condenou a uma vida nômade, dando-lhe, porém, proteção contra a morte. Os vs. 17-24 alistam alguns descendentes de Caim e demonstram o início da vida civilizada. Enoque construiu a primeira cidade. Seus sucessores aprenderam a tocar c apreciar música — e a trabalhar com ferro e bronze. Mas as habilidades criativas não foram acompanhadas por pro-
Genesis
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Nomes de pessoas em Gênesis 1—11 Richard S. Hess
No mundo bíblico, os nomes das pessoas muitas vezes têm uma origem ou um significado que nos diz algo a respeito do caráter ou das convicções da pessoa nomeada. Em Gênesis, como no restante da Bíblia, os nomes de muitos dos personagens principais das narrativas têm um significado especial.
N i n r o d e ("nós vamos nos rebelar" ou "vamos nos rebelar!") descreve o personagem que aparece em Gn 10, especialmente se ele tiver, também, alguma conexão com o episódio da torre de Babel, em Gn 11. S e m significa "o nome", aquele através do quem viria Abrão, cujo nome Deus engrandeceria.
0 nome significa...
O n o m e soa parecido c o m . . .
0 nome A d ã o significa "humanidade'^ se aplica muito bem ao primeiro ser humano e também representante da raça humana. O nome tem este significado em Gn 1.26-28 e aparece com o sentido correlato de "homem" nos caps. 2—3 e na maior parte do cap. 4. Somente em Gn 4.25 A d ã o passa a ser nome próprio. 0 nome E v a pode ser entendido no sentido de "aquela que dá a vida". Descreve o papel da primeira mulher, como sugerido em Gn 3. Vale lembrar que o nome dela só aparece ao final do capítulo. C A I M pode ter relação com o trabalho de beneficiar metais, na medida em que este foi um ofício que se desenvolveu entre seus descendentes, em especial Tubalcaim. A B E L é uma palavra hebraica usada para descrever algo que é efêmero ou passageiro. Em Eclesiastes, é traduzido por "vaidade". Sugere a brevidade da vida daquele que foi assassinado por seu irmão sem deixar descendentes, sem nada que pudesse dar continuidade ao seu nome ou torná-lo permanente. S E T E , por outro lado, pode significar "pôr" ou "colocar", ou, em Gn 1—11, "fazer a vez de substituto". É claro que este nome se aplica muito bem àquele que substituiu Abel na função de pessoa através da qual se cumpriria a esperança de Adão e Eva. E N O Q U E significa "dedicação" e pode ser uma forma de descrever a consagração desse homem a Deus.
Além do significado direto das palavras hebraicas que são usadas como nomes nesses primeiros capítulos de Gênesis, aparecem também trocadilhos. Palavras parecidas no som estabelecem uma conexão entre o nome da pessoa e algum acontecimento da história. A palavra A d ã o soa como "solo" ou "terra", a a d a m a h que Deus usou para criá-lo. C a i m soa como o verbo q a n a h , "criar", "adquirir". Eva emprega esse verbo em Gn 4.1, ao descrever o envolvimento divino no nascimento de Caim. N o é se parece com n a c h a m , o "consolo" que, segundo palavras de seu pai Lameque, esse homem traria.
Nomes semelhantes Existem nomes perecidos quanto ao som nas genealogias de Caim e Sete (e nas genealogias de Enoque e Lameque chegam a ser nomes idênticos), mas isto não significa necessariamente que temos duas versões diferentes da mesma genealogia original. Isso serve para mostrar que, apesar das semelhanças externas (nomes semelhantes), as pessoas podem ser totalmente diferentes quanto ao seu verdadeiro caráter. No caso de Caim e Sete, trata-se de duas linhas genealógicas que seguem em direções opostas: a de Caim leva ao assassinato e ao orgulho; a de Sete leva à justiça e à salvação de Noé das águas
do dilúvio. Essa semelhança entre os nomes é uma característica que aparece também em outras genealogias do antigo Oriente Próximo. A figura de Enoque (o homem justo que Deus removeu deste mundo, em Gênesis) aparece também em listas de sábios pré-diluvianos encontradas no antigo Oriente Próximo. Mais interessante é o fato de aparecerem, no antigo Oriente Próximo, nomes semelhantes aos que ocorrem nos capítulos iniciais de Gênesis. Alguns nomes e partes desses nomes integram nomes pessoais usados em diferentes períodos históricos daquela região. Por exemplo, as raízes semíticas que subjazem aos nomes de "Eva" e de "Sem" aparecem com freqüência em nomes próprios. Outras raízes, como as de Lameque e Arfaxade, não aparecem nunca. Algumas, como o nome Adão e a primeira parte dos nomes de Metusalém e Metusael, ocorrem em épocas e lugares específicos apenas durante o segundo milênio antes de Cristo ou em período anterior a ele. Não fazem parte de nomes próprios usados durante o primeiro milênio, o período dos reis israelitas, o que mostra que remontam a um período mais antigo, e não a um período mais recente.
Pentateuco gresso moral. Lamcque tomou duas esposas. A dor e os problemas que isto trouxe são evidentes em histórias posteriores. E ele gabou-se do assassinato que cometeu, excedendo Caim. Os dois últimos versículos dão um vislumbre de esperança. Adão e Eva tiveram Sete e as pessoas começaram a "invocar o nome do Senhor". • A e s p o s a d e C a i m Os vs. 14-15,17 dão a impressão de uma terra, até certo ponto, povoada. A maneira mais simples de explicar isto é supor que havia outros filhos de Adão c Eva que não são mencionados. Outros argumentam com base no fato de a palavra "adão" significar homem, ou humanidade, que toda uma raça foi criada, e não um único casal.
G n 6—11 O dilúvio
e
Babel
Gn 6.1-8: U m a r a ç a p e r d i d a A raça humana, imersa em violência e corrupção, traz destruição sobre si mesma. Deus reduz a longevidade para 120 anos. Mas apenas isto não traz resultados. Apenas um ato de julgamento livrará o mundo do pecado. • 6.2 Versões diferentes falam dc "filhos de deuses" ou "filhos de Deus" (i.e. anjos) ou ; "seres sobrenaturais". • 6.4 "Gigantes" (no hebraico, nefilim): os "valentes" (heróis) do passado.
Gn 6.9—9.29: A história d e N o é Como na criação, devemos abordar este relato como uma narrativa, esperando imagens, símbolos e padrões, buscando o motivo "fcíKílianfo Gn 5: G e n e a l o g i a pelo qual cia está sendo contada, a "a mensadurar a ferra, A Bíblia traz com freqüência genealo- gem (ou mensagens) da história". não deixarão dc haver gias semelhantes a esta de Gn 5 para defiNo princípio. Deus estabeleceu os limites semeadura nir uma importante linha dc descendentes. da terra e das águas, tirando ordem do meio e colheita, frio e calor, Muitas dessas genealogias são seletivas, às do caos. Agora, corno resultado do pecado verão e inverno, vezes para criar um padrão de certo número humano, as forças dc destruição são liberadia t noite." de nomes (p. cx., Mt 1). A idéia não c somar- das. Mas nem tudo está perdido. (Promessa de Deus mos todos os números e calcular o tempo Num cenário de julgamento, a narratiapós o dilúvio, em Cn 8.22) decorrido. ( 0 Arcebispo James Ussher fez va enfatiza o ato divino de salvação. Noé, isto e datou Adão dc 4004 a.C. Entretanto, "o único homem íntegro daquele tempo", o com base em Jericó e outras cidades, temos único que "andava com Deus", não seria conconhecimento dc uma civilização que data de denado com os outros. Deus tinha um plano 7000 a.C, e este ainda não é o princípio da dc resgate bem elaborado. Ele arranjaria um história humana.) lugar de segurança e refúgio. Uma vida inteiNo Oriente Próximo antigo, os núme- ra de conhecimento c de confiança em Deus ros geralmente eram usados para demons- havia preparado Noé para esse momento. E trar importância em vez de quantidade real. ele fez exatamente o que Deus ordenara. As idades decrescentes de Matusalén! a José Infelizmente, mesmo um novo começo nãu podem ser interpretadas como os efeitos restaura o Éden nem altera a natureza humacumulativos do pecado. na. A "imagem de Deus" (9.6) permanece, A longevidade atribuída a esses ances- mas permanece também a disfunção na criatrais é impressionante. Varia dos 777 anos ção. Os animais agora passam a ser alimende Lameque aos 969 anos de Matusalém. to para os humanos. E a própria história de Cada um dos dez registros segue o mesmo Noé termina mal. (É significativo que a Bíblia nos conta as falhas até dc seus maiores persopadrão: Quando fulano tinha tantos anos, nasceu o nagens.) Noé ficou bêbado, Cam desonrou o seu filho beltrano. Viveu mais tantos anos e teve seu pai e o patriarca amaldiçoou Canaã, filho outros filhos e filhas. Viveu mais tantos anos e (mais novo?) de Cam. Teria Canaã agravado o desrespeito dc Cam? Não sabemos. Mas os moireu. A nota melancólica da frase final "e mor- canancus foram, mais tarde, subjugados pelos reu" só varia no caso de Enoque, o homem descendentes dc Sem, os israelitas. que "andou com Deus". Para ele Deus linha Histórias de um dilúvio foram transmitioutros planos. E o último dos dez, Noé, tam- das em diversas línguas em muitas partes do bém "andava com Deus" (6.9). Ele também, mundo. Os relatos babilónicos (sumérios e, embora de forma diferente, foi salvo da em especial, acádios) se assemelham muito morte. à história registrada aqui. Isto não deveria
Gênesis
123
Histórias sobre dilúvios Alan Millard
Reminiscências de um dilúvio ou de vários dilúvios podem ser encontradas em todo o mundo. Como seria de esperar, apresentam vários aspectos em comum: pessoas são salvas dentro de um navio; animais foram levados a bordo; o navio "atracou" no alto de um monte. Da Babilônia (e só de lá, entre as histórias antigas de dilúvio) nos vem um relato tão parecido com o de Gênesis que as pessoas se perguntam se não houve empréstimos ou influência de um sobre o outro. Já faz um século que conhecemos a Epopéia de Gilgamés, tabuinha 11. Otema da narrativa é o seguinte: os seres humanos não podem ter nenhuma esperança de imortalidade, pois o único que a alcançou foi o Noé babilónico. Essa narrativa foi inserida no ciclo de Gilgamés a partir de uma obra anterior, a Epopéia de Atrakhasis (veja "Histórias da criação"), onde faz parte de um relato mais longo sobre a história humana desde a criação, como no Gênesis.
0 " N o é " babilónico
Segundo a narrativa babilónica do dilúvcioé,u, até que passassem os sete dias de temdepois da criação dos primeiros seres humap no es,tade. Foi então que Atrakhasis mandou o barulho que osfilhosdestes faziam era tapnátsosaros para fora do barco, para verificar se que o deus da terra não conseguia dormir.aSe teu rsra era de novo habitável (um episódio preplanos de acabar com o barulho deramserem vado unicamente na versão de Gilgamés), e nada, quando o piedoso Atrakhasis conseguoiu fereceu um sacrifício no alto da montanha, assegurar a ajuda do deus que havia cro ianddoe o barco havia estacionado. Com muita os homens. Por fim, os deuses optaramap vo idrez, os deuses se reuniram "como moscas", um dilúvio catastrófico, e todos juraram q ao uesentirem o cheiro do sacrifício, e juraram manteriam o plano em segredo. Mas tambném unca mais provocar semelhante destruição. A desta vez Atrakhasis foi advertido. Num sond heou,sa mãe jurou por um colar de pedras azuis o deus orientou-o a construir um barco eM lea vsaro deus cujo sono havia sido perturbado para dentro dele a sua família e também aalginudnas não se dava por satisfeito. E depois de animais. Deveria, igualmente, explicar sua açãuo ma discussão em torno da injustiça inerente aos outros seres humanos, dizendo quenu sm e castigo indiscriminado, foi organizado um tratava de um castigo que lhe sobreviria sp istaerm a a em que algumas mulheres deixariam que eles pudessem ser beneficiados. Quandoe dar à luz, entrando em ordens religiosas, ao todos estavam a bordo, começou a tempestapdaesso que outras teriam seus filhos vitimados e toda a humanidade foi destruída. por doenças, impondo, dessa maneira, limites Os próprios deuses foram afetados pealao crescimento populacional. (Os termos usados deixam claro que essa narrativa era uma tragédia. Como não havia sobrado ninguém ex que pudesse servi-los,ficaramsem a comid aplicação para o sistema social que vigorava ncori-tempo do autor.) e bebida que lhes era apresentada nos sa fícios. A solução foi agüentar o sofrimento no
0 moral da história A história do dilúvio na Babilônia aparece também num texto sumeriano, que conta praticamente a mesma história, só que de forma mais abreviada. E muitas outras composições sumerianas se referem à época do dilúvio, num passado remoto, ou até mesmo a um tempo pré-diluviano. A história do dilúvio no Gênesis está, claramente, ambientada na Mesopotâmia, e as numerosas semelhanças encontradas dão a entender que se trata de um relato sobre o mesmo acontecimento mencionado na narrativa babilónica. Temos, neste caso, pessoas de diferentes lugares que guardaram reminiscências do mesmo desastre natural. Mas o moral da história e o conteúdo teológico
Esta tabuinha de argila que remonta ao século 7 a . C , proveniente de Nínive, é a 1 1 tabuinha da Epopéia de Gilgamés e contém o registro babüónico d o dilúvio. a
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Pentateuco
das duas narrativas são muito diferentes entre si. A revelação de Deus se encontra, não apenas na narração dos acontecimentos, mas também na interpretação dos fatos.
0 dilúvio sob uma nova luz?
O final d o dilúvio na narrativa babilónica Eu ofereci uma libação no alto da montanha, Os deuses sentiram o cheiro. Os deuses sentiram o cheiro suave, Os deuses se ajuntaram como moscas ao redor do que oferecia o sacrifício. Quando finalmente a grande deusa (Ishtar) apareceu (ela disse): "Todos vocês deuses aqui, como nunca esquecerei meu colar de lápis-lazúli, Eu vou me lembrar desses dias, e deles nunca me esquecerei".
O final do dilúvio no relato do Gênesis Levantou Noé um altar ao SENHOR e, tomando de animais limpos e de aves limpas, ofereceu holocaustos sobre o altar. E o SENHOR aspirou o suave cheiro e disse consigo mesmo: Não tornarei a amaldiçoar a terra por causa do homem, porque é mau o designio íntimo do homem desde a sua mocidade; nem tornarei a ferir todo vivente, como fiz. (Gn 8.20-21)
Não deveria nos surpreender que existam tantas reminiscências de histórias de dilúvios em várias partes do mundo. Os Drs. William Ryan e Walter Pitman, especializados em geologia marítima, ficaram em especial intrigados com as narrativas que aparecem na Bíblia e no relato babilónico. Segundo o Dr. Ryan, "se, como a descrição parece sugerir, o dilúvio fez com que comunidades inteiras se deslocassem para outros lugares, era de se esperar que a história do dilúvio fosse transmitida às gerações futuras". Os geólogos descobriram que o mar Negro já foi um lago de água doce, mas que, uns 9 mil anos atrás, repentinamente as águas ficaram salgadas. Pesquisas adicionais revelaram que o nível das águas subiu uns 60 m. Mais elementos foram reunidos a partir de uma avaliação sismográfica do leito do mar. A aplicação de testes de carbono 14 adiantou a data do dilúvio para 7550 anos atrás. Eles ventilaram a hipótese de que o final de uma Era do Gelo traria uma dramática elevação do nível dos mares, e concluíram que o lugar mais provável para uma corrente catastrófica seria uma bacia num formato de garrafa que tivesse conexão com o mar através de uma passagem estreita. 0
mar Negro se encaixa perfeitamente nestas características. Será que isso poderia ser a origem das histórias sobre dilúvios? Será que essas histórias foram levadas à Mesopotâmia por povos que migraram para lá, saindo das imediações do mar Negro, e depois foram levadas da Mesopotâmia para Canaã por Abraão? Isto explicaria a referência ao Ararate como a montanha mais alta da região. Afirma o Dr. Ryan: "Temos evidência conclusiva de que houve um dilúvio no mar Negro. A evidência de que se trata do mesmo que aparece na Bíblia e no Épico de Gtgamés é circunstancial, e isso levou a uma amigável disputa entre nós e os arqueólogos". Entretanto, ha uma série de perguntas sem resposta. A tradição babilónica não concorda com isso. Não sabemos com certeza se havia gente morando nas imediações do mar Negro naquele tempo. E, no relato bíblico, as águas do dilúvio diminuem.
Gênesis causar surpresa, se todos esses relatos refletem lembranças de um acontecimento que de fato ocorreu naquela mesma região. Não há necessidade de supor que o autor de Gênesis tenha-se baseado nas histórias babilónicas para obter esta informação. Na realidade, a natureza crassa dessas histórias babilónicas (com seus deuses excêntricos e briguemos) torna isto improvável. A história de Gênesis pode ter sido reunida de mais de uma fonte para chegar à sua unidade atual. • O n d e e q u a n d o ? Com base na linguagem usada no cap. 7, fica claro que o autor quer que vejamos o dilúvio como um evento cósmico, um ato de julgamento que reverte o ato criador. O que segue é um novo começo. Mas o autor não compartilha nosso conceito do mundo global. "A terra" do autor é a terra da história da humanidade antiga relatada em Gn 2 e seguintes. (Compare Gn 41.57; também At 2.5). Não temos como saber com certeza quando o grande dilúvio que inspirou essas histórias realmente aconteceu. A lista de nações descendentes dos filhos de Noé (Gn 10) sugere uma data bastante antiga — alguns milhares de anos antes dos dilúvios do sul da Mesopotâmia por volta de 4000 a.C, cujos vestígios foram encontrados em escavações. E possível que esta história remonte ao fim da Era Glacial, por volta de 10.000 a.C. • A aliança (6.18) é um terna recorrente e importante. É um acordo formal entre Deus e seu povo, estabelecido sucessivamente com Noé, Abraão, a nação de Israel (por intermédio de Moisés) e o rei Davi. A cada estágio a aliança se torna mais densa em termos de promessa, até a vinda dc Cristo, que introduz a "nova aliança". (A palavra "testamento", usada nos títulos Antigo Testamento e Novo Testamento, tem o mesmo significado). Em cada uma dessas instâncias, Deus toma a iniciativa. Ele estabelece os termos e os torna conhecidos. Somente Deus garante seu cumprimento. As pessoas desfrutam das bênçãos da aliança à medida que obedecem aos mandamentos dc Deus. Veja "Alianças e tratados no Oriente Próximo". • Quarenta d i a s A Bíblia freqüentemente associa importância especial a certos números. "Quarenta" é usado sempre de novo para indicar algo importante, uma nova etapa, uma ação de Deus, ou apenas para indicar "um longo período de tempo".
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Navio dos puritanos: 27.5 m
Clíper: 64,5 m
Navio dc cruzeiro moderno: 262 m
Gn 10: O s d e s c e n d e n t e s de N o é As nações do mundo bíblico são todas descendentes dos três filhos de Noé: Sem, Cam e Jafé. A genealogia é organizada conforme o seguinte padrão: Título (1) Descendentes de Jafé (2-4) Detalhe extra sobre Java (5a) Resumo (5b) Descendentes de Cam (6-7,13-18a) Detalhe extra sobre Ninrode (8-12) e Canaã (18b-19) Resumo (20) Descendentes de Sem (22-29a) Detalhe extra sobre Sem (21) c Joctã (29b-30) Resumo (31) Resumo da lista inteira (32) A família de Sem vem por último: estas são as nações em torno das quais o próximo estágio da narrativa se desenvolve. "Hêber" é da mesma raiz que o adjetivo pátrio "hebreu". Gn
11.1-9: A t o r r e d e B a b e l Aqui está outra história antiga que explica as condições atuais. Por que a humanidade está dividida? Por que existem tantas línguas diferentes? A história da queda da humanidade não explica tudo. Esta história tenta explicar.
A arca A palavra hebraica para "arca" significa "caixa" ou "baú", e ajuda a entender o formato da mesma. As medidas mostram que ela era enorme. Se um côvado tiver uns 45 cm. as dimensões da arca são 133 m de comprimento, por 22 m dc largura por 13 m de altura. Ela foi projetada para flutuar, não velejar e não houve problemas para zarpar! Fora da história do dilúvio, a palavra '"arca" só ocorre na história em que Moisés lói tirado Isão c salvo!) das águas d o Nilo. Naquele contexto, a palavra significa "cesto" ou "cesta".
Pentateuco
Mizraim Cuxe Nações que descenderam d o s filhos de N o é
Uma reconstrução artística do templo em fornia de torre (zigurate) da cidade de Ur.
Cin 10 apresenta um quadro dos povos do mundo antigo que Israel conheceu, estendendo-se do Sudão Oto Sul) às montanhas do Cáucaso (no Norte), e das ilhas gregas (no Oeste) ao Irá ( n o Leste). Muitos desses nomes são encontrados em outros escritos antigos e podem ser situados num mapa. mas outros ainda são desconhecidos. Nomes que,
a princípio, foram dados a indivíduos tornaram-se nomes que passaram a identificar rodos os seus descendentes (como no caso • de Israel). Os relacionamentos que a história registra entre algum I dos povos diferem dos de Gênesis, mas migrações, guerras de conquista e casamentos inter-raciais podem ocultar as verdadeira • origens.
Em Sinar ( = Suméria, antiga Babilônia), reino de Ninrode, o caçador (10.10), as pessoas se reuniram para realizar um grande projeto arquitetônico — uma cidade e uma torre que chegasse ao céu. Deus observa este esforço cooperativo e o considera o início de uma terrível rebelião contra ele. Então divide o povo por meio da linguagem (compare com At 2, quando estas barreiras começam a ser derrubadas), e o dispersa — exatamente o que as pessoas estavam querendo evitar. A grande torre fica inacabada.
Babel (Babilônia) provavelmente era um templo cm forma de torre piramidal ou zigurate, semelhante àqueles que foram construídos na Babilônia no terceiro milênio a.C. Há ura jogo de palavras entre Babel c balai, "confu-1 são" ou "mistura". Uma inscrição relacionada a um zigurate posterior na Babilônia o des- \ creve como "o prédio cujo topo está no céu". O templo no topo era o local para o deus des-; cer e encontrar aqueles que o serviam. G n 11.10-32: D e S e m a A b r a ã o Aqui novamente a lista de nomes é sele-1 tiva, provavelmente abreviando a extensão F total de tempo envolvida. Os ancestrais de I Noé viveram muito mais tempo que os de | Terá, e a idade de paternidade passou a ser I bem menor. Quando chegamos ao nome de Tera, a lista | se torna mais detalhada. Esta é a família na çjual devemos nos concentrar. Os três filhos de Tera são alistados e sua cidade natal é Ur dos caldeus. Após a morte de Harã, Tera partiu J em direção a Canaã, com seu neto Ló, Abrão j e Sarai. A jornada os levou 900 km a noroeste
WÊÊBÊBSBBÊÊÊBÊBBM seguindo o rio Eufrates, até Harã — que era, como Ur, um centro de adoração à lua. (Js 24.2 registra que Tera "adorava outros deuses".) Ali eles se instalaram. Tera morreu, e o cenário está pronto para a história de Abraão, que, segundo At 7.2-4, ouvira o chamado de Deus antes de partir. Seu novo nome registra a promessa de Deus de tomar este homem pai de muitas nações, Gn 17.5. • Ur Veja "Abraão". > Harã A rota de Ur a Canaã via Harã era bastante comum para os viajantes nesta época. Harã era uma cidade importante no ponto de encontro de rotas de caravanas entre a Mesopotâmia e o ocidente. O nome significa "encruzilhada" ou "estrada".
A viagem de Abraão d e Ur a Canaã
Gn 12.1—25.18 História de
Abraão
G n 12.1-9: A c o n v o c a ç ã o para a j o r n a d a Gn 12.1-4 registra a ordem e promessa Deus a um homem, Abrão, e a resposta obediente da parte deste. As conseqüências deste simples ato, todavia, se espalhariam progressivamente, levando ao nascimento de uma nova nação e, com o passar do tempo, beneficiariam todo o mundo. "Partiu Abrão..." Ele já partira de Ur, cidade próspera com segurança e um alto padrão de vida. Agora ele partiu na segunda etapa da jornada, viajando outros 700 km a sudoeste até Canaã (Palestina), com Sarai, sua mulher estéril, seu sobrinho Ló e seus rebanhos. Em Siquém, no meio do território cananeu, Deus falou novamente em resposta ao chamado de Abraão. "Esta terra" seria herança dos descendentes de Abrão. Porém a jornada continuou na direção do Neguebe, região que se estende ao Sul, desde Berseba até o planalto do Sinai — hoje semi-árida, porém mais habitável na época de Abraão. 0 estilo de vida de Abraão representa a vida de peregrinação: o altar e a tenda testemunham a sua fé e a falta de uma moradia fixa. • Nômades As histórias de Abraão, Isaque e Jacó nos dão uma idéia da vida seminômade na Palestina antiga, de pessoas que passavam parte do tempo deslocando-se com seus rebanhos em busca de pastagens, e parte do tempo assentados, cultivando a terra.
Sodoma, Gomorra, Admá, ZeboimeovaledeSidim provavelmente se situem
Abraão e a guerra dos r e i s : Gn 14
Naquele tempo, grupos como estes podiam viajar livremente de um país a outro, sem maiores problemas com as línguas. Veja "Vida nômade". • " S e r ã o a b e n ç o a d o s / s e a b e n ç o a r ã o " (12.3) Ambos os sentidos são possíveis, mas o NT, seguindo a versão grega do AT (a Septuaginta), favorece "serão abençoados". Gn
12.10-20: F o m e A fome levou Abrão ao Egito. Pressionado pelo medo e pela insegurança, este homem de fé tratou de defender-se com uma perigosa
••Saia da sua terra, do meio dos seus parentes e da casa de seu pai e vá para uma terra que eu lhe mostrarei. Os seus descendentes vão formar uma grande nação." (Palavras que Deus disse a Abraão em Gn 12.1-2)
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Pentateuco meia-verdade (veja 20.12) que colocou cm risco todo o projeto de Deus. Deus interveio com pragas. Sarai foi salva e Abrão foi vergonhosamente deportado. • A i d a d e d e S a r a i Parece surpreendente que Sarai, aos 65 anos, seja descrita como "muito bonita" (12.14). Porém, como ela viveu até os 127 anos, seus 60 anos equivaliam, quem sabe, aos nossos 30 ou 40 anos. Gn 13: A e s c o l h a d e L ó Rebanhos cada vez maiores provocaram a última quebra de vínculos familiares. Ló, a quem o generoso Abrão deu o privilégio de escolher, selecionou os pastos férteis do vale do Jordão.
Depois de denotar os reis tribais, Abraão reuniu-se numa refeição de comunhão com Melquiscdeque, rei de Salem. O "estandarte" que aparece abaixo, e que havia sido '.meu,i,In n u m
túmulo real de Ur alguns séculos antes da época de Abraão, apresenta cenas de guerra de um lado, e. aqui. o banquete da vitória e o desfile dos despojos. Este estandarte é um mosaico de conchas, calcário vermelho e lápis-lazúli.
Gn 14: O misterioso Melquisedeque Embora a vida seminômade fosse comum na época de Abrão, também havia muita gente que vivia em aldeias e "cidades" muradas (pequenas cidades; veja "Vida sedentária"). Estas eram governadas por "sheiks" locais, que por sua vez geralmente eram vassalos de reis mais poderosos. Os suseranos (v. 1) das cinco cidades da região do mar Morto (v. 2 ) vinham do distante Elão c da Babilônia (Sinar) e da Anatólia (rei Tidal). Rotas comerciais tornavam relativamente fáceis as viagens e a comunicação entre a terra natal de Abrão e Canaã. (Os elamitas exerceram poder considerável na Babilônia. Ur foi uma das cidades que conquistaram e saquearam naquela época).
• A m o r r e u s (7) Os aliados de Abrão penenciam a uma tribo que compartilhava a terra com os cananeus. Eles tinham bons motivos para apoiar Abrão, já que seu próprio povo fora vítima do ataque. Uma perseguição rápida e um ataque de surpresa deram a vitória a Abrão.
• M e l q u i s e d e q u e (18) Esta c n única aparição do misterioso rei/sacerdote de Salérn (provavelmente Jerusalém; o nome significa I "paz" — shalom, salaam). A autoridade dei Melquiscdeque (um décimo — o "dízimo" — | era a parte de Deus, de modo que Abrão trata este homem como representante de Deus), [ a falta de informação sobre ancestrais ej descendentes (extremamente importante para i qualquer homem que reivindicasse realeza ou status sacerdotal), e seu papel duplo de sacerdote e rei, levaram autores posteriores a j considerá-lo um prenúncio do Messias (veja SI 110.4; Hb 7.1-10). "Deus Altíssimo", veja "Os I nomes de Deus". Gn 15: A a l i a n ç a c o n f i r m a d a Desta vez a aliança não é introduzida por uma ordem. Deus ouviu as dúvidas e os medos de Abrão — "Continuo sem filho" (v. 2); "como posso ter certeza...?" (v. 8) — e a resposta de Deus tranqüiliza Abrão, na medida em que é uma repetição das promessas. • O h e r d e i r o Era prática comum na época que I casais estéreis adotassem um herdeiro, às vezes, j como neste caso, um escravo. O contrato de adoção podia conter uma cláusula no sentido \ de que, se o casal viesse a ter um filho, este teria precedência como herdeiro legal. • V . 6 'Abrão creu (depositou sua fé/confiou) no Senhor, e isso lhe foi creditado como justiça (o Senhor se agradou dele e o aceitou)". Este é um dos versículos mais significativos das Escrituras, e, naquelas circunstâncias, uma resposta de fé surpreendente. Paulo (em Gl 3.6-9) argumenta com base nisto que judeus e gentios são reconciliados com Deus pela fé, e não por obedecerem às leis de Deus (já que nenhum de nós pode levar uma vida perfeita). "Abrão creu e foi abençoado; portanto, todos os que crêem são abençoados como ele foi" (Gl 3.9, NTLH). • O r i t u a l d a a l i a n ç a Desta maneira é que se confirmavam acordos na época (veja Jr 34.18). O castigo por violar o contrato era a morte — simbolizada pelo abate c divisão dos animais. Aqui, significativamente, apenas Deus se comprometeu ao passar entre as partes. Trevas, fumaça e fogo marcaram a presença de Deus como aconteceria também no monte Sinai (veja Èx 19.18; Hb 12.18). • Q u a t r o c e n t o s a n o s (13)... n a q u a r t a geração (16) A palavra "geração" também pode significar "vida". Abrão supostamente viveu bem mais que um século. Logo, quatro gerações podem equivaler a quatrocentos anos.
Gênesis
131
Agar Frances Fuller Agar era uma escrava. Quando Sara a entregou a Abraão para que ela lhes desse um filho, Agar não teve escolha. Porém, estar grávida de um filho de Abraão lhe deu certa vantagem. Ela havia adquirido valor, pois era capaz de algo que era vedado a Sara. Ela se tornou insolente, e isso era perceptível no seu jeito de olhar e no modo de agir. Sara, porém, reagiu de forma tão severa que Agar teve de fugir. É provável que o plano de Agar fosse seguir pela longa estrada do deserto, rumo ao Egito. Um anjo do Senhor "encontrou-a" junto a uma fonte, ao longo dessa estrada. 0 anjo chamou Agar pelo nome e lhe disse coisas admiráveis. A descendência dela seria multiplicada, a ponto de não se poder contá-la — a mesma promessa que havia sido feita a Abraão e Sara! Deus conhecia a opressão de Agar e prometeu que o filho dela seria "como um jumento selvagem", difícil de domar, hostil, independente, difícil de oprimir. O anjo disse a ela que voltasse para a sua senhora, e ela obedeceu. Esse encontro deve ter sido uma experiência espiritual e tanto! Agar disse o seguinte a respeito dele:
"Agora eu vi o Deus que me vê". (O leitor, lembrado de que Sara descobriu que Deus tinha ouvido o riso dela, por mais que ela tivesse rido baixinho, se pergunta o que teria acontecido se Agar e Sara tivessem decidido compartilhar suas experiências!) Por mais 13 anos Agar se colocou a serviço de Sara. Quando Deus tornou a falar, enfatizando que o filho da promessa nasceria de Sara, e Sara de fato teve um filho, as coisas mais uma vez se complicaram para Agar. No dia em que Isaque foi desmamado. Sara pediu a Abraão que ele mandasse embora a escrava e o filho dela. E Abraão atendeu ao pedido de Sara. Agar e o filho saíram, andando errantes pelo deserto, levando consigo um pouco de comida e um odre de água. A água logo acabou e Agar, desesperada, deixou o menino debaixo duns arbustos, esperando que morresse. Mas Deus interveio, chamando do céu, lembrando a Agar que ele faria de Ismael uma grande nação. A mãe e o filho sobreviveram, vivendo na região montanhosa e deserta conhecida como o Sinai. Deus cuidou de Ismael e cumpriu as promessas feitas a Agar.
> V. 16b A NTLH traduz: "não expulsarei os amorreus até que eles se tornem tão maus, que mereçam ser castigados". Isto ajuda a entender a ordem dc destruir os povos cananeus na conquista da terra prometida. Deus lhes deu mais de quatro séculos para mudar de caráter. Na época de Josué, esses povos haviam chegado ao ponto em que não havia volta. Como no caso de Sodoma e Gomorra, o julgamento não podia mais ser adiado. Gn 16: C o n c e s s ã o Sarai encontrou sua maneira de fazer com que a promessa de Deus se realizasse. Sendo estéril, ela recorre à tradição e entrega sua escrava a Abrão. (Esta cláusula podia estar incluída no contrato matrimonial: o filho
A história dessas duas pessoas ainda é atual, pois trata da preocupação de Deus com os fracos, os desprezados, os pobres, os oprimidos. Ela mostra como Deus cuida daqueles que não fazem parte da aliança, e até mesmo dos que estão, quem sabe, bem longe da fé.
A história de Agar é contada em Gn 16.1-16; 21.9-21; 25.12. Veja também Gl 4.21-31
resultante seria da esposa). Mas as emoções humanas em tal situação são complexas, c o resultado infeliz não é surpreendente. • A n j o d o S e n h o r (16.7) Veja Jz 2.1.
"'Olhe para o céu e conte as estrelas se puder... Será esse o número dos seus descendentes'. Abrão creu em
Gn
Deus, o
17: O sinal d a circuncisão Deus confirmou a aliança mais uma vez, dando novos nomes a Abrão e Sarai. A maioria dos povos antigos, inclusive os hebreus, dava muita importância aos nomes das pessoas e dos lugares. Os nomes das pessoas geralmente diziam algo sobre a sua origem ou expressavam uma súplica ("Que Deus..."). A mudança de nome, neste caso, indica um novo começo. Assim, Abrão ("pai exaltado") foi mudado para Abraão ("pai de muitos"). E Sarai sc tornou Sara.
Senhor."
Gn 15.S-6
132
Pentateuco
Abraão Alan Millard
Os judeus do tempo de Jesus tinham orgulho em afirmar: "Somos descendência de Abraão". Essa afirmação ainda é repetida por judeus e muçulmanos de nossos dias. Abraão é Importante por ser o homem a quem Deus prometeu a terra de Canaã e também por ser o modelo de fé: ele creu em Deus e levou Deus a sério. Na verdade, Abraão foi o primeiro a ter em mãos os títulos de uma propriedade material e de segurança espiritual. Em qualquer época as pessoas querem ter sua identidade, buscando-a, muitas vezes, no passado, em
genealogias e na história do próprio povo. Famílias que possuíam terras faziam um registro dos descendentes, para provar que eram os verdadeiros proprietários. Assim, o Israel antigo fazia o título de propriedade da terra em que morava remontar a Abraão, por mais que este nunca tivesse, ele próprio, tomado posse da terra.
Um h o m e m de fé O pai de Abraão levou a sua família de Ur, na Babilônia, para Harã, na região onde hoje fica o sul da Turquia. Foi ali que Deus chamou Abraão, e este respondeu com fé. O texto não
liste documento sumeriano com seu envelope, da terra natal de Abraão, a cidade de Ur, e a tflbuldl em cuneiforme (nu página aposta) mostram o tipo de civilização desenvolvida que Abraão deixou para trás quando Deus o chamou.
diz como Abraão reconheceu Deus, o Deus verdadeiro, pois sua família adorava "outros deuses" (Js 24.2), incluindo, talvez, o deus lua, que era o patrono tanto de Ur quanto | de Harã. Num mundo em que se adoravam muitos deuses e deusas,
Ur Ur já era uma cidade bem antiga quando Abraão nasceu. Escavações no "Cemitério Real", que data de cerca de 2500 a.C, revelaram uma série de tesouros: xícaras decoradas, utensílios fei-
O povo de Ur apreciava a música c a arte. Esta harpa reconstruída è um dos tesouros recuperados dos Túmulos Reais.
tos de ouro, e o "Estandarte Real de Ur" no qual aparecem cenas de guerra e paz (v<' época de seu apogeu, por volta de 2100 a.C, Ur era uma metrópole. 0 poder
Gênesis
crer num único Deus que pudesse suprir todas as suas necessidades era algo que faria de Abraão uma pessoa diferente de todas as outras. No entanto, esta era claramente a sua convicção. Embora, em conexão com Abraão, apareçam vários nomes para Deus, os mais freqüentes são "Javé" !o SENHOR) e "Deus". Outros nomes aparecem uma única vez: Deus Todo-Poderoso (£/ Shaddai, Gn 17.1; veja Êx 6.3), Javé, Deus Eterno (Gn 21.33), Deus Altíssimo (Gn 14.18-22). Fica claro que todas essas designações se referem à mesma Divindade. Abraão também podia identificá-lo com "o Criador do céu e da terra" a quem Melquisedeque, rei de Salém, servia (Gn 14.18-22). Em vários lugares da terra de Canaã, Abraão ofereceu sacrifícios e fez orações, sem ritos elaborados ou sacerdotes que servissem
de intermediários, numa religião simples e pessoal. Tão logo Abraão chegou ã região central de Canaã, Deus lhe prometeu que aquela terra seria de seus descendentes (Gn 12.7), promessa que foi repetida em 13.15-17, no cap. 15 (de forma solene), e em 17.8. A história de Israel se baseava nessa promessa. Sem esperar que pudesse tomar posse daquela terra, era necessário que Deus reafirmasse a promessa anteriormente feita. O próprio Abraão deixou claro, diante de Deus, que necessitava dessa reafirmação (Gn 15.2,3). Os altares que ele edificou e as árvores que plantou eram, talvez,
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um sinal de sua intenção de ficar na terra. No entanto, eram, acima de tudo, sinais de sua dedicação a Deus. Os lugares onde Abraão edificou altares não se tornaram lugares sagrados para sempre. O único pedaço de chão que Abraão possuiu naquela terra foi a caverna do campo de Macpela, perto de Hebrom, onde Sara foi sepultada. Deixar a sua casa, a sociedade que ele conhecia tão bem, e dirigir-se a uma terra desconhecida por ordem de Deus era um ato de fé. Saber que ele nunca possuiria a terra aumentou a sua fé. Os 25 anos de espera pelo nascimento do descendente foi outro teste, um teste que ele e Sara tentaram superar pela conexão de Abraão com Agar,
O maior teste de todos
Estes bolos vasos de ouro estavam entre os tesouros descobertos nos Túmulos Reais, em Ur.
de seus reis se estendia para o Ocidente, chegando à costa do Mediterrâneo. Nesse período foi construído o grande zigurate (templo em forma de torre piramidal) em honra a Sin, o deus-lua que era adorado pelo povo de Ur. A cidade era um centro de comércio internacional e tinha dois portos bem movimentados, que se conectavam com o rio Eufrates através de canais. A maior parte da população morava em casas de um piso, feitas com tijolos de barro, embota houvesse também algumas casas de dois andares. A maioria das casas era relativamente espaçosa, sendo que havia várias salas
ou quartos dispostos ao redor de um áttio central (veja a reconstrução d esquerda). Ao ser invadida por gente vinda do Elão, a oeste, lá pelo ano 2000 a.C, a cidade de Ur entrou em decadência, mas as ruínas do grande zigurate sobrevivem até os nossos dias.
Por fim, Abraão enfrentou o teste mais duro para a sua fé quando Deus pediu que ele sacrificasse o seu filho, uma ordem que Abraão acatou, ciente de que Deus proveria para si o cordeiro para o holocausto (Gn 22.8; veja Hb 11.17-19). Sacrifício de seres humanos era algo raro no mundo bíblico, de sorte que o pedido de Deus deve ter soado muito importante aos ouvidos de Abraão. Segundo uma tradição posterior, Salomão construiu o Templo no mesmo local onde Isaque foi amarrado. O fato de isso não ser mencionado pode ser indício de que o Gênesis é um relato mais antigo, enfatizando simplesmente que Deus provê. Quando Isaque tinha idade para casar e gerar um filho, a quem seria repassada a promessa da terra, Abraão, convencido de que Deus o guiaria, mandou seu servo de volta para Harã com a tarefa de encontrar uma noiva entre os seus familiares. Esta história é contada de forma magnífica em Gn 24. Uma família de poucas pessoas seria presa fácil dos inimigos. Mas
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Pentateuco
U m personagem histórico? A partir da Bíblia, podemos situar Abraão por volta do ano 2000 a.C. Como seria de esperar, não há nenhuma referência a ele em relatos extra-bíblicos. O estilo de vida do patriarca e os nomes dos membros de sua família refletem bem a cultura dos pastores semi-nômades que os eruditos modernos chamam de amoritas (e que eram encontrados em todo o Oriente Próximo no período que vai de 2000 a 1600 a.C). Embora alguns episódios da vida de Abraão (como recorrer a uma escrava para ser mãe substituta) pudessem ter ocorrido mais adiante na história dos israelitas, o quadro geral se encaixa melhor no tempo dos amoritas. A maneira como Deus é apresentado e a maneira como ele se relaciona com Abraão têm importância vital, desafiando os leitores a terem a mesma fé que teve Abraão.
^ > Abraão era um homem rico e tinha um grupo de homens encarregados de sua segurança. Assim, teve como resgatar seu sobrinho Ló, quando este foi levado embora por inimigos, além de auxiliar outra pessoas da região que tinham sofrido o mesmo ataque. Neste caso, foi positivo o relacionamento de Abraão com os chefes dos cananeus. Todavia, houve momentos em que, por motivos de segurança pessoal (Gn 12 e Gn 20), ele criou situações constrangedoras, fazendo com que Sara, sua mulher, se passasse por irmã (era, na verdade, sua meia-irmã).
Este xeque beduíno das imediações de lierseha ilustra o tipo de vida de um líder tribal do deserto. Vivendo em lendas amplas, eles têm a liberdade para conduzir os seus rebanhos aos melhores pastos.
Na história de Sodoma e Gomorra (Gn 18—19), Abraão se mostrou compassivo para com os seus vizinhos, por mais que Deus já os tivesse condenado por causa de seus pecados. Em seu famoso diálogo com Deus, ele estabeleceu o princípio de que Deus não destruiria a cidade, se nela fossem encontrados dez justos. Infelizmente, nem dez foram encontrados e as cidades e seus habitantes foram destruídos.
A história de Abraão é contada em Gênesis, desde 11.26 até 25.11. Veja também lo 8.33-59; Rm 4; Hb 11.8-19. MOMENTOS MARCANTES O chamado de Deus — Gn 12.1-5 A aliança — Gn 15 A oração por Sodoma — Gn 18 O nascimento de Isaque — Gn 21 O "sacrifício" de Isaque — Gn 22
Gênesis O sinal físico da circuncisão traz não só Abraão mas também Ismael e toda a comunidade multirracial da casa de Abraão para dentro da aliança. Vinte e quatro anos após deixarem I l a r ã , é anunciado o nascimento de Isaque, filho de Sara. • Circuncisão Não se tratava de um ritual novo. Nas nações vizinhas representava admissão ao status de adulto dentro da tribo. No caso de Israel, era um sinal exterior — desde o nascimento — de um relacionamento especial com Deus; não apenas um sinal de propriedade, mas um símbolo da realidade de todas as promessas de Deus expressas repetidas vezes nesses versículos. A circuncisão também significava obediência a Deus por parte do seu povo. Gn 1 8 . 1 - 1 5 : O s m e n s a g e i r o s Abraão acolheu u m estranho e, sem se dar conta, recebeu o próprio Senhor na sua casa. As efusivas boas-vindas e a preparação da comida (apesar da inconveniência da chegada dos visitantes durante o descanso do meio-dia) são elementos típicos da hospitalidade entre povos nômades do deserto até hoje. Aquele "um pouco de comida" (v. 6) acabou se transformando numa refeição de pães frescos, coalhada, leite c carne da melhor qualidade. As palavras "Será que para o S E N H O R há alguma coisa impossível?" revelam a verdadeira identidade do visitante c o riso incrédulo de Sara transforma-se em temor. Gn 1 8 . 1 6 - 3 3 : U m a s ú p l i c a por S o d o m a 0 pedido de Abraão demonstra a qualidade do seu relacionamento com Deus. Não é de admirar que 2Cr 20.7 o descreve como "amigo" de Deus. Deus precisava conhecer pessoalmente (v. 21) a verdade sobre Sodoma e Gomorra: rumores não eram suficientes. Abraão chegou à conclusão de que o julgamento era inevitável, porém sabia que era contra a natureza de Deus condenar os inocentes. Falou cautelosamente, sem tentar fazer Deus mudar de idéia, mas cada vez mais certo de que o "juiz de toda a terra" agiria "com justiça". Na ocasião, embora não tivessem sido encontrados nem dez "justos" em Sodoma, Deus salvou quatro pessoas — Ló, a mulher dele, c suas duas filhas. Gn 19: D e s t r u i ç ã o e r e s g a t e "Onde estão os homens que entraram na sua casa esta noite? Traga-os aqui fora para
nós, pois queremos ter relações com eles" (v. 5 ) . Todos os homens da cidade estavam envolvidos nessa terrível tentativa de estupro — nenhum deles se junta ao protesto dc Ló contra a infração dos mais sagrados princípios da hospitalidade, para não dizer de civilidade. Deus tinha evidências claras de que o clamor contra Sodoma tinha a sua razão de ser (18.20-21). • O que aconteceu? A catástrofe provavelmente foi um terremoto acompanhado pela explosão de gases naquela região instável do Vale da Grande Fenda. O julgamento de Deus assumiu a forma de u m desastre "natural", mas para o bem de Ló Deus poupou a cidade de Zoar. "Está bem; concordo. E u não destruirei aquela cidade. Agora vá depressa, pois cu não poderei fazer nada enquanto você não chegar l á " (19.21-22). Mesmo assim, a mulher de Ló ficou para trás, parando para olhar, e morreu — v i r o u uma "estátua de sal", não num passe de mágica, mas ao ser sufocada pelo enxofre e pelos destroços que caíram sobre ela. • Moabe e Amom (37-38) Aparentadas com Israel, estas duas tribos que ocupavam as terras a leste do Jordão e do mar Morto adoravam outros deuses (veja Nm 25) e foram freqüentemente denunciadas pelos profetas. Apesar do caráter sórdido da origem dessas tribos, sua alienação em relação a Israel não era inevitável, como a história de Rute deixa muito claro. G n 20: H u m i l h a d o p o r u m r e i p a g ã o Muitos consideram esta história uma simples repetição de G n 12.10-20. Entretanto, Abraão, com certeza, não foi o primeiro nem o último a repetir o mesmo pecado q u a n d o se encontra sob pressão. Tampouco foi a única pessoa a ser humilhada duas vezes na presença daqueles que não têm o "temor de Deus" (v. 11) a orientar suas ações. Abimeleque (veja 26.1) saiu dessa situação com mais honra que Abraão, o homem de fé. Mais uma vez ficamos no suspense. Será que Deus permitirá que a insensatez de Abraão arruine seu plano no último momento? • Gerar Uma cidade antiga perto do litoral, ao sul de Gaza. G n 21.1-21: I s a q u e e I s m a e l Vinte e cinco anos se passaram desde que a promessa fora feita. Os pais idosos de Isaque ficaram naturalmente radiantes com seu nascimento. A exigência de Sara de expulsar
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JO
Pentateuco
\\>i ficar l á o abaixo d o nível d o mar ( o u d o s
Onde situavam-se Sodoma e Gomorra? Alan Millard
Acredita-se que Sodoma e Gomorra foram submersas após o cataclismo que as destruiu e que as cidades agora se encontram submersas na parte sul do mar Morto, onde há estranhas formações de sal. Betume também é encontrado naquela região, o que se encaixa com os "poços de betume" mencionados em Gn 14.10. Mas nenhuma ruína foi encontrada para Mor
Ueálaróntc 1 •
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Possível localizarão de Sodoma o Gomorra (ho|e coberta por águas rasas)
identificar essas cidades e, por isso, a localização nunca foi confirmada. Na verdade, as cidades poderiam ter existido em qualquer lugar no vale próximo ao mar Morto. Geólogos sugerem que um terremoto, comum nessa região volátil, poderia ter causado um grande incêndio e a liquefação d o betume numa escala grande suficiente para engolir Sodoma e Gomorra.
m u r o s mares), o mar M o n o não lem v a / ã n OU saída. A á g u a e v a p o r a , d e i x a n d o n i n a a l i a concentração d e sal q u e e l i m i n a i o d a s as formas de vida.
Gênesis Agar c Ismael contrariava o costume da época e Abraão precisou de uma palavra de Deus antes de concordar. Gl 4.22-25 mostra porque o rompimento era inevitável. Mais uma vez aparece o cuidado de Deus por Ismael, embora este não fosse filho da promessa. Expulso por Sara e Abraão, ele não foi abandonado por Deus. Pelo contrário, "protegido por Deus, o menino cresceu" (20). (Veja também 25.9,12-18; 28.9; 36.3,10 e a alegoria de Paulo em G l 4). • Vs. 6,9 "Isaque" em hebraico significa riso (veja 17.17; 18.12-15). A palavra surge novamente no v. 9: "brincando com" / "provocando". • 0 menino ( 1 4 ) Ismael já devia ter 14 anos ou mais. Gn 2 1 . 2 2 - 3 4 : U m a r i x a por c a u s a d e u m p o ç o A água sempre foi preciosa para os pastores no clima seco do sul da Palestina. O índice pluviométrico mensal nesta área cai de 100 mm, em janeiro, para zero nos quatro meses do verão (junho a setembro, naquela parte do mundo). Assim sendo, não nos surpreende que tenha havido um rixa por causa de um poço em Berscba (veja os problemas de Isaque, e a renovação do pacto, 26.17-33). "Abimeleque" pode ser um título filisteu para "rei" (como o "Faraó" egípcio), em vez de um nome pessoal. • Filisteus Abimeleque e o povo de Gerar podem ter sido antigos colonizadores filisteus naquela região. Q u a n d o os israelitas saíram do Egito, toda a área litorânea do Sul era habitada por filisteus. E desde o período dos Juízes houve conflitos entre os dois povos.
está disposto a oferecer aquele que lhe é mais importante que tudo no mundo? Será que ele confiará em Deus no que diz respeito a Isaque? No passado, ele havia deixado de confiar em Deus para sua própria segurança: duas vezes o vimos de forma egofsia colocar em risco a vida de Sara. Mas agora ele confia mesmo sem entender. E ao oferecer seu próprio filho, ele reflete a oferta muito mais preciosa de Deus em Jesus. E Isaque? Será que esperneou o u discutiu? Na narrativa, seu papel é passivo, não ativo: uma aceitação do sofrimento — como o servo do Senhor em Is 53; como Jesus que foi s u b misso até a nu irte. • "Deus pôs Abraão à prova" ( 1 ) 0 termo antigo "tentou" tem o mesmo significado de provar o u testar. Em outras passagens da Bíblia é Satanás quem testa o u , então, são os seres humanos que (equivocadamente) colocam Deus à prova. "Não nos deixes cair em tentação", Jesus ensinou seus discípulos a orar no Pai-Nosso. Mas as palavras do v. 1 são claras: é assim que o autor interpretou a situação; possivelmente, foi assim que Abraão a interpretou. ( I C o 10.13
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A o fin.il d a história e m q u e DeUS pós A b n l o I prova, o patriarca ofereceu como sacrifício um carneiro, e m lunar d e seu filho, Ksln representação d a cabeça d c um carneiro data d a época de A b r a ã o .
Na Palestina, há conflitos por causa
Gn 2 2 : U m a m a n e i r a c h o c a n t e de t e s t a r a f é 0 que Abraão sabia a respeito de Deus certamente jamais o levaria a imaginar que Deus poderia querer um sacrifício humano. Para cie, assim como para leitores de todos os tempos, as palavras devastadoras com que a história começa são chocantes: "Pegue agora Isaque, o seu filho, o seu único filho, a quem você tanto ama". Q u e tipo de Deus é este Deus que pensávamos conhecer? A instrução é ainda mais intrigante, já que todas as promessas de Deus convergiam em Isaque. Como Deus podia exigir sua morte? No final da história podemos respirar aliviados. Deus não quer um sacrifício humano. Deus provê, e os dois retornam juntos (v. 5). A questão é claramente apresentada como de confiança (veja Mb 11.17-19). Será que Abraão
de água desde o t e m p o de A b r a ã o até o presente.
Aqui, rebanhos bebem á^ua
num
poço nas colinas da J u d e i a ,
Pentateuco
Sara Frances Fuller Lá na Mesopotâmia ela era Sarai, meia-irmã e esposa de Abrão. O S E N H O R mandou que Abrão saísse à procura de uma terra que Deus lhe daria, e assim ela passou a acompanhá-lo numa vida nômade, morando em tendas, sempre uma pessoa de fora em culturas estranhas. Ela era bonita, tão bonita que o marido se sentia inseguro. Alguém poderia matá-lo para ficar com ela. Assim, ele combinou com ela o seguinte: "É assim
Sarai era estéril. Deus havia prometido a Abrão uma descendência tão numerosa quanto as estrelas, e mês após mês era a mesma frustração e o mesmo recado a Abrão: "Ainda não foi desta vez". Por fim, Sarai decidiu resolver a situação à sua maneira. Segundo o costume, o filho de Abrão com a escrava de Sarai seria filho de Sarai e reconhecido como herdeiro. Assim, Sarai entregou a escrava a Abrão. O resultado
Sara acompanhou sen m a r i d o numa vida n ô m a d e , indo d e lugar e m l u g a r e v i v e n d o e m tendas c o m o
foi que a escrava, grávida, passou a desprezá-la, e ela própria, Sarai, ficou braba com Abrão. Tratou de maltratar a escrava Agar e, quando nasceu o menino Ismael, Sarai ficou tudo menos realizada e feliz. Ao que tudo indica, Deus também não estava contente com a situação. Quando tornou a falar com eles, mudando o nome do patriarca de Abrão para Abraão, ele também deu um novo nome a Sarai. Ela passaria a se chamar Sara, que significa "princesa". E Deus prometeu que ela teria um filho e que ela seria a mãe de nações e de reis. Abraão encostou o rosto no chão e começou a rir diante da idéia de Sara ter um filho aos 90 anos de idade. Escutando a conversa na entrada da tenda. Sara riu também, mostrando-se descren-
estas mulheres.
que você pode mostrar que me ama: aonde quer que cheguemos, diga sempre a respeito de mim que eu sou apenas um irmão". Isso salvou a pele de Abrão, mas deixou Sarai exposta, num mundo em que as mulheres não eram senhoras do seu destino. Duas vezes ele foi levada para fazer parte do harém de homens poderosos: primeiro, do Faraó do Egito; depois, do rei Abimeleque, de Gerar. A Bíblia não diz como Sarai se sentiu nessa situação. Traída? Usada? Violada? Nas duas vezes Deus interferiu para resgatá-la, mandando pragas sobre o Faraó e levando Abimeleque a ter pesadelos — e assim Abrão foi solicitado a buscá-la de volta.
te. Poderia uma mulher ter um filho estando já na menopausa? Será que um camelo conseguiria voar? Quando, por fim, Sara tinha o filhinho em seus braços, ela se deu conta de que para Deus não havia impossíveis e começou a rir de alegria, triunfo e satisfação. "Deus me deu motivo para rir", disse ela, imaginando que todos os que ouvissem essa história passariam a rir com ela. Deram ao menino o nome de "Riso", seguindo a orientação de Deus, que conhecia todos os motivos de riso que Sara tinha. Depois disso, houve ciumeira entre Sara e Agar por causa dos filhos, e Sara pediu a Abraão que mandasse Agar e Ismael embora. Sara viveu 127 anos e morreu em Hebrom. Abraão chorou a morte de Sara e comprou a caverna de Macpela para sepultar a mulher. Durante três anos, Isaque não se deixou consolar. Um documento encontrado entre os Pergaminhos do Mar Morto, escrito séculos mais tarde, enfatiza, em detalhes, a beleza física de Sara. O apóstolo Pedro, por sua vez, tendo em mente a fidelidade de Sara em relação a seu marido e relevando os seus defeitos, escreveu que ela é modelo da beleza interior que caracteriza as mulheres dedicadas a Deus.
A história de Sara é narrada em Gênesis, caps. 12—23. Veja, também, 1Pe 3.3-6; Hb 11.11.
Gênesis oferece outro comentário sobre provação e a provisão de Deus.) > A t e r r a d e M o r i á (2) Abraão fez a sua oferta num dos montes sobre os quais Jerusalém se situa atualmente (possivelmente o próprio monte d o T e m p l o — veja 2 C r 3.1). O pequeno g r u p o d e pessoas levou três dias para fazer a viagem d e cerca de 80 km. • Família d e Naor (20-24) Esta rápida atualização d o outro ramo da família de Abraão serve para apresentar Rebeca, que será foco de atenção no cap. 24.
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Rebeca recebeu jóias d e o u r o e prata. Esla moça judia icmcniia que v i v e em Israel se a d o r n o u com um tradicional c o l a r de prata e uma tiara d e prata.
Gn 2 3 : U m t ú m u l o p a r a S a r a Abraão, estrangeiro na terra, não tinha direito a propriedade. Ele viveu sem receber "as coisas que Deus tinha p r o m e t i d o " ( H b 11.13) e teve que negociar até para ter u m local para enterrar sua esposa. Este capítulo c o 21 registram os primeiros direitos legais da família de Abraão cm Canaã. Os heteus que ocupavam a área de Hebrom devem ter sido imigrantes do reino hitita (fundado por volta de 1800 a.C., na região onde hoje fica a Turquia), que foram atraídos ao Sul pelo comércio. A negociação é descrita v i v i damente, conforme detalhes da lei hitita ( a menção das árvores, pesagem da prata pelos padrões da época e a proclamação na presença de testemunhas à porta da cidade). Túmulos familiares, geralmente cavernas ou escavações n a rocha, também eram comuns. Atualmente n o local tradicional d o túmulo em H e b r o m aparece uma mesquita, pois os muçulmanos têm Abraão em alta conta.
G n 25.1-11: O s ú l t i m o s d i a s de Abraão Os filhos d e Q u e t u r a são os ancestrais Gn 2 4 : R e b e c a de vários povos d o norte da Arábia. Todos Abraão j á era idoso. Isaque era solteiro. O foram sustentados p o r Abraão. Mas Isaque cumprimento d a promessa depende de uma c o n t i n u o u sendo o único h e r d e i r o de seu esposa e de filhos para Isaque: uma esposa pai, e, com a morte de Abraão, as posses e essencialmente escolhida por Deus, uma jovem promessas tornaram-se suas: Deus abençoou da família do povo de Deus. A história narrada Isaque. é uma das mais belas d o AT. Ela reflete o cos- • V . 11 Beer-Laai-Roi, no Neguebe, c o poço tume do casamento arranjado, tradicional no de Agar (16.14). Oriente. (Isaque é novamente colocado n u m papel passivo.) O servo fiel e a própria RebeG n 25.12-18: ca destacam-se na narrativa. Os presentes do O s d e s c e n d e n t e s servo no v. 53 selam o noivado. Nenhuma conde Ismael clusão podia ser mais adequada d o que esta: Essas tribos ocupaDeus, que guiou tão claramente esse casamen- vam o Sinai e a parte to em todas as suas etapas, coloca o seu selo noroeste da Arábia — sobre o casamento n o amor profundo de Isa"desde Havilá até Sur" que por esta jovem extraordinária. (v. 18).
Acordos importantes podiam s e r registrados p o r escrito desde os tempos amigos. O acordo entre A b r a ã o e os heteus d a região de H e b r o m poderia l e r sido registrado c m cuneiforme sobre u m a lalniiiiiia de argila semelhante a esta.
IflHflHBi
Pentateuco
atitude de Esaú: ele era "profano"; "por uma refeição vendeu seus direitos dc herança como filho mais velho"; "assim Esaú desprezou o seu direito de filho mais velho". • Abimeleque/filisteus (26.1) Veja 21.22-34.
G n 27—35
A história
H e b r o m , local
G n 25.19—26.35
d o tradicional
A história
túmulo dos patriarcas, fica n o alto, nos montes d a Judeia. A construção maior, sobre tuna caverna usadn como túmulo, data da época d e Herodes, c o m adições posteriores no período bizantino e n a época das Cruzadas.
de
Isaque
Mais uma vez a linhagem continua pela ação direta d e D e u s . Esaú e J a c ó nascem depois de vinte anos de espera. N u n c a houve gêmeos c o m personalidades tão diferentes. A história n o cap. 26 se assemelha a incidentes na vida dc Abraão, porém é distinta de relatos anteriores. A fome faz com que Isaque se retire d o Neguebe, mas ele vai para Gerar, ao Norte, e não para o Egito, no Sul. Ele adota com Rebeca o mesmo artifício que seu pai usara (mais verdadeiramente) com Sara: mas Rebeca não é tirada dele. Como a maioria de nós, Isaque vacila entre a fé e o medo, precisando sempre ser tranqüilizado por Deus: "Não tema, porque estou com você." Abimeleque propõe a paz com honra, mas na casa d o patriarca há motivo para amargura. A o casar-se com Judite, filha de um heteu, Esaú fez outra escolha errada. • O direito de primogenitura (25.31) Como filho mais velho, Esaú haveria de suceder Isaque como chefe da família e herdaria o dobro em relação a seu irmão Jacó. Quando vendeu seu direito de primogenitura, ele perdeu todo direito à herança e à bênção que a acompanhava. ( N o AI^ a bênção proferida pelo pai comunica prosperidade material a seu filho — as palavras têm poder. O N T acrescenta uma dimensão espiritual ao conceito de bênção.) A trama calculista de Jacó é descrita sem comentários — mas H b 12.16-17 censura a
de Jacó
G n 27: Jacó e Esaú N e n h u m personagem se saiu bem nesta história. O plano dc Isaque foi contra aquilo que Deus revelara antes d e os meninos nascerem (25.23). Esaú, ao concordar com o plano, não honrou sua palavra (25.33): a bênção acompanhava o direito de filho mais velho. Jacó e Rebeca, embora estivessem do lado do direito, não se referiram a Deus, mas trapacearam c mentiram para alcançar seus objetivos. Isaque confiou totalmente nos seus sentidos e todos eles falharam — até o paladar do qual tanto se orgulhava. Quando seus ouvidos revelaram a verdade ("a v o z é de Jacó"), não acreditou. A bênção foi de Jacó, como Deus sempre quis — mas por um alto preço. Esaú estava disposto a matar seu irmão. O relacionamento entre Isaque e Rebeca foi prejudicado. E Rebeca jamais tornou a ver seu filho predileto. Jacó, que gostava de ficar em casa, foi para o exílio. G n 28: O s o n h o A bênção de despedida que Isaque proferiu e q u e , desta v e z , f o i d a d a d e forma genuína reconheceu Jacó como real herdeiro da promessa d e Deus. J a c ó partiu e em Betei ("casa d e D e u s " ; 100 km ao norte de B e r s e b a ) , a o anoitecer, n u m momento de profunda solidão. Deus sc fez presente com ele. Deus repetiu a este homem pouco promissor a promessa feita a Abraão e Isaque, acrescentando u m a garantia pessoal: "Eu estarei c o m você e o p r o t e g e r e i . . . E farei com que v o c ê volte para esta t e r r a . " Mal acreditando, J a c ó respondeu com sua própria promessa. • V. 2 Padã-Arã ("planície de Arã") é a mesma região que Arã-Naaraim ('Ara dos rios"), a Mesopotâmia grega (atual leste da Síria — norte do Iraque). A terra natal de Rebeca ficava entre os rios Eufrates e Habur. Mais tarde encontramos os arameus estabelecidos mais ao sul, na Síria, e também na direção leste.
> O sonho (12-15) No Egito mitigo (veja Gn 4 0 - ^ 1 ) e na Babilônia dava-se muita importância aos sonhos. H á sonhos importantes no A T também —como é o caso deste. Mas não há necessidade de um interprete especial: Deus fala claramente. 0 significado vem com o sonho. A "escada" que aparece em algumas traduções era uma escadaria (será que as histórias do grande zigurate de U r foram transmitidas a Jacó?), com anjos subindo e descendo por ela (veja também J o 1.51). A "coluna" — não muito grande — consagrada com óleo foi posta de pé para celebrar a visão. Pedras ou montes de pedras geralmente eram usados desta maneira (veja 31.51-52). Gn 2 9 — 3 1 : J a c ó e n c o n t r a a l g u é m à sua a l t u r a Estes três capítulos abrangem os 20 anos do exílio de J a c ó : 14 anos de serviço para obter as duas esposas, e seis para que pudesse ter seus próprios rebanhos. N ã o foram anos muito alegres para Jacó, que encontrou no tio Labão alguém à sua altura em termos
de trapaça nos negócios. O logro no casamento de Jacó com Lia causou uma vida familiar intolerável. A esposa mal-amada esperava a cada novo filho ganhar a afeição do marido. Raquel, bela e amada, vivia amargurada por continuar estéril. E Jacó acabou por ser negociado entre as duas. (Posteriormente a lei impediria que o homem tomasse por mulher a cunhada, pois isso criaria inimizade entre as duas irmãs: Lv 18.18). • 29.18 Jacó ofereceu seus serviços em lugar do presente de casamento habitual. Labão aproveitou a oportunidade para explorar a generosidade da oferta. A escrava dada a sua filha (v. 24) pode ter sido parte do dote. • 29.28 Após a semana de festas, Raquel foi dada a Jacó, com a condição de que deveria trabalhar mais sete anos por ela. • 29.31 Por mais que Jacó tenha, talvez, desprezado Lia, Deus não a desprezou. Ela veio a ser a mãe de Levi (a linhagem dos sacerdotes) e de J u d á (a linhagem real). • 30.3 Isto reflete o mesmo costume que Sara seguiu (16.1-2). • 30.14 Acreditava-se que mandrágoras induziam
A o sair c o m a tarefa d c encontrar uma esposa para [saque, o servo d e A b r a ã o levou unia tropa d e d e z camelos. E
(
na viagem d e v o l t a , Rebeca veio montada
mim
camelo. N a época d e Salomão, os camelos haviam se t o r n a d o um dos principais meios d e transporre, tanto e m períodos d e p a z como c m tempos de guerra.
42
Pentateuco
Padã-Arà
A viagem dc Jacó: ida c v o l t a
P o r u m a p e d r a d c pé c o m o se fosse u m pilar e r a u m a m a n e i r a de " m a r c a r " u m acontecimento importante, c o m o , p o r e x e m p l o , o t r a t o entre J a c ó e Labão (31.45). A pedra q u e aparece n a foto encontra-se nas ruínas d a antiga S i q u e m .
Sumte Penuel IMaanaim
Belfl
,
Mula (Belém) Ht'hrom; (Júntale Albo
Esaú vindo dc Seit
a fertilidade. Por ironia, foi Lia quem ficou grávida outra vez. • 30.21 A história d o trágico estupro dc Diná é contada no cap. 34. • 30.37-43 Jacó acreditava que a observação dos galhos durante a gestação afetaria os cordeiros n o ventre. Na realidade ele devia seus rebanhos ao poder de Deus e à prática de cruzamento seletivo que o sonho revelou. • 31.14 Lia e Raquel tinham direito a parte da riqueza que seus presentes de casamento haviam trazido a Labão. • 31.19 Raquel agiu, segundo pensava, a favor d e Jacó. A posse dos ídolos d o lar poderia ajudá-lo a reivindicar a herança.
• 31.44 O pacto de não agressão feito por Labão c Jacó tem muitos paralelos contemporâneos. A refeição sela a aliança. Gn 32:Jacó luta com Deus Embora Esaú tivesse se estabelecido em Seir, no extremo sul, o encontro entre os dois irmãos era inevitável. A notícia de que Esaú se aproximava depressa, e com u m pequeno exército, aterrorizou Jacó. Mas desta vez ele planejou e orou. Sozinho e sem sono, Jacó v i u o conflito com Deus, que havia marcado toda a sua v i d a , culminar nessa estranha luta. Ele não foi nem o primeiro nem o último que, numa crise, primeiro lutou com Deus para depois se apegar a ele com fé renovada. Jacó saiu mancando d o confronto, mas era u m novo homem. O próximo altar que edificou não foi ao Deus de seus pais, mas a "Deus, o Deus ele Israel" (El Elohe Israel, 33.20). G n 33: O s reencontro dos irmãos As boas-vindas dc Esaú a o irmão que o enganara foram i n c r i v e l m e n t e efusivas e generosas. O presente de Jacó, e sua aceitação por parte de Esaú, selam a reconciliação. • V . 14 Jacó não tinha a intenção de ir a Seir, como fica claro no estágio seguinte da viagem. Mas ele não conseguiu dizer isso com franqueza.
Gênesis
143
Mulheres de fé Claire Powell
Durante séculos, a interpretação de Gênesis esteve relacionada com a vida dos grandes homens de fé, os pais ou patriarcas do povo de Israel. De uns tempos para cá, no entanto, houve uma redescoberta das histórias das mulheres de fé e de sua centralidade no desenvolvimento da história da salvação. Há mais histórias sobre homens, mas, no passado, as mulheres eram, muitas vezes, marginalizadas ou ignoradas, mesmo quando suas histórias apareciam no texto bíblico. Desse modo, o antigo preconceito cultural em relação às mulheres foi perpetuado. As experiências e oportunidades na vida das mulheres de hoje parecem bem diferentes daquelas que aparecem no Gênesis. É claro que a Bíblia nos vem eme por meio de uma cultura e uma história. Diante disso, é preciso verificar constantemente se as histórias dos patriarcas estão descrevendo a cultura daquele tempo, ou prescrevendo o que deveria ser um padrão cultural de nossos dias; se o AT está apresentando atitudes que pessoas daquele tempo tinham em relação ao papel das mulheres, ou se está defendendo abertamente sua adoção em todos os tempos e em todos os lugares. Sempre de novo aparecem, nas histórias dos patriarcas, indícios de que Deus tem um conceito mais elevado das mulheres do que transparece na maneira como elas eram tratadas pelos outros. Em Gn 16.5, por exemplo, Agar é maltratada por Abraão e Sara. Eles a tinham na conta de uma simples escrava, ao passo que o anjo do S E N H O R a chama pelo nome. A pesquisa bíblica mais recente tende a chamar a atenção para esses detalhes e procura descobrir, dentro dos próprios textos, um status mais eleva-
do para as mulheres. As experiências tanto de mulheres quanto de homens são vistas como modelos de fé para todo o povo de Deus. A aliança q u e Deus fez O relato da aliança que Deus estabeleceu (Gn 15—17) ocupa um lugar central na promessa de salvação, tanto para os descendentes de Abraão quanto, em termos de missão mundial, para todas as nações. Mas essa aliança não foi feita unicamente com Abraão. Ela foi feita também com Sara, que, a exemplo de Abraão, recebeu um novo nome e sem a qual Abraão não poderia ter tido Isaque, o filho da promessa (Is 51.2). O sinal dessa aliança era a circuncisão (dos homens).
'As experiências tanto de mulheres quanto de homens são vistas como modelos de fé..." Entretanto, embora não houvesse circuncisão para as mulheres, não há nenhum indício de que, devido a isso, elas deveriam ser consideradas, dentro da aliança, como membros de segunda categoria. E o NT enfatiza que a fé, e não a circuncisão, sempre foi a base bíblica para alguém ser aceito por Deus. O rito do batismo, no NT, insere os homens e as mulheres na igreja cristã. Mulheres que não podiam ter filhos No AT, uma grande família era considerada uma grande bênção de Deus. Mas, um padrão que se repete nas histórias das matriarcas Sara, Rebeca e Raquel é a decepção da falta de filhos (Gn 16.1-2; 25.21; 30.1,2).
Em muitas culturas, as mulheres são, injustamente, acusadas de serem as únicas culpadas por isso. As três matriarcas devem ter sofrido com esse estigma. Nos casos de Sara e Raquel, eram elas que não podiam conceber, ao passo que a situação de Rebeca e Isaque é um tanto ambígua. Entretanto, o texto deixa claro que é Deus quem dá ou retém o dom de filhos, mesmo que o marido ou a mulher não possa, tecnicamente, tê-los. Marginalização Segundo Gn 46.7,27, Jacó levou consigo para o Egito os filhos e netos, as filhas e netas, mas no cômputo final de setenta pessoas (é provável que esta cifra não seja literal, mas uma forma de expressar a totalidade) são incluídos especificamente os homens, com a possível exceção de duas mulheres: Diná e Sera. Se todas as mulheres tivessem sido contadas, a família de Jacó teria sido muito mais numerosa do que aquelas setenta pessoas, mas, nas culturas do antigo Oriente Próximo, as mulheres não contavam, literalmente. Isso nos diz algo sobre o silêncio a que foram reduzidas as mulheres e sua condição de marginalizadas na cultura dos tempos bíblicos, mas não significa que é assim que elas deveriam ser tratadas.
Jacó David Barton
Jacó era filho de Isaque e Rebeca, neto de Abraão. Mas, se Abraão era o fiel servo de Deus, sempre disposto a obedecer, independentemente do preço a ser pago, Jacó não era farinha do mesmo saco. A história do nascimento já sinaliza o que ele viria a ser. Rebeca teve gêmeos, e ele foi o segundo a nascer. Os dois devem ter "lutado" muito durante a gestação, e Jacó saiu da barriga da mãe segurando o calcanhar do primogênito Esaú. O homem d o contra Esperto e sempre disposto a levar vantagem pessoal, Jacó parece ser, desde o início, o típico homem do contra. Num primeiro momento, conseguiu fazer com que o faminto e exausto Esaú abrisse mão do direito de primogenitura em troca de um prato de comida. Se Esaú era caçador e homem de ação, Jacó era calmo e introspectivo, preferindo o ambiente caseiro do acampamento familiar. Isaque tinha predileção por Esaú, o primogênito, mas Jacó era o favorito de sua mãe, a hábil e manipuladora Rebeca. Foi a prontidão e vigilância de Rebeca que permitiu a Jacó sair em vantagem. Jacó ficou rico. c u i d a n d o b e m d o s rebanhos d e seu sogro.
Idoso e cego, vendo que a vida lhe chegava ao fim, Isaque pediu a Esaú que lhe preparasse sua comida predileta, como prelúdio para a bênção que daria ao filho o direito à herança da família. Rebeca escutou 0 que Isaque disse a Esaú e elaborou o plano de cobrir as mãos e o pescoço de Jacó com pele de cabrito, para que ele se parecesse com Esaú e também para vencer a resistência de Jacó, que temia ser amaldiçoado pelo pai. Aquele era um momento crucial. Uma vez proferida, a bênção não poderia ser revogada, pouco importando os protestos de Esaú. Assim, Jacó passou a fazer parte da linhagem de Abraão e Isaque, a linhagem que recebeu a promessa de vir a ser uma grande nação (sendo que tudo isso já estava implícito nas palavras que Deus havia dito a Rebeca em Gn 25.23).
Labão, Jacó teve de trabalhar sete anos para pode casar com ela. Mas, na hora H, o astuto Labão entregou Lia, a filha mais velha, para só então oferecer a Jacó a filha mais moça, que se chamava Raquel. Ao todo, Jacó trabalhou 14 anos para o tio Labão. Mas aqueles não foram anos perdidos. Jacó acumulou riquezas e conhecimento, igualandose ao próprio Labão. A história das ovelhas e das cabras (Gn 30.25-43) dá a entender que Jacó entendia o processo de procriação de animais de uma maneira que escapava a seu tio. E Jacó se valeu desse conhecimento para tirar uma grande vantagem. Nessa mesma época a família de Jacó aumentou. As constantes desavenças entre Raquel e Lia, juntamente com a preferência de Jacó por Raquel, prepararam o terreno para uma disputa familiar que, mais tarde, acabaria trazendo problemas para José.
Novas áreas a explorar Jacó, muito perspicaz, concluiu que era uma boa idéia ficar tão longe quanto possível de seu irmão furioso, e, assim, mudou-se para a casa de um tio, o irmão de Rebeca, que vivia em Harã. Labão era bem diferente do sereno Isaque e do infeliz Esaú; nele Jacó encontrou alguém à sua altura. Apaixonado pela filha mais moça de
Não obstante, o fato de ter tantos filhos, aliado a seu sucesso como pastor de ovelhas, fez de Jacó alguém que merecia respeito. Não é de surpreender, portanto, que Labão passe a tratar o sobrinho e ex-dependente com frieza. E Jacó, aproveitando a ausência temporária de Labão, tratou de fugir, de volta ã terra de Canaã. Labão estava furioso. Mas o fato de,
no final, fazerem um acordo no sentido de cada um respeitar o território do outro mostra claramente o novo status que Jacó havia alcançado: ele era, agota, um homem independente, com razoável quantia de bens. A virada É nesse momento que começa a aparecer o outro lado de Jacó, a saber, o seu relacionamento com Deus. Anteriormente, quando fugia do irado Esaú, Jacó havia tido um sonho fantástico em que aparecia uma escada cujo topo atingia o céu (Gn 28.10-22). (Mais tarde Jesus faria referência a essa visão, Jo 1.51.) Ele marcou o lugar e lhe deu um nome, pois aquele era um ponto de encontro entre Deus e a humanidade. Mas, por mais que um senso de destino tenha influenciado seu modo de agir em Harã, parece que as implicações morais daquela visão tiveram pouco efeito sobre ele. Agora, em sua viagem de volta à terra natal, onde possivelmente teria de encarar a fúria de seu irmão, Jacó teve seu caminho literalmente barrado pelo mistério de Deus. Jacó havia feito o possível para tentar impressionar Esaú com as riquezas que havia acumulado e, se necessário, negociar um acordo de paz. Na noite que antecedia o encontro, ao transpor o vau do Jaboque, Jacó se deparou com um estranho. Aquela luta, que durou a noite toda, deu início a uma nova etapa na vida de Jacó. Aquele era, com certeza, o velho e astuto Jacó, que, vendo-se em desvantagem diante de um opositor tão poderoso, pediu-lhe, antes de tudo, não o nome, como seria de esperar, mas a sua bênção. Só então ele o deixaria ir. Mas quando o misterioso estranho o havia abençoado (sem revelar seu nome), Jacó percebeu que mancava, ao afastar-se do ribeiro na hora do amanhecer. Ele saía ferido daquele encontro. Vemo-lo enfraquecido, com uma fraqueza nunca antes vista. Ao mesmo tempo, porém, Jacó era maior do que havia sido até então, pois agora ele tinha um novo nome, Israel, porque
HHHHHHH
U m m o m e n t o decisivo na v i d a de J a c ó Foi o d a q u e l a noite e m que l u t o u c o m um estranho misterioso n o vau d o rio .laboque, retratado acima.
ele havia "lutado com Deus e com os homens" e saído com a vitória. Dessa vez Jacó ficou admirado: "Eu vi Deus face a face, e ainda estou vivo".
resse próprio e a ambição pessoal. Jacó tem o seu lado bom. Ele amava Raquel com amor sincero, e sua tristeza diante da suposta morte de José foi profunda. Mas ao longo de sua vida ele procurou levar vantagem em tudo, disposto, inclusive, a pisar os outros para alcançar seus objetivos. No entanto, e isto está implícito na história, Deus nos toma assim como somos. Até mesmo um ardiloso trapaceiro como Jacó tem seu lugar no estabelecimento da vontade de Deus e pode, no final, ser transformado por um encontro com o mistério de Deus.
De volta ao lar O encontro com Esaú foi tranqüilo. Também este havia prosperado. Os dois se abraçaram, mais por respeito do que por afeição, e acabariam por se separar, partindo em direções opostas. Jacó comprou terras em Siquém, onde construiu um altar para El, o Deus de Israel. Depois, ele se mudou para Betei, onde havia tido aquele primeiro sonho, nem sempre devidamente lembrado. E ali a sua condição de patriarca foi definitivamente estabelecida através de nova manifestação de Deus. As promessas feitas anteriormente a Abraão e Isaque foram, agora, confirmadas para ele também. Nesse ponto a história de Jacó se dissolve, por assim dizer, na história de seus filhos, acima de tudo na história de José, seu filho predileto, nascido da amada Raquel, e que teria todo aquele sucesso no Egito. Mas Deus lhe apareceu mais uma vez, quando estava de mudança para o Egito (Gn 46.3-4), assegurando-lhe que a promessa continuava de pé, para ele e as gerações subseqüentes. Deus agindo Este é, talvez, o motivo condutor de toda essa narrativa: Deus realiza os seus propósitos, não apenas por meio da extraordinária fidelidade de Abraão, mas também através de coisas mais suspeitas como o inte-
A história de Jacó se inicia em Gn 25, e eleé o personagem principal da narrativa até o final do cap. 35. Gn 50 registra a sua morte. MOMENTOS MARCANTES A promessa — Gn 25.22,23 A primogenitura — Gn 25.29-34 A bênção — Gn 27 O sonho - - Gn 28.12-22 O casamento — Gn 29—30 O encontro com Deus — Gn 32.22-32
Pentateuco
G n 34: E s t u p r o e v i n g a n ç a Diná foi violentada por Siquém, levando a um crime ainda mais grave, de assassinato, cometido pelos irmãos de Diná. A história apresenta Diná em silêncio e sem poder algum, enquanto um registro ocidental moderno teria enfatizado a vítima e seus sentimentos. Mas a questão que interessa ao autor/editor, neste caso, é a sobrevivência tribal e nacional. A terrível vingança perpetrada pelos irmãos de Diná, em resposta ao insulto sofrido pela irmã, mostra a necessidade da lei que limita a vingança ("olho por olho" — e nada mais). Será que o povo dc Hamor aceitou os termos propostos por ganância (v. 23)? O u não suspeitaram dc nada porque o rito de circuncisão estava ligado à preparação para o casamento? O relato em G n 49.5-7 procura compensar a ausência de qualquer comentário de ordem moral a respeito de Simcão e Levi neste caso. Sua conduta foi errada e isto não foi esquecido. • V . 30 Se Jacó queria conciliação, por que não fez nada (v. 5)? Mais uma vez o autor conta os "podres", sem tentar encobrir as falhas dos antepassados da nação. Eram todos pecadores. G n 35: R e t o r n o a Betei Quando Jacó retorna ao lugar da promessa de Deus, esta seção da narrativa chega ao seu final. Este capítulo é uma conclusão, antes do início da história de José. Deuses estrangeiros foram eliminados. Deus reafirmou sua aliança. Raquel morreu perto de Belém (Errata), ao dar à luz a Benjamim, o último dos 12 filhos de Jacó. A cortina se fecha sobre os dois irmãos, Esaú c Jacó, quando eles enterram seu pai idoso, Isaque, no túmulo da família (veja cap. 23).
Gn36
A linhagem
de
Esaú
Mais uma vez, antes de começar u m novo capítulo da história, o autor oferece urna atualização do outro ramo da família. Esaú/Edom, o Vermelho (por causa do caldo vermelho pelo qual trocou seu direito de p r i m o g e n i t u r a ) , deu seu nome à terra de Seir que tomara dos horeus (20-30). • Edom (8) O território de Esaú fica a leste do mar Morto, com o vale de Arabá estendendose ao golfo de Acaba e a região montanhosa de ambos os lados. A estrada real, importante
rota comercial, passava pelo planalto oriental. Posteriormente houve inimizade entre Edom e Israel. • Elifaz e Temã (11) Compare J ó 4.1. Seria Edom o contexto o u ambiente em que se passa a história de J ó ? • V . 31 Esta passagem parece ter sido escrita na época dos reis de Israel. x
G n 37—50
A história
de
José
G n 37: D e filho predileto a escravo Aqui começa a parte final de Gênesis, centrada em José. Esta é a última das histórias de família. Nos livros de Êxodo a Dcuteronômio vai aparecer a história de uma nação. • A túnica especial (3) Q u e r ela fosse de mangas longas ( c , portanto, para lazer, não para trabalho) quer multicolorida (como as pinturas egípcias de vestes asiáticas), os irmãos de José a viram como sinal dc que Jacó pretendia tornar José seu herdeiro (veja 48.21-22; 49.22-26). • Siquém (12) Será que Jacó estava preocupado com o bem-estar dos seus filhos que se encontravam na região onde Diná havia sido estuprada c os irmãos dela haviam vingado a honra da irmã (cap. 34)? • V. 21 Ruben, o mais velho — que teria mais a perder, caso seu pai decidisse fazer dc José o herdeiro — não está a favor da violência, assumindo responsabilidade por seu irmão mais novo. • V . 24 A "cisterna" era uma espécie de poço seco. • Caravana de ismaelitas/midianitas (25,28) Esses dois grupos de habitantes do deserto descendiam de Abraão. Alguns consideram o uso dos dois nomes um indício de fontes diferentes usadas pelo editor. Mas o uso de nomes alternativos é uma característica da literatura do Oriente Próximo e os nomes aqui são permutáveis (compare os vs. 28 e 36; Jz 8.24). O "bálsamo" de Gileade (área a leste do Jordão e norte do Jaboque) era famoso e o comércio de especiarias era importante desde a antiguidade. As especiarias tinham muitas utilidades — na preparação de alimentos e na manufatura de incenso e cosméticos. A rota comercial que ia de Damasco até a costa passava por Dotã.
Gênesis
• V . 26 J u d á , d e cuja linhagem vieram os reis de Israel, procedeu mal nesta situação e no capítulo seguinte. Mas nos caps. 43—44 apareceu de modo mais favorável. E e m 49.8-12 Judá recebe a bênção de seu pai. • V . 28 A Bíblia de Jerusalém e outras traduções entendem que "eles" (que aparece no texto hebraico) são os midianitas. Mas conforme o v. 27 c G n 45.4 é mais provável que as outras versões estejam corretas: José foi vendido por seus irmãos. Gn
38: L i n h a g e m d e J u d á Esta história extraordinária provavelmente foi incluída porque ela forma parte da genealogia da futura casa real, da qual o próprio Messias descenderia ( M t 1.3; Lc 3.33; e também a história de Rute). Ao colocá-la aqui, o escritor estabelece um contraste mais acentuado com o comportamento de José no cap. 39.
ßctsi'lw. uni oásis na extremidade d o deserto do Negue be, aparece c o m freqüência nas histórias d e Gênesis. A q u i . legumes são vendidos n u m m e r c a d o b e d u i n o d e B c r s c b a .
Tera
I Agar KOfKlbülál
lea
Noar ( T ) Sara CD Abraão
Abraão, Isaque, Jacó e a s 12 t r i b o s d e I s r a e l
Betuel
Ismael
Labão Isaque ( Q R e b e c a Esaú Jacó (D Lia
Raquel
:JÜ!jL;
I Ruben Simeão Levi Judá Issacar Zebulom Diná
Zilpa InmubiM'
Dã Naftali Gade Aser José (T)Asenate Benjamim Efraim Manasses
14-
-148
Pentateuco
Se um homem morresse sem filhos, seu irmão linha a obrigação de gerar herdeiros para ele, casando-se com a viúva (a lei do levirato, Dt 25.5, de Levir= cunhado). A ação (e o castigo) de O n ã não tem nada a ver com controle de natalidade ou masturbação, mas tem tudo a ver com suscitar o u não herdeiros segundo a lei do levirato. • V. 14 O véu com que Tamar cobriu o rosto fez com que ela parecesse uma prostituta (casada) que servia num templo dos cananeus. As festas estavam ligadas a rituais de fertilidade na religião de povos que moravam em Canaã — e, através de seu casamento, Judá envolveu-se com tudo isso. • Perez (29) Foi de sua linhagem que veio Davi c, mais tarde, o próprio Cristo. G n 39: J o s é : s u c e s s o e d e s g r a ç a O relato sobre a vida de José no Egito que aparece nos caps. 39—50 encaixa-se perfeitamente no contexto do Egito sob os Faraós hiesos, que eram semitas. Eles reinaram de cerca de 1710 a 1570 a . C , tendo sua capital (Avaris) na parte oriental do delta do Nilo. Gosém também se encontrava nessa mesma região. Esta história de sedução, recusa e difamação, foi comparada com uma obra egípcia intitulada (.Vwtfos dos üois Irmãos, que começa de forma semelhante. Mas a mágica e o milagre que aparecem nesse conto são nitidamente diferentes da história de José e não há motiv o real para ligar as duas obras. O importante aqui é que José manteve a fé em Deus c, mais importante ainda, Deus se manteve leal a José, no sucesso e na desgraça. G n 40: O s s o n h o s dos prisioneiros Nesta época, no Egito, dava-se muita importância aos sonhos. Intérpretes profissionais tinham manuais que descreviam sonhos c seus significados. Mas o copeiro de Faraó e seu padeiro não tinham a quem recorrer. " E Deus quem dá à gente a capacidade de explicar os sonhos", disse José. E Deus revelou o significado. • V . 17 A língua egípcia tinha nomes para 38 tipos de bolos e 57 tipos de pão. G n 41: D a p r i s ã o a o p a l á c i o Dois anos depois o próprio Faraó teve um sonho que seus mágicos e sábios não conseguiram decifrar, apesar de todo seu treinamento e ioda uma biblioteca de livros de referência.
Q u a n d o o copeiro finalmente se lembrou de José, ele não só mostrou que podia explicar a mensagem de Deus como ofereceu um plano definido de ação. "Isso não depende de mim. É Deus quem vai dar uma resposta..." disse José. E Earaó elogiou esle homem "em quem está o Espírito de Deus" (v. 38). • V . 14 A tradição egípcia exigia que José fizesse a barba e colocasse roupa de linho antes de se apresentar na corte. • Vs. 40-43 A investidura de José seguiu a tradição egípcia: o anel (símbolo de sua autoridade), roupas de linho fino (vestimenta da corte) e um colar de ouro em recompensa pelos seus serviços. Cavalos e carros haviam ajudado os Faraós hiesos a conquistar a supremacia no Egito. Após 13 anos na condição de escravo, José tornou-se governador de todo Egito, subordinado apenas ao Faraó. • V.45 O m , que equivale a lleliópolis, ficava 15 km a nordeste do Cairo, era o centro da adoração egípcia ao sol. • V. 46 José tinha 17 anos quando a história começou (37.2), c mais nove anos se passariam até a família ser reunida outra v e z . • Vs. 51-52 "Manasses" e "Efraim" são nomes hebraicos. • V. 54 Períodos de intensa fome eram comuns no F.gilo. Mas era raro que houvesse fome no Egito e na Palestina simultaneamente. G n 42—45: A fome propicia a reunião da família Estes capítulos apresentam um relato comovente do encontro de Jose com seus irmãos, da prova à qual ele os submete, e, ao final, da reunião de José com todos eles. Por trás de sua aparente rispidez, José escondia uma disposição de perdoar de forma total c generosa o mal que tinham feito contra ele, c uma profunda compreensão da forma como Deus guia a vida das pessoas (45.5-8). José era certamente um homem bastante sensível, capaz de chorar de tristeza e de alegria. Diante de cada novo desafio que aparece em seu caminho, os irmãos mostraram uma genuína mudança de atitude com relação ao passado. Vinte anos não conseguiram apagar seu sentimento de culpa (42.21-22). Eles não fariam com Benjamim, que agora era o filho predileto de Jacó, o mesmo que haviam feito com José. • 42.37/43.3 Judá tem sucesso onde Ruben fracassou. Ele agora assume a liderança.
Gênesis
José David Barton
José era filho de Jacó e Raquel, que era o primeiro amor de Jacó. Ele nasceu após longos anos de espera e depois do nascimento de dez meios-irmãos. Quando José nasceu, Raquel expressou o desejo de ter outro filho. O pedido foi atendido, mas o nascimento de Benjamim acabaria lhe custando a vida. Isto criou um profundo vínculo entre José e Benjamim e fez com que ele fosse especialmente amado pelo pai. Como sinal de apreço, Jacó deu ao filho uma túnica longa, de mangas compridas. 0sonhador José era um sonhador, e os dois sonhos sobre a sua própria importância, registrados em Gn 37.5-11, são a chave para compreensão da vida
dele. Com 17 anos de idade, filho de obscuro pastor de ovelhas, ele tem uma sensação interior do poderoso destino que lhe estava reservado. O pai ficou pensando no caso, mas nos irmãos isso só conseguiu despertar ódio por alguém que era tão diferente deles. Naquelas circunstâncias, era, com certeza, um ato de ingenuidade ou da mais pura cegueira da parte de Jacó mandar que José fosse verificar como estavam seus irmãos, que estavam apascentando os rebanhos nas colinas distantes dali. Segundo uma tradição rabinica, o homem que encontrou José (37.15) era um anjo que o guardava. Seja como for, ao verem o irmão sozinho, lá longe, os irmãos entenderam que aquela era a hora da vingança:
o quanto valia um jovem escravo, robusto e bem articulado. Potifar, o oficial egípcio a quem ele foi vendido, era um homem próspero, chefe de uma grande casa, e José soube aproveitar a oportunidade que isso propiciava para chegar à realização de seus sonhos. Não demorou muito e ele passou a administrar tudo que Potifar tinha, tendo acima dele apenas o próprio Potifar.
O prisioneiro Mas sua carreira foi interrompida bruscamente pela intervenção da mulher de Potifar. O relacionamento entre os dois, naquela tentativa de sedução por parte da mulher, é descrito de forma bem plástica, por mais que exista uma ponta de arrogância na maneira como José se esquiva dela (Gn 39.7-20). Será que se tratava da mesma atitude esnobe que havia deiO escravo A idéia inicial era matá-lo, mas xado tão furiosos os seus irmãos? De Ruben (o mais velho) não o permitiu. qualquer modo, José aprendeu que José acabou ficando sem a túnica, foi um escravo não tem direitos, nem mesmo o direito de resposta, e foi jogado num poço, e, no final, vendido como escravo a uma caravana de lançado na prisão. mercadores. A aflição de José só será Ele se volta outra vez aos recursos mencionada mais tarde (Gn 42.21), que havia em seu interior. " O S E N H O R mas podemos imaginar o que se pasestava com ele", diz o narrador, e sava no íntimo desse jovem que tinha essa força interior impressionou o uma clara compreensão do que viria chefe dos carcereiros. A pedido de a ser no futuro e que, de repente, foi dois dos antigos servidores do Faraó, jogado num poço escuro onde, apaJosé foi, outra vez, levado ao mundo rentemente, ficaria até morrer. dos sonhos. A interpretação que ele deu aos sonhos foi precisa: um serviEntrementes, a Jacó foi noticiado que seu filho era morto, o que dor seria morto, o outro, reabilitado. E assim aconteceu. José ficou todo trouxe grande tristeza ao patriarca esperançoso, mas ainda não seria (Gn 37.31-36). desta vez que ele sairia da prisão. Canaã ficava na rota de comércio entre as nações ao Norte e a Oeste, e No gozo de sua própria liberdade, o volúvel chefe dos copeiros esqueceu com o Egito, que fica ao Sul. Os mercadores que compraram José sabiam completamente de José. Ele acabaria saindo da prisão da C o m o g o v e r n a d o r d o rei n o E g i t o , José teria se forma mais dramática que se poderia vestido c o m o o oficial e g í p c i o retratado nesta imaginar. O Faraó teve vários sonhos, estatueta. Ria data d o p e r í o d o e m q u e Israel estava n o E g i t o . e ninguém conseguia interpretá-los.
Foi então que, finalmente, o chefe dos copeiros lembrou. José foi levado da prisão à sala do trono. Ali, não apenas interpretou o sonho, mas disse ao Faraó o que deveria ser feito à luz do mesmo (Gn 41.1-36). Uma atuação impressionante! Braço direito d o Faraó O resultado de tudo isso foi que José se tornou um homem livre e ficou encarregado de fazer frente à fome prenunciada pelo pesadelo do Faraó. Nem sempre um sonhador é também uma pessoa de ação. Mas José agrega à sua notável percepção da realidade medidas práticas de armazenamento de cereais durante os anos de fartura. Assim, quando chegaram os anos de escassez, havia alimentos para sobreviver. José estava no auge do poder. Casou com a filha de um sacerdote, e o Faraó delegou a ele a responsabilidade de administrar a distribuição dos cereais armazenados. A fome foi severa e longa. Afetou não apenas o Egito, mas também as regiões vizinhas. Não demorou muito e mercadores famintos, vindos de longe, foram bater à porta do palácio de José. Entre eles, os irmãos do próprio. Equilibrando a balança As ironias se multiplicam, à medida que a história se desenrola. José reconheceu seus irmãos, mas estes viram nele apenas um homem poderoso a quem eles vieram pedir ajuda. José foi ríspido com eles, acusando-os de espionagem. Depois de certificar-se de que Jacó e Benjamim estavam bem, exigiu a presença do irmão mais moço como prova da inocência deles. Os irmãos, por sua vez, lembraram o que haviam feito com José, e interpretaram aquela situação como castigo pela sua maldade. Desta vez Simeáo ficou preso, enquanto os outros voltaram a Canaã, para buscar Benjamim.
Ao ver o querido irmão Benjamim, José se retirou para chorar, de tão emocionado que ficou. Mas ele tinha mais uma surpresa para eles. Ao fazer a distribuição dos mantimentos, José pediu que seu copo de prata fosse colocado na boca do saco de mantimentos de Benjamim. O administrador de José foi atrás deles, quando já estavam a caminho de Canaã, e o impasse estava criado. Podia ser um truque
O moral da história A história de José é diferente das histórias anteriores, no Gênesis. Diferentemente das histórias de Abraão. Isaque e Jacó, trata-se de uma narra tiva contínua. Nas histórias anteriores, Deus se revela a cada um dos patriarcas, mas José é simplesmente alguém que tem sonhos. Deus é sempre o Deus de Abraão, Isaque e Jacó. Apesar de sua fama e importância, José nunca foi acrescentado à lista. Mas com José tem início uma nova compreensão da maneira como Deus lida com as pessoas, e esta compreensão passará a ter maior importância nos capítulos seguintes da história que a Bíblia conta. José era um homem vulnerável. Ele foi rejeitado. Porém foi através dele que Deus trouxe salvação, não somente para o seu povo, mas para outros povos também. O ponto alto da história de José é a cena do perdão. E esses são temas que reaparecem no livro de Jó, na segunda metade de Isaías, e, acima de tudo, no ministério de Cristo.
O s sonhos eram considerados altamente significativos n o E g i t o a n t i g o . A c i m a aparece u m a porte d e u m " m a n u a l d e s o n h o s " das egípcios, p r o v a v e l m e n t e c o m p o s t o na é p o c a d e J o s é . S o n h o s bons e r u i n s são listados e m colunas, c o m suas a-spectívas interpretações.
bem óbvio, mas os irmãos sabiam agora que estavam totalmente à mercê daquele senhor egípcio. José só se deu por satisfeito, vendo que a balança da justiça estava equilibrada, quando Judá se ofereceu para ficar em lugar de Benjamim. Seus sonhos se tornaram realidade. Agora ele podia dizer quem era e dar-lhes o seu perdão. Assim, houve reconciliação na família. Jacó, já avançado em dias, foi trazido de Canaã ao Egito. Ali, pôde reencontrar seu filho, agora poderoso, e acabou fixando residência, em terras que lhe foram entregues pelo Faraó e protegido por José contra as agruras dos restantes anos de fome.
A história de José é narrada em Gn 37—50. MOMENTOS MARCANTES Nascimento — Gn 30.22-24 A túnica, os sonhos e a traição dos irmãos — Gn 37 Escravo de Potifar — Gn 39 Na prisão — os sonhos do padeiro e do copeiro — Gn 40 O sonho do Faraó e o novo status de José — Gn 41 Os irmãos: provações e reencontro — Gn 42—45
• 43.32 Os egípcios provavelmente acreditavam que a presença de estranhos à mesa contaminaria a comida. Por esta mesma razão, posteriormente os judeus passariam a não comer com não-judeus. » 44.2,5 Jose pode ter usado seu copo de prata para fazer adivinhações (interpretando eventos conforme o movimento das gotas de óleo sobre a água), como algumas versões sugerem. Outra possibilidade é que o administrador estava dizendo que era impossível não ser descoberto por esse mestre sábio e poderoso que se chamava José. t 45.5,8 " N ã o foram vocês... mas foi Deus". Não havia ressentimento no coração de José: ludo que havia acontecido fora parte do plano providencial de Deus. A escravidão que ele sofrera serviu para salvar vidas. I 45.10 Em tempos de fome, os nômades da Palestina tinham permissão de levar seus rebanhos para as pastagens que ficavam na parte oriental do delta do Nilo.
G n 46—47: Descendo ao Egito O povo de Israel, a casa de Jacó, partiu para o Egito com a promessa tranquilizadora de Deus de que os acompanharia e os traria de volta — como nação. • 46.34 A aversão dos egípcios pelos pastores nômades provavelmente não difere muito do sentimento que muitas pessoas de residência fixa ou sedentária têm em relação aos ciganos errantes. Neste caso, a antipatia teve um efeito benéfico, na medida em que manteve a família como unidade isolada. Caso contrário, a identidade do grupo poderia ser rapidamente perdida. • 47.16-19 Graças à política econômica de José, o Faraó se tornou dono da terra e o povo tornouse seu arrendatário. Apenas os sacerdotes mantiveram suas propriedades.
Josó ordenou n pesagem e estoeugein de grãos n o r.j-ilo. lista pintura do T ú m u l o d e M e n n a , a oeste de
TeD M ,
que
data de 1400 a.C. aproximadamente. mostra alguns
G n 48—49: A bênção de Jacó Mais uma vez um ciclo se completa: desde a bênção que Jacó recebe de seu pai cego até
oficiais pesando grãos para o pagamento d e impostos.
152
Pentateuco
José e sua família vão ao Egito
Jose p vendido aos midianitas em Dota e l e v a d o ao Egilo para ser vendido como
Heliópolis (OmJ
• i'Ménfis
EGITO
Q u a n d o a família de J o s e se m u d o u para o
fcgiio,
a cena d e v e ter sido semelhante à que aparece na pintura a o lado e q u e mostra u m g r u p o d e visitantes d o sul d e C a n a ã , d u m período anterior a o de J o s e , sendo apresentado a corte egípcia. U m nobre o r d e n o u que essa cena fosse pintada na parede de seu túmulo, em Beni-Hasã.
Jacó e seus filhos vão ter com José n o Egito para fugir da fome
o momento em que ele próprio abençoa os I filhos de José (acontecimento descrito em Hbl 11.21 como ato de fé). Sem maior dificuldade. I as mãos de Jacó se cruzaram para expressar I que a bênção de Deus recaía sobre o filho mais l novo, em acentuado contraste com a história [ de Jacó e Esaú no cap. 27. Efraim c Manas-1 sés foram considerados filhos do próprio Jacó, I fazendo com que Jose desfrutasse de ume herança dupla. A benção proferida por Jacó se dirige a um l futuro distante, quando os descendentes des-1 tes doze ocupariam a terra prometida. Paraos i territórios, veja Josué caps. 13—22 e mapa. I • 49.4 O ultraje registrado em 35.22 custou a Ruben seu direito de filho mais velho. • 49.5-7 Fica claro que Jacó pronuncia juízo i sobre a conduta de Slmeão e Levi cm Siquém j (34.13-31). As duas tribos seriam espalhadas [ (mas a de Levi como sacerdotes da nação). • 49.10 üe Judá veio a linhagem real dc Israel e também o Messias. • 49.13 Embora próximo o suficiente do mar com a possibilidade de explorar o comércio marítimo, o território de Zebulom não chegava, de fato, até o litoral. • 49.19 Tais ataques são registrados na Pedra Moabita do nono século a.C.
Gn 5 0 : O f i m d e u m a e r a José c o n s e g u i u , finalmente, retornar a Canaã, mas apenas para enterrar seu pai no :úmulo da família em H e b r o m — ainda sua única propriedade na terra prometida. A seqüência de quadros pintados no Gênesis, começando com as vigorosas pinceladas que retratam a criação e a vida exuberante no Eden, continuando com a queda, a promessa e o surgimento de uma nova nação em Canaã, termina com a morte de José no Egito. Porém ainda há mais a contar. "Deus virá ajudá-los e os levará deste país para a terra que ele jurou dar", disse José, cheio de confiança e esperança ate o final. > Vs.2-3 Era normal recorreraembalsamadores profissionais, mas talvez José quisesse evitar comprometimentos religiosos. Dois séculos nais tarde, um embalsamamento levaria, de modo geral, 70 dias. O luto guardado por Jacó (oi apenas dois dias mais breve do que o tempo de luto observado quando morria um Faraó.
J o s é teve ( l i m i t o a um funeral reservado p a r a egípcios importantes o u famosos. N a religião egípcia, esse ritual incluía detalhados preparativos p a r a a v i d a depois d a morte. O modelo de b a r c o funeral q u e aparece na foro acima foi e n c o n t r a d o n u m t ú m u l o egípcio.
• V . 22 José viveu 110 anos, que era o ideal egípcio de longevidade, um sinal da bênção de Deus. Seu último pedido resume a fé que ele teve ao longo de toda a vida (v. 25). • V . 26 O caixão normalmente era feito de madeira, trazendo uma cabeça pintada.
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Pentateuco
Egito K. A. Kitchen
Assim como a história da Suméria e da Babilônia, também a história do Egito é muito rica e se estende ao longo de 30 séculos. Tudo começou por volta de 3000 a.C, quando o vale e o delta foram unidos sob o governo de um só rei. Os hieróglifos, um sistema de escrita feito, em parte, de ideogramas, mal haviam sido inventados. A longa série de reis ou "Faraós" compreende 30 famílias reais ou dinastias. Mas é mais fácil dividir o período que vai de 3000 a 300 a.C. em sete etapas ou eras: a inicial (era arcaica); três eras de grandeza (Reino Antigo, Reino Médio, e Reino Novo), separadas pelo primeiro e segundo períodos intermediários de dissensão; e o período final, que trouxe a derradeira decadência. (Veja o diagrama) Em tempos mais recentes, foram feitas tentativas de diminuir essas datas em até 300 anos (identificando o Faraó Ramsés II com o Sisaque do relato bíblico, e assim por diante), mas a evidência mais ampla que nos vem do Egito e da Mesopotâmia confirma a datação tradicional. Durante a maior parte da história egípcia, a verdadeira capital ficava na junção entre o vale e o delta, geralmente em Mênfis. No Reino Novo, a cidade de Tebas, uns 500 km mais para o Sul, veio a ser a capital meridional. Ela seria por muito tempo um importante centro religioso, como a cidade do deus Amun. No período final, Mênfis teve que dividir a condição de capital com várias cidades localizadas no delta. Durante toda essa história, o pivô da sociedade era o Faraó, na condição de intermediário entre os deuses e os homens. Os deuses eram, muitas vezes, a corporificação de forças da natureza ou de suas manifestações (o sol, a lua), quando
não de certos conceitos (como uma ordem justa, etc). Nos grandes templos era realizado o culto oficial (o ritual diário das oferendas), ao qual tinham acesso unicamente o Faraó, o sacerdote e altos dignitários. Somente por ocasião das espetaculares procissões festivas é que o povo em geral podia honrar os grandes deuses, cuja bênção sobre o Egito se implorava através dos ritos nos templos. As pessoas simples adoravam deuses domésticos, em santuários menores, e em "oratórios" colocados na entra-
N o caso d e j ó i a s d o E g i l o a m i g o , u m a das peças preferidas e r a m o s colares, c o m o esre d e faiança azul.
0 território do Egito 0 verdadeiro Egito não é aquele quadrado vazio que aparece nos mapas modernos. É, isto sim, o vale estreito que se estende ao longo de mais de 900 km, iniciando em Assuã e terminando na região do delta, onde orioNilo deságua no mar Mediterrâneo. No mapa, o delta e o vale formam uma figura semelhante à flor de lótus na extremidade de um caule curvado, sendo que o pequeno "broto" é a província do lago de Faium.
EGITO
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SINAI
0 que mantém o Egito vivo é a enchente anual do Nilo. Antes da construção das barragens em tempos modernos, um "bom Nilo' significava prosperidade, pois trazia água em abundância para as plantações e depositai» uma nova camada de solo aluvial. Um rii baixo, por sua vez, representava carestia e; ao passo que o excesso de água deixava um ras tro de destruição generalizada. Onde as águas do Nilo alcançam, existe viçosa e exuberante vegetação; onde elas não chegam, o que se vê é um deserto, seco, sem vida, de coloraçãt amarelada ou marrom. Premida pelo deserto, a população do se concentrava na estreita faixa de terra cultivável ao longo do vale e nas amplas planícies c< região do delta. Os egípcios ficavam afastados, porém não isolados, das populações vizinhas. Internamente, a principal via de comunicação ' era o Nilo. Para fora do país, havia uma raia que, passando pelo norte da península do Sinai, levava à Palestina, e outra que, passando pelos vales desertos da região oriental, levavam ao mar Vermelho. 0 rio Nilo propiciava uma economia agrícola, e das regiões desertas eram trazidas pedras e outros metais.
Gênesis
A história do Egito antigo
Romanos I
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da dos grandes templos. Um dos aspectos mais salientes da religião era a magia. Vista de forma positiva, ela era, nas palavras do mestre do rei Merikare, "um braço que se podia usar para manter à distância os golpes da vida". A magia "negra", por outro lado, era um crime passível de punição. As atribuições seculares do Faraó eram, na prática, compartilhadas e executadas por altos oficiais de estado: governadores para o sul e o norte, tesoureiros, superintendentes de silos, e inclusive chefes de cobradores de impostos! Esses departamentos eram apoiados por uma burocracia de escribas, que atuava na capital e nas províncias. As grandes ordens sacerdotais tinham as suas propriedades e sistemas administrativos. A partir do Reino Novo, o Faraó também mantinha e chefiava um exército permanente de carros de guerra e divisões de infantaria. A educação se baseava no treinamento de escribas na administração civil e nas escolas anexas aos templos. O Egito teve uma rica produção literária de histórias, livros de sabedoria (semelhantes ao livro
de Provérbios), poesia lírica e religiosa, sendo que algumas dessas obras se tornaram clássicas e obrigatórias para alunos. O trabalho dos camponeses era a base da pirâmide social. Os magníficos monumentos — desde as gigantescas pirâmides e os templos até os delicados afrescos e minúsculos anéis sinetes — foram produzidos por um grande número de artistas e artesãos que estavam a serviço do Faraó, dos templos, e das pessoas importantes de cada um daqueles períodos. O Egito e a Bíblia De Abraão a José O Egito aparece pela primeira vez na Bíblia como o lugar onde os patriarcas se refugiaram durante períodos de fome (Gn 12.10- 20; Gn 42—47). Graças ao Nilo, o Egito não dependia das chuvas mediterrâneas que eram de vital importância na Síria e na Palestina. E não foram somente os patriarcas hebreus que se refugiaram no Egito durante períodos de carestia. Durante o Reino Antigo, algumas cenas em esculturas retratam estrangeiros esfomeados, e, uns mil anos depois
O o l h o sagrado d o deus egípcio H o r u s era pintado sobre barcos para afastar o mal.
(cerca de 1210 a.C), tribos edomitas receberam permissão para se dirigir aos lagos de Pitom, "para se manterem vivos, e manterem com vida os seus rebanhos, graças à grande provisão do Faraó". O Egito mantinha guardas e oficiais de fronteira ao longo da divisa oriental, e às vezes os visitantes eram escoltados para dentro (como Sinuhe, na História de Sinuhe) ou, então, para fora (como aconteceu com Abraão, em G n 12.20). Os Faraós do tempo de Abraão e de José integravam, ao que tudo indica, a 12 e a 13 (ou 15 ) dinastias respectivamente (Reino Médio em diante), I a
a
a
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Pentateuco
período em que muitos estrangeiros encontraram trabalho no Egito, e isto em vários níveis, desde escravos até altos oficiais (como José que estava a serviço de Potifar, Gn 39.1-4). E, à semelhança do que foi feito com José, muitos de seus contemporâneos que não eram egípcios receberam um segundo nome egípcio. Em toda a parte e em todas as classes sociais, acreditava-se que os sonhos eram significativos, a tal ponto de escribas elaborarem manuais para ajudar a interpretação deles. 0 tema das sete vacas não aparece apenas no sonho do Faraó (Gn 41.1821), mas também na Fórmula mágica 148 do Livro dos Mortos, que fala sobre a alimentação no além. No plano económico, as autoridades egípcias mantinham um detalhado registro das propriedades rurais e, em véspera de colheita, mediam ou avaliavam as plantações para fins de taxação. Num sistema desses não era difícil pôr em prática as medidas propostas por José (Gn 41.34-35,48-49; 47.23-26). Além disso, a região do delta era propícia para a criação de gado (Gn 46.34), algo que é evidenciado por uma inscrição datada de cerca de 1600 a.C. As roupas de linho fino que José vestia na sua condição de alto oficial (Gn 41.42) são conhecidas de inúmeras pinturas egípcias. Já o processo de mumificação e os caixões do Egito (Gn 50.2-3,26), bem como os sepulcros (Êx 14.11), eram e continuam proverbiais até hoje. Moisés e o ê x o d o Quatro séculos mais tarde, muitos hebreus eram escravos nas olarias egípcias do Reino Novo, trabalhando para os grandes projetos de construção daquele tempo. O ponto alto desse trabalho foi a construção das cidades de Pitom e Ramessés (Éx 1.11), sendo esta última a residência oficial e sede governamental de Ramsés II, na parte oriental do delta. Papiros daquele tempo falam sobre os Apiru (povos que incluíam os hebreus), "que arrastam pedras para a construção do
grande pórtico de pilonos de... (um templo de) Ramsés II"; sobre homens "que fabricam cada dia sua quota de tijolos"; sobre funcionários que não têm nem homens nem palha para fazer tijolos" (veja Êx 5.7). As condições descritas em ÊX 5 são confirmadas por documentos egípcios daquela época. Na parte ocidental de Tebas, na aldeia
A s imponentes colunas d o T e m p l o d e A m u n . e m Karnak, ilustram o p o d e r d o s Rwaós egípcios.
em que moravam os trabalhadores nas tumbas reais, foram encontrados "relatórios de trabalho" gravados sobre cacos de cerâmica, que eram os "blocos de notas" daquele tempo. Ali aparece um registro de dias trabalhados e dias de "folga", e, por vezes, são dadas razões específicas para a ausência de alguns: "a mulher dele está doente", ou "ajudando o chefe a fazer cerveja", ou (que pena!) "picado por um escorpião". Mais interessantes são os registros sobre um homem "fazendo sacrifícios ao seu deus", ou sobre todo o grupo tendo vários dia de folga para participar de uma festa religiosa local. (Compare com Êx 5.1-5, onde Moisés pede uma folga para os hebreus, mas o Faraó afirma desco-
nhecer o Deus de Moisés e não está disposto a fazer mais um feriado.) O fato de uma princesa de ura harém que ficava na região oriental do delta acolher uma criança estrangeira, como em Éx 2, não é nada surpreendente na sociedade egípcia cosmopolita do Reino Novo. Sabemos que crianças oriundas de Canaã eram criadas em haréns de outras partes do mundo. Havia estrangeiros em todos os segmentos da sociedade, desde o mais insignificante escravo até o copeiro à direita do Faraó. Um Moisés não era nenhuma exceção naquele contexto. Os mágicos e sábios (Êx 7.11; 8.7,18; 9.11) eram sacerdotes e escribas eruditos. Os próprios egípcios contavam histórias divertidas sobre as façanhas desses homens. Quando os israelitas deixaram o Egito, o Faraó, provavelmente Ramsés II, mandou seus carros de guerra atrás deles. Seiscentos carros (Êx 14.7) era uma força considerável, mas perfeitamente verossímil, uma vez que se têm noticias de destacamentos bem maiores naquele tempo. No período de peregrinação pelo deserto, quando da construção do tabernáculo (que era, em essência, uma estrutura pré-fabricada), foram utilizadas técnicas conhecidas desde longa data no Egito para a construção de estruturas que precisassem ser montadas e desmontadas rapidamente, tanto para uso profano quanto para fins religiosos. Que Israel já havia saído do Egito e estava instalado na região ocidental da Palestina ao final do século 13 a.C. é um dado confirmado pela única referência egípcia a Israel (num contexto em que se fala também sobre Gezer e Asquelom), o cântico de vitória de Merneptah (cerca de 1210 a.C), sucessor de Ramsés II. Períodos posteriores O Egito reaparece na história bíblica do tempo de Davi e Salomão. Salomão casou com a filha de um Faraó que conquistou Gezer e fez dela o dote da princesa (1Rs 9.16). Tudo indi-
por esperarem ajuda do Egito (veja Is 30—31; Jr 46). O Egito não era adversário à altura para assírios e babilônios, e, com o surgimento do Império persa, se tornou realmente um "reino humilde" (Ez 29.15), perdendo sua independência durante os séculos seguintes.
« m ú m i a s d o E g i t o a n t i g o são m u n d i a l m e n t e famosas. Esta p i n t u r a mostra o processo d a RHimiíicacáo. O c o r p o d e J o s é foi preservado desta •nua.
ca que esse Faraó era Siamun (cerca de 970 a.C), que, a julgar pelo fragmento de um baixo-relevo encontrado em Tànis (a Zoã da Bíblia), capital dessa dinastia, fez incursões na região dos filisteus e no sudoeste da Palestina. A estrutura literária do livro de Provérbios — em grande parte um "livro sapiencial" de Salomão — revela afinidades com outras obras do gênero escritas na região do Oriente Próximo, várias delas no Egito. Entretanto, a reiterada afirmação de que Provérbios deriva em parte diretamente de uma obra egípcia escrita por Amenemope carece de fundamentação mais sólida. Em pouco tempo, a dinastia de Siamun deu lugar a um novo rei e uma nova dinastia: Sheshonq I, fundador da 22 dinastia, o Sisaque da Bíblia (IRs 11.40; 14.25). Este considerava o Israel do tempo de Salomão um rival na política e no comércio. E quando Roboão sucedeu a Salomão, o Faraó valeu-se de Jeroboáo para dividir aquele reino em duas facções inimigas, e, por um breve tempo, sujeitou a monarquia dividida dos hebreus a seus próprios interesses materiais. Essa campanha na Palestina foi registrada numa grande cena de triunfo que se encontra no templo de Amun,
em Karnak, e também em inscrições encontradas em Karnak e em Megido (na própria Palestina). Depois disso, o poderio egípcio entrou em rápido declínio. Os profetas de Israel censuraram seus reis
a
O Iraje d e u m a princesa egípcia ( c o m o a q u e
Verso: U m dos maiores tesouros d o Kgito: o rei
aparece na história d e M o i s é s ) é ilustrado neste
T u t a n c a m o n e sua esposa, retratados e m faiança
afresco d a rainha A h m é s - N e f e n a r i (cerca d e 1S0O
d o u r a d a , prateada e a z u l . na p a n e posterior d o
a . C . ) . d e Tebas.
trono d o rei.
159 Resumo Como Deus resgatou os israelitas da escravidão no Egito e fez deles o seu povo.
ÊXODO
Caps. 1—11
Israel no Egito Moisés O livro de Êxodo é a história do nascimento de Israel como nação. É uma epopéia em que quase tudo gira em torno de Moisés, o personagem central. Foi ele quem tirou o povo do Egito, o "êxodo" (a saída) que dá nome ao livro. Por intermédio de Moisés, Deus deu a seu povo a norma de vida — a lei — dando-se a eles e fazendo deles o seu próprio povo num contrato duradouro (a aliança). Êxodo mostra Deus no controle da história. Revela um Deus que pode ser conhecido; que resgata os oprimidos; um Deus "santo" cuja bondade e justiça são impressionantes. A história egípcia não menciona o êxodo, mas de acordo com 1 Rs 6.1 ele ocorreu 480 anos antes da construção do templo de Salomão (inaugurado por volta de 970 a.C). Ou seja, somando tudo, chegamos ao ano de 1450 a.C. Um novo cálculo das datas da história de Israel, feito recentemente com base nas listas de reis egípcios, apoia esse ano como data do êxodo. Mas a maioria ainda favorece uma data mais recente, do século 13, para a qual há boas evidências. O número arredondado de 480 (12 x 40) possivelmente significava 12 "gerações". Se calcularmos, como se faz atualmente, 25 anos por "geração", chega-se à data do século 13. O comentário histórico que se seque é baseado nesta teoria.
voltou-se n o v a m e n te à região fértil do delta. Teve início um grande programa de construção, incluindo as cidades-armazém do Faraó. U m a levav a o nome do sucessor de Seti, Ramsés II (que foi o principal responsável por sua construção). E havia
Caps. 12—18
O êxodo A páscoa Do Egito ao Sinai Caps. 19—40
O povo de Deus Os dez mandamentos Lei e aliança O tabernáculo de Deus e adoração
uma mão-dc-obra disponível e barata residente na área: os israelitas. A presença desse grande número de estrangeiros em seu território (veja 12.37) deixara o Faraó inquieto. A q u i estava sua chance de assegurar que não causassem problemas. O povo foi organizado em equipes de trabalho, subordinadas a capatazes, que deviam j u n tar barro e fazer tijolos para a construção de novas cidades. Mas apesar da opressão crescente a explosão demográfica c o n t i n u o u . Faraó decidiu intervir diretamente ( Ê x 1.15-22). Mas as parteiras hebréias não concordaram com o plano do rei, que era de matar todos os meninos recém-nascidos. O poder de Faraó não conseguiu vencer a fé e a coragem das parteiras.
Êx 1.1—12.36
Israel no
Egito
Êx 1: U m a n a ç ã o e s c r a v a Quase 300 anos haviam se passado desde a morte de José e o final de Gênesis. O povo de Jacó vivera no Egito cerca de 370 anos. Seu status privilegiado era coisa do passado. Agora eles são uma nação escrava sob um novo Faraó, de uma dinastia que há muito esqueceu o que José fez pelo Egito (veja G n 41). As coisas haviam mudado no Egito. O poder dos Faraós hiesos havia sido quebrado e os reinos do Alto e Baixo Egito estavam novamente unidos. A nação estava no apogeu do seu poder militar, com a sede do governo em Tebas e Mênfis, sob a liderança de uma nova dinastia de Faraós. Mas quando Seri I (provavelmente o "novo rei" do v. 8) chegou ao poder, a atenção
Ê x 2: M o i s é s , p r í n c i p e d o E g i t o Todos os meninos hebreus recém-nascidos deveriam ser lançados no Nilo. Este era o decreto de Faraó. Mas a água que afoga pode também ser usada para fazer flutuar um cesto impermeável (a palavra hebraica usada aqui é a mesma que designa a "arca" de N o é ) , e a vida de Moisés foi salva pela ação criativa de sua mãe. Moisés tinha 40 anos quando fez a primeira tentativa de libertar o povo (2.11-12), mas essa tentativa acabou em desastre. Outros 40 anos se passaram até os acontecimentos narrados no cap. 3 (At 7.23; Ê x 7.7). • A filha d e Faraó provavelmente era filha dele com uma concubina, não uma princesa de sangue real. (Ramsés I I teve cerca de 60 filhas!) Ela deve ter levado Moisés ao harém
" S e quisermos entender a mensagem central do NT, o livro que mais vale à pena estudar com atenção è este livro do Êxodo." R. A. C o l e
'
160
Pentateuco
Moisés roí adorado p o r uma princesa egípcia e criado, como príncipe, na casa real. U m a escultura e m relevo d e Carquemis, século 8 a . C , mostra a rainha Tawarisas segurando seu príncipe.
"Deus d i s s e (t Moisés; 'Eu S o u o que Sou'" ÉX3.14
Página oposta: Tendo matado um cruel capataz egípcio, Moisés fugiu para o deserto. Ali,
Deus
se encontrou com ele, na dramática experiência d a sarça ardente.
onde foi criado com outros, aprendendo a ler e escrever os hieróglifos e as letras cursivas egípcias, estudando leis c adquirindo conhecimento em vários ofícios e esportes (veja At 7.22). Não era inédito na época criar meninos estrangeiros dessa maneira e treinálos para ocupar posições de destaque no exército, no sacerdócio o u na administração civil. • Mídia (15) Os midianitas eram descendentes de Abraão por meio de sua segunda esposa, Quetura. Eles moravam no deserto, de modo que, nesses anos de vida nômade, Moisés teve um bom treinamento para a futura peregrinação com Israel através do deserto. Ê x 3—4: A s a r ç a a r d e n t e Moisés estava no Sinai (Horebe), o mesmo lugar onde viria a receber a lei, quando Deus o chamou. Nascido hebreu, criado como egípcio, Moisés enfrentava sua própria crise de identidade, agravada pela rejeição de seu povo. Enquanto andava pelo deserto, parou ao perceber uma sarça em chamas. Era real? Era uma visão? Ele se aproximou, e Deus se dirigiu a ele com uma comissão assustadora: " E u o enviarei ao Faraó para que você tire do Egito o meu povo". Mas o emissário se mostrou muito relutante. Ele levantou uma objeção depois da outra e todas elas foram rebatidas por Deus: • 3.11: "Quem sou eu?" Este era o dilema de Moisés. Isso era bem mais complicado do que d i z e r " N ã o me sinto qualificado para essa tarefa". E a resposta de Deus não foi:
'Você reúne todas as qualificações". Não foi 'Você é . . . " ou "você tem...", mas " E u Sou". O que nos dá identidade, o que daria autoridade a Moisés, era a identidade de Deus. a presença dele: " E u estarei com você". • 3.13: " Q u a n d o . . . me perguntarem : Qual é o nome dele? Q u e lhes d i r e i ? " Moises não podia v o l t a r apenas c o m uma experiência subjetiva que ele havia tido. Deus se descreveu mais claramente: " E u Sou! é o Deus v i v o , do qual deriva tudo o que existe. E Deus se conecta com aquilo que o povo j á sabia: ele não é um estranho para seu p o v o . Ele é o Deus de A b r a ã o c dos outros, cujas histórias eles conhecem. • 4.1: " O s israelitas não vão acreditar era m i m . " Deus d e u a Moisés três sinais — demonstrações d o poder de Deus — cora os quais poderia convencê-los de que ele realmente se encontrara com Deus. Este é o tipo de mágica que conheciam, pois estava associada à religião do Egito (cap. 7), • 4.10: " N u n c a tive facilidade para falar!" Mas o Deus que o criou lhe d a r i a condições de falar. • 4.13: "Por favor, manda outra pessoa". Isso Deus não faria, mas permitiu que Moisés fizesse de Arão, seu irmão, o porta-voz. • M o n t e H o r e b e (3.1) Não se sabe com certeza onde ficava localizado, mas uma antiga tradição o identifica com Gebel Musa (2.244 m de altura) na parte sul da península ] do Sinai. • O A n j o d o S E N H O R (3.2) Praticamente! identificado com Deus; veja comentário sobre! J z 2.1. • O SENHOR (3.15) As letras maiúsculas usadas na maioria das Bíblias indicam o "nome pessoal" de Deus, no hebraico " Y H W H " , prova-1 velmente pronunciado " Y a h w e h " o u "Javé"j tradicionalmente lido como "Jeová". (Veja "Os nomes de Deus".) • Prodígios (3.20) No pensamento hebraico,! um prodígio ou milagre não é uma inversão! da ordem natural, mas um uso extraordinário dela por parte do Deus que criou o mundo. A distinção que hoje geralmente se faz entre modos "naturais" e "sobrenaturais" de agir é estranha ao pensamento do autor. • As riquezas dos egípcios (3.21-22) Veja 11.2-3; 12.35-36. Elas seriam usadas para mobiliar e enfeitar o tabernáculo de Deus (35.20-29). • 4.19 A morte de Faraó foi registrada em 2.23. • 4.21 A Bíblia diz que Deus endureceu o coração do Faraó, que o Faraó endureceu
Éxodo
162
Pentateuco
Os nomes de Deus Alec Motyer
Dois termos hebraicos são traduzidos por "Deus": • El, "A Divindade", Deus no poder e na singularidade da sua natureza divina. • Elohitn, uma forma plural que, no entanto, não significa "deuses", mas Aquele que possui de modo completo todos os atributos divinos. Além destes, existe o nome pessoal Yahweh ou Javé. Por reverência e para evitar que esse nome fosse pronunciado, os judeus, em leitura pública, diziam Adonai, "Senhor", quando chegavam a esse nome. As traduções em grande parte ainda seguem essa prática, traduzindo Yahweh por " S E N H O R " ou colocando " S E N H O R Deus" ou " S E N H O R , meu Deus" onde o hebraico traz Adonai Yahweh (o Soberano Yahweh). Muito se tem a ganhar quando se percebe que por trás da forma S E N H O R está o nome pessoal de Deus. Ao declarar o seu nome ao povo, Deus queria revelar-lhes o seu caráter mais íntimo. Em termos lingüísticos, o nome Yahweh se relaciona com o verbo "ser/existir". Este verbo não significa simplesmente "existir", mas "estar ativamente presente". Yahweh é o Deus ativamente presente entre o seu povo. Mas Deus decidiu revelar isso numa ocasião em que eles precisavam ser redimidos, pois se encontravam na situação de escravos condenados. Em outras palavras, a noção de "presença ativa" nos diz que Deus está conosco, mas não nos diz que tipo de Deus ele é. Ao escolher a tempo do êxodo para revelar o significado do seu nome, Yahweh se identificou como o Deus que salva o seu povo e derrota os seus adversários. Na base de sua auto-revelação como Yahweh (Êx 3.5) está a santidade de Deus, que se manifesta em santo resgate e ira santa por ocasião da Páscoa (ÊX 12).
Textos como Êx 34.6-7, SI 103, S I 111, S I 146, Mq 7.18-20 mostram de forma bem clara a compreensão que, no tempo do AT, se tinha sobre o caráter que esse nome revela. Revelação progressiva O nome Yahweh aparece na Bíblia desde o início (Gn 4.1). Sua ocorrência mostra que o nome era não só conhecido como usado (p. ex., Gn 4.26; 14.22). Como pôde, então, Deus dizer a Moisés (Êx 6.2-3) que "pelo meu nome, O S E N H O R , não lhes fui conhecido" (isto é, aos patriarcas)? Os especialistas no estudo do AT responderam essa questão, dizendo que temos várias tradições da história primitiva do povo de Deus. Segundo uma tradição, o nome divino era conhecido desde o início; segundo outra, oposta à anterior, esse nome só foi revelado a Moisés. Por mais influente que seja essa teoria, ela não é nem irrefutável nem necessária. No AT, "conhecer" vai além do simples acesso a informações; envolve desfrutar ativamente de comunhão com a pessoa conhecida. Por exemplo, os filhos de Eli com certeza conheciam o nome como maneira de "identificar" Deus, mas "não se importavam (literalmente "nãoconheciam") o S E N H O R " (ISm 2.12; compare 1Sm 3.7; Êx 33.12-13). Assim sendo, Êx 6.2-3 nos diz aquilo que até aquele momento tinha apenas o significado de um "identificador", um epíteto para Deus ou uma forma de se dirigir a ele, havia assumido o significado de uma afirmação a respeito do caráter desse Deus que tinha esse nome, a saber, que ele é o santo Redentor e o Juiz santo, aquele que sempre se faz presente entre o povo. Esta interpretação de Êx 6.2-3 é confirmada pelo Gênesis. Se alguém tivesse perguntado a Abraão, "quem é Yahweh?", ele com certeza teria
respondido: "o Deus Todo-Poderoso", ou teria usado um dos outros títulos de Deus conhecidos dos patriarcas: "Deus Altíssimo", "Deus Eterno", "Deus, o Deus de Israel", etc. Assim, quando, em Êx 3 (vs. 6,13,15,16), se diz que Yahweh é "o Deus de vossos pais", essa riqueza de significado é adicionada à revelação do Redentor santo. Deus de t o d a a humanidade Mas o Deus que se revela de modo especial a um povo, o Deus que é "meu Deus" para as pessoas que fazem parte da nação escolhida, o "Santo de Israel" não pode ficar restrito a esse povo. Ele é o "Criador" (Is 40.28), "Juiz" (Gn 18.25) e "Rei" (Jr 10.7) — o Deus de toda a humanidade (Nm 16.22; Jr 32.27).
seu coração e que o coração do Faraó se endureceu: três verbos diferentes sem diferença real no significado. Para o escritor hebreu, o fato de ser Deus é a primeira causa de tudo não conflita com a responsabilidade humana. > Arão (4.14) Três anos mais velho que Moisés ( 7 . 7 ) , ele supostamente nasceu antes do edito do Faraó. Miriã era a irmã mais velha de ambos. > 4 . 2 4 - 2 6 No v. 2 4 , o pronome objetivo "-lo" (em "matá-lo") pode ser uma referência a Gérson, e não a Moisés. De qualquer modo, "o S E N H O R se encontrou com Moisés c procurou matá-lo" pode ser outro exemplo de Deus como a primeira causa — talvez a ameaça fosse u m acidente o u uma doença. A família de Moisés agora estava ligada aos antepassados de Israel — o povo de Deus — p o r meio do sinal da aliança, a circuncisão.
A foto mostra u m a mistura d e lama d o Nilo c o m palha s e n d o colocada e m moldes d e madeira para fazer tijolos, q u e é secada ao s o l . T i j o l o s q u e i m a d o s a o sol sao material d e construção b o m e b a r a t o amplamente usado na Á f r i c a e na Á s i a . A palha m o í d a reforça o tijolo.
e não v o u d e i x a r que os israelitas saiam daqui" ( 5 . 2 ) . Assim, Deus dá início a uma série de castigos para ensinar a Faraó e seu povo quem era o S E N H O R e qual era o alcance do poder de Deus SENHOR
Êx 5 . 1 — 6 . 1 3 : P r i m e i r a v i t ó r i a de F a r a ó 0 primeiro pedido a Faraó apenas agravou a situação. O povo se voltou contra seu "libertador". F r u s t r a d o , Moisés recorreu a Deus novamente. E Deus renovou seu chamado, lembrando a Moisés quem Deus era e dizendo o que pretendia fazer. y 0 pedido (5.1) Isto parece ser menos que toda a verdade, mas serve como u m teste. Israel deveria deixar o Egito para oferecer sacrifícios, porque a natureza destes seria ofensiva aos egípcios ( 8 . 2 6 ) . A reação de Faraó revelou sua hostilidade implacável, já prevista por Deus ( 3 . 1 9 ) . > Acesso ao Faraó Se esse Faraó era Ramsés II, sabe-se que ele recebia também pessoas (confira 5 . 1 5 - 1 8 ) . Moisés, criado no harém, sabia como chamar a atenção do Faraó. > 6.3 O nome Y H W H ( S E N H O R ) é usado em Génesis de 2 . 4 em diante, mas é claro que era conhecido p o r aqueles que, mais tarde, escreveram as histórias. Êx 6 . 1 4 - 2 7 : G e n e a l o g i a Quem eram Moisés e Arão? A genealogia os identifica como descendentes de Jacó por meio da linhagem de seu filho Levi. A lista é um trecho da lista mais longa de Nm 2 6 .
sobre toda a criação ( 7 . 5 , 1 7 ; 8 . 1 0 , 2 2 ;
9.14).
Nove vezes Deus agiu, e Faraó, seus magos e todos os deuses do Egito foram incapazes de reverter o j u í z o de Deus. Os magos podiam imitar, mas não eram capazes de impedir.
Eu
1. O Nilo, centro da economia e do culto da nação, isto é, sua força vital, "transformouse em sangue": os peixes não podiam viver na água vermelha e grossa ( 7 . 1 4 - 2 4 ) . 2 . Sete dias mais tarde, rãs, f u g i n d o das margens d o r i o e dos peixes em d e c o m p o s i ç ã o , p r o c u r a r a m r e f ú g i o nas casas (7.25—8.15).
3 - 4 . Depois, o país foi infestado, primeiro por mosquitos e depois por moscas que se criaram entre as carcaças dos peixes e das rãs
(8.16-32).
5-6. O s animais foram atingidos p o r uma peste, e tumores apareceram nas pessoas e nos animais ( 9 . 1 - 1 2 ) .
7. C h u v a de pedra e tempestades destruíram as safras de linho e cevada, mas não as de trigo c cspclta, que ainda não haviam c r e s c i d o . E os e g í p c i o s q u e d e r a m o u v i dos às advertências de Deus foram salvos
Êx 6 . 2 8 — 1 0 . 2 9 : P r a g a s a t i n g e m o Egito Faraó o u v i u e rejeitou o pedido de M o i sés. Demonstrou que tipo de pessoa ele era:
8. O vento trouxe uma nuvem de gafanhotos da Etiópia que destruiu toda a vegetação
"Quem é o S E N H O R . . . ?
9. Durante três dias a luz do sol permaneceu
E u não
conheço
o
"Agora eu ouvi os gemidos dos israelitas, que estão sendo escravizados pelos egípcios, e lembrei da aliança que fiz com eles. Portanto, diga aos israelitas o seguinte:
(9.13-35).
do país ( 1 0 . 1 - 2 0 ) .
sou
o SJÍ.V/ÍOK.
Vou livrá-los da escravidão do Egito... Farei com que vocês seja o meu povo e eu serei o seu Deus". Palavra d e Deus a Moisés, Ê x 6.5-7
164
Pentateuco
encoberta por "trevas espessas" (provavelmente uma tempestade de areia provocada pelo vento conhecido como cansim) (10.21-29).
Esta estátua colossal d o Faraó Ramsés 11 (provavelmente o Faraó de Ê x o d o ) é um dos vários monumentos e construções que díío conta d o seu poder no Egito antigo.
As pragas ocorreram durante u m período de seis meses a u m ano. E m cada caso Deus d e c i d i u valer-se de desastres naturais para c o n f u n d i r o Faraó e os deuses do Egito (12.12). Ele fez com que o "deus N i l o " trouxesse ruína em lugar de prosperidade. As rãs (associadas aos deuses egípcios da fertilidade) trouxeram doença ao invés de fecundidade. E o poder de Rá, o deus sol, foi eliminado. O s acontecimentos seguem uma ordem lógica, que poderia ter começado com uma inundação acima do normal, trazendo lama vermelha c espessa ou algas vermelhas que poluíram a água. Não importa como aconteceu, o fato é que não se tratava de m e r o " a c a s o " .
pois Deus estava em ação, demonstrando seu controle absoluto. Ele fez distinção entre seu povo e os egípcios. Ele controlou a extensão e as áreas afetadas por cada praga. Anunciou a vinda de cada uma c podia fazê-las cessara qualquer momento em resposta a oração. • 7.24 O solo arenoso filtra a água. • 7.25 Antes da construção da grande represa de Assuã, a cheia anual ocorria entre junho e outubro. • 8.16-17 "Mosquitos", "piolhos": a palavra ocorre apenas aqui. Foi do " p ó da terra" que eles saíram. • A dureza de coração d o Faraó Veja em 4.21. Deus não interferiu, deixando-o tomar suas próprias decisões, de modo que no final o poder de Deus ficou evidente para todos. • 9.31-32 Este é um detalhe que revela conhecimento da situação local. O linho era vital para a importante indústria de tecelagem egípcia. O trigo, importante item de exportação, realmente amadurece um mês ou dois após a cevada. Ê x 11.1—12.36: A m o r t e r o n d a a terra A preliminar havia terminado: a advertência de Deus em 4.22-23 estava prestes a se realizar. Este era o fim da linha para Faraó e seu povo. Mas para Israel era o início. Este foi um dia que seria lembrado ao longo dos séculos, o dia em que feriu mortalmente os primogênitos dos egípcios, mas poupou e libertou seu p r ó p r i o p o v o . ( F o r a m literalmente "todos" os primogênitos, ou apenas os jovens das famílias mais importantes, inclusive o filho do próprio Faraó? De que instrumento Deus se valeu: a peste bubônica ou a poliomielite? Não sabemos. Mas os egípcios foram devastados.) U m a nova festa foi instituída c um novo ano (religioso) começou. (A época é março/ abril.) O cordeiro o u cabrito da páscoa, assado sobre o fogo, representa a proteção e provisão de Deus por seu povo: Israel é o primogênito de Deus. As ervas amargas representam todo o sofrimento que suportaram no Egito. Os pães sem fermento evocam a rapidez da sua partida (não havia tempo para usar fermento c deixar o pão crescer). Veja "A Páscoa e a Última Ceia". Mas o povo não partiu de mãos vazias. Os anos de escravidão são, de certa forma, pagos pelas roupas e jóias entregues pelos egípcios, mais que ansiosos em vê-los partir.
Êxodo
Ex 1 2 . 3 7 — 1 9 . 2 5
O êxodo do
Egito
Êx 1 2 . 3 7 — 1 3 . 2 2 : F u g a n o t u r n a Como Deus havia previsto ( G n 15.13-14), após quatro séculos numa terra estranha Israel estava livre. Pode-se questionar o tempo exato que o povo ficou no Egito ( G n 15.16 diz "quarta geração"), mas o grande fato indiscutível é que Deus libertou o seu povo. Começa a viagem em direção à fronteira. Antes disso, porém, foram dadas instruções adicionais sobre a celebração da Páscoa: quem poderia participar e onde deveria ser comemorada. Esses acontecimentos deveriam ser comemorados de duas maneiras: • Durante um p e r í o d o de sete dias após a Páscoa as pessoas d e v e r i a m comer pães sem fermento, em l e m b r a n ç a da f o r m a apressada como saíram do Egito. • Como a l i b e r d a d e de Israel h a v i a s i d o comprada com a morte dos primogênitos dos egípcios, os p r i m o g ê n i t o s da nação pertenceriam de forma especial a Deus e deveriam ser "resgatados". • 600.000 homens ( 1 2 . 3 7 ) N m 11.21 dá o mesmo número. Contando mulheres e crianças, o total seria de 2 a 3 milhões de pessoas — um número bastante alto. É possível que se usasse um número alto simplesmente para indicar "muitos", sem que se tivesse feito um censo exato. Em capítulos subseqüentes fica claro que isso era gente demais para uma sobrevivência no deserto. Assim, Deus concedeu o maná. As vezes também faltava água, embora o povo tivesse aprendido a sobreviver com pouca água e seus acampamentos tenham se espalhado para que se pudesse usar várias fontes de água a cada parada da viagem. • 13.15 A partir de G n 22, onde Deus forneceu um carneiro para ser sacrificado no lugar de Isaque, fica claro que Deus jamais exigiu o sacrifício de um filho, apesar da tradição que havia em Canaã. E em Nm 3.11-13 Deus escolheu os levitas para representar todos os primogênitos de Israel: "são meus". • 13.16 Veja texto e ilustração de Dt 6.8. • 13.18 O "deserto" era uma região de estepes na qual os animais podiam pastar. O "mar Vermelho", numa tradução mais exata, é "mar de Juncos" (veja mapa na p. 166). O povo estava indo para o leste, afastando-se do delta do Nilo. • Os ossos de José (13.19) Veja G n 50.24-25. • 13.21 A coluna de nuvem era um redemoinho
165:
do deserto? A nuvem e o fogo eram fenômenos sobrenaturais? Na Bíblia, tanto a nuvem quanto o fogo são símbolos associados a Deus. Ê x 14: P e r s e g u i ç ã o ^ e desastre Presos entre o mar e as montanhas, com água pela frente e o exército do Faraó vindo ao encalço deles, os israelitas enfrentaram seu primeiro grande teste de fé. E entraram em pânico, clamando a Deus e acusando Moisés de traição. Mas Deus fez as águas retrocederem para que pudessem atravessar sãos e salvos, fazendo as paredes de água desabar sobre as tropas de Faraó. E assim Israel entendeu que eram verdadeiras as palavras de Moisés: "Vocês não terão de fazer nada: o S K N H O R lutará por vocês" (14.14). • Vs. 17-18 Não há menção do afogamento de Faraó, e nem todos os carros de guerra se perderam. A vitória foi ganha às custas de Faraó, e o destacamento que perseguiu os escravos foragidos foi destruído — um golpe duro o bastante.
A oitava praga foi uma nuvem de gafanhotos que devastou o Egito.
Ê x 15.1-21: O c â n t i c o d e v i t ó r i a Sc houve uma vitória que merecia ser contada às gerações futuras, esta certamente era ela. Primeiro Moisés conduziu o povo num grande hino de triunfo: Deus salvou Israel; destruiu seu inimigo. Depois Miriã e todas as mulheres cantaram o refrão e dançaram de alegria. A canção é um belo exemplo de poesia semítica antiga (veja "Poesia e Sabedoria", introdução). Quando os israelitas d e i x a r a m o Egito, seus "despojos" incluíam jóias d e prata e o u r o . Estes colares egípcios datam d a época d e Moisés.
Pentateuco • A profetisa (20) Miriã certamente alegava ter sido a porta-voz de Deus ( N m 12.2), a exemplo de Débora, uma profetisa posterior (Jz 4.4).
i I Miriá" pegou seu tamborim e liderou a dança após a travessia triunfal d o mar •Vermelho".
Êx 15.22—17.7: C o n d i ç õ e s adversas No deserto, o povo logo ficou sedento e faminto — c rebelde. Não demorou, e começaram as reclamações. N o Egito havia abundância de peixe, de frutas e legumes — e não havia falta de água. Aqui Deus proveria uma maneira de ensinar ao p o v o obediência e dependência diária dele. • Codornizes (16.13) Veja " C o d o r n i z e s " em Números. • G ô m e r (16.16) U m j a r r o c o m capacidade de 2 litros. • Maná (16.31) Não podemos saber com certeza o que era esse "maná", embora vários fenômenos naturais tenham sido sugeridos. Esta substância foi o alimento básico dos israelitas durante 40 anos, c cessou de repente quando entraram em Canaã. Outra descrição aparece em Nm 11.7-9.
Fora do Egito: as peregrinações no deserto
N ã o há certeza quanto aos locais mencionados nem q u a n t o à rota. O s israelitas n ã o p e g a r a m a rota costeira, mesmo q u e mais p r ó x i m a ( 1 3 . 1 7 ) , p o r q u e não estavam p r o n t o s para e n c o n t r a r as forças d o s filisteus. E m vez disso, foram para Sucote, a o s u l , v o l t a r a m para o norte antes d e atravessar e, novamente, para o s u l , descendo pelo oeste d a península • d o S i n a i . O a v a n ç o d e v e ler sido lento: n o m á x i m o entre I S e 2S km p o r dia. O " m a r V e r m e l h o " ( o u mar d e J u n c o s ) p o d e se referir à região d o s lagos A m a r g o s o u a o golfo d c S u e z . A travessia provavelmente aconteceu e m a l g u m l u g a r entre Q a n t a r a (46 km a o sul d c Porto S a i d ) e o norte d e Suez.
BK Moisés envia homens para espionai a letra de Canaã — eles vão até Hebrom e voltafn.. H f J s israelitas, assustados tom os relatos de gigantes na terra, se rebelam. Oeos dii que deverão ficar no deserto.por 40 anos. Mas eles marcham para Canaã — e são denotados.
(¡alto de Suez. Monte Sinai/Hcxebe
• 16.33 Veja também H b 9.4. • Á g u a da rocha (17.6) Deus mostrou a Moisés o local. Sabe-se que a rocha calcária d o Sinai retém umidade. Este incidente, e os nomes Massa e M e r i b á , tornaram-se sinônimo de rebeldia (veja H b 3.7-11). Ê x 17.8-16: A t a c a d o s ! Josué (o homem que seria sucessor de Moisés) liderou u m g r u p o seleto contra os amalequitas, t r i b o n ô m a d e descendente de Esaú. Mas foi Deus quem deu a vitória, enquanto Moisés levantava seus braços em oração. Os amalequitas possivelmente tentavam expulsar os israelitas de um oásis fértil. • 17.14,16 É possível que esse relato fizesse parte do Livro das Guerras do S E N H O R (Nm 21.14), uma obra que não foi preservada. Depois da "guerra santa" de Saul ( I S m 15), os amalequitas são pouco mencionados. Ê x 18: S á b i o c o n s e l h o O fardo da liderança era pesado e a sugestão prática de Jetro no sentido de reorganizar e delegar tarefas foi sábia. Jetro, embora não fosse israelita, era considerado um homem piedoso. Ele foi bem recebido e seu conselho foi seguido. Mas em questões religiosas, ele aprendeu com Moisés (8-11). N ã o fica claro quando Zípora retornou para casa, mas é possível que tenha acontecido logo após o incidente registrado em Ê x 4.24-26. • 18.13 Moisés, como j u i z , ficava sentado; os requerentes ficavam cm pé. Ê x 19: O a c a m p a m e n t o n o Sinai C o m o Deus p r o m e t e r a ( 3 . 1 2 ) , Moisés levou o p o v o de Deus ao monte Sinai. Ali Deus estabeleceria sua aliança com a nação. T r o v õ e s , r e l â m p a g o s , f o g o e terremoto anunciaram a presença de Deus e demonst r a r a m seu p o d e r (20.20 e x p l i c a porquê; compare a experiência de Elias no mesmo local — l R s 19.8-12 — e o contraste feito em H b 12.18-25). O S e n h o r D e u s , santo, terrível, inacessível, falou. • 19.15 " P r e p a r e m - s e . . . não se acheguem a m u l h e r " — v e j a " p u r o e i m p u r o " , em L v 15. • 19.22 Os sacerdotes só passaram a existi! c o m o o r d e m após estes acontecimentos no Sinai.
168
Pentateuco Êx 20—40
Leis e um tabernáculo
"Então, Deus falou Iodas estas palavras: 'Eli SOU O SliNHOR,
teu Deus, que te tirei do Egito, da terra da escravidão. Não terás outros deuses diante de mim..."'
Palavras iniciais d o s Dez M a n d a m e n t o s . Êx 20.1-3
Este é local d o acampamento israelita diante d o monte Sinai.
para
Deus
Ê x 20.1-21: O s D e z M a n d a m e n t o s No princípio. Deus pronunciou as palavras que deram origem à v i d a . Agora Deus pronuncia as palavras que orientam o viver. Este resumo e ponto culminante d o pacto ou da aliança de Deus com seu povo estabelece uma norma ética básica que se aplica a todos os povos de todos os tempos (já que estas são as instruções d o "Fabricante", o u seja, do Criador). As primeiras três "palavras" dizem respeito ao relacionamento d o povo com Deus, e as sete restantes, ao relacionamento das pessoas entre si. Como Jesus disse, os mandamentos se resumem a amar a Deus e ao nosso "próximo" (Mt 22.37-40). Os mandamentos demonstram a preocupação de Deus com todos os aspectos da vida humana. Deus estabelece os padrões para os relacionamentos familiares, impõe respeito pela vida humana, o sexo, a propriedade, a palavra e o pensamento. Deus nos fez: quem mais pode determinar a melhor maneira de viver? Escritas em tábuas de pedra, preservadas na arca da aliança, essas dez "palavras" constituíram a base da lei de Israel. Na forma elas seguem o padrão dos tratados conhecidos n o Oriente Médio no século 13 a . C , principalmente os tratados entre suseranos e seus vassalos (veja 'Alianças e tratados no Oriente Próximo"):
• • •
T í t u l o : identifica o autor da aliança (2a). P r ó l o g o h i s t ó r i c o : descreve as relações passadas entre as duas partes (2b). O b r i g a ç õ e s impostas a o vassalo (3-17), a c o m p a n h a d a s p o r " b ê n ç ã o s " ( p . ex. 6,12b) e "maldições" (5,7b).
Ê x 20.22—23.33: O c ó d i g o d e leis Esta seção, conhecida como "o livro da aliança", é o registro mais antigo que temos da lei judaica. Consiste em "julgamentos", isto c, leis casuísticas, e "estatutos" o u ordens diretas. Embora semelhante cm forma a outros códigos de lei da Ásia ocidental antiga, o código judaico tem várias características distintas: • O código como um todo se baseia na autoridade de Deus, não de um rei. • Não há divisão entre a lei civil e religiosa. A maioria dos códigos orientais lida apenas com questões legais: a religião e amoral são tratadas em outro lugar. Na Bíblia, leis civis, morais e religiosas são inseparáveis, demonstrando a preocupação de Deus pela vida toda. • H á uma só lei para todos, pouco importando a posição social do indivíduo. Merecem destaque especial as leis que protegem os fracos c indefesos (escravos, órfãos, viúvas, estrangeiros). • O fato de haver penalidades fixas, delimitadas (para cada crime um castigo específico), revela um conceito elevado da vida humana.
Estas são as leis de um Deus que se importa, um Deus que é "misericordioso" (22.27). A legislação tem em vista o futuro, a vida sedentária e agrícola que Israel teria na terra de Canaã, pois a rebeldia de Israel ainda não havia condenado o povo a passar 40 anos na península do Sinai. A passagem pode ser resumida da seguinte forma: • Instruções gerais sobre culto o u adoração (20.22-26) • Leis civis ( 2 1 . 1 — 2 3 . 1 3 ) : os direitos dos escravos (21.1-11); homicídio c ameaças à vida humana (21.12-32); ofensa, roubo e dano à p r o p r i e d a d e ( 2 1 . 3 3 — 2 2 . 1 5 ) ; obrigações sociais c religiosas (22.16-31); justiça e direitos humanos (23.1-13). • Leis relativas às três festas principais — festa dos pães sem fermento, da colheita dos primeiros frutos e do encerramento da colheita (23.14-19). • As intervenções de Deus em favor de seu povo obediente (23.20-33). Estes regulamentos ampliam, com detalhes, o resumo de Èx 20.1-17. • Ela não ficará livre (21.7) O senhor dela ainda é responsável por sua escrava-esposa. • 21.23-24 A vingança ou retaliação tem limites rígidos: uma vida por uma vida, não uma carnificina sem fim. Esta é a famosa Lei do Talião: um regulamento que se destina aos juízes no tribunal. Na área dos relacionamentos pessoais, Jesus excluiu por inteiro a possibilidade de vingança ( M t 5.38-42). • 22.18 A feitiçaria é condenada também no NT (At 13.10; 19.19), mas a pena de morte era a sentença a ser aplicada naqueles tempos do AT. • 22.19 No Israel antigo, a bestialidade (característica da religião cananéia) c a prática da aios homossexuais (veja Lv 20.13 e nota em Lv 18.22) eram crimes para os quais estava prevista a pena dc morte. • 23.11 A terra também merece descanso: Deus preserva e alimenta os animais selvagens assim como cuida da humanidade. • 23.31 Aqui, o "mar Vermelho (ou mar dos Juncos)" é claramente o golfo de Acaba. Estas fronteiras "ideais" — do golfo dc Acaba ao mar Mediterrâneo; do Sinai ao rio Eufrates — foram atingidas por um breve período na época de Davi e Salomão. Êx 24: S e l a n d o a a l i a n ç a 0 povo aceitou a aliança e esta aprovação foi
formalmente selada por um sacrifício especial e por uma refeição tomada pelos representantes do povo na presença de Deus. O sangue aspergido sobre o povo e sobre o altar uniu as duas partes no acordo. De fato, cada uma das partes estava jurando mantê-lo sob pena dc morte. • Nadabe e A b i ú (1) Dois dos filhos de Arão, que mais tarde acabariam morrendo, desonrados ( L v 10.1-2). • Viram o Deus de Israel (9-11) N o Oriente Médio, fazer uma refeição com alguém é uma forma toda especial dc se (cr comunhão com essa pessoa. O autor quase não tem palavras para descrever a comunhão indescritível que se seguiu ao sacrifício e completou a aliança. • Hur (14) Obviamente trata-se dc uma pessoa importante cm Israel. Ele e Arão seguraram os braços de Moisés em oração durante a batalha com os amalequitas (17.12). • Quarenta dias e quarenta noites (18) Certos números têm significado especial na Bíblia. O número 40 aparece em praticamente cada nova etapa da história de Israel: no relato do dilúvio, no episódio dos espias em Canaã, na jornada de Elias ao Horebe, na tentação dc Jesus no deserto, c no período entre sua ressurreição e ascensão. Êx 25—27: O t a b e r n á c u l o Deus havia tirado o povo do Egito. Estabelecera os termos da sua aliança e estes foram aceitos. Agora, como sinal visível de que este era seu p o v o , Deus deu a Moisés instruções para construir uma tenda especial: Deus devia ter uma morada como as dc seu povo e viver entre eles. Deus os guiaria e acompanharia aonde quer que fossem, e eles saberiam que Deus não era uma divindade local cujo poder se limitava ao Sinai. 'Icmplos |x>rtáteis, prefabricados, semelhantes à tenda dc Deus (o tabernáculo), já eram construídos no Egito no período anterior ao êxodo. Aqui, embora a descrição seja minuciosa, faltam alguns pontos ou detalhes; em outras palavras, não se trata de uma planta completa. Por exemplo, o teto dessa tenda podia ser horizontal ou erguido com uma estaca. A ilustração à p. 177 mostra a estrutura básica c a posição da mobília. A estrutura da tenda propriamente dita era revestida com cortinas de linho, sobre as quais havia uma cobertura de pano feito de pêlos de cabra, encimada por dois revestimentos impermeáveis (feitos de peles de carneiro tingidas de vermelho e de couro fino). Muitos dos materiais usados foram trazidos
'•Ilido que Israel precisava inicialmente para ser salvo tio Egito era aceitar a liberttição que Deus estava operando. Agora é introduzida a idéia tie que a obediência é necessária assim como
a/é."
K. A . C o l e
" O decálogo... deu forma, propósito e um plano para a vida. Embora culturas orientais anteriores tivessem tido temporariamente a noção de que a justiça agradava aos deuses, foi sobre a ruchu Saltclu
IÍIIS
Tábuas ida leij que a civilização
170
Pentateuco
Um estilo de vida: os Dez Mandamentos Philip Jenson
Tendo saído do Egito, os israelitas chegaram ao monte Sinai, onde fizeram uma aliança com Deus. Ali, Deus entregou os Dez Mandamentos, que aparecem em Êx 20.1-17, com a finalidade de possibilitar ao povo cumprir a sua parte do acordo (ÊX 19.5). Existe outra passagem que traz os Dez Mandamentos na íntegra: Dt 5.6-21, onde se enfatiza que esses são os mandamentos e que não haveria outros (Dt 5.22). Na comparação entre as versões de Êxodo e Deuteronômio, aparecem pequenas variações, mas isto é reflexo da flexibilidade com que a Bíblia em seu todo trata dessa questão da lei. No AT, os Dez Mandamentos são, literalmente, as "dez palavras", o Decálogo (Êx 34.28; Dt 4.13; 10.4).
Oqueéa"Torá"? A palavra hebraica "torá" é, geralmente, traduzida por "lei". Agora, lei é muitas vezes considerado algo universal e impessoal. "Torá" é, para sermos mais exatos, "instrução" ou "ensino". É a palavra bem pessoal que Deus fala ao seu povo, dizendo-lhe como deve viver. Mais tarde, a palavra veio a ser usada como título do Pentateuco, pois as histórias e também as leis nele contidas eram instrução para o povo, dizendo quem é Deus e como o povo deveria viver.
"A Torá é verdade, e o objetivo de conhecê-la é viver segundo ela". Maimónides
A lei que Deus d e u a seu p o v o era um eslilo d e v i d a , não apenas u m a lista de regras. Nas palavras d o salmista, é lâmpada para os pés e l u z p a r a o caminho d e rodos que p r o c u r a m segui-la.
Sua importância se deve ao fato de terem sido as únicas "palavras" faladas diretamente por Deus. Todas as outras leis vieram por meio de Moisés (Êx 20.1,19). O d o m d e Deus ao seu p o v o "Eu
sou
o
SENHOR,
teu
Deus, que te tirei da terra do Egito" (Êx 20.2): esta é a base para tudo o que segue. Primeiro Deus salva, por graça; só então ele conclama o povo a mostrarse agradecido e ser o b e d i e n t e . Vários mandamentos aparecem em outros documentos de natureza ética ou em códigos de leis, mas o Pentateuco insere os mandamentos num contexto histórico e teológico todo espe-
ciai. Diante do que Deus havia feito por eles, os membros do povo de Deus, de bom grado, acolhem a lei e prometem cumpri-la. Era possível incorrerem castigo, por causa de desobediência (Êx 20.5), mas este não era o propósito maior do mandamento. Oito dos mandamentos têm formulação negativa ("não..."), mas estes simplesmente definem o espaço ou os limites dentro dos quais os israelitas podiam viver com segurança. No NT aparece o mesmo padrão: a nova vida em Cristo está disponível, e de graça, para todos; mas requer-se, então, que o povo de Deus viva de maneira que agrade a ele. "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor", disse Jesus aos seus discípulos (Jo 15.10). Diferentes t i p o s d e lei Algumas leis são mais amplas e universais do que outras. Deuteronômio faz distinção entre "o mandamento" e "os estatutos e juízos" (Dt 6.1). A forma positiva do "mandamento" é o famoso Shemá (Dt 6.4-9): "Ouve, Israel, o S E N H O R nosso Deus, o SENHOR é um. Amarás o S E N H O R teu Deus de todo o teu coração..." A forma positiva do primeiro dos Dez Mandamentos é esta: "Não terás outros deuses diante de mim" (Dt 5.7). Outras leis são bem específicas, e estas se encontram em Êx 21—23 e Dt 12—26. Em termos de genérico e específico, os Dez Mandamentos constituem um meio-termo. Foram gravados em pedra para mostrar que, em princípio, são válidos para sempre. São dez ao todo, e dez é o número que simboliza aquilo que é completo. Eles têm por objetivo apresentar um quadro abrangente da vida de obediência a Deus. Entretanto, havia também a necessidade de ser sele-
•ocio
tivo, pois esse quadro só podia ser apresentado de forma esquemática. Os mandamentos pedem para serem interpretados e aplicados, e já podemos ver isso em andamento nos mandamentos mais longos. A lei do sábado se fundamenta tanto na criação (Êx 20.10) como no êxodo (Dt 5.15). Ornais i m p o r t a n t e em p r i m e i r o l u g a r A ordem dos mandamentos é altamente significativa. • Os primeiros quatro (na contagem reformada) tratam da questão fundamental da atitude do povo de Israel em relação a Deus, Estes introduzem os mandamentos seguintes, que dizem respeito ao comportamento na comunidade. • 0 mandamento do sábado já faz a conexão entre a atitude em relação a Deus e a atitude em relação ao próximo, pois nem mesmo a um escravo se permitia que trabalhasse no dia que Deus santificou. Jesus reafirmou esse vínculo em seu resumo da lei em dois mandamentos (Mt 22.36-40).
A interpretação dos mandamentos 0 que significa "não matarás"? Nem sempre está claro o que um mandamento significa. As leis mais específicas examinam casos mais difíceis e estabelecem diferentes níveis de desobediência e castigo. Por exemplo, há diferença entre crime culposo (involuntário) e crime doloso (intencional), como se vê em Êx 21.12-14. No contexto israelita, a necessidade de matar no contexto das guerras era tão evidente que nem era preciso discutir essa questão! É possível que, de tempos em tempos, se chegasse a conclusões diferentes, devido, em grande parte, à mudança das circunstâncias, mas todos aceilavam a autoridade mais ampla e abrangente dos mandamentos.
171
Códigos de lei no mundo antigo Há vários paralelos entre os mandamentos da Bíblia e as leis que aparecem em códigos elaborados por vizinhos do povo de Israel. Entretanto, em parte alguma se encontra a mesma concentração de mandamentos num mesmo texto. Em muitos casos também há significativas diferenças no que diz respeito a detalhes. Por exemplo, no código do rei babilônio Hamurábi {foto ao lado) aparece o seguinte: "Se um cidadão roubou um boi, ou uma ovelha, ou um jumento, ou um porco, ou um barco, se for propriedade do templo ou da coroa, ele deverá restituir trinta vezes mais; mas, se a propriedade é de um vassalo, deverá restituir dez vezes mais, ao passo que, se o ladrão não tiver como restituir, deverá ser morto". (Lei 8) Em Israel, não havia diferenças de classe, e não havia previsão de pena de morte por causa de roubo (Èx 22.1).
Há diferentes sistemas denumeração dos mandamentos. •iò tradição reformada (seguida neste artigo), Êx 20.2 é visto como o prólogo, a proibição das imagens é um mandamento distinto, e o duplo "não cobiçarás" forma um único mandamento. Abaixo aparecem algumas das opções de numeração:
Judaica
Católica/Luterana
1. Introdução 1. Não ter outros deuses; 2 . Não ter outros deuses; não fazer imagens não fazer imagens 2 . 0 nome do Senhor 3.0 nome do Senhor 3.Sábado 4.Sábado 4 . Honrar os pais 5. Honrar os pais 5. Não matar 6. Não matar 6. Não adulterar 7. Não adulterar 7. Não roubar 8. Não roubar 8. Não dar falso 9. Não dar falso testemunho testemunho 9. Não cobiçar a casa 10. Não cobiçar 10. Não cobiçar a mulher
Reformada 1. Não ter outros deuses 2. Não fazer imagens 3.0 nome do Senhor 4 . Sábado 5. Honrar os pais 6. Não malar 7. Não adulterar 8. Não roubar 9. Não dar falso testemunho 10. Mão cobiçar
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Pentateuco
"A Lei foi dada depois que Deus havia salvo o seu povo, não antes... Israel não procurava cumprir a Lei para obter salvação. Os cristãos não tentam ser bonzinhos para chegarem ao céu. Deus já agiu, trazendo salvação. Já atravessamos o mar Vermelho. Cristo já morreu e ressuscitou. Ser obediente a Deus é uma resposta à salvação, e não um pré-requisito para a mesma". Marcus
Depois do mandamento do sábado, o único outro mandamento positivo é o que manda honrar os pais. Este aponta para o valor fundamental no desdobramento da lei: estabilidade e harmonia na família. É o único mandamento que vem acompanhado de promessa (Ef 6.2), pois, sem honra, a sociedade entraria em colapso e os objetivos que Deus tem para a família de Abraão não seriam alcançados (Êx 19.5-6). No final, o décimo mandamento vai além da ação externa e trata da motivação interior, uma ênfase que Jesus aplicou também a outros mandamentos (Mt 5.21 -48).
Letra e espírito O contexto, o conteúdo e o tom dos Dez Mandamentos refletem uma consciência de que o espírito da lei era tão importante quanto a sua letra. Os profetas fizeram severa crítica àqueles que tentavam subverter ou descartar os mandamentos (Am 8.5). Também Jesus criticou seus contemporâneos por interpretarem os mandamentos de forma muita restrita (Mt 23.23). Em consonância com outros textos bíblicos, a lei, de modo geral, e os Dez Mandamentos, de forma especial, procuram estabelecer um reino de justiça e paz, fundamentado no amor a Deus e ao próximo.
Maxwell
J o y Davidman
"O conceito bíblico de sociedade se baseia, não nos contratos, mas na aliança... Alianças tem a ver com deveres em vez de direitos. Enfatizam o bem comum ao invés do benefício pessoal." J o n a t h a n Sacks
A arca da aliança era feita de acácia, que
é
uma
das poucas áivores que cresce no clima seco d o "deserto" d o Sinai.
do Egito (11.2-3) e voluntariamente ofertados pelos israelitas, para que o tabernáculo de Deus fosse o mais digno possível o u estivesse à altura de Deus. Q u a n d o não havia bancos, era prático converter as riquezas em jóias, que podiam ser usadas e transportadas com facilidade. A madeira é escassa no deserto do Sinai; a acácia é uma das poucas árvores que cresce ali. As peles provinham dos rebanhos dos próprios israelitas. Os povos do O r i e n t e M é d i o antigo eram hábeis na arte de fiar, tecer e no uso de corantes naturais (o escarlate era obtido do inseto conhecido como cochonilha; a p ú r p u r a , usada pelos ricos, era extraída do molusco m ú r e x ) . Também eram p r o d u z i d o s b o r d a dos finos. Pedras preciosas e semipreciosas eram lapidadas, polidas e gravadas (como as de A r ã o ) . O u r o e prata eram forjados e deles se faziam padrões bastante elaborados. Deus mobilizou todas essas habilidades para a construção do seu tabernáculo. • Estola sacerdotal (25.7) Veja 28.6-14, e a figura do sumo sacerdote e a legenda em " O Sacerdócio no A T " . • Arca da aliança (ou d o testemunho) Esta era uma caixa de madeira transportada com varas, revestida de ouro e medindo cerca de l,22m x 76cm x 76cm. Nela eram guardadas as duas pequenas tábuas de pedra em que estavam escritas as "dez palavras"; além disso u m pote de maná, e mais tarde a vara de Arão. Os "querubins" provavelmente eram esfinges aladas com semblantes humanos que representavam os espíritos mensageiros de Deus. A arca era o símbolo visível da presença de Deus. • 25.37 As lâmpadas do candelabro eram a única fonte de luz no tabernáculo: o santo dos santos ficava completamente escuro.
E x 28—30: O s sacerdotes e seus deveres Se o tabernáculo de Deus devia ser um lugar de beleza e esplendor, o sacerdote também devia estar vestido adequadamente. Suas vestes tinham o propósito de lhe conferir "dignidade e beleza" (28.2), não por causa dele, mas como convém àquele a quem ele serve e representa. As pedras preciosas gravadas com os nomes das doze tribos indicam sua outra função, a de representante do seu povo, fazendo expiação pelo seu pecado. • O Urim e o Tumim (28.30) Dois objetos que representavam "sim" e "não". Não se sabe exatamente como eram usados para descobrir a vontade de Deus. • Os sininhos na barra da sobrepeliz de Arão (28.33-34) Provavelmente para garantir que ele não entrasse na presença de Deus sem se anunciar. • 28.42 A exigência de roupa de baixo para os sacerdotes contrastava com a nudez ritual de outras religiões. • 29.20 A orelha para ouvir e obedecer a Deus; a mão e o pé para trabalhar para ele. • 30.13 O imposto era uma pequena quantidade de prata (6g). Ao tempo do NT, a didraema (duas dracmas) tornou-se o imposto anual do templo ( M t 17.24). • A consagração Cada elemento dessa elaborada cerimônia indicava a "alteridade" o u "distância" de Deus. Ele estaria com seu povo, mas não podia haver familiaridade. 0 homem só poderia aproximar-se de Deus nos termos que Deus havia estabelecido. O pecado desqualifica todos de entrar na presença de Deus. O s sacerdotes e todo o equipamento deviam ser separados especialmente para o serviço do Senhor. Assim, Arão e seus filhos deviam ser purificados e vestidos, e ter seus pecados expiados por sacrifício para poderem assumir seu cargo. O Deus vivo não é um ídolo impotente, que as pessoas podem adorar do jeito que bem entenderem. Deus estabeleceu os termos que possibilitariam sua morada entre seu povo. Ê x 31.1-11: H a b i l i d a d e s especiais Q u a n d o Deus escolhe as pessoas para um trabalho específico ele também as capacita para essa tarefa. O v. 3 é uma das primeiras referências ao "Espírito de Deus". As habilidades destes artesãos são dons espirituais para o serviço de Deus e os nomes dos dois entraram para a história.
17: Cansadas
de esperei por Moises, que
lhes
truriu a lei d e Deus. os israelitas persuadiram A r ã o a fazer-lhes um b e z e r r o de o u r o - simbolo d e fertilidade e foiça n o Egito.
Este pequeno bezerro (foto), com sua '"casa", foi recentemente rinonlrado em Israel.
Êx 3 1 . 1 2 - 1 8 : U m d i a d e d e s c a n s o A maneira como o sábado, o dia do descanso, é observado é um indicador da saúde espiritual do povo. A obediência nisto c uma prova da sua obediência a üeus também em outras áre;is. Êx 3 2 : U m b e z e r r o d e o u r o para a d o r a r Apenas seis semanas após fazerem o voto solene da aliança com Deus, o povo pediu uma réplica dos antigos deuses do Egito. "Eles eram um povo escravo, que ainda tinha a mentalidade de escravos, por mais que Deus os tivesse libenado" (R.A. Cole). E Arão, o sumo sacerdote de Deus, não só fez o bezerro, como também o identificou com Deus. A morte era a penalidade para aqueles que violassem a aliança, mas Israel foi salvo pela oração altruísta de Moisés. As tábuas quebradas p r o c l a m a v a m dramaticamente que a aliança havia sido rompida. Tal pecado não podia deixar de ser castigado. • 32.14 Deus levou em consideração a reação humana, nem tanto "arrependendo-sc", mas agindo de maneira diferente.
• 32.26-29 " Q u e m é do SüNHOR?" A própria tribo de Moisés, os levitas, se colocou do lado de Moisés. O que se seguiu foi uma "guerra santa": alguns foram castigados como exemplo, talvez alguns líderes, mais provavelmente adoradores pegos ao acaso. " I r m ã o " significa compatriota. Mas até laços de família eram menos importantes que lealdade a Deus (veja as palavras de Jesus: Mt 12.46-50). Ê x 33: A g l ó r i a d e D e u s Deus não voltaria atrás na sua promessa, mas Israel perdeu a presença dele e, sem a presença de Deus, a terra prometida não seria nada. Mais uma vez Moisés intercedeu pelo povo num momento de crise. A resposta de Deus o incentivou a pedir que Deus se revelasse a ele em todo o seu esplendor. • Face a face (33.11) N m 12.8 acrescenta como explicação: "claramente, e não p o r enigmas". • Peço-te que me mostres a tua glória (33.18) Moises queria ver Deus como ele é. mas seres humanos só podem ver Deus em sua passagem, somente nas coisas que ele fez.
176
entateuco
A importância do tabernáculo Alee Motyer
O t a b e r n á c u l o o r a u m a t e n d a p a r a D e u s , c o m dou
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c o m p a r t i m e n t o s , m o n t a d a d e n t r o d e u m espaço f e c h a d o o n d e e r a m o f e r e c i d o s o s sacrifícios. Naqtxi tj espaço, q u e m e s t a v a n o c o m a n d o e r a m o s s a c c r d o u l e levitas.
0 povo de Deus estava acampado junto ao monte Sinai. Todos os dias eles olhavam com temor para a nuvem que cobria a monte (Êx 19.16-22), pois isto significava que Deus estava chegando para falar com eles. Foi durante a permanência naquele lugar que, instruídos por Moisés, eles providenciaram materiais que seriam usados na construção de uma complexa tenda que viria a ser chamada de "tabernáculo". No dia em que essa estrutura finalmente ficou pronta e foi erguida, "a nuvem cobriu a tenda da congregação, e a glória do S E N H O R encheu o tabernáculo" (Êx 40.34). O Senhor de fato tinha vindo para habitar entre o seu povo. Este é o significado maior do tabernáculo. A cerimônia A cerimônia descrita em Êx 24 coloca a entrega da lei em seu devido contexto. Dela faziam parte os seguintes elementos: • O altar, com suas 12 colunas (v.4), simboliza que todo o p o v o de Deus estava na presença dele (pois havia 12 tribos de Israel). A verdade foi expressa numa pedra, ou seja, esse relacionamento deveria ser permanente. • Derramar a metade do sangue do sacrifício no altar (v.6) significa que é por meio do sangue derramado que o povo pode chegar ã presença de Deus. O pecado inevitavelmente significa morte; ele traz afastamento da presença de Deus. Mas uma vez feita expiação do pecado, as pessoas podem ser trazidas a Deus e desfrutar da sua presença. • A seguir, Moisés apresenta ao povo a lei de Deus. É ela que é o padrão de obediência que Deus requer do povo comprado com sangue (v.7). • O povo se compromete com uma vida de obediência, e Moisés bor-
rifa o povo com a outra metade do sangue (v.8), criando uma identidade entre eles e o sacrifício feito por eles tanto inicialmente como pelas fraquezas e pecados do dia a dia. Assim, o monte Sinai representa o cumprimento de metade da promessa de aliança feita em Ê X 6.7: "Farei com que vocês sejam o meu povo". Deus os trouxera para junto de si e, no sangue derramado, deu-lhes um meio de viverem e andarem com ele. A presença d e Deus E que dizer da outra metade da promessa de aliança? Deus havia dito também: "e eu serei o seu Deus" (ÊX 6.7). Ao fixar residência entre eles, armando a sua Tenda entre as tendas deles, o Senhor realiza esse segundo tipo de identificação com o seu povo. Ele é, de fato, o Deus deles. O tabernáculo representa a plenitude e o ponto alto da redenção do povo de Deus. Tudo o que Deus havia feito tinha em vista este propósito final: "habitarei no meio dos filhos de Israel" (ÊX 29.43-46). Em toda a narrativa que trata do tabernáculo, a grande ênfase é a presença de Deus. Esta ênfase é expressa de duas maneiras: • Há uma série de textos que tratam deste assunto (p. ex., Ê X 25.8,22; 29.42-46; 40.34-38). Deus queria que o seu povo sempre levasse consigo os valores aprendidos no monte Sinai. Ali Deus havia habitado no meio deles e eles viram a manifestação visível da presença dele. • Mas Deus não estava apenas dando-lhes algo que pudessem lembrar. Ele decidiu habitar entre eles, caminhar com eles. O tabernáculo representa algo ainda mais intenso ou profundo do que a experiência no Sinai (compare 24.18 com 40.35). Eles não ficaram
A idéia básica d e u m a estrutura portátil é atestada
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78
Pentateuco
com o brilho desvanéceme de uma experiência que, com o passar do tempo, se tornaria cada vez menos importante. Ao contrário, habitando entre eles, o próprio Deus garantia a realidade sempre atual e constante de sua presença. A narrativa do tabernáculo é interrompida e manchada pelo episódio do bezerro de ouro (Êx 32—34). Antes desse ato de rebeldia aparece, em todos os detalhes, no texto, o projeto do tabernáculo (Êx 25—31). Depois dele, aparecem, passo a passo, os detalhes da execução do projeto (Êx 35—40). Por que temos de acompanhar o processo de construção do tabernáculo nos mínimos detalhes? Não bastaria o resumo que aparece em Ê X 40.16-33? Por que dar destaque a cada nova fase do projeto? Certamente para enfatizar esta grande verdade: que nem mesmo os mais audaciosos e obstinados atos de rebeiião humana podem levar o Senhor a desistir de seu propósito de morar entre o seu povo. Ele decidiu fazer isto segundo o que ele mesmo havia planejado e nada poderia leválo a mudar de idéia. Nós até podemos ficar impacientes e nos rebelar, mas Deus é paciente e insiste em continuar. Uma r e l i g i ã o c e n t r a d a e m Deus Portanto, o tabernáculo expressa a verdade de que o Senhor decidiu morar entre o seu povo, e a vontade de Deus determina todo o plano da grande Tenda e de sua construção. A partir de Êx 25.10, a descrição deixa de lado o interior e se volta para o exterior: a mobília, a arca, a mesa e o candelabro (25.10-40), depois a cobertura (26.1-37), o altar e o pátio (27.1-19). É uma narrativa bem ordenada, mas, pensando bem, a ordem é surpreendente e inesperada. Seria de esperar que o "edifício" viesse em primeiro lugar, seguido pelas coisas que estavam dentro dele. Mas isso seria o mesmo que começar pelo
que é visível, quando, na verdade, o tabernáculo existia como o indispensável "invólucro" para o Deus invisível, quando este descia para estar com o seu povo. O fator determinante é Deus e sua natureza, não os homens e suas necessidades. Desta forma, o tabernáculo resume uma verdade bíblica fundamental sobre religião: ela precisa ser moldada pela natureza e vontade de Deus. Sempre de novo a Bíblia desmascara a tendência humana de adaptar a religião às suas próprias necessidades e expectativas. Agora, se a religião não corresponder com a vontade de Deus, ela será, em última análise, vã e sem sentido (veja, p. ex., Is 29.13). A arca d a a l i a n ç a Bem no centro dessa religião teocêntrica ou dirigida pela vontade de Deus estava a arca. Tudo apontava para ela. Três entradas correspondentes (Êx 26.31-32,36-37; 27.16-17) levavam até ela, pois o propósito de se entrar no pátio do tabernáculo era ter acesso à presença de Deus. Ao longo do caminho que levava à arca ficava o altar dos holocaustos (Êx 27.1-8), o altar do incenso (30.1-6), e o propiciatório (a tampa da arca), sobre o qual era derramado o sangue do sacrifício (Êx 25.17-22; Lv 16.14), para mostrar que o ser humano somente podia se aproximar de Deus por meio de sacrifício, oração e a eficácia do sangue derramado. Dentro da arca estavam as tábuas da Lei, a declaração verbal suprema da santidade de Deus (ÊX 25.16). Esta santidade era a razão por que Deus habitava sozinho (pois ninguém está à altura da santidade dele) e também a razão por que por meio de sangue um pecador podia chegar à presença dele (pois o sangue mostra que uma vida foi entregue em pagamento pelo pecado). Portanto, toda a estrutura do tabernáculo expressa verdades claras e maravilhosas. O tabernáculo é um resumo visível das afirmações centrais da Bíblia: que Deus habita
em seu povo (ICo 3.16; Ef 2.19-22); que Deus quer que seu povo o adore segundo a vontade dele e não como o povo imagina que deveria ser (veja Mc 7.6-13); e que somente através de sacrifício e sangue derramado é que os pecadores podem ter comunhão com o santo Deus (veja Ef 2.11-18; Hb 10.19-25).
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êxodo Ex 34: A r e n o v a ç ã o d a a l i a n ç a As tábuas foram gravadas novamente, simbolizando a renovação da aliança p o r parte de Deus. Esta seleção específica de leis foi influenciada pela recente idolatria de Israel e também pelas futuras tentações representadas pela religião dos povos canancus. O s primogênitos de Israel pertencem a Deus, mas seriam "comprados de volta" o u resgatados — não deveria haver sacrifício de crianças como em Canaã. N o futuro, ao estarem muito ocupados com o plantio e a colheita, eles não deviam esquecer a lei do sábado. Os primeiros frutos deviam ser trazidos a Deus, já que era ele quem tornava a terra fértil. Israel não deveria lançar mão da prática comum entre os cananeus de cozinhar o cabrito no leite de sua mãe com o propósito aumentar a fertilidade. A longa comunhão de Moisés com Deus foi demonstrada em sua face quando ele voltou para junto do povo: ele começou a refletir um pouco da glória de Deus (veja 2 C o 3.18). Êx 3 5 — 4 0 : M o n t a n d o o tabernáculo de Deus Estes capítulos registram como as instruções dadas nos caps. 25—31 foram cumpridas ao pé da letra. O s artesãos foram ao trabalho, o povo entregou suas ofertas e o tabernáculo,
suas decorações, e as vestes dos sacerdotes ficaram exatamente como Deus havia prescrito. Q u a n d o a obra terminou, Deus instruiu Moisés a que armasse e organizasse o tabernáculo, para que fosse consagrado. Arão e seus filhos foram ungidos para o serviço. Quando tudo ficou pronto, Deus demonstrou sua satisfação. A nuvem, símbolo visível da presença de Deus, cobriu a tenda, e o lugar ficou cheio da luz resplandecente da glória de Deus. Durante 300 anos, até ser substituído pelo Templo na época de Salomão, o tabernáculo de Deus foi o centro da adoração do povo de Israel.
Deus t i r o u seu p o v o d o Egito, guiando-os pela região montanhosa e semi-árida da península d o Sinai, rumo à rerra prometida.
LEVÍTICO
Resumo O livro das leis de Deus para o seu povo. Caos. 1—15
Sacrifícios para removei o pecado e renovar a comunhão com Deus Os sacerdotes Puro e impuro
Levítico é o livro das leis derivado diretamendo tabernáculo não Caps. 16—27 te da aliança de Deus com seu povo no Sinai. É mais se aplicam, pois Questões de conduta, essencialmente um texto destinado aos sacerdoo "único sacrifício que moralidade e santidade tes, que deverão instruir o povo. Jesus ofereceu uma só O dia da expiação vez" é suficiente para Levítico é apresentado como as instruções perdoar "os pecados de Deus a Moisés. Sempre de novo aparece o refrão: " O S E N H O R disse a Moisés..." Para muitos, do mundo". Também não mais se aplicam na tradição judaica e cristã, o livro foi escrito aos cristãos as antigas por Moisés. Porém, não há um autor declarado e leis sobre alimentos. Os muitos pensam que o material, na forma em que apóstolos resolveram esta questão, à medida que se encontra hoje, foi organizado por um escritor as boas novas começaram a ser pregadas entre os que viveu depois do tempo de Moisés. não-judeus. Muitas das detalhadas regras de saúde No Sinai, o povo de Israel entrou num relacioe higiene também pertencem, em grande parte, a namento todo especial com Deus, muito pareciuma era e um estilo de vida do passado. do com acordos que, naquele tempo, eram feitos entre um rei poderoso e uma nação de menor O que permanece e tem valor perene são os importância (Éx 20—23). As regras detalhadas princípios básicos, o caráter imutável de Deus, a de vida e adoração estabelecidas em Levítico são necessidade que os seres humanos têm do percentradas numa única afirmação: dão, a expiação e a restauração do relacionamen"Sejam santos, pois eu, o S E N H O R , O Deus de to com Deus que se cumpriria em Cristo. vocês, sou santo." (Lv 19.2) É por isso que os pecados devem ser levados a sério, e isto explica a leis a respeito de pureza, L v l — 7 saúde e higiene. O povo de Deus deve ser distinOs sacrifícios to e diferente das nações à sua volta, cuja religião Essas instruções se d i r i g e m , inicialmennão exigia moralidade e santidade. Um relaciote, à pessoa que ia oferecer u m sacrifício namento íntimo com Deus significa uma vida de ( 1 . 1 — 6 . 7 ) , e, n u m segundo momento, aos obediência e fé. sacerdotes (6.8—7.6). Elas dizem respeito a Levítico não é muito lido pelos cristãos de cinco tipos de sacrifícios: hoje. Um livro de regras para sacerdotes do Israel antigo parece despertar apenas o interesse de 1. O h o l o c a u s t o (cap. 1; 6.8-13): a única alguns curiosos, e a própria descrição de sacrifíoferta em que o animal inteiro era queimai cios de sangue é repulsiva para muitos. A "nova do; um símbolo de dedicação. aliança" substituiu a antiga. 2. A o f e r t a d e c e r e a i s o u d e m a n j a r e s Porém Deus ainda é santo e exige que seu (cap. 2; 6.14-18): geralmente uma oferta povo seja santo. A famosa afirmação de Jesus, que acompanhava o holocausto o u a oferta "ame o seu próximo como você ama a si mesmo", de comunhão. vem deste livro. Levítico tem muito a dizer sobre 3. A o f e r t a d e c o m u n h ã o o u o s sacrifío cuidado adequado pelos pobres, estrangeiros c i o s p a c í f i c o s (cap. 3; 7.11-36): restabee pela terra. E, mais importante ainda, a comlecia a comunhão entre o ofertante e Deus, e preensão da morte de Cristo que aparece no NT, unia os ofertantes como família e / o u comuou seja, que Cristo remove o nosso pecado, que nidade enquanto festejavam; ou poderia ser Cristo tomou o nosso lugar na cruz, baseia-se nos uma oferta de ação de graças. conceitos estabelecidos em Levítico. 4. A o f e r t a p e l o p e c a d o p o r ignorânc i a (4.1—5.13; 6.24-30): feita para obter Mas que partes de Levítico ainda são válidas? o perdão. Não está claro qual o relacionaAqui a Carta aos Hebreus ajuda (e serve de excemento entre esta oferta e a oferta pela culpa lente "comentário"). É claro que as regras e os rituais
(item 5). Em geral, a oferta pelo pecado parece referir-se a ofensas contra Deus, e a oferta pela culpa a ofensas contra o próximo. (Mas mesmo os pecados contra os outros são considerados pecado contra Deus, como 6.2 afirma claramente). 5. A o f e r t a p e l a c u l p a o u p e l o s a c r i l é g i o (5.14—6.7; 7.1-10). 0 ritual seguia um padrão definido. A pessoa que oferecia o sacrifício trazia a sua oferta (um animal sem defeito físico tirado do próprio rebanho, ou, no caso dos pobres, rolinhas ou pombas) até o átrio do tabernáculo. Colocava a mão sobre a oferta, para indicar que esta era sua propriedade e se destinava a ser um substituto. Depois, a vítima era imolada. (Em caso de oferta pública, quem fazia isso era o sacerdote.) O sacerdote pegava a vasilha com o sangue do sacrifício e o respingava no altar. Queimava uma determinada parte do animal com certas porções de gordura (ou o animal inteiro no caso do holocausto). O restante era comido pelos sacerdotes, o u pelos sacerdotes e suas famílias, o u ( n o caso da oferta de comunhão) pelos sacerdotes e adoradores juntos. A prática de oferecer algum tipo de sacrifício era como que universal entre os povos antigos e os sacrifícios de Israel têm algumas semelhanças com os de seus vizinhos. No entanto, certas características são singulares: • 0 monoteísmo absoluto de Israel, ou seja, a crença num único Deus verdadeiro, e o ritual como instrução vinda diretamente de Deus. • A ênfase d a d a à ética e à m o r a l i d a d e , decorrente da p r ó p r i a s a n t i d a d e moral absoluta dc Deus; o pecado como barreira que impede a c o m u n h ã o ; a necessidade de arrependimento e expiação; a insistência na obediência à lei de Deus ( m o r a l e cerimonial). • A completa a u s ê n c i a (e p r o i b i ç ã o ) de práticas associadas que eram comuns em outras religiões; nada de magia o u de feitiçaria (veja "Magia no A T " ) . • 0 alto padrão do sistema sacrificai: nada de delírios, prostituição ritual, orgias, ritos de fertilidade, sacrifícios humanos, etc. • Aroma a g r a d á v e l a o S E N H O R ( 1 . 9 ) Esta é a forma humana de expressar a satisfação de Deus com a oferta. O povo sabia eme Deus não precisava ser alimentado por eles, pois era Deus quem os alimentava com o maná.
• Nem f e r m e n t o n e m m e l . . . t e m p e r e com sal (2.11-13) Fermento o u mel causavam fermentação. Por detrás desta regra talvez estivesse o papel desempenhado pelo v i n h o (bebida fermentada) nos excessos cometidos na religião dos cananeus. O sal, por outro lado, é conservante e lembrava a aliança de Deus com o seu povo. • Não comam g o r d u r a (7.23) Esta parte "especial" o u "nobre" do animal era oferecida a Deus. • ... p r o i b i d o s de comer o sangue (7.26) A razão disso é dada em 17.10-14 (veja nota).
Lv8—10
A consagração
dos
sacerdotes
L v 8: A c e r i m ô n i a Terminada a descrição dos deveres sacrificiais do sacerdote, Moisés implementou as instruções dadas em E x 29. N u m ritual complexo c impressionante, A r ã o e seus filhos são consagrados sacerdotes. Moisés e x e r ceu as funções sacerdotais em lugar deles. O sangue na orelha, na mão e no dedão d o pé direito de A r ã o indicava a consagração do homem todo ao serviço de Deus, o u v i n d o e colocando em prática as instruções de Deus. N o tabernáculo havia um altar para os sacrifícios e um altar para o incenso. Este altar, feito d e pedra calcária, c o m um chifre e m cada canto, data da época e m que o s israelitas conquistaram Canaã. Foi encontrado em Megido e é provavelmente u m altar d e incenso.
Pentateuco
Sacrificios Nobuyoshi Kiuchi
Oferecer sacrifícios era o aspecto central do culto no AT, e todas as pessoas daquele tempo sabiam do que se tratava. No entanto, isto é algo que intriga os leitores de hoje. Como podia essa prática tão rude e cruel aproximar uma pessoa de Deus, e ainda por cima perdoar pecados? No entanto, tanto o AT como o NT indicam que isso de fato era assim. Na verdade, no NT a morte de Cristo na cruz é vista como o ponto alto e cumprimento de todos os sacrifícios de animais no AT. Assim, precisamos fazer um esforço para entender a função dos sacrifícios na cultura dos adoradores do tempo do AT. Contexto Precisamos imaginar como era a vida numa pequena aldeia onde praticamente todos tinham um pedaço de terra, que era cultivado para conseguir o sustento da família. Era uma agricultura de subsistência, e as pessoas se consideravam felizes se conseguiam chegar ao final do ano com algum cereal de sobra para a semeadura do ano seguinte. Os bens mais preciosos que se tinha eram os animais. A maioria dos moradores da aldeia teria um rebanho de ovelhas ou de cabras. Os mais ricos teriam alguns bois e algumas vacas, animais de grande valor porque puxavam o arado e as carroças, além de fornecer carne e leite. A maioria das pessoas era semivegetariana, não por convicção ou decisão pessoal, mas porque não podia se dar ao luxo de carnear seus valiosos animais. As pessoas comiam carne quando recebiam uma visita importante (p. ex., 2Sm 12.1-6), por ocasião de um casamento, ou nas grandes festas religiosas como a Páscoa. Ainda em sociedades mais ricas de nossos dias pode-se ver um reflexo dessa atitude, quando
as pessoas discutem o que deveriam comer numa ocasião especial, como, por exemplo, na festa do Natal. Portanto, as pessoas matavam um animal para comer carne quando queriam sinalizar que o momento exigia uma celebração especial. Fazer isso envolvia um custo considerável. Ao oferecer um sacrifício, a pessoa estava, por assim dizer, acolhendo o convidado mais importante que se poderia imaginar: o próprio Deus. O que se oferecia em sacrifício era a comida que se daria a um convidado de honra. Embora a Bíblia dê bastante atenção à forma como os diferentes sacrifícios de animais deviam ser oferecidos, ela também mostra que cada um desses sacrifícios era acompanhado por uma oferta de cereais (seja o grão em si, seja a farinha ou o pão) e por uma libação de vinho (que era derramado no chão, ao lado do altar — Nm 15.1-12). Portanto, um sacrifício era uma refeição especial preparada em honra do Criador.
dilúvio (compare 8.21-22 com 6.5-7), o sacrifício de Noé fez com que a atitude de Deus em relação à sua criação passasse de uma ira destruidora a uma promessa de preservação futura. Restaurando a paz Disto passamos ao conceito de expiação, que ocupa um lugar central na visão bíblica dos sacrifícios. 0 sacrifício é uma forma de lidar com os problemas criados pelo pecado, que destrói a paz que deveria existir entre Deus e a humanidade. Outros povos viam nos sacrifícios uma maneira de alimentar os deuses, mas esta idéia é enfaticamente rejeitada na Bíblia. Deus é o criador: ele não precisa ser alimentado pelas suas criaturas. Ao contrário, ele é quem alimenta os seres humanos (Gn 1.29-30; SI 50.8-13). Qual, então, a razão dos sacrifícios?
P o r q u e o s sacrifícios? A primeira vez que, na Bíblia, se fala sobre sacrifícios é imediatamente após Adão e Eva serem expulsos Só o melhor era b o m do jardim do Éden. A segunda vez que chega é logo após o dilúvio. Estas histórias Nesse contexto, podemos entender mostram o que é o pecado e quais por que nenhum desses animais podia as suas conseqüências. Adão e Eva ter algum defeito (p.ex., Lv 1.3). Seria morreram espiritualmente, ao serem uma grande falta de respeito querer afastados de Deus. Nos dias de Noé, enganar Deus com algo de qualidade a maioria dos homens pereceu no inferior (2Sm 24.24). dilúvio. Foi o suave cheiro do sacrifício de Noé que levou Deus a mudar Foi o que Caim tentou fazer, oferecendo apenas alguns produtos da de atitude, prometendo nunca mais terra, ao passo que Abel ofereceu as tornar a destruir a sua criação. primícias do seu rebanho e a gorduNas passagens que falam sobre ra (Gn 4.3-5). Não admira que Deus sacrifícios, muitas vezes se menciona tenha rejeitado o sacrifício de Caim. esse "cheiro suave". Também se diz A colocação desta história bem no que os sacrifícios são oferecidos para começo da Bíblia mostra a importân"fazer expiação", ou seja, os pecados cia, no caso dos sacrifícios, das atitudos fiéis são perdoados e eles estão des certas e das ações adequadas. outra vez em paz com Deus. Esta mensagem é reforçada em Gn Agora, por que a atitude de Deus 8. Embora a humanidade continuasse em relação aos pecadores é mudada tâo pecadora quanto era antes do através dos sacrifícios?
Vários "modelos" são usados para interpretar os sacrifícios, e a maioria deles tem alguns pontos em comum: • Todos os animais oferecidos em sacrifício, bem como o vinho e os cereais, representavam o que de mais precioso tinha a pessoa que trazia o sacrifício. Eram coisas essenciais à vida dessa pessoa. Trazendo essas ofertas, a pessoa devolvia a Deus os dons mais preciosos que havia recebido. • A vítima sacrificial representava a pessoa que oferecia o sacrifício. Colocar a mão sobre a cabeça da vítima era uma forma que o ofertante tinha de dizer "este sou eu". Quem oferecia o sacrifício estava, ou se dedicando a Deus (provavelmente um aspecto central no caso dos holocaustos), ou reconhecendo que, por causa dos seus pecados, merecia morrer e que o animal estava morrendo em seu lugar (p. ex., em sacrifícios para tirar a culpa de pecados). A vida do animal era entregue em lugar da vida do ofertante.
•
Isto nos traz à idéia de que o sangue faz expiação. O sangue representa a vida. E era a vida do animal, "derramada" na morte, que restabelecia a paz entre Deus e as pessoas (Lv 17.11). Às vezes esse sangue era visto como o pagamento de um resgate, a vida do animal substituindo a vida do pecador (p.ex., nos holocaustos). Outras vezes era visto como pagamento de uma dívida (a oferta pela culpa). E podia, ainda, ser visto (no caso de oferta pelo pecado) como uma forma de purificar tanto pessoas como lugares e objetos, possibilitando a Deus, que é totalmente puro e santo, se fazer presente entre o povo.
A morte d e Cristo Todas estas imagens são reunidas no NT, na interpretação da morte de Cristo. • Ele é o verdadeiro cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (Jol.29). • Ele deu a sua vida em resgate por muitos (Mc 10.45).
O s j u d e u s d e i x a r a m d e oferecer sacrifícios q u a n d o seu T e m p l o foi d e s i r u í d o pelos romanos e m 70 d . C , mas os samaritanos a i n d a c o n t i n u a m c o m o sistema sacrificial d a antiga a l i a n ç a .
•
Seu sangue nos purifica de todo pecado ( U o 1.7). Por fim, o livro de Hebreus (caps. 8; 10) deixa claro que Cristo é tanto o sacerdote perfeito quanto o último sacrifício, pois a morte dele faz com que todos os sacrifícios de animais que alguém, porventura, ainda queira fazer sejam desnecessários.
L v 9: A r ã o e s e u s f i l h o s assumem o cargo É significativa a ordem dos primeiros sacrifícios que eles ofereceram: 1. U m a oferta pelo pecado: obtendo purificação e perdão. 2. U m holocausto de dedicação a Deus. 3 . U m a oferta pacífica: a c o m u n h ã o c o m Deus é restaurada e desfrutada. L v 10: F o g o ! A alegria durou pouco. Logo Nadabe e Abiú, filhos de Arão, decidiram fazer as coisas do seu jeito, e Deus respondeu ao fogo com fogo, reduzindo o sacerdócio a três pessoas. Possivelmente estavam sob a influência de bebida alcoólica (10.9). Seja lá qual tenha sido a razão, a santidade de Deus exigia respeito absoluto daqueles que o servem. Suas ordens deviam ser obedecidas, não manipuladas. • V . 6 O cabelo despenteado c as roupas rasgadas eram sinais de luto. • V. 9 Os sacerdotes de Deus deviam evitar os excessos de Canaã, onde a bebedeira fazia parte dos ritos religiosos. • V. 16 A oferta pelo pecado do povo devia ser comida pelos sacerdotes na área do santuário como sinal de que Deus aceitara a oferta. A desculpa de Arão não é clara, mas Moisés ficou satisfeito com a resposta.
Lv
11—15
Puro e
impuro
Hoje, se conseguirmos ir além dos detalhes de algumas dessas leis quanto à pureza, poderemos compreender e apreciar os princípios sensatos de dieta, higiene e medicina que mui-
tas delas expressam. Deus age em e através dos processos que ele embutiu no mundo natural. L v 11: L e i s s o b r e a l i m e n t o s As regras para a dieta do povo foram claramente estruturadas: casos duvidosos foram excluídos. Israel podia comer: • A n i m a i s q u e r u m i n a m e t ê m o casco fendido. • Criaturas do mar que possuem barbatanas e escamas. • Aves que não aparecem na lista daquilo que é proibido. • Insetos pertencentes a quatro classes da família dos gafanhotos. Entre os alimentos proibidos estavam: • A n i m a i s c a r n í v o r o s (estes transmitem f a c i l m e n t e infecções n u m c l i m a quente onde a carne se d e c o m p õ e cm pouco tempo). • Carne de porco (muito perigoso pelo mesmo motivo). Os porcos também são hospedeiros de vários parasitas. • Insetos e aves de rapina (igualmente hospedeiros de doenças). • Moluscos (estes ainda são causa comum de intoxicação alimentar e enterite). Os vs. 32-40 estabelecem normas para prevenir a contaminação de alimentos e água. Princípios semelhantes regem normas governamentais modernas de saúde pública. L v 12: O p a r t o Em Canaã, a prostituição c os ritos de fertilidade faziam parte do culto. Em Israel, por outro lado, qualquer coisa sexual ou sensual era estritamente banida da adoração a Deus, como este capítulo e o 1 5 deixam claro. A
Alimentos puros (ou kosher) Estas são as leis alimentares (kosimit) usar o mesmo vasilhame e os mesmos talheobservadas nos lares de judeus praticantes: res para carne e lacticínios. Após uma refeição • Podem ser consumidos apenas animais que que inclua carne, é preciso esperar algumas têm unhasfendidaseque ruminam. É proibido horas antes de ingerir produtos lácteos. o consumo de sangue, assim que os animais • Alimentos neutros, como peixe, ovos, precisam ser degolados e é necessário deixar cereais, legumes e frutas podem ser ingeque se escoe o máximo de sangue possível. ridos tanto com carne quanto com produtos • Somente podem ser comidos peixes que à base de leite. têm barbatanas e escamas. Crustáceos não 0 resultado da observância dessas leis alipodem ser consumidos. mentares foi a constituição e preservação, ao • Numa refeição e no seu preparo, deve haver longo dos tempos, de uma comunidade judaica total separação entre carne e leite. Não se pode distinta. Porque "se a carne que você consome
precisa vir de um animal abatido de um jeite especial, e se você não pode comer uma série de alimentos ou não pode fazer a mistura K muitos deles, você fica impedido de comer (ora de sua casa e de sua comunidade, teto é, portanto, uma arma que protege contra a ameaça da assimilação" (Stanley Price).
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Sacerdócio no Antigo Testamento Philip Jenson
Em todas as religiões existem líderes que exercem uma função especial no relacionamento com a divindade. Da qualidade e honestidade do trabalho dos sacerdotes depende a experiência, mais ou menos positiva, que o povo tem de Deus e até mesmo o nível de vida em sociedade. Israel não era diferente neste particular, embora houvesse também algumas diferenças significativas, em comparação com outros povos. Os lideres religiosos de Israel eram os sacerdotes e os levitas. Eles eram especialistas em religião, responsáveis pelo bom relacionamento entre Deus e o povo. As funções d o s s a c e r d o t e s Deus chamava sacerdotes para o exercício de uma série de importantes tarefas. Em Dt 33.8-10 aparece uma antiga descrição dessas tarefas. Esse texto se refere à tribo de Levi, que havia revelado um zelo todo especial por Deus (confira Êx 32.26-29). Diante disso. Deus pediu aos levitas que fossem um exemplo e se tornassem líderes religiosos: • Deveriam ensinara Lei de Deus aos demais israelitas. Nisto se incluíam, não apenas instruções éticas mais amplas (Os 4.1-6), mas também decisões sobre casos difíceis de natureza ritual e legal (Dt 17.8-12). • Eles cuidavam, também, dos lugares sagrados e santuários, onde eram oferecidos incenso e sacrifícios em favor do povo. • Outra responsabilidade era o Urim eTumim, o meio oficial de se lançar sortes, levando a uma resposta de Deus em forma de "sim" ou "não", O Urim e o Tumim ficavam no peitoral do sacerdote, e eram usados por solicitação de pessoas ou do rei (1 Sm 23.9-12:28.6).
Desenvolvimento histórico O desenvolvimento do sacerdócio ao longo da história de Israel é um tanto complexo. Datar e interpretar os textos de que dispomos nem sempre é tarefa fácil. Vários textos nos dão vislumbres do sacerdócio em vários momentos do AT: • Os próprios patriarcas exercem a função sacerdotal de oferecer sacrifícios (Gn 31.54). • A t r i b o de Levi r e c e b e um ministério sacerdotal específico (Êx 32.26-29). • Arão e seus filhos são consagrados sacerdotes, e os demais clãs levíticos são seus auxiliares (veja abaixo). • Um grande conflito entre levitas que queriam o mesmo status dos sacerdotes (Nm 16—17). • Um levita peregrino de caráter duvidoso é apontado para ser especialista religioso (Jz 17—18). • Eli e seus filhos: uma pequena "empresa" familiar tomando conta d o templo em Siló (1Sm 1—2). • Um sacerdócio que cresce em número e prestígio juntamente com o crescimento da monarquia. O sumo sacerdote era, em d e t e r m i n a d o s momentos, um importante líder político, além de ser um líder religioso (2Rs 11). • Um grupo de levitas compondo salmos para o uso do povo (SI 50 e SI 73—83 são da autoria de Asafe, um levita). Os sacerdotes e levitas eram responsáveis pelo relacionamento pessoal e cúltico do povo com Deus. • Vários grupos de levitas cantores, instrumentistas e porteiros participando do culto noTemplo(1Cr15).
Esta estampa d o s u m o sacerdote é baseada na descrição e m F.x 28. Mostra a sobrepeliz azu) c o m o s s i n i n h o s e m volta d a b o r d a ; a estola sacerdotal a m a r r a d a c o m u m c i n t o ; e o peitoral c o m as 12 pedras preciosas, u m a para cada u m a das tribos. N a m a o d o s u m o sacerdote está o bastão de A r ã o ( N m 17).
Borlas d o u r a d a s , c o m o esta d o século 14 a.C., encontrada e m Carquemis, eram usadas pelo s u m o sacerdote.
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Pentateuco
Uma visão fundamental para o culto A descrição mais detalhada do sacerdócio se encontra em Êxodo, Levítico e Números. Esses textos são, muitas vezes, atribuídos a uma fonte sacerdotal (P), que, segundo muitos eruditos, assumiu uma forma escrita num período mais recente da história do povo de Deus do AT. No entanto, é possível que um texto mais recente inclua material mais antigo. Assim, outros eruditos sustentam que o núcleo fundamental dessas instruções de natureza sacerdotal é, de fato, antigo, por mais que admitam a possibilidade de que, com o passar do tempo, esse material foi retrabalhado e interpretado por vários editores. Seja como for, os textos sacerdotais nos propiciam uma visão fundamental de como devia ser organizado o culto a Deus na vida do povo. Arão e sua família foram consagrados por Deus para oficiarem no santuário. Assim, tinham de seguir padrões elevadíssimos de pureza e santidade. Os levitas estavam encarregados de ajudar os sacerdotes nas funções deles e zelar pelo tabernáculo (Nm 8). Quando oficiavam, Arão e seus filhos usavam vestes suntuosas que refletiam a santidade e função especial que desempenhavam. Em nome do povo, eles ofereciam a Deus sacrifícios que tinham a finalidade de resolver o problema do pecado e da impureza, possibilitando, desta maneira, que Deus habitasse entre o seu povo (Lv 15.31; veja "Sacrifícios"). As ofertas pacíficas, que eram outro tipo de sacrifício, fortaleciam os laços de comunhão dentro da comunidade e com Deus. Em nome de Deus, os sacerdotes instruíam o povo em assuntos relacionados com o culto (Lv 10.10). O sumo sacerdote tinha de observar normas rigorosas de santidade, pois era quem chegava mais próximo de Deus. No Dia da Expiação, ele oferecia sacrifícios
por seus pecados e pela impureza de todo o povo (Lv 16; veja também "As grandes festas religiosas"). U m sacerdócio fora d o padrão Nos primeiros tempos, os sacerdotes serviam a Deus em lugares altos e santuários locais (p. ex., 1Sm 21). No entanto, nesses lugares muitas vezes se adorava deuses estranhos, e não o SENHOR. Uma solução para este problema foi centralizar tudo em Jerusalém, onde ficava o templo nacional. Este foi um dos objetivos da reforma de Josias (2Rs 23). Nem mesmo em Jerusalém os sacerdotes estavam imunes às tentações que acompanhavam os privilégios do ofício que Deus lhes havia dado. Uma dessas tentações era preocupar-se tanto com a manutenção da ordem vigente que tudo que lhes interessava era seu próprio conforto, levando-os a ignorar a situação espiritual desesperadora do povo. Em muitos momentos os profetas condenaram os sacerdotes, porque estes desviavam o povo do caminho e não ensinavam a Torá (Jr 18.18). É claro que havia exceções, como podemos ver no caso de Ezequiel, que era ao mesmo tempo profeta e sacerdote. Ele censura os sacerdotes negligentes e apóstatas (Ez 8; Ez 22.26), mas, ao fazê-lo, se utiliza de linguagem e figuras do âmbito sacerdotal. Depois da destruição de Jerusalém, suas promessas de salvação e a visão do futuro que ele projeta estão relacionadas com a reconstrução do templo e o restabelecimento do sacerdócio (Ez 40—48).
missão e testemunho corporativo foi retomado no NT (1Pe 2.9). O propósito dos fariseus era fazer com que um grupo maior de pessoas observasse níveis de santidade sacerdotal. Entretanto, a tendência era aplicar isto acima de tudo ao âmbito cúltico, e Jesus os censurou severamente por negligenciarem pontos mais importantes da Lei (Mt 23). O autor da carta aos Hebreus examina a fundo o significado da pessoa e obra de Cristo em relação com a figura do sumo sacerdote que aparece no AT. A função sacerdotal específica de oferecer sacrifícios pelos pecados se tornou obsoleta diante da morte de Cristo. Diante disto, a igreja apostólica evitou descrever os seus líderes usando linguagem sacerdotal. Mas o NT descreve, também, como pessoas especializadas assumiram as outras funções sacerdotais de ensinar, liderar e orientar. No AT, era função dos sacerdotes possibilitar que o povo crescesse em conhecimento e santidade. Apesar da ruptura ou descontinuidade trazida pela morte e ressurreição de Cristo, este continuou sendo um ideal para a igreja e a sua | liderança no NT.
U m reino de sacerdotes É possível que o sacerdócio como grupo distinto tenha surgido no momento em que foi organizada a nação, mas todo o Israel foi chamado para ser um "reino de sacerdotes e nação santa" (Êx 19.6). O povo deveria fazer o que os sacerdotes faziam, ensinando às outras nações o conhecimento de Deus. Este conceito de
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Levítico intenção não era tachar de "suja" este aspecto da vida humana, algo que é confirmado por outras passagens das Escrituras. O propósito era assegurar que isso não fizesse parte da adoração a Deus. A regra de pureza absoluta em todas as questões sexuais era também uma forma de proteger a saúde das pessoas. > Impureza após o parto Estas leis
são
intrigantes, em especial porque o parto é elemento necessário no ciclo da vida que o próprio Deus criou e ordenou. O período mais longo de impureza no caso do nascimento de uma filha (80 dias, e não 40, como no caso do nascimento de um filho) se explica, talvez, pela crença de que havia um fluxo de sangue mais longo após o nascimento de uma filha. Os bebês em si não eram impuros. E não era o pano, mas o fluxo de sangue, que tornava a mulher "impura" no tocante à adoração a Deus de maneira pura, sem poluição. (O cap. 15 tem regras semelhantes relacionadas ao fluxo masculino e ao fluido seminal.) Em Cristo estas desqualificações não têm mais importância alguma, pois o sacrifício perfeito que ele ofereceu faz com que homens e mulheres que nele crêem sejam perdoados e estejam habilitados a entrar na presença de Deus a qualquer momento. > V. 6 Veja Lc 2.22-24.
Lv 15: Fluxos Veja o cap. 12. Foram dadas normas a respeito de fluxos normais (seminal e menstrual) e fluxos anormais, possivelmente fluxos malignos. Foram prescritos banhos tanto para prevenir infecções como para esterilizar. • Puro e impuro O fluxo de sêmen do homem c ;i menstruação feminina (ou o contato com um destes) tornavam o homem ou a mulher ritualmente impuros. Nenhum destes era em si pecaminoso e não havia necessidade de oferecer sacrifícios. No judaísmo posterior, apenas as regras relativas à menstruação continuaram em vigor, efetivamente barrando as mulheres da adoração ou do contato com homens, naquela época. Em Cristo, essas restrições não mais se aplicam, e, em nossos dias, nenhuma mulher deveria ter medo de ler a Bíblia e de participar dos cultos de adoração.
Lv 16
O dia da expiação
O dia anual de expiação para toda a nação foi marcado para o décimo dia do sétimo mês (o mês de tisri — setembro/outubro). Somente nesse dia Arão podia entrar no Lugar Santíssimo do tabernáculo de Deus, onde ficava a arca da aliança. Primeiro ele Lv 13—14: Suspeita de doença devia obter perdão e purificação dos seus de pele próprios pecados. Só então poderia purifiEmbora a palavra "lepra" seja usada cm car o tabernáculo e oferecer sacrifício pelos várias versões, a verdadeira lepra é apenas pecados do povo. uma das doenças de pele mencionadas aqui. Assim, ano após ano, Israel era lembrado Ocap. 13 foi escrito em linguagem técnica, ou do pecado que os tirava da presença de Deus seja, trata-se de um livro-icxio profissional que e da necessidade de expiação para trazer perajuda o sacerdote-medico a fazer diagnósticos, dão c restaurar relacionamentos. capacitando-o a distinguir entre formas "aguNo NT, a carta aos Hebreus entende que das" e "crônicas" das várias doenças. Esta é a o Levítico foi cumprido cm Cristo. Os detaformulação mais antiga de normas de quaren- lhes da primeira aliança são "um símbolo para tena c medicina preventiva relacionadas com hoje" (Hb 9.9). Cristo, o sumo sacerdote da essas doenças. Em outras palavras, entre docu- "nova aliança", entrou, não num "santuário mentos provindos do antigo Oliente Próximo, construído por seres humanos", mas "entrou não existe nenhum texto mais antigo do que no próprio céu, onde agora aparece na preseneste a tratar dessas questões. ça de Deus para pedir em nosso favor" (9.24), Com relação a roupas e construções, a ele que, "ao se cumprirem os tempos, se mani"doença" é um mofo ou um fungo. festou uma vez por todas, para aniquilar, pelo > 14.34-53 Atualmente existem sistemas sacrifício de si mesmo, o pecado" (26). semelhantes de inspeção e tratamento para • Azazel (8,10) Um lugar no deserto para onde mofo. era enviado o bode expiatório, simbolicamente > Cedro (14.49) Essa madeira contém uma levando embora os pecados de Israel. O substância usada na medicina para doenças significado é incerto, mas não pode referirse a uma oferta a um demônio, como alguns de pele. > Hissopo (14.49) Uma eiva, possivelmente sugerem, pois isto era estritamente proibido manjerona, que continha um anti-séptico suave. (veja, p. ex., 17.7).
187
Pentateuco • Fora do acampamento (27) Nenhuma destas ofertas podia ser comida, já que ninguém devia comer de sua própria oferta pelo pecado, e Arão identifica-se com o povo na oferta pelo pecado deles. Compare H b 13.11-14.
Lv 17—26
Leis para a vida e para a adoração
"Sejam santos, pois eu, o SENHOR, o Deus de vocês, sou
santo.
"
U19.1
"Ame os outros como você ama a você mesmo." Lv
19.18
"Os estrangeiros que vivem na terra de
vocês...
vocês devem amá-los como vocês amam a vocês mesmos." L v 19.33-34
L v 17: O s a n g u e é s a g r a d o O c o n t e x t o sugere que matar animais domésticos era considerado um tipo de sacrifício. Assim, para impedir que fossem oferecidos sacrifícios a demônios do deserto (17.7), todos os sacrifícios deviam ser oferecidos no lugar adequado, e à Pessoa adequada. (Em Corinto, no N T , a maioria da carne vendida nos mercados havia sido "sacrificada aos ídolos". E m I C o 8, Paulo lida com o problema que isto causava aos cristãos daquela cidade.) • 17.10-16 E o "sangue", isto é, a vida que foi entregue o u "derramada" na morte, que consegue o perdão; o animal entra como substituto da pessoa que cometeu a ofensa. Uma vida preciosa, entregue, paga o preço da liberdade de outros. Para os cristãos, a ligação com a morte expiatória de Cristo é inevitável. Compare Rm 5.8-9; E f 1.7. L v 18: T a b u s s e x u a i s Lv 18.3 é a chave que abre o entendimento desses capítulos. Com base no que conhecemos sobre a religião dos cananeus e dos egípcios, é evidente que muitas dessas leis foram dirigidas contra as práticas específicas dos vizinhos de Israel. 6-18: em Israel, o casamento entre parentes próximos, tanto p o r vínculos de sangue como por casamento, era proibido. No Egito, onde não existia uma legislação sobre o casamento, tais uniões eram comuns. 19-30: o adultério, o sacrifício de crianças, as relações homossexuais, e a bestialidade (possivelmente um remanescente da adoração a animais) — tudo isso fazia das religiões indescritivelmente depravadas que os habitantes da terra de Canaã praticavam. Israel devia evitar todo comportamento que trazia o j u í z o de Deus sobre a terra (compare G n 15.16). • V . 18 Jacó havia feito justamente o que este texto proíbe, o que foi causa de muita infelicidade ( G n 29—31.)
• V . 21 Parece que o sacrifício de crianças, isto é, queimar uma criança enquanto ainda estava viva, era algo associado com o culto a fvloloque, o deus adorado pelos amonitase j outros. • V . 22 Entre os antigos egípcios e cananeus, j a atividade sexual era quase que divinizada: j prostitutas cultuais eram chamadas de "sagradas" ou "santas" e a prática homossexual e a prostituição feminina faziam parte do culto. Esta lei não está relacionada com predisposição, mas com a prática desses atos. Em Lv 20.13, a penalidade prevista é morte. Ambos os textos ocorrem no contexto de ser santo e como parte de toda uma lista de proibições. | Dificilmente alguém defenderia a aplicação da j pena de morte, em nossos dias, no caso de tais ofensas. Mas será que princípio envolvido não se aplica ainda hoje, em contraste com as leis alimentares, que não mais se aplicam (como o N T deixa claro)? Paulo obviamente acredita que j sim (Rm 1.24-27): ele entende que a prática homossexual de homens e mulheres é contrária j ao propósito de Deus na criação. Deus dá valor ao nosso corpo e não é indiferente para cora J aquilo que fazemos com ele, seja no âmbito da Í sexualidade, seja em qualquer outra atividade. É " n o corpo" que devemos glorificar a Deus e conhecer seu Espírito que em nós habita. L v 19: S a n t i d a d e e j u s t i ç a Este capítulo ecoa os dez mandamentos. 0 v. 2 está no centro da lei moral de judeus e cristãos (veja IPe 1.15-16). A santidade de Deus, que devemos refletir, se manifesta na atenção dada aos menos favorecidos (9-10,14,20), ou seja, Deus cuida dos pobres, dos estrangeiros, das pessoas com necessidades especiais. Deus não quer a desonestidade, a exploração dos outros, c a perversão da justiça (11,13,15). Em outras palavras, se o salário atrasa, isso interessa a Deus. Ele quer que respeite a vida e a reputação dos outros (16-18). Deus também se preocupa com o mundo natural, com a maneira como cuidamos de | sua criação. Ter paciência enquanto a árvore vai ficando mais velha significa aumento da produção a longo prazo (23-25). ( N o cap. 25 esse tema é ampliado em termos de cuidado pela terra.) • Vs. 26b-31 Estas são todas práticas pagãs. L v 20: P e n a l i d a d e s Os v s . 6-21 descrevem as penalidades pela desobediência a leis que aparecem nos
Levítico caps. 18—19 (compare, p. ex., 6 com 19.31; 9 com 19.3; 10 c o m 18.20). Para o leitor moderno, aplicar a pena de morte a uma grande gama de ofensas parece u m castigo demasiadamente severo. ( N o s casos em que nós tiramos os delinqüentes d o convívio social, mandando-os para a prisão, essas leis tratavam de removê-los p o r meio da morte: um tipo de cirurgia moral/judicial.) Em todos os casos — e é bom que se observe isto — trata-se de oposição deliberada à santa lei de Deus, o u , então, de ofensas contra pessoas. Nenhuma delas diz respeito a questões de bens o u propriedades. • 20.13 Veja 18.22. Lv 21—22: L e i s p a r a o s s a c e r d o t e s Por causa da sua posição c de seus deveres, os sacerdotes estavam sujeitos a rigorosas normas de p u r e z a r i t u a l . Se alguma coisas os tornasse "impuros", isso significava que não podiam tocar em nada d e n t r o do santo templo de Deus. As regras para o sumo sacerdote (21.10-15) eram ainda mais rígidas (compare 11 com 1-2; 13-14 com 7 ) . Nenhum homem que tivesse defeito físico poderia exercer o ofício de sacerdote, embora pudesse comer daquilo que era oferecido em sacrifício. Apenas o melhor que podemos oferecer, seja no sacerdócio ou nas ofertas sacrificiais, é digno de Deus. Lv 23: F e s t a s e c e l e b r a ç õ e s As estações do ano, o plantio e a colheita eram marcados p o r festas especiais. A o exemplo do sábado semanal, elas refletem um padrão com o número sete e evocam o fato de Deus, na criação, ter dado um destaque especial ao sétimo dia. 1. O s á b a d o , isto é, um dia de descanso de sete em sete dias. 2. A P á s c o a , s e g u i d a dos sete dias da Festa d o s P ã e s s e m F e r m e n t o ( e m março/abril). 3. A F e s t a d a P r i m e i r a C o l h e i t a (em abril), seguida, sete semanas depois, pela 4. A Festa d a s S e m a n a s ( P e n t e c o s t e s ) , isto é, a festa da colheita (junho). 5. Festa d a s T r o m b e t a s , ou seja, a Festa do Novo A n o , que era a primeira das três festas no sétimo mês ( s e t e m b r o / o u t u b r o ) ; sendo as outras 6. O D i a d a E x p i a ç ã o ; c
ÍS9
7. A F e s t a d o s T a b e r n á c u l o s ou d a s B a r r a c a s , em lembrança perpetua dos dias vividos em tendas após a libertação do Egito. (Mais tarde, esta festa foi associada à colheita da uva, a vindima.) L v 24: O c a n d e l a b r o ; o p ã o sagrado; o pecado de blasfêmia O cap. 24 passa das festas especiais para dois deveres r e g u l a r e s : as lâmpadas que deviam ficar acesas na tenda de Deus, e a oferta semanal de doze pães. Esses pães lembravam às tribos sua dependência completa da provisão de Deus. Não eram colocados ali para Deus comer (como nas religiões pagãs). Havia uma clara orientação no sentido de que Arão e os sacerdotes deveriam comer esses pães. Os vs. 10-23 registram a lei sobre a violação d o mandamento que trata do nome de Deus. Dá-se ênfase ao fato de que a mesma lei vale tanto para os israelitas corno para os estrangeiros residentes. • O l h o p o r olho (20) O princípio expresso por esta lei é o de uma justiça pública precisa e limitada, que proibia a vingança pessoal c a matança ilimitada. O fato de se permitir legalmente uma retaliação na forma de mutilação do corpo não significa necessariamente que essa era a prática. A compensação por ferimento grave geralmente era feita na forma de multa (como implica a exceção feita no caso de assassinato — Nm 35.31-34). L v 25: A n o d e D e s c a n s o e Ano do Jubileu Este capítulo prevê o tempo em que o povo ocuparia a "terra prometida". O padrão do número sete, refletido nas festas (cap. 23), é estendido à terra. O sétimo ano seria u m ano de descanso para a terra, ou seja, não haveria plantio. Seria um ano no qual o povo, liberado de grande parte do seu trabalho normal, devia ser instruído e treinado na lei de Deus ( D t 31.10-13). O qüinquagésimo ano, após o sétimo período de sete anos, seria outro ano de repouso para a terra, que reverteria a seu d o n o original. Nessa ocasião, aqueles que passaram por dificuldades poderiam readquirir a liberdade e recuperar as suas propriedades. O Ano do J u b i l e u , o u A n o da Libertação, tinha um duplo propósito: lembrava ao povo que a terra pertence a Deus; e impedia os ricos de se apossarem de todas as terras.
"A terra é minha, pois vocês são para mim estrangeiros e peregrinos.' Lv 25.2»
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Pentateuco
As grandes festas religiosas
As principais festas religiosas de Israel estavam intimamente relacionadas com as diferentes estações e com o ano agrícola (Veja "O calendário de Israel", na Parte 1), lembrando ao povo como Deus cuidava deles. Algumas dessas festas comemoravam os grandes acontecimentos da história do povo, momentos em que Deus os havia resgatado de forma memorável. Assim, combinavam celebração festiva com pensamentos mais sérios sobre a necessidade que tinham do perdão e da ajuda de Deus. Cada ano, havia três momentos marcantes ou festas nacionais das quais todos os "homens de Israel" deviam participar: Páscoa, Colheita e "Tabernáculos".
Páscoa e Pães Asmos Êx 12.1-20; 23.15
A Páscoa era celebrada no primeiro mês d o ano (março/abril). Esta celebração c o m e mora a saída d o p o v o d o Egito, sob a liderança d e Moisés. Nos t e m p o s d o AT e d o NT, cada família sacrificava u m cordeiro na v é s p e r a da Pásc o a . Para esta festa, t o d o s os q u e p o d i a m se d e s l o c a v a m a J e r u s a l é m . Mas a refeição da Páscoa era — e ainda é — uma c e l e b r a ç ã o em f a m í l i a . 0 c a r d á p i o s i m b o l i z a diferentes aspectos da escravidão n o Egito e d o ê x o d o . E cada a n o se r e c o n t a a h i s tória d e c o m o o a n j o de Deus " p a s s o u p o r c i m a " das casas dos israelitas, d e i x a n d o - o s c o m v i d a , na noite em q u e f o r a m m o r t o s os p r i m o g ê n i t o s d o Egito (veja "A Páscoa e a última ceia").
Na festa da Páscoa, e d u r a n t e todaj s e m a n a s e g u i n t e , a p e n a s se podia comer "pães asmos", isto é, pães feitos sem feri m e n t o , p o r q u e as m u l h e r e s não tiveram: t e m p o de deixar o pão crescer por ocasião da saída d o Egito. Hoje, por ocasião da Páscoa, somente os' samaritanos ainda sacrificam cordeiros como nos v e l h o s tempos. Os j u d e u s deixaram de f a z ê - l o q u a n d o os r o m a n o s destruíram o t e m p l o e m 70 d.C.
Dançarinos celebram a c o l h e i t a n u m kibutz ( f a z e n d a c o l e t i v a ) , e m Israel.
Atualmente, a Páscoa é essencialmente uma celebração familiar nos lares j u d e u s .
A o final da colheita dos cereais, 50 diai (sete semanas) depois da Páscoa, v i n h a ; Festa das Semanas, posteriormente chama-. da de Pentecostes. Trazendo suas ofertas p Deus, o p o v o era lembrado d e que a terras tudo o que ela produzia era dádiva de Deus. Este era um tempo de profunda gratidão.
Levítico
Purim e Festa da Dedicação
"Tabernáculos" Êx
23.16; L v 23.33-43
Um segundo g r u p o de festas importantes ocorria no sétimo mês d o calendário judaico (setembro/outubro). No primeiro dia d o mês (depois d o exílio, a Festa do Ano Novo), u m toque de t r o m b e tas sinalizava o início d o mês mais importante do calendário d e Israel. Uma oferta de cereais era oferecida a Deus e n i n g u é m podia trabalhar naquele dia (Festa das Trombetas, Hm 29.1). No décimo dia daquele mês, era observado i Dia da Expiação (Lv 16), u m m o m e n t o em que todos confessavam o seu pecado e pediam a Deus q u e lhes concedesse perdão e purificação. Havia jejum desde o pôr d o sol d o nono dia até o p ô r d o sol d o dia seguinte. 0 sumo sacerdote colocava suas vestes especiais. Ele matava u m boi e m sacrifício pelos seus pecados e os pecados d e sua família, borrifando parte do sangue diante da arca da aliança. Esta era a única oportunidade e m q u e o s u m o sacerdote podia entrar no Lugar Santíssimo d o tabernáculo ( o u , mais tarde, d o templo). Ele sacrificava u m bode pelos pecados d o p o v o e um segundo bode era mandado para o deserto, Indicando que os pecados d o p o v o haviam sido levados embora. A Festa dos Tabernáculos (Barracas) caia no dia 15. Era uma festa q u e durava sete dias e celebrava o final da colheita das frutas, ocorrendo ao final da colheita das uvas e das olivas. 0 povo morava e m abrigos feitos c o m ramos, lembrando o t e m p o e m q u e viveram em tendas, no deserto.
Essas duas festas n ã o estão previstas na Lei. Purim (Et 9) comemora a libertação dos judeus da sanha assassina de Hamã na época d o Império persa. A Festa da Dedicação (Jo 10.22) celebrava a purificação e dedicação d o templo após sua profanação no tempo de Antíoco Epifanes, em 168 a.C. (época do Império grego).
Acima, à esquerda: Crianças e n c e n a m a história d e Ester na festa d e P u r i m .
 esquerda: C h a n u k a h (Dedicação), e m dezembro, è a festa das l u z e s .
Sábado e lua nova Além das "três grandes festas", havia ainda outras. No sétimo dia da semana, todos paravam de trabalhar. Esta era a lei. O modelo para isto era a criação d o m u n d o e m seis dias, seguido pelo descanso n o sétimo. Correspondia a necessidade que todos os seres humanos têm de descanso regular para reporem energias. As leis d o sábad o passaram e ser rigorosamente observadas depois d o exílio {Jesus e seus discípulos tiveram problemas e m relação a isso), e a guarda do sábado se tornou u m a espécie de marca registrada d o judaísmo até os nossos dias. Desde os tempos antigos, havia refeições especiais e sacrifícios e m família q u e marcavam a festa da lua nova. As trombetas eram tocadas para anunciar essa festa.
O a t o d e a c e n d e r as velas marca o início d o sábado.
Pentateuco
L v 26: B ê n ç ã o s e c a s t i g o s A recompensa pela obediência é retratada como um idílio de paz e abundância. O melhor é que Deus andaria entre seu povo, como andara com os primeiros seres humanos no jardim. É a restauração do jardim do Éden. A desobediência, p o r outro lado, traria calamidades à nação: doenças fatais, fome, feras devastando a terra e guerra levando ao exílio (como realmente aconteceu mais tarde na história de Israel). As maldições são mais detalhadas que as bênçãos: com a natureza humana, o medo p r o d u z uma reação mais rápida que o amor. Porém, mesmo depois de toda a desobediência. Deus promete atender o pedido que brota de arrependimento sincero. L v 27: Votos e d í z i m o s Os primogênitos, as primeiras crias dos
rebanhos e os primeiros frutos d o campo seriam de Deus p o r direito (ele aceita parte pelo t o d o ) . U m décimo de todo gado e dos p r o d u t o s da terra também são devidos a Deus. A l é m disso, o p o v o podia consagrar indivíduos o u bens a Deus em sinal de dedicação o u ação dc graças. Normalmente estes seriam resgatados pelo v a l o r determinado mais um quinto. • " C o n s a g r a d o " a o S E N H O R ( 2 8 ) Trata-se de algo deliberadamente dedicado e separado para Deus; portanto, não estava mais ao dispor da pessoa. O v. 29 provavelmente se refere a uma pessoa "consagrada" na forma de uma sentença dc morte. • V. 34 Remete-nos à fonte de autoridade destas e todas as leis em Levítico. Esses mandamentos são de Deus, dados por intermédio dc Moisés, no monte Sinai.
Resumo O diário de viagem da jornada de Israel desde o monte Sinai ao rio Jordão
NÚMEROS
Histórias mais conhecidas Os doze espias Este é o quarto dos "Cinco Livros de Moisés", contendo as instruções de Deus (torá) para seu povo. Números narra 38 anos da história de Israel, a saber, o período da peregrinação no deserto da península d o Sinai. Ele começa dois anos após a fuga do Egito e termina na véspera da entrada em Canaã. O título vem da "numeração" (censo) de Israel nos primeiros capítulos e no cap. 26. 0 livro poderia ser chamado "As murmurações de um povo". A confiança dos israelitas no Deus que os tirou do Egito evaporou-se quando começaram as dificuldades da vida no deserto. Números é uma longa e triste história de insatisfação e murmurações. Por causa da desobediência do povo, uma distância de cerca de 350 km tornou-se a viagem de uma vida. De toda uma geração que havia presenciado as maravilhas da libertação do povo, operada por Deus na terra do Egito, apenas Moisés, Josué e Calebe sobreviveram aos 40 anos de peregrinação. Ou seja, somente três homens chegam até o final do livro e o ponto de entrada na terra prometida. Nem o próprio Moisés entrou para desfrutar dela. Mas Deus permanece constante, sempre presente com seu povo; e as lições difíceis que foram aprendidas capacitaram Josué a conduzir a nova geração para seu novo lar.
Nml—9
Preparando-se
para
partir
Nm 1: O c e n s o 0 propósito do censo é alistar todos os homens de mais de 20 anos para o serviço militar. Os levitas, por virtude dos seus outros deveres, estavam isentos. Moisés e Arão, os líderes do povo na esfeManasses | Efraim | Benjamim
ra civil e religiosa, comandaram a contagem, auxiliados por um representante de cada tribo. No segundo censo (cap. 26), feito 38 anos mais tarde, após a morte de Arão, seu filho Eleazar assume seu lugar. • 603.550 ( v . 46)
(cap. 13)
A serpente de bronze (cap. 21)
Balaão e o anjo (cap. 22)
Um novo líder: Josué (cap. 27)
Este é um número bastante alto: veja em Êx 12.37. Uma população total de cerca de 2 a 3 milhões equivaleria a toda a população de Canaã, mas outras passagens dão a entender que os cananeus eram mais numerosos que os israelitas ( D t 7.7,17,22). N m 2: O a c a m p a m e n t o A organização cm quatro grupos de três tribos era igual tanto na hora de acampar como na hora de marchar. Q u a n d o o p o v o se deslocava, as três tribos d o leste, lideradas p o r J u d á , iam à frente. N m 10.17 dá uma ordem um pouco diferente para a seção d o meio: os filho de Gérson e os filho de Merari carregavam a 'lenda de Deus, seguidos pelas tribos de Ruben, Si meão e Gade c coatitas com a mobília e os objetos sagrados. As tribos d o norte, Dã, Aser e Naftali formavam a retaguarda. Os líderes tribais eram os mesmos que ajudaram com o censo. Ramsés I I , o Faraó do Egito contemporâneo de Moisés, usou esta mesma formação retangular na sua campanha na Síria. Assim, é possível que Moisés estava fazendo bom uso d o treinamento militar que anteriormente havia recebido no Egito.
Levitas carregando atenda de Deus Zebulom
194
Pentateuco
• As 12 tribos Trata-se dos filhos de Jacó ( J u d á , Issacar, Zebulom, Ruben, Simeão, Gade, Dã, Aser, Nafiali, Benjamim) e dos dois filhos de Jose (Efraim c Manasses). Os levitas — a tribo de sacerdotes de Israel — eram separados, pois pertenciam a Deus. • O s estandartes/bandeiras (2.2) A tradição judaica suplementa os símbolos: um leão para J u d á , uma cabeça humana para Ruben, um boi para Efraim, uma águia para Dã. N m 3: U m a m i s s ã o e s p e c i a l A reivindicação dos primogênitos por parte de Deus começou na noite da Páscoa (Êx 12). Agora os levitas substituem os primogênitos de todo Israel na missão especial de auxiliar os sacerdotes no serviço d o Senhor. Mas o censo mostrou que os primogênitos de Israel excediam os levitas cm número (273) c para redimir esse grupo excedente foi necessário fazer um pagamento. • S i d o para o santuário (3.47) Uma quantidade de prata equivalente a 12 g; não se tratava, pois, de uma moeda. N m 4: O p a p e l d o s levitas O s e g u n d o censo dos levitas alista i n d i v í duos entre 30 e 50 anos, qualificados para cuidar da Tenda de Deus. (Os limites de idade v a r i a r a m
N o inóspito deserto d o Sinai o s israelitas tiveram saudades d o E g i t o fértil, com seus legumes frescos, peixes e aves. Uma pintura tumular egípcia mostra homens caçando aves nos banhados. Os dois peixes numa lança remontam ao segundo milênio a . C . no Egito.
depois que os sacerdotes os desmontavam e cobriam. V s . 21-28: os f i l h o s d e G é r s o n estavam encarregados de transportar as cortinas e os revestimentos da Tenda e do pátio sob a supervisão de Iiamar. V s . 29-33: os f i l h o s d e M e r a r i deviam proteger e transportar a estrutura — colunas, estacas e cordas — também sob a supervisão de Itamar. Os filhos de Gérson e de Merari dispunham de carroças puxadas por bois (7.7-8). N i n 5: J u l g a m e n t o p e l a p r o v a V s . 1-4: aqueles que eram "impuros" (veja Lv 13; 15; 21) ficavam de quarentena. Os vs. 5-10 estipulam a compensação quando alguém prejudicava outra pessoa. Os vs. 11-31 dizem respeito às mulheres suspeitas de infidelidade. Na ausência de evidência devia haver um julgamento por prova. Julgamentos deste tipo eram comuns na antiguidade, e são bem conhecidos ainda em partes da África e índia. Comparado com outros,
Números
195
Troniberas de praia eram rocadas para
este chega a ser brando c está menos orientado para um veredicto de culpa. Não é claro se a água continha alguma erva que provocaria aborto caso a mulher fosse culpada e estava grávida, ou se funcionava apenas por sugestão psicológica. Nm 6 . 1 - 2 1 : O n a z i r e u Um voto especial dava ao nazireu (que não deve ser confundido com nazareno, natural de Nazaré) seu status espiritual. Os sinais externos da consagração a Deus são: • abstinência do v i n h o o u qualquer outra bebida f o r t e ( o s s a c e r d o t e s t a m b é m deviam ser a b s t e m i o s , c o m o p a r t e da adequação para se apresentarem diante de Deus; isto também pode r e f l e t i r u m compromisso c o m a simplicidade da vida nômade, em contraste com as influências corruptoras da civilização); • cabelos sem corte; • cuidado especial para evitar impureza pelo contato com cadáveres (veja cap. 19). 0 voto geralmente era por um tempo limitado, mas Sansão ( u m nazireu pouco ortodoxo) tinha um voto vitalício ( J z 13—16). E possível que Samuel também fosse nazireu. Não se sabe como ou quando estas práticas se originaram, mas os nazireus continuaram a existir durante o exílio c até nos tempos do NT (veja At 21.23-26 e o v o t o de Paulo em At 18.18). Nm 6 . 2 2 - 2 7 : A b ê n ç ã o d e A r ã o Esta bênção tem sido usada p o r judeus e cristãos na sua adoração. Ela reconhece que é Deus quem dá todas as coisas boas, c pede especificamente o dom da paz de Deus. Nm 7: A s t r i b o s t r a z e m as s u a s o f e r t a s A dedicação do altar havia acontecido um mês antes dos acontecimentos narrados em Nm 1. A cada dia, durante 12 dias, u m líder de cada uma das tribos trouxe uma bandeja e uma bacia de prata cheios de uma oferta de cereais, um prato dourado com incenso e animais para holocausto, ofertas pelo pecado e de comunhão (veja Lv 1—7).
N m 8: A d e d i c a ç ã o d o s l e v i t a s Os vs. 1-4 d i z e m respeito às lâmpadas para a sala externa da Tenda de Deus (veja Êx 27.20-21; L v 24.1-4). O restante do capítulo trata dos levitas. Aqueles que serviam a Deus deviam ser completamente puros. A o se lavarem c raparem o corpo, eles garantiam a pureza externa. O sangue do sacrifício limpava a mancha interna do pecado.
convocar o povo
N m 9.1-14: A s e g u n d a P á s c o a N i n g u é m podia deixar de celebrar a Páscoa (veja E x 12). Mas quem estivesse ausente o u a pessoa que fosse ritualmente impura na época p o d i a c e l e b r a r a festa um mês depois. • Não quebrarão nenhum osso (9.12) Compare J o 19.36. I C o 5.7 descreve Cristo como "nosso cordeiro da Páscoa."
" O SENHOR
c para levantar acampamento.
tc abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de
ti; o SENHOR
sobre ti levante o rosto c tc dê a paz." Bênção d e A r ã o sobre Israel.
N m 9.15-23: O s i n a l para partir A orientação de Deus no deserto era uma realidade clara e visível. A nuvem durante o dia e o fogo à noite acima da Tenda no centro do acampamento sinalizavam a presença de Deus no meio do povo. Q u a n d o a nuvem se levantava eles partiam. Onde ela parava, eles acampavam: se a n u v e m não se movesse, o povo não se movia.
N m 10—21 Em movimento:
do Sinai a
Moabe
N m 10.1-10: A o s o a r d a t r o m b e t a Duas trombetas especiais de prata davam o alarme, convocavam a assembléia e anunciavam as festas e o início dos meses. Trombetas longas como essas eram comuns no Egito por volta de 1400-1300 a.C. Algumas foram enterradas com o Faraó Tutancâmon (por volta de 1350 a . C ) . N m 10.11-36: A j o r n a d a c o m e ç a Cerca de três semanas após o censo, eles levantaram acampamento e deixaram o monte Sinai, na ordem descrita no cap. 2.
N m 6.24-26
196
Pentateuco
"Meu servo Moisés... é fiel em toda a minha casa. Com ele falo face a face, claramente, e não por enigmas; e ele vê a forma do SENHOR." Resposta dc Deus a Arão e Miriã, e m N m 12.7-8
O cunhado de Moisés foi com eles como guia. A direção e companhia do S E N H O R eram algo muito real ( 3 3 - 3 6 ) . N m 11: R e c l a m a ç ã o p o r c a u s a da comida O gosto, a princípio delicioso, do maná (veja E x 1 6 ) era parecido com biscoitos de mel. Agora a monotonia o tomava intragável. Saudades da abundância de peixes e legumes do delta do Nilo logo produziram um desejo irresistível. Deus lhes deu o que queriam até não poderem mais! E com a fartura veio o j u í z o pela atitude p o r trás da reclamação. Será que Deus percebeu a exaustão p o r trás da queixa d o p r ó p r i o Moisés ( 1 1 - 1 5 ) ? Sua resposta f o i d a r a u m g r u p o de 7 0 líderes, escolhido para dar apoio a M o i sés, um p o u c o d o " e s p í r i t o " ( p a l a v r a que t a m b é m s i g n i f i c a " v e n t o " ; v. 3 1 ) d a d o a Moisés. O efeito disto foi dramático. Saul v i v e n c i o u algo semelhante após sua unção (ISm
10.6,9-13).
As codornizes A c o d o r n i z , a m e n o r das aves cinegéticas (isto é, aves que são caçadas), se reproduz em várias partes da Ásia o c i dental e da Europa. No inverno, as codornizes migram para o Sul, atravessando duas vezes por ano a região n a qual o s israelitas peregrinaram depois d o êxodo. Umas seis semanas depois que os israelitas haviam saído d o Egito, n a s e g u n d a metade d e abril, q u a n d o as aves se dirigiam para o Norte, elas foram a resposta d e Deus a o clamor d o povo por carne. Segundo N m 11, o fenômeno se repetiu um ano depois. Exaustas em razão do longo vôo, as aves chegaram c o m o vento da tarde e pousaram para descansar. E assim, durante dois dias, o p o v o recolheu as codornizes. Os números apresentados são altos e as cifras criam algumas dificuldades. Mas n o Egito, onde as codornizes eram limpas e secadas ao sol para fins d e exportação, houve momentos em que se abateu de 2 a 3 milhões de aves por ano. Em 1924, essa matança contínua havia reduzido o número d e aves d e tal maneira, que a migração anual, registrada desde o tempo d e Moisés, cessou por completo.
• V . 29 Moisés demonstrou uma atitude notável num líder: poder sem qualquer sinal de corrupção (veja 1 2 . 3 ) . • Ômer (32) " U m a carga de jumento". Dez ômeres ("mil quilos", segundo a N T L H ) dão a medida da glutonaria do povo. N m 12: D e s a f i o à l i d e r a n ç a de Moisés A murmuração seguinte veio de Miriã e Arão, irmãos de Moisés. O motivo real da discussão não era a esposa de Moisés ( 1 ) , mas sua posição de liderança. C o m o Miriã foi a única pessoa castigada, supostamente essa contestação partiu dela. Moisés ficou em silêncio, mas a resposta de Deus foi um notável tributo prestado a esse líder ( 6 - 8 ) . • Cuxita ( 1 ) pode ser midianita o u etíope (NTLH). N m 13—14: O s espias d ã o s e u relatório; a revolta de Israel Os israelitas e s t a v a m acampados em Cades-Barnéia. D t 1 . 1 9 - 2 5 dá a e n t e n d e r que, naquele momento, Moisés pretendia ir diretamente à terra prometida; foi sugestão do povo enviar espias. Sem dúvida Moisés se arrependeu de ter dado ouvidos a eles. Os dois homens de fé deram a interpretação correta dos fatos ( N m 1 3 . 3 0 ) , mas o p o v o preferiu o u v i r os dez "profetas da catástrofe", c o m suas histórias de gigantes e gafanhotos. Deus, e a terra boa, foram esquecidos. T e n d o chegad o tão perto do objetivo, toda uma geração abriu mão de tudo que lhe fora prometido. A oração de Moisés naquele momento foi surpreendente. Apenas a intervenção de Deus o salvara da morte p o r apedrejamento. Mas ali estava ele, pedindo misericórdia para o povo teimoso que só lhe causava problemas! Ele se dirigiu a Deus para lembrarlhe quem ele (Deus) era, usando as próprias palavras de Deus ( N m 1 4 . 1 8 ) . Sempre de n o v o Moisés se colocou entre Israel e sua d e s t r u i ç ã o total ( Ê x 3 2 . 7 - 1 4 ; N m
11.1-2;
1 6 . 4 1 - 4 8 ; 2 1 . 5 - 9 ) . Neste caso, sua súplica
fez c o m que recaísse t a m b é m sobre ele o j castigo que Deus trouxe sobre o povo. Ao invés de irem para o n o r t e , para Canaã, Deus o r d e n o u que fossem para o leste até j Acaba (o " m a r V e r m e l h o " , 1 4 . 2 5 ) . Mas foi necessária uma derrota terrível para fazer o p o v o se dar conta do que estava acontecendo
(14.39-45).
» Anaquins (13.22)... descendentes de Enaque (13.33) Veja G n 6.4. Nada se sabe sobre eles fora da Bíblia, mas são evidentemente uma raça de gigantes a exemplo de Golias. • Calebe jamais perdeu sua confiança absoluta em Deus. Quarenta e cinco anos mais tarde, aos 85 anos, ele escolheu o território dos descendentes de Enaque para conquistar para si (Js 14.6-15). Nm 15: L e i s d i v e r s a s 0 primeiro versículo deste capítulo é totalmente oposto ao anterior. As instruções que se seguem são para "quando entrarem na terra". Essa entrada podia ter sido adiada, mas certamente aconteceria! Vs. 1-31: sacrifícios a serem oferecidos após a conquista de Canaã. Vs. 32-36: a seriedade da transgressão do sábado. Não foi apenas a desobediência daquele homem, mas também a sua arrogância, que fez com que fosse expulso da comunidade do povo da aliança de Deus. Vs. 37-41: os pingentes nas pontas das capas serviriam para que os israelitas, sempre prontos a se esquecerem de Deus, se lembrassem dele e de seus mandamentos. N m 16: A r e b e l i ã o d e C o r á A aliança nada santa entre C o r á , Datã e Abirão teve em vista um ataque duplo: contra Moisés e também contra Arão. A razão da queixa de Corá (e da sua companhia de 250 levitas) é o monopólio do sacerdócio por parte de Arão. "Será que não basta para vocês" s e r v i r como levitas? ( 9 ) . "Agora vocês querem também ser sacerdotes?" (10b). Datã e Abirão (da tribo de Ruben) acusaram Moisés de ser prepotente e de ter falhado da missão de levá-los à terra prometida (1314), Na verdade esta acusação era contra Deus (11), e foi Deus quem pôs fim à rebelião. Deus aceitou o argumento embutido na súplica de Moisés e Arão (22) e não destruiu o povo. Porém no dia seguinte toda a comunidade se opôs à liderança e ficou sujeita ao juízo de Deus, mas foram novamente salvos por Moisés e Arão. • Onde manam leite e mel (13-14) Descrição vívida de uma terra fértil. A NT1.H traduz por "uma terra boa e rica". • Lançar pó aos olhos (14) Talvez torná-los escravos, mas mais provavelmente "enganar" (NTLH).
A p ó s os lundus anos n o deserio, o vale fértil encontrado pelos espiões, c o m suas uvas. romãs e figos, d e v e ler dado uma excelente idéia d o que encontrariam na terra prometida, lista foto é de Kin A v d a i , n o lado norte d o deserto d o Kejiuebe.
198
Pentateuco
Vida nômade John Bimson
Os nômades se deslocam de um Abraão, Isaque e Jacó e suas lugar a outro, às vezes seguindo o famílias são retratados como pasritmo das estações, em busca de pas- tores seminômades que se deslocatagens para seus rebanhos. Normalvam de um lugar para outro com os mente eles vivem em tendas. Houve seus rebanhos e que tinham contato um tempo em que se pensava que os regular com as populações sedentánômades e os agricultores sedentários rias. Ló deslocou os seus rebanhos e tinham estilos de vida conflitantes e foi acampando até chegar a Sodoma nunca se misturavam. Hoje sabemos (Gn 13.12; 14.12). Em várias ocasiões, que a situação é mais complexa do Abraão acampou nas proximidades que isso. Há diferentes estilos de vida de Hebrom, chegando a comprar nómade, desde os nômades que se terras da população local (Gn 13.18; deslocam com camelos pelo deserto 14.13; 18.1; 23.17-18). Tanto Abraão da Arábia até o estilo seminômade mis- quanto Isaque fizeram tratos com o turado com períodos de vida sedentárei de Gerar (Gn 21.27; 26.31). Jacó ria. Muitas vezes a vida dos nómades comprou terras dos moradores de se relaciona de perto com a vida das Siquém (Gn 33.18-19). Estes fatos se populações que se estabeleceram de encaixam muito bem naquilo que forma definitiva num certo local. sabemos sobre a vida dos nômades pastores daquele tempo. Os nômades m u d a m d e u m l u g a r para o o u t r o , em busca d e novas pastagens para seus rebanhos. Aqui duas meninas beduínas pastoreiam os rebanhos.
Durante o inverno (a estação das chuvas), os nômades criadores de gado encontravam boas pastagens
nas regiões montanhosas da Palestina, mas nos longos meses do verão, geralmente seco, tinham de procurar água e pastagens nos vales. Nos tempos do AT, a maioria das cidades ficava nas planícies e nos vales, onde era fácil de plantar e colher. Assim, ao se deslocarem por ocasião do verão, os nômades entravam em contato com a população sedentária. Levavam os seus animais para pastarem nos campos ceifados, e os animais, por sua vez, ajudavam a fertilizar o solo. Além disso, havia outros benefícios mútuos, como a compra e venda recíproca de bens e produtos (Gn 34.10!. Os direitos sobre as pastagens e os poços de água tinham de ser negociados. E, numa terra onde as chuvas são escassas, a disputa por causa de poços era uma cena freqüente (Gn 21.25; 26.20). Estudos recentes revelaram que os estilos de vida nômade são, muitas vezes, flexíveis e que mudanças econômicas, climáticas ou políticas em determinada região podem levar as pessoas a adotar um estilo de vida sedentário. Assim, não nos surpreen-
Números
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• A terra a b r i u a s u a boca e o s e n g o l i u (32) Deus fez uso de forças naturais para executar seu j u í z o (como nas pragas do Egito). Neste caso, o fenômeno pode ter sido o rompimento (talvez provocado p o r uma tempestade) da superfície dura e irregular que se forma sobre profundos lagos de lama líquida no vale de Arabá, onde este incidente ocorreu. N m 17: D e u s e s c o l h e A r ã o Como todos os milagres bíblicos, o germinar, florescer e frutificar do bastão de Arão tinha uma lição prática. Todos podiam ver sobre quem recaiu a escolha de Deus. Não havia mais possibilidade de contestação. O bastão foi g u a r d a d o no santuário de Deus como advertência permanente.
Acredita-se que as lendas que os beduínos usam ainda hoje foram desenvolvidas lia milhares d e anos. A s s i m , é p r o v á v e l q u e sejam semelhantes àquelas e m q u e o s patriarcas e suas famílias viveram. São feitas de tiras tecidas m a n u a l m e n t e c o m pêlos de bode. costuradas umas nas outras p a r a fazer longas faixas. N o interior, cortinas d i v i d e m a tenda c m c ô m o d o s . U m deles é a sala de visitas, com as cortinas laterais abertas. O u t r a s cortinas o u divisórias podem ser levantadas q u a n d o la/, calor. A s tendas são íi prova d'água. o que significa que são igualmente adequadas para a estacão das chuvas.
de que Ló tenha ido morar em Sodoma (Gn 14,12; 19.1) e que Isaque tenha ficado em Gerar o tempo suficiente para plantar e colher o que havia plantado (Gn 26.12).
N m 18—19: D e v e r e s , t r i b u t o s e ritual N e m os sacerdotes nem os levitas receberam herança na terra prometida: Deus era a porção deles. Em lugar de herança, Deus deu aos sacerdotes a sobra de todas as ofertas sacrificiais, dos primeiros frutos e das primeiras crias. Os levitas recebiam os dízimos do povo (dez por cento de todos os rebanhos e safra, dados a Deus). Eles por sua vez davam dez p o r cento aos sacerdotes, como dádiva a Deus. O que eles davam deveria ser o melhor. O ritual com a novilha vermelha (19.1-10) era a solução para casos de profanação pelo contato com um cadáver, descrita nos vs. 1122. Para minimizar o risco de contaminação acidental, os túmulos posteriormente passaram a ser pintados de branco (veja Mt 23.27). N m 20.1-13: A m o r t e de M i r i ã ; a falha de Moisés A maior parte dos 38 anos j á se passara desde 13.1. E m Cades, na fronteira com E d o m , morreu Miriã. Num mesmo ano, quando estavam prestes a entrar em Canaã, morreram M i r i ã , A r ã o (20.25-29; 33.38-39) e Moisés (Dt 34.5-8). Nada parecia c u r a r as murmurações do povo. Estavam reclamando quando saíram do Egito e ainda reclamavam após todos os anos de provisão de Deus. O incidente nos vs. 2-13 lembra algo semelhante que ocorreu no monte Sinai (Êx 17.1-7). O pecado de Moisés parece estar nas palavras "será que vamos ter de fazer sair água...?", que
202
página anterior: Os israelitas foram obrigados a pegar um desvio por região inóspita, q u a n d o o s edomitas barraram seu cantinho para a terra prometida.
Pentateuco dão a entender que ele e Arão, não Deus, tiraram a água da rocha. Acontece com freqüência que palavras ditas de forma precipitada (veja SI 106.33) levam a pessoa a se arrepender mais tarde. Por causa disto, Moisés não entraria na terra com o povo como tanto desejava. Até o maior dos servos de Deus, após toda uma vida de confiança e obediência, pode cair. • Água da rocha Sabe-se que a rocha calcária do Sinai retém água (veja Ex 17.6). Moisés bateu na rocha no local onde Deus indicou. N m 20.14-21: E d o m n ã o d e i x a q u e os israelitas passem Os israelitas h a v i a m tentado i r para o Norte, diretamente a Canaã, contra as ordens de Deus, e sofreram uma t e r r í v e l derrota (14.25,39-45). A g o r a deveriam na direção leste, para que o deslocamento para o Norte se desse d o lado oriental o u leste do mar Morto. Mas os edomitas não abriram passa-
Arão morreu n o monte Hor,
va
perto da fronteira de lídom. Atualmente, há um monumento chamado t ú m u l o
^
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de A r ã o n o t o p o desse monte.
p o v o se deslocava para o Sul até o golfo de Acaba (o " m a r V e r m e l h o " aqui) para evitar o território de E d o m . As serpentes venenosas são consideradas u m castigo, mas um antídoto foi providenciado. O p o v o só precisava olhar para a serpente de bronze para ser curado. Jesus lembrou esse incidente a Nicodemos, dizendo que ele também devia ser levantado, para que todos que tivessem fé nele tivessem vida eterna ( J o 3.14-15). E m N m 21.21-25, mais uma vez Israel pediu passagem, que foi negada. Mas desta vez eles partiram para o ataque e saíram vitoriosos. Scom, o rei dos amorreus, havia tomado as terras de Moabe e ser reino se estendia do Arnom, no Sul, ao Jaboque, no Norte, tendo sua capital em Hesbom. Seguindo para o Norte, os israelitas derrotaram Õgue de Basã (nordeste do lago da Galileia) em Edrei. • Atarim (21.1) Não se sabe onde ficava este lugar. • 21.13 Correndo na direção do mar Morto, de leste a oeste, o rio Arnom esculpiu um enorme desfiladeiro, um lugar difícil de transpor. • Poço (21.17) Em algumas partes da península do Sinai e no sul da Jordânia a água fica perto da superfície. O s israelitas geralmente só precisavam cavar poços rasos para encontrá-la.
Nm 2 2 — 3 6
Nas planícies gem, fazendo pouco caso das promessas e da diplomacia de Moises. • Teu irmão Israel (14) Isto não era apenas um modo de falar, pois os edomitas eram descendentes de Esaú, irmão de Jacó. • Estrada real/estrada principal (17) Ela ligava o norte do golfo de Acaba com a Síria, passando a leste do mar Morto. A recusa edomita de permitir a passagem de Israel resultou num longo desvio para o Sul e ao redor de Edom. N m 20.22—21.35: D e s v i a n d o de E d o m N m 20.22-29 registra a morte de Arão. O monte H o r deve ser Jebel Madeira, a nordeste de Cades, na fronteira noroeste de Edom. O local tradicional (veja foto), apoiado por Joscfo, fica perto de Pefra e bem distante de Cades. A vitória sobre o rei de A r a d e foi rapidamente seguida de q u e i x a s , e n q u a n t o o
de
Moabe
N m 22—24: B a l a q u e e B a l a ã o Os israelitas vitoriosos tornaram a acampar junto à fronteira do reino de Balaque, rei de Moabe, que, com apoio midianita, rapidamente enviou mensageiros a Pctor (provavelmente Pitru, perto de Carquemis), junto ao rio Eufrates, para contratarem Balaão, o adivinho, a fim de vir e amaldiçoar seus inimigos. Era uma atividade rotineira para o profeta, numa época em que todos acreditavam no poder que as palavras têm de influenciar os acontecimentos, especialmente palavras solenes de "bênção" e "maldição". O que é surpreendente é a revelação de que a fonte do conhecimento de Balaão era o próprio Deus. E nem suborno nem ameaça o impediam de dizer a verdade assim como Deus a revelava a ele. Três vezes repetiram o mesmo ritual (22.41— 23.10; 23.13-24; 23.27—24.9). Três vezes Balaão abençoou Israel, para desespero e irri-
Números tacão de Balaque. O quarto oráculo superou a todos. Nm 24.15-19 prevê um futuro rei vitorioso que derrotará todos os inimigos de Israel. • 0 incidente da j u m e n t a O propósito de Deus parece ter sido impressionar Balaão, de tal modo que, apesar dos esforços de Balaque, sempre dissesse a verdade. • A origem destes oráculos Não se sabe como estes oráculos foram incluídos em Números. Mas fatores lingüísticos, entre outros, indicam que os oráculos foram escritos por volta do século 12 a.C.
casar-se com homens da própria tribo para assegurar a herança tribal (veja cap. 36). N m 27.12-23: J o s u é é o novo líder do povo A vida de Moisés estava chegando ao fim, ali, às portas da terra prometida. Josué, braço direito de Moisés (Êx 17.9-13; 24.13; 33.11; N m 11.28) e um dos dois espias fiéis (14.6-9), foi escolhido por Deus para ser o sucessor de Moisés. Nesta ocasião ele recebeu autoridade para liderar a nação no lugar de Moisés. • Monte Abarim (12) Este era o nome de uma serra o u cadeia de montanhas. A rigor, Moisés avistou a terra do alto do monte Nebo, de onde se via Jericó. • Vocês d o i s se revoltaram contra a m i n h a o r d e m (14) Veja 20.2-13.
Nm 25: I d o l a t r i a e m P e o r Foi por ordem de Balaão (31.16) que as mulheres midianitas corromperam os israelitas em Peor. F. ele pagou por isto com sua vida (31.8). Com a morte daqueles que adoraram Baal, morreu o restante da geração que saíra d o N m 28—30: Regras p a r a o culto Egito, com a exceção de Moisés, Josué e Calepúblico; votos be (26.65). 28.1-8: ofertas de cada dia; 9-10: ofertas • V. 1 Relações sexuais com mulheres moabitas do sábado; 11-15: ofertas para a Páscoa e e a levaram os homens de Israel a desobedecer a Festa dos Pães sem Fermento; 26-31: a Festa Deus e adorar Baal. das Semanas (primeiros frutos). • Baal-Peor (3) A divindade adorada naqueCap. 29: as festas do sétimo mes. V s . 1-6: le local. "Baal" (que significa "senhor" o u ofertas para a Festa das Trombetas: 7-11: para "mestre") gradativamente tornou-se o nome o Dia da Expiação; 12-38: para a Festa dos próprio do grande deus da fertilidade dos Tabernáculos (Barracas). cananeus. Os acontecimentos descritos aqui C o m respeito a festas, veja L v 23, e "As já revelam uma mistura de práticas sexuais grandes festas religiosas". C o m respeito a e religiosas. ofertas, veja Lv 1—7 e "Sacrifícios". • Moabita... midianita A alternância entre os Cap. 30: votos. Promessas feitas a Deus termos parece confusa, mas desde o final dos devem ser mantidas. Os homens em Israel estatempos patriarcais havia muita superposição vam incondicionalmente comprometidos por no uso dos termos "midianita", "ismaelita", juramentos de qualquer natureza (2). Os vs. 3"medanira", "moabita". 15 estabelecem os termos sob os quais os juramentos feitos por mulheres são obrigatórios. Esta Nm 26: O s e g u n d o c e n s o Os números são ligeiramente menores que no primeiro censo (uma geração inteira foi substituída por outra, 64-65). O motivo do censo, desta vez, foi para que a terra pudesse ser dividida proporcionalmente, de acordo com o tamanho dos vários grupos (vs. 52-56). Nm 2 7 . 1 - 1 1 : O d i r e i t o d e h e r a n ç a das f i l h a s A lei dizia que a terra era passada do pai ao filho mais velho, mantendo-a na tribo. Mas Zelofeacle só tivera filhas. Em outros países do Oriente Próximo, as mulheres normalmente não podiam receber herança, mas em Israel foi decidido que, na falta de filhos, as filhas podiam receber a herança. Mas elas deviam
203
O s israelitas rebeldes foram picados p o r serpentes venenosas e muitos morreram. Mas quem o l h a v a para a serpente d e b r o n z e que Moisés, p o r ordem d e Deus, levantou n o deserto era salvo. J o 3.14-15 relaciona isto com a o b r a d e salvação realizada p o r C r i s t o , na c r u z . U m a escultura moderna de b r o n z e n o monte N e b o representa uma serpente enrolada na c r u z .
O s israelitas pediram aos edomitas permissão para seguir viagem pela Estrada d o Rei ( f o t o a b a i x o ) , a rota principal para o norte. Os edomitas não d e r a m permissão.
Pentateuco era uma sociedade patriarcal na qual os homens asseguravam seu controle sobre as mulheres. N m 31: G u e r r a s a n t a c o n t r a os midianitas Os midianitas foram punidos pelo seu pecado de induzir Israel a adorar deuses falsos (veja cap. 25 e notas). O exército e o povo dividiram os despojos entre si, pela metade. O exército deu a quingentésima parte (1/500) dos seus despojos de guerra aos sacerdotes; o povo deu a qüinquagésima parte (1/50) do seu despojo aos levitas. Os vs. 48-54 registram a oferta especial do exército dada cm gratidão pelo retorno em segurança. Esta geração se mostrou obediente a Deus, e foi vitoriosa. Mais adiante, porém, os midianitas surgirão novamente na história de Israel (veja J z 6—8). N m 32: T r i b o s a leste d o J o r d ã o As tribos de Ruben e de Gade queriam assentar-se nas terras boas para a criação de gado que ficavam a leste do J o r d ã o . Seu pedido foi concedido, mas apenas sob condição de que ajudassem na conquista de Canaã primeiro. Assim, foi traçado um plano para permitir que a força militar dessas tri-
bos deixasse seus rebanhos e seus dependentes a salvo, na retaguarda. Parte da tribo de Manasses conquistou Gileade e Moisés deulhes esta terra. N m 33: Estágios d a j o r n a d a Este capítulo é um resumo de toda a jornada, do Egito às planícies de Moabe. Veja o mapa "Fuga do Egito: as peregrinações no deserto", em Ê x o d o . São listados quarenta lugares de acampamento, a maioria agora desconhecida. • V. 52b A intenção era eliminar tudo que tivesse qualquer relação com as religiões idólatras: as imagens de escultura e os locais de adoração ("lugares altos" onde eram construídos santuários). N m 34: A s f r o n t e i r a s d o país Veja também Js 1 3 — 1 9 . N m 35: P r o v i s ã o p a r a o s levitas; cidades de refúgio Veja também Js 20—21. N m 36: A h e r a n ç a das m u l h e r e s Veja 27.1-11.
DEUTERONÔMIO
205
Resumo Moisés se dirige ao povo de Israel que estava em vias de entrar na terra prometida. Ele recapitula a jornada e lembra ao povo a aliança que eles têm com Deus. Caos. 1.1—4.43
Recapitulando a jornada pelo deserto
0 primeiro versículo de Deuteronômio diz: "São estas as palavras que Moisés falou a todo o Israel". Na ocasião, os israelitas estavam acampados nas planícies de Moabe e prestes a entrar na terra prometida (cerca de 1260 a.C). O título do livro, que vem da tradução grega, implica uma segunda doação da lei, mas na verdade o livro contém uma reafirmação da aliança do Sinai. É uma "exposição" da lei, o coração da antiga aliança. Este livro é citado mais de 80 vezes no NT, o que mostra a sua importância para os primeiros cristãos. A estrutura de Deuteronômio (a forma de aliança do AT) é muito parecida com a de um tratado daquele tempo (veja "Alianças e tratados no Oriente Próximo"): 1. Prólogo histórico 1.6—3.29 2. Estipulações básicas 4—11 3. Estipulações detalhadas 12—26 4. Cláusula de documento 27 5. Bênçãos 28.1-14 6. Maldições 28.15-68 7. Recapitulação 29—30 Muitas das leis registradas em Êx 20.22—23.19 têm paralelos em Deuteronômio. Os Dez Mandamentos de Êx 20 são repetidos em Dt 5, com algumas pequenas variações. O foco passa a ser a vida fixa ou sedentária numa nova terra. Até os estudos críticos dos séculos 18 e 19, que levaram a uma visão bastante fragmentada do Pentateuco, judeus e cristãos geralmente consideravam Deuteronômio as palavras exatas de Moisés. Atualmente os estudiosos querem reconhecer a contribuição de editores posteriores e não há acordo quanto à data da composição final. No entanto, o livro continua firmemente arraigado neste grande personagem histórico que foi Moisés. A terra e a aliança de Deus com seu povo são os grandes temas de Deuteronômio. Moisés disse ao povo: "Lembrem-se de que vocês foram escravos no Egito"; "Lembrem-se do amor de Deus". Pois era a Deus que deviam sua liberdade e todas as coisas boas prometidas a eles. Isto exigia uma
resposta: "Lembrem-se de..." — permanecer fiéis, obedecer. Este seria o segredo para receberem as bênçãos de D e u s . E s q u e c e r Deus nessa nova etapa da vida seria desastre na certa.
Cops. 4.44—22.68 Os dez mandamentos A lei de Deus Instruções para a vida na nova terra Caps. 29—30 Escolham a vida! A Tenda e adoração de Deus Caps. 31—34
As últimas palavras de Moisés Dtl— 4
Primeiro discurso: recapitulação da jornada D t 1.1-5: I n t r o d u ç ã o O tempo e o lugar foram cuidadosamente especificados. Quarenta anos após o êxodo do Egito, no final das peregrinações do deserto, nas planícies de Moabe a leste do rio Jordão, Moisés anunciou a mensagem de Deus a Israel. • V. 2 Horebe é outro nome do monte Sinai. D t 1.6-46: D o S i n a i a C a d e s Vs. 9-18 (veja N m 11.14-25): Moisés relembra do alívio que sentiu quando, ao delegar responsabilidade, ficou livre do peso de ser o único líder do povo. Quem lhe deu o sábio conselho de delegar tarefas foi o seu sogro, Jetro (veja Ê x 18.13-26). Os vs. 19-46, os espias e seu relatório: Veja Nm 13—14. • V . 7 A terra que Deus prometeu a Abraão: Veja G n 15.18-21. • V . 19 "Deserto" significa simplesmente região desabitada. Ao norte do Sinai a terra é estéril e desolada, com terreno acidentado e pedregoso. Mas há oásis, com quantidade surpreendente de vegetação após as chuvas do inverno. • Amorreus (44) Nm 14.43 usa o termo mais amplo "cananeus". D t 2.1—4.43: D e A c a b a às planícies d e M o a b e 2.1-8: veja N m 20.14-21. Embora os edomitas tivessem negado passagem aos israelitas
" A i a Bíblia hebraica... o propósito da aliança jamais foi apenas que o criador queria Israel como povo especitd, independentemente do destino do resto do mundo. O propósito da aliança era que, por meio dela, o criador se revelttsse ao mundo e o salvasse na sua íntegra. O chamado de Abraão foi feito para desfazer o pecado de Adão." Tom
Wright
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Pentateuco
Moisés Alan Millard
A família de Jacó que se reuniu com José, no Egito, foi aumentando, até ser vista como uma ameaça para os egípcios. Diante disso, o rei do Egito decretou que todos os meninos hebreus recém-nascidos deviam ser mortos. U m resumo da vida d e Moisés Foi nesse período que nasceu Moisés. A mãe dele, não podendo mais escondê-lo em casa, colocou-o numa cesta entre os juncos, na beira do rio, onde foi resgatado por uma princesa, criado pela própria mãe, e educado no palácio real (ÊX 2.1-10; veja At 7.22). Conhecedor de suas origens, Moisés socorreu um patrício hebreu, e, em razão disso, teve de fugir do Egito. Vivendo no deserto, na condição de pastor nômade, casado com uma moça do local, Moisés teve um encontro com Deus na "sarça ardente". Mesmo relutante, voltou ao Egito para conduzir o seu povo para fora do Egito, libertando-o da escravidão e dos trabalhos forçados (Êx 3—4).
O rei do Egito se recusou a deixar o povo de Israel ir embora e, desse modo, desencadeou as dez pragas. A última delas trouxe consigo a instituição da Páscoa e precipitou o êxodo do Egito (ÊX 5—14). Moisés guiou o povo através do mar Vermelho para dentro da região do Sinai. Ali, no monte Sinai, ele foi o mediador da aliança que Deus lhes propôs, fazendo deles uma nação, o povo de Israel. Ele recebeu de Deus as leis morais e religiosas que seriam a constituição de Israel. Apesar das rebeliões e da desobediência, Moisés guiou o povo pelo deserto durante quarenta anos, até que estivessem preparados para entrar na terra que Deus havia prometido a Abraão (Gn 15). Moisés morreu no alto do monte Nebo, na Transjordãnia, não sem antes ter visto de longe a terra prometida (Dt 32.48-52; Dt 34). Homem o u super-homem? Moisés é apresentado como um grande homem, mas não como um
super-homem. Isto condiz com o realismo bíblico. Em Nm 12.3 ele é descrito como "um homem humilde". Suas tentativas de livrar-se da missão que Deus estava lhe dando e o fato de necessitar de um porta-voz na pessoa de Arão, seu irmão, sugerem que se tratava de uma pessoa tímida (Êx 4). Seu casamento com Zípora, uma jovem midianita, e o fato de não ter circuncidado o seu filho (ÊX 4.24-26) parecem indicar que ele não tinha certeza quanto à sua identidade durante aquele período no exílio. No entanto, antes de ele se tornar o líder de Israel, essa questão tinha de ser resolvida. Durante a caminhada pelo deserto, as freqüentes queixas do povo fizeram com que sempre de novo ele se voltasse para o Deus que havia prometido estar com ele (Êx 15.23-25, etc). No entanto, quando, depois da apostasia de Israel no episódio do bezerro de ouro, Deus fez a proposta para que ele viesse a ser o fundador de uma nova nação,
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Moisés, ao contrário, se ofereceu para sofrer o castigo em lugar do povo (Êx 32, especialmente os vs. 30-33; 0t 9.7-29). Seu envolvimento nos atos poderosos de Deus, desde o Egito até o momento em que o povo se preparava para entrar na terra santa, mostrou que Deus se agradava dele e fez com que o povo o aceitasse e respeitasse. Um só D e u s : a lei p a r a Israel Moisés julgava questões entre o povo ainda antes da chegada ao monte Sinai (Êx 18.13-26). E, chegando ao monte, ele recebeu de Deus a Torá, a lei de Israel. Esta inclui os Dez Mandamentos, que se tornaram a base da sociedade judaica e ocidental. Moisés era o porta-voz de Deus, seu profeta (Dt 18.15-18), que apresentava a palavra de Deus ao povo e a interpretava. Entre as leis estão algumas que já eram observadas e endossadas pelos povos vizinhos que tinham um modo de vida semelhante ao de Israel (p.ex., Êx 21.35,36). Outras eram semelhantes às de outros povos, mas adaptadas especialmente à realidade de Israel. As exigências absolutas expressas nos Dez Mandamentos não tém paralelo em outras culturas
daquele tempo e é difícil de imaginar que sociedades politeístas pudessem chegar a formular leis definitivas como essas, visto que elas pressupõem uma autoridade final única. Sob a firme liderança de Moisés, as leis fizeram de Israel uma nação, ensinando as tribos até então desorganizadas a viverem em união, a assumirem em conjunto a tarefa de proverem pelo santuário comunitário, o tabernáculo, e a lutarem para defender todo o povo. Acima de tudo estava a reverência ao mesmo Deus único. O monoteísmo que Moisés proclamava (Êx 20.1,2; Dt 6.4) é tão diferente de todas as outras idéias religiosas conhecidas no antigo Oriente Próximo que muitos eruditos acreditam que tal monoteísmo não poderia ter surgido antes do século 7 ou do século 6 a.C. Não existe evidência direta da época do próprio Moisés, mas sabese que o Faraó egípcio Akhenaten, por volta de 1340 a.C, impôs em todo o Egito o culto a um único deus (Aten, o disco solar), tornando ilegal o culto a qualquer outra divindade. Este fato só veio a ser conhecido nos tempos modernos, com a descoberta da capital desse Faraó. Vale lembrar que essa capital foi abandonada depois
da morte de Akhenaten, e todas as referências a ele e ao seu deus foram eliminadas dos registros egípcios. Sem essa descoberta, pouco saberíamos a respeito de sua revolução. A possibilidade de que existiu um Moisés e um ensino como o que ele transmitiu pode ser defendida a partir dessa analogia com Akhenaten, embora o ensino de Moisés seja muito superior ao de Akhenaten. C o n t e x t o histórico A evidência histórica e arqueológica dá sólida sustentação ã tese de que Moisés atuou no século 13 a.C, quando Ramsés II governava o Egito (cerca de 1279-1213 a.C) e dominava a região de Canaã. Merneptah (cerca de 1213-1203 a.C), o sucessor de Ramsés II, creditou a sl a vitória sobre um povo chamado Israel, na terra de Canaã. Tudo indica que se tratava de alguma das tribos que, naquela ocasião, estava tomando posse da terra. Aos poucos, os Faraós foram perdendo o controle sobre aquela região, permitindo que filisteus e outros povos ali se instalassem. Aquele foi um período de grandes mudanças; a fundição do ferro estava começando a difundir a sua nova tecnologia, e em lugar das cidades-estado (como em Js 9—12) estavam surgindo
Pentateuco
estados ou nações como Edom, Moabe e, um pouco mais tarde, Israel. Por não haver nenhum registro egípcio a respeito da permanência de Israel naquele pais ou a respeito do êxodo, não podemos precisar as datas destes acontecimentos. Os reis egípcios não costumavam registrar a ocorrência de desastres e derrotas em seus monumentos, e praticamente nenhum documento administrativo daquele tempo sobreviveu. Os israelitas moravam na região do delta do Nilo. Qualquer registro sobre a fabricação de tijolos, feito em folhas de papiro, que pudesse ter ficado nas ruínas de alguma cidade daquela região teria apodrecido há muito tempo. Apesar de várias afirmações neste sentido, nada foi encontrado, em relatos fora da Bíblia, a respeito da morte dos primogênitos ou da destruição de tropas egípcias no mar Vermelho. É possível que as narrativas bíblicas tenham sido concluídas algum tempo depois dos acontecimentos que registram, mas é perfeitamente possível que Moisés tenha feito algum registro sobre os mesmos e que as leis foram preservadas por escrito, seja em egípcio, babilônio ou cananeu (uma forma primitiva do hebraico). Esses textos são o testemunho da carreira notável de um grande homem, o fundador da nação de Israel.
Moisés m o r r e u n o m o n i c N e b o , d o n d e p o d i a v e r a terra p r o m e t i d a . A o sopé desse m o n t e existe u m a fonte q u e leva o nome d e Moisés.
Deuteronomio
pela estrada principal ou estrada real, parece que estavam dispostos a vender-lhes alimento. A simpatia demonstrada a Edom (os descendentes de Esaú), Moabe e Amom (descendentes de Ló, veja Gn 19.36-38) por causa do parentesco era característica do tempo dos patriarcas e do tempo de Moisés. Deus mantém a sua palavra através dos séculos, e espera que seu povo faça o mesmo. 2.26-37: veja N m 21.21-35. 3.1-20: guerra contra o rei Ogue; a terra a leste do rio Jordão ocupada pelas tribos (veja Nm 21.33-35; e 32). A terra de Ogue era parte do reino amorreu. Basã, famosa por seu gado, e a região em torno, naturalmente se mostraram atraentes para os criadores de gado das tribos de Ruben, Gade e Manasses. 3.21-29: um novo líder; o castigo de Moisés (veja 4.21-22; N m 20). O preço da desobediência foi alto. Acima de qualquer outra coisa, Moisés queria conduzir seu povo para dentro da terra p r o m e t i d a . " P o r causa de vocês'" não é apenas uma tentativa de transferir a culpa. Foi a provocação do povo que levou Moisés à ira. 4.1-40: Moisés pede ao povo que seja obediente e adverte contra a idolatria. Moisés relembrou a história dos feitos de Deus em favor de Israel nos 40 anos passados. Agora lembra-lhes o caráter que Deus demonstrou em seus atos c adverte a respeito das inevitáveis conseqüências da desobediência: "Só o S E N H O R é Deus em cima no céu e embaixo na terra; nenhum outro há. Guarda, pois, os seus estatutos e os seus mandamentos... para que te vá bem." 4.41-43: três cidades de refúgio a leste do Jordão. Veja Nm 35.6-29. • Seir(2.8) As montanhas de "Seir" ( E d o m ) encontram-se ao sul e leste do mar Morto. • Fizera o b s t i n a d o o s e u c o r a ç ã o (2.30) O AT não vê conflito algum entre a soberania de Deus e a liberdade humana. Veja Êx 4.21. Jamais se diz que Deus "endureceu o coração" de uma pessoa boa. • Sua cama (3.11) provavelmente era um caixão. O "côvado comum" media cerca de 45 km; logo, o caixão tinha 4 m x 2 m. • Arabá (3.17) é o vale que vai do mar da Galileia em direção ao sul até o golfo de Acaba. "Quinerete" é Galileia: a palavra vem do formato de harpa que o lago tem. O "mar Salgado" é o mar Morto. • Pisga (3.17,27) U m ponto elevado no monte Nebo, cerca de 15 km a leste da extremidade norte do mar Morto.
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• Baal-Peor (4.3) Veja Nm 25. • 4.8 Regras permanentes de conduta; decretos e decisões judiciais.
Dt 4 . 4 4 — 2 8 . 6 8
Segundo
discurso:
a lei
D t 4.44-49: I n t r o d u ç ã o Estes versículos introduzem a reafirmação da aliança que Moisés fez ao povo antes de atravessarem o J o r d ã o , para lembrar-lhes a fidelidade de Deus bem como as responsabilidades deles para com a aliança. D t 5—11: O s D e z M a n d a m e n t o s Dt 5: veja também Ê x 19.16—20.21, notas em Êx 20 e " U m estilo de vida: os Dez Mandamentos". H á algumas pequenas alterações interessantes aqui. A lei do sábado Moisés acrescentou "para que o teu servo e a tua serva descansem como t u " (5.14), e "lembrarás que foste escravo no E g i t o . . . " (5.15) ( E m Êx 20, o sábado se baseia no descanso de Deus após a criação.) N o mandamento que trata da honra devida a pai e mãe, após "para que se prolonguem os teus dias", Moisés acrescenta " c para
Israel a leste do Jordão: vitória sobre Seom e Ogue
I
210
Pentateuco
que te vá bem". E no último mandamento, Di 5.21 coloca a mulher em primeiro lugar, separando-a dos bens listados a seguir. D t 6: o grande mandamento e instruções para ensinar as futuras gerações. Jesus disse que toda a lei podia ser resumida nas palavras do v. 5 e L v 19.18 (veja M t 22.37-40). Dt 7—11: Moisés conclamou o povo à fé c à obediencia. Neste momento Moisés passou do passado para o presente e o futuro. Israel logo estaria entre as nações pagãs e provaria a gloria inebriante da vitória (cap. 7). A prosperidade traria uma melhora inédita no padrão de vida.
Haveria muito mais a desfrutar (cap. 8). E todas i estas coisas trazem consigo alguns riscos: o risco de perder a identidade como povo de Deus; o risco de um falso orgulho (cap. 9 ) ; o risco de\ pensar que tudo que se tem é fruto de esforço próprio; o risco de esquecer-se de Deus. Se permitissem, todavia, a lembrança do passado os manteria no trilho certo também em dias futuros. Assim, Moisés exorta: "Lembrem-se"; "não esqueçam". Lembrem-se do Egito (7.18). Lembrem-se dos anos no deserto (8.2). Deus estava expulsando as nações por causa da perversidade delas e não por causa
Alianças e tratados no Oriente Próximo Gordon Wenham
A mesma palavra hebraica pode ser usada tanto para designar um tratado internacional como uma aliança entre Deus e o seu povo. Estudos mostraram que os pontos de contato entre tratados que eram feitos no antigo Oriente Próximo e as alianças que aparecem no AT não se limitam ao uso do mesmo termo. Muito se aprendeu sobre as características das alianças do AT, e sobre o AT em geral, através dessa comparação com os tratados que eram feitos naquele tempo, A maior parte desses tratados antigos foi descoberta no século 20. Os tratados em si datam do período que vai de 1500 a 600 a.C. aproximadamente, que é o período durante o qual a maior parte do AT foi escrita. Logo, é provável que os escritores ao AT soubessem como se formulava um tratado ou uma aliança. Além do mais, o fato de usarem termos e conceitos derivados desses tratados mostra que, segundo eles, o relacionamento entre as partes que faziam um acordo ou tratado era uma descrição adequada do relacionamento entre Deus e o seu povo. A aliança mais antiga que aparece na Bíblia é a que foi feita com Noé (Gn 9). Alianças foram feitas, também, com Abraão (Gn 15; 17). Mas, com certeza, a aliança mais importante no AT
do Sinai, que era vista como o modelo. Num certo sentido, todas as alianças posteriores foram simples renovações da aliança do Sinal. Alianças são semelhantes a tratados, em três aspectos principais: linguagem, forma, e conceito.
O c ó d i g o d e leis d o s hititas inscrito nesta tábua seguia o p a d r ã o cost umei ro dos tratados daquela é p o c a . O m e s m o p a d r ã o aparece n o registro d a aliança d e Deus c o m Israel.
é a aliança do Sinai (Êx 19 em diante). Embora aquele acontecimento seja, em geral, descrito como a ocasião em que Deus revelou a sua lei, a verdade é que essa revelação era simplesmente uma parte de um acontecimento muito mais amplo: o chamado de Israel para que fosse uma nação santa, dedicada exclusivamente ao S E N H O R . Esse novo relacionamento foi chamado de aliança. A aliança feita no Sinai foi um passo decisivo na formação da nação de Israel. Todas as alianças firmadas posteriormente se reportavam àquela
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L i n g u a g e m d e aliança O objetivo de um tratado era I assegurar total lealdade da parte de | um rei ou Estado vassalo a outro rei I ou Império. É neste sentido que, nos I tratados, se empregava linguagem j pomposa e cheia de retórica, capaz i mexer com as emoções do vassalo e I deixá-lo consciente da importância da i obediência. Desde muito se notou o estilo retórico que caracteriza o livro de Deute- | ronômio, uma obra que em outros j aspectos se parece muito com um tratado feito com um vassalo. Em tratados, | aparecem certos termos que descrevem o comportamento de um vassalo j obediente. Ele deveria "seguir", "temer' "amar", "ouvir a voz de" seu senhor. Um vassalo rebelde era culpado de "pecado". Essa terminologia aparece repetidamente no AT. A forma da aliança A semelhança mais marcante entre as alianças do AT e os tratados
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Deuteronômk
da justiça de Israel (9.4), pois Israel tinha que se lembrar também das suas próprias falhas (9.7). Lembrem-se do amor de Deus, seu poder, sua providência, sua lei, seus j u í z o s . Permitam que a lembrança disso os mantenha humildes, fiéis, obedientes (caps. 1 0 — 1 1 ) . > Amarrem... repitam... escrevam (6.9; 11.18-20) As pessoas comuns não possuíam uma cópia da lei; logo, ela devia ser ensinada oralmente, e partes importantes anotadas onde estivessem bem visíveis. Toda a lei deveria, também, ser escrita em pedras caiadas que seriam colocadas em lugares públicos (veja 27.1-10; Js 8.32).
daquela época diz respeito à forma ou estrutura básica. Um tratado típico do Oriente Próximo, usado pelos hititas, tinha seis partes: 1. Um preâmbulo, citando o autor do tratado. 2. Um p r ó l o g o histórico, descrevendo o relacionamento entre as duas partes antes da assinatura do tratado. 3. As e s t i p u l a ç õ e s , explicando as responsabilidades mútuas dos parceiros. 4. Uma c l á u s u l a d o c u m e n t a l , descrevendo o documento que contém o tratado e prevendo a leitura do mesmo, em intervalos regulares, por parte do vassalo. 5. Uma lista d e deuses testemunhas do tratado. 6. Bênçãos e maldições, ameaçando o vassalo com doenças, morte, exílio, etc, caso rompesse o tratado, mas prometendo-lhe prosperidade e bênção, caso fosse fiel. As alianças do AT têm uma estrutura semelhante, ainda que não idêntica. Por exemplo, o fato de se crer em Deus fazia com que fosse omitida a lista de deuses como testemunhas. A maioria dos elementos que fazem parte de um tratado aparece em Deuteronomio: Dt 1—3 Prólogo histórico Dt 4—26 Estipulações Dt 27 Cláusula documental Dt 28 Bênçãos e maldições Outros exemplos dessa forma de tratado no AT, embora mais breves,
Os judeus ortodoxos literalmente atam no braço direito e na testa cópias miniaturizadas de versículos de Êxodo e Deuteronomio que são colocadas em pequenas caixas chamadas tefilim ("filactérios"). Filactérios datados do período do NT, descobertos pela arqueologia, eram bem menores que os atuais. Os judeus também afixam pequenos cilindros contendo versículos bíblicos nas ombreiras das portas de suas casas.
"/.senti', Israel: o SESHOR. nosso Deus.
c o único SESHOR. Ame o SENHOR,
seu Deu», de todo o seu coração. de toda a saa alma <•
• Poços (6.11) Cisternas ou reservatórios para armazenar água coletada da chuva ou de uma nascente. O interior era coberto com
aparecem em Êx 19—24; Js 24; ISm 12. Entretanto, nestes casos a forma está um pouco alterada devido ao fato de estar inserida em narrativas. O conceito d e aliança Tratados e alianças começam com relatos históricos e enfatizam a graça e misericórdia do autor da aliança. Um rei hitita podia lembrar ao vassalo como ele estava sendo generoso, permitindo-lhe continuar no trono daquele reino anexado, apesar da recente rebelião. De modo semelhante, Deus lembra ao povo de Israel a sua grande misericórdia: "Eu sou o S E N H O R , teu Deus, que te tirei da terra do Egito" (ÊX 20.2). Tanto nos tratados como nas alianças, as estipulações estão baseadas no favor imerecido do suserano. As estipulações ou leis são apresentadas depois que o vassalo ouviu do suserano tudo que este havia feito por aquele. Esperava-se que, por gratidão, o vassalo cumprisse o que havia sido estipulado. Assim, também no AT, a lei vem depois da graça. Lembrado da maneira como Deus havia resgatado o povo, Israel é encorajado a ser fiel a Deus. Bênçãos e prosperidade são prometidas, caso o vassalo for fiel, mas maldição repousa sobre ele, caso se rebelar. Os formuladores de tratados e os escritores do AT, bons conhecedores do coração humano, têm a tendência de enfatizar mais as maldições do que as bênçãos. São pin-
tados quadros horríveis, descrições dos terríveis sofrimentos que sobreviriam ao povo, caso não levassem a sério as exigências da aliança (veja Dt 28.15-68). Quando os profetas anunciavam o juízo vindouro, muitas vezes estavam ecoando essas ameaças contidas na aliança. Os profetas lembraram ao povo que o relacionamento de aliança trazia consigo, não apenas privilégios, mas também responsabilidades (p.ex., Am 3.2). Os Pergaminhos do Mar Morto revelaram que, ainda na época do NT, esse conceito de aliança ocupava um lugar importante na teologia judaica. Também está claro que, ao apontar para a sua morte como a inauguração da nova aliança (Mc 14.24), Jesus estava pressupondo que seus discípulos estavam familiarizados com essa noção de aliança.
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Pentateuco
"Guardem scnqire no coração as leis que eu lhes estou (Ituulo hoje c não tleixeni de ensiná-las aos seus filhos. Repitam essas leis .711 c / u r u d e casa. quando se deituivm equando se levantarem."
" T a m b é m as atarás t o m o sinal na tua m ã o , e tc serão p o r frontal entre o s o l h o s " . B i a i n s t r u ç ã o é seguida ao pé da letra p o r judeus aitlda hoje. O " n l n c t é r l o " q u e uni j u d e u o r t o d o x o usa sobre a teslti contém trechos importantes d a L e i , N a c e r i m ô n i a d o Bar Mitzvah, q u a n d o o j o v e m j u d e u passa a ser considerado " a d u l t o " , a Lei é atada n o b r a ç o dele. lauto o pensamento q u a n t o as ações estão
Dt 6.6-7
"O SFXHOR os
sujeitos á v o n t a d e d e Deus.
atuou esto/fien,
n ã o porque vocês são mais tfo que outros povos... Mas porque o M ,V;tO/t
os amou," Dt 7.7-8
argamassa ã prova d'água. Os poços eram mais estreitos na parte de cima para reduzir a evaporação. • Massa (6.16) Veja Êx 17.6-7. • 7.2-5 "Não façam acordo de paz com eles, nem tenham pena deles". Como Deus era responsável pela vitória numa guerra santa, os cativos c todos os despojos eram de Deus, para salvar ou destruir. Nem todos devem ter sido mortos, j á que os israelitas foram advertidos a não se casarem com gente desses povos. Sendo Senhor da história, Deus traria juízo sobre os cananeus, assim como, mais tarde, traria juízo sobre o seu próprio povo. Veja 8.19-20 e "Guerra Santa". • A n a q u i m (9.2) Veja Nm 13.22. • 10.6-9 Aqui, a mudança para a terceira pessoa parece indicar uma inserção posterior no texto. Nesse caso, a fonte não é conhecida. • Setenta (10.22) Veja G n 46.26-27. Este número não incluía as esposas e filhas dos filhos de Jacó. • D a t ã e A b i r ã o (11.6) Veja N m 16. • N ã o é c o m o a terra d o E g i t o (11.10) Lá as colheitas dependiam da irrigação, usando água do Nilo. • Bènçãoe maldiçào:Gerizim... Ebal (11.26-32) Veja caps. 27—28.
D t 12—26: Leis d e t a l h a d a s D t 1 2 — 1 3 : ídolos, sacrifícios, tratamento de infratores. Dt 12.1-14: todos os lugares em que os cananeus praticavam seus ritos depravados deviam ser eliminados. Israel não deveria usá-los. Quando a nação estivesse estabelecida. Deus escolheria um lugar específico para os sacrifícios. Siló foi o primeiro centro religioso da nação, no tempo de Eli e Samuel. A partir da época de Davi e Salomão, Jerusalém, com seu Templo, passou a ser a cidade santa de Deus, embora após a morte de Salomão as tribos dissidentes tenham estabelecido dois santuários rivais para o reino do Norte. Dt 12.15-28: a carne não fazia parte da dieta básica do israelita c o m u m , mas todos a comiam nas festas e nos sacrifícios. Quanto à questão do sangue, veja L v 17.10-16 e "Sacrifícios". Dt 12.29—13.18: a sedução das religiões pagãs era um perigo bem real. Qualquer um que comprovadamente encorajasse a adoração de outros deuses (13.14) devia ser eliminado para servir de exemplo. Adotar as práticas religiosas que trouxeram destruição sobre os povos de Canaã seria uma atitude fatal para o povo de Israel.
Deuteronômio Dt 14: luto; alimentos puros e i m p u r o s ; animais; dízimos. Dt 14.1-2: práticas pagãs de l u t o são proibidas. Dt 14.3-21: Veja Lv 11. Dt 14.22-29: o d í z i m o — veja também Lv 27; N m 18. C o m o l e m b r a n ç a de que toda riqueza é dom de Deus, uma parte dos bens devia ser regularmente posta de lado. Os autores j u d e u s geralmente consideram este dízimo ( d e z p o r cento) um " s e g u n d o dízimo", pois o p r i m e i r o era entregue aos levitas. Ele oferece ao p o v o a o p o r t u n i d a de de desfrutar dos resultados d o seu trabalho e de compartilhar generosamente com os outros. Dt 15: o sétimo ano. De sete em sete anos as dívidas de compatriotas israelitas deviam ser canceladas e todos os escravos israelitas deviam ser libertos. Veja em Lv 25. Dt 15.19-23: veja Lv 27. Dt 16.1-17: as três festas principais. Veja a lista completa em Lv 23 e "As grandes festas religiosas". Três vezes ao ano — Páscoa, Semanas (Pentecostes), Tabernáculos (Barracas) — todos os homens israelitas deviam trazer uma oferta ao lugar nacional de adoração. Mas estas não eram festas só para homens. C o m o d i z Dt 16.11, "todos deverão festejar e se alegrar: vocês, os seus filhos e as suas filhas, os seus escravos e as suas escravas e os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as v i ú v a s que moram nas cidades onde vocês v i v e m " . Dt 1 6 . 1 8 — 1 7 . 2 0 : justiça e julgamentos (Dt 16.18—17.13); o futuro rei (Dt 17.14-20). Deus exige um p o d e r j u d i c i á r i o j u s t o c imparcial. O suborno não devia ser aceito, pois ele "faz com que homens sábios e honestos fiquem cegos e dêem sentenças injustas" (v. 19). O s sacrifícios não deviam ser uma forma de livrar-se de animais defeituosos. Uma sentença de morte só podia ser executada com o testemunho claro de duas ou mais testemunhas (o que lança dúvida sobre a legalidade do julgamento de Jesus). Juízes locais deviam levar casos difíceis a autoridades superiores no local de adoração da nação: este julgamento seria final. Dt 17.14-20: Deus permitiu a monarquia, mas não a estabeleceu. Os perigos previstos aqui — agressão militar e sensualidade que ter-
mina em idolatria — tornaram-se, mais tarde, uma triste realidade na história de Israel. A lei de Deus seria o guia infalível do rei. D t 1 8 : r e n d a para sacerdotes e levitas (1-8); ritos pagãos (9-13); o futuro profeta (14-22). Dt 18.1-8: veja também N m 18. Dt 18.9-14: compare Lv 18.3,24-30; 20.1-6. Dt 18.14-22: o verdadeiro profeta seria como Moisés; suas palavras seriam comprovadas pelo seu cumprimento. D t 19: cidades de refúgio (1-13); divisas (14); testemunhas (15-21). Três cidades de refúgio em Canaã foram acrescentadas às três que ficav a m a leste do J o r d ã o (4.41-43). A lista aparece em Js 20: Quedes, Siquém, Q u i riate-Arba, Bezer, Ramote e Golã. D t 2 0 : leis de guerra. O texto contempla uma situação de guerra santa (veja artigo em J o s u é ) . Deus v a i com o exército e dá vitória. Aqueles que acabaram de construir a sua casa o u plantar uma vinha, os recém-casados e os medrosos eram dispensados do serviço militar. Os v s . 10-18 fazem distinção entre o tratamento a ser dispensado aos povos cananeus e aos povos mais distantes. V 19: A o cercarem uma cidade, as árvores frutíferas não deviam ser derrubadas. Afinal, "será que elas são seus inimigos?" ( N T L H ) . D t 21: o homicídio não desvendado (1-9); prisioneiras (10-14); direitos do filho mais velho (15-17); filhos desobedientes (18-21); execução p o r enforcamento (22-23). Dt 21.1-9 e 10-14: Toda vida humana tem um valor e uma dignidade fundamental diante de Deus. Ele defende aqueles eme não têm voz nem vez. O significado do ritual em 1-8 é incerto, mas a culpa e a responsabilidade corporativas eram algo real. Os anciãos juravam que sua cidade era inocente. Dt 21.10-14: o tratamento previsto para prisioneiras de guerra é bem diferente das práticas cruéis a que eram submetidas em nações vizinhas. O fato de serem procedentes de u m contexto pagão não impedia o casamento com essas mulheres. ( E interessante observar, em
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Pentateuco
termos da história da salvação, que o casamento de José com a filha de um sacerdote egípcio, e de Moisés com a filha de um sacerdote midianita são apresentados com a maior naturalidade, sem indício de censura.) Dt 21.15-17: o risco normal do favoritismo dentro da família era intensificado pela poligamia (veja a história de Jacó). Os direitos do primeiro filho deviam ser protegidos. O filho desobediente dos vs. 18-21 violava deliberada e repetidamente o mandamento que fala do dever de honrar pai e mãe (5.16). A comunidade era responsável por lidar com
ele. ( N o AT, não há registro de que essa sentença tenha sido executada alguma vez.) D t 2 2 : animais e objetos perdidos (1-4); mantendo a distinção entre os sexos (5); construção, agricultura, vestimenta (8-12); relações sexuais (13-30). Estas regras incentivam atitudes de auxílio e cuidado mútuo, e preocupação com a pureza sexual. D t 2 3 : participação no povo de Deus (1-8); regras sociais (9-25). A c o m u n i d a d e d o S e n h o r era inclusi-
A terra prometida Colin Chapman
Se Deus tivesse que consertar algo que deu errado com a raça humana, como ele o faria? O livro de Gênesis explica que Deus deu início a seu plano, chamando Abraão e pedindo que ele saísse de seu país (onde hoje fica o Iraque) e fosse morar numa nova terra (a região conhecida hoje como Israel/Palestina). Numa espécie de "aliança" especial. Deus se comprometeu a fazer quatro coisas: • • •
•
fazer dos descendentes de Abraão uma grande nação (Gn 12.2); dar-lhes a terra de Canaã "em possessão perpétua" (Gn 17.8); estabelecer um relacionamento especial com eles, para ser o Deus deles (Gn 17.7);
e abençoar "todos os povos do mundo" (Gn 12.2-3). Na continuação da história, o livro de Gênesis mostra como, um a um, foram sendo vencidos os obstáculos que poderiam impedir o cumprimento da promessa. Uma fome naquela terra, por exemplo, obrigou Abraão a buscar abrigo temporário no Egito (Gn 12.10-20). Depois, uma briga entre as famílias de Abraão e de seu sobrinho Ló quase levou à conclusão de que as duas famílias não podiam morar lado a lado na mesma região (Gn 13.1-18).
Durante muito tempo, Abraão não possuía um palmo de chão naquela terra, até comprar uma área perto de Hebrom, onde foi sepultada Sara, sua mulher (Gn 23.1-20). Mais tarde, outra fome obrigou Jacó e sua família a descer ao Egito, onde se encontraram com José. Mas Jacó estava decidido a manter os laços familiares com aquela terra. Por isso, fez com que os filhos prometessem que o enterrariam na sepultura da família, em Israel (Gn 49.29-33). E, na última cena do livro de Gênesis, vemos José, prestes a morrer, pedindo a seus irmãos que, sob juramento, prometessem que também ele seria sepultado na terra de seus pais (Gn 50.24-26). No restante do AT, são desenvolvidos quatro temas principais relacionados com a terra: • A terra pertence a Deus, porque — diz Deus — "a terra é minha"(Lv 25.23). •
A dádiva da terra é condicional. Se o povo sempre de novo ficasse longe do padrão moral que Deus havia estabelecido, perderia o direito de morar ali e seria expulso da terra (Dt 4.27).
•
Se, durante um tempo de exílio, o povo, arrependido, voltasse para
•
Deus, poderia outra vez voltará pátria {Dt 30.1-5). Deus apresenta a promessa de que um dia a terra seria transformada,
para fazer parte de "novos céuse nova terra" (Is 65.17-25). Hoje, alguns interpretam a promessa da terra "em possessão perpétua" de forma bem literal. Acreditam que os judeus de nossos dias, como descendentes de Abraão, têm o direito de possuir aquela terra, um direito que lhes teria sido dado por Deus. No entanto, a maioria dos teólogos cristãos acredita que todas as promessas contidas na aliança original que Deus fez com Abraão — promessas quanto ao povo, a terra, o relacionamento de aliança entre Deus e seu povo, e a bênção a todos os povos da terra — se cumprem na vinda do reino de Deus em Jesus. Paulo afirma que todos os que crêem em Jesus — qualquer que seja a sua nacionalidade — são "descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa" (Gl 3.29). Assim sendo, os cristãos se vêem como membros de uma família da fé espalhada por todo o mundo e entendem que a sua "herança", como membros dessa família, consiste em tudo aquilo que lhes é oferecido por Cristo Jesus.
Deuteronômio va (7-8) e exclusiva (1-6). Era caracterizada por pureza e santidade (10-14,17-18) e também por um senso humanitário prático (15-16,19-20). Dt 24: d i v ó r c i o c n o v o casamento (1-4); leis humanitárias (5-22). Dl 24.1-4: Moises não estava instituindo o divórcio (que provavelmente era aceito como fato consumado), embora devesse haver justa causa e a esposa rejeitada devesse receber um 'documento de divórcio". A questão é o novo casamento e, talvez, a proteção desse segun-
Do alto cio monte N e b o , o n d e Moises m o r r e u , crianças avistam a terra que Deus p r o m e t e u a o leu povo,
A "terra prometida" do período do AT, interpretada ã luz do que acaba de ser dito, é o cenário no qual Deus foi, aos poucos, fazendo a revelação de si mesmo, uma revelação que teria seu ponto alto na manifestação e vinda de Jesus. Aponta, também, para a esperança de "novos céus e nova terra, nos quais habita justiça" (2Pe 3.13). .
do casamento. Compare com o ensinamento de Jesus sobre o divórcio em M t 5.31-32; 19.1-12. D t 24.5-22: Mesmo no exercício de seus direitos, o povo de Deus devia levar em consideração os outros. Por e x e m p l o , aceitar como garantia de pagamento uma das pedras do moinho faria com que a outra se tornasse inútil; a pessoa não poderia moer o trigo e morreria de fome. Ninguém podia ser castigado pelos crimes de outra pessoa: nem pais n o lugar dos filhos nem filhos nos lugar de seus pais (16). Rute e Noemi são exemplos
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E m sua caminhada pelo deserto, os israelitas acamparam c m lugares c o m o esie.
•saws
di' viúvas e estrangeiros que se beneficiaram das regras de colheita estabelecidas nos vs. 19-22. D t 2 5 : castigo corporal ( 1 - 3 ) ; compaixão por animais que trabalham ( 4 ) ; a lei do levirato (5-10); brigas (11-12); pesos e medidas certos (13-16); castigo dos amalequitas (17-19). Dt 25.1-3: as chicotadas serviam para castigar o culpado, não para arrancar uma confissão. Jamais d e v e r i a m tirar a d i g n i d a d e humana ou o respeito p r ó p r i o . Mais tarde, as 40 chicotadas se tornaram 39, p o r medo de, sem se dar conta, alguém passar do limite estabelecido de 40 (veja 2Co 11.24). D t 25.5-10: O propósito da lei do lcvirato (do latim kvir, "cunhado") era impedir a desgraça de um homem morrer sem deixar herdeiro. Não era conhecida apenas em Israel. Veja Rute ( c , para o costume da sandália, Rt 4.7). Há registros de freqüentes conflitos com os amalequitas (17-19), de I S m 14 a 2Sm 8. D t 2 6 : primeiros frutos (primícias) e dízimos (1-15); resumo (16-19). Essas instruções t i n h a m em vista uma época em que o povo j á se encontraria na terra prometida, quando as belas promessas já se teriam tornado realidade. A cerimónia dos primeiros frutos incluía a recitação de uma bela oração de gratidão e louvor que resume a história de Israel. Dt 26.16-19: a bênção vem por meio de
obediência. A vocação de Israel era sublime: trazer louvor, fama e glória a Deus. • N ã o c o z i n h e m . . . (14.21) Isto devia estar relacionado a um rito de fertilidade conhecido dos povos cananeus. • Poste d a d e u s a A s e r á . . . coluna do deus Baal (16.21-22) Imagens dc madeira e símbolos de divindades pagãs. • Um p r o f e t a s e m e l h a n t e a m i m (18.15) Deus levantou muitos profetas nos séculos seguintes, mas nenhum deles chegou à altura das expectativas criadas p o r esta previsão. O N T vê nesta passagem uma referência ao profeta p o r excelência, o p r ó p r i o Jesus (Jo 5.46; At 3.22-26). • O v i n g a d o r d o s a n g u e (19.6) O parente mais próximo da vítima de assassinato, cujo dever era vingar sua morte. Estas regras foram criadas para impedir a escalada da violência ou uma mortandade sem fim. • Marco d e divisa (19.14) Uma pedra sobre a qual estavam inscritos os limites da propriedade. • Retaliação (19.21) Veja Lv 24. • D e s t r u i ç ã o total (20.17) E m contraste com a compaixão c bondade expressas nos vs. 1-11 e o espírito conservacionista que aparece nos vs. 19-20, esta regra parece incrivelmente severa. A preocupação é o perigo que representavam para Israel as práticas religiosas corruptas e perversas dos povos cananeus. G n 15.16 indica que Deus deu aos moradores de Canaã quatro séculos, todo o tempo em que Israel estava na Egito, para mudarem sua conduta.
Deuteronômio
• Ela rapará a cabeça (21.12) Sinal dc purificação do paganismo, o u sinal de luto. • É maldito de Deus (21.23) Paulo aplica isto á crucificação de Jesus (Gl 3.13-14). » 22.5 Uma regra com a intenção cie impedir perversão c imoralidade, talvez relacionada com uma inversão de papéis sexuais cm alguns ritos religiosos dos cananeus. • 22.8 Estas eram casas com telhados planos que formavam um terraço, ou seja, um espaço extra para trabalho e lazer. Isto explica o risco de alguém cair dali. » 22.9-11 As pessoas não deviam obliterar as distinções claras que Deus colocou na natureza. » Borlas (22.12) Veja N m 15.37-41. » As provas da v i r g i n d a d e (22.14) O pano manchado de sangue durante a noite de núpcias era a proteção da mulher inocente contra falsas acusações. Por outro lado, a evidência podia estar relacionada com a condição apropriada para o casamento, ou seja, uma prova de que estava menstruando, e não grávida, p o r ocasião do casamento. • A s s e m b l é i a d o S E N H O R ( 2 3 . 1 ) Esta expressão é mais adequada do que "povo do SENHOR". A assembléia se reunia para, entre outras coisas, participar da adoração pública, que tinha normas rígidas de "pureza" ritual. » 23.1,17-18 Eunucos e prostitutas eram excluídos como forma dc protesto e prevenção contra práticas religiosas comuns entre os cananeus. Contrastar o v. 1 com Is 56.3-5. • 23.2 O que se condena não é o indivíduo em questão, mas a relação sexual ilícita em que ele foi concebido. i Balaão (23.4) Veja N m 22—24. • 23.15-16 Esta regra humanitária contrasta com o Código de Hamurábi, que é mais antigo eque previa pena de morte para quem desse abrigo e proteção a u m escravo fugitivo. A carta de Paulo a Filemom, no NT, constitui um interessante comentário desse trecho de Deuteronômio. • Juros (23.19-20) Diante dos riscos envolvidos, naquela época a taxa de juros podia chegar a 50 por cento. • 23.24 Os generosos princípios dc hospitalidade para com pessoas estranhas não deviam levar à prática de abusos. • Lepra (24.8) O termo inclui várias doenças de pele, como traduções recentes deixam claro. Veja Lv 13—14. • Miriã (24.9) Veja N m 12. • Não atar a boca ao boi q u e debulha (25.4)
N o N T , esse princípio é ampliado (veja I C o 9.3-14). • Arameu errante (26.5) Depois de sair da cidade de Ur, Abraão ficou em Harã, onde parte de sua família se estabeleceu (vindo por isso a ser conhecidos por arameus), ao passo que ele prosseguiu viagem até Canaã. Rebeca, a mulher de Isaque, veio desse ramo da família que havia ficado em Harã e os laços familiares foram estreitados ainda mais quando Jacó ficou exilado naquela região c casou com duas filhas de Labão. Dt 2 7 : Depois da entrada em Canaã Estas eram as instruções para o povo quando entrasse na terra. Antes de qualquer coisa era necessário haver a renovação da aliança. As maldições c as bênçãos são parte integrante disso (veja "Alianças c tratados no Oriente Próximo"). Dt 27.1-10: a lei devia ser escrita em pedras. Veja 6.9. Dt 27.11-26: a cerimônia no monte Ebal. Moisés aponta para dois montes distantes, localizados um dc cada lado de Siquém, na região montanhosa de Samaria. As bênçãos deviam ser pronunciadas do monte Gerizim; as maldições, do monte Ebal. C o m seis tribos de cada lado, os levitas deviam pronunciar a maldição dc Deus sobre 12 infrações da lei, e o povo acrescentaria seu "Amém" ou "assim seja". Quatro dessas infrações (cinco, se a remoção dos marcos de divisa for considerada roubo dc terras) esravam relacionadas com um ou outro dos Dez Mandamentos: idolatria, respeito pelos pais, assassinato (à traição o u contratando um matador profissional). Quatro tinham a ver com relações sexuais proibidas. Duas eram de caráter humanitário e a última é bem geral. Js 8.30-35 traz um relato de como essa instrução foi colocada em prática. • V. 15 Este é um dos Dez Mandamentos (veja 5.8; Êx 20.4). • V . 16 O u t r o dos Dez Mandamentos (5.16; Ê x 20.12). • V . 17 Veja 19.14. • V. 18 Veja Lv 19.14. • V. 19 Veja 24.17-18; Êx 22.21; 23.9; Lv 19.33-34. • V. 20 Veja 22.30; Lv 18.8; 20.11. • V.21 Veja Êx 22.19; Lv 18.23; 20.15. • V. 22 Veja Lv 19.19; 20.17. • V . 2 3 Lv 18.17; 20.14.
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Pentateuco
• V s . 2 4 - 2 5 O u t r o dos Dez Mandamentos (5.17; Êx 20.13). • V. 2 6 " L e i " (tora/t) significa ensinamento. A q u i , c provável que se refira a tudo que se enconira no livro de Deuteronômio. Paulo cita este versículo em G l 3.10, argumentando que "pela lei, ninguém é justificado diante de Deus" e que "Cristo nos resgatou da maldição da lei". D t 28: B ê n ç ã o s e m a l d i ç õ e s da aliança Estas e r a m as " s a n ç õ e s p a c t u a i s " d o tratado. Dt 28.1-14: Foram pronunciadas seis bênçãos, "se vocês obedecerem". Eram bênçãos materiais de p a z , prosperidade, terra fértil, para que vocês e os seus filhos, vitória na guerra. Acima de tudo, Deus descendentes vivam faria deles seu " p o v o santo" (v. 9 ) . m u i t o s anos. Dt 28.15-68: O restante do capítulo desAmem o StMiOR, creve as conseqüências da desobediência. No nosso Deus, obedeçam hebraico, os vs. 15-19 têm o mesmo padrão ao que ele manda e fiquem ligados rítmico dos vs. 3-6. As maldições são o contrácom ele. rio das bênçãos: doença, fome, derrota, sujeiAssim vocês ção a outros povos, exílio, perda da terra natal continuarão a viver." e de todas as alegrias da vida. Palavras de Moisés Mais tarde, uma parte desse catálogo de .1 Israel em h o r r o r e s acabaria se t o r n a n d o r e a l i d a d e Dt 30.19-20 na v i d a do p o v o , inclusive os h o r r o r e s d o cerco de Jerusalém (52-57: veja 2Rs 6.24-30; Lm 2). A paz e o bem-estar de Israel, toda a vida enfim, dependia do relacionamento correto com Deus. Sem esse relacionamento, o que os aguardava era a morte, como Moisés em breve deixaria claro no seu discurso final. "Eu lhes dou a oportunidade de escolherem entre a vida e a morte, entre a bênção e a maldição. Escolham a vida,
Dt 29—30
Terceiro discurso: um convite a renovar o compromisso A vida de Moisés estava rapidamente chegando ao fim. Ele fez seu apelo final de lodo coração. Ele pede (29.2-15), adverte (29.1628), anima (30.1-14: Deus está pronto a perdoar c restaurar até aqueles que o negaram). Moisés confrontou o povo com a escolha entre a vida (amar a Deus e guardar seus mandamentos) e a morte (rejeitar a Deus), entre bênção e maldição (15-20). • 29.1 Na Bíblia Hebraica, este é o último versículo do cap. 28. • 29.5-6 A v o z de Deus entra na narrativa, falando diretamente ao povo. Será que alguém cuida tão bem como Deus cuida dos seus?
