COLECÇÃO CALEIDOSCÓPIO
Publicados:
Princípios da Natureza e da Graça/Monadologia, G. W. Leibniz A Experiência Sensível —Ensaio Sobre a Linguagem e o Sublime,
José Manuel
Heleno
O Pensamento do Exterior, Michel Foucault O Q ue É o C onhecimento?, José Ortega y Gasset O Conceito de Tempo, Martin Heidegger (2.* edição) Fascín io e P erturbação - Sobre a Perfei ção e a Realidade, José Manuel Heleno Pessoa e Democracia, Maria Zambrano Engano e Fingimento, José Manuel Heleno Pessoas Crescidas.José Manuel Heleno O Belo e o Sinistro, Eugênio Trias A Penúltima Palav ra e Ou tros Enigmas - Que stões de Filosofia, Salvatore Veca O De mô nio de Sóc rates - Ensaios, José Manuel Heleno Notas de A nd ar eVer (Viagens, Gentes e Países), José Ortega y Gasset
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O CONCEITO DE TEMPO TÍTULO ORIGINAL
DER BEGRIFF DER ZEIT AUTOR
MARTIN HEIDEGGER PRÖLOGO
IRENE BORGES-DUARTE TRADUÇÃO DO ALEMÃO
IRENE BORGES-DUARTE
Tradução realizada no âmbito do projecto de investigação “Heidegger em Português. Investigação e tradução da obra de Martin Heidegger”, sediado no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa e financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (programa POCTI/p /FIL/13034/1998) REVISÃO
HELGA HOO CK QUADR ADO CAPA
FERNANDO MATEUS
l.a edição: Abril de 2003 2.“ edição: Outubro de 2008 ISBN
978-972-754-262-8 DEPÓSITO LEGAL
283800/08 © (21995)M ax Nie F im de Séc
ulo- edições, socieda
meyer V erl ag, T übi ngen de u nipessoa l, lda .,
2003.
ÍNDICE
P rólogo
à edi çã o
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à tradução
G l oss á r i o
alemão
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P rólogo
à edição
portuguesa
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A CONFERÊNCIA “O conceito de tempo”, que adiante se oferece aos leitores de língua p ort ug uesa, em versão reconstituída com base em rascunhos de dois dos assistentes, f oi pro fer ida em 25 de Julho de 1924, ante uma assembleia basicamente constituída por estu dantes e professores da Faculdade de Teologia da Universi dade de Marb urgo, fortem ente m arcada pel o cunho do seu mais célebre representante, Rudolph Bultmann. Este peq uen o texto foi publicado pela prim eira ve z na sua língua srcinal por motivo da celebração, em 1989, do centenário de nascimento do pensador. Hartmut Tietjen, responsável dessa primeira edição alemã, aqui reproduzida, dá a conhecer no Epílogo as características e vicissitudes do texto e da sua recons tituição. Mas este já tinha aparecido em francês, em edição de Michel Haar, em 1983 Deve-se, no entan to, em bo a m edida, a o am ericano Th omas Sheehan, que dele publicou, em 1979, um amplo resumo sistemá1 Miche l Haar (Dir .), Martin Heidegger, Paris, L’He rne , 1983.
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O CONCEITO DE TEMPO
tico, o ter relançad o pole mic amente a sua fama. Na ver dade, as repetidas mençõ es que Ga dam er fizera do c on teú do da prelecç ão, a que ele pr óp rio assistira, con side rando-o como uma Urform de Ser e Tem po 2, deixaram pairar, durante décadas de inútil aguardar pela sua publicação, um halo de expectativa de encontrar nele uma espécie de missing link entre as obras do pr ime iro período de produção heideggeriana e a consumação da obra de 1927. Embora essa função tenha sido assu mida pelo aparecimento paulatino e com bom ritmo, das lições de Marburgo e Friburgo, na Gesamtausgabe, aquel e preconceito n unc a d eixou de pesar sobre o te xto da conferência de 1924, esperando-se encontrar nele um esboço preliminar da questão central de Ser e Tempo: o carácter temporal do ser que se exerce como Dasein, existência e vida fáctica do ente em cujo ser se lhe vai o seu pr óp rio ser, em cujo estar-o cupa do vital articula o mundo interpretado, em que o ser em geral tem, temp oralm ente, lu gar. Fora o pró pri o Heidegger, de resto, quem dera alento inicial a esta previsão de sentido, ao referir, numa famosa nota ao § 54 de Ser e Tempo, “que as considerações a tratar a seguir e como conseqüência do anterior, foram comunicadas, sob a forma de teses, po r ocasião de um a conferência pública sobre o conceito de tempo, dada em Marburgo, em 2 Sein un d Ze it , Tüb ingen , Niemeyer, 7 1953. C on stitui o volum e 2 da edição integral, “de última mão”, coordenada por FriedrichWilhelm von Herrmann, Martin Heidegger Gesamtausgabe, Frankfurt, Klosterman n, 1977. Citar-se-á em abreviatura com o SuZ.
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PRÓLOGO À EDIÇÃO PORTUGUESA
Julho de 1924”. Ora, o que Sheehan faz notar é que, neste breve percurso, em que, efectivamente, se ofe rece o cerne na Analítica do Dasein, falta, no entanto, completamente, aquilo que deveria constituir o salto para a questão desenhada como ponto culm inante da obra de 1927: a do tempo como “horizonte da com preensão do ser” em geral e “resposta concreta à questão do sentido do ser” (SuZ § 5, 17 e 19). Para este autor, isto tem como conseqüência, a necessidade de pro cur ar nou tro lugar - nos t extos produzidos entre esta con ferência e o termo da redacção da parte publicada de Ser e Tempo (a I e II Secções da I Parte), no Outono de 1926 - o desenvolvimento do que deveria corres ponder à III Secção. A importância deste escrito, ver-se-ia, assim, restringida ao carácter “temporal” da existência humana, minguando a sua representatividade e nquan to selo do trajecto h eid eggerian o3. A isso respon de im plicitam ente Tietjen, no seu E pílogo, para que aqui remeto de novo, dizendo que o contexto res trito de uma conferência não permitiria amplos de senvolvimentos e que o inicial diálogo com a pro blemática teológica dos seus ouvintes condicionava o esquema de apresentação das suas ideias. Ou seja: não podem os saber realmente, só por este texto, até que ponto Heidegger tinha já desenvolvido in nuce o pro jecto global de Ser e Tempo. Com esta incógnita, não 3 Veja-se T ho ma s Sh eehan, “The or iginal form of Sein und Zeit: Heidegger’s Der Beg riff der Z eit ”, Journal of ihe British Society fo r Phenomenology 10,1979, 78-83.
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O CONCEITO DE TEMPO
isenta de polêmica, temos que ler e tivemos que tra duzir 4 esta magnífica peça m en or do corpus heideggeriano. Que lemos em “O conceito de tempo”? Inequivo camente, o primeiro desenho esquemáti co da prob le mática da temp oralidade e historicidade do Dasein, a partir do enquadram ento do exercício do cuidado na quotidianeidade do estar-ocupado, quer no sentido im pró prio mas no rm al do “ tem po impessoal” , que s e define no presente do agora, quer no mais aguda mente próprio da captação antecipativa da própria morte como porvir, certo mas indeterminado. Hei degger é, neste ponto, absolutamente claro: Zeit ist Dasein (tempo é ser-aí), das Dasein ist die Zeit (o ser-aí é o tempo). Mas como traduzir, neste contexto precoce, Dasein ? A terminologia heideggeriana não está ainda fixada. O “aí”, que já sobressai no termo composto, embora este esteja impregnado do seu significado mais imediato e forte de “existência” , é o “aí”mostração do ser emver geral - oudoseja, Abertura ou itativa ser od âmbito e tudo de quanto há ou é ainda apenas o “aí” da quotidianeidade e histo4 As dificuldades específ icas da prese nte versão e a corre spo nde nte justificação da opção adoptada expõem -se, com a requerida brevidade, nas notas à tradução, numeradas e entre parênteses, situadas no final do texto. Para elas, bem como para a consulta do Glossário, remeto todas as questões particulares de traduç ão, sejam ou n ão explici tamente mencionadas neste Prólogo. As notas de pé de página procedem da edição alemã.
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PRÓLOGO Ã EDIÇÃO PORTUGUESA
ricidade do ser à maneira do humano, tem po decaído do “se” impessoal e tempo próprio do “respectivam ente-e m-cad a-m om ento” de ca da um? O al cance da confer ência varia conforme nos decidamos po r um a ou o utra leitura, não c omp etindo ao traduto r, se pode evit á-lo, cunh ar à partid a a deci são interpretativa do leitor. A presen ça do texto alemão, nesta edição b ilin güe, perm ite, feli zmente, m ante r a ref erência à indeterminação do srcinal, guardando a riqueza da sua ambigüidade. Três filósofos são explicitamente mencionados, emebora pass agem: Aristót eles,mereced Agostinho na Kantde . Os dois prime iros são oresdedeHip umo-a citação: Física IV, 11, que orienta para a captação do tempo da natureza, em conexão com a breve mas importante referência à teoria de Einstein; e Confis sões XI, 27, que marca indelevelmente a mudança de rumo da conferência, para a centrar na exploração ontológica das características do tempo do existir hu mano. Sem que se reproduza nenhum excerto da sua obra, o terceiro pensador é chamado à colação num mom ento álgido e para reforçar a imp ortância de uma das teses básicas da confe rência :tóa do carác ter formal do tempo en quanto como do ser do Dasein. Surgida a propósito da introdução do fenôm eno do Vorbei, “trân sito” extremo ou experi ência antecipada do pas samento, de finitório do carácter de futurid ad e do ser em se ntido próp rio, esta ref erência a Kant s urpreend e, por vários motivos: em primeiro lugar, porq ue o con 13
O CONCEITO DE TEMPO
text o imediato é totalm en te alhei o ao pen sam ento do au tor em quest ão; em segundo, porqu e Kant não fora até então objecto de especial predilecção por parte de Hei degge r, antes pelo contrá rio, sendo a sua m en ção mais im po rta nte , talvez, a que foi fei ta no céleb re Natorp-Bericht, Anúncio indicativo da situação herme nêutica, de 1922, em que aparece pela prim eir a vez o program a de um a destruição ou desconstrução da histó ria da antropo logia, d e que Kant constituiria um momento5; em terceiro lugar, finalmente, porque a refer ência a Kant não recol he a matéria p rop riam ente “tem po ral” ( a Estética transc end ental o u o esquematismo, que estarão no c entro da atenção heidegger iana a partir de 1925) mas a Ética, de cujo “princípio fu nd am en tal ” se diz que é “form al”. Um a razão mais, portanto , para sublinhar o carácter de chave que esta peça filosófica constitui no itinerário heideggeriano até Ser e Tempo, on de se diz, como é sabido, que Kant foi “o primeiro e único que avançou um trecho em direcção à dimensão da temporalidade [do ser em geral, Temporalitãt ]” (SuZ § 6,2 3), qu estão especí fica que ainda não aparece aqui exposta nem aludida. Quer pela sua terminologia em devir, quer pela temática existencial, quer ainda pelos apoios histó ricos, não plenamente coincidentes com o caminho “de-strutiv o” efectivamente segui do com posterida de, 5 Estudo detalhado desta questão em: Irene Borges-Dua rte, La pre sencia de Kant en Heidegger. Dasein, Transcendencia, Verdad. Madrid, UCM - Servido de Publ icac iones , 2001.
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PRÓLOGO À EDIÇÃO PORTUGUESA
“O conceito de tempo” é um opúsculo que espelha um momento decisivo e de transição. Na sua brevi dade, a coesão e densidade do texto configuram um estilo po uco condescend ente com a situação peculiar de um a conferênci a, por m uito universitária que fo sse a audiência6. Contudo, o pathos, que a atravessa, do pensador que se aproxima fervoroso do seu acmé cria dor, marcou a audiência, que gravou esta irrupção filosófica como prom essa da esperada obra de quem Hann ah Are ndt, noutro cont exto, chamou o heimliche König da filosofia alemã de entre guerras. E é essa mesma queser-aí, move que estruturalmente a investipaixão gação dpensante, o como do pe rm ite hoje ao leitor, dentro ou fora da disciplina escolar do pensa mento, capturar o fio da exposição, para além das síncopes prog ram áticas, e o investim ento dos con cei tos in statu nascendi. Permita-se-me, tão só, uma palavra de agradeci mento ao Prof. Joaquim Cerqueira Gonçalves, cujas sugestões amistosas muito contribuíram para uma melhor legibilidade do texto traduzido. I rene
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6 O sinal con stituído p or três ast eriscos destina-se a sublin har g ra ficamente, na presente edição, os diferentes momentos processuais do texto, f acilit ando a sua leitura, em c orresp ond ência com os espaços e m bra nco que, em bora sem asteriscos, já pro cura m fazê-lo na edição ori ginal.
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FOLGENDEN
Überlegungen handeln von der Zeit.
Was ist die Zeit? Wenn die Zeit ihren Sinn findet in der Ewigkeit, dan n m uß sie von dah er verst anden wer den. Dam it sind Ausgang u nd Weg dies er Na chforschu ng vorgeze ichnet: von der Ewigkeit zur Zeit. Diese Fragestellung ist in Ord nung un ter der Vo raussetzung , daß wir über den vorgenannten Ausgang verfügen, also die Ewigkeit ken nen un d hin reich en d verstehen. So llte die Ewigkeit etwas anderes sein als das leere Immersein, das άεί, sollte Gott die Ew igkeit sein, dan n m üß te die zuerst nahegelegte Art der Zeitbetrachtung so lange in einer Verle genheit bleiben, als sie nicht von Gott weiß, nicht versteht die Nac hfrage na ch ihm. Wenn d er Zugang zu Gott der Glaube ist und das Sich-einlassen mit der Ewigkeit nichts anderes als dieser Glaube, dann wird die Philosophie die Ewigkeit nie haben und diese sonach nie als mögliche Hinsicht für die Diskussion der Zeit in methodischen G ebrauch genom me n werde n können. Diese Verlegenheit ist für die Philosophie nie 18
1 ! As REFLEXÕES que se seguem debruçam-se sobre ο temp o. O qu e é o tempo? Se é na eternidade qu e o temp o e nco ntra o seu sen tido, haverá que compreendê-lo a partir dela. Deste mo do, o po nto de partid a e o caminh o desta pe squis a ficam desenhados de antemão: da eternidad e ao tempo. Este mod o de pô r a questão é válido, sup on do que d is pomos do referido ponto de partida, ou seja, que conhe cemos a eternidade e que a comp reendem os sufici en temente. Masse a eternidade for algo diferente de um vazio ser-sempre - ο α εί- , se a eternidad e for Deus, então esse tipo de consideração do tem po, de que p ar timos, terá de ficar em suspenso, u m a vez qu e não sabe de Deus nem compreende a interrogação que o prç> cura. Se o acesso a Deus for a fé e se o compromisso com a eternid ade n ão se fizer senão p ela fé, a Filosofia nu nca p od erá possuir a et ernidade, pe lo que est a tam bém nunca poderá servir de possível perspectiva dç abordagem de uma discussão metódica acerca do temp o. Esta dificuldade pod eráconhecedor ser dissi pada Filosofia. Sendo assim, nu o nca autêntico dopel a 19
O CONCEITO DE TEMPO
zu beheben. So ist denn der Theologe der rechte Sachkenner der Zeit; und wenn die Erinnerung nicht trügt, tun. hat es die Theologie mehrfach mit der Zeit zu Erstens handelt die Theologie vom menschlichen Dasein als Sein vor Gott, von se inem zeitlichen Sei n in sei nem Verhältnis zur Ewigkeit. Gott selbst braucht keine Theologie, seine Existenz ist nicht durch den Glauben begründet. Zweitens soll der christliche Glaube an ihm selbst Bezug habe n au f etwas, das in d er Z eit ges chah, - wie man hört zu eine r Zeit, von der gesag t wird: Sie war die Zeit, »da d ie Zeit erfüllet war ...« .1 Der Philosoph glaubt nicht. Fragt der Philosoph nach der Zeit, da nn ist er entschl ossen, die Zeit aus der Zeit zu verstehen bzw. aus dem άεί, was so aussieht wie Ewigkeit, was sich ab er he rauss tellt als ei n bloß es Deri vat des Zeitlichseins. Die folgende Behandlu ng ist nich t theologi sch. The ologisch - un d es bleibt Ihnen un be no mmen, si e so zu verstehe n - kan n die Behandlung der Z eit nur den Sinn haben, die Frage nach der Ewigkeit schwieriger zu machen, sie in der rechten Weise vorzubereiten und eigentlich zu stellen. Die Abhan dlun g ist aber auch nicht philosophisch, sofern sie nicht beansprucht, eine allge1 Gal. 4,4 ; vgl. Mk. 1 ,15; vgl. fern er Eph. 1, 9f.
