HOLISMO E EVOLUÇÃO Princípios básicos, segundo Jan Smuts (pai do termo holismo):
A continuidade evolutiva entre matéria, vida e mente: O paradigma mecanicista concebe matéria, vida e mente como entidades completamente separadas.
Crítica do conceito tradicional de matéria inerte: A matéria não é inerte e passiva.
Smuts considera as três como séries mais ou menos interligadas e progressivas do mesmo grande processo.
O espaço-tempo curvo e o perpétuo movimento rotacional e gravitacional do universo eliminam as velhas ideias que atribuíam um caráter homogêneo (e absoluto) ao espaço e ao tempo.
A matéria detém o potencial da vida e da mente, não sendo portanto a velha matéria dos materialistas físicos.
O caráter estrutural da matéria indica que ela também é criativa de formas, arranjos e padrões.
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Holismo e vida: O conjunto não é a mera soma de suas partes. Existe um fator regulador central que confere propósito ao funcionamento efetivo das partes. Este fator é estruturante tanto da matéria orgânica como inorgânica. Holismo é o termo forjado para definir este fator operativo fundamental. A síntese afeta e determina as partes, de tal modo que funcionam para o todo. O todo e suas partes se influenciam e se determinam reciprocamente.
A integração holística da mente: A mente subjetiva individual é apenas um aspecto da mente, sendo o outro aspecto universal. A mente é tão velha quanto a própria vida. Os aspectos individuais e universais da mente se enriquecem e se frutificam mutuamente, o que, no nível da personalidade humana, resulta na criação de um novo mundo de liberdade espiritual. A mente é de natureza imaterial/espiritual.
Crítica do mecanicismo e sua integração no holismo: A explicação da natureza não pode ser pois puramente mecânica; o processo de síntese criativa constante leva a conjuntos ou configurações altamente dinâmicos. O universo não é uma coleção de acidentes reunidos externamente, mas é sintético, estrutural, ativo, vital e crescentemente criativo. O mecanicismo diminui à medida que se desenvolve o holismo (a + b = x).
A personalidade como ponto culminante da evolução: A personalidade é o ponto mais alto da evolução. O holismo é o agente criador do conjunto mente-corpo. O holismo se manifesta sob forma de individualidade. A qualidade de cada pessoa humana é única e absolutamente individual. O objetivo da personalidade é a autorealização, no sentido de uma ordem holística universal.
Holismo universal como resposta à questão teológica: O motivo da vida é a própria vida. O Todo não conhece outra finalidade além ou fora dele mesmo. O objeto do movimento holístico é simplesmente o Todo. O emergir e o auto-aperfeiçoamento de totalidades na Totalidade é o processo lento mas sem falhas e a finalidade deste universo Holístico.
O holismo é a atividade última do universo, sintética, ordenadora, organizadora e reguladora, que explica todos os agrupamentos e sínteses naturais que nele existem, desde o átomo e as estruturas físico-químicas até a personalidade humana, passando pela célula, pelos organismos e pela mente dos animais . O caráter de unidade ou totalidade sintética que tudo permeia leva a um conceito de holismo como a atividade fundamental subjacente e coordenando todas as outras, num universo holístico. “
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a) A continuidade entre matéria, vida e mente é confirmada pelas novas descobertas da Ciência. O elo é o conceito de energia; a evolução é o fato da transformação da energia. b) Do ponto de vista de tradições espirituais, a descrição de Smuts é forçosamente incompleta e só mostra uma parte do processo de transformação. Segundo a tradição hinduísta, o processo cósmico se efetua através de ciclos, numa constante repetição que vai da emanação do Absoluto Brahman (Brahma) à conservação (Vishnu) e por fim à destruição ou reabsorção (Shiva) no Absoluto Brahman.
WEIL, Pierre. O novo paradigma holístico. In: BRANDÃO, CREMA (orgs). O Novo Paradigma Holístico: ciência, filosofia, arte e mística. São Paulo: Summus, 1991. p. 14-38