Será que já houve um povo mais dependente que o povo de Israel? • 2 9 . 1 4 - 1 5 A aliança não era apenas com aquela geração, mas com gerações finuras também. • 2 9 . 2 3 Q u a i r o cidades na extremidade sul do mar Morto ( G n 10.19) que tiveram um fim catastrófico. Veja G n 19.24-28 c Os 11.8. • Coisas encobertas (29.29) Algumas coisas sobre Deus e seus planos só são conhecidas por ele (veja At 1.7). O importante aqui não é o que eles não sabiam, mas o faio de que o povo de Deus tinha, na lei, tudo o que precisava saber. • 3 0 . 1 1 - 1 4 Moisés mostra que a palavra de Deus é acessível. Em Rm 10.5-8, Paulo usa este pensamento e o aplica a Cristo, o Verbo que se fez carne.
Dt 31—34
Últimas palavras e morte de Moisés D t 31: A s u c e s s ã o Josué foi formalmente designado e comissionado por Deus (14-23) como n o v o líder do povo (veja Nm 27.12-23). Moisés disse a Josué: "Seja forte e corajoso... O S E N H O R Deus irá na sua frente" (31.7-8). A lei foi entregue aos cuidados dos levitas, e a leitura pública regular foi providenciada. Durante toda sua história subseqüente, Israel prosperou enquanto ouviu a palavra de Deus e a levou a sério. Dt 32.1-47: O c â n t i c o d e M o i s é s A f o r m a l i t e r á r i a q u e s u b j a z a esta canção é a de um processo j u d i c i a l relacionado com a aliança: trata-se de uma acusação (15-18), da qual o céu e a terra são testemunhas. Deus instruiu Moisés a advertir o povo de Israel sobre a futura deslealdade deles era forma de um cântico (31.19) que deveria ser aprendido c memorizado. E como Moisés havia entoado a canção de vitória na saída do Egito ( Ê x 15), nesse momento ele entoou uma última canção que é um relato da desobediência. Em comparação com isso, " o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do C o r d e i r o " de A p 15 é o câniico dos fiéis que resistiram às forças do mal. • Menina d o s seus o l h o s (10) A pupila, da qual depende a visão. • J e s u r u m (15) Nome poético de Israel.
Deuteronômio
Dt 3 2 . 4 8 - 5 2 : U m a ú l t i m a o l h a d a Deus mandou Moisés subir o monte Nebo, para contemplar a terra prometida. Ele não poderia entrar nela porque deixara de honrar a Deus na questão da água da rocha em Meribá (Nm 20.1-13), u m incidente que se tomou exemplo perpétuo da obstinação do povo de Deus (SI 95.8). Dt 3 3 : M o i s é s a b e n ç o a as t r i b o s Após todas as advertências, esta última bênção (embora difícil de interpretar) prevê um futuro grandioso e glorioso para Israel. C o m base nas alusões históricas às diversas tribos, ela parece enfatizar uma época em que as tribos já estavam estabelecidas, talvez no século 11. Simeão não é mencionado entre as tribos, pois seu povo foi posteriormente absorvido por Judá. A bênção começa e termina com louvor a Deus, que é a fonte de toda segurança e prosperidade do seu povo. (Compare a bênção de Moisés com a bênção de Jacó em G n 49.) » Vs. 2-5 A entrega da lei no monte Sinai é descrita como um nascer do sol no Oriente. » Que Ruben viva (6) O número dos membros dessa tribo ficou reduzido após a revolta de Datã e Abirão ( N m 16). » OTumim e o Urim (8) Dois objetos guardados no peitoral do sumo sacerdote pelos quais ele determinava a vontade de Deus (veja E x 28.30). I Massa, Meribá (8) Veja Êx 17; Nm 20. > Nos seus braços (12) Pode ser um retrato de
Deus como pastor, carregando seus cordeiros, ou uma referência à casa de Deus em Jerusalém, que seria construída no território de Benjamim. • José (13) Nenhuma tribo recebeu o nome de José. As tribos de Efraim e Manasses receberam os nomes dos filhos de José. • Frutas amadurecidas pelo sol (14) Os vales de Efraim e Manasses ficavam cheios de frutos, ano após ano. • V . 18 Zebulom obteve sucesso no comércio, ao passo que Issacar foi bem sucedido na agricultura e no que dizia respeito à vida dentro de Israel. • V . 23 A terra fértil ao sul e a oeste do mar da Galileia. • Azeite (24) O território de Aser era famoso por seus olivais. D t 34.1-8: A m o r t e d e M o i s é s Nm 27.12-14 e Dt 3.23-28; 32.48-52 também falam dos últimos dias de Moisés. Finalmente ele viu a terra na qual durante 40 anos havia desejado poder entrar. Israel não o veria mais. No entanto, ele aparece novamente nas Escrituras, no alto de um monte, falando com o Senhor ( M c 9.2-4). D t 34.9-12: C o n c l u s ã o Q u e m agora entre em ação é Josué, mas o livro termina com um tributo simples e comovente ao maior dos líderes de Israel. Lembrem-se de Moisés; nunca se esqueçam dele. Não houve outro profeta como ele.
Sria de Israel
A J O S U É A
E S T E R
John Taylor
Na Bíblia hebraica, o registro da história de Israel estava em duas seções distintas: • Os Profetas, que incluíam Josué, Juízes, 1 c 2Samuel, 1 e 2Reis; • Os Escritos, que incluíam 1 e 2Crônicas, Esdras e Neemias. (Rute e Ester também fazem parte dessa seção, sendo incluídos entre "os cinco rolos", o Megilot, uma coleção de textos a serem lidos nas festas judaicas: Rute é lido n o Pentecostes; Ester, na festa de Purim.) História Profética N o hebraico, a narrativa histórica que vai de Josué a 2Reis recebeu, de fato, o título de " O s Profetas Anteriores". Isto servia para distinguir estes livros dos chamados Profetas Posteriores — Isaías, Jeremias, Ezequiel — e dos doze profetas menores. É provável que aqueles livros foram classificados como profecia porque o objetivo principal dos livros era ensinar ao invés de simplesmente fazer u m registro: ou porque eram a história não
tanto d o povo, mas da maneira como a pala-1 vra de Deus se cumpriu na vida da nação. Esse g r u p o de seis livros ( n ã o contando I Rute) é considerado p o r muitos estudiosos I uma única obra histórica completa. Alguns o chamam de "história deuteronomista", porque o ponto de vista teológico expresso é seme-1 lhante ao de Deuteronômio. Compilando a "história profética" Se os livros são tratados como uma só uni- j dade, a data mais antiga que pode ser atribuí-1 da a toda a coleção deve ser pouco depois ( último acontecimento registrado em 2Reis, a libertação d o Rei Joaquim da prisão em 561 a.C. N o entanto, isto se aplicaria apenas à atividade redacional mais recente. A maior parte do material é bem mais antiga e tirada, muitas vezes, de fontes contemporâneas dos acontecimentos que narram. Entre as fontes citadas no texto estão o Livro
de Jasar (ou Livro do Justo, possivelmente um hinário antigo de Israel), o Livro dos Atos de
Introdução
Salomão e as Crônicas dos Reis de Judá e Israela travessia do rio Jordão até a cerimônia de (que não têm nada a ver com os livros de Crô- renovação da aliança em Siquém que uniu nicas na nossa Bíblia). Estes eram os arquivos as tribos num pacto de lealdade ao Senhor da corte, ou histórias populares baseadas neles. Deus. O livro também apresenta uma descrição detalhada da divisão de Canaã entre as Eles ensinam duas coisas: • que em Israel, durante a monarquia, sur- doze tribos (Js 13—21). J u í z e s começa lembrando ao leitor que a giu uma considerável quantidade de livros conquista sob Josué não foi completa e que em históricos; • e que os escritores bíblicos tinham à dis- praticamente todos os territórios que haviam posição um bom número das fontes escri- sido demarcados para as diferentes tribos ainda tas. E justo supor que as fontes citadas havia focos de resistência inimiga. Na realidanão foram as únicas usadas, e que outras de, este é o contexto em que se passa a história obras, tais como uma História da Corte de narrada no livro, pois, durante todo o período Davi e uma coleção das histórias de Elias e dos juízes, várias tribos israelitas foram atacadas por vizinhos (ou antigos residentes!) hostis e os Eliseu, também foram livremente usadas. juízes, ou "libertadores", foram destacados para liderar as tribos na luta contra eles, tanto em Os l i v r o s e s e u c o n t e ú d o Esses livros tratam de um período que vai batalhas em campo aberto como em atividades desde a entrada na terra de Canaã, ao tempo de guerrilha. de Josué, até à metade do exílio babilónico. A Entre os juízes se destacam os seguintes: maioria dos estudiosos prefere datar a entrada • Débora e Baraque que lideraram as forças em Canaã no século 13 ao invés do século 15. unidas de Zebulom e Naftali contra os Eles acreditam que os acontecimentos narracananeus chefiados por Sísera. dos em Josué e Juízes ocorreram entre 1240 • Gideão, da tribo de Manasses, que derrotou e 1050 a.C. Recentemente a data antiga (eme os midianitas e amalequitas parece concordar com 1 Rs 6.1) recebeu forte • Jefté, o gileadita, que subjugou os apoio da cronologia revisada dos Faraós proamonitas duzida por David Rohl (veja comentário no • e Sansão, o danita, que foi o flagelo dos artigo "Egito"), filisteus. O livro termina com dois episódios bizarJosué abrange toda a vida do sucessor de Moisés e descreve a conquista de Canaã desde ros: o estabelecimento de um novo santuário
221
O s livros históricos relatam a história de Israel na terra que
Deus havia
p r o m e t i d o ao povo.
A história
de Israel
para a tribo de Dã ( J z 17—18) e o castigo dos tica ou "deuteronomista" é a monarquia, era benjamitas por um ultraje cometido pelo povo particular a dinastia do rei Davi. de Gibeá ( J z 19—20). F.m J z 9, houve uma tentativa fracassada de Até aqui o elemento histórico que apare- Abimeleque, filho de Gideão, de estabelecer-se ce nessas narrativas c relativamente pequeno, como monarca hereditário em Siquém. pois há uma concentração em episódios, alguns Em J z 17—21, as perversidades daquela deles de fundo moralista, em que o narrador época foram atribuídas ao fato de que "não revela sua arte de contador de histórias. havia rei cm Israel; cada um fazia o que achava mais certo" ( J z 17.6). Com 1 e 2 S a m u e l (a divisão entre os dois li\ ros é artificial e prova\ cimente se deve apeF.m 1 Samuel, cinco capítulos (8—12) são nas ao fato de o conteúdo de ambos não caber dedicados ao estabelecimento de uma monarnum único rolo) começamos a ter um registro quia. Fica claro que isso se deu com cena mais cronológico dos acontecimentos, e isto se relutância, j á que Israel era considerado uma aplica de modo especial à história de Davi. teocracia e o Senhor Deus era seu único rei legítimo. Mas quando D a v i subiu ao trono N o i n í c i o , o p e r s o n a g e m d e destaque é Samuel, que é j u i z c profeta a o mesmo todos esses temores desapareceram, por mais que sua moralidade pessoal deixasse muito a lempo. Mas o interesse se concentra realmente na questão se Israel vai ter ou não um rei, desejar. O ponto alto do reinado de Davi foi a e, assim, Samuel fica em segundo plano n o promessa divina de uma sucessão duradoura momento em que entram em cena, sucessi- (2Rs 7), e a história de todos os reis de Judá que vieram depois dele pode ser vista como vamente, as figuras de Saul e Davi. Saul provavelmente começou a reinar logo após a cumprimento dessa promessa. derrota em Afeca e m 1050 a . C , quando a P r o f e c i a U m segundo tema de grande arca da aliança foi capturada pelos filisteus, interesse é a profecia e a palavra d o Senhor. e reinou até cerca de 1011 a.C. D a v i reinou A importância que o autor dá ao ofício prodesde aquela data ate 971 a.C. (em Hebrom fético pode ser vista n o tratamento dispensadurante os sete primeiros anos e depois em do a Débora e Samuel, Natã c Gade, Aíase Jerusalém). Micaías, Elias e Eliseu, sem falar dos vários 1 e 2 R e i s dão continuidade a essa nar- profetas e homens de Deus anônimos que são mencionados de passagem nessa narratirativa, começando com a coroação de Salova. Estes homens podiam designar c destituir mão como sucessor de Davi e continuando reis. Agiam como conselheiros reais e fiscais com a divisão d o reino, quarenta anos mais tarde, e a contínua rivalidade entre os reinos políticos. Eram os homens d o poder, porque do Norte (Israel) e do Sul ( J u d á ) . Isto durou por sua vez eram controlados pela palavra de Deus. E, d o pomo de vista do autor, cr,! até Israel ( o reino d o N o r t e ) ser absorvido pelo Império Assírio após a queda de Sama- a palavra de Deus que controlava a história. Uma vez pronunciada, a palavra invariavelria e m 722 a.C. Depois disto, J u d á ( o reino mente se cumpria, como se pode ver no caso do Sul) sobreviveu precariamente p o r mais um século, sendo salvo milagrosamente d o da maldição sobre a casa de Acabe. ataque d o exército assírio durante o reinado T e m p l o U m terceiro interesse d o autor de Ezequias e desfrutando das amplas reforé o templo em Jerusalém. Desde o início de mas promovidas durante o reinado de Josias 1 Samuel podemos perceber uma preocupação (640-609). Então veio o colapso diante das especial com a arca da aliança. Ela é levada forças babilónicas lideradas por Nabucodode Siló para a Filístia, de volta para Quiriatenosor, culminando na queda de Jerusalém e Jearim, até ser, finalmente, levada para Jerusano exílio na Babilônia. A tristeza da derrota lém. Foi no contexto em que Davi manifestou só é aliviada pelas palavras finais d e 2Reis o desejo de construir uma morada mais definique narram a libertação d o rei J o a q u i m d o tiva para a arca que Natã lhe anunciou a procativeiro na Babilônia. C o n t i n u a v a v i v a a messa de um reino que duraria para sempre esperança de um sobrevivente que daria con(2Sm 7.16). E, no tempo do rei Salomão, finaltinuidade à linhagem d o rei Davi. mente foi construído o Templo como casa permanente para a arca da aliança. Temas principais A d o r a ç ã o Havia, p o r fim, o padrão fixo M o n a r q u i a Como vimos, um dos princisegundo o qual eram avaliados todos os reis, pais pontos de interesse nesta história profétanto os bons como os maus. Esta era uma
Introdução questão basicamente de adoração o u culto. A pergunta era esta: Durante o reinado daquele rei, o verdadeiro Deus (Yahweh) foi adorado de forma devida em Jerusalém, ou foi permitido também o ingresso de influências idólatras vindas de fora? O s altos (antigos centros de culto pagão que tinham mais o u menos sido adaptados para a adoração de Yahweh) foram destruídos ou continuaram a existir? Pela natureza da avaliação, todos os reis de Israel (o reino do Norte) foram reprovados, porque perpetuaram a adoração nos santuários de Betei e Dã que Jeroboão estabelecera para competir com Jerusalém. Os reis de J u d á também foram achados em falta quando p o r razões políticas incorporaram práticas religiosas de um soberano estrangeiro, como símbolo de submissão a ele. Embora vários tenham recebido crédito p o r "fazerem o que era correto", apenas Ezequias e Josias receberam recomendação irrestrita. A obra d o C r o n i s t a A segunda parte do relato da história de Israel, que, na Bíblia hebraica, foi incluída nos "Escritos", era considerada originalmente um único livro. O autor ou compilador geralmente é chamado de Cronista, embora não seja necessariamente obra de um único indivíduo. 0 período anterior ao exílio c apresentado em 1 e 2Crônicas, e os primeiros cem anos após o exílio, em Esdras e Neemias. A princípio, apenas a segunda parte (Esdras-Neemias) foi incorporada à Bíblia hebraica, provavelmente porque Crônicas e Samuel-Reis tratam do mesmo p e r í o d o histórico. N o entanto, mais tarde também os livros de 1 e 2Crônicas foram admitidos. É por isso que na Bíblia hebraica Esdras-Neemias precede Crônicas. Para destacar a continuidade que originalmente existia entre esses livros, os primeiros versículos de Esdras foram colocados no final de 2Crônicas. 0 período a b r a n g i d o Um resumo do conteúdo mostra claramente os interesses específicos do Cronista e os assuntos tratados nestes quatro livros: • ICr 1—9: genealogias de Adão a Saul. • 10' 10—29: o reinado de Davi. • 2Cr 1—9: o reinado de Salomão. • 2Cr 10—36: a história de J u d á desde Roboão até o exílio. • Ed 1—6: a reconstrução d o Templo após o exílio.
Ed 7—10: chegada de Esdras a Jerusalém e reformas. • Ne 1—7: Reconstrução das muralhas de Jerusalém por Neemias. • Ne 8—13: A leitura da lei por Esdras e as reformas de Neemias. Com base nisto podemos ver que o reino do Norte, Israel, é ignorado, e quase todo espaço é reservado a Davi e Salomão e questões relativas ao Templo de Jerusalém. Nesse sentido o autor estava seguindo os passos do historiador deuteronomista. Ele era um fervoroso defensor da dinastia de Davi e entendeu que o reino do Norte, depois que o mesmo se havia separado do reino de J u d á , não mais fazia parte do verdadeiro povo de Deus. Semelhantemente, quando da reconstrução do Templo e dos muros de Jerusalém, ele se dá ao trabalho de mostrar que os samaritanos, que eram resultado do cruzamento inter-racial de israelitas c assírios, foram impedidos de participar das obras, o u , então, se tentaram impedir a reconstrução. •
Os interesses d o Cronista O Cronista também admirava o rei Davi, vendo nele o principal arquiteto e idealizaclor do Templo, do seu culto e da sua organização. Embora Salomão tivesse construído o Templo, as idéias haviam sido todas de Davi. Isto resultou naquilo que alguns consideram uma imagem idealizada de Davi, bem diferente do "chefe da guerrilha que-acabou sendo rei", e que tem lá os seus problemas, que aparece na versão da história em Samuel-Reis. Não há dúvida de que o Cronista pinta um quadro u m pouco diferente, assim como dois artistas fazem com o mesmo assunto. Acontece que seu interesse principal era registrar aqueles aspectos e acontecimentos que se relacionavam com o Templo e suas origens mais remotas. Levando em conta esta ênfase, o Cronista se mostra fascinado com a função exercida pelos sacerdotes e levitas na condução do
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M c g i d o ficava situada na extremidade d a planície de Jezreel, j u n t o à entrada d a passagem pela cadeia de montanhas o n d e fica o monte Carmelo. Esse lugar foi cenário de inúmeras batalhas na história d e Israel, t s t e modelo, n o museu daquele lugar, mosna como aquela cidade era fortemente protegida.
A primeira grande vitória na conquista de Canaã foi obtida em J e r i c ó . A "cidade das palmeiras" 6 um oásis subtropical nas proximidades d e montes descampados.
culto no Templo, ele menciona especificamente a lepra do rei Uzias, causada pelo fato de ter ele entrado de forma ilícita no Templo para queimar incenso. E, na destituição de Atália (2Cr 23), que também ocorreu dentro do Templo, ele deixa claro que isso foi feito somente por sacerdotes c levitas. Sua avaliação individual dos reis de J u d á corresponde à avaliação dada em 1 e 2Reis. N o entanto, tratou de explicar alguns casos estranhos em que uma aplicação rígida do princípio da retribuição parecia não funcionar, como, p o r exemplo, a morte trágica do piedoso rei Josias e o longo reinado do perverso rei Manasses. É importante lembrar que ele estava escrevendo como historiador religioso, e não como historiador político. Seu interesse p o r assuntos que diziam respeito aos sacerdotes não o levou a perder de vista os profetas c seu mundo. Pois além de fazer uso extensivo dos anais (por exemplo, " o
livro dos reis de Israel e J u d á " e muitos outros registros que não chegaram até nós), ele também se valeu de coleções de citações de profetas como Samuel, Natã, Gade e Ido. Isto nos incentiva a respeitar a forma cuidadosa c o m que r e u n i u e selecionou seu material. Para o período de Esdras-Neemias, o compilador pôde usar as memórias de ambos (note o uso da primeira pessoa do singular em Ed 7.27—9.15 e Ne 1.1—7.5; 13.6-31). Na verdade, a tradição judaica afirma que o Cronista era o próprio Esdras, e isto não é de todo impossível. O que podemos dizer com boa dose de segurança a respeito do Cronista, se é que realmente existiu apenas um, é que ele provavelmente fazia parte do pessoal que trabalhava no Templo; que era um homem de profunda devoção (veja as diversas e belas orações contidas era sua obra); e que ele escreveu no final do século 5 ou início do século 4 antes de Cristo.
2
Resumo Os Israelitas, liderados por Josué, conquistam a terra que Deus lhes prometera.
JOSUÉ
Caps. 1—12
A conquista de Canaã Caps. 13—21
Divisão da terra entre as tribos 0 livro de Josué conta a história de Israel desde a morte de Moisés, passando pela conquista de Canaã, até a morte de Josué. Os caps. 1 —12 relatam o que se passou nos cinco ou seis primeiros anos após a morte de Moisés. Os acontecimentos narrados nos dois últimos capítulos provavelmente ocorreram cerca de 20 anos mais tarde. Muitas dessas histórias foram contadas e recontadas antes de serem coletadas e organizadas na sua forma atual. O editor repetidamente acrescenta "até ao dia de hoje" referindo-se aos leitores do seu tempo (4.9, por exemplo). A conquista de Canaã provavelmente começou por volta de 1240 a.C, de acordo com algumas evidências arqueológicas. É provável que este registro tenha sido escrito na época dos primeiros reis de Israel (1045 a.C), durante a vida de Samuel, e antes de Davi tomar a cidade de Jerusalém (veja Js 15.63). O livro de Josué dá a impressão de que a terra foi conquistada em pouco tempo e de forma total. Juízes pinta um quadro um pouco diferente, dando a entender que a luta continuava. Ambos os livros enfatizam a importância de manter-se fiel a Deus. Obedecer a Deus é a chave para o sucesso do povo sob a liderança de Josué. Josué havia nascido no Egito. Ele tornou-se braço direito de Moisés durante o êxodo e as peregrinações no deserto. Ele era um excelente comandante militar (Êx 17.8-13). Na entrega da lei no Sinai ele acompanhou Moisés (Êx 24.13). Josué foi um dos 12 espias enviados por Moisés para fazer o reconhecimento da terra. Apenas ele e Calebe tiveram a fé e a coragem de sugerir o avanço (Nm 14.6-9), e, em conseqüência, foram os únicos a sobreviver aos40 anos de peregrinação. Mesmo que a escolha para ser o sucessor de Moisés já houvesse sido feita há mais tempo, a designação formal para liderar o povo só veio diretamente de Deus quando Moisés estava prestes a morrer (Dt 31.14-15,23).
Js 1—12
Israel entra na terra de
Canaã
Js 1: J o s u é é o n o v o l í d e r Este relato d o começo d o trabalho de Josué é um dos grandes capítulos da Bíblia.
Moisés havia morrido, mas o propósito de Deus para o seu povo continua de pé. O tema principal que se repete neste prelúdio à conquista é o convite a ser forte e corajoso (6,7,9,18).
Caps. 23—24
Josué faz um apelo à nação Histórias mais conhecidas Raabe e os espias (cap. 2) A batalha de Jerico (caps. 5-6)
• V . 3 Veja Dt 11.24-25 • Este Livro da Lei (8) Veja Dt 31.2426. Josué estava com Moisés quando a lei foi dada no Sinai. • Três dias (11) O u os eventos d o cap. 2 j á ocorreram, ou o sentido é apenas "em breve". • V s . 12-15 Veja N m 32.28-32; Dl 3.18-20. Js 22 descreve as duas tribos e meia voltando para casa.
" E n estarcí com vocc como estire com Moisés. Nunca o abandonare Seja forte e corajoso." Js l.S-6
J s 2: A p r o s t i t u t a R a a b e salva os espias J e r i c ó , a "cidade das palmeiras", fica a oeste d o rio Jordão. A intenção de Josué era concentrar o primeiro ataque no centro d o território, c r i a n d o u m a espécie de brecha entre o Norte e o S u l . J e r i c ó estava bem à sua frente, um alvo natural a ser atingido. Veja "Cidades da conquista". Raabe deu abrigo aos espias, não porque estivesse com medo, mas porque acreditava que o Deus de Israel é o verdadeiro Deus (veja H b 11.31, que louva sua fé). O narrador não tenta "salvar" a reputação de Raabe; ele simplesmente conta a história. Como Raabe salvou as vidas dos espias, ela e sua família passaram a ser protegidas por Deus, encontrando um lar permanente entre o povo de Deus e tornandose parte da grande história de salvação. Raabe foi naturalizada, casou-se com Salmom, e, por intermédio de seu filho Boaz (veja Rt 2—4), tornou-se ancestral não só de Davi, mas também do próprio Jesus ( M t 1.5). Este é um notável exemplo da graça de Deus.
226
A história
de Israel
Cidades menores e vilarejos, c o m casas de lijolos. devem ler oferecido pouca resistência a o exercito d e Josué.
A casa de Raabc estava construída sobre as muralhas da cidade (provavelmente fazendo uma ponte entre os dois muros fortificados que cercavam a cidade de Jericó havia já alguns séculos) e tinha um teto horizontal o u terraço sobre o qual era possível secar plantas ou cereais depois de colhidos (neste caso, linho, do qual obtinha o linho para fiar). A casa de uma prostituta era um lugar onde dois homens podiam ir sem dar satisfação a ninguém; e sem dúvida um bom lugar para obter informações. Os israelitas cumpriram sua promessa que fizeram a ela (6.22-26). • 2.1 "Sitim" significa "acácias". • Mar Vermelho (2.10) Veja Êx 14. • Seom e O g u e (2.10) Veja N m 21.21-35 e Js 12.1-6.
pisaram na água, uma obstrução em Adam, cerca de 29 km rio acima, represou o rio, deix a n d o o leito seco. ( E m 1927, tremores de terra causaram o desmoronamento das altas margens de argila no mesmo local, e o Jordão ficou represado por mais de 21 horas.) Como na travessia do mar Vermelho, 40 anos antes, forças naturais foram empregadas para abrir caminho com precisão milagrosa. • A arca da aliança (3) Nela se encontravam as tábuas da lei. Ela era um símbolo visível da presença de Deus, sua liderança e orientação. • Santifiquem-se (5) Santificar-sc significava "preparar-se diante de Deus", pela purificação ritual e auto-avaliação à luz do que Deus exige.
Js 3 : A travessia do Jordão Era primavera, e o mês era o de Nisa, o primeiro mês do calendário hebraico (4.19), que corresponde mais o u menos a março/abril em nosso calendário (veja " O calendário de Israel"). Estava próxima a colheita da cevada. O rio estava cheio com a neve derretida do monte Hermom e não era a melhor época para uma travessia. Porém, quando os sacerdotes
J s 4: A s p e d r a s c o m e m o r a t i v a s Para que a travessia ficasse marcada para sempre, pedras foram tiradas do leito do rio: 12 para marcar o lugar onde os sacerdotes haviam parado, e 12 para marcar o primeiro acampamento dos israelitas na nova terra, em Gilgal. (Esta é a mesma área junto ao Jordão onde, mais tarde, ocorreriam o ministério de João Batista e o batismo de Jesus).
Josué
y Os homens das tribos d e R u b e n , d e G a d e . . . (12) Veja em 1.12. • V. 14 A ação de Josué, conduzindo o povo através do Jordão, assemelha-se à travessia do mar Vermelho ao tempo de Moisés. Naquele dia ficou claro quem era Josué, e o povo lhe deu o respeito que lhe era devido. > Diante de v o c ê s . . . perante nós (23) Nenhum dos adultos que atravessaram o mar Vermelho, com exceção de Josué c Calcbc, sobreviveram para atravessar o Jordão. Todos os outros, isto c, todos os que tinham mais de 20 anos na época do relatório dos espias a Moisés, morreram no deserto por causa de sua desobediência. Js 5.1-12: G i l g a l : Os i s r a e l i t a s s ã o c i r c u n c i d a d o s 0 ritual da circuncisão não fora praticado, porque a aliança em si havia sido negligenciada durante 40 anos, por causa da falta de fé e da desobediência do povo ( N m 14). Agora o sinal da dreuncisão deixaria claro que essa nova geração era o povo de Deus. Não havia risco de serem atacados por inimigos, porque a história da travessia do Jordão causara temor em todos eles. Este era o dia 14 do primeiro mês, o mês de Nisa. a data anual da Páscoa. Jamais haveria
uma Páscoa como esta: pela primeira vez eles saborearam os frutos da sua própria terra. • F a c a s d e p e d r a (2) Nessa época, utensílios de b r o n z e j á haviam substituído os de p e d r a , mas para esse r i t o religioso f o r a m usados os utensílios tradicionais. • O m a n á c e s s o u (12) Veja Êx 16.13-36. Durante os anos de peregrinação pelo deserto, Deus jamais havia deixado que faltasse o maná. A partir daquele momento, porém, o maná não era mais necessário. • Tire as sandálias (15) Esta instrução ecoa as palavras que Deus disse a Moisés ( Ê x 3.5). Sempre que alguém entrava numa casa tirava as sandálias dos pés. Isso era muito mais importante e necessário ainda antes de entrar num "lugar santo". J s 5.13—6.27: A c o n q u i s t a de Jericó A conquista de Canaã foi uma guerra santa (veja "Guerra Santa"). Deus estava liderando o exército. Ninguém sabia disto melhor que Josué, após seu encontro com " o comandante do exército de SENHOR" (5.13-15). Israel sabia
227
A irontbcta d o Israel a m i g o ,
o shafar o u chifre dc c a r n e i r o , convocava o p o v o para a batalha. Kie representou d e r r o t a para Jerico.
228
A história
de Israel
Cidades da conquista Alan Millard
Os relatos bíblicos sobre a entrada de Israel em Canaã registram a efetiva destruição de apenas algumas poucas cidades. Em geral, enfatizam que Israel expulsou os antigos habitantes e assumiu (herdou) sua propriedade. Uma terra desolada com suas cidades em ruínas seria de pouco benefício para os israelitas, que acabavam de sair de 40 anos de vida seminòmade. O que devia ser destruído eram os templos pagãos dos cananeus com sua parafernália religiosa. " Jericó era um caso especial. A cidade foi uma oferta a Deus, as "primícias" da conquista. Ai e Hazor também foram saqueadas. Mas novamente estes foram casos excepcionais, talvez por serem focos de oposição. Se levarmos a sério o testemunho bíblico, não podemos esperar que haja muita evidência material da conquista israelita. A mudança de propriedade provavelmente deixou poucas marcas reconhecíveis exceto no âmbito religioso. É possível que tenham sido saqueadas mais cidades do que aquelas mencionadas nos livros de Josué e Juízes, mas os relatos bíblicos não exigem essa conclusão. Assim, é um equívoco tentar associar à invasão israelita todos os sinais de destruição em cidades cananéias do final da Era do Bronze. Escavações nos sítios de Betei, Bete-Semes, Hazor e outros revelaram sinais de destruição violenta durante o século 13 a.C, mas as datas são apenas aproximadas e é possível que as cidades não tenham sido destruídas ao mesmo tempo. Após a destruição, as cidades foram abandonadas, ou povoadas outra vez em escala menor. Em resumo, não podemos esperar que nas ruínas de Canaã apareçam numerosos e inconfundíveis sinais de uma conquista especificamente israelita. Em todo o caso, a missão de Israel
Invasões dos egípcios e dos povos do mar Israel era apenas u m dos Inimigos dos cananeus, embora, no final, tenha sido o pior. A história d o século 13 a.C. registra campanhas militares de maior proporção, invasões e u m declínio geral nos padrões culturais. 0 Faraó d o Egito tinha o d o m í n i o sobre Canaã, o Líbano, e Damasco. Seus g o v e r n a d o res e oficiais residiam nas cidades maiores (p. ex. Gaza e Megido), e outros lugares serviam d e fortalezas. Havia rebeliões periódicas que eram sufocadas por vizinhos leais ou por forças egípcias. Após u m período de fraqueza egípcia, o Faraó Seti I fez uma incursão e m Canaã e no leste d o Jordão por volta d e 1290 a.C. Os arqueólogos geralmente fazem a ligação entre esta invasão e níveis d e destruição encontrados e m cidades arruinadas, tais como Hazor. Pouco depois, seu filho, Ramsés II, teve que controlar uma revolta após uma derrota para os hititas na Síria. Nessa ocasião, ele avançou até o território de M o a b e (por volta de 1275 a.C). Talvez c o m o resultado destas medidas rigorosas, depois que Ramsés fez u m acordo de paz c o m o rei hitita (por volta d e 1259 a.C.) não houve mais invasão dos egípcios por mais d e meio século. Os problemas recomeçaram no reinado de Merneptah, filho d e Ramsés. Pouco se sabe além do fato da intervenção egípcia em Canaã, e das evidências indiretas d o controle egípcio contínuo na região. Num desses registros aparece a referência extra-bíblica mais antiga a Israel, cilado c o m o u m entre vários inimigos derro-
tados. Merneptah havia contido uma onda de invasores vindos d o noroeste, os assim chamados "povos do mar". 0 Egito estava seguro até que outra onda repetisse a ameaça, marchando através da Síria e de Canaã e aproximando-», também, da costa d o Egito pelo mar. Esta onda foi contida por Ramsés III (por] volta de 1184-1153 a.C), que destruiu a frota? bloqueou o avanço antes que atingisse a fronteira, restabelecendo seu coniro- « w » » le sobre Canaã por algum tempo. Mas muitos dos invasores permaneceram, a l g u n s t o m a n d o a l g u m a s cidades. Os filisteus, por e x e m p l o , tomaram Asdode, Asquelom, Ecrom, Gate e Gaza; e outro g r u p o t o m o u Dor. Todos estes acontecimentos, e outros que desconhecemos, trouxeram pilhagem e destruição às cidades de Canaã na época da conquistaPríncipes vizinhos podiam causar tanta devastação quanto uma força invasora. liwa!ia
229 I.Hazor
2. Ai
Lemos que três (idades — Jerl-
não foi totalmente destrutiva. E havia outras que a cidade ficou abandonada de cerca causas de destruição. de 2500 a.C. até depois de 12CO a.C, Cidades p o d e m ter embora fcsse um centro importante em ficado desertas como épocas mais remotas. resultado de um tumulC nome Ai significa "riifna", e muitos consideram a história cue apato geral, ou talvez parrece em Josué simplesmente uma tencialmente habitadas, tativa oe explicai aquelas imponentes até os israelitas se ruínas. No entanto, mesmo aceitando a estabelecerem na terra evidencia arqueológica, ainoa é possível e poderem ocupá-la. que um grupo de cananeustenha usado as velhas fortificações desta cidadela Eles não poderiam ter estratégica na luta contra os israelitas, feito isto por completo lai ocupação temporária teria deixado enquanto eram ameapouco ou nenhum vestígio. çados pelos filisteus e por inimigos do outro lado do Jordão. Os restos escassos em diversos sítios pós-cananeus (início da Era do Ferro) atestam esta situação.
período inicial por historiadores israelitas de uma época posterior. A idéia de um processo gradual é apoiada pela analogia com invasões e deslocamentos de outros povos. Chama-se a atenção para o fato de que a ocupação foi limitada. (Jz 1, por exemplo, dá conta que as principais cidades cananéias que ficavam junto às estradas principais não foram conquistadas, ou apenas foram ocupadas em conjunto com os cidadãos nativos.) As histórias em Josué são atribuídas a fontes tribais ou religiosas. São consideradas descrições de acontecimentos de menor importância, em âmbito local, ou lendas populares sobre a origem das cidades arruinadas cuja verdadeira história fora esquecida.
Teorias divergentes Muitos estudiosos afirmam que Israel tomou posse da terra prometida através de uma gradual infiltração de grupos de pastores nômades. Ou, que isso resultou de uma combinação de infiltração e um movimento de alguns grupos tribais vindos do Egito, talvez em várias ocasiões e durante várias gerações. O u , até imaginam uma rebelião geral 3. Jericó do povo que vivia na Em lericó, o local onde se poderia terra.
Sempre é bom ser cauteloso quando se argumenta com base em analogias, e isto certamente se aplica ao caso da "conquista". A analogia da infiltração de nômades é usada para encaixar Israel num modelo conhecido. Mas todos os registros da nação afirmam que Israel era diferente. Na melhor das hipóteses, tais abordagens devem ser consideradas experimentais, e não baseada em fatos. Rejeitar o relato bíblico só porque ele é diferente dos outros é atitude preconceituosa e pouco científica.
Ai.'assim como Hazor, apresenta
cò. Ai e Hazor — foram incendiadas
um problema. As escavações revelaram
por Israel. Em hazor, na Galileia, ha evi(Kadi cs que a úlüma cidade cio final da Era óo Bronze foi violeniameme desiiiida durante o século 13 a.C. As ruínas da última cidade cananéia náo (ciam bem preservadas, em pane por MUS; da exposição aos elementos e da danificação pela aragem. Mas restou c lüiiciente para mostrar uma cidade de imponancia, mesmo que após seu apojeu. Outias cidades da mesma época sio bas:anle semelhantes. Todas eram temfortificadas,embora as muralhas geialmente incorporassem (ou eram «ovações de) defesas anteriores. As cidades situadas ao longo das Ktra:as principais, como Megido, por (amplo, tendiam a ser muito mais rcas. Por outro lado, a relativa pobreza de sítios como Tell 8eit Mirsim fez COT que a atenção dos escavadores se concentrasse em detalhes de estilos ce cerâmica, dos quais a arqueologia pfciina depende para sua cronologia
r
f-
esperar a evidencia mais clara do ataque de Israel, nada foi encontrado para mostrar a existência dê uma cidade ali na metade do século 13 a.C. A intensa erosão das ruínas de tijolos deixou poucos vestígios de períodos mais remotos da história da cidade. Por isto, não pode ser descartada a possibilidade de que havia ali uma cidade fortificada no final daquele século. Suas ruínas teriam desapaiecido durante o longo período em que o lugar ficou desolado, desde o tempo de Josué a época de Acabe (cerca de 400 anos; veja 1P,s 16.34). As muialhas da cidade, consideradas, no passado, evidencia do ataque de Josué, na verdade datam de um período bastante anterior. As escavações mostram que a cidade já havia sido desiiuída e reconstruída varias vezes antes da época de Josué.
Estas opiniões completamente divergentes estão todas ligadas a teorias relativas ã análise documentária do Pentateuco. Estas atribuem as histórias a várias fontes diferentes, propondo assim origens separadas, e apoiando teorias de histórias tribais não relacionadas entre si. Associada a isto está a teoria de que o conceito de Israel como nação foi f o r m a d o muito depois da "conquista" e projetado sobre o
A história
de Israel
indivíduo afeta toda a comunidade; se um erro foi cometido, a prestação de contas será geral, e não só individual. • Ai (2) "A Ruína". Veja "Cidades da conquista". • Santificar (13) Veja 3.5. • Sorteio (14) O homem culpado foi descoberto por meio de u m sorteio sagrado, em que foram usadas as duas pedras guardadas no peitoral do sumo sacerdote. Não se sabe exatamente como isto era feito. • V . 24 Acor significa "conturbação" ou "desgraça". • V . 25 Aparentemente, a família de Acã também sabia de tudo e, portanto, era culpada ( v e j a D t 24.16).
disso, à medida que a arca da presença de Deus liderava o exército. E os inimigos de Israel sabiam disso, e tremiam (2.9-11; 5.1). Era uma guerra de nervos para os moradores de Jericó: dia após dia as tropas marchavam em volta da cidade, tocavam trombetas, o exército em silêncio, preparando o grande clímax no sétimo dia. A cidade de J e r i c ó tem uma história extraordinariamente longa de construção c destruição (veja "Cidades da conquista" para a história arqueológica). • Não peguem em nada daquilo q u e vai ser destruído (6.18) A cidade e tudo que havia nela foi dedicado totalmente a Deus. Assim, seria sacrilégio alguém pegar alguma coisa para si. • Fora d o acampamento (23) Até ficarem "limpos", após um período de purificação. • A maldição (26) Aquele local ficou em ruínas durante 400 anos, até o reinado de Acabe, quando H i e l reconstruiu Jericó e foi atingido pela maldição (veja l R s 16.34). Js 7 : Acã desafia a proibição de D e u s Acã não deu ouvidos à proibição de Deus (veja 6.18) e por isso 36 homens morreram cm Ai e todo o povo foi humilhado diante de seus inimigos cananeus. A desobediência de um só
J s 8: A d e s t r u i ç ã o d a c i d a d e d e A i É difícil de conciliar a evidência do outeiro em Et-Tell com o relato bíblico deste capítulo, o que sugere que este pode não ser o local onde, de fato, ficava a cidade de A i . Ver, no entanto, "Cidades da conquista". A estratégia de redradas e emboscadas utilizada por Josué foi uma lição aprendida da derrota anterior de Israel (7.2-5). De A i , Josué se deslocou 32 km ao Norte, para estabelecer-se em Siquém, no vale entre os montes Ebal e Gerizim. E m nome de Deus ele tomou posse da terra. E, seguindo a orientação de Moisés (Dt 27), a aliança foi renovada. • 30.000 (3) Isto pode referir-se ao número total de soldados, a menos que tenha havido duas emboscadas (12). Mas os números elevados que aparecem no AT representam um sério problema. Veja N m 1. • Betei (9) Este é o lugar onde Jacó leve a visão. Era uma cidade bem fortificada e próspera no tempo em os israelitas estavam no Egito, mas agora, no tempo de Josué, havia entrado em certo declínio. O rei de Betei foi derrotado (12.16), e isso pode ter ocorrido durante esta campanha militar (Betei e Ai ficavam bem próximas) ou, então, em data posterior. J s 9—10: J o s u é d e r r o t a os reis d o Sul Js 9: Gibeão era uma cidade importante que ficava cerca de 8 km ao norte de Jerusalém. Os israelitas haviam sido advertidos contra qualquer aliança com o povo local (F.x 23.32). No entanto, os gibeonitas foram tão espertos (a ponto de fingirem não ter ouvido as notícias das recentes vitórias em Jericó e A i , 9.10) que não só conseguiram um acordo de paz para si mesmos como também incluíram três outras cidades (17). Deus não foi consultado nisso tudo (14). E
Josué
231
Cananeus e filisteus Alan Millard
CANANEUS "Canaã" foi o nome dado, depois de 2000 a.C, à costa da região onde hoje ficam o Líbano e Israel. Com o passar do tempo, toda a área que fica entre a costa e o rio Jordão recebeu esse nome. Os habitantes incluíam outros povos (heveus, jebuseus, etc), muitas vezes chamados coletivamente de cananeus. Na época da invasão israelita sob a liderança de Josué, Canaã era um conjunto de pequenas cidades, cada qual governada por seu próprio rei e nominalmente sujeitas ao Egito.
¿3
\!ü e v o
A
K
O
A l g u m a s letras d o alfabeto latino ( A K O ) , usadas atualmente, c o m seus ancestrais cananeus, d e cerca d e 1600 a . C . (linha d e c i m a ) ,
Comerciantes
O alfabeto Os cananeus que viviam Os sistemas de escrina costa eram grandes ta cuneiforme (na Babicomerciantes — tanto lónia) e hieroglífica (no assim que, em hebraico, a Egito) dominaram o palavra "cananeu" passou Oriente Próximo entre a significar "negociante" (Ez 3000 e 1000 a.C. No 17.4). Depois do ano 1000 entanto, escribas invena.C, os cananeus que contaram outros sistemas tinuavam independentes para outras línguas. foram chamados de "feníEm Canaã, um escriba cios" pelos gregos. Seus começou a usar um principais portos eram Tiro, sistema no qual o deseSidom, Beirute e Biblos, que nho de uma porta, por hoje fazem parte do Líbano. exemplo, representava sua letra inicial — "p". Destes portos Saíam navios, Esta p i a r a d e b r o n z e levando cedro, azeite, vinho representando um c a n a n e u foi Assim nasceu o alfabeto. encontrada e m Hazor. Por volta de 1000 a.C, o e outras mercadorias para o alfabeto começou a ser Egito, Creta e a Grécia. Eles amplamente usado na Fenícia, em traziam de volta (por exemplo) linho Israel e outras regiões. Os gregos o do Egito e porcelana do Chipre e da adotaram por volta de 800 a.C. Os Grécia. Também o papiro era levado sinais que representavam sons que do Egito a Biblos, assim que, quando os gregos viram rolos de papiro pela eles não necessitavam foram usados para as vogais. Assim, o alef (boi), uma primeira vez, os chamaram de bíblia, consoante no hebraico, se tornou a "coisas de Biblos", dando-nos a palavogal "a", no grego. vra "Bíblia". Artesãos h a b i l i d o s o s Na época do rei Salomão, o trabalho dos artesãos cananeus ou fenícios era famoso. O cedro do Líbano foi transportado ao longo da costa, saindo de Tiro, para ser usado na construção do Templo, em Jerusalém. E Hirão de Tiro projetou e decorou as colunas de bronze e outros objetos do Templo (1Rs 5; 7.13).
e seus " p a i s " fenícios, d e cerca d e 1000 a . C (linha d o meio).
Religião Os cananeus adoravam Baal, o deus do clima e da fertilidade, e Astarote, sua esposa, deusa do amor e da guerra. Além disso, havia uma legião de outros deuses. El era o deus principal. Cada cidade tinha seu deus padroeiro ou sua deusa padroeira. Esses deuses, por mais que fizessem exigências cruéis, como o sacrifício de crianças, não estabeleciam leis (como os Dez Mandamentos), o que permitia às pessoas viver como bem entendiam. Este fato, aliado ao componente da fertilidade e das colheitas, tornava a religião cananéia atraente e fácil de seguir. É por isso que os israelitas deveriam evitar todo tipo de contato com os cananeus (veja, p. ex., Dt 7.1-6). A desobediência acabaria lhes trazendo uma série de problemas.
A sala d e estar mobiliada d e uma típica casa cananéia.
232
A história
de Israel
F I L I S T E U S
Embora alguns tenham vindo antes, foi por volta de 1200 a.C. que os "povos do mar" (como os egípcios os chamavam) invadiram ás regiões costeiras da parte oriental do Mediterrâneo. Quando o Egito finalmente os derrotou, em 1175 a.C, eles tentaram conquistar Canaã, e enfrentaram os israelitas na disputa pelo território. Por fim, os filisteus conseguiram assumir o controle de cinco cidades, cada qual com seu próprio governante. Os filisteus foram dominados pelo rei Davi e por alguns de seus sucessores, permanecendo um grupo distinto até o período persa. Finalmente, o nome deles foi dado àquela terra: Palestina.
Cerâmica, origens e ferro A cerâmica encontrada na região da Filístia revela fortes ligações com a cerâmica micènica da Grécia, de Creta e de Chipre. Além disso, outros objetos indicam que os filisteus eram estrangeiros vindos do Norte. O nome Golias e a palavra para governador podem indicar que falavam uma língua indo-européia. A fundição do ferro estava começando a se difundir e os filisteus tinham certo controle sobre essa tecnologia. Os israelitas precisavam levar ferramentas de ferro aos ferreiros filisteus para conserto e afiação e eram impedidos de obter armas de ferro, que eram mais eficazes (1Sm 13.19-22).
U m navio do guerra
filisteu.
HHHHHHHBHHHnBS U m a casa filistéia c o m átrio central.
I '• .^(Jope) Asdôde
Ecrom (Jcríísãlcm)
quelom Ga.zá /
Hfbrcw)
. c
..
Gate
FILÍSTIA
Neste e n i a l h e . d o E g i t o , aparece u m s o l d a d o c o m
A s c i n c o cidades d o s filisteus estão marcadas cm
u m lípico enfeite filisteu n a cabeça.
amarelo.
I..:
urro filisteu (à e s q u e r d a ) , c o m sua d e c o r a ç ã o !
característica- associa este p o v o a s u a '*pátria* na região ao norte d o M e d i t e r r â n e o .
'osue Israel não podia revogar um tratado selado com amizade (a refeição que tomaram em conjunto). 0 pior que podiam fazer era reduzir os gibeonitas à condição de escravos (21). (Duzentos anos depois, o rei Saul tentou destruir os gibeonitas e Deus castigou o povo de Israel por não manter a palavra empenhada. O rei Davi permitiu que os gibeonitas executassem sete filhos de Saul para fazer o acerto de contas.) Js 10: O tratado com os gibeonitas logo envolveu Israel em guerra. Todos os cinco reis amorreus foram mortos em Maqueda e suas cidades-estado (exceto Jerusalém) foram destruídas na campanha que se seguiu à luta em Bete-Horom. Todas as cidades estratégicas do Sul caíram diante do exército do Josué. Israel agora controlava a terra de Cades-Barnéia, no Sul, a Gaza, no Oeste, e, no Norte, até Gibeão. • 9.27 " N o local que Deus escolhesse", ou seja, Jerusalém. • O longo d i a (10.12-14) Geralmente se interpreta isto como um prolongamento da luz do dia, mas pode ter sido um prolongamento da escuridão. J á houve quem sugerisse, como explicação, um eclipse solar. O ataque surpresa de Josué foi ao amanhecer (algo que é confirmado pela posição do sol c da lua, descrita no v. 12), e a chuva de granizo contribuiu para aumentar a escuridão e a conseqüente confusão. Na época as pessoas acreditavam que a terra ficava parada, com o sol e a lua movendo-se ao redor dela, o que explica as palavras de Josué: " S o l , fique parado". • Vale de Aijalom (12) Nele havia uma importante rota comercial que ia de leste a oeste. Esse vale foi palco de muitas batalhas ao longo dos séculos. • Livro dos J u s t o s (13) U m livro de cânticos que celebrava heróis nacionais e que é mencionado novamente em 2Sm 1.18. Esse livro não foi preservado. • 0 pé no p e s c o ç o (24) U m ato comum naquele tempo, para indicar sujeição total. • Gósen (41) Cidade ao sul de Hcbrom, que não deve ser confundida com a Gósen que ficava no Egito. Js 11: J o s u é d e r r o t a o s r e i s d o N o r t e 0 poderoso rei de Hazor, comandando seus vassalos, reuniu um exército ainda mais numeroso do que a aliança dos reis do Sul, mas o resultado foi o mesmo: fracasso. Embora Israel tivesse se apossado das cidades estratégicas em pouco tempo, contando desde a entrada em
Asdode, Gale Eglom Gaza
tê
<-> P-
Canaã, a operação "limpeza" levou muito mais tempo (18). • Hazor (1) Esta era uma grande metrópole onde moravam 40.000 pessoas (tinha várias vezes o tamanho de Jerusalém na época de Davi). Ficava 16 km ao norte do mar da Galileia. A cidade baixa que Josué destruiu jamais foi reconstruída. Veja "Cidades da conquista". • A grande Sidom (8) Tudo indica que, nessa época, Tiro ainda não era uma cidade importante. • D o S E N H O R vinha o endurecimento do seu coração (20) Os autores da Bíblia geralmente atribuem coisas diretamente a Deus como
234
A história
de Israel
"Guerra Santa" Colin Chapman
Qualquer grupo de pessoas que trava uma "guerra santa" acredita que a causa pela qual está lutando é justa e "santa", e que seu Deus lutará com eles e por eles. Tais idéias eram amplamente difundidas no antigo Oriente Próximo, e, embora o termo em si não seja encontrado no AT, há muitas indicações de que os israelitas tinham idéias semelhantes: • Yahweh, o Deus de Israel, é freqüentemente descrito como "o S E N H O R dos Exércitos". Antes de iniciar a conquista da terra, Josué encontrou-se com um homem que se apresentou como "comandante do exército do S E N H O R " ( J S 5 . 1 4 ) . Alguns anos mais tarde, o jovem Davi acusou o gigante Golias de afrontar "o Deus dos exércitos de Israel" (ISm 17.45). • A derrota dos cananeus durante a conquista do território no tempo de Josué foi considerada juízo de Deus sobre pessoas cuja cultura e religião se haviam tornado absolutamente corruptas. • A guerra era empreendida como ato religioso e acompanhada por rituais religiosos, como pedirorientaçâo de Deus com relação à estratégia, oferecer sacrifícios e levar símbolos religiosos ao campo de batalha. • Após a vitória na batalha, os israelitas às vezes dedicavam uma cidade inteira com seus habitantes e propriedades à destruição total, para demonstrar que o fruto da vitória pertencia a Deus e não a eles mesmos. No entanto, parece que ao longo dos séculos noções populares sobre "guerra santa" passaram a ser questionadas e gradualmente transformadas: • Embora Yahweh fosse considerado Deus de Israel, os israelitas começa-
ram a perceber que ele não podia ser um Deus meramente tribal, porque também era Deus de toda raça humana. • A guerra não recebe aprovação irrestrita. Foram estabelecidas regras claras para travar batalhas, e atos desnecessários de violência eram condenados. • Os profetas f r e q ü e n t e m e n t e tinham de explicar que os israelitas não podiam supor que Deus automaticamente estaria do seu lado em todos os conflitos com seus inimigos. Quando não levavam a sério os padrões morais estabelecidos por Deus, ele podia voltar-se contra eles e derrotá-los da mesma forma que ele derrotara seus inimigos. Ele julgaria as falhas deles com rigor maior do que no caso de seus inimigos. • Quando os reinos de Israel e Judá foram derrotados e perderam a sua independência, os profetas começaram a repensar radicalmente certas idéias populares sobre o relacionamento entre Deus e a nação. Perceberam que o domínio de Deus sobre o universo não pode ser identificado com o sucesso de um povo ou Estado específico. • Estes mesmos profetas sonhavam com o dia em que toda guerra seria abolida. Quando Deus derrotasse todas as forças do mal numa grande batalha final, as nações transformariam "as suas espadas em arados, e as suas lanças, em foices" (Is 2.4). • Os escritores do NT jamais consideram a conquista militar uma forma de estender a causa de Deus. Pelo contrário, pensam na difusão pacífica das boas novas de Jesus Cristo. Tradicionalmente, cristãos falam de sua luta contra "o diabo, o mundo, e a carne (isto é, a natureza humana pecaminosa)". Quando se defrontam
com o problema de guerras e conflitos entre povos e nações, em sua reflexão sobre o tema recorrem, corr freqüência, ao conceito de "guerra justa" ao invés de "guerra santa". Portanto, o que se pode ver nas páginas da Bíblia é o processo gradual pelo qual Deus age na história de um povo específico para o qual a guerra era parte essencial da religião e da cultura. Ao fazer isto, ele transforma essas idéias, para capacitar toda a humanidade a entender mais claramente a natureza do mundo em que vivemos.
Josué primeira causa sem, com isso, indicarem que as pessoas envolvidas perdiam sua liberdade de escolha (veja Ê x 4.21). • Os anaquins ( 2 1 ) A raça de gigantes que havia deixado amedrontados os espias mandados por Moises ( N m 13.33). • Gaza, Gate e A s d o d e ( 2 2 ) Três fortalezas dos filisteus. O gigante Golias era de Gate (ISm 17.4).
235
ISSACAR MANASSES
Js 12: R e i s c a n a n e u s d e r r o t a d o s Os vs. 1-6 relembram as vitórias obtidas anteriormente, a leste do J o r d ã o , no tempo de Moisés. Os v. 7-24 dão uma lista de 31 reis do sul, centro e norte de Canaã que foram derrotados sob a liderança de Josué. Essa lista conclui a seção sobre a conquista.
EFRAIM
GADE
DA /
-RUBEN
JUDÁ
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Js
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BENJAMIMÇs^-i
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A-J
13—21
A divisão do
território
Nem todo o território designado fora completamente conquistado, e nem todas as tribos realizaram seu ideal de conquistar todo o território que lhes fora designado. Em vários momentos, a exemplo do que fizera nos capítulos anteriores, o autor explica qual era a situação em sua própria época (13.13; 14.14; 15.63; 16.10). Js 13.1-7: O território ainda por conquistar incluía o litoral do mar Mediterrâneo (as cidades-estado dos filisteus) e as terras no Norte (Fenícia e Líbano). Compare J z 3.1-6. Foi o rei Davi quem finalmente conseguiu subjugar os filisteus, no Sudoeste, e os sírios, no Norte. Mas Israel jamais controlou a região da Fenícia (Tiro e Sidom). Js 13.8-33 diz respeito ao território a leste do Jordão que, na época de Moisés, j á havia sido destinado a Ruben (15-23), Gade (2428) e (metade de) Manasses (29-33). Veja Nm 32.33-42; Dt 3.12-17. Js 14.1-5 fala do território a oeste do Jordão que foi dividido entre as nove tribos e meia restantes (exceto os levitas, que receberam cidades para morar, mas nenhum território). A herança de cada tribo foi decidida por sorteio, pelo sumo sacerdote. Js 14.6-15: Calebe r e i v i n d i c a H e b r o m . Quarenta e cinco anos após o episódio dos espias ( N m 1 3 — 1 4 ) , Calebe c o n t i n u a v a sendo um homem de fé inabalável. Apesar de 10.21-27, ainda havia anaquins para enfrentar (15.14; J z 1.10,20). H e b r o m tornou-se propriedade dos levitas (21.11-13),
A divisão da terra e n t r e as t r i b o s
mas Calebe reteve o território circunvizinho e as aldeias. Js 15: Na herança de J u d á estava incluído o território de Calebe e também Jerusalém, ou parte dela (18.28). Mas, muito tempo depois, na época em que o livro de Josué foi escrito, a cidade ainda não havia sido conquistada (63). Js 16—17: o território de Efraim (16) e Manasses (do Oeste) (17). Estas tribos deveriam ter expandido seu território por meio de conquista. No entanto, os cavalos e as carruagens dos cananeus que viviam nas planícies as detiveram. Js 18—19: Os israelitas se reuniram em Siló, foi feita uma descrição da terra, e Josué distribuiu os territórios às sete tribos restantes. Js 18.11-28: o território de Benjamim. Parece que uma parte de Jerusalém ficava no território de Judá e a outra parte no território de Benjamim (15.63; J z 1.8,21). Js 19.1-9:0 território de Simeão, que ficava bem ao Sul, sobrepunha-se ao de Judá, e, mais tarde, a tribo de Simeão foi absorvida pela de Judá. Js 19.10-16: o território de Zebulom. Js 19.17-23: o território de Issacar. Js 19.24-31: o território de Aser. Js 19.32-39: o território de Naftali. Js 19.40-48: A tribo de Dã recebeu um território que a colocava em conflito com os filisteus
"O
SENHOR,
nosso Deus, lhes deu Iodas as coisas boas que havia prometido. Ele cumpriu tudo; não falhou em nada." J s 23.14
236
A história
de Israel
des, com as pastagens circunvizinhas. Com isso, os líderes d a fé e adoração em Israel foram distribuídos o u espalhados p o r toda aquela terra. • N e n h u m d o s i n i m i g o s (21.44) Esta deve ser uma generalização (uma visão panorâmica) à luz de comentários anteriores (e J z 1).
Js 22
As tribos do Leste vão para
casa
Ruben, Gade e Manasses cumpriram suas obrigações de ajudar na conquista. Agora essas tribos voltam para casa, com a bênção de Josué e parte dos despojos. O medo de que, uma vez d o outro lado do Jordão, Israel viria a rejeitá-los no futuro fez com que construíssem um altar, o que não foi bem recebido pelas demais tribos. Aquele não era um sinal de idolatria, tampouco um segundo santuário. Era um símbolo de solidariedade com o resto de Israel, ao qual estavam ligados pela fé e adoração do único Deus. • U m altar para vocês (16) Deus havia dito que ele escolheria o lugar no qual deveriam adorá-lo (Dt 12.13-14). • O p e c a d o c o m e t i d o e m Peor (17) Quando Israel adorou Baal ( N m 25). • A c ã (20) Por causa de pecado dele, 36 homens morreram (cap. 7). • V. 22 Um juramento solene, repetido duas vezes, e usando os três nomes de Deus: El, Elohim, Yahweh (veja "Os nomes de Deus").
Js 23—24
Os últimos O rei de 1 lazor, cidade fortemcnic murada que ficava no norte de Israel, liderou uma aliança que acabou dcrroiada pelo exérciio de Josué. A foro mosira o "alto" da cidade no qual deuses cananeus eram adorados.
c outros inimigos poderosos no Sul. Os danitas não conseguiram conquistar aquele território e acabaram por se estabelecer no extremo norte do país. Veja também J z 1.34; cap. 13 (Sansão pertencia à tribo de Dã); 18. Js 19.49-51: A divisão termina com a entrega de Timnate-Sera (chamada Timnaic-Heres em J z 2.9) a Josué. Js 20: Seis cidades, três a leste e três a Oeste do rio Jordão, todas pertencentes aos levitas, foram designadas "cidades de refúgio" (veja Nm 35.6-34; Dt 19.1-13). Destinavam-se a proteger contra a vingança dos parentes aqueles que tivessem causado morte acidental. Js 21: Os levitas não receberam nenhum território p o r herança, pois sua herança era Deus. Mas recebem das outras tribos 48 cida-
dias de Josué
Js 23: U m a p e l o à nação Alguns anos haviam se passado desde a divisão da terra. Josué estava chegando ao fim de uma longa vida, e não apontara um único sucessor. Portanto, era vital assegurar que os líderes mantivessem a lei e permanecessem fiéis a Deus, o Deus que cumpria suas promessas (23.14; veja 21.45). Foi Deus quem lhes dera aquela terra. Foi Deus quem expulsara grandes e poderosas nações. Portanto, "fiquem ligados a Deus, o S K N H O R " , mantendo a aliança que Deus havia estabelecido. Js 24: U m a p r o m e s s a de lealdade J o s u é r e u n i u o p o v o em S i q u é m , para renovar a aliança feita ali após suas primei-
ras vitórias na terra (8.30-35). Aqui, como em Deuteronômio, o padrão da aliança segue o padrão dos tratados daquela época (veja "Alianças e tratados no Oriente Próximo"). Depois da apresentação do título do rei ( " S E N H O R , Deus de Israel"; 2a), aparece um relato dos favores que ele prestou no passado (2b-13). As estipulações ou exigências são feitas em 14-15, com advertências a respeito do que aconteceria em caso de desobediência (19-20). A disposição de Josué em dedicar-se inteiramente a Deus permaneceu inalterada até o fim de sua longa vida. O zelo do povo em acompanhá-lo na renovação da aliança é, por si só, um tributo à liderança desse homem de Deus. Sua promessa, " e u e a minha casa serviremos ao S E N H O R " , encontrou eco na resposta do povo: "Nós também serviremos ao SENHOR, pois ele é o nosso Deus". Esta é uma boa conclusão para o livro, e o v. 31 indica quão poderosa foi a influência de Josué para o bem. É marcante o contraste entre este episódio e o livro de Juízes, que se segue. O v. 32, que relata o enterro dos ossos de José na terra prometida, dá por encerrada a história dos patriarcas. • Balaque... Balaão (9) Veja N m 22—24. > Enviei v e s p õ e s à s u a f r e n t e (12) Versões recentes traduzem esta imagem vívida por "pânico" ou "medo".
tabuinhas encontradas e m "reli el-Amarna, n o Egito, enviadas p o r reis cananeus a o Faraó egípcio, mencionam o problema d o ataque d e bandos nómades estrangeiros - o s h a b i r u . Será que estes e r a m os hebreus?
• C e n t o e d e z a n o s (29) Esta pode ser uma idade ideal, simbólica, especialmente porque é igual à de José (veja G n 50.22). A ligação é reforçada pelo v. 32. A promessa feita a José foi mantida. Ele foi enterrado na única propriedade que pertenceu a Jacó, seu pai (veja G n 33.19). A família que durante tantos anos só possuía sepulturas compradas de pessoas que moravam no local (veja G n 23 para a aquisição de Abraão) agora possuía todo o território de Canaã.
"Eu e a minha casa serviremos ao SENHOR." Js 24.15
Resumo Os problemas que sobrevieram a Israel depois da morte de Josué: um padrão cíclico de desobediência a Deus, arrependimento, e libertação dos inimigos.
JUÍZES
Caps. 1.1—3.6
Depois de Josué Juízes abrange o período na história de Israel que vai da morte de Josué até o tempo de Samuel, ou seja, aproximadamente de 1220 a 1050 a.C. Foi um tempo difícil e instável, durante o qual as tribos dispersas ficaram sem liderança central, unidas apenas pela sua fé comum. A fidelidade a Deus trazia consigo um povo forte e unido. A idolatria, por outro lado, era fonte de fraqueza e divisão. Esta é a mensagem central que o autor quer transmitir nesse relato centrado em histórias de heróis locais que foram contadas e recontadas com o passar dos anos. Ele escreveu após a destruição do santuário em Slló (18.31), mas antes de Davi ter conquistado Jerusalém (1.21), recordando a época em que Israel não tinha rei. (Houve mudanças editoriais posteriores, como se observa claramente na sentença acrescentada a 1.7). O cântico de Débora, celebrando a derrota de Sísera, é considerado uma das primeiras partes do AT a serem colocadas por escrito. Seis dos 12 juízes mencionados são descritos com maiores detalhes: Otoniel, Eúde, Débora/ Baraque, Gideão, Jefté, Sansão. Estes "juízes" de Israel não eram apenas conselheiros em assuntos jurídicos. Eles livraram uma tribo ou todo o povo da opressão do inimigo, ganhando seus louros na frente de batalha. Na lista dos maiores exemplos de fé que aparece em Hb 11, são mencionados quatro deles: Gideão, Baraque, Sansão e Jefté. Representação d e u m baal cananeu. 0 deus d o c l i m a , da ¡¿nena ,• da fertilidade.
O cenário humano que aparece em Juízes é deprimente. A história da nação se caracteriza por um ciclo que se repete de forma monótona. Israel trocava Deus pelos deuses locais. Sofria nas mãos dos cananeus e clamava a Deus por socorro. Deus enviava um libertador. Tudo ficava bem por algum tempo. Depois, o velho padrão de infidelidade tornava a se instalar. Este é o relato bíblico que ilustra com maior clareza a tendência humana de seguir seu próprio caminho (pecado), que se manifesta até mesmo na vida daqueles que conhecem a Deus. O que surpreende é o amor e cuidado constante de Deus. Apesar do passado de infidelidade de Israel, e mesmo sabendo que tudo viria a se repetir no futuro, Deus atendia
o p e d i d o de seu povo tão logo este clamava por socorro. E Deus decidiu agir por intermédio de pessoas das quais não se poderia esperar m u i t o : Jael, q u e quebrou todas as regras de hospitalidade: Eúde, que recorreu ao assassinato; Sansão, um homem cuja vida sexual leva a marca da promiscuidade; e, no g e r a l , um
Caps. 3.7—16.31
Histórias dos líderes da nação que Deus levantou para libertar Israel de seus inimigos Caps. 17—21
Um quadro dos tempos difíceis antes do surgimento de um rei Histórias mais bem conhecidas Débora e Baraque (caps. 4—5)
Gideào (caps. 6—8) Sansão (caps. 13—16)
povo que se gabava dos atos de vingança cruel contra o inimigo. Eles são exemplos a seguir apenas em termos da sua fé. As histórias não maquiam nem recomendam o comportamento dessas pessoas. As questões morais que este livro levanta, e, especificamente, o envolvimento de Deus naquela ação, representam um sério problema para os leitores de hoje (veja "Entendendo Juízes" e a anotação sobre o juramento de Jefté). Cronologia A exemplo de outros autores antigos, o escritor de Juízes não dá à cronologia e à ordem dos acontecimentos a mesma importância que lhe é atribuída por historiadores ocidentais do mundo de hoje. No seu todo, o período dos Juízes compreende uns 390 anos. Porém, como a data mais provável da conquista é 1240 a.C, a história apresentada no livro deve ter acontecido em menos de 200 anos. Uma das razões para esta aparente discrepância é a sobreposição entre os períodos dos diversos juízes. Sabemos, por exemplo, com base em 10.7, que a opressão amonita no Leste e a opressão filistéia no Oeste ocorreram ao mesmo tempo. É possível que tal sobreposição tenha ocorrido também em outros casos. Outro fator a ser considerado é o uso freqüente de "40 anos" como número redondo para
239
JUIZES
indicar "uma geração", e não tanto um número exato de anos. A.E. Cundall sugere a seguinte cronologia aproximada: 1200 Otoniel 1170 Eúde 1150 Sangar 1125 Débora e Baraque 1100 Gideão 1070 Jefté 1070 Sansão
O s 12 j u í z e s e s u a s vitórias
Jabim, REI ,'de Canaã
I Cusã-Risalaim. / i da Mesopotâmia
6 •
le
|
./
Jz 1—2.5
Após a morte de
Josué
Jz 1: S u c e s s o s e f r a c a s s o s Judá, a tribo da qual v i r i a m Davi e sua linhagem de reis, foi a primeira a continuar a conquista após a morte de Josué, tendo alcançado considerável sucesso. O fracasso dos benjamitas em expulsar os jebuseus de Jerusalém qualifica a vitória descrita no v. 8. A fortaleza de Sião só passou para o domínio dos israelitas quando o rei Davi a tomou algum tempo depois (2Sm 5 ) . Vs. 10-15: Veja Js 15.13-19. Depois do relato da conquista de Betei (2225) pelo "povo das tribos de José" (Efraim e Manasses), segue-se u m catálogo de fracassos, que só é atenuado por outro sucesso das tribos de José relatado n o v. 35. • V. 1 Era o sumo sacerdote quem dirigia a Deus essas perguntas d o tipo "sim o u n ã o " , usando o Urim e Tumim (sorteio sagrado). • Polegares das mãos e dos pés (7) Para que esses reis não pudessem segurar uma espada ou ficar firmes sobre a planta dos pés. • Cidade das palmeiras ( 1 6 ) Jericó. • V. 19 A q u e l e era o i n í c i o d a I d a d e d o Ferro. Os filisteus i n t r o d u z i r a m a indústria do ferro na Palestina e tinham o controle d a produção, g u a r d a n d o seus segredos a sete chaves (veja I S m 13.19-22). Até a época de Davi, Israel f i c o u e m desvantagem diante das armas e dos carros d e ferro usados p o r seus inimigos. Jz 2.1-5: D e s o b e d i ê n c i a t r a z d e r r o t a Estes versículos são um comentário sobre os fracassos relatados n o cap. 1. G i l g a l foi onde o povo acampou pela primeira vez e construiu um altar após atravessar o J o r d ã o . A localização d e Boquim é desconhecida. • O Anjo d o S E N H O R (1) Mencionado várias vezes em Juízes (aqui e nas histórias de
Midianitas
Amalequita:
1.
2.
3.
Otoniel, d e J u d á ( 3 . 9 ) : vitória s o b r e Cusã-Risataim.
6.
Tola. d e issacar (10.1).
7.
Jair, d e G i l e a d e (10.3).
8.
Jefté. d e G i l e a d e (11.11): vitória sobre os nmaletjuitns.
de Moabe.
9.
I b s ã , d c Belém (12.8).
Sangar (3.31):
10. Elom. d e Z e b u l o m (12.11).
Eúde, d e Benjamim (3.15): vitória sobre l i g l o m ,
v i t ó r i a sobre o s filisteus. 4.
Débora (Efraim) e B a r a q u e (Naftalí) (4.4-6): vitória sobre J a b i m e Sísera.
5.
11. A b d o m . d e E f r a i m (12.13). 12. S a n s ã o , de D ã (15.20): vitória sobre o s filisteus.
G i d e ã o . d e Manasses (6.11): vitória sobre os midianitas e amâlequitas.
Gideão e Sansão) e e m outras passagens bíblicas (a história de Agar e o "sacrifício" de Isaque em Gênesis; Moisés e a sarça ardente em Ê x 3 ) , o anjo sempre aparece como representante de Deus, com uma mensagem especial de Deus. Ele fala em nome de Deus, geralmente na primeira pessoa como se fosse Deus, e é praticamente identificado com Deus por aqueles a quem aparece (veja, p o r exemplo, 13.22). Às vezes revela-se como pessoa comum, às vezes como ser celestial de aparência tremenda (veja 13.6). Mas todos que o vêem têm certeza da sua autoridade.
240
A história
de Israel
Os israelitas e r a m
derrota nas mãos de um herói ou líder militar do Sul. Mas alguns corrigem o nome dele para "Cuchã, chefe de Temã" (em E d o m ) . • I r a . . . e n t r e g o u (8) O autor atribui sentimentos humanos a Deus c, como Deus comanda os assuntos humanos, expressa isto em termos diretos ("os entregou"), o que geralmente não agrada os leitores modernos. Este é o estilo de todo o livro, e vemos isto cm várias outras partes do AI'. • Veio sobre e l e o Espírito d o S E N H O R (10) A mesma frase é usada com relação a Gideão, Jefté e Sansão. O poder desses heróis era um dom especial de Deus. • Quarenta anos (11) Este número é usado freqüentemente no AT como número inteiro e significa "uma geração" ou "um longo período", j
consta manente tentados a acompanhar os canancus na adoração a Boal, acreditando
que
este deus local eslava DO controle ilo i l m u <• il.! fertilidade d a teria.
J z 2.6—16.31
Israel sob os
juízes
J z 2.6—3.6: I n t r o d u ç ã o J z 2.6-9 nos leva de volta ao ponto em que estávamos ao final do livro de Josué. Os vs. 11-23 apresentam o padrão de acontecimentos que passou a se repetir tão logo morreram as pessoas da geração que havia participado da conquista da terra prometida (10). Como resultado da desobediência, do abandono de Deus cm troca dos deuses locais, as nações vizinheis não foram expulsas. Elas continuariam como espinho na carne de Israel, para testar o povo e manter os soldados de Israel bem treinados nas habilidades de guerra (2.20—3.6). • Baal e Astarote (2.13) Deus e deusa da fertilidade e da fecundidade do solo. • 3.3 As cinco cidades-cstado dos filisteus eram Asdode, Asquclom, Ecrom, Gaza e Gate (veja "Cananeus e filisteus", a história de Sansão nos caps. 13—16; I S m 17.1-54). O domínio de Judá sobre as três cidades dos filisteus durou pouco tempo (1.18). J z 3.7-11: A v i t ó r i a d e O t o n i e l Se Cuchã-Risataim realmente era rei da Mesopotâmia (v. 8; hoje seria a região leste da Síria, norte do Iraque), o ataque deve ter vindo do Norte, o que torna surpreendente sua
J z 3.12-30: E ú d e a s s a s s i n a o rei Eglom O rei Eglom, de Moabe, comandava uma aliança oriental que incluía os amonitas c amalequitas. Eles não só tomaram o território a leste do Jordão, como também atravessaram o rio para estabelecer um posto avançado em Jericó. Como Eúde, muitos dos benjamitas eram canhotos ou ambidestros, e os canhotos dessa tribo que atiravam com a funda tinham uma reputação formidável (veja 20.16; l C r 12.2). Nessa ocasião, o fato de Eúde ser canhoto o colocava acima de qualquer suspeita. • Oitenta a n o s (30) Duas vezes quarenta, um período ainda mais longo! J z 3.31: S a n g a r p r o m o v e u m massacre N u m feito isolado, com um ferrão de tocar bois (uma vara de uns 2,5 m com um ferrão na ponta), Sangar eliminou 600 filisteus, mas não conseguiu deter esses inimigos por muito tempo. Veja caps. 13—16. J z 4—5: A p r o f e t i s a D é b o r a conduz Baraque à batalha Nessa história impressionante aparecem com destaque duas mulheres extraordinárias: Débora, a profetisa, e Jael, esposa de Hébcr, o nômade queneu. Débora foi uma j u í z a no sentido jurídico (4.5), uma mulher de autoridade. Ela não só convocou o líder militar, Baraque, e lhe deu instruções da parte de Deus, como também se dispôs a fazer a jornada de 80 km ao Norte para ir com ele à batalha. Baraque não ficou com as honras da vitória, pois foi outra mulher, a
corajosa Jacl, que matou o poderoso Sisera com uma estaca e um martelo que tinha à mão. 0 cântico que celebra a batalha indica a chave da vitória. Uma tromba d'água transformou o Qttisom numa torrente impetuosa (5.21). Muitas das carruagens foram arrastadas e o restante ficou atolado na lama. 'Desde o céu pelejaram
Baraque cananeus
as estrelas
contra Sisera, desde a sua órbita o fizeram. MoiileCarmelol 0 ribeiro Quisom os arrastou, Quisom, o 'ribeiro das batalhas. Avante, ó minha alma, firme! Então as unhas dos cavalos socavam pelo galopar, o galopar dos seus guerreiros.'
Haroscte\_Hagoirn
\
Jz 5.20-22 (ARA)
0 "hino de batalha" se caracteriza por u m frescor característico de testemunho ocular e grande exultação, apesar de alguns problemas decorrentes da idade do texto. O poeta-compositor usa todos os recursos de som, ritmo e repetição para descrever cenas rápidas e vívidas como um filme. E, no final, com grande efeito dramático, passa diretamente do cenário em que Jael ainda está com o martelo na mão para o cenário em que a mãe de Sisera espera, em vão, o retorno de seu filho. • Monte Tabor (4.6) Uma boa escolha como local de reunião. Esse monte, num formato
derrota
Sisera e os
arredondado e com 400 m de altura, pode ser visto de longe. • Hazor (4.2) Josué havia derrotado outro Jabim e destruíra a cidade. A parte baixa jamais foi reconstruída, mas o monte (tell) foi outra vez fortificado pelos cananeus c mais tarde por Salomão. • 5.19 Taanaque ficava a apenas 8 km de Megido (onde rotas comerciais passavam pela serra do Carmelo), cenário de tantas batalhas que deu seu nome ao local da batalha final, 'Armagedom". As águas ou o riacho de Megido é o rio Quisom.
242
Vida sedentária John Bimson
É possível que, após a saída do Egito e a conquista da terra prometida, a transição de uma vida nômade para uma vida sedentária tenha ocorrido, no caso dos israelitas, de forma lenta e gradual. "Às vossas tendas, ó Israel!" era, ainda, um ditado comum no início da monarquia (2Sm 20.1; IRs 12.16), e o clã dos recabitas fez um juramento permanente contra o sedentarismo (Jr 35.6-7). Os israelitas que ficaram nas pla-
nícies foram, provavelmente, os primeiros a se fixarem na terra. A região montanhosa era mais difícil de cultivar e o assentamento ali exigia o nivelamento dos declives e a construção de cisternas para armazenar água. A maioria dos assentamentos nas regiões montanhosas não passava de pequenas aldeias sem a proteção de muralhas. A Bíblia nunca descreve acordos políticos e econômicos feitos naquele tempo. Tudo que podemos fazer é imaginar como teriam sido, e isto a partir de detalhes ocasionais e com o auxílio de estudos de sociedades semelhantes. Aparentemente, várias aldeias agrícolas eram exploradas por uma cidade maior, ^ fortificada. Referên^ ^ ^ ^ cias a uma cidade T o d a casa tinha sua
Ó l e o . cercais c o u t r o s p r o d u t o s essenciais eram estocados, d e n t r o d e casa, e m potes de barro o u cerâmica.
Tanto nas cidades c o m o nas aldeias, as casas típicas dos israelitas e r a m bem parecidas. A área e m que as pessoas passavam a maior p a n e d o tempo e r a um pátio aberto, de formato retangular. Geralmente havia salas estreitas d e dois lados dessa área, e u m terceiro c ô m o d o que tinha o comprimento d o prédio c m s i , o que resultava n u m a estrutura conhecida c o m o "a casa d e quatro cómodos". I-: p r o v á v e l que um cómodos laterais fosse um abrigo pata animais. À s veies havia um segundo andar, um sótão onde as pessoas podiam dormir. E r a c o m u m agrupar duas o u três c a s a s , ' reunindo duas ou Ires gerações dn mesma família.
lamparina de cerâmica cheia d e ó l e o d e oliva.
L'm celeiro c o m u n i t á r i o e m M e g i d o , q u e data da época d o rei J e r o b o ã o II (793-753 a . C ) .
"e todas as suas aldeias" (p.ex., Nm 21.25) refletem esta organização. As cidades israelitas geralmente tinham fortes muros e portões, um palácio, uma fonte de água protegida (p. ex, com acesso por um túnel), e depósitos para produtos básicos como grãos, vinho e azeite de oliva. Nos séculos8e 7 a.C, o celeiro comunitário de Megido era um enorme silo subterrâneo. Em troca do suprimento de grãos e outros produtos à cidade fortifica-
Oi povoados na região m o n t a n h o s a e r a m pequenos. N ã o era n a d a fácil c o n s t r u i r terraços nas encostas d o s montes, para a prática a g r í c o l a .
da, as aldeias vizinhas provavelmente recebiam proteção em tempos de guerra. Nômades que tinham algum contato com determinada cidade também buscavam proteção dentro dela em momentos de crise, como os recabitas fizeram em Jerusalém, •quando os exércitos dos babilônios invadiram a região (Jr 35.11).
lím tempo d e p e r i g o , as cidades muradas e r a m o r e f ú g i o das pessoas q u e v i v i a m nas aldeias próximas.
244
"Uma espada pelo SBNllon e por Gideão!" J z 7.20
A história
de Israel
J z 6.1—8.28: G i d e ã o Os midianitas, beduínos vindos d o Leste e que eram descendentes de Abraão e sua segunda esposa, Quctura ( G n 25.1-4), avançaram pelo s u l de Israel e chegaram até a cidade filistéia de Gaza. O terror espalhado por essa gente montada em camelos é descrito de forma bem vívida em 6.11. Gideão foi obrigado a malhar a sua escassa colheita de trigo no tanque de pisar uvas, escondido dos midianitas. A fé desse homem (veja também Hb 11.32-33), apesar de toda sua cautela i n i c i a l , é vista na sua p r o n t i d ã o para enfrentar as hordas midianitas com u m exército de apenas 300 homens. G i d e ã o usou sua perspicácia para fazer u m ataque s u r p r e s a , mas a v i t ó r i a resultante daquela fuga desordenada v e i o de Deus. F.mbora tenha se mostrado à altura da situação n u m momento de provação, infelizmente a prosperidade " v e i o a ser uma armadilha para Gideão" (8.27). • 6.11 A localização de Ofra é desconhecida (não se trata de Ofra no território de Benjamim). Veja comentário sobre 2.1 acima com relação ao "Anjo d o SliNHOR". • Aserá (6.25) Poste ( o u totem) sagrado, símbolo da deusa-mãe canancia. • 7.5-6 Aqueles que levaram a água à boca com suas mãos estavam mais alertas ao perigo que os que se ajoelharam. • 7 . 1 3 O pão de cevada representa Israel (os moradores permanentes) e a tenda, os nômades midianitas. • 8.21 Ornamentos cm forma de meia-lua ainda são populares entre os povos árabes de nossos dias. A Bíblia os menciona apenas aqui e em Is 3.18. • Estola/Manto (8.27) Provavelmente uma imagem de Deus, proibida pela lei (embora a N T L H traduza por "ídolo"). Assim, o lugar passou a competir com o santuário oficial de Israel.
J z 8.29-35: Ú l t i m o s a n o s de Gideão Quando da morte de Gideão, os israelitas voltaram a adorar os baalins. Deus era lembrado em meio às crises, mas quando estas passavam a atração dos deuses que aproximavam Israel dos seus vizinhos (Baal da aliança / "Baal-berite") c davam boas colheitas era praticamente irresistível.
J z 9: A s c e n s ã o e q u e d a de Abimeleque Gideão, que tinha alguma justificativa para> aceitar a autoridade real, não quis saber do assunto. Abimeleque, brutal e ambicioso filho de í Gideão, não manifestou os mesmos escrúpulos. Mas Abimeleque, diferentemente de seu pai, não era um escolhido de Deus, e o autor de Juízes percebe claramente os perigos da liderança hereditaria (em fornia de dinasria). Deus (e a justiça) tem a última palavra, mesmo se apresentada na forma de pagamento na mesma moeda (56-57). • S i q u é m (1) Este era o santuário central de Israel na época de Josué. Agora, porém, havia ali um templo a Baal. A história da cidade remonta à antiguidade, ao tempo Jacó e mesmo antes dele. • Vs. 7-21 Este é um exemplo antigo de uma parábola ou história com moral. Compare a parábola de Nata em 2Sm 12.1-4. • Espalhou sal (45) Simbolicamente condenando a cidade a ficar em desolação permanente. N a verdade ela foi reconstruída 151) anos depois, no tempo de Jeroboão I. • Pedra d e moinho (53) Os grãos de trigo eram moídos entre duas placas de pedra, redondas e pesadas, com cerca de 45 cm de diâmetro. J z 10.1-5: T o l á e J a i r Estes não foram líderes militares. Tola "julg o u " ou foi líder de Israel durante 23 anos; Jair, durante 22 anos. Nada de maior importância aconteceu durante aquele período. • V . 4 E m hebraico, "jumentos" e "cidades" são palavras que têm som parecido. Trata-se, neste caso, de um jogo de palavras. J z 10.6—12.7: Jefté O território ao Sul de Israel estava sob o domínio dos filisteus, a Oeste, e dos amonitas, a Leste. O novo herói que se levantou para combater os amonitas foi o "bandoleiro" Jefté. N m 20—21 descreve os acontecimentos mencionados na discussão de 11.12-28. Na verdade, os moabitas tinham mais direito àquela terra do que qualquer outro povo, pois uma parte dela fora sua possessão até lhes ser tirada pelo rei Seom. Após a vitória e a tragédia que aconteceu logo depois (veja abaixo), Jefté teve que lidar com a inveja dos membros da poderosa tribo de Efraim. Enquanto Gideão usou palavras suaves para aplacar esses efraimitas indignados (8.1-3), Jefté recorreu à espada. Nos vaus do J o r d ã o , isto é, nos lugares onde se podia atravessar o rio Jordão, o sotaque dos efraimi-
245
tas, que não conseguiam pronunciar a palavra "chibolete", denunciava quem eles eram. > 0 voto de Jefté Esse voto mostra quão pouco os israelitas conheciam a Deus naquele tempo. Um sacrifício humano podia agradar aos deuses pagãos, mas jamais ao Deus de Israel (Abraão havia aprendido isto há muito tempo, e a lei de Deus o proibia: D t 12.31). Porém, apesar da ignorância e da forma equivocada, o voto foi feito de boa fé: Jefté entregaria "quem" (pessoa ou animal) saísse primeiro da casa dele para rir ao seu encontro. E ele cumpriu sua palavra, embora isto tenha lhe custado a vida de sua filha única. (Como Jefté era um filho ilegítimo que foi expulso de casa, ele com certeza valorizava sua casa e sua família. Seu sofrimento foi genuíno e a reação de sua filha é surpreendente: ela não permitiu que, por causa dela, o pai quebrasse a promessa feita a Deus.) Mas como pode um Deus moral associar-se a ações como esta e com pessoas como Jefté, Sansão e outros? ("Entendendo Juízes" considera algumas possíveis respostas.) Certamente não podemos descartar o fato de que os "heróis"
A vitória de Gidcão sobre os midianitas
G i d e à o conquistou a vitória c o m apenas 300 homens. Descendo pelo monte ( a o invés d e subir pelo vale) e à noite, no sinal as trôs divisões fizeram u m barulho ensurdecedor. O s midianitas pensaram que estavam cercados e fugiram atordoados.
Ufonlc de Harode: a bose de Gideãc-
Hmoikc MonS HGideâo divide
• o s homens de Gideflo execuiam • u,i surpresa
Elos iiiidianiuis fogem
246
A história
de Israel
Dalila teceu num tear as trancas d o cabelo de Sansão, na esperança d e tirar-lhe a força. Os teares eram verticais, conto este da foto, mas podiam ser, também, horizontais. A foto a direita mostra minas lie "Vsquclum. a cidade filistéia
onde Sansão matou 30 homens. A estátua e as colunas datam principalmente d o período romano.
do livro de Juízes eram pessoas de seu tempo, uma época, como a Bíblia deixa bem claro, caracterizada por decadência religiosa, em que as pessoas viviam distantes do padrão estabelecido na lei de Deus. Deus age por meio de homens As
façanhas
de Sansão
Hebrom
e mulheres, imperfeitos por natureza. Essas pessoas não são apresentadas como modelos: suas falhas, fraquezas e imoralidade são apenas registradas, não glorificadas, aprovadas ou maquiadas. Tudo que se louva é a fé e a coragem desses homens. Deus não se isola nem ignora um pedido de socorro, mesmo numa época de decadência que aparentemente não tem volta. Ele age, mesmo quando não tem ao seu dispor as pessoas "adequadas". E por causa disto, uma "idade de trevas" como a de Juízes pode ser seguida de um período de verdadeiro progresso espiritual. • Quarenta e dois mil (12.6) H á uma questão com relação ao significado de "mil" no hebraico que pode explicar os números surpreendentemente altos que encontramos em panes do AT. J z 12.8-15: I b s ã , E l o m e A b d o m Dois destes juízes ficaram conhecidos por causa de suas famílias, não havendo nada alem disso que fosse digno de registro. Eles servem como intcrlúdio antes da grande história seguinte. J z 13.1—16.31: S a n s ã o O herói na luta contra o inimigo do Oeste (veja 10.7) foi escolhido para a tarefa desde o momento da sua concepção. Para Sansão, o
Juízes
247
Entendendo Juízes P. Deryn Guest
Juízes contém algumas das histórias mais bem conhecidas da Bíblia. Como um livro repleto de ação, trazendo vários crimes de sangue e narrativas de traição e violência, ele chama a atenção, mas deixa o leitor incomodado com o seu conteúdo. O que fazer com a história de uma mulher que, após um estupro coletivo, é esquartejada (cap. 19)? Ou, então, a história de várias pessoas queimadas vivas dentro de uma fortaleza (9.42-49)? Talvez o que mais perturba as pessoas é o fato de Deus, muitas vezes, estar envolvido em algum desses episódios. Certamente, o livro apresenta um desafio éticoe teológico para todo e qualquer aspirante a intérprete da Bíblia. Uma resposta comum é dizer que esses fatos aconteceram numa época em que os israelitas estavam em crise política, social e religiosa. Chegados apenas recentemente à terra prometida, tinham dificuldades para manter o controle israelita, a unidade tribal e a pureza religiosa. Numa época turbulenta assim, seria inevitável que houvesse luta por causa de terras, conflitos tribais, e recaídas no paganismo, o que explica, até certo ponto, os atos macabros que ocorreram. Pode-se lamentar, mas estas eram, infelizmente, as condições vigentes naquela época.
No entanto, essa explicação dos elementos questionáveis do texto, situando-os num "período difícil de adaptação" para Israel, já não convence alguns leitores. É simplista demais, e não leva em consideração a data de composição do livro (posterior aos acontecimentos descritos) e sua importância para um público posterior. Porém, quando consideramos o texto sob este ponto de vista, surgem várias questões interessantes. • O texto tem um claro interesse em liderança. Para ser bem sucedida, a liderança deveria estar baseada na iniciativa de Deus. Líderes por conta própria, como Abimeleque, ou oportunistas, como Jefté, são retratados negativamente. Alguns também vêem no livro e seu desenvolvimento um forte preconceito contra a liderança do Norte. O cap. 19, em especial, menciona lugares e fatos relacionados com Saul: Gibeá (sua terra natal), benjamitas (a tribo de Saul), a concubina cortada em pedaços (Saul fez o mesmo com bois, ISm 11.7). O autor conta as suas histórias de uma maneira desfavorável às tribos do Norte e principalmente à dinastia de Saul. Disto pode-se deduzir que o autor tinha interesse político em destacar a monarquia davídica e interesse teo-
voto de nazireu (veja Nm 6) era vitalício. Ele, porém, tratou esse voto com uma negligênda que quase poderia ser caracterizada como desprezo, algo que, mais adiante, possibilitou a Dalila cortar-lhe a longa cabeleira que era o sinal de sua dedicação a Deus. A fraqueza moral privou esse valente da estatura espiritual e da força física, já que sua força lhe havia sido dada por Deus para um propósito específico. Ao contrário das campanhas dos outros juízes, a luta de Sansão foi a batalha de um homem só. Até seu próprio povo ficou contra cie (15.11). Mas os filisteus avançavam sobre o território de
lógico em incentivar uma monarquia que reconhecia a ampla soberania de Deus. • As narrativas advertem contraaassimilação. A narrativa se passa numa época em que Israel vivia rodeado por estrangeiros. A ameaça era que, pelo contato com estes, o povo perdesse a sua identidade. O livro de Juízes mostra como essa ameaça se tornou realidade. Nos capítulos finais, a inversão está completa, quando um local de culto pagão é estabelecido em Israel, com imagens proibidas e um sacerdote mercenário. Assim, Juízes serve de lição de história para um público posterior, advertindo contra tais erros. • O livro descreve a desintegração da unidade tribal. Começa com a repreensão que Débora faz a certas tribos por não ingressarem na coalizão e termina com uma guerra civil. Portanto, a desunião tribal é identificada como a característica principal deste período de fracasso. Assim o autor mostra à sua própria geração o que não fazer para viver bem naquela terra. • O autor defende a liberdade soberana de Deus. Isto se vê no controle que Deus exerce sobre os juízes fracos e às vezes indignos, para
Israel (eles continuariam a ser uma grande ameaça a Israel até o tempo de Davi, quando foram dominados). Nesse tempo, muitos membros da dibo de Dã já haviam se mudado para o Norte (Jz 18), sendo que Sansão era um dos poucos que haviam permanecido no território que a tribo recebera originalmente. O avanço dos filisteus se dava por infiltração ao invés de guerra declarada. Ao casar-se com uma filistéia, Sansão parece entrar no jogo dos inimigos. Mas suas façanhas subseqüentes trazem o perigo à tona e a inimizade ao ponto de confrontação. • 14.3 Dos vizinhos de Israel, os filisteus eram
248
A história
de Israel
atingir os seus próprios objetivos. Isto também é expresso na sua capacidade de agir ambiguamente; por exemplo, ao enviar mais de 40.000 homens à morte, no cap. 20. É um tanto incômodo ver Deus envolvido em tal ato, e isto levanta questões morais significativas. Porém, este comportamento ambíguo demonstra que não se pode esperar que Deus aja automaticamente de acordo com as exigências e expectativas humanas. O autor mostra como Israel tentou usar Deus para seus próprios fins, e que somente viram que a palavra de Deus éfiel quando reconheceram a escolha de Deus naquela situação. Tentar fazer com que Deus "defenda a nossa causa" é um erro que o livro de Juízes desmascara, e muito bem.
um problema. Na tentativa de lidar com tais questões, surgiram diferentes estratégias de leitura. Uma é a abordagem feminista, que não concorda com a ideologia transmitida nem tenta justificar os fatos que descritos. Por exemplo, a personagem de Dalila faz parte do imaginário cultural como uma femmefatale ou mulher sedutora e traiçoeira. A história transmite a mensagem de que a mulher estrangeira e sexualmente independente é uma armadilha para os homens bons. Como observou Cheryl Exum, as pinturas de Moreau, Rubens e Solomon basearam-se neste difundido preconceito contra a personagem sedutora ao acrescentarem à narrativa bíblica detalhes como a sedução carnal de Dalila, sua condição de prostituta, seus sentimentos de triunfo quando Sansão é capturado. Assim, a mensagem negativa da Há outras características, é claro, história é mantida e reforçada. A persmas a preocupação principal em tudo isso é a questão de identidade. pectiva feminista resiste à tendência de "concordar com" o texto e levanta Através de cada uma das narrativas, o autor transmite aos leitores do seu outras questões, outras possibilidades de leitura. tempo os seus ideais de como Israel deveria valorizar e preservar determiEstão surgindo, também, outras nada forma de identidade nacional. abordagens, que reconhecem pleInterpretar Juízes desta maneira pode namente que se trata de atos repugdiminuir o impacto de várias das hisnantes e levam a sério o desafio ético tórias chocantes. que o intérprete moderno enfrenta. No entanto, não se pode ignorar Alguns estudos levam em conta a a influência cultural que a Bíblia teve dinâmica de honra e vergonha, tão e ainda tem. E, mesmo que se trate presente no mundo antigo. Outros de estupro e assassinato em nível articulam uma resposta masculina. literário, as práticas e os preconceiAs questões problemáticas levantos (contra os estrangeiros, contra tadas pela leitura do livro de Juízes mulheres) no texto continuam sendo estão sendo expostas de maneiras
novas e criativas, e este é um avanço bem-vindo e estimulante à medidt que a interpretação desse texto desafiador está sendo reconsiderada em nossos dias.
os únicos que não praticavam a circuncisão (geralmente feita na puberdade). • 14.4 O comentário do editor atribui a responsabilidade a Deus. já que Deus é soberano. Mas isto não justifica o fato de Sansão desobedecer a lei de Deus e casar-se com tuna pagã (Êx 34.16) ou desrespeitar seus pais (Êx 20.12). Deus não lhe tirou liberdade de escolha. • O casamento d e S a n s ã o Esse casamento foi formalmente arranjado pelos pais de Sansão. No entanto, ao invés da noiva mudar-se para a casa de Sansão, como normalmente se fazia,
Juízes
ela ficou com sua própria família e seu marido ia visitá-la, levando-lhe presentes. Devido ao engano por causa do enigma, o casamento não foi consumado ao final da festa de sete dias. Numa tentativa de diminuir a vergonha da noiva, foi arranjado às pressas um segundo casamento com o companheiro de honra ou padrinho de casamento de Sansão. • Trezentas raposas (15.4) É mais provável que se tratasse de chacais, que caçam em bandos e seriam mais fáceis de capturar em grande número, e não tanto d e raposas, que vivem isoladas umas das outras. > Dalila (16.4) A exemplo dos outros amores de Sansão, Dalila provavelmente era uma mulher filisteia. Justa ou injustamente, assim como "Sansão" representa um "homem forte", "Dalila" veio a ser o nome dado àfemmefatale ou mulher irresistível ("Entendendo Juízes"). Tanto ele quanto ela eram igualmente inescrupulosos na sua maneira de usar as outras pessoas.
Jz 17—21
Um tempo em que cada um o que bem queria
fazia
Este seção final difere d o restante de Juízes. 0 autor deixa de lado os heróis de Israel e focaliza dois incidentes que ilustram o baixo nível da religião e moralidade nos dias sem lei durante os quais Israel não tinha governo central e "cada u m fazia o que achava mais reto" (21.25).
do um lugar para morar" (17.8). Ele vendeu seus serviços a Mica, depois roubou os objetos sagrados d o patrão e os repassou à tribo de D ã , que estabeleceu um novo templo no Norte, para competir com Siló, o verdadeiro centro religioso de Israel nessa época. • 18.30 O "cativeiro" é supostamente uma referência à destruição do reino d o Norte, o reino de Israel, no tempo dos assírios. Tratase, ao que parece, de uma inserção posterior feita por um editor d o texto. J z 19—21: E s t u p r o e m G i b e á ; os benjamitas são castigados A tradicional e calorosa hospitalidade d o pai da concubina contrasta c o m a falta de hospitalidade e m Gibeá. A bondade daquele velho e o que se passou e m seguida tem muitas semelhanças com a história de Ló e os homens de Sodoma ( G n 19). A l i também, comparada com o respeito devido a um convidado de honra, uma mulher não valia nada. Mas, neste caso, não houve nenhuma presença de anjos que pudesse salvar a concubina do terrível estupro coletivo. Então, num segundo caso de atrocidade, o marido cortou o corpo da concubina em doze pedaços, que foram usados para convocar as doze tribos para executar vingança (cap. 20).
Q u a n d o os benjamitas se recusaram a entregar seus companheiros (os homens de Gibeá), explodiu uma guerra civil. O resultado foi a quase extinção da tribo de Benjamim, e grande luto nacional. O cap. 21 mostra até onde as tribos chegaJz 1 7 — 1 8 : O í d o l o d e M i c a ; ram para reparar o voto precipitado feito em a tribo d e D ã m u d a - s e p a r a Mispa (21.1). o Norte O autor não tem necessidade de tirar uma Esta história ocorreu n u m período em que lição moral: basta a simples afirmação d o v. a pressão dos filisteus, ao S u l , causou uma 25. O livro no seu todo mostra as conseqüênmigração cm massa dos danitas para o extrecias desastrosas da falta de autoridade, quanmo norte de Israel. A imagem feita p o r Mica do as pessoas se tornam a lei para si mesmas, era estritamente proibida pela lei que os leviestabelecendo seus próprios padrões de toletas deveriam aplicar ( Ê x 20.4). O u t r a coisa rância e permissividade. estritamente p r o i b i d a era usar uma "esto• 1 9 . 2 8 Supõe-se que a concubina estivesse la" (veja o comentário sobre 8.27) e ídolos morta, embora isto não seja dito com todas as do lar para adivinhação. E M i c a não tinha letras (no texto grego da Septuaginta, há um o direito de escolher o j o v e m levita para ser acréscimo que deixa isso bem claro). sacerdote. • 20.1 A expressão "desde Dã até Berseba" (do Esta história, e a seguinte, mostram que os extremo Norte ao extremo Sul) passou a ser levitas, especialmente escolhidos para serviuma forma de referir-se a todo o território. rem a Deus, haviam se tornado tão corruptos • 2 0 . 1 7 Veja a nota anterior sobre números e egoístas quanto o resto d o p o v o . Eles tamaltos. bém faziam o que bem queriam. • 2 0 . 3 6 - 4 0 Os detalhes da batalha lembram a Os levitas h a v i a m recebido cidades só estratégia usada na conquista de A i (Js 8). deles, mas aqui estava um levita "procuran-
251
RUTE Este calmo relato da vida cotidiana difere em muito da guerra e dos conflitos que aparecem em Juízes, que é o período em que se passa a história de Rute. Sem dúvida, muitas pessoas daquele tempo levaram uma vida normal e pacífica como a que é descrita neste livro. E embora a religião geralmente estivesse em baixa, o livro de Rute deixa claro que a fé pessoal de muitos em Israel permanecia vigorosa. De todos os livros da Bíblia, Rute é especial por nos dar o ponto de vista da mulher. Na sociedade da época, em termos de sustento a mulher era completamente dependente do pai ou do seu marido. Ela só podia herdar propriedade em circunstâncias excepcionais e sob regras bem rígidas (Nm 36). Assim, esta narrativa começa com três mulheres que, em termos humanos, estavam desamparadas e dependiam da caridade dos outros. O que essa história revela, em seguida, e para nossa surpresa, pois se passa num contexto em que religião era sinônimo de poder, é a forma especial como Deus cuida dos "necessitados".
Resumo A história de uma jovem estrangeira cuja coragem e devoção lhe renderam um lugar na história de Israel, na linhagem do rei Davi.
R t 1.6-22: A v o l t a para Belém Chegaram notícias de que a fome havia acabado. As noras de Noemi a acompanharam na saída. Chegou, "Onde então, a hora de dizer adeus. Orfa, cheia de quer que fores, irei cu tristeza, acabou cedendo à pressão de Noemi e, onde quer que e voltou para casa, possivelmente casar-se pousíires, ali pousarei eu; de novo. Rute, porém, não quis deixar que o teu povo é Noemi enfrentasse a velhice sozinha. Ela o meu povo, o teu Deus é o meu escolheu o povo de Noemi e, mais imporDeus. Onde quer que tante do que isso, o Deus de Noemi. As duas morreres, morrerei eu e ai serei sepultada." chegaram a Belém em abril. A colheita de cevada parecia promissora, mas elas não Rt 1.16-17 tinham campos para ceifar. R t 2: R u t e e n c o n t r a u m p r o t e t o r V i ú v a s não tinham muitas opções de g a n h a r a v i d a , e Rute e N o e m i eram pobres. Mas a lei ( L v 19.9-10) determinava que os pobres podiam rebuscar espigas, isto é, i r atrás dos t r a b a l h a d o r e s e catar
Aqui Deus está intimamente preocupado com questões menos importantes. É ele quem ordena todas as circunstâncias do cotidiano, até para as pessoas mais insignificantes. E assim a fé recente de uma jovem moabita e o amor sacrificial que teve pela sua sogra são inseridos no grande quadro do plano divino de salvação. Afinal, de Rute descendeu o rei Davi, e da linhagem de Davi veio o próprio Messias. Rt 1.1-5: " F a m í l i a f o g e para e s c a p a r d a f o m e ! " Quando damos uma manchete moderna para esta história, logo sentimos o impacto dos fatos terríveis descritos neste livro. A possibilidade de morrer de fome levou esta família de refugiados a deixar sua terra natal. Longe de casa, o chefe da família e seus dois filhos morreram, deixando três viúvas desamparadas. Era uma situação desesperadora, especialmente para Noemi. • Vs. 1-2 A distância de Belém a Moabe, d o outro lado do mar M o r t o (mais para o S u l ) , era de aproximadamente 80 km.
As viagens de Rclcm a Moabe e de volta a Belém.
MOABE Píígina oposta: Enquanto a cevada era cortada, Rute recolhia as espigas que ficavam caídas no chão.
252
A história
de Israel
Um retrato de Rute Frances Fuller
Rute, a heroína de uma história amada por milhares de pessoas, era moabita de nascença. Moabe, é bom lembrar, nasceu de um relacionamento incestuoso que Ló teve com a filha dele. Em razão disso, aos olhos dos hebreus, Rute era de uma linhagem que trazia a marca da vergonha. A história de Rute tinha tudo para ser uma história triste. Porém, como Rute se responsabilizou pela sua vida, a história acabou tendo um dos finais mais felizes em todo o AT. Rute casou com Malom, um hebreu que, durante um período de fome em Judá, mudou-se para a terra de Moabe, juntamente com o seu pai Elimeleque, sua mãe Noemi, e seu irmão Quiliom. Acontece que os três homens morreram, deixando três viúvas. Noemi agora não tinha como sobreviver em Moabe e decidiu voltar para Belém, a sua terra natal. Rute e Orfa, as noras, amavam Noemi profundamente e decidiram ir com ela. Quando já estavam a caminho, Noemi insistiu com as duas para que voltassem para casa, em Moabe, onde poderiam encontrar um novo marido e uma nova vida. Por fim, Orfa concordou. Deu um beijo na sogra e voltou, chorando. Rute, porém, não arredou pé e jurou ficar ao lado de Noemi para sempre. Em se tratando
do compromisso que uma pessoa assume em relação a outra, as belas palavras que Rute disse a Noemi não têm paralelo na literatura judaica e cristã. Rute prometeu morar onde Noemi fosse morar. Queria adorar o Deus dela, e pediu para ser enterrada ao lado da sogra. A emoção contida nestas palavras revela que Rute entendia o risco que estava correndo. Ela seria uma estrangeira em Judá. Por não terem marido, ela e Noemi não teriam segurança nem status social. Ela teria que se adaptar a novos costumes. E certamente teria saudades de casa. Não havia nada que forçasse Rute a enfrentar essas dificuldades, a não ser o relacionamento com Noemi, que ela tanto prezava. Ela amava profundamente e sabia que poderia ser leal ao que lhe era mais importante na vida. Em Belém, Rute tornou-se respigadeira. Para conseguir comida para si e Noemi, catava as espigas deixadas nos campos pelos ceifadores. Sendo uma mulher estrangeira e sozinha, precisava ter cuidado, ficar perto de outras mulheres e jamais olhar para os jovens que trabalhavam por perto. Noemi tinha amigos em Belém, e falou-lhes sobre sua nora formidável. Esses elogios chegaram a Boaz,
as espigas que fossem caindo. Por "acaso", num campo aberto e comum, Rute apanhava as espigas na parte que pertencia a Boaz, parente de Elimeleque. A generosidade de Boaz foi além do que a lei prescrevia ( v s . 9,14-16) e de abril até j u n h o , primeiro na colheita de cevada c depois na colheita do trigo, Rute colheu o cereal de que precisava para fazer pão. • Um efa d e c e v a d a (17) O efa era uma medida grande com capacidade para cerca de 22 litros. Rute colhera cerca de 25 kg d e
um parente. Ele decidiu protege: Rute e mandou que seus empregados deixassem cair espigas para ela. Ao ouvir isto, Noemi formulou um plano. Então Rute, com humildade e coragem, seguiu o plano de Noemi culturalmente correto, embora arriscado, e ofereceu-se para ser espos; de Boaz. O plano deu certo, porquec nobre Boaz fez o que era certo come parente mais próximo do esposo ds uma viúva. Toda a comunidade aprovou aque- j le casamento e os abençoou, evocando os nomes das matriarcas Raquel ei Lia e conectando, assim, Rute como povo de Israel. Quando o casal teve um filho, as amigas de Noemi ficararr felizes com ela. Elogiaram Rute, dizendo que, para Noemi, ela era melhor do que sete filhos. Essas mulheres deram nome ao menino, chamandoo de Obede. Este viria a ser o pai de Jessé e avô de Davi. Portanto, Rute. uma moabita, entrou na árvore genea-1 lógica de Jesus, o Messias.
cevada ( N T L H ) com seu próprio esforço e a generosidade de Boaz. Rt 3 : U m marido para Rute Pela lei do levirato (mencionada por Noemi em 1.11-13), quando um homem morria sem filhos, seu irmão devia gerar um herdeiro para ele, casando com a viúva. Esta lei estendia-se ao parente mais próximo, e daí veio o plano de Noemi. Rute, com o gesto mencionado no v. 7, estava reivindicando esse direito. U m complicador era o fato de que Boaz, na verdade,
II
não era o parente mais próximo de Elimeleque, mas ele prometeu interessar-se pelo caso. • V. 9 "Estender a capa" sobre alguém simbolizava compromisso de casamento (veja Ez 16.8). Rt 4 . 1 - 1 2 : O a c o r d o A porta da cidade era o local onde se realizavam reuniões importantes. Também era o lugar onde eram concluídas publicamente transações de natureza jurídica, como o caso presente. D e z pessoas importantes da cidade (v. 2) formavam um " j ú r i " adequado que poderia decidir questões legais. Além desta obrigação de gerar um herdeiro para d a r continuidade ao nome do falecido, o parente mais p r ó x i m o também devia comprar suas terras, para mantê-las na família. Boaz discutiu primeiro a questão das terras; depois, a questão da v i ú v a . O parente mais próximo (que não era Boaz) estava disposto a comprar as terras, para acrescentálas a sua própria herança. Mas quando soube que elas passariam, na verdade, para Rute e seu filho e que ele teria que cuidar de Rute, declarou-se incapaz de fazer a compra. • Antigamente (v. 7) Este costume antigo não vigorava mais na época em que o livro foi escrito. • Perez (12) Este antepassado de Boaz era o filho que Tamar teve com J u d á , seu sogro. Tamar, estrangeira como Rute, recorreu a isto porque J u d á negou-lhe n o v o casamento e recusou-se a obedecer ao costume mais tarde formalizado como a lei do levirato ( G n 38). Rt 4 . 1 3 - 2 2 : O f i l h o d e R u t e ; a linhagem real Este é u m verdadeiro final feliz para uma história que teve um começo tão triste. O próprio Boaz ajudou a cumprir aquilo que ele, em
Rute e N o e m i c h e g a r a m a Belém n a época d a colheita d a c e v a d a , q u a n d o Rute podia recolher espigas tios c a m p o s . Ela se a p r o x i m o u d e lloaz e n q u a n t o ele d o r m i a na e i r a , a o l a d o d o monte d e c e v a d a .
oração, havia pedido para Rute em 2.12. Os votos de felicidade das autoridades (4.12) se tornaram realidade. Deus recompensou Rute com um marido e um filho. E Noemi encontrou consolo para sua tristeza naquele neto. Quando Deus intervém, os acontecimentos comuns do dia a dia passam a ter um significado extraordinário. Obede, filho de Boaz e Rute, veio a ser. o avô do fundador da linhagem real de Israel ( D a v i ) , da qual viria o Cristo, como ser h u m a n o , n o u t r o nascimento ocorrido em Belém.
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A história
de Israel
Uma história do ponto de vista feminino Richard llauckham
Em tempos recentes, interpretações feministas da Bíblia têm chamado a atenção para o fato de que a Bíblia é escrita do ponto de vista masculino. Nas narrativas do AT, por exemplo, a maioria dos personagens é homens, e a maior parte do espaço é ocupada por atividades que, no Israel antigo, envolviam primordialmente homens, como é o caso da guerra e da política. O leitor vê os acontecimentos — e as mulheres que aparecem nas histórias — através dos olhos dos homens israelitas. Homens e mulheres exerciam papéis sociais diferentes no Israel antigo, e as estruturas de autoridade eram dominadas pelos homens. Logo, não podemos supor que as preocupações e os interesses das mulheres eram idênticos aos deles. Temos, em grande parte, uma perspectiva unilateral das coisas. Mas há pontos em que esta perspectiva predominantemente masculina é interrompida por uma perspectiva autenticamente feminina. O exemplo mais claro é o livro de Rute. Ele conta história de duas viúvas, Noemi e Rute, sendo esta a dedicada nora daquela. Como acontecia com a maioria das viúvas, elas não tinham nenhum suporte econômico. E o livro de Rute é a história da solidariedade entre duas mulheres e de sua inteligência para assegurar um futuro, apesar de tudo o que parecia conspirar contra elas. Percebe-se nitidamente a lealdade mútua, a independência e a iniciativa que tiveram, dentro das opções limitadas disponíveis na sociedade em que viviam. Foi Rute, seguindo a sugestão de Noemi, quem acabou pedindo Boaz em casamento. Ele aceitou a proposta de bom grado, mas foi a iniciativa das mulheres que levou ao acontecimento que assegu-
raria o futuro delas: o nascimento do filho de Rute. A história ilustra como a sociedade da aliança de Deus, Israel, devia funcionar para beneficio dos desamparados. As leis formuladas para ajudar viúvas e estrangeiros (Rute era viúva e estrangeira) foram colocadas em prática como se esperava que fossem. Isto aconteceu porque os três personagens principais, com responsabilidade e cuidado de uns para com os outros, se valeram dessas leis para benefício de Noemi e Rute. Somente numa ocasião a perspectiva predominantemente feminina em todo o livro é deixada de lado. A transação legal que possibilita a Boaz casar-se com Rute e dar um herdeiro ao falecido Elimeleque, que poderia herdar a pequena propriedade da família, é realizada numa reunião dos homens de Belém (4.1-12). Questões legais eram responsabilidade dos homens, e aquela transação reflete preocupações tipicamente masculinas: dar um herdeiro homem a Elimeleque, assegurar a herança da terra através da descendência masculina, e dar filhos ao próprio Boaz. Mas essa cena em que predominam os homens é seguida por outra dominada pelas mulheres (4.13-17), na qual o nascimento do filho de Rute é visto não em termos legais, mas em termos práticos, numa cena cheia de emoção e sentimento. A dedicação de Rute a Noemi ("tua nora que te ama e que te é melhor do que sete filhos") resultou no nascimento de um filho que seria o sustento de Noemi na sua velhice. Esta justaposição das duas perspectivas no mesmo incidente mostra quão diferentes são as perspectivas masculina e feminina, e destaca o fato de que esta história como um todo foi contada do ponto de vista feminino.
A história de Rute nos mostra urra» sociedade na qual as estruturas for-i mais de autoridade são masculinas.; mas na qual as mulheres exercem poder considerável na esfera do lar — a principal unidade social e econômica da sociedade. Começamos a perceber que uma: história contada do ponto de vista masculino, retratando principalmente aspectos da sociedade em que aparecia a liderança dos homens, tende a fazer com que a própria socieda-1 de pareça ser mais dominada pelos homens do que realmente é. Somente j do ponto de vista feminino podemos I perceber até que ponto as mulheres eram as verdadeiras protagonistas de I acontecimentos significativos. O livro de Rute nos dá uma visãc diferente do Israel antigo, visão esta que complementa, e até corrige, a perspectiva essencialmente masculi- [ na que aparece nas outras histórias do AT. Mas, com este ponto de par- I tida, podemos ver o resto da história ; do AT também através dos olhos das I mulheres, assim como já as vemos através dos olhos dos homens. Podemos identificar passagens em Gênesis nas quais a perspectiva das matriar- | cas substitui a dos patriarcas (Gn 16; I 21.6-21; 29.31—30.24). Mesmo onde a perspectiva masculina é dominante, I podemos suprir a perspectiva feminina ao ler nas entrelinhas e preencher as lacunas. Deste modo, Rute pode ter para todos nós — homens e mulheres — a importante função de revelar novas maneiras de ler o resto da história bíblica. :
Resumo A transição de juízes para reis: os reinados de Saul e Davi.
1 E2SAMUEL
íSm 1—7 Samuel, o último dos juízes, abre o caminho para os reis. 1Sm8—31
Na Bíblia hebraica, estes dois livros eram originalmente um volume só. Eles relatam a história de Israel do final do período dos juízes ao final do reinado de Davi, o segundo e maior rei de Israel. Isto corresponde a um período aproximadamente 100 anos (cerca de 1075-975 a.C). Esta é essencialmente uma história religiosa: a história de Deus e seu povo, ou, para ser mais exato, a história de Deus e dos líderes do povo. A fidelidade a Deus é vista como a chave do sucesso, e os problemas começam quando se desobedece a Deus. Os dois livros se chamam pelo nome de Samuel, que não é necessariamente o autor, mas o personagem principal dos primeiros capítulos, o homem encarregado por Deus de ungir os primeiros reis de Israel. Foi ele quem ungiu primeiro Saul e depois Davi. É possível que o autor (ou os editores) se baseou em material escrito pelo próprio Samuel (ÍSm 10.25) e pelos profetas que vieram depois dele (1 Cr 29.29). Os poemas de Davi são citados em 2Sm 1.19-27; 22.2-51; 23.2-7. Os livros de Samuel são cheios de drama e mostram que o autor era um grande contador de histórias. Devem ter sido escritos e compilados algum tempo após a divisão do reino (há várias referências ao reino separado de Judá, mas o povo ainda não estava no exílio: veja, por exemplo, ÍSm 27.6). Portanto, é provável que os livros assim como os conhecemos tenham sido escritos por volta de 900 a.C, e não antes disso. Há momentos em que parece haver
certa duplicação, ou seja, vários relatos do mesmo acontecimento (p. ex., duas vezes a vida de Saul é poupada; as duas ocasiões em que Samuel anunciou que Deus havia rejeitado Saul). Também é possível que sejam acontecimentos diferentes, embora semelhantes, relatados para enfatizar certos temas, sendo a repetição usada como técnica literária.
O reinado de Saul Histórias mais bem conhecidas Ana e seu filho (ÍSm 1—2) O menino Samuel (ÍSm 3) A escolha de Davi (ÍSm 16) Davi e Golias (ÍSm 17) 2Samuel
O reinado de Davi Passagens e histórias mais bem conhecidas A lamentação de Davi (2Sm 1)
Deus promete uma dinastia eterna (2Sm 7) Bate-Seba QSm 11)
O texto hebraico (massorético) e o texto grego (Septuaginta) nem sempre estão de acordo. Entre os rolos do mar Morto foi encontrado um manuscrito hebraico de parte de 1 Samuel, e esse manuscrito é mil anos mais antigo que o texto massorético que conhecemos. O fato de esse texto encontrado junto ao mar Morto concordar, por vezes, com a tradução grega da Septuaginta e não com o texto hebraico tradicional (massorético) pode indicar que, em alguns pontos, o texto grego está mais próximo do original hebraico do que o texto massorético. T u d o que hoje se p o d e v e r n o lugar
Í S m 1—7 0 profeta
o n d e ficava Siló é u m montão d e
Samuel
pedras. N o tempo de E l i , o santuário
1 S m 1: A t r i s t e z a d e A n a Na Bíblia, quando Deus tem um propósito especial para uma pessoa, geralmente há algo especial relacionado ao nascimento dela. Ana não foi a única a sofrer por causa da infertilidade. Sara e Rebeca, no AT, e Isabel, no Novo, passaram pelo mesmo problema. Isaque, Jacó e João Batista, a exemplo de Samuel, nasceram como resposta de Deus a muitos anos de oração. Cada um teve um papel especial no grande plano de Deus. Q u a n d o Deus deu a Ana o filho que ela tanto queria, deu também a Israel
de S i l ó era uma estrutura mais ampla .onde os israelitas se reuniam para o culto. E m outras palavras, hão era simplesmente a Tenda d o período e m que peregrinaram pelo deserto, mas u m p r é d i o que podia ser chamado d e "templo" (muito antes d o Templo de Jerusalém ser construído).
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A história
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xo de todo o esplendor do caráter de Deus. Deus havia mudado a sorte dela (1). As provocações de Penina foram silenciadas (3,5). 0 vazio, a miséria e a vergonha se foram, para dar lugar a vida, alegria, honra. E o que Deus pode fazer por uma pessoa, ele pode fazer e fará por todo o seu povo. • Sepultura ( 6 ) O sombrio mundo dos mortos (NTLH). • S e u u n g i d o / seu rei (10) Palavras proféticas inspiradas que foram ditas por Ana. Também é possível que os vs. 2-10 sejam parte de um salmo acrescentado pelo autor do livro, que viu nele u m texto de modo especial adequado à situação de Ana.
Ana expressou seu anseio e sua angústia e m oração n o santuário de Deus. N a foto aparece u m a mulher solitária na área d o T e m p l o d e Jerusalém.
o último e o maior de todos os juízes, o primeiro grande profeta após Moisés, e o homem que introduziria a monarquia em Israel. • V . 3 Siló, o lugar onde Josué erguera o tabernáculo de Deus (Js 18.1), foi o centro de adoração no período de Juízes. O "templo" como tal (v. 9, ARA) só viria a ser construído na época de Salomão. • O voto d e A n a ( 1 1 ) 0 menino foi dedicado a Deus por toda a vida pelo voto de nazircu (veja N m 6, e compare com a ordem dada aos pais de Sansão em J z 13). • Seus lábios se m e x i a m (13) Era comum orar em voz alta. Eli imediatamente tirou a conclusão errada. A vida religiosa devia estalem franca decadência, se os fiéis vinham ao tabernáculo embriagados. Compare com a conduta dos próprios filhos de Eli (2.12-17). • V . 2 4 Os filhos eram desmamados aos 2 ou 3 anos de idade. I S m 2.1-10: O c â n t i c o d e A n a O cântico de A n a encontra eco no cântico de Maria, no N T (Lc 1.46-55). No pequeno espelho de sua própria vida Ana viu o refle-
I S m 2.11-36: O e s c â n d a l o dos filhos de Eli Os sacerdotes tinham direito a uma parte das ofertas sacrificiais (veja Nm 18.8-20; Dt 18.1-5). Mas o que acontecia neste caso era uma perversão da lei. Os filhos de Eli tomavam para si os melhores cortes antes mesmo da oferta ser entregue a Deus (15). Além disso, estavam introduzindo a prostituição no culto a Deus, segundo a pior tradição da religião dos cananeus (22). Quando Eli morresse, esses dois seriam os "líderes religiosos" da nação, e tudo que Eli conseguia fazer era refletir c reclamar com eles! I S m 2.27-36: a previsão do profeta se cumpriu com a morte dos filhos de Eli na batalha em Afeca (4.11). No tempo de D a v i , o sacerdócio passou da família de Eli para a linhagem de Zadoque (2Sm 8.17). • Estola sacerdotal d e linho (18) U m manto usado pelos sacerdotes (veja v. 28). • O S E N H O R queria matá-los ( 2 5 ) O autor se expressa desta forma, porque Deus é soberano em todas as circunstâncias. Também é verdade que a morte deles foi resultado direto da decisão de desobedecer a Deus. A Bíblia não vê conflito entre a soberania de Deus e nosso livre arbítrio. Veja Êx 4.21. • V . 2 6 Compare I.c 2.40,52. I S m 3: S a m u e l r e s p o n d e ao chamado de Deus De madrugada (antes do óleo da lamparina acabar, como acontecia ao amanhecer), quando estava de serviço perto da arca da aliança, dentro da Tenda Sagrada, Samuel ouviu pela primeira vez a v o z de Deus. Era uma mensagem de j u í z o para Eli. Daquele momento em diante, Samuel foi o mensageiro de Deus, e todo o povo sabia
I e
2Samuel
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Ana Frances Fuller
Ana desejava tanto ter um filho que isto a atrapalhava em suas oportunidades de cultuar a Deus. Especialmente naqueles momentos ela sentia que Deus lhe negara uma necessidade básica. Penina, que tinha filhos, sabia disto e zombava dela. Elcana, seu marido, demonstrava seu amor por Ana na frente de Penina e isto só piorava as coisas, intensificando o ciúme. Eles estavam no tabernáculo, em Siló, para oferecer um sacrifício a Deus e fazer uma refeição de celebração, mas Ana chorava e não tinha vontade de comer. Certa vez, depois desses acontecimentos, Ana se afastou para um lugar onde pudesse expor a sua amargura diante de Deus. Orou com grande emoção, chorando e movendo seus lábios. Silenciosamente, rogou a Deus. não por um milagre, mas a penas para q ue a natureza agisse, para que da semente de seu marido lhe nascesse um filho. E ela prometeu que devolveria este filho a Deus. Seu comportamento foi tal que Eli, o sacerdote, ao observála, a repreendeu, dizendo que estava bêbada. Ana defendeu-se e contou a Eli seu sofrimento, e ele também orou por ela. Então Ana encontrou paz e pôde comer. Quando Deus respondeu a oração de Ana, Elcana deve ter reconhecido que aquele menino era, de forma toda especial, o filho de Ana. Ele deixou que ela tomasse todas as decisões com relação a ele. Ela lhe
deu o nome de Samuel, que significa, "Deus ouve", e explicou: "Do SENHOR o pedi". E disse a Elcana que quando desmamasse o menino ela o levaria a Siló e o deixaria ali para sempre. Elcana era levita (ICr 6.25-26). Assim, mais cedo ou mais tarde seu filho serviria no sacerdócio, mas isto só era exigido a partir dos 25 anos de idade. Ana queria que ele vivesse no
local de culto desde a infância, para estar ciente da presença de Deus e ser totalmente dedicado a ele. Assim, quando Samuel tinha cerca de três anos, Elcana foi com ela e a criança a Siló. Levavam consigo um boi, que seria sacrificado no culto de dedicação de Samuel a Deus. Ela explicou a Eli que este era o menino que pedira a Deus e que ela o esta-
va devolvendo, não por um período de tempo, mas por toda a sua vida, naquele exato momento. E o deixou ali aos cuidados do velho sacerdote, talvez auxiliado pelas mulheres que serviam no tabernáculo. Tendo dedicado, com alegria, aquilo que de mais precioso tinha em sua vida, Ana conseguiu orar e prestar culto. Agora ela transbordava de júbilo, e não de amargura. Regularmente ela retornava à casa do Senhor, e todas as vezes levava para seu filho em fase de crescimento um novo manto de linho que fizera. E embora Ana não tivesse pedido mais nada a Deus, ele lhe deu mais três filhos e duas filhas. E a criança que ela colocou no caminho espiritual tornou-se um grande profeta, trazendo a palavra de Deus a seu povo e ungindo reis.
A história
de Israel
disso, desde Dã, no extremo norte, a Berseba, no extremo sul, j u n t o ao deserto. • J o v e m (ARA) / M e n i n o ( N T L H ) ( 1 ) Samuel ainda não era adulto, mas a palavra hebraica não indica qual era exatamente a idade dele. • V . 10 Deus estava tão perto que se pode dizer, em termos humanos, que ele "ficou ali" ( N T L H ) . Mas é claro que Samuel não o viu literalmente. I S m 4.1-11: O s filisteus tomam a arca da aliança A arca da aliança (veja F.x 25—27) era o bem mais precioso de Israel, guardada no Lugar Santíssimo da Tenda S a g r a d a . D e n t r o dela ficava uma cópia da lei. Sua tampa era o p r o piciatório, símbolo da presença de Deus. Mas nesta ocasião o povo quis fazer dela um talismã, a proteção suprema contra o inimigo. O resultado foi u m desastre total: o exército foi derrotado e a arca caiu nas mãos dos filisteus. • Filisteus (1) Veja "Cananeus e filisteus". I S m 4.12-22: E l i m o r r e ao ouvir notícia r u i m A Arca nunca mais retornou a Siló. O texto não diz, mas é provável que, após sua vitória, os filisteus tenham destruído a cidade de Siló (veja J r 26.6). Estes versículos registram o cumprimento do j u í z o de Deus sobre a família de Eli (2.27-36; 3.11-14). Coube à mulher de Finéias, que morreu quando dava à luz u m filho, dar toda a dimensão da tragédia: "foise a glória de Israel", com a perda da arca da aliança. A nação ficou desolada.
• V. 12 A distância era de 32 km aproxi-1 madamcnte. • V. 18 O portão da cidade era o local onde I o "tribunal" se reunia e pronunciava as suas sentenças. A maior parte dos juízes de Israel pode ser í descrita como chefes militares (veja Juízes), j Mas os dois últimos, Eli e Samuel, foram líderes religiosos c administradores de justiça. I S m 5: U m t r o f é u p e r i g o s o Para os filisteus, foi Dagom, o deus deles, I quem lhes dera a vitória. Assim, colocaram a arca da aliança peno da imagem desse deus, como um I troféu de guerra. Mas Dagom não podia competir com o Deus de Israel. Deus não é um ídolo, um I objcio inanimado. Depois de uma noite, a ima- | gem de Dagom foi encontrada caída com o rosto [ no chão, como num ato de adoração. Depois da segunda noite, a imagem apareceu sem a cabeça e os dois braços, como se faria com um rei capturado. Depois, o poder de Deus saiu do templo e caiu sobre o povo na forma de peste (peste bubó- I nica, transmitida pela pulga do rato; veja o v: 6: 6.4). i-cvar a arca para outros lugares apenas con- I tribuiu para espalhar a doença. I S m 6.1—7.1: A v o l t a da arca da aliança Depois de sete meses de sofrimento, os filis- I teus estavam fartos de tudo aquilo. Os líderes I religiosos aconselharam que a arca fosse devolvida, mas de uma forma que demonstrasse, de uma vez por todas, se o Deus de Israel era ou não responsável por aqueles desastres. Era pouco provável que duas vacas que ainda não haviam I sido treinadas para puxar uma carroça fossem [ juntas na mesma direção. Alem disso, o instin- [ to faria com que ficassem perto de seus bezer- | ros. Mas elas se adaptaram muito bem à canga, como se fossem uma junta de bois bem treinada, j e lotam diretamente à divisa com Israel I S m 6.19 A morte de 70 homens que I "olharam para dentro da arca" dá um tom de tristeza àquela celebração. Até Israel teve que aprender a respeitar os limites. Não é seguro tratar Deus como objeto de vã curiosidade. • B e t e - S e m e s Esta era uma das cidades dos I levitas. I S m 7.2-17: S a m u e l e x e r c e autoridade de juiz Vinte anos depois, houve u m avivamento nacional genuíno (v. 2). As imagens de Baale Astarote, deuses cananeus da fertilidade, foram
J e
destruídas. E Samuel, juiz e líder religioso no lugar de Eli (veja 15-17), liderou o povo num ato de arrependimento c purificação. Logo veio a provação. Os filisteus estavam avançando c Deus usou a ocasião para demonstrar a Israel o que ele faria por um povo que tivesse fé nele. Israel só precisou terminar o serviço. O nome do lugar onde anteriormente haviam sido denotados (4.1) foi escolhido para marcar a presente vitória (12). A ajuda de Deus tornou possível essa dramática reviravolta. > V. 12 Ebenézer significa "Pedra de Ajuda". > Enquanto S a m u e l v i v e u (13) Isto inclui a maior parte do reinado de Saul. A guerra continuou, mas Saul c Davi mantiveram os filisteus sob controle ate a grande batalha de Gilboa quando Saul c Jonatas foram mortos (lSm31). > Desde Ecrom até G a t e (14) As duas cidadeseslado dos filisteus que ficavam mais afastadas do litoral. Israel recuperou suas cidades fronteiriças. > Betei, Gilgal, Mispa, R a m á (16-17) Samuel fazia um circuito anual pelas quatro ridades-santuário.
1Sm
8—31
Saul: O primeiro rei de Israel ISm 8: " Q u e r e m o s u m r e i ! " A história se repetiu no caso dos filhos de Samuel, que não foram muito melhores que os de Eli (2.12). O fato de aceitarem suborno e não decidirem os casos com justiça deu ao povo uma boa desculpa para convencei' o idoso Samuel a lhes conseguir um rei, como as nações vizinhas. Samuel sentiu-se rejeitado e não acatou o pedido do povo. Mas Deus aconselhou Samuel a ouvi-los. Na verdade, não era o profeta que estava sendo rejeitado, mas todo o conceito de teocracia. E eles deviam ser advertidos das conseqüências. Samuel não escondeu nada. Só precisavam olhar para os países vizinhos para se convencerem que ter um rei significava alistamento militar, trabalhos forçados, impostos e perda de liberdades pessoais. Mas nem isto os dissuadiu. "Dê a eles u m rei", disse Deus. ISm 9 . 1 — 1 0 . 1 6 : S a u l é e s c o l h i d o Por incrível que pareça, foi quando estava procurando algumas jumentas que se haviam perdido que o futuro rei de Israel teve seu pri-
2Samuel
meiro encontro com Samuel. Todos os israelitas conheciam o profeta, mas, ao que parece, aquele jovem provinciano nunca ouvira falar dele. A unção com azeite (10.1) separou Saul para seu alto ofício. O cumprimento detalhado das previsões de Samuel convenceu Saul da autoridade do profeta. Saul v o l t o u para casa com o coração transformado (10.9). • A l t o / a l t a r d o m o n t e (9.12) Essa forma de expressão ainda não assumira as conotações idólatras que viria a ter mais tarde. • E i r a d o / t e r r a ç o (9.25) O telhado em forma de terraço era um local fresco e agradável para se dormir nas noites quentes de verão. • Para G i l g a l (10.8) A instrução parece estar relacionada à convocação para a batalha. Q u a n d o isto aconteceu (cap. 13), Saul desobedeceu.
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A arai permaneceu durante vinte anos e m Q u i n a u - J c a r i n i , c|ue geralmente c identificada com a aldeia de A b u G h o s h . a cerca de 16 km de Jerusalém.
A o procurar as jumentas perdidas d e seu p a i . Saul encontrou o profeta Samuel e acabou sendo escolhido o primeiro rei de Israel.
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de Israel
• C h e g a n d o eles a G i b e á ( 1 0 . 1 0 ) Saul teve aquele êxtase profético e m sua própria cidade natal. I S m 10.17-27: " V i v a o r e i ! " O sorteio d a t r i b o , da família, etc. d e i x o u bem claro que a escolha d o rei de Israel era um ato d e Deus, e não d o p o v o . E quando chegou a hora, Saul ficou c o m medo ( c o m o Moises ficara) e teve que ser tirado de seu esconderijo n o meio d a bagagem. N ã o precisava ter ficado c o m m e d o . U m r e i que sobressaía de t o d o o p o v o d o ombro para cima teve aprovação instantânea de todos. • V . 2 5 As instruções de Samuel foram cuidadosamente registradas num livro. Teria sido este livro que foi lido novamente na coroação de Joás (2Rs 11.12)?
Campanhas militares d c Saul - i3 Campanha contra os amonitas
I S m 1 1 : A p r i m e i r a v i t ó r i a d e Saul Deus levou Saul a fazer seu apelo (6) e o I povo, a responder (7). Esta foi possivelmente I a primeira vez, desde os dias de Josué, que o I povo estava unido, e. era a sittiação ideal para | o início d o governo de um novo rei. • J a b e s (1) A ajuda oportuna de Saul criou nos moradores dessa cidade um sentimento de inesquecível gratidão. Veja 31.11-13. • Trezentos mil (8) O problema dos números extremamente altos j á foi mencionado em ocasião anterior. Alguns consideram isto um exagero para impressionar; outros acreditam que "mil" seja na verdade uma unidade militar, | tanto assim que, neste caso, seria equivalente a I "300 unidades" (número exato desconhecido). i I S m 12: O d u r o d i s c u r s o d e Samuel Este discurso de despedida marca o fim I do regime dos j u í z e s . Samuel sempre este- f ve consciente dos perigos da monarquia (8; j 10.17-19). D o ponto de vista político, a esco-1 lha de um rei havia sido, sem d ú v i d a , uma decisão sábia. D o ponto de vista religioso, foi f um passo na direção errada, um distanciamen- j lo d o ideal de que somente Deus era o rei de l Israel. E Samuel falou francamente: se Deus deixasse de ser rei d o seu povo, tanto a nação como a monarquia seriam destruídas (25). Mas, apesar d e tudo, este homem de Deus, | agora j á idoso, fez o que sempre fazia: orou | pelo povo e ensinou-lhes o que era correto. • V. 9 Sísera foi derrotado por Débora e Baraque ( J z 4—5). O "rei de Moabe" era Eglom, que foi assassinado por Eúde ( J z 3.12-30). • V . 11 Jerubaal ( A R A ) era outro nome de Gideão ( J z 6—8). Quanto a Jefté, veja J z 1112. No lugar da referência ao próprio Samuel, ao final da lista de nomes, algumas versões colocam Sansão ( J z 13—16).
1
I S m 13—14: G u e r r a c o m os filisteus Saul reuniu suas tropas e esperou sete dias, tempo suficiente para v e r seu exército ficar cada vez mais reduzido. E Saul não teve paciência para esperar o final do sétimo dia. Sua desobediência e arrogância ao assumir a função de sacerdote custaram-lhe a perda da dinastia. ISm 14: Parece que Jonatas e seu escudeiro foram tomados por desertores, tanto assim que conseguiram pegar os filisteus desprevenidos. Tremores de terra aumentaram o pânico e a confusão, e os desertores israelitas ajudaram Saul a conseguir a vitória. Jonatas é descrito como
1 e homem de fé c coragem impressionantes. (Deus não precisa dc muita gente para obter uma vitória, como o autor deixa claro com esta história.) Em comparação, a narrativa começa a ressaltar os defeitos no caráter de Saul que mais tarde se transfoiTnariam em sério distúrbio mental. • 13.1 O texto está incompleto. At 13.21 informa que o reinado de Saul durou exatos 40 anos. Possivelmente uma dezena foi tirada nesta passagem (22 o u 32 anos). Sabemos, com base em 9.2, que Saul era jovem quando se tornou rei. Nesta ocasião ele devia ter mais de 30 anos, já que tinha um filho com idade para ir à guerra. Quando Saul morreu, um filho mais jovem, Isbosete, já tinha 40 anos (2Sm 2.10). • 13.2 Ocupar as cidades de Micmás e Gibcá (localizadas em dois declives, uma cm frente à outra) significava controlar todo o vale que ficava no meio. • Trinta mil (13.5) Provavelmente três mil (veja 11.8 acima). • Esconderam-se (13.6) O ambiente era parecido com o da época de Gideão, quando o povo vivia com medo dos midianitas ( J z 6.2). • 13.19 Os filisteus detinham o monopólio da tecnologia do ferro, o novo metal que lhes dava tanta vantagem em comparação com o bronze. • Traga aqui a arca (14.18) Talvez por causa da ordem de Saul ao sacerdote em 14.19, algumas versões colocam "manto" no lugar dc "arca". Trata-se da túnica com o peitoral que continha o Urim e Tumim (14.41), a sorte que era lançada para descobrir a vontade de Deus. • 14.33 Comer carne com sangue foi proibido emLv 17.10-14. • 14.39-45 O povo interveio para salvar Jonatas das conseqüências do voto precipitado de seu pai (compare a J z 11). • Isvi (14.49) U m a forma abreviada de Isbosete. • Abner (14.50) Mais tarde Abner coroou Isbosete em oposição a Davi (2Sm 2.8—3.39). ISm 1 5 : A d e s o b e d i ê n c i a d e S a u l Desta vez, a desobediência de Saul foi deliberada (9). Ele foi rejeitado por Deus como rei e Samuel não lhe fez mais nenhuma visita oficial. O profeta havia previsto esse problema. Ele até poderia ter se alegrado com a queda dc Saul, mas, em vez disso, foi para casa triste. » Amaleque (2) Os amalequitas eram inimigos de longa data cujo castigo fora profetizado anteriormente ( Ê x 17.8-16; Dt 25.17-19). Mesmo assim, por mais que tenhamos conhecimento dc atrocidades sem precedentes
2Samuel
cometidas em nossos dias, temos dificuldade em aceitar a ordem paia que lodos fossem mortos. No mundo mais realista c menos individualista da época de Saul, toda a comunidade era responsável pelos crimes de seus membros e sofria as conseqüências. A desobediência de Saul (pelos piores motivos) deixou seu povo à mercê d o contínuo assedio dos amalequitas. • V . 3 Tudo fora interditado ao povo e não devia ser tocado porque fora dedicado a Deus para destruição. Veja "Guerra Santa". • Queneus (6) Uma tribo midianita nômade à qual havia pertencido a mulher de Moisés. Os queneus serviram de guias para Israel no deserto ( N m 10.29-32). • Vs. 22-23 Mais tarde, essa declaração de Samuel se tornaria um dos temas preferidos dos profetas.
261
"Você vem contra mim com espada, lança e dardo. Mas cu vou contra você em nome do s i •• IHIR TodoPoderoso. " f a lavras q u e Davi dirigiu a Golias I S m 1 7 . « (NT1.II)
A harpa d c Davi
I S m 16.1-13: U m a e s c o l h a improvável Se a escolha do primeiro rei servisse dc critério, Samuel podia estar à procura de um homem alto e bonito para ser o futuro rei. Mas desta vez Deus deixou claro que examinava o coração das pessoas. Davi podia ter brilho nos olhos e saúde de ferro, mas era o menos importante membro de sua família; no entanto, seu coração era reto. Como no caso de Saul, a unção confere poder espiritual (13). Novamente Deus escolheu a pessoa certa e a preparou para a tarefa muito antes de ela tornar-se uma figura conhecida nacionalmente. Aprender a cuidar de um rebanho desgarrado é uma ótima preparação para ser líder! E z 34, com todas aquelas imagens tiradas do mundo do pastoreio, parece texto inspirado cm Davi, o rci-pastor. I S m 16.14-23: Davi n opalácio real Quando o Espírito de Deus deixou Saul, forças malignas se apoderaram dele. Saul estava à mercê do seu próprio temperamento incontrolável. Sua mente desordenada o lançou em sombria depressão e fez com que ficasse violento. Mas a música podia
era u m h u m o r , semelhante a o desta reconstrução d o M u s e u d a Música de ll.iil.i 1. o primeiro instrumento musical mencionado na Bíblia ( G n 4.211. A harpa d e Davi era feita d e madeira d e cipreste <2Sm 6 . S ) .
A história de Israel relação à família da qual provinha Davi. Afinal o vencedor receberia como recompensa a filha do rei em casamento (17.25).
U m j o v e m pasioi de ovelhas gira .1 H M (unda para • • i: u m a p e d r a , avtim c o m o
Davi fez quando c n l i e n i o u GoIkis.
kmatas se valeu
trazer um pouco de luz e, assim, a necessidade de Saul passou a ser a oportunidade que Davi precisava. • U m espírito m a u , m a n d a d o por Deus (15) Para quem olhava de fora, Saul estava "possuído" por um espírito que Deus enviou para castigá-lo. Como Deus é soberano, tanto o bem quanto o mal são atribuídos diretamente a ele.
da prática de tiro an alvo. c o m o seu arco. para transmitir a D a v i a mensagem de que d e c o r r i a p c n R o de v i d a .
I S m 17: D a v i e G o l i a s O campeão filisteu tinha 3 m ele altura, estava armado e protegido com armadura da cabeça aos pés. Saul, que lutara valentemente contra os filisteus, estava com tanto medo quanto seus soldados face ao desafio do gigante. Mas o tempo que Davi passara sozinho, nos montes, cuidando das ovelhas, havia permitido agregar fé à sua coragem, sem falar que lhe deu uma pontaria letal no manejo da funda. O gigante não teve chance nenhum a Mais uma vez Deus aparece como protetor do seu povo: tudo que requer dele é confiança e coragem para obedecer. V. 50 Veja 2Sm 21.19. Vs. 55-58 I'. difícil de harmonizar islo com 16.18-23. Os acontecimentos do cap. 17 podem ter ocorrido quando Davi ainda freqüentava a corte ocasionalmente, quando Saul tinha seus surtos ou suas crises. Neste caso, 16.21-22 se refere a um período posterior. O u , também é possível que a indagação de Saul fosse algo puramente formal com
I S m 18: S a u l f i c a c o m i n v e j a de Davi A simpatia de Jonatas transforma-se em profunda amizade por Davi, e este se lembraria dessa amizade como uma das melhores coisas de toda a sua vida (2Sm 1.26). Nada poderia abalara forte ligação entre o filho do rei e o homem que humanamente falando, lhe roubaria o trono. A medida que o prestígio de Davi aumentava, crescia a suspeita invejosa de Saul, e ele passou a tramar a morte de Davi. A pobreza de Davi deu a Saul a oportunidade de sugerii um dote o u pagamento pela noiva que possivelmente faria com que Davi fosse morto. A exigência de Saul (cem prepúcios) só podia ser obtida j u n t o aos filisteus, os maiores inimigos de Israel, e o único povo vizinho que não praticava a circuncisão. Davi cumpriu a exigência em dobro e voltou para casa sãot salvo para exigir a princesa que lhe havia sido | prometida. I S m 19—20: D a v i foge da c o r t e A primeira tentativa de reconciliação pot pai te de Jonatas foi bem sucedida (19.1-7), mas logo em seguida Saul teve outro surto e Davi só foi salvo graças à astúcia de Mical (19.8-17). Por u m tempo D a v i ficou cora Samuel e sua escola de profetas em Ramá (19.18-24). Jonatas tentou fazer com que Davi retornasse em segurança, mas seu pai ficou irritado, e os dois amigos foram obrigados a se separarem (20.35-42). • Está t a m b é m Saul entre os profetas? (19.241 Compare 10.10-13. O poder do Espírito de Deus é tão irresistível que, além do plano maligno de Saul ser frustrado, o próprio rei foi "contagiado". A exemplo dos mensageiros que ha\ ia enviado, ele própt io, pelo menos por algum tempo, virou profeta. • A m a n h ã é a Festa d a L u a Nova (20.5) 0 primeiro dia de cada mês era dia de festa. • 20.8 Aqui há uma referência a I S m 18.3. I S m 21: S a c e r d o t e a j u d a D a v i a fugir Aimeleque pagou caro por ter acreditado na mentira de Davi (22.11-19). Mas Davi recebeu comida, armas, e conseguiu fugir para a cidade lilisteia de (iate. Correndo o risco de sei reconhecido, Davi fingiu-se de louco, e fez isso com tanta I
perfe ma a • No époc. • Pã fresc doze sacer • V. de n milití ritual rigorc que I (2Sm • Vs. apare pensa
I e 2Samuel perfeição que o rei Aquis não teve dúvida nenhuma a respeito disso (veja também 27.5-12). • Nobe (1) O santuário central de Israel na época. • Pão sagrado (4) A cada sábado, doze pães frescos eram colocados sobre o altar e os doze pães velhos eram retirados. Apenas os sacerdotes podiam comer esses pães. • V. 5 Os soldados israelitas se abstinham de relações sexuais durante as campanhas militares, pois uma guerra santa exigia pureza ritual. Mais tarde, o fato de Urias ter sido tão rigoroso no cumprimento dessa norma fez com que Davi tivesse que recorrer ao assassinato (2Sm 11.11). • Vs. 12-13 De acordo com os títulos que aparecem no hebraico, os SI 34; 56 refletem os pensamentos de Davi nesta ocasião. ISm 22: A v i n g a n ç a d o r e i S a u l Davi e toda sua família estavam foragidos ou exilados. Mas Saul ainda não estava satisfeito. Pode-se notar a paranóia n o seu acesso de raiva (7-8). Ignorando a voz da verdade e da razão (14-15), ele ordenou o massacre dos sacerdotes de Deus e, depois, mandou matar todos os moradores de Nobe. Quando Davi ficou sabendo disso, sentiu o terrível peso da responsabilidade. • V. 1 Os títulos dos SI 57; 142, no hebraico, informam que eles foram escritos neste período. • V. 4 Davi tinha sangue moabita em suas veias (veja Rute). Por motivo de segurança, Davi deixou os pais com o rei de Moabc. • Doegue (9-10) O título d o SI 52, n o hebraico, faz referência a este episódio. ISm 2 3 : " V o u c a p t u r á - l o ! " Davi transformou seu bando de foragidos numa força militar eficaz. No entanto, a perseguição implacável de Saul os forçava a se deslocarem continuamente. E m tais circunstâncias, o incentivo de um amigo é sempre bem-vindo. É notável que Jonatas reconheceu o direito de Davi ao trono, aceitando com humildade um papel secundário para si mesmo (16-18). • A estola sacerdotal (6) Veja 14.18.
263
Os títulos dos SI 57; 142, que são duas orações pedindo a ajuda de Deus, fazem a conexão entre os dois Salmos e este período da vida de Davi. I S m 25: A b i g a i l i n t e r v é m O capítulo começa com a morte de Samuel. Só com Elias o povo de Israel teria outro líder religioso d o mesmo nível de Samuel. O velho profeta ungira o maior rei de Israel, mas morreu antes de ver o início do seu reinado. Foi o fim de uma era. O pedido que Davi fez a Nabal (8; o nome significa "tolo") não foi exagerado. Ele não eslava exigindo dinheiro em troca de proteção, mas pedindo compensação por serviços prestados no passado (15-16). Além disso, Nabal era rico e era tempo de tosquia, uma época de festa. Abigail era tão inteligente quanto era bela. Sua rápida intervenção salvou a vida de seu marido e dos homens daquela casa (22). Ela evidentemente causou uma boa impressão em Davi (veja v. 39). O autor considera a morte de Nabal, que foi vitimado por um duplo ataque (do coração), como castigo de Deus.
kste capacete assírio é u m a das peças da armadura usada naquele tempo.
" O SENHOR me guarde de... que eu estenda a mão contra ele. pois é o ungido do SENHOR." D a v i , recusando-se a ferir o rei S a u l I S m 24.6 ( A R A )
N o s montes c nas cavernas p e n o d e En-Gedi havia vários lugares e m que um homem como D a v i . fugindo d o rei Saul. podia se esconder.
ISm 24: D a v i p o u p a a v i d a d e S a u l Na caverna perto de En-Gedi, Saul estava totalmente nas mãos de Davi. O fato de Davi não tomar um atalho para chegar ao trono fez com que Saul reconhecesse seu erro. Mas a palavra de Saul era tão instável quanto seu humor: não se podia levá-la a serio.
A água fresca que sai da fonte corre na ditecão do mar Morto, produzindo uma vegetação exuberante numa região que é . em g l a n d e parte, inóspita c deserta.
A história
264
de Israel enquanto Samuel estava vivo, não havia nada naquelas palavras que pudesse deixá-lo tranqüilo. A sorte de Saul estava selada.
Davi se esconde de Saul
U
Davi foge de Saul
Q
Davi leva seus pais
I S m 2 9 : O s filisteus d e s c o n f i a m de Davi Os outros líderes filisteus eram menos ingénuos que Aquis, c assim Davi foi poupado do apuro de enfrentar seus próprios compatriotas no campo de batalha. Este capítulo fala de acontecimentos anteriores aos do cap. 28. Os filisteus reuniram-se em Afeca. Ainda não haviam se deslocado para o Norte, rumo a Suném.
Moabe por motivos
AMALEQUITAS
I S m 26: Davi, outra vez, p o u p a a vida d e Saul Os zifeus, que eram pró-Saul, voltaram a dar informações a respeito do paradeiro de Davi. F., pela segunda vez, Davi tinha Saul em suas mãos, sendo este forçado a reconhecer seu erro. Sem dúvida, Macbeth teria considerado esta uma grande oportunidade para realizar seu intento! Davi, no entanto, sabia que Deus não precisava de sua ajuda para colocá-lo no trono. O título hebraico do SI 54 faz conexão entre o salmo e este episódio. • V. 6 Zeruia, mãe de Abisai, Joabe e Asael, era meio-irmã de Davi. Embora valentes, estes líderes militares causaram grande transtorno a Davi durante seu reinado (2Sm 3.39; 18.14; 20.10).
"Síttií e Jónaíos... juntos na vida, juntos na morte! Eram mais rápidos do que as águias c mais fortes do que os leões.'... E u choro por você, meu irmão Jónalas, meu irmãol" lamento de Davi em 2Sm 1.23.26 INTUI)
I S m 27.1—28.2: A salvo e m território inimigo Davi refugiou-se pela segunda vez entre os filisteus. Mais uma vez o rei Aquis foi redondamente enganado por Davi (veja 21.10-15). Fingindo atacar Israel e seus aliados (10), Davi na verdade destruía cidades inimigas (8), sem deixar nenhum sobrevivente para denunciá-lo (11). I S m 28.3-25: S a u l c o n s u l t a uma médium Saul não recebia resposta de Deus (6). No seu desespero, fez o que sempre fora proibido em Israel (Lv 19.31), recorrendo a uma médium, embora ele próprio tivesse expulsado essa gente de seu território. Saiu à noite, disfarçado, numa viagem perigosa, chegando perto d o acampamento inimigo em Suném, para consultar a médium de En-Dor. Porém, descobriu que a mensagem de Samuel não havia mudado. Em outras palavras, que, a exemplo do que havia ocorrido
I S m 30: A i n v a s ã o d o s amalequitas D a v i voltou n o momento oportuno e as informações dadas pelo escravo foram mais do que um lance de sorte. Tudo foi recuperado e Judá e Calebe, que também haviam sido vítimas do ataque (14), foram incluídos na repartição dos despojos. I S m 31: A ú l t i m a b a t a l h a d e Saul Veja também l C r 10. O autor de Crônicas considerou este relato da morte de Saul mais confiável que a história d o amalequita (2Sm 1.4-10). Este pode ter adaptado o relato a seus próprios fins. Nada mais adequado do que ver o povo de Jabes resgatar os corpos de Saul e dos seus três filhos. O povo de Jabes não havia esquecido o quanto deviam à primeira grande vitória de Saul (cap. 11).
2Sm1—20
O reinado
de
Davi
O reinado de Davi também é registrado em l C r 11—29. 2 S m 1: O l a m e n t o d e D a v i A narrativa da morte de Saul feita pelo amalequita difere d o registro em I S m 31. Se ele alterou os fatos esperando uma recompensa, não conhecia Davi. Depois que os amalequitas haviam saqueado a cidade de Ziclague (ISm 30), Davi não tinha motivo especial para amar essa gente. No entanto, o que o levou a decretar a pena de morte não foi descriminação racial, mas sua firme convicção de que a vida do rei era sagrada (14; veja I S m 24; 26). O lamento p o r Saul e Jonatas é um dos poemas mais belos e comoventes que Davi compôs. Sua tristeza pela perda d o rei parece ser completamente sincera e sua angústia com a perda de Jonatas, profunda e genuína.
I e 2Samuel
265
Magia no Antigo Testamento Todd Klutz
Preocupações com saúde, finanças, reputação, relacionamentos e proteção contra infortúnios têm sido comuns em toda a história e em todas as sociedades conhecidas do mundo. Infelizmente, estas preocupações às vezes se transformam em obsessões nocivas, que podem levar a tentativas ansiosas de alterar a realidade através de fórmulas mágicas, rituais ou práticas ocultas. Esta forma de reagir às dificuldades é retratada em várias passagens do AT, nas quais essas tentativas são avaliadas de forma totalmente negativa. Por exemplo, embora a palavra "magia" não seja usada em Dt 18.913, existe, ali, uma proibição total de qualquer prática que seja essencialmente mágica: "Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticados nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos" (10-11). Além de estarem baseadas em desejos egocêntricos de controlar a realidade, as práticas aqui descritas eram rotineiras entre os inimigos de Israel, e por causa disto eram tabu. O que distingue as práticas mágicas da autêntica profecia é a sua falibilidade (14-22). Com base nisto, portanto, a magia pode ser considerada uma forma ilegítima de suprir uma necessidade legitima — a necessidade humana quase universal de ter comunhão com um mundo que está além daquilo que limita a existência diária. A magia não só é proibida por mandamentos transmitidos aos israelitas, como também é desaconselhada por exemplos encontrados em várias narrativas bíblicas. No livro de Êxodo, por exemplo, que relata como o Deus de Israel libertou o seu povo escolhido da escravi-
dão no Egito, os agentes humanos de Deus (Moisés e Arão) se opuseram aos "magos" do Egito, numa competição entre o poder do Deus de Israel e a mágica dos feiticeiros egípcios (Êx 7— 9). Embora a diferença exata entre as técnicas dos mágicos egípcios e dos servos de Deus não fosse óbvia, dois aspectos que aparecem no contexto desta história são esclarecedores: • enquanto os mágicosegípciosestavam a serviço de um regime que oprimia o povo de Deus, Moisés e Arão serviam um Deus cujo objetivo último era livrar e salvar;
No miintln antigo, videntes costumavam analisar o fígado de animais, na tentativa de prever acontecimentos fururos.
•
nessa disputa, o poder e os propósitos do Deus de Moisés e Arão saíram claramente vitoriosos. Logo, a magia é representada nestas narrativas não só como sendo contrária à vontade de Deus, mas também inferior em força ao maior poder espiritual disponível, ou seja, aquele que é dado por Deus aos que o servem e o adoram. Atitudes muitos semelhantes àquelas descritas em Ê X 7—9 podem ser encontradas em outras histórias do AT que envolvem magia. As mais instrutivas delas são: • o relato em que o rei Saul consulta uma médium, para obter informação dos mortos (1 Sm 28.3-25);
Acredilnva-se que espíriros o u demônios femininos amarrados (chamados "Liliths" nos textos araniuicos) atormentavam os homens e as mulheres. A gravura acima vem d a antiga Mesopotâmia.
•
e as narrativas que apresentam os heróis bíblicos José e Daniel como sendo superiores a seus oponentes pagãos na transmissão de conhecimento provindo do âmbito espiritual (Gn 41 .1 -57; e Dn 1.17-20; 2,1 -49; 4.4-33). Fora d o AT e entre os antigos vizinhos dos israelitas, boa parte do que podemos chamar de magia consistia em fórmulas e rituais para remover doenças e proteger contra influências malignas. Em alguns casos, porém, purificações mágicas eram realizadas para obter sucesso na guerra. E tudo indica, ao menos numa leitura superficial, que bom número das maldições e dos feitiços que aparecem em tabuinhas escritas em grego e encontradas em várias partes do Mediterrâneo antigo tinha a intenção de prejudicar os inimigos de determinada pessoa.
266
A história
Saul e Jonatas foram monos pelos
filisteus
nos montes de Gilboa ( a o f u n d o , na foto ao l a d o ) . Seus corpos foram trazidos para Bete-Seã (em primeiro plano, na foto), e perdurados nas muralhas. A s armas d e Saul foram colocadas num dos templos, ííuínas d e templos foram encontradas em escavações arqueológicas, e um desses pode
de Israel
• No terceiro d i a (2) A distância entre Gilboa e Ziclague era de 160 km. • O Livro d o J u s t o (18) Uma antologia que se perdeu (veja Js 10.13). • O e s c u d o . . . j a m a i s será u n g i d o c o m óleo (21) Os escudos eram de couro; o óleo impedia que secassem e rachassem. • V. 2 6 Essa era uma amizade singular que Davi valorizava mais que o amor de mulheres, o que, diga-se de passagem, nunca lhe faltava. As palavras não sugerem mais que amizade. Além do mais, práticas homossexuais eram proibidas em Israel ( L v 18.22). Sabemos que Jonatas tinha um filho (cap. 9) apesar de não haver menção de que tivesse esposa.
ter sido aquele e m que ficou exposta a armadura d e Saul.
H e b r o m foi a capital d e D a v i antes de ele conquistar J e r u s a l é m . Esta vista aérea mostra o "túmulo de Abraão".
2 S m 2: G u e r r a c i v i l ; Abner mata Asael Apenas a tribo de Judá (que nesta época, provavelmente, incluía a tribo de Simeão) aclamou Davi como rei. As outras dez tribos seguiram a liderança de Abner, comandante do exército de Saul, e juraram fidelidade a Isbosete, filho de Saul. Durante dois anos a nação ficou dividida. A tentativa de resolver a questão com um combate entre dois grupos representativos em Gibeão (14) terminou sem resultado definido, e na seqüência houve guerra civil generalizada. • V. 13 O açude armazenava'a preciosa água da chuva. Escavações revelaram uma cavidade de 11,3 m de largura por 10,6 m de profundidade. • Filhos d e Z e r u i a (18) Veja I S m 26.6. • A p o n t a d a lança (23) Abner não tinha a intenção de matar Asael. Mas a ponta de sua
lança era tão afiada que podia ficar cravada | no chão, e o golpe foi fatal. • A planície (29) O vale cio rio Jordão. 2 S m 3: A b n e r f a z u m a c o r d o com Davi; a vingança de Joabe Isbosete não era em nada parecido com o seu pai. Quem de fato mandava era Abner. Sc transferisse seu apoio a Davi, levaria a nação consigo. Mas ele não contava com o ódio implacável de Joabe, sobrinho de Davi e comandante de seu exercito. Davi tomou a frente no luto nacional pela morte de Abner. Apesar da declaração pública de inocência, a mancha do assassinato pennaneceu com ele por toda sua vida ( l R s 2.5). A morte de Abner foi vantajosa para Davi, assim como mais tarde (cap. 4) seria a de Isbosete: ambas enfraqueceram o apoio à família de Saul. • Teve Saul u m a c o n c u b i n a (7) Normalmente o harém do rei passava para seu herdeiro. Diante disso, a ação de Abner equivalia a uma reivindicação do trono. Compare com a ação de Absalão em 2Sm 16.20-23. Rispa aparece novamente no cap. 21. • C a b e ç a d e cão para J u d á (8, ARA) Isto é, "um daqueles miseráveis partidários de Davi." • V. 9 A razão pela qual Deus tirou o trono de Saul fica clara em I S m 13.13-14; 15.22-28. • D ã a Berseba (10) O país inteiro, de Norte a Sul. • Minha esposa Mical... ( 1 4 ) Veja I S m 18.20-27. Saul havia entregue a esposa de Davi a outro homem.
1 e 2Samuel
267
\ r v o r f ;:rii<-,ilógica d e D a v i
Boaz CO Rute
l! Jessé Eliabe Abinadabe Siméia Natanael Radai Ozém DaviOÄL Zeruia Abigail
Abisai Joabe Asael
Abiqail
Ainoà
Maaca
Qui eabe Daniel)
Hagite
Fniá
Adonias
Itreão
L
y
l a
Sefatias
Amnom
Bate-Seba (viúva delirias!
I Salomão (+ Î outros filhos)
Absalão Tamar
• V. 29 Um fluxo ("gonorréia") desqualificava o homem para o serviço religioso. " Q u e se apoie em muleta" (ARA) representa um texto hebraico que pode ser traduzido tamlxím por "que é capaz de fazer somente trabalho de mulher" (NTI.H). 2Sm 4: I s b o s e t e é a s s a s s i n a d o Mais uma vez (veja 1.1-16) os partidários de Davi foram completamente incapazes de entender sua atitude com relação a Saul c a família real. Isbosete foi sepultado com honras e os dois assassinos foram executados e humilhados em público. 2Sm 5: D a v i r e i n a e m J e r u s a l é m Veja também 1 Cr 11.1-9; 14. O autor deixa claro que Davi não era usurpador. Deus lhe dera direito ao trono, fato este reconhecido por Saul (ISm 24.18-20), por Abner (2Sm 3.9-10) c, finalmente, por toda a nação (5.2). Embora parte de Jerusalém tivesse sido destinada à tribo de Judá por ocasião da conquista ( J z 1.8), a fortaleza como tal jamais havia sido tomada ( J s 15.63; J z 1.21). Os jebuseus tinham motivo para se vangloriarem
de que sua fortaleza podia ser defendida por uma guarnição de cegos c aleijados (6). Mas eles subestimaram Davi. Jerusalém era uma escolha excelente para a capital. Sua localização era central, não estava ligada a nenhuma tribo cm particular, tinha uma história notável desde a época de Abraão e, em função disso, podia funcionar como pólo unificador das 12 tribos. Ela ficou
O s soldados dc Davi chegaram à cidadela de lenisaléni através . I, uni ninei que levava água di' unia fome externa para dentro d.i cidade.
268
A história
de Israel
em poder do reino de Jndá até ser destruída, 400 anos depois, por Nabucodonosor. • Sião (7) Mais tarde, Sião tornou-se sinônimo de Jerusalém. • Milo (9) Parte das fortificações. N T L H traduz p o r "o aterro que ficava no lado leste da cidade". • Hirão, rei de T i r o (11) Contemporâneo de Davi e Salomão ( l R s 5 ) , H i r ã o reinou de 979 a 945 a.C. aproximadamente. O porto de T i r o era a capital do reino fenício. O reinado de H i r ã o foi um período áureo de expansão política e prosperidade comercial, com o florescimento das artes e dos ofícios. Os artesãos de H i r ã o ajudaram a construir o Templo. • V. 13 A poligamia de Davi e Salomão é registrada, mas não condenada. As conseqüências para a vida familiar falam por si mesmas. • Vs. 17-19 Consultar a Deus parece ter sido algo bem natural na vida de Davi (veja 2.1), embora não fique claro como Davi perguntava e como Deus respondia. 2 S m 6: A a r c a é l e v a d a p a r a Jerusalém Veja também l C r 13; 15—16. Depois que os filisteus devolveram a arca ( I S m 4—6), ela ficou em Quiriate-Jearim (Baalá, no território de Judá; As g u e r r a s de Davi
Hela
Confronto com Israel
Gibeão \
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veja l C r 13.6). Agora Davi a trouxe para sua nova capital. Esse acontecimento foi celebrado com toda a exuberância do culto dos hebreus. Até o rei dançou de alegria. Apenas Mical ficou ornando de longe, fria e insensível à presença de Deus. • U z á . . . segurou a arca (6) A arca era sagrada e nem os levitas podiam tocá-la. Isto explica o castigo severo. Davi assumiu a culpa por não seguir as instruções de Moisés ( l C r 15.2-15). Na tentativa seguinte, os levitas carregaram a arca pelos cabos. • V . 23 Este versículo parece indicar u m rompimento no relacionamento. Conseqüentemente, não houve neto de Saul por intermédio de Mical que pudesse reivindicar o trono real. 2Sm 7 : A aliança de Deus c o m Davi Veja também l C r 17. Deus não permitiu que Davi realizasse seu sonho de construir o Templo: isto seria tarefa de seu filho, um homem de paz c não um guerreiro ( l C r 22.7-10). Mas a frustração de Davi foi seguida por uma promessa que foi muito alem de tudo que ele poderia pedir, levando-o a responder com uma notável oração de louv o r e agradecimento (vs. 18-29). Davi podia não ter autorização para construir uma casa para Deus, mas Deus construiria uma casa para ele, ou seja, uma dinastia, que duraria "para sempre" (16). Sobre esta promessa se baseia a esperança que reaparece no restante do AT: a esperança de um Messias. E quando Cristo veio, a promessa se cumpriu. Ele nasceu na cidade natal de D a v i , Belém, e era " d a casa e família de Davi" (Lc 2.4). O anjo disse a Maria: "Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará para sempre sobre a casa de Jacó, e o seu reinado não terá fim" (Lc 1.32-33). • U m dos seus f i l h o s . . . construirá (12-13) Salomão construiu ( l R s 5—7), mas Davi contribuiu em muito: fez os planos, ajuntou o material, organizou e delegou tarefas relacionadas com o Templo, inclusive música e adoração ( l C r 28.11-21; 22.2-5).
/
Henrorri
^ MOABITAS
EDOMITAS AMAtEQUITAS Campanhas contra i osedomitas
2 S m 8: D i v e r s a s v i t ó r i a s d e D a v i Veja também l C r 18. Este capítulo antedata os acontecimentos do cap. 7 (veja 7.1). • V . 2 Antes disso, Davi estivera em paz com os moabitas ( I S m 22.3-4), o que torna difícil de entender o que aconteceu aqui. Mais tarde, sugeriu-se a possibilidade de que os moabitas mataram os pais de Davi.
1 e
• V. 9 Hamate é A m ã , na Síria, ao norte de Damasco. • Vale do Sal ( 1 3 ) Provavelmente a região desabitada do grande vale que fica ao sul do mar Mono. • V. 17 Foi Zadoque quem ungiu Salomão (lRs 1). • Queretitas... peletitas (18) Mercenários filisteus. • Filhos de Davi eram sacerdotes (18) Embora não fosse de família sacerdotal, o próprio Davi era um tipo de rei-sacerdote (veja cap.
2Samuel
269
6 ) , a exemplo de Melquisedeque, um rei de Jerusalém que viveu muito tempo antes de Davi ( G n 14.18). 2 S m 9: A b o n d a d e d e D a v i p a r a c o m o filho aleijado de Jonatas Os acontecimentos narrados no cap. 21 podem ter ocorrido antes d o que é relatado neste capítulo. Neste caso, não há de que a convocação do rei amedrontou Meíibosete. Mas as intenções de Davi eram as melhores, "por causa de Jonatas" (veja I S m 20.42). Ele devolveu a
Davi David Barton
Davi foi o segundo rei de Israel. Por baixo da superfície do relato bíblico, é possível detectar diversas correntes: • o surgimento da monarquia diante da pressão dos filisteus; • a rivalidade entre os dois reinos, Israel eJudá; • o estabelecimento de Jerusalém e da dinastia de Davi. Tudo isto é unido numa narrativa extensa e maravilhosamente trabalhada, da qual Davi emerge como personagem vivo. Juventude No início, somos informados sobre a unção secreta do futuro rei. As qualidades de Davi, desconhecidas por sua família, foram reconhecidas por Deus e reveladas ao profeta Samuel. A vida pública de Davi começou quando ele enfrentou o herói filisteu, Golias. A coragem impulsiva e a confiança em Deus que ele demonstrou neste episódio seriam uma constante em sua vida. Valente, atraente e talentoso, o jovem Davi passou a ter livre acesso à corte de Saul, ganhando batalhas contra os filisteus e tocando a harpa para acalmar o humor cada vez mais azedo do rei. Ele se tornou grande amigo de Jonatas, o filho de Saul, e casou com •vi era um jovem pastor de ovelhas que cuidava is rebanhos de seu pai nos arredores de Belém, lando foi escolhido para ser rei.
Mical, a filha do rei. Mas, no final, a inveja de Saul tornou impossível a sua permanência no palácio e ele passou a ser um fora-da-lei em sua própria terra, vivendo na caverna de Adulão. T e m p o s Difíceis Seguiu-se um período de dificuldades. Durante algum tempo, Davi até se arriscou a viver entre os odiosos filisteus. Mas fazia parte da grandeza do caráter de Davi que, embora Saul tentasse matá-lo, ele não reagiu com ódio. O jogo de gato e rato que aparece em ISm 24; 26 mostra a lealdade de Davi a seu rei e sogro. Revela, igualmente, alguém que sabia esperar o seu próprio futuro. Ele não devia fazer nada contra Saul, porque era o rei ungido
por Deus. Um dia Davi também precisaria deste mesmo respeito. Quando Saul e Jonatas morreram em Gilboa, Davi estava acertando as contas com os amalequitas em Ziclague. Não deixa de ser irônico que foi um amalequita quem trouxe a notícia a Davi, mentindo sobre sua participação nos incidentes. Isto dava duas razões para matar o mensageiro. Mas a tristeza de Davi foi instantânea e genuína. Muitas vezes somos atraídos a ele por suas lágrimas, e seu lamento por Saul e Jonatas é um dos grandes poemas do AT. O rei D a v i Os anos de declínio do reinado de Saul trouxeram o caos a Israel. Quando
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A história
de Israel
Mefibosete as terras que eram da família de Saul (7) e tratou o jovem como se fosse seu próprio filho (11). • Lo-Debar (4) No nono de Gileade, perto de Jabes. • V . 10 Isto parece contraditório, mas estar na corte significava um aumento nos gastos, mesmo recebendo as refeições. 2 S m 10: D a v i v e n c e a a l i a n ç a s i r o amonita Veja também I C r 19.
Quem provocou ;i guerra foi Ha num, ai dar um tratamento vergonhoso aos mensageiros de Davi. Mas sem dúvida nações vizinhas olhavam com suspeita e tinham medo do poderoso rei de Israel. A campanha descrita nos v s . 16-18 pode ser aquela mencionada em 8.3-8. Esta vitória representa outra significativa ampliação do reino e do poder de Davi sobre as nações vizinhas. • Rabá (8, NTLH) Atualmente Amã, capital da Jordânia.
A bela cachoeira e m F n - G e d i , na região onde D a v i ficou f o r a g i d o , a i n d a é c h a m a d a ele "cáscala de
Davi".
Davi foi aclamado rei, ele era o rei apenas da pequena tribo de Judá, no Sul. Somente mais tarde ele se tornaria rei de Israel. Numa ação política astuta, importante para poder se tornar um poder independente, Davi tomou a cidade de Jerusalém, que estava nas mãos dos jebuseus, e fez dela a sua capital. Agora ele podia ser imparcial, localizado entre as duas metades do seu reino. Ao levar a arca da aliança para Jerusalém, ele se assegurou de que Jerusalém se tornaria tanto um centro religioso quanto político. Seu próprio palácio refletia seu novo poder. Mas quando quis construir um templo para abrigar a arca, o profeta Nata não o permitiu. Em vez disso, Deus estabeleceria a "casa" de Davi, isto é, a sua dinastia. Davi, maravilhado ante a extraordinária autoridade que havia adquirido, se voltou a Deus em oração, para expressar a sua profunda gratidão. Mas de agora em diante a história passou a ser bem diferente do que havia sido antes. Em meio à guerra, Davi começou a agir como um tirano. Ele viu Bate-Seba de longe e teve o desejo de possuí-la. Após seu adultério, ele fez um plano para que o marido dela fosse morto na batalha, e depois casou com Bate-Seba. 0 que redimiu Davi nesse episódio foi que, diante da repreensão do profeta Nata, ele admitiu seu duplo pecado. Não
1 e
2Sm 11: D a v i c o m e t e a d u l t é r i o com B a t e - S e b a 0 exército de D a v i guerreava os amonitas, mas naquela primavera o rei decidiu não acompanhar as suas tropas. Depois da sesta, quando o clima j á era mais agradável, Davi estava passeando no terraço do palácio. Dali, podia o l h a r para baixo e v e r o que se passava nas redondezas. Pois, no pátio interno de uma casa próxima ao palácio a deslumbrante Bate-Seba fazia o ritual mensal de purificação após a menstruação. Aquilo que havia o que desculpar, e nos tristes versículos seguintes vemos novamente a grandeza daquele homem. Colheita a m a r g a Davi se arrependeu, e Bate-Seba deu à luz Salomão, seu sucessor. Mas a valentia irresistível e a confiança do jovem Davi se perderam para sempre. De agora em diante ele começaria a colher frutos amargos. O hábil estadista, que conseguiu trazer unidade política e religiosa a um grupo de tribos tão diferentes entre si, não conseguiu estabelecer a paz e a ordem em sua própria família. 2Sm 13—18 registra a conspiração e rebelião de Absalão, filho mimado de Davi. É uma história marcada por tramas e sub-tramas complexas. Parte do enredo destes capítulos tem a ver com o caráter ambíguo de Joabe, braço direito de Davi. Nunca se sabe ao certo se o que ele faz deriva de uma lealdade cega ou de ambição pessoal. A disputa familiar se transformou em guerra civil, e Davi corria risco de vida. Enquanto subia o monte das Oliveiras, fugindo de seu filho, Davi estava chorando, desta vez sozinho. Porém, quando Absalão foi morto, Davi ficou outra vez arrasado em sua angústia. Percebemos sua ansiedade enquanto aguardava notícias do campo de batalha e se esforçava por descobrir a verdade na linguagem complicada daquele mensageiro. Então, poucas palavras de profunda tristeza — "Meu filho Absalão, meu filho, meu filho
2Samuel
271
aconteceu depois — adultério e assassinato — foi um divisor de águas na vida de D a v i . Daquele momento em diante ele só colheria os frutos amargos do seu pecado. Embora tudo parecesse correr de acordo com o planejado ( 2 7 ) , " o S E N H O R não gostou do que Davi tinha leito." ( É significativo que o C r o n i s t a não faz qualquer referência a esse episódio, em seu relato da vida de Davi.) • Joabe (1) Davi não havia feito nada contra Joabe pelo assassinato de Abner (cap. 2 ) . Agora
Absalão!" — revelam que a família era, para ele, mais importante do que o seu trono, e que a sua vitória se havia tornado em terrível perda. O grande comandante cuja principal preocupação sempre fora seus soldados, agora precisou ouvir que a sua tristeza era um insulto para os soldados que lhe haviam dado a vitória e o tinham salvado da morte certa. Depois disso, os últimos capítulos de 2Samuel são uma espécie de alívio, lembrando-nos do poeta Davi, do comandante Davi, e do Davi que tinha o desejo de construir o templo. Na cena final, em 1Rs 1, Davi está velho, incapaz de se manter aquecido, apesar do calor da bela Abisague. À sua volta a corte conspira, notando que o rei está às portas da morte. No entanto, por mais fraco que estivesse, Davi se impôs uma última vez. Ele convocou Salomão e fez com que fosse ungido rei em público. Além disso, acertou algumas contas, entre elas a que tinha com Joabe, o assassino de Absalão. O ciclo estava completo.
elementos dissonantes. O fio condutor que dá unidade a essa narrativa é a confiança que Davi tinha em Deus. Passando por situações de pecado, crime e arrependimento, ele nunca vacilou. Por isso Deus permaneceu ao lado dele, e lhe estendeu o perdão. Mas mesmo havendo perdão, não há como evitar as conseqüências do seu erro. Davi vive no paradoxo de pecado perdoado e um mundo de sofrimentos. Talvez seja por isso que suas lágrimas nos tocam tão profundamente.
A história de Davi está em 1Sm 16— 1Rs 2. Veja também
IO 11—29.
Os títulos de muitos dos salmos fazem a conexão entre os mesmos e Davi: o mais famoso de todos
é o SI 23, o salmo do pastor.
Herói c o m os seus defeitos Como seria de esperar, o rei morreu de velhice, em sua própria cama, como um verdadeiro patriarca. Pois, apesar de ser um herói com os seus defeitos, Davi aparece ao lado de Abraão e Moisés como um dos grandes arquitetos de Israel. Dele vieram idéias que ainda estão conosco. Parte do poder da história de Davi reside no fato de que elà é contada, sem juízos de valor, com todos os seus
MOMENTOS MARCANTES A unção — 1Sm 16 Davi e Golias — Í S m 17 O Lamento por Saul — 2 S m 1 A promessa de Deus — 2Sm 7 Bate-Seba — 2 S m 11—12 A rebelião de Absalão — 2 S m 15—18 Salomão é o sucessor e a morte de Davi — 1 Rs 1—2
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A história
de Israel
Joabe teria que provocar a morte de Urias por ordem do rei. • Urias, o heteu (3) Urias integrava a guarda pessoal de Davi (23.39). Estava longe de casa, participando da guerra promovida pelo rei. • V. 11 O exército estava em guerra, vivendo em tendas, e a regra era que os homens se abstivessem de relações sexuais. Se Urias tivesse sido um homem menos escrupuloso, teria ido para casa dormir com Bate-Seba. Neste caso, o filho poderia ter sido considerado dele, e ele não teria sido morto. Mas é possível que eleja suspeitasse do ocorrido. • Jerubesete (21) O mesmo que Jerubaal/ Gideão ( J z 9). "Baal" era um nome pagão que os escribas mais tarde substituíram pela palavra "bosete" o u "besete", que significa 'Vergonha". Assim, Jerubaal tornou-se Jerubesete; Isbaal tornou-se Isbosete; Meribaal, Mcíibosete, e assim por diante. 2 S m 12: A h i s t ó r i a a c u s a d o r a de Natã Urias foi morto na guerra, Davi casou com Bate-Seba, e logo nasceu um filho. Tudo parecia ter acabado bem, ate que Natã chegou. Então, por meio de uma história bem simples com uma crítica final, aquele sórdido episódio foi trazido às claras. A historinha contada pelo profeta pegou Davi desprevenido e repentinamente Davi se viu como Deus o via. E esta foi uma experiência humilhante para aquele rei (veja SI 51). Deus o perdoou, mas Davi foi castigado, e, apesar da oração angustiada de Davi, a criança morreu. E ainda não havia uma clara doutrina da ressurreição que pudesse confortálo naquele momento de dor. Mas este não foi o fim do relacionamento com Bate-Seba. Ela também não foi rejeitada, pois da tristeza e do consolo (v. 24) nasceu um menino (Salomão), a quem "Deus amou" (24-25). Durante todo esse tempo o exército de Davi estava em guerra contra os amonitas. Joabe deixou tudo preparado para que Davi chegasse e, à frente de suas tropas, tomasse a cidade de Rabá/Amã (26-31). (Veja também I C r 20.1-3.) • P a g a r quatro vezes (6) Veja Êx 22.1. • V s . 10-11 A profecia se cumpriu. Três dos filhos de Davi foram assassinados, dois pelos seus próprios irmãos. E, durante a sua revolta, Absalão apossou-se do harém de seu pai (2Sm 16.22). • V. 2 5 Supostamente Deus encarregou o profeta de dar u m nome ao menino para que Davi tivesse a certeza de que este filho não morreria.
• U m talento d e o u r o (30) Aquela coroa pesava mais de 30 kg (veja N T L H ) . 2 S m 13: E s t u p r o n a f a m í l i a do rei Davi A o ficar sabendo do estupro de sua filha Tamar, praticado por A m n o m , que era meioirmão da moça, D a v i , embora furioso, não tomou nenhuma atitude. O poderoso rei mostra ser um pai (veja l R s 1.6). Se Davi tivesse agido, talvez tivesse impedido tanto o assassinato quanto a revolta posterior. A história do estupro de D i n á , em G n 34, não revela como ela se sentiu em meio a tudo aquilo. Neste caso, porem, o autor nos permite ver a agonia de Tamar. O que ela tem a dizer é ouvido claramente, pelo valor que isso tem em si e / o u para explicar o ódio, a vingança e futura revolta de Absalão contra o seu pai. ( O relato do Cronista omite o estupro e a revolta de Absalão, indo diretamente ao censo j do cap. 24). • V. 13 Tamar pensava na possibilidade de um casamento (embora, conforme Lv 18.11, precisassem de autorização especial). A "impossibilidade" do v. 2 diz respeito à cuidadosa reclusão de Tamar. Amnom não estava pensando em casamento; queria apenas satisfazer seu I desejo. • Gesur (37) Absalão foi para a terra natal de sua mãe (2Sm 3.3). 2 S m 14: D a v i a b r e as p o r t a s para Absalão J o a b e venceu a resistência d o rei assim como Natã fizera (cap. 12), mas o fez com pleito judicial inventado. Desta vez o apelo foi para que o rei anulasse o dever do parente mais próximo de vingar seu parente assassinado. A mensagem para Davi era óbvia. Ele estava disposto a passar por cima da lei no caso de um dos seus súditos; logo, por que não fazê-lo il no caso do seu próprio herdeiro? Joabe conseguiu o que queria e Absalão voltou do exílio. Mas dois longos e frustrantes anos se passaram até que fosse admitidoà presença de seu pai. O relacionamento entre os dois havia sofrido danos consideráveis. • V s . 17,20 Discernir entre o bem e o mal pode ser equivalente a conhecer todas as coisas (compare G n 3.5). • V. 26 Seria essa cabeleira que acabaria | provocando a morte de Absalão (2Sm 18.9). 0 peso de duzentos siclos ( A R A ) equivale a mais j de 2 kg ( N T L H ) .
1 e 2Samuel
2Sm 15: O r e i f o g e d e J e r u s a l é m Amnom havia sido assassinado, o filho de Abigail morreu, e, com isso, Absalão era o próximo na linha de sucessão ao trono. Mas o herdeiro escolhido p o r Davi era Salomão. Durante quatro anos Absalão arquitetou seu plano (1-6), lentamente ganhando a simpatia do povo. Q u a n d o o plano se tornou público (7-12), o desafio que isso representou para Davi foi extremamente sério. 0 rei foi pego de surpresa. Para salvar a cidade, e ganhar tempo, ele deixou Jerusalém. Mas organizou uma rede de espionagem. E Husai foi enviado de volta para enganar Aitofel, cujo conselho perspicaz poderia dar a vitória a Absalão. • Porta (2) Ali era feitos os negócios c resolvidas as questões legais (veja Rt 4.1-12). • Hebrom (7) A antiga capital de Davi, no território de J u d á . • Vs. 25-26 Isto era apenas submissão à vontade de Deus, ou uma crise de consciência/ confiança por parte de Davi? • V.30 Jesus, traído como Davi, passaria sua noite de angústia no monte das Oliveiras (Lc 22.39-46). • Aitofel (31) Avô de Bate-Seba; o mais sábio dos conselheiros de Davi.
to público. Assim, tudo aconteceu como Natã havia previsto (2Sm 12.11-12). 2 S m 17: O s u i c í d i o d e A i t o f e l O conselho de Aitofel era agir com rapidez e atacar somente o rei D a v i , evitando, assim, uma guerra civil. Mas Husai ganhou tempo para Davi com um plano que apelava à vaidade de Absalão (11-13). Aitofel teve a perspicácia de perceber quais seriam as prováveis conseqüências, o que explica seu suicídio (23). Entrementes, num episódio que lembra Js 2, quando Raabc salvou os dois espias, Jonatas e Aimaás (que estavam levando informações para Davi) escaparam de serem descobertos pela ação protetora de uma mulher (17-20). A advertência deu ao rei tempo suficiente para escapar e ser recebido, finalmente, com uma boa refeição que foi servida para ele e as pessoas que com ele estavam. • V . 14b O autor indica a mensagem. A vontade de Deus se concretiza por meio de seres humanos até nos detalhes: Davi seria restaurado. • Amasa (25) Sua mãe Abigail era meia-irmã de Davi. Joabe era primo dele. • Maanaim (27) Um cidade da tribo de Gadc, a leste do Jordão, na região de Gileade.
2Sm 1 6 . 1 - 1 4 : A u x í l i o p a r a o r e i —e uma maldição 0 obsequioso Ziba (1-4) claramente tinha em vista os seus próprios interesses. Mefibosete mais tarde negou as acusações feitas contra ele (2Sm 19.24-30). Simei (5-8) via com sádico prazer a queda do homem que havia roubado o trono de sua família. Davi jamais se sentira tão desprezível (9-14). A caminho do Jordão, fugindo do seu próprio filho como fugira de Saul, ele estava no seu pior momento. O que aconteceria em seguida dependia de Deus. 2Sm 1 6 . 1 5 - 2 3 : A b s a l ã o t e m relações c o m a s c o n c u b i n a s de D a v i De volta a Jerusalém (15-19), H u s a i , o agente de Davi, conseguiu convencer Absalão de sua lealdade. Os vs. 20-23 dão um exemplo da estratégia política de Aitofel. A o tomar posse do harém de Davi, Absalão convenceria seus seguidores de que a reconciliação com seu pai era impossível. Nenhum rei perdoaria tamanho insul-
273
A rebelião de
2 S m 18.1—19.8: O r e i s a i v i t o r i o s o D a v i derrotou Absalão e aquela foi uma vitória que Deus lhe deu (18.28,31). As ordens de Joabe eram no sentido de poupar o filho de Davi, mas ele era inteligente o suficiente para saber que apenas a morte do pretendente ao trono, o u , então, a morte do rei, poderia
Absalão
274
A história
de Israel
resolver a questão. Davi não perdoou Joabe pela morte de Absalão (veja 19.13) Foi irônico que o belo cabelo do j o v e m (14.26) se enroscasse no carvalho e o tornasse uma vítima indefesa. 2Sm 18.33—19.8: grande tristeza e remorso (veja 12.10) cegaram o rei para o efeito da sua conduta sobre o povo. As palavras duras de Joabe o trouxeram de volta à realidade e o salvaram do desastre político. • Pilha d e p e d r a s (18.17) U m montão de pedras indicava o lúmulo de um criminoso.
Jerusalém: a cidade de Davi 0
povoamento
originai fitava no (Imo do mente, estendendose paia baixo, na «tire • (So da fome de Giom Mutoatual da ; idade Velha
A ""pataúrma" no a::o do monte eia um lugar fácil de ser defendido e. mais tarde, o templo W erguido naquele local Segundo a uidifâo, ali Abraio foi testado em sua lé, guando Deus lhe pediu que sacrllicasse seu ptóprto fího Hoje, o local é ocupado por uma mesquita, que apatete na loto abaixo (que é uma vista dc sudoeste).
ausate A/C
í x t e n s » posterior Ja c dace e li..-:á-eãíolempionr. Tn;.dodeSabmác
• N e n h u m f i l h o (18.18) Isto parece contradizer 14.27. Eles morreram ainda jovens? • Aimaás e o etíope (18.19-32) Joabe escolher o escravo sudanes/etíope para levar as más notícias. O rei naturalmente teria suposto (como fez em 27) que o filho d o sacerdote traria boas notícias. Joabe também poderá estar pensando no destino dos mensageiros anteriores (1.11-16; 4.9-12). Mas o caminho em linha reta que passava pelas colinas acabou sendo o caminho mais longo, e Aimaás, que foi pelo vale do Jordão, acabou chegando antes do escravo etíope (23). 2 S m 19.9-43: O r e s c a l d o da revolta A tribo de Judá havia ficado do lado de Absalão. A tentativa de Davi de conquistá-lo de volta, e a nomeação de Amasa (comandante do exército de Absalão, e seu próprio sobrinho) no lugai de Joabe causou mais problemas (41-43; cap. 20). Davi estava na verdade castigando a lealdade e recompensando a rebelião. Agora que o rei havia retomado o poder, algumas pessoas estavam ansiosas em conquistar seu favor (Simei 16-22, veja 16.5-14; Mefibosetc, 24-30, veja 16.1-4; sobre Simei e Barzilai, veja também lRs 2), V s . 40-43: a disputa entre os homens de Judá e as dez tribos causou uma divisão que aumentaria no cap. 20 e dividiria o reino após a morte de Salomão. • V.23 Embora Davi tenha usado de misericórdia com Simei nesta ocasião, mais tarde ele mandaria Salomão matá-lo ( l R s 2.8-9). 2 S m 20: A r e v o l t a l i d e r a d a por Seba Apesar da afirmação no v. 2, as pessoas que apoiaram Seba ativamente nesta rebelião não eram, no final das contas, tantas assim (14-22). Joabe matou Amasa (membro dc sua própria família), pela perda do comando, com a mesma rapidez que havia demonstrado ao matar Abner, quando sua própria posição estava ameaçada. Em ambos os casos sua traição foi um infame. O beijo e o golpe de espada lembram a traição de Judas. Davi não esqueceu nem perdoou (veja l R s 2.5-6). • V. 3 Estas eram as concubinas que Absalão havia tomado para si. A conseqüência para elas foi terrível. • Adonirão (24) Numa posição na qual se tem poucos amigos, ele foi apedrejado até a morte no reinado do filho de Salomão.
] e
> Vs. 23-26 Impressiona o reduzido número de oficiais o u ministros de Davi. Aquela era uma monarquia sem burocracia. Isso contrasta com o grande número de oficiais de Salomão ( l R s 4 ) .
2Sm 21—24
Acontecimentos durante o reinado de Davi 2Sm 2 1 : O s g i b e o n i t a s são v i n g a d o s 0 que é relato nos vs. 1-14 provavelmente aconteceu antes de Mefibosete ser recebido na corte real (cap. 9). A história do pacto de Israel com os gibeonitas é contada em Js 9.3-27. Saul aparentemente havia desrespeitado esse pacto (embora isso não seja mencionado em outro lugar), apesar dos estreitos laços de parentesco com os moradores da cidade ( l C r 8.29-32). 0 relato dos vs. 15-22 pertence ao período dos acontecimentos narrados em 2Sm 5.17-25. • Para que abençoem (3) Removendo assim a maldição que trouxera a fome. • V. 6 O. texto hebraico não d i z se aqueles homens foram enforcados, apesar d o que algumas traduções sugerem. > Merabe (8) A filha de Saul que havia sido prometida a Davi como esposa. > Pano de saco grosseiro para fazer um abrigo (10) Rispa deve ter ficado ali por cerca de seis meses. A chegada da chuva trouxe o fim da fome, e da maldição, deixando Davi livre para agir. • Elanã... matou Golias (19) Isto parece conflitar com I S m 17. O texto parece ter problemas. R. K. Harrison sugere que se deve ler: "Elanã, filho de Jaaré-Oregim, de Belém, matou o irmão de Golias", o que concorda com l C r 20.5. Outra possibilidade é que um novo herói havia tomado o nome daquele que foi morto por Davi. 2Sm 2 2 : O h i n o d e v i t ó r i a de D a v i Este cântico é praticamente idêntico ao SI 18, e pode ser comparado com o cântico de Moisés em Dt 32. Ele pertence ao período das primeiras grandes vitórias de Davi. Os vs. 21-25 contrastam com um conhecimento mais aprofundado de si mesmo que Davi passou a ter a partir d o episódio de Bate-Seba e Urias e que ele expressou no SI 51.
2Samuel
2 S m 23.1-7: A s ú l t i m a s p a l a v r a s de Davi Estas podem ser as últimas palavras que o "cantor dos salmos de Israel" escreveu em forma de poesia (veja 1 Rs 2 para suas últimas ordens a Salomão). Seus pensamentos estão centrados naquilo que constitui um bom rei, na sua posição diante de Deus e na dinastia prometida. Em outras palavras, um final adequado para a vida d o rei que, apesar de todas as suas falhas, foi "um homem segundo o coração de Deus". 2 S m 23.8-39: A g u a r d a e s p e c i a l de Davi Depois d o relato das façanhas d o g r u p o chamado " O s T r ê s " e m sua luta contra os filisteus (8-12) aparece u m i n c i d e n t e d a c a m p a n h a d e s c r i t a e m 5.17-25 (13-17; Belém e r a a cidade natal de D a v i ) . Depois aparecem as façanhas de dois líderes (Abisai, líder d o g r u p o chamado " O s T r i n t a " , e Benaia ou Benaías, l í d e r dos mercenários filisteus), seguidos de uma lista de soldados famosos. O g r u p o provavelmente foi formad o e m Ziclague, e ajudou Davi a conquistar o trono ( l C r 12.1; 11.10). Mais de 30 nomes são citados, e os que h a v i a m sido mortos ( p o r exemplo, Asael, Urias) foram substituídos por outros. 2 S m 24: O c e n s o e a p r a g a Veja também l C r 21. N ã o se sabe ao certo o que havia de errado com a realização d o censo. T a l v e z porque indicaria confiança nos n ú m e r o s , e m lugar de confiança em Deus. O Cronista ( l C r 21.1), talvez ciente d e que seus leitores n ã o e n t e n d e r i a m c o m o Deus p r i m e i r o incitou D a v i a fazer o censo e depois o castigou p o r fazê-lo, menciona Satanás como instigador. Vs. 8-25: Para os primeiros leitores, não era necessário explicar a tremenda importância da aquisição de Davi, explicitamente mencionada em l C r 21.18—22.1. O Templo foi construído sobre aquela eira ou terreno de malhar cereais, perto d o local onde Abraão esteve prestes a oferecer Isaque em sacrifício (2Cr 3.1; G n 22.2). • V . 16 Em vários momentos os escritores do AT afirmam que Deus se arrependeu ou resolveu não mais fazer determinada coisa (geralmente para adotar um procedimento mais misericordioso).
1 E2REIS
Resumo A história da nação desde o rei Salomão até o exílio. 1RS3—1I
O reinado de Salomão 1Rs 12—2RS 25 Reis de Israel e Judá Reis (originalmente um livro, não dois) dá continuidade à história de Israel, começando no ponto em que terminou 2Samuel e abrangendo os quatro séculos seguintes. Essa história nos leva do final do reinado de Davi e do período áureo de Salomão, quando o Templo foi construído, passando pela separação entre as tribos do Norte e do Sul que acabou dividindo o povo em dois reinos separados — Israel e Judá — até a queda de Samaria (722/1 a.C.) e a destruição de Jerusalém (587 a.C). O registro começa com um reino estável e unido sob a liderança firme de um rei e termina com o colapso total e a deportação em massa para a Babilônia. É uma história sombria, e o autor sabe muito bem qual o moral que ela transmite: Deus é o Senhor da história, ativamente envolvido nos assuntos humanos. Quando o povo e seus líderes o buscavam e obedeciam às suas leis, resultavam paz e prosperidade. O desastre político e econômico tomou conta de Israel e Judá como conseqüência direta do enfraquecimento da moral e da religiosidade da nação. Um elemento importante nessa história é o surgimento dos profetas, especialmente Elias e Eliseu, cuja tarefa era chamar o povo de volta para Deus. O autor desta coleção de histórias é desconhecido. Ele provavelmente foi um profeta que viveu na Babilônia durante o exílio, por volta
G e z c r foi
nua
das cidades reconstruídas e tonificadas por Salomão, após ter sido destruída pelos egípcios. Os pilares de pedra faziam parte de um dos "ahos" da religião dos canancus.
de 550 a.C. Ele menciona várias das suas fontes (p. ex. IRs 11.41; 15.31): registros oficiais da corte e coleções de histórias sobre os profetas. Ele escreveu seu registro como um único volume, para ser lido do começo ao fim. Grande parte do material tem paralelos em Crônicas.
Histórias mais conhecidas ou passagens principais OJempío (1 Rs 5—8) A rainha de Sabá (lRs 10) A divisão do reino (lRs 12—14) Elias (IRs 17—19) Eliseu (2Rs 2—8)
Há alguns problemas envolvendo datas e cronologia. Essas questões são discutidas em "Examinando a cronologia dos reis".
IRs
1—2
Quem será o sucessor
do rei Davi?
1 R s 1: A l u t a p e l o t r o n o O rei Davi já era idoso. Os pensamentos se voltavam para seu sucessor. Diante da morte de seus três irmãos mais velhos, Adonias aparcnicmente era o herdeiro. Ele tinha o apoio dc Joabe, comandante do exército, e Abiatar, um dos principais sacerdotes. Mas o trono fora prometido ao meio irmão dc Adonias Salomão (1.13, e veja l C r 22.9). Assim, graças à astúcia do profeta Natã, e à ação mais rápida ainda do velho rei D a v i , Adonias foi posio de lado. Salomão foi coroado rei, inicialmente como co-regente de Davi. • A b i s a g u e (3) Ela era de Suném, que ficava perto de Nazaré. As vezes é identificada com a heroína de Cântico dos Cânticos, mas não há fundamento real para isto. • V . 4 Versões mais antigas, como Almeida Revista e Corrigida, dizem que o rei "não a conheceu". Isto significa que ele "não a possuiu" ( A R A ) , "não teve relações (sexuais) com ela" (Mim.
I e 2Reis
• V. 5 Veja 2Sm 18. • Vs. 7-8 Zadoque e Abiatar, veja 2Sm 15.2429; Benaia, 2Sm 23.20-23; Natã, 2Sm 12. Os valentes eram a guarda especial: 2Sm 23.8-39. • Fonte de Rogel (9) Ficava na fronteira entre os territórios de Benjamim e Judá. • V. 13 Essa promessa não está registrada em nenhum outro lugar. • Giom (33) Uma fonte que ficava do lado de fora do muro oriental de Jerusalém, no vale do Cedrom. • Queretitas e peletitas (38) Mercenários estrangeiros (filisteus). • A Tenda ( 3 9 ) O local onde era guardada a arca da aliança. • Pontas do altar (50) Saliências em forma de chifre que ficavam na parte superior, nos quatro cantos do altar. lRs 2.1-12: M o r r e o r e i D a v i Vendo a morte chegar, Davi deu a Salomão as últimas instruções. Depois de conselhos da mais alta importância (1-4) aparecem, sem qualquer transição, instruções derivadas da sabedoria mundana e de moralidade dúbia (5-9). • Joabe (5) Veja 2Sm 3.26-30; 20.8-10. Salomão obedeceu às instruções de seu pai (veja 2.28-34). • Barzilai (7) Veja 2Sm 17.27-29; 19.31-39. • Simei (8) Davi entendeu que a promessa que ele havia feito a Simei não seria transferida a Salomão. Em outras palavras, Salomão não devia se sentir obrigado pela promessa que Davi havia feito. Veja 2Sm 16.5-14; 19.16-23. lRs 2.13-46: A o p o s i ç ã o é eliminada Adonias, apoiado pelo sacerdote Abiatar e pelo comandante Joabe, já havia reivindicado o trono anteriormente (cap. 1). Desta vez ele pagou caro pelo que poderia ter sido um pedido feito com leviandade. Salomão considerou isto uma segunda reivindicação do trono, já que, no Oriente, a posse do harém do predecessor era um dos elementos que dava direito ao trono (compare o gesto de Absalão, 2Sm 16). Abiatar foi despedido e expulso (embora pareça ter sido readmitido, 4.4) e Joabe sofreu a morte violenta que causara a outros. Simei, outro desordeiro em potencial, foi mantido em liberdade condicional em Jerusalém, para que ficasse longe dos seus companheiros benjamitas. Q u a n d o Simei violou sua condicional, embora p o r razão justificável, Salomão ordenou que ele fosse morto.
• Anatote (26) Esta cidade ao noite de Jerusalém pertencia aos levitas. Foi lá que nasceria, mais tarde, o profeta Jeremias. A desonra de Abiatar deixou uma sensação duradoura de vergonha. • A p a l a v r a . . . sobre a família d e Eli (27) Veja I S m 2.27-36.
1 Rs
3—11
O reinado
glorioso
de
Salomão
l R s 3.1-15: " D á - m e s a b e d o r i a " Veja também 2Cr 1.3-12. Salomão estava oferecendo sacrifícios em Gibeão, cidade que ficava 10 km a noroeste de Jerusalém, quando Deus lhe apareceu num sonho oferecendo um presente que ele poderia escolher. Ele pediu sabedoria para governar seu povo com justiça. Foi a escolha de um homem cujo coração era reto diante de Deus e, assim, ele recebeu mais do que pedira. Salomão ficaria famoso por seu sábio discernimento. Sua fama se espalharia pelo mundo. E seu reino desfrutaria de prosperidade econômica como nunca houvera antes. • V. 1 A "Cidade de D a v i " era a fortaleza do monte Sião. Veja também o artigo "Egito". • V. 2 Os "altos" (ARA) eram os antigos santuários cananeus (geralmente, mas nem sempre, localizados no alto dos montes) que passaram ao controle dos israelitas. Em pouco tempo, a adoração de Deus nestes lugares foi contaminada por grosseiras práticas pagãs, que seriam condenadas por profetas posteriores. • O s o n h o (5) Na antiguidade acreditava-se que os sonhos tinham significado real e o A T registra vários sonhos nos quais Deus revela sua vontade (veja, por exemplo, a mensagem a Abraão em G n 20.6-7; o sonho de Jacó, G n 28.12-15; os sonhos de José e o dom de interpretação dado por Deus). • H o l o c a u s t o s (4) Para sacrifícios em geral, veja Lv 1—7. l R s 3.16-28: " C o r t e m a c r i a n ç a viva pelo meio" Este caso extremamente difícil ilustra o dom da sabedoria que Deus havia dado a Salomão. N u m a situação em que se tinha a palavra de uma mulher contra a palavra de outra, era necessário discernimento especial da natureza humana ("sabedoria de Deus"; v. 28) para descobrir a verdade. O incidente também mostra que o povo simples, inclusive duas prostitutas, tinha acesso ao rei.
A história
de Israel
destacados em sabedoria, que ele cxpress; va, tal como eles, em provérbios e cânticost ditos baseados na vida natural e animal (veja por exemplo, SI 72; 127, que são atribuídos: Salomão, e Pv 10.1—22.16). • Vs. 1-6 Azarias era chefe da receita intentsi encarregado dos coletores dc impostos (er_ espécie). No v. 5, "amigo do rei" (ARA) signifcl "conselheiro particular do r e i " ( N T I . H ) . • D e b a i x o d a sua videira e . . . d a sua figueira (25; ARA) Um provérbio indicando condições! idílicas de paz e prosperidade.
l R s 4: A s e r v i ç o d o s á b i o r e i Salomão E m c o i m a s t e com a s i m p l i c i d a d e da estrutura administrativa do rei D a v i , Salomão i n t r o d u z i u uma vasta burocracia para administrar seu reino. A corte incluía não só a família real (11.3 dá a dimensão do seu harém), mas ministros, funcionários civis c servos domésticos, e devia chegar a vários milhares de pessoas. Não é de admirar que fosse necessária uma elaborada organização para manter isso em funcionamento (7-28). O rei excedia seus contemporâneos mais
l R s 5: P r e p a r a t i v o s para a construção do Templo Veja também 2Cr 2. A amizade com o reino fenício de Tiro, ao Norte (veja 2Sm 5.11), foi fortalecida através de um acordo comercial: H i r ã o suprirá a matéria prima para a construção do Templo em troca de alimentos. • Cedros d o Líbano (6) "Líbano" era a cadeia de montanhas e esses cedros eram a melhoi madeira disponível. Onde naquele tempo havia uma grande floresta, restam, hoje, após contínuo desmatamento, poucas dessas árvore: imponentes. • Coros (11; ARA) O "coro" era uma medida de capacidade. U m coro de trigo equivalia a uma carga de jumento. U m coro de óleo equivalia a 48 galões. A N T L H diz "duas mil toneladas dc trigo e quatrocentos mil litros dc azeite de oliva puro". • Biblos (18;NTLH) l/>calizadajunto â costa, uns 32 km ao norte de Beirute, Biblos era famosa po: seus artesãos. A palavr.i grega biblos = livro (que resulta em "Bíblia") vem dc "Biblos", a cidade onde se fazia papel com o papiro que vinha do Egito. l R s 6: C o n s t r u i n d o o t e m p l o Veja também 2Cr 3. Em tamanho o Templo era mais uma capela que uma catedral. Foi projetado para ser uma casa dc Deus, não um edifício para abrigar grandes agrupamentos de pessoas. (0 clima permitia que as pessoas se reunissem nos pátios ao redor do prédio nas épocas das festas.) O Templo media mais ou menos 27 m de comprimento, por nove de largura e 13,5 de altura. Dividia-se em duas seções, com parte da seção interior separada do santuário por uma cortina. Na frente havia um pórtico que media 4,5 x 9 m, e dos lados ficavam salas que serviam dc armazém.
1 e 2Reis
279
O templo de Salomão e suas reconstruções Allan Millard
0 grande desejo de Davi era construir um templo para Deus, mas isto só viria a ser realidade no tempo de seu filho Salomão. Era natural que um rei poderoso honrasse seu Deus desta forma, e o tabernáculo existente proporcionava o padrão para um santuário centralizado. O terreno que Davi comprou para essa finalidade ficava onde hoje se encontra a mesquita de OmarfHaram es-Sherif"), em Jerusalém. A crosta rochosa bem no centro talvez fosse o local onde ficava o altar dos holocaustos.
0 templo de Salomão As descrições detalhadas em IRs 6-7 e 2Cr 3—4 dão um retrato quase completo do templo. Isto é complementado pela evidência das descobertas arqueológicas. A planta do tabernáculo foi ampliada pelo acréscimo de um pórtico, sendo que os três cômodos resultantes formavam uma estrutura semelhante a alguns dos templos dos cananeus (p. ex., em Hazor e Ras Shamra). Isto pode ter sido obra dos construtores fenícios que foram contratados por Salomão. Uma série de depósitos em três andares cercava o Lugar Santíssimo e o Lugar Santo. Nas laterais da entrada havia duas colunas cuja função é desconhecida. A comparação com o templo de Ezequiel sugere que o prédio inteiro ficava numa plataforma elevada em relação ao nível do pátio. Antes de subir os degraus para entrar no santuário, o sacerdote em
O T e m p l o foi c o n s t r u í d o c o m pedras e madeira de c e d r o t r a z i d a das florestas d o L í b a n o . Este bosque d e cedros é u m d o s poucos q u e ainda restam hoje no Líbano.
feitas de madeira de cipreste, entalhadas com flores, palmeiras e querubins, e revestidas de ouro, a exemplo das demais paredes de madeira. Neste recinto ele podia ver o altar do incenso, todo dourado, a mesa dos pães da proposição, e cinco pares de candelabros. Luz adicional entrava por uma série de janelas no alto da parede. jri)m«inwiMiii ii Os pés do oficiante pisavam um chão A o d e c o r a r e m o T e m p l o , os artífices d e S a l o m ã o usaram padrões semelhantes a esta escultura d e revestido com ouro. E se ele pudesse marfim q u e pertence a u m p e r í o d o u m p o u c o olhar para dentro no Lugar Santíssimo, posrerior. este lhe apareceria todo reluzente de exercício teria que ter atravessado o ouro, com a luz que penetrava atrapátio, passado ao lado do grande altar vés da porta de entrada. Mas esta era aberta apenas raramente, talvez de bronze para os sacrifícios (cerca de 10 m', 3 m de altura) e o enorme somente para a cerimônia anual da tanque de bronze apoiado sobre os expiação. Os motivos decorativos são bem conhecidos a partir dos entalhes doze touros. Aparentemente o pórtico de fenícios em marfim e bronze dos séculos anteriores e posteriores à época de entrada não tinha portas. É possível que houvesse portões que impediam Salomão. E os reis egípcios e babilôa passagem. Mas o sacerdote se depa- nios se orgulhavam de ornamentar seus templos com paredes, portas e rava com duas portas dobradiças na mobília revestidas de ouro. entrada do Lugar Santo. Estas eram
280
A história
de Israel
O templo de Salomão foi destruído por Nabucodonosor em 587 a.C. Grande parte das suas riquezas já havia sido tirada anteriormente e entregue como tributo a conquistadores estrangeiros que ameaçavam Judá.
1 e2Rás
A madeira a ser usada na construção d o T e m p l o foi transportada a o l o n g o d a costa, e m barcos fenícios.
O altar d e incenso sobre rodas p o d e ter sido semelhante a este, feito d e bronze, que remonta a 1200-1100 a . C .
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O templo reconstruído O povo desanimado que se encontrava no exílio, na Babilônia, foi consolado e animado com a visão que Ezequiel teve de um novo templo (Ez 40—44). Ezequiel faz uma descrição minuciosa desse templo, incluindo detalhes a respeito do pátio que não aparecem no relato da obra de Salomão. Este santuário jamais foi construído, mas os exilados que retornaram por volta de 537 a.C, após alguma demora, completaram a reconstrução do antigo em 515 a.C. O pouco que sabemos sobre ele mostra que seguia de perto a planta do templo anterior. Quanto ao esplendor, era uma pálida imitação do templo de Salomão. Nada sobreviveu do primeiro templo. Mas um muro de pedra que se ergue no alto do vale do Cedrom, no lado leste, pode ser parte da plataforma sobre a qual foi erguido o segundo templo, e que o rei Herodes incorporou nos muros de sua construção. O caráter cosmopolita da Jerusalém do período após o exílio trouxe dificuldades a Neemias, ossibilitandoanão-judeusfácil acesso ao recinto sagrado (Ne 13.4-9). Isto provavelmen• te resultou na separação p de um pátio externo, W ficando o acesso ao pátio interior restripB to aos judeus. Essa B9 divisão existia, com m& certeza, no templo de Herodes. Foram e n c o n t r a d o s dois blocos de pedra contendo inscrições de advertência aos gentios: se passassem daquele ponto, seria p o r sua própria conta e risco (veja também At 21.17-36).
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O rei Hirào, de T i r o , forneceu • Salomão materiais c artesãos para a construção d o Templo. O s fenícios, que m o r a v a m nas cidades-esiado d e T i r o (foto) e S i d o m , ao norte da terra de Israel, e r a m marinheiros e desempenhavam um papel importante no comércio internacional.
A história
de Israel
Os vs. 11-13 destacam o motivo de tudo isso: Deus habitando no meio do seu povo. Os vs. 15-36 nos descrevem as belas decorações, os painéis de cedro entalhados e decorados, as paredes douradas, as criaturas cujas enormes asas douradas se estendiam de uma parede a outra do santuário (veja Êx 25.1820). Sete anos, e tudo estava concluído conforme planejado. • Quatrocentos e oitenta anos ( 1 ) O êxodo provavelmente ocorreu cerca de 300 anos antes de Salomão construir o Templo. O número arredondado aqui (12 x 40) pode indicar 12 gerações em vez de um número preciso de anos. • Não se ouvisse o barulho (7) Mesmo nesta fase o lugar era considerado santo. As pedras eram preparadas perto do local da construção, mas num subterrâneo tão profundo que todo som era abafado. l R s 7: C o n s t r u ç õ e s s u n t u o s a s p a r a Salomão; bronze para o Templo Vs. 1-12: Salomão construiu o Salão da Floresta do Líbano, um grande salão forrado de cedro onde eram guardadas armas c taças de ouro (veja 10.17,21; Is 22.8), o Salão das Colunas, a Sala do Trono e palácios para si e para a filha do Faraó (sua rainha). Provavelmente o
palácio da filha do Faraó abrigava também o resto do harém. Vs. 13-51: Hurã, o artesão que Salomão trouxe de Tiro, supcrvisou a fundição em bronze de duas colunas ornadas para a entrada do Templo (15-22; veja também 2Cr 3.15-17); de um enorme ianque com capacidade para quase 40.000 litros de água (23-26; 2Cr 4.2-6); de dez carretas para apoiar outros recipientes (27-39) e de vários itens menores de equipamento (40-50; 2Cr 4.11—5.1). l R s 8: A g l ó r i a d e D e u s e n c h e o Templo Veja também 2Cr 5.2—7.10. Terminada a obra, a arca da aliança foi trazida da Cidade de Davi e instalada no Lugar Santíssimo. E todo o prédio d o Templo brilhou com a luz da presença de Deus, a mesma nuvem brilhante que, n o deserto, cobria a Tenda de Deus ( Ê x 40.34-38). A oração de Salomão, pela casa real (23-26) e pelo povo (27-53), lembra a linguagem usada por Moisés. Ele pediu que Deus ouvisse as orações e perdoasse o pecado do seu povo quando se voltasse para o Templo, embora nenhum prédio na terra pudesse conter o Deus do céu. Depois da oração veio a bênção (54-61); depois da bênção, o sacrifício (62-64); depois do sacrifício, festa e alegria para todo o povo (65; veja 2Cr 7 ) .
1 e 2Reis
283
As cidades fortificadas do rei Salomão
Ao escavar a cidade perdida ou esquecida de Hazor, o arqueólogo Yigael Yadin usou os textos bíblicos para ajudá-lo a recuperar sua história. Aos pés da grande colina (ou tell), Yadin desenterrou a cidade baixa, uma área construída de uns 68 hectares; a maior cidade da Terra Santa que remonta ao tempo dos cananeus; a cidade que a Bíblia descreve como "capital de todos esses reinos" (Js 11.10). Havia ali uma grossa camada de cinzas, provável evidência da destruição da cidade por Josué na segunda metade do século 13 a.C.
"A cidade baixa jamais foi 'Cavem aqui e vocês encontrarão A s ruínas da porta d a cidade d e Salomão e m reconstruída. Os campos de hoje I l a z o r e as plantas baixas encontradas também e m apenas cobrem as ruínas da últi- um muro. Cavem aqui M e g i d o e G e z e r c o n f i r m a m a exatidão histórica ma cidade cananéia. Mas a Bíblia e vocês encontrarão uma sala.' d o s relatos bíblicos. nos diz- que Salomão reconstruiu a É claro que, quando encontraádade. Mas, então, onde ram exatamente o que dissemos, da ficava...? pensaram que éramos adivinhos! co ao do nosso portão e da nossa No entanto, os operários que Na verdade, encontramos parede de casamata. Ele escavara conheciam a Bíblia — quando li arídadede Salomão, sobre só metade do portão, e por causa novamente a passagem para eles a colina (o tell) propriamente. disto ele não era visível. Mas eu Quando escavamos sob o estrato — perceberam como havíamos che- publiquei um artigo sugerindo que gado a esta solução. mais antigo, descobrimos este era, na realidade, o portão as fortificações de Salomão. ChaNosso prestígio caiu muito; e as fortificações de Salomão... mamos isto de parede mas o da Bílolia aumentou Uma expedição americana de casamata: parede dupla com como nunca. do Hebrew Union Collegefoi uma parede exterior e interior divi- Assim, em Megido e Hazor, a Gezer, e um de seus objetivos era dida em cômodos. Perto dali encon-foram encontrados portões que testar minha teoria. Foram muito tramos o portão da cidade tinham exatamente a mesma estru- cautelosos, mas encontraram de Salomão. Ficamos surpresos tura e as mesmas dimensões. E que a segunda metade do portão. com o fato de que era muito seme- dizer da terceira cidade — Gezer E, mais importante ainda, lhante estruturalmente — mencionada naquela passagem no piso da área onde ficava ao portão descoberto muitos anos no livro de Reis...? o portão encontraram peças atrás em Megido e também atribuí- Por causa da passagem bíblica, de cerâmica do século 10 a.C, do a Salomão. Isto se deve, é claro, decidi tirar da prateleira o relatóque é a época de Salomão. Assim, ao fato de Salomão ter reconstruí- rio em três volumes sobre nas três cidades que, segundo do três cidades: as escavações que Macalister havia a Bíblia, foram reconstruídas por Gezer, perto de Jerusalém, Megido feito ali, muito tempo atrás. Salomão, foram encontradas fortie Hazor. Assim, copiamos a planta Para minha surpresa e alegria, ficações e portões idênticos." no primeiro volume descobri do portão de Megido antes de continuar a escavação. Marca- o que Macalister classificou como planta de um castelo do período mos no chão e dissemos dos macabeus, que parecia idêntia nossos operários:
A história
de Israel
• Trevas espessas (12; ARA)/Entre nuvens escuras (NTLH) O Lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos) não tinha janelas nem iluminação. • Meu nome (16; ARA) O próprio Deus estava presente de fonna especial no Templo, assim como estivera na Tenda ou Tabernáculo. Mas o Templo de Israel, ao contrário dos templos pagãos, não tinha estátua para representar seu Deus. • Lhe for exigido que jure (31) Isto é, que jure ser inocente (veja N T L H ) .
l R s 9.1-9: D e u s f a l a o u t r a v e z c o m Salomão Veja também 2Cr 7.11-22 "Se você me servir... se você deixar de me seguir" — Deus repetiu a promessa feita a Davi (3-5), e acrescentou uma advertência (6-9). Salomão ignorou isto e sofreu as conseqüências (cap. 11), embora Deus não tenha quebrado sua promessa de uma linhagem duradoura. • Como... em Gibeão (2) Ocasião em que Salomão recebeu o dom da sabedoria (lRs 3.1-14). l R s 9.10-28: C o m é r c i o e t r a b a l h o forçado Veja também 2Cr 8. Mesmo com toda a riqueza, Salomão teve problemas com a balança comercial. Nesta ocasião (10-14), ele deu a Hirão, de Tiro, vinte cidades como garantia de um empréstimo. Vs. 15-22: a mão-de-obra necessária para as obras de construção e defesa foi obtida de duas fontes. Os cananous que moravam na região proporcionavam trabalho escravo permanente. F. os israelitas foram recrutados para trabalho forçado temporário. Vs. 26-28: Salomão foi o primeiro rei de Israel a criar uma marinha mercante. Seus
navios fizeram comércio com a Arábia e outra j locais mais distantes. Veja mapa comercial em 2Crônicas. • Hazor, Megido, Gezer (15) Salomão fortificot estas cidades. Veja "As cidades fortificadas do rei Salomão". • V. 2 5 Êx 23.17 diz que todos os homens I judeus se reuniam para adorar na Páscoa/' Festa dos Pães Asmos, Primícias/Festa das Semanas (Pentecostes) e na Festa das Barracas (Tabernáculos). Estas eram as três festas de peregrinação. • Ofir (28) Sugestões quanto à localização incluem o sul da Arábia, o leste da África e até a índia. 1
l R s 10.1-13: A r a i n h a d e S a b á visita Salomão Veja também 2Cr 9.1-12. Relatos intrigantes a respeito da sabedoria I e do esplendor de Salomão fizeram com que I a rainha do lêmen fosse a Jerusalém. Ao contrário do povo da época de Cristo (Mt 12.42), I esta mulher estava disposta a fazer uma longa viagem para descobrir por si mesma a verdade s o b r e o que tinha ouvido. • V. 11 Os navios de Hirão: Veja 9.27-28. • Madeira de sândalo ( 1 1 - 1 2 ) Possivelmente o sândalo vermelho do Ceilão e da índia. l R s 10.14-29: R i q u e z a impressionante Veja também 2 C r 9.13-28. Foi enorme o lucro que Salomão obteve por meio do comércio e dos impostos (inclusive um lucrativo comércio ligado ao turismo, 24-25). Mas o consumo também era alto. A situação geográfica do país fazia dele um intermediário na compra e venda de carros do Egito e cavalos da Cilicia (Turquia; veja mapa comercial em 2Crônicas). • V. 14 A N T L H diz 23.000 kg. N ã o se sabe qual era o p o d e r cie compra do ouro naquele tempo. • 6 0 0 sidos de o u r o (16; ARA) Quase 7 kg (NTLH). • Três arráteis de ouro (17) Quase 2 kg (NTLH). • Pavões (22; ARA) O u "micos" ( N T L H ) . l R s 11: A d e c a d ê n c i a d e S a l o m ã o Vs. 1-13: Os casamentos de Salomão por interesse político sem dúvida contribuíram para a paz c segurança do país, mas as esposas estrangeiras trouxeram consigo deuses estrangeiros (conforme advertência cm Ex 34.16).
2S5
1 e 2Reis
E Salomão n a velhice substituiu Deus pelos ídolos, um pecado que custaria a seu filho a maior parte de seu reino e dividiria a nação em duas. 0 reinado de Salomão não era totalmente isento de problemas. No Sul houve dificuldades causadas pelo edomita Hadade (14-22; história semelhante à de José); no Norte, por Rezom de Damasco (23-25); e dentro de suas próprias fronteiras havia Jeroboão (26-40), o homem destinado por Deus a reinar sobre as dez tribos separatistas após a morte de Salomão. E interessante que o Cronista omite de seu registro os aspectos negativos d o reinado d e Salomão (veja 2Cr 9.29-31). • Astarote, M o l o q u e (Milcom), Q u e m o s (5,7) O culto a esses deuses era abominação ("nojento") porque envolvia sacrifício de crianças, ritos de fertilidade, prostituição e práticas sexuais proibidas em Israel. • Uma t r i b o (13) O Reino de J u d á , ao S u l , também incluía a pequena tribo de Benjamim (12.21). As outras dez tribos se separaram para formar o Reino de Israel, ao Norte. • Casa de José (28; ARA) As tribos de Manasses e Efraim ( N T L H ) . • História de S a l o m ã o (41) Obra desconhecida. Supostamente se tratavam de registros oficiais da corte. • Vs. 4 1 - 4 3 Esta fórmula, com pequenas variações, é repetida nos livros de Reis, ao final de cada reinado.
A divisão d o rei no
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ra a má administração, principalmente pela imposição de trabalhos forçados a seu próprio povo, também contribuiu para isto). E à medida que Israel se afastava cada vez mais da lei c da adoração a Deus, a situação ficava cada vez pior. Disputas internas enfraqueceram ambos os reinos. A nação se tornou alvo de vizinhos mais poderosos, e, n o final, acabou sendo absorvida pelas grandes potências.
IRS 12—14
0 reino se divide
em
dois
Nunca foi fácil manter as 12 tribos unidas. Efraim, especialmente, invejava o poder de Judá. Já no tempo de Davi houve uma ameaça de divisão (2Sm 20). O segredo da unidade e força nacional sempre esteve no vínculo da adoração comum ao único Deus. A monarquia em si não substituía isto. Sem o vínculo religioso, rei epovo naufragariam juntos, como Samuel havia previsto claramente por ocasião da coroação de Said: 'Tudo correrá bem para vocês se temerem o S E N H O R . . . se obedecerem às suas ordens, e se vocês e o seu rei o seguirem. Porém, se não ouvirem o S E N H O R . . . ele ficará contra vocês e contra o seu rei" ( I S m 12.14-15). A história da nação relatada em Reis confirma isto. E m l R s 11.13, Deus r e d u z i u o reino porque Salomão quebrara a aliança e desobedecera a seus mandamentos (embo-
l R s 12.1-24: " V o u s u r r á - l o s c o m correias", d i zo filho de Salomão Veja 2 C r 10.1—11.4. Salomão havia morrido e o rei agora era Roboão. E o povo trouxe as suas queixas. As tribos d o Norte encontraram um líder e portav o z em Jeroboão. Mas as negociações falharam diante da tática opressora de Roboão. As tribos rebeldes proclamaram a sua independência c fizeram de Jeroboão o rei de Israel, embora o reino d o Norte jamais conquistasse (como J u d á ) a estabilidade d e uma dinastia única. A divisão foi permanente, com um 1 estado constante de guerra efetiva o u de guerra fria entre os reinos. Apenas nos r e i n a d o s de A c a b e - A c a z i a s - J o r ã o em Israel c Josafá-Jeorão-Acazias e m J u d á a união foi temporariamente restabelecida por meio de uma aliança de casamento. E disto
O "selo de Sema", com a seguinte inscrição: "Pertencente a Sema, servo d e Jeroboão". (Trata-se de J e r o b o ã o I I . rei d e Israel.) Modelo de b r o n z e , t i r a d o d o original de jaspe.
286
A história
de Israel
U m dos sanmários 01 ix ¡dos por Jeroboão. rei de Israel, para impedir que o povo p e r e g r i n a j e a Jerusalem, ficava cm D à , n o extremo n o n e lio país.
0 velho profeta de Betel fot m o n o por um leão. U m a cena horripílame .los.i.N aparece nesta gravação assíria em marfim, proveniente d o palácio de N i i n r u d e (sec. 9 a . C ) .
resultou a quase extinção da casa real de J u d á nas mãos da rainha Atália. • V. 11 Os "escorpiões" que são mencionados em algumas versões ( A R A , por exemplo) eram chicotes com farpas usados para surrar os escravos. • V. 15 U m comentário do autor. • A d o r ã o (18; ARA) O Adonirão de 4.6; 5.14 (veja N T L H ) . • V. 20 Veja 11.13. • 180.000 (21) O número que parece exagerado. l R s 12.25-33: J e r o b o ã o r o m p e c o m o Templo Jerusalém fora o centro religioso do reino unido. Jeroboão, temendo que a visita a Jerusalém para as festas de peregrinação levasse seu
liste bracelete pode ter s i d o feito com o o u r o roubado d o Templo. Pertencia a Nemoreth, filho d o Faraó Sisaque. que derrotou Koboâo e l e v o u embora o o u r o que havia n o Templo.
povo a desertar, criou dois novos santuários no reino do noite. Também criou um sacerdócio ilegal (não eram levitas) e fez bezerros, os símbolos da fertilidade, para o povo adorar (como Arão fizera desastrosamente após o êxodo do Egito). Suas ações incentivaram a idolatria e, com o passar do tempo, a adoração israelita tomou-se mais e mais depravada. Para o autor de Reis, ele é sempre "o mau rei Jeroboão", aquele que fez Israd desviar-se pelo caminho do pecado contra Deus. • V. 32 Isto era uma substimição da peregrinação da Festa dos Tabernáculos que começava no décimo quinto dia do sétimo mês. l R s 13: A v o z d o p r o f e t a Neste período crítico para Israel e Judá, o papel dos profetas foi vital. A necessidade de discernir entre o que é verdade e o que é mentira é mais premente no caso daqueles que afirmam que falam em nome de Deus. Mas até um profeta mentiroso (18) às vezes fala (21-22) e reconhece a verdade (32). O profeta de Judá errou ao aceitar a palavra do velho profeta que estava em contradição com o que o próprio Deus lhe havia dito. O que o autor quer enfatizar é que é preciso ser obediente a Deus. A morte do profeta foi um sinal para Jeroboão e Israel da severidade com que Deus lida com a desobediência. Mas não há pessoa mais cega que aquela que não quer ver (33). Assim, Jeroboão trouxe ruína e destruição a sua dinastia. • J o s i a s (2) O rei que iniciou a reforma mais completa cm Judá. Veja 2Rs 23. • S e c o u ( 4 ) Ficou paralisado.
1 e 2Reis
287
Examinando a cronologia dos reis Arthur Cundall
À primeira vista, parece haver dados suficientes sobre os reis de Israel e Judá para montar uma cronologia precisa. Com a exceção de Saul, o texto indica claramente a duração do reinado de cada um deles, e, após a divisão entre Israel e Judá, o começo do reinado de cada um é relacionado com o reinado do soberano do outro Estado. Há, também, o que se pode chamar de "pontos de controle", quando um acontecimento afetou simultaneamente os dois reinos, como quando Jeú assassinou Jorão de Israel e Acazias de Judá (2Rs 9.21-28). O historiador integrou as cronologias de ambos os reinos, tratando do reinado completo de um rei, desde o início até a morte desse rei, para depois dedicarse aos soberanos do outro reino, cujos reinados começaram durante esse período. Uma exceção está em 2Rs 8—9, quando o assassinato de Jorão e Acazias por Jeú tornou necessário mencionar Jeorão e Acazias de Judá (2Rs 8.16-29), que normalmente só seriam mencionados após a morte de Jorão de Israel. Problemas No entanto, um exame mais detalhado revela problemas aparentes. Por exemplo, em Judá, o período que vai de Roboão até a morte de Acazias é de95 anos, enquanto o mesmo período em Israel, de Jeroboão à morte de Jorão, é de 98 anos. No período que vai do golpe de Jeú até a queda de Samaria, a soma dos reinados em Judá resulta em 165 anos, ao passo que, em Israel, o mesmo período não passa de 144 anos. A rainha Atália, que usurpou o trono, reinou durante seis anos (2Rs 11.3), mas não foi incluída no esquema normal da cronologia.
Temos outra dificuldade com as datas aparentemente conflitantes da entronização de Jorão de Israel (2Rs 1.17; 3.1). Está mais ou menos claro que Salomão morreu em 932 a.C, 346 anos antes da queda de Jerusalém em 586 a.C. Porém, somando o tempo dos diferentes reis, conforme o relato bíblico, o número menor que se consegue alcançar é de 372 anos aproximadamente. Pistas Quatro fatores, no entanto, ajudam muito na solução definitiva destes problemas. • Foram usados dois métodos diferentes de calcular a duração dos reinados: o método do "ano antes da entronização" e o método do "ano da entronização". No sistema do ano antes da entronização, a morte de um rei significava que determinado ano era contado duas vezes. Em outras palavras, uma parte do ano era contada como um ano inteiro para o rei falecido e o restante do ano era contado como um ano inteiro para o seu sucessor. Assim, para se obter uma cronologia exata, é preciso descontar um ano do reinado de cada rei. O sistema do ano da entronização não incluía nenhuma porção de um ano no total de anos do reinado do rei. A porção do ano passada antes do primeiro ano completo do rei era considerada seu ano de entronização. No período inicial da monarquia dividida, Israel usou o primeiro método e Judá, o segundo. A discrepância nos totais entre os dois reinos corresponde a um número maior de reis israelitas neste período. •
Deve-se levar em consideração o fato de que o calendário de Judá, certamente no p e r í o d o inicial, começava no mês de tisri
•
•
(setembro/outubro), enquanto em Israel começava no mês de nisã (março/abril). A prática de co-regências significa que alguns reinados se "sobrepõem". O precedente para isto é encontrado no caso de Davi e Salomão, que abafaram a tentativa de golpe de Adonias (1Rs 1). Outro exemplo diz respeito a Jotão, que governou como co-regente quando Uzias, seu pai, ficou leproso (2Cr 26.21). Outras co-regências geralmente aceitas são as de Asa e Josafá, Josafá e Jeorão, Amazias e Azarias/Uzias, Acaz e Ezequias, e Ezequias e Manasses. Em certos casos, o filho (por exemplo, Ezequias) foi mais brilhante do que o pai (Acaz) e os acontecimentos foram datados por meio de referência ao co-regente, e não ao rei em si (2Rs 18.9-10). Levar em conta que existia esse costume permite que se reduza a duração de cada reinado e ajuda, também, a interpretar os números bíblicos. Por exemplo, Manasses reinou de 687 a 642 a.C. De acordo com 2Rs 21.1, ele reinou 55 anos. Isto nos leva a supor uma coregência de 697 a 687, algo bem plausível tendo-se em vista a doença grave de Ezequias. Em Israel, o reino do Norte, durante as últimas décadas de turbulência, após a morte de Jeroboão II, é possível que houvesse vários reis "governando" ao mesmo tempo, em partes diferentes do reino. Somando o tempo de reinado dos seis reis deste período chega-se à cifra de 41 anos e 7 meses. No entanto, historicamente o período foi de cerca de 24 anos.
Parâmetros externos Através de uma aplicação cuidadosa destes fatores, as cronologias
288
A história
de Israel
de Judá e Israel podem ser integradas. No entanto, descobertas arqueológicas permitiram que se fizessem progressos no processo de relacionar a cronologia resultante com os acontecimentos do mundo circunvizinho, com vistas à obtenção de uma cronologia absoluta e não só relativa. Os achados mais significativos são os seguintes: •
As listas dos "limmu"
ou
epôni-
mos assírios. Na Assíria, um oficial que exercia um cargo anual dava seu nome àquele ano especifico. Foram preservadas listas notavelmente completas desses oficiais, abrangendo o período de 892 a 648 a.C, incluindo acontecimentos significativos durante o mandato de cada um. Como a história bíblica e a história dos assírios convergem em vários pontos, pode-se obter uma data precisa. •
A Crônica Babilónica. Estas tabuinhas tratam da história babilónica durante o periodo que vai de Ezequias à queda de Jerusalém e são de grande interesse para quem estuda os anos em que Judá esteve sujeita à Babilônia, isto é, o período após 605 a.C. Como resultado, nosso conhecimento das relações entre os dois reinos foi bastante ampliado. Mas não se sabe ao certo se o ano civil hebraico segue uniformemente o padrão babilónico, o que resulta numa diferença de um ano nas datas durante o reinado de Zedequias, o último rei de Judá.
•
Várias inscrições contemporâneas estão relacionadas com acontecimentos específicos, tais como: • a batalha de Qarqar, em 853 a.C, travada entre a Assíria e uma coalizão de Estados menores, entre eles Israel; • o tributo que Jeú pagou a Salmaneserlll.em 841 a.C; • ou a tomada de Samaria pelos assírios, em 723 a.C. Tais registros fornecem pontos de contato confiáveis que nos per-
mitem datar os acontecimentos bíblicos. Aplicando os princípios que norteiam as cronologias bíblicas e correlacionando-as com a cronologia fixa possibilitada pelo contato de Israel e Judá com as potências mundiais daquele tempo, podemos estabelecer uma cronologia bíblica absoluta com uma margem de erro de apenas um ano para a maior parte da monarquia. O reinado de Saul permanece uma exceção. Os 40 anos que aparecem em At 13.21 são, provavelmente, um número arredondado. Já que "2" é o único número restante no texto hebraico de 1Sm 13.1, a maioria dos estudiosos acredita que um número que indicava a dezena foi omitido. Vinte e dois parece ser a alternativa mais aceitável, já que combina com outros dados cronológicos, tais como o período dos Juízes.
1 e 2Reis
> U m leão (24) Leões podiam ser encontrados na Palestina, principalmente no vale do Jordão, ainda na Idade Média. Aqui, a estranha cena do leão ao lado de sua caça, mas deixando o corpo do profeta e o jumento intocados, deixou claro que esse acontecimento tinha u m significado especial. Foi um "sinal" para Israel. lRs 14.1-20: O v i d e n t e c e g o Até um profeta cego, quando é profeta verdadeiro, pode enxergar o fingimento (5-6). A esposa de Jeroboão nem teve chance de fazer sua pergunta. Aías previra a ascensão de Jeroboão (11.29-39). N o entanto, por não ter sido leal a Deus, como Davi fora, o Senhor lançaria fora toda a dinastia de Jeroboão "como se lança fora o esterco" (veja 15.29). > Só este d a r á e n t r a d a e m s e p u l t u r a (13) Todos os outros sofreriam morte violenta. > O espalhará p a r a a l é m d o Eufrates (15) Israel foi levado ao exílio pela Assíria após a queda de Samaria (2Rs 17). > Tirza (17) Capital de Israel na época de Baasa (15.33). t Histórias dos Reis (19) Não equivalem aos livros do Reis que estão na Bíblia. O Livro da História dos Reis de Israel, que (assim como o " O Livro da História dos Reis de Judá") não foi preservado, é mencionado 18 vezes em Reis. O autor não estava interessado na história política ou social: lealdade ou não a Deus e à verdadeira religião era a única medida do sucesso ou fracasso de um rei. lRs 1 4 . 2 1 - 3 1 : R o b o ã o , r e i d e J u d á (930-913) Veja2Cr 11.5—12.15. 0 reinado de Jeroboão, em Israel, abrange os reinados de três reis — Roboão, Abias e Asa — no reino de Judá, ao sul. Também em Judá a religião pagã floresceu nos dias de Roboão (filho de uma das esposas estrangeiras de Salomão, 21). 0 estado enfraquecido perdeu os tesouros do Templo na invasão do Faraó egípcio, e o norte e o sul estavam constantemente em guerra. > Sisaque (25) Este é Sheshonq, fundador líbio da 22-' dinastia egípcia. Ele deixou u m registro da sua campanha entalhado n u m templo em Karnak, Egito.
)
Ao ser atacado por Baasa, rei de Israel, Asa contrata Ben-Hadade, de Damasco, para atacar Israel a pattir do norte (1 Rs 15|.
M Zerá, o etíope, invade )udá vindo do sul. Asa o derrota em Maressa e o persegue até Gerar (2Cr14).
u m rei e seu predecessor. Quase todas as dacas que são fornecidas devem ser aproximações. Veja "Examinando a cronologia dos reis". l R s 15.1-24: A b i a s e A s a , reis d e Judá Veja 2Cr 13—16. O autor de Reis define como bom um rei que promovia a adoração de Deus, e como mau um rei que se envolvia em práticas idólatras. Segundo esta definição, o reinado de três anos de Abias (913-911 aproximadamente) foi mau (veja 2Cr 13). Asa, em comparação, foi um rei bom. Reinou durante 41 anos, de 911 a 870 aproximadamente. A guerra com Israel continuou até que ele conseguiu persuadir a Síria a ficar do seu lado. Isto lhe custou toda a prata e o ouro de seu palácio e do Templo, mas desviou a atenção de Baasa e deu a Asa algum tempo para melhorar as suas próprias defesas. • O c a s o d e Urias, o heteu (5) Veja 2Sm 11. • Maaca (10,13) Avó d c Asa. • R a m á (17) Ficava alguns quilômetros ao norte de Jerusalém.
1Rs 15.1—16.28
Reis de Israel e Judá As datas d o s reis d e J u d á nesta seção incluem vários períodos de co-regência entre
l R s 15.25—16.28: Reis d e I s r a e l Segundo a definição d o autor de Reis (veja acima), todos os reis de Israel foram automaticamente maus, embora alguns fossem
289
O reinado dc A s a , d e Judá
290
A história
de Israel
Pouco abaixo do topo do mome Carmelo íica um anfueari-o nnrural. coberto de pedras. Mais abaixo ainda existe uma torrente. Psscs detalhes condizem com o local onde Klias enfrentou os profetas de Baal.
Israel. Ele fundou uma nova dinastia e reinou durante 12 anos, cerca de 885 a 874. Fortificou Samaria e fez dela a sua nova capital. Durante os 150 anos seguintes, a Assíria referiu-se a Israel como " a terra de O n r i " . • S e g u n d o a palavra d o S E N H O R (15.29) Veja 14.6-16. • J e ú (16.1) U m profeta, não o rei posterior.
1Rs 16.29—2Rs 1
O Rei Acabe e o profeta
piores que outros. Depois de reinar p o r dois anos (910-909), Nadabe (15.25-32) foi assassinado por Baasa. 15.33—16.7: Baasa f u n d o u u m a n o v a dinastia e reinou sobre Israel durante 24 anos, cerca de 909-886 a.C. 16.8-14: seu sucessor, Elá, reinou durante dois anos (886-885) antes de ser assassinado por Zinri. 16.15-20: Zinri fundou uma nova dinastia de breve duração (885). Ele cometeu suicídio ao ver que estava cercado pelas tropas de Onri. • 1 6 . 2 1 - 2 8 Apesar da breve menção neste relato de Reis, O n r i foi, d o ponto de vista político, um dos reis mais poderosos d e
As viagens de Elias
à '
y f f w j ã ^ . Sarepta
Ttsbe
Modn òtQuerite
*
Berseba
Pata Horebe (Sinai)
Elias
l R s 16.29-34: O r e i A c a b e , em Israel (874-853) Do ponto de vista do autor, a vida religiosa em Israel atingiu seu pior momento durante os 22 anos do reinado de Acabe. O casamento do rei com a princesa Jezabel, de Tiro, formando uma aliança entre Israel e a vizinha Fenícia ao norte, trouxe força política e benefícios comerciais. Mas Jezabel era extremamente ligada a sua própria religião e persuadiu Acabe a fazer "o que era mau perante o S K N I lOR", impondo ao povo a adoração d o deus fenício Melcartc (o "Baal" mencionado nestes capítulos). O cenário estava pronto para o surgimento de Elias eo início de um conflito clássico de "igreja versus estado". • V . 34 Veja Js 6.26. l R s 17: Elias p r e v ê a seca Num período crítico, de forma repentina o profeta de Deus entra em cena. Elias ficaria conhecido como maior de todos os profetas (veja Mt 17.3,10-13). Baal era adorado como um deus do clima que podia dar ou impedir a produção da terra. Portanto, assim como mostrara seu poder sobre os "deuses" do Egito por meio das pragas, Deus provaria ao rei e ao povo que só ele tinha poder sobre o sol e a chuva, sem os quais nada cresceria. Deus cuidou de Elias primeiramente por meio da natureza e depois por intermédio de uma pessoa da qual nada se poderia esperar, que vivia n u m lugar que não tinha muito a oferecer. A viúva era uma estrangeira que não tinha quem tomasse conta dela, e Sarept,i iicava bem no m e i o tio território que t i : considerado de Baal! Ao alimentar Elias dessa forma, Deus também mostrou que cuida dos mais pobres dentre os pobres. (Veja as palavras de Jesus em Lc 4.25-26). Vs. 17-24: este é o primeiro registro na Bíblia a
1 e 2Reis de um morto que torna a viver. É uma história comovente também para o leitor, que felizmente termina com uma impressionante confissão de fé vinda de uma pessoa que, antes da chegada de Elias, não conhecia nada sobre Deus. • V. 1 O nome de Elias significa "meu Deus é Yah(weh)". Gileade fica a nordeste, do outro lado do Jordão. "Não cairá orvalho nem chuva": a razão para a seca era o pecado (veja Dt 11.17). Normalmente, espera-se que a chuva caia entre o final de outubro e o início de janeiro e, novamente, de abril ao início de maio. • V.21 Elias pode ter usado a respiração boca a boca, mas a reanimação veio em resposta à sua oração, não apenas p o r u m método específico de ressuscitação. lRs 18: O d e s a f i o d e E l i a s : Deus o u B a a l ? Jezabel era fanática por sua religião. Durante três anos ela fizera tudo em seu poder para eliminar a adoração a Deus em Israel ( 4 ) . Agora Elias estava de volta, um conira 450, e trazia um desafio: vamos tirar isso a limpo e ver quem é Deus de verdade. Baal se mostrou impotente, tão incapaz de produzir fogo quanto de enviar a chuva necessária. O Deus de Israel era o Senhor vivo. O fogo queimou a oferta encharcada. O povo gritou: " O SENHOR é Deus!" Os profetas de Baal foram mortos e a seca terminou. Mas apesar de tudo isto, não houve uma reforma religiosa profunda nem duradoura. • V . 19 O Monte Carmelo, perto da atual Haifa e junto ao mar Mediterrâneo, faz parte de uma cadeia de montanhas que atinge 530 m de altura. • V. 46 Elias correu 27 km até o palácio de verão em Jczrccl. lRs 19: E l i a s f o g e para s a l v a r s u a v i d a 0 entusiasmo se acabou. O desgaste físico e espiritual deixou Elias à beira da depressão, do medo e da decepção. Jezabel ainda queria 0 desafio de Elias aos profetas d e Bani foi feito n o próprio terreno deles: Baal ( f o t o a c i m a ) , d e u s d o t e m p o , não deveria ter t i d o problemas para m a n d a r fogo! A q u i , de aparece tendo na m ã o u n i m a c h a d o e um raio.
291
S e g u n d o o relato b í b l i c o , Deus e n v i o u corvos para alimentar Elias j u n t o à torrente de Q u e n t e . Isto ate que a torrente secou.
292
A história
r
de Israel
ditando que seu trabalho havia chegado ai fim. Deus lhe deu um companheiro e sucessotl Eliseu. A obra de Deus teria continuidade. ( N a tradução grega do AT, o cap. 21 vecl depois do cap. 19.) • Unja H a z a e l . . . J e ú . . . Eliseu (15-16) Elise, foi "ungido", chamado para tornar-se proferi pelo ato simbólico de Elias de jogar sua capai sobre ele. Mas a unção de Hazael e Jeú foi feita por Eliseu (2Rs 8—9).
• V . 18 O número provavelmente é simbólico: 7 (da perfeição) x 1000. Veja a referencia dei Paulo a este episódio em Rm 11.2-5.
A viúva de Sarepla, que alimentou Elias durante a longa seca. teria usado um forno destes pata fazer pão.
Guerras
matá-lo, c por isso Elias fugiu para o sul, ate o deserto c o Sinai (Monte H o r e b e ) , tirando novo alento da comida e da água fornecidos por um anjo com um senso prático. No lugar em que se revelara a Moisés, Deus falou com Elias, não de forma espetacular, mas cm meio ao silêncio. A autocomiseração chegou ao fim, ele tornou a ver as coisas na sua devida proporção, e o caminho à frente foi mapeado com clareza. Elias se sentira terrivelmente solitário, acre-
com
SIRCA
a Síria
2' ataque sírio a Israel
1"ataque sirio» Israel. K%
^ " % / Israel derrota ' " - o s sírios
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7
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Acabe e Josafá partem para tomar RamoteGüeade, mas sáo derrotados pelos sírios (1 Rs 221
Jerusalém /
í JUDÁ
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RamoteCileade
(ß
l R s 20: I s r a e l e Síria e m g u e r r a Ben-Hadade da Síria e os reis aliados de 321 cidades-estados atacaram Samaria. A interal ção diplomática (2-9) é difícil de seguir. Masi Ben-Hadade leve que retirar o que disse diante da vitória dupla dc Israel. Acabe poupou ii vida dc Ben lladade, mas isto viria a traz: problemas para Israel. Ele cometeu o mesmol erro de Saul, esquecendo que numa "guerríj santa" tudo precisa ser entregue a Deus eu sacrifício. Esta guerra deveria demonstrar que! não somente os montes, mas também os valesj estavam sob o domínio de Deus (28). (Israel c Síria lutaram como aliados conül Salmanescr III da Assíria em Qarqar no ano dei 853 a . C , mas depois se desentenderam. Vejaf 22.1-2). • T o d o o p o v o , t o d o s o s f i l h o s d e Israel (151 O exército israelita. • C e m m i l . . . vinte e sete mil (29-30) 0< números parecem exageradamente altos. Veja I observação sobre Ex 12.37. • Meu p a i . . . t e u p a i (34) Significa ancestral, não o próprio pai. l R s 21: R o u b o e a s s a s s i n a t o — o rei Acabe é condenado Em Israel, o confisco ou a venda forçada de terras era ilegal. A herança de uma pessoa tinha que ser passada à geração .seguinte. Mas Jezabd | não estava nem um pouco preocupada comos direitos das outras pessoas. Enquanto seu marido tinha a reação típica de uma criança mimada, ela, em silêncio, tramava a eliminação de Nabote. Ela só precisou inventar uma acusação de blasfêmia, confirmada, c claro, pelo número de testemunhas exigido por lei, e as terras do "criminoso" foram confiscadas. Elias, o velho profeta do juízo, era a única mosca nessa sopa. o único empecilho. Mas Elias falou a verdade (veja 22.37; 2Rs 9.30-37) e desta vez o rei pres-
1 e 2Reis tou atenção, ganhando uma suspensão de juízo durante sua vida.
293 Esta v i n h a se parece c o m a pequena propriedade d e
lRs 2 2 . 1 - 4 0 : O p r o f e t a p r e v ê a morte d o r e i Veja também 2Cr 18. Jeorão, filho de Josafá, casou-se com a filha de Acabe, Atália. Israel e J u d á se tornaram, temporariamente, aliados contra a Síria. A pedido de Josafá, Micaías foi trazido ao rei e anunciou sua profecia fatal (uma única voz verdadeira contra 400). A advertência foi ignorada. Acabe não podia enganar a morte usando disfarces: morreu n o campo de batalha em Ramote-Gileade, a leste d o J o r d ã o , como Deus dissera. (Para profetas verdadeiros e falsos, veja 2Cr 18). • Ele (o Senhor) resolveu (23) Aqui como em todo o A i ; a vontade de Deus é vista como a causa imediata dos acontecimentos. • V. 28 " O u v i isto, vós, todos os povos". Estas palavras, tiradas de M q 1.2, foram inseridas no texto hebraico a partir de uma anotação marginal feita por algum escriba que confundiu Micaías com Miquéias. N ã o são muitas as "correções" desse tipo de texto hebraico, e os estudiosos conseguem identificar todas elas. (Neste caso, cleduz-se que seja um acréscimo porque esse texto não aparece na Septuaginta.) lRs 2 2 . 4 1 - 5 0 : J o s a f á , rei d e J u d á ( 8 7 3 - 8 4 8 ) Veja 2Cr 17—20. Josafá foi um rei "bom". Ele reinou durante 25 anos. • V. 48 Veja caps. 9—10. Os fortes ventos que sopravam do norte podem ter lançado a frota contra as rochas.
Nahote. que foi cobiçada pelo rei Acabe e acabaria sendo tirada d e Nabote pela rainha J e z a b e l .
• 1.8 João Batista viria a usar roupas semelhantes a estas (Mc 1.6). A vestimenta d o profeta era rústica c simples. Ele não precisava impressionar sua audiência com roupas finas. A mensagem era suficiente. 2Rs 2.1—8.15
Histórias
de
Eliseu Esta escultura
2 Rs 2: Elias é l e v a d o a o c é u Parece que Elias tinha a intenção de enfrentar a sós esta última experiência. Mas Eliseu ficou com ele até o fim d o caminho. A cena final — o redemoinho que leva o profeta para o céu e a visão que Eliseu teve de uma carruagem cie fogo e cavalos — se passou a leste do J o r d ã o , perto d o lugar onde Moisés morr e u . A vida de um homem excepcional chegou ao fim de uma forma extraordinária. O
d e marfim, q u e é daquela época, d á uma idéia d o estilo d a tainha Jezabel.
IRs 22.51—2Rs 1.18
Acazias, rei de Israel
(853-852)
Acazias reinou dois anos, durante os quais Moabe conquistou a sua independência. Acazias consultou o deus filisteu após uma queda do terraço d o seu palácio e Elias pronunciou ojuízo de Deus sobre a idolatria do rei. Foram necessárias três escoltas militares para fazer com que Elias fosse ao r e i , mas nada pôde alterar a sentença do profeta. > Baal-Zebube(1.3) Significa "senhor das moscas". Trata-se de um jogo de palavras depreciativo com o nome real do deus, Baalzebul.
Ruinas d o palácio d o rei Acabe no alto d a colina fortificada d c Samaria.
294
A história
de Israel
reaparecimcnio de Elias na transfiguração de Jesus ( M l 17) enfatiza a posição singular deste homem entre todos os profetas de Deus. Eliseu, que ficou sozinho, assumiu a sua tarefa imediatamente. • Profetas (3) Grupos que possuíam dons extáticos; nem sempre pessoas de grande estatura espiritual. • J e r i c ó . . . J o r d ã o (4,6) 0 rio fica 5 km a leste da cidade. • Porção dobrada (9) Isto é, a porção que cabia ao herdeiro, o filho mais velho, que herdava o duplo em relação aos outros. Portanto, Eliseu pediu não o dobro do poder espiritual de Elias, mas a porção que o marcaria como sucessor do profeta. • V. 11 No AT, o fogo muitas vezes indica a presença de Deus, como no Sinai. • C a r r o s d e Israel (12, A R A ) O defensor de Israel. Rira a nação, Elias linha mais valor do que as suas forças armadas. • Uns rapazinhos (23, ARA) A palavra hebraica traduzida por "rapazinhos" pode designar meninos ou rapazes de várias idades. Estes eram rapazes ( N T L H ) , delinqüentes daquele lugar que Insultaram o profeta e seu Deus, dizendo a ele que "subisse", como Elias. • Vs. 19-24 Estes milagres deixam claro para o leitor que Deus realmente deu poder a Eliseu.
Naaniã. o general sírio, achava que o rio J o r d ã o ( f o r o tirada na Galileia) era insignificante, se comparado com os rios que havia e m sua terra. Mas. por orientação d e Eliseu, ele se lavou nas águas do Jordão, e íoi curado.
2Rs 3 : J o r ã o , r e i d e Israel (852-841) Jorão reinou 12 anos. Uma expedição punitiva das forças aliadas de Israel, Judá e Edom contra Moabe foi posta em risco por causa da seca. Eliseu, com seus sentidos estimulados pela música (um costume comum entre os profetas), prometeu um fim à seca, bem como a vitória no campo de batalha. • A l g u m profeta (11) Assim como as outras nações consultavam a vontade de seus deuses por meio de adivinhos, Israel também buscava a vontade de Deus antes da batalha. E m tempos mais antigos, isso era feito através de sacerdotes; nessa época, por intermédio dc profetas. • Deitava á g u a sobreas mãos d e Elias (11, ARA) Isto significa que ele era o assistente dc Elias. • V. 19 Dt 20.19 proibia o corte dc árvores frutíferas. • A t i r a d o r e s d e f u n d a (25) tinham a habilidade de lançar pedras com as suas fundas que eles seguravam com a mão, giravam sobre a cabeça e depois arremessavam, soltando uma das pontas. Davi matou Golias desta forma.
• V. 27 O sacrifício do filho do rei comovei os moabitas de tal forma ou chocou tanto os israelitas que o ataque foi interrompido. 2 R s 4: E l i s e u f a z m i l a g r e s Os milagres de Eliseu, como os de Jesus, mostram o cuidado de Deus pelas pessoas comuns e suas necessidades. Os dois primeiros se assemelham aos de Elias ( I R s 17), possivelmente para ressaltar que Deus havia escolhido Eliseu como verdadeiro sucessor do grande profeta. O registro não está necessariamente em ordem cronológica. V s . 1-7: a v i ú v a cujos filhos se tornariam escravos para pagar suas d í v i d a s ; 8-37: a mulher de Suném que não tinha filhos c que se mostrou muito hospitaleira em relação a Eliseu (sua história continua no cap. 8); 38-44: a alimentação dos famintos. • Q u e d o r d e c a b e ç a ! (19) A criança teve insolação. • S á b a d o / F e s t a d a L u a Nova (23) Estas era ocasiões especiais de caráter religioso, quando seria natural visitar um homem de Deus, A mulher não contou a seu marido que a criança estava morta. • Frutas a m a r g a s (39, N T L H ) Durante a fome u m homem colheu colocíntidas, um laxante poderoso, amargo e venenoso quando consumido em grandes quantidades. • Pães das primícias (42) Esta era uma oferia
muito.
le2Reis normalmente feita para os sacerdotes no início da colheita. 2Rs 5: A c u r a d o g e n e r a l s í r i o Esta história, a que Jesus se refere em Lc 4.27, como muitas outras no A T e no N T , mostra que o cuidado de Deus não se limita a Israel. A Síria freqüentemente estava em guerra com Israel, e Naamã era comandante do exército inimigo. Uma j o v e m escrava israelita, capturada num ataque à fronteira, falou a sua patroa síria sobre o poder de Eliseu. Uma visita foi preparada através dos canais diplomáticos. As instruções do profeta não foram nada do que Naamã esperava. Mas seus servos o persuadiram a tentar, e ele foi curado. Profundamente impressionado com a cura e por Eliseu recusar o pagamento, o chefe do exército da Síria tornou-se seguidor do Deus de Israel. A ganância deGeazi poderia ter arruinado tudo e teve de ser castigada. • V. 1 Várias doenças de pele são classificadas como "lepra" no AT. Hoje a palavra se aplica apenas à hanseníase. Isto explica a tradução da NTLH: "uma terrível doença de pele". • Talentos/sidos (5, ARA) Ainda não existiam moedas naquele tempo; estes eram pesos. • V. 17 Ele pegou o solo da terra do Deus de Israel porque na época acreditava-se que um deus só podia ser adorado na sua própria terra (veja as palavras de Davi em I S m 26.19). 2Rs 6 . 1 - 2 3 : O e x é r c i t o d e D e u s protege E l i s e u Vs. 1-7: o machado flutuante. Os bosques densos do vale do Jordão eram uma boa fonte de madeira para a nova construção comunitária de que os profetas necessitavam. O milagre de Eliseu foi apenas um ato de bondade. Vs. 8-23: seu conselho ao rei (provavelmente, Jorão) mostrou que Eliseu era um verdadeiro profeta de Deus. Sua confiança estava na proteção de Deus, algo real para aqueles que têm olhos para ver (17). Ao invés de estar perdido ou sem saída (15), Eliseu os tinha na palma da sua mão enquanto os guiava para casa. O rei, também, leve de ser misericordioso. E então os ataques, ao invés de continuarem, chegaram ao fim. j Dota (13) 16 km ao norte de Samaria. 2Rs 6 . 2 4 — 7 . 2 0 : A c a p i t a l d e I s r a e l é sitiada A paz conseguida por Eliseu (23) não durou muito. Ben-Hadade, da Síria, retornou para
SIRIA
/Eliseu (e a mulher de Stiném Monie Canudo'; ' (2Rs4)
O encontro tom Hazael de Damasco (2Rs8)
(
!'X \ \ I \ \ \ \.\
-
'; Dota
Eliseu se envolve na marcha contra Mesa, rei de Moabe (2Rs3|
sitiar Samaria e o povo passou fome e teve que recorrer ao canibalismo. ( U m destino semelhante aguardava Jerusalém: Lm 4.10.) O rei culpou Eliseu por haver dado o conselho de resistir e por haver prometido libertação (33). Os leprosos, que dependiam de esmolas para comer, estavam em situação pior. Sua fome terrível fez deles os primeiros a descobrir a verdade sobre a previsão de Eliseu. O exército sírio fugiu por pensar que reforços militares se aproximavam. • 6.25 O jumento era um animal "impuro", alimento proibido; "esterco de pomba" pode ser o nome de algum tipo de planta ou vegetal. Durante a fome, ambos atingiram preços astronômicos. • 6.30 Pano de saco ou roupa de pano grosseiro era usada para demonstrar tristeza e luto. • 7.2,19 'Janelas no céu" parece ser uma referência a chuva. 2Rs 8.1-15: U m p e d i d o a o r e i ; previsão de Eliseu Vs. 1-6: a segunda parte da história contada em 4.8-37. Ela pertence ao período anterior à lepra de Geazi, 5.25-27. Vs. 7-15: Eliseu executou a tarefa que havia sido entregue a Elias ( l R s 19.15). Hazael, como Macbeth, recorre ao assassinato para realizar uma previsão c assumir o trono.
2951
As v i a g e n s tte Eliseu
A história
de Israel
O Obelisco Negro
Este texto no "Obelisco Negro", que registra o triunfo do rei assírio Salmaneser III, menciona Jeú, rei de Israel. O segundo painel deste lado mostra o rei ou seu representante em atitude de reverência diante do soberano assírio. " O tributo de Jeú, filho de OnrL Prata, ouro, um cálice de ouro, um vaso de ouro, taças de ouro, jarros de ouro, estanho, um cetro real, uma lança". Esta parte da inscrição diz: Yaua (Jeú), filho de tlumri (Onri).
W nu O Obelisco Negro é o único monumento descoberto aié hoje que mostra israelitas (abaixo) pagando tributo a um rei assírio.
m
1 e 2Reis
297
As defesas de Samaría, um pouco acima d o território circunvizinho, ucupado por tropas sírias no tempo d o profeta Eliseu.
> V. 10 O engano supostamente deveria dar ao rei uma falsa sensação de segurança e capacitar Hazael a tomar o trono com a morte dele. Mas Hazael não estava disposto a esperar.
2Rs 8.16—17.41
Reis de Israel e Judá até a queda de Samaria
tempo em que os exércitos de Israel e Judá defendiam Ramote Gileade contra o ataque da Síria. O rei estava se recuperando dos ferimentos em JezreeI, a 65 km de distância, e aquele era o momento perfeito para o golpe de J e ú . Este não perdeu tempo e matou Jorão, rei de Israel, Acazias, o rei de Judá que estava com ele, e, finalmente, a rainha Jezabel. Assim, cumpriu-se a profecia de Elias ( l R s 21.23).
0 autor volta à história dos reis que fora interrompida pelas histórias de Eliseu.
SÍRIA
2Rs 8 . 1 6 - 2 4 : J e o r ã o , r e i d e J u d á (853-841) Veja também 2Cr 21. Jeorão foi um rei "mau", influenciado por sua esposa Atália, filha de Acabe e Jezabel (veja cap. 11). Ele reinou oito anos mais uma co-regenda, e nesse tempo revoltas bem-sucedidas de Edom (a sudeste) e Libna (na fronteira com os filisteus a sudoeste) enfraqueceram Judá. 2Rs 8.25-29: A c a z i a s , r e i d e J u d á ( 8 4 1 ) Veja também 2Cr 22. Acazias foi o u t r o rei que abandonou o Senhor c seguiu seu próprio caminho. Ele reinou durante um ano apenas. 2Rs 9: J e ú , r e i d e I s r a e l p o r m e i o de u m g o l p e d e e s t a d o ( 8 4 1 - 8 1 4 ) Eliseu desincumbiu-se da última missão que Elias lhe havia deixado ( l R s 19.16). num
RamoteGleade
O golpe de Jeú; a invasão Síria; guerras de Judá com Fdom e Israel
Q Jet] mata Jorão. ptfMgiH ftnfffmi e continua ali* Samaria Q Ilazad invade Iwarl e Judá fcj Alturas, Cc Judá. denota os edomias Q Joái, de [srad, denota Amarias, de Juiirt
G a | e
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Bete-Semesl f /
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A história
de Israel
• A q u e l e louco (11) Pelo estado extático do homem os oficiais perceberam que ele era profeta. • C a m p o q u e havia s i d o d e N a b o t e (21) A vinha confiscada por Acabe ( l R s 21). • V. 2 6 Veja l R s 21.19. • J e z a b e l . . . pintou os olhos (30) Mesmo nesta época, a maquiagem feminina era sofisticada: lápis preto para delinear os olhos; sombra azul obtida do lápis-lazúli; cochonilha moída servia de batom vermelho; e hena escarlate para pintar as unhas. Também havia pós e uma variedade de perfumes e unguentos. • Zinri (31) Assassino do rei Elá, l R s 16.8-10. • A palavra d o SENHOR... p o r i n t e r m é d i o d e Elias (36) l R s 21.23.
Cronista não esteja tão convencido disso), Jcé foi um dos melhores reis de Judá. Seu rein» do durou 40 anos. Sob a orientação de Joiada, Joás fez um bom governo. Mas durante alguns anos o dinheiro destinado à restauração do Templo ficou todo nas mãos dos sacerdotes i U m novo método de coleta foi esquematizado e teve início o trabalho de restauração. Os | fundos necessários vinham de impostos (2ftl 24.6; Ex 30.11-16) e de ofertas voluntárias. 1 Os últimos anos do reinado de Joás teste-1 munharam um declínio nos âmbitos político I (17-18), moral e religioso ( 2 C r 24.17-19). AI Síria invadiu Judá e ameaçou Jerusalém. OreiI foi morto p o r seus oficiais (veja também 2Ct| 24.25-26 para maiores detalhes).
2 R s 10: O e x p u r g o f e i t o p o r J e ú O reinado de Jeú começou com um massacre no qual muita gente perdeu a vida: toda a família de Acabe (1-11,15-17), muitos da casa real de Judá (12-14), e os profetas, sacerdotes e adoradores de Baal (18-27). Objetos ligados à adoração de Báal foram destruídos, mas os templos construídos em Betei e Dã por J e r o boão, o primeiro rei de Israel, permaneceram intactos e a lei de Deus foi negligenciada. Jeú reinou durante 28 anos, começando uma nova dinastia. Durante seu reinado, o território a leste do Jordão caiu nas mãos da Síria.
2 R s 1 3 . 1 - 9 : J e o a c a z , r e i d e Israel (814-798) Jeoacaz reinou 17 anos, e nesse tempo Israel passou a ser dominado pelos sírios. • U m s a l v a d o r (5) Várias sugestões foram| feitas: Adade-Nirari, da Assíria, que recebeu' tributos de Damasco e de Jeoás de Israel; Jeroboão I I ; Eliseu. • V . 7 Compare isso com os 2.000 carros de Acabe.
2 R s 11: A t á l i a , r a i n h a d e J u d á (841-835) Veja também 2Cr 22.10—23.15. A rainha Atália, mãe de Acazias e filha de Acabe e Jezabel, reinou seis anos. Estes foram alguns dos anos mais sombrios da história da nação. Por pouco a linhagem real dc Davi não foi exterminada; apenas o pequeno Joás conseguiu escapar. O sacerdote Joiada (marido da princesa Jcoscba, que resgatou Joás) liderou um golpe bem planejado e praticamente pacífico que colocou Joás no trono. A monarquia constitucional foi restaurada e a lealdade a Deus reafirmada no juramento de uma nova aliança. • V. 12 Será que neste Livro do Testemunho estavam contidas as "leis do reino" estabelecidas pelo profeta Samuel na época dos primeiros reis da nação ( I S m 10.25)? 2Rs 12: R e s t a u r a ç ã o d o t e m p l o no reinado de Joás, de J u d á (835-796) Veja também 2Cr 24. Segundo o autor de Reis (por mais que o
2 R s 13.10-25: J e o á s , r e i d e Israel (798-782) Jeoás reinou 16 anos. Houve guerra contra Judá. A última previsão dc Eliseu, que falava de vitória sobre a Síria, se cumpriu. O profeta morreu, mas mesmo na morte seu corpo reteve poder dado por Deus (21). • Carros d e Israel (14) Veja 2.12. 2 R s 1 4 . 1 - 2 2 : A m a z i a s , r e i d e Judá (796-767) Veja também 2Cr 25. A m a z i a s foi u m r e i " b o m " que reinou durante 29 anos. A vitória sobre Edom subiulhe à cabeça. O desafio desastroso lançado a Jeoás trouxe as forças de Israel para dentro de Jerusalém, onde saquearam o Templo e outros tesouros. O povo fez de Azarias o co-regente. Outra conspiração contra Amazias resultou na sua morte em Laquis. • No Livro d a Lei d e Moisés (6) Dt 24.16. • Vale d o Sal (7) A área ao sul do mat Mono. • O e s p i n h e i r o d o s m o n t e s Líbano (9) A resposta de Jeoás ao desafio irrefletido de Amazias, que o desafiava para uma batalha, foi uma parábola sarcástica.
1 e 2Reis
299
> Elate (22) Trata-se de Eziom-Gcbcr, que ficava na extremidade norte do golfo de Acaba e servia de base naval da frota de Salomão no mar Vermelho. O porto havia caído nas mãos dos edomitas, mas foi recuperado pela vitória de Amazias.
/
. 1 ,
2Rs 1 4 . 2 3 - 2 9 : J e r o b o ã o I I , rei d e I s r a e l ( 7 9 3 - 7 5 3 ) Jeroboão I I r e i n o u d u r a n t e 41 anos, incluindo-se u m tempo em que foi co-regente. Teve muita força política, d o m i n a n d o o território desde o norte do Líbano (Hamate, atual Hama na Síria) até o mar M o r t o (mar deArabá). Derrotou a S í r i a , que j á estava enfraquecida. Para Israel, o reinado de Jeroboão foi a calmaria antes da tempestade, porque, depois da morte dele, a nação entrou em decadência. O s profetas Amós ( A m 2.6 em diante) e Oséias revelaram a corrupção que havia em Israel: extremos de riqueza e pobreza; a opressão dos pobres e fracos. > Jonas (25) Esta c a única menção ao profeta no AT fora do livro que leva seu nome.
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^
O t r i b u t o pago por Menaém, rei d e Israel, foi registrado por escribas, c o m o mostra esre baixorelevo assírio que ilustra as conquistas d e
2Rs 1 5 . 1 - 7 : A z a r i a s ( U z i a s ) , rei d e J u d á ( 7 9 1 - 7 4 0 ) Veja também 2 C r 26. Azarias, u m rei " b o m " , r e i n o u 52 anos, incluindo um período como co-regente. Azarias foi um rei forte que derrotou os filisteus e árabes e fez de A m o m um estado vassalo. Mas o o r g u l h o lhe trouxe um triste fim sição aos assírios resultou numa deportação (5; 2Cr 26.16-23). O profeta Isaías recebeu cm massa da população por parte de Tiglateo chamado de Deus " n o ano em que o rei Pileser. Peca foi assassinado p o r Oséias. Uzias morreu" (Is 6). 2Rs 15.32-38: J o t ã o , r e i d e J u d á 2Rs 1 5 . 8 - 3 1 : O u t r o s r e i s d e I s r a e l (750-732) (753-732) J o t ã o foi u m rei piedoso. Durante seu Vs. 8-12: Zacarias, filho de Jeroboão, reireinado (e sua co-regência) de 16 anos ele nou seis meses (753-752) e foi assassinado enfrentou oposição da Síria e de Israel. por Salum. Vs. 13-16: Salum reinou apenas um mês, 2 R s 16: A c a z , r e i d e J u d á ( 7 3 5 - 7 1 6 ) pois foi assassinado por Menaém. Veja também 2Cr 28; Is 7. Vs. 17-22: Menaém fundou outra dinastia Acaz foi um dos piores reis de Judá. Durannova, reinou durante 10 anos (752-742) c tor- te seu reinado e sua co-regência de 16 anos nou-se vassalo do poderoso Tiglate-Pileser III J u d á foi atacada de todos os lados: da Síria (Pui) da Assíria. e de Israel, ao norte; de Edom e dos filisteus, Vs. 23-26: Pecaías, filho de Menaém, reiao sul. O Templo foi despojado da prata e do nou durante dois anos e foi deposto num ouro para pagar os altos impostos exigidos golpe liderado por Peca, em 740. pela Assíria em troca de ajuda. Algumas das Vs. 27-31: Peca fundou uma nova dinastia profecias de Isaías datam deste período. ereinou durante 20 anos (752-732), caso se • V . 5 V e j a i s 7.1. datar seu reinado desde o momento cm que • V . 7 Ao pedir ajuda à Assíria, Acaz ignorou Menaém subiu ao trono. Sua política de opoo conselho de Isaías (Is 7).
Tiglate-Pileser 111, de Nimrude. Tiglate-Pileser 111, o rei assírio que i n v a d i u Israel, está representado
na
parede d o palácio de Nimrude.
300
Este "selo de calcedonia", que, com o scu estojo dourado, remonta ao séc. 8 a.C, traz, por incrível que pareça, o nome d o rei Oséias.
As invasões assírias
Tiglate-Pilcscr 111 invade Israel e dejxma o povo nu reinado de Peca (2Rs 15)
0 Salmaiiesc- V captura Samaria e kra os israelitas ao exílio junto a Habar e nas cidades dns medos (2Rs 17—18)
R Senaqueribc ataca n cidades ton ficadas de Judá
A história
de Israel
2Rs 17: O s é i a s , o ú l t i m o r e i de Israel (732-723) Oséias reinou nove anos como vassalo da Assíria. Uma tentativa de obter apoio egípcio foi fatal: Samaria caiu após um terrível sítio de três anos e toda a população restante foi deportada. O destino de Israel foi considerado conseqüência direta da idolatria persistente, das práticas pagãs, d a desobediência à lei de Deus e do desprezo pelos profetas (7-18). No decorrer de alguns anos, a Assíria r e p o v o o u a região com outros g r u pos étnicos que h a v i a m sido subjugados, cada um com sua própria religião. Mas os problemas que tiveram que enfrentar foram atribuídos à sua incapacidade de aplacar o deus local, e um sacerdote israelita foi enviado de volta como missionário. Desta estranha mistura de religiões emergiu uma forma mais pura de adoração entre seus descendentes ( 4 1 ) , os samaritanos (que, entretanto, até o período d o N T , foram persona non grata para os judeus — veja J o 4 ) . • V. 6 O povo foi deportado para a o norte e o leste da Mesopotâmia (Hala, Goza, Média), o que corresponde ao nordeste de Síria/Turquia e ao Irã.
2Rs 18—25
Reis de Judá até a de Jerusalém
queda
2Rs 18: E z e q u i a s (729-687); A invasão assíria Veja também 2Cr 29—32. Is 36 relata a invasão assíria e M q 1.10-16 provavelmente também se refere a ela. Ezequias foi um dos melhores reis de Judá. Reinou durante 29 anos, além de um período de co-regência. Após lidar com Israel, no reinado de Ezequias os assírios voltaram sua atenção à rebelde J u d á . Laquis, que ficava na planície, uns 50 km a sudoeste de Jerusalém, foi sitiada, e mensageiros foram enviados a Ezequias (701 a . C ) . Os três mais altos oficiais assírios (17; eram mestres em fazer guerra psicológica. Recusaram-se a ter uma conversa particular no gabinete de Ezequias e insistiram em fazer uma discussão cm público. Meteram medo no povo, falando em hebraico (e não em aramaico, que era a língua diplomática), para que todos entendessem. Mas sua ostentação de que nem Deus poderia salvar J u d á da Assíria j selou o destino deles. • Serpente de bronze (4) Veja N m 21.4-9. Isto I demonstra a facilidade com que um objeto I em si inocente pode ser usado de formal inadequada, depois que o mesmo j á serviij aos seus propósitos.
J e 2Ms 2Rs 1 9 : O r e i e o p r o f e t a Veja também Is 36—39; 2Cr 32.9-23. A crise revelou o que Ezequias tinha de melhor. Deus respondeu sua oração e v i n dicou sua confiança. A profecia de Isaías se cumpriu e Jerusalém foi salva. > Isaías (2) U m dos grandes profetas de Judá. De acordo com Is 1.1, ele profetizou durante os reinados de Azarias ( U z i a s ) , Jotão, Acaz e Ezequias. Era natural de Jerusalém. Veja também o livro de Isaías. » Libna (8) Dezesseis km ao nonc de Laquis. • Tiraca ( 9 ) O Faraó T i r a c a que era de descendência etíope o u sudanesa. Era o comandante do exército, mas ainda não tinha subido ao trono.
B i a escultura e m baixo-relevo mostra arqueiros e ftindeíros assírios.
• Goza (12) N o nordeste da Síria; Eden: cidade-estado araméia de Bit-Adini, junto ao Eufrates.
O Prisma de Senaqueribe
0 rei Senaqueribe da Assíria fez seu próprio registro sobre o ataque a Ezequias em prismas de argila como este, soterrados nas fundações dos seus palácios. Esperava-se que futuros reis lessem esses relatos, o que explica o fato de não mencionarem nenhuma derrota ou qualquer coisa ruim sobre o rei. Este exemplo, chamado de "Prisma de Taylor", tem 37,5 cm de altura.
"Quanto a Ezequias de Judá, que não se submeteu a meu jugo, sitiei e conquistei 46 de suas cidades fortificadas, as fortalezas, e incontáveis vilarejos das redondezas, utilizando rampas de sítio, aríetes, a infantaria, abrindo brechas na muralha e escavando. Fiz sair de lá 200.150 pessoas, jovens e velhos, homens e mulheres, cavalos, mulas, jumentos, camelos, inúmeros bóis e ovelhas, e os considerei despojos de guerra. Quanto a ele mesmo, eu o prendi em Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro na gaiola. Cerquei-o com postos de vigia e não deixei que saísse da cidade pelo portão. As cidades dele que capturei eu separei de seu reino e as entreguei a Mitin-
301
ti, rei de Asdode, Padi, rei de Ecrom, e Sil-Bei, rei de Gaza, e assim reduzi seu território. Além dos pagamentos de tributo anteriores, impus a eles outro pagamento como imposto pelo meu senhorio. Aquele Ezequias — o medo do meu esplendor real surpreendeu e ele e à elite, e suas tropas, que havia trazido a Jerusalém, sua cidade real, como reforços, desertaram. A Nínive, minha cidade real, ele havia trazido 30 talentos de ouro, 800 talentos de prata, pedras preciosas, antimonio, grandes blocos de cornalina, camas de marfim, cadeiras de marfim, peles de elefante, marfim, ébano, tudo de valioso, suas filhas, suas concubinas, cantores, homens e mulheres. Enviou seu mensageiro para pagar tributo e mostrar sua submissão."
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A história
de Israel
O sítio de Laquis Em 701 a . C , na época do rei Eze quias de Judá, a cidade de Laquis, que ficavam uns 48 km a sudoeste de Jerusalém, foi atacada e captura da pelos assírios. O rei Senaqueribe registrou sua vitória nas paredes de seu palácio em Nínive.
1
> Querubins (15) Veja Ex 25.22. C o m as suas asas eles cobriam a arca da aliança que ficava no Lugar Santíssimo da Tenda o u do Templo de Deus. > Meu a n z o l ( 2 8 , A R A ) Deus o conduziria como um cativo humilhado, assim como uma pessoa conduz um touro ou um cavalo. O s assírios colocavam argolas no nariz dos reis que aprisionavam. > 0 a n j o d o SENHOR f o i (35) Não fica claro o que aconteceu, possivelmente u m surto de peste bubônica. Veja 2Cr 32.21; Is 37.36. 2Rs 2 0 : A d o e n ç a d e E z e q u i a s ; embaixada d a Babilônia Vs. 1-11: para o p o v o do AT, a esperança de vida após a morte era vaga. A possibilidade da morte d e i x o u Ezequias em prantos (veja também seu poema, registrado cm Is 38.9-20). E Deus levou em conta a aflição do rei. Esta é uma das várias histórias no A T em que Deus "muda de idéia", decidindo ser mais tolerante, em resposta ao pedido da pessoa. Vs. 12-19: nesta época a Babilônia era um pequeno estado ao sul da Assíria, procurando aliados. Isaías prevê seu futuro poder e o destino de Judá. > Uma p a s t a d e f i g o s (7) O tratamento rotineiro para úlceras e feridas naquela época. > V . 11: "Fez a sombra voltar dez degraus na escadaria feita pelo rei Acaz". Tratava-se de uma escada usada como um tipo de relógio solar. 2Rs 2 1 . 1 - 8 : M a n a s s e s ( 6 9 6 - 6 4 2 ) Manasses foi para J u d á o que o rei Acabe havia sido para Israel. Reinou 55 anos, parte do tempo como co-regente, e levou J u d á ao fundo do poço: uma degradação pior que a dos povos cananeus que os israelitas haviam destruído. O s profetas declaram o inevitável juízo de Deus. Jerusalém teria o mesmo destino de Samaria. Veja também 2Cr 33, que registra uma mudança completa de atitude antes do final da vida de Manasses (33.10-17). 2Rs 2 1 . 1 9 - 2 6 : A m o n i ( 6 4 2 - 6 4 0 ) Veja também 2 C r 33.21-25. Amom foi outro rei "mau". Depois de reinar durante dois anos, foi assassinado por seus próprios oficiais. 2Rs 2 2 : J o s i a s , o r e i b o m (640-609) Veja também 2Cr 34—35.
e2Reis
303
Josias reinou 31 anos. O autor o descreve como o melhor dos reis de J u d á , um homem leal a Deus e suas leis que p r o m o v e u uma profunda reforma religiosa. U m livro da lei ( p r o v a v e l m e n t e uma cópia de D c u t e r o n ô mio) foi encontrado durante a restauração do Templo. ( C o m o teria ele se perdido dentro d o próprio Templo?) A sua leitura revelou q u e a nação h a v i a quebrado a aliança com Deus, incorrendo nas sanções previstas em lei para tal deslealdade. Mas a fidelidade do rei foi levada em consideração. • H u l d a (14) Outras profetisas mencionadas no A T são Miriã (Êx 15.20-21); Débora ( J z 4.1-10); Noadia ( N e 6.10-14). • V . 2 0 Embora Josias tenha morrido na batalha (23.29-30), Jerusalém e a terra ainda estavam a salvo. 2Rs 23.1-30: A s r e f o r m a s de Josias Josias não perdeu tempo e tratou de agir de acordo com a mensagem de Deus por intermédio da profetisa H u l d a . A leitura pública da lei de Deus foi seguida pela renovação da aliança com Deus (1-3). Então veio uma purificação dos lugares públicos, com a remoção dos objetos associados à adoração pagã (414). A limpeza se estendeu além de J u d á até o antigo território israelita (1520). A festa da Páscoa, que h a v i a sido n e g l i g e n c i a d a , voltou a ser celebrada (2123; veja 2 C r 3 5 ) , e outras práticas p r o i b i d a s foram eliminadas (24-25). O j u l g a m e n t o de D e u s foi adiado, mas não revertido: o coração do p o v o não mudou com as reformas d o r e i . J o s i a s morreu num conflito fútil com o Faraó N e c o , que passava pela r e g i ã o p a r a se j u n t a r às forças da Assíria depois que N í n i v e , capital da Assíria, havia sido tomada pela B a b i l ô n i a (a potência emergente daquela época). • V. 12 Estes eram altares pagãos. Manasses adorava as estrelas (21.3). • V. 13 Veja l R s 11.7. • V s . 1 6 - 1 8 Para o profeta que veio de J u d á e o profeta que veio de Betei, veja l R s 13. (Samaria representa o reino do norte.)
Muitas estatuetas d e cerâmica c o m o esta foram encontradas e m J u d á . São exemplos das superstições que o rei Josias tentou erradicar com as suas reformas.
304
A história
de Israel
Registro babilónico da queda de Jerusalém e m m a r ç o d e 597 a.C. A conquista de Jerusalém é descrita assim nesta tabuinha babilónica:
2Rs 23.35—24.7: J e o a q u i m (609-597) Veja também 2 C r 36.5-8. Eliaquim, filho de Josias, cujo nome foi mudado para Jeoaquim como sinal de sua sujeição, foi colocado no trono por Faraó Neco. Reinou 11 anos. A princípio sujeito ao Egito, Jeoaquim sujeitou-se à Babilônia depois do Egito ser derrotado cm Carquemis, em 605. Judá continuou sendo vassala de Nabucodonosor durante três anos, mas depois aliou-se de novo ao Egito. Isto resultou em mais ataques dos babilônios, e repetidas advertências do profeta Jeremias. Veja J r 22.13-19.
"No sétimo ano, no mês de quisleu, o rei babilónico reuniu suas tropas, e, tendo marchado para a leira de Hatti, sitiou a cidade de Judá, e no segundo dia do mês de 2Rs 24.8-17: J o a q u i m (597) adar tomou a cidade Veja também 2Cr 36.9-10. e capturou o rei. Ele J o a q u i m , filho de J e o a q u i m , reinou só nomeou então um rei de sua escolha, recebeu três meses antes de ser deposto por Nabucoseu pesado tributo e (os) donosor. Em 597, ele foi levado à Babilônia juntamente com os tesouros de Jerusalém e enviou à Babilônia." todos os líderes de J u d á . O profeta Jeremias pronunciou o j u í z o de Deus sobre Joaquim ( J r 22.24-27). 2Rs 23.31-34: J e o a c a z (609) Veja também 2Cr 36.1-4. Jeoacaz, o filho de Josias, foi um rei "mau", e reinou só três meses. Depois foi deportado para o Egito por Neco. Veja J r 22.10-11 para a mensagem do profeta sobre Jeoacaz. • Jeremias (31) Não o profeta. • V. 34 A alteração do nome indicava sua sujeição ao rei egípcio.
2Rs 24.18—25.30: A q u e d a d e J e r u s a l é m ; Z e d e q u i a s (597-587) Veja também 2Cr 36.11-21; J r 37—39. O n o v o rei f a n t o c h e t a m b é m se rebelou. J e r u s a l é m foi submetida a um terrível sítio que d u r o u 18 meses. Zedequias tent o u f u g i r para o s u l , mas foi capturado e l e v a d o para a B a b i l ô n i a . A cidade caiu nas mãos d o exército b a b i l ô n i o , sendo pilhada e completamente d e s t r u í d a . T o d o s , exceto os mais p o b r e s que f i c a r a m sob a autor i d a d e d o g o v e r n a d o r G e d a l i a s , foram l e v a d o s para o e x í l i o . M a s G e d a l i a s foi assassinado e o p o v o f u g i u para o Egito, para escapar da i n e v i t á v e l ira dos babilônios, l e v a n d o c o n s i g o o profeta Jeremias ( J r 4 3 ) . 2Rs 25.27-30 traz u m vislumbre de esperança. Sob um n o v o rei na Babilônia, 35 anos depois, J o a q u i m , o rei deposto de J u d á , foi solto da prisão c tratado com bondade. • 25.1 A data é janeiro de 588 a.C.
Pouco iinics d e N a b u c o d o n o s o r saquear a cidade d e Jerusalém, e m 587 a . C . um j o v e m oficial d e J u d á enviava relatórios a seu c o m a n d a n t e , q u e estava e m l a q u i s . Esses relatórios, dos quais 18 foram encontrados n a torre j u n t o a o portão da cidade, foram escritos sobre fragmentos d e cerâmica. N u m desses, talvez o último a ser e n v i a d o , consta que eles estavam o b s e r v a n d o para vet se e n x e r g a v a m o sinal l u m i n o s o d a cidade.
A arca perdida Alan Millard
A arca da aliança era uma caixa de madeira folheada a ouro, feita para conter as duas tábuas da lei que Moisés havia trazido do alto do monte Sinai. Era mantida no santuário mais interior (Lugar Santíssimo) do tabernáculo e do templo. Assim, os termos da aliança — a lei — eram conservados no lugar sagrado, a exemplo do que acontecia com os termos de um tratado feito entre líderes humanos, A tampa da arca, também folheada a ouro, era conhecida como "propiciatório". No dia da expiação, sangue do sacrifício era derramado sobre ela, aara simbolizar o arrependimento de Israel pelos pecados cometidos no ano anterior. Desta forma, o castigo que o povo merecia por desobedecer i lei de Deus era transferido para o animal.
A arca era, também, considerada o "escabelo dos pés" de Deus, ou seja, o lugar onde ele se encontrava com aqueles que o serviam. Era carregada diante do povo quando este se deslocava, como sinal da presença de Deus. Depois da época de Jeremias (veja Jr 3.16), a arca desapareceu. É provável que soldados babilónios a destruíram quando saquearam o templo em 586 a.C. Não havia nenhuma arca nos templos posteriores (templos de Zorobabel e de Herodes), em Jerusalém. Mas é assim que surgem as lendas! A tradição judaica diz que Jeremias a escondeu numa caverna no monte Nebo, ou que o rei Josias a escondeu numa caverna que fica no subsolo de Jerusalém.
• 25.2 587 a.C. • 25.4 Um dos que escaparam levou notícias da queda da cidade para Ezequiel, que já estava no exílio na Babilônia ( F z 33.21).
Segundo uma lenda etíope, o filho de Salomão com a rainha de Sabá a teria levado para a Etiópia, onde, supostamente, estaria escondida numa igreja em Aksum. Os cristãos etíopes, em suas procissões, carregam caixas contendo tábuas com os Dez Mandamentos. Mas estes e outros elementos judaicos em seus costumes são de origem mais recente.
• 25.9-10 O Templo seria reconstruído em 520-515 a . C , após o retorno dos exilados judeus. Foi Neemias quem restaurou as muralhas da cidade.
A historia
de Israel
Reis de Israel e Judá
S
P r i m e i r o s reis d e Israel
Ruinas do palacio do rei Acabe no alio da colina fortificada de Samaria
tliseu manda utigitkú
ISRAEL
Z a c a r i a s 753-752
O n r i 885-874
Jeroboãolin:
Disputade Bios com osproletai
Z i n n 885 Elá 886-885
Jeoás 798-782 J e o a c a z 814-798
Baasa 909-886
J e ú 841-814
M e n a é m 752-7«
Saul 1050-1010 Um barco da frota mercantil do rei.
N a d a b e 910-909 J e r o b o ã o l 928-910
J o r ã o 852-841 Acazias 853-852
SalumNI Peca 752-73!
Acabe 874-853
Divisão do reino
Davi!010-970
5/iesíiono (¡¡¡aquel do Cgito aloca
Manasse
A t á l i a 841-835
lemsalém e remore os tesouros do
696-642 Acazias 841
templo
Ezequias 7 S a l o m ã o 970-928
J o s a f á 873-848 Asa 911-870
(OnStlUÇÔO do templo deleiuíalém
Abias 913-911
J e o r ã o 853-841
A rainha Maliamata todoi da linhagem real deluda exceto um
R o b o ã o 928-913
JUDÁ
J o t ã o 74 0-73! Acaz 735-716 Azarias (Uriïl 791-740 Amazias796-7Í!
Joás 835-796
1 e2Rás
O período de cada livro da Bíblia
Para o contexto geral veja: 100
A história d o A n t i g o Testamento
414
O s profetas e m seu contexto
indica seu contexto
Para maiores detalhes veja:
histórico, não a data de autoria. Datas sobrepostas indicam períodos de co-regência.
Wl Samaria é (tspstado pela Assíria -tmiomnodelsrael
O deus babilonio Marduque, caracterizado como um dragão
Este "selo de calcedonia", do séc. a.C, traz o nome do rei Oséias
Judá em exilio
Descoberto do livio da lei —reforma religiosa de losias
0 retorno
51S Quedada Babilônia nas mãos dos medos e persas: (iropeimite o retomodosjudeus Zedequias 597-587
Ezequias 729-687 Joaquim 597
lmnS-716
Jeoaquim 609-507
Seaaqaeribe ataca kmsolém Josias 640-609
587Habacodtmosoi II destrói leiosaléme o íemplo—o maioria do povo deludá é levada ao exílio
Jeoacaz609
597Itabucodoaosor II toma lerusolém — o rei loaqtilme o povo são exilados
Amom 642-640
605 Daniel e outros são le/odos ao catimro
30
Resumo História seletiva que se concentra na linhagem real de Judá.
1 E2CRÔNICAS À primeira vista, parece que os livros de Crônicas repetem de forma mais monótona e moralista o que já foi registrado nos livros de Samuel e Reis, a saber, a história do povo de Israel desde a época dos juízes ao exílio. Mas por que esta nova narrativa? O que o Cronista tem em mente? O que está por trás da escolha do material que ele fez (ou eles fizeram, se esta não for obra de um único indivíduo), que é altamente seletiva? Como ele não nos conta isto, devemos tirar as conclusões com base em seu trabalho literário. Embora obviamente interessado pelo passado, o Cronista se preocupa menos com o que aconteceu e mais com o significado dos acontecimentos. Ele é um intérprete da história. Para a maior parte de Crônicas (1Cr 10—2Cr 36) o autor se baseia em Samuel e Reis. Ele espera que seus leitores conheçam esta história que ele abrevia, expande e modifica, de acordo com seu propósito geral. Ela faz incursões por outros livros do AT, principalmente Gênesis, Êxodo, Números, Josué, Rute e alguns dos Salmos. Descreve como suas fontes vários registros da corte mencionados em Samuel e Reis. Ele compartilha com os autores de Samuel e Reis a convicção de que a chave da paz e prosperidade da nação está na obediência a Deus. Desobedecer é brincar com fogo, é pedir para ser castigado. Mas ele também tem temas próprios, especialmente: •
a a d o r a ç ã o v e r d a d e i r a (centrada no Templo) • e a realeza verdadeira (a linhagem de Davi). Os dois temas se unem em seu relato sobre Davi e Salomão, no qual se concentra muito mais no Templo do que em outros aspectos dos seus reinados. No cerne de seu registro está a promessa divina feita a Davi de uma dinastia duradoura (1 Cr 17.3-14) e a mensagem de Deus a Salomão, após sua oração na dedicação do Templo (2Cr 7.11-22). Por causa disto ele se concentra nos reis da linhagem de Davi, ignorando o reino do norte completamente. Sua introdução (caps. 1—9) focaliza as tribos do sul, Judá e Benjamim, e a tribo sacerdotal de Levi, que se dedicava exclusivamente ao serviço de Deus. O Cronista escolheu seus temas para transmitir uma mensagem específica a seus leitores originais.
lCr 1—9
Genealogias: Adão até após o exílio
(Ele deve ter escrito por volta de 400 (CrlO a.C, e sua obra faz A morte de Saul parte da série mais longa, CrônicasICr 11—29 O reinado de Davi Esdras-Neemias.) Estes eram as 2Cr 1—9 pessoas que O reinado de Salomão voltaram do exílio para reconstruir 2Cr 10—36 Jerusalém sob O Reino de Judá Esdras e Neemias. A nova comunidade não tinha rei: os sacerdotes eram seus líderes. • • • •
Essa gente precisava ser conectada come passado do povo. Precisava da garantia de q u e Deus ainda estava com eles, realizando seus propósitos. Precisava conhecer a melhor maneira de restabelecer o culto de adoração. Precisava lembrar que seu bem-estar futuro dependia da sua fidelidade a Deus. O povo havia e x p e r i m e n t a d o o j u í z o d e Deus na destruição de Jerusalém e d o Templo e nos longos anos de exílio. Essa história não devio se repetir nunca
mais.
Os leitores de nossos dias têm suas dificuldades com os livros de Crônicas. Uma é a tendência do Cronista de "modernizar" ou seja, descrever acontecimentos com palavras que o povo de sua própria época entenderia. Como em outros livros do AT (veja, por exemplo, notas sobre Êx 12.37), números citados geralmente parecera muito altos. Crônicas freqüentemente dá um número mais alto que seu correspondente em Samuel ou Reis. A razão disto é desconhecida. Provavelmente a intenção é enfatizar a grandeza de uma vitória dada por Deus, por exemplo, e não fornecer estatísticas exatas. Os nomes também geralmente são grafados de forma diferente em Crônicas que nos livros anteriores e alguns sem dúvida são erros de cópia. Mas estes são, em parte, problemas que nós mesmos criamos para nós. O mundo antigo não se preocupava tanto com estatísticas exatas e ortografia padronizada. Esquecemos que, na nossa língua, a ortografia padronizada se deve aos dicionários, que são invenções relativamente recentes. No período
] e
elisabetano, por exemplo, o nome "Shakespeare" podia ser grafado de várias maneiras e ninguém se importava com isto.
ICrl— 9
De Adão até à volta do
exílio
As listas nestes capítulos fornecem apenas um esqueleto da genealogia. Não têm a intenção de serem completas. De acordo com seu propósito, o Cronista dá mais atenção à família de Davi, e às tribos de J u d á , Benjamim e Levi (veja introdução acima). As genealogias são importantes para o Cronista e para os seus leitores originais porque conectam aquelas pessoas com tudo que se realizou anteriormente no plano de Deus. Também preparam o caminho para a história específica que ele quer contar, começando com o cap. 10, que focalizará a linhagem real de Davi e o Templo como centro de culto da nação. l C r 1.1—2.2: D e A d ã o a t é I s r a e l (Jacó) e s e u s 12 f i l h o s l C r 1.1-27: De Adão até Abrão; descendentes de Noé através de Jafé, Cam e Sem. A lista é derivada de Gênesis, embora muitos nomes sejam grafados de forma um pouco diferente aqui. (Isto não se reflete em algumas versões modernas que miiformizam a grafia dos nomes.) I C r 1.28-54: Abraão, Isaque, Israel (Jacó); descendentes de Ismael e Esaú. A atenção se concentra no pai da nação. I C r 2.1-2: os doze filhos de Israel. I C r 2.3—3.24: J u d á : a l i n h a g e m r e a l I C r 2.3-55: os descendentes de J u d á , ancestrais de Davi. I C r 3.1-16: a dinastia de Davi até o exílio. I C r 3.17-24: a linhagem real do exílio em diante. I C r 4.1-23: mais clãs da tribo de Judá. • Judá (2.3) A q u i começam a aparecer os interesses especiais do Cronista, pois dá maior atenção e reserva muito mais espaço a J u d á , a linhagem real (e, no cap. 6, a Levi, a linhagem sacerdotal), do que ao restante. • Tamar (2.4) Veja G n 38.12-30. • Acar (2.7) Acã. Veja Js 7. • Quelubai ( 2 . 9 , ARA) Calebe ( N T L H ) . Não necessariamente o contemporâneo dc Josué, que não era israelita embora tivesse sido adotado pela tribo de Judá. • Boaz (2.11) Veja Rt 2—4.
2Crônicas
• Sete filhos (2.13) Segundo I S m 16—17, oito filhos. • Filhos d e Z e r u i a (2.16) O s três filhos de Zaruia ganham destaque na história de Davi (veja 2Sm 2—3 e outras passagens). • Pai d e Q u i r i a t e - J e a r i m (2.50) Isto é, fundador daquela da cidade (veja N T L H ) . • B a t e - S e b a (3.5) No texto hebraico a grafia é Bate-Sua. • E l i s a m a (3.6, ARA) Elisua ( N T L H ) . • J o a n a (3.15) Não foi rei de Judá. • Z o r o b a b e l (3.19) Líder no retorno do exílio. Veja Esdras. I C r 4.24—5.26: S i m e ã o e as tribos d o l a d o leste d o J o r d ã o I C r 4.24-43: Simeão. I C r 5.1-26: as duas tribos e meia que se estabeleceram a leste do rio J o r d ã o : Ruben (5.1-10); G a d e (5.11-22); e meia tribo de Manasses (5.23-24). • E z e q u i a s (4.41) Reinou de 729 a 687 a . C ; veja 2Rs 18—20. • R u b e n (5.1) Veja G n 35.22; 49.3-4. • Tiglate-Pileser (5.5) No texto hebraico, a grafia é Tiglate-Pilneser. • 5.17 Jotão, 750-732 a.C. (veja 2Rs 15); Jeroboão I I , 793-753 a.C. (veja 2Rs 14). • 5.26 Pui e Tiglate-Pileser são a mesma pessoa, como algumas versões modernas deixam claro (veja N T L H ) . I C r 6: A t r i b o s a c e r d o t a l de Levi A linhagem dos sumo sacerdotes (1-15); as famílias de Gérson, Coate e M e r a r i (1630); famílias de cantores (31-48); descendentes de A r ã o (49-53); lista de cidade levíticas (54-81). • Levi (1) Note o espaço dado à tribo sacerdotal, na qual o Cronista tem interesse especial (veja 2.3). • V. 2 7 A partir da Septuaginta, algumas traduções acrescentam "que foi o pai de Samuel" após Elcana. A referência é ao profeta Samuel. • V. 5 7 Veja Js 20.1-9 para cidade de refúgio. I C r 7: A s t r i b o s d o l a d o o e s t e do Jordão Issacar (1-5); Benjamim (6-12). (Isto não confere com o cap. 8, e sugeriu-se que os vs. 6-11 referem-se a Z e b u l o m , que, de outra forma, seria omitida completamente, e que o v. 12 é o final de uma lista perdida dc Dã.)
310
A história
de Israel
Nafrali (13); a meia tribo de Manasses (14-19); Efraim (20-29); A s e r (30-40). l C r 8: B e n j a m i m e o rei Saul As famílias de Benjamim (1-28); a genealogia de Saul, primeiro rei de Israel (da tribo de Benjamim; 29-40). Quando as dez tribos do norte se separaram para formar o reino de Israel, Benjamim tornou-se parte do reino do sul, ' • C a n t e m a Deus, unindo-se a Judá. cantem louvores a ele, • G i b e ã o (29) Importante cidade falem tios seus atos maravilhosos. Tenham benjamita, ficava 8 km a noroeste de orgulho daquilo que Jerusalém. o Santo Deus tem feito. Que fique alegre • V s . 2 9 - 3 8 A lista é repetida em o coração de todos os que adoram ao 9.35-40, ligada ao registro da morte StNHORl... Dêem graças de Saul que começa no cap. 10. ao SENHOR porque ele é bom, e o seu amor dura • V s . 3 3 - 3 4 Esbaal = Isboscte; para sempre". Meribe-Baal = Mefibosete. Veja nota I O 16.9-10,34 ( M T 1 J I ) sobre Jerubesete, 2Sm 11.21. l C r 9.1-34: E x i l a d o s que retornaram da Babilônia Esta seção, que diz respeito ao século 6 a . C , interrompe a narrativa sobre Saul e Davi (séculos 11 e 10), que acabou de começar. O Cronista quer enfatizar continuidade: esta é a história dos próprios exilados; eles pertencem à história e fazem parte dela. Ele enfatiza a recolonização de Jerusalém (3), relacionando as pessoas por tribo e família (3-9); os sacerdotes (10-13); os levitas (14-16); os guardas ou porteiros (17-27); as pessoas encarregadas dos utensílios e do estoque (28-32) e os músicos (33). • V. 3 Embora o Cronista não relate a história do reino do norte, sua preocupação era com toda a nação como povo de Deus (as 12 tribos, não apenas duas). Assim, neste texto, menciona Benjamim e J u d á (o reino do sul, governado pela linhagem de Davi) juntamente com Efraim e Manasses (as duas mais importantes dentre as dez tribos do norte que se separaram, sendo que as duas representam as demais). Todas as tribos voltaram a ser um só povo. • V s . 1 0 - 2 7 Estas listas têm p a r a l e l o em Ne 11. • Pães d a p r o p o s i ç ã o (32, A R A ) Doze pães, um para cada tribo, apresentados a Deus e colocados numa mesa especial no Templo.
l C r 9.35-44: A l i n h a g e m d e Saul Esta lista, repetida do cap. 8, introduz a história que se inicia no capítulo seguinte. l C r 10: O r e i S a u l m o r r e no campo de batalha Veja em 1 Sm 31; 2Sm 1. A história da ascensão e queda de Saul é contada a partir de I S m 9. Para o Cronista, a história da monarquia começa com Davi. O s vs. 13-14 são tudo que ele tem a dizer sobre o primeiro rei de Israel. • V. 11 O povo de Jabes sentia-se devedor em relação a Saul (veja I S m 11). • " P o r isso, Deus o m a t o u " (14) Para os leitores modernos este é u m dos exemplos mais chocantes da maneira como os autores do A T atribuem a Deus uma participação direta nos aconiecimentos, como causa primeira. Se algo aconteceu, foi por causa da ação do Deus onipotente.
1Cr 1 1 — 29
O reinado
de
Davi
A história do reinado de Davi ocupa o restante de lCrônicas. É uma história seletiva, se comparada com 2Samuel, omitindo o adultério de Davi com Bate-Seba, o estupro de Tamai e a dissensão familiar que culminou na rebelião de Absalão. Mas se o Cronista omite, também é verdade que ele acrescenta detalhes ao que sabemos de outros livros, principalmente os planos e preparativos detalhados para a construção do Templo (caps. 22—29). l C r 11—12: D a v i é coroado rei Veja2Sm 5.1-10. A história começa no momento cm que Davi se tornou rei de toda a nação (11.1-3) e conquistou Jerusalém, a cidade de Davi, tornando-a capital do seu reino (11.4-9). l C r 11.10-47: a guarda especial de Davi (veja 2Sm 23.8-39). l C r 12.1-22: Partidários de Davi em Ziclague, cidade que os filisteus lhe concederam como base. Este capítulo não tem paralelo. 0 Cronista enfatiza o apoio que toda a nação deu a Davi. Conta como os próprios parentes de Saul passaram para o lado dele, e descreve os guerreiros de Gadc que, de tão ansiosos para se juntarem a Davi, atravessaram o rio Jordão durante a cheia.
1 e
2Crônicas
31
l C r 12.23-40: as tropas que fizeram Davi rei em Hebrom. • 11.16 Belém era a cidade natal de Davi. Ficava a cerca de 8 km ao sul de Jerusalém. • 11.29 Sibecai é o Mebunai de 2Sm 23.27. O escriba confundiu duas letras hebraicas. • 12.21 Veja I S m 30. l C r 13: O t r a n s p o r t e d a a r c a : uma a d v e r t ê n c i a t e r r í v e l Veja 2Sm 6. Fiel ao seu propósito de delinear a história religiosa da nação, o Cronista inicia a história do reinado de Davi com este acontecimento. Cronologicamente, ele ocorreu um pouco depois. • Perez-Uzá (11) Isto significa "castigo de U z á " (10). Compare com 1 Sm 6.19. A intenção era mostrar, não um Deus irado, mas a santidade incrível de tudo associado a ele. Nenhuma pessoa não-autorizada poderia sequer tocar a arca sagrada. I C r 14: R e l a ç õ e s i n t e r n a c i o n a i s Veja 2Sm 5. Davi tinha todas as condições de lidar com as nações à sua volta. Seu ponto fraco era a sua vida familiar, como os outros registros deixam claro (2Sm 13 e capítulos seguintes; l R s 1.6). • H i r ã o d ) Veja 2Sm 5.11. • Filhos de Davi (4-7) A lista em Samuel não menciona Elpelete nem Nogá. Beeliada é o mesmo que Eliada. ICr 15.1—16.6: A a r c a é l e v a d a para J e r u s a l é m Veja também 2Sm 6 ( I C r 15.1-24, sobre o papel dos sacerdotes e levitas, não tem paralelo em outro livro bíblico). Após ficar durante três meses na casa de Obede-Edom (13.13-14), a arca foi levada para Jerusalém, onde Davi a instalou na tenda que fizera para Deus. A tenda original (o Tabernáculo) e o altar permaneciam em Gibeão. O Cronista descreve o papel dos levitas na cerimônia. D a v i e os levitas vestiam as roupas especiais exigidas (15.27). O culto adequado se caracteriza por ordem e alegria. Desde os tempos mais remotos, a música teve um papel especial na adoração (veja 16.7). ICr 16.7-43: U m h i n o d e l o u v o r a Deus Nos vs. 8-36 foram reunidos trechos de diversos salmos. Talvez seja um exemplo do
N c s i a área d a J e r u s a l é m m o d e r n a ficava, n o passado, a cidade d e Davi.
que o coral de Asafe cantava diante da arca, e não exatamente o que foi cantado naquele dia. E m Jerusalém e em Gibeão eram apresentados sacrifícios diários e Deus era l o u vado com palavras e música. I C r 17: O p l a n o d e D a v i e a promessa de Deus Veja 2Sm 7. Pareceu errado a Davi o fato de ele ter um palácio para morar enquanto a arca de Deus ainda estava abrigada numa tenda. E sua atitude estava correta (compare com A g 1.4). Deus recusou seu pedido, mas expressou seu amor e sua aprovação a Davi na promessa de u m a dinastia que jamais acabaria, e ao permitir que Salomão construísse o Templo. D a v i não d e i x o u que sua decepção ofuscasse a aceitação alegre da resposta que havia recebido de Deus. '• Da promessa que Deus fez a Davi nasceu a esperança de um Messias (o futuro rei supremo: Is 9 ) . Q u a n d o Jerusalém foi tomada e o povo foi exilado na Babilônia (587 a . C ) , tudo parecia perdido, pois, apesar da promessa, a linhagem de reis da família de Davi chegou ao fim. O Cronista queria reavivar esta esperança e essa confiança em Deus. Para os autores do N T , a promessa foi cumprida em Jesus, que veio da família de Davi e reinará para sempre ( M t 1—2). I C r 18—20: V i t ó r i a s de Davi levam à expansão do reino Veja 2Sm 8 (filisteus), 2Sm 10 (amonitas e sírios) e 2Sm 12.26-31 (Rabá, capital amonita, é a moderna A m ã ) . Estes relatos não estão em o r d e m cronológica. As fronteiras foram ampliadas, primeiro para o oeste, depois para
A história
de Israel
o norte e para o leste. Veja mapa cias guerras de Davi (2Sm 8 ) . O episódio de Bate-Seba e Urias (relatado em 2Sm 11—12) se encaixa entre 20.1 e 20.2. O Cronista regularmente omite detalhes da vida privada, conforme seu propósito de enfatizar a verdadeira realeza e a correta adoração. Portanto, isto não é necessariamente uma tentativa de encobrir o u maquiar essa história, principalmente porque ela j á era conhecida de registros anteriores. • 18.4 O problema dos números muito altos não c e x c l u s i v o do AT. O u t r o s documentos contemporâneos também dão números altos de soldados e carros de guerra. As estatísticas dadas pelos lados opostos numa guerra raramente correspondem à verdade — mesmo atualmente! Veja Introdução. • Filhos d e Davi (18.17) O autor de Samuel os chamou de "sacerdotes", mas na época do Cronista a palavra sacerdote assumira u m significado técnico. • Sete mil c a r r o s ( 1 9 . 1 8 ) 2Sm 10.18 traz 700 carros, um número mais p r o v á v e l . Mas a palavra carro aqui pode significar apenas "homens montados". A infantaria aqui são os "cavaleiros" mencionados em Samuel, j á O lugar u u terreno que Davi c o m p r o u para a futura construção d o T e m p l o t-ia uma eira - um lugar plano, aberto, apropriado para a construção desse tipo.
•••••
que nesta época no A n t i g o O r i e n t e Próximo a cavalaria desmontava para lutar. • 20.5 Veja 2Sm 21.19. l C r 21.1—22.1: C e n s o e castigo; u m local para o Templo Veja 2Sm 24. Para o C r o n i s t a , o censo (avaliação do poderio militar de Israel sugere falta de confiança em Deus) e a peste eram significativos apenas como acontecimentos que levaram D a v i à decisão (22.1) de c o n s t r u i r o Templo no local onde ficava a eira de O r n a , fato sequer mencionado em Samuel. • S a t a n á s (21.1) 2Samuel traz "Deus". É Deus quem estabelece os limites do podet de Satanás (veja J ó 1—2). Sua existência no mundo de Deus, e a razão para Deus permitir que ele aja, continuam sendo um mistério. • T o d a a n a ç ã o s e t o r n o u c u l p a d a (21.3) A solidariedade nacional é u m fato. Quando o rei como líder pecava, o p o v o sofria. O mesmo acontece c o m líderes e nações atualmente. • 21.5 Este números diferem de 2Sm 24.9.0 Cronista provavelmente obtev v estes número' de outra fonte.
1 e
• 21.18 A eira era um espaço aberto e plano no qual os feixes podiam ser espalhados. Bois puxando pranchas com cravos debulhavam os grãos que, em seguida, eram separados ao serem lançados ao vento. O m ã é o mesmo que Araúna no relato de Samuel. A dificuldade deve ter surgido porque era um nome estrangeiro. • Se e s c o n d e r a m (21.20) Talvez na caverna sob o chão de pedra, que agora está sob a mesquita do Domo da Rocha, erguida no local do Templo. • 21.25 2Samuel registra o preço pago pela eira, e este versículo aparentemente dá o preço pago pelo terreno inteiro. lCr 22.2—23.1: P r e p a r a t i v o s p a r a a construção d o Templo Esta seção não tem paralelo em Samuel. Ela segue naturalmente a menção do Templo no v. 1. Provavelmente pertence ao período da co-regência de Salomão com seu pai (23.1; lRs 1), que deve ter durado alguns anos. Davi jamais abandonou o desejo de construir uma casa digna de Deus. Ele aceitou o revés da recusa de Deus e direcionou todas as suas energias c seu entusiasmo para o que podia
2Crônicas
fazer: escolher o local; reunir o material; elaborar o projeto. • Estrangeiros (22.2) Os canancus que permaneceram na terra foram permanentemente obrigados a fazer trabalhos forçados como escravos. • Muito s a n g u e tens d e r r a m a d o (22.8) Isto não significa que Salomão fosse moralmente melhor do que Davi, o u que as guerras de Davi não tinham justificativa (ao contrário, muitas vezes se afirma que Deus estava com ele em suas campanhas). Foram essas guerras que possibilitaram o governo de paz de Salomão num reino fortalecido, e propiciaram ao rei e à nação a liberdade de, finalmente, se concentrarem na grande tarefa de construir o Templo de Deus. • 2 2 . 9 O nome Salomão vem da palavra hebraica para paz: "shalom". • 2 2 . 1 4 Tomado literalmente, isto faria Davi muito mais rico que Salomão. O significado é evidente: Davi acumulou muitos suprimentos, uma fortuna em ouro, uma riqueza fantástica em prata, bem como muito bronze c ferro. • 23.1 O Cronista não menciona as lutas pela sucessão registradas em l R s 1. O foco em todos estes capítulos é o Templo e o culto de adoração a Deus. l C r 23.2-32: O s levitas e seus deveres Os cinco capítulos seguintes registram como Davi organizou a administração religiosa (23—26) e civil (27) da nação. Desde os primeiros dias da peregrinação no deserto, o dever dos levitas fora manter e transportar o Tabernáculo. Eles também ajudavam os sacerdotes, algo que nos últimos tempos faziam nos muitos santuários espalhados pelo país. Agora a arca devia ter uma sede permanente, e a adoração devia ser centralizada no Templo de Jerusalém. Assim, Davi deu novos deveres aos levitas: o cuidado e a manutenção do Templo; as funções de magistrados, zeladores, músicos e coristas; e a assistência geral aos sacerdotes. l C r 23.6-24 (com 24.20-31) dá uma lista daqueles que pertenciam à tribo de Levi e que, portanto, eram qualificados para ingressar no serviço de Deus. • Vs. 3,27 Os levitas começavam o seu trabalho com a idade de 30 anos. Davi ordenou que, uma vez terminada a construção do Templo, entrassem no serviço aos 20 anos.