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O CONCEITO DE TEMPO
tempo é, então, o teólogo e, se bem me lembro, a Teo logia tra ta do tem po de diversas maneiras.
Emcomo prim eiro lugar, aDeus, Teologia do temporal se r- aí(1) h u mano, ser perante e dotra seuta ser na sua relação com a eternidade . Deus, el e mesmo, nã o precisa de Teologia nenhuma, a sua existência não está fun dad a pela fé . Em segundo lugar, a fé cristã deve, nela m esm a, referir-se a algo aconteci do no tempo - num tempo, d e que ouvimos dizer ser o “da plenitude dos tempos” l. O filósofo nãoé épocrente. Se decidido o filósofoa se interroga acerca do tem po, rqu e está compreender o tempo a partir do tem po , ou do αεί, o qu e é parec ido com a eternidade, mas vem a descobri r-se como mero derivado do ser-temporal. * *
*
deste assunto, adiante desenvolvido, nãoOvaitratamento ser empreendido do ponto de vista teológico. Só tem sentido tra tar do tem po teologi camente - algo que deixo ao vosso critéri o - , pa ra comp licar ainda mais a questão da eterni dade, prepará-la de mane ira adeq ua da e colocá-la no seu sentido mais próprio. Contudo, tam bé m não se po de dizer que est e tratad o seja filosó fico, um a vez que não tem a pretensão de dar um a dete r minação sistemática e universalmente váli da do tem po, 1 Gálatas 4; vide Marcos 1,15 e Efésios 1, 9 seg.
O CONCEITO DE TEMPO
mein gültige systematische Bestimmung der Zeit her zugeben, welche Bestimmung zurückfragen müßte hinter die Zeit in den Zusammenhang der anderen Kategori en h inein. Die nachfolgenden Überlegu ngen gehöre n vielleicht in eine Vorwissenschaft, dere n Geschäft folge ndes in sich begreift: Nachforschungen darüber anzustellen, was mit dem, was Philosophie und Wissenschaft, was ausleg ende Rede des Daseins von ihm selbst und der Welt sagt, am Ende gemeint sein könnte. Wenn wir uns da rüb er ins Klare setz en, was ei ne U hr ist, wird da mit die in der Physik lebende Erfassungsart lebendig und dam it die W eise, in d er die Zei t Gelegenheit bek om mt, sich zu zei gen. Diese Vorwissenschaf t, inn erh alb deren sich diese Betrachtung bewegt, lebt aus der vielleicht eigenwilligen Voraussetzung, daß Philosophie und Wissenschaft sich im Begriffe bewegen. Ihre Mögli chkeit besteht darin, daß jeder Forscher sich darüber aufklärt, was er versteht und was er nicht versteht. Sie gibt Auskunft, wan n eine Forschun g bei ihrer Sache ist - oder s ich nä hrt au s einem überlief erten und a b gegriffenen Wortwis sen d arüber. Solc he Nac hfors chun gen sind gleic hsam der Polizeidie nst beim Aufz uge der Wissenschaften, ein zwar untergeordnetes aber zu weilen dringliches Geschäft, wie einige meinen. Ihr Verhäl tnis zur P hilosophie ist nur das des Mit laufens, um zuweilen Haus suchu ng bei den Alt en zu halten, w ie sie es eigentlich gemacht haben. Mit der Philosophie 22
O CONCEITO DE TEMPO
a qual obrigaria remeter a pe rgun ta pel o tem po para o contexto das restantes categorias. As aconsiderações virão a seguir pertencem,em talvez, que compreende iimâZciência que preambulan si a tarefa de pôr em marcha a investigação acerca do que p od eria ser visado, ao fim e ao cabo, no que a Filo sofia e a Ciência dizem, no discurso interpretativo do ser-aí acerca dele mesmo e do mundo. Se aclararmos o que é um relógi o, captaremos com vivaci dade o mod o de conceb er vigente na Física e, assim, tam bé m a m a neira como o temp o chega a ter ocasião de s e mo strar. Esta ciência pream bular, em cujo inte rior esta conside ração se move, assenta sobre o pres supo sto, talvez arbi trário, de que tanto a Filosofia como a Ciência se mo vem em conceitos. A sua possi bilidade repo usa em que cada investigador chegue a ter ideias claras acerca do que com preend e e do que não com preende. El a pe r mite saber quando uma investigação se atém ao seu objecto ou quando se alimen ta de um saber “de ouv ido”, tran sm itido e gasto. Investigações deste tipo con stituem algo semelhante a um serviço de policiam ento d o des file das ciências, sendo, na opinião de alguns, assunto que, em bo ra sub ordin ado , é às vezes urg en te. A sua re lação com a Filosofia é apenas a título de um acom panhante, que às vezes tem ordem de busca em casa dos Antigos, p ara ver com o é que eles fizeram. A reflexão que se segue só tem em comum com a Filosofia o não ser Teologia.
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hat die folgende Überlegung nur so viel gemein, daß sie nic ht T heologie ist. Zu näch st einen vorläufigen Hinweis au f die begeg nende Zeit in der Alltäglichkeit, auf die Natur- und Weltzeit. Das Interes se dafür, was die Zeit sei , ist in de r Gegenwart neu geweckt durch die Entwicklung der physikalischen Forschung in ihrer Besinnung auf die Gru ndp rinzipien der hier zu vollzi ehende n Erfassung und Bestimmung: der Messung der Natur in einem raum-zeitlichen Bezugssystem. Der jetzige Stand die ser Forschung ist fixiert in der Einsteinschen Relati vitätsth eorie. Einige Sätze daraus: D er Ra um ist an sic h nichts; es gi bt kei nen absoluten Raum. Er existiert nur durch die in ihm enthaltenen Körper und Energien. (Ein alter Aristo telisch er Satz:) Auch die Zeit ist nichts. Sie besteht n ur infol ge der sich in ihr abspielenden E r eignisse. Es gibt keine absolute Zeit, auch keine abso lute Gleichzeit igkeit .2- Ma n üb ersieht leicht üb er dem Destruk tiven dieser Th eori e das Positive, daß sie gerade die Invarianz d er Gleichungen, die di e Naturvorgäng e beschreiben, gegenüber beliebigen Transformationen nachweist. 2 Zuspitzen de Zusam men fassun g Heideggers . Vgl. dazu Albert Ein stein, Di e Grun dlage der allgemeinen R elativi tätstheor ie. Annalen der Physik 49, Leipzig 1916. Vgl. auch: Über die spezielle und allgemeine Relativitätstheorie. 7. Aufl., Braunschweig: Vieweg 1920. S. 90ff. und 95ff. Vgl. ferner: Vier Vorlesungen über Relativitätstheorie. Braun schweig: Vieweg 1922. S. 2.
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Começarem os p or nos refe rir, prelimin arm ente, ao tempo tal como o encontramos na quotidianeidade: o tem po da naturez a e do m und o. O interesse por [saber] o que é o tempo voltou a ser despertado, na actuali dade, pel o d esenvolvimento d a investigaçã o no âmb ito da Física, no que respeita à sua re flexão sobre os pr incí pios fundamentais da maneira de conceber e definir, que nela s e cumpre: a medição da n atureza n um siste ma de nexos espácio-temporais. O estado actual desta investigação está estabelecido na te oria da relatividade de Einstein. Recordemos algumas das suas teses: o es paço não é nada em si mesmo; não há espaço absoluto, só exist indo pelos corp os e energi as que nele es tão co n tidos. Mas (com o na a ntiga tese aristotél ica) ta mbé m o tempo não é nada. Só existe como conseqüência dos acontecim entos que nele s e desenrolam. Não h á temp o absoluto, nem absoluta sim ulta neid ade 2. Para lá do lado destrutivo desta teoria, é f ácil não aten der ao seu la do positivo, a saber: que ela prova, justamente, a invariância das equações, que descrevem os processos n atur ais, rela tivament e a quaisqu er transformações. 2 Resum o crítico de Heidegger. Veja-se, a este pro pó sito: Alber t Einstein, “Die Grundlage der allgemeinen Relativitätstheorie” [Funda m ento da Teoria da Relat ividade ger al], Anna len der Physik 49, Leipzig, 1916. Veja-se tam bém : Über die spezielle und allgemeine Relativitä tsthe orie [Sobre a teoria da relatividade especial e geral], 7a ed., Braun schweig, Vieweg, 1920, pág. 90 seg., 95 seg. Veja-se ainda: Vier Vorlesungen über Relativitätstheorie [Quatro lições sobre a teoria da relatividade], Braun schw eig, Vieweg, 1922, pág. 2.
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O CONCEITO DE TEMPO
Die Zeit ist das, worin sich Ereignisse abspielen.3 So wird dieses schon v on Aristoteles gesehe n im Zusam menhang des Seins der desFortbewegung: Naturseins: der Veränmit deruder ng, Grundart des Plat zwechsels, επειούν ού κίνησις, ανάγκη τής κινήσεώ ς τιείναιαύτόν .4 Da sie nicht selbst Bewegung ist, muß sie irgendwie mit der Bewegung zu tun haben. Die Zeit begegnet zun ächst im verä nderlich Seienden; Veränd erung ist in der Zeit. Als was ist Zeit in dieser Begegnisart, näm lich als das Wo rin des Veränd erlichen, vorfindlich? Gib t sie sich hier als sie selbst in dem, was sie ist? Kann eine Explikation der Zeit, di e hier ansetzt , die Gewähr hab en, daß damit die Zeit gleichsam die fundamentalen Phänomene hergibt, die sie in dem eigenen Sein be stimmen? Od er wird m an beim Aufs uchen der Gründe der Ph än om ene au f etwas anderes ver wiesen? Als was begegn et die Zeit fü r den Physiker? Das be stimmende Erfassen der Zeit hat den Charakter der Messung. Messung gibt an das Wielange u nd das Wann, das Von -wan n-bis-wa nn. Eine Uh r zeigt die Zeit . Eine Uhr ist ein physikalisches System, auf dem sich die gleiche zeitliche Zustandsfol ge stän dig wied erho lt u n ter de r Voraussetzu ng, d aß dieses physi kalische Sys tem nicht der Ve rände rung durch äußere Einwi rkung un terliegt. Di e Wied erholu ng ist zyklisch. Jede Perio de hat 3 Vgl. Aristote les, P hysik IV, Kap. 11, 219aff. 4 a.a.O ., 219 a 9f.
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O tempo é aquilo em que se desenrolam os acon tecim entos 3. Isto já fora visto po r Aristótel es, a pro pó sito do omomudar do dedeserlugar, fundoam ental do sercontínuo, natural:επει a m u dança, movimento ούν ού κίνησις, ανάγκη της κινήσεώ ς τι είναι αυτόν4. Não sendo ele movimento, de algum modo terá que ver cpm o movimento. O tempo encontra-se, para já, no ente mu tável: a mud anç a dá-se no tempo. Ao enco n trá- lo desta maneira - nom eadamente como aquil o “em que ” o mutável s e dá - captam o-lo como quê? Dá- se ele, aqui, a ele mesmo enquanto ele mesmo, naquilo que ele é? Uma explicação do tempo, que parta daqui, poderá ter a garantia de trazer à luz o tempo, por assim dizer, nos fenômen os fundam entais que o determin am no seu ser próprio? Ou será que, ao buscar os funda mentos dos fenômenos, somos reenviados até outra coisa? O físico encontra o tempo como [sendo] o quê? A captação determinante do tempo tem o carácter de medição . A mediç ão indica o “durante” e o “qu an do ”, o “de sde-q uan do-a té-qu an do”. O relóg io indica o tempo. O relógio é um sistema f ísico, em q ue se repete con stan temen te a seqüênci a de est ádios temporais, p ar tin do-se do princípio de que este sistema físico não é ele mesmo susceptível de sofrer alteração por influência do exterior. A repetição é cíclica. Cada u m dos p eríodo s 3 Veja-se Arist ótele s, Física, IV, cap. II, 219 seg. 4 Ibidem, 219 a 9 seg.
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O CON CEITO DE TE MPO
die gleiche Zeitdauer. Die Uhr gibt eine sich ständig wiederholende gleiche Dauer, auf die man immer zurückg reifen kan n. Die Aufteilung dieser Dauerstrecke ist beliebig. Die Uh r m iß t die Zeit, sofern die Erstre ck ung de r Da uer eines Gesch ehens au f gleiche Zus tand s folgen der U hr verglich en un d von da in ihrem Soviel zahlenmäßig bestimm t wird. Was erfahren wir von der Uhr über die Zeit? Die Zeit ist etwas, in dem beliebig ein Jetztpunkt fixiert werden kann, so daß immer von zwei verschiedenen Zeitpunkten der eine früher, der andere später ist. Dabei ist kein Jetztpunkt der Zeit vor dem anderen ausgezeichnet. Er ist als Jetzt das mögliche Früher eines Später, als Später das Später eines Früher. Diese Zeit ist durchgängig gl eichar tig, homogen. Nur sofer n die Zeit als homogene konstituiert ist, ist sie meßbar. Die Zeit ist so ein Abrollen, dessen Stadien in der Beziehung des Früher und Später zueinander stehen. Jedes Früher u nd Später ist bestim mb ar aus einem Jetzt, welches aber selbst beliebig i st. Geht man mit de r U hr au f ein Geschehen zu , so mac ht die Uh r ein Geschehen ausdrücklich, mehr hinsichtlich seines Ablaufens im Jetzt als hinsichtlich des Wieviel seiner Dauer. Die prim äre Bestim m ung, die die U hr jeweils leistet, ist nicht die Angabe des Wielange, des Wieviel der gegenwärtig fließenden Zeit, sondern die jeweilige Fixierung des Jetzt. Wenn ich die Uhr herausziehe, so ist das erste, was ich sage: »Jetzt ist es neun Uhr; 28
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tem igual duração temporal. O relógio mostra uma dura ção igual, que s e repete de form a constan te, à qual sempre se pode recorrer. A divisão deste trecho de d ura ção é arbitrária. O relógio mede o tempo na medida em que a amplitude da duração de um acontec er é com parada com igual seqüência de estádios no relógio e, com essa base, é determinado numericamente na sua quantidade. O que é que o relógio nos ensina acerca do tem po? O tempo é algo em que se pode fixar um agora pontu quedos é sempre ponto s tem porais,al,um quais édiferente anterio r de e odois outro posterior. Nada nisto distingue um agora pontu al de outro, sen do, en qu an to agora, o possí vel ant es de um depois, e , en qu an to depois, o depois de um antes. Este tem po é continuamente igual, homogêneo. Só porque está constituído enquanto homogêneo é que o tempo é mensurável. O tempo é, assim, um desenrolar, cujos estádios s e referem en tre si como um antes a um de a pois. Cada um destes antes e depois determina-se partir de um agora, sendo este, contudo, um qualquer. Se nos enfrentamos a um acontecimento de relógio na m ão, o rel ógio expressar á o acon tecer mais no sen tido do seu tran sco rrer no agora, do que do quantum da sua duração. Aquilo que o relógio, em cada caso, determ ina primariam ente n ão é a informação acerca da duração qu antitativa actual temp oral, maso a respectiva fixação do a dogora. Sefcoluxo ns ulto o relógio, prim eiro que digo é: “São agora nove horas, há trinta 29
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30 Min ute n seitdem das gesc hah. In drei S tun den ist es zwölf.« Die Zeit jetzt, da ich auf die U hr sehe: Was ist dieses Jetzt? Jetzt, da ich es tue; jetzt, da etwa hier das Licht ausgeht. Was ist das Jetzt? Verfüge ich über das Jetzt? Bin ich das Jet zt? Ist jed er An dere das Jetzt? Da nn wäre die Zeit ja ich selbst, und jeder Andere wäre die Zeit. Und in unserem M itei nander wäre n wir di e Zei t - kei ner und jeder. Bin ich das Jetzt, oder nur der, der es sagt? Mit od er o hne ausdrückliche Uhr? Je tzt, abends, mo rgens, die se Nacht, heute: H ier stoß en w ir au f eine Uhr, die sich das menschliche Dasein von je her zugelegt hat, die na türliche Uhr des Wechsels von Tag un d Nacht. Welche Bewandtnis hat es dam it, daß menschliches Dasein sich eine Uhr angeschafft hat schon vor allen Taschen- un d Sonnen uhren? Verfüge ich übe r das Sein der Zeit u nd m eine ich im Jetzt mich mit? Bi n ich selbst das Jetzt und mein Dasein die Ze it? O der ist es am Ende die Zeit selbst, die sich in uns die Uhr anschafft? Au gustinus hat im XI. Buch seiner »Confessiones« die Frage bis hier he r getriebe n, ob d er Geist selbs t die Zei t sei. Un d Augu stinus h at die Frage hier ste hen gelassen. »In te, anime meus, tempora metior; noli mihi obstrepere : qu od est; noli tibi obstrepere turb is affectionum tuarum. In te, inquam, tempora metior; affectionem quam res praetereuntes in te faciunt, et cum illae praeterierint m anet, ipsam m etior praesentem, n on eas quae praete rieru nt u t fieret: ipsam metior, cum tem 30
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minutos que tudo se passou. Daqui a três horas é meio-dia”. Nesta hora, agora que olho para o relógio... Que é este agora? Agora, que o faço..., agora se, porventura, se apag ar aqu i a luz. Que é o agora? O agora está à minh a disposição? O agora sou eu? São os outros, cada um? O tempo, então, seria eu mesmo, e cada qual seria o temp o. E nós, no nosso estar uns com os outros, seria mos o tempo... nen hu m de nós e cada um. O agora s ou eu, ou sou apenas quem o diz? Com ou sem relógio explícito? Agora, à tarde, de manhã, esta noite, hoje: deparamo-nos aqui com um relógio que o ser-aí hu man o des de sempre possuiu - o relógio natura l da m u dança do dia para a noit e. Que implica o f acto de o ser-aí hu m an o se ter pr o porcionado um relógio com anterioridade a todos os relógios de bolso e de sol? Será que eu tenho à minha disposição o ser do tempo e que, no agora, me viso conjuntamente a mim? Serei eu mesmo o agora e o meu ser-aí o tempo? Ou será que, afin al, é o temp o, ele mesmo, que proporciona, em nós, o relógio? Santo Agostinho, no livro XI das Confissões, levou a questão até ao ponto de [perguntar] se o espírito não será ele mesm o o temp o. E aí pa rad a deixou Santo Agost inho a questão. “In te, anime meus, têmpora metior; noli mih i obstrepere: quod est; noli tibi obstrepere turbis affectio-
num In te, inquam, metior; affectionemtuarum. quam respraeter euntestêmpora in tefaciun t, e tcum illae praeterierint manet, ipsam metior praesentem, non eas 31
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pora m etior.«5In Paraphrase: »In dir, mein Geist, messe ich die Zeiten; dich messe ich, so ich die Zeit messe. Komme m ir nicht m it der Fr age in die Qu ere: Wie denn das? Verleite mich nicht dazu, von dir wegzusehen durch eine falsche Frage. Komme d ir selbs t nich t in de n Weg durch die Verwirrung dessen, was dich selbst angehen mag. In dir, sage ich immer wieder, messe ich die Zeit; die vorübe rgehend begegnenden Dinge brin gen dich in eine Befindl ichkeit, die bleibt , wäh ren d jene verschw inden. Die Befindlichkeit messe ic h in de m ge genwärtigen Dasein , nicht die Dinge , welche vorüb erge hen, da ß sie erst ents tün de. Mein M ich- befin den selbst, ich wied erho le es, messe ich , wen n ich die Zeit mess e.« Die Frage nach dem, was die Zeit sei, hat unsere Betrachtung au f das Dasei n verw iesen, wenn mit D a sein gem eint ist das Seiende in seinem Sein, das wir als menschliches Leben kennen; dieses Seiende in der Jeweiligkeit seines Seins , das Seiende, das wi r jed er selbst sind, da s jede r von un s in der G rundaussag e trifft: Ich bin. Die Aussage »Ich bin« ist die eigentliche Aussage vom Sein vom Charakter des Daseins des Menschen. Dieses Seiende ist i n der Jeweiligkeit als meiniges.