313
A história de Israel
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l C r 24: O s s a c e r d o t e s e seus deveres Os v i n t e e q u a t r o g r u p o s de sacerdotes, todos d e s c e n d e n tes de A l ã o , irmão de Moisés "Teu, SENHOR, e p r i m e i r o sumo sacerdote, é o podei; ii grandeza, a honra, a vitória c a majestade; estavam e n c a r r e g a d o s dos porque teu é tudo quanto há sacrifícios no T e m p l o , cada nos céus e na terra; teu, SENHOR, é o reino." grupo servindo duas semanas do ano. A ordem era decidida Ultima oração de D a v i , i C r 29.11 por sorteio. Vs. 20-31: outra lista de levitas (veja acima). • Nadabe, A b i ú (1) Veja L v 10. • V. 4 O fato de a família de RH ser descendente de Itamar explica em pane o número reduzido de sacerdotes. Por causa dos pecados dos filhos de E l i , muitos de seus descendentes A música era uma parte impoilanlc cio tiveram morte violenta (veja I S m 2.30-36). culto no Templo. iMr
lelcvii . I r
Carquemla, ser. 8 a . C , mostra um grupo de músicos, tocando vários insttiiineutos.
l C r 25: O s m ú s i c o s d o T e m p l o A música, instrumental e v o c a l , era i m p o r t a n t e na a d o r a ç ã o j u d a i c a , assim como na v i d a social em geral. Os músicos
do T e m p l o t i n h a m o m i n i s t é r i o de profetizar, a n u n c i a n d o as mensagens de Deus (25.1,3). Asafe, Hemã e J e d u t u m estavam entre os famosos: são n o m e a d o s nos Salmos. Mas o status não era importante no s e r v i ç o d o T e m p l o . M e s t r e s e discípulos o c u p a v a m as mesmas posições ( 8 ) . Davi, que l a m b e m era músico h a b i l i d o s o (ISm 16.15-18; 2Sm 23.1), certamente gostava desta parte da organização, que supervisionava pessoalmente ( 2 , 6 ) . l C r 26.1-19: O s p o r t e i r o s de T e m p l o Vários levitas deviam atuar como porteiros, revezando-se na guarda do Templo e do depósito. Supostamente d e v i a m manter a ordem. Também recebiam as ofertas e contribuições ( 2 C r 31.14). T o d o serviço no Templo de Deus era uma grande h o n r a , inclusive para esses "porteiros" (veja SI 84.10). • V . 18 O significado exata da palavra hebraica "parbar" é desconhecido; c traduzido por "átrio", "pátio", "colunata", "pavilhão".
1 e lCr 2 6 . 2 0 - 3 2 : O u t r o s o f i c i a i s do T e m p l o Tesoureiros, administradores e magistrados eram designados para cuidar das finanças do Templo e das questões legais, bem como de lazer os registros. O s tesouros do Templo — contribuições e impostos do povo, e os despojos de guerra — eram vastos. • V. 28 Samuel, Saul, Abner e Joabe morreram antes da construção do Templo. Logo, esses presentes haviam sido entregues na Tenda anterior. lCr 2 7 : O e x é r c i t o e o s e r v i ç o c i v i l de D a v i l C r 27.2-15: Todos os 12 comandantes aparentemente vieram da guarda especial de "homens valentes" de Davi (veja cap. 11). l C r 27.16-34: os oficiais encarregados das tribos (16-22), os administradores das p r o priedades d o rei (depósitos, produtos agrícolas e rebanhos; 25-31), e seus conselheiros pessoais (32-34). • V. 23 Para o censo veja cap. 21. Os homens abaixo de 20 anos não eram qualificados para o serviço militar c então jamais eram contados. A promessa foi feita a Abraão ( G n 15.5, em U r ; G n 22.17, após a provação com Isaque) e foi repetida para Isaque ( G n 26.4). • V. 32 Jonatas e Jeiel estavam encarregados da educação dos filhos do rei. • V. 33 Aitofel e Husai aparecem na história da rebelião de Absalão (2Sm 1.5.31-32. "Amigo do rei" (ARA) era um título oficial. lCr 2 8 — 2 9 : S a l o m ã o f i c a no l u g a r d e D a v i l C r 28: A história que havia sido interrompida pelas listas, em 23.2, é retomada. Uma assembleia formal pública marcou a coroação oficial de Salomão, após o breve incidente registrado em l R s 1 (veja 29.22). Davi apresentou seu filho ao povo (1-8), deulhe importantes conselhos (9-10) e, por fim, entregou-lhe a planta de todos os prédios do Templo (11-19). O projeto seguia as instruções dadas por Deus, c era bem parecido com o padrão dado a Moisés para a construção do Tabernáculo. A o mesmo tempo, D a v i entregou as listas dos deveres do Templo (21; veja caps. 23—26).
2Crônicas
l C r 29: A l é m de tudo que havia juntado ao longo dos anos, Davi fez uma última contribuição pessoal c generosa para o fundo de construção do Templo (1-5). Seu exemplo e apelo (5) inspirou uma reação pronta e alegre do povo, e as ofertas voluntárias afluíram (6-9). Profundamente comovido, Davi agradeceu a Deus de coração p o r tal dádiva ser possível
para pessoas que sem a bondade de Deus não teriam nada. Sua oração é uma das mais grandiosas em todo o AT. Ela demonstra, mais que qualquer outra passagem, porque este homem podia ser considerado "um homem segundo o coração de Deus". • 29.4 Veja 22.14. • Daricos (29.7, ARA) Moeda persa de ouro; anacrônica para a época de Davi, mas uma pista para a data em que o Cronista escreveu. • Todos os filhos d o rei Davi (29.24) Anteriormente, Adonias tentara tirar o trono de Salomão ( l R s 1); mais tarde, Salomão o condenou à morte. Mas neste momento havia paz. • Crônicas (29.29) Estes podem ser os registros que aparecem em 1 e 2Samuel; do contrário, não chegaram até nós.
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A história de Israel 2Cr1— 9
O reinado
de
Salomão
2 C r 1: S a l o m ã o r e i n a c o m a sabedoria de Deus O período é o século 10 a.C. Salomão agora estava no comando d o reino de seu pai Davi. Deus lhe d e u a sabedoria que pedira, mais poder, riqueza e fama. Veja l R s 3; 10. • Planícies (15) Literalmente, "Sefelá", uma região de pequenas elevações entre a Judeia e a planície litorânea filistéia. • V. 16 Veja "Comércio de Salomão".
Lm ' m J s ^ B i
2 C r 2: P r e p a r a t i v o s p a r a a construção d o Templo Veja 1RS5. Os vs. 4-6 complementam o relato de Reis. • V. 3 N o texto hebraico aparece o nome "Hurão", que é uma variante de Hirão. Veja também 2Sm 5. • V. 13 Hirão-Abi: A forma abreviada do nome era Hurã ou Hirão. 2 C r 3: C o m e ç a a c o n s t r u ç ã o do Templo Veja l R s 6 — 7 .
• MonU deoferec dos mor • Parva velmení • Véu/c santuári prédio ( anterioi fala sob oliveira
1 e
• Monte Moriá (1) Abraão havia recebido a ordem de oferecer sen filho Isaque em sacrifício sobre um dos montes da terra de Moriá ( G n 22.2). • Parvaim (6) U m lugar desconhecido, possivelmente na Arábia. • Véu/cortina (14) Esta cortina separava o santuário, em que ficava a arca, da parte maior do prédio do Templo. Já havia sido assim na Tenda anterior, o tabernáculo (Êx 26.31). l R s 6.31-32 fala sobre mna porta dupla feita de madeira de oliveira. 2Cr 4 . 1 — 5 . 1 : E q u i p a n d o o T e m p l o Veja l R s 7. • 3.000 b a t o s (4.5) O u seja, cerca de 60.000 litros na medida usual de 22 litros por bato. lRs 7.26 traz 2.000 batos. • 4.6 Veja Êx 30.17-21.
2Crônicas
2 C r 5.2—6.11: A c e r i m ô n i a c o m e ç a Veja lRs 8. O Cronista acrescenta o v. 6. A arca foi levada ao Templo em meio a música alegre, cânticos e ação de graças. A glória da presença de Deus encheu o Templo (2-14). Salomão fala ao povo (6.3-11). • Levitas que eram cantores (5.12) Veja l C r 25. • 6.2 Enquanto caminhava pelo deserto e vivia em tendas, o povo fez uma tenda paia Deus (o Tabernáculo). Agora que se instalaram em casas, o Templo foi construído como casa para Deus. Não era uma catedral em que se reuniam para adorar. As assembléias aconteciam ao ar livre, diante do Templo, onde ficavam o altar e o tanque. 2 C r 6.12-42: A o r a ç ã o d e S a l o m ã o Veja l R s 8. A base desta oração, e de todas as orações, é o fato de que Deus e suas promessas são confiáveis. Os pedidos se baseiam em outros
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O m u r o que dá para o S u l . na área d o T e m p l o em J e r u s a l é m . O local o n d e ficava a cidade d e D a v i aparece em primeiro plano. À direita, existe um acentuado declive q u e leva a o vale d o Cedrom.
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A história de Israel festa se estenderam até a semana da Festa das Barracas (Tabernáculos), sendo o último um dia de reunião solene antes de todos se dispersarem (isto esclarece l R s 8.65-66). V s . 11-22: numa segunda aparição, Deus c o n c o r d o u com todos os pedidos de Salomão. Mas em troca ele esperava obediênda leal. O s leitores d o Cronista, ao se lembrarem da queda de Jerusalém e dos anos de exílio seguintes, veriam nestes versículos de advertência a razão daqueles acontecimentos trágicos. 2 C r 8: A s c o n s t r u ç õ e s e o comércio de Salomão Veja l R s 9.10-28. Este relato difere de Reis nos vs. 2,11,12-15. • V . 2 As cidades de l R s 9.10-14, que Salomão resgatou de Hirão. • V . 10 O s 250 oficiais mais 3.600 capatazes (2.18) são o mesmo total que os 550 mais 3.300 de l R s 9.23; 5.16. • V. 11 Compare l R s 11.1-13.0 Cronista não fala das várias mulheres estrangeiras e sua influência, além do que pode ser deduzido aqui. • O preceito d e Moisés (13) Para as festas I fixas anuais veja L v 23; para os sacrifícios, | L v 1—7. • Em frente d o Templo (12, NTLH) Isso tinha que ser assim, porque apenas os sacerdotes podiam entrar no Templo. • V . 14 As orientações de Davi estão em lCr 23—26. 2 C r 9.1-12: A v i s i t a d a r a i n h a de Sabá Veja l R s 10. O Cronista inclui essa visita como ilustração da ampla fama e reputação de Salomão. • A l g u m i n s (10, ARC) Palavra estrangeira, o "almugue" de l R s 10.11. A R A e NTLH traduzem por "sândalo".
U m pórtico que dá acesso à a m i g a área d o Templo, em Jerusalém, hoje ocupada p o r uma mesquita.
fatos importantes sobre Deus: seu amor pelo seu povo; seus padrões morais absolutos; sua prontidão em o u v i r e perdoar aqueles que genuinamente abandonam o pecado. > Vs.41-42 Citação livre de SI 132.8-10 que o Cronista acrescentou. 2Cr 7 : A festa de consagração Veja l R s 8—9. O fogo queimou os sacrifícios em sinal da presença e aprovação de Deus. Os sete dias de
2 C r 9.13-31: A s r i q u e z a s e a glória de Salomão Veja l R s 10.14-29. A extensão do reino de Salomão (26) era o cumprimento da promessa que Deus havia feito a Abraão ( G n 15.18). • V . 21 N ã o é muito provável que esses "navios que iam a Társis" (Tartessos) fossem até a Espanha. Talvez a expressão se refira a navios de grande calado, a exemplo do que ocorre nos livros de Reis. • V . 29 Todas estas fontes se perderam. Duas
le2Crônkas das profecias de Aías foram registradas em lRs 11; 14. Veja l C r 29.29.
2Cr
10—36
Os reis de
Judá
As datas e a duração do reinado de cada rei são dadas nas seções paralelas de 1 e 2Reis. Muitas delas incluem u m período de co-regência com um predecessor, o que significa que, em muitos casos, existe uma sobreposição. \feja "Examinando a cronologia dos reis", e o gráfico "Reis de Israel e J u d á " . 0 Cronista não reconhece os reis de Israel. Apenas os descendentes de Davi são os verdadeiros reis da nação. A s s i m , a partir da divisão em reino do Sul e reino do Norte, ele praticamente ignora o reino do Norte, e freqüentemente refere-se a J u d á como "Israel". Mesmo assim, as dez tribos ainda eram consideradas parte da nação israelita, e continham elementos que continuavam leais a Deus e ao tei legítimo. 2Cr 1 0 : C o m R o b o ã o o r e i n o se d i v i d e e m d o i s Veja também l R s 12. Roboão recebeu das mãos de Salomão um reino rico que começava a dar sinais de fraqueza. Ao morrer, apenas uma fração dessa terra e daquela riqueza foram passadas para seu sucessor. i No Egito (2) Veja l R s 11.26-40. t Isto vinha d e Deus (15) Esta é uma das várias ocasiões no A T em que um fato é atribuído diretamente a Deus sem referência à liberdade de escolha do ser humano. Veja l C r 10.14, etc. "Por intermédio de Aías, o silonita": Veja l R s 11.30-39. t V. 18 Adorão é o mesmo que Adonirão no relato de Reis. 2Cr 1 1 : R o b o ã o f o r t i f i c a J u d á Uma palavra oportuna de Semaías evitou a guerra civil (1-4). Roboão, por sua v e z , se concentrou em fortificar seu pequeno reino contra ataques de seus v i z i n h o s maiores e mais fortes, principalmente Israel e o Egito. Sacerdotes refugiados de Israel afluíram para Judá após as medidas de Jeroboão no sentido de romper qualquer ligação religiosa com Jerusalém (veja l R s 12.26-33). t Semaías (2) Veja 12.5,7,15. • Sátiros (15, ARA) Demônios do deserto, semelhantes a bodes.
319
0 comércio de Salomão A posição estratégica do reino de Salomão possibilitou o controle das principais rotas de comércio n o sentido nortesul utilizadas pelos mercadores. Além de adquirir riquezas com o comércio terrestre, seu acordo com o rei Hirão de Tiro trouxe o comércio marítimo.
Um
n a v i o d a froia
mércame d o rei Salomão.
O c o b r e e r a e x t r a í d o d e minas e m T i m n a , a o norte d e E z i o m - G e b e r , n o g o l f o d e A c a b a , desde o t e m p o d o rei Salomão até o p e r í o d o r o m a n o (e a l é m ) . A i n d a hoje se p o d e m v e r , n o local, o s túneis dos mineiros e os depósitos d e cobre.
Cue forneceu cavalos a Salomão Cavalose ; - •.•-.-. carruagens foram exportados para os hitítas e sírios
Hirão, rei de Tito. forneceu cedro paraas jj, construções de Salomão O Egito forneceu \ cavalos e carruagens
N
/' V Minas de cobre . lomão pertotíeEziom d e S a
A frota do mar Vermelho (operação conjunta com Hirão) trocava cobre porouro de Ofir, madeira, prata, marfim e jóias
A posição estratégica do reino de Salomão possibilitou o controle das principais rotas de caravanas no eixo norte-sul
320
A história de Israel
A invasão de Sisaque "Os homens de Sisaque marcharam pela terra, castigando, às vezes destruindo, um total de 150 cidades e aldeias. Retornando v i t o rioso para casa, Sisaque começou a construir templos em Mênfis, no norte, e em Tebas (Karnak), no sul. Só resta o de Tebas. Ali, ainda há uma parede ao redor de um grande pátio. Nas proximidades de um pórtico, as pedras foram entalhadas com um enorme retrato
do Faraó em triunfo. Ao seu lado aparecem os nomes das cidades e aldeias conquistadas em Israel... Para que os conquistados não se esquecessem de sua vitória, Sisaque mandou colocar uma placa de pedra em Megido, com seu nome e títulos gravados nela. Um fragmento dessa pedra foi encontrado nas ruínas de Megido... trazendo o nome de Sisaque." Alan
Millard
• Filha d e A b s a l ã o (20) N o AT, multas vezes se usa "filho d e " , "filha d e " n o sentido mais amplo de "descendente". Maaca era neta de Absalão (veja 13.2). 2Cr 12: O Egito invade J u d á Veja também l R s 14. As invasões como esta e tantas outras eram vistas como conseqüência direta da desobediência a Deus. O arrependimento nacional (não mencionado n o relato de Reis) limitou seus efeitos, mas Judá continuou sob domínio egípcio durante alguns anos. • T o d o o Israel (1) O Cronista se refere ao verdadeiro Israel, isto é, o reino de Judá. • Sisaque (2) O líbio Shcshonq I, fundador da 22 dinastia d o Egito.
rado apenas como indicação de "um grande número". • V. 2 0 Veja 10.15 acima. 2 C r 14: Paz e v i t ó r i a durante o reinado deAsa Veja também l R s 15.9-24. O autor de Reis aprovou o reinado de Asa. Já o Cronista viu coisas boas (caps. 14—15) e coisas ruins (cap. 16) n o reinado dele. A paz (v. 6) era o dom de Deus ao rei e povo obedientes. A grande vitória, também, era obra de Deus. • Z e r á (9) F.liópia/Cuxe corresponde ao atual Sudão. Zerá provavelmente era um chefe egípcio o u árabe (a antiga associação com o Faraó Osorkon j á foi abandonada). • U m m i l h ã o (9) M e l h o r se for considerado apenas como indicação de " u m número enorme". • 2 C r 15 As reformas religiosas d e Asa • Azarias (1) c mencionado apenas aqui no AT Sua profecia foi o estímulo que impulsionou as reformas de Asa. • A c a b o u c o m t o d o s os ídolos (8, NTLH) Mas veja 14.3; 15.17. Asa provavelmente destruiu os templos em que deuses de outros povos eram adorados e deixou os outros. • Efraim, Manasses e S i m e ã o (9) Homens fiéis das duas tribos d o norte migraram para Judá. Mas o território de Simeão ficava no sul, e a tribo fora assimilada por Judá havia muito tempo. • Maaca (16) Avó de Asa. Veja 11.20.
2 C r 16: A c o n f i a n ç a do rei vacila Sob pressão, nos seus últimos anos de vida, 2 C r 13: O r e i A b i a s Asa enfraqueceu na fé. Ameaçado por Israel, e a guerra contra Israel pediu o auxílio da Síria. E ao ficar doente, Veja também l R s 15.1-18, que é um relarecorreu, não a Deus, mas aos "médicos". Na to mais crítico ao rei. A q u i , o registro mais verdade, deviam ser médiuns o u curandeiros, amplo complementa aquilo que era conside- j á que esta é a única v e z na Bíblia em que rado adoração "adequada", e dá a razão consultar médicos é considerado pecado. No da vitória de Judá. A grande família de entanto, ao morrer, Asa recebeu honras do seu Abias devia ser considerada sinal da povo. "Deus está sempre vigiando bênção d e Deus. • R a m á (1) Esta cidade, no território de tudo o que acontece • Micaía (2) Maaca (11.20; l R s 15.2). no mundo a fim de dar Efraim, que era uma das tribos do norte, forças a t o d o s • Aliança desal (5, ARA) O saltinhauso ficava apenas a 8 km ao norte de Jerusalém. os que são fiéis a ele com todo o coração." cerimonial na ratificação de tratados. • G e b a , Mispa (6) Duas cidades da fronteira Representava fidelidade, lealdade norte d o reino de J u d á , próximas o suficiente ( 0 profeta H a n a t i i i n c e n t i v a n d o o rei A s a , e durabilidade (principalmente nos a Ramá para o transporte d e material de em 2 C r 16.9 I N T L H T ) "pactos" feitos c o m Deus). N T L H construção. traduziu por "aliança eterna". • Q u e i m a (14) Não se tratava de cremação, 500.000 (17) Melhor se for conside mas da queima de especiarias (veja J r 34.5). a
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2Cr 1 7 : J o s a f á : um r e i f o r t e Veja também l R s 15.24; 22.1-50. Josafá, um rei reformador como Asa havia sido, recebe grande destaque da parte tio Cronista. Josafá o r g a n i z o u u m f o r t e e x é r c i t o e reforçou as defesas. O r d e n o u que a lei fosse ensinada a o p o v o ( 7 ) . E foi muito rcspei tado pelas nações vizinhas. A adoração de deuses estrangeiros claramente continuava no reino, j á que Josafá destruiu seus santuários ( 6 ) , como seu pai fizera. Veja também 20.32. > 0 Livro da Lei (9) O Pentateuco ("cinco livros") o u uma parte dele. > Árabes (11) Antigos nômades que se estabeleceram em Edom c Moabc. > Vs. 14-19 C o m o estão, os números dos diferentes grupos de soldados são muito altos. É possível que o termo "mil" sc refira a u m grupo e não a um número. Veja notas em Kx 12.37, etc. 2Cr 18: U m a a l i a n ç a quase f a t a l Veja lRs 22, que narra a mesma história. • Aliado... por laços de casamento (1, NTLH) Jeorão. filho de Josafá, casou-se com Atália, nlha de Acabe. E m v e z d e reunificar o reino, esta ligação quase destruiu Judá posteriormente (22.10). > Vs. 4-27 Nunca foi fácil distinguir entre falsos profetas e profetas verdadeiros. A q u i . pelo otimismo superficial de sua mensagem. Josafá percebeu que esses profetas estavam apenas dizendo a Acabe o que ele queria ouvir. O verdadeiro c o falso só podem ser distinguidos pela sua vida e mensagem, não por métodos o u modos (veja l)t 18.17-22). Nenhum profeta verdadeiro jamais fez uma previsão que não tenha se cumprido, praticou ou incentivou a imoralidade, o u desviou o povo de Deus e de sua l e i . • Como ovelhas sem pastor (16) Isto é, sem liderança.
2Crônicas
H.italha em K;imote-Gilcadc
d.- bjcl • J u U t u c a n
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Sámana,
Iffusalém
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16.1. Era comum os nomes sc alternarem assim nas famílias. • Vossos irmãos (10) Concidadãos e compatrioias. não irmãos no sentido literal.
2 C r 20: Ataque d o leste Não há registro desta guerra em Reis. A confiança de J u d á em Deus foi amplamente recompensada. Os invasores lutaram entre si c deixaram os despojos para J u d á . A única mancha no histórico do reinado de Josafá foi aquela aliança com Israel (35). • Meunitas (1) Habitantes de um disiriio de Edom perto do monte Sen. • O mar (2, ARA) O mar M o n o ( N T L H ) . • V. 17 Sempre de novo o Cronista enfatiza que a vitória vem por meio da confiança em Deus. • Tecoa (20) Amós. pastor de ovelhas e profeta, era desta cidade que ficava 16 km ao sul de Jerusalém. • V. 33 Isto confere com l R s 22.43, mas contradiz 17.6 (Veja 15.17). Os altos (que 2Cr 19: A s r e f o r m a s l e g i s l a t i v a s nem sempre ficavam nos montes) eram de J o s a f á simples plataformas nas quais ficavam os Após a batalha de Ramote-Gileade, Josafá concentrou-se nas questões domésticas. objetos de culto. Como os lugares cm si eram considerados sagrados, somente algo como a Nomeou j u í z e s civis, estabeleceu tribunais profanação feita mais tarde por Josias poderia locais e uma cone mista de apelação em Jcrti impedir o povo de usá-los. salém. Compare com Dt 16.18-20; 17.8-13. • Jeú (2) Provavelmente neto do J c ú cm I Rs • Társis (36, ARA) Vfeja 9.21.
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A história
de Israel
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-I • »1.1 O rc¡ Josafá, d e J u d á , e o rei Acazias, d e Israel, se aliaram n u m mal-sucedido projeto d e construção de navios mercantes e m Eziom-Geber (lílate), n o g o l f o de Acaba.A foto mostra o ancoradouro na ilha de Farun, q u e fica ali perto.
2 C r 21: O r e i J e o r ã o Veja também 2Rs 8.16-24. A má i n f l u ê n c i a da esposa de J e o r ã o (Atália era filha de Acabe e Jezabel) p r o v o u ser mais forte do que o bom exemplo de seu pai. J e o r ã o perdeu o controle sobre E d o m e Libna (na fronteira com os filisteus), e levou a nação à idolatria. "Se foi sem deixar de si saudades" ( 2 0 ) : u m terrível epitáfio. • Carta d o profeta Elias (12) C o m base em 2Rs 3.11 ( n o reinado de Josafá), Elias já não estava mais v i v o , embora não possamos ter certeza. Talvez o profeta, ao prever o que viria a acontecer, d e i x o u uma mensagem escrita que foi entregue por um sucessor. • Jeoacaz (17, A R A ) O u t r a maneira de se escrever Acazias (22.1). Ambos são compostos de "acaz", que significa "ele detém" o u "ele possui", e o nome de Deus (escrito Jeo- ou Jo- como prefixo; e -iaú o u ias, como sufixo). Assim, o nome completo significa "Deus possui". A maioria dos reis de J u d á tem nomes compostos dessa forma. • Não nos sepulcros d o s reis (20) Supostamente porque desagradou a Deus. Outros reis não sepultados nos túmulos reais foram Acazias, Joás, Azarias ( U z i a s ) , Acaz. Morte violenta ou doenças de pele ("lepra") impediram que isso fosse feito. 2Cr 22.1-9: O r e i A c a z i a s Veja também 2Rs 8.25-29. Acazias não aprendeu nada com o terrível
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fim de seu pai. A amizade com Israel resultou diretamente em sua morte no expurgo realizado por Jeú. • V . 2 Em v e z de quarenta e dois (algumas versões, como A R C ) a idade de Acazias deve ser vinte e dois, como 2Rs 8.26. • V . 9 Isto parece ser diferente do relato de 2Rs 9—10, segundo o qual Acazias morreu em Megido, e antes das mortes de seus sobrinhos. Talvez, neste caso, "Samaria" designe o reino e não a cidade cm si. 2Cr 22.10—23.21: M a s s a c r e e revolta no reinado da rainha Atália Veja também 2Rs 11. O pequeno Joás, filho de Acazias, era o herdeiro legítimo. Mas como tantos membros da família real haviam sido mortos (21.17; 22.8). a rainha-mãe pôde assumir o trono sem resistência. Após seis anos, a usurpadora foi deposta. O Cronista enfatiza o papel dos sacerdotes e levitas na recondução do monarca legítimo ao trono. • 23.11 Talvez esse " L i v r o do Testemunho" fosse o texto escrito por Samuel (veja ISm 10.25).
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2Cr 2 4 : O r e i J o á s r e s t a u r a 0 Templo Veja também 2Rs 11.21—12.21. Sob a influência de Joiada, Joás começou bem. O povo foi conclamado a ser fiel aos termos da aliança e o Templo danificado (7) foi restaurado. Após a morte d o sacerdote, no entanto, o rei ficou sob influencias menos saudáveis, chegando ao ponto de mandar matar o filho de Joiada que o havia criticado em público. Como conseqüência, o rei sofreu uma vergonhosa derrota e acabou sendo assassinado. > 0 imposto ( 6 ) Veja Ê x 30.12-16. * V. 21 E m M t 23.25, Jesus faz referência à morte de Zacarias. 2Cr 2 5 : O r e i A m a z i a s Veja também 2Rs 14. A cmel vitória de Amazias sobre Edom (5-16, complementando o relato em Reis) foi o início de sua mina. Ele trouxe para casa os deuses estrangeiros c em seu orgulho desafiou o poderoso reino de Israel (17). A derrota fez o povo se voltar contra ele. Parece que Uzias, o "Azarias" de 2Reis, tomou-se co-regente. Após reinar por 29 anos, Amazias foi morto numa conspiração. Segundo o Cronista, o rei foi derrotado e morto como castigo por ter adorado os deuses de Edom. [ v . 4 D t 24.16. > Cem mil ( 6 ) Melhor se considerado um número arredondado para indicar u m grande grupo. 1 Israel... Efraim (7) O Cronista deixa claro
2Crônicas
que está se referindo ao reino do norte (veja NTLIT).
323
O rei Amazias, de J u d á , trucidou os edomitas, precipitando d e z
2 C r 26: O r e i U z i a s ( A z a r i a s ) Veja também 2Rs 15.1-7. O Cronista descreveu o lado bom (26.1-15) e o lado ruim (26.16-23) do reinado de Uzias (como fizera com Asa e Joás). Sendo u m rei poderoso, Uzias (auxiliad o p o r Zacarias, seu conselheiro religioso; v.5) teve um bom começo. Buscou a Deus e estendeu os limites do seu reino para o sul, chegando até o mar Vermelho. Era amigo da agricultura e protegia os rebanhos dos invasores do deserto (10). Certificava-se que seu exército estivesse bem equipado e armado com máquinas de última geração (14-15). Mas como acontece com muitas pessoas boas antes e depois dele, o poder e o sucesso o levaram à ruína. E m seu orgulho, assumiu o papel de sacerdote. (Os vs. 16-20 complementam o registro de Reis.) Deus o atingiu com lepra, sinal visível do pecado invisível que o impedia de ficar na presença de Deus. • V . 23 Isaías recebeu seu chamado de Deus (Is 6) no ano da morte do rei Uzias. 2 C r 27: O r e i J o t ã o Veja também 2Rs 15.32-38. Jotão provou ser um " b o m " rei, fiel a Deus (2). Ele manteve e aumentou o reino que havia recebido de seu pai, acrescentando Amom à lista dos estados que lhe pagavam tributo. A
mil homens d o alto d o penhasco e m Seir (mais tarde Petra), d e m o d o que todos toram esmigalhados.
324
A história
de Israel
religião do povo, todavia, continuava contaminada pela idolatria. 2 C r 28: O r e i A c a z Veja também 2Rs 16; Is 7. A terrível apostasia de Acaz quase levou Judá à destruição. Deus até usou o reino idólatra do norte para castigar seu povo e revelarlhes uma clemência quase inédita para com os prisioneiros de guerra. Ainda havia resquícios de bondade em Israel. A crise levou algumas pessoas a uma fé mais profunda, mas este não foi o caso de Acaz (22-27). • Vale de Ben-Hinom (3) Um pouco ao sul de Jerusalém, Hinorn (Geena) passou a ter uma reputação sinistra; mais tarde passou a ser local onde o lixo da cidade era queimado. • O rei sírio (5) Rezim (veja 2Rs 16). • V . 20 Esta não foi uma invasão, mas a imposição de impostos altíssimos. • Altares ( 2 4 ) Para deuses pagãos. 2 C r 29: O r e i E z e q u i a s Veja também 2Rs 18—20. A principal preocupação de Ezequias foi restaurar o T e m p l o a seu uso a d e q u a d o . (Acaz, o pai dele, havia destruído os objetos e fechado o Templo: 28.24). O relato detalhado da purificação e da reconsagração do Templo profanado é característico do Cronista. Quando o prédio estava pronto, o rei, os sacerdotes e o povo também foram purificados do pecado pela oferta de sacrifícios. • V. 25 Veja l C r 25. Gade e Nata haviam sido profetas na época de Davi. • O cântico ao S E N H O R ( 2 7 , ARA) Muitos dos salmos foram escritos para uso no Templo em várias ocasiões. 2 C r 30: A c e l e b r a ç ã o da Páscoa (Para a origem e o significado da Páscoa veja Ex 11—13). Samaria caiu nas mãos da Assíria durante o reinado de Acaz (quando Ezequias era co-regente) — veja 2Rs 17. A maioria dos israelitas do norte foi para o exílio e a terra deles foi repovoada. Ezequias convidou os poucos israelitas restantes para se unirem a Judá na celebração da Páscoa (9). Apesar da péssima reação, não houvera Páscoa como esta desde a época de Salomão. A alegria foi tanta que a festa foi prolongada por mais uma semana. • V . 3 A data normal da Páscoa era o dia 14 do primeiro mês, embora N m 9 também permita a outra data.
• V. 15 Muitos sacerdotes e levitas demorarait em aderir à forma reformada do culto (29.34). • V. 19 O Cronista, que dava muito valor às formas adequadas de adoração, deixou claro que o mais importante era a atitude do coração. 2 C r 31: R e f o r m a s r e l i g i o s a s promovidas por Ezequias Todo este capítulo é um acréscimo ao registro de Reis. As reformas se estenderam até ao reino do norte ( 1 ) . As leis que regiam o culto e a manutenção dos sacerdotes foram reintroduzidas (2-10). Todos ficaram suipresos com o volume das ofertas para os sacerdotes e dos dízimos para os levitas (10). Cuidados especiais foram tomados para garantir que tudo seria distribuído apropriadamente. • V. 7 O povo começou a contribuir em maio; j u n h o , com a colheita de grãos, e continuou até o final das safras de frutos e vinho, era setembro/outubro. 2Cr 32: O s assírios invadem Judá Veja também 2Rs 18—19; Is 36—37. Após varrerem do mapa o reino do norte, os assírios invadiram Judá, cujo povo demonstrava sinais de independência. Mas na sua campanha de 701 a . C , Senaqueribe não conseguiu tomar Jerusalém. A razão, segundo o Cronista, é que | na crise o rei de Judá confiou totalmente em Deus. O tema é familiar. O ataque assírio a Laquis é retratado nas paredes do palácio de Senaqueribe em Nínive. • V . 12 O emissário assírio não entendeu as reformas de Ezequias. • V . 18 Eles falaram em hebraico. O povo não teria entendido aramaico, a língua diplomática. • V . 31 Veja 2Rs 20.12-19. Q u a n d o "Deus o desamparou", Ezequias exibiu seus tesouros com orgulho tolo. 2 C r 33.1-20: O d e s a s t r o s o reinado de Manasses Veja também 2Rs 21.1-18. Durante quase todo o seu longo reinado, Manasses foi um dos reis menos piedosos de Judá. Ele profanou o Templo c praticou sacrifício humano (6-7). Mas o Cronista comenta uma mudança de atitude não mencionada em Reis. Possivelmente Manasses se envolveu na revolta do irmão de Assurbanípal, rei-vassalo da Babilônia, e foi convocado para dar explica-
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2Crônicas
325
O canal de Ezequias
Para garantir o abastecimento de água em caso de invasão, Ezequias canalizou a água da fonte de Giom ao tanque de Siloé. O túnel tem mais de 620 m de comprimento e é tortuoso, acompanhando o formato da rocha. Em 1880, um menino que se banhava no tanque de Siloé encontrou uma inscrição que conta a seguinte história:
"... E esta é a história da perfuração. Enquanto (os operários manejavam suas) picaretas, cada um na direção de seu companheiro, e quando ainda havia três cavados a serem perfurados, (ouviu-se) a voz de um homem chamando seus companheiros, pois havia uma fenda (?) à direita... E no dia da perfuração, os operários atravessaram, cada um encontrando seu companheiro, picareta contra picareta. Então a água escorreu da fonte ao tanque por 1200 cavados, e a altura da rocha acima da cabeça dos operários era de 100 cavados."
Á g u a e r a canalizada desta fonte - a fonte d e
O canal d e Ezequias, u m túnel que leva água da
G i o m - para d e n t r o d a cidade, até o tanque d e
f o m e até o tanque.
Siloé. através d o canal d e Ezequias, q u e passava p o r b a i x o d a m u r a l h a d a cidade. Isto g a r a n t i a o abastecimento d e água d e J e r u s a l é m d u r a n t e u m cerco.
JERUSALEM NA ÉPOCA DE EZEQUIAS
U m detalhe d a inscrição q u e registra a conclusão d o canal d e E z e q u i a s . E l a mostra c o m o e r a a escrita hebraica a o t e m p o d e Isaias.
32b
A história
de Israel
ções na Assíria após a vitória de Assurbanípal. Deus atendeu a oração desesperada d o rei, e sua libertação e seu retorno fizeram com que mudasse de vida, embora isso não tenha afetado o povo. • Vale d e B e n - H i n o m (6) O vale da Geena (veja 28.3, acima). • G a n c h o s (11) Os assírios colocavam ganchos ou argolas no nariz de um rei derrotado por eles. • Vs. 18 Há u ma "Oração de Manasses" entre as obras deuterocanônicas.
Esta tabuinha de argila, do séc. 6 a.C (que 6 pane da Crónica Babilónica), traz o regfftro «la dei ima dos egípcios na batalha de Girquemis, em 605. O rei Josias, de Judá. foi mono. ao tentar impedir que o Faraó continuasse MIA mau lia IIIMII ao none.
Ultima batalha de Josias
U Faixi N i . » marcho ui
drqmnrii pan ajuitar os assírios :ia sua b.it.ilh.i innn.i i>. hahili'ni i:.
L J JOMJS INTUCCPU o cutt un rgipcio em M'- .1.. - C mucre NA tsilalh.1
D Ao moinai. Ncco cli-pOr JNAOU • o leva 1,'IHI
2 C r 33.21-25: A m o m Veja também 2Rs 21.19-26. A m o m reinou durante dois anos, de 642 a 640 a.C. Ele seguiu o mau exemplo de Manasses e foi assassinado por seus oficiais. 2Cr 34: Josias: u mr e i q u e promoveu reformas Veja também 2Rs 22—23. Josias profanou e d e m o l i u os lugares e objetos de adoração pagã, e reformou o Templo. Durante seu reinado foi descoberto o livro da Lei (provavelmente Deuteronômio, talvez numa forma mais antiga), resultando em atos de arrependimento sincero. Mas, ape-
sar da iniciativa d o rei, a reação d o povo foi muito pequena e tardia demais para evitar o castigo. Há algumas diferenças entre os registros em Reis c Crônicas, principalmente na ordem dos acontecimentos, mas nenhum dos dois autores tinha como preocupação maior a cronologia. O verdadeiro significado dos fatos está no que eles ensinam. • Vs. 3,7 O poder assírio estava em declínio. Assim, Josias estava cada vez mais livre para tomar medidas politicamente perigosas, como realizar reformas religiosas também no território d o antigo reino de Israel, ao norte. • V. 4 Estes eram altares construídos pelo avô de Josias, o rei Manasses. • Hulda (22) Veja 2Rs 22.14. 2Cr 35: A Páscoa d e Josias; sua morte trágica Veja 2Rs 23.21-30. A Páscoa fora negligenciada no período da monarquia, embora Ezequias a tivesse reavivado (cap. 30). Neste momento a sua celebrai.;.'!" representava o clímax das reformas (Ir Josias. O povo lembrou-se de seu livramento da escravidão no Egito, e isso se deu poucos anos antes de uma segunda escravidão, na Babilônia. • V. 2 0 Em 609 a . C , Neco estava marchando para o norte com o objetivo de ajudar a Assíria a se defender d o ataque dos babilônios. Ao retornar para casa, ele depôs e deportou Joacaz, o sucessor de Josias. Mas em 605 a.C. ele foi derrotado por Nabucodonosor, rei da Babilônia, c m Carquemis. • Jeremias c o m p ô s u m a lamentação (25) Não se trata do livro de Lamentações, que está na Bíblia. Essa lamentação de Jeremias não nos foi preservada. 2 C r 36.1-4: J o a c a z ( J e o a c a z ) Veja também 2Rs 23.31-34. Veja 35.20 acima. 2 C r 36.5-8: J e o a q u i m Veja também 2Rs 23.35—24.7. Jeoaquim começou como vassalo do Egito e acalxni como cativo na Babilônia. 2Cr 36.9-10: J o a q u i m Veja também 2Rs 24.8-17. Após apenas três meses no poder, Joaquim foi deposto e levado ao cativeiro na Babilô-
J e
2Crônicas
2 C r 36.11-21: Z e d e q u i a s ; a destruição de Jerusalém Veja também 2Rs 24.18—25.30; J r 37.1; E z 17.3. Deus deu a Zedequias e à nação muitas advertências por intermédio de Jeremias e dos outros profetas, mas elas foram todas ignoradas. A destruição da cidade e do Templo foi considerada j u í z o de Deus, um castigo que representava morte o u exílio para todo o povo. O exílio durou cerca de 70 anos, até os persas conquistarem o império babilónico. • Sábados (21) O Cronista dá a entender que esses descansos sabáticos não foram respeitados no tempo dos reis. Veja Lv 25.1-7; 26.34-35.
nia. (Tinha 18 anos quando se tornou rei, não oito; e Zedequias era tio dele.)
2Cr 36.22-23: U m a n o v a e s p e r a n ç a Quando o livro de Esdras foi separado do livro de Crônicas, estes versículos foram retidos no final de Crônicas c repetidos no início de Esdras. Crônicas não poderia terminar com o v. 21. Deus não havia abandonado completamente o seu povo. Jeremias havia falado palavras duras de juízo e condenação da parte de Deus. Mas também falara sobre como Deus continuava a amar o seu povo em exílio e que, por fim, o traria de volta à sua terra ( J r 24.4-7).
3271
Nesie relevo da Babilônia aparece Assurbanípal, rei da Assim, num aio ritual em que ele faz o irabalhu de um escravo, servindo aos deuses.
Resumo Os judeus retornam do exílio, reconstroem o Templo em Jerusalém e restabelecem a lei de Deus.
ESDRAS
Caps. 1—2
A volta dos primeiros exilados
Página oposta: O decreto d o rei C i r o . da Pérsia, permitiu que os exilados voltassem á sua terra e a J e r u s a l é m , sua ''cidade santa".
O r e t o r n o dosexilados sob Zorobabel e Esdras
Esdras e Neemias (um só livro na Bíblia hebraica, chamado Esdras) abrange um período de aproximadamente 100 anos, de 538 a 433 a.C. Aqui termina a história da nação judaica narrada no AT. Esdras é continuação de Crônicas (2Cr 36.22-23 e Ed 1.1-3 são idênticos), que terminou com a destruição de Jerusalém por Nabucodonosor, em 587 a.C, e o povo sendo levado ao exílio na Babilônia. Esdras e Neemias descrevem um retorno em três etapas: o grupo principal, que retornou com Zorobabel em 538 ou 537 a.C; os exilados que retornaram com Esdras, 80 anos mais tarde, em 458 (esta é a data tradicional, que tem forte apoio arqueológico); e o grupo de Neemias que voltou em 445. Por causa da dificuldade com a cronologia dos dois livros, algumas pessoas questionam o retomo de Esdras e Neemias a Jerusalém durante o reinado d o mesmo monarca (Artaxerxes I, 464-423), preferindo colocar Esdras com Artaxerxes II, num período posterior (403-357). No plano mais amplo, esses acontecimentos da história dos judeus se inserem no período após a queda do império babilónico, que foi conquistado por Ciro, rei da Pérsia, em 539 a.C. Naquele momento houve uma mudança na política governamental vigente até então, que não só permitiu o retorno dos povos exilados a seu local de origem como também os incentivou à prática de sua própria religião. Os judeus puderam voltar a ser judeus, embora totalmente sujeitos à Pérsia. Puderam reconstruir seu Templo em Jerusalém (a obra começou em 538 e foi retomada em 520,
quando os profetas Caps. 3—6 A g e u e Zacarias A reconstrução do Templo começaram a pregar) e restabelecer Caps. 7—10 seu próprio culto. O retorno de Esdras Este é o foco d o livro de Esdras. Esdras e Neemias abrangem os reinados de cinco reis persas, e um sexto, Dario II (423-404), é mencionado em Ne 12.22. Não se sabe quem escreveu os livros, ou quando foram escritos. A data mais antiga seria por volta de 400 a.C. O compilador pode ter sido o Cronista ou alguém relacionado com ele. Seja quem for, ele parece ter se baseado em memórias pessoais de Esdras e Neemias na edição dos livros que levam seus nomes. Quase 50.000 judeus voltaram do exílio, o que é um grupo pequeno, se comparado com o que o povo havia sido antes do exílio. Porém a sobrevivência deste "remanescente" era sinal de que Deus continuava a amar o seu povo. "O que vemos em Esdras e Neemias é um Israel cortado quase até a raiz, mas que recebe novo vigor da 'fonte de nutrientes' que havia negligenciado, a saber, a lei mosaica, e que, pela sua nova preocupação com a pureza, já dá sinais de transformação no judaísmo que, quer gostemos dele ou não, encontraremos no NT" (Derek Kidner).
Ed 1—2
Os exilados judeus a Jerusalém
MÉDIA 1
BABItONIA\ -
Ecbatana
: í S u â
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ELÃO PÉRSIA
m m
retornam
E d 1: O r e i C i r o , d a P é r s i a , o r d e n a a repatriação dos exilados A política dos reis babilónicos era deportar os povos conquistados. Mas agora (539 a.C.) a Babilônia caíra nas mãos dos persas (como os profetas haviam predito). Uma das primeiras ações de Ciro foi repatriar os povos exilados e permitir que reinstituíssem o culto aos seus próprios deuses. Entre os que se beneficiaram da mudança de política estavam os judeus. (Veja a profecia surpreendente de Isaías em Is 44.26-28; 45.1-13.)
A história
de Israel
• V. 1 Veja 2Cr 36.22-23. A ação de C i r o é estimulada por Deus. Até reis estrangeiros agem conforme a vontade do "Rei dos reis". • V. 6 Deus garantiu que os exilados, a exemplo dos israelitas que saíram do Egito ( Ê x 12.3536), não voltassem de mãos vazias. E d 2: U m a lista d e e x i l a d o s repatriados Veja também N e 7. Este capítulo alista os líderes, os clãs de I s r a e l , os sacerdotes c levitas, os servidores do Templo e os servos de Salomão. Alista as cidades às quais o povo retornou, os lugares onde suas famílias haviam v i v i d o . Registros c o m o estes eram p r o v a i m p o r t a n t e de a s c e n d ê n c i a , questão de vital importância para os sacerdotes (61-62). • V. 2 N e 7 alista 12 líderes, representando as 12 tribos (isto é, toda a nação). Zorobabel era neto do rei exilado Joaquim (2Rs 24.15); J o s u é / J e s u a , filho de J c o z a d a q u e , o sumo sacerdote, também deportado de Jerusalém pelo rei Nabucodonosor ( I C r 6.15). Este é o Josué que aparece em A g 1.1 e Z c 3. • N e e m i a s (2) Não o mesmo indivíduo que mais tarde seria governador. • Barzilai (61) 2Sm 17.27; 19.31-40. • V. 6 3 O sacerdote faria o sorteio sagrado
(com o Urim c Tu mim) para saber de Deus se estes sacerdotes eram aceitáveis. • V. 6 4 Os números dados não resultam neste total. Pode ter havido erros na cópia ou na interpretação dos números.
Ed
3—6
A reconstrução
do
Templo
Ed 3 : Lançados os alicerces do Templo A primeira coisa a ser reconstruída foi o altar, para que a adoração e os sacrifícios recomeçassem, conforme o padrão estabelecido por Moisés ( L v 1—7). A frase "como está escrito na Lei de Moisés" é quase um refrão no livro de Esdras. Tudo devia ser feito de modo correto: não se tratava de criar algo novo, mas de restaurar a antiga e autêntica tradição. A exemplo do que havia ocorrido na época de Salomão (veja 2Cr 2), o cedro selecionado que seria usado na construção deste Templo foi trazido do Líbano. Mas o trabalho não foi muito i além da colocação dos alicerces. • V. 1 Este era o início do novo ano religioso, por volta de setembro/outubro, quando eram celebradas as festas principais, inclusive o Dia da Expiação.
Esdras
• Vs. 10-11 Veja l C r 25. Havia dois coros (ou coro e solista) cantando alternadamente. • V. 12 Os mais velhos choraram ao se lembrarem das glórias do Templo que fora destruído. Ed 4: O s i n i m i g o s p a r a l i s a m a obra Vs. 1-5: os colonos ofereceram ajuda. Eles também ofereciam sacrifícios ao Deus daquela terra. Mas os judeus não aceitaram a ajuda, o que levou os colonos a causar problemas. Conseguiram paralisar a obra por 15 longos anos, até Dario subir ao trono (24). Os vs. 6-23 interrompem a seqüência cronológica para completar o relato da oposição até a época de Esdras e Neemias, quase 100 anos mais tarde. Aqui o pomo da discórdia era a reconstrução dos muros (12). • Judá e Benjamim (1) A maioria dos exilados repatriados era do reino do sul. Seus "inimigos" eram o povo miscigenado que o Rei EsarHadom, da Assíria, colocara na terra e que mais tarde viria a ser conhecido pelo nome de samaritanos. Eles adoravam a Deus, mas junto com outros "deuses" (2Rs 17.24-41). • V. 7 O aramaico era a língua diplomática internacional do império persa. O s trechos de Ed 4.8—6.18; 7.12-26 foram escritos em aramaico, e não em hebraico como o restante do AT. • Osnapar (10, A R A ) Versão aramaica de Assurbanípal ( N T L H ) . "Aquém do Eufrates"/ "Eufrates-Oeste": este era o nome da quinta "satrapía" ou província persa, da qual faziam parte toda a Palestina c a Síria. • V. 23 Esta é a situação descrita em Ne 1.3. E d 5—6: A c o n c l u s ã o d a o b r a Incentivado pelos profetas Ageu e Zacarias, o povo reinicia a construção. Desta vez a tentativa de levar o novo rei, Dario, a embargar as obras teve o efeito contrário. Dario conferiu os registros da corte, e descobriu o rolo em que o decreto do rei Ciro fora escrito. Os judeus tiveram autorização oficial para seu Templo, até para as dimensões e materiais usados. Em quatro anos o T e m p l o foi completado c o povo pôde celebrar a Páscoa. Para uma nação que passara recentemente p o r um segundo êxodo, liberto p o r Deus do seu cativeiro na Babilónia, isto teve um significado muito especial. Em contraste com 4.3, E d 6.21 registra que comeram da carne dos sacrifícios não só os judeus repatriados, mas tam-
bém "todos aqueles que haviam abandonado os costumes pagãos dos povos da terra de Canaã e tinham passado a adorar o SENHOR, o Deus de Israel" ( N T L H ) . Este era o "remanescente" de Israel, fiel à sua identidade, trazendo outros para dentro do relacionamento de aliança com Deus. U m povo separado, mas não fechado sobre si mesmo. • 6.11 Uma forma comum de execução na Pérsia; na prática, crucificação. • 6.19 A Páscoa é celebrada em março/abril. • Rei da Assíria (22) Isto é, o rei do que fora o território assírio.
331
Escavações j u n i o a o ângulo sudeste d a esplanada d o T e m p l o revelaram pedras que provas'elmente
Ed
7—10
Esdras
remontam ao tempo de Z o r o b a b e l , que l i d e r o u o primeiro g r u p o d e exilados
O restante d o l i v r o focaliza Esdras, u m sacerdote que podia traçar sua genealogia
na volta a Jerusalém.
332
A história
de Israel
O escriba Alan Millard A maioria das pessoas no mundo bíblico não precisava aprender a ler ou escrever, embora muitos conhecessem a escrita, pois coletores de impostos faziam cobranças ou o rei alistava seus soldados. Para fazer um contrato ou escrever uma carta, as pessoas iam ao escriba que ficava sentado na rua ou junto ao portão da cidade, e lhe pagavam para formular o documento. Provavelmente um número maior de pessoas sabia ler, mas não sabia escrever. Mesmo assim, era o escriba quem geralmente lia — e interpretava, se necessário.
Este "escriba", sentado d o lado dc fora d e u m banco
Esta era a posição de Esdras: posição que aumentara de importância na sua época. O número de pessoas que falavam hebraico havia diminuído em relação ao período anterior ao exílio, o que dificultava a compreensão da lei. No período do NT, os escribas haviam se tornado especialistas nesta tarefa. O hebraico e o aramaico geralmente eram escritos com pena e tinta sobre folhas ou rolos de papiro ou pergaminho. Anotações e registros podiam, também, ser feitos em placas de madeira cobertas com cera. Todos estes materiais de escrita se decompõem no solo úmido da maioria das regiões do mundo bíblico. Somente em locais muito secos do Egito, por exemplo, e nas cavernas do mar
d o O r i e n t e Médio, realiza basicamente a mesma tarefa dos escribas d o passado. A p a r t i r d a época de Esdras, os escribas j u d e u s passaram a desempenhar uma tarefa mais especializada.
Morto é que puderam sobreviver algumas amostras. Pedaços de cerâmica quebrada eram usados para fazer anotações e foram recuperados dezenas destes, que remontam ao Israel e Judá dos tempos antigos. São em grande parte anotações curtas e listas que não tinham muito valor ou foram descartadas após sua informação ser incluída em registros maiores.
a A r ã o , o primeiro sumo sacerdote (7.1-5). Esdras era um estudioso da lei de Deus. Ele a ensinaria à nova comunidade do povo de Deus, para que não repetisse os erros passados. E d 7: M a i s e x i l a d o s r e t o r n a m com Esdras A história de Ester, a rainha que salvou o povo judeu do extermínio, se encaixa neste intervalo de quase 60 anos que separa 7.1 de 6.22. Artaxerxes, o novo rei da Pérsia, simpatizava com os judeus, e Esdras recebeu sanção oficial para ensinar a lei e designar magis-
trados na sua terra natal, oferecer sacrifícios e embelezar o Templo. (As próprias memórias de Esdras parecem ser citadas a partir do v. 27, onde o texto muda do aramaico cm que foi escrita a carta do rei persa para o hebraico.) • V . 1 Segundo a tradição, Artaxerxes I. Mas alguns dizem ser Artaxerxes I I . Veja Introdução. • Sétimo ano (7) O u possivelmente o trigésimo sétimo ano. • V. 9 A jornada de 1.500 km levava quatro meses.
Esdras Ed 8: A l i s t a d o s q u e v o l t a r a m c o m Esdras 0 grupo que acompanhou Esdras — mais de 1.700 pessoas — incluía sacerdotes, gente do povo e alguns relutantes levitas. Trouxeram consigo contribuições de 22 toneladas de prata e 3.400 kg de ouro. Esdras enfrentou uma longa e perigosa jornada num momento de grande instabilidade. E, tendo afirmado sua confiança em Deus, não podia pedir uma escolta ao rei! Sua oração foi sincera e sua fé recompensada pelo salvo-conduto do próprio Deus. > Sátrapas (36) Governadores. Geralmente havia apenas um em cada "satrapia" o u província, com vários subordinados. Ed 9 — 1 0 : A q u e s t ã o dos c a s a m e n t o s m i s t o s Desde seu retorno, sacerdotes e levitas, líderes e pessoas do povo haviam se casado com pagãos daquele lugar. Deus havia proibido isso ( D t 7.1-5), não p o r preconceito racial, mas porque isso levava à idolatria. ( A maneira como Deus, e aqueles que são fiéis a ele, se preocupa com os não-judeus j á foi vista em 6.21 e é característica marcante dos livros de Rute e Jonas.) Esses casamentos mistos e a idolatria resultante haviam sido um fator importante na ruína da nação no tempo dos reis, mas nem os horrores da derrota e do exílio haviam levado o povo a aprender a lição. Assim, não é de surpreender que Esdras tenha ficado muito angustiado ao saber da situação.
O fato de Esdras se identificar de perto com os transgressores e a grande tristeza expressa em sua oração ferem a consciência do povo. Pediram que ele tomasse uma atitude. Assim, por vontade própria, toda a assembléia se reuniu para ouvir a sentença de Esdras. Podemos vê-los, tremendo, sob a chuva de dezembro e quase podemos o u v i r a discussão que se seguiu (10.10-15). A culpa por toda a tristeza dos casamentos desfeitos não caiu sobre Esdras, mas sobre as pessoas alistadas em 10.18-44, os homens que se casaram em desobediência à lei de Deus. Alguns deles (como M l 2.10-16 deixa claro) haviam até desfeito o casamento anterior com uma mulher do povo j u d e u para se casarem com uma estrangeira. Veja também Ne 13. Na Bíblia Hebraica, o relato não termina com Ed 10.44, mas continua, sem intervalo, levando-nos às palavras iniciais d o livro de Ncemias, onde está a conclusão da história. Esdras reaparece, num papel mais positivo, quando o povo se reúne outra v e z , em Neemias cap. 8, para ouvir a lei de Deus. • 10.18 Esta lista, ao contrário da lista do cap. 2, começa com os nomes dos sacerdotes culpados, aqueles que deviam ter dado exemplo moral. • 10.44 O texto da segunda parte da sentença foi danificado. lEsdras 9.36 (um livro apócrifo o u pseudepígrafe) supre os detalhes do (provável) divórcio e da expulsão de mulher e filhos, por mais doloroso que fosse.
333
Resumo A história d o governador Neemias, que reconstruiu a cidade d e Jerusalém.
NEEMIAS
Caps. 1—2 Neemias retorna da Pérsia A história d o retomo dos exilados, q u e c o m e ç o u em Esdras, continua em Neemias. Corria o ano d e 445 a.C q u a n d o o Rei Artaxerxes I d e u a Neemias p e r m i s s ã o para r e t o r n a r a J e r u s a l é m , e a ação foi intensa nos meses seguintes. Neemias c o n t a sua p r ó p r i a história na primeira pessoa n o s caps. 1—7, e d e 12.27 a o final. A o c o n t r á r i o d o q u i e t o e retraído Esdras, Neemias é a t i v o d e s d e o início — u m h o m e m prático, u m o r g a n i z a d o r e líder, um homem de coragem e determinação com vastos recursos espirituais ao seu dispor.
Ne
1—2
Neemias
"Nesse l e m p o e u era copeiro d o r e i " , d i z
retorna
a
Jerusalém
N e 1: M á s n o t í c i a s d e c a s a ; a oração de Neemias Em dezembro de 446, Hanani, o irmão de Neemias (veja 7.2), trouxe más notícias dos israelitas que moravam em Jerusalém (veja E d 4.23). Neemias ocupava uma posição de confiança: era copeiro na corte persa e, naquela ocasião, estava na cidade de Susã, a capital de inverno. Sua responsabilidade era provar o vinho do rei, para verificar se estava ou não envenenado. Embora distante de sua terra natal, ele estava tão preocupado com seu povo que durante quatro meses lamentou e o r o u pela situação. Então, como lhe era característico, quando surgiu a oportunidade, ele tinha um plano prático para apresentar ao rei.
A o chegar em J e r u s a l é m , Neemias não mencionou seus planos a ninguém antes de fazer, em segredo, uma inspeção pessoal da cidade. • V . 6 Neemias voltaria após 12 anos como governador (5.14), mas o período combinado nesta ocasião provavelmente era menor. • Sambalate, Tobias (10,19) Veja lambem 4.1-9; 6.1-18; 13.4-9. Estes dois eram homens importantes. " U m documento de 407 a.C. (38 anos após os acontecimentos deste capítulo) refere-se a Sambalate como 'governador de Samaria', e o nome judaico Tobias seria usado por uma família poderosa em Amora durante os séculos seguintes" (Kidncr). " G c s é m " (6.6) era um chefe tribal de Quedar no norte da Arábia.
• L e m b r a - t e d a p a l a v r a (8) Por exemplo, D t 30.1-5. • V. 10 Refere-se ao êxodo, quando Deus resgatou Israel do Egito. • Este h o m e m (11, ARA) O rei persa.
A reconstrução de Jerusalém
N e 2: A m i s s ã o d e N e e m i a s ; o rei consente O estado lamentável em que se encontrava Jerusalém era conseqüência direta do decreto de Artaxerxes de que a construção devia cessar (Ed 4.7-23). Portanto, Neemias arriscou sua própria vida para defender uma cidade que, segundo as informações repassadas ao rei, era um ninho de rebeldes. Mesmo ao deixar sua tristeza transparecer na presença do rei, ele estava
Sob a liderança dinâmica e inspiradora de Neemias foram necessários apenas 52 dias, apesar de toda oposição, para construir aproximadamente 2,4 km de muro. O muro leste era novo (com 2,75 m de espessura). Quanto ao restante, foi reconstruído no mesmo local dos muros anteriores, embora a maior parte das pedras antigas fosse inútil (veja 4.2 abaix o ) . Isto sem falar que, com certeza, boa parte fora saqueada para uso cm outras construções nos 150 anos desde a destruição babilónica.
Neemias ( N e 1.11), referindo-se a o rei da Pérsia. A g r a v u r a mostra um copeiro que serve o rei Assurbanípal II, da .Assíria, durante um banquete.
se arriscando. Mas Caps. 3—7 a preocupação de A reconstrução dos Neemias p o r seu muros de Jerusalém p o v o era m a i o r Caps. 8—10 que seu bem-estar A lei e aliança de Deus pessoal. Deus resp o n d e u sua oraCaps. 11—13 ção, e Artaxerxes A dedicação dos muros atendeu seu pedida cidade do. Ao contrário dc Esdras ( E d 8.22), ele, ao começar a sua viagem (cerca de 320 km mais longa que a de Esdras, num total de aproximadamente 1.760 km), teve ao seu dispor uma escolta militar.
Ne
3—6
dos
muros
Ne 3: O r g a n i z a n d o o t r a b a l h o Este capítulo descreve a obra como tendo começado do lado noite e indo no sentido antihorário. A maioria dos lugares mencionados não pode ser identificada atualmente. A Porta das Ovelhas ( 1 ) , no entanto, ficava no muro norte, extremidade leste; a Porta do Peixe (3), no canto noroeste; a Torre dos Fornos (11), no canto noroeste da cidade de Davi. Veja o mapa. Pessoas de todo tipo se u n i r a m para a reconstrução. A lista menciona sacerdotes c perfumistas, ourives e comerciantes, governantes, c também mulheres. Alguns se encar-
regaram de duas seções. Neemias, astuto como sempre, pôs as pessoas para trabalharem perto de suas próprias casas, pelas quais naturalmente se preocupavam mais. Os líderes mencionados eram cidadãos estabelecidos há mais tempo; nem Esdras nem os homens de seu grupo são mencionados. N e 4: N e e m i a s v e n c e a o p o s i ç ã o O povo tinira vontade de trabalhar, c possuía u m líder dinâmico. No entanto, tiveram que enfrentar primeiro o ridículo, depois o terrorismo de oponentes poderosos. A resposta de Neemias
336
Os
A história
de Israel.
inimigos
de Neemias
1
Jerusalém
¿>C3^>
f
AMOM
t ÁRABES
Fu}
foi oração e fé, aliadas com ação prática: "oramos... e pusemos guardas" (9); "lembrai-vos v o c ê s estão do Senhor, grande e temível e pelejai" (14). fazendo é errado!... Eu, e os meus Sua confiança inabalável vinha da certeza de companheiros,... vamos perdoar essa que " o nosso Deus lutará por nós!" (20). dívida. Portanto, • V . 2 Os muros haviam sido queimados, vocês também, perdoem iodas as dividas deles... e o fogo fez com que as pedras d o local E devolvam agora mesmo se desintegrassem. os seus campos, as suas plantações de uvas • Vs. 4-5 Orações d o A T como esta não e de oliveiras condizem com os padrões de Cristo. Mas e as suas casas!" a razão que subjaz a elas não era vingança (Reformas sociais d e pessoal, mas zelo pela honra de Deus que Neemias. s e g u n d o Ne 5.9-11, estava em jogo quando seu povo era atacado. "O
que
NTLH)
A CIDADE DE JERUSALEM NA ÉPOCA DE NEEMIAS
N e 5: O e s c â n d a l o d e j u d e u s reduzidos à condição d e escravos E n q u a n t o Neemias resgatava escravos hebreus e emprestava d i n h e i r o e oferecia comida aos pobres (inclusive entregando o dinheiro a que tinha direito como governador), os judeus ricos desobedeciam à lei (Èx 22.25), cobrando juros de seus compatriotas e vendendo-os como escravos para estrangeiros. Neemias tomou medidas enérgicas para corrigir isto. Os vs. 14-19 nos transportam 12 anos para o futuro, e neles Neemias descreve, a seu favor, o seu estilo pessoal de governador. Ele agia desta forma p o r respeito a Deus e suas leis (15). • T r i b u t o d o rei (4) Os persas impunham aos povos conquistados pesados impostos sobre o uso da terra, bem como tributos de outra natureza. N e 6: C o m o a s c o n s p i r a ç õ e s não deram e m nada, a obra foi t e r m i n a d a A oposição percebeu que sua única chance de fazer parar a obra era livrar-se de Neemias. Sua primeira tentativa foi tentar persuadi-lo a deixar Jerusalém para i r conversar com eles (2). Quando isto falhou, tentaram fazer chantagem (5-7) e apelar para a intimidação (10). As respostas de Neemias (3,8,11) foram fora de série. Ele não deixou que nada o desviasse da realização da tarefa que havia recebido de Deus. E em menos de dois meses (por volta de agosto/setembro; o trabalho foi realizado no calor do verão) os muros ficaram prontos. Até os inimigos de Israel foram forçados a reconhecer que num feito extraordinário desses só podia estar presente a mão de Deus. • Vale d e O n o (2) Ficava cerca de 40 km a noroeste de Jerusalém. • V . 10 Apenas sacerdotes podiam entrar no Templo como tal. Tentando fazer medo, queriam levar Neemias a violar a lei. • Vs. 17-19 O cap. 5 revelou uma "ameaça interna". Estes versículos revelam deslealdade por parte dos líderes judeus, u m fato que colocava em risco todo o empreendimento.
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N e 7: O s e x i l a d o s q u e r e t o r n a r a m Concluída a obra, dadas as ordens e distribuídas as tarefas (1-3), Neemias decidiu criar um registro de todas as famílias presentes, descobrindo que j á existia uma listagem anterior.
Os vs. 6-73a (quase idênticos à lista dc Ed 2, veja notas) referem-se ao primeiro e principal grupo de judeus que voltou em 538 a . C , após o decreto de Ciro.
Ne 8—10
A lei de Deus: a é renovada
aliança
O que é descrito nesses capítulos ocorreu poucos dias após o término da restauração dos muros. Aquele era o "sétimo mês", o início do ano novo com suas importantes festas religiosas. Esdras, o sacerdote e mestre da Lei dos caps. 7—10 d o livro de Esdras, reaparece para assumir a liderança nas questões religiosas. Estes capítulos, escritos n a terceira pessoa, interrompem as memórias d e Neemias que serão retomadas a partir de Ne 12.27. Ne 8: E s d r a s l ê o L i v r o d a L e i O povo pediu para Esdras trazer o Livro da Lei ( 1 ) . Esdras leu e os levitas explicaram para uma audiência paciente e atenta. (Talvez também tenham traduzido para alguns que falavam aramaico c não entendiam hebraico, como indica o v. 8). A o ser notificado de tudo aquilo que Deus espera, o p o v o se entristeceu, consciente d a extensão das suas falhas (assim como havia sucedido ao rei Josias, muito tempo atrás; 2Rs 22). Durante a leitura, redescobriram as instruções originais para a Festa dos Tabernáculos ou das Barracas. E pela primeira v e z desde Josué ( o líder que sucedeu Moisés), d u r a n te sete dias eles moraram em cabanas feitas de ramos, em lembrança da peregrinação de seus ancestrais pelo deserto, após o êxodo d o Egito. Ne 9 . 1 - 3 7 : O p o v o s e a r r e p e n d e Aqui, invertendo a ordem normal, a festa foi seguida por um jejum, e a alegria, por tristeza. O arrependimento da nação foi genuíno. Erros foram corrigidos e o povo se voltou a Deus com confissão e adoração. Na oração, que foi o prelúdio para a renovação da aliança, o povo mencionou, em primeiro lugar, a obra da criação de Deus. Depois, passa a recordar suas demonstrações de amor e fidelidade para com
U m a poria tia antiga cidade de Jerusalém.
338
A história
de Israel
Ne11—13
A obra de Neemias
Hsravaçõcs arqi
lógicas
revelaram parle dos muros d e Jerusalém d a época de Neemias.
uma nação rebelde, desde a época de Abraão até aquele momento, quando se achegam de Deus na condição de escravos em sua própria terra, por causa do seu pecado. • V . 1 Vestir roupas feitas de pano grosseiro e pôr terra na cabeça eram sinais de tristeza, de lamemação pelo pecado (veja J n 3.6).
N e 9.38—10.39: A r a t i f i c a ç ã o da aliança A recapitulação da história do p o v o na grande confissão (9.6-37) p r o d u z i u u m "O « e u s , desejo de assinar novamente a aliança só tu és o SENHOR! com Deus, tantas vezes quebrada. NeeTu fizeste o s c é i r s e as estrelas. mias, o governador, os sacerdotes, leviTu fizeste a terra, tas e líderes assinaram em nome do o mar e tudo o que há neles; povo. O acordo foi ratificado no estilo tu conservas a lodos com vida.' tradicional com uma maldição (sobre aqueles que o quebrassem) e um jura(O início d a oração d o p o v o e m N e 9.6) mento (de lealdade a D e u s ) . O p o v o j u r o u manter, especificamente, as exigências da Lei em relação ao casamento, o sábado, os impostos, os dízimos e as ofertas para manter os serviços do Templo, os sacerdotes e os levitas. "Obedeceremos a tudo o que o SENHOR, nosso Deus, nos manda ( 2 9 ) . . . Nós não abandonaremos a casa do nosso Deus" (39).
continua
N e 11.1—12.26: R e g i s t r o s do povo Ne 11.3-19 provavelmente c uma lista daqueles que |, moravam em .Jerusalém lc substancialmente a mesma lista de l C r 9.2-17). 0 número aumentou através cie uma convocação compulsória de 10 por cento da população das vilas circunvizinhas. 11.25-36 relaciona as vilas ocupadas. 12.1-26 relaciona primeiro os sacerdotes e levitas que retornaram com Zorobabel, depois os descendentes do sumo sacerdote Josué, depois os chefes dos grupos de famílias de sacerdotes, e registros das famílias de sacerdotes c levitas, encerrando com os deveres em relação ao Templo. "Não foi o pedantismo burocrático que conservou estes nomes. O propósito é que estas pessoas e seu cronista estavam cientes de suas raízes e sua estrutura como povo de Deus. Isto não é uma turba de refugiados, instalando-se num lugar qualquer" (Kidncr). • 11.23 Veja l C r 25. • 12.9 Havia dois coros que cantavam ou recitavam em resposta um ao outro. Ne 12.27-47: A d e d i c a ç ã o dos muros da cidade Agora retornamos às memórias de Neemias narradas c m primeira pessoa. Duas procissões, cada uma liderada por um coro, avançaram em sentidos opostos ao longo do topo largo do muro, encontrando-se na área do Templo para o ato final de ação de graças e os sacrifícios. Foi um momento de ruidosa alegria e efusiva celebração. N e 13: A b u s o s e r e f o r m a s O trecho de Ne 12.44—13.3 é como as anotações de um editor. No v. 4 Neemias recomeça o seu relato. Em 433, após ocupar o posto de governador por 12 anos, Neemias retomou à cone do rei Artaxerxcs, onde ficou por algum tempo. Ao voltar a Jerusalém, deparou-se com abusos que ameaçavam a Lei de Deus (15-22). a identidade da nação (23-27) e o sacerdócio (28-29). O povo já havia quebrado muitas das promessas que recentemente fizera a Deus (cap. 10). O sumo sacerdote, p o r incrível que pareça, havia permitido que Tobias (provavelmen-
Neemías te um amonita, apesar de seu nome j u d e u ) , um inimigo de Neemias de longa data, usasse uma sala grande do Templo. A manutenção dos levitas não estava em dia, porque o povo não estava dando o suficiente, para o sustento deles. As leis do sábado eram violadas de forma descarada. E mais uma vez (veja E d 9—10, cerca de 30 anos antes disto) os israelitas casaram-se com mulheres estrangeiras. Neemias reagiu com palavras duras e rapidamente entrou em ação para corrigir estas situações. São notáveis os feitos de Esdras e Neemias nos anos cruciais eme se seguiram ao retorno de um p o v o dizimado do exílio. Sem o ensinamento da lei, sem a fé inabalável e a ação destemida desses dois líderes, talvez não teríamos tido a sobrevivência de uma religião e de uma comunidade judaica bem distintas — com tudo que isso significa para o mundo (especialmente à luz da obra de Cristo). Para este fim sua rigidez com relação a casamentos mistos foi essencial. A oposição às mulheres estrangeiras não era baseada na raça, mas era conseqüência de suas religiões depravadas. (0 AT não condena casamentos inter-raciais, quando ambos os cônjuges adoram o Deus de Israel: o casamento da moabita Rute com Boaz é um dos vários exemplos de "estrangeiros" aceitos na família de Deus.) A história lhes ensinara que a mistura do paganismo, com sua permissividade e seu apelo a tudo
339
Jerusalém era u m a cidade f o n i lirada desde tempos remólos. A i n d a hoje se podem v e r muros eomo estes, construídos n o tempo das cruzadas. O projeio cie reconstrução dos muros, n o tempo d e Neemias. significava pa?. e segurança para o p o v o de Jerusalém.
que há de mais baixo na natureza humana, poderia levar a fé judaica rapidamente à beira da extinção. • V . 24 Neemias preocupava-se com a nova geração. O que aconteceria com a identidade da nação — recentemente recuperada — se isto continuasse?
ESTER
Na época eni que o rei Assuero se divorciou da sua rainha e Kstcr foi levada para a cone real. uma das paredes do palácio de inverno, em Susíi. trazia esta decoração na qual aparece um gualda
persa.
O livro de Ester conta a história de uma tentativa de extermínio do povo judeu que se passa nos dias do rei persa, Assuero (Xerxes I), e mostra como ela foi frustrada. Também explica a origem da festa judaica de Purim. As opiniões sobre o livro variam, em grande parte por causa da aparente improbabilidade dos acontecimentos. Para os judeus, Ester é um livro de instrução (lei) e história (narrativa). Alguns cristãos o consideram pura ficção. Outros o consideram um romance histórico ou conto baseado em fatos reais. Outros, porém, acreditam que o conhecimento que temos sobre a vida no Império Persa no século 5 a.C. — tirado das obras do historiador grego Heródoto, de inscrições persas e tabletes de Persépolis — nos dá boas razões para considerarmos o livro de Ester como obra essencialmente histórica.
Resumo A história de uma jovem judia que se torna rainha da Pérsia e, com a ajuda de seu primo Mordecai, frustra um plano de exterminar o povo judeu.
Deus (e às vezes omite material do texto hebraico). A Vulgata latina de Jerônimo {século 4) tornou estas passagens parte dos livros deuterocanônicos. (Elas podem ser encontradas nas edições católicas da Bíblia, e nos Apócrifos da Bíblia protestante). Há seis adições principais, num total de 107 versículos. A Bíblia de Jerusalém insere essas adições no texto, usando tipos itálicos para distinguir essas seções do restante do texto.
Embora não mencione o nome de Deus, o livro pressupõe a convicção de que Deus tem como interferir nos planos dos homens, estejam eles onde estiverem, e de que ele nunca se esquece de seu povo em suas necessidades.
E t 1: A s s u e r o d e s t r o n a s u a r a i n h a 0 imperador persa Assuero ( n o grego, X e r x e s ) g o v e r n o u de 486 a 465 a . C . um império que se estendia do Indo ao norte do Sudão. Era filho de Dario I, que lhe deixou vasta riqueza e u m n o v o complexo de palácios luxuosos em Susã. Escavações revelaram a sala do trono, o harém c um "paraíso" (jardim). Assuero é mencionado cm Ed 4.6. Sua capital de inverno (insuportavelmente quente no verão) era Susã, cidade no Elão, cerca de 320 km a leste da Babilônia. O historiador grego I leródoto o descreve como um homem cruel, excêntrico e sensual — o que corresponde a seu caráter neste livro. Em 483 ele deu um grande banquete, o clímax de uma demonstração de seu poder e riqueza que se estendeu p o r seis meses. Mas sua rainha (não sabemos por que razão) recusou-se a atender seu desejo de torná-la parte da exposição. E seguindo o conselho de seus astrólogos, o rei depôs a rainha Vasti. • Rainha Vasti (9) Heródoto diz que Amestris era a rainha de Assuero. É possível que Vasti ("melhor" ou "amada") seja seu nome persa. O u talvez houvesse outras rainhas que desconhecemos. • Enviou cartas (22) Dario estabeleceu um serviço |X)StaI excelente que operava em todo o império.
Adições g r e g a s a Ester 0 texto grego da Septuaginta acrescenta parágrafos inteiros ao livro, inclusive referências a
Et 2 : Ester se t o r n a E n t r e os caps. 1—2 do da desastrosa guerra batalhas de Termópilas
Certamente muitos detalhes contextuais — costumes da corte, o uso de mensageiros, a proibição do luto, a execução por enforcamento — expressam de forma precisa o mundo persa da época. Recentemente a palavra puru foi encontrada inscrita num dado, confirmando o que o autor diz sobre a origem do Purím. Quem é o autor? Não sabemos. Mas seu nacionalismo e conhecimento preciso das tradições persas indicam que ele provavelmente era um judeu que viveu na Pérsia antes do império cair nas mãos dos gregos.
rainha se encaixa o períocontra os gregos, as .• S.-ilamina. Qtiaii•
Ester
341
Retrato de Ester Frances Fuller
Ester era uma bela jovem judia que fora criada por seu primo Mordecai, após a morte de seus pais. Seu nome judaico era Hadassa. Eles viviam em Susâ, capital da Pérsia durante o reinado do rei Xerxes (Assuero), entre os exilados que haviam sido levados de Jerusalém por Nabucodonosor. Dentre as mais belas virgens do reino, o rei Xerxes escolheu Ester para ser sua rainha, substituindo a rainha Vasti que, ao ser convocada, se recusara a comparecer diante do rei. Mas Ester era uma rainha sem poder nem privilégios. Ele não podia sequer aproximar-se do rei sem correr risco de vida, a não ser que fosse convocada por ele, e dividia as atenções do rei com centenas de outras mulheres. Tudo indica que Mordecai era um oficial subalterno que trabalhava no palácio. Isto lhe permitia ficar perto dos portões, verificar se Ester estava bem e lhe enviar mensagens, embora nâo tivesse acesso direto ao rei. Quando Xerxes nomeou um homem mau chamado Hamã para o posto mais elevado entre os seus nobres, e os outros começaram a se prostrar diante dele, Mordecai se recusou a honrá-lo dessa forma, mesmo sabendo que eram ordens do rei. Hamã ficou furioso e quando descobriu que Mordecai era judeu, planejou acertar as conlas ordenando a morte de todos os
judeus. Ele até persuadiu Xerxes a transformar seu plano em decreto real. Mais tarde perdeu a paciência e construiu uma forca para matar Mordecai. Ester, que manteve em segredo sua identidade estrangeira, era, agora, a única esperança dos judeus. Ela pediu que jejuassem durante três dias, prometendo abordar o rei no final deste periodo. "Se eu tiver que morrer, morrerei." Quando o momento potencialmente perigoso chegou, o rei estendeu seu cetro para recebê-la, e em vários encontros Ester agiu com astúcia e coragem, pedindo ao rei o que ela queria, e ao mesmo tempo demonstrando respeito. Seu comportamento é um impressionante exemplo do uso do charme feminino e até da fraqueza para conseguir apoio e autoridade para uma causa. Como resultado, os judeus foram salvos, Hamã foi morto na forca que construíra para Mordecai, seus bens foram repassados a Ester, e Mordecai foi elevado à posição de segundo homem mais importante do reino. Os judeus fizeram uma grande celebração, que se tornou um evento anual por decreto de Ester e Mordecai.
anos se passaram até o rei conseguir escolher uma nova rainha. Entre as belas jovens selecionadas para irem à capital para 12 meses de tratamento de beleza, serem examinadas pelo rei, e depois em grande parte esquecidas, estava um jovem j u d i a , Ester, prima de Mordecai. Quando chegou sua vez, ela agradou o rei e ele a tornou sua rainha. A identidade judaica de Ester é mantida em segredo (10), c isto é importante para o enredo à medida que a história vai se desenrolando. Outro elemento importante é a descoberta de um plano para assassinar o rei, feita
N o seu b a n q u e t e , o rei da Pérsia razia uso de louça l u x u o s a , c o m o esta tigela d e o u r o batido, q u e faz parle d o T e s o u r o d e O x u s .
Embora a história de Ester pareça um conto de fadas, há fortes indícios de precisão histórica, e os judeus atribuem a origem da Festa de Purim (veja "As grandes festas religiosas") aos acontecimentos registrados nesse livro.
por Mordecai. Um relatório desse fato foi inserido nos registros da corte (23; veja 6.1-2). • V s . 5-6 Mordecai teria quase 120 anos se ele próprio tivesse sido exilado em 597 a.C. Isto provavelmente significa que sua família estava entre os cativos. • H a d a s s a / E s t e r (7) Algumas pessoas se incomodam com o fato de os nomes "Ester" e " M o r d e c a i " serem semelhantes aos dos deuses babilónicos "lstar" e "Marduque". Mas isto não deveria causar espanto, pois foram nomes dados no cativeiro, como este versículo informa a respeito do nome de Ester. Hadassa
342
A história
de Israel
tamente com as orações que acompanham o jejum). • Vs. 14-16 Mordecai não mencionou Deus, mas sua fé lhe dava a certeza de que a ajuda viria, mesmo se Ester se recusasse a interceder E se ela se recusasse, ainda assim ela poderia ser morta. Mordecai fez pressão sobre pressão.
Ester arriscou a sua v i d a , quando, sem ser convidada, foi a presença d o rei. Aqui, o rei Dario, da Pérsia, aparece sentado no seu trono. D o palácio e m Persépolis.
E t 5: U m c o n v i t e p a r a j a n t a r O rei concedeu a audiência, e Ester agiu com astúcia. Ela convidou o rei e seu favorito para um jantar. No ambiente tranqüilo após a refeição ela fez um segundo convite. Hamã — sem desconfiar de nada, sem saber do parentesco entre Ester e Mordecai — ficou muito honrado. Foi para casa e construiu uma forca mais alta que os muros da cidade, na qual pretendia enforcar seu inimigo.
significa "murta". U m oficial chamado Marduca aparece num texto deste período, mas não há meio de saber se era Mordccai. • Tebete (16) Dezembro/janeiro de 479 a.C. Et 3 : O p r i m e i r o - m i n i s t r o H a m ã trama a destruição dos judeus Não sabemos por que Mordecai se recusou a se prostrar diante de Hamã. Possivelmente ele achou que a exigência de Hamã ia "Tendo prendido nossa jrnasimiçcio, além da reverência normal da corte e exiuma história gia certa adoração que violava sua própria pode "decolar" c, como uma semente fé. Na sua furia irracional, Hamã resolveu transplantada para solo fazer uma "limpeza étnica", destruindo receptivo, começar uma vida própria todos os judeus que havia na Pérsia. Hamã na mente do leitor." vivia numa sociedade que se orientava pelo Joyce Baldwin destino e em que o diário da corte para os eventos do ano era determinado por sorteio. Assim, ele precisava escolher um "dia dc sorte". Felizmente para os judeus, ele viria dentro de 11 meses. O consentimento do rei foi facilmen"Talvez você te obtido: bastou acusar os judeus de rebelião tenha sido e prometer um aporte extra de 342.000 kg de feita rainha justamente prata para o orçamento do Estado. Hamã planepara ajudar java conseguir esses recursos tomando os bens mima situaçtio como estai" dos judeus e confiscando suas terras. Mordei ..i ao convencer Ester e m Et 4.14)
E t 4: E s t e r r e c e b e a n o t í c i a O destino dos judeus agora dependia de Ester. Só ela tinha acesso ao rei. Mas ela não era convocada por ele havia um mês. A única alternativa era arriscar-se e ir sem ser convidada. Mesmo preocupada, aceitou correr o risco. A comunidade judaica deveria apoiá-la em jejum (e supos-
E t 6: O r e i r e c o m p e n s a M o r d e c a i Neste momento se dá a guinada na história. O rei não conseguia dormir, pediu que lhe fossem lidos os anais da corte, e, assim, descobriu sua dívida para com Mordecai. "Que se fará ao homem a quem o rei deseja honrar?", foi a pergunta que o rei dirigiu a Hamã. F, I Iamã, baseado num equívoco, acabaria dando a seu inimigo as honras que acreditava seriam suas. Envergonhado e humilhado, não encontrou conforto cm casa. Sua esposa e seus amigos, supersticiosos, viram nisto o início de sua derrota. "Mordecai é j u d e u " , disse a esposa de Hamã. E continuou: "Você vai perder na ceita". E t 7: A m a l d a d e d e H a m ã é revelada Após o jantar na segunda noite, Ester fez seu pedido. Hamã ficou chocado. Sua ação de lançar-se aos pés da rainha estendida no divã foi interpretada como tentativa de estupro, o que agravou ainda mais as acusações feitas contra ele. F. a grande ironia é que Hamã acabou morrendo na forca que ele mesmo havia construído. • Meu p o v o (4) Quase casualmente, Ester revelou seu segredo. • C o b r i r a m o rosto d e H a m ã (8) Isto era um sinal da sentença de morte. E t 8: M o r d e c a i é p r o m o v i d o ; um novo decreto Ainda restava o problema d o decreto de Hamã. C o m o fora emitido no nome do rei e com seu selo, ele não podia ser revogado
bster
Este bracelete de o u r o d e c o r a d o com grifos ( d o
"A dramática inversão de um destino funesto que parecia determinado a eliminar toda a raça judaica impressionoit o autor de tal forma que ele se dedicou com todo seu potencial artístico a transmitir os acontecimentos por meio da escrita, e seu retato fascinou de tal forma os leitores judeus que o livro de tornou um best-seller... Efe continua a ser o livro favorito nas comunidades judaicas, e é tido cm família todo ano na festa de Purim."
Tesouro d e O x u s o procedente d a
Joyce Baldwin
Pérsia) d á idéia da riqueza e d o l u x o que lister e n c o n t r o u , ao chegar à c o r t e do rei persa.
(8). Mas, em resposta ao pedido de Ester, o rei autorizou um segundo decreto, permitindo que os judeus reagissem. • V . 2 No passado, o rei havia dado seu anclsinete a Hamã. Agora entregou-o a Mordecai, tornando-o o segundo homem mais poderoso do império. • V . 9 Maio/junho. • V . 11 Os judeus tiveram permissão de tratar seus inimigos exatamente como teriam sido tratados (veja 3.13). Et 9 : V i n g a n ç a j u d a i c a ; a feste d e P u r i m Q u a n d o o dia d e t e r m i n a d o c h e g o u , os judeus livraram-se de seus inimigos, inclusive os dez filhos de Hamã; mas não houve saques. Não há desculpa para o pedido vingativo de Ester (a não ser que esta seja apenas uma explicação para a festa celebrada em dias diferentes em Susã c no interior). Ela mostrou
-im
de rei do
343
ser filha de seu tempo. Os corpos dos filhos de Hamã foram enforcados (ou empalados) para tornar público o fim que tiveram. Algumas pessoas consideram o número dos mortos um exagero proposital para entreter os leitores. Certamente é alto, mas se o plano de H a m ã tivesse dado certo, é possível que um número dez vezes maior de judeus teria morrido. Para celebrar o livramento do povo, os dias 14 e 15 de adar se tornaram dias festivos que seriam observados todos os anos, precedidos de jejum no dia 13. Até hoje os judeus celebram o Purim, lendo em v o z alta o livro de Ester e recordando muitos outros milagres recentes de livramento. E t 10: P ó s - e s c r i t o As últimas observações históricas, que mostram como Mordecai fez bom uso do seu poder, parecem ser adições posteriores.
Poesia e Literatura de Sabedoria DE J Ó A C Â N T I C O DOS CÂNTICOS Derek Kidner Poesia A palavra "poesia" poderia sugerir um ramo altamente especializado da arte literária, cullivado p o r uma minoria para o benefício de poucos. Mas este seria um termo inadequado para qualquer parte d o AT. U m equivalente moderno mais próximo seria a oratória rítmica de Winston Churchill, por exemplo: Lutaremos nas praias, Lutaremos nas pistas de aterrissagem, Lutaremos nos campos e nas ruas. A q u i , a repetição (ou outros recursos) e o ritmo se unem para tornar uma mensagem duplamente memorável e comovente. A r e p e t i ç ã o era uma técnica muito usada pelos cananeus, e é também uma característica de algumas das primeiras poesias bíblicas: Para Sísera, estofos de várias cores, ^estofos de várias cores de bordados; Um OU dois estofos bordados, para o pescoço da esposa? J z 5.30
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O r i t m o , embora mais marcado do que isso (no original hebraico, é uma questão flexível de
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fixo de sílabas. Geralmente fmverá três acentos numa linha ou verso, combinados com outros três no verso seguinte, sendo que os dois versos se juntam para formar um dístico ou uma parelha de versos. Mas este padrão pode ser variado ocasionalmente por uma parelha mais longa ou mais curta, ou por um conjunto de três versos na mesma passagem. Outra possibilidade é que o ritmo predominante seja um dístico ou uma parelha em que um verso de três batidas ou acentos é seguido por um verso com apenas duas batidas: Como os guerreiros caíram no meio da batalha! Este último ritmo, com sua nota de descaimento o u diminuição, é usado muitas vezes nos s a r c a s m o s o u l a m e n t o s (como no livro de Lamentações). Por isso essa forma poética recebeu o nome de Qinah (lamento), embora seu uso não esteja restrito a esses temas. O que é quase marca registrada da poesia bíblica, e que a distingue da nossa, é o paral e l i s m o : a repetição do pensamento de uma linha ou verso numa segunda linha ou verso, com o qual forma um conjunto: Porventura, tendo ele prometido, não o fará?
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Introdução
345
"A essência e notadamente livre dos artifícios de desta poesia linguagem. é que ela tem Por esta r a z ã o , a poesia não Há vários tipos de paralelismo, questões importantes aparece separada em alguns livros desde a repetição propriamente poéticos, mas surge em vários cona transmitir dita à amplificação (desenvolvide maneira enérgica textos em momentos de grande mento) e à antítese (apresentação a pessoas de todos importância. O s exemplos citados do oposto). Essa forma poética tem os tipos. acima foram tirados de livros que Ou, tendo falado, não o cumprirá? (Mm 23J 9, ARA)
uma dignidade e uma amplitude que dão ao pensamento o tempo necessário para fazer efeito no leitor, e, muitas vezes, também a oportunidade de apresentar mais de uma faceta de uma questão:
Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR. (Is 55.8, ARA)
O bispo L o w t h , q u e , em suas preleções sobre poesia hebraica em 1741, foi o primeiro a dar o nome de "paralelismo" a esse estilo poético, mostrou que esta estrutura, baseada no significado, pode ser traduzida para prosa em qualquer língua com muito pouca perda, ao contrário da poesia que depende de métrica complexa o u vocabulário especial. Há, sem dúvida, questões de estilo na poesia do AT, e, ocasionalmente, recursos como assonância, rima, refrões, jogos de palavras e acrósticos que são difíceis de traduzir, mas trata-se de casos secundários. A essência desta poesia é que ela tem questões importantes a transmitir de maneira enérgica a pessoas de todos os tipos. Portanto, é mais espontânea
podemos classificar como históricos (mas os j u d e u s os chamavam de " P r o fetas Anteriores" e " a Lei") e proféticos. Na realidade quase todos os pronunciamentos proféticos estão nesta forma, e foram corretamente estruturados como poesia em traduções recentes da Bíblia. Três livros do AT, no entanto, receberam um sistema de acentuação mais elaborado que os demais livros, para destacá-los como sendo distintamente poéticos. Estes são J ó , S a l m o s e P r o v é r b i o s . A nosso ver, o Cântico dos Cânticos seria um candidato melhor que Provérbios, pois sua brica pura é um terceiro exemplo de poesia hebraica a ser colocado ao lado da rica eloqüência de J ó e dos versos dos Salmos que se destinam ao canto. Sobre J ó , mais será dito quando se falar sobre a Sabedoria, mais adiante; no entanto, do ponto de vista puramente poético, esse livro já foi considerado uma das obras primas da literatura mundial, pela riqueza e energia da sua linguagem e pelo poder das idéias que expressa. Nos S a l m o s , a poesia é colocada em prática para ser " o caminho que conduz às portas do céu" no culto e no ensino, fornecendo palavras inspiradas
O texto hebraico d e alguns salmos traz o nome da melodia e indica o instrumento a ser usado, o que indica claramente que os salmos e r a m poemas compostos para serem cantados. Nos tempos d o AT, um dos instrumentos favoritos para acompanhar o canto era a harpa.
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Poesia e Literatura de Sabedoria Tal como a poesia, a Sabedoria não csiá restrita aos livros que classificamos sob esta categoria ( n o AT, P r o v é r b i o s , J ó , Eclesiast e s ) , pois provérbios e ditos marcantes sào parte de qualquer cultura, e Israel não era exceção. Nas narrativas temos, por exemplo, a fábula de Jotão (sobre as três árvores), o enigma de Sansão, c diversos provérbios. Nos Salmos e oráculos proféticos, o estilo didático da sabedoria aparece de tempos cm tempos (p. ex. SI 1; Is 28.23-29; J r 17.5-11; O s 14.9). O que confirma a identificação da sabedoria como ingrediente distinto nas Escrituras é que o próprio Israel a ouvia como uma terceira voz ao lado da Lei c dos Profetas. Havia até um provérbio neste sentido: " N ã o há de faltar a lei ao sacerdote, nem o conselho ao sábio, nem a palavra ao profeta" ( J r 18.18).
E m Provérbios, um sábio experimentado ensina aos jovens u m a sabedoria que se baseia n o temor de Deus.
S a l o m ã o De todas as pessoas que tiveram reputação dc sábio, Salomão é o que mais se destaca. Essa reputação não se baseia somenpara as festas públicas e ocasiões na vida dos te em suas qualidades pessoais, mas também reis, para pessoas confessarem seus pecados no fato de ter patrocinado o estudo e as anes. ou pedirem cura, ou se regozijarem com um A rainha de Sabá foi apenas um dos muitos salvamento ou uma revelação. O C â n t i c o d o s C â n t i c o s , por outro lado, visitantes que afluíram a Israel para ouvi-lo e pô-lo à prova. Os nomes e lugares dc lRs quase não menciona o nome de Deus, mas 4.30-33 nos dão uma idéia do mundo inteé uma resposta arrebatadora à criação divilectual que, por breve tempo, teve sua capina e ao que constitui a sua glória máxima, tal em Jerusalém. Essa abertura para eruditos o dom d o amor entre homem e mulher. Sua estrangeiros é refletida em parte na autopresença na Bíblia é o sinal mais sutil de ria de Pv 30; 31.1-9, que são, ao que o mundo de Deus não pode ser „ que parece, obra de convertidos propriamente dividido em secular Antigo Testamento, não-israelitas. e sagrado, e que a santidade não N q
pode ser indiferente à beleza.
"A sabedoria do erudito se adquire nas horas de lazer; para se tornar um sábio o indivíduo precisa ser poupado de outrus tarefas." Eclesiástico 38.24
a Sabedoria é a voz da reflexão e da experiência."
Sabedoria N o AT, a Sabedoria c a v o z da reflexão e da experiência, e não um simples mandamento o u uma pregação. Somos persuadidos, até provocados, a ver a ligação entre a ordem divina no mundo e as ordens que Deus dá às pessoas, e o absurdo de ir contra os princípios que ele embutiu em sua criação. V a r i e d a d e d e f o r m a s A sabedoria assume várias formas. U m dos recursos favoritos é a comparação vivaz, às vezes expandida em parábola o u alegoria. Qualquer uma dessas três pode ser designada pela palavra hebraica inashal, que também pode ser traduzida por provérbio o u sarcasmo. U m enigma ou dito enigmático é outro meio de levar a pessoa a pensar. Num nível mais profundo haverá reflexão penetrante sobre a maneira como Deus governa o mundo e sobre o propósito da vida humana.
A s a b e d o r i a d o Orient e A literatura de Sabedoria de Israel jamais deu a entender que se desenvolveu num vácuo intelectual. A riqueza das culturas vizinhas está sendo revelada com as descobertas relacionadas à sabedoria do Egito e da Mesopotâmia. Algumas de suas fábulas e alguns de seus ditos populares e preceitos foram conservados, e dizem respeito em grande parle às questões comuns da vida de que tratam os provérbios bíblicos: a disposição dc aprendei; a sobriedade, a sabedoria no falar, a bondade, a confiança no auxílio divino, a magnanimidade e a amizade. Aqui aparece uma boa dose de mera sabedoria secular, mas boa parte lambem é ensino sadio e baseado em princípios elevados, por mais que o material bíblico estej a num nível consistentemente mais elevado de fé esclarecida. O u t r o tipo de literatura destes países lida com os problemas do sofrimento e do sentido da existência, argumentando
Introdução as questões de forma extensa em monólogos e diálogos poéticos habilmente escritos. 0 fato de questões tão profundas estarem sendo discutidas em textos escritos, não só na época de Salomão, mas já uns 1.000 anos antes dele, aliado ao fato de que o Israel d o tempo de Salomão estava longe de ser culturalmente atrasado, devia sepultar de vez a noção (ainda corrente em alguns meios) de que, naquele tempo, o estoque de sabedoria de Israel consistia em breves ditos populares que supostamente se transformaram aos poucos em unidades mais longas e de caráter mais religioso e que somente n o seu período final assumiram a forma dos discursos concatenados de Pv 1-9, ou das indagações e reflexões de J ó e Eclesiastes. A datação destes exige critérios melhores do que um esquema de evolução religiosa. T r a t a m e n t o d i s t i n t o Embora seja esclarecedor ver que um nível tão alto de debate existia desde tempos remotos, a maneira pela qual o AT trata estes temas continua distinta. No livro de J ó , Deus é nitidamente o Senhor fiel e justo cujos caminhos, embora inescrutáveis, devem ser aceitos com fé até o fim. J ó não precisa concluir, como um dos sofredores babilónicos, que o que é mau na terra pode ser considerado bom n o céu. Também não existe em Jó qualquer tentativa de aplacar a Deus com ofertas, muito menos a possibilidade de desistir e renunciar à fé nele. E em E c l e s i a s t e s o aparente pessimismo do livro tem apenas uma semelhança superficial com o cinismo profundo que aparece na obra babilónica conhecida como Diálogo entre Mestre e Servo, n o qual nada tem sentido ou valor e tudo é fruto d o capricho. Eclesiastes efetivamente reduz tudo que o mundo oferece a um simples sopro, mas isto é feito exatamente porque fomos criados para algo maior que o tempo e o espaço: o temor de Deus, cuja avaliação de todos os atos e de "tudo o que
347 A verdadeira sabedoria é passar peia vida, guiado p o r Deus. ''Confia no Senhor de l o d o o leu coração", é o conselho t|ue o sábio dá a o seu discípulo, n o m o m e n t o em que este se prepara para a jornada.
está escondido" como sendo, ou bom, ou mau, confere sentido a toda a vida (Ec 12.13-14). Esta expressão, temor de Deus, à qual Eclesiastes chega em sua conclusão, é o ponto de partida de P r o v é r b i o s (1.7) e o pivô de toda literatura de Sabedoria (veja J ó 28.28; SI 111.10; Pv 9.10). A filosofia secular tende a considerar o ser humano como a medida de todas as coisas c passa a duvidar se realmente c possível encontrar a sabedoria. Mas o AT com este lema da Sabedoria vira o mundo para o lado certo: coloca Deus como cabeça, sua sabedoria como o princípio criador e ordenador que permeia tudo; e as pessoas, por sua v e z , disciplinadas e ensinadas por esta sabedoria, encontram vida c realização na vontade perfeita de Deus.
349 Resumo
JÓ O livro de Jó é o único desse tipo em todo o AT. Ele faz parte da literatura de Sabedoria (com Proverbios e Eclesiastes; veja "Poesia e Sabedoria"), mas em forma e tema, é um livro singular. Não se sabe quem o escreveu, nem quando foi escrito, mas a história acontece na época dos patriarcas. Jó é um sheik rico e muito influente — rico em termos de rebanhos, não de dinheiro. Parte do ano é um homem da cidade; no restante, acompanha a movimentação de seus rebanhos. Ele pertence ao período anterior ao sacerdócio e à religião organizada ou, então, a uma região em que estas coisas não eram necessárias. Ele nos lembra Abraão: um homem do Oriente. Um prefácio em prosa introduz o grande debate entre Jó e seus amigos que o autor registrou em poesia magnífica. O assunto é tão antigo quanto o mundo e tão moderno quanto a era espacial. Se Deus é justo e bom, por que deixa que pessoas inocentes sofram? (Por que há vítimas acidentais da guerra e do terrorismo? Por que crianças morrem de câncer?) Como homem, Jó é bom: um exemplo a ser seguido. Mas a calamidade se abate sobre ele. A perda dos bens e de parte da família é seguida por um sofrimento físico repugnante e prolongado, e tudo isso abala a sua fé profundamente. Enquanto discutem o problema, Jó e seus amigos ignoram a verdadeira questão por trás daquele sofrimento, a saber, o desafio de Satanás narrado no prólogo. Eles não têm certeza de uma vida futura. Para eles a morte é o fim. Então a justiça deve ser feita nesta vida. Segundo a teologia ortodoxa da época — a posição defendida pelos três amigos — a prosperidade era a recompensa de Deus pela vida correta e a calamidade era seu juízo sobre o pecado do individuo. Em traços gerais isso estava correto. Mas os amigos de Jó fizeram de uma verdade geral um princípio rígido e invariável. Se Jó sofre, ele deve ser uma pessoa má. No entanto, Jó sabe que isto não é verdade. E assim o argumento vai e vem, sem que nenhum lado ceda, até chegarem a um completo impasse, quando o próprio Deus intervém. Ele não responde às perguntas de Jó, mas este, 'vendo' Deus (42.5), fica satisfeito. Se a teologia de seus amigos era inadequada, seu próprio conceito de Deus havia sido muito limitado.
O livro deixa muitas coisas sem solução. Somente no NT chegamos a uma resposta para o problema. Quando vemos Cristo na cruz, vemos o sofrimento da única pessoa realmente inocente. E vemos um
A história de Jó trata da questão do sofrimento e como devemos entendê-lo. É um diálogo entre Jó e seus amigos. Jó é um homem bom, mas sofredor. Seus amigos são bem intencionados, mas desprovidos de entendimento. Tudo muda quando Deus interrompe o diálogo e começa a falar...
Deus que realmente se importa tanto conosco que está disposto a carregar todo o peso do pecado e sofrimento humano. Porém o livro de Jó não perdeu sua atualidade. Até hoje, homens e mulheres sofredores descobrem que este livro fala às suas necessidades mais que qualquer outro livro da Bíblia. Veja também "Entendendo Jó" e "Sabedoria em Provérbios e Jó".
Jó
1—2
Prefácio J ó 1.1-5: J ó , o personagem principal, um homem realmente b o m , é apresentado no estilo "era uma v e z " que indica que se trata de uma história. J ó 1.6-12: fora de cena, p o r assim d i z e r (para que o leitor saiba algo que n e n h u m dos personagens da história sabe), na corte celestial, Satanás acusa J ó de servir a Deus por interesse. Deus permite que Satanás teste essa teoria, numa demonstração de sua confiança em J ó . N o entanto, o próprio J ó deveria ser poupado. J ó 1.13-22: num único dia J ó perdeu tudo: bens, servos, família, mas a sua confiança em Deus continuou inabalada (compare o v. 21 com as palavras de Paulo em Fp 4.11-12). J ó 2.1-6: Satanás perdeu o primeiro "assalto". Agora diz que J ó só se preocupa consigo mesmo. Então Deus permite outro teste, desde que não se tire a vida de J ó . J ó 2.7-13: O corpo de J ó fica coberto de feridas. O grande homem se torna um uma pessoa excluída da sociedade. Sua esposa não o apoia. Os três amigos que continuam fiéis sentam-se em silêncio ao lado dele, chocados com que aconteceu. Mesmo assim J ó confia em Deus.
A esquerda: Os servos d e J ó vieram a ele, um após o outro, trazendo notícias terríveis. A s jumentas foram roubadas; um raio bateu e matou as ovelhas; bandos de caldeus levaram embora os camelos e mataram todos os servos, c o m exceção de um, que trouxe a notícia a J ó .
350
Poesía e Literatura de Sabedoria
A c;ilani¡d¡idi" se abateu sobre Jó como uní redemoinho. Aqueta era • hora da provação.
• U z ( l . l ) Cidade cm algum lugar a leste da Palestina. Em Lm 4.21, é associada com Edom. • 1.2 O grande número de filhos c de bens indica que Jó tem a aprovação de Deus. Sete e três são números redondos, números ideais. • Filhos d e Deus (ARA)/servidores celestiais
(NTLH; 1.6) Anjos da corte de Deus no céu. Satanás está entre eles, sob a autoridade de Deus. • Satanás (1.6) O "adversário" da humanidade. • Sabeus (1.15) Nômades do sudoeste da Arábia. • Caldeus
"Feliz é aquele a quem Oeus corrige! Por isso. não despreze o castigo do Deus Todo-Poderoso. Deus fere. mus ele mesmo
ta:
o curativo; ele machucu. mas us suas mãos curam." Palavras de um dos amibos de Jó, Jó 5.17-18
(1.17)
Nômades
do
sul
da
Mesopotâmia, terra natal de Abraão. • Cinza... u m caco (2.8) A cinza simboliza sofrimento, luto c arrependimento. O caco talvez fosse um pedaço de cerâmica. A Septuaginta acrescenta que Jó foi sentar-se sobre o monte de lixo, fora da cidade. • Amigos de Jó (2.11) Sábios que vieram dc cidades do território árabe e edomita, região famosa por seus sábios.
Jó 3 — 1 4
Primeiro
• V. 8 Jó refere-se aos magos ou feiticeiros que, supostamente, podem tornar o dia "infeliz". Lcviatã (NTLH) pode ser o monstro marinho (ARA) que, segundo se pensava, foi aprisionado por Deus no momento da criação. No cap. 41, Leviatã é o crocodilo. • V. 24 Gemidos e lamentos são o seu pão de cada dia. Jó 4—5: Elifaz a r g u m e n t a c o m Jó Os três amigos agora começam o debate que ocupa a maior parte do livro. Elifaz é o primeiro a falar. Segundo ele, Jó havia ajudado outras pessoas com problemas, e I agora devia estar preparado para provar de I seu próprio remédio. Deus destrói os culpa- I dos, não os inocentes (4.7). Problemas são I parte inevitável da vida (5.7). A melhor coisa I a fazer é recorrer a Deus (5.8), aceitar sua I repreensão (5.17) c aguardar a restauração I do favor. Elifaz tem razão em muito do que diz, mas, no caso de Jó, seu diagnóstico está errado, \ • E s p e z i n h a d o s às p o r t a s (5.4, A R A ) Causas
ciclo do
debate
Jó 3: Jó a m a l d i ç o a o dia e m q u e nasceu Jó rompe o silencio de sete dias com um grito de protesto contra sua desgraça. F.le gostaria de jamais ter nascido e anseia encontrar paz e livramento na morte. Por quê? Por quê? Por quê?
eram julgadas e contratos eram feitos na área junto à porta da cidade, que era o centro da vida pública. Jó 6 — 7 : A r e s p o s t a d e Jó Dizer a um homem esgotado (6.11-12) que tenha paciência é um conselho repugnante (6.6-7). Jó só quer deixar de existir. Seus amigos não demonstraram empatia quando
WÊÊÊÊÊÊÊÊ ele mais precisava (6.14-23). Ele não fez nada para merecer o sofrimento (6.30). A vida é uma sucessão de dias cheios de dor e noites de insónia (7.3-6). Jó 7.11-21: Jó se dirige a Deus e lhe abre o coração: fala de seu medo, de sua vontade de morrer. Por que Deus não o deixa cm paz? Sc o pecado é o problema, poi* que não o perdoa? • 6.18-20 As caravanas de comerciantes que atravessavam o deserto saem à procura de água, e por não encontrá-la morrem de sede. • 7.5 As feridas de Jó criam vermes. Jó 8: B i l d a d e entra n a d i s c u s s ã o Elifaz havia começado de forma branda. Bildade assume uma linha mais dura à medida que Jó se exalta. Deus é justo. Ele recompensa os bons c castiga os maus. As palavras de Bildade são como sal numa ferida aberta. Jó 9—10: R e s p o s t a d e Jó: C o m o Deus p o d e r i a f a z e r isto? Jó, a exemplo de Bildade, acredita na justiça de Deus. Mas seu próprio caso não bate com suas convicções. Deus condenou um homem inocente. Como pode alguém exigir que ele dê explicações? O bom, o mau — é tudo a mesma coisa (9.22). A desgraça atinge
ambos. Por quê (10.2)? O criador se transformou em destruidor (10.8). Não lhe permitirá um momento de alívio antes do fim (10.20-22)? Jó 9.5-13 são um hino de louvor a Deus. Suas imagens vêm de antigas histórias da criação. • R a a b e ( 9 . 1 3 , N T L H ) O monstro legendário
do caos. • 9 . 1 6 - 1 9 Na sua amargura, Jó vê Deus como um juiz injusto. Como muitas pessoas antes e depois dele, o problema básico de Jó era conseguir uma audiência (19), e mesmo se chegasse ate o tribunal não podia ter certeza de um julgamento justo e uma aplicação imparcial da lei. • 1 0 . 2 1 Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte". Jó 11: Z o f a r entra n o d e b a t e As palavras de Zofar são as mais duras de todas. Ele não tem paciência com o discurso irreverente de Jó. Ele se considera inocente? Deus está sendo clemente com ele (6). Jó deve abandonar o seu pecado (13-14) e então Deus o restaurará. Para Zofar, tudo é preto ou branco, oito ou oitenta. Ele não duvida de que sua posição está correta. Porém, acerta na mosca, quando A história de Jóse passa no (empo dos pain.irc.ts. uma época em que a riqueza de um homem era medida pelo número de ovelhas e bois que ele linha.
352
Poesia e Literatura de Sabedoria
Jó representa a humanidade sofredora, lutando para encontrar sentido em meio às calamidades e ao desespero. Apesar de sua tradicional reputação de homem paciente, Jó, na verdade, representa aqueles que não estão preparados para sofrer de braços cruzados, mas sentem a necessidade de protestar, argumentar e debater. A longa seção de diálogos em Jó nos apresenta esse personagem que protesta, um fato, aliás, que muitos ignoram, por lerem apenas as seções do livro que estão em prosa. Q u a n d o os b o n s s o f r e m
O livro de Jó é, simplesmente, a história de um homem que fez tudo que achava que Deus esperava dele. Foi generoso com os pobres e oprimidos, era um membro respeitado de sua comunidade e até oferecia sacrifícios a Deus em favor de seus filhos, caso houvessem eles pecado inadvertidamente. Era um homem bom que não merecia a destruição de sua propriedade, a morte de seus filhos e uma doença repugnante que fez com que perdesse toda a sua reputação e dignidade. Aqueles à sua volta, os amigos que vieram com o propósito específico de confortá-lo, disseram que ele devia ter pecado para merecer este castigo de Deus. Mas Jó sempre afirmou que seu sofrimento era realmente imerecido. No entanto, ele não desistiu de Deus, mas esforçou-se para entender seu relacionamento com Deus apesar do sofrimento, da miséria, e da tristeza que teve que suportar. Perguntas difíceis
O livro levanta questões profundas. Uma é o que motiva as pessoas a serem religiosas? Jó é acusado por Satanás, numa discussão celestial que acontece sem o conheci-
mento de Jó, de se dedicar à vida religiosa apenas porque pode lucrar com ela. Acreditava-se naquela época que o bom comportamento trazia todo tipo de beneficio — vida longa, filhos e recompensas materiais. Mas Jó prova que sua fé não é tão superficial assim, ao manter-se firme na fé em meio às dificuldades e até amadurecer em seu entendimento. Outra pergunta levantada no livro de Jó é como entender o sofrimento e mesmo assim manter um relacionamento com Deus. Há algumas pessoas que dizem que não somos realmente humanos enquanto não sofrermos. É claro que isto não é
A história de Jó fala de peno a iodos os que são afligidos por dores e sofrimento.
verdadeiro, mas há dimensões do nosso autoconhecimento e da nossa percepção do que é um relacionamento com Deus que só emergem quando ficamos face a face conosco mesmos, geralmente numa situação de sofrimento ou tristeza. Jó descobre uma nova dimensão de sua fé como resultado do seu questionamento. Ele encena um protesto contra Deus e não tem medo de se manifestar. Acha que Deus está sendo cruel, que Deus o ignora, mas ao mesmo tempo o persegue o faz
Jó sentir-se encurralado. Jó deseja fugir de seu sofrimento como um pássaro que levanta vôo. Ele quer ficar livre das correntes que o prendem e, no entanto, deseja também a estabilidade de um relacionamento real com Deus, pela segurança que isto lhe dava. Por q u e e u ?
Na longa seção de diálogos, Jó aparece como um homem angustiado e confuso. Ele pensa na morte — de certa forma anseia por ela como uma forma de escape, mas ao mesmo tempo percebe que, se morrer, não poderá continuara discutir, o seu caso com Deus. Quem o ouvirá quando estiver nas trevas do Sheol ("mundo dos mortos")? Ele espera que Deus reaja, para que possa receber uma resposta a sua pergunta: "Por que eu?"
I j i I . j I I I I I j I
acendeu contra os três consoladores inúteis (os amigos de Jó), pois não falaram bem a seu respeito como Jó fizera. Isto sugere que tentar entender, atingir o limite de nosso conhecimento e compreensão e, ainda assim, continuar firme na fé é melhor do que imitar os amigos de Jó, que ficaram repetindo que, se Jó estava sofrendo, era porque tinha pecado. Eles estavam confinados em seu dogma mesquinho, que possivelmente tornava a vida confortável e fácil de enfrentar. Mas a mensagem, neste caso, é que a vida real não é assim. É cheia de incertezas, de sofrimento sem sentido, de enigmas e contradições. A fé em Deus às vezes é difícil, mas fé é isto mesmo. Felizes para sempre?
No final do livro vemos a sorte de Jó ser restaurada, no estilo dos contos de fadas. Mas este final não nos deixa completamente tranqüilos. AcaDeus r e s p o n d e O clímax do livro é quando Deus bamos de aprender que Jó não estava realmente dá uma resposta a Jó, buscando recompensa material e aí embora não seja a resposta que ele está ele com o dobro de camelos que espera. Em vez de palavras de confor- tinha. É possível que o autor tenha to ou uma explicação racional, Deus se valido de um pouco de ironia ao apenas fala das maravilhas do univer- encerrar a história desta maneira. so que criou e dos animais que vagam Jó é restaurado, mas em seu sobre a terra. A mensagem, neste encontro com Deus atingiu novo caso, é que há muitas coisas na vida nível de fé que indica que ele jamais que não entendemos, e que a ação poderá voltar a ser o que era antes. de Deus se dá num plano diferente Ele recebe um novo grupo de filhos do nosso, que só podemos imaginar — mas será que de fato poderão e jamais entender completamente, substituir os originais? Recebe vida Isto não significa que ele é inacessível, longa e vê seus netos crescerem, um mas que não devemos tentar limitá-lo efetivo sinal de bênção na cultura por nosso entendimento imperfeito. hebraica. Não é princípio irrefutável que os bons prosperam e que os ímpios são R e t e n d o a f é punidos. A justiça de Deus não pode Portanto, Jó tem muito a oferecer ser reduzida a uma teoria tão sim- aos que sofrem em nossos dias. A plista. Coisas insondáveis acontecem mensagem aqui é esta: não se deve e às vezes sem propósito aparente. No desistir de Deus por causa das coisas final, Jó é obrigado a aceitar isto, o ruins que acontecem no mundo. Pelo que ele faz de joelhos, reconhecendo contrário, retendo a fé, talvez possaque disse coisas que não compreen- mos atingir um nível mais profundo dia plenamente. de entendimento e até, quem sabe, uma noção da presença de Deus. Mas Depois disto lemos num versículo crucial, 42.7, que a ira de Deus se a reação mais profunda ao sofrimento
353
é encontrada na mensagem cristã de que, em Cristo, Deus sofreu da forma mais profunda e, assim, é capaz de estar conosco no nosso sofrimento e nos guiar quando ficamos perdidos e perplexos, porém necessitamos desesperadamente ficar firmes na fé em Deus, assim como Jó ficou.
354 "O homem, nuscitío
Poesia e Literatura de Sabedoria pergunta: "Você pensa que pode descobrir os segredos de Deus?" (7), pois c nestes termos que Deus "responderá" a Jó (caps. 38—42) e Jó ficará satisfeito. • V. 8 Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte". Jó 12—14: Jó r e s p o n d e Jó se torna sarcástico. Seus amigos não são os únicos que entendem das coisas. Deus é onisciente e onipotente. Se ele subverte as normas da sabedoria e da justiça, o que se pode fazer (12.7-25)? A experiência dc Jó desmente os argumentos de seus amigos (13.1-4). Ele apresentará sua causa diretamente a Deus, e Deus o absolverá (13.18). Quais são as acusações contra ele (13.23)? A vida é curta c não se pode acordar ninguém do sono da morte (14.1-12). Jó pede que Deus o esconda no mundo dos mortos até que passe a sua ira, para depois restaurálo (14.13-17). Mas o desespero está de volta: será que não há esperança (14.19)? • 12.1 Veja "Sabedoria em Provérbios e Jó". • 14.13 Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte".
Rira pessoas que dependem de chuvas ocasionais para que os rebanhos lenham pastagens e se desenvolvam, a transição da condição de rico para pobre pode ser um processo bem rápido.
Jó 1 5 — 2 1
Segundo
ciclo do
debate
Jó 15: S e g u n d a f a l a d e Elifaz O debate sc torna mais acalorado. Jó provocou seus amigos, e eles não levam em conta o estresse sob o qual sc encontra. Não lhes ocorre que ele realmente pode ser ino-
cente. Continuam defendendo obstinadamente a sua posição e temam forçar Jó a se submeter. Jó é um velho inchado com opiniões que não valem nada (2)! Tudo que Jó disse — suas arrogantes acusações contra Deus e suas tentativas de justificar-se — só serve para provar que ele é culpado (6). Engana-se ao dizer que o ímpio escapa ileso. Seu destino é terrível (17-35). Jó 16—17: Jó r e p e t e a sua queixa Seus amigos não lhe trazem real consolo. K fácil falar quando é Jó quem sente a dor. (Como em tantas outras ocasiões, sua empatia silenciosa, 2.13, ajudou mais que suas palavras bem intencionadas.) Deus o cansou com sofrimento c a crueldade dos outros. As imagens usadas por Jó (16.9,12-14) transmitem sua intensa e insuportável agonia: um corpo torturado e uma mente atormentada com o pensamento de que Deus poderia estar fazendo isso com ele. Mesmo agora ele não pode crer que Deus é injusto: deve haver alguém que o defenda no céu (19; veja U o 2.1). Se o seu caso não for resolvido antes que morra, que esperança haverá depois (17.13-16)? • 17.3 Jó se dirige a Deus (veja NTLH). • 1 7 . 1 3 - 1 6 Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte". Jó 18: B i l d a d e volta à disputa Bildade fica muito ressentido pelo fato de Jó rejeitar os conselhos dos amigos. A dis-
Jó cussão se torna pessoal ( 3 ) . Ele responde, descrevendo o destino horrível dos ímpios (5-21), com a intenção de colocar Jó no seu lugar. Mas Jó c inocente c o discurso de Bildade, irrelevante. Jó 19: A e s p e r a n ç a d e Jó d e q u e Deus o d e f e n d e r á Os amigos de Jó se tornaram seus atormentadores, dirigindo falsas acusações em vez dc oferecer resposta a suas desesperadas indagações. Deus fechou o caminho dele (8), tirou-lhe a esperança (10) e o deixou completamente abandonado (13-16). Ele se tornou repugnante até para aqueles a quem mais ama (17). Até a compaixão lhe é negada (21-22). Entretanto, mesmo em seus momentos mais sombrios, a fé e a esperança ainda brotam em seu interior. Ele tem certeza de que será reabilitado. Um dia o próprio Deus defenderá sua causa e o absolverá — e ele verá isto (25-27). Então aqueles que o difamaram terão que prestar contas a Deus. > Livro (23) Um rolo, pois o livro como o conhecemos só surgiu muito tempo depois. • Vs. 2 3 - 2 7 Esta é uma passagem difícil e as linhas que seguem 25a, em especial, são obscuras. E importante não querer tirar desta passagem uma crença bem desenvolvida na ressurreição, algo que foi revelado mais tarde. (Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte".) Mas o Redentor/defensor de Jó é claramente Deus, a quem ele espera encontrar após a morte (por que outro
motivo elc precisaria deixar um testemunho escrito?). Veja também suas palavras em 14.13.
355
Jó qucsiiona a maneira Tradicional,
Jó 20: Z o f a r e c o a os p e n s a m e n t o s de B i l d a d e Zofar, a exemplo de Bildade, fica irritado com Jó e volta ao tema do discurso de Bildade: o destino dos ímpios. Sua prosperidade dura pouco, seu castigo é certo. Mas esta não é a questão. Eles não dão ouvidos a Jó, porque o caso dele não se encaixa na regra geral. Esta é a última manifestação dc Zofar. Ou ele não tem nada mais a acrescentar, ou uma parte do terceiro ciclo de discursos foi perdida. É possível que 27.13-23, que parece estranho vindo de Jó, pertença na verdade a Zofar. Jó 21: Jó diz a v e r d a d e n u a e crua A teologia de Zofar é boa, mas não corresponde à realidade. A condição de Jó, o homem bom, é lastimável (5), ao passo que com muita freqüência as pessoas más prosperam, vivem felizes e morrem em paz (7-18). Os amigos vão argumentar que a vingança de Deus cairá sobre os filhos cios maus (19). Mas que tipo de justiça é essa? Seu suposto conforto não passa de um monte de mentiras.
porem inadequada, de ver o sofrimento, bem como uma visão muito limitada do mundo. Hsta representação babilónica, do séc. 7 a.C, mostra o mundo rodeado do Oceano, com a Babilônia junto ao Eufrates, montanhas ao norte da Assíria e pântanos ao sul.
356
Poesia e Literatura de Sabedoria Jó 22—31
Jó 22: Elifaz n ã o desiste Elifaz prefere inventar pecados que Jó teria cometido (5-9) a admitir que sua própria teoria é inadequada. Ele continua irredutível na mesma linha de argumentação. Jó está errado! Jó achou que podia esconder seus pecados de Deus (14). Jó deve pedir perdão a Deus, abandonar seu pecado c tudo se acertará. • Ofir (24) Célebre pela exportação de ouro (veja 2Cr 8.18), a ponto de "Ofir'' c "ouro fino" (ou "ouro mais precioso", NTLII) se tornaram sinônimos. A localização é desconhecida.
antigas histórias da criação). O universo criado nós dá uma pequena noção do poder dinâmico de Deus. Mas quem pode compreender este poder em toda sua plenitude? Cap. 27: seus amigos querem que ele negue sua integridade, mas Jó não abre mão dela. Os vs. 13-23 parecem estranhos, vindos de Jó. Este foi o argumento apresentado por seus amigos anteriormente. Ou Jó mudou de idéia, ou esta passagem faz parte do discurso de um dos outros (talvez Zofar). • Abismo (26.6, ARA; também 28.22). A palavra hebraica é "Abadom", que é outra maneira de falar sobre o "Sheol", o sombrio mundo dos mortos. • Raabe (26.12, NTLH) Veja 9.13.
Jó 23—24: Jó luta c o m seu p r o b l e m a Os pensamentos de Jó não param, sempre retornando ao mesmo ponto de partida. Se ele pudesse se encontrar com Deus e lhe expor o seu caso! Mas Deus não pode ser encontrado, e seus caminhos são inexplicáveis. Cap. 24: olhe o que acontece no mundo; a vida não é justa. Deus adia o julgamento e aqueles que pisoteiam os indefesos parecem sair impunes. (É possível que os vs. 18-25 sejam palavra de Zofar, e não de Jó).
Jó 28: E l o g i o d a s a b e d o r i a É Jó ou o autor quem está falando neste capítulo? O texto não mostra. Mas o cerne do problema de Jó é como entender os caminhos inescrutáveis de Deus. Nenhum mineiro pode encontrar o veio da sabedoria; toda a riqueza do mundo não basta para comprá-la. Só Deus sabe onde ela se encontra e as pessoas se tornam sábias por temerem a Deus e rejeitarem o mal. Veja "Sabedoria em Provérbios e Jó". • Ofir (28.16, ARA) Veja notas em 22.24.
Terceiro
"Mus onde se achará a sabedoria? t onde está o lugar do entendimento? O homem não conhece o valor dela, nem se acha ela na terra dos viventes, 0 abismo diz: Hia não está em mim; e o mar diz; Não está comigo. Não se dá por i-ffi ouro fino, nem se pesa prata em câmbio dela.... Deus lhe entende o caminho... /•: disse ao homem: l\is que o temor do Senhor ê u sabedoria, e o apartar-se do mal é o entendimento."
Jó 28.12-IS, 23a.28 ( A R A ) .
r
ciclo do
debate
• R e m o v e m os l i m i t e s / m u d a m os marcos d e
divisa (24.2) Ou seja, se apossam das terras. O marco era uma pedra que, às vezes, trazia inscrita o título de propriedade e os limites das terras. • Se t o m a p e n h o r (24.3,9) Como garantia de
crédito, ou para pagar uma dívida. Jó 25: Bildade fala pela última vez Se o discurso tal como é apresentado está completo (veja cap. 26), os amigos de Jó esgotaram seus argumentos. Não têm mais nada a dizer. Bildade apenas reitera a verdade óbvia de que ninguém é cem por cento perfeito aos olhos de Deus. Isto não ajuda Jó em nada. De que adianta levar uma vida correta se o castigo de Deus cai igualmente sobre bons e maus? Jó 26—27: Jó j u r a s u a inocência Os primeiros quatro versículos do cap. 26 podem ser vistos como uma interrupção no discurso de Bildade, ou seja, uma fala de Jó. Bildade retoma no v. 5 e vai até o final do capítulo, falando do poder de Deus (em outro hino, como o de Jó 9, com figuras tiradas de
Jó 29—31: Jó apresenta s u a causa Nesse trecho, Jó faz a sua defesa final. Cap. 29: "Ah! Quem me dera ser como fui..." Jó recorda os dias felizes em que desfrutava o favor de Deus — a alegria do lar o sucesso nos negócios, o respeito universal que o cercava. Ele fala, comovido, das suas boas obras feitas em cumprimento às leis de Deus (12-17). Ele esperava uma vida longa e uma morte tranqüila (18) — sinais do favor de Deus. Cap. 30: "Mas agora..." Jó retorna ao triste presente, em que todos zombam e se afastam dele, e em que ele é incessantemente atormentado pela dor. Tudo isto Deus fez com ele, mas nunca explicará por que (19-20). Cap. 31: tudo isto aconteceu com um homem que evitava a imoralidade, até em seus pensamentos (1); que foi justo com seus empregados (13); foi generoso com os necessitados (16): nunca foi obcecado por dinheir (24) ou foi idólatra (26-27); nunca rejeitou ninguém (32); não ocultou suas faltas (33); jamais teve medo do que as pessoas pensariam ou de como reagiriam (34). Jó está preparado
Jó
357
para confirmar tudo isto em juramento diante de Deus (35). (Quantos de nós poderíamos sinceramente fazer o mesmo?) Mas qual foi a recompensa que recebeu de Deus? • 29.6 Um retraio da superabundância. • 30.29 Jó se compara com criaturas solitárias do deserto, cujos uivos e gritos parecem gemidos tristes. • 30.31 Liras e flautas, que tocavam músicas alegres, agora tocam músicas melancólicas. • 3 1 . 2 6 - 2 8 A adoração do sol e da lua era bastante difundida no Antigo Oriente Próximo, mas a lei de Deus a proibia. • Se a m i n h a terra c l a m a r c o n t r a m i m ( 3 1 . 3 8 )
Por Jó supostamente tê-la tirado de seus donos legítimos. Jó nega essa possibilidade.
Jó 3 2 — 3 7
O longo discurso de Eliú Eliú não foi mencionado, nem havia falado, anteriormente. Foi um espectador silencioso, contendo-se em respeito aos mais velhos. Mas ele não pode mais se segurar. Seus pensamentos contidos saem num discurso longo e ininterrupto. Cap. 32: Eliú é o arquétipo do jovem irritado. Os anciãos ficaram sem ter o que dizer, mas ele está a ponto de explodir, indignado com a atitude de Jó e louco para poder falar. Cap. 33: Jó afirmou que ele era a vítima inocente de Deus (9-11), mas Deus não respondia sua acusação (13). Eliú diz que Deus fala conosco através de sonhos (15) e do sofrimento (19) — para nos salvar, e não para destruir (30). Cap. 34: Jó havia dito que Deus estava errado (5-6), e que não adianta nada procurar agradá-lo (9). Mas Deus é o juiz de todos: juiz supremo, justo, imparcial (10-30). Jó acrescentou a seus outros pecados o ressentimento e a rebelião contra Deus (36-37). Cap. 35: Eliú (equivocadamente; veja 2Sm 11.27; 12.13) pensa que a boa e a má conduta são questões que ficam restritas ao âmbito humano (8): Deus fica distante e não é atingido nem por uma nem por outra. As pessoas clamam a ele por ajuda (9). Mas estão preocupadas consigo mesmas, não com ele (10-12). É por isso que ele não responde (13). Cap. 36: Deus é onipotente e onisciente (5). E um Mestre que usa o sofrimento para nos ensinar a ouvir e aprender onde erramos (8-10). Jó não devia desejar a morte (20), e sim aprender a lição (22).
Cap. 37: Deus é grande. Ele controla o trovão e o relâmpago, a chuva e a neve. Ele traz as nuvens e faz brilhar o sol. Não somos nada perto do esplendor maravilhoso dc Deus, sua santidade inatingível. Temê-lo é fazer a coisa certa (24). Ele não dá atenção a pessoas que (corno Jó!) pensam que são mais sábias do que dc fato são.
Jó
38.1—42.6
A resposta de Deus deixa Jó satisfeito Deus intervém no exato momento em que Eliú acabara dc apresentar uma lista de excelentes razões pelas quais Jó não poderia esperar uma resposta! Deus é onipotente, distante e muito acima da humanidade. Mas também está perto. Ele ouve e se importa. Jó se imaginara apresentando o seu caso a Deus, fazendo perguntas. Mas a imaginação não c realidade. É Deus, não Jó, quem faz as perguntas agora. E através da sucessão dc perguntas difíceis, Jó vê sua auto-imagem diminuindo e seu conceito de Deus aumentando. Sua imagem mental de Deus era muito pequena. O Deus que o confronta é Deus num nível bem diferente. Caps. 38—39: onde estava Jó quando Deus criou o mundo, a luz c as trevas, o vento e a chuva, as constelações nas suas trajetórias? O que Jó sabe sobre os animais selvagens, o leão, a cabra, o jumento, o boi, o avestruz, o cavalo e a águia? Foi Jó quem os criou? Pode alimentá-los, domá-los — como Deus pode? Caps. 40—41: Seria Jó igual a Deus a ponto dc poder fazer cobranças e questionar sua justiça? (As palavras insolentes de Jó quase o levaram a cometer o pecado de Adão e Eva.) Deus diz: Olhe apenas para duas de minhas criaturas, Beemote (o hipopótamo) e Leviatã (o crocodilo). Veja a força que têm
"O ferro é tirado da terra, e das pedras se derrete o cobre", diz o escritor em Jó 28.2. Mas a sabedoria, mais preciosa do que a prata, o ouro ou as jóias, è encontrada, não nas minas, mas em Deus. As minas tle cobre do rei Salomão ainda são visíveis nas montanhas ao norte dc Elatc.
358
Poesia e Literatura de Sabedoria por ouvir falar; agora ele viu Deus com os seus próprios olhos, como havia desejado. Agora não cabe mais apresentar a Deus o seu caso; tê-lo visto já era o suficiente. Suas perguntas continuam sem resposta, mas ele está satisfeito. Seria impossível imaginar t]uc este Deus pudesse em algum momento desapontá-lo ou agir de forma incoerente. Ele pode confiar quando não consegue entender. Agora pode aceitar o que vier. A autojustiça se desfaz. Jó lamenta as palavras ásperas que havia dito. Ao olhar para Deus em adoração, ele vê a si mesmo e o seu problema na dimensão exata em que precisam ser vistos.
Jó 4 2 . 7 - 1 7
No final, a sono dc Jó e restaurada. As trevas ficaram no passado, e o sol volta a brilhar para ele. Além dissu, sua integridade foi vindicada.
(40.16; 41.27), e como é totalmente impossível domesticá-los (40.24; 41.1-2). As pessoas são totalmente incapazes de controlá-los. Portanto, que insensatez alegar igualdade com o Deus que os criou! Nos primeiros seis versículos do cap. 42 aparece a reação de Jó, que é o clímax do livro. Agora Jó percebe que estava lidando com coisas além da sua compreensão e fora do seu alcance. Antes, ele conhecia Deus só
Epílogo Os vs. 1-6 são o ponto alto da história. Esta passagem final cm prosa apenas conclui o livro. Jó foi restaurado, e isto foi claramente demonstrado. (Não há promessa de um final feliz para todos os casos dc sofrimento.) Deus repreendeu Jó por sua reação diante do sofrimento, mas sua integridade é inquestionável. O bom nome de Jó é tão claro e limpo quanto a sua consciência. Os três amigos ó que estavam errados. A busca de Jó foi uma busca honesta da verdade. Os amigos não queriam admitir que a verdade pudesse ser maior que a compreensão que tinham dela, e por isso eram culpados de apresentar uma imagem distorcida de Deus. Devem obter o perdão de Jó antes que Deus os perdoe. E significativo que Deus muda a sorte de Jó quando ele aceita o sofrimento c perdoa seus amigos. Ele recebe de volta a família, prosperidade, os amigos, e uma longa vida para desfrutar de tudo isso.
Resumo Os Salmos são os hinos atemporais do Israel antigo, reunidos em cinco livros:
SALMOS
1.SI1—41 2. SI 42—72
Na Bíblia hebraica, o livro de Salmos pertence aos Escritos, coleção miscelânea que inclui os livros de Sabedoria. Os salmos expressam toda uma gama de sentimentos humanos, da depressão sombria à alegria exuberante. São baseados em circunstâncias específicas, mas são atemporais, e, portanto, estão entre as passagens mais amadas e lidas da Bíblia. Na nossa era moderna temos as mesmas emoções, ficamos perplexos com os mesmos problemas fundamentais da vida, clamamos em desespero ou adoração ao mesmo Deus que os salmistas da antiguidade. Temos facilidade para nos identificarmos com eles. E descobrimos que a fé simples e robusta que tiveram bem como a profundidade de seu amor a Deus tanto nos estimulam como nos questionam e admoestam.
títulos estão relacionados com os músicos, os instrumentos, o acompanhamento musical, ou indicam o tipo de salmo (Masktl, Miktam), embora o significado de muitos desses termos nâo possa ser definido com precisão.
3. SI 73—89
4. SI 90—106
5. SI 107—ISO
Dentro dos livros, os salmos são agrupados por tema ou propósito ou sob o nome do compilador.
C o m o classificar os salmos
Houve muitas tentativas de classificar os salmos, e estes podem ser agrupados de várias maneiras. Um exemplo é classificá-los por tema. Há salmos em que se faz uma súplica Composição Salmos (o hinário do AT) é uma coleção de cinco a Deus e salmos que o louvam; livros: 1—41, 42—72, 73—89, 90—106, 107—150. salmos em que se pede perdão, No final de cada seção (p. ex. 41.13) a quebra é e salmos em que se ora pela marcada por uma "doxologia" uma expressão sole- destruição de inimigos; salmos ne de louvor a Deus. O S1150 é uma doxologia que que são orações pelo rei ou pela nação e salmos de sabedoria encerra a coleção como um todo. É possível dizer que, em termos gerais, o Livro (veja introdução de "Poesia e 1 contém principalmente salmos pessoais e os Sabedoria"); salmos que examiLivros 2 e 3, principalmente salmos nacionais nam as áreas problemáticas da (relacionados com os coros do Templo). Já os vida e salmos (tais como o 119) Livros 4 e 5 são para uso no culto público. Dentro que celebram a grandeza do dos livros os salmos são, muitas vezes, agrupados ensino de Deus (a fora, termo trade acordo com temas comuns, um propósito duzido de forma inadequada por "lei"). Muitos salmos são uma combinação de vários destes temas. comum ou um autor/compilador comum. Talvez uma das maneiras mais úteis de agruOs t í t u l o s h e b r a i c o s par os salmos é levar em conta os principais tipos A maioria dos salmos é prefaciada com um literários: • Hinos de louvor a Deus, exaltando quem ele titulo (omitido ou incluído apenas como anotaé o que ele faz (p. ex. SI 8; 19; 29). ção em algumas versões modernas) que é poste• Lamentos comunitários, inspirados por um rior ao salmo em si, mas conserva uma tradição desastre nacional (44; 74). judaica muito antiga. Alguns dão o nome do autor ou compilador e estão relacionados com acon- • Salmos reais, originários de alguma ocasião especial na vida do rei (2; 18; 20; 45). tecimentos históricos específicos. Setenta e três salmos trazem o nome de Davi (veja "Davi e os sal- • Lamentos individuais (3; 7; 13; 25; 51). mos"): alguns, sem dúvida, dedicados a ele como • Ações de graças individuais (30; 32; 34). rei; alguns, compilados por ele; e um bom número, certamente, de sua própria autoria. ISm 16.17-23 S u a h i s t ó r i a e s e u u s o e ICr 25.1-8 não são as únicas indicações de que o Todos os salmos faziam parte da vida religiorei era um poeta e músico talentoso. Muitos outros sa e do culto de Israel, tanto no aspecto público
360 Página oposta: Uma árvore que cresce junio a corrente de águas (Sl 1), e não seca, c um retrato vivido num país seco como Israel daqueles que sc alegram na lei dc Deus. listas são as águas do rio Jordão, próximas à sua nascente.
Poesia e Literatura de Sabedoria como particular, e têm um contexto histórico específico (veja "Os Salmos no seu contexto"). Alguns se relacionam com a época do primeiro Templo (de Davi e Salomão, cerca de 950 a.C, até à sua destruição em 587). Estes enfatizam os ideais de realeza e justiça, a aliança com o Deus de Israel e a terra. Outros estão relacionados com o exílio (587-520), quando não havia rei nem Templo e o povo estava disperso. Nestes, o salmista se volta para o futuro, esperando que Deus traga restauração. E um terceiro grupo pertence ao período após o retorno (520-7167), quando o Templo foi reconstruído e o culto foi restaurado, mas o povo não tinha rei e estava sob o domínio de estrangeiros. Houve um desenvolvimento considerável no conhecimento religioso durante este longo período de 600 anos e o livro de Salmos reflete isto.
que temos hoje provavelmente foi finalizada pouco antes do período dos macabeus (século 2 a.C). Os salmos c o m o p o e m a s
CS. Lewis enfatiza outro fator importante: "Os salmos são poemas, e poemas feitos para serem cantados; não são tratados doutrinários, nem mesmo sermões... Para serem entendidos, devem ser lidos como poemas... Do contrário, não veremos o que eles contêm e pensaremos que estamos vendo o que eles não contêm." Assim, antes de examinarmos os salmos em si, é importante ler, na Introdução, a seção intitulada "Poesia e Sabedoria" na qual as regras da poesia hebraica são explicadas. "Salmos do ponto de vista de um poeta" nos ajuda a vê-los em termos de sua representação.
Temas e m destaque
Como na maioria dos hinários, também nos Salmos se dá um grande destaque a Deus e a seu relacionamento com o seu povo: o poder glorioso de Deus; seu amor constante e sua disposição para ajudar; a fé que o seu povo pode depositar nele; a justiça de Deus; seu julgamento inevitável e imparcial de tudo que é "ímpio". O rei também exerce um papel importante nos Salmos, muitas vezes representando para judeus e cristãos o Messias aguardado, o Cristo. Datação
É muito difícil datar salmos individuais ou descobrir como e quando foram reunidos e compilados, embora o processo tenha começado com Davi, se não antes, e continuado nos dias após o exílio. Manuscritos encontrados em Qumran demonstraram que a coleção inteira
Davi e os salmos Quase metade dos salmos, 73 deles, incluindo praticamente a íntegra do Livro 1, traz, no título hebraico, a seguinte observação: "de Davi". São os seguintes: 3—9; 11—32; 34— 41; 51—65; 68—70; 86; 101; 103; 108—110; 122; 124; 131; 133; 138—145.
Catorze deles estão relacionados com acontecimentos na vida de Davi: 3; 7; 18; 30; 34; 51; 52; 54; 56; 57; 59; 60; 63; 142.
S11—41
Livro
1
Neste livro, a maioria dos Salmos tem como título hebraico 'pertencente a Davi/ de Davi' ("Salmo de Davi", em ARA e NTLH). Sl 1: O c a m i n h o p a r a a felicidade O salmo com que os compiladores decidiram começar o hinário é um salmo de "sabedoria". (Outros salmos de "sabedoria" são: 49; 73; 112; 127; 128; 133.) Ele indica o caminho para a bênção de Deus (a verdadeira felicidade está em agradar a Deus). Há outro caminho, mas os que o escolhem estão condenados. Os vs. 1-3 descrevem os felizes (os justos), que resolutamente rejeitam o mal e se determinam a fazer o que Deus quer. Em chocante contraste, os vs. 4-6 descrevem a vida presente e o destino futuro dos ímpios. Os justos e os ímpios seguem caminhos diferentes, e todos estão num caminho ou noutro: não há um terceiro caminho. • V. 3 Compare isto com Jr 17.7-8. Sl 2: M u n d o r e b e l d e — D e u s soberano Acredita-se que este salmo foi composto para a coroação de um rei (ou um aniversário dc coroação). Veja também Sl 72. Vs. 1-3: Os líderes mundiais, os "reis da terra" planejam uma conspiração inútil. Os vs. 4-6 ;
362
Poesia e Literatura de Sabedoria Os vs. 1-2 descrevem a situação. Em Deus, o Deus que responde, se encontra segurança c libertação do medo (3-6). Por fim, o salmista pede que Deus o salve (7-8). • Santo m o n t e (4) Sião, o monte do Templo. Sl 4 : P a z interior: u m a o r a ç ã o vespertina A confiança em Deus dá tranqüilidade à mente e descanso ao corpo. V 1: A confiança de hoje se baseia nas orações atendidas no passado. Nos vs. 2-5, uma repreensão é seguida de uma ordem. Os vs. 68 descrevem a alegria e a paz que não podem ser abaladas por nada.
O novo de Israel conñava ern Deus como sendo iodo-poderoso conrra as forjas do mal. Este baixo- relevo da Assíria. mosirando de um demonio, ilusira os medos de outros povos daquele tempo.
contrastam essa rebelião com o poder de Deus e do rei entronizado, tão achegado quanto um filho. Segundo o pensamento judaico, estas palavras apontam para o futuro Messias. O NT aplica estes versículos e especialmente o v. 7 a Jesus (veja também "Cristo nos Salmos"). Nos vs. 7-9, Deus delega a sua autoridade. O salmo termina (10-12) com uma advertência solene. • Sião (6) O Templo de Deus foi construído no monte Sião, em Jerusalém. SI 3: U m a p e l o a D e u s e m t e m p o de perigo O título hebraico diz que este salmo é de Davi, da época da rebelião de seu filho Absalão (2Sm 15). Este é o primeiro de catorze salmos relacionados com acontecimentos da vida de Davi (veja "Davi e os salmos").
Sl 5: O r a ç ã o m a t i n a l Cercado por homens que mentem e bajulam enquanto planejam sua queda (6,8-10), o salmista apela para o Deus que odeia toda aparência do mal (1-5), que defende e recompensa os justos (11-12). Este é o Deus que o salmista quer adorar e servir (7). • V. 3 Uma possível alusão ao sacrifício diário. Sl 6: U m g r i t o d e a n g ú s t i a Com a mente conturbada e o corpo doente, o salmista suplica a Deus por sua vida (1-7) e é confortado pela resposta de Deus (8-10). • Observação Este é o primeiro de sete salmos "penitenciais" (de arrependimento): 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143. • V. 5 Aqui aparece a palavra hebraica "Shcol", traduzida por "morte" (ARA) ou
Salmos para ocasiões e necessidades especiais • Anoitecer: 4; 141 • Proteção contra os inimigos; segurança: 3; 5; 44; 54; 58; 64; 71; 91; 121; 124; 140 • Ajuda em dificuldades, aflição, doença: 6; 12; 13; 22; 28; 35; 38; 39; 41; 57; 69; 70; 77; 86; 88; 102; 120; 130; 142; 143 • Justiça: 7; 10; 17; 26; 73; 82 • Orientação: 25; 27 • Anseio por Deus: 42; 43; 63; 84 • Quando Deus não responde: 13; 35; 86; 88; 102; 130; 143
• Oração respondida: 30; 34; 73; 116; 126 . 0 mal no mundo: 12; 14; 37; 82; 115 • Consolo e segurança: 23; 27; 46; 121 • Vida familiar: 127; 128 • Antes do culto: 24; 84; 95; 122; 133; 134 • Em louvor a Deus: 8; 19; 24; 27; 29; 33; 47; 65—68; 75; 81; 92; 95—100; 103— 107; 111—113; 115; 117; 117; 127; 134; 135; 145—150 • Ação de graças: 9; 30; 34; 40; 48; 116; 118; 126; 136; 138; 144
• Pecado, confissão e perdão: 32; 38; 51; 103; 139 • Confiança em Deus: 11; 16; 23; 27; 31; 46; 56; 62; 125; 131; 139
Os Salmos em seu contexto John Eaton Duas perspectivas têm sido bastante úteis no estudo atual dos salmos: • uma investigação sobre seu uso original; • e uma consideração sobre como os compiladores da coleção final viam os salmos. Contexto festivo
Pelo que parece, o uso original dos salmos estava enraizado principalmente nas grandes festas de peregrinação. E das três peregrinações anuais (Páscoa/Pães sem Fermento, em março/abril; Festa das Semanas ou Pentecostes, em maio/junho; Festa dos Tabernáculos/das Barracas, em setembro/outubro), a última era especialmente apropriada para a criação de salmos. Esta grande estação festiva de certa forma combinava os antecedentes do Ano Novo, do dia da expiação e da Festa das Cabanas do calendário judaico posterior. Por sua importância, podia ser chamada simplesmente de "a festa" ou "a festa do Senhor" (Lv 23.29; Jz 21.19; IRs 8.2,65). Após seis meses de estiagem e sol escaldante, esta celebração de setembro/outubro era realmente uma época de "ano novo". Esperava-se o início da estação chuvosa, quando se podia dar inicio à aragem do solo e ao plantio. Mas as chuvas às vezes não vinham e o que imperava era a fome. Portanto, era, de fato, uma época para se reunir em oração e louvar ao Senhor pela vida (confira Zc 14.16-17). Alguns salmos refletem a própria experiência da peregrinação (84; 122). Era uma jornada de comunhão e anseio por renovação na presença do Senhor. No início da festa era abordada a necessidade de purificação e expiação, e alguns salmos podem ter se originado das cerimônias que expressavam a fragilidade humana e a copiosa redenção de Deus (130; 51).
"Deus é o meu rochedo em que me refugio" (SI 18.2).
O próprio santuário era purificado e sua função de casa de Deus era reafirmada (87; 93; 132). Procissões com a arca em direção ao deserto oriental e de volta ao templo expressavam o poder que o Senhor tem de subjugar o caos (24; 29; 46; 48; 68). Era como a vitória sobre o caos no princípio da criação (74.12-17), e também como o início da ligação do Senhor com seu povo (50.5). Proclamava-se que ele agora de fato reinava, tendo afirmado sua supremacia, sua glória divina (47; 93; 95—99). Com a grande renovação vinha, também, uma visão de perfeição, o reino definitivo de Deus. A renovada presença de Deus era festejada com gritos de alegria, música e dança, mas logo em seguida vinha a palavra que ele tinha a dirigir
a seu povo através de uma voz profética. Aqui, a desejada mensagem de paz (85.8-11) podia, às vezes, dar lugar a advertências duras ou irônicas (50; 81; 95; Is 6). As orações por chuva e boa safra eram acompanhadas por cerimônias bem elaboradas — água era derramada sobre o altar no pátio, ramos verdes eram carregados, tochas eram erguidas, campos eram aspergidos. Vários salmos refletem a esperança de tais bênçãos (65; 126—128; 133). De 1000 a 587 a.C, os reis da linhagem de Davi convocavam e presidiam essa festa. Era a época adequada para sua primeira instalação (ou entronização) e para renovações subseqüentes. Sabia-se que o único rei verdadeiro era Deus, cuja realeza era mediada através do seu servo escolhido Davi e de sua dinastia. Este ideal era expresso em cerimônias dramáticas (evidenciadas em 2; 18; 21; 72; 89; 110; 118). Humildade, justiça, cuidado pelos pobres, fé — com tais qualidades, declaravam os salmos e as cerimônias, o Servo real do Senhor seria vitorioso e todo o mundo seria salvo. Indivíduos e m dificuldades
Durante o resto do ano havia várias ocasiões para o uso de salmos no templo. Além das ofertas matutinas e vespertinas e outros dias santos estabelecidos, havia ocasiões de crise na vida do rei, da nação (44; 79; 80; 83) e de indivíduos. Acredita-se que cerca de 20 salmos pertencem a situações de julgamento no santuário, uma espécie de teste sagrado quando a evidência normal era insuficiente (IRs 8.31-32), Nestes salmos, a pessoa protesta inocência, pede justiça e denuncia difamadores e outros adversários (3—5; 7; 17; 26; etc). Os finais que expressam confiança são considerados reflexos de um veredicto favorável ao requerente.
364
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Poesia e Literatura de Sabedoria
Outros pensam que estes e muitos outros salmos são orações de fugitivos pedindo asilo ou salvo-conduto, o que explicaria as orações por refúgio e abrigo sob a proteção de Deus. No entanto, não há evidência de que os salmos eram cantados nesses contextos jurídicos ou adaptados de inscrições deixadas no templo por tais requerentes. Uma teoria mais duradoura relacionada com muitos salmos de súplica individual é que Davi ou um descendente orava (às vezes num altar externo) quando ameaçado por inimigos no campo de batalha, por rebeldes, doenças e assim por diante. Também é possível que o rei estivesse se preparando para dormir no santuário, à espera de uma visão e palavra de afirmação (17; 63; etc). Estes salmos geralmente têm características reais e envolvem as pessoas; uma interpretação real se aproximaria da tradição de que o próprio Davi compôs esses salmos.
navam os salmos especialmente com o reino messiânico, a tarefa diária da oração e meditação, e a atividade abrangente do louvor. Assim sendo, colocaram o SI 2 no início do maior grupo associado com Davi (3—41), para indicar que o personagem real agora havia sido absorvido pela esperança do rei perfeito que haveria de vir, o Messias. Piedade e m tempos Os salmos sempre estiveram ligados posteriores Um contexto um tanto diferente à profecia (1Cr 25.1-3), mas agora este foi sugerido para alguns salmos consi- aspecto passou a receber destaque, derados de origem mais recente (1; 19; como também viria a acontecer no 34; 37; 49; 111—112; etc.) e que pare- período do NT. cem refletir o contexto de reuniões de A colocação do SI 1 no início de estudo. O ensino e o debate podiam toda a coleção também deve ter um ser concluídos com um salmo de ação significado profundo. Ali, o salmo de graças ou que fizesse um resumo exalta a "felicidade absoluta" da dos ensinamentos. Assim, ensinava-se pessoa que rejeita influências maligo caminho da sabedoria e a felicida- nas e se entrega de corpo e alma ao de derivada da devoção à palavra ensinamento do Senhor, sua palavra e ou lei do Senhor. É possível que em vontade, uma comunhão permanentais reuniões tenha se desenvolvido te que (como parece ficar implícito) a semente da crença na ressurreição a coleção seguinte de salmos pode (49; 73). alimentar e fortalecer. E então a coleção foi fechada de forma maravilhosa com o SI 150, que Organização Deixando de lado os contextos ori- mantém viva a alegria visionária da ginais, o que os salmos significavam grande festa em todas as gerações, para aqueles que compilaram o livro? especialmente para nós, já que o Suas convicções foram recentemen- reino se manifestou na obra de Cristo. te estudadas à luz da organização do Diante da revelação de Deus, todos livro de Salmos. Parece que relacio- no céu e na terra cantam louvores. Os
dançarinos e músicos no centro representam a alegria pulsante, não apenas da humanidade, mas de cada ser vivo envolvido pela vontade do Criador de que tudo termine bem. Portanto, os compiladores indicam que este é, afinal de contas, o propósito de sua coleção de salmos.
"mundo dos mortos" (NTI.H). Embora os salmistas acreditassem numa forma de existência após a morte, geralmente falam dela em termos negativos. A morte separava as pessoas de tudo que podiam experimentar de Deus durante a vida. Com a morte, a língua emudece e não sc pode mais cantar louvores a Deus. Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte". SI 7 : R e f u g i o e m D e u s Segundo o título em hebraico, Davi cantou este salmo por causa de Cuxc, o benjamita (este pode ter sido o etíope que contou a Davi sobre a morte de Absalão). O salmista se refugia em Deus, sabendo que sua causa é justa (1-5). Pede que Deus o declare inocente, ajude os justos e destrua os ímpios ( 6 - 1 1 ) . Ele descreve o destino terrível que aguarda aqueles que se recusam a se arrepender ( 1 2 - 1 6 ) e termina com palavras de agradecimento a Deus. SI 8: A c o r o a d a c r i a ç ã o Vs. 2-4: Ao contemplar a imensidão do universo, o salmista é surpreendido pela percepção de quão pequeno é o ser humano. Ele fica admirado que Deus, além dc sc importar com "meros mortais", os tenha colocado acima de todas as outras criaturas ( 5 - 8 ) . O salmo termina, assim como começou, com um refrão de louvor a Deus ( 1 , 9 ) . Veja também "Deus e o universo". • V s . 4 - 6 Veja também Hb 2.6-9 e Gn 1.28. SI 9: L o u v o r a D e u s , o j u s t o Este é um dos vários salmos "acrósticos" ou alfabéticos, nos quais a primeira letra de cada versículo segue a ordem das 2 2 letras do alfabeto hebraico. Somente as onze primeiras letras (com uma omissão) são usadas aqui, e o acróstico parece continuar (de forma imperfeita) no SI 1 0 . Os vs. 3-8 dão a razão da explosão de louvor. Deus fez justiça e castigou os maus. Ele é uma fortaleza inabalável ( 9 - 1 0 ) . Cantai louvores ao SRNHOR ( 1 1 ) ! O sofrimento não acabou ( 1 3 ) , mas experiências passadas dão nova esperança ( 1 5 - 2 0 ) . 'Venha o teu reino"! SI 10: U m a o r a ç ã o p e l o s o p r i m i d o s Vs. 1-11: Os tempos são difíceis. Os maus afrontam a Deus, ignoram suas leis e saem ilesos. Os pobres são suas vítimas indefesas. Vs. 1 2 - 1 8 : O salmista pede a Deus que intervenha, confiante de que ele quebrará a
opressão e defenderá aqueles que não têm ninguém além de Deus a quem recorrer. • V. 1 Há momentos em que todo crente compartilha o sentimento do salmista de que Deus está distante. Veja também 1 3 . 1 ; 2 2 . 1 ; 42.9;
43.2; 74.1.
SI 11: U m a d e c l a r a ç ã o d e fé Não importa qual o perigo, aqueles que confiam em Deus não precisam entrar em pânico ( 1 - 3 ) . Eles sabem que Deus ainda é soberano: ele defende os justos e castiga os maus ( 4 - 7 ) . • Brasas d e f o g o e e n x o f r e ( 6 , ARA) Como
na destruição de Sodoma e Gomorra (Gn 19.24).
Sl 12: U m a o r a ç ã o p e d i n d o a ajuda d e D e u s Cercado por aqueles cuja palavra não merece confiança ( 1 - 4 ) , o salmista deposita sua fé nas promessas totalmente confiáveis de Deus. Sl 13: D o d e s e s p e r o à e s p e r a n ç a Na sua miséria, o salmista pensa que Deus se esqueceu dele. Quanto tempo mais terá que suportar essa situação? Será que apenas a morte trará um fim a tudo isso ( 1 - 4 ) ? Não! Toda sua experiência lhe assegura que voltará a ter motivo para agradecer a Deus por sua bondade ( 5 - 6 ) .
Sl 14: U m m u n d o p e r v e r s o A sociedade é corrupta, a inclinação ao pecado é universal ( 1 - 3 ) . Em sua cegueira deliberada, os seres humanos desafiam um Deus que não só existe como castiga e vinga todo ato agressivo contra o seu povo ( 4 - 7 ) . • Vs. 1-3 Paulo cita estes versículos para fundamentar sua tese de que nenhum ser humano está sem pecado, quando avaliado pelos padrões de Deus (Rm 3 ) . • Jacó... Israel (7) O salmista chama a nação pelos dois nomes de seu fundador. O astuto Jacó recebeu o novo nome de "Israel" após seu dramático encontro com Deus cm Peniel (Gn 3 2 . 3 8 ) .
Sl 15: O q u e D e u s r e q u e r Este salmo prepara o indagador (possivelmente um peregrino vindo a uma das grandes festas) para a adoração no Templo. O que Deus requer daquele que busca sua companhia? Ele espera uma vida correta,
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Poesia e Literatura de Sabedoria • A m e n i n a dos olhos (8) A pupila, parte do olho que a pessoa protege instintivamente. • Vs. 13-14 Isto parece vingativo. A idéia pode ser esta: "amontoa sobre eles precisamente as coisas de que gostam. Eles são 'homens do mundo"; então, mundo paia cima deles!" (ED. Kidner). Vejam também "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos".
Em beduíno, agachado no mercado cm Berseba. tem em mãos uma versão moderna das flamas antigas.
controle sobre a língua (2-3a), bons relacionamentos com os outros (3b-4) e o uso correto da riqueza (5). Veja também S! 24. • Com d a n o p r ó p r i o (4, ARA)
Ele cumpre a
sua palavra custe o que custar. • V. 5 Uma das leis mosaicas, veja Lv 25.3637. A proibição de empréstimos com usura não era absoluta, pois se aplicava apenas a empréstimos feitos aos patrícios, os israelitas.
"Tu, ó SENHOR Deus, és tudo o que tenho. O meu futuro está nas tuas mãos."
SI 16.5 CNTUfl
SI 16: O c a m i n h o p a r a a vida O salmista deposita toda a sua confiança em Deus, e em Deus encontra tudo o que precisa. Aqueles que confiam em Deus e colocam sua vida nas mãos dele (1-6) encontram alegria e segurança no presente c não precisam temer o futuro (7-11). • As divisas (6) Os limites da terra herdada por uma pessoa. • V. 10 O salmista provavelmente pensa em morte prematura ou repentina. Paulo, aplicando as palavras a Cristo, vê seu significado mais profundo (At 13.35 37). SI 17: Súplica p o r j u s t i ç a Título hebraico: "Oração de Davi". Davi, a exemplo de Jó, está certo de sua própria integridade (3) e esta é a base da sua súplica.
SI 18: O cântico d e vitória d e Davi O título hebraico diz que este é o cântico dc Davi quando Deus o salvou de Saul e de todos os seus outros inimigos. É uma versão revisada do cântico registrado em 2Sm 22. A explosão de louvor acompanhada por uma declaração de amor (1-3) bem como a forma veemente com que Davi descreve o regaste de Deus (7-19) dão uma idéia do seu desespero anterior. Ele deve a Deus a sua vida, as suas vitórias, o seu trono, tudo enfim (28-50). • M o r t e (5) O "Sheol". Veja Sl 6.5. • V. 8 Deus aparece com "fogo saindo da sua boca" em sua ira contra o pecado humano. "Brasas ardentes": Veja Is 6.4. • Vs. 10-12 Compare Ez 1.4-14. Os seres viventes ou criaturas aladas são querubins, os servidores que representam a santidade inacessível de I (eus. • Vs. 20-24 Veja "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos". • V. 49 Paulo relaciona isto com Cristo, em Rm 15.9. Sl 19: A c r i a ç ã o a n u n c i a a g l ó r i a de Deus e a lei expressa a sua vontade O universo de Deus proclama a sua glória num discurso sem palavras (1-4). O pensamento do salmista passa diretamente do sol, com seus raios penetrantes, para a lei de Deus, que é pura e clara, é fonte de alegria c sabedoria, instrução e iluminação ao nosso coração (4b-11). Ele trata também de sua própria necessidade de proteção e purificação do pecado (12-14). Veja também "Deus e o universo", e Sl 119 em exaltação à lei que revela a vontade de Deus. Sl 20: "Vitória a o rei!" Uma batalha está prestes a ser travada. 0 povo (ou o coro, no Templo) invoca a bênção de Deus (vs. 1-5). Num solo, alguém (o rei, possivelmente prefigurando o Messias) responde, expressando sua confiança (6-8).
Salmos
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Salmos do ponto de vista de um poeta Steve Turner
Como alguém que escreve poesias para serem apresentadas em público, tenho grande afinidade com os salmistas. Eles não escreviam para impressionar outros salmistas ou para ganhar o prêmio de "Salmista do Ano". Também não escreviam com vistas a uma leitura silenciosa e introspectiva. Os salmistas compunham textos que pudessem ser lidos e ouvidos em eventos públicos. Quando os salmos começaram a ser apresentados, havia música para ressaltar a linguagem e provavelmente havia também movimento corporal ou dança. Afinal, Davi, o salmista mais bem conhecido, não somente era autor e pensador espiritual, mas também músico e dançarino. Sua obra conseqüentemente leva em consideração as dimensões de corpo, mente e espírito. Ele não escrevia apenas para o intelecto e tenho certeza de que não tinha a ambição de ser meramente "admirado". Ele imaginava o retumbar dos címbalos, não os passos suaves de que alguém que percorre os corredores de uma biblioteca. Vejo uma ligação entre esta cultura dos salmos e o renascimento da poesia pública no mundo de fala inglesa na segunda metade do século 20, época em que os poetas passaram a se interessar pelas raízes pré-literárias da sua arte, período em que o lírico se inspirou de fato na lira. Não deixa de ser significativo que Allen Ginsberg e Dylan Thomas, os poetas de língua inglesa mais bem conhecidos deste período, foram profundamente influenciados pela linguagem e tonalidade dos salmos. "Os grandes ritmos que me influenciaram vieram dos púlpitos do País de Gales", escreveu Thomas. "Li, para mim mesmo em voz alta, de Jó a Eclesiastes". Algumas das imagens tiradas dos salmos, como "o vale da som-
bra da morte" (23.4), "a menina dos olhos" (17.8); e algumas frases bem sonantes, como "os dias da nossa vida sobem a setenta anos ou, em havendo vigor, a oitenta; neste caso, o melhor deles é canseira e enfado" (90.10), "a justiça e a paz se beijaram"
feitos de afirmações de contentamento. Há uma honestidade brutal que perdemos, se nos limitamos aos salmos recomendados para consolo. Os salmos atingem um nível de desnudamento emocional e autoconhecimento que é constantemente buscado pelos artistas, mas que as pessoas religiosas geralmente evitam "Os salmistas com medo de abrir o flanco. Uma discompunham textos cussão com Deus não parece ser boa que pudessem ser lidos propaganda para a religião. e ouvidos Os salmistas não ficam o tempo em eventos públicos." todo se revolvendo na miséria humana, mas são francos em admitir que (85.10), "por modo assombrosamen- há certos dias em que aparentemente te maravilhoso me formaste" (139.14), Deus deixou o telefone fora do ganpenetraram nossa consciência cultu- cho. O Sl 9 (" Louva r-te-ei, SENHOR") é ral de tal forma que até esquecemos seguido pelo Sl 10 ("Por que, SENHOR, suas origens bíblicas. As pessoas que te conservas longe?"), e uma leitura conseguem escapar ao efeito direto através de todos os 150 salmos dá a dos salmos absorvem as ressonân- sensação de se estar numa montanha cias de Shakespeare, Dante, T.S. Eliot, russa espiritual. e autores da música pop moderna. Os salmos continuam a nutrir e Como bardos tribais, os salmistas a me inspirar porque são um regisselecionavam imagens do cenário tro realista da caminhada de uma contemporâneo que eram imediata- vida inteira com Deus, com todas mente reconhecidas pelos ouvintes. as alegrias, todos os medos, todas Como poetas universais, fizeram com- as dúvidas e certezas que acompaparações entre o que era visto e o que nham alguém nessa jornada. Eles têm não era visível; entre águas tranqüilas o poder de cativar e iluminar exatae paz interior, entre as asas estendi- mente por soarem tão autênticos. das de uma ave e o cuidado amoroso Juntos formam um modelo de de Deus, entre a erva do campo e a expressão artística que me incentiva a brevidade da vida. Como visionários, valorizaras variações na minha própria podiam ouvir os rios batendo palmas temperatura espiritual. Eles também e ouvir os céus cantando louvores. me motivam a registrar estas variações Porém, os salmos não são todos e compartilhá-las em público.
"As margens dos rios da Babilônia, nós nos assentávamos e chorávamos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros que lá havia, pendurávamos as nossas harpas." (SI 137.1-2)
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Poesia e Literatura de Sabedoria E o povo acrescenta um urgente pedido dc ajuda. • V. 1 "Te responda": Trata-se de uma referência ao rei (veja NTLH). • V. 2 Sião é o monte do Templo. SI 21: A ç õ e s d e g r a ç a s p e l o rei A ocasião pode ter sido uma vitória ou um aniversário de coroação. O rei conta suas bênçãos (1-7), regozijando-sc na bondade de Deus. Sua confiança com relação ao futuro (8-12) baseia-se no amor constante de Deus (7). Com a ajuda de Deus. iodos os seus inimigos serão derrotados. O último versículo é a contrapartida de 20.9, só que desta vez o povo (ou o coro) pede que Deus se exalic na sua força. SI 22: S o f r i m e n t o e s a l v a ç ã o Segundo Kidner, este é "o salmo da cruz", porque Jesus usou as primeiras palavras deste salmo para expressar sua angústia na cruz (Mt 27.46; Mc 15.34). A experiência vai muito do que Davi poderia ter experimentado, descrevendo, não uma doença, mas o que parece ser uma "execução". Os
lermos que o sofredor emprega para descrever sua agonia física e mental sc cornaram uma descrição extraordinariamente precisa das últimas horas de Jesus (veja "Cristo nos Salmos"). Esta sensação de abandono por Deus sc tornou uma terrível realidade para Jesus. O peso esmagador do pecado humano o dilacerava e aparentemente rompia (se é que isso era possível) a unidade essencial entre o Pai e o Filho. No salmo, o desespero diante do silêncio dc Deus (1-2) e a própria situação do salmista (6-8,12-18) se alternam com esperança, uma esperança que brota da recordação da maneira como Deus lidou com ele no passado (3-5,9-11). A oração final (19-21) traz nova segurança interior, expressa em louvor manifesto (22-31). Se, no nível mais profundo, os primeiros versículos do SI 22 falam do sofrimento de Cristo, certamente os versículos finais falam do livramento universal que ele realizou. • Touros d e Basã (12) A região dc Basã, a norte dc Gileade e a leste do Jordão, era famosa pela criação de gado. • V. 8 Veja Mt 27.43. • V. 18 Veja Jo 19.24.
"O SENHOR
é o meu pastor, nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso; refrigera-me a alma. Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temerei mal nenhum, porque tu estás comigo; o teu bordão e o teu cajado me consolam." SI 23.1-4 (ARA)
Salmos SI 23: " O S e n h o r é m e u Pastor" O mais conhecido e querido dos salmos apresenta Deus como o bom pastor (veja também Jo 10). Ele provê todas as necessidades de seu povo. Ele o conduz pelos caminhos da vida e protege-o de todo mal (1-4). O v. 5 apresenta um segundo quadro: Deus, o perfeito anfitrião, oferecendo a seu povo um banquete de finas iguarias. A imagem vai ainda além: uma vez que "no mundo do AT, comer e beber à mesa de alguém criava um vínculo dc lealdade", quem aparece aqui não é um simples convidado, mas um amigo. • V. 1 A imagem do pastor é usada várias vezes com relação a Deus. Veja SI 28.9; 77.20; 78.52; Is 40.11; Ez 34.11-16. Em Jo 10, Jesus se apresenta como o bom pastor.
marcada pela confiança e obediência a Deus. Tile pede que Deus o inocente de falsas acusações. Compare este auto-retrato do justo com a primeira parte do SI 1. • Lavo as mãos (6) Compare Mt 27.24.
• Por a m o r d o seu n o m e ( 3 , ARA)
SI 28: O r a ç ã o — e a r e s p o s t a à oração No perigo, o salmista clama por ajuda e pede que sejam castigados os maus que são a fonte de sua angústia (1-5). A oração se transforma em louvor, na certeza de que Deus ouve e atende (6-9).
Ou seja,
porque esta é sua natureza, ou porque é assim que Deus é. O amor e o cuidado de Deus condizem com o seu caráter. • V. 4 "Trevas" são geralmente interpretadas no sentido de morte. Logo, o "vale da sombra da morte". SI 24: A d o r a ç ã o Este salmo é um hino processional, possivelmente escrito para a grande ocasião na vida de Davi em que a arca foi ira/ida a Jerus a l é m (2Sm
6.12
15).
O mundo c tudo o que nele existe pertencem a Deus. Quem, então, é digno de chegar até ele (1-3)? A resposta (4, e veja o SI 15) levaria ao desespero, se Deus não fosse "o Deus de Jacó" (6). (Jacó foi aquele homem problemático c astuto que Deus escolheu para ser o fundador dc Israel.) Vs. 7-10: A arca está diante dos portões; abram os portões para que o próprio Deus entre e reine! SI 25: O r a ç ã o d e u m aflito Este é um salmo acróstico (veja SI 9 ) . O salmista é molestado pelo incessante ataque de seus inimigos, e atormentado por sua própria consciência (1-3,16-21). Profundamente ciente de seu problema, ele se volta a Deus em busca de ajuda e conselho, pedindo que Deus renove para com ele o seu amor e o seu perdão (4-15). SI 26: O r a ç ã o d e u m a p e s s o a inocente O salmista não está dizendo que é perfeito (veja "Autojustificação, maldição c vingança nos Salmos"); ele fala de uma vida coerente,
S I 27: Confiança e m D e u s e c o m p r o m i s s o c o m Ele As pessoas que (a exemplo do salmista) sabem dar prioridade ao que é mais importante (4,8) não têm nada a temer (1-3,5-6). Sabem a quem podem se dirigir nas horas difíceis (7-12) e sua esperança é bem fundada (13-14). O título hebraico diz que este belo salmo, que brota de um profundo anseio por Deus, é "de Davi".
S I 29: G l ó r i a a D e u s ! No barulho da chuva, no estrondo ensurdecedor dos trovões, no brilho dos relâmpagos, no som do vento que agita as árvores das florestas o salmista vê não somente o incomparável poder de Deus, mas ouve a sua voz. Isso porque Deus criou e controla todos eles (3-10). Que os exércitos do céu louvem a sua glória (1-2), e que Deus abençoe o seu povo na terra (11). O estilo deste salmo, com suas repetições ritmadas, é semelhante à antiga poesia dos cananeus e também à poesia hebraica em sua fase inicial. • V. 5 Os cedros do Líbano eram os maiores c melhores de todos. • Siriom/monte H e r m o m (6) Esta montanha, de 3.000 m de altura, fica no extremo norte, na fronteira entre Israel e o Líbano. • Cades (8) Lm lugar no deserto ao sul de Berseba. S I 30: A ç ã o d e g r a ç a s p e l a vida restaurada É possível que este salmo tenha sido composto no contexto dos acontecimentos narrados em lCr 21. O título hebraico diz que o salmo é de Davi, escrito (com antecedência) pata a dedicação do Templo. Os dias sombrios e as noites tristes em que a vida estava em
"Abram b e m os portões... e entrará o Rei da glória. Quem é esse Rei da glória? É Deus. o SENHOH Todo-Poderoso; ele è o Rei da glória." SI 24.9-10 t N T Ü l )
" O SENHOR Deus é a minha l:iz e a minha salvação; de quem terei medo?"
"Ainda que o meu pai e a minha mãe me abandonem.
o Senhor cuidará de
mim."
SI 27.1.10
370 Página oposta: Alguns salmos são meditações feitas no Templo Outros refletem sobre a vida: sua luz e suas trevas.
"Vinde, filhos, e escutai-me; eu vos ensinarei o temor do St \tltW.
Quem é o homem que ama a vida c quer longevidade puru ver o bem? Refreia a língua do mal e os lábios de falarem dolosamente. Aparta-te do mal e pratica o que é bom; procura a paz e empenha-te por (ücançá-la. Os olhos do SENHOR repousam sobre os justos, e os seus ouvidos estão abertos uo seu clamor." 934.11-15 (ARA)
Poesia e Literatura de Sabedoria perigo ficaram no passado (2-3,6-10); a alegria veio com a luz do dia (5). A prosperidade resultou em autoconfiança ( 6 ) . Mas esta experiência colocou tudo na perspectiva correta (5a) e mostrou ao salmista a sua própria fragilidade (7-10). Agora que o perigo passou, tornando-o um homem mais humilde e sábio, ele reconhece alegre c abertamente sua dívida de gratidão a Deus (11-12). SI 31: P r o v a ç ã o e confiança Vs. 1-8: O salmista busca refúgio em Deus (1-5); a confiança aumenta à medida que ele se lembra de como Deus cuidou dele no passado (6-8). 9-13: Ele volta a pensar na difícil situação presente. 14-24: de sua aflição pessoal ele se volta novamente para Deus, com tanta confiança na bondade e no amor de Deus que é capaz de encorajar os outros (23-24). • V. 5 Ao morrer, Jesus citou estas palavras (Lc 23.46). SI 32: C o n f i s s ã o e a l e g r i a pelo p e r d ã o de Deus Título hebraico: "Poesia de Davi". Este é o segundo dos sete salmos de "arrependimento" (veja notas em SI 6). A culpa reprimida se torna um fardo insuportável (3-4). Confissão e perdão tiram o peso e trazem alegria ao coração (1-2,5): que alívio! A partir de sua própria experiência, o salmista incentiva os outros a orarem a Deus com confiança. (Nos vs. 8-9 fala o próprio Deus, como indica NTLH.) • V. 4 O salmista sente a "mão pesada" de Deus sobre si. Há um "juízo" auto-imposto na vida daqueles que se recusam a fazer o que sabem que é certo (veja também ICo 11.30). SI 33: T o d o s c a n t e m l o u v o r a Deus! Afinem os instrumentos. Cantem com alegria. Olhem e ouçam o que Deus tem feito! Louvem a Deus por ser quem ele é (4-5). Adorem o Criador e temam-no (6-9). Louvem seu domínio soberano em todos os aspectos da vida humana e seu cuidado constante por todos os que o honram (10-19). Cantem uma canção de confiança nele (21-22). • U m a nova canção (3) Que seja melhor ainda que as canções antigas. Cada nova experiência com Deus pede uma nova canção. João, na sua visão, ouviu um novo cântico no céu (Ap 5.9-10; 14.3).
SI 34: O c u i d a d o d e D e u s por seu p o v o Um poema acróstico (veja SI 9). <> título hebraico diz que o salmo é de Davi e o relaciona com o incidente registrado em ISm 21.10—22.1, embora em 1 Samuel o nome do rei seja Aquis. Quem tem a contar uma história dessas sobre a fidelidade de Deus não pode deixar de compartilhá-la. Ele deve isto a Deus e a seus irmãos na fé (1-10). Na experiência do salmista, a pessoa que teme a Deus encontra a vida (11-14). Seus infortúnios podem ser muitos, mas Deus o ajuda a superar todos eles (19-22). • V. 7 Um exército de anjos protegeu Eliseu (veja 2Rs 6.16-17). Veja também "Anjos na Bíblia". SI 35: O r a ç ã o a D e u s p a r a q u e sustente o j u s t o (Quanto aos problemas éticos levantados pelo salmo, veja "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos".) Confiante em sua inocência (ele expõe o seu caso em 7,11-16, 19-25), o salmista pede que Deus pague seus inimigos na mesma moeda (1-6,17,26) e inocente seu bom nome. Então ele louvará a Deus e falará aos outros sobre a sua justiça (9-10,18,28). • Vs. 5-6 O anjo aqui é um anjo destruidor, como cm Ex 12.23 e outras passagens. Veja "Anjos na Bíblia". SI 36: O a m o r infalível de D e u s Título hebraico: "de Davi, servo do SENHOR". OS VS. 1-4 descrevem a perversidade humana. Mostram uma pessoa totalmente dedicada a seus próprios caminhos maus. Em contraste, os vs. 5-10 descrevem o caráter de Deus: amoroso, fiel, bom; fonte de vida e luz c todo o bem que desfrutamos. Os vs. 11-12 são uma oração pessoal, com a resposta (12) concluindo o salmo. SI 37: O s b o n s e os m a u s Um poema acróstico em 22 seções, uma para cada letra do alfabeto hebraico (veja notas 110 Sl 9 ) . É uma coleção de provérbios que os sábios amavam (veja "Poesia c Sabedoria", introdução). Segundo eles, apesar das aparências, os bons serão bem sucedidos, ao passo que os ímpios serão castigados. Por todos os lados, pessoas estão vivendo em flagrante desobediência â lei de Deus e
Salmos
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1
nada lhes acontece. Não seja tentado a invejá-las, diz o salmista. As coisas não são como parecem (l-2,7b-9). Não há por que invejar os ímpios, pois o tempo deles está chegando ao fim. Enquanto isso, bênçãos c segurança estão reservadas para povo de Deus. (Esta é a mensagem transmitida pelos provérbios dos vs. 10-40, que descrevem o contraste entre os maus e os bons). Continuem sendo bons; J sejam pacientes; confiem na ação de Deus (3-7a). • V. 19 Este é o ponto de vista tradicional, mas nem todos os salmos concordam com ele. Veja 73.4-14. I SI 38: A o r a ç ã o d e u m s o f r e d o r Este é o terceiro dos sete salmos de "arrependimento" (veja notas no SI 6 ) . O pecado resultou em doença física (3,5,7), bem como cm angústia mental (2,4,6,8). Amigos c familiares se afastam (11), c os adversários têm a oportunidade que esperavam (12,16). Muito aflito, o salmista confessa o seu pecado e clama a Deus por auxílio (21-22). SI 39: A b r e v i d a d e d a v i d a O salmista tenta conter seus pensamentos, com medo de desonrar a Deus, mas eles furam o bloqueio (1-3). Ele sente a morte a seu lado; a vida é tão efêmera como um sopro (5-6). E pede a Deus que o console (4), perdoe (8), e o livre dos seus problemas (10-13). • V. 13 O salmista considera seu sofrimento um castigo (a posição expressa pelos amigos dc .Jó e refutada por Deus no caso de Jó), 0 salmista queria ser feliz nesta vida; nada esperava para após a morte, quando ele simplesmente deixaria de existir. Veja "Posição do AT com relação ao pós-morte". SI 40: L o u v o r e o r a ç ã o sinceros O salmista declarou abertamente as ações maravilhosas de Deus (9-10). Com profunda gratidão, relembra o momento do resgate (1-3) e descreve para os outros as coisas que aprendeu sobre Deus (4-8). Mas seus problemas ainda não acabaram (12-17). Ele ainda está ciente da sua necessidade e novamente pede a ajuda a Deus. (Os vs. 13-17 são repetidos no SI 70). O NT vê um significado mais profundo neste salmo, principalmente nos vs. 7-8 (veja Hb 10.5-7). • V. 6 Obediência à lei de Deus é mais importante que sacrifícios, algo que os profetas
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Poesia e Literatura de Sabedoria cambem enfatizam (Veja ISm 15.22; Am 5.21-24). • Rolo (7) Provavelmente o Livro da Lei (veja NTLH). SI 4 1 : D o e n t e e s o z i n h o Os vs. 1-3 afirmam uma verdade geral. Felizes são aqueles que ajudam os necessitados; em tempo de necessidade, Deus os ajudará. Em 4-12, o salmista descreve a sua própria situação: sua doença, sua solidão, sua dependência de Deus. O v. 13 é uma doxologia, uma expressão solene de louvor a Deus, à qual o povo responde com "Amém". A doxologia indica o final do primeiro livro dos Salmos. • V. 9 Esta traição aponta para a traição de Judas (veja Jo 13.18 e Lc 22.21). Fazer uma refeição em conjunto estabelece um vínculo de amizade e lealdade entre as pessoas. Veja SI 23.
Si 4 2 — 7 2
Livro
2
De acordo com os títulos hebraicos (veja introdução), os salmos neste livro vêm de várias fontes diferentes. Os SI 42—49 são descritos como poesias "do grupo de Corá" (os músicos do Templo). O SI 50 é atribuído a Asafe, que pertence a outro grupo do Templo, com mais salmos no Livro 3. SI 51—65 e 68-70 levam o nome de Davi e o SI 72 aparece como salmo de Salomão. SI 42—43: A n s e i o por Deus Estes dois salmos têm em comum o mesmo tema e o mesmo refrão (42.5,11; 43.5) e provavelmente eram, no início, um único poema. O salmista estava exilado no norte (42.6), cercado por ímpios que zombavam da sua fé (42.3,10; 43.1-2). Profundamente desanimado, ele contrasta as alegrias do passado (quando guiava o povo ao Templo, 42.4) com o presente infeliz. Toda a sua alegria depende de Deus, e ele anseia pela presença de Deus e por poder voltar ao Templo (42.2; 43.3-4). E, por pior que seja a situação, ao pensar em Deus a fé e a esperança renascem (42.5,11; 43.5). • V. 6 O Rio Jordão nasce perto do sopé do monte Hermom, na fronteira norte de Israel. O "monte Mizar" ainda não foi identificado.
SI 44: L a m e n t o nacional Este salmo foi inspirado por uma fragorosa derrota. Israel estava perplexo. Eles conheciam as histórias das maravilhas que Deus havia operado no passado (1-3) e depositavam sua inteira confiança cm Deus (4-8,17-18), mas agora havia acontecido esse desastre. Deus os abandonara (9-12). Tinham sido envergonhados (13-16) e não podiam entender o motivo (17-22). Os vs. 23-26 são um pedido de ajuda que vem do fundo do coração. A mudança para "eu", "meu" e "minha", em 4,6,15, parece indicar uma voz individual (do rei ou do sumo sacerdote) dirigindo a oração pública. • V. 19 Os símbolos evocam perigo e morte (compare com SI 23.4) • V. 22 Paulo citou estas palavras, descrevendo a experiência dos cristãos (Rm 8.36). • Vs. 2 3 Parecia que Deus estava dormindo, a exemplo dos falsos deuses dos quais Elias zombou por não poderem atender orações (lRs 18.27). Em nenhuma outra passagem da Bíblia Deus é acusado de dormir. SI 45: C a n ç ã o p a r a o c a s a m e n t o d o rei A ocasião pode ter sido o casamento do rei Acabe, de Israel, com Jezabel, princesa de Tiro (12, e veja nota no v. 8 ) . Se este for o caso, o reinado do monarca logo se mudou para pior (lRs 16.29-33). Vs. 1-9: Com eloqüência, o poeta exalta a majestade do rei e sua maneira piedosa de governar. 10-15: uma palavra para a noiva em toda a sua beleza. Os vs. 16-17 são dirigidos ao rei. • Vs. 6-7 Aqui, a linguagem parece apontar, não para aquele rei que estava se casando, mas para o reino de Deus. Em outras palavras, uma prefiguração do Messias. • Palácios de m a r f i m (8) Outra possível ligação com Acabe. Arqueólogos descobriram belas esculturas de marfim no seu palácio em Samaria. • O u r o finíssimo de O f i r (9, A R A ) Veja lRs
9.28. • Tiro (12) Importante porto marítimo e cidade-estado. E a moderna Sour, no Líbano. SI 46: "Castelo forte é nosso Deus" Este salmo, no qual Lutero baseou o seu famoso hino, pode ter sido composto num dos
Salmos
.1-":
seguintes contextos: o ataque do rei Senaqueribe a Jerusalém (2Cr 32); um desastre natural; em antecipação aos acontecimentos que anunciariam a vinda do Messias. Os vs. 4-5 têm um paralelo em Ap 22.1-5, onde o ideal c perfeitamente realizado. O salmista se gloria na presença de Deus com o seu povo (1,4-5,7,11), e em sua real e infalível proteção. SI 47: Batei p a l m a s e cantai! Salmo que aclama Deus como rei de Israel e Senhor do mundo. Que todos se alegrem e cantem o seu louvor. SI 48: Sião, a g l o r i o s a c i d a d e de D e u s Uma explosão de alívio e alegria com a suspensão da invasão da cidade (talvez a do rei Senaqueribe, da Assíria; veja 2Cr 32). • As naus de Társis/grandes navios (7) Veja IRs 10.22.
•
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r-1.&~á'
SI 49: M e d i t a ç ã o s o b r e a v i d a e a morte Este salmo é uma obra típica de "sabedoria" que trata das desigualdades da vida. Veja nota em SI 1 sobre outros salmos de sabedoria. No final da jornada, a morte aguarda o materialista, e nem mesmo o mais rico consegue comprar a sua imunidade. A "lição" é semelhante à da parábola de Jesus sobre o homem rico (Lc 12.16-21). Em geral os salmistas não tinham conceito claro da vida após a morte, e por isso o v. 15 é freqüentemente considerado como simples referência à morte prematura. Mas isto destrói o raciocínio, que exige uma eliminação das desigualdades da vida no além. Veja "Posições do AT com relação ao pós-morte". SI 50: D e u s p e d e e x p l i c a ç õ e s Nos vs. 1-4 é feita a convocação. Em 7-15, Deus adverte seu povo leal. Não é
"Como suspira a corça pelas correntes das águas, assim, por ti. ó Deus. suspira a minha alma. A minha alma tem sede de Deus, o Deus vivo." (SI 42.1-2a).
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Diz Deus: "Eu não preciso dos touros das suas fazendas nem dos bodes dos seus rebanhos. Pois os aniniais da floresta são meus e também os milhares de cabeças de gado espalhados nas montanhas. São meus todos os pássaros dos montes, e tudo o que vive nos campos.' SI SO.9-11 (NTLH)
Poesia e Literatura de Sabedoria suficiente seguir o ritual automaticamente. Os sacrifícios não são exigidos para satisfazer a fome de Deus. O que importa é o coração agradecido, não o sinal exterior da oferta de ação de graças. Os vs. 16-20 trazem sérias acusações contra aqueles que são capazes de recitar os mandamentos de Deus, mas não os cumprem; que convivem com pessoas desonestas e são capazes de arruinar seus próprios familiares. Eles não levam Deus a sério porque não houve uma resposta imediata (21-23). Mas tais pessoas estão erradas. Se ignorarem o que Deus diz, nada poderá salvá-los.
Sl 53: "Deus n ã o existe!" O título hebraico é "Poesia de Davi". Veja Sl 14, do qual este salmo é uma versão revisada.
SI 51: P e d i d o de p e r d ã o O título hebraico diz que este salmo foi escrito por Davi depois que o profeta Natã o confrontou quanto ao adultério com BateSeba c o assassinato de Urias (2Sm 12). Os vs. 18-19, que parecem ser do período posterior à destruição de Jerusalém pelos babilônios, podem ter sido acrescentados mais tarde. O salmo em si é muito comovente e nos permite penetrar na alma de um homem que amava a Deus, mas havia caído em pecado grave. Ele pôde se enxergar através dos olhos de Deus c ficou com o coração partido. Não inventou desculpas; simplesmente aceitou o julgamento de Deus c admitiu sua culpa. Tudo que podia fazer naquele momento, conhecendo o amor e a misericórdia de Deus, era pedir perdão e a chance de um novo começo. • V. 5 O significado não é que a concepção ou o parto em si são pecaminosos, mas que o pecado está arraigado no ser humano desde o primeiro momento de sua existência. • Hissopo (7) A planta usada no ritual de purificação descrito em Nm 19. • Crimes de sangue (14, ARA) Isto certamente reflete a situação de Davi. Ele tramou a morte de Urias para encobrir o seu próprio pecado (2Sm 11).
Sl 55: T r a í d o p o r u m a m i g o O título hebraico atribui este salmo a Davi. O conteúdo se encaixa bem na época da rebelião de Absalão (2Sm 15—17), quando Aitofel, conselheiro mais confiável de Davi, se voltou contra ele. Mais do que todos os outros temores c problemas (1-4,9-11), a traição de um amigo de confiança — alguém que também amava a Deus — foi como uma punhalada no coração (12-14,20-21). O salmista é atormentado por emoções conflitantes: temor e vontade de sair daquela situação (4-8) e o desejo de ver a destruição e morte de seus inimigos (9,15). Mas a confiança acaba prevalecendo (16-18,22), pois, por mais que os amigos possam ser infiéis, Deus sempre será fiel. • V 17 Estas eram as horas regulares de oração (veja Dn 6.10). • V 22 Veja IPe 5.7.
Sl 52: A r u í n a d o s p e r v e r s o s O título hebraico diz que este é um salmo escrito por Davi na época da traição de Doegue (ISm 22). Mas a referência ao Templo no v. 8 sugere uma data posterior. Os vs. 1-4 descrevem o perverso; o v. 5, o castigo que vem da parte de Deus. Os vs. 8-9 são uma expressão pessoal de confiança e ação de graças.
Sl 54: P e d i d o d e s o c o r r o Segundo o título hebraico, este é o apelo que Davi fez a Deus quando os moradores de Zife foram contar a Saul onde ele se encontrava (1 Sm 23.19-23). O pedido (1-3) é seguido por expressão de confiança (4-5). A promessa de uma oferta de gratidão (6-7) demonstra a confiança do salmista de que Deus responderia sua oração.
Sl 56: "Em D e u s p o n h o a m i n h a confiança" O título hebraico informa que este é um hino de Davi, escrito quando os filisteus o prenderam em Gate, embora não haja registro disso em ISm 21 nem em ISm 27. 0 salmista tem muito com que se preocupar (1-2,5-6), mas conhece a resposta para o medo (3-4,10-11) e, cheio de confiança e gratidão (12-13), pode deixar que Deus lide com os seus inimigos (7-9). Sl 57: O r a ç ã o n o m e i o d e i n i m i g o s ferozes Segundo o título hebraico, trata-se de um poema escrito por Davi quando fugiu de Saul na caverna (ISm 22.1; ISm 24). As circunstâncias podem ser sombrias (4,6), mas aqueles que confiam em Deus podem cantar louvores
Salmos
375 Ao amanhecer e ao entardecer, os salmistas cantam louvores a Deus.
a ele, aconteça o que acontecer (1-3,5,7-11). Paulo e Silas também conheciam esta verdade (At 16.19-25). SI 58: "Existe u m D e u s q u e j u l g a " O salmista invoca o terrível juízo de Deus sobre os poderosos corruptos c maus. Veja "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos". • Deuses (1, algumas versões) Referência sarcástica aos poderosos e juízes. • Víbora surda (4) "Surda" porque não responde ao encantador de serpentes. • V. 8a Segundo a crença popular de então, lesmas e caracóis deixam um rastro viscoso porque se diluem ou derretem à medida que avançam. SI 59: O r a ç ã o p e d i n d o p r o t e ç ã o e castigo O título hebraico, "Hino de Davi", associa este salmo ao incidente em ISm 19.11-17 (quando Saul mandou espiões à casa dc Davi, para matálo), ecoado no refrão "Quando anoitece, eles voltam..." (6,14). O salmista dirige sua oração bem pessoal (1-4,9-10,16-17) ao Senhor de todas as nações (5,8,13). Toda a sua confiança deriva da certeza de que Deus o ama (10,17). • Jacó (13, ARA) Isto é, o povo de Israel (veja NTLH). SI 60: A n a ç ã o é d e r r o t a d a O título hebraico vincula o salmo à campanha registrada em 2Sm 8, na qual a promessa de Deus no v. 8 e a fé confessada no v. 12 se concretizaram em forma de vitória.
• Vs. 6 - 8 Deus anuncia que a terra e o povo de Israel lhe pertencem: Siquém, no centro do país, entre os montes Ebal e Gerizim; Sucote, cidade a leste do Jordão; Gileade, território israelita a leste do Jordão; Manasses, Efraim, e Judá, as três grandes entre as doze tribos. Ele declara seu poder sobre os tradicionais inimigos de Israel: os moabitas, a leste do mar Morto; os edomitas, a sudeste; e os filisteus, na costa do Mediterrâneo. SI 6 1 : O r a ç ã o d e u m rei aflito O título hebraico atribui este salmo a Davi. Longe de casa (2; provavelmente durante a guerra ou fugindo de Absalão) e ameaçado de perder seu trono (6-7), o rei anseia pela segurança que só Deus pode dar (1-4). • V. 3 A figura da "torre forte" foi tirada da proteção representada pelas muralhas da cidade, com suas muitas torres. SI 62: O s a l m o d e c o n f i a n ç a paciente Humilde e confiante, o salmista submete sua causa a Deus. Os seres humanos têm sede de destruição (3-4), mas o que são eles (910)? O poder pertence a Deus, que governa com amor e justiça (11-12). Sl 63: O c o r a ç ã o s e d e n t o Segundo o título hebraico, escrito por Davi quando ele estava no deserto de Judá (foragido e perseguido pelo rei Saul). Depois de provar a alegria e a satisfação plena da presença dc Deus (2-8), quem poderia viver sem ela?
0 SI 58 pede que Deus castigue os perversos. Ao fazerem esse pedido, os salmistas estavam simplesmente pedindo que Deus castigasse aqueles que os atribulavam, a saber, os assírios e babilônios invasores. Neste baixo relevo do sée. 7. que vem da Síria, aparece um soldado assírio carregando a cabeça decapitada de seu inimigo.
376
Poesia e Literatura de Sabedoria • Vs.9-10 Deixar dc enterrar um cadáver, que era, então, comido por animais (10), era visto como uma grande desgraça, ristes versículos contrastam com o restante do salmo. Veja "Autojustificação, maldição c vingança nos Salmos".
~A letra deu o seu fruto, c Deus. o nosso Deus. nos abençoa!" (SI 67.6). Vários salmos foram escritos para celebrar .1 Festa da Colheita.
" M i sombra das tuas asas cu canto de alegria." SI 63.7 ( r í T U O
recorda a saída do Egito, o êxodo) até o presente (8-12). Que se agradeça c que se tragam ofertas de gratidão (13-15) pelo amor e cuidado elc Deus em favor de cada indivíduo (16-20). Sl 67: A g r a d e c i m e n t o p e l a colheita "A terra deu o seu fruto, e Deus, o nosso Deus, nos abençoa" — c que o mundo todo reconheça, com cânticos alegres, não somente que Deus abençoa o seu povo, mas que elc julga os povos com justiça e guia as nações do mundo.
Sl 68: Cântico d e vitória de Israel Este salmo soa como marcha militar c hino proccssional, possivelmente cantado quando a arca foi levada a Jerusalém (2Sm 6 ) , ou na celebração comemorativa desse fato (veja as alusões nos vs. 1,7,17-18,24-25). O salmo apresenta uma série de retratos vívidos do poder vitorioso de Deus. Vs. 1 -6: tributo a Deus; 7-10: Deus guia o povo pelo deserto; 11-14: a conquista da terra; 15-18: Deus decide morar no monte Sião, em Jerusalém; 19-23: salvação para Israel — morte para os inimigos; 24-27: a procissão; 28-31: que Deus revele seu poder de subjugar as nações; 32-35: que todos louvem o poder e a majestade do Deus de Israel! r " w&SKÊÊUBÈ&SÈÊ• Sinai (8) O local onde Deus deu a Lei e fez a aliança com Israel. Sl 64: "Protege-me, ó D e u s " • Vs. 1 4 - 1 5 , 2 2 "Basã" corresponde à região Nos vs. 1 -6 o salmista descreve seu proble- das Colinas de Golã, a nordeste do mar ma. De 7-9, expressa sua certeza de que Deus da Galileia. No sentido amplo a região se castigará todos os que tramam contra ele e o estendia até o monte Ilermom, que pode ser difamam. O castigo será na medida exata da a montanha mencionada aqui. "Zalmom" (ou ofensa (compare o v. 7 com os vs. 3-4). "Salmom") é provavelmente outra montanha da região. SI 65: H i n o d e a ç õ e s d e g r a ç a s Possivelmente este salmo era usado na Sl 69: O r a ç ã o e m m e i o festa da colheita. Todo louvor seja ao Deus ao s o f r i m e n t o que responde às orações e perdoa os pecados Este salmo é citado várias vezes no NT (Jo (1-3), que abençoa, que faz coisas maravilho- 2.17; 15.25; Rm 15.3). Como o Sl 22, esteé sas e que salva (4-5). Louvado seja o Deus que um pedido de ajuda de uma pessoa em aputudo criou c tudo governa (6-8). Louvado seja ros e próxima da morte. Os vs. 2,14-15 podeo Deus que dá a colheita e faz toda a terra cla- riam ser considerados uma descrição exata da mar de alegria (9-13). situação em que se encontrava o profeta Jeremias (Jr 38.6). Parece que os vs. 34-36 são de um tempo posterior à destruição das cidades SI 66: L o u v o r e a d o r a ç ã o Quando a oração é respondida e os proble- de Jtidá, mas anterior à tomada de Jerusalém mas são superados (19,14), o coração transbor- pelos babilônios. da de louvor. Louvado seja o Deus que sempre A situação angustiosa em que o salmista se socorreu o seu povo, desde a antiguidade (o v. 6 encontrava não era culpa dele. Ele sofre por
Salmos amor a Deus (1-12). Ele ora para que Deus, em seu amor, o resgate (13-18), antes que seja completamente esmagado. (São imagens de grande impacto: ele está com lama ate o pescoço, na parte mais funda de uma correnteza. O tempo está se esgotando e ele clama por socorro.) A culpa dos seus opressores é clara (19-21): que eles sejam punidos por tudo o que fizeram (22-28). Que Deus o liberte, para que possa cantar louvores; que toda a terra exulte de alegria pela restauração do povo de Deus (29-36). • V. 2 1 Isto encontra eco nos Evangelhos, quando se descreve a crucificação de Jesus (veja Mt 27.34, por exemplo). • V. 2 8 A imagem de um livro no qual estão registrados os nomes de todos os que são povo de Deus surge pela primeira vez em Ex 32.3233, é usada aqui, no SI 87.6, em Dn 12.1, e reaparece no NT (Fp 4.3). Aparece também várias vezes no Apocalipse, culminando na cena do grande julgamento (20.12). SI 7 0 : C h a m a d o u r g e n t e por auxílio Segundo o título hebraico, um salmo "de Davi". Estes versículos também aparecem no final do SI 40 (13-17). SI 7 1 : O r a ç ã o n a velhice Mesmo no final de uma vida longa e atribulada (9,20) ainda não há trégua (4,10-11). As dificuldades, no entanto, ensinaram o salmista a ter confiança (6-7). Nada pode levá-lo ao desespero. Enquanto Deus estiver com ele (9,12,18), o futuro será cheio de esperança (14-16,19-24). SI 7 2 : O r a ç ã o p e l o rei O título hebraico é "de Salomão" (no grego, "para Salomão"). Este último salmo do Livro 2 (que, a exemplo do SI 2, celebra uma coroação ou aniversário de coroação) certamente condiz com o reinado de Salomão: um tempo de muita paz, prosperidade e poder para Israel. Mas o salmo também mostra algo que vai além do reino de Salomão, ou seja, antevê um tempo ideal, um reino sem fim (5) que sc estende sobre todo o mundo (8,11); um governo divino de justiça e retidão (7,12-14); um tempo de fartura inigualável (16). • Orio(8) Eufrates (veja NTLH). • Társis, Sabá (10) Ou seja, "as fronteiras mais remotas do império". Sabá pode ser uma região na Arábia. Társis provavelmente é Tartessos, na Espanha.
377
• C o m o o Líbano (16) Para um país pequeno, o Líbano tem uma grande variedade de frutas e verduras e uma produção extraordinária. • V. 20 Esta anotação do editor pertence a uma coleção anterior dos salmos dc Davi.
SI 7 3 — 8 9
Livro
3
De acordo com os títulos hebraicos (veja introdução), 11 dos 17 salmos neste Livro (73-83) trazem o nome de Asafe (assim como o SI 50). Os SI 84; 85; 87; 88 são atribuídos aos filhos de Corá (veja o Livro 2). O SI 88 é atribuído também a Hemã , o ezraíta. O SI 86 traz o nome de Davi; o SI 89, de Etã, 0 ezraíta. Hemã dirigia o primeiro coro do Templo; Asafe, o segundo; e Etã, o terceiro (lCr 6.31-47). SI 7 3 : Este m u n d o injusto Este é um dos salmos de sabedoria (veja a nota do SI 1). A questão é a justiça de Deus: como explicar a prosperidade daqueles que zombam das leis de Deus, aliada ao sofrimento daqueles que menos o merecem (3b-14)? Só isto já basta para transformar os bons em pessoas cínicas, invejosas e amarguradas (3,21), levando-os a dizer coisas que não deviam ser ditas (15). Somente quando sc volta para Deus é que o fiel aprende a ver além das aparências (16-17). Na realidade, o povo de Deus tem tudo de que precisa (1,23-26,28). Os perversos — com toda a sua riqueza — estão destinados à destruição (17-20,27). Sl 7 4 : U m lamento dirigido a Deus A razão deste salmo é uma sensação de abandono. Deus abandonara seu povo (1-2). O Templo (cuja existência demonstrava ao povo que Deus estava presente em seu meio) havia sido destruído. O salmista descreve a cena chocante: o som de machados rachan"Ainda do a madeira, os gritos de vitória dos ini- que a minha mente c o meu corpo migos, o fogo devorador (3-8). Porquanto enfraqueçam. tempo os adversários, inimigos de Deus, Deus é a minlia força, terão o domínio (9-11)? O salmista refleeie é tudo te no poder de seu Deus (12-17) e lhe o que sempre preciso." suplica que mantenha a promessa feita a Israel (19-20) e que destrua o inimigo SI 73.26 (NTLH) blasfemo (18,22-23). • Vs. 1 3 - 1 5 A linguagem vem de antigas histórias da criação, em que Deus cria ordem
Poesia e Literatura de Sabedoria em meio ao caos. Estes versículos podem também ser interpretados como referencia ao livramento do Egito, descrito inicialmente como um dragão e depois como Leviatã, o crocodilo do Nilo. Sl 75: D e u s é Juiz Israel se regozija com a justiça soberana dc Deus. Só ele tem o poder de julgar todos os povos. • Vs.2-5 Deus está falando (veja NTLH). • Vs. 4-5 O texto hebraico usa figuras de linguagem para indicar poder arrogante: "não levanteis o chifre" (final do v. 4 ) , "não faleis com cerviz insolente" (final do v. 5 ) . • Cálice (8) Na Bíblia, o cálice é usado como símbolo da ira de Deus. Sl 76: Cântico d e l i b e r t a ç ã o A vitória pode ser de Davi ou o salmo pode estar se referindo aos assírios O^em mais tarde). Seria adequado para várias ocasiões e deve ter sido usado durante as festas. Israel admira a glória terrível de Deus que derruba todo o poder do inimigo. • S a l é m , Sião (2) Jerusalém.
Sl 77: O p a s s a d o e o p r e s e n t e Deus deixou de nos amar? Ele parece não se importar mais com o seu povo (5-9) e o salmista não encontra consolo no meio das angústias do presente (2-4). Com saudosismo, o salmista reflete sobre os bons tempos, recordando as grandes obras de Deus no passado em favor de seu povo (11-20). • Vs. 2-6 A dificuldade que leva o salmista a pensar pode ser um problema pessoal ou uma crise nacional. • Vs. 1 6 - 2 0 O último versículo reflete claramente o êxodo do Egito, mas parte da linguagem recorda a criação. Quanto à imagem de Deus como pastor, veja 23.1. Sl 78: Lições d a história d e Israel F. provável que este salmo, que traz lições desde o período do êxodo até à época do rei Davi, era usado durante as festas. Durante muito tempo Efraim (9) foi a mais poderosa das 12 tribos. Josué era efraimita, e a tribo teve grande prestígio no tempo dos juízes (Jz 8.2; 12). Mas com o rei Davi, a liderança passou a ser de Judá. O salmista reflete sobre as razões para a rejeição de Efraim e as encontra na história de Israel.
Deus deu a Lei a Israel para que eles não se esquecessem dele (5-8). Efraim, porém, desobedeceu (9-11). Esqueceu-se do que acontecera no Egito e no deserto: os milagres (13-16,23-29,44-53), as rebeliões c os castigos (17-22,30-43). Esqueceu-se do padrão que se repetiu após a conquista da terra (54-66). Assim Deus escolheu Judá: uma cidade de Judá (Jerusalém) como capital, e um homem de Judá (Davi) para ser rei (67-72). • V . 9 Isto parece ser uma referência à derrota de Saul e Israel no monte Gilboa (ISm 31.1). • Z o ã (12) Antiga capital do Egito. • Vs. 13-16 Veja Êx 14; 17. • Vs. 2 4 - 3 1 Veja Êx 16; Nm 11. • Vs. 4 4 - 5 1 Veja Êx 7—12. • C a m (51) Um dos três filhos de Noé, ancestral do povo egípcio. • Rebanho (52) Veja Sl 23. • Siló (60) Por muito tempo o santuário principal em Israel. Provavelmente foi destruído quando a arca foi capturada pelos filisteus (ISm 4 ) . Sl 79: L a m e n t o p o r J e r u s a l é m Lamentação pela destruição de Jerusalém e pelo banho de sangue que houve naquela ocasião (1-4; a cidade foi tomada pelos babilônios em 587 a.C; veja 2Rs 25.8-17). O povo se dirige a Deus, clamando por perdão e ajuda (5,8-10a,ll) e pedindo que seja castigado o inimigo pagão (6-7,10b,12). ' • V. 2 Era uma grande vergonha deixar cadáveres insepultos. Sl 80: "Restaura-nos, ó Deus!" Este é o clamor desesperado que o povo dirige a Deus. O salmo pode ter sido composto depois do exílio do reino do norte, Israel (2Rs 17), mas antes da queda de Jerusalém (2Rs 2 5 ) . (O salmista menciona Efraim e Manasses, duas tribos do norte, e a tribo de Benjamim, ao sul, que às vezes está ligada a elas, mas não menciona Judá). Israel é descrito como uma grande vinha plantada por Deus (8-16), que se estende até as montanhas e os cedros do Líbano, no norte (10); até o Mediterrâneo, a oeste; e até o rio Eufrates, a leste ( 1 1 ) . • Pastor (1) Veja nota no Sl 23.1. • Cercas (12) As cercas que rodeavam e protegiam a vinha.
Salmos
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Deus e o universo David Wilkinson
Embora nem todos os cristãos concordem quanto ao mecanismo da criação, a posição da Bíblia sobre o relacionamento entre Deus e o universo é clara, em princípio. Um só C r i a d o r
Deus é o único Criador do universo. Seja qual for o mecanismo usado ou o período de tempo que se tem em vista, a Bíblia enfatiza que tudo no universo deve sua existência à vontade soberana de Deus (veja, p. ex., Gn 1.1; Jo 1.3; Cl 1.16). Portanto, a Bíblia desafia o "cientismo", isto é, a crença de que a ciência tem a única explicação sobre a origem do universo. A ciência pode descrever como Deus o fez, mas não responde por que o universo existe. A Bíblia questiona todas as formas de adoração da natureza, seja no animismo ou em alguns ramos da Nova Era, ao enfatizar a distinção entre Deus e a criação. Também nos desafia em termos de preocupação pelo meio ambiente. 0 mundo não existe para ser usado da forma que bem entendemos, mas é a criação de Deus que nos foi entregue para que dela cuidemos. Ordem
Deus é a fonte da ordem no universo. É Deus quem mantém o universo em existência, e a sua fidelidade é o fundamento daquilo que chamamos de leis da ciência (Cl 1.17). Isto, na verdade, forneceu uma base para a ciência moderna e hoje permite que se considere a ciência uma atividade cristã legítima. A ciência revela a ordem do universo ou, como disse Kepler, a ciência pensa os pensamentos de Deus depois que ele já os pensou. Relacionamentos
Deus coloca os relacionamentos
no centro do universo. Ao contrário das histórias babilónicas de criação, nas quais os seres humanos são criados apenas como escravos dos deuses, a Bíblia indica que o ápice da ordem criada é a oportunidade de homens e mulheres se relacionarem com o Deus Criador. Só eles foram criados à imagem de Deus, receberam intimidade de relacionamento e a responsabilidade da administração (Gn 1.26-28; 2.4-25; SI 8.3-8). O mundo não deve ser adorado como se fosse um organismo divino, nem abusado como se fosse uma máquina impessoal; deve ser usado para o bem, sob a responsabilidade dada pelo Criador que quer estar bem próximo dos seres humanos. Adoração
O Deus do universo quer ser adorado. A Bíblia não discute o relacionamento de Deus com o universo em termos puramente acadêmicos. Como o SI 8 e o SI 19 deixam claro, quando contemplamos o universo de Deus somos inspirados a adorar — a admirar a originalidade, o cuidado e a beleza do Criador. Salvando o universo
Deus realiza a sua obra de salvação dentro do universo. O mesmo Deus que é maior que o universo, que cria e sustenta o universo em cada momento de sua existência, também age nele. A salvação foi realizada pela ação do Deus eterno em pontos determinados da história do universo, especialmente na vida, morte e ressurreição de Jesus (Cl 1.15-20).
Transformando o universo
O propósito de Deus não se limitada a este universo. Embora a Bíblia insista que a criação seja boa (Gn 1.31), também reconhece que, por causa da queda da humanidade, o universo não é como deveria ser. Isto representa um tema central que se cumprirá quando Deus criar um novo céu e uma nova terra, conforme descrição de Ap 21.1. A segunda vinda de Cristo significa uma transformação no próprio universo.
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Poesia e Literatura de Sabedoria SI 8 1 : A m e n s a g e m d e D e u s p o r o c a s i ã o d a colheita Esta é uma canção festiva. Vs. 1-5: o povo é convocado para a festa da colheita (Tabernáculos/Barracas). Deus traz à memória do povo tudo que havia feito por eles (6-7) e tudo que desejava lhes dar (10,14-16). Mas por causa da desobediência obstinada, eles não quiseram ouvir a voz de Deus e optaram pelo castigo (8-9,11-13). • V. 3 A trombeta de chifre de carneiro anunciava o início da festa.
"Quão
• U m a l i n g u a g e m q u e e u n ã o conhecera ( 5 ,
amáveis são os teus tabernáculos,
ARA) Afirmação estranha, a não ser que se refira ao tempo anterior a Moisés (veja Êx 6.3). • V. 6 Uma descrição da escravidão de Israel no Egito. • Meribá (7) Veja Êx 17.1-7.
SENHOR
dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios lio
St.vituH;
o meu coração e a minha carne exultam pelo Deus vivo! O pardal encontrou casa, e a andorinha, ninho para si, onde acolita os seus filhos; eu, os teus altares, SENHOK
dos Exércitos, Rei meu e Deus meu,"
Sl 82: A justiça d e D e u s Este salmo pode ser interprciado literalmente: Deus repreende os deuses das nações por sua injustiça e opressão (no AT, não se nega a existência de outros seres sobrenaturais; apenas se nega que tenham poder: v. 6). Esta cena lembra Jó 1.6. Outra possibilidade é interpretar o salmo como referência à corrupção e injustiça encontrada nos tribunais: Deus está pedindo aos juízes que se expliquem. Neste caso, a palavra "deuses" (1) significa aqueles que exercem o direito divino de julgar os outros. O v. 6a é citado por Jesus (veja Jo 10.34).
SI 84.1-3 (ARA)
Sl 83: S o b a t a q u e i n i m i g o A nação estava em grande perigo por causa de uma aliança de todos os velhos inimigos (6-7) com a poderosa Assíria ( 8 ) . O povo clama pela ajuda de Deus, lembrando as vitórias passadas (9-11): "Faze-lhes como fizeste a..." Sua vitória mostrará que há apenas um Deus c todas as nações estão sujeitas a seu governo soberano (18). • Descendentes de Ló (8) l.ó gerou Moabe e Amom (veja Gn 19.36-38). • Vs.9-12 Veja Jz 4—5. Orebe, Zeebe, Zeba e Zalmuna eram príncipes midianitas que Gideão mandou matar (Jz 7—8). Sl 84: C a n ç ã o d o p e r e g r i n o O peregrino se dirige a Jerusalém para uma das grandes festas anuais. Seu coração canta de alegria ao pensar na possibilidade de adorar a Deus em seu Templo. As pessoas mais felizes do mundo, na opinião dele, são aquelas que podiam ficar sempre ali (4,10).
• Baca (6, ARC) Possivelmente um vale pelo qual o peregrino passava a caminho para Jerusalém. Mas "vale árido" (ARA) e "Vale das Lágrimas" (NTLII) dão a idéia. Sl 85: O r a ç ã o p e l a n a ç ã o O povo louva a Deus pelo seu perdão no passado ( 1 - 3 ) e implora por salvação no presente (4-7). Tudo que o salmista havia experimentado e sabia a respeito do amor e da fidelidade de Deus o enchia de otimismo (8-13). O que Deus ainda tem para dar excede cm muito a sua bondade no passado. Conforme a bela descrição dos vs. 10-11, o mundo vai muito bem, como lugar de justiça, verdade e paz. Sl 86: O r a ç ã o na a n g ú s t i a Título hebraico: "Oração de Davi". Por conhecer a Deus — e todo o seu amor e bondade (5,7,13,15), bem como o seu poder (8-10) — o salmista pode lhe apresentar com confiança o seu problema (1-4,6-7,14). Mesmo angustiado, ele confia na ajuda de Deus. • Necessitado (1) Não em termos materiais ou financeiros, mas diante de Deus. Sl 87: A c i d a d e d e D e u s Este salmo festivo prevê o futuro glorioso que Deus tem planejado para a sua cidade santa. Sião (o monte do Templo em Jerusalém) será o centro e a capital das nações, lodos serão considerados cidadãos (4-5), até velhos inimigos como os filisteus e as nações que escravizaram Israel (Egito c Babilônia). O AT considera este triunfo mais em termos materiais e geográficos; o NT, em termos espirituais (Ap 21.1—22.5). • Raabe (4) Aqui, uma forma poética de se referir ao Egito (veja NTLH). Sl 8 8 : U m grito d e d e s e s p e r o Título hebraico: "de Hemã, o ezraíta" (veja Livro 3, acima, e lCr 6.33-38). Este é o mais sombrio de todos os salmos. Aqui está um homem que sente que a vida está se esvaindo (3-9a) e que não tem esperança alguma para além da morte (10-12). 0 único a quem ele pode se dirigir é Deus, cuja ira pesa sobre ele (7-8,13-18). Ele está na mais profunda depressão. Mas a sua fé resiste — se não fosse assim, como explicar seu insistente pedido de ajuda dirigido a Deus?
Salmos passageiros quanto a relva (5-6). Nossa vida termos (que, no original, incluem "Shcol" e é curta, e até ela se passa ou é vivida sob o "Abadom ) se referem ao sombrio mundo dos juízo de Deus (7-10). O salmista apela para a mortos. Veja "Posições do AT com relação ao compaixão de Deus, pedindo que lhe devolva a alegria e a felicidade (13-17). pós-morte". • V. 12 Os verdadeiros sábios são aqueles que SI 89: H i n o e o r a ç ã o temem a Deus e sua revelação (veja Pv 1.7). Título hebraico: "de Etã, ezraíta" (veja Livro 3, acima, e lRs 4.31). O salmista canta SI 9 1 : Confíe e m D e u s a história do amor fiel de Deus por Israel, e fique t r a n q ü i l o sua aliança e promessa de uma dinastia eterNeste salmo, a voz da pessoa que confia em na de reis feita a Davi (1-37). Ele se regozija Deus (1-13) e a voz do próprio Deus (14-16) no poder e na justiça do Deus Criador (5-14). transmitem incentivo e segurança. Nada podé Mas no v. 38 o tom muda dramaticamente. causar dano àqueles a quem Deus protege Deus é acusado de quebrar a sua aliança com — nem homens, nem animais, de dia ou de o seu rei (38-45). Onde estavam as antigas noite; nem guerra, nem doença. (Isto não sigpromessas? Onde estavam as provas do amor nifica que a vida será um mar de rosas, senão passado? "Até quando..." (46-51)? o v. 15 não teria sentido.) O v. 52 não está diretamente relacionado • Vs. 1 1 - 1 2 Satanás citou estes versículos com o SI 89. E a "doxologia", acrescentada para tentar Jesus (Lc 4.9-12). Mas Cristo não para indicar o final deste terceiro livro de sal- precisava testar a verdade da palavra de Deus, mos (veja introdução). e ele não viera ao mundo para optar pelo • Raabe (10) Referência à ordem que Deus caminho mais fácil. impôs ao caos no momento da criação. As • V. 1 6 A vida longa era considera, na época, forças da desordem são representadas por uma recompensa dada aos bons. este monstro do abismo. • Tabor e H e r m o m (12) Tabor é um pequeno SI 92: " U m cântico p a r a o dia monte de pico arredondado que fica perto de s á b a d o " de Nazaré. Foi desse monte que Débora e Este alegre salmo de ação de graças pelo Baraque desceram rumo à vitória (Jz 4—5). que Deus tem feito (5-9), acompanhado de 0 Hermom é um monte de 3.000 m de altura música e canto, era usado no culto público do que fica na fronteira com o Líbano. Templo. Na segunda parte (10-15), o salmista • V. 1 9 Isto pode referir-se á mensagem de celebra a bondade de Deus cm relação a cada indivíduo e a todo o seu povo. Nata a Davi (2Sm 7.8-16).
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• M o r t e , cova, a b i s m o s ( 3 , 4 , 1 1 , ARA) Fsics
SI 9 0 — 1 0 6
Livro 4 Neste Livro, poucos são os salmos que têm um título hebraico que faça alguma conexão específica (com um autor ou uma circunstância histórica). Mas, como a maioria dos salmos nos Livros 2 e 3, se destinavam, de modo geral, ao uso no culto público. Todos, com exceção de três (90; 101; 103), são anônimos. SI 90: V i d a curta e difícil 0 título hebraico associa este salmo a Moises, embora muitos estudiosos duvidem que ele seja o autor. Seu caráter sombrio e o tom quase fúnebre o aproximam do livro de Eclesiastes. Comparados com a eternidade de Deus (1-4), nós, seres humanos mortais, somos tão
SI 93: "O S e n h o r r e i n a " O Senhor é Rei sobre todo o mundo — a terra e o mar — rei eterno e todopoderoso. Suas leis são imutáveis e o Templo é santo para sempre com a presença de Deus. Sl 94: A j u s t i ç a d e D e u s O salmista se dirige a Deus, que c o juiz de todos, pedindo que castigue os ímpios. Esses orgulhosos merecem o castigo de Deus |x>r oprimirem o seu povo e por desprezarem abertamente as leis de Deus (1-6). Quanta estupidez pensarem que podem enganar a Deus (7-11)! Mas, embora a idéia de vingança nunca esteja totalmente afastada (20-23), o salmista se anima ao pensar em Deus (12-19). Os Sl 9 5 — 1 0 0 foram escritos em louvor exultante ao Deus que reina sobre a criação.
"(I SlMIOII Deus, como e" bom dar-ti graças! Como e bom cantar binos em flui honra. ó Altíssimo! Como i- b o m anttiu tarde manhã o teu amor c de noite, a tua fidelidade, com a música de uma harpa i/c
"Quando estou aflito e preocupado. tu file Oill-iillls e me alegras." Sl 94.19 (NTi.ll)
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Poesia e Literatura de Sabedoria
Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos Lendo o livro de Salmos, os cristãos inevitavelmente se deparam com dois aspectos bem problemáticos: • a autojustificação dos salmistas • sua tendência de pedir e verbalizar a mais terrível vingança contra seus inimigos. Não podemos simplesmente descartar essas passagens ofensivas. Elas aparecem ao lado de passagens que ninguém questionaria. É claro que os salmistas não conheciam o ensinamento de Cristo de que devemos amar e perdoar até os nossos inimigos. Mas eles tinham a Lei, que os instruía a não guardar rancor nem procurar vingança (Lv 19.17-18). Mesmo no caso dos inimigos, eles deviam devolver animais perdidos e resgatar o jumento que caísse debaixo de sua carga (ÊX 23.4-5). A lei não autorizava a retaliação; ela a colocava dentro de limites (olho por olho,
gostemos desse seu espírito de autojustiça, se analisamos deste ponto de vista o que ele faz, temos de concordar que ele certamente "está com a razão". Maldição e vingança
Aqui, alguns pontos devem ser lembrados. • O primeiro ponto diz respeito à santidade de Deus. Ao enfatizar o amor de Deus, temos, hoje, a tendência de ser excessivamente sentimentais com relação ao mal e suas diferentes manifestações. Mas os salmistas vêem Deus como Aquele "que é puro demais para contemplar o mal", que não pode aprovar a maldade. E é isto o que motiva seus pedidos de vingança sobre os ímpios. O próprio caráter de Deus — seu santo nome — exige isto. e nada mais). • Os salmistas são realistas ao reconhecer que o bem não pode Autojustificação triunfar sem a derrota do mal e o castigo do erro. Oramos, "Venha Dois comentários podem ser o teu reino", mas muitas vezes úteis. ignoramos o que isto realmente • O salmista estava reivindicando significa. Os salmistas expressam o justiça comparativa, não absoque significa retribuição. Podemos luta (isto é, em comparação com nos perguntar se somos realmente outras pessoas, não medida pelos superiores a eles em nossa repulsa, padrões de Deus). Uma pessoa boa ou se, talvez, temos menos apreço pode pecar e continuar sendo boa. pelo bem, menos aversão ao mal Há grande diferença entre aqueles do que eles tinham. Já sofremos que procuram fazer o bem e aqueperseguição real por causa da les que deliberadamente rejeitam nossa fé? Será que damos mais as leis de Deus e da sociedade. O valor à justiça ou à vida? rei Davi é um bom exemplo disto: ele estava ciente das suas falhas Se os salmistas de fato se alegram perante Deus (veja SI 51 e S119.12-13). com o destino dos maus, se a vinganNos salmos, profundo arrependi- ça pessoal se instala sorrateiramente mento aparece lado a lado com sob o pretexto de serem zelosos pelo autojustificação. santo nome de Deus, então não resta • 0 salmista muitas vezes se descre- dúvida de que eles estão errados. ve como "um promotor indignado" Seria, neste caso, uma advertência que apresenta a sua causa diante terrível: nós mesmos podemos facilde Deus, o Juiz. E por mais que não mente incorrer no mesmo erro.
Mas nos salmos uma forma equivocada de pensar (se é que isto existe) nunca resulta em ações que sejam condenáveis. Não existe isso de os salmistas tomarem a lei em suas próprias mãos; não há Inquisição. A vingança é sempre vista como prerrogativa de Deus, e só dele.
Salmos Sl 95: C a n t e m o s c o m a l e g r i a Vamos louvar e adorar a Deus, nosso Criador (l-7a). Vamos escutar o que ele nos diz, pois ele espera que obedeçamos ( 7 b - l l ) . • V. 8 Veja Êx 17.1-7. Sl 96: " C a n t e m u m cântico n o v o " O povo de Deus canta e proclama a salvação de Deus, a sua grandeza e a sua glória, numa canção de alegria universal quando ele vem reinar com justiça. Sl 97: " O S e n h o r reina!" As imagens são de um poder extraordinário e uma luz brilhante, que tudo penetra. 0 salmista canta com gratidão por tudo que Deus tem feito. Deus é supremo, triunfante, o Salvador e deleite de lodos os que odeiam o mal, Sl 98: O S e n h o r vitorioso Cântico ao Deus vitorioso, que vem para governar o mundo com justiça. Que o mar e suas criaturas, a terra, os rios c os montes — tudo c todos — exultem dc alegria. • V. 6 Trombetas e cornetas soam para exaltar a entronização de Deus. Sl 99: O S e n h o r e n t r o n i z a d o Deus, o Rei, o Santo, está no seu trono. Deus perdoa e corrige o seu povo, do menor ao maior. Louvem e adorem o Senhor! Sl 100: Rendei g r a ç a s e a d o r a i "0 SENI IOR é Deus" — foi ele quem nos fez — "o SENI IOR é bom". Que toda a terra cante e se alegre. O Sl 100 é um dos mais conhecidos e cantados de todos os salmos. • V. 3 Veja Dt 6.4. Esta é a fé de Israel. • Suas portas, seus átrios (4) Isto é, o Templo.
Sl 101: O m a n i f e s t o d o rei Título hebraico: "de Davi". O rei promete diante dc Deus eliminar o mal da vida privada e pública e recompensar a integridade. • Casa (2) A família e a corte real. • V.8 Muito provavelmente uma referência a sua administração diária de justiça em Jemsalém. Sl 102: S o f r i m e n t o 0 salmista era um jovem (23) cansado de sofrer. Ele abre o seu coração diante dc Deus. Os vs. 1-11 descrevem seu sofrimento: doente no corpo c na alma, insultado pelos inimigos, abandonado por Deus. Sua vida estava
se esvaindo (11), mas Deus não está sujeito ao tempo (24,27). Os vs. 12-22 podem ser um hino que o salmista incluiu na sua oração. Deus é Soberano para sempre (12). Certamente ele terá piedade de sua cidade e libertará o seu |X)vo (13-22). Os vs. 23-28 revertem para o lado pessoal. Certamente Deus responderá a oração do salmista. Sl 103: O a m o r e a m i s e r i c ó r d i a de Deus Título hebraico: "de Davi". Um salmo dc humilde e sincera gratidão a Deus por toda a sua bondade, mas acima de tudo por sua misericórdia e seu amor imutável. O que ele fez por um (1-5) ele faz por todos (6-18): logo, que todos em todos os lugares o louvem. • M i n h a a l m a ( 1 , 2 2 , ARA) Isto quer dizer "todo o meu ser", como lb deixa claro (veja também a NTLH). Sl 104: L o u v o r a o D e u s C r i a d o r Este salmo, tão rico em figuras e comparações, é um louvor ao Deus Criador e Sustentador de tudo, e tem paralelos cm textos do Egito e da Mesopotâmia. O salmista evoca a perfeição e a abrangência da obra criadora de Deus: as maravilhas, a grandeza, c os detalhes da terra e dc suas criaturas; o céu c o mar; o sol e a lua (1-24). Tudo é resumido no v. 24. Todas as criaturas dependem da provisão infalível de Deus (27-30) para continuarem com vida. Contemplar sua criação é ter um vislumbre da glória de Deus e leva a um hino de louvor (31-35). • Arganazes/lebres (18) Provavelmente o hiracóideo sírio, um animal pequeno e tímido, do tamanho de um coelho, que vive entre as rochas.
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Poesia e Literatura de Sabedoria • Leviatã
( 2 6 , NTLH)
Denominação
do
crocodilo e também (neste caso) do monstro marinho (veja ARA). SI 105: "Ele é o Senhor, nosso D e u s " Este salmo enfatiza Deus e o seu povo. O convite ao louvor (1-11) é seguido pela narrativa de como Deus escolheu Israel c lhe deu a terra (12-45): os patriarcas (12-15); a história de José (16-22; Gn 37—46); a libertação do Egito (23-38; Êx 1—12); a provisão de Deus no deserto (39-42; Êx 16—17) e a conquista de Canaã (43-45). Este é o Deus da aliança (8) que protege e salva. "Cantem louvores a ele!" SI 106: Israel, o p o v o r e b e l d e de Deus O salmo começa com louvor pela bondade e pelo amor de Deus ( 1 - 5 ) . Mas, a partir do v. 6, se transforma numa confissão do pecado cometido pelo povo, desde o tempo em que estava no Egito até à época do salmista. Muitas foram as ocasiões em que Deus resgatou o seu povo, mas este quase que imediatamente tornava a desobedecer. Agora se encontram exilados ( 4 7 ) e o salmista clama a Deus: "Alguns "Salva-nos, SENHOR". viajaram O v. 48 é a "doxologia" acrescentada para em navios nos oceanos, indicar o final do quarto livro de Salmos. ganhando a vida • V. 7 O primeiro caso de rebelião (veja Êx nos mares; 14.10-12). eles viram o que • Cobiça/seus desejos (14) Pela boa comida o SKNHOK Deus do Egito. Deus lhes deu carne, mas castigoufaz, as coisas os com uma praga (Nm 11). maravilhosas que realiza • Vs. 1 6 - 1 8 Veja Nm 16. nos mares." Sl 107.23-24 (NT1.II)
S1107—150
Livro
5
Este último livro contém vários grupos de salmos. Segundo os títulos em hebraico, os SI 108—110; 138-145 são "de Davi/ segundo Davi". Outros grupos são formados pelos SI 113—118; 120-134 (com mais quatro salmos de Davi) e 146-150, que são apresentados mais adiante. SI 107: D ê e m g r a ç a s a o D e u s que salva Neste salmo festivo, um mesmo tema (vivemos em meio a problemas que nós mesmos criamos para nós, mas Deus nos resgata de todos eles) é apresentado cm quatro ilustrações: o viajante, 4-9; o prisioneiro, 10-16; o doente, 17-22; o marinheiro, 23-32. As circunstâncias variam de um indivíduo para outro, mas todos compartilham a mesma experiência: quando, em sua necessidade, clamam a Deus, ele ouve e responde. Todos têm igual motivo para louvá-lo. Os vs. 33-43 descrevem o amor imutável de Deus ao lidar com o seu povo. Que os sábios pensem nessas coisas e meditem no amor de Deus (43). Sl 108: U m h i n o a D e u s Título hebraico: "de Davi". O salmo é composto de partes do Sl 57 (vs. 7-11) e do Sl 60 (vs. 5-12). • V s . 7 - 1 3 Veja Sl 60.
Sl 109: P e d i d o d e v i n g a n ç a e de socorro Título hebraico: "de Davi". Pessoas a quem o salmista amava e tratava bem lhe pagaram o • E m H o r e b e . . . u m b e z e r r o (19) Horebe é bem com o mal. Não têm desculpa pelo ataque o monte Sinai. Enquanto Moisés estava no que o reduziu à condição de sombra (1 -4,22-25). monte, recebendo a Lei de Deus, o povo fez Nos vs. 6-19, sua amargura é expressa numa um bezerro de ouro para adorar segundo o terrível maldição, que, no entendimento do costume egípcio (Êx 32). salmista, é um castigo adequado: "Ele gostava • Terra de Cam (22, ARA) O Egito (veja SI 78). de amaldiçoar: que a maldição caia sobre ele! • Baal-Peor (28) O povo começou a adorar Ele não gostava de abençoar: que ninguém o ídolos e ficou sujeito ao juízo de Deus (Nm 25). abençoe" (17). Era "olho por olho, dente por dente", como a lei permitia. Veja "Autojustifi• Meribá (32) Veja Nm 20.2-13. cação, maldição e vingança nos Salmos". Para • N ã o e x t e r m i n a r a m . . . A n t e s , se m e s c l a r a m (34-35) Jz 1—2 resume esta parte da história aqueles que seguem o caminho de Jesus, o de Israel. Daquela época em diante (40-46), desejo de vingança deve dar lugar ao amor, a história tornou-se um padrão repetitivo de até pelos inimigos (Mt 5.43-48). rebelião contra Deus, seguida de ocupação inimiga, seguida de arrependimento, seguido Sl 110: "Rei e s a c e r d o t e de libertação, seguida de nova rebelião contra p a r a s e m p r e " Deus. Título hebraico: "de Davi". Este salmo real
Salmos (para uma coroação?) fala em lermos proféticos ião ideais (1-4) que é visto como profecia sobre o Cristo, o futuro Rei divino. O v. 1 é a passagem do AT mais citada pelos autores do NT, que identificam este Rei — o Messias — com Jesus. Veja, p. ex., Mt 22.44; Lc 20.42-43; Hb 10.12-13. Veja "Cristo nos Salmos". • Melquisedeque (4) O misterioso reisacerdote a quem Abraão deu o dízimo de seus bens (veja Gn 14.17-20). Hb 5—7 aplica este conceito a Cristo.
humano. Em seu amor, ele desce até o "pó" (7), para erguer o pobre e o necessitado. Sentindo a tristeza da mulher estéril, Deus lhe traz alegria, ou seja, respeito em vez de desgraça. • M o n t u r o (7) O monte de lixo, lugar aonde iam as pessoas rejeitadas (veja Jó 2.8). NTLH traduziu por "miséria".
SI 111: L o u v o r a D e u s Este salmo apresenta a mesma forma do SI 112, ou seja, ambos consistem em 22 frases, cada uma delas começando com uma letra do alfabeto hebraico em ordem sucessiva. O salmista se alegra com a grandeza de Deus: sua fidelidade e justiça; sua integridade e confiabilidade; sua providencia e salvação. 0 lema central do salmo é a aliança de Deus, as promessas pelas quais ele se compromete com o seu povo e que ele jamais esquecerá (5,9). O temor de Deus é o verdadeiro ponto de partida de toda a sabedoria humana (10). SI 112: Feliz é q u e m confía em Deus e faz a s u a v o n t a d e Este é um salmo de sabedoria (quanto aos demais, veja nota no SI 1). Para a forma em acróstico, veja SI 111, acima. Felizes são aqueles que obedecem a Deus e se preocupam com os outros. Sua recompensa é certa. Seguros e confiantes, eles podem fazer frente aos problemas da vida. • Vs. 2-3 O salmista descreve a recompensa em termos materiais porque na sua época não havia um conceito claro da vida após a morte. 0 que ele diz é verdadeiro em termos gerais, mesmo que por vezes não se confirme na prática. O povo de Deus não está livre de más notícias, mas recebe os recursos necessários para lidar com elas (7-8). Os SI 113—118 formam um grupo de salmos ligados tradicionalmente às festas judaicas da Colheita (Tabernáculos/ Barracas) e da Páscoa. Nos lares judeus, os SI 113—114 são cantados antes da refeição da Páscoa; os SI 115—118, depois dela (veja Mt 26.30). SI 113: N o s s o D e u s i n c o m p a r á v e l Deus está acima e além da sua criação, porém está perfeitamente ciente do sofrimento
• V. 9 Não ter filhos era visto como sinal do desfavor de Deus — um castigo (ISm 1.6; Lc 1.25). SI 114: H i n o d a P á s c o a Esta era a festa que lembrava a saída do Egito, no êxodo. O povo recorda como Deus os libertou quando eram escravos e fez deles o seu próprio povo. V 3: Ele fez retroceder o mar (Ex 14) c o rio Jordão (Js 3) para deixálos passar. Ele lhes deu de beber no deserto (8; Êx 17; Nm 20). SI 115: O único e v e r d a d e i r o D e u s vivo Este salmo mostra como muitos salmos eram cantados: um solista tomava a frente e a congregação respondia (9-11, e t c ) . Há um nítido contraste entre Deus, que é todo-poderoso, amoroso, e fiel, e os deuses das outras nações, que são ídolos morios e sem poder (1-8). Com a resposta de confiança (9-11) e de certeza da bênção de Deus (12-15), o salmo conclui retomando o tema de Deus e seu povo (16-18).
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Poesia e Literatura de Sabedoria
"Rendei graças ao SENHOR, porque ele c bom, porque a sua misericórdia dura para sempre." SI 118.1
(ARA)
Ao exemplo desres judeus de hoje. carregando o rolo da Tora, o SI 119 celebra a lei (revelação) de Deus, que dá vida. "Quão doces são as luas palavras ao meu paladar! Mais que o mel à minha boca." (SI 119.103)
• Casa d e Arão (12) "Sacerdotes de Deus". • V. 17 O louvor é coisa dos vivos; a morte faz a língua emudecer. SI 116: "Deus salvou a minha vida" Salvo da morte em resposta à oração, o salmista vai ao Templo para fazer a sua oferta de ação de graças. A lembrança dos momentos terríveis em que a sepultura ameaçou tragá-lo, com medo e perigo por toda a parte, está bem presente nessa hora em que, cheio de gratidão a Deus, ele abre o seu coração. • Cálice da salvação (13) Este era o cálice de vinho que ele beberia como parte da oferta de ação de graças que prometera fazer (veja NTLH). Deus lhe devolveu a vida, e agora ele lhe dá graças. SI 117: C o n v o c a ç ã o a o l o u v o r O salmista convida todas as nações para louvarem o Senhor. Com seu amor e cuidado
constante por Israel, Deus mostra qual é o seu propósito para cada nação (veja Rm 15.11). SI 118: H i n o d e vitória O hino era cantado em procissão pelo rei, pelos sacerdotes e pelo povo. Ao se aproximarem do Templo, o rei recorda a vitória conquistada com a ajuda de Deus (1-18). Vs. 19-27: a procissão, pessoas com ramos nas mãos, se desloca dos portões em direção ao altar. • V. 2 2 A desprezada nação de Israel se tornou uma grande potência. Na época de Jesus, no entanto, Israel perdera sua posição privilegiada (Mt 21.42-43). SI 119: E m e x a l t a ç ã o à p a l a v r a de Deus Este é o mais longo de todos os salmos — e também o mais formal e elaborado em termos de conteúdo. Ele tem 22 seções de oito versículos. Cada seção começa com uma letra sucessiva do alfabeto hebraico em ordem sucessiva, e cada versículo da seção começa com a mesma letra. Dentro desse padrão estilizado o salmista fez uma série de afirmações distintas, embora não isoladas nem desconexas, sobre a "lei" (o ensinamento que vem de Deus e as suas instruções para a vida) e sobre o indivíduo, intercaladas com orações freqüentes. Ele usa dez palavras diferentes para descrevê-la: lei de Deus, testemunhos (instrução), preceitos, estatutos, mandamentos, decretos, palavra, caminhos, promessa, e juízos. E faz uso de uma ou de outra dessas palavras em quase todos os versículos. Aparentemente o salmista gostou tanto da disciplina estabelecida por essa forma poética complexa quanto gostava do próprio estudo da lei. Em ambos os casos, a verdadeira liberdade se encontrava na restrição. O salmo mostra a forma ardente e persistente com que ele se dedicou à tarefa de entender a lei. Ele havia memorizado a lei. Ele queria saber mais a respeito dela. Não permitia que nada o desviasse dela. A vontade de Deus expressa em seu ensinamento governava o estilo de vida e a conduta do salmista, davalhe esperança e paz, e o conduzia à vida e à liberdade. Sua confiança nela era ilimitada. Desobediência à lei era algo que o incomodava de verdade. Sua obediência, seu amor e sua consideração pela vontade de Deus (o cerne do que mais tarde seria chamado de "reino" de Deus) representam um desafio constante para todo o crente.
Salmos O fato de o SI 1 1 9 enfatizar que a vida realmente feliz é aquela que está profundamente arraigada no temor de Deus conecta este salmo com outros salmos de sabedoria (veja nota no SI 1 ) . Os SI 120—134, cada um dos quais traz o título hebraico "Cântico de Romagem", são uma coleção de cânticos provavelmente cantados por peregrinos a caminho do monte do Templo em Jerusalém para uma festa religiosa. Em vários deles o pensamento e as imagens giram em torno da cidade santa. SI 120: F u s t i g a d o p o r l í n g u a s traiçoeiras Muitos salmos, como este, estão cheios de referências aos pecados da língua: mentiras, escândalos, difamação, hipocrisia. O seguidor de Deus pode sofrer tanto pelo que as pessoas dizem quanto pelo que elas fazem. • V. 5 Forma poética de dizer que está vivendo entre selvagens!
SI 121: D e u s , o n o s s o protetor Aqueles que confiam em Deus sabem a quem recorrer na angústia. Com Deus a guardá-los, nada lhes poderá fazer mal. • Montes (1) Podem simbolizar perigo, ou a referência pode ser ao monte do Templo (monte Sião) e à presença de Deus. • Lua (6) Seu brilho era considerado prejudicial. SI 122: J e r u s a l é m , c i d a d e de D e u s Título hebraico: "de Davi". O peregrino ora pela paz da cidade, centro do culto e sede do governo de toda a nação. • V. 8 Uma referência aos patrícios que moravam na cidade. SI 123: P e d i d o de m i s e r i c ó r d i a O salmista se volta para Deus, que cuida daqueles que os ricos tratam com desprezo. O v. 1 é um solo; depois o grupo fala.
387 "A tua palavra ê lâmpada para guiaios meus passos, é luz ipte ilumina o meu caminho." SI
119.105
(ÍNTLH)
Os peregrinos
cantavam salmos quando se dirigiam a Jerusalém para celebrar as grandes festas no Templo de Deus. SI 120— 134 estão entre esses "cânticos de romagem"
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Poesia e Literatura de Sabedoria
Cristo nos Salmos
0 significado primário de cada salmo deve ser sempre buscado, antes de tudo, no seu contexto histórico imediato. Mas isto não esgota seu significado. Ninguém consegue ler Salmos sem perceber que certos salmos e versículos de salmos têm um significado mais profundo e futuro, um sentido que vai além do simples significado das palavras. 0 Messias não é mencionado por nome, mas sua pessoa é profetizada, como gerações posteriores de judeus vieram a perceber. E os escritores do NT trataram de aplicar esses versículos a Jesus como o Messias profetizado. • Alguns salmos, especialmente os "salmos reais" (entre os quais destacam os de número 2; 72; 110), apresentam a figura de um rei/ sacerdote/juiz divino e ideal que nunca foi encontrado no plano histórico, ou seja, jamais teve cumprimento pleno em nenhum dos reis de Israel. Apenas o Messias combina estes papéis no reinado universal e eterno de paz e justiça previsto pelos salmistas. • Outros salmos descrevem o sofrimento humano em termos que pareciam artificiais em relação
à experiência do dia a dia, mas que acabaram sendo uma descrição extraordinariamente precisa dos sofrimentos de Cristo. Sob a inspiração de Deus, os salmistas escolheram palavras e ilustrações que assumiriam um significado que nem eles imaginavam. O SI 22, o salmo que Jesus citou quando estava pendurado na cruz (v. 1; Mt 27.46), é o exemplo mais marcante. Compare o v. 16 com Jo 20.25; o v. 18 com Mc 15.24. (Veja também SI 69.21 e Mt 27.34,48.) • Também há muitos outros versículos nos salmos que os escritores do NT aplicam a Jesus como o Cristo: SI 2.7,"tu és meu filho": At 13.33 SI 8.6, "sob seus pés tudo lhe puseste": Hb 2.6-10 SI 16.10, "não deixarás a minha alma na morte": At 2.27; 13.35 SI 22.8, "livre-o ele": Mt 27.43 SI 40.7-8, "agrada-me fazer a tua vontade": Hb 10.7 SI 41.9, "meu amigo íntimo... levantou contra mim o calcanhar": Jo 13.18 SI 45.6, "o teu trono... é para todo o sempre": Hb 1.8 SI 69.9, "o zelo da tua casa me consumiu": Jo 2.17
SI 124: D e u s , o S a l v a d o r d o seu p o v o "Se o S E N H O R não estivesse do nosso lado..." As conseqüências são impensáveis. Pois sem a ajuda de Deus a nação não teria sobrevivido aos ataques de seus inimigos. O mérito era todo de Deus. (Quantas vezes isto se comprovou na história de Israel!) SI 125: S e g u r a n ç a e m D e u s Aqueles que confiam em Deus desfrutam de segurança inabalável, sólida como o próprio monte do Templo. Os ímpios não preva-
S1110.4, "sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque":Hb7.17 S1118.22, "a pedra que os construtores rejeitaram...": Mt 21.42 SI 118.26, "Bendito o que vem em nome do Senhor": Mt 21.9.
lecerão para sempre. Que isto lhes sirva de aviso! SI 126: Riso e l á g r i m a s Este salmo muitas vezes é associado ao retorno do exílio e as dificuldades daqueles tempos. Os vs. 1-3 expressam a alegria exuberante do povo com a bênção de Deus; os vs. 4-6, a necessidade de experimentá-la novamente (ou uma oração para a restauração da nação como um todo). • V. 4 Durante a maior parte do ano o leito dos rios no deserto do sul (Neguebe) fica seco,
Salmos mas com a chegada das chuvas a água jorra em torrentes. SI 127: S e m D e u s , n a d a feito Título hebraico: "de Salomão". Este é um salmo de sabedoria (veja nota no SI 1 ) . O esforço humano é inútil se Deus não estiver nele. Pelo que parece, a ligação entre os vs. 2-3 é que a provisão normal de Deus vem através do dom dos filhos, que são a chave da futura segurança financeira da família. • V. 5 Junto à porta da cidade eram resolvidas questões jurídicas e se fechavam negócios. Aqui, os filhos crescidos ajudam seu pai a defender os interesses da família. SI 128: Feliz a q u e l e q u e t e m e o Senhor Este salmo dc "sabedoria" (veja comentário do SI 1) emende que a obediência a Deus é o caminho para se alcançar a benção (material). O salmista descreve tudo aquilo que as pessoas da sua época mais queriam da vida. Veja também SI 112.2-3. O NT muda esse conceito, colocando a bênção espiritual em lugar da recompensa material. • V. 3 A vinha e oliveira eram símbolos de paz e abundância: a plenitude da bênção de Deus. SI 129: O s i n i m i g o s de I s r a e l No v. 1, o solista convida a congregação a considerar os maus tratos sofridos dos inimigos de Israel (2-4). Os vs. 5-8 são uma invocação do juízo de Deus sobre eles (veja "Auioju.siificação, maldição e vingança nos Salmos"), • V. 3 Os açoites dos capatazes fizeram cortes c vergões em suas costas. • V. 6 Sementes de capim ou de outras ervas, levadas pelo vento ou jogadas sobre o telhado da casa (uma laje no estilo da parede de pau a pique), brotavam e começavam a crescer, mas logo eram queimadas pelo calor do sol. • V.8 O transeunte normalmente pronunciava uma bênção como forma de saudação. Um equivalente moderno seria a frase, "Vá com Deus". SI 130: "Escuta, Senhor, a m i n h a voz!" Este é um salmo de arrependimento (veja comentário no SI 6). Orando e esperando pela ajuda de Deus, a atitude de salmista é de profunda confiança. Ele implora a Israel que confie como ele, pois o Senhor salvará o seu povo do caos que seus pecados causaram.
SI 131: S a l m o d e confiança singela Título hebraico: "de Davi". O salmista colocou de lado toda arrogância e vaidade. Em Deus ele está satisfeito e tranqüilo, como criança nos braços da mãe. (Esta é uma das mais belas ilustrações maternas dc Deus na Bíblia.) SI 132: P r o m e s s a s de D e u s a Davi Este salmo real reflete a transferência da arca da aliança para o Templo dc Jerusalém (veja 2Sm 6.12-15). A arca continha o registro da antiga aliança de Deus com o seu povo, renovada na sua promessa dc uma dinastia eterna para Davi (11-12; veja 2Sm 7.11-16). Em Jerusalém, a sede do governo, Deus havia escolhido Sião (o monte do Templo) como a sua morada, como o centro de adoração para o povo. O v. 17 aponta para o futuro: um grande rei estaria por vir. • Efrata (6, ARA) Belém, a cidade natal de Davi. • Jaar/Jearim (6) Abreviação de QuiriatcJearim, onde a arca foi mantida durante 20 anos após a sua devolução pelos filisteus. SI 133: A u n i d a d e f a m i l i a r do p o v o de D e u s Título hebraico: "de Davi". Este é um salmo de sabedoria (veja nota no SI 1). O tema é a harmonia familiar do povo de Deus, preciosa como óleo santo ou orvalho que cai sobre montes áridos. • V. 2 A imagem vem da consagração do sumo sacerdote: ele era ungido com óleo (Ex 29.7). • V. 3 O orvalho é símbolo de bênção. Aqui se vê o orvalho denso do monte Hermom caindo sobre os montes áridos ao sul, trazendo fertilidade. SI 134: O r a ç ã o v e s p e r t i n a Esta breve oração vespertina, feita quando da partida dos peregrinos, é o último do grupo de salmos intitulados "Cânticos de Romagem". Os vs. 1-2 parecem ser palavras que os peregrinos dirigem aos sacerdotes e levitas, que respondem com a bênção no v. 3. SI 135: U m hino d e l o u v o r a Deus Este salmo ecoa temas de vários outros salmos. Deus deve ser louvado por haver escolhido
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Poesia e Literatura de Sabedoria Israel (1-4), por sua grandeza (5-7,15-18), c por seus feitos poderosos (8-14). Que os levitas e todo o povo cantem cm seu louvor (19-21). • Seom... O g u e ( l l ) Veja Nm 21. SI 136: O " G r a n d e L o u v o r " (Hallel) Em hebraico, haltet significa louvor (como se pode perceber em aleluia: "Louvai ao S E N H O R ! " ) , e este salmo era cantado na Páscoa. A descrição das grandes obras de Deus na criação (4-9) e na história (10-24) se alterna com o refrão do povo, que fala sobre o amor eterno e imutável de Deus. • V. 5 A idéia da sabedoria como parceira de Deus na criação é retomada em Pv 3.19-20; 8.22-31. • V. 13 VejaÊx 14. • Vs. 1 9 - 2 0 Veja Nm 21.
"Sentados na beira dos rios da Babilônia, chorávamos quando lembrávamos de Jentsalém. Pendurumos as nossas liras nas árvores que havia ali." Sl 137.1-2 (NTI.H)
SI 137: O l a m e n t o d o s e x i l a d o s "Cantem para nós uma das canções de Sião", exigiam os conquistadores. Mas como os exilados poderiam cantar a Deus na terra estranha da Babilônia? As velhas melodias alegres dão agora um nó na garganta. A lembrança da terrível destruição da sua cidade e do Templo os sufoca. A dor se expressa num grito por vingança: "olho por olho". • Edomitas (7) Um povo que descendia dc Esaú e, portanto, tinha parentesco com Israel. Entretanto, séculos dc hostilidade havia criado uma barreira entre os dois povos. Os edomitas se alegraram com a notícia da destruição de Jerusalém (Ob 8—14). • V. 9 Veja "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos". Sem dúvida os israelitas haviam sido testemunhas dc tais atrocidades cometidas em Jerusalém pelo exército dos babilônios (8). SI 138: Cântico d e a ç ã o de graças Título hebraico: "de Davi". Deus respondeu a oração. Mais uma vez ele demonstrou seu amor fiel. Ele é grande e excelso, mas se preocupa com os humildes (6). O salmista não se cansa dc contar a história de como Deus ama e cuida das pessoas. SI 139: O D e u s q u e está e m toda a p a r t e Título hebraico: "de Davi". O salmo se refere à onisciencia e onipresença de Deus, não de forma abstrata, mas altamente pessoal.
Se Deus sabe tudo, ele me conhece a fundo, inclusive os meus pensamentos. Ele me conheceu antes mesmo de eu nascer (1-6,13-16). Se Deus está presente em todos os lugares, não importa aonde eu for, ele estará lá. Ele está sempre comigo (7-12,18b). Vou aliar-me com ele contra o mal. Que ele me examine e corrija tudo que está errado em mim (23-24). • Vs. 1 9 - 2 2 Este acesso de raiva nos pega de surpresa. Mas se o salmista era justo, sua lógica exigia que o mal fosse punido. SI 140: "Livra-me, S e n h o r " Título hebraico: "de Davi". O salmista está em apuros por causa da conspiração de homens violentos e do que eles falam contra ele. Ele pede a Deus que o proteja (1-8) e que castigue os seus inimigos (9-11), pois sabe e confia que Deus está do lado do bem e se opõe de forma implacável ao mal (12-13). • Vs. 9-11 Veja "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos". SI 141: "Vem d e p r e s s a ! " Título hebraico: "de Davi". Esta oração vespertina reconhece que a inclinação para o mal é uma força que deve ser levada em conta. O salmista pede que Deus o afaste das coisas que ele condena nos outros, quer se tratem de pensamentos, palavras, ou ações. Sl 142: O r a ç ã o a D e u s , nosso refúgio O título hebraico associa este salmo ao período em que Davi fugia e se escondia dc Saul numa caverna (ISm 23.19-28). Ele invoca aquele que o conhece completamente: o Senhor, seu refúgio. Sl 143: O r a ç ã o p e l a a j u d a de Deus Título hebraico: "de Davi". Este é o último dos sete salmos de arrependimento (veja comentário sobre Sl 6 ) . O salmista chegou ao fim da linha: não tem mais reservas nem recursos (3-4). Mas numa situação desesperadora sempre ainda existe um refúgio: o próprio Deus (5-12). "O Senhor... ensina-me... livra-me... mostra-me o caminho... livra-me das minhas aflições". Sl 144: Cântico a o D e u s d a vitória Título hebraico: "de Davi". O rei agradece a Deus pelas vitórias conquistadas (2,10). Que é
Salmos o ser humano, esse 'simples mortal', para que o grande Deus dele tome conhecimento (1-4)? Mas sempre de novo Deus vem socorrê-lo (5-11). O cântico termina com uma oração pela paz e prosperidade da geração futura (12-15; é possível que originalmente este trecho tenha sido um salmo separado). Os SI 145—150 são uni grupo de salmos em louvor a Deus, para serem usados, provavelmente, no culto público. São usados atualmente pelos judeus nas suas orações diárias. Os SI 146—150 começam e terminam com "Aleluia!", que significa "Louvai ao SENHOR". SI 145: L o u v e m o Senhor! Título hebraico: "de Davi". Este é um salmo alfabético (veja SI 9 ) . Uma letra, que faltava no texto hebraico, entrou nas versões atuais a partir da versão grega como o v. 13b. O uso da primeira pessoa do singular revela a natureza pessoal deste salmo, expressando louvor a Deus por sua grandeza e seu poder (l-7,10-13a), e também por seu caráter: amoroso, clemente, bom e fiel, justo e generoso. Deus supre e satisfaz as necessidades de todas as suas criaturas (8-9,13b-21). Portanto, "que todos os seres vivos louvem o Santo Deus para sempre!" SI 146: L o u v e m a D e u s , o auxiliador Este salmo de cunho pessoal se concentra em Deus, esperança e auxílio do seu povo. Ele é o Deus que é digno de toda a confiança e que cuida dos necessitados. Sempre de novo a Bíblia apresenta Deus como aquele que alimenta os famintos, cuida dos oprimidos, liberta os cativos, protege o estrangeiro c ajuda o indefeso. Compare os vs. 7-9 com Is 61 e Lc 4.16-19. SI 147: "Louve o seu D e u s , ó Sião!" A versão grega divide este salmo em dois, terminando o primeiro no v. 11. Este é o Deus Onipotente: ele controla o universo ( 4 ) , as estações (8), as nações (14), e os elementos (16-18). Seu poder o coloca acima e além da humanidade. Mas ele se importa com as pessoas, com os que estão sofrendo e são infelizes (2-3). Ele se agrada daqueles que o amam e respeitam (11). E ele dá ao seu povo a sua palavra para que a pratique (19). Aleluia!
SI 148: L o u v e a D e u s , toda a criação! Este salmo convida tudo que existe a louvar seu Criador: os anjos do céu, o sol, a lua e as estrelas; a terra e suas criaturas; os elementos; os animais selvagens e domésticos; os reis e todos os povos de todo lugar. E quem poderia louvá-lo melhor do que o povo a quem ele tanto ama (14)? • Águas que estão acima do firmamento (4) Isto é, a chuva.
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Os salmistas lirnrnm muitos exemplos do mundo natural da criação de Deus para expressar, não apenas beleza, mas também sofrimento.
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Poesia e Literatura de Sabedoria
"Aleluia! Louvai ao
SENHOR
do alto dos céus, louvai-o nas alturas. Louvai-o, todos os seus anjos; louvai-o, todas as suas legiões celestes. Louvai-o, sol e lua; louvai-o, todas as estrelas luzentes." SI 148.1-3
• Poder (14) No hebraico, chifre, uma figura para a força e o poder que Deus havia dado a seu povo. SI 149: O s fiéis l o u v a m a Deus Este é um salmo para ser usado em público pelo povo reunido. Em procissão triunfal, com pandeiros e danças, eles se alegram com a vitória que Deus lhes concedeu. Seus inimigos foram derrotados, sujeitados e punidos (7-9). • U m a nova canção (1) Veja SI 33.3. • Espada d e dois g u m e s ( 6 , ARA) No NT, a
espada de dois gumes é uma metáfora da palavra de Deus (Hb 4.12; Ap 1.16). • Vingança (6b-9) Vitória para os oprimidos implica necessariamente derrota para as forças opressoras. Veja também "Autojustificação, maldição e vingança nos Salmos". SI 150: L o u v e m a D e u s — c o m uma orquestra completa! Esta sinfonia de louvor é o grande clímax e final da coleção de salmos. Todos os instrumentos da orquestra do Templo (3-5) e todos os seres vivos são conclamados a entoarem um vibrante hino de louvor a Deus.
393 Resumo Livro de dizeres dos sábios para ensinar os jovens a viver corretamente. A verdadeira sabedoria se baseia no temor de Deus.
PROVÉRBIOS Provérbios é um livro de dizeres sábios. Não é uma simples antologia, mas um manual ou livro de texto oriental que, pela repetição de pensamentos sábios, ensina os jovens a viverem de forma sábia e correta. É uma sabedoria cristalizada em frases curtas e marcantes, em contrastes dramáticos e cenas inesquecíveis do cotidiano. Estabelece o que é certo e o que é errado (sem querer dar uma fórmula rápida para o sucesso), porque em Provérbios a "sabedoria" se baseia no temor de Deus e na obediência a suas leis. O "temor do Senhor" é a essência de toda a verdadeira sabedoria humana. Este é o ponto de partida. O livro de Provérbios aplica os princípios do ensinamento de Deus a todas as dimensões da vida: relações humanas, família, trabalho, justiça, decisões, atitudes, reações — tudo que fazemos, dizemos e até pensamos. Deus ensinou o que é melhor para nós. A experiência prova isto. O livro se divide em oito seções principais: uma introdução geral sobre a sabedoria (caps. 1—9); seis coleções de dizeres ou provérbios (10.1—31.9); e um poema alfabético ("acróstico") sobre a esposa ideal (31.10-31). Hoje de modo geral se aceita que o conteúdo dos provérbios remonta à época dos primeiros reis de Israel, embora o trabalho editorial tenha continuado por alguns séculos. O rei Ezequias, de Judá, que organizou parte do trabalho editorial (25.1), reinou 250 depois de Salomão. O livro tal como chegou até nós foi finalizado, ao mais tardar, na época de Josué (ou Jesus), filho de Siraque, que compôs o Eclesiástico (livro de sabedoria incluído entre as obras deuterocanônicas) por volta de 180 a.C. Não se sabe ao certo qual foi a participação exata de Salomão em tudo isso. Seu nome aparece no título, e ele foi o autor/compilador das duas coleções mais longas (10.1—22.16 e os caps. 25— 29). Salomão era um homem de sabedoria extraordinária (veja 1 Rs 3; 4.29-34) e sua corte se tornou um centro internacional de intercâmbio cultural. IRs 4.32-34 diz que Salomão "escreveu três mil provérbios e compôs mais de mil canções. Falou de árvores e plantas... dos animais, dos pássaros, dos animais que se arrastam pelo chão e dos peixes. Reis do mundo inteiro souberam da sabedoria de Salomão e mandaram pessoas para ouvi-lo."
Caps. 1—9
Através do casamento com a filha do Faraó, Salomão tinha relações estreitas com o Egito e provavelmente conhecia a Ensino de Amenemope, que tem um
Tudo sobre a sabedoria Caps. 10.1—31.9 Coleções de provérbios e dizeres Cap. 31.10-31
Poema sobre a esposa ideal
trecho muito semelhante a Pv 22.17—23.14, assim como outras coleções de provérbios. Ele e outros sábios da corte recolheram a sabedoria do Oriente, mas incorporaram em Provérbios apenas o que condizia com os padrões de Deus. Veja "Poesia e Sabedoria" Do cap. 10 em diante, é melhor ler Provérbios em pequenas doses, tomando alguns dizeres de cada vez. Outro enfoque , /./,-Ji-^iím^mi>i/aJB^ í
m . geral sobre um assunto especifico. E f.,-iÇi*-&rti~-importante lembrar que provérbios ^a-^ea^i.l são por natureza generalizações. Eles \*ftAjk4mJvfiiJí>t?w3ti"3afirmam o que é geralmente, não invariavelmente, verdadeiro. Os autores nao jãfa^&Z-yir-í^S negam que há exceções, mas estas não ^í^tf^ffí:»*?**^* estão incluídas nos dizeres proverbiais. ^ » Í / * * Í í * t i V ~ i t A f ~ Por exemplo, Provérbios afirma que aqueles que vivem segundo o padrão ^ • ^ ^ w t ^ s - s . i j de Deus serão bem sucedidos neste ^r*.*:^^*^»-***— ^ mundo. Esta é a verdade, de modo jÉ ^p»,*'.f**«í^ . geral. Mas não é uma "promessa" absoluta. Jó e, acima de tudo, a vida de o livro <
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Jesus nos mostram o outro lado da moeda. PVL—9
A verdadeira
Sabedoria
Pv 1.1-6: M e n s a g e m a o leitor O livro de Provérbios começa afirmando o seu propósito (2-6) e o fundamento em que se baseia (7). E dirigido especialmente aos jovens c aos não instruídos, mas ninguém é velho ou sábio demais paia aprendei. Provérbios c dizeres condensam sabedoria (não esperteza), e a sabedoria é o caminho para a vida.
do Provérbios encontra paralelos cm coleções •apicinlais de muros povos daquele tempo. Este papiro de Tclias. que data de cerca de 1000 a.C, contém parte da Sabedoria lie Amenemoftc. uma obra escrita no Rgito.
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Poesia e Literatura de Sabedoria • V. 1 Melhor se considerado título do livro todo, não apenas da primeira seção. Os provérbios de Salomão começam em 10.1.
ação nos mandamentos positivos e negativos que regulam a vida cotidiana e as relações interpessoais (3.27-35). O mestre transmite a instrução de seu próprio pai (4.1-9). A Sabedoria é a melhor opção, pois ela conduz à dá vida. Afaste-se do mal e das más companhias. • 3.19-20 Veja também 8.22-31.
Pv 1.7-19: C o n s e l h o s p a r a os j o v e n s O mestre dirige-se a seus alunos como um pai sábio faria com o seu filho. O jovem "Para ser tem uma escolha vital a fazer. Precisa optar sábio, é preciso entre a direção certa e a errada; entre a Pv 5: Seja fiel primeiro sabedoria e a insensatez; entre seguir o Seja sábio quando o assunto é mulheres. temer a Deus, caminho de Deus pela vida afora e tomar Não se deixe enrolar, especialmente por uma o SENHOR. " o seu próprio rumo. O mestre descreve as mulher casada. Ele é literalmente uma/emrae Pv 1.7 duas alternativas, e mostra para onde leva fatale. Encontre prazer em sua própria esposa: (KTLH) cada uma delas. Nos vs. 10-19, ele tenta ame-a e seja feliz. (Este assunto é retomado armar seu aluno contra a tentação. O tema em 7.6-27). de cada lição é o mesmo: "Busque a sabedoria". A repetição ainda é um bom método de Pv 6.1—7.5: C u i d a d o . . . ensino! Esta seção faz algumas advertências opor• T e m o r d o SENHOR (7) Esta é uma importante tunas. Não seja fiador de qualquer um (6.1-5). frase que se repete em Provérbios. Ela Cuidado com a preguiça (6.6-11). Cuidado descreve grande reverência e respeito por com os homens maus (6.12-19). Observe os Deus, expressa em obediência e dependência mandamentos de Deus. Eles o salvarão das de Deus e rejeição deliberada do mal (3.7). armadilhas de mulheres sedutoras. • Abismo ( 1 2 , ARA) O abismo da morte, o • Seis coisas... e a sétima (16, ARA) Veja 30.15. "Sheol" ou mundo dos mortos. • O l h o s t e n t a d o r e s ( 2 5 , NTLH) Algumas "Vai ter eüm coisas aparentemente não mudam! E muito a formiga, ó preguiçoso, Pv 1.20-33: O a v i s o d a S a b e d o r i a antes da época de Salomão as mulheres já considera Veja "Sabedoria em Provérbios c Jó". Em usavam rímel ou máscara na maquiagem para os seus caminhos e sê todos os lugares a Sabedoria está gritando ressaltar seus dotes naturais. sábio" (Pv 6.6). alto (20-21). Ela se dirige a todos. Escutem! • V. 2 7 NTLH traduz assim: "Será que você Em Provérbios, muiras das O que ela diz sobre aqueles que se recusam a pode carregar fogo no colo sem queimar a lições foram aprender é a pura verdade (22-32). Não há roupa?" extraídas do mundo insensatez maior que se recusar-se a "temer natural. o Senhor" (29). Pv 7.6-27: A s e d u t o r a • Sabedoria (20) O mestre apresenta a O mestre descreve um jovem que se deixa Sabedoria como uma grande dama. Ela seduzir por uma mulher casada. A julgar pelo compete pela atenção das pessoas com outra número de advertências em Provérbios, tramulher — Loucura — que está longe de ser tava-se de algo muito comum. Até Salomão, uma dama (veja cap. 9). com toda a sua sabedoria, era tão fraco neste "Confie no ponto quanto outro homem qualquer, e no fim SENHOR de todo suas mulheres estrangeiras o levaram a adorar Pv 2: "Se v o c ê m e o u v i r . . . " o coração outros deuses (lRs 11.1-13). A Sabedoria é encontrada através do conhee não se apoie na sua própria cimento de Deus. É difícil de obtê-la, mas vale • 7.17 As mesmas especiarias são mencionadas inteligência. à pena (1-10). Ela é proteção contra o erro e no SI 45.8 (um cântico de casamento) e em Ct Lembre de Deus as más companhias, tanto de homens (11-15) 4.14 (o noivo descrevendo sua noiva), em tudo como de mulheres (16-19). Ela faz andar pelo o que fizer, e ele lhe caminho do bem (20). Pv 8: E l o g i o à S a b e d o r i a mostrará Veja "Sabedoria em Provérbios e Jó". Ao o caminho certo." Pv 3—4: O c o n s e l h o d o mestre contrário da mulher dissimulada do cap. 7, Pv 3.S-6 Guarde os ensinamentos no coração; seja que sai ao anoitecer para "fisgar" um homem, (NTLII) humilde; confie em Deus (3.1-12). A Sabedo- a Sabedoria faz seu apelo abertamente a ria oferece as coisas que o dinheiro não pode todos cm meio a seus afazeres diários (como comprar: paz, felicidade, segurança (3.13-26). em 1.20-21). Simples prosa não basta para A Sabedoria atuou na criação e continua em descrevê-la. E necessário poesia para exaltá-la.
Provérbios
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Sabedoria em Provérbios e Jó Katharine
Dell
No livro de Provérbios, vemos a sabedoria de duas maneiras. •
Em Pv 8. a Sabedoria é descrita como mulher que convida o povo a segui-La. Hia é criação de Deus, que instnii os seres humanos nos caminhos do Criador. Bem diferente dela é a outra mulher, a Loucura ou Falia de jui/.o.
Primeiro, através de muitos provérbios e instruções do livro, aprendemos que sabedoria é uma qualidade que devemos nos esforçar por adquirir. A experiência de muitas gerações aparece nas páginas de Provérbios, sintetizada em dizeres expressivos que representam a verdade sobre a natureza humana e os relacionamentos interpessoais.
• Em segundo lugar, vemos a Sabedoria personificada como mulher. Nós a vemos nas ruas, convidando os jovens a seguir seus caminhos de bondade e justiça. Ela também é descrita como parte essencial da função criativa e ordenadora de Deus, desde o princípio. Em outras palavras, ela foi criada por Deus, porém estava ao lado dele na criação, participando daquele evento criador. Assim, a sabedoria não é apenas algo que podemos aprender, mas algo que nos é oferecido por Deus através da personagem da Sabedoria, que é a corporificação da justiça, da verdade e da vida correta, além de ser parte da ordem essencial do universo criado. O jovem pode escolher entre dois caminhos. Um leva à insensatez e destruição, representado pela prostituta ou mulher leviana que seduz e atrai jovens ingênuos à sua cama perfumada, numa imagem que contém nuanças de antigos ritos pagãos de fertilidade. O outro leva à sabedoria e vida e é representado pela personagem da Sabedoria, que representa a verdade, o conhecimento, e o entendimento. Conhecer esta sabedoria é conhecer algo da natureza da Divindade;
conhecer a insensatez é apenas correr atrás de falsos deuses. Em JÓ temos um hino à sabedoria, em que se louva o mistério da verdadeira sabedoria — escondida em lugar mais distante que a mina mais profunda e em lugar mais alto que a montanha mais elevada. A sabedoria suprema é inatingível e só Deus pode conhecê-la, como demonstrado nas partes do livro em que Deus fala. Mas esforçar-se por adquiri-la é melhor que não fazer nada; e o hino termina com o convite a que se tema a Deus, pois ele é o princípio e o fim de toda a sabedoria. O próprio Jó luta por entendimento em meio a seu sofrimento e finalmente percebe que, embora jamais entenda as razões de seu sofrimento, ele estava certo em questionar e assim adquiriu um relacionamento mais profundo com Deus. A sabedoria personificada
O simbolismo feminino na descrição da sabedoria personificada de
Provérbios é surpreendente. Algumas pessoas sugeriram que aqui teríamos os vestígios do mito de uma deusa, uma companheira de Yahweh, imagem que teria perdido popularidade com o surgimento do monoteísmo. Outros sugeriram que se trata apenas de uma maneira de afirmar um aspecto feminino da divindade. As qualidades de Deus, embora descritas em termos predominantemente masculinos na Bíblia, também incluem um papel feminino criativo e ordenador. A sabedoria é esta força ordenadora e criadora, porém seu chamado aos seres humanos também é de natureza ética. Obter sabedoria é participar da ordem e do plano do universo, alcançar um entendimento que permeia as profundezas do significado que apenas Deus pode realmente sondar e também conhecer o tipo de conduta que Deus requer de nós. É interessante observar que a linguagem da sabedoria é retomada no NT na descrição de Jesus como "Verbo" divino, que, no princípio, estava com Deus, porém foi enviado ao mundo para habitar entre nós e oferecer a verdade a todos que têm ouvidos para ouvir.
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Poesia e Literatura de Sabedoria A Sabedoria aqui é mais que uma simples personificação: ela incorpora um aspecto da própria natureza de Deus. O valor dos ensinamentos da Sabedoria é maior que o valor dc qualquer fortuna terrena (6-21). " O SF.NIIOR Deus me criou antes de tudo", diz ela, "fui formada antes do princípio do mundo". A descrição lírica nos vs. 22-31 é poética, não literal/histórica.
"A alegria fez bem à saúde; estar sempre triste é morrer aos poucos. Os juízes desonestos se vendem por dinheiro e por isso são injustos nas suas sentenças." Pv 17.22-23 (NTLH)
Os provérbios sc interessam pelas coisas simples do dia a dia e dos relacionamentos humanos. O trabalho pesado, seja do lavrador ou da tecelã. sempre é exaltado.
Pv 9: A S a b e d o r i a e a L o u c u r a Todas as lições anteriores do mestre são cristalizadas neste retrato vívido da Sabedoria (1-6) e da Loucura (13-18). Cada uma convida o ser humano — desajuizado e inconstante — para um banquete. A Sabedoria oferece a vida. No cardápio da Loucura só existe morte.
Pv 1 0 . 1 — 2 2 . 1 6
Provérbios de Salomão O jovem foi confrontado com uma escolha e estimulado a escolher a Sabedoria. Agora a instrução começa, instrução prática que abrange todos os aspectos da vida. Nesta primeira coleção, os dizeres fazem
uso do contraste. A segunda linha ou segunda metade dc cada dito é a antítese da primeira. Cada provérbio é uma unidade completa, embora alguns estejam ligados por palavras ou temas, formando uma série. Eles revelam boa psicologia e atenta observação dos fatos da vida. Demonstram os resultados da sabedoria e da loucura na vida prática. Para o ensinamento cm 10.1—31.9, veja "Temas importantes cm Pv 10—31". • 15.11 Até o mundo dos mortos (o além, "Sheol", e o abismo, "Abadom") está descoberto perante Deus. • 17.8 O homem tem certeza de que o suborno funciona, mas a prática em si é errada (veja v. 23). • 18.18 No tempo do AT, era comum tentar descobrir a vontade de Deus pelo lançar da sorte. • 2 0 . 1 0 Lv 19.35 condena o uso de pesos adulterados e os profetas também denunciam esse tipo de fraude nos negócios.
Pv 22.17—24.34
Trinta provérbios dos sábios Parece evidente que nesta seção Provérbios faz uso criativo dc material estrangeiro (veja "Poesia e Sabedoria"), além do material dos próprios "sábios" de Israel. A obra egípcia Ensino de Amenemope tem 30 seções como estas (elas estão numeradas na NTLH) e as dez primeiras são muito parecidas. Os dizeres desta seção estão mais bem agrupados que os da seção anterior. Começam com aquilo que se deve evitar (22.22-29). Depois aparecem os seguintes temas: o perigo que correm aqueles que querem enriquecer (23.1-8); pais e filhos: disciplina c conselhos (23.12-28); o triste retrato dc um bêbado (23.29-35); ensinamento sobre sabedoria e loucura (24.1-14), evida correta (24.15-22). Depois dos 30 provérbios vem um "pósescrito" de dizeres adicionais (24.23-34) que enfatiza a justiça e o trabalho, com uma descrição do preguiçoso nos vs. 30-34. • Trinta provérbios ( 2 2 . 2 0 , NTLH) O texto
hebraico admite diversos significados, mas parece indicar um livro de provérbios que consiste em (cerca de) 30 parágrafos ou capítulos. • Marcos a n t i g o s ( 2 2 . 2 8 , A R A ) Marcos de
divisas de terras (NTLH). • Poço e s t r e i t o ( 2 3 . 2 7 , ARA) Isto é, um poço
do qual é difícil sair. NTLH diz "armadilha... sem saída".
Provérbios Pv 2 5 — 2 9
Mais provérbios de Salomão No tempo cio rei Ezequias (25.1), Israel voltou aos antigos padrões de culto, que haviam sido negligenciados em anos anteriores. Ele renovou o Templo e retomou a prática dos sacrifícios, restaurando a música do Templo conforme as orientações de Davi (2Cr 29). É de se esperar que ele tenha voltado a sua atenção também para a sabedoria clássica de Salomão. De qualquer forma, foram os homens que estavam a seiviço de Ezequias que publicaram esta coleção dos provérbios cie Salomao.
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Aqui, os provérbios estão mais bem agrupados do que em 10.1—22.16, e dependem mais da comparação que do contraste para chamar a atenção do leitor ("Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo", 25.11). As figuras utilizadas são tiradas da natureza e do cotidiano. • 2 5 . 6 - 7 Jesus fez uso do mesmo tema em I.c 14.7-10, mas o ampliou para abranger toda a atitude com relação à vida. • 26.4-5 Estes dois versículos provavelmente são complementares, não contraditórios. Geralmente é inútil discutir com um insensato.
Temas importantes em Provérbios 10—31 Sabedoria e insensatez — o h o m e m sábio e o insensato
Este é o principal tema de todo o livro, o assunto dos nove primeiros capítulos. Os provérbios indicam o contraste entre a sabedoria — viver segundo os padrões de Deus, fazendo o que é certo — e a insensatez — seguir deliberadamente seu próprio caminho. A sabedoria leva ã vida e a tudo que é bom; a insensatez é uma vida incompleta que termina em morte. Os versículos listados abaixo descrevem o procedimento sábio em várias circunstâncias diferentes. Descrevem o caráter do "sábio", em contraste com a vida e o caráter do "insensato", que se fecha para Deus e a voz da razão. 10.8,13-14,23; 12.1,15-16,23; 13.14-16,20; 14.1,3,7-8,15-18,24,33; 15.5,7,14,20-21; 16.16,21-23; 17.10,12,16,24,28; 18.2.6-7,15; 19.25,29; 21.22; 22.3; 23.9; 24.3-7, 13-14; 26.1,3-12; 27.12,22; 28.26; 29.8-9,11. Os j u s t o s e os p e r v e r s o s
A maneira em que as pessoas reagem às alternativas da vida determina de qual desses dois grupos elas farão parte. Os sábios, pela definição de sabedoria encontrada em Provérbios, serão justos. O insensato ingênuo está sempre pendendo para o mal. É mais do que provável que ele acabe entre os perversos. Os provérbios abaixo descrevem a vida justa — de inte-
gridade — e a bênção que ela traz ao individuo e à comunidade. Deus ama e protege os justos. Os perversos estão sujeitos à ira de Deus. Se eles têm sucesso, é apenas por pouco tempo. Eles se encaminham diretamente para a morte e a destruição. 10.3,6-7.11,20-21.24-25,27-32; 11.3-11,17-21,23,28,30-31; 12.2-3, 5-7,10,12-13,21,26,28; 13.5-6,9, 21-22,25; 14.9,11,14,19,32; 15.6, 8-9,26,28-29; 16.8,12-13; 17.13,15; 18.5; 20.7; 21.3,7-8,10,12,18, 26-27; 24.15-16; 25.26; 28.1,12,28; 29.2,6-7,16,27. As palavras e a língua
Provérbios dá uma grande ênfase ao poder das palavras e da fala, para o bem e para o mal. O que dizemos
'Assim como Deus, com palavras, criou o
inundo natural ("E disse Deus: Haja..."), nós, com palavras, criamos o mundo social. Uma palavra branda cura. A palavra cruel fere — e feridas psicológicas são mais profundas do que as físicas. O judaísmo rejeita a idéia de que "palairas não me atingem". O livro de Prowrbios diz: "A língua tem poder sobre a vida e sobre a morte"." Jonathan Sacks
e como reagimos ao que os outros dizem — seja conselho, ou repreensão, ou fofoca, ou sugestões tentadoras — revela o que somos (veja Mt 12.34-37). A língua tem um poder incalculável: é preciso um sábio para dominá-la (veja também Tg 3). Os provérbios abaixo estão repletos de bons conselhos e advertências oportunas. 10.18-21,31-32; 11.9,11-14 12.6,14,17-19,22; 13.2-3; 14.5,25 15.1-2,4,23; 16.1,23-24,27-28 1 7.4,7,27; 1 8.4,6,1 3,20-21 19.5,9; 20.19; 21.6,23; 22.10 25.11,15,23,27; 26.22-28; 27.2 28.23; 29.20.
Nos tempos do AT. a poria da cidade era o local onde sc faziam os negócios c o comercio. Eaes comerciantes junio à Porta de Damasco, em Jerusalém, seguem uma tradição antiga.
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Poesia e Literatura de Sabedoria
"Como quem se despe num dia de frio.,, assim é o que entoa canções junto ao coração aflito. Se o que te aborrece tiver fome, dá-lhe pão para comer; se tiver sede, dá-lhe água para beber," Pv 25.20-21 (ARA)
mas há ocasiões em que o raciocínio falso deve ser desmascarado. • 26.8 O que poderia ser mais absurdo do que amarrar a pedra no estilingue ou na catapulta, para que não seja arremessada?
Pv 3 0
As palavras de Agur Tanto Agur quanto Lemuel ( 3 1 . 1 ) não eram israelitas. "Massa" era uma tribo árabe descendcnlc de Ismael, o filho de Abraão. O Oriente
A família
Modas e tendências mudam com o tempo, mas a estrutura básica da vida familiar, com suas alegrias e suas tristezas, permanece inalterada. Ainda existem maridos infiéis, como existem mulheres briguentas e que vivem reclamando. Ainda existem filhos de famílias bem estruturadas que se desviam do caminho. Os conselhos sábios de Provérbios sobre aquilo que compõe uma vida familiar alegre e estável, e as coisas que a destroem, são tão confiáveis hoje quanto no passado. •
Pais e filhos
10.1,13.1,24; 17.21,25; 19.13,18,27; 20.11; 22.6,15; 23.13-16,1 9-28; 28.7,24; 29.15,17; 30.11,17. •
A esposa
12.4; 18.22; 19.13-14; 21.9,19; 25.24; 31.10-31. (Os principais conselhos para os maridos aparecem na seção anterior, p. ex., no cap. 5.)
era famoso por sua sabedoria até a época dc Jesus (veja Mt 2.1). Agur foi um homem que aprendeu a ser humilde a partir da observação minuciosa da vida e da natureza. • Três coisas... q u a t r o (15) Recurso que indica
que a lista não é exaustiva. Veja também os vs. 18,21,29; 6.16. • V. 19 I lá quatro coisas que o deixam maravilhado: como a águia paira no ar; como a cobra se move sem pernas; como o navio transpõe as ondas; e a atração misteriosa que existe entre homem e mulher.
Alguns temas secundários Ricos e pobres — pobreza e riqueza 10.15; 11.4,24-25; 13.7-8,11; 14.20-21,31; 18.11,23; 19.4,7,17; 21.13,17; 22.12,7,16,22-23; 23.4-5; 28.3,6,11,20,22; 30.8-9. 0 mundo dos negócios; planos e decisões 11.1,15,26; 15.22; 16.3,9-11,33; 17.8,18,23; 18.16; 19.21; 20.10,14,16,18,23; 21.14; 22.26-27; 27.23-27; 28.8. 0 orgulhoso e o humilde 11.2; 12.9; 15.25; 16.18-19; 18.12; 21.4,24; 22.4; 29.23. Amigos 17.9,17; 18.24; 19.4,6; 27.6,10. Vizinhos 25.8-10,17-18; 26.18-19; 27,10,14; 29.5. Senhores e servos 11.29; 14.35; 17.2; 29.19-21; 30.10,22-23. Reis e governantes 16.13-15; 19,12; 20.2; 23.1-3; 24.21; 25.1-7; 28.15-16; 29.12,14; 31.4-5.
Esperanças e medos; alegrias e tristezas 12.25; 13.12; 14.10,13; 15.13,30; 17.22; 18.14; 25.20; 27.9. Ira 14.17,29; 15.18; 16.14,32; 19.11-12,19; 20.2; 22.24-25; 29.22. 0 "temor do Senhor" Embora esta expressão não apareça freqüentemente, este não é um tema secundário; como base de toda sabedoria, o conceito de temor do Senhor é absolutamente fundamental para todo o livro: 10.27; 14,26-27; 15.16,33; 16.6; 19.23; 22.4; 23.17; 24.21. Veja também na seção anterior, p. ex. 1.7; 3.7.
Preguiça e t r a b a l h o
Provérbios contém muitas descrições do preguiçoso, daquele que é folgado demais para começar um trabalho, indeciso demais para levá-lo até o fim, e que passa pela vida bocejando, até ser tarde demais, quando finalmente a pobreza e a fome se instalam. Não há nenhuma razão para enaltecer a preguiça, mas "em todo trabalho há proveito" (14.23). 10.4-5,26; 12.11,24,27; 13.4; 14.23; 15.19; 18.9; 19.15,24; 20.4,13; 21.25; 22.13; 24.30-34; 26.13-16; 28.19.
Provérbios louva
Provérbios
399
Pv 3 1 . 1 - 9
Conselhos para o rei Lemuel Veja comentário do cap. 30, acima. Lemuel transmite os conselhos de sua mãe. Podemos detectar um tom de repreensão no v. 2. • Filho d e meus votos (2) Significa "a resposta
das minhas orações" (NTLH).
Pv 31.10-31 A esposa ideal Provérbios pinta quadros impressionantes sobre o poder da mulher, tanto para o bem como para o mal. O livro termina com este belo poema acróstico (cada um dos 22 versículos começa com uma nova letra do alfabeto hebraico — de alef, no v. 10, a tau, no v. 31) sobre a esposa exemplar. Ela é apresentada tio ponto de vista masculino e reflete uma época em que a identidade da mulher era definida, em grande parte, pelo seu lugar ou papel na família. A boa esposa é responsável, capaz, trabalhadeira e completamente confiável. Quem pode encontrá-la? Seu valor (para seu marido) é incalculável (v. 10). Além do seu marido, a família e os empregados dependem da provisão e previsão dela para suas necessidades físicas, além de dependerem dela para seu bem-estar num nível bem mais profundo (11-12,26). Sua influência se estende além deste círculo imediato à sociedade em geral (20). Ela encontra no mundo dos negócios (16,18,24) um meio mais amplo onde pode empregar todos os seus dons. Qual é o segredo do seu sucesso? O mesmo "temor do Senhor" no qual toda a verdadeira sabedoria está arraigada. Esta descrição é apenas um epílogo que elogia as virtudes da esposa ideal, ou tem algo
mais a dizer? Na posição cm qtte se encontra, no final de Provérbios, é mais provável que a intenção desse texto seja resumir o livro como um todo, descrevendo a pessoa — homem ou mulher — que é realmente sábia. Assim como a Sabedoria foi representada por uma mulher, aqui parece adequado ter a esposa como figura representativa também. Com seu caráter nobre, ela revela o tipo de pessoa que todos nós devemos imitar.
Uma das tarefas cm que a "esposa ideal" de Pv 31 sobressai é fazer roupas para a sua família e para vender no mercado.
sc
Resumo O autor faz um exame minucioso da vida: sem Deus, ela não tem sentido algum.
ECLESIASTES
Caps. 1—2
A vida tem propósito?
"A vida neste i n u n d o praticamente não muda, c não precisamos datar Eclesiastes para recebermos a mensagem que nos quer transmitir. Os pensamentos do Pregador são tão geniais que se sustentam por si só e falam aos homens de qualquer época e de qualquer lugar." Michacl Eaton
Eclesiastes é uma obra de "literatura de sabedoria" (veja "Poesia e Sabedoria"), forma literária popular nos países do Oriente Médio nos tempos do AT. Não é uma forma muito comum em nossos dias e pode até nos parecer desarticulada, com pensamentos, dizeres e observações aparentemente incoerentes a respeito da vida. Mas o tema de Eclesiastes é altamente "moderno" aparecendo em vários romances e obras dramáticas da atualidade. O livro simplesmente observa a vida e tira conclusões lógicas. É a vida "debaixo do sol", a vida como ela é. O autor não impõe idéias preconcebidas. A vida que vivemos, sem Deus, é fútil, sem sentido, sem propósito, vazia. É um retrato deprimente. A natureza e a história têm um caráter cíclico: não há nada de novo. Calcule o lucro e a perda da vida humana e verá que é melhor estar morto. A vida é injusta; o trabalho é inútil; o prazer não satisfaz; a vida correta e o pensamento sábio são destruídos pela morte.
"•
Caps. 3—11
"Seja realista",) Vida, sabedoria, loucura diz o livro. "Se a ) vida sem Deus é | Cop. 12 tudo que se tem,) "Lembre do seu Criador" encare-a de formai realista. Não fuja da í realidade. De nada\ adianta enterrar a \^ cabeça na areia. A verdade sobre a vida é esta!" Mas o livro, diferentemente de muitas obras modernas, não se limita a uma visão de cinismo e desespero. Deus jamais quis que o deixássemos fora dos nossos planos. Deus pode injetar alegria em todos os aspectos do viver: da comida e do trabalho ao lar e casamento (2.24-26; 3.13; 5,18-20; 9.7-10). EJe_r4Jj_erja que encjmjrájsenios^atisia^ã^ vida, mas nele. A pessoa sábia, é bem verdade, morre como morre o insensato, mas a sabedoria ainda é boa e correta (2.13). E Deus julgará tanto os justos como os ímpios (3.17). Aprt> veite a vida, não como epicurista ("comamos e~f5ebamos, porque amanhã morreremos"), \ mas como pessoa fipl a Deus, porque sua vida e alegria dependem dele (3.13; 5JJ>). Uma existência vazia e fútil não é inevitável: lembre de Deus enquanto você ainda é jovem (12.1); tema a Deus e guarde os seus mandamentos (12.13). "Eclesiastes" é a tradução grega do termo "Qoheleth" (1.1-2,12; 7.27; 12.8-10 — o "Mestre", "Pregador", "Orador", "Filósofo"), palavra que parece indicar o título oficial do autor, não o seu nome. Podemos iHpnHfirar pstp ppr^rmaqpm com Salomão, que foi "filho de Davi p P Í _ P _ Jerusalém" (1.1,12) e a personificação da sabedoria. Embora seja pouco provável que Salomão tenha sido realmente o autor, quem seria mais qualificado para falar sobre a vida do que ele? Afinal, ele viveu intensamente; teve poder, fama, riquezas, mulheres, tudo que se poderia desejar, e experimentou o que é a vida com Deus e a vida sem Deus. É melhor ver no autor-editor um "admirador de Salomão, escrevendo as lições da vida de Salomão na tradição da sabedoria pela qual Salomão se tornou famoso" (Michael Eaton). r
"Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol? Geração vai e geração vem ..."Assim se expressa o Pregador, cansado deste mundo, ao começar a escrever.
m
Eclesiastes Ecl—3
Tudo é fútil — sem
Deus
Ec 1 . 1 — 2 . 2 3 : A v i d a
não
tem
sentido...
0 autor propõe o seu tema: a vaidade e a futilidade da vida. As pessoas vão c vêm. Os ciclos da natureza e da história estão constantemente se repetindo. Não há nada de novo. Até a busca pela sabedoria, que é o nosso objetivo mais elevado, é fútil, pois "quanto maior a sabedoria, maior o sofrimento". O que devemos fazer com os nossos dias (2.3)? Sc vivermos em função do prazer — melo o que conseguimos com riquezas e status — a vida ainda será vazia (10-11). A sabedoria é muito melhor que a insensatez, mas no final a morte prega uma peça em todo o mundo. As coisas pelas quais trabalhamos ficam para trás para outros desfrutarem. E a iiiiluladc da vida "debaixo do s o l " . • Vs. 1,12 Veja introdução. > D e b a i x o d o s o l (1.3,9,14,/MIA) Expressão
que
se repete em Eclesiastes. Indica "o mundo considerado apenas do ponto dc vista humano". Ec 2 . 2 4 — 3 . 2 2 : sem
Não
tem
sentido,
Deus
Aqui o tom começa a mudar. A novidade fica por conta da menção dc Deus. Não há alegria nem satisfação na vida, é verdade — mas quando a vida é vivida sem Deus (2.24-26). E agora temos uma nova perspectiva: "debaixo do céu" (3.1). E vemos que tudo na vida tem o seu tempo determinado (3.1-8). Deus fez com que isso fosse assim. Entendemos o que é o tempo, mas não podemos compreender a totalidade da obra de Deus (11). Assim, aprendemos a admirar a Deus. Não há como negar que dc fato existe injustiça e corrupção neste mundo (3.16-17), mas Deus estabeleceu um tempo para o seu justo juízo, embora todos tenhamos que morrer.
Ec 4 . 1 — 1 1 . 8
A vida "debaixo
do
sol"
Ec4
llá tanta opressão na vida que seria melhor estarmos mortos; melhor ainda, jamais termos nascido (1-3). Nós nos desgastamos com o trabalho, tentando ultrapassar uns aos outros, jamais parando para perguntar o propósito de tudo isso (4-8).
A partir deste ponto, no livro, os pensamentos e as observações freqüentemente se alternam com conselhos e ensinamentos, no estilo proverbial adotado pelos "sábios". A sabedoria pode parecer "loucura" aos olhos do mundo (1.17-18; 2.14-17), mas o Sábio ou Pregador obviamente ainda acredita nela e quer que vivamos segundo ela (veja 12.9-11). •
Corda
de
três
cordões
(12,
NTLH)
Três
é melhor que dois. Uma corda feita de três cordões é difícil de arrebentar. Ec
5
O Sábio dá bons conselhos sobre promessas feitas a Deus (1-7) e a atitude diante do dinheiro (10-12). Outro mal desta vida (13-17) é a falência. A melhor maneira de viver é desfrutar do trabalho e da prosperidade, se for o caso, pois estes são dons de Deus. A diversão é o aniídoto contra a melancolia causada pela passagem do tempo (20). • Vs. 8 - 9 O significado não é claro. O v. 9 também pode ser traduzido por "De toda forma, a terra terá vantagem se tiver um rei que zela pelos campos cultivados" (NVI). 6 Dc que vale ter uma vida longa, se a pessoa não tem a chance de desfrutar de tudo que conseguiu (1-6)? Seria melhor ter nascido morto (3). A pessoa controlada pelo apetite e desejo jamais ficará satisfeita (7-9). Ec
Ec
7
E sábio levar em conta a morte tanto quanto a vida ( 2 ) . A melhor opção é encarar a vida com seriedade (1-6). Saiba como desfrutar dos bons tempos c aprender com os ruins (14). O Pregador observa outra anomalia da vida (15): existem pessoas boas que morrem cedo, enquanto os maus envelhecem na sua perversidade. Tudo c testado pela sabedoria (23), mas uma vida não basta para entender tudo. Deus não tem culpa; não há nada dc errado com a maneira como ele nos fez. Se temos problemas, isto é assim porque nós complicamos tudo (29). • Vs. 16-17 Isto tem um pouco do cinismo da sabedoria mundana. D e u s j a m a i s diria que
401
"Que proveito tem o homem de todo seu trabalho?", pergunta o Sábio. Esta escultura procedente da Assíria mostra um pescador em ação.
"Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo pura todo propósito deliaixn do céu: há tempo de nascer e tempo tle morrer... tempo de matar e tempo de curar; tempo de derrubar e tempo de edificar; tempo de chorar e tempo de rir, " Ec3.1 4 (ARA)
402
Poesia e Literatura de Sabedoria estamos sendo bons demais nem aconselharia um pouco de insensatez! • V. 18 O conselho é evitar os extremos. • V. 2 8 Entre mil homens ele encontrou apenas um que fosse digno desse nome, c entre as mulheres, nem uma!
"Não há limite mim fazer livros, e o muito estudar é enfudo da carne." Tc 12.12 ( A R A )
"l.cinbre do seu Criador enquanto voce ainda é jovem", aconselha o
Ec 11.9—12.8" Lembre do seu Criador Dos conselhos práticos o autor passa às suas conclusões. Sc a vida é longa, aproveitea. Alegre-se com a luz antes que venha a noite escura da morte. Que os jovens se alegrem na sua juventude, sempre lembrando que Deus Ec8 de tudo pedirá contas. Não espere até a velhiA fé não pode resolver o problema do mal: ce. Não espere até que a vida se torne fútil c pessoas boas são castigadas como se fossem vazia, não restando nada a não ser a morte. más, e os maus são admirados e levam uma Tema a Deus — respeite-o — e seja obedien vida confortável. O povo de Deus só pode te a ele. afirmar o que sabe ser verdadeiro, embora as No v. 8, o Filósofo completa o cicio. Ele terevidências indiquem o contrário (12). A mina como começou (1.2): tudo é sem alegria é a melhor coisa na vida, diz o sentido, totalmente fútil. "Lança Sábio (15). Ele se aplica a conhecer • 12.2-6 O v. 2 descreve a vida chegano teu pão a sabedoria, embora saiba que Deus sobre as águas, do ao fim, com as trevas da morte se não nos deu resposta para os mistéaproximando. Os vs. 3-5 são uma série porque depois rios da vida (16-17). de muitos dias de descrições da velhice, marcada o adiarás." pela diminuição da força e pela Ec 9.1-10: A m o r t e é o fim Ec i i . i (ARA) perda dos dentes e da visão. No v. 6, d e todos os verbos "romper-se", "despedaçarUm mesmo destino — a morte se", "quebrar-sc" e "desfazer-se" são aguarda todas as pessoas, tanto as boas metáforas da morte. quanto as más (com uma diferença: os lx>ns estão nas mãos de Deus, 1). Não se sabe quanto tempo cada um tem (11-12). Por isso, traba- Ec 12.9-14 lhe duro e desfrute a vida enquanto pode, pois O fim da questão a morte elimina tudo que o mundo tem a ofeO uso da terceira pessoa parece indicai recer (7-10). que este é um pós-escrito acrescentado por outra pessoa, a menos que o autor esteja adoEc 9.11—11.8: A s a b e d o r i a lando esse recurso literário como forma de e a loucura conclusão. A sabedoria pode não ser valorizada, mas O Filósofo falou a verdade sobre a vida, ainda vale mais do que a força (9.13-18). mostrando o que ela é sem Deus. Seus conEc 10.1—11.8 traz uma coleção de provér- selhos construtivos estão espalhados pelo bios sobre sabedoria e loucura, ditos de sabe- livro. Agora ele destaca aquilo em que nossa doria e conselhos práticos. vida se baseia: nossa atitude para com Deus. Haverá um julgamento, no qual se fará distinção entre o bem e o mal. Devemos viver na perspectiva desse juízo. O "temor do Senhor" (como Provérbios deixa tão claro) é onde começa a verdadeira sabedoria, bem como a
403 Resumo
CÂNTICO DOS CÂNTICOS Este "cântico dos cânticos" é uma série de poemas líricos sobre o tema do amor entre homem e mulher. O cenário é pastoril: os poemas estão recheados de imagens campestres. A estação, como seria de esperar, é a primavera. Eles estão cheios da paixão e do encanto que caracterizam o amor humano. Os poemas resistem a uma análise exaustiva e, em parte por esta razão, têm sido interpretados de maneiras diferentes. • Judeus e cristãos de várias épocas viram neles alegorias ou "tipos"do amor de Deus por Israel ou do amor de Cristo pela sua noiva, a igreja. Os poemas em si não dão evidência de terem sido escritos originalmente para este propósito. • Alguns vêem os poemas como um drama em que aparecem dois personagens (a noiva e o noivo real) ou três (Salomão, uma jovem, e seu namorado pastor). Entretanto, além deste Cântico não há indícios de esse tipo de literatura existia em Israel. • Outros consideram os poemas uma série de canções entoadas durante as festas de casamento, que, a exemplo do que ocorre ainda hoje na Síria, duravam uma semana, sendo que nessas ocasiões a noiva e o noivo são coroados rei e rainha. A abordagem natural é simplesmente interpretar o Cântico literalmente. Ele explora os sentimentos, as esperanças, os medos e a paixão entre um homem e uma mulher. Pode ser visto como continuação do primeiro poema de amor, as palavras que Adão disse para Eva, em Gn 2.23. É uma celebração da sexualidade masculina e feminina, do prazer erótico que a esposa tem no corpo do esposo e vice-versa. Não há nada de ilícito ou devasso nisto."O tema do prazer e da consumação sexual permeia todo o livro, e o tema do compromisso é central em todo esse relacionamento" (G. Lloyd Carr). Portanto, ele está completamente de acordo com a visão geral bíblica, de Gênesis em diante, embora seja o único entre os livros da Bíblia a concentrar-se neste tema.
Poemas de
Uma série de poemas de amor que não tem paralelo na Bíblia e que exalta a sexualidade humana e o amor apaixonado entre um homem e uma mulher.
amor
O Cântico é obviamente um poema de amor. É um gênero conhecido em todo o mundo, e no Antigo Oriente Próximo havia normas próprias que eram seguidas ao se elaborar essas composições, como se pode notar no Cântico. • De forma típica, os enamorados usam uma forma de tratamento mais íntima na segunda pessoa do singular, que é mantida em traduções como a de Almeida. • Há temas familiares como um jogo de "esconde-esconde" e "perigo à vista". • A beleza física é celebrada com o emprego de imagens elaboradas, geralmente tiradas da natureza. • Dá-se ênfase aos sentidos: visão, audição, olfato, e tato. Ao contrário de outros poemas de amor oriundos do Antigo Oriente Próximo, o Cântico não revela nenhuma ligação, nem mesmo verbal, com o culto ou com práticas religiosas. Não aparece nele nenhuma das palavras que faziam parte da religião e do culto de Israel. Tampouco aparecem nele os temas do ciúme e da infidelidade, tão comuns em outros poemas de amor. Estrutura
O livro pode ser "dividido" de várias maneiras. A maioria das traduções modernas insere títulos para mostrar quem está falando. G. Lloyd Carr oferece a seguinte análise: 1.2—2.7 Expectativa 2.8—3.5 Encontrado, perdido — e encontrado outra vez 3.6—5.1 Consumação 5.2—8.4 Perdido — e encontrado 8.5-14 Afirmação No esboço que segue, o livro é simplesmente dividido em capítulos. Ct 1 A noiva, uma jovem do campo, fala primeiro, em parte para seu namorado, em
"Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre as jovens; desejo muito a sua sombra e debaixo dela me assento, e o seu fruto c doce ao meu paladar. " Ct 2.3 (ARA)
404
Poesia e Literatura de Sabedoria parte para as mulheres de Jerusalém (provavelmente a cone ou o harém). Nu Cântico essas mulheres fazem a vez de uma espécie de coro (1-6). Depois disso, a noiva e o noivo conversam entre si (7-17). • Cântico dos Cânticos d e S a l o m ã o ( 1 , ARA)
••Com um só olhar, minha noiva, mett amor, com uma só pérola do seu colar, iwcé me roubou o coração. Conio são deliciosas as suas caricias, minha namorada, minha noivei.' O seu amor é melhor do que o vinho; o seu perfume é o mais agradável que existe."
Cl 4.9-10 (NTLll)
O título pode dar a entender que Salomão é o autor, ou que o texto foi escrito para ele, 011 sobre ele. Fie era tão famoso no amor (lRs 11.1-3) quanto era admirado pela sabedoria. Mas dificilmente ele pode ser considerado o modelo de amante fiel! E a imagem campestre do pastor não combina com ele, a não ser que a linguagem pastoril seja pura convenção literária. Isto explica a preferência de alguns pela interpretação do Cântico em termos de três personagens, em que Salomão tenta conquistar a jovem, que permanece fiel a seu namorado, um pastor de ovelhas. Veja também 8.11-12. • Quedar (5, ARA) Uma tribo nômade do deserto do Sinai. Suas tendas eram feitas de pêlos de cabras pretas. • Carros d o Faraó (9) Salomão mantinha um comercio bem-sucedido de importação e exportação de cavalos e carruagens, pelos quais o Egito era famoso (lRs 10.26-29). • Vs. 1 2 - 1 3 O "nardo" é um óleo perfumado. As mulheres que podiam dar-se a esse luxo usavam sachês ou saquitéis de mirra perfumada, que penduravam no pescoço, por baixo de seus vestidos. • V. 14 Fazia-se tintura vermelha cosmética do arbusto conhecido como hena. "En-Gedi" é um belo oásis de água doce que fica próximo às margens desertas do mar Morto.
Ct3 O tema do 'esconde-esconde' é introduzido após o relato de um sonho, quando a noiva descreve a angústia da separação e a alegria do reencontro (1-4). Os vs. 6-11 descrevem a grande procissão do rei Salomão. • M a d e i r a d o Líbano (9) O famoso cedro, importado para a construção do Templo e dos palácios. Ct 4
Ct 2
O noivo está encantado com a beleza de sua noiva. O simbolismo é oriental. Seus olhos são tímidos e suaves como os das pombas. Seu cabelo negro, brilhante e sedoso é como um rebanho de cabras ao sol descendo a encosta de um monte (1). Seus dentes são brancos e bem alinhados; seu rosto cheio e rosado; seu pescoço como tinia torre ornada de troféus; seus seios como filhotes de gazela (2-5). Considerar com prazer cada detalhe do cor|>o da pessoa amada faz parte da natureza do amor erótico em todo o mundo. Aos olhos do noivo, a beleza da mulher que ele ama é impecável. Ela roubou seu coração, estimulou seus sentidos e ele anseia em têla nos seus braços (9-12). • Senir, H e r m o m (8) A montanha de 3.000 m de altura na fronteira entre Israel e o Líbano. • Irmã (9) Uma expressão de carinho que não pode ser tomada ao pé da letra. NTI.II traduz por "meu amor". • Jardim (12) Esie símbolo é usado e repetido em todo o Cântico (4.15; 5.1; 6.2,11; 8.13). É um eufemismo para designar os órgãos sexuais da mulher. Neste texto, o jardim fechado indica virgindade. • V. 16 A noiva convida o noivo a desfrutar do seu "jardim", isto é, dela mesma.
Os noivos trocam elogios (2,3-6). A noiva, saudosa, pensa em seu namorado (3-6) e fica emocionada com a voz dele (ou a simples lembrança das suas palavras; 8- 9). O noivo a chama na beleza idílica da primavera (10-15). Tudo se passa num cenário campestre. Somente a declaração no v. 7 contém uma possível alusão à corte real. • Sarom ( 1 ) A fértil planície litorânea ao norte de Israel. • V. 7 Veja também 3.5; 8.4. O significado deste refrão parece ser que o amor deve ter espaço para crescer naturalmente, em seu próprio tempo. Não deve ser forçado nem receber estímulo artificial. • As raposas (15) Chacais. Se danificarem as flores, não haverá frutos.
Ct 5 A noiva sonha novameiue (2-8). Desta vez o noivo vem e, embora tudo esteja preparado (5), ela demora em deixá-lo entrar. Mais uma vez o prazer do amor c frustrado. A antecipação se transforma em profundo sentimento de perda ( 6 ) . Em resposta às mulheres (9), ela descreve o seu amado e implora: se o encontrarem, digam que está desfalecendo de amor por ele. Da cabeça aos pés, "ele é totalmente desejável" para ela, assim como ela é para ele (10-16). • M i r r a . . . (5) Ela está perfumada como a noiva em sua noite de núpcias. • V. 7 Será que os guardas a confundiram com uma prostituta, para maltratá-la daquele jeito?
Cântico dos Cânticos
405 "Porque eis que passou o inverno, cessou a chuva e se foi; aparecem as flores na terra, chegou o tempo de cantarem as aves, e a voz da rola ouve-se em nossa terra."
Topo:
Acima;
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Acima:
O Cântico dos Cânticos está repleto de belas descrições inspiradas na natureza como este magnífico cenário da Galileia.
"As tuas faces, como romã partida, brilham através do véu." Assim o noivo descreve a beleza de sua amada.
No Cântico, a "noiva prometida" descreve seu amado como uma gazela "que salta sobre os montes perfumosos".
Por se tratar de uma coleção de poemas de amor, o Cântico dos Cânticos pressupõe, de forma apropriada, um cenário de primavera, a estacão em que o arrulhar dos pombos é ouvido por toda parte.
Cântico dos Cânticos Ct6
As mulheres perguntam (1), a noiva responde (2-3), e o noivo volta a descrever a beleza de seu único amor. Não há rainha ou concubina real que se compare. • Tirza (4) Uma bela cidade, primeira capital do reino do norte, o reino de Israel. • V. 12 Como se pode notar pela diferença entre as traduções, este versículo c um dos mais difíceis do Cântico. • Sulamita (13) Se "Sulam" é um lugar, sua localização c desconhecida. Não há fundamento para a associação desta jovem do Cântico com Abisague, a sunamita (lRs 1.3-4), por mais que alguns tenham feito tal associação. Ct 7
Novamente o noivo se maravilha com a beleza de sua noiva, numa descrição que se torna cada vez mais íntima (1-7). Ele não consegue lirar os olhos dela. Ela é perfeita em todos os detalhes. Com sua mente e seus sentidos imagina o momento em que irá possuí-la (8-9). A noiva o ama profundamente, sem reservas (10-13), desejando entregar-se a ele no encanto primaveril (12). • Carmelo (5) A montanha onde Elias desafiou os profetas de Baal, que forma hoje um pano de fundo impressionante para o porto de Haifa. • Mandrágoras (13) Planta que desde a antiguidade era considerada afrodisíaca. Ct 8
A noiva anseia por tomar a iniciativa e demonstrar abertamente os seus sentimen-
tos. Em pensamento ela já se vê abraçada por seu amado, numa carinhosa e apaixonada consumação do amor (v. 3; como 2.6). No v. 5 o cenário muda e os dois estão finalmente juntos. O amor encontrou sua realização. Nada pode destruir o verdadeiro amor. (Muitas pessoas consideram 8.7 o verdadeiro final do Cântico.) "O convite final é no sentido de uma celebração continuada do amor e da comunhão que unem o casal feliz. A inclusão do Cântico dos Cânticos na Bíblia significa que "Deus colocou o seu selo de aprovação sobre as delícias da união sexual e o prazer mútuo de homem e mulher" (G. Lloyd Carr). • Selo (6, ARA) Um ancl-sinete ou cilindro entalhado com o nome do proprietário geralmente era preso a um colar em volta do pescoço. O que se quer enfatizar, neste caso, é posse ou propriedade. A jovem quer que seu amado reconheça abertamente que ela é sua. • Vs. 8-9 Os irmãos da jovem, que são responsáveis por ela, falam de sua irmã em fase de crescimento. Como preservarão sua honra? No v. 10 ela fala sobre si mesma como mulher pronta para o casamento. • Vs. 1 1 - 1 2 A "vinha" provavelmente é uma alusão poética ao harém de Salomão e todos os seus criados. Fique com ele! A noiva faz de si mesma e do seu amor o que ela quiser, mas a sua pessoa e o amor dela não estão à venda. Estes versículos são um problema para aqueles que entendem que o noivo ou amado é o próprio Salomão.
407
"O amor é tão poderoso como a morte; e a paixão c tão forte como a sepultura. O amor e a paixão explodem em chamas e tpteimam como fogo furioso. Nenhuma quantidade de água pode apagar
o amor; e nenhum rio pode afogá-lo." Cl 8.6-7
Os Profetas DE ISAÍAS A MALAQUIAS Mike Butterworth/Alec
Motyer
Em toda a Bíblia, Deus se comunica com as pessoas que criou. Esta comunicação sempre tem um propósito e demanda ação. Às vezes Deus fala diretamente a uma pessoa específica com uma promessa ou uma advertência. Outras vezes o ouvinte é solicitado a levar uma mensagem a outra pessoa ou outro povo. É evidente que Deus pode falar diretamente com qualquer pessoa, mas geralmente usa seu próprio meio de comunicação.
Os profetas anunciaram a mensagem de Deus a pessoas de iodo o terrilorto de Israel.
M e n s a g e i r o s de D e u s Os mensageiros de Deus são descritos de valias maneiras (p. cx. "homem de Deus", lRs 13.1; "vidente", ISm 9.9,11,18-19; 2Sm 24,11) e a terminologia certamente variou nos diversos períodos da história. Mas a palavra mais comum na Bíblia para descrever um mensa-
geiro de Deus é "profeta/profetisa". A palavra pode descrever a realidade — alguém realmente recebe uma mensagem de Deus — ou a aparência — alguém finge dar uma mensagem de Deus. Nos primeiros tempos, a palavra "profeta" provavelmente referia-se em geral a pessoas que tinham um comportamento esquisito, que era atribuído ao Espírito de Deus (veja, especialmente, Nm 11.26-30; ISm 10.9-11; 19.20-24). Com o passar do tempo, o povo de Israel passou a entender que as características exteriores de um comportamento inex-
Introdução plicável eram o que menos interessava. O que importava era se o profeta tinha ou não, como diz Jeremias, estado "no conselho do SENHOR" (Jr 2 3 . 1 8 - 2 2 ) . O profeta ideal era aquele que falava com Deus "face a face", como Moisés (Nm 12.6-8; compare com Dt
O chamado de Deus. Temos relatos do chamado de alguns dos grandes profetas:
18.15-22).
Oséias (Os 1.2-9 — este não é um caso típico!)
Moisés (Êx 3 . 1 — 4 . 1 7 )
Samuel (ISm 3 ) Isaías (Is 6 ) Amós (Am 7 . 1 0 - 1 5 )
Jeremias ( 1 . 4 - 1 0 ) Um v e r d a d e i r o p r o f e t a Ezequiel (Ez 1 — 3 ) Com base nas histórias do AT sobre profetas Esse chamado deve ter sido de extrec líderes, as marcas de um verdadeiro "A mensagem ma importância para eles, embora profeta eram o chamado de Deus, é a marca não saibamos se todos os profetas o fato de se ter uma mensagem de do verdadeiro receberam tal chamado. Alguns Deus, e a oração. profeta."
409
410
Os verdadeiro* profetas trilharam um caminho solitário. Sua tarefa era desgastante, e sua mensagem, geralmente makniista.
Os Profetas aparentemente pertenciam a uma escola de profetas, como o grupo de profetas de ISm 10.10; 19.20, ou os filhos dos profetas mencionados nas histórias de Elias e Eliseu (p. ex. 2Rs2). Alguns outros líderes de renome também receberam um chamado direto de Deus: • Abraão em Gn 12.1-3 (chamado que mais tarde foi confirmado e expandido em 13.14-17; 15.1-7; 17.1-8; etc.) • Josué (veja especialmente Js 1) . Gideão (Jz 6.11-24) • Sansão (através de seus pais em Jz 13). Uma mensagem de Deus. Não se sabe ao certo se os primeiros profetas se especializaram neste aspecto; nenhuma mensagem é mencionada nos casos de Moisés, dos 70 anciãos que profetizaram (Nm 11), ou do grupo que encontrou Saul. Para o restante, porém, é evidente que a mensagem é a marca do verdadeiro profeta. A forma de recebimento podia variar (voz, visão, sonho), bem como o método de transmissão da mensagem (proclamação no santuário ou Templo; falar com alguém pessoalmente; fazer encenação da mensagem, como em Is 20; Jr 19; 27). O que importava era que a mensagem vinha de Deus.
•
Oração. Esperava-se que os profetas não só falassem para o povo em nome de Deus, mas também falassem com Deus em nome do povo. Veja especialmente Êx 32.11-13,30-32, onde Moisés se ofereceu para ser castigado no lugar dos israelitas que fizeram um bezerro de ouro (veja Gn 20.7, onde Abraão exerce o ministério de oração que caracteriza um profeta, e Jr 15.1). Falsos profetas Nem todos aqueles que se diziam profetas eram realmente mensageiros de Deus. Como o povo dc Deus sabia a diferença? Em Dt 13, o falso profeta é aquele que convida o povo a adorar os "outros deuses" e prega "rebeldia contra o SRNHOR, vosso Deus, que vos tirou da terra do Egito... para vos apartar do caminho que vos ordenou o SRNHOR, vosso Deus, para andardes nele.'' Quando as palavras dc um tal 'profeta' eram testadas à luz do que já era reconhecido como a verdade vinda de Deus ou a respeito dele, ele era reprovado no teste. Um segundo teste é o teste do tempo: se um profeta fala cm nome de Deus, o que ele diz se torna realidade. A mensagem do falso profeta também não passava neste teste.
Introdução Os p r o f e t a s n a história d e Israel O povo de Israel foi fundado na promessa de Deus a Abraão. Eles desfrutavam de um relacionamento especial (de aliança) com Deus, o que implicava em graves responsabilidades. Os israelitas deviam ser fiéis ao Senhor Deus e moldar suas vidas de acordo com as instruções — a Lei — que o próprio Deus havia dado. Desde o início, deram mostras de que eram incapazes de manter a parte da aliança que locava a eles, e de ouvir o que Deus lhes tinha a dizer. Então Deus enviou uma série de profetas para lembrá-los do que fizera por eles e da resposta adequada que esperava deles; para adverti-los das conseqüências de desobedecer ao Senhor, o único e poderoso Deus, e exortálos a que voltassem para ele. Os profetas tinham também um papel mais positivo: • animar o povo em tempos de sofrimento (merecido ou imerecido) • oferecer perdão quando haviam pecado • e renovar as promessas da aliança feitas aos seus antepassados. Mais importante ainda, os profetas apontavam para a época em que Deus interviria decisivamente na vida da nação enviando seu próprio representante especial. O AT refere-se a esta pessoa como "rei", "filho de Davi" (2Sm 7.12-16; Is 9.7; 11.1-10; Zc 9.9; compare Mq 5.2), "servo do S E N H O R " (Is 42.1-4; 49.1-6; 50.4-11; 52.13—53.12), "Renovo justo" (Jr 23.5-6; Zc 3.8; 6.12), "filho do homem" (Dn 7.13-14; a rigor, um título comum, que simplesmente quer dizer "ser humano", mas que é muito significativo na forma em que é usado aqui e nos Evangelhos), e assim por diante. O NT chama esta pessoa de "Messias", o "Cristo", o "ungido", e os cristãos, desde a época de Jesus até hoje, foram e ainda são enriquecidos pelo estudo das imagens que os profetas nos apresentam. A mensagem dos profetas Alguns dos temas mais importantes dos profetas de Israel podem ser resumidos da seguinte forma: Deus é o Rei de toda história. Os profetas levavam isto tão a sério que se arriscaram a descrever os grandes impérios de sua época como "instrumentos" na mão de Deus (IS 10.5-15). Isto constituiu um problema para Haba-
411
Os profetas mais importantes Século 9 a.C.
Elias e Eliseu
Nenhum livro sobreviveu; narrativas em 1 e 2Rs. Elias impediu que Israel abandonasse a Deus por completo: iRs 18.
Século 8
Jonas
0 profeta é desse período, mas muitos estudiosos acreditam que o livro foi escrito muito tempo depois.
Amós
Era de ludá, e foi enviado com uma mensagem de juízo a Israel, isto é, ao reino do Norte.
Oséias
Reino do Norte. Enfatiza o amor de Deus em meio ao juízo.
Isaías
Caps. 1—39 referem-se principalmente ao período de 750 em diante. Caps. 40—55 referem-se ao período do exílio e do retorno (a partir de 538 mais ou menos). Caps. 56—66 são difíceis de situar em determinado período. Todas as seções contêm profecias em longo prazo sobre o Messias.
Século 7
Miquéias
Juízo e salvação. Prevê o nascimento de um rei em Belém.
Naum
Regozijo pela destruição de Nínive em 612 a.C.
Habacuque
Debate-se com o problema do mal — e como Deus lida com ele!
Sofonias
Juízo com uma promessa ao final.
Do século 7 ao 6
Jeremias
Começou no reinado de Josias. Quando seus chamados ao arrependimento não surtiram efeito, ele recomendou submissão a Babilônia. Finalmente fez profecias de salvação: Deus faiia uma nova aliança.
Logo após 587 a.C.
Obadias
Profecia contra Edom por causa de sua atitude em relação a Judã, quando da queda de Jerusalém.
Século 6 (no exílio)
Ezequiel
Chamado na própiia Babilônia. A princípio, profecias de juízo. Salvação só após a queda de Jerusalém em 587 a.C.
Século 6 (após o exílici
Ageu
Ageu e Zacarias incentivaram o povo a reconstruir a templo após o exílio (520 a.C. em diante).
Século 6 (até o século 5?) Zacarias
Caps. 1—8 lidam com o mesmo período que Ageu. Caps. 9—14 pertencem a um período posterior. Ambas as partes prevêem uma épcca em que todas as nações possam participar da salvação de Deus.
Século 5 ao 4 (?)
Malaquias
Conclama o povo de Judã a um comprometimento total. Antevê a aparição futura de "Elias".
Data incerta
Joel
faz a conexão entre uma praga de gafanhotos e o "Dia do Senhor".
cuque: como poderia o Deus santo usar instrumentos profanos e corruptos? A resposta que a Bíblia oferece é reafirmar o controle soberano de Deus sobre o mundo, controle exercido tão complexamente que as pessoas que não o reconhecem agem de acordo com as ordens
Introdução e pressões das suas próprias naturezas. No entanto, Deus, o Rei justo e santo, preside, governa e dirige a todos (veja 2Rs 19.25,28; Ez 38.3-4,10-11,16; 39.2-3). A necessidade de fazer as pazes com Deus. Tanto para a comunidade quanto para o indivíduo, fazer as pazes com Deus é o mais importante (veja Is 30.15). Deus está sempre agindo para trazer seu povo se volta para si (Am 4.6-11). O profeta convoca homens e mulheres a que estejam preparados para se encontrarem com Deus (Am 4.12). Religião e b o a conduta. Não há lugar para religião sem boa conduta, tanto no nível pessoal quanto em termos de justiça social (Jr 7.1-15). Para estarem paz com Deus, homens e mulheres devem viver em obediência a seus padrões e mandamentos, e isto produz uma sociedade saudável. Se as pessoas estiverem
alienadas de Deus, isto afetará negativamente seus relacionamentos de uns para com os outros (compare Am 2.7-8 com 9-12). Juízo e e s p e r a n ç a . De acordo com a análise da situação atual feita pelos profetas, o juízo de Deus é inevitável. Mas um raio de esperança atravessa as nuvens mais negras (Is 6.13; 28.5; 29.5; 31.5; Am 9.11-15). Essa combinação de trevas e luz, de juízo e esperança, tem sua fonte no caráter do próprio Deus: Deus é o justo e santo juiz, e Deus é amoroso e misericordioso. O reino messiânico. Deus tem reservado para o seu povo um maravilhoso estado futuro. Este é visto como o estabelecimento do perfeito relacionamento de aliança com o seu povo (Is 54.10; Jr 31.31-34; Ez 37.26-27). E está centrado na gloriosa vinda da Pessoa já descrita acima.
413 Píígííia oposta: Como vigias postados cm olivais ou plantações de uvas, os profetas eram "atalaias", observando o que acontecia à sua volta e transmitindo a mensagem de Deus naquela situação.
414
Os Profetas
Os
2Crônicas
PROFETAS
N O
S E U
CONTEXTO
2Reis
Jeroboão II 793-753 ISRAEL
Amós
Por meio dos profetas, Deus acusou seu povo de tê-lo abandonado, adorando Baal e outras deuses.
Pecaias 742-740 Oséias 732-723 Peca 752-732 Menaém 752-742 Salum 752 Zacarias 753-752
Reino Dividido
Ezequias 729-687
Jonas?
Manasses 696-642
Mlquéias Isaías JUDÁ
Habacuque| Sofonias Naum
Jotão 740-732
Acaz 735-716
Azarias (Uzias) 791-740
Josías 640-609 Amom 642-640
Tiglate-Pileser III
•
Assurbanípal
Esar-Hadom ¡88fitouselotna vassalo uW r „ . -l tekU • » Senaquenbe • bamascoaisêosassiiios m
í • Tiro é denotada pelos assírios
1
_ Nab
Introdução
Para o contexto mais amplo veja:
100 A história do Antigo Testamento Paro mais detalhes veja:
306 Reis de Israel eJudá Esdras Ester
Neemias
Como guardas nas torres de vigia, os profetas advertiram sobre o que iria acontecer.
Depois dos anos no exílio, u m remanescente d o povo de Deus Retorna para Uetusalém.
Retorno
Judá
no exílio Obadias Zedequias 597-587 Joaquim 597 Iwaquim 609-507 leoacaz 609 Jeremias üabucodonosor II KIUKttpiloitKsiiía,
Zacarias Ageu
Malaquias
® Dario I (Histaspes) Nabonido (Belsázar atuando como rei na Babilônia) g SJS> ÍMírguere * rãWsarar/BdÍJi/óVw
!(j
r o
étomdapelos màoseperjos
da Pérsia D a n l e l
Ezequiel
Artaxerxes I (patrocina o retorno de Esdras e Neemias)
Xerxes I (Assuero: rei persa do livro de Ester)
0 período de cada livro bíblico indica seu contexto histórico, não a data de autoria. Datas sobrepostas dos reis indicam períodos de co-regência. Não se sabe quando Joel profetizou.
415
417 Resumo
ISAÍAS
Profecias de Deus, "o Santo", Senhor da história, e a salvação do seu povo. Caps. 1—39 Advertências e promessas a Judá e às nações
Os Profetas Isaías está no início dos "Profetas", a terceira grande seção do AT. Aqui aparecem os nomes de dezesseis profetas, sendo que temos 17 livros com suas visões e profecias (o livro adicional é Lamentações, conhecido nas versões gregas como as "Lamentações de Jeremias"). Os quatro profetas "maiores" são Isaías, Jeremias, Ezequiel e Daniel; os doze profetas "menores", Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias. Veja "Os Profetas" e "Profetas e profecia". Os livros dos profetas pertencem ao período da decadência da nação, do exílio e do retorno à terra natal. Eles abrangem um período de 250 a 300 anos. Veja tabela em "Os Profetas" e o gráfico "Os Profetas em seu contexto". Deus enviou esses profetas numa missão desgastante e às vezes perigosa. Na maioria das vezes eles foram enviados no último momento, para tentar impedir que o povo se precipitasse no abismo da destruição; para adverti-los do juízo divino; para chamá-los de volta a Deus com arrependimento. Depois do grande desastre da queda de Jerusalém, sua missão passou a ser consolar os sobreviventes com a promessa do amor contínuo de Deus e do seu propósito imutável para com eles. Os profetas realizaram o seu trabalho com a firme convicção de que tinham uma mensagem de Deus a transmitir. Alguns desafiaram a morte para anunciá-la. Isaías 0 profeta que dá o nome a este livro viveu em Jerusalém no século 8 a.C. Era casado — sua esposa é descrita como "a profetisa" e possivelmente compartilhava seu chamado. Dois filhos são mencionados por nome no livro. No cap. 6, Isaias descreve seu chamado de Deus no ano da morte do rei Uzias (cerca de 740 a.C). Ele profetizou por mais de 40 anos durante os reinados de Jotão (homem temente a Deus como seu pai), Acaz (um dos piores reis de Judá) e Ezequias (morto em 687 ou 686 a.C). Ele deve ter vivido até os dias sombrios do péssimo rei Manasses. Os reinados destes monarcas estão registrados nos livros de Reis e Crónicas: Uzias, em 2Rs 15.1-7;
2Cr 26; Jotão, em 2Rs 15.32-38; 2Cr 27; Acaz. Caps. 40—55 em2Rs16; 2Cr 28; EzeConsolo e ânimo para os exilados quias, em 2Rs 18—20; 2Cr 29—32. Caps. 56—66 Isaías sabia desde Após o exílio: glória o início que as suas futura palavras não seriam atendidas, mas ele Passagens mais teve um grande triunconhecidas fo. Quando o exército O chamado de Isaías (6) assírio de Senaqueri"Um menino nos nasceu" (9) be ameaçava invadir O reino de paz (Jí) a cidade de Jerusalém O Caminho Santo (35) durante o reinado de "Consolai o meu povo" Ezequias (701 a.C), o (40) rei ouviu o conselho O servo sofredor (53) de Isaías e a cidade foi Novos céus e nova terra salva (caps. 36—37). (65.17-25) É provável que Isaías tenha reunido em torno de si um grupo de discípulos ou profetas que valorizaram e preservaram suas palavras. A visão inicial de Deus em toda a sua glória, no Templo (cap. 6), influenciou a missão de Isaías como um todo. Ele havia visto Deus como o "Santo de Israel" e jamais se esqueceu disto. Ele tinha visto como o pecado humano era horrível e também disto ele nunca se esqueceu. E ele havia sido perdoado e colocado no serviço de Deus. Em toda sua vida, ele pregou a justiça de Deus, advertiu contra o juízo por causa do pecado, e consolou o seu povo com o conhecimento do amor de Deus, seu desejo de perdoar, e todas as glórias reservadas para aqueles que permanecessem fiéis a ele. O livro O lugar de Isaías no topo dos livros proféticos é bem merecido. Não há nada igual a sua tremenda visão de Deus e da glória reservada para o povo de Deus até lermos o livro de Apocalipse, no final do NT. Em Isaías temos uma coleção de visões e profecias relacionadas com diversos períodos da história de Judá. Nem sempre o livro é de fácil leitura — em parte porque não estamos familiarizados com a linguagem e os estilos dos profetas;
Pa&im oposta: Numa terra árida. uma uano no descrío é um impicss . n i ' ' sinilxtb de esperança e vida nova.
418
em parte porque não conhecemos os princípios que determinaram a organização atual do material. Em alguns trechos há uma clara seqüência cronológica. Outras partes parecem estar organizadas de acordo com o assunto. Composição
Não sabemos quando o livro recebeu a forma na qual chegou até nós. Sem dúvida Isaías escreveu pelo menos parte de suas profecias (veja 30.8, e o uso da primeira pessoa nos caps. 6 e 8). O livro claramente divide-se em três seções: caps. 1—39; 40-55; 56-66. O estilo e a linguagem mudam a partir do cap. 40, embora os mesmos temas apareçam em todo o livro. Tradicionalmente, Isaías tem sido considerado obra de um autor, o profeta do século 8 a quem Deus revelou os fatos da história futura refletidos nos caps. 40—55, dirigidos ao povo no exílio da Babilônia pouco antes do seu retorno (538 a.C).
Os profetas -/
•
V-
' Jtru: iisalem) De sua terra / n o s u l de Judá; MIQUÊIAS se dirige a Jerusalém e Samaria
•
Teria
DeTecoa, AMOS é enviado para profetiz-' Israel
JUDÁ Profetas em Judá: ISAÍAS e JEREMIAS; em Jerusalém; JOEL, SOFONIAS, 'HA8ACUQUE; após o exílio: AGEU, ZACARIAS, MALAQUIAS
EDOM
;^_JZ£QUIEL e DANIEL profetizam no exilio da Babilônia
Os autores do NT, citando as diversas partes do livro, pressupõem a sua unidade. Outros consideram o livro uma compilação de profecias — de Isaias e de seus sucessores — anunciadas durante um longo período de tempo. O fator importante para os estudiosos (e leitores! de hoje é a forma e estrutura de Isaías como um todo, exploradas em "Entendendo Isaías".
Is 1—5 Judá e
Jerusalém
Is 1: "Vocês estão c o n d e n a d o s ! " Jerusalém só foi destruída em 587 a.C, mas a nação já havia atingido o fundo do poço um século antes. O povo de Deus o havia rejeitado, quebrando a aliança sagrada que os unia a ele. E Deus estava enojado com tanta degradação moral, injustiça social (16,23) e hipocrisia religiosa (11-15). A linguagem é forte. Jerusalém, que outrora havia sido fiel, "se fez prostituía", traindo a confiança de Deus (21). O povo de Deus era, agora, seu "inimigo". Ainda assim Deus oferecia perdão (18). Juízo rápido e terrível cairia sobre todos os que continuassem a desafiá-lo: ele purificaria o seu povo do pecado. • Visão (1) Isaías descreve o que Deus lhe permite ver mentalmente: "mensagens que Deus revelou". O livro inclui profecias sobre nações estrangeiras e também sobre "Judá e Jerusalém". "Amoz", o pai de Isaías, não deve ser confundido com o profeta Amós. • Ouvi, ó céus... (2) Esta era a linguagem usada por suseranos do Antigo Oriente Próximo quando confrontavam reis vassalos que haviam quebrado uma aliança. • Santo d e Israel (4) Este é o título especial de Deus no livro de Isaías, vindo diretamente da visão que acompanhou seu chamado para ser profeta de Deus (cap. 6). Em outras partes da Bíblia, fora de Isaías, esse título é usado raras vezes. • Vs. 7-9 Os assírios devastaram Judá, destruindo 46 cidades fortificadas. O reino de Israel, no norte, já não existia mais. Só restava Jerusalém, a "filha de Sião". A destruição de Sodoma e Gomorra, duas cidades absolutamente corruptas situadas na extremidade sul do mar Morto, c descrita em Gn 19. Não poderia haver destino pior. • Sobreviventes (9) O tema do "remanescente' do povo dc Deus, um pequeno grupo que
Isaías
419
3 R
y -
permanece fiel, é importante e m Isaías. Veja 4.2-3; 6.13; 10.20-22; 11.10-16; 28.5; 37.4,30-32. • Lua Nova (13) O primeiro dia de cada novo mês era um dia sagrado. • Escarlata... carmesim (18, ARA) A m b a s tinturas permanentes; só Deus poderia removê-las. • Carvalhos (29) Os bosques sagrados
nos
quais eram realizados os ritos Simbolizam a idolatria d o p o v o .
cananeus.
I s 2—4: " E s t á c h e g a n d o a h o r a " Nestes capítulos, Isaías antecipa um futuro tempo de paz e m que Jerusalém se tornará a cidade de Deus para pessoas de todas as nações (2.1-5; Mq 4.1-3 c quase idêntico). Antes disto, Deus executará juízo severo sobre todo pecado
'¡\inda que os vossos pecados sejam como a escarlata, eles se tomarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tomarão como a lã" (Is 1.18). A foto. tirada em llebrom, mostra là que foi imersa cm tintura escarlate sendo pendurada para secar
420
Os Profetas
Entendendo Isaías Hugh G.M.
Muitos leitores consideram o livro de Isaías difícil de entender. Ele contém muitas passagens bastante conhecidas, mas sua forma geral é complicada.
"Entender a forma do livro não é apenas um exercício intelectual; é literalmente urna questão de vida ou morte."
U m livro: três p a r t e s Uma maneira de encontrar certa ordem é observar que o livro se divide em três seções principais. Os caps. 1— 39 se relacionam, em grande parte, com Judá e Jerusalém ao tempo da monarquia. Os caps. 40—55 condizem com o período do exílio na Babilônia. E os caps. 56—66 nos levam de volta a Jerusalém, mas no tempo da restauração após o exílio. Muitos estudiosos acreditam que isto reflete o trabalho de vários autores. Quer isto seja verdadeiro ou não, o que se sabe com certeza é que existe uma diferença de localização e, portanto, de ambiente entre as diferentes partes. • Na primeira parte, temos a impressão que Isaías teria g o s t a d o de trazer boas notícias para seus ouvintes, mas não podia fazê-lo porque eles rejeitaram a mensagem dele. Assim, ele a colocou por escrito, para que pudesse ser útil mais tarde. Desta forma, o p o v o perceberia que o juízo que ocorreu realmente provinha de Deus. Isto poderia levá-los a crer que Deus tinha condições de lhes trazer a salvação que havia prometido. Veja especialmente 8.16-18 e 30.8-14. Esta última passagem mostra (v. 8) que Isaías percebeu que isto aconteceria muito depois de sua morte. •
A segunda parte d o livro anuncia que este tempo de salvação finalmente chegou. É c o m o se o livro que Isaías "selou" agora pudesse ser aberto e uma mensagem mais positiva, proclamada. Muitos dos temas da primeira parte d o livro
Williamson
são r e t o m a d o s , mas e n q u a n t o antes falavam de castigo, agora falam de restauração. Para dois exemplos, compare 5.26com49.22e 6.9-10 com 43.8. Porém, a promessa segue o juízo, não o substitui. Assim, as duas partes do livro precisam ser unidas para se ter a mensagem completa. Isto ajuda a explicar por que passagens que soam como se pertencessem à segunda parte do livro aparecem nos trechos finais da primeira (p. ex., caps.12; 35). Ilustram em escala reduzida a visão mais ampla d o livro como um todo. •
Na última parte do livro, no entanto, descobrimos que os ouvintes começam a ser divididos em dois grupos, os justos e os ímpios. Como leitores, estamos sendo desafiados, por assim dizer, a avaliar se pertencemos à primeira seção d o livro, sob juízo, ou à segunda, como destinatários da promessa.
A apresentação dos temas O primeiro capítulo serve para apresentar esses temas aos leitores. De sua forma geral podemos deduzir um padrão que se destina a ajudar o leitor a se localizar no extenso material que se segue. Este primeiro capítulo tem, também, três seções. • Primeiro (vs. 2-9) lemos sobre a queixa que Deus tem contra seu povo, e que o pecado deles trará juízo na forma de derrota militar;
•
•
na verdade, isto já está acontecendo! E"nós" (v. 9) somos aqueles que acabaram de escapar por pouco. Isto corresponde à primeira seção do livro como um todo. Depois, os vs. 10-20 mostram que não é suficiente responder apenas com mais ritos religiosos. Deus quer uma mudança completa de estilo de vida, um estilo caracterizado por pureza de conduta e amor pela justiça. "Se forem humildes e m e o b e d e c e r e m " (v. 19), pode haver perdão completo em relação ao passado. Finalmente, assim como a terceira parte d o livro c o m o um todo, os vs. 21-31 mostram que os leitores estão divididos em duas categorias, e que Deus está fazendo distinção entre eles. Os "rebeldes e pecadores" serão destruídos (v. 28), mas também existem, em Sião, os que serão redimidos (v. 27). Portanto, ao lermos o livro à luz
desta introdução, somos desafiados a lê-lo de forma responsiva — dando ouvidos às advertências e apropriando-se das promessas. Entender a forma d o livro não é apenas um exercício intelectual; é literalmente uma questão de vida ou morte.
421 etoda maldade (2.6—4.1). O orgulho humano seria destruído (2.11-18). Isaías (como Jesus) considerava o orgulho a raiz de muitos males. Os maus não terão lugar na cidade renovada; apenas os poucos fiéis a Deus sobreviverão para desfrutá-la ( 4 . 2 - 6 ) . Este tema de um dia futuro c um reino de paz é desenvolvido nos caps. 11—12. • 2.6 A consulta a adivinhos (proibida e m L v 19.31) e as alianças com estrangeiros levaram à idolatria. • 2.10 Veja A p 6.15; 2Ts 1.9. • 2.13-16 Símbolos de orgulho. Salomão usou o famoso cedro d o Líbano na construção d o Templo. Os navios de Társis eram grandes embarcações oceânicas, o orgulho da frota. • Esta vinha (3.14) Símbolo da nação (veja ls 5 ) . • Calvície (3.24) As cabeças eram raspadas como sinal de luto ou degradação. • 4.1 Tantos homens foram mortos na batalha que as mulheres prometem se manter financeiramente ( a l g o inédito na é p o c a ) , desde que o h o m e m aceite casar com elas. • O Renovo (4.2) O " R a m o N o v o " ( N T L H ) que brota d o tronco cortado (veja 1 1 . 1 ) ; a comunidade renasceria. • 4.5 Nuvem e fogo: símbolos da presença de Deus enquanto peregrinavam no deserto (Ex 13.21). Is 5: A c a n ç ã o d a v i n h a Esta canção ( v s . 1-7), c o m o a história da vinha que Jesus contou ( M t 21.33-41), é uma parábola. O p o v o de Judá é a vinha de Deus. Ele fez tudo que era necessário para garantir uma boa colheita, mas o que resultou foram uvas azedas. Uma série de "ais" (8-26) c proferida contra aqueles cujo pecado leva Deus a abandonar a vinha (mas não para sempre: veja cap. 2 7 ) . Na terra de Judá, as grandes propriedades construídas à custa dos pobres ( 8 ) se transformariam e m solo improdutivo. Um alqueire de parreiras daria somente 22 litros de vinho; a colheita seria apenas um décimo das sementes plantadas ( 1 0 ) . M a i s uma v e z o profeta denuncia o orgulho, o luxo, a embriaguez, a injustiça. Deus daria o sinal, chamando o inimigo invasor que os esmagaria ( 2 6 - 3 0 ) . • A cova (14, ARA) N o hebraico, "Sheol", o sombrio mundo dos mortos ( N T L H ) . • V. 26 Isaías não deu n o m e às "nações distantes". A Assíria era a ameaça imediata; mais tarde viria a Babilônia.
I s 6: " E u v i o S e n h o r ! " — O c h a m a d o de Isaías A incrível visão da santidade de Deus descrita neste capítulo influenciou todo o ministério profético de Isaías. Ele constantemente falava do Deus que servia c o m o "o Santo de Israel". A o longo de sua vida ele seria sustentado pela noção de que tinha visto Deus com os seus próprios olhos, tinha experimentado o seu perdão c havia sido chamado para o seu serviço. E ele precisava disto, pois Deus o enviou a uma nação surda e cega diante dos seus apelos (9-10); nação que seria destruída e levada ao cativeiro (11-12). Mas havia esperança: a semente de uma nova nação sobreviveria ( 1 3 ) . • Pés (2) Isto se refere a todo o corpo (veja NTLH). • V. 5 Na presença de Deus, Isaías se dá conta de sua própria indignidade. ( N o AT, ninguém poderia v e r Deus e continuar v i v o . ) Outros homens de Deus tiveram experiência idêntica: Moisés e Jeremias, no AT (Êx 3; Jr 1 ) ; Pedro e Paulo, no N T (Lc 5.1-11; I C o 15.8-10). • Vs. 9-10 A expressão hebraica expressa o resultado c o m o se fosse o propósito. Deus não pretendia impedir o p o v o de se arrepender. Ele enviou Isaías c o m o propósito de salvar pessoas d o j u í z o , e a mensagem d o profeta foi clara. Mas as pessoas não quiseram ouvir e se recusaram a tomar uma atitude. • V. 13 Isto parece começo.
indicar um
novo
"No ano da morte do rei Uzias, eu vi o Senhor assentado sobre um alto c sublime trono, e as abas de suas vestes enchiam o templo. Serafins estavam por cima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobria o rosto, com duas cobria os seus pés e com duas voava. E clamavam uns para os outros, dizendo: "Santo, santo, santo, è o
Is 7—12 Presente
e
futuro
Is 7—8: " E m a n u e l " : j u í z o e promessa A data era mais ou menos 735 a.C. O rei era Acaz, neto de Uzias. A c a z fez o que não agrada a Deus (2Rs 1 6 ) e c o m o conseqüência disto seu reino foi atacado de todos lados. Quando ele se recusou a entrar na aliança que Israel ( o reino d o N o r t e ) e a Síria haviam feito para se defenderem dos assírios, Judá foi atacada pelos sírios e israelitas. Neste momento Isaías se dirigiu a A c a z com uma mensagem da parte de Deus ( 3 - 9 ) . Isaías ofereceu ao rei A c a z um sinal de que Deus cumpriria sua promessa de salvar Judá e sua l i n h a g e m d e reis. A c a z , pretextando (falsa) piedade, recusou a oferta. Então Isaías
SEMIOR
dos Exércitos; toda a terra está cheia da sua glória."
Is 6.1-3 (ARA)
prometeu outro sinal, um menino chamado "Deus conosco". N o futuro i m e d i a t o "Deus conosco" significava j u í z o ( 7 . 1 5 - 2 5 ; 8.5-8; compare 8.1-4), embora a longo prazo significasse bênção ( 8 . 9 - 1 0 ) . Isto porque o rei estava determinado a pedir a ajuda da Assíria. E depois de punir os rebeldes (Israel e Síria), a Assíria se lançaria sobre Judá e a própria Jerusalém seria sitiada (veja caps. 3 6 — 3 7 ) . • Casa de Davi (7.2) O palácio real. • Síria e Efraim (7.2,5-9) A Síria (nesta época chamada de A r ã ) tinha como capital a cidade de Damasco. C o m o previsto, esse reino foi esmagado pela Assíria e m 732 a.C. "Efraim" era o reino de Israel, o reino d o Norte, que também foi tomado pelos assírios (734-722 a.C). • Sear-Jasube (7.3, NTLH) O nome significa "um remanescente voltará", ou "Um-RestoVolvcrá" ( A R A ) . Os nomes de ambos os filhos de Isaías eram uma recordação constante de seu ensinamento (veja cap. 8 e comentário sobre 10.20). • Campo d o lavadeiro (7.3) Os lavadeiros ou tintureiros precisavam estar peito da água para fazer seu serviço de limpar e clarear as roupas. • 7.14-16 " E m a n u e l " n o h e b r a i c o significa " D e u s c o n o s c o " . O sinal aparentemente tinha significado presente e futuro. 1. Em poucos anos, o t e m p o necessário para uma criança atingir a idade d o discernimento, Israel e Damasco deixariam de ser uma ameaça. 2. Um dia nasceria um menino que seria realmente "Emanuel", "Deus conosco" (veja M t 1.23). A palavra traduzida por "virgem" c m algumas versões (c no texto g r e g o ) designa mais uma " j o v e m " d o que uma "virgem" no sentido técnico da palavra. • Coalhada/manteiga e mel (7.15,22) Estes símbolos de abundância natural representam, neste caso, uma terra desolada na qual o g a d o e as abelhas fornecem os únicos alimentos que de que se pode dispor. • A profetisa (8.3) A mulher de Isaías (veja NTLH). • Maer-Salal-Hás-Baz (8.3, NTLH) RápidoDespojo-Presa-Segura (ARA). O nome transmite a mesma mensagem (inicial) que "Deus conosco", mensagem de j u í z o através dos assírios. Compare 8.3-4 com 7.14-16. • Siloé (8.6) Provavelmente um aqueduto fora de Jerusalém. O túnel de Siloé, d o t e m p o de Ezequias (veja a r t i g o ) , ainda não havia sido construído.
Is 9 . 1 - 7 : V i r á u m r e i Esta profecia se afasta d o ambiente sombrio daqueles dias e projeta a visão de um futuro brilhante e glorioso. Viria um rei da linhagem de Davi para reinar e m justiça e paz — para sempre. As tribos de Z e b u l o m e Naftali, na região da Galileia, as primeiras a serem esmagadas pela Assíria, seriam também as primeiras a v e r a luz, a provar a alegria, e a serem libertas pelo futuro príncipe da paz. Em Mt 4.12-16, esta profecia é diretamente associada com a vinda de Jesus, que se criou cm N a z a r é , na Galileia, e que c o m e ç o u seu ministério público c m Caná da Galileia. • O caminho d o mar (1) A estrada principal entre a Síria e o Egito passava pela Galileia. • Dia dos midianitas (4) Trata-se da grande vitória de Gideão contra os midianitas (Jz 7 ) . • Deus Forte (6) O próprio Deus. Veja 10.21 onde a mesma palavra é usada. • Para sempre (7) Veja o que o anjo Gabriel disse a Maria, e m Lc 1.32-33. Is 9 . 8 — 1 0 . 4 : C a s t i g o p a r a I s r a e l S o m o s l e v a d o s b r u s c a m e n t e d e volta ao presente. O p o v o d o reino dissidente do norte, Israel, estava condenado por sua arrogância e rebelião, injustiça e opressão. Eles já haviam sentido o gosto d o j u í z o divino, mas não aprenderam a lição. Portanto, Deus não os pouparia. A profecia foi escrita e m quatro estrofes, cada uma terminando com o mesmo refrão ( 1 2 , 1 7 , 2 1 ; 10.4; foi usado antes, em 5.25). Os assírios levaram muitos israelitas para o cativeiro e m 734 a . C , mas Samaria resistiu até 722 ou 721 a.C. Israel ignorou as advertências de A m ó s e os apelos de Oséias (cont e m p o r â n e o de Isaías), os dois profetas que Deus havia enviado especialmente a eles. Is 1 0 . 5 - 3 4 : " E n v i e i a A s s í r i a " Deus usou uma nação orgulhosa e cruel para castigar seu p o v o . Mas as palavras arrogantes d o i m p e r a d o r ( 1 2 , 1 4 ) não ficaram sem resposta ( 1 5 ) e a crueldade excessiva da Assíria não foi perdoada: ela seria punida ( 1 2 , 2 4 - 2 7 ) . M e s m o c m meio ao mais intenso juízo, Deus jamais perde de vista seu propósito de salvar. Um remanescente — um número insignificante — d o seu p o v o sobreviveria para confiar nele e servi-lo ( 2 0 - 2 3 ) . • V. 9 Uma lista de cidades e cidades-estado conquistadas pela Assíria — todas sírias, com exceção de Samaria.
Isaías
423
Profetas e profecia Mary Evans
Descrever um profeta típico do AT seria uma tarefa muito difícil. Quem poderia ser escolhido como típico? Todos o s t i p o s Seria ele um profeta profissional bem treinado que começou c o m o aprendiz e foi subindo até chegar à liderança de um grupo profético, como é o caso de Eliseu (IRs 19.21; 2Rs 4.38)? Ou você escolheria um profeta independente sem treinamento real, como Amós (Am 7.14)? Poderia ser um profeta que trabalhava na corte, atuando como conselheiro de destaque para o governo, como Isaías (2Rs 19.1-6; 20.1-21), ou um profeta que fosse freqüentemente considerado inimigo direto do Estado, como Jeremias (Jr 20.2; 32.2; 36.26). Alguns profetas usavam a música para ajudá-los em sua função (Êx 15.20-21; ISm 10.5; 2Rs 3.15). Alguns usavam representações ou dramatizações muito estranhas, enquanto outros pareciam achar que a fala direta e comum era suficiente para transmitir a sua mensagem. Alguns foram profetas a vida inteira, outros aparentemente atuaram como profetas por um período de tempo bem curto. Todos eles falaram do mesmo Deus e descreveram as mesmas responsabilidades que são dadas àqueles que querem manter um relacionamento com Deus, mas eles eram pessoas muito diferentes que apresentaram a sua mensagem de maneiras muito diferentes. Não existe um profeta típico. Homens e t a m b é m m u l h e r e s Embora todos os profetas d o AT que têm livros escritos por eles ou que levam seu nome sejam homens, isto não significa que as mulheres não eram, ou não podiam ser, profetisas.
É possível, embora pareça improvável, que quando Isaías descreve sua esposa como "a profetisa" (Is 8.3) ele estaria usando o título no sentido honorário. Mas quando Miriã (Êx 15.20), Débora (Jz 4.4), Hulda (2Rs 22.14), ou a menos simpática Noadia (Ne 6.14) são chamadas de profetisas não há dúvida que isto reflete um ministério ativo. Não havia muitas profetisas, mas não havia preconceito contra elas apenas porque eram mulheres. O bom rei Josias enviou vários líderes d o governo nacional para pedirem conselho à profetisa Hulda sobre um dos acontecimentos mais significantes do seu reinado, a descoberta d o "livro da lei" (2Rs 22.8-20). Suas palavras foram encaradas com a mesma seriedade como se tivessem vindo de Isaías ou Miquéias, que eram profetas em atividade naquela mesma época. Havia falsos profetas (veja "Os Profetas"), homens e mulheres, que foram condenados por sua falsa profecia, mas não há indício de que o gênero tenha sido em algum momento o problema. Prevendo o futuro Quando os profetas falavam de acontecimentos futuros, é bem evidente que muitas vezes havia incerteza com relação ao que estavam dizendo. É como se estivessem apresentando diferentes portas ou alternativas para o futuro. Em muitos casos, o que determina a passagem ou não por determinada porta é a resposta do ouvinte ou leitor à mensagem anunciada pelo profeta. Tome Jonas como exemplo. (Quer consideremos a história uma parábola ou fato real, não altera a questão.) O profeta foi chamado para levar uma mensagem clara de juízo e destruição ao povo de Nínive. Entretanto, quan-
do o povo deu ouvidos à mensagem e se arrependeu, Deus decidiu fechar momentaneamente aquela porta. Jonas ficou irritado com isto porque queria que os ninivitas morressem, mas não ficou surpreso. Ele sabia que era assim que Deus costumava agir (Jn 4.2). Estes retratos alternativos d o futuro explicam c o m o é possível que os profetas falem, sem entrarem em contradição, tanto da destruição do povo de Deus quanto da esperança de grande renovação e prosperidade. Estas são duas portas alternativas. A função principal do profeta do AT não era dar ao povo um vislumbre da estrutura dos acontecimentos futuros. Eles "prediziam", como Dt 18.21-22 deixa claro. Mas sua preocupação principal era incentivar as pessoas a viverem no presente da forma que Deus queria, uma forma que refletisse o relacionamento que tinham com Deus. Advertência a o ouvinte Os profetas tinham a responsabilidade de falar claramente aquilo que Deus lhes dado para falar. Contudo, também os ouvintes tinham responsabilidades. Eles tinham, é claro, a responsabilidade de ouvir e levar a sério o que era dito; colocar sua fé em ação; praticar a justiça, a santidade e o amor do seu Deus. Também eram responsáveis por criticar o que era dito, avaliar se o profeta realmente estava falando em nome de Deus. Tinham a responsabilidade de serem honestos consigo mesmos e com Deus e especialmente de não tentar subornar o profeta para que anunciasse belas mensagens de consolo que só continham aquilo que eles queriam ouvir (Mq 2.11; Is 30.10-11; Jr 5.31).
424
Os Profetas
Profetas d o N T Também no NT a profecia teve um papel muito importante na vida d o povo de Deus. Havia aqueles, como Agabo (At 21.10) ou as filhas de Filipe (At 21.9), que eram conhecidos por seus dons proféticos específicos. N o entanto, pouquíssimas pessoas são identificadas como profetas; pelo contrário, o dom da profecia é apresentado como pertencente a toda a Igreja. Determinados indivíduos podiam ser usados por Deus para trazer mensagens específicas de Deus a seu povo, mas a ênfase está na mensagem e na reação da Igreja, e não na pessoa que a transmitiu. Na Igreja do NT, todos os cristãos passaram a ter um papel sacerdotal; podiam entrar na presença de Deus sem qualquer mediador sacerdotal além do próprio Cristo (Hb 10.19-22; ITm 2.5). Há fortes indícios de que todos tinham, também, um papel profético, sendo capazes de discernir por si mesmos o que Deus estava dizendo e apresentar seu entendimento a respeito disso à igreja para ser avaliado e colocado em prática (ICo 14.29,31).
Talvez não estejamos todos entre aqueles que são reconhecidos como profetas. Talvez não sejamos todos pessoas que, de modo geral, são capazes de resumir a essência das coisas que Deus quer que o seu povo ouça, e isso de uma forma que seja imediatamente reconhecida como válida por todos aqueles que pertencem a Deus e genuinamente buscam a sua palavra. Mas se todos os crentes estão em relacionamento direto com Deus, há o potencial de que todos os crentes ouçam o que Deus está dizendo. Se isto for verdade, é extremamente importante que sejamos todos bons ouvintes: capazes de ouvir o que Deus está dizendo para podermos compartilhar com outros; e capazes de ouvir o que outros estão nos dizendo para que possamos julgar se Deus está falando a nós através deles.
E hoje? Para a igreja de hoje e o cristão de hoje, o desafio da profecia continua. Ainda somos chamados a declarar a justiça, a santidade e o amor do grande Deus a quem servimos, e ainda somos chamados a praticar a justiça, a santidade e o amor.
• N ã o houve quem/ninguém (14) Forma enfática de expressar que não houve qualquer tipo de resistência. • Os restantes (20) Este tema do remanescente é um dos principais de Isaías. Remonta ao dia em que Deus o chamou como profeta ( 6 . 1 3 ) c aparece como um fio de esperança em meio às mensagens mais sombrias de juízo. Para uma lista de referências, veja comentário sobre 1.9. Este m e s m o remanescente fiel ou grupo de sobreviventes realizaria todas as promessas gloriosas d o futuro. • V. 26 Veja Jz 7 e Èx 14. • Vs. 28-32 Gibeá, um pouco ao norte de
Jerusalém, foi a capital de Saul; Anatote. alguns quilômetros a leste, a terra natal de Jeremias. Isaías descreve um ataque a Jerusalém proveniente do norte, a rota normal dos exércitos invasores de países d o norte ou d o leste. Senaqucribc acabaria vindo d o lado de Laquis, a sudoeste. Is 11—12: Q u a n d o t u d o ficará b e m Nestes capítulos, o tema d e passagens anteriores (2.2-4; 4.2-6; 9.1-7) é desenvolvid o mais extensamente. O futuro rei será da família de Davi ("Jessé", 1 1 . 1 , era o pai de
Davi). Ele possuirá o próprio Espírito de Deus c será justo, reto, fiel, c o m o Deus. Seu reino será internacional ( 1 1 . 1 0 ) e livre de inimigos e de males. O mundo natural refletirá essa transformação total ( 1 1 . 6 - 9 ) . H a v e r á uma grande reunião de todo o p o v o de Deus que se acha disperso ( 1 1 . 1 2 ) , e o cântico de louvor pela restauração de Israel será e n t o a d o por todos (cap. 1 2 ) . Isaías descreve isso tudo em termos bem concretos, mas o que ele viu foi uma mudança radical. Esta será uma nova terra, centrada e m Deus e o b e d i e n t e a sua vontade ( 1 1 . 9 ; 12.6; veja t a m b é m 65.17-25 e-Ap21).
• Rei da Babilônia (14.4) A canção de zombaria é dirigida, não a um rei específico, mas à dinastia, que representa todo o reino. • Estrela da manhã (14.12) Vénus. Na crença dos cananeus, uma divindade que queria ser o "deus supremo". • 14.13 Esses mesmos pensamentos trouxeram o juízo de Deus sobre Babel, predecessora da Babilônia (Gn 11.1-9). Is 14.24-27: A s s í r i a O destino da Assíria também estava selado (veja 10.5-34). N o final, a Babilônia quebraria o poder da Assíria. Mas antes disso haveria uma derrota simbólica na terra do próprio Deus ( 2 5 ; veja caps. 3 6 — 3 7 ) .
Is 13—23
As nações sob o juízo
de
Deus
Estes capítulos reúnem uma c o l e ç ã o d e profecias contra nações estrangeiras, que foram anunciadas e m diferentes momentos. Deus não se interessa apenas por seu próprio povo. O mundo inteiro é dele. As profecias se valem de imagens fortes e pintam quadros marcantes para descrever os dias terríveis que estavam por vir. Elas têm forma e linguagem poética. Por exemplo, 14.4 deixa claro que o que segue é uma canção de zombaria. A l é m dos títulos — "sentença ( o u mensagem) contra..." — as profecias estão entremeadas com breves anotações explicativas em prosa ( p . ex. 13.1; 14.1-4; 16.13-14; 17.7-9; 1 9 . 1 6 — 2 0 . 6 ) . Algumas versões deixam isto evidente pela maneira c o m o distinguem entre prosa c poesia. Is 1 3 . 1 — 1 4 . 2 3 : B a b i l ô n i a Veja também os caps. 46—47. Na época dc Isaías, a Babilônia estava lutando para se tornar independente da Assíria. Esta profecia diz respeito à Babilônia, 100 anos mais tarde, no auge do seu poder — e prevê o dia e m que a Babilônia seria destruída. Em 5 3 9 , a Babilônia caiu nas mãos dos medos e persas liderados por Ciro. Xerxes destruiu a cidade e m 478 e ela foi definitivamente abandonada no século 4 a.C. N o NT, a Babilônia se torna um símbolo. É a cidade da humanidade rebelde, implacavelmente oposta a Deus (Ap 17; ela também serve de codinome de R o m a ) . • 13.10 Isto é linguagem convencional para o "dia d o Senhor". Veja, p. ex., Ez 32.7; Jl 2.10 e passagens d o NT, Mt 24.29; A p 6.12-13. • Ofir (13.12) Veja l R s 9.28. • 13.21-22 Lista de criaturas repugnantes.
Is 14.28-32: O s filisteus A data é provavelmente 716 a.C. ( 2 8 ) . A Assíria estava em apuros e os filisteus (velhos inimigos de Israel, ocupando a planície costeira) tentaram persuadir Judá a unir-se a eles numa rebelião contra os assírios. Mas estes estavam longe de estarem derrotados (29,31). O pior estava por vir — e os filisteus estavam condenados. Porém os pobres do povo de Deus encontrariam abrigo cm Sião. Is 15—16: M o a b e Os moabitas eram descendentes dc L o , o sobrinho de Abraão. Eles ocupavam o planalto a leste do mar Morto. Rute era moabita. I louve momentos em que os moabitas se davam bem com os israelitas, mas eles não compartilhavam a fé de Israel. Isaías ficou c o m o v i d o ao prever o sofrimento de Moabe ( 1 5 . 5 ) , que chegaria depois de três breves anos ( 1 6 . 1 4 ) . Moabe pediu ajuda a Jerusalém e Deus incentivou seu povo a acolher os refugiados (16.1-5). As cidades de M o a b e caíram nas mãos da Assíria e m sucessivas campanhas militares e voltariam a ser conquistadas por Nabucodonosor da Babilônia. • 15.1-9 Estas são todas cidades dos moabitas. " N e b o " é a montanha da qual Moisés viu a terra prometida; "Zoar", cidade na extremidade sul do mar Morro, poupada na destruição de Sodoma. " O riacho/as torrentes dos Salgueiros" provavelmente era a fronteira entre M o a b e e Edom, ao sul. • As cabeças se tornam calvas/rapam a cabeça (15.2) Veja comentário sobre 3.24. • Sela (16.1) "A rocha", uma fortaleza de Edom na Jordânia; hoje faz parte do sítio de Petra. Os moabitas c m fuga se esconderam ali.
Os Profetas
426
• Arnom (16.2) Um desfiladeiro profundo que formava a fronteira entre M o a b c , ao sul, e Amora, ao norte. • 16.3-4a O apelo de M o a b c a Judá. Os vs. 4b e 5 são um pensamento d o autor. • Vinha de Sibma (16.8-9) Região famosa por seu vinho. Aqui, é um símbolo de prosperidade nacional. • 16.14 Uma pessoa obrigada por contrato só trabalha pelo período para o qual foi contratada. Assim, "três anos, tais como os de jornaleiros" significa "daqui a exatamente três anos" ( N T I . H ) e nem um dia mais. Is 17: D a m a s c o de i i contra as nações s a
a s
Esta é uma profecia d o início d o minisIsaias — veja cap. 7. Em resposta ao a p e l o d o rei A c a z , que pediu ajuda para fazer frente à aliança entre Israel e Síria, os
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Egito: disputas internas, seguidas por conquista, uma economia arruinada e a desintegração da liderança ( 1 - 1 5 ) . O Egito foi derrotado pela Assíria quando o e x é r c i t o de Senaqueribe sitiou Jerusalém ( 7 0 1 a . C ) . Outras derrotas culminaram no saque de Tebas e m 663 a . C , quando os assírios pilharam os tesouros dos templos, reunidos ao longo de séculos. Mas Deus usa a espada para curar, não para promover anarquia. Os vs. 16-24 revelam seu propósito final: a revelação de si mesmo ao p o v o egípcio. Por incrível que pareça (23-25), o Egito e a Assíria (as nações que mais se opunham aos propósitos de Deus) seriam unidos com Israel na adoração a Deus, trazendo bênção a todo o mundo. "Aquele dia" (isto é, o dia d o juízo, tanto temporal c o m o final; e expressão é freqüente no livro de Isaías) é o dia da intervenção final de Deus para julgar e salvar e m escala mundial. N o NT, "aquele dia" é o dia da vinda de Cristo. Depois da queda de Jerusalém, em 587 a. C, diversas e influentes colônias de judeus se estabeleceram no Egito e na Assíria. Inclusive uma réplica d o T e m p o de Jerusalém foi construída e m Leontópolis, no Egito, por volta de 170 a.C. Mas tudo isto era apenas um pálido reflexo do que Isaías previu. • Vs. 5-10 I o d a a economia d o Egito dependia da cheia anual d o Nilo que irrigava e fertilizava as terras próximas das margens. Uma cheia muito grande ou muito pequena ( c o m o neste caso) significava desastre.
assírios fizeram uma série de ataques, saquearam Damasco e mataram o rei R e z i m . Esta profecia também critica Israel por aliar-se à Síria contra a sua própria parentela, a nação de Judá. • Postes-ídolos (8) Altares e imagens d o culto cananeu. • Os heveus e os amorreus (9, NTLH) Tribos destruídas pelos israelitas na conquista de Canaã. I s 18: E t i ó p i a Este é o atual Sudão. Na época de Isaías, o Egito era governado por uma dinastia sudanesa. A ameaça assíria trouxe mensageiros de longe. Mas Deus lidaria com o invasor na véspera da vitória (5-6; veja 37.36-38). E a nação distante enviaria ofertas de gratidão a Deus ( 7 ; veja 2Cr 32.23). I s 19: E g i t o Esta profecia prevê a d e s i n t e g r a ç ã o d o
• V. 16 A poesia se transforma e m prosa até o final d o capítulo e continua ainda no cap. 2 0 . • Zoã (11)... Mênfis (13) Zoã ( T â n i s ) , que ficava na região d o delta, era a capital do Egito naqueles dias; Mênfis, um pouco mais ao sul, junto ao Nilo, havia sido a capital em tempos passados. • Cidade d o Sol (18) Heliópolis ou O m ; era centro da adoração ao sol, no Egito. Is 20: E g i t o e S u d ã o Aquele "ano" ( 1 ) era 711 a . C , quando os assírios conseguiram conter a rebelião dos filisteus e m A s d o d e . O a p o i o que esperavam d o Egito não se materializara. Três anos antes. Deus havia p e d i d o a Isaías que encenasse a condição de um escravo, tirando a roupa de pano grosseiro que vestia e as sandálias que tinha nos pés e andando m e i o nu e descalço ( 2 ) . Foi uma surpreendente demonstração
Isaías
427] A comparação (lo povo de Deus com uma videira ou vinha é um
ou ilustração ( c o m o mais tarde seriam as dramatizações de Ezequiel) d o futuro cativeiro do Egito, c o m a intenção de advertir o p o v o de Judá a não esperar ajuda dos egípcios. Em 701 a.C. (veja cap. 19 acima), o Egito foi derrotado pela Assíria. Is 2 1 : T r ê s o r á c u l o s O "deserto d o mar" ( 1 ) é a Babilônia ( 9 ) . Veja os caps. 13—14. A queda da Babilônia seria uma boa notícia para os cativos de Israel (10). M e s m o assim, Isaías ficou horrorizado com o que previu. Ser "profeta" é uma profissão que traz dores e angústias ( 3 - 4 ) . Houve um adiamento temporário d o castigo de Edom (Duma, 11-12), mas o juízo c o m certeza viria (veja 3 4 . 5 ) . Nem m e s m o as remotas tribos da Arábia (13-17) escapariam d o l o n g o braço da Assíria. Esta profecia se tornou realidade quando Sargão atacou a Arábia e m 715 a.C. > Quedar (16) Uma poderosa tribo beduína. • Um ano, tal como o d e jornaleiro (16) Veja comentário sobre 16.14. Is 2 2 : " O v a l e d a V i s ã o " Isaías morava e m Jerusalém. Poi lá que ele teve as suas visões. A cidade é rodeada por vales e montanhas. O "vale da Visão", que representa a cidade, é provavelmente o vale do Hinom. Apesar d o adiamento d o j u í z o na
época de Ezequias (caps. 3 6 — 3 7 ) , Isaías previu a futura destruição de Jerusalém. (Nabucodonosor II da Babilônia acabaria conquistando a cidade após um terrível cerco e m 587 a.C. As muralhas foram derrubadas e o Templo foi destruído.) A reação d o p o v o diante d o desastre iminente foi uma mistura de atividade frenética e puro escapísmo ( 8 - 1 3 ) . Eles checaram suas armas e armazenaram água para fazer frente ao cerco, mas não deram atenção ao que "há muito tempo já havia planejado todas essas coisas". Os vs. 15-25 se referem ao tempo de Isaías. Scbna, um alto funcionário da corte de Ezequias (36.3), seria rebaixado, e Eliaquim, promovido. Mas seria incapaz de suportar o peso da parentela que viveria às suas custas e acabaria perdendo a sua posição. • Elão... Quir (6) Postos fronteiriços d o Império Assírio que sem dúvida forneciam recrutas para o exército. • Casa d o Bosque/Salão da Floresta (8) O arsenal da cidade; veja l R s 7.2; 10.17. • Vs. 9,11 Suprimento de água era vital e m caso de sítio. Veja 2Cr 32 e artigo sobre o túnel de Siloé, solução de Ezequias para o problema. Is 23: T i r o Durante séculos Tiro e Sidom (duas cidades fenícias na atual costa d o Líbano) dominaram
"A v i s ã o que Deus me mostrou foi terrível: traição e destruição por toda parte! Exército de Elão, ataque! Exército da Média, cerque as cidades! Deus vai acabar com os sofrimentos que a Babilônia causou. A visão me deixou desesperado; estou sofrendo como uma mulher que está dando à luz. Eu quase não posso ouvir, de tanta dor; quase não posso ver de tão fraco. Estou cheio de confusão e tremo de medo; esperava que li noite me trouxesse alívio, mas ele só me trouxe pavor."
Is 21.2-4 (NTLH)
Os Profetas "acabará com a nuvem de tristeza e de choro que cobre todas as nações" ( 2 5 . 7 ) . A própria morte será destruída, e a tristeza deixará de existir (compare 25.8 c o m A p 2 1 . 4 ) . Os povos d o mundo virão participar d o banquete festivo que Deus vai dar (uma referência a este banquete inspirou a parábola de Jesus em Lc 14.15-24).
o comércio marítimo no leste d o Mediterrâneo. As colônias de Tiro, das quais Chipre era a mais próxima, se estendiam por uma vasta área. E os comerciantes da cidade se aventuraram até o Oceano Índico e o Canal da Mancha. Um produto importante eram os cereais que vinham d o Egito ( 3 ) . Tiro era uma cidade corrompida pela sua riqueza e seu sucesso, c Isaías a advertiu d o fim que se aproximava. Ele falou a verdade. Em 722/1 a . C , a cidade caiu nas mãos de Sargão, rei da Assíria. Em 701, o governador de Tiro fugiu para Chipre, quando Senaqueribe se aproximava. C o m a decadência da Assíria, Tiro reconquistou seu poder, voltando a perdê-lo para os babilônios. • Társis (6) Provavelmente "Tartessos", na Espanha. • Caldeus/babilónios (13) A Caldeia era a parte sul da Babilônia, mas quando reis caldeus tomaram o poder na Babilônia o termo passou a ser usado c m referência ao reino c o m o um todo. • Setenta anos (15) Provavelmente um número arredondado, equivalente ao tempo de vida de uma pessoa.
Is 2 4 — 2 7
Juízo e
salvação
Do particular, isto é, do juízo de Deus sobre nações específicas, passamos ao universal: a época e m que Deus julgará t o d o o mundo e todos os seus habitantes. A vida não continuará para sempre d o jeito que a conhecemos. Um dia Deus intervirá e porá fim a este mundo. A terra será sacudida e o mundo sucumbirá sob o peso d o p e c a d o ( 2 4 . 2 0 ) . Isaías não tinha dúvida quanto a isto. Jesus também não tinha (veja Mt 2 4 ) . Mas o propósito de Deus não é apenas condenar. Depois de um capítulo ( 2 4 ) sobre o j u í z o v ê m três capítulos ( 2 5 - 2 7 ) que tratam d o resgate e da salvação, quando Deus
Uma canção de louvor a Deus, o protetor dos pobres e o defensor dos necessitados (25.1-5), leva a uma descrição das alegrias que esperam o povo de Deus após o julgamento (25.6-12). N o cap. 26 aparece outro cântico. Seu tema é a confiança. A vida é feita de esperança (8-15), de sofrimentos e fracasso ( 1 6 - 1 8 ) . Mas Deus salva os seus, mesmo da morte ( 1 9 ) . A canção da vinha e m 27.2-5 contrasta c o m o cap. 5. 0 dia virá e m que o propósito de Deus para seu povo será cumprido. O juízo no tempo presente tinha intenção corretiva. O exílio teria fim. Na colheita final todo o povo de Deus será trazido de volta para casa. • Naquele dia (24.21, etc.) acima.
Veja
cap.
19
• M o a b e (25.10) Inimigo d o p o v o de Deus na época; representava todos os inimigos. • 26.19 Esta clara descrição da ressurreição (que alguns acreditam referir-se à nação) marca uma nova etapa na história da fé no AT. O "orvalho" expressa o poder que Deus tem de dar vida aos mortos, que habitam no p ó . • Leviatã (27.1, NTLH) A figura d o dragão ou da serpente que aparece na mitologia pagã. O j u í z o d e Deus se estende ao âmbito superhumano ou sobrenatural (veja 2 4 . 2 1 , onde os "poderes d o céu" podem ser o sol, a lua e as estrelas, que eram adorados por outros p o v o s ) . A mesma figura é usada e m A p 12.9 para descrever Satanás. • Postes-ídolos (27.9, ARA) Veja comentário sobre 17.8 acima. • 27.10-11 Refere-se aos opressores, cujo sofrimento será muito maior que o d o povo de Deus.
Is 2 8 — 3 1
Mais advertências povo de Deus
ao
rebelde
Is 28: Ai d e S a m a r i a e dos líderes de Judá As atenções se voltam mais uma v e z aos pecados da época de Isaías. Os vs. 1-6 são dirigidos a Israel. ( A tribo de "Efraim" representa
todas as 10 tribos d o reino d o Norte.) Eles pertencem ao período anterior à queda de Samaria, a capital, e m 7 2 2 / 1 a.C. A cidade que gostava d o prazer e d o luxo era c o m o um figo maduro, pronto para ser colhido, e a mão da Assíria estava estendida para apanhá-lo. Mas um "remanescente" (veja 10.20 acima) haveria de sobreviver. Uma palavra especial de censura é dirigida aos líderes ( 7 - 1 4 ) . Os líderes religiosos eos governantes, em vez de liderarem, desviaram o p o v o . N o v. 14 o profeta se volta para Judá e os governantes e m Jerusalém. Eles haviam feito um acordo com o Egito e nisto depositavam a sua confiança. O profeta, em tom de deboche, se refere a esse acordo como um acordo com a morte ( 1 5 ) . Os líderes haveriam de descobrir quão errados estavam ( 1 8 ) , pois segurança real só se encontra e m Deus. Os vs. 23-29 t r a z e m um ensinamento de sabedoria. O lavrador sabe o que fazer porque Deus o instrui e ensina. O p o v o de Deus poderia aprender esta mesma lição. • V. 9-13 A tradução francesa em linguagem de hoje traduz o v. 10 ( e parte do v. 13) da seguinte forma: "Escutem o blablablá-blablablá, e o patati-patatá". Os ouvintes de Isaías estavam deliberadamente ridicularizando a mensagem de Deus, e os vs. 9-10 parecem ser sua resposta irônica ao profeta (conforme indicado na N'1'LH). Isaías garante aos que pensavam que a palavra de Deus não passava de um a m o n t o a d o de palavras sem sentido que a próxima mensagem de Deus seria transmitida e m língua assíria! • Morte (15) A palavra era idêntica ao n o m e do deus dos mortos entre os cananeus, e eme era adorado no Egito sob nomes diferentes. • Pedra angular/principal d o alicerce (16) Veja também I P e 2.4-8. Aqui o significado da pedra tem a v e r c o m confiança e m Deus. A fé pode esperar pacientemente, confiante na segurança e m Deus. N ã o há necessidade de ação precipitada nem pânico. • V. 21 Refere-se às vitórias de Davi; veja l C r 14.8-17. Is 29: A i d e J e r u s a l é m "Ariel" ( 1 ) representa o monte Sião ou Jerusalém ( 8 ) . ( A palavra hebraica "Ariel", que ocorre e m Is 29.1-2,7, tem vários significados, sendo o mais provável " o Altar de Deus". ARA traduziu por "Lareira de Deus".) A cidade seria sitiada ( 3 ) e depois poupada (5-8; e veja
3 7 . 3 6 ) . A palavra de Deus se tomara, para o seu povo, um livro fechado, porque eles só o adoravam da boca para fora (11-16). Mas e m pouco tempo ( 1 7 - 2 3 ) os que estavam surdos c cegos para a mensagem de Deus tornariam a ouvir e ver, ou seja, o povo de Deus voltaria a temê-lo e ser obediente a ele. • V. 14 Paulo cita estas palavras e m I C o 1.19 segundo a versão grega. • V. 17 Aqui se descreve uma repentina transformação: as matas v ã o virar jardins e os
Figuras entalhadas de um cavaleiro, arqueiro e llindibulário foram encontradas em lell Halaf. nordeste da Síria, chamado de Goza. na Bíblia. Foi neste local que o rei Sargâo, da Assíria, instalou os cativos israelitas após sua vitória sobre Israel, em 722/1 a.C.
430
Os Profetas jardins vão virar matas. O mesmo pensamento continua nos versículos seguintes. • Mansos, pobres (19, ARA) O p o v o leal a Deus, não apenas as vítimas da injustiça social (veja Mt 5.3,5). Is 3 0 — 3 1 : A i d o s r e b e l d e s que confiam no Egito . I I K I Í Í havia feito aliança com o F.giio (veja 2 8 . 1 5 ) e o p o v o acreditava estar seguro diante das ameaças da Assíria, apesar de todas as advertências anteriores dc Isaías. Mas quand o a situação ficasse apertada, o Egito não se moveria ( 3 0 . 7 ) , d e i x a n d o os assírios invadirem Judá (caps. 3 6 — 3 7 ) . Q u e m o salvaria no final ( 3 0 . 2 7 - 3 3 ; 31.5-9; 3 7 . 3 6 ) seria Deus, a q u e l e e m que não queriam confiar ( 3 0 . 9 - 1 2 ) . C o m o l e ã o diante da sua presa, c o m o a v e p r o t e g e n d o o seu n i n h o . Deus com certeza defenderia o seu p o v o ( 3 1 . 4 - 5 ) . Mais uma v e z e l e suplica que v o l t e m para ele ( 3 1 . 6 ) . • Zoã (30.4) Veja 19.11. • 30.6 Os tesouros foram levados ao Egito através d o deserto do Neguebe. • "O Dragão Manso" (30.7, NTLH) No
hebraico, "Raabe", que é um n o m e poélico para o Egito. A R A traduziu por "Gabarola que nada faz". • 30.33 O opressor seria totalmente destruíd o . N o hebraico, a palavra traduzida por "O deserto "fogueira" é Tofete. Esta "fogueira" ficava c a terra no vale ( e m h e b r a i c o , " g e - " ) d o H i n o m , se alegrarão; o ermo exultará junto a Jerusalém, o n d e nos dias mais ejloresccrá como o narciso. sombrios da história d e Israel crianças Florescerá eram sacrificadas ao deus p a g ã o M o l o q u e . tmundantemente, jubilará Mais tarde esse vale g e r o u o n o m e para de alegria inferno: "Geena". e exultará... Fortalecei as mãos frouxas e firmai os joelhos vacilantes. Dizei aos desalentados de coração: Sede fortes, não temais, liis o vosso Deus. A vingança vem, a retribuição de Deus; ele vem e vos salvara. " Is 35.1-4 (ARA)
Is 3 2 — 3 5
Paz, justiça
e
salvação
Is 32: O r e i f u t u r o ; o difícil c a m i n h o d a p a z "Virá o dia..." Por um breve instante o profeta retorna ao tema de um rei futuro, de um t e m p o e m que reinaria a justiça. Os vs. 6-8 e c o a m os p e n s a m e n t o s d o s autores de sabedoria. Os vs. 9-14 falam diretamente às mulheres da época de Isaías. Elas estavam l e v a n d o uma vida tranqüila, mas aqueles dias estavam contados. Elas deviam l a m e n t a r sua perda. O v. 15 p r e v ê n o v a mente uma época de paz, justiça e retidão
duradouras realizadas pela ação d o Espírito Santo de Deus no seu p o v o . E a criação em si sentirá o efeito disto. Q u a n d o o povo pecava, a terra sofria ( 1 2 - 1 3 ; c o m p a r e Gn 3 . 1 7 - 1 8 ) . Mas q u a n d o t o d o s faziam o que era correto, a terra também revivia (veja Rm 8.20-21). • V. 9 As mulheres mimadas de Jerusalém tipificam a sociedade da época de Isaías. • Tirem as suas roupas (11b) Isto é, fiquem de luto. • V. 19 O significado não é claro; "floresta" e "cidade" podem referir-se a inimigos. Is 33: Q u a n d o D e u s i n t e r v é m N e s t e capítulo o c o r r e m muitas mudanças d e narrador e d e t o m . O destruidor do v. 1 não é identificado. Os vs. 2-4 são uma oração; 5-6, um hino; 7-9, um l a m e n t o que p o d e aplicar-se a muitas épocas, inclusive a de Isaías. Somente aqueles que vivem pela fé em Deus permanecem firmes e m circunstâncias c o m o estas ( 2 - 6 ; 15-16). Mais uma vez vislumbramos o rei futuro na visão gloriosa descrita nos vs. 17-24. Deus nunca abandona os seus; a cidade defendida por e l e é inatingível. O n d e Deus é rei, tudo está seguro, todos estão bem cuidados, os pecados estão perdoados, não há doença. Is 3 4 : J u í z o s o b r e a s n a ç õ e s Um dia Deus vingaria o mal feito contra o seu povo ( 8 ; veja também cap. 2 4 ) . Edom, o inimigo por excelência, foi escolhido como exemplo. A destruição é total e terrível: a terra se transforma num grande deserto. • 34.4 Estas imagens d o fim dos tempos reaparecem e m vários lugares na Bíblia: veja Mt 24.29 e Ap 6.13-14, no NT. • Bozra (6) Em várias ocasiões, capital de Edom. • V. 16 N ã o sabemos que livro era aquele. Em outras passagens, o "livro d o S E N H O R " é um registro dos salvos (Dn 12.1; Ml 3 . 1 6 ) ; é "o livro da vida" ( A p 20.12-15). Is 3 5 : S a l v a ç ã o p a r a o p o v o de Deus A seriedade profética dá lugar ao lirismo p o é t i c o , num a c e n t u a d o contraste c o m os horrores d o cap. 34. Em lugar de destruição, recriação. Deus v e m v i n d o para levar o seu p o v o para casa por um caminho seguro. À sua vista tudo se transforma. O deserto seco e sem vida exulta de alegria e sc torna um paraíso
Isaías com muitos riachos, árvores frondosas, e um tapete de flores... Há cura e plenitude ( 3 - 6 ) , alegria e louvor, quando o povo de Deus retorna a Sião.
Is 3 6 — 3 9
A crise
assíria
Depois das profecias dos caps. 1—35, estes três capítulos são um simples registro histórico. Há um relato quase i d ê n t i c o e m 2Rs 18—20, sendo que as principais diferenças são o fato d e Isaías não mencionar (entre os vs. 1-2) que, no início, Ezequias se submeteu a Senaqueribe ( 2 R s 18.14-16) e a inclusão do poema de Ezequias ( 3 8 . 9 - 2 0 ) . Veja também 2Cr 3 2 . A doença de Ezequias e a missão diplomática da Babilônia provavelmente precederam o cerco ( p o r volta de 705-702 a . C ) . Talvez a seqüência dos fatos tenha sido invertida aqui em Isaías para formar uma ponte para os capítulos seguintes, que enfatizam a Babilônia como a potência mundial que mais tarde se tornou.
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Livro da Consolação de Israel". Também vislumbram uma realidade que transcende e m muito as circunstâncias de Israel no século 6 a.C. Os capítulos anteriores falavam de um rei que havia de vir; estes falam de um "Servo" futuro que realizaria os propósitos de Deus, tendo que pagar um alto preço para tanto. O N T e os cristãos consideram a quarta "Canção d o S e r v o " ( 5 2 . 1 3 — 5 3 . 1 2 ) uma notável descrição de Jesus. Toda esta seção (Is 4 0 — 5 5 ) fala de forma tão enfática a respeito da salvação que Deus vai realizar que os cristãos e n t e n d e m que aqui se tem e m vista a l g o bem mais abrangente d o que o resgate de Israel num determinado momento da história. Aqui aparece o firme propósito divino de salvar a humanidade da escravidão d o p e c a d o . Aqui Deus faz a promessa de uma nova vida para todos os que v ê m a ele.
"Haverá paz e segurança e n q u a n t o eu viver": esta foi a reação de Ezequias à terrível previsão da conquista e d o cativeiro ( 3 9 . 5 8). Isaías, contudo, não se consolou c o m este pensamento.
Is 4 0 — 5 5
Esperança para os O Servo do Senhor
exilados;
Até este p o n t o o livro d e Isaías preocupou-se mais com a ameaça da Assíria. O cap. 39 faz uma transição para o grande período seguinte, o tempo de domínio babilónico. Em 5 8 7 a . C , Judá foi d e v a s t a d a pela segunda vez (a primeira foi e m 5 9 8 ) . O Templo foi destruído. A falsa esperança de que Deus protegeria Jerusalém e m toda e qualquer circunstância foi desmascarada. Milhares foram exilados (Jr 52.28-30). Is 40—55 dirige-se a estes exilados abatidos. Embora Deus os houvesse castigado, como tantas vezes advertira e como eles bem mereciam, ele ainda os amava. Eles podiam confiar nele. Ao contrário dos outros "deuses", ele tinha o poder de ajudá-los c cumpria as suas promessas. (A Babilônia foi conquistada por Ciro, rei da Pérsia, em 538 a . C ; veja 4 4 . 2 8 ^ 1 5 . 1 . ) Estes capítulos são tão repletos d e esperança e consolo que são conhecidos como "O
... J
i/C-i
Is 40: M e n s a g e m d e
\ J'\f
consolo
Na angústia, há consolo para o povo de Deus: ele vem, como havia prometido (1-11; veja cap. 3 5 ) . Diante dele, os seres humanos mortais são como a erva do campo (6-8). N o entanto, ele é manso e bondoso, cuidando d o seu povo como um pastor cuida d o seu rebanho ( 1 1 ) . O Deus de Israel é o Criador: incomparável, eterno ( 1 2 - 2 6 ) . N o entanto, jamais deixa de cuidar d o seu p o v o ( 2 7 - 3 1 ) . • Recebeu em d o b r o (2) Talvez no sentido de "plenamente". • Vs. 3-5 Estes versículos resumem a missão de João Batista (veja Lc 3.1-6). O v. 3 é citado (a partir d o texto g r e g o ) e m M t 3.3. • Vs. 6-8 Veja T g 1.10-11; I P e 1.24-25 (citando o texto g r e g o ) . • V. 11 Veja t a m b é m Ez 34. Jesus recorreu a esta ilustração, quando se apresentou como o
Senaqueribe da Assíria cercou Jerusalém nn época de Isaias. Retratos desias bárbaras invasões aparecem nas paredes do seu palácio. Este mostra a decapitação de prisioneiros.
432
Os Profetas
Os assírios Alan
Millard
Os assírios ocuparam a parte norte do atual Iraque, ao longo do rio Tigre, durante a maior parte do período d o AT. As colinas e planícies desta terra fértil contrastam com o deserto a oeste e as montanhas escarpadas a norte e leste. Por isto, os assírios precisavam sempre defender o seu país de invasões.
súditos e adorando os deuses, e descrevem, também, as suas vitórias. A mobília do palácio era decorada com belos painéis de marfim entalhado ou gravado. O rei, com a rainha ao seu lado, reclinava-se num divã dourado e bebia em taças de ouro.
História Os assírios eram em grande parte um povo semita (grupo racial ao qual pertencem os árabes e os judeus) e sua língua era bem próxima da língua babilónica. Eles também usavam o mesmo sistema de escrita cuneiforme (veja "Os babilônios"). As listas dos reis assírios revelam que os assírios estavam em seu território desde 2300 a.C. aproximadamente. A partir de 1350 a.C. a Assíria se tornou um Estado líder no Oriente Próximo. Após um período de fraqueza (cerca de 1050 a 925 a.C), quando tribos araméias da Síria a pressionaram, uma linhagem de reis poderosos estabeleceu o imponente Império Assírio.
Bibliotecas Milhares de tábuas de argila foram armazenadas nas bibliotecas do palácio. Muitas tratam de questões diplomáticas e administrativas, e registram detalhes dos diferentes reinados. Há documentos legais e cartas aos reis assim como dicionários e listas de palavras. As bibliotecas colecionavam livros babilónicos, inclusive lendas da história antiga, tais como O Épico de Gilgamés, que fala do dilúvio (veja "Histórias sobre dilúvios"), e mitos sobre os deuses e a criação do mundo e da sociedade humana.
Vida e a r t e Com o Império veio a riqueza. Os relatos na Bíblia e em outras fontes e as cenas de batalha que decoram as paredes dos palácios assírios dão a impressão de um povo guerreiro cruel. Mas seu propósito era glorificar os deuses da Assíria que davam as vitórias a seus reis e para demonstrar o poder da Assíria. A vida dos assírios não era feita só de guerra. Em Nínive, Assur e Calá, as cidades mais importantes, os reis construíram grandes palácios e templos. As paredes eram forradas de laje entalhada em baixo relevo. Elas apresentam o rei numa caçada, lidando com seus
Religião Assur, o deus nacional da Assíria, era considerado o rei dos deuses. Acreditava-se que ele e os outros deuses (lua, sol. clima; deusa do amor e da guerra...) controlavam tudo. Cada cidade tinha um templo principal no qual o deus patrono era adorado. No dia especial dedicado àquele deus e nas grandes festas, as pessoas enchiam as ruas para ver as estátuas do deus levadas em procissão. O mundo dos espíritos era levado muito a sério. As pessoas usavam amuletos para afastar maus espíritos e demônios que, segundo se acreditava, poderiam causar problemas e doença. Consultavam videntes e astrólogos para conhecer o futuro,
O rei Assurbanípal II da Assíria.
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A caça. principalmente de leões, era uma das atividades favoritas dos reis íissírios.
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mwM faixas ile bronze que decoravam a porta de uni templo mostram o rei assírio em campanha militar, com um carro de guerra atravessando vima ponte leira com barcos.
e acreditavam que marcas no fígado de ovelhas sacrificadas e os movimentos das estrelas eram mensagens divinas que anunciavam boa ou má sorte. Era difícil saber o que os deuses queriam: eles eram imprevisíveis. Ofertas eram feitas para garantir que os mortos ficassem em seu mundo e não viessem assombrar os seus descendentes, mas não havia real esperança de vida após a morte. A Assíria e Israel Os assírios entraram em contato com Israel quando estenderam seus domínios para o sudoeste, no século 9 a.C. Salmaneser menciona Acabe de Israel entre os reis cujas tropas ele derrotou em 853 a.C, e Jeú pagando tributo em 841. Por volta de 796, Joás de Samaria pagou tributo a Adade-Nirari V. Cinqüenta anos depois, Tiglate-Pileser III retomou a pressão assíria sobre Israel, exigindo pagamento de Menaém (2Rs 15.19-20). Quando Damasco e Samaria ameaçaram Acaz de Judá, ele se sujeitou
a Tiglate-Pileser em troca de ajuda. Em razão disso, os assírios tomaram Damasco em 732 a.C. e colocaram Oséias no trono de Israel, em lugar de Peca. Além disso, ocuparam muitas cidades no norte de Israel (2Rs 16). Oséias rebelou-se (2Rs 17.4), e isto levou Salmaneser V, filho de TiglatePileser, a atacar Samaria. Após três anos de investidas, conquistou a cidade (722/1 a.C). O rei assírio seguinte, Sargão II (Is 20.1), registra a deportação de "27.290 habitantes com suas carruagens... e os deuses em quem confiavam". A Assíria e J u d á Ezequias, filho de Acaz, rejeitou a política de submissão à Assíria que havia sido adotada por seu pai. Logo, forças assírias vieram para exigir submissão. Embora S e n a q u e r i b e t e n h a devastado Judá (701 a.C), ele não c o n s e g u i u tomar Jerusalém ou capturar Ezequias, fato s o b r e o qual os registros assírios e as narrativas bíblicas concordam. Ezequias ficou no seu trono, mas pagou tri-
buto, assim c o m o faria seu filho Manasses. Quando o controle assírio enfraqueceu no Ocidente, após 635 a.C, é possível que Josias tenha estendido novamente as fronteiras de Judá.
Os Profetas bom pastor (veja Jo 10.11 e sua parábola da ovelha perdida e m Lc 15.4-7). Is 4 1 : " N ã o f i q u e m c o m m e d o . . . eu os ajudarei" Deus fala c o m o se fosse um advogado severo ou oficial de justiça convocando as nações a comparecer no tribunal ( 1 ) . Mas com o seu próprio p o v o ele é infinitamente amoroso e gentil ( 8 - 2 0 ) . Ele está pronto para ajudar e o povo nada tem a temer. • Do oriente (2)... d o norte (25) Is 44.28 dá o nome d o novo conquistador: Ciro, o persa. (Para Israel, a rota era para o norte, depois para o leste).
• V. 4 Deus c o m o Senhor da história é tema que se repete cm Is 40—66. • Meu servo {9, ARA) Israel c o m o servo de Deus é tema recorrente e m Isaías. Veja, p. ex., 43.10. • Vs. 21-24 Deus convoca os deuses das nações — que nem deuses são — para uma prestação de contas. Eles não p o d e m prever acontecimentos futuros, nem explicar o passado. Só Deus, o único Deus verdadeiro, pode fazer isto. Is 4 2 : U m a luz p a r a a s n a ç õ e s U m novo tema começa a se desenvolverão lado da previsão da queda da Babilônia: Deus quer abrir os olhos d o mundo inteiro e levara salvação a todos. Esta deveria ter sido, desde o princípio, a missão de Israel (Gn 22.18). O cap. 42 começa de forma abrupta com "Eis aqui o meu servo". N ã o se diz quem é, ficando para o leitor a tarefa de descobrir. 0 servo é "Israel", e ao m e s m o tempo uma outra pessoa ( 4 9 . 3 - 5 ) . A medida que a descrição é ampliada, nos q u a t r o "Cânticos d o Servo" (42.1-4 ( 7 ) ; 49.1-6; 50.4-11; 52.13—53.12), fica evidente que nenhum p o v o ou nenhuma pessoa comum se encaixa nessa descrição. Os escritores d o N T não tinham nenhuma dúvida dc que o servo previsto por Isaías, aquele que salvaria toda a humanidade ao sofrer e m seu lugar, é Jesus Cristo ( M t 12.152 1 ) . Eles afirmam isso c o m a autoridade do próprio Cristo ( M c 10.45; Lc 4.16-21; 22.37). Veja também At 8.32-35; I P e 2.21-24. Deus apresenta o seu servo ( 1 - 4 ) e depois o comissiona ( 5 - 9 ) . U m n o v o cântico seguese ao anúncio das "coisas n o v a s " que estav a m por vir ( 1 0 - 1 3 ) . E um cântico de louvor e um hino dc batalha. Depois, Deus continua o seu discurso c o m novas promessas de auxílio ( 1 4 - 1 7 ) e um a p e l o para que, desta vez, seu p o v o ouça ( 1 8 - 2 0 ) . Os exilados precisav a m aprender a lição que sua experiência lhes ensinava ( 2 1 - 2 5 ) . Is 43 D e u s n u n c a d e i x a de a m a r o seu povo Durante todo o tempo de sofrimento, Deus estava ao lado dc seu povo Deus ( 2 ) . Ele tornaria a libertá-los, simplesmente porque os amava ( 4 - 7 ) . N o v. 8, o cenário é novamente o tribunal ( c o m o no cap. 4 1 ) : tanto Israel quanto as nações estavam sendo julgadas. Por sua constante desobediência, o p o v o perdeu qualquer direito e m relação ao cuidado de
Isaías
435
Deus ( 2 2 - 2 4 ) , mas m e s m o assim ele os perdoa ( 2 5 ) . • V. 1 O povo foi criado quando Deus o tirou do Egito e fez uma aliança com ele no Sinai. • V. 16-17 A travessia d o mar Vermelho, por ocasião da saída d o Egito. Is 4 4 — 4 5 : O S e n h o r é o ú n i c o Deus; a p r e d i ç ã o d o r e t o r n o de I s r a e l Estes capítulos dão continuidade aos temas que permeiam toda a seção: Israel c o m o servo de Deus, objeto d o seu a m o r ( 4 4 . 1 - 5 ) ; Deus como Senhor da história, o único capaz de revelar o futuro ( 4 4 . 6 - 8 ) ; a tolice de adorar deuses sem vida (44.9-20); a promessa de que Deus libertará o seu p o v o . Em 44.26—45.8 entramos e m um novo estágio. A promessa ampla de que Deus resgataria seu povo se torna específica. N o reinado de Ciro, Jerusalém e seu Templo seriam reconstruídos (veja comentário de Ed 1.1-4 e seguintes). Is 45.9-13: Deus responde àqueles que o questionam. No v. 20, voltamos ao tribunal. • Ciro (44.28) Será que Deus revelou o nome do rei com tanta antecedência? Sem dúvida ele podia fazer isto, embora as previsões d o AT raramente sejam tão específicas (veja Js 6.26; lRs 16.34, por e x e m p l o ) . Aqui em Isaías ele já reivindicou a condição d e Senhor da história, o único capaz de realmente prever o futuro ou saber o significado d o passado. • 45.22-25 O a m o r de Deus se estende para além de Israel e alcança o mundo todo. O N T aplica o v. 23 diretamente a Cristo (veja Fp 2.10-11). Is 4 6 — 4 7 : A q u e d a d a o r g u l h o s a Babilônia Sobre a B a b i l ô n i a , veja t a m b é m caps. 13—14, acima. O desmascaramento dos deuses pagãos atinge seu clímax na submissão passiva dos deuses b a b i l ô n i o s Bel c N c b o . Estes ídolos mudos eram um peso nas costas dos seus adoradores. O Deus verdadeiro carrega os fardos d o seu p o v o e tem poder, não só para falar, mas t a m b é m para agir. O cap. 47 (a e x e m p l o d e 14.4-21) é uma canção de zombaria ao ritmo de uma procissão fúnebre. Babilônia haveria d e provar de seu próprio veneno: a mesma falta de misericórdia que tivera em relação aos outros seria manifestada em relação a ela. • 47.1 A "virgem filha" é a cidade da Babilônia. Sobre "caldeus", veja 23.13.
Is 4 8 : O a m o r p a c i e n t e d e D e u s p a r a c o m o Israel infiel Da Babilônia, voltamos a Israel. Este capítulo é o clímax d o que aconteceu antes, nos caps. 40—47. E um marco divisório na seção como um todo: os caps. 49—55 são a "parte dois". Há palavras duras para o p o v o de Deus. Teimosos, surdos para com Deus, desleais e rebeldes ( 4 , 8 ) , eles mereceram tudo que sofreram. Os vs. 1-11 referem-se principalmente ao passado; os vs. 12-22, ao futuro. Tudo que Deus previu na história passada do p o v o se realizou ( 3 - 6 ) . Agora ele vai falar de coisas novas ( 6 , 1 4 ) . Deus sempre quis a paz para o seu povo ( 1 8 ) , mas "para os perversos não há paz" ( 2 2 ) . O m o m e n t o de libertação havia chegado. Deus diz: "Saiam da Babilônia, fujam de lá!" ( 2 0 ) . • V. 16 A maioria das versões inclui a frase hebraica que segue a citação. Esta frase pode ser uma declaração d o profeta a respeito de si mesmo. Ou, então, é o servo d o Senhor se apresentando c o m o porta-voz de Deus que fala a partir d o v. 17. Is 49—50: "Eu n ã o m e esquecerei d e você!" A segunda parte da seção (40-55) começa com o segundo "Cântico d o Servo" ( 4 9 . 1 - 6 ) . O servo de Deus é Israel ( 3 ) , mas é também
Deus promete a seu povo rios e fontes de água, mesmo no deserto (Is 41). A água é símbolo da vida, bênção e prosperidade. Esic menino desfruta da água numa antiga fonte de Jericó.
436
Os Profetas a l g u é m q u e traria Israel de volta ( 5 ) . Os temas dominantes em 49.8—50.3 são consolo, compaixão e restauração.
"Este é o fim dos deuses da Babilônia", exdama o profeta no cap. 46. Este lernvcl demônio, feito de argila, vem da Babilônia.
"Acuso, pode uma mulher esquecer-se do filho que ( l i n d o mama, de sorte que não se compadeça do filho do seu ventre? Mas ainda que esta viesse a se esquecer dele, eu, todavia, não me esquecerei de ri. Eis que nas palmas das minhas mãos te gravei." Is 49.15-16 (ARA)
N o terceiro Cântico do Servo ( 5 0 . 4 - 9 ) , pela primeira v e z v e m o s indício de seu s o f r i m e n t o e rejeição ( 6 - 7 ; veja cap. 5 3 ) . Mas nada pode desviá-lo dc sua missão. • 50.1 Deus não havia se divorciado de sua "esposa" infiel, Israel; ele a levou de volta para casa c o m a m o r (veja Os 3 . 1 ; nesta mesma época e m que Isaías profetizava e m Judá, Oséias estava profetizando e m Israel, o reino d o N o r t e ) . • 50.10-11 Esta parte final do Cântico refere-se à reação d o povo. I s 5 1 . 1 — 5 2 . 1 2 : O Fim do sofrimento Deus sempre cumpre as suas promessas. Assim c o m o c u m p r i u sua p r o m e s s a feita a A b r a ã o e Sara, u m casal sem filhos, e l e salvaria o seu p o v o e, j u n t a m e n t e c o m e l e , todas as nações ( 5 1 . 1 - 8 ) . Q u e m faz esta promessa é o Deus T o d o - P o d e r o s o , o C r i a d o r ( 1 2 - 1 6 ) . A v o z d o profeta se faz o u v i r e m 9-11. O t e m p o terrível de sofrimento passou ( 1 7 - 2 3 ) . Era hora de livrar-se da tristeza e da letargia. H a v i a boas novas. Deus estava prestes a levar o seu p o v o dc volta para casa (52.1-12). • Raabe/ monstro marinho (51.9) Veja comentário sobre 30.7. • 52.3-6 Deus conduziria o povo num segundo ê x o d o , semelhante à saída d o Egito muito tempo atrás. Desta vez o p o v o sairia da Babilónia. • 52.11 Quando Jerusalém foi capturada, os babilônios roubaram todos os tesouros d o Templo. O povo os tomaria de volta. Veja Ed 1. Is 52.13—53.12: O Servo sofredor de Deus Este q u a r t o C â n t i c o d o S e r v o é o mais conhecido. O cenário muda d o alegre retorno a o lar para o indivíduo solitário que pagou o preço disto. C o m o é diferente daquilo que as pessoas i m a g i n a v a m sobre o futuro rei: n e n h u m a p l a u s o , a p e n a s r e j e i ç ã o — um
indivíduo d e s p r e z a d o e i g n o r a d o . Será que Deus tinha algo a ver c o m isso ( 5 3 . 1 ) ? Sim, "eu quis m a l t r a t á - l o , quis f a z ê - l o sofrer" ( 1(1. NT1.I1). Ele "sofrera o castigo que muitos m e r e c e m , e assim os pecados deles serão perdoados" ( 1 1 ) . O N T escoa Isaías, vendo e m Jesus o cumprimento pleno destas palavras. Foi ele quem deu sua vida voluntariamente para que todos pudessem ser perdoados, levando sobre si "o pecado de muitos" para reconciliar Deus com seu |X)vo, invertendo os efeitos da queda original. Compare 53.5-9 com Mt 27.11-13,26-31, 41-43,57-60. Compare 53.4-6,10-12 com Rm 5.6-9,18-19; I P e 2.21-24; Fp 2.5-11. Is 5 4 — 5 5 : " V e n h a m a m i m " Deus se comprometeu com o seu povo em a m o r terno, inabalável e duradouro. Podem os montes c as montanhas se desfazer, mas o amor dc Deus por eles jamais acabaria (54.10). Em paz c segurança são assentados os alicerces dc uma nova e bela cidade (54.11-15; e compare A p 2 1 . 1 8 - 2 1 ) . "Venham a mim", é o convite de Deus. "E tudo de graça" ( 5 5 . 1 ) . E o p o v o , por sua v e z , convida todas as nações a que venham ( 5 5 . 1 - 7 ) . A visão q u e aparece nestes últimos capítulos dc Isaías ( c o m o antes, e m 2.2-4; 4.26; 9.2-7; caps. 1 1 — 1 2 ; 2 5 ; 3 5 ) d c modo nenhum se esgota ou cumpre plenamente no retorno d o exílio. A restauração de Israel que aconteceu naquela época se funde c o m uma visão d o g l o r i o s o dia final, quando o pecad o e a tristeza d e i x a r ã o de existir e todo o Israel de Deus (veja R m 9 — 1 1 ; Gl 3 ) estará para s e m p r e e m seu lar na presença do Senhor ( A p 2 1 ) .
Is 5 6 — 6 6
Vergonha
e
glória
Nestes capítulos voltamos a uma Jerusalém restaurada e à vida na terra de Israel, após o exílio. Cenas de pecado e fracasso se misturam com cenas da glória futura. Is 56.1-8: Para todas as nações O amor de Deus não é exclusivo. N o meio d o seu p o v o há lugar para todos os que o s e g u e m e lhe o b e d e c e m ( 1 - 8 ) , a t é mesmo para os mais desprezados. Deus quer que o seu T e m p l o seja uma "casa de o r a ç ã o " para todas as nações.
Isaías Is 5 6 . 9 — 5 9 . 2 1 : D e u s a c u s a I s r a e l Do ideal ( 5 8 . 1 - 8 ) passamos a uma realidade bem diferente. Os líderes civis e religiosos se a c o m o d a r a m e não cumpriram as suas funções ( 5 6 . 9 - 1 2 ) . O p o v o era culpado de muitos p e c a d o s : as acusações são b e m específicas. Correram atrás dos deuses dos cananeus, o f e r e c e n d o sacrifícios nos altos e participando d e ritos de natureza sexual bem como d o sacrifício de crianças (57.4-13; veja 2Cr 3 3 . 1 - 9 ) . Isto fazia da prática religiosa deles (inclusive d o j e j u m r i g o r o s o ) uma farsa: eles não a m a v a m a Deus nem a seu próximo ( 5 8 ) . No cap. 59 a questão se cristaliza. O profeta mostra ao p o v o qual é o cerne da questão: o problema d e l e s era o pecado que os afastava de Deus ( 5 9 . 1 - 2 ) . O retrato de uma sociedade c o m p l e t a m e n t e p o d r e , cheia de mentiras, desonestidade, injustiça, malícia e violência ( 1 - 8 ) leva a uma confissão ( 9 - 1 5 a ) e à resposta de Deus ao problema ( 1 5 b - 2 1 ) .
ceito de Isaías para termos espirituais e universais (veja caps. 54—55, a c i m a ) . A voz anônima que aparece e m 61.1-3 é a do Servo. As vezes esta passagem é considerada um quinto Cântico d o Servo. (Em Lc 4.16-21, Jesus, ao anunciar a sua missão, leu estas palavras.) Em 61.5-9, o povo dc Deus sc torna a nação de sacerdotes que ele sempre desejou que fosse (Êx 19.6; e veja I P e 2 . 9 ) , prorrompendo num cântico de louvor (10-11). Está chegando o dia (cap. 6 2 ) e m que Deus poderá sc alegrar e ficar satisfeito com o seu povo: um dia que sc d e v e aguardar, pelo qual se d e v e orar ( 6 ) , e para o qual é preciso se preparar ( 1 0 ) . • 60.6-7 "Efa" era uma tribo midianita; "Quedar" e "Nebaiote", tribos árabes. Sua riqueza estava cm seus camelos, ovelhas e cabras. • O d o b r o (61.7) Aqui Isaías tem e m mente a parte que cabia d o primogênito ( o dobro e m relação aos outros filhos).
Dois caminhos se abrem nestes capítulos: um caminho seguro que traz bênçãos para aqueles que levam Deus a sério ( o s j u s t o s ) ; e uma estrada perigosa que leva à destruição daqueles que se recusam a fazê-lo (os ímpios). 0 que Deus, e m seu maravilhoso amor, deseja para o seu povo fica claro em 57.14-19; 58.6-14; 59.20-21.
Is 63.1-6: O V i n g a d o r Veja também 59.16-19. Edom (que significa v e r m e l h o ) , com sua capital, Bozra, representa todos os inimigos d o p o v o dc Deus. Trata-se de um quadro assustador, mas enquanto o inimigo não for derrotado, o povo de Deus não poderá ser liberto (veja A p 19.11-16).
• Leito (57.2, ARA) Isto é, na sepultura (NTLH). • 57.5-8 Os ritos pagãos incluíam a prática da prostituição. O Israel idólatra e infiel a Deus é descrito c o m o uma prostituta. • Moloque (57.9) Veja comentário de 30.33. • Praças (59.14) Os "tribunais" da época, onde as questões eram apresentadas e julgadas.
Is 6 3 . 7 — 6 4 . 1 2 : O p r o f e t a ora pelo povo
• 59.21 Compare isto c o m a nova aliança descrita e m Jr 31.31-34.
A oração d o profeta parece um salmo. A lembrança da b o n d a d e e da f i d e l i d a d e de Deus no passado, seu atos de poder nos dias de Moisés (63.7-14), resulta num apelo fervoroso (63.15-19). Onde estavam agora o cuidado e o poder de Deus? Por que ele não rasgava os céus para vir resgatar o seu povo angustiado? Seria Deus impassível? Ele não faria nada?
Is 6 0 — 6 2 : A c i d a d e g l o r i o s a No v ã o intransponível que separa a v e r gonha de Israel, d e um lado ( c a p . 5 9 ) , d e sua glória, d o outro lado (caps. 60—62, se coloca a figura d o Deus Vingador e Redentor (59.16-20). Agora o j u í z o dá lugar à promessa realizada.
• 63.9 A R A traduz o hebraico por " o Anjo da sua presença os salvou", ao passo que N T L H traz "quem os salvou foi ele mesmo, e não u m anjo ou qualquer outro mensageiro". De qualquer forma, Deus se revela, se faz presente, e cuida d o seu p o v o . N o livro d o Êxodo, e m muitos casos " o Anjo d o Senhor" é praticamente sinônimo de " o Senhor".
O cap. 60 descreve a incrível transformação de Jerusalém. A g o r a ela está cheia de glória, luz, alegria, exaltação. Isaías vê o retorno do favor dc Deus e m termos bem "terrenos": muita riqueza, p o d e r e influência. M e s m o assim, esta é uma terra bem diferente da que conhecemos ( 1 7 - 2 2 ) , e o N T traduzirá o con-
Is 65—66: A r e s p o s t a d e D e u s : u m a nova criação Deus não deixa o profeta sem resposta. Ele sempre estivera pronto para ajudar, mas seu p o v o jamais o buscou. Ele irá responder a oração d o seu p o v o de uma forma que vai
05 Profetas superar tudo que eles poderiam ter imaginado. Mas a resposta será dupla: para aqueles que se colocam contra cie, destruição total, a eliminação d e t o d o vestígio d o mal; para os fiéis, vida, alegria, c paz inimagináveis num novo céu e uma nova terra. Assim, estas últimas profecias de Isaías destacam dois destinos diferentes, num contraste acentuado entre luz e trevas. Deus não pode ignorar o mal. Aqueles que continuam no pecad o (65.1-7,11-14), que se recusam a dar atenção a Deus (66.3-4), serão julgados. Mas, e m seu novo mundo. Deus tem um lugar reservad o para os de fé humilde (65.8; 66.2) A nação renascerá (66.9), seu sofrimento será coisa do passado. Estes são os fiéis ( o "remanescente" do povo de Deus). Deus está julgando as nações (66.18-19). Ele poupará alguns, enviando-os a terras distantes, para que falem da sua grande-
za aos que não o conhecem c tragam de volta o seu povo qtie ainda se acha disperso. A bela descrição final de Jerusalém, cidade visitada por peregrinos de iodas as nações que vêm adorar a Deus (66.23), tem seu outro lado, mais sombrio, no destino daqueles que rejeitam a misericórdia de Deus ( 2 4 ) . • 65.8 O cacho não é dos melhores, mas contém algumas uvas boas que não devem ser descartadas. • Fortuna... Destino (65.11) Gade e Meni (veja N T L H ) , os deuses pagãos d o destino, aos quais eram oferecidos sacrifícios. • 65.25 Veja 11.6-9. • 66.19 Isaías descreve pessoas que vêm dc terras distantes: da Espanha (Társis), no extremo ocidente; da Africa (Pui e Lude), ao sul; da Anatólia (Tubal), no extremo norte); e da Grécia (Java).
439 Resumo Um profeta relutante faz graves advertências sobre o juízo de Deus nos anos que antecederam a queda de Jerusalém, em 587 a.C.
JEREMIAS
Prólogo: cap. 1 O chamado de Jeremias Jeremias aparece no cenário histórico uns 100 anos depois de Isaías. Ele era membro de uma família sacerdotal de Anatote (Anata), uma localidade que ficava alguns poucos quilômetros ao norte de Jerusalém. Jeremias nasceu por volta do ano 650 a.C, e foi chamado para ser profeta de Deus em 627 a.C 2Rs 22—25; 2Cr 34—36 fornecem o contexto histórico das profecias de Jeremias. Quando Jeremias começou a anunciar a palavra de Deus ao povo de Judá, o poder dos assírios já estava entrando em decadência. Durante 40 anos, isto é, durante os reinados dos cinco últimos reis de Judá, Jeremias advertiu o povo sobre o desastre que se avizinhava e apelou, em vão, para que houvesse arrependimento. Com a morte do piedoso rei Josias, em 609, a situação política e religiosa piorou. Judá ficou no meio do fogo cruzado entre duas potências mundiais: a Babilônia, ao norte, e o Egito, em franca recuperação, ao sul. A Babilônia levou a melhor, e acabaria se tornando o instrumento do juízo de Deus sobre o seu povo. Em 598/7 a.C, os babilônios derrotaram o reino de Judá e Nabucodonosor colocou Zedequias no trono em Jerusalém. Apesar do conselho de Jeremias, Zedequias rebelou-se contra a Babilônia e provocou a pior derrota que Judá já conhecera. Em 587 a.C, o exército de Nabucodonosor entrou em Jerusalém, destruiu a cidade e seu Templo, e levou o povo ao exílio. Jeremias recebeu a oferta de uma vida confortável na corte, mas em vez disso preferiu permanecer em Judá. Quando Gedalias (o governador designado por Nabucodonosor) foi assassinado, o povo fugiu para o Egito, levando Jeremias consigo. Pelo que sabemos, ficou no Egito até o final da vida, ainda anunciando as palavras de Deus àqueles que se recusavam a ouvir. Jeremias não foi o único profeta da sua época. Entre seus contemporâneos estavam Habacuque e Sofonias, bem c o m o Ezequiel, que se encontrava entre os exilados na Babilônia. (A história de Daniel se passa na corte da Babilônia, c o m e ç a n d o em 605 a.C.) Mas Jeremias se destaca. Era uma figura solitária,
alguém que ficou isolado por trazer uma m e n s a g e m d e Deus que o tornava cada vez menos popular e que foi rotulado de traidor por defender a submissão à Babilônia. Ele foi p r e s o e, muitas v e z e s , foi ameaçado de morte. Mas e s t e h o m e m sensível e i n s e g u r o jamais transigiu no que dizia respeito à mensagem de Deus. Ele não c o n s e g u i a deixar de declarar o
Parte 1:2—45 A vida de Jeremias e as mensagens proféticas que ele anunciou ao seu povo no período dos cinco últimos reis deJudá Parte 2:46—5i As profecias de Jeremias contra outras nações Pós-escrito: 52 Os babilônios tomam Jerusalém e destroem o Templo; o povo é exilado
terrível destino que previa para o seu povo, e lamentou sua obstinada recusa em dar ouvidos. Os tempos eram difíceis; sua mensagem, sombria; no entanto, é errado descartá-lo como pessimista nato. Há um sólido fio de esperança que perpassa as profecias de Jeremias. Passado o juízo, depois do exílio. Deus iria restaurar a alegria e a prosperidade d o seu povo na sua terra natal.
0s últimos reis de Judá
1 Josias 640-609
1r 2 Jeoacaz
3 Jeoaquim
609
609-597
4 Joaquim 597
5 Zedequias 597-587
440
Os Profetas O livro É melhor ver o livro de Jeremias, a exemplo de outros livros proféticos, como uma antologia de suas mensagens, que se desenvolveu a partir do rolo que ele ditou a Baruque (cap. 36), sendo várias partes foram acrescentadas com o passar do tempo. É um impressionante mistura de formas literárias: prosa e poesia, deboches e lamentações, parábolas dramatizadas, biografia e história. O material não está organizado em ordem cronológica, o que dificulta a determinação das datas de algumas partes. Os fatos principais da vida de Jeremias aparecem na tabela e as datas são indicadas no texto sempre que possível.
Uma das primrira* visões de Jeremias foi n de uma panela prestes a derramar A destruição estava "fervendo " sobre o povo de Deus e vinha da Babilónia, a grande potência do Norte. 1
A mensagem A mensagem de Jeremias pode ser resumida em termos gerais como segue: • A principio ele conclama ao arrependimento sincero: se o p o v o voltasse para Deus, o juízo seria cancelado. • A partir d o m o m e n t o em que o rolo foi queimado (cap. 36; o quarto ano d o rei Jeoaquim), ele passou a dizer que o juízo era inevitável. Eles seriam derrotados pelos babilônios. A melhor escolha era submeter-se a eles. • A p ó s a q u e d a d e Jerusalém e m 587 a . O , Jeremias animou o povo aflito, dizendo que o p r o p ó s i t o d e Deus não havia m u d a d o (31.31-34); ele trataria de restaurá-los. As profecias lidam com o fato de que a antiga aliança d o Sinai, que unia Deus e o povo, havia sido quebrada. Em breve haveria uma nova aliança. Ao contrário de outros profetas, Jeremias muitas vezes revela c o m o ele se sentia. Merecem destaque as "confissões" de Jeremias, em que ele fala de suas lutas com Deus: veja 11.18—12.4; 15.10-21; 18.19-23; 20.7-18. Veja também "Retrato de Jeremias".
Jrl—45
A vida de Jeremias e as suas mensagens ao povo de Deus A primeira parte d o livro contém todas as profecias que Jeremias anunciou a seu próprio povo. Esta parte tem várias subdivisões. Os caps. 2—25 registram profecias contra Judá e Jerusalém durante os reinados de quatro reis: Josias, Jeoaquim, Joaquim e Zedequias. Os caps. 2 6 — 4 5 se r e l a c i o n a m
c o m acontecimentos na v i d a d e Jeremias. Nesta seção, os caps. 37—45 dão destaque ao que aconteceu com o profeta durante e depois do reinado de Zedequias, antes e depois da queda de Jerusalém. J r 1: O p r o f e t a r e l u t a n t e A d a t a era 6 2 7 a . C . J e r e m i a s era um j o v e m , p r o v a v e l m e n t e c o m p o u c o mais dc vinte anos e tão relutante e m se tornar portav o z de Deus quanto Moisés havia sido antes dele (Êx 3 . 1 0 — 4 . 1 7 ) . Mas dc uma coisa ele não tinha dúvida. Sua m e n s a g e m era uma palavra d o próprio Deus. "A m i m v e i o a palavra d o S E N H O R " é um refrão que se repete no livro, d o início ao fim. Nisto se baseava sua certeza e era isto que o impelia e m sua missão. Jeremias logo recebeu uma visão (11-19). Deus mostrou e explicou a o profeta o que ele iria fazer, o que Jeremias deveria dizer ao p o v o . Eles não estariam dispostos a ouvir. Estariam contra Jeremias desde o início. Mas Deus o protegeria. O padrão de toda a vida de Jeremias foi determinado nesse seu primeiro encontro com Deus. • Vs. 1-3 Veja introdução. • V. 10 O ministério d o profeta é negativo e positivo, destrutivo e construtivo, tem a ver com juízo e promessa. Ele falaria a seu próprio povo e também às nações. • Amendoeira... vigiando (11-12) As duas palavras soam parecido e m hebraico: "shaqed" e "shoqed". • V. 13 As forças da Babilônia eram como um caldeirão prestes a derramar seu conteúdo fervente sobre Judá. Nesse período da história judaica, o perigo sempre vinha d o norte: primeiro, os poderosos exércitos da Assíria; depois, na época dc Jeremias, os babilônios. Jr 2.1—3.10: A i n f i d e l i d a d e do povo de Deus Os caps. 2—24 reúnem contra Judá e Jerusalém. Jeremias começa (2.1-3) com uma descrição singela d o "primeiro amor": a época cm que o p o v o era fiel a Deus, quando Deus o guiou para a sua nova terra, protegendo-o do perigo. Mas, uma v e z e m Canaã, Israel traiu a Deus ( 4 - 8 ) . E agora Deus apresenta sua causa contra eles (v. 9 e seguintes). As nações pagãs pelo menos eram leais a seus ídolos (10-11), ao contrário d o povo d o Deus v i v o . A culpa deles é apresentada numa série de descrições
Jeremias
Retrato de Jeremias David
Jeremias viveu quando o mapa político d o mundo antigo estava sendo redesenhado. A Assíria estava em decadência, a Babilônia em ascendência, e o Egito estava pronto para afirmar sua autoridade. O pequeno reino de Judá, encurralado no meio destas grandes potências, sempre estava sob ameaça. Outra ameaça era a crença do povo em sua própria invencibilidade. Um século antes, Jerusalém sobrevivera milagrosamente à destruição. Em conseqüência disto, o povo passou a ter uma crença dogmática que a cidade jamais cairia, e que a dinastia do rei Davi não teria fim. Foi neste contexto turbulento e com a recusa obstinada de seu próprio povo de enfrentar as difíceis realidades políticas de um mundo em transformação que foram moldados a vida e o ministério de Jeremias. Imagens d a infância Jeremias nasceu em Anatote, uma aldeia a nordeste de Jerusalém, onde seu pai era um sacerdote hereditário. Jeremias era um dos filhos mais moços de uma família que certamente era feliz. Durante toda a sua vida, Jeremias recordou-se das imagens e experiências de sua infância. Ele amava o mundo natural. Observava a migração dos pássaros (8.7). Conhecia os hábitos da perdiz (17.11). Mas com sua visão profética estas coisas se tornaram algo mais: a amendoeira em flor, o lavrador limpando a sua terra, eram, para ele, revelações do mistério de Deus. 0 profeta r e l u t a n t e Foi nesta situação de vida que Jeremias recebeu o chamado profético. Desde o início ele foi um profeta relutante, e jamais deixou de debater as aflições do seu cargo com Deus (1.6; 17.16; 20.7-9). Estas e
Barton
outras passagens nos permitem ver o enorme fardo da responsabilidade que ele tinha de carregar. Ele.parecia não ser o tipo de pessoa firme e forte que se espera que um profeta normalmente seja. M o l d a d o pelo sofrimento Percebemos o quão difícil deve ter sido para ele ser proibido de se casar e constituir uma família (16.1-9). Sensível, com uma excepcional tendência a ser afetivo, ele recebeu a missão de "arrancar e derrubar, destruir e arrasar" (1.10) entre o povo que amava. Era um caminho sofrido, do qual, apesar dos resmungos, Jeremias jamais se esquivou. Suas profecias são comoventes e, às vezes, chocantes. Ele queria dar a sua missão por encerrada, mas o poder de Deus não o permitia: "Quando pensei: não me lembrarei dele... isso me foi no coração como fogo ardente" (20.9). O texto, às vezes biográfico, às vezes autobiográfico, permite que vejamos como o sofrimento resultante do seu chamado moldou profundamente o caráter deste homem. Sua compreensão das coisas resultou de experiências pessoais de uma vida
vivida ao arrepio da sociedade, mas em lealdade total a Deus. Solidão É provável que no início do seu ministério Jeremias estivesse associado às reformas de Josias. Isto envolvia o fechamento dos altos de Judá para centralizara vida religiosa da nação em Jerusalém, ação que deve ter causado conflito com sua família. Há uma dor oculta nas profecias do cap. 1 que provavelmente originou-se disto. Daquele momento em diante, a solidão foi característica da vida de Jeremias. Jeoaquim, filho de Josias, não deu continuidade à política de seu pai. Em resposta, Jeremias e outro profeta, chamado Urias, se apresentaram para defender a pureza da adoração no Templo (cap. 7). Jeoaquim considerou isto rebelião declarada e ordenou que fossem presos. Urias fugiu para o Egito, mas acabaria sendo trazido de volta e morto. Quanto a Jeremias, parece que foi protegido pela poderosa família de Safã (cap. 26), uma família de escribas que continuaria a apoiá-lo nos anos seguintes. Jeremias nasceu cm Anaioie, que fica nos montes áridos um pouco ao noite de Jerusalém.
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Os Profetas
Judá s o b a t a q u e Cada vez mais o pequeno reino de Judá sofria ameaças vindas do Nordeste. Jeremias estava convencido de que, através de Nabucodonosor, Deus castigaria Judá por sua infidelidade (27.5-11). Ele sugeriu rendição imediata (38.17). Foi um periodo terrível: o rei, as autoridades e outros profetas tomaram uma posição contrária. O povo odiava Jeremias. Ele foi banido d o templo. Mas, incapaz de abandonar sua tarefa, ele ditou suas profecias a Baruque, e elas foram levadas ao rei. A descrição vívida, em Jr 36, d o rei cortando e queimando desdenhosamente as profecias à medida que eram lidas, destaca o isolamento de Jeremias. Os membros da corte que preferiam o enfrentamento julgaram que havia chegado a hora. A pregação de Jeremias era um perigoso derrotismo. Assim, tomaram medidas para se livrar dele: Jeremias foi preso e lançado num poço. Seria complicado matar um profeta a sangue frio; assim, ele foi abandonado para morrer de fome (cap. 38). Jeremias foi salvo graças à intervenção de um corajoso servo do palácio. Confiança e e s p e r a n ç a Porém Jeremias não era derrotista. Embora, durante este longo período, tivesse profetizado contra a falsa segurança dos conselheiros do rei, ele estava convicto de que Deus, futuramente, restauraria Israel. Tanto assim, que comprou um campo e cuidadosamente guardou a escritura da compra (cap. 32). Ele podia ser chamado, ironicamente, de "Terror por todos os lados", por causa de suas repetidas advertências (20.4; também 6.25; 20.10; 46.5). Mas ele ainda apontava para a promessa de Deus para depois da destruição. "Só eu conheço os planos que tenho para vocês: prosperidade e não desgraça e um futuro cheio de
esperança. Sou eu, o SENHOR, quem está falando" (29.11). Esta esperança foi expressa de forma enfática aos judeus exilados na Babilônia na visão dos dois cestos de figos (24.5-7). E no momento mais trágico de sua vida, quando, no ataque final da Babilônia, todos os líderes foram exilados, ele escreveu palavras surpreendentes de esperança: "tornarei a trazer-vos ao lugar donde vos mandei para o exílio" (29.14). O profeta que sabia o que era ser ignorado e maltratado jamais perdeu a certeza pessoal de que Deus sempre estava com ele. Agora, no momento mais sombrio da história de seu povo, ele podia falar com convicção do Deus que jamais os esqueceria. U m novo começo São estas profecias que nos dão a compreensão final e duradoura de Jeremias. Tendo pregado por tanto tempo (seu ministério durou cerca de 40 anos) a um povo obstinado, Jeremias teve a certeza de que haveria um novo começo. A antiga aliança, condicionada à obediência do povo à lei, falhara. Jeremias previu que ela seria substituída por uma nova aliança, na qual Deus tomaria a iniciativa, tocando cada coração humano diretamente, revelando-se como Deus de compaixão e amor infinito. Aquela foi uma visão da era do Espirito, da qual Paulo fala em Romanos: "a lei do Espírito da vida". Mas, antes de Paulo escrever isto, o próprio Jesus havia recorrido a palavras e imagens de Jeremias para resumir o seu ministério. Em muitos momentos a vida de Jeremias se assemelha à de Jesus, especialmente no abandono e na total dependência de Deus. Logo, não é de admirar que, na noite antes da crucificação, Jesus tenha cumprido a profecia de Jeremias: "Este é o cálice da nova aliança no meu sangue" (Lc 22.20).
Jeremias
marcantes. Eles preferiam sua própria água poluída à fonte d e água fresca oferecida p o r Deus ( 1 3 ) . Preferiam pedir ajuda a o Egito e à Assíria e m v e z d e confiar e m Deus ( 1 8 ) . A vinha d e Israel sc tornou uma vinha brava (21). C o m o uma esposa transformada c m prostituta qualquer, a nação correu atrás dc deuses estrangeiros (20,23-25,33; 3 . 1 - 1 0 ) . 3.6-10: "Israel" aqui se refere a o reino d o norte, cujo p o v o havia sido levado para o exílio um século antes, e m 7 2 2 / 1 a.C. (v. 8 ) . As reformas religiosas d o rei Josias (começadas em 621 a . C ) , embora extensivas, não mudaram o coração d o p o v o . Deus diz que o p o v o não voltou a e l e com sinceridade. Era apenas fingimento. > Baal (2.8) O deus cananeu. > Chipre... Quedar (2.10) De leste a oeste (Quedar fica na A r á b i a ) : todo o mundo pagão. > 2.13 Compare as palavras de Jesus: Jo 4.13-14; 7.37. > Mênfis... Tafnes (2.16) Cidades d o Egito. Mênfis ficava perto d o Cairo; Tafnes era uma cidade fronteiriça no delta oriental do Nilo, na rota para a Palestina.
Ele o s traria d e volta d o exílio c o m o nação unida ( 3 . 1 8 ) , cuja adoração seria uma realidade viva e não um mero ritual ( 3 . 1 6 ; 4.4 e compare 31.31-34). • A arca da aliança (3.16) Ficava no Lugar Santíssimo, no Templo, e dentro dela havia uma cópia da Lei. Ela não mais seria necessária quando a lei d e Deus estivesse escrita n o coração d e todos. • A coisa vergonhosa (24, ARA) Um eufemismo para "Baal". N T L H traduziu por "Baal, o deus da vergonha". • 4.4 Todos os meninos dos hebreus eram circuncidados ao oitavo dia, como sinal de que entraram n o relacionamento da aliança c o m Deus ( G n 17.1-14). ( N ã o havia circuncisão feminina, mas as mulheres d e Israel também eram povo da aliança d e Deus.) Contudo, nenhuma marca externa podia transformar uma pessoa em filho d e Deus se não houvesse ao mesmo tempo uma "circuncisão" d o coração, da mente e da vontade. Jr 4 . 5 - 3 1 : D e s a s t r e
iminente
Jr 3 . 1 1 — 4 . 4 : " V o l t e , ó I s r a e l "
Destruição e devastação estavam prestes a cair sobre Judá. Jeremias recebeu uma antevisão da ruína da nação diante d o exército babilônio, o isto o encheu d e horror inexprimível (19-31). • V. 5 A trombeta soava o alarme d e guerra. • V. 11 O vento muito quente d o deserto é um símbolo dc destruição.
Deus ainda estava pronto a salvar o seu povo, se eles r e a l m e n t e se arrependessem.
• Dã (15) Cidade d o extremo norte d o país, a primeira a ser invadida pelo exército inimigo.
> Estranhos (2.25, ARA) Os deuses estrangeiros (NTLH). > 3.1 O que este versículo descreve era proibido pela Lei (veja Dt 24.1-4).
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Principais acontecimentos da vida de Jeremias 627 Jeremias é chamado para ser profeta de Oeus. Morte de Assurbanípal, último grande rei da Assíria. 621 descoberta do livro da Lei. Inicio da grande reforma do rei Josias. 612 Nínive, capital da Assíria, é tomada pelos babilônios. 609 0 exército egípcio marcha para o Norte paia amparar a combalida Assíria. Josias o intercepta em Megido e é morto. Ao voltar da Assíria, o Faraó Neco depõe o novo rei Jeoacai, colocando Jeoaquim no trono. 605 0 exército egípcio é fragorosamente derrotado em Caiquemis por Nabucodonosor, rei da Babilônia.
604 Nabucodonosor subjuga a Síria, Judá e cidades dos filisteus. 598 Aliança com o Egito traz o exército babilónio de volta a Judá. 597 Morre o rei Jeoaquim, e Jerusalém é derrotada pelos babilónios, após um cerco de dois meses. 0 novo rei, Joaquim, é deportado com outros para a Babilônia. Seu tio, Zedequias, é colocado no trono. 588 Sob pressão do partido pró-Egito, Zedequias se rebela contra a Babilônia. Jerusalém é sitiada por 18 meses. 587 0 exército babilónico entra em Jerusalém. 0 povo é deportado; a cidade, saqueada e queimada; o templo, destruído. Trés
meses depois, o governador Gedalias é assassinado. Jeremias é levado ao Egito.
Os Profetas • Meio-dia (4) N ã o era comum atacar nessa hora quente d o dia. • Sabá (20) Na Arábia; famosa p e l o incenso que exportava.
Deus ncusou Seu povo de ser iníiel "em iodos os montes ahos" (3.6). Os templos pagãos dos cananeus geralmente situavam-se nos altos e topos de montes. Este "alto" cm lormato circular foi construído em Mcgido por volta dc2S00a.C
• Vs. 19-21 Expressão da tristeza de Jeremias; ou, possivelmente, da terra; ou, ainda, de Jerusalém. • V. 23 Deus estava desfazendo a terra; veja Gn 1.2. • V. 30 Descrição de Jerusalém (a "filha de Sião"), ainda impenitente, ainda em busca de auxílio estrangeiro. Jr 5 C o r r u p ç ã o n a c i o n a l Deus procura em v ã o um vestígio de verdade e justiça entre o seu p o v o . A nação está atolada na idolatria. Está feliz por ser uma sociedade corrupta. Está com a consciência tranqüila. Tanto Deus como os seus profetas são ignorados. O p o v o quer o u v i r as falsas profecias. Deus não tem outra opção senão punir.
• 7.6 Veja comentário sobre 5.28. • 7.11 Jesus citou estas palavras com relação ao Templo de sua época (Mt 2 1 . 1 3 ) . • Efraim (7.15) A tribo principal d o reino do Norte, que se separou d o reino d o Sul. • Rainha dos Céus (7.18) A deusa da fertilidade Astarote (Astarte ou, também, Istar), cuja adoração envolvia ritos sexuais e prostituição.
t V.1 Este texto lembra a oração de Abraão por Socloma (Gn 18.22-32). Deus teria poupado Sodoma, se ali tivesse encontrado d e z justos. N o caso de Jerusalém, teria bastado um que praticasse a justiça e buscasse a verdade.
• 7.22 Jeremias não está negando que o sistema de sacrifícios foi instituído por ordem de Deus (veja L v 1—7). Mas o p o v o estava substituindo a obediência pelos sacrifícios. C o m o Samuel havia dito anteriormente: "0 obedecer c melhor d o que o sacrificar" (ISm 15.22).
• V. 28 Deus sempre se preocupou de m o d o especial c o m a justiça e o cuidado com os indefesos. Isto fica claro na Lei e foi, também, uma ênfase dos profetas.
/tíginn oposta; Uma das práticas dos (ananeus que os israelitas descriam evitar era a construção de postes-ídolos como estes que foram eneonlrados em tlihlos, no Líbano (antiga fenícia).
Jr 7.1—8.3: J e r e m i a s n o T e m p l o O povo tinha uma confiança no Templo que chegava a ser supersticiosa. Pensavam que, por causa da presença d o Templo, Deus sempre protegeria Jerusalém, como fizera c m 701 a.C. (veja 2Rs 18—19; Is 3 6 — 3 7 ) . Estavam errados. Deus mandou Jeremias se colocar na porta do Templo e dizer a todos que Deus sabia a diferença entre ritualismo religioso e verdadeira religião ( 7 . 1 0 ) . Ele via tudo que estava acontecendo ( 9 ) . Jerusalém não era mais sagrada que Siló, santuário que os filisteus haviam destruído (veja I S m 4 ) . Mas mesmo naquele momento, se deixassem de lado o que estavam fazendo, se mudassem a sua conduta, Deus permitiria que continuassem a viver na terra que lhes havia dado ( 7 ) . Segurança e bem-estar dependiam da obediência a Deus ( 2 3 ) .
Jr 6: D e c l a r a ç ã o d e g u e r r a Todas as advertências de Deus foram ignoradas. Seu c o n v i t e para que andassem no "melhor caminho" ( 1 6 ) simplesmente não foi aceito. Assim, Deus rejeitou o seu povo ( 3 0 ) e o entregou aos exércitos invasores. Até Jerusalém seria sitiada. • Benjamim (1) Esta Jeremias, ocupando o de Jerusalém. Tecoa dois montes ao sul da
era a tribo do próprio território logo ao norte e Bete-Haquerém são cidade.
• Pastores com os seus rebanhos (3, ARA) Retrato dos acampamentos inimigos.
• 7.29 Eles deviam cortar o cabelo, como sinal de luto ou para mostrar que não estavam mais comprometidos com Deus. • Tofete (7.31) Veja Is 30.33. Jr 8.4-17: C o n d e n a d o s por Deus O p o v o não queria se a r r e p e n d e r . Era e s t i m u l a d o e i m p e l i d o nessa d i r e ç ã o por líderes religiosos que d i z i a m o que o povo queria ouvir. Nessa lista estavam os escribas (intérpretes profissionais da Lei de Deus); os "sábios", aos quais se recorria para orientação (veja 2Sm 14.2-24; 2 0 . 1 6 - 2 2 ) ; os profetas e os sacerdotes. Todos estes procuravam os seus próprios interesses.
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Os Profetas tempos antigos (Gn 3 7 . 2 5 ) , Gileade era famosa por seu bálsamo curativo. • Absinto (9.15) Planta amarga (veja N T L H ) . ' À luz disso, c um símbolo de tristeza.
Jeremias compara o Deus verdadeiro com ídolos sem vida como Baal. o deus canancu da fertilidade a quem o povo de Deus oferecia sacrifícios (11.17).
• 9.25-26 Apesar da marca externa da aliança com Deus (veja 4 . 4 ) , o povo de Deus não era e m nada diferente das nações pagãs à sua volta. E a e x e m p l o dessas nações, estava destinado ao juízo. Veja caps. 4 6 — 5 1 . Jr 10: O D e u s v i v o e í d o l o s d e madeira Por mais elaborados que sejam, ídolos feitos por mãos humanas não têm vida, poder, movimento ou fala. Bem diferente é o Deus de Israel. Foi ele, não os ídolos, quem criou o céu e a terra ( 1 1 - 1 6 ) . (Este era um dos grandes temas de Isaías: Is 40.18-20; 44.9-20.) Agora este mesmo Deus estava preparado para destruí-los ( 1 7 - 1 8 ) . Enquanto orava, Jeremias já podia ouvir o inimigo chegando ( 2 2 ) . • Társis... Ufaz (9) Társis é Tartessos, na distante Espanha; Ufaz pode ser Ofir, famosa por seu ouro. • Peguem as suas trouxas (17, NTLH) Isto é, preparem-se para fugir.
o verão, passou o tempo da colheita, mas nós não fomos salvos... Eu gostaria que a minha cabeça fosse como um poço de água e que os meus olhos fossem como uma fonte
• Pastores (21) Líderes ou autoridades (veja NTLH). • Vs. 23-25 A oração de Jeremias em favor do povo.
de lágrimas, para que eu pudesse chorar dia e noite pela minha que foi
gente morta."
Jr 8.20; 9.1 (NTLH)
Jr 8 . 1 8 — 9 . 2 6 : T r i s t e z a e mais tristeza N e m sempre fica claro se quem está falando é Jeremias, Deus ou o p o v o (as traduções oferecem várias o p ç õ e s ) . Jeremias compartilha a profunda tristeza d e Deus diante d o p e c a d o d o seu p o v o e de suas c o n s e q ü ê n cias t r á g i c a s . A s o c i e d a d e e s t a v a d o e n t e ( 9 . 3 - 6 , 8 ) , uma doença que era o resultado direto d o fato de terem abandonado Deus e as suas leis e terem s e g u i d o o seu p r ó p r i o caminho ( 1 2 - 1 4 ) . O j u í z o se havia tornado tão inevitável que j á p o d i a m ser convocadas as pranteadoras profissionais ( 1 7 ) . • Bálsamo/remédio em Gileade (8.22) Desde
Jr 11.1-17: A a l i a n ç a v i o l a d a Os termos da aliança de Deus c o m o seu povo, feita no Sinai após o ê x o d o (veja Dt 5), ainda estavam em vigor. Pela continuada desobediência à lei dc Deus, e pela idolatria, Judá rompera este acordo e caíra sob a maldição (veja Dt 11.26-28; Dt 2 7 ) . Jeremias devia ire dizer isto ao povo (outra mensagem que ning u é m gostaria de o u v i r ) . E Deus não queria que ele orasse e m favor d o povo ( 1 4 ; aparentemente Deus já tinha o u v i d o muitos desses pedidos do profeta!). Este capítulo parece pertencer ao período da reação que se seguiu às reformas de Josias (2Rs 2 3 ) . Jr 1 1 . 1 8 — 1 2 . 1 7 : U m p l a n o para matar Jeremias A mensagem de Jeremias despertou uma ira tão intensa que o p o v o de A n a t o t e , sua terra natal, estava disposto a matá-lo, caso ele não parasse de profetizar ( 1 1 . 1 8 - 2 3 ) . Quem alertou Jeremias para o perigo foi Deus, que, assim, cumpria a sua promessa de proteger o
Jeremias profeta. A descoberta desse plano levou Jeremias a questionar Deus sobre a prosperidade dos maus ( 1 2 . 1 - 4 ) . Ele não foi o primeiro nem o último a ficar perplexo com isto (veja SI 73; Hc 1.12-13). Em resposta, Deus lhe disse que o pior estava por vir ( 5 - 6 ) ! Entretanto, ele de (ato castigaria ( 7 - 1 3 ) , para depois restaurar (14-17). > Floresta d o Jordão (12.5) Desde o mar da Galileia até o mar M o r t o , o Jordão corre abaixo do nível d o mar. E, nos tempos d o AT, o rio era ladeado por uma floresta densa e úmida, habitada por animais selvagens. > Casa... herança ( 7 ) . . . vinha... quinhão... porção (10) Metáforas que designam a nação. Jr 13: U m a p a r á b o l a e n c e n a d a Deus lançou mão de vários métodos de ensino para transmitir a sua mensagem. As vezes os profetas dramatizavam sua mensagem (esta era, também, uma característica d o ministério de Ezequiel; aparece ainda e m Jr 18—19; 3 2 ) . 0 termo que designa a peça de roupa que Jeremias escondeu para que apodrecesse é traduzido por cinto de linho ( A R A , NVI) ou calção (NTLH). As ações muitas vezes dizem mais d o que as palavras e ficam gravadas na m e m ó ria. Aqui Jeremias anuncia que Judá e Jerusalém ficariam completamente arruinadas, c o m o aquela peça de roupa. Ele estava muito triste ao anunciar a vingança de Deus, embora houvesse clamado por ela anteriormente ( 1 1 . 2 0 ) : "se vocês não prestarem atenção... chorarei amargamente" ( 1 7 ) . > Eufrates (4-7) Alguns pensam que a palavra hebraica perath, neste caso, se refere ao riacho de Fará, que ficava uns 6 km a nordeste de Anatote. Ou p o d e referir-se, c o m o e m outras passagens, ao Eufrates, que ficava a uns 550 km de distância, e representar o cativeiro e o exílio do p o v o . > Rei e rainha-mãe (18) Quase certamente Joaquim e Neústa (veja 2Rs 24.8-16). Jr 1 4 . 1 — 1 5 . 9 : S e c a ! Houve uma longa e g r a v e seca ( 1 4 . 1 - 6 ) . 0 povo mais uma v e z se dirige a Deus ( 7 - 9 ) , mas ele não ouve ( 1 0 - 1 2 ) . N e m escuta a súplica de Jeremias, que argumenta que o p o v o foi enganado pelas mentiras dos falsos profetas (13). Mas Jeremias continua orando pelo povo (19-22), até ouvir a terrível resposta de Deus em 15.1. > Espada, fome, peste (14.12) Desde a antiguidade, a guerra, a fome e as doenças eram
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consideradas castigo de Deus. As três juntas implicavam j u í z o total (veja também 16.4; 24.10; Ez 14.21; A p 6.8; 18.8). • O trono da tua g lória (14.21) O Templo. • Moisés e Samuel (15.1) Ambos intercederam com êxito pelo povo (Êx 32; I S m 12.19-25). • 15.4 N o tempo de Manasses, a nação viveu a sua pior fase (veja 2Rs 2 1 ; 2Cr 3 3 ) . Jr 15.10-21: A a n g ú s t i a de Jeremias Sofrendo profundamente, Jeremias se dirige a Deus e m oração contra aqueles que lhe pagaram seu serviço e seu cuidado fiel com ódio, tornando sua vida miserável. Há justiça na sua súplica (embora o ensinamento de Jesus vá além disso, c o m o se vê e m M t 5.4348 e Lc 2 3 . 3 4 ) . Se Jeremias está com problemas, isto se deve a Deus. A causa era de Deus
e, ao rejeitá-lo, estavam rejeitando o próprio Deus. A resposta de Deus foi o consolo e estímulo que o profeta precisava ( 1 9 - 2 1 ) . Jr 16: N ã o é h o r a d e c a s a r A instrução de Deus a Jeremias foi clara: " N ã o case". A o ficar solteiro numa sociedade em que isto era praticamente desconhecido, Jeremias se tornou símbolo v i v o da mensagem de Deus. Em breve Jerusalém seria palco da fome e d o massacre mais terrível que se podia imaginar. N ã o era a hora nem o lugar para começar uma família. Porque Deus estava retirando deles a sua paz e o seu amor ( 5 ) , eles finalmente o conheceriam c o m o o Deus de poder ( 2 1 ) . Porém Deus ainda tinha reserv a d o um futuro para eles (14-15) e o profeta declarou a sua confiança e m Deus (19-20). • Vs. 6-7 Costumes relacionados com o luto, alguns deles de natureza pagã (veja Lv 19.27-28).
Jeremias exerceu seu miniscério em Jerusalém, onde todas as suas advertências foram ignoradas. Esta foto traz unta vista para o sul, dos muros da amiga Jerusalém na direção do vale do Cedrom.
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Os Profetas tificação, maldição e vingança nos Salmos" também analisa esta questão. • Vs. 1-4 A mesma imagem d o oleiro aparece em Isaías (29.15-16; 45.9; 6 4 . 8 ) e é retomada por Paulo e m Rm 9.20-21. • Líbano (14) Possível referência ao monte Hermom, geralmente coberto de neve perene. • V e n t o oriental (17) Símbolo de problemas (veja 4 . 1 1 ) .
Quem confia em Deus é corno uma árvore que «s:\illt,i as suas nii7.es alé
o ribeirão r que não ieine o periodo tln seca. Jr 17.7-8 faz
eco às petara do SI I .
Jr 17: E s p e r a n ç a p a r a os desesperados Este capítulo contém uma mistura de diferentes tipos de material: uma profecia de juízo (1-4, em prosa); um salmo de sabedoria (5-8, c o m o o SI 1 ) ; uma profecia pessoal de caráter poético com uma lamentação; e profecia em prosa que oferece esperança d e escapar do juízo (19-27). • Vs. 1 Um ponteiro ou estilete de ferro era usado para gravar inscrições e m pedras. O pecado d o p o v o estava c o m o que permanentemente gravado no seu "coração". • Postes-idolos (2, A R A ) Veja Is 17.8. • Vs. 14-18 lista é a oração de Jeremias. Para o v. 18, veja 15.10-21.
Jr 18: O o l e i r o e o b a r r o Esta é outra ação simbólica ou parábola encenada (veja cap. 1 3 ) . C o m o um oleiro que refaz o pote que não fica bom, Deus tinha o direito inquestionável de remodelar o seu povo arruinado. Jamais se pode supor que as coisas sempre ficarão d o jeito que são ( 7 - 1 0 ) . Novamente, a mensagem ofensiva de Jeremias resultou cm ameaças de morte. Nos vs. 19-23, e l e ficou tão indignado com aqueles que rejeitaram sua mensagem divina que fez uma oração bastante vingativa (bem diferente da sua reação c m 1 3 . 1 7 ) : " N ã o perdoes a maldade deles" ( 2 3 ) . Veja 15.10-21. "Autojus-
Jr 1 9 . 1 — 2 0 . 6 : Jeremias em apuros Jeremias quebrou seu pote de barro em outra parábola encenada. D e p o i s de prender a atenção d o p o v o , ele explicou: "Como se quebra um pote, e ele não pode mais ser consertado, assim Deus quebrará este povo e esta cidade." Jeremias foi diretamente d o vale do Hinom ao Templo. A l i , a sua mensagem lhe trouxe dificuldades. Com as mãos e os pés presos no tronco, ele abriu seu coração na presença de Deus. • Hinom (19.2),Tofete (19.6) Veja Is 30.33. Jr 20.7-18: " M a l d i t o s e j a o dia em q u e eu nasci!" Jeremias não era um h o m e m grosseiro, insensível ao que se passava c o m ele. Ao contrário, sofria ao ver-se o d i a d o e ridicularizado. Porém cie linha de proclamara palavra de Deus ( 9 ) , e esta sua função profética o colocava sob tremenda pressão. Seu lamento d e v e encorajar todos os que se sentem c o m o c i e . Depois d e fazer a sua queixa diante dc Deus, ele passa ao louvor, cheio de confiança ( 1 3 ) . Para logo cm seguida cair no desespero outra v e z ( 1 4 - 1 8 ) . Jr 2 1 : Z e d e q u i a s pede u m milagre Era o ano de 587 e Jerusalém estava sitiada, no confronto final entre Judá c Babilônia. O rei Zedequias recorreu ao profeta, esperando urna palavra de conforto, outro adiamento milagroso d o ataque ( c o m o e m 701 contra os assírios; veja 2Rs 1 9 ) . Mas isto não se repetiria: Deus disse que a derrota era certa. A única esperança estava na rendição. A história da queda de Jerusalém é contada em 2Rs 25; 2Cr 36. Veja também Jr 39; 52. • V. 8 Deus lhes deu a mesma escolha que aparece em Dcutcronômio (30.15-20), a escolha entre o caminho da vida c o caminho da morte.
449 Jr 2 2 : A d v e r t ê n c i a a o r e i J e o a q u i m Esta profecia é anterior ao cap. 2 1 . Jeoaquim reinou de 609 a 597. Em 597, Jerusalém se rendeu à Babilônia pela primeira vez (veja 2Rs 23.34—24.6; 2Cr 36.5-8). A denúncia dos vs. 13-19 compara Jeoaquim, que pensava que era bom rei só porque tinha um grande palácio forrado de cedro, com seu piedoso pai, Josias. Ninguém lamentaria a morte dele, ninguém o honraria depois da morte (sepultar alguém "como sc sepulta um jumento", 19, era a maior vergonha). Os vs. 24-30 d i z e m respeito a Joaquim (Conias, 2 4 ) , o filho de Jeoaquim. Ele reinou apenas três meses, em 598, antes de ser levado ao exílio, jitntamente com a mãe e muitos outros cativos. • 0 (rei) morto (10) Provavelmente o rei Josias, morto em Megido. NTLH menciona Josias e seu filho Joacaz (Salum, 11, irmão de Jeoaquim), que reinou apenas três meses antes de ser levado como prisioneiro ao Egito pelo Faraó Neco quando este retomava da Assíria e m 609. Joacaz morreu no Egito. • Líbano, Basã, A b a r i m / M o a b e (20) Cadeias de montanhas ao norte, nordeste e leste de Juclá. • V. 30 Aqui termina a linhagem real de Davi. Zorobabel, o neto de Jeoaquim, liderou os exilados de volta à terra e se tornou seu governador, mas não seu rei. Jr 2 3 : U m a s e v e r a r e p r e e n s ã o — e esperança f u t u r a O profeta censura os governantes ( 1 - 8 ) e os líderes religiosos ( 9 - 4 0 ) . O mau governo c as mentiras anunciadas cm nome de Deus não ficariam impunes. Depois v e m uma promessa maravilhosa. Um dia Deus colocaria n o trono um rei de sua escolha ( 5 - 8 ) . A volta d o exílio deixaria na saudade o velho ê x o d o d o Egito. Os vs. 9-40 são dirigidos aos profetas. Os do reino do Norte (Samaria) serviram a Baal. Isto já era terrível. Mas em Judá "todos eles se tornaram como Sodoma, e os moradores de Jerusalém, c o m o Gomorra" (veja Gn 18.20-21)! Com tal m e n s a g e m , n ã o é d e a d m i r a r que Jeremias tenha atraído sobre si o ó d i o dos sacerdotes e profetas, assim c o m o aconteceu também c o m Jesus ( 2 6 . 1 1 ; compare Mt 21.45-46; 2 6 . 6 6 ) . • Renovo (5) "Descendente"; veja Is 4.2; 11.1. Também é título d o Messias e m Zc 3.8; 6.12. • Adúlteros (10) Aqueles que traíram Deus,
"Como o barro na mão do oleiro, assim sofs vós na minha mão, ó casa de Israel" Jr 18.6
voltando-se aos deuses pagãos, cuja adoração envolvia ritos sexuais e prostituição. • Sentença pesada (33, ARA) Mensagem. Jr 24: L i n g u a g e m f i g u r a d a Jeremias deve ter tido a visão dos dois cestos de figos diante d o T e m p l o de Deus um pouco depois de 597 (v. 1; "Jeconias" é Joaq u i m ) . Os exilados eram a elite d o povo de Deus. (Ezequiel estava entre os primeiros cativ o s : Ez 1.1-3. Daniel e seus amigos, segund o Dn 1.1-7, haviam chegado ainda antes à Babilônia.) E Deus lhes estava preparando um futuro. Para os que ficaram e m Judá não havia futuro senão a destruição. Entretanto, através de Jeremias, Deus ainda não havia desistido de seus "figos ruins". • Coração (7) O conceito é abrangente c inclui a mente, a vontade c as emoções. Jr 25: I n v a s ã o i m i n e n t e Era o ano de 605 (v. 1 ) , o ano e m que Nabucodonosor da Babilônia derrotou os egípcios em Carquemis. Durante 23 anos Jeremias repetira a mensagem de Deus, mas o p o v o não o levou a sério. Agora ele anuncia que a cidade cairia e que eles serviriam os babilônios durante 70 anos no exílio. O juízo de Deus também cairia sobre as nações pagãs que tanto o mereciam, c sobre a própria Babilônia (12-38).
450
Os Profetas • V. 13 Para as profecias de Jeremias contra as nações pagãs, veja os caps. 4 6 — 5 1 . Jr 2 6 : J e r e m i a s de morte
"Eis ai vem dias. diz o
SENHOK,
cm que firmarei nova aliança com a casa etc Israel e com a casa de Judá... Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei i» seu l>i tis. c cies serão o meu povo." Jr 31.31,33 IARA)
ameaçado
Era o a n o d e 6 0 9 a . C , bem no c o m e ç o d o reinado d o rei Jeoaquim, ou um p o u c o depois. A situação apresenta ligações com o cap. 7. Era uma daquelas épocas e m que era perigoso declarar a v e r d a d e de Deus c o m o ela é ( 1 5 ) , e o discurso franco d e Jeremias no Templo quase lhe custou a vida. O anúncio de que a desobediência contínua levaria à destruição d o T e m p l o enfureceu os sacerdotes e profetas de tal forma que queriam matá-lo ( 1 1 ) . Mas o n o m e de Deus ainda valia alguma coisa entre as autoridades e o p o v o ( 1 6 ) . Urias (20-24; mencionado apenas nesta passagem) teve menos sorte. A influência de Aicão, um oficial da corte, protegeu a Jeremias ( 2 4 ) . • Silo (6) Veja cap. 7. • V. 16 Segundo a Lei, um falso profeta devia ser morto (Dt 1 8 . 2 0 ) . Mas, nessa ocasião, Jeremias foi reconhecido c o m o verdadeiro profeta de Deus. • V. 18 Veja M q 3.12. As palavras d o profeta foram lembradas um século depois (Miquéias foi contemporâneo de Isaías). Jr 27—28: R e b e l i ã o ou submissão?
Os (lais o s o s de figos proporcionaram uma ilustração para o profeta (cap. 24).
Era 597 a.C. Os babilônios haviam levado os primeiros cativos de Jerusalém c colocaram o rei Zedequias no trono. Mas o rei babilônio estava com problemas e m seu país, e nas pequenas nações d o ocidente, inclusive Judá, havia rebelião no ar. Jeremias percorre as ruas da cidade com uma canga de madeira no pescoço em sinal d e submissão à B a b i l ô n i a . S o m e n te s u b m e t e n d o - s e é que Judá ( 2 7 . 1 2 - 1 5 ) e as outras nações ( 2 7 . 3 - 1 1 ) p o d e m evitar a destruição. Esta mensagem não foi bem aceita c provocou um conflito direto c o m os falsos profetas. Hananias, que afirmava ter uma m e n s a g e m de Deus, contradisse as palavras d e J e r e m i a s , quebrou a canga ( 2 8 . 1 4 , 1 0 ) , e disse ao p o v o o que eles queriam ouvir. Mas
o tempo mostrou que a verdade estava com Jeremias (28.15-17; e compare 27.19-22 com 5 2 . 1 7 - 2 3 ) . Qualquer profeta que afirma falsamente falar e m n o m e de Deus estava sob sentença de morte (Dt 18.20). Jr 2 9 : C a r t a a o s e x i l a d o s Os exilados a quem Jeremias escreve são os cativos deportados com o rei Jeoaquim, entre os quais estava Ezequiel (veja Jr 2 2 ) . Os falsos profetas previam um retorno e m breve. Jeremias orienta os exilados a se estabelecer e m na terra estrangeira e levarem uma vida normal, pois o exílio duraria 70 anos. Depois eles retornariam. Mas m e s m o da Babilônia seus inimigos tentavam criar problemas para ele ( 2 4 - 3 2 ) . Jr 3 0 — 3 1 : A p r o m e s s a de u m a nova aliança N o momento mais difícil da nação, vem uma mensagem de esperança. Quando tudo indicava uma extinção total, Deus promete um futuro ao seu povo (a nação inteira, os reinos do Norte e do Sul). Lies seriam salvos (30.10-17! e restaurados (18-22). Os exilados retornariam com alegria à terra natal (31.7-9) e uma nova aliança substituiria a antiga feita no Sinai, que eles quebraram. Desta vez Deus os renovaria de dentro para fora, dando-lhes poder para fazer a sua vontade (31.31-34; e compare Rm 8.1-4; 2Co 5.17). Estas palavras de Jeremias, c o m o as de Isaías, têm um significado futuro a curto e a longo prazo. Ele estava falando do retorno efetivo d o exílio, mas a promessa não se esgotava nisso. Os escritores d o N T (que significa "nova aliança") viram e m Jesus Cristo a realização plena dessa profecia de Jeremias (veja Hb 8, por e x e m p l o ) . É obra de Cristo, através d o Espírito Santo, escrever as leis de Deus no coração de todos os crentes. • Efraim (31.9) A tribo mais poderosa do reino do Norte representa todas as tribos. • Pastor (31.10) Para outras referências a esta i m a g e m d e Deus veja Gn 4 9 . 2 4 ; SI 23; Is 4 0 . 1 1 ; Ez 34.11731. A mesma imagem foi aplicada a Jesus: Jo 10.7-16; H b 13.20; IPe 2.25; 5.4; A p 7.17. • Ramá, Raquel (31.15) Raquel, mãe de José e Benjamim, morreu e m Ramá, perto de Belém. Jeremias descreve seu pranto pelos filhos exilados. M t 2.18 v ê nisto um retrato da tristeza causada pelo massacre dos meninos de Belém, por ordem de Herodes.
Jeremias Jr 3 2 : J e r e m i a s c o m p r a um c a m p o Estamos e m 5 8 8 o u 587. Jerusalém está sitiada, e Anatote, a cidade natal de Jeremias, nas mãos dos inimigos. O primo Hananel era um grande otimista, tanto que foi até a prisão onde Jeremias estava ( 2 - 3 ) para tentar vender umas terras. Numa hora daquelas! Por incrível que pareça. Jeremias comprou, e essa compra deixou a seguinte mensagem: "Deus tem um futuro para Judá". Todos na cidade d e v e m ter ouvido falar nisto. Jeremias agiu por ordem de Deus; somente depois ele admitiu a sua perplexidade ( 2 5 ) . Em resposta, Deus lhe expôs o propósito imediato c também o propósito último para a nação. Baruque, secretário de Jeremias, aparece pela primeira vez no v. 12. Ele recebe destaque nos caps. 36 e 45. (Entre os livros apócrifos ou deuterocanônicos está um livro de Baruque.) > V. 8 A terra era uma herança familiar, ou seja, só podia ser vendida dentro da família. Veja Lv 25.25.
• Vs.4-5 Veja 39.7. N ã o há registro da morte de Zedequias. • Vs. 18-19 A cerimônia invocava um destino semelhante sobre quem quebrasse a aliança. Veja Gn 15. • Se retiraram/parou de atacar (21) Houve um alívio temporário enquanto Nabucodonosor enfrentava o exército d o Faraó ( 3 7 . 5 ) . Jr 35: C l ã n ô m a d e e n v e r g o n h a o povo de Deus Os caps. 35—36 nos fazem retroceder 10 anos, ao tempo do cerco anterior de Jerusalém, durante o reinado de Jeoaquim (609-598). Os recabitas eram descendentes de Jonadabe, que se colocara do lado de Deus contra os adoradores de Baal e m 2Rs 10.15-23. Haviam feito a promessa de nunca beber vinho e de se dedicar à vida n ô m a d e . (Eles só aparecem aqui, e m 2Rs 10 e l C r 2 . 5 5 ) . Por medo d o exército invasor, eles vieram a Jerusalém ( 1 1 ) , onde sua fidelidade a uma promessa feita 200 anos atrás envergonhou o povo de Deus.
> V. 35 Veja comentário sobre Is 30.33. Jr 3 3 : A p r o m e s s a i n f a l í v e l de D e u s Jeremias ainda é prisioneiro d o rei Zedequias, c o m o no capítulo anterior. O tema ainda é a restauração futura. O que Deus derrubou, ele iria reconstruir ( 4 , 6 - 9 ) . A alegria e a prosperidade retornariam ( 1 0 - 1 1 ) e um rei ideal assumiria o g o v e r n o ( 1 4 - 1 6 ) . Isto se cumpriria c o m tanta certeza quanto o fato de a noite vir depois d o dia segundo determinação de Deus ( 2 0 - 2 1 ) . > V. 21 Veja 2Sm 7 e N m 25. > As duas famílias (24) Israel e Judá (veja NTLH). Ou, c o m base no v. 26, a família de Jacó (a nação) e a família de Davi (os reis). Jr 3 4 : S e n h o r e s e n g a n a m os e s c r a v o s Estamos ainda e m 588 ou 587. Após receber a mensagem de Deus ( 1 - 7 ) , o rei Z e d e quias d e c r e t o u a l i b e r t a ç ã o d e t o d o s os escravos hebreus, p o s s i v e l m e n t e tentando ganhar o favor divino. A Lei dizia que os escravos hebreus deviam ser libertos após seis anos (veja Dt 15.12-18), mas a prática fora negligenciada. Agora os senhores concordaram e m libertar os seus escravos, mas depois mudaram de idéia. Os escravos foram forçados à escravidão novamente, e Deus condenou os senhores como transgressores da lei.
Jr 36: O r e i q u e i m a o r o l o do profeta Este c um dos capítulos mais vívidos e dramáticos de toda a Bíblia. Aconteceu e m 6 0 5 / 4 a.C. Jeremias estava proibido de ir ao Templo A Porta do Esterco na Jerusalém antiga. Aqui, as pessoas cuidam de seus afazeres como faziam na época de Jeremias.
452
Os Profetas ( 5 ; sem dúvida para impedi-lo de repetir o que dissera antes, cap. 2 6 ) . Mas a palavra de Deus não pode ser sufocada. A mensagem estava escrita. O profeta aguardou o m o m e n t o propício e então, num único dia, ela foi lida c m voz alta três vezes: para o povo que orava no Templo, para os oficiais d o palácio, v para o próprio rei. Jeoaquim (veja também cap. 2 2 ) podia queimar o rolo, mas nem ele tinha o poder de destruir a mensagem, ou impedir o seu cumprimento. Pacientemente, Jeremias e seu secretário Baruque reescreveram as palavras do rolo. • Rolo (2) Antes de existirem livros c o m o os de hoje, os textos eram escritos e m longos rolos de papiro ou de pergaminho. Os rolos podiam chegar a 10 m de comprimento c conter uma grande quantidade de material, que era escrito em colunas. • V. 30 Três meses após a morte de Jeoaquim, seu filho foi deportado para a Babilônia.
Sub Jerusalém existem ainda hoje amigas cislernas, destinadas a colelar e conservar cada gota preciosa de água. A cisterna cheia de lodo em que Jeremias foi jogado seria um poço redondo cavado na rodia. Esta fica debaixo do convento do Ixce I i . I H e m
Jerusalém.
Jr 3 7 — 3 8 : J e r e m i a s é p r e s o O rei era Zedequias, o ano era 588 a . C , e Jerusalém estava temporariamente livre d o cerco dos babilônios ( 3 7 . 5 ) . Jeremias aconselha a rendição a um inimigo d o qual não poderiam escapar (37.8-10; 3 8 . 2 ) , e isto lhe causa ainda maiores problemas. A o sair para inspecionar sua propriedade em Anatote (32.6-15), ele foi preso, sob a acusação de ser desertor, espancado e trancafiado numa cela subterrânea. Um apelo ao rei, que estava ansioso por conhecer a palavra de Deus (37.3,17; 38.14) — embora não tivesse a fé e a coragem para colocá-la e m prática — resultou e m sua transferência para o pátio d o palácio. N o entanto, ele continuou fortemente vigiado, recebendo uma ração diária de p ã o enquanto durasse o estoque ( 3 7 . 2 1 ) . A transferência seguinte foi para o poço cheio de lama que havia no pátio da guarda, o n d e Jeremias teria morrido, não fosse Ebcde-Meleque interceder por ele junto ao rei (38.8-13). Jr 39.1—40.6: Jerusalém é tomada Veja também o cap. 52; 2Rs 25; 2Cr 36. A terrível visão de Jeremias (38.22-23) se tornou realidade ( 3 9 . 6 - 8 ) . As advertências de Deus finalmente deram lugar ao juízo (39.1-10).
Mas mesmo em meio a isso. Deus não perde de vista os indivíduos. A vida de Ebede-Meleque fo. salva (39.15-18). E o rei babilônio teve conside-j ração pela vida do profeta (39.11-12). Assim, Jeremias foi o único que pôde determinar o seu próprio futuro (40.1-5). Mesmo com a oferla de um lugar de honra na corte babilónica, ele pie feriu ficar com os pobres que foram deixados para trás na terra de Judá. • Ribla (39.5) A base de Nabucodonosor cn uma cidade ao sul de llamate, na Síria. • Gedalias (39.14) F.le era filho daquele homem que anteriormcnle salvara a vida de Jeremias ( 2 6 . 2 4 ) . A família deve ter apoiado a posição! aparentemente pró-babilônica de Jeremias e, portanto, ganhou o favor de Nabucodonosor e seus oficiais. • Mispa (40.6) Cidade que ficava algunsj quilômetros ao norte de Jerusalém; lugar da assembléia nacional na época de Samuel. Jr 4 0 . 7 — 4 1 . 1 8 : O g o v e r n a d o r é assassinado Os caps. 40—44 d ã o destaque aos que fica-! ram para trás quando o restante foi levado ao exílio. Gedalias começou bem a sua atividade de governador. C o m Jerusalém em ruínas, ele colocou a sede d o governo e m Mispa, 8 km a noroeste. Aqueles que escaparam d o exerci-1 to invasor, refugiando-sc cm países vizinhos, retornaram e tiveram uma boa colheita, após os dias de fome durante a ocupação. Mas ires meses depois, Gedalias, ignorando advertências, foi assassinado por um matador contratado pelo rei de A m o m . Temendo represálias da Babilónia, o povo preparou-se para fugii para o Egito. • 41.5 Eles vinham da região central do reino d o Norte, Israel, cuja capital era Samaria. Siló e Siquém eram centros de adoração. • Asa/Baasa (41.9) Veja l R s 15.16-24. • As grandes águas que há em Gibeão (41.12) Local já havia ocorrido uma traição (veja 2Sin 2.12-17. Gibeão ficava 8 km a noroeste d e i Jerusalém. Aquela represa ou grande poço para coletar água tinha 11,3 m de largura e 10,6 m de profundidade. ;
Jr 4 2 . 1 — 4 3 . 7 : A f u g a p a r a o Egito Apesar da vonlade declarada d o p o v o de obedecer à palavra de Deus ( 4 2 . 5 ) , quando veio a mensagem para que ficassem na terra de Israel, eles desobedeceram. O Egito parecia mais seguro. Eles levaram consigo Jeremias e •
Jeremias Baruque. E, c o m o Deus disse ( 4 2 . 1 5 - 1 6 ) , no momento oportuno o longo braço de Nabucodonosor, rei da Babilônia, alcançou o Egito (568 a . C ) . D e acordo com o historiador Josefo, havia judeus entre os cativos que o rei levou consigo.
As nações que castigaram o povo de Deus seriam também castigadas. Esta é a mensagem do profeta.
• 43.3 É óbvio que Baruque, o secretário de Jeremias ( 3 2 . 1 2 ; caps. 3 6 ; 4 5 ) , j á havia advertido o p o v o contra a ida ao Egito. • Tafnes (43.7) Veja 2.16. Jr 4 3 . 8 — 4 4 . 3 0 : U m a p e l o vindo d o E g i t o Levado ao Egito contra a sua v o n t a d e , Jeremias encenou sua última parábola dc que temos registro ( 4 3 . 8 - 1 3 ) . A mensagem era a mesma que a de 42.15-22. Apesar de tudo que acontecera como resultado da traição a Deus, o povo ainda se recusava a ouvir. Eles passariam a adorar a "Rainha dos Céus" (44.17-19; veja 7.18), e tudo voltaria ao normal! Depois disto, não mais se o u v e falar de Jeremias. Segundo a tradição, ele teria sido apedrejado e morto no Egito. • Pavimento (43.9, ARA) Arqueólogos descobriram uma grande área pavimentada com tijolos naquele local.
d o s mais b e l o s trechos p o é t i c o s d o l i v r o . Eles ampliam a parte final d o cap. 25. Profecias contra as nações, semelhantes às de Jeremias, se encontram e m Is 13—23 e Ez 25—32.
• Heliópolis (43.13) Veja Is 19.18. • Hofra (44.30) Este Faraó (589-570 a.C.) ajudou Jerusalém na luta contra os babilônios, em 588, mas depois se afastou. Em 569, foi deposto numa revolta. Ele morreu tentando voltar ao trono, e m 566.
Jr 46.1-26: E g i t o Os vs. 1-12 descreveram a vitória de Nabucodonosor, da Babilônia, sobre o Faraó Neco, e m Carquemis, c m 605. Os vs. 13-26 prevêem a invasão d o Egito por Nabucodonosor ( q u e aconteceu e m 5 6 8 ) . Veja também Is 19—20; Ez 29—32.
Jr 45: B a r u q u e
• V. 9 Estes eram mercenários: d o Sudão (Etiópia) e da Líbia ( P u t e ) . Lude/Lídia d e v e referir-se a um lugar no norte da Africa, e não à Lídia que fica no centro-oeste da Turquia. • Remédios (11) Veja 8.22. • V. 14 Havia colônias judaicas nestas cidades no sul d o Egito. • Touro (15, ARA) Apis, o touro sagrado dos egípcios. Deus derrubou os deuses d o Egito.
Este breve capítulo está relacionado c o m o cap. 36, que trata da composição d o rolo, em 605 a.C. Baruque t a m b é m foi atingido, ainda que e m parte, pelas aflições que sobrevieram a Jeremias. Ele recebeu a promessa de que escaparia d o massacre futuro quando Deus iria d e m o l i r o que havia construído e arrancar o que havia plantado (uma promessa semelhante àquela feita a Ebede-Meleque, 39.15-18). Isto era suficiente. E a promessa se cumpriu e m 43.5-6.
Jr 46—51
Profecias contra
as
Jr 46.27-28: " N ã o t e n h a m m e d o " Estes versículos c o n f i r m a m ao p o v o d e Deus que seriam resgatados e voltariam ao lar. Deus seria justo no castigo que daria pelos pecados deles.
nações
Para Jeremias, e Isaías antes d e l e , Deus tem controle sobre todo o mundo e tudo que se passa nele. Deus c o m b a t e o mal, o n d e quer que este se e n c o n t r e . Estes capítulos, por mais terríveis que sejam, contêm alguns
453
Jr 47: Filisteus Veja também Is 14.28-32. Os filisteus ocupav a m o litoral sul de Canaã desde o século 12, e estavam em constante guerra contra os israelitas (veja "Cananeus e filisteus"). O Faraó Neco
Os Profetas controlava a cidade de Gaza na época da sua marcha para o norte, e m 609 a . C , mas a cidade mudou várias vezes de d o n o . A catástrofe que se abateria sobre os filisteus viria do Norte, ou seja, através dos babilônios. Tudo indica que Nabucodonosor destruiu as cidades dos filisteus quando subjugou o reino de Judá e m 587. Outras profecias: Ez 25.15-17; A m 1.6-8; Sf 2.4-7; Zc 9.5-7.
Betei foi o santuário estabelecido no reino do Norte, Israel, para competir com Jerusalém.
• Gaza, Asquelom (1,5) Cidades dos filisteus. • Caftor (4, ARA) Creta, a ilha da qual vieram os filisteus.
• Quir-Heres (31) A primeira capital de M o a b e , 20 km a leste d o mar M o r t o ; atual Kerak, na Jordânia. • V. 37 Sinal de tristeza e luto.
Jr 48:
• Arnom (20) Rio fronteiriço entre Moabe e A m o m , ao norte. • Dibom (22) Esta cidade, a leste d o mar M o r t o e um pouco ao norte d o rio Amom, havia sido tomada por Israel no início, mas depois mudou de dono várias vezes. Na época de Jeremias, fazia parte de M o a b e .
Moabe
Veja Is 1 5 — 1 6 . Os moabitas o c u p a v a m o planalto a leste d o mar M o r t o . M o a b e , e os v i z i n h o s A m o m e E d o m , a p a r e n t e m e n te se aliaram c o m Judá na r e b e l i ã o contra Nabucodonosor ( 2 7 . 1 - 3 ) . Tudo indica que ele atacou esses reinos também quando atacou Judá. Outras profecias: Ez 25.8-11; A m 2.1-3; Sf 2.8-11. • N e b o (1) A cidade, não o monte. • Q u e m o s ( 7 , 1 3 ) O principal deus moabita.
Jr 49.1-6: A m o m Veja e m M o a b e acima; também Ez 25.1-7. Os amonitas eram velhos inimigos de Israel. Davi livrou-se de Urias durante um cerco da capital, Rabá ( R a b á - A m o m , atual Amã, capital da Jordânia). Os amonitas foram condenados por terem anexado território israelita, mas futuramente Deus mudaria a sorte deles. • Milcom/Moloque (1) O deus dos amonitas. Para o território de Gade, veja Js 13.24-28. Esse território foi ocupado, e m diferentes ocasiões, pelos moabitas, amonitas (na época de Jeremias) e pelos assírios. Jr 49.7-22: E d o m Outras profecias: Is 2 1 . 1 1 - 1 2 ; Obaclias ( q u e parece ter emprestado algumas passagens de Jeremias). O j u í z o sobre Edom seria definitivo (veja Is 3 4 ) . • V. 18 Veja Gn 19. • Floresta jordânica (19, ARA) Veja comentário sobre 12.5.
Jerusalém:,:*-'
Jr 49.23-27: D a m a s c o Veja t a m b é m Is 17.1-3; A m 1.3-5; Zc 9.1. Os assírios tomaram a cidade e m 732 a.C, na época de Isaías. Ela sofreu mais nos séculos seguintes. • Hamate, Arpade (23) Hamã, na Síria; e uma cidade um pouco ao norte de Alcpo. • Ben-Hadade (27) N o m e ou título de vários reis sírios. Jr 49.28-33: Q u e d a r Quedar, um p o v o que descendia de Ismael, filho de A b r a ã o , era uma tribo nômade do deserto da Arábia. N a b u c o d o n o s o r destruiu essas tribos e m 599. • Hazor (30) Provavelmente assentamentos de nômades; não se trata da cidade ao norte da Galileia.
Jeremias Jr 4 9 . 3 4 - 3 9 : E l ã o Jeremias recebeu esta mensagem e m 597. Um ano depois, o Elão foi atacado por Nabucodonosor. O país ficava a leste da Babilônia, do outro lado d o rio Tigre. A capital, Susa, é mencionada e m N e 1.1; Et 1.2; Dn 8.2. Era a capital de inverno d o Império Persa. Jr 5 0 — 5 1 : B a b i l ô n i a Veja Is 13—14; 46-47. As ruínas da Babilônia, capital d o império na época de Jeremias, o grande orgulho c alegria de N a b u c o d o n o sor, ficam no deserto a 90 km ao sul da atual Bagdá. A impressionante profecia de Jeremias foi enviada com a delegação que foi à Babilônia no quarto ano d o reinado de Zedequias, seis anos antes da queda d e Jerusalém. Ela foi lida em público e depois afundada no rio Eufrates, c o m o a própria Babilônia afundaria diante d e seu conquistador ( 5 1 . 5 9 - 6 4 ) . Os medos ( 5 1 . 1 1 ) invadiriam a Babilônia a partir do norte. O p o v o de Deus foi avisado com antecedência para ficarem fora de perigo quando isso acontecesse. Ciro, à frente de um exército de m e d o s e persas, conquistou a Babilônia e m 539. Em 482 a.C. a cidade foi destruída por Xerxes I.
455 Ao profetizar invasão e ruína, Jeremias foi acusado de minar o moral do povo. Mas ele não estava sendo pessimista porque queiia. Só olhando de freme a realidade é que o povo poderia eviiar a catástrofe da destruição o do exílio.
Deus havia se valido da Babilônia (a exemp l o da Assíria, e m data anterior) para castigar o seu p o v o , mas o orgulho e o pecado dessa cidade clamavam por juízo. Deus declara que os saqueadores seriam saqueados ( 5 0 . 1 0 ) e
A opressão e o exílio têm sido o destino do povo simples tio Oriente Médio ao longo dos séculos. Jeremias viu claramente o sofrimento c a tragédia que a derrota e o exílio trariam ao povo do seu tempo.
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05 Profetas Os babilônios Alan
Há 6.000 anos atrás, o antigo reino da Babilónia ocupava a parte sul do atual Iraque, o território regado pelos rios Tigre e Eufrates, que desembocam no Golfo Pérsico. O terreno é plano, e as cidades surgiram naquela região tão logo as pessoas aprenderam a usar a água como meio para irrigação. O início d a civilização A Babilônia, como o Egito, foi um dos primeiros centros d e civilização no Oriente Médio. Mil anos antes de Abraão, os sumérios já viviam na Babilônia. As cidades altamente organizadas eram governadas por reis e sacerdotes e, em muitos momentos, lutavam pelo controle da água. Os templos eram construídos sobre plataformas de tijolos que se transformavam em torres de vários andares, cada novo andar um pouco menor do que o anterior, chegando a uma altura de 50 m (o zigurate). Os adoradores traziam estátuas de pedra e vasos feitos com esmero, na esperança de serem lembrados pelos deuses. Artesãos trabalham com metais (todos importados) com grande habilidade para criar belas jóias de ouro e prata, instrumentos e armas de cobre e bronze. A escrita Grandes populações exigem organização, e foi isto que, provavelmente, levou os sumérios a inventarem a escrita pouco antes de 3000 a.C. A princípio, desenhos ou gravuras representavam objetos, depois seus nomes foram usados para representar seus sons. O sistema convencional usava cerca d e 600 símbolos para palavras ou sílabas. A escrita rápida resultou na perda das formas reconhecíveis das figuras. A pressão
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da ponta do junco na argila mole (o material de escrita) produziu o traço em forma de cunha da escrita cuneiforme. Os babilônios adotaram essa forma de escrita para a sua língua semita. O p o d e r d a Babilônia A cidade da Babilônia foi uma potência por um breve período na época de Hamurábi (cerca d e 17921750 a . C ) . Só que este reino, que compreendia o restante da Babilônia
I) I m p é r i o B a b i l ó n i c o no auge do seu poder. O rei Naboootassar tornou a cidade de Nínivc, capital da Assíria, em 612 a.C Ejceratos dos medos e persas conquistaram a Babilónia em 539 a.C.
e da Assíria, não durou muito após a morte de Hamurábi. A Babilônia dominou o Oriente Próximo por outro breve período, este de grande fama e notoriedade. Após a queda da Assíria em 612 a.C, a Babilônia assumiu o controle de toda a área desde o Golfo Pérsico até a fronteira
Acima:0 rei Nabucodonosor II realizou seu sonho ao construir a "Grande Babilônia . Este tijolo traz o nome do rei. -
Cemro: O rei Nabonido da Babilónia diante dos símbolos do deus lua Sín, do deus sol Shamash e de Ishtar, a deusa do amor e da guerra. Direita: Esta t.ibua da Crónica Babilónica, escrita em cuncifmnic, relata a conquista de Ninive, capital da Assíria, pelos babilónios.
Jeremias com o Egito. Em 605 a.C, Nabucodonosor (605-562 a.C.) derrotou o Faraó Neco em Carquemis e ele e seus sucessores mantiveram seu domínio com algumas campanhas para suprimir rebeldes e proteger suas fronteiras. O Último rei, Naboni-
Uma esteta de pedra mostra o íei
e sua família, na Babilônia. O cerco, juntamente com a data (15 ou 16 de março de 597 a.C), foi registrado na Crônica Babilónica: "O rei da Babilônia... marchou para o oeste, sitiou a cidade de Judá, e a capturou no segundo dia de Adar. Ele prendeu o rei e apontou um governador de sua escolha..."
Dezanosdepois, Nabucodonosor retornou, porque no norte da Arábia por dos deuses na pane de dma Zedequias, o rei escolhido dez anos, provavelmen- G ™ " * por ele, se havia rebelado. te por motivos religioDesta vez os babilônios sos, deixando o reino destruíram Jerusalém e seu templo nas mãos de seu filho Belsázar. e levaram quase todo o povo para a Babilônia (587/6 a.C). Babilônia e J u d á do (555-539 a.C), viveu
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Judá ficou sujeita ã Babilônia depois da batalha de Carquemis [605 a.C), mas alguns anos depois o rei Jeoaquim se rebelou. O exército de Nabucodonosor marchou contra Judá e sitiou Jerusalém. O novo rei, Joaquim, foi levado prisioneiro à Babilónia. Com ele, foram levados muitos cidadãos de destaque. Tábuas com escrita cuneiforme registram as rações destinadas a ele
7 1 2
A Babilônia de Nabucodonosor Os exilados de Judá foram levados para a grande cidade da Babilônia que Nabucodonosor reconstruíra. O centro da cidade era protegido por um fosso largo e muralhas duplas de tijolo (3,7 m de espessura), com espaço para uma estrada de uso militar entre elas. Das oito grandes portas, a
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porta de Ishtar, construída em honra do deus babilônio Marduque, é a mais conhecida atualmente. A porta era decorada com fileiras alternadas de touros (símbolo de Adade, o deus do clima) e dragões (símbolo de Marduque) feitos de tijolos esmaltados. A Rua da Procissão (pela qual eram levadas estátuas de deuses na festa do Ano Novo) ia da porta ao centro da cidade e aos grandes templos. Suas paredes eram de tijolo esmaltado azul com leões em alto relevo (símbolo de Ishtar) nas cores vermelho, amarelo e branco. Havia uma pluralidade de templos na Babilônia. O mais importante era o zigurate de Marduque (ou Merodaque), deus patrono da cidade, com seu templo ao lado. Nabucodonosor construiu um complexo de palácios ao norte, ao lado da Porta de Ishtar. Foi para lá que Daniel foi levado, para fazer parte da corte real. A q u e d a da Babilônia Apesar de toda a sua glória, o Império Babilónico durou menos de um século. O exército de Ciro, o persa, tomou a Babilônia em 539 a.C.
Arqueólogos reconstruíram a Porta de Lshtar que ficava na entrada do caminho proccssional que levava aos templos dos deuses, na Babilónia. As imagens de dragões e touros são feitos dc tijolos esmaltados.
• 51.27 Araratc fica no leste da Turquia; Mini. no noroeste d o Irã; Asquenaz, na mesma! região. Todos foram subjugados pelos medos, • Seu mar (51.36) A prosperidade e a segurança da Babilônia d e p e n d i a m d o sem elaborado sistema de canais e lagos. • Seraías (51.59) Irmão de Baruque, o secretário de Jeremias ( 3 2 . 1 2 ) . • Até aqui as palavras de Jeremias (64) C cap. 52 é um acréscimo.
AS p r o f e c i a s de jeremias contra as nações
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1 seria quebrada c m pedaços ( 5 0 . 2 3 ) . O mal não pode ser ignorado; o juízo certamente virá. • Bel, M e r o d a q u e / M a r d u q u e (50.2) Deuses babilônios. • 50.21 Há um j o g o de palavras com os nomes Mcrataim e Pecode (veja N T L H ) , duas tribos babilónicas. • A vingança d o seu templo (50.28; 51.11) F, possível que este detalhe tenha sido acrescentado após a destruição de 587 a.C.
Jr 52: "Pós-escrito" histórico Este capítulo completa o relato de Jr 39 sobre I a queda de Jerusalém, a destruição d o Templo e a deportação do povo. É quase idêntico à história em 2Rs 25 (veja comentário ali). • Vs. 28-30 Os cativos foram deportados em I 597,587 e 581 a.C. 2Rs 36 diz que 10.000 foram levados; 2Cr 36 diz que todos os sobreviventes I foram levados. • V. 31 Quando o filho de Nabucodonosor! (562-560) se tornou rei da Babilônia, as coisas I melhoraram para Joaquim, sinal de novaj esperança para a nação.
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LAMENTAÇÕES Não sabemos quem escreveu os cinco poemas reunidos neste pequeno livro. Os lamentos são anônimos no texto hebraico. A tradução grega mais antiga d o AT (a "Septuaginta" ou "LXX", que data dos séculos 2 e 3 a.C.) atribuiu o livro a Jeremias. Mas estes lamentos diferem em estilo e c o n t e ú d o das profecias de Jeremias. São mais provavelmente obra de um único autor, contemporâneo do profeta e testemunha ocular da destruição de Jerusalém pelo exército babilónico de Nabucodonosor, em 587 a.C. Para o povo de Judá, a queda da cidade significava mais que a perda da sua formosa e quase inconquistável capital. Jerusalém era de forma muito especial a cidade de Deus. Seu Templo estava ali. Era ali que ele havia decidido habitar com o seu povo. E quando Jerusalém foi queimada, o Templo destruído, e o povo deportado, eles entenderam que Deus os entregara ao inimigo. Senão isto não teria acontecido. Assim, estes lamentos expressam a tristeza do poeta, não apenas pelo sofrimento e pela humilhação do seu povo, mas por algo mais profundo e muito pior: Deus havia rejeitado o seu povo, porque sempre de novo, apesar de repetidos apelos e advertências, o povo da aliança havia voltado as suas costas para Deus. Os quatro primeiros poemas são alfabéticos (acrósticos) e têm o ritmo elegíaco usado nas canções fúnebres. Nos caps. 1, 2 e 4, cada um dos 22 versículos começa com uma nova letra do alfabeto hebraico. No cap. 3, há três versículos Iniciados com a mesma letra hebraica, o que resulta num total de 66 versículos. O quinto poema (cap. 5) tem 22 versículos, mas é diferente dos demais (entre outras coisas, não é alfabético ou acróstico). Os poemas ainda são lidos em voz alta nas sinagogas judaicas em meados de julho, quando os judeus lembram a destruição d o Templo em 587 a.C. e a sua destruição final em 70 d.C. Lm 1: L a m e n t o p o r c a u s a de J e r u s a l é m Nos vs. 1-11 ouvimos a v o z d o poeta; e m 12-22, a própria c i d a d e está l a m e n t a n d o .
Jerusalém está sozinha, deserta e triste; o p o v o se foi; o Templo foi profanado e destruíd o . Deus julgou e castigou a cidade pela perversidade d o seu p e c a d o . Agora, finalmente, Jerusalém clama a ele. L m 2: D e u s fez isto! N o segundo lamento ( 1 - 1 2 ) , o poeta volta ao terrível cenário da destruição. A ruína e desolação, as crianças famintas, o massacre — tudo aquilo era obra de Deus. Isto é o pior, como o poeta não se cansa de repetir. Ele se dirige à cidade ( 1 3 - 1 9 ) , depois clama a Deus em favor dela ( 2 0 - 2 2 ) : que Deus olhe e tenha piedade. L m 3: E s p e r a n ç a a p e s a r de tudo N o terceiro l a m e n t o , a agonia da nação aparece na experiência d e um único indivíd u o . Nas trevas, e s m a g a d o e espancado a ponto de perder toda esperança ( 1 8 ) , sua fé renasce quando ele se lembra d o a m o r e da misericórdia de Deus ( 1 9 - 3 3 ) . Quando tudo parece perdido, v e m a compreensão de que Deus está perto ( 5 5 - 5 7 ) . Mas ele não pode perdoar a terrível provocação dos seus inimigos ( 5 9 - 6 6 ) . L m 4: S i ã o p a g o u p e l o seu pecado Este lamento compara a antiga glória da c i d a d e c o m os horrores d o c e r c o . O c h o r o das crianças famintas, os rostos cadavéricos, os corpos enrugados: quem poderia esquecer ( 1 - 1 1 ) ? D e quem era a culpa? É o pecado d o p o v o , dos profetas e sacerdotes que levou a c i d a d e à ruína ( 1 2 - 1 6 ) . E Edom — arquiin i m i g o de Judá — se alegra, sem saber que seu próprio castigo ainda virá ( 2 1 - 2 2 ) . L m 5: " F a z e c o m q u e v o l t e m o s a ti, S e n h o r " Na oração a Deus que encerra esta pequena coleção de lamentos, o poeta descreve vividamente " o que nos aconteceu": a perda da liberdade, d o território, d o respeito; estupros
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Os Profetas
Uma mulher idosa, coberta com um véu negro, na Jerusalém antiga, ilustra o Imo que caracteriza o livro de Lamentações, que é uma coletânea de lamentos pela desmiição da cidade pelas babilônios.
e crueldade; trabalhos forçados e fome. Ele v ê isto c o m o conseqüência d o pecado, e não só d o pecado das pessoas de seu tempo, mas
d o pecado das gerações anteriores. E ele ora a Deus, pedindo por restauração. Isto seja não for tarde demais.
461
EZEQUIEL
Resumo As profecias de Ezequiel na Babilónia, antes e depois da queda de Jerusalém. Caps. 1—3 Visão e chamado de Ezequiel
Caps. 4—24 O livro O juízo de Deus sobre Ezequiel foi todo Judá escrito na primeira pesCaps. 25—32 soa, com exceção da O juízo de Deus sobre as nota em 1.2-3, e condiz nações com o homem. A estrutura é equiCaps. 33—37 0 homem librada e clara, tendo A queda de Jerusalém; Ezequiel estava sendo treinado para se tornar a queda de Jerusalém promessas de Deus sacerdote, ansioso por servir a Deus no Templo, como tema central. Ao como seu pai servira. Acabou sendo levado para contrário das profecias Caps. 38—39 Profecia contra Gogue o exílio na Babilônia, longe de Jerusalém. de outros grandes proParecia o fim d e todas as suas esperanças. fetas, as d e Ezequiel Caps. 40—48 Mas quando tinha 30 anos (idade em que provasão meticulosamente O plano de Deus para velmente começaria seus deveres de sacerdote: organizadas e datadas uma nova Jerusalém: a Nm 4.3, e veja 1.1), Deus o chamou para ser pro- (1.1-2; 8.1; 20.1; 24.1; visão do Templo feta. O chamado foi acompanhado de uma visão 26.1; 29.1; 30.20; 31.1; que influenciou todo o seu ministério (assim 32.1,17; 33.21; 40.1). Passagens mais como o de Isaías muito tempo antes). Ele viu a A mensagem é conconhecidas Deus em toda a sua tremenda majestade, um Visão de Deus (/) sistente em todo o livro, O atalaia (33) Deus que está acima e além do nosso mundo, e o mesmo vale para o O vale dos ossos secos (371 que tudo vê e tudo sabe. Foi uma visão de fogo estilo e a linguagem. Um novo Templo (40-48) e glória. E contra este brilho deslumbrante EzeTemas característicos e quiel viu o pecado do seu povo em toda a sua frases repetidas ocorsordidez. rem do começo ao fim. Ele viu que o juízo era inevitável, e durante A mensagem d e Ezequiel, com suas parábolas seis anos esta foi a sua mensagem. Somente após encenadas ou ações simbólicas, é bem parecida a destruição da cidade e do Templo de Jerusalém, com a de Jeremias, a quem pode ter escutado em 587 a.C, ele começou a enfatizar a intenção quando ainda jovem, em Jerusalém. E embora a de Deus de "ressuscitar" (cap. 37) e restaurar o maior parte do texto esteja em prosa, Ezequiel é povo e aguardar a hora em que o ideal seria reamuito mais visual do que os outros profetas. Com lizado: o novo Templo no qual o povo de Deus ele, a profecia se torna "apocalíptica" (veja o Apoprestaria a ele um culto perfeito (caps. 40—48). calipse, o livro da Bíblia que mais se aproxima de Ao proclamar a mensagem de Deus aos exilaEzequiel e do qual tomou emprestado muitos dos dos, um grande peso de responsabilidade estava seus símbolos). sobre Ezequiel. Ele se via como uma "sentinela", Para muitos cristãos, Ezequiel é um livro obsque devia avisar do perigo ou, caso deixasse curo e desconhecido, com exceção d e algumas de fazê-lo, assumir a responsabilidade. U m dos passagens familiares: a extraordinária visão de temas característicos é o da responsabilidade Deus no cap. 1; o capítulo do atalaia (33); o vale individual perante Deus. dos ossos secos (37); a visão do Templo (40-48). Ezequiel foi um homem extraordinário, um Muitas das profecias parecem muito elaboradas vidente, uma pessoa criativa, alguém que havia sido e demasiadamente complicadas. Ele emprega lintreinado para apreciar e entender ritos e símbolos. guagem chocante, e um de seus recursos estilísEle era cheio de paixão, dedicado, totalmente obe- ticos é a ironia. Porém, precisamos com urgência diente a Deus. O espectador mais frio não conseguia captar algo da visão que Ezequiel teve do Deus ficar neutro ou impassível diante das importantes Todo-Poderoso. Precisamos ver o pecado como mensagens que Ezequiel dramatizava. Deus o vê. Precisamos se lembrados da nossa
Em 597 a.C, o rei Joaquim entregou Jerusalém ao exército babilónico e foi levado para o exillo. Com ele foram 10.000 pessoas, incluindo príncipes, soldados e artesãos de Judá (2Rs 24.14). Entre eles estava Ezequiel, contemporâneo mais jovem de Jeremias, na época com seus vinte e poucos anos.
462
Os Profetas própria responsabilidade. Precisamos saber que Deus é Deus. Ler o AT também ajuda a entender o Novo. Devemos conhecer Ezequiel para entender o Apocalipse.
Ezl—3
Visão e chamado
de
Ezequiel
Ezequiel é um livro de visões e ações simbólicas, a começar por esta grande visão de Deus. E z 1: " E u t i v e v i s õ e s d e D e u s " E n q u a n t o c o n t e m p l a v a as p l a n í c i e s da B a b i l ô n i a , E z e q u i e l viu o que parecia ser uma t e m p e s t a d e se a p r o x i m a n d o : t r o v õ e s , r e l â m p a g o s , nuvens n e g r a s . D e p o i s , r e c o nheceu as figuras de quatro querubins (veja 1 0 . 1 5 ) , criaturas a n g é l i c a s , q u e e s t a v a m em p é , tocando-se c o m as pontas das asas e formando um quadrado v a z i o . N o centro d e s t e , ardia um f o g o ; e acima d e l e , sob o azul dos céus, estava o Senhor da glória e m forma humana, sentado num trono, c e r c a d o por um arco-íris resplandecente. A o lado de cada querubim d e quatro rostos estava uma roda, que girava c o m o um r o d í z i o ( i n d o e m todas as d i r e ç õ e s ) e estava cheia de o l h o s . O T o d o - P o d e r o s o , o Deus d e Israel, estava presente e m t o d o seu p o d e r na vasta Babilônia! Q u e m poderia v e r isto e sobreviver? • Trigésimo ano (1) Provavelmente a idade d o próprio Ezequiel. Se, c o m o parece provável, um sacerdote assumia seus deveres aos trinta anos, aquele d e v e ter sido um ano de grande importância para o profeta. Mas estar qualificado para exercer seu ofício c o m o sacerdote e, ao mesmo tempo, estar no exílio, a centenas de quilômetros de Jerusalém e do Templo, d e v e ter sido uma experiência amarga. • Q u e b a r ( l ) Geralmente identificado c o m o o grande canal que saia d o Eufrates ao norte de Babilônia, perto da cidade de Nipur. • Vs. 2-3 Anotação acrescentada para explicar o primeiro parágrafo de Ezequiel (v. 1 ) . A data era 593 a.C. (veja introdução). • Seres viventes (5) Querubins (10.15), as figuras que estendiam suas asas sobre o propiciatório, isto é, a tampa da arca da aliança (Êx 25.18-22). C o m o filho de um sacerdote, Ezequiel devia estar familiarizado com as imagens de querubins que decoravam o Templo de Salomão. Criaturas aladas semelhantes, e m
fornia de esfinge, aparecem freqüentemente na arte babilónica. • V. 26 Em Is 6.1, o profeta d i z categoricamente, "eu vi o Senhor". Ezequiel, por outro lado, deixa claro que não podemos v e r Deus c o m o ele realmente é. Assim, ele usa expressões c o m o "havia uma coisa que parecia", "a aparência da glória". Compare Êx 24.9-11 e 33.18-23; também Dn 7; Ap 4. Ez 2 — 3 :A tarefa q u e D e u s d e u a Ezequiel O propósito da manifestação de Deus era fazer d e Ezequiel seu m e n s a g e i r o aos exilados, uma sentinela e n v i a d a para advertir o remanescente d o r e b e l d e p o v o d e Deus (2.1-7; 3.16-21). E as palavras de Deus, por mais duras que fossem, eram-lhe agradáveis ( 2 . 8 — 3 . 3 ) . Desse m o m e n t o e m diante seria a missão da vida d e Ezequiel transmitir ao p o v o que Deus era o Senhor. Eles aprender i a m isto p r i m e i r o através dos terrores do j u í z o ( 7 . 4 ) . Depois, v e r i a m seu p o d e r de restauração e renovação ( 3 6 . 8 - 1 1 ) . • Filho d o h o m e m / h o m e m mortal (2.1) Ezequiel é c h a m a d o assim e m t o d o o livro. Significa simplesmente "ser humano". Jesus freqüentemente se descreveu c o m o o "Filho d e h o m e m " , numa clara alusão também a Dn 7.13-14. • S E N H O R D e u s ( 2 . 4 ) Ezequiel constantemente usa o título duplo "Adonai YahweK' (Senhor J a v é ) , enfatizando o p o d e r de Deus e seu relacionamento pessoal de aliança com o seu p o v o . Veja "Os nomes de Deus". • Sarçaseespinhos... escorpiões(2.6) Retrato vívido da recepção hostil que ele teria. • 2.10 Normalmente um rolo era escrito só de um lado; talvez a implicação seja que não havia mais espaço para Ezequiel acrescentar algo próprio. • 3.7 Também o chamado de Isaías (6.9-12) e o chamado de Jeremias (1.17-19) foram experiências assustadoras. • Atalaia/vigia (3.17) Este conceito será explicado no cap. 3 3 . • 3.25-27 O significado parece ser este: Ezequiel ficaria mudo, e x c e t o nas ocasiões e m que Deus tivesse uma mensagem para ele transmitir. Será que ele foi proibido de falar ou realmente perdia a fala? Seja c o m o foi; isso dava maior ênfase aos pronunciamentos que fazia. Só quando chegaram notícias da queda d e Jerusalém ( 2 4 . 2 7 ) e l e voltou a falar normalmente.
Ezequiel
463
Ez 4 — 2 4
O juízo de Deus sobre
Judá
Ez 4 — 5 : E z e q u i e l r e p r e s e n t a simbolicamente o cerco de J e r u s a l é m Os materiais necessários a dramatização estavam à m ã o : um grande tijolo secado ao sol no qual Ezequiel fez um desenho da cidade, e uma assadeira d e ferro sobre a qual se assavam as finas massas de pão. Estamos no âmbito dos símbolos, c o m o e m muitas partes do livro. 0 p o v o viu o que Ezequiel estava fazendo e entendeu a m e n s a g e m . C o m horror crescente, eles o viram pesar sua escassa porção diária de pão feito de uma mistura de cereais e medir a água que poderia beber. Viram o profeta definhando, c o m o aconteceria c o m a população de Jerusalém durante o cerco. Depois (cap. 5 ) , viram-no raspar a cabeça, compartilhando a desgraça dc Jerusalém. Viram-no queimar uma parte dos cabelos e lançar outra parte para o ar, até restarem apenas alguns fios, que simbolizavam os próprios exilados. • 4.5-6 As instruções dadas e m 4.9—5.4 indicam que Ezequiel provavelmente ficava deitado de um lado durante parte d o dia, não continuamente. A versão grega diz 190 dias. Da queda de Samaria, em 722/1 a . C , ao retorno dos exilados em 538 passaram-se 184 anos. Da queda dc Jerusalém, e m 587 a . C , até o ano 538 são 49 anos. "Quarenta" pode representar uma geração, não um número exato. • 4.9,12 Quando a cidade está sitiada, ninguém se importa com os ingredientes usados para fazer pão. Nada aqui contradiz as leis alimentares. • Vinte sidos (4.10, ARA) Cerca de 230 g. • A sexta parte de um him (4.11, ARA) Pouco mais de meio litro. • Imundo... abominável (4.13-14) Ezequiel podia aceitar a escassa dieta que lhe estava sendo imposta, mas fazer fogo com fezes humanas para assar o pão era demais para ele. Mesmo no exílio, ele se mantivera ritualmente puro, observando as leis alimentares (veja Lv 1 1 ) , como Daniel e seus amigos também fizeram na corte babilónica (Dn 1 ) . Fazer fogo c o m fezes de gente tomaria a comida "imunda". Deus entendeu as razões do profeta e deixou que ele usasse esterco de vaca (que é usado ainda hoje, no Oriente, para fazer f o g o ) .
E z 6—7: E s t e é o f i m d a l i n h a A m e n s a g e m dramatizada foi reforçada pela palavra falada. A nação estava prestes a ser destruída por causa da flagrante idolatria d o povo, e desse castigo não havia como escapar. Então eles saberiam que o Senhor realmente era Deus. U m desastre terrível e total estava por cair sobre eles. • Ribla (6.14; leitura provável, embora no hebraico seja Dibla) Ribla, junto ao rio Orontes, ficava perto da fronteira norte de Israel. "Desde o deserto até Ribla" significa "do sul ao norte d o país". • Abominações/coisas nojentas (7.3-4,8-9) Uma referência à adoração de outros deuses e à prostituição ritual e outras práticas associadas a isto. • O que vende não se entristeça (7.12) Por ter sido forçado a v e n d e r a terra que era a sua herança. • 7.18 As cabeças rapadas eram sinal de desgraça e de luto. Ez 8—11: U m a s e g u n d a visão: D e u s abandona o Templo Em setembro de 592, Deus se manifestou a Ezequiel uma segunda v e z (compare 8.2 com
As criaturas aladas da visão dc Ezequiel deviam assemelhar-se as imagens familiares da arte e escultura daquele tempo como esta esfinge de marfim. Mais criaturas aladas aparecem num painel de marfim feito para decorar um móvel (abaixo).
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Os Profetas
«eu ihes d a r e i nmTe'unm novo mente. CS
"íorafâo' depedra, f i l i e s d'ár"/ ' um coração te
obediente.
Assim eles aTmfnhZtic^s e obedecerão
^fdososmeits mandamentos. o'me.fpovo
e eu serei ' o Deus deles." 9
(NTiH) "
2 0
1.27). Em visão, ele foi l e v a d o a Jerusalém e colocado perto do Templo (8.1-4). O que ele viu pode ter sido algo que estava de fato a c o n t e c e n d o ali, mas existe a possibilidade de que a descrição seja simbólica. Seja c o m o for, o significado era claro. Israel abandonou
com aqueles q u e se rendem às forças d o mal ( 1 3 . 1 6 ) . Aqui e m Ezequiel, o sinal era o tav, a última letra d o alfabeto hebraico, grafado e m forma de cruz na escrita antiga. • 9.9 A idolatria havia sido o pecado principal até o m o m e n t o . Aqui é evidente q u e as leis
completamente a verdadeira religião. A imag e m da deusa cananéia Astarte (a " i m a g e m dos ciúmes", 3 ) havia sido colocada no Tempio de Deus. Os líderes da nação estavam praticando secretamente a adoração de animais ( 8 . 7 - 1 3 ) . A s mulheres ( 8 . 1 4 ) estavam de luto pelo deus sumério Tamuz, que supostamente morria com o ano velho e ressurgia na prima-
mais básicas foram quebradas. • 11.3 Um versículo difícil, que mais provavelmente significa que não era o momento para construções típicas de tempos de paz. Â panela protege a carne das chamas. • Espírito novo (11.19) Veja Ez 36.26 e corapare Jr 31.33-34.
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rejeitaram a Deus para adorar o sol ( 8 . 1 6 ) . A o contrario d o que muitos pensavam ( 8 . 1 2 ) , Deus estava v e n d o e j u l g a n d o (9.9-10). Somente aqueles que lamentavam a perda da verdadeira fé seriam poupados ( 9 . 4 - 6 ) . ^ap. P° ' ' matança que fez Ezequiel interceder pelo povo ( 9 . 8 ) , ele teve a
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E z 12: E z e q u i e l a g e c o m o uní refugiado Embora a maioria das pessoas se recusasse a ouvir, o profeta continuou a divulgar a palavra de Deus ( 1 - 3 ) . A o arrumar a sua trouxa, preparando-se para fugir, e a o abrir o burac o na parede, à noite, Ezequiel representava, não apenas um refugiado qualquer, mas o rei
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querubins e da glória, Zedequias ( " o príncipe", 1 0 ) . Compare 12-13 ¡ descrita no cap. 1. Que contraste entre esta com Jr 52.7-11. visão de Deus e m toda sua glória e as cenas A profecia d e E z e q u i e l se cumpriu nos i repugnantes de idolatria no seu Templo, desmínimos detalhes. Zedequias não podia ver ! critas n o cap. 8! Esta a r a z ã o pela qual a porque seus olhos foram vazados. Foi como [ presença de Deus seria retirada, d e i x a n d o o Deus disse que seria, e num curto espaço de f Templo como casca oca e Jerusalém sem seu tempo ( 2 1 - 2 8 ) . Ez 13: F a l s o s p r o f e t a s O trabalho de Jeremias c Ezequiel era constantemente minado por falsos profetas. Estes diziam o que o povo queria ouvir e alegavam ter autoridade divina para o anúncio daquilo q u e era uma falsa esperança. Eram como o reboco que escondia a combalida estrutura da nação, mas que não conseguia impedir a sua queda no momento de crise ( 1 0 - 1 6 ) . Também havia profetisas, praticando magia e escravizando pessoas indefesas ( 1 7 - 2 3 ) . A o c o n t r á r i o d o s falsos profetas, quand o Deus diz que algo vai acontecer ele está falando sério, e ele t e m o p o d e r para fazer com que isso se cumpra. M e s m o assim, mui-
• Chegar o ramo a o seu nariz (8.17) Talvez se refira a alguma prática pagã. • 9.2 A roupa dos sacerdotes era feita de linho. Linho indicava pureza. • Sinal (9.4) Jeremias, Baruque e o estrang e i r o E b e d e - M e l e q u e estavam entre os que tinham o "sinal na testa" para serem poupados (Jr 40.4; 4 5 ; 3 9 . 1 5 - 1 8 ) . Em A p o c a l i p s e , os servos de Deus são selados na fronte ( 7 . 3 ; 9.4; 1 4 . 1 ) , s e n d o q u e o m e s m o acontece
tas vezes a profecia tinha um aspecto condicional: a reação do povo ( e m arrependimento, por e x e m p l o ) podia trazer uma alteração na forma c o m o Deus realizava seus planos (veja cap. 18; 29.17-29; também A m 7.1-3,4-6). • V. 18 Essa magia podia ter algo a ver com amuletos, o u representar um tipo de poder para "amarrar" alguma força. Com isso, porem, se "caçava almas" ( A R A ) , ou seja, vidas, pessoas inteiras, pois não havia lugar para
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coração e sua alma. Mas, antes disso, Ezequiel viu dois homens que ele reconheceu. Eram líderes do povo que defendiam resistência à Babilónia, por mais que os profetas de Deus tivessem insistido que isto seria fatal (11.1-4). Ezequiel pronunciou ojuízo de Deus sobre eles, e, enquanto falava, para seu espanto, Pelarias caiu morto (11.5-13), confírmando a palavra de Deus. Mas Deus não "daria fim ao resto de Israel" ( 1 3 ) . O futuro estava com os exilados. E c o m esta afirmação, esta mensagem ( 2 5 ) , a visão terminou. • Jazanias (8.11) O pai d e l e havia sido o secretário de estado d o rei Josias; seu irmão Aicã, a m i g o de Jeremias. N ã o é o m e s m o homem que aparece e m 11.1.
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Ezequiel espíritos desvinculados de corpos no sistema de pensamento hebreu. Ez 14: D e u s c a s t i g a r á o s i d ó l a t r a s Deus reivindicava exclusividade no coração do seu p o v o . Aqueles que lhe negassem essa condição, adorando ao mesmo tempo ídolos, estavam se colocando na rota da destruição. A maioria pensava que a presença de uns poucos piedosos entre eles era uma garantia contra o desastre. Mas, numa hora daquelas, até mesmo N o é ou Jó só p o d e r i a m salvar a si próprios. • V. 14 É interessante que os heróis modelares do passado, N o é e Jó, não eram israelitas. Danei não é o Daniel que conhecemos, o contemporâneo de Ezequiel no exílio, pois o nome é escrito de forma diferente (veja NTLH). N u m antigo épico cananeu aparece um "Dan'el", que é um personagem justo. A referência pode ser a ele ou a algum outro herói antigo que representava o mesmo ideal dc piedade. • V.21 Estes castigos ou flagelos eram os que mais apavoravam os povos antigos (veja Jr 14.12). Ez 15: A p a r á b o l a d a v i d e i r a A videira era um símbolo bastante usado para representar Israel. A essa altura não havia dúvida de que a videira não daria fruto; e c o m o a sua madeira não serve para fazer objetos, só restava a opção de lançá-la ao fogo. Israel j á estava parcialmente destruído ( 4 ) ; não lhe restava nada além da destruição total ( 6 - 8 ) . • V. 6 O fogo d o qual os moradores de Jerusalém escaparam foi a deportação anterior, em 597 a . C , na qual o próprio Ezequiel foi levado ao exílio. Ez 16: A e s p o s a q u e d o r m i a com q u a l q u e r u m q u e p a s s a v a A questão era f i d e l i d a d e . Jerusalém ( a nação) fora infiel a Deus. Assim, é natural que nessa parábola se use imagens de caráter sexual, especialmente tendo em vista os ritos sexuais e a prostituição associados à adoração de deuses pagãos. Deus acolheu Israel quando ela não era nada — uma criança abandonada da qual ninguém queria saber — e a cercou com todo o seu amor, fazendo dela uma nação grande e gloriosa. Ela devia tudo a ele. Mas a prosperidade lhe subiu à cabeça e, c o m o esposa que se entrega à prostituição, ela promiscuiu-se c o m os países vizinhos. Ela os 'seduziu' e adorou
seus deuses, com todas as práticas horríveis que isto envolvia ( 2 0 - 2 9 ) . Deus foi esquecid o ; a aliança ( c o m o um v o t o de casamento) foi quebrada. Deus se vê obrigado a castigar ( 3 5 - 4 3 ) , mas também promete restaurar o seu p o v o ( 5 3 , 6 0 ) , f a z e n d o c o m eles uma nova aliança que duraria para sempre (60,62; veja também Jr 3 1 . 3 1 ) . • Amorreu... hetéia (3) A referência é ao parentesco moral, não literal. Israel se tornara tão decadente quanto os povos destruídos na conquista dc Canaã. • V. 4 Estes eram os deveres da parteira. • V. 8 C o m o gesto simbólico de cobrir com a capa ele a aceitou e m casamento. Veja Rt 3.9. Deus selou o contrato com a aliança do Sinai. • V. 38 Adultério era punido com pena de morte. • V. 46 "Samaria" era a capital do reino do Norte, destruída em 7 2 2 / 1 . "Sodoma" era a cidade que ficava perto d o mar Morto e que foi destruída por sua imoralidade extrema (Gn 19). E z 17: A p a r á b o l a d a s á g u i a s e da videira A parábola dos vs. 1-8 é explicada, detalhe por detalhe, e m 11-15. A primeira águia é Nabucodonosor da Babilônia, que prendeu o rei Joaquim ( 3 - 4 ; veja introdução). A muda que ele planta ( 5 , 1 3 ) é Zedequias. Mas Zedequias l o g o pediu ajuda ( 7 , 1 5 ) ao Egito ( a segunda á g u i a ) , levando os babilônios a destruir Jerusalém. E m 587, três ou quatro anos depois, a previsão de 17-21 se cumpriu (veja Jr 5 2 ) . Mas Deus arrancaria uma "ponta" da linhagem dos reis de Israel ( o c e d r o ) que, plantada, vingaria ( 2 2 - 2 4 ) . • V. 8 Parece melhor interpretar isto c o m o uma forma de d i z e r que Zedequias era bem tratado no t e m p o de N a b u c o d o n o s o r ( c o m o diz o v. 5 ) . • V. 15 Uma das "cartas de Laquis" (cerca dc 590 a.C.) que foi encontrada em escavações arqueológicas realizadas nas ruínas da cidade diz: "Conias, filho de Elnatã, comandante do exército, seguiu o seu caminho na direção do Egito". Será que ele era um dos mensageiros do rei, buscando ajuda do Faraó Psamético II? E z 18: C h a m a d o à r e s p o n s a b i l i d a d e A o contrário do ditado popular ( 2 ) , Deus não era tão injusto a ponto de castigar uma geração pelos pecados de outra ( 2 0 ) . Cada um era responsável pelos seus próprios pecados. Deus
466
05 Profetas
Kzcqind vivia num e m p o de refugiados,
p encenava as suas profecias dianie dos exilados.
"Aquele que peca c que morre. O filho não sofrerá por causa dos pecados do pai. item o pui, por causa (lr>s pecados do filho." Ez 18.20 (NH.1I)
não tem prazer e m assinar a pena de morte de ninguém ( 2 3 ) . Sua preocupação sempre é que as pessoas abandonem o mal e vivam ( 3 0 - 3 2 ) . F. ele deixou seus padrões bem claros ( 5 - 9 ; 14-17). • Alma (4) "Vida" (veja 13.18, acima). • Vs. 5-9,10-13 Nos dois exemplos aparecem misturadas leis de natureza cúltica e leis sociais. Todas faziam parte da lei de Deus, a lei da aliança estabelecida em Êxodo, Levítico e Deutcronômio. • V. 20 Ezequiel estava restabelecendo o equilíbrio, não negando o princípio básico de que na vida os filhos sofrem as conseqüências dos erros dos seus pais (Êx 2 0 . 5 ) .
Desde a escravidão no Egito e a peregrinação no deserto até à sua própria época, a história de Israel tem sido uma cansativa repetição dc idolatria e rebelião contra Deus. Durante todo este tempo, Deus se conteve, para não destniit a nação. Mas agora ele exterminaria os rebeldes ( 3 8 ) . Os seus, ele restauraria (40-44). • Lhes dei... permiti (25-26) Estes versículos difíceis parecem ficar mais claros à luz de Rm 1.24. Deus "os entregou" às coisas más que desejavam. • Alto (29) Há um j o g o de palavras neste versículo: a palavra traduzida por "alto" ou "lugares altos" (bamah, em hebraico) se parece, na pronúncia, com a frase "aonde vós ides".
Ez 19: L a m e n t a ç ã o p e l o s reis de Israel O poema foi escrito no ritmo familiar da lamentação fúnebre. A leoa é Judá; os reis, seus filhotes. O primeiro ( 3 ) era Joacaz, levado para o Egito pelo Faraó Neco, em 609. O segundo ( 5 ) era Joaquim (veja introdução). Agora, graças à rebelião de Zedequias, a nação e sua linhagem de reis seriam destruídas (10-14).
Ez 20.45—21.32: Fogo e e s p a d a O juízo de Deus passaria pela nação de norte a sul como um incêndio florestal (20.45-48). A espada de Deus estava desembainhada contra Israel. Ela estava nas mãos d o rei da Babilônia ( 2 1 . 1 9 ) , que destruiria as capitais de Amora e Judá ( 2 1 . 2 0 ) . (Cinco anos após a queda de Jerusalém, Nabucodonosor atacou os amonitas.) • N e g u e b e (20.46, algumas versões) Atualmente esta região é um deserto árido, mas a Palestina e m geral era mais arborizada nos tempos d o AT. • Rabá (21.20) Amã, atual capital da Jordânia.
Ez 20.1-44: U m a história da nação rebelde J u l h o / a g o s t o de 5 9 1 . Ezequiel deixa d e lado a alegoria e trata da realidade histórica.
• Enquanto não vier aquele... (21.27) Veja Gn 49.10. Viria aquele a quem a realeza pertence de direito. Ez 2 2 : A c u s a ç õ e s contra J e r u s a l é m 0 povo d e Deus era culpado — culpado de assassinato, opressão, extorsão, suborno, e imoralidade sexual; havia feito pouco caso de sua religião ( 6 - 1 2 ) . Se Deus os provasse com fogo, nenhum resíduo de metal genuíno seria encontrado ( 1 7 - 2 2 ) . Todos os segmentos da s o c i e d a d e tinham culpa: g o v e r n a n tes, sacerdotes, profetas e o p o v o c o m u m (23-31). • Santo e profano (26) Veja Lv 11. • V. 28 Veja 13.8-16. Ez 2 3 : A p a r á b o l a d a s d u a s i r m ã s Oolá era S a m a r i a , capital d o r e i n o d o Norte, Israel. Oolibá era Jerusalém. Ambas as irmãs se comportaram c o m o prostitutas vulgares. Suspiravam por seus amantes (os deuses pagãos) c o m um desejo insaciável; seu comportamento era c o m p l e t a m e n t e repugnante. Correram atrás, ora d o Egito, ora da Assíria. A g o r a Judá, mais perversa que sua irmã, corria atrás da Babilônia. Jerusalém teria a mesma sorte d e Samaria: vergonha e destruição nas mãos d o seu último amante. Seu castigo foi bem merecido ( 4 5 ) . • V. 10 Os assírios destruíram Samaria e m 722/1 a.C. • V. 23 Pecode, Soa e Coa provavelmente eram tribos estabelecidas junto às fronteiras orientais d o Império Babilónico. Os babilônios e caldeus não eram povos separados. Ez 24: J e r u s a l é m s i t i a d a ; morre a e s p o s a d e E z e q u i e l A data é a mesma de 2Rs 2 5 . 1 ; Jr 52.4 — geralmente considerada c o m o sendo 15 de janeiro de 588 a.C. Jerusalém era c o m o uma panela enferrujada, c o l o c a d a no f o g o para queimar. O c o m p o r t a m e n t o d o p o v o poluiu a cidade. N o m e s m o dia e m que a c i d a d e foi sitiada, a esposa amada de Ezequiel faleceu repentinamente. Mas Deus lhe proibiu as formas tradicionais de luto. A perda pessoal de Ezequiel fazia parte de uma tristeza inexprimível. O p o v o ficaria muito triste com o destino d e Jerusalém, mas, a e x e m p l o d o profeta, n i n g u é m derramaria uma só lágrima. E quando chegassem notícias da queda da cidade, Ezequiel poderia finalmente falar
outra v e z ( 2 7 ; veja 3 . 2 6 - 2 7 ) ; o j u í z o teria passado. • V. 17 Os costumes de luto da época: lamentação e m v o z alta; cabeça rapada coberta de pó e cinzas; pés descalços; rosto coberto; comida oferecida às carpideiras.
Ez 2 5 — 3 2
O juízo
de Deus sobre
as
nações
Embora os profetas se concentrassem principalmente e m Israel e Judá, todos eles estavam cientes de que Deus era Senhor de toda a terra. Nenhuma nação estava fora d o alcance de seu j u í z o , e aquilo que ele condena e castiga no seu próprio povo, condena e castiga nas outras nações também. Esta coleção de profecias é um divisor de águas entre o ministério de Ezequiel antes e depois da queda de Jerusalém e m 587 a.C. Ez 25: A m o m , M o a b e , E d o m , Filístia Para outras profecias, veja cm Jr 47—49. Estas quatro nações eram os vizinhos mais próximos de Israel e seus inimigos mais antigos. Todos sentiram o doce prazer da vingança
Povos cativos eram usados em trabalhos forçados. Neste baixo-relevo assírio, escravos descarregam terra.
468 iro de negócios e comércio. Tiro era um lugar que concentrava uma enorme riqueza, e sua vidraria e indústria de púrpura eram mundialmente famosas. De forma muito apropriada. Ezequiel descreve a cidade c o m o um grande navio mercante (cap. 2 7 ) , carregado de mercadorias da m e l h o r q u a l i d a d e e contando com habilidades humanas e recursos vindos de todos os lados. A notícia do seu naufrágio traria luto para o mundo todo. O trecho de Ez 28.1-19 é um lamento pelo rei de Tiro, cujo orgulho acabou sendo a sua ruína.
Filio brocado de .sala, ainda hoje iccído com reares manuais na cidade de Damasco, ewca a riqueza e o íuxo da amiga Tiro denunciados pelo profeta Kzcquiel.
• Senir (27.5, ARA) O monte I lermom. • Gebal (27.9) Biblos, hoje Jttbail, no Líbano. • Daniel/Danei (28.3) Veja 14.14. ao v e r e m a queda de Israel, e por isso Deus os castigaria. De fato, não muito depois disso, A m o m , Moabe e Edom foram destruídos pelas tribos dos nabateus. Os filisteus desapareceram da história um século antes d o nascimento de Jesus. Ez 26.1—28.19: Tiro Veja e m Is 23. A data da profecia de Ezequiel provavelmente é final d o décimo primeiro ano — fevereiro de 586 — supondo-se que Ezequiel tenha recebido a notícia da queda de Jerusalém naquele ano e não no ano seguinte (veja 3 3 . 2 1 ) . Ficou claro que a previsão d o cap. 26 era mais que verdadeira. Tiro não se alegrou por muito tempo com a ruína dc Jerusalém. Poucos meses depois o exército de N a b u c o d o n o s o r estava às suas portas e lhe impôs um sítio que durou 13 anos. Tiro era um alvo tentador. A cidade ficava nas imediações dos montes d o Líbano e possuía o melhor porto natural d o leste d o Mediterrâneo. Na realidade era um porto duplo, pois a cidade foi construída numa ilha próxima ao continente ( 2 6 . 5 ) . Por ser um cen-
A i profecias d e £/equiel contra as nações
ASSÍRIA
• 28.12-19 Muitas das imagens que aqui aparecem são tiradas de Gn 2—3. Ez 2 8 . 2 0 - 2 6 : S i d o m Sidom é outro porto marítimo famoso no AT. Fica no Líbano, 32 km ao norte de Tiro. H o j e , tanto T i r o ( S o u r ) c o m o S i d o m são pequenos portos usados por pescadores. A acusação contra Sidom foi, mais uma vez, o (ato de ter desprezado o povo de Deus (24). Sidom, c o m o Tiro, caiu nas mãos de Nabucodonosor. Os vs. 25-26 são uma mensagem de esperança para Israel. Ez 2 9 — 3 2 : E g i t o Uma coleção de sete profecias, todas (exceto a que começa e m 3 0 . 1 ) cuidadosamente datadas. •
•
•
3 0 . 1 - 1 9 : sem data. E z e q u i e l descreve o castigo que N a b u c o d o n o s o r infligiria ao Egito e seus aliados. Deus daria um fim à riqueza d o Egito ( 1 0 - 1 2 ) e aos seus "deuses" ( 1 3 - 1 9 ) .
•
3 0 . 2 0 - 2 6 : abril d e 5 8 7 . O e x é r c i t o do Faraó Hofra havia esboçado uma tentativa de socorrer Jerusalém, que estava sitiada, mas foi d e r r o t a d o . Seu p o d e r seria quebrado novamente.
•
31.1-18: j u n h o d e 587. O Egito é comparado a um g r a n d e c e d r o ( 2 - 9 ) . Por causa
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Hamate • Ribla
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2 9 . 1 - 1 6 : j a n e i r o d e 5 8 7 . Por seu orgulho insuportável, q u e o l e v o u a colocarse e n t r e os d e u s e s , o F a r a ó a t r a i u a ira de Deus s o b r e toda a sua terra. Mas ele aprenderia quem é Deus! 2 9 . 1 7 - 2 1 : A n o N o v o de 5 7 1 ( a profecia mais recente no l i v r o ) . O l o n g o e custoso sítio à cidade d c T i r o terminou por volta dc 574 a.C. Ezequiel declara que o Egito será a próxima vítima da Babilônia.
Ezequiel
469 Aqueles que apascentavam o rebanho de Deus (os líderes do povo) abusaram do poder Deus prometeu um "bom pastor", que cuidaria do seu povo.
do seu o r g u l h o a á r v o r e seria derrubada ( 1 0 - 1 4 ) . O Egito seria lançado no mundo dos mortos ( 1 5 - 1 8 ) . • 3 2 . 1 - 1 6 : m a r ç o d e 5 8 5 ( d e p o i s q u e as notícias da q u e d a de J e r u s a l é m h a v i a m chegado aos e x i l a d o s ) . Um l a m e n t o p e l o Faraó. • 3 2 . 1 7 - 3 2 : m a r ç o ( ? ) de 5 8 5 . O Egito se juntaria a o g r u p o das n a ç õ e s v e n c i d a s : Assíria, Elão, M e s e q u e , Tubal, E d o m , Sidom. Elas foram enviadas a uma grande sala funerária cheia de túmulos. > Faraó/rei d o Egito (29.2) Trata-se de Hofra. Todos os Faraós eram adorados como deuses, assim como o crocodilo d o Nilo (v. 3 ) . • Migdol até Sevene (29.10) Migdol era uma cidade no delta d o Nilo. Sevene (Assuã) ficava no Sul. A locução significa "dc norte a sul", ou seja, todo o território. • Patros (29.14) O Alto Egito (a região mais afastada d o delta d o N i l o ) . > 30.5 Aliados do Egito. • A Assíria era um cedro no Líbano (31.1, ARA) A tradução da N T L H , "Você é c o m o um cedro no Líbano", faz mais sentido. > 32.22-30 Assíria: a grande potência na época de Isaías, derrotada pela Babilônia. Elão: uma nação a leste da Babilônia. Mcsequc e Tubal: nações p o u c o conhecidas junto à fronteira norte da Assíria. "Príncipes d o N o r t e " ( 3 0 ) : supostamente cidades-estado ao norte da Palestina.
Ez 3 3 — 3 7
A queda de Jerusalém; promessas de Deus Ez 33.1-20: O atalaia Estes versículos repetem o ensinamento de duas passagens anteriores: 3.17-21; 18.5-29. Ez 33.21-33: Notícias d a t o m a d a de Jerusalém As notícias não surpreenderam Ezequiel. Quando o mensageiro chegou, Deus já lhe havia devolvido a fala, como prometido (24.27). N o v. 2 1 , alguns textos dizem "décimo primeiro ano", e não "décimo segundo". Neste caso, a notícia chegou dentro d o prazo mais provável, a saber, seis meses. Os que permaneceram e m Judá, ao invés de se arrependerem, estavam ocupados anexando propriedade dos outros. E na Babilônia os exilados que pareciam escutar as palavras de Ezequiel só estavam buscando entretenimento. Eles não criam nelas nem as colocaram e m prática: uma situação deprimente depois de tudo que havia acontecido! Ez 34: L í d e r e s e p o v o são denunciados Tanto os "pastores" (1-10) quanto as "ovelhas" (17-22) merecem condenação. Os pastores exploraram de forma gananciosa, cruel e egoísta aqueles que lhes haviam sido confiados. Deus, porém, seria um verdadeiro pastor, reconduzindo o seu rebanho disperso às boas
Ezequiel pastagens de sua terra natal (11-16; e veja Lc 15.4-7). Ele designaria um b o m pastor — um novo Davi — para cuidar deles (23-24; e veja Jo 10.11), e o rebanho ficaria seguro. Ez 3 5 : P r o f e c i a c o n t r a E d o m Edom estava destinado à destruição, por ter se m o s t r a d o insensível diante da ruína dos israelitas. N ã o só se alegrou c o m o também planejou tirar vantagem da situação, anexando terras de Judá ( 1 0 ; as duas nações são Israel e J u d á ) . Veja 25.12-14 acima. Outras profecias contra Edom: Is 34.5-15; Jr 49.7-22; Obadias. Ez 3 6 : O r e t o r n o à t e r r a n a t a l Deus diz à terra desolada que e m breve ela seria repovoada. Seu povo voltaria. A derrota de Israel levou pessoas a desprezar o Deus de Israel, pensando que ele não tinha poder algum. A volta do povo vindicaria sua honra. As nações saberiam, e o povo de Deus saberia também, que ele é Senhor. Aqueles que retornaram d o exílio estavam verdadeira e permanentemente curados da idolatria ( 2 5 ) . Mas a transformação total de um "novo coração" se realiza apenas "em Cristo" ( 2 C o 5 . 1 7 ) . Ezequiel estava pensando em algo mais complexo que um transplante de coração, pois o coração, no pensamento bíblico, representa toda a personalidade, a pessoa e m sua essência. Ez 3 7 : A v i s ã o d o v a l e d o s o s s o s secos Após d e z anos no exílio, c c o m Jerusalém destruída, o p o v o havia p e r d i d o a esperança. Nem mesmo as promessas de restauração anunciadas por Ezequiel conseguiam animar seus ouvintes. A nação estava morta. Mas Deus p o d e até m e s m o tomar esqueletos e transformá-los num exército vivo. Ezequiel fez sua parte ao divulgar a palavra de Deus, mas é o Espírito de Deus que dá vida. Israel seria refeito e reavivado. Os dois reinos inimigos se tornariam uma só nação sob um rei — um novo Davi. F. aqui ( 2 1 - 2 8 ) a promessa aos exilados desemboca na bênção plena da futura era dourada. A volta d o exílio era apenas uma prévia de tudo que Deus tem reservado para o seu povo. • Faze deles um só pedaço (17, ARA) N T L H diz: "segure as duas tabuinhas juntas na sua mão de m o d o que pareçam uma só". • Davi (24) O rei messiânico ideal, que reinará para sempre em justiça e paz.
Ez 3 8 — 3 9
Profecia
contra
Gogue
M a g o g u e , M e s e q u e , Tubal ( 2 ) e C o m e r ( 6 ) eram todos filhos de Jafé (filho de N o é ) e deram seus nomes a povos indo-europeus que viviam na região do mar N e g r o ou d o Cáucaso, no e x t r e m o norte do mundo conhecido de então. Ezequiel prevê uma invasão dessas tribos bárbaras d o norte, lideradas por uma figura não identificada que se chama Gogue e que p o d e personificar as forças cósmicas do mal. Aliando-sc a exércitos de l o n g e e de perto (Pérsia, Sudão e Norte da África, 5 ) , ele lutará contra o povo d o Senhor. E Deus demonstrará seu p o d e r diante de todos derrotando sozinho todas as forças d o mal e destruindo-as de uma v e z por todas. "Gogue" é responsável pelo plano, mas a mão do Senhor está sempre no controle. O cap. 39 repete e amplia o 38. O exército de Gogue era tão grande que as armas recolhidas permitirão aos israelitas fazer fogo por sete anos. E a carnificina é tão grande que levará sete meses para limpar a terra. (Para os judeus, o número sete simbolizava perfeição e totalidade.) O j u í z o divino é algo terrível, e Ezequiel o descreve c o m imagens horripilantes. O fato de estes capítulos precederem imediatamente a visão que Ezequiel teve de um novo Templo no qual Deus habita com o seu povo ajuda a entender por que João, no Apocalipse, escolheu Gogue e M a g o g u e para representar todos os inimigos de Deus na última grande batalha instigada por Satanás no fim dos tempos ( A p 2 0 . 8 ) .
Ez 4 0 — 4 8
Uma nova a visão do
Jerusalém: Templo
Estes capítulos foram escritos alguns anos após o restante d o livro (exceto 29.17-21), e m 573 a.C. Embora sua leitura seja, e m grande parte, maçante, esses capítulos são, na verdade, o ponto alto do livro. Ezequiel começa com uma visão de Deus nas planícies da Babilônia e termina com uma visão de Deus retornando em glória a um novo Templo: Deus outra vez no meio d o seu povo, para sempre. Apesar da riqueza de detalhes, a descrição de Ezequiel não é uma simples planta para o segundo Templo. O que ele viu não era a antiga Jerusalém, mas "um grupo de prédios que parecia uma cidade" (40.2, N T L H ) . É verdade que o novo Templo reproduz e m grande parte
471 §
472
O mar Mono 6 lio salgado que impede qualquer forma de vida. Porém, rui visão de EBeojutd, a agua que fluía do Templo, descendo o vale do Jordão até o mar Morto. fU com que a água salgada virasse água doce C trouxesse vida para aquele lugar.
Os Profetas
o modelo d o Templo de Salomão e se destina ao oferecimento de sacrifícios ( 4 0 . 3 8 - 4 3 ) . Mas quando Deus retorna e m toda a sua glória c para viver para sempre num Templo c c o m um sacerdócio e povo purificados d o mal (cap. 43). Tudo é perfeito. Este é o ideal. Porem não é tão abrangente quanto a visão no Apocalipse. Trata-se de algo que ainda é visto e m termos terrenos: ainda há um Templo e sacrifícios; o povo de Deus é sinônimo de Israel (44.6-9); as leis continuam a existir, bem c o m o a morte e a necessidade de expiação (44.15-27).
Novamente temos aquela sutil mistura de acontecimentos próximos c futuros que caracteriza os profetas. A s leis, as ofertas, as festas de Ê x o d o e Levítico são reinstituídas (caps. 45—46). Mas repentinamente, no cap. 47, aparece algo gloriosamente novo. Do Templo de Deus flui um grande rio que traz vida por onde passa. E ladeado de árvores cujo fruto servirá de alimento e cujas folhas servirão de remédio (veja A p 22.1-2). Os novos limites das doze tribos que aparecem no final do livro (47.13-23) são estilizados, ou seja, não são totalmente viáveis em lermos geográficos. E, no final, aparece o nome da cidade. N ã o é mais Jerusalém, mas "O S K N H Ü R Está Ali" (compare Ap 21.22-27). • Um cóvado e quatro dedos (40.5, ARA) Cerca de 52 cm. Assim, a vara de medir tinha aproximadamente 3 m. • Filhos de Z a d o q u e (40.46) Zadoque, que substituiu Abiatar ( l R s 2.26-27,35), foi o primeiro sacerdote a exercer suas funções no Templo. • 43.3 Veja cap. 10 e cap. 1. • 47.9-10 A água salgada d o mar Morto é transformada em água doce. O "mar Grande" é o mar Mediterrâneo.
473 Resumo Histórias de Daniel, exilado na Babilonia, e suas visões do futuro.
DANIEL O livro de Daniel se divide em duas partes. Os seis primeiros capítulos se relacionam com acontecimentos históricos na Babilônia, abrangendo os anos do exílio do povo: 605 (1.1) a 537 a.C. (10.1). Eles contam histórias de Daniel e seus três amigos, Sadraque, Mesaque e Abede-Nego. Os capítulos restantes, escritos na primeira pessoa, registram quatro visões de acontecimentos futuros, que Daniel teve na sua velhice. O livro foi escrito em duas línguas: a parte central (2.4—7.28) está em aramaico; o restante, em hebraico. Ninguém sabe o porquê disto. Q u a n d o Daniel foi escrito? Embora, segundo o próprio texto, o livro de Daniel pertença ao século 6 a . C , a maioria dos estudiosos não acredita que o livro tenha sido escrito nesse período. Eles optam por um autor do século 2 a.C, que teria se baseado em histórias bem conhecidas e acrescentado as visões, para atualizar o texto. Seu propósito em escrever seria dar novo ânimo ao povo de Deus numa época em que a nação estava sob grande ameaça. A discussão deste assunto é um tanto complexa e diz respeito principalmente a questões de natureza histórica (pessoas e acontecimentos que não aparecem em outras fontes: veja texto) e ao uso de duas línguas. É possível defender uma data mais antiga para a Parte 1 e uma data (e um autor) mais recente para a Parte 2. O ponto crucial é determinar se os detalhes do cap. 11 (que parece relaclonar-se tão claramente com a época de Antíoco IV, no século 2) devem ser considerados profecia, feita 400 anos antes, ou não. Normalmente Deus não atua dessa forma na vida ou, de modo geral, no resto das Escrituras (embora, sendo ele Deus, dificilmente podemos negar a possibilidade!) Que t i p o d e livro é este? Daniel tem um contexto histórico e está relacionado com a história, mas não é uma história nos mesmos moldes dos livros de Reis, por exemplo. Tampouco é exatamente igual aos outros profetas, que falam ao povo em nome de Deus. É um dos primeiros exemplos (o único no AT) do gênero conhecido como "apocalíptico", que
Parte 1:caps. 1—6 Daniel e amigos na corte babilónica
apresenta uma visão da história dentro dos grandes propósitos de Deus. Veja o livro de Apocalipse, no NT. Mensagem A mensagem central do livro é clara: Deus, o Deus de Israel, é rei soberano do mundo, em todas as eras e em todos os lugares. Para o seu povo isto significa
Parte 2: caps. 7—12 Visões de Daniel Passagens mais conhecidas O sonho de Nabucodonosor (2) A fornalha ardente (3> O banquete de Belsázar (S)
Daniel na cova dos leões (6) A oração de Daniel (9)
uma coisa: lealdade total a ele. Não importa quão poderosas as forças de oposição, Deus, no devido tempo (o seu tempo), derrotará todas elas. O h o m e m Daniel Com base no texto aprendemos que Daniel era um exilado judeu na corte da Babilônia. Ele havia sido levado ao exílio quando jovem, alguns anos antes de Ezequiel e da primeira grande leva de exilados. Ele pertencia a uma família nobre (possivelmente real) e tinha inteligência e habilidades fora do comum. O papel de Daniel nas histórias que compõem a primeira parte do livro é tanto de estadista quanto de profeta.
Dn
1—6
Na corte do rei da
Babilônia
D n 1: D a n i e l e a m i g o s t ê m tratamento diferenciado Daniel chegou à Babilônia em 605 (veja a b a i x o ) . Uma boa aparência e habilidade
V Jerusalém
Y
t;
V"-
Babilônias. BABILÔNIA (CALDEIA)
MÉDIA
PÉRSIA
474 natural garantiram a ele e seus a m i g o s um lugar entre os selecionados para treinamento especial. Mas os babilônios não seguiam as leis judaicas relativas a alimentos puros e impuros ( L v 1 1 ) , n e m d e i x a v a m o sangue escorrer quando abatiam os animais ( L v 17.10-16). Apesar de j o v e n s , Daniel e seus a m i g o s e s t a v a m d e t e r m i n a d o s a n ã o cont e m p o r i z a r q u a n d o o assunto era r e l i g i ã o . Assim, sua única alternativa era limitar-se a uma dieta vegetariana — e isso lhes fez muito b e m . A l é m disto, foram os melhores alunos de sua turma! • No terceiro ano... (1) Kra 605 a.C. Depois de derrotar o Egito em Carquemis, Nabucodonosor atacou Jerusalém. Daniel e outros foram feitos reféns, para garantir o bom comportamento do rei Jeoaquim, que fora colocado no trono pelo Faraó egípcio. Daniel usa o sistema babilónico para datar o reinado de Jeoaquim, começando com o ano seguinte ao do início d o g o v e r n o . Assim, "no terceiro ano" aqui é o mesmo que quarto ano (Jr 25.1; 4 6 . 2 ) no sistema palestino. Os livros históricos não mencionam este ataque/sítio, limitando-se aos de 597 e 587 a.C.
F. possível que o deus babilónico para o qual Nabucodonosoi fez uma estátua de ouro fosse Marduquc. Segundo l)n 3, a cslálua linha 27 m de aluna.
• Sinar (2) N o m e antigo da Babilônia. • V. 4 Na literatura da Babilônia, "magia, feitiçaria, encantos e astrologia tinham um papel proeminente" (J. B a l d w i n ) . Daniel e seus amigos precisariam da firmeza de fé já demonstrada anteriormente para não se envolverem com coisas que a Lei proibia ( D t 18.10-12). • V. 7 O final e m "ei" (Daniel, Misael) e "ias" (Ananias) faz c o m que os nomes hebraicos tenham ligação com o n o m e d o Deus d e Israel. Pelo menos um dos novos nomes (Beltessazar) lembra o n o m e de um deus babilónico (veja 4 . 8 ) . • Primeiro ano d o rei Ciro (21) O ano d o decreto que repatriou os exilados (Ed 1.1-4), ou seja, 539 a.C. D n 2: O s o n h o d o rei Nabucodonosor Daniel era recem-íormado quando teve que enfrentar este desafio. A interpretação de sonhos era, desde longa data, uma das funções dos magos da Babilônia e de outros lugares (vs. 2 ) . Mas qualquer pessoa pode inventar uma interpretação, e ninguém saberia qual era a certa; assim, Nabucodonosor criou o seu próprio teste. Daniel acreditava que Deus podia revelar
tanto o sonho quanto o seu significado, e, em fé, pediu que isto lhe fosse concedido. A i m a g e m representava quatro impérios mundiais, começando no presente e se estendendo ao futuro. As duas interpretações mais aceitas são: • Babilónico, Medo-Persa, Grego e Romano; • Babilónico, Persa, M e d o c Grego. A primeira é mais condizente com a situação histórica e com o fato de que Cristo ( o reino de Deus) chegou no período romano. A segunda teoria tem o mérito de que a maior parte de Dn 7—12 refere-se ao período grego. • Caldeus (2, ARA) N o seu sentido geral o termo significa simplesmente "babilónios"; mais tarde foi usado num sentido restrito, designando uma classe de sábios. Daniel usa a palavra nos dois sentidos. A N T L H traduz por "astrólogos". Os caldeus eram os especialistas na 'arte' da magia. Suas obras incluem "presságios, encantamentos mágicos, orações e hinos, mitos e lendas, fórmulas científicas dc habilidades c o m o a fabricação de vidro, matemática e astrologia" (J. Baldwin). • V. 4 Neste versículo o texto muda d o hebraico para o aramaico, continuando assim até 7.28. D n 3: A f o r n a l h a a r d e n t e Os anos se passaram e Nabucodonosor, esquecendo que reconhecera o Dens de Dann'! c o m o o Deus supremo, construiu uma estátua de 27 m dc altura e exigiu que t o d o o povo viesse adorá-la. Mas os amigos de Daniel não acataram essa o r d e m . Havia um só Deus, e a sua Lei proibia que se adorasse qualquer outra divindade (Ex 2 0 . 3 ) . Eles sabiam que Deus podia libertá-los de uma morte terrível, embora não soubessem se ele queria fazê-lo ( 1 7 ) . Apesar disto, eles não o negaram (18). Neste incidente, as chamas mataram aqueles que os lançaram na fornalha, e queimaram as cordas que os atavam; mas eles próprios saíram sem sequer o cheiro de fumaça no corpo, E uma figura de aparência divina passeava com eles no meio d o fogo. N o v a m e n t e o rei foi obrigado a adorar o Deus deles. • Sátrapas (2) Uma das várias palavras em persa a m i g o que aparecem e m Daniel. • Harpa, cítara, saltério (5) Estas são todas palavras gregas. Os instrumentos cm si são mesopotâmicos, mas influências culturais gregas haviam se espalhado por esta parte d o mundo antes da época de Nabucodonosor. Existiam colônias gregas e m várias regiões, e muitos exércitos contavam com mercenários gregos.
Daniel • Fornalha (6) Um forno de olaria (provavelmente para queimar tijolos), aberto em cima e com uma porta lateral; através desta abertura o rei podia v e r os homens. • V.23 Aqui a versão grega acrescenta duas canções incluídas nos livros apócrifos ou deuterocanônicos: "A oração d e Azarias" e "A canção dos três moços". Veja "Livros deuterocanônicos".
475 Quando os músicos locavam, todos eram obrigados a curvar-se diante da estátua erguida pelo rei Nabucodonosor, bste grupo dc músicos é da Assíria.
Dn 4 : A l o u c u r a d o r e i O próprio Nabucodonosor autentica esta história extraordinária (1-18,34-37). Talvez percebendo que este sonho era contra ele mesmo, não recorreu de imediato a Daniel ( 6 - 8 ) . E evidente, pelo espanto de Daniel, que ele não queria ver o rei doente. Mas o orgulho d o rei por causa de seus feitos ( e a a r q u e o l o g i a mostra que realmente eram coisas de que alguém podia sc orgulhar) falou mais alto d o que sábio conselho de Daniel. Sobre a doença de Nabucodonosor, o psiquiatra Dr. M . G. Barker vê no caso de Nabucodonosor as características "de uma doença depressiva com acessos relativamente agudos e crenças ilusórias de natureza mórbida". Nos tempos antigos, quando ainda não havia as formas modernas de tratamento, diz Barker, "a maioria dessas doenças diminuíam espontaneamente de intensidade no período de um, dois e, em alguns casos, mais anos". A forma do delírio (uma pessoa assumindo uma identidade animal) não é comum atualmente, embora o próprio Dr. Barker tenha lidado com dois casos. Há alguma e v i d ê n c i a de uma t r a d i ç ã o segundo a qual o rei a d o e c e u no final da vida, embora registros oficiais daquela época — como seria dc esperar — não mencionem o fato. • Vs. 3,34-35 Nestes textos, as alusões a trechos dos Salmos e de Isaías refletem, talvez, a influência de Daniel sobre o rei. • Sete tempos (16, ARA) Aqui, c o m o e m outras passagens de Daniel, não se especifica a duração d o tempo. Seja c o m o for, trata-se de um período limitado e definido dc tempo que Deus determinou. (Outra possibilidade é "sete anos", como consta da N T L H . ) Dn 5: A e s c r i t u r a n a p a r e d e Estritamente falando, N a b o n i d o (556-539 a.C.) foi o último rei da Babilônia. Mas bem no início de seu reinado ele foi para a Arábia, deixando seu filho Belsázar c o m o regente ( o
que explica o fato dc Daniel só poder ser " o terceiro no reino", 1 6 ) . Aconteceu e m 539 a.C., 23 anos após a morte de Nabucodonosor. O grande banquete no palácio ia às mil maravilhas, quando uma mão misteriosa começou a escrever na parede. Três palavras foram escritas. Eram m e d i d a s ou u n i d a d e s m o n e t á r i a s : " m e n e (uma m i n a ) , mene (uma m i n a ) , tequel (um s i d o ) , parsim ( m e i o siclo)". Daniel, j á idoso, foi c o n v o c a d o para fazer a interpretação. E ele buscou o significado do radical das palavras: "contar", "pesar", "dividir". Os dias d o rei estavam realmente contados. Naquela mesma noite, Ciro, o rei dos persas, tomou a (supostamente) inexpugnável cidade da Babilônia, desviando — segundo o relato dos historiadores
A escrita na parede durante o banquete de Belsázar tinha a ver com pesos e números: o rei foi pesado na balança e achado em falta, liste é o peso ("mene") da inscrição.
Cálices e tigelas de ouro saqueados do Templo foram usados no banquete de Belsázar. O Tesouro dc Oxtis incluía cálices de ouro da Pérsia antiga.
476
Os Profetas antigos — o curso d o rio Eufrates e entrando l>elo leito seco d o rio, enquanto os babilônios estavam fazendo uma festa e m honra aos seus deuses. • Pai (2) Isto é, ancestral, antepassado. A palavra é bastante usada neste sentido no AT. • A rainha-mãe (10) É possível que esta fosse a viúva de Nabucodonosor. • Dario, o medo (31) Nenhum outro registro histórico até agora encontrado menciona alguém com este nome, ou coloca um rei entre Nabonido/Bclsazar e Ciro. Dario tem sido identificado com vários personagens, mas nenhuma das sugestões é completamente satisfatória. Isto não significa que podemos descartar Dario c o m o personagem fictício. Como Ciro era tão conhecido, o autor não podia esperar que acreditassem e m tal invenção. Talvez este seja outro nome de Ciro, que tinha ascendência mista. Neste caso, o v. 31 seria traduzido por "Dario, o medo, ou seja, Ciro, o persa". D n 6: N a c o v a d o s l e õ e s A o l o n g o de toda a sua vida, Daniel havia sido um homem de Deus. Agora estava com seus oitenta anos e seus inimigos ainda não
Na sua primeira visão, Daniel viu animais alados que representavam diferences impérios. Na época, lais criaturas eram. muiias ve/cs, rcprcsciuadas em esciiluiras e enlallies de marfim. Ksia esfinge com barba Ibi esculpida na parede da sala do conselho em Persepolis. palácio dos reis da Pérsia.
conseguiam incriminá-lo. Só poderiam enconirar alguma coisa que. livesse a ver com a religião dele ( 4 - 5 ) . Ele talvez tenha deixado de orar por um mês, ou fazia suas orações em segredo. Mas, fiel aos princípios que seguia desde a sua infância, ele não estava disposto a fazer concessões. E foi assim que seus inimigos o apanharam. O rei tinha as mãos amar radas pelo decreto que ele próprio havia feito, mas o mesmo não se aplicava à m ã o de Deus. E Daniel esteve tão protegido de perigos na cova dos leões quanto seus amigos estiveram na fornalha. • Vs. 8,15 Veja Et 1.19; 8.8. • A cova (16) Provavelmente um espaço cercado com uma abertura no topo, e m torno da qual passava uma galeria para os espectadores.
Dn
7—12
As visões
de
Daniel
D n 7: O s q u a t r o a n i m a i s C o m o no cap. 2, a primeira visão de Daniel é uma representação simbólica da história. Novamente aparecem quatro impérios sucessivos, e depois seria estabelecido o reino de
Daniel Deus. O leão com asas de águia é a Babilônia, e o v. 4 descreve Nabucodonosor. O v. 6 se refere ao império g r e g o de Alexandre Magno, que, por ocasião da morte deste, foi dividido entre seus quatro generais. Seleuco fundou uma dinastia na Síria. Ptolomeu fundou uma dinastia no Egito. Os outros dois reinos eram a Grécia e a Ásia Menor. Os "dez chifres" (7,24) correspondem aos dedos dos pés da estátua d o cap. 2, mas a sua identificação precisa é questão controversa. Os vs. 9-12 d e s c r e v e m o j u í z o de Deus sobre os impérios mundiais. Em 13-14, Deus dá o domínio total a "um c o m o um filho dc homem". "Filho d o H o m e m " passaria a ser a autodenominação favorita de Jesus. O reino inaugurado c o m a primeira vinda dc Cristo será plenamente r e a l i z a d o q u a n d o e l e vier outra vez (veja Mt 2 6 . 6 4 ) . Opondo-se ao p o v o dc Deus de várias formas no decorrer da história está o "pequeno chifre" (8,20-21), que ama até que Deus final mente destrua o seu poder. E neste capítulo que Ap 13 baseia o seu simbolismo. > Primeiro ano (1) 544 a . C , o ano e m que Belsázar se tornou co-regente c o m seu pai. Em outras palavras, antes dos acontecimentos relatados no cap. 5. • V. 9 Compare A p 1.14; 20.4. > Os livros (10) Registros das ações de todas as pessoas. Veja, p. ex., Ml 3.16; A p 20.12. • Um tempo, dois tempos e metade d e um tempo (25) Geralmente considerado um período de 3 anos e meio; mas veja 4.16. O mal recebe liberdade de agir, mas por um período estritamente limitado. Dn 8: O c a r n e i r o e o b o d e Neste ponto o texto volta a ser escrito em hebraico ( d e 2.4 até aqui o texto v e m escrito em aramaico). A segunda visão focaliza o segundo e terceiro impérios. O carneiro de dois chifres, que simboliza o império m e d o persa, seria suplantado pelo bode veloz — o império g r e g o d e Alexandre. O "grande chifre" é próprio Alexandre. Os "quatro chifres" são os reinos e m que seu império foi dividido (veja cap. 7 ) . O pequeno chifre, neste capítulo, refere-se a Antíoco IV que governou a Síria de 175 a 164 a.C. Os vs. 9-14 descrevem vividamente as atrocidades d o seu reinado (veja cap. 11), que provocaram a revolta dos macabetis, IMacabeus 1—6 ( q u e figura entre os livros deuterocanônicos) relata este período da história judaica.
477 Na época
1 1 • Susã (2) A leste da Babilônia; uma das quatro capitais da Pérsia. • V. 13 Em 167 a . C , Antíoco profanou o T e m p l o de Jerusalém, instalando nele um altar para sacrifícios pagãos. • V. 14 Isto é, 2.300 dias (veja Gn 1 ) . Antíoco começou a interferir nos assuntos judaicos e m 171; ele morreu e m 164. • Gabriel (16) Esta é a primeira vez e m que o anjo mensageiro de Deus é chamado por nome na Bíblia. Foi Gabriel quem apareceu a Zacarias, o pai de João Batista, c depois a Maria, antes do nascimento de Jesus. • O fim (17) Isio geralmente se refere ao final da história e ao j u í z o final. Mas o v. 26 relaciona a visão com o futuro distante, e o v. 19, c o m o período c m que o sofrimento teria terminado. Os escritores da Bíblia muitas vezes parecem deixar o tempo dc lado, vendo acontecimentos contemporâneos e futuros como um aspecto dos eventos plenos e definitivos do "fim". • Príncipe (25) O próprio Deus. A o tentar eliminar a religião judaica, Antíoco desafiou diretamente o Deus de Israel. D n 9: A o r a ç ã o d e D a n i e l A data é 538 a.C. A Babilônia praticamente havia d o m i n a d o Judá desde a batalha dc Carquemis, e m 6 0 5 . O cativeiro d e 70 anos, previsto por Jeremias, estava quase no fim. Daniel p e d e a Deus o retorno d o seu p o v o a sua terra natal. Ele se identifica c o m o seu p o v o , c o m p a r t i l h a n d o a culpa pelo pecado ( 5 - 1 7 ) , c seu p e d i d o se baseia unicamente na misericórdia d e Deus ( 1 8 ) . A oração d e l e seria respondida naquele m e s m o ano, mas as dificuldades de Israel não haviam acabad o . A g o r a Deus mostra a Daniel algo d o que estava por acontecer n o futuro. Os v s . 24-27 são m u i t o difíceis, e várias i n t e r p r e t a ç õ e s j á f o r a m s u g e r i d a s . Deus determinou um p e r í o d o de 70 x 7 ("setenta semanas de anos"), no qual a salvação do seu p o v o será completada ( 2 4 ) . Para os judeus, o número sete c o m o tal simbolizava totalidade.
reis usavam selos cilíndricos para autori/al seus documentos. Kstc em o selo usado por Dario I da Pérsia, que reinou na época de Bdras e da reconstrução du Tem >l< i em Jerusalém.
478
Os Profetas perfeição. Assim, talvez seja melhor considerar os números s i m b o l i c a m e n t e , e m b o r a o período de tempo entre o decreto para a restauração de Jerusalém e o início d o ministério de Jesus ( 2 5 ) fique bem próximo das 7 + 62 semanas = 483 dias, representando o mesmo número de anos. Este c o total obtid o se os n ú m e r o s forem interpretados literalmente (embora haja mais de um ponto de
apartida possível, e apesar da data final nâ ser absolutamente fixa). O v. 26 parece apostar para a morte e rejeição de Cristo e a dei truição d o T e m p l o em 70 d.C. — com uni referência mais ampla ao fim. Mas o assuil to d o v. 27 não é t o t a l m e n t e claro. Algun e n t e n d e m que " e l e " é o Messias, a o p a s » que outros pensam tratar-se d o príncipe de< iriiidor d o versículo precedente.
Posições do Antigo Testamento com relação ao pós-morte Philip
O AT e o NT dizem coisas diferentes sobre a morte e a vida após a morte. No NT, a ressurreição de Cristo é a base de nossa fé agora e de nossa esperança de vida após a morte, como Paulo explica em ICo 15. Mas no AT há pouquíssimas referências a uma vida significativa após a morte, e muitos textos dão a entender que esta vida agora é que importa (p.ex. SI 39.13). Isto não deveria nos surpreender. Após a sua transfiguração, Jesus falou aos discípulos sobre sua futura ressurreição, mas eles não entenderam o que isto significava (Mc 9.10). Mais tarde, Paulo escreveu que Jesus "trouxe à luz a vida e a imortalidade" (2Tm 1.10). Em outras palavras, antes de Cristo (isto é, no período a.C.) as pessoas tinham pouco conhecimento sobre vida eterna.
todos desciam ao abismo. Este era um lugar sombrio e triste debaixo da terra, dominado por vários deuses. Quem ia para lá tinha uma existência sombria e inerte e não havia como sair daquele lugar. Os hebreus chamavam esse abismo de Sheol. Isaías fez uma breve descrição poética dele (Is 14.9-11): quando o poderoso rei da Babilônia descer para lá, seus habitantes terão que ser acordados para saudá-lo, e ele se tornará tão fraco e impotente quanto eles. J ó considera-o um lugar de descanso (Jó 3.11-19). No entanto, o pensamento dos israelitas sobre o abismo e os mortos era diferente da visão de seus vizinhos, e isto em vários pontos importantes: •
A ênfase que, no AT, se dá à vida neste mundo explica algumas das outras importantes diferenças em relação ao NT. Por exemplo, a ausência de recompensa ou castigo após a morte explica por que os justos querem ser recompensados agora e pedem que os ímpios sejam castigados nesta vida. É a única maneira pela qual, segundo eles, a justiça de Deus podia ser manifestada. O a b i s m o e os m o r t o s Muitos povos do antigo Oriente Próximo acreditavam que, ao morrer,
Johnston
•
Ao contrário d e vários poemas mesopotâmicos antigos que contêm descrições detalhadas, o AT demonstra pouco interesse pelo abismo. A morte e o morrer são mencionados cerca de mil vezes, mas o abismo só aparece umas cem vezes. E há pouca descrição. A morteera inevitável, mas os israelitas geralmente não se preocupavam com a vida após a morte. O Deus de Israel era o Deus dos vivos, e seu povo devia reconhecêlo nesta vida. Talvez muitos israelitas, como seus vizinhos, acreditassem que todos iam para o abismo. Um texto (Ec
9.10) sugere isto. No entanto, ri maioria dos textos relevantes, sátj os ímpios q u e d e v e m ir p a r a » Sheol (p. ex. S I 9.17), e não os jusf tos (p.ex. SI 30.3). As pessoas boi» só falavam em ir para lá quand: pensavam que Deus as estava cai; tigando (p.ex.Gn 37.35; J ó 14.13 ou q u e ele estava julgando toe; a humanidade (SI 49.7-9; 89.48i| Portanto, o Sheol é, em geral, con-1 siderado um destino indesejável Ao mesmo tempo, não há mençàci de castigo no Sheol (ao contrariei do inferno no NT). Consultar os mortos era estrita-t; mente proibido (Dt 18.10-11).o| relato d e Saul e da médium dst En-Dor ( I S m 28) mostra que erat possível, mas Saul foi severamení te c o n d e n a d o p e l o espírito dei Samuel. Isaías também condenou! os israelitas, séculos depois (Isí 8.19). O povo de Deus devia buscar l o S e n h o r para orientação e apoio, | não os mortos ou os supostos deu-1 ses do abismo. Os israelitas não veneravam osI ancestrais mortos. Alguns povos I vizinhos faziam isto e m festasI regulares, mas não há menção! disto no AT. Os túmulos das fami-1 lias eram abertos na rocha. Dentro deles, havia saliências em forma de leito sobre os quais eram colocados os defuntos, para entrarem em d e c o m p o s i ç ã o . Q u a n d o se
D Dn 1 0 . 1 — 1 1 . 1 : D a n i e l e o a n j o Após um l o n g o j e j u m , Daniel t e v e uma visão impressionante de uma figura gloriosa, muito p a r e c i d a c o m a v i s ã o d e Cristo que João t e v e em A p 1.12-16. Ele recebeu discernimento sobre a batalha contínua que ocorre no â m b i t o espiritual entre os que protegem o p o v o d e Deus e os que estão determinados a destruí-lo (veja Ef 6 . 1 2 ) . Miguel
/
479 As visões da pane final do livro de Daniel referem-se a impérios que têm um poder esmagador. Este pé de uma estátua gigante foi encontrado em Cesaréia.
lista inscrição hebraica fazia parte do dintel de um túmulo enconnado em Silwan, Jerusalém. Pertencia a um administrador de palácio que pode ter sido aquele Sebna. enricado por Isaías (22.15-19). Com a intenção de afastar ladrões de túmulos, a inscrição diz: Túmulo de [..Jiáh, administrador do palácio. Não há prata nem ouro aqui, apenas seus ossos c os ossos de sua esposa com ele Maldito aquele que abrir este túmulo.
precisava do túmulo novamente, os ossos do cadáver anterior eram simplesmente colocados numa cova no centro e aquele lugar era reutilizado. Os ossos não tinham significado especial. O texto de Dt 26.14 refere-se a uma oferta no sepultamento ou a uma refeição no funeral (compare Jr 16.5), pois depositar alimentos regularmente em túmulos certamente seria condenado. Vida a p ó s a m o r t e Dois homens do AT escaparam da morte e foram levados diretamente à presença de Deus: Enoque (Gn 5.24) e Elias (2Rs 2.1). Mas nenhum israelita jamais orou para ser levado ao céu como eles, o que mostra que eles eram certamente vistos como exceções. No entanto, alguns salmistas claramente acreditavam que evitariam o Sheol e continuariam em comunhão com Deus (SI 16.10-11; 49.15; 73.24). Estes autores vislumbraram pela fé um destino alternativo ao abismo. A declaração triunfante de J ó (Jó 19.26-27) parece apresentar uma vibrante confiança na vida após a morte. Este pode ser o caso, mesmo Indo contra o que J ó diz antes e
depois disto (p.ex. 17.13-16; 21.23-26). Mas infelizmente neste caso o texto hebraico é difícil de interpretar, como as notas da maioria das traduções indicam, o que faz com que não se tenha certeza a respeito disso. Ressurreição A Idéia de ressurreição é rara no AT, e surge em tempos de crise extrema. A idéia aparece pela primeira vez por Oséias, como metáfora para descrever a restauração da nação após seu castigo e exílio (Os 6.1-3). Depois, aparece com mais detalhes em Ezequiel (37.1-14). A ressurreição de seres humanos aparece pela primeira vez numa passagem apocalíptica em Isaías (26.19), mas somente para o povo perseguido de Deus, não seus inimigos (compare o v. 14). Uma ressurreição mais geral é mencionada apenas em Daniel. Ela resulta em vida eterna para os justos e vergonha eterna para os outros (Dn 12.2). Estas passagens representam uma crença na vida feliz após a morte que vai se desenvolvendo aos poucos, e que foi ampliada ainda mais em diversos livrosjudaicos escritos no período entre os testamentos. Porém, ainda havia uma grande variedade de posi-
ções, conforme se pode ver na divergência entre saduceus e fariseus (At 23.8). Somente a ressurreição de Jesus "trouxe ã luz a vida e a imortalidade" (2Tm 1.10).
480
Os Profetas Os persas Alan
Os persas eram um povo nômade que, saindo da Ásia Central, se mudou para o Irã por volta de 1000 a.C. Eles se instalaram a leste do Golfo Pérsico numa área ainda chamada de Farsistão. O primeiro rei persa conhecido na história foi Ciro I, que reinou por volta de 640 a.C.
Millard
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Ecbalana
Ciro, o G r a n d e Os persas aparecem d e forma dramática nas páginas da Bíblia no momento em que Ciro II (o Grande), neto de Ciro, invadiu a Babilônia. Em 550 a . C , Ciro assumira o controle de Ecbatana, capital do rei medo Astíages, seu sogro. Os medos dominavam grande parte da Pérsia e da região onde hoje fica a Turquia. Ciro conquistou o reino dos medos, derrotou Creso, rei da Lídia, na parte
Maüatôato
Damasco; Jerusalém JUDÁ
BABILÔNIA Babilônia
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Persépolis PÉRSIA Coifo Penico '
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ocidental da Turquia, e depois foi para o Oriente, na direção do nordeste da índia. Em 540 a.C, eleja estava pronto para desafiar o poder do grande Império babilónico. A q u e d a d a Babilônia Inscrições em escrita cuneiforme registram que a Babilônia caiu sem oferecer resistência, isto é, sem que houvesse uma única batalha, em 539 a.C. A Rd Dario I ( o Grande) mala uma fera míüea,
O I m p é r i o p e r s a no auge d o seu podei: O exórdio dos persas e medos eonquislou a Babilónia m 539 a.C. Alexandre, o Grande, e seu exército giefi começaram a conquistar o Império persa em :í:i3 a.C. 0
tradição posterior conta como o exército de Ciro entrou na cidade pelo leito do rio Eufrates, que fora desviado. Política d e p a z Ciro foi um grande benfeitor. Na Babilônia, ele restaurou templos e Estas figuras aparecem na parede da sala do consellio d o palácio, em Persépolis.
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Daniel devolveu a seus próprios santuários as imagens de deuses trazidos ã Babilônia. Os assírios e babilônios haviam deportado muitos povos conquistados. Agora Ciro permitiu que os judeus saíssem da Babilônia e voltassem para Judá. Eles levaram consigo os tesouros saqueados do templo em Jerusalém, e tiveram permissão para reconstruí-lo. 0 Império p e r s a Os livros de Esdras, Neemias, Ester, Ageu, Zacarias, Malaquias e parte de Daniel pertencem ao período do Império persa sob Ciro, Dario, Xerxes (Assuero) e Artaxerxes. Eles refletem o poder e a riqueza dos reis persas. Com o Oriente Próximo sob seu controle, Dario (522-486 a.C.) conquistou o norte da Grécia em 513. Após uma derrota em Maratona, seu filho Xerxes (486-465) chegou até Atenas antes de perder a batalha naval em Salamina. Apesar de rebeliões no Egito e ataques de Estados gregos, os persas mantiveram seu Império durante 200 anos. Então, em 333 a . C , Alexandre cruzou o estreito de Dardanelos e, dentro de alguns anos, a Grécia havia se tornado a nova potência mundial.
Governo i l u m i n a d o / esclarecido Um governo e uma administração sábios possibilitaram aos persas o controle de nações distantes. Ciro, o Gran-
481
de, dividiu o Império em províncias, cada uma com seu próprio governador ou "sátrapa". Estes eram nobres persas ou medos, mas os nativos governados por eles retinham certo poder. As pessoas eram incentivadas a manter seus próprios costumes e suas religiões, e isto ajudou a manter a paz. Dario I (veja Ed 6) aprimorou o sistema de governo. Ele também introduziu m o e d a s e um sistema legal. Sua nova rede postal foi um auxílio vital à comunicação. Outro fator de unificação foi o uso do aramaico como a língua diplomática do Império desde a fronteira sul do Egito, em Assuã, até o rio Indo, na parte mais oriental. O aramaico já era conhecido, mesmo na distante Judá, desde o período assírio. Os oficiais do rei Ezequias disseram ao mensageiro assírio: "Fale em aramaico, pois nós entendemos". As cartas oficiais conservadas no livro de Esdras estão escritas neste aramaico imperial.
Esta jarra adornada de prata, do 'tesouro de Oxus, é um belo exemplo da habilidade artística dos persas.
regiões às capitais. Dario I construiu um palácio magnífico em Persépolis e havia outros em Pasárgada, Susã e Ecbatana. Ouro e jóias revelam a riqueza e o luxo da corte persa, refletida no livro de Ester.
A r t e e cultura O Império gerou grande riqueza e artesões foram levados de todas as
O Cilindro de Ciro foi enconnado a cerca de 100 anos. Ele registra como Ciro 11, da Pérsia, tomou a cidade da Babilônia de surpresa, sem uma batalha, e como ele devolveu os deuses tomados de várias cidades babilónicas a seus lugares, juntamente com seus servos. Foi no contexto dessa política que os judeus puderam voltar a sua terra natal após os longos anos de exílio.
482
Os Profetas é o anjo da guarda especial d o p o v o j u d e u ( 1 2 . 1 ) . Os " p r í n c i p e s " neste c a p í t u l o são os anjos protetores das diversas nações. D n 11.2-45: Luta pelo poder Este c a p í t u l o a p r e s e n ta um registro detalhado da luta que ocorreu nos períodos persa e g r e g o . É claro que, para q u e m pensa que o livro de Daniel foi escrito cipos esses acontecimentos, este capítulo não se constitui e m profecia no sentido real da palavra. Ainda assim, a i n t e n ç ã o seria d e c l a r a r que Deus tem conhecimento e controle total de toda a história.
Um marco de delimitação babilónico, entalhado com os emblemas de diversos deuses (a origem dos sinais do zodíaco).
Ainda haveria mais três reis persas ( 2 ; C a m b i s e s , Gaumata e Dario I ) , seguidos por um quarto (Xerxes). Xerxes invadiu a Grécia, mas foi derrotado e m Salamina, no ano de 480 a.C. O poder então passou para a Grécia (3-4; veja cap. 7 ) . O v. 5 refere-se ao Egito ( o "rei d o sul") e a Seleuco, ex-general de Ptolomeu, que se tornou o "rei d o norte", o poderoso reino da Síria e d o oriente. Cinqüenta anos depois ( 6 ) , a filha de Ptolomeu II casou-se c o m Antíoco II da Síria. Mas ela foi repudiada e assassinada, e seu irmão vingou a morte dela, atacando a Síria ( 7 ) . Os vs. 913 refletem as lutas entre as duas potências ao final d o século 3 a.C. Os judeus então se aliaram com Antíoco II da Síria para derrotar o Egito ( 1 4 - 1 5 ) , no que obtiveram êxito ( 1 6 ) .
Antíoco fez uma aliança com Ptolomeu V (17). Antíoco invadiu a Ásia Menor c a Grécia, mas foi derrotado pelos romanos e m Magnésia era 190 a.C. (18-19). O exator ou "oficial para cobrar impostos" ( 2 0 ) era seu filho S e l e u c o IV, que logo foi sucedido por seu irmão A n t í o c o IV o perseg u i d o r dos j u d e u s . Os v s . 21-24 descrevem bem seu caráter e sua política. Valendo-se da traição de homens ligados a Ptolomeu, Antíoco e m breve retomou o controle d o Egito, em 173. A o retornar d o Egito, atacou Jerusalém e massacrou 80.000 judeus ( 2 5 - 2 8 ) . Da próxima v e z que atacou o Egito, foi barrado pela frota romana ( 2 9 - 3 0 ) . Voltou-se novamente contra Jerusalém e profanou o Templo (31). Ele teve a ajuda de alguns judeus, mas outros se recusaram a fazer concessões e m matéria d e fé, e m o r r e r a m p o r isto ( 3 2 - 3 3 ) . Judas Macabeu instigou uma revolta bem sucedida, ajudando os fiéis ( 3 4 ) . Os vs. 36-45 não descrevem eventos reais do final da vida de Antíoco. Devem se referir, isto sim, ao fim d o domínio sírio com a chegada dos romanos, o novo rei d o norte. Ou podem antecipar eventos d o fim dos tempos (veja 8.17), prenunciados pelo sofrimento d o povo de Deus sob Antíoco. E isto nos leva ao cap. 12. D n 12: S a l v a ç ã o Daniel é o p r i m e i r o l i v r o d o A T a falar explicitamente da ressurreição de indivíduos (v. 2 ) . Q u a n d o a q u e l e dia chegar, e toda a terrível desgraça tiver passado, aqueles que foram sábios em fiel obediência a Deus ressuscitarão para brilhar c o m o estrelas para sempre. T o d o o mal será eliminado. Mas quanto ao t e m p o , este está nas mãos de Deus. Nem mesmo Daniel entendeu isso ( 6 - 8 ) ; portanto, a atitude mais sábia ao se abordar essas questões é ter cautela.
483 Resumo O relacionamento entre Deus e Israel é retratado vividamente no casamento do próprio profeta — infidelidade, fracasso e cura.
OSÉIAS
Caps. 1—3 A experiência de Oséias Este é o primeiro e mais longo livro dos profetas "menores" (mais curtos), coleção que, na Bíblia Hebraica, é chamada de "O Livro dos Doze". Cronologicamente, Amós aparece alguns anos antes de Oséias. 0 h o m e m e sua é p o c a Oséias foi profeta de Deus no século 7 a.C. Era contemporâneo de Isaías. Só que ele era do norte e a sua mensagem foi dirigida a Israel, o reino do Norte, embora ocasionalmente faça referência a Judá. Oséias tornou-se profeta no final do reinado de Jeroboão II, o último rei poderoso da nação. Ele profetizou durante os 40 anos seguintes, até pouco antes de Samaria ser conquistada pela Assíria em 722/1 a.C. Nessa época o país se deteriorou rapidamente. A rejeição de Deus e a ampla adoção de práticas religiosas pagãs causaram um declínio moral e político. 2Rs 14.23—17.41 conta a história desse período. O fato de, após a morte de Jeroboão, Israel ter tido seis reis em pouco mais de 20 anos, sendo que quatro deles assassinaram seus antecessores, dá uma idéia da instabilidade do país naquele tempo. A mensagem Os grandes temas de Oséias são amor — o relacionamento de aliança entre Deus e seu povo —juízo e esperança. 0 que a infidelidade de Israel significava para Deus — c o m o ele continuou a amar seu povo da aliança e a suspirar por seu retorno a ele — o profeta aprendeu através de uma amarga experiência pessoal, quando a esposa que ele amava o traiu e abandonou. Sua mensagem brota d o coração. É por isso que seu livro é tão comovente, tão universal e tão especial. 0s 1 . 1 — 2 . 1 : A m u l h e r e o s f i l h o s de O s é i a s Deus instruiu Oséias a casar c o m Gômer, uma mulher que Deus sabia que seria infiel. Este parece ser o significado d o v. 2, que diz, literalmente: "Vai, toma uma mulher de prostituições." Em Oséias, "prostituição" tem um sentido duplo, descrevendo tanto relações sexuais ilícitas como atos religiosos de infidelidade.
N a s c e r a m três filhos e cada um receb e u um n o m e que transmitia a mensagem de Deus a Israel: "Jezreel" (significand o massacre e castigo), "Não-Amada" e "Não-Meu-Povo".
Caps. 4—14 Mensagens de Deus ao seu povo: juízo e restauração
Através d o profeta, Deus estava dando ao seu povo uma última oportunidade de se arrepender, antes d o j u í z o cair sobre a nação (2Rs 17.13-14). Apesar de recusa d o povo, o propósito amoroso de Deus não seria frustrado ( 1 . 1 0 — 2 . 1 ) . Os castigados seriam abençoados. " N ã o meu povo" voltaria a ser o povo de Deus. "Não amada" voltaria a ser amada. • Jezreel (14) Local de muitas batalhas sangrentas; aqui se faz referência ao massacre relatado e m 2Rs 10. O s 2.2-13: M u l h e r infiel — n a ç ã o infiel O apelo que Oséias faz a sua esposa infiel se funde com a v o z de Deus dirigida a Israel. O p o v o adorava Baal, o deus cananeu da fertilidade, pensando que era e l e q u e m dava boas colheitas e safras abundantes; mas, na verdade, tudo isso vinha de Deus. Eles seriam castigados. Os 2.14-23: O D e u s que ama Na linguagem doce e terna d o amor, Deus fala sobre um futuro melhor; uma nova aliança, incluindo a proteção d o p o v o contra todos os perigos ( d e feras e também d e agressão m i l i t a r ) ; e um p o v o c o m p r o m e t i d o com ele e fiel. • Vale d e Acor/da Desgraça (15) Perto de Jericó; o lugar onde Acã pecou e foi castigado (Js 7 ) . • Meu Baal (16) Significa "meu senhor". Era a palavra corriqueira para "senhor", "mestre", "marido", mas era, também, o nome d o deus cananeu de fertilidade. • Jezreel (22) A palavra significa "Deus semeia".
484
Os Profetas O s 3: A m u l h e r d e O s é i a s é posta à prova Gômer, que a p a r e n t e m e n t e se tornara escrava de outro h o m e m , foi trazida dc volta c posta à prova. Novamente, a ação dc Oséias e seu amor contínuo se transformam numa lição objetiva. Por um t e m p o , Israel também seria privado das coisas com eme contava — seu rei e seus símbolos religiosos — mas no momento apropriado voltaria para Deus. • Bolos de passas (1) Oferecidos aos deuses da fertilidade na esperança de obter uma boa colheita. • V. 4 Os sacrifícios c a estola sacerdotal faziam parte da adoração aprovada por Deus; a coluna e os ídolos d o lar faziam parte d o sincretismo pagão. O s 4: A a c u s a ç ã o d e D e u s contra Israel
Um povo colhe o que semeia. Deus devolveria a prosperidade ao povo. caso eles se voltassem para ele. Cena de colheita nas colinas da Judeia.
De agora e m diante não há mais menção da família de Oséias. Mas aquela experiência permanece e ela influencia o restante d o livro. A verdadeira fé em Deus sc expressa em obediência às suas leis. A "prostituição" d e Israel no âmbito religioso levou à prostituição no sentido literal ( 1 0 - 1 4 ) . A religião pagã com suas prostitutas cultuais trouxe consigo
a degradação sexual ( 1 3 - 1 4 ) e o colapso da lei e da ordem na sociedade (os Dez Mandamentos básicos estavam sendo quebrados, v. 2 ) . Os sacerdotes, que falhavam e m ensinar as leis de Deus e tiravam proveito da situação ( 4 - 9 ) , bem c o m o os h o m e n s de Israel (14) eram responsáveis pelo que havia acontecido. E disso Deus lhes pediria contas. • V. 15 Bete-Áven/Bete-Avém significa "casa da impiedade" e era um nome depreciativo de Betei ("casa de Deus"), um dos centros religiosos no reino do Norte. Gilgal, perto de Jericó, também era um importante centro de adoração. • Efraim (17, ARA) A tribo mais poderosa representava a nação de Israel. N T L H traduziu por " o meu p o v o " . O s 5: J u í z o Uma geração cresceu sem conhecer a Deus ( 7 ) . O grito de alarme foi dado nas fronteiras de Judá, pois Judá compartilhava o pecado com o qual Israel se havia habituado (8-12). N e m m e s m o o g r a n d e rei da Assíria (13; Tiglate-Pileser III — veja 2Rs 16.5-9) podia salvá-los d o juízo de Deus. Estes versículos p r o v a v e l m e n t e referemse à guerra d e Israel e Síria contra Judá (2Rs 15.27-30; 1 6 . 5 - 9 ) .
Oséias O v. 15 expressa o anseio de Deus. Seria o sofrimento capaz de alcançar o que a prosperidade não havia conseguido, servindo, nas palavras de C S Lewis, c o m o " m e g a f o n e de Deus para despertar um mundo que não quer ouvir"? > Mispa,Tabor, vale das Acácias (1-2, NTLH) Lugares onde havia templos para a adoração de Baal. Os 6.1-6: A r r e p e n d i m e n t o que n ã o d u r o u m u i t o 0 sofrimento fez o p o v o voltar-se a Deus novamente. Mas não houve mudança profunda ou de longo prazo. Seu "amor" evaporou como orvalho no sol quente. Deus queria um amor duradouro e um v e r d a d e i r o conhecimento dele. Os vs. 4-6 expressam a p e r p l e x i d a d e d o Deus de amor diante da atitude de seu p o v o . Em Mt 9.13; 12.7, Jesus retomou a importante afirmação de que Deus queria o a m o r de seu povo, não holocaustos. Os 6 . 7 — 7 . 1 6 : C a t á l o g o de p e c a d o s Os sacerdotes se transformaram e m assaltantes. No centro da r e l i g i ã o nacional, e m
Siquém, havia intriga e assassinato ( 6 . 7 - 1 0 ) . Na corte não era diferente. Os reis eram mortos e m conspirações (7.6-7; veja introdução). Israel recorria a p o v o s estrangeiros ( 8 - 9 ) , potências estrangeiras ( I I ) , deuses estrangeiros ( 1 6 ) , mas nunca recorria ao Senhor. A ling u a g e m d e Oséias é marcante pelas figuras que ele emprega ( 8 , 1 1 - 1 2 ) . • Forno (7.4) Eles assavam seus pães achatados cm chapas quentes colocadas sobre brasas. O pão ( 8 ) tinha que ser virado para assar de ambos os lados. O s 8: D e u s é d e s p r e z a d o Israel seria envolvido no turbilhão d o juízo divino. Eles fabricaram deuses, inventaram leis, coroaram reis que lhes agradavam, fazend o de conta que Deus c suas leis não existiam. Mas nem ídolos nem aliados p o d e m ajudar quando o Deus que eles esqueceram começar a agir. • Bezerro (5) Jcroboão, o primeiro rei de Israel (o reino d o N o r t e ) , colocou duas imagens em templos da região para fazer concorrência ao Templo de Jerusalém ( l R s 12.28). O bezerro tinha uma antiga associação com cultos pagãos no Egito e em Canaã. O s 9: U m d e s t i n o t e r r í v e l para Israel E provável que Oséias tenha anunciado esta mensagem no momento culminante da festa da colheita da uva ( 1 - 5 ) . O povo podia chamálo de tolo, mas ele sabia que era sentinela de Deus e por isso tinha que falar ( 7 - 8 ) . Israel se tornaria uma nação escrava da Assíria, c o m o fora d o Egito ( 3 , 6 ) . O pecado se tornara habitual, arraigado, a ponto cie Deus finalmente retirar seu amor ( 1 2 , 1 5 ) . Por terem andado sem rumo, afasianclo-se de Deus, eles andariam errantes entre as nações ( 1 7 ) . É de David Hubbard a triste afirmação de que "desde a época e m que Oséias fez essa ameaça até os nossos dias, a grande maioria dos filhos e filhas de Israel tem Diáspora (Dispersão) por endereço." • Mênfis (6) As pirâmides c o m os túmulos dos reis d o Egito se encontravam ali desde o século 26 a.C. • Gibeá (9) Para a corrupção mencionada aqui, veja Jz 19. • Baal-Peor(IO) Veja N m 25. • Gilgal (15) Centro de adoração a Baal, mas também o lugar onde Saul foi aclamado rei ( I S m 11.14-15). Provavelmente era isto que
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Os Profetas
Entendendo Oséias Grace I. Emmerson Deus mandou Oséias casar com uma mulher que ele sabia que seria infiel. O coração partido do profeta era um reflexo de como Deus se sentia com relação a seu povo infiel.
Oséias é um livro sobre o amor: o amor de Deus e o amor humano. Também fala sobre responsabilidade humana, sobre as escolhas a favor e contra Deus que Israel teve que fazer, e que nós também temos que fazer. Escolhas erradas têm conseqüências para nossa vida. U m a lição tirada d a v i d a Nunca foi fácil ser profeta de Deus, mas para Oséias foi especialmente difícil. Ele não só teve de pregar sobre o amor de um Deus que não desiste, mesmo sendo rejeitado; ele teve que representar este amor, ilustrando o que pregava com a sua vida. Foi um ministério de alto custo. A primeira instrução que Oséias recebeu de Deus era estranha. Deveria casar com uma mulher imoral. Um começo surpreendente para um profeta! Estas palavras foram escritas após os acontecimentos e descrevem, não o que Gômer era no momento d o casamento, mas o que ela se tornaria, um retrato da infidelidade de Israel para com Deus. No entanto, apesar das escolhas erradas que trouxeram escravidão em vez de liberdade, este não foi o fim da história de Gômer ou do casamento de Oséias. Deus lhe deu uma segunda instrução no sentido de continuar amando com um amor que nunca desiste, a exemplo do amor de Deus (cap. 3). Não temos nenhum indício de quais teriam sido as emoções de Oséias, da dor que deve ter sentido quando Gômer o abandonou, nem da coragem necessária para renovar o relacionamento. Não sabemos se seu casamento teve um final feliz. Pois esta não é uma história de amor que envolve Oséias e Gômer. É a história do amor de Deus; não apenas história do passado, mas a palavra de Deus para nós hoje.
deuses diante de mim". Eles queriam "deixar uma área de escape", para que, se o SENHOR falhasse, tivessem outro deus em quem poderiam confiar. E assim se voltaram para Baal, o deus cananeu da fertilidade, e descobriram que o culto a Baal era menos exigente d o que a adoração ao SENHOR.
U m a leitura n a d a a g r a d á v e l Oséias não é um livro fácil de se ler e muitas vezes a leitura não é nada agradável. Chega a ser, até mesmo, uma leitura que mete medo. Deus é descrito várias vezes c o m o um
"O amor não tem como não se transformar em esperança". Kazoh Kitamori
animal selvagem, destrutivo e perigoso. Isto soa ofensivo, mas é um aspecto importante da mensagem de Oséias. O pecado é algo sério, suas conseqüências devastadoras. O amor de Deus não é superficial e sentimental, mas custoso e transformador. Jesus teve de pagar o preço da morte na cruz. Os contemporâneos de Oséias, no entanto, havia se esquecido do primeiro mandamento: "não terás outros
E Gômer? Recentemente, estudos feministas de Oséias apresentaram maneiras novas e, por vezes, desconcertantesde entender a história de Oséias e Gomei (caps. 1—3) e a cultura patriarcal da qual ela nos vem. Não bastasse o fato de a idolatria do povo ser simbolizada pela infidelidade de uma mulher.a história é contada em sua íntegra do ponto de vista do marido. A mulher é passiva do começo ao fim, sem voz nem vez. A acusação e a restauração são feitas pelo marido. O amor e a disciplina são impostos a ela. Igualdade para todos Mas é aqui que o símbolo é inadequado. O amor de Deus é oferecido livremente. A escolha é nossa. Aqui reside a grandeza da Bíblia. Ela reflete uma cultura patriarcal antiga, mas a transcende com igualdade para todos, proclamando a cada nova geração que Deus, embora entristecido pela nossa rejeição, ainda perdoa sem restrições, oferecendo através de Jesus um caminho de volta para o seu amor.
Oséias Oséias tinha e m mente. O desejo do povo de ter um rei trazia e m si os germes d o perigo. Alguns dos reis posteriores usurpariam o lugar de Deus como verdadeiro Líder do seu p o v o . Os 10: D e s g r a ç a e d e s t r u i ç ã o Externamente, o rico p o v o de Israel clava mostras d e g r a n d e r e l i g i o s i d a d e ( 1 ) , mas internamente se distanciava cada v e z mais de Deus. A i m a g e m d o b e z e r r o e m B e t e i se tornara o único "rei" da nação ( 3 - 5 ) , rei destinado à destruição ( 6 - 8 ) . Agora estavam colhendo o que plantaram há muito t e m p o (13). Porém, ainda havia a possibilidade de fazer uma semeadura bem diferente ( 1 2 ) . • Salmã (14) Provavelmente se trata de uma referência à recente invasão de Gileade por Salmana, de Moabe. Os 1 1 : O a m o r d o P a i Este capítulo nos dá uma idéia d o coração infinitamente a m o r o s o e paterno de Deus. Durante a sua longa história, desde a época em que estava no Egito, e apesar de tudo que Deus havia feito por eles, Israel rejeitou o amolde Deus (1 - 4 ) . A nação não merecia misericórdia (5-7). Entretanto, Deus não consegue decidir-se pela destruição d o povo ( 8 - 9 ) . Ele fica dividido entre o amor e a justiça, e nenhum destes podia ser negado. Esta é a dor que ele tomou sobre si na cruz de Cristo. • Admá e Zeboim (8) Duas cidades ao sul d o mar Morto, provavelmente destruídas junto com Sodoma c Gomorra (Gn 1 9 ) . Os 1 2 : L i ç õ e s d a h i s t ó r i a É difícil de acompanhar a seqüência deste capítulo. Israel precisava ser l e m b r a d o d o
astuto Jacó ( 3 - 6 , 1 2 ) e c o m o ele aprendeu a depender de Deus, e esquecer a independência de que se orgulhavam e a confiança e m potências estrangeiras. O p o v o zombava dos profetas de seu t e m p o . Precisavam lembrar que foi através de um profeta ( M o i s é s , 13) que Deus criara a nação. • Vs. 3-4,12 Incidentes relatados em Gn 25.21-26; 32.22-32; e cap. 29. O s 13: O v e n t o o r i e n t a l do juízo divino Israel podia voltar-se a Baal e outros ídolos, mas na verdade não havia Deus além d o SP.NI IOR. O povo pode esquecê-lo ou não levá-lo e m conta, mas ele existe; e se ele advertiu, dizendo que traria juízo, é bom saber que ele tem poder para fazer o que anunciou. • Vento leste (15) O vento quente do deserto que seca nulo em seu caminho. O s 14: " V o l t e , ó I s r a e l " Após o t o m e n é r g i c o d o cap. 13, este último capítulo é cheio de amor e súplica. O caminho estava aberto. Não havia necessidade de passar pelo fogo d o juízo. Era preciso pedir perdão a Deus ( 2 - 3 ) para encontrar o seu a m o r e iniciar uma vida nova e transformada ( 4 - 7 ) . Este era a única decisão realmente sábia ( 9 ) . Oséias colocou isto de forma b e m clara, mas os seus contemporâneos não lhe deram o u v i d o s . Os assírios v i e r a m e destruíram Samaria, a esplêndida capital de Israel. Levaram os israelitas restantes ao exílio e repovoaram sua terra com estrangeiros. Quando Deus ameaça com juízo, ele não está brincando.
"Serei para Israel como orvalho; ele florescera como o lírio" (Os 14.5). Ucas promeie a seu povo uma nova vida, quando cies retomassem a ele.
JOEL
"O que deixou o gafanhoto cortador, comeu-o o gafanhoto migradur; o que deixou o migradon comeu-o o gafanhoto devorador; o que deixou o devorador, comeu-o o gafanhoto destruidor." Jl 1.4
Em sua misericórdia. Deus restaura a fertilidade ã terra. "\bu lhes dar cereais, vinho c azeite" (Jl 2.19). A prensa de olivas voltaria a funcionar
Não sabemos quase nada sobre este profeta, exceto o nome de seu pai (1.1). Além disso, a profecia contém alguns indícios da data em que foi escrita. Podemos estimar algumas datas — que variam entre o século 8 e 4 a.C. ou até mais tarde — mas o livro em si é atemporal. Joel obviamente estava familiarizado com certos temas que também aparecem em Isaías, Amós e Ezequiel. Merece destaque o "Dia do Senhor", o dia em que Deus finalmente julgará o mundo e seu próprio povo. O que inspirou a mensagem do profeta foi uma terrível calamidade, uma praga de gafanhotos devoradores. As nuvens de gafanhotos taparam o sol e acabaram com o alimento, e o profeta viu nelas as trevas e o sofrimento que caracterizarão aquele Dia. Ele chamou o povo ao arrependimento, pois Deus ainda amava o seu povo e queria resgatá-lo e restaurá-lo. Jl 1 : G a f a n h o t o s d e v a s t a m a t e r r a Uma praga de gafanhotos c o m o a que Joel descreve de forma tão nítida não c fenômen o incomum na região d e Jerusalém, havendo registro de fenômeno semelhante nos últimos 100 anos. As nuvens de milhões e milhões de gafanhotos são trazidas para a Palestina pelo vento que sopra da região da Arábia. Um gafanhoto passa rapidamente de larva para o estado de adulto alado ( 4 ) , e em cada fase seu apetite é insaciável. É pior que um exército invasor: quando chega e passa, não fica nada de verde para trás ( 6 - 1 2 ) . Na siniação descrita por Joel, não havia restado nada que pudesse ser oferecido a Deus em sacrifício (9,13), ou tão pouco que o povo usava o que tinha para não morrer de fome. Para Joel, a praga de gafanhotos era um sinal, uma prefiguração d o terrível Dia d o Senhor, o iminente dia d o juízo de Deus ( 1 5 ) . Joel pediu que decretassem um dia nacional dc oração ( 1 4 ) . J71 2 . 1 - 1 1 : D e u s j u l g a r á o s e u p o v o O e x é r c i t o de gafanhotos se torna um retrato d o exército invasor de Deus no dia d o
Resumo Uma praga de gafanhotos em Judá serve de advertência contra o Dia do Senhor. Mas Deus estava disposto a perdoar e abençoar o seu povo, desde que este se voltasse para ele. juízo: uma nuvem escura d e insetos cobrindo o céu ( 2 ) ; um "deserto assolado" que fica para trás (3); sua marcha progressiva, inexorável e totalmente irresistível ( 4 - 9 ) . O j u í z o de Deus seria assim. Quem poderia suportá-lo ( 1 1 ) ? Jl 2 . 1 2 - 1 7 : U m c h a m a d o ao arrependimento A boa notícia é que ninguém precisa passar pelo j u í z o de Deus. Ele ainda chama o povo ao arrependimento ( 1 2 ) . Joel convidou todo o povo a voltar para Deus c clamar por misericórdia ( 1 3 - 1 7 ) . Jl 2 . 1 8 - 3 2 : A p r o m e s s a d o Espírito Cheio de amor c compaixão, Deus promete d e v o l v e r e m abundância aquilo que os gafanhotos levaram. Ele livraria a terra dos gafanhotos que enviou contra ela ( 2 5 ) . A l é m d i s t o , Deus p r o m e t e u um grande d e r r a m a m e n t o d o seu Espírito, não somente sobre os sacerdotes e profetas, mas sobre as pessoas simples, i n d e p e n d e n t e m e n t e de s e x o , i d a d e ou nível social ( 2 8 - 3 2 ) . Em At 2.16-21, Pedro, dirigindo-se a uma multidão d c judeus de "todas as nações d o mundo" que estava e m Jerusalém, anunciou que esta profecia de Joel estava sendo cumprida. • D o Norte (20) As nuvens de gafanhotos geralmente chegam à Palestina a partir do sul ou d o leste. Mas a ameaça militar vinha d o norte. Assim, o invasor d o norte deve indicar um inimigo hostil, e não a origem dos gafanhotos. Jl 3 . 1 - 2 1 : D e u s j u l g a as nações As nações serão castigadas por tudo que fizeram ao p o v o de Deus ( 3 . 2 - 8 ) . Multidões serão reunidas para serem julgadas por Deus. Ali ele decidirá o destino delas ( 1 4 ) . Então Deus fará sua morada numa cidade e entre um p o v o santificado; e toda a terra terá participação nesta abundante bênção (16-18).
Joel
• Tiro, Sidom, Filístia ( 4 ) Veja Ez 25—28. Aitaxerxes III vendeu os sidônios c o m o escravos em 345 a . C , e, e m 332 a . C , Alexandre Magno vendeu o povo de Tiro e os moradores da cidade filistéia de Gaza c o m o escravos. • Sabeus (8) Famosos comerciantes árabes.
• V, 10 Joel inverte as famosas palavras de Isaías (Is 2 . 4 ) . • V. 12 Algumas versões (ARA, N T L H ) dizem "losafá", que significa "o S I Í N H O R julga". Isto explica as traduções alternativas, "vale d o Julgamento", "vale da Decisão".
Joel viu uma praga de gafanhotos como ilustração do grande e terrível dia ilo Senhor, o dia do juízo divino. Abcncão de Deus • • [vpreselH.iua por uma terra fénil e produtiva da qual o seu povo pode desfrutar
AMÓS A m ó s era um l e i g o : pastor de ovelhas e podador de figueiras. Era natural de Tecoa (1.1), que ficava uns 20 km ao sul de Jerusalém, junto ao deserto da Judeia. Mas Deus o enviou c o m o seu profeta ao reino d o Norte, Israel (7.14-15). Sua base de operações era o centro religioso de Betei, onde o rei Jeroboão I havia levantado a imagem de um bezerro, quando da divisão d o povo de Deus em dois reinos rivais. Amós viveu no reinado de Jeroboão II (793753 a.C), que se caracterizou c o m o um breve período de prosperidade e influência para Israel. Mas sob a capa da riqueza havia muita corrupção e podridão. Amós foi enviado para denunciar a corrupção social e religiosa, e anunciar o iminente juízo de Deus. Porém o povo não lhe deu ouvidos, como fizeram com seu contemporâneo Oséias. E o "capelão" d o rei mandou que ele voltasse para Judá (7.10-17)! Trinta anos após a morte de Jeroboão, e m 722/1, os assírios, vindos d o norte, destruíram Samaria e levaram o povo ao exílio. Israel, o reino do Norte, deixou de existir. Mas a voz do profeta continua soando. Ela clama por justiça a favor dos pobres e indefesos de todas as épocas e lugares e adverte que Deus julgará os poderosos que continuam a oprimi-los. Deus não fica indiferente.
Resumo Amós, pastor de ovelhas e profeta, traz advertências a respeito dojuízodeDeus ao povo do reino de Israel (o reino do Norte). Caps. 1—2 O juízo de Deus sobre as nações vizinhas — e sobre Israel
A m 1—2: O juízo de Deus sobre Caps. 3—6 as nações — Advertências de e Israel juízo; apelos ao A m ó s condena arrependimento as nações ao redor de Israel, uma por Caps. 7.1—9.6 u m a : Síria, FilísVisões de juízo tia, T i r o , E d o m , A m o m , M o a b e . Os Cap. 9.7-15 A restauração de um sírios eram culparemanescente fiel dos de c r u e l d a d e desenfreada (passavam rodas c o m pontas d e ferro sobre seus cativos, 1.3); os filisteus, de vender seu próprio p o v o . Tiro e Edom transgrediram as leis de parentesco. As atrocidades de A m o m foram cometidas apenas para conquistar mais terras. A o profanar um cadáver, M o a b e violou uma das leis não escritas mais difundidas no mundo antigo. Deus castigaria cada uma dessas nações. Sem dúvida os israelitas presentes gostaram de ouvir que seus inimigos estavam condenados. Mas A m ó s não parou ali. O reino de Judá t a m b é m estava sob c o n d e n a ç ã o (2.4-5). E agora a situação começa a ficar desconfortável, pois o próximo na lista só pode ser o reino de Israel. M e s m o assim, seus ouvintes não esperavam uma mensagem tão chocante, um refrão que desta v e z era para eles: "Por três transgressões de Israel e por quatro, não sustarei o castigo" ( 2 . 6 ) . Este era o propósito principal da pregação de A m ó s : advertir os israelitas que eles também estavam sob o juízo de Deus. Oséias deixou claro que o pecado básico de Israel era o abandono de Deus para adorar ídolos. Mas A m ó s enfatizou o declínio moral e social resultante. Eles se tornaram insensíveis em seus relacionamentos com outras pessoas; jovens e velhos tinham relações com as prostitutas dos templos; c haviam amordaçado os porta-vozes d e Deus. N i n g u é m escaparia do castigo de Deus.
A justiça e os pobres são um importante tema das Escrituras. É um lema que perpassa a história da salvação, desde que Abel foi assassinado por Caim, seu irmão, até o momento em que as lágrimas são enxugadas, no livro do Apocalipse. Uma q u e s t ã o d e c o r a ç ã o e vontade A idéia bíblica de justiça não é uma formulação teórica que simplesmente exercita o intelecto. Pelo contrário, exercita o coração e a vontade. Ela é resumida nas palavras de Jesus, que disse que amar Deus de todo o coração, de toda a alma e de toda a mente; e amar nosso próximo como a nós mesmos resume toda a Lei e os profetas (Mt 22.37-40). Estas duas afirmações concretizam a expressão da justiça de Deus no AT. Deste ponto de vista, a justiça tem uma característica relacional dinâmica; na verdade, é a característica de uma ação amorosa entre Deus e os seres humanos, e dos seres humanos entre si. Uma ação que está à altura das necessidades de um relacionamento, seja com Deus ou com outras pessoas, é considerada justa. Justo é qualquer ato dentro do relacionamento de aliança que mantém, preserva ou restaura a base de uma vida em comum. Vivendo e m c o m u n i d a d e Ajustiça une humanidade e comunidade, dois elementos importantes muito desgastados em nossos dias. Por exemplo, os líderes e as potências mundiais ficam felizes em fazer do mundo uma aldeia global na economia, mas será que estão dispostos a fazer dele uma comunidade em que, deforma compassiva, uns cuidam dos outros e em que existe um compartilhamento justo dos recursos?
No AT, a lei de Moisés, exemplificada nos Dez Mandamentos, e todas as outras leis foram forjadas no contexto de um pacto de obediência e fidelidade — entre Deus e o seu povo, e entre os indivíduos. Tudo estava aberto e nada era forçado. Todas as leis pretendiam criar uma base sadia para a vida comunitária. A preferência d e Deus pelos pobres Assim, a justiça bíblica não tem uma venda nos olhos, s e g u r a n do de forma imparcial a balança, c o m o o símbolo da justiça q u e temos hoje. Pelo contrário, ela tem um rosto descoberto, magnífico e santo; o rosto d e Deus v o l t a d o bondosamente para os pobres, os desamparados e oprimidos. Num mundo caído em que impera uma injustiça crônica, tanto no passado como agora, Deus se coloca firmemente como Protetor e Vingador dos necessitados (SI 10.14-18). Esta é a preferência social de Deus, sua parcialidade.
Não é que os pobres são necessariamente santificados pela carência que experimentam em sua vida, ou que são mais virtuosos do que os ricos por causa do seu sofrimento. Paulo diz no NT: "pois todos pecaram e carecem da glória de Deus" (Rm 3.23). É que na escala social de Deus, em meio a todo o mal e à distorção causada pela condição pecaminosa do ser humano, aqueles que ficam na parte inferior da escala estão na situação de "prejudicados"; são aqueles "contra os quais se peca". E por ser o critério último do que é a justiça, Deus abraça a causa deles. Pois ele ama a justiça e o direito (SI 33.5); ele fica perto dos que estão desanimados e salva os que perderam a esperança (SI 34.18). Reis e j u í z e s Como Senhor da Justiça (Jr 23.6), Deus espera, acima de tudo, que reis e juízes (isto é, líderes da nação) sejam justos e corretos (2Sm 8.15; ICr 18.14; 1Rs 10.9; Dt 1.16; Êx 23.7-8; SI 82.3-4).
Os Profetas O dever do rei é, não se deixar corromper, mas vigiar constantemente para falar em favor daqueles que não podem articular seu sofrimento. Ele deve julgar com justiça e defender os direitos dos pobres e necessitados (Pv 31.4-5,8-9). Por outro lado, os juízes não devem aceitar suborno, nem serem intimidados pelos poderosos, mas, sim, preservar o direito dos afligidos e destituídos, e socorrer os fracos e necessitados. O papel dos profetas Lembrar isto aos líderes era o papel dos profetas, que clamaram contra a idolatria e a injustiça — nos níveis pessoal, nacional e internacional. Em muitos momentos, eles dramatizaram em sua pessoa as conseqüências que adviriam do fato de o povo só ter olhos e ouvidos para seus próprios caprichos e desejos. Na economia das Escrituras, a fidelidade ao Deus único e o bemestar do povo andam de mãos dadas (assim como a idolatria vem acompanhada pela injustiça). Devemos refletir sobre isto na realidade atual de secularismo, pluralismo e grandes avanços científicos, onde a injustiça claramente aumenta, e fica cada vez mais sofisticada. Seria isto o resultado da negação da existência de um Deus absoluto de justiça em nosso meio? Nosso próprio m u n d o Hoje, os pobres do mundo aumentaram grandemente em número e apresentam várias faces. Devido a modificações de ordem geopolítica, as guerras étnicas de nossos dias, que eliminam populações inteiras, são uma repetição sombria do episódio em que Caim matou Abel. Atos de terrorismo internacional matam pessoas inocentes. E o poderio bélico é aplicado em escala tal que, para muitos, suscita questões relacionadas com a justiça. Dessas guerras resultam milhares de refugia-
dos que ninguém quer receber. Em constante movimento e sem pátria própria, estão em piores condições que os exilados da antiguidade. Mulheres e crianças em todo o mundo trazem as marcas da opressão a que são submetidas por razões de g ê n e r o e porque se mostram indefesas. Os velhos, doentes e enfermos são deixados para trás. Os milhares de trabalhadores dos países pobres percorrem a face da terra. Deslocados cultural e socialmente, geralmente trabalham em condições impróprias. A f o m e em muitas partes d o mundo deixa milhões, se não mortos, como meros espectros d o que eram. E ao mesmo tempo há nações que lutam contra a obesidade entre seus cidadãos, gastando milhões com tecnologias de redução de peso. Hoje também, uma grande parte da humanidade sofre opressão não só nas mãos de vizinhos, mas nas mãos invisíveis de elites poderosas em seus próprios países e no mundo inteiro. Ao criarem leis, estruturas e sistemas que favorecem os interesses de poucos, as pessoas de nossos dias inventaram uma maneira de se distanciar dos atos diretamente opressivos, não só contra indivíduos e comunidades, mas também contra nações e povos inteiros. Algumas das leis, estruturas e sistemas político-econômicos que operam atualmente mantêm nações mais fracas em constante dependência e subdesenvolvimento. Que os pobres sempre estarão conosco é algo que ainda se pode verificar — prova de uma consciência universal não regenerada sob o juízo de Deus. Q u e m p o d e ajudar? O profeta Isaías examinou a realidade moral e social da sua época e constatou que o quadro não era nada animador. Ele lamentou:
" O SENHOR viu isso e desaprovou o não haver justiça. Viu que. não havia ajudador algum e maravilhou-se de que não houvesse um intercessor". Is 59.15-16 Interceder foi o grande desafio para Isaías e todos os profetas fiéis antes e depois dele. Hoje, com injustiça estruturada e globalizada, e com os pobres ainda mais marginalizados e reduzidos a simples estatísticas, o desafio de ser um intercessor continua mais urgente do que nunca.
493 • 1.3,6,etc. A frase "Por três... e por quatro" indica um número indefinido. Seria c o m o dizer: " v e z após v e z " , "por crimes e mais crimes". • Hazael, Ben-Hadade (1.4) Reis da Síria. Hazael apossou-se d o trono na época de Eliseu e fundou uma dinastia. • Quir (1.5) Local de origem dos sírios. • Gaza, A s d o d e , Asquelom, Ecrom (1.6-8) Quatro das cinco cidades dos filisteus. • Seu irmão (1.11) Edom e Israel eram descendentes de dois irmãos, Esaú e Jacó. , Rabá (1.14) Capital amonita; a moderna Amã, capital da Jordânia. • 2.8 A Lei era humanitária e exigia que roupas penhoradas fossem devolvidas ao anoitecer (Êx 22.26-27). • Amorreu (2.9) Termo usado num sentido inclusivo, referindo-se aos habitantes originais de Canaã. • Nazireus (2.11) Homens consagrados a Deus por um voto especial que envolvia a abstinência do vinho. Am 3 : O c a s t i g o Israel, o p o v o que Deus havia tirado d o Egito ( 1 - 2 ) , quebrara sua aliança com Deus. Em conseqüência, eles deviam sofrer o castigo. Era uma simples relação de causa e efeito (como os outros e x e m p l o s dados nos vs. 3-6). Deus falou; e l e agiria. Da bela Samaria, com suas grandes casas d e pedra ornadas com marfim, sobrariam apenas alguns vestígios; só o suficiente para mostrar que a cidade existira. E Deus demoliria os altares da religião c o r r o m p i d a praticada c m Bctcl (v. 14). Am 4: A s a d v e r t ê n c i a s d e D e u s são i g n o r a d a s As mulheres de Samaria , que g o s t a v a m do luxo e q u e " h a v i a m e n g o r d a d o " ( c o m o as vacas b e m a l i m e n t a d a s da r e g i ã o fértil de Basã) às custas dos pobres, seriam arrastadas com ganchos. ( O s assírios r e a l m e n t e faziam isto c o m seus c a t i v o s . ) A o m e s m o tempo e m que e s m a g a v a os d e s a m p a r a d o s (aqueles p e l o s quais Deus tinha c u i d a d o especial e que eram protegidos pela Lei de Deus), o p o v o ainda mantinha uma fachada piedosa ( 4 - 5 ) . Mas r e l i g i ã o c o m o " a p ó l i c e de seguro" não é r e l i g i ã o v e r d a d e i r a (veja Tg 1 . 2 6 - 2 7 ) . C o m f o m e c seca, p r a g a s e doenças. Deus os advertira d e seu destino — sem sucesso.
Deus julgaria as pessoas de Samaria, que gostavam do luxo. que decoravam as suas casas com entalhes de marfim c exploraram os pobres. Esta era a mensagem de Amós.
A m 5.1-17: " V o l t e m p a r a o SENHOR e vocês viverão" Imediatamente após a canção fúnebre cantada a respeito de Israel ( 1 - 3 ) v e m um apelo. Deus convida o seu povo a buscá-lo, para que seja salvo. Isto não significa mais sacrifícios nos santuários corruptos da nação ( 5 ) , mas uma vida renovada, um retorno aos padrões divinos de justiça e boa conduta e m público c na vida privada. • Porta (10, ARA) Equivalente a "tribunal". A porta da cidade era o lugar onde se faziam negócios e se administrava a justiça. • José (15, ARA) Efraim c Manasses (os descendentes dos dois filhos de José) eram as principais tribos d o reino d o Norte. A m 5.18-27: M á s notícias! O Dia d o S e n h o r estava c h e g a n d o . Na época de A m ó s , o povo usava esta expressão para descrever um período e m que Deus agiria a favor deles contra seus inimigos. Eles a g u a r d a v a m esse dia. S u r p r e e n d e n t e m e n te, A m ó s afirma que naquele dia Deus agiria contra eles por causa da sua iniqüidade. O Dia do Senhor não seria o que eles esperavam: seria c o m o saltar da frigideira para dentro d o fogo ( 5 . 1 9 ) . Pior ainda, Deus declara que não aceita nem gosta d o culto deles. O que ele queria era justiça, ou seja, vê-los fazendo o que é certo. Os profetas d o A T falam c o m freqüência do Dia d o Senhor: veja Is 13.6; Ez 30.2-3; Jl 1.15-18; Sf 1.7-18. • Sicute, Quium (26) Deuses assírios associados ao planeta Saturno.
"Aí (ÍO.S qiíC uueretll que venha o Dia do SBNHORI Por que éque vocês querem esse dia? Pois será um dia de escuridão e não de luz... Eu odeio, eu detesto as suas festas religiosas; não tolero as suas reuniões solenes... Parem com o barulho das suas canções religiosas; não quero mais ouvir a música de harpas. Em vez disso, quero que haja tanta justiça c o m o as águas de uma enchente e que a honestidade seja como um rio que não pára de
correr."
Am 5.18,21-24 (MTLH)
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Os Profetas • O SENHOR se arrependeu (7.3,6) Isto é, ele mudou de idéia ( N T L H ) e teve misericórdia. A m 7.10-17: B a t e - b o c a O profeta d e Deus e a " r e l i g i ã o oficial" batem de frente nesse confronto entre Amós e A m a z i a s ( 1 0 - 1 7 ) . O profeta falava com a autoridade de Deus e não podia permitir que tentassem silenciá-lo. A m a z i a s morreria no exílio. Os soldados d o exército invasor abusariam da mulher dele, matariam seus filhos e tomariam a sua propriedade. • Vs. 14-15 Amazias dera a entender que profetizar era apenas uma profissão. Amós responde que, no caso d e l e , é diferente, e que ele só profetizava porque Deus havia ordenado.
Israel seria sacudido, assim como se sacode trigo tio crivo (Am 9.9). Na foto, uma mulher peneira trigo cm Siear.
A m 6: D e s t r u i ç ã o e e x í l i o Riqueza e vida fácil (naquele tempo c o m o hoje) isolam as pessoas das questões realmente importantes e causam um falso senso de segurança. Em todas as épocas, a auto-suficiencia c o orgulho levam os seres humanos à ruína (Gn 11.1-9; Ez 2 8 ) . Agora o orgulho d o povo de Israel, que Deus odiava ( 8 ) , seria destruído. A ruína e o exílio aguardavam o povo de Deus. • Calné, Hamate (2) Duas cidades na Síria; Hamate é a moderna Hama. • Lo-Debar, Carnaim (13) Cidades a leste d o Jordão, que Israel tomou dos sirios. • Araba (14) O vale árido vai d o mar M o n o ao golfo de Acaba. A m 7.1-9; 8.1-3; 9.1-6: As visões de A m ó s Nestas passagens aparecem cinco visões de destruição. Após as duas primeiras, a dos gafanhotos e d o f o g o , A m ó s pede a Deus que perdoe o seu p o v o , e Deus aceita o p e d i d o . Mas nas duas seguintes (a do prumo, 7.7-9, e da cesto de frutas, 8.1-3) isto não se repete. O juízo era necessário e certo. A última visão (9.1-6) apresenta um quadro terrível de destruição total.
• Sicômoros (14, ARA) Um tipo de figueira; não a mesma árvore que nós chamamos de sicômoro. A m 8.4-14: A r u í n a d e I s r a e l está perto As pessoas g o s t a m dc pensar que seus pecadilhos são tão pequenos que Deus nem nota. Mas Deus tudo v ê : ganância e exploração; balanças enganadoras e produtos de má qualidade. E os pobres, que sempre saem perdendo, são objeto de preocupação especial da parte de Deus. • V. 5 Os comerciantes cobravam a mais e adulteravam pesos c medidas. • Dã (14) Ficava no extremo norte de Israel. Ali, Jeroboão havia colocado a imagem de um bezerro para que o p o v o não fosse adorar em Jerusalém. A m 9.7-15: A r e s t a u r a ç ã o d e u m r e m a n e s c e n t e fiel Para a nação c o m o um todo, o j u í z o seria inevitável. Deus os trataria c o m o trata qualq u e r nação estrangeira ( 7 a ) . M a s para os poucos fiéis, o futuro reservava uma bênção inimaginável ( 1 1 - 1 5 ) . • Caftor (7) Creta, local dc origem dos filisteus.
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OBADIAS Deste profeta, não se sabe nada além d o nome, que significa "servo de Deus". Sua profecia diz respeito à queda de Edom (para outras profecias contra Edom, veja Is 34.5-15; Jr 49.7-22; Ez 25.12-14;35.1-15; Am 1.11-12). Edom ocupava a região montanhosa a sudeste do mar Morto. A capital. Sela (agora Petra), ficava num planalto acima de um desfiladeiro rochoso, e o acesso se dava através de uma estreita fenda (cerca de 4 m de largura), Era praticamente inexpugnável. De lugares fortificados nas montanhas como esse, os edomitas lançavam seus ataques contra a Palestina. Como descendentes de Esaú, eram parentes dos israelitas, mas jamais houve um bom relacionamento entre os dois povos. O ultraje final — e o motivo da profecia de Obadias — foi a invasão de Judá patrocinada pelos edomitas, enquanto Jerusalém estavam sendo saqueada pelos babilônios em 587 a.C. Obadias denuncia o orgulho de Edom ( 3 ) . Os edomitas c o n s i d e r a v a m suas fortalezas invencíveis, mas eles seriam totalmente destruídos ( 8 - 1 0 ) .
Resumo Uma profecia contra Edom
N o século 5 a . C , os árabes tomaram Edom, e, no século 3, a região foi conquistada pelos nabateus (que construíram a cidade de Petra, na atual Jordânia). Alguns edomitas se instalaram no sul de Judá. Herodes o Grande, rei dos judeus na época do nascimento de Jesus, era descendente deles. Após o ano 70 d.C., os edomitas desapareceram completamente da história. Em contraste c o m o E d o m d e s p o j a d o , Israel voltaria a possuir uma grande extensão de terra, que incluiria inclusive o antigo território edomita ( 1 7 - 2 1 ) . • Temã (9) Importante cidade de Edom, pátria de Elifaz, a m i g o d e Jó. O monte Esaú ( A R A ) é o monte Seir. • V. 19 "Neguebe": o deserto do sul; "planície": a Sefelá, ou região de colinas que fica junto à planície costeira ocidental; "Efraim e Samaria": o reino do Norte, Israel; "Gileade": a leste do Jordão. • V. 20 "Sarepta" ( l R s 17.9; Lc 4 . 2 6 ) ficava entre Tiro e Sidom, na Fenícia (hoje Sarafand, no L í b a n o ) ; "Sefarade" pode ser Sardes, na região onde hoje fica a Turquia.
Obadias anunciou juízo sobre Edom. Na foto. pode-se ver. por cima e ao fnndo do "alto" usado para sacrifícios, o "túmulo de Arão", no topo de um dos montes. N o topo do outro, vê-se a fortaleza de "Sela" (Umin a! Biyara, que significa "cisternas"), antiga capital de Edom.
Resumo O relato da missão do profeta Jonas em Nínive, capital da inimiga Assíria. A mensagem do profeta era esta: ou vocês se arrependem, ou terão que enfrentar o juízo de Deus.
JONAS Jonas é uma pequena obra-prima: uma excelente narrativa com um enredo cheio de surpresas. Não é de admirar que as crianças o apreciem. Mas o autor não o escreveu como história infantil. Jonas tem uma mensagem de vital importância. E mesmo que consideremos o livro um conto judaico, "ficção com uma mensagem" ou "história com moral", não há dúvida quanto aos temas principais. O livro é sobre justiça e misericórdia. Jonas teve que aprender que o relacionamento especial de Israel com Deus não implicava exclusividade. O cuidado e o interesse de Deus — seu propósito de salvar — se estendem a todo o mundo, até ao inimigo assírio que em 722/1 a.C. destruiu Israel. A história deve ter causado impacto significativo nos líderes judeus que compartilhavam a opinião de Jonas. Jesus ressaltou dois outros pontos: o paralelo com os três dias que ele haveria de passar no túmulo: e o pronto arrependimento dos ninivitas em contraste com os seus ouvintes (Mt 12.41; Lc 11.32). Jonas estava Ião decidido ;i fiigtr de Deus c da missão que havia recebido que iodo o seu niedo natural diante de uma longa viagem marítima foi ignorado, l'ara os judeus, o mar era amedroniador, .1 grande desconhecido, o habitat de monstros marinhos e do caos.
O AT não dá detalhes sobre o autor de Jonas ou a data de autoria. A única outra menção de um profeta com este nome aparece em 2Rs 14.25. Isto dataria esta história de meados do século 8 a.C. Nínive, capital da poderosa Assíria e assunto deste livro, foi destruída pelos babilônios em 612 a.C. Nada elimina completamente a data antiga sugerida pelo contexto, mas a maioria dos estudiosos data o livro do período do exílio, com base na linguagem e em certos problemas históricos (veja 1.17; 3.3 abaixo). Jn 1: J o n a s n ã o a c e i t a a missão de Deus C h a m a d o por Deus para ir a Nínive e denunciar a iniqüidade d o p o v o , Jonas zarpou na direção contrária. E Jn 4.2 diz por quê. N ã o é que ele estava com m e d o ( o v. 12 mostra que não lhe faltava c o r a g e m ! ) , mas ele conhecia Deus muito bem. Se os ninivitas
Jonas se arrependessem e mudassem sua conduta, Deus os perdoaria. E Jonas queria que esta cruel nação inimiga fosse destruída. Por isso, desobedeceu. A o tentarem salvar a vida dele, os marinheiros pagãos se revelaram mais bondosos que o h o m e m de Deus ( 1 3 ) . • V. 3 "Um navio que ia para Társis": possivelmente Tartessos, na Espanha. Jonas foi para o oeste, o mais longe possível de Nínive. • Um grande peixe (17) Embora cachalotes e tubarões grandes o suficiente para engolir uma pessoa sejam encontrados no Mediterrâneo oriental, este incidente claramente devia ser considerado um milagre. É uma das muitas coisas que Deus "manda" ou "envia" nesta história (veja 1.4; 4.6-8). A discussão em torno disso não deveria nos impedir de ver o objetivo da história. Jn 2: A o r a ç ã o d e J o n a s Este salmo comovente registra o clamor de Jonas no ventre d o peixe. De forma bem plástica, ele descreve como escapou da morte por afogamento, um destino d o qual Deus o salvou. Apesar d o aperto, cie caiu e m si e lembrou-se daquele a quem deveria ser fiel ( 8 - 9 ) . E Deus respondeu, t r a z e n d o - o de volta ao mundo de luz e de ar ( 1 0 ) . Ele teria a chance de recomeçar. • Abismo (2, ARA) O "Sheol" ou mundo dos mortos. Jn3: O s n i n i v i t a s s e a r r e p e n d e m Desta v e z , quando o chamado de Deus foi renovado, Jonas logo obedeceu e foi a Nínive. Esua mensagem produziu um efeito notável! A cidade inteira, d o maior ao menor, se arrependeu. E Deus os poupou.
• Três dias para percorrê-la (3) Se este não for um e x a g e r o d o autor para impressionar, e n t ã o se aplica a uma área mais ampla d o que a cidade p r o p r i a m e n t e . O muro interno da c i d a d e havia s i d o a m p l i a d o de três para mais d e 12 k m d e circuito p e l o rei Senaqueribe. • Deus se arrependeu (10, ARA) Veja A m 7.3. Jn 4 U m a d u r a l i ç ã o p a r a J o n a s Jonas queria que Deus limitasse o seu amor e a sua misericórdia a Israel, e deixasse os pagãos entregues à sua sorte. Em vez de alegrar-se que sua mensagem provocou uma reação tão fantástica, ele ficou furioso. E não foi só porque não queria fazer o papel de bobo. Não havia compaixão pelo p o v o de Nínive no coração de Jonas. E assim Deus se valeu de uma planta ( u m pé de m a m o n a ) para ensinar-lhe uma importante lição ( 6 - 1 1 ) . Existe, aqui, um sutil j o g o de palavras: "ter pena" pode também ter o significado de "ficar triste por perder" algo. Jonas ficou triste por perder a planta, assim c o m o Deus ficaria triste por perder Nínive. Mas os sentimentos de Deus, ao contrário dos de Jonas, brotavam de uma profunda compaixão ( 1 1 ) .
Em vez de obedecer às instruções de Deus, Jonas embarcou num navio e foi na direçiío contrária. O modelo acima é de um navio mercante grego, tio século 6 a.C
MIQUEIAS Miquéias foi um dos profetas do século 8 a.C, contemporâneo de Amós e Oséias (no reino do Norte, o reino de Israel), e também de Isaias (em Jerusalém). Era um homem do campo, de uma cidade situada no sudoeste de Judá, na fronteira com a Filístia. Sua mensagem se destinava a Samaria e Jerusalém, as capitais dos dois reinos. Uma comparação com Amós revela que Judá havia sido infectada com os mesmos pecados encontrados em Israel. Em vista disso, também Miquéias denuncia os líderes, sacerdotes e profetas e lamenta a exploração dos pobres, a desonestidade nos negócios e a hipocrisia na religião. "Ai daqueles que antes de se levantarem de manhã já fazem planos para explorar e maltratar os outros! li / o ; ' c , i / f i , s
se levantam fazem o que querem, pois são poderosos! Quando querem terrenos ou casas, eles os tomam. Maltratam os outros e não respeitam a familia nem a propriedude de ninguém. Por isso, o SENHOU
diz:
— Vou fazer a desgraça cair solire vocês, e vocês não escaparão."
Mq2.1-3 (NTIJI)
O juízo de Deus cairia sobre Samaria e Jerusalém; somente depois disto haveria restauração. Mas Miquéias também previu um futuro glorioso, um tempo em que Jerusalém se tornaria o centro religioso d o mundo, e em Belém nasceria um Davi mais importante que reinaria sobre todo o povo de Deus. M q 1: A s d u a s c i d a d e s N o lamento do profeta. Deus é apresentado descendo d o céu e caminhando sobre as montanhas para destruir Samaria por sua persisicnte idolatria. A ferida incurável havia se espalhado até Judá, e o j u í z o de Deus estava às portas de Jerusalém. Miquéias descreve a aproximação d o exército invasor. As cidades fortificadas são tomadas, uma após a outra. N o entanto, a ordem e m que são listadas não corresponde c o m o roteiro do exército assírio; ao contrário, aparecem ( a o menos as que nos são conhecidas) numa seqüência que forma um círculo ao redor de Moresete-Gate, a cidade natal de Miquéias ( 1 0 - 1 6 ) . (Os nomes dos lugares freqüentemente contém um j o g o de palavras: M o r e s e t e - G a t e é c o m o a palavra hebraica para "noiva"; Marcssa parece a palavra "conquistador".) Em Judá, os pais pranteariam a perda de seus filhos, levados para o cativeiro. Em 7 2 2 / 1 , os assírios destruíram Samaria. Em 701, sitiaram Jerusalém, e a cidade escapou por milagre (veja 2Rs 18.9—19.37).
Resumo Profecias a respeito do juízo de Deus sobre Samaria e Jerusalém por injustiça e crimes contra o povo: Deus traria castigo e, mais tarde, restauração.
Miquéias provavelmente foi testemunha desses dois acontecimentos traumáticos. • V. 1 Jotão (750-732) e Ezequias (729-687) eram reis bons (tementes a Deus); Acaz (735-716) foi um dos piores, introduzindo práticas pagãs terríveis, inclusive sacrifício de crianças. (Datas sobrepostas indicam período de co-regèneia.) • Gate (10) Cidade dos filisteus; portanto, território inimigo. • V. 13 Laquis liderou a nação na praticada idolatria. M q 2—3: E x p l o r a ç ã o e i n j u s t i ç a Os poderosos e influentes estavam e m ação, sem sc• preocuparem com os meios utilizados. Assim, propriedades eram confiscadas e famílias ficavam na miséria; e disseram ao pregador que isto não era de sua conta. (2.12-13 volta-se abruptamente para o futuro, descrevendo Deus à frente d o remanescente do seu p o v o . ) Em vez de promover a justiça, os líderes da nação "odeiam o bem e amam o mal". Eles tiram a pele d o p o v o e arrancam a came dos seus ossos (3.1-3 não é uma descrição literal!). Líderes, sacerdotes e profetas, era tudo farinha d o mesmo saco: todos tinham o seu preço ( 3 . 1 1 ) . Eles levariam Jerusalém à ruína (3.12). M q 4: G r a n d e z a f u t u r a A condenação d o cap. 3 é seguida por nova esperança. Os vs. 1-8 falam de uma nova Jerusalém, da qual a palavra de Deus sairá para todos os povos, e à qual as nações afluirão, numa e i a de paz e prosperidade. Deus traria de volta um remanescente do seu p o v o . Haveria salvação, isto é, resgate e restauração, mas somente após o sofrimento, após o trauma da invasão assíria e d o exílio babilónico. Então Deus julgaria, não apenas seu povo, mas todas as nações reunidas contra ele ( 1 1 - 1 3 ) . • Vs. 1 -3 Este trecho é quase idêntico a Is 2.2-4. Um pode ter citado o outro, ou ambos usaram uma profecia existente.
i Babilônia (10) O inimigo na época era a Assíria, mas, a e x e m p l o de Isaías, Miquéias viu de forma antecipada a potência que, 100 anos mais tarde, destruiria Jerusalém.
ças falsas que ele odeia porque enganam os pobres. E ele castigaria a fraude, a violência c a trapaça. • V. 5 Veja N m 22—24. • Sitim até Gilgal (5) Isto é, na travessia d o rio Jordão (Js 3 — 4 ) . • Meu primogênito... ( 7 ) O sacrifício d o primogênito foi introduzido e m Israel, juntamente com outras práticas pagãs, durante o período sombrio dos últimos reis. • V. 11 Veja A m 8.5. • Onri... Acabe (16) Dois reis de Israel conhecidos por promoverem o culto a Baal.
Mq 5: O R e i q u e v e m d e B e l é m "Agora" (v. 1, A R A ) , cm meio ao cerco das tropas assírias, Miquéias fala de um redentor - o redentor por excelência — que viria, c o m o Davi no passado, d e Belém (veja Mt 2.1-6). Como acontece c o m freqüência nos profetas, diferentes horizontes históricos se fundem e acontecimentos de um futuro p r ó x i m o e até distante se misturam com os d o presente. Na era da paz messiânica, até a Assíria seria derM q 7: T r e v a s e l u z rotada. Mas t a m b é m Judá seria purificada Neste último capítulo, o profeta abre o seu "naquele dia" ( 1 0 - 1 5 ) . Tudo aquilo e m que coração. Lamenta o que estava acontecendo no confiavam, e m v e z de confiar e m Deus, seria meio d o seu próprio povo com a decadência destruído: exércitos, defesas, feitiçaria e falda sociedade ( 1 - 6 ) . Fidelidade, honestidade, sos deuses. confiança: todas sumiram. A podridão que "Ele te começou no g o v e r n o permeou toda a r Efrata (2) O distrito ao redor de Belém. declarou, ó nação. E agora todos os relacionamenÍ Sete... oito (5, ARA) Expressão idiohomem, o que tos humanos estavam ruindo. A amimática para um "um número indeébom equeéo zade e a família não valiam nada. finido", significando talvez que não que o SENHOR pede O cenário humano era deprimenFaltariam lideres, por maior que fosse í .. .f , . de ti: que pratiques te, mas ainda havia esperança, poro numero de que se necessitava. a justiça, e ames que Miquéias conhecia o seu Deus. Por maior que fosse o número de a misericórdia, C o m Deus ainda havia luz e nele líderes necessários, supostamente e andes ainda se podia confiar. Sua promesque não importava quantos líderes humildemente fossem necessários, eles viriam. com o teu Deus." sa não falha. Ele voltaria a libertar. Em seu amor compassivo, ele perdoa> Ninrode(6) Assíria (veja Gn 10.8-12). Mq 6.8 ( A R A ) ria novamente. Assim, Miquéias ficaria v i g i a n d o ( 7 ) Mq 6: O q u e D e u s e s p e r a e esperando o m o m e n t o em que Deus outra de seu p o v o v e z apascentaria o seu p o v o ( 1 4 - 1 7 ) , fazendo Deus apresentou a sua causa e fez suas milagres a favor deles c o m o nos tempos antiacusações contra seu p o v o . Será que eles não gos, demonstrando compaixão, e sendo fiel às sabiam o que agradava a Deus? Era tão claro, antigas promessas que fizera aos patriarcas d o tão simples (v. 8 ) . Nada podia substituir a juspovo ( 2 0 ) . tiça, a fidelidade e a humildade. Eles podiam tentar comprá-lo c o m sacrifícios e ofertas impressionantes, mas o que Deus via m e s m o era a desonestidade d o seu p o v o e as balan-
• Sentinelas (4) Os profetas se colocavam c o m o sentinelas, para soar o alarme diante d o juízo iminente (veja Ez 3.17-21).
NAUM
Resumo O juízo de Deus contra a cidade de Nínive e todo o Império Assírio.
O tema de Naum, a exemplo do livro de Jonas, é Nínive, a grande capital da Assíria, Mas enquanto Jonas registra a suspensão d o juízo sobre a cidade, Naum prevê a sua destruição. A data fica entre 663 a.C, quando os assírios tomaram Tebas (conforme indica 3.8-10), e a tomada de Nínive pelos babilônios e medos, em 612 a.C. Naum aparentemente era da Judeia, mas afora isso nada se sabe a respeito dele, exceto que escreveu alguns dos trechos poéticos de maior qualidade literária em todo o AT.
incompleto (veja SI 9 ) . Pode ter sido escrito pelo próprio profeta ou, talvez, seja um poema existente que o profeta adaptou aos seus propósitos. Nele, fala-se d o poder de Deus sobre a terra, o mar, os rios, as montanhas. Quando Deus aparece, os ricos pastos de Basã e a vegetação das florestas murcham, c o m o se sofressem uma seca. Os montes se derretem. Deus é o poderoso protetor do seu p o v o ( 7 ) , mas a sua vinda significa morte para os inimigos ( 8 - 1 0 ) .
N a 1: "Darei fim a o p o d e r d a Assíria"
• Inundação transbordante (8, ARA) Nínive era tida por inexpugnável, mas acabou sendo tomada quando águas de uma enchente abriram brechas nos muros, p e r m i t i n d o a entrada d o exército inimigo.