5 Augus tinus , Con fessione s. Liber XI, cap. 27, resp. 3 6. Sancti Aureli i Augustini opera om nia, post Lovaniensium theolog orum recensionem. Ed itio novissima, em end ata et auctior, accu rante Migne. Par isiis 1841. Tomus I, p. 823 sq.
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quae praete rierun t utfieret: ipsam meti or, cum tempora metior .” 5Parafras eando: “E m ti, espíri to m eu, meço ο tempo; a ti meço,como ao medir o tempo. mea venhas com a pergunta: é isso? Não meNão leves desviar-me de ti com uma falsa questão. Não te interponhas no meu caminho até ti, enredando o que pode dizer-te respei to. Em ti, sem pre o rep ito, meço o temp o; as coisas que, passageiramente, vêm ao [teu] encontro afectam-te de maneira permanente, enquanto elas desaparecem. É a afectividade que eu meço no ser-aí actual, e não as coisas, que sen do passageiras, lhe de ram origem. O que meço - repit o - , ao medir o tempo, é o meu mesmo sentir-me afectado(2).” *
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A pergunta pelo que o tempo é, orientou a nossa consideração para o ser-aí, entendendo-se por ser-aí o ente que, no seu ser, conhecemos como vida humana; este ente respectivamente-em-cada-momento (3) do seu ser, o ente que cada um de nós é, que cada um de nós acerta a dizer no enunciado fundamental “eu sou”. Q enunciado “eu sou” enuncia em propriedade o ser [que temi o carácter do ser-aí do homem. Este ente é em-cada-mom ento enquanto meu. 5 Santo Agostinho, Confessiones, Liber XI, cap. 27, resp. 36. Sancti Aurelii Augustin i opera om nia, post Lo vaniensium theologorum recensionem. Editio novíssima, emendata et auctior, accurante Migne. Parisiis, 1841. Tomus I, p. 823 sq.
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Aber bed urfte es diese r umstän dlich en Überlegung, um au f das Dasei n zu st oßen ? Genügte nicht d er H in weis, daß die Akte des Bewußtseins, die seelischen Vorgänge, in d er Zeit sind, - auch dan n, wen n diese Akte si ch a uf etwas richten , was selb st nicht du rch die Zeit bestimmt ist? Es ist ein Umweg. Aber der Frage nach der Zeit l iegt dara n, eine sol che An two rt zu gewin nen, daß aus ihr die verschiedenen Weisen des Zeitlichseins verständlich werden; und daran, einen möglichen Z usam me nhan g desse n, was in der Zeit is t, mit deman , was die eigentliche Zeitlichkeit Anfang sichtbar w erden zu lassen. is t, von allem Die Naturzeit a ls längst bekan nte un d besproch ene hat bislang den Boden für die Explikation der Zeit abgegeben. Sollte das menschliche Sein in einem ausgezeichneten Sinne in der Zeit se in, so daß an ihm , was die Zeit ist, ablesbar werden kann, so muß dieses Dasein charakterisiert werden in den Grundbestim mungen seines Seins. Es müßte dann gerade sein, daß Zei tlichse in - recht versta nden - die fundam entale Aussage des Daseins hinsichtlich seines Seins sei. Aber auch so bedarf es einer vorgängigen Anzeige einiger Grun dstru ktu ren des Dasei ns selbst. < 1. Das Dase in ist das Seiende, das charak terisie rt wird als In-der-Welt-sein. Das menschliche Leben ist nicht irgendein Subjekt, das irgendein Kunststück machen muß, um in die Welt zu kommen. Dasein als 34
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Mas era precisa uma reflexão tão complicada para vir ter ao s er-aí? Não teria bastado ap on tar pa ra que os actos da consciência, os sucessos psíquicos são no tem po, m esm o se estes actos s e dirigem a algo que não é ele mesmo determinado pelo tempo? Isto é um des vio. Mas a questão do tem po p retende consegui r u m a resposta que p erm ita to rn ar compreensívei s as diversas modalidades de ser-temporal e, também, dar visibilidade de uma vez para sempre ao possível nexo daquilo que é no tempo com a temporalidade propriamente dita.Até agora, tem sido o tempo natural, de há muito conhec ido e descrit o, que tem servido de ba se da expli cação acerca do tempo. Se o ser do homem fosse no temp o de um a m aneira es pecial, de tal mod o que nel e pudesse ser lido o que o tempo é, então haveria que caracterizar esse ser-aí nas determinações fundamen tais do seu s er. O ser-tem poral, rectam ente c om pre en dido, teriado deser-aí s er, então, ente, enuser. nciad fu n damental no quejustam respeita ao oseu Mas,o se assim fo sse, necessitar -se-ia de que, a título pream bular, se mostrassem algumas das estruturas fundamentais do ser-aí ele mesmo. 1. O ser-aí é o ente que se caracte riza como ser-no-mundo. A vida hu man a não é um sujeito qualquer, que tenha que ser-no-mundo fazer habilidades para virseraodemundo. Ser-aí enquanto significa tal maneira no mundo, que este ser queira dizer: tratar com o 35
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In-der-Welt-sein meint: in der Weise in der Welt sein, daß dieses Sein besagt: mit der Welt umgehen; bei ihr verweilen in eine r Weise des Verrichtens, des Bewerk stelligen, des Erledigens, aber auch der Betrachtung, des Be fragens, de s be trach tend en, vergleichenden Be stimmens. Das In-derWelt-sein ist charakterisiert als Besorgen. 2. Das Dasein als dieses In-d er-W elt-s ein ist in eins damit Mit-einander-sein, mit Anderen se in: m it An de ren dieselbe Welt dahab en, eina nd er begegnen, mitein an der sein in der Weise des Für- einander-seins. Aber dieses Dasein ist zugl eich Vo rhand ensein für Andere, nämlich a uch so, wie ein Stein da ist, der keine Welt da hat un d besor gt. 3. Mitein ander in der Welt sein, als Mitein ander sie hab en, ha t eine ausgezeic hnete Seinsbestimmung . Die Grundweise des Daseins der Welt, das sie miteinander Dahaben, ist das Sprechen. Sprechen ist voll gesehen: sich flwssprechendes m it einem Anderen über etwas Sprechen. Im Sprechen spielt s ich vorwiegend das Inder-Welt-sei n des Mensch en ab. Das wuß te sch on Ar istoteles. In dem, wie das Dasein in seiner Welt über die Weise des Umgangs mit seiner Wel t spricht, ist m it gegeben eine Selbstauslegung des Daseins. Es sagt aus, als was das Dasein jeweilig si ch selbst ve rsteh t, als was es sich nimmt. Im Miteinandersprechen, in dem, was man so heru msp rich t, lieg t jeweils die Selbs tauslegung der Gegenwart, die in diesem Gespräch sich aufhält. 36
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mundo, demorar-se residindo nele à maneira de um executar, efectuar e l evar a cabo [tarefas], mas ta mbém ^ [à maneira] do obser var, do pôr em questão e do definir observa ndo e comparando. O ser-no -m und o caracteriza- se como estar-ocupado. 2. O ser-aí enq uan to tal ser-n o-m un do coincide, assim, com o ser-uns-com-outros, ser com outrem: ter aí, com outrem, o mesmo mundo, encontrar-se uns com os outros, ser-uns-com-os-outros à maneira do ser-uns-para-os-outros. Mas, no entanto, este ser-aí
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éoutros também, aoeira, mesmo um paraum a à man por tempo, exemplo , deestar-perante como está aqui pedra, que não tem mundo nem está-ocupada. 3. Ser-uns-com-os-outros no mundo, tê-lo en quanto uns-com-os-outros, tem uma determinação ontológica especial. A modalidade fundamental do ser-aí do mund o, que este tem aqui em -com um -com -outros , é o falar. Falar, no seu sentido pleno, é: falar
com outrem expressando-se acercapredominante de alguma coisa. O ser-no-mundo do homem sucede mente no falar. Aristótele s já o sab ia. Na m an eira como o ser-aí, no seu mun do , fala do seu trat o co m o m un do, está conjuntamente dada uma auto-interpretação do ser-aí. Este exprime como ou enquanto quê o ser-aí respectivamente-em-cada-momento se auto-compreende, como ou enquanto quê se toma. No falar-uns-com caso -os-outro s, no que se d izda poractualidade, aí, está sempre cada a auto-interpretação que em reside neste diálogo. 37
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4. Das Dasein ist ein Seien des, das si ch bes tim mt als »Ich bin«. Für das Dasein ist die J eweiligkeit des »Ich bin« konstitutiv. also Dasein. ebenso Es primär, wie es In-der-W elt-sein isDasein t, auchistmein ist je eigenes und als eigenes jeweiliges. Soll dieses Seiende in seinem Seinscharakter bestim mt werden, so ist von der Jeweiligkeit als der je meinigen nicht zu abstrahieren. Mea res agit ur. Alle Grun dch arak tere m üssen sich so in der Jeweiligkeit als der je meinigen zusammenfinden. 5. Sofern das Dasein ein Seiendes ist, das ich bin, und zugleich bestim mt ist a ls Mit-einand er- sein, bin ich mein Dasein zumeist und durchschnittlich nicht selbst, son dern die Anderen; ic h bin m it den A nderen und die Anderen mit den Anderen ebenso. Keiner ist in der Alltäglichkeit er selbst. Was er ist und wie er ist, das is t nieman d: keiner u nd doc h alle miteinande r. Alle sind nicht sie selbst. Dieser Niemand, von dem wir selbst in der Alltäglichkei t gelebt werden, ist das »Man«. Man sagt, man hört, man ist dafür, man besorgt. In der Hartnäckigkeit der Herrschaft dieses Man liegen die Möglichkeiten meines Daseins, und aus dieser Einebnung heraus ist das »Ich bin« möglich. Ein Seiendes, das die Möglichkeit des »Ich bin« ist, ist als solches zum eist e in Seien des, das man ist. 6. Das so charak terisierte Seiende ist ein solch es, dem es in seinem alltäglichen und jeweiligen In-der-Weltsein auf sein Sein ankomm t. Wie in all em Sprechen über die Welt ein Sichaussprechen des Daseins über sich 38
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4. O ser-aí é um ente que se de term ina com o “eu sou”. Para o ser-aí é constitutivo o respectivamente-
-em-cada-momento do,“sou eu” .é,Tão pr im ord ialm en teo como é ser-no -mu ndo o ser-aí po rtanto , tam bém meu ser-aí. É sempre em cada caso próprio e, enquanto próprio, respectivamente-em-cada-momento. Se este ente for dete rmin ado no seu carácter o ntológi co, não se pode fazer abst racção do respectivame nte-em-cada-m omen to enquanto em cada caso meu. Mea res agitur. Todas as características fundamentais têm, pois, que se aco modar ao respectivamente-em-cada-momento en quanto [este él sempre em cada caso o meu. 5. Na me did a em qu e o ser-aí é esse ente qu e sou eu, mas que, sim ultanea me nte, é , quase sempre e no r malmente, determinado como ser-uns-com -os-outros, o me u ser- aí não sou eu mesm o m as os out ros; eu sou com os outros e, da mesma m aneira, o s outros com os outros. Na quotidianeidade, ninguém é ele mesmo. O que ele é e como é, ninguém o é: ninguém e, con tudo, toda a gente em comum. Toda a gente não é ela mesma. Este ninguém, que nos vive a nós mesmos na quotidianeidade, é o “se”impessoal. Diz-se, ouve-se, está-se a favor de, está-se ocupado . No teimoso domínio deste “se” impessoal residem as possibilidades do meu ser-aí e é a partir deste nivelamento que o “eu sou” é possível. O ente, que é a possibilidade do “eu sou”, é enquanto tal, quase sempre, um ente que é o “se” impessoal. 6. O ente assim caracteriz ado é tal que, no se r-no -mundo quotidiano e respectivamente-em-cada-mo39
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selbst liegt, so ist alles besorgende Umgehenein Besorgen des Seins des Daseins. Das, womit ich umgehe, wom it ich mich beschäftige, woran mich mein Beruf kettet, bin ich gewissermaßen selbst und darin spielt sich mein Dasein ab. Die Sorge um das Dasein hat jeweils das Sein in die Sorge gestellt, wie es in der herrschenden Auslegung des Daseins bekannt und verstanden ist. 7. In der Du rchsc hnittlichke it des alltäglic hen Da seins liegt keine Reflexion auf das Ich und das Selbst, und doch hat sich das Dasein selbst. Es befindet sich bei sich selbst. Es trifft sich da selbst an, womit es ge meinhin umgeht. 8. Das Da sein ist als Seiendes nic ht zu beweisen, nicht einmal aufzuweisen. Der primäre Bezug zum Dasein is t nich t die Betrachtung, so nd ern das »es sein«. Das Sich-erfahren wie das Über-sich-sprechen, die Selbsta uslegun g, ist nur eine bestim mte ausgezeichnete Weise, in der das Das ein sich selbst jeweils hat. D urch schnittlich ist die Auslegung des Daseins von der All täglichkeit beherrscht, von dem, was man so über das Dasein u nd das menschliche Leben üb erlieferter Weise meint, vom Man, von der Tradit ion. I In d er Anzeige dieser Seinschara ktere ist al les un ter die Voraussetzung gestellt, dieses Seiende sei an ihm selbst für eine es auf sein Sein a uslegende Forschung zugänglich. Ist diese Voraussetzung richtig oder kann sie wankend gemacht werden? In der Tat. Aber nicht 40
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mento, éoseu ser que está em jo go (4). Tal como em todo _ o falar acerca do mundo reside um expressar-se a si mesm o do ser- aí, tam bém o trato em que se está ocupado é um ocupar-se do ser do ser-aí. O que ten ho a tratar, aquilo de que me ocupo, a que me prende a minha profissão, [tudo isso] sou eu, em certa medida, e nisso se joga o meu ser-aí. O cuidado do ser-aí pôs o ser res pectivo ao [seu] cuidado, tal como é sabido e compreen dido pela interp retação do minante do ser-a í. 7. Na mediania do ser-aí quo tidia no não há reflexão sobre o eu e o si-mesmo, muito em bora o ser-aí se tenha a si mesmo. Ele sente-se, afectivamente, residindo em si mesmo. El e encontra-se em casa, lá onde, norm alm ente , trata * ã dos seus afazeres. 1 %8. O ser-aí enquanto ente não é passível de demonsj? tração, nem sequer d e mostr ação. A ligação prim ord ial - 4 ao ser-aí não é a observação, mas o “sé-lo”.^Fazer a expe-f riência d e si, tal com o falar acerca de si - a auto -interj; f pretação - , é apenas uma maneira determ inada e desI5- s sitacada, do ser-aí respectivamen te emdo cada mesmo. No rm se almterente , a interp retação sercaso -aí éa dom inada pela quotidianeidade, pel o que s e opina , por ^ ouv ir dizer, acerca do ser- aí e da vida hu man a, pelo “se” impessoal, pela trad ição. *
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Tudo n a m ostraçã o destas caract erísticas ontológicas parte do suposto de que este ente é nele mesmo acessível pa ra um a investi gação interpretativa dirigida 41
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aus der Berufung darauf, d aß psychologis che Betrach tung des Daseins ins Dunkle führt, kommt diese Schwierigkeit. Eine weit ernsthaftere Schwierigkeit als die, daß menschliches Erken nen b egrenzt ist, soll sicht bar gemacht werden, so zwar, daß wir gerade in dem Nicht-ausweichen vor der Verlegenheit uns in die Möglichkeit bringen, das Dasein in der Eigentlichkeit seines Seins zu ergreifen. Die Eigentlichkeit des Daseins ist das, was seine äußerste Seinsmöglichkeit aus macht. Du rch diese äuß er ste Möglichkeit de s Daseins is t das Dasein pri mär b e stim mt. Die Eigentl ichkeit a ls äuß erste M öglichkeit des Seins des Daseins ist die Seinsbestimmung, in der alle vorgenannten Charaktere das sind, was sie sind. Die Verlegenh eit der Daseinserf assung grü nd et nich t in der Begrenztheit, Unsicherheit u nd Unvollkom menheit des Erkenntnisver mögens, s on de rn in d em Seienden se lbst, das erkannt werden soll: in einer Grundmöglichkeit seines Seins. Unter anderem wurde die Bestimmung genannt: Das Dasein ist in der Jeweiligkeit; sofern es ist, was es sein kann, ist es je das meinige. Die Bestim mung ist an diesem Sein eine durchgängige, konstitutive. Wer sie durchstreicht, hat an seinem Thema das verloren, wovon er spricht . Wie aber soll dieses Seiende in seinem Sein erk an nt werden, bevor es zu seinem Ende gekommen ist? Bin ich doch mit meinem Dasein immer noch unterwegs. 42