O livro de Naum começa, não com Nínive, mas com Deus: seu poder, sua ira, sua bondade. Deus diz que os dias da Assíria, cujos exércitos destruíram Israel e ameaçaram a própria Jerusalém menos de um século antes, estavam contados. Os vs. 2-8 f o r m a m um p o e m a acróstico
Naum escreveu sobtp a queda de Nínive, capital da Assíria. Os assírios eram a grande potência daquela épOCB, G seus exércitos infligiram grande sofrimento aos pOVOS subjugados. Eira destruíram o reino de Israel em 722/1 a.C
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A
• Um que maquina o mal (11) Possivelmente Senaqueribe, o rei assírio que tomou Laquis e depois sitiou Jerusalém, e m 701 a.C. (veja Is 3 6 — 3 7 ) .
Naum Na 2: O f e n s i v a c o n t r a N í n i v e Em sua descrição, o profeta se v a l e d e recursos sonoros e visuais. Podemos ver, ouvir, c quase sentir o cheiro daquele ataque. Anteriormente, Deus havia usado os exércitos da Assíria para castigar o seu p o v o . Agora as forças que atacavam N í n i v e eram seus instrumentos. Sangue c trovões; saque e desolação; a cova do l e ã o assírio deixou d e existir. São cenas vívidas que apelam aos olhos e à imaginação, como, por exemplo, quando se descreve o choro das servas (v. 7 ) .
Os exércitos da Assíria, com suas máquinas de cerco e aríetes, invadiram cidades e massacraram o povo de Deus.
> Quando o a m p a r o for preparado (5, ARC) Esse "amparo" era uma máquina de assédio com uma cobertura que protegia os soldados contra as flechas atiradas da muralha. • V. 6 Veja 1.8. Na 3: C i d a d e e m r u í n a s Naum descreve a cidade c o m o uma prostituta, que atrai as nações para subjugá-las. Agora ela receberia o castigo de uma prostituta (5-6). P r o v a n d o d o próprio veneno, ela sofreria o destino terrível que infligira à cidade egípcia de Tebas ( N ô - A m o m ) . (Em Tebas, cidade de A m o n , deus nacional d o E g i t o , haviam sido acumulados tesouros de vários séculos. Os assírios t o m a r a m a cidade c o m fogo, massacraram a população e saquearam toda a sua r i q u e z a . ) Embora a nação fosse grande c o m o uma nuvem de gafanhotos, ela
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desapareceria c o m o gafanhotos que batem as asas e saem v o a n d o . Os versículos finais foram dirigidos ao rei da Assíria. Tudo estava perdido para sempre. Apesar de todo o seu poder, Nínive entrou em rápida decadência após ser tomada pelos b a b i l ô n i o s . Dela ficou um único v e s t í g i o : uma pequena elevação ou colina conhecida, hoje, c o m o Tell Kuyunjik, "a colina das muitas ovelhas". • Etiópia (9) Atual Sudão, que deu ao Egito uma dinastia de reis. "Pute" poderia ser a Líbia ou possivelmente a Somália.
HABACUQUE "O justo viverá pela sua fé." Hc 2.4 (ARA)
"Vou subir a minha torre de vigia e vou esperar com menção o que Deus vai dizer", disse liabacuque (2.1).
O profeta Habacuque se debate, em parte, com o mesmo problema que aparece em J ó e no SI 73: enquanto os justos e os inocentes sofrem, os maus prosperam. Assim, Habacuque, sabendo que Deus é justo e bom, pergunta: "Por que, ó Deus, por quê?" O livro pertence ao final do século 7 a.C, quando Jeremias profetizava em Jerusalém. Alguns o situam antes da queda do Império Assírio (Ninive, a capital assíria, foi tomada pelos babilónios em 612 a.C.) e da derrota do Egito para o rei Nabucodonosor da Babilônia em Carquemis, em 605 a.C.
Resumo Por que Deus permite que os ímpios floresçam? Será que não há justiça? Habacuque faz as grandes perguntas que todos fazem — e Deus responde.
Outros entendem q u e o l i v r o foi escrito um pouco depois disso. A Babilônia estava avançando, mas até aquele momento Judá havia escapado. Pouco tempo depois, em 597 a . C , Jerusalém caiu em mãos inimigas, e em 587 os babilônios destruíram a cidade. H c 1 : "Até q u a n d o , S e n h o r ? " "Até quando, ó Deus, não darás ouvidos à minha o r a ç ã o ? Por q u e não fazes nada con-
Habacuque ira a deterioração da lei e da o r d e m , contra a maldade que reina na nação?" — queixa-se o profeta ( 1 - 4 ) . A resposta de Deus ( 5 - 1 1 ) parece que só agravou o p r o b l e m a : "Vou castigar c o m uma invasão d e brutais soldados babilônios (caldeus)!" Ao que H a b a c u q u e r e s p o n d e ( 1 2 - 1 7 ) : "Como podes tu, Senhor, que és Deus bondoso ejusto, fazer uso de um instrumento Ião cruel dc julgamento — tu que não podes nem ver o mal? Deixarás que os babilônios pesquem no mar da humanidade para sempre?"
natureza; e l e não se aliou aos í m p i o s . N o final, quando for feito o ajuste de contas, apenas os que confiaram c m Deus e foram fiéis a ele viverão ( 4 ) . Deus castigará todo o orgulho arrogante da humanidade. Ai dos que tomam gananciosamente o que pertence aos outros; que se valem dc fins egoístas para justificar os meios mais cruéis; que chegam ao poder escorando-se nas costas dos outros; que destroem e desumanizam; que adoram ídolos moldados por mãos humanas. A vida de todas essas pessoas está perdida, pouco importando a sua nacionalidade. • Violência contra o Líbano (17, ARA) Os
Hc 2: D e u s n ã o s e m o s t r a indiferente: o b e m p r e v a l e c e r á 0 profeta se posta no alto da torre de vigia e fica esperando ansiosamente a resposta de Deus ( 1 ) . E ela v e m . Deus não mudou a sua
exércitos destruíram as florestas que ajudaram a fazer a fama do Líbano. H c 3: D e i x a D e u s s e r D e u s ! — a oração do profeta A oração de Habacuque tem um tom de alív i o . Deus, sua força c alegria, era Deus, apesar de tudo! A oração é um salmo, para ser cantado com a c o m p a n h a m e n t o instrumental. Isto levou algumas pessoas a acreditarem que Habacuque era um levita, ligado ao Templo. A ênfase está no próprio Deus; Deus v e m vindo das montanhas d o deserto d o Sul (Temã ficava e m Edom; Parã fazia parte d o Sinai); Deus e n v o l v i d o em t r o v ã o e relâmpagos na tempestade da sua ira; Deus fazendo a terra tremer com o seu olhar. Habacuque v ê o caráter inevitável e a fúria d o juízo. Mas, embora isso significasse a perda de tudo que era bom na vida, ele ainda podia confiar e m Deus. O profeta aguardaria o dia e m que Deus castigaria o invasor ( 1 6 ) . Por mais que a vida ficasse destituída de tudo aquilo que traz alegria e satisfação, ele ainda se alegraria e m Deus.
503
"Ainda que a figueira nüo floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os cumpos nüo produzam mantimento; as ovelhas sejam arrebatadas do aprisco, e nos curruis não haja gudo, todavia, eu me alegro no
SrNIlOR,
exulto no Deus da minha salvação." Hc 3.17-18 (ARA)
SOFONIAS
Resumo Profecias sobre o dia em que Deus vai julgar o mundo todo, incluindo o reino de Judá. A promessa de Deus de restaurar o remanescente fiel.
Sofonias profetizou no reinado de Josias, em Judá (640-609 a.C), mais ou menos na mesma época em que Jeremias começou o seu ministério. Pela severidade de suas palavras, tudo indica que ele profetizou antes de Josias lançar seu grande programa de reformas em 621, após a descoberta do livro da Lei no Templo. Os dois reis anteriores, Manasses e Amom, haviam levado a religião e a moralidade do povo de Judá ao seu nível mais baixo. E possível que o próprio Sofonias fosse de família real, sendo descendente de Ezequias (1.1), que foi rei na época de Isaias, 70 anos antes. Sf 1 : O d i a d o j u í z o — também sobre Judá Na opinião d o povo, o "dia d o SENHOR" traria bênçãos inéditas para todo o povo de Deus, e destruição a seus inimigos. A m ó s , alguns anos antes, havia advertido que naquele dia todo o mal seria castigado, o que representaria um dia de trevas para muitos e m Israel ( o reino d o N o r t e ) . Sofonias anuncia a mesma mensagem, com detalhes, a Judá. Estava próximo o dia e m que todos os culpados de idolatria ( 4 - 6 ) , violência, fraude ( 9 ) , e todos os que ficavam indiferentes ( 1 2 ) , seria separados para serem destruídos (este é o significado cio v. 7 ) . E seus grilos seriam ouvidos e m todos os bairros da cidade de Jerusalém ( 1 0 - 1 1 ) . • Baal (4) O deus cananeu da fertilidade, cuja culto incluía imoralidade sexual e prostituição. • Milcom/Moloque (5) O deus nacional dos amonitas. • A p e g a d o s à borra d o vinho (12) Ilustração tirada da vinicultura; um dos segredos de fazer vinho é não deixar que se formem depósitos no fundo dos recipientes. Sf 2 : A c o n d e n a ç ã o d o s de Judá
vizinhos
A única esperança para o povo de Deus era buscá-lo, e começar a viver pelos seus padrões
( 3 ) . Senão teriam o mesmo destino que as nações vizinhas: a Filistia ( 4 - 7 ) , a oeste; M o a b e e Amom ( 8 - 1 1 ) , a leste; a Etiópia ( 1 2 ) , ao sul; e a Assíria ( 1 3 - 1 5 ) , ao norte. • Gaza, Asquelom, Asdode, Ecrom (4) As quatro cidades-estado restantes dos filisteus. • Quereitas (5) Os filisteus, que originalmente vieram de Creta. • Sodoma, Gomorra (9) Cidades que ficavam na e x t r e m i d a d e sul d o mar M o r t o , destruídas por Deus por causa de sua perversidade ( G n 1 9 ) . • Etíopes (12) Sudaneses; nesta época, a dinastia que reinava no Egito. • Nínive (13) Capital da Assíria; veja Naum. especialmente o cap. 3. Sf 3 : D e u s s a l v a r á o r e m a n e s c e n t e fiel A "cidade opressora, r e b e l d e e manchada" era nada mais nada menos que Jerusal é m ( 1 - 7 ) ! C o m e ç a n d o com rebelião contra Deus, e a corrupção da r e l i g i ã o , a podridão se espalhou por todos os setores da sociedad e . Por fim, Deus não tinha outra alternativa senão destruir a cidade. Mas este não era o fim da história. Sofonias já havia mencionado um "remanescente" ( 2 . 7 , 9 ) . Agora ele fala um pouco mais sobre o propósito de Deus para o remanescente humilde e fiel que sobreviverá quando o orgulho ea auto-suficíência d o ser humano forem destruídos e a nação for purificada (11-13). Haverá motivo para grande alegria. Deus estará no m e i o d o seu p o v o , protegendo e guardando, derramando seu amor sobre eles. Os restantes de Israel nunca mais farão mald a d e s ( 1 3 ) . C o m cânticos exultantes eles serão trazidos para casa e restaurados. Todas as nações d o m u n d o c o m p a r t i l h a r ã o disto quando forem adorar a Deus ( 9 ) .
505 Resumo O profeta fala aos exilados que haviam retornado a Judá e Jerusalém: Definam quais são as suas prioridades! Terminem a reconstrução do Templo de Deus, se quiserem a sua bênção.
AGEU Os três últimos livros do AT — Ageu, Zacarias e Malaquias — nos trazem para a época depois do exílio, quando os judeus foram repatriados: a época de Esdras e Neemias.
tas foram removidos do seu território." O Templo e a aliança estavam interligados
0 pequeno livro de Ageu é uma das jóias do AT. Ele nunca perde a relevância, porque a sua preocupação básica é com prioridades. Ageu transmitiu sua "palavra do Senhor" em 520 a.C; Zacarias, em 520-518. Quando o primeiro grupo de exilados retornou a sua terra natal sob a liderança de Zorobabel (neto do rei Joaquim) em 538, eles, cheios de entusiasmo, deram início à reconstrução do Templo que fora destruído pelos babilônios em 587. Mas oposição e apatia logo levaram à interrupção dos trabalhos (Ed 4.4-5). Dezesseis anos se haviam passado desde que o imperador persa Ciro, através de um decreto, havia permitido o retorno do povo à sua terra. Foi então que Ageu e Zacarias começaram a agitar as coisas (Ed 5.1 -2). Graças a eles, oTemplo foi concluído até 516.
(veja Ez 37.26) e "enquanto o Templo estivesse em ruínas não havia sinal externo da presença do Senhor com a comunidade restaurada". OTemplo no monte Sião representava os propósitos imutáveis de Deus. Quatro vezes Ageu se dirige ao povo com uma mensagem de Deus (1.2-15; 2.1-9; 2.10-19; 2.20-23). A s mensagens foram datadas precisamente (veja notas abaixo) e foram todas dadas num período de 15 semanas.
Por que era tão importante reconstruir o Templo? Porque a honra de Deus estava em j o g o . Como Joyce Baldwin explica: "As nações tinham que saber sem sombra de dúvida que o Deus de Israel não deixara de existir quando os israeli-
A g 1.2-15: A vida é dura, alimentos e vestuário são escassos, os preços estão subindo. Por quê? Porque o povo não sabia estabelecer prioridades. Estavam todos e n v o l v i d o s com seus próprios assuntos egoístas. Deus era negligenciado. E assim as coisas pelas quais trabalhavam s e m p r e lhes e s c a p a v a m . Pois todas as boas coisas da vida são dadas ou retidas por Deus. As palavras de A g e u tocaram a consciência da nação. Em três semanas, a obra d o Templo foi concluída. Ageu c Zacarias incentivaram os ex-exilados a completar a reconstrução do Templo de Jerusalém. Foi Neemias quem organizou a reconsnuçáo dos niutos da cidade.
506
Os Profetas A g 2.1-9: O fabuloso Templo de Salomão fora demolido 70 anos antes. Poucos dos aluais construtores o haviam visto, mas todos ouviram falar dele. A lembrança da glória daquele Templo não desaparecera. O novo Templo parecia insignificante e m comparação com o anterior. Mas era preciso ter ânimo. Aquela construção era apenas uma prévia d o esplendor e da glória d o fim dos tempos, da era de paz e prosperidade que todos os profetas previram. A g 2.10-19: O trabalho de reconstrução d o Templo fora retomado, mas isto em si não tomaria os construtores "santos" (dedicados a Deus e dignos d o seu serviço). O que é contagioso é a impureza, não a santidade (Ageu afirma isto baseado na lei ritual ou cerimonial). O fato de anteriormente terem se esquecido de Deus trouxera lodo tipo de conseqüência desagradável. Mas no dia em que colocassem em
primeiro lugar o que tinha prioridade, Deusj abençoaria todos os aspectos da vida. A g 2.20-23: M e n s a g e m para Zorobabel! Essas promessas messiânicas foram feitas a a Zorobabel o herdeiro do trono de Davi, e não a Zorobabel como indivíduo. Ele estava na linhagem que leva de Davi a Crisio. (Confira o uso de "Davi" cm Jr 30.9, c veja notas em Zc 4. • 1.1 29 de agosto de 520 a.C. Dario o Grande governou o Império Persa de 522-486 a.C Judá era uma província deste império. • 1.15 21 de setembro de 520 a.C, pouco mais de três semanas após o apelo de Ageu. • 2.1 17 de oiilubro de 520 a.C. • 2.10,20 18 de d e z e m b r o de 520 a.C. • 2.23 Zorobabel não recebeu o título de "rei", mas aparentemente a maldição sobre o rei Joaquim, registrada e m Jr 22.24-30, estava sendo retirada.
507 Resumo Mensagens proféticas e visões de juízo e de restauração.
ZACARIAS Aparentemente Zacarias vinha de uma família de sacerdotes (1.1,7). A exemplo de Ageu, ele teve um papel importante na reconstrução do Templo, após o retorno do exílio (veja Ageu e Ed 5—6 para o contexto histórico). Como Daniel e Ezequiel, era um visionário. Seu livro condensa a sabedoria de muitos dos profetas anteriores, ao mesmo tempo em que focaliza os eventos do futuro distante. Há um forte contraste entre os caps. 1—8 e 9-14, e a maioria dos estudiosos acredita que a segunda parte é obra de um autor posterior que teria escrito no mesmo estilo do próprio Zacarias. Essa tese se baseia na diferença de conteúdo e linguagem, o estilo apocalíptico sem as visões que caracterizam a primeira parte do livro, e o fato de, nesta segunda parte, o nome do profeta não ser mencionado.
Parte V.caps. 1—8 Visões de Zacarias quando da reconstrução do Templo (520-518 a.C.) que aparece no livro de Ageu (2.10-23, q u e data d e 18 d e dezembro). Zacarias provavelmente era um j o v e m na é p o c a (seu a v ô , I d o , r e t o r n a r a com os e x i l a d o s m e n o s d e 2 0 anos a n t e s ; veja N e 12.4).
Parte 2: caps. 9—14 Juízo sobre os vizinhos de Israel O futuro rei O povo de Deus libertado e restaurado O Dia do Senhor — juízo e salvação para todas as nações
Os vs. 2-6 são um relato sobre o passado, advertindo a geração presente a não imitar o comportamento de seus antepassados. Z c 1.7-17: P r i m e i r a v i s ã o : Os quatro cavaleiros
Parte 1
Oito visões estão registradas nos caps. 1—6. Cada uma delas se constitui em parte de um quadro maior que precisa ser visto c o m o um todo. Na primeira visão de Zacarias, que data de 15 de fevereiro de 519 ( 1 . 7 ) , aparecem quatro cavaleiros que percorrem o mundo em nome de Deus e que são semelhantes às patrulhas montadas que "policiavam" o Império Persa. ( O significado das cores, se é que havia, nos escap a ) . Deus usou outras nações para trazer juízo sobre o seu povo. Mas elas foram longe demais, levando-o a ter compaixão d o seu povo. Agora essas nações seriam julgadas e Deus iria restaurar e consolar os seus. Esta mensagem é reforçada nos capítulos seguintes. • V. 10 O rei persa Dario fez tantas melhorias nas estradas d o império que os seus mensageiros podiam fazer em uma semana viagens que, anteriormente, levavam 90 dias, especialmente no caso de caravanas de marcadores.
Zc 1.1-6: I n t r o d u ç ã o A data era o u t u b r o / n o v e m b r o 520 a.C. (v. 1). Zacarias começou a falar em nome de Deus na mesma época d o profeta Ageu. Esta primeira mensagem foi proferida após o discurso registrado e m A g 2.1-9 ( d a d o d o dia 17 de outubro) e antes da última mensagem
Zc 1.18-21: S e g u n d a v i s ã o : O s quatro chifres A segunda visão é um retrato vívido da destruição das potências hostis (os quatro "chifres") que haviam arrasado o povo de Deus. ("Quatro" indica totalidade: os "quatro cantos" da terra.) Seu poder seria esmagado por quatro
No entanto, em ambas as partes aparecem os mesmos temas básicos: juízo e salvação para Judá e as nações; a reconstrução do Templo como sinal da presença de Deus; e os líderes da nação em sua relação com Deus. Em ambas as partes de Zacarias há passagens sobre líderes que apontam para o futuro Messias. Os personagens são diferentes: na primeira parte, aparece um sacerdote, um governador (= rei substituto), e um Renovo (caps. 3—4; 6); na segunda parte, um rei humilde e um pastor ferido (caps. 9; 11-13). Os evangelistas do NT, ao apresentarem Jesus como Messias, especialmente nas narrativas sobre a parte final do ministério dele, citam Zacarias (a segunda parte) mais do que qualquer outro profeta do AT. Zacarias, com Ezequiel, também teve uma grande influência sobre o livro do Apocalipse.
Zel—8
"Se Ageu pode ser descrito como o engenheiro do Templo, responsável pela estrutura c solidez do edifício, Zacarias fez mais o papel do artista, acrescentando vitrais coloridos com seu simbolismo, alegria e luz. Para garantir (pte seu simbolismo seja bem entendido, um anjo intérprete age como guia."
Joyce Baldwin
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Os Profetas artesãos, quatro ferreiros que supostamente os malham na bigorna. Zc 2.1-5: T e r c e i r a v i s ã o : A c o r d a d e medir Depois, um homem foi visto com uma corda de medir, vindo para medir a cidade com vistas à reconstrução. Os muros haviam sido quebrados e incendiados em 587. Só foram reconstruídos na época de Neemias (445 a . C , 75 anos depois desta profecia). Deus seria um muro protetor ao redor de Jerusalém e, "no meio dela, a sua glória". Zc 2.6-13: E x i l a d o s s ã o c h a m a d o s de volta O restante deste capítulo — não mais uma visão — é poesia. Zacarias se dirige primeiro aos exilados, depois aos judeus em Jerusalém. Deus estava chamando os exilados de volta da Babilônia. Sua mensagem a Jerusalém deveria fazê-los cantar de alegria. Pois Deus também estava voltando! Ele retornaria para seu próprio povo, para morar novamente no seu próprio lugar. As nações se tomariam povo de Deus ( 1 1 ) . • A terra d o Norte (6) Babilônia. Na verdade, ela ficava a leste, mas nesta direção havia um deserto e, por esta razão, os exércitos invasores da Assíria e da Babilônia entravam na Palestina pelo norte. Zc 3: Q u a r t a v i s ã o : A s n o v a s vestes do sumo sacerdote Josué, o sumo sacerdote, estava diante de Deus representando o povo, e Satanás estava
pronto para acusá-lo. As roupas sujas de Josué estavam manchadas de pecados. Mas o propósito de Deus era restaurar e renovar o seu p o v o . Ele recebeu roupas limpas, para poder c o m p a r e c e r diante de Deus, e uma solene recomendação ( 6 - 7 ) . C o m o sinal de esperança para o futuro, Deus falou d o seu servo, o Renovo da família de Davi ( o futuro Messias: v. 8 e Is 11) que introduziria um tempo de paz e prosperidade universal (este é o significado da vide e da figueira no v. 1 0 ) . • Pedra (9) Os sete lados (ou sete olhos, corno diz no hebraico) possivelmente significam quea pedra tudo vê e tudo sabe. Pode ser uma pedra de construção, ou uma jóia gravada com algum significado simbólico. A mesma palavra hebraica, 'ayin, é usada para olho e fonte. Assim, "sete fontes" é uma possível tradução alternativa. Z c 4: Q u i n t a v i s ã o : Candelabro e oliveiras A visão que aparece neste capítulo é interrompida por uma mensagem de Deus a Zorobabel ( 6 - 1 0 ) , dizendo-lhe que, assim como havia c o m e ç a d o a reconstruir o Templo, ele terminaria a obra. O v. 6 desvenda o significad o da mensagem e da visão: tudo que é realizado é realizado pelo Espírito de Deus. O candelabro representava o Templo c os adoradores fiéis. Como uma cidade consnuída sobre um monte (símbolo usado e m Mt 5.14), sua luz brilhava para Deus e não podia ser escondida. As oliveiras eram dois homens escolhidos (ungidos) por Deus para servi-lo ( 1 4 ) . Neste caso, as funções de sacerdote e príncipe (rei) aparecem lado a lado. Juntamente supriam o
Zacarias que o povo de Deus precisava para brilhar com a luz de Deus no mundo. ( O N T v ê e m Jesus o cumprimento deste ideal d o sacerdote-rei.) > Vs. 6-10 Zorobabel era o herdeiro d o trono de Davi (Ag 2.20-23), mas ele não é chamado de rei. Fazer isto naquela época teria criado problemas (desnecessários) com o imperador persa. Zc 5.1-4: S e x t a v i s ã o : U m g r a n d e rolo v o a d o r 0 rolo enorme ( c o m 9 m de comprimento) veio de Deus e representava a sua Lei. N e l e estava escrita uma maldição sobre todos os que desobedeciam a Lei e quebravam a aliança com Deus (veja Dt 27.14-26). Dois mandamentos são mencionados especificamente no v. 2, mas representam toda a Lei. A palavra de Deus traz consigo o poder de castigar: o mal não é deixado impune. Zc 5 . 5 - 1 1 : S é t i m a v i s ã o : U m a c e s t a cheia d e m a l d a d e Depois Zacarias viu uma g r a n d e cesta (daquelas que eram usadas para medir grãos) dentro da qual se encontrava toda a maldade. Oanjo de Deus deixa claro que nenhuma iniquidade podia escapar da cesta. Tudo isso foi levado por duas mulheres com asas para bem longe, para o leste, para a Babilónia, a terra do exílio. A purificação foi total. • V. 8 "Perversidade/maldade", uma palavra bem abrangente, é feminina no hebraico; isto explica o símbolo de uma mulher. > V. 9 O ' V e n t o " nas asas das mulheres (maioria das versões) também poderia ser
considerado o "Espírito" ( e m hebraico, a mesma palavra pode significar "vento" e "espírito"), enfatizando que a purificação é obra de Deus. Z c 6.1-8: O i t a v a v i s ã o : q u a t r o carros A última visão de Zacarias lembra a primeira (1.7-17), embora aquela fosse de cavaleiros e não de cocheiros, e embora existam intrigantes diferenças de detalhes. As patrulhas de Deus percorrem os "quatro cantos" da terra. As nações foram julgadas. Agora o Espírito de Deus repousaria ( 8 ) — em contraste com 1.15 — e haveria paz. • V. 6 As linhas de ataque eram na direção norte, sul e oeste; a leste ficava o deserto. Zc 6.9-15: A c o r o a ç ã o O v. 9 (da mesma forma que 4.8; 7.4; 8.1,18) marca o fim da visão e introduz uma palavra de Deus (um o r á c u l o ) . Surpreendentemente a coroa foi dada a Josué, o sacerdote. Talvez tenha sido colocada primeiramente na cabeça de Josué e depois na de Zorobabel (v. 13) — ou que foram feitas duas coroas. Parece que os dois homens estavam presentes (como no cap. 4, na visão d o candelabro e das oliveiras). O rei, " o Renovo" (título messiânico), e o sumo sacerdote estão e m harmonia ( 1 3 ) . O N T vê os dois ofícios unidos na pessoa de Jesus. • Coroa (11) A palavra hebraica é "coroas". "As coroas orientais eram argolas que podiam ser usadas individualmente ou, então, reunidas para formar uma coroa composta" (Joycc B a l d w i n ) . Veja A p 19.12.
509 Um cavaleiro no deserto. Em sua primeira visão, Zacarias viu quatro cavaleiros enviados por Deus para patrulliar a terra.
Os Profetas Zc 7.1—8.23: Jejuns se t r a n s f o r m a m e m festas A data era 7 de dezembro de 518. Os caps. 7—8 encerram a primeira parte d o livro. Alguns homens foram ao Templo fazer perguntas sobre o jejum (7.2-3). Zacarias não deu uma resposta direta. O que realmente importava era o propósito do jejum. Ele desafiou suas motivações: eles não obedeceram aos mandamentos que Deus dera através dos profetas anteriores (7.5-7). Ele lembrou-lhes a aliança que haviam quebrado. Pelo fato de terem tapado os seus ouvidos para Deus, ele não atendeu as orações e eles foram levados para o exílio (7.8-14). Então veio uma mensagem animadora de Deus (cap. 8 ) , uma promessa de transformação total, uma grande mudança de tristeza para alegria. Em seu amor profundo. Deus renova o seu propósito maior: abençoar e salvar seu povo, ou seja, ser o Deus deles (veja 2.6-13; 13.7-9). As coisas seriam diferentes para os sobreviventes da destruição e do exílio. Eles próprios seriam diferentes. E eles deveriam dar ouvidos às palavras dos profetas, algo que seus antepassados não haviam feito. Eles deveriam amar a verdade, a justiça e a paz. que são coisas que Deus ama. F. se o fizessem, seus tristes jejuns comemorativos se tomariam festas! C h e g a r i a a hora ( 8 . 2 0 - 2 3 ) e m que as nações se voltariam para Deus. Viriam a Jerusalém, dizendo: "Iremos com vocês, pois ouvimos dizer que Deus está com vocês". • 7.2 N ã o está claro quem enviou os homens: Betei (a cidade que era o centro d o culto d o reino de Norte, o reino de Israel), Dario (v. 1 ) , ou Betel-Sarezer. • 7.3,5 O jejum no quinto mês (julho/agosto) lembrava a tomada de Jerusalém pelos babilónios e m 587 a . C , quando o Templo foi destruído. O jejum no sétimo mês (setembro/outubro) comemorava a morte de Gedalias, o governador de Judá após a queda da cidade (2Rs 25.25). • V. 19 Os dois jejuns adicionais provavelmente marcavam o início d o sítio de Jerusalém ( n o décimo m ê s ) e a destruição dos muros 18 meses mais tarde ( n o quarto m ê s ) .
Zc 9 — 1 4 Parte 2 Zc 9—11: Israel e as n a ç õ e s Para as mudanças que diferenciam os caps. 9—14 dos caps. 1—8, veja a introdução. O cap. 9 mostra c o m o Deus conquista ter-
ras e cidades vizinhas ( 1 - 8 ) e anuncia a dw gada alegre d o Messias para tomar posse dl terra ( 9 - 1 0 ) . Ele viria montado num jumero (e não num cavalo de guerra) para inaugurai um reino de paz (compare M t 21.5). Todos» antigos inimigos de Israel cairiam diante dele ( 1 - 8 ) . N ã o haveria mais opressão. Os filisteus (5-7) seriam assimilados pelo povo de Israel, assim c o m o muito t e m p o antes havia acorr tecido com os jebuseus ( d e quem Davi liara t o m a d o a cidade de Jerusalém). Os catives judeus seriam libertos, e o p o d e r militará Israel se igualaria ao da Grécia, que estava ascensão. Deus seria a proteção e salvação do seu povo. Cap. 10: Q u e m deixa os campos verdest torna a terra um lugar fértil é Deus, e nãoosl ídolos (v. 1 ) . Sem um líder, o p o v o de Deus anda errante c o m o um rebanho que se perdeu, presa fácil para adivinhos e intérpretes de sonhos (v. 2 ) . Deus se compadece do rebanho errante. Ele viria e m seu socorro, a exemplo d o que faz um pastor (um símbolo qtiejâ fora mencionado e m 9 . 1 6 ) . Todos seriam trazidos de volta para casa. O v. 3 retoma o tema da vitória: Deus à frente dos seus exércitos, fazendo milagres pelo seu povo ( 1 1 ) . Cap. 1 1 : 0 poema dos vs. 1 -3 é um lamento irônico pelas florestas destruídas do Líbano e de Basã. O v. 4 volta aos símbolos do pastor e do rebanho: os líderes da nação e seu povo.O profeta é enviado para pastorear o rebanho de Deus, mas o povo prefere a exploração ao cuidado genuíno de um bom pastor. Assim, Deus envia o seu profeta para ser aquele líder inútil que eles aparentemente queriam (15-16). A aliança com Deus foi quebrada e a nação está dividida. • 9.1-7 Muitos relacionam estes versículos com o avanço de Alexandre o Grande depois que seu exército g r e g o derrotou os persas era 333 a.C. • 9.7 Os filisteus comiam alimentos proibidos e repugnantes para o povo de Deus (veja Lv 11). • 10.2 Na ausência de verdadeira liderança espiritual, o povo se entrega à magia. Os antigos ídolos d o lar (terafim) eram usados para a adivinhação. • 11.1-3 Esta foi a "limpeza" e m preparação para os israelitas que retomavam. Nos tempos do AT, os matagais que margeavam o Jordão eram refúgio de leões. • 11.8 Quem são esses três pastores? Os estudiosos já deram tantas sugestões diferentes que é melhor dizer que não sabemos!
Zacarias 'Trinta
moedas/barras d e
prata
(11.12)
0 profeta chamou isto ironicamente de "magnífico preço" ( 1 3 ) , porque, na v e r d a d e , este era o preço de um escravo (Êx 21.32; e veja Mt 26.15; 2 7 . 3 - 5 ) . Em Zacarias e Mateus, 30 moedas de prata é o preço d o bom pastor. Zc 1 2 . 1 — 1 3 . 6 : J e r u s a l é m é c e r c a d a —e libertada As nações atacam Jerusalém, mas são derrotadas. Deus dá a vitória às forças de Judá e protege o seu povo ( 1 2 . 1 - 9 ) . 12.10—13.1: A festa da vitória se transforma c m l a m e n t o por um h o m e m que foi morto (v. 1 0 ) . O surpreendente sentimento de compaixão que leva a esta lamentação v e m do próprio Deus. Em 12.10, o texto hebraico diz (literalmente): "Olharão para mim, aquele a quem traspassaram...", dando a entender que o p o v o mata o próprio representante de Deus. Eles ficam cheios de remorso p e l o que fizeram e Deus os purifica d o seu pecado (13.1). ( O Evangelho d e João cita esta passagem, aplicando as palavras de Zacarias à mone de Cristo: veja Jo 1 9 . 3 4 - 3 7 ) . 13.2-6: Esta purificação inclui a remoção de todos os falsos profetas. Se alguém insistisse em profetizar, os próprios pais se voltariam contra ele e o matariam. » 12.11 N o AT, R i m o m é tanto o n o m e de um lugar c o m o o n o m e d c um deus. A referência pode ser ao choro cerimonial pela morte d o deus que se dava n o final d o ano (confira Ez8.14).
e D.
DS
nça Os dos ;ão pos Ião
Os res
511
• 13.6 As feridas eram cortes rituais (confira l R s 18.28, a respeito dos profetas de Baal). Z c 13.7-9: "Fira o p a s t o r ! " Este poema curto e surpreendente retoma o símbolo d o pastor e o tema da liderança que tantas vezes ocupam o pensamento d o profeta. Deus convoca a espada para ferir o pastor/ líder (não identificado) c espalhar as ovelhas/ o p o v o . Elas são testadas e purificadas até restar apenas o remanescente fiel. C o m este remanescente, o relacionamento especial entre Deus e seu povo seria renovado (v. 9, compare 8.8; veja também Jr 31.31-34; M c 14.27; Hb 8.8-11). Zc 14.1-21: A última b a t a l h a O c a p . 14 d e s c r e v e a batalha final das nações contra Jerusalém e seu resultado: o dia d o j u í z o d i v i n o . O próprio Deus aparecerá com os seus anjos ( 5 ) , inaugurando um dia perpétuo. Toda a terra se tornará reino de Deus e todos o adorarão ( 9 ) . A q u e l e s que atacarem a Deus (a cidade defendida por seu p o v o ) terão um destino terrível. Todos os que sobreviverem se unirão a o p o v o d e Deus e m adoração. Tudo, até a panela mais simples, será consagrado a Deus, purificado e dedicado a seu serviço ( 2 0 - 2 1 ) . N o NT, o livro d o Apocalipse, caps. 21—22, reflete vários detalhes que aparecem neste grande final do livro de Zacarias. • V. 8 A idéia de água viva fluindo de Jerusalém é um eco de Ez 47.
"Alegre-se muito, povo de Siãol Moradores de Jerusalém, cantem de alegria, pois o seu rei está chegtmdo. Ele vem triunfante e vitorioso; mas é humilde, e está montado num jumento, num jumentinho, filho de jumenta. Ele a c a b a r á com os carros de guerra dc Israel e com a cavaíarfa de Jerusalém; os arcos c as flechas serão destruídos. Ele fará com que as nações vivam cm paz; o seu reino irá de um mar a outro." Zc 9.9-10 (NTLH)
MALAQUIAS
Resumo Malaquias traz a mensagem divina a um povo abatido que j passou a descuidar das coisas de Deus. O amor de Deus não muda. Seu Dia está chegando. ] Arrependam-se e se preparem.
O nome Malaquias significa "meu mensageiro". Pode ter sido o verdadeiro nome do profeta ou um pseudônimo. Com base no próprio livro podemos deduzir o contexto histórico. Situa-se entre 460 e 430 a.C, ou um pouco antes de Neemias se tornar governador de Jerusalém, ou, posteriormente, durante a sua ausência. Em outras palavras, passaram-se 80 anos desde que Ageu e Zacarias incentivaram o povo a reconstruir o Templo. Era um período difícil de espera, e a desilusão tomou conta. Os tempos eram difíceis, o povo estava na pobreza, explorado pelas potências estrangeiras. A prosperidade prometida por Ageu, caso eles reavaliassem suas prioridades, não se materializou, e as previsões gloriosas de Zacarias acerca do futuro rei messiânico e do dia do juízo e da restauração trazidos por Deus não se cumpriram. É difícil não perder a esperança quando a espera se prolonga. O povo estava começando a duvidar das palavras dos profetas, a sentir que Deus se esquecera deles e os decepcionara. Isto se demonstrava numa atitude cada vez mais desleixada em relação ao culto e aos padrões de vida estabelecidos por Deus.
CÜJIIO a flor entre os espinhos, o anúncio que os profetas fazem sobre um futuro glorioso sc destacam em meio às advertências dc juízo e destruição.
As mensagens de Deus para seu p o v o através de Malaquias c o m e çam com uma reafirmação d o seu amor constante e contínuo por eles. As repreensões que se seguem têm por objetivo chamá-los de volta á aliança que colocava o povo num relacionamento todo especial com Deus. O Dia do Senhor está chegando! É vital que o povo de Deus viva na perspectiva desta convicção. Ml 1.1-5: "Eu s e m p r e os
amei"
O ponto de partida de Malaquias é o amor de Deus (v. 2 a ) . Lutando c o m dificuldades econômicas e tendo que enfrentar os persistentes ataques da oposição (veja, p. ex., Ne 1.3-4), o p o v o não consegue perceber esse amor ( 2 b ) . O profeta os convida a olhar para Edom, a nação-irmã, que também foi destruída pela Babilônia, mas que não havia sido restaurada (veja Obadias). • A m e i . . . aborreci/odiei (2-3) A expressão idiomática hebraica fica forte demais no português. Significa, não a m o r ou ódio no sentido literal, mas a escolha especial de um e não d o outro.
M l 1.6—2.9: A falha d o s sacerdotes Israel desfrutava d e um relacionamento de Pai e filho com Deus. Ele era, num sentid o t o d o especial, o Senhor deles. Mas nem mesmo os sacerdotes o honravam. A regra para os sacrifícios era que "só o melhor devia ser dado a Deus" (Lv 22; Dt 15,17), e não os animais doentes dos quais o dono queria se livrar. Ofertas com animais aleijados diminuíam a grandeza dc Deus e tudo que seu povo devia a ele. Seria melhor fechar o Templo e cessar os sacrifícios (1.10) d o que demonstrar tamanho desrespeito. O Senhor havia confiado aos descendentes de Levi, aqueles que foram separados especialmente para servi-lo, a tarefa de ensinara seu p o v o a v e r d a d e sobre Deus, dizer-lhes o que era correto, e dar e x e m p l o com seu pró-
Malaquias
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"Mas para vós que temeis o meu nome nascerá o sol da justiça, trazendo salvação nas suas asas." Ml 4.2
prio modo de viver ( 2 . 6 ) . Mas em v e z de afastaro povo do mal, eles os levavam ao mal. Os sacerdotes quebraram sua aliança com Deus. • 1.11 A afirmação de que Deus estava recebendo adoração mais aceitável de pessoas de outras nações tinha por objetivo chocar o público judeu ao qual o profeta se dirigia. Ml 2 . 1 0 - 1 6 : P r o m e s s a s não c u m p r i d a s Ao se casarem com mulheres que adoravam outros deuses, os homens de Israel não estavam cumprindo sua promessa de evitar práticas pagãs. (Veja cambem F.d 9—10; N e 13, que
lidam com a mesma situação). A questão não era racial. As mulheres estrangeiras que amavam a Deus eram bem-vindas entre o povo, como mostra a história de Rute. O casamento faz de marido e mulher "um corpo e um espírito" ( 1 5 ) , e Deus queria que o casal criasse filhos que fossem dedicados a ele ( 1 5 ) . A indiferença e m relação a Deus l o g o se refletiu na falta d e consideração para c o m os outros. Os homens mais velhos estavam c r u e l m e n t e descartando suas mulheres d e mais i d a d e para se casarem c o m atraentes jovens estrangeiras. Deus não faz pouco caso desta situação. A o contrário, ele odeia
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Os Profetas
"Eu sou o Senhor e não mudo. E por isso que vocês, os descendentes deJacó, não foram destruídos. Vocês .são como os seus antepassados: abandonam as minhas leis e não as cumprem. Voltem para mim, e eu voltarei para vocês." Mi36-7(NTiH)
v e r a promessa de fidelidade ser quebrada: o d i v ó r c i o é a l g o cruel. Aquelas mulheres de mais idade ficavam na rua da amargura, sem recursos financeiros e ninguém para protegê-las.
de sacerdotes e levitas dedicados ao seraço de Deus. • Livro (3.16) I lá várias referências a um livro destes: Êx 32.32; SI 69.28; Is 30.8; Dn 12.1; Ap 3.5; 13.8.
Ml 2.17—3.18: A justiça e a misericórdia de Deus O p o v o de Deus olha a seu redor e vê os ímpios prosperando. Isto parece injusto (2.17; 3.13-15). Mas no acerto final de contas, a justiça e o bem prevalecerão ( 3 . 1 - 5 ) . O Senhor está c h e g a n d o , p r i m e i r o para purificar e depois para julgar. Primeiro viria um mensageiro para preparar o caminho (3.1a; e veja 4 . 5 ) . Depois viria um mensageiro que é o proprio Senhor ( 3 . 1 b ) . Deus não muda ( 6 ) . I n f e l i z m e n t e , seu p o v o também não ( 7 ) , pois tem sido inconstante d o c o m e ç o ao fim. Deus lhes havia d a d o tudo o que tinham, mas eles o roub a v a m , n e g a n d o o que lhe era d e v i d o por lei. A q u i l o que é d a d o para Deus é apenas a d e v o l u ç ã o d e uma parte de tudo que lhe é d e v i d o . Deixar de dar, por interesse próprio, é privar-se das coisas boas que de outra forma Deus poderia dar.
M l 4: O D i a d o S e n h o r Está chegando o dia, c o m o muitos profetas previram, em que Deus vai fazer o acerto de] contas definitivo. Para alguns (os ímpios), o brilho intenso daquele dia queimará como fogo. Mas as pessoas que honram a Deus saltarão de alegria a vista daqueles raios benfazejos. Os vs. 4-5 são c o m o um pós-escrito, não apenas para Malaquias, mas para todo o AT. Eles chamam a atenção para as leis dadas no Sinai ( H o r e b e ) , que sempre deviam ser lembradas, e antecipam uma nova era de feliz liberdade, quando o mal será totalmente destruído e todos os problemas serão resolvidos. C o m M a l a q u i a s , a v o z profética do AT emudece. • Sol (2) Malaquias tira sua ilustração (mas não a sua teologia) d o disco alado que representava o deus sol na arte persa e egípcia. • Elias (5) De acordo c o m 2Rs 2, Elias, o grande profeta reformador, não morreu, mas foi l e v a d o ao céu. Segundo os Evangelhos do NT, esse "Elias" é João Batista, o último profeta enviado por Deus para anunciar a vinda d o Messias ( M t 17.10-13). Mas João não era literalmente uma nova aparição de Elias (ou uma reencarnação de Elias), como, ao que tudo indica, esperavam aqueles que foram interrogar o profeta e m Jo 1.19-26.
Os vs. 16-18 são um a l í v i o b e m - v i n d o . Ainda há alguns que se incentivam mutuamente no a m o r de Deus; e Deus os conhece c valoriza. • Dízimo (3.10) A Lei exigia que d e z por cento de todas as safras e animais fossem entregues c o m o um tipo de imposto de renda para a manutenção d o Templo e o sustento
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Os livros deuterocanônicos Mark Etliott e Stephen Travis Os " d e u t e r o c a n ô n i c o s " o u " a p ó c r i f o s " são um g r u p o de obras judaicas que j a m a i s fez parte d o c â n o n e j u d a i c o das Escrituras, mas foi aceito c o m o tendo autoridade canónica por alguns setores da igreja cristã. Em algumas e d i ç õ e s da Bíblia esses livros aparecem c o m o um s u p l e m e n t o , g e r a l m e n t e colocado entre o AT e o NT. Traduções católicas da Bíblia c o l o c a m esses livros e n t r e os demais livros d o c â n o n e ( v e j a a b a i x o ) . Foram escritos e n t r e o p e r í o d o que vai d c cerca de 300 a.C. a 70 cl.C. e incluem narrativas, livros históricos, literatura de sabedoria, material l i t ú r g i c o , uma carta e um apocalipse. Muitos j u d e u s deste p e r í o d o acreditavam que a profecia durou apenas dc Moises até Esdras (veja Josefo, Contra Apião 1.40-41; 2Esdras 1 4 ) . Assim, vários destes livros foram atribuídos a heróis d o p e r í o d o anterior a Esdras, tais como Salomão, Jeremias e Baruque, A maioria foi originalmente escrita e m hebraico. T i d o s e m alta conta por muitos judeus, eles foram incluídos na tradução grega das Escrituras hebraicas conhecida como Septuaginta. Por isso e r a m conhecidos pelos cristãos de fala g r e g a d o primeiro século, que liam as Escrituras na forma encontrada na Septuaginta. A destruição de Jerusalém c d o T e m p l o em 70 d . C , por obra dos romanos, representou uma ameaça à identidade c sobrevivência do judaísmo. A o m e s m o t e m p o a igreja cristã estava tendo um crescimento significativo. A comunidade judaica reagiu a estes desafios "fechando" o cânone das Escrituras. Aceitou os 24 livros que faziam parte da Lei, dos Profetas e dos Escritos ( q u e os cristãos chamam de A T ) , mas rejeitou os livros adicionais encontrados na Septuaginta. Enquanto isso, os cristãos, que eram agora em sua maioria de origem gentílica, naturalmente usavam as Escrituras na forma que lhes era mais acessível: a Septuaginta grega era a Bíblia deles. Assim sendo, os livros deuterocanônicos ficaram a m p l a m e n t e conhecidos nas igrejas durante os primeiros séculos da era cristã.
N o entanto, no quarto século Jerônimo foi comissionado para fazer uma tradução definitiva da Bíblia para o latim. Esta ficou conhecida c o m o a Vulgata, e tem status oficial na Igreja Católica Romana até hoje. Convencido de que apenas o texto hebraico tinha autoridade, Jerônimo excluiu os livros encontrados apenas na versão grega. Estes livros ele chamou de "apócrifos" ( q u e , e m g r e g o , significa "ocultos" ou "escondidos"), embora não se saiba por que motivo escolheu esta palavra. O que surpreende, a o m e n o s até c e r t o ponto, é que a posição de Jerônimo não prevaleceu. A Igreja Católica ocidental logo acrescentou os apócrifos e m latim à Vulgata, e reconheceu esta coleção de livros mais ampla como Escrituras canónicas. A posição de Jerônimo foi reafirmada no século 16, q u a n d o os reformadores protestantes excluíram os apócrifos d o cânone das Escrituras. Eles suspeitavam d o pensamento apocalíptico (encontrado e m 2Esdras), bem c o m o d e 2Macabeus ( p o r q u e 12.43-45 fora usado para justificar a doutrina católica d o purgatório). E rejeitavam a doutrina da salvação por boas obras que alguns tentaram provar a partir de Tobias e outros livros. N o entanto, M a r t i n h o Lutero incluiu os livros apócrifos na sua tradução alemã da Bíblia, c o l o c a n d o - o s numa seção separada após o AT. Em reação a esta redução d o status dos apócrifos, a Igreja Católica Romana decretou no Concílio de Trento ( 1 5 4 6 ) que estes livros são parte d o cânone cristão das Escrituras. Logo depois receberam o n o m e de "deuterocanônicos" ( n o g r e g o , deuteros significa "segundo"). D e acordo com a Igreja Católica Romana, o termo indica que pertencem a uma segunda camada d o cânone, mas não implica que são menos importantes que os outros livros d o A T As Igrejas Ortodoxas orientais sempre consideraram os deuterocanônicos c o m o parte das Escrituras, m e s m o dando-lhe um status um pouco inferior ao d o restante d o AT. A maioria d o s protestantes continuou a excluir estes documentos d o seu cânone das
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O período intertestameiuário
g e r a l m e n t e são c o n h e c i d o s c o m o "pseudepígrafes" (ou seja, "livros escritos sob nome falso"). Embora populares e m certos grupes de judeus e cristãos na antiguidade, jamais] Livros que estão na Septuaginta e forOutros livros na Septuaginta que não receberam status canónico da parte de judeus mam parte do cânon ortodoxo e católico estão incluídos n o cânon católico ou de igrejas cristãs ortodoxas. romano: romano, mas são aceitos pelas igrejas • Tobias ortodoxas: O conteúdo dos livros • Judite • lEsdras (colocado num apêndice da T o b i a s é um conto romântico, composto • Acréscimos ao Livro de Ester Vulgata latina) por volta de 180 a.C. Seu autor estava inte• Sabedoria de Salomão • A Oração de Manasses (colocado ressado em proteger a religião de Israel > • Eclesiástico, ou A Sabedoria de Jesus, num apêndice da Vulgata latina) tendências perniciosas da cultura grega, e filho de Siraque • S1151 ensinar que Deus ajuda aqueles que obede• Baruque • 3Marabeus cem a suas leis. • Carla de Jeremias • 4Macabeus T o b i t e m o r a v a c m N í n i v e . Estava cego • Adições ao Livro de Daniel: havia quatro anos, depois que as fezes de A Oração de Azarias U m livro que aparece na Bíblia em eslaalguns passarinhos caíram nos seus olhos A Canção dos Três Moços vónio (russo antigo) e no apêndice da durante a noite. Sua parente Sara, que moraSusana Vulgata latina: Bel e o Dragão • 2 Esdras (às vezes chamado de 4 va c m Ecbátana, no distante oriente, também sofria por causa de um d e m ô n i o que matou • IMacabeus Esdras) sucessivamente seus sete maridos na noite de • 2Macabeus núpcias. A caminho para receber uma dívida, Tobias, o filho de Tobite, c o anjo Rafael (disfarçado de primo distante) pousaram na casada família de Sara. Deus já havia providenciado o remédio na forma de um peixe que os atacou, mas que acabou sendo morto por eles. 0 fígado e o coração desse peixe, quando defumados, espantavam demônios. Assim, Tobias acabou casando com Sara.E o fel d o peixe curou a cegueira de Tobite. J u d i t e , escrito durante o segundo século Escrituras. Mas em anos recentes muitos pasa . C , ganhou destaque na tradição judaica saram a valorizá-los por seu valor literário, no inicio da Idade Média, quando sua lenisua sabedoria espiritual, e pelas informações ra foi incorporada ao festival de Chantikah. que nos trazem a respeito d o que se passaÉ a história fictícia de uma mulher que usa va na comunidade judaica no período crítico a astúcia feminina para conseguir assassientre 200 a.C. e a época de Jesus. nar um general assírio, e assim libertar a sua É bom que deixemos esses livros falar por nação. Suas referências históricas são confu"Oure. agora, si mesmos, perguntando até que ponto reforsas e imprecisas. a min/tu oração, çam o ensinamento das Escrituras hebraicas Por exemplo, Nabucodonosor é considerao Deus, e d o NT, e até que p o m o introduzem novas do rei da Assíria, e não da Babilônia. Ele repretu que és o Deus lio meu idéias que parecem entrar em conflito com as senta o poder humano que se levanta contra antepassado Escrituras. Eles foram escritos numa época em Deus e envia suas forças para atacar Judá. Simeão. o Deus que os judeus muitas vezes estavam sob forte Judite, uma viúva piedosa, surge no momento do l , ii povo pressão para fazerem concessões e m sua fé e em que a guarnição que defendia Jerusalém de Isruel. o Senhor dedicação a Deus. E por causa disto eles têm havia feito o juramento de render-se em cinco do céu muito a dizer sobre a justiça e a providencia dias, se Deus não interviesse antes disso. c dii terra, o Criador de Deus, sua promessa de vida eterna àqueles A o dirigir-se ao acampamento inimigo, ela dos mares, que permanecem fiéis a ele, e a concretização jurou lealdade ao rei c o m o senhor da tena,e o Rei de toda a Criação," final de seu propósito para o mundo. a seu general Holofernes, que queria conquisJudile ora Os livros apócrifos devem ser distinguidos tar a viúva. Na luta contra ele, Judite simboliames de muar de outras obras judaicas d o mesmo período, zava o fraco povo de Israel. Mas ela confiava ÜM.il, I I I (Judite 9.12) tais c o m o lEnoque, Jubileus, 2Baruque, que em Deus, e tinha c o m o armas a coragem e
Os livros deuterocanônicos
Os livros deuterocanônicos a esperteza feminina, sem falar na sabedoria de golpear o pescoço de Holofernes c o m uma espada enquanto ele estava bêbado e tonto. A história termina com o cântico de louvor de Judite: " O Senhor é o Deus que acaba com as guerras... por meio de uma mulher, o Deus Todo-Poderoso os fez fracassar." Os a c r é s c i m o s a o l i v r o d e E s t e r Tratase de seis passagens encontradas no g r e g o , mas que não fazem parte d o texto hebraico do livro de Ester, no AT. Elas aparentemente foram acrescentadas para dar um tom religioso ao livro, famoso por não mencionar o nome de Deus. É possível que esses acréscimos foram feitos em vários momentos durante os dois últimos séculos antes de Cristo. As seis passagens são as seguintes: • o sonho de Mordecai • a carta d o rei A r t a x e r x c s o r d e n a n d o o extermínio dos judeus • a oração de Mordecai e a oração de Ester • a audiência bem sucedida de Ester c o m Artaxerxes • outra carta d o rei louvando os judeus • e a interpretação d o sonho de Mordecai A S a b e d o r i a d e S a l o m ã o é um poema que procura despertar o a m o r pela sabedoria. Embora atribuído a Salomão, o rei que ficou famoso por sua sabedoria, provavelmente foi escrito entre 100 a.C. e 50 d.C. O livro começa com um apelo a que se busque a sabedoria e a justiça ( 1 . 1 — 6 . 1 1 ) . Continua com um suposto testemunho pessoal de Salomão sobre o valor da sabedoria, que aparece c o m o personagem feminina, o agente de Deus no seu relacionamento com o mundo ( 6 . 1 2 — 1 0 . 2 1 ) . Aparte final ( 1 1 . 1 — 1 9 . 2 2 ) é uma reflexão sobre o e n v o l v i m e n t o de Deus na vida da humanidade e sua proteção dispensada ao povo escolhido. Passagens d e m a i o r significado t e o l ó g i co incluem a reflexão sobre a imortalidade daqueles que são fiéis a Deus (cap. 3 ) , a explicação de c o m o Deus governa o mundo c o m justiça (11.15—12.27), e o apelo aos leitores judeus no sentido de que rejeitem a adoração de ídolos (caps. 1 3 — 1 9 ) . O livro expressa tradições judaicas de sabedoria numa linguagem típica do pensamento grego. Eclesiástico, ou A S a b e d o r i a de Jesus, f i l h o d e S i r a q u e , é outro livro de sabedoria. Foi escrito e m hebraico por Siraque, lá por volta de 175 a . C , e traduzido para o grego pelo seu neto Jesus por volta de 130 a.C. Mais tradicional ou conhecido d o que o
"Respeite os médicos por causa do trabalho que fazem, pois foi o Senhor que os criou. Do Deus Altíssimo eles recebem o dom de curar... Foi da terra que o Senhor criou os remédios, e a pessoa ajuizada não os desprezará." Eclesiástico 3 8 . 1 - 4
"... o oleiro, que trabalha sentado e faz girar a roda com os pés. Ele se esforça muito no seu trabalho...
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Com os pés, ele amassa o barro e, com as mãos, dá forma ao pote. Com muita paciência, ele enverniza os potes e só vai dormir depois de ter limpado o forno." Eclesiástico 3 8 . 2 9 - 3 0
"Veja o arco-íris e louve Aquele que o criou. Como o arco-íris brilha, como é belo! Ele desenha um círculo maravilhoso no céu; foram as mãos de Deus que o estenderam." Eclesiástico 4 3 . 1 1 - 1 2
livro de Sabedoria, Eclesiástico lembra e m muitos momentos o livro de Provérbios. Seu propósito era convencer judeus, e possivelmente gentios de boa vontade, que a sede da verdadeira sabedoria ficava e m Jerusalém, e não tanto e m Atenas. O livro recomenda honra aos pais e respeito pelo passado, c a seção final (os caps. 44— 5 1 ) c dedicada ao louvor dos heróis de Israel. Seu nome "Eclesiástico" é derivado d o fato de ter obtido grande popularidade na igreja primitiva ( e m g r e g o , igreja é ekklesía).
518 "O orgulho começa quando a pessoa se afasta do Senhor, quando ela abandona o seu Criador."
Eclesiástico 10.12
"Usando o pó da terra, o Senhor criou os seres
fllfntunos e para a terra ele os faz voltar. Ele lhes deu um tempo certo para viverem. mas lhes deu autoridade sobre tudo o que há nu terra... O Senhor fez com que os seres humanos o temessem, a fim de lhes mostrar as maravilhas de tudo o que ele tinha feito... Os seres humanos louvarão o santo nome do Senhor, confundo
como são grandes as suas obras." Eclesiástico 17.1 2.8.10
O período intertestamentário B a r u q u e data d o segundo século ou, talvez, primeiro século antes de Cristo e é uma combinação de vários elementos. A seção central ( 3 . 9 — 4 . 4 ) é um trecho de literatura de sabedoria, um p o e m a que exalta o d o m da sabedoria que Deus deu a Israel. Ela é precedida por uma longa confissão dos pecados de Israel, que foram a causa d o exílio babilónico. O trecho que vai de 4.5 a 5.9 c um poema sobre a restauração de Israel após o exílio. Embora apresentado c o m o sendo d o século 6 a . C , quando começou o exílio, a mensagem do livro se dirigia a judeus espalhados pelo mundo num período posterior, para os quais o exílio se tornara, de fato, uma experiência permanente. A C a r t a d e J e r e m i a s , escrita possivelmente por volta de 300 a . C , incentiva as pessoas que viviam sob influência estrangeira a não t e m e r e m ou adorarem ídolos. O texto depende, em parle, dos pensamentos expies sos e m Jr 10.1-16. O documento geralmente aparece c o m o o cap. 6 de Baruque. O s a c r é s c i m o s a o l i v r o d e D a n i e l são três passagens acrescentadas à versão grega de Daniel durante o século 2 a.C. A oração de Azarias e A canção dos três moços foram inseridas entre Dn 3.23 e 3.24. Azarias era o nome original de A b e d e - N c g o , que, com Sadraque e Ivlesaque, foi lançado na fornalha ardente (veja Dn 1.7; 3 . 2 3 ) . A oração de Azarias reconhece os pecados dos judeus que foram levados ao exílio, e pede a misericórdia e intervenção de Deus (vs. 3-22). A breve seção central descreve c o m o Deus protegeu seus servos da força d o fogo (vs. 23-28). A canção dos três moços celebra a grandeza de Deus e sua intervenção em tempos de angústia e perigo ( v s . 29-68). Susana é a história de uma bela j o v e m que, tendo resistido às investidas de dois líderes judeus, foi falsamente acusada por eles d e cometer adultério com um j o v e m no jardim da casa dela. Daniel interrogou os dois líderes e expôs a inconsistência nos seus testemunhos, salvando Susana da morte. Na Septuaginta, a história aparece no início d o livro de Daniel, para mostrar c o m o a sabedoria dele contribuiu para a sua alta reputação na Babilônia (v. 6 4 ) . Essa história tem inspirado artistas ao longo dos séculos. Bel e o Dragão contém duas histórias. A primeira relata c o m o Daniel expôs ao ridículo o ídolo babilônio chamado Bel, provando que a comida depositada diante da imagem era, na
verdade, consumida pelos sacerdotes em seus secretos banquetes noturnos. A segunda conta c o m o Daniel destruiu um dragão que os babilônios adoravam c o m o deus. Quando Danid alimentou o dragão com bolos leitos de piei'.', gordura e pêlos de animais, ele estourou. Por isso Daniel foi lançado na cova dos leões. Em vez de ser devorado pelos leões, ele é que foi alimentado cie forma milagrosa pelo profet; Habacuque, que foi transportado da Judeia à Babilônia por um anjo. Assim, Daniel foi libertado, e aqueles que tentaram acabar com ele foram jogados na cova dos leões. I M a c a b e u s registra a luta dos patriotas judeus para se livrarem da opressão de Antíoco IV rei da Síria. Ele conta c o m o Antíoco tentou suprimira prática religiosa dos judeus e os ritos do Templo, e c o m o as forças de resistência, lideradas por Judas fvlacabeu e seus quatro irmãos, libertaram os judeus o d o m í n i o estrangeiro. Essa luta se deu entre 167 e 142 a.C. O autor, que escreveu por volta de 100 a . C , baseou-se cm fontes escritas e deu atenção especial a datas e detalhes históricos. Sua preocupação é mostrar c o m o judeus dedicados lutaram para se manterem fiéis à Lei de Deus (veja 2.19-22; 14.29). A história atingiu seu ponto alto em 142 a . C , quando " o povo de Israel ficou livre do poder cruel dos pagãos, e os judeus começaram a escrever nos seus documentos e acordos o seguinte: ' N o primeiro ano de Simão, Grande Sacerdote e chefe militar e civil dos judeus'." ( 1 3 . 4 1 - 4 2 ) . Isto marcou o início de um período de independência judaica de potências estrangeiras, durante o qual Simão (um dos irmãos de Judas) e seus descendentes ocuparam simultaneamente o ofício de governador e de sumo sacerdote. 2 M a c a b e u s é um relato alternativo da história narrada e m IMacabeus (ou seja, não é uma continuação daquela narrativa). Foi escrito mais ou menos na mesma época de 1 Macabeus, e resume os cinco volumes da história escrita por Jasão, de Cirene, obra esta que se perdeu. Este livro preocupa-se mais com teologia do que com detalhes históricos. Enfatiza, por exemplo, a crença na ressurreição d o corpo; a possibilidade de purificar os pecados d o povo e r e m o v e r a ira de Deus através d o martírio; e o poder dos milagres de revelar a natureza e o propósito de Deus. l E s d r a s , escrito entre 150 e 100 a.C, é uma versão alternativa da narrativa que se
Os livros deuterocanônicos
519
encontra e m 2Cr 35.1—36.23, Esdras e N e 7.38—8.12. Uma peculiaridade deste livro é a história contada e m 3.1-—5.6. O rei persa Dario teria dado um banquete durante o qual três dos seus guarda-costas discutiram a respeito da coisa mais poderosa que existe no mundo. Um disse, " o vinho"; outro, " o rei". O terceiro, que era o judeu Zorobabel, disse, "mulheres", mas depois mudou a sua resposta para "a verdade". A o ouvir isso, o povoj>resente gritou: "Grande é a verdade, e mais forte d o que tudo" ( 4 . 4 1 ) . E Dario deu a Zorobabel permissão para reconstruir a cidade e o Templo de Jerusalém. A O r a ç ã o d e M a n a s s e s expressa o que o penitente rei Manasses poderia ter d i t o em sua oração, quando foi levado à Babilônia para um curto período de exílio (veja 2Cr 33.11-13). A oração fala d o poder e da misericórdia de Deus c afirma ( c o m o Jesus faz e m Mc 2.17) que o arrependimento não é para os justos, mas para os pecadores. Provavelmente data do primeiro século antes de Cristo. S a l m o 1 5 1 , que data possivelmente d o século 3 a . C , é um salmo atribuído a Davi no qual ele descreve c o m o foi escolhido por Deus para ser rei e c o m o matou o gigante Golias. 3 M a c a b e u s não se refere ao mesmo período histórico que 1 e 2Macabcus, mas a acontecimentos d o final d o século 3 a.C. Mostra como os judeus que moravam no Egito foram salvos pela providência e proteção divinas da opressão de Ptolomeu IV Filopator. Há semelhanças com a história de Ester no AT. 0 l i v r o foi e s c r i t o no p r i m e i r o s é c u l o antes de Cristo, ou no primeiro século depois de Cristo. É um romance histórico que tem por objetivo encorajar os judeus de Alexandria que se v i a m ameaçados de perseguição. Como os judeus que aparecem no livro, eles deviam orar (1.16—2.20; 6.1-17; 7 . 2 0 ) ; ser fiéis à Lei d e Deus e destruir os apóstatas (2.33; 7.10-15); c confiar na providência de Deus ( 4 . 2 0 ) . 4 M a c a b e u s é uma discussão filosófica no estilo g r e g o , para demonstrar que "a razão piedosa é soberana sobre as e m o ç õ e s " ( 1 . 1 ) .
Mas o autor é judeu, c o n v e n c i d o d e que a razão escolhe a sabedoria, e que a sabedoria não é outra coisa senão a instrução na Lei ( 1 . 1 5 - 1 7 ) . Nos caps. 5—12 ele fundamenta a sua argumentação especificamente nas histórias de Eleazar e dos sete irmãos que ele aprendeu de 2Macabeus 6—7. Ele se mostra eloqüente ao falar d o poder que o sofrimento dos mártires tem de expiar os pecados d o p o v o e m geral, e lhes promete bem-aventurança eterna. Em contraste com 2Macabeus, sua maneira grega de pensar o leva a expressar isso e m termos de "almas que não morrem" ( 1 8 . 2 3 ) , e não c o m o ressurreição d o corpo. O livro p r o v a v e l m e n t e data d o primeiro século depois de Cristo. 2 E s d r a s é uma obra judaica de cerca dc 100 d.C, à qual os cristãos acrescentaram posteriormente os caps. 1—2; 15—16. A parte central é de caráter apocalíptico (veja A p o calipse), descrevendo revelações que Esdras recebeu d o anjo Uriel, e m sete visões. Ela reflete sobre o significado da destruição d o Templo e sobre c o m o se deve confiar em Deus quando existem questões que não têm resposta fácil. Embora se refira ostensivamente à destruição de Jerusalém na época de Nabucodonosor ( 5 8 7 a . C ) , seus verdadeiros leitores eram judeus atribulados pelo desastre de 70 d.C.
Os macabeus conquista rum para os judeus um breve período de independência do domínio estrangeiro. Foi um movimento paia restaurar não só a liberdade de culto, mas também da devoção pessoal à lei de Deus - a Torá (sendo estudada, na foto acima).
"Desde jovem. Judas Macabeu tem sido forte e corajoso; ele será o chefe do exército de vocês e os comandará na guerra contra os inimigos... Vinguem-se dos pagãos e sejam jiéis aos mandamentos da Lei." Palavras que Matadas dirigiu aos seus filhos (IMaeabeus 2.66,68)
O período intertestamentário
520 "Judas Macabeu e seus soldados, guiados pelo Senhor, conseguiram conquistar o Templo e a cidade de Jerusalém. Derrubaram os altares i/ue o s pagãos tinham construído nas praças... Purificaram o Templo e construíram um novo altar... O Templo foi purificado... no dia vinte c cinco de
quisleii...
Depois, todos votaram a favor de uma lei em que se ordenava que a nação inteira dos judeus comemorasse todos os anos essa festa." 2Macabeus 10.1-3,5,8
Governadores da Palestina durante o período intertestamentário 333-166
DOMÍNIO GREGO/HELENISTA
333-323
Alexandre, o Grande
300
Os Plolomeus, reis do Egilo
200
Governo da dinastia seléucida, da Síria
175-166
Antíoco IV Epifanes, o rei sírio que profanou o templo em 168
166-63
INDEPENDÊNCIA JUDAICA
63-4
DOMÍNIO ROMANO
166
Os macabeus lideram uma revolta contra Antíoco
63
Pompeu anexa Judá á provinda da Síria
166-160
Judas Macabeu
63-40
Hircano II
165
0 templo é rerjedicado
48
160-143
Jonatas (irmão de Judas)
Pompeu derrotado por Júlio César
142-134
Simão (irmão de Judas)
44
Júlio César é assassinado
40-37
Aiiíígono: governador judeu subordinado aos romanos
134-104
João Hircano
104-103
Aristóbolo
37-4
Herodes, o Grande
103-76
Alexandre Janeu
27
76-67
Alexandra Salomé
Otaviano/Augusto César reina sobre o Império Romano
67-63
Aristóbolo II
Os livros deuterocanônicos
521
Os gregos
Desde a época dos últimos reis de Israel, o mundo do AT foi dominado por uma sucessão de grandes potências e impérios: os assírios, que conquistaram Israel, o reino do Norte; os babilônios, que destruíram Jerusalém elevaram o povo ao exílio; os persas, que permitiram o retorno dos judeus 3 sua pátria. Mas no período que vai das últimas histórias do AT ao nascimento de Jesus, a potência dominante era a Grécia, e a influência grega foi mais ampla e duradoura que qualquer outra até então. Muitos dos livros deuterocanônicos, inclusive as histórias dos macabeus, que conseguiram a independência dos judeus por um breve momento, pertencem a este período: a era helenista (de hellas, antigo nome da Grécia).
Mar Arai
Mar Negro MACEDÓNIA
Mar (áípio
IMPERIO DOS SELÊUCIDAS
PARTIA Antioquia • % Mar Mediterrâneo ;ó-; Alexandria IMPÉRIO DOS
MÉDIA
SÍRIA
/>'
%
SeléiKia Susã
Jerusalém %• Persépotis
PTOLOMEUS EGITO
PÉRSIA
Mar
60II0 Penico
INDIA
Vermelho
A era "dourada" ou clássica da Grécia começou por volta de 480 a.C. A cidade-estado de Atenas era, na época, um modelo de democracia, com todos os cidadãos envolvidos em
O I m p é r i o G r e g o por volta de 275 a . C quase 50 anos apos a morte de Alexandre.
O Parthenon, em Atenas, foi unia das maravilhas do mundo antigo.
522
O período intertestamentário difundir as idéias gregas e a cultura grega por onde passasse. Ele tinha apenas 32 anos quando morreu (em 323 a.C). Seus generais dividiram o Império entre si, dando continuidade ao processo de difusão da língua e da civilização grega que Alexandre havia começado. Ptolomeu ficou com o Egito. Seleuco e seus] descendentes governaram o Oriente, tendo sua capital em Antioquia t Síria. A Palestina ficava no caminho das marchas e contramarchas dessas duas potências.
Estas esculturas de arqueiros citas e o elmo
mais mundos a serem conquistados. Alexandre foi mais do que um lendário general. Seu tutor havia sido o famoso filósofo g r e g o Aristóteles. E Alexandre tinha o desejo, não apenas de conquistar territórios, mas de
de bronze, encontrados ein Corinto, são da época da guerra entre os persas c os gregos.
seus assuntos. Mas terríveis guerras locais dividiram o país e os gregos tiveram que lutar muito para manter os persas afastados. Alexandre, o G r a n d e Em 338, Filipe da Macedónia passou a ter o controle de toda a Grécia. Ao ser assassinado, ele foi sucedido por Alexandre, seu filho de 20 anos. Este derrotou os persas em 334. Depois, conquistou a Síria e o Egito (fundando a cidade de Alexandria), e, de vitória em vitória, chegou até à margem do rio Indo, onde, segundo se diz, chorou porque não havia
Alexandre deixou a sua marca, não apenas nas moedas gregas, mas em todo o mundo antigo, chegando, no Oriente, até as fronteiras da índia.
f?
A d i f u s ã o d a cultura g r e g a Embora a civilização grega tivesse chegado ao seu apogeu antes do tempo de Alexandre, foi durante a era helenista, após a morte de Alexandre, que a influência grega mais se fez; sentir nas terras bíblicas. O g r e g o se tornou a principal língua falada e também a língua de contato usada no comércio, na educação e na literatura. A arquitetura grega mudou o panorama de muitas
Os livros deuterocanônicos
cidades. Ginásios, teatros e estádios no estilo grego foram construídos por toda a parte. Em Alexandria, no Egito, o AT foi traduzido ao grego (a "Septuaginta"), para atender a grande colônia de judeus de fala grega que morava na cidade. 0 NT foi escrito em grego, e não no aramaico da Palestina (a língua diplomática usada, anteriormente, no Império persa), tampouco no latim do Império romano (embora alguns rascunhos de partes dos Evangelhos possam ter sido escritos em aramaico ou hebraico). A partir de 167 a.C, os romanos começaram a conquistar antigas cidades e reinos gregos. Mas a língua e a influência grega permaneceram. Escravos gregos foram levados às casas romanas, sendo alguns médicos, professores ou contadores. Os romanos adotaram muitas formas gregas de pensar. Aprenderam a falar grego. Os antigos deuses romanos foram equiparados ao sistema grego, e os deuses gregos receberam nomes romanos: Zeus se tornou Júpiter; Possêidon se tornou Netuno; Ares se tornou Marte; Ártemis se tornou Diana.
Uma casa helenista que data do séc. 2 a.C. foi escavada em Araq al Amir, na Jordânia. Há quem diga que foi consü\iícla por Hircano, que penencia à influente família judaica dos Tobias. É um exemplo interessante de como a arquitetura e os estilos de construção gregos foram adotados nas tetras bíblicas. O maior dos blocos de pedra mede 7 x 3 m!
A influência g r e g a na Palestina Os costumes e as idéias dos gregos eram parte importante da vida e da cultura da Palestina na época do NT. Do outro lado do lago, a sudeste da Galileia, havia uma federação de dez cidades livres ("Decápolis") que seguiam os padrões gregos. Jesus foi ensinar ali. Entre essas cidades estavam Citópolis (atual Bete-Seã), onde arqueólogos conseguiram desenterrar as ruínas da cidade clássica com seu teatro, ginásio e templos. Recentemente arqueólogos também passaram a fazer escavações em Séforis, importante cidade helenista a alguns quilômetros de Nazaré (veja "Jesus e as cidades"). Veja também "Governo romano, cultura grega", "A cidade de Atenas", "A cidade de Corinto", "A cidade de Éfeso".
523
Este busto feminino, em mármore, ilustra a moda grega do séc. 1 a.C.
O NOVO TESTAMENTO o s AS
EVANGELHOS E
De Romanos a Apocalipse
De Mateus a Atos 526 Mapa: Israel nos tempos do Novo Testamento 527 0 que e o Novo Testamento? 528 A religiáo judaica na época do Novo Testamento 532 0 templo de Herodes 534 Os judeus sob o governn romano: a provincia da Judéia 536 A historia do Novo Testamento
538 Introdução: Os Evangelhos e Jesus Cristo 545 Estudando os Ivangclhos 549 Mateus 551 "Deus conosco" — a encarnação 553 A estrela de Belém 557 Os doze discípulos de Jesus 563 Jesus e o reino 566 Jesus e o dinheiro 569 Jesus e o Antigo Testamento 574 A Páscoa e a última ceia 577 Martos 581 A pesca no mar da Galileia 587 Jesus e as cidades 589 Jesus e as mulheres 592 Soldados romanos no Novo Testamento 593 Pilatos 595 U c a s 596 0 nascimento de uma virgem 600 0 recenseamento 602 Maria, a mãe de Jesus 603 Perspectivas (emininas nos Evangelhos 605 Os milagres do Novo Testamento 608 Marta e Maria 619 A ressurreição de Jesus
621 João ' ¡tazaré, cidailc en que Jera Ir criou, tal K»nw aprésenla luije.
EPISTOLAS
ATOS
627 A família Herodes 630 Jerusalém na época do Novo Testamento 636 A paz de Deus
637 Amor 641 Maria Madalena 643 Atos 650 Um historiador examina o Novo Testamento 655 "Boas Novas!" — dos primeiros cristãos 659 A cidade de Atenas 661 0 Espírito Santo em Atos 670 Governo romano, cultura grega
674 681 684 689 692
Introdução: As Epístolas 7 5 3 A dispersão judaica Romanos 7 5 8 1 , 2 e 3João A cidade de Roma 762 Judas Paulo 76} Apocalipse A escolha soberana de 7 5 5 As sete igrejas do Deus Apocalipse 694 ICoríntios 766 0 culto ao imperador 696 A cidade de Corinto e o Apocalipse 701 Problemas de natureza 7 7 1 Para entender o sexual na igreja de Apocalipse Corinto 703 Dons espirituais 706 2Corintios 7 1 1 Gálatas 7 1 4 Efésios 716 A cidade de Éfeso 720 Filipenses 723 Colossenses 724 Para entender Colossenses 727 Anjos na Bíblia 728 1 e 2Tessaloni
/\MontcHermom
Tiro '
¡g'Cesaréía cie Filipe
Israel nos tempos do Novo Testamento
ITURÉIA TRACONITES
Plolemaida * •
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Generaré Mar Mediterrâneo
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Magdala s f c ^ ^ ¡ ¡ ¿ ¡ ^ Cana &àjTiberíadH
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GALILEIA Gallara
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DECÁPOLIS
r^ÈÈÈÈ Citópolis
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Monte Antipátride
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SAMARIA PEREIA
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Jerusalém ;«
Azoto
Jericó Betfacjé
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Betânia . do outro lado \ l o Jordão
B s , à n i a
Belém
Deserto
J U D E I A to tom f Gaza
Mm Morto
;
Maqueronte
(MardeArobá)
Massari;
IDUMÉIA
NABATÉIA
Judeia: Província romana
Galileia e Peréia: Reino de Herodes Antipas
Tetrarquia de Filipe
527
O que é o Novo Testamento? O N o v o Testamento, c o m o o Antigo, é uma coleção de livros. São 2 7 livros e cartas escritos num período de cerca de 50 anos, e m estilos diferentes, por vários autores. A história cio A T abrange um p e r í o d o de cerca de 2.000 anos. Já a história d o N T se passa num p e r í o d o de cerca de 100 anos, o primeiro século depois de Cristo, a época d o Império R o m a n o . 0 AT conta a história de muitas pessoas, mas essencialmente é a história d o p o v o de Israel. O N T destaca uma pessoa e m especial, alguém que era membro daquele m e s m o povo: Jesus Cristo. A palavra "testamento" significa "aliança" ou acordo. O AT, a Bíblia hebraica, trata da aliança entre Deus e o p o v o de Israel ( o s judeus). Deus escolheu este povo para, através dele, abençoar o mundo todo. Em resposta ao amor e cuidado de Deus, e para cumprir seus propósitos, os membros desse p o v o d e v i a m obedecer às leis de Deus e ser fiéis a ele. Mas sempre de novo eles falharam. E assim seus profetas começaram falar sobre uma nova aliança, que as pessoas manteriam porque estaria "escrita e m seus corações. N ã o mais algo externo, mas uma nova vida interior. Foi esta nova aliança que, segundo os cristãos, Jesus tornou possível através da sua vida, morte e ressurreição. Através de Jesus, Deus oferece o d o m da nova vida, uma participação na vida d o próprio Deus, agora e para sempre. Esta "oferta especial" não é apenas para uma nação, mas para todas as pessoas do mundo, todos aqueles que estiverem dispostos a recebê-la. Este novo c o m e ç o para um mundo pecaminoso se tornará pleno no dia em que Cristo voltar e "tudo se fizer novo". É por isso que a mensagem cristã é chamada de "boas novas" ( u m "evangelho"). Os quatro primeiros livros d o N T são cha-
mados d e "Evangelhos". São quatro relatos complementares sobre a vida de Jesus, cada um de um autor diferente e com um propósito ou "ponto de vista" específico. Este "ponto de vista" tem a v e r com os endereçados, ou seja, as pessoas para as quais o evangelista estava escrevendo (veja "Os Evangelhos e Jesus Cristo" e "Estudando os Evangelhos"). O livro de Atos dos A p ó s t o l o s , que v e m após os Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, c a segunda parte da história de Lucas. Esta obra conta c o m o os primeiros seguidores de Jesus difundiram as boas novas d o que ele havia feito, começando e m Jerusalém e na província da Judéia e passando para o contexto mais amplo d o oriente g r e g o e d o Império Romano. Um personagem central nesta expansão é o apóstolo Paulo. Ele não era um dos 12 discípulos originais de Jesus. Na realidade, Paulo era radicalmente contra o que diziam sobre Jesus e sua ressurreição, até que um dramático encontro com o Jesus ressuscitado mudou completamente o seu modo de pensar e a sua vida. Depois de Atos v e m as cartas. Treze delas trazem o nome d o apóstolo Paulo. As demais foram escritas por outros seguidores próximos a Jesus. A maioria foi escrita para igrejas cristãs fundadas havia pouco tempo e m diferentes lugares. Nelas, são esclarecidas dúvidas, são dadas maiores explicações a respeito d o que Jesus fez, e mostra-se c o m o a nova fé pode ser colocada e m prática no dia a dia. O último livro d o N T é o Apocalipse. Ele p e r t e n c e a um tipo especial d e literatura denominada "apocalíptica" (veja "A religião judaica na época d o N T " e "Para entender o Apocalipse") e lança o seu olhar para frente, para o triunfo final de Deus sobre o mal. Neste sentido, serve de incentivo para cristãos que vivem e m tempos difíceis.
"Os Evangelhos contam a história de Jesus não apenas para nos relatar fatos interessantes sobre um personagem histórico. Eles a contam para que possamos descobrir as boas novas de como Jesus pode causarem nós um impacto que traiusforme a n o s s a vida!" Stephen Travis
A religião judaica na época do Novo Testamento Dick France
Jesus era um judeu. A igreja cristã começou na Palestina, e seus primeiros membros eram judeus. Para entender o NT, precisamos ter algum conhecimento da religião judaica da época de Jesus. Os últimos profetas d o AT v i v e r a m 4 0 0 anos ou mais antes de João Batista entrar e m cena. E desde aquela época a religião judaica não ficou sendo exatamente a mesma. A religião clássica d o Israel d o AT evoluiu e v e i o a ser o que chamamos de judaísmo. N o p r i m e i r o século da era cristã, havia judeus e m todas as partes d o mundo romano e até m e s m o fora ele (veja "A dispersão judaica"). Aqui iremos nos ater aos judeus da Palestina. A l g u m a s importantes instituições do judaísmo O T e m p l o O g r a n d e T e m p l o de Salomão fora destruído pelos babilônios e m 587 a.C. Após o exílio, os judeus que retornaram a Jerusalém reconstruíram o T e m p l o . Tratava-se de um edifício menos impressionante, que ficou de pé durante 500 anos. H e r o d e s 0 Grande decidiu substituí-lo por um magnífico templo n o v o , que se tornou uma das sete maravilhas d o mundo antigo. (Veja " O Templo de Herodes".) A obra foi iniciada 19 a.C. c ainda não havia sido concluída na época de Jesus (Jo 2 . 2 0 ) . Acabaria ficando pronta e m 64 d . C , mas seis anos depois o Templo foi destruído pelos romanos. Foi este imponente c o m p l e x o de construções que deixou os discípulos de Jesus admirados ( M c 1 3 . 1 ) . A l i ainda eram oferecidos os sacrifícios e se realizava o culto que havia sido instituído muito tempo antes. Aquele era o c a m p o de ação dos sacerdotes e de seus auxiliares. Mas, é claro, tudo isso acontecia sob o olhar vigilante dos soldados romanos, que estavam aquartelados na fortaleza Antônia, de o n d e podiam avistar os pátios d o Templo (At 21.31-40). Os prédios d o Templo cm si ficavam separados d o grande pátio externo, o "pátio dos gentios", por uma mureta na qual
havia várias inscrições que proibiam os gentios de ir além daquele ponto. Quem o fizesse, corria o risco de ser morto (veja At 21.28-29; Ef 2 . 1 4 ) . Q u a n d o os Evangelhos d e s c r e v e m Jesus ensinando e ministrando "no Templo", falam de algo que normalmente ocorria nessa ampla área pública, o n d e os mestres se instalavam nos pórticos c o b e r t o s c o p o v o se reunia paia ouvir e fazer perguntas. Nesse mesmo pátio também funcionava, durante as festas, o m o v i m e n t a d o m e r c a d o de animais para os sacrifícios e estavam instaladas as bancas dos cambistas (que tinham o dinheiro sagrad o para as ofertas no T e m p l o ) , situação que tanto irritou Jesus. O Templo não era apenas um lugar de adoração. Era um símbolo de identidade judaica e orgulho nacional. Uma das principais razões por que Jesus e os seus seguidores se tornaram malvistos foi que eles e r a m considerados inimigos do Templo ( M t 2 6 . 6 1 ; 27.40; At 6.13-14). A s i n a g o g a Havia apenas um Templo, mas cada comunidade tinha a sua sinagoga. Ali não se ofereciam sacrifícios. Era o centro local de culto e estudo da Lei. N o sábado, a comunidade se reunia, homens e mulheres separados, para ouvir a leitura e exposição de determinadas passagens da Lei e dos Profetas (Lc 4.16-21) e fazer orações litúrgicas. Durante a semana, a sinagoga era a escola local, o centro comunitário e o núcleo d o governo local. Seus líderes e r a m as autoridades civis da comunidade, os magistrados e guardiões da moral pública. Lei e t r a d i ç õ e s Israel tinha uma lei desde a época de Moisés. Mas depois d o exílio e da destruição d o T e m p l o , Esdras ( n o século 5 a.C.) liderou um movimento de estudo intensivo da Lei, e os judeus se tornaram cada vez mais " o p o v o do livro". Este estudo detalhado gerou um conjunto de tradições, ainda e m desenvolvimento na época de Jesus, que procurava detalhar melhor c o m o a Lei d e v i a ser seguida. Os
Introdução ao Novo Testamento escribas, que eram os estudiosos profissionais e guardiões da Lei e das tradições, elaboravam regras exatas para todas as ocasiões. H a v i a , por e x e m p l o , 39 tipos de trabalho proibidos no sábado, e um deles (transportar um o b j e t o d e um lugar a o u t r o )
•Asregras^ sobre o sábado
são como montanhas
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mmfio de cabelo, fais a Escritura áumutto pouco, mos osMishná, regras s ã o Hagigah muitas."1.8
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foi a m p l i a d o a ponto de levar p r o i b i ç ã o de quase toda e *
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qualquer atividade. Viagens lj i j a "joma-
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O ensinamento dos escribas pretendia ajudar o povo a obed e c e r à L e i , mas i n f e l i z m e n te, c o m o as palavras d e Jesus a r e s p e i t o dos escribas indicam, às vezes o z e l o pelos detalhes ofuscava as questões fundamentais da Lei ( M c 7.1-13; Mt 23.23). As m a r c a s d e u m j u d e u A necessidade de sobreviver diante de hostilidades e perseguição levou os judeus a valorizar aqueles aspectos da Lei que os distinguiam c o m o povo de Deus. Três "sinais d e identidade" se tornaram muito importantes: circuncisão, observação da lei d o sábado, e as leis alimentares (baseadas e m L v 11 e na o r d e m de não comer sangue) que i m p e d i a m os judeus d e tomar uma refeição normal c o m não judeus. Um dos maiores problemas enfrentados pelos primeiros cristãos foi definir c o m o seguidores de origem judaica e de o r i g e m gentílica poderiam ser integrados numa mesma comunidade (leia At 10.1—11.18; At 15.1-29). Partidos e m o v i m e n t o s do j u d a í s m o d o s é c u l o 1 Os f a r i s e u s Os leitores dos Evangelhos tendem a pensar que fariseu é sinônimo de hipócrita, mas não era este o conceito que a maioria dos judeus tinha a respeito dos fariseus. Eles eram os puristas e m questões religiosas, extremamente dedicados à preservação e observância da lei e interessados em incentivar os outros a fazerem o mesmo. À luz disto, eram judeus e x e m p l a r e s ( F p 3.5-6) e eram muito respeitados. A maioria dos escribas pertencia ao partido farisaico, e eles foram os responsáveis p e l o rico d e s e n v o l v i m e n t o das tradições legais mencionado acima. Seu z e l o pela o b s e r v a ç ã o meticulosa da lei ( p r i n c i p a l m e n t e e m q u e s t õ e s d e pureza ritual na a l i m e n t a ç ã o ) limitava seu con-
tato social com judeus menos escrupulosos, e p o d i a levar a um senso de superioridade com relação à "plebe" (Jo 7 . 4 9 ) . Esta separação, b e m c o m o a tendência de dar mais valor à exata observação de ritos d o que a princípios amplos c o m o o amor e a misericórdia, fez com que entrassem e m conflito com Jesus. Ele não questionou a ortodoxia deles; apenas os acusou de terem uma visão equivocada a respeito d o que significava servir a Deus, assim que o esforço deles por definir as exigências da lei, por mais bem intencionado que fosse, acabava dificultando as coisas para as pessoas simples. O número de fariseus provavelmente não era grande, mas a sua influencia era marcante. Foram os fariseus que determinaram as diretrizes para o desenvolvimento d o judaísmo após a destruição de Jerusalém e m 70 d.C. Eles imprimiram no judaísmo uma ênfase c o n t i n u a d a na p i e d a d e i n d i v i d u a l , e m padrões éticos rígidos, b e m c o m o na observação ritual. O s s a d u c e u s Os saduceus formavam o outro partido importante da época de Jesus, embora sua influência j á estivesse e m declínio. Eram oriundos de famílias ricas, e m geral os grandes proprietários de terras. Os principais sacerdotes eram, e m grande parte, saduceus, e o sumo sacerdote era escolhido dentre eles. Controlavam a organização d o Templo, e eram, também, o partido majoritário no Sinédrio ( o conselho superior dos j u d e u s ) , o n d e eles c os fariseus freqüentemente t o m a v a m posições opostas (At 23.6-10). Sua posição teológica era conservadora, não aceitando nenhuma revelação além dos cinco livros d e Moisés (Gênesis a Deuteron ô m i o ) . Assim, eles rejeitavam crenças mais recentes aceitas pelos fariseus, c o m o imortalidade, ressurreição, anjos e d e m ô n i o s ( M c 12.18; At 2 3 . 8 ) . Sendo uma minoria aristocrática, não tinham tanto apoio popular quanto os fariseus. O s e s s ê n i o s Este grupo, a respeito d o qual, no passado, não se tinham muitas informações, passou a receber uma atenção toda especial a partir d e 1947, c o m a descoberta dos rolos d o mar M o r t o . Estes rolos pertenciam à biblioteca da comunidade de Qumran, uma seita "monástica" dos essênios que vivia em isolamento voluntário no deserto que fica p r ó x i m o ao mar M o r t o . A seita foi fundada p e l o d e s c o n h e c i d o "mestre da justiça" por volta de 165 a . C , e sobreviveu até 68 d . C ,
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O Novo Testamento
No - i . i ni., entre o AT coNT, it religião de Israel transformou-se no judaísmo. A foto mostra jttdcus ortodoxos lie hoje, na
Jerusalém antiga.
quando foi destruída na revolta judaica (contra os romanos). Eles se consideravam o verdadeiro p o v o de Deus, e os outros judeus, inclusive o sistema d o Templo e m Jerusalém, eram vistos como inimigos. Isolados no deserto, eles aguardavam a vinda dos dois Messias ( o Messias sacerdotal de Arão e o Messias real de Israel) e a grande batalha final entre os filhos da luz c os filhos das trevas. Q u a n d o esse dia chegasse. Deus aprovaria o t e s t e m u n h o fiel da afastarão comunidade e restauraria o verdamorada ímpios deiro santuário.
"Eles se da dos e irão para o deserto preparar o caminho do Senhor."
Enquanto isto, eles se ocupav a m c o m o estudo diligente das Escrituras, s e g u i a m uma rígida disciplina monástica, guardavam a Regra da Comunidade lei com mais rigor ainda do que os de Qumran, 8.1:! fariseus, a m a v a m uns aos outros e odiavam os de fora. Produziram comentários bíblicos elaborados, aplicando cada frase das passagens d o AT a sua própria situação e expectativa. N e m todos os grupos essênios adotavam o mesmo estilo de vida separatista da comunidade de Qumran. N o entanto, os documentos de Qumran dão claros indícios de que havia um tipo de judaísmo apocalíptico e asceta
que representava uma alternativa em relação aos lipos mais conhecidos dos fariseus e saduceus. O s z e l o t e s Enquanto fariseus e saduceus tentavam conviver com o g o v e r n o romano, e os h o m e n s de Qumran sonhavam com a poderosa intervenção futura de Deus, muitos judeus não estavam dispostos a esperar. Em 6 d . C , por ocasião de um recenseamento romano com vistas à cobrança de impostos. Judas, o Galileu, liderou uma importante revolta (At 5 . 3 7 ) que serviu de inspiração a futuros grupos de rebeldes, geralmente rotulados de "zelotes". É possível que Barrabás, aquele "salteador" que estava preso por ocasião do julgamento de Jesus, fosse o líder de um desses grupos. Os romanos suprimiram vários levantes anteriores, mas a grande revolta judaica provocada por zelotes em 66 d.C. resultou na destruição de Jerusalém em 70 d.C. Na melhor das hipóteses, os zelotes eram patriotas com motivações religiosas, que acreditavam que o p o v o de Deus não devia estar sujeito a nenhuma potência estrangeira. A p o c a l í p t i c a Muitos "apocalipses" foram escritos na Palestina do segundo século antes de Cristo e m diante. Seu objetivo era trazer uma mensagem de esperança a um povo à beira
Introdução ao Novo Testamento
«umgalileu chamado judas
do desespero. Nesses apocalipses aparecem relatos de visões extraordinárias supostamente recebidas por grandes homens
xncitou seus
compatriotas à rebelião, acusando-os dl serem covardes por c o n s e n t i r e m em pagar impostos a o s
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seja, um conflito cósmico e m joscfo, Guerra que estão envolvidos o bem e dosjudeus2.H8 a l , Deus e Satanás, a luz e as trevas. A presente ordem mundial é controlada pelas forças d o mal, mas a batalha final está prestes a ser travada. Então Deus esmagará toda a oposição, o mal será destruído, e seu p o v o reinará e m glória. O livro d o Apocalipse, no NT, é um apocalipse cristão. E s p e r a n ç a s m e s s i â n i c a s As estranhas visões que aparecem nos apocalipses expressavam apenas uma entre várias esperanças alimentadas pelos judeus daquela época. Vários personagens messiânicos d o A T ocupavam o imaginário popular: o profeta c o m o Moisés (Dt 1 8 . 1 5 - 1 9 ) , Elias que estava por v o l t a r (Ml 4.5-6), entre outros. Mas acima de tudo aguardava-se a vinda d o Filho de Davi, um rei guerreiro CUJA missão era trazer vitória, paz e glória a Israel. Alguns pensavam e m renovação espiritual; a maioria, e m vitória sobre os romanos. A palavra Messias ( g r e g o , "Cristo") inevitavelmente despertava esperanças de independência política, o que levou Jesus a ser cauteloso c o m o uso deste título. Ele v e i o a um p o v o "que esperava a c o n s o l a ç ã o de Israel" (Lc 2 . 2 5 ) , mas o que ninguém esperava é que isso fosse acontecer através de uma cruz. P r o s é l i t o s A p e s a r de os judeus serem freqüentemente m a l i n t e r p r e t a d o s e ridicularizados, um n ú m e r o c o n s i d e r á v e l de gentios era a t r a í d o pela r e l i g i ã o j u d a i c a e
o lugar de D e u s . »
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t o m a v a a i m p o r t a n t e d e c i s ã o de se tornar "prosélito". Isto e n v o l v i a circuncisão e batism o , bem c o m o obediência a toda a lei, inclusive o sábado e as leis alimentares. Era, na v e r d a d e , uma mudança de nacionalidade. Muitos outros, atraídos pela fé monoteísta e pela rígida moralidade d o judaísmo, que contrastavam com o politeísmo decadente de Roma, se identificavam com a fé e os ideais de Israel, mas não queriam se comprometer t o t a l m e n t e c o m o prosélitos. Estes, que e m alguns casos e r a m ricos e influentes oficiais romanos, a p a r e c e m no N T sob o n o m e de "os que temem a Deus" ou "os piedosos" ( A t 13.26,43,50; 17.4). O s s a m a r i t a n o s Estes eram descendentes de israelitas que h a v i a m s o b r e v i v i d o à destruição d o reino d o N o r t e e que haviam c a s a d o c o m g e n t e e s t r a n g e i r a que havia sido transferida para aquela r e g i ã o d e p o i s da queda de Samaria e m 7 2 2 / 1 a.C. Nunca foram integrados no reino de Judá e na época d é N e e m i a s a divisão se cristalizou. A construção do templo samaritano no monte Gerizim, nas proximidades de Siquém (Jo 4 . 2 0 ) , levou os judeus a definitivamente repudiar e m os samaritanos. Foi o rei judeu Hircano quem destruiu o t e m p l o samaritano e m 128 a.C. N o e n t a n t o , os samari.
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tanos a d o r a v a m o m e s m o Deus. Sua a u t o r i d a d e era ,
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a Lei ou os Cinco Livros de Moisés (mas não o restante i
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O Novo Testamento
O templo de Herodes
O primeiro templo, construído pelo rei Salomão, foi destruído pelo exército babilónico em 587 a.C. Ao voltarem do exílio, os judeus o reconstruíram da melhor maneira que podiam, mas ele não tinha a mesma glória que havia tido no passado. Quando Herodes se tornou rei no tempo dos romanos, ele lançou um amplo programa de construções, sendo que o projeto mais ambicioso era um templo novo. Herodes era idumeu, e esta parecia uma maneira de conseguir o apoio dos seus súditos judeus. A obra começou e m 19 a.C. e quase tudo estava pronto em 9 a.C, mas os trabalhos só foram encerrados de fato e m 64 d.C. Partes dessa construção ainda podem ser vistas no lado ocidental (o "Muro das Lamentações") e no lado oriental. Escavações recentes descobriram uma escadaria que levava às portas do lado sul, e blocos de pedra entalhada dos parapeitos e pórticos. Informações sobre essa magnífica estrutura nos vêm das descrições do historiador judeu Josefo e de notas e m obras rabínicas. Um grande pátio (o pátio dos gentios) era cercado por um pórtico onde mestres podiam ensinar e se podiam fazer negócios (Jo 10.23; Lc 19.47; J o 2.14-16). Uma mureta fazia a separação entre este pátio externo e os pátios internos, nos quais apenas os judeus podiam entrar. Havia placas de advertência, proibindo os estrangeiros de
passar daquele ponto. Quem desobedecesse poderia ser morto. Na área que ficava além da mureta de separação havia mais três pátios. • o pátio das mulheres, onde havia 13 gazofilácios na forma de trombetas invertidas destinados à coleta de donativos (esta é o cenário da oferta da viúva, Mc 12.41 -44) • o pátio dos israelitas • e, por fim, o pátio dos sacerdotes, onde ficavam o altar e o santuário do templo. Este templo era maior do que o templo de Salomão, mas seguia a mesma planta e era ricamente decorado, com paredes revestidas de ouro.
"Quem não viu o templo de Herodes nunca viu uma construção magnífica". Talmude (Baba Bathra 4a)
A parte mais interna do santuário (o Lugar Santíssimo) estava vazia. A arca que continha os termos da aliança de Deus com seu povo havia desaparecido (veja "A arca perdida"). O general romano Tito reduziu o templo a cinzas e entulho em 70 d . C , após a revolta judaica. Para os cristãos é significativo que o templo tenha desaparecido na época em q u e uma nova aliança foi estabelecida, dando a pessoas de todas as nações acesso a Deus (veja Hb 8—10; Ef 2.11-22).
Este é o mercado onde as pessoas compravam suas ofertas sacrificiais. Depois, entrando pelas nonas cenrrais (as porias de Hulda). atravessavam o pátio dos gentios c chegavam aos pátios internos.
Introdução ao Novo Testamento
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Esta fotografia do modelo feito por A.W. Garrard mostra a grande área do Templo vista do ângulo nordeste. O pátio do Templo e o santuário do Templo estão no centro. O pórtico real (denominado assim por causa de seu tamanho) aparece no fundo.
Uma vista do Templo a partir do pátio das mulheres através da porta de Nicanor (que leva o nome do judeu alexandrino que a doou). O acesso a essa porta se dava por uma escadaria de quinze degraus.
Estes são os banhos subterrâneos (mikmot) usados pelos sacerdotes. Antes de assumirem suas funções, de manhã, os sacerdotes tomavam um banho ritual paia purificação, que podia ser repetido durante o dia, caso ficassem "imundos" por causa de suas tarefas. A passagem e as salas de imersão estão preservadas sob o atual monte do Templo.
O pátio dos sacerdotes. O lugar onde os animais eram sacrificados está em primeiro plano; o altar para holocaustos, no centro; e a "bacia" com água, ao fundo. Os degraus à direita levam ao santuário do Templo.
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O sumo sacerdote lê um rolo no pátio externo do lemplo. Apenas uma vez por ano ele podia entrar no santuário interior, lile usa suas roupas especiais. O peitoral com 12 pedras representa as 12 tribos de Israel. O turbante, a calca, o manto e o cinto trazem as quatro cores do santuário - branco, azul, púrpura e escarlate - entretecidas com fios de ouro.
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O Novo Testamento
Os judeus sob o governo romano: a província da Judéia David
0 mundo no NT é o mundo do Império romano. O povo judeu, que conquistara um breve período de autonomia na época dos macabeus (de 166 a 63 a.C), logo foi subjugado novamente, desta vez pelos romanos. Após as conquistas do general romano Pompeu (que saqueou Jerusalém), Roma formou a província da Síria em 58 a . C , com controle sobre toda a região. Mas a Judéia ficou na extremidade do mundo romano. Roma endossou a nomeação de Herodes, primeiro como governador (47 a.C), depois como rei da Judéia (40 a.C, embora tenha levado três anos para consolidar seu domínio). Herodes, por sua vez, apoiou Otaviano (mais tarde o imperador Augusto) na batalha de Actium, em 31 a.C, e foi recompensado com outras cidades para ampliar o seu reino. Com a morte de Herodes em 4 a.C, Roma foi forçada a enviar legiões à Judéia a partir da província da Síria, em parte para assegurar a porção do tesouro real em Jerusalém deixada para Augusto.
Gill
Em 6 a . C , Arquelau, o herdeiro de Herodes, foi exilado para a Gália e grande parte do antigo reino de Herodes se tornou parte da nova província da Judéia, controlada por um oficial romano da ordem eqüestre sediado na cidade portuária de Cesaréia.
Os "prefeitos" romanos Os primeiros destes "prefeitos" — posto inferior aos governadores da maioria das outras províncias, mas igual aos do Egito — nomeados por Augusto para governar a Judéia foi Copõnio. O prefeito podia nomear os sumos sacerdotes judeus. Isto significava que famílias judaicas importantes da província estavam dispostas a cooperar com ele. O prefeito tinha algumas tropas sob seu comando. Em tempos de instabilidade, ele precisava pedir ajuda ã província vizinha da Síria. Pôncio Pilatos (veja "Pilatos"), que condenou Jesus à morte, foi o quinto prefeito da Judéia. Nomeado pelo Imperador Tibério em 26 d . C , ele praticou vários atos que ofenderam
os judeus, inclusive a introdução d! imagens do Imperador na cidade de Jerusalém durante a noite. Ele causou um tumulto ao apropriar-se de um dos tesouros sagrados para financiar um aqueduto para a cidade. Grandes quantidades de água corrente eram necessárias para os banhos rituais, mas é possível que também houvesse uma tentativa de introduzir a cultura romana na forma de banhos públicos. A tensão entre a autoridade romana e os judeus se reflete nos relatos dos Evangelhos, quando Pilatos faza proposta de soltar Jesus por ocasião da festa da Páscoa. Pilatos acabaria perdendo o cargo em 36 d.C, após um incidente na Samaria. Em 39/40, o Imperador Gaio (Calígula) tentou colocar uma estátua sua no templo de Jerusalém, e a província entrou num período de tamanha instabilidade que a intervenção militar da Síria foi necessária para restaurara ordem.
O rei Herodes Agripa Quando Cláudio se tornou imperador em 41 d . C , a Judéia passou a ser um reino governado por Agripa I, neto de Herodes, o Grande. Agripa fora criado em Roma e havia apoiado Cláudio quando Gaio foi assassinado. Este é o Herodes mencionado em Atos dos Apóstolos. O reinado de Agripa foi breve. Ele morreu em Cesaréia, em 44 d.C (At 12.23).
Os "procuradores" romanos Nesta altura, o reino voltou a ser uma província romana, desta vez governada por oficiais da ordem
lia esquerda pam a direita: llusio do Imperador romano Augusto, enrontrado em Pérgamo. Foi Augusto quem ordenou o censo na época no nascimento de Jesus. Busto do imperador Tibério, que nomeou Pôncio Pilatos governador da Judéia.
Introdução ao Novo Testamento
eqüestre com o status de "procuradores". Foi retomado, também, o direito de controlar as atividades d o sumo sacerdote dos judeus. É interessante notar que o segundo procurador, Tibério Júlio Alexandre, era membro de uma família judaica de Alexandria, no Egito. O historiador Josefo registra que ele "se absteve de qualquer interferência nos costumes do pais e manteve a nação em paz". Um dos nomeados d o imperador Cláudio foi o liberto imperial (isto é, um antigo escravo da casa imperial) Félix. Isto se deu em 52 d.C. Félix foi responsável pelo encarceramento de Paulo em Cesaréia (At 23.23-24). Félix se tornou parte da família real herodiana por casamento. Sua esposa Drusila era filha de Agripa I. Ele mesmo era irmão do liberto imperial Antônio Palas. Durante o g o v e r n o d e Félix aumentou muito o número de assassinatos políticos promovidos pelos iicarii ("assassinos com punhal"). Uma de suas vítimas mais importantes foi Jonatas, o sumo sacerdote, que fazia parte de uma delegação enviada a Roma. Em 54 d.C, Félix teve de lidar com uma rebelião liderada por um profeta egípcio que planejava atacar Jerusalém. Paulo foi confundido com este indivíduo quando foi preso em Jerusalém (At 21.38). Félix foi destituído pelo Imperador, provavelmente por volta de 60 d.C, por causa de tensões entre judeus e gentios na província. É possível que tenha sido por causa dessa situação delicada que Pórcio Festo, o substituto de Félix, decidiu deixar Paulo na prisão. A revolta j u d a i c a Em 66 d.C, eclodiu a grande revolta judaica contra Roma. Disso resultou a destruição de Jerusalém, num ataque comandado por Tito (o futuro imperador), em 70 d.C. Em seguida, a província foi reorganizada pelo imperador Vespasiano e recebeu um destacamento permanente da 10 Legião. a
A inscrição de Pôncio Pilatos em Cesaréia Pôncio Pilatos, o governador romano da Judéia, é conhecido através dos quatro registros dos Evangelhos, assim como pelas obras dos escritores judeus Filo e Josefo. Um dos registros da sua época na Judéia é uma inscrição em pedra encontrada reutilizada no teatro de Cesaréia. Esta inscrição registra o estabelecimento de um templo dedicado ao "divino imperador" Tibério. A inscrição latina identifica Pilatos corretamente
como praefectus: "Pôncio Pilatos Prefeito da Judéia dedicou ao povo de Cesaréia um templo em honra a Tibério."
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O Novo Testamento
10 Í.C.
20
A historia d o N o v o T e s t a m e n t o
Mateus Marcos Lucas João Atos
Ávida de Jesus
Igreja Ptim
Nascimento de Jesus
Batismo de Jesus
Morte e ressurreitásjj
(OOMÃI
i
FALIU província
Reis da Palestina S Ú d i t O S de Roma Herodes, o Grande (37a.C.-4d.C.)
Reino dividido e m três após a morte deHerodes, o Grande
romana
Arquelau (4 a . C - 6 d.C.) . ,' ' , „ Ant,pas(4a.C,39d.C.) Filipe (Ituréia) (4 a . C - 34 d.C.)
Procuradores na Palestina
•PM Pôncio Pilatos governa JR a Judéia 26-36
Herodes AGRÇ
l(41-44d
PILAI ^
SUBITL. PORLLN
36-52
Governo romano pj
B B
INSCRIÇÃO EM CESARÉIA COM
31a.C.-14d.C Imperador Augusto
44 A.C ASSASSINATO DE LÚLIO CÉSAR
Tibério 1 4 - 3 7 d.C.
Calígula 37-41
ONOME DE PILATOS CLÃUCFC
41-51 IOA.C.QOTÍLADEALEXANDRIA; I
MORRE RFE ANTÔNIO E CLEÓPATRA
Introdução ao Novo Testamento
Os Evangelhos e Jesus Cristo /. Howard
Marshall
Praticamente tudo que sabemos sobre a vida terrena de Jesus é encontrado nos quatro Evangelhos contidos no NT. Fontes externas A vida de um pregador itinerante que atuava numa remota província d o Império Romano provavelmente não seria incluída nas obras de historiadores romanos, que tinham (na opinião deles) coisas mais importantes com que se ocupar. Tácito faz uma rápida referência ã Jesus» e mesmo assim só para explicar o n o m e dos "cristãos" que estavam sendo mortos pelo imperador Nero.
Nem m e s m o os historiadores judeus têm muito mais a d i z e r sobre ele. A mais famosa história dos judeus foi escrita por Josefo, no final d o primeiro século. Nesta obra, em uma passagem ele faz referência a Jesus como um operador de milagres que era o Messias e que ele foi m o r t o por Pilatos e mais tarde reapareceu aos seus discípulos. É possível que a passagem tenha sofrido alguma interpolação posterior' ao ser transmitida e copiada por escribas cristãos ( p o r que Josefo chamaria Jesus de Messias?), mas provavelmente os elementos básicos são genuínos. Outras tradições judaicas sobre Jesus forar
Introdução preservadas nas obras dos rabinos. Eles dizem que ele praticava magia, iludia o povo, e disse que não v e i o para destruir a lei nem acrescentar nada a ela. Ele foi enforcado na véspera da Páscoa por heresia e por enganar o povo, e teve cinco discípulos que curavam os enfermos. Isto dá uma idéia d e c o m o Jesus era visto pelo povo que tinha a mesma opinião dos membros do Sinédrio, o conselho superior dos judeus que o condenou à morte. Uma fonte mais promissora de informação são os vários "evangelhos" que não foram incluídos no NT. Tais obras são conhecidas há muito tempo, mas a recente descoberta do Evangelho ieTomé em Nag-ITammadi, no Egito, trouxe um renovado interesse por obras desse gênero. O Evangelho de Tome contém uma série de afirmações atribuídas a Jesus. Obviamente elas foram reformuladas ou editadas por cristãos radicais, mas é possível que aqui c ali, neste c em outros documentos semelhantes, tenham sido preservados fragmentos de tradições genuínas sobre
Os Rolos do Mar Morto, a biblioteca de uma seita judaica que existia pouco antes e durante a época de Jesus, descobertos nestas cavernas em 1947, ajudaram a esclarecer o pensamento corrente na Palestina daquela época. Embora alguns autores tenham tentado encontrar referências a Jesus nesses documentos e tenham usado os mesmos
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para criar retratos bizarros a respeito dele, o fato é que os Rolos nunca falam sobre Jesus ou qualquer um dos seus seguidores. 0 que é registrado sobre os membros da seita e seus inimigos não tem ligação com a história de Jesus, embora nos ajude a entender melhor o mundo em que Jesus viveu e as idéias religiosas comuns naquela época.
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Os Evangelhos e Atos Jesus fizeram questão de esquecer aquilo que os perturbava ou que consideravam difícil de aceitar. Pelo contrário, há muito material nos Evangelhos que deve ter sido difícil e desafiador para os primeiros cristãos, e mesmo assim foi fielmente preservado.
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João Baüsui, figura solitária vinda do deserto da Judeia, proclamou ü futuro Messias.
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Jesus. N o entanto, o fato de a igreja primitiva ter excluído todos eles da lista aprovada das Escrituras indica que a nossa busca provavelmente não será bem-sucedida. Isto significa que na prática nosso conhecimento sobre Jesus se limita ao que nos é dito no NT. E mesmo aqui o campo vai aos poucos se reduzindo. As cartas de Paulo e os outros autores apostólicos fazem poucas referências a acontecimentos da vida de Jesus, embora eles tenham dado grande importância a seu ministério como fato histórico e tenham sido fortemente influenciados pelo que ele ensinou. U m a história l e m b r a d a e recontada L o g o , para obter o registro escrito da vida e d o ensinamento de Jesus temos que recorrer aos Evangelhos. Estes só foram escritos uns 30 anos após a morte de Jesus. Durante este período de três décadas o material que acabaria entrando nos Evangelhos foi preservado e transmitido de forma oral e em registros escritos que se perderam. Essa tradição foi transmitida c o m todo o c u i d a d o . N a s escolas judaicas, as crianças aprendiam a memorizar informações e tradições orais de forma bem precisa, e os rabinos judeus que viveram um pouco depois dessa época tinham o mesmo cuidado ao transmitirem ensinamentos que não haviam sido colocados por escrito. Seria natural esperar que os cristãos de origem judaica lembrassem e preservassem de forma bem acurada o que Jesus ensinou. O material que aparece nos Evangelhos foi ensinado originalmente e m aramaico, a língua falada por Jesus, e numa forma poética que era fácil de memorizar. As pessoas l e m b r a m aquilo que querem lembrar. Isto não significa que os ouvintes de
A história de Jesus foi lembrada e recontada porque era relevante para a vida da igrej a . Por e x e m p l o , os primeiros cristãos não tinham outra o p ç ã o que não fosse debater c o m os judeus que se opunham a eles; logo. era essencial para eles lembrar como Jesus havia discutido c o m os judeus alguns anos antes. A o terem que tomar decisões de natureza ética e m áreas c o m o , por exemplo, casamento e divórcio, precisavam d o ensinamento de Jesus c o m o palavra de autoridade em tais assuntos. Assim sendo, ao lermos uma passag e m dos Evangelhos, sempre c bom perguntar qual era a sua importância para a igreja primitiva. A história d e Jesus não foi preservada por mero interesse acadêmico e m história, mas por causa da sua relevância prática para os primeiros cristãos. Não-era história "pura", mas história "aplicada". As pessoas t a m b é m tendem a lembrar e transmitir histórias e ensinamentos dentro de certo padrão formal. Histórias de milagres de cura, por e x e m p l o , apresentam, pela ordem, a condição da pessoa sofredora, a maneira como se processou a cura, e os resultados que produziu. Muitas histórias sobre Jesus descrev e m uma situação e m que ele se encontrava, ou uma pergunta feita a e l e , e culminam no ponto essencial: uma afirmação de Jesus feita com autoridade sobre o assunto e m questão. "Estudando os Evangelhos" mostra como os escritores dos Evangelhos eram autores e nào apenas editores das informações que receberam. O exemplo mais claro é o Evangelho de João. Aqui, o autor d e certa forma interpretou a história de Jesus para mostrar seu significado a seus leitores. Ele faz uma espécie comentário sobre o ministério de Jesus, no qual é difícil distinguir o "texto" original da sua "interpretação". Mas o importante é que realmente há ura "texto" que ele nos está explicando. Ou seja, ele não está comentando algo que nunca existiu. Por trás d o Evangelho está a figura d o apóstol o João, assim c o m o o testemunho apostólico é a base dos outros Evangelhos. Além disso, os estudiosos reconhecem cada v e z mais que o mesmo Jesus é descrito nos quatro Evangelhos. Enquanto críticos d o passado argumen-
Introdução lavam que o Evangelho de João tinha pouco ou nenhum fundamento na história, agora se acredita que os quatro Evangelhos foram baseados na tradição histórica, cada um conservando aspectos diferentes da mesma.
para que seus leitores cressem nele e, crend o , tivessem vida eterna (Jo 2 0 . 3 1 ) . Portanto, retrataram Jesus c o m o os seus seguidores o viam. Para eles, Jesus não era um homem comum, nem mesmo um profeta fora de série. Era o Senhor a quem Deus havia ressuscitado 0 propósito dos autores dos mortos e que agora estava vivo e ativo no dos E v a n g e l h o s céu. Eles não conheciam nenhum outro Jesus. É. possível que tivessem uma opinião diferen0 Evangelho de João levanta a questão de te a respeito dele antes da ressurreição (veja como os Evangelhos se relacionam com a hisLc 24.19-24), e até mesmo a ressurreição não tória. Aquilo que é descrito nos Evangelhos obrigou à fé todos os que ouviram falar realmente aconteceu? Já indicamos que sobre ela. Mas eles creram e m Jesus os Evangelhos baseiam-se e m trac o m o resultado d o impacto total dição confiável, que foi transmique ele tivera sobre eles, e, diantida com cuidado na igreja. A o 'Seria impossível registrar te disso, só podiam apresentá-lo mesmo tempo, devemos ter e m a grandeza desta pessoa da maneira que o fizeram. mente que os Evangelhos pronuma única descrição. curam apresentar o significaAssim sendo, a história que Assim, foram feitos do cristão da pessoa de Jesus. quatro retratos, a p a r e c e nos E v a n g e l h o s é a cada qual destacando Seu propósito básico c pregar história d o ponto de vista dos seus próprios aspectos o evangelho para converter os cristãos. U m não cristão veria peculiares não-cristãos e fundamentar os as coisas de forma diferente — do caráter de Jesus." cristãos na sua fé. a l e g a n d o , por e x e m p l o , que a Isto significa ente não são meros ressurreição não podia ter aconterelatos históricos, c o m o seria, por cido. Seria interessante ter uma históexemplo, a biografia de um soldado famoria de Jesus escrita deste ponto de vista, mas so. Os autores não estavam tentando fazer um nenhuma chegou até nós. O que temos são relato histórico detalhado da vida de Jesus Evangelhos, escritos por seguidores de Criscom tudo na sua devida o r d e m cronológica. to c o m a finalidade de levar os outros à fé, Isto fica b e m claro, por e x e m p l o , quando se mas nem por isso eles deixam de ser relatos faz uma comparação entre a ordem dos aconhistóricos. tecimentos e m M c 4—5 e a ordem que aparece em Mt 13, M t 8 e M t 9. Quatro retratos de Jesus Além disso, os Evangelhos registram pouca coisa sobre alguns aspectos da vida de Jesus: quase nada é dito a respeito da vida dele antes da idade dos 30 anos, e mesmo o relato d o seu ministério é incompleto. Certamente não há ocorrências ou fatos suficientes para preencher toda a sua vida pública ativa. Não d e v e m o s culpar os autores dos Evangelhos por deixarem de fazer algo que não era seu objetivo. Mas isto não quer dizer que não se preocupavam com a história. Os Evangelhos não são invenção. N o prefácio d o seu Evangelho (Lc 1.1-4), Lucas dá grande ênfase ao fato de estar usando d e p o i m e n t o s autênticos d e testemunhas oculares. A história certamente era importante para ele e não há m o t i v o para supor que os outros autores pensavam de forma diferente. Qual era, pois, o objetivo deles? Eles estavam pregando o e v a n g e l h o , as boas novas. Estavam apresentando Jesus c o m o o Cristo, o Filho de Deus ( M c 1.1). Eles escreveram
Cada um dos autores evangélicos nos apresenta Jesus de uma forma bem peculiar. Seria impossível registrar a grandeza desta pessoa numa única descrição. Assim, foram feitos quatro retratos — quatro ângulos fotográficos da mesma cena — , cada qual destacando seus próprios aspectos peculiares d o caráter de Jesus. M a t e u s se concentra no relacionamento de Jesus com a fé judaica. Ele mostra c o m o Jesus veio para cumprir o AT, mas ao mesmo tempo para julgar os judeus por serem infiéis à sua religião. Nenhum outro Evangelho denuncia c o m tanto vigor a postura hipócrita dos fariseus. Os judeus são convidados a v e r e m em Jesus o Messias prometido, o Filho de Davi; e o j u í z o c pronunciado sobre eles pelo fato de tantos se recusarem a crer. Mateus apresenta Jesus, e m grande parte, c o m o um mestre. Ele nos deu um relato sistematizado dos ensinamentos de Jesus para a instrução da própria igreja e seu trabalho de evangelização.
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Os Evangelhos e Atos M a r c o s enfatiza a ação e m v e z d o ensin a m e n t o . Ele ressalta a forma c o m o Jesus ensinou a seus discípulos que o " F i l h o d o H o m e m " d e v i a s o f r e r e ser r e j e i t a d o , e que d e v i a m estar preparados para trilhar o m e s m o c a m i n h o . Q u e m procurasse entend e r Jesus c o m o sendo a l g u é m diferente d o Salvador crucificado acabaria fazendo uma interpretação errônea. Os judeus esperavam um Messias que seria um líder político e um p e r s o n a g e m g l o r i o s o . Para eles, era difícil r e c o n h e c e r Jesus c o m o o Messias, p o r q u e ele preferiu ser um servo humilde e sofredor. Somente na sua segunda vinda ele aparecerá como Rei e m toda sua glória. L u c a s salienta as bênçãos da salvação que
Jesus trouxe. Seu Evangelho enfatiza os sinal' da vinda d o Messias, profetizados no AT e cumpridos na cura dos doentes e na pregação d o evangelho aos pobres e necessitados. Lucas ressalta especialmente a graça de Deus revelada cm Jesus e concedida àqueles que pareciam menos dignos dela: mulheres pecadoras c gananciosos cobradores de impostos. Pois é exatamente isto que a graça significa, que homens e mulheres não p o d e m fazer nada para merecê-la. F i n a l m e n t e . J o ã o r e v e l a Jesus como A q u e l e que foi enviado por Deus Pai para ser o Salvador d o mundo. C o m o Filho, ele tem a autoridade d e seu Pai, v i v e n d o em comunhão íntima c o m e l e . João é o que mais se
A vida de Jesus
Jesus, filho d a v i r g e m Maria,
Ele p a s s o u sua j u v e n t u d e e m
Q u a n d o João Batista c o m e ç o u
Ele i m e d i a t a m e n t e recebeu
nasceu e m B e l é m p o u c o a n t e s
N a z a r é o n d e trabalhava c o m o
a p r e g a r à m a r g e m d o rio Jor-
o d o m d o Espirito d e Deus.
da m o r t e d e H e r o d e s , o Gran-
carpinteiro.
d ã o ( p o r v o l t a d e 27 d . C ) , Jesus
c o m i s s i o n a n d o - o para a sua
v e i o e foi b a t i z a d o por e l e .
obra.
de, e m 4 a.C. ( F o t o : Praça da M a n j e d o u r a , Belém.)
N o p o d e r d o Espirito, n o d e s e r -
A s e g u i r e l e c o m e ç o u o seu
Isto f o i p r e c e d i d o p o r u m
A p a r t e final d o ministério foi
t o da Judeia, e l e resistiu às t e n -
m i n i s t é r i o d e p r e g a ç ã o e cura,
p e r i o d o na Judeia (Jo 1—3) e
u m a v i a g e m a Jerusalém que
tações d e Satanás, q u e queria
p r i n c i p a l m e n t e na Galileia.
incluiu visitas a Jerusalém.
c u l m i n o u na sua prisão e moile
desviá-lo d e sua missão.
d u r a n t e a festa d a Páscoa, por v o l t a d o a n o 30 d.C. ( F o t o : as p o r t a s d a Igreja d o S a n t o S e p u l c r o , Jerusalém.)
Introdução
543 Da esquerda para a direita: O rio Jordão peno do mar da Galileia. A maior parte do ministério público de Jesus se passou nesta região.
aprofunda naquilo que Deus revelou e destaca o significado eterno d o "Deus que se fez homem". 0 que Jesus ensinou A mensagem de Jesus estava centrada nas boas novas d o reino d e Deus. N o AT', os profetas a g u a r d a v a m uma era futura c m que Deus agiria c o m p o d e r e estabeleceria seu governo sobre Israel. Esta esperança estava associada c o m a vinda de um rei ( " u n g i d o " para esta função, e, portanto, c h a m a d o d e "Messias", ou "Cristo" no g r e g o ) da linhagem real de Davi. N a época de Jesus, as pessoas esperavam um rei g u e r r e i r o que os livrasse do poder opressor dos romanos. Veja "Jesus e o reino". Jesus ensinou que esta era futura j á havia começado e e l e esperava a consumação futura do reino de Deus, sendo ele próprio o Rei. Mas o importante era que essa intervenção poderosa d e Deus na história já se iniciara. Ela podia ser vista, não e m vitórias militares, como muitas pessoas e s p e r a v a m , mas nos poderosos atos d e cura realizados por Jesus e na sua pregação da salvação. Deus j á estava agindo no ministério de Jesus. Estas boas novas e x i g i a m uma resposta. Jesus convidou as pessoas a que se arrependessem d o s seus p e c a d o s ; e l e p e r d o o u os arrependidos; e convocou pessoas a sc tornarem seus discípulos. Aceitar as boas novas d o reino de Deus significava aceitar Jesus c o m o Mestre. Dos muitos que a t e n d e r a m , Jesus escolheu 12 para serem os líderes d o n o v o povo dc Deus que devia substituir o antigo Israel que havia rejeitado a m e n s a g e m de Deus. Esses 12 deviam também participar dc sua obra missionária. Veja "Os d o z e discípulos de Jesus". Jesus ensinou a seus discípulos um n o v o estilo de vida, que foi resumido no Sermão do Monte ( M t 5 — 7 ) . Jesus tomou os mandamentos d o a m o r a Deus e ao próximo, que
a p a r e c e m no AT, e os encheu d c nova vida e vigor. L o u c o , m a u o u "Filho d e Deus"? Jesus ensinava com tanta autoridade e convicção que as pessoas perguntavam quem elc achava que era. Alguns o rejeitaram, dizend o tratar-se d e um l o u c o . Outros estavam dispostos a considerá-lo o Messias, mas quand o ele não se mostrou inclinado a tomar a frente na guerra contra R o m a eles o abandonaram. É provável que esta tenha sido a razão por que Jesus não reivindicou abertamente o título de Messias. Ele preferia falar de si m e s m o de forma velada, d i z e n d o ser o "Filho d o h o m e m " , um título que podia ser uma simples auto-referôncia (uma forma de dizer " e u " ) , mas que c o m o tempo ele poderosamente encheu de significado c o m base no seu uso c m Dn 7.13. Para Jesus, o "Filho d o H o m e m " era um personagem que um dia receberia de Deus glória e poder ( M c 14.62), mas que era, por enquanto, humilde c anônimo ( M t 8 . 2 0 ) , e cujo destino era sofrer e morrer ( M c 8 . 3 1 ) . Quando seus discípulos começaram a perceber q u e m c i e era, Jesus tentou levá-los a entender que era-lhe necessário morrer, por mais que t e n h a m d e m o r a d o e m assimilar isto. Jesus se viu c u m p r i n d o o papel d o S e r v o d o Senhor que sofre humilhação e m o r t e (Is 5 2 . 1 3 — 5 3 . 1 2 ) . Ele e n t r e g o u a sua vida c o m o resgate para salvar o p o v o da m o r t e ( M c 10.45; Jo 1 0 . 1 1 ) . S o m e n t e aos seus discípulos mais p r ó x i m o s e l e revelou que era o Filho de Deus de forma singular e íntima. F lhes deu o mesmo privilégio que ele linha, a saber, de dirigir-se a Deus e m oração, d i z e n d o Abba, "Pai" ( M t 6.9; 11.25-27; Mc 14.36). Durante toda a sua vida pública, Jesus esteve e m conflito c o m as autoridades religiosas, principalmente por causa das suas duras críticas e m relação às tradições humanas que
Jerusalém vista da 'lOrre de Davi. Jesus Ibi a Jerusalém pela primeira vez quando menino. Kle visitou a cidade, acompanhado por seus discípulos, por ocasião das grandes festas. R>i em Jerusalém que elc morreu.
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Os Evangelhos e Atos Seu j u l g a m e n t o , p e l o que parece, foi ao arrepio dos procedimentos legais apropriados. Quando as testemunhas não conseguiram apresentar evidência suficiente para condenál o , e l e foi forçado a fazer o que seus juízes consideraram uma declaração blasfema (mas que para os cristãos era a pura verdade): dizer que era o Messias. Ele foi condenado à morte. Os j u d e u s o e n t r e g a r a m a o governador romano, acusando-o de ser um rebelde político que se. opunha a Roma, c, embora o governador estivesse pessoalmente convencido de sua inocência, permitiu que fosse morto pela pena romana de crucificação.
Na manhã daquela primeira Páscoa, os discípulos de Jesus encontraram seu túmulo vazio. Mais tarde naquele dia tiveram um eneonrio com o seu Senhor ressuscitado. Este túmulo do primeiro século, escavado na rocha, fica sob um convento em Nazaré.
distanciavam o povo dos propósitos reais da Lei de Deus. Ele atacou a hipocrisia que havia colocado a tradição cm lugar da lei de Moisés. Suas reivindicações messiânicas instigaram os líderes judeus a prendê-lo. Eles temiam que ele pudesse ser o pivô de uma rebelião popular contra Roma, o que levaria a duras represálias e à perda das posições que ocupavam (Jo 1 1 . 4 7 - 5 3 ) . Assim, q u a n d o Jesus veio a Jerusalém e os desafiou com sua atitude e m relação a o T e m p l o , eles t o m a r a m medidas para prendê-lo com a colaboração de um dos seus seguidores. A nova aliança de Deus Enquanto isto, Jesus tomava a última ceia com os seus discípulos. Ele deu ao conhecido rito da Páscoa um novo significado, dizendo que o pão era o seu corpo d a d o à morte por eles, e que o cálice era o sangue derramado e m sacrifício para ratificar a nova aliança de Deus com o p o v o e dar início ao seu reino. Após a refeição, e l e saiu para orar e ir ao encontro dos seus inimigos.
Entretanto, a partir d o terceiro dia após a sua morte, muitos dos seus discípulos afirmaram que o túmulo dele estava vazio e que o próprio Jesus havia aparecido a eles. Deus o havia ressuscitado dentre os mortos. Essas aparições ocorreram durante 4 0 dias, e no decorrer deste período ele deu aos seus discípulos o último mandamento: eles seriam suas testemunhas e m todo o mundo. Por fim, ele ascendeu d o meio deles c o m o símbolo do seu retorno à presença de Deus e c o m o promessa da sua segunda vinda no fim dos tempos. Este é um resumo da história d o evangelho. N ã o há outro Jesus. A s tentativas dos estudiosos céticos de remover a interpretação cristã e deixar para trás uma pessoa humana comum c o m o o verdadeiro Jesus "histórico" se mostraram infrutíferas e fadadas ao fracasso. Os Evangelhos nos apresentam uma pessoa e m relação à qual os homens precisam tomar uma decisão. A o longo dos Evangelhos, Jesus aparece c o m o mais d o que um homem. Sua mensagem, sua obra e sua pessoa forçam o leitor a uma decisão.
Introdução
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Estudando os Evangelhos Richard A.
As pessoas têm estudado os Evangelhos de maneiras diferentes, e isto quase que desde o momento em que foram escritos. Os primeiros comentários foram escritos n o século 2, explicando e aplicando os Evangelhos à vida dos primeiros cristãos. Os Pais da Igreja discutiram os méritos dos vários enfoques — as interpretações literal, espiritual ou alegórica. Ao tornarem a Bíblia acessível ao povo na sua própria língua, os reformadores d o século 16 perceberam que, para ela ter autoridade e ser útil na igreja, seria necessário torná-la compreensível pelo uso de todas as ferramentas, métodos e abordagens possíveis. Durante o século 19, os grandes avanços feitos no estudo crítico-literáiio de textos antigos começaram a ser aplicados também aos Evangelhos. A grande quantidade de estudos sobre os Evangelhos no século 20 parece indicar que não existe nenhum outro conjunto de documentos que tenha sido submetido a tanta pesquisa e análise, com uma ampla variedade de métodos disponíveis hoje e dia.
0 que são os Evangelhos? Antes de podermos entender uma mensagem, precisamos saber o que ela é. Um receptor de rádio não consegue decodificar imagens de televisão! E o mesmo acontece com textos. Não ouvimos um conto de fadas da mesma forma que um noticiário, nem interpretamos lendas como se fossem história. Infelizmente, algumas pessoas lêem os Evangelhos como lendas, enquanto outros os tratam como um livro moderno de história. Ambas as abordagens resultarão em interpretações distorcidas. Devemos interpretálos da mesma forma que eles foram
líurridge
entendidos por aqueles que os escreveram, produziram, leram e ouviram pela primeira vez. Embora os Evangelhos pareçam "histórias sobre Jesus", os estudiosos da Bíblia no início do século 20 afirmaram que não eram biografias de Jesus. Afinal, eles não dizem nada sobre o caráter ou a aparência física de Jesus. Também nada informam sobre o restante de sua vida, nada que vá além de seu breve ministério — com destaque para a última semana, quando ele foi morto e ressuscitou. Porém, embora a biografia moderna procure abranger toda a vida de uma pessoa e analisar sua formação e personalidade, as "vidas" escritas no mundo antigo (e a própria palavra "biografia" só surgiu por volta do século 9) eram muito mais curtas. Autores grecoromanos descreviam sua compreensão de determinada pessoa através daquilo que essa pessoa fez e disse, destacando sua morte como a revelação final do seu caráter. Os Evangelhos, que relatam aquilo que Jesus "fez e ensinou" (At 1.1), que dão destaque à pessoa de Jesus, e que apresentam uma extensa narrativa da "Paixão" de Cristo, são muito semelhantes em forma e conteúdo às "vidas" escritas no mundo antigo. Portanto, devemos estudá-los, dando atenção à pessoa de Jesus, e usar todas as ferramentas literárias possíveis para ver como cada autor de Evangelho pinta o seu retrato de Cristo.
O que o texto está realmente dizendo? Depois de sabermos o que o texto é, precisamos descobrir o que ele diz, deixando de lado idéias modernas de impressão e publicação. Quanto ao tamanho, os Evangelhos ficam entre pouco mais de onze mil palavras (Marcos) e dezenove mil palavras (Lucas), o que equivale mais ou
menos ao que cabia em um único rolo de cerca de 10 m de comprimento. Até os escribas mais cuidadosos podiam cometer erros ao copiá-los à luz de lamparina! Porém, há mais de 5.000 manuscritos contendo todo o NT ou uma parte dele, muito mais do que os manuscritos disponíveis para a maioria dos outros textos antigos. Através d e cuidadosa comparação desses manuscritos à luz dos métodos empregados pelos escribas, os especialistas em tais estudos textuais (a "crítica textual") podem estabelecer o que os textos originais diziam. É claro que há pequenas variações aqui e ali, e as algumas traduções as registram em notas de rodapé que iniciam com "alguns manuscritos dizem..." No entanto, o texto
"Prezado Teófilo, no primeiro livro que escrevi, contei tudo o que Jesus fez e ensinou, desde o começo do seu trabalho". At l . l
do NT é mais bem estabelecido do que o texto dos clássicos do período greco-romano. Como a maioria lê os Evangelhos em sua própria língua, isto é, numa tradução, é recomendável ter duas ou três boas traduções, para que se possa estudar e comparar os textos. Devemos entender o que o texto está realmente dizendo, e não o que gostaríamos que ele dissesse!
Como os Evangelhos foram escritos? Hoje em dia, copiar a obra de outra pessoa é considerado plágio, ou até mesmo roubo. Este é outro conceito moderno. Para os antigos, seguir o registro de um predecessor era, não só um elogio, mas uma forma de acei-
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Os Evangelhos e Atos
tar a sua autoridade. Assim sendo. Lucas diz que entre suas fontes estão testemunhas oculares, pregadores e outros escritores (Lc 1.1-4). Uma análise rápida mostra que os três primeiros Evangelhos são bastante parecidos: quase 90 por cento dos 661 versículos de Marcos aparecem em Mateus, com cerca de 50 por cento também em Lucas. Como podem ser estudados lado a lado, estes três são chamados de Evangelhos "sinóticos", do grego syn-opt-, ver juntos. Por outro lado, menos de 10 por cento do material sinótico aparece em João. Como podemos explicar estes fatos? Mateus e Lucas provavelmente usaram o relato mais curto de Marcos como sua "autoridade", e escreveram com o rolo de Marcos aberto à sua frente, combinando-o com outros materiais. É claro que Marcos poderia ser uma abreviação posterior, mas por que ele deixaria de fora o material encontrado nos outros Evangelhos? Mateus e Lucas têm em comum cerca de 200 versículos adicionais, na maioria ensinamentos de Jesus que eles inseriram em contextos diferentes. Isto sugere que eles dispunham de uma coleção de afirmações de Jesus, perdida desde então, que chamamos de "Q", do alemão Quelle, "fonte". Além disso, M a t e u s e L u c a s têm, cada um, seu próprio material especial. Esta análise do texto, chamada de crítica das fontes", revela como cada evangelista escreveu seu relato sobre Jesus. Embora o Evangelho de João contenha algum material que aparece também nos outros Evangelhos (derivado talvez da tradição oral), ele foi composto independentemente dos outros três.
Q u e tipos d e histórias eles c o n t ê m ? Os Evangelhos são compostos de pequenas histórias distintas, contadas em poucas palavras (poucas centenas de palavras para cada uma delas), e
que são ligadas entre si para formar uma narrativa. Marcos começa seu Evangelho com vários acontecimentos do ministério de Jesus no cap. 1, seguidos por uma coleção de histórias de conflito com autoridades religiosas nos caps. 2—3, e uma série de parábolas no cap. 4. A "crítica das formas" analisa os diferentes tipos de material que aparece nos Evangelhos e mostra como eles contêm histórias de milagres.
Dos i .li•..•!!.. .. o fragmento m a » antigo de que dispomos - com um pequeno trecho de Jo 18 - data de cerca de 125/130 d.C Encontra-se na biblioteca .John Rylands.
curas, parábolas, ditos, e "histórias de pronunciamento" que terminam com uma frase memorável de Jesus (veja como Mc 2.28 conclui 2.23-28). Isto nos ajuda a entender como histórias individuais foram preservadas e usadas na igreja primitiva. João nos conta que os escritores dos Evangelhos tinham excesso de material, obrigando-os a fazer uma seleção (Jo 20.30-31). Lucas escreveu um relato "ordenado" (Lc 1.1-4). A crítica das formas revela que esta "ordem", seguida pelos autores em sua reunião de material sobre o que Jesus disse e fez, é mais lógica do que cronológica.
O s escritores d o s Evangelhos e r a m e d i t o r e s o u autores? Após a aplicação da critica das formas ao estudo das pequenas unidades dos Evangelhos, prática que se difundiu na primeira metade do século 20, os estudiosos passaram; se concentrar na maneira como cada escritor de Evangelho (o "evangelista") elaborou a sua história. Se Mateus e Lucas se basearam em Marcos, a maneira como formularam esse material de Marcos revela os interesses específicos de cada um d e l e s . Não é muito diferente dos jornais de hoje, que contam um mesmo fato sob enfoques diferentes, refletindo os interesses de seus editores. O trabalho de edição de um jornal é feito na redação (tanto em português, c o m o também em a l e m ã o , Redaktion). Assim sendo, os alemães deram a esse estudodo trabalho editorial dos evangelistas o n o m e d e "crítica da redação (em a l e m ã o , Redaktionsgeschichtt = "história da redação"). Este tipo de estudo comparativo revela que M a t e u s está interessado no relacionamento entre a Igreja e o judaísmo, ao passo q u e Lucas escreve para leitores de origem gentílica, em sua maioria. Quando os evangelistas passaram a ser vistos como editores e teólogos, puderam ser estudados como autores que apresentam sua compreensão da pessoa de Jesus de forma bem particular. Como Lucas disse, reconhecendo que outros já haviam escrito sobre Jesus, "igualmente a mim me pareceu bem" escrever-te (Lc 1.3)! Com freqüência estudamos pequenos trechos de 10 ou 20 versículos dos Evangelhos; o estudo da redação nos estimula a colocarmos cada seção dentro do contexto mais amplo do Evangelho visto como um todo.
D i f e r e n t e s t i p o s d e crítica literária Hoje cada vez mais se usa uma grande variedade de métodos de natureza
Introdução crítico-literaria para nos ajudar em nossa compreensão dos Evangelhos. A "crítica da composição" verifica como cada evangelista organizou o seu material — por exemplo, os cincos grandes blocos de ensinamentos de Jesus em Mateus (caps. 5—7; 10; 13; 18; 23—25) ou o arranjo mais geográfico que aparece em Lucas, com três etapas: Galileia (Lc4.1—9.50), viagem para Jerusalém (Lc 9.51—19.27) e ministério em Jerusalém (Lc 19.28—24.53). A "crítica da narrativa" estuda como a história ou narrativa como um todo funciona, com seu enredo, personagens, conflito, ironia, temas e drões. Abordagens estruturalistas analisam a estrutura de episódios para ver como eles realmente funcionam, e examinam a estrutura mais profunda detodoum livro. A "crítica da retórica" considera ouso que os evangelistas fizeram de técnicas de oratória antiga para persuadirem os seus leitores da verdade sobre Jesus. Abordagens como estas, juntas, mostram como esta fascinante área do estudo literário dos Evangelhos revela a riqueza do relato de cada evangelista. Para q u e m os E v a n g e l h o s foram escritos? Todos os livros são escritos para um determinado público. Como nem todos podiam ler naquela época, os livros antigos eram divulgados através de leitura pública, feita no contexto de uma festa ou de outra reunião. Com certeza os Evangelhos foram lidos mais em voz alta e no culto público (ou em outras reuniões) do que em particular, por uma só pessoa isolada das demais. As "análises sociológicas" descrevem o nível social ou educacional do público alvo de cada Evangelho, e reconstroem o tipo de igreja para a qual Mateus escreveu, ou a "comunidade joanina" que se pode abstrair da discussão com "os judeus" no Evan-
gelho de João. Isto pode acabar numa circularidade, ou seja, reconstrói-se a comunidade à luz do texto e, depois, interpreta-se o texto à luz da comunidade que se reconstruiu! Recentemente, as atenções passaram da comunidade para o tipo de leitor ou ouvinte implícito em cada Evangelho. A "crítica da resposta do leitor" examina como cada Evangelho atinge seu efeito específico nas pessoas. P o d e m o s n o s atrever a "criticar" os E v a n g e l h o s ? Algumas pessoas ficam p r e o cupadas ao verem todas essas diferentes "criticas" sendo aplicadas aos Evangelhos. Os cristãos acreditam que a Bíblia é inspirada pelo Espírito Santo, como palavra de Deus. Não é assim que essas abordagens dizem respeito a palavras de seres humanos? Sim, isto de fato é assim. Mas Deus comunicou a sua palavra ao inspirar seres humanos a escrever e compor, ler e transmitir estas histórias — e ele pode, também, inspirar o humilde estudioso bíblico que tenta entendê-las! Os Evangelhos não são interpretados como livros mágicos que caíram do céu. Também não se deveria esperar deles que se encaixem perfeitamente nos conceitos modernos de reportagem e formulação de textos. A crítica não precisa ser necessariamente negativa. Pelo contrário, o uso dessas ferramentas críticas nos ajuda a entender melhor a profundidade e as riquezas destes livros; nos ajuda a ver como Deus inspirou os primeiros cristãos a contar a história de Jesus na sua época, assim como nós procuramos fazer o mesmo hoje em dia.
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549 Resumo O Evangelho de Mateus enfatiza o ensino de Jesus.
MATEUS Cada um dos quatro Evangelhos tem sua própria ênfase especial (veja "Os Evangelhos e Jesus Cristo", quatro retratos de Jesus). Mesmo sendo o primeiro (na ordem do cânone), Mateus é aquele que para muitos leitores é o mais difícil. Mas para os primeiros cristãos era muito importante mostrar que a nova fé lançava raízes no judaísmo, e é exatamente isto que Mateus, com seu grande número de citações da Bíblia hebraica, procura fazer. Este Evangelho é uma "ponte", ligando Jesus a tudo que veio antes. O autor é um cristão de origem judaica que escreve para uma igreja composta principalmente de cristãos c o m o ele. Ele se esforça por apresentar Jesus c o m o o tão esperado Messias, o Cristo prometido no AT (veja "A religião judaica na época d o NT"). Ele registra cuidadosamente o que Jesus disse sobre o seu reino, um conceito radicalmente diferente da idéia de Messias corrente naqueles dias, quando a maior parte dos judeus esperava um líder político que livraria o povo do domínio romano. Mateus se concentra no ensino de Jesus, fazendo uma cuidadosa organização do seu material e alternando entre narrativa e ensino. O ensino de Jesus aparece em cinco seções principais: • caps. 5—7 ( o famoso "Sermão d o Monte"): discipulado • cap. 1 0 : missão
•
cap. 13: parábolas de Jesus • cap. 18: o relacionamento entre os seus discípulos • caps. 24—25: o futuro Mas Mateus não dá a entender que a "boa nova" se destina exclusivamente a seu próprio povo, os judeus. A maioria dos judeus a havia r e j e i t a d o e continuava a rejeitar ( a l g o tão d o l o r o s o para o autor que muitas vezes ele soa antijudaico). Assim, este Evangelho, que começa olhando para trás,
Principais passagens e histórias mais conhecidas "Emanuel" (1) A visita dos magos (2) O Sermão do Monte (5-7) A regra de ouro (7.12) As parábolas do reino (13) A confissão de Pedro (16.13-20) Jesus é transfigurado (17) Jesus e as crianças (19.13-15) O jovem rico(í9.;6-22J O tributo a César (22.15-22) O grande mandamento (22.34-40) Acontecimentos futuros e o juízo (24-25) A última semana de Jesus: sofrimento, morte e ressurreição (26-28)
para o AT, termina com a grande comissão de Jesus: "Ide, fazei discípulos de todas as nações".
O autor O Evangelho não diz quem é seu autor, mas desde o início foi atribuído a Mateus, o apóstolo e ex-coletor de impostos a serviço dos romanos. Pouco se sabe sobre ele. E além d o fato de o
paernti oposta: Homem, menino e jumemos, numa rua coberta com arco na Jenisalém amiga.
Histórias e acontecimentos registrados apenas em Mateus Parábolas
Milagres
Episódios
Ojoio 0 tesouro escondido A pérola A rede 0 credor incompassivo Oslrabalhadores na vinha Os dois filhos 0 casamento do filho do rei As dez virgens Os talentos
Os dois cegos 0 mudo possesso por demónio A moeda na boca do peixe
0 sonho de José A visita dos magos A fuga para o Egito 0 massacre de Herodes Osonhoda mulher de Pilatos A morte de Judas (também em Atos) Os santos ressuscitados em Jerusalém 0 suborno dos guardas A grande comissão
Uma parte do ensinamento de Jesus só se encontra em Mateus, inclusive seu maravilhoso convite, "vinde a mim".
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Os Evangelhos e Atos Evangelho se encaixar no período entre 50 e 100 d.C, ninguém sabe ao certo quando e onde foi escrito. Boa parte do material de Mateus é quase idêntico ao de Marcos, e Marcos obteve informações junto ao apóstolo Pedro. Atualmente a maioria dos estudiosos acredita que Mateus se inspirou em Marcos (e não vice-versa) e datam o Evangelho do período após 80 d.C. T e m a s principais • O AT aponta para Jesus, e m q u e m se cumprem todos os propósitos d e Deus. • Jesus é o Messias,"Filho de Deus"e"Filho d o Homem", o Rei que Deus havia prometido. • Jesus tanto cumpre c o m o transforma a Lei que Deus deu a Israel através de Moisés. • O p o v o de Deus, agora, são aqueles que respondem com fé à mensagem de Jesus.
Mtl—2
Nasceu Jesus,
As luzes de Belém brilham pelos "campos" que circundam a cidade edificada sobre o monte.
o
Messias
M t 1.1-17: A d i n a s t i a do v e r d a d e i r o Rei Veja t a m b é m Lc 3.23-38. A s duas listas seguem uma ordem inversa e dão nomes diferentes a partir de Davi (apenas Zorobabel e Salatiel aparecem e m ambas). O propósito de Mateus é mostrar que Jesus é o verdadeiro Rei, descendente da linhagem real de Davi, como Deus prometera. E possível que e m Mateus tenhamos a lista de herdeiros d o trono, enquanto Lucas dá a genealogia de José. A lista d e Mateus foi estilizada e abrev i a d a para que c o u b e s s e no seu p a d r ã o :
" A s genealogias são i m p o r t a n t e s " "Nosso conceito do que seja o cerne do evangelho pode não ser visto como tal em outras culturas. Há culturas em que estas genealogias são importantes. Certamente é importante na minha cultura, na qual queremos saber de onde, exatamente, viemos. Quem são os seus ancestrais?... Creio que os chineses sabem, os jïlipinos sabem, e os africanos sabem. As genealogias são importantes". Melba Maggay
14 n o m e s de A b r a ã o a D a v i ; 14 nomes de D a v i a Jeconias; e 14 n o m e s d e Jeconias a Jesus. Q u a t o r z e é 2 x 7, e o n ú m e r o sete significava p e r f e i ç ã o . "Seis setes" ( 3 x 14) se passaram e o "sétimo sete" está prestes a começar. A lista de Mateus tem dois pontos decisivos: Davi ( o início da monarquia) e o e x í l i o (seu f i m ) . Seu p r o p ó s i t o é estabelecer uma base para o que v e m d e p o i s : seu grande tema d e que e m Jesus as Escrituras se cumpriram. E possível que 14 seja o v a l o r numérico do nome Davi, já que as letras/consoantes do alfabeto hebraico serviam também de números: d ( 4 ) + v ( 6 ) + d ( 4 ) = 14. • F i l h o / d e s c e n d e n t e d e D a v i ( 1 ) Deus havia prometido a Davi que ele nunca ficaria sem um descendente para ocupar o trono. Mas Judá deixou de ser uma monarquia por ocasião d o exílio. E a promessa passou a ser aplicada ao Messias. • V s . 3-6 N ã o era c o m u m incluir mulheres numa lista c o m o esta, p o r é m quatro são mencionadas e m Mateus. N e n h u m a delas teria sido incluída se Deus se preocupasse apenas c o m pessoas de o r i g e m judaica e que tivessem boa reputação. Tamar teve um filho c o m Judá, seu s o g r o , que n ã o a havia tratado c o m justiça (Gn 3 8 ) ; Raabe era uma prostituta d e Jericó que ajudou os espiões judeus (Js 2 ) ; Rute, uma moabita que aceitou o Deus de sua sogra c o m o o Deus dela também (Rt 1—4); e a m ã e de Salomão ( m u l h e r de Urias) foi Bate-Seba, c o m quem Davi cometeu adultério ( 2 S m 1 1 ) . • V 11 O verbo "gerar", bem como a palavra "filho" (v. 1), pode ser usado num sentido mais amplo. Josías foi avô, e não pai, de Jeconias.
Mateus Mt 1 . 1 8 - 2 5 : " D e u s c o n o s c o " 0 relato mais completo d o nascimento de Jesus, em Lucas, focaliza Maria; o relato de Mateus focaliza José. Este era descendente de Davi (v. 2 0 ) . José deu n o m e / a d o t o u Jesus (que não era seu f i l h o ) , e isto fez com que Jesus oficialmente se tornasse um "filho d e Davi", c o m o as Escrituras exigiam. N o v. 23, Mateus nos dá a primeira de cinco citações do AT nos caps. 1—2, cujo propósito é mostrar que Jesus cumpriu tudo que os profetas previram (veja também 2.6,15,18,23). Aqui as
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palavras dc Isaías passam a ter um novo significado: cm Jesus ( d o hebraico "Josué", nome que significa "Deus salva"), Deus de fato está aqui conosco ( o significado d o n o m e "Emanuel"). Veja também "Deus conosco" e "O nascimento de uma virgem". • V 18 Na sociedade judaica, os noivos se obrigavam juridicamente e um noivado só podia ser rompido mediante divórcio. • V 2 5 A implicação é que, após o nascimento de Jesus, Maria e José levaram uma vida normal d e pessoas casadas (veja também
'Deus conosco" — a encarnação Dicíc France
Uma das coisas mais intrigantes sobre o NT é a maneira como os autores sugerem e, vez que outra, dizem claramente que Jesus, um jovem carpinteiro de uma remota aldeia, que foi executado com seus 30 e poucos anos, também era Deus. Não simplesmente "um deus", mas Deus, o único Deus verdadeiro do AT, presente em forma humana. Nem sempre eles dizem isso com todas as letras. O Evangelho de João começa afirmando q u e "a Palavra" (um título para Jesus, como fica claro no Evangelho) "era Deus", e que esta Palavra "se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1.1,14). No fim do mesmo Evangelho, o apóstolo Tomé, que, como é sabido, se recusou, a princípio, a crer que Jesus ressuscitara dentre os mortos, aclamou-o "Senhor meu e Deus meu" (Jo 20.28). Em algumas poucas passagens do NT, Jesus, pelo que parece, é chamado de "Deus" (p. ex. At 20.28; Rm 9.5; 2Ts 1.12; Tt 2.13; Hb 1.8; 2Pe 1.1; U o 5.20), embora seja interessante que em todos estes casos, ou há dúvidas quanto à leitura correta do texto, ou as palavras gregas podem ser interpretadas de forma diferente. Aparentemente, esse tipo de linguagem ainda não vinha ao natural para os escritores. Mas estas afirmações aparente-
mente diretas de que Jesus é Deus são apenas a ponta de um enorme iceberg teológico. Afinal, as pessoas que escreveram os livros do NT eram judeus, pessoas que, desde a infância, aprenderam que há apenas um Deus e que falar de qualquer ser humano em termos divinos era blasfêmia. Não é de admirar q u e afirmações como "Jesus é Deus" não sairiam facilmente de seus lábios. Mas de muitas outras
"Você precisa fazer a sua opção. Ou este homem era, e é, o Filho de Deus; ou era um louco ou algo pior. Você pode descartá-lo como sendo um tolo, cuspir nele e matálo como um demônio; ou pode prostrar-se aos seus pés e chamá-lo de Senhor e Deus. Mas que ninguém venha com esse condescendente absurdo de afirmar que ele foi um grande mestre humano. Ele não nos deixou esta alternativa. Ele não tinha a intenção de fazê-lo." C S . Lewis, Mero Cristianismo
maneiras mais sutis esta convicção transparece em todos os livros do NT. Jesus muitas vezes se designava Filho de Deus, e referia-se a Deus como o seu Pai num sentido todo especial (p.ex., Mt 11.25-27; 24.36). E, segundo os escritores dos Evangelhos, o próprio Deus chamou Jesus de seu Filho (Mc 1.11; 9.7). Seus seguidores seguiram o mesmo caminho. Por exemplo, nos cinco breves capítulos de U o ã o , Jesus é chamado de Filho de Deus 22 vezes. E João afirma ter escrito o seu Evangelho para que seus leitores cressem que Jesus é o Filho de Deus (Jo 20.31). Tal linguagem vinda de um judeu não é apenas uma forma educada de falar. Ninguém mais, em tempo algum, havia sido descrito desta forma, e ninguém mais havia ousado dirigir-se a Deus, dizendo simplesmente "Abba" (Pai), como Jesus fez (Mc 14.36). Ditos como "eu e o Pai somos um" (Jo 10.30), "quem me vê a mim vê o Pai" (Jo 14.9), e "eu estou no Pai e o Pai está em mim" (Jo 14.10-11) nos levam muito além da noção de que se pertence a Deus, que seria expressa por um adorador qualquer. Trata-se, neste caso, de um relacionamento "familiar" único; o Pai e o Filho compartilham a mesma natureza divina. Em Lc 1.35, o título "Filho de Deus"
552 Os magos do Oriente trouxeram presentes de incenso e mirra para Jesus. Ambos estão contidos neste incensário do Templo dos Leões Alados, em Perra.
Os Evangelhos e Atos 13.55-56). Jesus nasceu entre 6 e 4 a.C. O rei Herodes o Grande morreu em 4 a.C. M t 2: A d o r a ç ã o — e u m a ameaça Homens do Oriente (Pérsia, Babilônia ou Arábia) vieram adorar o menino que havia nascido para ser o Rei. Eram astrólogos. Eles eram chamados de "magos" ou "sábios" porque estudavam as estrelas e os seus significados. E não tinham
aparece num contexto em que se fala que Jesus nasceria de uma virgem. Embora o título não dependa do fato de Jesus ter nascido de uma virgem (afinal, João, que mais enfatiza o título, nem menciona este fato), as duas idéias se encaixam muito bem (veja "O nascimento de uma virgem"). Às vezes, Jesus reivindicou ações que eram competência exclusiva de Deus, como perdoar pecados (Mc 2.512), julgar (Mt 7.21-23; 25.31-46), ou dar vida (Jo 5.25-29). Paulo e João foram ainda mais longe, ao fazerem a extraordinária afirmação de que o mundo foi criado através de Jesus — o que significa que ele deve ser mais antigo do que o universo! (Jo 1.1 -4; 1 Co 8.6; Cl 1.15-17) Os escritores do NT estavam tão à vontade com essa associação estreita entre Jesus e Deus que aplicaram a Jesus textos do AT que, na verdade, eram textos sobre Deus (p.ex., Rm 10.9-13; Hb 1.8-12), Já no próprio NT há evidência de que os cristãos haviam começado a adorar Jesus e orar a ele (At 7.59; 9.10-17; 1Co 1.2; Ap 5.8-14, etc). Paulo, escrevendo aos cristãos de fala grega na cidade de Corinto, deixou a oração "Vem, Senhor" na forma aramaica Maranato. Isto mostra que, já na metade da década de 50, se conhecia esta fórmula que foi derivada das primitivas comunidades cristãs de fala aramaica (ICo 16.22). Para nos darmos conta de quão extraordinário isto era, basta lembrar que essas pessoas eram judeus, orando a um homem que viram ser executado poucos anos antes!
dúvida de que a nova estrela indicava o nascimento do Rei prometido em Judá. ( A tradição cristã identifica magos c o m o três reis e dá um significado especial a cada um dos presentes: ouro para um rei; incenso para Deus; mirra para um h o m e m mortal.) A notícia que os m a g o s trouxeram não foi bem-vinda no palácio. Herodes o Grande, rei dos judeus de 37-4 a.C, tinha ciúme assassino de todos os seus rivais. "Herodes suspeitava de qualquer pessoa que,
Há algumas passagens no NT em que a linguagem usada para expressar a natureza divina e a autoridade de Jesus é tão exaltada que são consideradas ecos de hinos ou credos que já eram usados nos cultos de adoração da Igreja. Entre elas estão Fp 2.611; Cl 1.15-20; Hb 1.2-3, e, é claro, J o 1.1-18. Ler estas passagens com cuidado resulta num belo quadro q u e mostra como os seguidores de Jesus já tinham chegado a entender quem ele era no espaço de pouco mais de uma geração após a vida, morte e ressurreição dele. Elas afirmam que ele não era simplesmente um homem cuja vida c o m e ç o u em Belém nos dias de Herodes, mas aquele que era desde o princípio, que compartilhava a glória do Pai antes da fundação do mundo (Jo 17.5,24), e cuja vida na terra foi apenas uma "interrupção" temporária da sua glória celestial. É isto que mais tarde veio a ser formulado como a "doutrina da encarnação" (que significa, literalmente, "fazer-se carne", conforme a linguagem de J o 1.14). Ela não nos é apresentada no NT como uma doutrina bem sistematizada. Ao contrário, compartilhamos a feliz experiência dos primeiros seguidores de Jesus que eram oriundos do judaísmo e que tentaram entender o homem que haviam conhecido para, aos poucos, se darem conta de quem ele realmente era. Mas, cada um à sua maneira, eles nos deixaram uma rica fonte para pesquisa teológica, e nos seus escritos está toda a matéria prima para a dou-
trina cristã plenamente desenvolvida sobre o Filho de Deus que, "por amor de nós homens e por nossa salvação, desceu dos céus, e encarnou, pelo Espírito Santo, na Virgem Maria, e se fez homem". É possível que Mateus tenha expressado essa v e r d a d e da forma mais apropriada, quando lembrou aos seus leitores que o nome Emanuel, o nome do filho da virgem, significa simplesmente "Deus conosco" (Mt 1.23).
Mateus
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A estrela de Belém Colin
O que era a estrela de Belém? Ela realmente existiu? Com base no Evangelho de Mateus, pode-se deduzir que ela tinha três características principais: • Era uma estrela que aparecera recentemente. Mt 2.7 afirma: "Com isto, Herodes, tendo chamado secretamente os magos, inquiriu deles com precisão quanto ao tempo em que a estrela aparecera." • Ela se deslocou lentamente pelo céu, com as estrelas em segundo plano. Os magos viram "a estrela dele no Oriente". Viram para Jerusalém, e Herodes os enviou a Belém. "No caminho vieram a estrela, a mesma que tinham visto no Oriente. Ela foi adiante deles." Como Belém fica quase ao sul de Jerusalém, a estrela provavelmente se deslocou lentamente pelo céu, do Leste para o Sul, durante o tempo que os magos levaram para viajar do seu país (Arábia, Mesopotâmia ou Pérsia) a Jerusalém, o que pode ter levado de um a dois meses. • A estrela "parou sobre" Belém. Mt 2.9 registra que "a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino". Segundo a tradição popular, a estrela apontou diretamente para o estábulo em que Cristo havia nascido. Porém, segun-
Humphreys
O comerá de 1858 (cometa de Donati) que "parou sobre" Paris. A estrela de lleléni pode ter sido algo semelhante a este cometa,
d o Mateus, para quem olhava de Jerusalém a estrela ficou acima do lugar onde a criança havia nascido, isto é, acima de Belém. Há um, e apenas um, objeto astronômico que satisfaz os critérios acima: um cometa com uma longa cauda. Um cometa aparece e se desloca lentamente pelo céu, com as estrelas ao fundo, normalmente numa progressão de 1 a 2 graus por dia. A foto ao lado mostra c o m o um cometa pode dar a impressão de estar parado sobre um lugar, sendo que a longa cauda faz
segundo e l e , poderia vir a representar uma ameaça para ele c o m o rei. Amigos de outros tempos, servos, um grande número de inimigos, sacerdotes, nobres e todos os que de uma ou de outra forma se atravessaram no caminho dele foram mortos" ( A . R . Millard). O massacre em Belém não fugiu à regra de outros massacres patrocinados por 1 Ierodes de que temos registro. Mas Deus tem c o m o proteger os seus e, advertida pelo anjo, a pequena família fugiu para o Egito. Jesus, c o m o Messias, tinha que nascer em Belém ( n o v. 6, Mateus c m parte citou e
com que a cabeça do cometa aponte para determinado lugar. Logo, um cometa corresponde à descrição da estrela em Mateus. Desde longa data os chineses observam cuidadosamente os cometas e outras estrelas interessantes que aparecem no céu. Segundo registros chineses antigos, houve um cometa espetacular com uma longa cauda que apareceu em 5 a.C. e foi visível por mais de 70 dias. Este é o único cometa de cauda longa que aparece nos registros chineses no período que vai de 20 a.C. a 10 d.C. Portanto, o cometa de 5 a.C. pode muito bem ser identificado com a estrela de Belém. Além disso, os registros chineses relatam a posição no céu onde este cometa apareceu pela primeira vez. Com isto sabemos que os magos o teriam visto pela primeira vez no Oriente, o que confere com a descrição em Mateus.
em parte interpretou as palavras d o profeta M i q u é i a s ) . O v. 15 (citando Os 11.1) faz a ligação c o m Israel c o m o filho de Deus, resgatado d o Egito no ê x o d o . O v. 23 não é uma citação bíblica c o m o tal, embora haja, no AT, muitas indicações sobre n origem humilde do Messias. Isto explica o nome pelo qual ele era conhecido: 'Jesus de Nazaré". • V. 18 Jeremias ( 3 1 . 1 5 ) está falando da tristeza trazida pelo exílio babilónico. Raquel, a figura materna de Israel, era a esposa amada de Jacó. Ela morreu de parto e m Ramá, no caminho para Belém.
Os Evangelhos e Atos • A r q u e l a u ( 2 2 ) Este filho de Herodes herdou um terço d o reino de seu pai, governando a Judeia, a Samaria e a Iduméia de 4 a.C. a 6 d.C. Por tomar medidas repressivas, foi deposto pelos romanos, que assumiram eles próprios o governo da Judeia. Veja "A família Herodes".
Mt 3 — 4
O início da missão
de Jesus
M t 3: J o ã o Batista Veja também M c 1.2-11; Lc 3.2-22. A história do nascimento de João se encontra em Lc 1. Há um i n t e r v a l o de cerca d e 30 anos entre os caps. 2-—3 d o Evangelho de Mateus. Naquele momento, a v o z de João Batista, chamando o p o v o de Deus para se preparar para o Messias, atraiu multidões para o deserto da Judeia. A n d r é , o irmão de Pedro, foi um dos que atendeu e foi batizado por João (Jo 1.35-40). O "lavar" d o batismo simbolizava uma purificação radical na vida da pessoa, um novo começo, uma volta para Deus. O batismo de João, ao contrário das lavagens rituais praticadas naquele tempo, era aplicado só uma vez. Jesus não precisava dele, como os vs. 14-15 e o restante do N T deixam claro. Ele não precisava ser batizado para ter perdão, porque ele não
tinha pecado. Mas era necessário deixar que fosse assim "por enquanto", porque Jesus devia "cumprir toda a justiça" para salvar o mundo. Assim, ele entrou no rio Jordão, aceitando o seu destino, para receber a comissão e a benção de Deus. Mateus j á demonstrou que Jesus é o Messias, o "filho" de Davi. N o v. 17 (SI 2.7; Is 4 2 . 1 ) , Jesus é chamado de Filho d o próprio Deus. Agora ele começava a percorrer o caminho d o "Servo cuja missão é carregar os pecados d o p o v o " ( R . T. France). • R e i n o d o s c é u s ( 2 ) Veja 'Jesus e o reino". • V. 4 Veja a nota e m Mc 1.1-8. • F a r i s e u s e s a d u c e u s ( 7 ) Veja "A religião judaica na época d o N T " . M t 4.1-11: A p r o v a ç ã o d e Jesus Veja t a m b é m M c 1.12-13; Lc 4.1-13. Na tentação, isto é, na severa provação a que ele foi submetido depois de um jejum de 40 dias, Jesus enfrentou aquilo que, ao longo de todo o seu ministério, continuaria testando a sua intenção de realizar a obra de Deus da maneira como Deus tinha planejado. Ele tinha poder — poder para alimentar os famintos, curar os e n f e r m o s , ressuscitar os m o r t o s . Como ele usaria esse poder? Para satisfazer suas próprias necessidades (legítimas)? Para pôr Deus
Mateus
555 Na tentação, Satanás sugeriu que Jesus se jogasse do lugar mais alto ( o "pináculo") do Templo, confiando na promessa das Escrituras de que os anjos cuidariam dele.
à prova? Para atrair seguidores? Quando chegasse a hora, ele usaria o seu poder para se salvar, o u , c o n f i a n d o e m Deus, trilharia o caminho da cruz para salvar os outros? Jesus respondeu às propostas de Satanás com palavras das Escrituras, citando Dt 8.3; 6.16; 6.13 — passagens importantes relacionadas com os 40 anos de Israel no deserto, quando Deus testou a obediência d o seu p o v o (Dt 8 . 2 ) . • V 1 Deus queria testar Jesus, mas o agente foi o Diabo (da palavra grega para "tentador"), que faz uso de tudo o que pode para tentar afastar as pessoas de Deus. • L e v o u - o ( 8 ) Literalmente ou numa visão. Mt 4 . 1 2 - 2 5 : N a G a l i l e i a João foi l a n ç a d o na prisão. A o o u v i r a notícia, Jesus foi para o norte, no que pode ter sido uma retirada estratégica. Mateus viu nisto o cumprimento de outra profecia d o AT (14-16).
"Bemaventurados os humildes de espirito, porque deles é o reino dos céus. Bemaventurados os que choram, porque serão consolados.
Jesus deixara sua cidade de Nazaré. Agora, durante todo o seu ministério na Galileia, sua base seria a cidade de Cafamaum, às margens do lago. Ali ele chamou os seus primeiros discípulos (veja "Os d o z e discípulos de Jesus") e começou o seu ministério público. A n d o u por toda a parte, ensinando, pregando as boas novas d o Reino e curando doentes. • Decápolis/Dez C i d a d e s ( 2 5 ) Dez cidades gregas livres a sudeste da Galileia.
Mt 5—7 Seguindo O Sermão
Jesus: do Monte
Veja t a m b é m Lc 6.20-49. O "sermão" é a primeira e mais longa das cinco seções em que Mateus reuniu o ensinamento de Jesus. Sentado na encosta d o monte, com seus seguidores à sua volta, Jesus mostrou aos seus discípulos como d e v e m viver. Esta não era uma simples lista de regras. Toda a atitude deles bem como a mentalidade devia ser transformada: de dentro para fora. O alvo deles é colocar e m prática a bondade típica de Deus, ou seja, uma bondade que não tem limites ( 5 . 4 8 ) . Mt 5 . 1 - 1 6 : A v e r d a d e i r a f e l i c i d a d e Jesus tem um conceito de felicidade que c bem diferente daquele que as pessoas normalmente têm. Em geral se pensa que felizes são os ricos, os ambiciosos, os poderosos. Jesus não pensa assim. Verdadeiramente felizes são aqueles que reconhecem a sua dependência
Bemaventurados os mansos, porque herdarão a terra..."
dc Deus (os "humildes de espírito", v. 3 ) , confiando e m Deus e não e m seus próprios recursos. A s características d o p o v o de Deus são o sofrimento ( 4 ) , a mansidão ( 5 ) , o desejo de estar e m paz com Deus c de v e r a justiça prevalecer ( 6 ) , a prontidão e m perdoar ( 7 ) , o coração v o l t a d o para Deus ( 8 ) , e a promoção da paz ( 9 ) .
t\s Bemaventuranças de Jesus (Mt 5.3-12)
"Víjcès são a luz para o inundo", disse Jesus aos seus discípulos. "Não se pode esconder uma cidade construída sobre um monte". 'Isefnt, no norte da Caliléia, é uma cidade assim.
Os Evangelhos e Atos
556 "Vocês não podem servir a Deus e também servir ao dinheiro." Ml 6.24 (NTMi
"Buscai primeiro lugar o seu reino e a sua justiça, em
e todas estas coisas vos serão acrescentadas."
"Não vos inquieteis com o dia de amanhã, pois o amanhã Irará os seus cuidados; basta ao dia o seu próprio mal." Ml 6.33-34 (ARA)
"Vejam como crescem as flores do campo", disse Jesus aos discípulos, ao ensinar-lhes uma lição sobre confiança.
Sua recompensa será receber o que desej a m . E suas v i d a s causam um i m p a c t o n o m u n d o : eles a d i c i o n a m o t e m p e r o à vida, i m p e d e m a d e t e r i o r a ç ã o ( 1 3 ) , iluminam o caminho ( 1 4 ) . Pelo que fazem e d i z e m e c o m o reagem, são para os outros um pequeno reflexo de Deus — para eme outros vejam e glorifiquem a Deus ( 1 6 ) . M t 5.17-48: U m n o v o p a d r ã o Talvez alguns tivessem pensado, c o m base na atitude d e Jesus diante d o sábado e d e outras leis, que ele queria eliminar a lei por completo. Estavam enganados. Ele v e i o para cumprir a lei que Deus através de M o i s é s . E m u i t o fácil fazer uma leitura superficial e legalista da lei, contentar-se e m cumprir o que d i z a letra. Mas é o espírito, o princípio por trás da l e i , q u e revela a v o n t a d e de Deus. N o s vs. 21-48, Jesus traz seis e x e m p l o s , introduzidos com as palavras: "Ouvistes o que foi dito... eu, porém, vos d i g o . . . " Ele mostra c o m o os princípios expressos na Lei d e v e m ser aplicados. Em cada caso — homicídio ( 2 1 2 6 ; Êx 2 0 . 1 3 ) , adultério ( 2 7 - 3 0 ; Êx 2 0 . 1 4 ) , divórcio (31-32; Dt 2 4 . 1 - 4 ) , juramentos ( 3 3 37; N m 30.2; veja também M t 23.16-22), vingança ( 3 8 - 4 2 ; Ex 2 1 . 2 4 ) , a m o r ao p r ó x i m o (43-48; Lv 19.18; veja também Lc 10.29-37) — o padrão passa a ser mais e l e v a d o . Jesus mostra c o m o o pecado começa na mente e na vontade. É ali que ele d e v e ser combatido. Os tribunais punem apenas o malfeitor, enquanto que, aos olhos de. Deus, os pensamentos e
as motivações por trás dos atos também são culpáveis. • A L e i e o s P r o f e t a s ( 1 7 ) Isto é, todos os preceitos d o AT. Há três divisões na Bíblia hebraica: a Lei (Gênesis a Deuteronômio); os Profetas (anteriores: Josué, Juízes, Samuel, Reis; c posteriores: todos os profetas, exceto Daniel); e os Escritos ( o restante d o "AT"). • V 2 2 A t é um insulto trivial indica uma atitude de d e s p r e z o / ó d i o que é culpável. • V. 2 3 Uma oferta a Deus não significa nada, se não houver reconciliação com o próximo. • V s . 3 1 - 3 2 Na época de Moisés, a mulher podia ser repudiada por qualquer motivo, A lei mosaica dava certa segurança à mulher. Jesus voltou ao propósito e significado inicial d o casamento. O vínculo que se estabelece quando os dois se tornam "uma só carne" é indissolúvel. O divórcio está fora de cogitação, exceto quando um dos cônjuges já rompeu a união. Veja 19.3-9. M t 6.1-18: A j u d a aos necessitados, o r a ç ã o e j e j u m Quando o assunto é a prática da religião, o que interessa, também, são as motivações, os pensamentos, as intenções — tudo que sc passa no interior da pessoa. Deus não recompensa manifestações externas d e piedade. Assim, Jesus p e d e aos seus seguidores que ajudem, orem, j e j u e m (as três "mais importantes exigências práticas em termos de piedade pessoal no judaísmo daquela época") sem chamar a atenção para si. Deus os recompensará. A oração d e v e ser simples, confiante: c o m o filhos que c h e g a m a um Pai amoroso, ansiosos por agradar, conscientes d e suas falhas. Tudo isso transparece oração modelo que Jesus ensinou aos seus discípulos (9-13) e que nós conhecemos c o m o a oração do "PaiNosso" (veja também Lc 11.2-4). M t 6.19-34: P r i o r i d a d e s A s pessoas p o d e m escolher suas prioridades. Elas p o d e m correr atrás d e dinheiro e bens materiais, c o m o p o d e m dar maior i m p o r t â n c i a a Deus e assuntos espirituais. Mas não podem fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Cada um precisa decidir quais são as suas próprias prioridades. Aqueles que colocam Deus e m primeiro lugar podem ter a certeza de que ele c o n h e c e todas as suas necessidades e não deixará de supri-las. Não precisam se preocupar.
Mateus
557
Os doze discípulos de Jesus Andrew
De todos os seus seguidores, Jesus escolheu 12 homens para serem os seus discípulos (Mc 3.13-19), dandolhes o título de "apóstolos" (Lc 6.13). Estes passariam três anos na companhia dele, ouvindo seus ensinamentos eaprendendo sobre o reino de Deus. Pedro, o líder dos discípulos, originalmente se chamava Simão, filho de Jonas. Ele e seu irmão André eram de Betsaida, sendo que depois se mudaram para Cafarnaum. Trabalhavam juntos como pescadores em parceria com os filhos de Z e b e d e u . Veja Mt 16.17; Jo 1.44; Mc 1.16-17; Lc 5.10. Jesus lhe deu o apelido de "Pedro" (que significa "pedra" ou "rocha") e dali em diante ficou conhecido como Simão Pedro, e m b o r a por muito lempo ele não tenha sido nem sólido nem confiável. Era colérico, impetuoso e constantemente mudava de opinião. Por exemplo: • Em Mt 16.13-26, Pedro declara que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus vivo. Mas pouco tempo depois ele repreendeu Jesus, quando este indicou que precisava ser crucificado! • Em outra ocasião, viu Jesus andando sobre as águas e começou a andar em direção a Jesus (Mt 14.28). Mas logo a sua fé falhou e ele começou a afundar. • Na última ceia, ele disse que, mesmo que todos os outros abandonassem Jesus, ele não o negaria (Mc 14.29-31). Um pouco depois, negou três vezes que conhecia Jesus (Mc 14.66-72). • Quando Jesus estava sendo preso, ele atacou com uma espada (Jo 18.10), mas depois saiu correndo (Mt 26.56). Entretanto, pelo poder e pela graça de Deus, Pedro acabou sendo líder, escritor (são dele duas das cartas do NT) e pregador de grande audácia
McGowan
0 g r u p o mais p r ó x i m o d e Jesus Pedro, Tiago e João formavam o grupo de discípulos que estava mais próximo de Jesus. Eles estavam com Jesus em ocasiões importantes, como a ressurreição da filha de Jairo, a transfiguração de Jesus, e o seu momento de oração antes de ser preso no Getsêmani. Veja Mc 5.37; 9.2; 14.33. e autoridade. Seu sermão no dia de Pentecostes resultou na conversão de 3.000 pessoas. D e p o i s da ressurreição, Jesus pediu três vezes para Pedro reafirmar sua fé, igualando as três negações (Jo 21.15-19). Jesus disse que Pedro era a pedra sobre a qual ele construiria a Igreja (Mt 16.18). Só que Pedro não é isto sozinho, pois são os apóstolos todos, bem como a doutrina deles, que formam o alicerce da Igreja (Ef 2.20). André, irmão de Pedro, fora discípulo de João Batista. Isto é praticamente tudo que sabemos sobre ele, embora pareça ter sido um homem prático. Sua grande contribuição foi levar Pedro a Jesus. A Bíblia registra que ele estava com os outros apóstolos após a ascensão de Jesus. Veja Jo 1.35-40; Jo 6.8-9; 12.21-22; At 1.13. Tiago e seu irmão João, filhos de Z e b e d e u , eram ambos discípulos. Parece que eles eram do tipo intempestivo, o que poderia explicar por que Jesus lhes deu o nome de "Boanerges" ou "filhos do trovão". Tiago e João foram os que queriam que viesse fogo do céu para destruir uma aldeia de samaritanos que não recebeu bem Jesus! Eles também buscavam orgulhosamente uma posição elevada no reino de Jesus.
Tiago, entretanto, foi o primeiro dos Doze a ser martirizado pela fé. Ele foi um homem cuja paixão e dedicação poderiam facilmente ter feito dele um terrorista. Mas essas características dele foram postas a serviço do reino de Deus. Veja Mc 3.17; Lc 9.54; Mc 10.37; At 12.2. João, irmão de Tiago, além de discípulo foi um dos que mais contribuiu para a formação do NT. O nome de João aparece nos títulos de cinco livros — um Evangelho, três cartas, e o Apocalipse, embora os estudiosos ainda discutam se todos esses livros são do mesmo João. Enquanto morria na cruz, Jesus entregou a sua mãe aos cuidados de João (Jo 19.25-27). Com base em várias outras referências no NT, parece que João era primo de Jesus por parte de mãe. Diante disto, entregar a mãe aos cuidados de João seria a coisa natural a fazer. Filipe, assim como Pedro e André, era de Betsaida. Ele foi chamado para seguir Jesus um dia depois de Simão e André. Filipe era o tipo da pessoa com os pés no chão. Em pouco tempo ele calculou quanto exatamente custaria alimentar 5.000 pessoas! Foi Filipe quem pediu para Jesus mostrar-lhes "o Pai". Fica claro que ele nem sempre entendia o que Jesus estava fazendo, mas mesmo assim perseverou. Ele também foi responsável por levar Natanael a Jesus. Veja Jo 1.43-46; 6.5-7; 14.8. Natanael (também chamado Bartolomeu) era de Caná da Galileia. Quando Filipe lhe falou sobre Jesus, ele duvidou se "alguma coisa boa" podia vir de Nazaré. "Vem e vê", disse Filipe. E quando ele foi, Jesus o deixou maravilhado, descrevendo exatamen-
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Os Evangelhos e Atos
te o que ele estava fazendo um pouco antes. Natanael ficou convencido! Ele era um homem de caráter confiável. Na verdade, Jesus o descreveu como "um verdadeiro israelita, um homem realmente sincero". Ele estava no grupo ao qual o Cristo ressuscitado apareceu junto ao mar da Galileia. Veja Jo 1.43-51; 21.2. Mateus (também chamado Levi) era um publicano. Ele estava fazendo o seu trabalho d e coletar impostos quando Jesus o chamou. Era um dos "pecadores" dos quais Jesus se aproximou, algo que deixou os fariseus enfurecidos. Jesus disse que aqueles "pecadores" eram as pessoas que mais precisavam dele e mais valorizavam os seus ensinamentos. Certa ocasião, na casa de Mateus, Jesus chegou a ponto de dizer que somente aqueles que se consideravam pecadores podiam receber algum benefício do seu ministério. A maioria dos judeus teria rejeitado Mateus como colaboracionista
Ocético Tomé é conhecido por seu ceticismo. Embora dedicado ao seu Mestre e até disposto a se arriscar por ele, Tomé não entendeu as palavras de Jesus sobre a sua morte iminente e só acreditou na ressurreição dele quando o viu. 0 nome Tomé vem da palavra aramaica que significa "gêmeo". No seu Evangelho, João usa a tradução grega desse nome, "Dídimo", três vezes. Tomé entrou para a história como aquele que queria ver para crer. No entanto, Jesus não o rejeitou. Pelo contrário, convidou-o a crer, e aproveitou a oportunidade para falar sobre aqueles que, no futuro, creriam sem terem visto Jesus pessoalmente. Veja Jo 11.16; 14.5; 20.24-29; 21.2.
Os três esquecidos Há três discípulos dos quais não sabemos Simão, o zelote, pode ter sido um dos praticamente nada. zeloies que buscavam a liberiaçào de Israel do Tiago, filho de Alfeu, provavelmente era domínio romano. Também é possível que seu o Tiago, o menor, filho de Maria, mencionado nome seja simplesmente uma descrição deseu em Mc 15.40. caráter "zeloso". Tadeu é mencionado em Mt 10.3 e Mc 3.18, mas também é chamado de Judas, filho de Tiago, em Lc 6.16 e At 1.13.
e traidor, porque trabalhava para os romanos, coletando impostos. Mas em Jesus ele encontrou um Salvador. Veja Mt 9.9-13; 10.3; Mc 2.13-17. Jesus atraiu a si este grupo tão diversificado d e homens e fez deles seus discípulos. Que grande Salvador! Foi capaz de transformar o mundo através de homens como estes!
0 traidor Judas Iscariotes é conhecido por todos como o discípulo que traiu Jesus por 30 moedas de prata. Ele era o tesoureiro dos discípulos e costumava tirar da bolsa comum o que era lançado nela. Isto explica por que ele levantou objeções ao ato de Maria, que ungiu Jesus com um perfume caro que, segundo ele, deveria ter sido vendido. Jesus deixou claro, na última ceia, que sabia quem o haveria de trair, mas Judas foi em frente e fez um trato com os principais sacerdotes. E, assim, os soldados conseguiram prender Jesus, liderados por Judas, que o identificou e traiu com um beijo. (0 beijo na face era uma maneira de cumprimentar um amigo.) Depois, Judas, cheio de remorso, teve um fim trágico. Veja Mt 26.14-16,25; Mc 14.10-11,43-45; Jo 12.3-6; 13.27-30; Mt 27.3-10 (compare com At 1.18-19).
Mateus • V s . 2 2 - 2 3 Pensava-se que os olhos eram janelas que deixavam a luz entrar no corpo. Há, aqui, um j o g o dc palavras aqui: "bons" ( 2 2 ) = generosos; "maus" ( 2 3 ) = gananciosos. Mt 7: O q u e f a z e r — e o que não fazer Não sejam críticos demais ( 1 - 5 ) ; .sejam criteriosos ( 6 ) . Nunca deixem de orar ( 7 - 1 1 ) . O v. 12 resume o Sermão d o Monte: "Façam aos outros o que q u e r e m que eles façam a vocês". Esta é a essência da Lei e dos Profetas. Portanto: • Certifique-se de que v o c ê está no caminho certo, o caminho que leva para a vida eterna ( 1 3 - 1 4 ) . • Cuidado para não ser enganado; saiba distinguir o verdadeiro d o falso "pelos frutos" (15-20). • Palavras não bastam; muitos se e n g a n a m neste particular ( 2 1 - 2 3 ) . • A coisa certa a fazer é colocar o ensino dc Cristo e m prática: uma casa construída na rocha resiste à tempestade ( 2 4 - 2 7 ) . Com o fim d o "sermão", Mateus ressalta a autoridade que distinguia Jesus de todos os outros mestres e impressionava os seus ouvintes.
Mt 8 . 1 — 9 . 3 4 Curas e ensinamento Mt 8 . 1 — 9 . 8 : C u r a s Jesus não era insensível às necessidades humanas. Ensinar, pregar e curar andavam de mãos dadas: sua autoridade transparecia no que ele dizia e fazia. Mt 8.1-4: O l e p r o s o . Para os judeus, os leprosos e r a m i m u n d o s c não p o d i a m ser locados. Jesus poderia ter curado o h o m e m com um olhar, ou uma palavra, mas e m v e z disso ele estendeu a m ã o e o tocou. (Para as regras relativas à lepra, veja L v 13—14; o termo "lepra" na Bíblia abrange várias doenças de pele.) Mt 8.5-13: O servo d o centurião. A missão de Jesus era para o povo dc Israel, mas nem mesmo entre o seu p o v o ele havia encontrado uma fé c o m o a d o oficial romano, que reconheceu autoridade quando se deparou c o m ela. (Veja também 15.21-28). Mt 8.14-15: Em Cafarnaum, Jesus usou o seu poder para curar doenças c demonstrar a sua autoridade sobre os poderes demoníacos que estavam causando muitos males. Mateus
aplicou as palavras dc Isaías literalmente ao ministério dc cura de Jesus. M t 8 . 1 8 - 2 1 : a resposta d e Jesus a dois candidatos ao discipulado dá uma lição sobre comprometimento. M t 8.23-34: É significativo que Mateus tenha c o l o c a d o a história em que Jesus acalma dois homens violentos c perigosos logo após a história que mostra que ele tinha controle s o b r e uma v i o l e n t a t e m p e s t a d e . N o s seus r e g i s t r o s , M a r c o s e Lucas e n f a t i z a m apenas um dos h o m e n s , " L e g i ã o " ou "Multidão" ( M c 5.1-17; Lc 8 . 2 6 - 3 7 ) . Talvez eles se basearam e m tradições diferentes. Tamb é m é possível que Mateus tinha e m mente as duas testemunhas necessárias para validar um d e p o i m e n t o na forma da lei. Jesus restaurou ambos à sanidade. Mas os moradores de Gadara — uma das Dez Cidades ( g r e g a s ) , que ficava 10 km a sudeste d o mar da Galileia — ficaram tão apavorados que mandaram Jesus embora. Mt 9.1-8: O homem paralítico. Jesus operou uma aira física para mostrar que a cura espiritual, o perdão dos pecados, era igualmente real.
559
Os primeiros discípulos de Jesus eram pescadores. Kles foram chamados enquanto consertavam as suas redes. Estes barcos de pesca ficam no pono de Aco. na costa mediterrânea de Israel.
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Os Evangelhos e Atos
Jesus i i . i Galileia e no Norte Sarepla Im-ji
J
MonleHamm
i " " Cesaréia de Filipe
Coraíim (afanai , Geneun Cana • Tibeiiades Nazaré» Naima GAUtflA
"Quando Jesus viu a multidão, ficou com muita pena duquclu gente porque eles estavam aflitos e abandonados, como ovelhas sem pastor. Então disse aos discípulos: 'A collieita é grande mesmo, mas o s trabalhadores são poucos. Peçam ao dono da plantação que mande mais
trabalhadora para fazerem a colheita." Ml 9.36-37 (NTLH)
• Filho d o H o m e m ( 8 . 2 0 ) Título que Jesus usava com freqüência para falar de si mesmo. Ele enfatiza a sua humanidade (SI 8.4), mas também indica algo que vai além dela (Dn 7.13-14). • 8.21-22 O discípulo queria primeiro sepultar o seu pai para depois seguir Jesus. Isso não significava necessariamente que seu pai já eslava morto. "Ftermite-me ir primeiro sepultar meu pai" é uma forma coloquial de dizer: "Um dia te seguirei, quando o meu pai tiver morrido e eu estiver livre para vir". A resposta de Jesus anula uma das obrigações mais importantes da sociedade judaica (sepultar os pais); ele chora os seus ouvintes, para mostrar que segui-lo é uma prioridade absoluta. • 8 . 2 3 - 2 7 veja também Mc 4.36-41, o n d e aparecem alguns detalhes diferentes. • A s u a p r ó p r i a c i d a d e ( 9 . 1 ) Cafarnaum (veja 4 . 1 3 ) . M t 9.9-17: O c h a m a d o d e M a t e u s ; a questão d o jejum Em Marcos (2.13-17) e Lucas (5.27-32), o cobrador de impostos se chama Levi, e a festa acontece e m sua casa. É possível que "Mateus" fosse o primeiro nome de Levi, assim c o m o "Pedro" era o de Simão. A presença de Jesus entre tais pessoas escandalizou os piedosos fariseus. Os seguidores de João também ficaram intrigados. Por que Jesus comia, ao passo que João jejuava? Lucas ( 5 . 3 6 - 3 7 ) dá a resposta de Jesus de forma bem clara. Seu ensino radicalmente novo não cabia no molde ou na fôrma do velho legalismo. Esse ensino precisava encontrar novas formas de expressão, pois, do contrário, o velho seria destruído c o novo se estragaria.
• Publicanos ( 9 - 1 0 ) O imposto que coletavam era provavelmente uma taxa alfandegária. Os publicanos ou cobradores "eram odiados por colaborarem com os romanos e extorquirem dinheiro. C o m o uma categoria, eles eram considerados desonestos... Portanto, Mateus possivelmente era o mais rico dentre os apóstolos" (Leon Morris). Quando deixou seu emprego, ele não tinha c o m o recuperá-lo. M t 9.18-34: M a i s c u r a s Vs. 18-36: A filha de Jairo; a mulher com hemorragia (veja Mc 5.21-43; Lc 8.40-56). Vs. 2 7 - 3 1 : Dois cegos. O m o t i v o do segredo ( 3 0 ) não é explicado. Supostamente Jesus queria evitar que seus milagres dessem ao povo a impressão errada sobre a sua missão. Vs. 32-34: O mudo endemoninhado. • V 23 Muitas vezes músicos eram contratados para tocar músicas fúnebres na casa em que uma pessoa havia morrido.
Mt 9.35—10.42
A missão
dos
doze
Em Mateus, esta é a segunda seção de ensinamentos de Jesus. Veja também Mc 6.7-13; Lc 9.1-6 e outras passagens paralelas. Da observação a respeito da compaixão de Jesus pelo povo, a "colheita" de Deus (9.363 7 ) , passa-se diretamente ao relato da escolha dos d o z e (veja "Os doze discípulos de Jesus"). A escolha e o treinamento deste grupo reduzido de discípulos foi uma parte vital da missão de Jesus. A palavra "apóstolo" significa "mensageiro", e a tarefa de difundir a mensagem sobre Jesus cal>eria a eles depois da morte e ressurreição d o Mestre. A g o r a , depois de chamá-los, ele os envia pela primeira v e z , dando-lhes a sua própria autoridade para curar. Ele lhes deu instruções (algumas apenas temporárias; veja Lc 22.35-36) c os advertiu a respeito d o tipo de recepção que provavelmente teriam, agora e no futuro. Eles deviam estar preparados para enfrentar dificuldades, confiar no cuidado de Deus e não ter m e d o de ninguém. • 10.1 Os d o z e representam o novo povo de Deus, assim c o m o as 12 tribos representavam o antigo. • O p u b l i c a n o ( 1 0 . 3 ) Parece que Mateus não conseguia esquecer que fora um dos marginalizados daquele tempo. • 1 0 . 2 3 Aqui se percebe um eco de Dn 7.13. O assunto é autoridade/soberania, não
Mateus
a "segunda vinda" de Jesus. Talvez aqui ele esteja se referindo a seu retorno triunfante da morte no dia da ressurreição. • B e l z e b u ( 1 0 . 2 5 ) N e m mesmo os inimigos de Jesus negavam que ele expulsava demônios, por mais que tenham feito de tudo para desacreditá-lo. Parece que os judeus pegaram o nome de um deus p a g ã o (dos cananeus), que na sua própria língua soava como "senhor do excremento", c o aplicaram a um chefe dos demônios, possivelmente Satanás. » E i r a d o s ( 1 0 . 2 7 ) O telhado horizontal da casa formava um terraço, o n d e as pessoas se reuniam para conversar e discutir. > 10.28 Somente Deus tem esse poder, e não Satanás. N T L H explicita: "Poróm tenham medo de Deus". • 10.34-35 A divisão é o resultado do ensino de Jesus. Muitas vezes a Bíblia expressa conseqüências ou resultados c o m o se fossem intenções deliberadas. > 10.39 "Quem acha a sua vida", isto é, quem nega a sua fé para salvar a própria pele.
de enterro" com João. Eles não queriam ouvir nem a boas novas, nem as advertências. • V. 19 Esta é a Sabedoria de Deus. A frase significa: "para saber, tem que viver"; ou, "para conhecer o gosto, tem que provar".
MUI—12
Foram pessoas c o m u n s q u e a c e i t a r a m Jesus, e e l e se agradou disto. Para todos os que estão sobrecarregados, ele oferece alívio. Aqueles que entram para o seu serviço verão que ele não é um chefe opressor. • F i l h o ( d e D e u s ) ( 2 7 ) Jesus reivindicou um relacionamento singular c o m Deus. A figura ou ilustração d o pai e do filho diz que o seu relacionamento com Deus é parecido com isso. "Filhos d c " era uma expressão hebraica comum que transmitia a idéia de natureza ou características e m c o m u m . "Assim, quando o N T fiz que Jesus é 'o Filho de Deus', está afirmando que Jesus compartilhava as características e a natureza d o próprio Deus. Ele estava afirmando que era de fato e verdadeiramente divino" (John Dranc).
As reivindicações
de Jesus
Esta é uma das s e ç õ e s n a r r a t i v a s d e Mateus, embora contenha t a m b é m muitos ensinamentos. Mt 1 1 . 1 - 1 9 : " É s t u a q u e l e ? " João, preso por Antipas ( o filho mais moço de Herodes o G r a n d e ; g o v e r n a d o r da Galileia e Peréia), ficou intrigado com os relatos sobre Jesus. Ele esperava que o Messias viesse julgar. A resposta d e Jesus lembrou João de outro aspecto da obra d o Messias (previsto cm Is 35.5-6; 6 1 . 1 ) , que e l e estava cumprindo. João não caiu no conceito de Jesus só porque t e v e as suas d ú v i d a s . Ele era o maior dos profetas, o Elias dos últimos tempos previsto por Malaquias ( 4 . 5 ) . Mas João. apesar d e proclamar o n o v o reino de Cristo, pertencia à velha o r d e m , e neste sentido não fazia parte d o reino. Assim, a pessoa mais humilde no reino é mais privilegiada do que João. IV. 12 Jesus podia estar se referindo a militantes zelotes, dos quais ele se distanciava; ou, então, ao fato dc que o reino abrir as suas portas aos desesperados (veja Lc 16.16). > Vs. 16-17 C o m o crianças birrentas, os contemporâneos dc Jesus se recusavam a "brincar de casamento" com ele, ou a "brincar
Mt 11.20-30: "Vinde a m i m " Jesus fez a maioria dos seus milagres numa pequena região que fica na extremidade norte do mar da Galileia, nos arredores de Cafarnaum, Corazim e Betsaida. Houve muita agitação por causa deles. Mas c o m o sinais d o reino vindouro, seu objetivo era mudar a vida das pessoas, levar ao arrependimento. Mas isto não aconteceu, e assim o j u í z o de Deus sobre esse obstinado ceticismo era inevitável. Se o p o v o de T i r o e Sidom (dois portos marítimos de muita riqueza e impiedade que foram denunciados pelos profetas: veja, p. ex., Is 2 3 ) , ou até mesmo de Sodoma (conhecida pela proverbial devassidão: Gn 1 9 ) , tivesse visto o que aqueles galileus puderam ver, teria vestido roupa feita dc pano grosseiro e colocado cinzas na cabeça para demonstrar tristeza pelos seus pecados c sua intenção de mudar.
561 "Vinde a mim Iodos os que estais cansadose sobrecanvgatUrs. e eu vos aliviarei. Tomai sabre vós o meu jugo e aprendei de m i n i . porque sou manso e luttnilde de corução... meu jugo i suave, e o meu fardo é leve".
Mt 11.28-30 (ARA)
".Vosso Senhor não inventou o códice da lei canónica. Fie não ditou a Suma ieológica de Tomás Aquino, Ele sentou mt encosto de um m o n t e , acomodou-se num barco que balançava perto da praia. Falou n o s sinoj;oj,'os c na casa das pessoas. As ilustrações usadas m i m as imagens mais simples da vida rural." Motiis West
M t 12.1-14: D i s c u s s ã o p o r c a u s a do s á b a d o Veja Mc 2.23—3.6. O v. 14 nos dá a primeira indicação d o que estava por vir: o antagonismo era tão forte que a vida de Jesus estava ameaçada. M t 12.15-37: E m i s s á r i o d o diabo? Os fariseus consideravam Jesus um agente do diabo ( 2 4 ) , apesar da bondade manifestada em suas ações ( 2 2 - 2 3 ) . Sc eles tivessem razão, Satanás estaria em rota dc autodestruição ou
562
Os Evangelhos e Atos suicídio ( 2 5 - 2 9 ) , que é o n d e se encontram todos aqueles que, a e x e m p l o dos fariseus, chamam o bem de mal. Eles negavam obstinadamente a obra d o Espírito de Deus, c isto tornava impossível o perdão de Deus (31-32). Mt um
12.38-50: " Q u e r e m o s v e r milagre"
Os mestres da Lei e fariseus queriam ver Jesus f a z e n d o um m i l a g r e , um "sinal" que confirmaria as suas reivindicações. Mas e l e não daria espetáculo apenas para agradá-los. Um único sinal seria dado: a ressurreição de Jesus dentre os mortos, a prova incontestável de que a sua mensagem c verdadeira e que ele c quem afirmava ser. Vs. 43-45: Esta história é uma advertência para aqueles que se arrependeram e mudaram de vida diante d o que viram e ouviram. Se não derem o passo seguinte, d o comprometimento total, correm sérios riscos. Vs. 46-50: A aparente falta de respeito para com a m ã e d e v e ter chocado seus ouvintes, e esta era, c o m certeza, a intenção de Jesus. Ele estava dizendo que o vínculo entre os que crêem e m Deus é mais forte d o que os laços de família. • V s . 3 9 - 4 0 Veja Jn 1.17; 2.10. Para os judeus, uma parte d o dia ou da noite podia ser considerada um dia inteiro. Assim, no caso de Jesus, o final da sexta-feira santa e a madrugada d o d o m i n g o entram na contagem dos três dias e das três noites.
-TU és "OKSO iio Deus
• V. 4 2 A rainha de Sabá ( l R s 10.1-10). • V. 4 9 Este texto parece indicar que Maria e José tiveram filhos (veja 1.25), embora a palavra hebraica e aramaica também inclua primos e parentes próximos (veja também 13.55-56). Acredita-se que José já havia morrido nesta época.
Declaração de Pedro,
m
MI
16.16
Mt 13.1-52 As histórias
de Jesus sobre o reino
As parábolas sobre o reino de Deus formam a terceira seção de ensinamentos e m Mateus. Ao usar histórias, Jesus podia ensinar em vários níveis diferentes. Para aqueles que estão dispostos a pensar, há camadas de significado além da lição óbvia. As parábolas faziam separação entre os que vinham apenas v e r milagres e os seguidores sérios que realmente queriam entender o ensinamento de Jesus. Ele contava suas histórias às multidões, mas retinha a explicação para seus discípulos. Havia tanta falta de enten-
dimento quanto à natureza d o reino que, ao contar as suas histórias, Jesus só podia explicar um ponto de cada vez. A primeira delas, d o semeador (1-9, explicada e m 18-23), descreve as diversas reaçõesà mensagem de Jesus. A s demais começam com as palavras: "O Reino dos céus é como..." Vs. 24-30: O trigo c o j o i o (explicada cm 36-43). Esta história tem a ver com a mistura do bem e d o mal nesta vida, mas que setão separados no dia d o juízo. Vs. 31-33: O grão de mostarda e o fermento. Pequeno no seu início, de forma silenciosa e d e s p e r c e b i d a o r e i n o terá grande crescimento. Vs. 44-45: O tesouro o a pérola. O reino é tão valioso que vale a pena dar tudo que temos para obtê-lo. Vs. 47-50: A rede de pesca. Descreve a separação dos bons e dos maus no fim dos tempos. Veja também, 'Jesus e o reino".
Mt 13.53—14.12 Nazaré rejeita Jesus; João é decapitado Veja as notas sobre Mc 6.1-6 e 14-29.
Mt 14.13—17.27 Jesus ensina e faz milagres na Galileia e no norte Mt 14.13-36: A l i m e n t o p a r a mais d e 5.000; Jesus a n d a em cima da á g u a Veja comentários sobre Mc 6.30-56. Veja também Lc 9.10b-17; Jo 6.1-21. A s duas histórias revelam o poder sobrenatural de Jesus. Mt 15.1-20: O s f a r i s e u s e a questão da tradição Veja também M c 7.1-23. Desde o início, o ensinamento de Jesus sobre religião (6.1-18) causou conflito com os fariseus. Para eles, a "tradição" ( o ensinamento oral dos rabinos que complementava e interpretava as Escrituras) tinha que ser seguida. Mas Jesus jamais hesitou e m denunciar a tradição sempre que ela diluía ou enfraquecia os princípios bíblicos, c o m o , por exemplo, no caso dos votos. As pessoas podiam ser isentas d o dever de cuidar de seus pais se dedicassem o dinheiro a Deus. Assim ainda podiam desfrutar d o lucro. Segun-
Mateus
563
Jesus e o reino David
João Batista estava cercado por • uma multidão animada quando clamou no deserto: "O reino dos céus \ está próximo". E expectativa aumen: tou quando, um pouco depois, Jesus repetiu as palavras de João, ao iniciar oseu ministério na Galileia. "O tempo está cumprido", disse ele, "e o reino de Deus está próximo". 0 reino de Deus (ou reino dos céus — o significado é o mesmo) era obviamente o centro da missão e da mensagem de Jesus. Era de importância vital para ele. Quando ensinou seus discípulos a orar, disse-lhes que pedissem a Deus: "Venha o teu reino". Quando enviou seus discípulos nas suas primeiras expedições de pregação, o reino de Deus estava no centro das boas novas que deviam anunciar I (veja Mt 10.7). Um retrato eletrizante Mas o que Jesus queria dizer com esta linguagem de "reino"? Ele usou a expressão "reino dos céus/de Deus" muitas vezes (ela aparece mais de 100 vezes em Mateus, Marcos e Lucas), mas o AT sequer a menciona, e ela raramente aparece no NT fora dos Evangelhos. Era algo especial, e espe| ciai para ele. Hoje, se um pregador se levantasse para anunciar que o reino de Deus está próximo, dificilmente conseguiria criar o mesmo frisson. Atualmente, pouquíssimas pessoas sabem o que é viver numa monarquia, e mesmo aqueles que são governados por um rei ou uma rainha consideram essa pessoa de forma bem diferente da imagem eletrizante que os ouvintes de João Batista teriam formado em I sua mente quando lhes foi anunciado: "ORei está chegando".
Field
O q u e eles esperavam? Com a monarquia do AT em mente, seu conceito de rei teria três características principais: • Uma pessoa de poder — Ao contrário da maioria dos monarcas modernos, um rei do AT tinha autoridade ilimitada, sem precisar prestar contas a ninguém. A vida de seus súditos estava em suas mãos. (Veja a história sobre Acabe e Na bote em 1Rs 21.) • Uma pessoa de status — Um rei era uma pessoa reverenciada. Seu estilo de vida luxuoso condizia com seu status elevado. Onde quer que fosse, recebia tratamento real. (Confira a forma como Davi tratou Saul em 1 Sm 24; 26.) • Um líder nacional — Os anseios da nação giravam em torno do rei, como chefe de Estado. A vitória sobre seus inimigos melhorava a opinião pública. Para ele, a derrota significava desgraça e desastre nacional. (Veja a triste história de Joaquim e Nabucodonosor em 2Rs 24.) Com este retrato vívido da realeza humana em suas mentes, não era difieiI para os fiéis do AT concluírem que Deus era o grande rei do mundo. "Pois o SENHOR Altíssimo é tremendo, é o grande rei de toda a terral", canta o salmista (SI 47.2). E se ele era o rei do mundo, o SENHOR também era, de forma muito especial, o rei da nação, o "rei de Jacó", que um dia demonstraria a sua glória de forma tão devastadora que os inimigos de Israel ficariam confusos e seriam derrotados. Através de seu Messias, um rei da linhagem real de Davi, o Deus de Israel derrotaria toda a oposição e estabele-
ceria o seu reino de justiça e paz (veja Is 41.21; 40.10). U m a r e a l i d a d e viva Neste caldeirão fervente de expectativa popular Jesus fez o dramático anúncio de que o reino de Deus estava próximo. Não é de admirar que todos tenham parado para ouvir! Será que o grande momento da intervenção real de Deus, previsto com tanta ênfase pelos profetas do AT, estava prestes a chegar? Estava. Na verdade, com a chegada de Jesus no cenário mundial, eleja havia chegado. Como Gabriel disse a Maria pouco antes de ela engravidar: "Deus, o Senhor, lhe dará o trono de Davi, seu pai. O seu reinado não terá fim". Mais tarde, Jesus disse a seus seguidores que o reino de Deus era o reino "dele", e Paulo não via maior problema em escrever sobre o "reino de Cristo e de Deus" (Ef 5.5). Em Jesus, o reino de Deus se tornara uma realidade viva. "Se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus", disse Jesus, "certamente, é chegado o reino de Deus sobre vós" (Lc 11.20). C h o q u e s e surpresas No e n t a n t o , os esperançosos ouvintes de Jesus estavam prestes a levar um choque. Ele sem dúvida era o rei prometido, mas virou a noção de reino de Deus que eles tinham de pernas para o ar. • Eles esperavam uma demonstração de poder, mas Jesus ensinou que o ponto principal do reino de Deus era o fortalecimento gentil e misericordioso dos membros fracos e debilitados da sociedade. Ele esmagou os poderes do mal com uma série de milagres deslumbran-
564
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Os Evangelhos e Atos tes, mas o propósito destes "sinais" era trazer cura divina e libertação para pessoas comuns que haviam sido enfraquecidas por enfermidades físicas, psicológicas, sociais ou espirituais. Ele ensinou aos seus discípulos que o reino dos céus pertence aos pobres, angustiados e sofredores, não aos ricos, poderosos e auto-suficientes (veja Mt 5.3,10). Eles esperavam uma exibição de status, mas o rei de Deus não nasceu num berço de ouro. Ele iniciou a sua vida humana na miséria de um estábulo. Mais tarde ele explicou a seus seguidores que não tinha vindo "para ser servido, mas para servir" (Mc 10.45), Era um monarca que se esvaziou, como diz Paulo (veja Fp 2.5-8). Ele desprezou as honrarias típicas da realeza, dedicando tempo àqueles que o resto da sociedade considerava inferiores — os leprosos, os estrangeiros e (é claro) as mulheres. E morreu numa cruz, sinal de vergonha, e não tremulando um estandarte real.
conceito meramente espacial. Tratase do reinado de Deus em ação no mundo. E um exercício de poder, e não um espaço geográfico. O requisito para entrar não é a certidão de nascimento correta, mas um estilo de vida radicalmente mudado, caracterizado por arrependimento e fé. Há padrões de comportamento que são totalmente incompatíveis com uma submissão genuína ao governo de Deus.
Eles esperavam um líder nacional, alguém que expulsasse as forças de ocupação romanas do país e estabelecesse uma exclusiva supremacia judaica. Jesus se recusou a desempenhar este papel político. Não haveria controle de passaportes com favorecimento para os judeus no ponto de entrada para o reino de Deus. Ele ensinou que pessoas viriam do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, para ocupar os seus lugares à mesa no reino de Deus (Mt 8.11). Em vez de lutar para obrigar os estrangeiros a ficar do lado de fora, Jesus deu a seus seguidores a missão de trazê-los para dentro (Mt 28.18-20).
Já, mas a i n d a n ã o Há, também, uma dimensão de "já, mas ainda não" no ensinamento de Jesus sobre o reino de Deus. Embora o reinado de Deus esteja presente de forma poderosa nas palavras e ações de Jesus, suas parábolas (que são histórias com um propósito) falam de um crescimento lento à medida que o reino é estabelecido aos poucos, como fermento na massa ou a lenta transformação de uma pequena semente numa grande árvore (Mt 13.31-33).
U m conceito d i n â m i c o Com Jesus, reino de Deus passa a ser um conceito dinâmico, e não um
Por outro lado, todos os que submetem a sua vontade à vontade do rei, descobrem que esse poder real
"Grande, ó Rei, é nossa alegria em teu reino, ó tu, nosso rei". (Oraçfto tios zulus. Africa do Sul)
está imediatamente disponível para ajudá-los a superar maus hábitos e viver uma vida realmente agradável a ele (1Co 6.9-10).
O resultado final, no e n t a n t o , é inevitável. Q u a n d o Jesus voltar para encerrar a história do mundo que conhecemos, o reino de Deus será revelado em triunfo total. Quer queira quer não, toda a criação se submeterá ao seu poder. Seu status real será anunciado de uma extremidade do universo à outra. E ele apa-
recerá como o grande líder da sua igreja, que demonstra "a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas" (veja Fp 2.9-11; Mt 24.30;El 1.22-23).
565 Em Cesaréia de Filipe (foto), fica a nascence cio rio Jordíío. Ames a cidade se chamava Paneas por causa do templo dedicado ao deus grego Pau, que ficava ali. Foi nesse contexto dramático que Jesus fez a pergunta fundamental a seus discípulos: "Quem vocês dizem que eu sou?" Fedro respondeu; T u és o Cristo, o Filho do l>eus vivo".
do Jesus, mais importante que ter as mãos limpas ( 2 ) era ter um coração puro ( 1 8 ) . Mt 1 5 . 2 1 - 3 9 : A m u l h e r e s t r a n g e i r a ; outras c u r a s ; J e s u s a l i m e n t a o u t r a multidão Tiro e S i d o m ( 2 1 ) ficavam fora d o território judeu. A mulher cananéia soube apro-
veitar a o p o r t u n i d a d e . O caso d o servo d o centurião ( 8 . 5 - 1 3 ) deixa claro que a diferença de raça não é problema: o reino dc Deus é abrangente ( 8 . 1 1 ) . Assim, a resposta rude parece ser uma prova d e fé. Rápida c o m o um relâmpago, a mulher respondeu. E Jesus não recusou um pedido feito c o m uma fé tão robusta.
566
Os Evangelhos e Atos Vs. 2 9 - 3 9 : As pequenas diferenças que existem entre esta passagem e 14.13-21, bem c o m o o fato de M a r c o s também registrar ambos os milagres, tornam i m p r o v á v e l que este seja um segundo relato d o mesmo evento, apesar da semelhança básica. O contexto (21-28,31) sugere que nesta ocasião os não judeus (gentios) foram alimentados. • C a c h o r r i n h o s ( 2 6 ) T e r m o que revela desprezo c que era usado pelos judeus e m relação aos gentios. • M a g a d ã ( 3 9 ) Lugar desconhecido. M t 16.1-12: Jesus a d v e r t e contra o fermento dos fariseus Veja t a m b é m M c 8 . 1 1 - 2 1 . Os fariseus haviam exigido um sinal e m 12.38-42. Agora os saduceus, os ultraconservadores, se juntaram a cies para pôr Jesus à prova. Mas a resposta de Jesus continuava a mesma. • F e r m e n t o ( 6 ) Um influência maligna que atua secretamente. Os discípulos não deviam ser c o m o aqueles fariseus e saduceus cuja hostilidade os impedia de reconhecer a obra de Deus.
M t 16.13-28: "Tu és o Cristo" Simão falou e m nome de todos os apóstolos ao afirmar que Jesus é o Messias. E Jesus viu nele o h o m e m de pedra (Pedro) que ele se tornaria após a traumática experiência da negação, que seria seguida de perdão (26.697 5 ) . Era Pedro, o p o r t a - v o z natural, quem seria responsável mais que qualquer outro pela formação da igreja c m Pentecostes (At 2-5). Vs. 21-28: Jesus c o m e ç o u a preparar os seus discípulos para o sofrimento que o aguardava. Mas a promessa que Pedro acabara de receber lhe subiu à cabeça, e a pedra se torna um obstáculo. O porta-voz de Deus se tornou advogado d o diabo. • V. 19 A autoridade dada a Pedro foi dada igualmente aos outros (veja 1 8 . 1 8 ) . A figura das chaves é um eco de Is 2 2 . 2 2 . Deus não estava preso ao que Pedro podia dizer. Mas tudo que um discípulo fizesse de acordo com a v o n t a d e d e Cristo teria validade permanente. • V. 2 8 Veja nota em 10.23.
Jesus e o dinheiro David
Cerca de metade das parábolas de Jesus envolvem dinheiro de alguma forma. Isto reflete a importância do dinheiro e dos negócios para os ouvintes de Jesus. A Palestina, principalmente a baixa Galileia, era uma importante rota comercial e também um importante centro produtor de alimentos e outros bens. Exportação e i m p o r t a ç ã o A Palestina exportava verduras, grãos, óleo de oliva, junco para fazer cordas, betume e asfalto d o mar Morto, e bálsamo. A Palestina era praticamente a única fornecedora de bálsamo, que era usado para remédios e especiarias. O rendimento era tão importante que Herodes construiu grandes fortificações para
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proteger a rota do bálsamo. Outro importante produto de exportação era o peixe salgado, que também aparecia com freqüência na mesa da população local.
As importações incluíam cerveja da Babilônia e d o Egito, queijo da Bitínia, cavala da Espanha, vinhose jumentos de Lídia, púrpura de Tiro, jóias, pergaminho e papiro do Egito. E m p r e s a s familiares A maioria das famílias na Galileia ainda cultivava as suas próprias terras,e fazia pessoalmente a venda da produção. Muitas famílias se especializavam em determinados negócios. Pescar, por exemplo, era um grande negócio, de forma que O denário era uma moeda romana de prata equivalente ao salário de um dia pago aos trabalhadores da época de Jesus. Na história do "bom samaritano", o hospedeiro recebeu dois denários para cuidar do homem ferido. Um alto relevo romano, mostrando um cambista sentado a sua mesa.
Matem Mt 17: A t r a n s f i g u r a ç ã o \feja nota em Mc 9.2-13. ItVs. 2 4 - 2 7 Esse imposto se destinava ao I serviço de Deus. C o m o Filho de Deus, Jesus era isento. Mas como ser humano, identificado conosco, ele pagou.
da nossa "dívida" para com Deus. Diante disso, qualquer coisa que tenhamos que perdoai' a nossos semelhantes c como se fosse nada.
Mt 19—20
Da Galileia
Rt18 A vida na comunidade
de Deus
Esta é a quarta seção didática e m Mateus, eirata dos relacionamentos na nova comunidade. O reino de Deus opera segundo padrões totalmente diferentes dos padrões d o mundo. A busca pelo status não cabe ( 1 - 4 ) . O mesmo se aplica à lei d o mais forte. Na verdade, os fortes são responsáveis pelos que são espiritualmente fracos ( 5 - 1 4 ) . Na nova comunidade, ofensa é coisa seria e todo o esforço deve ser feito para recuperar a q u e l e que errou (15-20). Perdão ilimitado é esperado daqueles que desfrutam d o perdão sem limites de Deus (21-35). » Vs. 8-9 Veja M c 9.44-45. » Vs. 24,28 O ponto aqui é o valor imensurável
mesmo uma pequena firma como a da família d e J o ã o e Tiago tinha os seus empregados (Mc 1.20). Às vezes, uma aldeia produzia um único produto que era, então, distribuído numa área maior. As vilas de Kefer Hanania e Shikhin, onde se produzia
Gastos de uma família de trabalhadores na Palestina do Novo Testamento
10% Festas religiosas \ \ % Dízimo religioso + impostó do Templo 4% Impostos locais e para os romanos laiasrobradasiltgalmçnleesubomos llttftOutrasdespesas
1
567
a
Jerusalém
S e g u n d o o Evangelho de João, Jesus fez várias visitas a Jerusalém. Mateus relata apenas esta, que termina no p o n t o culminante da última semana de Jesus e m Jerusalém. A região a leste do rio Jordão era a Peréia (veja o mapa "Israel na época d o N T " ) . M t 19.1-12: C a s a m e n t o e divórcio Veja t a m b é m 5 . 3 1 - 3 2 ; M c 1 0 . 2 - 1 2 ; Lc 16.18. Os rabinos discordavam sobre o divórcio. Alguns o permitiam por qualquer motivo, q u a l q u e r coisa que d e s a g r a d a s s e o marido; outros, apenas e m caso de infidelidade. Jesus apela para o propósito original de Deus, quando, no princípio, criou h o m e m e mulher. Moisés, lidando com uma situação que estava longe d o ideal, colocou uma restrição ao
cerâmica, abasteciam toda a região da Galileia. Moedas Devido à grande v a r i e d a d e d e moedas, os cambistas tinham um papel importante a desempenhar no cenário econômico da Palestina. No caso das grandes cidades, cada uma cunhava as suas próprias moedas, e as moedas de uma cidade não tinham exatamente o mesmo valor das moedas de outra cidade. Na Palestina, a moeda padrão era o dinheiro ou as moedas cunhadas em Tiro. No templo d e Jerusalém só eram aceitos pagamentos em moeda tiria, provavelmente porque, numa comparação com outras moedas, as de Tiro tinham um percentual maior de metal precioso. Impostos Todos precisavam de moedas para comprar bens que não produziam e
pagar impostos. Entre os impostos estavam o imposto imperial romano, impostos para a administração local e o imposto do templo. Além disso, havia os dízimos religiosos que se destinavam aos pobres e à sinagoga, e um "segundo" dízimo que tinha que ser pago em Jerusalém durante as festas religiosas. Uma das moedas mais comuns era o denário de prata, que era o salário pago ao trabalhador rural por um dia de trabalho, e que trazia uma efígie ou imagem de Tibério César (veja Mt 22.19-21). Em seus ensinamentos, Jesus tratou de fazer advertências contra os perigos do dinheiro, mas ele não se recusou a fazer uso d e moedas. Ele pagou o seu imposto do Templo (Mt 17.24-27) e incentivou o pagamento de impostos para autoridades seculares (Mt 22.19-22). E, no grupo de seus seguidores, o único cargo mencionado é o de tesoureiro (Jo 12.6).
Os Evangelhos e Atos
568
As vvlhas runs da Jerusalém Muga lenam muitas histórias a contar Aqui Jesus passou MIA
dias.
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divórcio. Jesus disse que o adultério era a única razão legítima. Veja 5.31 32. Os discípulos r e a g i r a m , d i z e n d o que o padrão era muito elevado ( 1 0 ) . Jesus concordou ( 1 1 ) : realmente é difícil demais sem a ajuda d e Deus. M e s m o assim, o celibato não era a solução para a maioria das pessoas (era muito raro entre os j u d e u s ) . Jesus foi um dos que abriram mão d o casamento para realizar uma tarefa especial de Deus. Mt 19.13—20.16: N o reino de Deus M t 19.13-30: veja também M c 10.12-31; Lc 18.18-30.
O v. 12 reintroduz o assunto d o reinoè Deus, cujos valores viram o mundo de porei cabeça. A o contrário de seus discípulos, Jesu dava valor às crianças. A o abençoá-las, aproveitou para falar sobre a questão d o status» reino de Deus. A primeira resposta tle Jesus à perguntado j o v e m rico sobre boas obras e vida eterna (16! seria a mesma dc qualquer rabino ou mes] da Lei. E o h o m e m , um líder da sinagoga, podia afirmai que obedecia aos mandamii tos. Mas Jesus detectou a raiz d o problema desse homem. Sua obediência não era sincera. Seus bens eram importantes demais pari ele. Isso o impedia de amar a Deus e a sea próximo sem reservas. Assim, Jesus mandou que vendesse tudo e o seguisse. É melhor não possuir nada d o que amar as coisas mais do que se ama I >eus. Os discípulos ficaram surpresos ( 2 5 ) , porque achavam que as riquezas era recompensa pela bondade, um indicador da saúde espiritual da pessoa. Assim sendo, eles continuaram a conversa, perguntando sobre recompensai (27-30). Mt 20.1-16: Esta história, que ilustra as palavras dc Jesus e m 19.30, aparece apenas c m Mateus. Ele não eslava dando orientações sobre pagamento dc salários, muito menos dizendo que no céu todos serão iguais. Ele está dizendo que muitos que esperam um tratamento especial terão uma surpresa no reino de Deus. Deus honrará gente que ninguém pensava que pudesse estar na lista. A vida eterna é para todos os que a recebem: "bons" c "maus", jovens c velhos. O que se destaca c a generosidade d o proprietário (Deus), não o fato de ter sido "injusto" em relação a alguns. • 1 9 . 2 4 Há várias "explicações" para o "fundo de uma agulha". Mas ao que parece Jesus estava deliberadamente sugerindo algo impossível. • 1 9 . 2 8 Os apóstolos têm um lugar especial no novo reino. Apenas Mateus registrou estas palavras. • 1 9 . 2 9 Aqueles que seguem a Cristo serão recompensados em muitas vezes, aqui e agora — mas "com perseguições" (veja Marcos). • 2 0 . 2 O denário ( m o e d a romana de prata) era o salário normal para um dia de trabalho no campo. • 2 0 . 3 - 6 Os horários são 9 horas da manhã (terceira hora), meio-dia, 3 e 5 horas da tarde. Uma hora antes do pôr-do-sol os trabalhadores recebiam o seu salário.
Mateus Mt 2 0 . 1 7 - 3 4 : O u t r a v e z J e s u s prediz s u a m o r t e ; a q u e s t ã o do s t a t u s ; a c u r a d e d o i s c e g o s Veja t a m b é m M c 10.32-52; Lc 18.31-43. Impressiona a paciência cie Jesus. S e m p r e de novo ele explicava que o reino é para os humildes e que nele não haveria senhores. Mas, enquanto ele falava d e sua m o r t e , ao se aproximarem de Jerusalém, os discípulos estavam preocupados com seu próprio status. 0 lugar d e honra estava reservado para o discípulo que — a e x e m p l o d o mestre — esti-
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vesse preparado para viver pelos outros e, se necessário, morrer por eles. Vs. 2 9 - 3 4 : M a r c o s e Lucas m e n c i o n a m apenas um c e g o , t a l v e z p o r q u e P e d r o , de q u e m M a r c o s p r o v a v e l m e n t e o b t e v e esta informação, conhecia Bartimeu pessoalmente (veja M a r c o s ) . • Filhos d e Z e b e d e u ( 2 0 ) Tiago e João. • O c á l i c e ( 2 2 ) Isto c, o cálice do sofrimento. T i a g o foi o primeiro dos apóstolos a sofrer morte violenta ( A t 1 2 . 2 ) .
Jesus e o Antigo Testamento Dick France
A Bíblia de Jesus era o AT. Ele o citava freqüentemente (nos Evangelhos a p a r e c e m p e l o m e n o s 40 citações diretas) além de referir-se indiretamente a suas histórias e ensinamentos (cerca de 70 alusões claras, nos Evangelhos). Suas citações eram, muitas v e z e s , introduzidas c o m um simples, p o r é m decisivo, "Está escrito". Às vezes ele falava mais diretamente sobre sua importância: • "Não penseis que vim revogara Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra" (Mt 5.17-18, ARA). • "Importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos" (Lc 24.44, ARA). • "A Escritura não pode ser anulada" (Jo 10.35, ARC). Algumas de suas palavras mais severas foram dirigidas àqueles que tentavam rejeitar os claros mandamentos de Deus no AT, apelando a ensinamentos que, por mais respeitáveis que fossem, não passavam de tradições humanas (Mc 7.1-13).
A autoridade d o A T Em controvérsias públicas, Jesus regularmente usava uma citação do AT para resolver a questão (veja, p. ex., Mt 12.3-4,5-7; 21.13,16; 22.31-32,43-44). Era um método eficaz, já que outros judeus também aceitavam a autoridade d o AT. Mas isso não era apenas uma postura pública para chegar ao nível das pessoas. Mesmo em particular o AT era a base de sua vida. Ao ser
"Sem o Antigo Testamento jamais entenderemos o Novo."
tentado no deserto, foi ao AT que ele recorreu para orientação (Mt 4.4,7,10). E, mesmo em sua agonia final na cruz, falou palavras tiradas do AT (Mc 15.34; Lc 23.46, citando SI 22.1; SI 31.5). Ao ensinar seus discípulos, Jesus sempre usava a linguagem do AT, às vezes por citação direta, mas muitas vezes inserindo palavras familiares do AT em seus dizeres. Por exemplo, sua misteriosa previsão dos acontecimentos futuros em Mt 24.29-31 (apenas três versículos!) baseia-se em nada
menos do que sete passagens do AT (Is 13.10; 34.4; Dn 7.13; Zc 12.12; Is 27.13; Dt 30.4; Zc 2.6). Parte do ensinamento ético mais importante de Jesus saiu diretamente da lei de Moisés (veja Mt 19.18-19, inspirado nos Dez Mandamentos; e Mt 22.37-40, inspirado em Dt 6.5 e Lv 19.18). Seu Sermão no Monte contém uma seqüência surpreendente de exemplos na qual ele examina textos e temas d o AT, explicando como devem ser aplicados à vida prática dos cristãos (Mt 5.21-48). Sua queixa em relação a outros mestres judeus era que não exploravam todas as implicações destes mandamentos divinos; suas interpretações artificiais e superficiais não chegavam ao cerne da questão e os impediam de descobrir a vontade revelada de Deus.
O cumprimento do A T Jesus veio "cumprir" o AT (Mt 5.17). No seu ensinamento logo descobrimos que isto não significava apenas reforçar o que aparece no AT. Às vezes ele trazia algo surpreendentemente novo, como, por exemplo, sua declaração de que "não é o que entra pela boca o que contamina o homem, mas
570
Os Evangelhos e Atos M t 2 1 — 23 Jesus em
Jerusalém
Era a primavera, e gente vinda de longe e d e p e r t o e s l a v a reunida e m Jerusalém para a Páscoa, a grande festa que celebrava a saída d o p o v o d o Egito. N e m todos conseguiam encontrar h o s p e d a g e m na própria cidade. Jesus e seus amigos ficaram na localidade vizinha de Betânia, onde m o r a v a m M a r i a , Maria e L á z a r o . T o d o s os dias eles andavam 3 km até Jerusalém, subindo e descendo as encostas arborizadas d o m o n t e das Oliveiras.
o que sai da boca, isto, sim, contamina o homem" (Mt 15.11; compare com as leis alimentares em Lv 11). Foi mais através de sua própria vida, e, acima de tudo, com a sua morte que ele o cumpriu. Assim, Jesus muitas vezes falava sobre a sua vida e seu ministério, apontando para m o d e l o s d o AT. Segundo o relato de Lucas, enquanto Jesus caminhava com dois de seus discípulos, após a ressurreição, "começando por Moisés, discorrendo por todos os Profetas, expunha-lhes o que a seu respeito constava em todas as Escrituras" (Lc 24.27). Mas este foi apenas o clímax da maneira como ele os havia ensinado durante todo o seu ministério. Às vezes, ele se referia a pessoas ou acontecimentos do AT como "prenúncios" de sua própria vida (p.ex., Mt 12.40-42); às vezes, citava profecias explícitas sobre aquele que viria (p. ex., Lc 4.17-21; 22.37). Sempre de novo enfatizou que ele precisava sofrer e morrer, porque era isto que havia sido escrito a seu respeito (p.ex., Mc 8.31; 9.12-13; Lc 18.31; Mc 14.21,27; Mt 26.54; Lc 24.44-47). Ele veio para "cumprir", e havia uma obrigação divina quanto ao que estava escrito. Precisava ser cumprido. Para Jesus, o AT não era apenas um livro de registros históricos interessantes, mas a palavra de Deus com autoridade. Ele cria em suas afirmações, endossou seu ensinamento, o b e d e ceu a seus mandamentos, e estava
Mt 21.1-11: O Messias triunfante Veja Lc 19.28-44. Veja também M c 11.11 0 . C o m o c de seu costume, Mateus cita o AT. Neste caso, a profecia de Zc 9.9. M t 21.12-17: A purificação do Templo Veja t a m b é m Jo 2 . 1 3 - 2 5 . D e p o i s de entrar na c i d a d e e m triunfo, c o m o o Mess i a s , Jesus m o s t r o u sua a u t o r i d a d e no T e m p l o , o santuário central da nação. Ele virou as mesas d o s cambistas, mostrando
determinado a cumprir o padrão de redenção estabelecido por ele. Sua aceitação incondicional d o AT como a palavra de Deus serviu de modelo aos seus seguidores, inclusive os escritores dos livros do NT, que se deleitavam em fazer associações entre Jesus e o AT e compartilhavam a mesma convicção que Jesus tinha a respeito da autoridade do AT. O AT já foi descrito, com razão, c o m o "a subestrutura da teologia do NT". Sem o Antigo Testamento, jamais entenderemos o Novo. Na verdade, sem ele, jamais entenderemos Jesus.
Mateus
"Sepulcros raiados" - este foi o nome que Jesus deu aos líderes religiosos hipócritas; pintados de branco por fora. mas podres por denno.
que não c o n c o r d a v a c o m a transformação da "casa d e o r a ç ã o " d e Deus e m casa de negócios. Os c e g o s e c o x o s ( e x c l u í d o s d o T e m p l o , ao que p a r e c e , de a c o r d o c o m 2 S m 5 . 8 ) foram a c e i t o s e c u r a d o s p o r Jesus. E as crianças, repetindo o refrão que a multidão havia cantado na entrada triunfal, reconheceram o que as autoridades religiosas não conseguiam enxergar. ( V 12 O imposto anual d o T e m p l o tinha que ser p a g o c o m m o e d a especial d o Templo, o que explica a necessidade de cambistas. Mt 2 1 . 1 8 - 2 2 : A f i g u e i r a Veja também M c 11.12-14,20-24. A ação de Jesus geralmente é considerada simbólica. A figueira que não dá fruto só serve para ser destruída. Pelo contexto, parece que devemos considerar a árvore símbolo d o Templo que, com todo seu ritual, era espiritualmente estéril. Jesus usou o incidente c o m o ilustração do poder da fé. Deus c capaz de fazer o impossível. Mt 2 1 . 2 3 - 4 6 : A a u t o r i d a d e de J e s u s é q u e s t i o n a d a A luz d o que havia acontecido ( 1 2 - 1 7 ) , era natural que os principais sacerdotes e líderes questionassem Jesus. Jesus não deu uma resposta direta, mas era evidente que sua autoridade e a de João derivavam da mesma fonte. Nas três parábolas seguintes, ele atacou os seus críticos. Vs. 28-32: Os dois filhos. O primeiro representa os líderes religiosos, com sua obediência de fachada; o segundo, os excluídos, que deram uma resposta positiva a João e Jesus. Vs. 33-41: A vinha ( a nação de Israel cujo proprietário é Deus: Is 5 . 1 - 7 ) . Os homens a quem Deus havia confiado a liderança espiritual abusaram dos profetas e estavam prestes a matar o Filho dele. Vs. 42-43: Veja SI 118.22-23. Jesus transferiu essa figura de Israel (a pedra rejeitada) para si mesmo: ele seria abandonado, crucificado por seu próprio p o v o , mas reabilitado por Deus. Mt 2 2 . 1 - 4 O : c o n v i t e A parábola dos convidados para o banquete de casamento ilustra o que Jesus acabou de dizer ( 2 1 . 4 3 ) . Virá o dia em que Deus não convidará mais aqueles que sempre recusaram o seu convite. O convite seria estendido
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a outros. Os vs. 11-13 são uma advertência aos novos c o n v i d a d o s : q u e m v e m , d e v e vir nos termos estabelecidos por Deus. • V e s t e n u p c i a l ( 1 2 ) N ã o roupas especiais de casamento, mas roupas limpas para uma ocasião especial. Mt 22.15-46: Perguntas p a r a testar Jesus Veja as notas e m M c 12.13-44. Mt 23: "Hipócritas!" Jesus passa a fazer um severo ataque aos líderes religiosos de Israel, legalistas, mas muito respeitados. Ele, que se preocupava e tinha tanta paciência com as pessoas simples (inclusive os maus, os fracos e os ignorantes), não suportava a hipocrisia, a orgulhosa justiça própria e a pedante minuciosidade dos escribas e fariseus. Façam o que eles dizem, Jesus recomenda à multidão e aos seus seguidores, mas não o que eles fazem. Jesus fez sete acusações específicas ( 1 3 2 6 ) , cada u m a delas i n t r o d u z i d a c o m as mesmas palavras: "Ai de v o c ê s . . . " (uma exclamação de pesar, não uma condenação). • C a d e i r a d e M o i s é s ( 2 ) Isto significa que eles eram os intérpretes autorizados da Lei que Deus deu através de Moisés. N T L H : "têm autoridade para explicar a Lei de Moisés". • V. 10 "Mestre", "guia", expressa o significado. A mesma palavra grega é usada hoje para "professor".
Os Evangelhos eAtos
Os cristãos da Judeia deram ouvidos às palmas 4 I Jesus (24.16) c, quando os romanos invadiram a I
região, alguns rugiram para Pela {abaixo; ali ainda x vêem minas de uma igreja antiga), omros. paraftm (ò esquerda), cujo "bairro nazareno" escá cm primrin plano na íoio.
Duas moedas: unia lia/ o busto de Tilo, o imperador vitorioso; a « u r a tem a inscrição Hud(ea) Capital", sinalizando a queda da Judéia em 70 d.C.
bste enodhe cm pedra hz pane d o A n o de Tito. em Roma. c nele aparecem o candelabro de sete braços e outros objetos saqueados do Templo sendo levados embota pelos romanos vitoriosos.
Mateus > V. 15 O sentido é "duas vezes mais merecedora do inferno" ( N T L H ) . Novos convertidos geralmente são mais fervorosos d o que os que se criaram dentro da igreja ou da religião. » H o r t e l ã , e n d r o , c o m i n h o ( 2 3 ) Hortaliças comuns. t V. 27 Os túmulos eram pintados de branco, especialmente na época da Páscoa, para impedir que as pessoas os tocassem sem se darem conta, ficando, assim, cerimonialmente impuras. > V. 35 Este é Zacarias, filho de Joiada ( n ã o há registro de assassinato d o profeta Zacarias). Gn4.8; 2Cr 24.20-21. r V s . 3 8 - 3 9 Jesus pode estar prevendo a destruição da cidade. O v. 39 refere-se a seu retorno em glória, para o j u í z o .
Mt 2 4 — 2 5 A queda de Jerusalém; o retorno de Jesus Este é a quinta e última seção de ensinamentos de Jesus e m Mateus. O assunto é o futuro: o fim dos tempos e d o retorno de Jesus. U m tema importante aqui, c o m o no cap. 23, é o juízo. A admiração dos discípulos diante das imponentes construções do Templo (veja ' T e m p l o de Herodes") levou à surpreendente previsão, feita por Jesus, de que seria totalmente destruído. Outras perguntas se seguiram. Quando o Templo seria destruído? Quais seriam os sinais que indicariam o fim da presente era? Os discípulos fizeram uma conexão entre os dois acontecimentos. Jesus podia falar sobre "estas coisas", mas "a respeito daquele dia e hora" — o grande dia do julgamento — só Deus sabia (24.36). O importante era estar preparado. Os discípulos não deviam se deixar enganar, pois haveria muitas guerras c desastres naturais, perseguições e falsos messias (24.413,23-27). Estes não seriam sinais d o fim. Haveria um tempo para a pregação d o evangelho e m t o d o o m u n d o ( 1 4 ) . E q u a n d o o fim chegar, será totalmente inesperado (3644). Mas haveria sinais evidentes da destruição de Jerusalém ( 1 5 - 2 2 , 3 2 - 3 5 ) . ( A cidade e o Templo foram destruídos pelos romanos em 70 d . C . ) 0 restante d o ensinamento de Jesus nesta seção ( 2 4 . 4 5 — 2 5 . 4 6 ) v e m na forma de parábolas: ele usa histórias para fixar as lições ensinadas no capítulo anterior. Mt 2 4 . 4 5 - 5 1 : O s e r v o b o m e o s e r v o
mau. C o m o n ã o se sabe q u a n d o e l e virá, os seguidores de Jesus d e v e m estar sempre prontos. M t 2 5 . 1 - 1 3 : A s v i r g e n s prudentes e as insensatas. Esta história ensina a mesma lição, enfatizando que um dia o tempo se esgotará. A preparação é tarefa individual que não pode ser emprestada dos outros. M t 25.14-30: Os "talentos". U m talento era um valor e m dinheiro, mas não era uma m o e d a . Cada h o m e m recebeu uma g r a n d e soma de acordo com a sua habilidade administrativa, e esta ele devia investir. C o m o as pessoas usam o que recebem nesta vida irá determinar seu destino futuro. M t 25.31-46: As ovelhas e os cabritos. N o dia d o j u í z o , Deus avaliará c o m o cada um tratou os outros nesta vida. Na parábola, os "cabritos" são castigados por não fazerem o que deviam ter feito. • 2 4 . 1 5 Dn 11.31. É possível que esta seja uma referência à imagem d o imperador que aparecia no estandarte trazido pelos soldados romanos. • 2 4 . 2 1 Mais de um milhão de pessoas morreram na queda de Jerusalém, e o magnífico T e m p l o de Herodes, revestido de mármore c ouro, foi arrasado. • 2 4 . 2 8 Trata-se de um provérbio. Os abutres se ajuntam o n d e há um cadáver. A vinda d o Filho do h o m e m também será óbvia. • 2 4 . 2 9 - 3 1 Linguagem simbólica. À luz d o v. 36, "logo e m seguida" não p o d e ser interpretado literalmente. Parece que Jesus está sobrepondo ou v e n d o c o m o uma só as duas "vindas e m juízo". • 2 4 . 3 4 Uma referência à destruição d o Templo antes da morte dos seus ouvintes. Esta profecia de Jesus se cumpriu 40 anos mais tarde.
Mt 26—27 Os últimos
dias de
Jesus
Neste ponto, o relato de Mateus é muito parecido c o m o de Marcos. M t 26.1-5: C o n s p i r a ç ã o Era dois dias antes da Páscoa, quando os cordeiros seriam mortos no Templo para lembrar a q u e l e dia, há m u i t o t e m p o atrás, no Egito, quando seu sangue afastou a morte da casa dos israelitas (Êx 1 2 . 2 1 - 3 0 ) . Para Mateus, o simbolismo é altamente significativ o . Os principais sacerdotes e líderes religiosos do Sinédrio ( n ã o os escribas e fariseus dos
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05 Evangelhos e Atos capítulos anteriores) oficializaram a conspiração para malar Jesus. Mt 26.6-13: U m a m u l h e r unge Jesus Veja M c 14.3-9. Mt 26.14-29: Traição — e a última ceia Veja também M c 14.12-25; Lc 2 2 . 7 - 3 8 ; Jo 13—14. Neste momento crucial. Judas, talvez desiludido com o tipo dc Messias que Jesus mostrava ser, ou por a l g u m outro m o t i v o não explicado, mudou de partido ( v s . 14-16). Na primeira noite da festa, Jesus e seus amigos mais íntimos se reuniram c o m o família para juntos comerem a ceia da Páscoa. E foi nesse contexto que a antiga Páscoa foi transformada na Ceia do Senhor enquanto o Cordeiro dc Deus (Jo 1.29) se preparava para entregar a sua vida pelo mundo. O que Judas fez cum-
pria as Escrituras, mas de m o d o algum o isenta de culpa ( 2 4 ) . A bênção tradicional ( 2 6 ) era esta: "Bendito és tu, ó Senhor nosso Deus, Rei do universo, que extrais o pão da terra". A ela Jesus acrescentou estas palavras surpreendentes: "Isto é o meti corpo". Ele seria morto e pela sua morte seria feita uma nova aliança, que tomaria o lugar da antiga aliança entre Deus c Israel, feita por ocasião do êxodo. Seu sangue seria "derramado em favor de muitos, para remissão de pecados". Ao comer e beber, os discípulos compartilham dos benefícios d o sacrifício de Jesus. • C e l e b r a r e i a P á s c o a ( 1 8 ) O Evangelho de João deixa claro que Jesus realizou a última ceia na noite anterior ao dia em que a Páscoa era normalmente celebrada, e que Jesus morreu no momento e m que os cordeiros da Páscoa estavam sendo sacrificados no Icmplo. Sabendo o que estava por acontecer, Jesus provavelmente realizou sua refeição da Páscoa em segredo na noite anterior.
A Páscoa e a última ceia Michèle
De todas as festas judaicas, a Páscoa é a mais importante (veja "As grandes festas religiosas"). Oito dias sem fermento no pão, no bolo, em nada. Apenas matzã, isto é, fatias achatadas e crocantes de pães asmos insossos, e tudo em memória da grande fuga do Egito, tão rápida que não houve tempo para deixar o pão caseiro crescer. Mas na Páscoa há certas compensações. Na primeira noite, a noite d o Sedei ("ordem" ou liturgia), a família estendida ou ampliada celebra a liberdade que Deus dá ao seu povo. É parecida com o Natal, com a diferença de que o Seder tem uma longa e antiga liturgia, acompanhada por vários rituais simbólicos importantes. Este foi, quase com certeza, o contexto em que Jesus instituiu a santa ceia. Jesus se valeu dos rituais como um tipo de recurso áudio-visual, para que
Guinness
nos anos seguintes, quando celebrassem a Páscoa, seus discípulos entendessem o significado c o m p l e t o do que havia ocorrido naquela ocasião. A liturgia, que dura cerca de quatro horas e gira em torno de uma refeição formidável, está contida num livro chamado Hagadá ("a narrativa"), que relata a história de c o m o os judeus foram libertados da escravidão no Egito e puderam partir rumo à terra prometida. Na minha infância, eu tinha minha própria edição especial — ilustrada com desenhos das dez pragas e o afogamento dos egípcios no mar Vermelho. Hoje em dia, são colocados sobre a mesa os melhores talheres e louças, e são acesas as duas velas tradicionais. No lugar reservado ao pai, três pedaços quadrados de matzá ficam escondidos sob um pano de cetim. No centro fica o prato d o Seder, contendo ervas amargas, e dois itens acrescen-
tados após a época de Cristo: um ovo queimado, para simbolizar o grande templo que foi destruído; e o osso do pernil de um cordeiro, a única lembrança do cordeiro cujo sangue foi usado para marcaras ombreiras das portas das casas dos filhos de Israel na última praga no Egito, para que o Anjo da Morte passasse por cima delas. Toda grande festa é celebrada com vinho tinto, o símbolo da alegria, ena noite d o Seder é obrigatório beber quatro cálices. Após a bênção tradicional, o primeiro cálice é bebido e o caçula faz quatro perguntas, que basicamente se resumem a isto: "Por que esta noite é diferente de todas as outras noites?" No restante d o ofício, como resposta àquelas perguntas, conta-se a história do êxodo. "Éramos escravos no Egito, e Deus ouviu nosso clamor, veio, e nos resgatou." Moisés nunca é mencionado.
Mateus Mt 2 6 . 3 0 - 5 6 : J e s u s é p r e s o Veja também Mc 14.26-51; Lc 22.39-53 ( é Lucas quem descreve de forma mais marcante a agonia d e Cristo, enquanto ele orava no jardim). Enquanto se dirigiam para seu lugar especial, o jardim d o Getsêmani no monte das Oliveiras, Jesus avisou os seus seguidores, priridpalmente Pedro, de que eles iriam fracassar (30-35). A perspectiva d o sofrimento encheu Jesus de tristeza e aflição. Era mais d o que m e d o de sofrer uma morte terrível, embora as razões não sejam dadas aqui. P e d r o , a o e s c r e v e r posteriormente, diz que Jesus "levou os nossos pecados no seu c o r p o " ( I P e 2 . 2 4 ) . Aquele momento difícil passou. Jesus sabia que o caminho d o sofrimento era a vontade de seu Pai. E quando a multidão chegou para prendê-lo, ele já estava outra v e z no controle da situação. Ele manifesta apenas amor por aquele que o estava traindo. Quando um de
Uma hora depois, aproximadamente, após a entoação dos SI 113—114, conhecidos c o m o o pequeno Hallel ("louvor"), e após um segundo cálice de vinho, quando eu já estava desmaiando de fome, chegava o momento temido. Ervas amargas, geralmente pedaços g e n e r o s o s de raiz de rábano banhados em harosset (mistura doce feita de nozes, maçã e vinho), são distribuídas e engolidas com alguns gemidos. Elas representam a dor dos nossos antepassados, que só se tornou tolerável pela doçura da esperança da terra prometida. Todos os presentes, diz a Hagadá, devem se sentir como se eles próprios tivessem sido escravos no Egito. Um convidado especial recebe essa iguaria em primeiro lugar. Jesus a ofereceu a Judas. Os homens lavam suas mãos (esse provavelmente foi o momento em que Jesus lavou os pés dos discípulos), efinalmente chega a hora da refeição (cordeiro assado na época de Cristo, mas não hoje em dia). Dos três mofzds, aquele que fica no meio (ou afikomen) sempre foi um símbolo especial d o
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seus seguidores (identificado c o m o Pedro e m Jo 1.8.10) sacou da espada e cortou a orelha do servo do sumo sacerdote, Jesus deu um basta à violência (e curou o homem ferido: Lc 22.51). Ele v e i o cumprir as profecias das Escrituras, diz Mateus. Naquele momento todos os seus seguidores o abandonaram, c o m o ele havia previsto ( 3 1 ) . M t 26.57-68: Julgamento na casa d o sumo sacerdote Veja M c 14.53-65. M t 26.69-75: Pedro nega Jesus Veja Lc 22.54-65. M t 27.1-26: O suicídio d o traidor; Jesus é interrogado
pelo governador romano S o m e n t e Mateus registra o r e m o r s o d e Judas. Ele d e v o l v e u o d i n h e i r o , mas uma consciência limpa era a l g o b e m mais difí-
cordeiro da Páscoa. Num m o m e n to inicial, o pai o quebra ao meio e, enquanto as crianças estão distraídas com a comida, o esconde. Logo depois da refeição, elas procuram até encontrá-lo e o vendem de volta ao pai, que o quebra e oferece um pedaço para cada convidado. Depois disso, não é mais permitido comer nada naquela noite. Seria impossível não fazer a ligação com a instituição da santa ceia que Jesus fez no contexto da Páscoa. Especialmente com o fato de a refeição da Páscoa ser seguida pelo terceiro cálice, conhecido c o m o "cálice da bênção". "O cálice da bênção que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo?", pergunta o apóstolo Paulo (1 Co 10.16). O ritual continua com muitos cânticos alegres, inclusive o grande Hallel (S1136), e termina com o quarto cálice, que é acompanhado por uma oração a Deus nestes termos: "envia a tua ira sobre as nações que te desprezam". Jesus também cantou e depois foi ao jardim d o Getsêmani (Mt 26.30). "Afasta de mim este cálice", ele orou,
antes de submeter-se ao suplício que se aproximava. Em outras palavras: "Eu sou o cordeiro da Páscoa partido por vocês, o sangue derramado por vocês. A ira de Deus será derramada sobre mim, para que vocês sejam verdadeiramente livres."
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Os Evangelhos e Atos Mt 27.57-66: O sepultamento d e Jesus; g u a r d a s vigiam o túmulo Veja M c 1 5 . 4 2 - 4 7 . M a t e u s é o único! q u e m e n c i o n a à g u a r d a ; veja também 28.11-15.
Mt 28 O túmulo vazio: ressuscitou!
Jesus escava mono e sepultado, seus seguidores totalmente desolados. Eles não sabiam que aquele era apenas um tempo de espera, e que ele ressuscitaria. O clima
Veja Lc 24 e "A ressurreição de Jesus". V s . 1-10: A tristeza se transformou em espanto e alegria quando as mulheres ouviram a mensagem d o anjo e viram o ressuscitado c o m os seus próprios olhos. Sendo as primeiras a saberem, elas correram para contar as ótimas notícias. Vs. 11-15: Os guardas foram subornados para mentir, para d i z e r que o túmulo escava vazio porque os seguidores de Jesus haviam roubado o corpo enquanto dormiam. O castig o por dormir no serviço era a morte, mas talv e z Pilatos também pudesse ser subornado. Vs. 16-20: Os o n z e apóstolos restantes voltaram à Galileia. Ali Jesus, agora com "toda a autoridade", deu-lhes o seu último mandam e n t o : d e v i a m fazer discípulos de iodas as nações. Em todo o seu Evangelho, Mateus referiuse às Escrituras dos hebreus, mostrando como Jesus as cumpriu. Mas não há nada de exclusivo com relação às boas novas. E as palavras finais d o Evangelho são universais: o reino de cil d e conseguir. ( A t 1.16-20 tem uma Deus está aberto, o convite está feito, versão diferente da história.) Para o e se destina a pessoas de todas as "Ide fazei j u l g a m e n t o perante Pilatos, veja as nações. discípulos notas em Lucas ( 2 3 . 1 - 2 5 ) . • V 1 9 "em n o m e d o Pai, e do de todas Filho, e d o Espírito Santo": esta as nações... M t 27.27-56: Z o m b a r i a frase se tornou uma expressão E eis que estou e crucificação padrão na liturgia formal da convosco todos os dias igreja antiga. Veja M c 15.16-41. até à consumação do século". Mt 28.19-20 ( A R A )
talvez fosse semelhante ao que ilustra a foto acima: duas pessoas, contemplando os sepulcros e a área do Templo, mais ao fundo.
Jesus
577 Resumo Marcos traz um relato mais breve e emocionante sobre a vida de Jesus.
MARCOS Este é o mais curto dos Evangelhos e provavelmente foi o primeiro a ser escrito. A data pode ser entre 65 e 70 d.C. No entanto, se Atos dos Apóstolos data de 63 (veja introdução a Atos), Marcos deve ser anterior, já que Atos vem depois de Lucas, e Lucas baseou-se em Marcos. Segundo sólida tradição antiga, João Marcos escreveu o Evangelho em Roma, contando a •vistoria de Jesus como ele a ouviu diretamente do apóstolo Pedro. Papias, escrevendo antes de 140 d.C, disse: "Marcos, que era o intérprete de Pedro, escreveu precisamente tudo que ele lembrava, tanto ! das palavras como das ações de Cristo, mas não em ordem. Pois ele não foi nem ouvinte nem alguém que acompanhou o Senhor." Pouco d e p o i s , Irineu diz q u e Marcos foi rescrito "quando Pedro e Paulo pregavam o Ievangelho em Roma e fundaram a igreja ali." Depois da morte destes, "Marcos, discípulo de Pedro, nos forneceu por escrito o conteúdo da pregação de Pedro." Isto certamente explicaria a extraordinária vivacidade deste Evangelho. E o autor obviamente tinha leitores não judeus em mente, porj que muitas vezes explica os costumes judaicos. Este Evangelho se concentra em contar a história, passando rapidamente do batismo de j Jesus aos momentos críticos da morte e ressurI íeição. Dentro desta estrutura, o material tende laser agrupado por assunto. O Evangelho de Marcos é cheio de vida e ação. Comparado com Mateus, ele dá mais detalhes nos relatos sobre o que Jesus fez, embora seja mais breve quando ] se trata dos ensinamentos de Jesus. Nos 16 capítulos de Marcos, apenas quatro parágrafos são exclusivos deste Evangelho. O restante aparece também Mateus ou Lucas, ou aparece em ambos. Mas como cada evangelista adaptou o material a seu propósito específico, o que se tem não é uma simples duplicação de relatos. Nenhum deles é dispensável. E perder Marcos seria perder muito mais do que aqueles quatro parágrafos que não encontramos em nenhum dos outros Evangelhos. Marcos nos mostra Jesus em ação, para nos convencer, a partir das coisas que Jesus fez, que ele era de fato o que afirmava ser: o Filho de Deus.
Q u e m era Marcos?
Passagens principais e histórias mais conhecidas A proclamação de João Batista (1) Os Doze(3.'3-'9J A parábola do semeador (4) Afilha deJairoCT A morte de João Batista (6.17-29) Jesus é transfigurado; o menino que tinha ataques (9) Jesus prediz sua morte e ressurreição (8.31; 9.31; 10.33-341 O cego Bartimeu
O nome "João Marcos" a p a r e c e várias vezes em Atos e nas Cartas do NT ("João" é o nome judaico, "Marcos", o latino). Sua mãe tinha uma casa e m Jerusalém, o n d e os seguidores de Jesus se reuniam naqueles inícios da igreja cristã (At 12.12). E ele era primo (10.46-52) de Barnabé, o compaA oferta da viúva nheiro de Paulo. Marcos (12.41-44) c o m p r o m e t e u a sua A última semana: reputação com Paulo traição, prisão, ao voltar para casa no julgamento; morte e meio da primeira viaressurreição de Jesus (11-16) gem missionária. Mas Barnabé lhe deu uma segunda chance, e posteriormente ele ganhou o amor e respeito de Paulo e de Pedro. Ele estava com Paulo na prisão (Cl 4). E Pedro, de quem se tornou companheiro, o amava como seu próprio filho (1 Pe 5.13).
Mc 1.1-13 Boas
novas!
A frase inicial d e M a r c o s é impactante: "Princípio d o evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus". A v e r d a d e surpreendente é proclamada; o propósito d o Evangelho e sua mensagem são revelados logo de saída. M c 1.2-8: João Batista Veja também M t 3.1-12; Lc 3.2-22. Marcos o m i t e o nascimento de Jesus e a história inicial de João. Para ele, as boas novas começam com o João adulto, a v o z profética que Isaías havia previsto, clamando no deserto, exortando a nação a se preparar para a vinda de Deus. O restante d o registro de Marcos mostrará que Jesus, aquele cuja vinda João anunciou, é o Messias, o Filho de Deus. • V s . 2 - 3 Marcos combina três referências d o AT: Êx 23.20; Ml 3.1; Is 40.3.
A palavra "evangelho" "Evangelho" é uma palavra de origem grega que significa "a boa notícia". Essa boa notícia é a mensagem da salvação anunciada por Jesus e seus apóstolos. 0 termo se refere tanto à mensagem como aos quatro livros (os Evangelhos) que apresentam ávida e os ensinamentos de Jesus.
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Os Evangelhos e Atos • V 8 A água c um símbolo. Ela só pode lavar o exterior. O Espírito Santo de Deus pode lavar a pessoa ]x>r dentro. • O p r o f e t a n o d e s e r t o João só comia alimentos simples e a roupa dele era grosseira. A túnica feita de pêlos dc camelo e o cinto de couro possivelmente eram usados para imitar Elias (veja 2Rs 1.8 e a profecia em Ml 4.5). Ele certamente foi reconhecido imediatamente como profeta. Ele não só aparentava ser profeta, como também estava convicto de que tinha uma mensagem de Deus. As pessoas vinham de longe para ouvi-lo, talvez se reunindo às margens do Jordão peito de Jericó,
perto do lugar onde, muitos séculos antes, Josuée os israelitas haviam entrado na terra prometida. M c 1.9-13: O b a t i s m o e a tentação de Jesus Marcos só dá um breve resumo. Veja Mt 3—4; Lc-3.21; 4.1-13.
Mc 1.14—8.26 Jesus na
Galileia
Embora sujeita a Roma, a Galileia era governada por um rei "nativo": Herodes Antipas, um
Marcos dos quatro filhos de Herodes o Grande. A região ficava a oeste d o lago da Galileia. Na época de Cristo, era uma região próspera e densamente povoada, atravessada em todas as direções por estradas militares romanas e antigas rotas de comércio. O ponto focal das viagens de Jesus era o mar da Galileia, um lago de água doce com 21 km de comprimento e 11 km de largura, situado no fundo d o vale do rio Jordão a mais de 180 m abaixo d o nível d o mar. Este lago separava o território de Herodes d o território de seu meio-irmão Filipe, a leste. A maioria dos apóstolos era das cidades ao redor d o l a g o , que desfrutavam de um clima subtropical. Cafarnaum era a base de Jesus. Tiberíades, a 16 km de distância, era um balneário famoso por suas fontes termais. Muitos dos doentes que Jesus curou p o d e m ter vindo à região por causa das águas minerais de Tiberíades. N o monte atrás da cidade ficava o e s p l ê n d i d o palácio d e v e r ã o de Herodes. 0 lago é cercado de montes: amarronzados e desérticos d o lado leste, c (naquele t e m p o ) verdes, férteis e arborizados no oeste. Pelos
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seus topos e declives passa o vento que pode causar tempestades repentinas no lago. A o norte, a paisagem é dominada pelo pico d o monte H e r m o m , coberto de neve ( e que muitos acreditam ser o monte onde os discípulos viram a glória d o Jesus transfigurado). Na época de Jesus, palmeiras, oliveiras, figueiras e vinhas cresciam nas encostas ao redor d o lago. E as pequenas cidades e vilas da sua costa oeste e r a m centros industriais bastante movimentados: exportação de peixe salgado; construção de barcos; tinturarias; cerâmica. João Batista viveu uma vida ascética no deserto. Jesus, por outro lado, decidiu ficar no meio d o movimento, na Galileia, uma das regiões mais agitadas e cosmopolitas da Palestina. M c 1.14-20: " S i g a m - m e " O rei Herodes calou a v o z de João Batista, lançando-o na prisão. Este foi o sinal para o retorno de Jesus ao norte para começar sua própria proclamação pública das boas novas de Deus. Aquela era a hora, o reino de Deus estava próximo, e era tempo de se arrepender e crer. (Veja 'Jesus e o reino".) Junto ao lago da Galileia Jesus chamou quatro pescadores. Ele os ensinaria a pescar, não peixes, mas pessoas (Jo 1.35-42 dá o contexto). M c 1.21-45: U m m e s t r e que pode curar Daquele m o m e n t o e m diante, Cafarnaum passou a ser o quartel-general de Jesus.
lím Cafarnaum. o centurião romano local contribuiu para a construção da sinagoga. As ruínas da sinagoga de Cafaniaum (fotos), provavelmente construída dois ou três séculos depois da época do NT, mostram uma combinação de estilo romano com símbolos judaicos tradicionais; uvas, a estrela de Davi, e um entalhe da arca da aliança que estivera no santuário do Templo, mas que foi perdida.
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Os Evangelhos e Atos Qualquer h o m e m judeu podia ser convid a d o a explicar as leituras da Escritura no culto da sinagoga. O que impressionou aqueles que ouviram Jesus era a autoridade d e l e : ao contrário dos outros mestres, ele não citava nem dependia da autoridade de outros. O primeiro reconhecimento de Jesus c o m o "o Santo de Deus" v e i o de um h o m e m possesso, e Jesus imediatamente tentou manter a sua identidade em segredo. Ele usou o seu poder para o bem, subjugando as forças d o mal. Primeiro ele calou a v o z ( 2 5 ) ; depois curou o h o m e m . Também no v. 34, quando curou os doentes, ele proibiu os demônios de falarem. E o homem com a doença de pele (não necessariamente um leproso; veja nota abaixo) foi avisado para não contar nada sobre a sua cura ( 4 3 - 4 4 ) . Na v e r d a d e , ele desobedeceu e essa publicidade restringiu os movimentos de Jesus ( 4 5 ) . Mas será que esta era a única razão pela qual Jesus pediu às pessoas ( p e l o menos nove vezes neste Evangelho) que não revelassem a sua verdadeira identidade? Por que manter e m segredo o fato de que ele era o Messias? A razão parece estar nas idéias erradas sobre o Messias e sua missão que eram comuns na época. O p o v o esperava um líder político para livrá-los dos romanos. Jesus precisava dc tempo para explicar o tipo de "reino" que ele viera inaugurar: era algo que até os seus seguidores mais próximos teriam dificuldades e m entender. • E s p í r i t o i m u n d o / m a u ( 2 3 ) "Imundo" porque o h o m e m não seguia as regras que o tornariam apto a participar d o culto público. Na época d e Jesus, os judeus acreditavam que muitas doenças (principalmente mentais) eram causadas por espíritos malignos. (Deus e o m u n d o que ele fez são bons; portanto, o sofrimento d e v i a ter sua o r i g e m no m a l . ) Assim, muitas v e z e s nos é difícil saber se o que está sendo descrito c doença mental ou possessão d e m o n í a c a . De qualquer forma, a autoridade de Jesus é evidente — e surpreendente. Veja também a nota e m Lc 4.33. • V 3 2 O sábado, com suas regras que restringem o deslocamento, começa no pôr-dosol da sexta-feira e termina no pôr-do-sol d o sábado, A o cair do sol, isto é, passado o sábado, o povo podia levar os doentes a Jesus. • V. 4 4 Veja Lv 14.1-32. Na Bíblia, o termo "lepra" abrange uma variedade de doenças de pele.
M c 2.1-12: U m p a r a l í t i c o sai a n d a n d o ! Neste caso, foi a iniciativa e a fé dos amigos que possibilitaram a cura daquele homem. A ação de Jesus demonstrou o seu poder no campo físico e espiritual. Quando ele pronunciou a palavra, o homem foi curado. Quando ele falou, o h o m e m foi perdoado. Em ambos os casos algo realmente aconteceu. • V. 4 A casa devia ter uma escada externa que levava ao teto ( h o r i z o n t a l ) em forma de terraço, que era uma área extra usada para vários fins. Esse teto era revestido de telhas ou ripas dc madeira cobertas dc barro, não sendo difícil a sua remoção. • F i l h o d o H o m e m ( 1 0 ) Este era o título favorito de Jesus para si mesmo, talvez porque o título "Messias" era mal interpretado. No AT, "filho d o h o m e m " geralmente significava apenas "ser humano", mas e m Dn 7.13-14 "alguém semelhante a um Filho de homem" ( " h o m e m " na N T L H ) recebe poder de Deus. Jesus disse que o Filho cio H o m e m tinha autoridade e poder na terra para perdoar pecados ( 2 . 1 0 ) . Ele era "Senhor também do sábado" ( 2 . 2 8 ) . Disse eme o Filho d o Homem devia sofrer, morrer e ressuscitar (8.31; 9.9,12,31; 10.33,45; 14.21,41). E disse que o Filho d o H o m e m reinará cm glória (8.38; 13.26; 14.62). • V. 11 As pessoas simples dormiam no chão sobre uma esteira ou manta que podia ser enrolada durante o dia. M c 2.13-22: A m i g o s d e m á fama; o tempo em que jejuariam Levi (Mateus) era um excluído, um amigo que não convinha a nenhum mestre judeu que se desse ao respeito. Aqueles que ele convidou para o jantar eram igualmente inaceitáveis. Veja M t 9.9-17; Lc 5.27-39. • E s c r i b a s , f a r i s e u s ( 1 6 ) Veja "A religião judaica na época d o N T " . M c 2.23—3.6: Q u e b r a n d o as regras? Veja também Mt 12.1-14; Lc 6.1-11. A interpretação judaica d o mandamento do sábado c o m o dia santo cm que não se podia trabalhar (Êx 20.8-11; 3 4 . 2 1 ) , recheada de minuciosas regras e restrições, fez com que se perdesse o fundamental d o mesmo. O objetivo d o dia de descanso era o bem físico e espiritual d o ser humano, e não a negação de alimento e ajuda. É um dia para fazer o bem — a
Marcos
A pesca no mar da Galileia
A larrafa - rede de pesca circular com pesos nas bordas e uma corda no centro para relirá-la da água. fechada - aparentemente era a rede mais usada. A longa rede de arrasto, que pega todo tipo e tamanho de peixe, só é mencionada em Mt 13.47. onde se compara o reino dos céus com ela.
0 mar da Galileia é o lago de água doce situado no nível mais baixo do mundo. A superfície fica 207 m abaixo do nivel d o mar (Mediterráneo), e a profundidade máxima da água é de 45 m. Ele mede aproximadamente 20 km de comprimento por 11 km de largura. Boa parte do ministério de Jesus se desenvolveu ao redor do lago, e pelo menos sete dos doze discípulos eram pescadores da Galileia. Pedro, André e Filipe moravam na cidade de Betsaida, às margens do lago. A palavra "Betsaida" significa "lugar de redes" ou "lugar de pesca". Na época do NT, havia muitos peixes no lago, sendo a principal espécie, ao que tudo indica, a tilápia ou o "peixe de São Pedro", que se adapta bem a viveiros e açudes de águas mornas em várias partes do mundo.
Em 1985, o nível do lago desceu tanto que apareceu o casco de um barco antigo. Seu estilo, e os objetos encontrados dentro dele, juntamente com testes feitos com Carbono 14, revelaram que o barco tinha 2.000 anos, datando da época de Jesus. É possível que tenha sido afundado quando os romanos devastaram a área em 67 d.C. O casco foi retirado do lago e o "barco de Jesus", como veio a ser chamado, pode ser visto hoje em Ginosar, a norte de Tiberíadcs.
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Os Evangelhos e Atos não apenas numa emergência. Marcos relata dois confrontos e m que se discute o sábado: um, no campo, quando os discípulos de Jesus estavam c o m fome ( 2 3 - 2 8 ) ; outro, na sinagoga, que apareceu um caso de necessidade humana ( 3 . 1 - 6 ) . A aparente rebeldia de Jesus causou uma reação terrível: uma conspiração para matá-lo. • 2 . 2 5 - 2 6 Veja I S m 21.1-6. Os pães que Davi tomou eram aqueles que os sacerdotes colocavam, semanalmente, no altar. • H e r o d i a n o s ( 3 . 6 ) Partidários de Herodes Antipas (veja "A família H e r o d e s " ) . Eles colaboravam com os romanos, e por isso eram geralmente detestados pelos fariseus escrupulosos.
A parábola dos solos (ou do semeador) que Jesus coutou i ilustrada neste cenário da Galileu, onde aparecem o solo bom, o solo |«'dny,iisN, espinhos, e o cercal em crescimento.
M c 3.7-19: O s D o z e Multidões iam ao encontro de Jesus, vindas d o sul (Judéia, Jerusalém, I d u m é i a ) ; d o leste, isto é, do outro lado d o Jordão; e dc Tiro e Sidom, cidades portuárias a noroeste. Jesus escolheu um grupo mais restrito dc 12 discípulos (veja "Os d o z e discípulos d e Jesus"), que se tornaram membros fundadores
do novo reino — em correspondência aos 12 filhos de Jacó que deram seus nomes às doze tribos de Israel. Três deles — Pedro, Tiago e João — eram ainda mais chegados a Jesus. Quatro deles, todos da Galileia, eram sócios de um empreendimento de pesca (Pedro eseu irmão A n d r é ; T i a g o e seu irmão J o ã o ) . Um (Mateus/Levi, que possivelmente era irmão de Tiago, filho dc Alfeu) era cobrador de impostos, a serviço dos romanos. Simão, no outro extremo, pertencia a um grupo de guerrilheiros nacionalistas (os zelotes) que queriam livrar o país da ocupação estrangeira. Pouco se sabe a respeito dos outros. Judas Iscariotes, conhecid o c o m o aquele que traiu Jesus, pode ter sido o único não galileu ("iscariote" pode significar "de Queriote", uma localidade na Judéia). A lista completa aparece também em Mt 10.2-4 e Lc 6.12-16. O "Tadeu" que é menc i o n a d o e m Mateus e M a r c o s parece ser o mesmo que "Judas, filho de T i a g o " (Lc 6.16; At 1.13). Bartolomeu é muitas vezes identific a d o com o Natanael de Jo 1. Era, com certeza, um grupo heterogêneo. Nenhum deles tinha qualquer vínculo c o m a religião oficial (um escriba ou sacerdote). • V. 12 Veja 1.21-45. M c 3.20-35: Jesus a l i a d o ao diabo? Veja M t 12.15-37,49. M c 4.1-34: A s p a r á b o l a s do reino de Deus Veja as notas e m M t 13.1-52. Aqui, em M a r c o s , as parábolas foram inspiradas na agriculmra e falam de crescimento. Vs. 1-8,13-20: A semente e os solos. Vs. 9-12: Ouvir e entender. Vs. 21-25: A lâmpada. Boas novas devem ser compartilhadas, (Veja também Mt 5.15; Lc 11.33). Vs. 26-29: A semente que cresce (parábola registrada apenas cm Marcos). O homem joga a semente, assim como Jesus e os seus discípulos espalham a semente tio reino de Deus. Masé Deus quem determina a vinda do seu reino. Vs. 30-32: A semente de mostarda. • V 1 2 Na mentalidade judaica, muitas vezes se fala d o resultado c o m o se fosse propósito. Este versículo se refere à "conseqüência", não ao "objetivo" d o ensinamento de Cristo. É evidente, com base nos vs. 22-23, que a razão d o encobrimento do significado era incentivar os ouvintes a buscarem a resposta.
Marcos Mc 4 . 3 5 - 4 1 : J e s u s a c a l m a u m a grande tempestade Veja Mt 8.23-27; Lc 8.22-25. À s v e z e s o lago da Galileia é agitado por uma tempestade repentina. Esta história mostra o poder de Jesus sobre a natureza, pois ele acalmou os elementos enfurecidos. Sua tranqüilidade e confiança contrastam nitidamente c o m o temor dos discípulos: primeiro, diante da força d o vento; depois, diante do poder maior revelado por Jesus. "Que h o m e m é este?" Mc 5 . 1 - 2 0 : U m l o u c o n o c e m i t é r i o Veja também M t 8.28-34; Lc 8.26-39. A o atravessar o lago, Jesus chegou a um território não judeu (gentio). A condição daquele homem que vivia nas cavernas usadas c o m o sepulcros era de dar d ó : uma personalidade dividida à mercê de múltiplos impulsos conflitantes; totalmente incapaz de levar uma vida normal. Mas Jesus, que tem autoridade sobre os elementos enfurecidos, cambem tem autoridade sobre pessoas furiosas: o v. 15 descreve uma transformação total. A o exorcismo seguiram-se prejuízo e distúrbios, quando a manada de porcos se precipitou no lago — algo que d e v e ter convencido o homem de que seus atormentadores se foram para sempre. • V. 1 Alguns manuscritos contêm Gadara; outros, Gergesa; e ainda outros, Gerasa. Aquela região mais ampla fica a sudeste d o lago. Somente num ponto da margem oriental existe um precipício ( 1 3 ) . > D e c á p o l i s ( 2 0 ) "Dez Cidades"; d e z cidades gregas livres.
M c 5.21-43: A filha d e Jairo; e a mulher que tocou na capa de Jesus Veja também M t 9.18-26; Lc 8.40-56. A s duas histórias são paralelas; ambas sobre mulheres, fé, e pessoas que não mais podiam ser ajudadas por médicos. A mulher tentou não revelar sua presença, porque o sangramento a tornava impura e intocável para seus compatriotas judeus. C o m o mulher, j á era de qualquer forma considerada "uma pessoa de segunda categoria" ( m a s não por Jesus). A capa de Jesus não tinha poderes mágicos. Ele sabia a diferença entre o contato casual da multidão e alguém que apelava a ele numa necessidade. A fé que aquela mulher tinha não só propiciou a sua cura física: ela a salvou. Este incidente d e v e ter incentivado Jairo. O fato de este chefe da sinagoga, um homem respeitado na comunidade local, se dirigir a Jesus mostra que nem todos os líderes religiosos estavam contra ele. Por confiar e m Jesus, sua filhinha voltou a viver. Jesus tem poder sobre a vida e a morte. • V 3 9 A criança não estava apenas e m coma — ela estava morta. Todos sabiam disso ( 4 0 ) . As palavras de Jesus descrevem a morte d o ponto de vista de Deus: um sono d o qual despertaremos para um novo dia. M c 6.1-13: Jesus é r e j e i t a d o e m Nazaré; a missão dos Doze Vs. 1-6: Na cidade onde tinha morado, a fama de Jesus não era motivo de orgulho, mas
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Jesús maravilhou seus discípulos ao acalmar urna dos violemas e repentinas tempestades do lago da Claliléia.
Abaixo: Aqui, no lado leste do lago da Galileia, a manada de porcos, possessa, se precipitou nas águas e morreu afogada, depois que Jesus curou "Legião". Abaêío ò esquenta: Km Gadara, uma das Dez Cidades (gregas), não havia proibição de comer carne suína, como havia entre os judeus.
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Jesus na Galileia e no norte onlc Hercnonl
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Na história do milagre de Jesus, cinco pães e dois peixinhos, provavelmente em conserva e não frescos como estes da foto, foram multiplicados para alimentar 5.000 pessoas. Estes peixes do lago da Galileia são conhecidos como ''peixes de São Pedro", pois em suas bocas grandes, nas quais carregam suas ovas. caberia tuna moeda (veja Ml 17.27).
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i li ^esaréia de Filipe
de rancor: "Quem esse carpinteiro presunçoso pensa que é"? Não estava nos planos de Jesus fazer uma demonstração de seus poderes para convencer os céticos (veja Mt 4.6-7). Vs. 7-13: Veja Mt 9.35—10.42. • V. 3 Veja M t 12.49. Mais tarde T i a g o se tornou líder da igreja e m Jerusalém (At 15.13). Judas escreveu a Epístola de Judas. M c 6.14-29: O rei H e r o d e s m a n d a decapitar João Batista O contexto dessa história é a pergunta a
respeito da identidade de Jesus: quem seria ele? ( 1 4 - 1 6 ) . Sentimento de culpa e superstição levaram Herodes Antipas a pensar que Jesus era João ressurreto. Herodes havia se d i v o r c i a d o dc sua mulher para casar com Herodias, mulher d e seu meio-irmão Filipe. João denunciou isso como incesto (l.v 18.16; 20.21) e por isso acabou na prisão. Mas Herodias queria fechar a boca d o pregador para sempre e aproveitou a oportunidade, quando ela apareceu. M c 6.30-44: Jesus a l i m e n t a mais d e 5.000 pessoas Veja t a m b é m M t 14.13-21; Lc 9.10b-17; Jo 6.5-14. Os D o z e deram relatório e Jesus viu sua necessidade dc descanso e afastamento das constantes solicitações d o povo. Seu plano não deu certo, mas, e m v e z de ficar irritado com aqueles que estragaram o seu retiro, ele se compadeceu deles ( 3 4 ) . Jesus supriu a necessidade que eles tinham d e seus ensinamentos e de alimento. • V 3 7 Obviamente eles não tinham todo esse dinheiro: o denário, moeda de prata, era o salário p a g o por um dia de trabalho. Isso seria o equivalente a seis meses de trabalho. M c 6.45-56: Jesus a n d a em cima da água Era entre 3 e 6 horas da manhã. Novamente foi a necessidade dos discípulos que despertou o amor de Jesus. E mais uma vez ele demonstrou o seu poder supremo sobre a criação: o vento e as águas lhe obedecem. • O r l a / b a r r a ( 5 6 ) A extremidade de sua capa ( d e rabino) tinha uma orla ou bana azulada. M c 7.1-23: A " t r a d i ç ã o dos anciãos" Veja Mt 15.1-20. Marcos acrescenta uma explicação para os leitores não judeus (3-4). Lavar as mãos era um rito relacionado com "pureza" religiosa, e não apenas uma questão de higiene ou boas maneiras. Mas o cumprimento da "tradição" pode tirar todo o significado da palavra de Deus que foi dada de forma tão direta ( 1 3 ) . Jesus mostra que o verdadeiro problema da humanidade não é a sujeira que se apega às mãos, mas a poluição profunda da mente, do coração, e da vontade, que nenhum banho é capaz de limpar. Esse conceito era tão radical (a idéia de alimentos puros e impuros está tão arraigada no pensamento judaico)
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que até os discípulos precisaram de maiores explicações. Mc 7 . 2 4 - 3 7 : A l é m d a s f r o n t e i r a s Vs. 24-30: Veja as notas sobre Mt 15.21-28. Jesus estava e m território gentio: o relato de Marcos passa da idéia de alimentos puros e impuros ( 1 9 ) para a idéia de pessoas "puras" (judeus) e "impuras" ( g e n t i o s ) . O reino d e Deus é inclusivo. Vs. 31-37: A dificuldade de fala d o homem era resultado da sua surdez, c o m o geralmente acontece. Acreditava-se que a saliva tinha propriedades de cura: Jesus tratou o homem da forma que seus contemporâneos esperavam. Mc 8 . 1 - 2 1 : J e s u s a l i m e n t a mais d e 4 . 0 0 0 p e s s o a s ; os f a r i s e u s p e d e m u m s i n a l Vs. 1-9: Veja M t 15.29-39. N ã o se sabe onde ficava Dalmanuta. Vs. 11-21: Veja M t 16.1-12. A falta de discernimento espiritual dos discípulos frustrou Jesus. Eles estavam tão preocupados com a provisão de pão, que não viram que ele os advertia contra o perigo sempre presente da hipocrisia religiosa (veja Lc 12.1) e d o materialismo (a principal preocupação da facção herodiana). Mc 8 . 2 2 - 2 6 : A c u r a d e u m c e g o Esta história está "associada" com a do surdo (7.32-37): c o m a vinda do reino de Deus, os cegos vêem e os surdos ouvem, conforme profecia de Isaías (Is 35.5). Mas Jesus ainda evitava a publicidade (veja 1.21-45, nota). A história também pode ser considerada uma "moldura" da seção seguinte, que termina com a cura de outro cego (10.46-52).
Mc 8 . 2 7 — 1 0 . 5 2 A identidade e missão de a caminho de Jerusalém
Jesus:
Mc 8 . 2 7 — 9 . 1 : " Q u e m o p o v o diz q u e e u s o u ? " Veja nota sobre Mt 16.13-28. Aqui e e m outras passagens Marcos faz um registro completo das falhas de Pedro, c deixa de enfatizar aquilo qtie poderia contar a seu favor. Isto faz sentido se a informação v e i o d o próprio Pedro. Este episódio é um "divisor de águas" dentro da narrativa de Marcos. O foco muda, quando pela primeira vez Jesus diz a seus dis-
cípulos que vai ser morto c que, depois, ressuscitará (veja também 9.31; 10.33-34). • C e s a r é i a d e F i l i p e ( 8 . 2 7 ) 40 km ao norte d o lago da Galileia. • 9.1 A referência p o d e ser àqueles que testemunharam a transfiguração de Jesus, ou, mais provavelmente, às testemunhas de sua morte e ressurreição. M c 9.2-13: Jesus é t r a n s f i g u r a d o Veja também Mt 17.1-13; Lc 9.28-36. Os apóstolos agora tinham certeza de que Jesus era o Messias. Esse vislumbre da sua glória, dado aos três discípulos mais chegados, deve ter contribuído em muito para encorajá-los nos acontecimentos que estavam por vir. Moisés ( o grande legislador de Israel) e Elias ( o primeiro grande profeta) conversaram com Jesus, e o assunto foi a morte dele que se aproximava (Lc 9.31). De agora e m diante Jesus falaria mais c mais sobre o seu sofrimento e morte: esta era a glória d o Messias. Mas mesmo os seus amigos mais chegados acharam isso difícil de engolir. • V 2 Esse monte pode ter sido o Hermom, com seus 2.700 m de altitude, c que fica 19 km a nordeste de Cesaréia de Filipe ( 8 . 2 7 ) . O monte Tabor, outra possibilidade, implicaria uma viagem para o sul. Pedro queria prolongar aquele momento. Talvez Moisés e Elias decidissem ficar, se fizessem tendas para eles, c o m o a Tenda ( o Tabernáculo) em que Deus outrora estava presente, antes de o Templo ser construído. A glória de tudo que ele viu naquele dia ficou permanentemente marcada na memória de Pedro (2Pe 1.16-18). • V. 9 Jesus voltou a pedir que seus seguidores mantivessem segredo.
Do acordo com Josefo, o historiador judeu daquela época. João Batista estava preso na fortaleza que Herodes havia construído era Maqucroiite. no extremo sul, a leste do mar Mono.
"Se alguém quer ser meu seguidor, que esqueçu os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nuncu terá a vida verdadeira: mas quem esquece a si m e s m o p o r minha causa e por causa do evangelho terá a vida verdadeira". Mc8.34.3S INTI1II
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Os Evangelhos e Atos r V 13 "Elias", isto é, João Batista (veja M i 17.13). Malaquias ( 4 . 5 ) havia predito u m retorno de Elias para anunciar o dia da vinda de Deus. M c 9.14-29: A c u r a d e u m m e n i n o Veja também M t 17.14-19; Lc 9.37-42. Os sintomas descritos aqui, atribuídos a um espírito maligno pelos contemporâneos de Jesus, parecem dc epilepsia (que a medicina moderna pode tratar, mas não curar). Os discípulos falharam por causa da sua falta de fé (veja Mt 17.19-20). Porém Jesus não mandou o menino embora porque a fé de seu pai era limitada. D e acordo com as crenças da época, Jesus ordenou que o espírito saísse d o menino, e ele foi curado. A chave para o sucesso é a oração ( 2 9 ; alguns manuscritos acrescentam "e jejum"). M c 9.30-50: L i ç õ e s p a r a os discípulos Veja a nota em Mt 18. Mais uma vez Jesus avisou os seus discípulos da sua iminente morte e ressurreição ( 3 0 - 3 2 ) . Na seqüência, Marcos reuniu vários dizeres de Jesus que têm um tema comum (recompensa, pertencer) ou uma palavra chave que os une ("sal", " f o g o " ) . N i n g u é m que esteja preocupado c o m as suas próprias a m b i ç õ e s p o d e se tornar um "grande" cristão ( 3 3 - 3 7 ) . É preciso colocar os outros e m primeiro lugar e a si m e s m o e m último lugar. É melhor limitar deliberadamente a satisfação pessoal ( 4 4 - 4 5 ) d o que perder o reino de Deus. • V s . 43-48 Esta terrível descrição d o inferno foi inspirada no fogo permanente que havia no vale d o H i n o m ( G e e n a ) , o n d e era queimado o lixo de Jerusalém, e nos cadáveres que são devorados aos poucos por vermes. • V 49 "Salgado com fogo", isto é, purificado na "fogueira" do sofrimento. M c 10: A c a m i n h o d e J e r u s a l é m Jesus deixou a Galileia e sc dirigiu para o sul. Ele ficou algum tempo na Peréia, no lado leste do rio Jordão ( 1 ) , antes d e ir a Jerusalém, passando por Jericó ( 3 2 , 4 6 ) . As cartas d o N T p o d e m esclarecer a organização deste capítulo. Paulo, por e x e m p l o , t a m b é m reuniu conselhos para maridos c mulheres, filhos, senhores e escravos, líderes (veja, p. ex., Ef 5.22—6.9). Vs. 1-12: D i v ó r c i o . Veja a nota e m M t 19.1-15.
Vs. 13-16: Jesus abençoa as crianças. Veja t a m b é m M t 19.13-15; Lc 18.15-17. Esta é a segunda v e z que Jesus segura uma ou mais crianças para ensinar uma lição (veja 9.363 7 ) . A q u i Ele repetiu isso. Para entrar no reino de Deus, devemos nos tornar, não infantis, mas c o m o crianças, recebendo Jesus com fé humilde e cheia de amor ( 1 5 ) . As crianças (assim c o m o as mulheres) não eram valorizadas na sociedade judaica da época, mas Jesus as acolheu e valorizou. Vs. 17-31: O perigo das riquezas. Veja Mt 19.16-30; Lc 18.18-30. Este incidente não implica que t o d o s os s e g u i d o r e s de Cristo d e v e m abrir mão de tudo que têm. Ele estava falando para um h o m e m , não todos, e neste caso os bens d a q u e l e h o m e m o impediam de se tornar discípulo. Q u a l q u e r coisa que ocupe o primeiro lugar e m nossa vida — o lugar que é de Deus ( M c 12.29-30) — deve ser eliminada. C o m um só olhar ( 2 1 ) Jesus viu o c e r n e d o p r o b l e m a d a q u e l e homem. "Vá, v e n d a tudo", disse e l e , "depois venha e m e siga". Vs. 32-45: A m o r t e iminente e a ressurreição de Jesus. Jesus repetiu esse anúncio pela terceira v e z (veja 8 . 3 1 ; 9 . 3 1 ) . Veja Mt 20.17-34. Vs. 4 6 - 5 2 : A cura d o c e g o Bartimeu. Esta história p o d e ser considerada o fechamento da "moldura" desta seção, que começa com a cura d o outro c e g o ( 8 . 2 2 - 2 6 ) , e c o m o símb o l o da cegueira ( e d o e s c l a r e c i m e n t o ) dos discípulos. Vejam t a m b é m M t 20.29-34 (em que há dois c e g o s ) ; Lc 18.35-43. Esta história é bela e altamente expressiva. Somente M a r c o s dá o n o m e desse m e n d i g o : Bartim e u . Ele e s t a v a tão d e t e r m i n a d o a pedir que Jesus lhe restaurasse a v i s ã o que jogou a sua capa para o l a d o , deu um salto, e correu na d i r e ç ã o d e Jesus. Ele foi seguindo Jesus pelo c a m i n h o c, por isso, tudo indica que Pedro o conheceu pessoalmente. • V 12 Sobre regras relativas ao divórcio, veja 'Jesus e as mulheres". • P r i m e i r o s , ú l t i m o s (31) Em importância.
Meli—13
Jesus em
Jerusalém
M c 11.1-11: O M e s s i a s entra em sua cidade Veja introdução a M t 2 1 ; e veja também Lc 19.28-44.
Marcos
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Jesus e as cidades David
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A baixa Galileia, onde Jesus passou a maior parte do seu ministério, era uma região relativamente bem povoada. Segundo evidências arqueológicas, havia várias cidades grandes naquela área: Ptolemaida, Tiberíades, Citópolis eSéforis — mas somente Tiberíades é mencionada de passagem em um dos Evangelhos (Jo 6.23). Cidades i m p o r t a n t e s na Galileia Séforis tem importância especial porque ficava bem perto de Nazaré, onde Jesus se criou, a uma distância que, a pé, podia ser percorrida e m mais ou menos uma hora. Era uma cidade cosmopolita, com cerca de 30.000 habitantes. Tinha dois mercados, uma bonita rua central ladeada por colunas, um arquivo central, um banco real com capacidade para cunhar as suas próprias moedas, e um sofisticado sistema de abastecimento de água que trazia água limpa através de um aqueduto e levava embora a água suja por canais de escoamento. No período da infância e juventude de Jesus, a cidade de Tiberíades (na foto), que tinha mais ou menos o mesmo tamanho de Séforis, estava sendo construída para ser a nova capital da região. É quase certo que Jesus conhecia essas cidades, embora não sejam mencionadas. Jesus d e v e ter passado muitas vezes por Tiberíades em suas viagens de Cafarnaum ao sul da Galileia ou para a Judeia. Para não entrar nela, teria de sair da estrada principal e subir uma grande ladeira. O fato d e não haver m e n ç ã o dessas c i d a d e s nos E v a n g e l h o s parece indicar que Jesus de forma deliberada deixou de pregar nelas. Talvez pela mesma razão que o levou
a evitar Jerusalém no começo de seu ministério: para não ter tanta e x p o sição pública e evitar problemas com as autoridades antes d o tempo. Enquanto percorria as aldeias, ele não chamava tanto a atenção dos líderes, embora estes devam, com certeza, ter recebido relatos a respeito dele. Imagens da vida urbana O ensino de Jesus mostra que ele estava familiarizado com a vida urbana e com o que significava morar na cidade. Embora, em seu ensino, tenha extraído muitas imagens ou figuras da vida no campo, ele também usou ilustrações mais adequadas ao contexto urbano. Ele falou sobre a administração de uma grande propriedade (Lc 16.1-8), as ações de um proprietário de terras que se ausentou do país (Mc 12.1-2), investimento em bancos (Mt 25.27; Lc 19.23), tribunais e prisão (Mt 5.25-26; Lc 12.57-59).
A cidade de Tiberíades, ás margens do lago da Galileia, possivelmente era considera "impura" pelos judeus na época de Jesus, já que se acreditava que foi consolada sobre um cemitério.
Ele conheceu pessoas que sem dúvida viviam em cidades, como os coletores de impostos mais ricos, e um centurião (Mt 8.5). Jesus visitou algumas das cidades maiores que tinham praças ou mercados (Mc 6.56) e, embora não tenhamos registro de que ele visitou pessoalmente essas cidades, ele enviou seus discípulos para evangelizá-las (Mt 10.11,14; Lc 10.1,10).
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Os Evangelhos e Atos M c 11.12-26: A figueira; Jesus purifica o Templo Veja em Mt 21.18-22; 21.12-17.
A palavra de ordem dos patriotas judeus era: "Nenhum trilnno a César". Em moeda, que traz o nome e ;i efíjiie do Imperador Tibério, também afirma sua reivindicação de divindade. Jesus lidou habilmente com
.! qiii-M.in. ao declarar: "Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que e de Deus".
Maria derramou
perfume precioso na Cabeça de Jesus. Esses vidros de perfume são daquela época.
M c 11.27—12.12: Jesus no Templo — com autoridade de q u e m ? Veja a nota cm Mt 21.23-46. Jesus, o carpinteiro v i n d o d o norte, que não havia recebido instrução formal na lei judaica, andava entre os pórticos s o m b r e a d o s d o T e m p l o , e n s i n a n d o os seus s e g u i d o r e s a o m e l h o r estilo de um rabino bem qualificado. N ã o c de admirar que os "profissionais" da religião viessem questionar a sua autoridade. A resposta de Jesus, c a parábola condenatória que se seguiu, reduziu-os ao silêncio. Eles se retiraram para se refazer e planejar um n o v o ataque. M c 12.13-44: P e r g u n t a s p a r a testar Jesus Veja também Mt 22.15-46; Lc 20.19—21.4. Lc 20.19-20 dá o contexto dessas perguntas. Vs. 13-17: Esta questão se destinava a verificar qual era a posição política de Jesus. Será que ele tomaria o partido dos zelotes, recusando-se a pagar o imposto? A resposta de Jesus é um claro repúdio à ideologia desses: é possível dar a César e a Deus. Vs. 18-27: Os saduceus tentaram ridicularizar a idéia da ressurreição com um absurdo e x e m p l o de casamento segundo a lei d o levirato (veja Rute, cap. 3 ) . M a s , se vieram buscar lã, saíram tosquiados, porque há uma
ressurreição — para uma vida e m que já não haverá união sexual nem procriação, porque a morte deixou de existir. Vs. 28-34: A terceira pergunta era honesta. C o m 6 1 3 m a n d a m e n t o s para escolher, Jesus respondeu c o m as palavras d o credo de Israel ( o Shema: Dt 6 . 4 - 5 ) e L v 19.18. Se os fariseus esperavam uma resposta não o r t o d o x a ( M t 2 2 . 3 4 - 3 5 ) , ficaram desapontados. A sabedoria impressionante de Jesus silenciou os seus o p o n e n t e s — mas ele não havia a c a b a d o de lidar c o m eles (35-40). Os escribas ( m e s t r e s da L e i ) interpretavam a profecia d e que o Messias seria um filho d e Davi d e forma literal, ou seja, era uma q u e s t ã o d e d e s c e n d ê n c i a física. Para d e l í r i o da m u l t i d ã o , Jesus mostrou que o s a l m o messiânico d o p r ó p r i o Davi tornava essa i n t e r p r e t a ç ã o insustentável (35-37). O breve incidente relatado nos vs. 41-44 aparece c m nítido contraste c o m a autopromoção dos líderes religiosos ( 3 8 - 4 0 ) . O que importa para Deus não é a quantidade de dinheiro, mas a quantidade d e amor e sacrifício que ele representa. • V 15 O imposto devia ser pago em moeda romana. O denário trazia uma imagem da cabeça do imperador Tibério. • F i l h o d e D a v i ( 3 5 ) M t 1 e Lc 3 mostram que Jesus r e a l m e n t e era descendente de D a v i . Mas e l e é muito mais d o que isso: ele é o F i l h o d e Deus — filho de Davi e Senhor d e Davi. • V s . 4 1 - 4 2 N o Pátio das Mulheres havia 13 gazofilácios e m forma d e trombeta. Uma "viúva pobre" era a pessoa mais pobre entre os pobres. M c 13: A c o n t e c i m e n t o s futuros, para Jerusalém e para o mundo Veja as notas e m M t 24. Veja também Lc 2 1 ; 17.22-37. Parte da linguagem que Jesus usou e as coisas que descreveu ecoam profecias d o A T sobre o fim d o s tempos bem c o m o a l i n g u a g e m s i m b ó l i c a das obras "apocalípticas", que seus ouvintes conheciam ( v e j a sobre o A p o c a l i p s e ) . Exemplos disso aparecem nos v s . 7-8 (batalhas, terr e m o t o s , f o m e s ) e 24-25 (eclipses d o sol e da l u a . . . ) .
Marcos Mc 1 4 — 1 6
A morte e a ressurreição
de
Jesus
Mc 1 4 . 1 - 1 1 : C o n s p i r a ç ã o e t r a i ç ã o Veja t a m b é m M t 2 6 . 6 - 1 3 ; Jo 12.1-8. 0 ministério público de Jesus estava chegando ao fim. Com a aproximação da festa da Páscoa (veja Mt 2 6 ) , os acontecimentos se sucedem rapidamente e chegam a um ponto culminante. Contra um pano de fundo de ódio e conspiração, ganha destaque a história da mulher que ungiu o Senhor ( 3 - 9 ) . Era um gesto de cortesia bastante comum derramar um pouco de perfume nos convidados quando estes chegavam. Perfume era usado, também, para ungir o corpo de alguém que havia morrido. E a palavra "Messias" significa "ungido" para o serviço de Deus. Talvez percebendo intuitivamente que uma tragédia
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estava por acontecer, Maria (veja Jo 12.3) derramou t o d o o precioso ó l e o perfumado que havia naquele frasco, num gesto extravagante de afeição. ( U m trabalhador ganhava um denário ou uma "moeda de prata" por dia. Este artigo de luxo valia o salário de quase um a n o . ) João (12.1-8) colocou este episódio alguns dias antes e nos conta também que Judas era ladrão. M c 14.12-25: A última ceia Veja M t 26.14-29. M c 14.26-52: Jesus é p r e s o no Getsêmani Veja as notas e m M t 26.30-56. Aparent e m e n t e n ã o faria s e n t i d o m e n c i o n a r o j o v e m ( 5 1 - 5 2 ) a não ser que fosse o próprio Marcos.
Jesus e as mulheres David
Na Palestina d o primeiro século, as mulheres judias levavam uma vida muito restrita. Nas cidades, elas raramente saíam de casa, e usavam um pesado véu quando iam à sinagoga ou comprar e vender produtos. Na zona rural, elas trabalhavam fora de casa e buscavam água, mas nunca sozinhas. Nenhum homem falaria com uma mulher desconhecida. Era sinal de religiosidade não falar com mulher alguma. As meninas não iam à escola, e não participavam da parte didática dos ofícios nas sinagogas, que acontecia no androne ou "sala dos homens". As mulheres não podiam ensinar e nem mesmo orar antes das refeições em família. Antes de casar, ela pertencia ao pai; depois, ao marido; e, caso ficasse viúva, passaria a ser cuidada pelos filhos homens. As mulheres não podiam ser testemunhas num julgamento, e qualquer voto religioso que fizessem podia ser anulado por seus maridos.
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O marido podia tomar uma segunda esposa, ou ter uma concubina, ou dar-lhe carta de divórcio por qualquer motivo. A mulher só podia se divorciar, caso convencesse um júri de que estava sendo negligenciada. Neste caso, seu marido pagaria uma multa até que lhe desse o divórcio. Como resultado de tudo isso, o nascimento de uma menina geralmente era recebido com tristeza, e a oração diária continha a frase: "Bendito seja Deus porque não me fez mulher". Jesus n ã o se a t é m à s convenções A atitude de Jesus em relação às mulheres foi completamente diferente de tudo isso. Ele foi o único rabino que tinha mulheres entre seus discípulos. Embora todos os seus discípulos mais próximos fossem homens, várias mulheres aparecem no g r u p o mais amplo, sendo mencionadas nominalmente. Maria e Marta são descritas como amigas bem próximas, e ele ensinou na
casa delas. Algumas mulheres até viajavam com ele e lhe prestavam assistência com os seus bens (Lc 8.1-3). Jesus ensinou que os homens deviam se casar com uma única mulher, e que o casamento era para a vida toda. Ensinou que prostitutas arrependidas estavam mais próximas de Deus d o que muitos líderes religiosos (Mt 21.31), e permitiu que uma prostituta o ungisse e beijasse os seus pés em público (Lc 7.36-50). As mulheres foram as primeiras a ver o Cristo ressuscitado, e o testemunho delas é levado a sério nos Evangelhos.
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Os Evangelhos e Atos
A seqüência de acontecimentos
1 . Audiência com Anás, sogro do sumo sacerdote Caifás (Jo 18.12-14). 2 . Uma sessão noturna na casa de Caifás, com todo o Sinédrio (Mt 26.57-68; Mc 14.53-65; Lc 22.54-65; Jo 18.24). 3 . Ratificação da sentença do Sinédrio, de madrugada (Mt 27.1; Mc 15.1; Lc 22.66-71). 4. Jesus comparece diante de Pilatos (Mt 27.2,11-14; Mc 15.2-5; Lc 23.1-5; Jo 18.28-38). 5. Pilatos envia Jesus a Herodes, por ser Jesus um galileu (Lc 23.6-12).
6 . Jesus diante de Pilatos, outra vez. t acoitado, condenado e entregue aos soldados (Mt 27.15-26; Mc 15.6-15; Lc 23.13-25; Jo 18.29—19.26).
O processo judaico não foi nada regular. Foi realizado à noite. N ã o houve testemunhas de defesa. As testemunhas da acusação se contradiziam. E a pena de morte, que só deveria ser pronunciada no dia após o julgamento (o dia judaico ia de pôr-do-sol a pôr-do-sol), foi aplicada imediatamente. Mc
Mc 14.53—15.15: J u l g a m e n t o e negação Veja Lc 22.54-57. Quanto ao julgamento, o tribunal judaico que condenou Jesus foi o Sinédrio, o Conselho Superior de Jerusalém. Seus 71 conselheiros vinham de famílias influentes: líderes religiosos, escribas, fariseus c saduceus. O sumo sacerdote d o ano presidia. O Sinédrio tinha amplos poderes em questões civis e religiosas na Judéia, mas sob o
As palavras de Jesus na cruz Os Evangelhos registram sete "palavras" que Jesus pronunciou na cruz, das quais Marcos menciona apenas uma. 1 . "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34)—oração pelo povo judeu e pelos soldados romanos. 2 . "Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23.43) — palavras dirigidas ao ladrão arrependido, crucificado ao seu lado. 3. "Mulher, eis aí teu filho!" — "Eis aí tua mãe" (Jo 19.26-27)—entregando sua mãe aos cuidados de João. 4 . "Deus meu, Deus meu, por que
governo romano não tinha o poder de executar! a sentença de morte. Assim sendo, era necessário que Jesus fosse levado também ao governador romano e acusado dc algo que fosse digno da pena de morte segundo a lei romana. A blasfêmia era suficiente para os judeus. Para ter certeza de que Pilatos ratificaria a sentença, a melhor acusação era traição.
me desamparaste?" (Mt 27.46; Mc 15.34) — expressando, com palavras de SI 22.1, a agonia da separação do Pai, ao "tirar o pecado do mundo". 5 . "Tenho sede!" (Jo 19.28) 6 . "Está consumado!" (Jo 19.30) 7 . "Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!" (Lc 23.46)
O general Gordon, no final do sce.19, sugeriu que essa saliência rochosa que se parece com uma caveira, c que fica atém dos muros da Cidade Amiga, em Jerusalém, poderia ser o Gólgota ("Monte da Caveira") onde Jesus foi crucificado.
15.16-41: A cruz Jesus agora estava totalmente abandonado, isolado dos soldados, tendo por perto a multidão de curiosos que z o m b a v a m e o pequeno grupo dc mulheres que o amavam o suficiente para poderem suportar a dor daquele último olhar. Os autores dos Evangelhos não enfatizam a dor física e o horror daquelas horas que Jesus passou na cruz. Mas por que ele morreu? Os autores dos Evangelhos e de todo o NT consideram a morte de Jesus o clímax da sua missão, o cumprimento final d o propósito de Deus. Seu sofrimento foi "por nós e pela nossa
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Os Evangelhos e Atos
Soldados romanos no Novo Testamento Harold
Os soldados romanos tinham muitos outros deveres, além do serviço ativo em operações militares. Eles policiavam as ruas quando havia risco de tumulto e, assim, sempre havia um batalhão posicionado em Jerusalém. Este recebia um significativo reforço durante as festas judaicas, quando grandes multidões de pessoas entusiasmadas tomavam conta da cidade até não caber mais ninguém. Os soldados também vigiavam presos, escoltando aqueles que precisavam ser levados de um lugar a outro. Sempre havia soldados no cenário de execução de criminosos, para impedir um resgate de última hora e para realizar a própria execução. Os centuriões eram oficiais encarregados de um grupo de cem soldados. Geralmente um centurião era escolhido do meio da tropa, e a escolha levava em conta a coragem e a confiabilidade do candidato. Vários centuriões são mencionados nos Evangelhos e em Atos, dois pelo nome. Todos são apresentados de forma positiva, devido a seu respeito pelos judeus, sua imparcialidade, e o fato de alguns deles terem aceito Cristo e sua mensagem. • Jesus curou o servo d e um centurião de Cafarnaum (Mt 8.5-13; Lc 7.1-10). Os líderes judeus do local o consideravam amigo dos judeus — e com razão, pois ele construíra uma sinagoga para eles. • O centurião encarregado dos soldados que crucificaram Jesus ficou tão impressionado com o que viu e ouviu que concluiu que Jesus era inocente e divino (Mt 27.54; Mc 15.39,44-45; Lc 23.47). • Em At 10, lemos sobre Cornélio, o centurião temente a Deus que foi convertido através da pregação de Pedro.
Rowdon
•
Vários centuriões anônimos participaram da prisão e do encarceramento de Paulo (At 21.31-39; 22.25; 23.17,23; 24.23). • Júlio era o centurião encarregado de Paulo e de outros prisioneiros enviados a Roma (At 27.1). Ele tratou Paulo com bondade (27.3), embora tenha dado mais atenção ao capitão e ao dono do navio do que ao conselho de Paulo (27.9-11). Seis "centúrias" de soldados formavam uma coorte, que era comandada por um tribuno (At 21.31). Cláudio Lísias era o tribuno encarregado da força que mantinha a ordem no pátio externo do templo, quando os judeus se revoltaram e Paulo foi preso (At 21.26-40; 23.17-30). Coortes multas vezes recebiam nomes. A Coorte Italiana (At 10.1) provavelmente havia sido recrutada na Itália. A Coorte Augustana recebeu este nome em homenagem a Augusto, o primeiro Imperador de Roma. Dez coortes formavam uma legião, que era comandada por um legado. No papel, pelo menos, contava com 6.000 soldados.
Um soldado romano. Do Museu de Damasco.
Marcos
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Pilatos Harold
Não se tem muitas informações sobre a vida de Pôncio Pilatos, mas o que aparece em fontes extra-bíblicas é suficiente para confirmar a precisão do registro bíblico. Uma laje descoberta em 1961 num teatro de Cesaréia refere-se a Pilatos como "prefeito" da Judeia. O historiador romano Tácito o descreve como "procurador", mas este título provavelmente só passou a ser usado após 41 d.C. A Bíblia o descreve com exatidão como "governador". Filo e Josefo, dois autores judeus, relatam vários incidentes ocorridos durante seu c o n t u r b a d o governo q u e confirmam a descrição bíblica, s e g u n do a qual Pilatos revelava um misto de autoritarismo e fraqueza. Pilatos era um romano de classe média, com experiência militar e administrativa. Foi nomeado em 26 d.C, tendo amplos poderes, principalmente em questões militares e financeiras. Por exemplo, ele escolhia o sumo sacerdote e controlava as finanças do templo. Ao contrário da maioria dos outros governadores, Pilatos colocou em circulação moedas locais com símbolos pagãos, algumas das quais chegaram aos nossos dias. Filo descreveu Pilatos como um homem grosseiro, mau e cruel. Segundo o que Josefo relata em uma de suas obras históricas, Pilatos hostilizou os judeus quase que desde o momento em que foi nomeado. Permitiu que as tropas romanas levassem os estandartes de seu regimento para dentro de Jerusalém. Estes continham representações do Imperador, e os judeus ficaram furiosos, porque achavam que a cidade santa fora profanada por esses símbolos idólatras. Pilatos cedeu
Rowdon
e ordenou que os estandartes fossem removidos. Em outra ocasião, segundo Filo, os judeus se opuseram violentamente a alguns escudos dourados que Pilatos dedicou na sua residência em Jeru-
Moeda emitida por Pôncio Pilatos.
salém. Desta vez, Pilatos a princípio se recusou a retirá-los, mas a ameaça de um apelo ao Imperador Tibério o induziu a ordenar a sua remoção para a sede governamental em Cesaréia. Josefo registrou um incidente que resultou do plano de Pilatos de usar dinheiro do tesouro do templo para financiar a construção de um aqueduto para trazer água de uma fonte a 40 km de distância para dentro de Jerusalém. Protestos em massa foram reprimidos com violência e muitos judeus morreram. Este pode ser o incidente mencionado em Lc 13.1. (Veja também "Os judeus sob o governo romano: a província da Judeia".) Os quatro Evangelhos registram q u e Jesus foi j u l g a d o por Pilatos (Mt 27.1-26; Mc 15.1-15; Lc 23.1-25;
J o 18.28—19.16). Marcos registrou a história e m traços gerais. Lucas acrescentou o envio de Jesus a Herodes (23.6-12) e a tripla afirmação de Pilatos de que Jesus era inocente (23.4,14,22). Mateus relatou o sonho e a mensagem da mulher de Pilatos 27.19), sua tentativa de isentar-se de qualquer responsabilidade pela morte d e Jesus (27.24-26), e sua ordem de colocar guardas no sepulcro (27.62-66). João, que estava presente no julgamento, acrescenta ainda mais detalhes. O último erro de Pilatos foi prender alguns samaritanos que se h a v i a m reunido no monte Gerizim por causa de um rumor d e q u e o b j e t o s sagrados do tabernáculo estavam escondidos ali. Alguns dos líderes foram executados. Em resposta a um protesto dos samaritanos, Vitélio, governador da Síria e superior de Pilatos, ordenou q u e o atrapalhado prefeito prestasse contas de seus atos ao Imperador. Mas o Imperador Tibério morreu antes que Pilatos chegasse a Roma, e não sabemos o resultado do incidente. Eusébio, o historiador cristão do séc. 4, registrou um relato de que Pilatos cometera suicídio. Há várias tradições incertas com relação ao corpo de Pilatos. Vários documentos intitulados Atos de Pilatos, bem como supostos registros do governo de Pilatos, surgiram durante os primeiros séculos do cristianismo. São falsos e pretendiam desacreditar o cristianismo. A igreja etíope considera Pôncio Pilatos um de seus santos!
594 O corpo do Jesus foi enrolado em lençóis de linho c colocado num túmulo aberto na rocha. A feio à direita é do Jardim do Sepulcro, em Jerusalém.
A Igreja do Santo Sepulcro marca o local tradicional da crucificação c do sepultamento de Jesus. Dentro da igreja, um amigo santuário cobre o túmulo aberto na rocha.
Os Evangelhos e Atos salvação". Com a sua morte ele pagou toda a dívida dos pecados d o mundo, de uma v e z por todas. Nas palavras d o próprio Jesus, registradas nos relatos da última ceia, seu corpo foi dado e seu sangue foi derramado para fazer uma nova aliança entre Deus e a humanidade. Com a sua morte ele nos reconciliou c o m Deus, possibilitando o d o m gratuito da vida eterna. • V. 2 1 Em Cirene, no norte da África, havia uma expressiva colônia judaica. Alexandre e Rufo evidentemente se tornaram cristãos. Este deve ser o m e s m o Rufo mencionado e m Rm 16.13. • F i l h o d e D e u s ( 3 9 ) N o g r e g o , se usava essa expressão para descrever uma pessoa heróica: "um grande homem". • S a l o m é ( 4 0 ) Mulher de Zebedeu; m ã e de T i a g o e João ( M t 2 7 . 5 6 ) .
M c 15.42-47: O s e p u l t a m e n t o A morte de um crucificado era um processo lento que muitas vezes durava dois dias ou mais. Mas às "três da tarde" ( 3 3 ) Jesus já estava m o r t o . José, m e m b r o d o Sinédrio e discípulo de Jesus ( M t 2 7 . 5 7 ) , evitou o que seria a desonra final: um sepultamento na vala comum. • D i a d e p r e p a r a ç ã o ( 4 2 ) O dia antes do sábado, que começava às 6 da tarde. M c 16: A r e s s u r r e i ç ã o Veja as nota em Lc 2 4 . Para uma razão desconhecida — provavelmente porque as mais antigas cópias d o Evangelho foram danificadas — os melhores manuscritos de Marcos que possuímos terminam abruptamente em 16.8. Os vs. 9-20 representam tentativas antigas de dar ao Evangelho um final mais aceitável.
Resumo Lucas conta sua história de Jesus para leitores não judeus.
LUCAS Dos quatro Evangelhos, Lucas é aquele que nos dá o relato mais completo da vida de Jesus. Também é o único que tem uma continuação. 0 Evangelho é a primeira metade de uma história do início d o cristianismo que é feita de duas partes, a saber, os livros de Lucas e Atos. As duas partes são dedicadas ao mesmo homem, o romano Teófilo, e ambas foram escritas pela mesma razão: mostrar que Deus estava realizando o seu propósito na vida e obra de Jesus e de seus seguidores. 0 Evangelho foi cuidadosamente redigido a partir de fontes confiáveis de primeira mão. Lucas não foi apenas um biógrafo. Sua preocupação maior era descobrir a verdade sobre o que aconteceu na Palestina nos anos críticos da vida de Jesus. Seu Evangelho mostra Jesus como Salvador de todos. A vinda dele é descrita como um evento de interesse mundial. Em Lucas temos a descrição mais clara de Jesus, o ser humano. E a seleção de histórias que Lucas fez reflete seu próprio interesse pelas pessoas, especialmente os doentes e indefesos, os pobres, as mulheres, as crianças e os excluídos. Acredita-se que enquanto o tema de Mateus é a realeza e o de Marcos, o poder, o tema de Lucas é o amor. O Evangelho também é repleto de alegria, pois o amor de Deus transforma vidas humanas. 0 autor
0 Evangelho não menciona o nome do autor, mas todas as evidências apontam para Lucas, o médico amado, amigo e companheiro de Paulo nas suas viagens missionárias (Cl 4.4; veja introdução de Atos). A forma precisa com que as doenças são descritas no Evangelho estão de acordo com isso. Ao contrário de Mateus, Marcos eJoâo, Lucas muito provavelmente não era um judeu. Ele poderia ter vindo de Antioquia, na I Síria, ou de Filipos, na Grécia. Com base no próprio Evangelho, fica claro que o autor era um homem culto, que dominava a língua e o vocabulário grego e que pensava de forma "organizada": ele gosta de selecionar, ordenar e redigir o seu material. Ele era um artista que sabia usar bem as palavras, combinando uma maneira jornalística mais formal de relatar os fatos com uma abordagem sensível e empática no que
diz respeito a histórias de cunho mais pessoal. E embora escrevesse para não judeus, ele revela domínio do que se passava tanto no contexto grego quanto no contexto judaico. Lucas e s c r e v e u com base histórica, dando nomes de reis, imperadores e oficiais, e a arqueologia tem demonstrado que em geral ele foi um historiador preciso, embora alguns pontos (o censo em 2.2, por exemplo) ainda sejam discutidos.
Fontes
Passagens principais e histórias mais conhecidas As histórias do nascimento de João e de Jesus (caps. 1—2) O Magnificai ou Cântico de Maria (1.46-56) O Nane Dimittis ou Cântico de Simeão (2.29-32) O menino Jesus no Templo (2.41-50) A tentação de Jesus (4.1-13) Jesus prega em Nazaré (4.76-22) O bom samaritano (70.25-37) Marta e Maria (10.38-42) A ovelha perdida (75.4-6J Ofilho"pródigo"(;5.77-32) Zaqueu (19.1-10) A última semana de Jesus (22-24) No caminho para Emaús (24.13-35) A ascensão de Jesus (24.50-53)
Lucas t r a b a l h o u com Marcos e o conhecia bem (Cl 4.10,14; Fm 24), e o Evangelho de Marcos foi claramente uma das suas fontes principais. Ele usou 65 por cento do mesmo material, reproduzindo parte dele quase ao pé da letra. Além disso, baseou-se em relatos de testemunhas oculares, pessoas que viram o que de fato aconteceu. Ele também usa material encontrado em Mateus, mas não em Marcos. Muitos acreditam que isso indica um registro escrito, agora perdido, mas usado por ambos. Este é conhecido como o documento "Q" (do alemão Quelle, "fonte").
Data de autoria Não há evidência conclusiva que indique quando Lucas foi escrito e várias datas já foram sugeridas. Deve ter sido escrito (pelo menos sua primeira edição) antes de Atos, já que este é a continuação, e Atos não menciona qualquer evento posterior a 62 d.C. Assim, há bons argumentos para uma data no inicio da década de 60. Outros, porém, argumentam com v e e mência a favor de uma data entre 75 e 85 d.C, baseando-se, para tanto, na suposta datação do Evangelho de Marcos (provavelmente final
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Os Evangelhos e Atos
O nascimento de uma virgem John
Tanto Mateus (1.18-25) quanto Lucas (1.30-35) afirmam que Jesus Cristo foi concebido por ação do Espirito Santo de Deus, sem a intervenção de um pai humano, e, assim, nasceu de uma virgem, Maria. Em razão disso, afirmamos que Jesus nasceu de uma virgem, ou, para ser mais exato, foi concebido no ventre de uma virgem. Em Mateus e também em Lucas a ênfase está no poder e na atividade do Espírito Santo com vistas ao nascimento de Jesus. É isto, e não a inexistência de um pai humano, e tampouco a cooperação da virgem mãe, que é ressaltado por eles. De sua mãe, Jesus nasceu como homem, mas pelo ato criador do Espírito esta sua humanidade é uma nova humanidade, o ponto de partida de uma nova raça. Alguém poderia dizer que isso
Simpson
teria sido possível sem o nascimento de uma virgem, mas a evidência bíblica indica que esse milagre foi o meio que Deus encontrou para trazer o seu Filho ao mundo. Não nos é dada nenhuma explicação sobre a fisiologia da encarnação; apenas se afirma que foi por ação do Espírito que Maria engravidou. Na verdade, isso é tudo que pode ser dito, pois o que nos interessa, neste caso, é a entrada d o Deus infinito em sua criação, e isto é algo que não pode ser descrito, da mesma forma como o próprio ato da criação não p o d e ser descrito. Por outro lado, não se pode rejeitar o nascimento de uma virgem simplesmente porque é um milagre. O milagre supremo é a encarnação c o m o tal, e, se podemos aceitar este milagre, não
da década de 60) e em aparentes referências à destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C. (Lc 21.20). É possível que tenha havido uma revisão de Lucas, depois que Atos havia sido escrito, e talvez com acesso mais completo ao material de Marcos. Mas não há evidência conclusiva sobre a data.
Lc 1 . 1 - 4 Prefácio:
Lucas se
deveria haver maiores dificuldades para aceitar o meio pelo qual Deus decidiu efetuá-la. O nascimento de virgem é raramente mencionado em outras passagens do NT. Isso é uma advertência para que não a enfatizemos em demasia. 0fato é afirmado, mas as Escrituras não fazem a divindade de Cristo, nem a sua encarnação, nem a sua santidade depender da forma como ele nasceu. Foi somente após o nascimento de Jesus que a profecia de Is 7.14, de que uma "virgem" conceberia e teria um filho chamado "Emanuel" ("Deus conosco"), passou a ser vista como tendo um sentido mais profundo (veja Mt 1.22-23). Segundo Mc 6.3, o povo de Nazaré chamou Jesus de "filho de Maria", o que possivelmente era um insulto
tina, c o m t e m p o e condições de verificar o que havia o c o r r i d o . De qualquer forma, ele decidiu escrever "uma exposição e m ordem" para T e ó f i l o , que, p r o v a v e l m e n t e , era um alto oficial r o m a n o c o patrono d e Lucas e que cobriria os custos da publicação. Teófilo (cujo n o m e significa " a m i g o de Deus", em g r e g o ) estava interessado n o cristianismo, e Lucas queria que ele tivesse conhecimento da verdade.
explica
A medida que crescia o número de seguidores de Jesus e grupos cristãos foram surg i n d o e m muitos lugares após a m o r t e de Jesus, l o g o ficou c l a r o q u e as histórias e o e n s i n a m e n t o d e Jesus q u e c i r c u l a v a m e m relatos orais d e v i a m ser c o l o c a d o s por escrito. Marcos foi um dos "muitos" que, segund o Lucas, já haviam escrito sobre os "fatos que entre nós se realizaram" ( 1 ) . O Evangelho de Marcos j á existia quando Lucas c o m e çou a "acurada investigação de tudo desde sua origem". Isso pode ter ocorrido no períod o c m que Paulo estava preso e m Cesaréia: naquela época, Lucas encontrava-se na Pales-
Lc 1 . 5 — 2 . 5 2 João e Jesus: a história de dois nascimentos N e m Marcos nem João r e v e l a m interesse pela história d o nascimento d e Jesus, e Mateus dá destaque a Jesus c o m o o Messias da l i n h a g e m real de Davi. Apenas Lucas conta o nascimento d e João Batista, e seu r e l a t o m a i s c o m p l e t o d o n a s c i m e n t o de Jesus nos f o r n e c e a m a i o r i a d o s detalhes que conhecemos. Para aquelas informações p r i v i l e g i a d a s q u e só e l e t e m , Lucas certam e n t e d e v e ter e n t r e v i s t a d o Maria, a mãe de Jesus. A l i n g u a g e m e as idéias desses
Lucas baseado no rumor de que José não era o pai dele. Em Jo 8.41 aparece uma calúnia semelhante. Alguns estudiosos acreditam que há referências adicionais ao nascimento de uma virgem em Gl 4.4, onde Paulo diz que Deus "enviou seu Filho, nascido de mulher", e também em 1Co 15.45-47, onde Paulo apresenta Cristo como o "último Adão", o primeiro de uma nova raça. Veja também "Deus conosco".
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O comentário de um geneticista "A genética sempre pareceu uma barreira para a crença de que Jesus Cristo nasceu de uma virgem. Mesmo se um dos óvulos de Maria tivesse se desenvolvido sem fertilização (um processo chamado de partenogênese e que acontece regularmente em alguns afídeos e abelhas), a criança teria sido do sexo feminino, a exemplo de sua mãe. De alguma forma Jesus deve ter recebido um cromossomo Y, pois do contrário não teria sido do sexo masculino. Mo entanto, agora sabemos que há mecanismos genéticos pelos quais isso poderia ocorrer em teoria. Não se trata de uma forma de minimizara importância do nascimento de uma virgem, nem de torná-lo menos milagroso, mas nos ajudam a entender métodos que Deus poderia ter usado. Temos de reconhecer que, para Cristo ser totalmente divino, ele precisava de alguma forma ser diferente. Para trazer seu Filho ao mundo, Deus poderia, por assim dizer, ter estalado os dedos e criado um bebê completo. Mas Cristo era totalmente humano e ao
mesmo tempo totalmente Deus. Assim, nos é dito que ele teve uma mãe normal, mas um pai divino. Não tenho problema nenhum com o fato de Jesus ter nascido de uma virgem. Para mim, esta é uma necessidade teológica".
RJ. Bary
capítulos refletem as fontes judaicas de que ele se valeu.
Zacarias foi escolhido para enirar no Templo e queimar o incenso. Ali, recebeu a mensagem do anjo de que ele leria um filho (João Batista) cuja missão especial seria anunciar o reino dc Deus.
Lc 1 . 5 - 2 5 : O s a c e r d o t e e o a n j o Uma nova era estava raiando, anunciada por acontecimentos maravilhosos. Lucas mostra que Deus estava intimamente e n v o l v i d o nos acontecimentos que l e v a r a m ao nascimento de Cristo. No AT, um l o n g o p e r í o d o de esterilidade freqüentemente terminava c o m o nascimento de alguém que tinha um papel importante a desempenhar nos planos e propósitos de Deus. Isto se verifica nos casos de Isaque, Jacó, Samuel, Sansão. O m e s m o aconteceu com Zacarias e Isabel. A m b o s e r a m pessoas boas ( p i e d o s a s ) , de famílias sacerdotais, que sofriam há muito t e m p o c o m a dor e o estigma de não terem filhos, apesar das suas orações.
que o profundo desejo íntimo desse casal seria respondido. Deus lhes daria um filho, e assim cumpriria os seus propósitos mais a m p l o s para a nação, e para o mundo. João estava destinado a ser a ponte entre o "antigo" e o "novo". Ele seria o novo Elias, proclamando o Messias desde muito p r o m e t i d o e esperado. Mas isso ia muito além de tudo que Zacarias podia imaginar, e, e m conseqüência, ele ficou mudo.
Zacarias estava e m Jerusalém para seu período anual d e duas semanas de serviço como sacerdote. N a q u e l e ano, recebeu a maior de todas as honras: foi escolhido para oferecer o incenso, s o z i n h o no T e m p l o . E naquele m o m e n t o o anjo de Deus anunciou
• V. 15 Compare a dedicação de Sansão a Deus (Jz 13.4-5) e as regras relativas aos nazireus ( N m 6 ) . • G a b r i e l ( 1 9 ) "O poderoso de Deus" que explicou a visão e a profecia de Daniel (Dn 8.16; 9 . 2 1 ) .
"A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegrou em Deus, meu Salvador" O início do cântico de Maria, em Lc 1.46-47 (ARA)
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Os Evangelhos e Atos
Belém, que fica no alio do um monte da região ao sul de Jerusalém, ainda Iwje é cercada por campos onde pastores tomam conta dos seus rebanhos.
Essas manjedouras de pedra colocadas junio à parede lembram o nascimento de Jesus e a manjedoura que serviu de berço para Ho.
Lc 1.26-38: O a n ú n c i o d o nascimento de Jesus Seis meses após o encontro de Zacarias com o anjo, o anjo Gabriel foi enviado para anunciar o nascimento d o "Filho d o Deus Altíssimo". Q u e m recebeu a mensagem foi a j o v e m escolhida para ser a mãe dele. Maria reagiu de forma bem diferente de Zacarias. A maneira tranqüila com que ela aceitou uma situação que causaria escândalo c que, possivelmente, podia levar à anulação d o seu contrato de casamento, revela o tipo dc mulher que Deus escolheu. Veja também "Maria, a mãe de Jesus" e "O nascimento de uma virgem". Lc 1.39-56: M a r i a visita I s a b e l A o ouvir que Isabel também estava grávida, Maria partiu numa viagem de quatro ou
cinco dias, saindo de Nazaré c indo ao sul, até "uma cidade que ficava na região montanhosa da Judeia". O encontro entre essas duas parentas foi de alegria e significado especiais. Seus pensamentos e sentimentos estão cristalizados na bênção de Isabel e no cântico de louvor de Maria. É possível que ela tenha elaborado mentalmente o texto de seu cântico durante a viagem. Ele está repleto de ecos d o AT, palavras que Maria devia conhecer e amar desde a infância, especialmente o cântico de Ana, a mãe de Samuel (veja I S m 2.1-10). O que aconteceu quando Maria voltou para casa está registrado e m M t 1.18-25. L c 1.57-80: " O n o m e d e l e v a i s e r João" O fato de o filho não receber o nome de alguém da família, aliado ao fato dc Zacarias
Lucas
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se d e l e quando chegou à idade adulta para tornar pública a mensagem especial que havia recebido de Deus. Lc 2.1-20: O n a s c i m e n t o d e Jesus Belém, que fica 9 km ao sul de Jerusalém e 110 km ao sul de Nazaré, tinha uma longa história. Ali haviam morado Boaz e Rute e aquela era a cidade natal d o rei Davi. Mas para Jesus não havia um lugar especial na cidade. Seu berço foi uma manjedoura que era usada para dar comida aos animais e que ficava no estábulo de algum proprietário que teve pena do casal desabrigado naquele m o m e n t o de flagrante necessidade. Assim nasceu " o Messias, o Senhor", o Salvador enviado por Deus. E a mensagem, "glória a Deus... e paz na terra", foi levada por coros de anjos a simples pastores que cuidav a m de seus rebanhos nas colinas de Belém. • V. 2 Veja "O recenseamento". • M a n j e d o u r a ( 7 ) Nas casas dos pobres, os animais eram, muitas vezes, "abrigados" numa parte inferior da área e m que ficavam as pessoas.
repentinamente ter recuperado a fala, ao ficar cheio do Espírito Santo, levando-o a expressar os seus pensamentos reprimidos num cântico profético ( o "Benedictus"), causaram um profundo impacto nas pessoas da região. Todos esperavam grandes coisas de João. • N o d e s e r t o ( 8 0 ) Tanto João quanto Jesus foram "forjados" para os seus ministérios no deserto. Desde muito havia uma associação entre deserto e inspiração profética. Na época de João, a comunidade essênia (cujos textos, conhecidos c o m o "Pergaminhos d o Mar Morto", foram descobertos a partir de 1947) estava sediada no deserto da Judéia, nas proximidades da extremidade norte d o mar Morto. Alguns sugerem que João foi criado por esse grupo de essênios ou por algum outro grupo que vivia no deserto, afastando-
Lc 2.21-40: Jesus é r e c o n h e c i d o no Templo: Simeão e Ana Para entender o contexto judaico do costume descrito aqui, veja Lv 12. Quarenta dias após o nascimento de Jesus, os pais o apresentaram ao sacerdote no Templo. Eles não tinham dinheiro suficiente para sacrificar um cordeiro; assim, ofereceram duas rolinhas ou dois pombinhos. Tudo transcorria de forma normal — até Simeão ver o bebê. Este judeu piedoso não só reconheceu no menino o Messias que, segundo promessa de Deus, ele viria antes de morrer, mas também viu nele o cumprimento d o propósito salvador de Deus para todo o mundo. Ana, a exemplo de Simeão, viu cumprir-se a esperança de toda uma vida nesse breve encontro. O tema principal d o capítulo é a alegria diante d o nascimento desse bebê. As palavras que Simeão falou para Maria ( 3 5 ) contrastam e m muito com esse tom geral. • V 3 9 M t 2 complementa o que ocorreu antes de a família se instalar c m Nazaré. Lc 2.41-52: Jesus i m p r e s s i o n a os mestres do Templo Esta história é tudo que sabemos sobre a infância de Jesus. Ela d e v e ter sido aquela história que ocupava um lugar todo especial na memória de Maria, possivelmente c o m o o
A o K:V;,:r:K
o pequeno Jesus ao Templo, onde seria dedicado a Deus por ser primogênito. Maria e José ofereceram um sacrifício de duas rolinhas ou dois pombinhos.
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Os Evangelhos e Atos
O recenseamento Colin
Lc 2.1-5 afirma que o Imperador romano César Augusto ordenou um recenseamento por volta da época do nascimento de Jesus, e que José, juntamente com Maria, foi de Nazaré até Belém, a sua cidade natal, para se registrar. Esse recenseamento é um dos problemas mais difíceis de resolver no NT e muito já foi escrito sobre ele. Há três grandes recenseamentos bem documentados que foram ordenados por Augusto: em 28 a.C, em 8 a.C, e em 14 d.C. Mas esses aparentemente eram apenas para cidadãos romanos, e José não era M um cidadão romano. Além disso, para o tempo d e Augusto, há vários registros de recenseamentos nas províncias para os que não eram cidadãos romanos, com a finalidade de taxação. Por exemplo, segundo Josefo, em 6 d.C, dez anos após a morte d e Herodes, o Grande, houve um recenseamento na Judéia realizado por Quirino, governador da Síria. Também Lucas se refere a esse recenseamento, em At 5.37, Porém, não há registro d e um recenseamento para fins d e taxação na Judéia na época do nascimento de Cristo, o que cria um problema para a interpretação de Lc 2.1-5. Mas se esse recenseamento não era para fins de cobrança de impostos, e sim para sujeição e lealdade a César Augusto, o problema está resolvido. Algumas traduções de Lc 2.1-5 indicam que esse recenseamento era para fins de taxação, mas o texto grego d e Lucas não traz esta informação. O historiador Orósio, do século 5, afirma: "Augusto ordenou que fosse feito um recenseamento em todas as províncias e que todos os homens fossem registrados. Assim, naquela época, Cristo nasceu e foi incluído
Humphreys
na lista do recenseamento romano". O historiador judaico Josefo parece se referir ao mesmo acontecimento: "Quando todo o povo dos judeus provou sua boa vontade em relação a César e ao governo do rei, esses mesmos homens [os fariseus] não juraram, sendo cerca de seis mil". O contexto destas palavras em J o s e f o permite concluir que esse recenseamento de lealdade a César Augusto ocorreu cerca d e um ano
Inscrição com o nome do "divino" Augusio César, o imperador romano que decretou o censo que levou Maria e José a Belém.
antes da morte d e Herodes, o Grande, e isto condiz perfeitamente com o recenseamento mencionado em Lc 2.1-5. Há, ainda, outro problema com esse recenseamento. Lc 2.2 geralmente é traduzido por "este primeiro recenseamento foi feito quando Quirino era governador da Síria". Acontece, porém, que Quirino só se tornou governador da Síria em 6 d.C. No entanto, a estrutura do texto grego, em Lc 2.2, é incomum e uma tradução alternativa é: "Este recenseamento foi feito antes daquele realizado quando Quirino era governador da Síria".
Uma moeda do Imperador Augusto.
Como dissemos, este recenseamento posterior ocorreu em 6 d.C, e Lucas estava bem ciente disso (At 5.37). Assim, o recenseamento anterior, mencionado em Lc 2.1-5, nos dá uma pista sobre a data do nascimento de Jesus. O recenseamento de sujeição e lealdade que ocorreu cerca de um ano antes da morte de Herodes condiz com o nascimento de Cristo em 5 a.C.
Lucas dote de 6 a 15 d . C ; Caifás, seu genro, de 18 a 36 d.C. Anás continuou sendo tão influente que os nomes dos dois aparecem lado a lado. • V s . 19-20 Veja notas e m M c 6.14-29.
primeiro indício d o que viria a acontecer e m dias futuros. Aos 12 anos, o menino judeu se preparava para ganhar a condição de adulto na comunidade religiosa ( o bar mitzvah de nossos dias). Jbrtanto, essa visita a Jerusalém era especial para Jesus. Visitantes afluíam à cidade para a Páscoa, viajando em grandes grupos por medida de segurança. (Veja "As grandes festas religiosas"; também "A Páscoa e a última ceia".) Os pais de Jesus só tiveram motivo para suspeitar do desaparecimento dele no final do dia. No outro dia voltaram a Jerusalém e no dia seguinte o encontraram no Templo. Para Jesus, vindo da distante Nazaré, numa rara visita a Jerusalém, aquela era uma oportunidade para debater com os melhores mestres que não podia ser desperdiçada. Ele se esqueceu completamente de seus pais. "Meu Pai" tinha prioridade. Este foi o primeiro indício de que Jesus sabia de seu relacionamento especial com Deus. Nada sabemos do que se passou nos 18 anos seguintes. • V. 49 Os judeus normalmente diriam "nosso Pai" ou "o Pai celeste".
Lc 3 . 1 — 4 . 1 3 João Batista
e Jesus
Lc 3 . 1 - 2 0 : A m e n s a g e m d e J o ã o Veja também Mt 3; Mc 1.2-8. Os detalhes históricos de Lucas tornam possível datar o ministério d e João ( e o início d o ministério de Jesus, alguns meses depois) de aproximadamente 27 a 29 d.C. Os vs. 10-14, que explicam o significado de "frutos dignos de arrependimento" ( 8 ) , aparecem apenas em Lucas. O arrependimento genuíno se mostrará na vida diária — em bondade, generosidade, honestidade. Aos soldados foi dito: "Não pratiquem extorsão; não acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário". > A n á s e C a i f á s ( 2 ) Anás foi o sumo sacer-
Lc 3.21-22: O b a t i s m o d e Jesus Veja M t 3. Apenas Lucas informa que Jesus estava orando quando o Espírito Santo desceu na forma de uma pomba e foi ouvida a v o z de Deus. • O c é u s e a b r i u ( 2 1 ) Ou seja, aquilo que se seguiu foi uma revelação de Deus. • V. 2 2 A pomba se tornou o símbolo d o Espírito Santo para os cristãos. Para os judeus, ela representava Israel. Lc 3.23-38: A g e n e a l o g i a d e Jesus Veja notas e m Mt 1.1-17. Lucas faz da genealogia o prefácio d o ministério de Jesus. Jesus havia atingido a idade com a qual um sacerdote de linhagem sacerdotal comprovada podia assumir as suas funções. Diferentemente de Mateus, Lucas faz com que genealogia termine em Adão, "filho de Deus". As duas listas são quase idênticas de Abraão a Davi, mas depois disto divergem. Como "filho de Adão", Jesus é verdadeiro homem; como "filho de Davi", ele é o Messias. Seu status singular de "Filho de Deus" já ficou claro nos primeiros capítulos de Lucas (1.32,35). Lc 4.1-13: A tentação Veja notas e m M t 4; M c 1.9-13. Mateus e Lucas começam com a mesma tentação, mas diferem na ordem das outras duas. Lucas não se preocupa com o lugar de onde os "reinos do mundo" foram vistos; a glória e a autoridade oferecidas eram mais importantes. O grande alvo do ataque de Satanás foi o relacionamento de Jesus com seu Pai: "Se és o Filho de Deus..." Essas tentativas de minar sua confiança e criar dúvidas não são muito diferentes da abordagem da serpente em Gn 3: "E assim que Deus disse...?" Mas dessa vez o agente d o mal não teve êxito. Jesus teve a última palavra, e foi deixado e m paz — por algum tempo ( 1 3 ) .
Lc 4 . 1 4 — 9 . 5 0 Jesus em ação na
Galileia
Lc 4.14-30: " N ã o é este o filho d e José?" Lucas decidiu começar com o "sermão" principal de Jesus na sinagoga de Nazaré, onde ele morava, embora este não tenha sido o primeiro
601 Um rabino apareço com uni gnipo de crianças judias junto ao Muro das Lamentações, remanescente do Templo que o rei Herodes construiu, e ao qual Jesus foi quando menino, para aprender com os mestres.
" O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; envioume para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável do Senhor".
(Jesus se vale das palavras de Isaías para anunciar na sinagoga da cidade em que morava que "Hoje, sc cumpriu a Escritura". Lc 4.18-19,21
602
Os Evangelhos e Atos episódio do seu minislci io. A admiração peio ensinamento de Jesus logo se transformou em hostilidade. E quando ele deu a entender que, por causa da incredulidade deles, o evangelho seria oferecido a não judeus, o povo se preparou para linchálo. Veja também Mt 13.53-58; Mc 6.1-6. • A s i n a g o g a ( 1 6 - 1 7 ) Qualquer homem judeu podia ser convidado a participar das orações, das leituras e d o sermão d o culto. O líder se levantava para orar e fazer as leituras, e se sentava para ensinar ( 2 0 ) . > V s . 26-27 Veja l R s 17.8-16; 2Rs 5.1-14.
Lc 4.31-44: U m s á b a d o em Cafarnaum Veja M c 1.21-45. A partir deste ponto, Lucas seguiu a narrativa de Marcos. No entanto, ao colocar lado a lado as duas histórias do que aconteceu na sinagoga e naquele sábado, ele ressaltou a diferença entre as reações das pessoas diante de Jesus. Também acrescentou detalhes bem peculiares. A "febre alta", mencionada no v. 38, é um termo médico, e ele nos diz que Jesus pôs as suas mãos sobre os que ele curou ( 4 0 ) .
Maria, a mãe de Jesus Frances Fuller
í provável que Maria, uma jovem camponesa que morava num pais ocupado por forças estrangeiras, não passasse de uma adolescente quando se tornou mãe de Jesus. Mas o que ela diz mostra que era uma moça inteligente, conhecedora dos caminhos de Deus e da história do seu povo. Ela se mostrou um modelo de sabedoria e equilíbrio. Conhecemos a história dela. Ao ficar perturbada, pôs-se a refletir. Ao ouvir algo que era impossível, fez uma pergunta de ordem prática. Quando lhe foi proposto um milagre de Deus, ela acreditou. Confrontada com a humilhação de uma gravidez ilícita, reconheceu que Deus é santo e que ela era serva, e aceitou a vontade do Senhor. Apesar de tudo que os seus vizinhos poderiam pensar, ela viu de imediato o quanto havia sido honrada. Sem ter a opção de dizer não, decidiu cumprir a tarefa com alegria. Maravilhada, ela correu para compartilhar a notícia com outra mulher, que entenderia a situação dela. A o ser elogiada, louvou a Deus, considerando-se apenas parte de uma história na qual Deus faz grandes coisas. Para Maria, ser escolhida por Deus para uma missão honrosa significou angústia e dor de cabeça. José, a quem a Bíblia chama de homem justo, resolveu dar-lhe carta de divórcio. Foi pre-
ciso outra visita d o anjo para impedir que isto se concretizasse. Depois, ela teve de viajar na hora mais imprópria e o bebê nasceu num lugar estranho, sujo e sem conforto. Visitantes inesperados chegavam a toda hora, falando sobre sinais maravilhosos. Quando ela e José levaram o bebé ao templo para apresentá-lo a Deus, um homem devoto que tomou a criança e m seus braços e disse que havia esperado a vida inteira por aquele momento disse a Maria que uma espada atravessaria a alma dela. Depois, o b e b ê foi ameaçado de morte e, ao invés de voltar para casa, a jovem família teve de fugir pelo deserto até o Egito, onde ficou até a morte de Herodes. Muitos outros b e b ê s foram mortos pelos soldados que procuravam Jesus, e Maria ficou sabendo disso. O menino era extraordinário — inteligente, curioso, e com uma clara consciência de sua identidade. É possível que, por vezes, Maria não soubesse ao certo o que fazer com ele, mas sabia que ele era ainda uma criança e manteve a sua autoridade sobre ele, ensinando-lhe a obediência. Seguindo o e x e m p l o de outras mães, certamente ela lhe contou fatos a respeito de seu nascimento e de sua infância. Ao vê-lo crescer, ela conti-
nuou refletindo, procurando entender tudo aquilo. Quando ele já era adulto, ela deixou que ele vivesse a sua própria vida, aparecendo raramente na história dele, apenas o suficiente para sabermos que ela acreditava no destino d o filho e se preocupava com o seu bem-estar. Ela criou um filho que era em muito semelhante a ela. Ele se mostrou resoluto na obediência a Deus. Podia aceitar tanto a humilhação quanto a honra. Assim como Maria passara vergonha pela alegria de ser a sua mãe, ele suportou a cruz pela alegria que lhe estava proposta. A espada profetizada atravessou o coração de Maria, mas ela ficou ao lado dele, testemunhando a injustiça e agonia da morte dele e ouvindo-o pedirão discípulo amado que cuidasse dela. C o m o dedicada filha de Deus, como mulher exemplar, como mãe, Maria é insuperável. A história de Maria é contada em Mt 1.16-25; Lc 127-56; Lc 2; Jo 2.1-5; 19.25-27; Mc3.21. PASSAGENS PRINCIPAIS A mensagem do anjo — Lc 1.28-38 O cântico de Maria — Lc 1.46-56
Lucas
603
Perspectivas femininas nos Evangelhos Richard
No contexto social do período do NT, eram em grande parte os homens que tinham autoridade oficial noãmbitodavida pública. As mulheres, por sua vez, muitas vezes tinham efetivo poder e influência, ao lado dos homens, na esfera doméstica da casa. Esta influência era até significativa, mas a literatura da época, a exemplo da de outros períodos, por ter sido escrita do ponto de vista masculino, facilmente dá uma impressão equivocada, enfatizando os aspectos da vida em que a liderança era dos homens. Uma característica surpreendente dos Evangelhos é o quanto eles nos apresentam contextos vivenciais em que se destaca a atuação das mulheres. Isto reflete o importante papel das mulheres na vida e no ministério de Jesus e na igreja apostólica, que nos transmitiu essas histórias dos Evangelhos. Isabel e M a r i a , e m Lucas Os dois primeiros capítulos d o Evangelho de Lucas são notáveis pela maneira em que a história é contada do ponto de vista de Isabel e Maria, duas mulheres. Esta é uma das diferenças entre Lucas e Mateus. Este conta a história do nascimento e da infância de Jesus do ponto de vista dos personagens masculinos, o que é muito apropriado para uma narrativa que retrata o âmbito público, ondea predominânciaéda autoridade masculina. Lucas, por sua vez, situa a maior parte da sua história na esfera doméstica da casa, onde as mulheres podiam ter influência decisiva sobre os acontecimentos. Maria é o principal agente humano nesses capítulos de Lucas. Ao aceitar a missão de ser a mãe de Jesus, que lhe foi entregue por Deus, ele se insere na história da salvação do povo de Deus, com reflexos decisivos sobre a
Bauckham
história da humanidade (1.46-56). Se a história tivesse sido contada do ponto de vista masculino, é possível que o significado de Maria ficasse restrito à casa ou ao lar. Mas, c o m o a narrativa de Lucas adota o ponto de vista feminino, o papel de Maria nos propósitos de Deus transcende a esfera meramente doméstica. A c o n t e c i m e n t o s vistos s o b a ótica f e m i n i n a As histórias sobre o ministério de Jesus relatadas nos quatro Evangelhos são raramente contadas d o ponto de vista d o próprio Jesus. Pelo contrário, elas convidam o leitor a adotar as várias perspectivas das pessoas que ouvem, encontram e seguem Jesus. Entre elas há muitas mulheres, que seguem Jesus como discípulas, recebem-no em suas casas, ou o procuram em busca de cura. Na maioria das vezes, Jesus interage com mulheres dentro da casa ou da sinagoga. Isto se dá com menos freqüência nos lugares públicos, que eram um mundo predominantemente (mas não exclusivamente) masculino. Uma das razões pelas quais os Evangelhos apresentam com tanta freqüência as perspectivas dos personagens femininos é que o ministério de Jesus não estava confinado à esfera pública, dominada pelos homens. Jesus aparece com freqüência em contextos nos quais as mulheres podiam mais facilmente ser independentes e tomar iniciativas, como, por exemplo, a casa de suas amigas Marta e Maria. U m a função docente para as mulheres Uma cena dos Evangelhos que mostra uma mulher num papel incomum naquela sociedade aparece em Lc 10.38-42. Maria, sentada aos pés de Jesus como o discípulo de um rabino,
aprende o ensinamento de seu Mestre para ela mesma se tornar uma mestra. O fato de essa cena ser ambientada na casa de Maria era prenúncio da maneira como, nas igrejas mais antigas, as mulheres participariam ativamente da liderança e do ensino, algo anormal para aquela cultura. Isso se tornou possível em parte porque os primeiros cristãos se reuniam e realizavam seus cultos nas casas. Assim, foi possível escapar às restrições inevitáveis da esfera pública não cristã de fora da Igreja, e o contexto doméstico das reuniões da igreja apostólica trouxe consigo novas possibilidades para as mulheres.
Os Evangelhos e Atos
604 "Amai os vossos inimigos, fazei o bem aos •fii, i o s odeiam; bendizei aos une vos maldizem, orai pelos que vos caluniam. Ao que le
bate numa face, oferecelhe também a outra... Dá a todo o que te pede."
• Demônio ( 3 3 ) " N o mundo a m i g o , acreditava-se que muitos problemas e r a m causados por espíritos malignos. A Bíblia fala pouco sobre possessão demoníaca antes e depois da encarnação, mas muito durante o ministério de Jesus... ; esse f e n ô m e n o é parte d o conflito entre Jesus, que v e i o para destruir as obras d o d i a b o , e o mal" (Leon Morris). • J u d é i a ( 4 4 ) O t e r m o é usado para a Palestina e m geral, e não apenas para a região mais ao sul. Jesus foi para lá posteriormente.
Lc 6.27-30 (ARA)
"Jesus lacou as intocáveis e permitiu que eles o tocassem." Juliil Slull
Lc 5.1-11: P e s c a r e c o r d e para Pedro e seus sócios Mateus (4.18-22) e Marcos (1.16-20) registram apenas o chamado de Jesus aos pescadores para segui-lo. A história de Lucas mostra que esse chamado sc baseou e m algo mais d o que um simples encontro casual. N o primeiro dos três milagres registrados em 5.1-26, Jesus entra na área de especialidade de Pedro. A grande pesca, feita contra todas as normas e expectativas, fez com que Pedro caísse de j o e lhos ( 8 ) . Deus estava agindo, e Pedro não era santo. • G e n e s a r é ( 1 , A R A ) Outro n o m e para Galileia ( N T L H ) .
Na aldeia de Naim. na Galileia, Jesus ressuscitou o lillio único de unia viuva, quando este estava sendo levado para ser enterrado.
Lc 5.12-16: O t o q u e d e J e s u s c u r a um "leproso" Este milagre, bem c o m o o seguinte, mostra a compaixão de Jesus. O caso daquele h o m e m era grave, pois ele estava "coberto de lepra". Porém Jesus estava disposto a tocar o intocável. Veja Mt 8.1-4.
Lc 5.17-26: U m h o m e m paralítico anda! Veja notas e m Mc 2.1-12. Jesus leu os pensamentos daqueles que o questionavam (212 2 ) . E Lucas registra que o homem e todos os que viram o que aconteceu reconheceram que o milagre era obra de Deus (25-26). • F a r i s e u s e m e s t r e s d a L e i ( 1 7 ) Veja "A religião judaica na época d o N T " . Lc 5.27-39: L e v i f a z u m a festa p a r a Jesus Veja notas cm Mt 9.9-17. Para outras festas e m que Jesus foi um convidado, veja Lc 7.36; 11.37; 19.7. Lc 6.1-11: C o n f r o n t o p o r c a u s a d a lei d o s á b a d o Veja notas e m M c 2.23—3.6. Lc 6.12-16: J e s u s e s c o l h e o s Doze Veja notas e m M c 3.7-19, e "Os doze discípulos de Jesus". Apenas Lucas relata que, antes de anunciar os escolhidos, Jesus havia passado a noite e m oração. Dos autores dos quatro Evangelhos, Lucas é quem mais acentua que Jesus era um homem de oração. Vfeja, por exemplo, 9.18,28; 10.21; 11.1; 18.1.Jesusse afastava das multidões para ficar algum tempo sozinho. Lc 6 . 1 7 - 4 9 : E n s i n a m e n t o para os discípulos O "Sermão da Planície", e m Lucas, se assemelha à c o l e ç ã o de ensinamentos de Jesus conhecida, e m Mateus, c o m o o "Sermão do Monte" (Mt 5 — 7 ) . Só que o sermão em Lucas c mais breve. Jesus deve ter ensinado as mes mas verdades e m várias ocasiões diferentes. Depois de escolher os D o z e , Jesus desceu o monte até um lugar plano. Ali ele se sentou para ensinar e reuniu à sua volta os apóstolos, seus seguidores e uma grande multidão de pessoas que vieram ouvi-lo falar e serem curadas. Depois de todos serem curados ( 1 9 ) , ele falou diretamente a seus seguidores. Eles sabiam o que era ser literalmente pobre, faminto, triste e odiado "por causa d o Filho do homem" (202 2 ) . Suas dificuldades seriam transformadas e m bênção — disse Jesus — "porque grande é a sua recompensa no céu". Por outro lado (24-26), ai daqueles que já têm nido agora. (Esses "ais" só aparecem em Lucas.) Vs. 27-36: a lei d o a m o r é esta: "o que vocês querem que os outros lhes façam, façam
Lucas
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Os milagres do Novo Testamento /. Howard
Os Evangelhos contêm diversos relatos de acontecimentos, tais como curas instantâneas de pessoas doentes e paralíticas ou demonstração de domínio sobre fenômenos naturais, que não podem ser explicados de maneira normal. Em cerca de 35 ocasiões diferentes, Jesus realizou vários tipos de ações q u e pareceram milagrosas para os observadores. Além disso, há várias passagens em que se afirma, em termos gerais, que Jesus fez milagres.
Marshall
objetivo era levar as pessoas a glorificar a Deus, e não para ficar admirado com Jesus (Lc 7.16). Essas histórias testificam do amor de Deus pela humanidade sofredora (Mc 1.41; 8.2). Numa importante passagem dos Evangelhos, Jesus envia uma mensagem a João Batista, que estava na prisão, para assegurar-lhe que ele de fato era o libertador que havia de vir.
Os milagres de Jesus A maioria dessas histórias sobre Jesus conta como ele curou pessoas que tinham várias doenças, como febre, lepra (uma doença de pele, mas provavelmente não a doença que hoje tem esse nome), hidropisia, paralisia, cegueira, surdez e mudez, fazendo isso sem qualquer auxilio médico evidente. Em geral, essas curas foram efetuadas com uma simples palavra proferida por Jesus (Mc 1.27; 2.11). Às vezes, ele tocava na pessoa (Mc 5.41). Ele não se valeu de nenhum gesto ou artifício que pudesse ser descrito como mágico. Em outros casos, ele expulsou demônios de pessoas que sofriam de distúrbios físicos ou mentais. Em três ocasiões ele devolveu a vida a pessoas que haviam morrido. As demais histórias mostram o seu poder sobre coisas inanimadas: alimentou uma multidão com cinco pães e dois peixinhos; andou sobre as águas de um lago; acalmou uma tempestade; amaldiçoou uma figueira, de forma que secou; transformou água em vinho; e pescou uma grande quantidade de peixe. Essas histórias dão testemunho do grande impacto que a obra de Jesus teve sobre aqueles que a viram. Seu
sob o controle de Satanás. Ao expulsar demônios, Jesus deixou claro que o chefe deles estava enfrentando um poder superior e que o reinado de Deus já havia chegado (Lc 11.20). Conseqüentemente, o que se queria com essas obras poderosas era levar a pessoas a crer no poder salvador de Deus atuante em Jesus (Mc 9.23-24). Não eram sinais incontestáveis do poder de Deus, tanto assim que os fariseus puderam atribuí-las ao poder de Satanás (Mc 3.22). Mas aos que tinham olhos para ver, eram o sinal de que Deus estava agindo em Jesus, cumprindo as suas promessas, e serviam para despertar e confirmar a fé nele.
Milagres na igreja apostólica
Ou r.vnngelhos estão repletos de relatos de curas rcali/adas por Jesus, ftiralíticos. surdos, cegos e pessoas com lodo tipo de doença foram curados.
conforme João havia anunciado. Ao descrever as grandes obras que fazia, Jesus usou palavras que mostram que elas eram o cumprimento das promessas do AT a respeito do futuro tempo de salvação, um tempo em que Deus traria cura para o corpo e para a alma das pessoas (Lc 7.22; Is 29.18-19; 35.56; 61.1). Portanto, essas obras grandiosas eram indício de que o poder de Deus estava agindo através de Jesus, e sinal de que o reino de Deus havia irrompido num mundo que estava
Tudo isso se aplica aos milagres de Jesus e se aplica, também, aos milagres na igreja apostólica. Os primeiros cristãos demonstraram poderes semelhantes aos de Jesus. Temos relatos sobre doentes que foram curados, mortos que foram ressuscitados, prisioneiros que foram libertados de forma milagrosa, e até sobre pessoas que tinham o poder de infligir castigo físico. Estes eram sinais de que o mesmo poder de Deus que havia atuado em Jesus ainda atuava em seus discípulos, confirmando sua mensagem de salvação, e também advertindo sobre a realidade do juízo divino.
Objeções modernas aos milagres O registro das obras poderosas de Jesus é parte integral e central da história dos Evangelhos. Não podemos descartar isso e ficar com um Jesus que não fez milagres. Por que, então, as pessoas tentam excluir os milagres da história de Jesus? • Em primeiro lugar, argumenta-se
Os Evangelhos e Atos
que a ciência elimina a possibilidade de milagres. Na realidade, este argumento nâo é nada mais do que a afirmação de uma pressuposição: a de que num universo puramente material nada pode acontecer que não tenha explicação em termos de causas naturais. Mas esta é simplesmente uma suposição sobre a natureza do universo que não pode ser comprovada. Sem dúvida, acontecimentos únicos e que não se repetem não podem, em geral, ser verificados cientificamente, mas também nâo podem ser considerados impossíveis. No máximo se poderia argumentar que normalmente milagres não acontecem; mas é ilegítimo afirmar que, por isso, milagres nunca ocorrem. Afinal, a característica dos milagres é exatamente o fato de serem anormais! As pessoas deveriam, pelo menos, ter mente aberta quando o assunto é milagre.
lagrosamente ressuscitado de entre os mortos. Aqueles que querem aceitar isto precisam apresentar alguma explicação alternativa convincente. (Veja "A ressurreição de Jesus"). Se a ressurreição realmente aconteceu, é muito provável que os outros milagres também tenham acontecido. Isto porque, em primeiro lugar, a ressurreição mostra que milagres são possíveis. Significa que Deus pode intervir e de fato intervém de forma não convencional na ordem criada. Além disso, a ressurreição é o"sim"de Deus para a vida de Jesus — inclusive a reivindicação do próprio Jesus de que fazia milagres (Lc 7.21-23; 11.19). Seria muito improvável que Deus agiria milagrosamente apenas uma vez, na ressurreição de Jesus, e nunca nas
"As mesmas pessoas que não gostam de falar sobre milagres muitas vezes não têm maiores problemas para falar sobre fenômenos paranormais."
Em segundo lugar, argumenta-se que não temos evidência histórica confiável para os milagres. Seria necessário um bom testemunho de que o suposto milagre aconteceu, e que ele não pode ser explicado de forma natural ou não milagrosa. Como se está lidando com algo tão anormal, um milagre, a evidência precisaria ser extremamente forte, visto que (argumenta-se) é mais provável que as testemunhas tenham tirado a conclusão errada do que supor que realmente tenha ocorrido um milagre. Se, no entanto, apenas um dos milagres de Jesus pode ser considerado histórico, isto seria suficiente para demonstrar que milagres são possíveis e que todos os outros milagres são prováveis. Este milagre é a ressurreição. A evidência de que testemunhas confiáveis afirmaram ter visto Jesus vivo após a morte dele (ICo 15.3-8) é incontestável. Para muitas pessoas, a única explicação que dá sentido à evidência que temos é que ele foi mi-
Keith Ward
•
outras ocasiões durante o ministério de Jesus. Essa evidência é confirmada por uma tradição histórica confiável de que Jesus fez milagres, e que se encontra nos Evangelhos. Sem dúvida, não podemos testar e afirmar com base em dados puramente históricos a veracidade de cada história de milagre. Pode haver ocasiões em que um acontecimento milagroso tem outra explicação "complementar" em termos de causas naturais. Em outros casos, o que parecia milagroso para pessoas do primeiro século poderia ser explicado hoje em termos naturais (p.ex., na cura psicológica de uma doença psicossomática). Ainda em outros casos pode não haver evidência suficiente para confirmar ou refutar a história dos Evangelhos. Uma terceira questão levantada contra a historicidade dos milagres do NT é que histórias semelhantes
são contadas sobre outros grandes homens daquela época. Logo, seria provável que os cristãos, tão supersticiosos quanto as demais pessoas daquele tempo, inventariam histórias semelhantes sobre Jesus. Pode-se responder que, se era necessário que Jesus fizesse milagres para ser considerado pelo povo da época como "o maior" em termos da realidade do primeiro século, Deus certamente se dignaria a descer ao nível de entendimento das pessoas e faria prodígios através de Jesus. Mais importante é o fato de que as histórias de Jesus revelam algumas diferenças significativas em relação às que são contadas sobre outros grandes homens daquele tempo. A importância dos milagres de Jesus não está tanto no poder milagroso que ele demonstrou neles, mas no testemunho que dão do poder salvador e curador que faz parte do reino de Deus.
Lucas também vocês a eles", inclusive aqueles que vos maltratam. Veja notas e m Mt 5.17-48. Vs. 37-49: Veja notas e m M t 7.
para a mulher alcançar os pés de Jesus, pois os convidados se reclinavam e m almofadas, com a cabeça perto da mesa, e os pés afastados dela.
Lc 7 . 1 - 1 0 : O s e r v o d e u m o f i c i a l romano é c u r a d o Veja notas em Mt 8.5-13 e "Soldados romanos no NT". Lucas traz maiores detalhes que enfatizam a humildade daquele homem. E Jesus ficou admirado com a fé que esse homem tinha.
Lc 8 . 1 - 2 1 : S e g r e d o s d o r e i n o d e D e u s Vs. 1-3: Apenas Lucas registra o papel das mulheres na missão de Jesus. Susana só é mencionada aqui. Maria Madalena assistiu à crucificação, e ela e Joana foram ao túmulo e viram o Senhor na manhã da ressurreição. O amor dessas mulheres, e o de muitas outras que seguiram Jesus desde a Galileia, jamais se abalou. Lucas retoma o material de Marcos a partir d o v. 4 até Lc 9.50, mas não inclui o que aparece e m M c 6.45—8.26. Vs. 4-15: Veja notas e m M t 13.1-52. Veja também M c 4.1-20. • V. 2 O problema de Maria provavelmente era uma doença mental, c não imoralidade sexual, c o m o muitas vezes se afirma. Ela não d e v e ser confundida c o m a mulher que aparece e m Lc 7.36-50. • V. 5 Na Palestina, o semear vinha antes d o arar. • V. 1 0 Veja nota e m M c 4.12. • V. 19 Veja nota e m M t 12.49.
Lc 7 . 1 1 - 1 7 : E l e v o l t o u a v i v e r ! Apenas Lucas, com sua preocupação pelos excluídos, registrou a ressurreição d o filho dessa viúva (sua única fonte de sustento). Ele inseriu a história neste ponto c o m o que para preparar o terreno para a resposta que seria dada a João Batista ( 2 2 ) . Jesus, sempre c o m passivo, c Senhor da vida e da morte. > N a i m ( 1 1 ) Uma vila a sudeste de Nazaré. Veja mapa. y V 13 Lucas é o único dos evangelistas que se refere a Jesus c o m o " o Senhor", termo provavelmente pouco usado durante o ministério de Jesus. Lc 7 . 1 8 - 3 5 : O s m e n s a g e i r o s de J o ã o B a t i s t a Veja notas e m M t 11.1-19. • V 35 "Mas aqueles que aceitam a sabedoria de Deus mostram que ela é verdadeira" (NTLH). As pessoas buscavam a Deus e m resposta à pregação de João e de Jesus. Lc 7 . 3 6 - 5 0 : J a n t a r n a c a s a de u m f a r i s e u Apesar das aparentes semelhanças, este é um incidente diferente daquele registrado nos outros Evangelhos. Simão não deu nenhum tratamento especial a Jesus. Mas uma prostituta, a quem Jesus deu a oportunidade de perdão, demonstrou sua gratidão num gesto de amor extravagante, não se importando com o que os outros poderiam pensar. Jesus leu os pensamentos de Simão ( 3 9 ) e os incluiu na história que contou logo em seguida. O amor daquela mulher não adquiriu o perdão ( 4 7 ) , mas veio c o m o conseqüência d o mesmo. y V. 37 Refeições como essa não eram particulares: as pessoas podiam entrar e assistir. Mas foi preciso coragem para essa mulher entrar numa casa em que sabia que não era bem-vinda. As mulheres judias geralmente usavam pequenos frascos de perfume, c o m o um colar. O frasco foi quebrado para liberar o conteúdo. Foi fácil
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Lc 8 . 2 2 - 3 9 : T r a v e s s i a t u r b u l e n t a ; u m h o m e m possesso de demônios Veja notas em M c 4.35-41; 5.1-20. • V 3 2 Os judeus não podiam comer carne de porco. Mas a região a leste d o lago era povoada por não judeus. Lc 8.40-56: A filha de Jairo; a m u l h e r com u m a hemorragia Veja notas e m M c 5.21-43, o n d e a p a r e c e um r e l a t o mais detalhado. V 56: Lucas, c o m o s e m p r e , observou o efeito d o milagre nas pessoas presentes. Lc 9.1-17: A m i s s ã o d o s Doze; a perplexidade de Herodes; Jesus alimenta mais d e cinco mil Vs. 1-6: Veja notas e m Mt 9.35—10.42. Desta vez (mas nem sempre; veja 22.36) eles deviam ir c o m o estavam, com pouca bagagem. Vs. 7-9: Lucas parece ter uma fonte especial de informações sobre Herodes, talvez através de Joana ( 8 . 3 ) .
Maqueie da casa de um homem rico da época dc Jesus.
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Os Evangelhos e Atos Vs. 10-17: \feja lambem Mt 14.13-21; Mc 6.3044; Jo 6.1-14. A multiplicação foi um milagre e um "sinal" que indicava a verdadeira identidade de Jesus. Também pode ser visto como a antecipação do banquete do Messias com o seu povo. • V 1 Os apóstolos não ficavam juntos o tempo todo. Seria fácil para aqueles que moravam nos arredores de Cafarnaum visitarem suas famílias. • O s a b e n ç o o u ( 1 6 ) Isto é, "deu graças a Deus por eles" ( N T L H ) .
Lc 9.37-50: O m e n i n o q u e tinha convulsões; " Q u e m é o maior"? Vs. 37-43: Veja notas e m M c 9.14-29. Vs. 46-48: Veja notas e m Mt 18 e Mc 9.30-50.
Lc 9 . 5 1 — 1 9 . 2 7 Da Galileia
a
Jerusalém
Lc 9.18-27: " Q u e m o p o v o diz q u e eu sou?"; Jesus fala s o b r e o seu sofrimento Veja a versão mais completa e m Ml 16.1328 e Mc 8.27—9.1. Lucas apresenta uma versão condensada.
Boa parte do que foi registrado nesses capítulos (a assim chamada "narrativa da viagem") é exclusivo dc Lucas. A atenção de Jesus estava voltada para Jerusalém e para aquilo que ele leria que passar ali. P. fácil de perceber a estrutura de uma viagem, mas o roteiro exato não é indicado. Lucas usa o "intervalo" entre o ministério de Jesus na Galileia c a última semana em Jerusalém para reunira maior parte cio ensinamento de Jesus sobre o tema geral de discipulado.
Lc 9 . 2 8 - 3 6 : A t r a n s f i g u r a ç ã o de Jesus Veja notas e m Mc 9.2-13.
Lc 9.51-56: O s s a m a r i t a n o s n ã o recebem Jesus Quem ia diretamente da Galileia a Jerusalém
Marta e Maria Frances Fuller
Os Evangelhos registram três episódios envolvendo Marta e sua irmã Maria. Em dois deles, seu irmão Lázaro estava presente. Uma q u e s t ã o d e p r i o r i d a d e s Na primeira ocasião, Marta havia convidado Jesus para se hospedar em sua casa. Ela era, provavelmente, a pessoa mais velha numa família de jovens adultos que haviam perdido os seus pais. É provável que fosse época da Festa da Dedicação, que durava oito dias e envolvia comidas típicas, cerimônias tradicionais e lamparinas acesas nas janelas. Logo, Marta tinha muito que fazer. Enquanto ela corria d e um lado para outro, sobrecarregada d e trabalho, Maria estava "sentada aos pés do Senhor", expressão que se refere não à postura, mas ao propósito. Ela estava estudando com um rabino. As mulheres não podiam estudar com rabinos, mas não foi isso que
deixou Marta irritada. Ela achava que Maria devia ajudá-la com os afazeres. Se Jesus não estivesse falando do jeito fascinante que só ele tinha, Maria estaria, com certeza, ajudando a irmã. Portanto, Marta precisava da ajuda de Jesus. Jesus poderia ter dito a Maria: "Pode ir; conversaremos depois do jantar". Mas, em vez disso, disse que Maria escolhera a única coisa necessária. Ele repreendeu Marta gentilmente por estar tão preocupada com detalhes. A morte d e um irmão No s e g u n d o e p i s ó d i o , Lázaro estava morto havia quatro dias. Marta, aflita, saiu ao encontro de Jesus. No caminho, falaram sobre morte e ressurreição e sobre a identidade de Jesus. A mesma mulher que, no encontro anterior, havia tido a grande preocupação d e ser
uma boa anfitriã, faz, agora, a mesma declaração que Pedro havia feito (Mt 16.16) e pela qual o apóstolo foi louvado: "Tu és o Cristo, o Filho de Deus"Uo 11.27). Maria apareceu depois e caiu aos pés de Jesus, dizendo: "Senhor, se estiveras aqui..." Então as duas, com um grupo de amigos, viram Lázaro sair do túmulo. O g e s t o e x t r a v a g a n t e de Maria No terceiro episódio, durante um jantar em honra a Jesus, Maria derramou um perfume caro nos pés de Jesus e os enxugou com os seus cabelos.
Maria derramou sobre Jesus um perfume precioso que estava mun vaso de alabastro como este irasco helenista encomiado no líRilo. A Inscrição indica que ele continha canela tie cheiro.
Lucas passava por território samaritano. Jerusalém era o centro da adoração para os judeus, mas não para os samaritanos. Eles tinham seu próprio templo no monte Geriam, perto de Siquém. Como Jesus estava a caminho d o templo rival, os samaritanos decidiram que não iriam ajudar Jesus. Veja sobre os samaritanos em "A religião judaica na época do MT e notas em Lc 10.29-37. • V. 5 4 N ã o é dc admirar que Jesus chamou esses dois irmãos de "filhos d o trovão"! Lc 9 . 5 7 - 6 2 : U m c a m i n h o sem v o l t a Veja notas e m M t 8.18-22. > V. 6 0 "O d e v e r d o sepultamento tinha precedência sobre o estudo da Lei, o serviço no Templo, a imolação d o cordeiro pascal... Mas as exigências d o reino eram ainda mais urgentes" (Leon Morris). Lc 1 0 . 1 - 2 4 : J e s u s e n v i a 7 0 Compare isso com as instruções que Jesus
Judas criticou o desperdício, e novamente Jesus defendeu Maria. (Em Lc 7.36-50 há uma história semelhante, mas ao mesmo tempo diferente, e a mulher envolvida não é Maria. Ocorreu na casa de um fariseu chamado
deu aos Doze ( M t 10.5-15). Veja também Mt 11.20-27. O número 70 (ou 72) talvez simbolize as nações d o mundo (com base na lista de Gn 10). Eles foram enviados de dois em dois. Incumbidos das boas novas de Deus, eles tinham direito de receber o seu sustento das pessoas às quais foram enviados. Mas eles não deviam esperar luxo (ficar "mudando de casa em casa", v. 7, indicava a procura de mais conforto). O tempo também era precioso demais para ser gasto com intermináveis formalidades sociais ( 4 ) . Havia trabalho a ser feito, uma mensagem a ser divulgada. E o próprio Deus julgaria aqueles que a rejeitassem. Os 70 ficaram muito felizes com seu novo poder. Mas motivo de maior alegria deveria ser a certeza da vida eterna ( 2 0 ) . • V s . 1 3 - 1 7 Não há nenhum registro anterior de que as cidades galiléias de Corazim e Betsaida haviam rejeitado Jesus. Cafarnaum era a base de operações de Jesus. Tiro e Sidom eram cidades pagãs que haviam sido denunciadas pelos profetas d o AT. "Mundo dos mortos" ( N T L H ) é
Simão, na região da Galileia. Maria ungiu Jesus em Betânia, na casa de um leproso chamado, também, de Simão, que era um nome comum naquele tempo. Essas duas histórias têm mensagens totalmente diferentes.)
A filha rr is velha No Oriente Médio de hoje, existe, em muitas famílias, uma "síndrome da filha mais velha". Acontece com freqüência, de propósito ou não, que a filha mais velha, ensinada pela mãe a cozinhar, fazer limpeza, e servir os outros, fica piesa a esses afazeres. Ela ajuda a criar os filhos mais novos, muitas vezes sacrificando parte da ia formação acadêmica. Se não a pedirem em casamento logo, ela provavelmente não se casará, porque fica sempre em casa, longe dos olhos da comunidade. Geralmente, ela se especializa nas artes femininas, fazendo os mais belos bordados da aldeia ou preparando doces deliciosos. Quando há convidados, ela sai correndo fazer o café e, depois das refeições, lava a louça. Quanto mais ela trabalha, mais a família depende dela. À medida que os pais envelhecem, esperase que ela fique em casa e cuide deles, enquanto os irmãos mais novos ficam livres. E se os pais
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morrem cedo, sua situação fica estacionária, porque além de não ter quem lhe arranje um casamento, ela é responsável pela casa e pelos membros mais novos da família. Mesmo depois de os outros se casarem, ela ainda não tem independência. Como não é conveniente, naquele contexto, que uma mulher viva sozinha, ela precisa ficar na casa de um irmão, onde acaba sendo pouco mais que uma serva. Essa filha mais velha pode aceitar seu papel e desempenhá-lo com alegria, ou se sentir usada e ter ciúmes declarados de suas irmãs mais novas e até dos irmãos. Geralmente ela será forçada pela responsabilidade a realizar o seu dever, embora sinta raiva por dentro. Que elementos deste cenário se encaixam na história de Maria e Marta? Como Jesus encarou a situação das duas irmãs?
Marta estava lá, totalmente autêntica, ajudando a servir, embora aquela nem fosse a sua casa! A única diferença foi que Marta não reclamou. Maria e Marta amavam Jesus. Mas Maria era Maria, e Marta era Marta. Por causa de Maria, mulheres cristãs se sentem ã vontade para fazer do estudo da Palavra e da oração uma prioridade em suas vidas. Sabem, também, que é bom amar Jesus com paixão e expressar isso com extravagância. Marta seguiu os padrões tradicionais. Pegou no pesado e aprendeu sua lição teológica no momento relevante, na estrada, com Jesus. E o Espírito Santo lhe revelou a mais profunda das verdades.
As três histórias sobre Marta e Maria são contadas em Lc 10.38-42; Jo 11; Jo 12.1-8 (Mt 26.6-13; Mc 14.3-9).
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Os Evangelhos e Atos
A estrada deserta que vai de Jerusalém a Jericó tem um declive acentuado. Num lugar abandonado desses, seria de esperar que houvesse ladroes, como os que aparecem na história do "bom samaritano"' que Jesus contou.
À beira da antiga estrada que vai de Jerusalém a lelii i> aparece uma antiga hospedaria. O samaritano na história de Jesus (Lc 10) levou o judeu ferido a uma como essa da maquete (dirwra).
o Hades, e a expressão parece ser metafórica: "descerás até o lugar mais profundo". > Eu via Satanás caindo (18) A capacidade de expulsar espíritos malignos ciiie lhes foi dada era um sinal de que o poder de Satanás estava chegando ao fim. A pregação da nova era d o reino de Deus significava que finalmente o poder d o mal estava sendo derrotado. Jesus se alegrou com esse cumprimento d o seu ministério. • V s . 2 1 - 2 4 Este trecho soa como se tivesse sido tirado d o Evangelho de João. Lc 10.25-37: " Q u e m é o meu próximo?" Apenas o Evangelho de Lucas iraz a famosa história d o "bom samaritano". Jesus deu uma resposta clássica à pergunta d o intérprete da lei sobre a vida eterna. Envergonhado e tentando salvar as aparências, ele fez outra pergunta. Em v e z de responder diretamente, Jesus contou uma parábola. Havia uma longa história d e ó d i o entre judeus e samaritanos (veja "A religião judaica na época do N T " ) , por mais que os samaritanos,
como os judeus, considerassem a lei sagrada. Os judeus consideravam os samaritanos a escóri; não se podia tocar neles. Porém Jesus apresentou esse "inimigo" como alguém que cumpre a lei, enquanto os patrícios judeus daquele homem ferido — até mesmo os líderes religiosos falharam. O verdadeiro "próximo" é aquele que demonstra amor quando isto se fizer necessário, pouco importando onde e quando, e independentemente da inimizade ou d o antagonismo mais profundo que possa existir. Lc 10.38-42: M a r t a e M a r i a Apenas Lucas conta esta história. As duas irmãs e seu irmão Lázaro viviam em Betânia, perto de Jerusalém. Marta entrou e m pânico, esmerando-se na preparação de vários pratos. Teria sido melhor se ela tivesse escolhido iirr. cardápio simples, reservando tempo para ouvi: Jesus, como Maria fez. Veja "Marta e Maria". Lc 11.1-13: "Ensina-nos a o r a r " Mateus (6.9-13) dá a forma mais longa do Pai-Nosso. A o dar-lhes o Pai-Nosso, Jesus ensinou a seus discípulos duas coisas: uma oração
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Lucas que podia ser feita digam...", 2 ) ; e um 6.9, "orem assim"), podia servir de base
("quando vocês orarem, " m o d e l o " de oração ( M t ou seja, uma oração que para outras orações.
Os seguidores de Jesus se dirigem a Deus, não na condição de súditos d o "Mestre d o Universo", mas na condição de filhos d o melhor de todos os pais: com simplicidade, compartilhando suas preocupações c dizendo-lhe com toda a confiança quais são as suas próprias necessidades. Eles não d e v e m ficar desmotivados se o tempo passar e não obtiverem resposta. A persistência, no fim, leva a melhor até mesmo sobre o a m i g o mais relutante — e Deus não reluta e m responder. Veja M t 7.7-11. • Santificado seja o teu n o m e (2, A R A ) Esta é uma forma de expressar reverência por tudo que Deus é. O " n o m e " significa todo o caráter. • P ã o c o t i d i a n o ( 3 ) "Cotidiano" provavelmente significa "para amanhã" e "pão", 'iiossas necessidades básicas". • V 4 "Perdoa-nos os nossos pecados, pois (não 'porque' ou 'na mesma medida e m que') também nós perdoamos". Já que nós seres humanos perdoamos aos outros, podemos ter certeza da misericórdia de Deus. • V. 7 N u m a família pobre, todos dormiam numa parte elevada da casa que não tinha divisórias, ou seja, era uma peça só. A hospitalidade era considerada um dever sagrado, pouco importando a que hora chegava a visita. • Vs. 11-12 Peixes e serpentes são parecidos, e o m e s m o vale para o v o s e escorpiões encolhidos ou enrolados. Lc 1 1 . 1 4 - 3 6 : J e s u s a c u s a os s e u s a d v e r s á r i o s Vs. 14-32: Veja M t 12.15-37. Vs. 24-26: Veja M t 12.43-45. Vs. 29-32: Veja Mt 12.38-42. Vs. 34-36: Veja Mt 6.22-23. Apenas Lucas, c o m o sempre, registrou a v o z da mulher que estava no meio da multidão. Jesus não rejeitou o que ela disse, mas levantou uma questão mais importante (27-28). • D e m ô n i o ( 1 4 ) Veja nota e m 4.33. • B e l z e b u ( 1 8 ) Veja nota e m M t 10.25. • V. 2 4 Pensava-sc que lugares isolados eram freqüentados por espíritos maus. • V 26 "Não é possível viver muito tempo num vácuo moral. O reino de Deus... significa tamanha vitória sobre o mal que este é substituído pelo bem e por Deus" (Leon Morris).
Lc 11.37-54: Jesus r e p r e e n d e os fariseus Vs. 37-41: Veja notas e m M t 15.1-20. Vs. 42-53: Veja notas e m M t 2 3 . N o s vs. 5354, o nível de hostilidade aumenta. • V. 3 8 A lavagem das mãos era um ritual religioso, não uma questão de higiene. Esperava-se que o mestre seguisse as regras estabelecidas. Lc 12.1—13.9: A d v e r t ê n c i a s e encorajamento Uma advertência aos discípulos sobre o perig o de dizer uma coisa e fazer outra (12.1) levou a um ensinamento geral sobre o juízo vindouro, c c o m o essa realidade deveria afetar a vida aqui e agora. É essencial estar preparado, ter as prioridades corretas. Grande parte desta seção tem paralelo no Evangelho de Mateus. Lc 12.1-12: Veja Mt 10.26-31. A intenção de Jesus não era amedrontar, mas encorajar ( 6 - 7 ) . Mas há um "temor" de Deus que se justifica e que dá às pessoas firmeza para enfrentar os outros medos (4-5,8-9). Lc 12.13-21: Apenas Lucas registra a história d o h o m e m que era rico, mas insensato, e que só tinha interesse em acumular dinheiro c se dedicar ao que este pode comprar, e m vez dc ser "rico para c o m Deus". Lc 12.22-34: Veja notas em M t 6.19-34. Lc 12.35-48: Veja notas e m Mt 24.45-51. Lc 13.1-9: Tropas romanas haviam trucidado alguns peregrinos galileus no Templo durante a Páscoa. As pessoas deduziram que as vítimas dos dois desastres eram extremamente perversas, mas isso não era verdade. Toda a nação estava e m vias de ser julgada c teria um destino igualmente terrível, se as pessoas não aproveitassem a oportunidade de uma mudança de vida c atitudes. • M i l h a r e s ( 1 2 . 1 ) N ã o um número exato, mas uma forma de dizer que se tratava de uma grande multidão. • 1 2 . 1 0 Essa "blasfêmia" era toda uma forma de pensar, forma esta que podia levar as pessoas a dizer que as coisas boas que Jesus fazia eram obra d o diabo ( 1 1 . 1 5 ) . • 12.35 Esse cingir-se equivalia a ficar pronto para agir. Para que a pessoa tivesse liberdade de movimento no trabalho, a longa túnica era puxada para cima através de um cinto. • 1 2 . 4 9 - 5 0 As boas novas do evangelho se espalhariam pela terra c o m o um fogo. Mas primeiro Jesus deveria ir às profundezas d o sofrimento.
"A vida de um liomcm não consiste na abundância dos bens que ele possui... Não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer, nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Porque a vida é mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes." lc
12.15,22-23 (ARA).
Os Evangelhos e Atos sofrimento que existe no mundo, juntamente com o pecado. Lc 13.18-21: Retratos d o reino de Deus Veja notas cm Mt 13, c 'Jesus e o reino". Lc 13.22-35: " S e n h o r , s ã o p o u c o s os q u e vão ser salvos?" Jesus não respondeu a pergunta diretamente. N ã o se deve perguntar "quantos", mas fazer de tudo para entrar no reino de Deus. Muitos vão tentar, sem obterem êxito (22-29). E haverá surpresas ( 3 0 ) . O tempo é limitado. Vs. 31-35: Jesus não se importou comas ameaças de Herodes. Ele sabia o que estava por vir e lamentou o destino da cidade em que ele seria morto. Lc 14.1-24: Certo dia, durante u m a refeição V s . 1-6: Na casa de um fariseu, tendo diante de si a necessidade de um ser humano, Jesus curou um h o m e m hidrópico, isto é, que tinha as pernas e os braços inchados. Só que aquele dia era um sábado (veja também 13.10-17; M c 3 . 1 - 6 ) . As perguntas de Jesus — "É ou não é lícito?" ( 3 ) e "Qual de v ó s . . . ? " ( 5 ) — deixaram os seus críticos sem resposta. Vs. 7-11: Os convidados eram cuidadosamente posicionados à mesa de acordo com posição e status ( c o m o num banquete formal hoje e m d i a ) , mas todos queriam o lugar de honra. Jesus recomenda um espírito genuinamente humilde, não a falsa modéstia.
Lc 13.10-17: A m u l h e r q u e a n d a v a encurvada Apenas Lucas registra a história de uma mulher que, e m nossos dias, receberia dos médicos o diagnóstico de uma forma aguda de artrite. Jesus pôs as mãos sobre a mulher e ela conseguiu se endireitar. Disso resultou mais um conflito com os fariseus sobre curas realizadas cm dia de sábado. Veja também Mc 3.1-6. • U m e s p í r i t o ( 1 1 ) , S a t a n á s ( 1 6 ) Veja nota em 4.33. Satanás é o principal responsável pelo
Vs. 12-14: A verdadeira generosidade não espera algo e m troca. Vs. 15-24: A história da "grande ceia" foi motivada por um dos convidados ( 1 5 ) . Para " c o m e r p ã o no reino d e Deus" (isto e, ser s a l v o ) é necessário apenas aceitar o convite. Mas aqueles que consideram outras coisas mais importantes serão excluídos, c não terão uma segunda chance. • H i d r ó p i c o ( 2 ) A hidropisia é um distúrbio que provoca a retenção de líquidos cm partes d o corpo, causando inchaço e dor. • V 3 Nada na lei de Moisés proibia a realização de curas no sábado. Mas as regras rabínicas só permitiam isso em casos de vida ou morte. • V. 5 Onde algumas traduções ( A R A , NTLH) dizem "filho", outras, seguindo outros manuscritos gregos, trazem "jumento". Em grego, essas duas palavras são bem semelhantes.
Lucas Lc 1 4 . 2 5 - 3 5 : S e g u i r a J e s u s tem o s e u p r e ç o Grandes multidões seguiam Jesus sem saber o que significava ser um verdadeiro seguidor dele. A lealdade a Jesus devia ser maior que todos os outros compromissos, mesmo os mais legítimos. (Ele não estava dizendo "odeie sua família", e sim "me ame mais" [v.26].) Ninguém podia segui-lo a não ser que estivesse preparado para tudo que isso significava. Eles precisavam fazer as contas. Estavam dispostos a seguir (28-30)? ( O preço era simplesmente tudo que tinham, v. 3 3 ) . Por outro lado, podiam correr o risco de dizer não (31-32)? • V. 3 4 Sal puro não perde o gosto, mas o "sal" impuro daquela época perdia o gosto. Neste caso, de nada adiantava colocá-lo na terra, e ele também não era degradável. Lc 1 5 : U m a o v e l h a p e r d i d a ; u m a moeda p e r d i d a ; u m filho p e r d i d o Depois do tom mais sombrio d o cap. 14, aparecem, em nítido contraste, essas tiês histórias sobre a alegria dc Deus quando ele encontra os perdidos. Como aquele pastor, como aquela mulher, como o pai d o "filho pródigo". Deus nunca deixa de amar. Ele faz o máximo para reavê-los, e todos os que são "encontrados" e restabelecidos são motivo de celebração (5,7,9,10,23,32). Os fariseus e escribas que criticavam o fato de Jesus receber aquela gente de "má fama" (1-2) são c o m o o filho mais velho na história. Ao contrário d e Deus, eles não demonstram amor nem compaixão pelos que não atingem os padrões que eles estabeleceram. • V. 8 Cada uma das moedas de prata era o salário p a g o por um dia de trabalho, uma perda considerável para uma mulher pobre. Lc 16: O c a s o d o a d m i n i s t r a d o r astuto Vs. 1-13: A história que Jesus contou aos seus discípulos elogia a astúcia do administrador, não sua desonestidade. Ele sabia como usar o dinheiro e m proveito próprio. Os devedores passavam a ter uma dívida de gratidão e m relação a ele, na medida cm que aceitavam a oferta do generoso desconto que ele fazia. Assim, o futuro dele estava garantido. Vs. 16-17: Confira M t 11.12-13. A ênfase aqui é outra. V 18: Veja notas e m M t 19.1-12. A história do rico e de Lázaro ( o único personagem com nome nas histórias de Jesus; 19-31) tem um significado especial para Lucas. É possível
que Jesus tenha usado um conto popular, adaptando-o aos seus propósitos. As cenas são marcantes: um homem rico que tem tudo, um homem pobre que não tem nada. Porém Lázaro foi para o céu, "para junto de Abraão" (tão próximo dele quanto João estava próximo de Jesus na última ceia). A justiça fora feita e não havia como alterála ( o grande abismo). Em resposta ao pedido do homem rico, Abraão diz que, se as Escrituras não conseguissem persuadir seus irmãos a se arrependerem, tampouco adiantaria mandar alguém que ressuscitasse dentre os mortos. Essas palavras certamente levariam os leitores de Lucas a lembrarem da ressurreição de Jesus. • V 9 Amigos comprados com dinheiro não nos levam para o céu. Mas a maneira como agora usamos o nosso dinheiro pode afetar nosso destino eterno. É um teste para ver como lidaríamos com uma forma diferente de riqueza. Quem é o nosso senhor: Deus ou o dinheiro? • S e e s f o r ç a ( 1 6 ) "Quem quiser, force a sua entrada nele" ( K n o x ) . Lc 17.1-10: P e r d ã o ; fé; serviço Fazer um fiel tropeçar é algo terrível ( 1 - 2 ) . O pecador precisa ser repreendido, mas quem faz isso precisa estar disposto a perdoar e continuar perdoando ( 3 - 4 ) . Os apóstolos achavam que precisavam dc mais fé para isso, mas não era uma questão de "mais" ( 5 - 6 ) . E eles não deviam esperar nenhuma recompensa especial por cumprirem o seu dever ( 7 - 1 0 ) . L c 17.11-19: A c u r a d e d e z " l e p r o s o s " Os homens foram enviados aos sacerdotes para serem declarados aptos para viver outra vez em sociedade. O fato dc terem ido mostra a fé que eles tinham na palavra dc Jesus. Todos foram curados, mas apenas um, o samaritano desprezado, se deu ao trabalho de agradecer. • V 12 "Lepra" podia se referir a várias doenças. • S a m a r i t a n o ( 1 6 ) Veja notas e m 9.51-56 e "A religião judaica na época d o N T " . Lc 17.20-37: E n s i n o s o b r e a vinda de Jesus Veja notas e m Mt 24. Nenhum cálculo pode determinar a hora (20-21) ou o lugar ( 3 7 ) da vinda de Cristo para o j u í z o . Será a l g o que todos poderão v e r — não será nenhum segred o ( 2 3 - 2 4 ) . E o mundo será pego desprevenid o c o m o aconteceu no dilúvio ( 2 6 - 3 7 ) . • V 2 1 O reino já estava presente na pessoa e obra cie Jesus. A tradução correta é "entre", não "dentro de".
Os Evangelhos e Atos
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Lc 18.1-14: D u a s h i s t ó r i a s sobre oração Essas parábolas da vida real só aparecem em Lucas. Vs. 1-8: Deus não é c o m o o juiz iníquo. Se essa mulher pôde persistir com a sua queixa e, apesar das evidências em contrário, obteve uma sentença favorável, muito mais os "escolhidos" de Deus podem ter certeza de que serão ouvidos e atendidos. Eles devem orar e perseverar, mesmo que a resposta demore. Vs. 9-14: O fariseu "orava" apenas para congratular-se por ser melhor do que os outros e para falar sobre as suas boas obras. Deus ouviu a oração d o publicano, aquele que não encontrava cm si mesmo nenhum motivo de orgulho.
"O rilho do homem veio buscar e salvar o perdido."
l.c 1 8 . 1 5 - 1 7 : J e s u s e a s c r i a n ç a s Veja também Mt 19.13-14; e notas em M c 10.13-16. Para os discípulos, as crianças eram um incômodo. Mas Jesus as amava. O v. 17 ensina a mesma lição que a história d o fariseu e do publicano. O reino de Deus está aberto para todos os que o recebem com fé humilde.
Lc 19.10 (ARA)
Lc 1 8 . 1 8 - 2 8 : A p e r g u n t a s o b r e a vida eterna Veja notas e m Mt 19.16-30. Veja também Mc 10.17-31 e 'Jesus e o dinheiro".
"fíendilo Rei que
é o veiti
em nome cio Senhor! Paz no céu e glória nus maiores ulturus!" (Jesus enffl munl.ilmcnte em Jerusalém — U 19.38. ARA)
Lc 18.31-34: J e s u s o u t r a v e z p r e d i z a sua morte Veja também Mt 20.17-19; Mc 10.32-34. Esta é a sétima v e z que Lucas apresenta Jesus prevendo o seu sofrimento: e m termos gerais, em 5.35; 12.50; 13.32-33; 17.25; com maiores detalhes e m 9.22,43-45 e aqui, o n d e ele falou que seria entregue aos gentios, e falou também sobre a sua ressurreição. Lc 1 8 . 3 5 — 1 9 . 1 0 : R e c u p e r a ç ã o d a vista p a r a u m cego; u m n o v o coração para Zaqueu Jesus se aproximava de Jericó, em sua viagem a Jerusalém. 18.35-43: Veja notas e m Mc 10.46-52. 19.1-10: Zaqueu era o chefe dos publicanos da região, ao contrário de Mateus, que era apenas um cobrador de impostos local. Mas ambos eram excluídos da sociedade por causa do trabalho que faziam. Zaqueu ficara rico ao cobrar uma sobretaxa em relação aos impostos que coletava para os romanos, explorando o seu próprio povo em proveito pessoal. Mas, a exemplo do cobrador de impostos Mateus e ao
contrário d o homem rico (18.18-25) , Zaqueu não deixou que a riqueza se tornasse um obstá culo. O encontro com Jesus o transformou. • A tua fé te s a l v o u ( 1 8 . 4 2 , A R A ) Não foi a fé daquele c e g o que operou a cura; a fc foi o canal pelo qual ele a recebeu. • F i l h o d e A b r a ã o ( 1 9 . 9 ) N ã o apenas ura judeu, mas alguém cuja fé mostrava que ele era um verdadeiro descendente. Lc 19.11-27: U m e m p r é s t i m o a ser investido Esta história é semelhante à parábola dos talentos cm Mateus, embora aqui cada um recebeu a mesma quantia. O v. 11 dá o motivo por que Jesus contou essa história. Jesus, a exemplo daquele "nobre", estava prestes a deixar o seu povo por um tempo. Durante a sua ausência, os servos deveriam realizar com fidelidade a obra que lhes foi entregue. Era uma questão de usar ou perder, pois o nobre retornaria com autoridade para fazer o acerto de contas com os seus servos e executar os seus inimigos. • V. 12 Para receber o seu reino, Herodes, o Grande, teve de ir a Roma. Também Arquelau, o filho de Herodes, foi a Roma para receber seu título de rei da Judéia ( n o que foi seguido por uma delegação de judeus que se opunham a seu reinado). Os ouvintes de Jesus com certeza perceberam essas alusões veladas. • M i n a / m o e d a d e o u r o ( 1 3 ) A mina grega equivalia ao salário de cerca de 3 meses de trabalho. Aqueles homens não eram escravos, mas servos que tinham autorização para negociar.
Lc 1 9 . 2 8 — 2 1 . 3 8
Jesus em
Jerusalém
Lc 19.28-48: Em triunfo, rumo ao Templo Veja também Mt 21.1-17; M c 11.1-19. Jesus entrou na cidade montado num jumento (Zc 9 . 9 ) , e não num cavalo pronto para a batalha. Ele viera e m missão de paz. Infelizmente, Jerusalém não estava interessada nisso e perdeu o momento de Deus, seguindo um caminho que acabaria em destruição total nas mãos dos romanos, cm 70 d.C. O lamento nos vs. 41-44 só ocorre cm Lucas. A purificação d o Templo ( 4 5 - 4 6 ) , segundo Marcos, foi no dia seguinte. Jesus retornou ao Templo nos dias seguintes, impressionando as pessoas com os seus ensinamentos, para frus-
Lucas tração daqueles que queriam silenciá-lo para sempre. > B e t f a g é e B e t â n i a ( 2 9 ) Povoados a leste do monte das Oliveiras, a 3 km de Jerusalém. > V 3 8 Lucas fez uma paráfrase, para benefício de seus leitores não judeus. > V. 4 5 Veja M t 21.12-17. Lucas, assim c o m o Mateus, resumiu o relato d o que aconteceu. Confira M c 11.11,15-19. Lc 20.1-18: " C o m q u e a u t o r i d a d e . . . ? " ; a parábola dos lavradores maus Veja notas e m M t 21.23-46. Veja t a m b é m Mc 11.27—12.12. Lc 2 0 . 1 9 — 2 1 . 4 : O s a d v e r s á r i o s de J e s u s e s u a s a r m a d i l h a s Veja notas e m Mc 12.13-44. Veja também Mt 22.15-46. Lc 2 1 . 5 - 3 8 : S i n a i s d e d e s t r u i ç ã o e o fim d o s t e m p o s Veja M t 24 e M c 13. Vs. 8-11: Os sinais d o fim. Vs. 12-19: A perseguição dos seguidores de Jesus. Vs. 20-24: A queda de Jerusalém: a primeira etapa d o fim. Vs. 25-28: Sinais cósmicos e a vinda de Jesus: a segunda etapa d o fim.
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Vs. 29-33: A certeza desses acontecimentos. "Tudo isto" ( 3 2 ) deve se referir aos sinais de advertência, incluindo a queda de Jerusalém. Tudo indica que a vinda de Cristo está próxima: porém Deus ainda espera, dando tempo para as boas novas serem divulgadas em todo o mundo. Na Palestina, a figueira é a primeira árvore a renovar as folhas. Vs. 34-36: A necessidade de estar preparado. • V. 3 7 É possível que este texto diga que Jesus se hospedou ali, não que acampou.
Lc 2 2 — 2 4 As últimas a cruz e a
horas de Jesus: ressurreição
Lc 22.1-38: Judas trai Jesus; a última ceia Veja notas e m M t 26.14-29. Veja também M c 14.12-25; Jo 13—14. • V. 10 Geralmente, carregar água era trabalho das mulheres. Logo, seria fácil de localizar esse homem. Lc 22.39-53: N o m o n t e das Oliveiras; a prisão Veja notas em sobre Mt 26.30-56. Veja também M c 14.26-52. O verdadeiro julgamento de Jesus aconteceu entre as oliveiras daquele
Hsta maquete de Jerusalém na época de Jesus mostra a área do Templo (à direita, ao fundo). As casas da Cidade /Mia estão à esquerda. 0 Ione romano (a fortaleza Antônia) aparece anãs das construções do Templo (duas torres).
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Os Evangelhos e Atos
A fortaleza Anlònia. onde as tropas romanas estavam aquarteladas na época do julgamento de Jesus, ficava como que anexa ao Templo, o que pcnnitiria uma ação rápida em caso de revolta.
selho Superior do Sinédrio deixou claro que Jesus foi condenado por reivindicar ser o Filho de Deus. Mas a acusação foi reformulada ao ser apresentada ao governador romano. Pilaios não estava interessado cm ofensas contra a lei religiosa dos judeus, de sorte que Jesus foi acusado de perverter a nação (revolta), opor-sc ao pagamento de impostos (uma acusação totalmente falsa: 20.2025), e reivindicar que era o "Rei dos Judeus"—a acusação em que Pilatos acabaria baseando a sua sentença de condenação (veja v. 3 8 ) . Herodes estava e m Jerusalém para a festa da Páscoa, c 1'ilaii is mandou Jesus paia I lerodes. Se com isto Pilatos estava tentando transferir a responsabilidade, o plano não funcionou. E estranho ver que esse envio de Jesus a Herodes e a devolução dele a Pilatos tenha rcaproximado dois velhos inimigos.
Jesus foi levado à fortaleza Anlònia para ser julgado. Ali, no "Pavimento" ou 'Calçada de Rxlra", ele foi zombado e ridicularizado, ftdrasdeum pavimento do segundo século d.C. foram encontradas sob o convento Kcce I lomo. E^ras pedras trazem gravados jogos que os soldados romanos jogavam.
• 2 3 . 3 Jesus não se c o m p r o m e t e com essa resposta. O que Jesus queria dizer com esse título, e o que Pilatos entendia por ele, eram duas coisas bem diferentes. Veja o relato mais extenso e m Jo 18.33-38. Lc 23.13-31: C o n d e n a d o à morte
monte, quando ele consentiu e m sacrificar a sua vida. A prisão veio logo e m seguida. • V s . 4 3 - 4 4 Estes versículos não aparecem e m algumas traduções, porque supostamente foram acrescentados ao texto grego por um dos primeiros escribas ou copistas. O estudo dos manuscritos gregos indica que se trata, efetivamente, de um acréscimo. A palavra agonia/ aflição, que descreve o horror de Cristo diaine da perspectiva de morrer abandonado por Deus (Mc 15.34), só aparece aqui em todo o NT. Lc 22.54-65: P e d r o n e g a Cristo; os soldados z o m b a m dele Pedro foi corajoso o suficiente para não perder Jesus de vista, quando ele estava sendo levado embora. Mas sem nada a fazer além de esperar, a coragem sumiu e o medo tomou conta. Três vezes Pedro disse o que ele havia jurado que jamais diria (22.33; Mc 14.29-31). Até o líder dos discípulos de Jesus o negou. Mas bastou um olhar de Jesus para partir o coração daquele pescador. Lc 2 2 . 6 6 — 2 3 . 1 2 : O s j u l g a m e n t o s Veja também Mc 14.53—15.15. IVl.-i lei judaica, blasfêmia era uma ofensa que merecia pena de morte. O julgamento pelo Con-
Embora absolvido tanto por Herodes como por Pilatos, Jesus foi condenado à morte. Isto porque Pilatos não queria correr o risco de ver outro relatório desfavorável a seu respeito chegar aos ouvidos do Imperador (Jo 19.12). Assim, um homem condenado por assassinato foi solto, e um inocente foi açoitado e crucificado. Lc 23.32-49: N a cruz Veja M c 15.16-41. Apenas Lucas conta que um dos criminosos, que também zombavam de Jesus, se arrependeu c foi perdoado. Uma cruz podia ter o formado tradicional ou o formato de T, X, Y ou I. Tinha uma saliência na qual o condenado podia apoiar boa parte do peso d o corpo. Os prisioneiros eram fixados à cruz, pelos pés e pelas mãos, com cordas ou pregos, às vezes com as pernas dobradas e viradas para contorcer o corpo. Morrer dessa forma era uma tortura prolongada: uma lição para todos os que passavam por aquele lugar. Mas os autores dos Evangelhos decidiram enfatizar o significado da morte de Jesus, deixando de lado qualquer descrição do horror daquela cena. • E r a q u a s e a h o r a s e x t a / M a i s ou m e n o s a o m e i o - d i a ( 4 4 ) Esta era uma hora fácil de determinar (a partir da posição d o s o l ) . Como não existiam relógios, as horas são sempre aproximadas. João relata que Jesus foi condenado por Pilatos na hora sexta, mas é
Lucas provável que isto significava simplesmente "no final da manhã". Lucas informa que Jesus estava na cruz por volta d o meio-dia. A "terceira hora" que é mencionada em Marcos parece sugerir que Jesus foi crucificado mais cedo, mas também isto pode ser interpretado como uma forma menos precisa de dizer "ao longo da manhã". As diferenças não são tão importantes assim. > V. 4 5 O véu separava o santuário da área
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principal d o Templo. Apenas uma v e z por ano o sumo sacerdote entrava no santuário para interceder pelo p o v o ( H b 9 . 7 ) . Agora não há mais necessidade de um intermediário — todos têm acesso a Deus ( H b 10.19-22). Lc 23.50-56: U m s e p u l t a m e n t o às pressas Veja notas em Mc 15.42-47.
0 cúmulo da família Herodes em Jerusalém, como o de Jesus, era cavado na rocha e fechado com uma pesada pedra circular. A foto maior foi tirada do interior e a nienoi: do
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Dois amigos, tristes, iam de Jerusalém a Emaús, pensando que Jesus estava morto. Foi então que um estranho, o próprio Jesus, começou a caminhar com eles.
Os Evangelhos e Atos
Lc 24: J e s u s r e s s u s c i t o u dos mortos! Na tranqüilidade daquela manhã de domingo, ao raiar d o sol, chegaram notícias extraordinárias. O túmulo estava vazio. Jesus, morto recentemente e sepultado, estava vivo de novo! E difícil de harmonizar os detalhes que aparecem nos quatro relatos d o que aconteceu naquela manhã memorável. Em acontecimentos desse porte, é difícil de combinar os depoimentos de várias testemunhas independentes. Mas todas as testemunhas têm certeza a respeito do que ocorreu. (Veja "A ressurreição de Jesus".) Apenas Lucas registrou a história dos dois discípulos (não mencionados c m nenhum outro texto) que estavam indo para Emaús (13-35). A riqueza dos detalhes sugere que seja um relato em primeira mão. O que se passou quando Jesus começou a caminhar com eles — o súbito sentimento de tristeza e o novo entendimento que passaram a ter (vs. 32,45) — resume o que aconteceu com todos os seguidores de Jesus. Quando Jesus morreu, eles não só perderam um querido amigo e mestre, mas também o foco de todas as suas esperanças. Estavam sozinhos c com muito medo. Jesus havia fala-
d o várias vezes não só de sua morte, mas também de sua ressurreição (veja 18.31-34), mas eles não esperavam uma continuação da história. Pedro, o líder natural, sentia-se arrasado pelo fato de ter negado a Cristo. Mas e m 12 horas tudo mudou. O túmulo estava vazio e o próprio Jesus havia sido visto e m pelo menos cinco ocasiões diferentes, não só pelos apóstolos, mas por outros seguidores também. Eles o reconheceram como o verdadeiro Jesus, não um fantasma. Viram as marcas da emeificação (39-40). Ele comeu com eles (43). Apareceu a Pedro (34; I C o 15.5), e o apóstolo se tomou um novo homem. Desânimo, luto e medo foram substituídos por alegria indescritível (41). Tudo que estava escrito sobre Jesus nas Escrituras se cumpriu ( 4 4 ) . Agora aqueles que testemunharam essas coisas deviam ir e contar ao mundo q u e , por causa d o sofrimento de Jesus, existe perdão de pecados para todos ( 4 7 ) . O retorno de Jesus ao céu encerra a história de Lucas sobre a vida de Jesus na terra. • V s . 5 0 - 5 2 Lucas faz um resumo dos acontecimentos. C o m o ele deixa claro na continuação da história, e m Atos, a ascensão aconteceu 40 dias depois.
Lucas
619
A ressurreição de Jesus David
Wheaton
No ensinamento do AT, o conceito da ressurreição não aparece d e forma proeminente (veja "Posições do Antigo Testamento com relação ao pós-morte"). Embora a idéia d e ressuscitar não estivesse associada às expectativas em torno do Messias, Pedro, em seu sermão no dia de Pentecostes (At 2.2528), considerou a ressurreição de Jesus como o cumprimento de SI 16.8-11. 0 ensino d e Jesus Jesus ensinou a ressurreição em suas parábolas (Mt 13.36-43; 25.31-46. etc.) e a defendeu em sua discussão com os saduceus (Mc 12.18-27). Ele falou sobre uma ressurreição para o julgamento, quando os fiéis serão ressuscitados para terem a vida eterna em sua realidade final e absoluta, e os infiéis ressuscitarão para a condenação (Jo 5.19-29; 6.39,40,44-59; 11.25-26). Ao falar aos discípulos sobre a morte dele que se aproximava, Jesus lhes prometeu que ressuscitaria no terceiro dia (Mc 8.31; 9.31; 10.39 — em hebraico, a contagem é inclusiva; portanto, "depois de três dias", neste caso, equivale a "no terceiro dia" em Mt 16.21, etc). Os quatro evangelistas dão destaque à ressurreição d e Jesus em suas narrativas (Mt 28; Mc 16; Lc 24 e Jo 20—21). Paulo a destaca como um fato de fundamental importância na tradição cristã primitiva (1Co 15.1-8). A evidência A evidência da ressurreição de Jesus mostra que, apesar das promessas d e Jesus, os discípulos não esperavam que ele ressuscitasse dos mortos. Os registros bíblicos mostram de forma bem clara como eles passaram do desespero à confiança. E deixaram para nós as seguintes evidências:
•
•
O sol d o amanhecei' bate numa pedra usada para fechar um túmulo do século 1. "Ele não está aqui! Ressuscitou!", disseram os anjos.
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O túmulo vazio — Na primeira manhã da Páscoa as mulheres vieram embalsamar Jesus, esperando encontrar o túmulo fechado e o seu corpo no interior. Em vez disso, o túmulo estava aberto e vazio (Mc 16.1-7, etc.) O corpo desaparecido — Além de o corpo não estar lá, Mateus, Marcos e Lucas relatam que anjos proclamaram que Jesus ressuscitara, enquanto João relata como a posição das faixas, deixadas como se o corpo de Jesus houvesse passado através delas, foi o suficiente para convencê-lo ( J o 20.6-8). Se os inimigos de Jesus tivessem roubado o corpo, poderiam tê-lo mostrado, para refutar a pregação inicial da ressurreição; se os seus
amigos tivessem levado o corpo, jamais poderiam ter pregado com tanta convicção ou demonstrado tamanha perseverança diante do sofrimento. O Jesus ressuscitado — Todos os relatos enfatizam que os discípulos não esperavam ver Jesus vivo novamente. Jesus teve que provarlhes que realmente era ele quem lhes apareceu (Jo 20.15-16,20,27; Lc 24.30-31,37-39). Os discípulos transformados — Se comparamos J o 20.19 com At 2.14, veremos como o medo se transformou em coragem à medida que os discípulos se convenceram do fato que Jesus estava vivo novamente.
Os efeitos d a ressurreição d e Jesus • Para Jesus - A ressurreição confirmou sua reivindicação de ser o Filho d e Deus (Rm 1.4). - Ela deu início ao processo pelo qual ele retornou à glória do céu (Lc 24.50-51; Ef 1.19-21) e enviou o dom d o seu Espírito aos seus seguidores (Jo 16.7; At 1.8; 2.4). - Demonstrou o poder d e Deus Pai atuando nele (Ef 1.19-22). • Para os seus seguidores (incluindo os cristãos do século 21!) - A ressurreição de Cristo traz esperança para o futuro, de compartilharmos a glória d o céu (1 Pe 1.3-5; Jo 14.2-3). - Ela confirma a fé em Cristo aqui e agora (1 Co 15.12-20). - Mostra que Cristo abriu, para todos os que confiam nele, o caminho que leva até à presença do Pai (ICo 15.22-23; Hb 2.10-15). Assim, ele é chamado de"primícias dos que dormem" ("primícias" é linguagem
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Os Evangelhos e Atos figurada que indica que outros seguirâo o mesmo caminho). - Incentiva os fiéis em Cristo, aqui e agora, a se valerem dos benefícios da ressurreição (Ef 2.6), à medida que desenvolvem uma nova disposição mental (Cl 3.1-3), uma nova experiência de vitória sobre o pecado (Rm 6.5-14), e poder para viver (Ef 1.18-20; Fp 3.10).
O q u e aconteceu d e p o i s Os quatro evangelistas ou escritores dos Evangelhos relatam várias manifestações de Jesus no período após a sua ressurreição. Em Atos (1.3), Lucas diz que essas manifestações ocorreram durante um período de 40 dias, após os quais Jesus retornou ao céu quando de sua ascensão. Seu desaparecimento dessa forma visível convenceu-os de que uma época havia chegado ao fim (após as manifestações anteriores, Jesus desaparecera ou como que "evaporara"). Se tivesse se deslocado em qualquer outra direção que não fosse para cima, teria deixado os discípulos confusos, ainda dispostos a procurá-lo na terra. Os escritores bíblicos descrevem Jesus retornando à posição de privilégio e poder, "assentado à direita" do Pai (Ef 1.20-21; Cl 3.1; Hb 1.3) e esperando a hora marcada pelo Pai para retornará terra em glória (Mc 13.26-27,32), para ressuscitar os mortos ( U s 4.13-18) e dar-lhes o corpo glorioso da ressurreição (ICo 15.35-44). Até aquele dia, Jesus é nosso grande sumo sacerdote, que levou a nossa humanidade para o céu. Ele vive e acompanha o que se passa com o seu povo (At 7.55-56; Hb 2.17-18; 4.14-16) e intercede por nós (Hb 7.24-25; 9.24). O fato de ele ser apresentado como estando à direita do Pai é evidência de que a sua obra está completa e foi aceita (Hb 1.3-14; 10.11-14).
0 primeiro dia d a Páscoa Reunindo a evidência dos quatro Evangelhos, podemos sugerir a seguinte seqüência de acontecimentos: • Um grupo de mulheres vai ao túmulo no amanhecei do ptimeiro dia da semana para embalsamar o corpo de Jesus (Ml 28.1; Mc 16.1-2; Lc 24.1-10; Jo 20.1a). • Elas descobrem que a pedra foi revolvida e o túmulo está aberto (ivtt 28.2-4; Mc 16.34; Lc 24.2; Jo 20.1b). • 0 corpo de Jesus não está mais no túmulo; elas vêem um anjo que explica a situação e transmite uma mensagem (Mt 28.5-7; Mc 16.5-7; Lc 24.3-7). • As mulheres voltam correndo a Jerusalém para contar aos outros discípulos, e são recebidas, em grande parte, com incredulidade (Mt 28.8; Lc 24.8-11,22-23; Jo 20.2). • Pedro e "o discípulo a quem Jesus amava" vão ao túmulo e o encontram vazio; depois, retomam para casa (Jo 20.3-10; veja Lc 24.12,24). • Maria Madalena vai com eles de volta ao túmulo, e fica ali depois de que Pedro e João se retiraram. Então Jesus fez sua primeira aparição, a Maria Madalena (Jo 20.11-18; Mt 28.9; Mateus fala de Maria Madalena e "a outra Maria").
• No mesmo dia ele aparece a Pedro (Lc 24.34,1Co 15.5), aos dois discípulos no caminho de Emaús (Lc 24.13-32; veja Mc 16.12-13), e, mais tarde, em Jerusalém, ao restante dos discípulos, exceto Tomé (lo 20.19-23; Lc 24.36-43; Mc 16.14). Outras aparições são registradas nos quatro Evangelhos, em At 1 e em ICo 15.0 que emerge de todos os relatos é uma consistência surpreendente em dois pontos: que Jesus podia, agora, manifestar-se e desaparecer como bem entendesse; e que ele se manifestou apenas aos seus seguidores.
621 Resumo A história de Jesus contada por João é um Evangelho de luz e amor.
JOÃO Assim como os outros três Evangelhos, João conta a história de Jesus, abrangendo parte do mesmo conteúdo. No entanto, para nossa surpresa, este Evangelho é bem diferente de Mateus, Marcos e Lucas. Um líder da Igreja antiga chamado Clemente de Alexandria disse que João era o Evangelho "espiritual".
crê... tenha a vida eterna" (3.16). João descreve Jesus como uma luz inextinguível que brilha nas trevas: luz que oferece o dom da vida.
• João c o m p l e m e n t a os outros relatos, concentrando-se no significado d o que ocorreu. • João escreveu conforme um plano e padrão diferentes dos demais Evangelhos. Seu Evangelho traz menos episódios, se comparado com o que se encontra nos outros três. • Dos vários milagres, e l e selecionou certos "sinais"que mostram claramente quem Jesus é. • Ele registrou p r i n c i p a l m e n t e o q u e Jesus disse — em especial sobre si mesmo — num estilo b e m d i f e r e n t e d e Mateus, o o u t r o Evangelho que se concentra nas afirmações de Jesus. Ele não incluiu parábolas, mas nos dá as grandes afirmações de Jesus iniciadas com "Eu sou". • Enquanto os outros três dão destaque especial à Galileia, a maioria dos acontecimentos registrados e m João ocorreu e m e ao redor de Jerusalém por ocasião de várias festas judaicas. É possível que Jesus tenha adotado um estilo diferente de ensinar quando estava na cidade que era a capital e o centro teológico d o país. • 0 Evangelho d e João fala sobre "os judeus", quase c o m o se os discípulos d e Jesus não fossem também judeus. Ele fez isso provavelmente para seus leitores não judeus — algo muito natural, se ele escreveu o seu Evang e l h o e m Éfeso (veja abaixo). O fato d e ele usar essa designação indistintamente para os judeus e m geral e para as autoridades religiosas que se opuseram a Jesus tem sido interpretado e q u i v o c a d a m e n t e c o m o uma característica anti-semita. Mas o próprio João era judeu, e e l e escreveu q u e "muitos d o s judeus... creram", principalmente à medida que a história vai chegando a seu ponto alto (veja, p. ex., 11.45; 12.11,42). E ele se esforçou para explicar a incredulidade dos outros (12.37-43; compare isso com Paulo, angustiado com a mesma questão e m Rm 9—11).
O autor e seus leitores 0 autor se refere a si mesmo como "o discípulo a quem Jesus amava" (21.20,24). Ele era um dos Doze, e um dos mais próximos a Jesus e Pedro. O Evang e l h o não menciona o apóstolo João e descreve João Batista apenas como "João". Essas pistas apontam para João, filho de Z e b e deu, irmão de Tiago e sócio de Pedro e André. Mesmo que João não tenha escrito o Evangelho de próprio punho (ele pode ter usado um secretário, como Paulo fazia), isso não anula o fato de que a ligação com e l e é bastante estreita. Na Igreja primitiva acreditava-se que o
O grande tema do Evangelho de João é o amor: "Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigénito, para que todo o que nele
Principais p a s s a g e n s e histórias mais conhecidas A Palavra (1) O casamento em Caná (2) Nicodemos (3) A mulher samaritana (4) A multiplicação dos pães: "Eu sou o pão da vida" (6) "Eu sou a luz do mundo" (8.12-59) A cura de um cego de nascença (9) "Eu sou o bom pastor" (10.1-21) A ressurreição de Lázaro: "Eu sou a ressurreição e a vida"(! 1) Jesus é ungido por Maria (12.1-7) A última ceia de Jesus com os seus discípulos 03-17) "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" (14) A videira verdadeira (15) A oração de Jesus (17) Julgamento, morte e ressurreição (18-21) Jesus e Maria Madalena (20.11-18) A incredulidade de Tomé (20.24-29) Jesus e Pedro (21.15-19)
apóstolo, já idoso, escreveu ou ditou o Evangelho em Éfeso, cidade da região onde hoje fica a Turquia. Isso é interessante, porque o Evangelho foi claramente escrito por um judeu da Palestina que combinou conceitos encontrados também nos Rolos do Mar Morto com linguagem "pré-gnóstica" e idéias do mundo greco-romano (veja "Para entender Colossenses"). O conceito judaico de "reino de Deus" aparece, em João, numa formulação diferente: "vida eterna". No seu prólogo, ele usa a palavra logos (traduzida por "Palavra" ou "Verbo"), que tinha significado especial tanto para judeus como para pessoas do mundo helenista. Outros exemplos são os temas de luz e trevas, e a glória revelada através da vida de Cristo no mundo.
622
Os Evangelhos e Atos O Evangelho parece supor que os leitores já conheciam os fatos da vida de Jesus, e é geralmente considerado como sendo escrito para cristãos, judeus e não judeus. As palavras "para que vocês creiam", em 20.31, que parecem se referir a incrédulos, podem significar "para que continuem a crer" ou "para que sejam confirmados em sua fé".
O apóstolo João João pode ter sido primo de Jesus (sendo Salomé, a mãe dele, irmã de Maria: Mt 27.56; Mc 15.40; Jo 19.25). A empresa familiar no ramo da pesca, em Cafarnaum, deve ter sido uma atividade bem-sucedida, pois eles (Zebedeu e seus filhos) tinham empregados. Se o "outro discípulo" mencionado em 18.15-16 era João, talvez foi através dessa atividade comercial que João tinha contato com o sumo sacerdote (Jo 18.15-16). Também é possível que ele fosse o discípulo anônimo de João Batista mencionado em Jo 1.35,40. João certamente foi um dos discípulos que conhecia Jesus mais de perto. João e Tiago (apelidados por Jesus de "filhos do trovão") formavam, com Pedro, o privilegiado grupo de discípulos que estava com Jesus em momentos marcantes do ministério dele. Em seu Evangelho. João usou bastante luzquevemao mundo.
Q u a n d o o E v a ngel ho foi escrito? A
maioria dos estudiosos acredita que esse foi o último Evangelho a ser escrito, no final do
primeiro século, embora alguns o datem de antes de 70 d.C, quando a rebelião judaica contra Roma resultou na destruição de Jerusalém.
Jo 1.1-18 O
prólogo
Mateus c Lucas começam as suas narrativas com o nascimento dc Jesus. Marcos começa com o início d o ministério de Jesus. A introdução de João vai até o princípio de tudo. Aqui. a história de Jesus não começa com um nascimento humano. Este Evangelho fala sobre "a Palavra" que tem a mesma natureza de Deus ( 1 ) e que foi o instrumento de Deus na criação ( 3 ) . Quando Deus falou (veja Gn 1 ) , sua Palavra deu origem à vida. Logo a seguir aparece esta impressionante verdade: essa mesma Palavra se tornou um ser humano na pessoa dc Jesus Cristo (14). "Ele viveu entre nós", diz João. "Vimos a sua glória". Sua vida brilhou em contraste com a escuridão dc um mundo que se recusou a reconhecê-lo ( 1 0 ) . N e m mesmo o seu p o v o quis recebê-lo (11). Mas aqueles que o receberam são abençoados com o perdão amoroso dc Deus (graça, 16). São aceitos e bem-vindos na família de Deus; são seus filhos adotados ( 1 3 ) . Deus enviou um mensageiro para preparar
ò23 o seu povo para a vinda de Cristo ( 6 - 7 ) , mas o papel d o seu único Filho é mostrar quem é Deus ( 1 8 ) . • V e r b o / P a l a v r a ( 1 ) Em g r e g o , logos. João escolheu uma palavra que para judeus e gentios "é o ponto de partida de todas as coisas" (William T e m p l e ) . Ela combina o pensamento judaico da auto-revelação de Deus com a idéia grega da "Razão" por trás de tudo. • João ( 6 ) João Batista (veja Lc 1, Mt 3, Mc 1), o anunciador d o Cristo que viria. • V. 14 João pode estar se referindo de m o d o especial àquele episódio e m que e l e , Pedro e Tiago viram Jesus e m sua glória, no monte da transfiguração ( M t 17.1-8).
Jo 1 . 1 9 — 2 . 1 2 João e Jesus: as cenas
iniciais
Jo 1.19-34: " E i s o C o r d e i r o d e D e u s " A p r e g a ç ã o d r a m á t i c a de J o ã o Batista atraiu a atenção de muita gente. Mas ele fez com que essa atenção fosse dirigida a outro. Ele não era o Messias. N e m m e s m o admitiu ser o segundo Elias que havia sido prometido (Ml 4.5; e m contraste, Jesus não deixou dúvidas de que essa profecia se cumpriu e m João: Mt 17.10-13). E ele também não era o profeta como Moisés, mencionado e m Dt 18.15. T ã o logo Deus lhe revelou quem era o seu escolhido (32-34), João direcionou o povo a Jesus. • Os j u d e u s ( 1 9 ) C o m o e m outras partes do Evangelho, João não fez distinção entre uma designação mais ampla ("todos os judeus") e um sentido mais estrito ("os líderes judeus"). Aqui ele se refere às autoridades religiosas dos judeus. Veja a Introdução. • F a r i s e u s ( 2 4 ) Veja "A religião judaica na época do NT." • Betânia ( 2 8 ) Essa não é a Betânia próxima de Jerusalém mencionada em outras passagens. Sua localização exata é desconhecida. • O Cordeiro de Deus ( 2 9 ) Uma expressão que v e m dos sacrifícios oferecidos no AT ( L v 4.32-35; veja também Is 53.412). O pecado separa a pessoa culpada d o Deus santo. Mas na época d o AT um animal podia ser oferecido c o m o "expiação". N o v o s pecados exigiam novos sacrifícios. Jesus é o ''Cordeiro" de Deus que entregou a sua vida de uma v e z por todas para "tirar o pecado do mundo". É interessante notar que Jesus morreu quando os cordeiros eram mortos para a festa da Páscoa.
Jo 1.35-51: O s p r i m e i r o s discípulos de Jesus Veja "Os doze discípulos dc Jesus" c notas em M c 3.7-19. A o o u v i r e m as palavras de João, dois de seus seguidores o deixaram para seguir Jesus: André, o pescador (veja também 6.8-9,12.22), e um seguidor anônimo, possivelmente o apóstolo João. As novas eram boas demais para não serem compartilhadas; assim, André levou Pedro a Jesus, e Filipe (veja tamb é m 6.5; 12.21; 14.8) levou Natanael. • V s . 3 2 - 3 4 João é o primeiro de quatro testemunhas que, neste capítulo, identificam Jesus c o m o Filho de Deus, Messias e Rei de Israel ( 4 1 , 4 5 , 4 9 ) . • H o r a d é c i m a ( 3 9 , A R A ) "Quatro horas da tarde" ( N T L H ) , se contarmos a partir das seis da manhã ( o nascer d o s o l ) . Tradicionalmente, os judeus contavam as horas a partir das seis da manhã até às seis da tarde, e das seis da tarde até às seis da manhã. Contudo, há quem argumente que, no Evangelho de João, adotase o sistema romano de contar as horas, ou seja, da meia-noite ao meio-dia e d o meiodia até meia-noite. (Neste caso, a hora décima seria d e z da manhã.) • V. 4 2 Tanto "Cefas" ( o nome aramaico) como "Pedro" ( q u e v e m d o g r e g o ) significam "homem-rocha". • V 4 8 Natanael estava seguindo o costume judaico de meditar sobre as Escrituras debaixo da figueira. C o m base nas palavras de Jesus no v. 5 1 , é provável que ele estivesse pensando sobre o sonho de Jacó, e m que o patriarca viu uma escada que ia da terra até o céu (Gn 2 8 . 1 2 ) . Jesus aplicou a si essa história de Jacó. Em Jo 21.2, Natanael parece ser um dos Doze. Não entanto, ele não aparece nas listas de apóstolos, a menos que Bartolomeu fosse seu outro nome. • Filho
do
homem
(51)
A descrição
"No
princípio
era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele
estava ito principio com Deus... E o Verbo se
fez carne e habitou entre nós, cheio dc graça e de verdade, e vimos a sua glória... Ninguém jamais viu a Deus; o Deus Unigénito, que está no seio do Pai. é quem o revelou". Jo 1.1-2,14,18 (ARA)
Naianael estava meditando sob uma figueira - tau lugar de muita sombra, protegido do calor do sol - quando Kilipe veio lhe falar de Jesus.
624
Os Evangelhos e Atos
"Porque Deus ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigénito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". Jo3.16
(ARA)
favorita que Jesus usava para si mesmo. O título ecoa a visão de Daniel sobre o futuro rei (Dn 7.13-14).
Jo 2 . 1 3 — 3 . 3 6 Jesus em Jerusalém na festa da Páscoa
Jo 2.1-12: J e s u s n u m a festa de casamento
J o 2 . 1 3 - 2 5 : C a m b i s t a s s ã o expulsos do Templo
O primeiro milagre de Jesus foi realizado num contexto bem simples. Uma festa de casamento normalmente durava uma semana, e, quando o vinho acabou, o noivo (que o providenciava) deve ter ficado muito envergonhado. Este é o primeiro dos "sete" sinais escolhidos por João. Todos têm um propósito: dar sustentação às reivindicações de Jesus e levar à fé ou confirmar a fé. Nenhuma lição é tirada dessa história, mas a água geralmente é considerada símbolo d o antigo sistema religioso que Jesus transformou.
Veja notas e m M t 21.12-17. João colocou esse incidente no início d o ministério de Jesus, ao passo que os outros Evangelhos o colocam no final. É possível que ele tenha ignorado a cronologia exata e m favor de considerações mais importantes. Jesus, o Messias, visitou "seu" Templo e afirmou a sua autoridade sem igual, sendo imediatamente questionado pelas autoridades sobre o direito de fazer aquilo.
• C a n á ( 1 ) A cidade natal de Natanael ( 2 1 . 2 ) , que ficava uns 6 km ao norte de Nazaré. • V 4 N i n g u é m , nem mesmo a m ã e , tinha o direito de pressionar Jesus. Mas a resposta dele não foi tão ríspida c o m o algumas traduções sugerem. O significado provavelmente é "as suas preocupações não são iguais às minhas". "Minha hora" é significante e m João, apontando o cumprimento da missão de Jesus. • V. 6 A água que estava nos potes de pedra era usada para a l a v a g e m ritual das mãos e dos utensílios.
No casamento em Caná da Galileia, Jesus realizou seu primeiro milagre: transformou água em vinho. (A talha de pedra, acima, está no Museu Rocltefeller, cm Jerusalém.)
• P á s c o a ( 1 3 ) Veja Mt 26.14-29. • V s . 2 0 - 2 1 João pressupõe que os seus leitores conhecem a história da morte e ressurreição de Jesus. O Templo era, num sentido especial, o lugar da presença de Deus. Era ali que as pessoas podiam chegar o mais próximo possível de Deus. C o m a vinda de Jesus isso mudou: ele podia se apresentar c o m o o T e m p l o de Deus. Q u e m tinha visto Jesus tinha visto também o Pai ( 1 4 . 9 ) . Veja " O Templo de Herodes", para uma descrição d o Templo na época de Jesus. Jo 3.1-21: O e n c o n t r o c o m Nicodemos Nicodemos, membro d o Conselho Superior dos judeus ( o Sinédrio), decidiu visitar o Mestre e m sigilo, à noite. Mais tarde ele declarou ptibli-
João camente estar do lado de Cristo (7.50-51; 19.39). Fica claro que as duras críticas que Jesus fez sobre alguns fariseus não se aplicavam a todos. A locução "reino de Deus", tão freqüente nos outros Evangelhos, aparece uma única v e z em João, no v. 3. Ele usa sempre de n o v o a expressão "vida eterna" ( 1 6 ) . Entrar no reino de Deus significa um r e c o m e ç o radical. A nova era que Jesus inaugurou não é determinada pelo antigo ciclo de nascimento e morte física. A vida eterna envolve algo que só pode ser descrito c o m o um n o v o nascimento, c o m o um "nascer d o Espírito". Os vs. 16-21 p o d e m ser vistos c o m o palavras de Jesus ou c o m o um comentário dc João. Neles aparece o cerne da mensagem do evangelho. Jesus veio salvar. Essa salvação está à disposição de todo o mundo, mas só pode ser recebida pela fé. A conseqüência da vinda de Jesus para aqueles que o rejeitam é o juízo. • V e n t o / E s p í r i t o ( 8 ) N o g r e g o , assim c o m o no hebraico, a mesma palavra pode ter esses dois significados. Assim, o que temos aqui é um j o g o de palavras. • S e r p e n t e / c o b r a d e b r o n z e ( 1 4 ) Veja Nm 21.4-9. Jesus foi "levantado" quando de sua crucificação. Jo 3 . 2 2 - 3 6 : J o ã o d i z : "Eu n ã o s o u o C r i s t o " Por um t e m p o , o ministério de Jesus correu paralelo ao de João Batista, e Jesus atraiu maiores m u l t i d õ e s . A r e a ç ã o d e João foi exemplar. N ã o há nenhum sinal de amargura ou inveja que pudesse ter abalado a sua alegria com o sucesso que Deus deu a Jesus. Ele ficou feliz e m deixar que Jesus ficasse sob os holofotes, enquanto ele mesmo foi c o m o que saindo pela porta dos fundos ( 3 0 ) . Os vs. 31-36 podem ser vistos c o m o palavras d c João Batista ou um c o m e n t á r i o d o autor d o Evangelho. • V. 2 2 Veja 4.1-2. • V. 2 4 Veja M c 6.17-29. Aqui e e m outras passagens o autor supõe que seus leitores conheçam os fatos principais (embora M c 1.14 e Mt 4.12 digam que João foi preso antes de Jesus começar o seu ministério público).
Jo 4 . 1 - 4 2
Jesus e uma mulher
samaritana
Jesus escolheu o caminho mais curto de Jerusalém à Galileia. Esse c a m i n h o passava pela Samaria c normalmente era evitado
625
As sete afirmações "Eu sou..." e os sete "sinais" de Jesus 1.0 pão da vida (6.35) Sinal: a multiplicação dos pães (6.5-14) 2. A luz do mundo (8.12) Sinal: a cura do cego de nascença (9.1-41) 3. A porta para as ovelhas (10.7) 4.0 bom pastor (10.14) 5. A ressurreição e a vida (11.25) Sinal: a ressurreição de Lázaro (11.1 -44) 6.0 caminho, a verdade e a vida (14.6) 7. A videira verdadeira (15.1) Os outros sinais:
- Água em vinho no casamento em Cana (2.1-11) - Cura do filho do oficial (4.46-54) - Cura do enfermo no tanque de Betesda (5.1-9) - Jesus anda sobre o mar da Galileia (6.16-21) Veja 3.2; 6.14; 7.31; 20.30-31 para os motivos pelos quais João registrou esses sinais. Jo 2.13-22 indica o sinal supremo: a ressurreição do próprio Jesus.
626
Os Evangelhos e Atos • V 1 3 Veja a promessa de Jesus em 7.37-38. • V 2 0 Para os samaritanos, o centro de culto era o monte Gerizim; para os judeus, era Jerusalém. Jesus disse que o lugar não era importante. O que importava era que o culto viesse do coração e fosse prestado com verdadeira fé.
Jo 4.43-54 Na Galileia, Jesus cura o filho de um oficial Este é o segundo sinal registrado por João (veja nota e m 2.1-12, a c i m a ) . Jesus não fez nenhum milagre apenas para impressionar. 0 objetivo dos milagres, c o m o se pode ver neste caso (v. 5 3 ) , era levar à fé e fortalecê-la. Ao registrar os milagres, o propósito de João é exatamente o mesmo.
Jo5 Outra
vez em
Jerusalém
Jo 5.1-18: P r o b l e m a s n o s á b a d o A cura de um doente crônico no tanque de Betesda (ou Betezata) é o terceiro sinal que aparece e m João (veja 2.1-12; 4 . 4 3 - 5 4 ) . Jesus curou uni enfermo junto ao tanque de Betesda. Esse tanque, com seus cinco "pórticos", foi descoberto pela arqueologia, bem abaixo do nível da atual Jerusalém.
pelos judeus, j á que mais de 700 anos de preconceito racial e religioso separavam os judeus dos samaritanos (veja sobre samaritanos e m "A religião judaica na época d o N T " ) . Se aliarmos a isso o fato de que os judeus costumavam fazer a oração, "Bendito és tu, Senhor,... por não m e teres feito mulher", está explicada a surpresa da mulher samaritana (v. 9 ) quando Jesus se pôs a falar c o m ela. M e s m o cansado e sedento, Jesus sempre deu atenção às pessoas e m suas necessidades. C o m o desenrolar da conversa ficou evidente que a necessidade da mulher não era física ( c o m o ela pensava), mas espiritual ( 7 - 1 5 ) . Ficou claro que ela tinha um problema moral que ela tentou evitar c o m uma pergunta teológica ( 1 6 - 2 4 ) . Ela via o Messias c o m o resposta para todas as perguntas, e ele estava ali bem na frente dela ( 2 5 - 2 6 ) . C o m o resultado desse encontro, aparentemente tão insignificante, muitos creram: alguns através d o testemunho da mulher, muitos outros quando ouviram as palavras d o próprio Jesus. • S i c a r ( 5 ) Provavelmente Ascar, que fica próxima à fonte de Jacó.
Em várias ocasiões, Jesus entrou e m conflito c o m as autoridades religiosas por causa de curas realizadas no sábado ( M c 3.1-6; Lc 13.10-17; 14.1-6; Jo 9 ) . Jesus não discordava d o princípio mais a m p l o d e que o sábado era um dia especial ( e l e freqüentava a sinagoga c o m r e g u l a r i d a d e ) , mas discordava das restrições menos importantes impostas pelas autoridades religiosas. N ã o raras vezes essas restrições conflitavam c o m o propósito que Deus tinha e m vista ao dar a o p o v o um dia semanal de descanso e adoração. Nessa ocasião, e m Jo 5, Jesus foi c r i t i c a d o por dois m o t i v o s : v i o l a ç ã o d o s á b a d o e blasfêmia. A suposta blasfêmia consistia e m colocar o que ele estava fazendo no m e s m o nível das obras d e Deus ( 1 7 ) . Jesus respondeu que a ação de Deus no m u n d o não terminou com a criação. • 3 8 a n o s ( 5 ) Isso nos dá uma idéia do desespero daquele h o m e m . Ele estava ali havia tanto t e m p o e tentara tantas vezes ser o primeiro a entrar na água que praticamente perdera as esperanças. • O s j u d e u s ( 1 0 ) Aqui e no v. 18 trata-se, c o m certeza, de autoridades religiosas que se opuseram a Jesus (veja NTI..H).
João Jo 5 . 1 9 - 4 7 : E m n o m e de D e u s Aqueles que se opunham a Jesus tinham razão: Ele estava "fazendo-se igual a Deus" (18), embora não fizesse nada sem Deus ( 1 9 ) . "Eu não posso fazer nada por minha própria conta... (Eu faço) a vontade daquele que m e enviou" ( 3 0 ) . Mas as reivindicações que ele faz a respeito de si mesmo são surpreendentes. Como "Filho de Deus", • ele conhecia o plano de Deus ( 2 0 ) ; • tinha autorização de Deus para tudo o que dizia e fazia ( 1 9 , 3 0 ) ;
627
•
tinha p o d e r para dar v i d a eterna (21,24,40); • tinha o d i r e i t o e a a u t o r i d a d e de j u l g a r todas as pessoas, vivas e mortas ( 2 5 - 2 9 ) . A l g u é m q u e fizesse tais r e i v i n d i c a ç õ e s devia ser "louco, mau, ou (realmente) Deus". Que evidências ele podia dar a seus adversários? Estas: • o que Deus disse por ocasião d o batismo de Jesus ( 3 7 ) ; • o testemunho de João Batista ( 3 3 - 3 5 ) ; • a evidência dos seus próprios milagres (36); • as palavras das Escrituras d o AT ( 3 9 ) .
A família Herodes E. M. Blaiklock
Quando os romanos organizaram o Império no Oriente, em 63 a.C, Pompeu nomeou um sacerdote chamado Hircano para governar a Galileia, a Samaria, a Judéia e a Peréia. Hircano tinha um vizir astuto, um idumeu chamado Antipater, que sabia como usar o poder com perspicácia em proveito de sua própria família. Ele garantiu cargos importantes para os seus dois filhos, Fasael e Herodes, e, quando Antipater foi assassinado, em 43 a.C, os dois jovens o sucederam, assumindo, em conjunto, as funções do vizirado na corte de Hircano.
Herodes, o G r a n d e Fasael logo foi vítima de um ataque dos partos que se seguiu ao assassinato de Júlio César, que pretendia pacificar suas fronteiras. Herodes fugiu para Roma, e impressionou Otaviano (o futuro Augusto) de tal forma que recebeu a tarefa de recuperar a Palestina, oque ele fez entre 39 e 36 a.C. Ele teve uma administração pró-romana bem sucedida que durou 34 anos e ficou marcada pela construção do porto e da base romana em Cesaréia e de um templo dedicado a Augusto, na região da Samaria. Ao mesmo tempo, Herodes conci-
liou os judeus, que o odiavam por ser edomita, ao construir o grande templo de Jerusalém (veja "O Templo de Herodes"). Era um ótimo diplomata. Dividiu a oposição ao suprimir a velha aristocracia — mas se casou com fvlariamne, uma aristocrata, e constituiu uma nobreza de oficiais. Estimulou a lealdade a sua casa, ao fundar um partido judaico pró-Herodes, os "herodianos"; estabeleceu uma burocracia segundo os moldes dos ptolomeus do Egito; e assegurou seu poder com um exército de mercenários e um complexo de fortalezas. O preço que teve de pagar por seu estilo de vida arriscado foi tensão dentro de sua própria família, assassinato, e, finalmente, paranóia. Esse foi o Herodes que era rei quando Jesus nasceu. O que sabemos a respeito deste Herodes condiz com os relatos sobre a inveja dele em relação ao "rei rival" que havia nascido e o brutal massacre dos meninos de Belém. Em seu testamento, Herodes dividiu o reino que ele governara durante tanto tempo, com tanta habilidade e crueldade. • Arquelau, filho da samaritana Maltace, assumiu a Judéia e a Iduméia, sem dúvida a melhor parte. • Herodes Antipas, filho da mesma
•
mãe, recebeu a Galileia e a Peréia. E Filipe, filho de uma judia chamada Cleópatra, tomou a Ituréia, Traconítes, e os territórios associados que ficavam a Nordeste.
Arquelau Arquelau, que herdou os defeitos de seu pai, mas não a sua habilidade, suprimiu com violência tumultos que ocorreram em Jerusalém. O resultado foi uma revolta ainda maior, que exigiu a firme intervenção de Varo, governador da Síria. O reinado insuportável de Arquelau durou até 6 d.C, quando foi banido, e m função dos protestos dos judeus. A Judéia ficou sob o controle de um procurador (governador responsável diante das autoridades romanas).
Herodes Antipas H e r o d e s A n t i p a t e r (Antipas), por outro lado, se igualou a seu pai em termos de duração do reinado. O talento herodiano para a diplomacia deu sustentação ao governo fantoche e n q u a n t o Tibério foi o Imperador. Entretanto, Antipas interpretou mal o desvairado Calígula. Foi em busca de um título real, mas
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Os Evangelhos e Atos • M o i s é s ( 4 5 ) Veja Dt 18.18. Jesus é o Profeta que Deus havia prometido através de Moisés.
"file ¡Dcusl quer que r o r e s creiuin naquele que ele enviou!" Jo 6.29 (NTLII)
Jo6 Galileia Jo 6.1-21: Jesus a l i m e n t a mais d e 5.000 pessoas; Jesus a n d a e m cima da á g u a Veja notas em Mc 6.30-56. Veja também Mt 14.13-36; Lc 9.10b-17. Esses são o quarto e o
foi deposto e exilado, um infortúnio compartilhado c o m lealdade pela famosa Herodias. Foi Antipas quem prendeu e ordenou a execução d e J o ã o Batista. Ele teve, também, um breve encontro com Jesus, quando, durante o julgamento, Pilatos enviou o prisioneiro a Herodes.
Herodes Agripa I Herodes Agripa I, neto de Herodes, o Grande, foi criado em Roma, tinha mais habilidade para lidar com Calígula, e acabou sendo o sucessor do tetrarca Filipe quando este, o melhor dos três irmãos, morreu. Quando Antipas foi exilado, a Galileia e a Peréia foram anexadas, e, em 41 d . C , Agripa recebeu do Imperador Cláudio todos os territórios que haviam sido governados por seu avô. Esse é o Herodes que aparece em At 12. Morreu de uma grave doença intestinal, em 44 d . C , com 34 anos, e a Palestina ficou completamente sob o controle romano.
H e r o d e s A g r i p a II Agripa deixou um filho adolescente que, em 48 d . C , foi constituído rei de Caleis pelo Imperador Cláudio. Em 53 d.C, os domínios do tetrarca Filipe e de Lisânias foram acrescentados por Cláudio a esse reino, juntamente com uma área no lado oeste da Galileia, inclusive a nova cidade de Tiberíades. A nomeação incluía o título de rei. Assim, em 53 d . C , Agripa se
quinto sinais em João (veja 2.1-11; 4.46-54; 5.1-9). O dia e m que Jesus alimentou a multidão ficou marcado na memória de João, c ele traz detalhes que não aparecem nos outros ires relatos. Ele se lembrou dos discípulos que responderam a pergunta de Jesus; lembrouse d o menino que abriu m ã o da comida que havia trazido. E no relato de como Jesus foi aié eles naquela noite, andando c m cima da água, lembrou-se da distância que já tinham remado quando viram Jesus. • P á s c o a ( 4 ) Essa é a segunda Páscoa
Antipater
Fasael
Arquelau
Herodes, o Grande
Herodes Antipas
Filipe
Aristóbulo
Herodes Agripa 1
Herodes Agripa II
tornou Agripa II, o último da linhagem herodiana. No NT, ele aparece apenas na história muito bem contada de At 25, na qual, como convidado do procurador Félix, ele ouviu a defesa de Paulo.
João Os montes ao redor do mar da Galileia refletem a luz do pòr-do-sol. Poi nessa hora do dia que pediram para Jesus providenciar aumento para uma multidão faminta.
mencionada e m João (veja 2 . 1 3 ) . Um ano depois, na Páscoa seguinte, Jesus seria morto (11.56; 12.1). Jo 6 . 2 2 - 5 9 : " E u s o u o p ã o d a v i d a " Na sinagoga e m Cafarnaum ( 5 9 ) , Jesus tomou o pão como ponto de partida para uma lição mais profunda. A multidão queria um Messias que sempre pudesse dar comida de graça ( 2 6 , 3 4 ) . Ninguém p o d e v i v e r sem a l i m e n t o . Mas Jesus veio dar um "pão" que satisfaz mais d o que as necessidades físicas. Ele é o pão que Deus dá, aquele que v e i o dar vida ao mundo ( 3 3 ) . Quem cre nele jamais terá fome ( 3 5 ) . Paradoxalmente, por ter d a d o a sua própria vida é que Jesus p o d e dar aos outros
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uma vida "para sempre" ( 5 1 ) . Para receber essa vida, é necessário aceitar o sacrifício que ele fez ( 5 2 - 5 8 ) . Na última ceia, Jesus d e u expressão visível a essa mesma v e r d a d e ( M t 26.26-28). • M a n á ( 3 1 ) Veja Êx 16 e Dt 8.3. Jo 6.60-71: A r e a ç ã o A q u e l e s que d e r a m uma i n t e r p r e t a ç ã o estritamente literal às palavras de Jesus ficaram enojados. A Lei proibia beber sangue. A carne tinha que ser sacrificada de acordo com as exigências da Lei. Mas, se tivessem levad o a sério o motivo por que essa regra havia sido dada, eles teriam entendido as palavras de Jesus. Lv 17.11 diz: "porquanto é o sangue que fará expiação e m virtude da vida". Assim, Jesus estava dizendo: "Eu estou fazend o expiação pelos seus pecados; tirem proveito deste meu sacrifício". Muitos dos seus seguidores o abandonaram: não queriam esse tipo de Messias. Mas os D o z e ficaram c o m e l e , e cresciam na fé. Pedro falou cm nome dc todos: "Senhor... Tu tens as palavras da vida eterna; e nós temos crido c conhecido que tu és o Santo de Deus" ( 6 8 ) . Porém um deles ia trair Jesus ( 7 0 - 7 1 ) .
Jo 7.1—10.21 Rumo a Jerusalém das Barracas
para a Festa
Jo 7.1-13: P e r i g o A visita anterior a Jerusalém havia sido tudo m e n o s tranqüila: terminou c o m uma conspiração contra Jesus (cap. 5 ) . Na Judéia, Jesus ainda corria riscos, pois os líderes judeus queriam matá-lo. N o entanto, a sua "hora" ( a hora em que ele seria morto) ainda não havia c h e g a d o , e por isso ele evitou aparecer e m público. • O s j u d e u s ( 1 , 1 3 ) Veja Introdução. • Tabernáculos/Barracas (2)
Esta
"Eu sou o pão da vida", disse Jesus. Pão não é um acompanhamento opcional, mas um alimento de fundamental importância. Uma criança de Belém ("casa do pão") leva para casa o suprimento diário de pão para a sua familin.
630
Os Evangelhos e Atos
Jerusalém na época do Novo Testamento Peter Walker
No mundo judaico da época de Jesus, nenhuma cidade se igualava a Jerusalém. Judeus da Galileia e de todos os países da diáspora faziam peregrinações regulares à "cidade santa", subindo para as três festas principais e pagando o imposto anual do templo. Durante 100 anos (163 — 63 a.C.) os judeus tiveram soberania sobre Jerusalém, mas no período do NT a cidade estava sob controle romano. Nessa época, a cidade já não era mais a pequena " S i ã o " dos tempos do rei Davi (agora a Cidade Baixa). Havia se expandido, incluindo a abastada Cidade Alta, a Oeste, e (mais recentemente) os subúrbios que ficavam ao Norte. Entretanto, o complexo do templo ainda ocupava um quinto da cidade. Sobranceira ao templo, a fortaleza Antônia abrigava os soldados romanos — sempre prontos para suprimir qualquer revolta (veja At 21.31-40 e "O Templo de Herodes").
Tanque i deSiloé V VßledoHinom
Havia uma ponte sobre o vale do Tiropeão, permitindo acesso direto ao templo para pessoas vindas da Cidade Alta (uma área que incluía a casa d e Caifás, a casa d e João Marcos e o palácio de Herodes). Ao norte do
templo ficava o tanque de Betesda com os seus cinco pórticos (Jo 5.2). Ao Sul, a escadaria, que era o acesso normal ao templo (Lc 2.2238). Mais para o Sul ainda, ficava o antigo tanque de Siloé (Jo 9.7). Ao contrário dos atuais muros turcos da Cidade Antiga (a linha pontilhada cinza no mapa), o muro norte (o "segundo muro", construído por Herodes, o Grande) provavelmente tinha um traçado irregular. Embora J e s u s tenha sido, com certeza, crucificado fora dos muros da cidade de então, é bem possível que o local tradicional dentro da cidade atual esteja correto. Alguns anos depois esse local foi cercado pelo "terceiro muro", construído por Herodes Agripa 1(41-44 d.C). Está claro que Jesus fez várias visitas a Jerusalém (Lc 2.22-51; 10.38-42; 13.34; confira J o 2.13; 7.14), mas a visita final foi o clímax do seu ministério. O s p r i n c i p a i s locais na é p o c a d o MT s ã o : 1 l e m p l o de Herodes 2 Vale do Cedrom 3 Monte das Oliveiras 4 Jardim do Getsémani 5 Fortaleza Antônia 6 Tanque de Bctcsda 7 Tanque de Siloé 8 Vale do llinom 9 Palácio de Herodes 10 Gólgota ("Lugar da caveira", local tradicional da crucificação) 11 [Calvário de Gordon] 12 Cidade de Davi 13 [Muro oriental (das lamentações)]
João
631
grande oportunidade: o Filho de Deus temos nenhuma cidade que dure para entrando na Cidade de Deus. Não é de sempre; pelo contrário, procuramos a admirar que a entrada dele no templo cidade que virá depois". trouxe comoção! A destruição da cidade e do seu Depois disso, Jesus ensinou as mul- templo, em 70 d.C, confirmou para os tidões no templo diariamente (Lc 20.1 - cristãos este seu novo ponto de vista 47), mas foi no monte das Oliveiras que sobre Jerusalém, indicando que, com ele deu aos seus discípulos mais deta- a vinda de Jesus à cidade, os propólhes sobre a destruição de Jerusalém sitos de Deus haviam entrando num (Mc 13). E foi ali, no Getsêmani, um oli- novo e decisivo estágio. val ao sopé do monte, que orou antes de ser preso. No dia seguinte, depois de ser julgado por Pilatos no palácio de Herodes, Jesus foi levado para fora, pela porta de Genate, para ser crucificado. Esses eventos dramáticos, que culminaram com a ressurreição d e Jesus do lado de fora dos muros, afetou a maneira como os escritores do NT passaram a ver Jerusalém: a "cidade santa" se tornara o lugar da crucificação do Este conflito d e prioridades ficou Messias. claramente visível q u a n d o J e s u s Eles ainda eram leais à cidade entrou na cidade (Lc 19.37-46). Inspi- (p.ex., I C o 16.1-9; At 21.17), mas Paulo radas pela visão panorâmica que se concluiu que a cidade terrena, ao continha do monte das Oliveiras {abaixo), trário da "Jerusalém lá de cima", estava as multidões receberam Jesus como "em escravidão com seus filhos" (Gl Rei de Sião (embora, para ser exato, o 4.25-26; veja Ap 11.9; 21.2). Hb 13.12próprio Deus fosse seu verdadeiro Rei: 14 resume essa nova forma de pensar: Is 52.7). Mas Jesus chorou, por saber o "Por isso Jesus também morreu fora da que em breve aconteceria com Jeru- cidade de Jerusalém para, com o seu salém e seu templo: "Não deixarão próprio sangue, purificar o povo dos em ti pedra sobre pedra, porque não seus pecados. Portanto, vamos para reconheceste a oportunidade da tua perto de Jesus, fora do acampamenA atual Jerusalém, vista do monte das visitação" (Lc 19.44). to, e soframos a mesma desonra que Oliveiras. Além do vale do Cedrom fica Jerusalém estava perdendo a sua ele sofreu. Porque neste mundo não antiga área do Templo.
Ele falou aos seus discípulos o que isso envolveria: "um profeta não deve ser morto fora d e Jerusalém" (Lc 13.33; compare Mc 8.31). Mas alguns tinham outras expectativas. Será que Jesus introduziria o "reino de Deus" (Lc 19.11)? Se ele realmente era o Messias, construiria um novo templo purificado? Será que expulsaria as autoridades romanas? Jesus cumpriria algumas dessas esperanças d e maneira inesperada, mas também tinha o seu próprio programa: desafiaros líderes de Israel, afirmar o reinado de Deus e a sua própria autoridade sobre o templo, pronunciar palavras solenes de juízo, revelara sua própria identidade, e também trazer para o povo d e Deus um resgate d e grande alcance (ou um novo "êxodo"; confira Lc 9.31, onde se fala da "partida" de Jesus — no grego, "êxodo").
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Os Evangelhos e Atos sua vez, fizeram questionamentos (27,41-42). Mas ninguém que realmente quer fazer a vontade de Deus fica e m dúvida ( 1 7 ) . Em seu discurso no último dia da festa (373 8 ) , Jesus se valeu de ilustrações tiradas das cerimônias previstas para os primeiros dias da festa, quando água trazida d o tanque de Siloé era oferecida a Deus. As palavras de Jesus ecoam Is 5 5 . 1 : "Todos vós, os que tendes sede, vinde às águas", e chamam o povo de volta a Deus. Jesus fala sobre uma fonte borbulhante que vivifica c transforma corações humanos sedentos. João explica que ele "estava falando a respeito d o Espírito" ( 3 9 ) .
Tabernáculos (Barracas) era unia das grandes festas anuais, e Jesus esteve em Jerusalém por ocasião de uma delas (Jc-7). Nessa festa, os sacerdotes entravam no Templo pela Pona da Agua, carregando um jarro dc água dourado. Um corneteiro vinha logo atrás, liderando uma animada prodssiío de pessoas que traziam ramos e cestos dc frutas.
Quando Jesus curou um cego de nascença, passou lama nos olllos do homem e mandou que ele se lavasse no tanque de Siloé (retratado aqui).
festa, que durava oito dias, era celebrada e m setembro/outubro. Era a festa da colheita, e nela também era lembrada a peregrinação d o povo no deserto. Veja "As grandes festas religiosas". • I r m ã o s ( 3 , 5 ) Veja M t 13.55-56. • Por enquanto, não subo ( 8 , A R A ) Outros manuscritos gregos trazem "eu não subo" (veja N T L H ) . Jo 7 . 1 4 - 5 2 : Diferentes reações A medida que aumentava a oposição, as pessoas de colocavam, ou contra, ou a favor de Jesus. O ensinamento ( 4 0 ) c os milagres de Jesus ( 3 1 ) convenceram alguns. Outros, por
Mais uma v e z , a reação não foi unânime, e os guardas enviados para prendê-lo voltaram de mãos vazias, para irritação das autoridades farisaicas. Aquela plebe podia não saber nada da lei ( 4 9 ) , mas N i c o d e m o s sabia. Contudo, não lhe deram ouvidos ( 5 0 - 5 2 ) . • V 1 5 Jesus não foi treinado como rabino para interpretar a lei. • U m s ó f e i t o r e a l i z e i ( 2 1 ) O cura do homem junto ao tanque de Betesda (5.9). • D i s p e r s ã o ( 3 5 , A R A ) Os judeus qué moravam no estrangeiro, e m cidades gregas ou de maioria gentílica. • V. 4 2 É pouco provável que tinham ouvido a história do nascimento de Jesus. A referência doATéMq5.2. Jo 7 . 5 3 — 8 . 1 1 : Pega e m flagrante Embora essa história provavelmente seja genuína, é i m p r o v á v e l q u e , originalmente, se encontrasse neste lugar, no Evangelho de João (alguns manuscritos a colocam no final d o Evangelho de João; outros a inserem após Lc 21.38). Os mestres da Lei estavam armand o uma cilada para Jesus. Queriam forçá-lo a se colocar contra a Lei de Moisés ou, então, a desafiar as autoridades romanas, que não permitiam que os judeus aplicassem a pena capital. Mas Jesus não fez nem uma coisa nem outra: não condenou, tampouco desculpou a conduta da mulher. Ele lhe deu uma nova chance. Jo 8 . 1 2 - 5 9 : "Eu s o u a l u z d o mundo" Jesus novamente se valeu de uma das cerimônias da festa para explicar a sua própria missão. A o entardecer, quatro grandes candelabros dourados eram acesos para simbolizar a coluna de fogo com que Deus guiou o seu p o v o pelo deserto à noite (Êx 13.21). Jesus disse que daria a luz que é a própria vida a todos os que o seguissem ( 1 2 ) .
João Os fariseus responderam que reivindicações como essas não eram válidas, a menos que fossem comprovadas ( 1 3 ) . Jesus invocou o testemunho de Deus ( 1 8 ) , mas eles não entenderam o que ele dizia quando falava sobre o "Pai".
• E n v i a d o ( 7 ) Porque a água vinha de outra fonte, através de um conduto.
Para dizer tais coisas Jesus não podia ser judeu: devia ser um samaritano dominado por um demônio (48,52)! Será que ele pensa que é maior que Abraão? Sim. Para piorar, tomou para si o nome de Deus: "Eu sou" ( 5 8 ) , o eterno.
entre Jesus e seus seguidores; a confiança
Jo 10.1-21: "Eu s o u o b o m p a s t o r " Esta passagem é uma c o n t i n u a ç ã o d o cap. 9. Pastores de ovelhas eram figuras bem Na continuação, Jesus reafirma as suas reiconhecidas na Palestina. Um pastor passava vindicações ( 1 2 - 3 0 ) . A o contrário de todos os boa parte de sua vida com o seu rebanho. As outros, ele sabe de o n d e vem c para o n d e vai. ovelhas o conheciam e atendiam à sua v o z . E conhecia o futuro. Muitos judeus creram e m Jesus ( 3 0 ) . M a s ] Ele as liderava (não tocava) para pastos novos e as protegia de animais selvagens, deitandoa promessa de que a v e r d a d e libertaria os se, à noite, na entrada d o aprisco. (É por isso seus discípulos incomodou aqueles que achaque Jesus pode dizer: "Eu sou a porta", 9 ) . N o vam nunca haviam sido escravos de ninguém. AT, Deus é muitas vezes chamado de pastor Jesus respondeu que a descendência física de de Israel. E os líderes escolhidos por ele eram Abraão não era suficiente ( 3 9 - 4 1 ) . Todos são lambem os "pastores" da nação. escravos d o pecado c precisam que o Filho lhes dê a liberdade da família de Deus (34Agora Jesus decidiu se apresentar como o 36). Aqueles que têm vida espiritual escutam bom pastor. Esta expressão resume uma série as palavras de Deus ( 4 7 ) . coisas: o relacionamento p r ó x i m o e pessoal
Jo 9: U m c e g o p a s s a a v e r ; o s q u e não s ã o c e g o s f e c h a m o s s e u s o l h o s 0 sexto sinal apoia a reivindicação de Jesus de ser luz do mundo. Também trata d o problema do sofrimento humano. • A Bíblia faz uma clara conexão entre sofrimento e o p e c a d o que está e n r a i z a d o no ser h u m a n o d e s d e a q u e d a o r i g i n a l no jardim d o É d e n . M a s isso n ã o s i g n i f i c a que d e t e r m i n a d o s indivíduos sofram por causa d o seu próprio pecado ou d o pecado de seus pais ( 3 ) . • Deus p o d e f a z e r c o m q u e c o i s a s b o a s resultem d o sofrimento. Neste caso, a cegueira d o h o m e m levou a um encontro com Jesus. Seus olhos foram abertos e ele passou a v e r ( 7 ) . Sua mente foi aberta e ele passou a crer ( 3 5 - 3 7 ) . Em compensação, as pessoas que enxergaram deixaram o preconceito e o orgulho cegálos para a verdade (40-41). A o terem diante de si um milagre, só conseguiram ver um desrespeito à lei d o sábado ( 1 6 ) . Suas mentes estavam fechadas. Não deram atenção à lógica simples do homem que havia sido curado (30-34). • V. 6 Jesus usou os métodos de medicina popular (acreditava-se que a saliva tinha propriedades terapêuticas). Mas o importante foi a fé que aquele homem tinha, demonstrada por sua pronta reação à palavra de Jesus ( 7 ) .
633
"Eu sou o bom pastor*, disse Jesus. Kle falou de si mesmo como pastor e como "porta" das ovelhas, cuidando do seu povo e mantendo-o protegido. Depois ile leunit as ovelhas no aprísco. que era cercado por um muro sobre o ini.il se colocavam espinhos, o paslor se atravessava na entrada ilo aprisco e dormia.
634
Os Evangelhos e Atos Joll
I.UV.IIVN
mencionados nu E v a n g e l h o de l o a »
"Eu
-li/
i
Beisaida Cidade de vários discípulos
Cáfarnaum Cidadesede do Jesus [KWddGaMéia DECÁPOLIS Sicar OndeJesusencontrou d mulher samaritana
a
. Enom perto de Salim [ João ba^iava alt
SAMARIA V i i BViaíiia do outro lado do lordão Joáo batiiava ali quando falou de Jesus (omo o Cordeiro de Deus
Jerusalém^
JUDÉIA
absoluta que têm nele; a liderança e orientação de Jesus; sua presença constante; seu a m o r infalível; sua vida, que ele deu pelas suas ovelhas. N o v a m e n t e , o p o v o se dividiu diante das reivindicações de Jesus ( 1 9 - 2 1 ) . Ele tinha autoridade para dar a sua vida e para reavêla. 'Ilido se baseava no relacionamento especial que ele tinha com o Pai (15,17-18). • O u t r a s o v e l h a s ( 1 6 ) A preocupação de Jesus ia alem da nação judaica para o mundo que ansiava por e l e . Judeus e não-judeus, escravos e livres, homens e mulheres: todos são um só rebanho (veja Gl 3.28).
Jo 10.22-42 Em Jerusalém, da Dedicação
na
Festa
A festa de Chamikah — a festa das luzes — acontece e m d e z e m b r o e dura o i t o dias. Ela c o m e m o r a uma g r a n d e vitória judaica no tempo dos macabeus e a nova dedicação do Templo, que havia sido profanado pelos pagãos. As pessoas ainda estavam e m suspense com relação à identidade de Jesus porque não criam nele ( 2 4 - 2 6 ) . Mais uma vez ele baseia a sua autoridade em Deus, " o Pai" com quem ele é um ( 3 0 ) . Estavam prontos para apedrejar esse homem que estava se fazendo de Deus ( 3 3 ) . Mas tudo que ele fazia confirmava a verdade desta sua reivindicação: " O Pai está e m mim, c eu estou no Pai" ( 3 8 ) .
sou a ressurreição
e a vida"
A ressurreição de l á z a r o é o sétimo e último grande sinal no Evangelho de João. Jesus afirmou que podia dar ao p o v o vida espiritual nova e eterna, e a ressurreição de Lázaro era a c o n f i r m a ç ã o disso. A prova definitiva viria mais adiante: a sua própria morte e ressurreição. Jesus sabia que l á z a r o morreria, mas a morte não teria a última palavra. Era para a "glória" de Deus ( 4 ) c para que os discípulos cressem ( 1 5 ) . Assim, ele não se apressou. Os discípulos pensaram que Jesus estava dizendo que a doença de Lázaro não era terminal (12), e tentaram dissuadi-lo de fazer uma viagem perigosa ( 8 ) . N e m os d i s c í p u l o s n e m aquelas duas irmãs conseguiam entender o procedimento de Jesus, mas o resultado para todos foi o fortalecimento da confiança nele (15,2627,40,42). O próprio Jesus é a ressurreiçãoe a vida. Marta já sabia que ele é o Messias e Filho de Deus. Maria sabia que ele poderia ler salvo Lázaro da morte. Nenhuma delas poderia imaginar o que estavam prestes a testemunhar. Por trás das lágrimas dc Jesus (33) havia mais do que uma tristeza natural diante da situação de seus amigos: ele ficou •'muito c o m o v i d o e aflito" ( 3 3 , 3 8 ) diante da tirania da morte, " o último inimigo". A ressurreição dc Lázaro foi um feito decisivo, tanto para a fé e a vida ( 4 5 ) como para o ódio e a morte ( 5 3 ) . Dentro de alguns dias seria a Páscoa, quando a "hora" de Jesus chegaria. Ele j á era um h o m e m procurado (57). • T o m é ( 1 6 ) Veja também 20.24-29. • V. 50 As palavras d o sumo sacerdote assumiram um significado que ele jamais imaginava.
Jp 1 2 Últimos dias de em Jerusalém
ensino
Jo 12.1-8: O p r e c i o s o p e r f u m e de M a r i a Veja M c 14.1-11. Jo 12.9-11: C o n s p i r a ç ã o p a r a matar Lázaro Muitos judeus acreditaram e m Jesus por causa d o milagre e m Betânia (veja 11.45-48; 12.18-19). Diante disso, os principais sacerdotes planejaram matar Lázaro também.
"1
João
635
Jo 1 2 . 1 2 - 1 9 : J e s u s e n t r a t r i u n f a n t e em J e r u s a l é m Veja notas c m Lc 19.28-48 c a introdução a Mt 21. Veja também M c 11.1-11. O relato dc João é o mais breve, c o único que faz a conexão entre a multidão que recebe Jesus c a notícia da ressurreição de Lázaro ( 1 7 - 1 8 ) . Para os fariseus que se opunham a Jesus, parecia que o mundo todo estava indo atrás dele. • R a m o s d e p a l m e i r a s ( 1 3 ) O símbolo da vitória. Jo 1 2 . 2 0 - 3 6 : M o r t e e g l ó r i a Alguns gregos (gentios ou não-judeus) convertidos se aproximaram de Jesus, e de uma hora para outra ele ficou face a face com o seu destino. Ele sabia que era "chegada a hora". Seu discurso (23-36) é paradoxal: a vida que se multiplica na morte; a glória que vem por meio da cruz; a luz e as trevas (ecoando 1.4-11). Com um apelo final, "crede na luz" ( 3 6 ) , Jesus se retira. Ele passaria os últimos dias com os discípulos (Jo 1 3 — 1 7 ) . Ele tinha muito a lhes dizer e o tempo era escasso. • A m a , o d e i a ( 2 5 ) O significado é "ama mais" e "ama menos". Os outros Evangelhos falam sobre "tentar salvar" e "perder". • V. 2 7 Essa oração é parecida com a que está registrada nos outros Evangelhos, feita por Jesus no Getsêmani. • O s e u p r í n c i p e ( 3 1 ) O príncipe do mundo é Satanás (veja também 14.30; 16.11). Jo 1 2 . 3 7 - 5 0 : O s q u e n ã o c r e r a m Ao final d o ministério público dc Jesus e apesar de todos os seus milagres, a maioria do seu próprio povo, o povo judeu, continuava sem crer. Muitas das autoridades religiosas criam, mas o m e d o dos fariseus dc linha dura era impedia que fizessem confissão pública. Assim, cumpriu-se o que Isaías havia profetizado. Jesus disse: "Eu não vim para julgar o mundo, esim para salvá-lo" ( 4 7 ) . N o entanto, rejeitar Jesus é o mesmo que rejeitar a Deus, desprezar a vida e a luz, e ficar sujeito ao juízo (44-50). • Deus c e g o u os olhos deles (40, NTLH) "Temos que lembrar que se trata dc uma forma hebraica dc falar, e m que muitas vezes se fala sobre aquilo que Deus prevê que vai acontecer c o m o se isso fosse inevitável" (Tasker). N o texto grego de Is 6.10, é o próprio povo que fecha os ouvidos. • Viu a g l ó r i a d e l e ( 4 1 ) Como o Pai e o Filho são um, Isaías, na sua visão de Deus no Templo ( 6 . 1 ) , viu Cristo.
Jo 13.1—17.26 As últimas palavras Doze
de Jesus
aos
Jo 13.1-20: O e x e m p l o d o M e s t r e Jesus estava ceando com os Doze pela última vez (veja notas e m Mt 26.14-29). Eles discutiam qual deles era o maior (Lc 2 2 . 2 4 ) . A resposta de Jesus foi tirar a sua capa e lavar os pés empoeirados dos discípulos. Dc forma voluntária, o Mestre se fez o escravo deles (Lc 2 2 . 2 7 ) . Este é o modelo a ser imitado por seus seguidores.
"Se o grão dc trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se morrer, produz muito fruto". Jesus, falando sobre a lua morte (Jo 12.24. ARA)
• E u S o u ( 1 9 ) Veja também 8.24,28. Este é o n o m e de Deus: Ex 3.14.
Depois de Interna atividade em Jerusalém Jesus se dirigia à aldeia dc Betânia, que ficava
peno desfrutar da hospitalidade de seus amigos.
|'it.i
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Os Evangelhos e Atos Jo 1 3 . 2 1 - 3 0 : J u d a s , o t r a i d o r Lc 22.3-6 nos informa que Judas j á havia se oferecido para ajudar os sacerdotes a prender Jesus sem que o povo ficasse sabendo. Agora o m o m e n t o havia c h e g a d o . Os outros discípulos não tinham idéia d o que estava acontecendo. Mas Jesus sabia. "E era (literalmente) noite". Mas, neste Evangelho, luz e trevas têm um significado mais profundo ( 1 . 4 - 9 ) . Essas foram as horas mais sombrias de Jesus, embo-
ra nada pudesse extinguir a luz de sua vida ( 1 . 5 ) . Em compensação, Judas saiu da luze entrou nas trevas das quais não conseguiria mais sair (3.19-20; Mt 27.3-5). • A q u e l e a q u e m e l e a m a v a ( 2 3 ) Em geral, pensa-se que é uma referência a João (veja a Introdução). Parece uma maneira pouco natural de João se referir a si mesmo, mas é tão natural quanto se outra pessoa estivesse se referindo a ele.
A paz de Deus Rohert
A paz é uma das coisas mais importantes que os seres humanos buscam. Assim, não é de admirar que o Jesus ressuscitado tenha feito da paz o tema central de sua mensagem aos discípulos, ao encontrá-los reunidos, atrás de portas trancadas. "Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio" (Jo 20.21). Jesus provavelmente usou a palavra hebraica shalom, que pode ser considerada simplesmente uma saudação. Mas também é provável que ele estivesse indicando que, com sua morte e ressurreição, obteve paz para os seus seguidores. Jesus sabia que seus discípulos ficaram perturbados e preocupados com relação ao seu futuro e ele continuou a tranqüilizá-los, dizendo que tudo acabaria bem (Jo 14.1,27; 16.33). O conceito de paz, shalom, tem um rico significado à luz d o AT. Pode significar simplesmente a ausência de guerra, mas em geral implica um sentido de plenitude e bem-estar geral. Às vezes, implica até prosperidade ou segurança. Isso geralmente tem vinculação com o relacionamento da comunidade ou d o indivíduo com Deus. A paz, tanto na esfera política como na espiritual, é dom de Deus.
Willoughby
É essa paz divina que os sacerdotes deviam invocar sobre o povo, ao proferirem a bênção de Arão: "O SENHOR te abençoe e te guarde; o SENHOR faça resplandecer o seu rosto sobre ti e tenha misericórdia de ti; o SENHOR sobre ti levante o rosto e te dê a paz" (Nm 6.24-26). Jr 28 nos informa que os falsos profetas estavam tão cientes de quanto o povo ansiava por paz que chegaram a prometê-la mesmo quando o povo já não tinha mais nenhum direito a ela, por causa da sua desobediência. Jeremias deixa claro que pessoas que se rebelaram contra Deus não podem experimentar paz real. Somente Deus pode de fato dar a paz: isto é o que nos ensina a presença de Jesus entre os seus discípulos após a ressurreição. Foi isso que a multidão de anjos prometeu quando do anúncio do nascimento de Jesus: "Glória a Deus nas maiores alturas, e paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem" (Lc 2.14). Paulo entendeu isso e associou o dom da paz à cruz de Cristo, na qual a humanidade é reconciliada com Deus. O pecado que separa a pessoa de Deus pode ser perdoado e essa pessoa pode se tornar amiga de Deus. Segundo Paulo, essa paz traz alegria mesmo em meio ao sofrimento, porque dela
resultam perseverança, experiênciae esperança. Para cada cristão, a paz é um "fruto" d o Espírito de Deus em sua vida à medida que depende de Deus e vive para ele. Os cristãos são considerados abençoados de modo todo especial quando assumem o papel de pacificadores. É evidente que a paz que eles próprios têm, em seu relacionamento com Deus, é uma boa notícia para outros também. Assim c o m o a cruz trouxe paze reconciliação entre judeus e gentios(e a maior barreira racial do mundo antigo era esta entre judeus e gentios), as boas novas da obra de Cristo podem trazer paz e superar todas as barreiras que existem hoje em dia. Os seguidores d e Cristo tema responsabilidade de divulgar essa mensagem. É por isso que Jesus acrescenta: "Assim c o m o o Pai me enviou, eu também vos envio".
PRINCIPAIS PASSAGENS SOBRE PAZ Jo 20.19-23; Rm 5.1-11; Ef 2.14-18; Fp 4.6-7; Nm 6.22-27; Jr 28
João
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Amor Robert
"Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão Iodos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros". Para a maioria das pessoas, essas palavras do Evangelho de João (13.34351 resumem a mensagem cristã. Elas aparecem no início do discurso em que Jesus se despediu de seus discípulos, antes de ser preso e morto. Elas se baseiam no grande exemplo de amor humilde e concreto que o próprio Jesus deu, quando assumiu o papel de servo e lavou os pés aos discípulos. Esses capítulos ( J o 13—16) apresentam um grupo de discípulos que estava ansioso com a possibilidade de perder Jesus e preocupado com o que lhes aconteceria na ausência dele. Assim, é significativo que Jesus enfatiza a base do seu compromisso cristão: amar uns aos outros. Em vários momentos no Evangelho de João, Jesus aponta para os estreitos laços de amor que o unem ao Pai celeste. O próprio Deus é amor, e ele é afonte e medida de todo amor. Pelo fato de amar o mundo, Deus enviou Jesus para ser o Salvador do mundo. E porque Jesus foi obediente à vontade de Deus, o seu Pai, este oama e faz tudo que Jesus pede. Eles sâo completamente um naquilo que Jesus diz e faz. Este é o tipo de discipulado que Jesus espera de seus seguidores. É como o conceito de aliança do AT, em que o Deus de amor faz um acordo com outros e o cumpre, comprometendo-se com aqueles que o amam num relacionamento que lembra o casamento. Espera-se, igualmente, q u e os seguidores de Cristo demonstrem amor para com aqueles que, em
Willoughby
termos naturais, poderiam ser seus inimigos. Lucas registra a parábola do bom samaritano, contada por Jesus em resposta a um Mestre da lei que, mesmo sabendo que Deus havia ordenado o amor ao próximo, perguntou: "Quem é o m e u próximo?" Os samaritanos e judeus se odiavam, mas, na história que contou, Jesus aprova as ações do samaritano
"O amor é paciente, é benigno; o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba".
serem perfeitas. Os cristãos em Corinto consideravam-se especialmente "espirituais". Mas eram briguentos e tomavam partido com vários líderes diferentes e grupos dissidentes. Suas ações demonstravam que eles não haviam compreendido a atitude cristã básica de amor pelos outros. No centro da sua primeira carta aos Coríntios, Paulo descreve em detalhes como é o verdadeiro amor cristão. Ele mostra que, independentemente do grande conhecimento ou dom um cristão possui, a verdadeira medida de valor espiritual está no amor que se sacrifica pelos outros.
I C O 13.4-8
que ajudou aquele judeu que foi assaltado e deixado quase morto. Paulo escreve que as exigências da lei do AT são cumpridas plenamente por aqueles que agem em amor. Em várias ocasiões ele coloca o amor ao lado da fé e da esperança como características essenciais do cristão — sendo o amor o maior dos três. Ele também descreve o amor como fruto do Espírito de Deus — um produto natural em todos os que têm a nova vida que Deus dá em Cristo. No entanto, assim como nós, as primeiras igrejas cristãs estavam longe de
PRINCIPAIS PASSAGENS SOBRE AMOR J o 13—17; 1 Jo 4.7-21; Mt 5.43-48; Lc 10.25-37; ICo 13; Gl 5.22-23; Êx 34.6-7
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Os Evangelhos e Atos Jo 13.31-38: " A m e m u n s a o s o u t r o s " Jesus entendia que a sua morte ( e o que dela viria a resultar) era uma r e v e l a ç ã o da glória de Deus. Ele havia falado e m termos semelhantes a respeito da m o r t e e ressurreição de Lázaro ( 1 1 . 4 ) . Ele deu o e x e m p l o supremo de amor. O "novo mandamento" que deu aos seus seguidores é que amem uns aos outros com um amor igual ao dele.
Uma videira
com o tronco principal, ramos saindo dele, cachos de uvas nas ramos frutíferos, o os ramos infrutíferos coitados e separados pata sciem
queimado* "hu sou a videira", disse Jesus "Vl.VS Silo OS
Pedro, intrigado por Jesus d i z e r que eles não podiam ir aonde ele estava indo, prometeu algo q u e não podia cumprir. Jesus sabia que, em v e z de morrer pelo Mestre, P e d r o o negaria três vezes ( 3 8 ; 18.15-18). • E u disse a o s j u d e u s ( 3 3 ) Veja 7.34; 8.21. Jo 14: " E u s o u o c a m i n h o , e a verdade, e a vida" Os discípulos ficaram preocupados e perturbados c o m a c o n v e r s a s o b r e traição e a perspectiva da partida de Jesus. A s s i m , Jesus lhes falou palavras de ânimo, q u e deixaram T o m é ainda mais confuso ( 5 ) . Jesus
é o caminho que leva a Deus. Ele é a verdad e , e aquele q u e dá a vida eterna de Deus a todos que a receberem ( 6 ) . Filipe queria ver a Deus, sem p e r c e b e r que já o tinha visto, e m Jesus ( 8 - 9 ) . Logo Jesus retornaria a o Pai ( 1 2 , 2 8 ) , e isso era motivo de alegria ( 2 8 ) . Ele estava preparando o caminho q u e permite às pessoas o acesso a Deus ( 6 ) . Ia preparar um lar eterno para os seus discípulos, e no momento ceito voltaria para levá-los consigo ( 2 - 3 ) . Seu retorno a Deus traria novo poder, nova certeza na oração ( 1 2 , 1 4 ) . Acima de tudo, seus seguidores teriam um Auxiliador: o Espírito Santo viria para estar com eles sempre e em todos os lugares ( n ã o estando limitado por um corpo, c o m o havia sido no caso de Jesus). Este os ensinaria e faria com que se lembrassem de tudo que Jesus havia dito (16-17,26). t a paz inabalável d o próprio Jesus estaria com eles (27). De sua parte, os discípulos deveriam permanecer no amor c continuar crendo nele ( 1 ) . E a maneira de demonstrar seu amor era fazer tudo que ele havia dito ( 1 5 , 2 1 , 2 3 ) . Jo 15—16: "Eu s o u a v i d e i r a verdadeira"; mais sobre o Auxiliador prometido A ceia chegara a o fim. Jesus e os seus discípulos estavam a c a m i n h o d o Getsêmani ( 1 4 . 3 1 ; 18.1). A conversa não tinha chegado ao fim. O tempo estava se esgotando. Jo 15.1-17: N o AT, Israel c retratado como a videira que Deus tirou d o Egito c plantou numa nova terra, mas que muitas vezes havia deixado de dar os frutos que Deus esperava. Jesus é a videira real, que cumpriu o propósito de Deus onde Israel havia falhado e que criou um n o v o Israel (os "ramos" são aqueles que crêem n e l e ) . Cada ramo de uma videira sai diretamente d o tronco principal. Quando os ramos são cortados, aqueles que deram fruto são podados a uma distância de 3 a 6 cm d o tronco. Eles "permanecem" no tronco durante o a à medida que ele cresce a o seu redor. Então os ramos brotam rapidamente c voltam a dar frutos. Os que não d ã o fruto são cortados pela base c só servem para fazer fogo. Jo 15.18—16.4a: Os seguidores de Jesus não pertencem mais ao mundo como antes. Ele os tornou parte de si mesmo e inevitavelmente eles serão odiados, c o m o o próprio Cristo foi odiado. Mas havia um Auxiliador a caminho
João (15.26). M e s m o assim, haveria aqueles que achariam que estavam servindo a Deus ao tentarem matar os seguidores de Jesus. (Paulo confessou que foi um deles: A t 22.3-4). Jo 16.4b-15: Jesus retornou ao que já havia dito a eles ( 1 3 . 3 3 ; 14.16,25): Sua ida significava a vinda d o Espírito e m seu lugar. Este mostraria às pessoas c o m o estavam erradas a respeito de pecado e j u l g a m e n t o ( 8 - 1 1 ) e levaria os seguidores de Jesus a um conhecimento mais profundo da verdade ( 1 3 - 1 5 ) . Jo 1 6 . 1 6 - 3 3 : H a v e r i a tristeza ( c o m a morte d e C r i s t o ) , mas por pouco t e m p o . Os discípulos tornariam a v ê - l o (na ressurreição) e a alegria deles seria duradoura. Havia um tempo de provação à frente, mas a batalha entre Jesus e o mundo j á estava vencida (31-33)! • P r o d u z i r f r u t o ( 1 5 . 4 , 1 6 ) Gl 5.22 dá exemplos: amor, alegria, paz, paciência, delicadeza, bondade, fidelidade, humildade e domínio próprio. • 1 6 . 2 5 , 2 9 Jesus estava usando "figuras" e (nos outros Evangelhos) havia ensinado por meio de parábolas. Em breve ele falaria claramente. "Agora", da perspectiva dos discípulos, ele começava a fazer isso. Jo 17: J e s u s o r a p o r s i m e s m o e por seus seguidores A obra de Jesus estava completa ( 4 ) , com exceção da "hora" final. Ele transmitira a mensagem de Deus. Havia revelado Deus. Agora só restava a morte e a glória que deixara para se tornar um ser humano. Mas os seus seguidores ( o s discípulos e aqueles que viriam a crer através d o ensinamento deles, 2 0 ) permaneceriam num mundo hostil. Diante disto, Jesus ora para que Deus os proteja ( 1 5 ) ; que a vida deles seja moldada pela verdade da palavra de Deus ( 1 9 ) ; que demonstrem tal união entre si que o m u n d o seja l e v a d o a crer ( 2 1 ) ; e que possam, n o final, estar com ele na sua glória ( 2 4 ) . • V. 12 A referência é a Judas. • V. 24 Confira Jo 1.14.
Jesus no j a r d i m . Mas nos deu o n o m e d o servo, e conta que quem o feriu com a espada foi Pedro. • V 1 Veja mapa, 'Jerusalém na época do NT". Jo 18.13—19.16: Jesus é j u l g a d o Veja notas e m M c 14.53—15.15; Lc 22.54— 2 3 . 3 1 . Veja também Mt 26.57—27.26. João, talvez e m consideração aos seus leitores nãoj u d e u s (veja a I n t r o d u ç ã o ) , reservou mais espaço para o j u l g a m e n t o r o m a n o (diante de Pilatos) d o que para o judaico (diante d o Sinédrio). Os detalhes registrados por João revelam que ele sabia muito bem o que aconteceu: a noite fria; a fogueira ( 1 8 . 1 8 ) ; a bofetada e m Jesus ( 1 8 . 2 2 ) ; os escrúpulos religiosos dos judeus que não queriam entrar na casa de um romano naquele m o m e n t o ( 1 8 . 2 8 ) ; o diálog o entre Jesus e Pilatos, e entre Pilatos e os judeus; a terrível apostasia nacional, quando o p o v o de Deus declarou que não tinha rei senão César. • A n á s e C a i f á s ( 1 8 . 1 3 - 1 4 ) A o contrário dos outros Evangelhos, João não menciona o Sinédrio ou Conselho Superior dos judeus. Jesus foi interrogado por Anás (18.12-13,192 4 ) , um poderoso ex-sumo sacerdote e sogro de Caifás, o sumo sacerdote da época. Os outros Evangelhos descrevem o julgamento c o m o tal, presidido por Caifás. • N a q u e l e a n o ( 1 8 . 1 3 ) O sumo sacerdote ocupava o cargo por mais de um ano. João quis dizer "naquele ano específico". • U m g a l o c a n t o u ( 1 8 . 2 7 ) C o m o Jesus havia previsto ( 1 3 . 3 8 ) . • 1 9 . 1 4 A véspera da Páscoa era o Dia da Preparação. Nesse dia eram mortos os cordeiros que seriam assados e comidos na refeição da Páscoa, que tinha início após o pôr-do-sol ( n o "dia seguinte", segundo a contagem judaica). Há um significado profundo no fato de Jesus ter morrido no dia em que os cordeiros eram sacrificados. Sendo assim, Jesus celebrou a Páscoa c o m os seus discípulos um dia antes (sem cordeiro pascal). Sobre a marcação d o tempo naquela época, veja notas e m Lc 23.44 c Jo 1.39.
Jo 18—21
Julgamento, morte e ressurreição
—
Jo 1 8 . 1 - 1 2 : J e s u s é t r a í d o e p r e s o Veja Mt 26.30-56. Veja também M c 14.2652; Lc 2 2 . 3 9 - 5 3 . J o ã o omitiu a o r a ç ã o d e
Jo 19.17-37: J e s u s é c r u c i f i c a d o Veja notas e m M c 15.16-41; Lc 23.32-49. Veja também M t 27.27-56. Mais uma v e z o texto de João dá a entender que se trata d o relato de uma testemunha ocular, nos detalhes d o título ou letreiro ( 2 0 - 2 2 ) ; na observação
639 "O amor a Deus é a raiz e o amor ao próximo c o fruto tia Árvore du Vida. Um não itode existir sem o outro; mas um
é a MiiiM,
c o outro é o efeito, e a ordem dos Dois Grandes Mandamentos m i o deve ser invertida". William Templo
" K a vida eterna r esta: que te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, c a Jesus Cristo, a quem enviaste," j<> I7.:i
João sobre a túnica sem costura ( 2 3 - 2 4 ) ; no registro cio m o m e n t o e m que Jesus deixou a mãe aos cuidados de João ( 2 6 - 2 7 ) ; na evidência inquestionável da morte de Jesus ( 3 4 ) . • V. 3 1 A lei judaica dizia que os corpos dos criminosos não deviam ficar pendurados após opôr-do-sol (Dt 2 1 . 2 3 ) . » V. 3 4 João está querendo dizer mais d o que simplesmente que Jesus estava, de fato, morto. C o m o judeu, era impossível não ver um significado especial no fluxo de sangue (do sacrifício) e de água (para purificação). A morte de Jesus traz perdão c nova vida.
Jo 19.38-42: O s e p u l t a m e n t o Veja notas e m M c 15.42-47; M t 27.5766; Lc 23.50-56. A morte d e Jesus tirou d o anonimato dois dos seus discípulos secretos. S o m e n t e João menciona a participação de Nicodemos (veja 3.1-15). Jo 20: E l e r e s s u s c i t o u ! Veja Lc 24; M t 28; Mc 16. Esse Evangelho dá um relato pessoal d o que aconteceu: o que João viu e ouviu por si mesmo, e o que ouviu de Maria Madalena. A solene declaração de fé d o realista T o m é — "Senhor meu e Deus
641 Do ouiro lado do vale do Cedrom fica o jardim de GctsOmani. Os l roncos retorcidos das velhas oliveiras lembram a agonia de Jesus na véspera da sua morte.
Maria Madalena Frances Fuller
Maria Madalena tinha todo o preparo necessário para dar testemunho dos fatos relacionados com o ministério, a morte e a ressurreição de Jesus. Ela era uma mulher transformada por Jesus, sendo que sete demônios I foram expulsos de sua vida. Não sabemos exatamente o que eram, mas na época se acreditava que distúrbios mentais ou doenças extremamente dolorosas e perturbadoras eram causados por demônios.
Jesus, a Madalena é a única mulher que aparece em cada um dos relatos dos quatro Evangelhos. Embora muitos seguidores tenham fugido antes desse acontecimento terrível, várias mulheres fiéis, inclusive Maria Madalena, estavam presentes. Segundo João, lá estava ela, ao lado da mãe de Jesus.
Ela estava presente quando José de Arimatéia colocou Jesus no túmulo, às pressas, antes do pôr-do-sol da sexta-feira. Depois ela foi para casa, preparar especiarias e perfumes para Após ser curada, ela passou a ungir o corpo de Jesus, e, no domingo acompanhar Jesus e os seus discípulos, e também as outras mulheres que de manhã, foi a primeira a chegar ao túmulo. Encontrou-o vazio e foi contar criam nele e apoiavam o seu ministério. Sempre que uma dessas mulheres aos discípulos. é mencionada, ela também aparece Depois que dois dos discípulos na lista, geralmente em primeiro lugar. vieram, viram e voltaram correndo Isso provavelmente indica liderança para casa, ela ficou no jardim, choranno grupo. Ela deve ter testemunhado do, aparentemente porque perdera a os milagres de Jesus, ouvido os seus oportunidade de honrá-lo, cuidando sermões e aprendido com os seus do seu corpo sem vida. Foi então que ensinamentos. Jesus apareceu para ela e a enviou a proclamar a notícia de que ela tinha Maria tinha alguns recursos matevisto o Senhor ressurreto (ela foi a pririais e os colocou ã disposição de Jesus. O grupo de mulheres não ape- meira!) e que ele subiria para o seu Pai. nas se preocupava com o sustento de Quando ela contou isso aos discípulos, eles não acreditaram nela. Mais tarde Jesus e de seus discípulos de forma Jesus os repreendeu por isso. bem prática, mas também financiava suas viagens. Depois disso, não mais se fala Quando se trata das pessoas que sobre Maria Madalena. Ela não é menestavam na cena da crucificação de cionada em Atos nem nas Cartas. Será
que isso significa que ela não teve nenhuma participação na difusão do evangelho? Não seria de supor que ela continuou, com toda a tranqüilidade, a contar aos outros o que havia visto e ouvido? Será que acreditaram nela? Será que ela estava entre as pessoas que foram dispersas quando a igreja de Jerusalém foi perseguida? Para onde ela foi? O que ela diria às seguidoras de Cristo de nossos dias?
A história de Maria Madalena é contadaemJo 19.25; 20.1-18; Lc 8.1-3; 23.49,55-56; 24.1'-11; Mc 15.40-41,47; 16.1-11; Ml 27.55-56,61; 28.1-10
642
Os Evangelhos e Atos meu!" — é o clímax de t o d o o Evangelho. João escreveu o seu Evangelho para levar seus Leitores a uma fé e m Jesus tão segura e definida c o m o a de T o m é ( 3 1 ) , para que esses leitores encontrassem "vida" por meio de Jesus. Ele não podia contar tudo sobre Jesus (30; 2 1 . 2 5 ) , mas o que contou é o suficiente. • V 7 João viu os lençóis e a faixa que tinham posto e m volta da cabeça de Jesus. Mas havia, agora, um espaço vazio que separava a faixa, enrolada num lugar à parte, dos lençóis. Ninguém poderia roubar o corpo e deixar os lençóis e a faixa naquela posição. O corpo de Jesus só podia ter passado através deles. João notou isso, e creu. Jo 21: Jesus na Galileia c o m seus discípulos A p e n a s J o ã o nos conta c o m o Jesus se manifestou a sete discípulos enquanto pescavam. João estava lá. Ele lembrou quantos peixes pescaram c sua surpresa e seu alívio ao ver que a rede estava intacta. Lembrou-se de c o m o Jesus deu a Pedro a oportunidade de superar as três negações, perguntanclo-lhe por três vezes seguidas se Pedro o amava. Lembrou-se de c o m o Jesus restaurou Pedro a sua antiga condição dc líder e lhe deu a tarefa de cuidar d o seu povo. Ele se lembrou da pergunta de Pedro sobre o que seria dele, o discípulo amado, e da resposta que Jesus deu. O Evangelho termina com uma afirmação da verdade d o que foi escrito. Foi " o discípulo a quem Jesus amava" ( 2 0 ) que deu "testemunho a respeito destas coisas e as escreveu". A comunidade testifica da verdade d o que ele disse ( 2 4 ) . • V 1 8 Uma predição de c o m o Pedro seria morto. A tradição diz que e l e foi crucificado c m Roma quando Nero era o imperador.
Após a ressurreição de Jesus, os discípulos retomaram à Galileia. Cena manha, depois dc passarem a noite toda pescando sem sucesso. Jesus os chamou da maigeni. Ele ainda tinha lições a ensinar.
643
ATOS DOS APÓSTOLOS 0 livro de Atos abrange um periodo de cerca de 30 anos, que vai desde o nascimento da igreja no dia de Pentecostes até a prisão de Paulo em Roma. Descreve a propagação do cristianismo nas regiões ao norte do Mediterrâneo, nas áreas onde hoje ficam a Síria, a Turquia e a Grécia, chegando até o coração o Império Romano. Os "atos" relatados são principalmente os dos apóstolos Pedro e Paulo, embora o livro possa ser chamado de "os atos do Espírito de Deus". Foi sob a direção do Espírito Santo que a igreja recém-nascida ultrapassou as fronteiras nacionais de Israel e se tornou um movimento internacional e global. (Veja '0 Espírito Santo em Atos") Atos é o único livro do gênero no NT. Como as histórias do AT, é mais que um simples livro de história. Atos é a "história da salvação". O propósito divino de salvar o mundo, revelado gradualmente no AT e cumprido em Jesus, teve continuidade na missão da igreja. A ordem atual dos livros do NT esconde o fato de que Atos é a continuação do Evangelho de Lucas, ou seja, o segundo volume de uma obra em duas partes escrita para um indivíduo chamado Teófilo. Este era um romano sofisticado e culto que já tinha certo conhecimento do cristianismo (veja Lc 1.1-4).
Quem o escreveu? Desde a antiguidade, as evidências apontam para Lucas, amigo e médico amado de Paulo. Lucas
Resumo A partir de Jerusalém, a boa nova de Jesus se espalha e chega a Roma, passando do mundo judaico ao gentílico. Caps. 1—5 A igreja em Jerusalém A ascensão de Jesus Pentecostes
é o único autor nãojudeu (gentio) do NT. Caps. 6—9 Ele pode ter sido natuO evangelho se espalha ral de Antioquia ou Estevão, o primeiro mártir A conversão de Saulo de Fílipos. Apesar de termos poucos dados Caps. 10—12 a r e s p e i t o da v i d a Pedro e Cornélio: Deus de Lucas, seus escriaceita todas as nações! tos revelam um autor Fuga da prisão habilidoso e um histoCaps. 13—15 riador em que se pode A primeira missão confiar. Pela forma de Paulo como ele passa da terO concílio de Jerusalém ceira para a primeira pessoa do plural em Caps. 16—18 Atos (16.10; 20.5; 27.1), Paulo em Filipos, Atenas e Corinto sabemos que ele testemunhou muitos dos Caps. 19—20 acontecimentos q u e Paulo em Éfeso descreve com tantos detalhes dramáticos. Caps. 21—28 Paulo, o prisioneiro Ele estava com Paulo Prisão em Jerusalém em Filipos. AcompaCesaréia: a defesa nhou-o na fatídica viade Paulo gem a Jerusalém, ficou Viagem a Roma ao seu lado durante a detenção de dois anos em Cesaréia, e compartilhou a jornada e o naufrágio a caminho de Roma. Lucas teve muitas oportunidades de obter outras
Cronologia > há ponlos fixos suficientes para que se possa ser preciso, mas as datas abaixo tendem a ser exalas, com uma margem de erro de um a dois anos para mais ou para menos. MC. 32/35 34/37 í5ou46
« o u 46 46 ou 47
Fundação da igreja em Jerusalém (At 1 — 2 ) Conversão de Paulo (At 9) Primeira visita de Paulo a Jerusalém (At 9.26-30) Por causa da fome, Antioquia envia doações a Jerusalém (Al 11.27-30) Tiago é executado (At 12.2) Primeira viagem missionária de Paulo (At 1 3 — 1 4 )
48 48-51 50 53 54-57 57-58 58 (junho )
Os apóstolos se reúnem em Jerusalém (At 15) Segunda viagem missionária de Paulo (At 15.36—18.22) Paulo chega a Corinto (At 18) Início da terceira viagem missionária de Paulo (Aos 18.23) Paulo em Éfeso (Al 19) Paulo na Grécia (Al 20) Paulo chega a Jerusalém (At 21)
58-60 60-61 61-63
Paulo na prisão em Cesaréia (At 24 —26) Paulo apela para César e elevado para Roma (At 27) Paulo em prisão domiciliar em Roma (At 28.30)
Os Evangelhos e Atos
644 Vai no inonie das Oliveiras que o Jesus
morte (provavelmente 64-65 d.C), das perseguições de Nero, ou da revolta judaica (66-70 d.C). Portanto, a data mais provável parece ser por volta de 63 d.C, mas uma data posterior também é possível.
ressuscitado se despediu de seus disdpuk» e "foi elevado para o céu".
A t 1.1— 8 . 1 a Surge a igreja em
Jerusalém
At 1.1-14: P r e f á c i o d e L u c a s ; a ascensão de Jesus A primeira parte da obra de Lucas (seu Evangelho) é um relato daquilo que Jesus fez e ensinou durante a sua vida na terra. Atos relata a continuação dessa história, depois que Jesus havia retornado ao Pai (a ascensão descrita nos vs. 9 - 1 1 ) , quando a sua obra foi levada adiante através dos apóstolos, capacitados p e l o Espírito Santo no Pentecostes (cap. 2 ) . O livro mostra c o m o sc cumpriu a promessa d o v. 8: "Mas
recebereis poder, ao tlcscer sobre vós o Espirito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto Jerusalém como em tiniu a Judeia e Samaria
em
e nf,
«los
confins da terra". Palavras que Jesus dirigiu a seus seguidores: Al 1.8
informações em primeira m ã o — d e Paulo e Barnabé e outros lideres da igreja d e Antioquia; de Tiago, irmão do Senhor, entre outros e m Jerusalém; e de Filipe e suas irmãs, em Cesaréia. Sabemos, com base em Lc 1.1-4, como ele se preocupava em investigar os fatos. P o r q u e ele escreveu? No prefácio do seu Evangelho, Lucas conta que, depois de revisar toda a história, ele decidiu escrever um relato ordenado para Teófilo, para que este tivesse plena certeza das verdades em que havia sido instruído. O primeiro volume de sua obra trata daquilo que Jesus "começou a fazer e a ensinar" do início "até o dia em que foi elevado ao céu". Em Atos, conta como a salvação que Jesus afirmou trazer funcionava'na prática, tanto para judeus quanto para gentios. A oposição não podia abafá-la. Em vários lugares novos grupos surgiam e continuavam a se reunir. A medida que Lucas descreve tudo isso, ele se esforça para mostrar que, embora a nova doutrina muitas vezes tivesse gerado tumulto, as próprias autoridades romanas livraram os cristãos das acusações feitas contra eles. Veja também "Boas Novas!" — dos primeiros cristãos". Q u a n d o A t o s foi escrito? No final de Atos, Paulo havia estado na prisão, em Roma, por dois anos. O livro termina com um tom otimista, apesar d e não haver perspectiva da libertação de Paulo. Não há indicação da sua
• • •
e m Jerusalém ( 2 . 1 — 8 . 1 a ) e m toda a Judeia c Samaria (8.1b—11.18) e até aos confins da terra ( 1 1 . 1 9 até o final do livro). • V. 6 A pergunta v e m d o v. 3. Aparentemente os apóstolos ainda viam o reino de Deus em termos nacionalistas, esperando que Israel, no final, se tornasse um estado independente. • U m a n u v e m ( 9 ) O sinal da glória de Deus (confira Êx 40.34 e Lc 9.34-35) c o meio através d o qual Jesus foi afastado deles. • V. 10 A roupa branca indica que eram anjos. • A j o r n a d a d e u m s á b a d o ( 1 2 ) A lei judaica restringia as viagens e m dia de sábado a uma distância de mais o u menos 1 km (confira N T L H ) . • C o m M a r i a . . . e c o m o s i r m ã o s dele ( 1 4 ) Esta é a última vez que a mãe de Jesus é mencionada no NT, e a primeira vez em que os seus irmãos aparecem na companhia dos discípulos. Sabemos que T i a g o , pelo menos, viu o Jesus ressurreto ( I C o 15.7). At 1.15-26: O d é c i m o s e g u n d o apóstolo Até onde sabemos, essa foi a última vez em que os apóstolos usaram o consagrado método de fazer um sorteio. Mas não se tratava apenas de uma questão de sorte, pois a decisão foi tomada após muita oração. Os 12 apóstolos correspondiam às 12 tribos de Israel, e isto explica por que o número devia estar completo.
Atos 0 décimo segundo h o m e m devia ter acompanhado Cristo durante o ministério dele, e tê-lo ; visto após a ressurreição. • V s . 18-19 • enforcou.
M t 27.3-8 d i z que Judas se
At 2.1-13: " E s s e p e s s o a l e s t á b ê b a d o ! " Com a vinda d o Espírito Santo e m Pentecostes, a espera havia terminado. Línguas de íogo que todos viram denotavam uma mudança interior que ficou logo evidente. Os apóstolos e discípulos se tornaram a nova igreja, cheios j de vida e poder, e m acentuado contraste com a latitude temerosa que haviam demonstrado até 1 então. E essa mudança seria permanente. > P e n t e c o s t e s ( 1 ) Esta era a antiga festa judaica das primícias, que acontecia no início da colheita d o trigo. Eram passados 50 dias j desde aquela Páscoa e m que Jesus havia sido ! cnicificado. t Vs. 2-3 O hebraico e o grego usam a mesma I palavra para "vento" e "Espírito". O vento e as 1 línguas de fogo eram sinais da presença e d o poder d e Deus. I > Cada u m os ouvia falar n a sua própria I língua ( 6 ) A platéia era formada por judeus e 1 convertidos ao judaísmo oriundos de diferentes j partes d o mundo (veja mapa abaixo). Para sua I surpresa, cada um ouvia a sua própria língua I materna sendo falada por aqueles galileus. A 1 maldição de Babel (Gn 11.1-9) foi anulada de forma espetacular.
At 2.14-47: O c o m o v e n t e de Pedro
645
discurso
O fervoroso discurso de um Pedro transformado provocou uma reação imediata. Eles mataram Jesus, ao deixarem que ele fosse crucificado. Deus o ressuscitou ( 2 3 - 2 4 ) . Mas eles podiam ser perdoados ( 3 8 - 3 9 ) , e Deus lhes estava estendendo um convite neste sentido. (Pedro fez um discurso semelhante nos caps. 3; 10; Paulo, no cap. 13.) A o batismo de 3.000 pessoas se seguiu um novo e alegre senso de comunidade. Na prática isto se demonstrou numa disponibilidade para compartilhar dinheiro e bens. O que dava sustentação a tudo isso era um n o v o padrão de vida ( 4 6 ) . • A t e r c e i r a h o r a ( 1 5 , A R A ) Corresponde a nove horas da manhã. E naquele dia havia jejum até o m e i o da manhã. • P a r t i a m o p ã o ( 4 6 ) Expressão que Lucas usa para a "ceia d o Senhor" ( I C o 11.20). Esse partir d o pão se dava no contexto de uma refeição compartilhada. At 3: A c u r a d e u m c o x o N e s t e caso, a e x e m p l o d o ministério de Jesus, o ensino e a cura, ambos possibilitados pelo Espírito Santo, andaram de mãos ciadas. O h o m e m estava sentado à porta do Templo porque os aleijados não podiam nele entrar (2Sm 5 . 8 ) . L o g o que conseguiu caminhar, entrou. A l g o c o m e ç o u a acontecer quando
Os ouvintes d c P e d r o n o dia de
Pentecostes
Os Evangelhos e Atos
646
T At 4.32—5.11: A n a n i a s e Safira A comunhão de bens era voluntária, mas alguns foram motivados mais pelo desejo de impressionar os outros d o que por verdadeira g e n e r o s i d a d e . A o m e n t i r e m para a igreja, Ananias e Safira estavam mentindo para Deus. As terríveis conseqüências serviram de exemplo para toda a comunidade.
Após receber o
dom do Espil 110 de Deus em
Pentecostes, Pedro e os
outros se reuniam diariamente nos pátios do lemplo. Esses pórticos onde as pessoas se reuniam para ouvir os mestres fazem parte de uma maquele que recria a áiea tln Templo.
"Nüofaçum nada contra estes homens. Deixem quê vão embora porque, se este plano ou este trabalho vem de seres humanos, ele desaparecera. Mas, se vem de Deus, vocês não poderão destrui-lo". Palavras de Gamaliel diante dt) Sinédrio
a respeito dos cristãos 1
(At 5.38-3 ), NTl.ll)
Pedro e João realmente olharam para o mendigo e ele olhou para eles ( 4 - 5 ) . A mensagem de Pedro aqui é muito parecida com a d o cap. 2, convidando seus compatriotas ao arrependimento c à fé. • H o r a n o n a ( 1 , A R A ) Três horas da tarde. Os horários de oração eram no início da manhã, à tarde ( c o m o a q u i ) e ao pôrdo-sol. Os dois primeiros coincidiam com os sacrifícios da manhã e da tarde. • Pórtico... d e Salomão ( 1 1 ) Uma colunata no lado leste d o pátio dos gentios, no Templo de Jerusalém. At 4 . 1 - 3 1 : P e d r o e J o ã o s ã o interrogados O que incomodou os saduceus foi o ensinamento dos apóstolos, centrado no Cristo ressuscitado. Isto era previsível, visto que os saduceus n e g a v a m a possibilidade da ressurreição. (Mais tarde Paulo criou uma divisão entre fariseus e saduceus c o m a mesma questão: A t 2 3 . 6 . ) A ressurreição constituiu o cerne da m e n s a g e m cristã desde o início. Apesar da prisão de Pedro e João, o número de a d e p t o s continuava a crescer ( 4 - 5 ) . O S i n é d r i o p o d i a f a z e r a m e a ç a s , mas os apóstolos não p o d i a m parar d e falar ( 1 8 2 1 ) . Q u a n d o f o r a m soltos, o r a r a m pedindo intrepidez, e a oração deles foi atendida (24-31).
• B a r n a b é ( 4 . 3 6 ) Os capítulos seguintes mostram que este nome combinava muito bera com a pessoa. Líder da igreja e m Antioquia, ele e Paulo foram enviados juntos numa viagem missionária. Paulo se valeu d o encorajamento dc llarnabé, e o m e s m o se aplica a João Marcos, o j o v e m primo de Barnabé. • 5.9 "Ocorrências semelhantes podem ser encontradas e m sociedades primitivas nas quais uma maldição desse tipo podia ter um efeito fatal ao causar a morte por choque" (I lowaid Marshall). A t 5 . 1 2 - 4 2 : O s a p ó s t o l o s s ã o presos e interrogados Era c o m o uma repetição d o ministério de Jesus na Galileia, tantas eram as pessoas curadas pelos apóstolos. N ã o é de admirar que as autoridades judaicas tenham ficado com inveja. O fato dc serem logo soltos da prisão bem c o m o a ordem d o anjo ajudaram a convencer os apóstolos da sua missão. N e m as ameaças, nem a prisão, nem os açoites conseguem fazer frente ao poder de Deus. • S u a s o m b r a ( 1 5 ) Acreditava-se que a sombra da pessoa tinha poderes mágicos. • V. 2 8 Os apóstolos haviam declarado publicamente que o Sinédrio era responsável pela morte de Jesus, e agora eles temiam represálias. • P e n d u r a n d o - o n u m m a d e i r o (30) A parte vertical da cruz ficava encravada no local da crucificação, p o d e n d o até ser um tronco dc árvore. Veja também Dt 21.22-23.
• A n á s . . . C a i f á s ( 6 ) Anás era um influente ex-sumo sacerdote e Caifás, o genro de Anás, era o sumo sacerdote e m exercício (18-36 d.C).
• G a m a l i e l ( 3 4 ) U m líder bem respeitado entre os fariseus (mestre dc Paulo). • V s . 3 6 - 3 7 O historiador judeu chamado Josefo conta a história de Teudas, mas a coloca uma geração depois d e Judas! Em 6 d . C , Judas liderou um protesto contra o pagamento de impostos a Roma.
• Este J e s u s é p e d r a r e j e i t a d a ( 1 1 ) Uma citação d o SI 118.22. • V 13 "Homens iletrados e incultos"; "leigos sem instrução". • S i n a i s e p r o d í g i o s ( 3 0 , A R A ) Também esta oração foi respondida (veja 5 . 1 2 ) .
At 6.1-7: A e s c o l h a de administradores Os judeus que tinham sido criados fora da terra de Israel e que falavam g r e g o tinham queixas a respeito da distribuição diária das
647
provisões. A resposta dos apóstolos foi deixálos e s c o l h e r sete d e n t r e eles — h o m e n s espiritualmente qualificados — para supervisionarem essas questões práticas. Pelo menos dois deles marcaram profundamente a j o v e m igreja: Estêvão, um grande pregador e também primeiro mártir (cap. 7 ) , e Filipe, o evangelista ( 8 . 4 - 4 0 ) . At 6 . 8 — 8 . 1 a : E s t ê v ã o s e d e f e n d e e é morto Estevão foi falsamente acusado d e blasfêmia ( 6 . 1 1 ) e levado diante d o Conselho Superior dos judeus, exatamente c o m o Jesus. Tudo indica que ele foi um dos primeiros a se dar conta da inevitável ruptura com o culto judaico que o n o v o ensinamento (cristão) implicava. Segundo seus acusadores, ele queria mudar "os costumes que Moisés nos d e u " (6.14). A longa defesa de Estêvão (7.2-53) tomou a forma de um resumo da história da nação. O tribunal conhecia os fatos, mas a interpretação era revolucionária. E e l e finalizou c o m uma dura crítica ( 7 . 5 1 - 5 3 ) . O Israel antigo rejeitou os profetas, a partir de José e Moisés. A atual geração havia rejeitado o próprio Messias. Os vs. 44-50 são a resposta de Estêvão às acusações sobre a destruição do Templo. U m prédio permanente para "prover morada" para Deus sempre seria uma solução inadequada. • L i b e r t o s ( 6 . 9 ) Prisioneiros dos romanos e seus descendentes, que haviam sido postos em liberdade. y Quarenta (7.23,30,42) Número arredondado para uma geração, mas também um número de significado especial, marcando ''cada n o v o desenvolvimento na história dos grandes feitos de Deus" ( R . A . H . Gunner). y 7.42 Deus permitiu que o povo sofresse as conseqüências d o seu erro. • P o r m i n i s t é r i o d e a n j o s ( 7 . 5 3 ) De acordo com uma tradição judaica, aceita pelos primeiros cristãos (Gl 3.19; Hb 2 . 2 ) . y As testemunhas... Saulo (7.58) Segundo a lei, as testemunhas de acusação deviam lançar as primeiras pedras, embora em certo sentido aquilo não passasse de um linchamento, ou seja, algo fora da lei. 0 "jovem" Saulo provavelmente tinha seus 30 anos. Aqui e l e aparece pela primeira v e z , como co-responsável pela morte de Estêvão. ("Consentia" pode significar que, c o m o membro d o Conselho Superior, ele votou contra Estevão.) A cena ficou marcada na
mente de Saulo (22.20), e deve ter contribuído na preparação para a sua dramática conversão à nova fé (cap. 9 ) . A partir d o cap. 13, j á como apóstolo Paulo ( a versão romana do seu n o m e ) , ele passa a ser o personagem principal no livro de Atos.
At 8.1b—9.43 Perseguição ajuda a o evangelho de Jesus
difundir
At 8.1b-25: S i m ã o , o m a g o A perseguição que se seguiu à morte de Estêvão resultou na primeira ampliação dos limites da igreja. O ataque parece ter se concentrado nos helenistas (judeus de fala g r e g a ) companheiros de Estêvão, não afetando a permanência dos apóstolos e m Jerusalém. Os crentes que foram dispersos anunciavam a mensagem d o evangelho por toda parte. N o caso d e Filipe, o sucesso foi tão grande que dois d o s apóstolos foram ver o que estava acontecendo. Foi o poder de Filipe que atraiu Simão, e ele queria ter o poder de transmitir o dom d o Espírito. Para corrigi-lo, Pedro teve de falar palavras duras ( 2 0 - 2 3 ) . • V 5 M e s m o sendo odiados pelos judeus (veja Lc 10.25-37), os samaritanos também esperavam a vinda de um Messias (Jo 4 . 2 5 ) .
O Evangelho começa a s e difundir
Cesatéia k Onde morava ; Cornélio ,"-
Jope Onde Pedro teve a visão
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Os Evangelhos e Atos Veja samaritanos e m "A religião judaica na época d o N T " . Eles estavam prontos para ouvir, c o m o Jesus havia dito (Jo 4 . 3 5 - 4 2 ) , e receberam a mensagem com avidez. • V 10 Simão se considerava o único agente d o Deus supremo, o que explica sua oferta no v. 18.
"... ao aproximar-se (Saulo) de Damasco, subitamente uma luz do céu brilhou ao seu redor, e, caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues?" At 9.3-4 ( A R A )
• Para q u e r e c e b e s s e m o Espírito S a n t o ( 1 5 - 1 7 ) Cada cristão tem o Espírito de Deus (veja Rm 8.9; I C o 12.13). Mas havia um significado especial naquele sinal visível da vinda d o Espírito, dado quando os apóstolos oficialmente reconheciam que esses membros da desprezada nação inimiga eram tão cidadãos quanto eles, no reino dc Deus. At 8.26-40: A c o n v e r s ã o do tesoureiro d a rainha N o auge da bem-sucedida campanha entre os samaritanos, Filipe foi chamado por Deus para acender às necessidades de um indivíduo. Os eunucos não p o d i a m entrar no T e m p l o , mas Deus sabia que esse estrangeiro estava pronto para receber a boa notícia a respeito de Jesus. • U m e t í o p e ( 2 7 ) Esse h o m e m , convertido ao judaísmo, era o tesoureiro d o antigo reino de Cuxe, no norte d o Sudão. • C â n d a c e ( 2 7 , A R A ) O título da rainha-
Saulo eslava a caminho de Damasco, decidido a suprimir o movimento cristão, quando Cristo se interpôs, aparecendo a ele numa visão.
mãe que governava o país no lugar d o filho. 0 próprio rei, divinizado como filho d o deus sol. era considerado santo demais para exercer as funções profanas de governar o p o v o . • E s c r i t u r a ( 3 2 ) Is 53.7-8. A citação é do texto g r e g o ( S e p t u a g i n t a ) , que difere ura pouco d o texto hebraico (massorético), no qual se baseiam nossas traduções do AT. • C e s a r é i a ( 4 0 ) Filipe aparentemente se estabeleceu nessa cidade portuária com a sua família (veja 21.8-9). Azoto era a cidade que, na época dos filisteus ( n o A T ) , se chamava Asdode. At 9.1-31: J e s u s se r e v e l a a Saulo O encontro entre Jesus e Saulo na estrada para Damasco, a antiga capital da Síria, foi um momento decisivo na história da Igreja primitiva. O incidente é contado três vezes em Atos: uma vez por Lucas, neste capítulo, e duas vezes pelo próprio Saulo/Paulo, e m A t 22.5-16 e At 26.12-18. N e n h u m a outra conversão trouxe uma mudança tão radical. Pela intensidade da luz, Saulo ficou cego por três dias, sem nada para fazer além de pensar. Quando Ananias foi vê-lo, Saulo, o perseguidor, já se tornara "irmão Saulo", um h o m e m que muito viria a sofrer pela causa que tentara destruir. Sua grande energia foi dedicada imediatamente à pregação de Jesus como Filho de Deus (20). E logo ele começou a ser perseguido. Quando ele estava e m Jerusalém, depois de fugir de Damasco, n i n g u é m acreditava nele — até que Barnabé foi ajudá-lo ( 2 7 ; veja 4.36-37). • O C a m i n h o ( 2 ) A igreja era conhecida por esse n o m e até o p o v o de Antioquia inventar um novo nome: "cristão" ( 1 1 . 2 6 ) . • P o r q u e m e p e r s e g u e s ? ( 4 ) Aqueles que perseguem os seguidores perseguem o próprio Jesus. • T a r s o ( 1 1 ) Cidade universitária com meio mühão cie habitantes; ponto dc encontro entre o Oriente e o Ocidente, entre gregos e orientais. At 9.32-43: A r e s s u r r e i ç ã o d e Dorcas Finalmente a igreja tinha paz ( 3 1 ) e Pedro podia visitar os grupos cristãos. Uma cura na cidade de Lida resultou num chamado do porto de Jope (20 km a noroeste dali), onde Tabita, uma mulher cristã muito amada, havia morrido. Pedro a ressuscitou, e ficou e m Jope por algum tempo. Seu anfitrião era um curcidor dc couros, ocupação "impura" para os judeus, porque exigia que se tocasse e m animais mortos. Será que Pedro já havia, e m parte, se libertado
Atos
649
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do seus tabus religiosos judaicos e estava pronto para o próximo grande desafio?
At 10—11 Boas novas para os também
gentios
At 10: C o r n é l i o m a n d a c h a m a r P e d r o Até aquele m o m e n t o o e v a n g e l h o só fora pregado a judeus, a pessoas convertidas ao
judaísmo (prosélitos), e a samaritanos ( q u e seguiam a lei de M o i s é s ) . Agora Deus entrou em cena para deixar claro que a mensagem era para todos ( 3 4 - 3 5 ) . Deus preparou Cornélio, um oficial romano, e preparou Pedro. A visão e a mensagem se repetiram três vezes, com a aparente intenção de levar Pedro a violar as leis alimentares dos judeus (veja L v 1 1 ) . Mas quando chegaram os homens que Cornélio havia enviado, ele logo percebeu as implicações humanas muito mais profundas d o
Cego por causa da luz que brilhou em volta dele na estrada para Damasco, Saulo foi levado para uma casa na rua Direita, em Damasco. Attialmentc, a rua é uma via principal d o antigo mercado coberto.
650
Os Evangelhos e Atos seu sonho ( 2 8 ) . Sua pregação foi seguida de um segundo Pentecostes, a vinda d o Espírito Santo sobre os gentios. N i n g u é m mais podia negar o batismo àqueles que haviam recebido um sinal tão evidente d o favor de Deus. • C o r n é l i o , c e n t u r i ã o ( 1 ) U m dos que formavam a espinha dorsal d o exército romano. N o NT, os centuriões que atuavam na região da Palestina são descritos de forma bastante positiva. (Veja "Soldados romanos no N T " . ) Cornélio era adepto da fé e d o culto judaicos, mas não um convertido circuncidado. • A v i s ã o d e P e d r o ( 9 - 1 6 ) Era meio-dia
quando Pedro começou a sonhar acordado, e os emissários de Cornélio j á estavam se aproximando dc Jope. A f o m e de Pedro e, talvez, o toldo de couro sob o qual se encontrava moldaram as imagens daquela visão que Deus usou para transmitir a sua mensagem. A t 11.1-18: P e d r o d á explicações A narração d o que havia acontecido em Cesaréia (5-15) destaca o seu significado. As críticas que Pedro recebeu de um grupo bem fechado de cristãos de origem judaica em Jeru-
Um historiador examina o Novo Testamento EM.
O NT conta uma história que mudaria o curso de toda a história subseqüente. Os quatro Evangelhos, que descrevem o ministério de Jesus, apresentam vários níveis da sociedade daquela que era a mais problemática província romana, destacando a administração imperial e dando claros indícios a respeito da situação que levaria, em 66 d.C, à mais terrível de todas as guerras que Roma fez contra uma de suas províncias. Os Atos dos Apóstolos dão continuidade a este tema. É uma narrativa escrita por um grego culto, um grande historiador, e descreve a triunfante propagação d o movimento que mudaria o mundo. Esse movimento foi moldado por alguém que poderia, com razão, ser chamado de primeiro europeu. Tratase de um rabino erudito chamado Paulo, que dominava a literatura e o pensamento filosófico gregos (como o discurso no Areópago demonstra), e que também era um cidadão romano, plenamente consciente, como fica claro a partir de seu plano de evangelização, do valor, do poder e do significado do Império e da paz romana. Se testarmos Lucas quanto a detalhes, como a arqueologia demonstrou que ele pode ser testado, veremos
Biaiklock
que era um historiador acurado e meticuloso. Quem lê a sua obra com cuidado, vê as cidades de Éfeso e Corinto ganharem vida diante de seus olhos. Quem presta atenção a determinadas palavras, como, por exemplo, o uso da forma plural "procônsules" no relato sobre o tumulto em Éfeso (At 19.38), encontra a explicação de um pequeno fato histórico... As cartas de Paulo, que se inserem no contexto maior da epistolografia antiga, são, também, bastante esclarecedoras do ponto de vista histórico. A cidade de Corinto — corrupta, cosmopolita, pseudo-filosófica, poliglota, desordenada, amante das disputas, repleta de controvérsias — ganha vida na carta que Paulo escreveu à turbulenta igreja dessa cidade, na qual se haviam infiltrado o espírito irrequieto e a depravação urbana do lugar.
sangue, perseguidora implacável... e condenada. Quem estuda o NT e m seu contexto, e contra o seu pano de fundo, tem acesso à mentalidade, à sociedade, aos problemas, e ao espírito do primeiro século. É possível perceber certas tempestades que já se aproximavam, como, por exemplo, a última revolta dos judeus. O mesmo vale para o estilo atrapalhado de administração, adotado no Oriente, que preparou o terreno para o desastre. 0 NT revela uma série de coisas a respeito do Império romano: as experimentações com reis fantoches, a legislação repressiva, os bolsões de administração anacrônica nas cidades, a vida em regiões fronteiriças (como em Listra, por exemplo), suas divisões filosóficas, seus grupos colaboracionistas, os claros sintomas da catástrofe iminente.
Outra o p ç ã o é ler a poesia d o Apocalipse — o último livro d o NT — e que é um festival de símbolos, algo que em nosso tempo, mais d o que em qualquer outro, as pessoas deveriam saber apreciar. Aqui vemos Roma c o m o ela nunca havia sido vista antes — através dos olhos de um provinciano amargurado que não está nem um pouco satisfeito com ela: a Roma tirânica, embriagada com
Como coleção de documentos históricos, o NT é uma obra única, sem igual.
Atos • Grande fome... nos dias de Cláudio ( 2 8 ) Cláudio foi imperador de 4 1 a 54 d.C. A fome atingiu a Palestina por volta de 46 d.C.
At
12
O rei Herodes
salém seriam uma constante nas várias fases da obra missionária de Paulo. A admissão de gentios como membros plenos da Igreja, sem exigir deles a circuncisão, foi a questão mais controvertida que a geração dos apóstolos teve d e enfrentar. Mas Lucas deixa claro que os apóstolos e líderes aprovaram sem restrições a atitude de Pedro, pois era bem evidente a presença da mão de Deus e m tudo aquilo (17-18). At 1 1 . 1 9 - 3 0 : A n t i o q u i a : a primeira igreja d e gentios Na mesma época em que isso estava acontecendo e m Cesaréia, havia novidades também mais para o norte, em Antioquia, a terceira maior cidade d o mundo romano (depois de Roma e Alexandria), um lugar de intenso comercio e capital da província romana da Síria. A resposta positiva que os g r e g o s d e r a m à mensagem cristã levou a Igreja de Jerusalém a enviar Barnabé (veja nota e m 4 . 3 6 ) a Antioquia. Este, por sua v e z , foi buscar Saulo na cidade de Tarso. Assim, tudo estava pronto para o grande avanço seguinte, descrito a partir d o cap. 13. • G r e g o s / n ã o - j u d e u s ( 2 0 ) A grande população de fala grega, e m Antioquia. > S e n h o r ( 2 0 - 2 1 , 2 3 ) N o mundo romano, um título mais adequado para Jesus d o que o título judaico "Messias". Assim c o m o os romanos declaravam que "César é Senhor", os cristãos declaravam que 'Jesus é Senhor".
persegue
a
Igreja
At 12.1-19: T i a g o é m o r t o ; Pedro é preso Enquanto Paulo e Barnabé estavam e m Jerusalém, entregando o dinheiro que havia sido mandado pelos cristãos de Antioquia por causa da f o m e , o rei H e r o d e s (fingindo ser um defensor da L e i ) instigou uma nova onda de perseguição. Tiago, um dos três apóstolos mais próx i m o s de Jesus, foi m o r t o . Mas P e d r o ( c o m o havia a c o n t e c i d o anteriormente: 5.19) foi resgatado, enquanto os cristãos estavam reunidos e m oração. Uma prisão de segurança m á x i m a não era problema para Deus! E havia mais coisas para Pedro fazer. A narrativa traz uma riqueza d e detalhes, c o m suspense seguido de humor, quando a empregada Rode deixou Pedro parad o junto à porta, batendo ( 1 4 ) . • R e i H e r o d e s ( 1 ) Herodes Agripa I , neto de Herodes, o Grande (Lc 1.5). Ele havia recebido o reino d o imperador Calígula, seu amigo. Esse reino foi ampliado ainda mais por Cláudio. Veja "A família Herodes".
Uma próspera igreja logo foi estabelecida na cidade de Antioquia, na Síria. Dois de seus melhores homens, Saulo e Barnabé, foram enviados como missionários. Antioquia ainda hoje é uma cidade importante.
651 'IVeliças criam uma arca sombreada no alto de uma casa em .lope (foto Na visão de Pedro, aquela coisa parecida com um grande lençol estava cheia de animais puros e impuros. Deus quer dar a nova vida em Cristo tanto a judeus como a gentios.
Uma fome na época do Imperador Cláudio (retratado nessa moeda) levou os cristãos de Antioquia a mandar ajuda aos cristãos que moravam na Judeia.
652
Os Evangelhos e Atos • Os dias dos pães asmos (3, ARA) A Festa dos Pães sem Fermento, que durava sete dias. Vinha logo após a Páscoa e era considerada parte desta ( 4 ) . • Quatro escoltas de quatro soldados ( 4 ) Uma escolta de quatro soldados para cada vigília da noite. Dois soldados ficavam com Pedro; dois, junto à porta. • T i a g o ( 1 7 ) Irmão d e Jesus ( M c 6.3; A t 15.13; 21.18). At 12.20-25: A m o r t e d o rei H e r o d e s Também Joscfo, o historiador dos judeus, descreve a morte súbita d o rei, e m 4 4 d.C. Lucas viu essa morte como conseqüência direta da exaltação própria de Herodes e d o seu desrespeito para com Deus. • C o m i d o p o r v e r m e s ( 2 3 ) A descrição indica uma doença intestinal, talvez peritonite. A falta dc higiene também pode ter causado infecção de nematelmintos. Mas a descrição pode, também, ser simbólica, sendo usada normalmente para expressar a morte dc um tirano.
At 1 3 — 1 4 A primeira de Paulo
viagem
missionária
A partir deste momento, e m Atos, o personagem principal é Saulo/Paulo. A igreja em Antioquia, dirigida pelo Espírito Santo, escolheu os melhores homens para esse trabalho pioneiro. Barnabé e Saulo, auxiliados pelo j o v e m João Marcos, foram primeiro a C h i p r e , terra natal de Barnabé (13.4-12; veja também 11.19-20). Ali, sc defrontaram com o mago Elimas e conseguiram a conversão de uma pessoa importante, o procônsul Sérgio Paulo. Saulo adotou I a versão romana do seu próprio nome: Paulo, tA primeira viagem d e Paulo
No início de sua atividade missionária. Saulo e Barnabé pregaram as boas novas eni Salamina. Chipre. Após um encontro t o m o procônsul romano daquela ilha, Saulo adotou a fornia romana de seu nome: Paulo.
654
Os Evangelhos e Atos De agora e m diante seria "Paulo e companhia", à medida que ele assumiu a liderança. Eles mal haviam começado sua jornada no continente quando, e m P e r g e ( 1 3 . 1 3 ) , João Marcos desistiu e voltou para casa. (Paulo considerou isso uma espécie de deserção: 15.37-40.) O primeiro sermão dc Paulo registrado e m Atos foi pregado c m A n t i o q u i a d a P i s í d i a (13.14-52), para uma platéia mista dc judeus, prosélitos gregos e simpatizantes. A e x e m p l o de Estêvão ( A t 7 . 2 - 5 3 ) , Paulo fez um breve resumo da história judaica, para mostrar que Jesus era o Salvador que Deus havia prometido. A oposição dos judeus fez com que Paulo e Barnabé se volvessem aos gentios ( 1 3 . 4 6 ) . Expulsos dc Antioquia, foram a I c ô n i o ( 1 4 . 1 - 6 ) , onde a história se repetiu.
Atraído pela visão de um homem macedónio pedindo ajuda. Paulo zarpou de Trôade, na cosia oeste da Turquia. e chegou a Neápolis (Kavalla). no norte da Gt&ia, retr nada aqui. Assim o evangelho chegou a Europa.
Após uma tentativa de a p e d r e j a m e n t o , fugiram para L i s t r a ( 1 4 . 6 - 2 0 ) , o n d e a cura de um aleijado levou o p o v o a dizer que Barnabé era Zeus ( o principal deus d o panteão g r e g o ) e que Paulo era Hermes ( o deus mensageiro), apesar dos protestos deles. Mais problemas com os judeus de Antioquia fizeram com que fossem a D e r b e (14.20-21), o ponto mais distante dessa primeira missão, onde a reação foi positiva. A o retornarem pela mesma rota, animaram os novos crentes c promoveram a eleição de líderes para cada igreja.
gentio Cornélio e de toda a sua casa na Igreja (caps. 1 0 — 1 1 ) . Neste intervalo, a oposição havia aumentado. Quando a notícia d o sucesso de Paulo entre os gentios chegou ao "partido da salvação pela fé e pela circuncisão", seus membros se sentiram ameaçados e se opuseram abertamente ao ensino dc Paulo. N u m a questão dc tamanha importância, era vital que houvesse uma decisão baseada na autoridade dos apóstolos e presbíteros, para evitar uma cisão na Igreja. Pedro lembrou o que havia acontecido em dias anteriores e Paulo e Barnabé contaram o que Deus estava realizando entre os gentios. K isto ajudou a decidir a questão. O resumo e veredicto final da parte de Tiago, irmão d o Senhor e líder da igreja de Jerusalém, foi aceito por todos. Os gentios deviam adaptar-se aos cristãos de origem judaica no tocante às leis alimentares, para que judeus e gentios pudessem sentar à mesma mesa e a Igreja se reunisse como uma. Esse capítulo é um divisor de águas no livro de Atos. O centro agora se desloca de Jerusalém e dos apóstolos para a missão entre os gentios e a fundação de novas igrejas.
At 15.36—18.28
A segunda missão de Paulo: da Asia para a Europa At 15.1-35
O concílio
de
Jerusalém
Dez anos ou mais se passaram desde que os apóstolos haviam aprovado a admissão d o
At 15.36—16.5: S e p a r a ç ã o entre Paulo e Barnabé Uma "forte discussão" por causa de João Marcos resultou e m duas campanhas missionárias cm vez de uma só. Barnabé, "aquele que dá ânimo" (At 4.36), sem dúvida ajudou seu jovem sobrinho a melhorar o desempenho e, no final, ganhar a aprovação de Paulo (2Tm 4.11). Barnabé e Marcos retornaram a Chipre. Paulo levou Silas e retornou às cidades do continente visitadas na primeira viagem. Em Listra e Derbe, T i m ó t e o passou a fazer parte d o grupo. • S i l a s ( S i l v a n o ) ( 1 5 . 4 0 ) Representante da igreja de Jerusalém ( 1 5 . 2 2 ) . C o m o Paulo, era cidadão romano. Viajou c o m o apóstolo até Beréia ( 1 7 . 1 4 ) e depois se juntou a ele em Corinto. Silas aparece c o m o companheiro de Paulo na composição ( e m Corinto) das duas canas aos tessalonicenscs; lambem ajudou Pedro a escrever a sua primeira carta. • T i m ó t e o ( 1 6 . 3 ) Paulo decidiu circuncidar T i m ó t e o para regularizar sua situação como
Atos
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"Boas Novas!" — dos primeiros cristãos Michael
0 evangelho cristão se fez sentir no mundo com um impacto semelhante ao estrondo de uma trovoada. Seus pregadores tinham uma mensagem tão animadora e tão urgente que aproveitaram todas as oportunidades de transmiti-la, mesmo que isto lhes trouxesse dificuldades e sofrimento. • Não era religião. • Não era moralidade. • Era uma história — a história da pessoa mais maravilhosa que o mundo já viu: Jesus de Nazaré. A g r a n d e história A história começou muito antes do nascimento de Jesus, quando Deus, o criador, fez a humanidade para conhecê-lo e desfrutar de sua presença. Mas a humanidade voltou as suas costas para Deus. Então Deus escolheu Abraão e sua família, que se tornaram o povo de Israel. Eles deviam mostrar a um mundo rebelde quem era o Deus verdadeiro, e o que ele tinha a oferecer à humanidade e esperava dela. Mas esta história não estava completa: faltava-lhe um final. O próprio povo escolhido para levar a restauração divina ao mundo precisava de resgate e restauração. Os primeiros cristãos estavam todos convencidos de que a grande história do relacionamento entre Deus e os homens havia atingido o seu ponto alto na vida, morte e ressurreição de Jesus de Nazaré. Eles tinham a certeza de que ele era o Messias, alguém que não havia sido entendido pelos líderes judeus, levando-os a entregá-lo às autoridades romanas para que fosse morto. Além disso, estavam convencidos de que esse Jesus não era apenas o Messias que o povo judeu havia esperado por tanto tempo, mas o próprio Senhor Deus que tinha vindo como um
Green
"Nada podia mantê-los calados. Eles haviam encontrado o segredo da vida, e por isso tinham de falar.
das Escrituras, para nos libertar deste mundo perverso. Ele foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, como as Escrituras haviam previsto. Agora ele está exaltado à homem para resgatar, não só os judeus, direita de Deus como Cristo (Messias) e mas toda a humanidade, dos terríveis Senhor dos vivos e dos mortos. resultados da nossa rebelião. Ele deu o seu Espírito Santo aos Sua morte resolveu o problema da seus seguidores como garantia do seu culpa em que todos nós incorremos. senhorio, e como primícias da sua volta A vida do Cristo ressuscitado supria para ser o Juiz e Salvador da humanio poder para a mudança de vida, a dade no dia do juízo. presença ao longo da jornada através Este padrão de proclamação se deste mundo, e a garantia de vida com desenvolveu bem cedo. Ele aparece Deus depois da morte. nos sermões em Atos, em Rm 1.3-4, em ICo 15.3-4 e em ITm 3.16. Os próprios U m a n o v a era Evangelhos trazem uma boa parte do Os primeiros cristãos entendiam conteúdo evangelístico dos primeiros que estavam vivendo no início de uma sermões: esse material foi pregado nova era q u e havia raiado quando antes de ser escrito. Fp 2.4-11 é um Jesus ressuscitou dos mortos, naquela texto bem antigo, provavelmente derimanhã de Páscoa. Por causa disso, viam vado da igreja de fala aramaica, porém é tão desenvolvido em sua doutrina tudo de forma diferente. Esforçavam-se ao máximo para quanto o restante do NT. A ênfase prinentender melhor esse Jesus (através cipal da mensagem dos cristãos era a do estudo do AT, que ele havia cum- mesma para todos eles, e isso desde o prido) e torná-lo real para pessoas que princípio. nunca haviam se encontrado com ele. O cerne de sua proclamação era o Cris- Falar d e Jesus às p e s s o a s to Ressurreto, aquele que muitos deles É claro que essa proclamação não haviam conhecido pessoalmente e a tinha um caráter rígido ou inflexível. quem haviam seguido durante vários Os pregadores começaram ali onde o anos, quando ele era um carpinteiro e povo estava: rabino. • um oficial romano cínico • um mendigo A m e n s a g e m essencial • um pequeno grupo de judeus reunido à margem de um rio. Através de cuidadosa análise do livro No entanto, como fica claro a partir de Atos, dos Evangelhos e das Cartas, chegou-se à conclusão de que esses da análise dos discursos em Atos, eles primeiros cristãos tinham um modelo não ficavam somente nisso, mas falade proclamação que era mais ou menos vam ao povo a respeito de uma pessoa, Jesus. uniforme. Era mais ou menos assim: Tinham um presente a oferecer. As antigas profecias se cumpriram, e a nova era raiou com a vinda de Jesus, Na verdade, dois presentes que não podiam ser encontrados em nenhum o Messias. Ele era d e s c e n d e n t e d e Davi e outro lugar: perdão pelo passado e o morreu na cruz, segundo as profecias dom do Espírito Santo.
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Os Evangelhos e Atos
Depois pediam uma resposta: arrependimento e fé, batismo de ingresso na comunidade cristã, e recepção d o Espírito Santo. Públicos diferentes Quando pregavam aos judeus, os primeiros cristãos se baseavam em grande parte na herança que tinham em comum com eles, o Antigo Testamento, e proclamavam que Jesus era o cumprimento das promessas e da esperança do AT. Jesus trouxe libertação da culpa decorrente da desobediência às leis de Deus. Assim, o que se enfatizava era justificação, perdão, purificação. Quando pregavam aos p a g ã o s , enfatizavam a libertação dos poderes demoníacos, dos quais as pessoas do mundo antigo estavam bem cientes. Assim, para os judeus mostravam que Jesus era o Cristo, o Messias Libertador, o clímax da revelação d o AT. Aos pagãos ele era apresentado como aquele que era vitorioso sobre as forças do mal, que havia trazido à luz a vida e a imortalidade. Quando pregavam aos gentios que não tinham nenhum conhecimento do AT, os primeiros missionários retrocediam ainda mais, mostrando que há somente um Deus verdadeiro e que era tolice acreditar em ídolos, uma prática bem comum naquela época. 0 livro de Atos traz dois exemplos do método que adotavam: um com pessoas simples (14.15-17) e outro com pessoas cultas (17.22-31). Nos dois casos eles apontaram para a existência de um só Deus verdadeiro, Criador e Mantenedor de tudo, e esta revelação natural preparava o caminho para a mensagem especificamente cristã que vinha logo a seguir. Esse procedimento fora adotado pelos judeus no século anterior ao NT, na tentativa de apresentar o monoteísmo ético de Israel a um mundo pagão imerso em imoralidade e idolatria, mas que não encontrava, nisto, qualquer satisfação. Era um enfoque apropriado para a apresentação do evangelho,
e continuou sendo uma estratégia padrão durante muitos séculos. Versatilidade Os primeiros cristãos se mostravam versáteis na maneira de tornar Cristo conhecido. Atos dos Apóstolos mostra os cristãos pregando nas ruas, nas sinagogas e no templo, na prisão, em debates, em visitas, no contexto de obras de amor cristão, e especialmente nas casas. Reuniões nas casas foi o grande segredo para a expansão do evangelho durante os três primeiros séculos, quando os cristãos não tinham liberdade para construir prédios e igrejas. Impressiona o zelo, o espírito de sacrifício e as iniciativas criativas desses primeiros evangelistas! Além disso, Atos deixa claro a que profundidade havia chegado a pregação naqueles primeiros tempos. São usadas palavras que dão a entender que os cristãos agiam c o m o arautos, mestres e debatedores. Eles discutiam o evangelho, defendiam-no, davam testemunho da sua eficácia, e mostravam como ele condizia com as Escrituras do AT. Mulheres anunciavam o evangelho enquanto lavavam roupa na companhia de outras mulheres, filósofos discutiam o evangelho nas esquinas, prisioneiros falavam dele a seus companheiros. Pessoas de todas as culturas e origens demonstravam o poder desse evangelho numa vida transformada (veja 1Co 6.9-11) e na alegre aceitação do sofrimento e da morte (p.ex. At 20.22-24). Essas eram as qualidades que recomendavam a nova m e n s a g e m . Ao mesmo tempo, o poder do Espírito de Deus na vida pessoal e comunitária desses cristãos comprovava as suas reivindicações. Nada podia mantê-los calados. Eles haviam encontrado o segredo da vida, e por isso tinham de falar. Criando pontes Ao fazerem uma interpretação da pessoa do seu Mestre, usavam lingua-
gem e pensamentos conhecidos pelos seus ouvintes. Se o conceito de "reino de Deus", tão conhecido no contexto judaico daquele tempo, parecia politicamente suspeito num contexto gentílico, eles falavam sobre a "vida eterna", que tinha mais ou menos o mesmo significado e era um conceito facilmente compreendido pelos pagãos. Há muitos exemplos desse d o m que eles tinham de traduzir palavras e conceitos sem que perdessem sua força original, mas nenhum se compara com os primeiros catorze versículos do Evangelho de João. Aqui, a mensagem cristã da encarnação é apresentada numa linguagem que se aproxima d o estoicismo, para quebrar o gelo num contexto grego. Em Cl 1.15-20, Paulo faz uso da linguagem dos seus oponentes incrédulos, mas dá aos termos que eles usavam um significado cristão. O discurso em Atenas (At 17.16-31) é um brilhante exemplo da apresentação da mensagem cristã ortodoxa em linguagem essencialmente ateniense, com alusões à literatura clássica, e não a textos do AT. Em todo esse processo de "tradução" o objetivo permaneceu inalterado: proclamar com clareza a obra singular de salvação realizada por esse Jesus divino, crucificado e ressurreto dentre os mortos. Ele era tanto o Senhor a quem serviam quanto a mensagem que, de forma incansável, proclamavam a todos.
Atos
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judeu, não para lhe assegurar a salvação. Paulo linha um carinho todo especial por este seu leal e tímido companheiro. Chegou ao ponlo de considerá-lo c o m o filho. At 1 6 . 6 - 4 0 : F i l i p o s s a c u d i d a por u m t e r r e m o t o Em Trôadc, perto da antiga cidade de Tróia, Lucas se juntou ao grupo pela primeira v e z , e Paulo recebeu o chamado para ir à Macedónia, na Europa. Teria sido Lucas (cuja cidade natal possivelmente era Filipos) era o h o m e m que apareceu no sonho de Paulo? Em cada lugar que visitava, Paulo normalmente ia primeiro à sinagoga ( q u e só podia funcionar cm lugares o n d e havia, no mínimo, dez homens judeus). Em Filipos, havia apenas um grupo de mulheres que se reunia para orar (14). Assim, nessa cidade, a igreja foi fundada com a conversão dc Lídia, uma comerciante da localidade. E a igreja de Filipos se destacou pela solicitude e pelo apoio fiel c amoroso a Paulo, que tanto alegraram o coração d o apóstolo ( F p 1.3-11; 4.10-20; 2Co 8 ) . Quando Paulo curou a j o v e m escrava que fazia adivinhações e que, dessa forma, trazia um lucro fácil a seus senhores ( 1 6 - 1 9 ) , logo começaram os problemas. Filipos era uma colônia romana (veja a introdução a Filipcnses) c os senhores exigiram seus direitos c o m o cidadãos romanos ( 2 0 - 2 2 ) . Paulo, o judeu, linha os mesmos direitos, puis lambem eia cidadão romano ( 3 7 - 3 9 ) , mas no início ninguém sabia disso. A prisão de Paulo e Silas foi seguida pela dramática conversão d o carcereiro ( 2 3 - 3 6 ) , depois que um terremoto abriu as ponas da prisão e arrebentou as correntes dos presos. Ao serem soltos no dia seguinte, Paulo só foi embora depois que as autoridades se desculparam oficialmente por terem mandado açoitar um cidadão romano. Quando Paulo finalmente partiu, Lucas permaneceu e m Filipos (veja At 20.5, o n d e Lucas volta a fazer parte d o grupo). • T i a t i r a ( 1 4 ) Posteriormente, uma igreja foi fundada na cidade natal de I ídia (veja Ap 2.18-29). At 1 7 . 1 - 1 5 : C o n f u s ã o n a c i d a d e ! Paulo e Silas saíram cie Filipos c, viajando pela grande estrada romana conhecida c o m o Via Egnatia, chegaram T e s s a l ô n i c a . A aceitação que Paulo teve nessa cidade portuária, capital da M a c e d ó n i a , não foi um simples
fogo dc palha (veja l T s 1.2-10; 2Ts 1.3-4). Os judeus ficaram com inveja porque ali, a exemplo d o que acontecia em outros lugares, Paulo conquistou os "gregos piedosos", isto é, aqueles já se sentiam atraídos ao judaísmo e que os judeus tentavam ganhar c o m o convertidos. Em B e r é i a ( 1 0 - 1 5 ) , que ficava 100 km a oeste, o grupo de judeus se destacava pela mentalidade aberta com que examinava as Escrituras. Judeus e não-judeus, homens e mulheres, se converteram à fé cristã. Mas os judeus de
A
segunda
viagem de
Paulo
Filipos. uma colônia romana n.i M . i . v . S i i i i . i
ficava junto à grande Ifa EjgfKUta. l-lssa estrada ia de leste a oeste i' alguns trechos da mesma podem sei vistos ainda hoje (foto abaixo).
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Os Evangelhos e Atos Tessalônica conseguiram fazer com que Paulo saísse de Beréia. Acompanhado por outros cristãos, ele se dirigiu a Atenas, enquanto Timóteo e Silas permaneciam e m Beréia. At 17.16-34: P a u l o e o s f i l ó s o f o s de Atenas Paulo era um estrategista. Ele concentrou seu esforço nas grandes cidades d o m u n d o r o m a n o . Ele s e l e c i o n o u cidades q u e eram grandes centros j u n t o às rotas comerciais, portos marítimos, lugares onde havia muito trânsito de pessoas. A partir desses centros a mensagem se espalharia c o m o fogo. Ele começou na Ásia romana (atual Turquia), foi para a Grécia, e depois planejou ir a Roma, Espanha, e outros lugares mais distantes. Assim, ele chegou a Atenas, uma cidade com mil anos de história, orgulhosa de seu passado de grandeza, berço da democracia. Havia s i d o a c i d a d e d e Esquilo, Sófocles, Eurípedes, Tucídides, Sócrates, e Platão. Era a maior universidade d o mundo, centro filosófico, literário, científico c artístico de então. Veja "A cidade de Atenas". Nas sinagogas, Paulo argumentava a partir das Escrituras. A o falar aos filósofos gregos e m Atenas, baseou-se numa inscrição local ( 2 3 ) e citou autores conhecidos dos atenienses ( 2 8 ) . A mensagem, eme deviam se arrepender e crer
em Jesus, a quem Deus havia ressuscitado dos mortos (18,30-31), era sempre a mesma, mas uma platéia diferente exigia uma apresentação diferente. Ficou claro que Atenas era solo duro para a semente d o evangelho ( 1 8 , 3 2 ) . • E p i c u r e u s ( 1 8 ) Materialistas, cuja filosofia muitas v e z e s se limitava à simples busca do prazer. • E s t ó i c o s ( 1 8 ) Racionalistas que propunham urna filosofia de auto-suficiencia c obstinada perseverança. • Deuses estrangeiros (18) Paulo sempre falava ao mesmo tempo de Jesus e da ressurreição (em grego, "anástasis"), a ponto de os atenienses pensarem que esses eram os nomes cie duas divindades recém-inventadas. Várias escolas filosóficas acreditavam na imortalidade da alma, mas os gregos consideravam a idéia de uma ressurreição "corporal" completamente absurda ( 3 2 ) . • O A r e ó p a g o ( 1 9 ) Antigo tribunal de grande prestígio, possivelmente responsável por examinar e conceder habilitação a homens que queriam ensinar e m público. • P o i s n e l e v i v e m o s , e n o s movemos... ( 2 8 ) Paulo cita o poeta cretense Epimênides. Segundo a lenda, foi esse poeta que aconselhou os atenienses a erigir altares "anônimos". At
18.1-17: P a u l o e m C o r i n t o Para o contexto, veja a introdução a 1 Coríntios e ' A cidade de Corinto". Paulo provavel0 decreto d e N a z a r é mente chegou a Corinto e m 50 d . C , quando Gálio era o procônsul. Em Corinto, Timóteo e Esta notável inscrição data, mui provavelmente, do primeiro século d.C. Foi envia- Silas se juntaram a ele (18.5; 17.15). A maioria dos judeus se opôs ao novo ensida de Nazaré a um colecionador francês em 1878. Será que foi a notícia de que Jesus no, mas o chefe da sinagoga creu ( 8 ) e Paulo de Nazaré havia ressuscitado que levou à publicação desse decreto? ficou e m Corinto um ano e seis meses. Quando judeus irados o levaram ao tribunal, o procônsul "DECRETO DE CESAR. E meu desejo que sepulturas e Gálio logo concluiu que Paulo não havia cometúmulos permaneçam inviolados perpetuamente para tido crime algum e os expulsou dali (12-17). aqueles que os fizeram para o culto de seus ancestrais, Sua decisão foi importante para a fé cristã. ou filhos, ou membros de sua casa. Se, porém, alguém • Á q u i l a . . . P r i s c i l a ( 2 ) Fabricantes de informar que outra pessoa os demoliu, ou desenterrou tendas c artesãos que trabalhavam com couro. os mortos de alguma outra maneira, ou os trasladou Eles se tornaram grandes amigos de Paulo. com intenção maldosa para outro lugar a fim de lhes Em suas viagens, foram a Corinto, a Efeso e causar dano, ou removeu o selo ou outras pedras, de volta a Roma. Em todos os lugares, esse ordeno que contra este seja aberto um inquérito, casal hospitaleiro foi de grande ajuda para as para que seja julgado por desrespeito aos mortos jovens igrejas. assim como seria julgado por desrespeito aos deuses. Pois será muito mais obrigatório honrar os que estão • O d e c r e t o d e C l á u d i o ( 2 ) Esse decreto sepultados. Seja absolutamente proibido a qualquer foi promulgado por volta de 49-50 d.C. Era um perturbá-los. Em caso de contravenção, quero dirigido contra os judeus por "constantemente que o culpado seja condenado à morte pelo crime de causarem tumulto instigados por Cresto" violação de sepultura." (possivelmente se referindo às polêmicas entre judeus cristãos e não-cristãos de R o m a ) .
Atos
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A cidade de Atenas David Gill
No século 5 a.C, Atenas havia sido uma das principais cidades da Grécia antiga, tendo controlado um vasto Império. Na época d o líder político Péricles, foram realizadas várias obras na cidade, incluindo a construção do Parthenon, do Erecteion, e da Propilaia, que ainda se destacam na paisagem da cidade moderna.
nistrativa da província romana da Acaia. Em épocas posteriores, Atenas recebeu favores de romanos famosos (inclusive Júlio César, que doou um novo mercado), talvez como gestos de boa vontade para com uma cidade que sofrera nas mãos dos romanos. No entanto, o passado glorioso de Atenas continuava a atrair benfeitores que financiavam a construção de seus prédios públicos. O Imperador Augusto construiu um templo — hoje destruído — para si mesmo e para a deusa Roma na acrópole de Atenas, junto ao Parthenon.
A cidade de Atenas foi saqueada pelo general romano Sula, em 86 a.C, e a partir daquele momento passou a ser uma cidade provinciana relativamente insignificante. Corinto, e não Atenas, passaria a ser a capital admiA praça pública dc Atenas, com a acrópole e o hnhenon ao fundo. A estátua sem cabeça è do imperador Adriano. Na sua couraça aparece a deusa Atcna, apoiada na loba que amamenta Rómulo e Remo, os fundadores de Roma.
A intensa vida cultural das cidades gfCgai é representada por esse entalhe de uma musa, tocando uma cáfira.
mÊÊméw
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Os Evangelhos e Atos
! RI
A Stou com a sua colunata (um presente d o rei Átalo, de Pérgamo) foi reconstruída junto a uma das laterais da grande praça pública (agora), que era o coração da antiga Atenas. Foi aqui que Paulo debateu com o concilio do Areópago.
A agora, principal praça pública, era o local onde ficavam os prédios políticos da cidade de Atenas. Augusto ampliou o mercado iniciado por Júlio César, seu pai adotivo. A agora era cercada de todos os lados por longas colunatas ou pórticos, alguns dos quais foram doados à cidade por benfeitores. Quando Paulo chegou a Atenas, ele "se revoltava em face da idolatria dominante na cidade". Sua reação foi debater com todos, pregando "Jesus e a ressurreição", para surpresa d e alguns que pensavam que se tratava de mais dois deuses! Paulo acabaria proferindo um discurso formal diante do concílio do Areópago, colocando a sua mensagem numa forma que levava em conta a história, a literatura e as crenças religiosas dos atenienses (veja "Boas Novas! — dos primeiros cristãos").
Os heróis gregos Ajax e Aquiles se concentram num jogo de tabuleiro. A pintura, com as figuras em preto, aparece num vaso encontrado em Atenas. A cidade de Atenas, dedicada à deusa grega Atena, 6 dominada pelas ruínas d o antigo Parthenon e o complexo de templos que ali se encontrava. Uma colossal estátua de bronze que representava a deusa havia sido dedicada na acrópole no século 5 a.C. A ponta de sua lança podia ser vista do ntac Na época de Paulo, Atenas era tão famosa por sua universidade quanto pelos seus templos.
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O Espírito Santo em Atos G.W.
0 Espírito Santo aparece tantas vezes e m Atos que o título do livro poderia ser ampliado para "Os atos do Cristo ressuscitado, realizados pelo Espírito Santo através dos apóstolos". Pessoa d i v i n a 0 Espírito não é um poder abstrato, mas uma pessoa. Ele faz o que somente uma pessoa pode fazer: fala (1.16; 8.29; 10.19, etc), capacita outros a falar (2.4;4.8,31, etc), dá testemunho (5.32), envia obreiros cristãos (13.4), impede que se façam certas coisas (16.6-7) e nomeia pessoas para servir na Igreja (20.28). Ele atua em conjunto com seres humanos (15.28) e ao mesmo tempo é um com Deus e igual a ele (5.3,9). 0 a g e n t e d e Cristo At 1.1 parece dar a entender que a obra de Jesus após a ascensão continuou através do Espírito Santo. O Espírito é o dom que o Cristo que subiu ao céu enviou aos seus discípulos (2.33; veja J o 7.39) e é chamado de "Espírito de Jesus" (16.7; veja Rm 8.9). Ele também é chamado de "a promessa do Pai" (1.4; veja Lc 24.49). 0 criador d a Igreja A Igreja tal como a conhecemos hoje começou no dia de Pentecostes. Vento e fogo (2.2-3) são símbolos da divindade no AT (veja Ê X 19.18; 1Rs 19.11-12). "Línguas", isto é, a habilidade de falar línguas diferentes (At 2.4-13), podem ter sido a maneira que Deus escolheu para indicara universalidade da Igreja, sua presença entre povos de todas as línguas. (Há várias maneiras de entender o relacionamento entre as "línguas" de Atos e aquelas que havia em Corinto: 1Co 12—14.) O Espírito cria uma comunhão de amor e unidade (At 2.43-46) e é prometido
Grogan
àqueles q u e aceitam o evangelho (2.38; veja também 5.32). O Espírito u n e Lucas acompanha com grande interesse o progresso do evangelho e a conseqüente expansão da Igreja através da atividade do Espírito. A igreja sobre a qual o Espírito veio em Pentecostes era composta de judeus e prosélitos (gentios que se haviam convertido ao judaísmo e eram considerados judeus; 2.11). Logo outros grupos foram agregados. Os judeus detestavam os samaritanos, gente de raça mista e de religião cismática, mas em At 8.14-17 o Espírito desceu sobre crentes samaritanos. Isso só aconteceu depois que os apóstolos (judeus) impuseram as suas mãos sobre eles, indicando amor e comunhão da parte deles e também o fato de que "a salvação vem dos judeus" (Jo 4.22). (Também no seu Evangelho Lucas revela uma atitude positiva com relação aos samaritanos: Lc 9.51-56; 10.33; 17.15-16.) Em Atos, a parede que separava judeus e gentios foi derrubada (10.4448; veja também 11.1-18) quando os fenómenos do dia de Pentecostes ocorrem uma segunda vez enquanto Pedro pregava aos gentios. (O Evangelho de Lucas registra o sermão que Jesus pregou em Nazaré, mostrando o quanto Deus se interessa pelos gentios — Lc 4.24-27 — e o elogio que Jesus faz a um centurião romano —• Lc7.1-10). A promessa do Espírito foi feita inicialmente através de João Batista (Lc 3.16; veja At 1.5; 11.16). Assim, Lucas registra, em At 19.1 -7, como um grupo dos discípulos de João também recebeu o Espírito. Essas passagens revelam como o Espírito une esses grupos divergentes, impedindo que se instaurem divisões
na jovem Igreja. O poder unificador de Cristo aparece como uma grande realidade. O fa lar em I íng uas (reg istrado por Lucas em duas dessas ocasiões: 10.4446; 19.6) mostra que esses grupos estão em pé de igualdade com os judeus e prosélitos convertidos no Pentecostes. Pedro deixa isso claro quando se refere à conversão dos gentios (11.15-18). O p o d e r q u e sustenta o t e s t e m u n h o d a Igreja O Espírito Santo foi dado à Igreja para capacitar homens e mulheres a darem testemunho de Cristo (1.8; veja 4.33). Cheios do Espírito, falam com poder (2.4,14-40; 4.8,31; 6.10). Mas a expressão "cheios do Espírito" também se aplica a alguns cristãos cuja qualidade de caráter os capacita de forma especial para várias formas de serviço (6.3,5; 11.22-24). Assim, o Espírito Santo em sua plenitude dá às pessoas poder para revelarem Cristo com palavras e com ações. Em algumas ocasiões os cristãos receberam ordens de pregar o evangelho a determinadas pessoas (At 8.29; 10.19-20), mas Lucas não diz como receberam essas instruções. Mas o relato de At 13.1-3 deixa claro que a Igreja foi direcionada pelo Espírito a enviar Barnabé e Saulo para evangelizar os gentios, provavelmente através da palavra de um profeta presente na igreja de Antioquia. Atos também nos informa que Ágabo tinha o dom de predizer acontecimentos (11.27-28; 21.10-11; veja 21.4). A segunda profecia dele se cumpriu, não tanto de forma literal quanto em seu conteúdo essencial, pois Paulo foi preso por gentios. Quatro profetisas, filhas de Filipe, são mencionadas em At 21.8-9, e os discípulos de João em Éfeso profetizavam e falavam em línguas (19.6).
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Os Evangelhos e Atos
A profecia não estava relacionada apenas com previsões, mas também com encorajamento e fortalecimento da Igreja (15.32; veja 1Co 14.3). Toda essa atividade profética ilustra o cumprimento da promessa feita pelo profeta Joel: "Nos últimos dias... derramarei do meu Espírito sobre toda a carne" (At 2.17-21). Há registro de curas e outros milagres feitos pelos apóstolos (p.ex.,3.6-7; 5.12-16; 19.11-12) sem referência específica ao Espírito Santo, embora sem dúvida fossem resultado de sua ação. A vida d a Igreja O Espírito de Deus se ocupava com a vida da Igreja em todos os lugares, fortalecendo, incentivando e capacitando a Igreja a crescer (9.31). Foi o Espírito q u e m constituiu presbíteros sobre a Igreja, para que a pastoreassem (20.28).
são lhe veio através do Espírito Santo (15.28). Nessa ocasião, nada nos é dito a respeito de atividade profética. Houve, isto sim, discussão, análise da evidente ação de Deus, e estudo das Escrituras do AT. Quando se trata da pessoa e atividade do Espírito Santo, nenhum livro do NT é tão revelador quanto Atos. Ele registra um cumprimento que é também um novo início. As profecias do AT (p.ex. J l 2.28-32) e as promessas do Senhor Jesus (p.ex. J o 14.16) sobre o Espírito Santo se cumpriram em Pentecostes. A era do Espírito, pregada por Jesus e tão evidente nas cartas do NT, havia começado.
A Igreja reunida buscou orientação sobre uma questão de grande importância e estava certa de que a deci-
At 18.18-23: D e volta a A n t i o q u i a Uma longa v i a g e m aparece resumida e m poucas palavras. Paulo saiu de Corinto, e m v i a g e m marítima, passou por Éfeso (para onde se dirigiam Áquila e Priscila) e chegou a Antioquia, depois de passar por Jerusalém. D e p o i s , retornou a Éfeso pela estrada que passava pela Frigia e Galácia (a região central da Turquia), e m outra v i a g e m missionária. • V. 1 8 Cencréia era o porto para quem saía de Corinto na direção leste. "Os judeus faziam v o t o a Deus c o m o forma de gratidão por bênçãos passadas (tais c o m o a proteção de Paulo e m Corinto) ou c o m o parte de um pedido de bênçãos futuras (tais c o m o a segurança de Paulo na viagem que estava por começar)" ( H o w a r d Marshall). Quem tomava v o t o de nazireu só podia cortar o cabelo quando o v o t o chegasse ao fim e um sacrifício fosse oferecido. At 18.24-28: O e l o q ü e n t e A p o l o Graças às explicações de Áquila e Priscila ( 2 6 ) , o eloqüente A p o l o se tornou um homem de grande influência na igreja de Corinto (2728; I C o 1.12; 3 . 4 - 9 ) .
• A l e x a n d r i a ( 2 4 ) Essa cidade, que ficava na costa mediterrânea d o Egito, era um centro cultural. Ali morava o filósofo judeu Filo de Alexandria. • B a t i s m o d e J o ã o ( 2 5 ; 1 9 . 3 ) Aparente mente, alguns discípulos de João passaram a crer e m Jesus sem serem batizados na nova fé (ou sem receberem informações mais detalhadas sobre e l a ) .
At 19.1—21.14 A terceira viagem de Paulo
missionária
At 19: D e s o r d e m e m É f e s o Veja "A cidade de Éfeso". A t 19.1-7: Veja nota e m 18.25, acima. Se Paulo conseguisse ganhar para Cristo o povo de Éfeso (a capital da província), a boa nova d o e v a n g e l h o se espalharia por toda a província da Ásia. O v. 10 indica que foi exatamente isso que aconteceu. É provável que todas as sete igrejas mencionadas em Ap 1.11, assim c o m o as de Colossos e Hicrápolis, foram fundadas nesse período.
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Do grande templo dedicado à deusa grega Ártemis (Diana para os romanos), em Efeso, restaram apenas um monte de pedras e uma coluna que foi reerguida no local, Na época dc Paulo, a ourivesaria movimentava a economia local, sendo que pequenos modelos de prata do templo da deusa eram vendidos a adoradores e turistas.
O ensino e a cura andavam juntos, e a notícia de um m e m o r á v e l exorcismo ( 1 3 - 1 7 ) se espalhou c o m o fogo pela cidade. O ministério de Paulo, isto é, a comunicação da mensagem de que "os deuses feitos por mãos humanas não são deuses de verdade" ( 2 6 ) , foi tão eficaz, que seus efeitos foram sentidos pelos ourives da cidade. Estes, que fabricavam imagens de Diana ( o u Á r t e m i s ) , a famosa deusa dos efésios, viram seus lucros despencar de uma hora para outra. Em rea-
Os Evangelhos e Atos g r e g o da deusa, mas continuavam a adorar a imagem da deusa-mãe da fertilidade conhecida desde tempos antigos nas religiões da Ásia Menor. O templo era uma das sete maravilhas do mundo, quatro vezes maior que o Parthenon. A "pedra sagrada que caiu do céu" ( 3 5 ; NTLH) era um meteorito que supostamente se parecia com a deusa e era guardado no templo.
ção, eles p r o m o v e r a m um grande a l v o r o ç o , arrastando os companheiros de Paulo para o teatro e gritando palavras de o r d e m . Duas horas depois, o escrivão da cidade conseguiu acalmá-los. C o m o Gálio havia feito e m Corinto, ele declarou os cristãos inocentes ( 3 7 ) . • E s c o l a d e T i r a n o ( 9 ) Local que, segundo alguns manuscritos, Paulo usava durante o horário da sesta, ou seja, das 11 horas da manhã às 4 da tarde. • A r t e s m á g i c a s . . . l i v r o s ( 1 9 ) A cidade era tão famosa pelos rolos de papiro que continham fórmulas mágicas que estes eram conhecidos, no mundo romano, como "cartas efésias". • D i a n a ( 2 4 ) Os devotos adotaram o nome
• O t e a t r o ( 2 9 ) Lugar ideal para a multidão se reunir, j á que tinha capacidade para 24.000 pessoas. • A s i a r c a s ( 3 1 , A R A ) Altos funcionários d o governo, responsáveis por manter a ordem nas atividades religiosas. • O e s c r i v ã o d a c i d a d e ( 3 5 ) O principal líder civil, que seria responsabilizado pelos romanos por aquela assembléia ilegal. At 20.1-16: P a u l o a c a m i n h o de Jerusalém A segunda carta aos Coríntios complementa alguns dos detalhes d o retorno de Paulo à Grécia, descrito brevemente e m 20.1-6. O apóstolo estava e m p e n h a d o e m organizar a coleta de dinheiro para os cristãos pobres de Jerusalém (os homens citados no v. 4 eram representantes das igrejas dos gentios). Sua missão aos gentios foi muito criticada pelos judeus. Organizar essa coleta foi um
Atos O apóstolo previu claramente as dificuldades que a igreja enfrentaria, vindas de dentro e de fora dela. Sua advertência foi para que cuidassem de si mesmos e d o rebanho que lhes havia sido confiado (28-31; e A p 2.2 mostra que os presbíteros ouviram o conselho). O discurso de Paulo é bastante pessoal (18-27,3135). Ele estava bem ciente dos riscos que estava correndo e não esperava rever aqueles amigos cristãos. A o final d o discurso, todos choraram muito, abraçaram e beijaram Paulo.
grande gesto de Paulo, uma expressão prática da unidade entre judeus e gentios na Igreja dc Cristo. Tratava-se de algo muito importante para Paulo, o que explica a sua determinação em chegar a Jerusalém. A n t e s d e d e i x a r Éfeso, P a u l o e s c r e v e u ICoríntios. Da M a c e d ó n i a (v. 1 ) ele escreveu 2Coríntios. D e Corinto escreveu a carta aos R o m a n o s . E provável que nessa mesma época também tenha visitado a província da Ilíria, ou seja, a região onde atualmente ficam a Albânia, a Senda, Montenegro, e outros países ( R m 15.19). No retorno da Grécia, Paulo reencontrou Lucas e m Filipos, onde começaram a v i a g e m a Jerusalém. Um grupo de pessoas já os esperava e m Trôade. O que aconteceu e m T r ô a d e (7-12) dá uma idéia do culto cristão daqueles primórdios: eles se reuniam no domingo à noite, numa casa particular, para celebrar a ceia d o Senhor, seguida por uma refeição e m conjunto ( 1 1 ) . O sermão foi bem longo, pois Paulo tinha muito a lhes falar. O esforço para prestar atenção por tanto tempo, tarde da noite, num recinto abafado e mal iluminado, quase acabou sendo fatal para um moço cansado que sc chamava Eutico. Os vs. 13-16 descrevem a v i a g e m de ilha em ilha até Mileto, 48 km ao sul de Éfcso. • V s . 9-12 N ã o fica claro se o milagre foi de ressurreição ou de preservação da vida. Mas Lucas afirma que Eutico estava morto antes de Paulo descer ( 9 ) , e vivo depois que Paulo deu atendimento a ele ( 1 0 ) . At 2 0 . 1 7 — 2 1 . 1 4 : M o m e n t o s d i f í c e i s de d e s p e d i d a N o livro de Atos, o único discurso dirigido a ouvintes cristãos foi essa mensagem que Paulo transmitiu aos presbíteros de Éfeso ( 2 0 . 1 8 35). Dos vários discursos de Paulo, foi, também, o único que Lucas ouviu pessoalmente.
Seguindo viagem, Paulo e seus companheiros chegaram a T i r o . Após outra despedida (21.1-6), foram navegando ao longo da costa até chegarem a Ptolemaida (60 km ao sul) e, no dia seguinte, a Ccsaréia (mais 60 km ao sul), onde Filipe ainda morava ( 8 . 4 0 ) . Paulo estava determinado a ir a Jerusalém, e nada conseguia d e m o v ê - l o disso, nem mesmo uma profecia sobre o que lhe sobreviria naquela cidade ( 2 1 . 1 0 - 1 4 ) . • Provações (20.19) Houve muitas dificuldades na Ásia, a l é m d o tumulto e m Éfeso (veja 2 C o 1.8-11). • F i l i p e . . . u m d o s s e t e ( 2 1 . 8 ) Veja At 6.5; 8.4-40. • Á g a b o ( 2 1 . 1 0 ) Profecias dramatizadas ou ações simbólicas c o m o essa (amarrar os pés e as mãos) são conhecidas desde os tempos d o AT (veja Ezequiel).
At 21.15—22.29 Paulo é preso em
665 Decidido a visitar Jerusalém, Paulo foi de navio da cosia sul da Turquia até Tiro. na Síria.
"... eu nao dou valor à minha própria vida. O importante é que complete minha missão e termine o trabalho que o Senhor Jesus me deu para fazer. E a missão é esta: anunciar a boa notícia da graça de Deus." eu a
Despedida de Paulo dos presbíteros de Éfeso (At 20.24, IMTLH)
Jerusalém
A o chegar, Paulo teve uma recepção calorosa dos seus companheiros cristãos, inclusive os líderes da igreja ( 2 1 . 1 7 - 2 0 a ) . Mas estavam circulando meias-verdades, c o m o a de que Paulo ensinava os judeus a abandonarem a circuncisão e a Lei. Se ele se associasse a um grupo de homens que havia feito um v o t o rigoroso ( 2 1 . 2 3 ; confira N m 6 . 1 3 - 2 1 ) , todos veriam que ele respeitava e obedecia a
v i ' f c á c ^ ' - O ' / - ¿ / y •
•NMHÉrm«^f»*aM¡
Dia me da suspeita de que Paulo havia introduzido um gemio no Templo, a revolta foi ião grande que Paulo esteve a ponto de ser linchado, fí interessante que arqueólogos encontraram uma inscrição grega que havia no Templo de Herodes (foto ao lado). Ela proíbe a em rada de gentios nos pátios internos do Templo, sob pena de morte.
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Os Evangelhos e Atos Lei. (Essa questão era tão séria que Lucas nem toca no assunto da coleta para os pobres de Jerusalém, que Paulo tanto valorizava.) Mas antes m e s m o de terminar o período d o v o t o (uma s e m a n a ) , um grupo de judeus conservadores da província da Ásia (Turquia) criou tamanha confusão que os soldados da fortaleza tiveram de intervir para que Paulo não fosse linchado ( 2 1 . 2 7 - 3 5 ) . A o receber permissão para se defender, Paulo contou a sua própria história ( 2 2 . 1 - 2 1 ) . Mas ao chegar ao assunto da missão aos gentios ( 2 1 ) , h o u v e novo tumulto. Quando estava para ser interrogado sob tortura ( 2 4 ) , Paulo — para consternação g e r a l — r e v e l o u que era cidadão romano (veja notas e m 16.6-40). • I n t r o d u z i u até g r e g o s n o t e m p l o ( 2 1 . 2 8 , A R A ) Qualquer pessoa podia entrar no pátio externo, mas avisos cm g r e g o e latim proibiam os gentios de entrar nos pátios interiores. Q u e m desobedecesse podia ser morto.
Paulo ficou sob custódia durante dois anos em Ccsaréia, a cidade portuária onde morava o governador romano da Judeia. Herodes, o Grande, havia reconstruído a cidade em honra a Augusto, o primeiro Imperador romano. Colunas romanas hoje estão entulhadas nas imediações do porto onde Paulo foi embarcado no navio que deveria leválo a Roma. \fcja também "Recriando o passado".
• F o r t a l e z a ( 2 1 . 3 4 ) A coorte romana estava aquartelada na fortaleza Antônia. Dois lances de escada ligavam a fortaleza ao pátio externo d o Templo. • O e g í p c i o ( 2 1 . 3 8 ) Líder dos "sicários" especializados e m assassinar romanos e judeus pró-romanos. Em 66 d . C , assassinaram Ananias, o sumo sacerdote. • S e r á q u e v o c ê s têm o direito...? (22.25, N T L H ) Um cidadão romano tinha direito a julgamento justo, e, mesmo se culpado, não podia ser açoitado. Um chicote feito de várias tiras de couro com pedaços de chumbo ou osso nas pontas era um instrumento muito mais letal do que as 'Varas" usadas cm Filipos (At 16.22).
At 22.30—26.32
Paulo,
o
prisioneiro
At 22.30—23.11: Paulo apresenta o seu caso ao Sinédrio Jesus ficou e m silêncio diante de seus acusadores, mas Paulo falou. Ele não hesitou em j o g a r um partido d o Sinédrio contra o outro, ao afirmar que estava sendo julgado por crer na ressurreição dos mortos. (Sobre fariseus e saduceus, veja .'A religião judaica na época do N T " . ) Mais uma vez as tropas romanas o levaram e m segurança para a fortaleza. Nesse momento crítico, Paulo recebe palavra de encorajamento: ele seria testemunha de Cristo e m Roma ( 2 3 . 1 1 ) .
Atos At 2 3 . 1 2 - 2 2 : U m a c o n s p i r a ç ã o é descoberta Quarenta h o m e n s juraram matar Paulo quando e l e fosse l e v a d o a o S i n é d r i o para outro interrogatório. Mas o sobrinho de Paulo alertou o comandante a t e m p o de frustrar a conspiração. At 2 3 . 2 3 - 3 5 : P a u l o é t r a n s f e r i d o para C e s a r é i a Os romanos tinham a sede administrativa da província da Judeia na cidade portuária de Cesaréia. O tamanho da escolta que acompanhou Paulo e seus amigos na viagem — uma infantaria fortemente armada, cavalaria, tropas c o m armas leves — é uma indicação da instabilidade na província. Paulo foi transferido às pressas, mas acabou ficando um longo período de dois anos na prisão (provavelmente 58-60 d . C ) . Esse período foi interrompido por três audiências diante das autoridades, sem que houvesse uma resolução. > F é l i x ( 2 3 . 2 4 ) O violento, mas ineficaz, governador da Judéia de 52 a 59 d.C. Ele acabaria sendo chamado de volta a Roma por não saber lidar com tumultos que ocorreram em Cesaréia. Sua residência era o palácio construído por Herodes, o Grande. At 2 4 : P a u l o s e d e f e n d e d i a n t e de F é l i x Cinco dias após a transferência, o caso de Paulo foi apresentado ao governador romano, Félix.
T é r t u l o , c o m um discurso bajulatório, fez a acusação e m n o m e dos judeus ( 2 - 8 ) . Paulo, confiante na justiça romana, fez um b r e v e resumo dos fatos. Seu único "crime" era crer na ressurreição. Félix resolveu adiar sua decisão, dando alguma liberdade a Paulo (22-23). Mais tarde ele retornou com Drusila, uma judia, filha de Herodes (At 1 2 . 1 ) , sua terceira esposa e provável fonte de suas informações sobre o "Caminho (cristão)". O discurso de Paulo "acerca da justiça, d o domínio próprio e d o Juízo vindouro" incomodou o casal, especialmente porque Félix esperava receber suborno de seu prisioneiro ( 2 6 ) .
667
"Para César apelaste, para César irás." (Al 25.12, ARA)
At 25: "Apelo p a r a o I m p e r a d o r ! " Dois anos se passaram, e Félix foi sucedido por Pórcio Festo. (Ele não ficou muito tempo no cargo, pois morreu e m 62 d.C.) Sua tentativa de agradar os judeus forçou Paulo a apelar ao Imperador. Ele não havia transgredido nenhuma lei judaica nem romana ( 8 ) . Mas esperava tratamento mais justo d o imperador N e r o do que d o Sinédrio! Q u a n d o o rei Agripa foi c u m p r i m e n t a r o n o v o governador, o caso de Paulo lhe foi apresentado ( 1 3 - 2 1 ) . Esse era Agripa II, filho do Herodes m e n c i o n a d o e m A t 12.1, neto de H e r o d e s , o G r a n d e . B e r e n i c e , que era sua irmã e esposa, t e v e uma trajetória marcada pela infâmia, c u l m i n a n d o no fato de se tornar amante dos imperadores Vespasiano e Tito.
A viagem de Paulo a Roma
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Os Evangelhos e Atos Festo se contentou com o fato de Paulo não ter cometido nenhum crime. Diante disso, que acusação poderia colocar na carta ao Imperador sobre o prisioneiro que enviava para Roma (25-27)? At 26: P a u l o s e d e f e n d e de Agripa
diante
N o v a m e n t e Paulo foi chamado para falar e m sua própria defesa. Assim c o m o contara sua história aos judeus e m Jerusalém (cap. 2 2 ) , ele a contou ao rei. A questão central era a ressurreição: "Por que se julga incrível entre vós que Deus ressuscite os mortos?" ( 8 , A R A ) , referindo-se especificamente a Cristo, "o primeiro a ressuscitar" ( 2 3 , N T L H ) .
A embarcação em que Paulo naufragou era um navio cargueiro como esse, que levava grãos de Alexandria a Roma.
Aqui, num banco de areia peno da "Baia de São Paulo, em Malta, o navio de Paulo encalhou c foi destroçado pelas fortes ondas. Os marinheiros cortaram as âncoras na tentativa desesperada de chegar ã praia.
Nesse m o m e n t o e l e foi i n t e r r o m p i d o . "Paulo, você está louco!" — gritou Festo. Agripa se levantou e saiu: não podia ser humilhado na presença de Festo, tampouco queria ofender os judeus, ao negar os profetas. O governador e o rei concordaram: "Ele j á podia estar solto se não tivesse p e d i d o para ser julgado pelo Imperador" ( 3 2 ) . • A conversão de P a u l o ( 1 2 - 2 3 ) Este
relato difere quanto à ênfase d o relato no cap. 2 2 . Os "aguilhões" eram as pressões no sentido de que Paulo mudasse completamente o rumo de sua vida. Os vs. 16-18 resumem as palavras d o Senhor na estrada para Damasco, o que Ananias disse, e a mensagem que Paulo recebeu no Templo ( 2 2 . 1 7 - 2 1 ) .
At 27—28
Enfim,
Roma
At 27: A t e m p e s t a d e e o n a u f r á g i o A v i a g e m a Roma foi feita e m três embarcações: um navio costeiro os levou de Cesaréia a Mirra, na costa sul da Turquia (Asia M e n o r ) ; um navio c a r g u e i r o ( q u e levava cereais na rota regular de Alexandria, no Egito, a R o m a ) acabou naufragando em Malta; e outro navio os levou de Malta a Putcoli ( P o z u o l i ) , na baía de Nápoles. Lucas fez uma clássica descrição dessa viagem memorável. Eles c o m e ç a r a m a viag e m no final d o período favorável à navegação ( q u e cessava durante o inverno, a partir da metade de novembro) e, quando chegaram a Creta, "o Dia d o Jejum"
Atos
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Paulo foi o primeiro a levar o evangelho a Malta. Bem abaixo das ruas de Mdina. antiga capital, estão as catacumbas onde supostamente os primeiros cristãos perseguidos K reuniam c nralizdvam seus -ágapes- - as refeições comunitárias que incluíam a celebração da ceia d o Senhor.
(27.9; o dia da Expiação, entre setembro e outubro) já havia passado. Enquanto buscavam um porto seguro para passar o inverno, o vento sul favorável mudou para um temido vento "Nordeste". Por duas semanas foram levados pela tempestade, sem saberem onde estavam ( 2 7 . 2 0 ; eles marcavam sua posição pelo sol e pelas estrelas). Paulo, o prisioneiro, revelou uma autoridade extraordinária (21-25,30-32,33-36,42-43), dando esperança e coragem às 276 pessoas a bordo. Deus os conduziria c m segurança, pois Paulo precisava comparecer perante o Imperador ( 2 3 - 2 4 ) . Q u a n d o o navio naufragou, todos conseguiram chegar à praia numa ilha que descobriram ser Malta. • R e c o l h e r o b o t e ( 1 6 ) O bote vinha sendo rebocado, mas agora foi colocado a bordo. • Sirte ( 1 7 , A R A ) Bancos de areia e redemoinhos junto à costa d o norte da África. At 2 8 : D e M a l t a a R o m a Paulo causou um impacto no povo daquela ilha, sobrevivendo a uma picada de cobra, e curando o pai d o chefe da ilha. Assim, passouse o inverno e, na terceira fase da viagem, chegaram com segurança a Puicoli, o n d e foram recepcionados por cristãos. Finalmente, então, Paulo chegou a Roma, mas não da forma que imaginava. Ele pôde morar por sua conta, guardado por um soldado. E durante dois anos deu testemunho de Jesus na capital do Império, como Deus havia prometido. 0 que aconteceu depois disso não se sabe. É bem provável que ele foi liberto, foi à Espanha
Paulo finalmente chegou a Roma, como prisioneiro, passando pela Via Ápia. Mas já havia cristãos ali. que saíram para se encontrar com ele.
como planejava, e depois retornou ao Oriente, antes de ser novamente preso c executado por volta de 64-65 d.C. • D i ó s c u r o s ( 2 8 . 1 1 , A R A ) Os deuses g é m e o s Castor e Pólux, lidos por padroeiros dos marinheiros.
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Os Evangelhos e Atos
Governo romano, cultura grega David GUI
Nos Evangelhos, em Atos e nas Cartas, encontramos judeus de fala grega e freqüentes referências aos "gregos". Às vezes isso simplesmente significa "não-judeus". Mas aqueles que falavam grego e pertenciam a cidades-estado gregas também eram considerados "gregos", isto é, pessoas civilizadas; os demais eram "bárbaros". Perto da região da Galileia havia dez dessas cidades gregas. Atualmente, na Turquia, é possível visitar magníficas ruínas de cidades semelhantes àquelas. A chegada de Roma Nos dois séculos anteriores ao nascimento de Cristo, o Império grego caiu nas mãos dos romanos. Em 133 a.C, o testamento do rei Átalo, de Pérgamo, deu origem ã província romana da Ásia, que abrangia a costa oeste da Turquia de hoje. Entre as outras províncias da região estão a Cilicia, formada por volta de 80 a.C. na região sudeste da atual Turquia, e a Galácia, que resultou da aquisição do reino da Galácia, na Anatólia central, em 25 a.C. A guerra civil entre Otaviano (mais tarde o Imperador Augusto) e Marco Antônio teve seu desfecho na batalha de Actium (31 a.C). Depois disso, houve a queda de Alexandria, no Egito (30 a.C), e o suicídio de Antônio e Cleópatra (que governava o reino dos Ptolomeus). Isto fez com que Roma passasse a dominar o Egito e outros territórios dos Ptolomeus na região leste do Mediterrâneo. Em 30 a.C, Otaviano entregou ao rei Herodes várias cidades que anteriormente haviam sido dominadas pelos egípcios. Mais tarde, Augusto reorganizou a estrutura provincial do Império, fazendo com que as províncias ficassem subordinadas, ou diretamente ao Imperador, ou ao senado de Roma. Vários governadores provinciais romanos, da Judéia e de outros luga-
Em navios de guerra como esse os romanos conquistaram a supremacia no mar.
res, são mencionados no NT. Entre eles, Sérgio Paulo, de Chipre (At 13.7), Gálio, da Acaia (Sul da Grécia; At 18.12). É interessante que, depois do encontro com Sérgio Paulo, em Chipre, Paulo adotou essa forma de seu nome (ele era "Saulo" até então) e foi para Antioquia da Pisídia (At 13), onde o governador tinha propriedades de sua família. Apesar da imposição do sistema administrativo romano na parte leste do M e d i t e r r â n e o , a cultura dominante continuou sendo a grega ("helenista"). E ela se tornaria um elemento fundamental na difusão do evangelho. Estradas romanas e a paz romana permitiam que Paulo e seus companheiros viajassem com segurança. Mas foi o grego coiné ou grego comum que tornou possível a comunicação. Cidades de cultura helénica, como, por exemplo, Éfeso, se tornaram centros de propagação do evangelho entre os não-judeus. Mesmo sendo parte do Império romano, as comunidades estabelecidas pelos gregos continuaram a fazer inscrições públicas em grego. As cidades adotavam freqüentemente instituições gregas para a sua administração, de sorte que tinham formas padronizadas de magistrados, concílios e assembléias. Além disso, determinada cidade enfatizava, muitas vezes, o culto a uma divindade especí-
Um exemplo impressionante de uma casa de tico construída no estilo helenista foi encontrado em Araq al Amir, na Jordânia.
fica, como era o caso, por exemplo, do culto a Ártemis ou Diana, em Éfeso. Cidades g r e g a s e colônias romanas Dentro dessa estrutura de cidades gregas com instituições gregas,e usando o grego como língua principal, Roma começou a estabelecer uma série de colônias para assentar veteranos de campanhas militares. Corinto era uma dessas colônias na parte oriental do Império. Foi fundada por Júlio César pouco antes do seu assassinato. O relato da chegada de Paulo a Corinto está em At 18. Mais tarde, Paulo escreveria duas cartas aos cristãos dali (veja "A cidade de Corinto"). Na província da Galácia, fundada em 25 a . C , colonos da 5 e 7 legiões foram assentados em terras que foram compradas do templo de Mên Askaenos. perto de Antioquia da Pisídia, cidade visitada na primeira viagem missionária de Paulo (At 13). Todas essas cidades tinham estrutura administrativa romana e usavam o latim, mas apenas como língua públia
a
Jerash (na atual Jordânia) era uma das "Dez Odades (cidades gregas, chamadas de Decápolis) que ficavam próximas à região ooxle Jesus atuou, na Galileia. Arqueólogos desenrerraram unta grande área da cidade, inclusive o teatro, ruas largas (direita) e o espetacular templo de Ártemis com suas colunas (acima). -
ca, pois o grego continuava sendo a lingua do povo. Naturalmente elas se tornaram foco da cultura romana na província. Quanto a Corinto, é evidente que membros da elite de outras cidades e regiões da província eram atraídos à colônia (no caso, a cidade de Corinto) para usufruir dos benefícios do processo de romanização. Ter cidadania romana era algo raro entre os gregos da parte oriental do Mediterrâneo, pelo menos no século 1 d.C, embora fosse moda adotar nomes latinos (como Rufo, Mc 15.21; Rm 16.13). Isso explica a surpresa do centurião, em Jerusalém, quando Paulo declarou ser cidadão romano (At 22.28). A cidadania dava a Paulo o direito de apelar ao Imperador ("César"). Foi o que ele fez, quando sua prisão na Judeia estava se tornando uma situação permanente (At 25.11). Conflitos c o m as a u t o r i d a d e s As colônias romanas tinham, não apenas uma estrutura administrativa romana, mas também uma legislação romana. Portanto, quando Paulo foi preso em Filipos — colônia romana —
os magistrados da cidade (duoviri, em latim) agiram ilegalmente (At 16.20). Ao invés de receber tratamento especial de cidadão, Paulo foi preso e espancado. Em Corinto, a causa contra Paulo foi (corretamente) levada ao governador (At 18.12-17). Em Corinto, também, para o espanto de Paulo, cristãos submetiam suas queixas ao arbítrio de juizes que, neste caso, eram pagãos (1Co 6.1-11). O NT revela uma abordagem legal diferente nas cidades gregas que, embora estivessem sob a jurisdição do governador provincial romano, ainda retinham parte de sua estrutura própria, do período anterior ao domínio romano.
A tensão entre duas autoridades dentro da mesma província é muito bem exemplificada no relato de At 19, quando do tumulto em Éfeso, que resultou da pregação de Paulo. Os desordeiros se reuniram, gritando, no teatro, e foi tarefa do secretário da cidade, o grammateus, acalmá-los e lembrar a todos os presentes que eventuais queixas seriam examinadas pelo governador provincial. Conflitos com autoridades civis também são descritos em outras passagens, especialmente de Atos. Por exemplo, em Tessalònica, os magistrados civis, corretamente chamados por Lucas de "politarcas" (At 17.8), estavam prestes a ouvir uma pos-
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Os Evangelhos e Atos
sível acusação de traição contra Paulo e Silas: "Todos estes procedem contra os decretos de César, afirmando ser Jesus outro rei" (At 17.7). É interessante notar que nenhuma acusação formal foi feita e Paulo e Silas foram expulsos da cidade antes que o governador da Macedónia pudesse ser chamado para intervir. Em Atenas, Paulo foi levado ao respeitável tribunal civil do Areópago (At 17). Novamente, a solução mais rápida, para Paulo e para as autoridades civis, foi a saída de Paulo da cidade. Os j o g o s Uma das características das cidades do Oriente grego era a realização de jogos inspirados nas grandes festas pan-helênicas de Olímpia e Delfos. Acreditava-se que eventos como esses ajudavam na formação d e bons cidadãos. As competições eram principalmente de natureza atlética, incluindo, por exemplo, corridas ou lutas, bem como competições eqüestres, em alguns lugares. Sob o aspecto cultural, podia haver competições musicais e de oratória. Jogos desse tipo ocorriam em intervalos fixos, geralmente de quatro em quatro anos, como os Jogos Olímpicos. O rei sírio Antíoco IV tentou introduzir tais jogos em Jerusalém, junto Naquela época anterior ao desenvolvimento da medicina moderna, nao é de admirar que as religiões e os rituais de cura tinham tantos adeptos. Neste entalhe em mármore (abaixo) que remonta ao séc. 5 a.C. aparecem o deus Esculápio e sua filha Higéia (saúde e cura).
A antiga cidade dc Éfeso, onde o impacto da pregação de Paulo causou um tumulto, é uma das principais atrações turísticas da TAtrquia atualmente. Essa é uma de suas ruas principais.
com um ginásio onde os jovens da cidade poderiam ser treinados. Isso levou os judeus a protestar, pois viam na difusão da cultura grega uma ameaça à identidade judaica. Os jogos sagrados, nos quais o vencedor recebia como prêmio uma coroa, eram os mais renomados. No entanto, em algumas cidades o prêmio era em dinheiro. A o q u e tudo indica, esses jogos, conhecidos como themides, eram, por vezes, instituídos por um benfeitor abastado que dava dinheiro para pagar os prêmios. Os jogos podiam, então, receber o nome do benfeitor, como, por exemplo, a Balbiléia, uma festa estabelecida em Éfeso por Tibério Cláudio Balbillus. Às vezes, os jogos eram estabelecidos em conexão com o culto imperial (veja "O culto ao imperador e o Apocalipse"). Pérgamo, na província da Ásia, O templo dc Esculápio cn» Pérgamo inclui dtitos de água e um túnel que eram parte de um centro médico. É possível que fossem usados para dar tratamento de choque aos pacientes.
V
-
¿53
tinha uma festa desse tipo, associada ao culto de Roma — a personificação da cidade de Roma — e Augusto. Os imperadores se interessavam pelos jogos, especialmente Nero, que viajou pela Grécia participando dos eventos principais — alguns dos quais foram adiados para que ele pudesse participar — e culminando com um discurso no estádio do santuário panhelênico de ístmia, onde declarou que a Grécia estava livre. O grande interesse que as pessoas tinham pelos jogos pode explicar as freqüentes alusões de Paulo, em suas cartas, a corridas (1Co 9.24,26; Gl 2.2; 5.7; Fp 2.16) e prêmios (ICo 9.24,27; Fp 3.14). Ritos religiosos Cada cidade do Império romano tinha uma grande variedade de ritos religiosos. Numa cidade grega, os ritos principais giravam em torno dos deuses olímpicos dos gregos, tais como Zeus, Ares, Ártemis e Afrodite. Nas colônias romanas, era comum o culto a deuses como Júpiter, Marte, Diana e Vénus. Os deuses eram representados como figuras humanas. Algumas das estátuas mais importantes da antiguidade representavam deuses. Uma das sete maravilhas do Mundo Antigo era a enorme estátua de Zeus, feita d e marfim e ouro, que foi colocada no templo desse deus em Olímpia. A importância desse tipo de adoração no contexto das cidades antigas se reflete no relato da chegada de Paulo a Atenas, uma cidade descrita como "cheia de ídolos" (At 17.16). Embora esses ritos pudessem ter um n o m e comum, por exemplo, Afrodite ou Ártemis, eles eram tudo menos uniformes e , às vezes, eram completamente diferentes uns dos outros. Por exemplo, na cidade de Pafos, em Chipre, Afrodite era adorada na forma de uma pedra cónica ou baetyl. Em Éfeso, Ártemis, deusa normalmente associada à caça, era representada numa i m a g e m que parecia ter uma multiplicidade de seios. A pregação d e Paulo resultou numa dramática redução do lucro
Um icalto romano ainda se conserva no ceniro da cidade de Amã, na Jordânia. Esse ator cômico com i Máscara é tomano, d o século 2 a . C
dos ourives da cidade, que faziam objetos que podiam ser dedicados à deusa (At 19). Em Atos, o escrivão de Éfeso comenta que a imagem de Ártemis caíra d o céu, uma possível alusão à adoração de pedras sagradas (At 19.35). Um d o s ritos unificadores d o Império romano oriental foi o culto ao Imperador. N o período g r e g o ou helenista, os governantes haviam incentivado seus súditos a adorá-los como deuses, e essa prática foi continuada durante o Império romano. Em 29 a.C, depois da batalha de Actium e do suicídio de Marco Antônio, Augusto permitiu que as cidades da Ásia e da Bitínia construíssem templos nos quais Júlio César, seu pai adotivo, agora deificado, pudesse ser a d o r a d o juntamente com a deusa Roma. Além disso, permitiu que os gregos, embora não os romanos, o adorassem em Pérgamo e na Nicomédia. Em Ancira, na província da Galácia, havia um templo dedicado a Augusto e Roma. Nas paredes dessa construção se encontra, ainda hoje, o texto que fala sobre os feitos de Augusto. Originalmente esse texto havia sido colocado em placas de bronze, na parte externa do mausoléu imperial, em Roma.
Inscrições encontradas na colônia romana de Narbona (Narbonne), no sul da França, datadas de 11 e 12 ou 13 d.C, descrevem como cada setor da sociedade era levado a contribuir para o culto ao Imperador. Por exemplo, três membros da ordem eqüestre dos romanos e três libertos deviam "sacrificar um animal cada" e fornecer, às próprias custas, incenso e vinho para cada membro da colônia. Outros ritos ou cultos tinham relação com a cura, através da adoração do deus Asclépio ou Esculápio. Esse culto existia também em Roma. Um dos centros mais importantes ficava em Epidauros, na Grécia. O complexo continuou sendo popular no perío d o romano, atraindo pessoas que vinham e dormiam dentro do santuário. Um santuário rival em Pérgamo se expandiu no século 2 d . C , graças à ajuda de benfeitores romanos abastados. A espiritualidade desses ritos e das religiões de mistério atraía principalmente o povo da Ásia romana (atual Turquia), ao qual Paulo enviou várias de suas cartas. Em Efésios e Colossenses, ele usa a linguagem dessas religiões para mostrar o poder muito maior de Jesus. Veja "Para entender Colossenses". Veja também "Os gregos" e "Boas Novas! — dos primeiros cristãos" (para a forma como Paulo se dirige a diferentes grupos de ouvintes).
As Epístolas Donald Guthrie/Scephen
Motyer
A s Epístolas c o m p õ e m um terço d o NT. A s v e z e s , os leitores têm dificuldades para entendê-las, e v o l t a m aos Evangelhos c o m uma sensação de alívio. Mas as Epístolas contêm muitos ensinamentos de vital importância que foram transmitidos pelos apóstolos e seus colaboradores, e as dificuldades c o m e ç a m a diminuir quando conseguimos ver as Epístolas no contexto daquele tempo e entendemos o enredo por trás delas. Então, c o m o a luz que passa repentinamente por um slide fotográfico, elas ganham vida, e podemos perceber a mensagem que tinham naquela época e que têm ainda hoje. O m u n d o das epístolas As epístolas foram escritas na época e m que o cristianismo se expandia a partir da Palestina e chegava ao mundo mais amplo, que era d o m i n a d o pelo Império R o m a n o . C o m o era viver sob o poder romano naquela época? U m m u n d o d e p r o s p e r i d a d e — Os romanos haviam trazido paz e prosperidade àquela região. Os piratas haviam sido expulsos d o M e d i t e r r â n e o , e e n o r m e s frotas d e navios mercantis transportavam grãos e arti-
gos de luxo para a Itália. Os tentáculos do comércio e poder romanos se estendiam por toda parte, chegando até a África Ocidental e ao norte da índia. Roma e m si era uma cidade muito rica, e outras cidades às quais foram enviadas epístolas — Éfeso, Filipos e Corinto, por exemplo — havia enriquecido através desse comércio. Muitas estradas foram construídas e viajar era fácil. A língua grega era falada na parte leste d o Mediterrâneo, e o exército romano estava presente e m todas as principais cidades, para assegurar os interesses de Roma. N o entanto, havia o lado sombrio de tudo isso. Em alguns lugares, especialmente na Palestina, o peso dos impostos era quase insuportável. Como sempre, os ricos ficavam mais ricos às custas dos pobres. Com paixão profética, a epístola de Tiago denuncia a exploração dos pobres pelos ricos, e adverte os comerciantes que administram sua riqueza sem se preocuparem com Deus. Paulo dedicou vários anos d o seu ministério à arrecadação de fundos entre as igrejas mais ricas da Grécia c da Asia Menor, para ajudar os cristãos pobres de Jerusalém. A camada mais baixa da sociedade era formada pelos milhões de escravos que não possuíam propriedade e pertenciam inteiramente a seus senhores. O Império era mantido pelo trabalho escravo. Muitos escravos, como Onésimo ( o escravo que é o tema da epístola de
Introdução Paulo a F i l e m o m ) , fugiam e se escondiam nas cidades grandes. Os escravos deviam adotar a religião de seu senhor, mas a boa nova d o evangelho de Jesus Cristo, que nos faz filhos e herdeiros de Deus, trouxe uma sensação de liberdade a muitos. Paulo incentivou os escravos cristãos a não se rebelaram contra seus senhores, mas servi-los ainda melhor, por amor a Cristo. U m m u n d o d e m e d o — Todos os primeiros leitores das epístolas j á haviam visto soldados romanos — c o m o aquele no qual Paulo baseia sua descrição na Epístola aos Efésios, e m que incentiva os cristãos a vestirem "toda a armadura de Deus". A presença do exército romano e m todos os lugares lembrava a todos que o poder romano se baseava no m e d o e na sujeição. Havia constantes rumores de guerras nas fronteiras d o Império e histórias da brutalidade romana com súditos rebeldes. Mas havia outras causas de m e d o . A vida era curta e dolorosa. A escassez de alimento raramente afetava a Itália, porque e m tempos de fome os grãos limitados eram enviados para lá, deixando a população local sem nada. A. medicina era rudimentar e muito ineficaz. Acima de tudo, para muitas pessoas, a vida era dominada pelo m e d o de forças invisíveis, muito mais ameaçadoras que o exército romano. A astrologia era amplamente praticada e associada à magia, e era nisso que muitas pessoas confiavam. A c r e d i t a v a m que as fórmulas mágicas e os encantamentos certos lhes dariam poder e segurança: trariam a chuva, afastariam doenças, dariam riqueza, protegeriam dos d e m ô n i o s , derrotariam seus inimigos. A t é judeus, que v i v i a m nas cidades
da Ásia Menor, foram influenciados por essa forma de pensamento e faziam uso d o nome "o Senhor" c o m o talismã mágico. Praticamente todos sabiam que os poderes d o mal eram uma força terrível e contínua. Magia hostil podia matar. A feitiçaria muitas vezes estava ligada aos muitos templos de divindades gregas e romanas. Para os primeiros cristãos, adotar a fé cristã era realmente sair "das trevas para a maravilhosa luz" d e Deus, nas palavras de Pedro. A g o r a e s t a v a m seguros, pois foram libertos por um Salvador que havia "despojado os principados e as potestades". Nada podia separá-los d o amor desse Salvador. Mas ainda enfrentavam grandes desafios, vivendo nessa sociedade sombria e pagã. Para se sustentarem, deviam participar de celebrações e rituais de seus "sindicatos", oferecendo sacrifícios aos deuses ou às deusas associados a suas profissões. Eles ainda podiam fazer isso, c o m o cristãos? Alguns diziam que, c o m o Jesus havia derrotado todos os poderes malignos, eles podiam participar, sabendo que o ídolo não tinha mais nenhum poder. Mas outros acreditavam que não deviam participar da adoração pagã, m e s m o se isso implicasse e m pobreza porque não poderiam ser líderes d o "sindicato". Paulo concordou que "para nós existe somente um Deus, o Pai e Criador de todas as coisas, para quem nós vivemos; e existe somente um Senhor, que é Jesus Cristo, por meio de quem todas as coisas foram criadas e por meio de
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As Epútolas quem nós existimos" ( I C o 8.6). Mas ele determinou que os cristãos não deviam participar das festas nos templos pagãos. "Eu não quero que vocês tomem parte nas coisas dos demônios", disse ele ( I C o 10.20). Pelo contrário, os cristãos deviam aprender a viver pelo poder de Deus — cheios do Espírito Santo — entre esses poderes sombrios, brilhando como luzeiros no mundo c vivendo com amor, alegria e paz real cm meio ao medo e às incertezas daquela sociedade. U m m u n d o d e confusão — Medo e confusão geralmente andam juntos. A confusão naquele mundo das Epístolas era muito real, p r o d u z i n d o um anseio espiritual, um desejo por verdade sólida num mundo cheio de mudanças e incertezas. A confusão era produzida e m parte porque as pessoas podiam se deslocar com tanta facilidade, e então descobriam que havia muitas filosofias e religiões disponíveis, todas p r o m e t e n d o respostas às suas dúvidas. A grande variedade deixava as pessoas confusas. Se andássemos por uma das ruas de Efeso no t e m p o de Paulo, por e x e m p l o , seríamos surpreendidos pela quantidade de pequenos templos para divindades diferentes, cuidados por devotos que acreditavam que o deus o u a deusa lhes havia prestado um favor. Ou poderíamos dar de cara com uma procissão — talvez em honra à deusa "Roma". O culto imperial a "Roma" era muito popular nessa época, por causa da paz e prosperidade geral. (Veja " O culto ao imperador e o Apocalipse".) Passaríamos por grandes templos, dedicados a diversos deuses, e notaríamos a presença de prostitutas cultuais, homens e mulheres, que trabalhavam e m vários deles, oferecendo uma união com o p o d e r da divindade através de relações sexuais. Porem, nos daríamos conta de que no enorme templo de Diana, no centro de Efeso, atuavam centenas de sacerdotisas virgens, que promoviam a abstinência sexual e a superioridade das mulheres — c que ofereciam poder através de artes mágicas. Continuando, veríamos alguns dos malakoi, jovens rapazes homossexuais c o m belos penteados, alguns deles na companhia d e seus amantes mais velhos. Isso nos faria lembrar os ensinamentos d o grande filósofo Platão, que acreditava que o homossexualismo era a forma mais sublime d e a m o r humano. Ficaríamos sabendo que crianças eram atraídas regularmente a essas atividades, e ao serviço sexual nos templos.
Perto dali ficava o centro de culto de uma das muitas "religiões de mistério", que ofereciam experiência de p o d e r d i v i n o através de conhecimento especial revelado apenas a membros da seita. Seríamos informados que muitos deles usavam drogas ou danças para produzir o êxtase. Depois passaríamos pela sinagoga, e veríamos muitas pessoas comuns de Efeso entrando ali. Eram atraídos pela antiguidade d o judaísmo. Moisés, o legislador, vivera centenas de anos antes, muito antes mesmo que o poeta H o m e r o ! Para muitos, o judaísmo se tornara uma rocha sólida num mundo confuso, embora poucos chegassem a ponto de se deixarem circuncidar e se dedicarem de corpo e alma à religião. Muitos tentavam combinar o culto a vários deuses. Em seguida, chegaríamos ao mercado no centro da cidade, e veríamos os filósofos itinerantes c suas escolas de alunos. Poderíamos ouvir os c í n i c o s , que ensinavam uma moralidade simples e realista — c o m o levar uma vida boa. N ã o se importavam com os estóicos intelectuais que ensinavam ali perto. Os e s t ó i c o s nos diriam que Deus está presente em tudo, e que é preciso aprender a viver em harmonia com Deus praticando "indiferença", para não sermos afetados por extremos de emoção, seja ela alegria ou tristeza. Eles não concordavam em nada com os e p i c u r e u s , que também se encontravam ali. Estes não acreditavam na existência de deuses ou d o sobrenatural e ensinavam que o prazer é o objetivo supremo da vida. Onde poderíamos encontrar a verdade em toda essa confusão? Numa rua menos movimentada encontraríamos a escola de T i r a n o , onde um judeu estranho chamado Paulo ensinava mais uma religião, centrada cm Jesus que promete vitória sobre a morte e todos os poderes d o mal a qualquer pessoa que s i m p l e s m e n t e nele crer e confessar que ele é "Senhor". Parece interessante... N ã o é difícil traçar paralelos entre o mundo das Epístolas e nosso mundo atual, com todas as suas culturas! A mensagem das Epístolas é tão relevante hoje quanto era naquela época. O s leitores d a s Epístolas Os leitores das Epístolas viviam no mundo que acabamos de descrever. Estamos tão afastados daquela época que, às v e z e s , nos é difícil de perceber que, naquele contexto, o
Introdução
cristianismo era algo novo e totalmente revolucionário. A mensagem cristã era completamente diferente de tudo que se oferecia nas ruas centrais de Éfeso. Mas pelo fato de os membros das primeiras igrejas v i r e m , muitas vezes, de várias culturas diferentes, era-lhes difícil estabelecer uma só comunidade nova. Em especial, o relacionamento entre judeus e gentios era, muitas vezes, marcado por tensões. Isso acontecia c m parte porque não havia muita clareza quanto à importância e relevância da lei judaica. Os cristãos de origem judaica não viam razão para abandonar as leis alimentares e a celebração das festas, mas a obediência rígida a essas leis impossibilitava a comunhão profunda com cristãos de o r i g e m não-judaica. Por outro lado, os cristãos oriundos d o mundo gentílico não v i a m m o t i v o para c o m e ç a r a obedecer tais leis, especialmente se já participavam no culto na sinagoga sem fazer isso. Paulo entra nos detalhes dessa questão e m Romanos e Gálatas. A forte influência da cultura daquele tempo pode sor vista também no que segue: • Práticas sexuais pagãs estavam se infiltrando na igreja de Corinto, e provavelmente o mesmo vale para estilos de adoração tirados de religiões de mistério. • O m e d o d e p o d e r e s m a l i g n o s ainda era muito real para os cristãos e m Éfeso c c m Colossos. • Hebreus foi escrita para um grupo de cristãos de o r i g e m judaica alienados de sua comunhão, que achavam que precisavam um p o u c o mais das práticas antigas e menos daquilo que, para eles, era novo. Eram pessoas de carne e osso, c o m o os leitores das Epístolas hoje. Assim, cada epístola tinha um propósito específico, abordando as necessidades particulares dos leitores, que variavam muito de epístola para epístola. A variedade das Epístolas A variedade das Epístolas é enorme, c o m o se pode verificar no que segue. A maneira óbvia de agrupá-las é por autor, c o m o o N T faz. Há 13 epístolas de autoria de Paulo, uma carta anônima (Hebreus), uma de T i a g o , duas de Pedro, três de João e uma de Judas. As cartas de Paulo dividem-se naturalmente em quatro grupos: • 1 e 2Tessalonicenses provavelmente são as primeiras, e tratam d o tema d o retorno de Cristo.
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Romanos, Gálatas e 1 e 2Coríntios têm e m c o m u m a ênfase no e v a n g e l h o que Paulo pregava. A s "epístolas da prisão", nas quais Paulo afirma que está preso, são Efésios, Colosscnses, Filipenses c Filem o m . Alguns de seus ensinamentos mais profundos estão incluídos nessas epístolas.
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A s " e p í s t o l a s pastorais", 1 e 2 T i m ó t e o e Tito, lidam com questões práticas da liderança c o r g a n i z a ç ã o das igrejas. As outras epístolas geralmente são agrupadas sob o título de "Epístolas Gerais". São endereçadas a um público mais amplo e menos definido do que os destinatários das epístolas de Paulo, embora Hebreus e duas epístolas de João (2 e 3João) tenham sido escritas para igrejas ou indivíduos específicos. O contexto histórico das Epístolas N e m sempre é fácil de reconstruir o contexto histórico das várias Epístolas. C o m o foram escritas em resposta às necessidades e dúvidas das pessoas, elas trazem muitos ensinamentos cristãos fundamentais, mas não de forma organizada. São vigorosas e dinâmicas, apresentando retratos bem nítidos da vida das primeiras igrejas. A t o s é nossa única fonte de informação sobre a Igreja primitiva. Mas Atos não é e nem afirma ser um registro completo dos acontecimentos. Assim, há várias lacunas no nosso conhecimento, e detalhes sobre os quais não podemos ter certeza. Porém as linhas gerais podem ser traçadas claramente. A s p r i m e i r a s e p í s t o l a s — 1 c 2Tcssalonicenses foram escritas na época cm que Paulo esteve e m Corinto, conforme descrição de At 18. Uma inscrição encontrada e m Delfos ajuda a fixar essa data por volta de 50-51 d.C. Paulo já era cristão havia uns 15 anos, c já havia dedicado alguns anos à tarefa de ensinar
As canas de Paulo tiveram um papel essencial no seu relacionamento com as igrejas. Registradas para a pnslci idade, elas viriam a ser a base do ensino e da prãlira dos cristãos de todos os tempos. Bua cana em papiro do primeiro século d.C. começa assim: "Prokleios a seu bom amigo Pekysis, saudações..."
As Epístolas e fundar igrejas. Assim sendo, essas primeiras epístolas foram escritas por alguém cujo pensamento e ministério cristãos j á haviam amadurecido. Mesmo assim, existe um frescor extraordinário naquilo que Paulo escreve sobre o seu ministério e m Tessalônica, no seu incentivo a que os cristãos v i v a m e m a m o r e santidade, e na explicação de seu revolucionário ensino sobre a segunda vinda de Cristo.
liação entre grupos judeus e gentios na igreja de Roma. Mas as coisas não teriam o desfecho que Paulo havia previsto. Pouco depois, ele viajou a Jerusalém, o n d e foi preso. Depois de dois anos na prisão e m Cesaréia, sem ser julgad o , ele valeu-se de seus direitos de cidadão r o m a n o e p e d i u para ser j u l g a d o perante o Imperador. E assim ele chegou a Roma — acorrentado.
A s e p í s t o l a s d o " e v a n g e l h o " — O próximo grupo pode ser datado do período descrito em A t 19—20 (embora Gálatas possa ter sido escrita antes, e m Antioquia — A t 14.26-28).
A s e p í s t o l a s d a p r i s ã o — Paulo desfrutou de relativa liberdade durante seus dois anos d e prisão e m R o m a . Ficou e m prisão domiciliar, mas não havia nenhuma restrição quanto a seus visitantes ou a sua correspondência. Assim, a tradição favorece Roma como lugar onde Paulo escreveu as epístolas da "prisão".
Paulo havia d e i x a d o C o r i n t o , n a v e g a n d o até Efeso. Depois de algum tempo ali, ele ouviu relatórios sobre dificuldades na igreja d e Corinto. T a m b é m recebeu uma carta da própria igreja. Em resposta, Paulo escreveu 1 Coríntios. É uma carta essencialmente prática, com a qual tenta sanar as divisões na igreja. T a m b é m r e a g e a alguns dos problemas enfrentados pelos novos cristãos que viviam numa cidade pagã notória pela sua imoralidade. N ã o é fácil ordenar os diversos contatos de Paulo com a igreja e m Corinto. Parece que ele visitou Corinto depois d e escrever a sua primeira epístola, e p o d e ter escrito outra que não chegou até nós. De qualquer forma, é evidente que ele não estava feliz com a resposta dos coríntios. Enviou Tito a Corinto, e pôde, finalmente, receber notícias mais animadoras sobre a situação. Escreveu, então, 2Coríntios para expressar seu alívio, manifestar seu desejo de manter o bom relacionamento, e transmitir mais advertências e palavras de ânimo à igreja. L o g o depois Paulo visitou Corinto novamente e de lá ( A t 2 0 . 3 ) escreveu sua famosa carta aos Romanos, a mais longa de todas e a que mais se aproxima de um resumo da mensagem cristã. Nela, explica o e v a n g e l h o de Deus, do qual não se envergonhava, e mostra as suas implicações para a missão e a vida cristã. Não se sabe ao certo por que escreveu essa carta aos romanos. Ele nunca estivera e m Roma, mas nessa época esperava viajar para lá e m breve. Provavelmente queria apresentar à igreja seu ensinamento básico, talvez para que os romanos o apoiassem e m seu projeto de v i a g e m missionária à Espanha. Aparentemente ele também queria promover a reconci-
Efésios e Colossenses são semelhantes em conteúdo, assim c o m o Efeso e Colossos são bem próximas g e o g r a f i c a m e n t e . Apesar do seu título, Efésios deve ter sido uma epístola circular, enviada a várias igrejas pequenas em Éfeso e na área circunvizinha. Nela, o apóst o l o dá ensinamentos gerais sobre Cristo, o mundo, e a igreja. Seu objetivo é ajudar os cristãos a resistirem à pressão da sociedade pagã à sua volta e viverem uma vida dedicada a Deus. Colossenses tem um enfoque semelhante, mas nela Paulo ataca determinados ensinamentos falsos que ameaçavam as igrejas em Colossos e na cidade vizinha de Laodicéia. A pequena epístola a F i l e m o m foi escrita nesse m e s m o p e r í o d o . Paulo revela todo o seu tato, ao apelar e m favor de Onésimo, um escravo fugitivo. Por uma grande coincidência divinamente planejada, Onésimo fugiu da casa de F i l e m o m , um velho a m i g o de Paulo, e acabou encontrando Paulo e m Roma, a centenas de quilômetros de distância. Ele se tornara cristão, e agora estava retornando ao seu antigo d o n o tendo e m mãos essa bela carta. Ele voltava, não mais um c o m o um simples escravo, mas c o m o um irmão e m Cristo. Filipenses lida com uma situação diferente. Paulo queria agradecer aos cristãos de Filipos pela preocupação que haviam demonstrado ao lhe enviar donativos. O apóstolo escreveu principalmente para encorajá-los a continuarem unidos e alegres diante de oposição e ameaças d e t o d o t i p o . Mas e l e também queria preparar o caminho para uma futura vista de Timóteo.
Introdução A característica mais marcante dessas "epístolas da prisão" é a profundidade da reflexão cristã revelada por Paulo, principalmente e m Efésios. Talvez isso tenha resultado de longas horas de reflexão e oração, numa situação em que estava privado da liberdade de ir e vir. A s E p í s t o l a s P a s t o r a i s — Se Paulo escreveu essas cartas na sua velhice, c o m o parece ser o caso, ele deve ter saído da prisão em Roma e realizado outra viagem missionária que não foi registrada em Atos. 1 e 2Timóteo e Tito mostram seu cuidado e sua preocupação por suas igrejas e a organização delas, bem c o m o o desejo de deixá-las em boas mãos. 2Timóteo foi escrita um pouco antes de sua morte, para incentivar T i m ó t e o a permanecer fiel ao evangelho. H e b r e u s — A Epístola de Hebreus também pode ter conexões com a igreja e m Roma. Ela foi escrita, não a uma igreja toda, mas a um grupo de cristãos vindos d o judaísmo que, aparentemente, estavam se s e p a r a n d o da Igreja e procurando recuperar a paz e a segurança no judaísmo. O autor anônimo — possivelmente A p o l o — estava muito preocupado com isso, pois sabia que Jesus, o Messias, não era apenas um acréscimo ao judaísmo, mas o foco d e todos os planos de Deus para o mundo. Assim, ele escreveu um texto v i g o roso, e m que apresenta um retrato vívido da grandeza de Jesus e incentiva os "hebreus" a permanecerem fiéis, mesmo em meio a eventuais perseguições. Epístolas de outros apóstolos — lPcdro foi escrita a cristãos dispersos que viviam e m cinco distritos provinciais da Ásia Menor e estavam sendo ameaçados de perseguição. Pedro queria incentivá-los c o m o exemplo de Jesus, e com a lembrança de sua
vitória na cruz, que nos trouxe a salvação. 2Pedro supostamente foi enviada ao mesmo grupo de leitores, mas dessa v e z Pedro adverte contra determinados ensinamentos falsos que promoviam a imoralidade. É possível que os últimos textos d o N T a serem escritos tenham sido as três epístolas d e João, datadas, possivelmente, da última década d o primeiro século. S e g u n d o a tradição, João vivia em Efeso, o que faz c o m o contexto dessas epístolas seja a vida nas igrejas da Ásia Menor. Ali, estava começando a se difundir o "docetismo", uma teoria segundo a qual "o Cristo" era um ser celestial incapaz de sofrer e, portanto, não poderia realmente ter se encarnado e morrido na cruz. Essas epístolas se o p õ e m vigorosamente a esse ensinamento, e enfatizam amor e união na verdade. A Epístola de T i a g o , por outro lado, provavelmente é o escrito mais antigo d o NT, tendo sido escrita no final da década de 40 d . C , e m Jerusalém, o n d e T i a g o era o líder da Igreja. Ele escreveu a cristãos de origem judaica espalhados pelo mundo inteiro, numa época e m que muitos deles ainda estavam ligados à sinagoga. Seu objetivo é motivá-los a serem discípulos distintos de Jesus. Finalmente, a breve epístola de Judas está intimamente ligada a 2Pedro, já que boa parte d o material sobre ensinamentos falsos aparece e m ambas, muitas v e z e s e m l i n g u a g e m semelhante. Judas se apresenta c o m o irmão de T i a g o , e há razões para supor que ambos eram irmãos de Jesus. Pela sua variedade, as Epístolas nos incentivam a ver que sempre é possível ser fiel na vivência da fé cristã, quaisquer que sejam as circunstâncias ou por mais difíceis, estranhas, ou diferentes que sejam das circunstâncias de outros. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo está conosco, através de seu Espírito.
As Epístolas As Epístolas d o N o v o T e s t a m e n t o
40d.C
50
1 Muilas dessas datas são simplsí estimativas (veja texto)
lessalonicenses 2Tessalonicenses ICoríntios ?Filípenses 2Coríntios §5 Romanos"" Efésios ?Filipenses Colossenses 1 Filemom ITinióleo • Til" : f§ 2Timóteo BBBBBBgHMBat ?
•
TIAGO PEDRO
?Primelra cart
Afolada segunda epistola é desconhecida
1 ÏTrês cartas
JOÃO
m •
DESCONHECIDO
MM M
He
?
As epístolas foram escritas a fj| Indivíduos Timóteo lito
Gaio (terceira carta de João)
Grupos de igrejas
Roma
Galãcia
Hebreus
Região de Éfeso (Efésios)
Tiago
Asia Menor (IPedro, possivelmente 2Pedra)
Primeira epístola de João
1 2 Corinto
filemom
filipoí U
Outros grupos
Igrejas individuais
Judas
Colossos
33! tessalônica ? Segunda epistola de João
MACEDÓNIAj
M
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TesMlínk^S. ° *, CAPADÓCIA
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• Tarso IR.
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IPRE Damascp REINO
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ROMANOS Paulo, o viajante e cidadão romano, ainda não havia visitado Roma quando essa carta foi escrita (cerca de 57 d.C). Ele fizera três longas viagens, abrindo caminho para a mensagem cristã em todas as províncias orientais do Império e estabelecendo igrejas. Agora, encontrando-se provavelmente em Corinto, prestes a levar a Jerusalém o auxílio para os pobres daquele lugar (veja At 20), os pensamentos de Paulo se voltam para o avanço missionário no Ocidente. Ele viajaria para a Espanha e, no caminho, realizaria o sonho de muitos anos: visitar os cristãos de Roma. Paulo não sabia que três longos anos se passariam entre a carta e a visita, ou que, quando finalmente entrasse em Roma, seria na condição de prisioneiro (At 28). A cidade e a igreja Veja "A cidade de Roma". Na época de Paulo, Roma era a capital de um império que se estendia da Inglaterra ã Arábia. Rica e cosmopolita, era o centro diplomático e comercial do mundo conhecido. Todos os caminhos levavam a Roma. A paz romana tornara as viagens mais seguras, embora nunca fossem totalmente livres de perigo (veja 2Co 11.26); e as estradas romanas tornavam as jornadas relativamente rápidas e fáceis. No dia de Pentecostes, havia visitantes de Roma em Jerusalém, ouvindo o primeiro sermão de Pedro. Diante disso, não é de admirar que houvesse uma grande e pujante igreja cristã e m Roma quando Paulo escreveu a carta. A maioria dos cristãos talvez fosse de origem gentílica, e um dos motivos por que Paulo escreveu pode ter sido o desejo de incentivar o respeito pelos companheiros cristãos de origem judaica (veja caps. 9—11 em especial). Pouco antes tinha havido problemas com as autoridades. E embora tudo já estivesse tranqüilo, os cristãos ainda eram suspeitos. Afinal, o Fundador da religião havia sido condenado sob a acusação de atividade subversiva contra o imperador. E apesar de seus esforços de serem cidadãos leais a Roma, poucos anos após essa carta (em 64 d.C.) o imperador Nero conseguiu fazer dos cristãos o bode expiatório, culpándoos pelo incêndio que atingiu a cidade. Segundo a tradição, tanto Paulo quanto Pedro morreram na terrível perseguição que se seguiu.
Resumo Paulo escreve aos cristãos de origem judaica e gentílica em Roma, aos quais esperava visitar em breve, tratando dos grandes temas da lei, fé e salvação. Caps. 1—11 A Epístola O evangelho de Paulo Romanos ocupa o A apresentação do tema lugar de honra entre as (1.1-17) Epistolas do NT, embora A necessidade universal de salvação (1.18—3.20) não tenha sido a primeira O que Deus fez para a a ser escrita. 1 e 2Tessalonossa salvação (3.21—4.25) nicenses, 1 e 2Coríntios e A nova vida em Cristo Gálatas são anteriores, e (5-8) alguns dos temas dessas Os judeus no plano de cartas são retomados em Deus (9—11) Romanos. Não sabemos o que levou Paulo a escreCaps. 12.1 — 15.13 ver nesse exato momenA vida cristã to. É possível que tenha percebido que corria risco Caps. 15.14—16.27 Notícias pessoais e de vida ao fazer aquela saudações viagem a Jerusalém e que talvez jamais pudesse se encontrar pessoalmente com os cristãos romanos. Assim, tratou de apresentar elementos fundamentais da mensagem cristã, que eram importantes para eles na situação em que se encontravam e que poderiam ajudálos a entender mais sobre o que ele ensinava. O grande tema de Romanos é a fé na morte e ressurreição de Cristo como única base de aceitação da parte de Deus — um Deus que trata todos de modo igual, sejam eles judeus ou gentios. Paulo não mede palavras em sua descrição do estado em que o mundo se encontra (1.18-32). Pelos padrões de Deus, todos estão condenados. Até o judeu, que tinha o privilégio singular de conhecer a lei de Deus, não conseguiu obedecêla (2.1—3.20). Mas Deus nos oferece perdão gratuito e nova vida. O que não podemos fazer por nós mesmos, Jesus fez por nós (cap. 5). Somos livres para começar de novo, desta vez com todo o poder de Deus à nossa disposição (caps. 6—8). Por que, então, enquanto os gentios aceitam de bom grado a salvação que Deus oferece, a maioria dos judeus a rejeita? Para Paulo, que também era judeu, esta era uma situação que o deixava com muita dor no coração. Aparentemente eles estavam tão preocupados com obediência à lei que não conseguiam ver que Deus fizera algo novo em Cristo. Consideravam que a forma antiga de se relacionar com Deus ainda era a forma e que não podiam abrir mão dela. Mas no final eles também "entrariam" (caps. 9—11).
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"FM não me envergonho do evangelho, pois ele é o poder de Deus para salvar t o d o s os que crêem, primeiro os
judeus e também os nãojudeus." Rm 1.16 (NTLH)
As Epístolas O perdão e amor de Deus nos impelem a viver segundo nosso novo chamado, a reformular toda a nossa maneira de pensar e de viver. As "boas novas" de Deus não são um fim em si. Elas têm o propósito de transformar relacionamentos humanos, tornando possível que judeus e gentios se tratem como iguais na Igreja, e permear cada aspecto da vida diária (caps. 12—15). É impossível medir o impacto e a influência de Romanos. Essa epístola inspirou a imaginação de grandes homens — Agostinho, Lutero, Bunyan, Wesley — e através deles moldou a história da Igreja. Mas, através dessa epístola, Deus
tia e m relação aos romanos. Ele tinha uma grande consideração para com esse grupo de cristãos que jamais encontrara pessoalmente, Desejava vê-los e compartilhar c o m eles tudo que o evangelho significa. • V . 7 A palavra "santos" ( A R A ) não designa uma elite, mas todos que pertencem a Cristo: o p o v o de Deus. • V . 14 "Tanto a g r e g o s c o m o a bárbaros" ( A R A ) : aqueles que não eram g r e g o s eram considerados não-civilizados. R m 1.16—11.36
O evangelho de Paulo R m 1.16-17: O p o d e r d e D e u s p a r a salvar Paulo se gloria no evangelho de Deus, o qual cie precisa dar a conhecer a todos. Ele entrará em mais detalhes sobre esse evangelho no decorrer da epístola. Aqui, ele resume seu efeito: • é o p o d e r de Deus para salvar toda pessoa que crê. • revela a "justicei" de Deus. Essa justiça não é simplesmente uma perfeição inoral abstrata, mas o fato de que Deus cumpre as suas promessas (sua "fidelidade à aliança"). Assim, "ao anunciar que Jesus Cristo é... Senhor d o mundo, Paulo está... revelando ao mundo as boas novas de que o Deus único de todo o mundo cumpriu a sua palavra, resolveu de forma definitiva o problema d o mal que invadiu a sua criação, e agora está restaurando a justiça, a paz e a verdade" (Tom Wright). Quando Paulo usa palavras duras para descrever a imoralidade e a decadência do mundo romano, ele não estava exagerando. Isto se confirma pela leitura de obras daquele tempo e pelas minas de Pompeia, cidade que, juntamente com o seu povo, foi surpreendida em meio à normalidade da vida diária pela lava do Vesúvio que soterrou a ludo e a todos. Isto aconteceu pouco tempo depois dc Paulo ter escrito sua carta aos romanos.
também tocou a vida de inúmeras outras pessoas — homens e mulheres simples que leram esse texto, creram na sua mensagem, e agiram com base no ensinamento do apóstolo. R m 1.1-15
Introdução Na abertura da epístola, o apóstolo resume a sua missão de vida. Paulo, escravo e emissário dc Cristo, c o m i s s i o n a d o para levar o evangelho de Deus às nações, escreve a seus companheiros cristãos de R o m a . Usando ao mesmo tempo os termos "graça" e "paz", e l e funde as saudações t r a d i c i o n a l m e n t e usadas por gregos e judeus e forma algo genuinamente cristão. O que é o evangelho? É a mensagem sobre o Filho dc Deus, ressuscitado dentre os mortos, 'Jesus Cristo, nosso Senhor" ( 2 - 4 ) . (Esta é a mensagem d o evangelho; seu efeito é resumido nos vs. 16-17). Os vs. 7-15 expressam o eme Paulo sen-
Rm 1.18—3.20: U m m u n d o necessitado Paulo c o m e ç a a sua a r g u m e n t a ç ã o com uma análise profunda da condição humana. Todos — gentios ( 1 . 1 8 - 3 2 ) e judeus (2.1— 3.8) — estão sob o juízo de Deus.
A humanidade como um todo (1.18-32) se recusa a r e c o n h e c e r Deus. As pessoas não têm desculpa, pois é possível conhecer e reconhecer Deus nas coisas que ele criou. Assim, Deus permite que façam o que desej a m fazer, e as pessoas se afundam cada vez mais no lamaçal d e sua própria conduta perversa e pervertida. Idéias erradas (irracionalidade) c ações erradas andam juntas. Se a r a z ã o é rejeitada ( 2 5 ) , a consciência também não será ouvida ( 3 2 ) . Em seguida, Paulo se volta aos judeus (2.1—3.20), embora só sejam mencionados no v. 17. Eles são rápidos e m julgar os outros,
Romanos mas ignoram o fato dc que Deus os está chamando ao arrependimento de seus próprios erros. Assim, também eles estão sob condenação. Deus não tem favoritos. Ele julga todos pelo m e s m o padrão ( 1 1 ) . Aqueles que não têm a lei de Deus e aqueles que a têm serão julgados, não p e l o que sabem, mas pelo que fazem ( 1 3 ) . Rm 2.17-29: Os judeus não serão salvos pela lei (12-24) nem pela circuncisão ( o sinal externo de que se pertence a Deus; 2 5 - 2 9 ) . Eles se orgulham de Deus e da lei. Sabem o que Deus quer que façam, mas será que realmente cumprem a lei? Se não a cumprem, "a sua circuncisão já se tornou incircuncisão"! O verdadeiro judeu é aquele obedece a Deus de coração. Rm 3.1-20: Paulo antecipa as objeçõcs que os críticos levantariam e responde a iodas cias. • Os judeus têm alguma vantagem sobre os outros? Sim, o fato dc Deus lhes ter confiado a sua revelação ( 3 . 1 - 2 ) . • E se alguns falharam na sua confiança? Será que Deus r e v o g a r á as suas promessas? N ã o . Deus ainda cumpre a sua palavra ( 3 . 3 - 4 ) , mas promessas não os salvarão. • As injustiças e maldades parecem ter uma finalidade boa, j á que acentuam a bondade de Deus. Assim, por que não "praticar m a l e s para q u e v e n h a m b e n s ? " P o r q u e Deus é um justo Juiz, e os fins não justificam os meios ( 3 . 5 - 8 ) . • Os j u d e u s e s t ã o e m situação m e l h o r d o que as outras pessoas? N ã o . Todos estão debaixo d o p o d e r d o pecado. A lei faz com que as pessoas saibam que são pecadoras. Ela coloca a pessoa perante a sua própria responsabilidade, mas não consegue colocá-la no relacionamento correto com Deus (3.9-20). • Entregou (1.26,28) Deus não força ninguém a obedecer. A Bíblia usa linguagem forte. Aqueles que não querem ouvir são entregues aos desejos de seu coração, e sofrerão as conseqüências. Mas Deus nunca abandona as pessoas contra a vontade delas. • 2.6,13 Isso parece contradizer o que Paulo já disse e m 1.17. Mas a tese que ele está defendendo nestes capítulos é que ninguém realmente faz tudo que Deus exige. I lá uma nova maneira de ser justificado diante de Deus. • Circuncisão (2.25) Veja Gn 17. • 2.29 Aqui temos um j o g o de palavras.
"Judeu" é derivado de "Judá", que significa louvor. • Justificado (3.20) Também traduzido por "declarado justo diante dele" e "aceito por Deus". Veja 4.25.
R m 3.21—5.21: A p r o v i s ã o de Deus Um d o m gratuito (3.21-31) Já que Deus é justo, e tanto judeus c o m o gentios estão sob o poder d o pecado, c o m o resolver essa situação? A lei não pode fazer isso, então alguma maneira nova d e v e ser encontrada. A boa notícia c que o próprio Deus, através da morte d o seu próprio Filho, Jesus Cristo, possibilitou o nosso perdão (veja também o cap. 5 ) . Deus resolveu o problema d o pecado e mostrou que cumpre as suas promessas. A essência d o e v a n g e l h o que Paulo foi comissionado a pregai; e também o cerne da mensagem cristã, é que lodos os que crêem são justificados — não pela sua própria fé ( q u e é apenas o canal pelo qual o perdão é receb i d o ) , mas pela misericordiosa bondade de Deus (sua "graça") através da morte e ressurreição de Jesus. A b r a ã o e sua fé (cap. 4). Paulo retoma a afirmação de 3.21-22 e mostra que esse mesmo princípio de fé já aparece nas Escrituras d o AT. Se ele puder provar a sua tese com o caso de Abraão, o pai da nação judaica e o principal exemplo de uma pessoa justa, certamente os opositores judeus ficariam convencidos. E ele pode provar. Deus aceitou Abraão não por causa da sua vida correta, mas por causa da sua fé ( 4 . 3 ; Gn 1 5 . 6 ) , porque contra todas as probabilidades A b r a ã o manteve a convicção de que Deus cumpriria o que havia prometido ( R m 4 . 2 1 ) . A aliança, cujo sinal externo era a circuncisão, veio depois (Gn 17). Assim, p o v o de Deus não são os da mesma raça de A b r a ã o que reivindicam as promessas da aliança como direito de nascença, mas aqueles dc qualquer raça que compartilham a mesma fé que Abraão teve. Cristo e A d ã o (cap. 5). A morte e ressurreição de Jesus nos colocaram numa nova situação diante de Deus. Temos vida. Temos paz. Temos esperança. Temos a presença d o Espírito Santo. Agora os sofrimentos e as dificuldades da vida lêm um sentido ( 1 - 5 ) . Mas c o m o p o d e a m o r t e de um h o m e m resultar c m perdão para milhões de outros? A explicação está na solidariedade da raça humana. O pecado e a desobediência começaram com um homem ( A d ã o ) e se espalharam
683 " O que nos fui deixado? SM marcas da mão do Criador em niiln p.'ilru. fragmento e do pfmiefri." Morris Wen
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As Epístolas
Roma fica junto ao rio Tibre, e se beneficia dos "sete montes" sobre os quais foi construída. Algumas das estruturas mais antigas de Roma foram descobertas no monte Palatino. Antes do tempo dos imperadores, a cidade era relativamente pequena. Aparentemente, Augusto (o primeiro Imperador) foi responsável por transformá-la numa cidade de mármore. Sem dúvida, quando se lê a respeito das realizações de Augusto, fica claro que ele transformou Roma numa capital digna do poderio dos romanos. A cidade em si era enorme. Estimativas de seu tamanho podem ser obtidas a partir do número de donativos distribuídos durante o governo de Augusto: em 5 a.C. foram contemplados 320.000 membros da plebe urbana. Se forem adicionados a este número os escravos, as mulheres e as crianças, ficará claro que a cidade tinha, possivelmente, mais de um milhão de habitantes. O coração administrativo de Roma era o fórum. Era ali que o Senado se reunia na Cúria. Numa posição mais elevada em relação ao fórum ficava um enorme templo dedicado a Júlio César, que passara a ser considerado um deus. Na verdade, havia dois outros fóruns no primeiro século d.C. (até Trajano acrescentar outro complexo). O primeiro era um fórum iniciado por Júlio César e terminado por Augusto. Ele incluía um templo de Vénus Genetriz, a divindade de quem César acreditava que descendia a sua família. Ao lado ficava o fórum de Augusto, dominado pelo grande templo de Marte o Vingador, que foi consagrado antes da batalha de Filipos, travada entre Augusto e Marco Antônio de um lado, e Brutus e Cássio, assassinos de César, de outro. Para se ter uma idéia da quantidade de prédios religiosos que havia
O insano Calígula (Gaio), que sucedeu o Imperador Tibério em 37 d . C . foi assassinado em 41 d.C. Depois dele veio Cláudio.
em Roma, basta lembrar que Augusto afirmou que num único ano, em 28 a.C, ele restaurou 82 templos! Um Altar da Paz, ricamente decorado, celebrava a paz, uma das grandes dádivas que o Imperador havia deixado para Roma e o Império. O palácio d o Imperador ficava no monte Palatino, acima do fórum romano. Nesse local ficava a casa de Augusto, que foi gradualmente ampliada num complexo maior no tempo de Domiciano. Augusto permitiu que uma parte de suas propriedades fosse usada para a construção de um importante templo a Apolo; autores contemporâneos
Em 69 d . C , Roma teve quatro Imperadores. Por fim as tropas optaram por Vespasiano. Foi seu filho Tito quem destruiu Jerusalém em 70 d.C. Vespasiano governou até 79 d.C. e morreu dois meses antes d o Vesúvio explodir, soterrando Pompeia.
afirmaram que o Imperador se havia tornado um vizinho dos deuses. Outros imperadores tiveram planos igualmente grandiosos. O biógrafo imperial Suetônio dá conta de que Gaio (Calígula) supostamente transformou o templo de Castor e Pólux, no fórum romano, numa entrada para o seu palácio, que ficava numa ladeira, logo atrás. Nero construiu um enorme complexo na área próxima ao futuro Coliseu. Conhecido como Casa Dourada, continha várias salas de jantar, um estátua colossal de Nero, banhos e parques.