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ao seu ser. É correcto este suposto ou pode ser posto em dúvida? De facto, pode. Mas esta dificuldade não procede da obscuridade evocada por uma consideração psicológica do ser-aí. Há uma dificuldade muito mais séria do que a limit ação do conh ecimen to hum ano , que deve ser manifestada, justam ente, p ara que, não evitan do a perplexidade, possamos consegui r cap tar o ser-aí em propriedade do seu ser. O ser-em-propriedade do ser-aí é o que constitui a sua mais extrema possibilidade de ser. Q ser-aí est á pr i m ordialmente d eterm inad o penquanto or esta possi bilidade ma is extrema. O carácter próprio, possibilidade mais extrem a do ser do ser-aí, é a determ inaç ão onto lógica pela qual todas as anteriores características são aqu ilo qu e são. A perple xida de relativa à concep ção do ser-aí não se funda no caráct er limitado, na insegurança e imperfei ção da capacidade de conhecer , mas n o ente que deve ser ele mesmo conh ecido: n um a possibilidade '4
fundamental do seu ser. Já foi designada, entre outras, u ma dessas deter mi nações: o ser-aí é respec tivame nte-em -cada-m om ento, .g -$> na m edida em que sendo o que pode ser é sempre em ^ > cada caso o meu . Esta dete rmina ção é, no que respeita Q _£ a este ser, con stante, constitutiva. Qu em a riscar, per3 l derá o tem a de que está a falar. Mas como poderá reconhecer-se este ente antes de
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-i) que ao seu É queEle eué estou semp ainda camchegue inho com o mefim? u ser-aí. semp re algoreque aindaa \ não ch egou ao f im. lustam ente , quan do chegar a o fim, 43
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Es ist immer noch etwas, was noch nicht zuende ist. Am Ende, wenn es soweit ist, ist es gerade nicht mehr. Vor En da de nn ist es eigentlich, und diesem ist es das, ist nie es nicht m ehr.w as es sein ka nn; Vermag da s Dasein d er Anderen Dasein im eigentl i chen Sinne nicht zu ersetzen? Die Auskunft auf das Dasein Anderer, die mit mir waren und die zu Ende gekommen sind, ist eine schlechte Auskunft. Einmal ist es nich t mehr. Sein Ende wäre ja das Nichts. Da rum vermag das Dasein der Anderen nicht Dasein im ei gentlichen Sinne ezufestgehalten ersetzen, wenn anders ligkeit als meinig w erde n soll.die DasJeweiDase in des An deren habe ich nie in der urs prü ng liche n Weise, der einzi g angem essenen Art des Ha bens vo n Dasein : den Anderen b in ich n ie. Je we niger m an Eile hat, sich von dieser Verl egen heit un verm erkt fortzuschl eichen, je länger m an dabei aushält, um so deutlicher wird sichtbar: in dem, was am Dasein diese Schwierigkeit bereitet, zeigt es sich in seiner äußersten Möglichkeit. Das Ende meines Daseins, me in Tod, ist nic ht etwa s, wob ei ein Ablaufs zusammenhang einmal abschnappt, sondern eine Möglichkeit, um die das Dasein so oder so weiß: die äußerste Möglichkeit seiner selbst, die es ergreifen, als bevorstehend aneignen kann. Das Dasein hat in sich selbst die Möglichkeit, sich mit seinem Tod zusammenzufinden als der äußersten Möglichkeit seiner sel bst. Dies e äu ßers te Se insmö glichkeit ist vom Charakter des Bevorstehens in Gewißheit, und diese 44
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já não é. Antes deste final, não será nunca, propria mente, aquilo que pode ser mas, quando o seja, já nãoMas o é. será o ser-aí de outrem capaz de substituir o ser-aí em sentido p róprio? A inform ação acerca do ser-aí dos outros que estiveram comigo e que chegaram até ao fim é fraca informação. De repente, o ser-aí já não está. O seu fim seria, pois, o nada . É por isso qu e o ser-aí de outrem não pode substituir o ser-aí em sen tido próprio, uma vez que aquilo de que se trata é de reter enqu anto m eu o respecti vamen te-em-cada-momen to. O se r-aí de outre m n un ca o ter ei de mod o o rigi nário, que é a ún ica m ane ira ad equ ada de ter o se r-aí: o outro é o que eu nunca sou. Quanto menos pressa tivermos em esquivar esta aporia, sem ninguém dar por isso, e quanto mais dem orad am ente nos ativermos a e la, tanto mais cl ara^ mente veremos que naquilo que esta dificuldade repre^ senta pa ra o ser-aí, este se most ra na sua mais ext rema ^ possi bilidade. Q fim do meu s er-aí, a minh a morte, não " J t é algo que suspenda um percurso, mas sim um a possi A c * bilidade, que o ser-aí de alguma m aneira conhece: u c a sua possibilidade mais ex trema, que ele pod e cap tar e n de que se pode apropriar de modo iminente. O ser-aí k ; v v i tem em si mesmo a possibilidade de se deparar com a & P sua mo rte en qu an to a mais extrema das possibil idades de si mesm o. Esta possibili dade extrem a de ser é um a certeza, com o carácte r de iminên cia, mas esta certeza, pelo seu lado, caracteriza-se por uma indeterm inabilidade total. A auto-interpretação do ser-aí que supera 45
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Gewißheit ist ihrerseits charakterisiert durch eine völlige Unbestimmtheit. Die Selbstauslegung des Daseins, die jede andere Aussage an Gewißheit und Eigentlichkeit überragt, ist die Auslegung auf seinen Tod, die unbe stimm te Gewißheit der eig ensten Möglich keit des Zu-Ende-seins. Was soll das für unsere Frage, was die Zeit sei, und besonders für die nächste Frage, was das Dasein in der Zeit sei? Das Dasein, immer in der Jeweiligkeit des jemeinigen, weiß um seinen Tod, und das auch dann, wenn es nichts von ihm wissen will. Was ist dieses: je den eigenen Tod haben? Es ist ein Vorlaufen des Daseins zu seinem Vorbei als einer in Gewißteit und völliger Unbestimmtheit bevorstehenden äußersten Möglichkeit seiner selbst. Dasein als menschliches Leben ist prim är Möglichsein, das Sein der Möglichke it des gewissen und dabei unb estim mten Vo rbei. Das Sein der Möglichkeit ist dabei immer die Möglichkeit so, daß sie um den Tod weiß, zumeist in dem Sinn: ich weiß schon, aber ic h denke nic ht da ran. Um den Tod weiß ich zumeist in de r Art des zu rück weich enden Wissens. Als Daseinsauslegu ng h at es dieses Wissen gleich bei der Hand, diese Möglichkeit seines Seins zu verstellen. Das Dasein hat selbst die Mögli chkeit, seinem Tod auszuweichen. Dieses Vorbei, als zu welchem ich vorlaufe, macht in m einem zu ihm eine E ntdeckung: es diesem ist das Vorbei vonVorlaufen mir. Als dieses Vorbei deckt es mein Dasein auf als einmal nicht mehr da; einmal bin ich 46
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qualquer outro enunciado quer no que respeita à cer teza, quer ao ser-em-propriedade, é a interpretação da sua morte, a certeza inde term inada da mais própria possibilidade do estar-no-fim (5). Mas o que é que isto tem q ue ver com a nossa per gu nta “o qu e é o tem po?” e, em especi al, com a qu estão seguinte, acerca do que seja o ser-aí no tempo. O ser-aí, sempre no respectivam ente-em-cada-m om ento do em-cada-caso-meu, sabe da sua morte, mesmo quan do não quer saber nada dela. O que é ter em-cada-caso a própria morte? É o correr antecipativo do ser-aí para o seu trâ nsito (6),enquanto possibilidade extrema e imi nente - sabida com certeza e com completa in determinabílidade - de si-mesmo. O ser-aí , enquanto vida humana , ^ é primordialmente ser-possível , o ser da possibilidade do trânsito certo e, no e ntanto, indeterm inado. Neste contexto, o ser da possibilidade é sempre pos sibilidade de sabe r acer ca da m orte, sob retudo no sen tido de: “já sei, mas não quero pensar nisso”. Eu sei da mo rte, sobretudo à man eira do saber que retr ocede para a evitar. Enquanto interpretação do ser-aí, este saber tem sempre à mão esta possibilidade de dissimular o seu ser. O ser-aí tem ele mesm o a possib ilidade de evi tar [enfrentar-se com] a sua morte. Este trânsito, pa ra que eu corro antecipativam ente, faz uma descoberta, ao correr eu ao seu encontro: é o meu trânsito. Enquanto tal trânsito, descobre o meu ser-aí como aquilo que, alguma vez, já lá não estará; algum dia já não estarei cá nestes assuntos e noutros,
O CONCEITO DE TEMPO
nicht mehr da bei den und den Sachen, bei den und den Mensch en, bei diesen Eit elkeiten, diesen Winkelzü gen und dieser Geschwätzigkeit. Das Vorbei jagt alle Heimlichkeiten u nd Betriebsamkei ten auseinander, das Vorbei nimmt alles mit sich in das Nichts. Das Vorbei ist keine Begebenheit, kein Vorfall in meinem Dasein. Es ist ja sein Vorbei, nic ht ein W as an ihm , das si ch er eignet , das ihm zu stöß t un d das es ändert. Dies es Vor bei ist kein Was, sondern ein Wie, un d zwar das eigentli che Wie m eines Daseins. Dies es Vorbei, zu dem ich als dem meinigen vorlaufen kann, ist kein Was, sondern das Wie meines Daseins schlechthin. Sofern das Vorlaufen zu dem Vorbei diese s im Wie der Jeweiligkeit festhält , wird das D asein selbst sichtbar in seinem Wie. Das Vorlaufen zu dem Vorbei ist das Anla ufen des Daseins gegen sei ne äu ßers te Möglichkei t; und sofern dieses »Anlaufen gegen« ernst ist, wird es in diesem Laufen zurückgeworfen in das Noch-dasein seiner se lbst. Es ist das Zurü ckkommen des Daseins au f seine Alltäglichkeit, die es noch ist, so zwar, daß das Vorbei als eigentliches Wie auch die Alltäglichkeit in ihrem Wie aufdeckt, in ihr er Geschäf tigkeit und ih rem Betrieb in das Wi e zu rüc kn immt. Alles Was und Sorgen un d Plänemach en brin gt es in das Wie zu rück. Dieses Vorbei-von als das Wie bringt das Dasein unnachsi chtig in seine Möglich seiner sel bst, läßt es sich ganz alleineinzi auf ge sich selbst keit stellen. Dieses Vorbei vermag, das Dasein inmitten der Herrlichkeit 48
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junto desta ou daquela Rente, nestas frivolidades, tra paças e coscuvilhices. O trânsito força a separação de _j, tudo o que é secretismo e azáfama, o trânsito arrasta I tudo cons igo para o nada. O trânsito não é um mero sucesso, um mero incide nte n o m eu ser-aí . É mesmo o seu trânsito, nã o “algo” den tro dele, que o atinja e mo di fique. Es te trâns ito não é um “quê” mas um “com o” e, i justamente, o “como” que é próprio do meu ser-aí. Este J trânsi to, que eu posso antecipar enquan to meu, não é § um “quê ”, mas o “com o” absolu to do meu ser-aí. & 'δ .2 to aNa medida que o” do correr antecipativo do trânsi garra es te noem “como res pectiva mente-em -cada * -m om ento, o ser-aí torn a-s e visível ele mesmo no seu -3 “com o”. O cor rer antecipativo do trân sito é o ir choca r ^ com a sua mais extrema possibi lidade; e, um a vez que este “chocar com” é a sério, ao correr, é devolvido ao ser-ainda-aí de si-mesmo. É o retorno do ser-aí à sua quotidianeidade, que ele ainda é, e isso justamente de tal mane ira que o trânsito, en qua nto “como” em senti -
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do próprio, tamb ém descobre a quotidianeidade no seu “como ”, rec upe rand o-a na sua labuta e no seu bu lício, ~*r * no seu “como”. Tudo o que constitui o “quê”, o meu I I cuidado e os meus planos, é recuperado no “como”. Λ ^ ( Este “trân sito de [tud o istol ”, enquanto “com o”, leva o ser-aí, sem pali ativos, à sua ú nica possibilidade de si O ■ q mesm o, fazendo com que assente apenas em si mesmo. É em virtude deste trânsito que o ser-aí, em pleno I fausto do quo tidiano, se enche de inóspita inquietude. O A antecipação, na m edida em coloca o ser -aí pera nte a h —$ 49
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seiner Alltäglichkeit in die Unheimlichkeit zu stellen. Der Vorla uf ist, sofern er die äu ßerste M öglichk eit des Daseins Der ihm Vorlauf vorh ält, reißt der Grundvollzug der Daseinsaus legung. die Grundhinsicht an sich, unter die das Dasein sich stellt. Er zeigt zugleich: die Grundkategorie dieses Seienden ist das Wie. Vielleicht ist es kein Zufall, daß Kant das Grund prinzip seiner Ethik so bestimmte, daß wir sagen, es sei formal. Er wußte vielleicht aus einer Vertrautheit mit dem Dasein selbst, daß es das Wie ist. Erst den heuti gen Propheten blieb es Vorbehalten, das Dasein so zu organisieren, da ß das Wie verdeckt wir d. Das Dasein ist eigentlich bei ihm selbst, es ist wahrhaft existent, wenn es sich in diesem Vorlaufen hält. Dieses Vorlaufen ist nichts and eres als die eigentliche und einzige Zukunft des eigenen Daseins. Im Vorlaufen ist das Dasein seine Zukunft, so zwar, daß es in diesem Zuk ünftigsein a uf seine Vergangenhei t un d Gegenwart zurück kom mt. Das Dasei n, begrif fen in seiner äuß er sten Seinsmöglichkeit, ist die Zeit selbst, nicht in der Zeit. Das so charakterisierte Zukünftigsein ist als das eigentliche Wie des Zeitlichseins die Seinsart des Da seins, in de r und aus de r es sich seine Zeit gi bt. Im Vo r laufen m ich h alten d bei me inem Vorbei hab e ich Ze it. Alles Gerede, das, worin es sich hält, alle Unrast, alle Geschäftigkeit, aller Lärm und alles Gerenne bricht zusammen. Keine Zeit haben heißt, die Zeit in die schlechte Geg enw art des Alltags werfen. Zuk ünftigs ein 50
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sua mais extrema possibilidade, é o processo fundamenta l em que a interpr etaçã o do ser-aí se leva a cabo. ζ A antecipação conquista a perspectiva fundamental —*£v sob a qual o ser-aí se coloca, mostrando, ao mesmo í? tempo, que a categoria fundamental deste ente é o como . P Talvez não seja casual que Kant tenh a defi nido o princípio fundamental da sua Ética de tal maneira que ; S- dizemos que é formal. Talvez pela sua familiarida de com f I o ser-aí mes mo, sabia que este é o “como ”. Só aos pro fetas de hoje ficou reservado orga nizar o ser-aí de mod o '
a que se oculte o “com o”. f λ O ser-aí reside pro priam ente em si mesmo, é deve' ras existente se se atém a esta antecipação . Esta anteci.o p Pacão não é senão o porvir (7)propriamente dito e único ° 5 do ser-aí próprio. Na antecipação, o ser-aí é o seu porvir, mas de tal ma neira que, neste ser-porvir, el e regressa £ ao seu p as sa do (8) e ao seu pres en ter Conce bido na sua - possib ilidade de ser mais extrem a, o ser-aí não é no <1
mesmo osend tempo^O ser-porvir, que do acaba■ tempo, mos de ele car éacterizar, o o “como” pró prio ser-temporal, é a maneira de ser do ser-aí, na qual e a partir da qual ele se dá o seu tempo. Tenho tempo ao deter-me, antecipando-o, em meu trânsito. Todo o falatório rui, bem como aquilo de que ele fala, a agi tação, a labuta, o ruído, as correrias. Não ter tempo significa lançar o tempo no presente reles do quoti diano. Ser-po rvir dá tem po, con figura o presente e f az com que se retome o passado no “como” do seu ter-sido-vivido. 51
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gibt Ze it, bildet die Gegenwart aus u nd läßt die Vergan genheit im Wie ihres Gelebtse ins wiederholen. Auf die Zeit gesehen besagt das: das Grundphäno men derZe it ist die Zukunft. U m das z u seh en un d nicht als interessant es Pa radox zu verkaufen, m uß das jewei lige Dasein sich in seinem Vorlaufen halten. Dabei offenba rt sich: der ursprü nglich e Um gang m it der Zeit ist kein Mess en. Das Zurü ckk om men im Vorlauf en ist ja selbst das Wie des Besorgens, in dem ich gerade ver weile. Dieses Zur ück kommen kann nie das werden, wa s man langweilig ne nn t, was sich verb rauch t, was abge nu tzt wird. Die J eweiligkeit ist dad urc h ausgezeichnet, daß sie aus dem Vorlaufen in die eigentliche Zeit alle Zeit jeweilig für sich hat. Die Zeit wird nie lang, weil sie ursp rün glich keine Läng e hat. Das Vorlaufen-zu fällt in sich zusammen, wenn es verstanden wird als Frage nach dem Wann und W ie-lange-noch des Vorbei, weil Anfragen a n das Vorbe i im Sinne des Wie-lange-noc h und Wann gar nicht beim Vorbei sind in der charak terisierten Möglichkeit; sie klammern sich gerade an das Noch- nicht-v orbei, si e beschäfti gen sich m it dem, was mir möglicherweise no ch bleibt. Di eses Fragen er greift nicht die Unbestimmtheit der Gewißheit des Vorbei, sondern will gerade die unbestimmte Zeit be stimmen. Das Fragen ist ein Loskommenwollen vom Vorbei in dem, was es ist: unbestimmt und als unbe stimmt gewiß. Solches Fragen ist so wenig ein Vorlauf en zum Vorbei, daß es gerade die charakteristische Flucht vor dem Vorbei organisiert . 52
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Tudo isto, visto em função do tempo, significado fenômeno fundamental do tempo é o porvirJ Para s e per ceber i sto, em vez de da r de bara to que se tra ta de um interessante paradoxo , o ser-aí tem que se manter, respectivamente-em-cada-momento, em antecipação sua. Nisso revela-se que o trato originário com o tempo não consi ste nu m medir. O voltar-atrás da antecipação é já, ele mesm o, o “com o” do estar -ocup ado em que eu, jus tame nte, me d em oro um m om ento (9). Este voltar-atrás nunca pode ser o que chamamos monótono, o que se conso me e desgasta. O carácter de respectivame nte-em-cada-mo men to destaca-se porque, partindo da ante cipação do tempo em sentido próprio, tem para si, respectivamente-em-cada-momento todo o tempo. Nunca o tempo se alonga, pois originariamente não tem longitude. Se entendida como questão de um “quando” ou de um “quanto falta”, a “antecipação-de” cai pela b ase, pois pe rgu nta r “qu an to falta” pa ra o tr ân sito, ou “qu an do ” este se dará não o captam no sentido da possibili dade antes caracter izada, agarrando-se, ju s tam ente, ao “ ain da -nã o” se ter dado, tend o em c on ta o que, possi velmente, ainda me resta. Este perg un tar n ão capta o car ácter de indeterm inado da cer teza do trâ n sito, antes qu erendo, bem pelo con trário, determ inar o tempo indeterminado. Esta interrogação é um querer desentend er-se do trânsito n aquilo q ue ele é: ind ete rm i nad o e, enq uan to ind eterm inado , certo. Esse pe rgu nta r tem p ouco ver com a antec uma ipação do trânsito,carac con sti tuindo, bema pelo contrário, organização terística da fuga perante ele. 53
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Das Vorlaufen ergreift das Vorbei als eigentliche Möglichkeit jedes Augenblicks, als das jetzt Gewisse. Das Zukünftigsein Möglichkeit Daseins weiligen gibt Zeit, als weil es die Zeitdes selbst ist. als So je wird zugleich sichtbar, daß die Frage nach dem Wieviel der Zeit, Wielange und Wann, sofern die Zukünftigkeit eigentlich die Zeit ist, daß diese Frage der Zeit unangemessen bleiben muß. Nur wenn ich sage: die Zeit zu be rechn en hat die Zeit ei gentli ch keine Zeit , so ist dies eine angemessene Aussage. Doc h h ab en w ir das Dasein, das selb st die Zeit sei n soll, ken nen gelern t als m it der Zeit rechn end , ja sogar sie messend m it der Uhr. Das Dasein is t da m it der Uhr, wenn auch nur der nächst alltäglichen von Tag und Nacht. Das Dasein rechnet und fragt nach dem Wie viel der Zeit, ist dahe r nie bei der Zeit in der Eigentlichkeit. So fragend nach dem Wann und Wieviel verliert das Dasein seine Zeit. Was ist mit diesem Fragen als dem die Zeit verlierenden? Wohin kommt die Zeit? Gerade das Dasein, das mit der Zeit rechnet, mit der Uhr in der Hand lebt, dieses mit der Zeit rechnende Dasein sagt ständig: ich h abe keine Zeit . Verrät es dam it nicht sich selbst in dem, was es mit der Zeit macht, sofern es ja selbst die Zeit ist? Die Zeit verlieren und 'sich dazu die Uhr anschaffen! Bricht hier nicht die Unheimlichkeit des Daseins auf? Die Frage nach dem Wann des unbestimmten Vorbei und überhaupt nach dem Wieviel der Zeit ist 54
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A anteci pação capta o trânsito enq uanto possibi li dade própria de cada instante, como aquilo de que, agora, tem a na certeza. Ser-porvir, enquanto possibili dade doseser-aí qualidade de respectivamente-em-cada-m ome nto, dá t empo po rque é o temp o ele mesmo. Vê-se, assim, igualmente que, na medida em que o carácter de ser-porvir é o tempo em sentido próprio, as perg unta s pelo “qu anto”, pelo “quando” e pelo “quanto falta” do tem po têm de con tinua r a ser desproporcionadas. Mas ser ia adequ ado se eu dissesse que o tem po não tem, propriamente, tempo para medir o tempo. No entanto, tomamos conhecimento que é o ser-aí, que deveria ser ele mesmo o tempo, quem calcula o tem po, inclus ive medindo -o com relógios . O ser-aí está sempre de relógio em riste , nem que sej a o mais próx i mo e quotidiano de noite e dia. O ser-aí faz contas e pergunta a quantas andamos, mas dessa maneira nunca está no tempo em propriedade. É qu e, perguntand o pelo “quando” e pelo “quanto”, o ser-aí perde o seu tempo. Porque é que ao faze r estas pergu ntas se perde o tempo? Aonde vai parar o tempo? É justamente o ser-aí, que calcula o tempo e que vive de relógio na mão, é este ser-aí que faz contas com o tempo, passando a vida a dizer: não tenho tempo. Não se trairá ele a si mesmo, nisso q ue faz com o temp o, u ma vez que é el e mesm o o tempo? Perder tem po e precisar, para isso, de u m relógio! NãoFazer, irro mpe aqui o do carácter do ser-aí? a propósito trânsitoinquietante indeterminado, a pergunta “quando” e, em geral, “quanto” tempo é per55
O CONCEITO DE TEMPO
die Frage nach dem, was mir noch bleibt, noch bleibt als Geg enwart. Die Zeit in das Wieviel brin gen besagt: sie als Jetzt der G egenw art neh men. Nach dem Wievi el der Zeit fragen heißt, in dem Besorgen eines gegen wärtigen Was aufgehen. Das Dasein flieht vor dem Wie u nd häng t sich an das jeweilige gegenwärtige Was. Das Dasein ist das, was es besorgt; das Dasein ist seine Gegenwart. Alles, was in der Welt begegnet, begegnet ihm als im Jetzt sich aufhaltend; so begegnet ihm die Zeit selbst, die je das Dasein ist, aber ist als Gegenwart. Das Besorgen als Aufgehen in der Gegenwart ist gleichwohl als Sorge bei einem Noch-nicht, das erst in der Sorge darum erledigt werden soll. Das Dasein ist auch in der Gege nwa rt seines Besorge ns die vol le Zeit, so zwar, daß es die Zu ku nft n icht los wird. Die Zuku nft ist jetzt das , wor in die Sorge häng t, nic ht das eigentl iche Zukü nftigsein des Vorbei, son de rn die Zuku nft, die sic h die Gegenwart selbst als die ihrige ausbildet, weil das Vorbei als die eigentliche Zukunft nie gegenwärtig werden kann. Wäre sie das, so wäre sie das Nichts. Die Zukünftigkeit, in der die Sorge hängt, ist solche von Gnaden der Gegenwart. Und das Dasein, als im Jetzt der gegenwärtigen Welt aufgehend, will es so wenig wahrhaben, daß es sich von der eigentlichen Zukünf tigkeit daß um es sagt, es hätte die Zukunftfortgeschlichen ergriffen in derhat, Sorge die Menschheits entwicklung und Kultur etc. 56
O CONCEITO DE TEMPO
guntar pelo [tempo] que ainda me resta, resta ainda como presente. Trazer o tempo à sua quantificação significa o agora da actualid n tar “qu antom to teá-lo mpocomo ” significa estar absorto ade. na ocPergu upação com algo actua lmente prese nte. O ser-aí fo ge do “como ” e pren de-se àquilo “ que ” é, respectivam ente-em -cada-momento, presente. O ser-aí é aquilo com que se ocupa: o ser-aí é o seu presente. Tudo aquilo com que se encontra no mu ndo, encontra-o como habitando no agora. É assim que s e enco ntra com o tem po ele mesm o, que o ser-aí, em cada caso, é - mas é-o enqu an to prey_ sente. ? O estar-ocupado, sendo um estar-absorto no presente, está contudo, enquanto cuidado, num “ainda ^ nã o”, que só há de ser ate ndido ten do-se com ele cuio dado. O ser-aí é tam bém o temp o pleno no presente ^ do seu estar-ocupado, e justam ente de tal maneira que r nu nca se vê livre do po rvinA gora, o porv ir [ou futuro] a é aquilo de qu e pende o cuidado^não o ser-porvir em '<1
sentido próprio (o trânsito), mas sim o futuro que o presente constrói como seu, uma vez que o trânsito, enquanto porvir em sentido próprio, nunca pode ser presente. Se o fosse, seria o nada. A futuridade, a que se prende o cuidado, é-o graças à actualidade. E o ser-aí, enq uanto está absorto no agora d o m un do p re sente, não está a querer admitir que se esgueirou do carácter de ser-porvir em sentido próprio, da mesma maneira o não quando diz que agarroudao futuro aoque cuidar doestá, desenvolvimento humano, cultura, etc. 57
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O CONC EITO DE TE MPO
Das Dasein als besorg ende Gegenw art hält sich bei dem auf, was es besorgt. Es wird ü berd rüss ig im Was , überdrüssig, den Tag auszufüllen. Dem Dasein als Gegenwart-sein, das nie Zeit hat, diesem Dasein wird die Zeit plötzlich lange. Die Zeit wird leer, weil das Dasein die Zeit in der Frage nach dem Wieviel im vorhinein lang gemacht hat, während das ständige Zurückkommen im Vorlaufen auf das Vorbei nie langweilig wird. Das Dasein m öch te, daß stä ndig Ne u es in die eigene Gegenwart begegnet. In der Alltäg lichkeit begegnet das Weltgeschehen in die Zeit, in die Gegenwart. De r Alltag lebt m it de r Uhr, das besagt: das Besorgen kommt ohne Ende auf das Jetzt zurück; es sagt: jetzt, von jetzt bis da nn, zum näc hsten Jetzt. Dasein, bestimmt als Miteinandersein, besagt zugleich: g eführt sein von der h errs chen den Auslegung, die das Dasein von sich selbst gibt; von dem, was man meint, von der Mode, vo n de n Ström ungen, von dem, was los ist: die St röm ung, die keine r ist, das, was Mode ist: niem and . Das Dasein ist in de r Alltäglichke it nic ht das Sein, das ich bin , vielm ehr ist die Alltägli chkeit de s Daseins dasjenige Sein, das man ist. Und demnach ist das Dasein die Zeit, in der man miteinander ist: die »Man«-Zeit. Die Uhr, die man hat, jede Uhr zeigt die Zeit d es Miteina nder-in-de r-W elt- seins. Wir treffen in der Geschichtsforschung relevante, aber noch ganz ungeklärte Phänomene wie das der Generationen, des Generationszusammenhangs, die 58
O CONCEITO DE TEMPO
O ser-aí, enquanto presente ocupado detém-se na quilo que o ocu pa. Can sa-se co m o “quê”, cansa-se co m preencher dia. Atempo, este ser-aí que,torna-se enquanto-lhe ser-presente, jamaiso tem de repente lo n go o tempo. O tempo esvazia-se, porque o ser-aí, ao perguntar “quanto [tempo]”, fez com que ele fosse de antem ão longo, enq uan to que o constante volt ar, [que se dá] n a antecipação do trân sito, jamais se to rn a ted io samente longo. O ser-aí gostaria de s e enc ont rar cons tantemente, no presente que l he é próprio, com novi dades. Na quotidianeidade, encontram os que o mun do acontece no tempo, n o present e. O quo tidia no vive pen dente do relógio; quer isto dizer que o estar-ocupado volta sem fim ao agora, e diz: agora, de agora até mais logo, até ao próximo agora. O ser-aí, determinado como ser-uns-com-os-outros, que r, sim ultaneam ente, dizer : ser conduzido pela interpre tação dom inan te, que o ser -aí dá de si mesmo, daquilo que se pela mque odanão , pelas ntes, aquilo pelo que dá que falar: as diz, correntes são corre ninguém; que é a mo da - ninguém. Na quotidianeidade, o s er-aí não é o ser que eu sou ; ante s pelo contrário: a quotid ia neida de do ser-aí é esse ser que se é. E, po r co nseg uinte , o ser-aí é o tempo em que se é uns-com-os-outros: o tempo-impessoal. O relógio, que se tem, cada relógio mostra o tempo do ser-uns-com-os-outros no mundo. Na investigação histórica deparamo-nos com fenô menos relevantes, em bora ainda c ompletamente obs curos, como é o caso do das gerações e do contexto 59
O CON CEITO DE TE MPO
mit diesen Phänomenen Zusammenhängen. Die Uhr zeigt uns das Jetzt, aber keine U hr zeigt je die Zuk unft und hat je Vergangenheit gezeigt. Alles Zeitmessen besagt: die Zeit in das Wieviel bringen. W enn ich mit der Uhr das zukünftige Eintreffen eines Ereignisses bestimme, dann meine ich nicht die Zukunft, sondern bestimme das Wielange meines jetzt Wartens bis zu dem besagten Jetzt. Die Zeit, die eine Uhr zugänglich macht, ist als gegenwärtige gesehen. Wenn versucht wird, an der Naturzeit abzunehmen, was die Zeit sei, dann ist das νυν das μετρον für Vergangenheit und Zukunft. Dann ist die Zeit schon als Gegenwart ausgelegt, Ver gangenheit i st interpr etie rt als Nicht-mehr-Gegenwa rt, Zukunft als unbestimmte Noch-nicht-Gegenwart: Vergangenheit ist unwiederbringlich, Zukunft unbe stimmt. Da her spri cht die Alltägl ichkeit von sich als das, in das hinein die Natur ständig begegnet. Die Gescheh nisse sind in der Zeit, das heißt nicht: sie haben Zeit, _ sonde rn vorko mm end un d dasei end bege gnen si e als durc h eine Gegenwart hindur chlau fend . Diese Gegen wartszeit wird expliziert als Ablaufsfolge, die ständig durch das Jetzt rollt; ein Nacheinan der, von de m gesagt wird: der Richtungssinn ist ein einziger und nicht umkehrbar. Alles Geschehende rollt aus endloser Zu kun ft in die unw iederbringliche Verga ngenheit. An dieser Ausleg ung ist ein Doppeltes charakte ris tisch: Nicht-Umkehrbarkeit, 2. die Homogeni sierung1.a die uf Jetztpun kte. 60
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gene racio nal, q ue têm a ver com estes fenô meno s. —£ O relógio mo stra -no s o agora, mas nun ca ne nh um reló- Ç gio mostrou o futuro o passado. Todo o medir do tempo consiste em nem conseguir fazer do tempo uma quantidade. Quando determino com o relógio o apa rece r de um acontecimento fa turo, não estou a visa r o porvir, mas sim a determ inar quanto é que, agora, tenho que esperar até ao tal agora. O tempo que o relógio to rn a acessível é visto com o presen te actual. S e se parte do tem po da natureza como mo delo do tem po, é ο νυν que constitui ο μέτρον de passado e futuro. Mas então, β o tempo está já interp retad o como presente, o passado como o que já-não-é-presente e o futuro como um ainda-não-presente indeterminado: o passado é irre cuperável e o futuro indeterminado. Por isso, a quotid ian eid ade fala de si com o o âm bi to onde nos encontramos constantemente com a na tureza. Os acon tecimentos dão-s e no tem po - isto não quer dizer que tenham tempo, mas que, aflorando e sendo-aí, vêm ao encon tro com o que atravessan do um presente. Este tempo presente é explicitado como cur so seqüenci al, que se desenrola con tinu am en te atravé s do agora; uma seqüência de que se diz que tem uma direcção única e irreversível. Tudo o que acontece se desenrola desde o futuro sem fim até ao passado irre cuperável. Duas coisas são características nesta interpretação: em prim eiro lugar, a não-reversib ilidade; em segund o, ^a homogenização sobre a base pontual do agora. 61