Romanos
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Esta era a cidade que Paulo pôde, finalmente, visitar. Chegou lá c o m o prisioneiro. Anteriormente, ele escrevera uma longa carta aos cristãos da capital, muitos dos quais ele conhecia. Ali ele passaria dois anos sob custódia, depois de apelar a César para que julgasse o caso dele. Sua liberdade era limitada, mas isso não o impediu de escrever e fazer planos. Nem impedia que pessoas fossem até ele para aprender mais sobre Jesus e a nova vida que ele tem a dar. É provável que Paulo tenha sido morto em Roma. Segundo a tradição, em Roma o apóstolo Pedro foi crucificado.
0 fórum da Roma antiga. No centro fica t> templo de Castor c Pólux: à esquerda, o templo de Vesta; ao fundo, o arco da vitória do Imperador Tito e o Coliseu. Á direita fica o monte Palatino.
Os exércitos de Roma niío só conquistaram o Império como também mantinham a ordem em todas as suas partes.
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As Epístolas
"Porque o salario (lo pecado é a morte, mas o d o m gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor." Km 6.23 (ARA)
para todos os seus descendentes. Todos nós temos essa "doença" e sua conseqüência inevitável, o reinado d o pecado e da morte que nos separa de Deus. Segundo o mesmo princípio, o "ato d e justiça" d e Jesus, sua obediência, possibilitou absolvição e vida para todos. O efeito d o d o m de Deus é muito maior que o efeito da "desobediência de um só homem". • Foi justificado (4.2) Paulo está usando a linguagem d o tribunal. N ã o havia promotor público no tribunal judeu, apenas um acusador e um réu. "Depois de ouvir a queixa, o juiz decidia a favor de um deles e, assim, o 'justificava'. Se favorecia o réu, essa ação tinha a força de absolvição. A pessoa absolvida é considerada 'justa', 'justificada'. N o entanto, esta não é uma descrição d o caráter moral da pessoa, e sim uma afirmação da sua posição perante o tribunal" ( T o m W r i g h t ) . • Graça (5.2) Uma das palavras favoritas dc Paulo. Significa o favor (totalmente imerecido) de Deus. • 5.20 Todos temos a tendência inata de achar que leis foram feitas para serem violadas. O fato de algo ser proibido nos incita ainda mais a fazê-lo (veja 7.8).
Rm 6—8: U m a v i d a n o v a ! Libertos d o pecado (cap. 6). Já que Deus providenciou uma maneira de perdoar os pecados, "será que d e v e m o s continuar "O cristianismo v i v e n d o no pecado para que a graça de é afé Deus a u m e n t e ainda mais?" Que idéia que permite começar absurda! Os cristãos estão unidos c o m sempre Cristo, participando de sua morte e resde novo." surreição. O batismo — afundar na água De.smond 'Umi — significa que a velha vida está morta e sepultada. Saímos da água para começar uma nova vida. Antes estávamos mortos para Deus; agora estamos vivos para e l e . O domí-
nio do pecado foi quebrado. Devemos viver na luz dessa nova liberdade (10-11). Agora temos um novo senhor: servimos a Deus (17-18). E o salário pago por esses dois "patrões" não tem comparação ( 2 3 ) .
Libertos da tirania da lei (7.1—8.4). Paulo já deixou claro que a lei não pode salvar: não podemos chegar ao céu pelo cumprimento de regras. A lei também é limitada ao tempo d c vida da pessoa ( 1 - 3 ) . A nova vida dada por Deus nos liberta da lei ( 4 - 6 ) . Não que haja algo errado c o m a lei de Deus e m si. Ela é totalmente boa. Mas pelo simples fato de existir ela cria uma consciência do pecado. Paulo usa um e x e m p l o pessoal ( 7 - 2 4 ) . Ele descreve a sua própria situação c o m o judeu, conhecedor da lei c condenado por ela, a ponto dc entrar e m desespero. Esta era a situação dele antes dc encontrar libertação das garras do pecado. Ele sabia o que era bom e certo, mas não era capaz de fazê-lo. O pecado o aprisionava. Quem poderia livrá-lo? Deus, por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor! ( 2 5 ) .
Libertos d a morte (8.5-39). Deus fez o que a lei não podia fazer ( 3 ) . N ã o somos mais controlados por nossa natureza humana: podemos viver segundo o Espírito de Deus. Ele atua e m todos os que pertencem a Cristo ( 9 ) . Até nossos corpos, que ainda morrem, serão ressuscitados pelo Espírito de Deus. E a presença dele que nos convence de que realm e n t e somos filhos de Deus ( 1 6 ) . Ele é as primícias ( o primeiro presente, 2 3 ) da glória futura — uma fonte viva de esperança dentro dc nós. E ele transforma nossos anseios inarticulados e m oração ( 2 6 - 2 7 ) . A intenção de Deus é que cada um de nós seja c o m o Cristo ( 2 9 ) : e m caráter, agora; e em glória, no futuro. Deus está nos recriando "à sua i m a g e m " ( G n 1.27). E cada pequena
Romanos circunstância da vida c incluída ou faz parte desse seu propósito maior ( 2 8 ) . N a d a pode impedir que isso aconteça. N i n g u é m p o d e levar Deus a nos rejeitar — temos Cristo no céu para d e f e n d e r nossa causa. E nenhum poder no céu ou na terra pode nos separar d o seu amor ( 3 8 ) . Assim, em todas as situações, somos mais que vencedores. • O c o r p o d o pecado (6.6) N ã o o corpo humano, mas "o nosso eu pecador" ( N T L H ) . • 6.11 Este não é um j o g o de faz de conta, de fingir ser o que não somos, mas de ser o que somos. "Mortos para o pecado": no sentido que a dívida referente à vida antiga foi paga, não que não sentimos mais a influência d o pecado. • Carne (7.5, etc.) Outras possibilidades de tradução: "a nossa nature/.a humana", "nossa natureza pecaminosa", "nossa inclinação natural". Aqui Paulo está falando sobre o "velho homem" que morreu. Mas ele geralmente usa "carne" e m oposição ao "espírito". Ele não está apoiando a idéia grega de que o corpo ( o físico) é pecaminoso e m si. Porém, o corpo, para o cristão, continua sendo o veículo pelo qual o pecado pode ter acesso. R m 6.13 diz aos cristãos c o m o evitar isso. • Corpo desta morte (7.24) A natureza humana, sujeita às leis d o pecado e da morte. • Semelhança de carne pecaminosa (8.3) Paulo escolhe as suas palavras com cuidado. Jesus era uma pessoa real, mas e m um aspecto não era idêntico às outras pessoas. Ele não compartilhava a pecaminosidade que normalmente acompanha a natureza humana. • 8.10 O c o r p o . . . está m o r t o "O corpo de vocês vai morrer". • 8.11 Os cristãos recebem a promessa de uma ressurreição c o m o a de Cristo. • Aba, Pai (8.15) "Aba" é a palavra que as crianças de fala hebraica ainda hoje usam para chamar seu "papai". • Criação (8.19-22) Por sermos parte da natureza, nosso pecado trouxe sofrimento e morte não apenas sobre nós mesmos, mas sobre t o d o o mundo criado. Assim, no dia em que formos transformados, a criação participará da nossa transformação. Haverá "novos céus e nova terra" ( A p 2 1 . 1 ) . • Predestinou (8.29) Veja "A escolha soberana de Deus".
Rm 9—11: S o b r e Israel Enquanto medita na forma gloriosa como
Deus cuida daqueles que estão " e m Cristo", Paulo se angustia por causa de Israel, o povo privilegiado que Deus havia escolhido para ser só seu. C o m o eles podiam se recusar a crer em seu Messias prometido? Os gentios aceitaram o evangelho com alegria, mas os judeus, não. E Paulo teria v e n d i d o a sua própria alma, se isto pudesse alterar aquela situação. C o m o explicar essa anomalia? A promessa de Deus não falhou ( 9 . 6 ) . Ele sempre se reservou o direito soberano de escolher (9.6-13). E não temos o direito de pedir que ele nos dê explicações. O Criador tem o direito indiscutível d e fazer o que quer c o m aquilo que criou ( 9 . 1 4 - 2 1 ) . Foi apenas por causa de sua paciência e misericórdia que um remanescente d o obstinado e rebelde de Israel sobreviveu ao juízo d e Deus ( 9 . 2 2 - 2 9 ) . Pessoas de outras nações, cientes de seu fracasso, aceitaram o d o m de Deus e alcançaram a justificação que decorre da fé. Os judeus, buscando uma justiça baseada nas obras, recusaram a oferta mais excelente que Deus estava fazendo (9.30-33). N o passado, o próprio Paulo compartilhara esse z e l o equivocado. Agora seu desejo é que os judeus creiam, assim como ele crê, que "o fim da lei é Cristo" (10.1-4). Todos que reconhecessem que Jesus é Senhor e crêem que Deus o ressuscitou dos mortos serão salvos (10.5-13; e veja Fp 2.11). A tarefa d o mensageiro é garantir que todos ouçam a boa notícia. E Israel ouviu, c entendeu — porém se recusou a crer (10.14-21). Significa isso, então, que Deus rejeitou o seu p o v o ( 1 1 . 1 ) ? N ã o . O próprio Paulo era judeu, um dos poucos que foram leais a Deus, como nos dias d o profeta Elias. A cegueira dos judeus é parcial e temporária, e representa a oportunidade dos gentios ( 1 1 ) . Estes têm uma
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A grande ptaça ( o fórum) com seus prédios públicos era o centro da Roma antiga, cidade onde moravam os cristãos aos quais Paulo enviou a sua epístola, Até as ruínas
"BêtOU bem certo de que nem a morte, nem a vida... nem as coisas do presente, nem do porvir... nem quatquer outra criatura poderá separar-nos do amor
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As Epístolas
Paulo. escrevendo sobre judeus e gentios (lim 11), usou uma ilustração tirada da prática de enxertar ramos novos nos troncos das oliveiras.
rc lo
grande dívida para com os judeus e não deveriam nunca desprezá-los. N o tempo devido, a fé que eles têm provocará um grande retorno a Deus entre os judeus ( 2 5 - 2 6 ) . Os caminhos de Deus são incompreensíveis, mas seu propósito é "usar d e misericórdia para c o m todos" ( 3 2 ) . • 9.12-13 A s citações são d e Gn 25.23 e Ml 1.2-3. A m b a s se referem a nações — Israel, descendente de Jacó; Edom, descendente de Esaú — e não a indivíduos. Veja Obadias. • 9.18,22 Veja "A escolha soberana de Deus". • C o m o Sodoma e . . . G o m o r r a (9.29) Isto é, totalmente destruídos. Veja Gn 19.24-29. • 10.6-10 N o estilo dos rabinos daquele tempo, Paulo fez um comentário sobre as palavras de Moisés em Dt 30.11-14. • 11.7 Veja "A escolha soberana de Deus". • T o d o o Israel (11.26) Israel c o m o um todo. • Misericórdia para com t o d o s (11.32) Sem distinção, e m v e z de sem exceção.
R m 12.1 — 1 5 . 1 3
C
A vida cristã Por puro amor, e pagando um alto preço, Deus salvou o seu p o v o . Será que não devemos oferecer nossa vida a Deus, para que ele possa transformá-la e renová-la? Isso significará uma completa reorientação, mudando nossa perspectiva e atitude assim c o m o nosso comportamento (12.1-2). R m 12: R e l a ç õ e s f a m i l i a r e s Essa transformação começa quando as pessoas assumem seu lugar na nova "família" de Cristo. Nosso amor p r ó p r i o d e v e diminuir; nosso conceito a respeito dos outros, aumen- j tar. Os dons que Deus dá d e v e m ser usados para o bem d e toda a comunidade cristã. 0 amor é o selo de garantia. D e v e m o s servir a Deus sem reservas. Velhas atitudes devem : mudar — não só com relação a companheiros j cristãos, mas também com relação ao mundo
c g II q 2
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Romanos
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Paulo Stephen Motyer
O apóstolo Paulo foi o primeiro e, possivelmente, o maior teólogo e missionário cristão. • Ele foi o primeiro a, deforma plena, explicar a morte e ressurreição de Cristo como o centro e ponto alto do plano divino de salvação. • Foi ele o primeiro a se dar conta da nova natureza d o p o v o de Deus, agora composto por judeus e gentios unidos num só "corpo". • Foi ele o primeiro a ver como esse n o v o que Deus tinha o p e r a d o em Cristo combinava com o relacionamento especial que ele tinha com o seu "antigo" povo, Israel. • Foi ele o primeiro a divulgar o evangelho com eficácia no mundo g e n t i o , falando às pessoas simplesmente a respeito de Jesus o Salvador, sem exigir que também ingressassem no judaísmo (através da circuncisão). Que homem! Grandes dificuldades Ele foi criticado, o d i a d o e fisicamente maltratado por judeus e gentios. Suas viagens missionárias lhe trouxeram grandes dificuldades, que ele descreve com detalhes em 2Co 11. Às vezes ele sentia muito medo. No entanto, continuava firme, sustentado pelas revelações de Deus, pelo amor e apoio de seus convertidos, por uma profunda convicção de que Deus o havia chamado, pelo amor de Cristo que o impelia — e por uma profunda experiência do poder de Deus agindo através dele. Ao fazer o apelo divino ao arrependimento e à reconciliação com Deus através de Cristo, acreditava que esta-
contra os poderes do mal, e até mesmo um sacrifício oferecido a Cristo, semelhante aos sacrifícios de animais do AT. A m o r ardente Ele amava seus convertidos com amor ardente. Em suas epístolas, ele se descreve como pai, mãe, ama (ITs 2.7), servo e irmão deles. Apresentava-se como exemplo que eles deveriam seguir, e vivia cada momento na certeza de que um dia estaria diante de Cristo para prestar contas de seu ministério. O que o motivava a fazer tudo isso?
A cidade de Antioquia na Síria era a base da qual Paulo saía em suas viagens missionárias. Antioquia è unia cidade importante ainda hoje, e a antiga igreja bizantina é sinal de que o cristianismo tem uma longa história naquele local.
va dando continuidade ao ministério de Jesus. Como apóstolo, ele até achava que seu exemplo diário de alegria no sofrimento, e de força na fraqueza, era uma demonstração pública da verdade do evangelho, e da realidade do poder da ressurreição de Jesus. Ele sentia c o m o que tendo uma dívida a saldar, pregando e vivendo as boas novas perante todas as pessoas. Assim, não era possível ser neutro com relação a Paulo. Ou as pessoas o odiavam, porque ele mexia na zona de conforto das certezas que elas tinham, ou as pessoas o amavam, porque a mensagem que ele trazia era vida para elas também. Ele entendia que a sua vida era uma corrida na qual ele se empenhava ao máximo por Cristo e pelos outros, uma batalha travada com armas espirituais
A j u v e n t u d e d e Paulo Tudo indica que ele nasceu por volta de 5 d.C, em Tarso, na Cilicia (costa Sul da atual Turquia), onde seu pai era um cidadão de destaque e também um judeu muito rigoroso. Paulo herdou a cidadania romana de seu pai, um privilégio raro para alguém nascido fora de Roma. Ainda jovem, Paulo foi estudarem Jerusalém, onde tinha parentes. Ele cresceu como alguém "extremamente zeloso das tradições de seus pais", c o m o ele mesmo diz (Gl 1.14), um d e d i c a d o fariseu, alguém que se opunha violentamente à idéia de que um criminoso maldito podia ser o Messias. Em seu zelo pela lei judaica, ele iniciou uma campanha violenta contra aqueles que acreditavam naquilo que ele considerava uma blasfêmia. A guinada Foi então que veio a experiência de conversão, descrita três vezes em Atos
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As Epístolas
(9.3-19; 22.3-21; 26.9-18), quando ele descobriu que seu zelo pela lei o levara a perseguir o Messias — e que, apesar disso, Deus o havia aceito, perdoado, e chamado para ser profeta e apóstolo em nome de Jesus. Sua conversão também foi seu chamado. Mas ele sabia que não podia simplesmente acrescentar a crença em Jesus como Messias a suas crenças judaicas anteriores. Precisava reformular toda a sua teologia, estudando as Escrituras à luz dessa descoberta maravilhosa de um Messias que morreu e ressuscitou, e do seu chamado para pregá-lo aos gentios. Como podia ele fazer a junção de todas essas coisas? Ele não podia simplesmente rejeitar a lei de Deus, mas com certeza Deus havia feito, agora, algo maravilhosamente novo — embora já houvesse sido prometido pelos profetas. É provável que ele tenha passado os primeiros anos após a sua conversão em oração e reflexão profundas na província romana da Arábia. Depois ele começou a trabalhar! O pregador itinerante Barnabé foi buscá-lo e m Tarso, para ajudar no ministério em Antioquia, onde, pela primeira vez, cristãos de origem judaica abandonaram as leis alimentares que os separavam dos
Pauto passou dois anos preso em Cesarcia. Ao final desse período, partiu do porto dessa cidade, para apresentar seu caso ao Imperador, em Roma.
gentios, e formaram uma única comunidade com os cristãos de origem gentílica. Paulo sabia que não havia nada de errado com isso, e a igreja de Antioquia se tornou o seu lar, e a base para as três viagens missionárias que se seguiram. É provável que a primeira viagem tenha começado em 47 d.C. Durante os 15 anos seguintes, Paulo viajou por toda a região leste do Mediterrâneo com vários companheiros, pregando o evangelho, primeiro nas sinagogas, e depois também entre os gentios. Ele ficou mais tempo em Corinto (mais de 18 meses) e em Éfeso (mais de dois anos), porque estes eram grandes pólos comerciais e a partir dali o evangelho se espalharia facilmente. Após 10 anos de trabalho árduo, seu motivo de orgulho era que "desde Jerusalém e circunvizinhanças até o llírico (a Bósnia de nossos dias), tenho divulgado o evangelho de Cristo" (Rm 15.19). Seu desejo era chegar a Roma, mas antes disso teve de suportar dois anos de prisão sem ter sido julgado, em Cesaréia. Por fim, exerceu seu direito de cidadão romano e apelou ao tribunal do Imperador, em Roma.
E foi assim que ele chegou a Roma como prisioneiro. Depois de esperar pelo seu julgamento por dois anos, é possível que ele tenha sido solto da prisão, para mais um período de viagens e ministério antes da sua prisão final e execução, possivelmente pelo imperador Nero, em Roma, em 65 d.C. Treze das epístolas de Paulo estão incluídas no NT. Todas datam do período de suas viagens e prisões, provavelmente começando com Gálatas (cerca de 49 d.C.) e terminando com 2Timóteo (cerca de 65 d.C). Suas epístolas são uma das pedras fundamentais da Igreja de Jesus Cristo. Mas ele não chamou a atenção para si mesmo. Ao contrário, como ele mesmo escreveu, "não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo Jesus como Senhor e a nós mesmos como vossos servos, por amor de Jesus" (2Co 4.5). Através de seus escritos, Paulo é nosso servo ainda hoje.
TEXTOS PRINCIPAIS QUE TRATAM DA VIDA E OBRA DE PAULO At9.1-30; 11.19-26; At 13—28; 1Ts 1.1—2.12; Gl 1.11—2.16; 2Co 2.14—6.13; Rm 1.1-17; 15.14-24.
externo. Em v e z d e pagar na mesma moeda quando somos prejudicados, tratamos o inimigo c o m o nosso melhor amigo, e deixamos o julgamento entregue a Deus.
Rm 13: A s a u t o r i d a d e s Como as autoridades recebem seu poder de Deus, para o b e m público, os cristãos d e v e m sujeitar-se a elas. Impostos devem ser pagos, e leis obedecidas. O cristão tem o d e v e r de cumprir todas as exigências legais de "César". Mas sujeitar-se não significa que toda ordem deve ser obedecida. Há ocasiões e m que essas exigências entram c m conflito direto com as ordens de Deus. Então c correto dizer "não", e sofrer as conseqüências (At 5.29). N ã o p o d e m o s ficar d e v e n d o nada a ninguém, e x c e t o a o b r i g a ç ã o p e r m a n e n t e de amar — c não prejudicar — os outros. Paulo estava ciente que vivia num tempo de crise ( 1 1 ) . A salvação estava "mais próxima" d o que quando eles passaram a crer. Assim, há um senso de urgência e m seu chamado para que se viva segundo a vontade de Deus.
Rm 14: L i b e r d a d e e responsabilidade Há algumas questões de consciência sobre as quais os cristãos discordam. Paulo exemplifica com o consumo de carne (2-3; veja as anotações sobre I C o 8 ) e o cumprimento das
festas judaicas ( 5 ) . Nada se ganha com discussões sobre "assuntos controvertidos". Aqueles que são fortes na fé sentem a liberdade de fazer o que ofenderia a consciência de outros. Isso não é r a z ã o para desprezá-los. Nenhuma das partes deveria julgar a outra. Todos nós, d i z Paulo, d e v e m o s prestar contas, não ao outro, mas a Cristo. É melhor limitar nossa própria liberdade d o que exercê-la às custas de um companheiro cristão. • 14.2,14 Havia o problema de a carne vendida no mercado ter sido sacrificada a deuses pagãos; além disso, os judeus tinham leis rígidas sobre animais "puros" e "imundos" e o método de abate. Se os cristãos de origem judaica ficassem apegados à letra da lei, c os cristãos de origem gentílica insistissem em sua
"Romanos 13... é tudo menos uma autorização para o estado totalitário... César e seus asseclas na verdade estão a serviço do Deus único de Israel, e a ele devem prestar contas. Isso não legitima seu estilo, suas leis e seu modo de governar, mas apenas os coloca no mapa cósmico, no qual o Deus criador deseja
paz e justiça, não anarquia. Ao mesmo tempo, Paulo incentiva os cristãos romanos a não repetirem os erros cometidos no final dos anos 40, quando, em conseqüência de tumultos, os judeus (inclusive cristãos de origem judaica) foram expulsos de Roma". Tom Wright
692
As Epístolas
"Aceitem uns aos outros para •i
liberdade, os dois grupos jamais sentariam à mesa para uma refeição e m comum.
vltuia
de Deus, ussim como Cristo aceitou vocês." Rm 1S.7
Rm 15.1-13: O e x e m p l o d e Cristo A g r a d a r a si m e s m o não é nada cristão. Bons relacionamentos entre os cristãos são muito mais importantes d o que "meus direitos". C o m Cristo c o m o nosso m o d e l o , devemos fazer o possível para promover unidade real, pouco importando o ambiente d o qual tenhamos vindo.
da Síria, da Turquia e da Grécia (para usar os nomes atuais). Agora essa etapa d o trabalho estava concluída. Depois de viajar a Jerusalém, para entregar o dinheiro coletado nas igrejas dos gentios — e esta era uma visita sobre a qual ele tinha lá os seus receios — Paulo poderia se voltar para o Ocidente, para a Espanha, passando, no caminho, por Roma. • llírico (19) Região onde hoje ficam a Eslovénia, Croácia, Bósnia e outros países. • Macedónia e Acaia (26) Norte e sul da Grécia, respectivamente.
Rm 15.14—16.27
Para
concluir...
Rm 16: S a u d a ç õ e s a o s a m i g o s
Rm 15.14-33: F a l a n d o e m t e r m o s pessoais Para concluir, Paulo fala e m termos pessoais. Durante mais de 20 anos ele havia sido um apóstolo para o mundo não-judeu. Havia fundado igrejas e m vários lugares de Chipre,
De certo m o d o , é surpreendente encontrar uma lista tão longa de amigos numa igreja que Paulo jamais visitara. (Por isso alguns acreditam que esse capítulo pertencia originalmente a uma cópia de Romanos que foi enviada a Éfeso.) Porém todos os caminhos levavam a Roma, c muitos cristãos das províncias orien-
A escolha soberana de Deus
Em Rm 9 e Rm 11 temos, talvez, a apresentação mais clara, em toda a Bíblia, do direito soberano que Deus tem de escolher o seu povo. O ponto de partida de Paulo é que ninguém tem nenhum direito à misericórdia de Deus. Ele mostra c o m o Deus, em seu amor, escolheu certos indivíduos no decorrer da história para desempenharem um papel especial no seu propósito para o mundo (Rm 9.6-13). E enfatiza a grandeza da misericórdia de Deus (Rm 11.28-32). O Deus Criador tem o direito de escolher, e nós não temos nenhum direito de questionar a escolha que ele fez, tampouco o direito de duvidar da justiça de Deus. Se Deus escolhe alguns para agraciá-los com o seu perdão, será que ele escolhe outros para juízo? Paulo é bem mais cauteloso com relação a isso ("E se Deus...?" Rm 9.22). Ele se contenta em afirmar o direito que Deus tem de fazer isso, mas ao mesmo tempo enfatiza a paciência de Deus (Rm 9.22). Ele afirma que Deus endureceu o coração
de certas pessoas (Rm 9.18; e veja 1.28), mas em todos esses casos se tratava de pessoas que exerceram a liberdade que Deus nos deu de não darmos ouvidos a ele — nosso direito de nos voltarmos deliberadamente contra ele, se esta for a nossa decisão. Paulo declara a triste verdade: "Nem todos os israelitas aceitaram a boa noticia do evangelho" (Rm 10.16). Deus jamais endurece o coração daqueles que querem conhecê-lo e fazer a sua vontade: 'Todo aquele que invocar o nome d o Senhor será salvo" (Rm 10.13). Os seres humanos não são fantoches nas mãos de um deus excêntrico e imprevisível. A Bíblia ensina que Deus tem o direito soberano de escolher aqueles que ele salvará. Também ensina a responsabilidade humana. Nosso e n t e n d i m e n t o limitado pode não entender como a "eleição" divina e o livre arbítrio humano operam simultaneamente (assim como é difícil de entender como cientistas podem descrever a luz em termos de
ondas e partículas — duas idéias que parecem mutuamente contraditórias). Deus não está sujeito às coisas que limitam nosso entendimento. Assim, só nos resta aceitar a palavra de Deus, afirmando tanto a soberania de Deus quanto a nossa liberdade de escolha — sem tentar encontrar um meio termo entre as duas.
Romanos lais d e v e m ter permanecido na capital num ou noutro período. E óbvio que, apesar da sua vida ocupada, Paulo não perdeu o interesse pelas pessoas nem o contato com elas. Ao encerrar a carta, ele sentiu a necessidade de advertir os cristãos romanos contra alguns agitadores (17-20), pois ele conhecia muito bem sua influência perturbadora nas igrejas. Porém, como sempre fazia ao final de suas epístolas, seus pensamentos se voltam outra vez para a sabedoria c a glória d o Deus eterno que o havia chamado para o seu serviço. • Febe (1) E provável que Febe tenha sido a pessoa que, partindo de Cencréia, o porto de Corinto, levou a carta de Paulo a Roma. • Priscila e Áqüila (3) Casal que morava em Roma, mas viajava muito por causa de seus negócios
ie s). ie n, s,
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1
no ramo d o couro. Eles fizeram um excelente trabalho cristão em Corinto eÉfeso(At 18.2-3,18-28). • Rufo (13) Pode ser filho de Simão de Cirene ( M c 15.21). • V . 21 Timóteo c bem conhecido nas Epístolas. Ele foi como um filho para o velho Paulo. Jasão possivelmente foi anfitrião de Paulo em Tessalônica (At 17.5-9). Sosípatro deve ser Sópatro, de Beréia (At 20.4). • Tércio (22) O cristão que escreveu a carta que Paulo ditou. • Erasto (23) Esse deve ser o mesmo oficial público cujo n o m e foi encontrado inscrito num bloco de mármore, e m Corinto, datado desse mesmo período.
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Em Rm 16. Paulo menciona muitos aniinos, homens e mulheres, em Roma, Bsta cabeça cie uma mulher romana nos lembra que essas eram pessoas reais.
1 CORÍNTIOS
Resumo Paulo escreve em resposta a vários relatos e várias dúvidas de membros da Igreja em Corinto. Caps. 1—4 Divisões na igreja: a reação de Paulo
Paulo escreveu esta carta em Éfeso (15.32; 16.8), por volta de 54 d.C. At 18 Informa que Paulo ficou 18 meses em Corinto na sua segunda viagem missionária, e descreve a fundação da igreja. A cidade Veja "A cidade de Corinto". A antiga cidade grega de Corinto foi destruída e reconstruída pelos romanos. Ela ficava numa posição estratégica, que lhe permitia controlar o comércio que passava pela estreita faixa de terra entre os mares Egeu e Adriático. É claro que Paulo não podia ignorar uma cidade que era um próspero centro de comércio e uma cidade cosmopolita que abrigava gregos, romanos, sírios, asiáticos, egípcios e judeus. Era só estabelecer uma igreja ali, e a mensagem cristã se espalharia rapidamente por toda parte. Por outro lado, é difícil imaginar um lugar menos adequado para implantar a nova fé, o cristianismo. A cidade era dominada pelo templo de Afrodite (deusa d o amor), construído sobre a acrópole. Milhares de prostitutas sagradas, a rotatividade da população e a mistura de raças — tudo isso contribuía para a má fama da cidade. Corinto era sinônimo de excesso e libertinagem. Havia até uma palavra para isso: "corintizar". A igreja A igreja cristã, como a cidade, se caracterizava por uma mistura social e racial. Havia alguns judeus, mas era expressivo o número de gentios. Poucos cristãos eram membros de famílias importantes (1.26). A comunidade cristã incluia desde escravos, de um lado, a oficiais do governo em ascensão social (como Erasto, o tesoureiro da cidade — Rm 16.23), de outro. Muitos desses convertidos tinham uma história de vida marcada pela permissividade do paganismo. Não tinham muito de que se orgulhar, mas se vangloriavam da sua capacidade intelectual. Gostavam de discutir temas como "Liberdade" e "Conhecimento". O grupo que causava a maioria dos problemas na Igreja era formado por homens de origem gentílica, pessoas que tinham certo status na sociedade e que, mesmo havendo se tornado cristãos, queriam que sua rotina social continuasse inalterada. Era este o grupo com o qual Paulo se ocupa de modo especial nesta sua carta.
A epístola Caps. 5—10 Dois fatores estão Questões sobre por trás da composimoralidade sexual ção de 1 Coríntios: e o comportamento Primeiro, Paulo dos cristãos Comida sacrificada a recebera relatos da ídolos: direitos e deveres igreja que o deixaram preocupado (1.11; 5.1). Caps. 11—14 Segundo, havia Ordem e desordem na igreja: o uso do véu, chegado uma delea ceia do Senhor, os gação de Corinto, e dons espirituais (ou com) uma carta pedindo conselhos Cap. 15 sobre várias quesSobre a ressurreição tões (7.1; 16.17). Cap. 16 Na epístola, Paulo Mensagens finais aborda cinco das e saudações questões trazidas a ele: Passagem mais • divisões dentro conhecida Sobre o amor (cap. 13) da Igreja; • um c a s o d e incesto; • processos contra membros da Igreja; • o abuso da "liberdade" cristã; • o caos reinante nos cultos da Igreja, inclusive na ceia do Senhor. Ele também responde a perguntas dos coríntios feitas por escrito: • sobre c a s a m e n t o e vida d e solteiro (veja "Problemas de natureza sexual na igreja de Corinto"); • sobre a questão da comida consagrada a ídolos e atividades sociais realizadas nos templos pagãos; • se as mulheres deviam , ou não, cobrir a cabeça para orar, e o papel que podiam desempenhar nas reuniões públicas (Paulo também insistiu que os homens deviam orar e profetizar com a cabeça descoberta, por mais que os gregos e romanos, homens e mulheres, tivessem o costume de cobrir a cabeça durante um ato de adoração ou sacrifício); • a questão dos dons espirituais; • o fato e o significado da ressurreição. A resposta de Paulo a essas perguntas nos dá um fascinante vislumbre do que realmente acontecia numa daquelas primeiras igrejas, e o que vemos nem sempre é animador ou digno de imitação!
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ICoríntios ICo 1.1-9: S a u d a ç ã o e o r a ç ã o A introdução e a ação de graças ( 1 . 4 - 9 ) são típicas de Paulo. Ele acreditava cm encorajamento. De todas as suas epístolas às igrejas, apenas Gálatas não contém um parágrafo introdutório assim. > Sóstenes (1) Possivelmente o líder da sinagoga mencionado e m A t 18.17. E possível que fizesse as vezes de secretário dc Paulo. • V. 8 O "dia" se refere ao retorno dc Cristo e ao juízo final.
ICo 1.10—4.21: G r u p o s rivais É fácil entender c o m o podiam surgir divisões numa época c m que a Igreja ainda não linha p r é d i o s , os cristãos se reuniam e m casas, e um grupo maior tinha que ser dividido e m grupos menores. Paulo menciona três grupos, centrados e m "líderes" rivais: Paulo (seu f u n d a d o r ) , A p o l o e Cefas ( P e d r o ) . U m quarto grupo, cheio de orgulho, reivindicava direito exclusivo ao título de "cristão". A p o l o ( 1 . 1 2 ) era um cristão de o r i g e m judaica natural de Alexandria (Egito). Quando chegou a Efeso, recebeu instrução adicional de Áqüila e Priscila ( A t 18.24-28). Mudou-se para a província da Acaia (cuja capital era
Corinto), onde deu mostras de ser um mestre poderoso e eloqüente. A referência a Pedro (Cefas, 1.12) não significa necessariamente que ele visitou Corinto. Como líder dos 12 apóstolos, seria natural que tivesse seguidores, principalmente entre cristãos dc origem judaica. Ksscs capítulos iniciais permitem concluir que os grupos estavam f a z e n d o comparações entre Paulo e A p o l o , o mais eloqüente. M e s m o sendo um intelectual b e m treinado, Paulo tivera suas dificuldades em Corinto ( A t 18.9-10; I C o 2 . 3 ) . Sua maior preocupação era anunciar com clareza a mensagem dc Deus, e não falar bonito sem dizer nada. Mas os coríntios estavam influenciados pelo espírito reinante na vizinha cidade de Atenas. Eles se consideravam filósofos e se orgulhavam da sua suposta superioridade intelectual. Na realidade, como Paulo indica (3.1-4), o fato de gostarem de discutir c julgar os outros mostrava que ainda estavam presos à mentalidade deste mundo. Eles precisavam aprender que a sabedoria humana estava longe de ser a sabedoria de Deus (1.18—2.16). Não são as pessoas orgulhosas e astutas que valorizam a sabedoria d o plano divino dc salvação através da morte
"Certamente, a palti\ rti da cruz é loucura para os quine perdem, mas para nós. que somos salvos, poder de Deus... Porque o loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens."
ICo 1.18.25 (ARA)
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As Epístolas
A cidade de Corinto David
A cidade antiga de Corinto ficava numa das mais importantes encruzilhadas da região d o Mediterrâneo. Ficava num lugar estratégico no istmo de Corinto, que liga o continente grego ao Peloponeso. Essa faixa estreita de terra separa o leste do Mediterrâneo d o mar Adriático (e, por conseguinte, da Itália e da parte oeste do Mediterrâneo). Uma rota direta através dela evita uma viagem potencialmente perigosa ao redor do sul do Peloponeso e do cabo Malea. Uma estrada pavimentada foi construída por volta de 600 a.C. para ajudar a transportar cargas de um lado para o outro. (Bem mais tarde, quando o imperador romano Nero visitou a Grécia, em 67 d.C, ele deu início a um grande projeto de abrir um canal através do istmo, mas esse projeto não foi concluído naquela época.) A cidade g r e g a de Corinto foi destruída pelos romanos em 146 a.C. Ela ficou em ruínas durante o século seguinte, e a cidade vizinha de Sikyon Os jogos ístmicos, realizados em Corinto, eram famosos em toda a Grécia. Essa escultura de um jovem atleta ó romana, datada do final do século I a.C. ou começo du século ] d.C. As coroas e inscrições registram os triunfos dos atletas em vários dos Importante! jogos do mundo grego.
Gill
O grande lemplo de Corinto era dedicado a Apolo, o deus-sol (veja a folo na p. 705). Este busto de Apolo é romano c w m de Perge (século 2 d.C).
assumiu a responsabilidade pelos Jogos ístmicos. Estes eram um dos quatro grandes jogos pan-helênicos em que os gregos podiam competir, sendo que os outros centros ficavam em Olímpia, Delfos e Nemea. Em 44 a.C, a cidade foi reinaugurada por Júlio César como colônia romana. Foi-lhe dado um estilo romano através do uso da arquitetura romana, A cidade de Corinlo como se encontra hoje. Atrás das minas erguc-sc o Acrocorimo.
ao invés da grega, para a construção de seus prédios e espaços públicos. A maior parte das inscrições públicas d o primeiro século de vida da colônia está em latim ao invés de grego, refletindo a identidade cultural da cidade. Esses textos indicam a forma c o m o , a e x e m p l o do que ocorria em outras cidades romanas, indivíduos abastados expressavam sua generosidade, doando prédios e outras construções para o benefício da colônia. Um exemplo bem conhecido foi a doação de uma praça ao lado do teatro, em meados d o primeiro século d.C, feita por Erasto, um edil (magistrado romano) da cidade (veja inscrição). Um homem com o mesmo nome, descrito como "tesoureiro da cidade", aparece na epístola de Paulo aos Romanos (16.23), escrita em Corinto.
lCoríntios
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Euríclides assumindo papel de liderança e se tornando benfeitores da cidade de Corinto.
hn seu relato sobre a permanência ilc Paulo em Corinto (At 18), Lucas menciona uma importante decisão judicial do governador Gálio. Unia inscrição de Delfos registra o período dc Gálio como governador da província da Acaia.
Corinto continuou sendo uma cidade importante durante todo o período romano, com seus dois complexos portuários de Cencréia, no golfo Sarônico oriental, e Lequeo, no golfo de Corinto. Ela era o centro administrativo da província da Acaia, que abrangia o Peloponeso e a maior parte do Sul do continente grego. Como resultado disso, a moda entre a elite social de outras cidades da província era exercer a magistratura em Corinto. Por exemplo, encontramos membros da família espartana de
Sendo o centro de uma província romana, com facilidade de comunicação com o leste do Mediterrâneo e com a própria Itália, era natural que Corinto se tornasse foco do ministério de Paulo. Em sua primeira visita, ele ficou 18 meses na cidade. Esta visita pode ser datada com razoável precisão, porque foi nesse período que Paulo foi levado perante Gálio, governador da Acaia. Há um registro sobre o governo de Gálio numa inscrição de Delfos que pode ser datada de 51 ou 52 d.C. Paulo escreveu, no mínimo, duas cartas à igreja de Corinto, e sua Carta aos Romanos aparentemente foi escrita em Corinto, pois inclui saudações de membros da igreja coríntia. Escavações realizadas por membros da Escola Americana de Estudos Clássicos revelaram indícios de uma variedade de práticas religiosas na cidade. Maiores detalhes a respeito dessas religiões nos vêm de inscrições e dos relatos de autores que escreveram no período romano. O geógrafo Estrabão, que escreveu durante o reinado do Imperador Augusto, comentou que, na sua época, o templo de Afrodite, no Acrocorinto (um monte com mais de 500 m de altura, que se destaca na paisagem da cidade), não passava de uma modesta construção. As grandes construções do período helenista desapareceram quando os romanos saquearam a cidade. Afrodite era uma divindade muito importante para Júlio César e seu filho adotivo, o Imperador Augusto, que alegavam serem descendentes da deusa Vénus, o nome romano de Afrodite.
Ksta escultura do lni|K'tador romano Augusto, vestindo uma loga. vem de Corínto. Ela nos lembra quão romana era essa cidade cosmopolita.
Uma inscrição no calçamento de Corinto, fciia originalmente com leiras de bronze, dá coma de que a obra foi paga pelo magistrado da cidade que se chamava Erasto (cie estava honrando suas promessas na campanha eleitoral?). Paulo ciia um tesoureiro da cidade com esse nome.
As Epístolas de Cristo na cruz, mas aquelas que são sábias espiritualmente. Esse tipo de sabedoria, que vem acompanhado de bons valores e capacidade de discernimento, é dom de Deus através de seu Espírito Santo. Para ser realmente sábia, a pessoa precisa se tornar louca aos olhos d o mundo (3.18). Paulo e A p o l o não eram rivais, mas colegas, companheiros na obra de edificação da Igreja de Deus ( 3 . 5 - 9 ) . Depois que o alicerce básico da fé em Cristo foi lançado, cada cristão é responsável pelo que faz com a nova vida que recebeu. É preciso construir algo duradouro, diz Paulo ( 3 . 1 0 - 1 7 ) . Entre cristãos, não deveria haver lugar para orgulho, nem para menosprezo dos outros. Os maiores cristãos se consideram nada mais d o que escravos de Deus. Este é o exemplo a ser seguido (cap. 4 ) . • Casa de Cloe (1.11 ) Provavelmente membros da família de Cloe. • Estéfanas (1.16) Um membro fundador da igreja de Corinto, c integrante da delegação enviada pela igreja para falar com Paulo, e m Éfeso ( 1 6 . 1 5 - 1 8 ) . • 1.17 A tarefa principal de Paulo era evangelizai', proclamar as boas novas, e não batizar. • J u d e u s e g r e g o s (1.22) Paulo destaca as características nacionais. Os judeus queriam provas concretas ( m i l a g r e s ) . Os gregos gostavam de especulações filosóficas. Os dois grupos não compartilhavam o mesmo conceito de salvação. Para os gregos, ser salvo significava ser resgatado, curado ou liberto da escravidão. • 1.26 Veja a Introdução. • Verdade secreta (2.1, N T L H ) Outros manuscritos trazem "testemunho" ( A R A ) . • Sois santuário de Deus (3.16) Aqui Paulo se refere a toda a Igreja; mais adiante ( 6 . 1 9 ) se refere ao indivíduo. • Preceptores (4.15, ARA) Escravos que cuidavam dos filhos de seu mestre e os levavam à escola. • Timóteo (4.17) Jovem colega e colaborador de Paulo (16.10-11; A t 16.1-4).
d a d e . Aqueles cristãos haviam trazido para dentro da Igreja seus antigos valores, e não os abandonaram. Agora toda a Igreja estava ameaçada ( c o m o Paulo havia advertido numa epístola anterior, embora houvesse sido mal interpretado pelos coríntios, 9-13). • Entregue a Satanás (5) Esta expressão só é usada aqui e e m l T m 1.20. É preciso aplicar uma disciplina a curto prazo para alcançar um benefício a longo prazo, tanto para a Igreja quanto para o indivíduo envolvido. Aquele homem deveria ser expulso da igreja: "entregue ao âmbito em que Satanás domina" (Leon Morris). E difícil ver como isso resultaria na destruição da "carne" (talvez "desejos pecaminosos") ou d o "corpo". • Fermento (6-8) Geralmente (mas nem sempre) usado como ilustração d o poder corruptor d o mal. O pão a ser comido na Páscoa era feito sem fermento, para lembrar a saída apressada d o Egito. Segundo Paulo, Cristo se tornou nosso sacrifício pascal; é hora de nos livrarmos d o velho fermento d o mal em nossa vida.
I C o 6.1-11: P r o c e s s o s c o n t r a membros da Igreja Alguns cristãos corintios estavam processando seus irmãos na fé, algo que não deveria ser t o l e r a d o entre cristãos. Os judeus não recorriam aos tribunais dos não-judeus, não porque esses tribunais fossem corruptos (embora muitas vezes este fosse o caso, pois juízes aceitavam suborno), mas porque seria um reconhecimento da incapacidade de aplicar as próprias leis judaicas. Certamente a comunidade cristã — aquele grupo dc coríntios "sábios" — devia ser capaz d e resolver disputas internas. Melhor agüentar a injustiça do que arrastar perante o tribunal um irmão na fé. • J u l g a r o m u n d o (2), j u l g a r os próprios anjos (3) Paulo está falando d o juízo final e retoma as palavras de Cristo c m Mt 19.28. Os "anjos do cosmos" são mencionados como a ordem mais elevada no universo criado.
I C o 5: Incesto na igreja
I C o 6.12-20: L i b e r d a d e o u libertinagem?
Em n o m e de sua ostentada "liberdade", a Igreja estava fazendo vista grossa para um caso de incesto (tanto a lei romana c o m o a judaica proibiam o casamento entre um homem e sua madrasta). Era um caso que chocaria até pagãos naquela cidade famosa pela imorali-
Os coríntios alegavam ser livres para fazer qualquer coisa (veja também 1 0 . 2 3 ) . "Sem dúvida", diz Paulo, "mas não v o u deixar que nada m e escravize" ( 6 . 1 2 ) . Eles argumentavam que os impulsos sexuais eram como a f o m e : deviam ser satisfeitos. D e qualquer
lCoríntios forma, o corpo, segundo eles, não era importante. Mas este é um equívoco, um resquício de uma forma antiga ( g r e g a ) de pensar. Para o cristão, o corpo não pode ser separado da personalidade como um todo. (Paulo deliberadamente evita os conceitos gregos de corpo c alma e o que isso implica.) N ã o sc pode pecar com o c o r p o e manter pura a "verdadeira" pessoa , pois cada indivíduo é um t o d o . Os cristãos foram inseridos no corpo de Cristo e cada um precisa usar o seu corpo para a glória e honra de Deus.
ICo 7: R e s p o s t a s a q u e s t õ e s s o b r e casamento Na carta que enviaram a Paulo, os coríntios fizeram seis perguntas sobre a vida de solteiros e casados: • O casal pode continuar a ter relações sexuais n o r m a i s a p ó s a c o n v e r s ã o ? Sim (7.1-7). • Os solteiros d e v e m se casar? Paulo prefere a vida celibatária, mas apenas para aqueles que têm o d o m d o autocontrole ( 8 - 9 ) . • 0 divórcio entre cristãos c permitido? N ã o (10-11). • E o marido incrédulo ou a esposa incrédula? O cristão deve ficar com o seu cônjuge pagão, a não ser que este queira a separação ( 1 2 - 1 6 ) . • A quinta questão não c muito clara. É provável que seja: "Os que são noivos d e v e m se casar?" Este é um assunto de foro íntim o , mas, p r e v e n d o q u e t e m p o s difíceis estavam por vir, Paulo e n t e n d e que seria mais fácil seguir as prioridades cristãs na condição de solteiro ( 2 5 - 3 8 ) . • Os v i ú v o s p o d e m casar o u t r a v e z ? S i m , mas Paulo i m p õ e uma c o n d i ç ã o (39-40). • Vs. 10,12 Paulo teve o cuidado de distinguir entre ordens dadas por Jesus ( o u uma tradição que o Senhor começou) c seu próprio ensinamento. • V. 29 Paulo não está sugerindo que o homem abandone a sua esposa ou faça pouco caso
2T
1
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dela. Ele está falando sobre prioridades, e sobre o perigo de as preocupações d o dia a dia se tornarem a coisa mais importante da vida.
I C o 8: A q u e s t ã o d o s alimentos oferecidos a í d o l o s Em Corinto, era difícil romper definitivamente com o paganismo. "Sindicatos" e associações realizavam suas atividades sociais nos templos. A maior parte da carne vendida nos açougues fora, antes, sacrificada a ídolos. A l g u n s cristãos a f i r m a v a m q u e , c o m o outros deuses na v e r d a d e não existem ( " o ídolo nada é no m u n d o " ) , eles tinham liberdade para c o m e r carne e participar dos banquetes das associações. Mas outros estavam p r e o c u p a d o s . O cristão é livre, d i z Paulo. Mas ninguém d e v e r i a e x e r c e r sua liberdade pessoal à custa da consciência de outra pessoa. O amor é mais importante d o que o conhecimento. A questão não era tanto o alimento, mas o n d e ele era ingerido. Nunca é certo — nem mesmo e m ocasiões sociais — c o m e r à mesa de demônios num templo pagão. (Isso só era um problema para a elite social, pois os pobres normalmente não eram convidados para festas num templo.)
I C o 9: Direitos e responsabilidades Cristãos d e v e m abrir m ã o de sua própria liberdade, caso houver o risco d e , valendo-se dela, prejudicar os outros ou fazer com que se desviem da fé. Para enfatizar esta verdade, Paulo usou exemplos tirados de sua vida. Se alguém tinha direitos, este era com certeza o apóstolo Paulo. Mas de bom g r a d o ele abriu mão de seu direito de, cm suas viagens, se fazer acompanhar de esposa cristã e d o direito de esperar que a igreja o sustentasse. Há coisas mais importantes d o que direitos. Por a m o r ao e v a n g e l h o , esse " h o m e m l i v r e " se sujeitou v o l u n t a r i a m e n t e a restrições impostas por outros para ganhar pessoas para Cristo.
Este diagrama ilu k'm|il:i dl
1
1'ACUlápiO. C I M
Corinto, ajuda a entender a questão levantada pelos cristãos sobre os "alimentos sacrificados aos ídolos". Os refeitórios que os sindicatos usavam para as suas atividades sociais ficavam
exatamente abaixo d o santuário do templo.
700
Escrevendo de Ileso, oiuk' foi encomiada esta escultura
As Epístolas • Numa corrida... (24-27) Os j o g o s ístmicos (os mais importantes depois das olimpíadas) aconteciam a cada três anos, em Corinto. Cada competidor passava por 10 meses de treinamento intensivo, na expectativa de receber a coroa de louros. Paulo não temia perder a sua salvação; ele temia não atingir o alvo de seu chamamento. Isto explica a necessidade de continuar prosseguindo para o alvo, e não desperdiçar a salvação ( c o m o os israelitas haviam feito, no deserto: cap. 1 0 ) .
I C o 10.1-13: A d v e r t ê n c i a t i r a d a d a história T. fácil ler excesso do confiança, ainda mais quando é vida é tranqüila (10.12-13). O que aconteceu com muitos dos israelitas durante a peregrinação pelo deserto serve de solene advertência. ( H b 3.7-19 tira conclusões semelhantes dos mesmos acontecimentos.) • V. 7 Êx 32.6. • V . 8 N m 25.1-9. • V.9 N m 21.5-6. • V . 1 0 N m 16.41-49.
I C o 10.14—11.1: A p e l o e r e s u m o de P a u l o Os cristãos d e v e m escolher entre o Senhor e os ídolos. (Estes e m si não têm valor algum, mas, por trás deles, há poderes demoníacos reais). N ã o pode haver concessão. Participar de sacrifícios pagãos é brincar com fogo. C o m relação à carne sacrificada, a regra é z e l o altruísta pelo bem dos outros. Km ICo 11. Paulo responde perguntas sobre a vestimenta adequada para o culto, especificamenie sobre a cobertura dn cabeça, a respeito do que havia tradições
contraditórias. Esta escultura, provavelmente de um Imperador do passado, com sua toga colocada sobre sua cabeça, foi encontrada em Corinto.
• Cálice da bênção (10.16) O nome dado ao terceiro cálice na festa da Páscoa, sobre o qual era feita uma oração de ação de graças. Esse pode ter sido o cálice com o qual Jesus instituiu sua ceia memorial, a ceia d o Senhor, o que explica sua menção neste texto.
I C o 11.2-16: D e s o r d e m n a igreja: a questão do véu das mulheres Algumas das mulheres da igreja de Corinto estavam desrespeitando a tradição, pois h a v i a m d e c i d i d o o r a r c o m a cabeça descoberta. Qual era a cobertura ( d a cabeça) adequada para homens e mulheres quando oravam e profetizavam na igreja? Como os costumes judaicos eram diferentes dos gregos e r o m a n o s , Paulo precisou fazer uma regulamentação. Os homens, segundo e l e , deviam orar com a cabeça descoberta ( a o contrário do costume grego e r o m a n o ) , mas as mulheres deviam cobrir a cabeça. A cabeça coberta era símbolo tia autoridade dada por Deus às mulheres. Essa é uma passagem difícil e o significado não é bem claro. No final, Paulo volta ao que era costume nas igrejas ( 1 6 ) . Tratava-se de uma questão d e ordem e d e s o r d e m , da g l ó r i a de Deus e da glória humana. Na época, "cabeça" não simbolizava controle, autoridade ou liderança, embora o termo fosse usado para significar "fonte", que parece ser o significado neste texto. "Paulo estava e s c r e v e n d o para a cidade mais libertina d o mundo antigo, e... em tal lugar a modéstia devia ser exercida e mais que exercida;... tomar uma regulamentação feita para um local específico e arrancá-la das circunstancias cm que ela foi formula da para fazer dela um princípio universal é um p r o c e d i m e n t o i n a d e q u a d o " (William Barclay). • Desonra a sua própria cabeça (4-5) Isto é, "desonra Cristo" (veja N T L H ) . • Rapar a cabeça (6, NTLH) Na época, o castigo para uma prostituta. • Imagem e glória de Deus (7) Em Gn 1.26-27, ambos os sexos estão incluídos na "imagem" de Deus, embora lá não se mencione a "glória". • V . 10 N o ensinamento judaico, os anjos representam o r d e m . A mulher que não cobrisse seu cabelo c o m p r i d o quando orava e m v o z alta na igreja ou transmitia a mensagem de Deus transgrediria a "ordem adequada" d o culto. Ela estaria mostrando
¡Corintios sua própria glória ( h u m a n a ) , q u a n d o o foco devia estar na glória de Deus. Algumas traduções trazem "marido" neste versículo, mas, e m todo esse trecho, Paulo está falando sobre homens e mulheres, e não sobre maridos e esposas.
ICo 11.17-34: D e s o r d e m n a i g r e j a : ganância n a ceia d o S e n h o r Naqueles primeiros tempos, a ceia d o Senhor
701
era celebrada durante uma refeição comunitária. Era uma espécie de "junta-panela", em que cada um trazia a comida que podia. Mas e m Corinto o princípio de amor e compartilhamento havia sido esquecido. Alguns começavam a comer antes dos outros chegarem. E alguns ficavam bêbados enquanto outros passavam fome. Era uma desonra — uma ofensa séria. Paulo teve que lembrá-los das circunstâncias em que a primeira ceia do Senhor foi realizada.
Problemas de natureza sexual na igreja de Corinto Vera Sinton
Alguns m e m b r o s da igreja d e Corinto eram judeus, criados sob regras claras contra incesto, adulté1 rio e práticas homossexuais. Agora, porém, estava claro que os cristãos não precisavam guardar toda a lei judaica. Jesus trouxera liberdade e mudança na vida de seus seguidores. A questão era esta: quanta liberdade se podia ter em assuntos como sexo? Em Corinto aparentemente havia 'abstêmios", que acreditavam que os cristãos já haviam ressuscitado dos mortos para uma nova vida na qual estavam livres d o sexo. Essas pessoas haviam o p t a d o por não mais dormir com o marido ou com a esposa. Alguns estavam se separando ou se divorciando (1Co 7.5-11). Também havia os "libertinos", que pensavam que os cristãos tinham a liberdade de ter relações com prostitutas, para satisfazer uma necessidade física semelhante à f o m e (1Co 6.13-15). Paulo usa cinco grandes temas cristãos para indicar os limites da liberdaI de cristã. I • C r i a ç ã o - Deus criou a relação sexual para ajudar o homem e a mulher a formarem, no casamento, um vínculo q u e é c o m o um organismo, "uma só carne" (1Co 6.16). É um relacionamento de Igualdade. Cada um tem poder sobre o corpo d o outro (1 Co 7.4) no sentido de ter liberdade, não controle. Se concordarem em não
ter relações por um período, isso deveria ser por um breve tempo. Redenção - Embora criada para o bem, a sexualidade tem o potencial de machucar e prejudicar. Pecados de natureza sexual, juntamente com coisas como a ganância e a embriaguez, faziam parte do passado de muitos dos cristãos de Corinto ( I C o 6.9-11). (Paulo inclui as práticas homossexuais entre aquilo que é prejudicial.) Os cristãos foram salvos d o pecado por alto preço. O Espírito Santo vive neles. Ter uma relação sexual na qual o corpo está dizendo:"eu amo v o c ê e me entrego a você", mas o coração não se compromete, não é apenas p e c a d o contra a outra pessoa; é pecado contra o próprio corpo (1Co 6.18), porque isso prejudica a integridade do corpo e da mente. Desvaloriza aquilo que é precioso para Deus. Ressurreição - A ressurreição é outro sinal de que o corpo não p o d e ser separado do coração e da mente. O Jesus que ressuscitou tem um corpo e Deus ressuscitará o seu povo para a vida, após a morte, dando-lhes um novo tipo de corpo (1 Co 6.14; 15.12-50). Comunidade - Enquanto isso, os cristãos pertencem a uma comunidade. Cada pessoa está ligada a Cristo e a outros cristãos como os membros de um corpo (1Co 6.15;
12.12-27). Se um membro se une sexualmente num relacionamento errado, isto afeta o bem-estar do corpo de Cristo num sentido mais amplo. Houve um péssimo exemplo disso na igreja de Corinto. Eles deviam ter lamentado o fato, não se orgulhado dele (ICo 5.1 -6). O chamado e os dons de Deus - Assim, os cristãos não querem saber de sexo fora d o casamento. Eles dão valor à sexualidade, mas isso não significa que todo o potencial de cada pessoa precisa ser realizado. As circunstâncias da pessoa, como, por exemplo, ser escravo (1Co 7.21), muitas vezes impõem limites dolorosos. Mas dentro desses limites cada cristão tem a liberdade de considerar a sua vida como um chamado a viver para a glória de Deus. O celibato também pode ser v i s t o c o m o um d o m d e Deus e v i v i d o ao máximo dentro da c o m u n i d a d e cristã. Paulo não vê maior significado espiritual na abstinência de sexo, mas ele d e f e n d e com veemência o celibato (ICo 7.32-35), sempre que o mesmo representa liberdade para servirão Senhor.
702
As Epístolas • Isto é o m e u c o r p o (24-25) O primeiro registro dessas palavras de Jesus. • Comer... i n d i g n a m e n t e (27-30) Nenhum cristão é "digno" de entrar na presença de Deus, mas essa não é a questão aqui. O juízo sobreveio aos coríntios, não por falta de autoexame, mas por se empanturrarem c o m o se aquela ceia não tivesse nenhuma relação com a morte d o Senhor. A l é m disso, eles comiam sem levar e m consideração seus companheiros cristãos ( é isto que Paulo parece estar dizendo com "discernir o corpo", 2 9 ) .
I C o 12—14: D e s o r d e m na i g r e j a : a b u s o d e d o n s espirituais "Ainda que eu faie as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência; ainda que eu tenha tamanha fé, a ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei,"
Início da famosa passagem de Paulo sobre o amor- ICo 13.1-2 (AliA)
vemos como em espelho, obscuramente" (ICo 13.12). Na época de Paulo, os espelhos (como esse de bronze, do Egito) eram feitos de metal polido e refletiam uma imagem imperfeita.
Nas religiões d a q u e l e t e m p o , transes ou o fenômeno de falar línguas estranhas num estado de êxtase revelavam a posição espiritual da pessoa. Portanto, não é de admirar que a igreja cristã e m Corinto, à qual Deus deu uma variedade de dons através de seu Espírito Santo (12.4-11), tenha abraçado especialmente os mais espetaculares, entre os quais estava a capacidade de falar e m "línguas" desconhecidas. Paulo não menosprezou esses dons. Ele gostaria que todos falassem e m línguas ( 1 4 . 5 ) ; e ele mesmo se destacava nesse dom ( 1 4 . 1 8 ) . Mas este não era o dom mais importante e m sua escala de valores. Aqueles que querem ter experiências próprias precisam lembrar que a vida da igreja é mais importante d o que isso. Há outros dons que os cristãos d e v e m buscar com empenho maior ainda. Unidade cristã não implica uniformidade (12.12-29). Os dons v ê m de uma única Fonte, e são dados para o b e m de toda a Igreja. Cada indivíduo tem um papel indispensável a desempenhar na vida d o corpo, que é uno. Isso deveria impedir uma competição acirrada cm busca dos mesmos dons. O importante não c perguntar quais são os dons mais impressionantes, mas quais são melhores para edificar a Igreja. Isso significa que a profecia — uma
mensagem de Deus que todos podem entender — tem mais valor d o que as línguas. Porém, há coisas mais importantes ainda ( 1 2 . 3 1 ) . Três dons — a fé, a esperança, e o amor — sobreviverão a todos os outros. Estes estão disponíveis para todos, e sem eles ning u é m é nada. E o amor cristão é o maior de todos. Este é o caminho que é o melhor de todos, e isto é o que os cristãos realmente d e v e m buscar. Paulo escreveu um grande hino sobre o tema (cap. 1 3 ) , uma das passagens mais magníficas de toda a Bíblia. E à medida que descreve o que é o amor, consciente ou inconscientemente ele esboça o retrato de uma pessoa — o próprio Jesus. Ele é o exemplo vivo desse amor bondoso, paciente, altruísta e desprendido. Sem este amor — sem Jesus — não haveria Igreja. Veja também "Dons espirituais". 14.26-40: As instruções de Paulo sobre c o m o as coisas d e v e m ser feitas permitem que tenhamos uma idéia de c o m o era o culto na igreja primitiva. N o v a m e n t e Paulo enfatiza a necessidade de ordem. Ele não quer que as mulheres interrompam o culto (34-35). (0 v. 35 dá a entender que algumas costumavam fazer perguntas c comentários.) Elas não deviam abusar da liberdade recém-adquirida. "Paulo não está discutindo se e como mulheres qualificadas p o d e m ministrar, mas como as mulheres d e v e m aprender" (Leon Morris). Ele certamente não as estava condenando a um silêncio absoluto no culto da Igreja (ICo 11.5 deixa claro que as mulheres oravam e profetizavam, e Paulo não fez nenhuma observação contrária a isso). • Fé (12.9) Um d o m especial. N ã o a fé em Jesus, que todo cristão tem. • Profecia (12.10) O d o m d e transmitir a mensagem d e Deus. "Línguas": discurso inspirado para expressar o louvor a Deus ou outra emoção profunda; a pessoa que fala não sabe o significado, o que explica a necessidade de interpretação.
ICoríntios
703
Dons espirituais Michael Green
Após séculos d e negligência, os
poder"), ou seja, provavelmente o
2Co 12.12; Hb 2.4; 1 Pe 4.10-11, e o livro
"dons espirituais" estão em evidência
ministério d e livramento das for-
de Atos.
outra vez, e o que Paulo escreve em
ças espirituais do mal.
ICo 12—14 é essencial a esse debate.
•
Com base nesses textos, fica evi-
"Profecia". Altamente valorizado na
dente que não há um número fixo de
Os "carismáticos" se especializam
igreja apostólica, este era o dom
dons espirituais, que o Espírito Santo
nesses dons e os "anticarismáticos"
de trazer uma palavra vinda direta-
os distribui como lhe convém, que seu
muitas vezes argumentam que esses
mente de Deus para dentro de uma
propósito é desafiar os incrédulos e
dons cessaram com o último apósto-
situação. Podia ser uma palavra de
incentivar a edificação e a interdepen-
lo. Isto não é verdade, pois esses dons
predição (veja At 11.28), como podia
dência dentro da igreja. O amor (1Co
floresceram nos séculos 2 e 3. Porém,
ser um encorajamento (1Co 14.3).
13) é o dom supremo.
dons espirituais não fazem parte da
A profecia difere de uma palavra
É interessante que, no NT, a palavra
essência da vida cristã. Se não fosse
das Escrituras, embora ambas pro-
"dom" aparece quase que unicamente
o abuso desses dons em Corinto, não
cedam de Deus. A profecia é para
nas cartas de Paulo. Ele a usa para falar
saberíamos quase nada sobre eles a
a situação específica, enquanto as
da vocação ao casamento ou ao celi-
partir das epístolas do NT, por mais
Escrituras têm validade universal.
bato (1 Co 7.4-7), e da nossa vida eterna
"Línguas", isto é, a habilidade d e
(Rm 6.23). Não há dúvida de que o uso
que estejam em evidência no livro de
•
da palavra não se restringe aos assim
Atos.
"Fomos feitos para a complenientaridade. Eu tenho dons que você não tem. Aí está! Isto significa que precisamos um do outro para sermos completamente humanos".
Paulo, que escreveu sobre dons do Espírito em 1Co 12—14, também escreveu sobre o fruto d o Espírito em Gl 5.22-24.0 Espírito Santo nos é dado para nos tornar eficazes para Cristo. Os dons d o Espírito nos são dados para serviço, e o fruto do Espírito, para que tenhamos caráter. Precisamos d e ambos.
D e s m o n d Tutu
Quais são esses dons espirituais? Paulo menciona aqui:
louvar a Deus e orar com palavras
•
O dom da palavra da sabedoria.
inspiradas pelo Espírito, embora
•
O d o m d e "conhecimento", q u e
seu significado seja desconhecido para quem fala.
significa d i s c e r n i m e n t o numa s i t u a ç ã o da q u a l n ã o se t e m
•
"Interpretação de línguas" ou seja,
conhecimento prévio. Pode ser na
a habilidade de entender o signifi-
forma d e palavras ou de imagens
cado dessas palavras.
mentais. •
•
No início do movimento carismá-
"Fé", q u e significa c o n f i a r e m
tico, havia preocupação excessiva
Deus, m e s m o "no escuro" e ape-
com as línguas. Esse dom aparece no
sar de tudo, isto é, contra todas as
final da lista d e Paulo, porque, embora
probabilidades.
fosse uma bênção para quem falava,
"Dons de curar"— e esta cura inclui
não ajudava mais ninguém (a não ser
problemas físicos, espirituais, psi-
que interpretado), e os dons espirituais
cológicos e relacionais.
não existem para a satisfação pessoal,
O Espírito Santo continua a
mas para a edificação da comunidade
curar hoje, mas é um mistério por
cristã (1Co 12.7). É por isso que, nocap.
q u e isso não é mais difundido,
14, Paulo dá tanto valor à "profecia": ela
apesar d e muito debate a respeito
beneficia os outros.
do assunto. • "Milagres" (literalmente "atos de
Outras passagens importantes que tratam deste assunto são Rm 12.3-8;
chamados dons "carismáticos", o que mostra que é inútil separar os cristãos em "carismáticos" e "não-carismáticos". Ninguém p o d e sequer ser um cristão sem receber o dom gracioso, o carisma, do Espírito Santo!
704
As Epütolas
Paulo afirma que lutou com feras em Mfcso (cm sentido literal ou. mais provavelmente, em sentido metafórico). O mosaico ao lado vem de Paios. Chipre.
• 14.34 N ã o há lei no AT sobre isso. Paulo pode estar sc referindo a Gn 3.16 (ou Gn 2.21-22).
I C o 15: S o b r e a r e s s u r r e i ç ã o "E, se Cristo não foi ressuscitado, nós não remos nada p a r a anunciar; e l i u r s min fêni nada para crer. " ICo 15.14 (NTL1I)
Página oposta: As colunas do templo de Apulo (odeussol) se destacam entre as ruínas da amiga Corinto.
A maioria dos judeus acreditava na ressurreição d o corpo ( o mesmo corpo que morrera). Para os gregos, a alma era imortal. Mas eles consideravam ridícula a idéia dc uma ressurreição propriamente dita (veja At 17.32). Paulo começa com o anuncio do e\ angelho (1-4) e as evidências da ressurreição de Cristo ( 5 - 8 ) . Essa ressurreição c de máxima importância. C o m ela, a fé cristã fica de pé; sem ela, desmorona. Além disso, era um fato bem comprovado. A maioria das pessoas que viu o Senhor ressuscitado ainda estava viva (cerca de 25 anos após o acontecido). A ressurreição de Cristo é a garantia de que seus seguidores também serão ressuscitados da morte ( 1 2 - 2 3 ) . Mas que tipo de corpo teremos ( 3 5 ) ? O corpo da ressurreição será melhor que o corpo que foi enterrado. O corpo antigo era físico, o novo será "espiritual" c imortal. ("Corpo espiritual" não significa um espírito não substancial, mas um corpo c o m o o do Cristo ressuscitado.) Será tão superior ao corpo antigo quanto uma árvore é superior à semente ressequida da qual ela nasce (36-49). N o final, quando Jesus vier para reinar, a própria morte será derrotada ( 2 4 - 2 8 ) . Com Paulo, podemos entoar um hino de vitória e ação de graças a Deus ( 5 1 - 5 7 ) .
• T i a g o (7) Irmão de Jesus; líder da igreja de Jerusalém. • Batizam p o r causa (em favor) dos mortos (29) Possivelmente por "procuração", em favor daqueles que morreram sem serem batizados. Mas poderia também significar que as pessoas se deixavam batizar para serem reunidas com amigos c parentes cristãos que haviam morrido. • Lutei em Éfeso com feras (32) Um dos espetáculos apresentados na arena era a luta entre homens e animais selvagens. Mas Paulo provavelmente está falando metaforicamente sobre o que lhe aconteceu e m Éfeso. Essa cidade tinha um magnífico teatro (veja ''A cidade de Éfeso"), mas não uma arena desse tipo.
I C o 16: A s s u n t o s p e s s o a i s e práticos 16.1-4: Paulo responde a última pergunta dos cristãos dc Corinto, d a n d o instruções sobre a coleta dc dinheiro para os pobres dc Jerusalém. 16.5-12: Paulo esperava fazer uma visita prolongada a Corinto. E dá notícias c insmições sobre várias pessoas. 16.13-24: A epístola termina com um apelo final e uma saudação das igrejas da Ásia (Éfeso era a capital da província), especialmente de Áquila e Priscila, os fabricantes de tendas em cuja casa Paulo se hospedara durante sua permanência c m Corinto. A calorosa saudação final, Paulo a escreveu de próprio punho ( o restante fora ditado a um secretário, uma prática comum naquele tempo). • Macedónia (5) Filipos e Tessalõnica ficavam nessa província. • A p o l o (12) É p r o v á v e l que e l e relutava em v o l t a r por causa da divisão havida em Corinto ( 3 . 4 ) .
Resumo Paulo havia sido atacado por membros da igreja de Corinto. Com vistas a melhorar o relacionamento com aqueles cristãos, ele escreve para se explicar
2C0RÍNTI0S Um intervalo de pouco mais de um ano separa
10, onde responde
as duas epístolas de Paulo aos coríntios. A segun-
às a c u s a ç õ e s
da epístola foi escrita provavelmente em 56 d.C,
seus críticos). N o
numa cidade da Macedónia (a província romana
geral, Paulo escre-
no norte da Grécia cuja capital era Filipos).
ve para defender o
de
Depois da primeira epístola, os problemas apa-
seu ministério e a
rentemente se agravaram e Paulo fez uma rápida
autoridade apostó-
visita não programada a Corinto (sua segunda
lica que havia rece-
visita; na primeira, a igreja havia sido fundada).
bido de Deus.
Essa visita acabou trazendo dissabores tanto para ele quanto para a igreja (2.1). Ele prometeu voltar a Corinto (1.16). Mas em vez disso, para evitar uma visita ainda mais dolorosa (1.23), ele dirigiuse à Ásia (onde enfrentou grave perigo, 1.8-11)
2Co 1.1-17: Saudação e ação de graças
e esclarecer o que significava ser apóstolo de Cristo. Caps. 1—7 Paulo e a igreja de Corinto Caps. 8—9 Sobre o auxílio para os cristãos de Jerusalém Caps. 10.1—12.13 Paulo o apóstolo: acusações e defesa Caps. 12.14—13.14 A futura visita e saudações finais
e lhes escreveu uma carta severa, a carta das
Timóteo apare-
"muitas lágrimas" (2.4). Ele só teria paz de espírito
ce c o m o co-autor
depois de ouvir a reação da igreja. Assim, partiu
ou
co-remctente
para Trôade, junto à costa, esperando receber
da
carta.
notícias. Tudo corria bem em Trôade, mas Paulo
escreve aos cristãos de Corinto e da província
não podia esperar mais. Acabou atravessando o
circunvizinha da Acaia, que incluía as comuni-
mar Egeu e chegou à Macedónia (2.12-13), onde
dades de Atenas e Cencréia.
Paulo
finalmente Tito o alcançou com a notícia de que
Sua oração revela um tom mais pessoal do
a carta havia trazido os coríntios de volta à reali-
que o costumeiro. Em v e z de louvar a igreja,
dade (7.6-7). Paulo ficou muito feliz.
Paulo agradece a Deus por ter sido tão bondoso
Agora, ao escrever novamente, o pior havia
para com ele durante as recentes provações. Seu
passado. Ele pensa em fazer uma terceira visita,
sofrimento tivera dois bons efeitos colaterais:
que espera seja mais alegre. Assim, a parte final
•
da carta foi escrita especificamente para colocar os pontos nos is (13.10). (Ele conseguiu fazer essa
a experiência d o consolo ( o u da ajuda) de Deus e m toda aquela situação;
•
uma n o v a habilidade d e ajudar e consolar
visita, e escreveu sua carta aos romanos durante
aqueles q u e se encontram e m circunstân-
sua estada em Corinto. Isto permite concluir que
cias semelhantes.
a história com os coríntios teve um final feliz.)
o peso da sua preocupação com todas as igrejas
2Co 1.18—2.17: N o t í c i a s e explicações • Face a face c o m a m o r t e (1.8-14).
(11.28): o profundo amor que tinha por elas e
A g o r a a p a r e c e o m o t i v o da o r a ç ã o de
o quanto ansiava pelo seu progresso espiritual.
Paulo. Durante a permanência na província
Vemos o preço pago por ele para levar adiante
da Ásia (cuja capital era Efeso), Paulo teve
seu projeto missionário: dificuldades, sofrimento,
dificuldades tão sérias que parecia que ele
privações, humilhação, quase tudo além do limi-
não escaparia c o m v i d a . A princípio isso
2Coríntios é, talvez, a mais pessoal de todas as cartas de Paulo. À medida que lemos, sentimos
te que se pode suportar. E vemos fé inabalável
parece uma referência a o tumulto e m Éfeso
em meio a tudo isso, fazendo com que cada cir-
descrito e m A t 19.23-41. Mas ali a vida de
cunstância seja vista sob outra perspectiva.
Paulo não esteve e m perigo. E mais prová-
A natureza pessoal da carta torna difícil sua
vel que ele ficou seriamente enfermo ou foi
análise. O pensamento de Paulo flui de forma
a m e a ç a d o de morte por alguma turba em
quase ininterrupta e os temas se repetem. (As
algum lugar da Ásia (atual Turquia).
ço do cap. 8, onde ele passa a abordar a questão
• P a u l o e x p l i c a s u a m u d a n ç a de p l a n o (1.15—2.11). N a sua primeira
do auxílio para Jerusalém, e no começo d o cap.
epístola ( I C o 1 6 . 5 ) , Paulo prometeu ira
interrupções mais significativas ocorrem no come-
2Coríntios
707
Corinto passando pela Macedónia (norte da G r é c i a ) . Mais tarde, decidiu fazer duas visitas, uma a c a m i n h o da M a c e d ó n i a e outra no retorno de lá ( 1 . 1 6 ) . Acabou não f a z e n d o n e m uma nem outra, levando os coríntios a dizer que Paulo era inconstante ou indeciso. Mas essa não era a explicação para a mudança de planos. Ele tomou sua decisão por causa da situação na igreja. Depois daquele primeiro confronto, ele queria adiar sua visita até que a situação ficasse mais calma. Assim, tentou esclarecer as coisas c o m uma carta — uma carta que talvez magoasse os coríntios, e que foi difícil de escrever. A p a r e n t e m e n t e , o problema era a oposição a Paulo da parte de um h o m e m ( 2 . 5 11; não se trata d o mesmo indivíduo menc i o n a d o e m I C o 5 . 1 ) . A g o r a que a igreja havia tratado do caso, Paulo pede que eles o perdoem.
• Viagens recentes de Paulo (2.12-17). Depois d e e s c r e v e r a epístola, Paulo não teve descanso. Foi a Trôade, na esperança d e encontrar T i t o e m v i a g e m de regresso de Corinto c o m notícias da reação da igreja. Sem conseguir encontrá-lo ali, ele atravessou o mar Egeu e foi até a Macedónia. O m o t i v o para a a ç ã o de graças d o s v s . 14-17 aparece no cap. 7. Na M a c e d ó n i a , ele encontrou Tito e as notícias de Corinto eram boas. • V . 14 Paulo baseou essa ilustração n o cortejo triunfal de um g e n e r a l r o m a n o vitorioso. O general liderava um desfile pelas ruas d e R o m a , durante o qual se queimava incenso aos deuses. Atrás d o v e n c e d o r vinham os prisioneiros e os despojos de guerra. Paulo se v ê c o m o escravo d e Cristo (no final d o c o r t e j o , entre os prisioneiros acorrentados que seriam e x e c u t a d o s ) , sendo levado por Cristo e m cortejo triunfal através do I m p é r i o . Para os prisioneiros, o perfume do incenso tinha c o m o que um cheiro de morte, e o m e s m o se aplica ao aroma de Cristo no caso d e Paulo. N o final, e l e sofreria uma m o r t e c o m o a de Cristo. C o m p a r e 4,10-12. (Outra e x p l i c a ç ã o possível, q u e transparece e m algumas traduções, é que Paulo se considera um soldado que faz parte daquele c o r t e j o . )
2Co 3.1—6.10: O ministério d e P a u l o Passado, p r e s e n t e e futuro se e n t r e l a çam nesses capítulos. Q u a n t o a o passado,
a antiga aliança fora substituída por uma nova aliança que dá v i d a ( 3 . 6 - 1 8 ) . O presente é paradoxal: por um lado, o apóstolo foi designado embaixador d o próprio Deus, e n c a r r e g a d o d e transmitir sua m e n s a g e m maravilhosa à h u m a n i d a d e ( 3 . 4 - 6 ; 4.1-6; 5 . 1 6 — 6 . 2 ) ; p o r o u t r o , e l e estava sujeito a todo tipo de fraqueza humana, perseguição e sofrimento ( 4 . 7 - 1 2 ; 6 . 3 - 1 0 ) . Mas o futuro, e m toda sua certeza g l o r i o s a , ofusca qualq u e r sofrimento que o presente possa o f e recer ( 4 . 1 3 — 5 . 1 0 ) . C o m p a r e o p r e ç o d o d i s c i p u l a d o , por m a i o r que pareça, c o m o "eterno peso de glória" que está sendo prep a r a d o para os fiéis s e g u i d o r e s d e Cristo e v o c ê terá a p r o p o r ç ã o exata das coisas e saberá o que é preferível. • Cartas de recomendação (3.1) Nos primeiros tempos, cristãos que se mudavam para outra cidade geralmente levavam consigo uma carta de recomendação da igreja anterior para a nova. Paulo não precisava de tal carta — a própria existência da igreja de Corinto era testemunho suficiente. • Tábuas de pedra (3.3) Nas quais foi escrita a lei que Deus deu a Moisés (Ex 2 4 . 1 2 ) . • Face de Moisés (3.7-11) Q u a n d o Moisés desceu d o monte Sinai c o m as tábuas da lei, o seu rosto brilhava, de tão próximo que ele havia estado de Deus. Esse brilho ofuscou os israelitas, d e sorte que, para não amedrontálos, ele cobriu o seu rosto (Êx 3 4 . 2 9 - 3 5 ) . • C o n t e m p l a m o s / r e f l e t i m o s a g l ó r i a (3.18) O "espelho", feito de metal p o l i d o , dava apenas um reflexo imperfeito. • Vasos de barro (4.7) Lamparinas sem muito valor, feitas de cerâmica (veja v. 6 ) . Ou, se Paulo ainda tem e m mente o cortejo triunfal romano, potes de barro escolhidos exatamente
A o cicar alguns dos perigos que enfrentou por amor ao evangelho, Paulo menciona vários naufrágios. Muitos navios de passageiros no Mediterrâneo eram (c ainda siio) bem pequenos. Contando apenas com a força do vento, viajar de navio podia ser arriscado, principalmente quando se viajava fora da estação adequada.
"O Deus que disse: 'Que da escuridão brilhe a luz' è o mesmo que fez a luz brilhar no nosso coração. F. isso para nos trazer a luz do conhecimento det glória de Deus, que brilha no rosto de Jesus Cristo." 2Co 4.6 (N'1'LH)
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As Epistolas porque contrastam com os magníficos tesouros que continham. • Tabernáculo (5.1) O nosso corpo. Paulo usa uma expressão grega corrente, que ao mesmo tempo aponta para a transitoriedade do corpo. • Nus ( 5 3 , ARA) "Sem corpo" ( N T L H ) , isto é, como um espírito desencarnado.
A luz dn glória de Deus brilha no coração de todos os seguidores de Crisio. "Temos, porém, esse tesouro em vasos de barro", diz Paulo, para nno parecer que é mérito nosso. Na época de Paulo, vasos de barro, inclusive ânforas como estas, eram usados para armazenar e transportar vinho e uma série de outros bens de consumo.
2Co 6.11—7.1: A n e c e s s i d a d e de uma ruptura radical Paulo estava profundamente emocionado (6.11-13) e esperava que, assim como ele havia aberto o seu coração, os coríntios também abrissem completamente o seu coração para ele. A mudança de tom e m 6.14 é abrupta, mas não há evidencia dc que essa seção tenha
2Conntios sido colocada no lugar errado, c o m o alguns argumentam. O amor de Paulo por suas igrejas sempre fez com que ele tivesse grandes expectativas e m relação a elas. Seu padrão era elevado. Eleja havia advertido os coríntios contra o perigo de fazer concessões ao mundo pagão ( I C o 8 . 1 0 ) . Então ele enfatiza a total incompatibilidade de relacionamentos permanentes entre cristãos e pagãos. A questão aqui é a mesma que aparece e m I C o 8—10. O v. 16 é a chave: Paulo deixou claro que não havia ligação nenhuma entre o Templo de Deus e os ídolos. Fica claro que a epístola anterior não resolvera alguns desses problemas: os coríntios continuavam com as suas idéias anteriores e mantinham os mesmos padrões sociais (que implicavam idolatria).
2Co 7.2-16: A a l e g r i a d e P a u l o pelas notícias c h e g a d a s d e C o r i n t o Ele chegara a esse p o n t o da história e m 2.13. Agora ele retoma o assunto. Finalmente, com a chegada de Tito, Paulo pôde ter paz de espírito. A reação dos coríntios a sua carta era exatamente a que ele esperava. O resultado foi ó t i m o . O apóstolo estava aliviado e muito alegre. A confiança que havia depositado neles não havia sido e m vão.
• N ã o foi p o r causa d o q u e fez o mal (12) Maneira hebraica de dizer: "não foi em
primeiro lugar por causa d o que fez o mal". 2Co 8—9: Q u e s t õ e s financeiras A g o r a que a confiança havia sido restaurada, era possível voltar à questão do auxílio financeiro para os pobres de Jerusalém. Tito ajudara os coríntios a dar início à coleta d o dinheiro, seguindo as instruções de Paulo na carta anterior ( I C o 1 6 ) . Agora ele retornaria para supervisionar a conclusão d o projeto, acompanhado dos representantes das igrejas da Macedónia (8.18,22). Esta era uma forma de evitar suspeitas de que Paulo estivesse se apropriando d o fundo (8.20-21; 12.16-17). Parece que a igreja de Jerusalém enfrentava dificuldades financeiras desde o início, talvez porque a ruptura com o judaísmo criou uma barreira entre os convertidos e suas famílias e, muitas vezes, representava a perda d o emprego para os cristãos. Desde cedo Paulo incentivou as igrejas gentílicas da Galácia, Macedónia e d e Corinto a que socorressem seus companheiros cristãos de origem judaica. Fazendo isso, aprenderiam o d e v e r e a bênção da oferta cristã sistemática, e ao m e s m o
tempo mostrariam seu apreço por tudo aquilo que deviam à igreja-mãe e m Jerusalém. Nestes dois capítulos, instruções práticas e princípios teológicos aparecem lado a lado. A oferta dos cristãos é uma resposta amorosa ao d o m de Cristo, que se entregou a si mesmo por eles. N e m seria necessário insistir com os cristãos para que ofertem com alegria e generosidade. Aqueles que têm mais d o que precisam ajudarão aqueles que têm muito pouco, para que todos tenham o suficiente. • As igrejas da Macedónia (8.1) Entre elas, as de Filipos (veja Fp 4 . 1 5 - 2 0 ) , Tessalônica e Beréia. A brutalidade dos romanos c uma série de guerras civis haviam trazido pobreza para aquela província, e os cristãos perseguidos provavelmente estavam e m situação pior do que a maioria das outras pessoas. • Dom inefável (9.15, ARA) Paulo parece ter inventado um adjetivo especial para descrever a graça de Deus, descrita em 8.9.
2Co 10.1—12.13: P a u l o r e s p o n d e a s e u s críticos A partir de agora Paulo volta a sua atenção para um pequeno g r u p o hostil c m Corinto, que havia desafiado a autoridade dele e criticado seu m o d o de agir. Parece que se tratava de uma continuação dos antigos grupos rivais que aparecem e m I C o 1—4. Eles demonstravam a mesma presunção, e a mesma forma e q u i v o c a d a de avaliar as coisas. Atacaram Paulo e m vários pontos: • Ele podia ser ousado nas suas cartas, mas, q u a n d o se e s t a v a f r e n t e a f r e n t e c o m e l e , P a u l o não passava d e um c o v a r d e (10.1,9-11). • C o m o orador ele era um fracasso ( 1 0 . 1 0 ; 11.6). • Ele era um a p ó s t o l o de segunda c a t e g o ria ( 1 1 . 5 ; 1 2 . 1 1 ) — sua insistência e m g a n h a r seu p r ó p r i o s u s t e n t o r e f o r ç a v a essa conclusão ( 1 1 . 7 - 1 5 ) . Paulo respondeu a cada acusação, mostrando quão superficial era a análise de seus adversários: • Q u a n d o chegasse a C o r i n t o , eles descobririam que ele tinha tanta ousadia para agir q u a n t o era o u s a d o e m escrever. N o entanto, ele preferia usar sua autoridade para edificar a Igreja ( 1 0 . 1 - 1 1 ) . • O o r g u l h o e a g a b a ç ã o deles não tinham v a l o r a l g u m : o que r e a l m e n t e importa c a a p r o v a ç ã o de Deus ( 1 0 . 1 2 - 1 8 ) . Paulo também faz de conta que está se gabando,
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"Pois conheceis a graça tle nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos," 2Co 8.9 (ARA)
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As Epístolas num tom irônico, para e n v e r g o n h a r seus convertidos e a oposição. Ele relata a visão e revelação que recebeu d e Deus, mas (novamente com ironia) afirma não poder revelar o que viu e ouviu ( 1 1 . 1 6 — 1 2 . 1 0 ) . • O apostolado não consiste e m boa oratória e imposição da vontade pessoal à Igreja ( 1 1 . 6 , 1 3 - 1 5 , 1 9 - 2 0 ) . Paulo não carecia de nenhuma das qualidades d o verdadeiro apóstolo ( 1 1 . 6 ; 1 2 . 1 2 ) . Quanto a ganhar seu p r ó p r i o sustento, e l e não queria que ninguém o acusasse de viver às custas dos outros, e não queria ser pesado para ninguém (11.7-12). • Rei Aretas (11.32) Aretas IV governou o reino nabateu (que se estendia d o Eufrates ao mar Vermelho) de 9 a.C. a 40 d.C. Sua capital era Petra. Os judeus estavam por trás da ação do governador (veja A t 9.22-25). • Visões e revelações (12.1) Temos conhecimento de três delas, com base e m Atos: na estrada para Damasco (9.4-6); na casa de Judas (9.12); e no Templo em Jerusalém (22.17-21). • U m homem em Cristo (12.2-3) Isto é, um cristão. Paulo estava falando de si mesmo. "Há catorze anos": e m 41 ou 42 d . C , seis ou sete anos após a conversão de Paulo, mas antes das grandes missões aos gentios. O "terceiro (ou mais e l e v a d o ) céu" é uma expressão judaica que significa estar literalmente na presença de Deus. Paulo estava descrevendo a experiência mais sublime que se pode imaginar. • Espinho na carne (12.7) Isso podia ser uma
doença física (uma dolorosa doença dos olhos o u a malária) ou uma referência à constante oposição que enfrentava. De qualquer forma, era uma fonte contínua de dor e depressão — obra de Satanás. N o entanto, foi o meio que Deus usou para manter Paulo humilde e demonstrar-lhe o seu poder.
2Co 12.14—13.10: A p r ó x i m a visita Paulo tem pressa de voltar a Corinto pela terceira v e z . E aparece o motivo para o tom severo desses últimos capítulos. Ele tinha medo de encontrar os mesmos grupos contenciosos, a mesma arrogância e desordem generalizada que o fizeram escrever a primeira epístola. Ele temia que seu orgulho da igreja fosse afetado, diante dos típicos pecados "coríntios": promiscuidade sexual, contendas e desordem (12.202 1 ) . Assim, ele os conclama a colocarem a casa em ordem antes da chegada dele, para evitar que ele tenha de tomar medidas mais severas. • Duas o u três testemunhas (13.1) 0 procedimento determinado pela lei judaica (veja Dt 1 9 . 1 5 ) .
2Co 13.11-14: C o n c l u s ã o Após instruções de última hora c a despedida, Paulo termina com as belas palavras da "bênção apostólica". • Ósculo santo/beijo de irmão (12) A saudação cristã normal era um beijo no rosto, que expressava um relacionamento familiar afetuoso.
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GÁLATAS Q u e m e r a m o s gálatas? A Galácia era uma enorme província romana que se estendia quase de costa a costa, passando pelas montanhas e planícies da região central da Turquia. Não sabemos o alcance exato da atividade missionária de Paulo nessa província, isto é, que áreas foram evangelizadas por ele. At 13—14 registram a fundação de igrejas nas cidades de Antioquia, Icónio, Listra (cidade natal de Timóteo) e Derbe, mais ao sul, durante a primeira viagem missionária. E sabemos que Paulo fez mais duas visitas àquela região posteriormente (At 16.6; 18.23). (Os gálatas étnicos eram três tribos celtas que se haviam instalado na parte norte da província.) Por q u e P a u l o l h e s e s c r e v e u e s t a carta? Paulo escreveu para abordar alguns problemas sérios nas igrejas. Pouco tempo depois de sua primeira visita, a Galácia recebeu a visita de outros mestres cristãos de origem judaica. Paulo ensinara que, para receber o perdão de Deus e viver a nova vida em Cristo, não se precisava nada além de arrependimento e fé. Esses mestres insistiam que convertidos de origem gentílica também deviam ser circuncidados e obedecer à lei judaica, ou seja, praticamente se tornarem judeus. (O mesmo aconteceu em Antioquia da Síria, At 15.1.) Quando Paulo ouviu isso, íicou muito preocupado (Gl 4.20). Ele viu que isso atingia o cerne da mensagem cristã. Salvação — vida nova — é o dom de Deus a todos os que crêem. Esse ensinamento novo "tornava a obediência à lei tão essencial à salvação quanto a fé no Messias crucificado" (R. A. Cole). Tendo começado com base na fé, retornar à lei como base da vida cristã significava destruir tudo que havia sido construído. Os cristãos são pessoas libertas e livres, sujeitas apenas ã lei de Cristo (a lei do amor; cap. 6). Essa situação resultou na mais severa de todas as epístolas de Paulo. Q u a n d o a e p í s t o l a f o i escrita? A data provavelmente é por volta de 49 d.C. Esse foi o ano em que a "comissão de inquérito" se reuniu em Jerusalém para tratar dessa mesma questão (At 15). Paulo pode estar se referindo a esse concílio (ou às conferências que o precederam) em 2.1-2, embora não tenha deixado isso
explícito. Se ele não se r e f e r e a Isso, a epístola deve ter sido escrita p o u c o antes desse e n c o n t r o e m Jerusalém. Vários anos depois, em sua carta aos Romanos, Paulo volta a discutir algumas dessas mesmas questões. Na época, a situação era menos dramática, o que lhe permitiu considerar
Resumo Uma carta escrita às pressas em que Paulo lida com problemas sérios. A questão básica diz respeito a mestres que insistiam que os cristãos de origem gentílica deviam ser circuncidados e guardar a lei judaica. Caps. 1—2 Introdução: a autoridade de Paulo como apóstolo Caps. 3—4 O evangelho: lei ou fé? Caps. 5—6 Liberdade com responsabilidades comunidade caridosa
essas questões com mais calma. No entanto, a epístola aos Gálatas se destaca como a grande declaração da liberdade cristã.
Gl 1: N ã o existe outro e v a n g e l h o A urgência de Paulo fica clara desde o início. A maneira abrupta de afirmar a sua autoridade ( 1 ) e a ausência de qualquer e l o g i o não são típicamente paulinas. Ele vai direto ao assunto ( 6 - 8 ) : existe apenas um "evangelho de Cristo". Que sejam condenados aqueles que afirmam o contrário! Ele não está dizendo isso para agradar as pessoas ( é possível que os judaizantes considerassem o evangelho de Paulo unia opção mais fácil, s e comparada com o cumprimento da l e i ) . A única aprovação que lhe interessa é a aprovação de Deus ( 1 0 ) . O que Paulo ensina é simplesmente o que o próprio Cristo lhe revelou ( 1 2 ) . Não havia ninguém mais dedicado às tradições da religião judaica d o que Paulo, antes de seu encontro com Jesus no caminho para Damasco (13-15; At 9 ) . Sua b r e v e autobiografia ( 1 3 - 2 ) destaca o fato de que sua autoridade v e m de Deus. Não precisava da "autorização" de ninguém, embora ele conhecesse bem os líderes da igrej a de Jerusalém que supostamente aprovavam a mensagem que ele havia recebido de Deus ( c o m o mais tarde também apoiariam plenamente um evangelho livre da lei para os gentios: A t 1 5 ) . • V s . 4-5 Paulo enfatiza o fato de que a iniciativa foi de Deus. • O meu proceder outrora (13) Veja At 8.1; 9.
"O evangelho que eu anuncio não é uma invenção humana. Eu não O recebi
(NTI.II)
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A Galácia era uma vasia província e ficava na região onde hoje é a Turquia central. A foro acima foi tirada peno de Isparta, Turquia, na estrada que vai para Antioquia da Pistdia, que Paulo e seus companheiros visitaram na primeira viagem missionária.
"Vocês começaram a sua vida cristã pelo poder do Espírito de Deus eagora querem ir até o fim pelas suas próprias forças?" Gl 3.3 (NTLH)
0 assunto principal que Paulo discute na carta aos Gálatas é o ensino erróneo dos "judaizantes", que insistiam que todos os cristãos deviam ser circuncidados e se sujeitar à lei judaica. Paulo ( o judeu convertido) entendia que isso era equivalente a trocar a liberdade cristã pela escravidão.
As Epístolas
• V. 17 N ã o é fácil encaixar os acontecimcnios que, segundo Paulo, se .seguiram à sua conversão no relato (muito resumido) de At 9. "Arábia" pode ser a área ao redor de Damasco, ou, num sentido mais amplo, o reino nabateu governado por Aretas (cuja capital era Petra, na atual Jordânia). Os "três anos" p o d e m ter sido um ano completo e parte de outros dois. Paulo não diz por que foi para a Arábia. C o m o o seu tema é a autoridade que Deus lhe deu para difundir o evangelho, c provável que ele estivesse fazendo exatamente isso. (Essa mesma atividade havia gerado um conflito com o rei Aretas anteriormente, e m Damasco: 2Co 11.32.) • Cefas (18, ARA) Pedro ( N T L H ) . Essa parece a visita referida e m A t 9.26-30. • Síria e Cilicia (21) Antioquia ficava na Síria; Tarso (cidade natal de Paulo; At 9 . 3 0 ) , na Cilicia. A Cilicia ficava na extremidade sudeste da costa da atual Turquia.
que aparece e m A t 15 (levantando as questões que resultaram no Concílio). Ele teve uma reunião particular para discutir o evangelho que ele pregava entre os gentios. Paulo não queria que sua obra fosse invalidada, e temia que seu ministério pudesse ser prejudicado ou até desaprovado pelos líderes de Jerusalém. Mas eles aprovaram plenamente o que Deus fazia de forma tão clara através de Paulo (7-9). Mas e m Antioquia, Pedro, c o m m e d o de alguns irmãos mais rigorosos q u e haviam sido mandados por T i a g o , v o l t o u atrás em sua anterior aprovação de um evangelho livre da lei para os gentios. E outros — inclusive Barnabé, antigo companheiro de missão de Paulo — seguiram o e x e m p l o de Pedro. Por causa das leis alimentares dos judeus, eles não comiam com os gentios. Paulo repreendeu Pedro e m público ( 1 1 - 1 4 ) . Depois de obter a liberdade através da fé cm Cristo, c o m o podiam reconstruir o sistema da lei que haviam derrubado (11-21)? A vida cristã d e v e ser vivida da mesma forma como começou — pela fé ( 2 0 ) . • Catorze anos depois (1) Isto pode ser desde sua conversão ou desde sua estada na Cilicia. • Da parte de T i a g o (12) Mas Tiago não compartilhava o ponto de vista deles (veja At 15.13-21). • Comia com os gentios (12) Veja Rm 14.2,14. • Vs. 17-18 0 verdadeiro pecado não estava na violação das leis alimentares, mas na volta ao sistema da lei. • Vs. 19-20 Veja o comentário sobre Rm 6—7.
Gl 3—4: É fé, d o c o m e ç o a o fim
Gl 2: A m i s s ã o d e P a u l o é a p r o v a d a Esta segunda visita de Paulo a Jerusalém pode ser aquela mencionada e m At 11.30 (para levar ajuda por causa da fome) ou, então, a
Segundo Paulo, só um tolo haveria de querer trocar a liberdade cristã pela lei judaica. Aqueles cristãos de o r i g e m judaica queriam circuncidar os gentios para que se tornassem filhos de Abraão. Só que os cristãos de origem gentílica já eram filhos e herdeiros de Abraão — porque tinham a mesma fé que Abraão havia t i d o ( 3 . 7 , 2 9 ) . Deus aceitou Abraão séculos antes de a lei ser dada através de Moisés. Portanto, c o m o é que a lei podia dar às pessoas o perdão ( 3 . 1 5 - 1 8 ) ? A lei era como um aio ou guardião (v. 2 4 ; no g r e g o , paiáagogós, o escravo que acompanhava c protegia uma criança, às vezes ajudando com a tarefa d e casa!). Ela atuou até que a promessa feita a Abraão fosse cumprida c o m a vinda de Cristo ( 3 . 1 9 - 2 4 ) . Agora, pela fé nele, somos todos filhos dc Deus — independentemente de raça, condição social, ou sexo.
Gálatas Os gálatas haviam respondido com entusiasmo à pregação de Paulo. O que os levou a mudar de idéia (4.8-20)? Nesse texto transparece a preocupação amorosa de Paulo. Será que os gálatas queriam mesmo abrir mão de liberdade (4.8-9)? Os que vivem sob a lei são como o filho que Abraão teve com a escrava Hagar. Mas os cristãos nasceram livres, e, como Isaque, são herdeiros de todas as promessas de Deus. • 3.12 l,v 18.5. • 3.13 Dt 21.23. • Anjos (3.19) O texto grego de Dt 33.1-2 diz: " O Senhor veio d o Sinai... à sua destra estavam seus anjos com e l e . " • Rudimentos/poderes espirituais (4.3,9) As forças que os haviam controlado no passado; os falsos deuses que costumavam servir. • Dias (4.10) Dias das (estas judaicas. • Por causa de uma enfermidade (4.13) Veja 2Co 12.7. • 4.21 Aqui, Paulo se vale da história contada cm Gn 16; 2 1 . • Monte Sinai (4.24) Onde a lei foi dada a Moisés.
Gl 5—6: "Cristo n o s l i b e r t o u " A liberdade é preciosa — preciosa demais para ser desperdiçada ( 5 . 1 ) . A questão não é tanto a circuncisão, mas o que ela representa. Paulo está tão furioso c o m aqueles que p e r t u r b a v a m seus n o v o s c o n v e r t i d o s que gostaria que se castrassem de uma v e z ( 5 . 1 2 ) ! Os cristãos não d e v e m se sujeitar à lei, mas d e i x a r que o Espírito d e Deus os
guie ( 5 . 1 6 ) . Quando o Espírito vivificante de Deus está no c o m a n d o , a vida humana prod u z uma farta c o l h e i t a d e amor, a l e g r i a , p a z , etc. ( 5 . 2 2 ) — qualidades totalmente contrárias ao q u e a natureza humana "natural" c o n s e g u e produzir ( 5 . 1 6 - 2 1 ) . A comunidade cristã se preocupa com os outros e sabe compartilhar ( 6 . 1 - 6 ) . A q u e l e s que falham são corrigidos ( c o m h u m i l d a d e ) . U m ajuda a levar o fardo d o outro. A s pessoas colhem exatamente o que plantam na vida: por um lado, colheita de morte; por outro, colheita de vida eterna (6.7-9). Portanto, "devemos fazer o bem a todos, especialmente aos que fazem parte da nossa família na fé".
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Paulo não queria que os crisiãos da Calácia. libertos de sua escravidão aos deuses pagãos, ficassem sujeitos a nova servidão, desta vez a um calendário religioso, ou seja, a observância de "dias, meses, tempos e anos". O relógio de sol que aparece ao lado. com símbolos gregos, foi encontrado em Éfeso.
Neste ponto ( 6 . 1 1 ) , Paulo tomou a pena da mão de seu secretário, para escrever as últimas linhas pessoalmente. Para ele, só há uma coisa de que vale à pena se orgulhar: o poder da cruz d e Cristo, capaz de recriar c transformar vidas humanas. A o exemplo da marca feita c o m ferro quente na pele de um escra"Pois v o , as cicatrizes no corpo de Paulo, resultantodos vós sois filhos tes de seu trabalho por Cristo, mostram a de Deus quem ele pertence. mediante a fé em Cristo Jesus... • 5.11 Alguns dos oponentes de Paulo Não pode haver estavam d i z e n d o que ele era a favor da judeu nem grego; nem escravo circuncisão. nem liberto; nem homem • AsmarcasdeJesus(6.17)Veja2Co4.7-12; nem mulher; 6.4-10; 11.23-29. As marcas d o seu porque todos vós serviço cristão eram prova viva, caso ainda sois um cm Cristo Jesus." houvesse necessidade de provas, de que ele era verdadeiro apóstolo de Cristo. Gl 3.26-28
EFÉSIOS A epistola de Paulo aos Efésios difere consideravelmente de suas outras epístolas. Não há nenhuma das saudações pessoais de costume, embora Paulo tenha passado alguns anos em Éfeso e tivesse muitos amigos lá (veja At 19). Além disso, Efésios não lida com problemas ou assuntos específicos. Até as palavras "em Éfeso" (1.1) não estão incluídas em alguns dos manuscritos mais antigos. É mais um sermão que uma carta (semelhante a Hebreus e U o ã o ) , enfatizando a natureza da igreja de Cristo.
"Os cristãos não apenas crêem em Cristo; a vida deles está em Cristo. Como a raiz está no solo; o ramo, na videira; o peixe, no mar; o pássaro, no ar, assim vida do cristão está em Cristo." Francis Foulkes
É provável que Efésios tenha surgido como uma carta "circular", escrita a um grupo de igrejas da região onde hoje fica o oeste da Turquia. Dessas igrejas, a de Éfeso era a mais importante. As "sete igrejas" listadas em Ap 1.11 ficavam nessa região, assim como a igreja de Colossos. O fato de Paulo ter escrito como prisioneiro (provavelmente em prisão domiciliar, em Roma, no início da década de 60) aproxima Efésios das epístolas aos Filipenses, Colossenses e a Filemom, que são as outras "epístolas da prisão". (A prisão não era uma forma de punição pelos romanos: eles simplesmente mantinham os piores criminosos sob custódia, aguardando julgamento.) Dessas três. Efésios se assemelha mais a Colossenses na questão do assunto. Por ser o tipo de carta que é, Efésios pouco revela sobre a situação das igrejas. Mas é evidente que os cristãos de origem gentílica era maioria, e que tinham a tendência de menosprezar os cristãos de origem judaica. Paulo havia sido chamado especialmente para trabalhar entre os gentios, mas ele não defendia uma igreja dividida. Isto explica a ênfase, nesta carta, no glorioso plano divino de unir em Cristo pessoas de todas as nações e raças (1.10). Dos cristãos, ninguém é melhor do que os demais. Todos são um em Cristo. A "unidade" deve ser demonstrada nas relações pessoais e em nosso comportamento cristão.
Ef 1—3
O grande plano de Deus Ef 1.1-14: O p r o p ó s i t o e t e r n o de Deus Deus derramou o seu amor sobre nós, bênção sobre bênção. Paulo fica maravilhado só de pensar nisso: "Agradeçamos ao Deus e Pai
Resumo Carta circular de Paulo às igrejas da região de Éfeso. Caos. 1—3 Sobre Cristo e a igreja Caps. 4—6 de nosso Senhor V i v e n d o a nova vida em Jesus Cristo... Cristo louvemos a glória de Deus... louvePassagens mais conhecidas mos a sua glória"! Unidade cristã 14) ( N o g r e g o , os vs. A"armadura de Deus"(6) 3-14 formam u m só p e r í o d o ! Seu estilo é p o é t i c o , e algumas traduções indicam isso, na maneira de diagramar o texto.) Desde o início Deus decidiu compartilhar conosco as suas riquezas espirituais e a sua glória — " e m Cristo" ( u m a locução muito importante e m Efésios). Cristo está no centro do plano de Deus. A o crermos nele, sua morte nos liberta: somos perdoados. Também podemos participar de sua nova vida, a vida da ressurreição. Somos unidos a ele, nos tornamos parte dele. E nele somos também inseridos no grande plano cósmico de Deus, à medida que vivemos para a sua glória. • Santos (1, ARA); graça e p a z (2) Veja as anotações em Rm 1. • Regiões celestiais/mundo celestial (3 e 1.20; 2.6; 3.10; 6.12) O âmbito espiritual de todas as forças invisíveis d o bem e d o mal. • Escolheu/predestinados (4,11, ARA) Tudo, inclusive a eleição de Deus, é recebido em e através de Cristo. Ele foi escolhido por Deus para salvar o mundo, antes mesmo de o mundo ser criado. Nós nos beneficiamos disso na medida e m que estamos "nele", pela fé. • Sangue (7) N o AT, o pecado só podia ser perdoado com um sacrifício. A morte de Cristo é um sacrifício assim. A l é m disso, a morte dele destruiu o domínio d o pecado. Assim, somos perdoados e libertos. "Este é o dom inestimável e gratuito que Deus nos deu e m seu Filho." • Mistério (9) "Plano secreto" ( N T L H ) . A mente humana não poderia ter adivinhado a intenção de Detis. Paulo geralmente usa essa palavra com relação ao "segredo revelado" do evangelho.
Ef 1.15-23: P a u l o o r a Paulo ficou feliz ao ouvir a respeito da fé e do amor desses cristãos. Ele ora para que eles
1 ML
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Jésios tenham maior entendimento, uma compreensão mais clara d o seu destino glorioso, e uma consciência ainda mais viva d o poder que está à sua disposição. O poder que Deus exerceu ao ressuscitar Cristo dos mortos e ao colocá-lo no controle supremo do universo está agindo em nós também! • Cabeça, c o r p o (22-23) Esta figura sugere a noção de uma mesma vida Ruindo através de ambos (cabeça e c o r p o ) . Indica, também, que a Igreja realiza a obra de Cristo no mundo.
Ef 2.1-10: P a s s a d o e presente: da m o r t e p a r a a v i d a Por causa de nossa desobediência e d o nosso p e c a d o , estávamos "espiritualmente mortos", separados de Deus. Mas e m e através de Cristo, Deus nos trouxe de volta à vida. Ele nos tornou parte de sua nova criação. Somos salvos para viver c o m o Deus quer, aqui neste mundo — e para reinar com Cristo no âmbito espiritual ( 6 ; veja anotação sobre 1.3). • Príncipe d a potestade d o ar (2) Satanás, cujo espírito rebelde atua no mundo dos seres humanos.
Ef 2.11-22: D e r r u b a n d o as b a r r e i r a s N o m u n d o a n t i g o , os j u d e u s e s t a v a m separados d o s gentios por barreiras raciais, religiosas, culturais e sociais. (Por e x e m p l o , os não-judeus eram proibidos, sob pena de morte, de entrar nos pátios internos do Templo, e m Jerusalém.) Os judeus eram o p o v o escolhido de Deus; estavam próximos dele. Os gentios eram pagãos cheios de pecado, distantes de Deus. Se Cristo fosse capaz de unir esses dois grupos, não haveria nenhum outro abismo humano que e l e não pudesse transpor. E Cristo fez isso. Sua morte na cruz é o único m e i o de reconciliação com Deus disponível para todas as pessoas sem distinção, as próximas e as distantes ( 1 4 ) . E todos que pertencem a ele estão ligados por um vínculo c o m u m que é mais forte e profundo d o que qualquer uma de suas antigas diferenças, sejam elas d e raça, de cor, de posição social, de sexo, ou de cultura. Judeus c gentios são um e m Cristo, um novo povo. • Se intitulam circuncisos (11) Isto é, os judeus. Veja Gn 17. • V. 12 Os cristãos de origem gentílica não tinham motivo para se acharem superiores. Até então eles haviam sido estrangeiros. Os judeus, c o m o p o v o de Deus, eram os únicos para os quais havia esperança.
• Santos/ p o v o de Deus (19 e 3.18) Aqui Paulo usa o termo para designar os cristãos de origem judaica, e m distinção dos "estrangeiros", os cristãos de origem gentílica.
Ef 3.1-13: A m i s s ã o d e P a u l o a o s gentios Antes da vinda de Cristo, as promessas de Deus estavam restritas c m grande parte aos judeus. O A T dá apenas vislumbres do propósito divino para todo o mundo. O evangelho de Cristo era praticamente um "mistério", "mantido oculto" até a época d o N T ( 4 - 6 ) . N o centro desse segredo estava a intenção de Deus de fazer dos gentios, também, herdeiros de todas as suas promessas. Quando Paulo foi enviado para levar a eles a mensagem da salvação ( 8 - 9 ) , começou uma nova fase do plano de Deus. A medida que pessoas de todas as nações são unidas e m Cristo, elas d e m o n s t r a m o poder e a sabedoria de Deus, não somente aos olhos do mundo (veja Jo 17.21), mas para os poderes cósmicos que estão além e por trás dele ( 1 0 ) . Pela fé e m Cristo podemos ter certeza de nosso acesso a Deus ( 1 2 ) . Como lais
o Oriente e u Ocidente se encontravam em Kfcso. que era um belo exemplo
"Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; isto não vem de vós; i- dom <
IVlIS.
VI 2.8 (ARAI
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As Epístolas
A cidade de Efeso David Gill
A cidade de Éfeso era um porto muito importante na foz do rio Caister, na província romana da Ásia (onde hoje fica a região oeste da Turquia). Hoje o rio está assoreado e os restos arqueológicos ficam a certa distância do mar. Originalmente, Éfeso havia sido uma cidade grega, e um de seus principais santuários era o grande templo de Ártemis, uma das sete maravilhas do Mundo Antigo, que ficava fora do perímetro urbano. O lendário rei Creso foi, supostamente, um benfeitor do templo, que foi queimado em 356 a.C. e subseqüentemente reconstruído. No período helenista, Éfeso fazia parte do reino dos Atalidas, que acabaria sendo entregue aos romanos, em 133 a.C. Mais tarde, a cidade veio a ser o centro administrativo da província, sobrepujando Pérgamo, a antiga capital real. A cidade como tal foi construída nas encostas dos montes Coresso e Piom. Atualmente, o que mais se destaca no local é o enorme teatro que fica de frente para o antigo porto e o mar. Construído originalmente no período helenista, esse teatro foi ampliado durante o governo de Cláudio, e tinha capacidade para 24,000 pessoas. Foi ao teatro que uma multidão furiosa arrastou dois dos companheiros de Paulo, quando os ourives causaram um tumulto por causa dos prejuízos no comércio de imagens de Ártemis (Diana, para os romanos), decorrentes da pregação de Paulo. Perto dali ficava a agora comercial (ou o mercado, equivalente ao fórum romano), e também esta foi desenvolvida no período romano, especialmente durante o governo de Augusto. Ao norte do teatro ficava o estádio que, aparentemente, foi desenvolvido no tempo de Nero.
Éfeso na época do Novo Testamento
ri Itoate Piom
Ginásio s banhos do rsHio
B Ifcfl Mercado (á^onò
Via Sagrada de Mármore
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Q Via dos Curetés
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Biblioteca de Celso
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Tempio de Adriano
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Agora do Brado
•
• i A bela fachada da Biblioteca de Celso foi cuidadosamente restaurada. Kla era um dos vários prédios magníficos da Éfeso antiga.
aberto ficava o templo para o divino Augusto. Paulo passou dois anos em Éfeso, ensinando, primeiro na sinagoga, depois na escola de Tirano, e o evang e l h o se espalhou dali para toda a província. Da prisão, ele escreveu uma carta circular para Éfeso e as igrejas da região. Outra carta, em Ap 2, escrita alguns anos depois, chamou os cristãos efésios de volta ao amor com que amavam a Cristo no princípio, isto é, quando ouviram o evangelho pela primeira vez. Igualmente a carta conhecida como ITimóteo foi escrita e enviada para Éfeso, onde Timóteo era o líder em exercício da Igreja. Os p r é d i o s políticos da cidade ficavam na agora superior d o Estado, e nestes se incluíam salas onde o conselho e grupos menores podiam se reunir. Entre os dois prédios políticos principais havia sido construído um templo duplo, muito provavelmente dedicado à adoração da deusa Roma — a personificação da cidade de Roma — e de Júlio César. No centro desse espaço
Efésios
lopo: O Caminho Arcadiano, cm Efeso, vai do porto (há muito tempo assoreado) ate" o teatro.
Duas características marcantes de lífeso eram a rua principal conhecida como Caminho de Curetes (foto acima) e a agora d o Brado (superior), a praça principal (foto do meio). Por trás das colunas â direita ficavam os prédios públicos e o odeão.
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As Epístolas
Ártemis (grega) ou Diana (romana) era a deusa da caça. representada aqui. Mas as representações da deusa feitas em Efeso eram bem diferentes desta (veja foto p. 663).
"Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos."
amor, sejam fortes, que Cristo habite e m seus corações, e que eles sejam tomados de toda a plenitude de Deus.
Ef 4—6
Os cristãos em ação Ef 4.1-16: U n i d a d e — n a prática A unidade cristã é um fato. Os cristãos estão ligados por uma fé comum, um mesmo compromisso e um só propósito de vida. Eles estão a serviço d o mesmo Mestre. Cristo é a cabeça, e os cristãos são os membros de um único corpo (4-5; veja também I C o 12—13). Mas nem todos têm o mesmo temperamento, a mesma personalidade ou os mesmos dons ( 1 1 - 1 2 ) . O vínculo d e v e ser constantemente fortalecido por uma atitude amorosa e paciente de uns para com os outros, e pelo uso dos diferentes dons para o bem comum. Devemos crescer juntos até sermos tudo que Cristo quer que sejamos ( 1 4 - 1 6 ) . benefícios derivam da propagação d o evangelho, os leitores de Paulo não deviam deixar o sofrimento presente desanimá-los ( 1 3 ) . • V. 3 Paulo se refere ao que acabou de dizer a eles, e não a uma carta anterior.
F.f 4.4-6 ( A R A )
Ef 3.14-21: P a u l o o r a n o v a m e n t e Paulo havia orado para que a igreja pudesse compreender (1.15-23). Agora ele ora c o m mais fervor ainda para que eles tenham mais
• V. 8 Após sua ascensão, Cristo deu dons ao seu povo (veja o v. 1 1 ) .
Ef 4.17—5.20: "Vivam c o m o filhos d a luz!" A salvação é um d o m gratuito de Deus, mas ela traz consigo a obrigação de viver e agir c o m o Deus quer ( 4 . 1 , 1 7 ) . Isso significa abrir mão da antiga maneira egoísta de viver, e deixar que a nova vida mude o nosso pen-
Efésios samento e modifique o nosso padrão de comp o r t a m e n t o . Paulo não fica n o c a m p o das generalidades: ele é bem específico e m dizer o que p o d e e o que não p o d e . A nova vida exige v e r d a d e c honestidade. Requer que se abandone a inveja, o ódio, a amargura, e que se tenha uma nova disposição para perdoar. Em resumo, devemos ser imitadores de Deus, vivendo uma vida de amor sacrificial ( 5 . 1 - 2 ) . No passado v i v í a m o s na escuridão; agora somos "filhos da luz" ( 8 ) .
• 5.32 A união física entre marido e esposa é uma ilustração da união espiritual de Cristo com sua igreja: "uma só carne"/um só corpo.
Ef 5.21—6.9: R e l a ç õ e s entre os cristãos: a v i d a f a m i l i a r
Ef 6.10-24: "Vistam-se c o m toda a armadura de Deus"
"Sujeitem-se uns aos outros", d i z Paulo, dirigindo-se a todos os seus leitores, homens e mulheres. N o g r e g o , não há verbo no v. 2 2 : Paulo usa o e x e m p l o da esposa e, depois, o exemplo d o marido para ilustrar o princípio da sujeição mútua enunciado no v. 2 1 . Assim, a esposa cristã mostra total respeito e lealdade para com o marido, e o marido cristão cuida de sua esposa com a m o r altruísta e desinteressado. U m depende do outro, e ambos imitam a Cristo. Seu relacionamento, por sua vez, reflete o relacionamento de Cristo c o m sua igreja. Na família, os filhos d e v e m respeito e obediência aos pais. Os pais d e v e m disciplinar, não se c o m p o r t a r c o m o tiranos mesquinhos. Os escravos cristãos ( e , supostamente, os empregados) servem seus senhores (e patrões) com a mesma disposição e eficácia com que servem a Cristo. Os senhores cristãos ( e os e m p r e g a d o r e s ) não d e v e m ameaçar, sabendo que eles próprios terão de prestar contas ao Senhor.
Paulo não dá a e n t e n d e r que seja fácil seguir esses padrões. Há uma necessidade de fortalecimento ( 1 0 ) . A luta começou. Estamos enfrentando forças poderosas numa batalha espiritual. Precisamos de armas espirituais, e estas Deus p r o v ê . A e x e m p l o d o s o l d a d o romano, temos um cinto, uma couraça, sandálias e escudo, capacete e espada. Deus nos fornece toda a armadura que precisamos para defesa e proteção. C o m ela podemos enfrentar as forças d o mal. A arma mais importante é a arma invisível da oração. As orações de seus leitores podiam ajudar Paulo a manter sua coragem e falar em nome de Deus naquela distante prisão ( 1 9 2 0 ) . Assim, a epístola termina com uma nota pessoal. Tíquico, o "carteiro" de Paulo nessa ocasião, também levou as cartas aos Colossenses e a Filemom. A oração final de Paulo por seus irmãos e irmãs em Cristo retoma e amplia a saudação inicial: que Deus de paz, amor e fé a todos, e que a sua graça esteja com eles.
719 Lugar reservado no teatro de Mileto, cidade ao sul de Éteso. A inscrição diz; "Somente para judeus e tementes a Deus". A mensagem de Paulo de que em Cristo as barreiras de raça e posição social foram superadas era, de fato, fcvolucionária.
"Revesti-vos dc toda a armadura de Deus", escreve Paulo aos cristãos efésios. Ele tinha em mente a figura de um tipíco soldado romano.
Resumo Paulo, na prisão, aguardando sentença, escreve para a amada igreja de Filipos, que o apoiava em sua atividade apostólica. O tema da carta é a alegria.
FILIPENSES Na época de Paulo, Filipos, assim como Corinto, era uma colônia romana, e ficava junto à Via Egnatia, a grande estrada que ligava a parte leste à parte oeste do Império Romano. Depois das batalhas de Otaviano contra Brutus e Cássio e, mais tarde, contra seu antigo aliado Antônio, a cidade foi ocupada por colonos vindos da Itália. Esses se orgulhavam de seus direitos e privilégios especiais e eram extremamente leais a Roma. Em Filipos, como na província da Macedónia como um todo, as mulheres desfrutavam de um status elevado. Participavam ativamente da vida pública e dos negócios, situação esta que se refletia na igreja. Q u e m eram os füipenses? A igreja de Filipos, no norte da Grécia, foi a primeira que Paulo fundou na Europa. Isto se deu por volta de 50 d.C, durante sua segunda viagem missionária (veja At 16.12-40). Quando Paulo, Silas e Timóteo partiram, Lucas, o médico, permaneceu. Filipos era um centro médico, e possivelmente era a cidade natal de Lucas. Sem dúvida, ele deve ter se empenhado para que a igreja ficasse ativa e continuasse a expansão evangelística.
"Porquanto, para mim, o viver é Cristo, c o morrer é lucro."
A epístola revela uma igreja que sofria (1.29) e corria alguns riscos de divisão interna (1.27; 2.2). Possivelmente havia uma tendência à doutrina do perfeccionismo (3.12-13). Mas essa epístola foi escrita para incentivar o progresso, e não para resolver problemas. Isto explica a advertência contra alguns cristãos de origem judaica que insistiam que cristãos de origem gentílica deviam ser circuncidados e observar a lei judaica (veja 3.2-3). Paulo amava essa igreja e se alegrava com seu progresso (as palavras "alegria" e "alegrar-se" — ou sinônimos delas — são usadas 16 vezes nesta breve epístola).
Fp 1.21
A epístola Paulo estava "em cadeias" quando escreveu essa carta (1.13). Se isso se refere ao período de sua prisão domiciliar, enquanto aguardava a audiência com o Imperador, em Roma (At 28.16,30-31), a data é do início da década de 60. Mas as condições que ele descreve parecem mais severas do que o relato de Atos dá a entender: o julgamento era iminente, e havia uma possibilidade real de morte. Timóteo, mas não Lucas (considerando-se 2.20-21), estava com ele. Portanto, é possível que
essa "prisão" tenha sido uma anterior, aquela de Cesaréia, ou outra não registrada em Atos (os romanos não condenavam pessoas à prisão, simplesmente as deixavam sob custódia, aguardando julgamento). Já houve quem defendesse a hipótese de que Paulo escreveu da prisão em Éfeso, o q u e mudaria a data de autoria para 54 d.C. aproximadamente. Não p o d e mos ter certeza em nenhum dos casos.
Cap. 1.1-26 Saudações, oração e notícias pessoais Caps. 1.27—2.30 Jesus: modelo de humildade Cap. 3 Advertência: correr para vencer Cap. 4 Instruções e agradecimentos Passagens mais conhecidas O modo de pensar que Cristo tinha (2.5-11) O em que pensar (4.8)
Por q u e Paulo escreveu? Paulo tinha vários motivos para escrever. Queria explicar por que estava mandando Epafrodito de volta. Queria agradecer aos filipenses pelo donativo que haviam mandado (e também certificar-se de quê não enviariam outro, criando um ciclo de "dar um presente e esperar um em troca" conforme as convenções da época). Ele tinha notícias para dar. E o que ouvira sobre eles o motivou a incentivá-los e aconselhá-los. Outras notícias chegaram a ele enquanto escrevia, o que tornou necessário acrescentar uma palavra de advertência (3.1b).
Fp 1.1-2: S a u d a ç õ e s introdutórias A epístola é de Paulo "e Timóteo", o jovem que estava com Paulo quando a igreja foi fundada, e que e m breve seria enviado outra vez a Filipos ( 2 . 1 9 ) . Os "servos de Cristo Jesus" escrevem aos "santos": não uma elite, mas t o d o o p o v o d e Deus, h o m e n s e mulheres separados para o serviço de Deus. Os "bispos" (líderes da igreja) e "diáconos" recebem menção especial.
Fp 1.3-11: P a u l o o r a p e l a i g r e j a Na oração de Paulo, destacam-se os temas do amor, da alegria (uma palavra chave da
Filipenses
7211
epístola), e cia gratidão. F.le pede a Deus que de aos leitores da carta cada vez mais sabedoria e entendimento, para que a vida deles seja moldada conforme o padrão de Deus. • O primeiro dia (5) Veja At 16.12-40. • Minhas algemas (7) Veja Introdução acima.
Fp 1.12-26: Notícias p e s s o a i s Paulo fala d o passado ( 1 2 ) , d o presente ( 1 3 - 1 8 ) , e d o futuro ( 1 9 - 2 6 ) , pesando as alternativas de viver ou morrer. Na vida ou na morte, Cristo era tudo para Paulo, e ele não sabia o que devia escolher. A necessidade dos cristãos filipenses fez com que a balança pendesse para o lado da vida. • As coisas q u e me aconteceram (12) Se Paulo escreve de Roma, isso inclui tentativa de linchamento, tratamento injusto, conspirações, prisão, naufrágio e longa detenção sob vigilância constante. • Toda a g u a r d a pretoriana/do palácio (13) A força imperial de elite à qual pertenciam os soldados que vigiavam Paulo. Normalmente, quem estava sob prisão domiciliar era vigiado 24 horas por dia. O prisioneiro era responsável por sua moradia e sua alimentação. • Libertação (19) Se a decisão judicial fosse desfavorável, a morte o libertaria para estar na presença de Cristo; se fosse favorável, ele seria liberto para servir a igreja. • O v i v e r é C r i s t o . . . (21) Ter mais e mais de Cristo, tornar-se mais e mais parecido com cie, até que, ao morrer, o processo se complete num m o m e n t o glorioso.
Fp 1.27—2.18: U m a p e l o p o r u n i ã o A divisão na igreja era mais d o que uma possibilidade remota (veja, por exemplo, 4 . 2 ) . Paulo incentiva todos a deixarem de lado o orgulho, e viverem, trabalharem e pensarem como se fossem um. Somente isto estaria à altura ou seria d i g n o daquele cuja vida é o exemplo supremo de humildade. Jesus abriu mão de tudo que por direito era seu — inclusive a sua vida — e por isso Deus lhe deu a mais alta honra ( é provável que Fp 2.5-11 seja um trecho de um hino c m louvor a Cristo usado naquele tempo; algumas traduções modernas, como N T L H , reconhecem isso, colocando esse texto e m formato poético). Assim, os seguidores de Jesus precisam "desenvolver" a sua salvação, colocando e m prática a nova vida que receberam de Deus ( 1 2 - 1 6 ) . • Subsistindo em forma de Deus (2.6) Isto significa que ele linha a natureza de Deus (veja
N T L H ) , e não apenas a aparência externa ( o mesmo vale para o uso da palavra "forma" no v. 7 ) . • A si mesmo se e s v a z i o u (2.7) "Abriu m ã o de tudo o que era seu", "despojou-se". A o se tornar h o m e m , Jesus reteve sua natureza essencial c o m o Deus, mas renunciou a seu status e voluntariamente aceitou limitações a sua onipotência, onisciencia e onipresença, por e x e m p l o . Ele levou uma vida de obediência humilde, limitada aos recursos que Deus dá aos seres humanos: o poder de seu Espírito; a orientação da sua palavra; a oração, etc. • Nome que está acima de t o d o nome (2.9) O nome supremo, "Senhor", é a forma grega de "Yahweh", o n o m e de Deus. • Dia de Cristo (2.16) O dia de seu retorno. • Libação/oferta (2.17) A morte de Paulo seria apenas o toque final, o último retoque a ser acrescentado à verdadeira oferta, a fé e a vida da igreja.
Fp 2.19-30: P a u l o r e c o m e n d a seus c o m p a n h e i r o s d e t r a b a l h o Vs. 19-23: T i m ó t e o (veja 1.1-2). Vs. 25-30: Epafrodito. Os filipenses o enviaram paia ajudai Paulo. Ao envia lo de volta, Paulo trata de deixar bem claro que ele realizou bem o seu trabalho.
Da amiga Filipos só sobrou um monte de pedras e algumas colunas. Na época de l\iul<> cl.i cia uma colónia romana a cidade importante junto li Via r.gnalia. Ruínas de uma Igreja bizantina, ao fundo, mostram a influência duradoiir.i da missão ilc huilo.
722
As Epístolas
"Prossigo para o alvo. para o prêmio", escreveu Paulo, descrevendo sua vida cristã. Assim como o cocheiro dessa quadriga romana, todo o esforço de Paulo visava a alcançar esse alvo.
• O deus deles é o v e n t r e (19) Isto é, seus apetites, tudo o que eles desejam. • Nossa pátria (20) Ou, "nossa cidadania". Eles deviam se considerar membros de uma colônia celestial, cidadãos d o céu que vivem na terra. Os filipenses, que se orgulhavam do fato d e serem uma colônia romana, d e v e m ter entendido rapidamente o que isso significava.
Fp 4: O r i e n t a ç ã o e incentivo
Fp 3: Advertência e e x e m p l o "Há apenas uma marca de um verdadeiro cristão: a vida dedicada a Jesus Cristo em fé e amor," Marcus Morris, sobre Fp 3.1-4
"Tudo o que é verdadeiro, tudo o que c res/reífríveí, rudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento." Fp 4.8 (ARA)
Paulo estava por encerrar a sua carta (3.1a), quando notícias alarmantes o obrigaram a continuar escrevendo. Ele não se importava e m repetir o que já havia escrito, e para os tílipenses isso representava segurança ( 3 . 1 b ) . Eles deviam tomar cuidado com os "cães" (termo de desprezo usado pelos judeus a respeito dos gentios), os judaizantes, aquele grupo de cristãos de o r i g e m judaica que seguia Paulo por toda parte, insistindo que os convertidos gentios fossem circuncidados e passassem a guardar a lei (apesar da decisão oficial de At 15.19-29). Na verdade, eles estavam alterando toda a base da salvação, transformando-a de "pela fé somente" e m "pela fé e com o acréscimo d e . . . " Isto explica a ira de Paulo. • A verdadeira circuncisão (3, NTLH) O verdadeiro Israel, o verdadeiro povo de Deus. • Lucro... perda (7-8) Deus não tem uma contabilidade de crédito e débito (embora Paulo acreditasse que Deus recompensa aqueles que fazem a sua vontade e o servem bem aqui na terra). Esse é um conceito rabínico que está por trás das palavras de Jesus e m M t 16.26. • P r o s s i g o . . . (12-16) Como o atleta ou cavaleiro, que não perde tempo olhando para trás, mas concentra todo o esforço para cruzar a linha de chegada. Paulo rejeita a idéia de que a perfeição p o d e ser alcançada aqui e agora. (Porém, ele incentiva os cristãos a "crescer" e atingir a maturidade.)
V 1: U m apelo geral. Vs. 2-3: Duas mulheres, Evódia e Síntique, haviam brigado. C o m o Paulo trata disso numa carta pública, supõe-se que era mais do que uma questão particular. Isso sugere que elas estavam entre os líderes da igreja (os "cooperadores" de Paulo, 3 ) . Vs. 4-9: A l e g r e m - s e , alegrem-se! A orient a ç ã o v e m d e um h o m e m acorrentado, a m e a ç a d o de m o r t e ; um h o m e m que fora a p e d r e j a d o , espancado e p e r s e g u i d o pelos i n i m i g o s . Mas e x p e r i ê n c i a s q u e deixariam o u t r a s pessoas a m a r g a s d e i x a v a m Paulo transbordando d e alegria! C o m o ele conseguia?! A chave está nos vs. 6-7: Paulo sabia c o m o e onde descarregar as suas ansiedades, e encher sua mente com coisas boas e positivas ( 8 ) . Ele também aprendeu o segredo do contentamento, e m todas as circunstâncias ( 1 2 ) : c o m a força que vinha d e Cristo, ele podia enfrentar qualquer situação ( 1 3 ) . V s . 10-20: O a p ó s t o l o a g r a d e c e pelos d o n a t i v o s recebidos. D e s d e o início eles o apoiaram ( 1 5 ) , com uma generosidade que se estendia a todos os necessitados (2Co 8.1-5). Sem contar o custo, eles se doaram a si mesm o s e tudo que tinham. N ã o é de admirar que Paulo tenha a m a d o esses cristãos: um g r u p o de h o m e n s e m u l h e r e s fiéis, leais, atenciosos, generosos e dedicados. • Casa de César/palácio d o Imperador (22) Cristãos que faziam parte d o pessoal a serviço do Imperador ( o palácio imperial, se Paulo estava e m R o m a ) .
COLOSSENSES Colossos era uma pequena cidade no belo vale d o rio Lico, que ficava cerca de 160 km a leste de Éfeso, perto de Denizli, na atual Turquia. Não longe dali ficavam a próspera Laodicéia (Cl 4.16; veja Ap 3.14-22) e Hierápolis. Havia igrejas cristãs nas três cidades. A igreja Não temos registro de como a igreja começou ali. Mas foi provavelmente durante os três anos que Paulo ficou em Éfeso (At 19) que Epafras e Filemom, dois homens importantes de Colossos, se tornaram cristãos. E eles passaram a se dedicar à propagação da mensagem cristã na região em que viviam (Cl 1.6-7; 4.12-13; Fm 1-2,5). Quando e p o r q u e Paulo escreveu? Embora Paulo jamais tenha visitado essa comunidade cristã, ele ouvira falar dela através de Epafras. Havia muito que agradecer, mas algumas notícias eram preocupantes. Então escreveu para eles uma carta, da prisão. Ainda se discute onde Paulo estava ao escrever essa carta. Se ele estava sob custódia, aguardando sua audiência em Roma (At 28), a data seria por volta de 61 d.C. (mais tarde na década de 60, Colossos foi destruída por um terremoto.) Se escreveu de Éfeso, seria no início da década de 50 (Éfeso ficava bem mais próxima de Colossos do que Roma, e seria mais fácil um escravo fugitivo, Onésimo, chegar lá.) Paulo tinha a oportunidade de enviar a carta com Tiquico (se ele estava saindo de Roma, poderia ter levado também a carta aos Efésios: as duas cartas são muito semelhantes) e Onésimo, a quem estava enviando de volta para casa (veja Filemom). Um p r o b l e m a a s e r a b o r d a d o O problema em Colossos que Paulo aborda era o "sincretismo", a tendência de colocar no mesmo plano da verdade cristã idéias provenientes de outras filosofias e religiões, fenômeno que ainda ocorre em nossos dias. Isso era (e é) compreensível. A igreja de Colossos era composta por gregos e judeus, bem como por frígios "nativos". Era natural que se apegassem a suas próprias idéias e quisessem incorporá-las à nova fé. Esse procedimento
parecia inofensivo, e possivelmente era uma tendência antiga, trazida para dentro da igreja a partir do judaísmo. Mas Paulo sabia que isso afetava o coração da sua m e n s a g e m evangélica. Ao tentarem reter a circuncisão, suas leis alimentares e festas (2.11,16), sem mencionar a adoração de anjos e o misticismo (2.18), os cristãos
Resumo Paulo escreve a uma igreja que não fundou pessoalmente, que estava adotando uma mistura de crenças e perdendo de vista tudo que Cristo representava. Cop. 1.1-14 Saudações introdutórias e elogios à igreja Caps. 1.15—2.5 Cristo e sua obra: a tarefa do apóstolo Caps. 2.6—4.6 A nova vida em Cristo Cop. 4.7-18 Notícias e mensagens finais
de origem judaica estavam alterando toda a base da vida cristã. E sabemos que a vida cristã não somente começa com Cristo (2.19, veja as anotações em Gálatas), mas depende dele para a sua continuação. A idéia de intermediários angélicos (2.18) nega a supremacia de Cristo. E a introdução do asceticismo e de uma sofisticada filosofia fazia com que as pessoas se voltassem outra vez para si mesmas e para a sabedoria humana (2.18-23), um caminho que já se mostrara um beco sem saída. Embora Paulo não trate desses assuntos um por um, essas eram as idéias que estavam por trás de sua epístola (veja "Para entender Colossenses").
724
As Epístolas Os colossenses precisavam se apegar novamente a Cristo, a sua plena supremacia e total suficiência. Esse é o tema de Paulo nesta epístola.
Cl 1.1-14: S a u d a ç ã o introdutória e oração Cristo "é a revelação visível do Deus invisível; ele é superior a todas as coisas criadas". Cl 1.15 I N T U A
C o m o e m todas as cartas, Paulo c o m e ça c o m uma oração de g r a t i d ã o . Ele sabe quais são suas prioridades cristãs, e mostra que conhece a psicologia de seus leitores. N o entanto, os elogios dele são sinceros, ou seja, estão longe de ser uma tentativa de dourar a pílula d o sermão que viria e m seguida. Seu cuidado amoroso se estendia além das igrejas que ele mesmo havia fundado, c ele inclui em sua oração grupos de cristãos que jamais conhecera ( 2 . 1 ) . F.lc fica alegre ao ouvir falar da fé, d o amor e da esperança deles. E seu desejo é que Deus dê a esses cristãos um conhecimento mais profundo e maior maturidade espiritual. • Epafras (7) Natural de Colossos e fundador da igreja local. Ele trabalhou incansavelmcnie ali e nas vizinhas Hierápolis c Laodiccia. Ele estava com Paulo quando a epístola foi escrita (4.12-13).
Cl 1.15-23: A excelência d e Cristo Jesus A reflexão sobre a operação de resgate planejada por Deus ( 1 3 - 1 4 ) leva Paulo a se tornar poético em sua tentativa de descrever com palavras a natureza e a obra de Cristo (como em Fp 2.5-11, ele pode ter se baseado num hino existente). Jesus é a expressão viva do próprio Deus. Ele esteve ativo na criação, e sustenta tudo que existe. Cristo é o primeiro na existência, no poder, e na posição. Ele tem o primeiro lugar na nova criação de Deus. Ele é a cabeça da Igreja e a fonte de vida da mesma. Através da morte de seu Filho, Deus nos tornou seus amigos. Este é o evangelho de Paulo: uma boa notícia de verdade! • Primogênito (15, ARA) Não o primeiro a ser criado, mas o herdeiro cuja posição é singular ou sem igual. • T r o n o s . . . (16) Seres e poderes invisíveis que existem além d o nosso mundo visível.
Cl 1.24—2.5: A m i s s ã o d e Paulo A tarefa d o apóstolo é transmitir a mensagem de Deus. Os filósofos se referiam a segredos, a coisas profundas que só os iniciados
Para entender Colossenses Paula Gooder
A maior preocupação de Paulo em sua Carta aos Colossenses era incentivar a comunidade cristã de Colossos a adorar a Cristo e fazer com que essa adoração se refletisse em seu cotidiano. Entretanto, no cap. 2, Paulo se voltou a problemas específicos: os cristãos colossenses não deviam se deixar afastar da correta adoração de Cristo pelos falsos ensinos que haviam encontrado. U m retorno aos costumes judaicos Esse falso ensino aparentemente era influenciado por certo tipo de misticismo judaico. Os falsos mestres estavam incentivando os cristãos colossenses a retornar a costumes especificamente judaicos: • a prática da circuncisão (2.11);
•
a observância das regras judaicas sobre comida e bebida; • e o cumprimento das leis sobre a adoração regular, não só nas grandes festas, mas também no sábado (2.16). Esse ensinamento teria afetado não somente o que os cristãos colossenses criam, mas também a maneira como agiam no seu dia-a-dia: o que comiam e bebiam, e como adoravam semanalmente. Na epístola como um todo, Paulo tenta mostrar aos colossenses que a adoração adequada de Cristo afeta toda a vida deles e, por conseguinte, elimina a necessidade de tais práticas. Práticas místicas Ainda mais preocupante para Paulo era o tipo de adoração que esses falsos
mestres praticavam (2.18). A mística judaica antiga acreditava que era possível ao ser humano ascender da terra ao céu e, uma vez lá, ver o trono de Deus e os anjos no céu. Parece que os falsos mestres de Colossos também acreditavam nisso. Infelizmente, a linguagem de Cl 2.18 não é clara. Pode significar que os cristãos colossenses estavam sendo censurados por seus oponentes porque não praticavam essa "ascensão" ao céu, ou essa censura se devia ao fato de os cristãos não adorarem os anjos que os místicos viam durante tal "ascensão". De qualquer forma, o problema para Paulo, e conseqüentemente para os colossenses, era que as crenças desses místicos haviam feito deles pessoas arrogantes, gente que não mais adorava a Cristo como cabeça da igreja (2.19).
Colossenses conhecem. Este é o segredo revelado de Deus: "Cristo — e m vós!" Todos os cristãos tomarão parte na glória d o próprio Deus! Este c um "segredo" que vale a pena conhecer. Esse segredo faz com que valha a pena todo esforço e empenho de Paulo e m "pregar Cristo para todos". • 1.24 "Paulo aplica a si o mesmo padrão que foi expresso na cruz: sofrer a favor dos outros" (Tom W r i g h t ) . Ele não estava acrescentando nada à obra salvadora de Cristo, pois esta estava completa. Mas nesta sobreposição das eras, no período que vai da ressurreição de Cristo a sua volta, o novo p o v o de Deus sofrerá como seu Mestre sofreu.
Cl 2.6—4.6: A p e l o c o m vistas à m a t u r i d a d e cristã Um falso ensino, proveniente de várias fontes, estava se infiltrando na igreja colossense (veja "Para entender Colossenses" e a Introdução). Era enganoso e perigoso, pois se baseava no ensinamento humano e não e m Cristo (2.8). Cristo é aquele que incorpora "toda a plenitude" de Deus e nele os cristãos encontram
Conhecimento secreto Outra crença desses místicos era que eles tinham revelações especiais de Deus sobre mistérios inacessíveis a outras pessoas. Afirmavam que tinham um conhecimento especial que não estava disponível a todos. Essa crença às vezes é chamada degnosticismo. Em vários pontos da epístola (particularmente 1.26-27 e 2.2), Paulo faz questão de se opor a essas crenças. Os mistérios de Deus são revelados a todos em Cristo. Os cristãos colossenses não deviam se sentir inferiores por causa de gente que ensinava uma doutrina diferente. D o u t r i n a falsa A doutrina falsa e as idéias errôneas que Paulo contesta nessa epístola parecem ser um tipo de judaísmo cujos defensores não só tentavam forçar a igreja colossense a voltar a determinadas práticas judaicas, como a circuncisão, mas também acreditavam que recebiam uma revelação
725 Em Ci 3 e F.f 5—6, Paulo ensina a respeito de relacionamentos corretos dentro da família e da casa. Mãe e filha são retratadas neste relevo encontrado num túmulo em Palmira.
sua própria realização ( 2 . 9 - 1 0 ) . Pela morte de Cristo, a lei judaica ( o judaísmo c m si) foi substituída: a sombra deu lugar à realidade. "Então, por que é que vocês estão v i v e n d o c o m o se fossem deste mundo?" ( 2 . 2 0 ) . Pode haver b o m senso nas regras, mas elas não p o d e m qualificar ou desqualificar a pessoa que encontrou vida em Cristo. Cap. 3: Tornar-se cristão significa romper definitivamente c o m o antigo estilo egoísta e permissivo de viver. Há um n o v o h o m e m , seguindo uma nova direção, sendo renovado
especial exclusiva no momento em que "ascendiam" ao âmbito celestial. Nesta epístola, Paulo procura trazer a igreja colossense de volta à verdadeira adoração de Cristo, a imagem do Deus invisível, cabeça da Igreja. Linguagem emprestada Paulo deliberadamente usa os termos "gnósticos" de seus leitores, como, por exemplo, "mistérios", "sabedoria" e "conhecimento". Palavras como essas eram usadas com freqüência para descrever a revelação especial que esses místicos supostamente recebiam de Deus. Nesta carta, porém, Paulo coloca essas palavras a serviço de seus propósitos cristãos: os mistérios de Deus são revelados a todos em Cristo. Ao usar a linguagem daqueles que tentava persuadir, Paulo mostra claramente que tudo que esperavam já fora revelado através de Cristo Jesus.
726
As Epístolas • • • • • • • • • • • • • • H l
Paulo incentivou seus leitores cristãos a deixarem de lado a vida antiga, para viverem a nova vida em Cristo. Isso significava agir de forma diferente. Também significava mudar a mentalidade e abandonar conceitos errados.
ideia pagã e supersticiosa de que o mundo é dominado por espíritos. • 3.18—4.1 Veja as anotações sobre Ef 5— 6, quando Paulo trata d o m e s m o assunto em mais detalhes.
Cl 4.7-18: Notícias d e o r d e m pessoal A referência a Tíquico e Onésimo associa esta epístola a Efésios (veja Ef 6.21-22) e Filem o m . Parece que as três epístolas foram enviadas ao m e s m o t e m p o e por m e i o d o mesmo mensageiro. ( A epístola dos de Laodicéia, 16, pode ser Efésios). E bom reencontrar Marcos, depois d o problema que causou entre Paulo e Barnabé ( A t 13.13; 15.36-40). Aristarco, um judeu proveniente da Grécia, era outro velho companheiro de Paulo; ele havia se envolvido no tumulto e m Éfeso ( A t 1 9 . 2 9 ) . Lucas ficou com Paulo até o fim, mas Demas o abandonou ( 2 T m 4.10-11). Epafras, o colossense, já fora mencionado ( 1 . 7 , e veja introdução). Arquipo talvez fosse o filho de Filemom (Fm 2). Ninfa, de Laodicéia, foi uma das várias pessoas que abriam as portas de suas casas para as comunidades cristãs, numa época em que a igreja ainda não tinha prédios destinados ao culto. Áqüila e Priscila, e m Éfeso ( I C o 16.19), e, mais tarde, e m Roma ( R m 16.5), bem como F i l e m o m , e m Colossos, e Gaio, e m Corinto ( R m 16.23), faziam o mesmo. A igreja inteira lhes d e v e muito.
Muitas pessoas eram escravas da superstição: ela é representada por essa estátua da deusa da boa sorte.
Também havia, no pensamento grego, uma falsa oposição entre corpo (material, mau) e alma (espiritual, boa). Este mosaico, encontrado numa igreja bizantina em Jerash (uma das "Dez Cidades" helenistas, na atual Jordânia), mostra um pássaro engaiolado que simboliza a alma aprisionada no corpo.
à semelhança de Cristo e assumindo o caráter dele ( 3 . 1 0 ) . O Senhor amoroso e misericordioso é o m o d e l o para o comportamento cristão ( 3 . 1 2 - 1 5 ) . Sua palavra ( 3 . 1 6 ) molda o nosso pensamento. A nova vida é vida de oração (4.2-4) e de gratidão a Deus (3.15-17). O lar e a família são transformados pela presença d o amor desinteressado e altruísta em todos os relacionamentos ( 3 . 1 8 — 4 . 1 ) . • 2.12 Veja Rm 6. • 2.16 Essas coisas não são mais relevantes. • Rudimentos d o m u n d o / e s p í r i t o s maus que d o m i n a m o U n i v e r s o (2.20) A antiga
Colossenses
727
Anjos na Bíblia Stephen Noll
Os anjos aparecem em toda a Bíblia,
Os únicos arcanjos chamados por
de Gênesis a Apocalipse, sendo que há
nome, na Bíblia, são Miguel e Gabriel
na sua segunda vinda, e executam o
cerca de 300 alusões a eles no AT e NT.
(Rafael só aparece no livro apócrifo ou
juízo divino (1Ts 4.16; Mt 24.31). Eles
Embora não tenham sido objeto de
deuterocanônico de Tobias). No NT, os
também formam um grupo ou uma
estudo dos eruditos ao longo dos últi-
anjos aparecem no início da vida e do
comunidade que dá testemunho e
mos 200 anos, os anjos estão de volta
ministério de Jesus e no final, proporcio-
exalta a obra da salvação que Cristo
em nossos dias, não só na opinião
nando uma "moldura de mistério" para
realizou (Ap4—5).
pública, mas na pesquisa bíblica, com
a pessoa e obra sem igual de Jesus.
seu renovado interesse pela mitologia
Embora o Espírito Santo tenha
e pela literatura apocalíptica como
vindo c o m o testemunha interna da
pano de fundo do ATe do NT.
presença e do poder de Deus, os anjos
A palavra "anjo" (malak, no hebraico; angelos,
no g r e g o ) descreve a
função d e um mensageiro, e não a natureza de um anjo. •
• •
O NT claramente ensina que os anjos cuidam d o povo d e Deus (Lc
Há anjos santos c o m o os queru-
15.10). Não fica muito claro se cada crente tem um anjo da guarda pessoal
do trono d e Deus.
ou não (Mt 18.10; At 12.15).
Há anjos maus como Satanás, que
Nas Epístolas, os anjos são men-
foram totalmente banidos.
cionados principalmente para desta-
E há "principados e potestades", que
car a filiação d e Jesus Cristo. O Cristo
são corruptos, mas continuam a
ressuscitado foi exaltado acima dos
sustentar a ordem do mundo caído.
"principados e potestades" deste
A "assembléia dos santos/deuses"
mundo mau, e nenhuma criatura ter-
que aparece no AT é um conceito
rena ou celestial pode nos separar de
semelhante ao panteão dos povos da
seu amor (Ef 1.20-23; Rm 8.38-39).
Mesopotâmia e dos gregos, um con-
Na Carta aos Hebreus, os anjos
selho de deuses presidido pelo deus
aparecem como pano d e fundo para
pai. A Bíblia reconhece a existência
confirmar a plena divindade e huma-
de ídolos, mas afirma que nenhum
nidade de Cristo (Hb 1—2).
(Êx
Quando Jesus ensinou os seus dis-
15.11; SI 89.6). Portanto, a Bíblia reco-
cípulos a orar, "seja feita a tua vontade,
nhece que existe certa realidade por
assim na terra como no céu", ele clara-
trás dos mitos d o politeísmo, mas
mente deu a entender que existe uma
também deixa claro que esses mitos
comunidade celestial que louva e faz a
são uma corrupção do governo origi-
vontade de Deus.
S E N H O R
nal de Deus sobre as nações (SI 82; Dt 32.8-9).
I
missão da Igreja (At 8.26-40).
bins e serafins, que servem diante
deles é comparável ao
I
continuaram a aparecer na história e
Um dos rolos d o mar Morto que foi publicado recentemente descreve
O "anjo do Senhor" que aparece
uma detalhada "liturgia angelical" no
no AT é uma figura enigmática, que às
céu, e Paulo fala sobre a presença de
vezes fala como mensageiro e outras
anjos, quando os cristãos se reúnem
\ vezes como o próprio Deus (Êx 3.1-6).
para o culto de adoração (ICo 11.10).
Muitas vezes interpretado como pre-
Os anjos aparecem na literatura
figuração de Cristo, o anjo d o Senhor
apocalíptica (veja notas em Apoca-
provavelmente é um arcanjo, membro
lipse). A visão da vinda d o Filho d o
de um grupo especial d e anjos que
Homem que aparece em Daniel teve
I transmitem a palavra de Deus e guiam
grande influência sobre o ensino do
o seu povo na história da salvação (Êx
NT a respeito do fim dos tempos (Dn
I
\ 23.20-22).
7.9-13; 12.1-3). Os anjos anunciam a
chegada e acompanham Jesus Cristo
1E2 TESSALONICENSES
Resumo Paulo escreve à fiel e sofredora igreja de Tessalônica. Ele estava preocupado com eles, mas agora recebera boas notícias. Ele os instrui na vida cristã e faz correções quanto a várias questões relacionadas à volta de Jesus e ao juízo final.
Tessalônica era uma cidade livre, capital da província romana da Macedónia (norte da Grécia). Era um porto florescente do mar Egeu, do outro lado da baía onde fica o monte Olimpo. Era servida pela Via Egnatia, a rota comercial terrestre que ligava Dirraquio, no mar Adriático, a Bizâncio (hoje Istambul). Atualmente, Thessaloniki é uma cidade próspera e moderna, um centro governamental no norte da Grécia, e a cidade mais importante depois de Atenas. A igreja A igreja foi fundada por volta de 50 d . C depois que Paulo (com Silas e Timóteo) deixou Filipos, durante a segunda viagem missionária. Veja At 17.1-9. Segundo esse relato, Paulo não ficou muito tempo em Tessalônica: pregou por três sábados consecutivos na sinagoga e depois ficou um curto período de tempo na casa de Jasão. Logo os judeus provocaram um tumulto, porque Paulo estava conseguindo converter algumas das pessoas interessadas no judaísmo. Jasão e outros cristãos foram arrastados perante os magistrados e soltos mediante pagamento de fiança. Por motivos de segurança, a jovem igreja pediu para os missionários partirem. Mas a perseguição continuou, alimentada por judeus e outras pessoas.
Pouco restou da antiga cidade de Tcssalònica. Hoje. conhecida conto Thcssaloniki. é a segunda maior cidade da Grécia. Nos tempos romanos, a Via Egnatia. pela qual Paulo viajou, passava solí o Arco de Galério,
As Epístolas De Tessalônica, Paulo e seus companheiros foram a Beréia. Depois, Paulo prosseguiu viagem, sozinho, para Atenas. Parece que Timóteo se juntou a ele em Atenas (1 Ts 3.1-2), mas logo foi enviado de volta a Tessalônica, para obter notícias. Paulo queria muito saber o que havia acontecido com o pequeno grupo de cristãos. Ele já estava em Corinto quanto Timóteo retornou com boas notícias. A primeira epístola de Paulo aos tessalonicenses foi escrita nesse momento. Ela reflete o alívio e a alegria do apóstolo. Paulo responde perguntas que haviam surgido, e repete seu ensinamento sobre questões nas quais a igreja não tinha clareza. Paulo queria que a carta fosse a todos os cristãos (5.27), alguns dos quais não seriam capazes de ler pessoalmente. É possível que a carta foi circulada entre várias igrejas nas casas. A segunda epístola foi escrita alguns meses depois da primeira. Nela, Paulo reforça o ensino da primeira e esclarece dúvidas, principalmente sobre o retorno de Cristo. Essas duas epístolas são as mais antigas cartas de Paulo que chegaram até nós (com a possível exceção de Gálatas) e são, provavelmente, os mais antigos textos do NT. Elas foram escritas apenas 20 anos após a crucificação de Jesus.
1TESSALONICENSES
l T s 1.1: S a u d a ç õ e s i n t r o d u t ó r i a s A epístola é de Paulo. Mas ele escreve juntamente com Silvano ( = Silas, veja A t 15.40) e T i m ó t e o , seus companheiros de trabalho em Tessalônica e, agora, e m Corinto. Essa coautoria transparece no uso de "nós", algo que distingue 1 ( e 2 ) Tcssalonicenscs das outras epístolas de Paulo.
retratado ; K ) U Í .
A rua ainda ê chamada pelo seu nome antigo.
l T s 1.2-10: Fé, a m o r — e esperança A reação d o p o v o de Tessalônica à mensagem d o evangelho, e tudo que acontecera desde então, era motivo de gratidão a Deus.
1 e 2Tessalonicenses Aquele pequeno grupo de cristãos suportou a perseguição. Eles foram privados de seus mestres c e d o demais. N o entanto, permaneceram firmes. A l é m disso, e m poucos meses se tornaram exemplo de fé inabalável para o resto da Grécia ( 7 ) , propagando as boas novas por meio de palavras e m o d o de vida. • Verdadeiro (9) O Deus que é fiel e que cumpre as suas promessas. • Vs. 9-10 Breve síntese d o evangelho de Paulo. Ele lhes ensinou sobre a natureza de Deus; sobre Jesus, seu Filho, que morreu para resgatá-los do juízo; e sobre sua ressurreição. A promessa do retorno de Cristo é particularmente preciosa para todos os que sofrem, c estas epístolas estão repletas dessa promessa.
notícias deles. Assim, as boas notícias trazidas por T i m ó t e o encheram o apóstolo de alegria e lhe deram novo ânimo. Seu único pensamento era vê-los novamente ( 1 1 ) . • Satanás nos b a r r o u o caminho (2.18) F. d o interesse d o inimigo manter o missionário distante de seus convertidos. • Predissemos... (3.4) Os cristãos d o primeiro século sabiam desde o início que podiam esperar problemas e sofrimento.
l T s 4.1-12: V i v e n d o p a r a D e u s
E evidente que os inimigos de Paulo procuraram difamá-lo. O apóstolo se defende, lembrando aos cristãos o que realmente aconteceu quando estava com eles. Ele não viera c o m o charlatão itinerante, espalhando idéias dúbias com a intenção de enganar ( 3 ) . E não estava atrás de dinheiro, de forma alguma ( 5 ) . Ele viera para dar, não obter ( 8 ) , disposto a enfrentar mais problemas ainda, enquanto ainda se recuperava dos maus tratos sofridos cm Filipos (2; veja A t 16.22-24). Ele não dependia deles para seu sustento ( 9 ; embora os filipenses ajudassem a sustentá-lo: veja Fp 4 . 1 6 ) . As convenções d o sistema de clientelismo teriam feito de Paulo um devedor para com eles, tornando necessário que cie fizesse o que eles ordenassem. Obviamente Paulo queria evitar isso, e — talvez ainda mais — queria evitar a odiosidade dos pregadores itinerantes que diziam qualquer coisa para a m i m a r dinheiro.
Vs. 1-8: Vida sexual. Os padrões de conduta sexual seguidos pelos pagãos não correspondiam aos padrões de cristãos e judeus, mas exerciam uma forte influência sobre os recémconvertidos. N o entanto, importava que tivessem autocontrole. Nessa matéria, cristãos não devem ofender ou prejudicar os outros. Vs. 9-10: A m o r cristão. M e s m o o n d e o amor já existe, sempre há espaço para mais. Vs. 11-12: Trabalho. Entre os gregos, a classe dos nobres menosprezava o trabalho manual (embora os artesãos se orgulhassem de seu trabalho). Havia também pessoas desocupadas e preguiçosas na igreja, bem felizes por viverem às custas de outros cristãos generosos. O próprio Paulo fazia trabalho manual, renunciando a sua posição social e identificando-se com os trabalhadores. E ele incentiva os tessalonicenses a fazerem o mesmo. A expectativa d o retorno de Jesus era uma grande tentação no sentido de ficar longe da chatice d o trabalho diário (veja também 2T's 3.11-12). • Ninguém ofenda nem defraude a seu irmão (6, ARA) O mesmo princípio vale para solteiros e casados: a promiscuidade sexual priva a outra pessoa daquilo que por direito lhe pertence.
• Vs. 15-16 Paulo fala c o m o um profeta d o AT. Em nenhuma outra passagem Paulo é tão duro para com o seu povo.
l T s 4.13—5.11: A v i n d a d o S e n h o r Jesus
lTs 2.1-16: P a u l o evoca sua p e r m a n ê n c i a e m Tessalônica
lTs 2.17—3.13: "Sentimos muitas saudades d e vocês!" Paulo está tão p r ó x i m o d e seus convertidos quanto um pai de seus filhos. Apesar da distância, eles estavam e m seu coração e seus pensamentos. Saber que eles estavam sofrendo era a l g o que o deixava muito aflito. A felicidade de Paulo — até mesmo sua vida — depende da continuação e d o progresso deles na fé. Por isso, ele deseja vê-los e espera receber notícias. Estava até disposto a enfrentar Atenas s o z i n h o , se isto significasse receber
Dois problemas surgiram a partir d o ensinamento de Paulo sobre o assunto: • Alguns haviam morrido durante o t e m p o entre a partida de Paulo e a c o m p o s i ç ã o dessa epístola. Esses cristãos sairão perd e n d o ( 1 3 - 1 8 ) ? De j e i t o nenhum, diz Paulo. Eles serão ressuscitados primeiro quando Cristo vier. E mortos e vivos, juntos, tomarão parte d o triunfo d o Senhor e desfrutarão de sua presença. • Quando o Senhor virá (5.1-11)? Ninguém sabe. Mas ele virá repentina e inesperadamente, e precisamos estar prontos.
730
As Epístolas • Os que d o r m e m (4.13,14) Essa é uma metáfora judaica, usada por Jesus e outros judeus que acreditavam na ressurreição dos mortos. Paulo está dizendo que a morte não é mais definitiva do que o sono: pela ressurreição, acordaremos revigorados e renovados. Ele não está ensinando a idéia de um "sono da alma" após a morte. • A couraça (5.8) Fé, amor e a certeza da salvação futura são as defesas d o cristão contra qualquer ataque. Confira Ef 6.14-20.
lTs 5.12-22: Instruções finais O tempo, ou o espaço, estava se esgotand o . Mas Paulo conseguiu comprimir 17 instruções d e ordem prática, bem típicas dele, nesses poucos versículos.
lTs 5.23-28: C o n c l u s ã o A oração de Paulo é abrangente: ele interc e d e pela pessoa toda, e m todos os aspectos ("espírito, alma, c o r p o " ) . Autoridade (a ordem severa de ler a carta a toda a igreja) c humildade andam juntas. O apóstolo, que nunca deixava de orar por seus leitores, sabia o quanto precisava das orações deles. • Ósculo santo/beijo de irmão (26) Veja 2 C o Os tessaloniccnses tinham dúvidas a respeito da ressurreição e da volta de Cristo, e Paulo tratou dessas questões nas suas duas epistolas. Be teve que exortálos a continuar exercendo suas profissões, e não deixar de trabalhar c esperar a vinda de Cristo.
13.12. Esse era o costume familiar: as práticas da família se tornaram as práticas da igreja, que si- reunia como família e nos lares.
2TESSALONICENSES 2Ts 1.1-2: S a u d a ç ã o inicial 2Ts 1.3-12: Elogios e incentivo Vs. 3-4: Parece que os tessalonicenses protestaram contra o elogio rasgado que aparece na primeira epístola de Paulo ( I T s 1 ) . Paulo responde que é mais d o que justo que ele agradeça a Deus pela fé e pelo amor crescente deles, e lambem pela firmeza deles em meio à perseguição. Vs. 5-12: Deus é justo e fará o que é certo. Portanto, é certo que aqueles que fazem o seu povo sofrer e rejeitam a verdade de Deus sofrerão, eles próprios, "destruição eterna" (separação permanente de Deus; o cristão, ao contrário, tem "vida eterna", presença contínua junto a Deus).
2Ts 2.1-12: O D i a v i r á Esta passagem é uma das mais difíceis das epístolas de Paulo. ( A t é Pedro achava Paulo
1 e 2Tessalonicenses difícil de entender: 2Pe 3.16!) Ele fez alusão a ensinamentos que não nos foram transmitidos, tanto assim que boa parte d o que estava claro aos primeiros leitores é, para nós, obscuro. É melhor, em alguns casos, admitir que não sabemos o significado d o que fazer especulações. Alguns dos cristãos tessalonicenses achavam que o Dia d o Senhor já tinha chegado. Mas Paulo jamais havia dito (ou escrito, 2 ) isso. Antes daquele dia haverá, segundo cie, uma grande rebelião final contra Deus, liderada por um indivíduo totalmente oposto a ele. (Confira A p 1 3 ; U o 2 . 1 8 - 2 5 ) . N a q u e le momento havia forças que restringiam ou detinham o mal, mas no final elas seriam retiradas. A vitória será possível somente através de Cristo, quando da sua vinda. • Homem da i n i q ü i d a d e / P e r v e r s o (3) N ã o Satanás em pessoa, mas o líder das forças que se o p õ e m a Deus, que se apresenta c o m o se fosse Deus. ("Filho da perdição" I A R A ] é uma expressão hebraica que significa "aquele que está condenado à destruição".) • Aquele q u e agora o d e t é m / n ã o deixa q u e isso aconteça (7) t a l v e z Paulo personalize o princípio da lei e da autoridade que refreia o mal; ou talvez se refira a u m ser angélico. Não sabemos c o m certeza. • Os que perecem (10) Porque não aceitaram o evangelho. Rejeitam a verdade que oferece salvação. • V. 11 Paulo v ê Deus c o m o aquele que tem, de fato, o controle último da situação. Por este m o t i v o , às vezes a Bíblia atribui o mal a Deus. Porém Deus quer que todos aceitem o seu convite para serem salvos.
731
2Ts 2.13—3.5: A ç ã o d e g r a ç a s e oração Em nítido contraste com o assunto anterior, Paulo se volta aos tessalonicenses. Eles foram escolhidos e chamados por Deus, e aceitaram a verdade de bom grado. Eles compartilharão da glória d o próprio Jesus. • Desde o princípio (2.13) Desde a eternidade (veja Ef 1.4). • As tradições (15, ARA) Não os costumes, mas a verdade sobre Jesus e seu ensino, fielmente transmitida pelos apóstolos. Esta é a mesma verdade que ternos por escrito no NT. • Consolem (2.17, ARA) N o sentido de encorajar, encher de ânimo ( N T L H ) .
2Ts 3.6-15: " N ã o f i c a m o s sem trabalhar" Paulo enfatizou a necessidade d o trabalho na sua primeira carta ( I T s 4 . 1 1 ) . Mas parece que o entusiasmo diante de vinda de Cristo ajudou a piorar a situação. Assim, Paulo se dirige c o m palavras duras àqueles que ficavam à toa e viviam às custos dos outros. Eles não podiam justificar esse tipo de comportamento a partir d o e x e m p l o de Paulo.
2Ts 3.16-18: C o n c l u s ã o O presente é difícil, o futuro será pior (2.312). Mas apesar das circunstâncias, apesar das dificuldades, o cristão tem uma fonte inesgotável e infalível de paz. N o v. 17, Paulo tomou a pena da m ã o d o secretário. Ele autenticou essa carta c o m a sua própria assinatura (veja 2 . 2 ) , a l g o que costumava fazer e m todas as suas cartas.
"Que o Senhor da paz dê a vocês a paz, sempre e de todas as maneiras!" Us 3.16 (NTLH)
Resumo ITimóteo Uma epístola sobre liderança na igreja. Paulo adverte sobre os perigos das falsas
1 E2TIMÓTEO Timóteo era filho de um casamento misto: a
res da igreja. Ele dá
mãe dele era judia, e o pai, grego. Morava em Listra,
conselhos
na província romana da Galácia (perto de Konya,
conduta
sobre
pessoal.
na atual Turquia). Paulo chegou a Listra durante a
E t e n d o e m vista
sua primeira viagem missionária, e tudo indica que
as doutrinas falsas
foi nessa ocasião que Timóteo foi convertido. Ele
e enganosas, ele
se destacou tanto como cristão que, quando Paulo
os incentiva a se
retornou, decidiu levá-lo consigo em suas viagens.
concentraram
Os líderes da igreja local incumbiram-no formal-
questões
nas
básicas
mente dessa tarefa e lhe deram sua bênção. E daí
e não se desvia-
em diante ele se tornou o companheiro constante,
rem do caminho. A
leal, confiável e muito amado de Paulo.
melhor maneira de
Timóteo não era corajoso por natureza, e fre-
fazer frente a idéias
qüentemente adoecia. Ele precisava de muito
falsas é ensinar a
incentivo. Mas a confiança de Paulo não foi em
verdade.
vão. Nas epístolas a diversas igrejas ele fala com
doutrinas, ensina Timóteo a escolher o tipo certo de líderes, e aconselha pessoalmente o companheiro mais jovem sobre suas funções de liderança. 2Timóteo Conselhos pessoais, incentivo, advertências, instruções para que Timóteo siga o exemplo de Paulo como verdadeira e fiel testemunha de Jesus.
A igreja antiga
afeição desse seu "filho na fé". Timóteo não só
não tinha dúvida de que essas epístolas foram
viajava com Paulo e aparece como co-remetente
de fato escritas por Paulo aos dois homens men-
de várias de suas epístolas, mas muitas vezes ele
cionados. Muitos eruditos modernos questionam
fazia a vez de emissário de Paulo às igrejas. Bem
isso, alegando que elas diferem das outras cartas
no início, Paulo, ao seguir viagem, o deixou em
de Paulo quanto a linguagem e conteúdo, e que
Beréia, para consolidar e dar continuidade ao tra-
combatem heresias do século 2, e não do século 1.
balho nesse local e em Tessalônica. Ele foi enviado
Outros sugerem que são obra de um autor poste-
a Corinto quando Paulo soube dos problemas
rior, que teria incorporado algum material escrito
daquela igreja — uma tarefa nada fácil. E quando
pelo apóstolo. Mas isso só aumenta os problemas,
Paulo lhe escreveu esta carta, ele estava em Éfeso,
e talvez exista uma explicação mais simples.
supervisionando as igrejas cristãs do local e envol-
Sabemos que Paulo muitas vezes usava um
vido na escolha e treinamento de líderes da igreja.
secretário. Se este recebeu bastante liberdade para redigir o texto, a argumentação baseada no
As epistolas
vocabulário se torna pouco convincente (por mais
1 e 2Timóteo e Tito foram escritas mais para
que a análise seja feita com auxílio de compu-
o final da vida de Paulo. Ele estava livre quando
tador!). O vocabulário e o estilo dessas epístolas
escreveu 1 Timóteo e Tito, e recentemente havia
muitas vezes são parecidos com os de Lucas, e
desenvolvido trabalho evangelístico na Grécia
talvez ele as tenha escrito a pedido de Paulo. Em
e na região onde hoje fica a Turquia. Isso não
2Tm 4.11, Paulo diz: "somente Lucas está comigo".
corresponde a nada que conhecemos a partir do
O problema do conteúdo é que Paulo diz a Timó-
relato de Atos, e leva a supor que Paulo foi solto
teo e Tito coisas que eles certamente já sabiam.
da prisão (At 28), continuou a pregar por algum
A razão disso pode ser a seguinte: Paulo queria
tempo, e depois foi preso novamente e levado
que essas instruções fossem lidas nas igrejas. A
a Roma para julgamento. A o escrever 2Timóteo,
questão das heresias também é contestável. Não
ele estava na prisão, prestes a ser executado. Nessas "epístolas pastorais" — título geral das
há nada nas cartas que se pode dizer com certeza que Paulo não poderia ter escrito.
três cartas, derivado do fato de se relacionarem com o pastoreio ou liderança na igreja — temos
1TIMÓTEO
orientações de Paulo sobre a maneira como Timóteo eTito deveriam lidar com diversos problemas que encontraram na supervisão das igrejas sob
l T m 1: O s p r o b l e m a s e m Éfeso; Paulo e Timóteo
sua responsabilidade. Paulo descreve as qualida-
A pregação de Paulo havia sido muito bem
des a serem levadas em conta na escolha de líde-
aceita e m Éfeso e nos seus arredores (At 19;
] e 2Timóteo veja também "A c i d a d e de É f e s o " ) . Muitas igrejas cristãs haviam surgido como que d o dia para a noite. E Paulo logo percebeu que essas igrejas eram vulneráveis ao ataque de falsas doutrinas (At 20.29-30). Dez anos depois, seus temores se haviam confirmado. Lendas judaicas apócrifas c genealogias ( 4 ) estavam sendo usadas c o m o base para ensinamentos estranhos. Era um enfoque errado no uso da lei d o AT, e Timóteo devia impedir a propagação dessas idéias. A mensagem cristã deve resultar em fé, amor, e uma consciência limpa — não e m especulação. Parece que sempre é mais fascinante discutir sobre assuntos obscuros do que viver a vida cristã. Paulo já era cristão havia mais de 30 anos. Tinha v i a j a d o , p r e g a n d o o e v a n g e l h o , ao longo de 20 anos. Porém jamais esqueceu que no passado estava determinado a destruir essa •'seita" ( 1 3 ; At 8.1-3; At 9 ) . Jamais deixou de se maravilhar com o fato de Deus usar um homem c o m o ele para a sua obra. É ó t i m o o conselho de Paulo: "Conserve a sua fé e mantenha a sua consciência limpa". • Sã doutrina (10) Essa é uma ênfase freqüente nas cartas pastorais. C o m o este versículo deixa claro, esse "verdadeiro ensinamento" inclui não apenas o que se d e v e crer c o m base no evangelho p r e g a d o pelos apóstolos, mas também a manifestação dessa fé numa conduta cristã.
• As profecias (18) A indicação (dada a Paulo ou recebida quando Timóteo foi comissionado) de que Deus havia escolhido T i m ó t e o para aquela tarefa. • Entreguei a Satanás (20) Não sabemos exatamente o que isso significa — mas veja as anotações sobre I C o 5.5.
l T m 2: H o m e n s e m u l h e r e s na i g r e j a A oração é de suma importância. Isto inclui oração pelas autoridades, para que os cristãos levem vida pacífica que lhes permita concentrar-se na propagação das boas novas para todos, como Deus quer ( 4 ) . Na assembléia, os homens devem orar, sem ódio e sem brigas. As mulheres cristãs devem se preocupar com a conduta, e não c o m as roupas, e não d e v e m ter autoridade sobre os homens. A mensagem cristã elevou o status das mulheres (veja, p.ex., Gl 3.28). Mas Deus não queria que elas assumissem o controle de tudo. H o m e n s e mulheres são iguais diante de Deus, mas seus papéis não são idênticos. Neste caso, Paulo não estava, de forma arbitrária, escolhendo as mulheres para uma censura especial. Ele está sendo imparcial, pois corrige abusos no culto, cometidos por tanto por homens briguentos como por mulheres usurpadoras e despreparadas. (Nada d o que Paulo diz, aqui proíbe as mulheres de colocarem cm
733
"O ensinamento verdadeiro e que deve ser crido e aceito de todo o coração é este: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores." 1 Tm 1.15 (NTI.H)
Timóteo era um jovem que precisava exercer autoridade num grupo que incluía pessoas mais velhas do que ele. Paulo deu conselhos sábios para seu relacionamento com os membros da igreja, tanto homens quanto mulheres. Essas esculturas de um homem e uma mulher são de um túmulo em Palmira.
734
As Epístolas
"Porquanto há um só Deus c um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem, o qual a si mesmo se deu em resgate por todos." Um
2.5-6 (ARA)
prática os dons que receberam de Deus para o serviço.) • V . 15 Paulo jamais teria feito da maternidade o meio de salvação da mulher ( c o m p a r e com o v. 5 ) ! O pensamento p o d e ser uma continuação dos vs. 13-14, ou seja, embora a mulher tenha sido a primeira a pecar, foi através dela que nasceu o Salvador. Ou o significado pode ser que ela ficará a salvo ou protegida ao dar à luz. Paulo claramente esperava que as mulheres cristãs se casassem e tivessem filhos.
l T m 3: O s líderes d a i g r e j a Paulo costumava nomear vários presbíteros em cada igreja, para a função de liderança (At 14.23). ( A palavra grega epískopos, traduzida "bispo", significa, literalmente "supervisor".) "Supervisionar" o que acontecia era uma das funções dos presbíteros. Estes, por sua v e z , eram auxiliados pelos "assistentes" ("diáconos", 8 ) . A lista de qualificações para esses líderes, elaborada por Paulo, é b e m r a z o á v e l . Eles d e v e m ser homens que têm controle de si mesmos e de suas famílias, deram provas de fidelidade cristã e são respeitados pelos de fora. Timóteo não era, por natureza, uma pessoa que tinha facilidade de se impor. Ter e m mãos um texto c o m a autoridade de Paulo era quase tão bom quanto ter a presença d o próprio apóstolo ali e m Éfeso ( 1 4 - 1 5 ) . • Mistério (9) O segredo de Deus revelado em Jesus Cristo. A fé cristã foi dada por •ludo Deus, não inventada por pessoas. o que Deus • V . 11 "Mulheres" ou "esposas": criou é bom." a palavra grega pode ter os dois lTm 4.4 significados, dependendo d o contexto. Aqui não fica claro se Paulo quis dizer diaconisas ou esposas dos diáconos. • V . 16 Paulo aparentemente está citando um hino cristão.
l T m 4: O s falsos mestres — e os v e r d a d e i r o s A fonte última das falsas doutrinas é o próprio Satanás, o Inimigo. Elas são promovidas por aqueles que têm a consciência cauterizada. Proíbem o casamento e e x i g e m abstinência de alimentos — coisas que Deus criou para o nosso bem. Afirmam que seu pensamento é supereristão, quando, na realidade, é suberistão. T i m ó t e o , c o m o mestre verdadeiro, devia deixar isso claro. E não só c o m palavras. Toda
a sua vida devia mostrar o que ele ensinava aos outros. Assim, devia deixar a verdade moldar a vida dele ( 6 ) ; tinha que estar sempre espiritualmente preparado ( 7 - 8 ) . Devia ter constante cuidado d e si m e s m o e da doutrina. Os mais velhos talvez não reconhecessem sua autoridade, porque T i m ó t e o era jovem. N o entanto, o caráter cristão se i m p õ e em qualquer idade.
l T m 5.1—6.2: C o m o l i d a r c o m p e s s o a s na i g r e j a 5.1-2: O conselho de Paulo é sábio: trate os outros como se fossem a sua própria família ( 1 - 2 ) . 5.3-16: Viúvas que não têm como se sustentar merecem cuidado especial. Sua sorte não era nada invejável. Na época de Paulo, havia alguma distribuição de alimentos em Roma e alguns outros lugares, mas nenhuma forma de previdência social organizada pelo Estado. A igreja logo percebeu as necessidades e aceitou sua responsabilidade ( A t 6 . 1 ) . Mas logo isso se tornou um problema considerável, e nem todos os casos tinham a mesma gravidade. A regra d e Paulo é que a igreja d e v e reservar sua ajuda àquelas que nao tem ninguém para cuidar delas. Deve colocar na lista apenas viúvas de mais idade, de bom caráter cristão, e dedicadas ao serviço cristão. As mais jovens devem se casar outra v e z . E sempre que possível as viúvas devem ser amparadas por seus próprios paremos. Na cidade e m que a deusa Diana era servida por inúmeras prostitutas, a reputação das mulheres que serviam a Cristo devia ser irrepreensível. 5.17-22,24-25: Os anciãos d e v e m ser escolhidos com cuidado, tratados com respeito, e pagos por seu trabalho. Eles são facilmente alvo de falsas acusações. T i m ó t e o devia ter o cuidado de ser justo em situações assim. O v. 23 é uma observação parentética de caráter pessoal. Sem dúvida, T i m ó t e o linha problemas de saúde e precisava se cuidar. 6.1-2: C o m o cristãos, os escravos eram pessoas livres; no entanto, não deviam manchar o nome de Cristo, desrespeitando os seus donos (veja Ef 6.5-9; F m ) . • 5.9 O grego significa, literalmente, "mulher de um só homem". • 5.22 "Impor as mãos" significa comissionar para o serviço cristão. • 5.23 U m bom conselho médico na época; o vinho neutralizava algumas das impurezas prejudiciais que havia na água.
J e 2Timóteo l T m 6.3-21: " C o m b a t a o b o m c o m b a t e d a fé" O assunto das falsas doutrinas volta à tona. Os vs. 3-5 nos d ã o uma descrição sombria daquilo que Timóteo tinha que combater na igreja: questões, contendas de palavras, discussões sem fim. O "conhecimento" (gnosis, 2 0 ) superior reivindicado por essas pessoas viria a se transformar numa heresia mais ampla, chamada de " g n o s t i c i s m o " , cujos a d e p t o s achavam que podiam descartar algumas das verdades cristãs fundamentais, inclusive a verdadeira humanidade de Cristo. Alguns pensavam que a religião era um meio dc enriquecer ( 5 ) . E os cristãos são ricos — mas não de dinheiro. O dinheiro e m si não é mau, mas o desejo de ter sempre mais é fonte de todos os tipos de males. Os cristãos ricos (17-19) avaliam sua riqueza e m termos de prontidão para repartir e de boas ações praticadas a favor dos outros. Como homem dc Deus, Timóteo devia fugir das armadilhas d o dinheiro. Fé, amor, perseverança e bondade deviam ser seus alvos no "bom combate da fé". U m dia Jesus voltará e m glória: a vida deve ser vivida à luz desse fato. • A raiz (10) São mais adequadas as traduções que d i z e m "uma raiz", "raiz" ( A R A ) , "uma fonte" ( N T L H ) . • Vs. 15-16 O estilo dessa doxologia é bem judaico. É possível que Paulo tenha se baseado numa formulação usada nas sinagogas.
2TIMÓTEO Esta é a última e mais comovente epístola de Paulo. Depois de toda uma vida de serviço e sofrimento por Cristo, ele estava outra vez na prisão, e a morte era iminente. Somente Lucas estava com ele, e Paulo desejava rever Timóteo. Porém, não há nenhum sinal de autocomiseração ou lamúria. Suas últimas palavras são de encorajamento a todos os que virão depois dele. Ele pode enfrentar a morte sem medo e sem dúvidas. A corrida havia terminado — a recompensa o aguarda.
2Tm 1: " D o u g r a ç a s a D e u s "
. I I I I
Paulo se lembra de T i m ó t e o c o m profunda gratidão. Esperava que esse homem cheio de temores, mas com fé genuína, pudesse vir e compartilhar a confiança que tinha. Paulo incentiva T i m ó t e o a se apegar à verdade que lhe fora ensinada, e a não se envergonhar d o evangelho ou de Paulo. O segredo da confiança de Paulo era conhecer a Cristo ( 1 2 ; e veja
1
Fp 3.10). A graça de Deus era suficiente. Deus lhe daria a força necessária para fazer frente à oposição e ao sofrimento. • Lágrimas (4) Derramadas quando se despediram. • Aquele Dia (12) O dia da volta d o Senhor; o dia d o j u í z o . • T o d o s os da Ásia (15) Em Éfeso, as falsas doutrinas haviam se instalado de tal forma (veja l T m 1 ) que os cristãos rejeitaram o h o m e m a quem deviam a fé que tinham. Aqui, porém, Paulo pode estar se referindo aos cristãos da Ásia que estavam e m Roma, e não a toda a igreja cristã na província da Ásia. Esta é a única vez, no NT, que se mencionam Fígelo e Hermógenes. • Onesíforo (16) A casa dele é mencionada em 4.19. O v. 18 parece indicar que ele já havia morrido.
735
"O
(inun-
do dinheiro é raiz de todos o s males.
"
l T m 6.10 (ARA)
2Tm 2: P a u l o instrui T i m ó t e o Ninguém melhor d o que Paulo sabia o que custava ser cristão. " C o m o soldado T i m ó teo devia aprender a ser determinado; com o atleta, a ser disciplinado; e com o lavrador, a ser perseverante" (3-7; Donald Guthrie). O tema d o evangelho de Paulo era Jesus Cristo, ressuscitado de entre os mortos ( 8 ) : foi por causa dele que ele havia sofrido. Nas linhas de um poema ou hino, ele apresenta a Timóteo a linha mestra que devia seguir e reter ( 1 1 - 1 3 ) . Ele devia ser fiel ao verdadeiro evang e l h o e não se deixar distrair com falatórios inúteis e discussões tolas e sem valor ( 1 6 , 2 3 ) . O verdadeiro servo de Cristo é brando, pacífico, mestre bom e paciente, que corrige c o m delicadeza aqueles que precisam ser disciplinados ( 2 4 - 2 5 ) . • V. 17 Esta é a única referência a Fileto. Himeneu é mencionado também em l T m 1.20. • A ressurreição (18) Eles negavam a realidade da ressurreição, ao tratá-la como experiência espiritual.
2Tm 3: T e m p o s difíceis h a v i a m d e vir Paulo descreve detalhadamente c o m o será o caos dos últimos dias ( 2 - 7 ) . Podemos ver o cumprimento de parte disso na atualidade. Na realidade, são coisas que caracterizam todas as épocas. Ele chama a atenção para o fato de que, com a aproximação da vinda de Cristo, o mal se intensificaria — mesmo dentro da igreja ( 5 - 6 ) . Aqueles que fossem fiéis a Cristo seriam perseguidos ( c o m o o próprio Jesus predisse:
"Deus não nos tem dado espírito dc covardia, mas de poder, de amor e de moderação." 2Tm 1.7 (ARA)
mm/
736
As Epístolas
"Toda a Escritura c inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir asfaltas e ensinar a maneira certa de viver." 2Tm 3.16 CNTU1)
Jo 15.20). T i m ó t e o , por sua v e z , devia se firmar nas verdades das Escrituras ensinadas a ele. Nelas estão a sabedoria c o caminho para a salvação em Cristo. São inspiradas por Deus. São o sopro de vida para todos aqueles que querem andar no caminho de Deus. • Janes e Jambres (8) Na tradição judaica, os nomes dos magos do Faraó (Ex 7 ) . • V . 11 Veja A t 13—14. Timóteo se lembraria bem desses acontecimentos, já que tiveram lugar perto de sua casa. Em Listra, cidade natal de Timóteo, Paulo foi apedrejado e dado por morto.
2Tm 4: Instruções finais — e a l g u m a s notícias Paulo sabia que e m breve seria morto ( 6 ) . Ele podia enfrentar a morte sem m e d o : havia completado a corrida, mantido a fé. A coroa olímpica d o vencedor, a recompensa por fidelidade no serviço, estava guardada para ele. E não somente para ele, mas para todos os que amam o Senhor e aguardam a sua vinda. Ele tem uma última instrução para Timóteo: "Pregue a mensagem e insista e m anunciá-la,
seja no tempo certo ou não" ( 2 ) , aconteça o que acontecer. Virá um tempo e m que as pessoas preferirão seguir seus próprios caprichos, escolhendo fábulas e lendas e m detrimento da verdade. Notícias de ordem pessoal ficaram para o fim. Os colegas missionários — T i t o , Tíquic o , T r ó f i m o — e s t a v a m t o d o s l o n g e . Um deles estava doente, e outro (Demas) o abandonou. Na primeira fase de seu julgamento ( 1 6 ) , Paulo, a e x e m p l o de Jesus, ficou sozinho. Todos os seus amigos o abandonaram, e seus inimigos saberiam se aproveitar disso. O inverno se aproximava e ele precisava de seus livros, seus pergaminhos, e sua capa. Ele só tinha a presença de Lucas e dos cristãos de Roma ( 2 1 ) para aquecer seu coração — e a esperança de que T i m ó t e o e Marcos pudessem vir até ele e m tempo. • Suporta as aflições/os sofrimentos (5) Apesar de seus medos, foi exatamente isso que T i m ó t e o fez (Veja Hb 13.23). • V . 8 Melhor interpretado no sentido de "a coroa que é a recompensa dos justos". • L i v r o s . . . pergaminhos (13) Possivelmente cópias de livros do AT, cadernos de anotações, ou papéis pessoais de Paulo. • Alexandre (14) Veja l T m 1.20. • A boca d o leão (17, ARA) Isso pode ser uma forma de expressão, como pode, também, ser uma referência aos leões da arena, a Nero, ou a Satanás.
"Coiíiòciri o bom combate, completei a carreira, guardei a fé. Já agora a coroa da justiça me está guardada, a qual Senhor, reto juiz, me dará naquele Dia". Paulo, falando sobre sua
morte
iminente ( 2 T m
4.7-8
(S
737
TITO
Resumo Paulo instrui e encoraja Tito, seu companheiro e colega de trabalho missionário, que tinha sob sua responsabilidade um grupo de cristãos indisciplinados da ilha de Creta.
Veja a Introdução a 1 e 2Timóteo. Tito não é mencionado no livro de Atos, mas, com base nas epístolas, fica evidente que ele era um dos colaboradores mais achegados a Paulo. Como não-judeu, ele serviu de "caso de teste" quando da visita de Paulo a Jerusalém, ajudando a esclarecer a situação de convertidos não-judeus na igreja cristã (Gl 2.1-4). Mais tarde quando, apesar do trabalho de Timóteo, surgiram problemas em Corinto, Paulo escolheu Tito para resolver a situação. Ele obteve êxito e acabou por estabelecer um ótimo relacionamento com aquela igreja — o que revela algo da habilidade e da determinação desse homem (2Co 2; 2Co 7; 2Co 8; 2Co 12). Alguns anos mais tarde, quando Paulo escreveu esta epistola, Tito havia sido deixado em Creta, com a missão de consolidar a obra do apóstolo naquele lugar. Ele enfrentou uma situação muito semelhante à de Timóteo em Éfeso (veja 1Tm). Tito é mencionado uma última vez em 2Tm 4.10, quando estava na Dalmácia (região onde hoje ficam a Eslovénia, Croácia, entre outros países), supostamente ainda promovendo a causa cristã.
Creta Creta foi provavelmente um dos primeiros lugares a ouvir o evangelho de Cristo. Havia judeus de Creta entre aqueles que ouviram a pregação de Pedro no dia de Pentecostes (At 2.11). Mas a mensagem caiu um solo árido. Os cretenses eram tão mentirosos (1.12) que os gregos cunharam um novo verbo, "cretizar", como sinônimo de mentir. E a carta de Paulo mostra que até os cristãos eram um grupo indisciplinado, temperamental e volúvel, que precisava ser acompanhado de perto.
gcncía de que todo líder da igreja seja " a p e g a d o à palavra fiel, que é segundo a doutrina", leva Paulo a descrever aqueles que não se enquadram nisso. Eles são "palradorcs frívolos c enganadores" ( A R A ) , que ensinam o que não se deve ensinar. A situação era tão crítica que se fazia necessária uma repreensão severa àqueles que se ocupavam com "fábulas judaicas" (especulações inúteis baseadas no AT) e a outros que rejeitavam a verdade (10,14; e veja lTin 1). • V. 12 O provérbio, "Todos os cretenses são mentirosos", foi cunhado por um escritor cretense, o filósofo Epimênides, que viveu no século 6 a.C. Esse tipo de estereótipo era muito comum na antiguidade. • V. 16 O verdadeiro teste da fé é o nosso m o d o de vida.
"Todos as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e descrentes, nada c puro." Tc 1.15 (ARA)
Tt 2.1—3.11: V i v e n d o a fé O comportamento dos cristãos pode desacreditar, ou favorecer, a mensagem cristã. As instruções de Paulo estão longe de ser um elogio ao temperamento dos cretenses. Eles eram naturalmente agressivos, briguemos, desobedientes, desrespeitosos para com as autoridades c chegados ao vinho! Mas a vida cristã requer disciplina, obediência c respeilo aos ouiros. Paulo tinha uma instrução para os mais velhos (2.2-4) e os jovens ( 2 . 5 - 6 ) . O próprio Tito devia dar o exemplo (2.7-8). Os escravos, em v e z de serem respondões e roubarem os
O ambiente d a s Epístolas Pastorais
Tt 1: I n s t r u ç õ e s p a r a a t a r e f a de Tito e m Creta A introdução dessa carta, surpreendentemente longa e formal, combina com a natureza "semi-oficial" de seu conteúdo. Será que Paulo tinha em mente os cretenses e sua fama de mentirosos ( 1 2 ) , ao discorrer sobre a confiabilidade de um Deus "que não mente" ( 2 ) ? A promessa de vida eterna que ele faz é totalmente confiável. Para as qualificações dos líderes da igreja (5-9), veja os comentários sobre l T m 3. A exi-
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Antioquia
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seus donos, deviam agradá-los em tudo (2.910). Aqueles que crêem e m Deus e foram salvos devem entregar-se à prática d o bem (2.14; 3 . 8 ) . N o passado, d i z Paulo, é r a m o s todos escravos de paixões e prazeres. Mas isso foi antes de descobrirmos a bondade de Deus, que nos salvou e renovou pelo seu Espírito Santo, dando-nos a esperança da vida eterna. • Lavar (3.5) Uma descrição da ação purificadora e renovadora d o Espírito Santo. A linguagem usada lembra o batismo.
• Genealogias/listas de nomes deantepassados (3.9) Veja I T m 1.
Tt 3.12-15: Ú l t i m a s instruções Q u a n d o chegasse o " r e f o r ç o " , T i t o devia ir encontrar-se c o m Paulo e m Nicópolis, na costa oeste da Grécia. T í q u i c o era outro dos íntimos c o l a b o r a d o r e s d e Paulo na difusão d o e v a n g e l h o ( E f 6 . 2 1 , Cl 4 . 7 ; 2 T m 4.12). Zenas e A p o l o ( v e j a A t 1 8 . 2 4 - 2 8 ) possivelm e n t e l e v a r a m a carta de Paulo a Tito.
739
FILEMOM Esta é uma carta pessoal (embora não particular; veja o v. 2) que Paulo escreveu a Filemom, um de seus convertidos e um bom amigo. Filemom era um homem de boa posição social em cuja casa, na cidade de Colossos, se reunia um grupo de cristãos. Um de seus escravos, chamado Onésimo, fugiu para a cidade grande (Roma ou, talvez, Éfeso), onde facilmente podia ficar sem ser notado. Ali, por um ou outro motivo, entrou em contato com o apóstolo Paulo, que estava na prisão, e, através dele, se tornou cristão. Paulo estimava o jovem Onésimo como se fosse um filho, mas legalmente ele pertencia a Filemom. Não era nada fácil para Paulo e ainda mais difícil para Onésimo — que estava sujeito a um castigo terrível por ter feito o que fez — mas era necessário que Onésimo voltasse e acertasse a situação com o seu dono. Paulo não podia ficar com Onésimo sem o consentimento de Filemom. Foi então que Paulo escreveu essa carta explicativa a favor de Onésimo. E Tíquico foi com ele, para fazer companhia e dar apoio moral, levando as últimas notícias e uma carta de Paulo à igreja colossense (Cl 4.7-9). O Onésimo que estava voltando a Colossos era bem diferente daquele que havia fugido. Por isso, Paulo faz um apelo a Filemom no sentido de tratar esse escravo como irmão em Cristo — c o m o se fosse o próprio apóstolo (16-17)! Filemom se sentiria pressionado a fazer o que Paulo estava pedindo. N o v. 8, Paulo deixa claro que ele poderia ordenar o que Filemom devia fazer; no entanto, preferia pedir, em nome d o amor. A o se apresentar c o m o "Paulo, o velho e, agora, até prisioneiro de ,, Cristo" ( 9 ) , o apóstolo apela aos s e n t i m e n t o s d e Filemom. Na verdade, ele esta' ,-• va p e d i n d o que F i l e m o m Jt libertasse Onésimo da escravidão e o mandasse de volta 13). em parle pelos s e i viços que Paulo havia prestado a Filemom. Paulo faz uso de um costume daquela
Resumo Paulo escreve a seu amigo Filemom para tratar do retorno de Onésimo, um escravo fugitivo que, entrando em contato com Paulo, havia se tornado cristão.
época: quem recebia um presente tinha a obrigação de retribuir com outro. Isto explica o apelo no v. 19: Filemom devia a sua própria vida cristã a Paulo. Havia mais pressão ainda pelo fato de essa carta ter de ser lida à igreja que se reunia na casa de Filemom. E Paulo estava confiante de que F i l e m o m acataria o pedido e reanimaria o seu coração ( 2 0 ) . Tudo isso foi formulado c o m palavras de louvor e incentivo. Esta epistola mostra de forma bem clara como Paulo lidaria com a questão da escravidão na comunidade de Cristo. Ela não é aceitável — e ele quer que a comunidade cristã seja um exemplo do que o mundo deveria ser. Embora Paulo não tenha abordado especificamente a questão da escravidão, seu pedido a Filemom era como instalar uma bomba-relógio junto ao sistema escravocrata. • Afia (2) Talvez fosse a esposa de Filemom. Arquipo poderia ser o filho deles. • I n ú t i l . . . útil (11) Paulo fez um j o g o de palavras c o m o nome de Onésimo, que significa "útil". • Vs. 15-16 A escravidão era parte integrante da estrutura social da época. Paulo queria que Onésimo fosse aceito de volta, não como propriedade, mas c o m o irmão. N ã o deveria mais ser tratado c o m o escravo. Embora não diga isso diretamente, o v. 16 dá a entender que Paulo queria que o escravo fosse alforriado. A nova comunidade cristã devia ser diferente da sociedade em geral, tanto em termos espirituais como em termos sociais. • V s . 18-19 A o escrever, "eu pagarei", Paulo lembra a boa ação d o samaritano na história que Jesus contou (Lc 10.35). • Epafras, M a r c o s . . . (23-24) Veja Cl 4 .
Ksta ''eriqueca" do identificação de um escravo diz, em latim: "Se eu temar fugir, prenda-me e mandeme de volla ao meu senhor."
Este mosaico que mosira imi escravo vem de Paios, Chipre, século li d.C
HEBREUS A origem de Hebreus é um tanto misteriosa.
antes de 70 d.C. Se
Os mais antigos manuscritos são anônimos, e o
foi enviada a Roma
documento não traz a abertura convencional,
(veja
típica das cartas escritas no primeiro século, que
bem provável que
identifica o autor e seus destinatários.
tenha sido escrita
Em 13.22, o autor descreve o seu texto como
13.24), é
na década de 60,
uma "palavra de exortação", palavras de ânimo,
talvez um p o u c o
e não como epístola. (É possível que ele tenha
antes da persegui-
adaptado um sermão ou discurso dado em algu-
ção
ma ocasião especial.)
se 12.4 for interpre-
Mesmo nos primeiros séculos da era cristã
de Nero (isto
tado literalmente).
ninguém sabia com certeza quem era o autor da carta, embora muitas pessoas a atribuíssem a Paulo. Hoje isto é considerado pouco prová-
Resumo O antigo sistema de leis e sacrifícios foi substituído por algo novo e bem melhor em Cristo. O autor incentiva seus leitores, cristãos de origem judaica, a crescerem na fé — e adverte contra o perigo de voltar atrás.
De que trata? A grande ques-
vel. Hebreus não reflete o estilo de Paulo nem
tão q u e
o seu pensamento. Mas afirmar isso nâo nos
aborda é c o m o o
aproxima da solução do problema. Com base na
homem pode che-
epístola, sabemos que o autor conhecia Timóteo
gar a Deus. Poucas
(13.23). Ele escreve um grego de excelente quali-
questões são mais
dade e era, com certeza, um mestre competente.
importantes
Caps. 1—4 Cristo, a revelação completa de Deus: maior do que os anjos; maior do que Moisés; nosso grande sumo sacerdote Caps. 5—10 Jesus, nossa salvação: sacerdote e sacrifício; mediador de uma nova e melhor aliança
Hebreus
ou
Conhecia o AT a fundo. E ele cita a versão grega
mais universais. É
da Septuaginta, o que significa que provavel-
essa questão q u e
mente era um judeu de fala grega (helenista),
faz com que uma
escrevendo a outros judeus de fala grega. Era
epístola inegavel-
um cristão que meditara profundamente sobre a
mente difícil tenha
relação entre a sua fé e o judaísmo.
um significado pere-
Caps. 11 — 12 A fé e seus heróis Jesus, nosso exemplo Cap. 13 Uma vida que agrada a Deus Oração e mensagens finais
ne. Veja "Para entender Hebreus"
A quem foi enviada?
A carta foi escrita a um grupo de cristãos de
O título "Aos Hebreus" é bem antigo, mas pode
origem judaica que estava em dúvida se ficava
não ser original. 0 texto, que discute a questão
no cristianismo ou voltava para o judaísmo.
do sacerdócio e dos sacrifícios e está recheado
De certa forma, é a contrapartida à epístola de
de citações do AT, permite concluir que foi escri-
Paulo aos Romanos. Só que Hebreus se dirige
to para um grupo de cristãos de origem judaica
a um público judeu e explica a relação entre
que tinha certo nível intelectual. O grupo nâo era
Cristo e tudo que aconteceu anteriormente na
tão novo assim (2.3; 13.7), e tinha inclusive um
história religiosa d o p o v o de Israel. Assim, o
histórico de perseguição. A essa altura já deviam
autor compara e contrasta a pessoa e a obra de
ser cristãos maduros, capazes de ensinar outros
Jesus com o sacerdócio e o sistema sacrificial
(5.11—6.2). Em vez disso, estavam isolados e
do AT. Jesus não é apenas incomparavelmente
fechados em si mesmos. Aparentemente pensa-
maior e melhor d o que estes; ele é, também,
vam em voltar ao judaísmo. Precisavam ser bem
a realização última de tudo q u e representa-
lembrados de que aquilo que possuíam em Cristo
vam.
era muito melhor.
o sacrifício perfeito. Ele finalmente removeu
Ele é o sacerdote perfeito q u e ofereceu
a barreira d o pecado e deu às pessoas acesso
Quando foi escrita?
a Deus de uma forma que o sistema sacrificial
Se Jerusalém e o Templo já tivessem sido
jamais poderia fazer. O sistema sacrificial era
destruídos pelos romanos, fato que aconteceu
a cópia; Jesus é o original. Aquele sistema era
em 70 d.C, o autor certamente mencionaria isso
a sombra; Jesus é a realidade que homens e
em sua discussão sobre sacerdotes e sacrifícios.
mulheres sempre haviam buscado. Abandoná-
Assim, é quase certo que a epístola foi escrita
lo e voltar a um substituto inferior, a algo que
havia mostrado ser um fracasso, seria pôr tudo a perder.
Hb 1: O Filho d e D e u s é s u p e r i o r aos a n j o s A carta começa com uma impressionante afirmação a respeito da natureza d o Filho de Deus (compare Cl 1.15-20). Jesus não apenas é a revelação completa, suprema e final d o próprio Deus; ele é a efetiva encarnação da natureza e da glória de Deus. Ele é a expressão exata d o Ser de Deus, a perfeita semelhança d o próprio Deus. É também "herdeiro de todas as coisas", o criador e sustentador do universo, aquele que realizou o grande plano de salvação elaborado por Deus. N e l e Deus solucionou o problema do pecado, tornando possível o p e r d ã o . C o n c l u í d a essa missão, ele agora está assentado à direita de Deus, numa posição de poder absoluto. Os próprios anjos ( q u e eram quase adorados p o r alguns j u d e u s ) a d o r a m a Cristo ( 6 ) . Eles são seres espirituais, mas nada mais d o que servos d e Deus ( 1 4 ) . O Filho é muito superior a eles — c o m o as Escrituras demonstram.
O u s o q u e o autor faz d o AT. Em Hebreus, as citações são tiradas da tradução grega chamada de Septuaginta, que difere e m alguns pontos d o nosso AT. O autor se mostra mais preocupado com o significado que com as palavras exatas usadas. As vezes, citações e comentário d o autor aparecem c o m o uma coisa só, o que era prática comum na época em que Hebreus foi escrita. E se procurarmos as referências, veremos que o autor, a exemplo de outros escritores d o NT, interpreta os textos com surpreendente liberdade. Ele atribui a alguns versículos um significado que vai além d o que têm no contexto original. Veja "O AT no NT". As citações neste capítulo são: v. 5, de SI 2.7 e 2Sm 7.14; v. 6, de SI 97.7 ou Dt 32.43; v. 7, de SI 104.4; v. 8, de SI 45.6-7; v. 10, de SI 102.25-27; v. 13, de SI 110.1. • À direita (3) O lugar de maior honra. Isso indica o quanto Jesus está próximo de Deus.
Hb 2: O S a l v a d o r Se a mensagem dos anjos — isto é, a lei de Moisés (At 7.38,53) — se mostrou verdadeira, quão mais importante é a mensagem de salvação d o Filho ( 1 - 4 ) . Por um tempo, para que morresse por nós, Cristo foi feito m e n o r que os anjos. A g o r a
está coroado de glória, porque sofreu morte voluntária a nosso favor, para nos livrar d o poder da morte ( 5 - 9 ) e nos purificar d o pecado (11). E "como se a toda a ordem da criação tivesse sido planejada a partir d o princípio de que a glória p o d e ser alcançada através d o sofrimento" (Donald G u t h r i e ) . Ele é o "pioneiro", abrindo o caminho da salvação para que todos os que o seguem ( 1 0 ) . A l é m disso, por ser um dos nossos — e m todas as coisas semelhante aos irmãos — podemos ter certeza de que ele pode nos ajudar ( 1 6 - 1 8 ) . • Vs. 6-8,12-13 Os textos citados são SI 8.4-6; SI 22.22; Is 8.17-18. • Aperfeiçoasse (10) O significado é "tornar complcio". A idéia por trás desses versículos é a noção (platônica) de que este mundo é o âmbito das coisas imperfeitas e que, através da morte, entramos no céu, o âmbito da perfeição. • V . 17 Essa idéia é explicada com mais detalhes no cap. 5.
"Vemos, fodai-ia, aquele que, por um pouco, tendo sido feito menor que os anjos, Jesus, por causa do sofrimento da morte, foi coroado de lloara e de glória". Mb 2.9
(ARA)
Hb 3.1-6: Jesus, o Filho d e Deus, é maior do que Moisés, o servo de Deus Moisés fez de Israel uma nação, tirando o p o v o da escravidão no Egito e conduzindo-os pelo deserto. Deu-lhes a lei de Deus e suas formas de culto. N i n g u é m era mais reverenciado pelos judeus d o que Moisés, e com razão. Mas ele nunca poderia ser mais do que um fiel servo de Deus. Jesus, por sua v e z , c o Filho de Deus. "Um
e v a n g e l h o para a minha cultura"
Algumas partes da Bíblia que parecem difíceis ou até irrelevantes numa cultura podem ser altamente significativas em outras. A Carta aos Hebreus é um exemplo disso. Melba Maggay, falando sobre a sua própria cultura, a cultura filipina, disse: "Para nós Deus é alto e elevado — um Senhor sombrio... inacessível. Uma necessidade básica na nossa cultura é um Deus que seja mediador entre nós. Temos um texto nas Escrituras que supre essa necessidade, esse anseio por um intermediário, por esse Deus mediador: a Carta aos Hebreus. Temos um sumo sacerdote que pode
compadecer-se das nossas fraquezas, um sumo sacerdote que entrou no céu adiante de nós. Podemos nos aproximar confiadamente, sem medo de sennos rechaçados. Aquele Deus distante pode ser alcançado através deste Deus mediador, Jesus Cristo. Isto é uma boa notícia na minha cultura. É um evangelho para a minha cultura."
742
As Epístolas H b 3.6—4.13: D e s c a n s o para o povo de Deus Toda esta passagem se baseia na versão grega de SI 95.7-11. Os destinatários da carta se e n c o n t r a m numa situação muito semelhante à de Israel na época d o ê x o d o . Os dois grupos v i r a m Deus agir de forma maravilhosa. Mas apesar disso os israelitas se r e b e l a r a m c o n tra D e u s , no d e s e r t o . N ã o t i v e r a m f é e, assim, toda u m a g e r a ç ã o p e r d e u o d i r e i t o de entrar na terra p r o m e t i d a para desfrutar d o d e s c a n s o q u e Deus lhes teria d a d o ( 3 . 1 1 ) . C u i d a d o . O que aconteceu naquela época p o d e se repetir agora, se aqueles que o u v i r e m a m e n s a g e m d e Deus n ã o a aceitarem. ( 4 . 1 - 2 ) . A comparação se torna ainda mais específica. O "descanso" d o que Deus falou era
mais que uma vida estável e segura na terra que ele havia prometido. Através d o salmista (SI 9 5 ) , séculos depois de Josué, Deus ainda estava apelando ao p o v o para que entrasse no descanso que ele havia preparado. Há um equivalente ou antítipo espiritual da terra prometida, e o passaporte que dá acesso é a fé ( 4 . 3 ) . Esse descanso providenciado por Deus existe desde a criação ( 4 . 4 ; Gn 2 . 2 ) . E ainda está lá. Entramos nesse repouso eterno, a paz de Deus, quando confiamos nele e levamos a sério a sua palavra. O autor b a s e o u sua a r g u m e n t a ç ã o na palavra de Deus. A g o r a ele faz uma pausa e reflete sobre essa palavra. Ela é viva, é eficaz, é penetrante, e escancara tudo aos olhos daquele a quem todos terão de prestar contas (4.12-13). • 3.8 Veja Êx 17.1-7; N m 20.1-13.
O Antigo Testamento no Novo Testamento Dick France
O AT era a Bíblia de Jesus (veja "Jesus e o Antigo Testamento"), e os escritores dos livros d o NT continuaram a recorrer a sua autoridade. Há cerca de 250 citações diretas do AT no NT, e cerca de 1.000 alusões claras. Os primeiros cristãos estavam tão familiarizados com o AT que a linguagem deste lhes vinha como que ao natural. Veja dois exemplos: • Nas bem-aventuranças(Mt 5.3-10), o AT não chega a ser citado, mas os vs. 3-4 se baseiam claramente em Is 61.1 -3, e o v. 5, em SI 37.11. Além disso, para cada uma das expressões pode ser encontrado um paralelo aproximado no AT.
vezes, quando citavam ou faziam referência ao AT, tinham um propósito teológico mais específico. Eles acreditavam, como o próprio Jesus havia deixado claro, que ele viera cumprir o que havia acontecido no passado, e gostavam de fazer conexões e traçar paralelos.
O cumprimento das Escrituras
O livro do Apocalipse não contém nenhuma citação formal, mas do começo ao fim se baseia em textos do AT, especialmente de Daniel, Ezequiel e Zacarias.
Freqüentemente os escritores do NT mostram como as previsões dos profetas do AT se cumpriram nos fatos da vida, morte e ressurreição de Jesus, e continuavam a se cumprir no crescimento da Igreja de Jesus. Mateus inclui em seu Evangelho uma dezena de citações que começam assim: "Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que fora dito p e l o Senhor por intermédio d o profeta" (Mt 1.22-23; 2.5-6,15, 17-18,23, e t c ) .
Sem dúvida, às vezes eles usavam linguagem bíblica familiar porque era parte de seu vocabulário normal. Outras vezes citavam textos legais e éticos como guias contínuos para a vida do povo de Deus. Mas, muitas
As primeiras pregações cristãs registrados em Atos estão cheias de afirmações do cumprimento das Escrituras (p.ex. At 2.25-36; 3.22-26; 13.32-41). Algumas passagens aparentemente eram favoritas e são citadas repeti-
•
das vezes (p.ex. SI 110.1; 118.22; Is 53; Dn 7.13-14). Essas eram passagens que o próprio Jesus havia usado para explicar a sua missão, e seus seguidores continuaram a basear-se nelas em pregações e debates.
Prefigurações ou tipos Às vezes, os escritores do NT apelavam a passagens que não eram propriamente previsões d o futuro, mas que ainda assim consideravam ter sido "cumpridas" com a vinda de Cristo. Jesus havia feito várias reivindicações desse tipo (p.ex. Mt 12.3-6,40-42; 13.13-14; Mc 7.6-7), mas o uso mais amplo desse método se encontra em Hebreus. Ali, o autor analisa as pessoas e instituições mais importantes do Israel do AT, especialmente o culto no tabernáculo, e mostra como se cumpriram em Jesus, que é o verdadeiro sumo sacerdote e, ao mesmo tempo, o sacrifício perfeito e final. Esse princípio é conhecido como "tipologia". Pessoas, instituições e acontecimentos d o AT são considerados "tipos" (modelos, prefigurações) da obra decisiva de Deus que aconte-
H b 4.14—5.10: Jesus, o g r a n d e sumo sacerdote O autor passa de Jesus, o Filho d e Deus, para Jesus, nosso g r a n d e sumo sacerdote, título dado a ele somente neste livro d o NT. Arão ( 5 . 4 ) foi escolhido por Deus para ser o primeiro sumo sacerdote de Israel. Ele era intermediário entre o Deus santo e o povo pecaminoso, o mediador que representava um perante o outro. A religião judaica — o sistema ao qual esses cristãos de origem judaica estavam tentados a voltar — ainda tinha seu sumo sacerdote. Mas e m Cristo, segundo o autor, temos um sumo sacerdote que, além de preencher os requisitos necessários, tem a vantagem de não precisar oferecer sacrifícios pelos próprios pecados. E o sumo sacerdote perfeito, designado por Deus como mediador para sempre. • M e l q u i s e d e q u e (5.6,10) O rei/sacerdote
ceria com a vinda de Cristo. O objetivo da tipologia é mostrar que Jesus cumpre, não só as previsões explicitas d o AT, mas toda a sua estrutura, e deixar claro que sua vinda é a concretização completa e definitiva da obra de salvação realizada por Deus ao longo dos séculos. Fontes e u s o d e citações Muitas vezes as palavras citadas no NT não são as mesmas que encontramos no texto do nosso AT. Geralmente as diferenças são insignificantes, mas às vezes chegam a ser surpreendentes (p. ex. Mt 27.9-10 comparado com Zc 11.12-13). Às vezes a diferença se deve ao fato de que os escritores do NT usaram um texto diferente do que se encontra hoje no nosso AT. A maioria das citações do NT reflete o texto da tradução grega da Septuaginta, que muitas vezes difere d o hebraico. Às vezes parece que eles citam outras formas do texto, tais como se encontram hoje nos targuns (paráfrases) aramaicos. Mas outras vezes a explicação é que os escritores d o NT não tinham receio de adaptar as palavras, para ressaltar a interpretação e a aplicação do texto assim como eles o entendiam. O propósito não era alterar o
de Salém a quem A b r a ã o deu o dízimo dos despojos recuperados dos reis invasores (Gn 14.18-20). O cap. 7 desenvolve o raciocínio destes versículos. • 5.8 N ã o aprendeu a obedecer, mas aprendeu qual era preço total e o significado da obediência através do sofrimento. • 5.9 Veja nota e m 2.10. Hb 5.11—6.20: Cresçam e
apareçam
O autor estava frustrado com relação ao que queria dizer por causa da falta de entendimento de seus leitores. Eles pararam no nível básico de sua fé (5.11—6.3). Essa falta de progresso já era ruim e m si. Mas era sintomática de algo muito mais sério. Eles corriam o risco de abandonar sua fé por completo. Assim, o autor lhes dirige a sua advertência mais severa ( 6 . 4 - 8 ) . Se, apesar d o conhecimento e de
significado, mas deixá-lo mais claro aos seus leitores. Às vezes eles faziam isto, incorporando a interpretação nas palavras da citação, assim como um pregador moderno pode parafrasear um texto bíblico para fazer com que a mensagem "chegue lá", e para ajudar os ouvintes a perceber como isso se aplica às circunstâncias em que eles se encontram. Depois que os primeiros cristãos se deram conta de que Jesus era o cumprimento d o AT, eles começaram a lê-lo, não apenas pelo seu valor em si, mas à luz desse cumprimento. Assim, encontraram indicações ou profecias a respeito de Jesus em passagens nas quais outros judeus não as encontravam, e estavam dispostos a fazer uso de certa liberdade de interpretação — liberdade que hesitaríamos em usar — para dar expressão total à sua convicção de que, como o próprio Jesus disse, Moisés (e os outros escritores do AT) "escreveu a [seu] respeito" (Jo 5.46).
"A palavra de Deus é viva L- poderosa e corta mais do que qualquer espada afiada dos dois lados". Hb 4.12(NTLH)
As Epístolas experiência cristã que tinham, eles deliberadamente rejeitassem a sua fé, se tornariam inimigos de Cristo, praticamente crucificando Jesus outra v e z ( 6 ) . Então não haveria mais esperança para eles, pois recusaram o único meio disponível de receber o perdão. Era nessa direção que sua forma de pensar os estava levando, embora ainda não houvessem chegado ao ponto de onde não poderiam mais voltar. I m e d i a t a m e n t e após a advertência v e m o incentivo ( 9 - 1 2 ) . O autor não acreditava que chegariam a esse ponto — ou que Deus pudesse permiti-lo. A promessa de Deus é certa ( 1 3 - 1 8 ) . Portanto, nossa esperança de receber a bênção de Deus t a m b é m é. Jesus entrou no "Lugar Santíssimo celestial" antes de nós, para, e m favor de nós, estar na presença de Deus ( 1 9 - 2 0 ) . E nós tomaremos parte na sua glória. • 6.2 "Batismos" — N ã o se trata da palavra normal para batismo cristão. É possível que se tratasse de ensinos sobre a diferença entre o batismo cristão e as lavagens rituais judaicas. A "imposição de mãos", no batismo e no ato de comissionar alguém para um serviço especial.
era uma maneira de simbolizar o recebimento do poder do Espírito Santo. • 6.18 A promessa e o juramento são considerados as duas testemunhas exigidas pela lei de Moisés (Dt 17.6; Hb 10.28).
H b 7: U m n o v o s u m o sacerdote Em 6.20 o autor v o l t a à afirmação feita 5.10 e, agora, no cap. 7, ele dá continuidade à sua a r g u m e n t a ç ã o . Jesus suplantou o sacerdócio levítico, ao se tornar sumo sacerd o t e para t o d o o sempre. Esse fato foi previsto no SI 110, no qual o Messias é descrito c o m o s a c e r d o t e de uma o r d e m diferente. A misteriosa figura d e M e l q u i s c d c q u e (Gn 14.18-20) reflete algo da natureza do sacerd ó c i o de Cristo: sua dupla função de rei e s a c e r d o t e ; sua e t e r n i d a d e ; sua superiorid a d e e m relação à o r d e m antiga. De certa forma Levi reconheceu isso, ao dar o dízimo a Melquisedeque através de seu antepassado Abraão ( 9 ) ! Sc o sacerdócio de A r ã o e dos levitas fosse suficientemente bom, não haveria necessidade de mudança ( 1 1 - 1 2 ) . Mas, na verdade, nem esses homens nem o antigo sistema religioso podiam suprir as necessidades da humanidade e m pecado. Era necessário um sacerdócio diferente e melhor, um que não dependesse da correta linhagem de descendência física ou familiar. Jesus, que veio da tribo real de Jtidá, não da tribo sacerdotal de Levi ( 1 4 ) , é aquele que nos deu "esperança superior, pela qual nos chegamos a Deus" ( 1 9 ) e a garantia de uma superior aliança ( 2 2 ) . Ele se ofereceu como sacrifício de uma vez por todas ( 2 7 ) . Assim, ele é capaz de salvar, para sempre, aqueles que chegam a Deus através dele ( 2 5 ) . A antiga ordem foi substituída por outra, superior.
H b 8: A p r o m e s s a d e coisas melhores Jesus c diferente de todos os outros sumos sacerdotes. Seu ofício sacerdotal no céu é a realidade da qual o sacerdócio dos outros era simples cópia e reflexo. "Pois, se a primeira aliança tivesse sido perfeita, não seria necessária uma nova aliança" ( 7 ) . Mas o povo dc Deus era incapaz de manter sua parte do acordo, c o m o o profeta Jeremias deixou claro ao prever o dia em que Deus firmaria nova aliança. O antigo acordo era exterior, baseado na obediência às leis dc Deus. Estava destinado a fracassar. O novo se baseia e m conhecimento
Hebreus c entendimento, uma unidade de coração e mente entre Deus c o seu povo ( 1 0 - 1 1 ) . • V. 5 Os judeus alexandrinos, influenciados pelo pensamento d o filósofo g r e g o Platão, entendiam que o tabernáculo "era apenas uma cópia imperfeita d o tabernáculo que já existia no céu, e que o próprio Moisés havia visto" (Donald Guthrie). • Vs. 8-12 Este trecho é uma citação de Jr 31.31-34, segundo a versão grega. Essa é a citação bíblica mais longa no NT.
Hb 9.1—10.18: S o m b r a e r e a l i d a d e ; o sacrifício perfeito O pensamento d o autor se volta novamente ao t e m p o d o ê x o d o , quando Deus fez sua aliança com Israel através de Moisés, e lhes deu o m o d e l o segundo o qual d e v i a m construir a Tenda d e Deus, o tabernáculo. (Posteriormente o T e m p l o seguiu esse m o d e l o , mas não é o T e m p l o que o autor tem c m mente a q u i . ) Embora Deus houvesse escolhido viver no meio de seu p o v o numa lenda c o m o aquelas que eles tinham, as pessoas do povo não tinham acesso direto a Deus. A planta d o t a b e r n á c u l o (veja "O significado do ^ c r n á a i l c £ ) e t o d o o sistema dos sacrifícios de animais enfatizavam que Deus era santo ("separado") e que o povo era pecador. 0 sumo sacerdote, a única pessoa que podia entrar no Lugar Santíssimo, entrava de ano cm ano, no Dia da Expiação ( o Yom Kippur, que até hoje é o grande dia d o jejum entre os judeus; 9 . 7 ) . E a própria repetição d o sacrifício çjcjxava bem clara sua ineficácia ( 9 . 2 5 ) . E o sistema tinha as suas limitações. Para o pecado "com atrevimento", o pecado deliberado ou feito d e propósito ( N m 1 5 . 3 0 ) , não havia expiação, apenas castigo. Q u a n d o Cristo v e i o , t o d o o sistema foi reformado ( 9 . 1 0 ) : uma nova o r d e m entrou em vigor. C o m o sumo sacerdote perfeito, ele se ofereceu a si m e s m o c o m o sacrifício perfeito ( 9 . 1 4 ) — uma única oferta voluntária, eficaz por toda a eternidade, libertando as pessoas dos erros que cometeram. E sua morte fez com que entrassem cm vigor os termos do seu testamento, a nova aliança (9.16-22). Pois Cristo entrou no próprio céu, onde agora aparece na presença de Deus para pedir em nosso favor ( 9 . 2 4 ) . O pecado foi removido. Quando ele voltar, será para salvar ( 9 . 2 8 ) . 10.1-18: O autor continua a enfatizar que os antigos sacrifícios, que eram repetidos, só serviam para fazer as pessoas se lembrarem de
seus pecados, não podendo, todavia, removêlos. O que a lei não podia fazer, Cristo fez. Seu sacrifício c eficaz para sempre. Nenhum outro sacrifício c necessário. Pecados e delitos são não apenas perdoados, mas esquecidos ( 1 7 - 1 8 ) . • 9.22 O contexto desse perdão é o culto ( e o perdão diante de Deus). N ã o se está falando, aqui, d o perdão mútuo.
745
"JCSUS...
tendo p a r o sempre, um único sacrificio pelos pecados, amãentou-ce
« destra lie Deus. " lll> I 0 . I 2 ( A K A )
H b 10.19-39: " C h e g u e m o s perto de D e u s " Jesus nos conquistou o acesso à presença de Deus. Sendo assim, "cheguemos perto de Deus", incentiva o autor ( 1 9 - 2 2 ) . Apeguemo-nos à esperança que é nossa e m Cristo. P o d e m o s confiar que Deus cumprirá a sua promessa. N ã o há sacrifício que possa salvar aqueles que se o p õ e m a Deus, desprezam o Filho de Deus e insultam o seu Espírito. E coisa terrível enfrentar o j u í z o nas mãos d o Deus vivo (26-31). Os primeiros leitores da carta eram pessoas que haviam sofrido " J " f f
e
.
/
por Slia te, C Suportaram ISSO COm alegria. N ã o percam a coragem, .
« •
f
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Quanto a seu conteúdo, esta passagem c uma continuação de 10.39: " N ã o somos g e n t e que volta atrás e se perde. Pelo contrário, temos fé e somos salvos." A fé que se espera é uma contínua e confiante dependência de Deus, aconteça o que acontecer. Ter fc é ter certeza — não do presente, das coisas tangíveis — mas das realidades que não podemos ver ( 1 ) . Crer que Deus fez o m u n d o , c r i a n d o o q u e vemos a partir d o que não se v ê , é e m si uma questão de fé ( 3 ) . O AT está repleto de exemplos de pessoas que receberam a aprovação de Deus por confiarem que ele era fiel no cumprimento das
ú
c
pelo sacrifício perfeito c único que Cristo
incentiva o autor. Fiquem firmes. , „ „,. A persistência com paciência será recompensada. "Um pouco mais de tempo, um pouco m e s m o . . . " (35-39). • Pelo véu (20) Veja Mc 15.38.
H b 11.1—12.11: T e n h a m fé!
í
»»<*»»"»•> (representado pela olerta no labernaculo „ aparece na maqueie abaixo) foi substituído, segundo o autor de Hebreus.
s j
746
As Epístolas
Para entender Hebreus Joy Tetley
Hebreus é um livro intrigante e poderoso. Não sabemos quem o escreveu, nem onde moravam e quem eram exatamente as pessoas para as quais foi, originalmente, escrito. Porém, sua mensagem nos conduz às profundezas de Deus e nos aponta os princípios fundamentais do discipulado cristão. Seu autor é essencialmente um pregador, totalmente dedicado a Deus e com preocupação pastoral por uma comunidade em crise. Mas a sua paixão é expressa através de uma obra cuidadosamente estruturada e redigida. Tanto a mente quanto o coração estão bem comprometidos. O tema principal do autor é Deus e sua missão de salvação. A linguagem e as analogias usadas têm muito a ver com o culto e o nosso meio de acesso a Deus. Em tudo isso, Jesus tem um papel fundamental. Para o autor de Hebreus, olhar firmemente para Jesus (Hb 12.2) significa contemplar a vida e a natureza de Deus. A introdução desse sermão declara que o Filho de Deus é "o resplendor da glória de Deus e a expressão exata do seu Ser" (Hb 1.3). O Filho de Deus se tornou "carne e sangue" (Hb 2.14) naquele que conhecemos como Jesus, expressando assim o desejo e compromisso de Deus de encontrar-se conosco onde nós estamos e levar-nos à glória da sua presença. Essa verdade transformadora deve ser um impulso à fé e à esperança, mesmo quando as circunstâncias nos levam aos limites da resistência. Hebreus ressalta a importância de Jesus de forma singular. O autor apresenta Jesus como o grande sumo sacerdote — uma analogia que, no NT, é exclusiva de Hebreus, É um símbolo que teria significado especial para as pessoas que origem judaica. É, também, uma visão perceptiva muito reveladora em todas as épocas e em todos os lugares.
0 sacerdócio de Jesus é a concretização d o desejo que Deus tem de que todos o conheçam, tenham livre e confiante acesso à sua presença, e recebam a vida que ele tem a oferecer. Para Deus em Cristo, isto significou assumir completamente a vida humana e passar por sofrimento incalculável. Também significou romper os limites da compreensão que o judaísmo daquele tempo tinha a respeito de sacerdócio. Na tradição judaica, os sacerdotes eram responsáveis por um detalhad o conjunto de ritos cujo objetivo era possibilitar um acesso seguro e a comunicação com um Deus santo. Esse sistema (detalhado especificamente em Levítico) era visto como a maneira que Deus tinha de lidar positivamente com o pecado e a impureza dos seres humanos.
O que Hebreus está dizendo, entretanto, é que Deus fez uma nova aliança, na qual o sacrifício e o sacerdócio assumem um significado totalmente diferente. Aquilo que o sistema antigo representava é cumprido por iniciativa e ação de Deus. Pela vida, morte e obra continuada de Jesus (que é a expressão exata de Deus), Deus e a humanidade foram aproximados. As "sombras" das coisas passadas dão lugar à realidade. Os únicos sacrifícios que continuam sendo adequados são os sacrifícios de louvor e generosidade (Hb 13.15-16).
Aqui está um Deus que não se encaixa em tradições e expectativas existentes (e isso é parte do que significa aquela "ordem de Melquisedeque" que aparece em Hb 7). Jesus não veio da tribo certa para ser sacerdote (Hb 7.13-14). Deus fez algo novo. E Jesus não se interpõe de forma alguma entre Os sacrifícios estavam no centro de a humanidade e Deus. Tampouco age tudo. Um sacrifício da maior importân- simplesmente em nosso favor. Pelo cia era oferecido anualmente no dia de contrário, Jesus abre o caminho para expiação (veja Lv 16). Nesse dia, o sumo que todos se aproximem com confiansacerdote (e somente ele) entrava no ça d o "Lugar Santíssimo". Através de "Lugar Santíssimo", a parte mais sagra- Jesus, somos todos convidados a um da do tabernáculo (e posteriormente relacionamento pessoal e íntimo com do templo) onde se acreditava que Deus. Deus habitava de forma toda especial. Em Jesus, o coração de Deus é ao Em favor de todo o povo ele oferecia o mesmo t e m p o manifesto e partido. sangue do animal sacrificado, orando Pois Jesus é, ao mesmo tempo, o sacerpara que através daquela oferta, com dote e a vítima. Em Jesus, Deus oferece o arrependimento que simbolizava, a sua vida, por nós e para nós. Não há Deus tirasse os pecados do povo. Era outro sacerdócio igual a esse. Este é o um sacrifício que tinha de ser repetido "fim" do sacerdócio. Deste sacerdócio anualmente por um sumo sacerdote todos p o d e m provar os frutos. Dele que, apesar de todos os rituais de puri- todos são convidados a compartilhar. ficação pelos quais passava, continuava sendo um homem pecador. Ele era t a m b é m , a e x e m p l o de todos os outros sacerdotes, descendente de uma tribo específica. Somente os homens da tribo de Levi e da casa de Arão podiam ser sacerdotes (Lv 8). Na verdade, ser sacerdote dependia do nascimento na família certa.
Hebreus promessas. Há um registro de como essas pessoas v i v e r a m e morreram "em fé", e o autor de H e b r e u s destaca alguns d o s e x e m p l o s mais marcantes dessa fé. Todos aguardavam o momento cm que Deus cumpriria suas promessas, mas nenhum deles viveu o suficiente para ver seu cumprimento ( 1 3 ) . Tinham seus olhos voltados para uma "pátria melhor". E Deus tem um lugar preparado para eles: ele não se envergonha deles, de ser chamado o seu Deus ( 1 6 ) . •
A oferta dc Abel revelou a fé que ele tinha — e seu irmão invejoso o matou (Gn 4 ) . • Foi pela fé que Enoque escapou da morte (Gn 5.21-24). • N o c a s o d e N o é , a fé fez c o m q u e e l e levasse a sério a advertência de Deus, e assim e l e s a l v o u toda a sua família ( G n 6—8). • A confiante obediência de Abraão ao cham a d o d e Deus o levou a sair de sua terra (Gn 12.1-7) para se tornar um estrangeiro e refugiado pelo resto de sua vida. Sua fé fez com que aceitasse oferecer seu próprio filho e m sacrifício, confiando que Deus ò ressuscitaria (Gn 2 2 ) . • Isaque, Jacó e José t a m b é m demonstraram sua confiança na promessa de Deus (Gn 2 7 ; Gn 48; Gn 50.24-25). • A fé leva a vencer o m e d o ( 2 3 ) . • Pela fé, Moisés decidiu deixar o palácio e correr os riscos d c v i v e r e m m e i o a uma nação de escravos (Éx 2 ; 12; 1 4 ) . • Foi pela fé, c não por superioridade bélica, que foi conquistada a cidade de Jericó (Js 2 ; 6 ) . E assim por diante, passando pelo período dos Juízes ( G i d e ã o , Jz 6—7; Baraque, Jz 4; Sansão, Jz 15—16; Jefté, Jz 1 1 — 1 2 ) e chegando até o rei Davi e os profetas. • Pela fé, Daniel foi salvo dos leões ( 3 3 ; Dn 6 ) . • Pela f é , Elias e Eliseu ressuscitaram mortos ( 3 5 ; l R s 17; 2Rs 4 ) . Em resposta à fé, Deus deu triunfos e vitórias m e m o r á v e i s . Mas nem sempre. A fé é demonstrada, igualmente, através daqueles que sofreram prisão, tortura e morte. • Jeremias foi espancado e j o g a d o na prisão (36; J r 3 8 ) . • Isaías, segundo a tradição, foi serrado pelo meio ( 3 7 ) . • Zacarias foi apedrejado ( 3 7 ; 2Cr 2 4 ) . E houve muitos outros como esses. Porém, nenhum deles recebeu o que Deus prometera. Isto porque, segundo o autor, Deus tinha
um plano melhor, plano que também incluía a nós ( 3 9 - 4 0 ) . Quanto a nós ( 1 2 . 1 ) , estamos rodeados por estes heróis da fé. Acotovelando-se, por assim dizer, j u n t o à pista de corrida, eles nos o b s e r v a m , enquanto c o r r e m o s . Assim, d e i x e m de lado tudo o que os atrapalha, e c o m p l e t e m a corrida cristã. O l h e m firmemente para Cristo, o e x e m p l o supremo: ele é o autor e consumador da fc ( e m 12.2, no g r e g o , não existe um "nossa" antes de " f é " ) . A o ver-se diante da cruz, e l e não desistiu. Fixem os olhos nele. Pensem no sofrimento dele, e não desistam ( 1 - 3 ) . Vs. 5-12: Aceitem o sofrimento como a correção de um Pai amoroso, evidência de que ele cuida de nós e quer o nosso bem. Essa disciplina é c o m o o treinamento de um atleta. A dor é passageira; a recompensa, duradoura. Assim, fortaleçam os joelhos trôpegos c sigam em frente! • 12.5-6 O autor cita P v 3.11-12 e Jó 5.17.
747 -A fé é a certeza de que vamos receber as coisas que esperumos
e a prova de que existem coisas que não podemos ver." Hb 11.1 (NTLH)
"Continuemos a correr,
tem desanimar, a corrida marcada para nós. Conservemos lis
nossos
olhos fixos
H b 12.13-29: Sem volta Essa seção c de encorajamento c advertência. Contem as vantagens que vocês têm (22-24) e não desistam. V o c ê s c h e g a r a m a Deus p o r um c a m i n h o m e l h o r d o q u e os t e r r o r e s d o Sinai, diz o autor ( 1 8 - 2 1 ; Êx 1 9 ) , e nos apresenta a glória da Jerusalém celestial ( 2 2 - 2 4 , 2 8 ) . Sejam a g r a d e c i d o s a Deus e o a d o r e m d e um m o d o que o a g r a d e . V i v a m para agradá-lo ( 1 4 ) . N ã o há escapatória para aqueles q u e se recusam a o u v i - l o : e l e s encontrar ã o um D e u s q u e c " f o g o c o n s u m i d o r " (15,25,29). • Esaú (16-17) Veja Gn 25.29-34; 27.34-40. • M o n t e Sinai (18-19) Veja Êx 19.16-22; 20.18-21. • V.23 "Primogênitos": aqueles especialmente dedicados a Deus. "O nome deles escrito no céu": veja também Dn 12.1; Lc 10.20; Fp 4.3; A p 3.5. • Sangue de Abel (24) Veja Gn 4.10. • V. 26 Citação de Ag 2.6 (versão g r e g a ) .
H b 13.1-19: C o m o a g r a d a r a Deus Deus se interessa por todos os aspectos de nossa vida: a hospitalidade, a ajuda aos outros, o casamento, o uso d o dinheiro. O amor ( 1 ) é demonstrado na vida prática ( 2 - 5 ) . Sigam o bom exemplo dos líderes d o passado, porque Cristo não muda ( 7 - 8 ) . Vivam, não segundo o
em
lisiiv"
Hb 12.1-2 ( M l .11)
748
As Epístolas
Como podemos cltcgat a Deus? Podemos encontra lo. não conin Moisés e o povo de Israel o encontraram, no passado, COI meio ao fogo e a nuvem no monte Sinai. Agora podemos chegar a ek' por um caminho melhor, através do próprio Oíslo - e este caminlto csiá aborto a todos.
"Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre." Hb 134 INTUI)
livro de regras, mas valendo-se da força interior que v e m dc Deus ( 9 ) . Vs. 10-15: O autor retorna, ainda que brevemente, a seus temas anteriores. Optem, não pela ordem antiga, mas pela nova. Cheguem para perto, não dos antigos sacrifícios, mas de Jesus. Busquem, não uma cidade passageira neste mundo, mas a cidade que há de vir. Vs. 16-19: Um apelo final. Façam o bem e ajudem uns aos outros. Sigam os seus líderes. E, finalmente, um toque pessoal: "orem por nós".
H b 13.20-25: O r a ç ã o final e mensagens pessoais 0 autor termina c o m uma oração muito comovente e uma bênção ( 2 0 - 2 1 ) . Ele escreveu para incentivar, não censurar. Esperava que os leitores aceitassem com carinho o que havia escrito c que pudesse vê-los em breve. • Da Itália (24) A epístola p o d e ter sido da Itália. Outra possibilidade é que o autor estava com cristãos da Itália que acrescentaram suas saudações a uma carta enviada para aquele país (a Itália).
749
TIAGO Tiago é a primeira de um grupo de sete epístolas "gerais", assim denominadas porque foram dirigidas a grupos de cristãos em várias partes do mundo greco-romano, e não a uma igreja específica. Embora comece como uma carta (com remetente e destinatários), Tiago mais parece um discurso. Dá conselhos práticos sobre conduta cristã. Trata de diversos assuntos, como ricos e pobres, orgulho e humildade, sabedoria, paciência, oração, controle da língua, e, acima de tudo, fé e ações. Não deveria haver discrepância entre essas duas. Fé verdadeira se mostra na maneira como os cristãos vivem. Ela afeta a forma como eles enxergam a si mesmos e como eles consideram e tratam os outros. Tiago lembra aos seus leitores a necessidade de se ter padrões e valores genuinamente cristãos em todas as áreas da vida. Sabemos pouco ou nada sobre como a epístola foi escrita, ou a quem foi enviada. A partir de Tg 1.1 pode-se deduzir que os leitores eram cristãos de origem judaica, embora alguns considerem "as doze tribos que se encontram na Dispersão" um sinônimo de "novo Israel", isto é, cristãos de todas as nações. Não sabemos ao certo quem é o autor. O candidato mais provável é Tiago, irmão de Jesus. Ele se tornou cristão quando viu o Jesus ressuscitado (1Co 15.7). Depois, veio a ser o líder da igreja de Jerusalém (At 12.17; 15.13-21; 21.18). A carta tem um estilo judaico-cristão e muitas de suas características combinam bem com esse Tiago como autor. • Nela aparece um forte senso de comunidade. • Ela reflete o conceito de sabedoria, encontrado na literatura d e sabedoria judaica. • Há, nela, vários paralelos e alusões ao ensino d e Jesus, principalmente no Sermão d o Monte. • A l g u m a s das palavras e expressões desta carta se assemelham a parte d o discurso de T i a g o no Concílio d e Jerusalém, conforme registro d e At 15. • A autoridade com que o autor escreve p o d e ser outro indício. A epístola provavelmente foi escrita por volta de 60 d.C, embora alguns argumentem a favor de uma data anterior e outros, de uma posterior.
Tg 1: Fatos, não palavras
Resumo Um apelo que se dirige diretamente a cristãos de origem judaica para que pratiquem a sua fé, em especial na comunidade cristã. Num estilo que lembra o livro de Provérbios, no AT, Tiago fala sobre fé e ações, sabedoria, riqueza e pobreza, provações e dificuldades, orgulho e preconceito, paciência e oração.
O capítulo introdutório menciona quase t o d o s os assuntos discutidos em detalhe posteriormente: provação ( 2 , 1 2 - 1 5 ) , perseverança ( 3 ; 5 . 7 - 1 1 ) , sabedoria (5; 3.13-18), oração (5-8; 4.2-3; 5.13-18), fé (6; 2.14-26), riquezas ( 9 - 1 1 ; 2.1-13; 5 . 1 - 6 ) , a língua ( 1 9 , 2 6 ; 3.1-12; 4 . 1 1 ) , o cristianismo e m ação (22-25; 2.14-26). O estilo claro e sucinto e alguns dos temas lembram o livro de Provérbios no AT e a maneira de Jesus ensinar no Sermão d o Monte ( M t 5 — 7 ) . Os comentários de T i a g o nesse capítulo nos d ã o uma boa idéia de c o m o os cristãos d e v e m ser. Eles têm uma atitude positiva com relação às dificuldades da vida, conhecendo seu valor. N ã o culpam Deus quando as coisas dão errado. Sabem o n d e buscar ajuda c conselho. Seus valores são corretos. Sabem controlar a língua e o temperamento. Procuram descobrir os padrões de Deus e vivem de a c o r d o c o m eles. C o l o c a m sua fé e m ação, algo que fica evidente a todos. • Dispersão (1) Veja Introdução e "A dispersão judaica". • V. 5 Também Jesus orientou seus seguidores a pedirem a Deus, que dá coisas boas ( M t 7.7-11). • V . 12 Este texto ecoa o estilo das bemaventuranças de Jesus ( M t 5.3-12). • Vs. 22-23 Compare com as palavras de Jesus cm Mt 7.21,24-27. • V . 27 A religião verdadeira se mostra no cuidado pelos necessitados e na exemplaridade da vida.
Tg 2.1-13: Respeitem os p o b r e s E uma tendência humana natural admirar aqueles que estão acima de nós e m termos sociais e desprezar aqueles que estão socialmente abaixo de nós. N ã o há nada cristão
"Mas. sc alguém tem falta tle sabedoria, peça a Deus, e ele a dará porque égeneroso e dá com bondade a todos." Tg 1.5 (NTLH)
750
As Epístolas
Segundo Tiago, se a fé não se manifesta no que fazemos, ela está morta! Fé genuína significa que os cristãos cuidarão dos outros e terão respeito por eles, qualquer que seja a aparência ou a posição social dessas pessoas.
Tg 3.1-12: D o m i n a r a l í n g u a Q u e m quer ser mestre na igreja deve primeiro aprender a controlar a própria língua. Dominar esse que é o mais incontrolável e contraditório m e m b r o d o corpo é ter autocontrole perfeito. Uma faísca p o d e incendiar uma floresta. Uma única palavra p o d e ser igualmente destrutiva — um v e n e n o mortal. A mesma língua pode abençoar e amaldiçoar, fazer o bem e causar terrível mal. Essa inconsistência, segundo T i a g o , vai contra todas as leis da natureza ( 1 1 - 1 2 ) .
A estátua de uma mulher ornada com jóias é de Chipre.
• V . 6 Este texto é difícil. Parece dizer que "todas as más características de um mundo caído... são expressas" através da língua. A l é m de contaminar toda a personalidade, sua má influência continua ao longo dc toda a vida. • V . 12 Semelhante à comparação que Jesus faz e m M t 7.16-18.
Tg 3.13-18: A v e r d a d e i r a s a b e d o r i a
"Deus escolheu os pobres deste inundo para serem ricos na fé e para possuírem o Reino que ele prometeu aos que o amam." Tg 2.S (NTLH)
nisso. O certo é tratar a todos c o m o m e s m o respeito — amar nosso p r ó x i m o c o m o nós mesmos, conforme o mandamento d e Deus ( 8 ; M c 12.28-31). • Lei d a liberdade (12) A lei d e Cristo é uma lei de misericórdia, que liberta as pessoas d o castigo d o pecado, a l g o que a lei de Moisés não podia fazer. Também Paulo fala da lei de Cristo e m 1 Co 9 e e m Gálatas. • V . 13 Compare M t 6.14-15; M t 18.21-35.
Tg 2.14-26: Fé e a ç õ e s
"Resisri ao diabo, e ele fugirá de vós. Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós." Tg 4.7-S (ARA)
A fé que se resume a palavras não é fé verdadeira. A t é os demônios acreditam e m Deus, e o temem, mas isso não os livrará d o juízo de Deus. A fé verdadeira age. Deus aceitou Abraão (Gn 15.1-6; Gn 2 2 ) e Raabe (Js 2 ) porque a fé deles resultou e m ação: era fé genuína. Se aquilo e m que acreditamos não afeta a maneira como vivemos e agimos, isso está morro. • V . 24 Tiago pode estar reagindo contra uma interpretação distorcida d o ensino de Paulo (que somos "justificados" pela graça mediante a fé) promovida por alguns cristãos de origem judaica no âmbito das igrejas paulinas. O que Tiago diz aqui já foi usado (equivocadamente) para defender uma doutrina de salvação por obras.
A sabedoria "pura" v e m de Deus e se revela e m b o n d a d e , paz e misericórdia. Ela é muito diferente da sabedoria terrena. Esta se caracteriza por ambição egoísta e anseio por fazer carreira, afirmando seus próprios direitos. T i a g o oferece uma espécie dc sabedoria "contracultural", diferente da sabedoria convencional dos nobres e eruditos d o mundo greco-romano.
Tg 4: Você é a m i g o d e q u e m ? T i a g o se volta da paz ( 3 . 1 8 ) para os conflitos ( 4 . 1 - 2 ) . A origem das discussões e das brigas é a inveja: o desejo de conseguir algo e a determinação de obtê-lo a qualquer preço. Segundo T i a g o , se agimos assim, somos amigos do mundo. E o a m i g o d o mundo é inimig o de Deus ( 4 ) . N ã o seja orgulhoso — seja humilde. Resista ao mal e sujeite-se a Deus que exalta os humildes ( 6 - 1 0 ) . N ã o critique nem j u l g u e os outros, pois Deus é o único juiz ( 1 1 - 1 2 ) . N ã o pense que tem controle total de sua vida, pois também isto é a l g o que está nas mãos de Deus ( 1 3 - 1 6 ) .
Tg 5.1-6: U m a advertência a o s ricos A riqueza representa um perigo todo especial (5.1-6; 2.6-7), pois dá às pessoas um falso sentimento de segurança. Ela isola as pessoas, fazendo c o m que se tornem insensíveis para com os que passam frio e estão com fome. Os ricos têm vida tão agradável que se esquecem
Tiago do dia da prestação de contas. Mas Deus tudo v ê e tudo o u v e . N o estilo de um profeta d o AT, T i a g o denuncia aqueles que acumulam riquezas e deixam de pagar os salários. Também há reflexos de Provérbios nessas afirmações. Compare com a parábola do rico insensato, contada por Jesus (Lc 12.16-21). • V. 2 Compare com Mt 6.19.
Tg 5.7-20: Paciência e o r a ç ã o T i a g o continua a refletir sobre o dia da vinda de Deus. Os cristãos precisam ter paciência nesse tempo de espera: a paciência de um lavrador e a paciente perseverança cm meio ao sofrimento que vemos nos profetas e em Jó.
N o final, tudo deu certo para Jó, e o mesmo acontecerá conosco. Você tem problemas? Então ore. Está feliz? Louve a Deus. Está doente? Deus salva, e m resposta à oração feita c o m fé. Elias era um ser humano c o m o nós. Pense no p o d e r da oração de Elias ( I R s 17.1; 1 8 . 1 ) , e que isto sirva de encorajamento para v o c ê . A s palavras finais d e T i a g o , ditas, talv e z , a i n d a n o c o n t e x t o de o r a ç ã o , tratam d a q u e l e que se desviou da v e r d a d e . Se a l g u é m da c o m u n i d a d e se afasta d e Deus, outra pessoa d e v e ir e t r a z ê - l o d e volta. Esse retorno significa que uma alma foi salva e uma m u l t i d ã o de p e c a d o s foi perdoada.
751
"Muito p o d e , p o r sua eficácia, a súplica do justo." Tg S.16 (ARA)
Resumo
1 E2PEDRO O autor dessas epístolas se identifica como "Simão Pedro, servo e apóstolo de Jesus Cristo" (IPe 1.1; 2Pe 1.1). Ele foi "testemunha dos sofrimentos de Cristo" (1Pe 5.1).
"Segundo a sua muíta
misericórdia, (Deus} nos regenerou paru uma viva esperançu, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos." 1 Re 1.3 (ARA)
Pedro Pedro conheceu Jesus através de seu irmão André (Jo 1.40-42). Os dois irmãos eram de Betsaida, uma aldeia de pescadores. Mas, quando Jesus os chamou para deixarem sua atividade de pesca e segui-lo, eles moravam em Cafarnaum, na extremidade norte do lago da Galileia. Pedro logo se tornou líder e porta-voz d o grupo de 12 discípulos que acompanharam Jesus durante os anos de seu ministério público. Ele era um dos três mais íntimos que viram alguns dos maiores milagres de Jesus e que puderam vê-lo em sua verdadeira glória (Mc 9; 2Pe 1.16-18). Mas quando Jesus foi julgado, Pedro, apesar de suas bonitas promessas, negou que o conhecia — um (ato que ele jamais esqueceu. Sabendo do remorso de Pedro, Jesus, ressuscitado dentre os mortos, apareceu a ele antes de aparecer a qualquer dos outros apóstolos. E ele se tornou um líder da nova igreja, como Jesus previra (Mt 16.13-20), e o primeiro a anunciar as boas novas sobre Jesus (At 2). Segundo a tradição, Pedro passou os últimos anos de pregação e ensino (e, em suas viagens, ele era acompanhado por sua esposa) em Roma. Ali ele teria sido crucificado, de cabeça para baixo, durante a terrível perseguição fomentada pelo imperador Nero, que começou em 64 d.C. A referência à "Babilônia" em IPe 5.13 pode ser uma forma velada de se referir a Roma (como em Ap 16.19 e outras passagens). 1 Pedro A primeira carta foi enviada a grupos de cristãos que viviam dispersos nas cinco províncias romanas que ficavam na região da moderna Turquia, ao norte dos montes Taurus. Pedro provavelmente escreveu de Roma, no início das perseguições de Nero (caso 5.13 se refira ã cidade). João Marcos estava com ele, e Silvano (Silas), o companheiro de Paulo, o ajudou a escrever. Os cristãos de outras partes d o Império l o g o estariam sofrendo como os cristãos de Roma. A mensagem de Pedro é de consolo, esperança e de incentivo a que fiquem firmes na fé.
2Pedro A segunda carta não menciona nem o local de origem nem a q u e m foi escrita. Os estudiosos têm sérias dúvidas quanto à autoria de Pedro. Ela certamente difere de 1 Pe quanto a linguagem e assunto tratado. Alguns estudiosos apontam anacronismos e acreditam
1 Pedro Pedro escreve para incentivar os cristãos que enfrentam sofrimentos e tempos difíceis. Lembra-lhes que têm muitos motivos para se alegrarem em Cristo e os motiva a viverem de um modo que reflita a santidade de Deus. 2Pedro Esta epistola combate falsos mestres, que serão julgados por Deus. Pedro motiva seus leitores a viver uma vida irrepreensível, enquanto aguardam o dia da vinda do Senhor, que certamente virá.
que o autor "tomou emprestado" alguns versículos de Judas (veja abaixo). Talvez o autor (possivelmente discípulo do apóstolo) deu o nome de Pedro à carta porque ele era a fonte mais importante do material incluído. Não há provas conclusivas. Uma tradição antiga, e o cuidado tomado pelos concílios da igreja antiga no sentido de eliminar documentos considerados falsificações, pesam a favor de Pedro como autor. E, apesar das diferenças, as epistolas tém muito em comum. 2Pe 1.12-18, que fala da proximidade da morte de Pedro e da transfiguração de Cristo, se aproxima de 1 Pedro em gramática, estilo e vocabulário. Michael Green alista várias outras alusões ã vida de Jesus e de Pedro: a profecia da morte de Pedro (Jo 21.21-23; 1.14); a negação de Jesus (2.1); o último estado do pior que o primeiro (Mt 12.45; 2.20); o Dia do Senhor vindo como ladrão (Mt 24.43; 3.10). A carta aborda a questão das falsas doutrinas, que era um problema freqüente nas igrejas. Opondo-se a elas, o tema principal do autor é conhecimento verdadeiro. Ele volta a enfatizar a certeza da vinda de Cristo para juízo e resgate, mostrando o que isso significa em termos de vida cristã. 2Pedroe Judas Quinze dos 25 versículos de Judas aparecem também alguns completos, outros parcialmente — em 2Pedro, e as duas epístolas têm muitas idéias em comum. Isso significa que: • elas foram escritas pelo mesmo autor • ou que um se baseou no outro • o u q u e a m b a s se basearam numa fonte comum.
I
1 e 2Pedro Como é amplamente aceito que, na sua pri-
viva esperança"; a herança que um dia recebe-
meira epístola, Pedro se baseou num catecismo
remos e que está sendo "guardada" para nós
(ou sermão) usado no batismo, é possível que
pelo próprio Deus ( 3 - 5 ) . As provações têm um
também tenha usado material existente ao escre-
propósito: eias testam a fé c mostram que ela é
ver a segunda epístola.
genuína. Os dias sombrios são curtos, se com-
753
parados com a alegria futura ( 6 - 9 ) .
1 PEDRO
Os profetas falaram desse d o m da salvação, p r e v e n d o o sofrimento d e Cristo — e a
IPe 1: A g u a r d a n d o c o m e s p e r a n ç a
glória que viria depois ( 1 0 - 1 2 ) . Essas são as
Mesmo e m tempos de sofrimento, há mui-
coisas que "vos foram anunciadas" pelos men-
tas coisas que alegram o coração c pelas quais
sageiros das boas novas d e Deus que procla-
se p o d e a g r a d e c e r a Deus: o d o m da nova
maram coisas que os próprios anjos gostariam
vida; a ressurreição d e Jesus que nos dá "uma
de entender.
A dispersão judaica Dick France
diáspora)
Já no período do NT a maioria das
usam linguagem que soaria estranha
foi o termo usado para se referir aos
grandes cidades tinha uma colônia
aos judeus que moravam na Palestina.
judeus que viviam fora da Palestina.
judaica, com sua própria sinagoga (ou
Apolo, o judeu erudito de Alexandria
Depois da desastrosa Guerra Judaica
pelo menos com um lugar de oração,
(At 18.24), sem dúvida pertencia a essa
de 66-73 d.C. e da destruição d o tem-
At 16.13). Essas comunidades judaicas
escola, antes d e sua gradual conver-
plo pelos romanos em 70 d.C, grandes
fora da terra de Israel eram, natural-
são ao cristianismo.
levas d e judeus deixaram a sua pátria
mente, o primeiro lugar a ser visitado
"Dispersão" (no g r e g o ,
e foram, principalmente, na direção
por missionários cristãos como Paulo,
Leste, rumo à Mesopotâmia. Mas o
que era de origem judaica, e outros
processo d e "dispersão" começou
que viajavam pelas regiões ao redor
muito antes disso. Pelo menos desde
do mar Mediterrâneo.
seu exilio no século 6 a.C. os judeus
Os judeus da dispersão às vezes
começaram a se fixar em vários luga-
são chamados d e "judeus helenistas".
res do Oriente Médio e da região leste
O helenismo, esta onda d e cultura e
do Mediterrâneo. Na época d o NT, provavelmen-
idéias gregas que varreu o mundo d o Mediterrâneo após as conquistas
te havia mais judeus vivendo fora da
de Alexandre o Grande, continuou
Palestina do que dentro dela. Calcula-
sendo a força dominante na cultura da
se que só no Egito havia um milhão de
parte oriental do Império romano. Os
judeus. Em Alexandria, os judeus eram
judeus dispersos, longe da atmosfera
uma parcela tão significativa da popu-
mais conservadora da Palestina, se
lação que formavam uma unidade polí-
adaptaram mais rapidamente ao estilo
tica distinta, vivendo em áreas próprias
grego de vida. Não abandonaram sua
da cidade e preservando a própria cul-
religião e cultura distintas, nem deixa-
tura e o estilo de vida distinto.
ram de ser judeus, mas estavam mais
O fato de serem diferentes, ali e em outros lugares, muitas vezes dificulta-
dispostos a aprender e dialogar com o pensamento grego.
va o relacionamento com a população
Muitas das obras judaicas escritas
não-judaica. Autores gregos e roma-
em período mais recente, em especial
nos às vezes se referem depreciativa-
as que são provenientes de Alexandria
mente aos judeus q u e viviam entre
(p.ex., Sabedoria de Salomão, um dos
eles, mas que eles não conseguiam
livros deuterocanônicos, e a extensa
entender, e não raras vezes ocorriam
obra d e Filo), foram profundamente
tumultos antijudaicos.
influenciadas pela filosofia grega, e
754
Pedro escreveu .1 grupos de cristãos dispersos que eram perseguidos durante o reinado do sudico Imperador Nero. cujo busto aparece nessa moeda.
As Epístolas Tendo e m vista o preço d o resgate que foi pago ( 1 8 - 2 1 ) , a nova vida deve ser diferente da antiga maneira d e viver. Ela exige santidade ( 1 3 - 1 7 ) , pureza, e amor sincero ( 2 2 ) . • Dispersão (1.1, ARA) Veja nota e m T g 1.1, e "A dispersão judaica". Caso se interpretar a palavra c o m o significando a igreja (judeus e gentios) que se encontra dispersa, a tradução poderia ser "estranhos n o mundo". • Ponto, etc. Veja mapa em Epístolas, Introdução, p. 680. • V s . 10-12 Os profetas d o AT tinham uma mensagem para o seu próprio tempo, mas também previram o futuro, quando Cristo viria. O autor de Hebreus escreveu algo muito semelhante ( H b 11.39-40).
al alicerçado na pedra fundamental que é o próprio Cristo. Sejam e x e m p l o s d e vida ( 2 . 1 1 - 1 7 ) . Não dêem motivo para qualquer acusação contra vocês. (Os cristãos da época de Pedro tinham que enfrentar as calúnias de que praticavam o incesto, se entregavam a orgias sexuais — e até mesmo de que eram canibais.) Obedeçam às autoridades civis ( e Pedro escreveu isso quando Nero era o Imperador!). S o b r e e s s e a s s u n t o , v e j a t a m b é m Mc 12.17; R m 13.1-7. Escravos maltratados têm seu m o d e l o em Cristo, que suportou sofrimento imerecido sem ameaçar ou argumentar e m sua própria defesa ( 2 . 1 8 - 2 5 ) . Assim c o m o Deus, " o justo j u i z " , t r o u x e b ê n ç ã o para todos I P e 2—3: V i v e n d o c o m o p o v o através d o sofrimento d e Jesus, e l e tamde Deus bém a b e n ç o a r á a q u e l e s q u e sofrem por Não fiquem parados no estágio fazerem a vontade dele. infantil, diz Pedro a seus lei• Também a esposa d e v e se submeter à autor i d a d e d e seu m a r i d o ( 3 . 1 - 6 ) , e ganhar » tores. Cresçam na fé! Lemo m a r i d o i n c r é d u l o p e l o seu m o d o de brem-se de quem vocês agir. (Isso n ã o significa que a esposa seja são ( 2 . 1 - 1 0 ) : o p o v o q u e menos importante ou inferior. Wayne Grupertence a Deus, escolhidem afirma q u e "Jesus se sujeitou a seus d o para revelar as coisas pais e a Deus P a i " . ) Ela d e v e seguir o maravilhosas que ele «De$t)ai e x e m p l o , n ã o d a s m o d e l o s , mas fez; pedras vivas ardentemente, como crianças recémdas mulheres d e fé, pessoas como usadas na const r u ç ã o d e um esptrífitoí, para que, por ele, a m a t r i a r c a Sara, q u e irradiam vos seja dado crescimento beleza interior. D e v e n ã o apenas templo espiritupara salvação". IPe 2.2 (ARA)
levar uma vida correta, mas também viver sem m e d o e p r e o c u p a ç ã o ( 6 ) . O m a r i d o cristão, por sua v e z , d e v e respeitar a esposa ( 7 ) . Em termos da nova vida que Deus dá, o m a r i d o e a esposa são i g u a i s . U m bom r e l a c i o n a m e n t o é vital, não só para sua felicidade conjugal, mas também para sua saúde espiritual, pois a o r a ç ã o cessa num ambiente de tensão. • Os v s . 8 - 1 7 , c o n c l u i n d o , se r e f e r e m a todos os cristãos. Sejam amorosos, bondosos, humildes. Retribuam o mal com o bem. Façam o b e m : m a n t e n h a m a consciência limpa. N ã o há necessidade de ficar ansioso n e m d e ter m e d o . E melhor sofrer por fazer o bem d o que por fazer o mal. Cristo m o r r e u , o j u s t o p e l o s injustos, para nos l e v a r a Deus ( 1 8 - 2 2 ) . Jesus ressuscitou, está agora à direita de Deus, e nos capacita a c o m p a r e c e r m o s diante dele de consciência limpa, purificados d o pecado. • Pedra v i v a (2.4) Uma metáfora de uso freqüente no N T para designar Cristo (veja Mc 12). A s citações são de Is 28.16; SI 118.22; Is 8.14-15. • Sacrifícios espirituais (2.5) Veja, p. ex., Rm 12.1; H b 13.15-16. • Espíritos e m p r i s ã o . . . (3.19-22) Wayne Grudem apresenta as questões levantadas por esses versículos de difícil interpretação, fazendo três perguntas: - Q u e m são os espíritos e m prisão? São incrédulos que morreram? Fiéis do período d o AT que morreram? Seriam anjos caídos? - O que foi que Cristo pregou? Tratou-se de uma segunda chance de arrependimento? Teria ele anunciado a conclusão de sua obra redentora? Teria ele pregado a condenação definitiva daqueles espíritos? - Quando ele pregou? Foi nos dias de Noé? No período entre sua morte e ressurreição? Depois de sua ressurreição? Grudem defende a posição de que Cristo estava "em espírito" pregando através de Noé quando a arca foi construída. Agostinho, Tomás de Aquino e alguns estudiosos modernos concordam com isto. Segundo outro ponto de vista, baseado e m passagens semelhantes e m Judas e 2Pedro, os "espíritos e m prisão" são anjos caídos que estão no tártaro (não o inferno), uma masmorra mencionada também por Isaías (24.22). O objetivo dessa proclamação não é redenção, mas o anúncio da vitória sobre os poderes das trevas.
A verdadeira beleza feminina, segundo Fedro, que escreveu sobre os deveres de maridos e esposas, vem do "ser interior", não dos "enfeites exteriores". Um pingente de ouro incrustado com granadas (século 2 d.CO.
Há, ainda, outras explicações para essa passagem. A água d o dilúvio, que destruiu o mundo, salvou N o é e sua família, ao fazer a arca flutuar. De m o d o semelhante, diz Pedro, a água d o batismo "agora também vos salva". Pode-se dizer que foi a arca, não a água, que salvou N o é . Da mesma forma, não é o batismo e m si, mas o Cristo ressurreto que, pela f é , salva aqueles que, nele, são purificados d o pecado.
I P e 4—5: Q u a n d o vier o sofrimento Pedro previu um período de sofrimento e perseguição para seus leitores. Quando viesse, eles teriam que estar preparados — calmos, alertas, dedicados à oração e ao amor ao próximo ( 4 . 7 - 8 ) . A antiga maneira de viver ficou no passado ( 4 . 3 - 4 ) . Agora cada um dos seguidores de Cristo recebe um dom para servir aos outros ( 4 . 1 0 ) . Não deveria ser surpresa que os cristãos sofrem por amor a Cristo ( 4 . 1 2 ) . Isso é motivo de alegria, não de desânimo! O sofri-
"VigienT, diz Pedro. "O inimigo de vocês (Satanás) está rondando como um leão faminto «i procura de sua próxima refeição!"
756
As Epístolas
"Entreguem todas as suas preocupações ti IICUS. poís ele cuida de voces." 11*5.7 ( N T L H )
mento de Cristo trouxe glória — glória que será compartilhada por seus fieis seguidores. C o m o líder, e testemunha da crucificação de Jesus, Pedro apela aos líderes da igreja para que tenham um verdadeiro "espírito pastoral" (5.1-4; e veja Jo 10 e Jo 21.15-17). Os mais jovens ( 5 . 5 ) devem respeitar a autoridade deles. Os cristãos precisam ter um espírito genuinamente humilde. Também precisam de firmeza na fé para enfrentar terrível e contínua oposição (8-9). Mas Deus nunca deixa de cuidar de seu povo. O sofrimento c apenas temporário: a força e o poder de Deus são infinitos. • 4.1 Pedro fala daqueles que sofrem por fazerem o bem ( 3 . 1 7 ) , não dos sofredores de modo geral. • 4.6 a mortos Isto é, cristãos agora mortos. Eles, como outras pessoas, sofreram o juízo da morte, mas viverão. • 4.8 O amor c o b r e / p e r d o a . . . Provérbio citado também e m T g 5.20. • 4.17 J u í z o / j u l g a m e n t o (4.17) A idéia pode ser uma continuação de 4.6 (veja acima). • 5.5-11 Esses versículos refletem o pensamento de T g 4.6-10. O propósito d o rugido é meter m e d o , mas Satanás já não tem o poder de destruir aqueles que pertencem a Cristo. • Silvano (5.12) Silas, companheiro de Paulo na sua segunda viagem missionária (At 15.22,3233), e ligado a ele na composição das canas aos tessaloniccnscs.
1
Finí sua , epistolas, ftdro ta uso de analogias marcantes, tiradas (como no ciso de Jesus) da vida no campo: pastores e rebanhos, plantio e culheila, lome sem água e névoa impelida por temporal. Essas imagens eram, certamente, familiares aos leitores de Pedro, que viviam na região onde fica boje a Turquia.
• Babilônia (5.13) Provavelmente uma forma velada de se referir a Roma (veja A p 1 7 ) . • Marcos (5.13) Veja a Introdução ao Evangelho de Marcos.
2PEDRO
2Pe 1: Conhecer Deus e a v e r d a d e O propósito de Deus para o seu povo é que tomem parte na sua natureza divina — nada menos do que isso ( 4 ) . Assim, à fé devem ser acrescentadas outras qualidades ( 5 - 8 ) . Dessa forma, o conhecimento de Cristo se traduz em ação ( 8 ) . Pedro não hesita e m refrescar a memória de seus leitores com relação à verdade já eles já conhecem, especialmente agora que ele sabe que a morte se aproxima (12-15). A mensagem cristã não se baseia e m mitos e lendas, mas em evidencia de testemunhas oculares ( 1 6 ) . Pedro jamais esqueceu o que viu e ouviu naquele dia, no m o n t e , quando Jesus lhes mostrou a sua g l ó r i a , c faz um relato pessoal d o significado daquele acontecimento (16-18; Mt 17.5). O testemunho dos profetas foi confirmado como palavra do próprio Deus ( 1 9 - 2 1 ) . • V . 14 Pedro, prestes a morrer, lembra as palavras do Senhor (Jo 21.18-19). • V . 19 A s Escrituras iluminam nosso caminho pela vida ate o dia da vinda de Cristo (SI 119.105; A p 2 2 . 1 6 ) . • V . 20 Isso pode significar, ou que "não é a
1 e 2Ptd.ro interpretação que autentica a mensagem d o profeta", ou que "a verdadeira interpretação, como a mensagem e m si, é dada por Deus".
2Pe 2: Falsos mestres, e s e u destino O tema deste capítulo é muito parecido com o de Jd 14-16. É melhor prevenir do que remediar, e, por isso, o autor previne seus leitores contra os falsos mestres que já haviam feito estragos e m outros grupos cristãos. Esses mestres desprezam as autoridades ( 1 0 ) . Não respeitam ninguém. Promovem a perversão dos costumes, e seu m o d o dissoluto de viver nega o Senhor e envergonha a sua igreja ( 1 3 - 1 5 ) . Eles vendem ilusões, prometendo liberdade de restrições o que, na verdade, é outra escravidão ( 1 9 ) . Seu castigo é certo e terrível (4-10) 0 resgate do povo de Deus também é certo. O autor usa exemplos d o AT: o dilúvio, e o resgate de N o é (Gn 6 — 8 ) ; a destruição de Sodoma e Gomorra, e o resgate de Ló (Gn 1 9 ) . • Anjos (4,10-11) Veja as notas em Judas. • Balaão ( 1 5 ) Aparentemente esse profeta verdadeiro virou a casaca quando chegaram ao seu preço ou lhe fizeram uma oferta tentadora ( N m 3 1 . 1 6 ) . • Vs. 19-22 Esses falsos mestres haviam sido cristãos ortodoxos. Agora seu estado é pior d o que antes de conhecerem a Cristo.
2Pe 3: D e u s c u m p r i r á a sua promessa Os anos se passaram e o esperado retorno de Cristo ainda não aconteceu. Tudo continua do m e s m o j e i t o que era desde a criação d o
mundo. E o que é feito da promessa de Deus? Sempre existem pessoas dispostas a zombar ( 3 - 5 ) , mas Deus mostrará que a sua palavra, transmitida pelos profetas e apóstolos, é confiável ( 2 ) . A palavra de Deus é tão poderosa que foi por meio dela que ele criou o mundo e m que vivemos ( 5 ; Gn 1.3). Se Deus "demora", isto é sinal de longanimidade, não de fraqueza ( 8 - 9 ) . Não há diferença de opinião entre Pedro e "nosso amado irmão Paulo": ambos falam sobre esses assuntos e m termos semelhantes ( 1 5 - 1 6 ) . É claro, c o m o diz Pedro, todos nós concordamos que algumas partes do ensino de Paulo são um tanto difíceis de entender! A certeza de que Jesus virá, que isso pode acontecer a qualquer momento, é o incentivo mais forte que temos para viver a vida cristã ( 1 1 , 1 4 ) . O conselho final d o autor é no sentido de ficarmos alertas: "Continuem a crescer na graça e no conhecimento do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo." • Segunda epístola/carta (1) A primeira pode ser 1 Pedro, ou alguma outra carta que sc perdeu. • Os pais dormiram (4, ARA) Esses pais podem ser os pais d o AT, ou, então, os primeiros cristãos. "Dormiram": era assim que Jesus falava da morte. • V s . 5-7 "Há um interessante paralelismo nesses três versículos. Pela sua palavra e por meio da água. Deus criou o mundo ( 5 ) ; pela sua palavra c por meio da água, ele o destruiu ( 6 ) ; pela sua palavra e por meio d o fogo, ele o destruirá no j u í z o vindouro ( 7 ) " (Michael Green).
757 "Reunindo toda a vossa diligência, associai com a vossa fé a virtude; com a
virtude.
o conhecimento; com o conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a fraternidade; com a fraternidade, o amor." 2Pc 1.5-7 (ARA)
"O Senhor... tem paciência com vocês porque não quer que ninguém seja destruído, mas deseja que todos se arrependam dos seus pecados."
2Pe3.í> (NT1.I1)
Resumo
/João Um texto escrito para advertir os leitores contra falsas doutrinas, incentivando-osa reterem a verdade: que Deus é luz e amor, e que espera que seus filhos vivam na luz e amem uns aos outros.
1JOAO
"En fim fío que as fres epístolas de João são de extraordinária rríevi'iiiriu na situação em que o mundo e a igreja se i ni mili
mu
hoje cm dia." John StOtl
"Deus Uta, c nao fifí IH'IÍ
nenhuma escuridão." lJo 1.5 (NTLH)
Como pôde essa obra anônima (chamada de epístola, mas sem a forma de cartai ser atribuida a João? A principal razão deve ser sua surpreendente semelhança com o Evangelho de João. A conclusão óbvia é que são d o mesmo autor: se o Evangelho foi escrito por João, também a epístola é obra dele. (Veja introdução ao Evangelho de João). Esta tese é reforçada pela afirmação d o autor, na abertura da epístola, de que foi testemunha ocular e pela autoridade com que ele se expressa. Alguns estudiosos modernos, porém, acreditam que esta epístola foi escrita por outra pessoa, alguém que imitou o conteúdo e estilo do Evangelho de João. Tanto o Evangelho quanto U o ã o pertencem ao final do primeiro século da era cristã. A essa altura, a fé cristã já existia há 50 ou 60 anos e havia se espalhado pelo Império Romano. João, que segundo a tradição passou seus últimos anos de vida em Éfeso (na atual Turquia) - centro estratégico da igreja cristã - provavelmente era o único apóstolo ainda vivo. Havia pressão sobre muitos grupos cristãos para que incorporassem em seu sistema doutrinário idéias vindas das filosofias da época (pressão que a Igreja sente ainda hoje). Uoão foi escrita para fazer frente a uma forma primitiva de "gnosticismo" propagada por antigos membros da Igreja, pessoas que já haviam feito parte, mas que agora não eram mais membros do grupo. Eles se consideravam intelectuais - possuindo um conhecimento superior de Deus. Ao contrário da visão holística de mundo, tradicional entre judeus e cristãos, eles faziam distinção entre o espírito (bom) e a matéria (má). Na prática isso muitas vezes levava à imoralidade, porque nada que o corpo fizesse podia manchar a pureza do espírito. Isso também levou à negação da natureza humana de Cristo, que era vista como ilusória ou apenas temporária. Eles concluíram que Cristo, sendo espírito, não podia ter morrido. Neste seu enérgico, porém amoroso, apelo, João esclarece a seus "filhinhos" na fé que essas idéias representavam um golpe mortal para a mensagem cristã. Se Cristo não se tornou verda-
deiro homem nem 2João morreu para obter Uma breve epístola sobre o mesmo tema, p e r d ã o para os dirigida a uma igreja pecados do mundo específica. inteiro (2.2), anulada está a fé cristã. 3João A mensagem Carta pessoal a um amigo sobre um líder que João é dupla: de igreja que havia se • Deus é luz: tornado um verdadeiro Ele c o n v o c a problema na igreja. t o d o s os que o seguem a anda« - — — - ^ J rem na luz d e seus mandamentos; • Deus é amor: Ele quer q u e os seus amem uns aos outros.
1.1o 1.1-4: A Palavra d a v i d a O tema de João é "a Palavra da vida". No início de seu Evangelho, João falou da pessoa que é a divina Palavra da vida: Jesus Cristo, a quem João conheceu pessoalmente. Também aqui ele fala de experiência própria: a encarnação viva da Palavra de Deus podia ser vista e tocada. A Palavra é uma pessoa e uma mensagem: as duas são inseparáveis. Esta mensagem da vida eterna que vem de Deus, João a havia visto em Cristo e ouvido dele; agora ele a declara alegremente com uma confiança que provém da certeza.
l J o 1.5—2.2: D e u s é luz Que mensagem é essa? Primeiro, que "Deus é luz". Esta é a luz que gera vida e dissipa as trevas. Quem afirma ter comunhão com Deus, mas v i v e nas trevas, está mentindo (1.5-7). Mas dizer que nunca pecamos também é falso. Se vivemos na luz, reconheceremos e confessaremos nossos pecados. P o d e m o s confiar que Deus cumprirá sua promessa d e perdão c purificação ( 8 - 1 0 ) . Além disso, temos Jesus - aquele através de quem somos perdoados para defender a nossa causa (2.1-2).
l J o 2.3-29: V i v e n d o n a luz Como podemos ter certeza de que realmente conhecemos a Deus? Conhecer é obedecer.
1, 2 e 3João
759
Assim, o primeiro teste é obediência. Se obedecemos aos mandamentos de Deus, se vivemos como Jesus viveu, podemos ter certeza ( 3 - 6 ) . O segundo teste é o a m o r ( 7 - 1 7 ) . V i v e r na luz d e Deus significa cumprir o mandamento, que é tanto antigo quanto n o v o , de amar uns aos outros ( o "novo mandamento" que Jesus d e u a seus discípulos - Jo 13.34 - que João sabia que esses cristãos já haviam aprendido). Nesse m o m e n t o João muda de assunto. Primeiro se dirige à igreja. C o m "filhinhos", "pais", e "jovens", ele se refere a grupos que refletem três estágios de crescimento ou maturidade espiritual (12-14). Da igreja ele se volta ao mundo ( 1 5 - 1 7 ) , que os cristãos não devem amar. O que significa isto? João vê o mundo como a humanidade e m conflito c o m Deus. Uma humanidade que se caracteriza por egoísmo, orgulho, cobiça: todo o sistema mau que aí está. A m a r o mundo é aceitar seus valores e atitudes. Mas este mundo passa ( 1 7 ) , c João diz que o fim está chegando ( 1 8 ) . Os primeiros cristãos aprenderam que um arquiinimigo de Cristo - a corporificação d o mal - entraria e m cena quando a volta d o Senhor fosse iminente ( 1 8 ; a palavra "anticristo" só aparece nas epístolas de João, mas 2Ts 2 fala d o m e s m o assunto). João viu que muitos anticristos já estavam em ação (falsos mestres, antigos membros da igreja, que negavam que o homem Jesus era o Messias e Filho de Deus). Essas primeiras manifestações d o Grande Mal eram sinal de que o fim esteva chegando. João consola seus leitores, d i z e n d o que eles são diferentes. Eles conhecem a verdade. Têm o Espírito Santo de Deus para ensiná-los. Se retivessem a mensagem que aprenderam, permaneceriam no Filho e no Pai - e teriam vida eterna. • Permanecei nele (6,28) Veja Jo 15. • Vs. 12-14 C o m o algumas traduções indicam (veja N T L H ) , estes versículos foram escritos na forma de poesia, ao contrário d o resto da epístola. • Unção (27) João se refere ao discernimento que o Espírito Santo dá aos cristãos. Veja também 4.4-6. Ele está falando sobre falsos mestres, não que os cristãos não precisam de ensino.
lJo 3: V i v e n d o c o m o filhos d e D e u s Os filhos de Deus serão semelhantes a Cristo ( 2 ) , mas já agora vivem unidos c o m Cris-
to ( 6 ) . Assim, não p o d e m viver uma vida de pecado, não p o d e m continuar violando a lei de Deus de forma deliberada e habitual ( o tempo verbal grego expressa isto e autoriza a tradução por "não vive pecando"; neste sentido, não há contradição entre este texto e U o 1.10). A diferença entre "os filhos de Deus e os filhos d o diabo" ( 1 0 ) é que "os filhos d o diabo" não fazem o que é correto, nem amam aos outros. A m e n s a g e m o u v i d a desde o princípio é que os membros d o p o v o de Deus d e v e m amar uns aos outros. O que significa isto? João diz c o m todas as letras: "Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós" ( 1 6 ) . Esse amor não é só da boca para fora. Ele se expressa e m sacrifício e entrega. E afetará o nosso bolso (17)! Se nossa consciên-
Luz e amor são os temas da primeira epístola de João.
As Epístolas
760
"Veus é timón " U o 4.8
cia está limpa com relação a isso, podemos chegar a Deus com confiança. Ele responde as orações daqueles que g u a r d a m os seus mandamentos. Deus manda que creiamos no seu Filho, sabendo que o Jesus da história c dc fato o Cristo, o Filho de Deus, e que a m e m o s uns aos outros c o m o Jesus ordenou. Aquele que faz isso "permanece em Deus, e Deus, nele". Sabemos isso por causa d o Espírito que ele nos deu. • V s . 19-20 "Muitas vezes nossa consciência nos acusa com razão... Mas nossa consciência não é d e forma alguma infalível; sua condenação pode muitas vezes ser injusta. Portanto, podemos apelar da nossa consciência a Deus, que conhece todas as coisas. Mais forte que qualquer remédio tranqüilizante é a confiança no Deus que conhece todas as coisas" (John Stott).
U o 4.1-6: Testando, t e s t a n d o . . .
"Não fomos nós que amamos a Deus, mas foi ele que nos amou e mandou
o seu fíüío ... se foi assim que Deus nos amou, entüo nós devemos
João estabelece um teste básico para avaliar qualquer mestre: ele deve reconhecer que Jesus Cristo veio c o m o um ser humano. Ele não estava ignorando o reconhecimento igualmente essencial de Jesus c o m o Filho de Deus (3.23 e 4 . 1 5 ) . Mas era a humanidade dc Jesus que os hereges da época de João negavam. Assim, eles simplesmente não podiam ter uma mensagem da parte dc Deus. Porque somos de Deus, afirma João, podemos saber a diferença que existe entre a verdade e o erro.
nos amar uns aos
outros."
U o 4.10 11 (NTI.II)
"Todo aquele que
crê
Jesus é o Cristo é nascida
U o 4.7-21: D e u s é a m o r Deus é luz ( 1 . 5 ) - e Deus é amor ( 4 . 8 ) . Ele mostrou seu amor por nós ao enviar seu Filho para nos trazer perdão e vida nova ( 9 - 1 0 ) . A prova de que realmente participamos da sua vida é o amor que demonstramos aos outros. João havia mencionado isso no cap. 2, e aqui ele volta a examinar o assunto de vários ângulos diferentes. A m o r e obediência andam juntos ( 2 1 ) . Se amamos e o b e d e c e m o s a Deus, não precisamos temer o dia d o juízo (17-18).
U o 5: P o d e m o s ter certeza A fé nos torna membros da família de Deus (1). Quem ama a Deus, o Pai que o gerou, ama também os filhos deste Pai. O amor a Deus faz com que os seus mandamentos não sejam penosos, isto é, difíceis de obedecer ( 3 ) . É a fé que "vence o mundo" ( 4 - 5 ) . O próprio Deus testemunha que Jesus é seu Filho. "Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de
Deus não tem a vida" ( 1 2 ) . João escreve aos que crêem, para que saibam que eles têm a vida eterna ( 1 3 ) . Os falsos mestres gostavam dc falar sobre "conhecimento". João fez sua própria lista das coisas que conhecemos ou sabemos com certeza ( 1 8 - 2 0 ) : • Sabemos que o próprio Cristo impede que seus seguidores continuem no antigo estilo de vida. • S a b e m o s que s o m o s de Deus, mesmo vivendo num mundo hostil. • S a b e m o s q u e a t r a v é s d o F i l h o d e Deus conhecemos o Deus v e r d a d e i r o e temos a vida eterna. Depois dc apresentar estas certezas, João se dirige aos leitores com um apelo final: "Náo troquem aquilo que é real pelo que c ilusório" (Blaiklock). • V s . 6-8 Traduções mais antigas, como a Versão d o Rei T i a g o e Almeida Revista e Corrigida, incluem palavras que não fazem parte da epístola original, mas foram acrescentadas posteriormente. Elas são omitidas e m traduções modernas. • Três testemunhas (7) O Espírito Santo, a água d o batismo de Cristo e o sangue da sua morte. • V. 16 "A forma de lidar com o pecado na igreja é orar. E Deus ouve tal oração" (Stott). Mas há um pecado que traz a morte. João não identifica esse pecado mortal. E pouco provável que se refira a um pecado específico. Ele poderia estar se referindo à apostasia - a rejeição da fé que se professava - mas isso vai contra seu próprio ensinamento nesta epístola. Jesus se referiu a apenas um pecado que não tem perdão: considerar a obra do Espírito Santo dc Deus c o m o obra dc Satanás ( M t 12.31-32). É possível que João tivesse em mente os cristãos impostores, os falsos mestres.
2JOÃO Diferentemente da primeira ( U o ) , 2João e 3João são "verdadeiras cartas, cada uma num tamanho que facilmente caberia numa típica folha de papiro (25 cm x 20 cm) e seguindo o modelo das cartas daquela época" (I. H. Marshall). É quase certo que 1, 2 e 3João são obra de um mesmo autor, provavelmente o apóstolo João ou um discípulo dele. O autor se denomina "o presbítero" em 2 e 3João. 2João foi escrita "à senhora eleita e aos seus filhos" (provavelmente uma
1,213João forma velada de referir-se a uma igreja), e 3João é uma carta mais pessoal, semelhante à carta de Paulo a Filemom. A s s i m c o m o a carta anterior, 2João adverte contra falsos mestres, incentiva os leitores a permanecerem na v e r d a d e ( n o ensinamento de Cristo), c enfatiza um tema favorito: a o r d e m dc Jesus de que aqueles que o seguem devem amar uns aos outros ( 5 ; U o 2.7 e 3.11; Jo 15.12-17). Amar os outros como Jesus nos ama significa obedecer aos mandamentos de Deus. Para os cristãos, o amor c a verdade andam juntos. O ensinamento d e Cristo -cm é a teste para avaliar os mestres que v ê m d e fora. A q u e l e AS Wt5 que "ultrapassa" esta doutrina não p o d e ser d c Deus ( 9 - 1 0 ) . Nesta carta, João está c o m b a t e n d o o m e s m o tipo d e problema ( 7 ) que foi alvo de seus ataques na primeira epístola. Desde o início da missão cristã havia evangelistas e mestres itinerantes, que geralmente prestavam contas a um dos apóstolos, e que desfrutavam da hospitalidade das igrejas locais. Chegara a hora de ser mais e n é r g i c o . Aqueles cujo ensinamento contradizia a v e r d a d e fundamental sobre Jesus Cristo não deviam ser recebidos. João esperava fazer uma visita aos destinatários da carta. Havia muito mais a dizer que ele não podia escrever ( 1 2 ) . Os "filhos da sua irmã eleita" supostamente eram membros da igreja d o próprio João.
761
3JOAO Veja a Introdução a 2João, acima. Esta c uma carta pessoal do presbítero ao seu amigo Gaio. Este nome era comum na época, e não há necessariamente nenhuma ligação entre este Gaio e os vários outros mencionados no NT. Se a tradição procede, talvez fosse um líder da igreja de P é r g a m o . Mais importante era o fato de Gaio ser um h o m e m que continuava andando "na v e r d a d e " ( 3 ) . Sua vida e conduta eram bem diferentes das de outro líder local, Diótrefes. Gaio, um homem íntegro, estava fazendo todo o possível para ajudar outros cristãos, e m especial os evangelistas e mestres itinerantes W&È que dependiam da hospitalidade e d o apoio dos cristãos. ( A situação, nesse caso, é bem diferente da situação da igreja e m 2João; ali, os membros são advertidos contra os falsos mestres, que não deveriam ser recebidos.) Diótrefes estava difamando o próprio João, suprimindo a carta que este havia escrito, espalhando mentiras, se apegando a sua própria posição de líder e prejudicando a expansão missionária. :
O terceiro personagem da carta é Demétrio. É possível que fosse o mensageiro de João (não existia serviço postal público naquela é p o c a ) . A vida desse homem falava por si mesma. Ele merecia a estima e consideração que João tinha por ele. Uma carta não podia substituir o contato pessoal. João esperava visitar seu a m i g o e m breve e ter uma boa e longa conversa (13-14).
Bsa estatueta de argila mostra ama mulher escrevendo com um estilo numa tabula, l-bi encontrada em Salamina. no Chipre, e data do século 4 a.C-
JUDAS O autor desta epistola é Judas, irmão mais novo de Jesus e Tiago. A data é desconhecida, mas provavelmente seja de 80 d.C. Eleja estava pensando em escrever, quando notícias alarmantes sobre falsas doutrinas (veja abaixo) o levaram a escrever, em caráter de urgência, esta breve e enérgica missiva. A carta tem um claro caráter judaico, pois está repleta de referências e alusões ao AT e traz ilustrações de pelo menos duas obras apócrifas judaicas (veja abaixo). Judas estava lidando com uma situação muito parecida com a de 2Pedro. Na verdade, boa parte da carta de Judas se assemelha a 2Pe 2 (veja Introdução a 1 e 2Pedro). As duas são tão parecidas que, ou uma foi baseada na outra, ou ambas se basearam numa obra anterior em que se combatia os falsos mestres. "Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeços e para vos apresentar com exultação, imaculados diante da sua glória, ao único Deus, nosso Salvador, mediante Jesus Cristo, Senhor nosso, [sejam] glória, majestade, império e soberania, antes de todas as eras, c agora, e por todos os séculos. Amém."
Jd 24-25 ( A R A )
Embora quisesse escrever "a respeito da salvação que temos e m comum", Judas acabou escrevendo para incentivar os cristãos a permanecerem na verdade. Isto porque "certos indivíduos" se infiltraram no grupo e passaram a criar divisão com seus ensinamentos falsos ( 1 - 4 ) . Esses homens eram tão arrogantes que negavam a Cristo e haviam transformado a liberdade cristã e m licenciosidade. Judas apresenta aos seus leitores exemplos da história e da tradição judaica ( 5 - 7 ) : aqueles que sc desviam ou se entregam ao orgulho e à imoralidade sofrerão o castigo de Deus. Esses homens desprezavam a autoridade de Deus, mas estavam destinados à destruição - como Sodoma c Gomorra, por sua perversão e imoralidade sexual ( 7 ; Gn 1 9 ) ; como Caim, por assassinar o irmão cuja vida desmascarou a dele ( 1 1 ; Gn 4 ) ; como Balaão, por trair sua posição de profeta ( 1 1 ; N m 3 1 . 8 , 1 6 ; veja 2Pe 2 . 1 5 ) ; e c o m o Corá, por sua rebelião contra a autoridade dada por Deus ( 1 1 ; N m 1 6 ) . Os exemplos foram cuidadosamente escolhidos. Essas eram as mesmas coisas das quais os mestres eram culpados.
Resumo Uma carta de severa advertência para ajudar os leitores a fazer frente à nefasta influência dos falsos mestres na igreja. A intenção de Judas era aumentar a resistência a tais mestres. Os cristãos não são indefesos, mas d e v e m fazer uso pleno de suas defesas. Devem edifícar-se na fé santíssima - aquele conjunto definitivo d e verdades que aprenderam. Devem orar c valer-se d o poder d o Espírito Santo. Devem viver à luz d o fato de que Cristo virá outra vez. Não é preciso temer ou entrar e m desespero, pois Deus é capaz de impedir que eles caiam. • Anjos (6) A afirmação sobre os "filhos de Deus" e m Gn 6.1-2 levou à crença num conflito primordial, no céu, entre anjos bons e anjos maus. O orgulho c a ambição destes teriam levado à sua queda. " O mito grego da destruição dos titãs por Zeus, a lenda zoroástrica da queda de Arimã e seus anjos, e a ampliação rabínica d o relato de Gn 6.1 mostram quão difundida era essa crença nos círculos da religião popular. Era uma tentativa de racionalizar as contradições e o mal que há no mundo" (Michael G r e e n ) . Tratava-se de uma adequada ilustração para a argumentação de Judas. • V . 9 A história foi tirada d o livro apócrifo Assunção de Moisés. Miguel foi enviado para enterrar Moisés, mas o diabo alegou direito sobre o cadáver, d i z e n d o que Moises assassinara um egípcio. Para Judas, a resposta prudente de Miguel serve de lição ao povo. Ensina a ter cuidado c o m as palavras e não tratar o diabo com leviandade. • Festas de fraternidade (12) Na Igreja antiga, a ceia d o Senhor ou santa ceia era celebrada no contexto de uma refeição comunitária. • Vs. 14-15 Citação do Livro de Enoque, uma obra apócrifa. Judas tirou suas ilustrações de livros que ele c seus leitores conheciam e respeitavam, assim como das próprias Escrimras.
763 Resumo
APOCALIPSE (apokálypsis)
O livro foi escrito
e significa "revelação". Assim, este livro poderia
durante um período
ser chamado de "A Revelação de Deus a João". É
de perseguição. O exí-
a única obra "apocalíptica" incluída no NT. Apoca-
lio de João em Patmos
lipses judaicos foram escritos em tempos de crise.
(1.9) p r o v a v e l m e n t e
O termo apocalipse vem do grego
Seu objetivo era infundir coragem nos leitores,
implicava trabalho for-
mostrando-lhes o quadro mais amplo da história
çado nas minas da ilha.
humana e enfatizando o fim do mundo, quando
Alguns cristãos haviam
Deus reinará supremo em justiça e paz. Muitas das
sido mortos (2.13) e
coisas que aparecem no Apocalipse e que os lei-
outros
tores modernos acham muito difíceis de entender
por causa da sua fé.
aprisionados
são características desse tipo de literatura, a litera-
E o pior ainda estava
tura apocalíptica. Aqui se incluem, por exemplo,
por vir (2.10), quando
•
visões
o culto ao Imperador
•
símbolos
r o m a n o se tornaria
alusões a o AT (um tipo de "releitura e atuali-
o b r i g a t ó r i o (veja "O
zação das Escrituras")
culto ao imperador e
números q u e têm significado especial.
o Apocalipse"). O livro
Mesmo aqueles que se deleitam com a rique-
d e v e ter sido escri-
za de símbolos ainda têm de lidar com o proble-
to durante o reinado
ma de definir o que João queria que seus leitores
de Domiciano (81-96
entendessem com as imagens que escolheu.
d.C), o Imperador que
• •
Cartas às sete igrejas introduzem uma série de visões proféticas que anunciam o juízo a destruição final da morte e do mal - e a renovação de toda criação, para habitação conjunta de Deus e seu povo. Caps. 1—3 A visão que João teve de Cristo Cartas às sete igrejas Caps. 4—16 Visões do futuro: o rolo com sete selos As sete trombetas Sete sinais: o povo de Deus sob ataque As sete pragas finais Caps. 17—20 A vitória final de Deus: a última batalha O milênio Ojuízo Caps. 21— 22 O novo mundo de Deus Palavras finais de João
perseguiu os cristãos.
O autor e sua situação O autor se identifica como João. Ele não se
Tema e propósito
denomina apóstolo, mas apenas "servo" de Jesus
O foco de Apocalip-
(1.1), e profeta (22.19). Estava preso na ilha de Pat-
se está em Jesus. João
mos por ter difundido a mensagem sobre Jesus.
afirma que seu livro é
Com base no seu conhecimento profundo do
Passagem mais conhecida O novo céu e a nova terra (2 U - 6
um registro daquilo que
AT e no fato de escrever "grego num estilo hebrai-
Jesus Cristo lhe revelou. Sua primeira visão (1.11-20)
co" (bem diferente do grego do Evangelho de João
é uma visão de Cristo. É Cristo - o Leão de Judá, o
e das Epístolas de João), é provável que fosse um
Cordeiro oferecido em sacrifício (Ap 5) - quem
cristão de origem judaica, provavelmente oriundo
quebra os selos do rolo que marca o início
da Palestina. Em geral, acredita-se que esse João
do juízo final. Os remidos são aqueles que
não é o mesmo João do Evangelho e das Epístolas,
seguem o Cordeiro (Ap 14). O povo de Deus,
embora a diferença marcante de estilo possa ser
os cidadãos da nova Jerusalém - a noiva do
explicada pelo fato de ser este último livro do NT
Cordeiro - são aqueles cujos nomes estão
uma obra apocalíptica. Além disso, é possível que
escritos no "livro da vida" do Cordeiro (21.27). E
João tenha contado com um secretário para escre-
Apocalipse termina com a reiterada promessa
ver o Evangelho e as Epístolas.
de Jesus: "Certamente, venho sem demora"
João era um nome comum naquela época,
Os primeiros cristãos viviam na ardente
mas, além do apóstolo, o único outro João no NT
expectativa do retorno de Cristo. Mas já se
é João Marcos.
haviam passado 60 anos desde a morte de
Segunda a tradição, o apóstolo João deixou a
Jesus, a perseguição estava aumentando, e
Palestina e foi morar em Éfeso, a capital da pro-
alguns começavam a duvidar. Assim, as car-
víncia romana da Ásia, na qual ficavam as sete
tas de Apocalipse às igrejas, e o livro como
igrejas que aparecem em A p 2—3, sendo Éfeso
um todo, eram necessários para incentivar
uma delas.
esses cristãos a permanecerem firmes. Deus
"Neste livro, o0 tradutor é levado a outra dimensão - ele só tem, por assim dizer, um pé no mundo do tempo e do espaço com o qual está familiarizado. Ele é levado, não a um mundo encantado, mas à terra real dos Valores e Juízos eternos de Deus." J.B. Phillips, tradumr da liiblia
764
As Epístolas
Scl.l , , . l f ( I
nele estão nas mãos de Deus. O amor e o cuidado que ele tem por seu povo nunca falham. A mensagem de João foi transmitida com a finalidade de encorajar e também de instruir. Os impressionantes símbolos, que nos deixam perplexos, eram claros aos primeiros ouvintes desta carta circular às igrejas. Eles entendiam as referências veladas, mas não havia nada que despertasse a suspeita das autoridades ansiosas por acusar esses cristãos de sedição. Ainda hoje muitos cristãos se encontram em situações semelhantes, sendo ameaçados e maltratados por regimes anticristãos. Em todos os tempos os cristãos necessitam das realidades eternas, da perspectiva, e do consolo que vêm do "Apocalipse de João": saber que é certa a vitória final de Cristo e do seu povo sobre a morte e o mal.
Apocalipse (oi escrito pelo apóslolo João ou por algum oulto João? Não sabemos com certeza. Segundo uma amiga tradição, o apóstolo passou seus últimos dias em Éíeso. que o autor certamente conhecia bem. Vr.vn i m• que seu túmulo esteia em K/oso. na Basílica de São João. reconstruída pelo Imperador Justiniano no século d d.Ci
tem o controle de tudo, apesar das aparências. O Senhor da história é Cristo, e não o Imperador. Ele tem nas mãos a chave do destino e está voltando para fazer justiça. Há um futuro glorioso e maravilhoso para cada cristão que permanece fiel - e principalmente para aqueles que entregam sua vida por Cristo. Este mundo e tudo que acontece
Números com significado especial
0 Apocalipse, assim como outros escritos apocalípticos, faz uso freqüente de números. Sua importância reside, não em seu valor literal, mas no fato de alguns deles terem significado especial. Por exemplo, 4 se refere, geralmente, à terra (7.1) ou a um lugar (4.6). 0 número 6 é aquele que fica aquém da perfeição (e isso tem seu ponto alto no número da besta: 666). 0 número 7 significa perfeição ou completude. 0 número 12, que é o número das tribos, está relacionado com o povo de Deus. 0 número 1000 representa "um grande número" ou "uma grande multidão". Se
um número é dobrado ou multiplicado, torna-se ainda mais significativo. Assim, 144.000, que é 12 x 12 x 1000, é uma
forma de falar da totalidade do povo de Deus. Algumas letras do alfabeto grego eram usadas, também, como algarismos. Assim, é possível que, no caso de alguns nomes, um número seja usado em lugar de letras. No entanto, quem envereda para a "numerologia", isto é, tenta identificar nomes a partir do valor numérico das letras, se depara com muitas armadilhas. Veja, por exemplo, a nota sobre Ap 13.17-18.
Para i n t e r p r e t a r o A p o c a l i p s e Algumas regras simples de interpretação podem ajudar a entender esse livro. • O Apocalipse pertence a um tipo especial de literatura, c h a m a d a d e "apocalíptica" (veja "O Apocalipse e a literatura apocalíptica judaica" e"Para entender o Apocalipse"). Para entendê-lo, é preciso lembrar que sua forma se aproxima mais da poesia d o que da prosa, • O Apocalipse tem suas raízes no AT: é ali que se encontram as pistas que permitem entender o significado dos vários símbolos. • Trata-se de um livro de visões. O importante é o significado geral de cada quadro. Assim c o m o no caso das parábolas, devemos olhar em primeiro lugar para o todo, para descobrir a idéia principal. • A cronologia é, em grande parte, uma preocupação ocidental moderna. As visões de João são apresentadas c o m o uma série de imagens gráficas, e não c o m o uma seqüência ou um cronograma de acontecimentos. • Antes d e fazer a relação com os nossos dias, pergunte:"O que isso significava para os primeiros leitores?"
Apl
Uma visão e tanto! Na introdução ( 1 - 3 ) , João declara que seu livro é uma "mensagem profética". É "a revelação de Jesus Cristo" ( 1 ) . Jesus c tanto a fonte quanto o tema da revelação que João recebeu. Jesus afasta o véu que encobre os acontecimentos futuros para que João possa revelá-los. N ã o se trata de especulação: são certezas, coisas que acontecerão "em breve".
apocalipse
765
As sete igrejas do Apocalipse
Um mensageiro que viesse da ilha de Patmos, enviado por João, teria ido de barco até Éfeso e, a partir daí, seguido uma rota circular. As sete igrejas (Ap 2—3) são listadas na ordem em que teriam sido visitadas.
gregos colonizaram a região. Colunas de um grande templo grego ainda são vistas no local. 0 ginásio foi reconstruído. E os arqueólogos ficaram surpresos com a descoberta da antiga sinagoga que aparece na foto.
1 - Éfeso Durante a sua terceira viagem missionária, Paulo trabalhou por dois anos e m Éfeso, a capital da província romana da Ãsia. Sua carta aos Efésios se dirige acima d e t u d o aos cristãos da localidade. Muitas escavações foram feitas no local e q u e m visita a cidade hoje e m dia p o d e avistar a impressionante Biblioteca d e Celso, q u e fica n o início da rua principal. Veja "A cidade de Éfeso" e A t 19.
6- F i l a d é l f i a Filadélfia era uma pequena cidade situada junto a u m grande e fértil vale, próprio para a agricultura. Hoje, a cidade de Alacehir ainda vive da agricultura. A promessa de fazer d o vencedor uma "coluna no santuário d o meu Deus" pode ser uma referência ao templo que ficava sobre o monte, atrás da cidade.
2- Esmirna Hoje esta cidade se chama Izmir, e é u m movimentado porto na costa oeste da Turquia. As mais importantes ruínas que remontam ao periodo romano são as d o fórum (a praça principal da cidade), que aparece na foto. Foi e m Esmirna q u e o já idoso bispo Policarpo, por volta de 155 d . C , se recusou a negar Cristo e acabou sendo martirizado.
7 - Laodicéia
3 - Pérgamo As ruínas da cidade antiga ficam sobre a acrópole, bem acima do nível da moderna Bérgama. 0 "trono de Satanás" (citado na carta) pode ser uma referência ao altar dedicado a Zeus, que aparece na foto. Pérgamo era, também, um centro do culto ao Imperador. Além disso, atraía muitos visitantes que vinham em busca d o tratamento médico ligado ao templo de Esculápio, o deus da cura. Veja "0 culto ao imperador e o Apocalipse" e "Governo romano, cultura grega".
4-Tiatira Este pólo comercial, que ficava junto à estrada que levava ao Oriente, não passa hoje de . uma modesta aldeia, chamada Akhisar. A carta menciona "objetos de barro", e é possível que a indústria cerâmica tenha florescido no local. Outro produto de destaque era a púrpura, Lídia, que recebeu Paulo em sua casa, em Filipos (At 16.14), vinha
de Tiatira e era vendedora de púrpura. É possível que ela tenha voltado para casa, ajudando a organizar a igreja no local. Havia, porém, em Tiatira uma mulher bem diferente de Lídia. Estava afastando os membros da igreja da fé verdadeira e levando-os para o mau caminho. Por causa de sua influência perniciosa e pela semelhança com a rainha que aparece no AT, foi apelidada de "Jezabel".
5 - Sardes Sardes havia sido a capital d o antigo reino da Lídia. Proverbial e lendária era a riqueza d e Creso, rei de Sardes ("tão rico quanto Creso"). Depois disso os
Esta era uma próspera cidade nas proximidades de Hierápolis e Colossos, n o vale d o rio Lico. A carta reflete detalhes típicos da região. A lã branca e o colírio eram produzidos em Laodicéia. Também era um centro bancário. "Morno" é uma referência à temperatura da água, q u e era trazida de Hierápolis tveja foto à p. 7691.
766
As Epístolas
"Vi... uni ser parecido com um homem ... Os seus cubelos eram brancos como a lã ou como a neve, e os seus olhos eram brilhantes como o fogo... Na mão direita ele seguruva sete estrelas, e da sua boca saía umu espada afiada dos dois lados. O seu rosto brilhava como
do
o sol meio-dia."
Visão que João leve cie Jesus [Ap 1.12-16, N Tl.ll)
O Apocalipse de João assume a forma de uma carta "às sete igrejas que estão na província da Ásia" ( 4 , 1 1 ) . (Esta província ficava o n d e hoje é a r e g i ã o oeste da Turquia.) O foco, desde o início, é Jesus Cristo: sua morte que "nos libertou dos nossos pecados", sua ressurreição, seu reinado, sua vinda c m glória. O v. 9 dá início ao relato das visões de João, quando o Espírito de Deus veio sobre ele no dia d o Senhor - visões estas que ele devia escrever c enviar às igrejas. A figura radiante "semelhante a um filho de h o m e m " ( 1 2 - 1 6 ) , com suas alusões a Dn 7 e 10, é o próprio Cristo, o Senhor da vida, da morte, e d o destino humano. • Em breve (1) Não conhecemos o cronograma nem o conceito de tempo de Deus. A palavra serve para nos lembrar que d e v e m o s estar prontos sempre. • Lê (3) No tempo de João, as Escrituras eram ensinadas desta maneira: uma pessoa lia e as demais escutavam. • Sete igrejas (4,11) João faz uso freqüente d o número sete (sete selos, sete trombetas,
sete taças, e t c ) , que, neste livro, geralmente alguma coisa que é completa, perfeita. Neste caso, o número é, também, literal. Das sete igrejas mencionadas nos caps. 2 c 3, apenas Éfeso é bem conhecida ( A t 1 9 ) . Em At 16.14, Tiatira aparece c o m o a cidade natal de Lídia. A igreja de Laodicéia é mencionada e m Cl 4.15-16. As demais não aparecem e m nenhuma outra passagem do NT. • Se lamentarão/chorarão (7) Em arrependimento ou por r e n i o i s i ) . • A l f a e Ô m e g a (8) A primeira c a úllima leira d o alfabeto g r e g o , significando que Deus é eterno. • Patmos (9) Pequena ilha grega, não longe da costa ocidental da Turquia (veja o mapa das "sete igrejas"). • O dia d o Senhor (10) Geralmente interpretado como o domingo. • Espada (16) Veja Hb 4.12. As palavras de Jesus são de dois gumes: podem libertar a pessoa c o m o podem executar o juízo. • I n f e r n o / m u n d o dos mortos (18) O "nades", lugar onde os mortos aguardam a ressurreição e o julgamento.
O culto ao imperador e o Apocalipse J. Nelson
A idéia de dar ao Imperador romano o tratamento dispensado a uma divindade surgiu entre a população do Oriente, agradecida a Roma por ter reunido "todos os povos do Império" (Lc 2.1) sob um único governo e sistema económico. Durante a "Paz Romana", a partir de 31 a.C, cessaram, em grande parte, as guerras civis, os piratas foram banidos do mar, e o comércio pôde florescer. Em 29 a.C, as elites da Ásia Menor, em sinal de gratidão, pediram permissão a Otaviano (o novo líder mundial, que viria a ser conhecido como César Augusto) para que pudessem cultuá-lo como se fora uma divindade, na cidade de Pérgamo. Otaviano autorizou esse novo culto em honra tanto a Roma (a deusa Roma) quanto a Augusto (o Imperador). João de Patmos, ao escrever o Apocalipse, se refe-
Kraybill
re a Pérgamo como o lugar onde fica o "trono de Satanás" (Ap2.13). A partir d e s t e pequeno precedente desenvolveu-se o costume de honrar o Imperador c o m o deus, prática difundida em t o d o o Império. Após a morte de César Augusto, em 14 d.C, o senado de Roma declarou que ele era divino, permitindo a Tibério (14-37 d.C), filho adotivo e sucessor de Augusto, denominar-se "filho de um deus". Este e outros títulos, como "salvador d o mundo", atribuídos a imperadores d o primeiro século, são os mesmos que os cristãos deram a Jesus.
.Vloedas romanas do primeiro século freqüentemente continham títulos ou imagens do Imperador que alguns cristãos e .judeus consideravam ; idólatras. A moeda f a o lado mostra ^Domiciano (61-96 F- d . C ) , que foi o Imperador durante a época em que, segundo muitos estudiosos, João escreveu o Apocalipse. Domiciano aparece num templo e três pessoas estão ajoelhadas diante dele, com os braços estendidos.
É comum encontrar em moedas do primeiro século a declaração de que o Imperador no poder era DIVUS ("divino"). Calígula (37-41 d.C.) tinha planos de colocar uma estátua sua no templo de Jerusalém, mas morreu antes de concluir o projeto. Domiciano (81-96
Apocalipse • V . 20 O "mistério" é o sentido secreto que
apelo v e m primeiro; nas quatro últimas, apa-
Cristo revela e que nenhum ser
rece e m primeiro lugar a promessa.
humano
767
poderia ter descoberto. Segundo alguns, os "anjos" são uma referência a pastores (embora
A p 2.1-7: É f e s o
em outras partes d o Apocalipse os anjos sejam
Veja At 19. A igreja d e Éfeso estava soli-
sempre seres celestiais). Outros entendem que
damente estabelecida e tinha discernimento
seriam anjos da guarda. Mas, à luz d o que
espiritual. Tinha sido perseverante, mas seu
segue, a melhor interpretação de "anjo" é " o
a m o r (seja o a m o r a Cristo, o a m o r mútuo,
espírito essencial" de cada igreja.
ou o amor pela humanidade) não era mais o
"As igrejas não possam de candelabros. A luz é Cristo, í as igrejas
mesmo. Eles precisavam se arrepender, pois
devem manifestar esta luz."
A p 2—3
uma igreja sem amor não é igreja.
Leon Morris
As mensagens de Deus às sete igrejas
• Nicolaítas (6) Mencionados apenas neste livro. Seu comportamento
A s cartas foram escritas para suprir as necessidades de igrejas específicas e m Éfeso
fruto de uma
repugnante
falsa doutrina
era
( 1 5 ) que
se
infiltrara na igreja de Pérgamo.
e na região circunvizinha, mas também lidam
• Á r v o r e da vida (7) A proibição de Gn 3.22-24
"com
é revogada para os que são fiéis a Cristo, que
tópicos relevantes ao povo de Deus em
todos os tempos e e m todos os lugares" (Mor-
dá a vida eterna.
ris). Elas seguem um padrão estabelecido. A saudação é seguida de uma descrição específi-
A p 2.8-11: E s m i r n a
ca de Cristo. C o m o seu "conheço...", ele elo-
A pequena igreja de Esmirna (hoje o porto
gia o que a igreja tem de bom. Em cinco das
de Izmir, na Turquia) era materialmente pobre,
sete cartas, o e l o g i o é seguido por uma crítica
mas rica e m tudo que realmente importa. As
e uma advertência. Cada carta termina com
palavras de Jesus para essa igreja e r a m ape-
um apelo ("Quem que tem ouvidos, o u ç a . . . " )
nas de incentivo, ou seja, não há nenhuma crí-
e uma promessa. Nas três primeiras cartas, o
tica. Ele pôs um limite preciso a o sofrimento
d.C.) g o s t a v a q u e s e u s súditos s e d i r i g i s s e m a e l e c o m o Dominus
et Deus
Noster ( " n o s s o S e n h o r e D e u s " ) .
A seguinte inscrição, daiada de 3 a.C e procedente de uma cidade da Ásia Menor situada ao norte da região onde ficavam as sete igrejas do Apocalipse, reflete o sentimento de gratidão, típico das elites provinciais daquele tempo, que ajudou a desenvolver o culto ao Imperador:
É possível q u e , a o e s c r e v e r o A p o calipse, João d e P a t m o s estivesse p r e o c u p a d o c o m esse culto a o I m p e rador. Muitos eruditos e n t e n d e m q u e
"No terceiro ano a partir do décimo segundo consulado do Imperador
que serei leal a César Augusto e a seus filhos e descendentes durante
"a b e s t a q u e e m e r g e d o m a r " ( A p
César Augusto, filho de um deus...
toda a minha vida,
13.1-10) é u m a referência a o I m p é r i o
o seguinte juramento foi feito pelos
em palavras, ações, e pensamentos,
r o m a n o c o m as suas " s e t e cabeças"
habitantes de Pqflagônia e pelos
considerando amigos os que
(sucessão d e s e t e i m p e r a d o r e s ) , c a d a
comerciantes romanos que moram
eles consideram
q u a l t r a z e n d o " n o m e s d e blasfêmia"
entre eles: Juro por Júpiter,
que na defesa dos interesses
(títulos d e deifícaçáo).
Terra, Sol, por todos os deuses
deles não pouparei
e deusas, e pelo próprio
nem alma, nem vida, nem filhos..."
A s e g u n d a b e s t a ( A p 13.11-18)
Augusto,
p o d e r e p r e s e n t a r a vasta corporação d e s a c e r d o t e s a serviço d o culto a o Imperador, muitos d o s quais t i n h a m
d e q u e a participação n e s s e c u l t o a o
p o s i ç ã o d e liderança n a política e n o
I m p e r a d o r e r a q u a s e q u e obrigatória
comércio d a p a r t e o r i e n t a l d o Impé-
p a r a q u e m , n o f i n a l d o p r i m e i r o século,
r i o . Esse g r u p o d e s a c e r d o t e s " f a z c o m
q u e r i a f a z e r negócios c o m associações
q u e a terra e os seus habitantes a d o -
c o m e r c i a i s e instituições f i n a n c e i r a s .
r e m a p r i m e i r a b e s t a " ( A p 13.12).
T u d o i n d i c a q u e o s cristãos, q u e afir-
A observação d e q u e "ninguém
m a v a m lealdade exclusiva a Jesus, se
p o d i a c o m p r a r o u v e n d e r , a não s e r
v i a m e m p o b r e c i d o s e s e m p o d e r polí-
q u e t i v e s s e esse sinal ( d a b e s t a ) " ( A p
tico n u m c o n t e x t o daqueles (veja A p
13.17) p o d e s e r u m a referência a o f a t o
2.9; 3.8).
amigos... coipo,
768
As Epístolas deles e lhes reservou o dom da vida. Eles não serão condenados no juízo. • Sinagoga de Satanás (9) Os judeus que atormentavam a igreja não eram o povo de Deus. Veja Jo 8.39-44. • Segunda morte (11) Explicada em 20.14-15.
A p 2.12-17: P é r g a m o Em Pérgamo, a igreja se mantivera firme, apesar da pressão externa. Entretanto, alguns de seus membros haviam abraçado falsas doutrinas. C o m o resultado, antigas práticas pagãs estavam se infiltrando. A opção era, ou se arrepender, ou ter Jesus lutando contra eles. • T r o n o d e Satanás (13) P é r g a m o era, naquela região, o principal centro d o culto ao Imperador (veja " O culto ao imperador e o Apocalipse"). A l é m disso, um imenso altar dedicado a Zeus, que ficava sobre a acrópole,
podia ser avistado da cidade. O p o v o também acorria ao templo de Esculápio, tanto assim que P é r g a m o podia ser descrita c o m o "a Lourdes d o mundo antigo". O "trono de Satanás" pode ser uma referência a qualquer um desses, ou a todos eles. • Balaão, Balaque (14) Veja N m 31.16; N m 25. • Alimentos oferecidos aos ídolos (14) Veja nota e m I C o 8. A questão aqui é a mesma, ou seja, trata-se daquilo que é c o m i d o no templo d o ídolo ( " o e v e n t o e m si, e não o cardápio"). • Maná (17) O alimento fornecido por Deus (Ex 1 6 ) . O significado da pedra branca é desconhecido. O nome indica a pessoa inteira. Assim, um nome novo é um novo caráter, um segredo entre a pessoa e Deus.
A p 2.18-29: Tiatira
0 Apocalipse e a literatura apocalíptica judaica
0 período que vai de 200 a.C. a 100 d.C. foi um dos mais difíceis em toda a história dos judeus. Ao invés da era dourada que os profetas haviam previsto, os judeus experimentaram derrota, ocupação estrangeira e violenta perseguição religiosa. Não surpreende que nesse período de tensão tenha surgido uma série de escritos com as mesmas características e a mesma preocupação. Essa literatura é conhecida como "apocalíptica". Pessimistas quanto ao tempo em que eles próprios estavam vivendo, os apocalípticos retornaram à visão e inspiração dos profetas. Sua preocupação era o reino messiânico—a era de Deus, em contrasie com este mundo mau — e sua irrupção cataclísmica. Para autenticar a sua mensagem, os apocalípticos adotaram pseudônimos, nomes de alguns dos grandes personagens do AT. Ao adotarem o ponto de vista de alguém que viveu num passado distante, também estavam em condições de "predizer" os acontecimentos, até chegarem aos dias em que eles próprios estavam vivendo. A temática era expressa em visões e revelação no estilo que aparece em Daniel, valendo-se em grande escala de simbolismo e figuras (muitas vezes bizarras).