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Die Nicht-Umkehrbarkeit beg reift in sich, was diese Explikati on noc h von de r eigentli chen Zeit erhaschen kann. Dasenbleibt Zukünftigkeit a ls Grundng phänom derübrig Zeit von als der Dasein. Diese Betrachtu sieht von der Z uku nft weg in die Gegenwar t, un d aus diese r läuft die Betrachtun g der fliehenden Zeit in die Vergan genhei t nach. Die Bestimm ung de r Zeit in ihrer Nichtumkehrbarkeit gründet darin, daß die Zeit vor her um gekehrt wur de. Die Homogenisierung ist eine Angleich ung de r Zeit an Präsenz; e Tendenz, alleden ZeitRaum, in eineanGschlechthinnige egenwart aus sich fortzudidrän gen . Sie wird vö llig ma them atisiert, zu der Koordinate t nebe n den Raumkoordinaten x, y, z. Sie ist nicht umkehrbar. Das ist das einzige, worin sich die Zeit noch zu Worte meldet, wor in sie einer endgültigen Math em atisierung widerst eht. Vorhe r un d Nachher sind nicht notwendig Frü her u nd Später, nicht We isen der Zeitl ichkeit. In der Zahlen reih3e ist zu deshalb m Beispiel die 3früher vor der die4.8 Die nach der 7. Die aberistnicht als4,die Zahlen sind nic ht fr üher oder später, weil sie überh aup t nich t in der Zeit s ind. Frühe r un d Später sind ein ga nz bestimmtes Vorher und Nachher. Ist einmal die Zeit als Uhr zei t definie rt, so ist e s hoffnungslos, je zu ihre m urspr ünglic hen Sinn zu g elangen. Daß aber die Z eit zunächst un d z umeist so def iniert wird, liegt im Das ein selbs t. Die Jewe iligkeit ist kon sti tutiv. Das Dasein ist das meinige in sein er Eigentlic hkeit 62
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A não-reversibilidade compre ende em si aquilo que esta explicação ainda consegue apanhar do tempo em sentido próprio. É o que nos resta da futuridade, en quanto fenômeno fundam ental do tempo como se r-aí. Esta consideração d esvia o olhar do futu ro p ara o pr e sente, e é a partir deste que persegue o fluxo temporal retrospectivame nte, no sentido d o passad o. A de term i nação do tempo na sua não-reversibilidade funda-se no facto de o temp o ter com eçado po r ser, previame nte, invertido. A homogenização é uma equiparação do tempo ao espaço, à presença absoluta; a tendência a obrigar o tempo a sair de si e avançar para um presente. Com pletamente m atem atizado, o tempo torna-se a coorde nada t, ao lado das coordenadas espaciais x, y, z. Não é reversível - o que co nstitui a única referência ao tempo que se opõe a um a mate matizaç ão definiti va. O antes e o depois não são necessariamente um “mais cedo” e um “mais tarde”, não são modalidades da temporalidade. Na seqüência numérica, por exemplo, o 3 está antes do 4 e o 8 depois do 7. Mas nem por isso o 3 é mais cedo que o 4. Os núm ero s não são nem m ais cedo nem mais tarde, poi s não são, pu ra e simplesmente, no tempo. “Mais cedo” e “mais tarde” são um antes e um depois bem determinados. Uma vez definido o tempo como te mpo do relóg io, já nun ca mais s e pod erá ter a esperança de alcançar o s eu sentido srcinário. No entanto, reside no próprio ser-aí que o tempo, à partida e na m aior parte das vezes, seja assim definido. O carácter de respectivamente-em-cada-momento é 63
O CONCEITO DE TEMPO
nur als mögliches. Das Dasein ist zumeist da in der Alltäglichkeit, welche selbst aber als die bestimmte Zeitlichkeit, die vor der Zukünftigkeit flüchtig ist, nur verstanden w erden kann, wenn sie mit der eigentl ichen Zeit des Zukünftigseins des Vorbei konfrontiert wird. Was das Dasein von der Zeit sagt, spricht es von der Alltäglichke it her. Das Dase in als in seiner Gegenw art hängend sagt: die Vergangenheit ist das Vorbei, sie ist unwiederbringlich. Das ist die Vergangenheit der Gegenwart des Alltags, der in der Gegenwart seiner Betriebsamkeiten si ch aufhäl t. Da rum sieht da s Dasein als so bestimmte Gegenwart das Vergangene nicht. Die Betrachtun g der Gesch ichte, die in der G egen wart aufwächst, sieht in ihr nur unwiederbringliche Betriebsamkeit: das, was los war. Die B etra chtu ng de s sen, was los war, ist unersch öpflich . Sie verl iert sich im Stoff. Weil diese Geschichte und Zeitlichkeit der Ge genwart gar nicht an die Vergangenheit herankommt, ha t sie nur eine andere Gegenwart. Vergang enheit blei bt so lange einer Gegenwart verschlossen, als diese, das Dasein, ni cht selbst geschicht lich ist. Das Dasein ist aber geschichtl ich an ihm selbst, sofern es seine Möglichkeit ist. Im Zukünftigsein ist das Dasein seine Vergangen heit; es kommt darauf zurück im Wie. Die Weise des Zurück kom me ns ist un ter an derem das Gewissen. Nu r das Wie ist wiederholbar . Vergangenheit - als eigentli che Geschichtli chkeit erfahren - ist alles andere den n das Vorbei. Sie ist etwas, zurückkommen kann . worauf ich immer wieder 64
O CON CEITO DE TE MPO
constitutivo. Só enquanto possível é que o ser-aí é o meu em prop riedad e. Na m aior pa rte das vezes, o ser-aí é aíralidade na q uotidiane qualestá , contudo , enq tempo determidade, inada,a que s empre elauanto me s ma a fugir da futuridade, só pode ser compre endid a se for confrontada com o tempo em sentido próprio do ser-porvir do trânsito. O que o ser-aí diz do tempo, di-lo a pa rtir da quotidianeidade. Enquanto pende nte do seu presente, para o ser-aí passado é o que “já pas sou” (10), e o presente é irrecuperável. Eis o passado do presente do quotidiano, que se detém na actualidade da sua azáfama. Por isso, o ser-aí, assim determinado como presente, não vê o que passou. A consideração da história, que cresce na actua lidade, vê nela apenas uma actividade irrecuperável: aquilo que se deu. Ter em consideração aquilo que se deu é inesgotável, perdendo-se no seu conteúdo. É porque esta história e temporalidade da actuali dade nem sequer se aproxima do passado, que ela se limita ter uma outra ao actualidade. O passadoeste, conti nuará aa estar fechado presente enquanto o ser-aí, não for ele mesmo histórico. O ser-aí é, porém, nele mesmo histórico, na medida em que ele é a sua possibilidade. No ser-porvir o ser é o seu passado, voltando a ele no “como”. Entre outras modalidades dgste voltar está a consciência moral. Só o “como” é susceptível de ser reto mad o. O passado - experienciado enquanto historicid ade em senti do próprio - é tudo menos o que “já passo u”. É algo a que eu poss o sem pre voltar de novo. 65
O CONCEITO DE TEMPO
Die heutige Generation meint, sie sei bei der Ge schichte, sie sei sogar über lastet mit Geschichte. S ie jam m ert übe r den Historismus - lucu s a non lucendo. E s wird etwas Geschichte gen annt, was gar nicht Geschich te ist. Weil alles in Geschichte aufgehe, müsse man, so sagt die Gegenwar t, wieder zu m Übergeschichtli chen kom me n. N icht genug , daß das heutige Dasein sic h in die gegenwärtige Pseudogeschichte verloren hat, es muß auch den letzten Rest ihrer Zeitlichkeit (d. i. des Da seins) dazu benu tzen, u m sich ganz aus der Ze it, dem Dasein, fortzustehlen. Und au f diesem pha ntastische n Wege zur Übergeschichtlichkeit soll die Weltanschau ung g efund en werden. (Das ist die Unheimlich keit, di e die Zeit der Gegenwart ausmac ht.) Die gemeine Daseinsauslegung droht mit der Ge fahr des Relativi smus. Aber die Angst vor de m Relati vismus ist die Angst vor dem Dasein. Vergangenheit als eigentliche Geschichte ist wiederholbar im Wie. Die Zugangsmöglichkeit zur Geschichte gründet in der Möglichkeit, nach der es eine Gegenwart jeweils versteht, zukünftigzu sein. Das ist der erste Satz aller Hermeneutik. Er sagt etwas über das Sein des Daseins, das die Ge schichtlichkeit selbst ist. Philosophie wird nie dahin ter kom men, was Geschichte ist, solange si e Geschich te als Betrachtungsgegenstand der Methode zergliedert. Das Rätsel der Geschichte liegt in dem, was es heißt, geschichtlich zu sein.
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O CON CEITO DE TEMPO
A geração de hoje opina que está na história e até mes mo que está sobrecarregada de história. Queixa- se do hi stor ici smo a nonUma lucendo. história a algo que-nãolucus é história. vez queChama-se tudo é incluído na história, haveria, diz-se actualmente, que recu pera r o supra-históric o. Não basta que o ser- aí de hoje em dia se tenh a perdido na pseu do-histó ria act ual; tem ainda que utilizar o resquício último da sua temporalidade (i.e., do ser-aí) para levar avante o furtar-se totalm ente ao tempo, ao ser -aí. E é neste cam inho f anta sioso em direcção à supra-historicidade que querem meter a mundividência. (Este caráct er inquietante c ons titui o tempo do presente.) A interpretação co mu m do ser -aí fala ameaça dora mente do perigo do relativismo. Mas o medo do relativismo é a angústia do ser-aí. O passado, enquanto história em sentido próprio, é susceptível de ser reto mado no “como”. A possibilidade de aceder à história funda-se na possibilidade, segundo a qual um presente compreende em cada caso o ser porvir. Este é o primeiro princípio de toda a hermenêutica. Diz algo acerca do ser do ser-aí, que é a historicidade ela mesma. A filosofia nu nc a vai conseguir captar o que é a história, e nq ua n to a história for decomposta na qualidade de objecto de consideração metodológica. O enigma da história reside no que ser histórico significa. * *
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O CONCEITO DE TEMPO
Zusam menfas send ist zu sagen: Zeit ist Dasei n. Da sein ist meine Jeweiligkeit, und sie kann die Jeweiligkeit im Zukü nftigen sein im Vorlauf en z um gewissen aber unbestimmten Vorbei. Das Dasein ist immer in einerW eise seines möglich en Zeitlich seins. Da s Dasein ist die Zeit, d ie Zeit ist zeitl ich. Das Dasein ist n ich t die Zeit, sondern die Zeitlichkeit. Die Grundaussage: die Zeit ist zeitlich, ist daher die eigent lichste Bestimmun g - un d sie ist kei ne Tauto logie, weil das Sein der Zeitlich keit ungleiche Wirklichkeit bedeutet. Das Dasein ist Vorbei, ist seine Möglichkeit im bin Vorlaufen zu sein diesem Vorbei. In diesem Vorlaufen ich die Zeit e igentlich, habe ich Zeit . Sofern die Zeit j e meinige ist, gibt es viele Zeiten. Die Zeit ist sinnlos; Zeit ist zeitlich. Wird die Zeit s o als Dasein verstanden , da nn klärt sich erst rec ht auf, w as die überliefe rte Aussage von der Zeit m eint, we nn sie sagt: die Zeit ist d as rechte prin cipium individuationis. Das versteht an zumzeit eistunals nich t um keh rbar e Sukzes sion, als Gegmenwarts d Naturzeit. Inwiefern aber ist die Zeit als eigentliche das Individuationsprinzip, d. h. das, von wo aus das Da sein in der Jeweiligkeit ist? Im Zukünftigsein des Vor laufens wir d das Dasein, d as im Du rch sch nittlic hen ist, es selbst; im Vorlaufen wird es sichtbar als die einzige Diesmaligkeit seines einzigen Schicksals in der Möglich keit seines einzigendaß Vorbei. hat das Eigentümliche, sie esDiese nic htIndividuation zu einer Indi vidua 68
O CON CEITO DE TE MPO
Resumindo , diria: tem po é ser-aí. O ser-aí é o meu — carácte r de em-cada -mom ento-respectivam ente e pode j ser que o carácter dor-v emir-cad ento-re spec tivam ente no e stá po no a-m antecomipar do trânsito, cert o ij em bora indeterm inado. O ser-aí é sempre num a mo da- ; lidade do seu ser-te mp oral pos sível. O ser-aí é o tempo , £ o tempo é temporal. O ser-aí não é o tempo, mas a temporalidade. O enunciado fundam ental “o tempo é temporal” constitui, portanto, a [sua] determ inação mais própria... e não se trata de tautologia nenhuma, pois o ser da temporalidade significa uma efectividade desi gual. O ser-aí é o s eu trâns ito, é a sua possibilidade no antecipar deste trânsito. Nes te antecipar , eu s ou o tem po propriamente dito, tenho tempo. Na medida em que o tem po é em cada caso meu, t empos h á muitos. O tempo é sem sentido; o temp o é temp oral. Só se o tempo for compreendido assim, enquanto ser-aí, é que vem a es clarece r-se realm ente o q ue tra di cionalmente se opina acerca do tempo, ao dizer-se que o tempo é o das autêntico principium individuationis. maior parte vezes, isto entende-se como uma Na sucessão irreversível, como tempo presente e tempo natural. Mas em que medida é que o tempo, tomado em se ntido pró prio , é princ ípio de individ uação, isto é , aquilo a partir do que o ser-aí é com carácter de em-cada-momento-respectivamente? £ n o ser-por-vir do antecipar que o ser-aí, normalmente, é ele mesmo. Ele m anifesta- se no antec ipar com o carácte r de “esta única vez” do seu destino único, na possibilidade do seu único trânsito. Esta individuação te m a peculiaridade de não 69
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O CON CEITO DE TEMPO
tion kommen läßt im Sinne der phantastischen Her ausbildung von Ausnahmeexistenzen; sie schlägt alles Sich-heraus-nehmen nieder. Sie individuiert so, daß sie alle gleich macht. Im Zusammensein mit dem Tode wird jeder in das Wie gebracht, das jeder gleichmäßig sein kann ; in eine M öglichkeit, bezüglich der keiner ausgezeichnet ist; in das Wie, in dem alles Was ze rstäubt. Zum Schluß eine Probe auf die Geschichtlichkeit un d die Möglichkeit, zu wied erhole n. Aristoteles pflegte oft in seinen Schriften einzuschärfen, das Wichtigste sei die rech te παιδεία, die ur sprüngliche Sich erhe it in einer Sac he, erwachsen aus einer Ve rtrauthe it m it der Sache selbst, die Sicherheit des angemessenen Umge hens mit der Sache. Um dem Seinscharakter dessen, was hier Thema ist, zu entsprechen, müssen wir von der Zeit zeitlich reden. Wir wollen die Frage, was die Zeit sei, zeitlich wied erhol en. Die Zeit ist das Wie. Wenn nachgefragt wird, was die Zeit se i, dann da rf ma n sich nich t voreilig an eine An two rt hängen (das u nd das ist die Zeit), die im mer ein Was besagt. Sehen wir nicht au f die Antwort , sond ern w ieder holen w ir die Frage. Was geschah m it der Frage? Sie hat sich gewandelt. Was ist die Zei t? wur de zur Frage: Wer ist die Zeit? Nähe r: sind wir s elbst die Zeit? O der no ch näher: bin ich meine Zeit? Damit komme ich ihr am nächsten, u nd wenn ich die Frage recht ver stehe, dan n 70
O CONCEITO DE TEMPO
dar lugar a que se consi dere a indivi duação no sentido da invenção fantasiosa de existências excepcionais, reprimindo qualquer [desse tipo]. Indi vidualiza iguali zandoatrevimento tud o e todos. No seu estar com a morte, c ada um é levado pa ra o “com o” que cada um, em igual medida, pode ser, para uma possibilidade a respeito da qu al ning uém se destaca, no “como” em q ue todo o “quê” se desfaz em pó. X-
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Como conclusão, retomemos, a título de ensaio, a historicidade e a possibilidade. Aristóteles, nos seus escritos, chamava amiúde a atenção para que o im po r tan te era a re cta παιδεία, o es tar o rigina riamente seguro num assunto, desenvolvido a partir da familiaridade com esse mesmo assunto, o estar seguro de tratar dele de maneira adequada. Em correspondência com o carácter ontológico do que aqui é tema, temos que falar Repitamos do quedoo tempo tem po temporalmente. é, tem pora lmente . O te mpoa équestão o “com o”. Se perseveramos na pergunta “que é o tempo?”, não podem os perm itir-nos dar uma resposta precipitada (o tempo é isto e aquilo), sempre presa a um “quê”. Abstraiamos da resposta e repitamos a pergunta. O que é que aconteceu à pergunta? Transformou-se nou tra. A per gun ta “o que é o tem po?” trans form ou-s e na p erg unt a “que m é o tempo?” Mais pr ecisamente: o tempo somos nós mesmos? Ou ainda mais precisa mente: serei eu o meu tempo? É ass im que mais pe rto 71
O CONCEITO DE TEMPO
ist m it i hr alles ern st geworden. Al so ist sol ches Fragen die angemessenste Zugangs- und Umgangsart mit der Zeit als mit der je meinigen. Dann wäre Dasein Fraglichsein.