Em termos de forma, estilo e assunto, o Apocalipse de João claramente se parece com esse tipo de literatura. Sua preocupação, tipica da literatura apocalíptica, eram as realidades eternas, o fim do mundo, os novos céus e a nova terra. Ao exemplo dos apocalípticos, João se sente à vontade no AT e faz uso das ricas e evocativas imagens que aparecem nos profetas. Mas há, também, diferenças significativas em relação aos apocalípticos: • João escreve em seu próprio nome, e não em nome de algum ilustre personagem do passado que poderia, supostamente, validar o que ele escreve. • Ele não"repassa a história como se fosse profecia". Ele denomina seu livro de profecia e está tão confiante quanto um Isaías, Jeremias, Ezequiel ou Daniel de que escreveu o que lhe fora revelado diretamente por Deus, e confirmado com a autoridade divina (Ap 1.1-3; 22.6,18-20). • Ele não escreve a respeito de um futuro Messias, mas sobre a volta de Jesus, o Messias.
Na c i d a d e d e Tiatira ( h o j e Akhisar, na Turquia) m o r a v a m muitos trabalhadores e s p e c i a l i z a d o s , e as associações d e trabal h a d o r e s r e a l i z a v a m j a n t a r e s que tinham c o n e x ã o c o m os cultos pagãos ("alimentos sacrificados a ídolos": veja nota sob Pérgamo, a c i m a ) . Essa era outra igreja b a s t a n t e heterog ê n e a . S o b vários aspectos, g o z a v a de boa saúde. N o entanto, uma mulher influente na c o m u n i d a d e estava d e f e n d e n d o uma acom o d a ç ã o ao p a g a n i s m o , c o m suas práticas idólatras e imorais, e muitos já haviam sido levados para o mau c a m i n h o . Certos "cristãos" haviam se envolvido a fundo c o m o mal ("as coisas profundas de Satanás"), talvez para demonstrar sua suposta superioridade moral, o u , e n t ã o , porque faziam uma falsa separação ( c o m u m no p e n s a m e n t o g r e g o ) entre a alma e o c o r p o . A q u e l e s que continuavam fiéis recebem a promessa d o poder e da presença de Cristo (a estrela da manhã - veja 2 2 . 1 6 ) . • Jezabel (20) A perversa mulher d o rei Acabe; veja l R s 21.25-26.
A p 3.1-6: S a r d e s Apesar de sua fama, a igreja d e Sardes estava morrendo. O que essa igreja tinha de superar era, não a oposição d e fora, mas a apatia, a indiferença, e a satisfação consigo mesma. Mas havia alguns cuja fé estava imaculada. • V. 2 "Vigiem", e não tanto "Acordem!" Por duas vezes, no passado, a cidade de Sardes
769 havia sido capturada porque os moradores relaxaram a vigilância. • Branco (4-5) Cor que p o d e representar pureza, festividade ou vitória.
A p 3.7-13: Filadélfia Filadélfia é a aluai cidade de AUiecliiv, na Turquia. Esta carta, c o m o a carta a Esmirna, não contém palavras dc censura. A julgar por essas cartas, não são as igrejas maiores, nem as mais impressionantes ou as mais prestigiosas, que g o z a m necessariamente de melhor saúde espiritual. Cristo abre a porta para o trabalho eficaz (v. 8 e I C o 1 6 . 9 ) , não àqueles que são fortes, mas àqueles que são fiéis. • V. 9 Veja nota e m 2.9.
A p 3.14-22: L a o d i c é i a Das sete igrejas, a que estava e m pior situação era a de Laodicéia, tão orgulhosa de si que não conseguia enxergar sua verdadeira condição. Estava tão l o n g e d o ideal, que Jesus se encontrava d o lado dc fora, batendo para ser admitido na vida d c pessoas que se chamavam cristãos ( 2 0 ) . Essa carta está cheia de alusões à realidade local. Laodicéia era uma cidade rica ( 1 7 - 1 8 ) , graças à atividade bancária e à fabricação de roupas com a lã negra da região. Os moradores se orgulhavam de sua escola de medicina, e a cidade era famosa por um colírio especial para o tratamento dos olhos ( 1 8 ) . Em Laodicéia, o abastecimento da água era feito a partir de fontes termais que ficavam nas imediações. A água era canalizada até a cidade, onde chegava morna ( 1 6 ) . A igreja era c o m o a água da cidade: morna. N ã o havia nada ali que pudesse merecer elogios. • Princípio (14) "Origem" ou "fonte". Ap4
João e sua visão do céu O cenário e a perspectiva mudam, passand o da terra para céu. O quadro das igrejas com os seus problemas é ofuscado pela sublim e visão d o trono, o "centro de controle" d o universo, e n v o l t o por um arco-íris que brilhava c o m o uma esmeralda. Aquele que estava sentado no trono é indescritível. João só consegue dizer que "seu rosto brilhava c o m o brilham as pedras de jaspe e sárdio" e m seus tons a v e r m e l h a d o s . A o seu redor e s t a v a m os 2 4 "anciãos": talvez os 12 patriarcas d e Israel, mais os 12 apóstolos, mas provavelmente seres angelicais que representam todo o p o v o de Deus. Tudo ali dá testemunho d o
poder c da glória de Deus. sua absoluta fidelidade ( 3 ; veja Gn 9.12-17) e pureza (as vestes brancas, o mar de v i d r o , claro c o m o cristal). R e l â m p a g o s e trovões d ã o testemunho de sua grandiosidade. Quatro seres vivos, cobertos de olhos, representam toda a criação, cantand o sem cessar e m honra ao T o d o - P o d e r o s o , ao Santo, ao "que era, que é c que há de vir". Os anciãos se unem a eles na a d o r a ç ã o ao eterno Senhor da vida. • Sete espíritos (5) O Espírito Santo. Veja 1.4 para o significado d o número sete. • Q u a t r o seres viventes (6) Semelhantes, mas não idênticos, aos "querubins" dc Ezequiel (Ez 1 e 10). A p 5.1—8.1
A visão do livro selado com sete selos
A cidade de Laodicéia não tinha abastecimento próprio de água. Esta era canalizada da vizinha Micrápolis, que rinha fontes dc águas termais. Assim, a água de laodicéia era moma, e João aplica esta imagem à igreja da cidade.
A p 5: O livro s e l a d o A esta altura, João c o m e ç a a ver o que " d e v e acontecer depois destas coisas" ( 4 . 1 ) . Um livro e m forma d e rolo, escrito dos dois lados e selado c o m sete selos - trata-se d o livro que c o n t é m o destino d o m u n d o "Eis que estou à porta e bato; ( r e v e l a d o numa série d e i m a g e n s d e se alguém ouvir 6.1 a 8 . 1 ) - precisava ser aberto. João a minha voz ficou a n g u s t i a d o , a o v e r q u e n ã o se c a b r i r a porta, entrarei". p o d i a achar ninguém que fosse d i g n o Apelo dc Jesus, de abri-lo. Foi quando um dos anciãos em Ap 3.20 (ARA) c h a m o u a a t e n ç ã o d e l e para o " L e ã o da tribo dc Judá": o L e ã o que conquistou a sua v i t ó r i a c o m o C o r d e i r o o f e r e c i d o e m sacrifício. O cap. 4 apresenta Deus, o Criador. Este c a p í t u l o apresenta Deus, o Redentor. N o s d o i s casos, a r e a ç ã o é d e l o u v o r e adoração universal ( 4 . 8 - 1 1 ; 5.8-14; veja também F p 2 . 8 - 1 1 ) . Milhões e milhões de anjos, os anciãos, e os seres v i v e n t e s c a n t a m o seu louvor e o a d o r a m . • Sete chifres, sete olhos (6) Isto significa que ele tem todo o poder e tudo v ê .
A p 6: A q u e b r a d o s s e l o s A quebra dos selos dá início a uma série de desastres. (Muitos consideram os setes selos, as sete trombetas e o restante corno descrições paralelas da mesma r e a l i d a d e - não
"O Cordeiro que foi morto é digno dc receber poder, riqueza, sabedoria e força, honra, glória e louvor!" Ap S.12(.NTLH)
770
As Epístolas
Em muitas das visões que João teve aparece um anjo de Deus. Esse alto relevo em mármore do anjo Gabriel (no museu de Antalya, Turquia) data de um período posterior.
uma seqüência cronológica.) Depois da conquista ( 2 ) v ê m massacres, fome e epidemias (4-8) - os clássicos castigos de Deus previstos tantas vezes pelos profetas (veja Jr 14.12; Ez 14.21; a i m a g e m dos cavaleiros v e m de Zc 1.8). Mas não importa qual o desastre, Deus está no controle. Seu amor e o cuidado por seu p o v o são infalíveis ( 9 - 1 1 ) . Os vs. 12-17 descrevem os cataclismos que introduzem o grande dia d o j u í z o d i v i n o . Em l i n g u a g e m apocalíptica, João descreve a desintegração do mundo estável que conhecemos. Veja também M t 24.29; Jl 2 ; Sf 1. • V . 2 N ã o se trata d o m e s m o personagem de 19.11. • V . 6 O preço dos alimentos básicos será tão alto que as pessoas simples têm de investir o que ganham num dia só para comprar pão.
A p 7: U m interlúdio: o povo de Deus é selado
"Essas poucas visões nos dão uma visão panorâmica da história do munda, e não apenas um retrato dos tempos do fim mim
futuro
distante." Marcus Maxwell
Os q u a t r o v e n t o s ( 1 ) t a l v e z c o r r e s p o n d a m aos q u a t r o cavaleiros do cap. 6 (veja Zc 6 . 5 ) . N e s s e c a s o , J o ã o v ê as forças d e destruição s e n d o detidas enquant o D e u s c o l o c a a sua m a r c a d e p r o p r i e t á r i o e m t o d o s os que lhe pertencem. A o s cristãos não foi p r o m e t i d a v i d a t r a n q ü i l a na terra. M a s , atravessando a g r a n d e p e r s e g u i ç ã o , alcançarão a v i d a de perpétua t r a n q ü i l i d a d e d o céu ( 1 4 - 1 7 ) . • D e p o i s d i s s o ( 1 , 9 ) Uma forma d e indicar uma nova v i s ã o , não um t e m p o posterior aos acontecimentos d o cap. 6. • Cento e quarenta e q u a t r o mil (4) U m número simbólico para a totalidade d o p o v o d e Deus ( 1 2 x 12 x 1 0 0 0 ) , sinônimo da "grande multidão" ( 9 ) . Veja " N ú m e r o s c o m significado especial". "Israel" indica, neste caso, não uma nação, mas o p o v o de Deus: os fiéis d o AT e os cristãos d o NT. • V s . 5-8 A tribo d e Dã não aparece nesta lista. O que surpreende é que são incluídos tanto José c o m o o seu filho Manasses (mas não Efraim, o outro filho de J o s é ) .
A p 8.2—11.19
A visão das sete trombetas A p 8.2-13: A s q u a t r o p r i m e i r a s trombetas Os seis primeiros juízos que se seguem ao toque das trombetas fazem alusão às pragas do Egito registradas e m Ex 7—12. As trombetas que sinalizam o j u í z o divino são paralelas aos sete selos (veja as notas sobre o cap. 6 ) , c o m a diferença d e que os juízos se intensificam. As orações d o povo de Deus têm um papel importante e m tudo isso ( 5 . 8 ; 8 . 3 - 4 ) . A s trombetas soam c o m tom de advertência. Os juízos, embora severos, não são totais. Sua intenção é fazer c o m que o p o v o caia e m si ( 9 . 2 0 - 2 1 ) . Em linguagem simbólica, João descreve quatro calamidades que atingem o mundo natural: a terra, o mar, a água e os céus. Os "ais" da águia solitária d ã o a entender que o pior ainda está por vir ( 1 3 ) . Os j u í z o s restantes afetam diretamente a humanidade.
A p 9: A q u i n t a e a sexta t r o m b e t a Em seguida serão soltas forças demoníacas (gafanhotos monstruosos que picam como escorpiões), servos d o Destruidor ("Abadom" ou "Apolião", l l ) . Mas Deus lhes estabelece um limite de t e m p o ( u m gafanhoto de verd a d e v i v e e m média cinco m e s e s ) . Embora seu alvo sejam os seres humanos, eles não têm poder para tocar aqueles que pertencem a Deus ( 4 ) . Os "gafanhotos" torturam as pessoas. Os anjos que são soltos após o toque da sexta trombeta, com seus exércitos, têm o poder de matar - dentro de certos limites. Mas, mesmo diante das advertências mais temíveis, o povo se recusa a mudar de vida ( 2 0 - 2 1 ) . Este é o mundo em que vivemos: um mundo que resiste a Deus até o fim; um mundo que fabrica os seus próprios "deuses"; um mundo que não tem padrões morais e não se perturba diante de crimes, imoralidade, roubos, etc. • D u z e n t o s milhões (16, NTLH) Eram tantos que João não conseguiu contá-los; foi preciso que o número lhe fosse dito. O poder à disposição de Deus é colossal.
Ap 8 . 1 : O s é t i m o selo
A p 10.1—11.14: I n t e r l ú d i o : o livrinho c as doas testemunhas
Um s i l ê n c i o s o l e n e s e g u e a q u e b r a d o último selo. Somos levados ao tempo do fim.
Há uma pausa entre a sexta e a sétima trombeta, c o m o houve entre o sexto e o sétimo selo. Deus adia o juízo final, mas não para
Apocalipse
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Para entender o Apocalipse Richard Bauckham
O livro do Apocalipse é a profecia que conclui e se constitui no clímax de toda a Bíblia. Ele completa a mensagem de todos os profetas bíblicos, mostrando como o reinado de Deus sobre toda a sua criação será, finalmente, estabelecido. Os leitores, de modo geral, entendem que se trata do livro mais obscuro do NT. Para não incorrer nas mesmas interpretações errôneas de muitos que tentaram explicar o livro no passado, é fundamental levar-se em conta o tipo de literatura que ele representa. O Apocalipse é ao mesmo tempo uma carta circular e uma profecia apocalíptica. Para lê-lo de forma correta, é preciso levar em conta estes dois fatores. Carta circular O Apocalipse é uma carta circular enviada às sete igrejas da província romana da Ásia (1.4), no final do primeiro século da era cristã. As mensagens a essas igrejas (caps. 2—3) não são, em si mesmas, cartas, mas introduções (uma para cada igreja) ao restante do livro. • Cada mensagem é uma análise profética da situação de uma dessas igrejas. • Cada uma se volta para uma variação local de um contexto ou proí blema mais amplo, que será abordado nas profecias do restante do livro. Isto significa que, da mesma forma como não podemos ler uma carta de Paulo sem levar em conta o contexto dos primeiros leitores da mesma, não deveríamos esperar entender o Apocalipse, se não levarmos em conta a situação dos primeiros leitores. Por mais que o Apocalipse mostre o cumprimento definitivo dos propósitos de Deus para o mundo, ele não faz isso sem referir-se diretamente à
situação em que se encontravam os primeiros leitores do texto. Conclama esses leitores e ouvintes a participarem da vitória de Deus sobre as forças anticristãs daquele tempo e lugar, ou seja, o poder e a influência de Roma e da cultura pagã. Como revela uma leitura das sete mensagens, nem todos aqueles cristãos estavam sendo perseguidos. Muitos deles estavam se safando da perseguição, adaptando-se ao poder de Roma e aos costumes dos pagãos. O Apocalipse foi escrito, não apenas para infundir coragem naqueles que já estavam sofrendo, mas também para incentivar os covardes a darem um claro testemunho a favor de Deus e para capacitá-los a enfrentara perseguição que se abateria sobre eles, caso fossem fiéis a Jesus Cristo no contexto em que viviam. Profecia apocalíptica O Apocalipse é, também, profecia apocalíptica. Os primeiros leitores desse livro estavam muito mais familiarizados com a literatura apocalíptica (encontrada também, na Bíblia, em Dn 7—12) do que nós. O propósito das visões repletas de imagens e figuras simbólicas não era ocultar ou obscurecer, mas evocar uma compreensão imaginativa. O significado do simbolismo é transmitido, em muitos casos, através de alusões ao AT ou através de alusões a fatos do mundo em que viviam os primeiros leitores. O profeta descreve como foi levado ao céu, para ver o mundo da perspectiva celestial de Deus. Em visão, ele é, também, levado ao final que se encontra no futuro, para ver o presente à luz do propósito final que Deus tem para o mundo. O mundo descrito nessas visões é aquele em que viviam os primeiros leitores do Apocalipse, mas esse mundo
é visto sob uma perspectiva bem diferente daquela que caracterizava a ideologia dominante daquele tempo. Essa perspectiva bate de frente com a ideologia imperial romana, desmascarando o engano da idolatria e revelando, em seu lugar, a verdade última das coisas. Apesar das evidências em contrário, o poder supremo não pertence à "besta", mas a Deus. E a vitória final será alcançada, não por meio da violência, mas através do testemunho da verdade em meio ao sofrimento. Ao dar aos leitores a possibilidade de entender isso de forma imaginativa, as visões os capacitam a fazer frente às mentiras da besta e seguir a Cristo em sua fidelidade sacrificial, que se dispõe até mesmo a enfrentar a morte. A relevância do Apocalipse para leitores de outras épocas reside no poder que ele tem de possibilitar a análise de cada situação em que o reinado de Deus parece ter sido subvertido pelos poderes deste mundo à luz dessa perspectiva celestial. O objetivo do Apocalipse não é o de simplesmente informar a respeito do futuro, mas de capacitar os cristãos a viverem do jeito que o propósito final de Deus para o mundo exige.
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"Viu-se grande sinal no céu, a saber, uma mulher vestida do sol com a lua debaixo dos pés c uma coroa de doze estrelas na cabeça, que, achaitdo-se grávida, grita com as dores deporto ..." Ap 12.1-2
(ARA)
sempre ( 6 - 7 ) . Outro anjo poderoso (como cm 5.1) leva um livro ( c m forma de rolo) aberto até João. Ele contém uma mensagem para o mundo - o anjo se pôs e m pé sobre o mar e sobre a terra. A palavra de Deus é amarga e doce ( 9 ) . O cristão prova a sua doçura (veja Jr 15.16; Ez 3.1-3), mas o estômago de João fica virado diante da mensagem amarga que ele devia transmitir àqueles que não querem saber de Deus. Ap 11.1-14 se assemelha e m muito à literatura apocalíptica judaica ( u m texto de Qumran, por exemplo, trata das medidas da nova Jerusalém) e é muito difícil de explicar. João toma os seus símbolos de Ez 40—41 (a medição do T e m p l o ) c 7,c 4 (as oliveiras). A medição indica a proteção e o cuidado de Deus pelo seu povo. As duas oliveiras repre sentam a Igreja, fiel até a m o r t e . ( A lei d o AT - Dt 19.15 - exigia que a evidência fosse atestada por pelo menos duas testemunhas.) Contra elas c o m b a t e m as forças da "besta" satânica que se o p õ e m a Deus, c o m poder para matar e desonrar, mas não para destruir ou para impedir sua vitória.
( 1 2 . 1 4 ) . O número pode ter sido derivado do tempo que durou a tirania d o rei sírio Antíoco Epifanes e m Jerusalém, que começou cm 168 a.C, ou dos 42 acampamentos de Israel no deserto. Mas a duração exata da provação é menos importante d o que o fato d e Deus ter fixado um limite de tempo. • Sodoma e Egito (11.8) Símbolos de maldade e opressão. A parte final d o versículo sugere Jerusalém, mas é mais provável que a "grande cidade", tanto aqui quanto mais adiante no livro, represente a cidade da humanidade rebelde.
• 10.4 João estava seguindo ordens quanto ao que devia escrever. N e m tudo que ele viu era para ser transmitido ao público. • Quarenta e dois meses (11.2) Isto equivale a 1.260 dias ( 3 ) e a "um tempo (um a n o ) , tempos (dois anos) e meio tempo (seis meses)"
A mensagem central dessas visões é clara, mas o m e s m o não se aplica aos detalhes. Os sinais são estes: • uma mulher prestes a dar à luz (12.1-2) • um dragão v e r m e l h o ( 1 2 . 3 ) • uma besta que e m e r g e d o mar ( 1 3 . 1 ) • uma besta que e m e r g e da terra ( 1 3 . 1 1 ) • o Cordeiro, com o seu p o v o , e m pé sobre o monte Sião ( 1 4 . 1 ) • três anjos ( 1 4 . 6 , 8-9) • u m c e i f e i r o c e l e s t i a l , c e i f a n d o a terra (14.14-20). Já houve quem sugerisse que, para escrever estes capítulos, João se baseou cm mitos daquele tempo. Se este for o caso, a aplicação que ele faz é bem própria. Ele escreve para uma igreja perseguida, e nestes capítulos ele a exorta a ser perseverante.
As visões de João apresentam o juízo de Deus com terríveis imagens de destruição. Durante a vida de João, a destruição veio inesperadamente sobre a cidade de Pompeia, quando ovulei Vesúvio lançou gases lei e lava sobre suas belas casas, deixando as pessoas inconscientes enquanto cuidavam de seus afazeres
diários. Escavações revelaram muitos detalhes, inclusive a elegante "Casa do Fauno", que pertencia à família dos Cássios, e a impressionante figura de
uma jovem com uma túnica sobre o tosio, tentando em vão evitar de ser sufocada pela fumaça.
Ap
11.14-19: A sétima t r o m b e t a
A sétima trombeta anuncia o fim. Jesus reina: o mundo é seu reino. Deus seja louvado! A arca da aliança, no passado escondida na parte mais sagrada e inacessível d o Templo, agora é visível a todos (19). O caminho à presença de Deus é aberto e m meio a terríveis relâmpagos, trovões e um terremoto. Ap
12—14
Sete sinais: o povo de Deus sob ataque
Ap 12: A m u l h e r e o d r a g ã o vermelho A mulher coroada com estrelas c vestida do sol ( 1 ; contraste com a prostituta de 17.3-6) representa o povo escolhido de Deus, do qual nasceu, p r i m e i r o o Messias ( 5 ) , c depois, através d e l e , a Igreja ( 1 7 ) . O d r a g ã o que esiá pronto paia destruir e o próprio Satanás ( 9 ) . Os vs.7-12 lembram que a luta em que os cristãos estão envolvidos faz parte de um conflito muito maior (Ef 6.11-12).
Apocalipse A m e n s a g e m principal é clara. F.mbora Satanás seja forte e p o d e r o s o , c seu ataque feroz, seu tempo é curto. Ele foi derrotado por Cristo; assim, pode ser derrotado pelos seguidores de Cristo. Ele está destinado à destruição; a igreja, ao triunfo. O p o v o de Deus está sempre c c m todos os lugares sob a soberana proteção divina. • M i g u e l (7) O anjo da guarda especial de Israel. A p 13: A s d u a s b e s t a s A besta que v e m d o mar (um lugar maligno, na visão judaica de então) é uma criatura híbrida composta de partes dos quatro monstros que aparecem e m Dn 7 e que representam sucessivos impérios mundiais. Com suas coroas c seus chifres (soberania e poder) e sua rebeldia contra Deus, ela representa o estado autoritário que se opõe a Deus. Ela recebe seu poder d o dragão ( 2 , 4 ) e é, aparentemente, indestrutível ( 3 ) . Engana o mundo, mas não aqueles cujos nomes estão escritos no Livro da Vida d o Cordeiro ( 8 ) . A segunda besta - o pseudocordeiro que fala Com a v o z de Satanás ( 1 1 ) - é a religião sancionada e dominada pelo Estado. Em A p 16.13 c 19.20 essa besta é chamada de "falso profeta". Ela imita a realidade e afasta o povo da adoração verdadeira. Os que se negam a adorar perdem, uns a sua vida ( 1 5 ) , outros o seu sustento ( 1 7 ) . Para João, as duas bestas eram o Império romano e o culto Imperador. Mas cada época tem os seus equivalentes. • A p 13.3, 14 Havia um rumor (conhecido como o mito d e N e r o redivivus) d e que o Imperador N e r o não havia morrido e m 68 d . C , e que voltaria à frente de grandes exércitos (partos) vindos d o Oriente. • Quarenta e dois meses (5) Veja nota e m 11.2. • A marca (17) Indicando posse e aceitação da autoridade da besta. As pessoas têm, o u a "marca" d o mundo, ou o "selo" de Deus - e isto de forma visível (v. 16; A p 7 . 3 ) . • O n ú m e r o (17-18) Muitos já tentaram identificar um indivíduo, visto que, no mundo antigo, que as letras d o alfabeto também representavam números. " N e r o César" é o favorito atual, "mas, para se conseguir esse resultado, é necessário usar a forma grega d o nome latino, transliterado em letras hebraicas, e com ortografia variante" ( M o r r i s ) . Mas a chave pode estar no simbolismo dos números: 6 é "um número humano", o número da
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humanidade. N ã o importa quantas vezes seja repetido, ele nunca chegará a 7, o número da perfeição, o número dc Deus. Por mais poderosa que seja a "besta", ela não é Deus. A p 14: A a l e g r i a d o s r e d i m i d o s ; a colheita d o fim d o s tempos Este capítulo é bem diferente dos caps. 12 e 13. O Cordeiro está e m pé sobre o monte Sião, a nova Jerusalém, com rodos aqueles que têm o nome dele, e não apenas com uma elite espiritual ( 1 ; veja nota c m 7.4 e a nota a b a i x o ) . João v ê agora sete anjos, aparecendo um após o outro c o m o agentes d o juízo divino. • O primeiro ( 6 ) conclama o p o v o a dar ouvidos à mensagem divina d o evangelho. • O segundo ( 8 ) anuncia a queda da "grande Babilônia", cidade que simboliza a h u m a n i d a d e unida e m o p o s i ç ã o a Deus. ( N a é p o c a de J o ã o , " B a b i l ô n i a " era um símbolo ou senha secreta para Roma; veja o cap. 1 7 . ) • O terceiro anjo ( 9 ) anuncia o j u í z o sobre todos os que se renderam às forças d o mal. Uma v o z consola o povo de Deus. Eles são felizes. São chamados à perseverança, mas descansarão das suas fadigas. Então começa a colheita tio juízo de Deus. Mais quatro anjos aparecem um depois d o outro, vindos d o santuário de Deus no céu. O primeiro ( c o m uma coroa na c a b e ç a ) está sentado sobre uma n u v e m , segurando uma foice afiada. Quando o segundo anjo dá a ordem ( 1 5 ) , ele começa a ceifar a terra. Um terceiro anjo ( 1 7 ) aparece c o m outra foice afiada. Q u a n d o o quarto anjo dá a o r d e m , ele v i n d i m a a videira da terra, lançando os cachos de uvas no lagar da ira dc Deus. • Vs. 3-4 Veja a nota e m 7.4. O v. 4 não pode ser t o m a d o literalmente. Isso excluiria as mulheres dos 144.000, o número que representa todo o povo dc Deus. E considerar o ato sexual e m si c o m o algo que macula ou contamina é contrário ao ensino d o restante das Escrituras. Tampouco existe base bíblica para afirmar que ser celibatário é mais agradável a Deus d o que casar. Portanto, o texto d e v e estar se referindo aos que são fiéis a Deus (na época de João, aqueles que se recusavam a participar dos cultos pagãos e eram "virgens" nesse s e n t i d o ) . Isso condiz com os profetas, que freqüentemente se valiam da mesma linguagem figurada: o Israel
"A verdadeira vitória não é viver em S.^IIKIIHII. -
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problemas, preservar a vida deforma cautelosa e prudente; a verdadeira vitória é enfrentar o pior que o mal pode fazer, e, se necessário, ser fiel até
ú morte " William Barclay
"A maioria das imagens fantásticas de João são extraídas do AT, e a besta que emerge (lo mar r tuna mistura dos quatro monstros deDn 7." Marcus Maxwell
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As Epístolas idólatra é descrito como urna "prostituta" e urna "adúltera". As "primícias" são a parte da colheita d o mundo que pertence a Deus. • Babilonia (8) Veja o cap. 17. • U m semelhante a f i l h o de homem/ser h u m a n o (14) C o m o recebe ordens de outro ( 1 5 ) , d e v e ser um anjo, e não Cristo. • 1.600 estádios (20, ARA) O estadio media cerca de 200 m. Mil e seiscentos estádios equivalem a 300 km. Mas este é, claramente, outro número simbólico: 4 (que representa a terra) x 4 x 10 x 10, o que significa a destruição completa dos perversos em toda a terra.
• Tabernáculo (15.5) Referência ao tempo em que Israel peregrinou p e l o deserto. O tabernáculo (a Tenda da Presença) simboliza a presença de Deus. • 16.12 O Eufrates separava o mundo civilizado dos bandos bárbaros que ficavam alem dele. • A r m a g e d o m (16.16) O monte de Megido, a famosa fortaleza situada na extremidade da planície de Jczreel e que guardava o acesso aos montes d o Carmelo. Tantas foram as batalhas travadas e m M e g i d o que o nome se tornou sinônimo de batalha. • A grande cidade... grande Babilônia (16.19) Veja o cap. 17.
A p 15—16 De acordo com Ap 16.16, o lugar onde os reis do mundo se reúnem para a homilia final contra Deus è -Armagcdom". A palavra significa "monlc de Megido". O moine da amiga cidade pode ser visio nesta foto ao longe, do outro lado da passagem através dos monles do Carmelo, guardada pelos moradores de Megido. Foram lamas as batalhas travadas nesse local que João adotou esse nome para a batalha que porá fim a todas as batalhas.
A s sete últimas pragas
A p 17—20
A g o r a v ê m outros sete anjos c o m sete pragas. Em 5.8, João descreve sete taças de ouro cheias d o incenso da oração. As taças do cap. 16 derramam pragas sobre a terra, sendo expressão da ira de Deus. Essas pragas, como os juízos d o cap. 8, lembram vividamente as pragas que atingiram o Egito na época do êxodo. Mas antes (15.2-4) vemos a alegria e a segurança do povo de Deus. Este não está sujeito aos terrores finais, que são dirigidos especificamente contra o mal (16.2, 9, 1 1 ) . O céu (deduz-se com base em Apocalipse) é um lugar e m que ressoam cânticos alegres. Louvar a Deus será, finalmente, algo que v e m ao natural.
A vitória final de Deus
• Número d o seu nome (15.2) Veja a nota em 13.17-18. • Cântico de Moisés (15.3) O cântico alegre que foi entoado depois da travessia d o mar Vermelho (Êx 1 5 ) . A m b o s são cânticos de libertação e liberdade.
A p 17.1—19.5: A q u e d a d a prostituta "Babilônia" Tantas e tão veementes foram as denúncias dos profetas d o AT contra a Babilônia literal (veja as referências a b a i x o ) que "Babilônia" veio a ser sinônimo d o orgulho e da vanglória humanos. Para João e seus leitores. Babilônia, a prostituta amante d o luxo ( a o contrário da mulher do cap. 12 e da noiva d o cap. 2 1 ) , era Roma, a cidade dos sete montes (veja o v. 9 ) , rica, esplêndida e decadente; Roma, onde os cristãos eram lançados aos leões e queimados vivos para o divertimento d o público; Roma, a fossa do império. Mas cada época tem a sua "Babilônia", a personificação da ganância, da ostentação e dos prazeres egoístas que afastam as pessoas de Deus; a personificação das coisas que prometem tanto e acabam dando tão pouco. E Babilônia, a síntese de tudo o que engana, está condenada! O cap. 18, que descreve a queda da Babilônia, faz eco ao espírito e à linguagem de todas as grandes profecias de "queda" que aparecem no AT (Is 13—14; Is 24; Jr 50—51; Ez 26— 2 8 ) . Trata-se de uma sentença final e abrangente de ruína sobre as potências de todos os tempos que se nutrem da maldade e tratam as pessoas como simples mercadorias que podem ser compradas c vendidas ( 1 8 . 1 3 ) . Os membros d o povo de Deus são tentados a se adaptarem ao mundo. Todavia, são chamados a uma atitude que não faz concessão nenhuma ( 1 8 . 4 ) . Eles serão vingados, a justiça será feita, e isso é tão certo que se pode dizer que já aconteceu. Babilônia caiu\
Apocalipse A p 19.1-5: D o céu v e m um g r a n d e grito de vitória e um hino d e louvor. N ã o se trata de espírito vingativo, nem de alegria com a desgraça alheia. O povo de Deus arrisca a sua vida pela verdade e justiça de Deus e, por isso, se alegra ao ver que Deus sai vitorioso e as obstinadas forças d o mal são derrotadas. • Besta (17.3) Veja 13.1. Babilônia é apoiada por um poder satânico. Neste trecho, a besta é, às vezes, um reino; outras vezes, um rei. • Era e não é (17.8) Forças d o mal assolam toda a história da humanidade. As vezes, elas desaparecem por um tempo, mas sempre acabam voltando. • Sete reis (17.9) Estes p o d e m ser os imperadores romanos. Neste caso, os cinco passados são os que vão de Augusto a Nero; o sexto é Galba ou Vespasiano; o sétimo, Tito. Por outro lado, os sete podem ser impérios. Talvez seja melhor dar ao número sete seu significado simbólico, ou seja, "todo o Império Romano histórico". • Dez reis (17.12) A s vezes, se v ê aqui uma referência a imperadores romanos. N o entanto, João descreve uma coalizão futura. Veja também 13.3, 14, sobre o mito de Nero.
A p 19.6-10: A festa d e c a s a m e n t o do Cordeiro N o AT, Israel é retratado c o m o a esposa d o Senhor ( g e r a l m e n t e uma esposa infiel). Assim, não nos surpreende a figura da noiva, neste texto. O m e s m o vale para a figura das bodas. As pessoas esperavam que a vinda d o Messias fosse celebrada c o m um grande banquete. João une as duas imagens ou figuras nesta bela descrição da festa de casamento d o Cordeiro com os seus seguidores fiéis, a noiva, sendo que o linho finíssimo de seu vestido são "os atos de justiça dos santos". Que alegria ser um convidado dessa festa de casamento! • Ceia (9) Veja Ml 8.11; 22.2-9; 25.10; L c 13.29; 14.15-17.
A p 19.11-21: O c a v a l e i r o m o n t a d o no cavalo b r a n c o Neste momento, esperamos ver o Cordeiro, o N o i v o . E m vez disso, vemos um Guerreiro. O n o m e pelo qual o conhecemos ( c há coisas profundas relacionadas com seu caráter que não conseguimos perscrutar; v. 12) é "A Palavra de Deus" ( 1 3 ) . Sua vitória é certa. Ele é o Rei dos reis e Senhor dos senhores: supremo. Aves de rapina são convocadas c o m antecedência para provarem uma ceia bem diferen-
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te d o banquete d o Cordeiro. A besta e o falso profeta (cap.13; 16.13), que são os dois capangas de Satanás, bem como os seus aliados são presos e destruídos. Esta é uma "guerra" sem armas, armaduras, nem batalhas, tamanho é o poder deste cavaleiro, Cristo. • U m n o m e (12) Veja nota e m 2.17. • Sangue (13) Pode ser o sangue d o Cristo crucificado, ou o sangue de seus inimigos. João pode estar se referindo a um destes, ou a ambos.
A p 20: O milênio; a d e r r o t a d e Satanás; o j u í z o final Os "mil anos" (milênio) de A p 20 não têm paralelo em nenhuma outra passagem bíblica, e nenhum outro texto bíblico foi objeto de tanta discussão quanto ao seu significado. N o entanto, algumas coisas são claras. • João v ê que Deus tem controle total sobre Satanás ( 1 - 3 ) . • Ele v ê as almas dos mártires, não de todos os cristãos ( e isso era i m p o r t a n t e para a Igreja primitiva p e r s e g u i d a ) , que tornaram a viver para reinar com Cristo durante "mil anos" ( 4 - 6 ) . • N o final desse período, as forças d o mal se reúnem para atacar o p o v o d e Deus, mas são totalmente destruídas. O próprio Satanás compartilha o destino da besta e d o falso profeta no "lago de f o g o " ( 7 - 1 0 ) . • Há uma ressurreição geral, quando todos
A humanidade tem duas faces. A mensagem do Apocalipse è que chegará um dia em que a justiça prevalecerá. Deus irá erradicar totalmente tudo o que é mau. e levará aqueles que o amam para estarem com ele para sempre.
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As Epístolas
"Então vi um grande trono branco e aquele que está sentado nele... Vi também os mortos, tanto os importantes como os humildes, que estavam de pé diante do trono. Foram abertos livros, e também foi aberto outro livro, o Livro da Vida. Os mortos foram julgados de acordo com o que cada um havia feito, conforme estava escrito nos livros." Ap 20.11-12 (NTLH)
"Vi um novo céu e uma nova terra... E vi a Cidade Santa, a nova Jerusalém, que descia do céu. Ela vinha de Deus..." Ap 21.1-2 (NTI.II)
se apresentam diante de Deus para serem julgados, cada um segundo as suas obras. O veredicto é a vida ou a morte. E para aqueles que vivem não haverá mais morte (11-15). Com relação aos detalhes, aqui c o m o no resto do livro, é bom ter cuidado. E as regras básicas de interpretação (veja a Introdução) d e v e m ser aplicadas. Perguntar " o n d e " se passa esse reinado, ou tentar formular uma cronologia dos acontecimentos, vai contra o espírito d o Apocalipse. É verdade que no judaísmo antigo o reino messiânico c visto c o m o tendo lugar na terra. Alguns judeus pensavam em termos de um reinado messiânico durante um determinado período de tempo, ao passo que outros falavam sobre um sábado interino de 1.000 anos. Os primeiros intérpretes cristãos deduziram que este capítulo se referia a um milênio terreno. Mas João registra a l g o n o v o . O reinado aqui não é um reinado geral de todos os crentes, mas apenas dos mártires. Ele também não diz com todas as letras que esse reinado será na terra ( e m outras passagens d o Apocalipse, os tronos - v. 4 - estão no c é u ) . E embora tenha havido discussões acaloradas sobre a relação entre o milênio e a vinda de Cristo, o fato é que, neste capítulo, João nunca menciona a "segunda vinda" de Cristo. • Nota A visão de João pode ser comparada com o ensino de Paulo e m I C o 15.24-28. • 1.000anos (2) Número simbólico, como tantos outros números no Apocalipse. Mil anos é tempo suficiente para mostrar a plena autoridade de Deus sobre Satanás, e para compensar os sofrimentos terrenos dos mártires. • G o g u e e M a g o g u e (8) Veja Ez 38. • A cidade querida (9) A comunidade d o povo de Deus, e m contraste com a "grande cidade" de Babilônia.
A p 21.1—22.5 O novo mundo de Deus "Agora a morada de Deus está entre os seres humanos... Ele enxugará dos olhos deles todas as lágrimas. Não haverá mais morte, nem tristeza, nem choro, nem dor." Ap 21.3-4
(NTLH)
A morte e tudo o que é mau foram destruídos. Será que Deus vai renovar ou substituir o céu e a terra que aí estão?
O que João descreve é totalmente novo. A descrição é feita e m termos terrenos, mas que outra descrição poderíamos entender? A nova vida será um interminável dia de núpcias para todo o p o v o de Deus - o tempo mais feliz e alegre que se possa imaginar. E não há nada que possa estragar isso: nenhuma tristeza; nenhuma dor; nenhuma despedida de entes queridos; nenhuma escuridão.
Pois Deus está sempre presente. Ele está próximo. N ã o há pecado nem tentação para abalar o perfeito relacionamento c o m Deus. Nenhuma culpa, e nem sinal de vergonha. A noiva d o cap. 19 aparece como cidade: a nova Jerusalém e seu povo. As melhores cidades d o mundo não são nada comparadas com a glória e o esplendor desta cidade dourada, com suas dimensões perfeitas, seus alicerces adornados de pedras preciosas, suas muralhas resplandecentes de diamantes, suas portas de pérola. Essas portas estão sempre abertas. E a cidade não tem T e m p l o , porque o próprio Deus está presente. Ali existe paz, liberdade c segurança. Do trono de Deus e pelo centro da cidade flui o rio da vida, cristalino. Nas margens do rio, a árvore da vida, que dá fruto todo o ano e cujas folhas servem para curar as nações. Tudo aponta para uma vida maravilhosa, sem fim. A noite já não existe. A luz perpétua do próprio Deus brilha sobre o seu p o v o que o adora. • 12.000 estádios (21.16) 2.400 Ion. Mas isso não d e v e ser interpretado literalmente. Trata-se d e 12 x 1.000 (veja as notas em 7.4 e 14.20). Na terra, os cristãos parecem poucos e dispersos. Mas fazem parte de uma comunidade imensa - a cidade eterna de Deus. • 21.19-20 A lista de pedras preciosas lembra as pedras incrustadas no peitoral d o sumo sacerdote, representando Israel. • 22.2 C o m o resultado da queda, a humanidade teve barrado o seu acesso à "árvore da vida" (Gn 3.22-24). Agora essa decisão c anulada. A humanidade, redimida, jamais voltará a abusar de sua liberdade.
A p 22.6-21 Conclusão Tudo isso é v e r d a d e - o anjo assegura a João. "Ele v e m e m breve. Propague essas coisas." Então a visão d o anjo termina, e o próprio Jesus passa a falar. As afirmações finais são um tanto desarticuladas, mas cheias de vigor. João afirma a verdade d o que acaba de escrever. N o estilo mais severo daquela época, ele adverte os que são tentados a alterar a mensagem. Suas últimas palavras têm um senso de urgência. As coisas que descreveu aconteceriam em breve. A vinda de Cristo é iminente. Naquele m o m e n t o , as atitudes das pessoas estarão fixas; não haverá mais possibilidade de
Apocalipse
mudança. N o final, aqueles que não são salvos estarão perdidos; aqueles que não entram na vida eterna e na presença de Deus ficarão de fora para sempre. Assim, "aquele q u e tem sede venha". Que "receba a água da vida" - de graça.
"A cidade não precisa de sol nem de lua para a iluminarem, pois a glória de Deus brilha sobre ela, t o Cordeiro é o seu candelabro. Os portões da cidade estarão sempre abertos o dia inteiro. Não se fecharão porque ali não haverá noite." João. falando sobre a Nova Jerusalém (Ap 21.23.25. NTLH)
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Guia de Consulta Rápida O Guia de Consulta Rápida é um diretório da Bíblia e do material contido nesse livro. Primeiramente, ele traz referências bíblicas importantes. Pode ser usado para descobrir, na Bíblia, onde determinados fatos estão registrados, para aprofundar o estudo de um ensino bíblico fundamental ou, simplesmente, para localizar pessoas e lugares mencionados na Bíblia. Também serve como um índice temático d o Manual. Cada lugar, nome ou assunto registrado vem seguido da indicação de artigos e fotografias pertinentes, bem como de referências bíblicas significativas.
Uma Tabuinhd J d o século 9 a.C. registra os limites e terra q u e o rei da Babilônia (esquerda) devolveu a u m i ; sacerdote (direita). 1
Acima estão os ;íj emblemas de ;-• diversos deuses, convocados para I protegê-los e proteger o presente.
Aava Rio e lugar na Babilônia onde Esdras acampou: Ed 8.15,21,31. Abana Um dos dois rios de Damasco mencionados por Naamã: 2Rs 5.12. Abede-Nego Um dos companheiros de Daniel exilados na Babilônia: Dn 1—3/pp. 473ss. Abel Segundo filho de A d ã o e Eva; irmão de Caim: Gn 4/pp. 120, 121. Abel-Bete-Maaca C i d a d e no N o r t e da Palestina, perto d o l a g o H u l é , até onde Joabe perseguiu Seba: 2Sm 20; t a m b é m l R s 1 5 . 2 0 . Mapa p. 1 0 4 Cl. Abel-Meolá Lugar até onde Gideão perseguiu os midianitas; lugar o n d e nasceu Eliseu: Jz 7.22; 1 Rs 19.16/ Mapa p. 245. Abias 1. Filho de Jeroboão I : l R s 14. 2. F i l h o d e Roboão; rei de Judá ( 9 1 3 911 a . C ) ; l R s 15; 2Cr 1 3 / p. 289. Abiatar Filho de Aimeleque, s a c e r d o t e de N o b e , que se uniu a Davi; tornou-se sumo sacerdote com Zadoque; conspirou para coroar Adonias e foi expulso por S a l o m ã o : I S m 22.20-23; l R s 1—2/pp. 276-277. Abigail M u l h e r de N a b a l ; d e p o i s casou c o m D a v i : I S m 2 5 / p . 263. Abilene Região e m torno dc Damasco da qual Lisânias era tetrarca: Lc 3.1. Abimeleque 1. R c i ( s ) de Gerar: Gn 20; G n 2 6 / pp. 135, 140. 2. Filho de Gideão: Jz 8.31—10.1. Abirão C o n s p i r o u contra Moisés ao lado de Corá e Datã; N m 16/p. 197. Abisague J o v e m sunamita
que cuidou de Davi: l R s 1—2/p. 276. Abisai Irmão de Joabe e um dos 30 guerreiros de Davi: I S m 26.6ss./p. 263. Abiú Filho de Arão; destruído com Nadabe: Êx 6.23; Lv 10/p. 184. Abner Comandante do exército d e Saul; m o r t o por Joabe e Abisai: I S m 14.502Sm 3/pp. 261-266. Abraão/Abrão Pai da nação de Israel; homem de fé e x t r a o r d i n á r i a : Gn 1 1 . 2 6 — 2 5 . 1 0 / p p . 110111, 127-139. O chamado de Deus: Gn 12 O encontro com Melquisedeque: Gn 14 A aliança de Deus: Gn 17 O "sacrifício" de Isaque: Gn 2 2 Sua morte: Gn 25.8. Veja "Abraão", pp. 132134. Foto p. 266 ( O túmulo de A b r a ã o ) . Absalão Filho de Davi; liderou uma rebelião contra seu pai: 2Sm 13—18/pp. 272-273. Acã Apedrejado por guardar despojos de Jericó: Js 7/p. 2 3 0 . ' Acaba, Golfo de Foto p. 322. Acabe Rei de Israel (874853 a . C ) , marido de Jezabcl, que tomou a vinha de N a b o t e ; perseguiu o profeta Elias: l R s 16.29— 22.40/pp. 290-293 Foto p. 293 ( O palácio de Acabe). Acade, acádios Vizinhos dos sumerianos, ao Norte, na M e s o p o t â m i a d o terceiro milênio a.C. Da língua semita acádia desenvolveram-se o babilônio e o assírio. Acade, como lugar, só é mencionado em Gn 10.10, c o m o c i d a d e importante fundada por Ninrode. Acaia Província d o sul da Grécia cuja c a p i t a l era C o r i n t o : A t 18.12, e t c . / Mapa p. 680.
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Acaz Filho de Jotão, rei de Judá; pai de Ezequias: 2Rs 15.38—16.20; 2 C r 27.9—28.27/p. 324. Acazias 1. Filho de Acabe; rei de Israel ( 8 5 3 - 8 5 2 a . C ) : l R s 22.40ss./p. 293. 2. Filho de Jeorão, rei de Judá ( 8 4 1 a . C ) ; 2Rs 8.24ss.; 2Cr 22.1ss./ pp. 297, 322. Acor Vale próximo a Jericó onde Acã foi apedrejado: Js 7.24. Adã Lugar onde o rio Jordão foi b l o q u e a d o , permitindo a travessia dos israelitas e sua entrada em Canaã, a terra prometida; Js 3.16/Mapa p. 104 C4. Adão O primeiro h o m e m ; criado por Deus e encarregado do jardim d o Éden. Por sua d e s o b e d i ê n c i a , trouxe pecado e morte a toda a raça humana: Gn 1—4; veja Rm 5.12-21, e t c . / p p . 116, 1 2 0 - 1 2 2 , 686. Admá C i d a d e p e r t o d e Sodoma: Gn 10.19; 1 4 . 2 / Mapa p. 127. Adonias Filho de Davi que tentou tomar o trono de Salomão: l R s 1—2/pp. 276-277. Adoração Em Israel: p. 223 e veja "Os S a l m o s no seu contexto", pp. 363364; veja também Levitas e sacerdotes, Música, Tabernáculo, T e m p l o de Jerusalém. No Egito: p . 154. Foto p. 315. Adramítio Paulo s e g u i u viagem para Roma num navio que era desse porto próximo a Tróia, na costa oeste da atual Turquia: A t 27.2/Mapcf p. 667. Adulão Davi, fugindo d e Saul, se escondeu numa caverna próxima a essa c i d a d e e m Judá: I S m 22.1; 2Sm 2 3 . 1 3 / A í a p a p. 264. Afeta Ali os filisteus tomaram a Arca da Aliança dos israelitas: I S m 4 . 1 ;
t a m b é m 2 9 . l / M a p a p. 104 B4. Ágabo Profeta que previu uma fome e a prisão de Paulo: At 11.27-30; 21.714/pp. 665. Agar S e r v a e g í p c i a d e Sara; mãe d e Ismael; Gn 16.21/p. 137. Veja "Agar", p. 131. Ageu Profeta que incentivou o p o v o a reconstruir o T e m p l o depois que os judeus retornaram d o exílio. A g e u , L i v r o de Pp. 505-506. Agricultura Fotos pp. 4 2 , 43, 2 5 3 , 312-313, 3 7 6 , 396, 484-485, 494, 686, 730, 778. Agripa Herodes Agripa I I , q u e ouviu a defesa de Paulo e m C e s a r é i a : A t 25.13—26.32/p. 667. Veja "A família Herodes", p.627. Ai Local de uma das primeiras batalhas de Josué na terra p r o m e t i d a : Js 7—8/p. 230 Mapa p. 104 B4. Veja "Cidades da conquista", p. 228. Aías Profetizou para Jerob o ã o a revolta das d e z tribos: l R s 11.29ss.; 1 4 / p. 289. Aijalom Cidade dos amorreus; cidade d e refúgio; fortificada p o r R o b o ã o : Js 1 9 . 4 2 ; 2 1 . 2 4 ; l C r 6.69; 8.13, etc./ Mapa p. 104 B5. Aimaás Filho de Z a d o q u e que passou i n f o r m a ç ã o a Davi durante a rebelião de Absalão e trouxe a notícia da vitória: 2Sm 17.17SS.; 18/p. 273. Aimeleque S a c e r d o t e d e N o b e , m o r t o por ajudar Davi: ISm 21—22/p. 262. Aitofel Conselheiro de confiança de Davi que apoiou Absalão: 2Sm 15.12— 17.23/pp. 272-273. Alegria Marca d o crente, no AT e no N T : alegria derivada de um relacio-
n a m e n t o c o m Deus: SI 16.11; 30.5; 43.3; 51.12; 126.56; Ec 2.26; Is 61.7; Jr 1 5 . 1 6 ; L c 1 5 . 7 ; Jo 15.11; 16.22; R m 14.17; 15.13; Gl 5.22; Fp 1.4; l T s 2.20; 3.9; H b 12.2; T g 1.2; I P e 1.8; Jd 24. Alexandre 1 . F i l h o d e Simão de Cirene: Mc 15.21. 2. Líder e m Jerusalém: A t 4.6. 3. Judeu presente durante o tumulto em Efeso: At 19.33. 4 . Cristão que se d e s v i o u : l T m 1.20. 5. Oponente de Paulo: 2 T m 4.14. (É possível que nem todos sejam pessoas diferentes.) Alexandria Principal porto do Egito no M e d i t e r r â neo, fundado e m 332 a.C. por Alexandre, o Grande. Tinha uma grande comunidade judaica; cidade natal d e A p o l o : A t 6.9; 18.24, etc. Alexandrino, Códice Veja Códice. Alfabeto p. 2 3 1 . Aliança U m "tratado" o u "acordo" estabelecendo as promessas d e Deus, primeiro à humanidade, depois ao seu p o v o : pp. 110-111, 125, 143. Veja também "Alianças e trados no Oriente Próximo", pp. 210-211. Com Noé: Gn 6.18; 9.9 -17/p. 125. Com Abraão: Êx 19ss.; Dt 4ss./ pp. 168-169, 179, 205, 236-237. Com Davi: 2Sm 7; SI 8 9 ; 1 3 2 / p . 2 6 8 . A "nova aliança": Jr 31.3134; Mt 26.26-28; 2 C o 3; Gl 4.21ss.; Hb 9.15ss./ pp. 450, 544, 574, 707, 712-713, 745-746. Altar V e j a S a c r i f í c i o , Tabernáculo, T e m p l o d e Jerusalém. Fotos pp. 176, 281 (incenso), 181 (com chifres), 236 ("alto"), 445 (Biblos), 765 (Altar de Zeus, P é r g a m o ) . Alto Local d e a d o r a ç ã o pagã: fotos pp. 236, 276, 444, 495. A
Amaleque, amalequitas O neto de Esaú e seus descendentes; p o v o nômade do Sinai e d o N e g u e b e . Na época d o ê x o d o , atacaram os israelitas, que lhes fizeram um voto permanente d e destruição. S a m u e l m a n d o u Saul destruí-los. D a v i lutou contra eles, e depois entraram em declínio: Èx 17; I S m 15; 30/Mctpa pp. 814-815. Amasa C o m a n d a n t e d o exército de Absalão; m o r t o p o r J o a b e ; 2Sm 17.25; 2 0 / p p . 273-274. Amazias Filho de Joás, rei d e Judá 7 9 6 - 7 6 7 a . C ; 2Rs 1 2 . 2 1 — 1 4 . 2 1 ; 2Cr 24.27ss./pp. 298, 323. Amnom F i l h o d e Davi; e s t u p r o u T a m a r e foi morto por Absalão: 2Sm 13/p. 272. Amom Filho de Manasses, rei de Judá 642-640 a . C : 2 R s 2 1 ; 2Cr 3 3 / p . 303. Amom, amonitas Os amonitas (considerados parentes d o s i s r a e l i t a s por serem descendentes do filho mais n o v o de L ó ) ocuparam a terra entre o ribeiro de A m o m e o ribeiro de Jaboque, embora parte desse território mais tarde tenha sido t o m a d o pelos amonitas. A atual A m m a n fica no local da principal c i d a d e a m o n i t a , Rabat e - A m o m (antiga Rabá). Os israelitas n ã o conquistaram A m o m após o ê x o d o , e houve conflitos entre os d o i s povos na época dos j u í z e s . Foram derrotados por Davi. Os amonitas foram incorporados, sucessivamente, p e l o s i m p é r i o s assírio, babilónico e persa. Mas, durante seu p e r í o d o de i n d e p e n d ê n c i a , formaram uma ameaça para os israelitas, pelo menos até a é p o c a d o s macabeus, q u a n d o sua capital era
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conhecida c o m o Filadélfia: G n 1 9 . 3 8 ; Dt 2 . 1 9 ; Jz 3.13; 10-11; 2Sm 12, etc; IMacabcus 5.6/ Mapa p. 209. Amor Artigo p. 6 3 7 . I C o 13; Gl 5.22; U o 4 . 7 — 5 . 3 . O amor de Deus; amor de Cristo:Dt 7.7-81; Pv 3.12; Is 6 3 . 7 - 9 ; Jr 3 1 . 3 ; Os 3.1; 14.4; Jo 3.16; 13.1; 15.9,12-13; Rm 8.35-39; Gl 2 . 2 0 ; Ef 2 . 4 ; 3.1719; H b 1 2 . 6 ; l J o 3 . 1 . Deus amoroso: Ex 2 0 . 6 ; Dt 6 . 5 ; 1 1 . 1 , 1 3 , 2 2 ; SI 31.23; 116.1; 119.47-48; Jo 14.15,21-24; R m 8.28; I C o 8.3; I P e 1.8. Amar os outros: L v 19.18,34; Mt 5.43-46; Jo 13.34-35; 14.15,21-24; 15.9-14; Gl 5.13-14; Ef 4.2,15-16; Fp 2.2; Hb 10.24; U o 4.7— 5.3. Amor entre homem e mulher: Gn 29.20; 2Sm 13.15; Pv 5.18-19; Ct; Ef 5.25ss.; Cl 3.19. Amorreus Povo nômade de língua semita, originário da região média d o Eufrates, que se espalhou para a M e s o p o t â m i a e SíriaPalestina, instalando-se ali no final d o terceiro e inicio d o segundo milênio a.C. Sua língua, conhecida apenas por seus nomes, é o e x e m p l o mais a n t i g o registrado de semita ocidental. Foram proeminentes na população de Mari, cujos documentos esclarecem costumes patriarcais. Quando os israelitas invadiram Canaã, derrotaram os reis amorreus ( S e o m e O g u e ) que controlavam a maior parte d o território a leste d o Jordão. A s tribos de Gade, Ruben e metade de Manasses ocuparam a área, e os amorreus restantes foram gradualmente absorvidos: Js 12.1-6; Jz 1.36; I S m 7.14/Mapa pp. 814-815. Amós P r o f e t a d e T e c o a cujo livro registra a mensagem de Deus a Israel.
Amós, Livro de Pp. 490ss. Ana M ã e de Samuel: I S m 1—2/pp. 255-256. Veja "Ana", p. 257. Ana Profetiza no T e m p l o na época e m que o bebê Jesus foi apresentado: Lc 2.36-38/p. 599. Ananias 1. Discípulo que tentou enganar a igreja: At 5 / p . 646. 2. Discípulo de Damasco e n v i a d o a Saulo: A t 9/p. 648. 3. Sumo sacerdote que fez acusações contra Paulo: At 23.2; 2 4 . 1 . Anás S u m o s a c e r d o t e j u d e u ; s o g r o d e Caifás, perante q u e m Jesus foi j u l g a d o : Jo 18.13ss./p. 639. Anatote C i d a d e natal de Jeremias, ao norte de Jerusalém: Jr 1 . l / M a p a p. 104 B5 Foto p. 441. André I r m ã o d e P e d r o , também pescador; um d o s 12 a p ó s t o l o s ( v e j a "Os d o z e discípulos d e Jesus", p. 5 5 7 ) : Mt 4.18, e t c ; Jo 1.40ss./p. 623. Anfípolis C i d a d e na rota d e Paulo p e l o n o r t e da Grécia: Atos 17.l/Mapa p. 657. Animais da Bíblia Artigo pp. 38-39 (com fotos). Animais puros e impuros Leis alimentares judaicas: L v 1 1 / p . 184. Visão de Pedro: A t 1 0 . 3 / p p . 649-651. Anjos V e j a " A n j o s na Bíblia", p. 727; também Gabriel, Miguel. Antíoco N o m e de reis selêucidas da Síria no período entre os Testamentos: pp. 482, 518-520. Antioquia 1. Cidade importante no rio Orontes, na Síria; um dos principais centros da igreja primitiva; base da qual Paulo e Barnabé partiram e m suas missões: At 11; 13.1, e t c / M a p a p . 6 5 2 Foros pp. 6 5 1 , 689. 2. Cidade da Pisídia, visitada por Paulo na sua p r i m e i r a
v i a g e m missionária: A t 13.14ss./Mapct p . 6 5 2 Foto p. 653. Antipátride Paulo foi escoltado de Jerusalém para lá a caminho de Cesaréia: At 23.3\/Mapa p. 526 B4. Apocalipse de João P p . 763ss. Apocalíptica, Literatura pp. 51, 4 7 3 , 527, 5 3 1 , 763764, 768, 771. Apócrifo Veja "Livros deuterocanônicos", pp. 515-520. Apolo Judeu d e A l e x a n dria instruído por Priscila e Áqüila; pregador imponente que influenciou a igreja d e C o r i n t o : A t 18.24SS.; I C o 1—4/pp. 662, 695s. Aprisco Foro p. 633. Áqüila e Priscila Casal cristão que instruiu A p o l o e serviu a igreja e m vários lugares: At 18; R m 16.3, etc./pp. 658, 693. Aquis Rei d e G a t e c o m q u e m Davi se refugiou: ISm 21; 27-29/pp. 262-264. Ar P r i n c i p a l c i d a d e d e Moabc: N m 2 1 . 1 5 / M a p o p. 104 C6. Arã, arameus P o v o de fala semita, parentes p r ó x i mos dos israelitas, que se espalhou por toda Mesopotâmia e Síria durante o final d o segundo milênio a . C , e se encontrava no início d o primeiro milênio no d o m í n i o de cidades-estado sírias c o m o Damasco e Hamate (veja também Cilicia). O nome hebraico "Arã" geralmente é traduzido por "Síria", mas o n o m e g r e g o Syria aparece no NT. Abraão e sua família migraram de Ur para Harã e m "Arãnaaraim" ( M e s o p o t â m i a ) no caminho para Canaã, e alguns deles ficaram c sc tornaram "arameus". A l g u n s séculos d e p o i s , Balaão, de Arã, foi cont r a t a d o para a m a l d i ç o -
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ar Israel. Davi se tornou senhor dos estados aram e u s , que começaram a se libertar mais tarde no reinado de Salomão. H o u v e conflitos entre o Reino d o Norte c Damasc o / S í r i a . Em 7 3 2 a.C. os assírios d e r r o t a r a m Damasco e os arameus f o r a m d e p o r t a d o s : Gn 11.28-32; 24.28ss.; N m 22.5; Dt 26.5; 2Sm 8.10; 2Rs 1 4 . 1 6 / M a p a pp. 814-815. Arabá Vale rochoso que vai d o mar da Galileia ao Golfo de Acaba; o mar de Arabá é o mar Morto: Dt 1.1; 3.17, etc. Arábia, árabes Habitantes nômades e seminômades de fala semita da península arábica, que uniam as áreas d e c i v i l i z a ç ã o s e d e n t á r i a . Durante a maior parte d o primeiro m i l ê n i o a . C , os árabes aparecem principalmente c o m o invasores, mas houve um fluxo constante de pequenos números às áreas de habitação fixa. A partir d o século 3 a.C. o sudeste da Palestina foi ocupado por um grupo de árabes, os nabateus, que construíram uma civilização próspera baseada no c o m é r c i o de incenso centrada c m Perra. Nos tempos d o N T o d o m í nio nabateu se estendia à área a leste de Damasco, onde aparentemente havia um agente de seu rei Aretas. Paulo passou um t e m p o e m território nabateu após sua conversão: 2Co 11.32; Gl 1.17/ Mapa pp. 814-815. Arade C i d a d e cananéia no "deserto" d o Neguebe derrotada por Josué: N m 2 1 . 1 ; Js 12.14/Mapa p. 104 B6. Arão Irmão e porta-voz de M o i s é s ; p r i m e i r o sumo s a c e r d o t e de Israel: Ex 4-Nra 3 3 / p p . 160-204.
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Diante do Faraó: Êx 5ss. As vestes ç a consagração de Arão: Êx 28—29 j Lv 8 O bezerro de ouro: Êx 32 O ritual do dia da expiação: Lv 16 Arão e Miriã desafiam Moisés: N m 12 0 bordão de Arão: N m 17 Morre: N m 33.38-39. Foto p. 202 ( O túmulo de Arão). Ararate/Urartu Montanhas onde a arca de N o é parou após o grande dilúvio; a área d o lago Van na Turquia e Armênia: Gn 8.4/ Mapa p. 124. Araúna/Ornã O h o m e m de quem Davi c o m p r o u uma eira, local d o Templo: 2Sm 24.16SS.; l C r 21.15ss./pp. 312-313. Arca da Aliança Êx 25; I S m 4ss.; 2 S m 6 ; l C r l 5 — 1 6 / pp. 174, 178, 258, 268, 311. Veja " A arca perdida", p. 305. Arca de Noé Gn 6.14ss./p. 125. Areópago Paulo foi levado p e r a n t e o c o n c í l i o que costumava reunir-se nessa colina ( c o l i n a de Ares) e m Atenas: A t 1 7 / p. 658 Foto p. 660. Aretas Rei da Arábia: 2Co 11.32/p. 710. Argobe Parte d o reino de Ogue e m Basã, a leste d o Jordão: Dt 3; l R s 4.13. Aristarco C o m p a n h e i r o e colaborador de Paulo: A t 19.29ss.; Cl 4.10; Fm 2 4 / p. 726. Armadura Armadura de Deus: Ef 6 / p . 719. Fotos pp. 5 9 2 , 719 ( s o l d a d o s romanos). Veja também Armas de guerra. Armagedom Lugar de reunião para a grande batalha final (veja t a m b é m M e g i d o ) : A p 16.16. Armas de guerra Fotos pp. 262-263 ( f u n d a , a r c o , elmo), 301, 302 ("O cerco de Laquis"), 375, 431, 432 (assírios), 455, 500-501, 522 (arqueiros, elmo).
Arnom Rio que flui d o mar M o r t o para o leste; fronteira entre os amorreus e os moabitas: N m 21.13, e t c / M a p a p. 209. Aroer Cidade na margem norte d o rio A r n o m : Dt 2 . 3 6 , e t c ; 2Rs 1 0 . 3 1 / Mapa p. 104 C6. Arquelau F i l h o d e H e r o des, o Grande; rei da Judéia; M t 2 . 2 2 / p . 554. Veja "A família Herodes", pp. 627-628. Arqueologia Veja "Recriando o passado", pp. 30-35. AT: "Histórias da criação", pp. 117-118; "Histórias s o b r e d i l ú v i o s " , pp. 123-124; "Cidades da conquista", p . 228; "Vida sedentária", pp. 242-243; "As cidades fortificadas d o rei Salomão", p. 283; " O Obelisco N e g r o " , p. 296; "O Prisma d e Senaqueribe", p. 3 0 1 ; "O sítio de Laquis", p. 302; " O canal de Ezequias", p. 325. Veja também Assíria, Babilônia, Grécia, Pérsia. NT: o "barco de Jesus", p. 5 8 1 ; "Jesus e as cidades", p. 587; "Pilatos", p. 593; "Jerusalém na é p o c a d o Antigo Testamento", p. 630; "A cidade de Atenas", pp. 6 5 9 - 6 6 0 ; " G o v e r n o r o m a n o , cultura grega", pp. 6 7 0 - 6 7 3 ; "A c i d a d e de Roma", pp. 684-685; "A c i d a d e d e C o r i n t o " , pp. 696-697; "A cidade de Éfeso", pp. 716-717. Arquipo Cl 4.17; Fm 2 / p . 726. Arrependimento A b a n d o n o do p e c a d o e m favor d e Deus: 2Rs 17.13; 23.25; 2Cr 3 3 - l O s s . ; Jó 4 2 . 6 ; SI 5 1 ; 7 8 . 3 4 ; Is 1.1620; 55.6ss.; Jr 3.12-14; Ez 33.12ss.; Dn 9.3-20; Os 14.1ss.; Jl 2 . 1 2 - 1 4 ; Mt 3.2, 8; 11.20-21; M c 1.4; Lc 5 . 3 2 ; 1 3 . 3 , 5 ; 15.7,10,18-21; 24.47; At 2.38; 17.30; 2 0 . 2 1 ; 26.20; 2Co 7.10; H b 12.17; 2Pe 3.9; A p 2.5.
Artaxerxes Rei da Pérsia: Ed 4 . 7 S S . ; N e 2 . l / p .
334.
Ártemis Deusa dos efésios ( D i a n a p a r a os r o m a nos): At 1 9 / p p . 663-664 (com fotos). Veja também "A cidade de Éfeso", pp. 716-717. Árvores e plantas da Bíblia Veja a r t i g o ilustrado pp. 4 0 - 4 1 , e referências ali: fotos adicionais pp. 2 7 9 ( c e d r o ) , 5 1 2 , 591 (pragas/espinhos). Árvores genealógicas p p . 147 (Abraão e as 12 tribos), 267 ( D a v i ) , 628 (Herodes). Asa Rei d e Judá 911-870 a . C : l R s 15.8ss.; 2 C r 14.1ss./pp. 289, 320. Asael S o b r i n h o de Davi; m o r t o por A b n e r : 2Sm 2.18ss./pp. 264-265. Asafe L e v i t a ; l í d e r d o coral de Davi; mencionado nos títulos de alguns dos Salmos: l C r 15.17ss.; 25.1ss./p. 314. Asdode C i d a d e filistéia o n d e a A r c a da A l i a n ça ficou n o t e m p l o d e D a g o m : I S m 5; também 2Cr 26.6; Is 2 0 . 1 , e t c . / Mapa p. 104 A 5 . Aser 1 . O i t a v o filho d e Jacó; uma das 12 tribos de Israel: Gn 30.13. Árvore g e n e a l ó g i c a p. 1 4 7 . 2. Território da tribo de A s e r : Josué 1 9 . 2 4 - 3 1 / Mapa p. 235. Ásia Província romana da qual Éfeso era a capital; parte ocidental da Turquia m o d e r n a : A t 19, etc./ Mapa p. 680. Asquelom Cidade filistéia: Jz 1.18; I S m 6.17/Mapa p. 104 A 5 Foto p. 246. Assíria, assírios Vizinhos dos babilônios cujo território era o norte da M e s o p o tâmia. Durante o segundo milênio, a Assíria foi dominada pelos amorreus, e e n t r e cerca d e 1350 e 1100 a.C. construiu um estado poderoso que exerceu controle
até o M e d i t e r r â n e o . Em 8 8 3 a.C. A s s u r b a n í p a l II mudou sua capital de Assur para Kalhu (Calá bíblica, atual N i n r o d e ) . Seus sucessores, inclusive Salmaneser III (8588 2 4 ) , A d a d e - N i r a r i 111 ( 8 1 0 - 7 8 3 ) , Tiglate-Pileser III (ou Pui; 744-727), Salmaneser V (726-722), t o d o s os quais tiveram contatos com Israel, continuaram ali até Sargão II ( 7 2 1 - 7 0 5 ) fundar uma nova capital e m Dur-Sharrukin, atual Corsabad. Seu filho S e n a q u e r i b e (704-681) mudou a capital para N í n i v e , o n d e ela p e r m a n e c e u s o b Esar-Hadom ( 6 8 0 - 6 6 9 ) , Assurbanípal (668-627; p r o v a v e l m e n t e o Osnapar de Ed 4 . 1 0 ) e outros reis m e n o r e s , a t é sua destruição e m 6 1 2 a.C. p e l o s caldeus e medos. Veja "Os assírios", pp. 432-433. Invasões a Israel e Judá: 2Rs 15—19; 2Cr 32; Is 9—10; 3 6 - 3 7 / pp. 299-301, 324, 424, 431. Veja também " O Obelisco N e g r o " , p. 2 9 6 ; "O Prisma de Senaqueribe", p. 3 0 1 ; "O sítio de Laquis", p. 3 0 2 ; " O canal de Ezequias", p. 325. Mapas pp. 126, 300, 433 (Império A s s í r i o ) Fotos p p . 263, 286, 296, 2 9 9 , 301-302, 314, 326, 334, 362, 375, 401, 4 2 9 , 431-433, 467, 475, 482, 500-501. Assós Porto na costa oeste da atual Turquia: At 20.13/Mctpci p. 664. Assuero Rei da Pérsia que tornou Ester sua rainha: Ester/pp. 341-343. Assurbanípal Rei cia A s s í ria 668-627 a.C. Foto p. 327. Astarote Ishtar mesopotâmica; deusa mãe associada à fertilidade, ao amor e à guerra, c o m o o deus c a n a n e u B a a l . Foto p. 303.
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Asterote-Camaim C i d a d e saqueada por Quedorlaomer; capital de O g u e de Basã: Gn 14.5; Dt 1.4, e t c / M a p a p. 104 D 2 . Atália Filha d e J e z a b e l que se casou c o m Jorão de Judá e se apoderou d o trono após a morte de seu filho: 2Rs 11; 2Cr 2 2 / p p . 298, 322. Atália Porto da primeira v i a g e m m i s s i o n á r i a de Paulo, na costa sul da atual Turquia: A t 14.25/ Mapa p. 652. Atarote Cidade a leste d o Jordão: N m 3 2 . 3 / M a p a p. 104 C5. Atenas Centro cultural da civilização grega e cidade a c a d ê m i c a , o n d e Paulo pregou: At 1 7 / p . 658 Mapa p. 657 Foto p. 521. Veja "A cidade de Atenas", pp. 659-660 (com fotos). Atos dos Apóstolos P p . 643ss. Atrakhasis, Épico de Pp. 118, 123. Augusto Primeiro imperad o r r o m a n o , que o r d e nou o r e c e n s e a m e n t o que levou Maria e José a B e l é m : I.c 2 . 1 . Fotos pp. 534, 600, 6 9 7 . Veja Moedas. Azarias Veja Uzias. Azeca C i d a d e até a qual Josué perseguiu os amorreus: Js 10.10.
B Baal Deus c a n a n e u d o t e m p o , da guerra e da fertilidade. O desafio de Elias: l R s 1 8 / p p . 2 9 0 2 9 1 . Fotos pp. 15, 238, 240, 291, 306. Baasa Tomou o trono de Israel do filho de Jeroboão; reinou entre 909-886 a . C : lRs 15.16ss./p. 290. Babel L o c a l da g r a n d e torre associada à Babil ô n i a : G n 1 1 / p p . 125126 ( c o m figura de um zigurate).
Babilônia gem do tornou-se lônia, no
C i d a d e à marrio Eufrates; capital da BabiSul da Mesopo-
t â m i a : 2Rs
20.12SS.;
Jr
50, e t c / M a p a p. 456 Foto p. 457. Babilônia, babilônios Descendentes dos sumérios e acádios no sul da M e s o p o t â m i a ; sua capital era Babilônia. O rei mais c o n h e c i d o da primeira dinastia babilónica (século 18 a . C , por volta da época de A b r a ã o ) foi Hamurábi, autor de um f a m o s o c ó d i g o d e leis (veja p. 1 7 1 ) . Durante o início d o primeiro milênio a.C. os babilônios foram d o m i n a d o s p e l o s assírios. De 612 a 539 a.C. a dinastia neobabilônica ou caldeia dominou o oeste da Ásia. Os reis mencionados no AT são: Nabucodonosor (604-562), Amel-Marduque (EvilMerodaque bíblico; 561560), Nergal-Sar-Usar ( N e r g a l - S a r e z e r bíblico, Neriglissar no g r e g o ; 5 5 9 - 5 5 6 ) . A Babilônia ( e o Império Babilónico) caiu sob Ciro, o persa, e m 539 a.C. Veja "Os babilônios", pp. 456-457. Invasão a Judá: 2Rs 24—25; 2Cr 36; Jr 3 9 / p p . 3 0 3 305, 326-327, 425, 452. Mapa p. 4 5 6 ( I m p é r i o Babilónico), fofos pp. 7, 213, 304, 307, 326, 355, 436, 456-457,. 474, 4 8 2 . Veja também Exílio. Babilónicas, Crônicas p. 288. Fotos pp. 326, 456. Babilónico, Gênesis B 117. Balaão P r o f e t a c h a m a do por Balaque para amaldiçoar os israelitas: Nm 22.5—24.25/pp. 202-203. Balaque R e i m o a b i t a que contratou Balaão para a m a l d i ç o a r Israel: N m 22.5—24.25/pp. 202-203. Baraque U m d o s j u í z e s ;
com Débora, derrotou Sísera e os cananeus: Jz 4.6ss./pp. 2 2 1 , 240-241. Barnabé Levita de Chipre; escolhido com Paulo e m Antioquia para o serviço missionário: A t 4.36; 9.27; 12.25ss./pp. 646, 652, 654. Barrabás Ladrão libertado no lugar de Jesus: M t 27.16SS., etc. Bartimeu Cego curado por Jesus: M c 1 0 . 4 6 s s . / p . 586. Bartolomeu (Natanael) U m d o s 12 a p ó s t o l o s ( v e j a "Os d o z e discípulos d e Jesus", p. 5 5 7 ) : Mt 10.3, etc. Barzilai A m i g o l e a l d e Davi durante a rebelião de Absalão: 2Sm 17.27ss.; 1 9 . 3 1 s s . / p p . 274, 277. Basã Região leste d o mar da G a l i l e i a ; reino de O g u e ; famosa p o r seu gado: N m 21.33; 32.33, e t c / M a p a p. 104 C2. Bate-Seba Esposa de Urias, o heteu; Davi cometeu adultério c o m ela e depois se casou com ela; m ã e de S a l o m ã o : 2Sm 11—12; l R s 1—2/pp. 270-271. Beduíno Fotos pp. 24-25, 117, 134, 138, 199, 348, 354-355, 486. Veja também Nômades. Belém C i d a d e ao sul de Jerusalém; Rute se estab e l e c e u e t a n t o Davi c o m o Jesus n a s c e r a m ali: Rt 1; I S m 16; 2Sm 2 3 . 1 3 s s . ; M t 2 ; Lc 2 / Mapa p. 104 B5 Fotos pp. 24-25, 42, 47, 253, 269, 542, 550, 508. Belsázar Rei da Babilônia deposto pelos persas: Dn 5/p. 475. Beltessazar N o m e babilónico d a d o a Daniel: Dn 1.7/p. 474. Benaías U m dos oficiais de Davi responsável por proclamar Salomão rei: l R s 1—2/p. 277.
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Bênção e maldição Lv 26; Dt 27—28/pp. 189, 192, 211, 217. Veja Aliança. Ben-Hadade N o m e d e vários reis de Damasco: l R s 15.18ss.;20.1ss.;2Rs 6.24ss.; 8.7ss.; 13.3ss./p. 292. Benjamim 1 . D é c i m o s e g u n d o e último filho de Jacó; Raquel morreu ao dar à luz a ele; pai da tribo de Benjamim, t o m o u partido de Judá na divisão d o reino: Gn 3 5 . 1 8 ; 4 2 - 4 9 / p p . 146, 1 4 8 - 1 5 0 . 2. Território da tribo de Benjamim: Js 18.11-28/Mapa p. 235. Beréia Cidade no norte da Grécia onde Paulo pregou: At 17.10/Mapa p. 657. Berenice Irmã de Herodes A g r i p a I I ; estava junto quando ele ouviu a causa de Paulo em Cesaréia: At 25.13ss./p. 667. Berseba Cidade no extrem o sul de Israel, na rota comercial para o Egito: Gn 2 1 . 1 4 , 3 1 ; 26.23ss., e t c / M a p a p. 104 A6 Foto p. 147. Betânia Cidade de Marta, Maria e Lázaro nos arred o r e s de Jerusalém: Jo 11.1; 12.1/Míipa p. 526 B5 Foto p. 635. Bete-Horom (de baixo e de cima) Duas cidades perto do l o c a l da v i t ó r i a de Josué: Js 10.10/Mapa p. 104 B4. Betei Local d o sonho de Jacó; cidade sagrada que se t o m o u santuário oficial do Reino d o Norte, Israe l : Gn 2 8 ; Jz 20.18,26; I S m 7.16; l R s 12.28ss.; A m 7.10ss., e t c / M a p a p. 104 B4. Betesda/Betezata Tanque em Jerusalém onde Jesus curou um paralítico: Jo 5.2/Mapa p. 630 foto p. 626. Bete-Seã Cidade e m cujos muros os filisteus penduraram o c o r p o de Saul: I S m 31.10/Mapa p. 104 C3 Fofo p. 266.
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Bete-Semes L u g a r p a r a onde a Arca da Aliança foi depois de d e v o l v i d a pelos filisteus: I S m 6; 2Rs 14.1 l/Mapa p. 104 B5. Bete-Zur C i d a d e c o l o n i zada pelos descendentes de Calebe; fortificada por Roboão: l C r 2 . 4 5 ; 2Cr 11.7/Mapa p. 104 B6. Betfagé Lugar próximo a Betânia, de o n d e Jesus enviou discípulos para apanhar o jumento que o levaria a Jerusalém: M c 11. l/Mapa p. 526 155. Betsaida C i d a d e à margem d o mar da Galileia; c i d a d e natal d e F i l i p e , André e Pedro: Jo 1.44; Mc 8.22; Mt 11.2 l/Mapa p. 526 C2. Bezalel O artesão escolhido para construir o Tabernáculo e seus objetos: Èx 35.30ss. Bíblia Veja "Os livros da Bíblia", pp. 14-17; " O que é a Bíblia?", pp. 18-20; " I n t r o d u ç ã o a o Antigo Testamento", pp. 98-99; "O que é o N o v o Testamento?", p. 527. O Corão e a Bíblia: pp. 8688 Perspectivas culturais: pp. 80-82, 95 Formação da Bíblia: veja "Transmitindo a história", pp. 62-73 Bíblia hebraica: artigo pp. 68-69; 70, 9899; "Jesus e o Antigo Testamento", pp. 5 6 9 - 5 7 0 Perspectivas dos historiadores: veja "Nosso mundo — o mundo deles", p. 95; "Um historiador e x a m i na o N o v o Testamento", p. 650 Perspectivas dos cientistas: veja "A Bíblia do ponto de vista d e um cientista", pp. 9 2 - 9 4 ; "Um g e n é t i c o c o m e n t a " ( O nascimento d e uma v i r g e m ) , p. 5 9 6 ; " O s milagres d o N o v o Testamento", pp. 6 0 5 - 6 0 6 Tradução: pp. 74-76 Compreensão e interpretação: veja "Lendo a Bíblia", pp.
22-23; "Dicas para entender", pp. 46-59 Perspectivas femininas: veja "A Bíblia d o p o n t o de vista feminino", pp. 89-91; "Mulheres de fé", p. 143; "Uma história d o p o n t o d e vista f e m i n i n o " , p , 254; "Perspectivas femininas nos Evangelhos", p. 603. Veja também 'Jesus e o A n t i g o Testamento", pp. 5 6 9 - 5 7 0 ; " O A n t i g o Testamento no N o v o Testamento", pp. 742-743. Bíblia, Contexto Veja " A Bíblia e m seu contexto", pp. 26-43. Bíblia, Criticismo Veja " O texto e a mensagem", pp. 58-59; "Estudando os E v a n g e l h o s " , pp. 545-547. Bíblia, Leitura Pp. 22-23. Bíblia, Referências R 2 1 . Bilá S e r v a d e R a q u e l ; m ã e de Dã e Naftali: Gn 2 9 . 2 9 ; 3 0 . 3 , etc. Á r v o r e genealógica p. 147. Bildade Um dos três amigos de Jó: Jó 2.11, e t c . / pp. 35ss. Bitínia Província romana que fazia fronteira c o m o mar N e g r o : A t 1 6 . 7 / Mapa p. 680. Boaz Proprietário de terras de Belém que se tornou m a r i d o de Rute e ancestral de Davi: Rt 2 — 4 / p p . 252-253. Bons Portos Porto cm Creta na v i a g e m d e Paulo a R o m a : A t 27.8/Mapa p. 667. Bozra C i d a d e e m E d o m denunciada pelos profetas: Is 34.6, e t c / p . 431.
c
Cabanas, Festa das Veja "As grandes festas religiosas", p. 190. Fotos pp. 43, 632. Cades-Barnéia O á s i s n o d e s e r t o ao sul d e Berseba; Israel passou boa parte da peregrinação no deserto nessa região: N m
13.26; 20.1,14; 33.36, e t c ; Js 14.7/Mapa p. 166. Cafarnaum Cidade à margem d o mar da Galileia; terra natal de P e d r o e base d e Jesus d u r a n t e seu ministério: Mt 4.13; Mc 1.21; Lc 7.1-10; 10; 15, etc./Mapa p. 526 C2 Foto p. 579. Caifás S u m o s a c e r d o t e perante o qual Jesus foi julgado: Mt 26.3; Lc 3.2; Jo 18.13ss./pp. 590,639. Caim Filho mais velho de A d ã o e Eva; matou seu i r m ã o A b e l : Gn 4 / p p . 120-122. Calá Uma das principais cidades da Assíria, fundada por N i n r o d e : Gn 1 0 . l i / M a p a p. 300. Caldeia, caldeus C o m o os arameus se espalharam p e l o norte da Mesopotâmia, os caldeus ( p o v o s tribais aparentados) ocup a r a m os p â n t a n o s d o sul. A Caldeia era lar da família d e A b r a ã o (veja U r ) : Gn 11.28. Durante os século 9 c 8 a . C , os caldeus ganharam o controle da Babilônia diversas v e z e s ( c o m o c o m M e r o d a q u e - B a l a d ã , 2Rs 20.12ss.). Depois de uma longa luta com a Assíria, a dinastia dos caldeus se e s t a b e l e c e u ali e m 626 a.C. Mapa pp. 814-815. Calebe Enviado para espiar Canaã; d o s 12 espiões, somente ele e Josué recomendaram o avanço; na sua velhice, tomou posse de Hebrom e expulsou os anaquins: N m 13—14; Js 14—15/pp. 197, 235. Calendário de Israel Artigo Pp. 42-43. Cam Filho de N o é ; pai d e várias nações: Gn 5.32; 9.18ss.; 10.6ss./pp. 122, 125 Mapa p. 126. Caná Vila na Galileia onde Jesus transformou água em vinho: Jo 2.lss./Mapa p. 526 B2 Foto p. 624.
Canaã Filho de Cam, amaldiçoado por seu avô, Noé: Gn 9.18ss./ p. 122. Canaã, cananeus O p o v o habitante da Palestina e do sul da Síria, que tinha uma c i v i l i z a ç ã o urbana florescente no segundo m i l ê n i o a.C. A terra de Canaã era a "terra prom e t i d a " d e I s r a e l . Gn 11.31; N m 33.51ss., etc. A r e l i g i ã o corrupta dos cananeus, criticada no AI', é ilustrada e m textos do Ugarite (atual Ras Sham r a ) . O hebraico é um dialeto da língua cananéia (Is 19.18) e a língua ugarítica da mesma família é muito útil para entend ê - l o . Veja "Cananeus e filisteus", p. 2 3 1 ; "A terra prometida", pp. 214-215; "Cidades da conquista", p. 228; "Guerra santa", p. 234. Mapa pp. 814-815. Fotos pp. 152-153, 231, 236, 238, 240, 276, 291, 306, 444. Candelabro de sete hastes C o n s t a n t e m e n t e aceso para iluminar o Tabernáculo e o T e m p l o . Foto p. 177. Cânon das Escrituras Veja "A Bíblia hebraica", pp. 6869; "Uma lista aprovada — o 'cânon' das Escrituras", pp. 70-73. Cântico dos Cânticos P p . 403ss. Capadócia Província romana n o a t u a l leste da Turquia: At 2.9; l P c 1.1/ Mapa p. 680. Cários P o v o d e língua indo-europcia d o sudeste da Ásia Menor. Foram usados p e l o s israelitas c o m o t r o p a s mercenárias no século 9 a . C : 2Rs 11.4,19. Carmelo Monte na costa do mar Mediterrâneo; cenário da disputa entre Elias e os profetas de Baal: lRs 18.19ss.;2Rs 2.25; 4.25/ Mapa p. 104 B2 Fotos pp. 290, 774.
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Carne Carne e osso; mortais: G n 6 . 3 , 1 2 ; J ó 19.26; 3 4 . 1 5 ; SI 7 8 . 3 9 ; Is 40.5. A natureza pecaminosa: R m 7.13-25; 8; Gl 5.16-24. Carquemis Cidade às margens d o Eufrates no norte da Síria: ali Nabucodonosor da Babilônia venceu os egípcios: Jr 4 6 . 2 / p . 453 Mapa p. 456 Foto p. 326. Carta Fofo p. 677. Casa Fotos p p . 3 4 - 3 5 ( h e r o d i a n a ) , 132 ( U r ) , 231 ( c a n a n é i a ) , 2 3 2 , (filistéia), 242 (israelita), 523, 607 (dos ricos), 670 (helenista). Casamento e relacionamentos familiares Gn 2 . 1 8 24; PV (veja p. 3 9 8 ) ; M t 5.31ss.; 19; Mc 10; I C o 7; Ef 5.21— 6.4; Cl 3.182 1 ; I P e 3.1-7. Divórcio: Dt 24.1-4; Ed 9—10; Ml 2.10-16; Mt5.31ss.; 19.39; Lc 16.18; I C o 7.10-16. Celibato: Mt 19.10-12; I C o 7.7-9. Casamento e relacionamento de Deus com seu povo: Jr 3 ; Os 1—3; Ef 5. Fotos pp. 139 (contrato d e casamento), 406 (noiva iemenita). Cedro M a d e i r a usada na construção d o Templo do Rei S a l o m ã o . Fotos pp. 279, 281. Cedrom, Vale de Entre Jerusalém e o monte das Oliveiras; Davi o atravessou, fugindo de Absalão; Jesus o atravessou para ir ao Getsêmani: 2Sm 15.23; I R s 15.13; 2Rs 23.4; Jo 18.1 Mapa p. 630 Fofo p. 4 4 7 . Veja "Jerusalém na época d o N o v o Testamento" (com foto), p. 630. Cefas Veja Pedro. Ceia do Senhor M t 26; M c 14; Lc 2 2 ; Jo 1 3 — 1 4 ; I C o 1 1 . 1 7 - 3 4 / p p . 574, 635-636, 638. Veja "Páscoa e a Ultima Ceia", pp. 574-575. Cencréia Porto de Corinto: At 18.18; R m 16.1/Mapa p. 657.
Centurião Veja "Soldados romanos no N o v o Testamento", p. 592; Cornélio: At 10/pp. 649-650. Cerâmica Fotos pp. 30-32, 232, 242, 304, 708. Veja também Trabalho. Cerâmica, Fragmento de G e r a l m e n t e u s a d o nos t e m p o s bíblicos para escrever mensagens curtas. Foto p. 3 1 . César Imperador de Roma. Nos Evangelhos, Augusto ( L c 2 . 1 ) ou T i b é r i o ; em A t o s , C l á u d i o ; e m outras passagens, N e r o : Mt 22.17SS.; Jo 19.12ss.; At 17.7; 25.8ss.; Fp 4.22. Veja "A história d o N o v o T e s t a m e n t o " , pp. 5 3 6 5 3 7 . Fotos pp. 534, 697 (Augusto), 534 (Tibério), 6 8 4 ( C a l í g u l a c Vcspas i a n o ) , 754 ( N e r o ) , 766 (Domiciano). Cesaréia Cidade romana na costa da Palestina; residência d o s g o v e r n a d o res; cidade natal de Filipe e de Cornélio; lugar onde Paulo foi aprisionado: A t 1 0 . 1 1 ; 21.23/Mcipci p. 526 A 3 Fotos pp. 32-33, 479, 666, 690. Cesaréia de Filipe Cidade ao pé d o monte H e r m o m e na nascente d o Jordão; p e n o dali P e d i o fez sua g r a n d e confissão d e fé em Jesus c o m o Messias d e Deus: M t 16.13ss./ Mapa p. 526 C l Fotos pp. 83, 565. Céu A "casa" d e Deus; o mundo perfeito e invisível ( t a m b é m referente apenas ao f i r m a m e n t o ) : Dt 26.15; N e 9.6; Mt 5.45; 6.9; M c 13.32; I P e 1.4. "Novos céus e nova terra": Is 65.17SS.; 2Pc 3.10-13; A p 21—22. Chamado De Abraão: Gn 12ss./pp. 127ss. De Moisés: Êx 3 — 4 / p . 160. De Samuel: I S m 3 / p . 2 5 6 . De Isaías: Is 6/p. 4 2 1 . De Jeremias: Jr 1/pp. 440441. De Ezequiel: Ez 1—
3 / p . 4 6 2 . Chamado do profeta: pp. 409-410. Veja Doze apóstolos. Chipre, cipriotas A ilha de Chipre e seus habitantes, mencionados no A T pelo n o m e antigo d e "Elisa": Gn 10.4, Ez 2 7 . 7 . Aparece em outros documentos c o m o Alasia. Os cipriotas também são mencionados c o m o Quitim: Gn 10.4; N m 24.24. AT: C h i p r e n ã o aparece muito na Bíblia nesse período. O n o m e é mencionado c o m o ilha e m Is 23.1,12. Em Dn 11.30, é usado d c forma figurada para descrever Roma. NT: no N T a ilha d e Chipre a p a r e c e freqüentemente e m Atos. Terra dc Barnabé, foi visitada na primeira v i a g e m missionária de Paulo: A t 4.36; 13.4. Mupci p. 652 Fotos pp. 652, 750. Cilicia P r o v í n c i a r o m a na ( n o sul da atual Turq u i a ) , cuja c a p i t a l era T a r s o . N o AT, a Cilicia é mencionada como fonte dos cavalos para o c o m é r c i o entre S a l o m ã o e a Síria (veja " C o m é r c i o d e S a l o m ã o " , p. 3 1 9 ) : I R s 10.28-29; At 2 1 . 3 9 / Mapa p. 680. Cimerianos Povo da estepe que atravessou o Cáucaso nos séculos 8 e 7 a . C , enfrentando os assírios no noroeste da Pérsia, e devastando os reinos frígio e lídio na Ásia Menor. M e n c i o n a d o em Ez 38.6 ( G ô m e r ) e m associação com outros povos do norte (veja Frigia). Circuncisão Para os homens de Israel, o sinal de pertencer ao p o v o de Deus: Gn 17; Jo 5; At 15; R m 2—4; Gl 2/pp. 131, 135, 163, 5 2 9 , 654, 6 8 3 , 711-713. Cirene Na Líbia, N o r t e da África; cidade de Simão, que carregou a cruz d e
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Jesus: Mt 2 7 . 3 2 ; também At 2.10; 1 1 . 2 0 / Mapa p. 645. Ciro Rei da Pérsia que derrotou os babilônios e deixou os judeus voltarem do exílio: Ed 1.1—6.14; Is 4 4 . 2 8 s s . ; Dn 1.21/ pp. 3 2 8 - 3 3 0 , 435, 474. Veja "Os persas", pp. 480-481. Cisterna Reservatório para armazenar água. Fofo p. 452. Citações Citações do AT no NT, veja artigo pp. 742743; também p. 741. Citas P o v o n ô m a d e da e s t e p e , parte d o qual seguiu os cimerianos pelo Cáucaso d o Sul da Rússia até o Noroeste da Pérsia no s é c u l o 7 a . C , onde se tornaram vizinhos e aliados d o povo de Mini. Essa associação é refletida e m Jr 51.27 onde os reinos de Ararate (urartianos), Mini e Asquenaz ( c i t a s ) são c o n v o c a d o s contra a Babilônia. Por um t e m p o e l e s f o r a m rivais dos medos, mas por fim se tornaram parte de seu império e d o império seguinte de Aquemenides. A maior parte dos citas permaneceu no Sul da Rússia. Fofo p. 522 (arqueiros). Civilizações Veja "Fazendo associações — a Bíblia e a história d o mundo", pp. 26-27. Cláudio I m p e r a d o r d e Roma: A t 11.28; 18.2/pp. 651, 658 Foto p. 651. Cláudio Lísias T r i b u n o m i l i t a r e m Jerusalém; prendeu Paulo: At 21.31—23.30. Clemente Cristão filipense; colaborador dc Paulo: Fp 4.3. Cleopas U m d o s d o i s homens que Jesus encont r o u na e s t r a d a para Emaús após a ressurreição: Lc 24.13ss. Coate, coatitas F i l h o d e
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Levi e ancestral de M o i - e v a n g e l h o : A t 1 0 / p p . sés. Cabeça de uma das 649-650. três famílias levíticas — Cotidiano Veja Trabalho. os coatitas: Êx 6.16ss.; Crescente Companheiro de N m 3 / p p . 193-194. Paulo; enviado à Galácia: Códice Veja " D o r o l o a o 2Tm 4.10. livro", p. 7 1 . Sinaüico Creta, cretenses A ilha d e (com foto): p. 71. Alexan- Creta e seus habitantes, drino (com f o t o ) : p . 72. centro da g r a n d e civiliCodornizes Anotação e foto zação minóica no terceip. 196. ro e segundo milênio a.C. Colheita Fotos pp. 4 2 , 190, N o AT, Creta é m e n c i o 253, 312-313, 376, 484- nada c o m o "Caftor": Gn 485, 730. 10.14; Dt 2 . 2 3 . A c r e d i Colossenses, Epístola aos Pp. ta-se que os filisteus vie723ss. ram da área sob controle Colossos Cidade no atual cretense: Jr 47.4; A m 9.7. s u d o e s t e da T u r q u i a ; A civilização minóica d e Paulo e s c r e v e u uma Creta não sobreviveu carta à igreja dessa cida- às revoltas d o P o v o d o de: Cl 1.2/p. 723 Mapa Mar d o final d o segundo p. 680 Foto p. 723. milênio a.C. (veja "CidaCompiladores da Bíblia Veja des da conquista", p. 228 Editores da Bíblia, Cânon e "Cananeus e filisteus", das Escrituras. p. 2 3 1 ) e no p r i m e i r o Concílio de Jerusalém At 1 5 / m i l ê n i o Creta era simp. 654. plesmente parte da área Conquista de Canaã Js 5ss./ cultural grega. AT: O A T pp. 227ss. Veja "A terra fala de alguns cretenses, prometida", pp. 214-215; os "queretitas", que se "Cidades da conquista", instalaram perto dos filisp. 228; "Guerra Santa", teus no sul da Palestina. p. 234. Alguns, c o m o os filisteus, Contos dos dois irmãos P uniram-se às tropas mercenárias ("guarda real") 148. Corá Levita que, c o m Datã de Davi. I S m 30.14; 2Sm e Abirão, conspirou con- 8.18; 15.18; 20.7, e veja l R s 1.38,44. A T : Judeus tra Moisés e A r ã o e foi d e s t r u í d o : N m 1 6 / p . de Creta ouviram o serm ã o de Pedro no dia de 197. Pentecostes; posteriorCorazim Cidade na Galileia que Jesus condenou por mente Tito ficou encarresua i n c r e d u l i d a d e : M t g a d o da igreja cretense: A t 2 . 1 1 ; T t 1.5/pp. 645, 11.2 l/Mapa p. 526 C2. 737 Mapa p. 737. Co-regências Veja "Examinando a cronologia dos Criação e providência p p . 108-110, 115-116. Gn reis", pp. 287-288. 1—2; Jó 38—42.6; SI 8; Coríntios, Epístola aos P p . 3 3 . 6 - 2 2 ; 104; Is 4 0 . 2 1 694ss., 706ss. Corinto Veja artigo ilustra- 2 6 ; M t 6 . 2 5 - 3 3 ; A t 1 4 . 1 5 - 1 8 ; R m 1.18-23; do "A c i d a d e d e Corin8.18-23; 13.1-7; Cl 1.15to", pp. 696-697. Cidade importante d o sul da Gré- 20; H b 1.1-3. Veja também "Deus e o universo", cia, onde Paulo fundou uma igreja: A t 18/p. 658 p. 379. Para a nova criaMapa p. 657 Fotos pp. ção, v e j a V i d a ; para os novos céus e nova terra, 695, 699-700, 705. Cornélio Centurião roma- veja Céu. no a cuja casa Pedro foi Criação, Cuidado pela Veja e n v i a d o para p r e g a r o "Pessoas c o m o adminis-
t r a d o r a s d e Deus", p. 119. Crispo C o n v e r t i d o e m Corinto e batizado por Paulo: At 18.8; I C o 1,14. Crítica V e j a Bíblia, Criticismo. Crônicas, Livros de p p . 308ss. Cronista p p . 2 2 3 - 2 2 4 , 308. Cronologia dos reis A r t i g o pp. 287-288. Cronologias " F a z e n d o a s s o c i a ç õ e s — a Bíblia e a história d o mundo", pp. 2 6 - 2 7 ; " A Bíblia no seu t e m p o " , pp. 2 8 - 2 9 ; "A h i s t ó r i a d o A n t i g o Testamento", pp. 100103; " R e i s d e I s r a e l e Judá", pp. 3 0 6 - 3 0 7 ; "Os judeus sob o g o v e r no persa", p. 3 2 9 ; "Os profetas mais importantes", p. 4 1 1 . "Os profetas n o seu c o n t e x t o " , pp. 414-415; "Principais a c o n t e c i m e n t o s da vida d e J e r e m i a s " , p. 4 4 3 ; "Governadores da Palestina d u r a n t e o p e r í o d o íntertestamentário", pp. 520; "A história d o N o v o Testamento", p p . 5365 3 7 ; "Atos", p. 6 4 3 . "As Epístolas d o N o v o Testamento", p. 6 8 0 . Crucificação Veja J e s u s Cristo. Cuneiforme A escrita e m forma de cunha da Mesopotâmia antiga (sumeriana, babilónica, assíria). Fotos pp. 117, 123, 132133, 139, 237, etc. Cusã-Risataim Opressor de Israel na época dos juízes: Jz 3.7ss./pp. 239-240. Cuxe O Sudão: Gn 10.6, e t c / M a p a p. 126.
D Dã 1. U m d o s 12 filhos d e Jacó e ancestral da trio d e Dã. G n 30.5-6, etc. A r v o r e g e n e a l ó g i c a
p. 147. 2. Território da tribo de Dã; c i d a d e no e x t r e m o sul de Israel na qual J c r o b o ã o estabel e c e u um santuário: Js 19.40SS.; Jz 17—18; lRs 1 2 . 2 5 s s . / p p . 2 3 5 , 249 Mapas pp. 104 C l , 235 Foto p. 286. Dalila Mulher filistéia que traiu Sansão: Jz 1 6 / p . 2 4 6 . Veja "Entendendo Juízes", p. 248. Dalmácia Província romana no nordeste d o mar Adriático, onde Tito pregou: 2 T m 4.10/Mapa p. 680. Damasco C i d a d e import a n t e da Síria; lar de N a a m ã , ajudado por Eliseu; d e n u n c i a d a pelos profetas; a caminho de Damasco para perseguir a igreja, Paulo foi conv e r t i d o : Gn 15.2; 2Rs 5; 8; Is 17; A t 9, etc. Foto p. 649. Damasco, Estrada para Conversão de Paulo: At 9; 22; 2 6 / p . 648. Daniel Levado ao cativeiro na Babilônia ainda jovem e treinado para o serviço na c o r t e ; intérprete de sonhos e visionário; um dos grandes heróis do AT: Daniel/pp. 473ss. Daniel, Livro de Pp. 473ss. Dario 1. D a r i o , o medo, q u e subiu ao trono da Babilônia após a morte de Belsázar; conhecido apenas pelo livro de Daniel: Dn 5.31/p. 476. 2. Dario I, rei da Pérsia, sob quem o T e m p l o de Jerusalém foi reconstruído: Ed 4— 6; A g 1.1; Zc 1.11/pp. 329, 3 3 1 ; "Os persas", pp. 480-481 (com foto). Foto p. 3 4 2 . 3. Dario II: N e 12.22. Datã R e b e l o u - s e contra Moisés c o m Corá e Abirão; N m 1 6 / p . l 9 7 . Davi M e n i n o pastor que se t o r n o u o segundo rei de Israel e fundou a linhagem real da qual o
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Messias nasceria; c o m positor/colecionador de muitos dos Salmos: I S m 16—lRs 2; l C r 11—29/ pp. 261ss., 310ss. Veja "Davi", pp. 269-271. A r v o r e g e n e a l ó g i c a p. 267. Rei ungido: I S m 16. Davi e Golias: I S m 17. Davi e Jonatas: I S m 18— 20. O foragido: I S m 19— 31. Lamento de Davi: 2Sm 1. Conquista de Jerusalém: 2Sm 5. A arca levada a Jerusalém: 2Sm 6; l C r 15. Promessa de Deus de uma dinastia eterna: 2Sm 7; l C r l 7 . Bate-Seba: 2Sm l l s s . Rebelião de Absalão: 2Sm 15—18. Preparativos para o Templo: l C r 22ss. Ascensão de Salomão; morte de Davi: l R s 1.1—2.11; l C r 29. Débora Profetisa e juíza na época dos juízes; uniu-se a Baraque para derrotar Sísera: Jz 4 — 5 / p p . 2 2 1 , 240-241. Decápolis Ou Dez Cidades. Grupo de cidades livres, localizadas ao sul d o mar da Galileia e a leste d o rio Jordão: Mt 4.25; M c 5.20; 7.3l/Mapa p. 526 C3. Dedã, dedanitas Povo descendente de N o é . Já por volta d o século 7 a.C. os dedanitas prosperavam com sua posição na rota comercial que ia para a Arábia: veja Is 21.13; Jr 25.23; Ez 25.13; 38.13. N o século 5 a.C. aproxim a d a m e n t e , os m i n e u s fundaram uma c o l ô n i a mercantil e m Dedã, e por volta d o século 1 a.C. se tornou parte d o domínio nabateu. Mapa pp. 814-815. Dedicação, Festa da Veja "As grandes festas religiosas", p. 191. Foto p. 4 3 . Demas C o l a b o r a d o r d e Paulo que,' n o f i n a l , o abandonou: Cl 4.14; 2 T m 4.10/pp. 726, 736. Demétrio 1. A r t í f i c e d e
Éfeso: A t 19.24. 2. Cristão r e c o m e n d a d o por João: 3Jo 1 2 / p . 7 6 1 . Derbe Cidade na atual Turquia visitada por Paulo na primeira e segunda viagens missionárias: A t 14; 16.1; 20.4/Mapa p. 652. Deus U m D e u s q u e se revelou e m três pessoas: Pai, Filho (Jesus Cristo) e Espírito Santo: Dt 6.4; Gn 1.1-2 e J o 1.1-3; Jz 14.6, e t c ; Is 40.13; 45.18-22; 61.1; 63.10, e t c ; Mt 28.19; Jo 14.15-26; 2Co 1 3 . 1 4 ; Ef 2 . 1 8 ; 4 . 4 - 6 ; 21S 2.1.3-14; I P e 1.1-2. A "diferença"de Deus: o Espírito eterno; o Criador: Gn 1—2; Dt 33.26-27; l R s 8.27; Jó 38ss.; SI 8; 100; 104; Is 40.12-28; 55.9; Jo 4.23-24; R m 1.19-20; A p 1.8. O poder de Deus: Gn 1 7 . 1 ; Ex 3 2 . 1 1 ; N m 24.4; Jó 4 0 . 1 — 4 2 . 2 ; Is 9.6; 45-46; Dn 3.17; M t 2 6 . 5 3 ; Jo 1 9 . 1 0 - 1 1 ; A t 12; A p 19.1-16. Conhecimento de Deus: Gn 4.10; Jó 2 8 . 2 0 - 2 7 ; SI 1 3 9 . 1 6; Dn 2.17-23; M t 6.78; Jo 2.23-25; 4.25-29; Ef 1.3-12. A onipresença de Deus: Gn 28.10-17; SI 1 3 9 . 7 - 1 2 ; Jr 2 3 . 2 3 - 2 4 ; At 17.26-28. Santidade e justiça de Deus: Êx 20; l.v 11.44-45; Js 24.19-28; SI 7; 25.8-10; 99; Is 1.12ss.; 6.1-5; Jo 17.25-26; R m 1.18—3.26; Ef 4.17-24; Hb 12.7-14; I P e 1.13-16; U o 1.5-10. Amor e misericórdia de Deus: Dt 7.613; SI 2 3 ; 2 5 ; 3 6 . 5 - 1 2 ; 103; Is 4 0 . 1 - 2 , 2 7 - 3 1 ; 41.8-20; 43; Jr 31.2-14; Os 6; 1 1 ; 14; Jo 3.16-17; 10.7-18; 1 3 . 1 ; 14.15-31; 15.9, 12ss.; R m 8.35-38; Gl 2.20; Ef 2.4-10; U o 3.1-3,16; 4.7-21. , Deuses pagãos Veja ídolos. Deuterocanõnicos, Livros pp. 16, 7 0 ; a r t i g o p p ; 515-520. Deuteronômio, Livro de P 205. Dez Cidades Veja Decápolis.
Dez Mandamentos Êx 20; Dt 5/pp. 168-169, 209-212. Veja " U m estilo de vida: os D e z M a n d a m e n t o s " , pp. 170-172. Dia do Senhor Está c h e gando o dia (AT: "aquele dia", "o dia d o Senhor") cm que Deus j u l g a r á a todos; q u a n d o todas as suas gloriosas promessas a seu p o v o se cumprirão nos n o v o s céus e nova t e r r a : Is 2 — 4 ; 6 5 . 1 7 25, e t c ; D n 12.1-3; Jl; A m 5; Sf; M t 2 4 — 2 5 ; A t 1.6-11; I C o 3.10-15; 15.20-28,35-58; A p 19— 2 2 . Veja t a m b é m C é u , Jesus Cristo ( R e t o r n o e Ressurreição). Diana Veja Ártemis. Diáspora Veja Dispersão. Dibom C i d a d e m o a b i ta: N m 21.30; 32.34; Is 15.2/Mapa p. 104 C6. Dilúvio, histórias do dilúvio Gn 7 — 8 / p p . 122, 125; artigo pp. 123-124. Diná Filha de Jacó, cujo estupro por Siquém foi cruelmente v i n g a d o por Simeão e Levi: Gn 3 4 / p . 146. Dinheiro Veja "Jesus e o d i n h e i r o " , pp. 5 6 6 - 5 6 7 (com foto). Veja também Ofertas, Dízimo. Fotos — veja Moedas. Dionísio M e m b r o d o concílio d o A r e ó p a g o e m Atenas que se tornou cristão: At 17.34. Diótrefes Líder eclesiástico interesseiro denunciado por João: 3Jo 9-10/p. 761. Discípulos de Jesus Veja Doze apóstolos. Dispersão Judeus v i v e n do e m colônias fora da Palestina. Veja "A dispersão judaica", p. 753. Divisa, marcos Fotos pp. 213, 482. Divisão das terras entre as 12 tribos, após a conquista de Canaã: Js 1 3 — 2 1 / pp. 235 ( c mapa). Divisão do reino Cisão após
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o reinado de Salomão que resultou n o Reino do N o r t e ( I s r a e l ) e no Reino d o Sul (Judá): l R s 12; 2 C r 1 0 / p p . 285 ( e mapa), 319. Divórcio Veja C a s a m e n to e relacionamentos familiares. Dízimo O c o s t u m e de cada indivíduo devolver a Deus, a cada ano, dez por c e n t o d o g a d o e da colheita d o ano; recebido pelos levitas e m Jerusalém: Gn 14.17-20; Lv 2 7 . 3 0 - 3 3 ; N m 1 8 ; Dt 14; Ml 3 . 8 - 1 2 / p p . 2 1 3 , 514. Doegue Servo edomita de Saul que lhe disse que Aimeleque ajudara Davi: ISm 21.7; 22.9ss./p. 263. Dons espirituais Veja artig o p. 703; I C o 12—14; t a m b é m R m 12.4-8; Ef 4.7-16/p. 702. Dor Cidade cananéia no n o r t e da Palestina: Js 11.1-2; l R s 4.1 l/Mapa p. 104 B3. Dorcas (Tabita) Mulher reconhecida por suas boas obras, a quem Pedro ressuscitou dos mortos: A t 9.36ss. Dota Local onde os irmãos de José o venderam aos midianitas; ali Eliseu foi salvo d o cerco do exército sírio: Gn 37.17; 2 R s 6 / Mapa p. 104 B3. Doze apóstolos Veja "Os doze discípulos de Jesus", p. 557. Chamado e missão: M t 10; M c 3; 6; Lc 6; 9; Jo 1.35ss./pp. 560561, 582, 584, 604, 607, 623-624. Drusila Esposa judia d o g o v e r n a d o r Félix, que ouviu a causa de Paulo: At 24.24/p. 667.
E Ebal Montanha próxima a Siquém na qual se pro-
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nunciava maldição sobre aqueles que v i o l a v a m a lei: Dt 11.29; Js 8 . 3 0 / Mapa p. 104 B4. Ebede-Meleque Servo etíope de Zedequias que salvou a vida de Jeremias: Jr38; 39.16ss./p. 452. Eclesiastes, Livro de P p . 400ss. Ecrom Uma das cinco cidades dos filisteus, o n d e a Arca da Aliança foi mantida; denunciada pelos profetas: I S m 5.10; Jr 25.20, e t c / M a p a p. 104 A5. Éden J a r d i m q u e foi o berço da raça humana, na Mesopotâmia: Gn 2.8. Editores da Bíblia Veja " O trabalho d o s e d i t o r e s " , pp. 66-67 e p. 547. Edom, edomitas Área montanhosa ao sul d o mar Morto ocupada pelos descendentes de Esaú: Gn 32.3. Os edomitas eram os v i z i n h o s a o sul d o s moabitas, cujo t e r r i t ó rio ficava principalmente a leste do W a d i Arabah. Como os moabitas, eles recusaram passagem aos israelitas na é p o c a da conquista: N m 20.14ss. As hostilidades continuaram entre os edomitas e os israelitas: I S m 14.47, e t c ; Is 34.5ss., etc. N o século 6 a . C , depois da queda de Jerusalém, muitos m i g r a r a m d e Judá para o sul, e foram seguidos por outros nos séculos seguintes, quando seu território se tornou parte do reino nabateu (veja Arábia). O sul da Judeia passou a ser chamado dc Iduméia, e os habitantes, de idumeus: IMacabeus 4.29; 5.65; M c 3.8. Os Herodes que governaram a Judeia nos tempos d o N T eram idumeus. Veja "A família H e r o d e s " , p. 627. Mapa pp. 814-815 Fotos pp. 203, 323, 495. Edrei Cidade onde O g u e
foi derrotado: N m 2 1 . 3 3 / Mapa p. 104 D3. Efésios, Epistola aos P p . 714ss. Éfeso Veja artigo ilustrado "A cidade de Éfeso", pp. 716-717. Capital da p r o v í n c i a r o m a n a da Ásia (Turquia ocidental); i m p o r t a n t e c e n t r o da igreja primitiva: At 18.19; 19; 20.17; Ef 1.1; A p 2.17 / p p . 6 6 2 - 6 6 4 Mapa p. 657 Fotos pp. 6 6 3 , 6 7 2 , 700, 713, 715, 718, 736, 764, 765. Efraim 1. Filho de José; a n c e s t r a l da t r i b o d e Efraim: Gn 41.52; 48.13ss. e t c / p . 151. Árvore genealógica p. 147. 2. Território da tribo d c Efraim. Js 1 6 . 4 - 1 0 , e t c / M a p a p. 235. Efrata Belém: M q 5.2. Efrom H i t i t a d e q u e m Abraão comprou a caverna de Macpela: Gn 2 3 . Egito, egípcios Veja "Egito", pp. 154-158. A civilização altamente desenvolvida do Egito se equiparava à da M e s o p o t â m i a . Quand o A b r a ã o t e v e contato com o Egito, no período do Reino M é d i o (cerca de 2100-1800 a . C ) , sua civilização já tinha mais dc 1.000 anos. Foi provavelmente entre 1800 e 1600 a.C. que José e seu p o v o se instalaram ali: Gn 46Êx 14/pp. 155ss. O ê x o d o ocorreu no Reino N o v o (cerca de 1600-1100 a . C ) , p r o v a v e l m e n t e na época d o Faraó Ramsés I I . Israel é m e n c i o n a d o c o m o uma das n a ç õ e s na Palestina no monólito de vitória de seu sucessor Merncptah (cerca dc 1208 a.C.;/oto p. 3 1 ) . Já no primeiro milênio a . C , os grandes dias da civiliz a ç ã o egípcia já haviam acabado. Uma nova tentativa de conquista asiática foi feita no século 10 por Sheshonq 1 (Sisaque
b í b l i c o ) ; l R s 11.29-40; 14.25-26. S a l o m ã o f e z comércio com o Egito no m e s m o século e também casou c o m uma filha d o F a r a ó . E m b o r a os reis e g í p c i o s t e n h a m intervindo na Palestina e Síria p o s t e r i o r m e n t e , o Egito já era um "caniço quebrado": 2Rs 18.21; 19.9 — veja Etiópia; 2 3 . 2 9 ; 24.1-7; Is 36.6; Jr 37.519; 46.1-26; Ez 17.11-21. O país se tornou sucessivamente parte dos impérios persa, helenista e r o m a n o . Fotos pp. 3 1 , 101, 106, 149-158, 163165, 194, 315, 393. Eglom 1. Rei de M o a b e morto por Eúde; Jz 3 / p . 2 4 0 . 2. C i d a d e destruída por Josué: Js 1 0 . 3 4 / Mapa p. 233. Elá 1. N o m e d e v á r i o s i n d i v í d u o s , particularmente o filho de Baasa, rei d e I s r a e l 8 8 6 - 8 8 5 a . C , assassinado por Zinri: l R s 1 6 / p . 290. 2. Vale o n d e Davi m a t o u Golias: I S m 17.2/ Mapa p. 104 B5. Elão, elamitas País a leste dos sumérios e babilônios (Elão — atualmente uma província d o I r ã ) , cuja capital, Susã, se tornou i m p o r t a n t e sob persas, sucessores dos elamitas: Gn 14.1; N e 1.1; Is 21.2, etc. Peregrinos d o Elão e s t a v a m e m Jerusalém em Pentecostes: A t 2 . 9 / Mapa p. 645. Elate/Eziom-Geber Colônias na extremidade norte d o golfo de Acaba; ali Salomão construiu sua frota: Dt 2.8; l R s 9.26, e t c . / Mapa p. 319. Elcana Pai d e S a m u e l : ISm 1. Eleazar F i l h o d e A r ã o ; sacerdote c o n s a g r a d o e encarregado dos levitas: Êx 6.23; L v 10; N m ; Js 14.1, etc. Eleição Escolha divina d e
pessoas ( v e j a pp. 110, 692): Rm 9.18ss. Escolha de indivíduos por Deus para um propósito ou trabalho específico: Gn 12.12; Êx 3; I S m 3; Is 6; 45; 49; Jr 1. Escolha de um povo por Deus: Dt 7.6ss.; Rm 8.28-30; I C o 1.27ss.; Ef 1.4-12; I P e 1.2; 2.9. Eli Sacerdote e juiz de Siló que p r e c e d e u S a m u e l : ISm 1—4/pp. 255-258. Eliaquim N o m e d e vários indivíduos, sendo o mais n o t á v e l o mordom o da casa d e Ezequias que negociou com os oficiais dc Senaqueribe: 2Rs 18.18ss.; Is 36. Elias Um dos maiores profetas d e Israel, contemp o r â n e o d e A c a b e : lRs 17—2Rs 2 / p p . 290ss. A seca: l R s 17. Disputa com os profetas de Baal: lRs 18. O "cicio tranqüilo e suave": l R s 19. A carruagem de fogo: 2Rs 2. Aparição na transfiguração de Cristo: M c 9.4ss. Eliasibe Sumo sacerdote na é p o c a d e N e e m i a s ; participou da reconstrução dos muros da cidade; mais tarde fez concessões com os inimigos de Neemias: N e 3.1. Eliézer N o m e d e vários i n d i v í d u o s , particulaYmente o principal servo e h e r d e i r o a d o t i v o de Abraão: Gn 15.2. Elifaz U m d o s a m i g o s d e Jó: Jó 2 . 1 1 , etc./pp. 305ss. Elimas Mágico que se opôs a Paulo e Barnabé em Chipre: A t 13/p. 652. Elimeleque M a r i d o de N o e m i : Rt 1.2. Eliseu Sucessor de Elias c o m o profeta d e Israel: lRs
19.16SS.; 2Rs
2—9;
13/pp. 293ss. Eliseu e a mulher sunamita. 2Rs 4. A cura de Naamã: 2Rs 5. Eliú Jovem indignado da história de Jó: Jó 32.2ss./ p. 357.
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Emaús N o dia da sua ress u r r e i ç ã o Jesus a p a r e ceu a dois discípulos no caminho para essa vila: Lc 24.13. Encarnação Deus se tornou um de nós: Mt 1—2; Lc 1—2; Jo 1.1-18; Rm 8.3; Fp 2 . 6 - 1 1 ; Cl 1.13-22; Hb 1—2; 4 . 1 4 — 5 . 1 0 ; U o 1.1—2.2. Veja '"Deus c o n o s c o ' — a encarnação", pp. 551-552. En-Dor L u g a r no N o r t e de Israel onde Saul consultou a m é d i u m : I S m 28.7/Mctpa p. 104 B3. En-Gedi Fonte de água doce nos montes áridos a oeste do mar M o r t o ; esconderijo de Davi quando este estava foragido p e l o Rei Saul: I S m 23.29; 24.1ss. Mapa p. 104 B6 Fotos pp. 263, 270. Enom, perto de Salim O n d e João batizava: Jo 3 . 2 3 / Mapa p. 634. Enoque D e s c e n d e n t e d e Sete, filho d e A d ã o , que a n d o u c o m Deus e foi l e v a d o à sua presença sem morrer: Gn 5.18-24/ p. 122. En-Rogel Fonte p e r t o de Jerusalém; ali Jonatas e Aimaás aguardaram notícias d e Absalão; Adonias b a n q u e t e a v a ali quando Salomão foi coroado: 2Sm 17.17; l R s 1.9. Epafras A m i g o e colaborador de Paulo: Cl 1.7, etc./ p. 724. Epafrodito Cristão e n v i a do a Paulo pela igreja filipense: Fp 2.25ss./pp. 721-722. Épico de Gilgamés pp. 123124 (com f o t o ) , 432. Epicureus A t 1 7 . 1 8 / p p . 658, 676. Epístolas (Cartas) do Novo Testamento R o m a n o s a Judas/pp. 681ss. Introdução pp. 674-680. Epônimos, Listas de P 288. Erasto 1. A s s i s t e n t e d e Paulo; e n v i a d o à M a c e dónia c o m T i m ó t e o : A t
1 9 . 2 2 ; 2 T m 4 . 2 0 . 2. Administrador da cidade de C o r i n t o : Rm 1 6 . 2 3 / p. 693. Veja "A cidade de Corinto", p. 696. Foto p. 697. Ereque Cidade na Babilônia: Gn 10.10; Ed 4.9. Esar-Hadom Sucedeu Senaqueribe c o m o rei da Assíria: 2Rs 19.37. Esaú F i l h o d e I s a q u e e Rebeca; irmão g ê m e o d e Jacó; enganado, vendeu seu direito de filho mais v e l h o e perdeu sua bênção: Gn 25.25ss.; 2728.9; 32-33; 3 6 / p p . 140, 142, 144-146. Escol Vale d o qual os espiões trouxeram uvas: N m 13.23. Escravos Mestres e escravos no Antigo Testamento: Êx 2 1 ; L v 2 5 , Dt 15; Jr 34. Mestres e servos nos Provérbios: p. 3 9 8 . Jesus, o servo ( v e j a t a m b é m os Cânticos d o Servo e m Is 4 2 — 6 1 ) : M t 2 0 . 2 8 ; Jo 1 3 . 1 - 1 7 . Cristãos como escravos de Cristo: M t 20.26-28; R m 1.1, e t c ; Fp 2.3-8. Mestres e escravos no Novo Testamento: Ef 6.5-9; Cl 3 . 2 2 — 4 . 1 ; l T m 6.1-2; Fm; I P e 2.18ss. Fotos pp. 4 6 7 , 739. Escribas Artigo pp. 64-65; "O escriba", p. 332. Fotos pp. 65, 332 (atualidade), 2 9 9 ( a s s í r i o ) . NT: veja Fariseus e escribas. Escrita Fotos pp. 31 ( d e m ó t i c o c hieróglifos egípcios), 3 2 , 43, 64, 65, 98, 3 0 4 ( h e b r a i c o ) , 7 1 , 72, 73, 546 ( g r e g o ) , 74 ( c o p t a ) , 525 ( c a n e t a s , e t c ) , 761 ( m u l h e r c o m tábua para escrever). Veja também Cuneiforme, Hieróglifos, Inscrições. Esculápio, Culto a P. 673. Esdras Sacerdote e escriba q u e retornou a Jerusalém com uma companhia d e e x i l a d o s ; responsável pelo cumprimento
d a lei j u d a i c a : Ed 7— 10; N e 8—9/pp. 328ss., 337-339. Esdras, Livro de Pp. 328ss. Esmirna Atual izmir, na Turquia; cidade d e uma das sete igrejas às quais João escreveu: A p 1.11; 2.8-1 l/Anotação, mapa e foto p. 765. Espelho Foto p. 702. Esperança A e x p e c t a t i v a confiante que v e m p o r meio da fé e m Deus. R m 4.18; 5.1-5; 8.24-25; 12.12; 15.4; I C o 13.13; 15.19SS.; Cl 1.5,27; I P e 1.3ss.; Hb l l . l s s . Espiões Doze espiões enviados por Moisés a Canaã: N m 13—14/pp. 196-197. Raabc c os dois espiões: Js 2 / p p . 225-226. Espírito M e n t e , c o r a ç ã o , v o n t a d e ; espírito c o m o forma distinta ou oposta à "carne" (veja acima; veja t a m b é m Espírito S a n t o ) : 2Rs 2 . 9 ; Jó 3 2 . 1 8 ; SI 3 1 . 5 ; 3 4 . 1 8 ; 51.10; Is 26.9; 3 1 . 3 ; Ez 37.1-10; M t 5.3; 2 6 . 4 1 ; Jo 3.6; 4.23-24; R m 2.29; 8; I C o 2.11ss.; Gl 5.1625; Ef 4.23. Espírito Santo U m c o m Deus Pai e Jesus Cristo, ativo no m u n d o , princip a l m e n t e através d o e no p o v o d e Deus. Natureza e pessoa: Gn 1.1-2; 2Sm 2 3 . 2 - 5 ; SI 139.712; M t 12.25-32; 28.19; Jo 14.15-17; 15.26-27; At 5.1-3; 20.28; Rm 8.911; 2 C o 3.15-18; 13.14; Ef 4 . 2 9 - 3 1 . Obra: Êx 31.3; Jz 3.10; 14.6, e t c ; SI 5 1 . 1 0 - 1 2 ; Is 11.1-3; 32.14-18; 42.1-4; 63.1014; Ez 36.26-27; Jo 3.58; 14.25-26; 16.7-15; At 1.6-8; 2 ; 11.16-18; R m 5.1-5; 8.1-27; I C o 2 . 1 13; 12.3-13; 2Co 1.20-22; Gl 5.16-25; 2Pe 1.20-21. Veja " O Espírito Santo e m Atos", pp. 661-662. Espiritualidade Veja Vida (vida "eternaVnova cria-
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ç ã o ) , Oração, Regeneração, Adoração. Essênios Grupo asceta ao qual pertencia a comunidade de Qumran: pp. 529-530. Estado As autoridades que e x i s t e m : M t 18.24-27; 2 2 . 1 7 - 2 1 ; Jo 1 9 . 1 1 ; A t 4 . 1 9 ; 5.29; R m 13; I P e 2.13-17/p. 691. Estandarte de Ur Foto p. 130. Estaol C i d a d e mencionada na história de Sansão: Jz 13.25; 16.31/Mapa p. 104 B5. Estéfanas Cristão coríntio batizado por Paulo: I C o 1.16; 16.15ss./p. 698. Ester Judia exilada que se tornou rainha d o rei persa Assuero; heroína d o livro de Ester/pp. 340, 3 4 3 . Veja "Retrato de Ester", p. 341. Ester, Livro de Pp. 340ss. Esterilidade Veja "Mulheres de fé", p. 143. Sara: pp. 131ss. Rebeca: p. 140. Raquel: p. 141. Ana: pp. 255-257. Isabel: p. 597. Estêvão U m d o s s e t e homens escolhidos para cuidar dos assuntos práticos da igreja; primeiro mártir cristão: A t 6—7/ p. 647. Estóicos R 676. Estrela de Belém Artigo p. 553. Eterna, Vida Veja Vida. Etiópia, etíopes Os etíopes eram vizinhos d o Egito, ao sul. Seu território não era a atual Etiópia, mas o território ao longo d o N i l o , de Assuã a Cartum, cuja parte norte corresp o n d e à Núbia. Esta era c o n h e c i d a na A n t i g u i d a d e por Cuxe. N o primeiro milênio a . C , a Etiópia, c o m sua capital, N a p a t a , ocasionalmente se equiparava em poder ao Egito, seu antigo dominador. N o século 9 os e g í p c i o s e m p r e g a ram um g e n e r a l e t í o p e
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contra a Palestina: 2Cr 14.9-15. N o s séculos 8 e 7 uma dinastia e t í o p e dominou o Egito e interv e i o na Palestina: 2 R s 19.9. Eles continuaram a servir os Faraós Saites da dinastia seguinte: Jr 46.9. A Etiópia era o limite mais distante d o Império Persa e e m b o r a seus oficiais p u d e s s e m viajar no Oriente M é d i o , era remota demais para ser p e r m a n e n t e m e n t e d o m i n a d a pelas g r a n des p o t ê n c i a s : Et 1.1; 8.9; A t 8.27. Mapa pp. 814-815. Eúde Líder israelita que assassinou E g l o m , d e Moabe: Jz 3/p. 240. Eufrates G r a n d e r i o da Mesopotâmia que flui da Turquia para o Golfo Pérsico, geralmente chamado de "o Rio" no AT: um dos rios d o jardim d o Éden: G n 2 . 1 4 ; 15.18, etc. Eunice M ã e de Timóteo: 2Tm 1.5. Eutico Jovem que caiu de uma janela durante o sermão de Paulo e m Trôade e foi ressuscitado: A t 20.9ss. Eva A primeira mulher e primeira m ã e ; induzida pela serpente a desobedecer a Deus: Gn 3 / p p . 116-120. Evangelho As "boas novas" trazidas por Jesus — veja anotação na m a r g e m p. 577: Mc 1.14-15; Lc 8.1, etc. A mensagem do evangelho: M t 4.17; Jo 1.1113; 3.1-21,31-36; A t 2; 13; 17; R m 1—8 (especialmente 1.16-17; 5 . 1 ; 6 . 2 3 ) ; 2 C o 5.17ss.; Gl 2 . 2 0 ; 4.4-7; Ef 1.3ss.; l J o 1.1-4; 5.11-12. Veja também Reino, Vida, Salvação. Evangelho de Tomé R 539. Evangelhos Veja Mateus, Marcos, Lucas, João/pp. 549ss.; "Os Evangelhos e Jesus Cristo", pp. 538-
544; Estudando os Evangelhos", pp. 545-547. Evil-Merodaque Amel-Marduque, rei da Babilônia, que libertou Joaquim da prisão: 2Rs 25.27; Jr 52.31. Exílio (na Babilônia) Quand o J e r u s a l é m caiu nas mãos dos babilônios e m 587 a . C , a população foi deportada. Os judeus foram exilados na Babilônia até o rei Ciro permitir que voltassem c m 5 3 8 a . C . Esse p e r í o d o fica entre o fim de R e i s / Crônicas c o início de Esdras: Ez, Dn; "Os babilônios", pp. 456-457. Êxodo S a í d a d e I s r a e l da escravidão no Egito, liderada por Moisés: Êx 13.17ss./ p. 165; também p. 113. Rota do êxodo, com mapa, p. 166. Expiação R e c o n c i l i a ç ã o entre Deus e a humanidade por meio d o perdão dos pecados d o p o v o : L v 4; 16; Rm 3.25; U o 2.2; 4.10. Veja "Sacrifícios", pp. 182-183; "Sacerd ó c i o no A n t i g o Test a m e n t o " , p . 1 8 5 . Veja também Reconciliação, Redenção. Expiação, Dia da Lv 16/pp. 187-188. Veja "As grandes festas religiosas", p. 191. Ezequias Um d o s maiores reis de Judá, c o n t e m p o r â n e o d e Isaías; sitiad o e m Jerusalém p e l o s assírios: 2Rs 18—20; 2Cr 2 9 — 3 2 ; Is 3 6 — 3 9 / pp. 300-303 (inclusiv e " O Prisma d e Senaqueribe"; " O sítio de Laquis"); 324-325, 4 3 1 . Veja t a m b é m "Os assírios", p. 4 3 3 . Ezequias, Canal de A r t i g o ilustrado p. 325. Ezequiel G r a n d e p r o f e t a e visionário d o AT cujas profecias aos judeus exilados na Babilônia estão registradas no l i v r o de Ezequiel/pp. 461ss.
Visões de Deus: Ez 1.10. O sentinela:3; 33. Morte da esposa de Ezequiel. 24. Vale dos ossos secos: 3 7 . Visão do Templo: 40ss. O rio ciei vicia: 47. Ezequiel, Livro de P p . 461ss. Eziom-Geber Veja Elate.
F Falsos mestres A t 2 0 . 2 8 3 1 ; l T m 4; Tt 1; 2Pe 2 ; U o 4; 2Jo; A p 2.2,1415,20ss./ pp. 734, 737, 757, 7 6 0 , 7 6 1 . No AT: veja Profetas. Família Veja C a s a m e n to e r e l a c i o n a m e n t o s familiares. Faraó T í t u l o dos reis d o Egito. Particularmente os seguintes: 1. Faraó de A b r a ã o : Gn 12.10ss. 2. Faraó d e J o s é : Gn 40ss./pp. 148, 151. Veja 'José", pp. 149-150. 3. O Faraó d o êxodo: Êx 5ss./ pp. 159ss. Veja "Egito", p. 156. 4. O Faraó que deu sua filha a Salomão em casamento: l R s 9.16, e t c / p . 156. 5. O Faraó que protegeu Hadad e : l R s 1 1 . 6. Sisaque, q u e ajudou J e r o b o ã o e atacou J e r u s a l é m : l R s 11.40; 14.25SS.; 2Cr 1 2 / pp. 157, 289, 320. 7. Sô: 2Rs 17.4. 8. Tiraca: 2Rs 19.9; Is 3 7 . 9 / p . 3 0 1 . 9. N e c o ( v e j a N e c o ) . 10. Hofra: Jr 44.30; Ez 2 9 . 2 / p. 469. Fariseus e escribas Os puristas religiosos d o judaísm o d o século 1: p. 529. Confrontos com Jesus: M t 15.1-20; 16.1-12; 23; M c 7; Lc 11.37—12.3; 18.914/pp. 562, 571. Fé Confiança em Deus; crença nas suas promessas: Gn 15.6; SI 37.3ss.; Pv 3.5-6; Jr 17.7-8. Estilo de vida: Hc 2.4; Hb 11; T g 2. Compromisso com Jesus Cristo, confiança nele para
salvação: Jo 1.12; 8.24; At 16.3Ó-31;Rm 1.16-17; 4; Gl 3; Ef 2.8-9; U o 5.1-5. O meio de acesso ao poder de Deus. Mt 17.20-21; Mc 9.23; T g 5.13-18. Febe Diaconisa d e Cencréia: Rm 16.1-2/p. 693. Feitiçaria Veja M a g i a e feitiçaria. Félix G o v e r n a d o r romano que manteve Paulo na prisão e m Cesaréia: At 23.24—24.27/p. 667. Fenícia, fenícios I labitantes de língua semita da atual costa d o Líbano, no Norte da Palestina. Os fenícios foram ativos no comércio do leste d o Mediterrâneo do século 11 a.C. em diante, operando de cidades c o m o T i r o , Sidom e Biblos. O n o m e é grego, Phoinike, que significa p r o v a v e l m e n t e "(terra d a ) púrpura" ( d e phoinos, "vermelho"). Eles se chamavam d e cananeus, dos quais eram descendentes, e aparecem no AT como o p o v o de Tiro, ou, ocasionalmente, sidônios: lRs 5.6,18; E z 2 7 . 9 , etc. Fotos pp. 2 8 2 , 665 ( p o r t o de T i r o ) , 2 8 1 , 428 (maquetes dos navios fenícios). Fênix Porto e m Creta. At 27.12/Mctpa p. 667. Festas judaicas Lv 23/p. 189. Veja 'Às grandes festas religiosas", pp. 190-191. Festo Sucessor de Félix c o m o g o v e r n a d o r da Judéia; ouviu a causa de Paulo e m Cesaréia: At 25—26/p. 667. Filactério P e q u e n a caixa c o n t e n d o t e x t o s da lei de Deus, usada na testa pelos judeus ortodoxos. Fotos pp. 212, 712. Filadélfia Cidade de uma das sete igrejas às quais João escreveu: A p 1.11; 3 . 7 - 1 3 / A n o t ü f ã o , mapa e foto p. 765 (paisagem local). Filemom Cristão, proprietário do escravo Onésimo,
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a q u e m Paulo escreveu sua carta/p. 739. Filemom, Epístola a P. 739. Filho do Homem Veja Jesus Cristo. Filipe 1. Um dos 12 apóstolos (Veja "Os d o z e discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) : M t 1 0 . 3 ; J o 1.43ss.; 6.5ss.; 1 2 . 2 1 - 2 2 ; 1 4 . 8 / p. 623. 2. Filho de Herodes, o G r a n d e ; m a r i d o de Herodias: Mc 6.17/p. 5 8 4 . 3. Outro filho d e Herodes, tetrarca de Ituréia: Lc 3.1. 4. Oficial e evangelista da igreja primitiva: At 6; 8; 2 1 . 8 - 9 / pp. 647-648, 665. Filipenses, Epístola aos Pp. 720ss. Filipos Colônia romana no Norte da Grécia, na grande Via Egnatia; primeiro lugar na Europa e m que Paulo fundou uma igreja; ali um terremoto o libertou da prisão; depois ele enviou uma carta à i g r e ja de Filipos: A t 16; 20.6; Fp/pp. 657, 720 Mapa p. 657 Fotos pp. 657, 7 2 1 , 754. Filístia, filisteus Paite de um grupo conhecido c o m o Povos d o Mar, que migraram da área d o E g e u para o O r i e n t e M é d i o nos séculos 14 e 13 a.C. Expulsos d o Egito, instalaram-se na costa sul da Palestina o n d e ameaçaram os r e c é m - c h e g a d o s israelitas, até que finalmente foram conquistados por Davi. Os filisteus que tiveram contato com os p a t r i a r c a s ( G n 2 1 ; 2 6 ) , provavelmente, fossem povos egeus anteriores, diferentes daqueles do final da Era d o Bronz e . Os filisteus continuaram a ocupar a costa sul da Palestina, e um contingente era guarda-costas de Davi. Finalmente p e r d e r a m sua i n d e pendência para D a v i , e provavelmente, foram
amplamente assimilados, embora preservassem certa distinção cultural. Gn 10.14; 20-21; 26; Js 13.2-3; Jz 3; 10; 13-16; ISm 4; 2Sm 5.25; N e 13.24; IMacabeus 10.8384; Mc 7.24SS.; A t 11.19; 1 5 . 3 / M a p a p. 426 Fotos pp. 175, 258. Veja "Cananeus e filisteus", p. 231 (com fotos). Fim do mundo Veja Dia d o Senhor, Céu, Jesus Cristo (retorno). Finéias 1. Sacerdote; neto de Arão: F.x 6.25; Nra 25; 31.6; Js 22.13ss. 2. Filho d e Eli; morto pelos filisteus q u a n d o a Arca da A l i a n ç a foi c a p t u r a d a : ISm 2.12ss.; 4/pp. 258. Frigia, frigi os P o v o de língua i n d o - e u r o p é i a que ocupou o centro-oeste da Asia M e n o r (Turquia) após o colapso d o poder hitita e estabeleceu um reino ali no início d o primeiro milênio a.C. A Frigia foi devastada p e l o s c i m e r i a n o s no s é c u l o 7 a.C. e se t o r n o u parte do reino lídio. Os frígios provavelmente devem ser identificados c o m os "mushku" das inscrições assírias e " M e s e q u e " da Bíblia, que a p a r e c e m c o m o um p o v o guerreiro d o N o r t e : Ez 3 2 . 2 6 ; 38.2-3; 3 9 . 1 . A n t i o q u i a da Pisídia e leônio, cidades visitadas na primeira v i a g e m m i s s i o n á r i a d e P a u l o , ficam nessa região: A t 2.10; 13.14ss.; 16.6/Mapas pp. 652, 814-815.
G Gabriel O anjo e n v i a d o para interpretar a visão de Daniel; a Zacarias para anunciar o nascim e n t o de João Batista; a Maria para anunciar o nascimento de Jesus: Dn
8.16; 9.21; Lc 1.19, 2 6 / pp. 477, 597. Veja "Anjos na Bíblia", p. 727. Gadara Um das "Dez Cidades" gregas na Palestina: veja Decápolis, Fotos pp. 84-85, 583. Gade 1. F i l h o d e J a c ó com a serva de Lia, Zilpa; ancestral de uma das tribos de Israel;: Gn 3 0 . 1 1 ; 49.19. Árvore genealógica p. 147. 2. Território da tribo de Gade: Js 1 3 / Mcípci p. 235. Gafanhotos, Pragas de Êx 10/pp. 163-164 ( E g i t o ) ; Jl l / p . 488 (Israel) Fotos pp. 165, 489. Gaio 1. Macedónio envolv i d o no tumulto de Efeso: At 19.29. 2. Companheiro de Paulo na viagem a Jerusalém: A t 2 0 . 4 . 3. C o r í n t i o a q u e m Paulo batizou: I C o 1.14. 4. A pessoa a quem Jo escreveu sua terceira epístola: 3Jo l / p . 761. ( P o d e m ou não ser quatro pessoas diferentes). Galácia P r o v í n c i a r o m a na na região que hoje é a Turquia central, o n d e Paulo fundou igrejas, às quais escreveu: A t 16.6; 1 8 . 2 3 ; Gl 1.2/Mapa p . 680 Foto p. 712. Gálatas, Epistola aos P p . 711ss. Galileia Região e lago no N o r t e de Israel; terra de Jesus e de vários dos disc í p u l o s ; c e n t r o d e boa parte d e seu ministério: lRs 9.11; 2Rs 15.29; Is 9 . 1 ; Lc 4 . 1 4 ; 5.1ss.; 8.22ss.; Jo 2 1 , e t c ; A t 9.3 l / p . 579/JVfapa p. 526 B3. Veja "A terra de Israel", pp. 36-37 (com foto) Fotos pp. 10, 37, 39, 2 4 1 , 358, 375, 405, 448, 542, 583, 587, 604, 624. Gálio Procônsul de Acaia ( e i r m ã o de Séneca, o tutor de N e r o ) cuja decisão contra os judeus que fizeram acusações contra Paulo deu à igreja nova
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liberdade: At 18/pp. 658, 697 Foto p. 697. Gamaliel Rabino influente e membro do Sinédrio q u e sugeriu um tratamento cauteloso com os apóstolo: At 5.34ss.; 22.3/p. 646. Gate Um das cinco cidades filistéias; cidade de Golias; posteriormente r e f ú g i o de Davi: Js 11; 2 2 ; I S m 5.8; 17.4; 2 1 - l O s s . e t c / M a p a p. 104 B2. Gaza Um das cidades filistéias; aparece na história de Sansão. Js 13.3; Jz 16; I S m 6.17, e t c / M a p a p. 104 A 6 . Geazi S e r v o de Eliseu; punido por pedir recompensa a Naamã: 2Rs 4— 5; 8.4ss./p. 295. Geba Cidade que aparece na história da façanha de Jonatas e seu escudeiro; limite norte de Judá: ISm 14; 2Rs 23.8; N e 11.31/ Mapa p. 104 B5. Gebal A cidade fenícia de Biblos, no L í b a n o ; forneceu construtores para o T e m p l o : Js 13.5; l R s 5.18. Gedalias G o v e r n a d o r de Judá d e s i g n a d o por Nabucodonosor; assassinado depois dc apenas alguns meses: 2Rs 25; Jr 3 9 . 1 4 — 4 1 . 1 8 / p p . 304, 452. Genealogias Veja Á r v o r e s genealógicas e "As genealogias são importantes", p. 550. Genesaré Outro n o m e d o mar da Galileia. Gênesis, Livro de Pp. 115ss. Gerar C i d a d e no sul de I s r a e l g o v e r n a d a por A b i m e l e q u e nos dias de Abraão: Gn 10.19; 20.1ss. e t c / M a p a p. 104 A6. Gerasa Um das "Dez Cidades" gregas na Palestina: veja Decápolis. Fotos pp. 47, 6 7 1 . Gerizim Montanha na frente d o monte Ebal perto de
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Siquém, onde ii bênção foi dada àqueles que obedecessem à Lei; local da parábola de Jotão e, mais larde, do templo samaritano: Dt 27.12; Jz 9.7; Jo 4.20/Mapa p. 104 B4. Gérson, gersonitas Filho de Levi; líder de umas das três famílias levíticas: Êx 6.16-17; N m 3.17ss./pp. 193-194. Gesém O árabe; um dos principais oponentes de ríeemias; N e 2.19; 6.1ss./ p. 334. Gesur Região e cidade no Sul da Síria; Absalão se refugiou ali, na casa de sua m ã e : Js 12.5; 2Sm 3.3; 13.38, etc/Mapa p. 268. Getsèmani Jardim do outro lado do vale d o Cedrom a partir de Jerusalém para onde Jesus foi na noite de sua prisão: fvlt 26.36; Jo 18.1, e t c / M a p a p. 630 Foto p. 640. Gezer Josué guerreou contra essa cidade cananéia; Faraó a deu a S a l o m ã o , que a fortificou: Js 10.33, e t c ; l R s 9.15-16/p. 284; "As cidades fortificadas do rei Salomão", p. 2 8 3 / Mapa p. 233 Foto p. 276. Gezer, Calendário de Foto p . 43. Gibeá Cidade alguns quilómetros ao norte de Jerusalém; casa de Saul: Jz 19; I S m 10.5,10,26ss.; 13-14; 23.19, e t c / M a p a p. 104 B5. Gibeão O s h a b i t a n t e s dessa cidade enganaram Josué para c o n s e g u i r uma aliança, q u e Saul mais tarde rompeu; Davi e os homens de lsbosete lutaram ali; santuário na época de Salomão, onde ficava o Tabernáculo: Js 9; 2Sm 2.12ss.; 20.8; 2 1 ; l R s 3.4ss.; l C r 2 1 . 2 9 / Mapa p. 104 B5. Gideão Livrou Israel dos midianitas na época dos juízes: Jz 6—8/pp. 2 2 1 ,
244-245, com mapa e diagrama. Gilboa Cadeia de m o n tes onde Saul reuniu seu e x é r c i t o para a batalha contra os filisteus e m que ele e Jonatas morreram: ISm 28.4; 3 1 , etc/Mapa p. 104 B3. Gileade Região israelita a leste d o J o r d ã o ; f a m o sa por seus rebanhos e e s p e c i a r i a s ; r e g i ã o da qual Jair, Jefté e Elias vieram: Gn 37.25; Js 17.1; Jz 10.3; 11; l R s 17.1; Ct 4. l / M a p a p. 209. Gilgal Local perto d e Jeric ó o n d e os i s r a e l i t a s m a r c a r a m sua t r a v e s sia d o rio Jordão; local d e um santuário importante; estava no circuito d e Samuel c o m o juiz: Js 4.20; Jz 3.19; I S m 7.16; 10.8, e t c ; 2 S m 19.15; Os 4 . 1 5 , e t c / M a p a p. 104 C5. Giom 1. U m d o s quatro rios d o j a r d i m d o Éden: Gn 2 . 1 3 . 2. Fonte fora d e Jerusalém onde Salomão foi ungido e do qual Ezequias canalizou água por um túnel até a cidade: l R s 1.38; 2Cr 32.30/ Veja o artigo ilustrado "O canal d e E z e q u i a s " , p . 325. Gnósticos, gnosticismo P p . 71ss.; 7 2 3 , 7 2 5 . Veja também Religiões de mistérios. Gogue L í d e r d o s p o v o s invasores d o norte que serão destruídos por Deus; Ez 38—39/p. 4 7 1 . "Gogue e Magogue": citados c o m o s í m b o l o das forças contra Deus n o ataque final: A p 2 0 . 8 / p . 776. Golias G i g a n t e f i l i s t e u morto por Davi: I S m 1 7 / pp. 261-262. Gõmer Esposa infiel d o profeta Oséias: pp. 483484 e veja p. 486. Gomorra Veja "Onde situavam-se Sodoma e Gomor-
ra?", p. 136. Cidade na extremidade sul d o mar M o r t o destruída violentamente por causa de sua perversidade: Gn 14; 19; Is 1.9-10, e t c ; M t 10.15, e t c / M a p a p. 127. Gósen R e g i ã o d o delta do Nilo, onde Jacó e sua f a m í l i a se i n s t a l a r a m : Gn 45.10; Êx 8.22, e t c . / Mapa p. 166. Governadores da Palestina no NT Veja "Os judeus sob o g o v e r n o r o m a n o : a prov í n c i a da Judéia", p p . 534-535. Goza Cidade no N o r t e da Mesopotâmia anexada pelos assírios, para onde os israelitas foram deportados: 2Rs 17.6; 19.12. Graça A m o r imerecido de Deus transmitido à humanidade ( o AT usa vários t e r m o s d i f e r e n t e s ) : Dt 7.6-9; SI 23.6; 25.6-10; 51.1; Jr 31.2-3. Graça de Deus na salvação: Ef 2.49; R m 3.19-24; 6.14. A dependência do cristão da graça de Deus: 2Co 12.9; Ef 4 . 7 ; l T m 1.2; I P e 5.5,10; 2Pe 3.18. Grande mar N o m e usado em todo o AT com relação ao mar Mediterrâneo. Grécia, gregos C o n h e c i d o s no O r i e n t e M é d i o p e l o n o m e de seu território asiático, Jônia — a "Java" d o A T : Is 6 6 . 1 9 ; Ez 2 7 . 1 3 ; D n 8 . 2 1 ; 10.20; 11.2; Zc 9.13. As conquistas de Alexandre deixaram Israel sob d o m í n i o g r e g o (assim como o resto d o Mediterr â n e o o r i e n t a l ) e sob a influência da civilização, cultura c filosofia grega; v e j a "Os g r e g o s " , p p . 521-523 ( c o m fotos): Dn 1 1 ; Jo 12.20; A t 6; 17; 18. Em Daniel, pp. 4 7 7 , 482. Mapa p. 521 (Império G r e g o ) . O N T chama os g r e g o s de helenos ( R m 1.14, e m b o r a essa palavra seja usada com rela-
ção a gentios e m geral: Jo 7 . 3 5 ) . Veja "Governo romano, cultura grega", pp. 6 7 0 - 6 7 3 ; "A cidade de Atenas", pp. 659-660; "A c i d a d e d e C o r i n t o " , pp. 6 9 6 - 6 9 7 ; "A cidade de Éfeso", pp. 716-717, todos com fotos. Foto dc navio p. 497. Guerra Santa p. 204; artigo p. 234.
H Habacuque P r o f e t a cujo l i v r o registra sua perp l e x i d a d e c o m relação ao uso que Deus faz dos caldeus para punir seu povo. Habacuque, Livro de P p . 502-503. Habiru p. 237. Habor Afluente d o Eufrates; G o z a ficava às suas margens: 2Rs 17.6. Hadadezer Rei d e Zobá, derrotado por Davi: 2Sm 8; 1 0 ; l R s 1 1 . 2 3 ; l C r 18—19. Hadassa N o m e original dc Ester. Hamã V i l ã o d o livro de Ester, que conspirou contra os judeus. Ester/pp. 342-343. Hamate C i d a d e e reino na Síria, no v a l e d o rio O r o n t e s ; divisa norte ideal de Israel; conquistada pela Assíria: Js 13.5; 2Sm 8.9; l R s 8.65; 2Rs 17.24; 18.34, e t c . / Mapa p. 458. Hamurábi Rei da Babilônia, c o m p i l a d o r d e um c ó d i g o de leis: pp. 106, 171 (com foto). Hananel P r i m o d e Jeremias q u e lhe vendeu o campo em Anatote durante a invasão babilónica. Jr 3 2 / p . 451. Hanani Irmão de Neemias, que lhe falou dos problemas e m Jerusalém: N e 1.2/p. 334. Hananias Falso profeta
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denunciado por Jeremias: Jr 2 8 / p . 450. Harã C i d a d e n o n o r t e da M e s o p o t â m i a à qual A b r a ã o foi no p r i m e i r o estágio d e sua v i a g e m a Canaã; onde Jacó serviu Labão; posteriormente d o m i n a d a pela Assíria: Gn 1 1 . 3 1 ; 12.4-5; 29.4, etc.; 2Rs 19.12/Mcipa p. 127. Harode Fonte onde Gideão acampou e escolheu o pequeno exército que derrotou os midianitas: Jz 7.1/Mapa p . 245. Hazael A p o d e r o u - s e d o trono da Síria depois d e assassinar B e n - H a d a d e , c o n f o r m e a previsão de Eliseu: l R s 19.15-17; 2Rs 8ss./pp. 292, 295. Hazor C i d a d e c a n a n é i a importante no N o r t e de Israel; Josué derrotou Jabim, d e Hazor, e destruiu a c i d a d e ; o exército d e o u t r o Jabim foi d e r r o t a d o por Débora e Baraque; reconstruída e fortificada por Salom ã o ; caiu nas mãos dos assírios. Js 1 1 ; Jz 4 ; l R s 9.15; 2Rs 15.29/p. 233; "As cidades fortificadas do rei Salomão", p. 283 ( c o m f o t o ) / M a p a p. 104 C2 Focos pp. 2 3 1 , 236. Hebreus, Epístola aos P p . 740ss. Hebrom N o m e a n t i g o d e Quiriate-Arba, nos montes da Judeia; base d e Abraão e dos patriarcas, que foram sepultados na caverna de M a c p e l a ; conquistada por Caleb e ; p r i m e i r a capital d e Davi; local onde Absalão r e a l i z o u sua r e b e l i ã o : Gn 1 3 . 1 8 ; 2 3 ; 3 5 . 2 7 ; Js 14.6-15; 2 S m 2.1-4; 15.9-10, e t c / M a p a p. 104 B6 Fotos pp. 140, 266. Helenismo, helenistas Veja Grécia. Heliópolis (0m) C i d a d e sagrada d o deus sol no
Egito antigo: Gn 4 1 . 4 5 ; Jr 43.13/Mapct p. 152. Hemã Designado por Davi c o m o um dos líderes d e música n o T e m p l o : l C r 16.41-42; 2 5 / p . 314. Hermom M o n t a n h a d e 3.000 metros na fronteira entre Israel, Líbano e Síria; t a m b é m c h a m a da de S i r i o m ; sua n e v e forma parte da nascente do Jordão; provavelmente a montanha onde Jesus foi transfigurado: Js 12.1, e t c ; SI 42.6; 133.3; M t 17.1, e t c / M a p a p . 5 2 6 Cl. Herodes 1. H e r o d e s , o Grande: Mt 2 ; Lc 15. 2 . Herodes Antipas. M t 14; M c 6 ; L c 3 ; 9; 23; A t 4.27; 13.1. 3 . Herodes Agripa I: A t 1 2 . Veja " A família H e r o d e s " , pp. 627-628. Fotos pp. 585 (fortaleza de H e r o d e s , M a q u e r o n t e ) , 617 (túmulo da família Herodes). Herodias Esposa de H e r o d e s A n t i p a s ; causou a m o r t e de J o ã o Batista: Mt 14; M c 6; L c 3.19/p. 584. Hesbom Cidade dos moabitas, amorreus e, mais tarde, dos israelitas a leste do Jordão. N m 21.25ss., e t c / M a p a p. 104 C5. Heteus P o v o d e l í n g u a indo-européia que estabeleceu uma civilização na Ásia M e n o r central e c o n t r o l o u boa parte d o Norte da Síria nos séculos 14 e 13 a.C. Seu império foi destruído por invasores d o norte (veja Filíst i a ) por v o l t a d e 1200 a.C. A p ó s a destruição d o I m p é r i o H e t e u na Ásia Menor, algumas das pessoas m i g r a r a m para o N o r t e da Síria, o n d e dominaram cidades-estado como Carquemis (veja t a m b é m C i l i c i a ) . Esse povo, hoje conhecido por neo-hititas ou siro-hititas, eram os heteus da Bíblia
no p e r í o d o d o s reis de Israel. A b r a ã o c o m p r o u para Sara uma sepultura dos heteus que ocupavam a área de Hebrom, e Esaú se casou c o m duas mulheres hetéias: Gn 2 3 ; 2 7 / p . 139. Urias, o heteu, serviu c o m o mercenário no e x é r c i t o d e Davi — sua esposa, Bate-Seba, foi seduzida p e l o rei: 2 S m 11/pp. 270-271. Fotos pp. 139 (Contrato heteu de casamento), 210 ( c ó d i g o de lei heteu). Heveus Veja Horeus. Hierápolis C i d a d e c o m águas quentes medicinais no vale d o Lico (Turquia ocidental) perto de Laodicéia e Colossos; é possível que Epafras tenha fundado a igreja d e lá: Cl 4.12-13/Mctpa p. 680 Foto p. 769. Hieróglifos Escrita p i c t o gráfica e g í p c i a . Foto p. 157. Hilquias S u m o sacerdote na época de Josias; descobriu o Livro da Lei: 2Rs 22—23; 2Cr 34. Himeneu Disciplinado por Paulo por ensinar ao povo falsos ensinamentos: l T m 1.20; 2 T m 2.17. Hinom Vale nos arredores de Jerusalém; na época dos profetas, o deus pagão Moloque era adorado ali, com sacrifício de crianças; p o s t e r i o r m e n t e tornouse local onde cadáveres e lixo eram queimados; inspirou o n o m e d a d o ao i n f e r n o : Geena: 2Rs 23.10; Jr 7.31-32, e t c . / Mapa p. 630. Hirão Rei de T i r o , aliado d e Davi e de S a l o m ã o ; forneceu c e d r o e trabalhadores especializados para o T e m p l o ; uniu-se a S a l o m ã o para o p e r a r uma frota c o m e r c i a l no mar V e r m e l h o : l R s 5; 9 - 1 0 / p p . 278, 2 8 4 , 318 e " O c o m é r c i o d e Salomão", p. 319.
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História de Israel Veja "História de Israel": introdução, pp. 220ss. e os livros históricos do AT: Josué a Ester/pp. 225ss.; também p. 67. História mundial V e j a "Fazendo associações — a Bíblia e a história do mundo" pp. 26-27. História, histórias Veja "Contadores de histórias — a tradição oral", pp. 62-63; "A Bíblia como uma história", p. 5 2 . ; pp. 47-48, 115. Veja também "Histórias da criação", pp. 117-118; "Histórias sobre d i l ú v i o s " , pp. 123-124. Fotos pp. 60-61, 63 (contadores de histórias). Historiadores, Perspectivas dos "Nosso m u n d o — o mundo deles", p. 95; "Um historiador examina o Novo Testamento", p. 650. Histórias da criação Artigo e fotos pp. 117-118. Hofni e Finéias Filhos perversos de Eli: I S m 2; 4. Horebe O u t r o n o m e d o monte Sinai. Horeus P o v o d o N o r t e que se espalhou pelos O r i e n t e M é d i o durante do segundo milênio a.C. Proeminente na população e m Nuzi, onde costumes semelhantes aos dos patriarcas foram atestados c m documentos d o século 15 a.C. Os horeus ( c o m o aparecem na Bíblia) também são conhecido como "humanos" e, p r o v a v e l m e n t e , " h e v e u s " ( o v representa o w hebraico, que podia ser confundido com r em f o r m a s p o s t e r i o r e s da escrita). Os horeus foram e x p u l s o s de Edom por Esaú. Heveus ocuparam a terra próxima ao monte Hermom, no Norte. Salom ã o os recrutou para seus projetos de edificação. Horeus: Gn 14.6; Dt 2.12; heveus: Êx 3.8; Js 3.10; l R s 9.20.
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Hormá Local onde os israelitas foram derrotados pelos cananeus, por causa da sua d e s o b e d i ê n c i a . Nm 14.45; também 21.3; Jo 15.30, e t c / M a p a p. 104 B6. Hospedaria Foto p. 610. Hulda Profetisa consultada por Hilquias após a descoberta do Livro da Lei: 2Rs 22.14ss.; 2Cr 34.22ss./p. 303. Veja "Profetas e profecia", p. 423. Humanidade Criada p o r Deus — mortal, p o r é m com natureza m o r a l e espiritual — para a d o rar, o b e d e c e r e desfrutar da amizade de Deus: Gn 1—2; 17.1ss., e t c ; Dt 5.28-33; 8; 2Sm 19.1213; SI 8; 27; 66; 78.5-8; Is 40.6-8; 4 3 ; Ec 1 2 . 1 7; M q 9.6-8; Lc 12.1321; R m 1.18-25; 8.18ss.; I C o 15.45-50; 2 C o 5.1-5; 6.16-18. Em rebelião contra Deus: Gn 3; Jz 2.1123; SI 2.1-3; Dn 9.3-19; Rm 1—3; 7.13-25; Hb 3.7-19; A p 17—18. Veja também Pecado e mal. Para a recriação da humanidade e m Cristo e seu destino glorioso, veja Dia do Senhor, Vida, Regeneração, Céu, etc. Husai A m i g o d e D a v i que persuadiu A b s a l ã o a não aceitar o conselho de Aitofel: 2Sm 15.32— 17.15/p. 272.
I Ibleão Cidade no Norte de Israel, o n d e Jeú matou Acazias: Js 17.11-12; 2Rs 9.27; 15.10/Mapa p. 104 B3. Icônio Cidade onde Paulo pregou durante a sua primeira viagem: At 13.51; 14.19-21/Mapa p. 652. Ideologias Veja "Fazendo associações — a Bíblia e a história do mundo", pp. 26-27.
ídolos, idolatria O p o v o de Israel, c h a m a d o para adoração exclusive de um único Deus v e r d a d e i r o , foi constantemente seduzido pelo apelo de deuses a d o r a d o s pelas n a ç õ e s v i z i n h a s . O A T registra essa luta para manter a fé, que durou séculos: Èx 2 0 ; 3 2 ; 2Rs 17—18; Is 4 0 ; 4 4 ; Jr 10; Èz 14; Dn 3; Os 2 ; 4 / p p . 175, 2 9 0 - 2 9 1 , 4 3 4 - 4 3 5 , 446, 465, 4 7 4 , 4 8 3 . Alimento ofertado a ídolos: I C o 8.10/pp. 694, 699. Fotos de deuses pagãos: 97, 175 (touro ápis egípcio), 362 (demôriio assírio), 663, 718 ( Á r t e m i s / D i a n a de Éfeso). Veja também Astarote, Baal, Adoração. Iduméia E d o m , inclusive parte de Judá após o exílio; a família Herodes era iduméia/Mapa p. 680. Igreja O povo de Deus: Jo 1.12-13; I C o 12.12-31; 2Co 6.16-18; Gl 3.6-29; Ef 2.11-22; Cl 1.15-20; I P e 2.4-10. Fundação: Mt 16.18-20; 28.16-20; Jo 10.7-18; A t 1.6-8; 2. Missão e propósito: Mt 28.19-20; Jo 17.18,22ss.; A t 1.8; 2 6 . 1 6 - 1 8 ; 2 C o 5.18-21; Ef 3.7-13; 5.2527; Fp 1.5-11; I P e 2.5,9; Jd 24-25. Unidadei.Jo 17; I C o l . l O s s . ; 11.17ss.; Gl 1.6-9; 3.23-29; Ef 4; I P e 3.8ss. Liderança: At 6.1-6; 13.1-3; 14.21-23; 20.1735; I C o 12.4-30; l T s 5.12-13; l T m ; Tt; Hb 13.17. Reuniões: At 2.414 7 ; 1 1 . 1 9 - 2 6 ; 19.8-10; 2 0 . 7 - 1 2 ; I C o 11.17-33; 14.26-39; Hb 10.23-25. Disciplina. Mt 18.15-20; At 4 . 3 3 — 5 . 1 1 ; I C o 5.2; 2 C o 2 . 5 - 1 1 ; Gl 6 . 1 - 3 ; l T m 5.17-22. Mensagem: veja Evangelho. Imperador, Culto ao Veja "O culto ao i m p e r a d o r e o Apocalipse", p. 766; pp. 673, 763. incenso P r e s e n t e d o s
sábios ao menino Jesus; resina aromática usada para fazer óleos sagrados e queimada com ofertas a Deus: M t 2/pp. 552 (com foto) Foto p. 16. Inferno Sheol. N o AT, lugar dos mortos ("Hades", no N T ) : SI 88.3-5; 139.8; Pv 9.18; Is 5.14; 38.18; A m 9 . 2 . Veja " P o s i ç õ e s d o A n t i g o Testamento c o m r e l a ç ã o ao p ó s - m o r t e " , pp. 4 7 8 - 4 7 9 . Geena no NT, o destino daqueles q u e f i n a l m e n t e são separados de Deus: M t 5.22,29-30; 10.28; 23.33; 25.41; 2Pe 2.4; A p 1.18; 20.13-15. Inscrições C a l e n d á r i o d e Gezer, p. 4 3 ; relato babil ó n i c o da c r i a ç ã o , p. 117; relato d o dilúvio da " E p o p é i a d e G i l g a més", p. 123; documento s u m e r i a n o de Ur, p. 132; tabuada e m cuneiforme, p. 133; tábua d e contrato de casamento, p. 139; c ó d i g o de Hamurábi, p. 1 7 1 ; códig o d e lei hetéia, p. 2 1 0 ; marco de divisa, p. 2 1 1 ; selo d e Shema, p. 2 8 5 ; Obelisco N e g r o , p. 2 9 6 ; selo de Oséias, p. 3 0 0 ; Prisma de Senaqueribe, p. 3 0 1 ; carta de Laquis, p. 304; captura d e Jerusalém, p. 3 0 4 ; canal de Ezequias, p. 3 2 5 ; Crônica Babilónica: batalha de Carquemis, p. 326; tijolo de Nabucodonosor, p. 456; Crônica Babilónica: queda de Nínive, p. 456; Selo d e Dario I , p. 4 7 7 ; túmulo de Sebna, p. 479; Cilindro de Ciro, p. 4 8 1 ; d e P ô n c i o P i l a t o s , p. 535; de A u g u s t o César, p. 600; decreto de Nazaré, p . 658; proibição da entrada d e não j u d e u s no T e m p l o , p. 6 6 5 ; d e Gálio, p. 697; de Erasto, p. 697; assento d o teatro em M i l e t o , p . 7 1 9 ; na identificação de escravo,
p. 7 3 9 . Veja " R e c r i a n d o o passado", p. 3 1 ( c o m fotos, incluindo a Pedra de Roseta, o m o n ó l i t o de M e r n e p t a h e o selo d o servo dc Oséias). Interpretação da Bíblia Veja "Dicas p a r a e n t e n d e r " pp. 46ss.; "Entendendo a Bíblia", pp. 50-51; "Interpretando a Bíblia através dos séculos", pp. 53ss; "O texto e a mensagem", pp. 58-59. Isabel Esposa d e Zacarias e mãe de João Batista: Lc l / p . 597. Isaías Grande profeta d o A T : 2 R s 1 9 — 2 0 ; Isaía s / pp. 300-301, 409ss., 417ss. C h a m a d o : Is 6. Grandes profecias: o r e n o v o , Is 4 ; Emanuel, 7; a grande luz, um filho nasceu, 9; um ramo de Jessé, l o b o v i v e r á c o m cordeiro, 11-12; deserto florescerá, 3 5 ; c o n s o l o para o p o v o , 4 0 ; "Cânticos d o Servo", 4 2 ; 49-50; 52-53; 6 1 ; levante-se, refulja, 60. Invasão assíria: 36-39. Isaías, Livro de pp. 417ss. Foto p . 32 (Manuscritos do M a r M o r t o ) . Isaque F i l h o d e A b r a ã o ; pai de Esaú e Jacó: Gn 21—35/pp. 133 e 135ss. "Sacrifício" de: Gn 2 2 . Esposa para: 2 4 . Bênção de Jacó: 27. Isbosete F i l h o d c Saul, coroado por Abner: 2Sm 2 ^ 1 / p p . 264, 266. Ishtar Veja Astarote; "Os babilônios", p. 456 (com foto da Porta de Ishtar). Islã Veja "Fazendo associações — a Bíblia e a história d o m u n d o " , p. 26; " O Corão e a Bíblia", pp. 86-88. Ismael, ismaelitas Filho de Abraão e Agar, e seus desc e n d e n t e s : Gn 16—17; 2 5 / p p . 1 3 1 , 135, 137, 146. Israel 1. N o m e posterior de Jacó, e da nação que des-
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ccndeu d e l e . 2. A terra ocupada pelas 12 tribos: após a d i v i s ã o , o Reino do Norte, excluindo Judá e B e n j a m i m / M a p a s pp. 104 ( À T ) , 526 ( N T ) . Veja também "A terra de Israel", p p . 36-37; " A terra prometida", pp. 214-215 (ambos c o m fotos). Issacar 1. Filho de Jacó e pai d e uma das tribos de Israel: Gn 30.18; 49.14ss. Arvore genealógica p. 147. 2. Território da tribo de Issacar: Jo 19.17-23/ Mapa p. 235. Itai Filisteu de Gate, que ficou d o l a d o de Davi durante a rebelião de Absalão. 2Sm 15; 18. Itamar F i l h o d e A r ã o ; sacerdote de Israel: Êx 6.23; N m 3ss./p. 194. Ituréia Tetrarquia de Filipe, a nordeste d o mar da Galileia: Lc 3.l/Mapa p. 526 C l .
Jabes-Gileade C i d a d e a leste d o Jordão que aparece e m Jz 21 e na história d e Saul: I S m 1 1 ; 3 1 . 1 1 - 1 3 / M a p a p. 104 C4. Jabim Rei de H a z o r cujo exército foi derrotado por Débora e Baraque: Jz 4 / p. 2 4 1 . Jaboque A f l u e n t e q u e d e s a g u a v a n o . r i o Jordão vindo d o leste, junto ao local onde Jacó lutou com um anjo; limite de A m o m : Gn 32.22ss.; N m 21.24/Maptf p. 104 C 4 Foto' p. 145. Jacó Filho dc Isaquc que t o m o u o l u g a r d e seu irmão mais v e l h o , Esaú; pai das 12 tribos de Israel: Gn 2 5 — 4 9 / p p . 140ss. e 'Jacó", pp. 144-145. O direito de primogenitura: G n 2 5 . A bênção de Isaque: 27. O sonho em Betei: 2 8 . Jacó e Labão:
2 9 - 3 1 . Jciccí luta com Deus: 3 2 . A promessa de Deus: 3 5 . A jornada ao Egito: 44. A bênção a seus filhos: 4 9 . Jael Esposa d e H ê b e r ; matou o general cananeu Sísera c o m uma estaca: Jz 4 / p . 240. Jafé U m dos três filhos de N o é ; ancestral de várias nações: Gn 5.32; 9.18ss.;
10.1ss./p. 125 Mapa p. 126. Jairo Oficial da sinagoga cuja filha Jesus ressuscitou: M c 5.1ss./p. 583. Jasom Anfitrião de Paulo q u e teve d e r e s p o n d e r por ele e m Tessalônica: A t 17.5ss. Java Costas e ilhas ocupadas pelos j ô n i o s (gregos).
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Jazer Cidade dos amorreus c a p t u r a d a p e l o s i s r a e l i t a s , famosa por suas uvas: N m 21.32; l C r 26.31; Is 16.8-9. Jebus N o m e a n t i g o d e Jerusalém: Js 18.28, etc. Jedutum D e s i g n a d o por Davi c o m o um dos líderes de música no Templo: l C r 16.41-42; 25/p. 314.
MILAGRES DE JESUS Mateus Curas Um homem leproso O criado d o centurião A sogra de Pedro Dois endemoninhados Um paralítico A mulher com fluxo de sangue Dois cegos Um endemoninhado mudo O h o m e m c o m a m ã o ressequida U m endemoninhado cego e mudo A filha da mulher cananéia Um i o v e m possesso Dois cegos (incluindo Bartimeu) Um endemoninhado e m Cafarnaum O surdo e gago Um c e g o e m Betsaida Uma mulher enferma Um hidrópico Dez leprosos O servo d o sumo sacerdote O filho de um oficial d o rei Um paralítico Um c e g o de nascença Sobre a natureza Uma tempestade é acalmada A primeira multiplicação dos pães A segunda multiplicação dos pães Jesus caminha sobre o mar A moeda no peixe A figueira seca A grande pesca Água transformada e m v i n h o Outra g r a n d e pesca Ressurreição de mortos A filha de Jairo O filho da viúva de N a i m Lázaro
8.1-4 8.5-13 8.14-15 8.28-34 9.2-7 9.20-22 9.27-31 9.32-33 12.10-13 12.22 15.21-28 17.14-18 20.29-34 1.23-26
Marcos
1.40-42 1.30-31 5.1-15 2.3-12 5.25-29
3.1-5 7.24-30 9.17-29 10.46-52 4.33-35 7.32-37 8.22-26
Lucas
João
5.12-13 7.1-10 4.38-39 8.26-35 6.18-25 8.43-48
6.6-10 11.14 9.38-43 18.35-43
13.11-13 14.1-4 17.11-19 22.50-51 4.46-54 5.1-9 9.1-7
8.23-27 14.15-21 15.32-38 14.25-33 17.24-27 21.18-22
4.37-41 6.35-44 8.1-9 6.48-51
8.22 25 9.12-17
6.6-13 6.19-21
11.12-14,20-25 5.4-11 2.1-11 21.1-11
9 18-19.23-25
5.22-24.38 42 8.41-42,49- 56 7.11-15 11.1-44
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Jefté O j u i z cujo v o t o resultou na morte de sua filha: Jz 11—12/pp. 2 2 1 , 244-245. Jejum Ensinamento de Jesus: Mt 6; 9; M c 2 ; L c 5/pp. 556, 560, 580. Jeoacaz 1. Filho d e Jeú, rei d e Israel 8 1 4 - 7 9 8 a.C; 2Rs 13—14/p. 298. 2. Filho de Josias, rei de Judá 6 0 9 a . C ; d e p o s -
to por Faraó N e c o : 2 R s 23.30ss.; 2Cr 36/pp. 304, 326. Jeoaquim Eliaquim, filho d e Josias, r e i d e Judá 609-507 a . C ; colocado no trono por Faraó N c c o ; rei que q u e i m o u o rolo de profecias de Jeremias: 2Rs 23.34ss.; 2Cr 3 6 ; Jr 22.18ss.; 26; 3 6 / p p . 304, 326, 448-449, 450, 452.
Jeoás Rei d e Israel 798782 a . C ; 2Rs 13/p. 298. Jeorão Filho de Josafá, rei de Judá 8 5 3 - 8 4 1 a . C ; 2Rs 8.16SS.; 2Cr 2 1 / p p . 297, 322. Jeoseba Princesa de Judá e esposa de Joiada; salvou a vida de Joás: 2Rs 11.23; 2Cr 22.11-12. Jeremias G r a n d e profeta de Judá na época de sua
AS PARABOLAS DE JESUS Mateus A candeia e m lugar oculto A porta larga e a estreita A casa sobre a areia ou sobre a rocha O remendo de pano n o v o Vinho novo e m odres novos O semeador Joio no meio d o trigo A semente de mostarda O fermento 0 tesouro escondido A pérola de grande v a l o r A rede O credor incompassivo Os trabalhadores da vinha Os dois filhos Os lavradores maus As bodas A figueira As dez virgens Os talentos Ovelhas e cabritos O crescimento da semente Os dois devedores O bom samaritano O a m i g o importuno O rico louco Os servos vigilantes O mordomo fiel A figueira sem fruto Os primeiros lugares e a grande ceia Calculando os custos A ovelha perdida A dracma perdida O filho pródigo O administrador infiel O rico e Lázaro O servo e o seu dever A viúva e o iuiz O fariseu e o publicano
5.15 7.13-14 7.24-29 9.16 9.17 13.3-9,18-23 13.24-30 13.31-32 13.33 13.44 13.45-46 13.47-50 18.23-35 20.1-16 21.28-32 21.33-46 22.2-14 24.32-33 25.1-13 25.14-30 25.31-36
Marcos 4.21
2.22 4.2-9,13-20 4.30-32
Lucas 8.16 13.23-30 6.47-49 5.37-38 8.5-8.11-15 13.18-19
12.1-12
20.9-19
13.28-29
21.29-31
19.11-27 4.26-29 7.41-43 10.29-37 11.5-8 12.16-21 12.35-40 12.42-48 13.6-9 14.7-24 14.28-32 15.3-7 15.8-10 15.11-32 16.1-9 16.19-31 17.7-10 18.1-8 18.9-14
queda sob a Babilônia: 2Cr 35.25; 36.12,21-22; Jeremias/pp. 327,439ss.; "Retrato de Jeremias", pp. 4 4 1 - 4 4 2 . Chamado: Jr 1. O oleiro: 18-19. O jugo da Babilônia: 27-28. A nova aliança: 3 1 . Compra do campo: 32. Leitura do rolo: 36. Na cisterna: 38. Levado ao Egito: 4 3 . Jeremias, Livro de P p . 439ss. Jericó Um "oásis" no deserto a norte d o mar Morto, a b e n ç o a d o c o m uma f o n t e p e r e n e d e água d o c e , razão de sua história de colonização que remonta até 8 0 0 0 a . C ! Jericó, que vigia as vaus do rio Jordão, foi a cidad e à qual Josué enviou os espiões, o local da primeira g r a n d e vitória de Israel na terra prometida. Aparece e m Juízes e nas histórias de Elias e Eliseu. Ali Jesus deu visão a Bartimeu e Zaqueu se conv e r t e u ; na parábola d o bom samaritano, o judeu foi a t a c a d o na estrada entre Jerusalém e Jericó: Js 2 . 6 1 ; 6; Jz 12.13; 2Rs 2; Mc 10.46; Lc 19.1ss./ pp. 2 2 7 , 2 3 0 ; "Cidades da conquista", p. 2 2 8 / Mapa p. 104 C5 Fotos pp. 101, 224, 435. Jeroboão 1 . J e r o b o ã o I, primeiro rei de Israel 931910 a . C , que estabeleceu santuários para competir c o m Jerusalém: l R s 1 1 . 2 6 — 1 4 . 2 0 / p p . 285286, 289. 2. Jeroboão II, um dos reis mais ilustres de Israel 793-753 a . C ; os problemas sociais e rituais v a z i o s d o seu reino foram c r i t i c a d o s pelos profetas: 2Rs 14.23-29; A m 7/pp. 299, 490. Jerubaal O u t r o n o m e de Gideão. Jerusalém Provavelmente a "Salém" da qual Melquisedeque era rei. Tomada dos jebuseus por Davi
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(veja gráfico da conquista p. 2 6 7 ) , Jeremias se tornou capital c c i d a d e santa d e Israel e de Judá, o R e i n o d o Sul, após a d i v i s ã o d o s reinos. A l i Salomão construiu o Templo. Jerusalém foi sitiada pelos assírios no reinad o de Ezequias; sitiada n o v a m e n t e e destruída pelos babilônios e m 587 a.C. Z o r o b a b e l reconstruiu o T e m p l o a p ó s o e x í l i o ; N e e m i a s reconstruiu seus muros. Tanto a cidade c o m o o Templo foram saqueados e profanados pelo rei sírio Antío c o Epifanes. Quando os r o m a n o s assumiram o controle do Império G r e g o , Jerusalém continuou sendo sujeitada. O rei H e r o d e s reconstruiu o T e m p l o ; ali Jesus foi apresentado ainda bebê e retornou aos 12 anos; ele visitou Jerusalém durante seu ministério; seu julgamento, sua crucificação e ressurreição aconteceram lá. Em Jerusalém a igreja surgiu no Pentecostes, e de lá se espalhou por toda parte: ali t a m b é m foi r e a l i z a d o o c o n c í l i o sobre a posição dos gentios. Jerusalém foi destruída pelos romanos em 70 d . C , após a Revolta Judaica. Veja "Jesus na época d o N o v o Testamento", pp. 630-631. Veja Gn 14.18; 2 S m 5 ; l R s 6 ; 2Rs 18—19;25;2Cr32;Ed5; N e 3ss.; Is 36—37; Lc 2; 19.28-34, e t c ; Jo 5, e t c ; At 2 ; 1 5 / p p . 130, 266268, 278ss., 3 2 4 , 3 3 0 3 3 1 , 334ss., 599, 614ss., 626ss., 644ss., 654. Mapas pp. 104 B5, 2 7 4 (Cidade de Davi), 336 (na época de N e e m i a s ) , 630 (nos tempos d o N T ) Fotos pp. 19, 34-35, 243, 274, 278, 3 1 1 , 316-318, 329-330, 337-339, 387, 397, 400, 447, 451-452,
542-543, 548, 555, 568, 590, 626, 630-632, 635, 6 4 0 , 6 4 4 Maquetes e reconstituições pp. 505, 532-533, 597, 607, 615616, 632, 646. Jessé Pai de Davi; n e t o de Rute e B o a z : I S m 16—17. Jesus Cristo Veja "Os Evang e l h o s e Jesus Cristo", pp. 538ss. ( c o m cronologia e fotos); '"Deus conosco' — a encarnação", pp. 551-552; "A ressurreição de Jesus", pp. 619-620; "Jesus c o A n t i g o Testamento", pp. 569-570; 'Jesus e o reino", pp. 563564; 'Jesus e o dinheiro", pp. 566-567; "Jesus e as cidades", p. 587; "Jesus e as mulheres", p. 589. Nascimento: Mt 1; Lc 2 / p p . 550-551, 596-599 (artigo "Nascimento de uma virg e m " ) . Genealogia: Mt 1; L c 3 / p p . 550, 601. Batismo: Mt 3; M c 1; Lc 3 / p . 554. Tentação: M t 4; M c l ; L c 4 / p p . 554-555,601. Transfiguração: M t 17; Mc 9; I x ' 9 / p . 585. Entrada triunfal em Jerusalém: Mt 2 1 ; M c 1 1 ; Lc 1 9 / p . 614. Julgamento: M t 26; Mc 14—15; Lc 2 2 — 2 3 ; Jo 18— 1 9 / p . 5 9 0 . Crucificação: Mt 2 7 ; M c 15; Lc 2 3 ; Jo 1 9 / p p . 5 9 0 , 594, 616, 639. Ressurreição: Mt 28; M c 16; Lc 24; Jo 2 0 / p p . 616-620, 6 4 1 . Ascensão: Lc 24; At 1/ pp. 618, 644. Jesus Cristo, Deus na forma humana Filho de Deus — sua próprias reivindicações: pp. 5 4 2 , 551-552: M t 26.59-64; 27.41-44; M c 2.1-12; Jo 5.17-47; 6.25-51; 7.16-31; 8.545 9 ; 10.22-39; 1 4 . 8 - 1 1 ; 17.1-5,20-24; 19.7; também palavra de Deus: Mt 17.1-8; M c 1.9-11. Filho de Deus — a opinião de seus discípulos e outros: Mt 16.13-20; 27.50-54; Mc 1.21-27; 5.1-13; Lc
1.31-35; Jo 1.29-34,435 1 ; 6 . 6 6 - 6 9 ; 11.23-27; 20.28; At 2.22-36; 7.546 0 ; 9.17-22; 1 0 . 3 4 - 4 3 ; R m 1.1-4; Ef 1.20-23; Fp 2 . 5 - 1 1 ; Cl 1.15-20; H b 1; U o 1.1-4; 2 . 2 2 - 2 5 ; 4.9-16. Filho do homem — totalmente humano, mas sem pecado: Lc 4 . 1 13; 2 3 . 3 9 - 4 1 ; Jo 8.46; 2 C o 5 . 2 1 ; Hb 4 . 1 5 ; I P e 2 . 2 2 - 2 3 ; 3 . 1 8 ; Gl 4 . 4 ; Mt 4.2; 21.18; Mc 1.41; 1 0 . 2 1 ; Lc 7.13; Jo 4.6; 11.33,35,38; 13.1; 15.13; At 2.22-23; Hb 2.14-18; 4.15; U o 4.2. Significância de sua morte: Mc 8.313 3 ; Lc 2 4 . 1 3 - 2 7 , 4 4 - 4 8 ; Jo 1.29; 3.14-15; 11.505 2 ; 12.24; A t 2 . 2 2 - 4 2 ; 3.12-26; 10.34-43; R m 5.6-21; I C o 11.23-26; Fp 2.5-11; Hb 10.5-14; I P e 2.24 (veja também Perdão, R e d e n ç ã o ) . Promessa da sua volta. Mt 2 4 ; 2 6 . 6 4 ; Jo 14; A t 1.11; 3.19-21; Fp 3.20; Cl 3.4; l T s l . 1 0 ; 4.13—5.11; 2Ts 1.5—2.12; 2Pe 3.8-13. Veja também "Jesus numa sociedade pluralista", pp. 83-85, c Messias. Jetro/Reuel Sogro de Moisés e conselheiro sábio: Êx2.16ss.; 3.1; 4.18; 1 8 / p. 166. Jeú Ungido por Deus através de Eliseu para destruir a linhagem d e Acabe e se tornar rei de Israel 8 4 1 814 a . C ; 2Rs 9—10/pp. 297-298 Foto p. 296 ( O Obelisco N e g r o ) . Jeudi Oficial da corte de Jeoaquim que leu o rolo de Jeremias ao rei: Jr 36. Jezabel Princesa de Tiro e Sidom que se casou com Acabe e introduziu a adoração a Baal e m Israel; responsável pela morte de Nabotc; lançada à morte por o r d e m d e Jeú: l R s 16.31; 18.4,13,19; 19.12; 2 1 ; 2Rs 9/pp. 290ss. Jezreel Cidade e vale no N o r t e de Israel o n d e se
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encontrava o palácio do rei A c a b e e a vinha de Nabote; Jorão, ferido, foi a Jezreel; Jezabel morreu ali: l S m 2 9 . 1 ; lRs 18.454 6 ; 2 1 ; 2Rs 8.29; 9.3037/Mapa p. 104 B3. Jó P e r s o n a g e m principal d o livro de Jó, que explora o problema do s o f r i m e n t o d e pessoas boas/pp. 349ss. Veja tamb é m " E n t e n d e n d o Jó", pp. 352-353. Jó, Livro de Pp. 349ss. Joabe Sobrinho de Davi e comandante d o seu exérc i t o ; r e s p o n s á v e l pela morte de Abner; reconc i l i o u Davi e Absalão; a p o i o u A d o n i a s contra Salomão: 2Sm 2—3; 10; 1 1 . 1 4 ; 18-20; 24; 2Rs 1—2; também lCr l l s s . / pp. 266, 271ss. Joana L í d e r j u d e u que advertiu Gedalias sobre a conspiração contra ele; pediu mas ignorou o conselho de Jeremias sobre ir ao Egito: Jr 40—43. Joana U m das mulheres que sustentavam Jesus e os d o z e ; estava presente na manhã da ressurreição: L c 8 . 3 ; 24.10/p. 607. João 1. O apóstolo João, filho de Zebedeu, irmão de T i a g o (veja "Os doze discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) ; o quarto Evangelho e as três epístolas do N T levam seu nome; o Apocalipse de João também d e v e ser obra d e l e : Mt 4.21ss.; 10.2; 17.1ss.; Mc 5.37; 10.35ss.; Lc 9.49ss.; At 3 — 4 / pp. 621-622, 758. 2. João Batista, precursor d o Messias. Lc 1; 3; 7.18ss.; Mt 3 . 1 1 ; Mc 1; 6, e t c ; Jo 1; 3.22ss./ pp. 554, 5 6 1 , 578-579, 584, 596-599, 607, 623, 625. 3. João Marcos, veja Marcos. João, Epístolas de P p . 758ss. João, Evangelho de p p . 6 2 1 s s . Fotos p p . 7 4
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( c o p t a ) , 546 (fragmento antigo). Joaquim F i l h o d e - J e o a quim, rei De Judá 597 a . C ; l e v a d o à Babilônia por Nabucodonosor, liberto da prisão por seu sucessor: 2 R s 2 4 ; 25.27ss.; 2Cr 36; Jr 52.31ss./pp. 304, 326, 449, 458. Joás Resgatado d o massacre de Atália para se tornar rei de Judá; restaurou o T e m p l o : 2Rs 1 1 — 1 2 ; 2Cr 24/pp. 298, 323. Joel Profeta da época de U z i a s / A z a r i a s , conhecido apenas através de seu livro. Jogos Gregos, pan-helenistas: p. 6 7 2 ; fotos pp. 696; 660 ( j o g o de tabul e i r o ) . Romanos: fotos p. 722 (corrida de carr u a g e m ) , 616 ( j o g o s de soldados). Joiada N o m e d e v á r i o s i n d i v í d u o s , particularmente o sacerdote responsável pelo golpe que destronou Atália e colocou Joás no t r o n o d e Judá: 2Rs 1 1 — 1 2 ; 2 C r 23—24/pp. 298, 323. Jóias Veja Ouro e jóias. Jonadabe 1. M e m b r o da família de Davi, envolvido no estupro de Tamar: 2Sm 13.2. Filho de Recabe, que ajudou Jeú a eliminar os adoradores de Baal: 2Rs 10. Jonas Profeta cujo livro r e l a t a sua m i s s ã o a Nínive.
Jonas, Livro de
Pp.
496-497. Jonatas Filho mais v e l h o de Saul; a m i g o declarado de Davi: I S m 13—14; 18-20; 2 3 . 1 6 - 1 8 ; 3 1 . 2 / pp. 260, 262, 264. Jope Porto marítimo e m Israel (atual Jafa), onde Jonas embarcou; ali Pedro teve seu sonho e Cornélio mandou c h a m á - l o : 2Cr 2.16; Jn 1.3; A t 9.36ss.; 10/Mapa p. 104 A 4 . Jorão Filho de Acabe, rei
de Israel 8 5 2 - 8 4 1 a . C , morto por Jeú: 2Rs 3; 89; 2Cr 2 2 / p . 294. Jordão P r i n c i p a l r i o d e Israel, q u e flui d o sopé do monte H e r m o m , pelo m a r da G a l i l e i a , até o m a r M o r t o : os israelitas a t r a v e s s a r a m esse rio para entrar na terra p r o m e t i d a ; Davi passou por ele na fuga de Absal ã o ; N a a m ã se banhou n o J o r d ã o e foi curado; João batizou o p o v o e Jesus nesse rio: Js 3;
liderou os israelitas até a terra prometida; mencionado de Êx 17.9 e m diante, mas principalmente no livro de J o s u é / p p . 166, 203, 218, 225ss. Vitória contra Amaleque: Êx 17. O espião: N m 1 3 — 1 4 . Escolha como sucessor de Moisés: N m 27. Convocação: Dt 3 1 ; 34.9ss. Travessia do Jordão: Js 4. Jericó: Js 6. Divisão da terra: Js 13ss. Desafio de Josué a Israel: Js 23—24.
1 7 . 2 2 S S . ; 2Rs 2.6-8,
13-14; 5; M c 1.5,9, e t c . / Mapa p. 104 C Fotos pp. 37, 2 9 4 , 3 4 4 - 3 4 5 , 3 6 1 , 542-543, 578.
Jotão F i l h o d e A z a r i a s / U z i a s , rei d e Judá 750-732 a . C ; 2Rs 15; 2Cr 2 6 — 2 7 / p p . 2 9 9 , 323-324.
Judéia N o m e g r e g o e romano de Judá; às vezes inclui, outras vezes exclui, a Galileia e Samaria: Lc 4 . 4 4 ; 3 . 1 , etc./Mapa p. 526 B5 Fotos pp. 36, 416, 434, 4 6 9 , 484-485, 540, 542, 572, 625.
Jornada de um sábado Regra
Jubileu Lv 25/p. 189.
Juízes, Livro de Pp. 238ss.
que limitava o deslocamento no sábado: p. 644. Josafá Filho de Asa, rei de Judá 873-848 a . C ; aliado por casamento a A c a b e de Israel; lutou c o m ele contra os sírios cm Ramote-Gileade: 1RS 2 2 ; 2Rs 3; 2Cr 1 7 — 2 1 / p p . 2 9 3 , 320-321. José 1. Filho favorito de Jacó; um dos grandes heróis d o AT: Gn 3 0 . 2 4 ; 3 7 - 5 0 / p p . 146ss. Veja 'José", pp. 149-150. José vendido ao Egito: Gn 37. Mulher de Potifar: 39. Na prisão: 4 0 . Sonho de Faraó: 4 1 . José e seus irmãos: 42-45. Morte: 50. 2. Marido de Maria, mãe de Jesus: M t 1—2; Lc 1.27; 2 / p . 5 5 1 . 3. José de A r i m a t é i a , discípulo secreto de Jesus que deu seu túmulo: Mt 27.57ss.; Mc 15.43; Lc23.50ss.;Jo 19.38ss./p. 594. Josias Rei d e Judá 640609 a.C. que iniciou uma reforma religiosa radical; morto e m batalha contra Faraó N e c o e m M e g i d o 2Rs 2 1 . 2 4 — 2 3 . 3 0 ; 2 C r 33.25—35.27/pp. 303, 326. Josué S u c e d e u M o i s é s c o m o líder de Israel;
Judá 1. Um dos 12 filhos de J a c ó ; a n c e s t r a l da tribo real de Israel: Gn 2 9 . 3 5 ; 37-38; 43ss.; 4 9 . 8 - 9 / p p . 1 4 1 , 146147, 152. 2. T e r r i t ó r i o da tribo de Judá, d o qual faziam parte os montes e o deserto d e Judá ( a o l o n g o da m a r g e m oeste do m a r M o r t o ) ; p o s t e riormente o nome do Reino d o Sul: Js 15; l R s 12.21,23/Mcipa p . 2 3 5 . Foto — veja Judéia. Judaísmo Veja " A r e l i g i ã o judaica na época d o N o v o Testamento", pp. 528ss.; "Fazendo associações — a Bíblia e a história do m u n d o " , pp. 2 6 - 2 7 ; "A Bíblia hebraica", pp. 68-69. Foros pp. 4 3 , 191 ( P u r i m ) , 47-48, 64, 66, 69, 3 8 6 , 5 1 9 ( l e n d o a Torá, rolos da T o r á ) , 65 (escriba), 190 (celebrando a colheita e a Páscoa), 191 (velas d o sábado, Festa das luzes), 212, 712 (amarração da Lei, filactérios), 579 (sinagoga de Cafarnaum), 744 (sinagoga de B a r a m ) , 765 (sinagoga de Sardes), 54, 62, 170, 172, 530. Judas N o m e de vários indivíduos no NT, entre eles:
lulgamento Veja Dia do Senhor. Justiça A p r e o c u p a ç ã o de Deus c o m a justiça ( e s p e c i a l m e n t e para os pobres e indefesos) está embutida na sua Lei (Êx 2 2 . 2 1 - 2 7 ) e c um tema q u e a p a r e c e e m toda a Bíblia, p r i n c i p a l m e n t e n o s p r o f e t a s : veja A m ó s / p . 490 e artigo "A justiça e os pobres", pp. 491-492. Justificação T e r m o legal: a absolvição de um juiz. O N T declara que Deus p o d e a b s o l v e r pessoas que violaram sua lei porque a punição foi paga na morte de Jesus (veja t a m b é m P e r d ã o ) : Ex 23.7; Jó 13.18; 25.4; SI 51.1ss.; 103.6; 143.2; Is 50.8-9; 5 3 . 1 1 ; Lc 18.14; At 1 3 . 3 9 ; R m 2.13; 3.4,19-30; 4.2ss.; 5.1-10; 8 . 3 0 - 3 4 ; I C o 6 . 1 1 ; Gl 2.15-21. 3.6-14; Tt 3.7; T g 2.14-26.
2Sm
Josué, Livro de Pp. 225ss.
1. Judas, filho de Tiago, um d o s a p ó s t o l o s : Lc 6.16, etc. 2. Judas Iscariotes, que traiu Jesus: Mt 10.4; 26.14ss.;27.3ss.;Jo 13; 18/pp. 574-575, 635636. Para 1. e 2. veja "Os doze discípulos de Jesus", p. 5 5 7 . 3. O i r m ã o de Jesus, que deve ter escrito a Epístola de Judas: Mt 13.55.
Judas, Epístola de R 762.
L Labão I r m ã o de Rebeca; tio d e Jacó que o enganou: Gn 2 4 . 2 9 ; 2 8 - 3 0 / pp. 141-142.
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Lamentações, Livro de P p . 459-460. Lameque 1. Descendente de C a i m : Gn 4 / p p . 121122. 2. Pai de N o é : G n 5.28SS.
Lâmpada Fotos p p . 1 1 , 242, guardas d o livro. Laodicéia C i d a d e n o vale do Lico, no Oeste da atual T u r q u i a ; a carta de Paulo aos colossenses t a m b é m d e v i a ser levada à igreja dessa cidade; uma das sete igrejas exortadas por João e m Apocalipse: Cl 2.1; 4.13-16; A p 1.11; 3.14-22/AnotQçâo, mapa e / o t o p. 765. Foto p. 769. Laquis Veja artigo ilustrad o " O sítio d e Laquis", p. 3 0 2 . C i d a d e fortificada i m p o r t a n t e aos pés dos montes a sudeste de Jerusalém; aparece na história da conquista; l u g a r o n d e A m a z i a s foi assassinado; alvo dos ataques assírio e babilón i c o . Js 10; 2Rs 1 4 . 1 9 ; 18.14,17; Jr 3 4 . 7 / M a p a p. 104 A 6 Fotos pp. 3 0 , 102, 304. Lázaro I r m ã o de Marta e Maria; Jesus o ressuscitou: Jo 1 1 . 1 — 1 2 . 1 1 / p . 634. Lei de Deus (Torá) Instruções d e Deus para uma v i d a c o r r e t a . Os "cinco livros" da Lei ( G n — D t ) , p p . 1 0 9 , 113,_ 1 1 5 s s . Entrega da Lei: Ex 20ss./ pp. 168ss. Lei ritual e cerimonial: Ex 2 5 — 3 0 ; 3 4 . 4 0 ; L v 1—9; 11-17; 2 2 - 2 5 ; Dt 14; 16; 18; 26. Lei moral e social: Êx 20.1-17; 21-23; L v 18— 20; Dt 5.1-21; 10.12-21; 15; 19-25. Prazer na Lei. SI 1; 19; 3 7 . 3 1 ; 4 0 . 8 ; 119; P v 29.18. Seu valor permanente: Mt 5.1720; 2 2 . 3 6 - 4 0 ; 2 3 . 2 3 ; Lc 1 0 . 2 5 - 2 8 ; R m 3 . 3 1 ; 8.3-4. A impossibilidade de atingir os padrões de Deus por esforço humano;
as limitações da Lei: Jo 7.19; A t 13.39; R m 2.2529; 3.19-21; 7.7-25; 8.3; Gl 2 . 1 6 ; 3 . 2 1 - 2 4 ; H b 7.18-19; T g 2.8-12. Jesus e a Lei: M t 5 / p . 5 5 6 . Lei e tradições, pp. 528-529. Veja também " U m estilo d e vida: os Dez Mandam e n t o s " , pp. 1 7 0 - 1 7 2 ; " S a c r i f í c i o s " , p p . 182183; "A Bíblia hebraica", pp. 68-69. Fotos da Torá, pp. 4 7 , 4 8 , 6 4 , 6 9 , 7 1 , 519. Leis alimentares Veja A n i mais puros e impuros. Lemuel O rei que manifestou o ensinamento de sua mãe e m Pv 31.1-9/p. 399. Levi U m dos 12 filhos de Jacó; ancestral da tribo que supria os sacerdotes e ministros a Israel: Gn 29.34; 34.25ss.; 49.5ss./ pp. 146, 152. Levitas e sacerdotes Lv 2 1 — 2 2 ; N m 1.47-54; 3-4; l C r 23ss./pp. 189, 193194, 3 0 9 , 313-314. Veja " S a c e r d ó c i o nó A n t i g o T e s t a m e n t o " , p p . 185186. Cidades levíticas. N m 35; Js 2 1 / p . 236. Levítico, Livro de Pp. 180ss. Lia Filha mais v e l h a de Labão; esposa de Jacó e mãe de seis de seus filhos: Gn 29.16—33.7/pp. 141142. Á r v o r e genealógica p. 147. Líbano O atual país e sua cadeia de montanhas; famoso por seus cedros ( u s a d o s na c o n s t r u ç ã o d o T e m p l o ) e seus frutos: l R s 5.6; SI 72.16; Is 2.13, e t c / F o t o de cedros p. 279. Liberdade Is 61.1; Lc 4.18; J o 8 . 3 1 - 3 6 ; R m 6.1623; 8.2,21; 2Co 3.17; Gl 3 . 2 8 ; 5.1,13; T g 1.25; 2.12; I P e 2.16. Libna C i d a d e fortificada da planície tomada por Josué; rebelou-se contra J o r ã o ; foi a t a c a d a p o r S e n a q u e r i b e : Js 10.29-
30; 2Rs 8.22; 19.8, e t c . / Mapa p. 104 A 5 . Lícia R e g i ã o n o a t u a l sudoeste da Turquia. A t 27.5/Mcipct p. 680. Lida L o d e atual e d o AT, perto de Jafa: A t 9.32,35/ Mapa p. 526 B5. Lídia Mulher de negócios d e T i a t i r a q u e se c o n verteu: At 16.14-15/p. 657. Lídios Povo de língua indoeuropéia do oeste da Ásia M e n o r que conquistou os territórios da Frigia, confrontaram a Média e sucumbiram sob a Pérsia no século 6 a.C. Provavelmente são o "Lude" de Is 66.19; Ji-46.9; Ez 27.10; 30.5, e m b o r a os n o m e s associados na segunda e na quarta passagem possam indicar o norte da África. Listra C i d a d e n a t a l d e T i m ó t e o , onde Paulo curou um p a r a l í t i c o e foi a c l a m a d o deus: A t 14.6ss.; 16/Mapa p. 652. Livro da Lei Descoberta de Josias: 2Rs 2 2 ; 2 C r 3 4 / pp. 303, 326. Livro dos Mortos (egípcio) R 156. Ló S o b r i n h o d e A b r a ã o que decidiu viver em S o d o m a e escapou por pouco da destruição: Gn 11.31—14.16; 19/pp. 127, 130, 135. Lo-Debar Lugar a leste d o Jordão onde Mefibosete vivia: 2Sm 9 A / M a p a p. 104 C3. Lucas A u t o r d o t e r c e i ro Evangelho e d e Atos; médico; companheiro de Paulo nas suas v i a g e n s missionárias: Cl 4.14; 2Tm 4.11; F m 2 4 / p p . 595-596, 643-644, 657, 736. Lucas, Evangelho de P p . 595ss. Lude Veja Lídios. Luz A n t i g o n o m e d e Betei. Luzes, Festa das Veja Dedicação, Festa da.
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M Maaca Região a sudeste do monte Hermom, mencionada nas campanhas d e D a v i : Js 12.5; 2Sm 10/Mapa p. 268. Maanaim Lugar a leste do Jordão, perto d o ribeiro d e Jaboque; mencionado na história do retorno de Jacó; quartel-general de Davi durante a rebelião de Absalão: Gn 32.2; 2Sm 17.24, e t c / M a p a p. 268. Macabeus, Revolta dos Macabeus Insurreição judaica l i d e r a d a p o r Judas M a c a b e u c o n t r a o rei sírio o p r e s s o r A n t í o c o Epifanes: pp. 477, 482, 518-520. Macedónia Província romana d o N o r t e da Grécia, incluindo Filipos, Tessalônica e Beréia: A t 16.9ss.; 20.1ss.; 2Co 9, e t c / M a p a p. 680. Magia e feitiçaria Veja " M a g i a no A n t i g o Testamento", p. 265 ( c o m f o t o s ) . O ensinamento da Bíblia: Dt 18.914; Jr 27.8-11; Dn 2; Gl 5.19-21; A p 21.8; 22.15. Magia no Egito: Gn 4 1 ; Êx 7 s s . / p p . 148, 163; também 154-156. Magia babilónica: Is 47.8-15; Dn 2. Saul e a médium de EnDor: I S m 28. Magogue Veja Gogue. Magos do Oriente Mt 2 / p . 552. Malaquias N o m e d o "profeta m e n o r " cujo livro leva seu nome. Malaquias, Livro de P p . 512SS. Malco S e r v o d o s u m o sacerdote; Pedro cortou sua orelha quando Jesus foi preso n o j a r d i m de Getsêmani: Jo 18.10. Maldição Veja B ê n ç ã o e maldição. Malta Ilha d ó M e d i t e r râneo; perto dali Paulo naufragou a caminho de
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Roma: At 27.39—28.10/ Mapa p. 667 Fotos pp. 668, 669. Maná Alimento que Deus forneceu a seu p o v o no deserto: Ex 16; N m 1 1 / pp. 166, 196. Manasses 1. Filho de José; ancestral de uma das tribos de Israel; Gn 4 1 . 5 1 ; 4 8 / p p . 148, 1 5 1 . Á r v o re g e n e a l ó g i c a p. 1 4 7 . 2. Território da tribo de Manasses, Js 1 3 . 2 9 - 3 1 ; 17.7-13/Mapa p. 235. 3. Filho de Ezequias, rei d e Judá 696-642 a.C.; 2Rs 21; 2Cr 33/pp. 303, 324, 326. Manoá Pai da Sansão: Jz 13. Manre Lugar p r ó x i m o a Hebrom onde Abraão ficou: Gn 1 3 . 1 8 ; 1 8 . 1 ; 23.17, etc. Manuscritos do Mar Morto Manuscritos da comunidade de Qumran: pp. 32 (com fotos), 65, 529-530, 539 (com foto). Maom C i d a d e p e r t o da qual Davi se refugiou de Saul e onde vivia Nabal: I S m 23.24; 25.2/Mapei p. 104 B6. Maqueda Josué capturou a cidade e matou cinco reis amorreus numa c a v e r na próxima: Js 10.16ss./ Mapa p. 104 B5. Maqueronte Uma das fortalezas do rei Herodes, a leste do mar Morto; acredita-se que João Batista foi decapitado ali: foto p. 585. Maquetes e reconstituições Zigurate: p. 126. Tabernáculo: pp. 177, 745. Sumo sacerdote: p. 185. Templo de Salomão: pp. 280281. Templo de Herodes: pp. 532, 533, 597, 616, 646. Hospedaria oriental: p. 610. Casa de h o m e m rico: p. 6 0 7 . Jerusalém do N o v o Testamento: pp. 615, 630. Fortaleza Antônia: p. 616. Veja também Navios.
Mar Morto M a r s a l g a d o para o qual o rio Jordão flui; na v i s ã o d o T e m p l o d e E z e q u i e l , água doce flui d o santuário e ressuscita o mar M o r t o : Ez 4 0 — 4 8 / p . 4 7 2 ( c o m f o t o ) . Mapas pp. 1 0 4 , 526 Foto p. 136. Mar Salgado N o m e d o mar Morto no AT. Mar Vermelho "Mar de juncos" atravessado pelos israelitas no Ex: p. 165. Marcos Autor d o segundo Evangelho; companheiro d e Paulo e Barnabé, também de Pedro: At 12.12,25; 13.13; 15.36ss.; Cl 4 . 1 0 ; 2 T m 4 . 1 1 ; Fm 2 4 ; I P e 5.13/pp. 577ss., 652, 654, 726, 736. Marcos, Evangelho de P p . 577ss. Maressa C i d a d e fortificada por Roboão, perto da qual Asa d e r r o t o u Zerá da Etiópia: 2Cr 11.8; 14.9; 2 0 . 3 7 ; M q 1 . 1 5 / Mapa p. 104 A 6 . Marfins Fotos pp. 3 1 , 107, 279, 293, 463, 493. Maria N o m e d e v á r i a s m u l h e r e s n o N T . 1. M a r i a , m ã e d e Jesus e esposa d e J o s é : M t 1; 2 . 1 1 ; 1 3 . 5 5 ; Lc 1—2/ p p . 5 9 6 s s . , 6 4 4 . Veja "Maria, a m ã e de Jesus", p . 6 0 2 ; t a m b é m " O nasc i m e n t o de uma virg e m " , p p . 5 9 6 - 5 9 7 . 2. Maria, irmã de Marta e L á z a r o , que ungiu Jesus; L c 1 0 . 3 9 s s . ; Jo 11; 12.3ss./pp. 589, 610, 634. Veja "Marta e Maria", pp. 608-609. 3. Maria Madalena, que foi curada por Jesus e foi a primeira a v ê - l o após a ressurreição: Mt 2 7 . 5 5 56,61; 28.1ss.; Mc 15.40SS.; Lc 8.2; Jo 2 0 / p. 641 ( c o m a r t i g o ) . 4 . Maria, m ã e d e João Marcos: A t 1 2 . 1 2 . 5. M a r i a , m ã e d e T i a g o , "a outra Maria", e Maria, mulher de Clopas — que prova-
v e l m e n t e são a m e s m a pessoa: M t 2 7 . 5 6 , 6 1 ; 2 8 . 1 ; Jo 19.25. Marta I r m ã d e M a r i a e L á z a r o e m cuja casa Jesus se h o s p e d a v a : L c 10.38SS.; Jo 1 1 ; 12.2/pp. 610, 634. Veja "Marta e Maria", pp. 608-609. Massada F o r t a l e z a d e Herodes perto do mar M o r t o ; l o c a l da última resistência j u d a i c a contra os r o m a n o s , q u e t e r m i n o u c o m um suic í d i o e m massa e m 73 d.C. Fotos de objetos d o cotidiano de Massada p. 35. Mateus Coletor de impostos q u e se t o r n o u um d o s 12 a p ó s t o l o s ( v e j a "Os d o z e discípulos d e Jesus", p. 557) e autor d o primeiro E v a n g e l h o : M t 9.9; 10.3, e t c . / p p . 549550, 560. Mateus, Evangelho de P p . 549ss. Matias E s c o l h i d o a p ó s a m o r t e d e Jesus para substituir Judas Iscariotes como décimo segundo discípulo: At 1.15ss. Média, medos Povo d e língua i n d o - e u r o p é i a q u e controlou um império na Pérsia e Ásia M e n o r nos séculos 7 e 6 a . C , a partir d e sua capital Ecbatana, atual H a m a d ã , no noroeste da Pérsia ( I r ã ) . Os m e d o s f o r a m subjugados pela Assíria e aliados da Babilônia. Em 5 5 0 a.C. C i r o , da P é r sia, incorporou a M é d i a a seu império crescente. Daí c m diante, os medos ocuparam lugar de destaque na vida persa. Para sua presença no Pentecostes, veja Elão. Mapa pp. 814-815. Mediador U m intermediário que reconcilia duas partes e m conflito. O N T descreve Jesus c o m o m e d i a d o r entre Deus e a h u m a n i d a d e ( v e j a tam-
b é m R e c o n c i l i a ç ã o ) : Gl 3.19-20; l T m 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24. Mefibosete N e t o de Saul, filho d e J o n a t a s ; honrado por Davi e m n o m e d e Jonatas: 2Sm 4.4; 9; 16.1ss.; 19.24ss./pp. 268-269, 273-274. Megido Josué derrotou o rei dessa cidade cananéia que d o m i n a a passagem pelos montes Carmelo; sua p o s i ç ã o e s t r a t é g i ca fez dela um local de inúmeras batalhas; logo, seu uso simbólico como Armagedom (Har-Magedon, m o n t e de M e g i d o ) , local da batalha final, em Apocalipse. Sísera foi derrotado ali; Salomão fortificou a c i d a d e ; Acazias morreu ali, assim como Josias, morto na batalha contra o Faraó N e c o : Js 12.21; Jz 5.19; l R s 9.15; 2Rs 9.27; 2 3 . 2 9 / p . 283 Mapa p . 104 B3 Fotos pp. 223 ( m a q u e t e ) , 242, 444, 774. Melquisedeque Sacerdote e rei d e Salém que conheceu e abençoou Abraão: Gn 14.18ss; veja Hb 5— 7/pp. 130, 744. Menaém Rei de Israel 752742 a . C : 2Rs 15.17ss./p. 299. Mênfis Antiga capital d o E g i t o : Jr 2 . 1 6 ; 4 6 . 1 4 , e t c / M a p a p. 154. Merabe F i l h a d e Saul, prometida a D a v i : I S m 14.49; 18.17ss. Merari, meratitas Filho de Levi; fundador de uma das três famílias levíticas: Ex 6.16ss.; N m 3/pp. 193-194. Mercado Fotos pp. 4 2 , 47, 81, 147, 3 5 1 , 397, 399. Merodaque-Baladã M a r duque-Apla-Idina I I , rei da Babilônia que enviou mensageiros a Ezequias: Is 3 9 . Mesaque Um dos três companheiros d e Daniel no exílio na Babilônia; Ian-
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çaclo na fornalha ardente, mas saiu ileso: Dn 1; 2.49; 3/pp. 473ss. Mesopotâmia Região entre os rios Tigre e Eufrates; o t e r m o g e r a l m e n t e inclui também a Babilônia, ao sul; inclui Harã e PadãArã, onde parte da família de Abraão se fixou: Gn 24.10; Dt 23.4, e t c ; A t 2.9/Mapa pp. 814-815. Messias, reino messiânico Libertador escolhido por Deus — o Cristo — e seu reino de paz e justiça: Dt 18.15ss.;Sl 2; 45.6-7; 72; 110; Is 9.2-7; 1 1 ; 42.1-9; 49.1-6; 52.13—53.12; 61.1-2; Jr 23.5-6; 33.1416; Ez 34.22ss.; D n 7; Z c 9.9-10; M t 1.18,2223; 16.16,20; 26.63; M c 14.61-62; Lc 2.11,26; Jo 4 . 2 5 , 2 9 ; 7.26-27,31,414 2 ; 9.22; A t 2.36; 3.2021; 4.26-28; 18.28; 26.22-23/pp. 411, 413, 531, 549-550. Veja "Cristo nos Salmos", p . 3 8 8 ; "Jesus e o r e i n o " , p p . 563-564. Mestres Veja Escravos. Metusalém Patriarca q u e viveu mais t e m p o , mencionado e m Gn 5.21ss./ p. 122. Mica Efraimita q u e instituiu um l e v i t a c o m o sacerdote de sua casa: Jz 17—18/p. 249. Micaías Profeta convocado por A c a b e : l R s 2 2 ; 2Cr 18/p. 293. Mical Filha de Saul; esposa de Davi, que o ajudou a escapar d e Saul, mas d e s a p r o v o u sua dança perante a Arca da Aliança: I S m 14.49; 18.20ss.; 19-llss.; 25.44; 2Sm 3.13-16; 6.16ss./pp. 262, 268. Micmás Local onde o exérc i t o d e Saul se reuniu contra os filisteus: I S m 13.2; 1 4 / M a p a p . 1 0 4 B5. Midiã, midianitas R e g i ã o do N o r o e s t e da A r á b i a .
Os midianitas eram vizinhos dos edomitas, ao sul. Seu t e r r i t ó r i o cheg o u a se e s t e n d e r a o Hijaz da A r á b i a . M o i s é s ficou e m M i d i ã d e p o i s de escapar d o Faraó. Os midianitas eram semin ô m a d e s que a n d a v a m a c a m e l o . Uma ameaça aos israelitas na é p o c a dos juízes, eles foram afugentados por G i d e ã o : Êx 2.15; Jz 6, etc/Mapa pp. 814-815. Miguel O anjo da guarda de Dn 10; 12.1; também Jd 9 ; A p 1 2 . 7 / p p . 4 7 9 , 762, 7 7 3 . Veja t a m b é m "Anjos na Bíblia", p. 727. Milagres Veja "Os milagres do N o v o T e s t a m e n t o " , pp. 605-606; anotação na p. 160. Veja também lista dos milagres de Jesus, p. 795. Milênio Na visão d e João, os "mil anos" durante os quais Satanás está preso e seu poder sedutor, amarrado: A p 2 0 / p . 775. Mileto P o r t o m a r í t i m o o n d e P a u l o f a l o u aos presbíteros d e Éfeso: At 2 0 . 1 5 , 1 7 ; também 2 T m 4.20/Mopa p. 664. Minas de Salomão V e j a "Comércio de Salomão", p. 319. Foto p. 357. Miquéias Profeta da época d e Isaías cujas p r o f e cias e s t ã o n o l i v r o d e Miquéias/pp. 498-499. Miquéias, Livro de P p . 498-499. Miriã Irmã mais velha de Moisés e Arão; cantou cm triunfo na travessia d o mar Vermelho; depois foi castigada c o m lepra por se rebelar contra Moisés: Êx 2.4ss.; 15.20-21; N m 12; 2 0 . 1 / p p . 163, 165166, 196, 199. Mirra 1. Porto na viagem de Paulo a Roma: At 27.5/ Mapa p. 667. 2. Presente dos magos ao bebê Jesus; resina aromática usada, como incenso, para fazer
ó l e o d e unção; também usado e m cosméticos: M t 2 / p . 552 (com f o t o ) . Misericórdia B o n d a d e ; prontidão para p e r d o a r (veja também G r a ç a ) : Ex 34.6-7; N e 9.7,3l'; SI 23.6; 25.6; 4 0 . 1 1 ; 5 1 . 1 ; 103,4, 8; Dn 9.9; Jn 4.2; Mq 6.8; M t 5.7; Lc 18.13; R m 9 . 1 5 ; 12.1; E f 2 . 4 . Mísia R e g i ã o p o r o n d e Paulo passou a caminho de T r ô a d e : At .16.7-8/ Mapa p. 657. Mispa O n o m e ( q u e significa "torre d e v i g i a " ) denota vários lugares diferentes, principalmente um perto de Jerusalém onde os israelitas se reuniam na época de Samuel e dos juízes. Ali Saul foi apresentado c o m o rei; mais tarde foi fortificada por Asa; residência de Gedalias: Jz 2 0 . 1 ; I S m 7.5ss.; 10.17; l R s 15.22; 2Rs 2 5 . 2 3 / M a p a p. 104 B5. Mitiliene O navio de Paulo atracou ali, na ilha de Lesbos, a caminho de Jerusalém. At 2 0 . 1 4 / Mapa p. 664. Moabe, moabitas T e r r i t ó rio limitado ao norte por A m o m , a oeste pelo mar M o r t o e ao sul por Edom. Os moabitas praticamente passaram pelas mesmas fases que os a m o n i t a s (veja a c i m a ) . Recusaramse a deixar os israelitas passar por seu território na época da conquista. Terra natal de Rute, Moabe estava e m conflito constante com Israel. Seu próprio relato de um episódio no século 9 c dado na Pedra M o a b i t a , que mostra que falavam uma língua semita-cananéia muito próxima d o hebraico. Moabe foi denunciada muitas vezes pelos profetas: Rt 1; 2Sm 8.2; 2Rs 3; Is 15, e t c / M a p a pp. 814-815.
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Moedas Fotos p p . 5 2 2 ( A l e x a n d r e ) , 566 (denár i o ) , 5 7 2 ( T i t o e Judea c a p t a ) , 588 (Tibér i o ) , 593 ( P i l a t o s ) , 600 ( A u g u s t o ) , 651 ( C l á u d i o ) , 684 (Calígula e Vespasiano), 754 ( N e r o ) , 766 ( D o m i c i a n o ) . Moisés G r a n d e l í d e r e legislador que liderou Israel d o Egito ao Sinai e durante os anos de peregrinação no deserto: Êx 2-Dt 3 4 / p p . 156ss. Veja " M o i s é s " , p p . 206-208. Nascimento e criação pela filha do Faraó:_Êx 2 . A sarça ardente: Êx 3—4. A disputa com Faraó: Êx 7—12. Travessia do mar Vermelho: Êx 14. Agua da rocha: Êx 17; N m 20. Sinai; a Lei: Êx 19ss. O bezerro de ouro: Êx 3 2 . Os espiões: N m 13—14. Escolha de um sucessor: Nm 27. Instrução ao povo quando possuir a terra: Dt 6ss. Instrução final à nação: Dt 3 1 . Bênção de Moisés: Dt 33. Morte: Dt 34. Molde Foto p. 691. Monte das Oliveiras M o n t e de o n d e se v ê Jerusalém; Davi fugiu de Absalão nessa direção; a partir do monte, Jesus fez sua entrada triunfal em Jerusalém e ali chorou pela cidade; na sua encosta ficava Getsêmani; a vila de Betânia fica do outro lado; o lugar da ascensão d e Cristo: 2Sm 15.30; Zc 14.4; Lc 19.29,37,41; 22.39; A t 1.12, etc./ para l o c a l , veja m a q u e t e p. 630 Foto p. 644. Mordecai/Mardoqueu Primo de Ester, que a incentivou a agir e salvar o povo j u d e u d o massacre: Et 2.5—10.3/pp. 341-343. Moré M o n t e o n d e os midianitas acamparam para lutar contra Gideão: Jz 7.1/Mapa p. 104 B3 Mapa e diagrama p. 245.
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Moresete-Gate T e r r a d o profeta M i q u é i a s . M q 1.1,14. Moriá M o n t a n h a s o n d e Abraão recebeu o r d e m de ir e sacrificar Isaque. O "monte M o r i á " foi o local do templo de Salomão: Gn 22.2; 2 C r 3 . 1 . Morte A c o n s e q ü ê n cia física e espiritual d o pecado da humanidade contra D e u s : G n 2 . 1 7 ; Rm 5.12ss.; 6.23; Ef 2.15. Vitória sobre a morte. Jo 5.24; 8.51; 11.25; R m 5.17ss; 6; 8.6-11,38-39; I C o 15.26,54-56; U o 3.14; Ap 21.4. A "segunda morte": A p 2.11; 20.6,14; 21.8. Morte do primogênito Êx 11—12/p. 164. Mosaicos Fotos pp. 7 0 4 , 726, 739, 755. Mulher samaritana Jo 4/pp. 625-626. Mundo Veja "Deus e o universo", p. 379. O universo criado; a Terra: 2Sm 22.16; Jó 34.13; SI 24.1; 50.12; 90.2; Mt 4;8; 16.26; Jo 1.9; R m 5.12. Povo: SI 9.8; Is 1 3 . 1 1 ; Lc 2.1; Jo 3.16-17; 8.26; 14.31; I C o 1.21. Presente século: M t 24.3; 28.20; Lc 1 8 . 3 0 ; Ef 1 . 2 1 . O mundo em rebelião contra Deus: Jo 7.7; 8.23; 14.17; 15.18-19; T g 4 . 4 ; U o 2.15-17; 4.4-5; 5.4-5. Música, instrumentos musicais. No Templo: l C r 2 5 / p. 314. Na Babilônia: Dn 3 / p . 4 7 5 . Fotos pp. 4 2 , 195 ( t r o m b e t a ) , 1 3 2 , 2 6 1 , 345, 367 (harpas), 107, 134, 314, 366, 475, 659 (músicos), 166 (tamborim), 227 (shofar), 359 (alaúde).
N Naamã C o m a n d a n t e d o exército sírio curado de lepra por Eliseu: 2Rs 5 / pp. 294-295.
Nabal M a r i d o de Abigail; proprietário de terras que negou hospitalidade a Davi: I S m 2 5 / p . 263. Nabateus Veja Arábia. Nabote M o r t o para q u e A c a b e tomasse a vinha que cobiçava: l R s 2 1 / p p . 292-293. Nabucodonosor R e i d a Babilônia que capturou Jerusalém e m 587 a.C. e levou os judeus ao exílio; Daniel interpretou seus sonhos: 2Rs 24—25; 2Cr 3 6 ; Jr 2 1 . 2 — 5 2 . 3 0 ; Ez 26.7ss.; 29.18ss.; 30.10; Dn 1—4/pp. 3 0 4 , 4 4 9 , 451-455, 4 6 8 , 474-475. Veja "Os babilônios", pp. 456-457. Nadabe Filho de Arão que, c o m Abiú, cometeu sacril é g i o e morreu: Lv 10/p. 184. Naftali 1. U m d o s 12 filhos de Jacó; ancestral de uma das tribos de Israel: Gn 30.8; 49.21. Árvore genealógica p. 147. 2. Território da tribo de Naftali na Galileia: Js 19.3239/Mcipa p. 235. Naim L u g a r na G a l i l e i a o n d e Jesus restaurou a vida d o filho da v i ú v a : Lc 7.U/Mapa p. 526 B3 Foto p. 604. Naor I r m ã o d e A b r a ã o que se instalou e m Ha rã e se tornou ancestral de várias tribos de arameus: Gn 1 1 . 2 7 S S . ; 22.20ss.; 24.10ss. Nascimento virginal de Jesus M t 1; Lc 1—2/pp. 550552 e artigo p. 596. Natã Profeta que transmitiu a palavra d e Deus a Davi e ajudou a colocar S a l o m ã o no trono: 2Sm 7.12; l R s 1; l C r 1 7 / p p . 272, 276. Natanael U m dos 12 apóstolos (veja "Os d o z e discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) , provavelmente o m e s m o que B a r t o l o m e u ; d e Caná: Jo 1.45-51; 2 1 . 2 / pp. 623-624.
Naum P r o f e t a cuja profecia contra N í n i v e está registrada no livro de N a u m / p . 500. Naum, L i v r o de Pp. 500-501. Navios Fotos pp. 232 (navio d e guerra filisteu), 281 ( m e r c a n t e f e n í c i o ) , 306 (mercante de S a l o m ã o ) , 428 ( d e guerra fenício), 497 (mercante g r e g o ) , 668 (transportador de milho r o m a n o ) , 670 ( d e guerra r o m a n o ) . Nazaré Cidade na Galileia o n d e José e Maria v i v e ram; cidade de Jesus; Lc 1.26ss.; 2.39,51; 4.16ss., etc/Mapa p. 526 B2 Fofos pp. 524, 542, 544. Nazaré, Decreto de Inscrição p. 658. Nazireu, Voto N m 6 / p p . 195, 246 ( S a n s ã o ) . Neápolis Porto p r ó x i m o a Filipos no N o r t e da Grécia ( a t u a l K a v a l l a ) : A t 16.1 l/Mapa p. 657 Foto p. 654. Nebo Cidade e montanha e m M o a b e de onde Moisés avistou a terra prometida e o n d e e l e morreu: Dt 3 2 . 4 9 - 5 0 ; 3 4 . 1 s s . / Mapa p. 104 C5 Fotos pp. 208, 215. Nebuzaradã C a p i t ã o d a guarda de N a b u c o d o n o sor e m Jerusalém: 2Rs 25; Jr 39; 52. Neco Faraó q u e m a t o u J o s i a s na b a t a l h a d e M e g i d o , depôs Jeoacaz e colocou Jeoaquim n o t r o n o : 2Rs 2 3 ; 2 C r 35.20—36.4/pp. 303304, 326 Mapa p. 326. Neemias C o p e i r o d o rei persa; retornou a Jerusalém e organizou a reconstrução dos muros; suas m e m ó r i a s e s t ã o registradas n o l i v r o d e Neemias. Neemias, Livro de P p . 334ss. Neguebe Região árida no extremo sul de Israel ligada ao Sinai, na rota para
o Egito; ali os patriarcas pastorearam seus rebanhos e os israelitas peregrinaram antes de entrar em Canaã: Gn 2 0 . 1 , e t c ; Nm 13.17; 2 1 . 1 , etc./ Mapa p. 166 Fotos pp. 37, 9 9 , 122, 174, 179, 197, 216, 357. Nergal-Sarezer A l t o oficial d o e x é r c i t o de Nabucodonosor: Jr 39. Nicodemos O líder judeu que se e n c o n t r o u em segredo c o m Jesus: Jo 3; 7.50ss.; 1 9 . 3 9 / p p . 624625, 632, 6 4 1 . Nilo Grande rio d o Egito no qual se baseava toda a sua economia; aparece no sonho d o Faraó; ali os bebês dos hebreus foram a f o g a d o s e M o i s é s foi escondido; poluído com as pragas; m e n c i o n a d o freqüentemente pelos profetas: Gn 41.1ss.; Êx 1.22; 2.3ss.; 7.14ss.; Is 18.2, etc/Mapa p. 154. Nínive Cidade que se tornou c a p i t a l da Assíria no reinado de Senaqueribe; Jonas foi e n v i a d o à c i d a d e c o m o profeta; N a u m profetizou contra ela; q u a n d o foi tomada pelos babilônios, o poder da Assíria ruiu: Gn 10.11; 2Rs 19.36; Jn 1.2; 3; Na 1.1/Mapa p. 300 Foto p. 456. Nobe Lugar onde Davi foi a Aimeleque e tomou a espada d e G o l i a s ; seus sacerdotes foram mortos por D o e g u e : I S m 2 1 — 22/Mapa p. 264. Noé H o m e m piedoso salvo d o dilúvio que destruiu o resto da humanidade; pai de Sem, Cam e Jafé: Gn 6—9/pp. 122, 125. Veja "Histórias d o dilúvio", pp. 123-124. Noemi Sogra de Rute, de Belém: R t / p p . 251-253. Veja " U m a história d o ponto de vista feminino", p. 254. Noiva iemenita Fofo p. 406;
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jóias icmcnitas, veja Ouro e jóias. Nômades, Vida nômade Artig o ilustrado pp. 198-199. Fotos pp. 24-25, 38, 100, 117, 128-129, 134, 216, 350, 3 5 1 , 354-355. Nomes " N o m e s de pessoas e m Gn 1—11", p. 121; "Os nomes d e Deus", p. 162. Números, Livro de P p . 193ss.
O Obadias 1. M o r d o m o da casa de Acabe que salvou 100 profetas: 2Rs 18. 2. O profeta cuja mensagem contra Edom está registrada n o l i v r o d e Obadias/p. 495. Obadias, Livro de P. 495. Obede F i l h o d e Rute e Boaz; avô de Davi: Rt 4.13ss. Obede-Edom F i l i s t e u e m cuja casa a Arca da Aliança p e r m a n e c e u após a morte de Uzá: 2Sm 6.10ss.; l C r 13. Obelisco Negro A r t i g o ilustrado, p. 296. Ofertas Êx 35.5ss.; 2 R s 12.4-16; Mt 6.1-4; Lc 12.16-21; 21.1-4; I C o 8—9; 16.1-2/p. 599; veja também Dízimo. Ofir País d e l o c a l i z a ç ã o desconhecida, famoso por seu o u r o : l R s 9.28, etc. Ogue Rei de Basã a leste d o J o r d ã o , d e r r o t a d o pelos israelitas: N m 21.32ss.; Dl 3/pp. 202, 209. Om Veja Heliópolis. Onesíforo Cristão que ajudou Paulo na prisão: 2 T m l . l ó s s . ; 4.19. Onésimo Escravo foragido; assunto da carta de Paulo a F i l e m o m / p p . 726, 739. Onri Rei poderoso de Israel 885-874 a.C. que fez de Samaria sua capital: l R s 16/p. 290. Oração Ensinamento de
Jesus: M t 6 . 5 - 1 5 ; 7.711; 26.41; Mc 12.38-40; 13.33; 14.38; Lc 11.1-13; 18.1-14/pp. 556, 610, 6 1 3 . Veja " O r a ç õ e s da Bíblia", p. 805. Orfa Nora d e N o e m i ; Rt l/p. 251. Oriente Médio Antigo Veja " O Antigo Testamento e o Antigo Oriente Próximo", pp. 105-107; "Alianças e tratados no Oriente Próximo", pp. 210-211; diagrama pp. 100-101. Omã Veja Aratina. Oséias 1. P r o f e t a c u j o livro se refere ao a m o r de Deus por seu p o v o infiel. 2. Ú l t i m o rei d o reino do norte, Israel, 732-723 a . C ; 2Rs 17/p. 300. Oséias, Livro de Pp. 483ss. Oséias, Selo de Foro p. 300. Otoniel Um dos juízes: Jz 3.7-1 l / p . 240. ' Ouro e jóias Fotos pp. 139, 406 (icmcnitas), 132,133 ( d e U r ) , 154, 165, 286 (egípcios), 341, 343, 475 (persas), 185, 284, 755.
P Padã-Harã O n d e L a b ã o vivia, no Norte da Mesopotâmia: Gn 28.2, e t c . / Mapa p. 127. Pafos Cidade no Sudoeste de Chipre visitada por Paulo na primeira viagem missionária: A t 13.6ss./ Mapa p. 652 Foto p . 704. Palavras de Jesus na cruz R 590. Panfilia R e g i ã o no atual sudoeste da Turquia, que inclui P e r g e : A t 2 . 1 0 ; 13.13/Mapci p. 680. Papiro O "papel" da Antiguidade, feito da haste d o junco de papiro. Veja "Do rolo ao livro", p. 71. Fotos pp. 4 1 , 73, 74, 546, 677. Parã Área desértica perto de C a d e s - B a r n é i a pela qual os israelitas passaram após o ê x o d o : N m 10.12, e t c / M a p a p. 166.
Páscoa Êx 12/p. 164. Veja "As grandes festas religiosas", p. 190 (e foto p. 4 2 ) ; "A Páscoa e a última ceia", pp. 574-575. Páscoa de Ezequias: 2Cr 3 0 / p. 324. Páscoa de Josias: 2Cr 3 5 / p . 326. Pássaros A r t i g o "Animais e aves", pp. 38-39 ( c o m maiores informações e fotos). Pastor Fotos pp. 137, 144, 262, 269, 350, 368, 469, 4 9 0 , 633. Salmo do pastor: SI 2 3 / p p . 3 6 8 - 3 6 9 . Deus, o pastor de Israel: SI 80.1; 100.31; ls 40.101 1 . Líderes pastores: Jr 25.34ss.; Ez 3 4 ; Zc 1 1 . Jesus, o "bom pastor": Jo 1 0 / p . 633. Pasur Sacerdote que colocou Jeremias no tronco: Jr20. Patmos Ilha no mar Egeu o n d e J o ã o t e v e suas visões: A p 1.9/Mapa p. 765. Patriarcas Pais fundadores da nação de Israel. Veja A b r a ã o , Isaque, Jacó. Veja t a m b é m "Mulheres de fé", p. 143. Paulo (Saulo) Veja "Paulo", pp. 6 8 9 - 6 9 0 . A p ó s t o l o aos g e n t i o s e autor de 13 das epístolas d o N T : At 7.58-Fm/pp. 647-648, 651ss., 677ss. Martírio de Estevão: A t 7.58ss. Perseguição da igreja: 8.3; 9.1ss. Conversão: 9 ( 2 2 ; 2 6 ) Primeira viagem missionária: 13-14. Concílio de Jerusalém: 15. Segunda viagem missionária: 15.26—18.22. Terceira viagem missionária: 18.23—20.37. Em Jerusalém; a prisão: 21-23. Cesaréia; defesa perante Félix e Agripa: 24-26. Viagem a Roma: 27-28. Veja t a m b é m algumas passagens m a i s pessoais nas epístolas: 2 C o 1—2; 7; 11-12; Gl 1.11—2.21; Fp 1.12ss; 3; l T s 2—3; 2 T m 4.6ss., etc.
Pavimento Na Fortaleza A n t ô n i a ; lugar onde os soldados z o m b a r a m de Jesus. Foto p. 616. Paz Veja "A paz de Deus", p. 636. N m 6.26; SI 4.8; 85.8-10; 119.165; Pv 3.17; Is 9.6-7; 57.19-21; Jr 6.14; 16.5; Ez 34.25; Mt 10.34; Lc 1.79; 2.14; 7 . 5 0 ; 1 9 . 3 8 , 4 2 ; Jo 14.27; At 10.36; Rm 1.7; 5.1; 8.6; 14.19; Gl 5.22; Ef 2.14-17; 4.3; 6.15; Fp 4.7; Cl 3.15; 2Ts 3.16; T g 3.17-18. Peca T o m o u o trono de Israel d e Pecaías, 7527 3 2 a . C ; 2 R s 15.25— 16.5/p. 299. Pecado e mal Transgressão; desobediência; rebelião contra Deus. Sua entrada no mundo: Gn 2—3; 2Pe 2.4; Jd 5-7; A p 12.7-12. Satanás (a personificação do mal) e sua obra: Gn 3.1-6; J ó l — 2 ; Mt 4.1-11; 12.22-28; 16.23; Lc 13.16; 22.3-6, 3 1 ; Jo 8.43-47; At 26.15-18; 2 C o 2.10-11; 11.14; 12.7; 1 T S 2 . 1 8 ; Hb 2.14; l P e 5.8; U o 3.8-10; A p 2.13; 12.7-17. A universalidade do pecado: Gn 3.16-24; 4; Dt 9.6-24; SI 14; Is 59.1ss.; Jr 44; Ez 36.22-32; Mt 15.16-20; Rm 1.28-32; 5.12; 6.23; Gl 5.19-21; Ef 2.1-3; T g 1.12-15; 4.1-3,17; U o 3 . 4 . Vitória de Deus; destruição final do pecado: SI 103; Rm 5.15-21; I C o 15.5457; U o 3.4-10; Ap 20. Pecaías Rei de Israel 7 4 1 740 a.C. assassinado por Peca: 2Rs 1 5 . 2 2 - 2 6 / p . 299. Pedro A p ó s t o l o e l í d e r da igreja primitiva (veja "Os d o z e discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) ; duas epístolas d o N T têm seu n o m e : os E v a n g e l h o s ; At 1—15; Gl 1—2; l P e ; 2 P e / p p . 566, 5 8 2 , 615, 642, 6 4 5 - 6 4 6 , 6 4 8 - 6 5 1 , 7 5 2 s s . Chamado: Mt 4.18ss., etc. Reconhe-
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cimento de Jesus como Messias: M t 16.13ss., etc. Presença na transfiguração: M t 17, etc. Negação de Jesus: M t 2 6 . 6 9 s s . , etc. Comissão de Jesus: Jo 2 1 . Sermão no dia de Pentecostes: A t 2. Cura no Templo: At 3. Perante as autoridades: A t 4 . Libertação da prisão: A t 5; 12. Em Samaria: At 8.14ss. Ressurreição de Tabita: At 9.36ss. Visão; visita Cornélio: A t 10. Concilio de Jerusalém: At 15. Pedro, Epístolas de P p . 752ss. Peixe, pesca Artigo ilustrado "A pesca no mar da Galileia", p. 581. Fotos pp. 10, 17, 20, 194 ( E g i t o ) , 401 (Assíria), 559, 584, 629, 642, 654. Pelatias Líder e m Jerusalém cuja morte Ezequiel viu numa visão; Ez U / p . 464. Peniel A margem d o ribeiro de Jaboque, onde Jacó lutou contra o anjo: Gn 32.22ss./Mapa p. 104 C4 Foto p. 145. Penina S e g u n d a esposa de Elcana, que insultava Ana, a estéril: I S m l / p . 256. Pentateuco Veja L e i d e Deus. Pentecostes, Dia de Quando os seguidores d e Jesus receberam o dom o Espírito Santo de Deus para capacitá-los a p r o p a g a r sua m e n s a g e m : A t 2 / p . 645. Perdão Misericórdia bondosa de Deus: Ex 34.67; SI 5 1 ; Is 55.6-7; U o 1.5-10. A morte de Cristo como base para o perdão de Deus: M t 2 6 . 2 6 - 2 8 ; Jo 1.29; A t 5.31; 13.38; Ef 1.7; U o 2.2,12. Perdoar os outros: M t 6.1415; 18.21-35; Ef 4.32; Cl 3.13. Peregrinação no deserto Os 40 anos d o s israelitas no deserto d o Sinai: Ex
16ss.; N m / p p . 166ss., 193ss. Mapa p. 166. Pérgamo C i d a d e d e uma das sete igrejas às quais João escreveu: A p 1 1 . 1 ; 2.12-17/Anofaçòo e mapa p. 765 Fotos p. 672, 765. Perge A primeira parada continental da primeira v i a g e m missionária d e Paulo, na atual Turquia: At 13.13; 14; 25/Mapa p. 6 5 2 Foto p. 653. Pérsia, persas Povo de língua i n d o - e u r o p é i a que conquistou os babilônios no século 6 a.C. e assumiu o c o n t r o l e d e u m império que se estendia da índia ao Egeu e Egito. Suas capitais eram Pasárg a d a e P e r s é p o l i s , nas montanhas d o sudoeste da Pérsia, e a antiga capital elamita d e Susã na p l a n í c i e . Seu i m p é rio administrado liber a l m e n t e d u r o u a t é se tornar parte d o ainda mais extenso império de Alexandre, o Grande, no século 4 a.C. Ciro, rei da Pérsia, permitiu o retorno dos judeus a Jerusalém; Ester foi rainha da Pérsia: Ed 1.1; Et 1.3; Dn 8.20; 1 0 . 1 , e t c . / p p . 328ss. Veja "Os persas", pp. 480-481 ( c o m fotos). Mapa p. 4 8 0 ( I m p é r i o P e r s a ) Fotos p p . 3 4 0 , 341, 342, 343, 475, 476, 477. Pilatos Veja artigo p. 593 e "Os judeus sob o g o v e r n o r o m a n o : a província da Judeia", p. 534 ( a m b o s com f o t o s ) . Procurador r o m a n o da Judeia que, t e m e n d o p e r d e r sua posição, permitiu que as autoridades judaicas crucificassem Jesus: Mt 2 7 ; Mc 15; Lc 3 . 1 ; 13.1; 23; Jo 18—19. Pisga U m d o s p i c o s d o monte N e b o / M a p a p. 209. Pisídia Região montanhosa d o interior da Turquia:
At 13.14; 14.24/Mapa p. 652. Pitom Uma das cidades de pedra d o delta d o N i l o , c o n s t r u í d a para Faraó por escravos israelitas: Ex 1.11. Planícies de Moabe O n d e os israelitas de reuniram antes de atravessar o Jordão: N m 22.1; 35.1, e t c . / Mapa p. 104 C5. Plantas Veja Á r v o r e s e plantas da Bíblia. Poço Fotos p p . 3 5 , 137, 625. Poesia da Bíblia Particularmente, os livros de poesia — J ó , S a l m o s , e t c . Mas há poesia e m muitos outros livros, como Ex 15 (cântico de Miriã), Dt 32 ( c â n t i c o d e M o i s é s ) , Jz 5 (cântico de D é b o r a ) e nos Profetas. Veja "Poesia e Sabedoria", pp. 344ss.; "Salmos d o ponto de vista de um poeta", p. 367. Pompeia Fotos p p . 5 3 7 , 772. Ponto Província romana à m a r g e m d o mar N e g r o : os judeus de lá estavam e m Jerusalém no Pentecostes; terra de Áqüila: At 2.9; 18.2; I P e 1.l/Mapa p. 680. Potifar Oficial d o Faraó em cuja casa José serviu: Gn 37.36; 39. Veja 'José", p. 149. Povos do Mar Veja "Cidades da conquista", p. 2 2 8 ; "Cananeus e filisteus", p. 2 3 1 . Veja t a m b é m Filístia. Pragas do Egito Êx 7 — 1 2 / pp. 163-164. Priscila V e j a Á q ü i l a e Priscila. Procurador G o v e r n a d o r romano: pp. 535-537. Veja t a m b é m P i l a t o s , Félix, Festo. Profecias contra as nações Muitos profetas pronunciaram o j u l g a m e n t o de Deus sobre as nações de sua é p o c a : veja Is 1 3 — 23; Jr 4 6 — 5 1 ; Ez 2 5 —
3 2 ; A m 1.1—2.5; O b (contra E d o m ) ; Naum (contra N í n i v e ) ; Sf 2/pp. 425SS., 453ss., 467ss., 490, 495, 500, 504. Profetas, profecia Veja "Os profetas": introdução, pp. 408ss. e p. 2 2 2 ; gráfico "Os profetas no seu contexto", pp. 414-415; "Profetas e profecia", pp. 4 2 3 - 4 2 4 . Livros do AT: Isaías—Malaquias/pp. 417ss. Falsos e verdadeiros profetas, pp. 321, 410, 449, 4 6 4 . No NT: p. 424 e veja "Dons espirituais", p. 703. Prosélitos Gentios que adotaram a religião judaica: p. 5 3 1 . Ptolemaida N o m e g r e g o de A c o : A t 21.7/Mapa p. 526 B2. Públio L í d e r da ilha de M a l t a c u j o pai P a u l o curou: A t 28.7ss. Pui N o m e de Tiglate-Pileser c o m o rei da Babilônia: 2Rs 15.19. Purim Et 9/p. 343. Veja "As grandes festas religiosas", p. 191. Foto p. 43. Pute País africano, provavelmente parte da Líbia: Jr 46.9; Ez 27.10, etc. Putéoli P o r t o i t a l i a n o onde Paulo desembarcou a caminho d e R o m a : A t 28.13/Mapa p. 667.
Q Quebar R i o na Babilônia junto ao qual Ezequiel e os exilados se instalaram: Ez 1.1, etc. Queda A desobediência da humanidade que levou à corrupção dq mundo na história da c r i a ç ã o . Gn 3 / p p . 119-120; também pp. 109-110. Quedes C i d a d e cananéia na Galileia conquistada por Josué; c i d a d e natal de Baraque: Js 12.22; Jz 4.6; também 2Rs 15.29, etc./ Mapa p. 104 C l .
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ORAÇÕES DA BÍBLIA Oração de Abraão por Sodoma Gn 18.22-33 Servo de Abraão ora por orientação Gn 24.12-14 Bênção de Isaque Gn 27 Voto de Jacó em Betei Gn 28 Oração de Jacó em Peniel Gn 32 Jacó abençoa seus filhos Gn 48—49 Moisés pede para ver a glória de Deus Êx33 Moisés abençoe o povo de Israel Dt 33 Moisés intercede por Israel após o povo adorar o bezerro de ouro Êx 32; Dt 9 Moisés pede que Deus perdoe seu povo rebelde Nm 11 Bênção de Arão Nm 6 Balaão abençoa Israel Nm 22—24 Cântico de Moisés: Deus e seu povo Dt 32 Ação de graças de Moisés pela libertação do Egito Êx 15 Oração de Josué após a derrota em Ai Js 7 Josué ora pedindo tempo para completar sua vitória Js 10 Ação de graças de Débora pela vitória Jz 5 Oração de Gideão por sinais Jz 6 Oração de Ana por um filho 1Sm 1 Ação de graças de Ana 1Sm 2 Oração de Samuel pela nação 1Sm 7 Oração de Davi após a promessa de Deus de sucessão contínua 2Sm 7; 1 Cr 17 Ação de graças de Davi por libertação 2Sm 22; S118 Oração de Salomão por sabedoria IRs 3; 2Cr 1 Oração de Salomão na dedicação do Templo 1 Rs 8; 2Cr 6 Oração de Elias no monte Carmelo 1 Rs 18 Elias e o "cicio tranqüilo e suave" 1 Rs 19 Oração de Ezequias ao final do cerco de Senaqueribe 2Rs 19; Is 37 Ação de graças quando a Arca da Aliança é levada para Jerusalém ICr 16 Davi ora por Salomão ICr 29 Confissão de Esdras pelos pecados do povo Ed 9 Oração de Neemias pelo seu povo Ne 1 Confissão pública conduzida por Esdras Ne 9 Jó procura a razão do seu sofrimento Jó 10 Jó defende sua causa Jó 13—14
Confissão de Jó Jó 42 Os Salmos incluem um grande número de orações. Veja "Salmos para ocasiões e necessidades especiais", p. 362, que traz uma lista por temas. Orações de Isaías Is 25; 33; 63—64 Oração de Ezequias em sua enfermidade Is 38 Orações de Jeremias Jr 11; 14; 20; 32 Lamentos pela queda de Jerusalém Lm 1—4 Oração por restauração Lm 5 0 sonho do rei: oração de Daniel Dn 2 Nabucodonosor louva a Deus Dn 4.33-37 Oração de Daniel ao final do exílio Dn 9 Oração de Jonas Jn 2 Queixas de Habacuque He 1 Oração de Habacuque H< i Orações de Jesus: O Pai Nosso Mt 6.9-13; Lc 11.2-4 Gratidão por Deus se revelar cts pessoas simples Mt 11.25-26; Lc 10.21 no Getsêmani Mt 26.36-44: Mc 14.32-39; Lc 22.46 na cruz Mt 27.46; Mc 15.34; Lc 23.34-46 na ressurreição de Lázaro Jo 11.41-42 diante da morte Jo 12.27-28 peias seus seguidores Jo 17 Cântico de Maria (Magnificat) Lc 1.46-55 Cântico de Zacarias (Benedictus) Lc 1.68-79 Cântico de Simeão (Nunc Dimittis) Lc 2.29-35 Oração do fariseu e do publicano Lc 18.10-13 Oração da igreja diante das perseguições At 4.24-30 Oração de Estêvão na sua morte At 7.59-60 Orações de Paulo: peias cristãos em Roma Rm 1.8-10 por Israel Rm 10.1 Pela igreja em Corinto ICo 1.4-9; 2Co 13.7-9 ação de. graças pelo conforto de Deus 2Co 1.3-4 ação de graças pela riqueza espiritual em Cristo Ef 1.3-14 pelos cristãos de Êfeso Ef 1.16-23; 3.14-19
peias cristãos de Filipos Fp 1.3-11 pela igreja em Colossos Cl 1.3-14 pelos cristãos de Tessalõnica lTs 1.2-3; 2.13; 3.9-13; 5.23; 2Ts 1.3; 2.13,16-17; 3.16 por Timóteo 2Tm 1.3-4 por Filemom Fm 4-6 Ação de graças de Pedro 1Pe 1.3-5 Oração de João por Gaio 3Jo 2 Doxologias (louvor a Deus) e bênçãos: Rm 16.25-27 Ef 3.20-21 Fp 4.20 lTs 3.11-13 Hb 13.20-21 IPe 5.10-11 2Pe3.18 Jd 24-25
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Quedorlaomer O rei de Elão que liderou um ataque de punição contra S o d o m a e Gomorra; p e r s e g u i d o e morto por A b r a ã o : Gn 14. Queila C i d a d e que Davi salvou de ataque filisteu e onde se refugiou: I S m 23/Mapa p. 264. Querite Riacho j u n t o a o qual Elias viveu durante a fome: l R s 17.3/Mapa p. 104 C3: Quetura Segunda esposa de Abraão, após a morte de Sara: Gn 2 5 . 1 s s . / p . 139. Quinerete Outro n o m e d o mar da Galileia e uma cidade à margem d o lago: Dt 3.17'/Mapa p. 104 C 2 . Quir/Quir-Haresete Cidade fortificada e m M o a b e : 2Rs 3; Is 1 5 . 1 ; 1 6 . 7 / Mapa p. 104 C7. Quiriataim Local a leste d o Jordão d e s i g n a d o para Ruben; p o s t e r i o r m e n t e caiu nas mãos de Moabe: Js 13.19; J r 4 8 . 1 / M a p a p . 104 C6. Quiriate-Arba N o m e antigo de Hebrom. Quiriate-Jearim P r i n c i pal cidade dos g i b e o n i tas; local onde a Arca da Aliança foi mantida por 20 anos antes d e Davi levá-la para Jerusalém: Js 9; I S m 6.19—7.2/Mapa p. 104 B5 Foto p. 259. Quirino G o v e r n a d o r da Síria quando Jesus nasceu: Lc 2.2; veja "O recenseamento", p. 600. Quis Pai do rei Saul: I S m 9.1ss. Quisom Ribeiro mencionado na história da vitória de Baraque e no massacre dos profetas de Baal; flui para o mar a norte do monte Carmelo: Jz 5.21; lRs 18.40/Mcipci p. 104 B2. Quitim N o m e d e C h i pre; posteriormente das costas orientais d o Mediterrâneo.
Qumran, Comunidade de Fotos pp. 3 2 , 5 3 9 . Veja também Manuscritos d o Mar Morto.
R Raabe A p r o s t i t u t a d e Jericó que escondeu dois espiões: Js 2 ; 6; M t 1.5/ pp. 225-226, 550. Rabá C a p i t a l d e A m o m ( a t u a l A m ã ) : Dt 3 . 1 1 ; 2 S m 1 2 . 2 6 ; 1 7 . 2 7 ; Jr 49.2, e t c / M a p a p. 104 C4. Rabe-Saris, Rabsaqué, Tartã Títulos de oficiais assírios enviados por Senaqueribe para negociar c o m Ezequias e intimidar o povo: 2Rs 18—19; Is 36—37. Ramá Cidade ao norte de Jerusalém; local d o túmulo de Raquel; mencionada em relação a Débora, à história d o levita, a fortificações de Baasa e Asa e à libertação de Jeremias: Mt 2 . 1 8 ; Jz 4 . 5 ; 19.13; l R s 15.17,22; J r 4 0 . 1 . Ramessés Uma das cidades-ccleiro d o delta d o N i l o construídas para o Faraó por escravos israelitas: Êx 1.11/Mcipci p. 166. Ramote-Gileade Cidade d e refúgio a leste d o Jordão que parece nas guerras c o m a Síria; capital de um d o s distritos d e S a l o m ã o ; ali A c a b e foi morto e m batalha e Jeú foi ungido: Js 20.8; l R s 4.13; 22; 2Rs 8.28ss.; 9 / Mapa p. 104 D3. Ramsés I I Provavelmente o Faraó d o ê x o d o ( v e j a F a r a ó ) : p. 156 Foto p . 164. Raquel Filha d e L a b ã o ; esposa favorita de Jacó; mãe de José e Benjamim. Gn 29—35/pp. 141-142, 146. Veja "Mulheres d e fé", p. 143; 'Jacó", p p . 144-145. Real, Estrada Caminho que
vai d o g o l f o de Acaba, passando pelo mar Morto, até a Síria; Edom recusou acesso por ela a Moisés: N m 20.17, e t c / M a p a p. 209 Foto p. 203. Rebeca Esposa de Isaque, levada a ele pelo servo de Abraão; seu filho favorito era Jacó: Gn 24—28/pp. 139-140. Reconciliação Entre Deus e a humanidade: Rm 5.611; 11.15; 2 C o 5.18-20; Cl 1.20-22. Entre seres humanos: Mt 5.23-24; Jo 17.11,20-23; I C o 7 . 1 1 ; 12.12SS.; Gl 3 . 2 8 ; Ef 2.11-22. Reconstituições Veja Maquetes e reconstituições. Redenção P a g a m e n t o d e um p r e ç o para c o m p r a r salvação e liberdade: Lv 2 5 . 2 5 - 5 5 ; Êx 13.13; 21.30; 30.12; N m 18.1516. Redenção do povo de Deus: Êx 6.6; Dt 7.8; 21.8; 2Sm 4.9; Jó 33.2228; SI 1 0 3 . 4 ; 1 0 7 . 2 ; 130.8; Is 50.2; 63.9; Os 13.14. Cristo como resgate: M t 20.28; R m 3.24; 8.23; I C o 1.30; Gl 3.13; Ef 1.7; 4.30; Cl 1.14; Hb 9.12,15; I P e 1.18-19; A p 5.9; 14.3-4. Refains, Vale dos Vale onde Davi lutou contra os filisteus 2Sm 5.18. Regeneração Renascer, ser recriado e avivado perant e D e u s : SI 5 1 . 1 0 ; Jr 24.7; 31.33-34; Ez 11.19; 36.26; Mt 19.28; Jo 1.1213; 3.3SS.; R m 8.9ss.; 2Co 5.17; Ef 2.5; T t 3.5; I P e 1.23; U o 2.29; 3.9; 4.7; 5.1,4,18. Régio Porto italiano onde o navio de Paulo aportou: At 28.13/Mapa p. 667. Reino G o v e r n o d e Deus (veja p. 413 e 'Jesus e o reino", pp. 5 6 3 - 5 6 4 ) : SI 1 0 3 . 1 9 ; 145.11-13; Dn 2.44; 4.3; 7.13-14,27; Mt 3.2; 4.23; 5.3,10,19-20; 6.9-10,33; 13.11,19,2452; 16.19,28; 18.1-
4,23ss.; 19.12-13,23ss.; 20-lss.; 21ss.; 21.43; 22.2ss.; 2 3 . 1 3 ; 2 4 . 1 4 ; 2 5 . 1 S S . , 3 4 ; 2 6 . 2 9 ; muitas referencias semelhantes e m M c e Lc; Jo 3.3,5; 18.36; A t 14.22; 2 8 . 3 1 ; Rm 14.17; I C o 4.20; Gl 5.19-21; Cl 1.13. Reis de Israel e Judá Gráfico pp. 306-307; "Examinando a cronologia dos reis", pp. 287-288. Reis, Livros de Pp. 276ss. Religião judaica Veja Judaísmo. Religiões de mistérios Termo a m p l o relativo a vários cultos g r e g o s e outros do Egito, Pérsia e outras parte d o Oriente, os quais compartilhavam o mesmo conceito de compromisso pessoal por iniciação numa s o c i e d a d e secreta cujos rituais j a m a i s são divulgados a um não m e m b r o . V á r i a s seitas c o m e ç a r a m a se desenv o l v e r na época e m que as Epístolas d o N T foram escritas, sendo mais tarde ( n o século 2 ) classificadas sob o título de "gnosticismo" ( d o grego gnosis, "conhecimento"), por crerem que era necessário c o n h e c i m e n t o especial para ser salvo. Este era r e v e l a d o aos novatos nas seitas assim como nas religiões de mistério. Paulo usou a linguagem delas, por e x e m p l o , na Epístola aos Colossenses, para falar d o mistério revelado de Deus — a mensagem d o evangelho. Veja pp. 673, 676. Ressurreição V o l t a r da morte para a vida (uma ressurreição corporal c o m o a d e C r i s t o ) : Jó 19.25-27; SI 4 9 . 1 4 - 1 5 ; Is 26.19; Ez 37; Dn 12.2; Mt 2 2 . 3 0 - 3 2 ; Lc 14.14; 20.34-38; Jo 5.29; 6.3940, 4 4 , 54; 11.25; At 2.22-36; 4.33; 17.18, 32; 23.6-8; 2 4 . 1 5 ; R m 1.4;
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4.24-25; 6.5ss.; I C o 15; Fp 3.10-11; Cl 2.12; 3.14; l i s 4.13ss.; Hb 11.35; I P e 1.3; 3 . 2 1 ; U o 3.2; A p 20.4-6,11-15. Relatos da ressurreição de Jesus: Mi 28; M c 16; Lc 24; Jo 20; I C o 15.3-8. Veja "A ressurreição d e Jesus", pp. 6 1 9 - 6 2 0 ; "Os milagres d o N o v o Testamento", p. 605. Retidão A a ç ã o c o r r e t a e a justiça que caracterizam Deus e que Deus e x i g e das p e s s o a s : Gn 15.6; 18.23ss.; Lv 19.15; Dt 4 . 8 ; Jó 4 . 7 ; 3 6 . 7 ; SI 1.5-6; 1 1 . 7 ; 2 3 . 3 ; 34.19; 37.25; 97.6; 98.9; Pv 10.2; 11.4ss.; Is 5 3 . 1 1 ; 64.6; Ez 3.202 1 ; 33.12ss.; H c 1.4,13; Mt 5.6,10,20; 6.33; 9.13; 13.43; Lc 18.9; Jo 16.810; R m 3.10-26; 4.3ss.; 5.17ss.; 6.13ss.; 10.3ss.; 2Co 5.21; 6.14; Ef 6.14; Fp 1.11; H b 1 2 . 1 1 ; T g 5.16; ! P e 2 . 2 4 ; 2Pe 3.13; U o 2.1; 3.7. Retorno de Jesus Cristo Veja Jesus C r i s t o e Dia d o Senhor. Retorno do exílio Veja livros de Esdras e Neemias, pp. 328ss. Reuel O u t r o n o m e d e Jetro. Revelação O que Deus decide manifestar às pessoas. Os cristãos c o n s i d e r a m toda a Bíblia o registro da r e v e l a ç ã o d e Deus: Dt 2 9 . 2 9 ; I S m 3 . 7 , 2 1 ; Is 22.14; 40.5; Dn 2.22, 28ss.; A m 3.7; Lc 17.30; Jo 12.38; R m 1.17-18; 2.5; 8.18; 16.25; I C o 14.6,26; 2 C o 12.1,7; Gl 1.12; 3.23; Ef 1.9-10,17; 3.3,5; I P e 1.5,12-13; 5.1; A p 1.1. Cristo como revelação de Deus: Jo 1.1-18; 14.7; Cl 1.15ss.; H b 1.13;2Pcl.l6ss.;Uol.lss.; Ap 1.12-16. Deus revelado na criação: Jó 38—40; SI 8; 19; 104; R m 1. Revelação do poder e da gló-
ria de Deus: Ex 24.9-11; 33.18—34.9; 1Rs19.9ss.; Is 6; Ez 1.10; Dn 7.9-14; Mt 17.1-5 (transfiguração de Cristo); A p 4. Revolta judaica contra os romanos c m 66 d . C ; pp. 531, 535. Artigo ilustrado p. 572. Fotos p. 35 (objetos de Massada). Rezim 1. R c z i m , rei da Síria, que atacou Judá e foi m o r t o p e l o rei assírio T i g l a t e - P i l e s e r : 2Rs 15.37—16.9; Is 7.1ss. 2. Rczom, rei de Damasco, que atormentou Israel na época de S a l o m ã o : l R s 11.23ss./p. 285. Ribla Essa c i d a d e n o Orontes foi base militar do Faraó N e c o e depois d e N a b u c o d o n o s o r ; ali Z e d e q u i a s foi c e g a d o e seus filhos foram mortos: 2Rs 23.33; 25.6-7. Rispa Concubina de Saul cujos filhos Davi entregou aos gibeonitas para serem mortos: 2Sm 3.7; 21/pp. 266, 274. Roboão Filho de Salomão cujo r e i n a d o o p r e s s i v o dividiu o reino e m dois: l R s 1 1 . 4 3 — 1 4 . 3 1 ; 2Cr 9.31 — 1 2 . 1 6 / p p . 2 8 5 , 289, 319. Rode Criada que atendeu a porta para Pedro depois que o anjo o liberto da prisão: At 12.12ss. Rolo Veja " D o r o l o a o l i v r o " , p. 7 1 . Fotos pp. 3 2 , 47, 64, 66, 69, 7 1 , 98. Veja também Manuscritos do Mar Morto. Roma, romanos Capital d o Império Romano. Judeus de Roma estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes; mais tarde Cláud i o os e x p u l s o u ; Paulo escreveu aos cristãos d e Roma, com a intenção de visitá-los, c chegou à cidad e c o m o prisioneiro: A t 2.10; 18.2; Rm 1.7,15; A t 2 8 / p . 681. Veja "Governo romano, cultura grega", pp. 670-673; "Os judeus
sob o g o v e r n o r o m a n o . : a província da Judeia", pp. 5 3 4 - 5 3 5 ; "A c i d a d e d e Roma", pp. 6 8 4 685; também "Soldados romanos no N o v o Testamento", p. 592; "O recenseamento", p. 600 (todos c o m f o t o s ) . Para cultos religiosos, veja pp. 672673. Fotos pp. 33, 6 6 3 , 673, 717 ( t e a t r o s ) , 3 5 , 588 ( v i d r o ) , 525 (canetas), 566 (cambista), 686 (fazendeiros), 739 (identificação de escravo), 47, 693, 718. Veja também Cesaréia, M o e d a s , Pompeia, Navios. Romanos, Epístola aos P p . 681ss. Ruben 1. O mais v e l h o dos 12 filhos de Jacó ( o que tentou salvar J o s é ) ; ancestral de uma das tribos de Israel: Gn 29.32; 30.14; 35.22; 37.42; 49.3ss./p. 146, 149, 152. A r v o r e genealógica p. 147. 2. Território da tribo de Ruben: Js 13.1523/Mapa p. 235. Rute Mulher moabita cujo amor por sua sogra Noemi a levou a Belém, tornando-se esposa de Boaz e bisavó d o Rei Davi: R t / pp. 251-253. Veja "Retrato de Rute", p. 252. Rute, Livro de pp. 251ss. Veja " U m a história d o ponto de vista feminino", p. 254.
s
Sabá País árabe cuja rainha visitou o rei Salomão: l R s 10; 2Cr 9 / p p . 284, 318: " C o m é r c i o de Salomão" mapa p. 319. Sábado O sétimo dia ( d o pôr-do-sol da sexta-feira ao pôr-do-sol de sábado) designado pela lei judaica como dia de descanso e d e a d o r a ç ã o ; baseado no padrão estabelecido por Deus na criação.
Jesus teve vários confrontos c o m os puristas religiosos de sua época por causa d e sua interpretação da lei do sábado. Veja Gn 2.2-3; Èx 16.2230; 20.8-11; 31.12-17; Lv 25; Dt 5.12-15; N e 13.1522; Is 56; 58; Mt 12; Mc 2.23—3.6; Lc 4.16ss.; 6; 13.10-17; 14.1-6; Jo 5 / pp. 3 3 9 , 5 8 2 , 626. Veja "As grandes festas religiosas", p. 190. Sabedoria A expressão de uma atitude de vida centrada e m Deus e em suas leis (veja "Sabedoria e m Provérbios e Jó", p. 3 9 5 ) : Ê x 2 8 . 3 ; Dt 3 4 . 9 ; l R s 3.5-14; Jó 12.13; 28; SI 37.30; 104.24; Pv 1; 89; Ec 1.13-18; 2.12-26; Is 11.2; Dn 2.20-23; Mt 1 3 . 5 4 ; Lc 2 . 5 2 ; 2 1 . 1 5 ; At 6.3; I C o 1.17—2.16;
3 . 1 8 S S . ; Cl 3 . 1 6 ; 2 T m 3.15; T g 1.5; 3.13-18. Sabedoria de Amenemope pp. 157, 393 (com foto). Sabedoria, Literatura de No AT: J ó , P r o v é r b i o s , Eclesiastes/"Poesia e Sabedoria": pp. 346-347. Nos livros deuterocanônicos: pp. 517-518. Sacerdotes Veja Levitas e sacerdotes. Sacrifício Veja artigo pp. 182-183. Sacrifícios e ofertas do Antigo Testamento: Gn 4.2-4; 8.20; 22.1-14; Êx 12 (a Páscoa); 29-30; Lv 1—9; 16 (Expiação); 17; I S m 15.22; SI 50.5; 51.15-19; 107.22; Pv 15.8; Is 43.23-24; Jr 6.20; Os 3.4; Am 4 . 4 5 ; 5.21-24. Veja também Tabernáculo. No NT: Mt 9.13; 26.28; Lc 2.24; Jo 1.29; 6.51ss.; Rm 12.1; I C o 10.14ss.; Ef 5.2; Fp 2.17; 4.18; Hb 5.1-3; 7.27; 9.11-28; 10; 13.15-16; I P e 2.5. Veja "Para entender Hebreus", p. 746 e pp. 740ss. Sadraque U m d o s três companheiros de Davi no e x í l i o na Babilônia; foi
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lançado na fornalha, mas saiu ileso: Dn 1; 2.49; 3 / pp. 473ss. Saduceus O partido conservador no judaísmo d o século 1: pp. 529, 646. Safã Oficial de Josias que lhe falou da descoberta do livro da lei: 2Rs 2 2 ; 2Cr 34. Safira C o m seu m a r i d o Ananias, foi culpada de enganar a igreja: At 5/p. 646. Sal, Vale do Onde Davi derrotou os edomitas: 2Sm 8.13. Salamina Cidade em Chipre visitada por Paulo e Barnabé: A t 13.5/Mapci p. 652 Foto p. 652. Salém Veja Jerusalém. Saltnaneser Sucessor d e Tiglatc-Pileser, da Assíria, que capturou Samaria e levou os israelitas ao exílio: 2Rs 17. Salmos, Livro dos Pp. 359ss. Salomão Pilho de Davi; rei de Israel na sua era dourada; d o t a d o de grande sabedoria; construtor d o Templo; compositor/colecionador de provérbios: 2Sm 12.24; l R s 1—11; l C r 2 2 . 5 — 2 3 . 1 ; 28-2Cr 9; Pv 1.1; 1 0 . 1 ; 2 5 . 1 , e t c . / p p . 277ss., 316ss., 393, 3 9 6 - 3 9 8 , 403ss. Nascimento: 2Sm 12.24. Co-regência: l R s 1. Pedido de sabedoria: l R s 3; 2Cr 1. Construção do Templo: l R s 6—7; 2Cr 3—4. Dedicação do Templo: l R s 8; 2Cr 5—7. Visita da Rainha de Sabá: l R s 10; 2Cr 9. Morte: l R s 11.43; 2Cr 10.31. Salomé Um das mulheres que acompanhou Jesus e os discípulos a partir da Galileia; estava presente na crucificação e na manhã da ressurreição: Mc 15.40-41; 1 6 . 1 / p. 594. Salum Rei usurpador de Israel 7 5 2 a.C. que reinou apenas um mês: 2Rs
15.10ss./p. 299. Também, outro n o m e d e Jeoacaz, de Judá: 2Rs 23.31. Salvação Resgate d i v i n o da humanidade, tirandoa d o p e c a d o e da morte para a vida "eterna", uma nova qualidade c dimensão de existência. O lema da salvação — Deus como salvador — é encontrado em toda a Bíblia. É o centro da mensagem cristã: Êx 14.30; N m 10.9; Dt 3 3 . 2 9 ; Jz 2.16-18; I S m 15.23; l C r 11.14; Jó 2 2 . 2 9 ; SI 28.8-9; 34.6; 37.40; Is 30.15; 43.11-13; 45.21-22; 59.1; Jr 30.101 1 ; Os 1 3 . 4 ; M t 1.21; 10.22; 19.25; 2 7 . 4 2 ; Lc 2.11; 8.12; Jo 3.17; 10.9; At 2.21; 4.12; 16.30-31; Rm 5.9-10; 10.9-13; I C o 3.15; Ef 2.8; l T m 1.15; 2.4; 4.10; Hb 7.25. A salvação também é descrita numa série de metáforas: Deus c o b r e os p e c a d o s das pessoas (veja Expiaç ã o ) ; Deus justifica (veja R e c o n c i l i a ç ã o ) ; Deus redime (veja R e d e n ç ã o ) ; Deus dá nova vida (veja Regeneração, V i d a ) . Veja também Evangelho. Samaria Construída p e l o Rei Onri como capital de Israel, o Reino d o Norte; A c a b e a c r e s c e n t o u um t e m p l o e um p a l á c i o ; sitiada pela Síria; denunciada por sua riqueza e corrupção pelos profetas; sitiada c capturada pelos assírios c m 7 2 2 / 1 a . C ; depois disso Samaria se tornou o nome da região: l R s 16.24,32; 22.39; 2Rs 6.24; Am 3.9ss., e t c ; 2Rs 17; N e 4 . 2 ; Jo 4.4ss., e t c . / p p . 290, 295, 300, 4 9 3 , 6 2 5 - 6 2 6 Mapa p . 104 B4 Fotos pp. 19, 3 1 , 293, 297. Samaritanos Descendentes da m i s c i g e n a ç ã o entre israelitas e assírios após a Samaria ser conquistada pela Assíria em 722/1
a . C ; sua adoração seguia o Pentateuco de Moisés; f a z i a m s a c r i f í c i o s no m o n t e G e r i z i m e m v e z d e Jerusalém; opuseram-se à reconstrução dos muros de Jerusalém por Neemias; odiavam os judeus na época d o NT, o que tornou a conversa de Jesus c o m a mulher samaritana junto ao poço (Jo 4 ) e sua parábola d o "bom samaritano" ( L c 10) chocante para seus companheiros judeus: pp. 223, 5 3 1 , 610, 649. Foro p. 183. Sambalate I n i m i g o persistente de N e e m i a s : N e 2.10,19; 4.6/p. 334. Samuel Juiz c profeta que ungiu Saul c Davi c o m o os dois primeiros reis de Israel: I S m 1.1—4.1; 7—16;
19.18SS.;
25.1;
2 8 / p p . 255ss. Nascimento: I S m 1. Ouve a voz de Deus: 3. Israel pede um rei: 8. Samuel e Saul: 9ss. Samuel unge Davi: 16. Morte. 2 5 . 1 . Saul invoca Samuel por feitiçaria: 28. Samuel, Livros de P p . 255ss. Sangar U m dos juízes d e Israel: Jz 3 . 3 1 ; 5 . 6 / p p . 239-240. Sansão Defensor de Israel contra os filisteus na época dos juízes: Jz 13— 16/pp. 222, 246-259. Santidade Perfeição moral de Deus, s e p a r a ç ã o d o mal e caráter distinto: Êx 3.4-6; 15.11; lCr 16.10; Is 6.3-5; 10.20; Os 11.9; Jo 17.11; A p 4.8. Expressada em Jesus: At 4.27,30; Jo 1.14-18; 14.6ss. No povo de Deus: Êx 19.6; Lc 1.7475; 2Co 7.1; Ef 4.23-24; Cl 3 . 1 2 S S . ; Hb
12.10-11;
IPe 1.15-16; 2.9. Santificação A t o d e tornar santo, separar para Deus (veja S a n t i d a d e ) ; ter um caráter cada v e z mais parecido com o de Cristo: Êx 3 1 . 1 2 - 1 5 ; L v
2.9; Dt 5.12; Js 3.5; lCr 15.14; Ez 3 7 . 2 4 - 2 8 ; Jo 10.36; 15.1-17; 17.1719; R m 12.1ss.; 15.16; I C o 1.2,30; 6 . 1 1 ; 7.14; Ef 4.24; Fp 1.9-11,27; Cl 1.10; l T s 3.11-13; 4.3-4; 5.23; 2Ts 2.13; l T m 4.5; Hb 10.10,14,29; 2Pe 1.311; U o 3.2-3. Sara/Sarai E s p o s a de A b r a ã o ; m ã e d e Isaque, na sua v e l h i c e : Gn 11.29—23.19/pp. 127ss.; "Sara", p. 138. Sara entrega sua serva a Abraão para ter um filho: Gn 16. A promessa de um filho: 18. Nascimento de Isaque: 21. Morte. 23.1. Sarça ardente Êx 3 — 4 / p . 160. Sardes Cidade dc uma das sete igrejas às quais João escreveu: A p 1.11; 3.16/Anotação, mapa e foto p. 765. Sarepta Cidade pertencente a S i d o m , o n d e Elias f i c o u ; ali e l e ressuscitou o filho da viúva: lRs 17.8ss./Mapa p. 290. Satanás Veja P e c a d o e mal. Saul Primeiro rei de Israel: I S m 9 . 2 — 3 1 . 1 3 / p p . 259ss. Rei ungido: I S m 10. Rejeitado por desobediência: 15. Ciúmes de Davi: 18ss. Davi poupa sua vida: 24; 26. Consulta à médium: 2 8 . Morte: 31 (veja 2Sm 1 ) . Saulo Veja Paulo. Sebna Alto oficial sob Ezequias que negociou com a d e l e g a ç ã o assíria de S e n a q u e r i b c : 2Rs 18— 19; Is 36—37. Sefarvaim O p o v o dessa cidade conquistada pelos assírios foi levado a Samaria: 2Rs 17.24; 18.34. Seir M o n t a n h a , terra e p o v o da antiga E d o m ; onde Esaú foi viver: Gn 36.19-20. Sela "O penhasco": capital de Edom; provavelmente no mesmo local que Petra
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posteriormente: Is 16.1. Foto p. 323. Selêucia P o r t o d e A n t i o quia d o qual Paulo parte na sua primeira missão: At 13.4/Mapa p. 652, Selos Fotos pp. 31 (hebraico a n t i g o ) , 285 ( d e S h e m a ) , 300 ( d o rei Oséias), 477 ( d e Dario, o Grande). Sem Um dos três filhos de N o é ; ancestral de várias nações: Gn 6.10—10.31/ p. 125 e mapa das nações p. 126. Senaqueribe Rei da Assíria cujo exército sitiou Jerusalém no reinado d o rei Ezequias: 2Rs 18.13ss.; 2Cr 3 2 ; Is 3 6 . 1 s s . / p p . 300, 324. Senaqueribe, Prisma de Artig o ilustrado p. 3 0 1 . Senir O u t r o n o m e d o m o n t e H e r m o m , ou pico próximo: Dt 3.9. Seom Rei amorreu a leste do Jordão derrotado pelos israelitas: N m 2 1 / p. 2 0 2 Mapa p. 209. Septuaginta A t r a d u ção grega das Escrituras hebraicas: pp. 74, 515516, 523. Sérgio Paulo Procônsul de C h i p r e que pediu para ouvir a mensagem de Paulo: At 13.7ss./p. 652. Sermão do Monte M t 5—7 (Lc 6 ) / p p . 555-559. Servo, Cânticos do Is 4 2 — 6 1 / p p . 434-437. Servos Veja Escravos. Sesbazar Encarregado d o tesouro para reconstruir o T e m p l o após a destruição babilónica; Sesbazar l a n ç o u os alicerces: Ed 1.8ss.; 5.14ss. Sete Filho de Adão e Eva nascido depois da morte de A b e l : Gn 4.25ss./p. 122. Sete igrejas da Ásia A p 1—3 registra as mensagens de Deus a essas igrejas, no interior da atual Turquia/ pp. 7 6 7 - 7 6 9 Anotações, mapa e fotos p. 765.
Sião U m dos montes de Jerusalém; Cidade de Davi; também representa Jerusalém c o m o c i d a d e do Templo de Deus/pp. 362, 373, 380, 388. Sicar C i d a d e samaritana perto de ou equivalente a Siquém; local d o poço de Jacó: Jo 4.5-6/Mapct p. 526 B4. Sidim Vale (hoje provavelmente submerso no mar M o r t o ) onde a aliança d o rei Q u e d o r l a o m e r lutou contra os reis da planície: Gn 14.3/Mapa p. 127. Sidom P o r t o f e n í c i o e c i d a d e mercantil, associada a T i r o ; condenada pelos profetas; visitada por Jesus: Gn 4 9 . 1 3 ; l R s 17.9; Is 23, e t c ; M t 15.21; Lc 6.17; A t 2 7 . 3 / Mapa p. 233. Silas/Silvano Líder da igreja de Jerusalém que acompanhou Paulo e m suas v i a g e n s missionárias e atuou c o m o seu secretário para escrever algumas das cartas às igrejas: At 15.22—18.5; 2 C o 1.19; l T s 1.1; 2Ts 1.1; I P e 5.12/pp. 654, 728, 756. Silo C i d a d e - s a n t u á r i o onde Eli era sacerdote e Ana fez seu voto; ali ficava a Arca da Aliança e ali Samuel ouviu o chamado d e Deus; p r o v a v e l m e n t e destruída pelos filisteus: I S m 1—4/Mapa p. 104 B4 Foto p. 255. Siloé Tanque e m Jerusalém para o qual Ezequias canalizou água por meio de um túnel de rocha vindo da fonte dc Giom: 2Rs 2 0 . 2 0 ; v e j a a r t i g o i l u s t r a d o " O canal d e Ezequias", p. 325. Jesus mandou o c e g o se lavar ali para ser c u r a d o : Jo 9.7. Foto p. 632. Simão 1. Simão Pedro: veja Pedro. 2. Simão, o Zelote, um dos 12 apóstolos (veja "Os d o z e discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) ; Mt
10.4, e t c ; A t 1.13. 3. U m dos irmãos de Jesus: M t 13.55.4. Simão, o leproso, em cuja casa e m Betânia Jesus foi ungido: Mt 26.6; Mc 14.3. 5. Fariseu: Lc 7.40ss. 6. Simão de Cirene, que carregou a cruz: Mt 27.32, etc. 7. Simão, o mago, que tentou comprar o dom d o Espírito: At 8.9ss./pp. 647-648. 8. Simão, o curtidor, em cuja casa e m Jope Pedro teve sua visão: At 9.43ss. Simeão 1. U m d o s 12 filhos de Jacó; ancestral de uma das tribos de Israel; d e i x a d o c o m o refém com José no Egito: G n 29.33; 34.25ss.; 42.24ss.; 4 9 . 5 s s . / p p . 146, 1 5 2 . Arvore genealógica p. 147. 2. Território da tribo de S i m e ã o : Js 19/Mctpa p. 235. 3 . O homem piedoso presente quando Jesus foi levado ao Templo, cuja oração é conhecida por Nunc Dimittis: Lc 2.22-35/p. 599. Simei Benjamita que amaldiçoou Davi na época da rebelião de Absalão: 2Sm 16; 19; l R s 2 / p p . 2 7 3 , 277. Sinagoga p. 528. Fotos pp. 66 (Tsefat), 69 (sinagoga m o d e r n a ) , 579 (Cafarn a u m ) , 744 ( B a r a m ) , 765 (Sardes). Sinai Montanha na península d o Sinai o n d e M o i sés r e c e b e u a l e i e o povo adorou o bezerro d e o u r o ; t a m b é m a região desértica ao redor dela: Ex 19ss./Mopa p. 166 Fotos pp. 167, 748 (monte Sinai), 112, 173, 194, 2 1 6 , 348 ( d e s e r t o do S i n a i ) , 168 (local d o acampamento israelita). Sinaítico, Códice Veja Códice. Sinar Outro nome da Babilônia: Gn 10.10. Sincretismo A mistura d e idéia de religiões diferentes: p. 723.
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Sinédrio O mais alto tribunal dos judeus nos tempos d o N T / p p . 590, 646, 647. Sinim/Sevene Atual Assuã, n o E g i t o . Is 4 9 . 1 2 ; Ez 29.10. Sinuhe, História de P. 155. Siquém 1. C i d a d e antiga i m p o r t a n t e perto d o m o n t e G e r i z i m ; aparece nas histórias de A b r a ã o e Jacó, da renovação da aliança por Josué, e d o filho de G i d e ã o , Abimeleque; primeira capital do Reino d o Norte: Gn 12.6; 3.18; 34; 37.12ss.; Js 24; Jz 9 ; 2Rs 1 2 / M a p a p. 104 B4. 2 . Príncipe que estuprou a filha de Jacó, Diná: Gn 3 4 / p . 146. Siracusa C i d a d e na Sicília onde Paulo ficou brev e m e n t e a caminho de Roma para apresentar sua causa a César: A t 28.12/Mapa p. 667. Síria, sírios N o AT, a terra d o s arameus (posteriormente a Síria) cuja capital era Damasco; às vezes aliada, mas g e r a l m e n t e i n i m i g a d e Israel; veja Arã. N o NT, a província romana da qual a Palestina fazia parte/Mapa p. 526 C l . Sisaque Veja Faraó. Sísera C o m a n d a n t e d o exército cananeu; morto por Jael: Jz 4—5/p. 241. Sitim Acampamento israelita d o qual os espiões foram e n v i a d o s a Jericó; provavelmente onde Balaque, rei de M o a b e , pediu que o profeta Balaão amaldiçoasse Israel e onde Josué foi designado sucessor de Moisés: Js 2 . 1 ; 3 . 1 ; N m 22ss.; 25ss./Mapa p. 104 C5. Sô Veja Faraó. Sociedade Veja 'Jesus numa sociedade pluralista", pp. 83-85. Sodoma Cidade notória ao sul d o mar M o r t o onde Lo se instalou; destruída
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com Gomorra: Gn 14.19/ Mapa p. 127. Sofonias Profeta cujas profecias estão registradas no livro de S o f o n i a s / p . 504. Sofonias, Livro de P. 504. Sofrimento T e m a central do Livro de Jó, pp. 349ss. (veja "Entendendo Jó", pp. 3 5 2 - 3 5 3 ) : Gn 3.1519; SI 37; 38; 73, etc. Veja "Salmos para ocasiões e necessidades especiais", p. 3 6 2 ; Is 53; Jr 31.7-9 e "Retrato de Jeremias", p. 4 4 1 ; H c 1; M t 8.1417; 1 0 . 2 4 - 3 9 ; 24.9ss.; Lc 22.41ss.; Jo 9 ; R m 8.18-39; I C o 15.26; 2 C o 6.3-10; 12.7; Hb 2 . 1 8 ; 12.3-11; T g 5.13ss.; I P e 1.3-9; 4 . 1 2 S S . ; Ap
21.4.
Sonhos e interpretações Sonho de Jacó: Gn 28/pp. 140-141. Sonhos de José: Gn 3 7 / p . 1 4 9 . Sonhos do copeiro e d o padeiro: Gn 4 0 / p . 148. Sonho de Faraó: Gn 4 1 / p . 148. Sonho de N a b u c o d o n o sor: Dn 2 / p . 474. Sonho de José: Mateus 1. Sonhos no Egito: p. 156 (foto de manual de sonhos p. 150). Veja também Visões. Sóstenes Líder da sinagoga de Corinto: A t 18.17; talvez o m e s m o h o m e m mencionado e m I C o 1.1/ p. 695. Sucote 1. Primeira parada da viagem dos israelitas do Egito a Canaã: Êx 12.27/Mapa p. 166. 2. Cidade onde Jacó parou e que se recusou a ajudar Gideão: Gn 33.17; Jz 8 / Mapa p. 104 C4. Suméria, sumários A parte sul da Babilônia e seus primeiros habitantes; criadores da civilização babilónica, que mais tarde os absorveu e sucedeu. O grande período da Suméria foi durante o terceiro milênio a.C. Depois de 2000 a.C. a p r o x i m a d a m e n t e ,
sua língua foi substituída n o uso c o m u m p e l o a c á d i o . N o entanto, foi preservada c o m o língua a c a d ê m i c a e nos t e x tos l i t e r á r i o s u m é r i o s , até os t e m p o s h e l e n i s tas. Os sumérios não são m e n c i o n a d o s na Bíblia, mas "Sinar" e m G ê n e sis p r o v a v e l m e n t e seja o e q u i v a l e n t e d e kengir e m s u m e r i a n o = sumeru e m acádio, que significa terra da Suméria. Em Gênesis parece referir-se a toda a Babilônia. Mapa pp. 814-815. Foto p. 132 (documento). Sumo sacerdote Êx 2 8 — 2 9 / p. 174. Veja "Sacerdócio no A n t i g o Testamento", pp. 185-186 ( c o m f o t o ) . Sumo sacerdócio de Jesus: Hb 4.14— 10.25/pp. 743-745. Suném O n d e os filisteus acamparam para a batalha de G i l b o a , na qual m o r r e r a m o rei Saul e seu filho Jonatas; cidade natal d e A b i s a g u e , conforto de rei Davi na sua velhice; onde Eliseu ficou e ressuscitou um menino: I S m 28.4; l R s 1.3; 2Rs 4/Mapa p. 104 B3. Sur Região desértica para a qual A g a r fugiu e pela qual os israelitas passaram: Gn 16.7; Êx 1 5 . 2 2 / Mapa p. 166. Susã Capital do Elão; onde os reis persas passavam parte d o ano: N e 1.1; Et \.1/Mapa p. 480. n
T Taanaque C i d a d e cananéia perto da qual Baraque lutou contra Sísera: Js 1 2 . 2 1 ; Jz 5.19/Mapct p. 104 B3. Tabernáculo Êx 2 5 — 2 7 ; 35-40/pp. 169, 174. Veja "A importância d o tabern á c u l o " , pp. 1 7 6 - 1 7 8 . Fotos pp. 176-177, 745.
Tabernáculos, Festa dos Veja "As grandes festas religiosas", p. 190. Fotos pp. 43, 632. Tabita Veja Dorcas. Tabor Montanha na planície de Jezreel onde Baraq u e reuniu suas tropas para lutar contra Sísera: Jz 4/Mapa p. 104 B3 Foto p. 2 4 1 . Tadeu Veja Judas (filho de Tiago). Tafnes C i d a d e d o delta do Nilo, no Egito, para a qual Jeremias foi levado: Jr 43.7-8/Mapa p. 454. Tamar 1. N o r a d e Judá que lhe deu à luz filhos g ê m e o s : Gn 3 8 / p . 148. 2. Filha de Davi estuprada por A m o m : 2Sm 1 3 / p. 272. Társis Destino distante de Jonas e fonte d e minérios; p o d e ser Tartessos, na Espanha; a frase "navio de Társis" descreve a embarcação, não seu destino: Jn 1.3; Is 23.6; Ez 38.13, etc. Tarso C i d a d e importante no atual Sul da Turquia; cidade natal de Paulo: A t 9.11,30; 2 1 . 3 9 / M a p a p. 652. Tartã Veja Rabe-Saris. Tebas T a m b é m c h a m a da de N ô ou N ô - A m o m ; capital d o Egito saqueada pelos assírios: Jr 4 6 . 2 5 ; Na 3.8, Mapa p. 154. Tecoa Cidade nos montes da Judeia de o n d e uma mulher foi falar c o m D a v i ; terra d e A m ó s : 2Sm 14; A m 1.1/Mcipa p. 418. Temã Parte de Edom; seus habitantes eram famosos por sua sabedoria; região d e Elifaz, a m i g o de Jó: Jr 49.7; Jó 2.11/Mapa p. 458. Templo de Jerusalém Veja " O T e m p l o de S a l o m ã o e suas r e c o n s t r u ç õ e s " , pp. 279-284 e " O Templo d e H e r o d e s " , pp. 5 3 2 533 ( a m b o s c o m fotos).
Templo de Salomão: l R s 6; 2Cr 3ss./pp. 278-282, •316-318. Restauração de Joás: 2Rs 1 2 ; 2 C r 2 4 / pp. 298, 323. Reconstrução do Templo: Ed 3— 6; A g ; Z c / p p . 3 3 0 - 3 3 2 , 505ss. Visão de Ezequiel: Ez 4 0 — 4 8 / p p . 470-472. Jesus purifica o Templo: Mt 2 1 ; M c 1 1 ; Jo 2 / p p . 570-571, 6 2 . Jesus prevê sua destruição: Mt 24; Mc 13; Lc 2 1 . Fotos pp. 572 (despojos do Templo, A r c o de T i t o ) , 256, 274, 316-317, 318, 3 3 1 , 387, 555, 576, 635 (área de T e m p l o ) . Templo, Terreno do 2 S m 24.16SS.; l C r 21.15ss./ pp. 275, 312-313. Templos Fotos p p . 156 ( t e m p l o d e A m u m , Karn a k ) , 663, 7 1 8 ( t e m plos de Á r t e m i s / D i a n a e Adriano, Efeso), 671 (templo de Ártemis, Jerash), 705 ( t e m p l o de A p o l o , Corinto). Tentação Tribulação, prov a ç ã o : Gn 3 ; 2 2 . 1 ; Êx 17.7; Dt 6.16; SI 9 5 . 9 ; Mt 6.13; 22.35; 26.41; At 5.9; I C o 7.5; 10.9-13; Hb 2.18; 4.15; T g 1.2-4,1315. A tentação de Jesus: Mt 4 . 1 - 1 1 ; M c 1.12-13; L c 4 . 1 - 1 3 / p p . 554-555. Teófilo R o m a n o a q u e m Lucas dirigiu seu Evangelho e Atos: Lc 1.3; A t 1.1/ pp. 596, 644. Tera Pai de A b r a ã o : G n 11.24ss./pp. 126-127. Terra prometida Artigo pp. 2 1 4 - 2 1 5 . Veja t a m b é m "A terra d e Israel", pp. 36-37. Tessalônica Cidade importante d o N o r t e da Grécia (atual Thessaloniki) evangelizada por Paulo; ele escreveu duas cartas à igreja de lá: A t 17; l T s — 2 T s / p p . 657, 728 Mapa p. 657 Foto p. 728. Tessalonicenses, Epístolas aos Pp. 728ss. Tiago 1. Filho de Zebedeu,
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i r m ã o d e J o ã o ; um dos 12 a p ó s t o l o s ( v e j a "Os d o z e discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) : Mt 4.21s.; 10.2; 17.1ss.; M c 10.35ss.; A t 12.2/p. 6 5 1 . 2. Filho de Alfeu: outro dos apóstolo (veja "Os d o z e discípulos de Jesus", p. 5 5 7 ) : Ml 10.3, e t c . / p. 558. 3 . I r m ã o de Jesus que se tornou líder da igreja de Jerusalém; autor da epístola de T i a g o : M t 13.55; At 12.17; 15.13ss.; 21.18; 1 C o 1 5 . 7 ; Gl 1.19; 2.9; T i a g o / p p . 654, 704, 749-751. Tiago, Epístola de P p . 749ss. Tiatira C i d a d e natal d e Lídia, que se converteu em Filipos; uma das cartas de João às sete igrejas foi dirigida a Tiatira: A t 16.14; A p 1.11; 2.18-29/ Anocação, mapa e foto p. 765. Tiberiades B a l n e á r i o na costa o e s t e d o mar da Galileia, construído por Herodes Antipas e nomeada e m h o m e n a g e m a o imperador T i b é r i o : Jo 6.23/Mapa p. 526 C 2 . Tibério I m p e r a d o r romano: Lc 3.1 Fofo p. 534 (e veja M o e d a s ) . Tiglate-Pileser Poderoso rei da Assíria a q u e m A c a z pediu ajuda para lutar contra a Síria e Israel: 2Rs 15.29; 16.7ss.; 2Cr 28.16ss./pp. 299 ( c o m f o t o ) , 324, 433. Tigre S e g u n d o g r a n d e rio da Mesopotâmia. Gn 2.14. Timna C i d a d e natal da esposa filistéia d e Sansão: Jz 1 4 / Mapa p. 104 A5. Timnate-Sera Cidade onde Josué foi s e p u l t a d o : Js 24.30/Mapa p. 104 B4. Timóteo J o v e m c o m p a nheiro d e Paulo e missionário que mais tarde ficou r e s p o n s á v e l pela igreja d e É f e s o ; P a u l o
lhe c m iou duas epístolas sobre o tema de liderança nas igrejas: At l ó . l s s . ; 17.14; 18.5; 19.22; 20.4; I C o 4.17; 16.10; 2Co 1.19; F p 2.19ss.; l R s 3.2ss.; l T m — 2 T m ; Hb 13.23/pp. 654, 657, 720, 728, 732ss. Timóteo, Epístolas a P p . 732ss. Tipologia O A T prenunciando o N T : p. 743. Tíquico C r i s t ã o q u e foi com Paulo a Jerusalém; acompanhou Onésimo até Colossos, levando as cartas de Paulo: A t 20.4; Ef 6 . 2 1 ; Cl 4.7ss.; 2 T m 4 . 1 2 ; T l 3 . 1 2 / p p . 726, 736. Tiraca Veja Faraó. Tiro Porto fenício e cidad e - e s t a d o na costa d o Líbano; famoso centro d e c o m é r c i o ; H i r ã o , rei de Tiro, forneceu madeira e materiais a Davi e Salomão para o T e m p l o ; Jezabel era filha de um rei de T i r o e S i d o m ; os profetas c o n d e n a r a m o orgulho e o luxo de Tiro: 2Sm 5 . 1 1 ; l R s 5; 9.1014; 1 6 . 3 1 ; Is 2 3 , e t c . / Mapa p. 104 151 Fotos pp. 282, 665. Tirza Antiga cidade cananéia.que se tornou capital do Reino d o Norte, Israel. Js 12.24; l R s 14.17; 15.21, etc/Mapa p. 104 B4. Tisbé Cidade de Elias, e m Gileade: l R s 17.1/Mapa p. 104 B4. Tito C o m p a n h e i r o d e Paulo e missionário; acalmou a situação na igreja de Corinto; foi enviado a Creta, para o n d e Paulo l h e e n v i o u uma carta com conselhos: 2Co 2.13; 7.6ss.; 8; 12.18. Gl 2; 2Tm 4.10; T t / p p . 707, 709, 736, 737-738. Tito, Arco de Foto p. 572. Tito, Epístola a 1» 737. Tobe Região dos arameus a nordeste de Israel men-
cionada em relação a Jeftée Davi: Jz 11.3; 2Sm 10.6/Mapa p. 268. Tobias Oponente de N e e mias: N e 2 ; 4; 6; 13/pp. 334, 339. Tofete Lugar de sacrifício d e crianças no v a l e d o Hinom: Jr 7.30. Tomé Um dos 12 apóstolos (veja "Os doze discípulos d e Jesus", p. 5 5 7 ) que estava ausente q u a n d o os outros viram o Cristo ressurreto pela primeira v e z . M t 10.3, e t c ; Jo 11.16; 14.5; 20.24ss./pp. 634, 638, 641. Torá Veja Lei de Deus. Torre de vigia, sentinela Is 2 1 ; Ez 3; 3 3 ; Hc 2 / p p . 462, 469, 503 (com foto p. 5 0 2 ) . Fotos pp. 4 0 8 409, 412. Trabalho Fotos pp. 4 2 , 43, 253, 312-313, 376, 396, 484-485, 494 (peneirar), 396 (fiação), 11, 246, 730 ( t e c e l a g e m ) , 4 1 9 ( t i n t u r a ) , 4 4 9 , 517 ( o l e i r o ) , 3 1 , 488 ( p r o dução de ó l e o de o l i v a ) , 292 ( p ã e s ) . Veja também Agriculntra, Peixe, pesca. Escribas, Pastor. Traconites R e g i ã o a nordeste de Israel na teirarquia de Herodes Filipe na época de Jesus: Lc 3 . 1 / Mapa p. 526 D2. Tradição oral Veja História, histórias. Transfiguração Veja Jesus Cristo. Tratados Veja Aliança. Trôade P o r t o p e r t o d e T r ó i a no N o r o e s t e da Turquia, usado várias v e z e s por Paulo; ali e l e teve a visão d o h o m e m m a c e d ó n i o e ressuscitou Eutico; At 16.8ss.; 20.5ss.; 2 C o 2 . 1 2 / M a p a p. 657. Trófimo Cristão efésio que foi c o m Paulo a Jerusalém: A t 20.4; 21.29; 2 T m 4.20/p. 739. Túmulos Fotos p p . 4 7 9 (inscrição d o Túmulo
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de S e b n a ) , 571 ("sepulcros caiados"), 544, 594, 617, 619 (túmulos d o século 1 ) .
u
Ur Cidade famosa no sul da B a b i l ô n i a ; terra da família d e A b r a ã o : Gn 1 1 . 2 8 s s . e t c / M a p a p. 127 Foto p. 130 (Padrão de U r ) . Veja também artig o ilustrado cm "Abraão", pp. 1320-133. Urartianos Povo de língua r e l a c i o n a d a ao h u m a no, que se tornou potência militar na região da Armênia no século 9 a . C ; p o s s i v e l m e n t e descendentes dos hurrianos que o c u p a r a m aquela área; ameaça militar aos assírios, com quem estavam sempre e m guerra. Seu deus principal era Haldi. A Arca de N o é supostamente parou nas montanhas de Ararate (Gn 8.4), ou seja, e m algum lugar da região posteriormente conhecida c o m o Urartu, não necessariamente no atual monte Ararate, que só r e c e b e u esse n o m e mais tarde. Urias 1. Guerreiro heteu do exército de Davi; marido de Bate-Seba; enviado à m o r t e por Davi: 2Sm 11/pp. 270-271.2. Sacerdote e m Jerusalém: 2Rs 16. 3 . Profeta da época d e Jeremias c o n d e n a d o à morte por Jeoaquim: Jr 26.20ss./p. 450. Uz Terra d e Jó, provav e l m e n t e na região de Edom: Jó 1.1. Uzá H o m e m que tocou a Arca da Aliança quando estava sendo transportada de Quiriate-Jearim e morreu: 2Sm 6/p. 268. Uzias F i l h o de A m a z i a s , rei de Judá 791-740 a . C : 2Rs 14.21ss.; 2Cr 26/pp. 299, 323, 421.
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V ValedeAijalom Onde "o sol parou" e n q u a n t o Josué lutava: Js 1 0 / M a p a p . 104 B5. Vale dos ossos secos Ez 3 7 / p. 471. Vastl Rainha que Assuero depôs: Et l / p . 340. Verdade, Busca pela Veja "A Bíblia d o ponto de vista d e um c i e n t i s t a " , p p . 92-94. Via Ápia Estrada romana que ia d o norte ao sul da Itália. Foto p. 669. Via Egnatia A grande estrada romana que ia de leste a oeste. Foros pp. 657, 728. Viagem de Paulo a Roma At 2 7 — 2 8 / p p . 668-669 Mapa p. 667. Viagens missionárias de Paulo At 13—14; 15-18; 18-20/ pp. 652ss. Vida Vida humana (criação): Gn 2 / p p . 115-116. Veja Criação e providência. Deus, a fonte da vida: Suas leis e sabedoria que dão v i d a : Dt 3 0 . 1 5 - 2 0 ; SI 36.9; 133.3; Pv 8.35; 14.27; Jr 21.8. Vida "eterna" (nova criação): Mt 7.14; 10.39; 16.25-26; 18.8-9; 19.16ss.,29; Lc 12.15; Jo 1.4; 3.15-16,36; 4.14; 5.24; 6.27,35,40,4751; 10.10,28; 11.25; 14.6; 1 7 . 3 ; 2 0 . 3 1 ; R m 6.4ss.,22-23; 8.6; 2 C o 4.10-12; 5.17ss.; Gl 6.8; Ef 2.2ss.; l T m 6.12; U o 1.1-2; 3.14; 5.11-12; A p 22.1-2,17. Videira, vinha Vinha de Nabote: l R s 2 1 / p p . 292293. Vinha de Israel: Is 5 / p . 4 2 1 . Parábolas de Jesus: Mt 20.1-16; 21.2845. "Eu sou a videira verdadeira": Jo 1 5 / p . 6 3 8 . Fotos pp. 40, 42, 43, 293, 427, 638.' Visões De Isaías: Is 6 / p p . 421-422. De Ezequiel: Ez 1; 8 - 1 1 ; 3 7 . 4 0 - 4 8 / p p . 462SS. De Daniel: Dn 7—
1 2 / p p . 476ss. De Zacarias: pp. 507ss. De Pedro em Jope: A t 1 0 . 3 / p p . 649-650. De João: A p o calipse/pp. 766ss.
X Xerxes Veja Assuero.
z
Zacarias N o m e d e várias pessoais, e m especial as s e g u i n t e s : 1. Zacarias, filho d e J e r o b o ã o II, rei d e Israel 753-752 a . C ; assassinado por S a l u m : 2Rs 1 5 . 8 - 1 2 / p . 299. 2 . Profeta que, c o m A g e u , incentivou o p o v o a reconstruir o T e m p l o e cujas profecias estão registradas no livro de Z a c a r i a s / p p . 507ss. 3 . Pai de João Batista: Lc 1 / pp. 597-599. Zacarias, Livro de Pp. 507ss. Zadoque S a c e r d o t e na corte de Davi c o m Abiatar; fundador das linhag e m de sumo sacerdotes de Israel: 2Sm 15; 17.15; 19.11; l R s 1; 2.25; l C r 6. l / p . 277. Zaqueu Coletor de impostos que subiu numa á r v o r e e m J e r i c ó para v e r Jesus: Lc 19.1-10/p. 614. Zeboim Cidade ao sul d o mar M o r t o , destruída com Sodoma e Gomorra: Gn 10.19; 14; Dt 2 9 . 2 3 / Mapa p. 127. Zebulom 1. U m d o s 12 filhos de Jacó; ancestral d e uma das tribos de I s r a e l : Gn 3 0 . 2 0 ; 4 9 . 1 3 / p . 152. Á r v o r e genealógica p. 147. 2. T e r r i t ó r i o da t r i b o d e Z e b u l o m : Js 1 9 . 1 0 - 1 6 / Mapa p. 2 3 5 . Zedequias 1. Último rei de Judá, cuja rebelião trouxe o exército de Nabucodonosor e destruição a Jeru-
salém: 2Rs 2 4 — 2 5 ; 2Cr 36; Jr 2 1 ; 32; 34; 37-39, etc./pp. 304-305, 327, 450-451. 2. Falso profeta da época de A c a b e : l R s 22; 2Cr 18. Zelotes D e f e n s o r e s da liberdade judaica no século 1: pp. 530-531. Zerá O "etíope" que invadiu Judá e foi derrotado por Asa: 2Cr 14.9-14/p. 320. Ziba S e r v o d e Saul que falou d e M e f i b o s e t e a Davi. 2Sm 9; 1 6 / p . 273. Ziclague C i d a d e t o m a d a pelos filisteus e dada a Davi por Aquis; atacada pelos amalequitas: I S m 27.6; 30/Mapa p. 264. Zife R e g i ã o p a r a o n d e Davi fugiu de Saul; mas os homens da c i d a d e o traíram: I S m 23.14ss./ Mapa p. 264. Zilpa Serva de Lia que deu à luz dois filhos a Jacó: Gn 29.24; 30.9-10. Árvore genealógica p. 147. Zim Área de deserto perto d e Cades-Barnéia o n d e os israelitas p e r e g r i n a ram após o ê x o d o : N m 13.21; 2 0 . 1 ; 27.14, e t c . / veja Mapa p. 166. Zinri Rei de Israel por uma s e m a n a , 885 a . C : l R s 16/p. 290. Zípora Filha de Jetro; esposa d e Moisés: Êx 2 . 2 1 ; 4.24SS.; 18/p. 166. Zoã Cidade antiga no delta do Nilo, Egito, posteriormente chamada de Tânis: Nm 13.22; Is 19.11, etc./ Mapa p. 154. Zoar C i d a d e p e r t o d e S o d o m a para o n d e L ó fugiu a fim de escapar da destruição: Gn 13.10; 14.2,8; 19.18ss./Mapa p. 127. Zobá Parte da r e g i ã o de Damasco; reino arameu derrotado por Davi: 2Sm 8.3; 10.6; l R s 11.23. Zofar Um dos três amigos d e Jó: Jó 2 . 1 1 , e t c . / p p . 351, 355. Zorá Cidade natal de San-
são: Jz 13.2; 16.31/Mapa p. 246. Zorobabel Líder d o retorno do exílio e da reconstrução d o Templo: Ed 2.2; 35; A g ; Zc 4/pp. 328, 330, 505-506.
Agradecimentos
813
AGRADECIMENTOS TEXTO
D. J. Wiseman 262 (menino pastor) David
Citação de Donald Coggan tia p. 22,
Gill
660
(Atenas),
696
Robert Harding Picture
Library/
Goerge Rainbird 54 (símbolo cabalístico),
(ambas), 750
o artigo "A Bíblia do ponto de vista de
(Corinto), 696 (inscrição), 697 (Erasto),
u m cientista", pp. 92-94 (adaptação,
697
717
Science Photo Library/Phil Jude 12/
(princesa), 164,165 (colar), 194 (caça
com consentimento do autor, de sua
(ágoral/École Française d'Archéologie,
Barney Magrath 17 (sol), 777/Agência
a aves), 213, 237, 240,263 (elmo), 281
Espacial Européia 18 (mundol/J.C. Revy
(incensário), 285, 286 (leão), 296 (Jeú),
(Estátua), 700
(cabeça),
introdução de Searching for Truth, 1996), eAtenas 697 (Gálio) Exposição de Pompeia, Imperial
várias outras citações curtas, usadas com permissão da Bible Reading Fellowship.
Tobacco 772 (vítima) Fundação de Exploração de Jericó
Citações nas pp. 52 e 59 de Trevor Dennis, Lo and Behold! The power of
158
696 (atleta), 725, 726 (deusa), 733
Museu Britânico 151, 154, 157
27 (DNAl/Simon Fraser 18 (pássaro), 93
299 (Tiglate-Pileser), 301 (arqueiros),
(da Unidade MCR, Newcastle General
301 (prisma), 302 (alto-relevos), 304
Hospital)
(ambas), 327, 341, 343, 393, 429
338
Sociedades Bíblicas 44
(todas), 431, 433, 436, 467, 475 (peso),
Old Testament storytelling, 1991, foram
George Cansdale 581 (rarrafa)
Sociedade Bíblica do Brasil 77
475 (cálice de ouro), 482,500,677,702,
usadas com permissão do autor e da
Holt Studios International/Richard
Sónia Halliday Photographs 24,33
722, 755 (pingente de ouro), 761
Anthony 489 (gafanhotos)
editora, SPCK. A citação de Tom Wright na p. 691 foi usada com permissão do autor e de
The Church Times.
Illustration Ltd/Philip
0 diagrama do templo de Esculapio, na p. 699 foi baseado num diagrama do
Bannister
245, 335 Ltd/Stephen
Noon
342,373,376,396 (fiação), 405 (romãs),
126, 132 (casa), 177 (desenho), 185
486, 554, 581 ("barco de Jesus"),
(sacerdote)
682, 685
School of Classical Studies, Atenas.
(fórum), 730
(colheita),
Jamie Simson 350
739 (mosaico), 779/Barry Searle 47
Landesmuseum, Trier/H. Thornig 47
(judeusl/F.H.C. Birch 687/Jane Taylor
(romanos) Tyndale Commentary on I Corinthians, usado com permissão da American
163,250,266 (Hebrom), 300,302 (visão aérea), 303, 312, 325 (acima, à direita),
Illustration
GRÁFICOS
(visão aérea), 35 (vaso), 86,138,160,
Museu da Bíblia, Amsterdã 76 (todas), 630,745 Museu da Música de Haifa 107, 166, 227, 261, 310, 359, 367, 475 (músicos) Museu de Amália 133, 660 (Atena), 696 (Apolo), 717 (sacerdotisa), 718 (Ártemis), 770 Museu de Damasco 592
286 (Dã), 292/Laura Lushington 400
Museu de Eretz Israel 31 (fragmento
106, 152,
231
(bodesl/Sister Daniel 386 (abelhas)/T.C
de cerâmica), 31 (cerâmica), 31 (prensa
(desenho), 258, 262 (assírio),
296
Rising 772 (casa)
de oliva, esquerda), 132 (documento
l i o n Publishing
sumério), 137
(aríete),
175, 181,
0 desenho do "espírito amarrado"
(detalhe), 306 (obelisco), 334, 457
Stock Market Picture Agency 42,43
na p. 265 foi usado com permissão de
(embaixador), 474, 479 (inscrição), 501/
(Tabernáculos/Cabanas), 190 (dança,
231 (casa), 232 (jarro), 242 (potes),
Curse Tablets and Binding Spelts fromDavid the Townsend 212 (ambas), 241,490,
Páscoa), 191 (velas, Purim, Luzes), 406
246 (tear), 248, 398, 440, 488, 522
Topham Picturepoint 98
(Alexandre), 566 (cambista),
0'Boyle 375 (assirio)A'ic Mitchell 36
Tradutores bíblicos Wycliffe 75,76
(ambas as moedas), 588 (ambas),
(romã)
Tyndale House/Colin Hemer 183, 535
593, 600 (moeda), 651 (moeda), 684
William MacQuitty 156
(moedas), 686, 754 (moeda)
Ancient World, ed. John Gager, Oxford 517/Fritz Fankhauser 21,23,775/Pauline University Press, Inc.
FOTOGRAFIAS
Louvre
A. W. Garrard 533 (todas), 597, 616 (maquete), 632 (maquete), 646 Agencia de Imprensa Andes, Carlos Reyes-Manzo 57 (sacerdote, coral),
©
Photo
RMN/H.
Lewandowski 171 (estela)
Zev Radovan 30 (restauração de
Mary Evans Picture Library 53
cerâmica, instrumentos), 31 (anel,
(Orígenes), 55 (Erasmo), 56 (Pascal,
selo, marfim), 32 (rolo de Isaías), 34
Calvino, Lutero, Gerhardt)
(todas), 35 (sandálias, cosméticos,
Maya Vision 63
81,90 AKG London/Erich Lcssing
457
jarros), 65,69
Alan Millard 231 (escrita),
291
Museu Britânico
31 (pedra
Roseta), 32 (rolo), 71 (página), 72, 73,
(Baal) Arquivo do Oriente Médio/Alisdair Ashmolean Museum, Oxford 463
(todas), 456
(todas),
Biblioteca Británica 16 (códice), 54
476, 477, 522 (elmo), 522 (arqueiros),
(Loyola), 71 (Códicel/Biblioteca de Arte
566 (denário), 739 (identificação de
Bridgeman 55 (Tyndale)
escravo), 766
Bibliothèque
Nationale
53
(reprodução) Christine Osborne/Fotos do Oriente Médio 48 Colchester and Essex Museum 719 (soldado) Colin Humphreys 553 Conexão Africana, St Ives/Tony Hudson 66
Museu d o Iraque, Bagdá
foram
232
Nigel Hepper 42 (linho) Photofusion/Michael Marchant 95 (multidão)/8ob Watkins 46 Richard Nowitz 43 (Dia da Expiação),
Museu Rockefeller, Jerusalém 16, 238. 624 (pote) direita), 408 Reserva Hai Bar, Yotvata 16, 38
(âncora), 708 Centro de Recursos Bíblicos da Tantur
(lagarto), 38 (jumento selvagem), 39
35 (poço), 502,598 (manjedouras), 633
(íbex), 39 (órix), 39 (rato do deserto),
(aprisco)
38 (cobras)
Convento de Ecce Homo, Jerusalém
São Salvador em Cora, Istambul 26 (Cristo Pantocrator)
Hotel Holyland, Jerusalém 62, 607,
Sociedade Bíblica 71 (rolo) Tell Qasile, Museu Eretz Israel 232
615 de Haifa
Museu de Tradições Populares de Aman 726 (mosaico)
Neot Kedumin 31 (prensa de oliva,
Castelo de São Pedro, Bodrum 668
293
(navio), 319 (navio), 428,668 (navio)
43 (Luzes)
fotografias
por David Alexander, com
452
(marfim) Museu Marítimo
outras
agradecimentos a:
(obelisco), 306 (Baal), 315, 326, 355 (tábua), 432
(esfinge), 493
tiradas
117 (tábua), 132, (harpa), 132 (tesouros), 230, 232 (soldado), 265 (fígado), 296
Duncan 11
Museu de Petra 552
153, 194 (peixe), 281 (navio), 497 As
de
Museu de Megido 223
Museu Marítimo de Haifa 14 (Horus),
Michael Holford/Coleção do Museu Britânico 123, 149, 157 (múmias)
(porta)
572
Louvre, por empréstimo ao Museu Britânico 340
Torre de Davi, Jerusalém 505
Museu Arqueológico de Istambul 43 (calendário), 47 (filósofo), 139 (tábua), 325 (inscrição), 523 (mulher),
(casa)
534
(ambas), 659 (musa), 665 (pedra), 672 (Esculápio), 673 (ator), 685 (soldados),
814
Nações e povos das terras bíblicas
Sociedade Bíblica do Brasil SEDE A v . C e c i 706 - Tamboré - Barueri - SP - 06460-120 - C x . Postal 330 - 06453-970 F o n e : (11) 4195-9590 - Fax: (11) 4195-9591 Belém - PA A v . Assis d e V a s c o n c e l o s 356 - C a m p i n a - Belém - PA - 66010-010 F o n e : (91) 3202-1350 - Fax: (91) 3202-1362 Brasília - D F S G A N 603E - Edifício d a Bíblia - Brasília - D F - 70830-030 F o n e : (61) 3218-1948 - Fax: (61) 3218-1907 Curitiba - P R A v . M a r e c h a l F l o r i a n o P e i x o t o 2.952 - P a r o l i n - C u r i t i b a - P R - 80220-000 F o n e : (41) 3021-8400 - Fax: (41) 3021-8380 Recife - P E R. C r u z Cabugá 481 - S a n t o A m a r o - Recife - P E - 50040-000 F o n e : (81) 3092-1900 - Fax: (81) 3092-1901 Rio d e Janeiro -R J A v . Brasil 12.133 - B r a z d e Pina - R i o d e J a n e i r o - RJ - 21012-351 F o n e : (21) 2101-1300 - Fax: (21) 2101-1301 São Paulo - SP A v . T i r a d e n t e s 1.441 - P o n t e P e q u e n a - São P a u l o - SP - 01102-010 F o n e : (11) 3245-8999 - Fax: (11) 3245-8998 C E N T R O DE DISTRIBUIÇÃO DE B E L O H O R I Z O N T E
R. Caldas d a R a i n h a 2.070 - P a m p u l h a - Belo H o r i z o n t e - M G - 31255-180 F o n e : (31) 3343-9100 C E N T R O DE DISTRIBUIÇÃO DE P O R T O A L E G R E
R. E r n e s t o A l v e s 91 - F l o r e s t a - P o r t o A l e g r e - RS - 90220-190 F o n e : (51) 3272-9000 - Fax: (51) 3272-9010 C E N T R O C U L T U R A L DA B I B L I A
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A v . Pastor Sebastião D a v i n o d o s Reis 672 - Vila P o r t o - Barueri - SP - 06414-007 F o n e : (11) 4168-6225 / 4168-5849 L i g u e grátis: 0800-727-8888 Visite o n o s s o site na Internet: w w w . s b b . o r g . b r