O CONC EITO DE TE MPO
dele chego a estar, e, se bem entendo a pergunta, com ela chegamos ao mais sério. Esta questão é, pois, a que constitui viaquanto de ac esso de traba lhoc ada maiscaso adequ ada ao tempo ,aen este ée sem pre em o meu. Então, é que o ser-aí é ser-em-questão. 1
N achwort
de s
H erausgebers
E p í l o g o d o editor
al
em ão
Dem VORSTEHEND veröffentlichten Text des Vortrags »Der Begriff der Zeit«, den Martin Heidegger im Juli 1924 vor der Marburger Theologenschaft gehalten hatte, liegen zwei vers chiede ne, aber weitgehend üb er einstimmende Nachschriften zug run de, deren Verfasser unbekannt sind. Das Manuskript des Vortrags ist verschollen. Verm utlich wu rde es von Heidegger selbs t nach Fertigstellung der aus demselben Jahr stam mende n gleichn amigen Abhandlung vernichtet. Der vorgelegte Text des Vortrags ist zu unterschei den von der ebenf alls 1924 ausgearb eiteten um fan gre i cheren Abhandlung »Der Begriff der Zeit«, die als Band 64 der Gesamtausgabe zur Veröffentlichung gelangen wird. Die Abhan dlun g war dur ch die Lektüre d es 1923 erschie nene n Briefw echsels zwischen Wilhelm Dilthey und dem Grafen Y orck von W arten burg v eranlaßt. Teile des au f den Briefwe chsel Bezug neh men den I. Kapitels der Abhandlung (»Die Fragestellung Diltheys und Yorcks Grundtendenz«) hat Heidegger später in den Para graph 77 von »Se in und Zeit« aufge nomm en. In einer Fußnote zum III. Kapitel (»Dasein und Zeitlichkeit«) der Abhandlung verweist Heidegger auf 76
hI O PRESENTE texto da conferência sobre “O conceito de tempo”, pronunciada por Martin Heidegger em Julho de 1924 peran te o círculo de teólogos de Marb urgo , foi editado com bas e nas duas cópias exist entes, de aut oria desconhecida, que em bora diferentes s ão amplam ente coinci dentes. O ma nusc rito da conferência perdeu-se. É de supor que o pró prio Heideg ger o tenha d estruído, após a ultimação do tratado, composto no mesmo ano e sob o mesmo título. Há que distinguir este texto da conferência do tra tado, elaborado também em 1924, mas muito mais amplo, que com o título de O conceito de tempo, deverá ser publicado na Edição integral, volume 64. Este tra tado foi elaborado por ocasião da leitura da corres pondência entre Wilhelm Dilthey e o Conde Yorck von Wartenburg, aparecido em 1923. Parte do capítulo I desse tratado, a propó sito da corre spondê ncia (“A pro blem ática de Dilthey e a tendência fundamental de Yorck”), foi mais tarde inco rpo rad o po r Heidegger no § 77 de Ser e Tempo. Num a nota de rodapé ao Capítulo III do tratado, que te m po r títu lo “Ser -aí e tem pora lidad e”, Heideg ger 77
O CONCEITO DE TEMPO
den gleichnamigen Vortrag und gibt dessen einl eitend e Passage wie folgt wieder: »Einiges aus dem folgenden Kapitel wurde in einem Vortrag vor der Marburger Theologenschaft im Juli 1924 mitgeteilt. Der Vortrag hatte diese Einleitung: Die folgenden Überlegungen handeln von der Zeit. Sie fragen: was ist die Zeit? Wenn die Zeit in der Ewigkeit ihren Sinn findet, dann muß sie von dieser her verstanden werden. Damit sind Ausgang und Weg einer Nachforschung über die Zeit vorgezeichnet: von der Ewigkeit zur Zeit. Diese Fragestellung ist in Ordnung unter der Voraussetzung, daß wir die Ewigkeit kennen und hinreichend verstehen. Sollte aber Ewigkeit etwas anderes bedeuten als das leere Immer-währen (άεί), sollte Gott die Ewigkeit sein, dann muß die zuerst nahegelegte Art der Zeitbetrachtung solange in Verle genheit bleiben, als sie nicht um Gott weiß. Und wenn der Zugang zu Gott der Glaube ist und das Verhältnis zur Ewigkeit nichts anderes als dieser Glaube, dann wird die Philosophie die Ewigkeit nie haben und sonach nie als mögliche Hinsicht die Diskussion in methodischen Gebrauchfürnehmen können. der UndZeit so ist der Theologe der rechte Sachkenner der Zeit. Denn erstens handelt die Theologie vom menschlichen Dasein in seinem Sein vor Gott, d.h. das Sein in der Zeit in seinem Sein zur Ewigkeit. Zweitens hat der christliche Glaube Bezug auf etwas, was in der Zeit geschah und sogar zu einer Zeit, von der gesagt wird, daß sie >erfüllet war<. Der Philosophie dagegen bleibt nur die Möglich keit, die Zeit aus der Zeit zu verstehen« 78
EPÍLOGO DO EDITOR ALEMÃO
remete para a conferência do mesmo nom e e reproduz da se guinte maneira o s eu mom ento in trodutó rio: “Parte deste capítulo já foi comunicado em Julho de 1924, numa conferência pronunciada ante o círculo de teólogos de Marburgo. A conferência tinha esta Intro, dução: As reflexões que se seguem debruçam-se sobre o tempo. Perguntam: que é o tempo? Se o tempo encon tra o seu sentido na eternidade, terá que ser compreen dido a partir daí. Deste modo, ficam de antemão de senhados o ponto de partida e o caminho de uma investigação acerca do tempo: da eternidade ao tempo. Este modo de por a questão é válido, supondo que conhecemos a eternidade e a compreendemos suficien temente. Mas se a eternidade for algo diferente de um vazio durar-para-sempre (ο άεί), se a eternidade for Deus, então esse tipo de consideração do tempo, de que partimos, terá de ficar em suspenso, uma vez que não sabe de Deus. E se o acesso a Deus for a fé e a relação à eternidade não for senão essa fé, a Filosofia nunca poderá possuir a eternidade, pelo que esta também nunca pode rá servir de possível perspectiva de abordagem de uma discussão metódica acerca do tempo. Então, será o teó logo o autêntico conhecedor do tempo, visto que: em primeiro lugar, a Teologia trata do ser-aí humano no seu ser perante Deus, isto é, o ser no tempo no seu ser para a eternidade; em segundo lugar, a fé cristã diz res peito a algo que aconteceu num tempo, de que se diz que era ‘de plenitude’. À filosofia, pelo contrário, só lhe resta a possibilidade de compreender o tempo a partir do tempo.” 79
O CONCEITO DE TEMPO
Schon der erste Satz der zitierten Anmerkung aus der gleichnamig en Abhandlung, m it dem Heidegger auf den Vortrag »Der Begriff der Zeit« verweist (»Einiges aus dem folgend en K apitel... «) l äßt den Schluß zu, daß das von ih m im Vortrag erstmals ö ffentlich Mitgeteil te nich t den vo llen Sachstand sein er Untersu chunge n zur Zeitproblematik wiedergibt. Im Vortrag werden die Strukturen des Daseins nur soweit aufgezeigt, als sie für die Exposition der Zeitlichkeit des Daseins unver zichtbar sind. Deren Exposition wiederum hat ihren Schwerpunkt in der eigentlichen Zeitlichkeit des Daseins imeigentlichen Vorlaufen zuSeink seinem Ende des als Daseins. der Erm ögli chu ng des önnens Von dieser Abzielung ist auch der vorangehende Aufweis der existenzialen Strukturen des Daseins im Vortrag bestimmt. Die derart begrenzte Zielsetzung des Vortrags, die im Aufweis des eigentlichen Seink önnens des Daseins aus der urs prüng liche n Zeitli chkeit d es Dase ins kulm i niert - un d da mit in einer Probl ematik, der ein e ge nuin e theologisc he Fragest ellung entspric ht - , hält sic h im Rahme n der beiden veröffentlichten Abschnitte de s Haup twerk es »Sein und Zeit« (192 7), mit dessen Ausar beitung Heidegger 1923 begonnen hatte. Eine Auskunft darüber, ob u nd inwieweit Heidegg er bereits im Som mer 1924 übe r den vollständige n Aufriß sei nes H au pt werkes verfügte, gibt der Vortrag nicht. Die für das Ha uptw erk »Sein un d Zeit« zentrale Fragest ellung nach dem Sinn üb erh autalen pt, dieHorizo in der ntes »Explikation der Zeit a lsvon desSein transze nden der Fra ge 80
EPÍLOGO D O EDITOR ALE MÃO
Já a prim eira frase da no ta citada - “Parte des te capí tulo...” - do tratado hom ônim o da conferência “O c on ceito de tem pa que ra a el qual Heidegg er apo nta, p erm ite concluir que po”, aquilo e com unic ou em público pela primeira vez na conferência não reproduz o estado da sua investigação da problemática do tem po na sua in te gridade. Na conferência, as estruturas do tempo são desenhadas apen as na m edida em que são i mpre scindí veis para a exposi ção da probl em átic a do tem po. E esta exposição tem a sua pedra angular na temporalidade em sentido próprio do ser-aí, na sua antecipação do seu fim, enq uan to possibilit ação do pode r-ser em se n tido próprio do ser-aí. É em função desta finalidade que, na conferência, s e deter mina a identificação prévia das estruturas existenciárias do ser-aí. Esta delimitação da finalidade da conferência, que culmina com a ide ntificação do poder-ser em p rop rie dade do ser-a í a pa rtir da tem poralidade o riginári a do ser-aí - e, por tanto, nu m a problemática que corres ponde a um questionamento genuinamente teológico - atém-se ao enq uad ram ento das duas secções publica das da ob ra capital, Ser e Tempo (1927), cuja elaboraç ão Heidegger inicio u em 1923. Nesta conferência não pode mos encontrar informações acerca de se Heidegger já dispunha ou até que ponto dispunha de um esboço com pleto desta sua o bra no Verão de 1924. Basta ate n der à intenção limitada da conferência para com preender que não seja contemplada a problemática do sentido do ser em gera l, que era ce ntral em Ser e Tempo, 81
O CONCEITO DE TEMPO
nach dem Sein« im unveröffentlicht gebli ebenen d rit ten Abs chnitt des ersten T eils unte r dem Titel »Zeit und Sein« erö rte rt werden sol lte, bleibt schon aufg run d de r einge schränk ten Absicht des Vortrags ausgeklam mert. Die Diskussion darüber, ob der Vortrag »Der Begriff der Zeit« vom Juli 1924 eine »srcinäre Form« des Hauptw erkes »Sein un d Zeit« darstel le, bleib t da her im Vortrag ohne angemessenen Anhalt und Boden. Bei der E rörte rung d er konzeptionellen Genese der Fragestellung des Hauptwerkes von »Sein und Zeit« nach dem Sinn von Sein überhaupt muß daran erin nertw erden, daßf in berder eitsGeschichtswissen im Habilitationsvortrag 15) »Der Zeitbegrif schaft«(19 die Zeit zur Sc heidung der Seinsregio nen Natu r un d Geschic hte dient. Die früh e Fre iburger Vorlesung des Winters emes ters 192 1/22 »Phänomenologische Inte rpre tation en zu Aristoteles. Einführung in die phänomenologische Forschung« formuliert ausdrücklich die Frage nach dem Seinssinn des Seienden und erörtert ebenso wie die letzte frühe Freiburger Vorlesung des Sommerse mesters 1923 üb er »Ontolog ie. Herm eneutik der Fakti zität« die phänom enologis ch-herm eneutis che Situation einer derartigen Fragestellung. Auf die Klärung der geschicht lichen Dim ension der Fragestellung durch die Er örter ung von Zeitlichkeit und Geschichtlichkeit des Fragenden, des Daseins, zielt die erwähnte Abhandlung »Der Begriff der Zeit«. In ihr zeigt Heidegger, daß in der überlieferten, du rch die Griechen begründeten abendländischen Ontologie der Sinn von Sein aus der Zeit in ter preti ert wird. »Di e jeweilige In-
EPlLOGO DO EDITOR ALEMÃO
e que deveria ser tematizada na nunca publicada ter ceira secção - “Tempo e ser” - da Primeira p arte - “Ex plicitação do tempo transcenden tal da que stão do ser”enquanto - da obra.horizonte A discussão acerca de se a conferência'O conceito de tempo”, de Julho de 1924, apresenta a “forma srcinária” da obra capital Ser e Tempo não encontra, portan to, nesta con ferênci a, um ponto de apoio e uma base adequados. No que respeita à discussão acerca da gênese da concepção da problemática do sentido do ser em Ser e Tempo, há que recordar-se de que já na conferência de habilitação d oc en te(11) (1915),“O conceito de tem po na ciência histórica”, o tempo serve de separação en tre as regiões ontológicas da Natureza e da História. O curso do semestre de inverno de 1921/22, de Friburgo, “Interpretações fenomenológicas de Aristóteles. Intro dução à invest igação fenome nológica ”, form ula já explicitamente a questão do sentido do ser do ente e disser ta, tal como o último curso dess a prim eira época de Friburgo, do sem de ver ão de ,1923, “On to logia. Her menê utic aestre da facticidade” acercasobre da situação fenomenológico-hermenêutica de tal modo de pôr o problema. É esta a meta que o mencionado tratado sobre “O conceito de tempo” se propõe atingir: o esclareci mento da dimensão histórica da problemática, me diante a expos ição da temporali dade e da historicidade daquele que questiona: o ser-aí. Heidegg er mo stra en tão que na Ontologia tradicional ocidental, fundada pelos gregos, o sentido do ser se interpreta a partir do 83
O CONCEITO DE TEMPO
terpretation des Zeitphänomens wird so zum Discrimen , an d er sich der Seins sinn der j eweiligen O nto lo gie verrät.« Wird über die Zeitlichkeit des Daseins ein ursprünglicherer Begriff der Zeit gewonnen, dann er gibt sich philoso phisc h die Aufgabe, den Sinn von Sein aus dies em ursprüng licheren Zeitbegri ff neu zu inter pretieren und die überlieferte Ontologie an diesem Leitfaden zu destruieren. Die Thematik des dritten Abschnitts von »Sein und Zeit«: »Zeit und Sein«, ist damit ebenso vorgezeichnet wie die des gleichfalls unveröffentlicht gebliebenen zweiten Teils: »Grundzüge einer Destruktion der Ontolo gie amphänomenologischen Leitfaden der Problematik der Temporalität.« Die Abhandlung »Der Begriff der Zeit« (1924) deutet vor auf den Gesamtaufriß des Hauptwerkes »Sein und Zeit«, von dem allerdings 1927 nur die beiden ersten Ab schnitte des erste n Teils zur Veröffentlichung gelangten. Juli 1989 H artmut
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T i et
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tempo. “A corres pond ente inte rpretaç ão do fenô meno do tempo torna-se, assim, o elemento discriminador, em que se delata o sentido do ser da correspondente Ontologia.” Se, através de tem por alid ade se alcança um conceito mais srcinário do tempo, temos filosofica mente como resultado a t arefa d e reinterp retar o sen tido do ser, com base neste conceito de tempo mais srcinário, e seguindo este fio da meada, [temos] de des truir a Ontologia tradicional. A tem ática da Secção III de Ser e Tempo, “Tempo e ser” desenha-se, assim, como a da Segund a parte, “Traços funda men tais de um a destruição fenomenológica da Ontologia, seguindo o fio da problemática da temporalitas ” (12) que também ficou inédi ta. O tratad o O conceito de tempo (1924) pre nuncia o esboço esquemático completo da obra capi tal que é Ser e Tempo, da qual, contudo, só chegaram a ser publicadas, em 1927, as primeiras duas secções da Prim eira Part e. Julho de 1989 H artmut
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T i et
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N otas
à tradução
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í
(1) Se a trad uç ão do term o Dasein, na sua acepção especifi camente heideggeriana, nunca é tarefa fácil, o desafio aumenta neste texto, por ele representar um momento da gênese de Ser e Tempo, em que a termin olog ia não está ainda fi xad a. Não se pode, pois, averiguar com ex actidão se o m atiz onto ló gic o do “aí” co m o Ab ertura e horizonte transcend ental pa ra o aparecer do ser em ger al, e não apenas do ser do próprio Dasein - m atiz que só se expl ici ta paulatin am ente nos texto s p ublicados das lições s obre Kant a p artir de 1925 - está ou não suposto neste text o, de 1924. Em bora já cla ram ente explicitada com o formal, a tem ática temp oral aparece res tringida à dimensão existencial do Dasein, que em Ser e Tempo se manifesta na noção de Zeitlichkeit, não se tocando para nada a questão transcendental ontológica da Temporalität. Isto afecta a tradução do próprio termo Dasein, na medida em que limita o seu alcance visível à dimensão de “existência” humana ou “vida fáctica” (termos que impregnam as lições dos primeiros anos da década de 2 0), enq uan to ser-no -m und o, de que parece ainda ausente o traço, característico em Ser e Tempo, apesar da incompletude da obra , que faz de sse ente o “aí” do ser, o “aí-ser” . O pto u-s e, po r isso , neste contexto, por traduzir Dasein p or “ser-aí ” - expre ssão que, em bora corrente, é pouco adequa da pa ra o conce ito , a pa rtir de 1927, ju stam en te pela conota ção m eram ente existencia lista que se lhe associa. No que se refere à tradução de Dasein nos textos funda mentais de Heidegger, veja-se I. Borges-Duarte, “Prólogo à Edição portu guesa” de M. H eidegger, Cam inhos de Flo resta, Lisb oa, Fu nd a ção Calo uste Gu lbenk ian, 2002, págs. X II-XV.
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O CON CEITO DE TE MPO
'2) Heidegger verte m uito livremente o texto agostiniano, in tro duzindo a conhecida terminologia de Ser e Tempo. Destaca-se a tradução de affectio pelo neologismo Befindlichkeit - ter mo qu e aparece aqui pela primeira vez publicamente e só reaparecerá nas lições de 1925, Prolegómenos à história do concei to de temp o (GA 20, 1979, 351- 352) - reun ind o p regn ante m ente os sentidos acti vo e passivo do te rm o: a “afeição ” e o “ser e esta r afectivam ente afe cta do”. O paralelismo encontrado com o alemão corrente sich befinden parece m arc ar in statu nascendi a nova designação: o encontrar-se numa certa situação afectiva e, portanto, diríamos em português fluent e, o “sentir-se” afectado de um a o u o utr a m ane ira po r al go, o estado an ímico (af ecti vo) a que Agostinho de H ipo na se r efer ia. Daí a decisão de traduzir Befindlichkeit por “afect ivi dade” - enqu anto “estar afectivamente” envolvi do (acti va e passivamente) em e co m algo qu e “nos afect a” - e a form a verbal srcinária, sich befinden, com o “sentirse afectad o”. Po r isso , mein M ich-befinden selb st verte-se com o “o me u m esm o se ntir-m e afectado” . (3) Talvez a m aio r dificuldad e de tradu çã o su rgida a pro pó sito deste t exto sej a o term o Jeweiligkeit, forjado por Heidegg er a partir do adjecti vo jew eilig. Elaborada em longa m editação sobre o carácter cairol ógico do tem po, a prop ósito de Paulo de Tars o e Agostinho de H ipon a, a noçã o aparece pela prim eira vez com essa desi gnação nas lições de 1923, Onto logia. Hermen êutica dafacticidade (GA 63,1988).
Jeweilig s igni fica habitu alm ente “respe ctiv o, corre spon den te” (“r es pectiva ou correspondentem ente” n a su a fu nção adverb ial), guar da nd o viva a referên cia a “cada caso” ou “cada vez” . Heideg ger a cen tua especi almente, no seu uso pecul iar , a marca da temp oralidade retida na rai z weil (paralela ao inglês while): die Weile , o espaço ou laps o de temp o de pausa ou repouso, o mom ento (br eve ou longo) em que se nos dem ora o ânimo. Com o resultado da junção de t odos estes elemen tos de sig nif icaç ão, nen hu m dos quais é desdenhável na totalidade de sentido, surge a expressão escolhida para a traduzir: “carácter de respectivamente-em-cada-momento”. Desculpe-se o peso do invento ate ndendo à in te nção de sentido. A título de ilu stra ção desta dificulda de, vejam-se as versões do term o seg undo J. Van
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NOTAS À TRADUÇÃO
Buren ( awhileness , em Ontology. The Herm eneutics ofFactic ity, India na, 1999); R. Gom á e J. A. Es cud ero ( respectivo instan te, em El concepto de Tiempo, Madrid, 1999); F. Volpi ( essere di volta in volta, em II concetto di tempo, Milão, 1998); M. Haar e M. de Launay, no que constitui um claro desvio de sentido ( con tinuité, perpétuit é, em Le concep t de temps, Cahier M artin Heidegger, Paris, 1983). Repare-se, p o r outr o lado, com o Heidegger, neste texto, av ança já a cara cteri< zação da Jeweiligkeit como referida ao je m ein, que dará lugar , em Ser e Tempo, à sua dissolução na noçã o de Jemeinigkeit. <4> A caracterização ôntica do Dasein como ente em cujo ser “lh e im po rta” o seu próp rio ser e e m cuj a vida - diríamos - se lhe vai a vida, aparece aqui com o Seiende dem es... a u f sein Se in anko mm t, express ão qu e an ticipa a de Ser e Tempo, § 4 (dem es in seinem Sein um dieses Sein selbs t geht). Ao contrário de outras líng uas, o po rtu guês não tem uma boa expressão idiomática que verta a srcinal (fr. il y va de-, cast. le va). O ptou-se, po r isso, aqui por u m a forma contextual (em conexão com darin spielt sich mein Dasein ab) que reforça a ideia básica do “ser em jogo”, ser que se joga, sendo qu otid ia nament e no m undo. (5) Inicia-se neste pe ríod o a m editaçã o qu e ocup a o luga r central dest a confer ênci a: a questão da m orte e nqu anto fim do m eu ser- aí, enq uan to trânsito ontológi co. A expr ess ão Zu-E nde-sein , que ante cede a introdução do conceito-chave de Vorbei, não significa “ser para o fim ” (com o “para a m orte”), o q ue careceria de sentido, ap esar de ser tradução muito frequente, mas “estar-no-fim”, “estar acaba do ”, à beira, pois, neste co ntexto, d a m o rte (de “ se finar” ). (6> O uso temp oral do advérbio Vorbei indica o carácter term i nado, findo de um a acção - o ter pa ssado, estar a cabado de alg o -, o que, em geral, é recolhido nas versões deste texto (fr. être revolu; cast. el haber sido-, it. il non piü). É es ta, certam ente, a acepção fun damental de que Heidegger faz uso neste texto, embora num con texto específico que introduz um matiz decisivo para a sua com pre en são e tradução: não se fala do que “já passou” - porq ue a p rópria m or te n un ca “já passou” - mas do q ue sei “que pa ssará” . O Vorbei de que aq ui é questão nã o se refer e, po rtan to, ao passado m as à antec i-
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O CONCEITO DE TEMPO
pação - Vorlaufen, que si gnif ica corre r ao enco ntro de, antecip and o esse enco ntro - de al go sempre em cada cas o futuro, po r m uito im i nen te que s eja. Por outro lado, enq uan to elemento que e ntra na com posição de outras palavras, vorbei emprega-se com o prefi xo de d iver sos verbos que indicam movimento, acentuando o carácter de “passar” e “estar de passagem” (por exemplo em vorbeikommen e Vorbeigehen). Ambas as circunstâncias, unidas à presença epónima de Agostinho de Hipona, que inaugura de facto e permanece na som bra desta meditação sobre o tempo, evocam a metáfora do “trân sito” (o passar e o passo e passagem finai s) co m o express ão da riqueza sem ântica do q ue H eidegger quer indica r com o Vorbei, justificando a opção da presen te tradução . Veja-se a e ste prop ósito o Dicionário da Língua Portu gues a C ontemporânea da Academia das Ciências de Lis boa, especial m ente a acepção 9: “m orte, p assam ento ”. (7) A prob lem ática heideggeriana põe em questão a concepção vulgar do tempo expressa na fórmula passado-presente-futuro. Rejeitando essa fórmula, tal como em Ser e Tempo, embora ainda in statu nascenãi, Heidegge r dá primazia ao futuro, enqu anto p ossibi lidade antecipad a do ser mais pró pr io (singularizado no corte f inal que a m orte é). No e ntanto , apesar da clar a disti nção feit a um pou co mais adiante entre um senti do pró prio e ou tro vul gar ou imp róprio no uso do term o, ainda não aparece aqui a i nsist ente dist inção term i nológica tardia entre ambos a partir das respectivas raízes germâ nica e latina: Z u ku n ft (futuro, no sentido de o que vem ao nosso enc ontro: o por-v ir que o projecto an tecipa) e fu tu ru m (o que ainda não é pr esent e, o que há-de vir mas ainda não chegou). Optou-se, p o r isso, n a tradu ção , p o r su b lin h ar o sentid o do “v ir” (com o “po rvir” ou “po r-vir” , considerando que “advir” tradu ziria m elhor Ankom m en), emb ora conceden do nalguns context os, em aras de um a m aior flui dez de leitura, a ve rsão mais im edia ta de “futuro ” e “futuridade”. (8) Note-se, neste pon to, a difer ença termin ológ ica relati vam ente a Ser e Tempo: Heidegg er fa la aind a de Vergangenheit, passado, e ainda não de Gewesenheit , o te r-s ido. No entanto, um pouc o adiante intro duz já a m arca do te r em pro pried ad e is so que o “ passado ” é: não o
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NOTAS À TRADUÇÃO
que, porq ue “j á passo u” é ir recuperável, mas aquilo a que sem pre se pode voltar no pro je cto vital. (9) Em (dem orar-se, perm anecer) ouve-se a verweilen die Weile, referência tempo ral. De aí que, pa ra enfatizar o laç o, aqui sistema ti camente presente, com jeweilig, Jeweiligkeit e langweilig (o monó tono tran scorrer do tem po longo do tédio) s e opte contextualmente pela tr adução “dem orar-se um m om en to ”. (10) Recorre-se aq ui a um a varian te de tradu çã o de Vorbei para evitar perde r o el o, de que é questão contextual: o sen tido vulgar do passado (Vergangenheit ) como o que “ já passou” (um dos usos mais correntes de Vorbei). (11) No esqu em a da carreira universitária ale mã, um D o uto r que qu eira exerce r a docê ncia dev e hab ili tar-se à venia legendi, m ediant e a apresentação e discussão de um a te se de habili tação e m edian te a reali zação de um a conferência ante o plenário acadêm ico: a H abili tationsvortrag. Heidegger pro põ e com o tes e de Habili tação Die Kate gorien - un d Bedeutungslehr e des Duns Scotus [A do utr ina das cat ego ria s e da signi fic ação em D un s Escot o] e profere a conferência “Der Zeitbegriff in der G eschicht swissenschaft ” [O conceito de tem po na ciência his tór ica ], am bos acessíveis em Frühe Schriften (1 .aed., 1972; ta mbém em GA 1,1978). (l 2) Seguindo um a agud a observação de Jea n G ron din, o term o temporalitas traduz Temporalitãt, a t em poralidade do ser que não é à maneira do Dasein - que não é , portanto, Zeitlichkeit —usando, à m an eira heideggeriana, a m atriz lingüíst ica lat ina, o que, no cas o de um a lí ngua român ica, com o o português, obriga a recorrer ao p ró p rio latim .
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G l o s s ár i o
Alltag/A lltäglichkeit
quotidianeidade/o quo
sich befinden/B efindlichkeit
sentir-se afectado/afecti vidade
begegnen
encontrar-se (com), vir ao en contro de
Dasein
ser-ai
durchschnittlich
normal, normalmente
Eigen/eigentlich/Eigentlichkeit
próp rio /pro priam en te , em sen tido próprio/(ser) em pro prie dade, cará cter de p róp rio
Gegenwart
pre sente , actu alidade
Gerede
falatório
j eweilig/ Jew eiligkeit
respectivamente-em-cada-mom ento/ca rácter de respect ivamente-em-cada-momento
Man/Man-Zeit
o “se” impessoal/tempo impes soal
meinen
visar, opinar
tidiano
O CONCEITO DE TEMPO
Miteinandersein
ser-uns-com-os-outros
Sorge/besorgen/Besorgen
cuidado/estar ocupado com/o estar-ocupado , a ocupação
umgehen mit/ Um gang
tratar com /trato
Vergangenheit
passado
Vorbei
trânsito, o que
Vorhandenheit
o estar-perante
V orlaufen/V orlauf
correr antecipativo, antecipar/ antecipação
Zukunf/Zukünftigsein/Zukünftigkeit
porvir, futu ro/s er-porvir/c arác ter de porvir, futuri dad e
zunächst und zum
à partida e quase sempre
eis t
“já passou”
(1889 -1976 ) foi professor em Friburgo e Marburgo, é autor de uma das obras mais influentes em toda a filosofia do Século XX, ao procurar erguer as bases, em
Ser e Tempo
(1927 ), de uma nova Ontologia. Apareceu
finalmen te publicada a célebre conferên cia de M arburgo sobre “ 0 conceito de tem po ” (1924 ), com razã o de há m uilo considerada como um aparecerá desenvolvido em
esboç o esquemático do que depois
Ser e Tempo: a tese de que ser é tempo, de que o tempo é o
como do ser-aí humano, lançado a ser na quotidianeidade da existência impessoal, mas descobri ndo o seu ser em pro priedade na ant ecipaç ão pensan te da própria m ort e. Fo ram publicadas var ias obras da sua autoria nas editoras Relógi o d’Agua, Edições pe la Fu ndaç ão Calouste Gulbenkian.
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e